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TÍTULO DA DISCIPLINA: TRATAMENTO DE

ÁGUAS RESIDUÁRIAS
EDIÇÃO Nº 1 – 2018

JEFERSON SANTOS SANTANA

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APRESENTAÇÃO

Prezado aluno,

Nesta obra apresentaremos os aspectos mais usuais referentes a ecologia e a


recursos naturais e energéticos, envolvendo a compreensão dos principais
parâmetros, conceitos, concepções, funcionamentos, classificações e
funcionalidades utilizados nos mesmos. O livro é dividido em oito capítulos, que
estão distribuídos em quatro unidades. Na Unidade 1, abordaremos a importância
do tratamento das águas residuárias e a evolução do pensamento e das
abordagens sanitaristas até o momento atual, juntamente com a necessidade de
criação de parâmetros para a qualidade das águas residuárias (como OD, DBO,
DQO, resíduos sólidos, nutrientes, enxofre, óleos e graxas), a fim de qualificar e
verificar o estado e/ou as potencialidades aplicadas aos corpos hídricos
receptores. A Unidade 02 apresentará os principais níveis de tratamento de águas
residuárias e uma introdução às aplicabilidades e funcionalidades de fossas
sépticas, juntamente com a primeira abordagem dos sistemas de tratamento
baseados em: lodos ativados, o funcionamento do crescimento bacteriano em
lodos, sistemas de gradeamento e caixas de areia. Na Unidade 03, há uma
abordagem prévia dos principais aspectos e tipos aplicados a peneiras,
decantadores (tipos, tempos de detenção e dimensionamento) e reatores
biológicos (características principais e tipificação – PFR e mistura completas);
sistemas de aeração (características e propriedades principais); decantadores
secundários (propriedades) e espessamento do lodo. Na última unidade, Unidade
04, há uma finalização do assunto com a conceituação e a aplicabilidade das
lagoas de estabilização (facultativas, aeradas, mistura completa, anaeróbias,
maturação e polimento), dos reatores anaeróbicos (UASB e EGSB) e dos filtros
biológicos, e também com os processos mais comuns de desinfecção, como
cloração-descloração, ozonização e radiação UV. Para melhor localização no
estudo e aprendizagem, os capítulos do livro são apresentados de forma
sequencial.

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SUMÁRIO

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UNIDADE 1

ÁGUAS RESIDUÁRIAS

Caro(a) aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
Nesta primeira unidade, verificaremos os aspectos e conceitos
fundamentais aplicados às águas residuárias.

Conteúdo da unidade
A unidade contará com 2 capítulos (nomeados Capítulo 1 e Capítulo 2). No
capítulo 1, abordaremos a importância do tratamento das águas residuárias e a
evolução do pensamento e das abordagens sanitaristas até o momento atual,
juntamente com a caracterização e a determinação da composição principal
presente nos esgotos (águas cinzas e negras). No capítulo 2, verificaremos a
necessidade de criação de parâmetros para a qualidade das águas residuárias,
como OD, DBO, DQO, resíduos sólidos, nutrientes, enxofre, óleos e graxas, a fim
de qualificar e verificar o estado e/ou as potencialidades aplicadas aos corpos
hídricos receptores.
Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os assuntos, à medida que
for estudando.

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1. CAPÍTULO 1 – EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO SANITARISTA
1.1. HISTÓRICO
Historicamente, diversos povos antigos desenvolveram técnicas de
captação, condução, armazenamento e utilização da água sofisticadas para a
época. Os egípcios dominavam técnicas de irrigação do solo na agricultura e
métodos de armazenamento de água, pois dependiam das cheias do rio Nilo. Eles
costumavam armazenar água por um ano para que a sujeira se depositasse no
fundo do recipiente (embora ainda não se imaginasse que muitas doenças eram
transmitidas por microrganismos patogênicos, os processos de filtragem e
armazenamento removiam a maior parte desses patógenos), enquanto as
pessoas que tomassem a água ”suja” ou não processada ficariam mais
vulneráveis a doenças.
Na Antiguidade, dentre as práticas sanitárias coletivas mais marcantes,
destacaram-se a construção de aquedutos, de banhos públicos, de termas e de
esgotos romanos, tendo como símbolo histórico a conhecida Cloaca Máxima de
Roma. Entretanto, a falta de difusão dos conhecimentos de saneamento levou os
povos a um retrocesso, ocasionando o pouco uso da água durante a Idade Média,
quando o consumo per capita de certas cidades europeias chegou a 1 L por
habitante por dia. Nessa época, houve uma queda nas conquistas sanitárias e,
consequentemente, sucessivas epidemias.
Desde os tempos de Hipócrates (séc. V a.C.), uma corrente da medicina
acreditava que as doenças eram causadas por miasmas, emanações exaladas
por águas estagnadas, cadáveres ou qualquer outra matéria em decomposição.
Em contato com miasmas, pessoas suscetíveis ou enfraquecidas acabavam por
ficar doentes. Houve mais tarde uma teoria alternativa: era a chamada "teoria do
germe", uma doutrina "contagionista" por excelência que deu, posteriormente,
origem a medidas sanitárias como o isolamento e a quarentena de pessoas.
Porém, essas medidas foram duramente combatidas e chegaram a cair em
desuso nos primeiros tempos da cólera. Em 1822, médicos franceses que
pesquisavam as causas de um surto de febre amarela em Barcelona concluíram a
impossibilidade de contágio direto entre as pessoas infectadas, e assim,
contrapondo-se aos contagionistas, veio o pensamento liberal, que via nas

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medidas de quarentena 1 um embaraço ao livre comércio e no isolamento das
pessoas uma transgressão aos direitos civis.
Entretanto, a partir de 1850 a cólera começou a reverter a balança do
saber médico em direção às teorias do contágio por germes. O primeiro sinal da
mudança surgiu de um verdadeiro trabalho de "médico-detetive" feito pelo inglês
John Snow. Trabalhando como se estivesse conduzindo um experimento, por
tentativa e erro, o médico inglês conseguiu descobrir que um surto violento no
centro da cidade de Londres, que chegou a vitimar 500 pessoas entre 31 de
agosto e 10 de setembro de 1854, provinha de uma bomba d'água contaminada
usada pela população local. Snow propunha-se, ainda, a demonstrar que as
evacuações de um doente, ao atingirem as águas da cidade, podiam disseminar o
"veneno mórbido" para a população que fizesse uso dessas águas. Não eram
eflúvios e exalações pútridas os causadores da doença, dizia ele, mas sim os
germes contidos na água usada para beber. Snow não identificara o bacilo
causador – que o médico e pesquisador alemão Robert Koch descobriria décadas
mais tarde –, mas suas conclusões sobre a forma indireta de contágio punham
em dúvida a validade da teoria miasmática, tendo sido explicadas e aceitas,
posteriormente, por meio dos seus estudos e os de Pasteur, no fim do século XIX.
Somente no século XX é que se começou a dar maior atenção à proteção
da qualidade de água, desde sua captação até sua entrega ao consumidor. Essa
preocupação se baseou nas descobertas que foram realizadas a partir de então,
quando diversos cientistas mostraram que havia uma relação entre a água e a
transmissão de muitas doenças causadas por agentes físicos, químicos e
biológicos.
No Brasil, a preocupação com a questão do saneamento básico surge ao
se entender que ele promove as condições essenciais para garantir a saúde da
população e a melhoria de sua qualidade de vida, fato que reflete na economia do
país. Tal compreensão da necessidade de tomar certas medidas visando à
preservação da saúde das pessoas pode ser percebida desde os primeiros anos

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O valor de 40 dias atribuído ao nome da prática "quarentena" tem origem histórica na China Antiga,
quando, nos primórdios da prática de vacinação antivariólica, observara-se que as crostas extraídas dos
acometidos por varíola permaneciam infectantes por cerca de 40 dias durante o inverno e apenas 20 dias
no verão. Essa observação cotidiana orientou práticas culturais das mais diversas, todas com o objetivo de
purificação ou contenção da propagação de doenças infecciosas. Deve-se considerar também que a
quarentena deve ser entendida como uma medida de saúde pública, visando à contenção de alguma
epidemia.
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de colonização brasileira – de maneira bastante simples, mas já começando a
surtir algum efeito. Essas medidas, no entanto, atendiam somente uma parte da
população, e essa condição se arrastou por vários anos, assinalando um quadro
precário das condições sanitárias da época e favorecendo a proliferação de várias
epidemias até quase metade do século XIX.
Diante desse quadro, a necessidade de melhorar as condições sanitárias
levou o poder público a investir no setor de saneamento. Por conseguinte,
iniciaram-se importantes campanhas sanitárias de controle e erradicação de
doenças infecciosas e parasitárias, cujo ciclo epidemiológico estivesse
relacionado ao meio físico do local. A partir de então, os órgãos responsáveis pela
saúde pública no Brasil instituíram ações de saneamento, em geral bastante
específicas e pontuais.
O Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) foi criado em 17 de julho de
1942, em decorrência de um acordo firmado entre os Estados Unidos e o Brasil,
estabelecendo as seguintes atribuições: o saneamento do Vale do Amazonas, o
preparo de profissionais para o trabalho de saúde pública e a colaboração com o
então Serviço Nacional de Lepra. A proposta norte-americana estabeleceu
acordos bilaterais com países latino-americanos, dentre eles o Brasil. Tais
acordos integravam um plano maior para essa área continental, iniciado na
década de 30, visando a ampliar a cooperação com os países do hemisfério sul.
Porém, com o avanço da Segunda Guerra Mundial, a criação do SESP deveria
garantir as condições sanitárias no Amazonas e, posteriormente, no Vale do Rio
Doce, a fim de expandir a produção de matérias-primas para fins militares, como
a borracha e os minérios. No período pós-guerra, as atividades do SESP se
modificaram, e ele tornou-se um grande prestador de serviços de saúde nas
regiões visadas pelos planos desenvolvimentistas do governo brasileiro. Desse
modo, o modelo de atuação desse serviço passou a se apoiar nas estratégias de
qualificação dos trabalhadores da saúde, de educação sanitária e de construção
de uma rede horizontal integrada e permanente de unidades de serviços de
saúde, o que levou à expansão desse modelo aos demais departamentos
estaduais de saúde.
O investimento em saneamento básico no Brasil, da década de 1950 até o
final do século, ocorreu pontualmente em alguns períodos específicos, com
destaque para as décadas de 1970 e 1980, quando existia um “predomínio da

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visão de que avanços nas áreas de abastecimento de água e de esgotamento
sanitário nos países em desenvolvimento resultariam na redução das taxas de
mortalidade”. Nesse período, foi consolidado o Plano Nacional de Saneamento
(PLANASA), que deu ênfase ao incremento dos índices de atendimento por
sistemas de abastecimento de água, mas que, em contrapartida, não contribuiu
para diminuir o déficit de coleta e tratamento de esgoto na época. Até 2006,
apenas 15% do esgoto sanitário gerado nas regiões urbanas dos municípios do
Brasil era tratado. O Quadro 01 apresenta a evolução histórica envolvendo
saneamento no Brasil.
A política pública de saneamento no Brasil vem experimentando, desde
2003, um novo ciclo, marcado pelo marco legal e regulatório, pela reestruturação
institucional e pela retomada dos investimentos. A reestruturação institucional,
com a criação do Ministério das Cidades e da Secretaria Nacional de Saneamento
Ambiental, inegavelmente permitiu maior direcionamento às ações
governamentais. A criação do Conselho Nacional das Cidades e a realização das
Conferências das Cidades possibilitaram o diálogo entre os segmentos
organizados da sociedade. A Lei n. 11.445/2007 (Lei do Saneamento Básico)
fechou um longo período de indefinição do marco legal, inaugurando uma nova
fase na gestão dos serviços públicos de saneamento básico no país, uma vez que
o planejamento assumiu posição central na condução e na orientação da ação
pública.

Quadro 01 – Evolução histórica dos aspectos de saúde pública e meio


ambiente no setor de saneamento no Brasil (Fonte: DANTAS, 2012).

Período Principais características


Estruturação das ações de saneamento sob o paradigma do
higienismo, isto é, como uma ação de saúde; contribuindo
Meados do
para a redução da morbimortalidade por doenças infecciosas,
século XIX até
parasitárias e até mesmo não infecciosas.
início do século
Organização dos sistemas de saneamento como resposta a
XX
situações epidêmicas, mesmo antes da identificação dos
agentes causadores das doenças.

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Intensa agitação política em torno da questão sanitária, com a
saúde ocupando lugar central na agenda pública: saúde
pública com bases científicas modernas a partir das
pesquisas de Oswaldo Cruz.
Início do século
Incremento do número de cidades com abastecimento de
XX até a década
água e da mudança na orientação do uso da tecnologia em
de 30
sistemas de esgotos, com a opção pelo sistema separador
absoluto, em um processo marcado pelo trabalho de
Saturnino de Brito, que defendia planos estreitamente
relacionados com as exigências sanitárias (visão higienista).
Elaboração do Código das Águas (1934), que representou o
primeiro instrumento de controle de uso de recursos hídricos
no Brasil, estabelecendo o abastecimento público como
Décadas de 30 e
prioritário.
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Coordenação das ações de saneamento (sem prioridade) e
assistência médica (predominante), essencialmente pelo
setor de saúde.
Surgimento de iniciativas para estabelecer as primeiras
classificações e os primeiros parâmetros físicos, químicos e
bacteriológicos definidores da qualidade das águas, por meio
Décadas de 50 e
de legislações estaduais e em âmbito federal.
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Permanência da dificuldade em relacionar os benefícios do
saneamento com a saúde, restando dúvidas também quanto
a sua existência efetiva.
Predomínio da visão de que avanços nas áreas de
abastecimento de água e de esgotamento sanitário nos
países em desenvolvimento resultariam na redução das taxas
de mortalidade, embora ausentes dos programas de atenção
Década de 70 primária à saúde.
Consolidação do Plano Nacional de Saneamento
(PLANASA), com ênfase no incremento dos índices de
atendimento por sistemas de abastecimento de água.
Inserção da preocupação ambiental na agenda política

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brasileira, com a consolidação dos conceitos de ecologia e
meio ambiente e a criação da Secretaria Especial de Meio
Ambiente (SEMA) em 1973.
Formulação mais rigorosa dos mecanismos responsáveis
pelo comprometimento das condições de saúde da
população, na ausência de condições adequadas de
saneamento (água e esgotos).
Década de 80 Instauração de uma série de instrumentos legais de âmbito
nacional definidores de políticas e ações do governo
brasileiro, como a Política Nacional do Meio Ambiente (1981).
Revisão técnica das legislações pertinentes aos padrões de
qualidade das águas.
Ênfase no conceito de desenvolvimento sustentável de
preservação e conservação do meio ambiente, e
particularmente dos recursos hídricos, refletindo diretamente
Década de 90 no planejamento das ações de saneamento.
até o início do Instituição da Política e do Sistema Nacional de
século XXI Gerenciamento de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97).
Incremento da avaliação dos efeitos e consequências de
atividades de saneamento que importem impacto ao meio
ambiente.

Assim, com a evolução do conceito de saúde, sua abrangência e sua


ligação direta com as condições de vida da população, as condições de
saneamento das áreas urbanas passam a ser cenário de grande preocupação,
carecendo, além de pesquisas, de maior comprometimento da sociedade e do
poder público para, definitivamente, pensarem sobre a importância determinante
da prevenção.
Estima-se que cerca de 80% de todas as doenças humanas estejam
relacionadas, direta ou indiretamente, à água não tratada, ao saneamento
precário e à falta de conhecimentos e informações básicas sobre higiene e os
mecanismos das doenças. Nessa ótica, o desenvolvimento urbano envolve duas
atividades conflitantes: o aumento da demanda de água com qualidade, e a
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degradação dos mananciais urbanos por contaminação dos resíduos urbanos e
industriais.

1.2. COMPOSIÇÃO E CARACTERÍSTICAS


As águas residuárias são uma combinação de efluentes domésticos,
despejos industriais, efluentes de estabelecimentos comerciais e institucionais,
águas pluviais e de drenagem urbana, assim como efluentes agropecuários.
Quando as águas residuárias permanecem paradas e sem tratamento, a
decomposição da matéria orgânica nela contida pode produzir gases com odores
fétidos e conduzir à redução no conteúdo do oxigênio dissolvido, o que afetará a
vida aquática; ademais, as águas residuárias podem conter microrganismos
patogênicos que causam riscos à saúde humana e dos animais.
O esgoto sanitário ou doméstico é o tipo de água residuária mais
amplamente estudado e com maior número de aplicações tecnológicas. A
composição dos esgotos depende dos usos das águas de abastecimento, cujas
variantes dependem de fatores como o clima, os hábitos, as condições
socioeconômicas da população, a descarga de efluentes industriais, infiltração de
águas pluviais, idade das águas residuárias, entre outros fatores. Sua
caracterização é efetuada pela composição do material orgânico biodegradável,
que favorece seu tratamento em sistemas baseados na ação biológica dos
microrganismos. Estudos apontam que o esgoto doméstico ou efluente sanitário
contém cerca de 99,9% de água e 0,1% de sólidos (dentre os quais tais sólidos se
apresentam como 70% orgânicos e 30% inorgânicos).
A matéria orgânica presente nos esgotos domésticos é composta de
material biodegradável metabolizável pelos microrganismos (como dejetos
orgânicos e alimentos) e material não biodegradável ou recalcitrante, de difícil
degradação, que perdura por mais tempo no ambiente (como determinados
agroquímicos, dioxinas e estrogênios ambientais). Esse material pode ainda ser
classificado em dissolvido (rapidamente utilizado pelos microrganismos) e
particulado (mais lentamente utilizado).
As águas residuárias industriais incluem um amplo espectro de compostos
orgânicos, dependendo do tipo específico de produção. Com exceção de poucas
categorias industriais, os métodos de tratamento físicos e químicos somente

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poderão fornecer uma remoção parcial dos constituintes orgânicos do efluente. A
maior parte dos efluentes industriais necessita de tratamento biológico para atingir
uma eficiente remoção da matéria orgânica.
A Tabela 01 apresenta os principais inconvenientes do lançamento de
esgotos em corpos d’água:

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Tabela 01 – Inconvenientes do lançamento in natura de esgoto nos corpos d’água (Fonte: NUVOLARI, 2003).
Provoca depleção (diminuição ou mesmo extinção) do oxigênio dissolvido, contido na água dos rios e
estuários. Mesmo tratado, o despejo deve estar na proporção da capacidade de assimilação do curso
Matéria orgânica solúvel
d’água. Algumas dessas substâncias podem ainda causar gosto e odor às fontes de abastecimento
de água. Ex.: fenóis.
Ex.: cianetos, arsênio, cádmio, chumbo, cobre, cromo, mercúrio, molibdênio, níquel, selênio, zinco
Elementos
etc. Apresentam perigo de toxicidade (a partir de determinadas concentrações) tanto às plantas
potencialmente tóxicos
quanto aos animais e ao homem, podendo ser transferidos através da cadeia alimentar.
Indesejáveis do ponto de vista estético. Exigem maiores quantidades de produtos químicos para o
Cor e turbidez tratamento dessa água. Interferem na fotossíntese das algas nos lagos (impedindo a entrada de luz
em profundidade).
Principalmente nitrogênio e fósforo, aumentam a eutrofização dos lagos e dos pântanos. Inaceitáveis
Nutrientes
nas áreas de lazer e recreação.
Aos tratamentos: ex.: ABS (alquil-benzeno-sulfurado). Formam espumas nos rios, e não são
Materiais refratários
removidos nos tratamentos convencionais.
Geralmente, os regulamentos exigem sua completa eliminação. São indesejáveis esteticamente e
Óleos e graxas interferem na decomposição biológica (os microrganismos, responsáveis pelo tratamento, geralmente
morrem se a concentração de óleos e graxas for superior a 20 mg/L).
A neutralização é exigida pela maioria dos regulamentos; dependendo dos valores de pH do líquido,
Ácidos e álcalis
há interferência na decomposição biológica e na vida aquática.
Materiais em suspensão Formam bancos de lama nos rios e nas canalizações de esgoto. Normalmente provocam

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decomposição anaeróbia da matéria orgânica, com liberação de gás sulfídrico (cheiro de ovo podre)
e outros gases malcheirosos.
Poluição térmica que conduz ao esgotamento do oxigênio dissolvido no corpo d’água (por
Temperatura elevada
abaixamento do valor de saturação).

