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Rhema Brasil Publicações

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Publicado no Brasil por Rhema Brasil Publicações com a devida


autorização de Kenneth Hagin Ministries, P.O. Box 50126, Tulsa, OK
74150-0126 - rhema.org.
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Rhema
Brasil Publicações.

Direção: Samir Ferreira de Souza


Supervisão: Ministério Verbo da Vida
Tradução: Maria Lucia Godde Cortez
Revisão: Idiomas & Cia
Capa: Bárbara Giselle
Diagramação versão digital: DIAG Editorial

Copyright © 2003 Rhema Bible Church, aka Kenneth Hagin


Ministries, Inc.
Copyright © 2019 Rhema Brasil Publicações.
Esta é uma tradução da 1a edição do título original e a 1a edição em
língua portuguesa.

Título original: Life After Death.

As citações bíblicas, exceto quando indicadas em contrário, são


extraídas da Bíblia Sagrada, Almeida Revista e Atualizada. Outras
versões utilizadas: ACF (Almeida Corrigida Fiel), NVI (Nova Versão
Internacional), AA (Almeida Atualizada), ABV (A Bíblia Viva) e NVB
(Nova Bíblia Viva), além das versões em inglês, traduzidas
livremente para o português: New Living Translation, King James
Version, Revised Standard Version e Amplified Version (AMP).

Proibida a reprodução, de quaisquer formas ou meios, eletrônicos


ou mecânicos, sem a permissão da editora, salvo em breve
citações, com indicação da fonte.

1a Edição
Sumário
Capa
Ficha Técnica
DEDICATÓRIA
Versículo
INTRODUÇÃO
PARTE 1 - Questões da Alma
Capítulo 1 - Isso Não Pode Estar Acontecendo! (Lidando com o
Choque)
Capítulo 2 - Fases: A Recuperação do Luto é um Processo
Capítulo 3 - Não Há Problema em Chorar
Capítulo 4 - Lidando com a Culpa
Capítulo 5 - Por que Estou Irado?
Capítulo 6 - Adaptando-se à Nova Realidade
Capítulo 7 - Como Ajudar e Não Ferir: Percepções sobre Dar e
Receber Consolo
PARTE 2 - Percepções da Palavra
Capítulo 8 - A Origem da Morte
Capítulo 9 - O Que Acontece Quando Nós Morremos?
Capítulo 10 - Lidando com as Perguntas Difíceis
Capítulo 11 - Libertação do Temor da Morte
Capítulo 12 - O Céu: A Esperança do Crente
Capítulo 13 - Vida Eterna: Saiba para Onde Você Está Indo
Capítulo 14 - A Gloriosa Ressurreição
Apêndice A - Jovem Demais para Morrer
Apêndice B - Espiritualismo: Falando com os Mortos?
Apêndice C - Lidando com o Suicídio
Apêndice D - Ressuscitando os Mortos
Apêndice E - Versículos de Consolo e Força
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Kenneth e Barbara Cooke... Obrigado pelo
amor, pelo apoio e pelos valores que vocês plantaram em
minha vida.
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai
de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos
conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar
os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação
com que nós mesmos somos contemplados por Deus.
— 2 Coríntios 1:3-4
INTRODUÇÃO
Você pode ter escolhido este livro por várias razões. Talvez
alguém que você ama tenha morrido e você precisa de consolo
neste momento desafiador, de sabedoria para olhar as
circunstâncias pela perspectiva correta e de força para prosseguir
com a vida. Quem sabe esteja tentando entender o que aconteceu e
se pergunte se, algum dia, as coisas voltarão ao normal.
Talvez tenha um amigo que perdeu um ente querido e você não
se sente seguro para ajudá-lo. Seu coração se compadece do seu
amigo, mas você simplesmente não sabe o que dizer. Também é
possível que você simplesmente deseje estar mais preparado e
equipado para ajudar outros quando as perdas inevitáveis da vida
ocorrerem.
Este livro não responderá a todas as perguntas do seu coração;
bem como não é uma varinha mágica que fará a dor desaparecer
instantaneamente. Também não lhe dará uma solução rápida para
oferecer a um amigo que está sofrendo. Mas aqui você encontrará
percepções da Palavra de Deus e reflexões daqueles que trilharam
o caminho que você está trilhando agora. Creio que essas
percepções serão uma fonte de força, consolo e informação valiosa
para sua jornada.
Em mais de trinta e cinco anos de ministério, estive com muitas
famílias antes, durante e depois da morte de seus entes queridos.
Testemunhei tanto a dor humana da perda quanto o consolo divino
oferecido pelo Espírito Santo. Com gratidão, também pude incluir a
sabedoria que outros adquiriram por meio de suas experiências com
a perda. Muitas pessoas ofereceram histórias e visões pessoais que
estão compartilhadas ao longo deste livro. Valorizo enormemente a
confiança e a disposição delas de dividir suas experiências para que
possamos nos beneficiar com elas.
Há diferentes tipos de perdas na vida que nos afetam. Algumas
pessoas perdem o emprego, outras passam pelo divórcio, algumas
têm bens valiosos roubados, e outras têm o lar destruído pelo fogo
ou por desastres naturais. Embora este livro enfatize questões
pertinentes à morte de um ente querido, deve-se observar que
qualquer tipo de perda pode dar início a reações em nossa vida.
E ainda que cada um de nós experimente diferentes tipos de
perdas, o consolo e a força de Deus estão disponíveis a todos. Ao
ler estas páginas, minha oração é para que você permita que Deus
lhe fale por intermédio da Sua Palavra e pelo Seu Espírito. Só Ele
compreende as características únicas da sua personalidade e a
natureza específica do que você está passando.
Deus entende o momento que você está passando em sua
situação específica. Ele não espera que alguém se recupere de uma
dor exatamente da mesma maneira que outra pessoa. Ele o ama
por quem você é, e Ele entende os tempos e as estações da sua
vida — assim como cada característica que faz de você um
indivíduo único.
Que o Pai de misericórdia e Deus de toda consolação ministre a
você por intermédio deste livro. Que Ele lhe fortaleça e lhe permita
consolar outros com a mesma consolação com a qual Ele o
consolou (ver 2 Coríntios 1:3-4).
PARTE 1

QUESTÕES
DA ALMA
CAPÍTULO 1
ISSO NÃO
PODE ESTAR
ACONTECENDO!

(LIDANDO COM O CHOQUE)

Ouve, ó Deus, a minha súplica; atende à minha oração.


Desde os confins da terra clamo por ti, no abatimento do
meu coração. Leva-me para a rocha que é alta demais para
mim; pois tu me tens sido refúgio e torre forte contra o
inimigo. Assista eu no teu tabernáculo, para sempre; no
esconderijo das tuas asas, eu me abrigo.
— Salmos 61:1-4

No livro de Salmos, Davi descreveu tempos em que seu coração


estava dilacerado. Muitas versões da Bíblia em inglês usam o termo
“desmaiar” ou “coração desmaiado” para se referir a essa sensação
avassaladora. Quando recebemos notícias traumáticas ou
dolorosas, nossa mente e nosso corpo podem reagir negativamente
de diversas formas. As pessoas descrevem seus sentimentos de
choque com vários termos. Algumas dizem que ficam perplexas;
outras relatam que ficam incrédulas. E outras ainda dizem que a
vida parece irreal.

Vou acordar e descobrir que nada disso realmente


aconteceu; foi apenas um sonho ruim. É como se eu não
estivesse sequer aqui e isso realmente não estivesse
acontecendo.

Estou totalmente dormente. Estou fazendo as coisas por


fazer, mas nada disso faz sentido. Sinto-me como um robô.
Não consigo pensar claramente e parece que não sou capaz
de tomar decisões ou me concentrar. Minha mente parece
vaguear.

Declarações assim são muitas vezes expressas quando as


pessoas recebem notícias impactantes, como a que envolve a morte
de um ente querido. A sensação de choque e incredulidade é
especialmente forte quando não há um aviso antecipado da perda e
a notícia é totalmente inesperada. Uma pessoa disse o seguinte:

A notícia repentina morte da minha avó dificultou muito que


eu aceitasse sua partida. Eu não estava preparada para a
morte brusca que a acometeu (ela foi morta por um
motorista embriagado) e o choque que se seguiu foi
extremamente forte.

Embora sofrer a perda de um ente querido seja comum, tenha em


mente que a experiência de cada pessoa é diferente. Outros
descreveram o que aconteceu em suas vidas em seguida à morte
de seus entes queridos da seguinte maneira:

A sensação de estar totalmente atordoado era


inacreditável... Era como se o fôlego tivesse sido tirado de
mim.

Em uma época na qual eu mal podia pensar ou sentir


qualquer emoção, todos me perguntavam se eu estava bem,
e se eu precisava de alguma coisa. Eu estava vivendo um
choque tão grande que não sabia do que precisava. Eu só
queria me isolar.

Alguém me disse: “Não há problema em chorar”, e eu


pensei: “Chorar? Por que eu não chorei?” E comecei a me
sentir culpado. Agora percebo que estava dormente. Levei
algum tempo para realmente liberar a emoção e chorar.
Também me lembro de ter a sensação a princípio de não
saber o que sentir. Eu queria rir, chorar e gritar ao mesmo
tempo. Era muito confuso, mas Deus me ajudou.

Um autor descreveu essa sensação de dormência e incredulidade


como uma “anestesia” e como um “amortecedor psicológico” que
cria “um isolamento da realidade da morte até que a pessoa seja
mais capaz de tolerar o que não quer acreditar”.1 Ao descrever o
quanto uma pessoa pode estar dilacerada nesse momento, outro
autor disse:

A mente está tão ocupada lutando contra o horror da morte,


tentando aceitá-la e chegando a um acordo com ela, que
pode lhe restar pouca energia física. Os que sofrem perdas,
em geral, se sentem desorganizados, desorientados e
incapazes de planejar sequer as menores tarefas.2

Considerando que o choque é uma experiência comum ao lidar


com a perda, podemos ser consolados ao saber que não somos
anormais se abrigarmos alguns desses sentimentos.

CHOQUE OU GRAÇA?
Ao longo dos anos, ouvi muitas pessoas testemunharem que a
presença e a graça de Deus foram especialmente fortes para com
elas nos primeiros dias seguintes à morte de um ente querido. Elas
realmente ficaram surpresas com o quanto se saíram bem nos dias
imediatos à morte do seu ente querido. Foi como se Deus estivesse
dando a elas uma medida especial de graça para um momento
realmente desafiador na vida. Embora emoções fortes possam vir
mais tarde, algumas dessas pessoas mencionaram não sentir
perturbações intensas no começo.
Alguns poderiam argumentar que essas pessoas estão apenas
em estado de choque e que essa realidade “ainda não as atingiu”.
Não creio que seja importante debater se a pessoa está “apenas em
estado de choque” ou se ela está verdadeiramente experimentando
a presença consoladora e protetora de uma forma singular. No
entanto, parece totalmente compatível com a natureza de Deus que
Ele console sobrenaturalmente Seus filhos e lhes permita
experimentar a Sua paz, “...que excede todo o entendimento”
(Filipenses 4:7).
Em Salmos 46, o salmista descreve uma situação muito
tumultuada e turbulenta, mas a sua consciência da presença e do
consolo sobrenatural de Deus é evidente nessa passagem.

Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente


nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra
se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares;
ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria
os montes se estremeçam.
Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o
santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio
dela; jamais será abalada; Deus a ajudará desde
antemanhã... “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou
exaltado entre as nações, sou exaltado na terra.” O S
dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso
refúgio.
— Salmos 46:1-5, 10-11

Mesmo nas situações mais traumáticas, Deus está conosco. Ele é


nosso refúgio e nosso socorro sempre presente nas tribulações.
Quer sintamos ou não a Sua presença, podemos estar confiantes de
que Ele nunca nos deixará ou abandonará (ver Hebreus 13:5).

A GRAÇA DE DEUS É CONSISTENTE

O filho já adulto de um amigo morreu em um acidente aéreo.


Quando meu amigo recebeu a notícia da tragédia, ele foi
imediatamente ao estado onde seu filho morava e ajudou a nora
com os arranjos do enterro. Ele permaneceu ali por duas semanas e
fez tudo que podia para consolá-la e auxiliá-la em transições e
ajustes que a família precisaria fazer.
Meu amigo comentou que enquanto estava ali sentiu uma grande
força e paz invadirem seu ser. Alguns dias depois de voltar para
casa, ele percebeu uma reação de “esvaziamento” à medida que
todas as emoções começavam a afetá-lo. Ele disse que o contraste
foi tão intenso que parecia que a presença de Deus o deixara.
Entretanto, ele conhecia a Bíblia e sabia que Deus ainda estava
com ele, independentemente de como se sentisse. Com o tempo,
ele recuperou o equilíbrio espiritual e emocional, mas isso não
aconteceu da noite para o dia.
A graça de Deus estava com ele de uma maneira muito especial
durante aquele período de choque, e a presença do Senhor esteve
com ele depois que o choque passou — ainda que ele não sentisse.
O choque pode afetar a maneira como nos sentimos. Pode
entorpecer temporariamente os sentidos, mas em nenhum momento
somos privados do amor de Deus ou de ter Sua presença em nossa
vida.
Tenha em mente que não existem duas pessoas idênticas, nem
duas experiências ou situações iguais. Entretanto,
independentemente de como as personalidades ou a intensidade
dos sentimentos possam diferir, o amor de Deus pelo Seu povo e o
Seu desejo de ajudá-lo nunca mudam.
1 Alan D. Wolfelt, Death and Grief: A Guide for Clergy (Muncie, Ind.: Accelerated
Development Inc., 1988), p. 36.
2Robert Blair, The Minister’s Funeral Handbook: A Complete Guide to Professional and
Compassionate Leadership (Grand Rapids: Baker Book House Company, 1990), p. 35.
CAPÍTULO 2
FASES:
A RECUPERAÇÃO DO LUTO É
UM PROCESSO

Antes de perder um ente querido, eu pensava que haveria


um período de profunda tristeza por algum tempo, depois
tudo acabaria. Mas, para mim, houve várias emoções
distintas que variavam em ciclos — choque, incredulidade,
ira, tristeza, lágrimas, tranquilidade, sensação de
descontrole, etc. E depois eu me sentia bem, pensando que
estava tudo “terminado”. Então as emoções começavam
outra vez. O período mais difícil foi por volta de seis meses
depois da morte do meu pai.

Descobri que a recuperação do luto é um processo, e às


vezes é um passo para a frente e dois para trás.

Senti-me sem controle das emoções. Embora eu soubesse


que o Espírito Santo é o meu Ajudador e o meu Consolador,
durante algum tempo me senti muito impotente.
Aprendi principalmente que há um processo pelo qual você
passa, quer queira quer não. Não ajuda em nada negar a
perda. Todos lidam com a separação de maneira diferente
— não existe um jeito certo ou errado — não tema a falta de
controle, porque chegará um dia em que você se sentirá
normal outra vez.
FASES DA RECUPERAÇÃO

Vários autores escreveram que há certas fases, ou estágios, que


o enlutado experimenta após a morte de um ente querido. É
reconhecido comumente que essas fases não vêm de forma
ordenada como os termos poderiam sugerir. São generalizações e
não se destinam a ser rígidas ou aplicadas de forma rigorosa. Cada
pessoa é única, e embora possa haver certos denominadores
comuns no processo de recuperação da dor, as pessoas não
experimentam necessariamente tudo em determinada lista, nem
progridem passando por essas diferentes emoções de maneira
semelhante, sistemática e ordenada.
Em seu livro Good Grief (O Bom Luto), Granger Westberg
enumera dez emoções que as pessoas costumam enfrentar quando
experimentam uma perda significativa.

1. Choque
2. Expressão externa da emoção
3. Sentimentos de depressão e solidão
4. Sintomas físicos de sofrimento
5. Sentimentos de pânico
6. Sentimentos de culpa
7. Sentimentos de ira e ressentimento
8. Dificuldade de voltar às atividades normais
9. Ressurgimento gradual da esperança
1
0. Estabelecimento de uma nova realidade3
Devemos ler essa lista e presumir que é obrigatório que toda
pessoa que passe pela perda deva experimentar cada uma dessas
fases? Certamente não. Lembre-se, são descrições, e não
prescrições. Mas uma pessoa que perdeu um ente querido pode se
sentir consolada caso esteja passando por alguns dos problemas já
descritos. Ela pode encontrar alívio ao saber que não é louca,
anormal, que não está perdendo a lucidez, nem está fraca na fé. Ela
também pode encontrar força ao saber que essas reações
específicas não durarão para sempre.
Outros usaram uma terminologia diferente na tentativa de
descrever o processo ou o padrão típico que as pessoas
experimentam ao passarem pelo luto. Alan D. Wolfelt, um
conselheiro especializado em trabalhar com pessoas que estão se
recuperando do luto, descreve três “dimensões” do que as pessoas
experimentam em seguida à morte de um ente querido: evasão,
encontro e reconciliação.
A evasão é descrita como aquela fase em que uma pessoa está
emocionalmente devastada e se esforça para evitar a dolorosa
realidade do que aconteceu. Essa dimensão é marcada pelo
choque, pela negação, pelo entorpecimento e pela incredulidade.
A dimensão do encontro ocorre quando a dolorosa realidade da
perda se instala e tem início o processo de selecionar e de lidar com
uma série de problemas. Alguns dos problemas que uma pessoa
pode enfrentar e com os quais precisa lidar durante esse processo
incluem:

• Desorganização, confusão, busca e saudade.


• Ansiedade, pânico e medo.
• Mudanças fisiológicas (incluindo dificuldades para comer e
dormir, bem como diminuição da energia).
• Emoções explosivas.
• Culpa, remorso e avaliação da culpabilidade. (A culpabilidade
lida com a culpa. Em geral, a pessoa que sobreviveu diz: “Se eu
tivesse feito diferente...”)
• Sentimentos de perda, vazio e tristeza.
• Sentimentos de alívio e liberação. (Esses podem ser
especialmente fortes caso o morto tenha sofrido antes. O fato
do enlutado sentir alívio ou liberação não significa que a pessoa
que morreu não era amada. O enlutado pode sentir-se assim
porque seu ente querido não está mais sofrendo.)

Wolfelt fez o seguinte resumo da reconciliação — que ele


descreveu como a dimensão final do luto:

A reconciliação é a dimensão na qual a plena realidade da


morte se torna parte do enlutado. Além de lidar com o
problema intelectualmente, também é preciso lidar com ele
emocionalmente. O que foi compreendido no nível da
“mente” agora é entendido no nível do “coração” — a
pessoa amada está morta...

A dor passa de sempre presente, aguda e penetrante, a


uma sensação reconhecida de perda que deu lugar a um
significado e um propósito renovado. A sensação de perda
não desaparece completamente, mas é atenuada, e as
dores intensas do luto se tornam menos frequentes. A
esperança da continuidade da vida surge à medida que o
enlutado é capaz de se comprometer com o futuro,
entendendo que a pessoa morta nunca será esquecida, mas
sabendo que a sua própria vida pode e deve prosseguir.4
Norman Wright, famoso escritor e conselheiro, retratou a
recuperação da seguinte maneira:

A recuperação não significa a conclusão de uma vez por


todas para sua perda e para seu luto. Trata-se de um
processo duplo que envolve recuperar a capacidade de viver
que você tinha antes e solucionar e integrar a perda à sua
vida... Em certo sentido, você nunca se recuperará
completamente, porque jamais será exatamente como era
antes. A perda transforma você... Recuperação significa que
você tem suas habilidades e seus atributos de volta para
poder usá-los. Parte do processo significa que você não
está mais combatendo a perda, mas aceitando-a. Aceitação
não quer dizer que você teria escolhido isso ou mesmo que
gosta disso. Você aprendeu a viver com isso como parte da
sua vida. Recuperação não quer dizer que você não chora
ocasionalmente. Significa que você aprende a viver com a
perda para poder prosseguir com a vida... Recuperação
significa reinvestir na sua vida, procurando novos
relacionamentos e novos sonhos.5

Os cristãos, às vezes, têm dificuldades com a ideia de que a


recuperação do luto é um processo que requer tempo. Eles
protestam: “Somos cristãos! Sabemos que nosso ente querido está
no céu. Afinal, a Bíblia diz que os cristãos não devem se
entristecer!”.
Por mais que todos nós gostaríamos de ser automaticamente
isentos da dor do luto ou, pelo menos, de ter uma recuperação
instantânea de toda dor emocional, esse desejo se baseia mais no
pensamento positivo do que em uma compreensão exata Palavra de
Deus.

NÃO DEVEMOS NOS ENTRISTECER?


O apóstolo Paulo não ordenou aos cristãos que eles não se
entristecessem, como algumas pessoas sugerem. Em vez disso,
Paulo disse: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes
com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os
demais, que não têm esperança” (1 Tessalonicenses 4:13; grifo
nosso).
Observe novamente que Paulo não disse: “Não se entristeçam”.
Ele não falou para não chorarmos nosso luto. Ele disse
simplesmente que não devemos nos entristecer da mesma maneira
que as pessoas que não têm esperança da vida eterna no céu se
entristecem.
Paulo certamente não condenou todas as formas de luto e de
expressão emocional. Ao contrário, ele disse aos romanos para
chorarem com aqueles que choram (ver Romanos 12:15). Ele
também falou aos filipenses que, se determinado amigo dele tivesse
morrido, ele próprio teria tido tristeza sobre tristeza (ver Filipenses
2:27). Paulo não negava a ideia da realidade da perda e da tristeza,
mas afirmava o fato de que a experiência de perda do crente é uma
experiência que pode e deve ser cheia de consolo divino e de
esperança no futuro.
Paulo qualificou a natureza e o tipo de luto que deveria ser
experimentado pelos crentes. Não é o luto sombrio e fatalista
sentido por aqueles que não têm esperança. Em vez disso, é uma
tristeza temperada pelo consolo de uma ressurreição esperada, pela
presença do Espírito Santo e pelas promessas da Palavra de Deus.
Obviamente, Paulo não acreditava que os cristãos escapariam
automaticamente de todos os sentimentos do luto. Pouco depois de
dizer “para não vos entristecerdes como os demais, que não têm
esperança”, Paulo também disse, “Consolai-vos, pois, uns aos
outros com estas palavras” (1 Tessalonicenses 4:13, 18). Se os
cristãos não devessem experimentar qualquer tipo de sofrimento, se
eles estivessem isentos de toda tristeza, por que precisariam
consolar uns aos outros? Devemos consolar uns aos outros porque,
mesmo sendo crentes, ainda sentimos tristeza quando alguém que
amamos não está mais conosco.

EXISTE UM PRAZO?

Mesmo com a esperança do céu, ainda podemos sentir tristeza


quando um ente querido morre. À medida que passamos pelo
processo de recuperação do luto, podemos ser tentados a nos
perguntar quanto tempo o processo levará e se há um prazo para a
recuperação.
Falando do conhecimento da vida eterna, Gary Collins disse:
“Este conhecimento é consolador, mas não elimina a intensa dor do
luto e a necessidade de consolo”. Com relação à duração do
processo de recuperação do luto, Collins também falou: “Ninguém
pode dizer quanto tempo o processo de sofrimento durará. Para
alguns, ele pode levar apenas algumas semanas ou alguns meses,
mas estudos entre viúvas mostram que a maioria precisa de pelo
menos três ou quatro anos para chegar a uma estabilidade em suas
vidas. Mesmo assim a vida nunca é como antes do ente querido
morrer”.6
O conselheiro cristão Norman Wright ofereceu algumas
informações gerais com relação ao “padrão de montanhas e vales
no luto”, que ocorre ao longo do tempo:
A dor e o sofrimento, na verdade, se intensificam aos três
meses e depois cedem gradualmente, mas não de forma
fixa. Eles sobem e descem. A maioria das pessoas não
precisa de um lembrete do primeiro ano de aniversário da
perda de um ente querido. A intensidade do sofrimento
chega de forma avassaladora, com uma dor que se equipara
aos sentimentos iniciais de perda. É por isso que ninguém
deve dizer a uma pessoa que a essa altura isso já “deveria
ter passado” ou que ela deveria estar se “sentindo melhor”
em qualquer um desses momentos... Varia, mas a média do
tempo necessário para chorar a perda de um ente querido é
de aproximadamente dois anos para uma morte natural. Se
foi acidental, é de três anos; para a morte por suicídio,
quatro anos; e para a morte causada por homicídio, cinco
anos.7

Outros que se especializaram na área de recuperação do luto


afirmam que o período mais difícil após a morte de um ente querido
geralmente é entre sete e nove meses depois.8
Obviamente, os prazos são tão variados e únicos quanto os
indivíduos que estão sofrendo. É sábio não colocar para si mesmo
um limite para a recuperação, ou para um amigo que pode estar de
luto. Podemos dar a nós mesmos tempo para nos recuperarmos, e
podemos ministrar a outros com misericórdia e ternura,
independentemente de quanto tempo leve a recuperação particular
de cada um.

EVENTO VERSUS PROCESSO


Como seres humanos, preferiríamos ter um evento de
recuperação do luto do que um processo de recuperação do luto.
Quem não iria querer alívio instantâneo e absoluto, uma solução
rápida, uma cura total?
Conversei com algumas pessoas que experimentaram o que elas
descreveram como uma recuperação notável e rápida após a morte
de um ente querido. Mas observei que a maioria experimenta uma
recuperação gradual ao longo do tempo. Quando os
relacionamentos eram fortes e próximos, a recuperação rápida é a
exceção, e não a regra.

NEM TODOS OS CASOS SÃO IGUAIS

Lembre-se de que cada pessoa é única. Nunca julgue a si mesmo


pelas experiências (ou pelas expectativas) das outras pessoas.
Embora possa haver “médias” ou padrões gerais, você é um ser
humano distinto. O escritor Alan Wolfelt identificou dez fatores que
influenciam a singularidade do processo de recuperação do luto
para indivíduos diferentes:

1. A natureza do relacionamento com a pessoa que morreu.


2. A disponibilidade, a eficiência e a capacidade da pessoa de
fazer uso de um sistema social de apoio.
3. As características únicas da pessoa enlutada.
4. As características únicas da pessoa que morreu.
5. A natureza da morte.
6. O histórico religioso e cultural do enlutado.
7. Outras crises ou estresses na vida do enlutado.
8. Experiências anteriores com a morte.
9. As diferentes expectativas sociais para homens ou mulheres
sobreviventes.
1
0. A experiência do ritual ou do enterro.9

Ao considerar essa lista, fica óbvio que há mais do que apenas


algumas variáveis que contribuem para a singularidade das
experiências de cada pessoa enlutada.

O QUE VOCÊ DEVE FAZER?

O que você deve fazer quando descobre que está


experimentando a recuperação em estágios, e quando sente como
se, às vezes, desse um passo para a frente e dois para trás?

• Encontre versículos significativos que o consolem e o


fortaleçam quando você estiver encarando emoções
desagradáveis. Lembre-se de que os sentimentos vêm e vão,
mas a Palavra de Deus permanece para sempre.
• Lembre-se de que Deus é bom e que Ele está com você,
independentemente do que você sinta. Ele é fiel para cumprir
Suas promessas.
• Continue envolvido com outras pessoas e com a igreja. Os
amigos podem dar um suporte adicional para seu processo de
recuperação.
• Seja gracioso com você. Dê tempo a si mesmo. Não se
recrimine, não se condene, nem suponha que há algo errado se
você sente que as coisas ficaram um pouco desequilibradas por
algum tempo.
• Encontre alguém que respeite o que você está passando e que
lhe permita falar sobre seus sentimentos. Um amigo
compassivo, um pastor ou um conselheiro podem ser de grande
ajuda nesse sentido.
• Fale com Deus. Abra-se com Ele. Não fique constrangido nem
se afaste dele se houver partes do processo que sejam
especialmente difíceis. Ele sabe o que você está atravessando;
Ele entende e Ele se importa.
• Escreva. Algumas pessoas se expressam melhor em um diário.
Boa parte do livro de Salmos poderia ser considerada o diário
de Davi. Ele costumava descrever situações e emoções
devastadoras que estava experimentando. Ele também
costumava escrever para expressar sua fé. Por exemplo, ele
disse: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não
temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o
teu cajado me consolam” (Salmos 23:4). Observe que Davi não
negou a realidade da situação pela qual estava passando, mas
afirmou sua fé de que Deus estava com ele e de que Deus o
estava conduzindo em meio àquela situação.
• Tome decisões positivas. Os sentimentos negativos e
opressivos tendem a paralisar as pessoas, fazendo com que
elas se isolem da vida diária. É importante fazer o que for
preciso, apesar de como você se sente. Em vez de esperar que
seus sentimentos mudem, tome decisões positivas e faça as
coisas certas, sabendo que os sentimentos mudarão com o
tempo.

Ao longo do processo de recuperação do luto será útil você


entender que os sentimentos desafiadores não durarão para
sempre. Lembre-se de conversar consigo mesmo de forma positiva
— de uma maneira que esteja alinhada com a Bíblia. Assim como
Davi fazia:
Davi muito se angustiou, pois o povo falava de apedrejá-lo,
porque todos estavam em amargura, cada um por causa de
seus filhos e de suas filhas; porém Davi se reanimou no
S , seu Deus.
— 1 Samuel 30:6

Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas


dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a
ele, meu auxílio e Deus meu.
— Salmos 42:11

Volta, minha alma, ao teu sossego, pois o S tem sido


generoso para contigo.
— Salmos 116:7

Embora emoções e pensamentos negativos possam estar


presentes algumas vezes, argumente contra eles, substituindo-os
por pensamentos que o fortaleçam e o encorajem. Ao contrário de
como possa se sentir no momento, você superará esse processo de
luto; enquanto isso, continue confiando em Deus e colocando um pé
na frente do outro.
3Good Grief, por Granger E. Westberg, copyright © 1962, 1971 Fortress Press. Adaptado
com permissão de Augsburg Fortress (www.augsburgfortress.org).
4 Alan D. Wolfelt, Death and Grief: A Guide for Clergy (Muncie, Ind.: Accelerated
Development Inc., 1988), p. 33-61
5H. Norman Wright, Recovering From the Losses of Life (Tarrytown, N.Y.: Fleming H.
Revell Company, 1991), p. 112.
6 Reimpressão mediante permissão de Thomas Nelson Publishers do livro intitulado
Christian Counseling: A Comprehensive Guide (Revised Edition), copyright 1988 por Gary
R. Collins, p. 346-347.
7H. Norman Wright, Crisis Counseling, copyright 1993, Gospel Light/Regal Books, Ventura,
Calif. 93003, p. 164-165. Uso mediante permissão.
8 Delores Kuenning, Helping People Through Grief (Minneapolis: Bethany House
Publishers, 1987), p. 219.
9 Wolfelt, p. 109.
CAPÍTULO 3
NÃO HÁ
PROBLEMA
EM CHORAR

Alguns cristãos disseram coisas parecidas com: “Ah, eu


soube que seu pai morreu. Glória a Deus porque ele está no
céu”, ou “Ele era salvo, certo? Então você não precisa se
preocupar”. Esses comentários pareciam tão insensíveis.
Algumas pessoas esquecem que ainda somos humanos e
temos emoções. Um simples “Lamento muito pela morte do
seu pai”, dito sinceramente por não cristãos foi mais
consolador que algumas das coisas que ouvi de pessoas da
igreja.

Um dos maiores problemas que encontrei ao lidar com a morte de


um ente querido diz respeito às emoções humanas. Algumas
pessoas foram ensinadas que se uma pessoa tiver fé de verdade,
ela não terá ou não deveria ter qualquer tipo de emoção negativa
após a morte de um ente querido. Mas essa ideia é compatível com
o ensinamento da Bíblia?
Eclesiastes 3:4 afirma que há “tempo de chorar e tempo de rir,
tempo de prantear e tempo de saltar de alegria”. Jesus expressou a
natureza de apoio e consolo de Deus para com os que estavam
afligidos pela perda, quando disse: “Bem-aventurados os que
choram, porque eles serão consolados” (Mateus 5:4). Ele com
certeza não disse: “Que vergonha para aqueles que choram” ou
qualquer palavra de condenação. Jesus também se envolveu
totalmente na experiência da tristeza humana quando chorou diante
do túmulo de Seu amigo Lázaro (ver João 11:35).
Os crentes do Novo Testamento são vistos expressando tristeza
em Atos 8:2 quando “alguns homens piedosos [que] sepultaram
Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele”. O apóstolo Paulo, um
homem de grande fé, reconheceu a própria humanidade quando
falou sobre o fato de que seu amigo Epafrodito estivera doente e
estava muito perto da morte. Ele afirmou: “Deus, porém, se
compadeceu dele, e não somente dele, mas também de mim, para
que eu não tivesse tristeza sobre tristeza” (Filipenses 2:27).
O Antigo Testamento também apresenta vários casos de pessoas,
até mesmo de grandes heróis da fé, expressando sua dor e suas
emoções de maneira externa e visível.

• Abraão lamentou a morte de Sara e chorou por ela (Gênesis


23:2).
• Jacó lamentou por muitos dias quando acreditou que seu filho
José havia sido morto (Gênesis 37:34).
• José e outros choraram a morte de Jacó (Gênesis 50:1-13).
• O povo de Israel chorou a morte de Arão (Números 20:29) e
Moisés (Deuteronômio 34:5-8).
• Davi chorou a morte de seu bebê (2 Samuel 12:21-23), de seu
filho adulto Absalão (2 Samuel 18:33) e a morte de Jônatas e
Saul (2 Samuel 1:11-27).
• Jeremias e a nação de Israel choraram a morte do rei Josias (2
Crônicas 35:23-25).
• Elifaz, Bildade e Zofar lamentaram a adversidade de Jó (Jó
2:11-13).

Para que o sofrimento não fosse uma experiência inteiramente


individual que isolasse a pessoa enlutada da amizade e do apoio tão
necessários, Paulo encorajou os crentes a chorarem com aqueles
que choram (ver Romanos 12:15). No entanto, muitas pessoas
costumam ter dificuldade de lidar com suas emoções.

VÁRIAS REAÇÕES À EMOÇÃO


Algumas pessoas se sentem desconfortáveis com as próprias
emoções e mais desconfortáveis ainda quando estão rodeadas de
outras que estão passando por problemas emocionais. Para evitar o
incômodo, elas simplesmente evitam os enlutados. Tentam justificar
o fato de se manterem a distância dizendo a si mesmas: “ele [o
enlutado] provavelmente quer ficar sozinho”.
Algumas pessoas têm a tendência de não ser nada emotivas.
Elas podem até acreditar que é sinal de fraqueza, especialmente
para os homens, expressarem emoções. Como resultado, reprimem
emoções e ficam constrangidas ao chorar ou demonstrar tristeza.
Podem se sentir obrigadas a “ser fortes” e mostrar aos outros o
quanto têm “fé” parecendo totalmente vitoriosas.
Há também o extremo oposto: indivíduos que não só expressam
sua emoção, mas são contínua e perpetuamente controlados pelos
sentimentos. É compreensível nos sentirmos dominados por uma
forte reação emocional, especialmente após uma grande perda, mas
os sentimentos não devem nos dominar ou nos governar o tempo
todo.
No livro de Salmos, observamos Davi e outros expressando com
honestidade o que sentiram quando passaram por determinadas
circunstâncias. Davi não negava a realidade de seus sentimentos,
mas também não permitia que eles o governassem. Ele derramava
o coração diante de Deus e deixava que Ele o ajudasse através do
que ele estava experimentando.
Um exemplo perfeito disso está em 1 Samuel 30:1-6. Nessa
passagem da Bíblia, Davi e seus homens estavam em uma
expedição militar. Quando voltaram, descobriram que suas
mulheres, seus filhos e todos os seus bens tinham sido levados, e a
cidade havia sido queimada. No versículo 4, observamos a reação
de Davi e de seus homens: “Então, Davi e o povo que se achava
com ele ergueram a voz e choraram, até não terem mais forças para
chorar”.
Quando as emoções são intensas, podemos estar mais inclinados
a tomar decisões impulsivas. Decisões assim podem fazer com que
as coisas se tornem muito piores. Felizmente, Davi permitiu que sua
fé em Deus influenciasse a maneira como ele lidou com as emoções
e no processo de tomada de decisões. Veja como a situação
progrediu: “Davi muito se angustiou, pois o povo falava de apedrejá-
lo, porque todos estavam em amargura, cada um por causa de seus
filhos e de suas filhas; porém Davi se reanimou no S , seu
Deus” (v. 6).
Davi demonstrou equilíbrio nessa história. Ele foi humano o
suficiente para ter emoções e expressá-las, mas quando precisou
tomar uma decisão para prosseguir na vida, ele o fez. Esse mesmo
Davi escreveu as famosas palavras: “Ainda que eu ande pelo vale
da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás
comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam” (Salmos 23:4).
Observe que Davi não disse que montaria acampamento ou
residência permanente no vale da sombra da morte. Ele falou:
“Ainda que eu ande ...”. Um crente precisa ter confiança de que
Deus passará com ele enquanto atravessa o problema.

ENCONTRAR EQUILÍBRIO EMOCIONAL PODE LEVAR TEMPO


Isso não quer dizer que as emoções podem ser ligadas e
desligadas como um interruptor. As pessoas que estão lidando com
o sofrimento aprendem que é preciso tempo para processar certas
emoções. Não fique frustrado e desanimado consigo mesmo se
você acha que está demorando mais do que gostaria. Embora você
tome decisões e se esforce para viver de acordo com elas, ainda
pode levar um tempo considerável até sentir que recuperou o
equilíbrio espiritual e emocional logo depois de uma perda
significativa.
Analise as seguintes afirmações feitas por pessoas diferentes:

Eu ficava perturbado quando parecia que não conseguia


controlar minhas emoções. Era uma sensação de muita
impotência. Aprendi a orar e a atravessar aquela emoção
com Deus em vez de lutar contra ela ou negá-la. Aceitei isso
como parte do processo de cura.

A tempestade de emoções foi além de qualquer coisa que


eu já havia experimentado. Eu me perguntava se
conseguiria lidar com elas, suportá-las e passar por elas.

Eu não conhecia ninguém que pudesse passar por tantos


tipos de emoções e sentimentos ao longo do processo de
recuperação. Passar por isso mudou totalmente minha
maneira de ver a vida e os relacionamentos.

Eu não sabia da importância de expressar meu sofrimento


através das lágrimas. Porque sou homem, eu mantinha as
emoções sob controle e não queria dar expressão à minha
dor. Isso foi, na verdade, dois meses antes de o impacto me
atingir, e realmente tive alívio através das lágrimas. Agora
sei que não há problema em expressar a dor.

Aquela explosão repentina de emoção estava me


perturbando. Alguém dizia alguma coisa ou fazia alguma
coisa, e isso disparava um gatilho. Então, vinha um fluxo do
nada... Uma onda de emoção... Lágrimas que fluíam de
repente. O Natal era diferente. Fiquei surpreso com o nível
de autopiedade com o qual tive de lutar.

Isso me ajudou a aprender que as coisas que eu estava


vivenciando eram expressões normais e saudáveis da
perda, e que com o tempo eu me recuperaria. Aprendi que a
fé, no caso da perda de um ente querido, não se destina a
bloquear as emoções. Aprendi que a experiência e as
emoções de cada pessoa atuam de maneira diferente.

Como Deus se sente com relação às pessoas que passaram por


essa situação? Ele ficou zangado por elas terem chorado? Ele ficou
impaciente com elas por estarem emotivas? Não! Ele as amou e as
ajudou, do mesmo modo que Ele quer ajudar qualquer pessoa que
passe pelo sofrimento.

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o


Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que
nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos
consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a
consolação com que nós mesmos somos contemplados por
Deus.
— 2 Coríntios 1:3-4
É tremendamente útil, em determinadas ocasiões, simplesmente
saber que você não é o único que está passando por certas coisas.
Inúmeras pessoas se isolaram no seu modo de pensar, imaginando
que eram as únicas a enfrentar essa experiência. Quando quem
está lutando com as emoções descobre que seus sentimentos são
comuns (ver 1 Coríntios 10:13), acaba sentindo um grande alívio por
isso. Algumas pessoas disseram: “Estou tão contente por descobrir
que o que estou passando é normal; pensei que estava
enlouquecendo”.

DEUS LHE DEU EMOÇÕES


Você precisa saber que Deus não o criou para ser um robô. Ele
lhe deu emoções, e elas têm um papel significativo em sua vida.
Deus lhe deu a capacidade de sentir — a capacidade que lhe faz
experimentar dor emocional é a mesma capacidade que lhe permite
dar e receber alegria e amor.
Deus não o criou para ser uma pessoa sem emoções, mas
também não o criou para que as emoções e os sentimentos fossem
os senhores da sua vida. Fale com Deus sobre o que você está
passando. Seja sincero com Ele. Derrame seu coração diante dele.
Ele não fica ofendido com suas emoções, e Ele quer passar por
esse processo com você.

Porque não temos sumo sacerdote que não possa


compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado
em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça
para socorro em ocasião oportuna.
— Hebreus 4:15-16

A boa notícia é que Deus não apenas entende suas batalhas


emocionais, como está totalmente comprometido em levá-lo a um
estado de alegria, satisfação e plenitude — por mais impossível que
isso possa lhe parecer no momento.
Veja estes versículos:

Mudaste o meu pranto em dança, a minha veste de lamento


em veste de alegria.
— Salmos 30:11, NVI

Nunca mais se porá o teu sol, nem a tua lua minguará,


porque o S será a tua luz perpétua, e os dias do teu
luto findarão.
— Isaías 60:20

O papel e a missão do Messias são descritos em Isaías 61.


Lemos que Jesus veio para consolar todos os que choram, para dar
a eles beleza em lugar de cinzas, óleo de alegria em vez de pranto e
vestes de louvor em vez de espírito angustiado (vv. 2-3).
Às vezes tendemos a fugir de Deus quando mais precisamos
dele. Independentemente de como você se sinta agora, volte-se
para Deus; fale com Ele. Ele está pronto e disposto a passar com
você pelas experiências que estiver enfrentando, sejam elas quais
forem. Ele é o seu socorro bem presente na hora da angústia (ver
Salmos 46:1).
CAPÍTULO 4
LIDANDO
COM A
CULPA

S entimento de culpa é uma das emoções mais comuns,


atormentadoras e perturbadoras com as quais as pessoas
lidam após a morte de um ente querido. Considere alguns dos
seguintes comentários que diferentes indivíduos fizeram:

Senti que talvez de alguma maneira eu tivesse falhado com


ela.

A combinação da culpa com o remorso foi realmente


desafiadora. Mais tarde, ansiei por voltar e reviver aqueles
momentos e agir de maneira diferente. Eu lamentava tanto
as oportunidades perdidas... Eu fui egoísta de diversas
maneiras... Tive de me arrepender, aprender com meu erro,
receber a misericórdia de Deus e (o mais difícil de tudo)
perdoar a mim mesmo. Tive de aceitar o que eu não podia
mudar e não dar lugar ao diabo.

Lamentei não ter passado mais tempo com meu avô e não
ter valorizado o tempo que passei com ele. Eu estava
sempre correndo, enquanto ele estava envelhecendo. Minha
avó diz que ele sabia que eu o amava, mas eu ainda me
sentia culpado.

Senti um grande alívio quando minha mãe morreu. Ela


estava doente havia muito tempo, e vimos sua saúde se
deteriorar lentamente por muitos anos. Senti muita culpa por
estar aliviado. É uma estranha mistura. Você expele alívio,
mas engole culpa.

A culpa foi a emoção mais desafiadora e perturbadora que


senti após a morte de minha mãe (eu tinha oito anos de
idade quando ela se foi). Eu me sentia responsável pela
morte dela por alguma razão. Desejei que tivesse sido eu no
lugar dela. Eu me sentia culpada quando chorava e quando
não chorava. Senti culpa quando comecei a amar e a aceitar
minha madrasta. Eu me senti culpada por não ter dito à
minha mãe que a amava antes de ir para a escola naquela
manhã. Até me senti culpada enquanto crescia e as pessoas
começavam a dizer o quanto eu parecia com minha mãe. A
culpa começou literalmente a arruinar minha vida.

