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OS GRANDES BIOMAS TERRESTRES

Compreende-se por bioma as grandes comunidades adaptadas a condições


ecológicas específicas ou a uma região com o mesmo tipo de clima e vegetação. De
pendendo da latitude em que se encontre um ecossistema podemos encontrar
diversificação nas características que o compõem assim como sua biodiversidade. Os
diversos ecossistemas da Terra encontram-se divididos em biociclos:

I. EPINOCICLO ou ecossistemas terrestres: tundra, taiga, florestas temperadas


caducifólias, florestas tropicais, desertos e campos.
II. LIMNOCICLO ou ecossistemas dulcícolas: províncias lêntica e lótica.
III. TALASSOCICLO ou ecossistemas de águas salgadas ou marinhos: zonas
intertidal, nerítica, batial e abissal.

EPINOCICLO

1. TUNDRA

Localização: ocorre nas zonas que limitam com os glaciares. Existe apenas no Norte do
planeta.

Biótopo: O verão é breve e o inverno longo e frio. Temperatura média anual muito
baixa. O solo está gelado durante a maior parte do ano (permafrost) e é, na sua maioria,
constituído por pântanos, formados nas áreas que degelam durante uma pequena parte
do ano. Ocorrem períodos de longos dias com noites curtas e vice-versa.

Biocenose: a vegetação é escassa, composta essencialmente por musgos, liquens, capins


e alguns arbustos muito pequenos. Quando se inicia o curto verão da tundra surgem
espécies animais vindas de sul, como insetos, lemingues, lebres do ártico, caribús, renas,
raposas, lobos e várias aves migratórias que aí têm o seu território de reprodução.
Durante sua estada no ambiente, as aves eliminam suas fezes ácidas no solo, fato que
contribui para a decomposição de rochas e fertilização do pobre solo local.

2. TAIGA OU FLORESTA DE CONÍFERAS

Localização: ao sul da tundra, também no hemisfério Norte, em áreas do Canadá, da


Sibéria e dos EUA.

Biótopo: clima muito parecido com o anterior, porém com verão temperado e úmido,
sendo que no inverno as temperaturas são extremamente baixas. Recebe mais luz que a
tundra devido à sua menor latitude.

Biocenose: a vegetação é mais abundante. É caracterizado pela existência de florestas


de árvores de folhas acicufoliadas, entre elas as coníferas e o cedro. Fauna composta por
vários animais de diferentes espécies: insetos, aves como o picapau, os chapins, os
tentilhões, as corujas e os açores; grandes mamíferos, como o urso pardo, alces, renas, e
outros de menores dimensões, como as doninhas e os visons; herbívoros como as
marmotas e os castores.

3. FLORESTAS TEMPERADAS CADUCIFÓLIAS OU DECÍDUAS

Localização: existe nas latitudes intermédias, abrangendo áreas dos EUA, Europa, Ásia
e América do Sul.

Biótopo: apresenta clima temperado, com médias anuais moderadas, caracterizando as


quatro estações bem definidas, com os dias de inverno curtos e baixas temperaturas,
inclusive abaixo de zero, podem perdurar por até seis meses, com chuvas bem
distribuídas por todo o ano e, por conseqüência, garante boa umidade, à exceção do
inverno rigoroso. Os solos são geralmente abundantes em matéria orgânica, garantindo
bom desenvolvimento da flora.

Biocenose: abundante vegetação, predominando as árvores de folha caduca, como


carvalho, bordo, nogueira e faia. Encontram-se diversas espécies de musgos e arbustos.
Há enorme profusão de vida animal: insetos e outros invertebrados; anfíbios e répteis;
aves que se alimentam dos brotos das árvores e dos grãos; pequenos roedores como
esquilos, ratos silvestres e marmotas; herbívoros, como os veados, as corças, os
bisontes; insetívoros, como o porco-espinho e o ouriço; mamíferos carnívoros como as
raposas e os gatos selvagens e onívoros como os texugos.

4. FLORESTA TROPICAL

Localização: é típica da América Central, norte da América do Sul, região central da


África, sul da Ásia, Ilhas do Pacífico e nordeste da Austrália.

Biótopo: é característica das zonas equatoriais, com temperaturas elevadas e constantes,


com médias anuais de 27ºC. Chuvas abundantes e freqüentes apresentando forte
intensidade de luz solar. Muitas dessas florestas apresentam solo composto por areia e
argila, pobre em nutrientes, mas apresentando rápida ciclagem de matéria orgânica
devido às altas temperaturas e umidade, que aceleram o processo de decomposição.

Biocenose: vegetação abundante com vários estratos vegetais que proporcionam


condições de vida ideais para uma fauna abundante e diversificada: todo o tipo de
inseto, anfíbios, (sapos, rãs…), mamíferos, principalmente primatas (tupis,
orangotangos, chimpanzés, gorilas) grande variedade de artrópodos, aves e répteis.

5. CAMPOS

Localização: localizam-se em regiões tropicais e temperadas. Apresenta-se com


diversos nomes que variam conforme a região de ocorrência: savanas, na Austrália e na
África; estepes, na Ásia e na Europa; pradarias, na América do Norte; pampas, no sul da
América do Sul e cerrados, no nordeste da América do Sul.

Biótopo: recebem uma quantidade de chuva intermediária entre a floresta e o deserto.

Biocenose: devido à suas particularidades em relação às chuvas, há dificuldade do


desenvolvimento de árvores, que são bastante esparsas. Há grande quantidade de
gramíneas e alguns arbustos. Com essa vegetação típica ocorre a presença de muitos
herbívoros como zebras, gnus, girafas, antílopes; seus predadores carnívoros como
leões, guepardos, onças, hienas, chacais, dentre outros. Ainda são encontrados diversos
roedores, répteis além de invertebrados.

6. DESERTOS

Localização: encontrados em torno da linha equatorial, em regiões áridas da África, da


Ásia, dos EUA, do México e da Austrália.

Biótopo: o ar chega bastante seco devido à baixíssima umidade do ar; as chuvas são
raras e irregulares, o solo é seco, árido e pobre devido à presença de areia e calcáreo. A
temperatura durante o dia varia entre 40 e 54ºC, mas durante a noite é muito fria devido
à alta dispersão do calor por conta da baixa umidade.

Biocenose: a vegetação é pobre e esparsa, apresentando adaptações ao tipo de clima


(xerófitas). A fauna também é pobre, ocorrendo alguns roedores como o rato-canguru,
alguns lagartos e cobras, corujas, insetos e aracnídeos.

LIMNOCICLO

A. PROVÍNCIA LÊNTICA

Biótopo: constituem os ambientes de água doce aparentemente parada,mas que sempre


se renovam. Correspondem desde uma poça d’água e charcos até os grandes lagos e
lagunas. Podem se apresentar relativamente estáveis, mas apresentam fatores limitantes
como a variação de temperatura, de profundidade, de transparência ou de renovação da
água.

Biocenose: pode ser encontrada uma comunidade planctônica; invertebrados diversos;


anfíbios, répteis, peixes; aves e mamíferos que dependem do produto alimento ofertado
por esse ecossistema. A vegetação marginal pode ser constituída de diversas espécies
rasteiras, herbáceas, arbustivas ou mesmo de árvores que irão variar em função do tipo
de solo e clima da região.

B. PROVÍNCIA LÓTICA
Biótopo: compreende os ambientes dulcícolas em movimento, como riachos, córregos e
rios. Pode ser dividido em três regiões: nascente, curso médio e curso baixo ou foz.

Biocenose: dependendo da velocidade da corrente pode não apresentar a formação de


plâncton, mas encontram-se peixes, insetos e outros invertebrados, na região ribeirinha
podem ser encontrados répteis, aves, anfíbios e mamíferos que dependem da província
para seu sustento. A formação vegetal das margens (mata ciliar)forma um excelente
ambiente que evita a evaporação excessiva que pode levar ao assoreamento, à perda de
massa hídrica e, consequentemente, da biodiversidade.

TALASSOCICLO

Biótopo: os oceanos e mares formam o maior biociclo da Terra, cobrindo cerca de 71%
da superfície do globo. Na hidrosfera as mudanças de temperatura estão menos sujeitas
a mudanças, se comparadas à litosfera, devido ao alto calor específico da água.
Apresenta riqueza em sais minerais dissolvidos. Está dividido de acordo com a
profundidade em:

A. Zona intertidal ou sistema litorâneo: corresponde à zona entre a maré alta e a


maré baixa, sendo também chamada de entremarés.
B. Zona nerítica ou sistema nerítico: vai até 200 metros de profundidade sobre a
plataforma continental, com declive suave.
C. Zona batial ou sistema batial: varia entre os 200 e os 2000 metros de
profundidade.
D. Zona abissal ou sistema abissal: encontrado a profundidades superiores a 2000
metros.

Biocenose: não é tão variada quanto no epinociclo, apresentando menor número de


habitats e nichos ecológicos. A diversidade vai depender da turbidez da água que
interfere diretamente na penetração de luz solar.

A biota pode ser classificada quanto à capacidade de deslocamento, sendo


dividida em:

1. Plâncton: formado pelo conjunto de seres que se deslocam passivamente sobre


a água, arrastados pelas correntes, ventos e ondas, por não apresentarem nenhum
apêndice ou por não serem desenvolvidos o suficiente que permita sua
locomoção. É formado por algas microscópicas (fitoplâncton), protozoários,
formas larvais de crustáceos, moluscos, medusas e outros (zooplâncton).
2. Nécton: composto por todos os seres dotados de locomoção, mesmo contra a
corrente, como peixes, mamíferos, moluscos etc.
3. Bentos: formado pelos seres que vivem no leito do mar. Dividem-se em dois
grupos: os sésseis, isto é os que são fixos (anêmonas, algas, mariscos, cracas,
esponjas, corais, ostras) e os locomotores que se arrastam no fundo (estrelas,
ouriço-do-mar, siris, caramujos).

A variação da quantidade de luz solar que penetra nos oceanos interfere na


biodiversidade e depende do grau de poluição existente no local. Pode-se encontrar três
regiões:

a. Zona eufótica: onde há boa penetração da luz solar, variando entre 50 e 200
metros. É uma zona bastante povoada onde se encontra boa quantidade de seres
fotossintetizantes.
b. Zona disfótica: apresenta pouca penetração de luz ou nela penetram apenas
alguns comprimentos de onda.
c. Zona afótica: não há penetração de luz.

Bioma
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Em Ecologia, chama-se bioma a uma região com o mesmo tipo de clima e vegetação.
Mais além, biomas são um conjunto de ecossistemas de mesmo tipo. A comunidade
biológica, ou seja, fauna e flora e suas interações entre si e com o ambiente físico: solo,
água e ar.

Área biótica ou biótopo é a área geográfica ocupada por um bioma. O bioma da Terra
compreende a biosfera. Um bioma pode ter uma ou mais vegetações predominantes. É
influenciado pelo macroclima, tipo de solo, condição do substrato e outros fatores
físicos, não havendo barreiras geográficas, ou seja, independente do continente, há
semelhanças das paisagens, apesar de poderem ter diferentes animais e plantas, devido à
convergência evolutiva.

Um bioma é composto da comunidade clímax e todas as subclímax associadas ou


degradadas, pela estratificação vertical ou pela adaptação da vegetação.

São divididos em:


1. Terrestres ou continentais
2. Aquáticos

Geralmente, se dá um nome local a um bioma em uma área específica. Por exemplo, um


bioma de vegetação rasteira é chamado estepe na Ásia central, savana na África, pampa
na região subtropical da América do Sul ou cerrado no Brasil, campina em Portugal e
pradaria na América do Norte.

Índice
 1 Conceitos Físicos Básicos
o 1.1 Irradiação Solar

o 1.2 Irradiação Solar que atinge a Terra

o 1.3 Fontes de Energia da Terra

o 1.4 Meteorologia

o 1.5 Atmosfera

 2 Biomas
o 2.1 Introdução

o 2.2 Biomas Terrestres (Classificação do WWF Global 200)

o 2.3 Biomas Aquáticos (Classificação do WWF Global 200)

o 2.4 Biomas Marítimos Costais (Classificação do WWF Global 200)

 3 Comparações entre latitudes de clima marítimo


 4 Ver também
 5 Ligações Externas
 6 Literatura
 7 Biomas
 8 Galeria

 9 Referências

Conceitos Físicos Básicos


Os Biomas não são estáticos, mas sim como tudo dinâmico estão sempre oscilando. O
passado sendo parte da razão do estado presente.

Irradiação Solar
A irradiação solar tem muitos períodos, nesta perspectiva a constante solar não é uma
constante! [1]

 Ciclo Schwabe em média 11 (9-14) anos,


 Ciclo Hale com por volta de 22 anos (também chamado ciclo magnético),
 Ciclo Schove com por volta de 42 - 50 anos,
 Ciclo Gleissberg de 80-90 (até 120) anos (entre mínimo e máximo existe por
volta 40-45 anos), modula o Ciclo Schwabe,
 Ciclo Seuss, também chamado Zyklus 208a, de 180-210 (208) anos,
 Ciclo de 1'470 anos [2]

Irradiação Solar que atinge a Terra

Durante os últimos 800'000 anos, o período dominante da oscilação glacial–interglacial


era 100'000 anos, que corresponde a alteração da eccentricidade e a inclinação orbital da
Terra. Durante o período 3,0–0,8 milhões de anos atrás, a oscilação dominante da
glaciação corresponde a um período de 41'000 anos da obliquidade da Terra (ângulo do
eixo). Isso reflete as oscilações da Terra no mundo bidimensional (Variação orbital),
uma simplificação da realidade no espaço tridimensional. [3] [4] [5] [6] (en.wikipedia)

Fontes de Energia da Terra

O fluxo de energia aquecendo a superfície da Terra consiste da soma da:

 Radiação Solar (99.978%, ou quase 174 petawatts; ou ca. 340 W/ m2)


 Energia Geotermal (0.013%, ou ca. 23 terawatts; ou ca. 0.045 W/ m2), gerada
por Convecção, Fissão Nuclear e Cristalização.
 Energia da Maré (0.002%, ou ca. 3 terawatts; ou ca. 0.0059 W/ m2), interação
entre a Terra e a Lua, o Sol e outros.
 Perda de energia na queima de combustíveis fósseis (ca. 0.007%, ou ca. 13
terawatts; ou ca. 2 kW/ pessoa). [7] [8]

Num aumento de temperatura, os oceanos contém menos CO2; isso aumenta a


concentração do mesmo na atmosfera após 800 anos de aquecimento global. A
temperatura dos oceanos nos trópicos está em equilíbrio com a velocidade de
evaporação de água. O Ciclo das Eras do Gelo, os Aquecimentos Globais se explicam
pela oscilação do calor do sol, dos Ciclos de Milankovitch [9], da superfície sob neve/
gelo, da concentração de CO2 na atmosfera (Efeito estufa) e pelo vulcanismo. [10] [11] [12]
[13] [14]

Desde 1979, a temperatura sobre terra subiu duas vezes mais rápido que sobre o oceano
(0,25°C/ década contra 0,13°C/ década). [15] Tendências (1979-2005):

 global: 0,169 ± 0,048°C/ década, média: CRU/UKMO (Brohan et al., 2006) [16],
NCDC (Smith and Reynolds, 2005) [17], e GISS (Hansen et al., 2001). [18]
 Hemisfério Sul, 0,094 ± 0,038°C/ década, média: CRU/UKMO (Brohan et al.,
2006) [16], e NCDC (Smith and Reynolds, 2005) [17]
 Hemisfério Norte, sobre terra: 0,317 ± 0,083°C/ década, média: CRU/UKMO
(Brohan et al., 2006) [16], NCDC (Smith and Reynolds, 2005) [17], GISS (Hansen
et al., 2001) [18], e Lugina et al. (2006). [19] [20]

A oscilação refletida no calendário Maia também não deve ser desprezada: 11 de


agôsto, 3114 a.C. - Natal 2011 AD.

Meteorologia

Mais importante que a irradiação solar é o calor do sol que atinge efetivamente a
superfície, e o calor que essa mesma superfície perde para o espaço (Albedo).

 As nuvens, a areia, o pó, a cinza vulcânica no ar refletem o calor do sol como


também refletem o calor da superfície.

 A neve e o gelo esfriam o ar ao redor, são espelhos que refletem o calor do Sol,
como também sublimam água diminuindo o efeito do sol.

 Uma nuvem que chove não é estática, ela é dinâmica, ela é alimentada por
correntes de ar úmidas, senão ela desaparece. Evaporar água necessita de calor,
condensar água gera calor, distribuindo assim o calor dos trópicos por toda a
Terra.

 1’000 m acima, a temperatura do ar é mais ou menos 5°C mais frio, ou mais ou


menos 3°F (1,67°C) em 1’000 pés (304,8m).

Idealizada Circulação da Atmosfera da Terra


 A umidade do ar saturado aumenta por volta de 30% a cada 5°C. Mas a
precipitação é como chuva acima de 0°C. Assim a geleira cresce antes de morrer
por aquecimento climático.

-. Belém PA; Brasil; 24 m; Amazônia; temperatura média anual 26,0°C; precipitação


média anual 2'897 mm. Antartica tem uma precipitação média anual estimada por volta
de 400 mm; à uma temperatura média anual de ca. -6°C; por volta do nível do mar.

-. Malindi, Quênia; 23 m; temperatura média anual 26,5°C; precipitação média anual


1'095 mm. A temperatura média anual do pico do Kilimanjaro é -7.1°C, Kibo 5'895 m.
O pico tem uma precipitação média anual estimada por volta de 75 mm ou 1,5 m de
neve. [21] [22] [23]

 O período vegetativo reduz-se 1-2 semanas a cada 100 m acima.

Atmosfera

A idealizada Atmosfera contém 6 Toróides atmosféricos em volta da Terra, separados


por 5 "jet streams", o que também explica a aridez ao redor do Trópico de Cancêr e do
Trópico de Capricórnio (zonas de alta pressão, secas; ar que desce, é sêco). Ao redor do
Círculo Polar a evaporação é muito menor e ao redor do Equador (zonas de baixa
pressão, úmidas; vapor de água do ar que sobe, condensa) os dois lados são quentes e
assim contém muito vapor de água (Circulação atmosférica). [24]

Biomas
Introdução

A Precipitação média e a temperatura média, o clima, definem a vegetação em primeiro


lugar. Além do clima, da temperatura e da precipitação; a biorregião é gerada pelo seu
histórico, seus seres vivos (bios), solo, água, geologia e relêvo.

[Precipitação Média Anual (mm) vs. Temperatura Média Mensal (°C)]:

Acima de
Até 125 Até 250 Até 500 Até 1'000 Até 2'000
2'000

Tundra de Tundra de Tundra de


0°C
Líquens Arbustos Campo

Coníferas Floresta de
Coníferas
1 - 4 --- Sempre Folhas Largas
de Verão
Verdes de Verão

Floresta de Floresta
5 - 7 Deserto Aridez Estepe Folhas Largas Úmida
de Verão Temperada

8- Estepe com Floresta


Deserto Aridez Esclerófitas
12 Espinhos Subtropical

> 10 Deserto Aridez Savana com Savana Sêca Savana Úmida Floresta
Espinhos Tropical

[25] [26]

Diagrama das zonas de vida, FAO - Holdridge

Leslie Rensselaer Holdridge em 1947 definiu as "zonas de vida" com 3 indicadores [27]:

1. Temperatura anual média (biotemperature) (dados abaixo de 0°C ou acima de


30°C foram eliminados)
2. Precipitação anual média
3. A fração entre a evotranspiração anual média e a precipitação anual média. ge

A Linha das árvores é por volta da isoterma da temperatura média mensal 10°C do mês
mais quente e assim da isoterma da temperatura média anual 10°C nos trópicos. A linha
da neve é um pouco mais quente que -1°C sobre rochas nuas e um pouco mais quente
que -3°C sobre neve/ gelo (Zonas climáticas por altitude).

Classificação climática de Köppen-Geiger

Ela é baseada no pressuposto, com origem na fitossociologia e na ecologia, de que a


vegetação natural de cada grande região da Terra é essencialmente uma expressão do
clima nela prevalecente. Assim, as fronteiras entre regiões climáticas foram
seleccionadas para corresponder, tanto quanto possível, às áreas de predominância de
cada tipo de vegetação, razão pela qual a distribuição global dos tipos climáticos e a
distribuição dos biomas apresenta elevada correlação.

