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do Ensino de Matemática
O Ensino de Estatística e Noções de Probabilidade e Combinatória
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
O Ensino de Estatística e Noções de
Probabilidade e Combinatória
• Introdução;
• O Trabalho com Gráficos e Tabelas nas Escolas Atuais;
• Níveis de Leitura de Gráficos;
• Situações de Prática;
• Noções de Probabilidade e Combinatória;
• Ideias Envolvidas em Problemas de Combinatória;
• Observações.
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Discutir o ensino de uma unidade temática introduzida nos currículos e denominada
estatística e probabilidade;
• Conhecer como alguns alunos resolvem problemas envolvendo as ideias de combinatória.
UNIDADE O Ensino de Estatística e Noções
de Probabilidade e Combinatória
Introdução
Você já deve ter percebido em leituras de textos em jornais, revistas e, acima
de tudo, na internet como esses textos são acompanhados por gráficos e tabelas.
Se você não souber ler e interpretar os dados publicados em gráficos e tabelas, não
será possível compreender totalmente a informação veiculada, daí a importância de
se estudar este tema desde os anos iniciais do Ensino Fundamental.
Nos dias atuais, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017)
incorporou esses conteúdos na unidade temática denominada probabilidade e
estatística. O documento propõe a abordagem de conceitos, fatos e procedimen-
tos que estão em muitas situações da vida diária, da própria Ciência e tecnologia.
A expectativa presente na BNCC é de que todos os cidadãos desenvolvam algumas
habilidades para coletar, organizar, representar, interpretar e analisar dados em
uma diversidade de contextos, de modo a fazer julgamentos e tomar as decisões
assertivas, incluindo raciocinar e empregar conceitos, representações e índices es-
tatísticos para descrever, justificar e anunciar fenômenos.
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Segundo essa autora, Cardeñoso e Azcárate (1995) apresentam quatro argumentos:
• O interesse para a resolução de problemas que envolvem esse tema, relacionados
com o mundo real e com outras matérias do currículo;
• A influência dos conhecimentos sobre o assunto na tomada de decisões das
pessoas quando dispõem somente de dados afetados pela incerteza;
• O domínio do tema facilita a análise crítica da informação recebida, por exemplo,
pelos meios de comunicação;
• A compreensão do assunto proporciona uma filosofia do azar de grande reper-
cussão para a compreensão do mundo atual.
A autora destaca que Ainley (1994) afirma que quando os alunos exploram ou
coletam os seus dados, provavelmente se familiarizam com o contexto. Conse-
quentemente, é importante que os estudantes se envolvam com questões ou proje-
tos a partir dos quais necessitem coletar dados para resolvê-los. Como em outros
assuntos matemáticos, o conhecimento que os alunos têm do contexto é muito
importante. Neste caso, afeta a interpretação dos dados. Sugere questões como: o
que eu posso aprender sobre esse grupo de dados? Quais perguntas podem
ser feitas para revelar as informações que desejo obter? Com a finalidade de
permitir aos alunos melhores condições para compreender as informações conti-
das nos dados.
Pires (2012) ressalta Crossen (1996), quem afirma que as informações utili-
zadas para opinar, escolher e comprar são criadas para promover um produto,
uma causa ou um político – e não para expandir conhecimento –, uma vez que
os números atribuem um senso de racionalidade para as decisões complexas,
exacerbados pela “[...] crescente sensação de que nada pode ser definido como
verdade a não ser que seja sustentado por uma pesquisa estatística”. Essa autora
destaca que as informações são voltadas aos consumidores e que a maioria não
possui noções básicas de estatística para avaliar tais informações. Por não ter
essas noções, faltam-lhe confiança para a tomada de decisões e ferramentas para
analisar as informações divulgadas.
Tufte (1983) argumenta que, de todas as maneiras que existem para comunicar
informações, um gráfico bem feito é o modo mais simples e poderoso para apresentar
uma informação.
A forma como você aprendeu Matemática contribuiu para sua a compreensão e atuação no
mundo de forma crítica e criativa, perspectivando o exercício de sua cidadania? E com os
conteúdos da temática desta Unidade, você acha que ampliaria as suas possibilidades de
atuar no mundo contemporâneo?
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UNIDADE O Ensino de Estatística e Noções
de Probabilidade e Combinatória
Com relação ao professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental, existe uma
crença de que é impossível ensinar estatística, decorrente de alguns fatores. Primeiro,
de uma formação insuficiente para ensinar Matemática. Segundo, porque lida com
crianças pequenas e estas ainda não estão prontas para ter acesso a um ensino de
um tema que imaginam que seja complexo.
Nos dois primeiros anos de escolarização, a escola pode ajudar a criança orga-
nizar dados que essa encontra no seu dia a dia, proporcionando conhecimentos
importantes para a construção de noções de estatística.
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No entanto, observa-se o aperfeiçoamento na construção de gráficos, pelas
crianças, na medida em que o professor faz intervenções explorando gráficos de
colunas em que possam perceber qual é a variável, com que frequência e em que
condições se repete, que possam compreender que o espaço entre as colunas é
sempre o mesmo e que a largura das colunas também é sempre igual.
Curcio (1987) propõe que as crianças da Escola Básica devem ser envolvidas,
gradativamente, na coleta de dados do cotidiano com o objetivo de construir os seus
próprios gráficos. Precisam ser encorajadas a verbalizar as relações e os padrões
observados nos dados coletados. Propõe níveis de leitura de gráficos que serão
abordados a seguir.