O que mais me ajudou foi levar a Palavra de Deus a sério:


“Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele
tem cuidado de vós” (1 Pedro 5:7). Eu sabia que não podia
viver como estava vivendo. Eu estava tão infeliz que queria
fugir ou me matar. Então, tomei a Palavra de Deus ao pé da
letra e lancei todos os sentimentos de culpa sobre Ele. Orei
para que a paz que excede todo entendimento guardasse
meu coração e minha mente em Cristo Jesus (ver Filipenses
4:7). Durante muito tempo eu acordava todas as manhãs e
tinha de fazer isso. Com o tempo, a culpa se foi e a paz
permaneceu.

Passar por uma perda significativa pode nos lançar em um estado


de intenso autoexame. Podemos começar a analisar criticamente
tudo o que dissemos e fizemos, assim como tudo que não dissemos
ou fizemos. Esse escrutínio que impomos a nós mesmos pode ser
não só extremamente duro, como injusto quando julgamos a nós
mesmos como se pudéssemos prever as coisas. Por exemplo, se
não percebemos que uma pessoa estava próxima da morte,
julgamos a nós mesmos como se soubéssemos que essa pessoa ia
morrer, ou pelo menos como se devêssemos saber.

CULPA “NORMAL”VERSUS CULPA “NEURÓTICA”


Granger Westberg diferencia entre o que ele chama de “culpa
normal” e “culpa neurótica”.

Uma ilustração da culpa neurótica poderia ser uma filha que


ficou ao lado de sua mãe idosa por dias e dias sem dormir.
O médico então ordena que ela vá para casa e durma um
pouco. Acontece dessa ser a noite em que a mãe morre, e
ela nunca se perdoará por não estar lá quando isso
acontece. Ela remói o assunto interminavelmente e o
aumenta de forma desproporcional à situação real.10

Nessa situação, ninguém pode culpar a filha por seus atos. Nem
Deus, nem a mãe, nem a família, nem os amigos tomariam uma
atitude julgadora com relação a ela. Na verdade, ela seria elogiada
por sua devoção e seu comprometimento para com a mãe.
Entretanto, por causa da intensidade do seu envolvimento
emocional na situação, a interpretação da filha sobre os próprios
atos pode ser ampliada negativamente de forma desproporcional em
sua mente.
Algumas vezes podemos julgar a nós mesmos com expectativas
irrealistas e, obviamente, deixamos a desejar no quesito perfeição.
Quando isso acontece, temos um sentimento de culpa, seja ele
verdadeiramente merecido ou não.

PRECISAMOS DE PERDÃO OU PRECISAMOS TRANQUILIZAR O


CORAÇÃO?

Se a culpa é uma falsa culpa, ou uma “culpa neurótica” (não


proporcional ao que fizemos ou deixamos de fazer), então nossa
verdadeira necessidade é tranquilizar o coração, e não obter o
perdão. O apóstolo João falou das vezes em que o próprio coração
pode nos condenar, e disse que nesses momentos é apropriado
“tranquilizar o nosso coração” diante de Deus (ver 1 João 3:19-20).
Entretanto, se a culpa se baseia em algum pecado real ou em
alguma atitude errada, precisamos pedir perdão a Deus e também
perdoar a nós mesmos.
A culpa é uma reação normal e saudável quando realmente
erramos ou cometemos um pecado. Se pudéssemos agir mal e não
sentir culpa, então nossa consciência se tornaria insensível,
endurecida ou cauterizada. Quando sentimos culpa, a atitude
apropriada é ir ao Senhor e perceber se existe alguma coisa da qual
precisamos genuinamente nos arrepender e confessar como
pecado.
O rei Davi é um exemplo bíblico de alguém que cometeu pecado.
Quando o profeta Natã o confrontou, esta foi a reação de Davi:

Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade;


e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as
minhas transgressões. Lava-me completamente da minha
iniquidade e purifica-me do meu pecado. Pois eu conheço
as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre
diante de mim. Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o
que é mau perante os teus olhos, de maneira que serás tido
por justo no teu falar e puro no teu julgar. Eu nasci na
iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe. Eis que
te comprazes na verdade no íntimo e no recôndito me fazes
conhecer a sabedoria. Purifica-me com hissopo, e ficarei
limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve. Faze-me
ouvir júbilo e alegria, para que exultem os ossos que
esmagaste. Esconde o rosto dos meus pecados e apaga
todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um
coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável.
— Salmos 51:1-10

No Novo Testamento nos é prometido que, se confessarmos


nossos pecados a Deus, Ele é fiel para nos perdoar. Diz 1 João 1:9:
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados e nos purificar de injustiça” (grifo nosso).
Deus não apenas nos perdoará pelos nossos pecados de ação —
quando fizemos algo errado — mas também nos perdoa pelos
pecados de omissão — por termos deixado de fazer algo que
deveríamos ter feito (ver Tiago 4:17).

A TRISTEZA SEGUNDO DEUS VERSUS A TRISTEZA DO MUNDO

Observamos outro exemplo de tristeza segundo o padrão de Deus


— que é uma reação apropriada à culpa — na reação dos coríntios
à carta de correção de Paulo:

Porquanto, ainda que vos tenha contristado com a carta,


não me arrependo; embora já me tenha arrependido (vejo
que aquela carta vos contristou por breve tempo), agora, me
alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes
contristados para arrependimento; pois fostes contristados
segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano
sofrêsseis. Porque produz
arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar;
mas a produz morte.
— 2 Coríntios 7:8-10, grifo nosso

Paulo não queria apenas fazer os crentes de Corinto se sentirem


mal e se remoerem na culpa por causa do seu erro. Ele queria que
os coríntios reconhecessem onde era necessário fazer ajustes,
fizessem essas correções e, pela misericórdia e pela graça de Deus,
recebessem o perdão e seguissem adiante. Paulo não desejava vê-
los de cabeça baixa, cheios de vergonha e vivendo com remorso e
pesar. Ele queria que a vida dos coríntios fosse aperfeiçoada pela
reação deles ao que havia sido escrito.

A PESSOA MAIS DIFÍCIL DE SE PERDOAR

Parece que, às vezes, a pessoa mais difícil de se perdoar é a si


mesmo! Conversei com muitas pessoas que falharam em alguma
área na vida e simplesmente não conseguiam se perdoar. Cometiam
abuso constante contra si mesmas, mental e emocionalmente
falando. Era como se elas sentissem que tinham de autoflagelar-se
de alguma forma por muito tempo a fim de castigar a si mesmas e,
assim, de alguma forma “expiar” a culpa e a vergonha que estavam
sentindo por causa do seu erro.
Perguntei a essas pessoas qual seria a atitude delas se um de
seus amigos tivesse cometido o mesmo erro para com elas — como
elas se sentiriam com relação a essa pessoa e como aconselhariam
o amigo. Todas, sem exceção, disseram que perdoariam o amigo e
o encorajaria a perdoar a si mesmo. Elas lhe diriam para prosseguir
na vida e não permitir que esse erro o atormentasse ou o detivesse.
Depois que essas pessoas explicaram como aconselhariam um
amigo que estivesse nesse tipo de situação, perguntei por que elas
não podiam aplicar e seguir o conselho que dariam ao amigo. Elas
se surpreenderam ao perceber que estavam sendo muito mais
duras consigo mesmas do que seriam com um amigo.
Parece que é mais fácil perdoar os outros que perdoar a nós
mesmos. Mas os mortos não desejariam que nós vivêssemos
esmagados pela culpa e lamentando nosso remorso. Eles
reconheceriam que todos nós (inclusive os que já se foram!)
falhamos e fomos menos que perfeitos em nossos relacionamentos.
A vida se resume em graça e misericórdia — em perdoar a nós
mesmos e em perdoar os outros.

NÃO PODEMOS MUDAR O PASSADO


Por mais difícil que seja aceitar este fato, nós não podemos voltar
e reviver o passado. Há coisas que se referem ao nosso
relacionamento com aqueles que morreram que simplesmente não
podemos mudar. Se nós percebermos agora que não fomos
atenciosos como deveríamos ter sido, ou não nos envolvemos com
alguém que morreu, não podemos voltar atrás e mudar isso.
Entretanto, podemos tomar uma decisão de qualidade ao darmos
mais valor aos amigos e aos membros da família que ainda temos
conosco. Podemos pegar essa lição, por mais dolorosa que seja, e
fazer dela uma parte redentora do nosso crescimento como seres
humanos. Ficarmos nos açoitando continuamente por causa dos
nossos erros não ajuda ninguém, nem muda o que aconteceu ou
melhora a situação atual.
O autor da Oração da Serenidade expressou grande sabedoria
quando orou: “Senhor, concede-me a serenidade para aceitar as
coisas que não posso mudar; a coragem para mudar as coisas que
posso; e a sabedoria para saber a diferença entre elas”.

NÃO MAIS ESCRAVO DA CULPA

Pode ser natural se sentir culpado, principalmente quando


erramos; mas é sobrenatural receber perdão e viver em liberdade.
Veja a seguinte história:

Um garotinho que estava visitando os avós ganhou de


presente seu primeiro estilingue. Ele praticava nas matas,
mas nunca conseguia acertar um alvo.
Quando voltou para o quintal da avó, avistou o pato de
estimação dela. Em um impulso, mirou e lançou a pedra. A
pedra atingiu o animal, que caiu morto.
O menino entrou em pânico. Desesperado, escondeu o pato
morto na pilha de lenha, quando olhou para cima e viu a
irmã observando-o. Sally havia visto tudo, mas não disse
nada.
Depois do almoço, naquele dia, vovó falou:
— Sally, vamos lavar a louça.
Mas Sally disse:
— Johnny me disse que queria ajudar na cozinha hoje. Não
é, Johnny?
E ela sussurrou para ele:
— Lembre-se do pato!
Então, Johnny lavou a louça.
Mais tarde, vovô perguntou se as crianças queriam pescar.
Vovó falou:
— Sinto muito, mas preciso de Sally para me ajudar a fazer
o jantar.
Sally sorriu e disse:
— Já está resolvido. Johnny quer fazer o jantar.
Mais uma vez, ela sussurrou:
— Lembre-se do pato!
Johnny ficou, enquanto Sally foi pescar.
Depois de vários dias, com Johnny fazendo as tarefas dele e
as de Sally, finalmente ele não suportou mais: confessou
para a vovó que havia matado o pato.
— Eu sei, Johnny — ela disse, lhe dando um abraço. — Eu
estava na janela e vi tudo. Porque o amo, eu o perdoei.
Fiquei me perguntando até quando você deixaria que Sally o
fizesse de escravo.

Precisamos fazer a mesma pergunta a nós mesmos quando


estivermos lutando contra a culpa — por quanto tempo vamos
permitir que a culpa nos faça de escravos? Antes de nascermos,
Deus conhecia cada erro e cada pecado que cometeríamos. Ele
ainda nos ama, e enviou Seu Filho Jesus para morrer pelos nossos
pecados e levar nossa culpa e nossa vergonha. Jesus derramou
Seu sangue para que pudéssemos ser livres, para que não
tivéssemos mais de ser escravos da culpa, da vergonha e da
condenação.

UMA ORAÇÃO POR PERDÃO


Se você estiver lidando com a culpa pela morte de um ente
querido, faça esta oração:

Querido Pai celestial


Venho a Ti agora entendendo que deixei a desejar em ser a
pessoa que eu gostaria de ter sido com relação a
_________________. Há coisas que eu não disse ou não fiz
que eu gostaria de ter dito e feito; e há coisas que eu disse e
fiz que gostaria de não ter dito e feito. Não valorizei meu
tempo com ___________________________ da maneira
que eu gostaria de ter valorizado, e agora estou sentindo
remorso e culpa por tudo isso.
Eu Te peço que me perdoes pelas áreas nas quais falhei. Eu
Te agradeço porque Tu és misericordioso e perdoador, e
recebo Teu perdão agora. Eu também Te peço que me
ajudes enquanto tomo a decisão, neste momento, de
perdoar a mim mesmo. Sei que não queres que eu ande me
punindo ou vivendo sob uma nuvem de culpa.
Também Te peço que me ajudes a colocar toda esta
situação na perspectiva correta. Ajuda-me a não julgar a
mim mesmo com dureza excessiva. Reconheço que é mais
fácil compreender os fatos corretamente depois que eles
ocorreram, mas entendo que não é justo colocar
expectativas não realistas nos outros ou em mim mesmo.
Ajuda-me a lembrar dos bons tempos, a focar nos aspectos
positivos do relacionamento e a me tornar uma pessoa
melhor por causa das minhas experiências na vida. Estou
crescendo, e eu Te agradeço pela Tua ajuda em me tornar a
pessoa que Tu queres que eu seja.
Em nome de Jesus eu oro. Amém.

Toda vez que sentimentos de vergonha ou condenação tentarem


oprimi-lo, lembre-se de que você fez essa oração e agradeça a
Deus por libertá-lo da culpa!

PERMANECENDO LIVRE DA CULPA

Lembre-se de que nossas emoções podem levar um tempo para


serem processadas. Sentimentos desagradáveis podem tentar
permanecer por um período, mas podemos continuar a “alimentar” e
a reforçar nossas decisões com base na Palavra de Deus. Quanto
mais afirmarmos e reforçarmos positivamente nossas decisões,
mais forte essa realidade se tornará em nossa vida.
Se o sentimento de culpa permanecer, não se acovarde supondo
que fracassou. Em vez disso, reforce sua decisão, agradecendo a
Deus pelo perdão e se apegando a ele, independentemente de
como você se sinta. Sentimentos podem ser instáveis e sujeitos a
mudança. Se lhe vierem pensamentos sugerindo que você não foi
perdoado, argumente contra eles com a Palavra de Deus.
A tradução literal de Jonas 2:8, na versão King James da Bíblia
em inglês, diz: “Aqueles que acreditam em vaidades mentirosas
abandonam a própria misericórdia” (tradução livre). A versão
Almeida Revista e Atualizada traduz esse mesmo versículo como:
“Os que se entregam à idolatria vã abandonam aquele que lhes é
misericordioso”.
Sentimentos ou pensamentos que se exaltam contra a Palavra de
Deus poderiam ser chamados de “vaidades mentirosas”. Não
“acredite” neles nem se “entregue” a eles. Não podemos
necessariamente impedir a visita desses pensamentos ou
sentimentos, mas não temos de recebê-los ou abrigá-los. Podemos
argumentar contra eles com a verdade da Palavra de Deus.
Seja qual for a razão para a culpa — quer precisemos ser
tranquilizados quer precisemos de perdão — Deus está presente
para suprir cada uma das nossas necessidades. À medida que
contarmos com Ele em tempos de crise emocional, seja por tristeza,
confusão, ou culpa, Ele irá consolar e fortalecer nosso coração.
10THE GOOD GRIEF por Granger E. Westberg, copyright © 1962, 1971 Fortress Press.
Adaptado mediante permissão de Augsburg Fortress (www.augsburgfortress.org), p. 48.
CAPÍTULO 5
POR QUE
ESTOU IRADO?

A prendemos que não há problema em sofrer e chorar. Até


reconhecemos que os sentimentos de tristeza e aflição são
emoções legítimas e compreensíveis. Mas e quanto aos
sentimentos de ira? A ira não é um pecado?
A ira é uma forma de protesto. Quando consideramos alguma
coisa injusta, quando algo (ou alguém) que valorizamos é tirado de
nós ou quando nos sentimos ameaçados, temos naturalmente uma
reação emocional. Nosso ser reage. Podemos dizer isto em voz alta
ou apenas sentir dentro de nós mesmos: “Não é justo! Não é justo!
Eu não concordo! Eu protesto!”.
Uma das emoções comuns que são sentidas em seguida à morte
de um ente querido é a ira. Considere as seguintes declarações:

Fiquei zangado com meu pai porque ele continuou tomando


decisões erradas até que isso pôs fim à vida dele
desnecessariamente.

Eu estava zangada... Zangada comigo mesma por não estar


presente para minha avó; zangada porque os médicos
deixaram isso acontecer; zangada com Deus por não
impedir que isso acontecesse.

Eu estava tão magoada! E me sentia só. Algum tempo


depois, o Senhor me revelou que a raiz profunda que eu
sentia com a emoção da ira tinha a ver com a morte da
minha mãe. Percebi que eu não tinha direito de acusá-la de
nada, e comecei a entender que, lá no fundo do meu
coração, eu precisava perdoá-la. Naquele momento, perdoei
minha mãe por deixar esta terra tão cedo. Então, o Senhor
me fez telefonar para alguém em quem confio e confessar
isso. Essa amiga entendeu e me encorajou nesse passo de
crescimento.

Muitas pessoas foram levadas a acreditar que a ira é indesejável


e errada — que a ira é um pecado. Em resultado, essas pessoas
não são sinceras consigo mesmas ou com os outros, e procuram
esconder ou reprimir a ira. Elas podem dizer palavras socialmente
adequadas e aceitáveis — o que acham que as pessoas esperam
que elas digam —, e podem “agir” de forma apropriada, mas, por
dentro, elas estão lidando com a raiva.

JESUS E A IRA

Embora seja verdade que possamos agir com base na ira de uma
maneira pecaminosa, a ira em si não é necessariamente um
pecado. Sabemos que Jesus nunca pecou, no entanto, Ele se irou.
Considere a seguinte passagem bíblica:

De novo, entrou Jesus na sinagoga e estava ali um homem


que tinha ressequida uma das mãos. E estavam observando
a Jesus para ver se o curaria em dia de sábado, a fim de o
acusarem. E disse Jesus ao homem da mão ressequida:
“Vem para o meio!”. Então, lhes perguntou: “É lícito nos
sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-
la?”. Mas eles ficaram em silêncio. O - ,
,
disse ao homem: “Estende a mão”. Estendeu-a, e a mão lhe
foi restaurada.
— Marcos 3:1-5, grifo nosso

O evangelho de João nos dá outro incidente bíblico no qual Jesus


ficou obviamente irado.

Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para


Jerusalém. E encontrou no templo os que vendiam bois,
ovelhas e pombas e também os cambistas assentados;
tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos do
templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão
o dinheiro dos cambistas, virou as mesas e disse aos que
vendiam as pombas: “Tirai daqui estas coisas; não façais da
casa de meu Pai casa de negócio”. Lembraram-se os seus
discípulos de que está escrito: “O zelo da tua casa me
consumirá”.
— João 2:13-17

No relato de Mateus dessa passagem, o que aconteceu depois da


demonstração de ira de Jesus é muito significativo. Mateus 21:14
diz: “Vieram a ele, no templo, cegos e coxos, e ele os curou”.
Em ambos os casos (a cura do homem no Sábado e a purificação
do templo), Jesus sentiu uma emoção que costumamos classificar
como negativa; mas Ele, em última análise, agiu de uma maneira
positiva e produtiva. Jesus não foi vencido pela negatividade da
situação; em vez disso, Ele agiu de forma redentora nessas
situações e fez com que o bem resultasse delas.
Como disse certa vez o Dr. David Seamands:

A ira é uma emoção implantada divinamente. Intimamente


aliada ao nosso instinto do que é certo, ela se destina —
assim como todas as nossas emoções — a ser usada para
propósitos espirituais construtivos. A pessoa que não pode
sentir ira diante do mal é uma pessoa a quem falta
entusiasmo pelo bem. Se você não pode odiar o erro, é
muito questionável se você ama realmente a justiça.11

O APÓSTOLO PAULO SOBRE A IRA


O apóstolo Paulo (um homem que definitivamente experimentou a
ira em sua vida) fez declarações poderosas sobre essa força
emocional intensa.

Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira,


nem deis lugar ao diabo [...] E não entristeçais o Espírito de
Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Longe
de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e
blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para
com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns
aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.
— Efésios 4:26-27, 30-32

A versão New Living Translation para Efésios 4:26-27 diz: “E não


pequem permitindo que a ira ganhe controle sobre vocês. Não
deixem que o sol se ponha enquanto vocês ainda estão irados,
porque a ira dá uma base de apoio poderosa ao diabo” (tradução
livre).
Ao examinar esses versículos fica claro que uma pessoa pode
experimentar a emoção da ira sem se envolver em um
comportamento pecaminoso. Não temos de permitir que uma ferida
infeccione, nos fazendo agir de forma pecaminosa. Nem a emoção
tem de nos controlar ou se tornar o ponto focal de nossa vida.
A emoção da ira pode ser apontada em inúmeras direções.
Algumas vezes as pessoas ficam iradas com Deus por “permitir” que
alguma coisa aconteça a um ente querido. Em outros casos, a ira se
volta para a pessoa que morreu. É possível ficar irado até mesmo
com aqueles que se esforçam para oferecer palavras de consolo.
Algumas vezes a ira está aparentemente direcionada a todos!

“VOU GRITAR!”
Uma viúva expressou sua ira sobre o fato de que as pessoas lhe
diziam repetidamente que seu marido estava no céu com Jesus.
Embora estivessem tentando ser solidárias, elas não percebiam que
suas palavras estavam afetando aquela viúva da maneira errada.
Ela falou: “Se mais uma pessoa me disser que meu marido está
com Jesus, vou gritar! Sei que ele está com Jesus, e sei que ele
está experimentando as maravilhas do céu. Mas eu não estou!
Estou presa aqui com todas as contas e com todos os problemas
que ficaram para trás. Sei que eu deveria estar feliz por ele, mas, na
verdade, estou furiosa porque ele está podendo desfrutar toda a
glória do céu, enquanto eu estou presa aqui, lutando com todos os
problemas da terra. Como ele pôde me abandonar assim? Preciso
tanto dele, e agora ele se foi. Fico zangada; depois me sinto culpada
por estar zangada. Sei que o que estou sentindo é totalmente
egoísta, mas estou muito sobrecarregada neste momento”.
Quando estamos sofrendo, podemos dizer coisas que não
refletem nosso melhor. Essa mulher estava falando movida por uma
grande dor emocional. Ela entendia que estava sendo egoísta, mas,
ao mesmo tempo, estava enfrentando um tremendo ajuste na sua
vida, e obviamente era um grande desafio para ela lidar com todos
os problemas dessa transição.
Ela realmente não precisava ser criticada e corrigida àquela
altura. Em vez disso, sua situação requeria que um amigo a
apoiasse e a encorajasse enquanto ela lidava com a ira e com esse
momento avassalador de mudança em sua vida. Ela precisava que
alguém a amasse e a aceitasse — apesar dos seus sentimentos
nada agradáveis — e que a guiasse gentilmente “de volta ao rumo”
enquanto se recuperava da dor e do sofrimento.
Ao ajudar pessoas a atravessarem esse tipo de situação é
importante não se ofender quando elas fazem afirmações não tão
gentis. Quando as pessoas estão passando por um grande
sofrimento ou aflição, o julgamento e as habilidades normais podem
ser prejudicados significativamente. Talvez seja por isso que os
escritos no Talmude judaico indiquem que uma pessoa que está
sofrendo não deve ser considerada inteiramente responsável pelos
seus atos, especialmente imediatamente após a perda.12 No fim das
contas, todos nós precisamos ser responsáveis por decisões,
atitudes, palavras e atos que concebemos. Mas, ao mesmo tempo,
devemos ter misericórdia e não nos ofender quando percebermos
que há pessoas que estão falando movidas por uma grande
angústia.

JÓ PARTIU PARA O ATAQUE VERBAL MOVIDO PELA IRA

Jó era um homem justo, que experimentou perdas devastadoras.


Os filhos foram mortos, seu vasto império econômico foi dizimado e
a saúde se deteriorou terrivelmente. Movido por uma aflição
emocional profunda, Jó atacou verbalmente três amigos e Deus.
É importante lembrar que Jó não tinha uma Bíblia para a qual
pudesse se voltar em busca de respostas. Ele não tinha como saber
que era Satanás quem o havia atacado; ele achava que era Deus
quem trouxera a devastação para sua vida, e ficou irado com isso.
Jó encarava todo aquele sofrimento como uma grande injustiça.
Além disso, os três “amigos” de Jó que vieram com a intenção de
consolá-lo reagiram fortemente contra seus rompantes,
condenando-o e dizendo a ele (de forma incorreta) que todos os
problemas que estava atravessando eram resultado do pecado em
sua vida. Veja algumas das afirmações reacionárias de Jó:

Por isso, não reprimirei a boca, falarei na angústia do meu


espírito, queixar-me-ei na amargura da minha alma.
— Jó 7:11

A minha alma tem tédio à minha vida; darei livre curso à


minha queixa, falarei com amargura da minha alma.
— Jó 10:1

Como vós o sabeis, também eu o sei; não vos sou inferior.


Mas falarei ao Todo-Poderoso e quero defender-me perante
Deus. Vós, porém, besuntais a verdade com mentiras e vós
todos sois médicos que não valem nada. Tomara vos
calásseis de todo, que isso seria a vossa sabedoria!
— Jó 13:2-5

Tenho ouvido muitas coisas como estas; todos vós sois


consoladores molestos.
— Jó 16:2

Ninguém contestaria o fato de que Jó havia se tornado um


homem irado! Entretanto, muito mais adiante na história, quando Jó
finalmente recebeu uma revelação sobre quem Deus realmente era,
ele se arrependeu de muitas das coisas que dissera (ver Jó 40:4-5;
42:3-6).
Embora Deus tivesse descrito Jó como um homem justo, ele teve
de vencer seu senso de justiça própria e se entregar inteiramente ao
cuidado e à guarda de Deus (ver Jó 32:2; 40:8). A crise inicial de Jó
não surgiu por causa da ira, mas a ira pareceu ser responsável por
impedi-lo de receber a bênção da restauração que Deus pretendia
para ele.

Mudou o S a sorte de Jó, quando este orava pelos


seus amigos; e o Senhor deu-lhe o dobro de tudo o que
antes possuíra.
— Jó 42:10

Observe que as bênçãos de restauração de Deus fluíram para a


vida de Jó quando ele deu um passo à frente, indo além da intensa
ira que sentia pelos amigos.

A INJUSTIÇA MERECE PERDÃO?

A ira pode ser especialmente intensa quando é resultado de uma


grande injustiça. Considere um cenário no qual uma pessoa
piedosa, responsável e inocente é morta por um motorista
embriagado, ou em um assalto ou como um ato de terrorismo.
Talvez o motorista embriagado viva ou o criminoso saia impune.
Quer o ato que tirou essa vida tenha sido intencional quer não,
simplesmente não é justo que uma pessoa inocente tenha sido
morta!
Quando alguém que amamos morre, não é raro que nós, os
sobreviventes, nos sintamos extremamente ultrajados. Não apenas
alguém que nos era precioso morreu, como nos sentimos
pessoalmente violados. Não foi somente um ataque à pessoa que
morreu; foi um ataque a quem ficou. Tudo que aquele
relacionamento significou também sofreu um tremendo golpe! As
necessidades pessoais que eram atendidas por aquele ente querido
não serão mais atendidas. Pode parecer que nosso senso de
segurança tenha sido arrancado, e nós nos perguntamos: “Como
alguém pôde fazer isso — não apenas ao meu ente querido que foi
morto — a mim, a nós?”.
É difícil reconciliar fatos aparentemente contraditórios. Entretanto,
a verdade é que Deus é bom e a vida é injusta. Por mais desafiador
que seja abraçar essas duas verdades, elas são, não obstante,
realidades da nossa existência. Não acreditar que Deus é bom nos
deixaria céticos e frios, sem esperança e consolo; não entender que
a vida é injusta — pelo menos no sentido temporal — nos deixaria
ingênuos e mal preparados para enfrentar os desafios da vida.

A REAÇÃO DE JESUS FRENTE A UMA GRANDE INJUSTIÇA

Os evangelhos contam a história do assassinato de João Batista,


pregador justo e primo de Jesus. João havia falado sobre o
relacionamento adúltero de Herodes com a cunhada. Motivada pela
vingança e pela malícia, ela arranjou que sua filha dançasse para
Herodes na festa de aniversário dele. Ele ficou tão satisfeito que
prometeu dar a ela tudo que quisesse. Impulsionada pela mãe cruel,
ela pediu a cabeça de João Batista em uma bandeja. Herodes
lamentou ter feito aquela promessa, mas porque queria preservar
sua imagem — não queria ficar mal diante dos convidados aos
quais fizera a promessa — deu as ordens necessárias e um profeta
de Deus morreu de forma estúpida.
Como Jesus reagiu quando soube disso? De acordo com Mateus
14:13, “Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um lugar
deserto, à parte”. Jesus estava sofrendo a essa altura? Seu coração
clamou ao Pai por causa da injustiça? Creio que sim. No entanto,
Herodes — e você e eu — foi alguém por quem Jesus, em Seu
grande amor, iria morrer. É importante saber que o próprio Jesus
passou por esse tipo de situação trágica, e podemos ter certeza de
que Ele é totalmente capaz de nos ajudar, seja lá o que estamos
enfrentando. Ele passou por isso e sabe como nos ajudar a passar
também.

O PODER DO PERDÃO

Alguns sofrem tanto depois de uma tragédia que nem sequer


querem ouvir falar em perdão. Estou convencido de que muitas
pessoas, até os crentes, têm uma compreensão errada acerca do
perdão. Para entender adequadamente o que é o perdão, é vital
entender o que o perdão não é.

• Perdão não é tolerar ou aprovar um ato mau. Perdão não é


dizer: “O que você fez é aceitável”. Se o que foi feito fosse
aceitável, perdão algum seria necessário.
• Perdão não significa que você se coloca na posição de ser
continuamente ferido ou abusado. O apóstolo Paulo disse:
“Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe
dará a paga segundo as suas obras. Tu, guarda-te também
dele” (2 Timóteo 4:14-15). Sem dúvida Paulo perdoou
Alexandre, mas ele não queria que Timóteo se colocasse
ingenuamente no caminho do mal.
• Perdão não é amnésia. É absolutamente necessário
conceituar e esclarecer o que significa quando se diz que os
cristãos devem “perdoar e esquecer”. A mente foi criada com a
capacidade de lembrar e relembrar. Esquecer não significa que
nos falta essa capacidade. Quando encorajamos as pessoas a
“esquecer o passado”, queremos dizer literalmente que elas
não devem deixar que os eventos do passado dominem o
presente ou ditem o futuro. Estamos avisando-lhes para não se
permitirem ficar congeladas no tempo por um evento ou uma
ofensa. A vida segue, e precisamos prosseguir também.
Quando “esquecemos”, vamos além de ficar obcecados pelo
evento passado, escolhendo não viver em uma fúria reacionária
ao que aconteceu.
• Perdão não é o mesmo que reconciliação. Reconciliação
requer arrependimento por parte do ofensor para que um
relacionamento possa ser restaurado. Entretanto, podemos
perdoar uma pessoa que nos ofendeu quer ela se arrependa
quer não.
• O perdão não resulta necessariamente na suspensão
imediata de todos os sentimentos desagradáveis. Por mais
que fosse maravilhoso que os sentimentos e as emoções
refletissem nossas decisões imediata e absolutamente, isso não
acontece na maioria das situações. O diabo costuma tentar tirar
vantagem das pessoas nessa área. Por exemplo, quando
alguém foi ferido, mas toma a decisão de perdoar, ele ainda
pode ter sentimentos desagradáveis por algum tempo. O diabo,
então, traz pensamentos do tipo: “Você não perdoou essa
pessoa — você é um péssimo cristão”. Quando um crente
concorda com o diabo com relação a isso e conclui que
realmente não perdoou, ele fica com a mente dividida nessa
situação. Em vez disso, ele deveria dizer: “Não, diabo. Eu a
perdoei. O fato de meus sentimentos ainda estarem sensíveis
apenas indica que sou humano e tenho emoções. Entretanto,
não vivo pelas minhas emoções; vivo pelas minhas decisões.
Escolho perdoar essa pessoa, e meus sentimentos se alinharão
à minha escolha”.

Em um artigo na revista devocional Guideposts, a sobrevivente do


holocausto Corrie ten Boom falou a respeito de não conseguir
perdoar um mal que lhe fora feito. Ela havia perdoado aqueles que
lhe fizeram mal, mas continuava relembrando o incidente e não
conseguia dormir. Finalmente, Corrie clamou a Deus por ajuda
colocando a questão em espera.
Ela escreveu:

A ajuda dele veio na forma de um gentil pastor luterano a


quem confessei meu fracasso depois de duas semanas sem
dormir. “Lá em cima naquela torre da igreja”, ele disse,
acenando para fora da janela, “há um sino que é tocado
puxando-se uma corda. Mas sabe de uma coisa? Depois
que o sacristão solta a corda, o sino continua tocando.
Primeiro ding, depois dong. Cada vez mais devagar até que
há um dong final e ele para. Creio que a mesma coisa
acontece com o perdão. Quando perdoamos, tiramos a mão
da corda. Mas se estivermos carregando nossos desgostos
por muito tempo, não devemos nos surpreender se os
velhos pensamentos de ira continuarem voltando. Eles são
apenas os ding-dongs do velho sino diminuindo o ritmo”.
E assim foi. Houve algumas reverberações à meia-noite,
alguns dings quando o assunto surgia nas conversas. Mas a
força — que era minha disposição em se tratando desse
assunto — havia saído dessas situações. Elas vieram cada
vez com menos frequência e finalmente cessaram
completamente. E assim descobri outro segredo do perdão:
podemos confiar no nosso Deus não apenas acima das
emoções, mas também acima dos pensamentos.13

Na verdade, não perdoamos para beneficiar a pessoa que


cometeu o mal contra nós. Perdoamos para que nós mesmos não
nos tornemos uma vítima perpétua desse mal. Podemos ter sido
vítima uma vez — a pessoa que amamos não está mais conosco, e,
em alguns aspectos, nossa vida mudou para sempre. Entretanto,
recusar-se a perdoar alguém é permitir que essa ofensa continue a
atormentar nossa vida. Não podemos trazer o ente querido de volta,
mas não temos de permitir que a ofensa continue a nos atormentar
e a ser uma extensão incessante da perda original.
Perdoar é nossa maneira de liberar a amargura, o ressentimento,
a hostilidade e a raiva que nos manteriam cativos perpetuamente.
Quando você perdoa, a pessoa que você realmente está libertando
é você mesmo.

O QUE O APÓSTOLO TIAGO DISSE SOBRE A IRA

A Bíblia relata a maneira de Jesus e do apóstolo Paulo lidarem


com a ira. Também sabemos, com base na Palavra de Deus, o que
o apóstolo Tiago tinha a dizer sobre o assunto.

Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem,


pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se
irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus.
— Tiago 1:19-20

A tradução da Bíblia Beck do versículo 20 diz: “Um homem irado


não faz o que é justo diante de Deus” (tradução livre).
Faríamos bem em desenvolver o fruto do Espírito em nossa vida
de tal maneira que sejamos realmente rápidos para ouvir, mas
lentos para falar e lentos para nos irar. O que esses três atributos
significam na vida prática? Isso quer dizer que estamos sempre
prontos para ouvir a Palavra de Deus. Ele nos instruirá sobre como
devemos reagir aos desafios que enfrentamos na vida. Quer dizer
também que não somos rápidos apenas para “deixar sair” todas as
palavras que nos vêm à mente. Com muita frequência, quanto mais
impulsivamente falamos, mais motivos teremos para nos arrepender
mais tarde. Além disso, não trazemos qualquer benefício a alguém,
inclusive a nós mesmos, quando somos rápidos para reagir de
maneira carnal.
Se você estiver irado neste momento por causa de uma perda
que sofreu, quero incentivá-lo a ser rápido para ouvir a Palavra de
Deus a fim de encontrar o consolo e o encorajamento que Ele tem
para você. Descubra na Sua Palavra como Ele quer que você se
conduza. Seja também lento para partir para o ataque verbal contra
as pessoas.
Se estiver expressando a ira de maneira pecaminosa, a vida justa
que Deus pretende para você não pode chegar à plenitude que Ele
deseja. Isso não significa que Deus ficará zangado se você estiver
irado. Ao contrário, Ele quer ajudá-lo. Uma coisa é experimentar
uma emoção. Outra coisa é basear decisões, conversas, atos e a
própria vida nessa emoção.
Quando parece que o mundo foi virado injustamente de cabeça
para baixo, ou quando aparentemente seu senso de segurança,
suas esperanças e seus sonhos foram arrancados de você, lidar
com a ira pode ser um grande desafio. Entretanto, com a ajuda de
Deus isso é possível — e Deus quer realmente ajudar você.

PASSOS PARA VENCER A IRA


Quais são alguns passos práticos que você pode dar para vencer
esse tipo de ira?

1. Fale com Deus sobre o que você está passando.


Algumas vezes tendemos a resistir a Deus quando mais
precisamos dele. Precisamos nos lembrar de que Deus não
é o problema; Ele é a resposta. Se estivermos irados ou
zangados com o Pai, Ele ainda quer nos ajudar. Se
acreditamos que a raiva com a qual estamos lidando nos
levou a pecar, então precisamos confessar isso a Ele e pedir
que nos perdoe. Ele vai fazer isso! Além disso, o Senhor
não apenas quer nos ajudar depois de termos pecado, mas
se formos a Ele, Ele nos ajudará a evitar cairmos em
pecado!

Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo


sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a
nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que
não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi
ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas
sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente,
junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.
— Hebreus 4:14-16

Toda vez que precisarmos de ajuda com a ira ou com qualquer


emoção ou dificuldade, a graça e a misericórdia de Deus estão
disponíveis para nós.

2. Identifique e expresse a ira de forma construtiva.


Há situações nas quais as pessoas estão em total negação
quanto à sua ira. Recusar-se a admitir que você está irado
(se você realmente estiver) não resolve nada. Efésios 5:13
diz: “Mas quando alguma coisa é exposta e reprovada pela
luz, ela se torna visível e clara; e onde tudo é visível e claro
há luz” (AMP, tradução livre). Se quisermos clareza de visão
e que nosso caminho seja iluminado, é importante ser
específicos em identificar o que está nos deixando irados.

3. Faça um inventário da sua vida mental. Alinhe o


pensamento com a Palavra de Deus.
Embora a ira possa ser uma reação normal à perda,
podemos dizer coisas a nós mesmos para agravar e
perpetuar nossa ira; ou, por outro lado, coisas para ajudar a
neutralizar a ira e nos ajudar a superá-la. Por exemplo, você
pode dizer a si mesmo:

• Nunca mais serei feliz. Nunca vou me recuperar dessa perda.


• Nunca conseguirei perdoar _______.
• Tudo o que eu tinha na vida se foi. Não tenho futuro.
• Não posso viver sem ______. Deus obviamente me abandonou
me deixou; jamais confiarei no Senhor novamente.

Você consegue entender que meditar nesse tipo de pensamento


pode alimentar e perpetuar não apenas a ira, mas também uma
série de outros sentimentos nada saudáveis? Embora possam
parecer muito fortes, é importante identificar esses pensamentos (ou
as conversas que você tem consigo mesmo) como mentiras,
argumentar contra eles e substituí-los por verdades da Palavra de
Deus. Considere a hipótese de falar para si mesmo estas palavras:

• Apesar de como eu me sinto agora, creio que o meu Deus é um


Deus restaurador. Creio que minha tristeza pode se transformar
em alegria (ver Isaías 35:10; 61:3; João 16:19-22).
• Deus nunca nos pede na Sua Palavra para fazermos alguma
coisa que Ele não nos dê a graça para fazer. Se Ele me ordena
que perdoe, então Ele me dará a graça para fazer isso. Tomo a
decisão de perdoar e agradeço a Deus porque Ele me dá a
força para lhe obedecer.
• Essa situação pode ter me apanhado de surpresa, mas não
surpreendeu Deus. Ele me conhece desde antes da fundação
do mundo e estabeleceu um propósito para minha vida. Ele
ainda tem bons planos para mim e creio que vai me ajudar a
encontrar um novo significado e um novo propósito.
• Sentirei uma saudade profunda de ______, mas o Senhor ainda
está comigo, e Ele prometeu suprir todas as minhas
necessidades. Com a ajuda dele, posso vencer e vencerei. Eu
certamente não teria escolhido viver nas circunstâncias atuais,
e apesar do quanto a vida parece ser injusta, sei que Deus
ainda é bom e ainda é fiel. Escolho confiar no Senhor apesar
desta situação.
4. Estabeleça o hábito de alimentar decisões positivas e aja
com base nelas.
Um pensamento ou sentimento negativo não deixa de existir
ou para de se apresentar a nós simplesmente porque
argumentamos contra ele uma vez. Muitas pessoas acham
útil anotar decisões e “pensamentos substitutos” alicerçados
na Palavra de Deus para repeti-los regularmente. Também é
importante nos certificarmos de que nossos atos, assim
como nossos pensamentos, estejam alinhados com a
Palavra. Mais uma vez, isso às vezes significa nos obrigar a
fazer coisas que não sentimos vontade de fazer. Por
exemplo, podemos não sentir vontade de estar com as
pessoas em certos momentos. A solidão ocasional pode ser
boa, mas chega a um ponto em que nos isolarmos
excessivamente não é saudável. Em resultado, algumas
pessoas podem precisar se obrigar a ficar envolvidas na
igreja, a permanecer com os amigos, e assim por diante.

Tudo isso faz parte de prosseguir com a vida. Novamente,


quanto mais alimentarmos nossas decisões, mais fortes elas
ficarão. Quanto mais agirmos com base em nossas crenças
positivas na Palavra de Deus, mais fortes nos tornaremos
nelas. A ira é um problema com o qual todos nós temos de
lidar em um momento ou outro, mas com a ajuda de Deus
podemos resolver com êxito e superar os problemas com a
ira em nossa vida.
11Dr. David A. Seamands, Putting Away Childish Things: Reaching for Spiritual and
Emotional Maturity in Christ (Indianapolis: Light and Life Communications, 1999), p. 45.
12Alfred J. Kolatch, The Jewish Mourner’s Book of Why (Middle Village, N.Y.: Jonathan
David Publishers, 1993), p. 24.
13 Reimpresso com permissão da revista Guideposts. Copyright © 1972 por Guideposts.
Todos os direitos reservados. www.guidepostsmag.com.
CAPÍTULO 6
ADAPTANDO-SE
À NOVA REALIDADE

Q uando perdemos um ente querido, somos forçados a fazer


muitos ajustes. Alguns são práticos e externos, outros são
emocionais e internos. Alguns podem parecer triviais, outros,
monumentais. Todo e qualquer ajuste pode ser difícil de fazer,
simplesmente porque a mudança em si é difícil.
Muitas vezes, foi dito que os seres humanos são criaturas de
hábitos. Preferimos “viver, nos mover e existir” na nossa zona de
conforto. Arranjamos e organizamos a vida até estarmos
confortáveis, depois gostamos que tudo fique parado. Não
queremos que ninguém desarrume o “nosso quadrado” nem “mexa
no nosso queijo”. Só o fato de haver tantos clichês com relação a
essa tendência da natureza humana mostra o quanto não gostamos
de mudanças.
Embora preferíssemos que o mundo fosse um lugar pacífico e
tranquilo, precisamos chegar a um acordo quanto ao fato de que há
muita dor e confusão no mundo. Há uma parte de nós que quer
permanecer jovem, e às vezes ouvimos as pessoas ansiando pelos
velhos bons tempos. Na verdade, todos nós precisamos lidar com a
verdade de que “nosso homem interior está perecendo” (2 Coríntios
4:16). Podemos ter sonhos idealistas quanto à maneira como
gostaríamos que as coisas pudessem ser, mas no fim das contas,
precisamos encarar as realidades da vida.
POR QUE AS COISAS NÃO PODEM SIMPLESMENTE FICAR
COMO ESTÃO?

