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Cinemática
2.1 Movimento 28
Galileu Galilei
27
28 2.1. Movimento
2.1 Movimento
O que é referencial?
x(t)
−4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 x (m)
Na figura 2.1, podemos observar que o sentido positivo de um eixo é aquele em que
os números positivos aumentam; caso contrário é o sentido negativo [9].
Figura 2.2 – Análise do movimento unidimensional realizado pelo carro de fricção com o uso
do software Tracker[11].
O que é movimento?
Embora, existam diferentes tipos de movimento em física, nesta disciplina, vamos nos
concentrar em apenas dois, sendo eles: o retilíneo (ou de translação) e o circular (ou de
rotação). Nesta unidade, dedicaremos nossos esforços ao estudo do movimento retilíneo.
Definição 2.4 É dito que um corpo está em movimento, quando a sua posição muda
com o tempo, conforme ilustra a figura 2.3. Para analisar o movimento da partícula
ao longo da reta, figura 2.3, vamos adotar como referência a posição inicial igual a
0,5 m, no instante de tempo inicial (t0 = 0 s). E, uma certa quantidade de tempo de-
pois, verificamos que a partícula está mudando de posição e, portanto, encontra-se
em movimento. Caso contrário, ela estaria em repouso. É dito que o corpo está em
repouso, quando sua posição não muda com o passar do tempo.
30 2.2. Movimento Retilíneo
Figura 2.3 – Movimento de uma partícula ao longo do eixo x, sentido positivo, para
diferentes instantes de tempo t.
t0 = 0s t1 = 2s t2 = 4s t3 = 6s
0 1 2 3 4 5 6 7 x (m)
Saiba mais
[ Leia o artigo intitulado A Evolução do Pensamento sobre o Conceito de Movimento,
disponível em: http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/v21_187.pdf
O que é deslocamento?
Definição 2.7 O vetor deslocamento (ou deslocamento vetorial) é uma grandeza fí-
sica que está associada a mudança de posição de um objeto (ou corpo ou partícula) em
relação a um determinado referencial com o tempo. Isto implica dizer que o movi-
mento é um fenômeno relativo. Desta forma, o sistema de coordenadas adotado deve
Capítulo 2. Cinemática 31
ı̂ y(t)
k̂
z(t) x
z x(t)
Diante do exposto, o vetor posição ⃗r é descrito para um dado instante de tempo t através
da expressão matemática:
q
r = ⃗r = x2 + y 2 + z2 (2.2)
⃗r x y z
r̂ = = ı̂ + ȷ̂ + k̂ (2.3)
r r r r
Além disso, quando a posição da partícula muda em função da variação de tempo ∆t,
como mostra a figura 2.5, o vetor posição será expressa por:
v⃗(t)
⃗r(t + ∆t) = x(t + ∆t)ı̂ + y(t + ∆t)ȷ̂ + z(t + ∆t)k̂ (2.4)
∆⃗r
∆⃗r ∆t
⃗r(t) ⃗r(t + ∆t)
∆⃗r = ⃗rf − ⃗ri = (xf − xi )ı̂ + (yf − yi )ȷ̂ + (zf − zi )k̂ (2.5)
Por fim, quando a partícula realiza um movimento unidimensional como, por exem-
plo, ao longo do eixo horizontal (ou eixo x), conforme mostra a figura 2.6, o desloca-
mento da partícula é descrito por:
x0 x
0 1 2 3 4 5 6 7 x (m)
∆x = x − x0 (2.7)
em que o limite da função tende a zero (lim∆t→0 ). Para mais detalhes consultar a
bibliografia sugerida [12].
Exemplo 2.1 Você caminha 3,00 km para o leste e depois 4,00 km para o norte. De-
termine seu deslocamento resultante somando graficamente estes dois vetores deslo-
camento.
Capítulo 2. Cinemática 33
Solução 2.1 Vamos traçar os vetores posição do caminhante de acordo com as instru-
ções fornecidas pelo problema 2.1, conforme mostra a figura 2.7. Perceba que a solução
do problema consiste em aplicar o conceito de deslocamento.
