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GERENCIAMENTO DE

RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE
SAÚDE (RSS)

Engª Keila Tivirolli


EVOLUÇÃO DO QUADRO
LEGAL

Os resíduos dos serviços de saúde ganharam


destaque legal no início da década de 90,
quando foi aprovada a Resolução CONAMA
n° 006 de 19/09/1991 que desobrigou a
incineração ou qualquer outro tratamento de
queima dos resíduos sólidos provenientes dos
estabelecimentos de saúde.
EVOLUÇÃO DO QUADRO
LEGAL

A Resolução CONAMA n° 005 de 05/08/1993,


estipula que os estabelecimentos prestadores de
serviço de saúde e terminais de transporte devem
elaborar o gerenciamento de seus resíduos,
contemplando os aspectos referentes à geração,
segregação, acondicionamento, coleta,
armazenamento, transporte, tratamento e
disposição final dos resíduos.
EVOLUÇÃO DO QUADRO
LEGAL

• A Resolução CONAMA n° 283/01 dispõe


especificamente sobre o tratamento e destinação final
dos resíduos de serviços de saúde, não englobando
mais os resíduos de terminais de transporte.
• Impõe responsabilidade aos estabelecimentos de
saúde em operação e àqueles a serem implantados,
para implementarem o Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS).
EVOLUÇÃO DO QUADRO
LEGAL

• Em 2003 foi promulgada a Resolução de Diretoria


Colegiada, RDC ANVISA n° 33/03, que dispõe
sobre o regulamento técnico para o gerenciamento
de resíduos de serviços de saúde.
• A RDC ANVISA n° 33/03 passou a considerar os
riscos aos trabalhadores, à saúde e ao meio
ambiente. E isso gerou divergência com as
orientações estabelecidas pela Resolução
CONAMA n° 283/01.
EVOLUÇÃO DO QUADRO
LEGAL

• Esta situação levou os dois órgãos a buscarem a


harmonização das regulamentações.

• O entendimento foi alcançado com a revogação da


RDC ANVISA n° 33/03 e a publicação da RDC
ANVISA n° 306 (em dezembro de 2004), e da
Resolução CONAMA n° 358, em maio de 2005.
EVOLUÇÃO DO QUADRO
LEGAL

• A RDC ANVISA n° 306/04 e a Resolução CONAMA


n° 358/05 versam sobre o gerenciamento dos RSS em
todas as suas etapas.

• Com isso, exigem que os resíduos recebam manejo


específico, desde a sua geração até a disposição final,
definindo competências e responsabilidades para tal.
EVOLUÇÃO DO QUADRO
LEGAL

A Resolução CONAMA n° 358/05:


• trata do gerenciamento sob o prisma da preservação dos
recursos naturais e do meio ambiente.

• promove a competência aos órgãos ambientais estaduais


e municipais para estabelecerem critérios para o
licenciamento ambiental dos sistemas de tratamento e
destinação final dos RSS.
EVOLUÇÃO DO QUADRO
LEGAL

A RDC ANVISA n° 306/04:


• concentra sua regulação no controle dos processos de
segregação, acondicionamento, armazenamento,
transporte, tratamento e disposição final.

• estabelece procedimentos operacionais em função dos


riscos envolvidos e concentra seu controle na inspeção
dos serviços de saúde.
SANEAMENTO AMBIENTAL:
GERENCIAMENTO DE RSS

Segundo a Organização Mundial de


Saúde (OMS) de 18 a 64% dos
serviços de saúde não utilizam
métodos de disposição adequados para
os RSS.
OBJETIVOS DO
GERENCIAMENTO

• Proteger a saúde humana e proporcionar


qualidade ambiental;

• Preservar os recursos naturais;

• Incentivar a produção mais limpa.


REGRAS DO
GERENCIAMENTO DE RSS

 PREVENÇÃO:

• Não geração

• Redução

• Minimização
REGRAS DO
GERENCIAMENTO DE RSS

 REAPROVEITAMENTO:

• Reuso

• Reciclagem

• Recuperação
REGRAS DO
GERENCIAMENTO DE RSS

 DESTRUIÇÃO AMBIENTALMENTE
SEGURA:

• Tratamento prévio

• Disposição final
RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE
SAÚDE

Resíduos sólidos, líquidos, ou semi-


sólidos que são gerados por
estabelecimentos de assistência à saúde
humana ou animal diversos.
GERADORES DE RSS

A RDC ANVISA n° 306/04 e a Resolução CONAMA


n° 358/05 definem como tal os seguintes
estabelecimentos:

• os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de


campo;

• laboratórios analíticos de produtos para saúde;


GERADORES DE RSS

• necrotérios, funerárias e serviços onde se realizam


atividades de embalsamamento;

• serviços de medicina legal;

• drogarias e farmácias inclusive as de manipulação;

• estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de


saúde;
GERADORES DE RSS

• centros de controle de zoonoses;

• distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores,


distribuidores e produtores de materiais e controles para
diagnóstico in vitro;

• unidades móveis de atendimento à saúde;

• serviços de acupuntura;

• serviços de tatuagem, dentre outros similares.