Quando as coisas estão indo bem, é natural querer que elas


fiquem como estão. Pedro, Tiago e João muitas vezes se sentiram
assim — logo que Jesus compartilhou uma experiência maravilhosa
(que hoje é conhecida como a Transfiguração) com eles. Jesus
levou os três discípulos ao topo de uma montanha, onde eles viram
Moisés e Elias falando com Jesus. Foi um evento fantástico, e
Pedro não queria que chegasse ao fim.

Ao se retirarem estes de Jesus, disse-lhe Pedro: “Mestre,


bom é estarmos aqui; então, façamos três tendas: uma será
tua, outra, de Moisés, e outra, de Elias”, não sabendo,
porém, o que dizia.
— Lucas 9:33

Pedro estava tão feliz que não queria que a experiência


terminasse. Ele não foi o único a se sentir assim. Quando Jesus
disse aos discípulos que Ele morreria e não estaria mais com eles
(no sentido físico), eles tiveram muita dificuldade em enxergar além
dessa transição. Estavam acostumados a estar com Jesus, e era
difícil para eles imaginar a vida sem o Mestre ao seu lado (ver João
16:5-7). Obviamente, a morte de Jesus e a vinda do Espírito Santo
foram uma situação única, mas o fato que permanece é que nós,
humanos, não gostamos de mudanças — especialmente se isso
significa que alguém que amamos não estará mais conosco.

TUDO MUDA

Embora não gostemos ou abracemos a mudança, é sábio


entendermos que tudo que diz respeito à dimensão terrena está
sujeito a mudanças, quer gostemos disso quer não. Em Salmos
102:25-26 diz: “Em tempos remotos, lançaste os fundamentos da
terra; e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu
permaneces; todos eles envelhecerão como uma veste, como roupa
os mudarás, e serão mudados”.
Os heróis da fé do Antigo Testamento descritos em Hebreus 11
aprenderam que este mundo e tudo o que nele há é apenas
temporário. Esses homens e essas mulheres reconheceram que
“eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam
desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na
verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam
oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior,
isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser
chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade”
(Hebreus 11:13-16).
Nenhum dos nossos relacionamentos nesta terra é permanente,
porque alguns de nós deixaremos este mundo mais cedo do que
outros. Graças a Deus pelo fato de podermos nos reunir no céu;
mas enquanto isso, precisamos lembrar que estamos realmente
apenas “de passagem”.
Apesar da natureza transitória da vida, nós nos sentimos
confortáveis em ter as coisas de determinada maneira. Quando as
circunstâncias mudam, podemos ter dificuldade em lidar com isso.
Acontece quando lidamos com a morte de um ente querido e com
relação a qualquer tipo de mudança. As transições fazem parte da
vida, e costumamos experimentar certo nível de estresse quando:

• Entramos para uma nova escola.


• Mudamos de emprego.
• Mudamo-nos para uma nova comunidade ou para uma casa
nova.
• Nossos filhos deixam a casa da família.
• Nós nos aposentamos.

Algumas mudanças são mais fáceis de lidar que outras. No que


diz respeito à morte de um ente querido, geralmente há muito mais
envolvido do que apenas o fato de que a pessoa não está mais
conosco. Os problemas que se somam ao acontecimento tornam a
transição muito difícil.

SOU FELIZ COM JESUS


Se paz a mais doce me deres gozar
Se dor a mais forte sofrer
Oh, seja o que for, Tu me fazes saber
Que feliz com Jesus hei de estar

Embora me assalte o cruel Satanás


E ataque com vis tentações
Oh, sim certo estou, mesmo em tais provações
Em Jesus acharei força e paz

Sou feliz com Jesus!


Sou feliz com Jesus,
Meu Senhor!
Jesus meu Senhor, ao morrer sobre a cruz
Livrou-me da culpa e do mal
Salvou-me Jesus, oh, mercê sem igual!
Sou feliz, hoje vivo na luz

A vinda eu anseio do meu Salvador


Em breve virá me buscar
E então lá no céu vou pra sempre morar
Com remidos na luz do Senhor

Durante anos, os cristãos têm sido consolados pelo hino


“Sou feliz com Jesus”. Muitos, porém, não estão a par das
circunstâncias em que essa grande canção foi escrita.14
Alguns meses antes do conhecido incêndio de Chicago, em
1871, Horatio Spafford havia investido pesadamente em
imóveis às margens do lago Michigan, para então suas
propriedades serem atingidas pelo desastre. Logo antes
disso ele havia passado pela morte de seu filho. Desejando
um descanso para a esposa e as quatro filhas, bem como
querendo juntar-se e prestar assistência a Moody e Sankey
em uma de suas campanhas na Grã-Bretanha, Spafford
planejou uma viagem à Europa com a família, em 1873.
Em novembro daquele ano, devido aos negócios de última
hora, ele teve de permanecer em Chicago; mas mandou a
esposa e as quatro filhas na frente, conforme programado,
no SS. Ville du Havre. Ele esperava encontrá-las em alguns
dias. Em 22 de novembro, o navio foi atingido pelo
Lochearn, uma embarcação inglesa, e afundou em doze
minutos. Vários dias depois, os sobreviventes finalmente
chegaram a Cardiff, em Gales, e a Sra. Spafford enviou um
telegrama para o esposo: “Só eu me salvei”.
Pouco depois, Spafford partiu de navio para juntar-se à
esposa enlutada. Especula-se que, no mar, próximo à área
onde se acreditava que suas quatro filhas se afogaram,
Spafford escreveu este texto com palavras que descreviam
sua dor pessoal: “Quando a aflição estoura como as ondas
do mar...” (na versão original do hino, tradução livre).
É digno de observar, porém, que Spafford não se prenda ao
tema das tristezas e provações da vida, mas foque a
atenção na obra redentora de Cristo e antecipe Sua gloriosa
segunda vinda.
Humanamente falando é impressionante que alguém possa
experimentar tamanhas tragédias e aflições pessoais como
Horatio Spafford e ainda seja capaz de dizer com tamanha
clareza e convicção: “Sou feliz com Jesus”.15

OS PROBLEMAS DE DEPENDÊNCIA
Devemos avaliar se há problemas de dependência — o quanto
dependíamos dessa pessoa, e o quanto ela dependia de nós; o
papel que ela exercia na nossa vida. Talvez nos sentíssemos
altamente valorizados por cuidar dessa pessoa e agora ela não está
mais conosco. Será que encontraremos valor próprio e propósito em
outro lugar, ou nos sentiremos como se não tivéssemos mais valor?
Talvez a pessoa fosse competente em certas áreas — como na
administração das finanças, por exemplo — de modo que
permitimos que ela cuidasse de nós nessas áreas. Podemos ter nos
tornado completamente dependentes do nosso ente querido,
contando de forma integral com suas habilidades. De repente, nos
vemos não apenas sem essa pessoa, como também temos de
enfrentar novas responsabilidades para as quais talvez nos
sintamos inadequados e despreparados.
Nas seguintes declarações, você pode sentir a luta que o enlutado
enfrenta enquanto se ajusta à nova realidade de viver sem o ente
querido:

O aspecto mais desafiador de lidar com a perda de meu


marido foi aprender a viver sem ele. Assim como levou
tempo para nós nos “tornarmos um”, levou tempo para nós
deixarmos de ser um. A única maneira que eu conhecia de
enfrentar isso era clamando a Deus, pedindo a Ele que me
ajudasse e que enchesse o vazio no meu coração.

Eu não estava preparada para fazer todas as coisas que


meu marido havia feito. A cada novo desafio vinha um
sentimento de estar sobrecarregada.

Aprendi que leva muito tempo para se ajustar à perda,


especialmente quando há um assunto não encerrado com
aquele membro da família.

PROBLEMAS DE IDENTIDADE
Quando estamos nos ajustando à nova realidade após sofrer a
perda de um ente querido, pode haver problemas com a
dependência e problemas de identidade. Talvez nossos objetivos e
nossos sonhos girassem em torno dessa pessoa — e agora ela se
foi! Será que todas as nossas esperanças e aspirações morrerão
com ela ou seremos capazes de descobrir um novo propósito e uma
nova direção na vida? Algumas vezes a perda é tão drástica e tão
devastadora que parece não haver uma maneira possível de
prosseguirmos.

A emoção mais perturbadora que enfrentei foi sentir como


se eu não pudesse mais funcionar como pessoa. Eu não
queria necessariamente morrer, mas eu achava que
simplesmente não queria prosseguir com a vida.

Questionei seriamente se algum dia eu me sentiria normal


outra vez, e se a vida valeria a pena outra vez. Foi
necessário um bom tempo até que eu pudesse dizer com
confiança: “Sim!”.

O tempo é realmente um ótimo remédio para lidar com o


sofrimento. A princípio, eu não podia imaginar que um dia
conseguiria superar a morte da minha avó. Porém, percebi
que Deus havia usado o tempo para me ajudar a viver
minha vida.

É possível prosseguir, embora às vezes isso doa tanto. Você


acha que nunca conseguirá, mas acaba rindo e amando
outra vez.

Durante algum tempo a sensação de que eu nunca mais


teria alegria foi muito forte.
PROBLEMAS DE COMPANHEIRISMO

Além dos problemas com a dependência e de identidade, também


há os problemas de companheirismo. É normal sentir falta de
alguém quando não podemos mais desfrutar sua presença física e
sua companhia. Lembro-me de um homem de meia-idade cujo pai
idoso acabara de morrer. Quando perguntei como estava indo, ele
me deu uma resposta muito sincera: “Estou feliz porque meu pai
está com Jesus e porque ele não está mais sofrendo, mas eu
realmente sinto falta dele”.
É comum o isolamento chegar quando um ente querido morre.
Dependendo da natureza do relacionamento, o sentimento de
solidão pode ser muito intenso.

A sensação de vazio interior era extremamente difícil de


lidar, e também a consciência de ser impotente para reverter
a realidade da morte.

Sinto-me extremamente solitário e sem esperança.

A solidão que senti porque ela simplesmente não estava


mais aqui foi avassaladora. Durante alguns dias, depois da
sua partida, eu imaginava que ainda podia ouvir os passos
dela na casa como costumava acontecer quando ela estava
comigo.

O que mais ficou realçado para mim ao longo do luto foi o


vazio, o enorme vazio que eu sentia. Meu pai e eu éramos
muito próximos. Ele me telefonava com frequência e queria
conversar. Ele me ouvia por horas. Agora os telefonemas
dele desapareceram, e simplesmente não há ninguém que
me ouça como meu pai fazia.

O sentimento mais perturbador era o grande vazio interior.


Era como um grande buraco escuro dentro de mim que
ficava tão grande às vezes que eu não podia suportar.
Pensei que iria me engolir.
A única pessoa que eu conhecia que me amava
incondicionalmente se foi. Havia tanta dor que eu sofri
fisicamente por dias.

Eu não sabia como preencher o buraco, o vazio que a


ausência dele deixou no meu coração.

Não fique alarmado se você tem fortes sentimentos de solidão


quando alguém que você ama muito é separado de você. Assim
como Deus lhe deu o dom de ser capaz de dar amor a essa pessoa
e receber o amor dela, Ele também lhe dará força e resiliência para
prosseguir. O vazio intenso que você sente no coração é um
testemunho da qualidade do amor que Deus lhe permitiu
compartilhar com aquela pessoa. Embora ela tenha partido, Deus
ainda está com você, e Ele nunca irá deixá-lo ou o abandoná-lo.
É importante que você acredite que Deus ainda tem um propósito
e uma razão para você estar vivo nesta terra. Nunca haverá uma
réplica exata do que você tinha com seu ente querido, mas você
precisa acreditar que Deus ainda tem boas coisas para você e que
Ele o ajudará a ajustar-se à sua nova realidade.

APRENDENDO COM A RECUPERAÇÃO DO REI DAVI


Como relatado na Bíblia, Davi enfrentou uma transição muito
desagradável em sua vida. Na verdade, ele experimentou inúmeras
perdas, uma delas envolveu a morte de seu filho. Nesse incidente
específico, o filho nascido do relacionamento adúltero de Davi e
Bate-Seba ficou doente e morreu. (Quero enfatizar novamente que
de modo algum toda doença ou morte está relacionada a um
pecado específico que alguém cometeu. Como falaremos mais
adiante no capítulo 10, há inúmeras razões pelas quais os
problemas podem ocorrer.) O que quero focar nessa história não é a
causa do problema, mas sim a maneira como Davi reagiu à perda.

Buscou Davi a Deus pela criança; jejuou Davi e, vindo,


passou a noite prostrado em terra. Então, os anciãos da sua
casa se achegaram a ele, para o levantar da terra; porém
ele não quis e não comeu com eles. Ao sétimo dia, morreu a
criança; e temiam os servos de Davi informá-lo de que a
criança era morta, porque diziam: “Eis que, estando a
criança ainda viva, lhe falávamos, porém não dava ouvidos
à nossa voz; como, pois, lhe diremos que a criança é morta?
Porque mais se afligirá”. Viu, porém, Davi que seus servos
cochichavam uns com os outros e entendeu que a criança
era morta, pelo que disse aos seus servos: “É morta a
criança?”. Eles responderam: “Morreu”. Então, Davi se
levantou da terra; lavou-se, ungiu-se, mudou de vestes,
entrou na Casa do S e adorou; depois, veio para sua
casa e pediu pão; puseram-no diante dele, e ele comeu.
Disseram-lhe seus servos: “Que é isto que fizeste? Pela
criança viva jejuaste e choraste; porém, depois que ela
morreu, te levantaste e comeste pão”. Respondeu ele:
“Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem
sabe se o S se compadecerá de mim, e continuará
viva a criança? Porém, agora que é morta, por que jejuaria
eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não
voltará para mim”.
— 2 Samuel 12:16-23

Examinando essa passagem da Bíblia, vamos considerar o que


Davi fez em reação à perda de seu filho. Vamos também reconhecer
o que seu exemplo poderia significar para nós ao sofrermos a perda
de um ente querido.
Davi orou, jejuou, chorou e buscou a Deus na situação (vv.
16-18). Em última análise, porém, Davi não teve o resultado que
desejava. Essa situação é um tanto singular porque o profeta Natã
já havia dito a Davi que a criança morreria (ver 2 Samuel 12:14).
Sem dúvida, havia uma parte de Davi que não queria aceitar o que
fora revelado através de Natã. Há uma parte de nós que não quer
aceitar as más notícias, e talvez parte do choro de Davi fosse o que
hoje chamamos de “sofrer por antecipação”. Muitas vezes, as
pessoas expressam um fragmento da dor antes do ente querido
morrer realmente.
Essencialmente, Davi fez de tudo para tentar mudar a situação. A
angústia dele era tão grande que seus conselheiros tiveram medo
de levar a ele a notícia da morte de seu filho. Eles viram o quanto
Davi estava terrivelmente arrasado enquanto seu filho estava
doente, e temiam que pudesse fazer mal a si mesmo quando
recebesse a notícia da morte.
Davi se obrigou a aceitar as notícias que ele não queria ouvir
(v. 19). Quando Davi percebeu que os conselheiros estavam
sussurrando, os interrogou e recebeu confirmação de que seu filho
morrera.
Uma mulher de aparência infeliz reconheceu F. B. Meyer, o
conhecido pastor inglês, no trem e se arriscou a
compartilhar seu fardo com ele. Durante anos ela havia
cuidado da filha aleijada que trazia grande alegria à sua
vida. Fazia chá para ela todas as manhãs, depois saía para
o trabalho, sabendo que à noite a filha estaria lá quando ela
chegasse em casa.
Mas então a filha morreu, e a mãe enlutada estava só e
infeliz. O lar não era mais “lar”.
Meyer deu a ela um conselho sábio. “Quando você chegar
em casa e colocar a chave na porta”, ele disse, “diga em voz
alta: ‘Jesus, sei que Tu estás aqui!’, e esteja pronta para
cumprimentá-lo diretamente quando abrir a porta. Quando
acender a lareira, diga a Ele o que aconteceu durante o dia;
se alguém foi gentil, diga a Ele; se alguém foi grosseiro, diga
a Ele, assim como você diria à sua filha. À noite, estenda a
mão na escuridão e diga: ‘Jesus, sei que Tu estás aqui!’”.
Alguns meses depois, Meyer voltou àquele local e encontrou
novamente a mulher, mas não a reconheceu. Seu rosto
irradiava alegria em vez de anunciar infelicidade. “Fiz como
você me falou”, ela disse, “e isso fez toda a diferença na
minha vida. Agora sinto que o conheço!”.16

Davi levantou-se do chão (v. 20). Sem dúvida, isso aconteceu


literalmente, uma vez que Davi estava prostrado perante o Senhor;
mas creio que também há imagens poderosas incluídas nessa
afirmação. Algumas vezes na vida, somos nocauteados. Entretanto,
temos de decidir se vamos ou não ficar prostrados.
O apóstolo Paulo disse: “Mas este tesouro precioso — esta luz e
poder que agora brilham dentro de nós — é guardada em
recipientes perecíveis, isto é, nos nossos corpos frágeis. De modo
que todos possam ver que o nosso glorioso poder é de Deus e não
nosso. Somos oprimidos de todos os lados por problemas, mas não
somos esmagados e destruídos. Ficamos perplexos, mas não
desistimos. Somos caçados, mas Deus nunca nos abandona.
Somos nocauteados, mas nos levantamos de novo e seguimos em
frente” (2 Coríntios 4:7-9, NLT, tradução livre). Paulo era resiliente
em meio às suas muitas provações porque ele confiava na força de
Deus e dependia dela.
Davi lavou-se (v. 20). Mais uma vez, o significado literal dessa
frase se aplica. No entanto, também há uma riqueza figurativa aqui.
Lavar-se tem a ver com livrar-se da sujeira de ontem e receber um
novo começo hoje. Lavar-se tem a ver com purificação, refrigério,
renovação e com abraçar um novo começo. Em Efésios 5:25-26,
Paulo descreve Jesus amando, alimentando, cuidando da igreja e
se entregando por ela. Paulo continua escrevendo: “Para que a
santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela
palavra” (v. 26). Há uma lavagem que acontece ao recebermos a
Palavra de Deus, e essa lavagem nos purifica das dúvidas, dos
medos e da confusão que ocorrem durante os tempos de grande
perda.
Davi se ungiu (v. 20). Além de ser um símbolo do Espírito Santo,
o óleo tinha uma série de usos práticos nos tempos bíblicos. Ele era
uma loção e um hidratante que trazia conforto, refrigério e alívio a
uma pessoa. O óleo era nutritivo e suavizante, e era usado para
tratar as lesões físicas. Talvez o versículo mais conhecido no Antigo
Testamento sobre a unção com óleo tenha sido escrito pelo próprio
Davi, quando ele disse: “Unges a minha cabeça com óleo; o meu
cálice transborda” (Salmos 23:5).
Davi trocou suas roupas (v. 20). Nos tempos bíblicos, as roupas
falavam tremendamente sobre quem as usava e o que estava
atravessando. As vestes de um rei, os trapos de um mendigo e o
pano de saco de um enlutado, todas elas contavam a história a
respeito daqueles que as usavam. Presumimos que o rei Davi
retirou as roupas de luto e colocou os trajes reais comuns.
No livro de Isaías, o profeta falou sobre o Ungido, o Messias, que
consolará todos os que choram. Ele disse que o Ungido consolará
aqueles que choram em Sião, que Ele lhes dará beleza em lugar de
cinzas, óleo de alegria em vez de pranto e vestes de louvor em vez
de espírito angustiado (Isaías 61:3).
Davi foi à casa do Senhor e adorou (v. 20). Apesar da dor que
Davi deve ter sentido quando o filho morreu, apesar do quanto deve
ter se sentido mal com aquela situação, ele se voltou para Deus e o
honrou em adoração.
Davi voltou para casa (v. 20). A vida ia continuar. Davi voltou
para sua vida cotidiana e retomou as atividades normais.
Davi comeu (v. 20). Mais uma vez, a vida continua, e as pessoas
precisam de alimento para viver. Davi disse com relação a Deus:
“Preparas uma mesa diante de mim na presença dos meus
inimigos...” (Salmos 23:5). Davi entendeu que a vida nesta terra não
estará livre de desafios e adversários, mas que Deus permanece
conosco, supre necessidades e dá sustento à vida em meio às
ameaças e perigos em potencial.
Davi colocou o assunto sob uma perspectiva eterna (vv. 22-
23). Os servos de Davi ficaram confusos. Eles pensaram que se ele
estava rejeitando alimento e se recusando a se levantar enquanto o
filho estava doente, seu estado certamente se deterioraria quando
descobrisse sobre a morte da criança. Para a surpresa deles, ao
ouvir a notícia, Davi fez todas as coisas que acabamos de
mencionar. Então os servos lhe perguntaram: “Que é isto que
fizeste? Pela criança viva jejuaste e choraste; porém, depois que ela
morreu, te levantaste e comeste pão” (2 Samuel 12:21). Davi
expressou sua consciência das duas realidades quando respondeu:
“Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe
se o S se compadecerá de mim, e continuará viva a criança?
Porém, agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la
voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim” (2 Samuel
12:22-23).
Davi reconheceu a realidade física, terrena: “Meu filho está morto;
porque eu deveria jejuar? Posso trazê-lo de volta?”. Davi sabia que
era inútil tentar fazer as coisas voltarem a ser como antes; ele não
podia viver no passado. Mas havia uma realidade eterna que Davi
também captou. Ele disse: “Eu irei a ela, porém ela não voltará para
mim”. Entre o momento em que a criança morreu e o momento em
que ele “iria para ela”, Davi tinha de viver o restante da vida. Isso se
chama ajuste.
O ajuste é diferente para cada um. Cada indivíduo tem
personalidade e temperamento únicos que processam informações
e percebem eventos de maneira diferente. Cada pessoa enlutada
teve um relacionamento pessoal com o ente que morreu, e cada
uma terá de fazer ajustes de acordo com isso.
Por favor, não leia o relato de Davi e pense que há algo errado
com você se sua recuperação da morte de um ente querido não
está sendo tão rápida e simples quanto o acender de uma luz.
Como já observamos, para a maioria das pessoas a recuperação de
uma perda significativa é um processo mais longo. Mas tenha
certeza de que, independentemente dos problemas que você
encontrar, com relação ao tempo de se recuperar e se ajustar, Deus
está com você a cada passo do caminho.
Sentir falta de quem você ama é um tributo a essa pessoa e à
influência dela em sua vida. Prosseguir, fazendo os ajustes
necessários e encontrando um novo propósito para si mesmo, é um
tributo a Deus e à influência dele em sua vida.
14 Extraído de 101 Hymn Stories © 1982 por Kenneth W. Osbeck. Publicado por Kregel
Publications, Grand Rapids, MI. Uso mediante permissão do editor. Todos os direitos
reservados.
15 O título original deste hino é “It Is Well With My Soul” (Vai tudo bem com a minha alma).
Ele é bastante conhecido entre as diferentes denominações cristãs no Brasil com o título
“Sou Feliz com Jesus”. Há duas versões em português, com pequenas diferenças entre
elas. Uma pertence ao hinário “Harpa Cristã” e outra pode ser encontrada no “Cantor
Cristão”.
16 Warren W. Wiersbe & Lloyd M. Perry, The Wycliffe Handbook of Preaching and
Preachers (Chicago: Moody Press, 1984), p. 194.
CAPÍTULO 7
COMO AJUDAR
E NÃO FERIR:
PERCEPÇÕES SOBRE DAR E
RECEBER
CONSOLO

E nquanto os enlutados tentam se ajustar à nova realidade, os


amigos e a família costumam se aproximar na tentativa de
ajudar. Se você já sentiu a dor de uma observação insensível ou a
bondade de uma palavra gentil dita com maestria, então você sabe
o poder que temos quando procuramos consolar os que estão
sofrendo. Podemos ferir com as palavras ou exercer um papel vital
para ajudar a curar os que estão com o coração quebrantado.
Durante momentos de tensão e constrangimento, é útil ter um
senso do que dizer e de como dizer. Durante uma grande dor ou
agitação, podemos precisar saber como receber consolo de outros.
Em diversos momentos na vida, todos nós precisamos de
percepção sobre como dar e receber consolo. A Bíblia tem muito a
dizer a respeito de nos ajudarmos uns aos outros nesse tempo.

Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que


choram.
— Romanos 12:15
De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com
ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam.
— 1 Coríntios 12:26

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o


Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que
nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos
consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a
consolação com que nós mesmos somos contemplados por
Deus.
— 2 Coríntios 1:3-4

Paulo ensinou que não devemos nos afastar das pessoas que
estão sofrendo, nem devemos evitá-las e deixá-las isoladas na sua
dor. Embora Deus tenha prometido consolar aqueles que choram, é
importante sabermos que Ele pretende trazer pelo menos uma parte
desse consolo através de nós. Nós somos o Corpo de Cristo, e
somos os representantes dele na terra. Ele deseja expressar Sua
graça e Seu consolo através de nós, assim como para nós.

CONFRONTANDO AS PRÓPRIAS INSEGURANÇAS

Infelizmente, muitos de nós ficamos desconfortáveis quando


estamos perto de pessoas que estão sofrendo. Podemos nos sentir
constrangidos e não saber o que dizer. Um dos medos que as
pessoas têm é de dizer a coisa errada. Quando eu era adolescente,
o pai de um amigo morreu em um acidente de carro. Eu me senti
muito confuso quanto ao que eu deveria fazer ou falar. Era fácil me
manter distante da situação, dizendo a mim mesmo: “Ele
provavelmente precisa de tempo com a família e para ficar só
consigo mesmo”. Quando hoje recordo a situação, creio que boa
parte desse pensamento foi uma maneira de me proteger do próprio
desconforto por estar perto da dor de outra pessoa.
Se ficarmos nervosos com relação a um amigo que estiver
sofrendo, tendemos a fazer uma destas duas coisas: evitamos a
pessoa completamente ou começamos a falar demais devido ao
nervosismo e talvez comecemos a soltar clichês filosóficos ou
teológicos.
Quando uma pessoa está atordoada, abalada e debilitada por ter
acabado de saber da morte de um ente querido, ela é incapaz de
apreciar ou compreender discursos prolongados. Mesmo que as
intenções sejam boas e o conteúdo da comunicação esteja correto,
alguém que divaga incessantemente pode parecer importuno e
aborrecido para o enlutado. No entanto, a presença calma e
tranquilizadora de um amigo sensível e paciente e que ouve e
compartilha palavras breves será apreciada durante os momentos
de choque e sofrimento.
Ninguém quer ser intencionalmente motivo de irritação para quem
já está sofrendo. Queremos ajudar, e não acrescentar mais
sofrimento; mas como podemos ter certeza de ajudar — tanto de
forma espiritual quanto prática?

ALIVIANDO A PRESSÃO
Talvez uma das melhores coisas que podemos fazer para tirar
essa pressão de nós mesmos é entender que não é nossa função
fazer a dor de alguém desaparecer. Se estivermos inquietos com a
manifestação das emoções ou com as lágrimas de alguém,
podemos nos esforçar para dizer algum tipo de “palavra mágica” a
fim de fazê-lo parar de chorar e eliminar-lhe a expressão emocional.
Nesses casos, o que realmente estamos fazendo é tentando
controlar a situação — e a pessoa — a fim de minimizar nosso
desconforto. Mas e as necessidades de quem estamos procurando
suprir nesse momento? O fato é que a outra pessoa pode precisar
chorar ou liberar emoções naquele momento. É nossa função fazê-
la parar de chorar para não nos sentirmos desconfortáveis? Não, um
verdadeiro consolador está focado em suprir necessidades de
outros, e não em servir ao próprio conforto pessoal.
As pessoas que estão sofrendo podem sentir rapidamente quando
sua dor está sendo “sufocada” por alguém que esteja se sentindo
desconfortável. Quando o enlutado sente isso, muitas vezes reprime
a dor porque está consciente de que o outro não está lhe dando
“permissão” para sofrer. As pessoas que estão sofrendo muitas
vezes acabam se sentindo isoladas porque não sabem se vão
encontrar essa reprovação. Como resultado, não querem correr o
risco de se sentirem condenadas pelos amigos.
Se entendermos que uma pessoa que perdeu um ente querido vai
sofrer e passar por certas emoções por algum tempo, podemos
aceitar esse fato, relaxar e simplesmente sermos os amigos que a
apoiam enquanto ela trabalha essas emoções ao longo do tempo e
faz os ajustes necessários. É importante tirarmos a pressão de nós
mesmos para não exercermos uma pressão negativa sobre a
pessoa que estamos querendo ajudar.
Não é uma questão de ter uma varinha mágica para tornar tudo
instantaneamente perfeito e isento de dor para o enlutado. Podemos
demonstrar amor, consolo e apoio sem achar que temos de dar uma
solução rápida para o que está acontecendo.

“O QUE MAIS ME AJUDOU...”


Vamos considerar os comentários sobre a ajuda ofertada em
seguida à perda de um ente querido.

Quando minha mãe morreu, nossa família ficou totalmente


desequilibrada no que diz respeito ao relacionamento uns
com os outros e às responsabilidades e papéis — uma
pessoa muito importante estava faltando! Doze anos depois,
alguém que conhecia sobre o processo do luto me redimiu
do meu silêncio e me ajudou a falar, a me expressar.
O que mais me ajudou foi um amigo estar presente para
mim, deixando tudo e sendo um ombro onde eu podia
chorar.

Recebi dois grandes conselhos que me ajudaram: disseram-


me que cada um sofre da sua maneira e que eu não
precisava me conformar com as expectativas dos outros
para ficar bem. Fui aconselhado a não tomar decisões
precipitadas enquanto eu estivesse sofrendo.

Minha irmã simplesmente me deixa falar e faz poucos


comentários, mas com grande empatia.

Meu pastor me disse que não seria fácil, mas que eu


superaria. Não foi fácil, e eu realmente superei. Ele também
falou com meu marido e disse que minhas emoções
poderiam mudar de um minuto para o outro, isso o ajudou a
saber como lidar comigo durante esse período.

Ninguém me obrigou a fazer cara de felicidade e ignorar a


tristeza por causa da morte da minha avó.
Meu marido simplesmente me deixou chorar e me amou. Ele
não me forçou a falar a respeito do assunto ou a não falar
sobre o assunto.

Um pastor que havia perdido a esposa para o câncer me


disse: “Quando você acha que está perdendo a razão, não
está. Você vai ficar bem”. Isso me ajudou a entender que
meus sentimentos eram normais e passariam.

Os mais úteis foram aqueles que apenas ouviam, e não


diziam que entendiam quando não haviam passado pela
perda de um ente querido.
O que mais me ajudou foi quando minha madrasta começou
a fazer um álbum de fotografias com a história da família
incluindo minha mãe. As amigas da minha mãe começaram
a compartilhar memórias sobre ela, de coisas que ela
costumava fazer e dizer. Por mais que às vezes isso doa,
acho que lembrar de mamãe me ajudou muito. Não fizemos
um altar ou algo assim, mas nos lembramos dos bons
tempos e prometemos ter mais tempos bons entre nós,
porque era isso que ela desejaria.

Quando minha mãe morreu, minha esposa ficou ao meu


lado e me ajudou espiritual e emocionalmente, mesmo
quando meus nervos estavam à flor da pele. Sei que
algumas vezes foi difícil para ela lidar comigo. Ela validou
meus sentimentos com palavras de bondade direcionadas à
memória de minha mãe.
A coisa mais útil que uma pessoa fez foi me permitir ir até a
mesa da cozinha dela apenas para me sentar, às vezes para
falar, e tomar café. Isso foi importante para que eu tivesse
um lugar aonde ir quando não podia enfrentar as
lembranças que me cercavam todos os dias em minha casa.

Eu me beneficiava muito quando as pessoas abriam “o


assunto” para discussão... Quando elas reconheciam a
morte dela e perguntavam como eu estava lidando com isso
ou como eu estava passando; quando elas perguntavam
sobre ela e sobre quem era. Nas profundezas do meu
interior eu gritava por falar sobre isso! Falar me ajudou a
superar. Para mim, isso também celebrava a vida dela. Ela
agora era uma memória, e falar sobre isso ajuda a manter a
memória viva. Doía quando as pessoas que me eram
próximas evitavam falar sobre a morte dela. Parecia que por
não saberem o que dizer, simplesmente optavam por não
dizer nada. Eu me perguntava se elas sequer se
preocupavam ou se importavam com a morte dela.
Descobri que toda palavra ou ato, quando feitos em amor e
com um coração de amor, significa alguma coisa. Não
importa se você não sabe o que dizer, simplesmente diga
alguma coisa, faça alguma coisa. Isso será um memorial
para a pessoa que morreu e uma honra para a pessoa que
ainda está aqui.

É importante ter pessoas amorosas e afetuosas ao seu


redor para você não ficar isolado. Um abraço pode significar
mais que palavras em uma situação como essa.
Sou enfermeira e fiz vários cursos de psicologia. Fiz um
curso de morte e luto, mas quando isso acontece com você,
tudo o que você sabe sobre morte escorre pelo ralo. Há uma
enorme diferença entre saber uma coisa intelectualmente e
experimentá-la subjetivamente. Você precisa de amigos e
família, e principalmente do seu pastor e da sua igreja para
ajudá-lo durante o tempo de dificuldade.

Em alguns casos, o que dizemos não é tão importante quanto a


maneira como fazemos a outra pessoa se sentir. Ocasionalmente,
as pessoas se lembram de palavras muito específicas que foram
ditas a elas depois da morte de um ente querido. Mas, com mais
frequência, elas se lembram de como os outros as fizeram se sentir
depois que já se esqueceram das palavras. Podemos sentir a
sinceridade e a originalidade. Se você se conduzir de tal maneira
que as pessoas que estão sofrendo saibam que realmente se
importa, você causará um impacto positivo na vida delas que muito
provavelmente será lembrado e apreciado por anos.

QUANDO A “AJUDA” NÃO É ÚTIL

Discutimos em um capítulo anterior os problemas dos


“consoladores” de Jó. Eles ficaram ofendidos com muitas
declarações de Jó e acharam necessário corrigi-lo. Entretanto, as
primeiras atitudes dessas pessoas quando ouviram sobre a
adversidade de Jó estavam mais alinhadas com a verdadeira
amizade do que com a maneira como eles se comportaram mais
tarde, quando a situação se tornou adversa.

Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que lhe


sobreviera, chegaram, cada um do seu lugar: Elifaz, o
temanita; Bildade, o suíta; e Zofar, o naamatita; e
combinaram ir juntamente condoer-se dele e consolá-lo.
Levantando eles de longe os olhos e não o reconhecendo,
ergueram a voz e choraram; e cada um, rasgando o seu
manto, lançava pó ao ar sobre a cabeça. Sentaram-se com
ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia
palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande.
— Jó 2:11-13

Observe como o processo teve início: os três amigos de Jó foram


chorar com ele e consolá-lo. Isso é bíblico e uma verdadeira
expressão de bondade. A primeira coisa que eles fizeram foi
oferecer companheirismo e presença. Eles simplesmente estavam
ali com ele; não tentaram aconselhá-lo ou pregar para ele. Eles
choraram e ficaram sentados com ele sem falar por sete dias e sete
noites. Com certeza não podemos culpar as intenções deles, pois
parece que somente uma verdadeira amizade os levaria a ficar
simplesmente sentados com Jó por uma semana inteira!
Quando Jó começou a falar, porém, seus amigos não ficaram
sentados passivamente; eles se sentiram impelidos a corrigir o que
achavam que eram as inadequações teológicas de Jó. Um jovem de
nome Eliú, que observou a discussão entre Jó e seus amigos, ficou
muito zangado com os três homens “porque, mesmo não achando
eles o que responder, condenavam a Jó” (Jó 32:3). Jó respondeu
amargamente à abordagem condenatória dos que ele chamou de
“consoladores molestos” (Jó 16:2) com as seguintes declarações:

Vós, porém, besuntais a verdade com mentiras e vós todos


sois médicos que não valem nada. Tomara vos calásseis de
todo, que isso seria a vossa sabedoria!
— Jó 13:4-5

Pôs longe de mim a meus irmãos, e os que me conhecem,


como estranhos, se apartaram de mim. Os meus parentes
me desampararam, e os meus conhecidos se esqueceram
de mim.
— Jó 19:13-14

Em vez de ser úteis, os amigos de Jó na verdade aumentaram a


volatilidade da situação, derramando gasolina sobre um fogo que já
estava ardendo.

QUANDO AS PESSOAS FALHAM CONOSCO

Quando sofremos uma grande perda, seria ideal se todos


reagissem de forma perfeita para conosco e a nossa dor. Seria
maravilhoso se todos fossem sensíveis, compassivos, atenciosos e
sábios. No entanto, a realidade é que as pessoas não são perfeitas.
Embora geralmente a intenção delas seja boa, elas podem dizer ou
fazer a coisa errada. Ou talvez elas possam não dizer ou fazer a
coisa certa, e a omissão nos deixa a desejar o consolo tão
necessário.

Eu era uma criança pequena quando minha avó morreu.


Minha mãe tentou me proteger não me levando para assistir
ao enterro ou me impedindo de estar com a família
enquanto eles estavam chorando. Por não fazer parte do
grupo, acabei me sentindo excluída.

Quando as pessoas não queriam falar sobre o assunto, isso


me incomodava. Elas evitavam completamente o problema
e agiam como se nada tivesse acontecido. Havia muitas
pessoas antes do enterro e no culto, mas no dia seguinte
não havia uma única alma. Todos simplesmente voltaram
para suas vidas agitadas e suas atividades, e fiquei para
lidar com tudo sozinho.

Havia alguns crentes que me ridicularizavam porque eu


ainda podia rir. Eles não achavam que eu estava triste ou
lamentando o suficiente.

Um indivíduo perguntou se meu ente querido que havia


morrido era salvo. Quando eu disse que não sabia, ele me
disse que eu simplesmente precisava “abrir mão disso para
poder prosseguir”.

Doía quando as pessoas presumiam saber exatamente


como eu estava me sentindo, quando, na verdade, elas não
tinham ideia de como eu estava me sentindo.

A mulher do meu pastor me disse que o luto não deveria


durar mais que duas semanas. Qualquer coisa além disso
era egoísta. Embora tivéssemos ido a eles em busca de
ajuda, na verdade não tivemos ajuda alguma.

A coisa mais difícil com a qual me deparei foi a família.


Ninguém na minha família realmente falava sobre emoções
ou sobre como estava se sentindo. Eu me sentia
negligenciada em tudo.
O que fazer quando enfrentamos uma decepção após a outra? O
que fazer quando amigos e parentes aumentam a decepção da
perda de um ente querido agindo de uma maneira que nos faz sentir
ainda mais dor? Naturalmente, precisamos perdoá-los, mas também
podemos aprender e crescer com essa experiência. Podemos nos
tornar mais sábios e mais sensíveis à ajuda dos outros no futuro.

UMA QUESTÃO DE PERCEPÇÕES E EXPECTATIVAS


Percepções e expectativas têm muito a ver com como avaliamos
o tipo de consolo e ajuda que recebemos. Vi situações nas quais as
pessoas se esforçaram para servir, ajudar e consolar, no entanto
seus esforços foram julgados pelos enlutados como insuficientes.
Estava óbvio que nada que alguém fizesse seria o bastante para
satisfazer a pessoa que estava sofrendo. Também observei outros
casos em que a pessoa enlutada tinha expectativas mínimas e
encarava até o menor ato de bondade com grande apreciação e
com uma gratidão avassaladora.
O julgamento pode estar um tanto prejudicado, principalmente
quando o equilíbrio emocional foi abalado pela dor. Podemos ter a
impressão de que alguém não fez um bom trabalho de nos dar
apoio ou de nos consolar, quando, na verdade, os esforços dessa
pessoa podem ter sido bastante elogiáveis. Podemos ter
expectativas não realistas ou estar tão arrasados que qualquer coisa
que não seja nosso ente querido de volta e a vida ser como era
antes é vista como uma consolação precária.
É importante ter isso em mente se você estiver tentando ajudar
alguém a passar pela dor e sentir que a ira dela está direcionada a
você. É muito provável que essa ira seja uma expressão do que
está acontecendo dentro do enlutado, e não um reflexo seu ou dos
seus esforços. Faça o melhor para não interpretar a raiva da pessoa
de forma pessoal.

BENEFICIANDO-SE DE UMA FORMA OU DE OUTRA

Quando as pessoas que nos cercam verdadeiramente forem um


modelo do amor de Cristo para conosco, podemos ser
profundamente tocados. Podemos nos lembrar da bondade delas e
nos esforçar para sermos um modelo semelhante a Cristo dessa
mesma compaixão e apoio aos outros. Entretanto, quando as
pessoas ficam aquém das nossas expectativas ou desejos, ainda
podemos nos beneficiar aprendendo o que não fazer. Em vez de
desenvolver um complexo de mártir e viver eternamente com uma
mentalidade de vítima porque os outros não nos apoiaram, podemos
extrair força Daquele que nunca falhará conosco.
O apóstolo Paulo sabia o que era ter pessoas ministrando a ele
no seu momento de necessidade, mas também sabia o que era ver
as pessoas fracassando miseravelmente no “teste da amizade”.
Embora ele não estivesse se referindo a um ente querido que
morreu, nas passagens a seguir, Paulo está escrevendo sobre o que
ainda era um tempo desafiador de perda — ele estava preso e havia
perdido a liberdade de fazer o que lhe agradava. Sabia das pessoas
que o haviam abandonado, mas depois falou com orgulho de
alguém que fora um verdadeiro amigo. Observamos tanto um mau
exemplo quanto um ótimo exemplo do que é a amizade.

Estás ciente de que todos os da Ásia me abandonaram;


dentre eles cito Fígelo e Hermógenes. Conceda o Senhor
misericórdia à casa de Onesíforo, porque, muitas vezes, me
deu ânimo e nunca se envergonhou das minhas algemas;
antes, tendo ele chegado a Roma, me procurou
solicitamente até me encontrar. O Senhor lhe conceda,
naquele Dia, achar misericórdia da parte do Senhor. E tu
sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele
em Éfeso.
— 2 Timóteo 1:15-18

A versão New Living Translation traduz o versículo 16 deste


modo: “Que o Senhor possa demonstrar bondade especial para com
Onesíforo e toda a sua família porque ele muitas vezes me visitou e
me encorajou” (tradução livre). A Nova Versão Internacional traduz a
última parte do versículo 18 assim: “Você sabe muito bem quantos
serviços ele me prestou em Éfeso”.
Um amigo como Onesíforo é verdadeiramente um presente de
Deus. Quando enfrentamos um tempo de dificuldade, valorizamos
grandemente alguém que:

• Costuma nos visitar, encorajar e trazer refrigério.


• Não se envergonha das nossas cadeias (ou do problema que
estamos passando).
• Procura-nos com diligência e nos encontra.
• Ministra a nós e nos ajuda de muitas maneiras.

Quando estamos em crise, é compreensível clamarmos a Deus,


“Senhor, envia-me um Onesíforo!”. Quando Deus ministra a nós, nos
abençoa e nos restaura, nossa oração então deve passar a ser:
“Senhor, faze de mim um Onesíforo para alguém”.
Se alguém foi um grande consolador em sua vida, você pode
expressar gratidão tornando-se um consolador para outra pessoa.
Se não teve um grande consolador (humano) quando passou por
um período de problemas, você pode expressar misericórdia
tornando-se para outra pessoa o que teria apreciado, mas não teve
o privilégio de experimentar.

O AMIGO MAIS CHEGADO DO QUE UM IRMÃO


Tendo se referido a Fígelo e Hermógenes em 2 Timóteo 1 como
homens que o abandonaram, Paulo novamente se refere a pessoas
não irem em seu socorro quando ele precisou do apoio delas, em 2
Timóteo 4.

Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes,


todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em
conta! Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças,
para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente
cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da
boca do leão. O Senhor me livrará também de toda obra
maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele,
glória pelos séculos dos séculos. Amém!
— 2 Timóteo 4:16-18

Embora as pessoas tenham falhado com Paulo, o que sem dúvida


era decepcionante, ele ainda pôde concluir seus comentários com
uma vitória. Paulo havia aprendido o grande segredo de confiar em
Deus e de recorrer à força dele, quer as pessoas fizessem o que era
certo quer não. Independentemente do modo como os amigos
humanos nos tratem nos momentos de dificuldades, temos o
consolo de um Amigo que é mais chegado do que um irmão (ver
Provérbios 18:24). Jesus nunca nos decepcionará!
SENDO ÚTIL DE FORMA PRÁTICA
Você já deve ter ouvido dizer que conhecimento é poder. Isso é
verdadeiro no que se refere a ter confiança suficiente para entrar na
vida de uma pessoa enlutada, acreditando que podemos fazer uma
diferença positiva.
Equipados com o conhecimento, podemos ter a coragem e a
confiança para ministrar aos sofredores. Eis alguns passos práticos
que podemos dar e percepções que podemos ter a fim de oferecer
uma ajuda verdadeiramente útil.

• Ofereça o “ministério da presença”.


• Ajude com assuntos burocráticos.
• Ajude com questões práticas.
• Seja específico ao se oferecer para ajudar.
• Não se sinta obrigado a pregar ou a ser onisciente (saber tudo).
• Renove o contato regularmente.
• Ajude seu amigo a se reintegrar nas atividades da vida.
• Dê referências quando for apropriado.
• Não coloque expectativas não razoáveis no seu amigo.
• Traga “o assunto” à baila e fale sobre a pessoa que morreu.
• Lembre-se de que as crianças também precisam de ajuda para
lidar com o luto.
• Reconheça que os pais que passam por um aborto natural ou
pelo nascimento de uma criança morta também precisam de
expressões de amor e apoio.

OFEREÇA O “MINISTÉRIO DA PRESENÇA”


Talvez o ministério mais subestimado na ajuda às pessoas que
perderam um ente querido seja o ministério da presença. Com isso
queremos dizer simplesmente estar com alguém de uma maneira
que a apoie, sem julgamentos, como um representante da presença
atenciosa de Deus. Embora o valor da oração, da Palavra de Deus e
de “falar a verdade em amor” seja incontestável, também
reconhecemos que a própria Bíblia que honramos afirma que há
“tempo de estar calado e tempo de falar” (Eclesiastes 3:7). Não
tenha medo do silêncio. Não há problema em ficar sentado em
silêncio com alguém, sendo respeitoso e estando disponível se e
quando essa pessoa quiser falar.
O fato de uma pessoa parecer estar indo bem um dia ou dois
após a morte não significa que ela não seria grandemente
beneficiada pelo ministério da presença com o passar do tempo.
Especialmente nos casos de morte repentina e inesperada,
geralmente não é aconselhável que a pessoa sobrevivente seja
deixada a sós a princípio — alguém deveria ficar com ela. Mais uma
vez, é importante que o enlutado sinta que tem “permissão” para
sofrer.

AJUDE COM AS QUESTÕES BUROCRÁTICAS

Uma pessoa cujo ente querido acaba de morrer pode precisar de


ajuda para pensar claramente, se organizar e se planejar. Pode ser
necessário tomar decisões com relação à doação de órgãos, a
entrar em contato com amigos e parentes, com uma casa funerária,
e assim por diante. Dependendo do seu relacionamento com o
enlutado, você pode ser um grande trunfo para ajudá-lo com essas
questões (quanto mais próxima a amizade de vocês, mais provável
será que você se envolva com isso). Um cuidador também pode dar
orientação e apoio enquanto uma série de detalhes e decisões com
relação ao culto memorial é tratada.

AJUDE COM AS QUESTÕES PRÁTICAS


Se o enlutado não estiver firme em seguida à morte de um ente
querido, é benéfico se alguém puder levá-lo aonde quer que ele
precise ir. Pode haver muitas outras áreas onde será oferecida uma
assistência prática: cuidar de crianças, limpeza da casa, afazeres,
refeições, etc. Naturalmente, há um equilíbrio a ser mantido. É
aconselhável não sufocar o enlutado ou impedir que ele faça o que
é capaz de fazer. Embora ele possa não estar funcionando em sua
potência máxima, geralmente é benéfico que ele faça o que pode
fazer — ainda que suas capacidades de funcionar e tomar decisões
possam parecer estar prejudicadas. Fazer coisas demais em longo
prazo ou fazer coisas pelo enlutado que ele deveria fazer por si
mesmo comunica a ele que você o acha incompetente, impotente e
que foi afetado a um ponto que não tem mais conserto.

SEJA ESPECÍFICO AO SE OFERECER PARA AJUDAR

É melhor se oferecer para fazer coisas específicas, em lugar de


se oferecer para qualquer coisa. Por exemplo, não é aconselhável
dizer a uma pessoa que acabou de saber da morte de um ente
querido: “Se eu puder ajudar em alguma coisa, me avise”. A razão
pela qual essa não é a melhor maneira de oferecer ajuda é porque
em geral o raciocínio da pessoa está nebuloso, e ela pode não estar
com os pensamentos organizados o suficiente para saber o que
pedir. Além disso, algumas pessoas hesitam em pedir uma coisa
específica porque não querem impor algo aos outros.
Em geral, é mais útil oferecer formas específicas de ajuda:
• “Posso ajudá-la a telefonar para os amigos e os membros da
família?”
• “Por que não nos sentamos e fazemos uma lista do que precisa
ser feito?”
• “Eu gostaria de trazer o jantar esta noite. Posso?”
• “Você gostaria que eu buscasse os membros da família no
aeroporto?”
• “Posso ajudar seus filhos nos próximos dias?”
• Você gostaria que eu o levasse à casa funerária e ficasse com
você enquanto organiza as coisas?”

Não se ofenda se a pessoa recusar as ofertas, e não seja


insistente se ouvir um não. Talvez outras pessoas a estejam
ajudando. Você fez sua parte se oferecendo; apenas continue
disponível para qualquer ajuda futura que você possa dar.

NÃO SE SINTA OBRIGADO A PREGAR OU A SER ONISCIENTE

Não tenha medo de dizer: “Não sei”. Quando seu amigo fizer
perguntas difíceis, não tenha medo de não ter todas as respostas.
Você não é onisciente — só Deus sabe todas as coisas. Nas
primeiras conversas, não tenha medo de dizer coisas do tipo:

• “Não sei o que dizer, mas sinto muito pelo que você está
passando. Quero que você saiba que eu o amo e estou orando
por você”.
• “Não posso imaginar o que você está passando, mas eu
realmente me importo com você e quero ajudá-lo da maneira
que puder.”
• “Embora eu tenha certeza de que o que estou sentindo é
apenas uma fração do que você está sentindo agora, estou
sofrendo com você e estou ao seu lado.”

Faça o que você pode fazer e, na medida em que for apropriado,


compartilhe o que você sabe para encorajar seu amigo. Não há
problema se ele tiver dificuldade com algumas questões por algum
tempo. Certos ajustes podem levar tempo para ser feitos. Seu
trabalho é oferecer consolo e apoio, e não soluções instantâneas
para todos os mistérios do universo. Definitivamente há ocasiões em
que compartilhar a Palavra de Deus ou orar com seu amigo é
adequado, mas também haverá momentos em que o maior presente
que você pode dar a ele é um ouvido pronto para escutar. Lembre-
se de que as pessoas não se importam com o quanto você sabe até
que elas saibam o quanto você se importa.

FAÇA CONTATO REGULARMENTE


É importante entender que uma pessoa enlutada geralmente
recebe muitas expressões de amor — flores, cartões, telefonemas,
comida pronta, etc. — nos primeiros dias em seguida à morte do
ente querido. Depois, não é raro que todos os demais voltem
imediatamente às suas atividades rotineiras e esqueçam o que
aconteceu. Quando as flores secam e morrem, na maioria das
vezes o choque é atenuado e uma sensação profunda de dor se
instala. Quando o enlutado realmente começa a precisar de apoio,
os telefonemas e os cartões já pararam de chegar. Um amigo sábio
estará a par dessas questões de tempo e entrará em contato
periodicamente. Alguns cuidadores acharão útil marcar datas
periódicas na agenda apenas para se certificar de estar
consistentemente em contato.
Também é importante estar a par de que celebrações e
aniversários podem ser momentos especialmente difíceis em
seguida à morte de um ente querido. Um telefonema ou um cartão
apenas para que o enlutado saiba que você está pensando nele
pode ser muito significativo e encorajador.

AJUDE SEU AMIGO A SE REINTEGRAR


As pessoas que perderam um ente querido muitas vezes têm
dificuldades para voltar às atividades diárias. Por exemplo, se uma
pessoa enlutada sempre ia à igreja com o cônjuge, ir à igreja
sozinho pode ser muito doloroso porque é mais uma lembrança de
que o cônjuge não está mais presente. Talvez você possa ajudar a
ser uma ponte nessa transição oferecendo-se para levá-lo à igreja
ou para se sentar com ele durante os cultos.
Não se surpreenda se você encontrar alguma relutância ou
resistência em certas áreas, e não seja obstinado ao lidar com seu
amigo. Muitas vezes, é necessária uma persistência amorosa e
gentil para ajudá-lo a se reintegrar nas atividades da vida. Seja
respeitoso quanto ao fator tempo também nesse aspecto, e entenda
que a maioria das pessoas se “reativará” progressiva e
gradualmente, e não instantaneamente.

DÊ REFERÊNCIAS QUANDO FOR APROPRIADO

Encoraje seu amigo a buscar e receber qualquer tipo de ajuda


que seja necessária. Talvez ele precise conversar com alguém que
tem mais habilidade que aquela que você tem a oferecer. Isso não
se reflete negativamente sobre você ou sobre suas habilidades; as
pessoas têm experiência, habilidades e especialização em áreas
diferentes. Talvez você nunca tenha enfrentado o que seu amigo
está passando, ou talvez você não tenha um treinamento específico
de como ministrar a uma pessoa que esteja enfrentando o que ele
está vivendo.
Talvez seu amigo pudesse se beneficiar ao visitar um pastor ou
conselheiro ou frequentar um grupo de apoio. Se ele estiver
realmente com dificuldades, você poderia até se oferecer para ir
com ele como uma forma de apoio moral. Ele também pode precisar
de aconselhamento jurídico, financeiro ou médico. Encoraje-o a
receber a ajuda de que necessita.

NÃO COLOQUE EXPECTATIVAS NÃO RAZOÁVEIS SOBRE SEU


AMIGO
Você pode ter enfrentado uma perda semelhante à que seu amigo
está experimentando, mas isso não é indicação de que ele passará
(ou deveria passar) pela experiência da mesma maneira que você.
Você pode ter uma personalidade ou um temperamento inteiramente
diferente do dele, e pode haver dezenas de outras variáveis que
determinarão o tipo ou o efeito que essa perda exercerá sobre a
vida dele. Tenha em mente que seu amigo é uma pessoa única e
seja respeitoso quanto a esse fato.
Precisamos tomar cuidado para sermos realmente sensíveis às
pessoas enlutadas e não termos simplesmente a intenção de
atender às nossas necessidades, sobrepondo a própria história à de
uma pessoa enlutada. Vou ilustrar isso com um exemplo. Mary
acabara de perder a mãe. Ela se encontrou com a amiga Sue, e lhe
contou sobre a perda recente. Sue imediatamente falou: “Bem,
minha mãe morreu em...”, e começou a falar sem parar sobre a
própria perda. Sue estava mais interessada em contar sua história
do que em dedicar tempo para ouvir Mary falar sobre o que estava
passando.
Em vez de Sue presumir que Mary queria ouvir sobre sua história,
deveria ter ouvido primeiro e demonstrado sensibilidade ao que
Mary necessitava naquele momento. O que Sue tinha para
compartilhar pode ter encorajado e beneficiado a amiga
grandemente, mas Mary poderia já ter tido uma sobrecarga de
discursos “isso me faz lembrar do tempo em que eu...”. Se Mary se
fechou e se isolou, pode ser porque estava cansada de ser
bombardeada com a história de outros e sentindo que ninguém se
importava o suficiente para ouvi-la, para escutar o que ela estava
vivenciando.
A maior necessidade de Mary pode ser derramar o próprio
coração para um amigo que se importe e escute, e não ouvir o
testemunho de outra pessoa. Seu testemunho pode encorajar outra
pessoa? Sim. Mas provavelmente é melhor ouvir o enlutado em
primeiro lugar. Depois de ter focado nas necessidades dele,
considere pedir permissão para compartilhar a própria experiência.
Por exemplo, Sue poderia ter dito: “Eu com certeza me solidarizo
com você quando penso na perda que você sofreu. Minha mãe
morreu há três anos, e sei como essa época foi desafiadora para
mim. Eu gostaria de compartilhar com você algumas das coisas que
enfrentei ao lidar com a morte da minha mãe, mas posso fazer isso
em um momento que seja bom para você. Eu ficaria feliz em falar
mais com você agora, mas se você preferir, posso levá-la para
almoçar ou jantar”. Esse tipo de abordagem capacita a pessoa
enlutada a ter um pouco de controle sob a situação. Em vez de
tolerar educadamente uma história na qual ela poderia não estar no
melhor estado emocional para ouvir, Mary teria se sentido
respeitada por ter lhe sido dado o direito de dizer: “Realmente, neste
momento não me sinto capaz de apreciar o que você gostaria de
compartilhar”.
Quando a pessoa enlutada realmente pedir que você fale sobre
sua experiência, em geral não é sábio dizer: “Sei exatamente como
você se sente”. Uma abordagem melhor é compartilhar como Deus
ajudou você em meio a uma situação semelhante, e deixar que ela
estabeleça o próprio senso de identificação com o que você
compartilhou (se isso realmente tiver uma relação). É melhor
apresentar informações e permitir que o enlutado decida por si
mesmo se isso se encaixa na situação dele. Por exemplo, você
pode dizer: “Não sei se o que eu passei é idêntico ao que você está
passando, mas quando minha mãe morreu, foi _______; eu me
senti_______; eu vivi______”. É muito melhor que a própria pessoa
chegue à conclusão: “Ei, é exatamente assim que estou me
sentindo!”, do que você dizer a ela que sabe como ela se sente.
Lembre-se, em determinados momentos na vida, a necessidade
de alguém que perdeu um ente querido de ser ouvido pode ser
muito maior que a necessidade de ele ouvir você. Talvez você
queira orar: “Senhor, quando eu me deparar com uma pessoa
enlutada, ajuda-me a ser sensível às necessidades dela. Dá-me a
sabedoria para perceber quando ouvir e quando falar. Ajuda-me a
focar em verdadeiramente atender às necessidades dela, em vez de
estar determinado a dizer o que tenho a dizer”.
Nesse mesmo sentido, também não é aconselhável dizer às
pessoas como elas deveriam ou não se sentir. Por exemplo, dizer a
uma pessoa: “Você não deveria sentir raiva...”, não resolve a
questão da ira na vida dela. Na verdade, isso só tende a fazer com
que se culpe por se sentir assim e pode levá-la a simplesmente
colocar uma máscara para evitar ser julgada pelos outros. Não
fomos criados para sermos juízes das emoções de alguém, e somos
mais úteis quando afirmamos e encorajamos as pessoas à medida
que elas expressam e lidam com seus sentimentos.

TOQUE NO “ASSUNTO” E FALE SOBRE A PESSOA QUE


MORREU

Você não precisa obrigar as pessoas a falarem sobre seu ente


querido morto, mas elas geralmente apreciam muito saber que
alguém está pensando nelas. As pessoas que perderam um ente
querido geralmente se agradam quando alguém relembra fatos
sobre o falecido com elas. Muitos perdem essa oportunidade,
pensando erroneamente que é melhor não tocar no assunto. Não
pense que cada referência ao morto tem de ser sombria ou séria.
Na verdade, as reflexões humorísticas e joviais podem ser
animadoras e agradáveis para os que estão enlutados.

LEMBRE-SE QUE AS CRIANÇAS PRECISAM DE AJUDA PARA


LIDAR COM O LUTO
Às vezes as crianças são deixadas de fora e empurradas de lado
enquanto os amigos focam o apoio e a atenção nos adultos que
estão de luto. É importante dar muito consolo e afeto e tranquilizar
as crianças quando alguém que elas amavam morreu. Acima de
tudo, as crianças precisam ser certificadas de que estão seguras e
que serão cuidadas. A comunicação deve ser apropriada para a
idade, mas as crianças precisam ser tratadas com honestidade e de
forma aberta com relação ao que aconteceu. Não use figuras de
linguagem ou eufemismos do tipo:

• “A vovó está dormindo.” Isso pode fazer a criança ter medo de ir


dormir por temer que ela também possa não acordar.
• “Nós a perdemos.” As crianças naturalmente supõem que se
alguma coisa foi perdida, você precisa procurar até encontrar.
• “O vovô foi fazer uma viagem.” Isso pode confundir a criança —
e talvez causar uma grande ansiedade — na próxima vez que o
papai (ou outro ente querido) planejar uma viagem de negócios.
Será que ele também não vai voltar?

Ao falar com as crianças, dedique tempo para se certificar de que


elas entendam tanto quanto possível o que você diz. Disseram a
uma criança simplesmente que sua mãe estava no céu. Quando ela
viu o corpo da mãe no caixão na casa funerária, supôs que a casa
funerária era o céu. Algumas crianças se contentam com uma
explicação breve, enquanto outras farão muitas perguntas. Tenha
certeza de se conduzir de tal maneira que a criança se sinta
confortável e se sinta bem-vinda a fazer perguntas e falar sobre o
que estiver pensando e sentindo.
Seja também sensível às coisas que a criança pode não dizer. Por
exemplo, algumas se sentirão culpadas e acreditarão que a morte
da pessoa de algum modo tem a ver com elas, embora esse
pensamento seja totalmente sem fundamento. Pode ser útil impedir
esse tipo de ideia por meio de conversas tranquilizadoras com a
criança.

PAIS QUE SOFREM UM ABORTO ESPONTÂNEO OU QUE TÊM


UM FILHO QUE NASCE MORTO TAMBÉM PRECISAM DE
EXPRESSÕES DE AMOR E APOIO
Qualquer coisa que você faça para comunicar sua compaixão no
caso de uma morte — flores, cartões, refeições, etc. — é apropriada
nos casos de abortos espontâneos e de nascimento de crianças
mortas. Também é sábio (e gentil) se conter e não fazer perguntas
que poderiam sugerir que a morte foi culpa da mãe. Perguntas do
tipo: “Você estava cuidando bem de si mesma?” e “Você estava
comendo direito?” são insensíveis e inadequadas. Evite também
fazer afirmações que tendam a minimizar a dor sentida pelos pais:

• “Vocês ainda são jovens, podem ter mais filhos.”


• “Pelo menos vocês não chegaram a se apegar ao bebê.”
• “Graças a Deus pelos filhos que vocês têm.”
• “Tenham outro bebê; isso lhes ajudará a esquecer.”

Essas afirmações parecem desvalorizar ou reduzir o sofrimento e


a tristeza da família, os quais são sentimentos muito apropriados
para se ter. Precisamos sempre considerar os sentimentos daqueles
que estamos querendo ajudar, nos certificando de que tudo que
fazemos e dizemos esteja realmente ajudando, e não
acrescentando dor sobre dor.
Embora não haja uma maneira de lidar com todas as situações
possíveis de se encontrar ao consolar e auxiliar uma pessoa que
passou pela morte de um ente querido, lembre-se de que você tem
o Espírito Santo, o Consolador por excelência, dentro de você. Ao
ministrar aos enlutados, Ele lhe dará a graça e a sabedoria de que
você necessita para ser uma bênção. Confie nele, e Ele o guiará
enquanto você expressa Seu amor por aqueles que estão sofrendo.
PARTE 2

PERCEPÇÕES
DA PALAVRA
CAPÍTULO 8
A ORIGEM
DA MORTE

Se Deus é bom, e se Deus é Todo-Poderoso, então por que


o mal e a morte existem?

Quando alguém próximo a nós morre, esse tipo de pergunta gera


mais que uma reflexão casual e filosófica. Ela penetra
profundamente em nosso ser. Muitas vezes, nossa busca por uma
resposta está saturada de uma sensação avassaladora de angústia,
sofrimento e dor emocional. A boa notícia, porém, é que essa busca
pode resultar na descoberta e no conhecimento da verdade, e Jesus
disse que a verdade nos libertaria (ver João 8:32).
As ramificações e repercussões da morte são vastas e extensas,
afetando indivíduos, famílias e comunidades de inúmeras formas. O
desafio e a influência da morte são sentidos física, intelectual,
emocional, espiritual, social, relacional e financeiramente. Na
realidade, eles afetam cada dimensão do nosso ser.
As perguntas a respeito da morte levam as pessoas
invariavelmente a olhar para Deus —fazendo perguntas e formando
opiniões sobre Ele. Se chegarmos às conclusões erradas, podemos
nos sentir desencantados, desiludidos e sem esperança. Podemos
até sentir como se Deus estivesse distante, não se importasse, não
fosse confiável ou até fosse sádico. É por isso que é vital considerar
a perspectiva de Deus e chegar a conclusões corretas acerca da
questão da morte.
Lendo os primeiros capítulos do livro de Gênesis, fica claro que a
morte nunca fez parte do propósito original de Deus para a
humanidade. A morte não é um reflexo da natureza maravilhosa de
Deus para conosco.

UMA INTRUSA CHAMADA MORTE

Tudo que Deus criou era bom. Na verdade, no primeiro capítulo


de Gênesis, a afirmação “Deus viu que isso era bom” é usada sete
vezes com relação a Sua criação. Depois de criar Adão, Deus
colocou diante dele um mandamento e o advertiu, deixando
perfeitamente claro que a desobediência a essa ordem resultaria em
morte.

Tomou, pois, o S Deus ao homem e o colocou no


jardim do Éden para o cultivar e o guardar. E o S
Deus lhe deu esta ordem: “De toda árvore do jardim
comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do
bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela
comeres, certamente morrerás”.
— Gênesis 2:15-17

O ensinamento de Paulo no Novo Testamento remete a esse


evento, dizendo: “Portanto, assim como por um só homem entrou o
pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte
passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Romanos
5:12). Isso não significa que quando uma pessoa morre é
necessariamente por causa de um pecado específico que ela
cometeu. Em vez disso, todos nós nascemos em uma raça caída
devido à transgressão original de Adão.
Deus não apenas advertiu o homem de que o pecado resultaria
em morte, como depois que o homem transgrediu o mandamento de
Deus, Ele amou Adão e Eva o suficiente para comunicar o tipo de
coisas negativas que a raça humana experimentaria daquele
momento em diante.

No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra,


pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás...
Então, disse o S Deus: “Eis que o homem se tornou
como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que
não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e
coma, e viva eternamente”.
OS Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden,
a fim de lavrar a terra de que fora tomado.
— Gênesis 3:19, 22-23

Uma vez que o pecado entrou em cena, a humanidade ficou


sujeita não apenas à morte física, mas a uma ampla variedade de
problemas e doenças. O homem começou a sentir culpa, vergonha
e medo e passou a sofrer muitas outras consequências destrutivas.
A vida como a vivemos nesta terra está muito distanciada do que
Deus pretendeu e desejou para Seus filhos. O que vemos no mundo
hoje é uma versão corrompida, adulterada e “fragmentada” do plano
original de Deus. Violência, pragas, pobreza, doença e morte não
faziam parte do plano de Deus para Sua criação.
O que isso quer dizer? Isso significa que Deus não está no
controle e o universo está desmoronando? Não, Deus é soberano e
Ele reina sobre tudo. Ele deu ao homem a escolha de obedecer e
desobedecer. Ele deu ao homem a oportunidade de gerar o caos
total. Entretanto, Deus se reservou o direito de consertar o caos e
ter a palavra final.
É interessante observar que, em seguida ao pecado do homem,
Deus tomou uma atitude específica para impedir que ele comesse
da árvore da vida. Parece que Deus, na Sua misericórdia, não
queria que o homem vivesse para sempre em um estado
perpetuamente caído. Deus deve ter achado melhor que o pecado
fosse em frente e seguisse seu rumo (Romanos 6:23 diz que o
salário do pecado é a morte) e que o homem tivesse um começo
inteiramente novo na ressurreição.

TRÊS TIPOS DE MORTE

Gênesis 2:17 diz: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do


mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente
morrerás”. O hebraico literal diz: “...ao morreres, tu morrerás”. Isso
sugere que há mais de um tipo de morte. A Bíblia se refere a três
tipos diferentes de morte. O termo “morte” na Bíblia descreve tanto a
cessação da existência quanto uma separação.
A morte espiritual é a separação do espírito humano de Deus.
Não significa que o espírito não existe ou não está agindo, e sim
que alguém está espiritualmente separado ou alienado da vida de
Deus. Quando uma pessoa recebe Jesus como seu Salvador, ela
sai da morte espiritual para a vida espiritual. Ela passa a estar
espiritualmente unida com o Senhor. Jesus disse: “Em verdade, em
verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte
para a vida” (João 5:24).
A morte física é a separação do espírito humano do corpo
humano. Tiago 2:26 diz que o corpo sem o espírito está morto.
Paulo se referiu ao mesmo princípio quando disse: “deixar o corpo
[é] habitar com o Senhor” (2 Coríntios 5:8). O homem é mais que um
ser físico; ele também é um ser espiritual.
A morte eterna é a separação eterna de Deus. Isso também é
mencionado como a segunda morte (ver Apocalipse 20:14; 21:8). A
Bíblia nos diz que aqueles que venceram por meio da sua fé em
Jesus não serão feridos pela segunda morte, e a segunda morte
não terá poder sobre aqueles que fazem parte da primeira
ressurreição (ver Apocalipse 2:11; 20:6).

DEUS É O AUTOR DA VIDA

O crente precisa entender que Deus não é o autor da morte. Seria


difícil uma pessoa confiar em Deus ou amar um Deus que fosse
considerado como o criador de uma coisa que trouxe tanta dor e
sofrimento à humanidade. Jesus queria garantir que nós
entendêssemos a diferença entre a bondade de Deus e a natureza
destrutiva de Satanás. Ele disse: “O ladrão vem somente para
roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham
em abundância” (João 10:10).
O fato de Deus ser o Autor da vida, e não da morte, está ainda
mais claro em Hebreus 2:14-15, que diz: “Visto, pois, que os filhos
têm participação comum de carne e sangue, destes também ele,
igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele
que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que,
pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida”.
Se a morte tivesse sido o propósito original e definitivo de Deus
para o homem, então as realizações de Jesus na terra teriam sido
contraditórias à vontade de Deus Pai. Entretanto, a Bíblia deixa
claro que Jesus veio para executar e cumprir a vontade do Pai, e
não para contradizê-la (ver João 6:38; Hebreus 10:9).
Jesus se desassociou completamente do autor da morte. Ele
disse: “...aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim”
(João 14:30). No túmulo de Lázaro, Jesus falou: “Eu sou a
ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E
todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente” (João
11:25-26).
Jesus se apresentou como o representante do Seu Pai celestial
— como Alguém que trouxe o tipo de vida que era mais poderosa
que a morte. Jesus veio não para apoiar ou aplicar a morte que caiu
sobre a humanidade no Jardim do Éden, mas para destruí-la (ver 1
João 3:8). Ele veio para restaurar e redimir a humanidade de volta
ao relacionamento com o Deus cujo dom é a vida eterna (ver
Romanos 6:23).
Podemos ter certeza de que Deus está do nosso lado contra a
morte! Por causa da desobediência do homem, a morte se
intrometeu na raça humana. Mas pela graça de Deus, fomos
trazidos de volta à união com o Senhor. Tendo recebido Jesus como
nosso Salvador, somos recipientes do Seu dom da vida eterna.
Embora a morte pareça estar reinando suprema no mundo, nós,
que cremos, podemos andar pela fé e não por vista (ver 2 Coríntios
5:7). Paulo disse: “O último inimigo a ser destruído é a morte” (1
Coríntios 15:26). O crente permanece confiante, sabendo que
embora a morte tenha se intrometido na raça humana, Deus terá a
última palavra e a vida — a vida eterna — finalmente prevalecerá!
CAPÍTULO 9
O QUE ACONTECE
QUANDO NÓS
MORREMOS?

A partir da perspectiva humana, a morte certamente é um inimigo.


Após a morte, os entes queridos são separados uns dos outros, e os
que ficam sentem a dor e a tristeza que se seguem. No entanto, há
outra perspectiva. Do ponto de vista de Deus, a morte é o meio pelo
qual Seus filhos entram na Sua presença palpável e manifesta no
céu. Foi dito que Deus nunca vê os filhos morrerem; Ele apenas os
vê indo para casa.
Em Salmos 116:15 diz: “Preciosa é aos olhos do S a morte
dos seus santos”. Esse versículo não quer dizer que Deus tem
prazer na tristeza e no sofrimento dos que são deixados para trás.
Ao contrário, Deus oferece consolo aos que choram. O próprio
Jesus é descrito como um Sumo Sacerdote que se compadece das
fraquezas humanas (ver Hebreus 4:15).

UM HOMEM EXTERIOR E UM HOMEM INTERIOR

Por que, então, o Senhor considera preciosa a morte dos Seus


santos? Ela é preciosa porque, embora a morte faça com que
fiquemos ausentes desta terra, ela facilita estarmos presentes com o
Senhor (ver 2 Coríntios 5:8). A Bíblia deixa extremamente claro que
quando um crente morre, seu espírito vai imediatamente para a
presença de Deus.
Para entender melhor essa verdade, é útil saber que a existência
tem uma parte física e uma parte espiritual. Em 2 Coríntios 4:16,
Paulo indicou que, embora nosso homem exterior esteja perecendo,
o homem interior está sendo renovado dia a dia.
Além de estabelecer a realidade de um homem interior (a
natureza espiritual) e de um homem exterior (o corpo físico), Paulo
também ensinou que quando o corpo de um crente morre, o homem
interior vai para o céu.

Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo


se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não
feita por mãos, eterna, nos céus.
Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que,
enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor; visto que
andamos por fé e não pelo que vemos. Entretanto, estamos
em plena confiança,
S .
— 2 Coríntios 5:1, 6-8, grifo nosso

Segundo a minha ardente expectativa e esperança de que


em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia,
como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no
meu corpo, quer pela vida, quer pela morte. Porquanto, para
mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o
viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o
que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou
constrangido, tendo o desejo de
, . Mas, por
vossa causa, é mais necessário permanecer na carne. E,
convencido disto, estou certo de que ficarei e permanecerei
com todos vós, para o vosso progresso e gozo da fé, a fim
de que aumente, quanto a mim, o motivo de vos gloriardes
em Cristo Jesus, pela minha presença, de novo, convosco.
— Filipenses 1:20-26, grifo nosso

Escrevendo sob a inspiração do Espírito Santo, Paulo esclareceu


perfeitamente a questão — estar ausente do corpo é estar presente
com o Senhor! Partir e estar com Cristo é muito melhor!
Quando alguém que amamos morre, podemos não sentir que
essa morte é melhor para nós. No entanto, ela é melhor para o
nosso ente querido. Não é um clichê banal quando dizemos que um
cristão que morreu foi para um lugar melhor — é uma realidade
absoluta.

PARTIDA E MORTE
Observe que em Filipenses 1:23 Paulo disse que ele se sentia
inclinado entre duas direções diferentes. Parte dele queria ficar na
terra e continuar no ministério, mas ele também estava sentindo
uma forte inclinação em direção ao céu. Paulo não ficou nessa
posição de indecisão para sempre — chegou um ponto na sua vida
em que ele estava totalmente pronto para “ir para casa”.

Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o


tempo da minha é chegado. Combati o bom
combate, completei a carreira, guardei a fé.
— 2 Timóteo 4:6-7, grifo nosso

Considere o significado do termo “partida”, que Paulo usou no


versículo 6.
A palavra “partida” é um termo náutico que se refere a um navio
se preparando para içar velas, sair da margem e se lançar ao
oceano. A ideia de Paulo da morte não é a de um naufrágio, mas a
de um navio pronto. O navio foi construído para mares abertos, seu
verdadeiro elemento; e para atender à necessidade para a qual foi
designado, ele precisa “partir” e sair das margens que o prendem à
costa.

Um navio nunca é visto como algo verdadeiramente


vantajoso, exceto no mar aberto. Ali, levando uma rica
carga, com as velas estendidas em direção ao vento,
dirigindo-se à sua função de boa vontade rumo a um porto
estrangeiro, está cumprindo o verdadeiro desígnio do seu
construtor. Assim o homem foi criado para a eternidade,
para a vida mais ampla e para a comunhão que está além
desta existência terrena. Ali, e somente ali, ele encontra o
desígnio maior do seu Criador e Redentor.17

Assim como Paulo se referia a sua “partida” iminente, Pedro


também reconheceu, à certa altura, que sua vida nesta terra estava
chegando ao fim. Considere suas palavras:

E tenho por justo, enquanto estiver neste tabernáculo,


despertar-vos com admoestações, sabendo que brevemente
hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso
Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado. Mas também eu
procurarei em toda a ocasião que depois da minha
tenhais lembrança destas coisas.
— 2 Pedro 1:13-15, ACF, grifo nosso

Onde Paulo se referia à sua partida, Pedro se referia à sua morte.


A palavra grega que Pedro usou no versículo 15 traduzida como
“morte” é a palavra exodos. No Antigo Testamento, o Livro de Êxodo
conta a história da partida de Israel da terra do Egito. É a história de
uma jornada. É exatamente isso que a morte é. Não é a cessação
da existência; é uma jornada para outro lugar.
Também é digno de observar que Pedro se referiu ao seu corpo
como um tabernáculo que em breve ele iria “deixar”. Por um
pequeno período, uma tenda pode ser um lar maravilhoso. Quando
um excursionista está nas montanhas desfrutando a maravilhosa
vida ao ar livre, uma tenda pode ser exatamente o que ele necessita
quando fica cansado e precisa de um lugar para descansar e ter
refrigério.
Embora as tendas sejam maravilhosas para o propósito
pretendido, uma pessoa não espera viver em uma tenda para
sempre. Não demorará muito e ela anseia por ir para o lar e viver
em uma casa, uma estrutura que é muito mais permanente e
robusta que uma tenda.
Quando um cristão deixa o “tabernáculo” (seu corpo), para onde
ele vai? Vai para o céu — para passar a eternidade na casa do Pai.
Em João 14:2-3, Jesus disse: “Na casa de meu Pai há muitas
moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-
vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos
receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós
também”.
De acordo com as palavras de Jesus, podemos estar confiantes
de que um lar permanente nos aguarda no céu.

MELHOR PARA QUEM?


Paulo disse que partir e estar com Cristo é muito melhor (ver
Filipenses 1:23). Mas precisamos fazer a pergunta: Melhor para
quem? Do ponto de vista humano, nunca queremos ver alguém que
amamos partir e se separar de nós.
O grande evangelista Charles Finney experimentou um sofrimento
imenso quando sua esposa morreu. Considere as palavras dele,
especialmente como o Senhor redirecionou graciosamente sua
perspectiva, permitindo que ele visse a situação mais do ponto de
vista celestial que do terreno.

...quando acordei, o pensamento do luto passou pela minha


mente com muito poder! Minha esposa havia partido! Eu
nunca mais a teria falando outra vez, nem veria seu rosto!
Nossos filhos estavam sem mãe! O que eu deveria fazer?
Meu cérebro parecia rodar, como se a mente girasse fora do
eixo. Levantei-me instantaneamente da cama, exclamando:
“Se eu não conseguir descansar em Deus vou ficar
desequilibrado!” O Senhor logo acalmou minha mente
naquela noite; mas ainda, às vezes, momentos de tristeza
quase avassaladores vinham sobre mim.
Um dia, eu estava de joelhos, tendo comunhão com Deus
sobre o assunto, e de repente Ele pareceu me dizer: “Você
amava sua esposa?”. “Sim”, eu disse. “Bem, você a amava
por amor a ela, ou por amor a você? Você a amava, ou
amava a si mesmo? Se você a amava por amor a ela, por
que você lamenta por ela estar Comigo? A felicidade dela
comigo não deveria fazer você se alegrar em vez de
lamentar, se você a amava por amor a ela? Você a amava”,
Ele parecia me dizer, “por amor a Mim? Se você a amava
por amor a Mim, com certeza você não lamentaria por ela
estar Comigo. Por que você pensa na sua perda, e enfatiza
tanto isso, em vez de pensar no lucro dela? Você pode estar
entristecido quando ela está tão alegre e feliz? Se você a
amava por amor a ela, não se alegraria na alegria dela e
ficaria feliz com a felicidade dela?”.
Jamais poderei descrever o que senti quando Deus se
dirigiu a mim dessa maneira. Isso produziu uma mudança
instantânea em todo o meu estado mental. Daquele
momento em diante, a tristeza por causa da minha perda se
foi para sempre. Eu não pensava mais na minha esposa
como morta, mas como viva, e em meio às glórias do céu.18

Há anos uma igreja norte-americana produziu um filme


sobre a obra missionária em Angola intitulado I’ll Sing, Not
Cry (Cantarei, Não Chorarei). O filme foi inspirado no livro
African Manhunt (Perseguição Africana), de Monroe Scott,
que relatava as vitórias de Cristo na vida dos africanos.
Havia a história do pastor Ngango, cuja amada esposa
morreu. Um grande número de pessoas foi ao enterro, e
elas prantearam naquela lamentação de desespero pagã
que era seu costume, até que o pastor Ngango colocou-se
ao lado do caixão e disse: “Parem com todos esses gritos e
uivos”. Os participantes se calaram, chocados. “Esta mulher
é uma filha de Deus. Ela partiu para o Pai. Eu a amava, mas
hoje não estamos chorando, estamos cantando.”
Com isso, ele começou a cantar: “Glória a Deus”, e os
cristãos o acompanharam. Não era um cântico de
desespero, medo ou tristeza. Era um louvor a Deus, um
cântico da vitória de Cristo, um hino de confiança.
Ao longo dos séculos se propaga o tema “I’ll Sing, Not
Cry”.19
É importante entender que essa transformação na perspectiva e
nas emoções de Finney não aconteceu da noite para o dia. O
Senhor sabia a hora certa e a maneira certa de lidar com ele e de
levá-lo a esse ponto de aceitação.
Lembro-me de ouvir sobre um grupo de cristãos de uma tribo na
África que encarava a morte a partir de uma perspectiva celestial.
Eles não se referem aos cristãos mortos como os que partiram
(como nós costumamos fazer, e como Paulo fez corretamente a
partir de uma perspectiva terrena). Em vez disso, se referem a eles
dizendo que chegaram. Eles falam dos mortos a partir do ponto de
vista celestial.

UMA PROPOSTA NA QUAL QUALQUER RESULTADO É VITÓRIA


É essencial entender que, para o cristão, a morte não é uma
derrota. O apóstolo Paulo ensinava que nós pertencemos ao Senhor
tanto na vida quanto na morte.

Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para


si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se
morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou
morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para esse
fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de
mortos como de vivos.
— Romanos 14:7-9

Nunca pense na vida e na morte como uma proposta de vitória ou


fracasso. Alguns pensam erroneamente que se um cristão se
recupera de uma doença, isso é vitória; mas se ele morrer, é
derrota. Para o cristão, a vida e a morte são uma proposta em que
qualquer resultado é vitória. Lembre-se das palavras de Paulo em
Filipenses 1:21: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é
lucro”. Deus quer que vivamos aqui na terra servindo-o e amando-o.
E podemos viver com confiança, sabendo que quando chegar a
hora da nossa partida, nosso maravilhoso Senhor nos receberá e
nossa chegada ao lar será preciosa aos Seus olhos. Floyd Faust
disse:

Provavelmente ninguém nos deu uma imagem mais clara do


que a morte significa para um cristão maduro que o grande
John Quincy Adams. Quando esse norte-americano notável
de oitenta anos estava caminhando pelas ruas de sua
cidade favorita, Boston, apoiando-se fortemente sobre uma
bengala, um amigo bateu em seu ombro e perguntou:
“Como está John Quincy Adams esta manhã?”.
O velho virou-se lentamente, sorriu e disse: “Bem, senhor,
bem! Mas este velho aposento onde John Quincy habita não
está tão bem. Os alicerces estão prestes a desabar. O
telhado caiu e as janelas estão tão turvas que eu não me
surpreenderia se antes de o inverno terminar ele tivesse de
se mudar. Mas quanto a John Quincy Adams, ele nunca
esteve melhor... Nunca esteve melhor!”.
Com isso, ele começou a descer a rua devagar, acreditando
sem sombra de dúvida que o verdadeiro John Quincy
Adams não era um corpo que pudesse ficar trancado em um
caixão ou sepultado em um túmulo.20

Lembre-se, Deus nunca vê Seus filhos morrerem. Ele apenas os


vê voltando para casa. É por isso que a morte dos Seus santos —
Seus filhos — é preciosa aos Seus olhos.
17 Robert Ervin Hough, The Christian After Death (Chicago: Moody, 1947), p. 31.
18Charles G. Finney, An Autobiography (Old Tappan, N.J.: Fleming H. Revell Company,
1876), p. 382.
19James L. Christensen, Difficult Funeral Services (Old Tappan, N.J.: Fleming H. Revell
Company, Div. de Baker Book House Company, 1985), p. 168.
20From Life, Death, Life by Floyd Faust. Copyright © 1977 por The Upper Room. Uso
mediante permissão de Upper Room Books.
CAPÍTULO 10
LIDANDO COM
AS PERGUNTAS
DIFÍCEIS

Q uando uma pessoa amada morre, somos confrontados com


emoções para lidar, decisões a tomar, deveres para cumprir,
responsabilidades para assumir, e — muitas vezes, o mais difícil —
perguntas para responder.
Quase todo pastor concordará que quando lida com os membros
da família depois da morte de um familiar, as perguntas mais
frequentes têm a ver com Por quê? Principalmente quando a pessoa
morre ainda jovem, quando a morte é repentina e trágica, ou quando
se sofre muito antes de morrer. Alguém expressou essa luta
dizendo: “O sentimento mais perturbador foi o de culpar Deus, ou
apenas clamar: ‘Por que, Deus, por quê?’”.
Richard Exley compartilhou a seguinte percepção:

No meu aconselhamento àqueles que questionam por que


os humanos precisam sofrer, às vezes eu explico de forma
simplista que habitamos em um planeta que está em
rebelião, que fazemos parte de uma raça que está vivendo
fora da vontade de Deus, e que uma consequência dessa
rebelião é a doença e a morte. Deus não envia essa praga
sobre as pessoas, nem a deseja. Ela é simplesmente uma
consequência natural do estado caído da humanidade.
Embora, como crentes, agora sejamos uma nova criação em
Cristo (ver 2 Coríntios 5:17), continuamos fazendo parte
desta família humana — uma família que está manchada
pelo pecado e pela morte. Como consequência, nós também
sofremos as repercussões inevitáveis deste estado caído,
ainda que possamos estar pessoalmente comprometidos em
fazer a vontade de Deus e com a vinda do Seu Reino.
Na verdade, a causa da doença e da morte não é Deus,
mas o inimigo odiado, o pecado. Não necessariamente
nosso pecado pessoal, não um pecado específico — porque
a vida e a morte não podem se reduzir a uma equação
matemática — mas o fato do pecado.21

Quando um evento nos afeta profundamente, buscamos


significado e compreensão. Queremos nos sentir seguros na vida,
mas circunstâncias perturbadoras e resultados dolorosos podem
desafiar seriamente nossa confiança e nosso sistema de crenças.
Se deixados sem solução, esses problemas podem ser uma pedra
de tropeço para nosso relacionamento com Deus.
A religião, em si, tem dado respostas que simplesmente não são
satisfatórias. Talvez você tenha ouvido uma ou mais das seguintes
declarações oferecidas como explicação para a morte do seu ente
querido:

• “Foi a vontade de Deus que seu ente querido morresse.”


