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Saída I: Ria de Aveiro – Ana Rodrigues


✓ Visualização do vídeo: https://vimeo.com/147445498
A Ria de Aveiro - situada entre Mira e Ovar - é uma zona húmida, de elevado valor
conservacionista no panorama nacional e internacional. Atualmente, é o resultado da ligação
com o oceano (assegurada por uma barra artificial, do encontro de vários rios, principalmente
o Rio Vouga) e da ação do homem (drenagem de sapais, abertura de esteiros, dragagem de
canais de navegação e criação de salinas), que moldou o ecossistema e contribuiu para a
diversidade de habitats e biodiversidade. Tem numerosas ilhas e extensas zonas intertidais.
Possui um ecossistema dinâmico, estando sujeita ao ciclo diário das marés.

Os bancos de sedimento que ficam a descoberto, na baixa-mar, parecem desprovidos de


vida, mas um olhar mais atento revela seres vivos escondidos, tais como:

▪ Bivalves – filtram partículas da água na sua alimentação e usam o sifão (permite


vida subterrânea devido ao contacto com a superfície – o Ameixão tem o maior
sifão) para aspirar o sedimento.
▪ Berbigão – é apanhado durante a maré vazia, tem um alto valor económico
▪ Ostra – espécie também importante para a economia local, sendo o seu cultivo
feito em zonas intertidais do canal de Mira, em estruturas elevadas para que
fiquem acima da superfície do sedimento.
▪ Poliquetas – vermes marinhos que são importantes recursos naturais e apanhados
na baixa-mar para serem vendidos para pesca (Ex.: serradela, casulo, Diopatra
micrura (2010)). Os que vivem em tubos ajudam a estabilizar o sedimento e
contribuem para a biodiversidade da região.
o Arenicola – surgiu recentemente e tem comportamento oposto, dado que
ingere o sedimento à medida que se enterra (movimentação de
sedimento).

Quando a maré sobe, estas espécies da região intertidal, descansam da intensa


perturbação a que estão sujeitas na baixa-mar, mas surgem novos desafios (predação por
peixes e invertebrados).

Predominam habitats de sedimento arenoso e vasoso. Em alguns deles crescem plantas


marinhas (fanerogâmicas), que servem de refúgio, local de postura e crescimento de juvenis
para várias espécies (Ex.: choco).

Nas zonas subtidais (sempre cobertas de água), que são menos acessíveis, só é possível
descobrir mais sobre a sua vasta diversidade através de mergulho. As águas da Ria são turvas
devido ao material em suspensão, que serve de alimento a várias espécies. A luz pode ser
escassa nas regiões mais profundas, onde se encontram:

▪ Anémonas – que constroem tubos.


▪ Mexilhões – filtradores que geram corrente de água para obter alimento e presas
de estrelas do mar.

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▪ Estrelas do mar – a boca situa-se na face ventral e na face dorsal têm estruturas
de defesa e de respiração, tendo um sistema hidráulico que permite deslocação.
▪ Ouriços do mar – mexem-se menos e alimentam-se de algas, utilizam dentes para
as cortar e raspar, sendo a defesa assegurada pelos espinhos.
▪ Casa alugada – é um crustáceo que usa a concha vazia dos gastrópodes e muda
de casa à medida que cresce.
▪ Algas verdes e castanhas
▪ Ascídias – invertebrados curiosos com aparência gelatinosa que pertencem ao
grupo dos cordados.
▪ Hidrozoários
▪ Esponjas
▪ Briozoários

Em suma, este é um local partilhado por numerosas espécies ligadas através de uma teia
complexa e dinâmica, com estreita relação com o meio. É um equilíbrio que pode ser
quebrado com grande prejuízo para todos. O Homem beneficia e depende desta combinação
de fatores, daí que devemos saber gerir de forma sustentável a nossa ação sobre a Ria de
Aveiro.

✓ PowerPoint: Ecossistemas Litorais da Ria de Aveiro


A Ria de Aveiro é um sistema estuarino. Então, mas o que é um estuário?
▪ Região costeira parcialmente fechada, onde ocorre mistura de água doce – dos
rios – com água salgada – dos oceanos.
▪ Tem caraterísticas físicas e químicas únicas, que determinam o tipo de
organismos que lá vivem.
▪ Habitados tipicamente por poucas espécies, mas em densidades elevadas.
▪ É dos ecossistemas mais afetados pelo Homem (principalmente, em cidades
como Tóquio, NY, Londres e Lisboa).
Zona intertidal ou entre-marés: é a zona de transição entre o mar e a terra (zona da
plataforma continental com menor profundidade). Está exposta ao ar quando a maré baixa e
é coberta de água na maré cheia, no caso de Portugal que tem marés semidiurnas (2 marés
cheias e 2 vazias ao longo de 24h)
Zona subtidal: é a zona da plataforma continental que nunca fica exposta na maré vazia.
Os rios transportam para os estuários sedimento e outros materiais, incluindo
contaminantes. O material vai assentando no fundo à medida que a corrente vai diminuindo
(primeiro o mais grosseiro e depois mais fino).
Tal como noutros substratos ricos organicamente a atividade bacteriana é intensa →
consumo de oxigénio → sedimentos anóxicos → favorece bactérias anaeróbias.
Matéria em suspensão: é usualmente elevada e diminui, por isso, a transparência da
coluna de água.
Dominam as espécies detritívoras (seletivas e não seletivas), contudo também existem
filtradores, mas podem ficar com os mecanismos de filtração obstruídos.

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Salinidade
A salinidade varia espacial e temporalmente (35 – 36 a 0) e com a profundidade.
A água salgada é mais densa do que a água doce e movimenta-se junto ao fundo numa
cunha salina para montante e jusante, de acordo com a maré → organismos sujeitos a
variações de salinidade diárias conforme o local que habitam.
A maioria das espécies são marinhas que conseguem tolerar baixas salinidade.
▪ Espécies eurialina – toleram uma elevada gama de salinidades (maioria).
▪ Espécies estenoalinas – suportam pequena variação na salinidade e estão
confinadas aos extremos do estuário.
▪ Espécies de água salobra – salinidade intermédia.
Isosalinas – linhas que num mapa unem pontos de igual salinidade.

Substrato/Tipo de Fundo
O substrato (ou tipo de fundo) de um estuário é areia (mais ou menos envasada) ou vasa
(lama) e é variável ao longo do estuário.
▪ Fundo de substrato móvel – fundos compostos por sedimentos não
consolidados, onde domina a endofauna. São mais instáveis às ondas,
correntes e marés (hidrodinamismo).
o Endofauna: espécies que vivem total ou parcialmente enterradas no
sedimento; algumas escavam também substrato duro; é sobretudo
diversificada em zonas subtidais; nas zonas intertidais têm a vantagem
sobre a epifauna de ficarem mais protegidas da variação dos fatores
ambientais e dos predadores.
▪ Fundo de substrato duro – é rochoso ou não (conchas ou carapaça também
incluídos), onde domina a epifauna.
o Epifauna: espécies que vivem sobre o substrato, fixas ou não (80%);
está presente em todos os tipos de substrato e é abundante e
diversificada em substratos rochosos intertidais e recifes de coral.
O limite entre ambos não é muito definido, mas os animais só se enterram no
móvel (estratégia de bivalves e poliquetas).