A progressão entre esses níveis se dá a partir da exploração que se faz dos gráficos
em sala de aula.
Situações de Prática
Analise a seguinte proposta:
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UNIDADE O Ensino de Estatística e Noções
de Probabilidade e Combinatória
Os alunos de uma escola participaram de uma pesquisa. Em uma das questões tive-
ram que escolher o esporte favorito. O gráfico a seguir indica as preferências pelos
esportes indicados:
50
40
Número de alunos 30
20
10
0
Futebol Basquete Vôlei Outros
Figura 1
Pensando nos níveis de leitura de gráficos, se você fosse o(a) professor(a) dessa turma, quais
outras questões você proporia aos seus alunos a respeito desse gráfico?
Em função do que foi estudado até aqui, é possível concluir que o uso de gráficos
e tabelas permite:
• Comunicar mais facilmente os dados de uma pesquisa;
• Apresentar globalmente uma informação;
• Rápida leitura;
• Destaque de aspectos relevantes da informação;
• Produção de textos escritos.
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lista de fórmulas, mas como um processo que exige a construção de um modelo
simplificado e explicativo da situação.
Historicamente, o conceito de probabilidade ainda é novo. Originou-se com os
denominados jogos de azar. Foi a necessidade de calcular o número de possibili-
dades existentes nos jogos de azar que levou ao desenvolvimento da análise com-
binatória, ramo da Matemática que estuda métodos de contagem. Esses estudos
iniciaram-se no século XVI, com o matemático italiano Niccollo Fontana (1500-
1557), igualmente conhecido como Tartaglia. No século seguinte, franceses como
Pierre de Fermat (1601-1665) e Blaise Pascal (1623-1662) deram continuidade a
esses estudos. Historicamente, a combinatória é reconhecida como a arte de contar.
Uma definição interessante é de Merayo (2001), quem afirma que a análise com-
binatória é a técnica de saber quantos objetos há em um conjunto, sem ter que
contá-los. Com essa técnica não há necessidade de listar ou enumerar todos os
elementos que formam um conjunto.
Ideias Envolvidas em
Problemas de Combinatória
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, os problemas de combinatória podem
envolver as ideias de produto cartesiano, permutação, arranjo e combinação. Como
comentado, o que se pretende não é estabelecer nomenclatura que permita às crian-
ças identificarem as diferenças entre essas ideias, nem fazer uso de fórmulas como
as que são ensinadas aos alunos do Ensino Médio; mas sim que as crianças explorem
situações contextualizadas e as resolvam por meio de procedimentos pessoais.
Esta situação-problema envolve a ideia de produto cartesiano. Cada uma das 3 ca-
misetas pode ser combinada com cada um dos 4 shorts, totalizando 12 combinações.
No geral, esse tipo de problema já é explorado em livros didáticos e em avaliações
externas e incorporado na prática dos professores. As crianças costumam ter bom
desempenho nesse problema. No entanto, é frequente fazerem, de início, a adição
dos valores apresentados para só depois desenhar ou escrever as possibilidades,
vão percebendo que o número obtido não corresponde à soma, mas sim ao produ-
to do número de camisetas pelo número de shorts.
• Situação-problema 2: quantas palavras diferentes (com ou sem sentido) você
pode formar usando as letras da palavra MAIS?
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de Probabilidade e Combinatória
temos 4 posições: MAIS; MAIS; MIAS; MISA; MSAI; MSIA; AISM; AIMS; AMSI;
AMIS; ASMI; ASIM; IMAS; IMSA; IASM; IAMS; ISMA; ISAM; SIAM; SIMA;
SMAI; SMIA; SAIM; SAMI. De modo que o total de permutações é calculado por
4 × 3 × 2 × 1 = 24.
Observações
O contexto influencia a ideia de combinatória envolvida no problema. As crianças
são desafiadas a resolvê-los e se compreendem o contexto, buscam estratégias para
resolução, sem efetivamente usar as operações fundamentais. No geral, chegam a
respostas particulares, mas não conseguem esgotar todas as possibilidades relaciona-
das ao problema, até porque estão habituadas à ideia de que um problema tem uma
única solução. Essas situações são desafiadoras para as crianças para que busquem
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as soluções por meio de procedimentos pessoais, percebendo que a combinatória
pode ser conhecida como a “arte de contar”.
Entre as situações de sala de aula que podem ser propostas para o estudo dos
fenômenos aleatórios estão as que abarcam contextos que envolvem moedas, dados,
bolas em urnas, roletas, baralho de cartas etc.
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UNIDADE O Ensino de Estatística e Noções
de Probabilidade e Combinatória
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Como estudantes e professores de anos iniciais pensam sobre problemas combinatórios?
http://bit.ly/2MUGcwq
O ensino da estatística e da probabilidade na Educação Básica e a formação dos professores
http://bit.ly/2OM0ACt
O campo de pesquisa da Educação Estatística brasileira demarcado pela diversidade temática
http://bit.ly/2l7G42H
O ensino de estatística no 2º ano do Ensino Fundamental: uma experiência em sala de aula
com a construção de gráficos e tabelas
http://bit.ly/2kTah5L
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Referências
AINLEY, J. Building on children’s intuitions about line graphs. In: ANNUAL MEETING
OF THE INTERNATIONAL GROUP FOR THE PSYCHOLOGY OF MATHEMATICS
EDUCATION, 18., 1994. Proceedings... Lisboa, Portugal, 1994. p. 1-8.
CROSSEN, C. O fundo falso das pesquisas: a Ciência das verdades torcidas. Rio
de Janeiro: Revan, 1996.
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