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Elasticidade da Procura e Oferta

A elasticidade da procura é calculada através do quociente entre a


variação percentual da quantidade procurada e a variação percentual
unitária do preço, supondo que tudo o resto mantém-se constante
(ceteris paribus).

O valor da elasticidade do preço da procura é negativo (varia de menos


infinito a zero), porque à medida que o preço aumenta a quantidade
diminui. No entanto, como utilizamos os valores absolutos, ou seja, o valor
em módulo, o valor da elasticidade preço da procura é positivo e varia
entre zero e mais infinito.
Procura rígida e elasticidade é completamente inelástica: |n|=0
(representação gráfica: reta vertical) (elasticidade constante)
Se a quantidade da procura não for alterada quando o preço muda, ou
seja, quando a quantidade de procura não reage/ não é sensível a
variações do preço.

Procura inelástica |n| < 1


Se a percentagem de variação da quantidade procurada for menor que a
percentagem de variação do preço, ou seja, o denominador é maior que o
numerador a procura é pouco sensível ao preço.
Exemplo: energia elétrica e medicamentos

Procura unitária |n|=1


(representação gráfica: bissetriz dos quadrantes ímpares)
(elasticidade constante)
Uma alteração no preço conduz exatamente à mesma alteração na
quantidade.
Procura elástica |n| > 1
Se a percentagem de variação da quantidade procurada for maior que a
percentagem de variação do preço, ou seja, o denominador é menor que
o numerador a procura é sensível ao preço.
Exemplo: Bens de luxo: viagens e bilhetes para concertos/ jogos de
futebol.

Procura infinitamente elástica |n| tende para o infinito


(representação gráfica: reta horizontal) (elasticidade constante)
A curva horizontal indica que os consumidores comprarão toda a
quantidade do bem ao preço existente. Se os vendedores aumentarem o
preço os consumidores não comprarão qualquer quantidade.
O principal determinante da elasticidade da procura é a existência de bens
substitutos para o bem em causa. Um bem que tenha substitutos
próximos, tende a ter uma procura elástica (carne de frango/ carne de
porco), enquanto os que não têm substitutos próximos tendem a ter uma
procura inelástica (água).
A resposta da quantidade procurada a uma determinada alteração no
preço de um bem, tende a ser tanto maior quanto maior for a elasticidade
desse bem (em valor absoluto).

Interpretação da elasticidade de curvas de procura:


1. Elasticidade de uma curva de procura linear

o A elasticidade preço da procura depende do declive da curva da


procura (na fórmula da elasticidade usamos o inverso) e do ponto no
qual se quer calcular a procura.
o Ao escolher pontos que se aproximem do eixo da quantidade (eixo
dos X) a elasticidade tende para zero: inelástica.
o Ao escolher pontos que se aproximem do eixo do preço (eixo dos Y)
a elasticidade tende para infinito: elástica.
Interpretação da elasticidade entre duas curvas de procura

o O ponto A é o ponto de interseção das duas curvas da procura. O


quociente p/q é igual para as duas curvas. Assim, a elasticidade varia
apenas com o quociente entre a q/ p.

Considerando que:
q0=4 q´1= 2 q1´´=3 P0= 5 P1= 6

o declive de D1 é igual a -0.5 e o declive de D2 é de -1.


o O valor absoluto do declive da curva mais inclinada (D1) é menor
que o valor absoluto do declive da curva menos inclinada (D2) (0.5 <
1)
o Como para o cálculo da elasticidade consideramos o inverso do
declive em valor absoluto. O inverso do declive de D1 em valor
absoluto é 2 enquanto o inverso do declive de D2 em valor absoluto
é 1.
o Logo, no ponto de interseção de duas curvas de procura, a curva que
tem maior declive (menos inclinada) é a que tem menor elasticidade.
o Curva com maior variação da quantidade procurada (D1): curva
mais elástica.
o D1 (mais próxima de uma reta horizontal) é mais elástica do que D2
(mais próxima de uma reta vertical).