Solo

A FAO (Food and Agriculture Organization das Nações Unidas) e o Congresso da


União Internacional dos Especialistas do Solo (1998) em Montpellier publicaram 2007
uma nova versão do „World Reference Base for Soil Ressources“ [28] (WRB) para
classificar os solos. [29] [30]

Bios

A comunidade dos seres vivos é importante, porque eles preservam o seu meio
ambiente. Se não for assim, eles são extintos por exploração abusiva. Um desmatamento
deixa o solo com seus nutrientes desprotegidos. Sem adubação (por exemplo, cinza
vulcânica ou acido nítrico gerado por um impacto com um corpo sideral) a floresta não
tem como ocupar esse espaço de novo. Os ciclos de Kondratiev [31] [32] (guerra da
independência dos USA, guerra da secessão dos USA, primeira & segunda guerra
mundial, guerra do Vietnam & 9/11) refletem esse problema da humanidade,
preservação do meio ambiente & a exploração abusiva, os sete vícios capitais...

A sistemática da Ecologia do mundo tem uma hierarquia:

 Biosfera
o Zona Ecológica & Bioma (Tipo de Habitat Maior)

 Biorregião (Região Biogeográfica)


 Ecossistema (Habitat)

Biomas Terrestres (Classificação do WWF Global 200)

Mapa-múndi mostrando o Círculo Polar Ártico traçado a vermelho

Tundra

Região Boreal

Mapa-múndi mostrando o Trópico de Câncer traçado a vermelho

Subtrópicos de Inverno úmido


Desertos & Aridez

Floresta Tropical e Subtropical com Estação de Chuvas

Mapa-múndi mostrando a linha do Equador traçado a vermelho

Os climas e a umidade aumentam com a diminuição de latitude, e com o aumento da


umidade cresce a biodiversidade. Seguindo os trabalhos de Alfred Russel Wallace no
Arquipélago Malaio, Ricketts et al. (1999) [33], Dinerstein et al. (1995) [34], Pielou (1979)
[35]
e Udvardy (1975 [36], mapa da UNESCO atualizado em 1982 [37]) sobre Biogeografia;
o WWF [6] dividiu o mundo em 867 Biorregiões terrestres (cada um com um número,
XX para a Região Biogeográfica, NN para o Bioma e NN para o número individual),
cada uma sendo importante para preservar uma flora e uma fauna específica. A borda
das Biorregiões sendo um compromisso da borda do território da frequência de vários
seres vivos, a borda é normalmente uma transição e a Biorregião não é completamente
homogênea, normalmente. Esses nichos ecológicos são divididos em 14 Biomas ou
também em 8 Regiões Biogeográficas e suas Biorregiões. O esforço culminou na Lista
do WWF, Global 200, que contém 238 Biorregiões ameaçadas do globo, das quais são
142 terrestres, 53 aquáticas de água doce e 43 marinhas costais.

Os biomas terrestres, em ordem da maior latitude à menor, pela classificação


internacional, são:

 Pólo Norte & Pólo Sul

Latitude: 90° (linha do eixo de rotação da Terra)


o Região Polar, as Calotas Polares (neve, gelo e rocha).

 Área Ártica ou Subártica: Círculo Polar Ártico & Círculo Polar Antártico

Latitude: 66° 33′ 39″ (linha do limite do Sol da meia noite, linha da tundra).


o Tundra XX11NN (úmida)

A tundra cresce sobre humus com permafrost. Nenhum mês com temperatura média
mensal acima de 10°C (50°F).

 Área Boreal ou Subártica


o Região Boreal (Taiga, Floresta Boreal) XX06NN (úmida)

A tundra de arbustos, coníferas esparsas e a floresta conífera são a vegetação típica. Em


50-100 dias a temperatura média sobe acima de 10°C (50°F). Os solos típicos são
Podsole.

 Área Temperada Fria


o Pastagens e Matagais de Montanha XX10NN (úmida) en.wikipedia

2'000 m - 2'500 m (Alpes do Leste, Lado Norte)


o Floresta Temperada de Coníferas XX05NN (úmida até semi-úmida)
en.wikipedia

Subregiões são a Floresta úmida temperada e a Floresta verde no verão. 1'000 – 1'850 m
(Alpes do Leste, Lado Norte), 650 – 1'500 m (colinas da Alemanha Central), as árvores
de folhas largas não conseguem viver aqui. Os solos são marrom ou cinza de floresta.


o Floresta Decídua Temperada e mixtas XX04NN (semi-úmida)
en.wikipedia

A temperatura média anual é 5,5-15,6°C; a faia vermelha (Fagus sylvatica) aparece até
2'000 m na Europa do Oeste e até 1'000 - 1'400 m na Europa do Leste e do Norte. Os
solos típicos são: Tschernoseme, Kastanoseme, Buroseme bis Sieroseme.


o Pastagens, Savanas e Matagais Temperados XX08NN, (Estepe),
(Savana), (Pradaria) (semi-árida) en.wikipedia

Aqui existe a estepe florestal, estepe de campo e o deserto.

 Área Temperada Quente ou Subtropical: Trópico de Câncer & Trópico de


Capricórnio

Latitude: 23° 26′ 22″ (linha do limite do Sol do meio dia perpendicular a superfície da
Terra, linha da aridez)


o Mangue Tropical e Subtropical XX14NN (água salgada)

o Savanas e Campos Inundados XX09NN, (Pantanal - "Chaco")


(Temperado até Tropical)
o Floresta Tropical e Subtropical de Coníferas XX03NN (semi-úmida)
en.wikipedia
o Floresta Mediterrânea de Bosques e Arbustos XX12NN (semi-úmida até
semi-árida) en.wikipedia

Também pode ser chamada de floresta subtropical de inverno úmido. O clima no


inverno é úmido com perigo de geadas, e no verão quente e sêco. A vegetação típica são
Esclerófitas ("Sklerophylle"), com o carvalho (Quercus ilex).


o Deserto e Matagais Xéricos XX13NN, (Caatinga) (árida até semi-árida)
en.wikipedia

Aqui existem a estepe com espinhos com estação da chuva, savanas tropicais com
espinhos e desertos ardentes.

 Área Tropical: Equador, Latitude: 0° (linha da floresta tropical)


o Florestas Tropicais e Subtropicais úmidas de Folhas largas XX01NN
(úmida)

Mata Atlântica - Floresta Amazônica

Aqui a floresta tropical é sempre verde e sempre úmida. Os solos são vermelhos ou
amarelos de floresta, levemente Podsole.


o Floresta Tropical seca XX02NN, (Cerrado) (semi-árida) en.wikipedia

Aqui existe uma estação da chuva. Então podem existir florestas com folhas caducas ou
savanas tropicais.


o Pastagens, Savanas e Matagais Tropicais e Subtropicais, (Savanas
Tropicais) XX07NN (semi-árida)
[38]

Biomas Aquáticos (Classificação do WWF Global 200)

O World Wildlife Fund (WWF) classificou 426 Biorregiões, divididas nos seguintes
biomas de água doce (Tipo de Habitat Maior): [39]

 Lagos grandes  Rios de montanha, região temperada


 Deltas de rio maior  Rios das costas tropicais e subtropicais
 Águas doces polares  Rios de planície inundada e pântanos
tropicais e subtropicais
 Águas doces de montanha
 Rio de montanha, regiões tropical e
 Rios das costas temperadas subtropical

 Rios de planície inundada e  Águas doces de zonas xéricas e bacias


pântanos temperados endoréicas

 Ilhas oceânicas

Além destes, podem considerar-se as zonas úmidas como biomas aquáticos, tanto de
água doce, como salobra ou mesmo marinha (estes considerados nos biomas costeiros).

Biomas Marítimos Costais (Classificação do WWF Global 200)

A Classificação tem 232 Biorregiões, da costa até 100 milhas náuticas de distância no
mínimo ou no mínimo 200 m de profundidade (Zona Nerítica): [40]

 Polar
o Oceano Ártico: Mar de Bering e mar de Barents-Kara

o Oceano Antártico: Península e Mar de Weddell

 Mar e Costas temperadas


o Mediterrâneo

o Oceano Atlântico, Zona Temperada do Hemisfério Norte

o Zona Temperada do Indo-Pacífico do Hemisfério Norte

o Oceano Antártico

 Afloramento temperado
 Afloramento tropical
 Coral tropical

Comparações entre latitudes de clima marítimo


100 km na direção Norte - Sul na Europa Central são equivalentes a 100 m de Altitude.
[41]

Clima Litorâneo da América do Sul

Precipitação Anual Média (mm) e Temperatura Média Anual e Mensal (°C)

Coordenada Precipitaçã
Anual Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr
s o

Belém PA, 0° 1′ S 48° 2'897 mm 26,0 26,4 27,6 26,3 25,6 25,6 25,5 25,9
BR 28′ W

Salvador 13° 1′ S 2'082 mm 25,0 25,2 25,6 26,0 26,4 26,6 26,8 26,0
BA, BR 38° 31′ W

Vitória ES, 20° 19′ S 1'281 mm 23,6 23,0 23,7 24,7 25,7 26,0 25,7 24,3
BR 40° 20′ W

Florianópoli 27° 35′ S 1'409 mm 20,4 19,6 21,6 23,2 24,4 24,6 23,7 21,4
s SC, BR 48° 34′ W

Isla
Robinson 33° 37′ S 1'016 mm 15,3 13,4 14,9 17,0 18,6 18,7 17,9 16,7
Crusoe, 78° 49′ W
RCH

Colonia, 34° 27′ S 1'125 mm 17,2 16,6 19,4 22,1 23,8 22,8 21,1 17,6
ROU 57° 50′ W

Bahia 38° 44′ S 601 mm 14,9 14,5 18,2 21,3 23,0 21,9 18,5 14,7
Blanca, RA 62° 11′ W

Valdivia, 39° 41′ S 1'967 mm 11,0 10,3 12,6 14,8 15,8 15,1 13,2 10,6
RCH 73° 4′ W

Comodore
Rivadavia, 45° 47′ S 235 mm 12,8 12,5 15,9 18,0 19,2 18,3 16,1 12,9
RA 67° 30′ W

Rio
Gallegos, 51° 37′ S 223 mm 6,8 8,4 11,3 11,8 13,1 13,0 10,7 7,5
RA 69° 17′ W

Punta
Arenas, 53° 2′ S 375 mm 6,0 6,3 8,2 9,8 10,5 10,1 8,3 5,9
RCH 70° 51′ W
Ushuaia, RA 54° 48′ S 524 mm 5,7 6,5 7,7 8,9 9,4 9,2 7,8 5,7
68° 18′ W

Islas 60° 45′ S 623 mm -3,4 -3,1 -1,5 0,0 0,6 1,7 -0,3 -2,2
Orcadas 44° 43′ W

Base Arturo 62° 30′ S 545 mm -2,9 -2,4 -1,4 0,5 1,1 1,1 -0,9 -1,8
Prat 59° 41′ W

77° 51′ S - - -
McMurdo 212 mm -17,0 -9,7 -3,9 -2,9 -9,6
166° 40′ E 18,9 16,2 20,7

Ver também
 Florestas
 Cerrado
 Amazônia
 Mata Atlântica
 Campos Gerais do Paraná
 Caatinga
 Pampa
 Pantanal
 Manguezal
 Restinga
 Savana
 Biomas do Brasil
 Permafrost
 Firn
 Linha das árvores
 Biorregião
 Zonas Climáticas por Altitude
 Classificação climática de Köppen-Geiger

igações Externas
 http://www.nationalgeographic.com/wildworld/terrestrial.html

Mapa dos 14 Biomas Terrestres e das 867 Zonas Ecológicas.

 http://www.worldwildlife.org/wildworld/profiles/terrestrial/nt/nt0101_full.html

Floresta Úmida de Araucárias NT0101, WWF

 http://www.worldbiomes.com/

World Biomes.

 http://www.eoearth.org/article/Ecoregion

World Wildlife Fund (Content Partner); Cutler J. Cleveland (Topic Editor). 2008.
"Ecoregion." In: Encyclopedia of Earth. Eds. Cutler J. Cleveland (Washington, D.C.:
Environmental Information Coalition, National Council for Science and the
Environment).

 http://www.estadao.com.br/pages/especiais/biomas/index.htm

Especial Estadão - Biomas do Brasil

 http://www.nationalgeographic.com/wildworld/terrestrial.html

WWF Global 200: Mapa do Mundo com 14 Biomas Terrestres e 867 Zonas Ecológicas.

 http://www.panda.org/about_wwf/where_we_work/ecoregions/ecoregion_list/
index.cfm

Lista WWF Global 200: 238 Biorregiões

Literatura
 Begon, M.; Harper, J. L. & Townsend, C. R (1996). Ecology – individuals,
populations and communities. 3. painos. Blackwell Science.
 Cox, C. Barry; Peter D. Moore (1985). Biogeography: An Ecological and
Evolutionary Approach (Fourth Edition). Blackwell Scientific Publications,
Oxford.
 FAO-UNESCO (Ed.) (1974–1981). Soil Map of the World. 18 Karten 1:5 Mio.
UNESCO, Paris.
 FAO (Ed.) (1994). Soil map of the world – revised legend with corrections.
ISRIC Technical Paper, Wageningen. ISBN 9-0667-2057-3
 FAO e IUSS. World Reference Base for Soil Ressources, Versão corrigida 2007
 Website do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) e seu Quarto
Relatório
 Olson, David M. et al. (2001); Terrestrial Ecoregions of the World: A New Map
of Life on Earth.
 Olson, D. M. and E. Dinerstein (2002); The Global 200: Priority ecoregions for
global conservation. Annals of the Missouri Botanical Garden 89:125-126. (PDF
file [7])
 Pielou, E.C. (1979): Biogeography. New York: John Wiley and Sons.
 Ricketts, Taylor H., Eric Dinerstein, David M. Olson, Colby J. Loucks, et al.
(1999). Terrestrial Ecoregions of North America: a Conservation Assessment.
Island Press, Washington DC.
 Schultz, J.: Die Ökozonen der Erde, Ulmer Stuttgart, 3rd ed. 2002 (1st ed.
1988). ISBN 3-8252-1514-8
 Schultz, J.: Handbuch der Ökozonen, Ulmer Stuttgart 2000. ISBN 3-8252-8200-
7
 Schultz, J.: The Ecozones of the World, Springer, Berlin Heidelberg New York,
2n ed. 2005. ISBN 3-5402-0014-2
 Udvardy, Miklos D. F. (1975) "World Biogeographical Provinces" (Map). The
CoEvolution Quarterly, Sausalito, California (this UNESCO map was updated
1982).

Biomas
Mapa dos "Biomas"
██ Polar ██ Bioma Mediterrâneo ██ Savana de Campo
██ Tundra ██ Floresta de Monção ██ Savana com Árvores
██ Floresta Boreal (Taiga) ██ Deserto & Clima Árido ██ Floresta Subtropical com sêcas
██ Floresta de Folhas Largas ██ Estepe de Arbustos semi-árida ██ Floresta Tropical
██ Estepe Temperada (Pradaria) ██ Estepe semi-árida ██ Tundra de Montanhas
██ Floresta Subtropical úmida ██ Semi-Desértico ██ Floresta Montana

[editar] Galeria

A escala do
Beryllium-10 é
Violeta, Zona do invertida. A geração
Permafrost; Azul, solo de Beryllium-10 por
Ártico, Linha das congelado por mais de raios cósmicos ██ Areas com clima
árvores. Isoterma de 15 dias/ ano; Rosa, diminui com o mediterrâneo
10°C (50°F) da solo congelado por aumento da irradiação
temperatura média do menos de 15 dias/ ano; solar. No século XVII
mês mais quente. Linha, limite médio da existiu a Pequena
max. extensão do solo Idade do Gelo.
coberto com neve.
Acréscimos: 0,170°C/
década na superfície,
0,116°C/ década por SN: Número de Diagrama do
satélite (ref. UAH, manchas solares. 8'000Contribuições dos conteúdo de vapor
Univ. de Alabama, anos atrás a Terra era gases do Efeito de água na
Huntsville), e mais quente. Estufa, da Irradiação
atmosfera terrestre.
0,192°C/ década por solar e da atividade
satélite (ref. RSS, vulcânica na
"Remote Sensing temperatura da Terra.
Systems").

Referências
1. ↑ http://www2.tu-berlin.de/~kehl/project/lv-twk/02-intro-3-twk-b.htm
2. ↑ Braun H., Christl M., Rahmstorf S., Ganopolski A., Mangini A., Kubatzki C.,
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climate cycle demonstrated in a coupled model.- Nature 438: 208 - 211.
3. ↑ http://www.pnas.org/cgi/content/full/94/16/8329
4. ↑ http://muller.lbl.gov/pages/glacialmain.htm
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6. ↑ http://pangea.stanford.edu/Oceans/GES290/Rial1999.pdf
7. ↑ http://en.wikipedia.org/wiki/Earth%27s_energy_budget
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10. ↑ Quarto Relatório do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change)
11. ↑ Christl M., Mangini A., Holzkämper S., Spötl C. (2004); Evidence for a link
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200,000 years. Journal of Atmospheric and Solar - Terrestrial Physics.
12. ↑ Hoyt, D. V., and K. H. Schatten (1998a) Group sunspot numbers: A new solar
activity reconstruction. Part 1. Solar Physics, 179, 189-219.
13. ↑ Hoyt, D. V., and K. H. Schatten (1998b) Group sunspot numbers: A new solar
activity reconstruction. Part 2. Solar Physics, 181, 491-512.
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sea surface temperature reconstruction based on historical observations (1880–
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19. ↑ K.M. Lugina, P.Ya. Groisman, K.Ya. Vinnikov, V.V. Koknaeva, and N.A.
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Center, Oak Ridge National Laboratory, U.S. Department of Energy, Oak Ridge,
Tenn., U.S.A.[1]
20. ↑ Working group I, section 3.2.2.2 of the 2007 IPPC page 243
21. ↑ http://www.klimadiagramme.de/
22. ↑ http://www.geo.umass.edu/climate/tanzania/pubs/hardy_2003bams.pdf
Kilimanjaro Snow; D. Hardy; BAMS; June 2003
23. ↑ Røhr, Paul Christen and Killingtveit, Ånund; Rainfall distribution on the
slopes of Mt Kilimanjaro / Distribution des pluies sur les pentes du Mt
Kilimandjaro; Hydrological Sciences–Journal–des Sciences Hydrologiques,
48(1) February 2003; doi: 10.1623/hysj.48.1.65.43483 [[2]]
24. ↑ http://en.wikipedia.org/wiki/Atmospheric_circulation
25. ↑ http://de.wikipedia.org/wiki/%C3%96kozone
26. ↑ Tabelle nach Schultz, 2000, S.45-46 und Post u. a., 1982 in: Schultz, 2000,
S.35.
27. ↑ Holdridge, L.R. (1947); Determination of world plant formations from simple
climatic data. Science, 105, 367--368.
28. ↑ IUSS Working Group WRB. (2007); World Reference Base for Soil
Resources 2006, first update 2007. World Soil Resources Reports No. 103.
FAO, Rome.
29. ↑ FAO-UNESCO (Hrsg.): Soil Map of the World. 18 Karten 1:5 Mio.
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30. ↑ FAO (Hrsg.): Soil map of the world – revised legend with corrections. ISRIC
Technical Paper, Wageningen 1994. ISBN 9-0667-2057-3
31. ↑ http://revistas.ucm.es/emp/11316985/articulos/CESE9393110227A.PDF
32. ↑ http://en.wikipedia.org/wiki/Kondratiev_wave
33. ↑ Ricketts, T.H., E. Dinerstein, D.M. Olson, C. Loucks. 1999; Who's where in
North America? Patterns of species richness and the utility of indicator taxa for
conservation. Bioscience 49(5):369-381.
34. ↑ Dinerstein E, Olson DM, Graham DJ, Webster A L , Primm SA, Bookbinder
M P, Ledec G. (1995); A Conservation Assessment of the Terrestrial Ecoregions
of Latin America and the Caribbean .Washington (DC): World Bank.
35. ↑ Pielou, EC. 1979 ; Biogeography. New York: John Wiley and Sons.
36. ↑ Udvardy, M. D. F. (1975); A classification of the biogeographical provinces of
the world. IUCN Occasional Paper no. 18. Morges, Switzerland: International
Union of Conservation of Nature and Natural Resources.
37. ↑ Olson, David M.; Dinerstein, Eric; Wikramanayake, Eric D.; Burgess, Neil D.;
Powell, George V. N.; Underwood, Emma C.; D’Amico, Jennifer A.; Itoua,
Illanga; Strand, Holly E.; Morrison, John C.; Loucks, Colby J.; Allnutt, Thomas
F.; Ricketts, Taylor H.; Kura, Yumiko; Lamoreux, John F.; Wettengel, Wesley
W.; Hedao, Prashant; and Kassem, Kenneth R. (2001); Terrestrial Ecoregions of
the World: A New Map of Life on Earth, BioScience, Vol. 51, No. 11., pp. 933-
938.
38. ↑ http://ciencia.hsw.uol.com.br/biomas.htm Alexandre Indriunas e Celso
Parruco, "Como funcionam os Biomas"
39. ↑ "Freshwater Ecoregions of the World: Major Habitat Types" [3]. Accessed
May 12, 2008.
40. ↑ WWF Marine Ecoregions of the World [4]. Accessed January 30, 2009.
41. ↑ Brigitta Schütt (2005); Azonale Böden und Hochgebirgsböden [5]

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Bioma"
Categorias: Ecologia | Biogeografia | Biomas

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Biomas
Postado por *GeoProfessora* às 17:49 . Segunda-feira, 7 de Abril de 2008

Marcadores: Biomas

OS GRANDES BIOMAS TERRESTRES


Bioma é uma comunidade de plantas e animais, com formas de vidas e condições ambientais
semelhantes, cada bioma é representado por um tipo de vegetação principal que lhe confere
uma característica visual. Comunidade biológica, ou seja, fauna e flora e suas interações
entre si e com o ambiente físico: solo, água e ar. Área biótica é a área geográfica ocupada
por um bioma. O bioma da Terra compreende a biosfera. Um bioma pode ter uma ou mais
vegetações predominantes. É influenciado pelo macroclima, tipo de solo, condição do
substrato e outros fatores físicos), não havendo barreiras geográficas; ou seja, independente
do continente, há semelhanças das paisagens, apesar de poderem ter diferentes animais e
plantas, devido à convergência evolutiva.
Os Biomas são grandes ecossistemas constituídos por comunidades que atingiram o estágio-
clímax.
São influenciados por vários fatores, tais como a latitude, as temperaturas médias e extremas
da região, o relevo, o regime de chuvas e o tipo de solo.
Um bioma é composto da comunidade clímax e todas as subclímax associadas ou degradadas.
é geralmente identificado pela flora clímax, pela estratificação vertical ou pela adaptação da
vegetação.