Organismos
Macroalgas são poucas e como produtores primários surgem sobretudo as microalgas
e fanerogâmicas (ervas marinhas, presentes sobretudo na região subtidal).
Fatores que determinam as espécies que vivem em determinada zona:
▪ Tipo de sedimento
▪ Humidade
▪ Temperatura
▪ Teor em oxigénio nos sedimentos
▪ Alimento
Os organismos que se instalam nos sedimentos podem influenciar o sedimento
estabilizando-o (ex.: poliquetas tubícolas, microrganismos, etc.) OU o contrário →

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bioturbação (efeito de Arenicola e Diopatra, que são bioestabilizadores por efeito dos seus
tubos).

Tipo de Sedimento
É o fator mais importante para espécies de substrato móvel.
Os sedimentos são constituídos por uma mistura de partículas de diferentes tamanhos:
▪ Cascalho: >2mm
▪ Areia: 2 mm – 0,063 mm
▪ Silite+Argila: <0,063 mm → presente na vasa
São classificados de acordo com o tamanho das partículas que o compõem, ou seja,
pela sua granulometria.
A composição está relacionada com o hidrodinamismo da região:
▪ Áreas calmas abrigadas → fundos lodosos, onde sedimentos finos sedimentam.
▪ Áreas submetidas a fortes correntes → fundos constituídos por partículas
grosseiras.
Porosidade: quanto maior for a proporção da fração fina, menos o espaço entre as
partículas. Determina a permeabilidade do sedimento.

Teor de Oxigénio
Uma vez que não existem produtores primários no interior do sedimento, o oxigénio é
levado pela água que o atravessa.
A endofauna depende da circulação de água no sedimento para o fornecimento de
oxigénio e a sua disponibilidade é o fator químico que mais influencia a biologia dos
sedimentos.
Ao observar um sedimento em profundidade, é usual constatar a existência de uma
camada superficial (espessura variável) de cor clara e uma outra mais escura.
▪ Camada superficial/clara → possui oxigénio
▪ Camada anóxica/escura → oxigénio reduzido, sendo a camada anóxica.
Favorece bactérias sulfato-redutoras (produzem sulfureto de hidrogénio que é
incolor e reage com óxidos de ferro e forma sulfuretos de ferro com cor escura)

Pradarias fanerogâmicas
É um habitat importante que tem vindo a ser reduzido. Estas plantas marinhas crescem
em fundos sedimentos preferencialmente em áreas abrigadas. Podem ser densas, incluir várias
espécies e até algas.
A luz é um fator muito importante neste habitat.
É importante para os animais dado que fornece alimento, refúgio, local de maternidade
e suporte.
Espécies na Ria de Aveiro: Zostera noltii, Zostera marina, Potamogeton, Rupia
marítima.

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Saída II: Figueira da Foz – António Luís e Fernando Morgado

✓ Ecossistemas costeiros: Estuário do Mondego – António Luís


Indicações e Segurança Pessoal
Levar guias de campo (caderno, lápis, etc.), fósforos, canivetes/faca, telemóvel, GPS,
bússola, cartografia, primeiros socorros, manta de aquecimento, sinais (refletores, espelho,
lâmpada estroboscópica) e dispositivos localizadores de emergência.

Nunca ir sozinho para o campo e deixar sempre informação sobre tudo (onde? Com
quem? Quando? Hora prevista de chegada?) e em caso de acidente contactar o 112 (em terra)
e 16 (no mar, é o botão vermelho nos rádios).

Estar preparado contra os riscos em ambientes frios (hipotermia, queimaduras) e em


ambientes quentes (golpe de calor, insolação, queimaduras), incluindo desidratação.

Verificar sempre as condições meteorológicas previamente, de modo a levar o


calçado e vestuário mais adequado.

Navegação/Orientação
Latitude: é o ângulo entre o plano do Equador e a normal à superfície de referência,
sendo que vai até aos 90º e é expressa pelo Norte (N) ou Sul (S).

Longitude: é o ângulo entre o plano do meridiano de Greenwich e a normal à


superfície de referência, sendo que vai até aos 180º e é expressa pelo Este (E, +) ou Oeste
(W, -).

Os valores são expressos por:

▪ 42º 28’ 42’’ N (grau, minuto e segundo)


▪ 42º 28,876’ N (grau, minuto e décimo de minuto)
▪ 42,188º N (grau e décimo de grau)

1 minuto (‘) = 1 milha náutica (MN) = 1852 m

Ornitologia de Campo
A observação depende da posição do binóculo/telescópio (estável e bem apoiado),
da posição do observador e da posição no terreno (luminosidade, sol, vento, etc).

O binóculo habitual é de (ampliação) 10 x 50 (diâmetro da objetiva).

▪ Ampliação entre 7-12x (7 ou 8 em barcos pequenos e 10 em navios que não


abalam, porque superior é difícil estabilizar a imagem).
▪ Diâmetro da objetiva entre 25-60 cm (quanto maior, mais luz e campo de visão).
▪ Pupila de saída – diâmetro de objetiva/ampliação em mm.
▪ Campo de visão – inversamente proporcional à ampliação.

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Normalmente, os binóculos têm alça para colocar ao pescoço/ombro e não deixar cair,
porque isso pode desalinhar. Ao olhar diretamente para fontes de luz muito brilhantes, pode
queimar a retina, pelo que, a situação ideal é ter o sol nas costas.

O peso do binóculo influencia o trabalho. Alguns têm miras porque os aumentos são
grandes, mas os campos de visão pequenos. O 10 x 25 é leve, mas tem um campo de visão
curto, o 12 x 50 tem um campo de visão maior e mais luminosidade, o 40x tem suporte.

A captura é feita com redes verticais, redes de nevoeiro ou redes do japão para
realizar anilhagem ou radio-seguimento (aves têm uma frequência específica).

O tratamento inclui medição do bico, do olho, da asa, da pata, do sexo, da idade, do


peso e da alimentação.

As aves identificam-se pela morfologia (visualizar pelo menos 2 caraterísticas), pelo


comportamento e pelo som.

Campo
Geralmente, a corrente do rio é mais forte que a corrente da maré, mas quando a maré
está cheia a corrente no rio muda. As bóias verdes são balizas que definem o lado direito e
esquerdo para a orientação dos barcos. As torres de cimento com radar possuem sistema
VTS para identificar todos os navios com mais de 24 m.

