Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Brasil deveria receber não menos de 10 milhões de turistas/ano, contra os 6,3 milhões atuais e
obter, como consequência, uma receita aproximada de US$ 10 bilhões. Com essa receita adicional de
US$ 4 bilhões, geraria possivelmente 100 mil novos
TABELA 1 - em US$ milhões
empregos diretos e 300 mil indiretos, com
RECEITA DESPESA BALANÇO
predominância em regiões onde o turismo é a
1994 1.051 2.232 -1.181
principal – senão a única – atividade econômica
1995 972 3.391 -2.420
possível, como é o caso do litoral nordestino. 1996 840 4.438 -3.598
O governo brasileiro vem há muito tempo com os 1997 1.069 5.446 -4.377
1998 1.586 5.732 -4.146
números trocados. Em 2006, o Ministério do
1999 1.628 3.085 -1.457
Turismo lançou o documento intitulado “Turismo 2000 1.810 3.894 -2.084
no Brasil 2007/2010” que previa, no cenário 2001 1.731 3.199 -1.468
conservador, uma entrada de 12 milhões de turistas 2002 1.998 2.396 -398
2003 2.479 2.261 218
em 2010 com uma respectiva receita de US$ 9
2004 3.222 2.871 351
bilhões. Lamentavelmente a previsão não aconteceu. 2005 3.861 4.720 -858
Em dezembro de 2009, o Ministério do Turismo 2006 4.316 5.764 -1.448
revisou suas projeções e estimou para 2020 uma 2007 4.953 8.211 -3.258
2008 5.785 10.962 -5.177
entrada de 11 milhões de turistas internacionais.
2009 5.305 10.898 -5.594
Tudo indica que o Ministério do Turismo não 2010 5.261 15.965 -10.704
acertará mais uma vez. 2011 6.095 20.802 -14.707
Mais dramático que a estagnação no número de 2012 6.378 22.039 -15.661
2013 6.474 25.028 -18.554
turistas internacionais é o resultado da Balança de
2014 6.843 25.567 -18.724
Turismo no Brasil. 2015 5.844 17.357 -11.513
A tabela 1 ao lado apresenta, na coluna 1, a receita 2016 6.024 14.497 -8.473
Fonte: BaCen
do turismo internacional (estrangeiros que nos
PARTICIPAÇÃO DO TURISMO NO DÉFICIT DAS
visitam); na coluna 2, a soma das despesas (de TRANSAÇÕES CORRENTES
brasileiros em viagens ao exterior) e, na coluna 3, o
balanço entre receita e despesa.
36%
21% 25% 18% 19%
2012 2013 2014 2015 2016
Conforme se pode observar, em 1994 (criação do Real) o déficit foi de US$ 1,2 bilhão, em 1997 de
US$ 4,4 bi, em 2012 de US$ 15,6 bi e em 2016 de US$ 8,5 bi.
Com o déficit de US$ 23,5 bilhões em 2016 nas Transações Correntes do país, o turismo foi
responsável pelo alarmante percentual de 36%.
A tabela 2, abaixo, correlaciona a taxa de câmbio desde o início do plano real (1994) com a inflação
no Brasil, medida pelo IGP-M, descontada a inflação americana no período.
