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Semana 7.2
Semana 7.2
EXPERIÊNCIA
ereira
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Tecnologias digitais e Psicopedagogia do Adolescente
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Pereira JS
levam a crises de rebeldia, de aceitação do outro deradas para as crianças nos primeiros anos de
e de si próprio, entre outros fatores que caracte escolarização formal. É na adolescência que os
rizam esta faixa etária3,4. sujeitos estão em pleno estágio das Operações
No decorrer desta fase, a autoridade da família Formais, lidando com a inteligência hipotético
e, consequentemente, da escola são altamente -dedutiva, apresentando maior capacidade de
questionadas. Ao mesmo tempo em que há uma abstrações, predições, fazendo relações entre o
busca pelo afastamento das figuras adultas, por possível e o real, realizando operações mentais
não se considerar mais uma criança, a família cada vez mais complexas6,7. O amadurecimento
continua sendo um refúgio para transpor suas de funções cognitivas como flexibilidade do
inseguranças4. pensamento, planejamento, atenção e memória,
Há a procura pelo pertencimento a grupos além de outras funções importantes para aquisi
de afinidades, que possibilitam o envolvimento ção dos conhecimentos, também são caracterís
com outros círculos sociais, importantes para ticas importantes dessa faixa etária8.
a caracterização e desenvolvimento do sujeito, Ao mesmo tempo, passam por modificações
favorecendo, assim, a situação de pertencimento significativas no que diz respeito à rotina escolar.
a uma realidade coletiva4,7. Neste momento da Diferentemente dos primeiros anos de escola
vida também há uma ressignificação do que o rização, nos quais têm uma professora como
indivíduo viveu anteriormente, fazendo uma referência ao longo do ano letivo, com quem
nova elaboração das condutas e pensamentos podem criar vínculos que costumam facilitar a
que precisa abandonar, que fazem parte da in aprendizagem, passam a ter professores espe
fância, ocorrendo uma simultaneidade de perdas cializados para cada uma das áreas do conheci
e aquisições que levam o sujeito à reorganização mento. Como consequência desse fenômeno, os
da sua identidade para adentrar a vida adulta3. adolescentes perdem esta referência de ensino
Os adolescentes ainda lidam com as pressões e têm necessidade de desenvolver formas mais
da sociedade de consumo e da mídia, que trans autônomas de gerenciar seu aprendizado, uma
mitem e reformulam diariamente os valores vez que o espaço para tirar suas dúvidas com
aceitáveis e as formas de viver a ser seguidas, o os professores se apresenta bastante reduzido6.
que gera conflitos entre o que o adolescente está É importante lembrar que é a partir dos Anos
sendo e o que ele pretende ser. Sabendo, então, Finais do Ensino Fundamental (5o a 9o ano) que
que a adolescência é um período de relevância inicia um processo de diminuição gradativa do
para o desenvolvimento do sujeito, é necessário número de alunos matriculados, em comparação
que haja cuidados parenterais, escolares e so com os Anos Iniciais, que se estende para o total
ciais adequados a esta faixa etária, contribuindo de alunos matriculados no Ensino Médio9. Isso
para o amadurecimento pleno das potencialida se dá pela elevação nos índices de evasão escolar,
des de cada sujeito em sua individualidade. É em o aumento da taxa de distorção idade-ano esco
meio a este cenário que o papel do psicopedagogo, lar, bem como pelas taxas de reprovação, que se
frente às dificuldades de aprendizagem e de elevam gradativamente6.
aproximação dos conhecimentos, precisa estar Neste sentido, avaliar o paciente nesta faixa
contextualizado para que as demandas que a etária deve levar em conta não apenas o rendi
adolescência enfrenta em sua aprendizagem mento escolar e as dificuldades de aprendizagem
possam ser ressignificadas7. que se apresentam, mas também aspectos con
textuais que possam estar impactando o processo
PSICOPEDAGOGIA DO ADOLESCENTE: de aprendizagem deste adolescente. Fatores in
AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO ternos e externos devem ser considerados, como
O processo educativo de adolescentes traz déficits e preservações na cognição, relações
implicações diferentes daquelas que são consi familiares e sociais, vida laboral, o ambiente de
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aprendizagem do qual o adolescente faz parte dificar o caminho. Neste sentido, a avaliação e
e as oportunidades educativas ofertadas, bem a intervenção junto ao paciente adolescente se
como características específicas do período, diferenciam em relação à criança, pois, mesmo
como mencionado anteriormente7,8. que não deixem de ter um caráter lúdico, devem
A intervenção psicopedagógica é um momento ser adaptadas de forma a se tornarem interessan
bastante importante do processo de tratamento tes e desafiadoras. Consideremos, então, a infor
das dificuldades de aprendizagem. É através mática educativa como um caminho possível de
desta fase que o psicopedagogo poderá atuar aprendizagem nesta faixa etária7,10.
