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Politica Fiscal
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Política Fiscal
O total das despesas desceu para 33% do PIB, dos 36% registados em 2015, com base
nos compromissos assumidos.19 As despesas de investimento são as que sofreram o
maior impacto do ajuste orçamental, tendo caído de 13% para 7% do PIB ao longo deste
período.20 Algumas poupanças adicionais foram feitas através da eliminação dos
subsídios sobre os combustíveis e o pão (consultar a Caixa 2).
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Segundo as estimativas, estes esforços contribuíram para uma redução de 3% do défice
primário (excluindo as receitas de mais-valias obtidas em 2017, equivalentes a 2,7% do
PIB), que passou de 6,4% do PIB em 2015 para 3,4% do PIB em 2017 (figura 12 e 13).
Alem disso, as tendências de execução orçamental da primeira metade de 2018 apontam
para a possibilidade de mais reduções nos défices fiscais.
Essa tendência continua em 2018, com os níveis da divida interna a subirem mais 10 mil
milhões de meticais (cerca de 1% do PIB) no primeiro semestre do ano. Esse aumento,
que ocorre num período de taxas de juros internas elevadas, fez subir o custo medio do
serviço de divida interna para 17% (comparativamente aos 5% registados em 2015).
Essas pressões, conjugadas com os custos do serviço da divida externa, limitaram a
redução do défice fiscal global, que passou do valor de 7,7% do PIB registado em 2015
para o de 7,2% do PIB apurado em 2017.
Segundo o Banco Mundial (2018) refere que “os atrasos devidos a fornecedores do
sector privado também continuam a constituir um desafio”. As estimativas do Governo
posicionam o stock de pagamentos atrasados a fornecedores domésticos em finais de
2016 no patamar dos 3,8% do PIB, equivalente ao orçamento publico alocado ao sector
de saúde em 2018 e cerca de 12% do valor total concedido ao sector privado ate junho
de 2018 (Figura 14 e 15).
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Este cenário reflete as persistentes necessidades de financiamento do sector público,
nomeadamente aquelas que se encontram relacionadas com o fraco desempenho das
empresas públicas. Os riscos fiscais das empresas públicas têm vindo a materializar-se e
a agravar as necessidades de financiamento do sector público que, cada
vez mais, são satisfeitas através de empréstimos internos.
Nomeadamente, em 2017, o apoio aos custos financeiros e operacionais das EPs com
baixo desempenho conduziu ao aumento das necessidades de financiamento interno, tal
como aconteceu com os pagamentos realizados para cumprir obrigações pendentes a
fornecedores de combustíveis.
Embora represente uma parte relativamente pequena do stock da dívida pública total, a
dívida interna emitida desde 2016 tem um custo relativamente alto. Também tem perfis
de maturidade mais curtos do que a maioria dos empréstimos externos multilaterais e
bilaterais, o que leva a um aumento dos riscos de prorrogação.
Com pressões das despesas no horizonte, a criação de margem fiscal sem agravar o peso
da dívida implica um foco renovado na mobilização de receitas, eficiência dos gastos e
redução dos riscos fiscais das empresas públicas.
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Um pacote de reformas regulamentares recentes, se for bem implementado, vai
fortalecer a gestão fiscal. O Governo de Moçambique avançou com várias reformas
chave para fortalecer a gestão fiscal, incluindo novos regulamentos para melhorar a
gestão da dívida pública e das garantias do Estado, a revisão do quadro legal para
reforçar a gestão das EPs e uma estrutura renovada para melhorar a seleção dos projetos
de investimento público. As autoridades também introduziram medidas para limitar o
crescimento da massa salarial, restringindo as admissões, subsídios e promoções.
“O fortalecimento da gestão das receitas é cada vez mais urgente. Embora sujeito aos
constrangimentos de uma economia mais fraca, o esforço de receitas tem demonstrado
um certo nível de robustez, ajudando a manter Moçambique entre os países com maior
rácio de receitas/PIB na região. No entanto, ainda há espaço para melhorar e simplificar
o regime de tributação, bem como para aumentar o esforço de receitas” (FMI, 2018).
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Nomeadamente, a consolidação dos vários regimes para pequenos e médios
contribuintes e a revisão do excessivamente generoso sistema de incentivos fiscais
melhorariam a eficiência económica e técnica da administração tributária e ajudariam a
escorar as perspetivas fiscais a médio prazo. O Governo também poderá ter interesse em
rever os seus acordos de dupla tributação, a fim de reduzir os impostos perdidos nos
investimentos estrangeiros.
Numa fase posterior, quando a produção de gás no país estiver numa fase mais
encaminhada, que terá início na próxima década, será necessário criar instituições para a
gestão sustentável das receitas provenientes dos recursos naturais, através da introdução
de regras fiscais e de um fundo soberano bem gerido, caso se pretenda que a disciplina
fiscal seja uma âncora para garantir a boa gestão macroeconómica.
Mas como o aumento dos preços do pão e do combustível desde 2017 afetou a
população Moçambicana? Utilizando dados provenientes do Inquérito sobre o
Orçamento Familiar (IOF), o mais recente estudo das despesas das famílias, uma análise
feita recentemente pelo Banco Mundial considera que o impacto do aumento dos preços
dos combustíveis para os agregados desfavorecidos tem sido modesto, principalmente
devido aos padrões de consumo subjacentes.
Estes agregados consomem menos gasolina e gasóleo do que os outros grupos e apesar
de a utilização da parafina ser comum entre os grupos com rendimentos mais baixos, o
nível geral do seu consumo é reduzido. Consequentemente, o aumento dos preços
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resultou numa pequena redução direta do consumo de combustíveis e o seu impacto
sobre a pobreza e desigualdade foi mínimo.
Além disso, a reforma dos combustíveis foi progressiva, uma vez que o impacto sobre o
consumo aumenta com os níveis de riqueza. Os efeitos indiretos sobre os preços dos
alimentos e do transporte também são modestos. De modo semelhante, as estimativas
apontam para um impacto marginal das reformas do subsídio do pão sobre os níveis de
pobreza dos agregados familiares, devido ao consumo limitado deste alimento entre as
famílias mais pobres das zonas rurais (Figura 2)
Beer, S., e Loeprick, J. (2018, brevemente). "The Cost and Benefts of Tax Treaties with
Investment Hubs: Findings from Sub-Saharan Africa", Documento de Trabalho do FMI
Banco Mundial, (2018), "Strong but not broadly shared growth. Mozambique Poverty
Assessment", Banco Mundial: Washington DC.
FAO (2018), "Global Information and Early Warning System on Food and Agriculture
Country Brief– Mozambique", Maputo, Moçambique.
FMI, (2018), "World Economic Outlook: Cyclical Upswing, Structural Change", FMI:
Washington DC.