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Do ar à água- A Ria por dentro

https://www.youtube.com/watch?v=5KUygE_yLZ0

 Localiza-se entre Mira e Ovar.

 É um ecossistema estuarino que apresenta elevada biodiversidade de


invertebrados.

 É uma zona húmida de elevado valor conservacionista no panorama nacional e


internacional. Atualmente, é o resultado da ligação com o oceano assegurada
por uma barra artificial do encontro de vários rios, dos quais o Vouga é o mais
importante, e da ação do homem, que com a drenagem de sapais, a abertura de
esteiros, dragagem de canais de navegação e criação de salinas, moldou este
ecossistema e contribuiu para aumentar a sua diversidade de habitats e de
biodiversidade.

 A Ria apresenta, na atualidade, uma forma complexa, apresentando canais que


se estendem para o interior, para sul e para norte. Apresenta numerosas ilhas e
extensas zonas intertidais.

 É um ecossistema dinâmico que está sujeito ao ciclo diário das marés.

 A Ria de Aveiro é partilhada por numerosas espécies ligadas numa teia complexa
e dinâmica em estreita relação com o meio. Mas, este é um equilíbrio que pode
ser quebrado, tendo consequências para todos, sobretudo para o ser humano,
uma vez que o Homem beneficia e depende muito desta combinação de fatores.

Espécies que podem ser encontradas nos bancos de sedimento que ficam a descoberto
na baixa-mar:

 Lambujinha:
É um bivalve que é característico de zonas estuarinas, sendo bastante abundante na ria
de Aveiro;
Os bivalves filtram da água as partículas com que se alimentam, mas esta espécie usa
um sifão (longo tubo usado para aspirar o sedimento);
Os sifões permitem que as espécies vivam enterradas, ficando protegidas e mantendo o
contacto com a superfície, de onde retiram o alimento e o oxigénio. Assim, quanto maior
for o sifão mais profundas podem estar.

Fig. 1- Lambujinha Fig. 2- Marcas de Lambujinha no sedimento

 Ameijão:
Consegue viver a mais de 50 centímetros abaixo da superfície, sendo a espécie da Ria
que consegue viver em profundidades mais elevadas;
É fácil perceber onde está (à superfície o buraco deixado é grande), mas é difícil desalojá-
lo;

Fig. 3- Ameijão

 Solen marginatus/ lingueirão/ navalha


Apresentam os sifões unidos em formato de 8 ou ∞;
São predados por aves, crustáceos, …;
Larga os sifões pelas linhas de sutura e depois regenera. Esta libertação ocorre quando
se sentem ameaçados.

Fig. 4- Lingueirão

 Berbigão:
Apresenta sifões curtos, pelo que vive perto da superfície.
Tem um grande valor económico para a região.

Fig. 5- Berbigão

 Amêijoa- macha/ Venerupis pullastra


Apresenta sifões curtos, pelo que vive perto da superfície.
Tem um grande valor económico para a região.

Fig.6- Amêijoa- macha


 Amêijoa- rainha, boa ou real/ Ruditapes decussatus
Apresenta sifões curtos, pelo que vive perto da superfície.
Tem um grande valor económico para a região.

Fig. 7- Amêijoa- rainha

 Amêijoa- japonesa/ Ruditapes philippinarum


Espécie invasora que se instalou na Ria, competindo pelo sucesso com as espécies
nativas.
Apresenta sifões curtos, pelo que vive perto da superfície.
Tem um grande valor económico para a região.

Fig.8 – Amêijoa-japonesa

 Ostra:
É outro bivalve importante para a economia local.
O seu cultivo é feito nas zonas intertidais do canal de Mira, em estruturas elevadas, de
modo a manter os indivíduos acima da superfície do sedimento.

Fig. 9 – Ostra

Vermes marinhos ou poliquetas:

 São apanhados na baixa-mar e são vendidos como isco para a pesca.

 Muitos poliquetas constroem tubos, no entanto algumas espécies são bastante


seletivas no material que utilizam.