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O lançamento de efluentes in natura nos recursos hídricos resulta, além de
vários problemas socioambientais, em impactos significativos sobre a vida
aquática e o meio ambiente como um todo. Por exemplo, a matéria orgânica
presente nos dejetos ao entrar em um sistema aquático leva a uma grande
proliferação de bactérias aeróbicas, provocando o consumo de oxigênio
dissolvido, que pode ser reduzido a valores muitos baixos ou mesmo se extinguir,
gerando impactos na vida aquática aeróbica (conforme apresentado na Equação
01).

[ ]

Além da oxidação de matéria orgânica mediada por microrganismos,


também o oxigênio pode ser consumido pela bio-oxidação de compostos
orgânicos nitrogenados (Equação 02):

Assim como por reações químicas ou bioquímicas de substâncias


potencialmente redutoras presentes na água (Equações 03 e 04).

Como outros exemplos de impactos, há a eutrofização, a disseminação de


doenças de veiculação hídrica, o agravamento do problema de escassez de água
de boa qualidade, o desequilíbrio ecológico, entre outros.
A água pode veicular um elevado número de enfermidades, e essa
transmissão pode se dar por diferentes mecanismos. O mecanismo de
transmissão de doenças mais comumente lembrado e diretamente relacionado à
qualidade da água é o da ingestão, ou seja, a situação em que um indivíduo sadio
ingere água que contém componente nocivo à saúde e a presença desse
componente no organismo humano provoca o aparecimento de doença.

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A água, tão necessária à vida do ser humano, pode ser também
responsável por transmitir doenças. As principais doenças de veiculação hídrica
são: amebíase, giardíase, gastroenterite, febres tifoide e paratifoide, hepatite
infecciosa e cólera. Indiretamente, a água também está ligada à transmissão de
verminoses, como esquistossomose, ascaridíase, teníase, oxiuríase e
ancilostomíase. Vetores que se relacionam com a água, como o mosquito Aedes
aegypti2, podem ocasionar a dengue, a febre amarela e a malária.
Os efluentes que compõem o esgoto doméstico podem ser classificados
basicamente em dois tipos: águas cinza e águas negras.
 Água Cinza: o termo "água cinza" é utilizado, em geral, para água
servida originada em residências (ou também escolas, escritórios ou
edifícios públicos) que não possui contribuição de efluentes de vasos
sanitários. É a água residuária proveniente do uso de lavatórios,
chuveiros, banheiras, pias de cozinha, máquina de lavar roupa e
tanque. A água cinza é geralmente originada pelo uso de sabão ou de
outros produtos para lavagem do corpo, de roupas ou de limpeza em
geral. Ela varia em qualidade de acordo com a localidade e o nível de
ocupação da residência, faixa etária, estilo de vida, classe social,
costumes dos moradores e o tipo de fonte de água cinza que está
sendo utilizado (lavatório, chuveiro, máquina de lavar etc.). Outros
fatores que também contribuem para as características da água cinza
são: a qualidade da água de abastecimento e o tipo de rede de
distribuição, tanto da água de abastecimento quanto da água de reuso.
 Água Negra: são as águas residuárias provenientes dos vasos
sanitários, contendo basicamente fezes, urina e papel higiênico, ou
proveniente de dispositivos separadores de fezes e urina, tendo em sua
composição grandes quantidades de matéria fecal e papel higiênico.
Observação: Alguns autores consideram também as águas amarelas,
que, por sua vez, são provenientes de dispositivos capazes de separar

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De acordo com AZEVEDO (2015), o A. aegypti possui a habilidade de se desenvolver em águas com
diferentes graus de poluição, com diferentes concentrações de matéria orgânica, inclusive em esgoto
doméstico. Essa plasticidade lhe confere uma importante capacidade adaptativa, pois água contendo
matéria orgânica e processos fermentativos podem ter um efeito de atração nas fêmeas para a oviposição.
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a urina das fezes, como o exemplo dos mictórios e dos vasos sanitários
com compartimentos separadores para coleta da urina.

Apesar de conter a maior parte dos patógenos e dos nutrientes


encontrados no esgoto doméstico, o volume de águas negras é bem menor do
que o volume de água cinza produzido. Analisando a composição do esgoto
doméstico, foi observada a proporção de 25.000 a 100.000 L por ano por pessoa
de água cinza, para 500 L de urina e apenas 50 L anuais de fezes produzidos por
pessoa. A quantidade total de fezes excretada por um humano em um ano é de
25 a 50 kg, contendo 550 g de nitrogênio, 180 g de fósforo e 370 g de potássio;
mas a maior parte dos nutrientes provenientes da excreta humana se encontra na
urina. Um adulto pode produzir cerca de 400 L de urina por ano, contendo 4 kg de
nitrogênio, 400 g de fósforo e 900 g de potássio. Esses nutrientes se encontram
na forma ideal para serem absorvidos pelas plantas: nitrogênio em forma de ureia,
fósforo como superfosfato e potássio na forma iônica. A maior parte do carbono
está nas fezes, e outros nutrientes, como cálcio e magnésio, estão presentes
quase que na mesma proporção nas fezes e na urina.
O lançamento de esgoto, mesmo tratado, em corpos d’água pode resultar
na poluição destes. Com relação aos nutrientes nitrogênio e fósforo, presentes no
esgoto bruto e nos efluentes de vários processos de tratamento, destaca-se o
problema de eutrofização.
A eutrofização pode causar danos aos corpos receptores, podendo-se
enumerar:
 Problemas estéticos e recreacionais;
 Condições anaeróbias no fundo do corpo d’água;
 Eventuais condições anaeróbias no corpo d’água como um todo;
 Eventuais mortandades de peixes;
 Maior dificuldade e elevação nos custos de tratamento da água;
 Problemas com o abastecimento de águas industrial;
 Toxicidade das algas;
 Modificações na qualidade e quantidade de peixes de valor comercial;
 Redução na navegação e capacidade de transporte;
 A amônia pode causar problemas de toxicidade aos peixes e implicar no
consumo de oxigênio dissolvido.
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Em termos de águas subterrâneas, a maior preocupação é com o nitrato,
que pode contaminar águas utilizadas para abastecimento, podendo causar
problemas de saúde pública (metemoglobinemia).

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2. CAPÍTULO 2 – IMPORTÂNCIA AMBIENTAL
O destino final das águas residuárias é, geralmente, o encaminhamento a
um corpo de água, muitas vezes em sua forma bruta. Em consequência desse
lançamento, podem aparecer alguns inconvenientes, como o desprendimento de
maus odores, a presença de sabor na água potável, a mortandade de peixes e a
ameaça à saúde pública. Via de regra, tais impactos são mitigados ou evitados
quando elas são submetidas a tratamento prévio adequado.
Grande parte da poluição hídrica provém de despejos líquidos urbanos
(esgoto doméstico ou municipal) feitos de forma inadequada ou sem o tratamento
necessário. Esses despejos merecem atenção especial, pois apresentam
elevadas concentrações de nitrogênio e fósforo. Esses compostos, quando
dispostos no meio ambiente aquático em concentrações elevadas, provocam a
degradação do corpo hídrico e podem acarretar um processo denominado
eutrofização, caracterizado pela degradação gradual do recurso hídrico,
principalmente dos compartimentados, como lagos ou lagoas.
Os efluentes das estações de tratamento de esgoto, quando tratados para
serem lançados em corpos receptores de água doce, devem, simultaneamente,
atender às condições e padrões de lançamento de efluentes e não ocasionar a
ultrapassagem das condições e padrões de qualidade de água estabelecidos para
as respectivas classes, nas condições da vazão de referência. No Brasil, o
Ministério do Meio Ambiente (MMA), por meio do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), estabeleceu as resoluções n° 357/2005, 396/2008 e
430/2011, as quais discorrem sobre a classificação dos corpos de água e dão
diretrizes ambientais para os seus enquadramentos, bem como estabelecem as
condições e os padrões de lançamento de efluentes.
O uso dos padrões de qualidade atende a dois propósitos. O primeiro é
manter a qualidade do curso d’água ou definir a meta a ser atingida para o
mesmo; o outro é servir como base para definir os níveis de tratamento a serem
adotados na bacia, de modo que os poluentes lançados não alterem as
características do curso de água que foram estabelecidas pelo padrão. A escolha
dos parâmetros e métodos a serem analisados e utilizados na realização do
monitoramento e do diagnóstico quali-quantitativo dos recursos hídricos (padrão
de qualidade), bem como a realização dos estudos com base em uma variação
temporal e espacial, pode auxiliar enormemente na identificação correta das

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fontes degradadoras da área de estudo e dos impactos causados ao meio
ambiente. Assim, é fundamental que a identificação de tais métodos e parâmetros
seja realizada dentro do contexto e das características e particularidades de cada
região.
Os parâmetros de qualidade da água mais comumente utilizados para a
caracterização de corpos hídricos são temperatura, cor, odor, sólidos totais,
turbidez, condutividade, pH, oxigênio dissolvido, dureza, clorofila, nitrogênio,
fósforo, algas, DQO e DBO. A seguir, serão descritos resumidamente alguns
desses parâmetros.

2.1. OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD)


O oxigênio dissolvido (OD) é importante para os seres aeróbios, os quais
vivem na presença dele. Sua geração ocorrerá devido à dissolução do
oxigênio atmosférico por aeração artificial (Figura 01) e por organismos
fotossintéticos. O OD é consumido por bactérias durante a estabilização da
matéria orgânica (oxidação da matéria orgânica), por meio do processo de
respiração, podendo causar a redução da concentração do mesmo no meio.
(COLOCAR A FIGURA 01 AQUI)

Figura 01 – Exemplo de aeração artificial


(Fonte: Disponível em: <http://www.revistatae.com.br/3942-noticias>. Acesso em 13 de fev. 2018)

Outras formas de consumo de OD ocorrem através da nitrificação


(oxidação da amônia a nitrato) (Equação 05 e 06) e da demanda bentônica
(lodo de fundo). Se o seu consumo for exorbitante, ocorrerá a morte de seres
aquáticos, inclusive peixes, e, caso o consumo do OD for total, o meio passa a
ser anaeróbio e pode causar odores.

Geralmente, o oxigênio dissolvido se reduz ou desaparece quando a água


recebe grandes quantidades de substâncias orgânicas biodegradáveis,

20
encontradas, por exemplo, no esgoto doméstico, em certos resíduos
industriais, no vinhoto3, entre outros. Outro exemplo é os resíduos orgânicos
despejados nos corpos d’água que são decompostos por microrganismos
decompositores aeróbios. Assim, quanto maior a carga de matéria orgânica,
maior será o número de microrganismos decompositores e,
consequentemente, maior o consumo de oxigênio.
Na falta de oxigênio, a matéria orgânica presente no corpo d'água pode ser
degradada por anaerobiose, processo pelo qual os seres decompositores
usam outros elementos que não o oxigênio como aceptores de elétrons na
obtenção de energia para seu metabolismo. Esse processo, entretanto,
necessita de maior período de tempo para os microrganismos completarem a
estabilização da matéria orgânica, além de gerar, como subprodutos, gases
que causam odores desagradáveis. Apenas um número muito restrito de seres
vivos consegue viver em um corpo hídrico em estado anaeróbio, sendo este
considerado um meio ambiente morto. Por essas razões, é desejável evitar
que a estabilização da matéria orgânica no curso d'água aconteça por meio de
processos anaeróbios, tolerando-os apenas em campos próximos a descartes
de efluentes e em regiões próximas aos sedimentos de fundo. Por outro lado,
os processos anaeróbios são bastante utilizados para tratamento de esgotos
domésticos, devido à facilidade de operação dessas estações e ao baixo custo
com energia.

2.2. DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO

A composição química do esgoto doméstico é variável, mas os grupos de


substâncias orgânicas presentes na matéria orgânica do esgoto são
constituídos principalmente por: proteínas (65%), carboidratos (25%), gordura
e óleos (10%), e em menor parte por ureia, surfactantes, fenóis, entre outros.
Tais substâncias são importantes meios de cultura para as bactérias e
responsáveis pela sua putrescibilidade, além de serem biodegradadas
aerobiamente nos corpos d’água, causando déficit de oxigênio.
3
Resíduo final do processo de fabricação do açúcar nas usinas ou da destilação (da qual se
obtém o álcool ou a aguardente de cana), que, se não for adequadamente tratado, provoca
poluição de águas; calda, vinhaça.
21
A tratabilidade biológica de um efluente é avaliada por um parâmetro
operacional denominado Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). Quanto
maior o valor da DBO, maior a labilidade biológica dos compostos orgânicos
presentes num dado efluente. De acordo com os níveis de matéria orgânica,
podemos classificar os esgotos domésticos em fracos (< 200 mg/L DBO5),
médios (350 mg/L DBO5), fortes (500 mg/L DBO5) e muito fortes (> 750 mg/L
DBO5). Em países áridos e semiáridos, o uso de água é frequentemente
bastante baixo, e os esgotos tendem a ser concentrados.
Na Figura 02, apresenta-se uma síntese do fenômeno da degradação
biológica de compostos que ocorre nas águas naturais, o qual também se
procura reproduzir sob condições controladas nas estações de tratamento de
esgotos e, particularmente, durante a análise da DBO:
(COLOCAR A FIGURA 02 AQUI)

Figura 02 – Esquema sintético da DBO (Fonte: PIVELLI, 2001).

Nesse esquema, apresenta-se o metabolismo dos microrganismos


heterotróficos, por meio do qual os compostos orgânicos biodegradáveis são
transformados em produtos finais estáveis ou mineralizados, tais como água,
gás carbônico, sulfatos, fosfatos, amônia, nitratos etc. Nesse processo há
consumo de oxigênio da água e liberação da energia contida nas ligações
químicas das moléculas decompostas. Os microrganismos desempenham
esse importante papel no tratamento de esgotos pois necessitam da energia
liberada, além de outros nutrientes que porventura não estejam presentes em
quantidades suficientes nos despejos, para exercer suas funções celulares,
tais como reprodução e locomoção, o que genericamente se denomina
"síntese celular". Quando há insuficiência de nutrientes no meio, os
microrganismos sobreviventes passam a se alimentar do material das células
que têm a membrana celular rompida. Esse processo se chama "respiração
endógena". Finalmente, há, nesse circuito, compostos cujas ligações químicas
não são rompidas pelas enzimas produzidas pelos microrganismos,
permanecendo inalterados. Ao conjunto desses compostos dá-se o nome de
resíduo não biodegradável ou recalcitrante.
As principais vantagens da medida de DBO são:

22
 Indicação aproximada da fração biodegradável do despejo;
 Indicação da velocidade de degradação do despejo;
 Indicação da velocidade de consumo de oxigênio;
 Determinação aproximada da quantidade de oxigênio necessária
para estabilização da matéria orgânica.

As principais desvantagens da medida de DBO são:


 Baixos valores de DBO podem ser falsamente obtidos quando os
microrganismos não estão adaptados;
 Os microrganismos podem ser inibidos por substâncias tóxicas;
 Necessidade de inibição de microrganismos responsáveis pela
oxidação da amônia para evitar consumo de oxigênio para
nitrificação;
 Teste demorado, complicando o controle operacional de uma
estação de tratamento.

2.3. RESÍDUOS SÓLIDOS


A presença de resíduos sólidos nas águas, principalmente aqueles
resíduos presentes no esgoto sanitário, leva a um aumento da turbidez dessa
água, influenciando diretamente na entrada de luz e diminuindo o valor de
saturação do oxigênio dissolvido. A matéria sólida presente em águas
residuárias pode ser classificada de acordo com a:
 função das dimensões das partículas: sólidos em suspensão, sólidos
coloidais ou sólidos dissolvidos;
 função da sedimentabilidade: sólidos sedimentáveis, sólidos
flutuantes ou flotáveis ou sólidos não sedimentáveis;
 função da secagem, a alta temperatura (550 a 600ºC): sólidos fixos
ou sólidos voláteis;
 função da secagem em temperatura média (103 a 105ºC): sólidos
totais, sólidos em suspensão ou sólidos dissolvidos.
Um dos parâmetros de grande utilização em sistemas de esgotos é a
quantidade total de sólidos. Seu módulo é o somatório de todos os sólidos
dissolvidos e dos não dissolvidos em um líquido. A sua determinação é
23
normatizada, e consiste na determinação da matéria que permanece como
resíduo após sofrer uma evaporação a 103ºC.

2.4. NUTRIENTES
São três as principais origens dos nutrientes que fertilizam a água:
 Escoamento superficial e erosão em áreas de agricultura fertilizada;
 Erosão devido ao desmatamento;
 Águas residuárias.
Assim, para reduzir a carga de nutrientes que chega a um corpo d’água,
fazem-se necessários o ordenamento territorial e o uso do solo na bacia
hidrográfica, a adoção de boas práticas na agricultura (agricultura orgânica,
controle de erosão, sistema de irrigação apropriado, período correto para
aplicação dos fertilizantes em função da cultura etc.) e agroindústria, e a
minimização e tratamento adequado das águas residuárias domésticas e
industriais.
No campo de águas residuárias, os principais nutrientes de interesse para
a engenharia sanitária são o nitrogênio (N) e o fósforo (P). Os nutrientes são
essenciais para o crescimento dos microrganismos responsáveis pela
degradação da matéria orgânica e para o crescimento de plantas aquáticas
(algas), podendo, em certas condições, conduzir a fenômenos de eutrofização
de lagos e represas.
A eutrofização pode causar danos aos corpos receptores, podendo-se
enumerar: problemas estéticos e recreacionais; condições anaeróbias no
fundo do corpo d’água; eventuais condições anaeróbias no corpo d’água como
um todo; eventuais mortandade de peixes; maior dificuldade e elevação nos
custos de tratamento da água; problemas com o abastecimento de águas
industrial; toxicidade das algas; modificações na qualidade e quantidade de
peixes de valor comercial; redução na navegação; e capacidade de transporte.
Além disso, a amônia pode causar problemas de toxicidade aos peixes e
implicar em consumo de oxigênio dissolvido. Em termos de águas
subterrâneas, a maior preocupação é com o nitrato, que pode contaminar
águas utilizadas para abastecimento, podendo causar problemas de saúde
pública (metemoglobinemia).

24
Nos esgotos domésticos brutos, as formas predominantes do nitrogênio
são o orgânico e a amônia, determinados em laboratório pelo método
Kjeldahl4, constituindo o assim denominado Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK). O
nitrogênio total inclui:
a. Nitrogênio orgânico: na forma de proteínas, aminoácidos e ureia;
b. Amônia: produzida como primeiro estágio da decomposição do
nitrogênio orgânico;
c. Nitrito: estágio intermediário da oxidação da amônia;
d. Nitrato: produto final da oxidação da amônia.

O fósforo total no esgoto doméstico se apresenta como fosfato, nas formas:


a. Inorgânica (polifosfatos e ortofosfatos): origem principal nos
detergentes e outros produtos químicos domésticos;
b. Orgânica (ligada a compostos orgânicos): origem fisiológica.

No tratamento de esgotos em ETEs, a remoção de nutrientes implica em


altos investimentos, o que configura parte das razões pelas quais eles
praticamente não são removidos nas ETEs brasileiras. No esgoto doméstico, a
urina é a fração com maior quantidade de nutrientes na sua composição: 70%
de Nitrogênio (N) e 50% de Fósforo (P).

