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BIOGEOGRAFIA

Os grandes
conjuntos
biogeográficos
globais
Marcos Paulo Almeida Fornazieiro

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Reconhecer os biomas terrestres.


>> Apontar as ecorregiões de água doce.
>> Identificar as ecorregiões oceânicas.

Introdução
A distribuição dos seres vivos pelo espaço pode reproduzir padrões espaciais
identificáveis, o que é de suma importância para os estudos ecológicos e geo-
gráficos. Os padrões de distribuição dos organismos podem explicar como eles
evoluíram, extinguiram-se, adaptaram-se e como refletem às mudanças ambientais
do planeta. Os biomas e as ecorregiões, por serem paisagens naturais, tornam-se
categorias de análise essenciais da biogeografia, refletindo a distribuição das
espécies conforme a homogeneidade de fatores bióticos e abióticos em associação.
Neste capítulo, você vai estudar os conceitos de bioma e ecorregião, conhecer os
biomas terrestres e as principais ecorregiões oceânicas e de água doce.
2 Os grandes conjuntos biogeográficos globais

Grandes biomas terrestres


Desde que o termo “bioma” apareceu pela primeira vez em 1939, utilizado por
Clements e Shelfor, foi tendo seu conceito amadurecido e ganhou populari-
dade por sua grande aplicabilidade ecológica. Atualmente, o bioma possui
um cunho não só científico, mas também político e midiático, uma vez que se
encontra nos meios jornalísticos e nas legislações internacionais e nacionais.
No entanto, essa popularização demanda um cuidado ainda maior com o
verdadeiro conceito de bioma, de modo que ele seja aplicado adequadamente.
Os estudos acerca das formações vegetais surgiram bem antes do enten-
dimento de bioma, mas são eles que dão base para a formulação posterior
do conceito. De acordo com Coutinho (2016), esse conceito englobou, além
das formações vegetais, a fauna. Para o autor, bioma nada mais é do que um
macroambiente natural, que se estende por áreas de certa homogeneidade
climáticas, edáficas(solos) e fitofisionômicas (formas de vegetação). O bioma
é um espaço natural, o que o separa do conceito de ecossistema, o qual, além
de poder ser empregado para espaços artificiais, está relacionado à noção de
interrelação entre elementos bióticos e abióticos. Para o bioma, embora os as-
pectos geológicos e geomorfológicos possam ser importantes, não são eles que
determinam sua delimitação, mas principalmente as zonas climáticas da Terra.
O clima é um fator bastante importante para explicar a distribuição da
fauna e da vegetação. Por isso, são denominados zonobiomas quando os bio-
mas acompanham as zonas climáticas da Terra (COUTINHO, 2016). Zonobiomas
podem ser denominados simplesmente biomas e se estendem por grandes
extensões, distribuindo-se pelos continentes. Quando não correspondem a
nenhuma zona climática, podem ser chamados de orobiomas se determinados
pela altitude, ou pedobiomas caso o solo seja o principal fator explicativo.
Na África, os biomas seguem as zonas climáticas, enquanto nos outros
continentes outros fatores acabam interrompendo essa distribuição. As
cadeias de serras e montanhas que se espalham pelo continente americano,
por exemplo, acabam por influenciar substancialmente as fitofisionomias e
também a ocorrência de certos tipos de fauna.
Para delimitar os biomas terrestres, além de observar as zonas climáticas,
é preciso atentar para fatores particulares de cada região, como a altitude
e o tipo de solo, o que torna o trabalho muito mais minucioso do que pode
parecer à princípio. Segundo Coutinho (2006), não foram poucos os autores
que buscaram fazer sua própria distribuição dos principais biomas do mundo,
com destaque para Odum em 1959, Kormondy em 1969, Walter em 1986, Co-
linvaux em 1993, Cox e Moore em 1993 e Olson et al. em 2001. Esses trabalhos
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têm boa correspondência entre si, mas algumas diferenças de distribuição