 Alguns tubos são feitos apenas com grãos de areia, outros só com pedaços de
conhas e outros são calcários. Estes últimos são construídos sobre qualquer
estrutura sólida como, por exemplo, uma concha, uma pedra ou até mesmo na
carapaça de um caranguejo.

 Estes animais que vivem em tubo, nunca abandonam totalmente o local nem
mesmo para se alimentarem.

 Os poliquetas que vivem em tubos, especialmente o casulo, ajudam a estabilizar


o sedimento e contribuem para aumenta a biodiversidade da região onde se
estabelecem. No entanto, há uma espécie de arenícola, nova na Ria, que tem um
comportamento oposto.

Espécies de vermes marinhos ou poliquetas que podem ser encontradas:

 Serradela:
Pode ser encontrada ao longo da Ria.
Apesar de se enterrar no sedimento, pode deslocar-se eficientemente utilizando
estruturas laterais, que funcionam como pequenos pés, e através da ondulação do
corpo.
Na cabeça possuem olhos e outras estruturas sensoriais, que lhes permitem ver e sentir
o ambiente à sua volta.
A serradela alimenta-se de um pouco de tudo, sendo que para a ajudar nessa função
apresenta uma probóscide (estrutura típica dos vermes marinhos) composta por dentes
e mandíbulas.

Fig. 10 – Serradela

 Casulo:
É outro poliqueta capturado na Ria.
A razão pela qual este poliqueta é assim denominado, é devido ao tubo onde vive. Este
é construído com partículas de sedimento e outros materiais disponíveis no local.
O casulo tenta tapar a entrada do tudo com uma carapaça de caranguejo para o proteger
da entrada de sedimentos indesejados e evitar que tenha muito que “limpar”. Quanto
menos tiver de “limpar” mais energia poupa.
É um importante estabilizador do sedimento.

Fig. 11 – Casulo

 Diópatra:
O casulo era a única espécie do género conhecida na europa. No entanto, em 2010, foi
descoberta na Ria de Aveiro uma espécie nova, designada Diópatra micrura.

Fig. 12 – Diópatra micrura


 Arenícola (uma espécie de arenícola, que acho que é a arenícola marinha):
Tem um comportamento oposto ao dos restantes poliquetas que vivem em tubos, uma
vez que não exerce uma função estabilizadora no sedimento, sendo considerada
bioturbadora.
Esta espécie ingere o sedimento à medida que se vai enterrando. Depois de passar pelo
tubo digestivo, e o alimento existente ser digerido, o sedimento é recolocado no
exterior. Os tubos que esta faz apresentam uma em “U”.
É considerada uma invasora da Ria e uma espécie detrítica seletiva.

Fig. 13 – Arenícola Fig.14- Sedimento recolocado no


exterior

Regiões intertidais e subtidais:

 Quando a maré sobe, as espécies que vivem na região intertidal descansam da


intensa perturbação a que estão sujeitas durante a baixa-mar. No entanto, com
a subida da maré algumas espécies de peixes e invertebrados passam a ter
acessos a essas zonas e vão tentar encontrar alimento.

 Os habitats de sedimentos arenosos e vasosos predominam na Ria de Aveiro. Em


alguns deles crescem plantas marinhas, como as austeras (espécies de corais),
originando habitats que contribuem para a biodiversidade da Ria e das áreas
marinhas adjacentes, que é fundamental preservar. São áreas de refúgio, de
postura e de crescimento dos juvenis para várias espécies, como o choco, que
durante o inverno entra na Ria e faz a sua postura nestes habitas.

 As zonas subtidais, que estão sempre cobertas de água, são menos acessíveis
que as intertidais.
 Tal como em muitos ecossistemas estuarinos e lagunares, as águas da Ria são
turvas dada a quantidade de matéria em suspensão, mas é isso que garante
grande parte do alimento para a maioria das espécies que nela habitam.

 A luz pode ser escassa nas zonas mais profundas e calmas, onde os fundos têm
uma camada superficial de partículas finas.