• “Deus está querendo lhe ensinar alguma coisa.”
• “Talvez Deus tenha chamado você para ser outro Jó.”
• “Esta pode ser a cruz que você tem de carregar; talvez seja por
isso que Deus não tenha respondido às suas orações.”
• “Deus precisava mais do seu ente querido no céu, então Ele
simplesmente colheu uma flor do Seu jardim terreno e a plantou
no Seu jardim celestial.”
Certas respostas de pessoas que afirmam ter uma fé forte nem
sempre têm sido satisfatórias também, especialmente quando não
contêm qualquer senso de amor ou compaixão. Algumas pessoas
enlutadas podem ouvir algo assim: “Obviamente, você [ou o ente
querido] não tinha fé alguma ou isso não teria acontecido”. E: “Deve
ter havido pecado na sua vida [ou na vida do ente querido], e foi por
isso que ele morreu”. Ainda que essas respostas fossem
verdadeiras em um caso em particular, elas não seriam úteis para
alguém que está sofrendo uma perda. Na verdade, elas só servem
para agravar o problema. O sobrevivente não apenas teria de lidar
com a morte e com a perda em si, como também teria de lidar com
a culpa e a condenação que foram lançadas sobre ele.
Não creio que as pessoas que estão lutando com dúvidas e
perguntas devam simplesmente ser aconselhadas com clichês
religiosos banais ou ser tratadas como cristãos de segunda classe e
levadas a se sentir condenadas. Estou convencido de que os
crentes têm a responsabilidade de derramar o óleo e o vinho (ver
Lucas 10:34) — ministrar o consolo do Espírito Santo aos que
sofrem de uma forma compassiva. Jesus disse que o Espírito Santo
seria nosso Consolador, e não nosso Acusador!
Há milhares de ótimas mensagens em áudio e livros que motivam
a fé, em que “treinadores” espirituais nos encorajam a buscar o
melhor e o mais alto de Deus, e graças a Deus por eles. Mas não
devemos nos esquecer do fato real de que as pessoas precisam
lidar com as situações que não saíram da maneira como elas
desejavam. Precisamos ajudar as pessoas a se recuperar de
decepções e sofrimentos passados de tal forma que elas possam
recuperar a saúde espiritual e emocional para o restante da jornada
pela vida. Não quero ver as feridas das pessoas que estão sofrendo
“infeccionarem”, impedindo-as de correr sua corrida.
Precisamos entender que mesmo quando parece que perdemos
uma batalha, ainda podemos vencer a guerra. Se nossa decepção
por aparentemente perder uma batalha nos faz querer desistir,
perderemos as bênçãos futuras e as vitórias que Deus tem
reservadas para nós. Precisamos lembrar que Deus terá a palavra
final!

FORMAS DE LIDAR COM A DECEPÇÃO


Dito isso, vamos observar formas práticas e espirituais de lidar
com a decepção devido a situações que não saíram como você
gostaria. Veja o que Davi disse:

Quanto a mim, porém, estando eles enfermos, as minhas


vestes eram pano de saco; eu afligia a minha alma com
jejum e em oração me reclinava sobre o peito, portava-me
como se eles fossem meus amigos ou meus irmãos; andava
curvado, de luto, como quem chora por sua mãe.
— Salmos 35:13-14

A agonia que Davi expressou nesse salmo é algo com o qual


muitas pessoas podem se identificar. Lida no contexto, essa
passagem é sobre a dor de Davi por causa das pessoas que eram
contra ele, pessoas que eram, na verdade, suas inimigas. Imagine
quanto mais dor pode estar envolvida quando lidamos com o que
parece uma oração não respondida a respeito de um ente querido
ou um amigo próximo!
Muitas pessoas se esforçarão para dar uma “desculpa teológica”
à razão pela qual alguma coisa aconteceu ou não aconteceu de
forma contrária às nossas orações e aos nossos desejos. Mas o fato
é que essas ocorrências ainda machucam, quer haja uma “razão”
aparente quer não. Não se trata apenas de decepção, dúvidas e
pensamentos acusadores que virão nesses momentos, “...o
acusador dos irmãos” (Apocalipse 12:10) também tenta lançar sobre
nós culpa, vergonha e condenação.
Quando você considera a dor emocional causada pela perda,
assim como o fato de que há um adversário espiritual que procura
nos devorar (ver 1 Pedro 5:8), não é de admirar que as pessoas
tenham expressado os seguintes tipos de pensamentos:

Senti-me abandonada e achei que havia falhado com minha


filha. Eu sempre disse a ela que Deus faria tudo ficar bem. E
agora o bebê dela se fora, e eu não podia ajudá-la. O fato
de ela pensar que Deus a havia rejeitado foi a dor mais
agonizante que já experimentei.

Enfrentei uma luta enorme achando que não havia feito o


suficiente, dito o suficiente ou orado o suficiente.

Fiquei abalada pensando que talvez eu não tivesse orado


corretamente. Será que eu era uma cristã tão inepta a ponto
de meu marido não ter sido curado?

Essas são questões difíceis, mas sobre as quais precisamos


tomar uma decisão. Sabemos que “onde o Espírito do Senhor está,
aí há liberdade” (2 Coríntios 3:17) e que a verdade da Palavra de
Deus nos liberta (ver João 8:32). Então, de onde vêm os
pensamentos de dúvida, tormento e perturbação? Imediatamente
depois dessa advertência sobre o diabo andando ao derredor, como
um leão que ruge procurando a quem possa tragar, Pedro escreveu:
“Resisti-lhe firmes na fé” (1 Pedro 5:9). A decisão é sua: você vai
sucumbir às mentiras atormentadoras e perturbadoras do acusador
ou vai resistir a ele, agarrando-se firmemente à verdade da Palavra
de Deus apesar da situação?

QUATRO PERGUNTAS PRINCIPAIS


Ao nos apegarmos firmemente à Palavra de Deus, podemos
encontrar respostas para as perguntas difíceis, inclusive para as
quatro perguntas principais (ou questões espirituais) que surgem
quando se passa por uma grande perda ou decepção.

1. Será que fiz algo errado? (Havia pecado na minha vida?)


Essa pergunta trata com a culpa.
2. Será que eu não tive fé? Essa pergunta trata com a dúvida.
3. Por quê? Por que isso aconteceu? Essa pergunta trata
com a confusão.
4. Será que algum dia poderei confiar em Deus outra vez?
Essa pergunta trata com o medo.

Vamos examinar essas perguntas uma a uma e encontrar


respostas que sejam consoladoras, satisfatórias e libertadoras.
Geralmente, a primeira pergunta feita por cristãos bem
intencionados é: “Quando uma pessoa não tem a oração atendida,
ou quando ela passa por um problema, isso significa que há pecado
em sua vida?”. Essa pergunta trata com o problema da culpa.
Algumas pessoas acreditam que se alguma coisa ruim acontece
com alguém, isso significa automaticamente que havia pecado na
vida da pessoa. Essa era a premissa dos amigos de Jó quando eles
o condenaram com suas acusações. Eles concluíram
(erroneamente) que porque Jó estava sofrendo, ele obviamente
entrara debaixo do juízo de Deus em razão do pecado em sua vida.
O fato é que os problemas podem vir por uma série de razões. Isso
pode ser ilustrado por meio dos diferentes tipos de “tempestades”
registradas na Bíblia.

TRÊS TIPOS DE TEMPESTADES NA BÍBLIA

1. Tempestade por Causa da Desobediência


No livro de Jonas, observamos um profeta que desobedeceu a
Deus e fugiu da clara missão que lhe foi confiada e da direção para
a sua vida, ambas vindas de Deus. Uma grande tempestade veio e
afetou a vida de Jonas de forma dramática.

2. Tempestade em Meio à Obediência Perfeita


Em Marcos 4:35, os discípulos estavam fazendo exatamente o
que Jesus disse (passando para o outro lado). Mas eles ainda assim
enfrentaram uma tempestade muito violenta. Isso não significa que
eles estavam fora da vontade de Deus ou que havia pecado na vida
deles.

3. Tempestade por Causa da Desobediência de Outros


O apóstolo Paulo se deparou com uma tempestade muito violenta
e prolongada em Atos 27; no entanto, ele estava seguindo a
vontade de Deus em cada fibra do seu ser. Paulo percebera que a
jornada seria extremamente perigosa e advertiu seus captores (pois
era um prisioneiro na época) acerca do perigo iminente, mas ele não
podia anular o livre-arbítrio dos que tomaram a decisão de içar velas
(ver Atos 27:1-12).
É importante entender que nem todas as tempestades —
problemas ou provações — que as pessoas encontram são por
causa de um pecado específico que elas possam ter cometido.

O CONCEITO EQUIVOCADO DOS DISCÍPULOS: “QUEM


PECOU?”
Os discípulos aparentemente acreditavam que toda doença era
resultado direto de um pecado específico. Isso é evidenciado por
uma pergunta que eles fizeram a Jesus.

Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os


seus discípulos perguntaram: “Mestre, quem pecou, este ou
seus pais, para que nascesse cego?”. Respondeu Jesus:
“Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se
manifestem nele as obras de Deus. É necessário que
façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a
noite vem, quando ninguém pode trabalhar”.
— João 9:1-4

Os discípulos presumiam tão fortemente que um pecado


específico era a causa da cegueira que perguntaram “Quem
pecou?”. Eles nem se incomodaram em perguntar: “Alguém
pecou?”. Para os discípulos, o fato de o pecado de alguém ser a
causa da doença era uma conclusão prévia. Embora Jesus não
tenha dito que o homem ou seus pais nunca tinham pecado, Ele
disse que não havia um pecado específico na vida do homem ou na
vida dos pais que houvesse causado a cegueira.
Há um comentário adicional a essa passagem na Bíblia. Algumas
pessoas pensaram erradamente que Jesus disse que aquele
homem nasceu cego para que Jesus mais tarde pudesse curá-lo e
Deus pudesse receber a glória. Considere o que disse Merrill C.
Tenney, reitor da Wheaton College Graduate School:

A afirmação dele [de Jesus] significava que a cegueira havia


sido infligida ao homem com o propósito expresso de dar a
Ele uma oportunidade de curá-lo? Nesse caso, isso não
sugeriria aparentemente que Deus faria um homem inocente
sofrer durante metade da sua vida de pobreza, miséria e
desprezo para que mais tarde Ele pudesse demonstrar Seu
poder divino? Essa visão parece repugnante se cremos na
bondade de Deus.22

Tenney explicou que os primeiros manuscritos gregos do Novo


Testamento foram escritos sem separação entre as letras e sem
pontuação, e que editores e tradutores acrescentaram toda a
pontuação posteriormente. Então, Tenney observou que alguns
sugeriram a seguinte tradução para o texto: “Nem ele pecou, nem
seus pais. Mas para que se manifestem nele as obras de Deus, é
necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto
é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar”.
A pequena mudança de pontuação e estrutura faz uma grande
diferença na leitura do versículo! Jesus não disse que Deus fez o
homem nascer cego para que mais tarde Ele pudesse curá-lo. Na
verdade, Jesus nunca mencionou o “motivo”, mas disse aos
discípulos que a doença não se devia a um pecado cometido pelo
homem ou por seus pais. Jesus jamais respondeu à pergunta sobre
por que o homem havia nascido cego; ele simplesmente fez a obra
de Seu Pai curando o homem.
Mas eis o ponto principal que quero enfatizar: Jesus rejeitou
completamente a ideia de que a doença desse homem estava
diretamente ligada a um pecado específico cometido pelo homem
ou por seus pais.
Tiago 5 transmite a mesma verdade ao falar sobre ungir os
enfermos com óleo e fazer a oração da fé: “E a oração da fé salvará
o enfermo, e o Senhor o levantará; e, houver cometido pecados,
ser-lhe-ão perdoados” (Tiago 5:15, grifo nosso). Observe que Tiago
disse: “ houver cometido pecados”. Em outras palavras, Tiago
estava dizendo que talvez um pecado de alguma espécie tivesse
contribuído para a doença e talvez não. Se toda doença fosse
devido a um pecado específico que a pessoa tivesse cometido,
Tiago teria dito: “E uma vez que a pessoa obviamente cometeu um
pecado...”.
Não estou procurando minimizar o papel que o pecado pode
exercer para abrir uma porta a certos tipos de adversidades.
Obviamente, a desobediência de Jonas o colocou em confusão.
Outras passagens indicam que o pecado pode causar muitos
problemas. O ponto que estou defendendo, porém, é que não é
bíblico (assim como não é misericordioso, mas insensível) presumir
automaticamente que qualquer um que estiver enfrentando
dificuldades esteja nessa posição desafortunada por causa de um
pecado cometido. A Bíblia não ensina isso!
Quando as pessoas passarem por uma perda decepcionante, elas
precisam ser tranquilizadas ao saber que o amor de Deus por elas
não mudou. Devem saber que Ele nunca vai deixá-las ou abandoná-
las, e que Ele está comprometido em ajudá-las a atravessar aquele
tempo desafiador em suas vidas.

“SERÁ QUE EU NÃO TIVE FÉ?”


Agora vamos examinar a segunda pergunta que geralmente é
feita por cristãos bem-intencionados em seguida a uma tragédia,
morte ou oração não atendida: “Será que eu não tive fé?”. Essa
pergunta trata com a dúvida.
A fé e a cura estão fortemente ligadas ao longo da Bíblia. Embora
a cura tenha ocorrido sistematicamente em todo o Antigo
Testamento, sua mais elevada expressão aconteceu por intermédio
do ministério do Senhor Jesus Cristo. O próprio Jesus reforçou a
ideia de que a cura costumava ocorrer em resposta à fé de uma
pessoa (ver Mateus 9:22; Marcos 10:52; Lucas 17:19) ou à fé
daqueles que estavam ao redor dessa pessoa (ver Mateus 15:28;
Marcos 2:5).
A cura continuou ao longo do livro de Atos, e a relação com a fé é
vista no ministério de Paulo, quando ele viu que um paralítico “tinha
fé para ser curado” (Atos 14:9). Além daquelas identificadas no livro
de Atos, as curas também estão registradas como ocorrendo por
meio de muitos dos pais da Igreja Primitiva e por outros durante
séculos depois de a igreja ter seu início.
Pessoas como Agostinho e Francisco de Assis testemunharam
casos de cura divina e milagres durante seus ministérios. Nos
tempos mais recentes, Martinho Lutero, cujo nome é sinônimo da
Reforma Protestante, relatou a cura dramática de um amigo em
resposta à oração. George Fox, fundador dos Quakers,23 deixou
documentadas 150 curas. John Wesley, fundador do movimento
metodista, registrou em seu diário vários relatos de curas, inclusive
a recuperação, divinamente assistida, de seu cavalo!
Hoje, inúmeras pessoas ao redor do mundo ainda testemunham
sobre terem sido curadas em resposta à oração e à fé. Por mais
maravilhoso que isso seja, e por mais gratos que estejamos por
todos os que recebem cura do céu, pode ser desafiador para uma
família quando um ente querido não recebe cura. Esses casos
desafortunados podem fazer as pessoas questionarem a bondade
de Deus ou a validade da sua fé.
Observamos na Bíblia pessoas tendo fé para resultados
específicos (como a cura), mas é importante entender que a fé, no
final das contas, precisa estar focada em algo maior que resultados
ou circunstâncias. Em última análise, o foco da nossa fé deve estar
em uma Pessoa — no próprio Deus.
É incompatível com o ensinamento da Bíblia ter fé para que uma
pessoa seja curada e abandonar a fé porque a pessoa morreu. O
apóstolo Paulo apresentou uma fé que transcendia as
circunstâncias! Quando Paulo disse: “...visto que andamos por fé e
não pelo que vemos” (2 Coríntios 5:7), ele não estava se referindo a
questões como cura ou prosperidade. Ele estava falando sobre a
morte. É preciso fé para acreditar que “deixar o corpo” é “habitar
com o Senhor” (2 Coríntios 5:8).
Sua fé não é invalidada porque um ente querido morreu! É preciso
fé para continuar crendo. É preciso fé para crer que:

• Deus nos criou e nos ama.


• Deus nos perdoou e nos colocou em uma posição de retidão
diante dele.
• Nosso ente querido está no céu.
• Nossos corpos serão gloriosamente ressuscitados — imortais e
incorruptíveis.
• Seremos reunidos e estaremos com o Senhor para sempre.

Quando a cura ocorre, ela não é a expressão da fé por


excelência; é meramente uma extensão temporária da nossa vida
mortal nesta terra. No fim das contas, todos morrem. Até as pessoas
que Jesus curou enquanto esteve na terra morreram. Até Lázaro,
que Jesus ressuscitou dos mortos, mais tarde morreu. À luz disso, é
vital que tenhamos uma fé que transcenda esta vida física. A fé por
excelência crê em Deus e na Sua Palavra, independentemente das
circunstâncias temporais serem do nosso agrado ou não.
Como disse certa vez o reverendo Kenneth W. Hagin: “Nossa fé
em Deus não deveria estar firmada em entender tudo o que
acontece conosco na vida. A fé genuína em Deus decide crer na
Palavra, independentemente das situações negativas”. Ele
continuou dizendo: “Sua fé precisa estar tão arraigada e
fundamentada na Palavra de Deus que, independentemente das
circunstâncias, você pode enfrentar reveses, decepção ou
adversidades e declarar: ‘Não importa o que aconteça, creio em
Deus!’. Essa é uma fé forte e madura”.24
Não posso explicar por que seu ente querido morreu, mas posso
dizer que sua fé é capaz de transcender as circunstâncias
desagradáveis e os resultados indesejados. Posso dizer que a fé em
Deus é importante na vida e na morte. Paulo disse: “Porque, se
vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor
morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi
precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser
Senhor tanto de mortos como de vivos” (Romanos 14:8-9).

“POR QUÊ?”
Vamos observar uma terceira pergunta que é feita com muita
frequência: “Por quê?” ou “Por que isso aconteceu?”. Mais uma vez,
essa pergunta trata principalmente com a confusão. É uma pergunta
que tem mantido filósofos e teólogos ocupados por séculos.
É normal e natural perguntar: “Por quê?”. Se você encontrar
respostas que o ajudem, e em alguns casos você certamente
encontrará, isso é ótimo. Se adquirir um nível de sabedoria que o
ajude a lidar com a perda e a viver o restante da vida de uma forma
mais produtiva, é maravilhoso. Mas se você tem dificuldade em
encontrar uma resposta satisfatória, quero encorajá-lo a não ficar
preso ao porquê. Esteja preparado para deixar a situação nas mãos
de Deus, por mais difícil que isso possa parecer, e a prosseguir com
sua vida.

QUANDO PARECE NÃO HAVER UMA RESPOSTA FÁCIL

Vou compartilhar com você alguns versículos que na minha


concepção podem ser úteis quando não existem razões aparentes
ou explicações satisfatórias para determinada situação.

As coisas encobertas pertencem ao S , nosso Deus,


porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos,
para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta
lei.
— Deuteronômio 29:29

Observe que há dois elementos diferentes destacados nessa


passagem. Há coisas encobertas — as quais não iremos
necessariamente entender — e há coisas que são reveladas —
coisas que Deus tornou conhecidas a nós. Para simplificar, nas
situações da vida há duas dimensões diferentes: a dimensão das
coisas que sabemos e das que não sabemos. Cada pessoa terá de
fazer a escolha quanto a qual dessas dimensões será seu foco.
Em situações que são particularmente perturbadoras, quanto mais
você focar nas coisas que não sabe (nos porquês), mais confuso e
perturbado você pode ficar. Entretanto, quanto mais você focar nas
coisas que sabe, até as verdades simples e básicas da Palavra de
Deus (Deus me ama; Deus é fiel; não há condenação contra mim
porque estou em Cristo; Deus nunca me deixará ou abandonará,
etc.), mais paz e consolo você terá.
Algumas vezes temos de chegar a um ponto em que dizemos:
“Senhor, parece que não estou recebendo qualquer resposta sobre
o motivo de as coisas terem acontecido como aconteceram, então
vou simplesmente ter de deixar a situação nas Tuas mãos. Se Tu
escolheres me mostrar alguma coisa, tudo bem. Mas, enquanto
isso, vou simplesmente andar na luz do que sei, e Te louvar pelas
coisas boas que Tu me mostraste na Tua Palavra”.

MAIS VERSÍCULOS PARA NOS GUIAR


Por mais que desejássemos sempre conhecer cada detalhe
possível sobre todas as situações, não há problema em não saber
tudo. Na verdade, a Bíblia deixa muito claro que não sabemos e não
saberemos tudo sobre todas as situações.

Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente;


então, veremos face a face. Agora, conheço em parte;
então, conhecerei como também sou conhecido.
— 1 Coríntios 13:12

De acordo com Provérbios 3:5-6, há momentos em que o próprio


entendimento sobre uma situação será insuficiente. Do contrário,
poderíamos sempre contar com nosso próprio entendimento.
Confia no S de todo o teu coração e não te estribes
no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus
caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.
— Provérbios 3:5-6

A razão pela qual precisamos sempre depender do Senhor é


porque nosso entendimento, às vezes, é muito limitado. Se nos
encontrarmos em uma posição de entendimento limitado, a Bíblia
nos diz para confiar em Deus apesar do que não entendemos. De
acordo com essa passagem de Provérbios, parece que nosso nível
de confiança pode exceder nosso nível de compreensão.
O apóstolo Paulo fez uma declaração semelhante em Filipenses
4, ao dizer: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém,
sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração
e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede
todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em
Cristo Jesus” (vv. 6-7). Há uma paz que excede nosso nível de
entendimento. Em outras palavras, pode haver momentos em que
não entendemos determinada situação, mas ainda podemos
experimentar a paz de Deus em meio a ela.
Observe que Paulo usou a palavra “guardar” em Filipenses 4:7. A
paz de Deus protegerá nosso coração e nossa mente contra a
culpa, a confusão e a condenação — especialmente em seguida a
uma perda decepcionante. É nesse tempo difícil que Satanás
tentará se levantar contra nós porque já estamos sofrendo e
estamos mais vulneráveis. A paz de Deus pode nos guardar contra
qualquer tipo de ataque.

ÀS VEZES CONHECEMOS ALGUMAS RAZÕES


Há algumas situações nas quais uma razão, ou explicação, pode
ser conhecida? Claro que sim! Paulo descreveu essa situação.

Julguei, todavia, necessário mandar até vós Epafrodito, por


um lado, meu irmão, cooperador e companheiro de lutas; e,
por outro, vosso mensageiro e vosso auxiliar nas minhas
necessidades; visto que ele tinha saudade de todos vós e
estava angustiado porque ouvistes que adoeceu. Com
efeito, adoeceu mortalmente; Deus, porém, se compadeceu
dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu
não tivesse tristeza sobre tristeza. Por isso, tanto mais me
apresso em mandá-lo, para que, vendo-o novamente, vos
alegreis, e eu tenha menos tristeza. Recebei-o, pois, no
Senhor, com toda a alegria, e honrai sempre a homens
como esse; visto que, ,

, para suprir a vossa carência de socorro para


comigo.
— Filipenses 2:25-30, grifo nosso

Na tradução Wuest do Novo Testamento, parte do versículo 30 é


traduzida como: “ele expôs a sua vida... impetuosamente” (tradução
livre). Em outras palavras, Epafrodito trabalhou excessivamente e
não cuidou da sua saúde como deveria.
Algumas pessoas pensam erradamente que se elas entendessem
o porquê, todos os seus problemas com relação à morte de um ente
querido seriam resolvidos. Isso não é verdade! Se Epafrodito tivesse
morrido da sua doença, Paulo ainda teria sentido falta do amigo —
embora ele tivesse entendido a razão pela qual ele havia morrido.
Independentemente da nossa compreensão com relação à morte
dos entes queridos, ainda sentiremos falta deles, e ainda teremos
de fazer vários ajustes emocionais depois da perda.
Em seguida à morte de alguém querido, a verdadeira pergunta
que precisamos fazer não é tanto por quê, mas o quê e qual.

• O que eu sei agora?


• Quais passos devo seguir na vida?
• O que Deus tem a dizer para me consolar e me guiar durante
este período?
• Qual é o plano de Deus para o restante da minha vida?

Essas perguntas são mais benéficas e mais produtivas para


nossa recuperação e para prosseguirmos do que perguntar por quê.

“SERÁ QUE ALGUM DIA PODEREI CONFIAR EM DEUS OUTRA


VEZ?”
Uma quarta pergunta que se apresenta em um momento de
decepção é: “Será que algum dia poderei confiar em Deus outra
vez?”. Essa pergunta trata em grande parte com a questão do
medo.
Quando a decepção acontece, a pessoa tem uma escolha a fazer.
Ela pode exaltar as circunstâncias acima da Palavra ou exaltar a
Palavra acima das circunstâncias.
Uma pessoa que escolhe manter uma fé positiva em meio à
decepção poderia tomar a seguinte posição:

Orei por uma pessoa e ela morreu. Mas, graças a Deus, ela
conhecia Jesus, e está em um lugar muito melhor. Ela não
voltaria para cá se pudesse. Não entendo por que ela não
recebeu a cura, mas tudo bem — não tenho de entender
tudo. Vou confiar no Senhor com todo o meu coração, e não
me apoiar no meu próprio entendimento. É decepcionante
do ponto de vista natural, mas estou contando com o Senhor
para me consolar, pois ainda creio na Palavra de Deus. Sei
que Deus ainda é Deus. Escolho não me sentir amargurado
ou ficar ofendido com Deus por isso. Deus é fiel
independentemente de como essa situação terminou, e vou
continuar andando com Ele.

No Antigo Testamento, um profeta chamado Habacuque se


deparou com uma situação muito decepcionante do ponto de vista
circunstancial. Considere não apenas a sua descrição do que estava
acontecendo, mas especialmente sua resposta a circunstâncias tão
desagradáveis:

Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o


produto da oliveira minta, e os campos não produzam
mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos
currais não haja gado, todavia, eu me alegro no S ,
exulto no Deus da minha salvação. O S Deus é a
minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me
faz andar altaneiramente.
— Habacuque 3:17-19

Na essência, Habacuque estava dizendo: “Quando tudo que


poderia dar errado deu errado, quando tudo que poderia dar certo
não deu, ainda vou louvar a Deus e confiar nele. Recuso-me a
desistir de Deus. Sei que Ele me levantará e me fará vitorioso no
final!”.
“Será que algum dia poderei confiar em Deus outra vez?” é uma
pergunta que só você pode responder, mas oro para que você a
responda afirmativamente, confiando que Deus tem os melhores
interesses no coração e que Ele irá fortalecê-lo, consolá-lo e ajudá-
lo a prosseguir.

SABER DAS COISAS SIGNIFICA QUE VOCÊ PODE DIZER “NÃO!”


O apóstolo Paulo enfrentou inúmeras experiências
decepcionantes em sua vida. Ele se deparou com um grande
número de circunstâncias desafiadoras ao longo dos seus anos
servindo a Deus, mas continuou a amar e a servir ao Senhor. Paulo
estava falando com base em um coração firmado na fé quando
escreveu Romanos 8:35-39.

Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou


angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou
espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos
entregues à morte o dia todo, fomos considerados como
ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém,
somos mais que vencedores, por meio daquele que nos
amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem
a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do
presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem
a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-
nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso
Senhor.
— Romanos 8:35-39

Quando estamos convencidos da fidelidade de Deus e


persuadidos como Paulo estava, podemos nos apegar ao amor de
Deus e depender dele. Hebreus 13:5 garante que Deus nunca nos
deixará ou abandonará. Com tal conhecimento e certeza, podemos
dizer não a tudo que o diabo possa tentar usar para nos atormentar.

• Você pode dizer não à condenação que o diabo tenta colocar


sobre você! Você pode se apegar ao senso de justiça que lhe
foi dado por meio da graça de Deus.
• Você pode dizer não à dúvida que o diabo tenta lançar sobre
você! Você pode se apegar à sua fé.
• Você pode dizer não à dúvida que o diabo tentar colocar na sua
mente! Você pode se apegar ao seu senso de paz.
• Você pode dizer não ao medo que o diabo tenta colocar no seu
coração! Você pode se apegar à sua confiança em Deus.

Algumas vezes, você pode receber respostas às suas perguntas;


outras, as respostas podem não vir — à medida que você
redirecionar o foco da sua fé e escolher manter a atenção em Deus,
e não nas perguntas ou nas circunstâncias, a paz de Deus encherá
seu coração e sua mente. Então, não importa o que aconteça, você
pode segurar a mão de Deus e andar com Ele enquanto avança na
vida.
21 Copyright 1991 por Richard Exley. From When You Lose Someone You Love, p. 19-20.
Copiado com permissão de Cook Communications Ministries. Proibida a reprodução. Todos
os direitos reservados.
22Merrill C. Tenney, John: The Gospel of Belief (Grand Rapids, Mich.: William B. Eerdmans
Publishing Company, 1948, 1976), p. 154. Uso mediante permissão.
23 Quaker é o nome dado a vários grupos religiosos, com origem comum em um
movimento protestante britânico do século XVII. A denominação quaker é chamada de
Sociedade Religiosa dos Amigos (em inglês: Religious Society of Friends). Eles são
conhecidos pela defesa do pacifismo e da simplicidade, rejeitando qualquer organização
clerical, para viver no recolhimento, na pureza moral e na prática ativa do pacifismo, da
solidariedade e da filantropia. (N. da R.) Fonte: Wikipédia.
24 Kenneth W. Hagin, Another Look at Faith (Tulsa: Faith Library Publications, 1996), p.
116.
CAPÍTULO 11
LIBERTAÇÃO
DO TEMOR
DA MORTE

Olhando para trás, percebo que eu tinha medo na maior


parte do tempo — medo de meus filhos ficarem sem pai;
medo de perder tudo e ser culpa minha; medo de ficar só
pelo restante da vida. A única maneira de enfrentar o medo
é com mais de Deus e da Sua Palavra (ver 1 João 4:18). O
tempo provou que Ele é fiel, e que se eu mantivesse a Sua
Palavra diante de mim para poder continuar crendo nele, eu
sempre acabaria por cima.

A emoção mais perturbadora com a qual lidei foi o medo. Se


isso podia acontecer com uma pessoa que eu sabia ser de
Deus, quem poderia dizer que eu não seria a próxima?

Uma parte significativa do que Jesus realizou por nós através da


morte, do Seu sepultamento e da Sua ressurreição envolveu nos
libertar do cativeiro que estava ligado ao temor da morte.
Por que existe o medo da morte? As pessoas às vezes têm
incertezas, e há o medo do desconhecido. Alguns tentam se
consolar racionalizando de forma a querer eliminar a existência do
desconhecido, ou seja o que for que lhes inculque medo — inclusive
do inferno. John Lennon, dos Beatles, cantou: “Imagine que não
exista o céu. É fácil se você tentar. Nenhum inferno abaixo de nós,
acima de nós, somente o céu”. O problema é que imaginar que uma
coisa não existe não diminui de modo algum a sua realidade.
Parece que algumas pessoas, quem sabe por causa do medo,
simplesmente evitam pensar na m rte. Talvez acreditem que não
pensar na morte evite que ela aconteça. Esse pensamento pode
levá-las ao mesmo ponto em que Caesar Borgia se encontrava
quando disse: “No curso da minha vida eu me preparei para tudo,
exceto para a morte; e agora, ai de mim, vou morrer totalmente
despreparado”.25

Uma garotinha estava no seu leito de morte. A menina,


embora jovem, entendia o que estava acontecendo com ela
e perguntou como era morrer. Seu pai, com o coração
partido, fez uma pausa, orou por um instante, pedindo a
Deus a resposta, e depois disse: “Querida, você se lembra
de quantas vezes ficávamos na sala aconchegados no sofá
com a mamãe, e depois de algum tempo você adormecia
nos meus braços ou deitava no sofá, e na manhã seguinte
você acordava na sua cama?”. A garotinha disse sim, ela se
lembrava disso. O pai disse: “É assim quando um dos filhos
de Deus morre. Você simplesmente vai dormir aqui, e
quando você acordar, você estará com Jesus. Você estará
nos braços amorosos dele, e não nos nossos. Mas os
braços dele são maiores e mais fortes e muito mais
amorosos que os nossos jamais poderiam ser”.26

QUANDO O MEDO COMEÇOU

A introdução do medo na raça humana coincidiu com o pecado da


humanidade no jardim do Éden. Quando Adão e Eva transgrediram
o mandamento de Deus, eles entraram em uma dimensão de
separação de Deus. Quando o Senhor chamou Adão, ele
respondeu: “Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive
medo, e me escondi” (Gênesis 3:10).
Deus, porém, não ficou contente ao ver a humanidade, Sua
criação muito estimada (ver Salmos 8:3-6), separada dele e
sofrendo as consequências do governo de Satanás. Deus nos amou
tanto que Ele enviou Jesus para ser nosso Salvador. O que o plano
de Deus realizou? “Ele nos libertou do império das trevas e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor” (Colossenses 1:13).
Podemos perceber claramente a partir da Bíblia que a libertação
do medo é uma parte vital do que Deus desejou realizar em nossa
vida.

Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e


sangue, destes também ele, igualmente, participou, para
que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da
morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da
morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.
— Hebreus 2:14-15

Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive;


estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos
séculos e tenho as chaves da morte e do inferno.
— Apocalipse 1:17-18

Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede


também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas.
Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos
lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos
receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou,
estejais vós também.
— João 14:1-3

Paulo se referiu a como era a vida para nós antes de nascermos


de novo quando ele disse: “Naquele tempo, estáveis sem Cristo,
separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da
promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Efésios
2:12). A boa notícia é que a nossa posição na vida não permaneceu
assim. O versículo seguinte diz: “Mas, agora, em Cristo Jesus, vós,
que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de
Cristo” (Efésios 2:13).
Nossa paz como crentes não vem de imaginar que não existe
inferno, mas de saber que temos perdão e aceitação por meio do
sangue de Jesus Cristo. A segurança que o Senhor dá é
maravilhosa! Romanos 8:16 diz: “O próprio Espírito testifica com o
nosso espírito que somos filhos de Deus”. A gloriosa mensagem do
Evangelho é que nossos pecados foram perdoados! Recebemos o
dom da vida eterna! Nós nos tornamos filhos de Deus! Agora somos
aceitos no Amado! Fomos selados pelo Espírito Santo! Temos um
lar esperando por nós no Céu!
A Bíblia diz em 2 Coríntios 1:21-22: “Ora, é Deus que faz que nós
e vocês permaneçamos firmes em Cristo. Ele nos ungiu, nos selou
como sua propriedade e pôs o seu Espírito em nossos corações
como garantia do que está por vir” (NVI). Nessa mesma ordem de
ideias, Paulo disse: “Quando vocês ouviram e creram na palavra da
verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo
com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa
herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o
louvor da sua glória” (Efésios 1:13-14; NVI).

SEGURANÇA GERA CONFIANÇA


Que tremendo senso de segurança está disponível para o crente!
Jesus disse: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e
ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é
maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar” (João
10:28-29). Quando Jesus disse: “De maneira alguma te deixarei,
nunca jamais te abandonarei” (Hebreus 13:5), Ele certamente
estava atento e incluindo o fato de que a Sua presença estaria
conosco durante a morte física e além dela.

“Agora me sinto tão desmamado da terra, os meus afetos


estão tanto no céu, que posso deixar todos vocês sem
remorso, porém não os amo menos, porém amo mais a
Deus.”
— William Willberforce

Com essa segurança, podemos repetir as palavras de Paulo, que


falou desafiadoramente contra a morte quando disse: “Onde está, ó
morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão
da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus,
que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1
Coríntios 15:55-57). Jesus levou o aguilhão da morte — uma
verdade que a história a seguir ilustra poderosamente:

Um menino e seu pai estavam dirigindo por uma estrada


rural em uma bela tarde de primavera, quando uma abelha
entrou pela janela do carro. O garotinho, que era alérgico a
ferrões, ficou petrificado. O pai rapidamente estendeu a
mão, agarrou a abelha, apertou-a na sua mão, e depois a
soltou. O menino ficou frenético enquanto ela passava por
ele zunindo. Novamente o pai estendeu a mão, mas desta
vez ele apontou para a sua palma. Ali estava, enfiado na
pele, o ferrão da abelha. “Está vendo isto?”, ele perguntou.
“Você não precisa mais ter medo. Eu levei a ferroada por
você.” Não precisamos temer mais a morte. Cristo morreu e
ressuscitou. Ele levou o ferrão da morte.27

Paulo não tinha medo da morte porque sabia que a morte não
podia e não iria separá-lo do amor de Deus. Paulo disse: “Porque eu
estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos,
nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem
os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra
criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo
Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8:38-39). Paulo não apenas não
temia a morte, como ele realmente tinha a confiança, a segurança e
a expectativa de que iria para o céu.

Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.


Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu
trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e
outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e
estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas,
por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne.
E, convencido disto, estou certo de que ficarei e
permanecerei com todos vós, para o vosso progresso e
gozo da fé, a fim de que aumente, quanto a mim, o motivo
de vos gloriardes em Cristo Jesus, pela minha presença, de
novo, convosco.
— Filipenses 1:21-26
Observe nessa passagem que, embora Paulo tivesse um grande
desejo de estar com o Senhor, ele também estava comprometido
em terminar sua corrida aqui na terra. Ele queria cumprir a vontade
de Deus para sua vida nesta dimensão antes de se “graduar” para o
céu. Mais tarde, quando Paulo entendeu que seu tempo na terra
estava chegando ao fim, falou triunfantemente e com grande
expectativa sobre a recompensa que o aguardava.

Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o


tempo da minha partida é chegado. Combati o bom
combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a
coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto
juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas
também a todos quantos amam a sua vinda.
— 2 Timóteo 4:6-8

O Senhor dará uma coroa de justiça “a todos quantos amam a


sua vinda” (v. 8). Jesus venceu a morte! Nós, cristãos, não
precisamos temê-la. Nosso futuro não é um futuro que envolve a
separação de Deus ou a infelicidade — estaremos simplesmente
indo para a casa do nosso Pai.
Se por acaso você sentir medo, isso significa que você não é filho
de Deus? Certamente não, mas você pode vencer o medo!

VENCENDO O MEDO E A CULPA POR TER MEDO

Alguns crentes ouviram ensinamentos suficientes sobre o assunto


do medo para saber que não devem temer. Por conseguinte, toda
vez que vivenciam o medo eles se sentem envergonhados e ficam
hesitantes em admitir que estão tendo problemas com isso. Como
resultado, ficam isolados, com medo, e o problema se torna pior.
Às vezes é útil entender que não somos os primeiros a
experimentar algum problema (ver 1 Coríntios 10:13). É possível
extrair força da certeza de que Deus não vira as costas para nós
quando estamos com medo, e podemos nos beneficiar vendo que
outras pessoas de Deus — até pessoas na Bíblia — se depararam
com as mesmas questões, contaram com Deus e foram ajudadas.
Veja as palavras de Davi:

Eu te amo, ó S , força minha. O S é a minha


rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o
meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da
minha salvação, o meu baluarte. Invoco o S , digno de
ser louvado, e serei salvo dos meus inimigos. Laços de
morte me cercaram, torrentes de impiedade me impuseram
terror. Cadeias infernais me cingiram, e tramas de morte me
surpreenderam. Na minha angústia, invoquei o S ,
gritei por socorro ao meu Deus. Ele do seu templo ouviu a
minha voz, e o meu clamor lhe penetrou os ouvidos.
— Salmos 18:1-6

Em me vindo o temor, hei de confiar em ti. Em Deus, cuja


palavra eu exalto, neste Deus ponho a minha confiança e
nada temerei. Que me pode fazer um mortal? Em Deus, cuja
palavra eu louvo, no S , cuja palavra eu louvo, neste
Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me
pode fazer o homem?
— Salmos 56:3-4, 10-11

Davi faz uma abordagem interessante no Salmo 56. Primeiro, ao


lê-lo, esse salmo pode parecer contraditório. No início Davi diz: “Em
me vindo o temor”, e depois faz rapidamente a afirmação: “nada
temerei” duas vezes. É como se Davi reconhecesse sua
humanidade e sua imperfeição em um momento, mas depois
proclamasse sua decisão e seu objetivo no suspiro seguinte. Isso é
contraditório? Creio que não. É errado se esforçar em busca do
mais elevado enquanto você é sincero quanto ao seu estado atual?
Não, não é.
O apóstolo Paulo certamente era um homem que havia aprendido
a confiar em Deus em meio a muitos perigos; no entanto, ele era
sincero quanto ao que estava atravessando. Ele não colocava uma
máscara para as pessoas pensarem que nunca passava por
dificuldades ou desafios. Considere as palavras muito transparentes
e honestas de Paulo aos crentes de Corinto: “Porque não queremos,
irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na
Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de
desesperarmos até da própria vida” (2 Coríntios 1:8).
Poderia o apóstolo Paulo se desesperar a ponto de pensar que
iria morrer? Isso não parece uma afirmação muito positiva! Não é
essa a mesma pessoa que disse (até na mesma carta) “Graças,
porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo” (2
Coríntios 2:14)? Como poderia Paulo, um verdadeiro cristão, sentir
tamanho desespero — uma emoção que contradiz o senso de
triunfo que ele descreveu? E, no entanto, Paulo sentiu e foi sincero
quanto a isso.
Na verdade, mais tarde, na mesma epístola a essa igreja, Paulo
foi ainda mais claro quanto aos sentimentos negativos que teve. 2
Coríntios 7:5 diz: “Porque, chegando nós à Macedônia, nenhum
alívio tivemos; pelo contrário, em tudo fomos atribulados: lutas por
fora, temores por dentro”. Você pode imaginar o grande apóstolo
reconhecendo que ele realmente estava com medo? É claro! Paulo
não era um robô. Ele não era uma máquina. Ele era um ser
humano, e como o restante de nós, ele enfrentou desafios.
Podemos agradecer a Deus porque Paulo não apenas compartilhou
conosco a dificuldade com a qual ele se deparou, como também
compartilhou como Deus o ajudou a conquistar a vitória. Depois de
reconhecer seu medo, Paulo disse no versículo seguinte: “Porém
Deus, que conforta os abatidos, nos consolou com a chegada de
Tito” (2 Coríntios 7:6).

Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem


este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e
o Espírito Santo estava sobre ele. Revelara-lhe o Espírito
Santo que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do
Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo; e, quando os
pais trouxeram o menino Jesus para fazerem com ele o que
a Lei ordenava, Simeão o tomou nos braços e louvou a
Deus, dizendo: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o
teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já
viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os
povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu
povo de Israel”.
— Lucas 2:25-32

Acho muito interessante que o consolo de Deus para Paulo nessa


situação em particular não veio de uma voz celestial audível, de
uma visão ou de uma aparição angélica; mas por intermédio de um
amigo. Paulo era um ser humano crescendo na sua caminhada com
Deus, assim como todos nós. Deus não rejeitou Paulo nem lhe virou
as costas porque ele tinha medo, e tampouco nos rejeitará. Deus
ajudou Paulo, e Ele nos ajudará também.

A FÉ DIANTE DA MORTE

No que diz respeito a enfrentar a morte, algumas pessoas


reconheceram ficar um tanto conturbadas. No entanto, elas estavam
gratas por aprender que a graça de Deus ainda era muito real
quando elas precisavam da ajuda dele — apesar da apreensão.
Quando Daniel Webster entendeu que seu tempo na terra estava se
aproximando do fim, ele escreveu as palavras que queria ter na sua
lápide: “Senhor, eu creio. Ajuda-me na minha falta de fé”.28 Com
essa declaração, Webster se identificou com o homem que foi até
Jesus e pronunciou essas mesmas palavras (ver Marcos 9:24). No
relato bíblico, o homem reconheceu que sua fé não era perfeita e
que ele estava tendo dificuldades com a incredulidade, mas contava
com Jesus para ajudá-lo mesmo assim. Jesus graciosa e
misericordiosamente recebeu o pedido do homem.

