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net/publication/305116276
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Milka Cavalcanti
Federal University of Pernambuco
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All content following this page was uploaded by Gilda Guimarães on 18 July 2016.
Resumo
Este artigo apresenta uma análise da abordagem de gráficos e tabelas no tratamento da
informação nas 17 coleções de livros didáticos de Matemática recomendas pelo PNLD
2004 para as séries inicias do Ensino Fundamental. Todas as atividades propostas aos
alunos nessas coleções foram categorizadas, segundo: a série, o tipo de representação de
dados que explora, a habilidade que explora, o tipo de dado que trabalha, dentre outras
categorias. Os dados revelam que um trabalho com representação em gráficos e tabelas
em livros didáticos de matemática de 1ª a 4ª séries vem sendo proposto aos alunos
abrangendo um amplo espectro de conteúdos matemáticos. Revela-se, no entanto, uma
falta de consenso na distribuição dessas atividades ao longo das séries. Os resultados
apontam que o foco do tratamento da informação ainda está na leitura e interpretação
das representações, no qual conceitos e habilidades importantes para a formação
estatística do indivíduo ainda são pouco valorizados.
Abstract
This paper discusses a research of the approaches the 17 collections of mathematics
textbooks included on the PNLD 2004 Guide for first classes of elementary schools. All
the proposed activities were categorized according to: school grade, type of data
representation exploited, ability requested, type of data, among other categories. The
results show that the textbooks approach to graph and tables proposed to students takes
a wide spectrum of mathematical contents. However, a lack of consensus on in which
school grade should these activities be exploited was revealed. The research also points
out the need to more activities on collecting and organizing data. It was also reached
that few activities approach the table construction starting from building up the table
itself, creating the descriptors and classifying data.
1
Esta pesquisa foi parcialmente financiada pela CAPES através do Programa PROCAD e do
CNPq por meio do Programa PIBIC/UFPE.
2
“... os livros didáticos são a principal fonte de informação impressa utilizada por
parte significativa de alunos e professores brasileiros e essa utilização intensiva
ocorre quanto mais as populações escolares (docentes e discentes) têm menor
acesso a bens econômicos e culturais. Os livros didáticos parecem ser, assim, por
parte significativa da população brasileira, o principal impresso em torno do qual
sua escolarização e letramento são organizados e constituídos.” (p.531).
2
Para maior detalhe de refinamento das categorias ver Guimarães et all (2006).
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COLEÇÃO
O Gráfico 2 nos mostra que a maioria das coleções propõe atividades que
explorem a passagem de um tipo de representação para o outro. Entretanto, o que nos
chama a atenção é a quantidade bastante superior de atividades que envolvem tabelas
em relação à quantidade de atividades que envolvem gráficos para todas as coleções.
Diante desses resultados resolvemos analisar separadamente as atividades envolvendo
os dois tipos de representação.
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Coleção
existe entre as colunas de uma mesma linha para se trabalhar conversão de unidades.
Este tipo de uso, precisa de maiores investigações e classificações.
Gráfico 3- Freqüência de atividades apresentam tabelas em função dos conteúdos
explorados
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Freq.
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outros Tratamento da inform
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No exemplo abaixo (exemplo 1) podemos ver que a tabela não tem a função de
organizar propriedades em função de descritores, apesar da mesma ser uma forma muito
utilizada para se perceber propriedades das operações.
Exemplo 1
Exemplo 2
Uma vez que a literatura vem chamando a atenção sobre a ênfase que vem sendo
dada à proposição de análise pontual, resolvemos investigar que tipos de análises
estavam sendo propostas nas coleções didáticas. Observamos que 670 atividades
(43,6%) exploram a organização de dados em tabelas que apresentavam questões apenas
pontuais ou pontuais/variacionais. Dessas atividades, encontramos que 60% solicitam
uma análise apenas pontual e 40% solicitam análises pontuais e variacionais. Como
podemos ver no Gráfico 4, todas as coleções trabalham com análise variacional, apesar
da variação da quantidade de atividades pospostas.