e quantidade de biomas mapeados podem ser observadas, sobretudo na
América do Sul, região pouco conhecida pelos autores dos estudos. Embora
essas diferenças de delimitação possam atender a objetivos específicos, a
falta de uma unificação pode levar a confusões e apropriações indevidas de
seus limites para fins políticos. Por isso, é muito importante referenciar os
limites utilizados e observar os objetivos para os quais foram elaborados.
Neste capítulo, você verá os limites propostos por Olson et al. (2001), cujo
objetivo foi realizar um mapeamento global e unificado das ecorregiões terres-
tres, partindo de um domínio superior de 14 biomas. O referido mapeamento foi
financiado pelo World Wildlife Fund (WWF) e atende a uma demanda mundial,
sendo, portanto, um produto mais atual e compatível com o conceito de ecorregião
(que será visto mais adiante), o qual tem sido bastante utilizado pela comunidade
científica internacional nas pesquisas sobre conservação e biodiversidade.

O termo “fitofisionomia” significa “Aspecto da comunidade vegetal de


um lugar” e é utilizado desde o século XIX — na época, por Humboldt
em suas viagens exploratórias (MICHAELIS, c2021, documento on-line). A fitofisio-
nomia está ligada à forma da vegetação ou, mais precisamente, a seu aspecto.

Figura 1. Mapa dos grandes biomas terrestres.


Fonte: Adaptada de Olson et al. (2001) e FEOW (c2019b).
4 Os grandes conjuntos biogeográficos globais

Como pode ser observado na Figura 1, os biomas terrestres representa-


dos têm grande correspondência com a faixa latitudinal onde se situam. As
florestas tropicais úmidas, por exemplo, estão distribuídas ao longo da linha
do equador (0° de latitude), enquanto a Tundra aparece predominantemente
em latitudes mais altas, entre 60 e 90° norte e sul. As características de
cada um desses biomas representados por Olson et al. (2001) encontram-se
resumidas no Quadro 1, onde você pode identificar os principais elementos
que caracterizam cada bioma e quais deles se diferem dos outros biomas
encontrados na superfície terrestre.

Quadro 1. Principais características dos biomas terrestres

Bioma Vegetação Fauna Distribuição

Floresta tropical Dossel contínuo Rica Principalmente ao


e subtropical e homogêneo biodiversidade, longo da linha do
úmida de vegetação com destaque para equador e entre os
arbórea sempre grande quantidade trópicos de Câncer
verde e latifoliada, de inseto e e Capricórnio.
com grande invertebrados.
biodiversidade de Cadeia alimentar
espécies. complexa.

Floresta tropical Variabilidade do Rica Entre os trópicos


e subtropical tamanho dos dosséis, biodiversidade. de Câncer e
seca com formação de Capricórnio,
sub-bosques, a situando-se
vegetação recebe no interior dos
chuva abundante continentes
durante o verão, mas americano, africano
há períodos de seca. e centro-asiático.

Floresta tropical Vegetação de Moderada Entre os trópicos


e subtropical de coníferas em altas biodiversidade de Câncer e
coníferas altitudes, com folhas de espécies, Capricórnio, em
aciculadas. Pouca com presença de locais de alta
biodiversidade. animais adaptados altitude como as
ao clima ameno. Serras Madres e o
Himalaia.

Floresta Vegetação composta Moderada Situado nas


temperada por altas árvores biodiversidade, médias latitudes,
como as sequoias. com presença principalmente na
São deciduais, ou de grandes América do Norte
seja, perdem as predadores, como e boa parte da
folhas durante o lobos e ursos. Europa e norte da
inverno. Austrália.

(Continua)
Os grandes conjuntos biogeográficos globais 5

(Continuação)

Bioma Vegetação Fauna Distribuição

Floresta Pouca biodiversidade Pouca Em altas altitudes


temperada de de espécies, com biodiversidade, do norte dos
coníferas formação de dosséis com presença de Estados Unidos, sul
contínuos de roedores, como do Canadá e partes
coníferas. castores. da Europa.

