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Universidade Zambeze Disciplina: Física I

Lição n0 2 e 3: Cinemática do
Faculdade de Ciência e Tecnologia Ponto Material

Cursos: Engenharia Eléctrica Ano 2021 Primeiro Semestre

Docente Responsável: Enfraime Jaime Valoi


Aula Teórica
Subtemas:
 Definição da cinemática  Componentes Tangencial e Normal da Aceleração
 Conceito de Movimento  Movimento Circular,
Mecânica
Movimento
comoRectilíneo
ciência  Componentes Radial e Transversal
 Movimento Curvilíneo  Movimento de um Projéctil

II. 1 Definição

Sub
Cinemática é o ramo da física que se dedica ao estudo do movimento dos corpos sem se
tem
preocupar com as causas desse movimento.
as:

II.2 Conceito de Movimento

Um corpo está em movimento relativamente a um outro, quando sua posição medida com
relação ao segundo, varia com o tempo, e, quando sua posição relativa não varia com o tempo,
diz-se que o corpo está em repouso. Esta é a razão pela qual repouso e movimento são
entendidos como conceitos relativos, isto porque dependem da escolha do corpo que servirá de
referencial, por exemplo, uma árvore e uma casa estão em repouso relativo a Terra e em
movimento relativo ao sol.
Contudo, para descrever o movimento, é importante que o observador defina um sistema de
referência ou referencial em relação ao qual o movimento é analisado.

II.3 Movimento
II.3.1 Posição e Deslocamento

A posição de uma partícula pode ser definida relativamente a um referencial através de um


vector posição ⃗ ⃗ ⃗ ⃗⃗, ou simplesmente por ⃗ ⃗, se o movomento for rectilíneo
conicidente com o eixo .
Entende-se por deslocamento, à variação da posição da partícula durante um certo intervalo de
tempo, isto é, o delocamento é dado pela diferença da posição final e inicial da partícula.

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Neste tema nos interessa estudar os movimentos rectilíneo, curvilíneo e circular de uma
partícuca.

II.3.2 Movimento Rectilíneo


O movimento de um corpo é rectilíneo quando a sua trajectória é uma linha recta.

II.4.1 Velocidade

Para estudar a velocidade, vamos considerar o eixo OX, coincidente com a trajectória da
partícula (figura 2.1).

Instante inicial e final , então a


⃗ A B velocidade média será,
O ⃗
Figura 2.1 Movimento Rectilíneo

Onde,
Em princípio, o deslocamento pode ser relacionado com o tempo por meio de uma relação
funcional,

 A velocidade média durante um certo intervalo de tempo é igual ao deslocamento médio


por unidade do tempo durante um interval de tempo.

Pretendendo definir a velocidade instantânea em um ponto qualquer, por exemplo A, faz-se o


intervalo de tempo tão pequeno possivel, para que não ocorram variações essenciais no estado
do movimento durante esse intervalo.

Em linguagem matemática, escrevemos: , que é a derivada de x

em relação ao tempo, isto é,

.  A velocidade instantânea é obtida pelo cálculo da derivada do deslocamento em relação ao


tempo

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O termo velocidade será muitas vezes empregue para referir-se a velocidade instantânea.
Conhecendo , a posiçao X, pode ser optida por integração da relação (2.2), o que
resulta,

∫ ∫ ∫

O deslocamento dx pode ser positivo ou negativo, dependendo do sentido do movimento, isto é,


.

II.4.2 Aceleração

Ao falar de aceleração num movimento rectilíneo, estamos a falar da aceleração tangencial,


responsável pela variação do módulo da velocidade. Em geral a velocidade de um corpo é uma
função de tempo. Suponhamos que na figura 2.1, no instante t o objecto está em A, com a
velocidade v, e, no instante t’ ele está em B com v’, então a aceleração média entre A e B, será,

Por analogia à velocidade, para pequeno, a aceleração instantânea tem a forma,

 A aceleração instantânea é obtida pelo cálculo da derivada temporal da velocidade

O termo aceleração passará a significar aceleração instantânea. Em geral ela varia durante o
movimento. Se o módulo da velocidade aumenta com o tempo, o movimento é considerado
acelerado e, se ela decresce com o tempo em valor absoluto, o movimento é considerado
retardado.