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ANÁLISE
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COLEÇÃO
Podemos afirmar que os livros didáticos aprovados pelo PNLD 2004 reafirmam
uma maior ênfase em atividades que exigem análise pontual para todas as séries em
todas as coleções. Entretanto, observamos, que são propostas também, apesar de em
menor quantidade, análises variacionais em todas as séries para a maioria das coleções
como podemos ver na Tabela 1 abaixo:
Tabela 1 -Freqüência de atividades que envolvem análise variacional por coleção e série
Coleção Série Total
1a 2a 3a 4a
Vivencia e Construção 2 1 4 7
Novo Tempo 1 2 1 8 12
Matemática- (Padovan et al) 7 5 1 2 15
Matemática com Sarquis 2 6 6 9 23
Matemática – (Reame) 2 6 5 5 18
Fazendo e Compreendendo 4 3 3 3 13
Matemática:Pensar e Viver 3 1 4
Matemática na vida e na escola 3 9 8 5 25
Convivendo com a matemática 7 7 6 7 27
Nosso Mundo 2 6 3 7 18
Matemática com a turma dos 9 2 4 6
Matemática no Planeta Azul 2 3 3 5 13
Vamos Juntos Nessa Matemática 6 13 10 11 40
Alegria de Aprender 1 1 2
Colibri 1 5 6 6 18
Registrando descobertas 1 2 5 11 19
Recrieação 2 1 5 8
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habilidade
percentual de 12%. Diante da importância que vem sendo atribuída ao trabalho com
pesquisa, esse percentual é muito pequeno. Outro fator bastante valorizado na Educação
é a interdisciplinaridade. O trabalho com representações em gráficos e tabelas é um eixo
que possibilita facilmente essas inter-relações. Entretanto, observamos que apenas 11%
das atividades propostas estavam associadas a outras áreas do conhecimento.
Buscando relacionar quais conteúdos matemáticos eram trabalhados nas tabelas,
observamos que na 1a série existem mais atividades relacionadas ao trabalho com o
sistema de numeração (23%) e a soma (19%). Nas demais séries, a concentração se dá
associada ao trabalho com medidas, sendo crescente no decorrer das séries (1a = 13%;
2a = 24%; 3a = 27% e 4a=36%). Assim, percebe-se que as atividades relacionadas à
representação em tabelas estão articuladas com outros conteúdos matemáticos e
distribuídas por todo livro, não se apresentando em capítulo específico.
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TIPO
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SÉRIE
Exemplo 3
Logo, os dados nos mostram, quanto ao trabalho com gráficos nos livros
didáticos, que há uma maior ênfase na habilidade de interpretação dos mesmos. Já a
habilidade de construção é bem reduzida e, muitas vezes, restringe-se ao preenchimento
de gráficos com vários elementos com escalas e descritores já definidos.
Dessa forma concordamos com Shaughnessy et al.(1996) e Ainley (2000)
quando afirmam que o ensino relativo ao tratamento de informação tem tido um
desenvolvimento modesto enfatizando que os contextos escolares priorizam o ensino de
sub-habilidades por uma sucessão de tarefas relacionadas a aspectos isolados do
tratamento de informações. Desta forma perde-se a perspectiva do processo como um
todo.
Conclusão
A estatística envolve dois ramos: estatística descritiva e inferencial. A estatística
descritiva pode ser definida como os métodos que envolvem a coleta, a apresentação e a
caracterização de um conjunto de dados de modo a descrever apropriadamente as várias
características deste conjunto. Já a estatística inferencial pode ser definida como os
métodos que tornam possível a estimativa de uma característica de uma população ou a
tomada de uma decisão referente à população com base somente nos resultados de
amostra. Nossas análises nos mostram que o trabalho com tratamento da informação na
séries iniciais vem propondo de forma bem mais enfática atividades envolvendo a
estatística descritiva. No entanto, revela-se fortemente que o campo tem sido
introduzido não com foco nos conceitos importantes, e sim, nas representações.
A partir dos dados analisados podemos afirmar que um trabalho com
representação em gráficos e tabelas em livros didáticos de matemática de 1ª a 4ª série
vem sendo proposto aos alunos. No entanto, observam-se algumas lacunas. A primeira a
ser apontada é a baixa exploração de várias das etapas importantes para uma pesquisa
como a coleta e representação de dados em situações-problema reais. Além das etapas
importantes para a construção de gráficos e tabelas, como a categorização, definição de
descritores, elaboração de escalas.
Revela-se, ainda, como é de se esperar, por ser um conteúdo recentemente,
introduzido no contexto escolar, uma falta de consenso quanto ao que se explorar e a
sua distribuição.
17
Referências Bibliográficas