diretamente nos problemas encontrados ao
longo do diagnóstico psicopedagógico, de modo INFORMÁTICA EDUCATIVA: UM CAMI-
a auxiliar o paciente a retomar o prazer pela NHO POSSÍVEL
aprendizagem, enfrentando suas dificuldades Os tempos e os espaços no século XXI sofre
e dando continuidade no seu caminho de cons ram grandes mudanças com o advento das novas
trução do conhecimento10. tecnologias, em um nível global de abrangência.
Esta intervenção poderá ocorrer de diferentes O que pode ser constatado é que, na atualidade,
maneiras, sempre levando em conta os dados obti as Tecnologias de Informação e Comunicação
dos a respeito do desenvolvimento biopsicosso (TICs) vêm apresentando diversas inovações, se
cial do paciente em questão. A partir da coleta difundindo e permeando o dia-a-dia de crianças,
de dados e da transmissão destes ao paciente, à jovens e adultos em todas as partes do mundo. O
família, à escola e aos demais profissionais en uso dos recursos de informática e redes sociais
volvidos do tratamento da criança/adolescente, o tem facilitado as atividades diárias, assim como
psicopedagogo poderá dar início ao processo in diminuído a distância entre as pessoas, possibili
terventivo, buscando dar conta das dificuldades tando o acesso a novas informações1,11.
apresentadas pelo sujeito de estudo10. Estas inovações criaram o que pode ser cha
A intervenção junto à família é um momento mado de Cibercultura, ou seja, uma nova forma
bastante importante, para que esta possa dar de viver e se relacionar com o mundo, através de
suporte ao paciente, já que são referências dos ambientes virtuais. Seguindo as transformações
ensinantes desde o seu nascimento, assim como trazidas pelos meios telemáticos no âmbito da
se torna imprescindível mostrar para o paciente vida social, o panorama educacional também
e sua família a importância do engajamento no apresentou diferenciações na maneira de visua
tratamento para que se obtenham novas aprendi lizar o binômio ensino-aprendizagem11.
zagens. Deve haver, ao mesmo tempo, uma inter Entende-se, portanto, que a expansão das
venção junto à escola, procurando sugerir a esta tecnologias digitais e a sua mutação constante
instituição formas diferenciadas para lidar com possibilitam uma nova forma de pensar a re
o paciente em questão10. lação com o saber. Os conhecimentos passam a
O psicopedagogo, então, fará o planejamento ser mais fluídos, uma vez que estes podem ser
das atividades que serão realizadas, sempre tendo compartilhados e remodelados, interferindo,
presentes seus objetivos ao colocá-las em prática. consequentemente, nas estruturas do sistema
As tarefas devem procurar resgatar os déficits educacional como um todo1,11.
encontrados junto aos pacientes e possibilitar a Desta forma, fica evidente que as mudanças
retomada da aprendizagem10. tecnológicas ocorridas nos últimos anos e a intro
É igualmente importante avaliar, durante todo dução delas no espaço escolar impactam não
o desenrolar da intervenção terapêutica, se as apenas na configuração das instituições de ensi
atividades estão sendo significativas para o su no, mas perpassam também a formação docente,
jeito, se elas estão apresentando perspectivas o currículo escolar, e as relações entre os sujeitos
satisfatórias de auxílio ou se será necessário mo que fazem parte desses espaços12. Assim, muitas
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instituições de ensino têm procurado utilizar a mais horas do que dedicam à frequência escolar.
informática educativa para reconfigurar as meto Neste sentido, o computador torna as atividades
dologias até então tidas como consolidadas. As mais dinâmicas e significativas, motivando e fa
novas tecnologias educacionais puderam levar vorecendo a atividade espontânea de crianças
os educadores a repensar seus fazeres em sala e adolescentes, legitimando, ao mesmo tempo,
de aula, entendendo que, em contextos sociais os processos de construção de saberes, quando
de mudança, a escola (e, então, os professores) trabalhados de modo que o sujeito possa intera
não pode ficar alheia às informações e aos no gir com diversos tipos de mídias2,13.