Floresta boreal Pouca biodiversidade Moderada Estende-se por


(taiga) de espécies, com biodiversidade, todo norte do
formação de dosséis sendo que Canadá, da Europa
de coníferas que são os animais e da Rússia.
cobertos pela neve são bastante
durante o inverno. adaptados
às baixas
temperaturas.

Savana, campo e Vegetação arbórea Rica Estende-se


escrube tropical e arbustiva com biodiversidade principalmente
e subtropical grandes campos animal, com pelo interior
abertos adaptados a presença do continente
longos períodos de de grandes sul-americano e
estiagem mamíferos, africano e norte da
como zebras, Oceania.
elefantes, leões e
chimpanzés.

Savana, campo Vegetação Animais adaptados Encontra-se


e escrube predominantemente às condições nas latitudes
temperado gramínea, com climáticas, com médias, com clima
arbustos adaptados destaque para os temperado.
ao clima seco e frio répteis.
durante o inverno.

Savana e campo Gramíneas de Grande quantidade Situado em


inundável grande porte em de répteis e regiões tropicais e
solos inundados anfíbios. subtropicais com
e inundáveis em solos saturados
determinados por água.
períodos do ano.

Savana e campo Gramíneas e Abrigo de Situado em


montano pequenos arbustos muitas espécies altitudes elevadas
em solos rasos e endêmicas, como da costa oeste sul-
pouco desenvolvidos. javalis e bisões. americana e norte
da Ásia.

(Continua)
6 Os grandes conjuntos biogeográficos globais

(Continuação)

Bioma Vegetação Fauna Distribuição

Tundra Ausência de árvores Pouca quantidade Estende-se por


e ocorrência de espécies, as todo norte do
de gramíneas quais são bastante hemisfério norte
espaçadas, que se adaptadas e Antártica, nas
desenvolvem durante às baixas latitudes mais
os verões amenos do temperaturas e o elevadas.
hemisfério norte. clima adverso.

Floresta, bosque Árvores espaçadas Representada por Encontrado


e escrube e arbustos algumas espécies em climas
mediterrâneo relativamente de mamíferos mediterrâneos,
densos com como coelhos e como na costa
troncos tortuosos raposas e também norte do mar
e revestidos, répteis como mediterrâneo,
resistentes aos lagartos e cobras. centro do chile e na
incêndios. Califórnia.

Deserto e Vegetação xerófita Espécies Aparecem


escrube xérico (adaptada a evitar totalmente em regiões
grandes perdas adaptadas ao com índices
de água), sendo clima adverso e pluviométricos
predominante extremamente muito baixos,
gramíneas e alguns seco, como os cobrindo grande
arbustos. camelos, algumas parte do norte
espécies de cobras da África, Oriente
e lagartos. Médio, Norte do
México e Sul da
América do Sul.

Manguezal Vegetação halófila Rica variabilidade Estende-se por


(adaptada às águas de espécies, toda faixa litorânea
salobras), com abrigando grande das zonas tropicais
espécies arbóreas quantidade de e subtropicais dos
de pequeno porte e aves, peixes e continentes.
arbustivas. As raízes moluscos, além de
são extensas e vão servir de área de
além do nível do reprodução para
solo. muitas espécies.

Fonte: Adaptado de Olson et al. (2001).

O IBAMA passou a adotar a definição de ecorregiões para traçar


estratégias e ações de conservação nos sete biomas brasileiros. Para
isso, em 2003, o instituto concluiu um importante mapeamento, o qual resultou
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na separação dos biomas brasileiros em 78 ecorregiões (Figura 2), tornando


estas a unidade básica para o planejamento das prioridades de conservação.
Como unidade biogeográfica, as ecorregiões tornam-se mais adequadas para
pensar formas de conservação e elaboração de planos estratégicos, pois seus
limites naturais são bem definidos. Para mapeamento das 78 ecorregiões, foram
utilizados critérios abióticos (como geologia, pedologia, relevo, altimetria,
precipitação) e bióticos. Participaram do trabalho importantes universidades
brasileiras, como a Universidade de Brasília e a Universidade Federal Fluminense,
além do IBGE e do WWF.