PERGUNTA E RESPOSTA Nº 1 DO CATECISMO DE


HEIDELBERG

Pergunta: Qual é o único consolo na vida e na morte?


Resposta: Que eu, corpo e alma, tanto na vida quanto na
morte, não pertenço a mim mesmo, mas ao meu fiel
Salvador Jesus Cristo; que, com Seu precioso sangue,
satisfez plenamente o pagamento por todos os meus
pecados e me libertou de todo poder do diabo; e assim me
assegura que sem a vontade do meu Pai celestial, nem um
cabelo pode cair da minha cabeça; sim, que todas as coisas
devem ser subservientes à minha salvação e, portanto, pelo
Seu Santo Espírito, Ele também me garante a vida eterna e
me torna sinceramente disposto e pronto, daí por diante, a
viver para Ele.

Indicando uma falta de confiança inicial com relação a uma morte


pacífica, Edward Turner, professor de química na Universidade de
Londres nos anos 1800 e crente em Jesus, disse no fim de sua vida:
“Eu não conseguia acreditar que poderia estar feliz no meu leito de
morte. Estou contente em encerrar a minha carreira”.29 Outra
pessoa piedosa disse assim em seu leito de morte: “Ah, isso é
morrer? Como temi como inimiga esta amiga sorridente!”.30 Em
outras palavras, essa pessoa não esperava que a morte fosse uma
experiência positiva; não obstante, Deus estava presente, dando
graça e consolo.
Esses dois relatos me fazem lembrar o que Paulo disse em 2
Timóteo 2:13: “Se formos infiéis, [não crermos nele e formos
desleais com Ele], Ele permanece leal (fiel à Sua Palavra e ao Seu
caráter justo), pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo”
(AMP, tradução livre). Podemos ser muito gratos porque a fidelidade
de Deus não depende da nossa. Também podemos ser gratos
porque mesmo se tivermos medo de alguma coisa, Deus ainda nos
ama e quer nos ajudar a vencer todo tipo de pavor e tormento.

AS ÚLTIMAS PALAVRAS DE UM CRISTÃO CONFIANTE


É tremendamente encorajador ver a esperança, a confiança e até
o entusiasmo com o qual muitos cristãos têm enfrentado a morte ao
longo dos anos. Não desanime se sua fé ainda estiver crescendo
em direção aos tipos de expressões que se seguem; apenas
continue crescendo!

• Por volta do ano 125 d.C., um grego de nome Aristides estava


escrevendo a um de seus amigos sobre a nova religião, o
cristianismo. Ele procurava explicar as razões de seu
extraordinário sucesso. Eis uma frase de uma de suas cartas:
“Se um homem justo entre os cristãos passar deste mundo,
eles se alegram e dão graças a Deus, e eles levam seu corpo
com cânticos e ações de graças, como se estivesse partindo de
um lugar para outro próximo”.31
• Quando aquele grande cristão e cientista, Sir Michael Faraday,
estava morrendo, alguns jornalistas o questionaram quanto às
suas especulações para a vida após a morte. “Especulações!”,
ele disse, “não sei nada sobre especulações. Estou
descansando em certezas. ‘Eu sei que o meu Redentor vive’, e
porque Ele vive, eu também viverei”.32
• “Richard Baxter, autor de The Saints’ Everlasting Rest (O
Descanso Eterno dos Santos), fiel entre os fiéis, e o mais
diligente dos pastores, enquanto seu corpo enfraquecia durante
a última enfermidade, sussurrou em resposta a uma pergunta
sobre como ele se sentia: ‘Estou quase bem’. Porque o céu
será realmente o descanso eterno dos santos!”.33
• Entendendo que ele logo partiria deste mundo, Dwight L. Moody
disse a um amigo: “Um dia você lerá nos jornais que D. L.
Moody, de Northfield, está morto. Não creia em uma única
palavra disso. Naquele instante, eu estarei mais vivo do que
estou agora. Eu terei ido para um lugar mais alto, isso é tudo —
fora desta velha habitação de barro para uma casa imortal, um
corpo que o pecado não pode tocar, que o pecado não pode
macular; um corpo moldado dentro do Seu glorioso corpo. Eu
nasci na carne em 1837; nasci no Espírito em 1856. Aquele que
nasce da carne pode morrer; aquele que nasce do Espírito
viverá para sempre”.34
• Algumas horas antes de ir para sua verdadeira casa, Dwight L.
Moody teve um vislumbre da glória que o aguardava.
Despertando de um sonho, ele disse: “A terra se retira, o céu se
abre diante de mim. Se isso é a morte, ela é doce! Não há vale
aqui. Deus está me chamando, e devo partir”. Seu filho, que
estava em pé ao lado de sua cama, disse: “Não, não, pai, você
está sonhando”. “Não”, disse o Sr. Moody, “não estou
sonhando; estive dentro dos portões: vi os rostos das crianças”.
Pouco tempo se passou e, então, em seguida ao que pareceu
para a família a agonia da morte, ele falou novamente: “Este é o
meu triunfo; este é o dia da minha coroação! É glorioso!”.35
• Michelangelo, artista e escultor italiano, escreveu no seu
testamento: “Morro na fé em Jesus Cristo e na firme esperança
de uma vida melhor”. Em seu leito de morte, ele falou àqueles
que estavam com ele: “Ao longo da vida, lembrem os
sofrimentos de Jesus”.36

Considere também as “últimas palavras” desses filhos de Deus


enquanto eles se preparavam para entrar na eternidade:

“Nosso Deus é o Deus de quem vem a salvação. Deus é o


Senhor por quem escapamos da morte.”37
— Martinho Lutero

“Viva em Cristo, viva em Cristo, e a carne não precisa temer


a morte.”38
— John Knox
“O melhor de tudo é que Deus está conosco... Adeus!”39
— John Wesley

“Não posso expressar a milésima parte do louvor que é


devido a Ti. É tão pouco o que posso Te dar, mas, Senhor,
ajuda-me a dar-Te meu tudo. Morrerei louvando a Ti, e me
alegro porque outros podem Te louvar melhor. Eu me
contentarei com Tua semelhança! Eu me contentarei! Eu me
contentarei! Oh, meu querido Jesus, estou indo.”40
— Charles Wesley

“Está tudo bem, e a semente de Deus reina sobre todos, e


sobre a própria morte.”41
— George Fox

“Eu me alegro na esperança; sou aceito — aceito!”42


— John Kent

“Uma vida gasta no serviço de Deus e na comunhão com


Ele é a vida mais confortável e agradável que alguém pode
viver neste mundo presente.”43
— Matthew Henry

“Morrer é uma doce obra! Doce obra! Meu Pai celestial,


estou olhando para o meu querido Jesus, meu Deus, minha
porção, meu tudo em tudo. Glória, glória, lar, lar!”44
— Samuel Medley

“Só repita para mim o nome de Jesus. Toda vez que eu o


ouço ou o pronuncio, sinto-me renovado com nova alegria.
Deus seja louvado, apenas mais uma hora.”45
— Christian F. Gellert

“Verei Jesus, e isso será grandioso. Eu verei Aquele que


criou os mundos.”46
— David Brewster

“Sair para a vida — isto é morrer.”47


— Henry Ward Beecher

“Este é o fim da terra; estou contente.”48


— John Quincy Adams

“Eu me lanço sobre a misericórdia de Deus através dos


méritos de Cristo.”49
— William Pit

“As águas estão subindo, mas eu também estou. Não estou


afundando, mas subindo. Não se preocupe em morrer;
continue vivendo bem, a morte será certa.”50
— Catherine Booth

“Meu coração está descansando docemente com Jesus, e


minha mão está na dele.”51
— Howard Crosby

“Estou indo para onde todas as lágrimas serão


enxugadas.”52
— Matthew Cotton

“Ele virá; e não tardará. Logo estarei na glória; logo estarei


com Deus e Seus anjos.”53
— David Brainerd

“Logo estarei com Ele. Vitória, vitória, vitória (então


erguendo a mão) para sempre.”54
— William Gadsby

“Longe de um mundo de dor e pecado. Com Deus


eternamente cercado... Deus é fiel! Deus é fiel.”55
— John Kershaw

“Sei que estou morrendo, mas o meu leito de morte é um


leito de rosas. Não tenho espinhos plantados no meu
travesseiro de morte. O céu já começou!”56
— John Pawson

“Ele tem sido realmente um Cristo precioso para mim, e


agora sinto que Ele é minha rocha, minha força, meu
descanso, minha esperança, minha alegria, meu tudo em
tudo.”57
— Thomas Rutherford

“É uma grande misericórdia para mim que eu não tenha


qualquer espécie de medo ou pavor da morte.”58
— Isaac Watts

Essas palavras expressam a esperança, a confiança e a certeza


que todo crente pode ter. Por causa do amor que Deus tem por nós,
podemos ter ousadia no Dia do Juízo. E podemos viver esta vida
terrena livres do medo e do tormento porque o perfeito amor de
Deus lança fora o medo.

Aquele que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus


permanece nele, e ele, em Deus. E nós conhecemos e
cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e
aquele que permanece no amor permanece em Deus, e
Deus, nele. Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que,
no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois, segundo ele
é, também nós somos neste mundo. No amor não existe
medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o
medo produz tormento; logo, aquele que teme não é
aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou
primeiro.
— 1 João 4:15-19

Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: “Escreve: Bem-


aventurados os mortos que, desde agora, morrem no
Senhor. Sim”, diz o Espírito, “para que descansem das suas
fadigas, pois as suas obras os acompanham”.
— Apocalipse 14:13

De acordo com Apocalipse 14:13, bem-aventurados são aqueles


que morrem no Senhor — descansaremos do nosso trabalho
terreno e desfrutaremos a glória do céu que nos aguarda. Enquanto
isso, podemos viver com uma confiança destemida, sabendo que
quando deixarmos nosso corpo estaremos presentes com o Senhor!
Por causa da salvação que Jesus realizou em Sua morte, Seu
sepultamento e Sua ressurreição, fomos libertos do medo da morte!
25 Billy Graham, World Aflame (Garden City, N.Y.: Doubleday & Company, Inc., 1965), p.
75.
26 Reimpresso com permissão de Thomas Nelson Publishers do livro intitulado
Confessions of a Grieving Christian, copyright 1998 por Zig Ziglar Corporation.
27 Adrian Dieleman, Leadership, Vol. XV, N. 1 (Winter 1994), p. 47.
28 Extraído de Last Words of Saints and Sinners de Herbert Lockyer © 1969 por Kregel
Publications, Grand Rapids, Mich., p. 92. Uso mediante permissão do editor. Todos os
direitos reservados.
29 Lockyer, p. 125.
30 Extraído da Encyclopedia of 7,700 Illustrations de Paul Lee Tan © Bible
Communications, Inc. [www.tanbible.com] (Chicago: Assurance Publishers, 1979), p. 314.
31 Tan, p. 309.
32 Tan, p. 311.
33J. B. Watson, “What Heaven Means to Me”, Heaven — The Home of the Redeemed, ed.
Hy. Pickering (London: Pickering & Inglis), p. 23.
34 Tan, p. 309.
35 Tan, p. 313.
36 Lockyer, p. 125.
37 Lockyer, p. 73.
38 Tan, p. 314.
39 Lockyer, p. 64.
40 Lockyer, p. 120.
41 Lockyer, p. 55.
42 Lockyer, p. 121.
43 Baker’s Funeral Handbook, ed. Paul E. Engle (Grand Rapids, Mich.: Baker Books, 1996),
p. 167.
44 Lockyer, p. 121.
45 Lockyer, p. 106.
46 Lockyer, p. 122.
47 Lockyer, p. 53.
48 Lockyer, p. 99.
49 Lockyer, p. 91.
50 Lockyer, p. 53.
51 Lockyer, p. 58.
52 Lockyer, p. 58.
53 Lockyer, pp. 63-64.
54 Lockyer, p. 67.
55 Lockyer, p. 67.
56 Tan, p. 314.
57 Baker’s Funeral Handbook, p. 168.
58 Baker’s Funeral Handbook, p. 168.
CAPÍTULO 12
O CÉU:
A ESPERANÇA
DO CRENTE

Aqui neste mundo, Ele nos chama;


Lá no próximo, Ele nos dará as boas-vindas.
— John Domne

Estamos mais aptos a viver livres do medo da morte quando


reconhecemos e entendemos a morte pelo que ela realmente é. A
Bíblia retrata a morte física mais como uma transição do que como
um término. Há um elemento de término porque o corpo físico para
de funcionar, mas como lemos no capítulo 9 deste livro, a Bíblia
delineia o homem como mais do que apenas um corpo ou o homem
exterior; a Bíblia também descreve um homem interior.
O homem é um ser espiritual, no entanto ele habita em um corpo.
Quando o corpo para de funcionar, o espírito do homem
simplesmente faz uma transição para um novo local. Para um
cristão, esse novo local é um lugar maravilhoso chamado céu. O
céu não é um sonho. Ele não é uma invenção da imaginação de
alguém. O céu não é uma abstração metafísica ou um conceito
teológico. Jesus não disse: “Pai nosso que estás em um estado
mental...” Ele falou: “Pai nosso que estás no céu...” (Mateus 6:9). O
céu é um lugar real!
Podemos ao menos começar a descrever o céu? Devemos
sequer tentar? Certamente estamos bem conscientes das nossas
imensas limitações nessa aventura. Jonathan Edwards, famoso
pregador do Grande Despertamento, nos primeiros dias deste país,
disse: “Fingir descrever a excelência, a grandeza ou a duração da
felicidade do céu pela mais artística composição de palavras seria
apenas obscurecê-lo e nublá-lo; falar a respeito de arrebatamentos
e êxtases, alegria e cânticos, é apenas lançar sombras sobre a
realidade”.59
Charles Spurgeon refletiu os mesmos sentimentos: “Quando um
homem mortal fala qualquer coisa a respeito dessa bem-
aventurança eterna dos santos na glória, ele é como um homem
cego discursando sobre a luz que jamais viu, e assim não pode
dizer nada com relação a ela”. Spurgeon também falou: “De certa
forma, é semelhante a um homem escrevendo um guia de viagens
para uma terra que ele nunca visitou ou viu. É querer apresentar o
indescritível com palavras que não podem se aproximar de
expressar a glória do céu”.
Até o apóstolo Paulo manifestou nossas limitações em conhecer o
que está além desta dimensão quando disse: “Porque, em parte,
conhecemos e, em parte, profetizamos... Porque, agora, vemos
como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face.
Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou
conhecido” (1 Coríntios 13:9-12). Paulo também indicou o aspecto
de “mistério” do céu quando se referiu a um evento notável que ele
havia experimentado:

Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi


arrebatado até ao terceiro céu (se no corpo ou fora do
corpo, não sei, Deus o sabe) e sei que o tal homem (se no
corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) foi arrebatado
ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito
ao homem referir.
— 2 Coríntios 12:2-4
A Bíblia NVI se refere a Paulo ter ouvido “palavras indizíveis”,
enquanto a Bíblia Amplificada usa a frase “pronunciamentos que
estão além do poder do homem colocar em palavras” (AMP,
tradução livre).
É certo que existem muitas coisas a respeito do céu que Deus
escolheu não nos revelar a esta altura, mas Ele também não ficou
totalmente em silêncio sobre o que nos aguarda. Podemos não ser
capazes de captar ou perceber tudo que há para saber acerca do
céu, mas certamente devemos ser diligentes e desejosos de
conhecer tudo o que podemos conhecer sobre nosso futuro lar!

QUANTA ÊNFASE DEVEMOS DAR AO CÉU?


Muitos dizem que o cristianismo deveria focar o aqui e agora,
ajudando as pessoas a lidarem com aspectos práticos e realidades
da vida neste mundo. Entretanto, alguns levam essa posição ao
extremo, falando com desprezo sobre qualquer ênfase no céu.
Embora uma grande parte do ensinamento do Novo Testamento de
fato trate com o aqui e agora, a Bíblia também aborda assuntos
relativos à eternidade, inclusive à vida após a morte e ao céu.
Quando o Espírito Santo inspirou as Escrituras, Ele nos deu uma
abundância de instruções de como viver com êxito nesta vida, como
nos relacionarmos com os outros, e como obedecer e agradar a
Deus nas questões práticas da vida. Mas a Bíblia não apresenta
nossa existência temporal e nosso destino eterno como questões
contraditórias. Eles não são opostos entre si.
O cristão não precisa escolher entre ser informado sobre esta vida
e ser inspirado quanto à vida depois daqui. Não se trata de uma
posição de uma coisa ou de outra — a Bíblia aborda os dois
assuntos de forma substancial. Por exemplo, o apóstolo Paulo
mencionou que o exercício físico pode nos beneficiar nesta vida,
mas ele continuou dizendo, “pois o exercício físico para pouco é
proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a
promessa da vida que agora é e da que há de ser” (1 Timóteo 4:8).
Foi dito que alguns cristãos têm a mente tão voltada para o céu
que são totalmente inúteis na terra. Mas talvez mais crentes tenham
a mente tão voltada para a terra que são totalmente inúteis para o
céu. Será possível que a razão pela qual tantas pessoas sintam
incerteza e medo sobre a morte seja porque tão pouco tenha sido
ensinado a respeito do céu?
É verdade que precisamos viver e funcionar neste mundo
enquanto estamos aqui. A expectativa do céu nunca foi designada a
ser uma fuga de uma vida responsável nesta terra. Como crentes,
não devemos ter uma “mentalidade escapista”, usando o céu como
um meio de nos eximir de cumprir o plano de Deus para nossa vida
na terra.
Em Lucas 19, Jesus contou uma parábola que enfatiza a
necessidade de sermos mordomos diligentes e fiéis aqui na terra.
No versículo 13, ele diz: “Chamou dez servos seus, confiou-lhes dez
minas e disse-lhes: ‘Negociai até que eu volte’”. É isso que os
crentes são chamados a fazer. Devemos abraçar o plano de Deus
para o nosso tempo aqui na terra, vivendo a vida ao máximo.

APENAS DE PASSAGEM

Embora devamos viver a vida ao máximo, nosso coração, nossas


esperanças e nossos desejos nunca podem ser totalmente
realizados aqui na terra. O apóstolo João reconheceu isso e exortou
os crentes a estarem atentos ao fato de que este mundo está
fatalmente defeituoso e é incapaz de dar satisfação completa ao
crente.

Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se


alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque
tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede
do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem
como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a
vontade de Deus permanece eternamente.
— 1 João 2:15-17

Sábia é a pessoa que reconhece a diferença entre estabelecer-se


e estar de passagem. Grandes homens e mulheres de Deus
descritos em Hebreus 11 (que foram chamados de “Os Heróis da
Fé”), confessaram “que eram estrangeiros e peregrinos sobre a
terra” (v. 13). Pedro instruiu os crentes: “Portai-vos com temor
durante o tempo da vossa peregrinação” (1 Pedro 1:17). Na Revised
Standard Version 1 Pedro 1:17 se refere à vida cristã aqui na terra
como “o tempo do seu exílio” (tradução livre). A Bíblia Amplificada
usa a frase: “o tempo da sua residência temporária [na terra, quer
longa ou curta]” (tradução livre). Jesus disse que estamos no
mundo, mas não somos do mundo (ver João 17:11, 14).
Expressando um sentimento semelhante, C. S. Lewis disse: “Este
mundo foi tão bondoso com você a ponto de você partir se
lamentando? Há coisas melhores à frente do que qualquer uma que
deixemos para trás”.60 Lewis também falou: “Se eu encontrar em
mim mesmo um desejo que nenhuma experiência neste mundo
possa satisfazer, a explicação mais provável é que fui feito para
outro mundo”.61
Embora nossa existência aqui na terra seja temporária, Deus nos
deu riqueza de conhecimento e informação sobre como andar com
êxito na vida. Em Josué 1:8, Deus disse a Josué: “Não cesses de
falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que
tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito;
então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido”.
Deus nos supriu com sabedoria e instrução maravilhosas para
podermos andar sabiamente e ter êxito nas questões da vida.
Entretanto, do ponto de vista da eternidade, nossa vida nesta terra
continua sendo “neblina que aparece por instante e logo se dissipa”
(Tiago 4:14). Se você tirar a eternidade e o céu da equação, o que
Deus disse sobre o aqui e agora no final das contas se torna sem
sentido.
O apóstolo Paulo experimentou uma vida cheia de enormes
sacrifícios pelo Evangelho. Sofreu muita perseguição por causa do
seu compromisso em pregar a Palavra de Deus. Pagou um preço
tão alto que nada que este mundo tinha a oferecer valia seus
esforços. Entretanto, a esperança do céu guiava Paulo, o
estabilizava e lhe dava uma resistência sobrenatural. Paulo deixou
claro que se não houvesse vida após esta existência terrena, sua
atitude e sua abordagem para com a vida teriam sido muito
diferentes!

Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta


vida, somos os mais infelizes de todos os homens.
— 1 Coríntios 15:19

Se, como homem, lutei em Éfeso com feras, que me


aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam, comamos e
bebamos, que amanhã morreremos.
— 1 Coríntios 15:32
Paulo sofreu muito e suportou muito; no entanto ele também
conheceu grandes alegrias. Por mais maravilhosas que as bênçãos
de Deus sejam nesta vida, elas são uma mera sombra comparadas
à glória, à maravilha e à grandeza indescritíveis da majestade do
céu. É uma pena que alguns tenham se tornado tão estreita e
exclusivamente focados nesta vida a ponto de terem deixado de
desenvolver uma expectativa ávida pelo céu.

AMANDO A VIDA — DESEJANDO O CÉU

Samuel Rutherford disse certa vez: “Se o contentamento


estivesse aqui, o céu não seria céu. Pergunto-me por que um filho
de Deus jamais poderia estar com o coração triste, considerando o
que o seu Senhor está preparando para ele”.
Paulo exemplificou a ligação entre esta vida e a próxima quando
disse: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé”
(2 Timóteo 4:7). Paulo viveu o propósito de Deus para sua vida na
terra. Então, assim como ele viveu a vida terrena com zelo e
determinação, Paulo colocou os olhos no céu com uma expectativa
entusiasmada. O versículo seguinte diz: “Já agora a coroa da justiça
me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia;
e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua
vinda” (v. 8).
Em muitas outras partes ao longo da Palavra de Deus podemos
encontrar pessoas de fé que têm uma expectativa ansiosa pelo céu.

Tu me mostrarás o caminho da vida, me concedendo a


alegria da Tua presença e os prazeres de viver contigo para
sempre.
— Salmos 16:11 (NLT, Tradução Livre)

Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na


glória.
— Salmos 73:24

...alegrai-vos... porque o vosso nome está arrolado nos


céus.
— Lucas 10:20

E até nós, cristãos, embora tenhamos o Espírito Santo


dentro de nós como uma prévia da glória futura, também
gememos para sermos libertos da dor e do sofrimento. Nós,
também, aguardamos ansiosamente por aquele dia em que
Deus nos dará todos os nossos direitos como Seus filhos,
inclusive os novos corpos que Ele nos prometeu.
— Romanos 8:23 (NLT, tradução livre)

...aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus


Cristo.
— 1 Coríntios 1:7

E, por isso, neste tabernáculo, gememos, aspirando por


sermos revestidos da nossa habitação celestial... Entretanto,
estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e
habitar com o Senhor.
— 2 Coríntios 5:2, 8

Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também


aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.
— Filipenses 3:20

Por causa da esperança que vos está preservada nos céus,


da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do
evangelho.
— Colossenses 1:5

Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória


do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.
— Tito 2:13

Porque não somente vos compadecestes dos encarcerados,


como também aceitastes com alegria o espólio dos vossos
bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio
superior e durável.
— Hebreus 10:34

Porque [Abraão] aguardava a cidade que tem fundamentos,


da qual Deus é o arquiteto e edificador.
— Hebreus 11:10

Porque os que falam desse modo manifestam estar


procurando uma pátria... Mas, agora, aspiram a uma pátria
superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha
deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou
uma cidade.
— Hebreus 11:14, 16

Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas


buscamos a que há de vir.
— Hebreus 13:14

Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos


céus e nova terra, nos quais habita justiça.
— 2 Pedro 3:13

Podemos seguir esses exemplos bíblicos e, enquanto vivemos


uma vida temente ao Senhor na terra, aguardar com expectativa a
nossa vida com Deus no céu.

O CÉU ESTÁ NA SUA MENTE?

Por que o cristão deve ter a mente voltada para o céu? Nossa
vida com Deus no céu esteve na mente de Deus por muito tempo.

Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo,


buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à
direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que
são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está
oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que
é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis
manifestados com ele, em glória.
— Colossenses 3:1-4

O céu não é uma ideia tardia. Ele é um lugar que foi preparado
para nós de maneira deliberada e intencional por um Deus que
sempre nos amou. Com essa verdade em mente, reflita sobre os
seguintes versículos:

De longe se me deixou ver o S , dizendo: “Com amor


eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí”.
— Jeremias 31:3

Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: “Vinde,


benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo”.
— Mateus 25:34

Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede


também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas.
Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos
lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos
receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou,
estejais vós também.
— João 14:1-3

Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também


comigo os que me deste, para que vejam a minha glória...
— João 17:24

Que bela imagem esses versículos pintam! Quando for para o


céu, você não estará indo como um estranho indesejado, nem será
apenas “tolerado” como alguma espécie de concessão divina. Não!
Deus amou você com amor eterno e o atraiu para Si. Ele quer você
por perto e tem um Reino para você herdar, um Reino que está
esperando por você desde a fundação do mundo. Jesus foi para o
céu com a intenção específica de preparar-lhe um lugar!
Deus não nos aceitou com relutância ou hesitação. Jesus disse:
“Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai
em dar-vos o seu reino” (Lucas 12:32, grifo nosso). Deus está feliz
porque você e eu estaremos no céu com Ele. Na verdade, quando
você e eu nos arrependemos dos pecados e aceitamos Jesus como
Salvador, houve uma celebração no céu! Jesus disse: “Haverá maior
júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa
e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lucas 15:7).
Você é o objeto do amor eterno de Deus! Ele nunca deixará de
amar você. Ele o amou desde o princípio dos tempos! Não há nada
que você possa fazer para que Deus o ame mais do que já ama, e
não há nada que possa fazer para que Ele o ame menos! Jesus o
ama tanto que escolheu morrer a ter de viver sem você.

UMA OLHADA NO PÓS-VIDA NA “SALA DE ESPERA DO CÉU”


O céu nem sempre foi o lugar para onde iam os espíritos dos
justos que partiam. No Antigo Testamento, o caminho para lá ainda
não havia sido aberto. Os homens justos nos tempos do Antigo
Testamento iam para um lugar temporário, um lugar de consolo
chamado Paraíso ou seio de Abraão. Em certo sentido, era como
uma sala de espera onde os justos aguardavam pelo privilégio de
entrarem na presença de Deus. Essa realidade não ocorreu até que
Jesus derramou Seu sangue, morreu, foi ressuscitado de entre os
mortos e subiu ao céu.

O HOMEM RICO E LÁZARO

Jesus compartilhou a seguinte história sobre um homem rico e


Lázaro para expressar verdades concernentes aos que morreram.

Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de


linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava
esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado
Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e
desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do
rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu
morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de
Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno,
estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a
Abraão e Lázaro no seu seio. Então, clamando, disse: “Pai
Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que
molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua,
porque estou atormentado nesta chama”. Disse, porém,
Abraão: “Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em
tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui,
ele está consolado; tu, em tormentos. E, além de tudo, está
posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os
que querem passar daqui para vós outros não podem, nem
os de lá passar para nós”. Então, replicou: “Pai, eu te
imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho
cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não
virem também para este lugar de tormento”. Respondeu
Abraão: “Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos”. Mas
ele insistiu: “Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos
for ter com eles, arrepender-se-ão”. Abraão, porém, lhe
respondeu: “Se não ouvem a Moisés e aos Profetas,
tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite
alguém dentre os mortos”.
— Lucas 16:19-31

Considere algumas das lições que podemos aprender com o


ensinamento de Jesus:
O corpo humano é enterrado, mas o espírito vai para outro lugar.
Nessa passagem, observamos que o corpo humano é enterrado no
momento da morte. No entanto, o espírito humano não é enterrado
com o corpo. Em vez disso, há dois destinos possíveis para o
espírito humano — um lugar de consolo e outro, de tormento.
O homem espiritual (mesmo separado do corpo) é uma
personalidade completa — com plena consciência, capacidade de
lembrar, capacidade de reconhecer as pessoas, e assim por diante.
Certa vez, perguntaram ao Dr. W. A. Criswell, pastor durante muitos
anos da Primeira Igreja Batista de Dallas: “Vamos nos reconhecer
quando chegarmos ao céu?”. Ele respondeu: “Na verdade, só
vamos realmente nos conhecer quando chegarmos ao céu”.62
A personalidade do homem permanece a mesma após a morte.
Tendo sido rico na terra, o homem rico estava acostumado a ter
servos e a dar ordens. Mesmo depois de morrer, ele estava
querendo fazer com que Lázaro — um homem de status inferior na
terra — realizasse seus desejos.
Muitas pessoas que não vão para o céu têm um forte desejo de
que seus entes queridos aceitem a Jesus enquanto ainda têm essa
oportunidade. O homem rico percebeu que havia coisas que seus
irmãos poderiam fazer para mudar o destino deles a fim de que não
tivessem o mesmo que o dele. (Isso nos traz à mente uma questão
que, em geral, é levantada no ministério pastoral: as pessoas, na
maioria das vezes, ficam arrasadas quando um ente querido que
morreu não deu evidências ou indicações de ter aceitado Jesus. Em
vez de supor o pior, precisamos entender que não sabemos
necessariamente o que uma pessoa fez nos últimos instantes de
consciência — isso significa que há esperança! O ladrão na cruz
colocou sua fé em Jesus pouco antes da morte, e Jesus o aceitou e
lhe garantiu que estariam juntos no Paraíso.)
O PARAÍSO REALOCADO
A partir do momento em que Jesus morreu na cruz, ressuscitou
de entre os mortos e subiu ao céu, outros puderam obter a sua
entrada no céu. A obra redentora de Jesus possibilitou que os
pecados do homem fossem totalmente perdoados e permitiu que
aqueles que morrem entrem na presença de Deus no céu.
A obra redentora de Jesus também permitiu que os justos que já
tinham morrido e estavam no Paraíso entrassem no céu. Efésios 4:8
diz: “Quando ele subiu em triunfo às alturas, levou cativo muitos
prisioneiros...” (NVI). Quando Jesus subiu das partes mais inferiores
da terra, Ele não subiu sozinho: levou todas aquelas almas justas
que foram consoladas no seio de Abraão. Jesus as levou para o céu
com Ele.

QUEM ESTÁ NO CÉU E O QUE ENCONTRAREMOS LÁ?


Tendo definido que o céu é um lugar real, agora podemos tratar
da pergunta: “Quem está no céu e o que encontraremos lá?”. Vamos
ler o que a Bíblia tem a dizer sobre esse assunto.
O Livro da Vida Está no Céu. Ali estão escritos os nomes dos
filhos de Deus (ver Filipenses 4:3; Apocalipse 21:27).
Criaturas Magníficas Que Adoram a Deus Perpetuamente. Há
criaturas magníficas ao redor do trono de Deus que proclamam
continuamente: “Santo, Santo, Santo, Senhor Deus Todo-Poderoso,
que era e que é e que há de vir!” (Apocalipse 4:6-8).
Anciãos. Há anciãos que se prostram diante de Deus em
adoração e lançam suas coroas de ouro diante do trono, dizendo:
“Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o
poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua
vontade vieram a existir e foram criadas” (Apocalipse 4:10-11).
Redimidos — Salvos pela Misericórdia de Deus. Aqueles que
foram redimidos, comprados pelo sangue de Jesus, estarão no céu.
Essas pessoas serão de “todas as nações, tribos, povos e línguas”
(Apocalipse 7:9). Elas clamam ao Cordeiro de Deus “[Tu] para o
nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a
terra” (Apocalipse 5:10).
O apóstolo João — que teve permissão de Deus para ver o céu e
registrar o que viu no livro de Apocalipse — encontrou um grande
número de redimidos no céu. Não eram apenas algumas pessoas
de uma denominação específica. João viu “grande multidão que
ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e
línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de
vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande
voz, dizendo: ‘Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao
Cordeiro, pertence a salvação’” (Apocalipse 7:9-10).
Santos Anjos. Os anjos estão ao redor do trono de Deus. João
descreve a quantidade de anjos como “miríades de miríades e
milhares de milhares”. Eles louvam a Jesus em alta voz, dizendo:
“Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e
sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor” (Apocalipse 5:11-12).
Há beleza e glória no céu além de qualquer coisa que possamos
descrever. O apóstolo João nos deu os seguintes detalhes do céu
no livro de Apocalipse.

• “Aquele que estava assentado no trono era tão brilhante quanto


pedras preciosas — jaspe e sardônico. E o brilho de uma
esmeralda cercava o seu trono como um arco-íris” (Apocalipse
4:3, NLT tradução livre).
• “Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao
cristal” (Apocalipse 4:6).
• “Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo” (Apocalipse
15:2).
• Há linda música no céu. Apocalipse 14:2-3 diz: “Ouvi uma voz
do céu como voz de muitas águas, como voz de grande trovão;
também a voz que ouvi era como de harpistas quando tangem
a sua harpa. Entoavam novo cântico diante do trono”.
• No céu há “fontes de água da vida” (Apocalipse 7:17) e “rio da
água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e
do Cordeiro” (22:1).
• A “árvore da vida” está no céu. João disse que essa árvore
“produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as
folhas da árvore são para a cura dos povos” (Apocalipse 22:2).
• A Nova Jerusalém é descrita como “a santa cidade, Jerusalém,
que descia do céu, da parte de Deus, a qual tem a glória de
Deus. O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima,
como pedra de jaspe cristalina” (Apocalipse 21:10-11).
• Os muros da cidade têm sessenta e cinco metros de espessura
(ver Apocalipse 21:17) e doze pedras no seu fundamento, nas
quais estão escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro
(ver v. 14). São feitos de jaspe (ver v. 18) e as pedras
fundamentais são incrustadas com doze tipos diferentes de
pedras preciosas (ver vv. 19-20).
• Há doze portas para a cidade, três de cada lado (norte, sul,
leste e oeste), e um anjo guarda cada uma delas. Os nomes
das doze tribos de Israel estão escritos nelas (ver Apocalipse
21:12-13). Cada uma das doze portas é feita de uma única
pérola (ver v. 21). Elas nunca se fecham no fim do dia porque
não existe noite (ver v. 25) e nada que seja mau tem permissão
para entrar (ver v. 27).
• O anjo que estava com João tinha uma fita métrica de ouro,
Apocalipse 21:16 diz: “Quando ele a mediu, descobriu que ela
era um quadrado, tão largo quanto longo. Na verdade, ela tinha
a forma de um cubo, pois o seu cumprimento e a sua largura e
a sua altura eram cada um de 2.253 quilômetros” (NLT,
tradução livre).
• Apocalipse 21:18, 21 diz: “...e também a cidade é de ouro puro,
semelhante a vidro límpido... e a praça da cidade é de ouro
puro, como vidro transparente”.

Leighton Ford é um evangelista que por muitos anos


trabalhou como associado de Billy Graham. Seu filho Sandy
morreu prematuramente e, apesar de sua fé forte, Leighton
sofreu muito com essa perda.
Embora entendesse que não poderia se comunicar
literalmente com o filho morto, Leighton tinha um diário onde
escrevia “conversas” imaginárias com seu filho; essa era
sua maneira de expressar coisas que estavam em seu
interior e de encerrar o relacionamento de uma forma
adequada.
Em uma dessas conversas imaginárias, Leighton escreveu:

— Sandy, você está morto há dois meses no tempo da terra.


— Sinto-me como se eu estivesse vivo para sempre, papai.
É muito parecido com um grande e longo hoje.
— Não é uma questão de tempo, Sandy, exceto o fato de
que o tempo cura. É mais uma questão de proximidade.
Acho que estou preocupado porque à medida que nosso
tempo avança, perderemos o senso de proximidade.
— Mas por que, papai? Você está se aproximando da
eternidade todos os dias. Você não está se afastando de
mim, mas se aproximando de mim! E, além disso, a
“Parede” que nos separa é tão fina; você riria se pudesse
vê-la.
— Penso mais em você agora do que quando você estava
em Chapel Hill.
— Claro! Eu sei disso. Eu ouço esses pensamentos.
— Boa noite, filho! Aprecie as estrelas!
— É manhã aqui, papai. Aprecie a luz!63

De acordo com Apocalipse 21:23: “A cidade não precisa nem do


sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a
iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada”.
Essas descrições fantásticas nos dão um vislumbre de quem e do
que encontraremos no céu.

QUE EXPERIÊNCIAS TEREMOS NO CÉU?


Além de quem e do que encontraremos no céu, a Bíblia também
nos fala sobre algumas das experiências que desfrutaremos por
toda a eternidade.
Reunião Perfeita. O céu é um lugar para uma reunião perfeita.
Seremos reunidos com nossos entes queridos, amigos e outros
crentes que foram antes de nós.
Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com
respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como
os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que
Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante
Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. Ora, ainda
vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos,
os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo algum
precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo,
dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e
ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os
mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os
vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente
com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos
ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.
— 1 Tessalonicenses 4:13-17

Observe que não ficaremos isolados dos nossos entes queridos


que nos precederam na morte, mas seremos “arrebatados
juntamente ... E assim estaremos para sempre com o
Senhor” (v. 17, grifo nosso).
Transformação Perfeita. O céu é um lugar de transformação
perfeita. À medida que andamos na luz da Palavra de Deus aqui na
terra, passamos por uma transformação. Paulo disse que somos
transformados pela renovação da mente (ver Romanos 12:2).
Entretanto, o que experimentamos aqui é parcial e progressivo. O
que experimentaremos no céu será radical e absoluto.

Eu, porém, na justiça contemplarei a tua face; quando


acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança.
— Salmos 17:15
Então, os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu
Pai. Quem tem ouvidos [para ouvir], ouça.
— Mateus 13:43

Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se


manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando
ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque
haveremos de vê-lo como ele é.
— 1 João 3:2

Consolo Perfeito. O céu oferece consolo perfeito. Thomas More


disse: “A terra não tem tristeza que o céu não possa curar”. O
apóstolo João disse: “Por isso, eles estão diante do trono de Deus e
o servem dia e noite em seu santuário; e aquele que está assentado
no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. Nunca mais terão
fome, nunca mais terão sede. Não cairá sobre eles sol, e nenhum
calor abrasador, pois o Cordeiro que está no centro do trono será o
seu Pastor; ele os guiará às fontes de água viva. E Deus enxugará
dos seus olhos toda lágrima” (Apocalipse 7:15-17, NVI).
Regozijo, Satisfação e Alegria Perfeitos. No céu, há uma
atmosfera de regozijo, satisfação e alegria perfeitos. Ao contrário do
que alguns poderiam pensar, o céu não será um lugar silencioso.
Haverá sons de regozijo por toda a eternidade.

Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de


muitas águas e como de fortes trovões, dizendo: “Aleluia!
Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso.
Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são
chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já
se ataviou”.
— Apocalipse 19:6-7

Perfeita Comunhão e Festa. No céu, haverá comunhão e festa


perfeitas. Mateus 8:11 diz: “Digo-vos que muitos virão do Oriente e
do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó
no reino dos céus”. Apocalipse 19:9 relata: “Então, me falou o anjo:
‘Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das
bodas do Cordeiro’. E acrescentou: ‘São estas as verdadeiras
palavras de Deus’”.
Uma Herança Perfeita. Uma herança perfeita aguarda os crentes
no céu. Há “uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível,
reservada nos céus para vós outros” (1 Pedro 1:4).
Descanso Perfeito. O céu é um lugar de descanso perfeito.
Apocalipse 14:13 diz: “Então, ouvi uma voz do céu, dizendo:
‘Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no
Senhor’. ‘Sim’, diz o Espírito, ‘para que descansem das suas
fadigas, pois as suas obras os acompanham’”.
Recompensas Perfeitas. A natureza de Deus é recompensar
Seus filhos. Para ser agradáveis a Deus “é necessário que aquele
que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna
galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6). Os cristãos hebreus
eram encorajados a trabalhar para o Senhor, sabendo que “Deus
não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que
evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis
aos santos” (Hebreus 6:10).
Há muitas dessas passagens que revelam o plano de Deus para
recompensar Seus filhos.
...grande o vosso galardão nos céus.
— Mateus 5:12

...Retribuirá a cada um conforme as suas obras.


— Mateus 16:27

Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento


edificou, esse receberá galardão.
— 1 Coríntios 3:14

Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o


Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a
mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.
— 2 Timóteo 4:8

Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a


tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os
mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas,
aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos
pequenos como aos grandes...
— Apocalipse 11:18

A Presença Perfeita e Manifesta de Deus. Quando a Nova


Jerusalém descer do céu, a presença perfeita e manifesta de Deus
estará com o Seu povo. Apocalipse 21:3-4 diz: “Então, ouvi grande
voz vinda do trono, dizendo: ‘Eis o tabernáculo de Deus com os
homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e
Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda
lágrima’”.
Satisfação Perfeita. O céu também oferece satisfação perfeita. A
fonte de água da vida está no céu, e Deus convida a todos os que
têm sede para beberem livremente (ver Apocalipse 21:6).
Apocalipse 22:17 diz: “O Espírito e a noiva dizem: ‘Vem! Aquele que
ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba
de graça a água da vida’”.
Luz Perfeita. No céu e na Nova Jerusalém haverá luz perfeita.

E me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada


montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que
descia do céu, da parte de Deus, a qual tem a glória de
Deus. O seu fulgor era semelhante a uma pedra
preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina.
— Apocalipse 21:10-11

A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe


darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o
Cordeiro é a sua lâmpada. As nações andarão mediante a
sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória.
— Apocalipse 21:23-24

Governo Perfeito. O céu é um lugar onde Deus reinará em


justiça. Não haverá corrupção no Seu reino porque Seu governo
será perfeito.

Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de


muitas águas e como de fortes trovões, dizendo: “Aleluia!
Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso”.
— Apocalipse 19:6
Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro.
— Apocalipse 22:3

Serviço Perfeito. Nós não sabemos exatamente tudo que nosso


serviço nos dará como herança, mas serviremos a Deus no céu.

Se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de


noite no seu santuário...
— Apocalipse 7:15

Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono


de Deus e do Cordeiro. O .
— Apocalipse 22:3, grifo nosso

Conhecimento Perfeito. Haverá conhecimento perfeito no céu. 1


Coríntios 13:12 diz: “Porque, agora, vemos como em espelho,
obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em
parte; então, conhecerei como também sou conhecido”.
Vitória Perfeita. No céu, desfrutaremos a vitória perfeita por toda
a eternidade.

Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono,


assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no
seu trono.
— Apocalipse 3:21

Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de


candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará
sobre eles, .
— Apocalipse 22:5, grifo nosso

A Ausência de Todas as Coisas Indesejáveis. Não haverá nada


indesejável, nada ruim, nenhuma tristeza no céu.

Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre
eles o sol, nem ardor algum.
— Apocalipse 7:16

E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não


existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as
primeiras coisas passaram.
— Apocalipse 21:4

...nela, não haverá noite.


— Apocalipse 21:25

Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada,


nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os
inscritos no Livro da Vida do Cordeiro.
— Apocalipse 21:27

Nunca mais haverá qualquer maldição.