2.5. ENXOFRE
Dentre dos vários compostos existentes em águas residuárias, o enxofre é
um dos mais importantes nutrientes para o metabolismo de microrganismos.
No esgoto, o enxofre é originário das fezes e águas de abastecimento, e está
presente principalmente como sulfatos e sulfetos inorgânicos e enxofre
orgânico. Ele é constantemente transformado e transportado no meio
ambiente, e muitas dessas transformações podem causar transtornos, como,
por exemplo, a corrosão, a toxicidade e a liberação de odores. As
transformações podem envolver reações de oxidação-redução química,
podem ocorrer espontaneamente ou associadas a processos biológicos, tais
4
O método de Kjeldahl baseia-se na transformação do nitrogênio da amostra em sulfato de amônio por
meio da digestão com ácido sulfúrico e posterior destilação com liberação da amônia, que é fixada em
solução ácida e titulada.
25
como a redução assimilatória e dissimilatória, e a dessulfuração. Outro
importante processo biológico a ser considerado é a conversão do enxofre
orgânico em inorgânico durante a degradação do material orgânico pelas
bactérias. Ambientes anaeróbios são ideais para o desenvolvimento de
bactérias redutoras de sulfato, causando um aumento nas concentrações de
sulfeto.
Em reatores anaeróbios, o sulfeto pode provocar efeito inibitório nas
bactérias metanogênicas. Além disso, à presença de sulfato, em altas
concentrações, ele causa uma variação na rotina metabólica da digestão
anaeróbia, pois as bactérias redutoras do sulfato irão competir pelo mesmo
substrato com as bactérias anaeróbias envolvidas na metanogênese. Tendo
em vista os problemas que compostos de enxofre causam em digestores
anaeróbios de alta taxa, o presente estudo monitorou o funcionamento de um
reator UASB em escala real que trata esgoto doméstico.

2.6. ÓLEOS E GRAXAS


Os óleos e graxas são substâncias orgânicas de origem mineral, vegetal ou
animal, sendo o terceiro constituinte do esgoto doméstico em termos
quantitativos. Estão sempre presentes no esgoto doméstico, provenientes da
preparação e do uso de alimentos (óleos vegetais, manteiga, carne etc.); e
também sob a forma de óleos minerais derivados do petróleo (querosene, óleo
lubrificante), tendo, nesse caso, origem em postos de gasolina ou indústrias.
Óleos e graxas podem ser definidos como o conjunto de substâncias que
um determinado solvente consegue extrair da amostra e que não se volatiliza
durante a evaporação do solvente a 100ºC. São chamadas de substâncias
solúveis em n-hexano ou MSH (material solúvel em hexano) os ácidos graxos,
gorduras animais, sabões, graxas, óleos vegetais, ceras, óleos minerais etc.
Seu descarte incorreto no ambiente aquático ocasiona processos de
decomposição e acaba reduzindo o OD, elevando a DBO e a DQO do meio,
causando alteração no ecossistema.

Nas ETEs, o recebimento de efluentes com altas concentrações de óleos e


graxas, além de obstruções, aderência em equipamentos e em paredes dos

26
tanques de processo, e da geração de odores quando não submetidos ao pré-
tratamento, podem interferir na formação de escumas e até mesmo na inibição
de processos biológicos. Em reatores anaeróbios, em especial os do tipo
UASB, a formação de escumas interfere no caminhamento do biogás,
proporcionando escape para a zona de decantação, podendo alterar a
qualidade do efluente tratado e também causar flotação da biomassa.

2.7. DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO


A matéria orgânica pode ser considerada como sendo parte em solução,
correspondente aos sólidos orgânicos dissolvidos (em sua maioria,
rapidamente biodegradáveis), e parte em suspensão, relativa aos sólidos
suspensos no meio líquido (lentamente biodegradáveis), mas normalmente é
medida de forma indireta pela demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e a
demanda química de oxigênio (DQO). A DBO mede a quantidade de oxigênio
necessária para que os microrganismos biodegradem a matéria orgânica. A
DQO é a medida da quantidade de oxigênio necessária para oxidar
quimicamente a matéria orgânica.
A análise da demanda química de oxigênio (DQO) é um parâmetro utilizado
como indicador da concentração de matéria orgânica presente em águas
residuárias ou superficiais, sendo muito utilizada no monitoramento de
estações de tratamento para a avaliação da contaminação dos efluentes
industriais. A Resolução 430/11 do CONAMA que complementa e altera a
357/05 continua sem preconizar a DQO nos parâmetros de lançamento de
efluentes. Nos Estados Unidos, o National Sanitation Foundation, ao
estabelecer o Índice de Qualidade da Água - IQA, no qual alguns órgãos
ambientais estaduais se baseiam, só estabelece a demanda bioquímica de
oxigênio (DBO). Porém, algumas legislações ambientais estaduais
estabelecem limites máximos para esse parâmetro no IQA para reservatórios
ou para empreendimentos industriais, como no Paraná e em Minas Gerais, por
exemplo.
Para um dado efluente, se a relação é DQO/DBO <2,5, o mesmo é
facilmente biodegradável. Se a relação 5,0<DQO/DBO> 2,5, esse efluente irá
exigir cuidados na escolha do processo biológico, para que se tenha uma
remoção desejável de carga orgânica; e se DQO/DBO > 5, então o processo

27
biológico tem muito pouca chance de sucesso, e a oxidação química aparece
como um processo alternativo, conforme apresentado na Figura 03.
(COLOCAR A FIGURA 03 AQUI)

Figura 03 - Valores de DQO e DBO indicativos da tratabilidade de um


efluente (Fonte: JARDIM, 2004).

28
QUESTÕES

1. (UFAL – 2011) O reuso da água em edificações é possível, desde que o


sistema seja projetado com observância das recomendações técnicas
específicas. Dentre elas, deve-se evitar a mistura com a água tratada e não
permitir o uso da água reutilizada para fins potáveis. Com relação às águas
cinzas de uma edificação, pode-se afirmar que:
a. são compostas por efluentes oriundos de pias, lavatórios, chuveiros
e tanques de lavar roupas.
b. são compostas por efluentes oriundos de vasos sanitários, pias,
lavatórios, chuveiros e tanques.
c. são compostas por efluentes oriundos de vasos sanitários, pias,
mictórios, lavatórios, chuveiros e tanques.
d. são compostas exclusivamente por efluentes oriundos de máquinas
de lavar roupas e pratos.
e. são compostas exclusivamente por efluentes oriundos do mictórios.

2. (UFF – 2009) Existe um método de determinação da qualidade de um


curso d'água que mede a quantidade de oxigênio necessária para que
microrganismos aeróbios mineralizem a matéria orgânica carbonada de
uma amostra, sob determinadas condições. Esse teste tem grande
utilidade na determinação do grau de poluição de cursos de água no
estudo de cargas poluidoras e na avaliação da eficiência dos sistemas de
tratamento. Esse teste mede o(a):
a. OD;
b. DQO;
c. DBO;
d. pH;
e. SS.

3. (AOCP – 2016) A poluição da água é a contaminação dos corpos de água


naturais ou artificiais por substâncias químicas, elementos radioativos ou
organismos patogênicos. Sobre os poluentes que podem contaminar as
águas, é correto afirmar que:
29
a. qualquer efluente industrial gerado a partir das atividades industriais
possui metal pesado em sua composição, levando à contaminação
de um corpo de água.
b. a elevada concentração de matéria orgânica tende a causar a
eutrofização da água, impedindo o seu uso para abastecimento
urbano.
c. os agrotóxicos e os fertilizantes introduzem na água compostos
orgânicos não removíveis com tratamentos convencionais,
conhecidos como poluentes orgânicos persistentes.
d. as águas pluviais e os resíduos sólidos não constituem uma fonte de
poluição da água.
e. a presença de óleos e graxas provoca prejuízo aos ecossistemas
aquáticos e transmite doenças à população.

GABARITO

1. A
2. C
3. C

30
UNIDADE 2

FOSSAS SÉPTICAS E SISTEMAS DE LODO


ATIVADO (PARTE 1)

Caro(a) Aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
Nesta segunda unidade, verificaremos os principais níveis de
tratamento das águas residuárias e o sistema de crescimento
bacteriano em lodos.

Conteúdo da unidade
A unidade contará com 2 capítulos (nomeados Capítulo 3 e 4). No capítulo 3,
verificaremos os principais níveis de tratamento de águas residuárias e teremos
uma introdução às aplicabilidades e funcionalidades de fossas sépticas, incluindo
suas tipificações, como câmara única, sumidouros, valas de infiltração e filtros
anaeróbicos de fluxo ascendente. No capítulo 4, verificaremos a primeira parte
dos sistemas de tratamento, com base em lodos ativados, funcionamento do
crescimento bacteriano em lodos, sistemas de gradeamento e caixas de areia.
Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os assuntos à medida que
for estudando.

31
3. CAPÍTULO 3 – TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS
Tratamento de águas residuárias são processos artificiais de depuração,
remoção de poluentes e adequação dos parâmetros das águas residuárias, de
modo a torná-las próprias para lançamento e disposição final, visando a preservar
as condições e os padrões de qualidade dos corpos d’água receptores. Os
processos de tratamento de águas residuárias são classificados em dois tipos:
 Processos físicos e químicos, como gradeamento, peneiramento,
sedimentação, floculação, decantação, coagulação, correção de pH
(neutralização), entre outros.
 Processos biológicos, como lodos ativados, lagoas de estabilização,
lagoas aeradas, filtros biológicos etc.
A depuração de águas ricas em matéria orgânica, como são os esgotos,
consiste na estabilização desse material orgânico com a introdução de oxigênio e,
por meio da oxidação, é possível transformá-lo em substâncias de estrutura
molecular mais simples e com baixo teor energético. A oxidação da matéria
orgânica ocorre com o auxílio de catalisadores que facilitam essa reação, sendo
os microrganismos presentes em grande quantidade no esgoto os responsáveis
pelo suprimento dos catalisadores. No processo de tratamento de esgotos, os
microrganismos (bactérias, fungos e outros) responsáveis pelo processo
alimentam-se da matéria orgânica presente nos esgotos e respiram liberando o
oxigênio necessário para oxidação.
No tratamento de esgotos, o suprimento de oxigênio pode ser feito por meio
de bactérias que respiram o oxigênio livre do ar (bactérias aeróbias), originando o
processo aeróbio; ou bactérias que retiram o oxigênio combinado e presente em
outras substâncias (aceptores de hidrogênio), originando o processo anaeróbio.
As estações de tratamento de esgoto (ETE) são projetadas com diferentes
propósitos, como proteger a saúde pública e a vida aquática. Define-se como
sistemas de tratamento de águas residuárias o conjunto de processos unitários de
tratamento de águas residuárias que funcionam de forma organizada, objetivando
remover poluentes (impurezas, contaminantes, energia etc.) e devendo atender
as condições e padrões de lançamento em corpos d’água e de qualidade das
águas receptoras conforme sua classe, as condições para reuso ou o lançamento
no solo através de infiltração, para irrigação de culturas.

32
Vários estudos acadêmicos demonstram a necessidade de se usarem técnicas
adequadas para a avaliação do melhor sistema de tratamento de esgoto sanitário
a ser instalado em uma cidade. Nesses trabalhos, são utilizadas principalmente
técnicas de tomada de decisão e métodos quantitativos para a criação de
modelos. É importante frisar que a legislação sobre o nível de tratamento
necessário tem sido alterada à medida que aumentam as informações sobre as
características do esgoto, a eficiência dos processos de tratamento e os efeitos
ambientais provocados pelo lançamento de poluentes.
Dependendo do(s) tipo(s) de poluente(s) que se pretende remover das águas
residuárias, será necessário aplicar um ou vários dos níveis de tratamento
disponíveis: preliminar, primário, secundário e terciário ou avançado. A Tabela 02
apresenta uma breve descrição dos tipos de constituintes básicos removidos
pelos diversos níveis de tratamento das águas residuárias.

Tabela 02 – Níveis de tratamento das águas residuárias (Fonte: AMERICO-


PINHEIRO, 2016).
Nível de tratamento Descrição
Remoção dos sólidos grosseiros em suspensão: materiais
de maiores dimensões, como panos e materiais flutuantes;
Preliminar areia; graxas que podem causar problemas de operação
ou manutenção nas operações e processos de tratamento
e sistemas auxiliares.
Remoção de uma fração dos sólidos e da matéria orgânica
Primário
em suspensão.
Remoção melhorada dos sólidos em suspensão e da
Primário avançado matéria orgânica, tipicamente realizado com adição de
químicos ou filtração.
Remoção da matéria orgânica biodegradável (em solução
ou em suspensão) e sólidos em suspensão. A desinfecção
Secundário
é tipicamente incluída na definição de sistemas de
tratamento secundário convencionais.
Remoção de sólidos suspensos remanescentes (após
Terciário
tratamento secundário), usualmente por filtração em meios

33
granulares, filtração superficial e membranas. A
desinfecção é normalmente parte do tratamento terciário. A
remoção de nutrientes é frequentemente incluída nesse
nível de tratamento.
Remoção dos sólidos dissolvidos totais e constituintes
Avançado traços conforme seja necessário para aplicações
específicas de reuso da água.

A água tratada é considerada um grande benefício para a população, mas


se essa água que chega às casas não receber um tratamento de esgoto
adequado, poderá, em certos casos, aumentar os problemas de saúde
relacionados à veiculação hídrica, tal como verminoses, hepatite e diarreia,
provenientes da contaminação dos mananciais hídricos pelo esgoto doméstico e
industrial. Os sistemas convencionais para adequação dos esgotos muitas vezes
não estão acessíveis às cidades do interior, às periferias de grandes cidades ou
casas em zonas rurais, sendo necessários outros tipos de
tratamento/acondicionamento.

3.1. FOSSAS SÉPTICAS (DECANTO-DIGESTORES)


Fossa séptica é um mecanismo de tratamento primário do esgoto, no qual ele
é disposto em um compartimento impermeável, em geral enterrado no solo5, que
permite a decantação do material sólido. Após a decantação, microrganismos
anaeróbicos efetuam a digestão do material poluente, diminuindo sua carga e sua
concentração na água. Devido a seu formato simples e de baixo custo, é
frequentemente aplicada na zona rural ou em residências isoladas.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
(Pnad), efetuada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2016),
cerca de 1/3 dos domicílios no Brasil não estão conectados à rede geral de
esgotamento sanitário ou tem fossa ligada à rede6. As diferenças nas condições

5
No interior da fossa séptica, flota, na sua parte superior, uma espuma cuja denominação é escuma,
constituída de gorduras e substâncias graxas, misturada com gases oriundos da decomposição anaeróbia
que ocorre no interior de sua câmara. A fossa séptica deve possuir defletores ou ser executada em um nível
abaixo da superfície, o que evita que a escuma saia juntamente com o efluente.
6
Fossa séptica ligada à rede coletora de esgoto ou pluvial: quando as águas servidas e os dejetos fossem
esgotados para uma fossa, onde passavam por um processo de tratamento ou decantação, sendo a parte
líquida canalizada para um desaguadouro geral da área, região ou município;
34
da coleta de esgoto na área rural são ressaltadas quando observamos as
diferentes regiões do país. Por exemplo, na mesma pesquisa, ressalta-se que a
região Sudeste apresentou o maior percentual de domicílios com escoamento do
esgoto feito por meio da rede geral ou fossa ligada à rede (89,0%); já o Nordeste
(44,3%) e o Norte (18,9%) registraram os menores percentuais para a mesma
situação.
Entretanto, o efluente líquido de fossas sépticas é, ainda, altamente
contaminado por coliformes fecais e dotado de uma DBO solúvel relativamente
alta, o que deve ser levado em consideração para melhor escolha da destinação
final. Dessa forma, conforme critérios de localização e caracterização do efluente,
ele poderá ser lançado em sumidouros, valas de infiltração, valas de filtração,
filtros anaeróbios e fluxo ascendente, e em corpos d’água receptores. Há
diferentes configurações de fossas sépticas: câmara única, múltiplas câmaras,
com diferentes alternativas construtivas e de configurações finais do destino do
efluente. Para fossas sépticas bem construídas, com manutenção e operação
adequadas, as eficiências de remoção estão descritas no Quadro 02:
Quadro 02 – Eficiência de remoção em fossas sépticas (NUVOLARI, 2011).
Parâmetro % de remoção
DBO 40 a 60
DQO 30 a 60
Sólidos suspensos 50 a 70
Óleos e graxas 70 a 90

Atualmente, na zona rural no Brasil, além da rede coletora e o uso da fossa


séptica, o mais comum é a fossa rudimentar, a qual, juntamente com outros
métodos e com a não coleta/tratamento, corresponde ao percentual da população
rural não assistida com coleta adequada do esgoto. Ela é assim incluída porque a
fossa rudimentar não funciona como forma de evitar a contaminação das águas
superficiais e subterrâneas; pelo contrário, as fossas rudimentares são as

Fossa séptica não ligada à rede coletora de esgoto ou pluvial: quando as águas servidas e os dejetos fossem
esgotados para uma fossa, onde passavam por um processo de tratamento ou decantação, sendo a parte
líquida absorvida no próprio terreno;
Outro: Quando os dejetos fossem esgotados para uma fossa rudimentar (fossa negra, poço, buraco etc.), ou
diretamente para uma vala, rio, lago ou mar, ou quando o escoadouro não se enquadrasse em quaisquer
dos tipos descritos anteriormente.
35
principais responsáveis pela contaminação das águas subterrâneas que
abastecem os poços rasos. Elas são construídas a partir de valas ou buracos no
chão, onde as fezes são simplesmente depositadas no solo. Ou seja, são
construídas sem nenhum tipo de preocupação quanto à contaminação do solo,
das águas superficiais e subsuperficiais, expondo a própria população local ao
risco de contrair doenças como diarreia, cólera, hepatite, entre outras, pelo
consumo da água ou de alimentos contaminados direta ou indiretamente por
esses dejetos.
No interior delas ocorre a decomposição da matéria orgânica presente nos
dejetos e, devido à intensa atividade microbiana, é liberado um líquido de odor
desagradável, com elevada concentração de nitrato (NO3-) e presença de
coliformes fecais, denominado chorume. Esse líquido infiltra-se nas paredes da
fossa e percola através do solo, podendo atingir e contaminar as águas
subterrâneas, justificando-se, assim, o aparecimento das fossas sépticas para
amenizar parte do processo polutivo.
Entretanto, os efluentes resultantes das fossas sépticas necessitam de
sistemas de disposição e de tratamento complementar, o que requer maior
conhecimento e atenção por parte de seu operador, e eleva seu custo. De acordo
com a norma NBR-13969, que trata da disposição final e do tratamento
complementar dos efluentes das fossas sépticas, entre as alternativas de
tratamento admitidas estão o filtro anaeróbio de leito ascendente, o filtro
anaeróbio submerso, as valas de filtração e filtros de areia, o lodo ativado por
batelada e a lagoa com plantas aquáticas.
Assim, apareceram as fossas sépticas biodigestoras, que são uma alternativa
de saneamento básico na área rural e podem contribuir para o desenvolvimento
local. Elas foram desenvolvidas no ano 2000 para contribuir com um sistema de
tratamento de esgoto de dejetos humanos, substituindo o esgoto a céu aberto e
as atuais fossas utilizadas em propriedades rurais, em razão dos benefícios que
geram, como a reciclagem dos dejetos e sua vedação hermética (o que impede a
proliferação de vetores de doenças).
Elas são compostas por três caixas coletoras, com 1.000 litros cada uma.
Ficam enterradas no solo, funcionam conectadas exclusivamente ao vaso
sanitário e são interligadas entre si por tubos e conexões de PVC. Ao entrar
nesse conjunto de caixas d’água, o esgoto é tratado pelo processo de

36
biodigestão, que reduz muito a carga de agentes biológicos perigosos para a
saúde humana. O tempo da biodigestão varia conforme a temperatura e a
quantidade de pessoas que estão utilizando a fossa. O líquido que se acumula na
terceira caixa d’água da fossa séptica é um biofertilizante. A Figura 04 apresenta
o modelo Embrapa de fossa séptica biodigestora.
(COLOCAR A FIGURA 04 AQUI)

Figura 04 – Modelo Embrapa de fossas sépticas biodigestoras (Fonte:


OTENIO, 2014).