O sapal é maior, contudo a utilização da terra (restauração naval, produção de sal e


de peixe) provocou impacto ecológico, porque reduziu a área da fauna. As zonas supratidais
estão acima da maré e é onde algumas espécies se refugiam.

✓ Ecossistemas costeiros: Praia de Buarcos – Fernando Morgado


Cuidados prévios
Ver a previsão meteorológica no IPMA e conhecer as marés em
www.hidrografico.pt/previsao-mares.php.

A estratégia de amostragem deve ser programada de modo a procurar recolher sempre


apenas o nº mínimo de animais e plantas necessários ao estudo, e, sempre que possível, repor
os organismos na natureza no final.

Métodos de amostragem no espaço


▪ Amostragem por pontos – escolhem-se pontos individuais na zona e os organismos
são recolhidos nesse local.
▪ Amostragem por linhas – são desenhadas linhas no mapa da zona e os organismos
são recolhidos ao longo de uma linha.
▪ Amostragem por quadrados – são desenhados quadrados na área de amostragem e
os organismos dentro desses quadrados são analisados. → zona intertidal e subtidal
(com raspagem para rede de malha calibrada ou raspagem e sucção).

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Tipos de amostragem no espaço


▪ Amostragem uniforme/sistemática – dividir a área em estudo em unidades de
amostragem iguais, e recolher, através dos pontos, linhas ou quadrados igualmente
espaçados.
o Transectos – amostragem sistemática que é útil em áreas com alterações
muito rápidas na composição de espécies. É feita uma recolha de amostras ou
observações in situ em intervalos espaciais definidos.
▪ Amostragem ao acaso – selecionar pontos, linhas ou quadrados, localizados ao acaso
dentro da área de estudo (recorrer a tabelas de nº aleatórios). Não existe qualquer
critério na escolha dos locais a amostrar.
o Estratificada – procedimento semelhante ao acaso, mas onde as diferentes
zonas estão igualmente representadas.
▪ Amostragem de conveniência – quando o critério para a seleção dos locais ou
estações é dado pela facilidade de acesso ao local.

Limitações nas estratégias de amostragem


▪ Poder de resolução da amostragem – problemas na precisão da localização das
amostras.
▪ Ligações espaço-tempo – existência de maior ou menor interações no espaço e tempo
escolhido.
▪ Custos da amostragem – é necessário conseguir uma boa relação entre a quantidade
e qualidade da informação obtida e os custos da sua produção.

Conservação de material biológico


A fixação é feita com formaldeído a 4% e neutralização com borato de sódio. Quando
não há fixação, são congelados.

Na triagem e conservação é feita uma separação dos grandes grupos taxonómicos e


conservação com etanol a 70%.

Determinação da área mínima de amostragem


É determinada para garantir que se recolhe um nº representativo de espécies na zona
em estudo.

Esta área é atingida quando 1% no aumenta da área não produz mais do que 0,5% no
nº de espécies → estabilização da curva e das frequências relativas das principais espécies.

Métodos de recolha de organismos


▪ Métodos diretos – neste tipo de recolha não há a utilização de aparelhos especiais,
pode fazer-se em espécies terrestres vegetais ou animais de mobilidade reduzida. No
meio aquático também podem ser realizados na zona intertidal ou em mergulho:
o Formão – utilizado para fazer a raspagem de espécies aderidas a substratos
rochosos.

A principal vantagem é a observação direta do que se vai recolher.

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A limitação é o facto de existirem muitos organismos que não se podem recolher,


sobretudo animais com grandes mobilidades e organismos de dimensão microscópica.

▪ Métodos indiretos – são utilizados aparelhos especiais na recolha de organismos


o Redes – são as mais utilizados, quer em ambiente terrestre quer aquático. Têm
como principal vantagem o facto de concentrarem organismos que existem
numa área ou volume considerável, em poucos centímetros. Para além disso,
separam os organismos por dimensão (depende da malha). Podem ser também
usadas para organismos à deriva na água (plâncton), associados ao substrato
(bentos), à superfície (epifauna) ou enterrados (endofauna). A principal
desvantagem é que podem colmatar ou levar a reações de fuga.
o Dragas e tubos – aparelhos de recolha utilizados quando os organismos se
encontram dentro de substrato (enterrados). As dragas são mais utilizadas em
ambiente marinho, quando os animais estão enterrados em zonas subtidais.
Os tubos podem ser utilizados em ambiente terrestre e aquático. Têm como
vantagem que à também recolha do meio em que os organismos estão. A
desvantagem é que não separam os organismos do solo ou sedimento e é
necessário um esforço adicional de crivagem e triagem. → tubos na zona
intertidal e dragas na zona subtidal
o Garrafas – utilizadas exclusivamente em ambiente aquático para organismos
de dimensão reduzida e abundantes com pouca mobilidade. A vantagem é a
recolha de informação do meio: nutrientes dissolvidos na água, temperatura,
pH, etc. A desvantagem é que não separa os organismos da água e é
necessário um esforço adicional de concentração e observação.

Formas de estimar a abundância


▪ Medidas quantitativas – quando se contam indivíduos das diferentes espécies:
o Densidade – resultados demorados e rigorosos. Expressos em unidade de área
ou volume. Nas garrafas é fácil determinar o volume padrão. Nas redes são
utilizadas fórmulas para determinar o volume de água analisado (fluxómetro
para determinar quantidade de água que passa pela boca da rede).
o Biomassa – resultados ainda mais demorados, pois exigem um esforço
adicional de pesagem ou medição. Expresso em área ou volume: peso
húmido, peso seco, peso seco livre de cinzas, matéria orgânica. Pode ser
utilizada a quantificação de DNA (indica nº de células), quantificação de
carbono e azoto elementares (base da matéria orgânica).
o Frequência – define-se como o nº ou percentagem de amostras em que uma
determinada espécie ocorre. Não se quantifica o nº total de indivíduos de cada
espécie. É diferente de frequência relativa (densidade de um taxa
relativamente à densidade total).
o Percentagem de cobertura – permite extrapassar a necessidade de se
contarem todos os indivíduos de uma certa área. É útil para o caso de
vegetação rasteira, musgos ou líquenes, organismos coloniais (onde não se
separam per si, por exemplo: esponjas).

▪ Medidas qualitativas – quando se estabelece subjetivamente uma escala.

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Medição de parâmetros ambientais


Deve ser cuidadosa, para além disso deve-se registar sempre todas as condições
ambientais observadas (por exemplo: nebulosidade, hora do dia, etc.). São as variáveis
ambientais que explica a distribuição e abundância dos taxa escolhidos.

Os principais parâmetros com interesse em estudos gerais de ecologia são:


temperatura, luz/turbidez, pH, salinidade, humidade, oxigénio, vento e granulometria.