Exercício de Aplicação (exercício 2 da ficha 2)

(*) O movimento de um ponto material é definido pela relação , onde X é expresso em metros
e t em segundos. Determinar a velocidade e aceleração no instante 3 s.

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Resolução:

Primeiro vamos encontrar as expressões de velocidade e aceleração para um instante qualquer, depois iremos substituir
para o instante 3 s.

De relações (2.2) e (2.5), tem-se que,

No instante 3 s, temos,

Conhecendo a aceleração, relação (2.5), por via de integração podemos calcular a velocidade,

∫ ∫ ∫

A relação entre a aceleração e a posição pode ser obtida pela combinação das equações (2.2) e
(2.5), resultando em,

( )

Para além da relação (2.7), outra importante relação entre a posição e a velocidade pode ser
obtida a partir da relação , multiplicando ambos os membros pela relação (2.2), isto é,

∫ ∫ ∫ ∫

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II.5 Movimento Curvilíneo
II.5.1 Velocidade

Considerando a figura 2.2, nos instantes,

inicial ̅̅̅̅

final ̅̅̅̅

O movimento é pelo arco , mas o deslocamento é


o vector .

Onde, ⃗( ) ⃗( ) ⃗⃗ ( )

⃗ ⃗ ⃗⃗
Figura 2.2 Deslocamento do ponto

Para a velocidade média temos, , ou ⃗ ⃗ ⃗⃗ e

a instantânea na forma,

Ainda podemos encontrar as componentes da velocidade bem como o seu módulo, se


combinarmos as equações (2.11b) e (2.12b), que resultam em,

⃗ ⃗ ⃗⃗

| | √

II.5.2 Aceleração

No movimento curvilíneo, a velocidade em geral varia tanto em módulo como em direcção.


⃗⃗
⃗ ⃗ Se ⃗ ⃗ ⃗ ⃗⃗ , então a sua derivada será,

⃗ ⃗ ⃗ ⃗⃗ , logo, ⃗ ⃗ ⃗ ⃗⃗ ,e

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| | √

É importante salientar que no movimento curvilíneo, as coordenadas da partícula móvel são


funções de tempo e, são dadas pelas equações, e

II.5.2.1 Componentes Tangencial e Normal da Aceleração

Quando uma partícula se move em uma curva, o módulo da velocidade pode variar, e, essa
variação está relacionada com a aceleração tangencial ( . De outro lado, durante o movimento
a direcção da velocidade também varia, e, essa variação é graças a aceleração normal ( ).

A afirmação anterior permite-nos chegar ao significado físico


das componentes:
- responsável pela variação na direcção da velocidade
- responsável pela variação do módulo da velocidade, onde,
Figura 2.3 Partícula numa Curva

Os coeficientes , são vectores unitários (também denominados versores) na diracção


tangecial e normal, equanto que é o raio da trajectória. O primeiro termo da relação (2.25), está
relacionado com a variação temporal da velocidade, e, como foi colocado anteriorimente, o
termo corresponde a aceleração tangencial, enquanto que o segundo relacionado com a variação
na direcção da velocidade corresponde a aceleração normal, isto é,

Contudo, conhecendo o valor das componentes , podemos calcular o módulo da


aceleração pela fórmula,

| ⃗| √ √( ) ( )

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II.6 Movimento Circular

Quando a trajectória descrita por uma partícula for circular ou quando o raio da mesma
trajectória é constante, o movimento é demominado circular, figura 2.4.
É importante salientar que as grandezas até agora utilizadas, de deslocamento, posição,
velocidade e de aceleração, eram úteis quando o objetivo era descrever movimentos lineares,
mas na análise de movimentos circulares, devemos introduzir novas grandezas, que são
chamadas grandezas angulares, medidas sempre em radianos, são elas, o deslocamento angular
( ), a posição angular ( ), a velocidade angular (ω) e a aceleração angular (α).