Interpretação da elasticidade de uma curva não linear

Maior declive: menor elasticidade


o A elasticidade é maior quando mudamos do ponto A para o
ponto C (RETA MAIS INCLINADA: MENOR DECLIVE: MAIOR
ELASTICIDADE) e menor quando mudamos do ponto A para
o ponto E (RETA MENOS INCLINADA: MAIOR DECLIVE:
MEOR ELASTICIDADE)

Elasticidade pelo método exato


Curvas de procura de longo e curto prazo

o D0, D1 e D2 são curvas de procura de curto prazo


o DL é a curva de procura de longo prazo, mostrando a
quantidade adquirida depois de os consumidores se
ajustarem totalmente a cada preço determinado.
o DL obtêm-se unindo os pontos E0, E1 E E2, pontos que
pertencem a uma determinada curva de procura de curto
prazo.
o Quanto maior o declive, menor a inclinação e menor
elasticidade. Assim, as curvas de procura de curto prazo,
por terem maior declive, são menos elásticas que as curvas
de longo prazo.
o Em todos os pontos de uma curva de curto prazo, os
consumidores não estão completamente adaptados ao
preço em vigor.

Exemplo 1:
No ponto de partida E0, dá-se um aumento do preço da
eletricidade (P0-P1), o que leva a que a quantidade procurada
diminua (q0-q´1), isto é, o ponto desloca-se para a esquerda
(movimento ascendente) ao longo da primeira curva da procura,
até atingir o ponto E´1.
Com o passar do tempo, os consumidores vão adaptar-se e
deixam de utilizar equipamentos elétricos passando a usar bens
substitutos cujo preço é mais baixo, como por exemplo a lenha
(caso da eletricidade para aquecimento).
Quando todos os agentes económicos estiverem completamente
adaptados a esta variação de preço (aumento do preço), há uma
redução da procura e uma deslocação da curva da procura para a
esquerda. O ponto atual passa a ser E1.

Exemplo 2 (exemplo inverso):


Tomando como ponto de partida o ponto E2, ocorreu uma
redução do preço da eletricidade (P2-P1), logo, a quantidade
procurada irá aumentar (q2-q´2), isto é, o ponto desloca-se para
a direita (movimento descendente). Os consumidores vão passar
a utilizar a eletricidade e abandonar bens substitutos. Então a
curva desloca-se para a direita e ficamos no ponto E´2.
Quando todos os agentes económicos estiverem completamente
adaptados a esta variação de preço (diminuição do preço), há
uma redução da procura e uma deslocação da curva da procura
para a direita. O ponto atual passa a ser E1.

Bem durável – é um bem cujos serviços se estendem por vários


anos. No caso destes bens, a procura tende a ser mais elástica no
curto prazo do que no longo prazo, porque os consumidores
podem adiar a compra do bem.
Bem não durável – a procura destes bens é menos elástica no
curto prazo do que no longo prazo, porque no curto prazo os
consumidores só podem adaptar parcialmente o seu consumo à
variação do preço.

Elasticidade rendimento
Permite conhecer qual o efeito sobre a procura de um bem ou
grupo de bens quando se verifica uma alteração no Rendimento
das Famílias.
A alteração verificada na procura de um determinado bem a
partir de uma alteração no Rendimento, designa-se por
Elasticidade Procura Rendimento e define-se como a variação
percentual na quantidade procurada por variação unitária
percentual no rendimento.

Se a percentagem da variação da quantidade procurada for


maior do que a percentagem de variação do rendimento, a
procura é ELÁSTICA, ou seja, a elasticidade rendimento é > 1.
Se a percentagem da variação da quantidade procurada for
menor do que a percentagem de variação do rendimento, a
procura é INELÁSTICA, ou seja, a elasticidade rendimento é < 1.
Até Y1, apesar do rendimento aumentar não existe variação na
quantidade procurada, logo a elasticidade rendimento é 0
(completamente inelástica).
Entre as receitas de Y1 e Y2, a quantidade procurada aumenta
conforme o rendimento aumenta, tornando a elasticidade-
rendimento positiva.
A partir de Y2, apesar do rendimento aumentar a quantidade
procurada diminui, tornando a elasticidade- rendimento
negativa.

Em suma:
o Os bens que têm elasticidade rendimento positiva, isto é,
se a quantidade procurada aumenta (diminui) quando o
rendimento aumenta (diminui), designam-se por bens
normais.
o Os bens que têm elasticidade rendimento negativas, isto é,
se a quantidade procurada diminui quando o rendimento
aumenta e vice-versa, designam-se por bens inferiores.
o Quando a quantidade procurada não é sensível ao aumento
de rendimento e, portanto, o valor da elasticidade procura
rendimento é nulo.