▪ Temperatura – é dos que mais condiciona a distribuição e abundância, uma vez que
afeta diretamente os principais processos metabólicos. É medida com um termómetro
ou sonda multiparâmetro (ºC).
▪ Luz (terrestre) e turbidez (aquático) – condiciona a atividade fotossintética, pelo que
é uma medição indispensável no estudo de comunidades vegetais. Podem afetar
diretamente os ciclos circadianos e indiretamente os animais. É medido com medidor
de radiação solar, turbinímetro ou disco de secchi (lux, mg/L, m).
▪ pH – importante em estudo a nível do solo, uma vez que o pH influencia a
disponibilidade de outros nutrientes inorgânicos para as plantas. É medido com
medidor de pH ou sonda multiparâmetro.
▪ Salinidade – afeta a regulação osmótica e é importante em meio marinho e, por vezes,
nos solos. É medida com salinómetros, condutivímetros e sondas multiparâmetro (%,
PSU).
▪ Concentração de oxigénio – fundamental na água para atividade respiratória dos
animais. É medida com oxímetro ou sonda multiparâmetro (mg/L).
▪ Humidade – a quantidade de água existente no ar expressa-se geralmente sob a forma
de humidade relativa e é medida com um higrómetro (%).
▪ Vento – afeta a distribuição de plantas nas zonas costeiras e nas montanhas. Intervém
na dispersão de sementes e provoca turbulência no meio aquático. É medido com um
anemómetro (m/s, km/h).
▪ Granulometria – afeta distribuição quer das plantas, como animais bentónicos
aquáticos. É medida com um conjunto de peneiros (crivos) de diferente malhagem.

Porquê estudar a zona entre marés?


É um biótopo de elevado interesse biológico, dado que estabelece a fronteira entre os
domínios terrestres e marinho.

O meio intertidal está sujeito a grandes variações ambientes, o que é ideal para estudos
de ecologia.

Há uma elevada diversidade com acesso fácil.

É um local privilegiado para a experimentação científica in situ com organismos


marinhos, educação ambiental e implementação de programas de conservação de
ecossistemas costeiros.

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Facilidade de estudo de comunidades intertidais


Não é necessário mergulho com escafandro autónomo, embarcações de apoio, etc.

Muitas espécies são sésseis e os animais móveis têm mobilidade reduzida (há
exceções), assim os organismos podem ser identificados e seguidos facilmente.

Têm ciclos de vida relativamente curtos.

A abundância é facilmente estimada através da percentagem de cobertura e densidade.

A maioria das espécies pode ser manipulada.

As marés
A preia-mar é o nível máximo e a baixa-mar é o nível mínimo, que é repetido 2x ao
por dia e devido ao eixo rotacional e órbita elíptica estas apresentam alturas diferentes.

Durante a lua cheia ou lua nova (sol e lua alinhados) a maré solar exerce um efeito
aditivo na maré lunar e gera marés vivas ou de primavera que possuem amplitude elevada.
Durante o quarto minguante ou quarto crescente (sol e lua em angulo reto) a maré solar
cancela parcialmente a maré lunar e gera marés mortas que possuem amplitude baixa. Deste
modo, em cada mês lunar, há 2 marés vivas e 2 marés mortas.

As marés são medidas em relação ao zero hidrográfico (maré astronómica mais


baixa).

Zonação

Vai havendo um aumento da abundância e diversidade de organismo de LMA (fatores


fisiológicos) para LMB (fatores ecológicos).

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Andar circalitoral – é dominado por povoamentos animais


e algas que toleram luminosidade atenuada (ciáfilas). O
limite superior depende da transparência da água que
condiciona a penetração da luz. O limite inferior
corresponde ao desaparecimento dos organismos
fotossintéticos.

Andar infralitoral – estende-se desde o limite inferior do


andar mediolitoral até à profundidade compatível com
vegetais fotossintéticos que exijam bastante iluminação.
Apenas uma parte fica emersa na baixa-mar. → algas
fotófilas e angiospérmicas marinhas.

Andar mediolitoral – está compreendido na zona das


marés. → cirrípedes (crustáceos) e mexilhões.

Andar supralitoral – constituído pelos primeiros


organismos marinhos que se encontram a seguir ao domínio
terrestre, sujeitos a humectação por gotículas de água. É
raramente coberto pelo mar, exceto esporadicamente em
marés vivas. → líquenes, algas verdes/azuis e alguns gastrópodes.

Principais fatores ambientais que controlam a zonação


▪ Marés – variações periódicas e previsíveis do nível do mar causadas pela atração
gravitacional da Lua e do Sol e a força centrifuga da rotação do sistema Terra-Lua.

As marés provocam uma exposição alternada ao ar e água, deste modo, os organismos


intertidais ocupam zonas específicas de acordo com os seus intervalos de tolerância à
emersão, temperatura, predação, respiração, alimentação e reprodução.

A nível da atividade biológica, a maior perta desta atividade ocorre durante os


períodos de maré alta, sendo as funções vitais favorecidas pela imersão.

Quanto à dessecação – perde de fluídos corporais vitais, devido à exposição


atmosférica – há um intervalo de tolerância nos organismos intertidais. Os que perdem fluídos
rapidamente vivem em zonas mais baixas.

No que diz respeito à temperatura, uma das caraterísticas mais significativas do mar
é a sua capacidade de resistir a oscilações de temperatura. Na maré cheia, as temperaturas
são uniformes e estáveis. Na maré baixa, estas podem flutuar drasticamente. Os organismos
com tolerância alargada, vivem nas zonas superiores.

▪ Ondas – geradas pelo vento e resultam do atrito entre este e a superfície do mar.

O aumento da submersão está relacionado com o facto que em praias expostas, as


ondas “empurram” a água para zonas mais distantes da costa, expandido a zona intertidal.

▪ Upwelling – fenómeno regional induzido pelo campo de vento e consiste na ascensão,


junto à costa, de águas subsuperficiais mais frias e ricas em nutrientes.

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▪ Declive da costa – influencia a magnitude das marés e a exposição de organismos


intertidais à ação das ondas.
▪ Tipo de substrato – as praias são constituídas por diferentes materiais. Há a costa
rochosa e a costa arenosa.

A fixação das larvas é um fator relacionado, dado que algumas larvas têm a
capacidade de detetar o tipo de substrato mais favorável para aderirem e crescerem.

A porosidade do substrato determina a quantidade de água que o substrato consegue


reter, logo determina a zonação.

Zonação e hidrodinamismo – Consequências para os organismos


▪ Problemas mecânicos de deslocamento e desalojamento:
o Atividade alimentar de animais móveis dificulta.
o Atividade alimentar de animais filtradores favorecida devido à maior
concentração de partículas em suspensão.
▪ Problemas de dessecação menos acentuados em zonas de maior humectação.

