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2 DESENVOLVIMENTO

A matemática é uma disciplina que coloca medo em muitas pessoas só de ser


pronunciada. Parte dessa aversão é devido a dificuldade que outras pessoas tiveram no
processo de ensino-aprendizagem e acabaram passando adiante suas frustrações com a
disciplina, para outras pessoas.
O processo de ensino-aprendizagem ainda se dá de maneira tradicional em
grande parte das escolas, mesmo diante de toda a tecnologia que temos ao nosso dispor.
Isso ficou mais evidente nos anos de 2020 e 2021, quando diante de uma pandemia nos
vimos obrigados a trabalhar e estudar de maneira remota.
Como não estávamos acostumados a utilizar as ferramentas tecnológicas e
associado ao péssimo serviço de internet em alguns lugares, ficou praticamente inviável
o processo de ensino-aprendizagem, mesmo previsto na BNCC, que devem ser
asseguradas as aprendizagens essenciais definidas para cada etapa da Educação Básica
(BNCC, 2018).
A Base Nacional comum curricular (BNCC) é o documento que norteia o
currículo da educação básica no Brasil. Sua homologação foi em 2018 e:

A base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter


normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens
essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e
modalidades de Educação Básica. (BNCC, 2018)

A BNCC deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades
Federativas, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e
privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, em todo Brasil (LDB, Lei
nº 9394/1996)
Ainda segundo a BNCC, precisa-se:
Contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares, identificando
estratégias para apresenta -los, representa -los, conectá -los e torna -los
significativos, com ba se na realidade do lugar e do tempo nos quais as
aprendizagens estão situadas. (BNCC, 2018)

Na BNCC de matemática do Ensino Fundamental, as habilidades estão


organizadas segundo unidades de conhecimento da própria área, são elas:
(Números, Álgebra, Geometria, Grandezas e Medidas, Probabilidade e
Estatística)
Na unidade de conhecimento Números, os estudantes do Ensino Fundamental
desenvolvem o pensamento numérico, onde a proposta é resolver problemas envolvendo
números naturais, inteiros, racionais e reais.
Já na unidade de conhecimento Álgebra, os estudantes tem a oportunidade de
identificar a relação dependência entre duas grandezas, através de situações-problemas e
escrita algébrica.
Em Geometria, o foco é em interpretar e representar a localização e o
deslocamento no plano cartesiano, fazer ampliações e reduções e identificar
transformações isométricas.
Em grandezas e medidas, os estudantes aprendem diferentes tipos de grandezas
e medidas e utilizam para calcular áreas e volumes e outro ponto enfatizado é o
desenvolvimento do pensamento proporcional.
Na parte de probabilidade, os estudantes constroem o espaço amostral de eventos
equiprováveis, utilizando o princípio multiplicativo, árvore de possibilidades ou
simulações. Já na parte de estatística, os estudantes interpretam gráficos divulgados pela
mídia, planejam e executam pesquisa amostral, interpretam medidas de tendência central
e organizam relatórios, etc.
Ainda segundo a BNCC o Ensino Fundamental possui quatro competências, que
são:
Raciocinar, representar, comunicar e argumentar. Já para o Ensino Médio a área de
Matemática e suas Tecnologias deve garantir aos estudantes o desenvolvimento de
competências especificas, e posteriormente, relacionadas a cada uma delas são indicadas
habilidades a serem alcançadas.
Dentro da unidade de conhecimento Probabilidade e Estatística está o conteúdo
de analise combinatória, que mesmo tendo várias aplicações práticas é um conteúdo que
gera muitas dúvidas para quem está aprendendo e muitas vezes para quem está ensinando.
Embora a Analise Combinatória disponha de técnicas gerais que permitem
atacar certos tipos de problemas, e verdade que a solução de um problema
combinatório exige quase sempre engenhosidade e a compreensão plena da
situação descrita pelo problema. Esse e um dos encantos desta parte da
matemática, em que problemas fáceis de enunciar revelam -se por vezes
difíceis, exigindo uma alta dose de criatividade para sua solução.
(CARVALHO, 2006)
Mesmo já tendo passado mais de 20 anos desde que a proposta de se introduzir
esse foco no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, o estudo de situações
combinatórias, probabilísticas e estatísticas ainda não se tornou realidade em todas as
salas de aula do Brasil. (BORBA, 2018)
Embora os conteúdos de dessa unidade de conhecimento façam parte do nosso
cotidiano e em particular dos estudantes é muito comum que não sejam abordados, ou são
abordados de maneira superficial e muitas vezes totalmente desconectados da realidade
dos estudantes. Nesse contexto é preciso:
Selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógicas
diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados e a conteúdos
complementares, se necessário, para trabalhar com as necessidades de
diferentes grupos de alunos, suas famílias e cultura de origem, su as
comunidades, seus grupos de socialização etc. (BNCC, 2018)