Em resumo, a tecnologia de tais fossas se limita ao tratamento biológico das


fezes e da urina depositadas no vaso sanitário das residências rurais, por meio da
biodigestão de resíduos orgânicos (proteínas, carboidratos e lipídeos), utilizando
como meio inoculante de bactérias esterco bovino fresco ou de outro animal
ruminante, como cabras e ovelhas. O processo de decomposição permite a
obtenção de um adubo natural líquido, com ausência de odor desagradável e
organismos nocivos à saúde humana e ao meio ambiente (bactérias, vírus e ovos
de vermes). O adubo produzido pode ser utilizado para fertilizar e irrigar o solo, e
também melhorar a renda dos agricultores.

3.1.1. CÂMARA ÚNICA


Segundo a NBR 7229 (1993) da ABNT, tanque séptico (ou fossa
séptica) de câmara única é uma unidade com apenas um compartimento,
em cuja zona superior ocorrem processos de sedimentação, de flotação e
digestão de escuma, e, em sua zona inferior, a digestão de lodo
decantado. Outro tipo de tanque séptico são os de câmara em série, que
se caracterizam como unidades com dois ou mais compartimentos
contínuos, dispostos em sequência no sentido do fluxo do líquido e
interligados, onde devem ocorrer processos de flotação, sedimentação e
digestão.

37
As unidades de fossas sépticas (ou tanques sépticos) podem ser de
forma cilíndrica ou retangular, e são de fluxo horizontal, conforme mostra a
Figura 05.
(COLOCAR A FIGURA 05 AQUI)

Figura 05 – Tanque séptico de câmara única (Fonte: Disponível em:


<http://www.limpafossa24h.com>. Acesso em 22 de fev. 2018).

O sistema de tanque séptico deve funcionar obedecendo a distância


mínima de três metros para árvores e qualquer ponto de rede coletora
abastecimento de água, e quinze metros de distância de poços freáticos e
corpos de água de qualquer natureza, para que haja a preservação da
qualidade das águas superficiais e subterrâneas.
As fossas sépticas são indicadas principalmente para atender
sistemas individuais em locais com baixa densidade populacional, onde o
uso de um sistema coletivo se tornaria inviável. De acordo com a NBR
7229/1993, o volume total da fossa séptica (dimensionamento) é a
somatória dos volumes de sedimentação, digestão e de armazenamento
de lodo, e pode ser calculada pela expressão:

( )

Onde:
V = volume útil em litros;
N = nº de pessoas ou unidades de contribuição;
C = contribuição de despejos, em litros/ pessoa x dia ou litro/ unidade
x dia
Td = tempo de detenção em dias;
K = taxa de acumulação de lodo digerido em dias, equivalente ao
tempo de acumulação de lodo fresco;
Lf = contribuição de lodo fresco, em litro/ pessoa x dia ou litro/ unidade
x dia.

38
3.1.2. TRATAMENTO DE FOSSAS SÉPTICAS (SUMIDOUROS, VALAS
DE INFILTRAÇÃO, FILTROS ANAERÓBIOS DE FLUXO
ASCENDENTE)

Dentre as técnicas para o tratamento de esgotos, o sistema de


tanques sépticos (TS) é o mais usado em todos os países, devido à sua
simplicidade de construção e operação, atrelado ao baixo custo de
implementação. A utilização de TS é recomendada nas seguintes
situações:
 Para áreas desprovidas de rede pública coletora de esgoto;
 Como alternativa de tratamento de esgotos em áreas providas de rede
coletora local;
 Para retenção prévia de sólidos sedimentáveis;
 Quando há utilização da rede coletora com diâmetro e/ou declividade
reduzida para o transporte de efluentes livres de sólidos sedimentáveis.

Apesar de todas as vantagens, a eficiência do tanque séptico para


remoção de matéria orgânica é moderada, necessitando de um pós-
tratamento para alcançar um grau de remoção da matéria orgânica
aceitável, como:

3.1.2.1. SUMIDOUROS
De acordo com a NBR – 13969 (1997) da ABNT, sumidouros são
poços escavados no solo que têm como função promover a depuração
e a disposição final do esgoto no nível subsuperficial. Porém, há
pesquisadores que definem o sumidouro como uma unidade de
depuração e de disposição final do efluente de tanque séptico
verticalizado em relação à vala de infiltração, o que é mais comum.
Devido a essa característica depurativa, seu uso é favorável
somente nas áreas onde o aquífero é profundo e se possa garantir a
distância mínima de 1,50 m (exceto areia) entre o seu fundo e o nível
aquífero máximo, aumentando a eficiência. A Figura 06 apresenta o
esquema de um sumidouro.
(COLOCAR A FIGURA 06 AQUI)
39
Figura 06 – Esquema explicativo de um sumidouro (Disponível em:
http://araguaina.to.gov.br/aguaservida/pdf/cartilha-agua-servida.pdf>.
Acesso em 01 de mar. 2018).

Os sumidouros recebem o efluente diretamente do tanque séptico, e,


se o solo for bem permeável, possuem uma vida útil longa, devido à
facilidade de infiltração do líquido no solo. Caso contrário, a vida útil é
curta, com colmatações7 constantes. A Figura 07 apresenta uma foto de
um sumidouro.
(COLOCAR A FIGURA 07 AQUI)

Figura 07 – Exemplo de sumidouro (Fonte: Disponível em: <


http://tubuloesteam.blogspot.com.br >. Acesso em 01 de mar. 2018).

O líquido é quase isento de sólidos, o que não permite que ocorra a


colmatação dos poros. Podem ser de forma prismática ou cilíndrica,
possuem as paredes protegidas por madeira, tijolos ou pedras.

3.1.2.2. VALAS DE INFILTRAÇÃO


Em locais onde o lençol freático atinge, no período chuvoso, o seu
nível máximo, próximo à superfície do terreno, torna-se inviável a
execução de sumidouro. Nesses casos, é indicado o sistema de valas
de infiltração.
São valas dotadas de dispositivos que promovem o aumento da
infiltração. Esses dispositivos consistem em pequenos barramentos
transversais que desaceleram o escoamento, aumentam o tempo de
retenção e, consequentemente, aumentam a capacidade de infiltração.
A Figura 08 demonstra um esquema das valas de infiltração.

7
Colmatar é sinônimo de entulhar, preencher, sedimentar. É utilizado como jargão das geociências e
engenharias para indicar o preenchimento de uma depressão por sedimentos finos (siltes, argilas).
40
(COLOCAR A FIGURA 08 AQUI)

Figura 08 – Planta baixa esquemática de valas de infiltração


(Disponível em: http://araguaina.to.gov.br/aguaservida/pdf/cartilha-
agua-servida.pdf>. Acesso em 01 de mar. 2018).

Os efeitos esperados das valas de infiltração só são significativos


para declividades menores de 5%. Em regiões sujeitas a chuvas de alta
intensidade, a eficiência das valas pode ser limitada, em função da
velocidade de saturação do solo. Em regiões onde há chuvas muito
frequentes, mesmo que de baixa intensidade, deve-se atentar para os
riscos de proliferação de insetos.

3.1.2.3. FILTROS ANAERÓBIOS DE FLUXO ASCENDENTE


O filtro anaeróbio é um reator em que a matéria orgânica é
estabilizada, por meio da ação de microrganismos que ficam retidos nos
interstícios ou aderidos ao material suporte que constitui o leito, através
do qual os despejos líquidos escoam.
No caso do filtro de fluxo ascendente, o líquido penetra pela base,
flui através de uma camada filtrante (leito) e é descarregado na parte
superior. No caso do fluxo descendente, o líquido percorre o sentido
inverso. A Figura 09 mostra o esquema de um filtro de fluxo
ascendente.

(COLOCAR A FIGURA 09 AQUI)

Figura 09 – Esquema de filtro de fluxo anaeróbio ascendente (Fonte:


PINTO, 1995).

Sobre o fluxo ascendente ou descendente é percolado o esgoto,


entre os espaços vazios ou parcialmente ocupados pelo lodo ativo, no
formato de flocos ou grânulos que caracterizam o meio filtrante. São
diferenciados por tolerarem oscilações de vazão, mantendo altas
populações bacterianas e admitindo a degradação em tempos de

41
detenção hidráulica (TDH) reduzidos por meio de baixos gastos
energéticos. Apresenta a capacidade de suportar altas cargas
orgânicas e produzir biogás.
A técnica de tratamento anaeróbio busca intensificar as reações de
digestão da matéria orgânica, estabelecendo condições propícias ao
crescimento e à sustentação de microrganismos no reator. Contudo, a
eficiência dos processos de digestão anaeróbia depende de diversos
fatores, dentre eles o pH, a temperatura, a concentração de matéria
orgânica biodegradável, a concentração de compostos tóxicos e da
composição do efluente, entre outros.

42
4. CAPÍTULO 4 – SISTEMAS DE LODOS ATIVADOS – CRESCIMENTO
BACTERIANO, GRADEAMENTO, DESARENADORES E MEDIDORES DE
VAZÃO
O processo de tratamento de esgotos tem por finalidade separar a fase líquida
da fase sólida, tratando-as separadamente e de forma adequada, objetivando
reduzir ao máximo a carga poluidora. Ao final do processo, tanto a fase líquida
quanto a sólida devem estar aptas segundo legislação ambiental específica em
vigor como a Resolução CONAMA nº 430/2011 ou legislações locais mais
específicas.
A função das ETEs consiste em reproduzir, por meio de processos físicos,
químicos e/ou biológicos, em curto período de tempo, condições necessárias e
suficientes, normalmente encontradas na natureza (em corpos hídricos
receptores, tais como rios, lagos e banhados), para promover a decomposição da
matéria orgânica presente nos esgotos.
O tratamento convencional de águas residuárias é uma combinação de
processos físicos, biológicos e químicos projetados para remover sólidos e
matéria orgânica do meio líquido. Os denominados "lodos ativados" são um
sistema de tratamento de efluentes líquidos que apresenta elevada eficiência de
remoção de matéria orgânica presente em efluentes sanitários e industriais,
sendo considerado uma das tecnologias mais utilizada para o tratamento
biológico de águas residuárias. Esse processo foi desenvolvido em Manchester,
Inglaterra, por Ardern e Lockett em 1914, e tem esse nome devido ao
desenvolvimento de uma biomassa ativa de microrganismos capaz de estabilizar
aerobiamente o esgoto.
O processo de tratamento é exclusivamente de natureza biológica, de modo
que a matéria orgânica é depurada, por meio de colônias de microrganismos
heterogêneos específicos, na presença de oxigênio (processo exclusivamente
aeróbio). Essas colônias de microrganismos formam uma massa denominada
lodo (lodo ativo, ativado ou biológico). Nesse sistema de tratamento, o efluente e
o lodo ativado são intensamente misturados, agitados e aerados em unidades
chamadas tanques de aeração para, em seguida, o lodo ativado ser separado do
efluente tratado por sedimentação em decantadores. Geralmente, parte do lodo
ativado separado retorna ao processo, caso contrário, ele é retirado para um
tratamento característico ou disposição final.

43
A estabilidade do sistema está baseada na habilidade de manter essa
biomassa ativa (lodo ativo) dentro do reator, separando-a no decantador
secundário e retornando-a ao reator biológico. Fatores ambientais, como
temperatura e condições climáticas; variações nas características químicas do
esgoto efluente e flutuações dos parâmetros operacionais, como tempo de
detenção celular (θc), tempo de detenção hidráulica, taxa de fornecimento de
nutrientes, taxa de recirculação e concentração de sólidos em suspensão; podem
causar variações na biomassa e levar a um desequilíbrio do processo.
É um sistema que necessita de um alto grau de mecanização quando
comparado a outros sistemas de tratamento, implicando em uma operação mais
sofisticada e, consequentemente, exigindo maior consumo de energia elétrica.
Algumas características do sistema de tratamento por lodos ativados são:
 Necessidade de pequena área física disponível para sua implantação (a
tecnologia exige requisitos mínimos de área);
 Elevado grau de eficiência de remoção de matéria orgânica e
nitrogenada;
 Flexibilidade de operação;
 Necessidade de análises físico-químicas e microbiológicas frequentes
para monitoramento e controle do processo;
 Exige operadores qualificados para a operação;
 Os custos operacionais estão associados ao consumo de energia
elétrica (alto grau de mecanização e automação), consumo de produtos
químicos (alcalinizantes, por exemplo) e capacitações periódicas dos
responsáveis pela operação.

Basicamente, os componentes de um sistema de tratamento de lodos ativados


são: tanque de aeração ou reator biológico, sistema de aeração, tanque de
decantação e sistema para recirculação de lodo.
Os sistemas de tratamento de esgotos denominados "lodos ativados
convencional" e "aeração prolongada" são exemplos de sistemas de tratamento
que apresentam fluxo contínuo. Em outras palavras, à medida que o esgoto bruto
alimenta o sistema, o tratamento está sendo realizado. Há sempre fluxo
(movimento) no sistema – esgoto bruto alimentando e esgoto tratado deixando o
sistema.
44
No processo de tratamento de esgoto denominado "lodos ativados regime
intermitente" ou "batelada", há uma diferença, pois há apenas um único tanque
que serve tanto de reator biológico (quando aeração acionada) quanto de tanque
de decantação (quando aeração desligada). Dessa forma, as etapas de aeração e
decantação, necessárias para o tratamento do esgoto, tornam-se apenas
sequências no tempo, e não são mais unidades físicas distintas construídas em
separado. Assim sendo, a incorporação de todas as unidades, operações e
processos normalmente associados ao tratamento convencional de lodos
ativados, sejam elas decantação primária, oxidação biológica e decantação
secundária, em um único tanque, é o princípio do processo de lodos ativados
conhecido como regime intermitente ou batelada.

4.1. CRESCIMENTO BACTERIANO EM LODOS ATIVADOS


Os processos biológicos para tratamento de despejos têm como função
principal criar condições de degradação dos compostos orgânicos. Utilizam,
para esse fim, o metabolismo de oxidação e floculação realizado por
microrganismos em condições ambientais controladas.
O processo de tratamento por lodos ativados fundamenta-se na floculação
da biomassa de lodo. Esses flocos são formados por um consórcio de
microrganismos com capacidade de utilizar os compostos químicos presentes
no efluente como fonte de nutrientes e carbono. Os microrganismos que
participam da formação dos flocos no processo de lodos ativados são:
bactérias, fungos, protozoários e micrometazoários. Estrutura da comunidade,
distribuição e frequência dos organismos estão relacionadas com a fonte de
inóculo, o tipo de substrato fornecido e com as condições operacionais do
sistema de tratamento.
Os metazoários são animais multicelulares cujas células são incapazes de
executar todas as funções do corpo como nos protozoários; são animais
sensíveis e mais vulneráveis às mudanças ambientais, sendo encontrados,
portanto, apenas nas estações de tratamento que possuem poucas variações
do seu controle operacional, além de pouco ou nenhum agente tóxico para o
lodo ativado. Eles ajudam a remover bactérias suspensas e outras pequenas

45
partículas, ajudando na clarificação do efluente; além disso, eles contribuem
para a formação do floco, devido à grande quantidade de excreção de muco
fecal. Esses animais possuem lenta taxa de crescimento e reprodução,
indicando alto tempo de retenção celular e alta idade do lodo. A ocorrência e a
densidade de metazoários são relacionáveis com o índice volumétrico do lodo
(IVL), sugerindo que, quanto maior a densidade desse grupo, maiores
resultados de IVL são encontrados.
Os flocos dos lodos ativados são formados por dois níveis de estrutura: a
micro e a macroestrutura. A microestrutura é formada pelos processos de
adesão microbiana e biofloculação, enquanto a macroestrutura é constituída
pelos organismos filamentosos, os quais formam uma espécie de rede dentro
dos flocos sobre a qual as bactérias aderem. Portanto, os insucessos na
separação do lodo ativado podem estar relacionados a problemas da micro
e/ou da macroestrutura dos flocos.
Para que os microrganismos se desenvolvam e reproduzam, a matéria
orgânica presente no lodo deve ser consumida. A forma, ou maneira, como
ocorre esse processo de degradação pode ser ilustrada pela Figura 10, onde a
curva ABCD representa a variação de biomassa, enquanto a curva EFG, o
decaimento da DBO ao longo do processo. Na fase I, ou também fase de
crescimento exponencial, definida mais precisamente pelo segmento A-B, a
disponibilidade de alimento (substrato) é enorme, permitindo um aumento
apreciável de microrganismos no lodo.

COLOCAR A FIGURA 10 AQUI

Figura 10 - Relações de produção de lodo e remoção de DBO entre vários


processos de lodo ativados (OLIVEIRA, 2014).

Na fase II, bem como no segmento B-C, percebe-se que a fase atinge um
máximo e começa a decrescer. Nessa fase, o alimento disponível está
terminando, e tal evento provoca o decaimento da taxa de crescimento. A

46
variação da biomassa (ΔX) entre o ponto A e o ponto C representará a
quantidade líquida do aumento de microrganismos.
A fase III é uma fase de decrescimento, chamada de "respiração
endógena", definida pelo segmento C-D. Nesse ponto, acontece um fenômeno
de auto-oxidação: as reservas de alimentos estão esgotadas, os
microrganismos passam a sintetizar seu próprio material celular sem
reposição. Além disso, há a destruição de suas células sem a geração de
novas espécies. Nessa fase, ocorre o fenômeno denominado “lise celular”, no
qual os nutrientes liberados pela célula morta passam a ser usados pelas
demais células, ainda em atividade. A variação da biomassa (ΔX) entre o
ponto C e D representará a quantidade liquida da diminuição de organismos
nessa fase.

4.2. GRADES
Os dispositivos de remoção de sólidos grosseiros (grades) são constituídos
de barras paralelas de ferro ou de aço, posicionadas transversalmente no
canal de chegada dos esgotos na estação de tratamento, perpendiculares ou
inclinadas, dependendo do dispositivo de remoção do material retido. As
grades podem ser classificadas de acordo com o espaçamento entre as
barras, conforme a Tabela 03, baseada na NBR 12.209/2011.
Tabela 03: Classificação das grades.
Tipo Espaçamento (cm)
Grade grosseira 4 – 10
Grade média 2–4
Grade fina 1–2

As grades devem permitir o escoamento dos esgotos sem produzir grandes


perdas de carga. O material retido nas barras das grades deve ser removido
tão rapidamente quanto possível, de forma a evitar o represamento dos
esgotos no canal a montante e a consequente elevação do nível e aumento
excessivo da velocidade do líquido entre as barras, provocando o arraste do
material que se pretende remover. Sua remoção tem por objetivo proteger os
dispositivos de transporte do esgoto, como bombas, tubulações,
47
transportadores e peças especiais; proteger as unidades de tratamento
subsequentes e proteger os corpos d’água receptores.
Existem dois tipos de grades mais comuns:
 Grades simples: são utilizadas quando o volume de sólidos a ser
removido não é muito grande e a limpeza é manual;
 Grades mecanizadas: os detritos são removidos por meio de um
rastelo, que se desloca por trilhos, e a limpeza é mecânica.
Com relação à inclinação das barras, as grades podem ser verticais ou
inclinadas. Usualmente, por facilidade de limpeza e operação, as grades de
limpeza manual são inclinadas, e as mecanizadas podem ser tanto inclinadas
quanto verticais. A Figura 11 apresenta os dois tipos de grades supracitados.