Amostragem – Estimativa da abundância e densidade


Na avaliação da biodiversidade encontrada sobre o substrato rochoso pode usar-te
o Método dos Quadrados (são definidos subquadrados, com dimensão dependente do tipo de
organismo). A identificação é realizada até ao nível taxonómico possível e com os dados
obtidos é calculada a frequência absoluta [FA = (n x 100) / N] e relativa [FR = (f x 100) / n].

Na estimativa da densidade com o Método do Quadrado a ideia é contar o número


de indivíduos em quadrados com área conhecia e extrapolar os dados para uma área total a
ser considerada.

1. Estimativa subjetiva da cobertura (% de cobertura)


2. Presença/ausência em subquadrados (% de cobertura)
3. Número de intersecções preenchidas (% de cobertura) → mexilhões, líquenes e algas
4. Número por subquadrado ou em subquadrados aleatórios (ind por unidade de área) →
cracas
5. Contagem do número de indivíduos no quadrado (ind por unidade de área) – só se contam
os indivíduos que têm mais de metade do corpo dentro do quadrado. → lapas

A zona intertidal envolve crivos e corer para operar à mão (HAJA box corer).

A zona subtidal envolve cores para endofauna, redes de arrasto para epifauna, ponar
para macrofauna de substrato móvel, dragas “van veer”, amostradores e crivos.

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Saída III: Serra da Lousã – João Carvalho e Paulo Silveira

✓ Ecossistemas de interior: Serra da Lousã (Fauna) – João Carvalho


A Serra da Lousã tem como ponto mais alto – 1204 m – o alto de Trevim. Seria aí que
começava a saída de campo e depois iriamos descendo a Serra da Lousã, pouco a pouco,
interpretando indícios diretos e indiretos (maioria).

Este ano fez 25 anos que estavam a ser reintroduzidos corsos e veados na Serra da Lousã
(grande passo na conservação).

Tem um coberto diverso e sofre influências atlânticas e, sobretudo, mediterrânicas.


Este bioma mediterrâneo tem caraterísticas que a tornam um hot-stop de biodiversidade.
É um sítio de importância comunitária e de caça nacional.

Biodiversidade
▪ Peixes – boga, truta, perca e carpa.
▪ Anfíbios – tritão marmoratus, tritão de ventre laranja, salamandra lusitânica, rã verde,
rã ibérica, sapo comum e sapo corredor.
▪ Répteis – víbora cornuda, cobra de água ciperina ou colar, cobra cega, cobra rateira,
lagartixa ibérica, lagarto de água, licranço e sardão.
▪ Aves – ave de rapina, águia de asa dourada, cegonha negra, pombo, melro, chapim,
rola e felosa.
▪ Mamíferos – ungulados (veado, corso e javali), cães selvagens, gineta, raposa,
sacarrabos, fuinha, doninha, lontra, texugo, gato bravo e toirão.
▪ Lagomorfos – lebres (Lepus granatensis) e coelhos (Oryctolagus canuculus)
▪ Roedores – esquilo vermelho (Sciurus vulgaris), rato do campo (Apodemus
sylvaticus), rato caseiro, rato de água, rato cego (Microrus lusitanicus) e rato da horta
(Mus sprerus).
▪ Insetívoros – ouriço, toupeira terrestre, musaranho dentes vermelhos e dentes
brancos.
▪ Morcegos – 9 a 10 espécies.

Metodologias de observação
▪ Indireta – é uma aproximação porque se observa os indícios de presença, mas
podemos complementar com genética.
o Excrementos (presença, alimentação/dieta, genótipo e stress)
o Pegadas
o Cadáveres
o Restos alimentares
o Rastos
o Pelos

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▪ Direta
o Observação direta com binóculos ou telescópios ao longo de transectos
(caminho ao longo do qual se conta e regista ocorrências) ou pontos fixos.
o Armadilhas fotográficas infravermelhas (não evasivas).
o Captura de micromamíferos com armadilhas de Sherman (diversos tamanhos,
formatos e múltiplos).

Salamandra, cabra montês, lobo ibérico, javali, corso, raposa, cobra, lebre.

Biologia de campo
A biologia de campo está enraizada na história natural, desde as grandes jornadas e
expedições de Charles Darwin, Livingston, etc. Contudo, tipicamente há um grande enfase
no uso de dados experimentais e observacionais para criar modelos conceptuais e teorias.

Relação com Ecologia

▪ O que podemos estudar?


o Vida selvagem – relações de habitat
o Monotorização de populações animais
o Monotorização de animais individuais

▪ Qual a importância da Biologia de Campo?


o Distribuição de uma espécie
o Estrutura e tamanho populacional
o Produtividade da população (natalidade)
o Seleção de habitat
o Comportamento animal
o Competições intra e interespecíficas
o Condições físicas e fisiológicas
o Composição e qualidade da dieta
o Estado de saúde
Taxa de recrutamento – nº de crias que sobreviveram ao período limitante.
Taxa de natalidade – nº de crias que nasceram.

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Método científico
A biologia de campo é mais do que um simples passeio. São necessárias experiências
de campo com base científica para produzir informação objetiva, relevante e atualizada.
▪ Processo de raciocínio
o Teoria (ter os objetivos bem definidos, fazer pesquisa e revisão do problema).
o Pesquisar o objetivo e hipótese.
o Formular previsões.
▪ Processo de investigação
o Desenhar investigação e experimentação para testar a hipótese.
o Colecionar e compilar os dados.
o Fazer análise de dados e modelos.

Escalas de observação
▪ Espécie
▪ Metapopulação – várias populações separadas espacialmente, mas alguns indivíduos
conectam-se. → seleção da distribuição, distribuição espacial e de frequência de
genes, demografia da população, interações e movimentos dispersivos.
▪ População → seleção de distribuição, densidade de paisagem, frequência de genes,
demografia, interações e movimentos.
▪ Deme/subpopulação → seleção, breeding home ranges, genótipos, demografia,
interações e movimento.
▪ Organismo → seleção, domínio vital, genótipo, interações.
Na Serra da Lousã seria estudada a população.

Desenho experimental
O A (Amostra simples
aleatória) é o mais usado – área de
estudo mal conhecida, logo é feito um
screening inicial, onde são distribuídas
50 a 100 armadilhas Sherman para
recolher, capturar e identificar os
organismos (são devolvidos no final).
É usado quando queremos perceber o
que há e o que não há e onde há e não
há.
No B o espaçamento entre
câmaras depende do domínio vital de
cada organismo.
O C (Aleatório estratificado) é
um ajustamento do A. Usado para fazer
um inventário do local a nível de
comunidade ou estratificação da
amostragem.