Figura 2.7 – Deslocamento realizado por uma pessoa que caminha 3 km para o leste e
depois 4 para o norte
⃗r A intensidade de |r| é:
y
p
|r| = x2 + y 2
O
x
p
|r| = 4 km2 + 3 km2 = 5 km
2.2.2 Velocidade
O que é velocidade?
Definição 2.9 (Velocidade Média) A velocidade média é uma grandeza vetorial e, por-
tanto, definida por módulo, direção e sentido. Logo, a velocidade de uma partícula é
definida pela razão entre o vetor deslocamento e o tempo gasto para realizar o movi-
mento, conforme mostra a equação 2.11:
⃗rf ⃗r0
z }| { z }| {
∆⃗r xf ı̂ + yf ȷ̂ + zf k̂ − x0 ı̂ + y0 ȷ̂ + z0 k̂
v⃗ = = (2.9)
∆t t − t0
34 2.2. Movimento Retilíneo
∆x ∆y ∆z
z }| { z }| { z }| {
(xf − x0 ) ı̂ + (yf − y0 ) ȷ̂ + (zf − z0 ) k̂
v⃗ = (2.10)
t − t0
∆xı̂ + ∆y ȷ̂ + ∆zk̂
v⃗ = = vx ı̂ + vy ȷ̂ + vz k̂ (2.11)
t − t0
[m] {L}
[v] = =
[s] {T }
em que os termos dentro dos colchetes indicam as unidades de medidas das grandezas
físicas, enquanto que os termos dentro das chaves representam as dimensões, isto é,
{L} indica o comprimento e {T } o tempo. Cabe destacar que essa notação é usada para
realizar análise dimensional de quantidades físicas.
∆x xf − x0
v= = (2.12)
t − t0 t − t0
x = x0 + v · t (2.13)
x (m)
t (s)
Exemplo 2.2 A figura 2.9 retrata o movimento de uma partícula, quando ela passa na
posição S1 = 2, 5 m no instante de tempo t1 e S2 = 5, 5 m no instante de tempo t2 . Consi-
dere que t1 = 0 s e t2 = 2 s e calcule a velocidade da partícula. Represente graficamente
o movimento realizado pela partícula. Mostre a equação horária do movimento.
x (t1 ) x (t2 )
0 1 2 3 4 5 6 7 x (m)
Solução 2.2 A velocidade da partícula será calculada pela equação 2.12, como segue:
5, 5 − 2, 5
v= = 1, 5 m/s (2.14)
2−0
S = 2, 5 + 1, 5 · t (2.15)
Neste caso, o movimento retilíneo uniforme será classificado como progressivo, cujo o
gráfico da equação é apresentado na figura 2.10.
36 2.2. Movimento Retilíneo
Deslocamento (m)
5
2
0 0.5 1 1.5 2
tempo (s)
x (t2 ) x (t1 )
0 1 2 3 4 5 x (m)
Solução 2.3 Primeiro, precisamos converter o tempo dado em minutos para horas.
Assim, temos que:
!
1h
[v] = 20 min · = 0, 33 h (2.16)
60 min
Agora, podemos calcular a velocidade, como segue:
2−5
= −9.09 km/h v= (2.17)
0.33
Neste caso, o movimento retilíneo uniforme será classificado como retrógrado. A
equação horária do movimento será expressa por:
S = 5 − 9, 09 · t (2.18)
Deslocamento (m)
0
−5
−10
0 0.5 1 1.5 2
Tempo (s)
∆⃗r d⃗r
v⃗(t) = lim = (2.19)
∆t→0 ∆t dt
Portanto, a velocidade instantânea é obtida para um dado instante de tempo. Para mais
detalhes a respeito do conceito de limites, consultar a bibliografia sugerida [12].