II.6.1 Velocidade Angular


A velocidade angular é uma grandeza vectorial com direcção
normal ao plano do movimento e o sentido encontrado aplicando a

⃗⃗ regra da mão direita, figura 2.4.

e e por analogia a
R velocidade linear, para angular resulta,

Figura 2.4 Movimento Circular ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗

Derivando (2.29) em função ao tempo, tem-se, , e ao substituir (2.31) em (2.32), e

levando em conta a definição da velocidade, resulta,

⃗⃗

Onde, é o vector que nos dá a posição onde o corpo executa o movimento, na figura 2.4,

Para um movimento circular uniforme, ,isto é, periódico, a partícula passa em


cada ponto da circunferência a intervalos regulares de tempo. Se durante um intervalo de tempo
t, ocorrem n revoluções, então podemos definir o período e a frequência pela relação,

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O período (P) é o intervalo de tempo ao fim do qual as características posição, vector velocidade
e vector aceleração se repetem. Enquanto que a frequência de um movimento circular
uniforme é o número de voltas por unidade de tempo que a partícula descreve.

Para encontrarmos a expressão da posição angular, levando em consideração que a velocidade


angular é constante, integramos a relação (2.31), obtendo,

∫ ∫

Se a partícula parte da posiçao inicial e instante inicial iguais a zero, respectivamente, então a
relação anterior toma a forma,

II.6.2 Aceleração Angular

Quando a velocidade angular varia com o tempo, a aceleração angular é definida pelo vector,
⃗⃗

Agora se a partícula parte do repouso no instante inicial e descreve o


movimento uniformemente variado , podemos definir a velocidade angular pela
relação,

∫ ∫

Visto que o movimento em análise é variado, então, ao substituir a relação (2.31) em (2.41),
obtem-se,

∫ ∫ ∫

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II.5.3 Componentes Radial e Transversal

Visto que, , e, se levarmos em consideração um versor (vector unitário na direcção de



r), então, ⃗ ⃗, logo, ⃗ ⃗ .
Se , então,


De relação (2.44) temos, ⃗

Velocidade radial e velocidade transversal,

Exercício de Aplicação

(*) Um corpo inicialmente em repouso , é acelerado numa trajectória circular de raio


1,3m, segundo a equação . Determinar a velocidade angular e a posição angular do corpo
como função do tempo.

Resolução:
Integrando a definição de aceleração angular (2.39), levando em conta as condições iniciais, para a velocidade, temos,

∫ ∫
Ainda por de integração, relação (2.31), para a posição angular resulta,

∫ ∫

II.6 Movimento de um Projéctil

O movimento efectuado por um projéctil descreve uma trajectória plana em forma de uma
parábola. Durante este movimento, o projéctil executa, um movimento rectilíneo uniforme na
direcção horizontal (eixo OX) e movimento rectilíneo uniformemente variado na direcção
vertical (eixo OY), ver a figura 2.5
É importante salientar que durante o nosso estudo, desprezaremos a resistência do ar, e
consideraremos apenas à acção da gravidade ⃗ , com direcção vertical e é dirigido de cima para
baixo.

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Equações que caracterizam o movimento:

{
Ymax

{
R=X

Figura 2.5 Movimento de Projétil

Usando as equações anteriores, vamos determinar:

10 Tempo para alcançar a altura maxima ( )

20 Altura máxima (substituindo (2.56) em (2.51) para )

30 Tempo de Trânsito ou tempo para o projéctil voltar ao nível do solo

40 Alcance (substituimos a relação (2.58) em (2.50)

Exercício de Aplicação (exercício 3 da ficha 3)

(*) Um projéctil é disparado num ângulo de 35⁰ com a horizontal. Ele atinge o solo a 4km do ponto de disparo. Determine:
a) a velocidade inicial, b) o tempo de trânsito do projéctil, c) a altura máxima, d) a velocidade no ponto de altura máxima.

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Resolução:

Nota que somos fornecidos, o ângulo de desparo , bem como o alcance máximo , logo,

a) Usando a definição do alcance (2.59), podemos determinar a velocidade inicial, isto é,

√( ) √( )

b) Para o tempo de trânsito, de relação (2.58), tem-se,

c) Para altura máxima (2.57), temos,

d) A velocidade na altura máxima é dada pela componente , porque, , dai que, de (2.52), tem-se,

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