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Material
▪ GPS ou carta militar
▪ Bússola
▪ Binóculos ou telescópios
▪ Água e comida
▪ Roupa adequada
▪ Canivete
▪ Bloco de notas e fichas padronizadas (registar comportamento, por exemplo)

Ungulados (Itinerários com amostragem à distância)

Figura 2 - Hastes Figura 3 - Navalhas e


de corso amoladeira de javali
Figura 1 - Hastes
de veado
(O que distingue o ungulado dos restantes grupos? Os
ungulados têm cascos.)
As hastes são protuberâncias (existentes nos machos) que se prolongam do osso
craniano com vasos sanguíneos e que se ramificam, choldam anualmente e renovam. Os
cornos são protuberâncias (existentes em ambos os sexos) com núcleo ósseo coberto por
queratina e que não ramificam, não choldam e não renovam.

Ciclo das hastes e sua constituição?


A estrutura da haste engloba tronco principal (perlado), pivot, roseta, estoque, contra
estoque, ponta intermédia e coroa. O ciclo das suas hastes segue o seguinte processo:

1. Nascimento – após sensivelmente 1 ano (entre 8 e 12 meses)

2. Amadurecimento – demora entre 4 e 5 meses (precisam de sais minerais)

3. Queda e renovação (choldam)

4. “Re-amadurecimento”

5. Reprodução

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Outros métodos complementares


▪ Scat collection
▪ Uso de cães para deteção de vida selvagem
▪ Sinais indiretos
▪ Sacos de caça
▪ Citizen science – é uma pesquisa científica conduzida, maioritariamente, por
cientistas amadores.
o Exemplo: Yellow-legged hornet (vespa no centro de Portugal)

Fazer inferências sobre populações selvagens

Capturar e registar vida selvagem


As capturas com sucesso têm por baso esforço e experiência de biólogos da vida
selvagem e técnicos que planearam, estudaram e testaram os diferentes métodos. A maioria
dos animais são capturados pela mão, através de aparelhos mecânicos, por injeção remota de
medicamentos ou através do uso de iscos. Deve haver muita atenção, porque os métodos de
captura podem induzir stress físico e magoar os seres capturados. Estes podem até tornar-se
particularmente vulneráveis à predação.

▪ Captura de aves
o Fish dip nets and throw nets
o Mist nets - uma rede de malha discreta é erguida verticalmente em postes e
implantada em áreas de alta atividade para intercetar as aves durante suas
rotinas diárias normais → aves pequenas e médias
o Dho Gaza nets – exploram a tendência de aves de rapina e outras espécies
para atacar corujas.
o Cannon and Rocket nets - grandes redes de malha presas a projéteis que são
impulsionados sobre os rebanhos de poleiros ou de alimentação por cargas
explosivas (há risco de ferimento).
o Múltiplas armadilhas, medicamentos orais, etc

Atrativos visuais e químicos podem aumentar o sucesso das armadilhas. Não


esquecer da importância da ética na captura, aprisionamento e manuseamento
apropriado.

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▪ Captura de mamíferos
o Dip nets (rede de mão)
o Mist and harp nets
o Drop nets using charges
o Drive nets
o Box and cage traps
o Tomahawk and Sherman traps
▪ Armadilha de Sherman - possuem diversos tamanhos e formatos para
capturar micromamíferos através de um sistema com pedal (acionado
quando o animal passa por cima) que fecha a porta e aprisiona o
animal. A vantagem é que permitem capturar animais com atividade
noturna ou grande mobilidade, mas a desvantagem é que causam
stress, ferimentos, malnutrição ou diferenças de temperatura e não
permitem observar o interior.
o Remote injection of drugs

O tipo de rede ou armadilha usada num contexto específico depende da espécie


ou grupo de espécies que queremos estudar.

▪ Captura de anfíbios e répteis


o Capturas à mão
o Dip nets
o Drift fences with pitfall and funnel traps
▪ Pitfall - recipiente enterrado no chão com a borda no nível da
superfície usada para prender animais móveis que caem nele, algumas
têm uma solução para matar e preservar.
o PVC pipes
o Cover boards

Herpetofauna é sensível ao excesso de calor e dessecação.

Marcação e monitorização
Colocar localizações num mapa pode ser feito de diversas maneiras: observação direta
ou deteção indireta de dados de citizen science. Esta marcação também pode ser feita ao fazer
um rastreamento dos animais. Uma das maneiras de rastreamento da vida selvagem é a
radiotelemetria (depende da quantidade de inferências a ser realizadas). Como não é possível
colocar transmissores em todos os indivíduos da população, são usados alguns indivíduos e,
posteriormente, são feitas inferências para a população.

Há várias limitações, tais como: orçamento, recursos humanos, tempo. Portanto, é


essencial fazer um esboço da amostra.

o Definir objetivos e tentar minimizar o viés ao selecionar indivíduos


o Programar a coleção de dados e saber quantos indivíduos e localizações são
necessárias
o Verificar se os transmissores influenciam o comportamento e bem-estar
animal
o Gestão, armazenamento e análise de dados

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Caraterizar e monitorizar o habitat da vida


selvagem

Caraterização do local – é uma tarefa desafiante e importante. Como os animais e as


plantas são afetados por caraterísticas físicas, químicas e biológicas é importante determinar
quais é que estão a influenciar a sobrevivência, crescimento, padrão de dispersão e
reprodução de cada um. Todos estes fatores podem ter consequências praticamente imediatas
e duradouras na dinâmica da população e conservação da espécie.
Há imensa informação disponível em sites, tais como:
o WWF
o MODIS
o IPCC
o Global Climate Monitor
o WorldClim
o Opernicus
o Eurostat, etc.

Ecologia molecular na gestão da vida selvagem


O DNA pode ser extraído dos músculos, coração, sangue, fígado, pele, pelo, penas,
saliva, fezes, urinas, osso, membranas de casca de ovo, chifres, etc.
Algumas técnicas moleculares requerem DNA de alta qualidade (por exemplo,
sequenciação de grandes fragmentos de mtDNA), enquanto que outros são mais flexíveis.
o Identificação de espécies e subespécies
o Identificação de género
o Introgressão e hibridização
o Mutação e fluxo genético
o Estrutura e fragmentação da população
o Reintrodução e translocação da vida selvagem
o Efeitos evolucionários resultantes das atividades humanas
o Análise de dietas

Comportamento animal
As observações diretas são usualmente preferíveis para testar hipóteses deste
assunto. Geralmente, o observador regista o comportamento (descanso, agressão,
alimentação) independentemente do tempo e local, assim como regista várias caraterísticas
do meio que o rodeia.

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As observações indiretas incluem o estudo de pegadas, zonas de alimentação,


distribuição de marcas e fezes, marcas de dentes, gravações de som e câmara.
O GPS combinado com sensores de atividade e fisiológicos são cada vez mais comuns
nesta área.