COL 1 COL 2 COL 3 COL 4 COL 5 COL 6 COL 7 COL 8
US$ x R$
BALANÇO CÂMBIO
RECEITA DESPESA US$ x R$ CORRIGIDO
TURISMO MÉDIO INFLAÇÃO INFLAÇÃO
ANO US$ US$ CORRIGIDO PELO IGPM -
US$ NO ANO IGPM USA
MILHÕES MILHÕES PELO IGPM INFLAÇÃO
MILHÕES R$ x US$
EUA
1994 1.051 2.232 -1.181 0,87 0,87 2,67% 0,87
1995 972 3.391 -2.420 0,92 15,25% 1,00 2,54% 0,98
1996 840 4.438 -3.598 1,01 9,20% 1,09 3,32% 1,03
1997 1.069 5.446 -4.377 1,08 7,74% 1,18 1,70% 1,09
1998 1.586 5.732 -4.146 1,16 1,78% 1,20 1,61% 1,10
1999 1.628 3.085 -1.457 1,82 20,10% 1,44 2,68% 1,28
2000 1.810 3.894 -2.084 1,83 9,95% 1,59 3,39% 1,36
2001 1.731 3.199 -1.468 2,35 10,38% 1,75 1,55% 1,48
2002 1.998 2.396 -398 2,93 25,31% 2,19 2,38% 1,81
2003 2.479 2.261 218 3,07 8,71% 2,38 1,88% 1,94
2004 3.222 2.871 351 2,93 12,42% 2,68 3,26% 2,11
2005 3.861 4.720 -858 2,43 1,21% 2,71 3,42% 2,06
2006 4.316 5.764 -1.448 2,18 3,83% 2,82 2,54% 2,09
2007 4.953 8.211 -3.258 1,95 7,75% 3,03 4,08% 2,16
2008 5.785 10.962 -5.177 1,84 9,81% 3,33 0,09% 2,37
2009 5.305 10.898 -5.594 1,99 -1,72% 3,28 2,72% 2,27
2010 5.261 15.965 -10.704 1,76 11,32% 3,65 1,50% 2,49
2011 6.095 20.802 -14.707 1,67 5,10% 3,83 2,96% 2,54
2012 6.378 22.039 -15.661 1,91 7,82% 4,13 1,74% 2,69
2013 6.474 25.028 -18.554 2,16 5,51% 4,36 1,50% 2,80
2014 6.843 25.567 -18.724 2,35 3,69% 4,52 0,76% 2,88
2015 5.844 17.357 -11.513 3,33 10,54% 5,00 0,73% 3,16
2016 6.024 14.497 -8.473 3,49 7,17% 5,35 2,07% 3,32
Tabela 2 – câmbio inflacionado pelo IGP-M descontada inflação EUA
FONTE: BaCen; FED; Costão do Santinho
A correção do valor do câmbio pela inflação resultaria em uma taxa de câmbio teórica de R$ 3,32 por
1 US$.
Deve-se observar que a mera correção da taxa de câmbio pela inflação não reflete uma taxa de câmbio
de equilíbrio para a balança de turismo, pois 1994 (início do plano real e também do estudo) produziu
um déficit na balança de turismo da ordem de R$ 1,18 bilhões de reais.
Com o intuito de aferir uma taxa de câmbio de equilíbrio da balança comercial, duas visões adicionais
foram elaboradas no estudo.
A tabela 3, listada a seguir, correlaciona a taxa de câmbio desde o início do plano real (1994) com a
inflação no Brasil, medida pelo IGP-M, descontada a inflação americana no período, a exemplo da
tabela 2, com a diferença da premissa de partir de uma paridade cambial em 1994 (1 US$ = R$ 1; no
lugar de 1 US$ = R$ 0,87).
Gráfico 2 – déficit balança turismo x taxa de câmbio para o mês de Janeiro de 2014 a 2017
FONTE: BaCen; Costão do Santinho
Observa-se que uma taxa de câmbio mais elevada (R$ 4,05 em JAN/2016) resulta em expressiva
redução do déficit da balança de turismo.
Projeção para a taxa de câmbio de equilíbrio da balança de turismo no Brasil
Para apurar a taxa de câmbio de equilíbrio, a partir dos dados expostos, foram observados o
comportamento das transações correntes e também do resultado da balança de turismo correlacionado
à taxa de câmbio do respectivo exercício (gráficos 3 e 4, respectivamente).
-8.1
-23.7 -23.5
-30.6 -26.3
-59.4
-75.8 -77.0 -74.2 -74.8
-104.2
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Gráfico 3 – Saldo das transações correntes
Fonte: BaCen
R$ por US$
-5.2-5.6
-7.5 2.43
2.35 1.76 2.35 2.00
2.18 2.16
-10.0 1.99 -8.5
1.95 1.91
1.821.83 1.84 1.50
-12.5 -10.71.67
-11.5
1.00
-15.0 1.16 BALANÇO
0.921.011.08 -14.7
0.87 -15.7 0.50
-17.5 CAMBIO
-20.0 -18.6
-18.7 0.00
94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16
A tabela acima empregou os mesmos critérios das tabelas anteriores: corrigindo a cotação do dólar
pela inflação no Brasil, medida pelo IGP-M, e descontando a inflação dos EUA; com a diferença de
iniciar o estudo a partir de 2004, ano do último e maior entre os dois superávits da balança de turismo
desde o advento do plano real. O resultado afere uma taxa de câmbio de R$ 4,61 por US$, sugerindo
ser esta a taxa de câmbio teórica que, hoje, equilibraria a balança de turismo.