vos perfis de alunos que se constituem a partir
dessas modificações1,2. CONTRIBUIÇÕES DAS TECNOLOGIAS
A informatização da educação tem diminuído DIGITAIS NA INTERVENÇÃO PSICOPE-
a distância entre educadores e educandos, estes DAGÓGICA COM ADOLESCENTES: UM
últimos trazendo de seus lares conhecimentos ESTUDO DE CASO
avançados sobre os usos dos recursos contidos Para colaborar de forma mais prática no en
nos computadores e compartilhando seus saberes tendimento de alguns dos aspectos relevantes
com seus pares1. Desta forma, a informática edu do uso da informática educativa no processo de
cativa possibilita o enriquecimento da prática intervenção psicopedagógica, são apresentados
diária, desenvolvendo diferentes habilidades dados extraídos de um estudo de caso realizado
como a criatividade, a expressão e comunicação, para conclusão de curso de Especialização em
além de ampliar as capacidades cognitivas de Psicopedagogia. Um dos objetivos principais do
crianças e adolescentes, oportunizando trocas estudo foi investigar a intervenção psicopedagó
entre os educandos2. gica com paciente adolescente utilizando tecno
Para que haja, verdadeiramente, a aquisição logias digitais, procurando perceber se esta
de novas capacidades por parte de crianças e modalidade de trabalho propiciaria formas dife
adolescentes, torna-se de extrema relevância renciadas e melhor adaptadas às demandas
que escola e professores estejam preparados para observadas nessa faixa etária.
lidar com os ambientes digitais de aprendiza À época do atendimento, o paciente estava
gem. Essa postura visaria ofertar propostas que com 16 anos e frequentava o 6a ano do Ensino
motivem e não se tornem apenas mais uma tarefa Fundamental em uma escola pública na região
a ser completada e entregue ao final da aula, que metropolitana de Porto Alegre. Foi encaminhado
não agrega novos conhecimentos aos alunos1,2. para avaliação psicopedagógica pelo serviço de
Principalmente no que se refere ao trabalho Psiquiatria de um hospital público da região. O
com adolescentes, a informática educativa é motivo referido para o encaminhamento era de
um meio relevante para o desenvolvimento das que o adolescente apresentava dificuldades de
capacidades intelectuais, pois, muitas vezes, as aprendizagem e comportamentos agressivos,
atividades propostas em outros ambientes de que traziam implicações importantes para as
aprendizagem não são tão desafiadoras quanto suas relações com colegas e professores na rotina
aquelas que envolvem o uso com computador. diária na escola.
Isso se deve à forma como o adolescente encara o Em conversa com a coordenação pedagógica
ambiente virtual, como uma novidade e como um da escola de origem do paciente, pôde-se cons
lugar onde ele pode criar e manipular ativamente tatar que este costumava ter oscilações no humor
diferentes ferramentas que consigam representar e temperamento difícil, além de apresentar
seus pensamentos e pontos de vista13. advertências escolares por brigar com colegas
É importante salientar que os jovens costu e por não finalizar atividades de sala de aula.
mam dedicar bastante tempo diante do compu Suas notas eram, em geral, próximas à média
tador e das redes sociais, em muitas situações, (50% de suficiência em cada uma das áreas de
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na clínica psicopedagógica, a informática pode Twitter e outros meios comunicativos têm grande
ser um facilitador dos processos criativos, de adesão por parte de adolescentes, é imprescin
construção dos conhecimentos e de integração dível refletir o quanto essas permitem que haja
social, por possuir uma série de ferramentas que socialização de saberes, incorporando também
dinamizam a atividade do paciente13. conhecimentos das diversas áreas (leitura, escri
Nesse sentido, é necessário que se desenvol ta, história, ciência naturais, etc.) de modo formal
vam habilidades para lidar com os ambientes por meio dessas redes, levando-se em conta a
digitais, que iniciam pela oportunização do uso privacidade de seus alunos/pacientes.
do computador, para que haja um aperfeiçoa
mento das condutas do sujeito frente às novas CONSIDERAÇÕES FINAIS
tecnologias. Ainda que nos últimos anos tenha Refletindo acerca das contribuições da utili
ocorrido uma maior difusão do acesso às tecno zação da informática educativa na intervenção
logias digitais e aumento da conectividade à psicopedagógica, é possível evidenciar que os
Internet, percebe-se uma lacuna importante recursos disponíveis por meio do computador
entre as diferentes camadas sociais15. podem atuar como agentes facilitadores na
As desigualdades na distribuição de renda construção de vínculos efetivos entre sujeito e
e nas oportunidades educativas refletem na objeto de aprendizagem14.