Figura 2. Mapa das 78 ecorregiões brasileiras.


Fonte: Adaptada de Biava (2003).

Ecorregiões de água doce


Em nível hierárquico inferior ao bioma, as ecorregiões aparecem como
uma grande extensão de terra ou água com espécies e condições am-
bientais comuns (OLSON et al., 2001). De acordo com Bailey, Zoltai e
Wiken (1985) e, posteriormente, Ximenes, Amaral e Valeriano (2010), as
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ecorregiões representam uma generalização da estrutura do ecossistema,


ou seja, são constituídas por um mosaico de ecossistemas relativamente
homogêneos.

Olson et al. (2001) conduziram um trabalho financiado pela WWF que


mapeou 825 ecorregiões no mundo todo, sendo 45 no Brasil. Hoje,
essas ecorregiões servem como unidades biogeográficas de análise para os
programas de conservação da WWF em parceria com o Banco Mundial.

Nos continentes, os ecossistemas de água doce são sistemas complexos,


com biodiversidade ímpar e, assim, compõem boa parte das ecorregiões
terrestres. Eles se distribuem pelas bacias hidrográficas, lagos e lagunas,
representando grande parte da biodiversidade terrestre. No entanto, as
espécies e os habitats de água doce são um dos mais ameaçados do mundo,
com grande carência de dados abrangentes e sintetizados acerca da distri-
buição de espécies. Nesse aspecto, o projeto colaborativo Freshwater Ecor-
regions of the World (FEOW), desenvolvido pela WWF e pela TNC (The Nature
Conservancy), empenhou-se para fornecer o primeiro mapa das ecorregiões
de água doce do mundo.
Para o FEOW (c2019b), essa ecorregião é definida como uma grande área
que engloba um ou mais sistemas de água doce, as quais possuem comu-
nidades de espécies e condições ambientais homogêneas e distintas das
áreas vizinhas. Ainda segundo essa definição, as ecorregiões de água doce
são complementares às ecorregiões terrestres e ecorregiões marinhas (ou
oceânicas), diferindo-se delas pelo enfoque dado às espécies de água doce
(principalmente peixes) e aos processos aquáticos.
O mapeamento elaborado pelo FEOW (c2019b) resultou em 426 ecorre-
giões de água doce, que se aproximam dos limites das principais bacias
hidrográficas mundiais. Os dados sintetizam a riqueza e o endemismo de
peixes de água doce, anfíbios, tartarugas e crocodilos, resultando em uma
lista de espécies e sua distribuição geográfica. Também é possível conferir
detalhes sobre os limites de cada ecorregião, topografia, clima, habitat e
fenômenos ecológicos. Veja a distribuição das ecorregiões de água doce
na Figura 3.
Os grandes conjuntos biogeográficos globais 9

Figura 3. Mapa da ecorregiões de água doce do mundo.


Fonte: Adaptada de FEOW (c2019b).