(COLOCAR A FIGURA 11 AQUI)

Figura 11 – Gradeamento Manual e Mecanizado (Fonte:


www.copasa.com.br).
É conveniente que, quando há a necessidade de recalque dos esgotos
para a estação de tratamento, que o tratamento preliminar seja posicionado à
montante da estação elevatória, visando à proteção dos rotores das bombas
de corrosão por abrasão. No entanto, é prática mais usual apenas a
instalação de uma grade grosseira à entrada da elevatória, posicionando uma
grade média ou fina já no canal de entrada da ETE, normalmente de 1,5; 1,9
ou 2,5 cm de espaçamento entre barras.

4.3. CAIXA DE AREIA E MEDIDOR DE VAZÃO


Após a remoção dos sólidos grosseiros, o esgoto passa por um processo
de remoção de areia, cujas finalidades são: evitar abrasão nos equipamentos
e tubulações; eliminar ou reduzir a possibilidade de obstrução em tubulações,
tanques, orifícios e sifões; e facilitar o transporte do líquido, principalmente a
transferência de lodo. A areia contida no esgoto é composta essencialmente
de material mineral, como areia, pedrisco, silte, escória e cascalho, embora
possa conter também pequena quantidade de matéria orgânica degradável.
Para a remoção de areia, as estações de tratamento de esgoto são
equipadas com unidades denominadas desarenadores. Nesses
48
equipamentos, o mecanismo de remoção segue o princípio da sedimentação,
de modo que os grãos de areia, mais densos e de maior dimensão,
acumulam-se no fundo dos tanques, ao passo que a matéria orgânica, cuja
sedimentação ocorre de forma mais lenta, permanece em suspensão e segue
para as unidades subsequentes. A Figura 12 apresenta a foto de um
desarenador.
(COLOCAR A FIGURA 12 AQUI)

Figura 12 – Desarenador (Disponível em:


<http://sigma.ind.br/produto/desarenadores>. Acesso em 06 de mar. 2018).

A remoção ocorre pelo mecanismo da sedimentação discreta, uma vez que


os grãos de areia, por suas maiores dimensões e densidade, tendem a
sedimentar rapidamente, enquanto a matéria orgânica, mais leve, permanece
em suspensão e segue para as unidades de tratamento posteriores. Os
desarenadores podem ter diferentes formatos, e podem ser aerados ou sem
aeração, sendo os desarenadores sem aeração mais comuns. A retirada do
material sedimentado pode ser efetuada no formato manual ou mecanizado.
Para a medição da vazão nas estações de tratamento de esgoto, ainda é
comum o uso da calha Parshall, apesar de atualmente existirem outras
tecnologias, como medidores ultrassônicos e supersônicos. No caso de
estações de pequeno e médio porte, essas últimas tecnologias não são
indicadas, pelo fato de apresentarem um custo mais elevado e uma operação
mais complexa.
O funcionamento da calha Parshall se baseia numa combinação entre
estrangulamento e ressalto hidráulico, onde é possível estabelecer, para uma
determinada seção vertical a montante, uma relação entre a vazão do fluxo e
a lâmina d’água naquela seção. A Figura 13 apresenta um esquema de
funcionamento da Calha Parshall que se correlaciona com a Tabela 04 em
seguida.

(COLOCAR A FIGURA 13 AQUI)

49
Figura 13 – Esquema de funcionamento da Calha Parshal (Disponível em:
<http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/PARSHALL.html>. Acesso em 07 de
mar. 2018.).

Tabela 04 – Dimensões padronizadas da Calha Parshall (mm).


W A B C D E F G’ K N
76(3") 466 457 178 259 381 152 305 25 57
152(6") 621 610 294 393 457 305 610 76 114
229(9") 880 864 380 575 610 305 457 76 114
305(1') 1370 1340 601 845 915 610 915 76 229
457(1½') 1449 1420 762 1026 915 610 915 76 229
610(2') 1525 1496 915 1207 915 610 915 76 229
915(3') 1677 1645 1220 1572 915 610 915 76 229
1220(4') 1830 1795 1525 1938 915 610 915 76 229
1525(5') 1983 1941 1830 2303 915 610 915 76 229
1830(6') 2135 2090 2135 2667 915 610 915 76 229
2135(7') 2288 2240 2440 3030 915 610 915 76 229
2440(8') 2440 2392 2745 3400 915 610 915 76 229

A base horizontal da calha constitui um nível de referência para o nível de


água a montante. Muitas vezes, mede-se a altura da água num ponto situado
a do canal de aproximação da garganta, tendo-se estabelecido

empiricamente a seguinte relação entre o nível de água no ponto 0 e a vazão


na seção, por meio da Equação 08:


( ⁄)

Onde:
H0 = altura do nível de água no ponto 0 (m)
W = largura da garganta (m)

Os valores máximos e mínimos da vazão para os diferentes tamanhos da


calha devem ser consultados em tabelas específicas.
Uma condição importante para o funcionamento adequado de uma calha
Parshall é a de que o nível de efluente a jusante da calha deve ser
suficientemente baixo para evitar o seu "afogamento", um termo que indica
que o nível de efluente a jusante da calha influi sobre o nível a montante.

50
As calhas Parshall são identificadas pela largura do seu estrangulamento,
também conhecido como garganta. Assim, para cada garganta atribui-se uma
faixa de vazão para dimensionamento e medição. Por exemplo, as calhas
com garganta de 1”, ou 2,54 cm, devem ser utilizadas para unidades com
vazões média, mínima e máxima, variando entre 0,3 e 5,0 L/s.

51
QUESTÕES

1. (CESGRANRIO – 2012) Um decanto-digestor, ou fossa séptica, é uma


solução de tratamento individual usada em áreas rurais. A NBR 13969/97
normatiza as unidades de tratamento complementar e a disposição final dos
efluentes líquidos de fossas sépticas. Segundo essa NBR, são dois tipos de
tratamento complementar de efluentes de decanto-digestores o(a)
a. canteiro de infiltração e de evapotranspiração e o reuso local.
b. sumidouro e o reator compacto de lodo ativado por batelada (LAB).
c. filtro anaeróbio de leito fixo com fluxo ascendente e a galeria de águas
pluviais.
d. vala de filtração e o filtro aeróbio submerso.
e. vala de infiltração e a lagoa com plantas aquáticas.

2. (CEC – 2014) Fossas sépticas são instalações que atenuam a agressividade


das águas servidas, destinando-se a separar e transformar a matéria sólida
contida nas águas de esgoto e descarregar no terreno, onde se completa o
tratamento. A respeito do texto, assinale a alternativa INCORRETA:
a. Sob a ação das bactérias, parte da matéria orgânica sólida é convertida
em gases ou em substâncias solúveis que, dissolvidas no líquido contido
na fossa, são esgotadas e lançadas no terreno.
b. A altura do líquido para a ação neutralizante das bactérias é de 1,20 m.
c. Devem ser localizadas perto da casa, longe do banheiro, com tubulação o
mais reta possível e distanciadas no mínimo 15,00 m e abaixo de
qualquer manancial de água (poço, cisterna etc.).
d. Durante o processo, depositam-se no fundo da fossa as partículas
minerais sólidas denominadas lodo.
e. Na superfície do líquido, forma-se uma camada de espuma (constituída
de substâncias insolúveis mais leves) que contribui para evitar a
circulação do ar, facilitando a ação das bactérias.

3. (UNISOCIESC – 2010) O sistema de tratamento de esgoto sanitário para


fossa séptica e filtro anaeróbio é um processo no qual os microrganismos
decompositores transformam a matéria orgânica em qual substância?
52
a. Monóxido de carbono.
b. Dióxido de carbono.
c. Gás metano.
d. Dioxinas e furanos.
e. Uma mistura de gases, da qual os principais são o NOx, SO2 e CO2

4. (FCC – 2016) O sistema de tratamento de esgoto por lodo ativado com


aeração prolongada caracteriza-se:
a. por reator e decantadores primário e secundário. Esse sistema possui
decantador primário para que a matéria orgânica em suspensão
sedimentável seja retirada antes do tanque de aeração. O tempo de
detenção hidráulico é bem baixo, da ordem de 6 a 8 horas, e a idade do
lodo em torno de 4 a 10 dias. Como o lodo retirado ainda é jovem e possui
grande quantidade de matéria orgânica em suas células, há necessidade
de uma etapa de estabilização do lodo.
b. por apresentar apenas uma unidade, e todas as etapas de tratamento do
esgoto ocorrem dentro do reator. Estas passam a ser sequências no
tempo, e não mais unidades distintas. A biomassa permanece no tanque e
não há necessidade de sistema de recirculação de lodo. Possui ciclos bem
definidos de operação: enchimento, reação, sedimentação, esvaziamento e
repouso.
c. pela biomassa que permanece mais tempo no reator (18 a 30 dias), porém,
continua recebendo a mesma carga de DBO. Com isso, o reator terá que
possuir maiores dimensões, e consequentemente existirá menor
concentração de matéria orgânica por unidade de volume e menor
disponibilidade de alimento, o qual exige que as bactérias passem a
consumir a matéria orgânica existente em suas células. Não há biodigestor
e decantador primário.
d. por uma lagoa que tem de 1,5 a 3 metros de profundidade, com mistura de
condições aeróbias e anaeróbias (com e sem oxigenação), sendo que as
condições aeróbias são mantidas nas camadas superiores das águas,
enquanto as condições anaeróbias predominam em camadas próximas do
fundo da lagoa.

53
e. por lagoas profundas, entre 3 e 5 metros, para reduzir a penetração de luz
nas camadas inferiores. Além disso, é lançada uma grande carga de
matéria orgânica, para que o oxigênio consumido seja várias vezes maior
que o produzido. O tratamento ocorre em duas etapas. Na primeira, as
moléculas da matéria orgânica são quebradas e transformadas em
estruturas mais simples. Já na segunda, a matéria orgânica é convertida
em metano, gás carbônico e água.

GABARITO

1. D
2. C
3. C
4. C

54
UNIDADE 3

SISTEMAS DE LODOS ATIVADOS (PARTE 2)

Caro(a) Aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
Nesta terceira unidade, verificaremos os principais aspectos
aplicados a sistemas de lodos ativados (peneiras,
decantadores e sistemas de aeração).

Conteúdo da unidade
A unidade contará com 2 capítulos (nomeados Capítulo 5 e 6). No capítulo 5,
verificaremos os principais aspectos e tipos aplicados a peneiras, decantadores
(tipos, tempos de detenção e dimensionamento) e reatores biológicos
(características principais e tipificação – PFR e mistura completa). No capítulo 6,
verificaremos os sistemas de aeração (características e propriedades principais),
decantadores secundários (propriedades) e espessamento do lodo.

Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os assuntos à medida que


for estudando.

55
5. CAPÍTULO 5 – SISTEMAS DE LODOS ATIVADOS – PENEIRAS,
DECANTADORES E REATORES
O processo físico de peneiramento consiste em remover os sólidos de uma
corrente líquida por sua própria natureza. É um processo simples, econômico e de
baixo custo. Esses dispositivos são constituídos de malhas de arames, chapas
perfuradas ou equivalentes, podem ser limpas manualmente ou desobstruídas por
mecanismos automáticos. O diâmetro dos furos pode variar de 0,25 a 10,0 mm.
As peneiras, quando corretamente projetadas e operadas, permitem
economizar energia elétrica e produtos químicos nas unidades subsequentes,
como, por exemplo, os equalizadores, que possuem a função de homogeneizar
por meio da mistura realizada por um aerador flutuante. No equalizador também é
feito o ajuste de pH por meio da adição de cal hidratada, buscando atingir uma
faixa entre 8,0 e 11,0, o que irá depender das características do efluente de
entrada do equalizador.
A NBR 12.209 (2011) classifica como peneiras os equipamentos com
aberturas de 0,25 mm a 10 mm, classificando-as em:
 Peneiras estáticas: projetadas para promover a autolimpeza; o material
fica retido através do efeito do fluxo do líquido durante o processo de
peneiramento. A principal vantagem está no fato de não requererem
energia e não possuírem peças móveis, porém, ocupam maior área do
que outras peneiras similares;
 Peneiras móveis de fluxo frontal: constituída por um conjunto de barras
com espaçamento reduzido, de 0,6 a 10,0 mm, que se deslocam
continuamente alçadas por uma roda guia ao longo da seção do canal
em que são instaladas;
 Peneiras móveis de fluxo tangencial ou externo: o efluente chega até a
peneira e segue um fluxo tangencial em relação ao tambor rotativo. Os
sólidos removidos seguem até uma lâmina raspadora, que os
encaminha para uma caçamba, onde são armazenados;
 Peneiras móveis de fluxo axial: diferem das de fluxo tangencial apenas
em relação à admissão do líquido, que se dá internamente, no sentido
do eixo de rotação do cilindro, e à remoção do material retido.

56
A Figura 14 apresenta o esquema de funcionamento de uma peneira (tipo fluxo
axial).
(COLOCAR A FIGURA 14 AQUI)

Figura 14 – Esquema de funcionamento de uma peneira (Fonte: SANTOS, 2012).

5.1. DECANTADORES PRIMÁRIOS


No tratamento primário, o efluente recebido é bombeado do equalizador
para o tanque de tratamento físico-químico, onde serão adicionados o
coagulante (sulfato de alumínio) e o polímero para a formação dos flocos que
serão decantados no decantador primário, após o efluente ter sido
encaminhado para ele. O lodo formado do decantador primário é recalcado
para a prensa e para a centrifuga de lodo e enviado para disposição final; já o
efluente primário segue por gravidade para o tratamento secundário.
A massa de sólidos decantada é denominada lodo primário bruto. Esse
lodo é retirado através de uma única tubulação em decantadores de pequenas
dimensões, ou através de raspadores mecânicos e bombas em decantadores
maiores. Nos decantadores de maiores dimensões, o lodo acumulado no
fundo é encaminhado para um poço de acumulação, que contorna a própria
tubulação de entrada do esgoto afluente.

5.1.1. Tipos de sedimentação


A sedimentação baseada na diferença de densidades entre a água e
os sólidos em suspensão consiste na deposição e posterior remoção dos
sólidos suspensos presentes no efluente. No processo de decantação, os
objetivos principais são a clarificação do efluente e o adensamento do lodo.
A Tabela 05 apresenta as principais formas de sedimentação.

57
Tabela 05 – Principais formas de sedimentação

Tipo de
Descrição Aplicação / Ocorrência
sedimentação
Partículas sedimentam-se como entidades individuais, e não ocorre
Discreta interação significativa com partículas vizinhas (baixa concentração de Remoção de areia
sólidos).
Partículas aglomeram-se durante a sedimentação, aumentando o Decantadores (primários e
Floculenta tamanho e sedimentando-se com velocidades superiores (suspensões secundários) e tanques de
diluídas). sedimentação
Partículas tendem a permanecer em uma posição fixa em relação às
Zonal partículas vizinhas, e sedimentam-se com uma massa única de Decantadores secundários
partículas (suspensões concentradas).
A concentração de partículas é tão elevada que ocorre a formação de
Decantadores secundários e
Compressão uma estrutura, e a sedimentação ocorre apenas pela compressão
adensadores por gravidade.
dessa estrutura, devido ao peso das partículas

58
5.1.2. Tempos de detenção hidráulica e detenção celular
Os processos biológicos podem ser classificados ainda em função da
retenção ou não de biomassa, entendendo-se por biomassa os
microrganismos responsáveis pela degradação de matéria orgânica dos
esgotos. Em decantadores, o esgoto irá fluir vagarosamente, permitindo
que os sólidos em suspensão com densidade maior do que o líquido
sedimentem gradualmente no fundo (agentes coagulantes podem ser
utilizados para aumento da eficiência nessa etapa). Como boa parte
desses sólidos contém matéria orgânica em suspensão, sua remoção
acarreta também a redução da carga orgânica do efluente.
Óleos e graxas e materiais flutuantes também podem ser removidos
nos decantadores primários, por meio de raspadores superficiais. Em
decantadores primários, ocorre frequentemente a chamada sedimentação
floculenta: as partículas, apresentando-se em pequenas concentrações,
floculam e unem-se, formam partículas maiores, fazendo com que a
velocidade de sedimentação (q) aumente com o passar do tempo;
considerando que a partícula irá percorrer uma trajetória (h) de
sedimentação, essa será função de sua velocidade de sedimentação e do
tempo, de acordo com a Equação 09:

Admitindo-se que o tempo de detenção hidráulica (t) durante o qual a


partícula irá permanecer no decantador é igual à razão do volume do
decantador (V) pela vazão do líquido (Q), o que é evidenciado pela
Equação 10:

Concluiremos que a velocidade de sedimentação será fisicamente


igual à vazão da área de sedimentação, conforme a Equação 11:

59
5.1.3. Dimensionamento de Decantadores
De acordo com a NB-570, os decantadores primários devem ser
dimensionados com base na vazão máxima horária de esgotos sanitários,
e para vazões de dimensionamento superiores a 250 L/s deve-se empregar
mais de um decantador. A norma ABNT NBR 12.209/2011 determina tal
vazão máxima (Qmáxh), que deve ser utilizada para dimensionamento do
decantador primário:

Qm corresponde à vazão média dos esgotos (Equação 13), e Qi


corresponde à vazão de infiltração (Equação 14)

Onde:
Pop = população
QPC = consumo per capita de água (L/hab.dia)
R = coeficiente de retorno
Erc = extensão da rede coletora
Rinf = razão de infiltração

Para a determinação da área de decantação, deve-se utilizar como


parâmetro a taxa de escoamento superficial (k). Na literatura internacional,
são recomendadas taxas na faixa de 30 a 60 m3/m2.dia. A NB-570 impõe
três condições para a adoção da taxa de escoamento superficial para
decantadores primários de esgotos:
 até 60 m3/m2.dia, só tratamento primário;
 até 80 m3/m2.dia, seguido de filtros biológicos;
 até 120 m3/m2.dia, seguido de lodos ativados.
Costuma-se adotar a taxa da ordem de 60m3/m2.dia para
decantadores primários de sistemas de filtros biológicos, e de até
90m3/m2.dia em sistemas de lodos ativados. O tempo de detenção
hidráulica situa-se entre 1,5 e 3,0 horas, de acordo com a literatura
internacional sobre decantadores primários. A NB-570 recomenda tempo
60
de detenção superior a 1,0 hora, com base na vazão máxima de esgotos, e
inferior a 6,0 horas, com base na vazão média. Determina-se a área de
decantação por meio da taxa de escoamento superficial e do volume do
decantador através do tempo de detenção. Obtendo-se área e volume,
pode-se obter a profundidade útil dos decantadores. Para decantadores
retangulares, a relação comprimento x largura deve ser superior a 2:1,
sendo típicos valores na faixa de 3:1 a 4:1, ou mais.
O dimensionamento incorreto do canal de acesso de água floculada
nos decantadores, que tem como finalidade equalizar o fluxo, tem gerado
vários problemas operacionais, tais como curto-circuito e/ou sobrecarga
nos decantadores. A Tabela 06, apresentada por Richter e Azevedo Netto
(2002), fazem um resumo dos critérios básicos para decantadores do tipo
fluxo horizontal.

