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Caso prático n.

º 21

Imagine que em 3 de janeiro de 2015 a Câmara Municipal do Porto deliberou alienar


dois prédios urbanos de grande dimensão situados na zona nobre da cidade.

A deliberação consta de ata aprovada em 17 de janeiro de 2015. Na mesma data foi


publicitada nos termos legais.

O Ministro da Saúde, no âmbito de uma inspeção à atividade daquele município,


veio revogar tal deliberação “por ser altamente inconveniente para os interesses da
população local”.

Em face desta revogação, a Assembleia Municipal, apresentou uma moção de


censura contra a Câmara Municipal.

Zé Luís, que não era membro da Assembleia Municipal, mas que se encontrava a
assistir à reunião, levantou-se e aplaudiu a deliberação.

1. Identifique as figuras organizatórias referidas supra, enquadrando-as na


organização administrativa portuguesa.
2. Analise a deliberação da Câmara Municipal, não esquecendo de se pronunciar
quanto ao quórum e maioria de aprovação.
3. Aprecie a validade do ato ministerial.
4. Que considerações lhe suscita a moção de censura apresentada pela Assembleia
Municipal contra a Câmara Municipal?

1 Sobre a autonomia local, cfr. Acórdão do Tribunal Constitucional n.º


494/2015, disponível em www.tribunalconstitucional.pt.
Caso prático n.º 32

Em 14 de setembro de 2013 teve lugar uma reunião extraordinária da Assembleia


de Freguesia do Lugar do Sal com a presença de todos os seus membros. Nessa
reunião foi objeto de apreciação e votação (uma) proposta de doação de todos os bens
imóveis que constituem o património atual da freguesia à “Associação Progresso e
Melhoramento Local”.

Da deliberação foi lavrada uma ata da qual consta o seguinte:

“Na sequência da aprovação da Lei nº 11-A/2013, de 28 de Janeiro (que regulamenta a nova


organização administrativa das freguesias) a Junta de Freguesia do Lugar do Sal vai ser
agregada, passando a formar uma União das Freguesias.

A Freguesia do Lugar do Sal é proprietária entre outros de vários prédios, a saber: prédio urbano
composto de casa de habitação com duas dependências, inscrito na matriz predial urbana sob o
artigo 447 e descrito na Conservatória do Registo Predial da Sertã, sob o n.º 00335/060400;
prédio misto composto pelo prédio rústico inscrito no artigo 868 e pelo prédio urbano inscrito na
matriz predial urbana sob o artigo 446 , ambos descritos na Conservatória do Registo Predial da
Sertã sob o n.º 00003/081184.

Estes negócios jurídicos de aquisição de tais prédios pela Freguesia do Lugar do Sal tiveram por
fim e como único fundamento o uso e fruição dos prédios em benefício da população.

Com a agregação a prossecução deste fim fica seriamente comprometida pelo que se propõe
doar aqueles prédios à “Associação Progresso e Melhoramento Local”, cujo objecto é a
promoção e o convívio, associativo, cultural, recreativo e a realização de atividades de carácter
social dos seus associados e da população.

Esta proposta foi aprovada por unanimidade. (...)”.

2 Retirado, com adaptações, do Acórdão do STA de 29 de setembro de 2016,


Processo 0868/16, disponível em www.dgsi.pt.
1. Comente a deliberação tomada pela Assembleia de Freguesia.
2. Imagine que o Presidente da Junta de Freguesia, que representou a AF na
escritura, é vogal permanente da direção da “Associação Progresso e
Melhoramento Local”. Qui iuris?

Caso prático n.º 4

Suponha que o Ministro de um determinado setor de atividade e, por sua delegação,


o Secretário de Estado, é competente para conceder subsídios a associações privadas
de recriação cultural com estatuto de utilidade pública.

Invocando tal disposição, a Associação Recreativa e Cultural da Terceira Idade de


Vale Figueiras, solicitou ao Ministro um subsídio. Este indefere alegando ser
incompetente por já ter delegado tais poderes no Secretário de Estado.