Com o mapa de ecorregiões de água doce, é possível constatar que existe


uma grande variabilidade no tamanho das áreas das ecorregiões, sendo elas
maiores nas regiões mais áridas do planeta e também nas altas latitudes do
hemisfério norte, onde o número e a rotação de espécies é menor. No entanto,
nessas áreas há um maior número de espécies endêmicas identificadas. Já
as menores ecorregiões são encontradas em formações não continentais,
como ilhas e arquipélagos, onde costuma ocorrer alta rotação de espécies.
A menor das ecorregiões mapeadas foi a Ilha dos Cocos, na Costa Rica, com
pouco mais de 310 km².
Segundo Abell et al. (2008), algumas ecorregiões podem cobrir um país todo
ou vários deles, chegando a um total de 16 países, com ocorre na ecorregião
da Europa Central e da Europa Ocidental. Ao todo, foram atribuídas mais
de 13.400 espécies de peixes de água doce, das quais 6.900 são endêmicas
(que ocorrem em um único lugar). O trabalho vai de encontro às pesquisas
biogeográficas e confirmam dados científicos previamente já divulgados,
como a grande quantidade de espécies endêmicas existentes nas bacias do
Congo na África, no sul do Golfo da Guiné, bem como em grandes porções da
Amazônia e Orinoco, na América do Sul.
Também foram observadas ecorregiões com grande riqueza de espécies,
como nas bacias asiáticas de Brahmaputra, Ganges e Yangtze e nas bacias do
Paraná e Orinoco, na América do Sul. No Brasil, foram mapeadas 33 ecorregi-
ões (Figura 4) de água doce, abrangendo as principais bacias hidrográficas,
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como Amazônia, Xingu, Araguaia e Parnaíba, na Região Norte; São Francisco,


na Região Nordeste; Paraná e Paraíba do Sul, na Região Sudeste e; Iguaçu,
na Região Sul.

Figura 4. Mapa das ecorregiões de água doce do Brasil.


Fonte: Adaptada de FEOW (c2019a).

Ecorregiões oceânicas
Boa parte da população mundial reside próxima às zonas costeiras, fazendo
desses ecossistemas um dos mais modificados pelas atividades humanas,
mas sua biodiversidade ainda é pouco conhecida. Os oceanos concentram
grande diversidade de espécies, mas as ações e os esforços de conservação
ainda não são capazes de oferecer a adequada proteção desses espaços. Por
isso, a definição e a delimitação das ecorregiões marinhas são consideradas
estratégias importantes para a implementação de programas de conservação
da biodiversidade mundial.
A Marine Ecorregion of the World (MEOW) considera as ecorregiões oceâni-
cas como “[…] áreas com composição de espécies relativamente homogênea e
claramente distinta dos sistemas adjacentes” (LIFE, 2015, p. 8). Essa composição
de espécies se dá pelo pequeno número de ecossistemas considerados ou
por um conjunto distinto de características oceanográficas ou topográficas.
Os agentes biogeográficos que determinam essas ecorregiões podem ser
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vários e distintos, como grau de isolamento, temperatura, quantidade de


nutrientes, complexidade batimétrica da região, dentre outros.
Em 2007, um importante projeto liderado pela WWF e pela The Nature
Conservancy mapeou as ecorregiões marinhas do mundo, tornando-a uma
classificação biogeográfica importante e padronizada para escala global,
viabilizando a elaboração de projetos integrados de conservação da bio-
diversidade mundial. O trabalho reuniu esforços de diversos especialistas
mundiais, representantes de todos os continentes, resultando em mais de 51
trilhões de hectares mapeados e mais de 97 mil espécies endêmicas regis-
tradas. A Figura 5 ilustra as 232 ecorregiões marinhas elaboradas pela WWF
em parceria com a The Nature Conservancy (TNC) em 2007.

Figura 5. Mapa das ecorregiões marinhas do mundo.


Fonte: Adaptada de WWF (2007).

Como pode ser observado no mapa das ecorregiões marinhas, estas se


estendem por todas as costas e zonas costeiras dos continentes, ilhas e
arquipélagos. Na região do sudeste asiático e Oceania há uma concentração
maior de ecorregiões marinhas mapeadas em razão da grande quantidade de
arquipélagos, os quais são ambientes ricos em biodiversidade. Pode-se dizer
que as ecorregiões tendem a ser menores nessas regiões de ilhas e arquipé-
12 Os grandes conjuntos biogeográficos globais