— Apocalipse 22:3

Imagine um mundo sem trevas, perigo, decadência, engano,


depressão, desânimo, desespero, desencorajamento, decepção,
desilusão, desastres, sofrimento, perturbações, destruição,
contaminação, doença, morte e sem diabo!
O CÉU: SEM MAL, SOMENTE O BEM
Nesse lugar maravilhoso chamado céu não haverá mal, nem
maldade, nem injustiça, nem impiedade, nem pecado. Isso não é
pensamento positivo — é o mundo para o qual todos os filhos de
Deus irão. Ele é real, palpável e eterno.
O céu para o qual estamos indo é um lugar sem crimes,
corrupção, dor, tristezas ou lágrimas. Não existem sirenes,
fechaduras, sistemas de alarme. Não haverá arame farpado ou
cercas elétricas. Não há adversidade ali, nem provações, nem
tribulações.
Não há ambulâncias, hospitais, cemitérios ou prisões. Não
existem pragas no céu nem enterros. Ninguém terá fome nem ficará
sem teto, e os terremotos, tornados, furacões, inundações e
incêndios não existirão mais para assolar a humanidade.
O céu será livre de todo pecado e não haverá tentação ali.
Ninguém ficará confuso e os mal-entendidos simplesmente não
ocorrerão. Lá nunca serão ditas palavras odiosas, grosseiras, e o
comportamento ofensivo não existirá. Cada motivo de cada pessoa
será puro. Inveja, cobiça, ciúmes e desconfianças serão coisas de
um passado distante.

Há muitas perguntas que a Bíblia não responde sobre o pós-


vida. Mas creio que uma razão é ilustrada pela história de
um menino sentado diante de uma tigela de espinafre,
enquanto há um bolo de chocolate do outro lado da mesa.
Ele terá dificuldade para comer aquele espinafre enquanto
seus olhos estiverem no bolo. E se o Senhor tivesse nos
explicado tudo sobre o que está por vir para nós, creio que
teríamos dificuldade de comer nosso espinafre aqui em
baixo.64
— Vance Havner

Não haverá abuso, exploração ou violência no céu; nem contenda


e corações partidos. Ninguém sofrerá de doenças físicas,
perturbações emocionais, desequilíbrios químicos, vícios ou
deficiências de qualquer espécie — isso simplesmente não existirá
no céu. Ninguém ficará cansado ou exausto. Preocupação, medo e
ansiedade não estarão presentes. Todos os cativeiros que afligiam e
atormentavam as pessoas na terra terão sido absolutamente
vencidos — totalmente eliminados!
Entendo que até mesmo neste mundo temos vitória por
intermédio de Jesus. É verdade que somos mais que vencedores
por meio Daquele que nos amou (ver Romanos 8:37). Mas não é
empolgante saber que está chegando o dia em que não teremos de
lutar e contender mais com os desafios terrenos? Todas as batalhas
estarão terminadas, toda oposição terá sido removida e nada
permanecerá exceto celebração, regozijo e glória absoluta!
Podemos e devemos extrair uma enorme força do fato de saber o
que espera por nós. O apóstolo Paulo afirmou:

É por isso que nunca desistimos. Embora nosso corpo


esteja morrendo, nosso espírito está sendo renovado todos
os dias. Porque nossas tribulações atuais são muito
pequenas e não durarão muito. Mas elas produzem para
nós uma glória imensurável que durará para sempre! De
modo que não olhamos para as tribulações que podemos
enxergar agora; em vez disso, olhamos para a frente, para o
que ainda não vimos. Porque as tribulações que vemos logo
cessarão, mas as alegrias que virão durarão para sempre.
— 2 Coríntios 4:16-18 (NLT, tradução livre)

No corpo físico, temos olhos físicos e outros sentidos para


perceber o que está acontecendo no mundo natural que nos cerca.
Mas Deus também nos deu “olhos de fé” para enxergar aquilo que
não pode ser percebido com os sentidos físicos. Ao abraçar as
verdades e as promessas da Palavra de Deus, o Espírito Santo
vivifica essas coisas maravilhosas para o nosso coração, criando
uma expectativa entusiasmada sobre as realidades que estão diante
de nós.

CORRENDO NOSSA CORRIDA; BUSCANDO O CÉU


Talvez, enquanto lia este capítulo sobre o céu, você pensou nos
entes queridos que já foram para casa para estar com o Senhor.
Eles têm experimentado em primeira mão as maravilhas do céu —
coisas que você e eu podemos apenas imaginar. Você pode estar
enfrentando desafios na vida, mas creio que aqueles que partiram
antes de nós estão nos animando nas tribunas de honra do céu.

Visto que temos uma multidão de testemunhas ao nosso


redor, afastemos de nós qualquer coisa que nos torne
vagarosos ou nos atrase, e especialmente aqueles pecados
que se enroscam tão fortemente em nossos pés e nos
derrubam; e corramos com perseverança a corrida que
Deus propôs para nós. Mantenham o olhar firme em Jesus,
autor e consumador da nossa fé. Ele esteve pronto a
padecer uma morte vergonhosa na cruz por causa da
alegria que sabia que teria depois; e agora está assentado à
direita do trono de Deus. Se vocês querem evitar se
sentirem desanimados e cansados, pensem na resignação
dele enquanto homens pecadores faziam essas coisas tão
terríveis com ele. Afinal de contas, vocês ainda não lutaram
contra o pecado a ponto de derramar o próprio sangue.
— Hebreus 12:1-4 (NBV)

Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda


em derredor, como leão que ruge procurando alguém para
devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos
iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade
espalhada pelo mundo. Ora, o Deus de toda a graça, que
em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes
sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar,
firmar, fortificar e fundamentar. A ele seja o domínio, pelos
séculos dos séculos. Amém!
— 1 Pedro 5:8-11

Como crentes em Jesus, temos a esperança eterna de ser


estabelecidos, fortalecidos e firmados em Cristo. Podemos correr a
corrida que está diante de nós com perseverança, sabendo que
Jesus é tanto o Autor quanto o Consumador da nossa fé.

Pensamentos sobre o céu vivificam a fé. A única certeza e o


fundamento sólido que temos é a esperança do céu. A única
solução para os mistérios terrenos, o único conserto para os
erros da terra e a única cura para o mundanismo é o céu.
Precisamos transbordar nossa fé e nossa esperança com
pensamentos sobre o céu que gerem saudade do lar —
aquele bendito lugar. O lar de Deus é o céu. A vida eterna e
todo o bem nasceram e florescem lá. Toda vida, felicidade,
beleza e glória são nativas do lar de Deus. Tudo isso
pertence e aguarda os herdeiros de Deus no céu. Que
herança gloriosa!65

A promessa de Deus, que é o céu, deveria ter uma influência


predominante em nossa maneira de viver aqui na terra. Não temos
razões para ser pessimistas ou fatalistas quanto ao futuro. O modo
como pensamos, em que acreditamos, qual é nossa atitude e como
nos conduzimos aqui, tudo isso deveria ser afetado pela realidade
do céu que está diante de nós. A esperança do céu é o que nos
permite viver e lidar com a morte de acordo com uma perspectiva
eterna.
59The New Encyclopedia of Christian Quotations comp. Mark Water (Grand Rapids, Mich.:
Baker Books, 2000), p. 469.
60 The New Encyclopedia of Christian Quotations, p. 469. Uso mediante permissão de The
C. S. Lewis Company Ltd.
61C. S. Lewis, Mere Christianity (New York: HarperCollins Publishers, 2001), pp. 136-137.
Uso mediante permissão de The C. S. Lewis Company Ltd.
62Michael P. Green, ed., Illustrations for Biblical Preaching (Grand Rapids, Mich.: Baker
Book House, 1989), p. 184.
63Leighton Ford, Sandy, a Heart for God (Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 1985), p.
171. Uso mediante permissão do autor.
64 Illustrations for Biblical Preaching, p. 184.
65 E. M. Bounds, The Promise of Heaven: A Kingdom, a Crown & an Inheritance
(Greenville, S.C.: Ambassador, 2001), pp. 50-51. Uso mediante permissão de Ambassador
Publications.
CAPÍTULO 13
VIDA ETERNA:
SAIBA PARA ONDE
VOCÊ ESTÁ INDO

Aquestão mais importante que você enfrentará na vida diz respeito


ao local onde você passará a eternidade. Durante muitos anos, a
questão da eternidade não esteve resolvida na minha vida. Fui
criado na igreja, acreditava em Deus e queria ser uma boa pessoa.
Acreditava que o céu existia e esperava ir para lá quando morresse.
No entanto, me faltava saber que eu tinha a vida eterna e passaria a
eternidade no céu.
Parte do problema era que eu não tinha certeza do que seria
necessário para entrar no céu. Como muitas pessoas, eu presumia
que ser aceito por Deus tinha a ver com minhas obras e esforços
próprios. Em outras palavras, eu acreditava que se fosse bom o
bastante, Deus me deixaria entrar no céu. Mas havia uma
preocupação incômoda de que talvez eu não fosse bom o bastante.
Afinal, eu realmente não sabia o que era “bom o bastante” no que
dizia respeito a Deus.

O QUE A BÍBLIA DIZ?

Com o tempo, vi algumas verdades maravilhosas na Bíblia que


responderam às minhas perguntas e me permitiram receber o dom
de Deus da vida eterna.

1. Deus nos ama e não quer que pereçamos.


João 3:16-17 diz: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira
que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho
ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo
fosse salvo por ele”. 1 Timóteo 2:4 diz: “...[Deus] deseja que todos
os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade”.

2. Todas as pessoas pecaram. O pecado causa a separação


de Deus.
De acordo com Isaías 59:2, nossas iniquidades nos separaram de
Deus e nossos pecados esconderam Sua face de nós. Romanos
3:23 diz: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”. E
Tiago 2:10 relata: “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça
em um só ponto, se torna culpado de todos”.

3. O céu é um dom gratuito. Você não pode conquistar ou


merecer o céu.
Romanos 6:23 nos diz que o salário do pecado é a morte, mas o
dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus. Efésios 2:8-9 relata:
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de
vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”.

4. Deus quis que fôssemos trazidos de volta a um


relacionamento com Ele. Por isso Jesus pagou a
penalidade do nosso pecado quando morreu na cruz.
De acordo com Romanos 5:8-9, Deus demonstrou Seu amor por
nós “pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda
pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu
sangue, seremos por ele salvos da ira”. Diz-nos 1 Coríntios 15:3 que
Cristo morreu pelos nossos pecados.
5. Recebemos o perdão de Deus por meio da fé, que
significa confiar em Cristo.
João 1:12 diz: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o
poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no
seu nome”. Romanos 10 nos revela exatamente como expressar a
fé em Cristo a fim de receber a salvação: “Se, com a tua boca,
confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que
Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o
coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da
salvação” (vv. 9-10).
A Bíblia deixa claro que Deus nos ama tanto que enviou Jesus
para morrer em nosso lugar a fim de ser a ponte sobre o abismo
causado pelo pecado e para nos reconciliar com o Pai. A Palavra de
Deus também nos revela claramente como aceitar o dom gratuito da
salvação e da vida eterna. Mas há mais boas novas — não temos
de esperar uma vida inteira para aceitar esse presente!

VOCÊ PODE RECEBER ESSE DOM AGORA MESMO!


Você pode colocar sua fé em Jesus e receber o dom da vida
eterna de Deus agora mesmo. Encorajo você a concordar com a
Palavra de Deus e a expressar sua fé em Deus fazendo a seguinte
oração:

Querido Deus
Venho a Ti e reconheço que pequei. Preciso da Tua
misericórdia e do Teu perdão. Eu me volto para Ti agora e
me arrependo dos meus pecados.
Creio que Teu Filho Jesus veio a esta terra e morreu na cruz
pelos meus pecados. Creio que Ele ressuscitou dos mortos
para que eu pudesse receber perdão e o dom da vida
eterna. Aceito Jesus como meu Salvador e o confesso agora
como meu Senhor.
Obrigado por levar meus pecados, por fazer de mim Teu
filho e por me colocar em uma posição de justificado diante
de Ti.
Em nome de Jesus eu oro. Amém.

AGORA QUE VOCÊ RECEBEU O DOM DA VIDA ETERNA...


Entenda que, ao receber o dom da vida eterna, você deu um
passo espiritual maravilhoso. Deus não apenas quer que você tenha
esse dom, como Ele também quer que você passe a conhecê-lo e a
segui-lo de todo o coração. Há vários passos práticos que você
pode dar a fim de realizar essas coisas de uma forma melhor.
Passo 1. Um passo que sugiro que você dê para conhecer seu
Pai celestial e para construir um relacionamento com Ele é pegar
uma Bíblia e começar a lê-la. Recomendo que comece com o
evangelho de João. Esse livro específico da Bíblia oferece uma
tremenda introdução sobre quem é Jesus. Também recomendo que
você leia uma Bíblia que esteja traduzida em uma linguagem
moderna. Você poderia considerar a Nova Versão Internacional ou a
Nova Bíblia Viva.
Passo 2. Outro passo prático para construir um relacionamento
com seu Pai celestial envolve encontrar uma boa igreja e frequentá-
la regularmente. É importante se tornar membro de uma igreja que
creia no Senhorio de Jesus, na autoridade da Bíblia e no poder do
Espírito Santo. Sua caminhada e seu crescimento espiritual podem
ser grandemente auxiliados pelo seu envolvimento em uma forte
igreja local.
Passo 3. Embora o Espírito Santo já esteja vivendo dentro de
você a partir do momento em que você aceitou Jesus como seu
Salvador, há uma experiência adicional pela qual Ele enche você
com poder. Esse passo importante de receber o dom do Espírito
Santo faz parte do plano de Deus para sua vida. Na Bíblia, você
pode ler tudo sobre as obras notáveis do Espírito Santo no Livro de
Atos.
Passo 4. Outro passo em seguida à salvação é ser batizado nas
águas. O batismo é uma demonstração externa de uma realidade
interna. Em outras palavras, ele significa o fato de que você passou
a se identificar com a morte, o sepultamento e a ressurreição de
Jesus Cristo. O Livro de Atos relata inúmeros casos dos primeiros
cristãos sendo batizados nas águas em obediência às instruções de
Jesus.

SE VOCÊ FOR TENTADO A DUVIDAR...

Se você alguma vez for tentado a duvidar do fato de que agora é


um filho de Deus e passará a eternidade com Ele, saiba que a Bíblia
tem promessas tremendas para lhe dar ainda mais segurança. Eis
três passagens que são especialmente reconfortantes:

Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha


palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não
entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
— João 5:24

Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem
a mim, de modo nenhum o lançarei fora.
— João 6:37
Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a
vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de
Deus.
— 1 João 5:13

Não permita que pensamentos negativos, mentiras do diabo ou


palavras de outras pessoas roubem sua confiança. Você é um filho
de Deus — e passará a eternidade com Ele!

CONTE MAIS SOBRE VOCÊ!

Se você fez a oração deste capítulo pela primeira vez ou se voltou


a entregar sua vida ao Senhor, por favor, entre em contato conosco
por meio do website do nosso ministério — tonycooke.org — e nos
conte sobre isso. Gostaríamos de ouvir notícias suas!
CAPÍTULO 14
A GLORIOSA
RESSURREIÇÃO

E m meio a uma profunda frustração e ao caos, Jó fez a


pergunta: “Morrendo o homem, porventura tornará a viver?” (Jó
14:14). Essa pergunta a Bíblia responde com um retumbante e
triunfante “Sim”!
A ideia do espírito de uma pessoa, ou seu homem interior, ir para
o céu é muito reconfortante, mas está longe da imagem total pintada
na Palavra de Deus. O ensinamento da Bíblia não ignora ou elimina
parte alguma de uma pessoa do seu lugar no plano eterno de Deus.
O corpo humano é parte vital de quem a pessoa é — assim como as
faculdades intelectuais, emocionais e espirituais são uma parte vital
dela.
Algumas pessoas têm pensado erroneamente que o pós-vida
consiste de espíritos etéreos flutuando pelas nuvens. O fato é,
porém, que Deus criou os seres humanos como pessoas completas
— espírito, alma e corpo — e é exatamente assim que viveremos
por toda a eternidade.
Como já foi explicado, definitivamente existe um tempo, ou um
período, em seguida à morte, em que estaremos “ausentes do
corpo”. No entanto, há uma dimensão posterior que envolve o corpo
físico como parte do nosso estado ou condição eterna. Isso nos leva
ao ensinamento da Bíblia com relação à ressurreição.
UMA REUNIÃO GLORIOSA

A palavra “ressurreição” vem da palavra grega anastasis, que é


traduzida literalmente por “fazer levantar” ou “erguer”. Ela é definida
como a reunião dos corpos e das almas dos homens que foram
separados pela morte.66
Talvez a primeira referência bíblica a uma vida física após a morte
tenha sido feita por Jó em meio a seus sofrimentos.

Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se


levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da
minha pele, em minha carne verei a Deus.
— Jó 19:25-26

Vários profetas do Antigo Testamento também fizeram alusão à


ressurreição:
Isaías disse: “Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão
e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o
teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho de vida, e a terra dará à
luz os seus mortos” (Isaías 26:19).
Oseias disse: “Eu os remirei do poder do inferno e os resgatarei
da morte” (Oseias 13:14).
Daniel disse: “Muitos dos que dormem no pó da terra
ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e
horror eterno” (Daniel 12:2).

A PROVA DA RESSURREIÇÃO NO NOVO TESTAMENTO

No Novo Testamento, o ensino com relação à ressurreição se


torna ainda mais claro e poderoso. Jesus disse aos judeus: “Em
verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que
os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem
viverão... Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que
todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os
que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que
tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo” (João 5:25,
28-29).

Os hebreus tinham uma fé maravilhosa em Deus, mas


apenas noções vagas acerca da plenitude da vida após a
morte. A revelação de Deus do significado da morte e da
vida chegou à sua plenitude na ressurreição de Jesus Cristo
dos mortos. Sua ressurreição revelou uma continuidade
genuína com Sua vida terrena, no entanto, também uma
transformação total, proclamando uma vida além da criação
física. Ele é o prenúncio de uma nova criação, a esperança
de todo crente; Sua ressurreição é o padrão da nossa
ressurreição.67

O apóstolo Paulo afirmou: “...nós... igualmente gememos em


nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso
corpo” (Romanos 8:23). Paulo disse ainda: “Pois a nossa pátria está
nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus
Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser
igual ao corpo da sua glória” (Filipenses 3:20-21).
A Bíblia deixa claro que alguma coisa muito positiva acontecerá
com nosso corpo físico no futuro.
Essa esperança está intimamente ligada à Sua volta
prometida a esta terra, nas palavras do apóstolo João,
“sermos como Ele, pois o veremos como Ele é”. A
esperança do cristão, o céu, é mais do que um retorno ao
paraíso do Éden, é uma nova criação com novas
profundidades de relacionamento pessoal com Deus e uns
com os outros.68

Abraçar essa verdade requer fé nas promessas e na fidelidade de


Deus, especialmente porque percebemos com os sentidos físicos
que nosso corpo está envelhecendo e sabemos que ele
eventualmente morrerá (ver 2 Coríntios 4:16).

O autor Philip Yancey escreveu o seguinte:


Conheço uma mulher cuja avó está enterrada debaixo de
carvalhos de cento e cinquenta anos no cemitério de uma
igreja episcopal na área rural de Louisiana. De acordo com
as instruções deixadas pela avó, somente uma palavra foi
esculpida na lápide: “Esperando”.69

O ensinamento mais extenso da Bíblia sobre a ressurreição do


corpo está em 1 Coríntios 15.

Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas


transformados seremos todos, num momento, num abrir e
fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta
soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados. Porque é necessário que este corpo
corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo
mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo
corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal
se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que
está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.
— 1 Coríntios 15:51-54

Em 1 Coríntios 15, Paulo estabelece a realidade histórica da


ressurreição de Cristo como o fundamento para a futura
ressurreição de todo crente. Esses dois eventos (a ressurreição de
Cristo e a nossa) estão intrinsecamente ligados. Com relação à
ressurreição, Jesus é chamado “as primícias” (1 Coríntios 15:20, 23)
e o “primogênito dos mortos” (Colossenses 1:18; Apocalipse 1:5).
Por isso sabemos que nossa ressurreição como crentes será como
a ressurreição experimentada pelo Senhor Jesus Cristo. A
ressurreição dele foi uma ressurreição corpórea e o protótipo do que
nós experimentaremos.

Benjamin Franklin escreveu antecipadamente o epitáfio que


estaria na sua lápide: “O corpo de Benjamin Franklin,
tipógrafo, como a capa de um velho livro, com o seu
conteúdo rasgado e despojado de suas letras e de suas
impressões em dourado, jaz aqui... Mas a obra em si não
será perdida; pois, como ele acreditava, ela aparecerá mais
uma vez em uma nova e mais bela edição, corrigida e
aperfeiçoada pelo Autor”.70

QUANDO A RESSURREIÇÃO OCORRERÁ?


Quando experimentaremos a ressurreição do corpo? Uma
passagem lida com muita frequência nos cultos funerários, 1
Tessalonicenses 4:13-18, nos dá algumas respostas.

Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com


respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como
os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que
Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante
Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. Ora, ainda
vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos,
os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo algum
precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo,
dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e
ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os
mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os
vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente
com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos
ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.
Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras.
— 1 Tessalonicenses 4:13-18

Há duas dimensões (espírito e corpo) envolvidas na ressurreição,


ambas são mencionadas nessa passagem. A primeira dimensão,
“Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem”
(v. 14), se refere aos espíritos das pessoas que atualmente estão no
céu. Sabemos que estão no céu (e não “dormindo” onde o corpo
delas foi enterrado na terra) porque essa passagem diz que elas
voltarão quando Deus as trouxer com Ele.
A segunda dimensão é a física. O versículo 16 diz: “Os mortos em
Cristo ressuscitarão primeiro”, se referindo ao corpo físico daqueles
que já morreram. O que acontece na ressurreição (para aqueles que
já morreram) é uma reunião do espírito com o corpo, que foram
separados na morte.
Na ressurreição, nosso corpo corruptível e mortal se torna
incorruptível e imortal pelo poder de Deus. O Senhor transformará
nosso corpo inferior para que ele possa se conformar com Seu
corpo glorioso (ver Filipenses 3:21). A Bíblia ensina duas verdades
paralelas maravilhosas: nosso espírito é imortal e nosso corpo será
ressuscitado.

NO FIM...

A era da Igreja chegará ao fim com a ressurreição. Em Apocalipse


20:6, João diz: “Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na
primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem
autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e
reinarão com ele os mil anos”. Deus nos criou como um povo
íntegro — espírito, alma e corpo — e é exatamente assim que
viveremos durante o milênio (o reinado de mil anos de Cristo sobre
esta terra) e por toda a eternidade.

Charles Spurgeon disse: “Quando ressurgirmos, seremos


libertos de toda corrupção; nenhuma tendência maligna
permanecerá em nós... ‘sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante’, sem sequer uma sombra ou mancha que o
olho da Onisciência possa descobrir, seremos tão puros
quanto Adão antes da queda, tão santos quanto a
humanidade imaculada quando veio da mão divina.
Seremos melhores que Adão, pois Adão poderia pecar, mas
nós estaremos tão firmados na bondade e na justiça que
nem sequer seremos tentados outra vez, muito menos
teremos qualquer medo de falhar. Permaneceremos sem
mácula e irrepreensíveis no último grande dia. Irmãos,
ergam suas cabeças”.71

Muitos cristãos, tão persuadidos do céu e da ressurreição futura,


veem um elemento de celebração na morte. Em vez de vê-la como
o fim, eles escolhem de forma correta enxergar a morte como ela é,
um novo começo.

Billy Graham, no enterro de Richard Nixon, contou a história


de como Winston Churchill planejou o próprio enterro com a
esperança da ressurreição em mente. Churchill instruiu que,
depois da bênção, um corneteiro, posicionado no alto do
domo da Catedral de St. Paul, tocasse “Taps” — o sinal
universal que indica que o dia terminou. Mas então veio a
parte mais dramática. Churchill instruiu que outro corneteiro,
do outro lado do domo, tocasse as notas de “Reveille”
(Desperte) — o sinal universal de que um novo dia raiou e é
hora de levantar. Assim, Churchill estava testificando que no
fim da história a última nota não será “Taps”, mas “Reveille”.
Há esperança além do túmulo porque Cristo abriu para nós
a porta do céu e da nova vida pela Sua própria morte e
ressurreição.72

Quando a realidade da ressurreição se torna viva dentro de nós, a


morte inevitável não será mais a última palavra. Podemos saber
com confiança que uma reunião gloriosa nos aguarda na
ressurreição. Receberemos um corpo glorificado — um corpo livre
de doença, dor e deterioração — com o qual desfrutaremos a
eternidade com Deus. Tendo essa certeza, podemos nos alegrar na
tristeza, aguardando nossa ressurreição e a de nossos entes
queridos.
No que se refere a lidar com a perda de um ente querido e com o
luto e prosseguir com a vida, nenhum de nós é especialista.
Raramente estamos preparados ou prontos para dizer adeus. De
algum modo imaginamos que eles viveriam para sempre. Talvez
seja porque a eternidade foi impressa em nosso coração.
Verdadeiramente, viveremos para sempre — essa é a esperança
confiante que nos mantém firmes nos tempos de tristeza. A
eternidade com o Salvador, o Criador — Deus —, e com nossos
entes queridos e amigos — essa é a alegria que está posta diante
de nós.
66 Merrill F. Unger, The New Unger’s Bible Dictionary, Revised and updated edition, ed. R.
K. Harrison e eds. Cont. Howard F. Vos & Cyril J. Barber (Chicago: Moody Press, 1988), p.
1.075.
67 Bruce Nicholls, “We All Believe Something”, Eerdman’s Handbook to Christian Belief,
org. ed. Robin Keeley (Oxford: Lion Publishing plc, 1982; 1a. Edição Americana 1982,
William B. Eerdmans Publishing Co., Grand Rapids, Mich.), p. 35.
68 Nicholls, Eerdman’s Handbook to Christian Belief, p. 35.
69Extraído de JESUS I NEVER KNEW, The — Hardcover by Philip D. Yancey, p. 275.
Copyright © 1995 por Philip Yancey. Uso mediante permissão de Zondervan.
70 Extraído de Encyclopedia of 7,700 Illustrations por Paul Lee Tan © Bible
Communications, Inc. [www.tanbible.com] (Chicago: Assurance Publishers, 1979), p. 312.
71 Charles Haddon Spurgeon, Sermons of Rev. C. H. Spurgeon of London, Vol. 7 (1883;
reimpresso como Spurgeon’s Sermons, Grand Rapids, Mich.: Baker Book House), p. 370 (a
citação da página é da edição reimpressa).
72 Paul E. Engle, ed., Baker’s Funeral Handbook: Resources for Pastors (Grand Rapids,
Mich.: Baker Books, 1996), p. 164.
APÊNDICE A
JOVEM DEMAIS
PARA MORRER

N ormalmente, podemos entender, pelo menos intelectualmente,


quando uma pessoa mais velha morre. Em geral, aceitamos a
morte de alguém que viveu uma vida longa e plena. No entanto,
parece muito contrário à ordem natural quando uma criança morre
ou um bebê nasce morto.
O impacto da morte de uma criança sobre os pais é tão
traumático que se calcula que setenta a oitenta por cento dos casais
que sofreram esse trauma acabam se divorciando.73 Um pastor ou
conselheiro sábio; amigos, membros da família e uma família da
igreja podem ser de grande benefício para dar apoio aos pais cujo
filho morreu.

DIFERENÇAS DE GÊNERO NO PROCESSO DO LUTO


Com muita frequência, homens e mulheres reagem à perda de
maneira diferente. A variação da forma como cada um deles reage
pode ser uma fonte de tensão, conflito e frustração. Com o tempo,
os homens costumam avaliar a situação intelectual e analiticamente,
entendem que não há nada que possa ser feito para mudar as
circunstâncias e prosseguem. A tendência da mulher pode ser a de
abordar a situação emocionalmente, contemplar e sofrer a perda e
depois recuar por um período. Esse processo pode se repetir por
muitas e muitas vezes: tocar no assunto, recuar e depois tocar no
assunto outra vez.
Enquanto o homem quer apenas “esquecer e prosseguir”, a
mulher encontra um valor terapêutico em falar com frequência sobre
a situação. É aí que os problemas podem ocorrer. O homem pode
ficar irritado e frustrado, sentindo-se como se a mulher quisesse
ficar repetindo a mesma informação vez após vez. A mulher pode se
sentir rejeitada uma vez que o marido não se envolve com
disposição em uma conversa com ela sobre assuntos que são muito
importantes e queridos ao seu coração.
Dizem que os homens geralmente se comunicam no nível dos
fatos, em nome da troca de informações. No entanto, a
comunicação para as mulheres é uma experiência emocional, e elas
falam para construir intimidade.
No entanto, tenha em mente que se trata de uma generalização e
que isso não pretende ser uma verdade absoluta para todas as
pessoas ou casais. Esses dados também foram apresentados de
maneira muito simplista, e entendo que a dinâmica humana pode
ser muito mais complicada do que o que acaba de ser descrito. Mas
muitos casais conseguirão se identificar com essa descrição em um
nível ou em outro. Quando minha esposa e eu sofremos um aborto
espontâneo há muitos anos, nós mesmos passamos por algumas
dessas dinâmicas.

BUSCAMOS RESPOSTAS

Sentimos uma grande necessidade de encontrar respostas para


as perguntas importantes que surgem quando lidamos com um
aborto ou com o nascimento de uma criança morta. O que acontece
com o espírito de um bebê quando ele morre? Os bebês vão para o
céu? E quanto a um bebê que nunca viveu fora do ventre da mãe?
A Palavra de Deus faz algumas afirmações muito poderosas sobre a
mão e o poder de Deus na formação de um bebê mesmo antes do
nascimento.

Tu fizeste todas as partes internas delicadas do meu corpo e


me teceste no ventre da minha mãe. Obrigado por me fazer
tão maravilhosamente complexo! A tua habilidade é
maravilhosa — e sei bem disso. Tu me viste quando eu
estava sendo formado em total isolamento, quando fui
entretecido na escuridão do útero. Tu me viste antes de eu
nascer. Todos os dias da minha vida foram registrados no
teu livro. Cada momento foi determinado antes que um
único dia se passasse.
— Salmos 139:13-16 (NLT, tradução livre)

Deus falou tanto ao profeta Jeremias quanto ao apóstolo Paulo


sobre o fato de que Ele os conhecia e os havia chamado antes de
eles nascerem.

Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci,


e, antes que saísses da madre, te consagrei...
— Jeremias 1:5

Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e


me chamou pela sua graça...
— Gálatas 1:15

Veja também o incrível relato de João Batista sendo cheio com o


Espírito Santo enquanto ainda estava no ventre da mãe. Quando
Isabel estava grávida de João Batista e Maria estava grávida de
Jesus, as duas mulheres se encontraram. É fascinante que João
Batista, enquanto ainda estava no ventre de Isabel, tenha saltado de
alegria assim que a mãe ouviu a voz de Maria.

Disse-lhe, porém, o anjo: “Zacarias, não temas, porque a tua


oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho,
a quem darás o nome de João. Em ti haverá prazer e
alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento. Pois
ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem
bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre
materno...”. Naqueles dias, dispondo-se Maria, foi
apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de
Judá, entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Ouvindo
esta a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no
ventre; então, Isabel ficou possuída do Espírito Santo. E
exclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres, e
bendito o fruto do teu ventre! E de onde me provém que me
venha visitar a mãe do meu Senhor? Pois, logo que me
chegou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criança
estremeceu de alegria dentro de mim. Bem-aventurada a
que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram
ditas da parte do Senhor”.
— Lucas 1:13-15, 39-45

É reconfortante observar na Bíblia que Deus conhece cada


criança enquanto está sendo formada no ventre. Para os pais que
passaram pela morte de um filho, a atitude que Jesus demonstrou
para com as crianças também pode ser extremamente consoladora.

Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse,


mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo
isto, indignou-se e disse-lhes: “Deixai vir a mim os
pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino
de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino
de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará
nele”. Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as
mãos, as abençoava.
— Marcos 10:13-16

Lembre-se de que a Bíblia nos ensina que Jesus é o mesmo


ontem, hoje e eternamente (ver Hebreus 13:8). Se Jesus abraçava e
aceitava as criancinhas quando estava nesta terra, não tenho
dúvidas de que Ele faz o mesmo hoje no céu.

OS BEBÊS SÃO SALVOS?

Algumas pessoas se perguntarão como os bebês ou as crianças


podem ir para o céu quando eles nunca ouviram o Evangelho ou
aceitaram Jesus. Creio que Paulo derramou luz sobre esse assunto
quando escreveu: “Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o
preceito, reviveu o pecado, e eu morri” (Romanos 7:9). O único
tempo em que Paulo esteve “sem a lei” foi quando era uma criança
muito pequena.
Paulo disse que estava “vivo” na época em que era pequeno
demais para compreender o ensinamento bíblico. Não se trata de
vida física, porque ele estava vivo fisicamente tanto antes quanto
depois de aprender a Palavra de Deus. Ele não morreu fisicamente
quando chegou ao conhecimento da Lei. No entanto, antes de
aprender a Lei — antes de ter o conhecimento dos mandamentos de
Deus e do certo e errado — Paulo estava espiritualmente vivo ou
espiritualmente unido a Deus.
Quando Paulo teve idade suficiente para aprender os
mandamentos de Deus, ele percebeu que havia pecado e
transgredido esses mandamentos. Foi nesse momento, de acordo
com Romanos 7:9, que Paulo morreu espiritualmente — tornou-se
espiritualmente separado de Deus — e assim precisou aceitar Jesus
como seu Salvador a fim de ser unido novamente a Ele. Essa idade
da consciência em geral é chamada idade da razão e se refere à
idade na qual uma pessoa jovem se torna madura o bastante para
ser responsável por responder à verdade da Palavra de Deus.

“Nenhuma criança pequena veio de Deus e ficou por um


breve tempo, voltando novamente para o Pai, sem tornar o
lar feliz, e deixar para trás algum vestígio do céu.”74
— John Watson

Só Deus sabe qual é a idade da razão para cada pessoa, mas


com certeza as crianças abortadas ou que nascem mortas, assim
como as muito pequenas que morrem, estão longe da idade da
razão. Creio que essas crianças estão seguras no céu com Deus.
Embora a morte de um filho — seja por aborto, morte uterina ou
morte prematura — seja difícil de compreender pelo raciocínio
humano, o Espírito Santo oferece consolo e força para nos ajudar
em meio ao nosso sofrimento. E ainda que possamos não entender
tudo, podemos estar confiantes na misericórdia e na compaixão de
Deus. A boa notícia da misericórdia de Deus é simplesmente esta:
Jesus amava, abraçava e atraía as crianças para si quando esteve
nesta terra, e Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente (ver
Hebreus 13:8).
73 Crisis Counseling, rev. ed., por H. Norman Wright. Copyright © 1993 por Gospel
Light/Regal Books, Ventura, CA 93003. Uso mediante permissão.
74James L. Christensen, Difficult Funeral Services (Old Tappan, N.J.: Fleming H. Revell
Company, 1985), p. 99.
APÊNDICE B
ESPIRITISMO:
FALANDO COM OS MORTOS?

D urante séculos, as pessoas procuraram fazer contato e se


comunicar com os entes queridos mortos. Hoje, o espiritismo
adquire a forma de entretenimento televisivo enquanto os médiuns
(as pessoas por meio das quais os mortos supostamente falam)
transmitem supostas mensagens de parentes e amigos mortos para
telespectadores fascinados e assombrados.
Essa prática pode parecer superficialmente consoladora e útil,
mas a Bíblia a repudia fortemente e de forma muito específica.
Considere os seguintes versículos:

Não comereis coisa alguma com o sangue; não usareis de


encantamentos, nem de agouros... Não vos voltareis para os
que consultam os mortos nem para os feiticeiros; não os
busqueis para não ficardes contaminados por eles. Eu sou o
Senhor vosso Deus.
— Levítico 19:26, 31 (AA)

A Nova Bíblia Viva traduz esses versículos assim: “Não comam


coisa alguma com sangue. Não pratiquem adivinhação nem
feitiçaria... Não se tornem impuros procurando os que consultam os
mortos, nem os que procuram adivinhar o futuro, pois vocês serão
contaminados por eles. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”. Nesses
versículos, Deus, por intermédio de Moisés, fez referência a uma
série de práticas pagãs ligadas à superstição e à magia. Um
comentarista resumiu esses versículos dizendo: “Os israelitas
deviam se abster de toda conduta antinatural, idólatra e pagã”.75
O Antigo Testamento contém muitas passagens que ensinam
contra a prática do espiritismo e outras formas de feitiçaria e
adivinhação.

Quando alguém se virar para os necromantes e feiticeiros,


para se prostituir com eles, eu me voltarei contra ele e o
eliminarei do meio do seu povo. Portanto, santificai-vos e
sede santos, pois eu sou o S , vosso Deus.
— Levítico 20:6-7

Quando entrares na terra que o S , teu Deus, te der,


não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles
povos. Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o
seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem
prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem
encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem
consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é
abominação ao S ; e por estas abominações o
S , teu Deus, os lança de diante de ti. Perfeito serás
para com o S , teu Deus. Porque estas nações que
hás de possuir ouvem os prognosticadores e os
adivinhadores; porém a ti o S , teu Deus, não permitiu
tal coisa.
— Deuteronômio 18:9-14

Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os


adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso não consultará
o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os
mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta
maneira é porque não há luz neles.
— Isaías 8:19-20

Por que vocês vão consultar feiticeiros e médiuns para


saber o futuro? Eles falam, resmungam, mas não dizem
nada. Por acaso os mortos podem revelar o futuro aos
vivos? O Senhor diz: “Comparem os médiuns com a minha
Lei, a Palavra de Deus! Se eles não falarem de acordo com
a Lei, vocês podem saber que não fui Eu que os mandei.
Não há futuro para as falsas mensagens desses feiticeiros”.
— Isaías 8:19-20 (A Bíblia Viva)

No Novo Testamento, Jesus defendeu um ponto muito forte que


nos ajuda a entender por que o povo de Deus não deve procurar se
comunicar com os mortos. Em Lucas 16:19-30, Jesus contou a
história de dois homens. O homem rico nessa história morreu e foi
para o inferno. Lázaro também morreu e foi levado pelos anjos ao
paraíso, ou ao “seio de Abraão”, como está referido nesses
versículos. Observe os pedidos feitos pelo homem rico.

Então, clamando, disse: “Pai Abraão, tem misericórdia de


mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do
dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado
nesta chama”. Disse, porém, Abraão: “Filho, lembra-te de
que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro
igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está
consolado; tu, em tormentos. E, além de tudo, está posto um
grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem
passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá
passar para nós”. Então, replicou: “Pai, eu te imploro que o
mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos;
para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também
para este lugar de tormento”. Respondeu Abraão: “Eles têm
Moisés e os Profetas; ouçam-nos”. Mas ele insistiu: “Não,
pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles,
arrepender-se-ão”. Abraão, porém, lhe respondeu: “Se não
ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão
persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos”.
— Lucas 16:24-31

Nessa passagem aprendemos que quando as pessoas morrem


seus espíritos não ficam livres para perambular por aí e cuidar de
assuntos inacabados. De acordo com a Bíblia, quando um espírito
humano deixa o corpo, ele vai para o céu ou para o inferno. Os
mortos não são livres para perambular por onde quiserem. Também
observamos que o homem rico morto queria que Lázaro, que
também havia morrido, enviasse uma mensagem para os parentes
que ainda estavam vivos. Abraão não hesitou em afirmar que essa
permissão não seria concedida. (É interessante que o homem rico
não perguntou se ele mesmo poderia dar a mensagem aos próprios
parentes — parece que ele tinha uma intuição de que não iria a
lugar algum. No entanto, ele pode ter pensado que outra pessoa
pudesse fazê-lo.)

ENGANO HUMANO OU FATORES SOBRENATURAIS?


Qualquer evidência de autenticidade do espiritismo está enraizada
no engano humano ou nas manifestações demoníacas. O que
queremos dizer com engano humano? Há pessoas que têm talento
para manipular outras. Elas fazem sugestões genéricas e depois
agem de acordo com a reação das pessoas. Os mais observadores
também sabem que pode haver pessoas plantadas na audiência
que trabalharão com o médium ou com o vidente de acordo com um
script pré-combinado.
Além das explicações naturais, também pode haver fatores
sobrenaturais envolvidos no espiritismo. Na Bíblia, o Espírito Santo
transmitia ocasionalmente certas informações aos Seus servos —
chamamos isso de receber uma “palavra de conhecimento” (1
Coríntios 12:8). Mas o Espírito Santo não é o único que pode
transmitir informações aos homens; os espíritos malignos também
podem fazê-lo.
Considere o que aconteceu em Filipos com relação ao ministério
do apóstolo Paulo:

Aconteceu que, indo nós para o lugar de oração, nos saiu ao


encontro uma jovem possessa de espírito adivinhador, a
qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores.
Seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: “Estes homens
são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da
salvação”. Isto se repetia por muitos dias. Então, Paulo, já
indignado, voltando-se, disse ao espírito: “Em nome de
Jesus Cristo, eu te mando: retira-te dela”. E ele, na mesma
hora, saiu. Vendo os seus senhores que se lhes desfizera a
esperança do lucro, agarrando em Paulo e Silas, os
arrastaram para a praça, à presença das autoridades.
— Atos 16:16-19

É óbvio, com base nessa história, que as habilidades dessa jovem


eram mais do que naturais na sua origem. Quando o espírito
maligno foi expulso dela, ela não conseguiu mais exercer suas
atividades psíquicas.
O envolvimento com leitura da sorte, magia, mediunidade,
sessões espíritas ou conversas com os mortos colocam o crente em
um terreno extremamente perigoso! É por isso que a Bíblia proíbe
expressamente os filhos de Deus de se envolverem de qualquer
maneira com o oculto. A ordem de Deus de não falarmos com os
mortos não é dada porque Deus é ruim ou quer nos negar uma
interação significativa com os entes queridos mortos.
Deus nos diz a verdade em nosso benefício. Ele tem uma maneira
de fazer com que possamos interagir com nossos entes queridos,
mas é o jeito dele, nos termos dele e no tempo dele. Quando
reconhecemos que nossos entes queridos estão em outra dimensão
e que a comunicação com eles não ocorrerá até estarmos juntos no
céu, demonstramos paciência e estamos nos submetendo à
verdade de Deus revelada. A impaciência, a rebelião e o fato de
acreditarmos que podemos driblar os caminhos estabelecidos por
Deus só nos levarão a problemas.
O cristão deve estar alerta contra o engano. Paulo estava muito
preocupado com a ingenuidade dos coríntios, e ele os advertiu
contra a possibilidade de eles virem a ser presa de influências falsas
e enganosas.

Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos,


transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de
admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de
luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se
transformem em ministros de justiça; e o fim deles será
conforme as suas obras.
— 2 Coríntios 11:13-15

João compartilhava da preocupação de Paulo com aqueles a


quem ele ministrava, e instruiu os crentes: “...não deis crédito a
qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus”
(1 João 4:1).

EXISTEM EXCEÇÕES?
Já houve alguma exceção a esta regra — o princípio de que não
existe comunicação entre os vivos e os mortos? Creio que sim. O
capítulo 28 de 1 Samuel nos traz o estranho relato do rei Saul
tentando estabelecer contato com o falecido profeta Samuel. A
natureza muito excepcional desse evento é acentuada no
pronunciamento final do juízo que veio sobre a vida e a liderança
fracassada de Saul. Em 1 Crônicas 10:13 a Bíblia diz: “Assim,
morreu Saul por causa da sua transgressão cometida contra o
S , por causa da palavra do S , que ele não guardara; e
também porque interrogara e consultara uma necromante”.
Sim, um encontro sobrenatural ocorreu, mas ele não era de modo
algum a norma; e esse certamente não é um exemplo a ser imitado.