PRINCIPAIS BIOMAS DO MUNDO


A distribuição dos biomas terrestres e seus tipos de vegetação e fauna estão diretamente
ligados ao clima, uma vez que são diferentes condições de temperatura, chuva e incidência
de luz solar nas várias regiões do planeta que facilitam ou impedem a existência de qualquer
tipo de vida. Desse modo, praticamente, a cada tipo climático corresponde um bioma,
marcado por uma determinada cobertura vegetal.
O relevo (altitude), as águas continentais e oceânicas e os solos também influenciam a
distribuição dos biomas na superfície da Terra. Os biomas, portanto, não se distribuem
aleatoriamente, mas conservam uma certa sequência, tanto no sentido horizontal (latitude)
como no sentido vertical (altitude).
Em um mesmo bioma, podemos encontrar vários ecossistemas – uma unidade natural
caracterizada pelas interações dos seres vivos entre si e destes com o meio ambiente.
Podemos citar como exemplos a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica, que são ecossistemas
dentro do bioma das florestas tropicais e que, por sua vez, também possuem diferentes
ecossistemas em seu interior.
Geralmente se dá um nome local a um bioma em uma área específica. Por exemplo, um
bioma de vegetação rasteira é chamado estepe na Ásia central, savana no sul da África,
pampa na América do Sul e campina na América do Norte. A savana é chamada cerrado no
Brasil.

TUNDRA
Formada há cerca de 10 mil anos, a tundra é o bioma mais jovem da Terra. Suas áreas de
ocorrência são as regiões próximas ao oceano Glacial ártico: Alasca, norte do Canadá,
Groelândia, norte da Rússia e da Escandinávia.
A tundra possui ecossistemas cuja composição botânica é influenciada pelas condições de solo
e clima. O solo fica congelado a maior parte do ano, a estação mais quente dura mais ou
menos 60 dias e a temperatura mais alta não ultrapassa 10 ºC. A tundra, portanto, só cresce
nos períodos de degelo. Suas principais espécies são os musgos e os liquens, plantas rasteiras,
pois as árvores não sobrevivem nesse tipo de clima. A palavra tundra vem do finlandês
tununa, que significa planícies de árvores.
Esse é o bioma mais frio do mundo e é basicamente um deserto gelado, pois apresenta poucas
precipitações (neve) durante o ano.
Podemos classificá-lo na categoria E dos climas de Köppen.

MONTANHAS
Nas grandes altitudes (acima de 3.000 m) as montanhas não apresentam vegetação. A
cobertura vegetal, que alcança de 2.500 a 3.000 m, é composta de plantas orófilas, que
formam uma vegetação rasteira – os campos alpinos, com cerca de 200 espécies que se
adaptaram às baixas temperaturas e à seca. Esse bioma aparece nas grandes cadeias
montanhosas, como os Andes, as Montanhas Rochosas, os Alpes e outros.
Quando subimos uma área montanhosa, passamos por vários biomas. O mais baixo é a
vegetação da região onde a montanha está situada. Por exemplo, nas montanhas Rochosas
começamos em um deserto. À medida que a altitude aumenta, vemos sucessivamente a
floresta temperada, a floresta de coníferas e os campos alpinos. Conforme a localização da
montanha, podemos passar também por campos e estepes.
O fator climático que caracteriza esse bioma é a altitude, por isso encontramos neve em altas
montanhas, em plena zona tropical, como na parte central da Cordilheira dos Andes. É
também um clima muito frio, com temperatura de 10ºC a 15ºC no verão e abaixo de zero no
inverno, do tipo alpino (H), na classificação de Köppen.

TAIGA OU FLORESTA BOREAL


A Taiga é também chamada de Floresta Boreal porque ocorre apenas no hemisfério norte,
entre as latitudes de 50ºN e 60ºN. Os invernos são muitos rigorosos, com queda de neve, e os
verões são quentes (clima temperado continental ou Dfc e Dfb, na classificação de Köppen).
Podemos dizer que a Taiga é uma floresta homogênea, pois é formada quase só por coníferas
(abertos e pinheiros), que possuem folhas aciculares, resistentes e perenes.
Cobre grandes extensões da Rússia, do Alasca, da Noruega, da Suécia, da Finlândia e do
Canadá. Na Escandinávia e no Canadá alimenta importantes indústrias madeireiras, de papel
e celulose, dos quais a madeira que fornece é a principal matéria-prima.

FLORESTA TEMPERADA
Vegetação típica de clima temperado, com estações do ano bem definidas, do tipo Cf na
classificação de Köppen. Recobria as áreas que hoje são as mais povoadas na superfície
terrestre – Europa, China, Japão, leste da América do Norte. No hemisfério sul, pode ser
encontrada na Austrália, Nova Zelândia e Chile.
É uma floresta decícula, pois perde suas folhas no inverno. No outono, as folhas mudam de
cor, assumindo um tom avermelhado. É o bioma mais devastado do mundo, pois seu solo fértil
foi muito aproveitado para a agricultura. Dentre suas áreas de ocorrência, o maior número de
espécies está na América do Norte.
As florestas temperadas não são todas iguais. Podem ser encontradas espécies perenes entre
as decíduas, bem como flores e tapetes de musgos e cogumelos. Suas principais espécies são
o abeto, a faia e o carvalho. Nas regiões onde o clima é mais chuvoso, aparecem árvores de
grande porte, como o eucalipto gigante, na Austrália, e a sequóia, na costa ocidental da
América do Norte.

DESERTOS E SEMIDESERTOS
Os desertos têm em comum o fato de receber poucas e irregulares precipitações, apresentar
baixíssimas taxas de umidade relativa do ar, céu com poucas nuvens e evaporação alta.
As temperaturas do deserto apresentam grandes amplitudes térmicas, podendo atingir 50ºC
durante o dia e cair para -1ºC à noite.
Os solos são sempre muito pobres, pedregosos ou arenosos. Nestas áreas encontramos plantas
xerófitas e, em algumas regiões com mais umidade, aparecem as “ilhas de vegetação” – os
chamados oásis.
Presença de correntes marítimas frias no litoral, altas pressões subtropicais, grandes altitudes
e barreiras montanhosas que impedem a passagem de massas de ar úmido vindas do oceano
são as principais causas da formação de desertos. O Saara, na África Setentrional, e o deserto
da Atacama, no Chile, são exemplos de desertos que se formaram em áreas onde chove muito
pouco ou onde não cai sequer uma gota de chuva.
Temos tanto desertos quentes como desertos frios. Em ambos, a vegetação é composta de
plantas de pequeno porte, muito espalhadas pela extensão arenosa. Os desertos cobrem cerca
de 1/5 da superfície terrestre. Os quentes estão localizados nas proximidades dos trópicos de
Câncer e de Capricórnio e os frios, nas latitudes mais altas. Nesses últimos há queda de neve
pouca chuva na primavera (150 a 260 mm por ano). As chuvas nos desertos quentes estão
concentradas em curtos períodos, intercalados com prolongadas épocas de seca. Na
classificação de Köppen, os desertos têm clima BW, sendo BWh nos desertos quentes.
Nas bordas de grandes desertos, aparecem regiões menos secas que esses biomas,
consideradas semidesertos. Em muitos continentes são classificadas como estepes, como
veremos logo a seguir.
NO Brasil, a caatinga – classificada por alguns especialistas como savana; e pelo IBGE, como
estepe (conforme Atlas do Meio Ambiente do Brasil, Embrapa) – é um ecossistema de clima
semi-árido ou semidesértico (Bsh, na classificação de Köppen adaptada para o Brasil), apesar
de não estar localizada nas margens dos grandes desertos. A caatinga é um ecossistema com
plantas rasteiras e árvores, como as savanas, mas, por apresentar características diferentes
dessa formação vegetal, é classificada como semideserto: além da vegetação xerófita, a
caatinga possui um tipo de clima ligado aos climas secos de Köppen (B), e não aos climas
tropicais (Aw) das savanas.

FORMAÇÕES MEDITERRÂNEAS E FLORESTAS E BOSQUES ESCLERÓFILOS


Esse bioma pode ser chamado assim porque suas características básicas se destacam nas
margens da região banhada pelo mar Mediterrâneo, na Europa, África e Ásia. Mas ele aparece
em outras partes do mundo, como o oeste dos EUA (Califórnia), o extremo sul da África do
Sul, o oeste e o sul da Austrália. O clima desse bioma é marcado por uma estação muito seca
e quente: o verão. O inverno é ameno e chuvoso (Cs, segundo Köppen). Formado por uma
vegetação arbustiva ou por bosques de ávores de folhas duras 9esclerófilas), esse bioma se
estende entre 30º e 40º LN ou LS.
Na região do Mediterrâneo (Csa, segundo Köppen), a vegetação de arbustos recebe
denominações como:
- garrigue: formação bem aberta, encontrada em solos calcários;
- maqui: formação bem fechada que cresce em solos silicosos.
Na Austrália, as espécies dominantes nos bosques esclerofilos são árvores do gênero dos
eucaliptos. Chaparral é o nome que a vegetação recebe na Califórnia, onde predominam
várias espécies de cacto. No Chile, predominam os bosques esclerofilos.

ESTEPES
Esse bioma é seco, frio, com vegetação rasteira. Geralmente as estepes estão na faixa de
transição entre o deserto e a floresta, longe da influência marítima e perto de barreiras
montanhosas. São encontradas principalmente nos EUA, na Mongólia, na Sibéria, no Tibete e
na China. Nas estepes os verões são quentes e os invernos muitos frios; em altas latitudes, cai
muita neve. Com um pouco mais de chuva, a estepe poderia ser classificada como pradaria;
com um pouco menos, como deserto. Corresponde ao tipo BS, de Köppen.
PRADARIAS
Este tipo de vegetação herbácea (rasteira) recebe o nome de pradaria, na América do Norte,
e pampas, na América do Sul (Brasil e Argentina), onde o clima é mais úmido. As pradarias do
hemisfério sul recebem mais chuvas do que as do hemisfério norte. Na América do Norte,
ocupam uma área que se estende desde o Canadá (Alberta, Saskatchewan e Manitoba),
continuando pelas planícies Centrais dos Estados Unidos, até o Texas, ao sul, e Indiana, a
oeste.

SAVANAS
São formações típicas de regiões de clima tropical, com estação chuvosa e outra seca (tipo
Aw, de Köppen). Localizam-se entre o bioma da floresta tropical e o dos desertos.
Existem vários tipos diferentes de savanas; as mais conhecidas são africanas, onde vivem
muitos leões, zebras, girafas, elefantes, gazelas, entre outros animais.
A savana apresenta dois “andares” de vegetação tropófila: um mais alto, formado por
árvores; e outro mais baixo, composto de gramíneas.
Na América do Sul, as savanas ocupam áreas da Venezuela e da Colômbia (llanos), na bacia do
rio Orenoco; o cerrado, vegetação correspondente no Brasil, cobre grande parte da região
Centro-Oeste. Também encontramos savana no norte da Austrália, onde se destacam os
eucaliptos,e na Índia, onde é denominada jungle.

FLORESTAS TROPICAIS
A área de ocorrência desse bioma é delimitada pelos dois trópicos (zona tropical) e
atravessada pelo Equador. Portanto, é o domínio de elevadas temperaturas e grande
quantidade de chuva.
Apesar de podermos distinguir subtipos de florestas tropicais, elas têm algumas
características comuns: heterogêneas, perenes, higrófilas, latifoliadas. No bioma das florestas
tropicais encontramos a maior biodiversidade, ou seja, a variedade de espécies de plantas,
animais e microorganismos encontrados em todos os biomas da Terra. Nas áreas próximas ao
Equador, as florestas são mais fechadas, apresentam-se estratificadas em acamadas, com
árvores de várias alturas e tipos, com muitos cipós em seus troncos e galhos. Os principais
exemplos são a floresta Amazônica, a floresta do Congo (África) e a da Indonésia (Ásia).
Mais afastadas do Equador, as florestas tropicais recebem menor quantidade de calor e chuva,
por isso são menos exuberantes que as equatoriais e já foram quase destruídas pelo homem.
Ocupavam grande parte da faixa tropical da América do Sul (Brasil), da América Central, do
norte da Austrália e do Sudeste Asiático, onde aparecem hoje em pequenas manchas que
foram conservadas.

Glossário:
- Aciculifoliadas: possuem folhas em forma de agulhas, como os pinheiros. Quanto menor a
superfície das folhas, menos intensa é a transpiração e maior a retenção de água pela planta.
- Arbustiva: formação vegetal de porte médio.
- Caducifólias: plantas que perdem as folhas em épocas muito frias ou secas do ano.
- Coníferas: árvores com aparelho reprodutor em forma de cone (pinheiros).
- Decídua: ou de folhas caducas; diz-se de planta que perde as folhas em certas épocas do
ano (sobretudo no inverno).
- Higrófilas: plantas adaptadas a muita umidade (climas úmidos), sendo necessariamente
perenes (apresentam folhas durante o ano todo).
- Latifoliadas: plantas de folhas largas, de regiões muito úmidas, o que permite intensa
transpiração.
- Orófilas: planta adaptada às grandes altitudes.
- Perene: floresta sempre verde, que não perde as folhas em nenhuma estação.
- Tropófilas: plantas adaptadas a alternância de uma estação seca e outra chuvosa.
- Vegetação heterogênea: vegetação constituída de grande variedade de espécies.
- Vegetação homogênea:: vegetação constituída de poucas ou de uma única espécie.
- Xerófilas: plantas adaptadas à aridez (climas secos).

Referências:
MARINA, Lúcia & TÉRCIO. Geografia - Série Novo Ensino Médio. Edição compacta. Vol. Único,
São Paulo: Editora Ática, 2004, p.54-60.
SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e
globalização. São Paulo: Scipione, 1998.

Amazônia

Em novembro de 1971, o biólogo alemão Harold Sioli. Do Instituto Max Planck, fazendo
pesquisas na Amazônia, foi entrevistado por um repórter da agência de notícias
americana. O jornalista estava interessado na questão da influência da floresta sobre o
planeta e o pesquisador respondeu com precisão a todas as perguntas que lhe foram
feitas. Mais tarde, porém ao redigir o texto a entrevista, o repórter acabou cometendo um
erro que ajudaria a criar um dos maiores e mais persistentes mitos sobre a floresta
amazônica. Numa de suas respostas, Sioli afirmara que a floresta continha grande
quantidade de dióxido de carbono (CO2) existente na atmosfera. No entanto, ao
transcrever a declaração, o jornalista esqueceu a letra C - símbolo do átomo de carbono -
da fórmula citada pelo biólogo, que ficou no texto como O2, o símbolo da molécula de
oxigênio.

A reportagem com o oxigênio no lugar do dióxido de carbono foi publicada pelo mundo
afora, da noite para o dia, a Amazônia se tornou conhecida como "pulmão do mundo" -
uma expressão de grande impacto emocional que tem ajudado a semear a confusão no
debate apaixonado entre os efeitos ambientais em larga escala da ocupação da floresta. É
um debate em que, por enganos como aquele, mau argumentos acabam sendo usados
para escorar uma causa justa. As organizações de defesa de ecologia misturam às vezes
no mesmo balaio fatos e fantasias ao alertar para os perigos das queimadas da floresta
amazônica - até porque dados e conceitos capengas sobre o assunto só levam água para
o moinho daqueles que não querem que se faça alarde algum sobre as agressões à
natureza que ali cometem.

As teimosas referencias ao "pulmão do mundo", nesse contexto, são exemplares, pois a


Floresta Amazônica, simplesmente não é o pulmão do mundo. As árvores, arbustos e
plantas de pequeno porte, da mesma forma que os animais, respiram oxigênio durante 24
horas do dia. Na floresta, a quantidade desse gás produzida de dia pelas plantas é
totalmente absorvida durante a noite, quando a falta de sol interrompe a fotossíntese.
Quando a planta é jovem, em fase de crescimento, o volume de oxigênio produzido na
fotossíntese é maior que o volume necessário à respiração. Nesse caso, a planta produz
mais oxigênio do que utiliza.

Isso acontece porque a planta jovem precisa fixar um grande volume de carbono para
poder sintetizar as moléculas que são a matéria-prima de seu crescimento. Já nas plantas
maduras, porém o consumo de oxigênio na respiração tende a igualar o total produzido na
fotossíntese. A Amazônia não constitui uma floresta em formação. Nela, portando, os
seres vegetais já crescidos consomem todo o oxigênio que produzem. Apesar de não ser o
pulmão do mundo, a floresta amazônica apresenta outras características que muito
contribuem para a manutenção da vida no planeta.

As florestas são grandes fixadoras do carbono existente na atmosfera. Somente as matas


tropicais contêm cerca de 350 milhões de toneladas de carbono, aproximadamente a
metade do que há na atmosfera. Ora, o ciclo deste elemento químico esta saturado no
planeta, como dizem as especialistas. Devido à queima de combustíveis fósseis - gás,
carvão e petróleo - o carbono se acumula cada vez mais na atmosfera, na forma de
dióxido de carbono, metano e compostos de clorofluorcarbono. Esse acumulo é
responsável pelo chamado efeito estufa, o aprisionamento da energia radiante que, se
suspeita, tende a aumentar a temperatura global da Terra, com efeitos catastróficos
também para o homem. Nesse quadro, as florestas exercem uma função essencial na
condição de maiores controladoras do efeito estufa. Por isso na opinião de cientistas, a
Floresta Amazônica é o "grande filtro" do planeta.

Segundo, cientistas brasileiros, medições feitas em 1987 mostraram que cada hectare de
floresta retira da atmosfera, em media, cerca de 9 quilos de carbono por dia (um hectare
equivale a dez mil metros quadrados). A cada ano, o homem lança na atmosfera algo
como 5 bilhões de toneladas de carbono. É como se cada ser humano fosse pessoalmente
responsável pelo lançamento de uma tonelada de gás por ano. Somente a Amazônia
brasileira, som deus 350 milhões de hectares, retira do ar aproximadamente 1,2 bilhão de
toneladas anuais, ou seja, pouco mais de um quinto do total. Números como esses
causariam polemica num passado não muito remoto, quando se duvidava que a floresta
fosse capaz de armazenar tamanho volume de carbono. Hoje, porem, se sabe que a
assimilação apenas repõe o volume de gás continuamente perdido para o solo e para os
rios.