lagos, assim como ao longo dos trópicos, onde ocorrem a maior quantidade
e variabilidade marinha. Isso faz com que haja uma maior diversidade de
ecossistemas envolvidos. Já nas áreas polares, as ecorregiões apresentam-
-se como áreas mais extensas em razão da menor diversidade de espécies
e, portanto, da certa homogeneidade de ecossistemas.
Esses limites, ao contrário do que parecem, não são fixos, podendo haver
redefinições e ajustes sempre que novas informações sobre essas regiões são
divulgadas, o que pode sugerir novas delimitações. O conhecimento sobre os
oceanos está avançando constantemente ao longo dos anos, mas há ainda
lacunas sobre as águas mais profundadas e que precisam ser desvendadas;
por isso, os limites das ecorregiões marinhas acabam sendo influenciados
pelos dados das áreas costeiras, sobre as quais há maiores informações
disponíveis (BRASIL, 2012).

No portal espacial do Sistema de Informações sobre a Biodiversidade


Brasileira, você consegue acessar todas as bases de dados sobre as
ecorregiões terrestres, marinhas e de água doce elaboradas pela WWF entre
os anos de 2001 e 2008. Para acesso, basta realizar um cadastro simples e
gratuito fornecendo seu endereço de e-mail. Além desses dados, você encontra
os mapeamentos das áreas prioritárias para conservação da biodiversidade
brasileira e os limites dos biomas brasileiros.

Referências
ABELL, R. et al. Freshwater ecoregions of the world: a new map of biogeographic units
for freshwater biodiversity conservation. BioScience, v. 58, n. 5, p. 403-414, 2008.
BAILEY, R. G.; ZOLTAI, S. C.; WIKEN, E. B. Ecological regionalization in Canada and the
United States. Geoforum, v. 16, p. 265-275, 1985.
BIAVA, P. Ibama apresenta mapeamento de ecorregiões brasileiras. São Paulo: Agência
USP de Notícias, 2003. Disponível em: http://www.usp.br/agen/repgs/2003/pags/007.
htm. Acesso em: 16 mar. 2021.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Panorama da conservação dos ecossistemas
costeiros e marinhos no Brasil. 2. ed. Brasília, DF: MMA, 2012.
COUTINHO, L. M. Biomas brasileiros. São Paulo: Oficina de Textos, 2016.
COUTINHO, L. M. O conceito de bioma. Acta Bot. Bras., v. 20, n. 1, p. 13-23, 2006. Disponível
em: https://www.scielo.br/pdf/abb/v20n1/02.pdf. Acesso em: 16 mar. 2021.
FEOW. Downloads. [S. l.]: WWF/TNC, c2019a. Disponível em: https://www.feow.org/
download. Acesso em: 16 mar. 2021.
FEOW. Major habitat types. [S. l.]: WWF/TNC, c2019b. Disponível em: https://www.feow.
org/global-maps/major-habitat-types. Acesso em: 16 mar. 2021.
Os grandes conjuntos biogeográficos globais 13

LIFE. Ecorregiões do Brasil: prioridades terrestres e marinhas. Curitiba: Instituto LIFE,


2015. (Série Cadernos Técnicos, v. 3). Disponível em: http://institutolife.org/wp-content/
uploads/2018/11/Caderno-Tecnico-Vol-III-Ecorregioes-do-Brasil-red.pdf. Acesso em:
11 mar. 2021.
MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos,
c2021. Disponível: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/. Acesso em: 1
fev. 2021.
OLSON, D. M. et al. Terrestrial ecoregions of the world: a new map of life on Earth: a
new global map of terrestrial ecoregions provides an innovative tool for conserving
biodiversity. BioScience, v. 51, n. 11, p. 933-938, 2001.
XIMENES, A. C.; AMARAL, S.; VALERIANO, D. M. O conceito de ecorregião e os métodos
utilizados para o seu mapeamento. Geografia, v. 35, n. 1, 2010. Disponível em: http://
mtc-m16d.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/mtc-m19@80/2009/11.30.14.10/doc/v1.pdf. Acesso
em: 16 mar. 2021.

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