Desde que ı̂, ȷ̂, k̂ são constantes em dado instante de tempo, podemos re-escrever a
equação 2.19 como:
d
v⃗(t) = (⃗r(t))
dt !
d
= xî + y jˆ + zk̂
dt
dx dy ˆ dz
= î + j + k̂
dt dt dt
df
Como f˙ ≡ , logo
dt
v⃗(t) = ẋı̂ + ẏ ȷ̂ + żk̂ = vx ı̂ + vy ȷ̂ + vz k̂
v̂ = v⃗/v, |v̂| = 1
Exemplo 2.4 Uma partícula move-se ao longo do eixo x variando com o tempo de
acordo com expressão x = (4t 2 + 2t − 10) m. Calcule a velocidade instantânea em t = 2 s.
Solução 2.4 !
dx d 2
v= = 4t + 2t − 10 = 8t + 2
dt dt
Em t = 2 s, a velocidade é igual a 18 m/s. Outra maneira de resolver este problema é
pela aplicação do conceito de limites, como segue:
Solução 2.5 Para obter a equação horário, vamos integrar a equação 2.19, como segue:
Z x Z t
dx
v= ∴ x= v · dt ∴ x = x0 + v · t (2.20)
dt x0 0
Definição 2.11 (Velocidade escalar média.) A velocidade escalar média é a razão entre
a distância percorrida (d) por uma partícula e o intervalo de tempo (∆t) gasto para
realizar o movimento:
d
v= (2.21)
∆t
note que: não há direção associada a este quantidade física, visto que ela não é um
vetor.
Exemplo 2.6 (Retirado de [7]) Um automóvel, em uma viagem de 100 km, faz 40 km/h
durante os primeiros 50 km. Qual deverá ser sua rapidez durante os segundos 50 km
para fazer a média de 50 km/h?
100 km
∆t =
50 km/h
∆t = 2 h
O tempo da primeira parte da viagem é:
50 km
∆t =
40 km/h
∆t = 1, 25 h
Logo, o tempo para realizar a segunda parte da viagem é: 0, 75 h. Assim, a velocidade
será de: 67 km/h
2.2.3 Aceleração
O que é aceleração?
Definição 2.12 (Aceleração Média) A aceleração média é uma gradeza vetorial defi-
nida pela razão entre a velocidade e o tempo como mostra a equação 2.22:
v v⃗ − v⃗0
∆⃗
a=
⃗ = (2.22)
∆t t − t0
v⃗ v0
z }| { z }| {
vx ı̂ + vy ȷ̂ + vz k̂ − v0,x ı̂ + v0,y ȷ̂ + v0,z k̂
a=
⃗ (2.23)
t − t0
Ou ainda:
[m]/[s] [m]
[a] = = 2
[s] [s ]
40 2.2. Movimento Retilíneo
∆vx
ax = (2.25)
t − t0
v = v0 + a · t (2.26)
v (m/s)
∆x
v0
t (s)
Pela análise da figura 2.13, verifica-se que o deslocamento é numericamente igual a área
da curva do gráfico de velocidade em função do tempo. Desta forma, a expressão matemática
para o deslocamento pode ser escrita da seguinte maneira:
v + v0
∆x = (2.27)
2
Assim sendo, a expressão matemática para a velocidade nos casos em que a aceleração é
constante é:
v + v0
v= (2.28)
2
Capítulo 2. Cinemática 41
v + v0
x = x0 + t (2.29)
2
Além disso, substituiremos a equação da velocidade (eq. 2.13) na equação 2.29 de modo
a escrevermos a expressão matemática para a posição da partícula no movimento uniforme-
mente variado:
v0 + at + v0
x = x0 + t (2.30)
2
Por fim, organizaremos o termos da equação 2.30, com a finalidade de obtermos a equa-
ção horária do movimento uniformemente variado:
1
x = x0 + v0 t + at 2 (2.31)
2
x (m)
x0
t (s)
Outra importante contribuição ao estudo dos corpos em movimento com aceleração cons-
tante foi dada por Evangelista Torricelli, quando ele propôs uma equação independente do
tempo para calcular a velocidade, a aceleração e o deslocamento de uma partícula. Para
obtermos a equação de Torricelli realizaremos os seguintes procedimentos matemáticos: (i)
42 2.2. Movimento Retilíneo
isolaremos a variável t da equação 2.26; e (ii) substituiremos o termo obtido na equação 2.31.