Uma controvérsia que freqüentemente aquece a discussão sobre a Floresta Amazônica diz
respeito à parte que cabe às queimadas na região de acumulação de CO2 na atmosfera.
Os cálculos mais aceitos dizem que as queimadas liberam 200 milhões de toneladas de
carbono por ano, ou seja, 4% da emissão total. Segundo o INPE, os desmatamentos por
queimadas de todas as florestas do globo contribuem com 16% do acumulo de dióxido de
carbono. Mesmo que a Floresta Amazônica fosse queimada, especulam, "o aumento da
concentração do gás seria da ordem de 2%". Dito desse modo pode-se ter a impressão de
que pouco importa para o clima planetário haver ou não uma Amazônia. Nada mais errado
e perigoso, pois além de serem controladoras do efeito estufa, as florestas podem exercer
enorme influência sobre o clima do globo. A Amazônia é uma "grande maquina de produzir
calor". Daí seu papel decisivo para manter estável o clima nos países do hemisfério norte.

A produção de calor na floresta resulta das altas taxas de evaporação e transpiração no


local. Na Amazônia, cerca de 80 a 90% da energia disponível é consumida nesse
processo. Quando o vapor de água se condensa para formar nuvens, libera a mesma
quantidade de energia que foi necessária a sua evaporação. À medida que as nuvens
crescem, vão convertendo mais vapor em gotas de água, aquecendo a atmosfera
circulante. Há dias na Amazônia em que a temperatura nas camadas mais altas - cerca de
10 mil metros do solo - chega a aumentar 30 graus. Essa fantástica quantidade de calor é
então transportada para fora dos trópicos, rumo ao hemisfério norte.

Além da Amazônia, existem duas outras fontes de calor no planeta. Uma é a floresta
tropical da bacia do Rio Congo, na África Central. A outra é de origem oceânica: uma
região do Pacífico próxima ao norte da Austrália e à Indonésia, onde uma confluência de
correntes faz com que a temperatura da água esteja sempre entre os 27 e 31 graus. As
altas temperaturas fazem com que as taxas de evaporação sejam igualmente elevadas,
promovendo a formação de nuvens e consequentemente produção de calor. A destruição
da floresta poderia alterar dramaticamente o clima dos países do hemisfério norte.
Segundo os climatólogos, " sem o transporte de calor dos trópicos, esses países
passariam a ter invernos ainda mais frios e mais longos".

Toda floresta é um ecossistema extremamente complexo. As florestas constituem o ponto


final do processo evolutivo dos ecossistemas terrestres no planeta. "Estes apresentam o
máximo de vida possível em um determinado espaço. A tendência natural da vida na Terra
é produzir florestas", dizem os ecólogos. Existem três grandes tipos de florestas no mundo:
a boreal encontrada nas altas latitudes do hemisfério norte; as temperadas, que existem
nos Estados Unidos, norte da Europa e na Ásia; e as tropicais, mais próximas do equador,
que cobrem 7% da superfície da Terra e abrigam pelo menos metade das espécies do
planeta.

Cada qual tem suas próprias características, mas as três apresentam uma coisa em
comum: são exemplos bem-sucedidos da colonização de extensas áreas pelos vegetais. A
Floresta Amazônica provavelmente é o melhor exemplo. Arraigada a solos pobres em
minerais e material orgânico, a floresta não só se auto-sustenta e se matem, como
também exibe uma exuberância e uma riqueza de espécies inigualável em todo o planeta.
Estima-se que a Amazônia abriga cerca de 80 mil espécies vegetais e possivelmente 30
milhões de espécies animais - a maioria insetos.

Examinada mais de perto, a Floresta Amazônica parece um paradoxo ecológico. De fato,


como a maior floresta do mundo consegue existir em solos tão pobres, que não chegam a
oferecer sustentação às plantas, obrigadas então a espalhar suas raízes para adquirir
estabilidade. Milhões de anos de chuvas levaram os solos antigos da Amazônia, que na
sua configuração atual existe há uns 15 mil anos, transportando para os rios e depois para
o mar toda a sua riqueza mineral. Para enfrentar o problema, os vegetais parecem ter
inventado esquemas alternativos de sobrevivência. Em resumo, aprenderam a se
alimentar por si mesmos.

Ao contrário do que ocorre na floresta temperada, cujos solos são nutritivos, os ciclos de
vida na floresta tropical - principalmente na Amazônia - devem ser mais velozes. As folhas
das árvores caem mais depressa e uma vez no solo se decompõem mais rapidamente
para que os seus nutrientes possam ser reaproveitados no menor tempo possível pelos
vegetais ao redor. Isso faz com que o suprimento vital de alimento na floresta esteja
armazenado na própria folhagem. Assim, a riqueza das florestas tropicais está na massa
vegetal, não no solo. Isso enganou - e ainda engana - aqueles que, diante das árvores
portentosas, acharam que os solos da floresta seriam tão férteis que neles em se
plantando tudo daria.

Estima-se que a floresta tenha de 500 a 700 toneladas de matéria verde viva por hectare,
incluindo caules, troncos e raízes. Desse total, as folhas representam cerca de 20
toneladas, ou seja, algo como 3 ou 4%. Em comparação com a massa vegetal, a fauna
não é tão abundante. Existem somente 30 quilos de herbívoros por hectar3e, por exemplo.
A razão desse outro paradoxo é a mesma da anterior. Apesar da exuberância e variedade,
as espécies vegetais da floresta são extremamente pobres em vitaminas e nutrientes, o
que as torna inadequada ao sustento de rebanhos de animais.

Essa é também a causa da rarefação humana no ecossistema da floresta tropical. Mesmo


as comunidades indígenas que ali se desenvolveram se caracterizam pelo número
relativamente limitado de membros. A Amazônia não atrai naturalmente grandes
aglomerações humanas. A falta de animais herbívoros acarreta, por outro lado, um menor
número de espécies de mamíferos selvagens. Em termos de presença desses animais, a
Amazônia fica atrás de todas as formações vegetais do planeta. A extrema diversificação
de espécies vegetais na floresta - cerca de trezentas variedades por hectare, em média -
também é uma resposta da natureza às condições desfavoráveis da região.
Cada espécie tem suas características próprias quanto a disposição das raízes no solo e
ao aproveitamento dos nutrientes. Assim, quanto maior for a diversidade numa área, maior
o aproveitamento de todos. Praticamente, nada é perdido. Na Amazônia, a competição
parece ter alcançado um estágio requintado de equilíbrio. A variedade de espécies
vegetais só é igualada pela de insetos, vermes e outros ínfimos seres que constituem a
microfauna da floresta. Em cada hectare podem ser encontradas cerca de 120 toneladas
dessas formas de vida.

Algumas pesquisas estimam que somente na Amazônia possa residir cerca de 30% de
todo o estoque genético do planeta, ou seja, 30% de todas as seqüências de DNA que a
natureza combinou. É um número extraordinário, e certos pesquisadores ainda
consideram tratar-se de um cálculo por baixo. Uma coisa é absolutamente certa: a
preservação da variedade genética da Floresta Amazônica - que faz da região uma
espécie de banco de gens, o maior do mundo - deve ser um dos argumentos mais fortes
contra o desmatamento por atacado e a ocupação sem critério da Amazônia. Pois, por
mais abstrato que esse argumento possa parecer aos invasores do local - desde os
simples colonos que migram de outras regiões às empresas multinacionais de mineração -
cada espécie é única e insubstituível e sua destruição pode significar a perda de um
importante acervo genético, de incalculável valor prático para o homem.

Apenas se começa a aprender a ler mais informações contidas nas florestas tropicais,
existe aí uma verdadeira enciclopédia a ser conhecida. Os índios com certeza têm algo a
ensinar nesse vasto capitulo. Os antropólogos descobriram que cada comunidade
indígena que habita a Amazônia dispõe de um cardápio de pelo menos cem plantas e um
receituário de duzentas espécies vegetais. Um exemplo relativamente recente da
utilização do estoque genético da floresta é o desenvolvimento de um remédio contra
hipertensão - inspirado no veneno da jararaca. Essa cobra mata a sua presa com uma
substância tóxica que reduz a zero a pressão sanguíneos do animal. Os estudos sobre a
ação do veneno no organismo trouxeram informações valiosas para o reconhecimento da
pressão no ser humano.

É esse patrimônio que deve ser preservado junto com as florestas. É um desafio urgente.
O atual ritmo de extinção de espécies no mundo provavelmente não tem paralelo. Os
pesquisadores calculam que nos próximos 25 anos cerca de 1,2 milhões de espécies (dos
até 30 milhões que se supõe existir na Terra), desaparecerão por completo com a
devastação de seus refúgios florestais. Isso equivale a um genocídio de aproximadamente
130 espécies inteiras por dia.

O debate em torno da preservação das florestas tropicais ainda esta longe de se esgotar.
A maioria das previsões - mais ou menos desastrosas - que se faz nesse campo estão
atreladas a modelos matemáticos, muitas vezes passíveis de falhas. De todo modo,
enquanto os especialistas conferem suas projeções, fatos acontecem. E a idéia de
preservar indefinidamente a Floresta Amazônica se mostra cada vez mais impraticável.
Como a vocação da Amazônia é essencialmente florestal, é necessária a sua utilização
racional, menos predatória.

A questão que está posta é rigorosamente esta: conjugar o desenvolvimento e a abertura


de novas fronteiras com o delicado equilíbrio que sustenta os ecossistemas da floresta
tropical. Iniciativas como a construção de grandes hidrelétricas devem ser planejadas
cuidadosamente, se bem que seus efeitos a longo prazo para a floresta ainda sejam
desconhecidos. Não se pode perder de vista um dado essencial: o conhecimento sobre
dinâmica das florestas tropicais ainda é muito precário. Não ocorre o mesmo com as
florestas temperadas do hemisfério norte. Por sinal, ao contrario do que se imagina, essas
florestas vêm aumentando sensivelmente nas últimas décadas. Na França, por exemplo,
representam atualmente cerca de 30 % do território - menos em todo caso do que ao
tempo da Revolução de 1789. Calcula-se que a chuva ácida e a poluição danificaram
pouco mais de um quinto das áreas florestais na Europa. No Japão, o último relatório
anual sobre a situação do meio ambiente no país mostra que 67% do arquipélago está
coberto de florestas. Se a isso se somarem às áreas ocupadas por lagos, montanhas,
neves eternas e pradarias, se verão que ali as regiões naturais chegam a 80% da área
total. Em resumo, toda extraordinariamente vigorosa economia do Japão brota numa área
inferior ao estado do Rio de Janeiro - prova de que a propriedade não é incompatível com
a preservação da natureza, ou com seu uso inteligente quando não há alternativa.

Pelo menos 10% de todas as formas vivas existentes no planeta, 20% da água potável e
um terço das matas latifoliadas - folhas largas - de todo mundo estão reunidos em um
irregular tapete verde de 7,8 milhões de quilômetros quadrados no norte da América do
Sul, a grande Amazônia.
Essa vastidão já maravilhou muitos exploradores e estrategistas, caso do britânico Richard
Spruce, um dos mais famosos botânicos e exploradores da floresta (1817 - 1893)
consumiu 17 anos de sua longa vida anotando tudo que pudesse ser de interesse de Sua
Majestade. Relatos históricos registram que muitas vezes ele se lamentou que toda a
região não estivesse nas mãos da Inglaterra. A Amazônia espalha-se por terras de Brasil,
Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela, além do Suriname, Guiana e Guiana
Francesa.

Dados consolidados num trabalho preparado pelo MMA (ministério do Meio Ambiente), dos
Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, a Agenda Amazônica 21, avaliam que mais de
25% de todas as drogas prescritas nos EUA contêm substâncias derivadas de plantas das
florestas tropicais.

Apenas as populações indígenas, segundo o levantamento, dominam o conhecimento de


1300 dessas plantas com princípios ativos com características de antibióticos,
anticoncepcionais, antidiarréicos, anticoagulantes, fungicidas, anestésicos, relaxantes
musculares e antiviróticos. Neste último caso, são recursos promissores para a descoberta
de novos medicamentos.

Autoria: Ademir Kleber Morbeck de Oliveira

Meio Físico

Embora predominasse as formas de relevo suaves, a Amazônia não é constituída por uma
só e imensa planície perfeitamente plana.

Composta pela planície Amazônica (várzea), depressões marginais e baixos planaltos


residuais. Nela está o Pico da Neblina - 3014m e Pico 31 de Março - 2952m. Os planaltos
são constituídos por regiões serranas. Os planaltos residuais sul-amazônicos abrangem
uma área que se estende desde o sul do Pará até Rondônia, caracterizados por terrenos
cristalinos pré-cambrianos.

As depressões marginais norte e sul-amazônicas bordeiam o planalto da Amazônia


oriental e planície do rio Amazonas, com sedimentação recente, quaternária.

O clima é do tipo equatorial, quente e úmido, com a temperatura variando pouco durante o
ano, em torno de 26°C. É muito comum na região os períodos de chuva provocados em
grande parte pelo vapor d`água trazido do leste pelos ventos. A bacia amazônica é um dos
locais mais chuvosos do planeta, com índices pluviométricos anuais de mais de 2.000mm
por ano, podendo atingir 10.000mm em algumas regiões. Durante os meses de chuva, a
partir de dezembro, ás águas sobem em média 10 metros, podendo atingir 18 metros em
algumas áreas. Isso significa que durante metade do tempo, grande parte da planície
amazônica fica submersa, caracterizando a maior área de floresta inundada do planeta,
cobrindo uma área de 700.000Km2.

- Área total (Grande Amazônica): 7.584,421 Km2 (inclui 9 países)

- Área brasileira: 5.033,072 Km2

- Bacia Amazônica: 4.982,000 Km2

- Esses valores representam 7% da superfície do planeta

- A Amazônia abriga cerca de 50% da biodiversidade mundial.

A chamada região Amazônica pode ser dividida geograficamente de duas maneiras:

- Amazônia Internacional ou simplesmente Amazônia, que possui 6,5 milhões de km 2


encontrando-se na porção norte do continente sul-americano e abrangendo: Brasil, Peru,
Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Equador, Bolívia, Suriname e Colômbia.

- Amazônia Legal ou Brasileira, corresponde os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato


Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte dos Estados do Maranhão e Goiás,
correspondendo a uma área de aproximadamente 5 milhões de km2 , suficientemente
grande para acomodar toda Europa Ocidental. Desse total a área com fisionomia florestal
ocupa cerca de 4 milhões de km2 .

Os Rios

- Volume de água na Foz do Rio Amazonas: 100 a 300 m3 por segundo, dependendo da
época do ano;

- Se considerarmos em média 200 m3 por segundo, isso significa que o consumo diário de
uma cidade de 2.000 habitantes seria suprido por um segundo do rio;

- A quantidade de água do Rio Amazonas representa cerca de 17% de toda a água líquida
do planeta;

- A profundidade média é de 40 a 50 metros, podendo atingir até 100 metros, próximo a


Óbidos;

- O efeito das marés pode ser percebido até mais de 1.000 km do mar (Óbidos);

- Existem basicamente três tipos de rios: a água branca (Solimões, amazonas, Madeira...)
visibilidade 0,1 a 0,5 metros, pH 6,5 a 7,0; água preta (Negro, Urubu...) visibilidade de 1,50
a 2,50 metros, pH 3,5 a 4,0; água clara (Tapajós, Trombetas...) visibilidade mais de 4
metros, pH de 4,0 a 7,0.

O Rio Amazonas

Em 1541, o espanhol Francisco de Orellana e seus homens navegavam no rio Napo (que
desemboca em outro rio maior), a leste dos Andes. Passaram-se meses, e era incontável
o número de afluentes que engrossavam as águas do imenso rio. A certa altura, a
embarcação é atacada por um grupo de indígenas, que disparam flechas envenenadas.
Orellana dá ordem para seus homens desviarem o barco, afastando-se do alcance dos
índios. Após safar-se do perigo, Orellana, impressionado com o aspecto dos indígenas,
que acreditara serem mulheres, lembra-se das Amazonas - as guerreiras da mitologia
grega - e batiza o rio que passa a se chamar rio Amazonas.

O Rio Amazonas começa no Peru, na confluência dos rios Ucayali e Maranõn. Entra no
Brasil com o nome de Solimões e passa a chamar-se Amazonas quando recebe as águas
do rio Negro, no interior do Estado do Amazonas.

No período das chuvas, o rio chega a crescer 16 metros acima de seu nível normal e
inunda vastas extensões de planície, arrastando consigo terras e trechos da floresta. Sua
largura média é de 12 km, atingindo freqüentemente mais de 60 km durante a época de
cheia. As áreas alagadas influenciadas pela rede hídrica do Amazonas, formam uma bacia
de inundação muito maior que muitos países da Europa juntos. Apenas a ilha do Marajó,
na foz do Amazonas, é maior que a Suíça.

O Rio amazonas conta com mais de 1.000 afluentes e é o maior largo rio do mundo e o
principal responsável pelo desenvolvimento da floresta amazônica. O volume de suas
águas representa 20% de toda a água presente nos rios do planeta. Têm extensão
de6.400 quilômetros, vazão de 190.000 metros cúbicos por segundo (16 vezes maior que
a do ri Nilo). Na foz onde deságua no mar, a sua largura é de 320 km. A profundidade
média é de 30 a 40 metros. O rio Amazonas disputa com o Nilo o título de maior rio do
mundo, mas é imbatível em volume de água. Recebe cerca de 200.000 km2 de água por
segundo e, em alguns pontos, o rio é tão largo que não dá pra ver a outra margem.

Pororoca

Na foz do rio Amazonas, quando a maré sobe, ocorrem choques de águas elevando
vagalhões que podem ocasionar naufrágios e são ouvidos a quilômetros de distância, é a
pororoca. O volume de água do rio amazonas é tão grande que sua foz, ao contrário dos
outros rios, consegue empurrar a água do mar por muitos quilômetros. O Oceano Atlântico
só consegue revelar isso durante a lua nova quando, finalmente vence a resistência do rio.
O choque entre as águas, provoca ondas que podem alcançar até 5m e avança rio
adentro. Este choque entre as águas tem uma força tão grande que é capaz de derrubar
árvores e modificar o leito do rio.

No dialeto indígena do baixo Amazonas o fenômeno da pororoca tem o seu significado


exato, poroc-poroc, que significa destruidor.

Embora a pororoca aconteça todos os dias, o período de maior intensidade no Brasil


acontece entre janeiro e maio e não é um fenômeno exclusivo do Amazonas. Acontece
nos estuários rasos de todos os rios que desembocam no golfo amazônico e no Araguaia,
no litoral do Estado do Amapá, e também nos rios Sena e Gangues.

A Fauna

Outro aspecto fascinante da chamada mata Amazônica como um todo é a sua fauna. A
extensão, a diversidade floristica e a extrema complexidade ecológica das comunidades
florestais hileianas obrigam-nos a ser seletivos.

- Existem cerca de 3.000 espécies de peixes na Amazônia, que representa 85% da


América do Sul e 15% das águas continentais. O INPA tem cadastro 40% desse total;

- Estudos da pesca no Estado do Amazonas mostraram que apenas 36 espécies são


exploradas, 90% da pesca é representado por 18 espécies, mas 61% é de 4 espécies:
tambaqui (18%), Jaraqui (32%), Curimatã (11%) e pacus (5%);

- As últimas estimativas são de que as florestas pluviais do mundo podem ter até 30
milhões de espécies de insetos;

- Em uma única planta na Amazônia foram encontradas mais de 80 espécies de formigas,


o que representa o dobro das espécies de formigas encontradas nas Ilhas Britânicas;

- Os grandes insetos da Amazônia:

* Maior besouro: 20cm


* Maior mosca: 5cm
* Maior percevejo: 10cm
* Maior libélula: 15cm
* Maior mariposa: 30cm
* Maior cigarra: 9cm
* Maior vespa: 7cm

Dos mamíferos amazônicos podem ser citados os corriqueiros marsupiais, como cuícas,
jupatis e gambás ou mucuras (Monodelphis, Marmosa, Philander, Metachirops,
Metachirus, Didclphis). Ao grupo cumpre integrar, também, a bela cuíca-d`água
(Chironectes minimus), que alcança a parte meridional do território brasileiro.

Morcegos várias (famílias Noctilionidae, Pliylostomidae, Vcspertilionidae, Molossidae),


habitam as diversas comunidades faunísticos da Amazônia; mas limitemo-nos a
exemplificar com poucas formas: o morcego branco (Diclidunis albus) e uma forma muito
interessante, que dispõe de ventosas nas plantas dos pés (Thyroptera tricolor) e consegue
pousar em posição erecta no interior das folhas ainda enroladas de musáceas (família da
bananeira). Ambas aparecem também na mata atlântica.