61
Tabela 06 – Critérios básicos para decantadores do tipo fluxo horizontal.

Taxa de escoamento Velocidade Tempo de


Características da instalação longitudinal máxima detenção
superficial ( ⁄ .dia)
(cm/s) (horas)
Instalações pequenas, com controle operacional precário 20 – 30 0,4 – 0,6 3–4
Instalações projetadas com nova tecnologia, com controle
30 – 40 0,6 – 0,8 (*) 2,5 – 3,5
operacional razoável
Instalações projetadas com nova tecnologia, com controle
35 – 45 0,7 – 0,9 (*) 2–3
operacional bom
Grandes instalações que utilizam auxiliares de
40 – 60 0,6 – 1,25 (*) 1,5 – 2,5
coagulação e possuem controle operacional excelente
(*) A adoção de valores superiores a 0,75 cm/s implicará, necessariamente, na remoção dos lodos depositados por sistemas
mecânicos ou hidráulicos.

62
5.2. REATORES
Sistemas biológicos de tratamento trabalham com microrganismos
"confinados" em um sistema para degradação da matéria orgânica. Dessa
forma, a degradação que ocorreria no corpo receptor acontece dentro de uma
unidade projetada especificamente para esse fim. Tais unidades são
denominadas "reatores biológicos" ou "biorreatores", uma vez que a remoção
(conversão) biológica é realizada por meio de microrganismos, que utilizam a
matéria orgânica como alimento (fonte de carbono e energia). A matéria
orgânica é convertida em produtos gasosos ou incorporada como massa
microbiana, gerando sólidos.
A formulação de um modelo matemático que expresse a degradação da
matéria orgânica presente no esgoto pela atividade metabólica da biomassa
demanda o conhecimento não apenas de como se dá o crescimento dos
microrganismos com o tempo, mas também exige a ciência da velocidade com
que tais organismos consomem o substrato orgânico disponível e, também,
dos fatores de que depende esse fenômeno. Para tal, podem-se empregar
reatores de laboratório em que se introduz um substrato orgânico que é
consumido por uma massa de microrganismos ali presente, com concentração
XA [mg/L]. Em seguida, suspende-se a introdução de substrato e mede-se a
variação ΔS da concentração do substrato em um tempo Δt bastante curto,
para que seja lícito considerar constante a concentração S de substrato.
Determina-se, então, a variação ΔS/Δt [mg/L.d] da concentração do substrato
ao longo do tempo, referida à concentração XA de microrganismos presentes,
ou seja:

O parâmetro k [d-1] definido por essa equação denomina-se "taxa


específica de remoção de substrato", a qual, fisicamente, traduz a taxa de
consumo do substrato pela unidade de massa de microrganismos.
Nos processos em que não se pratica retenção de biomassa, o tempo de
detenção hidráulica, que é o tempo de passagem do esgoto pelo sistema, é
equivalente ao tempo médio de residência celular, também conhecido por
idade do lodo, que representa o tempo de permanência dos microrganismos
no sistema. Assim, se é desejado que os microrganismos permaneçam

63
durante determinado período no reator, os esgotos deverão ser retidos pelo
mesmo período, o que torna as dimensões do sistema relativamente elevadas.
Dentre os principais aspectos a serem observados no projeto de reatores
convencionais, ressaltam-se:
 Comprimento e largura do reator que permitam uma distribuição
homogênea dos aeradores na superfície do tanque;
 Profundidade útil do reator dentro da faixa de 3,5 a 4,5 m
(aeração mecânica) e 4,5 a 6,0 m (para ar difuso);
 Borda livre do reator de aproximadamente 0,50 m;
 Flexibilidade operacional em casos de manutenções
necessárias;
 Possibilidade de drenagem do tanque para eventual
esvaziamento, por meio de bombas submersíveis ou por
descargas de fundo.

Até mesmo reatores bem projetados apresentam alguma diferença em


relação aos modelos ideais, requerendo, então, modelos mais complexos,
como o fluxo disperso. O grau de distanciamento entre modelos ideais e
comportamento real pode ser quantificado por estudos da distribuição do tempo
de residência (DTR). Surgem então as variações dos modelos ideais, por
exemplo, reatores de mistura completa em série ou reatores de fluxo pistão
ideais com inclusão de transporte difusivo em sua modelagem – ou seja, o que
chamamos de fluxo disperso.

5.2.1. Tipo fluxo em pistão (PFR)


De forma simplificada, o escoamento em fluxo pistão ocorre
analogamente ao que é observado em um êmbolo, ou seja, as partículas
entram continuamente em uma das extremidades do reator e são
descarregadas na saída na mesma sequência em que entraram, ocorrendo
uma mínima dispersão longitudinal. Para que isso ocorra, os reatores
devem ter uma alta relação comprimento/largura – por isso, uma de suas
denominações encontradas em literatura é “reator tubular”. Nesses
reatores, todas as partículas permanecem dentro do sistema durante um
mesmo período de tempo. Nos primeiros metros do reator, as
64
concentrações do composto a ser degradado são altas, e vão decrescendo
de acordo com o aumento da distância ao ponto de afluência do líquido. A
dinâmica desse decréscimo será função da ordem de reação verificada.

5.2.2. Mistura completa


Diferentemente do reator em fluxo pistão, nesses reatores há máxima
dispersão longitudinal. Propõe-se nesse modelo que as partículas, assim
que entram no reator, sofrem uma dispersão instantânea, e a saída delas
se dá proporcionalmente à sua concentração estatística. Esse modelo
idealizado diz que a concentração em qualquer ponto do reator é igual à
concentração efluente – ou seja, o afluente, assim que entra no sistema,
assume a concentração do efluente. O conteúdo do reator apresenta-se de
forma homogênea, não havendo variabilidade espacial, como no caso do
fluxo em pistão. Dada essa diferença na variabilidade espacial das
concentrações no interior dos tipos de reatores, pode-se considerar que os
reatores de mistura completa funcionam como sistemas
concentrados/agrupados (lumped), enquanto os de fluxo pistão podem ser
considerados sistemas distribuídos. Um sistema concentrado é aquele em
que as variáveis dependentes de interesse são função apenas do tempo; já
num sistema distribuído, todas as variáveis de interesse são função do
tempo e de uma ou mais variáveis espaciais.

65
6. CAPÍTULO 6 – SISTEMAS DE LODOS ATIVADOS – SISTEMAS DE
AERAÇÃO, DECANTADOR SECUNDÁRIO E ESPESSAMENTO DO LODO
O sistema de lodos ativados é utilizado, em escala mundial, para o
tratamento de despejos domésticos e industriais em situações nas quais é
necessária uma elevada qualidade do efluente a ser lançado em um corpo
receptor, e reduzidos requisitos de área. O sistema de lodos ativados, sob
certas condições, permite também a remoção biológica de nitrogênio e fósforo.
O sistema de lodos ativados tradicional, como etapa secundária, é formado
por um tanque de aeração e um decantador secundário.
No tanque de aeração ocorre a remoção da matéria carbonácea, podendo
ocorrer, também, a remoção de matéria nitrogenada. Os microrganismos
presentes no esgoto decompõem o substrato (matéria orgânica) e se
desenvolvem. O esgoto é transferido, então, ao decantador secundário, onde
ocorre a sedimentação dessa biomassa, permitindo que o efluente saia
clarificado. Parte do lodo sedimentado é recirculado para o tanque de aeração,
já que esse lodo acumulado é constituído, em sua maior parte, por
microrganismos ainda ativos (“lodo ativado”), do ponto de vista da assimilação
do substrato. Com esse retorno de lodo, a concentração de biomassa no
tanque de aeração aumenta, permitindo um aumento no consumo da matéria
orgânica. Essa recirculação garante a eficiência do sistema, pois, com esse
aumento da biomassa, o tempo de permanência dos microrganismos passa a
ser suficiente para que quase a totalidade da matéria orgânica dos esgotos
seja metabolizada, resultando em maior quantidade de DBO removida.
Deve-se ressaltar que o estresse hidrodinâmico gerado pela aeração,
fluidização e colisão de partículas é um parâmetro chave na investigação dos
fatores que influenciam a formação dos flocos biológicos do lodo ativado. Uma
maior taxa de cisalhamento aplicada resultaria em um floco mais denso e
compacto, em oposição às baixas taxas de cisalhamento, as quais tendem a
originar flocos mais fracos, de baixa coesão. Com o aumento da taxa de
cisalhamento, haverá um momento em que a força de coesão dos flocos de
grandes dimensões passará a ser mais fraca do que a força hidrodinâmica
aplicada, tornando-os mais frágeis. A consequência é o surgimento de novas
faixas de tamanho de aglomerados, as quais podem ser monitoradas por

66
análise de imagens a cada nível de estresse diferente submetido ao lodo
ativado.
O lodo ativado é o floco produzido no tratamento do esgoto bruto ou
decantado, devido ao crescimento de bactérias zoogleias ou outros
organismos e a presença de oxigênio dissolvido, acumulado em concentração
suficiente graças ao retorno de outros flocos previamente formados. Vale
ressaltar que esse processo apresenta algumas vantagens e desvantagens
em relação a outros processos, como destacado na Tabela 07.

Tabela 07 – Vantagens e desvantagens do processo de lodos ativados.


VANTAGENS DESVANTAGENS
Maior eficiência no tratamento Operação mais delicada
Maior flexibilidade na operação Necessidade de completo controle de
laboratório
Menor área ocupada em relação à Custo maior de operação em relação
filtração biológica e lagoas ao filtro biológico

6.1. SISTEMAS DE AERAÇÃO


O tanque de aeração é a unidade responsável pela formação dos
microrganismos ativos. É o local onde são fornecidas as condições ideais para
que os microrganismos responsáveis pela degradação biológica se
desenvolvam e cumpram sua função de remover a matéria orgânica.
A operação de aeração é comumente realizada por meio de equipamentos
projetados para tal tarefa. Os mais utilizados em estações de tratamento de
larga escala são os compressores, os difusores de ar e os aeradores. O
emprego desses aparelhos, em geral, aumenta o desempenho do sistema de
lodos ativados, porém, o fato de que demandam grandes quantidades de
energia e potência encarece o uso da tecnologia. Em adição, há o dispêndio
com a manutenção, seja pela limpeza dos filtros dos compressores ou pela
revisão das turbinas dos aeradores, por exemplo.
O aumento nos níveis de concentração de oxigênio dissolvido (OD) implica
no aumento dos gastos com energia elétrica para realização da operação de

67
aeração, a qual geralmente contribui com, aproximadamente, 40 - 50% de
toda a eletricidade demandada em uma estação de tratamento de esgotos.
No tanque de aeração, é fornecido oxigênio e micro/macro nutrientes que
já estarão disponíveis no próprio esgoto, uma vez que a urina apresenta uma
grande quantidade de nitrogênio, e o fósforo está muito presente nos
detergentes utilizados. É importante um controle frequente destes parâmetros.
A Figura 15 apresenta os principais parâmetros de processo aplicados aos
tanques de aeração (TA).
(COLOCAR A FIGURA 15 AQUI)

Figura 15 – Principais parâmetros aplicados no sistema de aeração do lodo


(Fonte: ACQUA ENGENHARIA, 2018).

Onde:
 Qe, Qs, Qr e Qdle: vazões de entrada, saída, retorno de lodo, e
de descarte de lodo em excesso, em m3/d;
 DBOe e DBOs: valores de DBO de entrada e saída;
 COe e COs: cargas orgânicas de entrada e saída, em kg DBO/d;
 CA: capacidade de aeração, kg O2/d, propiciada pelo sistema
de aeração, dependendo do tipo de equipamento;
 TO: taxa de oxigenação: relação entre a quantidade de oxigênio
propiciada pelo sistema de aeração e a carga orgânica de
entrada no tanque de aeração, expressa em kg O2/kg DBO:

 SSTA (sólidos em suspensão no tanque de aeração): expresso


em mg/l;
 F/M: relação alimento/microrganismo (food/microorganism
ratio), indicando a proporção entre a carga orgânica alimentada
ao tanque de aeração (COe) e a massa de microrganismos
presentes no mesmo, expressa em kg DBO/d. kg SSTA:

68

 RS (resíduo sedimentável no tanque de aeração): é o volume


de lodo que se sedimenta em 1 hora, em cone Imhoff, do liquor
do tanque de aeração, expresso em ml/l;
 OD = oxigênio dissolvido no tanque de aeração: mg/l;
 SSRL (sólidos em suspensão no retorno de lodo): expresso em
mg/l;
 IVL (índice volumétrico de lodo): representa o volume em ml
ocupado por um grama de sólidos em suspensão (seco), sendo
obtido pela divisão do valor de RS (ml/l) pelo de SSTA (g/l), e é
expresso em ml/g; indica qualitativamente os padrões de
sedimentabilidade do lodo;
 IL (idade do lodo): representa o tempo médio que uma partícula
de lodo permanece no sistema, e pode ser estimada
grosseiramente dividindo-se a quantidade de lodo (seco)
contida no tanque de aeração pela quantidade diária de lodo
(seco) retirada do sistema como lodo em excesso; pode ser
calculada pela seguinte expressão:

( )

 A: superfície de decantação, m2;


 Va (velocidade ascencional no decantador): expresso em
m3/h.m2, calculada como:

Os valores normais para esses índices variam entre:


 TO: 1,0 a 2,2 kg O2/kg DBO
 F/M: 0,07 a 0,45 kg DBO/d. kg SSTA
 RS: 300 a 500 ml/l (Cone Imhoff)
 SSTA: 1,5 a 4,0 g/l
69
 SSRL: 4,0 a 8,0 g/l
 O2D: 1,5 a 2,5 mg/l
 IL: entre 10 e 30 dias
 IVL: entre 90 e 150 ml/g --> boa sedimentabilidade
 abaixo de 90 ml/g ----> excelente sedimentabilidade
 acima de 150 ml/g ----> más condições de sedimentação
 Va: 0,4 a 0,8 m3/h.m2

6.2. DECANTADOR SECUNDÁRIO


O decantador é empregado para separar os sólidos suspensos do efluente
tratado, que são formados pelos microrganismos ativos (tanques de aeração)
e inativos. Portanto, com sua sedimentação, eles retornam ao tanque de
aerado e o clarificado segue, superficialmente, ao destino final.
Os lodos obtidos pelo processo secundário são compostos por sólidos que
não foram removidos no decantador primário e por sólidos biológicos que
resultam da conversão de matéria solúvel durante o tratamento secundário.
Geralmente, o volume de lodo a tratar apresenta-se entre 1,5 a 2,0%,
dependendo da eficiência dos anteriores.
O método utilizado para efetuar a reciclagem do lodo é feito por pressão
hidráulica, e o designer de sua estrutura interna permite esse retorno. Uma
vez que ele opera como mistura completa, a homogeneidade da massa líquida
ocorre rapidamente, não prejudicando as bactérias, pois elas estarão em
constante aeração. Com as variações nas condições do meio, podem ocorrer
oscilações comportamentais na precipitação, razão pela qual devem estar
previstas reservas de biomassa para suprir perdas ocasionais.
Enquanto, no tanque de aeração, o lodo ganha peso, devido à assimilação
de matéria orgânica, no decantador ocorre o contrário: o lodo perde peso em
função da ausência de matéria orgânica e de aeração. A taxa de recirculação
de lodo deve se situar na faixa de 0,25 a 1,25. Então, se a taxa de recirculação
for muito alta, o lodo passará pouco tempo no decantador secundário e, assim,
não terá perdido peso suficiente e não terá apetite para assimilar matéria
orgânica no tanque de aeração. Como consequência direta disso, a taxa de

70
remoção de DBO/DQO cairá e comprometerá a eficiência do processo como
um todo.
Portanto, no decantador secundário se dá a separação das fases sólida
(lodo) e líquida (efluente tratado). O efluente tratado é descarregado para um
corpo receptor (riacho, rio, oceano, lagoa etc.), enquanto o lodo em parte é
recirculado, e em parte é descartado para posterior digestão. A Figura 16
apresenta uma foto do decantador secundário.

(COLOCAR A FIGURA 16 AQUI)

Figura 16 – Decantador secundário (Fonte: http://www.sesamm.com.br).

6.3. ESPESSAMENTO DO LODO E DESAGUAMENTO


A quantidade e as características dos sólidos produzidos durante o
tratamento de águas residuárias fazem parte dos parâmetros de projeto mais
importantes no pré-dimensionamento de uma ETE, porque afetam não só o
funcionamento do processo de tratamento da fase sólida, mas também o
processo de tratamento da fase líquida. O Quadro 03 apresenta as principais
características dos sólidos e lamas durante seu processo de tratamento.

71
Quadro 03 – Características dos sólidos e dos lodos produzidos durante o tratamento das águas residuais convencional.
Tipos de sólidos ou
Descrição
lodos
Os sólidos obtidos no gradeamento incluem todos os tipos de materiais orgânicos e inorgânicos com
Gradeamento tamanho suficiente para serem removidos por grades. O teor de matéria orgânica varia, dependendo da
natureza do sistema e das estações do ano.
As areias são normalmente constituídas por sólidos inorgânicos mais pesados do que a água, e
sedimentam com velocidades relativamente elevadas. Dependendo das condições de operação, as
Areias
areias também podem conter significativas quantidades de matéria orgânica, especialmente óleos e
gorduras.
As escumas consistem em matérias flutuantes raspadas da superfície de decantadores primários e
secundários. As escumas podem conter gorduras, óleos vegetais e minerais, gorduras animais, cera,
Escumas ou gorduras sabões, resíduos de alimentação, vegetais e peles de frutas, cabelos, papéis e algodão, pontas de
cigarros, materiais de plástico, preservativos, partículas de areia e materiais similares. A densidade das
escumas é inferior a 1,0, e normalmente à volta de 0,95.
Os lodos provenientes dos decantadores primários são habitualmente cinzentos e viscosos, e, na
Lodos primários grande maioria dos casos, têm um odor extremamente repulsivo. Os lodos primários podem ser
facilmente digeridos sob condições adequadas de operação.
Os lodos da precipitação química com sais metálicos são usualmente escuros, embora a sua superfície
Lodos obtidos por
possa ser avermelhada, se contiverem muito ferro. Os lodos de cal são cinzentos acastanhadas. O
precipitação química
odor dos lodos químicos pode ser repulsivo, mas não é tão ruim quanto o do lodo primário. Enquanto

72
os lodos químicos são viscosos, a presença de hidratos de ferro ou alumínio conferem-lhe
características gelatinosas. Quando armazenados durante algum tempo, decompõem-se como os
lodos primários, mas a uma taxa mais lenta. Podem ser produzidas elevadas quantidades de gás, e a
densidade das lamas pode ser incrementada por uma permanência elevada num espessador.
Os lodos ativados têm geralmente um aspecto acastanhado e floculento. Se a cor é escura, o lodo
pode estar próximo de atingir condições sépticas. Os lodos em boas condições têm um cheiro de terra
Lodo ativado
inofensivo. O lodo tende a tornar-se séptico rapidamente, e então apresenta um desagradável odor de
putrefação. Os lodos ativados digerem bem sós ou misturados com lodos primários.
Os lodos digeridos anaerobiamente são castanho-escuros a pretos, e contêm grandes quantidades de
biogás. Quando drenados para leitos porosos em camadas finas, os sólidos são primeiro arrastados
Lodos digeridos para a superfície pelos gases entranhados, formando uma camada de água relativamente clarificada. A
anaerobiamente água drena rapidamente e permite que os sólidos penetrem lentamente no leito. À medida que o lodo
seca, os gases escapam, deixando uma superfície com fendas bem delineadas e com um odor que se
assemelha à terra argilosa.