Dito isto, segue o desenvolvimento matemática para obter a equação de Torricelli:
v = v0 + at
v − v0
t =
a
v + v0 v − v0
x = x0 +
2 a
1 v 2 − vv0 + vv0 − v02
x = x0 +
2 a
Exemplo 2.7 Uma partícula move-se ao longo do eixo x, com velocidade variando com
o tempo de acordo com expressão v = (5t 2 + 5t + 10) m/s. Calcule a aceleração média no
intervalo de tempo entre t = 0 e t = 2 s.
Solução 2.7
vi = (5t 2 + 5t − 10) m/s = 5(0)2 + 5(0) + 10 = 10 m/s
vf = (5t 2 + 5t − 10) m/s = 5(2)2 + 5(2) + 10 = 40 m/s
Portanto, a aceleração média no tempo especificado no problema será:
vf − vi (40 − 10) [m]/[s]
a= = = 15 [m]/[s2 ]
tf − ti (2 − 0) [s]
v d⃗
∆⃗ v
a(t) = lim
⃗ = (2.33)
∆t→0 ∆t dt
ˆ k̂ são constantes em dado instante de tempo:
Desde que î, j,
Capítulo 2. Cinemática 43
d
a(t) =
⃗ (⃗
v (t))
dt !
d ˆ
= v î + vy j + vz k̂
dt x
dv dvy dv
a(t) = x î +
⃗ jˆ + z k̂
dt dt dt
d2 f
Como f¨ ≡ 2 ,
dt
Logo,
Solução 2.8 Para obter a equação horária para a velocidade, basta integrar a equação
2.33, como segue:
Z v Z t
dv
a= ∴ dv = a·t ∴ v = v0 + a · t (2.34)
dt v0 0
Exemplo 2.9 Uma partícula move-se ao longo do eixo x, com velocidade variando
com o tempo de acordo com expressão v = (5t 2 + 5t − 10) m/s. Calcule a aceleração
instantânea em t = 4 s.
Solução 2.9 !
dv d 2
a= = 5t + 5t − 10 = 10t + 5
dt dt
Em t = 4 s, a aceleração é igual a 45 m/s2 . Outra maneira de resolver este problema é
pela aplicação do conceito de limites, como segue:
Solução 2.10 (a) Primeiro precisamos converter a velocidade para m/s e, depois a
aceleração média, como segue:
∆v1s = a · ∆t
∆v1s = 2, 42 m/s2 · 1 s
∆v1s = 2, 42 m/s
∴ v4,7s = 22, 36 m/s + 2, 42 m/s
∴ v4,7s = 24, 78 m/s = 89, 21 km/h
onde :
vf = é a velocidade final da partícula
tf = é o tempo final
vi = é a velocidade inicial
ti = é o tempo inicial
Saiba Mais
Æ Assista ao vídeo de um experimento sobre movimento retilíneo uniformemente variado,
disponível em: https://youtu.be/4azUn0j4e_w
Logo, qualquer corpo em queda livre tem aceleração apontada para baixo. Portanto, ao des-
prezarmos a resistência do ar, então um corpo em queda livre, solto a partir do repouso
ou arremessado com uma velocidade vertical, desloca-se em uma dimensão com aceleração
constante.
Neste sentido, Sears e Zemansky (2008) [20] ensinam que: "quando a distância da queda
livre é pequena em comparação com o raio da Terra, e se ignorarmos os pequenos efeitos
exercidos pela sua rotação, a aceleração pode ser tratada como constante". De acordo com
estes autores, a aceleração constante de um corpo em queda livre é denominada aceleração
da gravidade, cujo valor aproximado na superfície terrestre ou próxima a ela é g = 9, 8 m/s2 .