Os símios regionais são numerosos: há aí 14 dos 16 gêneros de primatas neotrópicos. No


alto amazonas, vive o menor símio do mundo - o sagüi-leãozinho (Cebuella pygmacea). Lá
também ocorrem espécies maiores, como barrigudos (Lagothriz), os coatás (Ateles) e os
guaribas (Alouatta). A região da mata amazônica é, sabiamente, a mais rica floresta do
mundo em primatas com numerosas formas endêmicas, com espécies de vários gêneros
(Cebuella, Saguinus, Callimico, Saimiri, Pithecia, Chiropotes, Cacajao, Ateles, Lagothix).

A adaptação à vida florestal se revela de modo patente em diversas espécies da fauna


hileiana, como no cachorro-do-mato-de-orelha-curta (Atelocynus microtis), cânida
amazônico raro e bem especializado para habitar florestas. Compartilha essa faculdade
com o cachorrinho vinagre (Speolhos venaticus), forma também presente nos cerrados,
juntamente com outros predadores de táxons diversos no controle das populações de
muitos animais. Dessas outras formas predadoras citem-se os coatis (Nasua), os juparás
(Potos), os furões (Galictis) e vários felinos. Muito raro é um pequeno furão (Mustela
frenata), mustelídeo agílimo. Diversos gatos - do mato, a jaguatirica a suçuarana e o
jaguar são felinos tão escassos em outros lugares que só podem ser observados mais
facilmente hoje em dia na hiléia.

Tamanduás, preguiças e tatus também ocorrem na mata amazônica, apesar de apenas o


tamanduaí (Cyclops didactylus) e a preguiça real (Choloepus didactylus) poderem ser
considerados endemismos tipicamente amazônicos. O primeiro, porém, aparece,
surpreendentemente, em formações de feição quase amazônica na mata atlântica
alagoana. Alias, bom número de formas amazônicas - tanto plantas quanto animais - têm
representantes na mata atlântica nordestina.

Dos roedores, há numerosas espécies de pequenos ratos, mas são endemismos notáveis
a pacarana (Dinomys branickii) e os coatipurus, esquilos abarcados em vários gêneros
(Siurus, Sciurillus e Microsciurus). Algumas dessas formas são diminutas, mas o coatipuru-
vermelho (Sciurus pyrrhonotus), que habita o vale do rio Madeira, é bem maior que o
caxinguelê do sudoeste brasileiro. Algumas cotias, notadamente a cotia-preta (Dasyprocta
fuliginosa), são típicas das comunidades florestais hileianas.

Alguns cervídeos, em especial um veado - galheiro (Odocoileus virgianuis), habitam


formações situadas ao norte da margem esquerda do amazonas, com pelo menos mais
duas espécies pertencentes a outro gênero (Mazama), os veados - mateiros e os veados -
catingueiros. O tapir é aqui citado porque, nos dias atuais, a Amazônia detém a maior
população deste perissodátilo, que no passado abrangia praticamente todo o país.

São muito comuns, na área considerada, os porcos - do mato, queixadas (Tayassu pecari)
e caititus (T. tajacu).

Os mamíferos aquáticos têm grande importância na estrutura ecológica do vasto sistema


fluvial da Amazônia. São os peixes - bois (Trichechus inunguis), os botos vermelhos (Inia
geoffrensis), os botos tucuxis (Sotalia fluviatilis), as lontras (Lutra longicaudis) e as
ariranhas (Pteimwra biasiliensis), sendo as três primeiras espécies endêmicas do
ecossistema amazônico.

A avifauna da mata amazônica é extraordináriamente pelo número de espécies e


subespécies, que ocupam nichos ecológicos de notável diversidade: vão desde funções
polinizadoras, com diminutos beija-flores (dos quais devem ser destacadas duas
magníficas espécies (Topaza), até os poderosíssimo uiraçu (Harpia harpyja), a mais
possante ave de rapina. Diversos tinamídeos endêmicos, além de outros táxons florestais,
ocorrem nesse rico ecossistema de floresta pluvial. Os falconiformes, por exemplo, estão
representados por vinte espécies, pelo menos, incluindo alguma muito escassas
(Morphnus guianensis por exemplo).

Há na mata amazônica certo endemismo de grande importância para o estudo da


evolução das aves - as ciganas (Opisthocomus hoazin) - espécie que habita os aningais,
situados entre os caudais potâmicos e a mata ripária, onde se nutre das folhas e frutas da
grande arácea.

Próprios do ecossistema são os jacamins (Psophia) e formas regionais de cracídeos (aves


galináceas neotropicais), notadamente o urumutum (Nothocrax), mutuns (Crax e Mitu),
jacus (Penelope) e araçás (Ortalis). Inesquecíveis para quem teve a oportunidade de vê-
los no seu próprio habitat são as araras-vermelhas (Ara macau) endêmica que aprecia
sementes do castanheiro-do-Pará (Bertholetia excelsa), o anacã (Deroptyus acciputrinus)
a guaruba (Aratinga guaruba), uma bela jandaia amazônica e diversas outras, das quais
uma (P. rhodogaster) é destaque indiscutível, além de outras araras, ariranhas, papagaios,
periquitos e tuins, todos abundantes naquelas matas ainda pouco estudadas. Pelo brilho
invulgar da plumagem, merecem ser citados os trogonídeos, como o surucuá-açu
aparentado com o quetzal, ave símbolo da Guatemala.

Muitas outras aves, em especial passeriformes (como, por exemplo, o tropeiro de voz
característica), são espécies próprias da mata amazônica e de formações similares no
sudeste brasileiro - Bahia e Espírito Santo. Com o anambé-preto (Cephalopterus), o galo-
da-serra (Rupicola rupicola) e outros cotingídeos belíssimos, muitas aves constituem
espécies endêmicas notáveis da floresta equatorial amazônica.

A fauna herpetológica hileiana é variadíssima. Nela abundam lagartos, calangos,


serpentes, jabutis, cágados e tartarugas (Podocnemis expansa). Endemismos notáveis da
Amazônia são os lagartos jacareranas (Crocodilurus lacertinus) e os jucuruxis (Dracaena
gutanensis).. Há aí ofídios de grande porte, como a sucuri (Eunectes), jibóias e formas
peçonhentas, como surucucu (Lachesis muta), diversas jararacas, principalmente uma
(Bothrops atrox), além de certa espécie muito grande de cobra coral (Micrurus
surinamensis). Há uma bela jibóia verde (Boa canina) e uma outra furta-cor (Epicrates),
além de variadas outras formas de ofídios.

É também grande o número de sapos, rãs, pererecas no ecossistema em causa, que se


nutrem do imenso acervo de invertebrados dos mais diversos táxons, em especial da
entomofauna. Dos sapos, cabe citar a intanha (Ceratophyrys) e, pelo menos um pequenino
sapo (Dendrobates) utilizado por certas tribos indígenas no preparo de veneno para suas
flechas.

A População

- Cerca de 17 milhões de pessoas vivem na Amazônia, e, portanto a densidade


demográfica é de cerca de 3,4 habitantes por km2 ;

- 62% da população vivem na zona urbana e 38% na zona rural;

- Em média, durante o ano, o caboclo do interior usa cerca de 3,2 horas/dia para a
agricultura e 5,1 horas/dia para o extrativismo (caça, pesca, coleta...);

- As cerâmicas mais antigas encontradas na Amazônia datam de cerca de 7.000 a 8.000


anos;

- Das doenças parasitárias da população, a malária é a principal endemia. Verificou-se em


Porto Velho 90% do total; Boa Vista 82%; Macapá e rio Branco 22%, Manaus 14%,
Palmas 11%, Cuiabá % e Belém 0,2%;

- A região (interior) tem um dos maiores consumos de proteína animal (peixe) do mundo:
140 gramas por pessoa/dia;

- Na área total foi detectado em crianças 70% de nanismo e 18% de atrofia nutricional,
37% de anemia, 56,5% de falta de zinco e 50% de falta de calorias, ferro, vitamina A e
outras vitaminas;

- Na área urbana foi detectado 72,2% de desnutrição.

- Apesar de abranger cerca de metade do território brasileiro, a imensa região norte é


pouco povoada. A população está muito mal distribuída. Quase metade da população
amazônica concentra-se em Belém e nas áreas vizinhas. Nas áreas pouco habitadas, a
população vive ao longo das margens dos cursos de água e depende exclusivamente
deles para circulação. Além dos dois centros urbanos principais (Belém e Manaus),
existem somente pequenas aglomerações nas quais os recursos de que podem valer as
populações são raros ou inexistentes.

Povos Primitivos

A Amazônia é um dos poucos redutos do planeta onde ainda vivem povos primitivos,
dezenas de tribos que se espalham em territórios dentro da mata, mantendo seus próprios
costumes, linguagens e culturas, inalterados por milhares de anos. Antropólogos acreditam
que ainda existam povos primitivos desconhecidos, vivendo nas regiões mais inóspitas e
inacessíveis. As características do clima e do solo da região amazônica, pouco propícias à
conservação de materiais, não deixaram muitos vestígios sobre a vida dos povos pré-
colombianos. Mas o patrimônio arqueológico é precioso, com registros que chegam a
10.000 anos. A riqueza da cerâmica, com suas pinturas elaboradas, demonstra que muitos
desses povos atingiram um estágio avançado de organização social, sempre guiados por
uma forte relação com a natureza.

A Floresta

- 78% dos solos de terra-firme são ácidos e de baixa fertilidade natural;

- A Amazônia possui 3.650,000 km2 de florestas contínuas, a maior do mundo. A


quantidade anual de chuva na bacia amazônica é de 15 trilhões de m3;

- Dessa quantidade, em média 48% todo ecossistema amazônico utiliza e evapotranspira,


outros 52% escoa pelos rios, ou seja, aproximadamente a metade;

- Um estudo realizado só em ecossistema de floresta tropical mostrou que 25% é


evaporada, 50% é transpirada e 25% escoada para os rios;

- A produção líquida de oxigênio (saldo positivo) é em média de 96 toneladas por ano, que
representa 0,000008% do total da atmosfera da terra. Isso indica ser uma pequena
participação global;

- Calcula-se na Amazônia uma área total desmatada de 652.908 km2, ou seja, 16,3% da
floresta original. Na década de 80, em Rondônia, a taxa de desmatamento foi da ordem de
35 mil km2 por ano, equivalente a um campo de futebol (1 há) a cada 5 segundos;

- Existem na Amazônia cerca de 5.000 espécies de árvores (maiores que 15cm de


diâmetro). Na xiloteca do Impa existem 10.200 exsicatas, sendo cerca de 3.500 espécies.
Na América do Norte existem cerca de 650 espécies de árvores;

- A diversidade das árvores na Amazônia varia entre 40 a 300 espécies diferentes por
hectare, sendo que na América do Norte é de 4 a 25;

- Das 250.000 espécies de plantas superiores da Terra, 170.000 (68%) vivem


exclusivamente nos trópicos, sendo 90.000 na América do Sul;

As principais características dessas formações silvestres úmidas e densas são o fato de as


plantas se congregarem em grupos e estes terem organização peculiar, ocupando
posição própria no ecossistema.

Tais grupos ou conjuntos vegetais apresentam sempre a mesma forma orgânica e se


inserem na mesma parte do ambiente. Denominam-se sinúsias ou sinusiais
(agrupamento), de que dão exemplos as árvores, as palmeiras, as grandes ervas, as
epífitas, etc. Cada uma destas pode constituir uma sinúsia, muito numerosas nas florestas
pluviais.

Uma das feições fundamentais das sinúsias é o fato de que elas se estratifiqucam, isto é,
se dipõem em estratos ou camadas de alturas diferentes dentro da mata - ordenação em
camadas que é característica arquitetura silvestre. Usualmente, aliás, os stratos arbóreos
são três: o superior, médio e inferior, depois um andar arbustivo etc.

Ao contrário do que em geral se pensa, as dimensões das plantas tropicais não são
demasiado grandes. A mata amazônica, a mais pujante dentre as congêneres, alcança,
pelo comum, 30-40m de altura. Os sistemas radiculares têm algo especial, são superficiais
e desprovidos de raiz mestra, isto é, axial. São, portanto, formados de raízes adventícias,
surgidas na base do caule, pouco profundas. É pó isso que suas árvores caem com
relativa facilidade. Também os solos silvestres, dentro dessas circunstâncias, se revelam
rasos e saturados d`água na superfície, entretanto, as árvores pequenas têm raízes axiais
profundas.

As cascas dos troncos são, via de regra, finas e lisas, de cor clara. Um fenômeno que lhes
é relativamente comum é a caulifloria (floração sobre os troncos), como nos cacaueiros e
no abricó-de-macaco. A folhagem típica nessas matas revela a dominância de folhas
medianas, espessas e consistentes, sem pelos ou poucos. O que lhes é peculiar é o ápice,
em geral longo e delgado. Já as florestas do interior da mata têm folhas maiores e mais
macias.

É bom lembrar que o solo das matas úmidas - de modo conspícuo - é revestido de ervas e
formas jovens das árvores, e que estas, quando adultas, exibem enorme quantidade de
plantas epífitas sobre si, até mesmo grandes arbustos.

Além do que foi dito, entre as características das matas pluviais, a hiléia se destaca pelo
avantajado número de plantas mirmecófilas (amigas das formigas), há plantas que nelas
habitam ninhos de formigas, outras, que servem de abrigos para elas: exemplo flagrante
disso são as embaúbas (Cecropia), cujo ramos fistulosos abrigam formigas agressivas
(gênero Azteca). A caulifloria, é freqüente nessa mata, bem como as raízes tabulares, nas
bases dos troncos, ao lado da reprodução vegetativa. Nessas eventualidades, as árvores,
se tombam, rebrotam dessas raízes, como sucede com o pequiá (Cariocar villosum) e com
o bacuri (Plantonia insignis).

A floresta Amazônica é a designação que corresponde a cinco tipos básicos de floresta


úmida: 1) mata de terra firme, que se acha fora da influência direta dos rios e nunca sofre
inundações, 2)mata de várzea, localizada sobre aluviões fluviais, ao longo dos grandes
rios (Solimões, Amazonas, Madeira), razão por que sofre alagamento periódico - cada ano,
na estação chuvosa, 3) mata de igapó, onde a água inunda quase que permanentemente,
4) caatingas do rio Negro ou campinarana, formação estranha à flora amazônica, de
folhagem dura, situada sobre areias brancas, lavadas e pobres daquele rio e alguns
trechos da região hileiana e 50 pequenos traços de cerrado e de campo que ocorrem
esparsamente pela Amazônia, onde são irrelevantes.

A mata de terra firme é formada de vegetação silvestre de grande porte, localizada em


planaltos pouco elevados - 60 a 200m - planos ou pouco ondulados, não sujeito a
inundações. Ocupa a maior parte da bacia Amazônica. Não existe, ai, dominância nítida de
uma espécie vegetal sobre as demais, há entre cinco e sete, até quinze mais
disseminadas, com muitas espécies raras. Mas em determinadas localidades prevalece
amplamente uma só espécie, como o castanheiro-do-Pará (Bertholetia excelsa), que
compõem os chamados castanhais, sobretudo no norte do baixo Amazonas, mas é uma
ocorrência meramente local.

Em face da competição pela luz, as árvores, aí, tendem a manter-se mais ou menos
delgadas, poucas ultrapassam 100cm de diâmetro, e as exceções são como a sumaúma e
o pequi, que chegam a alcançar 350cm. O número de árvores e espécies por hectare dá
uma idéia da riqueza dessa modalidade florestal, no rio Madeira (AM), 111 árvores de 60
espécies, em Belém (PA), 113 árvores de 42 espécies. Para comparação, em mata
idêntica, no sul da Bahia, havia 130 árvores por hectare. Em 200 milhões de hectares
inventariados na terra firme, foram achadas 400 espécies de árvores com diâmetro
superior a 25cm, com densidade equivalente a 117 árvores/ha.

É comum que a formação se apresente mais aberta, com espaçamento maior e altura
menor, mais luz aí penetra razão por que os arbustos e os cipós aumentam de dimensões
e o chão se faz mais coberto de ervas. Há, então, menos epífitas. De vez enquanto, uma
árvore gigante aparece. Há um tipo sem palmeiras. Mais difundido, porém, é o tipo com
palmeiras, sendo as mais vulgares a babaçu (Orbignya martiniana) e a bacaba
(Oenocarpus distichus). É também comum aqui a citada castanheira. Ocorre, uma terceira
modalidade da mesma floresta, que abriga grande cópia de cipós ou lianas: é muito
difundida, principalmente entre Marabá e o rio Xingu, por exemplo. O fato é que não
parece haver uma relação direta entre o tipo de solo e a vegetação, por exemplo, sobre a
terra roxa, de clara fertilidade, tanto ocorre a floresta densa quanto várias classes de
florestas abertas.

A mata de várzea - em que a palavra várzea tanto se aplica ao solo como à vegetação - é
de terrenos novos, baixos e sujeitos á inundações na época das chuvas. As águas pro
manam de rios - como o Amazonas e o Madeira - barrentos. Seus sedimentos se
depositam, primeiro os mais pesados junto as margens dos rios, depósitos que vaão
aumentando e assumem a forma de cristais, por fim, essas partes ficam inundadas
durante poucas semanas, são essas porções elevadas cobertas de mata, que vêm a ser
ditas restingas. Adiante destas, há vastas áreas que permanecem alagadas durante vários
meses, com amplas florestas. Em decorrência desse esquema muitas vezes os terrenos
de várzea apresentam solos argilosos muito mais férteis do que é habitual na Amazônia. O
princípio dessa fertilidade é o mesmo que o das margens do rio Nilo, no caso, os
sedimentos depositados nas várzeas provem de rochas e solos férteis da base dos Andes.

Os rios de águas negras ou claras, como respectivamente o Negro e o Tapajós nada


cedem ao substrato são exemplos de rios que dão origem aos igapós. Os igarapés são
riachos ou pequenos rios que cruzam as matas de várzea. São matas comumente
enormes pelo desenvolvimento das árvores: a maparajuba (Apuleia molaris), por exemplo,
atinge 40m de altura, mas de regra são 20-30m.

Há três tipos de várzea. O primeiro é a várzea sem canarana, isto é, sem gramíneas altas,
o que é típico do alto Amazonas, por exemplo, nos rios Solimões e Madeira, acima de
Manaus. Aí, a floresta é continua, ou interrompida somente por lagos. Não há capinzais. A
fauna ictiológica é muito rica, até com peixes de tamanho avantajado. Grandes
quantidades de sementes aí flutuam nas águas, recolhidas para venda local como
oleaginosas.

O segundo é a várzea de canarana, no baixo Amazonas, onde o rio é muito largo,


particularmente entre Monte Alegre e Itacoatiara, e a partir do rio Madeira. Nessa região, a
floresta reveste em forma de faixas estreitas sobre terrenos mais altos, ao lado dos rios
principais. Por trás da floresta, há os brejos de canarana. As partes mais baixas são de
lagos, ás vezes muito amplos, quando suas águas diminuem, as gramíneas céleres,
cobrem o terreno recém-descoberto. Dominam ai, embaúbas, pau-muato (Calycophyllum
spruceanum) e o açacu (Hura crepitans), por exemplo. O alagamento dura cerca de cinco
meses.

O terceiro tipo é a várzea estuarina, abaixo da confluência do rio Xingu com o Amazonas,
e na Ilha de Marajó, cuja superfície é de 40.000 km2. Há, nessa área, enorme abundância
de palmeiras de poucas espécies relativamente. O alagamento, então, é antes devido aos
movimentos das marés do que ao regime pluvial, processa-se assim, duas vezes por dia.
As chuvas, nessa área exercem escasso efeito nesse respeito, pois o rio é
excessivamente largo e próximo do oceano. Entre Breves e Curralinho, a mata é rica em
madeiras utilizáveis.

A mata de igapó indica qualquer trato da terra com drenagem insuficiente, inundando
periódico ou permanentemente (região do baixo Amazonas) por rios de águas pretas ou
claras (ex. rio Negro), o que faz pantanosa a mata assim situada. Os igapós ficam em
plena terra firme, em margens alagadiças de riachos, e nas várzeas, onde as inundações
os sustem. Trata-se de mata baixa e pobre, com árvores afastadas, onde existe mais luz e
muitas epífitas. Sua composição inclui árvores de várzeas, aqui menos crescidas, e
espécies próprias mais numerosas. As plantas desde jovens, são capazes de tolerar a
submersão por períodos de meio a um ano em estado de latência (sem o que não
sobreviveriam), quando as águas baixam, voltam à atividade fisiológica e ao crescimento.

Com a designação de caatingas (ou catingas) do rio Negro, também denominadas


regionalmente campinas e/ou campinaranas, nomeia-se um tipo especial de vegetação -
florestal é verdade - mas sem conexão perceptível com as demais formações lenhosas da
Amazônia. Têm estrutura e flora únicas e peculiares. Assentam em solos arenosos, bem
escuros na porção superior, mas com base granítica, situando-se a uns 100m de altitude,
com as maiores precipitações pluviais da hiléia: 3.000 - 3.500mm anuais.