CLASSIFICAÇÃO DOS RSS

• Os resíduos de serviços de saúde são parte importante


do total de resíduos sólidos urbanos, não
necessariamente pela quantidade gerada (cerca de 1% a
3% do total), mas pelo potencial de risco que
representam à saúde e ao meio ambiente.

• Os RSS são classificados em função de suas


características e conseqüentes riscos que podem
acarretar ao meio ambiente e à saúde.
CLASSIFICAÇÃO DOS RSS
De acordo com a RDC ANVISA n° 306/04 e
Resolução CONAMA n° 358/05, os RSS são
classificados em cinco grupos:
• Grupo A - resíduos com a possível presença de
agentes biológicos que, por suas características, podem
apresentar risco de infecção;
• Grupo B - resíduos químicos;
• Grupo C - rejeitos radioativos;
• Grupo D - resíduos comuns;
• Grupo E - materiais perfurocortantes.
CLASSIFICAÇÃO DOS RSS

• Grupo A - engloba os componentes com possível


presença de agentes biológicos que, por suas
características de maior virulência ou
concentração, podem apresentar risco de infecção.
Exemplos: placas e lâminas de laboratório,
carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos,
bolsas transfusionais contendo sangue, dentre
outras.
SÍMBOLO – GRUPO A
CLASSIFICAÇÃO DOS RSS

• Grupo B - contém substâncias químicas que


podem apresentar risco à saúde pública ou
ao meio ambiente, dependendo de suas
características de inflamabilidade,
corrosividade, reatividade e toxicidade. Ex:
medicamentos apreendidos, reagentes de
laboratório, resíduos contendo metais
pesados, dentre outros.
SÍMBOLO – GRUPO B
CLASSIFICAÇÃO DOS RSS

• Grupo C - quaisquer materiais resultantes


de atividades humanas que contenham
radionuclídeos em quantidades superiores
aos limites de eliminação especificados nas
normas da Comissão Nacional de Energia
Nuclear - CNEN, como, por exemplo,
serviços de medicina nuclear e radioterapia
etc.
SÍMBOLO – GRUPO C
CLASSIFICAÇÃO DOS RSS

• Grupo D - não apresentam risco biológico,


químico ou radiológico à saúde ou ao meio
ambiente, podendo ser equiparados aos
resíduos domiciliares. Ex: sobras de
alimentos e do preparo de alimentos,
resíduos das áreas administrativas etc.
SÍMBOLO – GRUPO D
CLASSIFICAÇÃO DOS RSS

• Grupo E - materiais perfurocortantes ou


escarificantes, tais como lâminas de
barbear, agulhas, ampolas de vidro, pontas
diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas,
espátulas e outros similares.
SÍMBOLO – GRUPO E
ACONDICIONAMENTO
DOS RSS

• Consiste no ato de embalar os resíduos


segregados, em sacos ou recipientes.

• A capacidade dos recipientes de


acondicionamento deve ser compatível com a
geração diária de cada tipo de resíduo.
ACONDICIONAMENTO
DOS RSS

• Os sacos de acondicionamento devem ser


constituídos de material resistente a ruptura e
vazamento, impermeável, respeitados os limites
de peso de cada saco, sendo proibido o seu
esvaziamento ou reaproveitamento.
ACONDICIONAMENTO
DOS RSS

• Os sacos devem estar contidos em recipientes


de material lavável, resistente a punctura,
ruptura e vazamento, com tampa provida de
sistema de abertura sem contato manual, com
cantos arredondados e ser resistentes ao
tombamento.
ACONDICIONAMENTO
DOS RSS

• Os resíduos líquidos devem ser acondicionados


em recipientes constituídos de material
compatível com o líquido armazenado,
resistentes, rígidos e estanques, com tampa
rosqueada e vedante.
ACONDICIONAMENTO
DOS RSS