Ecofisiologia
Tenta compreender os potenciais limites nos organismos, tendo em conta a sua
fisiologia, ou seja, como é que respondem a desafios ambientais e como se adaptam ao seu
nicho ecológico.
Os glucocorticoides (cortisol e corticosterona) são hormonas esteroides que participal
na regulação de uma vasta gama de processos fisiológicos, incluindo as respostas ao stress.
O stress pode ser agudo ou crónico. A exposição permanente ao stress pode ter
consequências na condição física animal e traços gerais.
▪ Como quantificar stress e qual a importância de o fazer?
Algumas causas de stress – caça, turismo, uso de terra, predadores, competição
por espaço e recursos – podem afetar uma espécie ou indivíduo de maneira independente
ou sinérgica. Há também uma interação com fatores intrínsecos, tais como: idade, género
e estado reprodutivo.
o Medição de cortisol no pelo
o Quantificação de metabolitos glucocorticoides em matéria fecal

Composição da dieta e qualidade


São normalmente avaliadas por análise microhistológica.
O nitrogénio fecal tem sido um servidor da qualidade da dieta, enquanto que fibras
detergentes neutras são usadas como servidores de dieta digestiva.
Após processamento de cada amostra, a identificação dos pelos é feita do seguinte
modo:
o Comparação macroscópica dos pelos com uma referência padrão
o Análise microscópica para observar a estrutura da gotícula, medula e córtex
do pelo

Extras
Espécies indicadoras – refletem o estado dos ecossistemas.
Espécies-chave – desempenham papel ativo no equilíbrio ecológico.
Espécies bandeira – carismáticas e populares.
Espécies chapéu de chuva – definem grandes territórios, quando são proteídos,
quando espécies com territórios mais pequenos estão também a ser protegidos.
Espécies vulneráveis – são perigo de extinção.
Diferença entre tritão e salamandra? São da ordem Caudata, as salamandras são
maiores e passam menos tempo na água comparando com os tritões.

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✓ Ecossistemas de interior: Serra da Lousã (Flora) – Paulo Silveira


No estudo da flora vascular, da vegetação, dos habitats e da paisagem, é preciso:
1. Definir objetivos
▪ Flora – informação sobre cada espécie.
▪ Vegetação – informação sobre comunidades vegetais (é composta pela flora).
▪ Habitats – zonas apropriadas para espécies/comunidades vegetais (comunidades não
se movem logo definem condições abióticas).
2. Recolher informação
▪ Bibliografias – estudos prévios, floras e guias de identificação.
▪ Cartografia temática – geologia, tipo de solo, clima (escala 1:50000).
▪ Diagramas ombrotérmicos – curva de temperatura ou de precipitação, período de
humidez.
▪ Fotografia aérea ou satélite – IV com falsas cores sensíveis à clorofila.
▪ Estudo florístico – visitas (1 mês em ¾ anos em serras) aos diferentes
habitats/formações vegetais e tipos de solo/litologias com colheita, preparação,
conservação e catalogação.
▪ Amostragem direta – caraterísticas (composição florística, densidade, cobertura,
biomassa) e metodologias (de acordo com parâmetros e objetivos).
3. Tratar dados e concluir – flora (nome, lista de espécies), vegetação (mapas de
distribuição de comunidades), habitats (nome e código, situação de referência).

Amostragem direta
Os parâmetros são estimados:
▪ Olho ▪ Mecânica
o Rápido o Demorado (quadrado de
o Escalas com divisões pontos, fita-métrica, foto)
grosseiras o Escalas com divisões
o Adequado para descrição finas
e mapeamento de o Adequado para dados
vegetação rigorosos que minimizam
o Semi-quantitativa, uso em subjetividade
alguns métodos o Quantitativa adequada
matemáticos para testes estatísticos
O posicionamento das parcelas é selecionado de modo:
▪ Subjetivo (Método de Braun-Blanquet)
o Locais de amostragem selecionados pelo investigador, evitando áreas
alteradas (amostragem flexível)
o Melhor para área onde há transições entre comunidades
o Bom para descrição e classificação da vegetação
▪ Objetivo (Método ecológico)
o Locais de amostragem selecionados ao acaso (estatística probabilística)
o Melhor para áreas onde transições não são nítidas ou para determinar causas
de variação dentro de uma comunidade
o Bom para métodos de ordenação

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A amostragem direta pelo tamanho mínimo de parcelas (Braun-Blanquet) é


estimada pelo Método dos Quadrados Encaixados, pois a curva atinge o plateau quando a
área de amostragem é mínima.
A amostragem indireta pelo Número Mínimo de Parcelas (Método Ecológico)
utiliza quadrados pequenos e fita métrica.
▪ É estratificado ou não?
o As áreas de estudo são primeiro divididas em classes similares com base em
algum critério, por exemplo, unidades de paisagem (vales, colinas,
montanhas) ou unidades de vegetação mapeáveis.

Amostragem – Método Braum-Blanquet


A amostragem é efetuada com fita-métrica (biomassa, ao longo de uma linha o
espaço ocupado por cada planta) ou com ponto quadrado (baixa agulhas e anota frequência
com que picam uma espécie). O inventário florestal é uma colheita sistemática de dados
florestais para avaliação e análise, que é realizado através da abundância:
o 5 – 75 a 100 % (tapete extenso)
o 4 – 50 a 75 % (colónias, tapete interrompido)
o 3 – 25 a 50 % (grupo com muitos indivíduos)
o 2 – 10 a 25 % (pequenos tufos densos)
o 1 – 1 a 10 % (plantas isoladas)
o + – menos de 1%

Inventário florestal
▪ Objetivos:
o Estimar valor económico da parcela;
o Verificar se está em condições de ser cortada;
o Avaliar potencial risco de incêndio;
o Analisar estado reprodutivo;
o Mercado de carbono;
o Estimar idade das árvores, etc.

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▪ Quais os parâmetros medidos?


o Espécie, diâmetro à altura do peito (DAP, +/- 130 cm), altura, qualidade,
idade, defeitos, etc.
Para medir a altura utiliza-se uma vara telescópica e clinómetro.

Altura da árvore = D * tan(35º) + h

Para medir a idade utiliza-se uma verruma (dendrocronologia – estimativa pelos


anéis de crescimento – época de precipitação, incêndios, mercúrio), fita de diâmetro
(DAP) ou suta.

Herbário
É uma coleção de espécimes – por exemplo: plantas, partes de plantas, briófitos,
líquenes ou fungos – preservados – normalmente secos, prensados e montados em cartolinas
ou guardados em envelopes, como no caso de musgos ou líquenes – e catalogados – dados
registados num ficheiro ou base de dados.
▪ Coleção principal – coleção de espécimes prensados, conservados por desidratação.
▪ Coleção carpológica – coleção de frutos, conservados por desidratação ou em etanol
a 70%.