73
O espessamento tem como objetivo remover a água do lodo, reduzindo,
assim, o volume. Isso ocasiona a redução da capacidade volumétrica dos
digestores e o tamanho de bombas, redução de consumo de produtos
químicos no desaguamento e menor consumo de energia no aquecimento de
digestores.
O material resultante continua a ser um fluido. Os lodos são espessados
fundamentalmente para diminuir os custos de operação e os custos a jusante
do processamento do lodo. Ao reduzir de 1 para 2% a percentagem de
sólidos, diminui em metade o volume dos mesmos. Os processos mais
comuns de espessamento são: espessamento gravítico no decantador
secundário ou em tanques separados do decantador secundário; flotação por
ar dissolvido; e centrifugação, por gravidade em filtros de banda ou em
tambores rotativos.
Destacam-se os espessadores gravíticos (ou por gravidade) e os por
flotação do ar dissolvido (FAD), que serão descritos a seguir:
Os espessadores por gravidade são as unidades mais utilizadas e
disseminadas, tendo como formas de alimentação por batelada ou contínua, e
sendo gerados em unidades de espessamento. Para o projeto de tais
unidades, os principais parâmetros são:
 Taxa hidráulica de aplicação superficial (TAS): valor máximo de
vazão do lodo por unidade de área útil (em planta) do adensador
para obter um determinado grau de clarificação e de adensamento
do lodo (m3 de lodo/m2 de área. d);
 Taxa de aplicação (ou descarga) de sólidos (TCS): define o fluxo de
sólidos aplicados por unidade de área útil (em planta) do adensador
para obter um determinado grau de clarificação e adensamento do
lodo. Expresso em termos de massa seca (kg) de sólidos totais
aplicados por unidade de tempo (dia) por unidade de área (m2) de
adensador (kg de SST/m2.d).
Algumas das vantagens do espessamento por flotação por ar dissolvido em
relação ao espessamento por gravidade podem ser destacadas, como:
maiores taxas de aplicação de sólidos e de clarificação – portanto, são
unidades mais compactas, maiores concentrações de sólidos no lodo
espessado e maior versatilidade operacional de instalação devido à
74
possibilidade de controle da quantidade de ar fornecida para a flotação. A
flotação pode ser definida como a separação de sólidos ou líquidos de uma
fase líquida por meio de bolhas de gás não solúvel em água, normalmente o ar
atmosférico. Essas bolhas aderem-se às partículas de lodo pré-condicionado
com polímero, aumentando o empuxo atuante sobre as mesmas e provocando
seu movimento em direção à superfície, onde são devidamente coletadas.
Seus parâmetros de projeto são semelhantes ao método gravítico.
Os processos de desaguamento podem ser divididos em métodos de
secagem natural e métodos mecânicos. Os métodos de secagem natural mais
comuns são os leitos de secagem e as lagoas de lodos. Dentre os processos
mecânicos, citam-se: filtros prensa de esteira, centrífugas, filtros prensa de
placas e prensa parafuso. O processo de filtração do lodo leva a uma maior
concentração de sólidos do que o processo de adensamento. Nos processos
em que são utilizados condicionantes químicos, as filtrações do lodo
aumentam a concentração de sólidos de 20 a 40%, dependendo do tipo de
lodo e da forma de filtração. Quanto maior a porcentagem de sólidos fixos no
lodo, mais fácil será o processo de desaguamento desse resíduo. A Tabela 08
apresenta os teores de sólidos no resíduo do tratamento de esgoto de acordo
com o tipo de estabilização.
Tabela 08 – Teor de sólidos no resíduo do tratamento de esgoto de acordo
com o tipo de estabilização e equipamento utilizado para o deságue (Fonte:
PEDROZA, 2010).
Teor de sólidos no
Tipo de estabilização Desaguamento
resíduo (%)
Filtro prensa de placas 30 a 40
Filtro prensa de esteiras 16 a 25
Digestão Anaeróbia
Centrífugas 25 a 30
Leitos de secagem 20 a 30
Filtro prensa de placas 25 a 35
Filtro prensa de esteiras 13 a 18
Digestão Aeróbia
Centrífugas 20 a 25
Leitos de secagem 25 a 30

75
Terminado o tratamento secundário, as águas residuais tratadas
apresentam um reduzido nível de poluição por matéria orgânica, podendo, na
maioria dos casos, ser admitidas no meio ambiente receptor.

76
QUESTÕES

1. (FCC – 2016) Estações de tratamento de águas residuárias de origem


doméstica são formadas por diferentes estruturas, tais como:
a. o digestor, no qual ocorre decomposição aeróbia da matéria
orgânica presente no lodo proveniente do decantador secundário.
b. o tanque de aeração, no qual ocorre a decomposição aeróbia da
matéria orgânica proveniente do digestor.
c. o decantador primário, onde os sólidos provenientes sofrem uma
primeira sedimentação após passagem pelo adensador.
d. o decantador secundário, no qual os sólidos restantes no material
oriundo do tanque de aeração sofrem sedimentação.
e. a caixa de areia, na qual ocorre sedimentação das partículas
pesadas provenientes do decantador primário.

2. (CS-UFG – 2017) Frequentemente, em estações de tratamento de esgoto,


observa-se a existência de decantadores primários. Os decantadores
primários são destinados a remover, principalmente:
a. sólidos suspensos e DBO solúvel.
b. DBO solúvel.
c. sólidos sedimentáveis e DBO solúvel.
d. sólidos sedimentáveis.

3. (IF-TO – 2016) Analise as afirmativas abaixo, sobre as várias opções de


tecnologias de tratamento de esgoto:
I. Reator Anaeróbio (UASB) seguido de Filtro Anaeróbio –
Tecnologia com alta remoção de nutrientes,
principalmente fósforo;
II. Filtro Anaeróbio seguido de Lagoa facultativa –
Tecnologia com alta remoção de nitrogênio e fósforo;
III. Lodos Ativados (com tanque anóxico e anaeróbio)
seguido de tratamento físico químico com cloreto férrico
– Tecnologia com alta remoção de matéria orgânica e
fósforo;

77
IV. Lagoa Anaeróbia seguida de Lagoa Facultativa -
Tecnologia com baixa remoção de matéria orgânica e
alta remoção de nitrogênio e fósforo.
4. Assinale a alternativa que apresenta a(s) afirmativa(s) correta(s).
a. I
b. I, II e IV
c. III
d. II
e. Todas as afirmativas estão corretas.

GABARITO
1. D
2. D
3. C

78
UNIDADE 4

APLICAÇÃO DE LAGOAS E DESINFECÇÃO


EM ÁGUAS RESIDUÁRIAS

Caro(a) Aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
Nesta quarta unidade, verificaremos os aspectos relacionados
à utilização de lagoas de estabilização aplicadas em águas
residuárias e as principais técnicas de desinfecção.

Conteúdo da unidade
A unidade contará com dois capítulos (nomeados Capítulo 7 e 8). No capítulo 7,
verificaremos as lagoas de estabilização (facultativas, aeradas, mistura completa,
anaeróbias, maturação e polimento), reatores anaeróbicos (UASB e EGSB) e
filtros biológicos. No capítulo 8, verificaremos os processos mais comuns de
desinfecção, como: cloração-descloração, ozonização e radiação UV.

Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os assuntos à medida que


for estudando.

79
7. CAPÍTULO 7 – LAGOAS E DESINFECÇÃO
7.1. LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO
Lagoa de estabilização é um tanque usado como tratamento de esgoto
secundário ou terciário, especialmente nas áreas rurais. As lagoas de
estabilização tornaram-se populares em pequenas comunidades devido a
seus baixos custos de construção e operação. Elas são usadas para tratar
uma variedade de efluentes domésticos e industriais sob uma ampla gama de
condições climáticas.
Esse sistema constitui uma forma simples de tratamento de esgoto,
baseando-se principalmente em movimento de terra de escavação e
preparação de taludes. Além do objetivo principal de remoção da matéria rica
em carbono, as lagoas realizam, também, o controle de organismos
patogênicos em alguns casos. Entre os sistemas de lagoa de estabilização, o
processo é mais simples, dependendo unicamente de fenômenos naturais. O
esgoto afluente entra em uma extremidade da lagoa e sai na extremidade
oposta. Ao longo desse percurso, que demora vários dias, uma série de
eventos contribui para a purificação dos esgotos.
Os sistemas de lagoas podem ser classificados pelo tipo de reação
biológica dominante, duração e frequência de descarga, tipo de tratamento
após a lagoa, ou o arranjo das células. A classificação mais básica de lagoa
depende do tipo de reação biológica que ocorre nela, e se dividem em quatro
principais tipos: facultativa (aeróbia-anaeróbia), aerada, aeróbia e anaeróbia.
Esses tipos de lagoa dependem da interação dos componentes biológicos in
situ para o tratamento, e podem ser considerados “sistemas naturais de
tratamento”.

7.1.1. LAGOAS FACULTATIVAS


O processo de tratamento por lagoas facultativas é muito simples, e
constitui-se unicamente por processos naturais. Eles podem ocorrer em
três zonas da lagoa: zona anaeróbia, zona aeróbia e zona facultativa.
O efluente entra por uma extremidade da lagoa e sai pela outra.
Durante esse caminho, que pode demorar vários dias, o esgoto sofre os
processos que irão resultar em sua purificação. Após a entrada do efluente
na lagoa, a matéria orgânica em suspensão (DBO particulada) começa a

80
sedimentar, formando o lodo de fundo. Este sofre tratamento anaeróbio na
zona anaeróbia da lagoa. Já a matéria orgânica dissolvida (DBO solúvel) e
a em suspensão de pequenas dimensões (DBO finamente particulada)
permanecem dispersas na massa líquida. Elas sofrerão tratamento aeróbio
nas zonas mais superficiais da lagoa (zona aeróbia). Nessa zona, há
necessidade da presença de oxigênio, o qual é fornecido por trocas
gasosas da superfície líquida com a atmosfera e pela fotossíntese
realizada pelas algas presentes, fundamentais ao processo. Para isso, há
necessidade de suficiente iluminação solar, portanto, essas lagoas devem
ser implantadas em lugares de baixa nebulosidade e grande radiação solar.
Na zona aeróbia há um equilíbrio entre o consumo e a produção de
oxigênio e gás carbônico. Enquanto as bactérias produzem gás carbônico e
consomem oxigênio, por meio da respiração, as algas produzem oxigênio e
consomem gás carbônico na realização da fotossíntese.

7.1.2. LAGOAS AERADAS


São lagoas cujos mecanismos de remoção da matéria orgânica são
similares aos de uma lagoa facultativa. No entanto, o oxigênio é fornecido
por equipamentos mecânicos, denominados aeradores. Em alguns tipos de
lagoas aeradas (lagoas aeradas facultativas), os sólidos dos esgotos e as
bactérias sedimentam-se, indo para o lodo do fundo.
Essas lagoas são menores em comparação com lagoas de
estabilização, em parte porque lagoas aeradas são mais profundas, e o
tempo de detenção necessário para a estabilização é menor. A lagoa
aerada se assemelha a uma lagoa facultativa, com 2 a 5 metros de
profundidade e uma grande área de superfície, que recebe um fluxo
contínuo de água residual. A diferença é que o oxigênio para a remoção de
DBO é fornecido não pela fotossíntese das algas, mas por aeração
mecânica.

7.1.3. LAGOAS AERADAS DE MISTURA COMPLETA


Uma forma de reduzir ainda mais o volume da lagoa aerada é
aumentar o nível de aeração, fazendo com que haja uma turbulência

81
grande o suficiente para que todo o sólido fique em suspensão no meio
líquido. A denominação "mistura completa" vem do fato de toda matéria
orgânica, além das bactérias, ficar no meio líquido, propiciando uma maior
concentração das bactérias e aumentando o contato bactérias-matéria
orgânica. Por isso, a eficiência no tratamento é aumentada, permitindo que
o volume da lagoa aerada seja bastante reduzido. O tempo de detenção na
lagoa aerada fica bastante reduzido, em torno de 2 a 4 dias. Apesar da
elevada eficiência do tratamento, um novo problema passou a ser criado. A
biomassa permanece em suspensão e sai juntamente com o efluente para
o corpo receptor. Ainda que tratada, a biomassa é matéria orgânica,
ocasionando no corpo receptor uma demanda por oxigênio, degradando a
qualidade das águas. Para que isso não ocorra, é introduzido nesse
sistema uma lagoa de decantação, em que essa biomassa, com o tempo,
possa decantar no fundo da lagoa, onde são acumulados e removidos
depois de alguns anos de utilização.
Os aeradores das lagoas aeradas de mistura completa têm dupla
função: manter a oxigenação necessária para a aerobiose e manter a
biomassa dispersa no meio líquido. Para isso, é necessário que a
densidade de potência dos aeradores não seja inferior a 3,0 W/m3.

7.1.4. LAGOAS ANAERÓBIAS


As lagoas anaeróbias operam com altas cargas orgânicas, atuando
como unidades primárias em um sistema de lagoas e usando a digestão
anaeróbia para degradar a matéria orgânica. São uma opção de tratamento
com eficiência restrita, geralmente necessitando pós-tratamento para
redução da tal carga. A eficiência média de remoção das lagoas
anaeróbias fica em torno de 50 a 60%. Porém, tendo em vista a redução da
produção de lodo e do consumo de energia, pode haver significativo ganho
na aplicação desse processo no tratamento inicial dos esgotos domésticos.
Como são responsáveis pelo tratamento primário, geralmente são as
mais profundas – possuem entre 3 e 4 metros, e a razão para tal dimensão
é o recebimento de cargas orgânicas elevadas que impedem a existência
de oxigênio dissolvido, e também para proteger as bactérias formadoras do
metano para o caso de mudanças climáticas e temperatura, pois as lagoas

82
mais profundas retêm mais calor, o que é fundamental no processo de
digestão.
A construção de lagoas anaeróbias deve seguir algumas
recomendações em relação à distância de centros urbanos, uma vez que
processos anaeróbios tendem a gerar maus odores. Para tanto, a distância
de pelo menos 500 m deve ser atendida.

7.1.5. LAGOAS DE MATURAÇÃO E POLIMENTO


As lagoas de maturação possibilitam um polimento no efluente oriundo
de sistemas de tratamento secundário, e tem como principal objetivo a
remoção de organismos patogênicos, e não a remoção adicional de DBO.
São uma alternativa bastante econômica para a desinfecção do efluente,
sendo dimensionadas com profundidades menores se comparadas às
demais lagoas (profundidade de 1,0 m ou menos), para garantir que fatores
como temperatura, isolação, pH, escassez de alimento, entre outros,
contribuam para uma maior eliminação dos organismos patogênicos.
Apresentam eficiência elevada na remoção de coliformes (99,9% a
99,999%), e, para tal, utilizam-se três ou quatro lagoas em série, ou uma
única lagoa com chicanas.
Nas lagoas de maturação, a eficiência na remoção de coliformes é
elevadíssima, e, usualmente, elas atingem remoção total de ovos de
helmintos.
As lagoas de polimento são conceitualmente similares às lagoas de
maturação, no entanto, recebem essa denominação específica por
realizarem o polimento de efluentes originados de reatores anaeróbios,
mais especificadamente dos reatores UASB. Isso se deve ao fato de os
reatores anaeróbios apresentarem baixa eficiência de remoção de DBO,
necessitando de um pós-tratamento. As lagoas de polimento, além da
efetiva remoção de patogênicos, alcançam também certa eficiência na
qualidade do efluente em termos de remoção de matéria orgânica.
Apesar da simplicidade conceitual, quando se leva em consideração
os processos bioquímicos, bem como as reações que ocorrem no fluido e
as interações com o ambiente externo, as lagoas se tornam ambientes

83
extremamente complexos. Do ponto de vista hidráulico, as definições de
projeto devem ser tais que permitam resultar em um tempo de detenção
hidráulica (TDH) conhecido e suficiente para que as reações biológicas
ocorram, a partir de um modelo cinético definido para elas. Portanto, trata-
se de um conceito também relativamente simples. Entretanto, essas
premissas são apenas teóricas, e podem ocultar fenômenos de curtos-
circuitos, zonas de estagnação e de troca lenta, linhas de fluxo com
recirculação, dispersão, estratificação térmica, influência do vento e do lodo
acumulado, entre outros, que tornam o TDH real e o comportamento
hidrodinâmico diferentes dos teóricos, podendo resultar na redução das
eficiências de tratamento. No caso das lagoas de maturação ou polimento,
por serem dimensionadas principalmente para remoção de patógenos, a
exemplo de ovos de helmintos, vírus e bactérias, o TDH pode ter, ainda,
maior influência na eficiência.

7.2. REATORES ANAERÓBIOS – UASB e EGSB


O reator de alta taxa mais utilizado no Brasil é o reator anaeróbio de fluxo
ascendente e manta de lodo (Upflow Anaerobic Sludge Blanket - UASB), que
foi desenvolvido pela equipe do Professor Gatze Lettinga na década de 80.
Essa configuração previa um dispositivo de retenção de biomassa sem a
existência de um meio suporte, e um dispositivo de coleta do biogás formado.
Devido ao mecanismo de retenção, é possível não somente a manutenção de
uma alta concentração de lodo no reator, mas também que se desmembre a
dependência do tempo de retenção celular (idade do lodo) do TDH. Essa
relação de dependência é encontrada nos sistemas de lodos ativados, por
exemplo. Com isso, consegue-se ter uma alta idade de lodo com o reator
operando com um reduzido TDH, demandando áreas menores para o
tratamento.
Um dos passos mais importantes para um bom funcionamento é a partida
do reator UASB, que pode se dar de três formas:
* inoculação do reator com lodo adaptado ao esgoto a ser tratado;
* inoculação do reator com lodo adaptado ao esgoto;
* sem inoculação com lodo.

84
Com a primeira opção, a partida do reator se torna rápida e satisfatória;
com a segunda, há a necessidade de aclimatação do lodo; e com a terceira,
mais demorada e desfavorável, há a retenção e seleção dos microrganismos
contidos no esgoto a ser tratado.
O afluente a ser tratado deve entrar pelo fundo do reator de manta de lodo,
sendo distribuído uniformemente para que seja possível um contato íntimo
entre a biomassa e o substrato, garantindo um melhor regime de mistura e
uma diminuição da ocorrência de zonas mortas no leito de lodo. Ao percorrer
em fluxo ascendente, o afluente passa pela zona de digestão, onde ocorrerá a
mistura com o lodo e a digestão anaeróbia, com consequente produção de
biogás e crescimento de lodo. O efluente tratado sai do reator pelo topo, junto
ao compartimento de decantação, após passar por um sistema de placas
defletoras que separam as fases líquida, sólida e gasosa.
As vantagens dos reatores de fluxo ascendente e manta de lodo UASB
sobre os outros sistemas são fundamentalmente operacionais e econômicas.
Na Tabela 09, são analisadas as vantagens e desvantagens dos reatores
anaeróbios de fluxo ascendente e manta de lodo UASB.

Tabela 09 – Vantagens e desvantagens de um reator UASB.