As caatingas ou são altas, com uns 20m de altura e mais sombrias (campinaranas), ou são
baixas, com 7 - 8m e árvores emergentes de 10 - 15m e mais claras (campinas). Neste
caso específico o chão é coberto de musgos, liquens, bromélias e pequenas samambaias,
podendo sofrer períodos de alagamento, o lençol freático é quase junto à superfície, não
mais que 80 cm de fundura. Assim, as raízes dependem efetivamente das águas da
chuva, não podendo descer abaixo de 40cm por faltar-lhes oxigênio para a respiração,
com o que, sobrevindo uma época de seca, sofrerão de real deficiência hídrica, mais ainda
pelo fato de o solo de areia grossa ser poroso.

Nas campinaranas, que em geral circundam as áreas de campinas, as árvores são, por
conseguinte, delgadas, em maioria entre 20 - 25cm de diâmetro. As espécies não vão
além de 65-67 árvores por hectare. Têm folhas espessas, duras e pilosas, e as cascas são
grossas, recordando o cerrado. Importa contrastar o fato de que - embora com tais
caracteres reforçados próprios da savana, que vive sob luz e seca atmosférica intensas - a
caatinga hileiana habita região de chuvas copiosíssima e luz bem mais fraca, o que
postularia em seu lugar uma legitima floresta pluvial.

Há, destarte, em suma indicações de que tal caatinga sofre restrições de fatores limitantes
e de que suas espécies, no curso de milênios, se adaptaram a tais fatores. Pensa-se, hoje,
que o solo pobre em nutrientes e a periodicidade causada tanto pelo alagamento do solo,
que retira o ar necessário para a respiração radicular, quanto a extrema dessecação
produzida pela excessiva porosidade da areia, não permitindo a ascensão da água por
capilaridade, são fatores adversos ao desenvolvimento da estrutura dessa floresta pluvial.

As designações de caatingas do rio Negro provem do fato de terem sido caracterizadas


nessa região, mas importa ter em conta que, em forma de manchas esparsas, elas se
encontram em numerosos pontos da região amazônica.

Distribuição Espacial de Carbono


em Solo sob Floresta Primária na
Amazônia Meridional

O estudo do carbono assume grande importância devido à sua estreita relação com as
mudanças climáticas da Terra. Uma das causas relevantes dessas alterações é a rápida
substituição das florestas tropicais da Amazônia por sistemas agropecuários. Este
trabalho foi desenvolvido em Juruena (MT), com os seguintes objetivos: estudo da
distribuição espacial do teor de carbono e a estimativa do seu estoque na camada de 0-
0,60 m de solo em microbacias sob floresta primária, por meio de técnicas geoestatísticas.
Foram demarcados 185 pontos georreferenciados em forma de malha sistemática regular,
abrangendo quatro microbacias próximas, com espaçamento de 20 x 20 m, em que foram
coletadas amostras de solo até a profundidade de 0,60 m.
A densidade aparente aumentou de 1,36 ± 0,081 g.cm-3 (± desvio-padrão) para 1,46 ±
0,083 g.cm-3, nas profundidades de 0-0,20 m e 0,40-0,60 m, respectivamente. As
microbacias apresentaram estoques médios de carbono (profundidade de 0-0,60 m)
distribuídos da seguinte forma: microbacia 1 = 56,73 t.ha-1, microbacia 2 = 59,35 t.ha-1,
microbacia 3 = 59,22 t.ha-1 e microbacia 4 = 64,35 t.ha-1, com média geral de 59,74 ±
10,30 t.ha-1. Apesar de existir uma aparente homogeneidade quanto às características
visíveis na paisagem, como relevo, cor de solo e vegetação, os atributos carbono e argila
apresentaram considerável variabilidade, mesmo dentro de pequenos espaços como as
microbacias estudadas. Isso demonstrou que a extrapolação de dados para estimativas de
estoque de carbono em áreas maiores pode projetar resultados falsos, quando a
variabilidade espacial de atributos de solo não é levada em consideração.

MANGUES

A Floresta

As florestas de mangue são um aspecto notável dos litorais tropicais de todo o mundo.
Sua localização, restrita à faixa entre - marés (situada entre o ponto mais alto da maré alta
e o ponto mais baixo da maré baixa), faz com que sejam verdadeiros pontos de ligação
entre ambientes marinho e terrestre. Estima-se que haja cerca de 20 milhões de hectares
de manguezais em todo o mundo. As maiores florestas estão localizadas na Ásia
(principalmente na Malásia e na Índia), na América atlântica (Brasil e Venezuela) e na
África atlântica (Nigéria e Senegal). A intensa utilização de seus recursos naturais ameaça
a permanência dos manguezais em todas essas áreas. No Brasil, embora ainda não se
tenham dados precisos, avalia-se que a área total de mangues chega a cerca de
25.000km2 distribuídos ao longo de todo o litoral, do cabo Orange no Amapá, a Araranguá
em Santa Catarina.

O manguezal é um ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e


aquático, característico de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime de marés. É
constituído por espécies vegetais lenhosas típicas, adaptadas às condições específicas
deste ambiente. No que diz respeito à energia e à matéria, são sistemas abertos,
recebendo em geral, um importante fluxo de água doce, sedimentos e nutrientes do
ambiente terrestre e exportando água e matéria orgânica para o mar ou águas estuarinas.

Nos manguezais, encontra-se pouca variedade de espécies de árvores, mas grande


número de indivíduos por espécie. Na costa brasileira, há três espécies dominantes: o
mangue vermelho (Rhizophora mangle), o mangue siriúba (Avicennia schaueriana) e o
mangue branco (Laguncularia racemosa). Além destas, outra espécie é bastante comum,
embora não seja típica de mangue: o algodoeiro-da-praia (Hibiscus pernambucensis).

Além das árvores, os manguezais abrigam grande variedade de outras plantas e animais
característicos. Entre as plantas, destacam-se as epífitas como orquídeas, bromélias e
certas samambaias. Em conjunto com várias espécies de liquens, essas plantas
constituem o estrato superior do ecossistema, nas copas das árvores. No outro extremo,
as raízes e os troncos são intensamente colonizados por algas marinhas, que se fixam
nessas estruturas. As capas de algas, que cobrem todas as estruturas das árvores na
faixa entre - marés abrigam uma infinidade de pequenos invertebrados marinhos,
importantes fonte de alimento para vários animais do mangue e das águas costeiras
adjacentes à maré alta.

O desenvolvimento dos manguezais depende de cinco requisitos básicos:

1- Altas temperaturas: média mensal mínima maior que 20°C e uma amplitude anula
inferior à 5°C;

2- Costas livres de ação de ondas e marés violentas: Baías rasas e estuários abrigados,
lagoas, o lado de ilhas abrigado de ventos e canais protegidos;

3- Aluvião fino e particulado: substrato mole constituído por silte e argila fina, rica em
matéria orgânica;

4- Presença de água salgada;

5- Uma larga amplitude de marés.

O bom funcionamento dos ecossistemas de mangue depende de alguns fatores de


importância vital, entre os quais se incluem a estabilidade do solo, um suprimento
adequado de água doce, aportada pelas chuvas e pela rede de drenagem e, finalmente,
da demanda de evaporação da atmosfera.

Em áreas banhadas pelo menos uma vez por dia pelas marés, e na ausência de fatores
que modifiquem a distribuição uniforme da inundação (como bancos de areias, recifes ou
irregularidades na topografia), a salinidade do solo permanece semelhante à das águas
costeiras adjacentes, ou seja, dentro da faixa de tolerância das espécies do mangue.
Entretanto, em áreas onde a água doce, principal agente de diluição, é insuficiente, devido
à escassez de chuvas e rede de drenagem, ou onde as inundações da maré são pouco
freqüentes ou variam, a transferência de água para a atmosfera por evapotranspiração das
plantas leva a um aumento significativo da concentração de sais no solo, tornando
deficiente a absorção de água e de nutrientes pelas plantas.

Para suplantar essa deficiência, devido ao aumento da pressão osmótica do solo, a planta
desloca grande quantidade de energia de seu metabolismo para os sistemas de absorção
de água e nutrientes, em detrimento de outras funções fisiológicas, como o controle da
concentração interna de sais, o crescimento e a reprodução. Este fato pode ocasionar,
caso persistam as condições de baixa diluição progressiva da produtividade primária do
ecossistema, podendo até levá-lo eventualmente à destruição.

O suprimento adequado de nutrientes está intimamente relacionado com o suprimento de


água. De modo geral, as principais vias de entrada de nutrientes para o ecossistema são:
a maré cheia, que traz os nutrientes em solução na água do mar; as cheias dos rios e
demais cursos d`água da rede de drenagem, que depositam no interior do mangue
partículas finas às quais nutrientes se encontram adsorvidos (aderidos), e, finalmente, as
chuvas e a deposição de salsugem marinha (maresia), que transportam e depositam no
meio nutrientes vindos da própria atmosfera. A principal via de saída é a exportação,
durante a maré cheia, dos detritos produzidos pelo mangue.

Ao contrário dos principais ecossistemas florestais dos trópicos, as florestas de mangue


apresentam poucos mecanismos de reciclagem de nutrientes. Em uma floresta tropical
típica, ocorrem associações biológicas sofisticadas, como micorrizas, fungos e algas
colonizadoras de folhas, responsáveis pela reutilização seguida dos nutrientes, que assim
permanecem mais tempo no ecossistema. Já nos manguezais, a reciclagem se restringe a
atividade de animais, principalmente caranguejos no sedimento. Através da remobilização
do sedimento, resultado de sua atividade de cavar túneis e buracos, esses animais
permitem que as plantas reutilizem os nutrientes em camadas profundas do solo.
Este processo, entretanto, tem pouca importância se comparado aos grandes fluxos de
nutrientes dissolvidos, para dentro do ecossistema, e de detritos e outras partículas, para
fora. Esta característica torna o ecossistema de mangue comparativamente muito aberto, o
que em ultima análise permite a exportação e grande quantidade de matéria orgânica,
especialmente detritos vegetais, para as águas costeiras adjacentes.

A grande exportação de detritos orgânicos é o aspecto mais importante da


interdependência entre os manguezais e o sistema costeiro adjacente. Transportados pela
maré para as águas costeiras, os detritos são colonizados por uma flora e fauna
microbianas que os enriquecem em compostos orgânicos de alto valor energético, como
proteínas e aminoácidos. Assim enriquecidos, esses detritos vão servir de base a cadeias
alimentares costeiras, tornando os manguezais os principais responsáveis pela
manutenção da atividade pesqueira das áreas tropicais.

Outro aspecto do funcionamento íntegro dos mangues está nas características físicas e
químicas do substrato. Ao atravessar a zona de raízes, o fluxo de água perde velocidade,
o que provoca um aumento na taxa de deposição de partículas. Como resultado final do
processo, os sedimentos formados são muito fluidos e instáveis, extremamente suscetíveis
à erosão.

Se o hidrodinamismo (dinâmica das águas) for alterado em uma determinada região, seja
naturalmente, por ventos fortes ou tempestades, seja pela ação do homem, através de
dragagem ou canalização das áreas costeiras adjacentes, a erosão do sedimento será
imediata, retirando a sustentação das árvores e provocando a destruição do sistema.

Embora não seja tão evidente quanto às modificações provocadas pela erosão, uma
reversão no equilíbrio físico-químico do sedimento também resulta da alteração do
hidrodinamismo. Este equilíbrio, estabelecido sob condições normais, mantêm o
sedimento praticamente isento de oxigênio, devido a degradação de grandes quantidades
de matéria orgânica que nele se depositam. Com a oxigenação do sedimento, aumentada
pela intensificação da circulação de água, várias substâncias nutritivas são solubilizadas e
imediatamente perdidas pelo ecossistema. Como o resultado da perda de nutrientes, pode
ocorrer uma diminuição progressiva do mangue, e problemas agudos e eutrofização e
contaminação das águas costeiras adjacentes.

A salinidade intersticial é um parâmetro de grande importância uma vez que pode interferir
no desenvolvimento de plantas, altura das árvores e diminuição das folhas. As espécies
vegetais dos manguezais são plantas halófitas, próprias de ambientes salinos. Embora
essas plantas possam se desenvolver em ambientes livres da presença do sal, em tais
condições não ocorre formação de bosques, pois perdem espaço na competição com
plantas de crescimento rápido, melhor adaptadas à presença de água doce. Seu
desenvolvimento parece melhor em áreas de salinidade baixa, e sua ocorrência no
ambiente costeiro pode estar ligada à competição com outras plantas terrestres. Estas
árvores desenvolvem várias formas de adaptação que permitiram seu sucesso na
colonização do ambiente costeiro, principalmente em relação à regulação das
concentrações internas de sais.

Num ambiente de elevada salinidade, a absorção de água e de nutrientes é dificultada.


Isto ocorre porque as reações de troca de água e nutrientes entre o meio externo (o solo) e
o meio interno das células das raízes são afetadas pela osmose. Graças a esse fenômeno,
a água e as substâncias nela dissolvidas podem passar para dentro e para fora da célula,
sempre que houver diferenças nas concentrações de substâncias dissolvidas no meio
externo e no meio intracelular, isto é, diferenças de pressão osmótica.

Como no solo dos manguezais a concentração de sais é elevada, o equilíbrio entre as


pressões osmóticas tende a ser restabelecido através da migração de água para fora do
meio intracelular. Para evitar esta perda de água e facilitar a absorção de nutrientes, as
plantas devem manter em seu interior altas concentrações de sais, a fim de que sua
pressão osmótica se iguale à do meio externo.

A variabilidade da pressão osmótica do solo, porém, é muito ampla, devido ao movimento


das marés, às chuvas e a evaporação, que alteram drasticamente a concentração dos sais
nele depositados. Logo, as plantas não só precisam concentrar sais em suas células,
como também devem desenvolver mecanismos capazes de equilibrar rapidamente as
concentrações internas de sais em resposta às variações de salinidade do meio externo.

Dadas as condições hostis do ambiente físico para a maioria das plantas, as espécies
vegetais de mangue possuem adaptações especiais para sobrevivência. Para fixação em
substrato inconsolidado (frouxo) o mangue vermelho (Rhizophora) apresenta raízes-escora
que são raízes aéreas que partem do caule principal arqueadas até o solo. As raízes das
espécies de mangue possuem lenticelas localizadas nas raízes escora e em raízes aéreas
denominadas pneumatóforos que ocorrem nos mangues brancos (Laguncularia), e negros
(Avicennia). Estas estruturas têm a função de realizar as trocas gasosas, uma vez que o
sedimento do manguezal é anóxico. Para superar os problemas da salinidade as plantas
de mangue desenvolveram mecanismos que impedem com que o sal entre na planta
através da raiz (Rhizophora e Laguncularia) ou excluem o sal através de glândulas
localizadas nas folhas (Avicennia). Outra adaptação à salinidade é a viviparidade, que
protege os embriões. Em água salgada a longevidade dos propágulos (sementes) de
Rhizophora é de mais de um ano, enquanto que de Avicennia é de 110 dias e de
Laguncularia de 35 dias. Estes propágulos têm poder de flutuação e podem chegar a
regiões muito distantes de onde foram produzidos.

As espécies constituintes dos manguezais correspondem a um número limitado de famílias


(umas 13) que compreendem de 18 a 20 gêneros. Cada gênero pode estar representado
por uma ou por várias espécies e neste último caso, diferem morfologicamente pouco
entre si, isto indica que o fator ecológico é uma força tão considerável, que conseguiu
imprimir as espécies de diversas origens taxonômicas, uma morfologia especial e bastante
homogênea que as distingue das demais. As espécies variam latitudinalmente, em
decorrência do clima e índices pluviométricos.

Pesquisas indicam que as várias espécies de árvores de mangue originaram-se nas


regiões do Indo-Pacífico, uma vez que nestas regiões há uma maior diversidade de
espécies. Teorias sugerem que sua migração para outras regiões do mundo, inclusive
para costa do Brasil, ocorreu há alguns milhares de anos atrás, através do transporte de
propágulos de mangue, sementes germinadas, pelas correntes marítimas quando os
continentes encontravam-se mais próximos uns dos outros.

Existem cerca de cinqüenta espécies de árvores de mangue. Na região Indo-Pacífico


concentra-se a grande maioria. Nas Américas e costa brasileira são encontradas sete
espécies pertencentes a quatro gêneros: Rhizophora, Avicennia, Laguncularia,
Conocarpus.

As áreas dos manguezais são, portanto, de extrema importância, uma vez que delas
provém boa parte das proteínas (mariscos e peixes), tão essenciais para a subsistência.
Curandeiras empregam diferentes produtos vegetais fazendo uso de suas propriedades
bactericidas e adstringentes na cura de várias moléstias comuns no ambiente. O tanino,
produto obtido da casca das árvores, serve para proteger as redes e as velas das
embarcações. Em várias regiões do país os manguezais encontram-se seriamente
ameaçados, em processo adiantado de desaparecimento. A destruição dos manguezais
gera grandes prejuízos, inclusive para economia, seja direta ou indiretamente, uma vez
que são perdidas importantes frações ecológicas desempenhadas por esses
ecossistemas. Problemas observados são os desmatamentos e aterro de manguezais
para dar lugar a portos, estradas, agricultura, carcinocultura estuarina, invasões urbanas e
industriais; derramamento de petróleo, lançamento de esgotos, lixo, poluentes industriais,
agrotóxicos, assim como a pesca predatória, onde é muito comum a captura do
caranguejo-ucá durante a época de reprodução, ou seja, nas andadas, quando torna-se
presa fácil. É preciso conhecer e respeitar os ciclos naturais dos manguezais para que o
uso sustentado de sues recursos seja estabelecido.

O manguezal dispõe de vários diplomas legais para sua proteção, a nível federal, estadual
e municipal. Os manguezais são Áreas protegidas ou d3e Preservação Permanente ou
ainda reservas Ecológicas, conforme o Código florestal, Lei 7771, Art.2, de 15/09/1965,
Art. 18 da Lei 6.938, de31/08/1981, decreto 89.336, de 31/04/1984 e Resolução 4 do
CONAMA, de 18/09/1985, representando por si só, um grande obstáculo contra a
degradação desse ecossistema.

Autor: Ademir Kleber Morbeck de Oliveira

A Fauna

Os animais encontraram no manguezal diferentes tipos de habitat disponíveis, tais como a


copa das árvores, poças d`água, superfície do solo, o próprio substrato e os canais de
água desse sistema.

A fauna encontrada em manguezais é composta por espécies residentes, organismos


marinhos jovens (criadouro), visitantes e dulciaqüicolas. A proporção desses componentes
numa área estuarina varia durante o ano, segundo a salinidade. Por exemplo, quanto
maior a pluviosidade, maior o componente dulciaqüicola, sendo que o componente
estuarino permanece o ano todo. Crustáceos, moluscos e peixes passam pelo menos uma
parte do ciclo de vida no manguezal. Peixes e aves, crustáceos, moluscos e outros
invertebrados encontram nos manguezais alimento, refúgio contra predadores e área para
reprodução e crescimento, sendo que esse ecossistema consiste em um habitat crítico
para muitas espécies.

Há um nível trófico misto composto por herbívoros, onívoros e carnívoros, representados


por protozoários, pequenos nemátodos, rotíferos e crustáceos que pastejam as superfícies
das folhas em decomposição, ou ingerem partículas de detrito. Os anfípodos e outros
detritívoros como misidáceos, ostrácodos, copépodos, camarões, caranguejos e bivalves
filtradores são o elo que permite a transferência de energia particulada de detrito aos
carnívoros intermediários e superiores.

Um dos importantes grupos faunísticos de manguezal é representado pelos moluscos,


sendo que algumas espécies são exploradas tradicionalmente pelas comunidades locais.
Eles se encontram ligados principalmente a raízes, troncos e pedras, mas ocupam
também o substrato e a água. Exemplos: mariscos e ostras.

Os crustáceos são o grupo animal característicos do manguezal (principalmente os


Decápode). Esse grupo é muito importante ma dinâmica do ecossistema devido à sua
participação na cadeia trófica, com recurso alimentar para muitos peixes e aves, ao
revolvimento do lodo, trazendo matéria orgânica para a superfície, e à fragmentação das
folhas da serrapilheira. São encontrados, principalmente, no substrato e sobre troncos,
raízes e pedras, além de viver em poças de água doce e salobra. Exemplos: camarões de
água doce, salobra e marinha, siris, caranguejos e ucas.