• Os resíduos perfurocortantes ou escarificantes -


Grupo E - devem ser acondicionados
separadamente, no local de sua geração,
imediatamente após o uso, em recipiente rígido,
estanque, resistente a punctura, ruptura e
vazamento, impermeável, com tampa, contendo
a simbologia.
COLETA E TRANSPORTE
INTERNO DOS RSS

A coleta e transporte interno dos RSS consistem


no traslado dos resíduos dos pontos de geração
até local destinado ao armazenamento
temporário ou armazenamento externo, com a
finalidade de disponibilização para a coleta.
COLETA E TRANSPORTE
INTERNO DOS RSS

• A coleta e o transporte devem atender ao roteiro


previamente definido e devem ser feitos em horários,
não coincidentes com a distribuição de roupas,
alimentos e medicamentos, períodos de visita ou de
maior fluxo de pessoas ou de atividades.

• A coleta deve ser feita separadamente, de acordo com


o grupo de resíduos e em recipientes específicos a cada
grupo de resíduos.
COLETA E TRANSPORTE
INTERNO DOS RSS

• Os equipamentos para transporte interno (carros de


coleta) devem ser constituídos de material rígido,
lavável, impermeável e providos de tampa articulada
ao próprio corpo do equipamento, cantos e bordas
arredondados, rodas revestidas de material que reduza
o ruído. Também devem ser identificados com o
símbolo correspondente ao risco do resíduo nele
contido.
ARMAZENAMENTO
TEMPORÁRIO DOS RSS

Consiste na guarda temporária dos recipientes


contendo os resíduos já acondicionados, em
local próximo aos pontos de geração, visando
agilizar a coleta dentro do estabelecimento e
otimizar o deslocamento entre os pontos
geradores e o ponto destinado à
disponibilização para coleta externa.
ARMAZENAMENTO
TEMPORÁRIO DOS RSS

• Não poderá ser feito armazenamento temporário


com disposição direta dos sacos sobre o piso ou
sobrepiso, sendo obrigatória a conservação dos
sacos em recipientes de acondicionamento.

• Quando o armazenamento temporário for feito


em local exclusivo, deve ser identificado como
sala de resíduo.
ARMAZENAMENTO
EXTERNO

O armazenamento temporário externo consiste


no acondicionamento dos resíduos em abrigo,
em recipientes coletores adequados, em
ambiente exclusivo e com acesso facilitado para
os veículos coletores, no aguardo da realização
da etapa de coleta externa.
COLETA E TRANSPORTE
EXTERNO DOS RSS

A coleta externa consiste na remoção dos RSS


do abrigo de resíduos (armazenamento
externo) até a unidade de tratamento ou
disposição final, pela utilização de técnicas que
garantam a preservação das condições de
acondicionamento e a integridade dos
trabalhadores, da população e do meio
ambiente.
TRATAMENTO DOS RSS

Entende-se por tratamento dos resíduos


sólidos, de forma genérica, quaisquer
processos manuais, mecânicos, físicos,
químicos ou biológicos que alterem as
características dos resíduos, visando a
minimização do risco à saúde, a preservação da
qualidade do meio ambiente, a segurança e a
saúde do trabalhador.
DISPOSIÇÃO FINAL DOS
RSS

Consiste na disposição definitiva de resíduos


no solo ou em locais previamente preparados
para recebê-los. As formas de disposição final
dos RSS atualmente utilizadas são: aterro
sanitário, aterro de resíduos perigosos classe I
(para resíduos industriais), aterro controlado,
lixão ou vazadouro e valas.
RESPONSABILIDADES

É da competência dos serviços geradores de RSS:

• Elaborar PGRSS

• Designar profissional para elaboração PGRSS

• Designar responsável pela execução PGRSS

• Capacitação RH
RESPONSABILIDADES

• Exigir capacitação e treinamento em terceirizações

• Requerer licença ambiental de empresas prestadoras


de serviço de tratamento de resíduos

• Manter registro dos resíduos encaminhados para


reciclagem ou compostagem.
RESPONSABILIDADES

• Requerer aos órgãos públicos responsáveis


pela coleta, transporte, tratamento ou
disposição final dos RSS, documentação de
conformidade com as normas ambientais
locais.
PLANO DE GERENCIAMENTO
DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS
DE SAÚDE (PGRSS)

É o documento que aponta e descreve as


ações relativas ao manejo de resíduos sólidos,
que corresponde às etapas de: segregação,
acondicionamento, coleta, armazenamento,
transporte, tratamento e disposição final.
PLANO DE GERENCIAMENTO
DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS
DE SAÚDE (PGRSS)