O método tradicional de ensino não pode ser totalmente descartado, mas é


preciso ter um olhar mais cuidadoso com os estudantes, pois diante de tantas coisas que
lhe chamam atenção fica difícil ter interesse por algo que muitas vezes não parece ter
conexão alguma com sua realidade. É verdade que não fomos treinados para essa
realidade e que a metodologia utilizada em grande parte dos cursos de licenciatura é a
mesma de décadas atras.
É preciso adaptar ou até mesmo reformular a metodologia dos cursos de
licenciatura, mas não podemos nos eximir de nossas responsabilidades como educadores,
precisamos zelar pela aprendizagem dos alunos (LDB, 2017).
Em combinatória são estudadas técnicas de contagem, onde são levados em
consideração a quantidade de possíveis agrupamentos baseados em elementos dados e
que satisfaçam condições pré-estabelecidas. À primeira vista parece algo simples, mas o
processo de contagem vai muito além da simples enumeração de objetos, pois é preciso
considerar todas as possíveis soluções de combinar os objetos dados (BORBA, 2015).
Segundo Morgado et al. (2006) em análise combinatória geralmente os
problemas mais abordados são o de contagem de subconjuntos de um conjunto finito que
atendam determinadas condições, esses problemas se enquadram como estruturas e
relações discretas. Ficando de fora vários tipos de problemas combinatórios que aparecem
com muita frequência. De acordo com Batanero, Godino e Navarro-Pelayo (1996)
existem cinco tipos de problemas distintos combinatórios:
1º) existência: é quando se observa a possibilidade de uma solução, pois nem
sempre os problemas têm soluções que satisfaçam determinada condição;
2) enumeração: são todas as soluções que são listadas que satisfazem as
condições propostas;
3) contagem: são todas as soluções que satisfazem as condições propostas, mas
não precisam sem listadas em sua totalidade;
4) classificação: é a sistematização dos casos segundo critérios apropriados;
5) Otimização: é a busca da melhor condição para se resolver determinado
problema.

Os problemas mais trabalhados são os de enumeração e contagem que mesmo


assim são explorados geralmente de maneira superficial, onde geralmente são propostos
problemas específicos, com características e respostas especificas. Uma resposta que, por
exemplo não encontre o valor correto não pode simplesmente ser tratado como errada,
pois a linha de raciocínio do estudante é muito importante.
Esse raciocínio do estudante tem que ser valorizado, pois existem noções
intuitivas que se desenvolvem independentes de instrução escolar, mas há outros aspectos
que precisam de ensino específico para o seu desenvolvimento (BORBA, 2018). Um dos
papeis do professor é valorizar os conhecimentos já existentes do estudante e sua maneira
de raciocinar, e auxiliar no processo de utilização de novos métodos para ampliar sua
linha de raciocínio.
O aluno conduz seu próprio aprendizado através da sua experimentação prática
e na vivencia intelectual, sensorial e emocional do conhecimento (OLIVEIRA, 2006),
sendo este um dos primeiros pensamentos que iam de encontro ao método
tradicionalmente aplicado nas escolas, onde o aluno era um mero receptor do conteúdo e
não possuía papel ativo no processo de aprendizagem (SILVA, 2021)
Em qualquer área de conhecimento existem problemas muito difíceis de resolver
e em combinatória não seria diferente:
No estudo da Combinatória, Estatística e Probabilidade, há conceitos
complexos que se baseiam em formas elaboradas de pensamento analítico e
hipotético-dedutivo. Essas áreas de estudo são, dessa forma, elementos centrais
ao letramento matemático, envolvendo habilidades tais como: combinar
elementos e levantar possibilidades; coletar, analisar e interpretar informações,
bem como relacionar dados e comunicar conclusões e outras pessoas; e,
também, tomar decisões diante de certezas e incertezas. (BORBA, 2018)

Nesse sentido o papel do professor mediador é fundamental, pois para que o


estudante consiga resolver problemas mais difíceis, primeiramente ele precisa ampliar
seu raciocínio combinatório. Ele precisa ter uma visão mais ampla do mundo ao seu redor
e até mesmo para o exercício de cidadania plena, crítica e criativa. Diante de tantas
informações é essencial termos esse tipo de compreensão concordando com (BORBA,
2018).

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