No entanto, destaca-se que o valor da aceleração da gravidade muda de local para local,
em virtude da latitude e longitude promovido pelo efeito inercial de rotação e achatamento
da Terra, conforme esclarece Nussenzveig (2013) [13]. Dito isto, Lopes (2008) [21] propôs
uma equação matemática para calcular o valor da aceleração da gravidade, em função da
latitude e altitude. Por exemplo, para um município situado a uma altitude de 200 metros
em relação ao nível do mar e uma latitude de 15°como é o caso de Cuiabá - MT, a aceleração
da gravidade calculada por meio da equação proposta por Lopes é de 9, 7832 m/s2 .
A figura 2.15 mostra o movimento de queda de uma bola de borracha.
Por questões didáticas, vamos modelar a bola como uma
Figura 2.15 – Movimento partícula com aceleração constante. E, de acordo com as leis
de um corpo em queda. do movimento, quando um objeto se desloca com a aceleração
constante, a função da posição em relação ao tempo é descrita
por:
1
y = y0 + v0 · t − · g · t2 (2.36)
2
em que y0 é a posição inicial do objeto; v0 é a velocidade
inicial; e g é a aceleração da gravidade.
A equação (2.36) pode ser reescrita da seguinte forma:
1
y − y0 = v0 · t − · g · t2 (2.37)
2
Agora, vamos analisar o movimento da bola ilustrada na
figura 2.15. A bola é solta de uma altura inicial diferente de
zero (y0 , 0) a partir do repouso (v0 = 0), sendo que o seu mo-
vimento no eixo y ocorre em virtude da atuação da força de
atração do campo gravitacional da Terra de modo a atingir o
solo (y = 0). Logo, a equação (2.37) pode ser escrita como:
Fonte: Arquivo Pessoal.
1
y0 = · g · t2 (2.38)
2
perceba que o sinal de negativo de y0 se cancela com o sinal de negativo de g na equação
(2.37).
A equação (2.38) evidencia que a distância percorrida pelo móvel em queda livre é pro-
porcional ao quadrado do tempo. Dito isto, também podemos calcular a aceleração da gra-
vidade local, isolando g na equação (2.38) de modo a obter a sentença matemática:
2·h
g= (2.39)
t2
46 2.3. Queda livre
em que h é a altura inicial ao qual a bola é liberada. Pela análise da equação (2.39),
verifica-se que a unidade de medida para a aceleração da gravidade no SI é o metro por
segundos ao quadrado m/s2 .
Agora, vamos explorar alguns exemplos sobre queda livre para aprofundar a discussão
teórica.
Exemplo 2.11 (Retirado de [7]) Uma pedra é atirada verticalmente, para baixo, do
topo de um penhasco de 200 m. Durante o último meio segundo de seu voo, a pedra
percorre uma distância de 45 m. Encontre a rapidez inicial da pedra.
v − v0,5 = g · t
v − v0,5 = 10 m/s2 · 0, 5 s
v − v0,5 = 5 m/s
E, isto nos leva a:
v + v0,5 = 180 m/s
v − v0,5 = 5 m/s
2v = 185 m/s
∴ v = 92, 5 m/s
Por fim, podemos calcular a velocidade inicial da pedra, aplicando a seguinte equação:
v 2 = v02 − 2g∆y
v02 = v 2 + 2g∆y
q
v0 = (92, 5 m/s)2 + 2 · 10 m/s2 · (−200 m)
v0 = 68 m/s
Exemplo 2.12 (Retirado de [7]) Um objeto é largado do repouso de uma altura h. Ele
percorre 0,4 h durante o primeiro segundo de sua descida. Determine a velocidade
média do objeto durante toda sua descida.
Capítulo 2. Cinemática 47
Solução 2.12
1
y = y0 + v0 · t − gt 2
2
1 2
∆y = gt
2
0, 4h = 5 m
∴ h = 12, 5 m
Como aceleração é constante, tem-se que:
p
v = 2 · 10 m/s2 · 12, 5 m
v = 15, 8 m/s
Logo, a velocidade média é:
0 + 15, 8 m/s
v=
2
v = 7, 91 m/s
Saiba Mais
Æ Assista ao vídeo de um experimento sobre queda livre, disponível em:
https://youtu.be/I9jLwT7Qikg
Um projétil é qualquer corpo lançado com uma velocidade inicial e que segue uma tra-
jetória determinada exclusivamente pela aceleração da gravidade e pela resistência do ar. Se
a resistência do ar é desprezível, então, podemos dizer que o projétil está em queda livre [7].