JESUS FALOU A MOISÉS E A ELIAS NO MONTE DA


TRANSFIGURAÇÃO

A outra exceção bíblica à proibição de Deus contra a


comunicação com os mortos ocorreu na vida do próprio Jesus.
Enquanto a experiência de Saul seguiu um padrão de
desobediência, o encontro de Jesus com Moisés e Elias veio em
meio à Sua vida de obediência perfeita (ver Lucas 9:28-31). Assim
como a morte de Jesus na cruz pelos pecados do mundo não foi a
norma, também não o foi a Sua experiência de conversar com
homens que tinham morrido. Romanos 14:9 nos diz que Jesus é
Senhor tanto de vivos quanto de mortos. Embora Jesus seja o
nosso exemplo de muitas maneiras, precisamos reconhecer que Ele
é o único e inigualável Filho de Deus.
Como cristãos, precisamos viver uma vida alinhada com a Palavra
de Deus. Isso significa que não seguimos ou acreditamos nos
espíritas que afirmam ter mensagens sobrenaturais para nós dos
nossos entes queridos mortos, ainda que esses espíritas afirmem
que o dom deles vem de Deus.

Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as profecias; julgai


todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda
forma de mal.
— 1 Tessalonicenses 5:19-22

O apóstolo Paulo advertiu os crentes a terem discernimento e a


discriminarem até com relação às profecias dentro da igreja — as
mensagens que traziam simples consolo, edificação e exortação
supostamente tinham origem no céu.
A esperança do crente não está em receber informações de um
médium, mas nas promessas e na verdade revelada da Palavra de
Deus. Isso envolve paciência e reconhecer que o ente querido está
vivendo em uma dimensão separada da nossa. Nós o veremos
novamente, mas será no lugar que Deus indicar e da maneira que
Deus designou. Como diz o antigo hino da igreja: “Que dia de
regozijo será este!”.
75De Keil & Delitzsch, Commentary on the Old Testament: New Updated Edition, Electronic
Database. Copyright © 1996 por Hendrickson Publishers, Inc., Peabody, Mass.
APÊNDICE C
LIDANDO COM
O SUICÍDIO

U ma das situações mais difíceis que uma pessoa pode enfrentar


é quando um ente querido comete suicídio. Além de lidar com
uma forma intensificada dos problemas normais que constituem o
luto (culpa, raiva, confusão, e assim por diante), os membros da
família que sobreviveram com frequência se sentem isolados dos
amigos e das outras pessoas da igreja e da comunidade. Eles
podem experimentar uma sensação de vergonha pela maneira
como a pessoa morreu e simplesmente não saber o que dizer ou
como explicar a situação. Aqueles que normalmente dariam apoio à
família também podem se sentir desconfortáveis com a situação.
Eles podem manter distância por se sentirem constrangidos e pela
própria dificuldade de não saber o que dizer.
No começo do meu ministério, um homem me procurou porque
estava tendo uma discussão prolongada com um amigo sobre o que
acontecia com o espírito de um cristão que cometia suicídio. Ele
perguntou qual era a minha opinião. Interpretando a pergunta dele
ao pé da letra, enfatizei a misericórdia de Deus na resposta. Mal
sabia que, dentro de duas semanas, aquele membro ativo da igreja
tiraria a própria vida. Respondi à sua pergunta inteiramente a partir
de uma perspectiva hipotética a posteriori, sem perceber seu
desespero oculto e sem saber que o que ele precisava ouvir era um
discurso a partir de uma perspectiva preventiva.
Se aquele homem tivesse sido direto quanto aos seus desafios,
poderia ter havido uma intervenção. Oração, aconselhamento, ajuda
médica ou outras formas necessárias de ministração e apoio
poderiam ter sido organizadas para ajudá-lo a vencer a
desesperança e a impotência que o atormentavam. Mesmo com
intervenção, aquele homem ainda teria de tomar a decisão de viver,
mas o apoio poderia ter feito a diferença. Em vez disso, sua vida foi
abreviada e muitas pessoas sofreram e ficaram confusas após sua
morte.
Embora eu creia firmemente em enfatizar a misericórdia de Deus
sempre que possível para uma família após a ocorrência de um
suicídio, também creio firmemente que devemos enfatizar a vontade
de Deus com relação ao ato do suicídio, caso ainda haja
oportunidade de impedir que um suicídio ocorra.

COMO ABORDAR O TEMA DO SUICÍDIO


Ao abordar o assunto, duas perspectivas distintas podem ser
adotadas, dependendo de se o suicídio ocorreu ou não: a
perspectiva a posteriori e a perspectiva preventiva. Ministramos de
maneira diferente àqueles que estão contemplando o suicídio
daquela que usamos para com aqueles que estão sofrendo a perda
de um ente querido que já o cometeu.
Para uma pessoa que está contemplando a possibilidade de tirar
a própria vida é importante ressaltar que o suicídio não é a vontade
de Deus para Seus filhos.

CINCO PRINCÍPIOS BÍBLICOS COM RELAÇÃO AO SUICÍDIO

Observaremos cinco princípios bíblicos que reforçam o fato de


que o suicídio não é a vontade de Deus.
1. O suicídio é uma violação ao mandamento de Deus contra
o assassinato. O sexto mandamento, encontrado em Êxodo 20:13,
diz: “Não matarás”. Esse versículo é traduzido literalmente como
“não cometerás assassinato”,76 e tem a mesma redação em
diferentes versões da Bíblia. O suicídio é o assassinato de si
mesmo.
2. O suicídio é uma violação do mandamento de Deus que diz
que devemos amar a nós mesmos. Quando perguntaram a Jesus
qual era o maior mandamento da Lei, Ele respondeu: “Amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de
todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento.
O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo” (Mateus 22:37-39). Além de termos a responsabilidade
bíblica de amar o próximo, também temos a responsabilidade de
amar a nós mesmos. Se uma pessoa ama a si mesma, ela não se
destruirá. O suicídio é um ato de aversão por si mesmo.
3. O suicídio é uma violação ao mandamento de Deus que diz
que devemos honrar nosso corpo como o templo dele. 1
Coríntios 6:19-20 diz: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é
santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte
de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados
por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo”. Uma
pessoa não tem o direito de destruir a propriedade de outra. Não
somos proprietários do nosso corpo; portanto, ele não é nosso para
destruirmos. No entanto, somos mordomos do nosso corpo e temos
uma ordenança de Deus para glorificá-lo no nosso corpo.
4. O suicídio é contrário ao plano de Deus de que a nossa
vida seja uma bênção para outras pessoas. Romanos 13:10 diz:
“O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o
cumprimento da lei é o amor”. O suicídio traz sofrimento, dor e
tristeza enormes para a família e os amigos que sobreviveram.
Nesse sentido, ele afeta negativamente mais do que apenas a
vítima: faz um grande mal aos outros e, na verdade, é um ato de
egoísmo por excelência.
5. O suicídio é contrário ao cumprimento do plano de Deus
para nossa vida. Jeremias 29:11 diz: “‘Porque sou eu que conheço
os planos que tenho para vocês’, diz o Senhor, ‘planos de fazê-los
prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança
e um futuro’” (NVI). Ninguém pode receber ou cumprir o plano de
Deus para a vida deixando a terra por meio do suicídio. Deus é um
Deus de esperança e o suicídio representa o abandono da
esperança. Assim, o suicídio é uma forma de rejeitar o propósito de
Deus para nossa vida.

EXEMPLOS BÍBLICOS DE SUICÍDIO


Embora o ato do suicídio seja claramente contra a Palavra de
Deus, a Bíblia nos dá vários exemplos de pessoas que cometeram
suicídio — e nenhum deles é edificante.

• Saul e seu escudeiro tiraram a própria vida caindo sobre suas


espadas no final de uma batalha perdida (ver 1 Samuel 31:4-5).
• Aitofel, um conselheiro do governo, sentiu-se profundamente
menosprezado quando seu conselho foi rejeitado e se enforcou
(ver 2 Samuel 17:23).
• Judas Iscariotes se enforcou depois de trair Jesus (ver Mateus
27:5).

Embora a Bíblia registre esses relatos de suicídio, eles não


representam de modo algum um exemplo de um comportamento de
alguém que teme ao Senhor. Assim como outros feitos impiedosos
registrados na Bíblia, esses exemplos foram escritos para nossa
instrução, para podermos aprender o que não fazer, bem como
aprendermos o que fazer.

HÁ LUGAR PARA A MISERICÓRDIA?

Aqueles que já tiveram um membro da família que cometeu


suicídio devem ter suas preocupações tratadas com compaixão. Ao
mesmo tempo que passar um sermão no enlutado a respeito dos
princípios bíblicos acerca do suicídio demonstra insensibilidade, é
muito apropriado falar com ele sobre a grande misericórdia de Deus.
Os membros da família que sobreviveram muitas vezes têm
perguntas legítimas e sinceras sobre o espírito da pessoa que tirou
a própria vida. Não há dúvida de que o suicídio é contrário à
vontade e às intenções de Deus para a vida das pessoas, mas os
sobreviventes — os que ficaram para trás após um suicídio — ainda
podem contar com Deus para receber misericórdia e graça. Reflita
sobre este relato:
Há anos, pediram-me para dirigir um culto fúnebre de um jovem
que cometera suicídio. Ele tinha uma longa história de doença
mental. Ao falar com a família, soube que muitas vezes ele perdia
contato com a realidade. Foi durante um desses episódios que ele
tirou a própria vida.
A família pediu que eu tratasse diretamente da questão do
suicídio e da doença mental no enterro. Enquanto eu orava e
estudava, me preparando para essa mensagem específica no
funeral, deparei-me com uma afirmação fascinante que Jesus fez na
cruz. Jesus orou: “Pai, perdoa-os, porque não sabem o que fazem”
(Lucas 23:34). Eu disse aos que estavam reunidos que não estava
tentando fazer o papel de Deus, mas que eu podia enxergar razões
para que tivessem esperança. Se Jesus podia conceder
misericórdia e perdão para com aqueles que não sabiam o que
estavam fazendo há dois mil anos, não poderíamos esperar que Ele
também concedesse misericórdia e perdão, hoje, a alguém cujo
julgamento estava severamente prejudicado devido a uma doença
mental?
O reverendo Kenneth Hagin compartilhou a seguinte história
sobre sua mãe:

Meu pai saiu de casa quando eu tinha seis anos. Minha


mãe, por causa de todos os problemas que teve com ele,
sofreu um colapso nervoso e físico completo. Então fomos
morar com nossos avós maternos.
Quando vovó tinha de fazer alguma coisa, como pendurar
as roupas para secar, ela me deixava tomar conta da
mamãe. Mamãe tinha “períodos” em que queria se matar.
Eu tinha de tomar conta para que ela não pegasse uma faca
ou algo perigoso. Isso deixou uma marca profunda na minha
infância.
...Minha mãe era cristã, mas apenas uma cristã bebê. Ela
conhecia Cristo como seu Salvador, mas não sabia como
ficar em pé, entre outras coisas. Se tivesse se matado, ela
teria sido salva? Bem, é possível estar enfermo
mentalmente tanto quanto é possível estar enfermo no
estômago. Alguém iria para o inferno só por estar enfermo
no estômago? Não. Também creio que não iria para o
inferno apenas por estar enfermo na mente. Estar enfermo
na mente não o impediria de ir para o céu.
As pessoas podem estar doentes mentalmente e nem
sequer saber o que estão fazendo. Mamãe viveu até os
oitenta anos. Tempos depois de se recuperar, e quando eu
já estava no ministério, passei a falar com ela sobre quando
ela precisava ser vigiada. “Ora, filho, não diga uma coisa
dessas”, ela falou. “Você sabe que sou cristã. Jamais teria
feito algo assim. Eu não tiraria minha própria vida.” Ela não
tinha conhecimento daquele fato. Nunca mais mencionei o
assunto com ela...
Até nós podíamos perceber quando um daqueles ataques
terríveis estava chegando. Ela entrava em um período
preliminar de depressão. Começava a pensar em tudo o que
havia acontecido em sua vida. Seus pais não queriam que
ela se casasse com meu pai... Quando mamãe se casou
contra a vontade deles, ela disse: “Se eu fizer a minha cama
ser dura, deitarei nela”. Ela fez sua cama dura e tentou
deitar-se nela. Mas simplesmente não conseguiu suportar.
Se não tomar cuidado, você pode começar a pensar no
passado — nos erros que cometeu, onde você errou — e
ficar deprimido. Então, você pode entrar em um estado de
depressão, e isso abre a porta para o diabo. Você pode ficar
tão perplexo, deprimido e oprimido a ponto de não saber o
que está fazendo, em que direção está indo e mal saber
qual é o próprio nome.77

No final das contas, precisamos deixar o destino eterno de cada


pessoa nas mãos de Deus. Você não é o juiz; nem eu. Não é nossa
responsabilidade tomar a decisão de como Deus julgará cada
pessoa. Podemos saber certas coisas sobre o que aconteceu
exteriormente, mas não sabemos tudo o que ocorreu no interior de
determinada pessoa. Só Deus conhece realmente todos os fatos.
Embora nunca devamos justificar o suicídio, precisamos também
reconhecer que não estamos necessariamente a par das pressões,
da dor ou das percepções que estavam presentes na vida de um
indivíduo.
Como acontece com qualquer tipo de morte, precisamos sempre
entregar o espírito de uma pessoa que tirou a própria vida nas mãos
de um Deus onisciente, justo e misericordioso.
76 Jamieson, Fausset e Brown Commentary, Electronic Database. Copyright © 1997 por
Biblesoft.
77 Kenneth E. Hagin, What To Do When Faith Seems Weak & Victory Lost (Tulsa: Faith
Library Publications, 1979), pp. 19-21.
APÊNDICE D
RESSUSCITANDO
OS MORTOS

Q uando um ente querido morre, a família pode querer que essa


pessoa retorne naquele mesmo instante — e não em uma
ressurreição prometida para o futuro. Confrontados por uma dor
extrema, tudo dentro deles pode resistir à realidade da morte e
procurar revertê-la. Os enlutados podem enxergar apenas um curso
de ação: receber um milagre de Deus e ter seu ente querido de volta
à vida.
As pessoas que conhecem as promessas de Deus com relação
ao aqui e agora são inclinadas a ter uma fé muito otimista na
capacidade de Deus realizar milagres. Afinal, elas afirmam, foi o
próprio Jesus quem disse: “Os impossíveis dos homens são
possíveis para Deus” (Lucas 18:27).
Vi famílias que se depararam com a morte iminente desejarem de
forma avassaladora que seu ente querido recebesse a cura e não
morresse. Alguns até disseram que o Senhor lhes revelou que o
ente querido se recuperaria. Depois da morte, então elas se
tornaram irredutíveis na certeza de que Deus iria ressuscitá-lo dos
mortos. Quando o falecido não retornou à vida, as famílias tiveram
de lidar com problemas adicionais. Não apenas havia uma perda
infeliz, como, para piorar as coisas, eles tiveram de lidar com a
decepção de o morto não ter ressuscitado. Talvez eles tenham tido
até de enfrentar o constrangimento de terem feito certas “afirmações
de fé” para outros que não aconteceram.
Deus as decepcionou? A fé delas falhou? Afinal, estavam certas
de que Ele havia falado com elas! Ao ministrar nessas situações,
tenho encorajado as famílias para não serem duras demais consigo
mesmas. Elas não devem se considerar culpadas por acreditar que
o Espírito Santo lhes deu uma palavra específica. Quando as
pessoas estão em estado de turbulência emocional, pode ser difícil
discernir entre “Deus falou” e o que era simplesmente um desejo
emocional intenso de que um ente querido vivesse. Em vez de se
sentir condenada, a família pode entender que seu grande amor
pela pessoa que morreu deve ser elogiado.
Por mais honroso que seja ter um desejo intenso de ver alguém
que amamos continuar conosco, também é necessário algumas
vezes liberar essa pessoa aos cuidados do nosso Deus no céu.
Reconhecer nossas limitações humanas faz parte da vida. Há
momentos em que ficamos face a face com o entendimento de que
não podemos controlar todas as pessoas e todas as circunstâncias.
No entanto, podemos escolher colocar nossa confiança em Deus e
mantê-la assim, haja o que houver. Deus é Deus, e Ele sempre será
Deus, independentemente do resultado de qualquer situação
específica.

VAMOS CONSIDERAR OS FATOS

Creio firmemente no poder de Deus para curar. Conheço pessoas


que estão vivas e bem hoje, depois que os médicos disseram que
elas morreriam. Também vi situações que não saíram da maneira
que outros e eu gostaríamos.
E quanto a ressuscitar mortos? Ouvi histórias sobre mortos sendo
ressuscitados de forma sobrenatural pelo poder de Deus nos
tempos modernos, e não duvido nem por um instante que Deus
pode fazer e ainda faz tais milagres. No entanto, creio que é
importante ver o quadro maior. Tendo a Bíblia como guia, creio que
devemos determinar se os mortos sendo ressuscitados é a
experiência normal ou se é um milagre muito excepcional.
A Bíblia relata oito casos específicos de uma pessoa sendo
ressuscitada dos mortos em resultado de sua fé, suas orações ou
da ministração de outra pessoa. Com a Bíblia cobrindo a história ao
longo de um período de quatro mil e quinhentos anos, essa é uma
média de somente uma pessoa sendo ressuscitada dos mortos a
cada 562,5 anos. Mesmo nos tempos bíblicos, ver alguém ressurgir
dos mortos não era uma ocorrência diária, mas um milagre muito
excepcional. Os casos de mortos sendo ressuscitados na Bíblia
incluem:

• O filho da viúva, por meio do ministério de Elias (ver 1 Reis


17:17-24).
• O filho do casal sunamita, por meio do ministério de Eliseu (ver
2 Reis 4:8-37).
• O homem morto sendo enterrado cujo corpo tocou os ossos de
Eliseu (ver 2 Reis 13:20-21).
• A filha de Jairo, por meio do ministério de Jesus (ver Mateus
9:18-19, 23-26).
• O filho da viúva em Naim, por meio do ministério de Jesus (ver
Lucas 7:11-16).
• Lázaro, por meio do ministério de Jesus (ver João 11:1-44).
• Dorcas, por meio do ministério de Pedro (ver Atos 9:36-42).
• Êutico, por meio do ministério de Paulo (ver Atos 20:7-12).

Embora eu não creia que o tempo dos milagres tenha acabado,


não vejo qualquer base para acreditar que os mortos serem
ressuscitados deixará de ser uma experiência rara nos tempos
bíblicos e passará a ser uma experiência frequente nos tempos
modernos.

POR QUE O MILAGRE DE RESSUSCITAR MORTOS É TÃO


EXCEPCIONAL?

Se ressuscitar os mortos dependesse apenas do desejo de uma


família de ter o ente querido de volta, eles seriam ressuscitados
regularmente. Se pudéssemos simplesmente “crer que recebemos”
nossos mortos de volta à vida, eles seriam ressuscitados o tempo
todo. Em suma, o desejo ou a vontade humana não os trará de volta
à vida. A ressurreição dos mortos é um milagre excepcional, e
envolve uma obra excepcional do Espírito Santo.
O apóstolo Paulo ensinou sobre a obra do Espírito Santo em 1
Coríntios 12. Considere estas palavras inspiradas pelo Espírito:

Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E


também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o
mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo
Deus é quem opera tudo em todos. A manifestação do
Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.
Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da
sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra
do conhecimento; a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a
outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações
de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de
espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade
para interpretá-las. Mas um só e o mesmo Espírito realiza
todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada
um, individualmente.
— 1 Coríntios 12:4-11

...a outro, no mesmo Espírito, a fé [que opera maravilhas]


pelo mesmo Espírito [Santo]; e a outro, os poderes
extraordinários de curar pelo mesmo Espírito; dons de curar;
a outro, a operações de milagres...
— 1 Coríntios 12:9-10 (AMP, tradução livre)

Creio que, para que os mortos sejam ressuscitados, deve haver


manifestações distintas do Espírito Santo ocorrendo
simultaneamente (tenha em mente que Paulo disse que essas
manifestações do Espírito Santo operam como o Espírito deseja).
Primeiramente, o dom da fé especial deve estar em operação. A
fé geral e comum não é o suficiente para ressuscitar mortos — se
fosse, veríamos os mortos ressuscitarem com frequência e de
maneira comum.
Segundo, deve haver um dom (ou dons) de cura em operação. Se
o ressuscitado não recebesse uma cura notável, a doença que tirou
sua vida a princípio ainda estaria presente e tiraria sua vida
novamente muito rapidamente.
Terceiro, a operação de milagres é necessária para que os mortos
ressuscitem. O que é um milagre? Um milagre envolve uma
intervenção divina e sobrenatural que altere o curso comum da
natureza.
Se você desejou que seu ente querido fosse ressuscitado e se
decepcionou, não precisa se sentir envergonhado ou condenado.
Seu amor por ele é elogiável. Davi, o doce salmista de Israel, e
aquele que era chamado “um homem segundo o coração de Deus”,
chegou a uma conclusão dolorosa, mas necessária, quando disse
com relação ao filho morto: “Porém, agora que é morta, por que
jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não
voltará para mim” (2 Samuel 12:23). Embora Davi entendesse que
não poderia trazer a criança de volta à vida, seu coração estava
cheio do conhecimento de que ele um dia se uniria a ela no céu.
A morte do nosso ente querido pode não ser o resultado que
desejaríamos, mas a morte é a conclusão da vida terrena, e todos
nós chegaremos a ela em um momento ou em outro se o Senhor
retardar a Sua volta. Ainda assim, essa é uma conclusão que
aceitamos com a presença da companhia do Espírito Santo e com a
certeza de uma futura reunião em glória.
APÊNDICE E
VERSÍCULOS DE
CONSOLO E FORÇA

A o longo das eras, homens e mulheres de fé se voltaram para a


Palavra de Deus como uma fonte de orientação, força e
consolo. Este capítulo contém vários versículos que serão de
grande ajuda durante os tempos de tristeza. Eu oro para que eles
realmente o ajudem. Quando o sofrimento, a confusão ou a solidão
ameaçarem dominar você, lembre-se da promessa de Salmos 62:7,
que diz: “De Deus dependem a minha salvação e a minha glória;
estão em Deus a minha forte rocha e o meu refúgio”.

ÊXODO 34:6-7

E, passando o S por diante dele, clamou: “S ,


S Deus compassivo, clemente e longânimo e grande
em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em
mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o
pecado...”.

NÚMEROS 6:24-26

O S te abençoe e te guarde; o S faça


resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o
S sobre ti levante o rosto e te dê a paz.

DEUTERONÔMIO 7:9

Saberás, pois, que o S , teu Deus, é Deus, o Deus fiel,


que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos
que o amam e cumprem os seus mandamentos.

DEUTERONÔMIO 29:29

As coisas encobertas pertencem ao S , nosso Deus,


porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos,
para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta
lei.

DEUTERONÔMIO 33:27

O Deus eterno é a tua habitação e, por baixo de ti, estende


os braços eternos...

JÓ 19:25-27

Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se


levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da
minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim
mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade
me desfalece o coração dentro de mim.

SALMOS 12:5

“Por causa da opressão dos pobres e do gemido dos


necessitados, eu me levantarei agora”, diz o S ; “e
porei a salvo a quem por isso suspira”.

SALMOS 18:4-6, 16-19

Laços de morte me cercaram, torrentes de impiedade me


impuseram terror. Cadeias infernais me cingiram, e tramas
de morte me surpreenderam. Na minha angústia, invoquei o
S , gritei por socorro ao meu Deus. Ele do seu templo
ouviu a minha voz, e o meu clamor lhe penetrou os
ouvidos... Do alto me estendeu ele a mão e me tomou; tirou-
me das muitas águas. Livrou-me de forte inimigo e dos que
me aborreciam, pois eram mais poderosos do que eu.
Assaltaram-me no dia da minha calamidade, mas o S
me serviu de amparo. Trouxe-me para um lugar espaçoso;
livrou-me, porque ele se agradou de mim.

SALMOS 23:1-6

O S é o meu pastor; nada me faltará. Ele me faz


repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das
águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas
veredas da justiça por amor do seu nome. Ainda que eu
ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal
nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu
cajado me consolam. Preparas-me uma mesa na presença
dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu
cálice transborda. Bondade e misericórdia certamente me
seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa
do S para todo o sempre.

SALMOS 27:13-14

Eu creio que verei a bondade do S na terra dos


viventes. Espera pelo S , tem bom ânimo, e fortifique-
se o teu coração; espera, pois, pelo S .

SALMOS 28:8-9

OS é a força do seu povo, o refúgio salvador do seu


ungido. Salva o teu povo e abençoa a tua herança;
apascenta-o e exalta-o para sempre.

SALMOS 29:11

OS dá força ao seu povo, o S abençoa com


paz ao seu povo.

SALMOS 30:10-12

Ouve, S , e tem compaixão de mim; sê tu, S ,o


meu auxílio. Converteste o meu pranto em folguedos; tiraste
o meu pano de saco e me cingiste de alegria, para que o
meu espírito te cante louvores e não se cale. S , Deus
meu, graças te darei para sempre.
SALMOS 31:24

Sede fortes, e revigore-se o vosso coração, vós todos que


esperais no S .

SALMOS 32:7

Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e


me cercas de alegres cantos de livramento.

SALMOS 34:17-19

Clamam os justos, e o S os escuta e os livra de todas


as suas tribulações. Perto está o S dos que têm o
coração quebrantado e salva os de espírito oprimido. Muitas
são as aflições do justo, mas o S de todas o livra.

SALMOS 42:1-3, 5

Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por


ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de
Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face
de Deus? As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e
noite, enquanto me dizem continuamente: O teu Deus, onde
está?... Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te
perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o
louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu.

SALMOS 46:1-2

Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente


nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra
se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares.

SALMOS 48:14

...que este é Deus, o nosso Deus para todo o sempre; ele


será nosso guia até a morte.

SALMOS 56:8-10

Contaste os meus passos quando sofri perseguições;


recolheste as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas
inscritas no teu livro? No dia em que eu te invocar, baterão
em retirada os meus inimigos; bem sei isto: que Deus é por
mim. Em Deus, cuja palavra eu louvo, no S , cuja
palavra eu louvo.

SALMOS 57:1

Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia, pois em


ti a minha alma se refugia; à sombra das tuas asas me
abrigo, até que passem as calamidades.
SALMOS 61:1-4

Ouve, ó Deus, a minha súplica; atende à minha oração.


Desde os confins da terra clamo por ti, no abatimento do
meu coração. Leva-me para a rocha que é alta demais para
mim; pois tu me tens sido refúgio e torre forte contra o
inimigo. Assista eu no teu tabernáculo, para sempre; no
esconderijo das tuas asas, eu me abrigo.

SALMOS 62:1-2, 5-8

Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa; dele


vem a minha salvação. Só ele é a minha rocha, e a minha
salvação, e o meu alto refúgio; não serei muito abalado...
Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque
dele vem a minha esperança. Só ele é a minha rocha, e a
minha salvação, e o meu alto refúgio;
não serei jamais abalado. De Deus dependem a minha
salvação e a minha glória; estão em Deus a minha forte
rocha e o meu refúgio. Confiai nele, ó povo, em todo tempo;
derramai perante ele o vosso coração; Deus é o nosso
refúgio.

SALMOS 71:3, 5, 14

Sê tu para mim uma rocha habitável em que sempre me


acolha; ordenaste que eu me salve, pois tu és a minha rocha
e a minha fortaleza... Pois tu és a minha esperança,
S Deus, a minha confiança desde a minha
mocidade... Quanto a mim, esperarei sempre e te louvarei
mais e mais.

SALMOS 73:25-26
Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me
compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu
coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a
minha herança para sempre.

SALMOS 84:1-12

Quão amáveis são os teus tabernáculos, S dos


Exércitos!
A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do S ;o
meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo!
O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde
acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, S dos
Exércitos, Rei meu e Deus meu!
Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvam-te
perpetuamente. Bem-aventurado o homem cuja força está
em ti, em cujo coração se encontram os caminhos
aplanados, o qual, passando pelo vale árido, faz dele um
manancial; de bênçãos o cobre a primeira chuva. Vão indo
de força em força; cada um deles aparece diante de Deus
em Sião. S , Deus dos Exércitos, escuta-me a oração;
presta ouvidos, ó Deus de Jacó! Olha, ó Deus, escudo
nosso, e contempla o rosto do teu ungido. Pois um dia nos
teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa
do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade.
Porque o S Deus é sol e escudo; o S dá graça
e glória; nenhum bem sonega aos que andam retamente. Ó
S dos Exércitos, feliz o homem que em ti confia.

SALMOS 91:1-4
O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à
sombra do Onipotente diz ao S : “Meu refúgio e meu
baluarte, Deus meu, em quem confio”. Pois ele te livrará do
laço do passarinheiro e da peste perniciosa. Cobrir-te-á com
as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro; a sua
verdade é pavês e escudo.

SALMOS 92:1-2

Bom é render graças ao S e cantar louvores ao teu


nome, ó Altíssimo, anunciar de manhã a tua misericórdia e,
durante as noites, a tua fidelidade.

SALMOS 94:17-19

Se não fora o auxílio do S , já a minha alma estaria na


região do silêncio. Quando eu digo: resvala-me o pé, a tua
benignidade, S , me sustém. Nos muitos cuidados que
dentro de mim se multiplicam, as tuas consolações me
alegram a alma.

SALMOS 103:8, 11-12

O S é misericordioso e compassivo; longânimo e


assaz benigno. Pois quanto o céu se alteia acima da terra,
assim é grande a sua misericórdia para com os que o
temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de
nós as nossas transgressões.

SALMOS 116:5-8, 12-19

Compassivo e justo é o S ; o nosso Deus é


misericordioso. O S vela pelos simples; achava-me
prostrado, e ele me salvou. Volta, minha alma, ao teu
sossego, pois o S tem sido generoso para contigo.
Pois livraste da morte a minha alma, das lágrimas, os meus
olhos, da queda, os meus pés... Que darei ao S por
todos os seus benefícios para comigo? Tomarei o cálice da
salvação e invocarei o nome do S . Cumprirei os meus
votos ao S , na presença de todo o seu povo.
Preciosa é aos olhos do S a morte dos seus santos.
S , deveras sou teu servo, teu servo, filho da tua
serva; quebraste as minhas cadeias. Oferecer-te-ei
sacrifícios de ações de graças e invocarei o nome do
S . Cumprirei os meus votos ao S , na presença
de todo o seu povo, nos átrios da Casa do S , no meio
de ti, ó Jerusalém. Aleluia!

SALMOS 130:3-7

Se observares, S , iniquidades, quem, Senhor,


subsistirá? Contigo, porém, está o perdão, para que te
temam. Aguardo o S , a minha alma o aguarda; eu
espero na sua palavra. A minha alma anseia pelo Senhor
mais do que os guardas pelo romper da manhã. Mais do que
os guardas pelo romper da manhã, espere Israel no
S , pois no S há misericórdia; nele, copiosa
redenção.

SALMOS 145:8-9

Benigno e misericordioso é o S , tardio em irar-se e de


grande clemência. O S é bom para todos, e as suas
ternas misericórdias permeiam todas as suas obras.

PROVÉRBIOS 3:5-6
Confia no S de todo o teu coração e não te estribes
no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus
caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.

PROVÉRBIOS 14:32

...o justo, ainda morrendo, tem esperança.

PROVÉRBIOS 18:10

Torre forte é o nome do S , à qual o justo se acolhe e


está seguro.

ISAÍAS 25:6-8

OS dos Exércitos dará neste monte a todos os povos


um banquete de coisas gordurosas, uma festa com vinhos
velhos, pratos gordurosos com tutanos e vinhos velhos bem
clarificados. Destruirá neste monte a coberta que envolve
todos os povos e o véu que está posto sobre todas as
nações. Tragará a morte para sempre, e, assim, enxugará o
S Deus as lágrimas de todos os rostos, e tirará de
toda a terra o opróbrio do seu povo, porque o S falou.

ISAÍAS 40:11, 28-31

Como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os seus


braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que
amamentam ele guiará mansamente... Não sabes, não
ouviste que o eterno Deus, o S , o Criador dos fins da
terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode
esquadrinhar o seu entendimento. Faz forte ao cansado e
multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens
se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem,
mas os que esperam no S renovam as suas forças,
sobem com asas como águias, correm e não se cansam,
caminham e não se fatigam.

ISAÍAS 41:10

...não temas, porque eu sou contigo; não te assombres,


porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te
sustento com a minha destra fiel.

ISAÍAS 43:1-2

“Mas agora”, assim diz o S , que te criou, ó Jacó, e


que te formou, ó Israel: “Não temas, porque eu te remi;
chamei-te pelo teu nome, tu és meu”. “Quando passares
pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não
te submergirão; quando passares pelo fogo, não te
queimarás, nem a chama arderá em ti”.

ISAÍAS 46:4

Até a vossa velhice, eu serei o mesmo e, ainda até as cãs,


eu vos carregarei; já o tenho feito; levar-vos-ei, pois,
carregar-vos-ei e vos salvarei.

ISAÍAS 49:15-16

Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda


mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu
ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu,
todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das
minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente
perante mim.
ISAÍAS 51:11-12

Assim voltarão os resgatados do S e virão a Sião


com júbilo, e perpétua alegria lhes coroará a cabeça; o
regozijo e a alegria os alcançarão, e deles fugirão a dor e o
gemido. Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és
tu, para que temas o homem, que é mortal, ou o filho do
homem, que não passa de erva?

ISAÍAS 54:10

Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão


removidos; mas a minha misericórdia não se apartará de ti,
e a aliança da minha paz não será removida, diz o S ,
que se compadece de ti.

ISAÍAS 57:1-2

Perece o justo, e não há quem se impressione com isso; e


os homens piedosos são arrebatados sem que alguém
considere nesse fato; pois o justo é levado antes que venha
o mal e entra na paz; descansam no seu leito os que andam
em retidão.

ISAÍAS 60:20

Nunca mais se porá o teu sol, nem a tua lua minguará,


porque o S será a tua luz perpétua, e os dias do teu
luto findarão.

ISAÍAS 61:1-3

O Espírito do S Deus está sobre mim, porque o


S me ungiu para pregar boas-novas aos
quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de
coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em
liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do
S e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar
todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de
luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de
pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim
de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo
S para a sua glória.

JEREMIAS 17:7-8

Bendito o homem que confia no S e cuja esperança é


o S . Porque ele é como a árvore plantada junto às
águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não
receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no
ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto.

JEREMIAS 29:11-13

“Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito”, diz


oS ; “pensamentos de paz e não de mal, para vos dar
o fim que desejais ...”. ....Buscar-me-eis e me achareis
quando me buscardes de todo o vosso coração.

LAMENTAÇÕES 3:22-24

As misericórdias do S são a causa de não sermos


consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;
renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. “A
minha porção é o S ”, diz a minha alma; portanto,
esperarei nele.
MATEUS 5:4

Arão gerou a Aminadabe; Aminadabe, a Naassom;


Naassom, a Salmom.

MATEUS 11:28-30

Vinde a mim, todos os que estais cansados e


sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu
jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de
coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o
meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.

JOÃO 5:24-30

Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha


palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não
entra em juízo, mas passou da morte para a vida. Em
verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou,
em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que
a ouvirem viverão. Porque assim como o Pai tem vida em si
mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. E
lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem.
Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos
os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os
que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os
que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.
Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que
ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque não procuro a
minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou.

JOÃO 6:37
Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem
a mim, de modo nenhum o lançarei fora.

JOÃO 10:27-29

As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e


elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais
perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo
que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai
ninguém pode arrebatar.

JOÃO 11:25-27

Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê


em mim, ainda que morra, viverá;” “e todo o que vive e crê
em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?” “Sim,
Senhor”, respondeu ela, “eu tenho crido que tu és o Cristo, o
Filho de Deus que devia vir ao mundo”.

JOÃO 12:24

Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo,


caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer,
produz muito fruto.

JOÃO 14:1-3, 6, 16-18, 27-28

Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede


também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas.
Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos
lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos
receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou,
estejais vós também... Respondeu-lhe Jesus: “Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão
por mim”...E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro
Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o
Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque
não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele
habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos,
voltarei para vós outros... Deixo-vos a paz, a minha paz vos
dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o
vosso coração, nem se atemorize. Ouvistes que eu vos
disse: vou e volto para junto de vós. Se me amásseis,
alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior
do que eu.

ROMANOS 8:16, 23, 28, 31-32, 37-39

O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos


filhos de Deus. E não somente ela, mas também nós, que
temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em
nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do
nosso corpo... Sabemos que todas as coisas cooperam para
o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito... Que diremos, pois, à
vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra
nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por
todos nós o entregou, porventura, não nos dará
graciosamente com ele todas as coisas?... Em todas estas
coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio
daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que
nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem
os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem
qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de
Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
ROMANOS 14:7-9

Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para


si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se
morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou
morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para esse
fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de
mortos como de vivos.

ROMANOS 15:4, 13

Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi
escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das
Escrituras, tenhamos esperança... E o Deus da esperança
vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que
sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo.

1 CORÍNTIOS 13:9-13

...porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.


Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em
parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como
menino, sentia como menino, pensava como menino;
quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de
menino. Porque, agora, vemos como em espelho,
obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço
em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes
três; porém o maior destes é o amor.

1 CORÍNTIOS 15:20-26, 40-58

Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele


as primícias dos que dormem. Visto que a morte veio por um
homem, também por um homem veio a ressurreição dos
mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem,
assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um,
porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois,
os que são de Cristo, na sua vinda. E, então, virá o fim,
quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver
destruído todo principado, bem como toda potestade e
poder. Porque convém que ele reine até que haja posto
todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser
destruído é a morte... Também há corpos celestiais e corpos
terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais, e
outra, a dos terrestres. Uma é a glória do sol, outra, a glória
da lua, e outra, a das estrelas; porque até entre estrela e
estrela há diferenças de esplendor. Pois assim também é a
ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção,
ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra,
ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em
poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual.
Se há corpo natural, há também corpo espiritual. Pois assim
está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente.
O último Adão, porém, é espírito vivificante. Mas não é
primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual. O
primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo
homem é do céu. Como foi o primeiro homem, o terreno, tais
são também os demais homens terrenos; e, como é o
homem celestial, tais também os celestiais. E, assim como
trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer
também a imagem do celestial. Isto afirmo, irmãos, que a
carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a
corrupção herdar a incorrupção. Eis que vos digo um
mistério: nem todos dormiremos, mas transformados
seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos,
ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da
incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da
imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de
incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de
imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita:
Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua
vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da
morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a
Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor
Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes,
inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor,
sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.

2 CORÍNTIOS 1:3-4

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o


Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que
nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos
consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a
consolação com que nós mesmos somos contemplados por
Deus.

2 CORÍNTIOS 5:1-8

Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo


se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não
feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso, neste
tabernáculo, gememos, aspirando por sermos revestidos da
nossa habitação celestial; se, todavia, formos encontrados
vestidos e não nus. Pois, na verdade, os que estamos neste
tabernáculo gememos angustiados, não por querermos ser
despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido
pela vida. Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para
isto, outorgando-nos o penhor do Espírito. Temos, portanto,
sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo,
estamos ausentes do Senhor; visto que andamos por fé e
não pelo que vemos. Entretanto, estamos em plena
confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor.

FILIPENSES 1:20-23

...segundo a minha ardente expectativa e esperança de que


em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia,
como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no
meu corpo, quer pela vida, quer pela morte. Porquanto, para
mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o
viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o
que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou
constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o
que é incomparavelmente melhor.

FILIPENSES 3:20-21

Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também


aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual
transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao
corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele
tem de até subordinar a si todas as coisas.

FILIPENSES 4:6-9

Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém,


sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela
oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de
Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso
coração e a vossa mente em Cristo Jesus. Finalmente,
irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável,
tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável,
tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum
louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. O
que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes
em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco.

1 TESSALONICENSES 4:13-18

Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com


respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como
os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que
Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante
Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. Ora, ainda
vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos,
os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo algum
precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo,
dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e
ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os
mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os
vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente
com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos
ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.
Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras.

1 TESSALONICENSES 5:8-10

Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-


nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a
esperança da salvação; porque Deus não nos destinou para
a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor
Jesus Cristo, que morreu por nós para que, quer vigiemos,
quer durmamos, vivamos em união com ele.

2 TESSALONICENSES 2:16-17

Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus, o nosso


Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa
esperança, pela graça, consolem o vosso coração e vos
confirmem em toda boa obra e boa palavra.

2 TIMÓTEO 1:12

...e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me


envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo
de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até
aquele Dia.

2 TIMÓTEO 4:7-8

Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.


Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o
Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a
mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.

TITO 1:2

...na esperança da vida eterna que o Deus que não pode


mentir prometeu antes dos tempos eternos.

TITO 2:13

...aguardando a bendita esperança e a manifestação da


glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.
HEBREUS 2:14-18

Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e


sangue, destes também ele, igualmente, participou, para
que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da
morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da
morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. Pois
ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a
descendência de Abraão. Por isso mesmo, convinha que,
em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos,
para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas
referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados
do povo. Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido
tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.

HEBREUS 4:14-16

Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo


sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a
nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que
não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi
ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas
sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente,
junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.

HEBREUS 11:13-16

Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas;


vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando
que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os
que falam desse modo manifestam estar procurando uma
pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde
saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram
a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se
envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto
lhes preparou uma cidade.

HEBREUS 13:5-6

Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as


coisas que tendes; porque ele tem dito: “De maneira alguma
te deixarei, nunca jamais te abandonarei”. Assim, afirmemos
confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que
me poderá fazer o homem?

1 PEDRO 5:6-7

Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para


que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele
toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.

1 JOÃO 5:11-13

E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e


esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a
vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida.
Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a
vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de
Deus.

APOCALIPSE 1:17-18

Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs
sobre mim a mão direita, dizendo: “Não temas; eu sou o
primeiro e o último, e aquele que vive; estive morto, mas eis
que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves
da morte e do inferno”.

APOCALIPSE 14:13

Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: “Escreve: Bem-


aventurados os mortos que, desde agora, morrem no
Senhor. Sim”, diz o Espírito, “para que descansem das suas
fadigas, pois as suas obras os acompanham”.

APOCALIPSE 7:15-17

...razão por que se acham diante do trono de Deus e o


servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se
assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo.
Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre
eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se
encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para
as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos
toda lágrima.

APOCALIPSE 21:1-7

Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira


terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade
santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de
Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo.
Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: “Eis o
tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com
eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com
eles”. “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já
não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor,
porque as primeiras coisas passaram”. E aquele que está
assentado no trono disse: “Eis que faço novas todas as
coisas”. E acrescentou: “Escreve, porque estas palavras são
fiéis e verdadeiras”. Disse-me ainda: “Tudo está feito. Eu
sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem
sede, darei de graça da fonte da água da vida”. “O vencedor
herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será
filho”.

APOCALIPSE 21:22-26

Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o


Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro. A cidade não precisa
nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a
glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada. As
nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe
trazem a sua glória. As suas portas nunca jamais se
fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite. E lhe trarão
a glória e a honra das nações.

APOCALIPSE 22:1-5

Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante como


cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da
sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da
vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em
mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos.
Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono
de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão,
contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele.
Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de
candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará
sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos.
Talvez você queira selecionar alguns desses versículos que mais
ministram ao seu coração e fazer deles sua confissão diária. Ou
quem sabe você deseje ler todo este capítulo regularmente. Talvez
você conheça amigos que se beneficiariam com uma palavra
positiva neste momento de suas vidas, e você pode compartilhar o
consolo da Palavra de Deus com eles. Seja qual for a situação, a
Palavra de Deus vai nos sustentar. Sua Palavra é a verdade, e ela
viverá e permanecerá para sempre (ver Salmos 119:160; 1 Pedro
1:23).

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