Em todo litoral brasileiro, a pesca do camarão é uma das mais importantes atividades
econômicas, tanto no campo da pesca artesanal como no da industrial. Além dos
camarões, outros invertebrados são explorados comercialmente como: Iphigenia
brasiliensis, Lucina pectinata, Anomalocardia brasiliana, Mytella falcata, Crassostrea
brasiliana, Tagelus plebeius, Ucides caodatus, Cardisoma guanhumi e Callinectes danae,
todos oriundos dos manguezais.

Os manguezais abrigam animais provenientes de ambientes marinhos (peixes: Robalo e


Tainha; crustáceos: caranguejos, siris e camarões; moluscos: lambreta, ostra, búzio e
mexilhão), de água doce (Pitu e vários peixes) e terrestres de todos os tamanhos, desde
microrganismos a mamíferos de grande porte (macacos, guaxinins e morcegos). Alguns
animais passam toda sua vida no mangue, outros passam apenas uma fase, como por
exemplo, o camarão, que nasce no mar e vem para o mangue até atingir o estágio juvenil.
Aves migratórias descansam e se reproduzem no mangue, e mamíferos o visitam à noite,
à procura de alimento. Manguezais são verdadeiros berçários naturais.

Um terço das espécies de peixes explorados economicamente dependem do mangue para


sua existência. A grande quantidade de detrito vegetal, como folhas, galhos e frutos das
árvores, produzida por esse ecossistema constitui-se de alimento energético rico em
proteínas para diversos componentes da fauna estuarina e marinha, uma vez que, durante
o processo de decomposição são colonizados por microrganismos. Assim, formam a base
para diversas cadeias alimentares. Parte dessa produção é levada pela maré às águas
costeiras adjacentes, representando também no meio marinho um recurso para
manutenção de várias espécies de crustáceos de grande valor comercial, como siri, ostra,
camarão, sururu, caranguejo-uca e guaiamu. Além da produção de matéria orgânica, a
estrutura das raízes de mangue, formando emaranhados, oferece proteção para as
espécies da fauna marinha, durante os primeiros estágios de vida contra seus predadores
naturais.

A alta fertilidade estuarina promove uma alta produtividade fitoplantônica formando a base
alimentar da cadeia trófica, o que faz com que os estuários tenham as águas mais férteis e
piscosas do globo. Os peixes dos estuários pertencem a vários níveis tróficos; alguns se
alimentam de material detrítico, diretamente do fundo, mas a maioria se constitui de
carnívoros intermediários e superiores (alimentação indireta de detritos). Pode-se
classificar as espécies de peixes do manguezal em três grupos:

1- tipicamente marinhas - a maioria

2- tipicamente dulciaqüicolas

3- tipicamente mixo-halinas - estuarinas (cascudo, guarajuba, linguado)

A maioria das espécies de aves vistas em manguezais são visitantes urbanas e litorâneas,
havendo ainda as migrantes periódicas e as típicas permanentes, que utilizam esse
ecossistema para nidificação, alimentação e proteção. Exemplos de aves típicas
permanentes: garça-azul, socó-dorminhoco, gavião-do-mangue, saracura-do-mangue,
sebinho-do-mangue.

Por serem sistemas bastante abertos em termos de ciclagem de matérias, os manguezais


fornecem às águas costeiras adjacentes grandes quantidades de detritos orgânicos,
principalmente material vegetal em diferentes estágios de degradação, que servirão de
base às cadeias alimentares. Em várias regiões tropicais, tem sido registrado um
decréscimo considerável na produção pesqueira, associado à destruição de manguezais
vizinhos. Isto indica que, em certas áreas, os detritos exportados pelos mangues são a
principal fonte de alimentação para o pescado local, sobretudo crustáceos como:
camarões, siris e caranguejos.

Finalmente os manguezais representam refúgio para diversas espécies animais


ameaçadas de extinção, principalmente aves marinhas que neles encontram uma das
poucas áreas costeiras em que a atividade humana é reduzida. Além de aves, também
espécies de répteis, como jacarés dos gêneros Alligator, Caiman e Crocodillus, encontram
seu último refúgio nos mangues da Flórida e da Venezuela. Há ainda mamíferos como o
famoso tigre-de-bengala (Panthera tigris) que dependem do mangue como principal
refúgio em regiões de Bangladesh.

Curiosidades

1 hectare de manguezal preservado contém aproximadamente:

*46.000 caranguejos adultos (maiores que 5,5cm)

*830.000 caranguejos jovens em vários estágios

*35.000 siris de mangue

*18.000 guaiamuns

*850.000 ostras

*850.000 sururus

*1.000.000 de muçunins

*900.000 lambretas

*850.000 unhas-de-velho

Produção de biomassa por hectare/ano: 20 toneladas

Relatos feitos por naturalistas e entidades governamentais até metade deste século
apresentavam-nos como áreas de pouca salubridade, sem utilidade para a agricultura, e
fonte potencial de doenças transmitidas pelos insetos que as habitam. Assim, a atitude
frente a esse ecossistema foi sempre a de drenar e aterrar para posterior utilização.

Entretanto, os manguezais sempre geraram recursos naturais primários para as


populações locais, principalmente as de baixa renda. A exploração de vários desses
recursos é, ainda hoje, a principal fonte de rendimentos para as populações pobres dos
litorais dos trópicos. Tornaram-se também uma alternativa aceitável para os pecadores
artesanais afastados de sua atividade tradicional pela rápida expansão das grandes
companhias pesqueiras.

O produto do mangue mais largamente utilizado é a madeira, empregada na construção de


habitações de famílias de baixa renda. Devido à sua rigidez e ao alto conteúdo de tanino
(o que a protege da decomposição), é também muito utilizada na construção de pontes,
ancoradouros, postes e dormentes. O alto teor de tanino possibilita ainda seu emprego na
indústria de curtição de couros.

Outro uso importante da madeira do mangue é como fonte de combustível sob a forma de
lenha e carvão, e recentemente em sido empregada na produção de álcool de madeira,
com algum sucesso, em certos paises da Ásia. O carvão obtido dessas madeiras possui
características de combustão similares às do carvão mineral, o que aumenta sua procura,
causando infelizmente o desmatamento de áreas extensas. Isso ocorreu, por exemplo, nos
mangues do recôncavo da baia de Guanabara, onde a madeira é vendida para pequenas
indústrias locais, principalmente padarias e olarias da área periférica do Rio de Janeiro.

Nos mangues, mulheres e crianças de famílias de pescadores coletam mutuamente


moluscos e crustáceos. Nas áreas sem grandes problemas de contaminação ambiental,
as imensas populações desses animais, atingindo até dez mil indivíduos por metro
quadrado no caso de algumas espécies de moluscos, além de reforçarem a dieta familiar
com proteína animal representam uma fonte importante de rendimento adicional para as
famílias.

Devido à sua localização fronteiriça entre ambientes, marinho, terrestre e dulcícola, e à


estrutura arquitetônica de suas árvores, os manguezais funcionam como verdadeiros
quebra-mares contra as intempéries oceânicas, protegendo tanto a região costeira quanto
a bacia de drenagem adjacente contra a erosão. Esta característica é aproveitada em
algumas regiões tropicais (como no equador e na florida) para proteção de hidrovias e de
projetos de desenvolvimento e urbanização litorâneos. Da mesma forma, ao longo dos
rios, os manguezais fornecem proteção contra enchentes às áreas ribeirinhas, diminuindo
a força e preservando os campos agricultáveis adjacentes.

As populações dos paises tropicais tenderam a se concentrar, ao longo da história, às


margens de rios e pelo litoral, tanto para facilitar o acesso ao interior como para assegurar
o escoamento e a exportação de seus produtos.

A localização dos manguezais em áreas protegidas dos litorais, como estuários, baías e
lagoas, coincide com áreas de maior interesse para as comunidades humanas, uma vez
que são as mais proveitosas para a instalação de complexos industriais- portuários e para
a expansão turístico-imobiliária. Esta infeliz coincidência tem levado, ao longo do tempo, à
erradicação dos manguezais em grane parte dos litorais dos trópicos em todo o mundo.

No caso brasileiro, áreas de desenvolvimento histórico, como várias baías ao longo da


costa brasileira - Todos os Santos, Guanabara, Santos e Paranaguá -, além de outras de
desenvolvimento mais recente, como as de Sepetiba e de São Marcos, apresentavam
como formação vegetal costeira dominante os manguezais. No entanto, em várias dessas
regiões, esses ecossistemas se encontram seriamente ameaçados, ou em acelerado
processo de desaparecimento.

CERRADO

Domínio e Bioma

Com uma extensão de mais de 8,5 milhões de km2, distribuídos por latitudes que vão
desde aproximadamente 5º N até quase 34º S, o espaço geográfico brasileiro apresenta
uma grande diversidade de clima, de fisiografia, de solo, de vegetação e de fauna. Do
ponto de vista florístico, já no século passado C.F.Ph. Martius reconhecera em nosso país
nada menos do que cinco Províncias Fitogeográficas (grandes espaços contendo
endemismos a nível de gêneros e de espécies), por ele denominadas Nayades (Província
das Florestas Amazônicas), Dryades (Província das Florestas Costeiras ou Atlânticas),
Hamadryades (Província das Caatingas do Nordeste), Oreades (Província dos Cerrados) e
Napaeae (Província das Florestas de Araucária e dos Campos do Sul). Tais endemismos
refletem, sem dúvida, a existência daquela grande diversidade de condições ambientais,
as quais criaram isolamentos geográficos e/ou ecológicos e possibilitaram, assim, o
surgimento de taxa distintos ao longo da evolução.
Com pequenas modificações, estes grandes espaços
geográficos brasileiros são hoje também conhecidos como
Domínios Morfoclimáticos e Fitogeográficos, sendo eles: o
Domínio Amazônico, o Domínio da Mata Atlântica, o
Domínio das Caatingas, o Domínio dos Cerrados, o
Domínio da Araucária e o Domínio das Pradarias do Sul,
segundo a acepção de Aziz N. Ab'Saber. Como tais
espaços não têm limites lineares na natureza, faixas de
transição, mais ou menos amplas, existem entre eles.

A palavra Domínio deve ser entendida como uma área do espaço geográfico, com
extensões subcontinentais, de milhões até centenas de milhares de Km2, onde
predominam certas características morfoclimáticas e fitogeográficas, distintas daquelas
predominantes nas demais áreas. Isto significa dizer que outras feições morfológicas ou
condições ecológicas podem ocorrer em um mesmo Domínio, além daquelas
predominantes. Assim, no espaço do Domínio do Cerrado, nem tudo que ali se encontra é
Bioma de Cerrado. Veredas, Matas Galeria, Matas Mesófilas de Interflúvio, são alguns
exemplos de representantes de outros tipos de Bioma, distintos do de Cerrado, que
ocorrem em meio àquele mesmo espaço. Não se deve, pois, confundir o Domínio com o
Bioma. No Domínio do Cerrado predomina o Bioma do Cerrado. Todavia, outros tipos de
Biomas também estão ali representados, seja como tipos "dominados" ou "não
predominantes" (caso das Matas Mesófilas de Interflúvio), seja como encraves (ilhas ou
manchas de caatinga, por exemplo), ou penetrações de Florestas Galeria, de tipo
amazônico ou atlântico, ao longo dos vales úmidos dos rios. Para dirimir dúvidas, sempre
é bom deixar claro se estamos nos referindo ao Domínio do Cerrado, ou mais
especificamente, ao Bioma do Cerrado. O Domínio é extremamente abrangente,
englobando ecossistemas os mais variados, sejam eles terrestres, paludosos, lacustres,
fluviais, de pequenas ou de grandes altitudes etc. O Bioma do Cerrado é terrestre. Assim,
podemos falar em peixes do Domínio do Cerrado, mas não em peixes do Bioma do
Cerrado. A ambigüidade no uso destes dois conceitos - Domínio e Bioma - deve sempre
ser evitada. Por esta razão, usaremos Domínio do Cerrado quando for o caso, e Bioma do
Cerrado ou simplesmente Cerrado quando quisermos nos referir especificamente a este
tipo de ecossistema terrestre, de grande dimensão, com características ecológicas bem
mais uniformes e marcantes.

Área de Distribuição

Estima-se que a área "core" ou nuclear do Domínio do Cerrado tenha aproximadamente


1,5 milhão de km2. Se adicionarmos as áreas periféricas, que se acham encravadas em
outros domínios vizinhos e nas faixas de transição, aquele valor poderá chegar a 1,8 ou
2,0 milhões de km2. Com uma dimensão tão grande como esta, não é de admirar que
aquele Domínio esteja representado em grande parte dos estados do país, concentrando-
se naqueles da região do Planalto Central, sua área nuclear.

Dentro deste espaço caberia Alemanha Oriental, Alemanha Ocidental, Áustria, Bélgica,
Dinamarca, Espanha, Portugal, França, Grã-Bretanha, Holanda, Suíça, cujas áreas
somadas perfariam 1.970.939 km2. Haveria ainda uma pequena sobra de espaço. Isto nos
dá bem uma idéia da grandiosidade deste domínio, tipicamente brasileiro.

Ele ocorre desde o Amapá e Roraima, em latitudes ao norte do Equador, até o Paraná, já
abaixo do trópico de Capricórnio. No sentido das longitudes, ele aparece desde
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, até o Pará e o Amazonas, aqui como encraves dentro da
floresta Amazônica.
O Relevo

O relevo do Domínio do Cerrado é em geral bastante plano ou suavemente ondulado,


estendendo-se por imensos planaltos ou chapadões. Cerca de 50% de sua área situa-se
em altitudes que ficam entre 300 e 600 m acima do nível do mar; apenas 5,5% vão além
de 900m. As maiores elevações são o Pico do Itacolomi (1797 m) na Serra do Espinhaço,
o Pico do Sol (2070 m) na Serra do Caraça e a Chapada dos Veadeiros, que pode atingir
1676 m. O bioma do Cerrado não ultrapassa, em geral, os 1100 m. Acima disto,
principalmente em terrenos quartzíticos, costumamos encontrar os Campos Rupestres, já
característicos de um Orobioma. Ao contrário das Matas Galeria, Veredas e Varjões, que
ocupam os fundos úmidos dos vales, o Cerrado situa-se nos interflúvios. Aqui vamos
encontrar, também, manchas mais ou menos extensas de matas mesófilas sempre-verdes,
semi-caducifólias ou caducifólias, que já ocuparam áreas bem maiores que as atuais, mas
que foram reduzidas a relictos pelo homem, devido à boa qualidade das terras e à riqueza
em madeiras-de-lei. O Mato-Grosso-de-Goiás, hoje completamente devastado e
substituído pela agricultura foi um bom exemplo destas matas de interflúvio.

O clima predominante no Domínio do Cerrado é o Tropical sazonal, de inverno seco. A


temperatura média anual fica em torno de 22-23ºC, sendo que as médias mensais
apresentam pequena estacionalidade. As máximas absolutas mensais não variam muito
ao longo dos meses do ano, podendo chegar a mais de 40ºC. Já as mínimas absolutas
mensais variam bastante, atingindo valores próximos ou até abaixo de zero, nos meses de
maio, junho e julho. A ocorrência de geadas no Domínio do Cerrado não é fato incomum,
ao menos em sua porção austral.

Em geral, a precipitação média anual fica entre 1200 e 1800 mm. Ao contrário da
temperatura, a precipitação média mensal apresenta uma grande estacionalidade,
concentrando-se nos meses de primavera e verão (outubro a março), que é a estação
chuvosa. Curtos períodos de seca, chamados de veranicos, podem ocorrer em meio a esta
estação, criando sérios problemas para a agricultura. No período de maio a setembro os
índices pluviométricos mensais reduzem-se bastante, podendo chegar à zero.

O Clima

O clima predominante no Domínio do Cerrado é o Tropical sazonal, de inverno seco. A


temperatura média anual fica em torno de 22-23ºC, sendo que as médias mensais
apresentam pequena estacionalidade. As máximas absolutas mensais não variam muito
ao longo dos meses do ano, podendo chegar a mais de 40ºC. Já as mínimas absolutas
mensais variam bastante, atingindo valores próximos ou até abaixo de zero, nos meses de
maio, junho e julho. A ocorrência de geadas no Domínio do Cerrado não é fato incomum,
ao menos em sua porção austral.

Em geral, a precipitação média anual fica entre 1200 e 1800 mm. Ao contrário da
temperatura, a precipitação média mensal apresenta uma grande estacionalidade,
concentrando-se nos meses de primavera e verão (outubro a março), que é a estação
chuvosa. Curtos períodos de seca, chamados de veranicos, podem ocorrer em meio a esta
estação, criando sérios problemas para a agricultura. No período de maio a setembro os
índices pluviométricos mensais reduzem-se bastante, podendo chegar a zero.

Disto resulta uma estação seca de 3 a 5 meses de duração. No início deste período a
ocorrência de nevoeiros é comum nas primeiras horas das manhãs, formando-se grande
quantidade de orvalho sobre as plantas e umidecendo o solo. Já no período da tarde os
índices de umidade relativa do ar caem bastante, podendo baixar a valores próximos a
15%, principalmente nos meses de julho e agosto.

Água parece não ser um fator limitante para a vegetação do cerrado, particularmente para
o seu estrato arbóreo-arbustivo. Como estas plantas possuem raízes pivotantes profundas,
que chegam a 10, 15, 20 metros de profundidade, atingindo camadas de solo
permanentemente úmidas, mesmo na seca, elas dispõem sempre de algum abastecimento
hídrico. No período de estiagem, o solo se desseca realmente, mas apenas em sua parte
superficial (1,5 a 2 metros de profundidade). Conseqüência disto é a deficiência hídrica
apresentada pelo estrato herbáceo-subarbustivo, cuja parte epigéia se desseca e morre
embora suas partes hipogéias se mantenham vivas, resistindo sob a terra às agruras da
seca. Vários experimentos já demonstraram que, mesmo durante a seca, as folhas das
árvores perdem razoáveis quantidades de água por transpiração, evidenciando sua
disponibilidade nas camadas profundas do solo. Muitas espécies arbóreas de cerrado
florescem em plena estação seca como o ipê-amarelo, demonstrando o mesmo fato. A
maior evidência de que água não é o fator limitante do crescimento e produção do estrato
arbóreo-arbustivo do cerrado é o fato de aí encontrarmos extensas plantações de
Eucalyptus, crescendo e produzindo plenamente, sem necessidade de irrigação. Outras
espécies cultivadas em cerrado, como mangueiras, abacateiros, cana-de-açúcar,
laranjeiras etc., fazem o mesmo. A termoperiodicidade diária e estacional parece ser um
fator de certa importância para a vegetação do cerrado, particularmente para o estrato
herbáceo-subarbustivo. Geadas, todavia, prejudicam bastante as plantas matando suas
folhas, que logo secam e caem, aumentando em muito a serrapilheira e o risco de
incêndios.

Ventos fortes e constantes não são uma característica geral do Domínio do Cerrado.
Normalmente a atmosfera é calma e o ar fica muitas vezes quase parado. Em agosto
costumam ocorrer algumas ventanias, levantando poeira e cinzas de queimadas a grandes
alturas, através de redemoinhos que se podem ver de longe. Às vezes elas podem ser tão
fortes que até mesmo grossos galhos são arrancados das árvores e atirados à distância.

A radiação solar no Domínio do Cerrado é geralmente bastante intensa, podendo reduzir-


se devido à alta nebulosidade, nos meses excessivamente chuvosos do verão. Por esta
possível razão, em certos anos, outubro costuma ser mais quente do que dezembro ou
janeiro. Como o inverno é seco, quase sem nuvens, e as latitudes são relativamente
pequenas, a radiação solar nesta época também é intensa, aquecendo bem as horas do
meio do dia. Em agosto-setembro esta intensidade pode reduzir-se um pouco em virtude
da abundância de névoa seca produzida pelos incêndios e queimadas da vegetação, tão
freqüentes neste período do ano.

Por estas características de clima, o Domínio do Cerrado faz parte do Zonobioma II, na
classificação de Heinrich Walter.

O Solo

Originando-se de espessas camadas de sedimentos que datam do Terciário, os solos do


Bioma do Cerrado são geralmente profundos, azonados, de cor vermelha ou vermelha
amarelada, porosos, permeáveis, bem drenados e, por isto, intensamente lixiviados.

Em sua textura predomina, em geral, a fração areia, vindo em seguida a argila e por último
o silte. Eles são, portanto, predominantemente arenosos, areno-argilosos, argilo-arenosos
ou, eventualmente, argilosos. Sua capacidade de retenção de água é relativamente baixa.