Deve considerar as características e riscos dos


resíduos, as ações de proteção à saúde e ao
meio ambiente e os princípios da
biossegurança de empregar medidas técnicas
administrativas e normativas para prevenir
acidentes.
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

1.Identificação do Responsável

Profissional, com registro ativo junto ao seu Conselho


de Classe, com apresentação de Anotação de
Responsabilidade Técnica – ART, ou Certificado de
Responsabilidade Técnica ou documento similar,
quando couber, para exercer a função de Responsável
pela elaboração e implantação do PGRSS.
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

2. Identificação do Tipo de Resíduo

3. Composição da Equipe de Trabalho


Poderá ser assessorado por equipe de trabalho que
detenha as qualificações correspondentes.
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

4. Estratégias de minimização
• Revisão da metodologia de compra de material
• Reuso
• Reaproveitamento
• Reciclagem
• Recuperação
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

5. Identificação das fontes geradoras


• Local
• Tipo(s) de resíduo(s) gerado(s)
• Produção média diária
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

6. Identificação das normas reguladoras locais de


coleta e destinação dos RSS
• Vigilância Sanitária
• Limpeza Urbana
• Meio Ambiente
• Esgotamento sanitário
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

7. Integração das normas com as rotinas internas


• CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar)
• Biossegurança
• CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes)
• Manutenção e Limpeza
• SESMT (Serviço Especializado de Segurança e
Medicina do Trabalho)
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

8. Identificação dos atores envolvidos no


gerenciamento
• Profissionais de saúde
• Funcionários de limpeza e manutenção
• Funcionários administrativos
• Profissionais de Segurança Ocupacional
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

9. Sensibilização / Treinamento / Capacitação


• Noções gerais sobre o ciclo da vida dos materiais;
• Conhecimento da legislação em vigor;
• Definições, tipo e classificação dos resíduos e
potencial de risco do resíduo;
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

9. Sensibilização / Treinamento / Capacitação


• Sistema de gerenciamento adotado internamente no
estabelecimento;

• Formas de reduzir a geração de resíduos;

• Conhecimento das responsabilidades e de tarefas;


PGRSS - IMPLANTAÇÃO

9. Sensibilização / Treinamento / Capacitação


• Reconhecimento dos símbolos de identificação das
classes de resíduos;
• Conhecimento sobre a utilização dos veículos de
coleta;
• Orientações quanto ao uso de Equipamentos de
Proteção Individual - EPIs;
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

9. Sensibilização / Treinamento / Capacitação


• Orientações sobre biossegurança e higiene pessoal;
• Orientações especiais e treinamento em proteção
radiológica quando houver rejeitos radioativos;

• Providências a serem tomadas em caso de acidentes


e de situações emergenciais;
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

9. Sensibilização / Treinamento / Capacitação


• Visão básica do gerenciamento dos resíduos
sólidos no município.

• Noções básicas de controle de infecção.


PGRSS - IMPLANTAÇÃO

10. Identificação das Tecnologias


• Tratamento intra e extra-institucional

• Disposição Final
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

11. Elaboração das Rotinas


• Segregação
• Acondicionamento e Identificação
• Coleta
• Armazenamento Temporário
• Tratamento Prévio
• Armazenamento Externo
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

11. Elaboração das Rotinas


• Emergências e Acidentes
• Proteção as Saúde Ocupacional (NR 7): vacinas,
exames periódicos
• Controle de insetos e roedores: medidas
preventivas e corretivas
• Monitoramento dos processos de tratamento
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

12. Avaliação e Controle


• Coleta de dados
• Métodos de avaliação de resultados
• Construção de indicadores:
- Claros e objetivos
- Auto explicativos
- Confiáveis
PGRSS - IMPLANTAÇÃO

13. Indicadores
• Taxa de acidentes com perfurocortantes
• Variação da geração de resíduos
• Variação da proporção de resíduos Grupo A
• Variação da proporção de resíduos Grupo B
• Variação da proporção de resíduos Grupo D
• Variação da proporção de resíduos Grupo E
• Variação do percentual de reciclagem
RECOMENDAÇÕES

• Um sistema de segregação na fonte dos RSS


eficaz
• Manejo dos RSS seguro
• Disposição Final criteriosa para os RSS
CONSEQÜÊNCIAS

• Menos acidentes

• Redução dos impactos ambientais

• Redução de custos

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