São exemplos de projéteis uma bola de beisebol batida, uma bola de futebol chutada, um
pacote largado de um avião e uma bala atirada por uma arma de fogo. A curva descrita pelo
projétil é denominada de trajetória [20]. A figura 2.16 descreve a trajetória de uma partícula
lançada obliquamente.
Dito isto, quando um projétil é lançado obliquamente a partir do solo, ele realiza uma
trajetória parabólica com cavidade para baixo, conforme mostra a figura 2.16 e, portanto,
descrito por uma equação do 2º grau. No ponto mais alto da trajetória a componente da
velocidade no eixo y é igual a zero (vy = 0), enquanto que a componente da velocidade no
eixo x apresenta um valor diferente de zero (vx , 0). Logo após, a componente da velocidade
48 2.4. Lançamento Oblíquo
jˆ y
vy vy = 0
vx v0,x g
î v0,y v0,x
v⃗0
H
θ vy
x
v0,x
Solo
R
no eixo y altera a sua direção e o objeto inicia o seu movimento de queda com aceleração
constante.
Por questões didática, vamos desconsiderar os efeitos da resistência do ar sob o projétil
ao longo do percurso de modo que o movimento possa ser decomposto em um movimento
uniforme ao longo do eixo horizontal (ou eixo x) e um movimento uniformemente variado
ao longo do eixo vertical (ou eixo y) e, como consequência, a trajetória seja um segmento de
parábola. Além disso, desconsideraremos a rotação da Terra e a sua rotação. A curvatura da
Terra tem de ser considerada no movimento de um míssil de longo alcance e a resistência
do ar é de importância fundamental para o movimento de um pará-quedista. Como todo
modelo este possui suas limitações [20]. Dito de outra forma, faremos uma aproximação do
movimento do projétil lançado obliquamente, haja vista que a resistência do ar oferecida ao
corpo depende de sua geometria e da velocidade inicial. Para mais detalhes sobre os efeitos
da resistência do ar, consulte livros que abordem conceitos de Mecânica dos Fluidos.
Aqui, estamos interessado na determinação dos seguintes parâmetros, a saber:
Para descrever o movimento do projétil, nós iremos decompor o vetor velocidade inicial,
como segue:
v0,y v0 · sin θ
vy = v0,y − g · t ∴ t= = (2.42)
g g
A expressão matemática para altura máxima (H) é obtida a partir da equação de Torri-
celli, como segue:
2
v0,y v02 · sin2 θ
vy2 2
= v0,y −2·g · H ∴ H= = (2.43)
|{z} 2·g 2·g
∆y
R = v · cos θ ·t (2.44)
|{z} |0 {z }
x−x0 v0,x
v2
!
v0 · sin θ
R = v0 · cos θ · 2 · = 0 · (2 · cos θ · sin θ ) (2.45)
g g | {z }
sin 2θ
v02 · sin 2θ
R= (2.46)
g
1
y = y0 + v0,y · t − · g · t2 (2.47)
2
Substituindo 2.44 em 2.47 chega-se a:
! !2
x − x0 1 x − x0
y = y0 + v0 · sin θ · − ·g ·
v0 · cos θ 2 v0 · cos θ
Isto nos leva a:
(x − x0 )2
!
y = y0 + (x − x0 ) · tan θ − g · (2.48)
2(v02 · cos2 θ)
x2
!
y = x · tan θ − g · (2.49)
2(v02 · cos2 θ)
Saiba Mais
Para observar a influência do ângulo na trajetória de um projétil, realize o experimento
disponível em: https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulations/projectile-motion.