Vantagens Desvantagens
Baixo consumo de energia elétrica, A partida do UASB é lenta, pois as
devido à não utilização de equipamento bactérias anaeróbicas têm uma
eletromecânico velocidade de crescimento
pequena
Sistema compacto, não necessitando de Pequena remoção de organismos
grandes áreas patogênicos
Esse tratamento suporta variações de Esse sistema tem baixa
carga orgânica e hidráulica, quando o capacidade de tolerar cargas
sistema estiver estabilizado e o lodo, tóxicas
ativo
Eficiência de DBO e DQO na ordem de Geração de odor desagradável por
65 a 75% causa da degradação de
compostos contendo enxofre e gás
85
sulfídrico.
Produção de energia na forma de metano Necessidade de pós-tratamento,
para remoção de DQO
remanescente, amônia e outros
compostos
Pequena produção de lodo. Tal lodo não
precisa de tratamento, pois já sai
estabilizado, havendo apenas a
necessidade de desidratação
Baixo requerimento de nutrientes
Baixo custo de implantação e operação
Em caso de necessidade, a alimentação
do reator pode ser parada por vários
meses, sem perdas significativas para a
biomassa

O EGSB (expanded granular sludge bed) é uma das mais recentes


alternativas para o tratamento de esgotos de baixa concentração. O seu
desenvolvimento partiu da tentativa de resolver alguns dos problemas
relacionados com os reatores UASB na prática, como a ocorrência de zonas
mortas, fluxos preferenciais, curtos-circuitos, entre outros. O reator EGSB tem
sido aplicado em situações em que a taxa de produção volumétrica de gás é
baixa e a mistura em reatores UASB, apenas pela velocidade líquida
ascensional, é insuficiente, como é o caso do tratamento de esgotos de baixa
concentração ou em temperaturas psicrófilas.
Nesse reator, a biomassa cresce sem que seja necessária a utilização de
algum material suporte, como no caso de reatores de leito expandido ou
fluidificado. Devido a essas características, consegue-se minimizar os efeitos
de fluxos preferenciais, curtos-circuitos e zonas mortas. Uma maior velocidade
ascensional pode ser conseguida por meio da recirculação do efluente. Tal
recirculação garante, ainda, a diluição de esgotos que eventualmente
possuam compostos tóxicos em concentrações elevadas e que possam ser
perigosos para a atividade bacteriana. Suas condições hidrodinâmicas são
86
mais favoráveis à utilização em esgotos predominantemente solúveis, porém,
diversos estudos foram desenvolvidos com a utilização de reatores EGSB no
tratamento de esgotos menos solúveis, como é o caso de resíduos de um
matadouro, que possuem uma fração solúvel entre 40 e 60%, em termos de
DQO.

7.3. FILTROS BIOLÓGICOS


Filtros biológicos são capazes de alcançar diferentes objetivos quanto à
qualidade dos efluentes, como oxidação de matéria orgânica, nitrificação
secundária ou terciária, desnitrificação e remoção físico-química de fósforo. Os
filtros biológicos aeróbios podem ser classificados como reatores de leito fixo e
com retenção de biomassa. São preenchidos com um meio inerte, geralmente
pedra ou material plástico, sobre a superfície dos quais a biomassa
responsável pela depuração do esgoto cresce aderida. Dessa forma, garante-
se a diferenciação entre o tempo de retenção hidráulica, que é de apenas
algumas horas, e o tempo de residência celular, mantido na ordem de dias.
O efluente é aspergido continuamente sobre um leito de pedras
justapostas, entre as quais o ar pode circular. Geralmente utiliza-se brita Nº4
ou material plástico, que pode ter a forma de blocos estruturados ou de anéis
lançados aleatoriamente nos filtros. O ambiente ecológico desempenhado pelo
filtro biológico tem como condicionantes a matéria orgânica, luz, oxigênio
temperatura e pH. O leito de pedras, atravessado por um líquido contendo
matéria orgânica e os outros fatores acima citados, propicia o desenvolvimento
de microrganismos aeróbios (biofilmes). O material de enchimento apoia-se
sobre um fundo falso, constituído de lajotas perfuradas, que garante a
drenagem do esgoto tratado. Há a necessidade de separação de sólidos que
se desprendem do biofilme, mediante a passagem dos efluentes do filtro por
decantadores secundários. Não há necessidade de retorno de lodo, e sim do
efluente tratado para a entrada dos filtros, evitando a proliferação de moscas
(Psychoda Alternata) e que o biofilme perca excessivamente a umidade nos
períodos noturnos de baixa vazão.
A variabilidade dos fatores de oxigenação também permite o
desenvolvimento anaeróbio, resultando em uma alternância de condições que

87
permite a predominância de organismos facultativos. As populações
microbianas nos leitos dos filtros biológicos são principalmente bactérias
heterotróficas, consumidoras da matéria orgânica predominante e, por isso,
consideradas os principais agentes primários da purificação.
A coexistência entre condições aeróbias, anóxicas e anaeróbias é uma
importante característica dos sistemas com biofilmes, possibilitando a remoção
de nutrientes, principalmente o nitrogênio, por meio do processo de
nitrificação.

88
8. CAPÍTULO 8 – DESINFECÇÃO E TRATAMENTO BIOLÓGICO
8.1. DESINFECÇÃO
Preservar os recursos hídricos para garantir o abastecimento de água de boa
qualidade ao longo das próximas décadas será o grande desafio. O Brasil, como
vários outros países do mundo, vem enfrentando crises econômicas cada vez
mais drásticas. O crescimento desordenado dos grandes centros e a falta de
recursos para saneamento básico colaboraram para que, na década de 90,
ressurgissem doenças de veiculação hídrica praticamente erradicadas no país,
como, por exemplo, a cólera.
A desinfecção dos esgotos deve ser considerada quando se pretende reduzir
os riscos de transmissão de doenças infectocontagiosas. Nesse sentido, os
requisitos de qualidade da água devem ser avaliados em função dos usos
previstos para a mesma. O objetivo principal da desinfecção é destruir os
microrganismos enteropatogênicos, que podem estar presentes no efluente
tratado, para tornar segura a água receptora de uso posterior. O risco de
contaminação está relacionado ao fato de que os esgotos contêm uma série de
organismos patogênicos, excretados juntamente com as fezes de indivíduos
infectados.
Nem sempre os processos convencionais de tratamento de esgotos são
suficientes para a remoção de microrganismos patogênicos. Nesse sentido, a
desinfecção dos esgotos deve ser considerada, a fim de reduzir os riscos de
propagação de doenças infecciosas quando é provável que ocorra contato
humano com águas contaminadas. Na maioria das estações de tratamento de
esgotos sanitários do Brasil inexistem processos de desinfecção e, quando
existem, eles se dão comumente, por meio de cloração do efluente produzido no
tratamento secundário. Durante as décadas recentes, o cloro tem sido o
desinfetante mais largamente utilizado no mundo todo, sendo reconhecida, a
partir de então, uma grande melhoria na saúde da população mundial.

8.1.1. Cinética hidráulica nos processos de desinfecção


Como em muitos casos de processos químicos de desinfecção são
empregados agentes oxidantes, poderá ocorrer consumo de parte dos
compostos dosados em reações com agentes redutores presentes nos
esgotos. Essas reações são relativamente rápidas e preferenciais, de

89
forma que nem toda dose aplicada estará disponível para desinfecção.
Assim, a cinética da inativação microbiana deverá ser baseada na dose
residual, que estará efetivamente presente no esgoto após a satisfação da
demanda, e não na dose aplicada.
A informação essencial para o projeto de um sistema de desinfecção é
a taxa de inativação dos organismos-alvo. O efeito da concentração ou da
intensidade do agente desinfetante sobre a velocidade de destruição é
imprescindível para a associação com o tempo de contato e a definição
das doses a serem utilizadas. O preceito fundamental da cinética de
desinfecção foi enunciado por Chick em 1908, atualmente conhecido como
Lei de Chick, a qual reconheceu que a inativação dos microrganismos em
função do tempo obedece ao modelo de uma reação de primeira ordem,
conforme a Equação 20:

Em que:

Para cada dose de desinfetante, obtém-se um valor de k. A


constante (k) poder ser obtida por análise de regressão linear, plotando e
linearizando, por meios de softwares matemáticos. De acordo com a lei de
Chick, a reta tem declividade negativa (-k). A Figura 17 apresenta valores
estimados pelo modelo matemático de Chick da degradação de
microrganismos patógenos.

(COLOCAR A FIGURA 17 AQUI)

90
Figura 17 – Inativação de microrganismos em função do tempo para
valores observados (◊ = 0,45 ; □ = 2,64) e estimados (-◊- = 0,45 ; -□- =
2,64), segundo modelo de Chick (FONTE: CAMARGO, 2004).

Na prática, são comumente observadas discrepâncias em relação ao


decaimento exponencial, reconhecendo-se a influência de diversos fatores,
como as mudanças na concentração do agente desinfetante no decorrer do
tempo, as diferenças entre as resistências de diversos organismos
presentes na mesma cultura com idades diferentes, a ocorrência de
aglomerados de microrganismos ou a oclusão pelos sólidos em suspensão,
incitando modelos posteriores, como Watson e Hom.

8.1.2. Cloração e descloração


A cloração (com cloro gasoso ou com hipoclorito de sódio) é o método
mais utilizado na desinfecção de águas para fins de abastecimento público
e esgotos no Brasil. O requisito de cloro na desinfecção é fortemente
influenciado pelas suas características do efluente. Compostos orgânicos,
despejos industriais, bem como as concentrações de amônia, afetam
fortemente a demanda. Uma cloração efetiva pode ser alcançada
associando as características do reator de contato com estratégias de
controle do processo. Tipicamente, utiliza-se na desinfecção de efluentes
domésticos tratados uma dosagem de cloro de 5-20 mg/l, e um tempo de
contato de 30-60 minutos. Altas doses são necessárias para efluentes de
baixa qualidade.
O cloro é caracterizado pelo seu alto poder oxidante, e é empregado
também para remoção de odor, cor e oxidação de ferro e manganês nas
águas de abastecimento, bem como para remoção de amônia, melhoria na
remoção de gordura, controle de bulking8 em lodos ativados e oxidação de
enxofre nas águas residuárias. Por causa do alto poder de oxidação, reage
com inúmeros compostos – orgânicos e inorgânicos –, o que pode

8
No intumescimento filamentoso (bulking), o lodo tem sedimentação difícil, mesmo com decantação
prolongada. Ocorre por microrganismos filamentosos que não se aglomeram como no lodo normal.
91
acarretar na formação de subprodutos organoclorados, como tri-
halometanos, ácidos haloacéticos, halocetonas, entre outros.
O impacto do cloro livre ou combinado em corpos d’água, resultante
da desinfecção de efluentes, tem sido controlado por padrões ambientais e
resoluções. Diversos compostos têm se mostrado eficientes no processo
de descloração do cloro livre (Cl2), como carvão ativado e peróxido de
hidrogênio, com a vantagem de controlar odores. Alguns agentes
desclorantes, como Dióxido de Enxofre (SO2), Sulfito de Sódio (Na2SO3),
Bissulfito de Sódio (NaHSO3), Metabissulfito de Sódio (Na2S2O5) e
Tiossulfato de Sódio (Na2S2O3), também apresentam bons resultados.
A utilização de dióxido de cloro apresenta grandes vantagens como
alternativa de desinfecção em relação ao cloro. Tem sido testado e
aplicado em efluentes para reuso na China, França, Israel e Estados
Unidos. Para utilização na indústria, nos processos de tratamento de água
residuária, o ClO2 pode ser obtido de várias maneiras, utilizando-se o
clorito de sódio com os seguintes reagentes: cloro dissolvido, ácido
clorídrico, cloro gasoso, ácidos orgânicos e reações eletroquímicas. A
característica química mais destacada do dióxido de cloro é a sua
capacidade de oxidar outras substâncias, através de um mecanismo de
transferência de um único elétron em que o ClO2 é reduzido a clorito (ClO2-
), sem a produção de hipoclorito ou cloro gasoso. Por essa razão e por
oxidar seus precursores, o ClO2 apresenta reduzida formação de
subprodutos organoclorados.

8.1.3. Ozonização
Basicamente, o que diferencia o ozônio dos diversos agentes
desinfetantes é o seu mecanismo de destruição dos microrganismos. O
cloro, por exemplo, atua por difusão através da parede celular, para então
agir sobre os elementos vitais no interior da célula, como enzimas,
proteínas, DNA e RNA. O ozônio, por ser mais oxidante, age diretamente
na parede celular, causando sua ruptura, demandando menor tempo de
contato e tornando impossível sua reativação. Dependendo do tipo de
microrganismo, o ozônio age mais rapidamente do que o cloro na
inativação celular.

92
Embora o ozônio seja um desinfetante bastante utilizado para águas
de abastecimento, ele não é muito aplicado para desinfecção de águas
residuárias em função da alta exigência em quantidade de ozônio. A
matéria orgânica é rapidamente oxidada pelo ozônio, e pode ser realizada
antes (pré-ozonização) ou após o tratamento biológico; porém, a aplicação
após o tratamento biológico é mais comumente realizada como etapa de
polimento, a fim de atender aos padrões químicos e microbiológicos para
lançamento nos corpos receptores, ou naqueles casos em que se deseje
reusar o efluente.

8.1.4. Radiação UV
A radiação UV, emitida por lâmpadas especiais, é um mecanismo
físico no qual a inativação microbiana ocorre por meio da absorção da luz,
que promove uma reação fotoquímica capaz de alterar componentes
moleculares essenciais para as funções celulares, causando danos nos
ácidos nucléicos (DNA e RNA) dos microrganismos, inativando-os.
O efeito germicida das lâmpadas UV é devido à energia associada ao
comprimento de onda 254 nm (472,3 kJ.mol-1), responsável por provocar
alterações no DNA e RNA nas células atingidas. As lesões decorrentes de
modificações no RNA são menos expressivas, pois o RNA é encontrado no
interior da célula na forma de RNA mensageiro, transportador e
ribossômico, possibilitando sua reparação. Já a unicidade do DNA no
interior celular o torna alvo de lesões muitas vezes irreversíveis,
provocadas principalmente pela dimerização de bases nitrogenadas, as
quais podem originar organismos debilitados e não hábeis à sua replicação
e sobrevivência, aumentando a eficiência de inativação de patógenos,
tanto no tratamento de água de abastecimento quanto no esgoto
doméstico.
A radiação UV apresenta como principais vantagens: simplicidade
operacional, requisito mínimo de área para implementação, custo
relativamente baixo (em comparação à cloração de esgotos, que deve ser
acompanhada de subsequente descloração, o que torna o custo da
radiação UV competitivo), pouca exigência de operação e manutenção,
eficácia de inativação para grande variedade de microrganismos, e

93
ausência do uso de produtos químicos e de geração de subprodutos
tóxicos na água ou efluente final, sendo que as poucas alterações que
ocorrem na matéria orgânica pela ação da radiação UV não são
prejudiciais à saúde humana nem ao meio ambiente.
O produto entre a "Intensidade de Radiação" e o "Tempo de
Exposição" é definido por "Dosagem de Radiação Aplicada". A literatura
científica tem reportado que efluentes secundários e terciários necessitam
de dosagens de radiação UV entre 30,0 e 45,0 mW.s.cm-2 para garantir
redução de 3,0 a 5,0 log no número de coliformes fecais, coliformes totais e
Streptococcus faecalis sobreviventes. Entretanto, doses maiores podem
ser necessárias para efluentes com elevada concentração de sólidos em
suspensão (acima de 100,0 mg.L-1), devido ao efeito de barreira que
dificulta a passagem da radiação, ou mesmo para efluentes com elevada
contaminação (em termos do número de microrganismos), ou ainda frente
a microrganismos mais resistentes à radiação UV, necessitando da
combinação de técnicas desinfetantes para potencialização.

O Quadro 04 apresenta como e quando cada uma das principais alternativas de


desinfecção poderá ser utilizada.

94
Quadro 04 – Aplicabilidade das principais alternativas de desinfecção (Fonte: OLIVEIRA, 2003).

Parâmetro Cloração com Cl2 Cloração e Descloração Dióxido de Cloro Ozônio Ultravioleta
Todos os
Tamanho da estação Todos os tamanhos Pequeno a médio Médio a grande Pequeno a médio
tamanhos
Nível de tratamento Todos os níveis Todos os níveis Secundário Secundário Secundário
Confiabilidade dos
Boa Razoável a boa Razoável a boa Razoável a boa Razoável a boa
equipamentos
Bem Razoável a bem Razoável a bem Razoável a bem Razoável a bem
Controle de processo
desenvolvido desenvolvidos desenvolvidos desenvolvidos desenvolvidos
Complexidade relativa da Simples a
Moderada Moderada Moderada Simples a moderada
tecnologia moderada
Preocupação com segurança Alta Alta Alta Alta Moderada
Efeito bactericida Bom Bom Bom Bom Bom
Efeito virucida Ruim Ruim Bom Bom Bom
Toxicidade para os peixes Tóxico Não tóxico Tóxico Não esperada Não tóxico
Subprodutos prejudiciais Sim Sim Sim Não esperados Não
Persistência do residual Longa Não Moderada Não Não
Tempo de contato Longo Longo Moderado a longo Moderado Curto
Contribuição para oxigênio
Não Não Não Sim Não
dissolvido
Reação com amônia Sim Sim Não Sim (com pH elevado) Não
Remoção de cor Moderada Moderada Sim Sim Não
Aumento de sólidos
Sim Sim Sim Não Não
dissolvidos
Dependência do pH Sim Sim Não Pequena (pH elevado) Não

95
QUESTÕES

1. (FGV – 2017) Em uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), o nível de


tratamento primário inclui unidades de:
a. carvão ativado, misturadores e redes.
b. tratamento biológico, decantadores secundários e membranas.
c. grade primária, caixas de areia e pré-filtro.
d. decantadores primários, digestores e secagem do lodo.
e. troca iônica, precipitação química e flotação.

2. (VUNESP – 2016) As atuais concepções de layout das unidades (reatores) de


tratamento de esgotos sanitários, no nível secundário, conjugam tratamentos
biológicos anaeróbios e aeróbios associados, visando à redução do custo
energético e da disposição final de lodo biológico, bem como à melhoria no
processo de tratamento na Estação de Tratamento de Esgotos (ETE). No
layout da ETE a seguir, identifique as respectivas unidades conforme as atuais
concepções desenvolvidas para tratamento de esgoto sanitário e assinale a
alternativa correta.
a. I – Tratamento Primário; II – Lagoa Facultativa; III – Lagoa Anaeróbia; IV–
Lagoa de Lodo; V – Sistema de Desinfecção.
b. I – Tratamento Preliminar; II – Tratamento Primário (decantador); III – Filtro
Percolador Aeróbio; IV – Lagoa Facultativa; V – Sistema de Desinfecção.
c. I – Tratamento Preliminar; II – Tratamento Primário; III – Sistema de Lodos
Ativados (tanque de aeração); IV – Decantador Secundário; V – Sistema de
Desinfecção.
d. I – Tratamento Preliminar; II – Reator UASB; III – Sistema de Lodos
Ativados (tanque de aeração); IV – Decantador Secundário; V – Sistema de
Desinfecção.
e. I – Tratamento Preliminar; II – Reator UASB; III – Câmara de Flotação (ar
dissolvido); IV – Flotador; V – Sistema de Desinfecção.

96
3. (IBFC – 2017) O tratamento de esgotos consiste na remoção de poluentes, e o
método a ser utilizado depende das características físicas, químicas e
biológicas. O sistema de tratamento por lodos ativados é um dos métodos
mais utilizados nas grandes estações de tratamento. Esse método foi
desenvolvido na Inglaterra, em 1914, e é amplamente utilizado para
tratamento de esgotos domésticos e industriais. Sobre o sistema de lodos
ativados, assinale a alternativa correta.
a. Num sistema de lodos ativados convencional, a concentração de biomassa
no reator é bastante elevada, devido à recirculação dos sólidos (bactérias)
sedimentados no fundo do decantador secundário. A biomassa permanece
mais tempo no sistema do que o líquido, o que garante uma elevada
eficiência na diminuição da demanda bioquímica de oxigênio (DBO).
b. A recirculação do lodo num sistema de lodos ativados convencional tem
como objetivo manter uma baixa concentração de sólidos no reator e uma
idade de lodo menor que o tempo de detenção hidráulica.
c. O efluente tratado por um processo de lodos ativados possui elevado grau
de potabilidade.
d. O processo de tratamento por lodos ativados é essencialmente anaeróbio e
visa a desacelerar a oxidação da matéria orgânica, tal como verificado nos
corpos d’água, onde a matéria orgânica é convertida em CO2 e água.
e. Similar ao sistema convencional, o sistema de lodos ativados com aeração
prolongada difere no que diz respeito à biomassa, que permanece menos
tempo no sistema. Além disso, os tanques de aeração são maiores, a aeração
é mais intensa e é necessária a estabilização do lodo excedente.

GABARITO
1. C
2. D
3. A

97
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