Exemplos:

 Anémona-de-tubo/Cerianthus brasiliensis
Pode ser encontrada nas zonas mais profundas e calmas.
Apresenta longos e finos tentáculos que se agitam lentamente.
São anémonas que constroem tubos onde vivem em permanência e aguardam que os
pequenos organismos de que se alimentam fiquem enredados nos tentáculos.

Fig. 15 – Anémona-de-tubos

 Outras espécies de anémonas:


Outras espécies de anémonas não constroem tubos nem vivem no sedimento, mas
fixam-se a várias estruturas, seja num mexilhão ou um bloco de pedra. São caçadores
eficazes conseguindo capturar pequenos peixes, através dos seus tentáculos urticantes
(devido à presença de cnidócitos).

 Mexilhão:
São abundantes à superfície.
Em alguns fundos da Ria, os mexilhões formam densos tapetes, fixando-se uns aos
outros através de filamentos adesivos que eles próprios produzem.
São animais filtradores, que geram correntes de água que arrastam para o seu interior
as partículas de que se alimentam e usam as brânquias como filtro para as reter.

Fig. 16 – Tapete de mexilhões

 Cracas:
As cracas também retiram o alimento da água, mas têm uma estratégia diferente dos
mexilhões.
Utilizam os apêndices do tórax para capturar as partículas em suspensão.
São parentes próximos dos caranguejos e dos camarões.

Fig. 17 – Cracas

 Estrelas-do-mar:
As estrelas-do-mar são equinodermes que se alimentam-se, principalmente, de
mexilhões.
A sua boca localiza-se na face ventral.
Na sua face dorsal são bem visíveis as estruturas de defesa, como os espinhos que são
rodeados por pequenas pinças, e outros que parecem pequenos dedos de luva, que
permitem à estrela respirar.
É também visível uma placa sulcada e finamente perfurada por onde entra água para
um sistema interno de canais e pés tubulares. É este sistema hidráulico que permite às
estrelas deslocarem-se. Quando o fazem, a ponta de cada braço está virada para cima
mostrando uma mancha colorida que é sensível à luz.

Fig. 18 – Estrela-do-mar

 Ouriços-do-mar:
Movem-se menos do que as estrelas e os seus pés tubulares são muito importantes para
se fixarem, para ajudar a apanhar o alimento ou para se camuflarem com o auxílio de
uma concha.
Ao contrário das estrelas, os ouriços alimentam-se de algas utilizando os fortes dentes
da boca para as cortar ou raspar.
A defesa é assegurada pelos longos espinhos e pinças de vários tipos que cobrem a
carapaça.

Fig. 19 – Ouriço-do-mar

 Caranguejo-ermita/Casa-alugada
No fundo da Ria, vê-se, de vez em quando, um Casa-alugada.
Este é um crustáceo, como os caranguejos, mas usa a concha vazia dos gastrópodes para
se instalar, pelo que à medida que cresce tem de ir mudando de concha.
São rápidos e grandes saltadores.

Fig. 20 – Caranguejo-ermita

 Algas verdes e castanhas


Estas algas são muito abundantes à superfície.

 Gibbulas
Tal como outros gastrópodes, as Gibbulas deslocam-se em busca de alimento.

Fig. 21 – Gibbula (género)

 Lebre-do-mar:
É um tipo de lesma do mar.
É um gastrópode, pelo que gosta, particularmente, de algas verdes.
Apesar do seu aspeto maciço, são muito elegantes quando se deslocam.

Fig. 22 – Lebre-do-mar
 Ascidia:
Alguns locais subtidais da Ria, apresentam uma enorme diversidade. Nestas zonas, as
Ascidias são dominantes.
As Ascidias são invertebrados, que apesar da sua aparência gelatinosa e pouco evoluída
pertencem ao grupo dos cordados, que é o mesmo de todos os vertebrados, incluindo
os humanos.

Fig. 23 – Ascidia

 Hidrozoários, esponjas e briozoários:


Os hidrozoários, as esponjas e os briozoários são outros grupos de invertebrados, para
além das Ascidias, que se encontram bem representados nas zonas subtidais.

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