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OS PEIXES-ANUAIS

DO PAMPA
Entre os cerros e as coxilhas O Pampa tem suas riquezas
Vastos campos de gramíneas, Paisagens, natureza
Banhados e gravatás Vegetação e animais
É lá que se forma o Pampa*1 Diversas formas de vida
Onde o quero-quero*2 canta Algumas desconhecidas*4
E o Minuano*3 vem soprar Muitas só existem lá*5

*1. O Pampa é um dos biomas brasileiros, formado por vegetação campestre. É


encontrado na Argentina, Uruguai e no Brasil, onde está restrito ao estado do Rio
Grande do Sul, ocupando mais de 60% do seu território. *4. Apesar da grande diversidade de espécies conhecidas do Pampa, há diversas
*2. O quero-quero (Vanellus chilensis) é uma ave da família Charadriidae espécies que ainda não foram descritas pela Ciência, além de regiões pouco
encontrada na América do Sul, habitando planícies úmidas É considerada ave estudadas que podem abrigar espécies novas.
símbolo do Rio Grande do Sul. *5. Quando uma espécie ocorre somente em uma determinada área ou região
*3. O vento Minuano é uma corrente de ar típica dos estados do Rio Grande do geográfica, a esse fenômeno chamamos endemismo. O Pampa apresenta muitas
Sul, Santa Catarina e Paraná. É um vento frio de origem polar que ocorre após a espécies endêmicas de animais e plantas, as quais não são encontradas em outros
passagem das frentes frias de outono e inverno, geralmente depois das chuvas. biomas.
Os chamados Rivulídeos*6
São peixinhos coloridos
De hábitos surpreendentes
Ao invés de lagoas ou riachos
Preferiram viver em charcos
Formados pelas enchentes

São peixinhos bem valentes


Se adaptaram ao ambiente
*6. A família Rivulidae é formada por peixes de pequeno porte, com padrão de Enfrentaram com destreza
colorido diversificado e que vivem em ambientes aquáticos muito rasos, parcial ou
completamente isolados de rios e lagos. Muitos Rivulídeos apresentam ciclo de Calor, frio e geada
vida anual, vivendo em ambientes aquáticos sazonais (poças ou charcos), que são
formados durante as épocas chuvosas, onde colocam ovos resistentes que
Estiagens e enxurradas
sobrevivem durante os meses da estação seca, eclodindo logo após as primeiras A força da natureza
chuvas.
Quando as poças vão enchendo Quando as poças vão secando

Os peixinhos vão nascendo Vão logo se acasalando

Crescendo rapidamente E, antes da morte honrosa,

Vivem por pouco tempo Deixam enterrados seu ovos*7

Só durante o alagamento Prá que surjam peixinhos novos

Mas vivem intensamente Na próxima estação chuvosa

*7. Antes do ambiente secar completamente e antes de morrerem, os Rivulídeos


com ciclo de vida anual enterram seus ovos no substrato lodoso do charco onde
vivem. Esses ovos sobrevivem em diapausa (estado de latência), resistindo à
estação seca. Quando o ambiente volta a alagar, na próxima estação chuvosa ,
esses ovos eclodem, dando origem a uma nova população da espécie.
O que parece um fim trágico
É, na verdade, momento mágico
Para que seu ciclo prossiga
Não lhe resta outra sorte
Senão entregar-se à morte
Para que a nova geração ganhe vida.

Como só os encontramos Depois de uma chuvarada


Em certas épocas do ano Parece que é do nada
Por serem tão especiais Que esses peixinhos surgem
Os peixinhos Rivulídeos Para alguns, a história mais fiel
Também são muito conhecidos É que eles caem do céu
Como "Peixes-anuais" E são os "Peixes-das-nuvens"
*8. Devido ao seu modo de vida e à fragilidade dos seus hábitats, os Rivulídeos

Mesmo bem adaptados são o grupo de peixes com maior número de espécies ameaçadas de extinção no
Rio Grande do Sul e no Brasil. As principais ameaças a esses peixes são a
São peixes muito ameaçados conversão de áreas úmidas para agricultura, o aterramento dos seus ambientes,
resultados da urbanização e construção de estradas e as alterações no regime
Correm risco de extinção*8 hídrico das áreas alagadas, em razão de drenagens, construção de açudes e
outras modificações no terreno.
Seus ambientes são sensíveis
E estão muito suscetíveis
A qualquer alteração

Quando as áreas alagadas Nossa biodiversidade


São mexidas, aterradas É patrimônio, identidade
Por trator ou escavadeira E conhecer nossas espécies
Quando o solo é alterado É nossa responsabilidade
E os charcos são drenados Pois qualquer sociedade
Perde-se a população inteira Só preserva o que conhece

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