▪ Objetivos:
o Deter e conservar espécimes vegetais de referência, de forma ordenada,
indexada e catalogada;
o Permitir uma identificação rápida de plantas colhidas, por comparação com
os espécimes da coleção;
o Constituir uma base de dados sobre a diversidade vegetal da área geográfica
abrangida pela coleção;
o Os espécimes e os respetivos dados registado têm um elevado valor científico
e podem ser usados em diversos estudos de natureza taxonómica, florística,
ecológica, genética, etc.;

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o Intercâmbio com outros herbários, nacionais e internacionais,


disponibilizando os dados de cada exemplar para consulta ou empréstimo, ou
mesmo através de permuta de duplicados.

Como fazer um herbário?


Material
▪ Etiqueta de numeração (relojoeiro)
▪ Picadeira de pedreiro (leve, mas frágil)
▪ Canivete/faca
▪ Tesoura de poda com ou sem cabo telescópico (cortar ramos com elementos
identificativos)
▪ Saco plástico translucido (não aquece)
▪ Envelopes pequenos (plantas pequenas/frágéis ou frutos)
▪ Prensa ou pasta de secagem
▪ Outros: lupa de bolso, pinças, mapas da região, gps, bússola, altímetro barométrico
que permita medir altitude, máquina fotográfica, frascos de boca larga (plantas
aquáticas), sacos com sílica gel (amostras para estudo genético), etc.
1 - Colheita (consultar sites para ver qual a melhor época)
▪ Onde colher?
o Diferentes habitats (florestas, matos, prados, rochas, dunas, rios, charcos,
margens de caminhos e/ou campos agrícolas, etc.);
o Diferentes tipos de rocha (xisto, granito, calcário, etc.);
o Nas montanhas em várias altitudes e exposição das encostas.
▪ Como colher?
o Sempre que possível, colher exemplares completos.
o Por vezes é necessário colher em diferentes épocas do ano (por exemplo,
folhas basilares secam antes da planta produzir flores).
o Convém usar sacos de papel para guardar flores, frutos ou sementes que caem
facilmente.
o Colher amostras representativas da variabilidade morfológica das
populações.
o Se a planta for dioica, colher exemplares de ambos os sexos.
o Se a planta apresenta folhas basilares diferentes de caulinares, deve-se colher
3 tipos de amostras: parte basilar com raiz, parte média do caule e algumas
folhas, parte superior com folhas ou brácteas e flores e frutos.
o Folhas de grandes dimensões (fetos arbóreos ou palmeiras) devem ser
colhidas secções representativas de cada parte da folha e registado em livro
de campo dimensões e forma geral.
o Se as plantas produzirem frutos muito grandes, colhe-se o exemplar quando
o fruto ainda estiver pouco desenvolvido e anota-se depois a forma,
dimensões e a cor quando maduro. Em alternativa, colhe-se o fruto nas suas
dimensões habituais, seca-se sem prensar e guarda-se numa coleção
carpológica separada do herbário prensado.

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▪ Inventário (registo da colheita)


o Data da colheira (dia, mês e ano)
o Descrição sucinta e pormenorizada da região onde estamos a colher
(província, distrito, concelho, freguesia, coordenadas GPS)
o Nome do coletar ou coletores
o Número da acolheita (igual ou da etiqueta de numeração ligada ao espécime)
o Nome científico da planta (à frente do da colheita)
o Referência ao hábito (anual, bianual ou vivaz/subarbusto, arbusto ou
árvore/cor da corola, etc.) e ecologia (pastagem, berma da estrada, charco,
vala, altitude, inclinação, exposição e natureza geológica do terreno, etc.)
▪ Numeração dos espécimes
o Os exemplares da mesma espécie, colhidos no mesmo local e na mesma data,
deverão ser etiquetados com o mesmo número;
o Não se deve dar o mesmo número a exemplares da mesma espécie colhidos
em locais diferentes;
o Se vários exemplares forem colocados numa mesma folha de secagem pode-
se colocar etiqueta apenas num desses exemplares;
o A numeração será sempre a da ordem seguida na herborização e o coletor
deve ter uma só série de números sem intervalos;
o Quando ao analisar os espécimes no laboratório se verifica que o mesmo
número foi atribuído a exemplares diferentes, pode-se dividir o número em
dois e atribuir uma letra como sufixo (123 → 123a e 123b).
2 – Prensagem/Secagem
▪ Método clássico – é utilizada uma prensa com folhas de jornal (almofada e camisa),
para secar as plantas.
o Coloca-se uma base de várias folhas de jornal (almofada), seguidas de 1
“camisa” de folha simples com o espécime no interior, seguida de outra
almofada.
▪ Método com ventilação – utiliza-se um termoventilador para facilitar a secagem.
▪ Método de Scheinfurth – há uma preservação temporária com álcool. Utilizado em
climas tropicais. São necessárias camisas de jornal.
o Faz-se 1 pilha de camisas e metem-se 2 almofadas (1 em cima e 1 em baixo).
o Ata-se tudo com corda/fio e coloca-se num saco de plástico.
o Verte-se ¼ L de álcool nas folhas e retira-se o ar do saco, que é posteriormente
selado e enviado para o laboratório.
Após o transporte, que pode demorar meses, basta abrir a embalagem
ao ar livre e mudar os espécimes para papel seco e prensar/secar por um dos
métodos anteriormente descritos.
Tem a vantagem de ser rápido e de fácil execução, não necessitando
de eletricidade ou licenças fitossanitárias. Por outro lado, os espécimes perdem a
cor natural e o material fica mais pesado, o que encarece o transporte.
3 – Identificação
A identificação consiste em determinar a família, género, espécie ou categorias infra
específicas em que se pode incluir cada espécime.

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Embora seja preferível fazer com o material fresco, pode ser feita com material seco,
em qualquer fase do processo de elaboração do herbário ou até muitos anos após a sua
inclusão no mesmo.
É feita com ajuda de lupa e floras, monografias, guias ilustrados ou páginas da internet
fidedignas.
4 – Desinfestação
Diversos insetos podem alimentar-se dos espécimes de herbário, completando neles,
inclusive, o seu siclo de vida e perfurando as cartolinas para passar de espécime para
espécime.
A sua desinfestação pode ser feita por processos químicos – envenenamento dos
espécimes com cloreto de mercúrio, naftalina ou cânfora -, mas estes têm vindo a ser postos
de parte por terem efeitos mais ou menos tóxicos sobre os humanos.
A sua técnica mais usada atualmente recorre ao congelamentos dos espécimes por
uma semana a -20º C e manutenção da sala do herbário a 17º C e 45% HR.
5 – Montagem
6 – Catalogação
Envolve a organização dos dados dos espécimes numa base de dados, a partir da qual
se imprimem as etiquetas a colar nos espécimes e se organizam os espécimes nas prateleiras
de acordo com uma determinada ordem.

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