Elasticidade Cruzada da Procura


Um dos determinantes da procura de um bem é o preço dos
outros bens.
Chama-se Elasticidade Cruzada da Procura a alteração na procura
de um bem em resposta à alteração no preço de outro bem, e
define-se como a variação percentual na quantidade procurada
de um bem por variação unitária percentual no preço de outro
bem.
o Se a elasticidade cruzada for positiva, então os bens A e B
são bens substitutos (concorrem para satisfazer a mesma
necessidade).
Por exemplo, se o preço de B sobe, a quantidade procurada
do bem B diminui, pelo que, a quantidade procurada do
bem A aumenta, ou seja, as quantidades procuradas variam
em sentido inverso.

o Se a elasticidade cruzada for negativa, então os bens A e B


são bens complementares (o consumo em conjunto dos
bens satisfaz uma necessidade).
Por exemplo, se o preço de B sobe, a quantidade procurada
de B também diminui, pelo que, a quantidade de A também
diminui.

o Se a elasticidade cruzada for zero, então os bens A e B são


independentes, porque por mais que se aumente ou
diminua o preço B, a quantidade procurada de A será
sempre a mesma.

Elasticidade da oferta
A elasticidade da Oferta é definida como a variação percentual
na quantidade oferecida provocada por uma variação percentual
unitária no preço.
Se o preço aumentar, os vendedores irão querer vender mais. Se
o preço diminuir, a quantidade oferecida também irá diminuir,
ou seja, o preço e a quantidade oferecida variam sempre o
mesmo sentido. Logo, a elasticidade da oferta é sempre positiva.

O que são bens ?


Bem: algo que satisfaz uma necessidade humana (o conceito
deve ser entendido em sentido lato, abrangendo os bens e os
serviços).
Recurso: algo que serve para produzir bens e serviços sem,
contudo, satisfazer diretamente uma necessidade (trabalho,
terra, matérias-primas, combustíveis, ...)
Bem económico: bem cuja oferta é limitada relativamente às
necessidades
Bem livre: cuja oferta é ilimitada, cuja utilização não implica
relações económicas. Não tem preço. (exemplo: ar)
Bens intermédios e bens finais: A distinção entre bens finais e
intermédios resulta da utilização: um bem pode ser usado para
satisfazer diretamente necessidades (bem final) e também para
produzir outros bens e serviços (bem intermédio).
Bens substitutos: Bens que concorrem entre si por satisfazerem
a mesma necessidade. A preferência do consumidor de um dos
bens é influenciada pelo preço desses bens (escolhem o mais
barato).
(exemplo: manteiga vs margarina ou carne de porco vs carne de
frango)
Bens complementares: Bens consumidos em conjunto.
(exemplo: Cama e colchão)
Bens normais são os bens cujo consumo varia no mesmo sentido
do rendimento.
Nos bens normais há que distinguir os bens de necessidade,
para os quais o acréscimo da despesa com a aquisição do bem,
na sequência de um acréscimo do rendimento, é
proporcionalmente menor do que o acréscimo do rendimento;
Exemplo: Quando aumenta o rendimento, a despesa em
alimentação tende a aumentar menos que proporcionalmente
ao aumento de rendimento.
E os bens de luxo para os quais o acréscimo da despesa com a
aquisição do bem, na sequência de um aumento do rendimento,
é proporcionalmente maior do que o acréscimo do rendimento.
Exemplo: Quando aumenta o rendimento, a despesa em lazer
aumenta mais do que proporcionalmente ao aumento do
rendimento.
Bens inferiores são os bens cujo consumo varia no sentido
inverso do rendimento. (Exemplo: Marca Branca)
De facto, a alteração do preço produz dois efeitos:

• Alteração dos preços relativos, levando os consumidores a


consumir mais do bem relativamente mais barato e menos do
bem relativamente mais caro (efeito substituição);

• Possibilidade de comprar uma maior/menor quantidade dos


bens (desde que a quantidade consumida do bem cujo preço se
alterou não seja nula), porque a diminuição/aumento do preço
corresponde a um aumento/diminuição do poder de compra
(rendimento) (efeito rendimento).

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