apropriação adequada das possibilidades que as No caso de adolescentes, estas contribuições
tecnologias digitais podem oferecer. O acesso a são ainda mais importantes, por se tratar de uma
novas fontes de conhecimento e interação refle faixa etária que vive um momento bastante dis
xiva nas redes sociais, por exemplo, tem íntima tinto. Como foi salientado ao longo do trabalho,
relação com a ampliação do uso de diferentes esses passam por processos radicais de mudança
redes de difusão eletrônica, bem como a capaci da realidade vivida, seja no campo das emoções,
dade de questionar os saberes15. Como pôde ser das transformações corporais, na forma como o
percebido durante a intervenção, a promoção do ensino lhe é ofertado e, portanto, nas formas de
uso das tecnologias digitais de modo planejado se aproximar do saber7.
pode trazer benefícios educativos, necessitando O computador proporciona um ambiente
ser ampliada, sobretudo em contexto de nível riquíssimo para a atividade espontânea, tanto
socioeconômico menos favorecido. da criança quanto do adolescente, conduzindo a
O psicopedagogo deve ter clara a validade um processo de crescimento que, muitas vezes, é
das tecnologias em auxiliar no desenvolvimento mais ágil e consistente do que utilizando outros
e no enriquecimento do pensamento de seus métodos2. A informática educativa é relevante no
pacientes, não utilizando apenas como um re que diz respeito à inteligência, já que crianças e
curso substituto do lápis e papel14. Portanto, estes adolescentes poderão também desenvolver orga
recursos devem estar em consonância com os ob nizações de estruturas cognitivas mais elaboradas,
jetivos propostos e a metodologia utilizada pelo através de um processo criativo e estimulante,
psicopedagogo em sua prática na clínica, tendo resolvendo problemas, produzindo portadores de
em vista o desenvolvimento de uma intervenção texto, elevando, assim, o nível de raciocínio13,14.
que utilize ferramentas coerentes, para que não Através da experiência relatada ao longo deste
se tornem apenas a realização da atividade pela artigo, pode-se perceber que o uso das tecnolo
atividade. gias digitais com adolescentes não somente atua
Outra questão importante em relação às tec no caráter motivacional, mas também nos as
nologias atuais que vem sendo explorada em pectos cognitivos, além de auxiliar nos vínculos
pesquisas recentes é o valor das redes sociais como afetivos construídos entre paciente e terapeuta
fonte efetiva de desenvolvimento de aprendiza ao longo do tratamento. Estes vínculos, quanto
gens16. Entendendo que redes como Facebook, melhor organizados, maiores serão as chances
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de o paciente permanecer envolvido com o tra à juventude atual, à sua metodologia de trabalho
tamento, pois estará realizando atividades pra e com resultados eficazes na prática interventiva
zerosas e lidando com as suas dificuldades de psicopedagógica1.
uma maneira muito específica e gratificante13. Por fim, fica claro o quanto é importante
Ao mesmo tempo, as tecnologias digitais se investir na formação contínua nas tecnologias
tornam cada vez mais desafiadoras, em vista do digitais, de modo que “o psicopedagogo possa
processo de mutação acelerado pelo qual passam e saiba se utilizar cada vez mais do instrumento
os recursos tecnológicos, demandando que pa de informática para construir com a criança [e o
cientes e terapeutas busquem desenvolver novas adolescente] sua consciência como alguém real,
habilidades frente às inovações que surgem a capaz de lidar com o virtual, sem nele se per
cada dia. O psicopedagogo tem um leque imen der”13. Desta forma, os recursos das tecnologias
so de opções de softwares, jogos, programas e digitais podem ter papel significativo enquanto
aplicativos que possibilitam uma intervenção instrumentos de prevenção e tratamento dos
psicopedagógica mais bem elaborada e adaptada problemas de aprendizagem.
SUMMARY
Educational processes in the adolescence: Interventional possibilities
at Psychopedagogical Clinic through digital technologies
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6. Leonço VC. O aluno adolescente nas séries 12. Perez JRR, Silva FP. Computadores e educa
in
termediárias: abordando o não-aprender ção: uma revisão da pesquisa internacional.
no contexto psicopedagógico [Dissertação de In: Valle LELR, Mattos MJVM, Costa JN,
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