O teor de matéria orgânica destes solos é pequeno, ficando geralmente entre 3 e 5%.
Como o clima é sazonal, com um longo período de seca, a decomposição do húmus é
lenta. Sua microflora e micro/mesofauna são ainda muito pouco conhecidas. Todavia,
acreditamos que elas devam ser bem características ou típicas, o que, talvez, nos
permitisse falar em "solo de cerrado" e não apenas em "solo sob cerrado", como preferem
alguns. Afinal, a flora e a fauna de um solo são partes integrantes dele e deveriam permitir
distingui-lo de outros tantos solos, física ou quimicamente similares.

Quanto às suas características químicas, eles são bastante ácidos, com pH que pode
variar de menos de 4 a pouco mais de 5. Esta forte acidez é devida em boa parte aos altos
níveis de Al3+, o que os torna aluminotóxicos para a maioria das plantas agrícolas. Níveis
elevados de íons Fe e de Mn também contribuem para a sua toxidez. Baixa capacidade de
troca catiônica, baixa soma de bases e alta saturação por Al3+, caracterizam estes solos
profundamente distróficos e, por isto, impróprios para a agricultura. Correção do pH pela
calagem (aplicação de calcário, de preferência o calcário dolomítico, que é um carbonato
de cálcio e magnésio) e adubação, tanto com macro quanto com micronutrientes, podem
torná-los férteis e produtivos, seja para a cultura de grãos ou de frutíferas. Isto é o que se
faz em nossa grande região produtora de soja, situada, como se sabe, em solos de
Cerrado de Goiás, Minas, Mato Grosso do Sul, etc. Além da soja, outros grãos como
milho, sorgo, feijão, e frutíferas como manga, abacate, abacaxi, laranja etc., são também
cultivados com sucesso. Com a calagem e a adubação, os cerrados tornaram-se a grande
área de expansão agrícola de nosso país nas últimas décadas. A pecuária também se
expandiu com o cultivo de gramíneas africanas introduzidas, de alta produção e
palatabilidade, como a braquiária, por exemplo.

Em parte dos Cerrados, o solo pode apresentar concreções ferruginosas - canga -


formando couraças, carapaças ou bancadas lateríticas, que dificultam a penetração da
água de chuva ou das raízes, podendo às vezes impedir ou dificultar o desenvolvimento de
uma vegetação mais exuberante e a própria agricultura. Quando tais couraças são
espessas e contínuas, vamos encontrar sobre estas superfícies formas mais pobres e
mais abertas de Cerrado. Que porcentagem dos solos apresenta este tipo de impedimento
físico não sabemos, embora ela deva ser significativa.

Quando pastagens nativas de cerrado são sobrepastejadas, o solo fica muito exposto e é
facilmente erodido. Devido às suas características texturais e estruturais ele é também
frequentemente sujeito à formação de enormes voçorocas.

Estas características dos solos do Bioma do Cerrado permitem-nos considerá-lo como um


Pedobioma, do Zonobioma II de Heinrich Walter.

A vegetação

A vegetação do Bioma do Cerrado, considerado aqui em seu "sensu lato", não possui uma
fisionomia única em toda a sua extensão. Muito ao contrário, ela é bastante diversificada,
apresentando desde formas campestres bem abertas, como os campos limpos de cerrado,
até formas relativamente densas, florestais, como os cerradões. Entre estes dois extremos
fisionômicos, vamos encontrar toda uma gama de formas intermediárias, com fisionomia
de savana, às vezes de carrasco, como os campos sujos, os campos cerrados, os
cerrados "sensu stricto" (s.s.). Assim, na natureza o Bioma do Cerrado apresenta-se como
um mosaico de formas fisionômicas, ora manifestando-se como campo sujo, ora como
cerradão, ora como campo cerrado, ora como cerrado s.s. ou campo limpo. Quando
percorremos áreas de cerrado, em poucos km podemos encontrar todas estas diferentes
fisionomias. Este mosaico é determinado pelo mosaico de manchas de solo pouco mais
pobres ou pouco menos pobres, pela irregularidade dos regimes e características das
queimadas de cada local (freqüência, época, intensidade) e pela ação humana. Assim,
embora o Bioma do Cerrado distribua-se predominantemente em áreas de clima tropical
sazonal, os fatores que aí limitam a vegetação são outros: a fertilidade do solo e o fogo. O
clímax climático do Domínio do Cerrado não é o Cerrado, por estranho que possa parecer,
mas sim a Mata Mesófila de Interflúvio, sempre verde, que hoje só existe em pequenos
relictos, sobre solos férteis tipo terra roxa legítima. As diferentes formas de Cerrado são,
portanto, pedoclímaces ou piroclímaces, dependendo de ser o solo ou o fogo o seu fator
limitante. Claro que certas formas abertas de cerrado devem esta sua fisionomia às
derrubadas feitas pelo homem para a obtenção de lenha ou carvão.

De um modo geral, podemos distingüir dois estratos na vegetação dos Cerrados: o estrato
lenhoso, constituído por árvores e arbustos, e o estrato herbáceo, formado por ervas e
subarbustos. Ambos são curiosamente heliófilos. Ao contrário do caso de uma floresta, o
estrato herbáceo aqui não é formado por espécies de sombra, umbrófilas, dependentes do
estrato lenhoso. O sombreamento lhe faz mal, prejudica seu crescimento e
desenvolvimento. O adensamento da vegetação lenhosa acaba por eliminar em grande
parte o estrato herbáceo. Por assim dizer, estes dois estratos se antagonizam. Por esta
razão entendemos que as formas intermediárias de Cerrado - campo sujo, campo cerrado
e cerrado s.s. - representem verdadeiros ecótonos, onde a vegetação
herbácea/subarbustiva e a vegetação arbórea/arbustiva estão em intensa competição,
procurando, cada qual, ocupar aquele espaço de forma independente, individual. Aqueles
dois estratos não comporiam comunidades harmoniosas e integradas, como nas florestas,
mas representariam duas comunidades antagônicas, concorrentes. Tudo aquilo que
beneficiar a uma delas, prejudicará, indiretamente, à outra e vice-versa. Elas diferem entre
si não só pelo seu espectro biológico, mas também pelas suas floras, pela profundidade de
suas raízes e forma de exploração do solo, pelo seu comportamento em relação à seca,
ao fogo, etc., enfim, por toda a sua ecologia. Toda a gama de formas fisionômicas
intermediárias parece-nos expressar exatamente o balanço atual da concorrência entre
aqueles dois estratos.

Troncos e ramos tortuosos, súber espesso, macrofilia e esclerofilia são características da


vegetação arbórea e arbustiva, que de pronto impressionam o observador. O sistema
subterrâneo, dotado de longas raízes pivotantes, permite a estas plantas atingir 10, 15 ou
mais metros de profundidade, abastecendo-se de água em camadas permanentemente
úmidas do solo, até mesmo na época seca.

Já a vegetação herbácea e subarbustiva, formada também por espécies


predominantemente perenes, possui órgãos subterrâneos de resistência, como bulbos,
xilopódios, sóboles, etc., que lhes garantem sobreviver à seca e ao fogo. Suas raízes são
geralmente superficiais, indo até pouco mais de 30 cm. Os ramos aéreos são anuais,
secando e morrendo durante a estação seca. Formam-se, então 4, 5, 6 ou mais toneladas
de palha por ha/ano, um combustível que facilmente se inflama, favorecendo assim a
ocorrência e a propagação das queimadas nos Cerrados. Neste estrato as folhas são
geralmente micrófilas e seu escleromorfismo é menos acentuado.

Se bem que ainda incompletamente conhecida, a flora do Cerrado é riquíssima.Tomando


uma atitude conservadora, poderíamos estimar a flora do bioma do cerrado como sendo
constituída por cerca de 3.000 espécies, sendo 1.000 delas do estrato arbóreo-arbustivo e
2.000 do herbáceo-subarbustivo. Como famílias de maior expressão destacamos as
Leguminosas (Mimosaceae, Fabaceae e Caesalpiniaceae), entre as lenhosas, e as
Gramíneas (Poaceae) e Compostas (Asteraceae), entre as herbáceas.

Em termos de riqueza de espécies, esta flora deve ser superada apenas pelas florestas
amazônicas e pelas florestas atlânticas. Outra característica sua é a heterogeneidade de
sua distribuição, havendo espécies mais típicas dos Cerrados da região norte, outras da
região centro-oeste, outras da região sudeste etc. Por esta razão, unidades de
conservação, com áreas significativas, deveriam ser criadas e mantidas nas mais diversas
regiões do Domínio do Cerrado, a fim de garantir a preservação do maior número de
espécies da flora deste Bioma, bem como da fauna a ela associada.

Algumas Espécies do Estrato Arbóreo/Arbustivo

Nome Científico/Nome Popular

MAGNOLIOPHYTA (Divisão)

ANACARDIACEAE (Família)

Astronium fraxinifolium Schott. (Espécie) aroeira-do-sertão


Schinus terebinthifolius Raddi aroeira-pimenteira

ANNONACEAE

Annona coriacea Mart. marolo; araticum-do-campo


Annona crassiflora Mart. marolo; araticum-do-campo
Xylopia aromatica (Lam.) Mart. pindaíba; pimenta-de-macaco

APOCYNACEAE

Aspidosperma macrocarpon Mart. peroba-gigante-do-cerrado


Aspidosperma tomentosum Mart. peroba-do-campo
Hancornia speciosa Gómez mangaba

ARALIACEAE

Didymopanax macrocarpum mandiocão


(Cham. & Schlchtndl.) Seem
Didymopanax vinosum mandioqueiro-de-folha-miúda
(Cham. & Schlchtndl.) March

ASTERACEAE

Vanillosmopsis erythropappa (DC.) Sch Bip. candeia


Vernonia ferruginea Less. assa-peixe

BIGNONIACEAE

Cybistax antisyphillitica Mart ipê-verde-do-cerrado


Jacaranda caroba (Vell.) DC caroba-do-campo
Tabebuia aurea (Silva Manso) S. Moore ipê-amarelo
Zeyhera montana Mart. ipê-tabaco-do-campo

BOMBACACEAE

Eriotheca gracilipes (K.Schum.) A. Robyns paina-do-campo


Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns imbiruçu-do-cerrado

CAESALPINIACEAE

Bauhinia rufa Steud. pata-de-vaca


Copaifera langsdorfi Desf. pau-de-óleo; copaiba
Dimorphandra mollis Benth cana-fístula
Hymenaea stigonocarpa Mart. jatobá-do-cerrado

A Fauna

A fauna do Bioma do Cerrado é pouco conhecida, particularmente a dos Invertebrados.


Seguramente ela é muito rica, destacando-se naturalmente o grupo dos Insetos. Quanto
aos Vertebrados, o que se conhece são, em geral, listas das espécies mais
freqüentemente encontradas em áreas de Cerrado, pouco se sabendo da História Natural
desses animais, do tamanho de suas populações, de sua dinâmica etc. Só muito
recentemente estão surgindo alguns trabalhos científicos, dissertações e teses sobre estes
assuntos.

Entre os Vertebrados de maior porte encontrados em áreas de Cerrado, citamos a jibóia, a


cascavel, várias espécies de jararaca, o lagarto teiú, a ema, a seriema, a curicaca, o urubu
comum, o urubu caçador, o urubu-rei, araras, tucanos, papagaios, gaviões, o tatu-peba, o
tatu-galinha, o tatu-canastra, o tatu-de-rabo-mole, o tamanduá-bandeira e o tamanduá-
mirim, o veado campeiro, o cateto, a anta, o cachorro-do-mato, o cachorro-vinagre, o lobo-
guará, a jaritataca, o gato mourisco, e muito raramente a onça-parda e a onça-pintada.

Excetuando-se a maioria das aves, segundo alguns autores a fauna do Cerrado


caracteriza-se, em geral, pelos seus hábitos noturnos e fossoriais ou subterrâneos, tidos
como formas de escapar aos rigores do tempo reinantes durante as horas do dia. Todavia,
há autores que não concordam que isto seja uma característica da fauna do cerrado.
Embora consideradas ausentes, espécies umbrófilas talvez ocorram no interior de
cerradões mais densos, onde predomina a sombra e certamente sob o estrato herbáceo-
subarbustivo. Segundo diversos zoólogos, parece não haver uma fauna de Vertebrados
endêmica, restrita ao Bioma do Cerrado. De um modo geral estas espécies ocorrem
também em outros tipos de Biomas. Todavia, entre pequenos roedores e pássaros existem
diversos endemismos, a nível de espécies pelo menos.

Entre os Invertebrados, pesquisas futuras mostrarão seguramente muitas espécies


endêmicas. Neste grupo da fauna merece especial destaque o Phylum Arthropoda e entre
estes a Classe Insecta. Os cupins, insetos da Ordem Isoptera, Família Termitidae, são de
grande importância seja pela sua riqueza em gêneros e espécies, seja pelo seu papel no
fluxo de energia do ecossistema, como herbívoros vorazes que são e servindo de alimento
para grande número de predadores (tamanduá, tatu, cobra-de-duas-cabeças, lagartos,
etc.). Ordem de grande importância é a dos Hymenoptera, onde se destacam as Famílias
Formicidae (formigas), como as saúvas (Gênero Atta) por exemplo, e Apidae (abelhas),
esta última pelo seu importante papel na polinização das flores. Os gafanhotos (Ordem
Orthoptera, Família Acrididae) também apresentam grande riqueza de espécies e
significativa importância como herbívoros.

O Fogo

Antes de mais nada, atente muito bem o leitor para o fato de que vamos tratar dos efeitos
do fogo sobre o cerrado nativo, não sobre aquelas áreas em que ele é derrubado,
destruído em sua vegetação e sua fauna,para a implantação de agricultura ou pecuária em
pastagens cultivadas. Neste caso a situação é muito diversa, os efeitos por vezes
totalmente opostos.

Intencionalmente deixamos para discutir por último este fator, de extraordinária


importância para o Bioma do Cerrado, seja pelos múltiplos e diversificados efeitos
ecológicos que exerce, seja por ser ele uma excelente ferramenta para o manejo de áreas
de Cerrado, com objetivos conservacionistas. "Mas"... o leitor diria intrigado: "como
conservar, ateando fogo ao Cerrado?". A resposta é simples: proteção total e absoluta
contra o fogo no Cerrado é uma utopia, é extremamente difícil. O acúmulo anual de
biomassa seca, de palha, acaba criando condições tão favoráveis à queima que qualquer
descuido com o uso do fogo, ou a queda de raios no início da estação chuvosa, acabam
por produzir incêndios tremendamente desastrosos para o ecossistema como um todo,
impossíveis de serem controlados pelo homem. Neste caso é preferível prevenir tais
incêndios, realizando queimadas programadas, em áreas limitadas e sucessivas, cujos
efeitos poderão ser até mesmo benéficos. Tudo depende de sabermos manejar o fogo
adeqüadamente, levando em conta uma série de fatores, como os objetivos do manejo, a
direção do vento, as condições de umidade e temperatura do ar, a umidade da palha
combustível e do solo, a época do ano, a freqüência das queimadas etc. É assim que se
faz em outros biomas savânicos, semelhantes aos nossos Cerrados, de países como
África do Sul, Austrália, onde a cultura ecológica é mais científica e menos emocional do
que a nossa.

"Mas..." diria ainda o leitor: "... e quando o homem não estava presente em tais regiões, no
passado remoto, incêndios desastrosos também não ocorriam em conseqüência dos
raios? Não seria melhor deixar queimar, então, naturalmente?". Grandes incêndios
certamente ocorriam, só que não eram desastrosos. Não existiam cêrcas de arame
farpado prendendo os animais. Eles podiam fugir livremente do fogo, para as regiões
vizinhas. Por outro lado, áreas eventualmente dizimadas pelo fogo podiam ser repovoadas
pelas populações adjacentes. Hoje é diferente. Além das cêrcas, a vizinhança de um
Parque Nacional ou qualquer outra unidade de conservação, é formada por fazendas,
onde a vegetação e a fauna natural já não mais existem. O Parque Nacional das Emas, no
sudoeste de Goiás, por exemplo, é uma verdadeira ilha de Cerrado, em meio a um mar de
soja. Se a sua fauna for dizimada por grandes incêndios, ele não terá como ser
naturalmente repovoado, uma vez que essa fauna já não mais existe nas vizinhanças.
Manejar o fogo em unidades de conservação como esta é uma necessidade urgente, sob
pena de vermos perdida grande parte de sua biodiversidade.

Mineralogia, Morfologia e Análise


Microscópica de Solos do Bioma
Cerrado

As características macro e micromorfológicas dos horizontes diagnósticos superficiais e


subsuperficiais de Latossolos e Neossolos Quartzarênicos das superfícies Sul-
Americana e Velhas foram estudadas em perfis sob cobertura de vegetação nativa,
visando estabelecer um referencial para futuras comparações com áreas similares sob
constante intervenção antrópica em termos de sustentabilidade. Com os solos
referenciados por sub-região e pela superfície geomórfica que representam, três
agrupamentos foram constituídos: Grupo 1: solos de textura argilosa a muito argilosa e
hipo a mesoférricos; Grupo 2: solos de textura média a arenosa e hipoférricos, e Grupo 3:
solos de textura argilosa a muito argilosa e férricos. O horizonte Bw dos Latossolos
argilosos e muito argilosos estudados (Grupos 1 e 3), com relações cauliníticas/(caulinita +
gibbsita) variando de 0,27 a 0,77, apresentaram grande coincidência de estrutura e
microestrutura, respectivamente, forte muito pequena granular e de microagregados. Os
solos do Grupo 2, Latossolos de textura média e um Neossolo Quartzarênico,
apresentaram o plasma preferencialmente como películas aderidas aos grãos que
dominam o fundo matricial. A presença marcante de agregados na fração areia,
resistentes ao tratamento para dispersão da terra fina, se deu apenas nos Latossolos
argilosos e muito argilosos do Grupo 3 (com caráter férrico) e em parte do Grupo 1
(naqueles mais gibbsíticos). No leste de Goiás, o horizonte Bw dos perfis de G2,
Latossolos Amarelos de mineralogia gibbsítica e isenta de hematita, apresentaram feições
observadas em lâmina delgada de cor vermelha e agregados residuais da fração areia
com hematita detectada pela difração de raios-X, aspectos que corroboram a hipótese de
um pedoambiente mais úmido dessa posição na paisagem relativamente à posição G1,
com perfis de Latossolos Vermelhos.

Mata dos cocais

Características principais da Mata dos Cocais:

- As vegetações típicas da Mata dos Cocais são: babaçu (em maior quantidade),
carnaúba, oiticica e buriti.
- No extrato mais baixo da mata, encontramos diversas espécies de arbustos e
vegetações de pequeno porte.
- As folhas das palmáceas caracterizam-se por serem grandes e finas.
-Mata de encontro entre a Mata equatorial e a caatinga ( ecótono)
Aqüífero Guarani

Através dos estudos realizados pelos fitogeográfos foi possível compreender a relação dos
fatores climáticos (como os ventos, a umidade e a temperatura), fisiográficos (altitude,
exposição e declividade), e de iluminação (fototropismo, fotoperiodismo) no crescimento e
desenvolvimento das plantas que nos fazem compreender porque diferentes regiões
apresentam tipos de vegetações tão variadas. De acordo com a fitogeografia as plantas
podem ser classificadas da seguinte forma:

Quanto à luz

* heliófilas, quando preferem lugares com muito sol;


* esciófilas, quando preferem a sombra;
* intermediárias, quando preferem insolação intermediária;
* indiferentes, quando a exposição à luz não causa grandes reações;

Quanto à tolerância a variação da luz

* eurifóticas, quando a tolerância é grande;


* estenofóticas, quando a tolerância é baixa;

Quanto à temperatura

* microtermos, plantas adaptadas ao frio;


* mesotermos, plantas adaptadas às temperaturas moderadas;
* megatermos, plantas adaptadas ao calor;

Quanto à tolerância a variação da temperatura

* euritermos, grande tolerância;


* estenotermos, baixa tolerância;

Quanto à umidade

* aquáticas, que vivem apenas na água;


* higrófilas, que preferem lugares com muita umidade;
* mesófilas, que preferem locais com umidade média;
* xerófilas, adaptadas a locais com baixa umidade

Quanto à tolerância a variação da umidade

* eurígricas, grande tolerância;


* estenoígricas, baixa tolerância

Quanto à altitude

* de planície;
* de montanha;
* subalpino;
* alpino;
* nival;

Quanto à acidez do solo

* acidófilos, preferem meios ácidos;


* basófilos, preferem meio básicos;
* neutrófilos, preferem meios neutros;
vvvvvvvv

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