Saiba Mais
Æ Assista ao vídeo de um experimento sobre lançamento de projétil disponível em:
https://youtu.be/UxP77692yeM
Agora, vamos explorar alguns exemplos sobre lançamento de projétil para aprofundar a
discussão teórica.
Exemplo 2.13 Um jogador de futebol norte-americano tem de chutar uma bola de
um ponto a 36 m (ao redor de 40 jardas) do gol, e metade da plateia espera que a bola
passe por cima da barra do gol, que tem 3,05 m de altura. Quando chutada, a bola
deixa o solo com uma velocidade escalar de 20 m/s fazendo um ângulo de 53 ° com
a horizontal. (a) Por quanto a bola ultrapassa ou fica abaixo da barra? (b) A bola se
aproxima da barra enquanto ainda está subindo ou quando está caindo? [19]
Solução 2.13 Vamos calcular o tempo que bola leva para alcançar a posição final, uma
vez que o exercício nos forneceu os valores velocidade inicial, o ângulo de lançamento
e a posição final, como segue:
x − x0
x = x0 + v0,x · t ∴ t= (2.50)
v0,x
36, 0 m − 0
t= ∴ t = 2, 99 s (2.51)
(20 m/s) · cos 53 °
Como a aceleração é constante na vertical, tem-se:
1
y = y0 + v0,y t − gt 2 (2.52)
2
Assim sendo,
1
y = 0 + (20 m/s)(2, 99 s) − (9, 8 m/s2 )(2, 99 s)2 ∴ 3, 94 m (2.53)
2
Dito isto, verifica-se que a bola passa a barra por 0,89 m.
(b) No ponto mais alto, o tempo pode ser obtido da seguinte forma:
Capítulo 2. Cinemática 51
v0,y − vy
vy = v0,y − gt ∴ t= (2.54)
g
Diante do exposto,
Figura 2.17
v0,x = v0 · cos θi ∴ v0,x = 20 m/s · cos 30° ∴ v0,x = 17, 3 m/s (2.56)
v0,y = v0 · sin θi ∴ v0,y = 20 m/s · sin 30° ∴ v0,y = 10, 0 m/s (2.57)
1
−45 m = 0 + (10, 0 m/s)t − (9, 8 m/s2 )t 2 (2.59)
2
Portanto, temos que:
A equação 2.60 é uma equação do 2º grau, cujas raízes podem ser obtidas por meio da
equação de Bhaskara, como segue:
√
−b ± ∆
x= (2.61)
2·a
∆ = b2 − 4 · a · c (2.62)
Exemplo 2.15 Um jogador de basquete que tem 2,0 m de altura está parado no solo
a 10 m da cesta, como mostra a figura 2.18. Se ele arremessa a bola a um ângulo de
40 ° com a horizontal, com que velocidade escalar inicial ele tem de lançar a bola de tal
forma que ela passe pelo aro sem tocar na tabela? A altura da cesta é de 3,05 m [19].
Figura 2.18
x − x0 10 m
x = x0 + v0,x · t ∴ t = ∴ t= (2.70)
v0 · cos 40 ° v0 · cos 40 °
Diante do exposto, o jogador deve lançar a bola com uma velocidade inicial de
10,67 m/s.
Exemplo 2.16 Um tenista a 12,6 m da rede atinge a bola a 3,0 ° acima da horizontal.
Para ultrapassar a rede, a bola tem de subir pelo menos 0,330 m. Se a bola passa exa-
tamente pela rede no ponto mais alto de sua trajetória, com que rapidez estava ela se
movendo quando deixou a raquete? [19]
x − x0 12, 6 m
x = x0 + v0,x · t ∴ t = ∴ t= (2.75)
v0 · cos 3 ° v0 · cos 3 °
Leitura recomendada
` Leia o artigo intitulado ’Quatro textos de Galileu’ de Carlos Arthur Ribeiro do Nasci-
mento, disponível em https://www.scielo.br/j/trans/a/bqx4GcJYjWBnP7xFzZg7Dkf/
?format=pdf.
Capítulo 2. Cinemática 55