Feito novo pedido, o subsídio é concedido pelo Secretário de Estado, em obediência a


uma ordem do Ministro.

Analise todas as questões juridicamente relevantes considerando duas hipóteses:

a) A delegação é válida e eficaz.


b) O ato de delegação não foi publicado.

Caso prático n.º 5

Comente a seguinte situação:

O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa delegou no vereador responsável pelo


Pelouro do Urbanismo a decisão dos pedidos de licença de construção. Face à
indisponibilidade superveniente do vereador em questão, devida a uma operação
cirúrgica que implicaria um período de recuperação entre os 15 e os 20 dias, foi este
substituído no exercício das suas funções por um novo titular, que indeferiu todos os
pedidos de licença que lhe foram endereçados.
Caso prático n.º 6

Imagine que o Presidente de uma Câmara Municipal decidiu renovar a frota


automóvel do seu Município, adquirindo para o efeito 10 veículos automóveis da
marca “Veloz”, ao stand “Bom e Barato”, propriedade do Sr. António Coelho.

O vereador da oposição, indignado com esta aquisição que considera desnecessária,


chama ainda à atenção para os seguintes aspetos, de que pretende dar conhecimento
à Inspeção-Geral de Finanças:
a) A competência exercida está subdelegada nele próprio, pelo que o Presidente
da Câmara Municipal não podia decidir sobre esta matéria;
b) O Presidente da Câmara Municipal é habitualmente presenteado pelo Sr.
António Coelho, designadamente com viagens e aparelhos eletrónicos
diversos.

Aprecie a validade da decisão do Presidente da Câmara Municipal.

Caso prático n.º 7

A Câmara Municipal do Município de Vale de Figueiras, decidiu ordenar a demolição


do prédio, propriedade de António, sito na Avenida da Praia, n.º 3, com fundamento
nos graves prejuízos que este trazia para a estética da referida localidade.

Entretanto, António descobriu que do procedimento consta uma informação dos


serviços competentes segundo a qual a reparação dos prejuízos para a estética da
localidade se contentava com a mera reformulação da fachada do prédio.

Comente.
Caso prático n.º 8

Considere a seguinte disposição, retirada da Lei n.º 26/2016 de 22 de agosto, que


aprova o regime de acesso à informação administrativa e ambiental e de reutilização
dos documentos administrativos:

“Artigo 15.º

Resposta ao pedido de acesso

1 — A entidade a quem foi dirigido o requerimento de acesso a um documento administrativo deve, no


prazo de 10 dias: a) Comunicar a data, local e modo para se efetivar a consulta, se requerida; b) Emitir a
reprodução ou certidão requeridas; c) Comunicar por escrito as razões da recusa, total ou parcial, do
acesso ao documento, bem como quais as garantias de recurso administrativo e contencioso de que
dispõe o requerente contra essa decisão, nomeadamente a apresentação de queixa junto da CADA e a
intimação judicial da entidade requerida; d) Informar que não possui o documento e, se souber qual a
entidade que o detém, remeter- lhe o requerimento, com conhecimento ao requerente; e) Expor à CADA
quaisquer dúvidas que tenha sobre a decisão a proferir, a fim de esta entidade emitir parecer.

2 — No caso da alínea e) do número anterior, a entidade requerida deve informar o requerente e enviar
à CADA cópia do requerimento e de todas as informações e documentos que contribuam para
convenientemente o instruir.

3 — As entidades não estão obrigadas a satisfazer pedidos que, face ao seu carácter repetitivo e
sistemático ou ao número de documentos requeridos, sejam manifestamente abusivos, sem prejuízo do
direito de queixa do requerente.

4 — Em casos excecionais, se o volume ou a complexidade da informação o justificarem, o prazo referido


no n.º 1 pode ser prorrogado até ao máximo de dois meses, devendo o requerente ser informado desse
facto, com indicação dos respetivos fundamentos, no prazo de 10 dias”.

Identifique os aspetos vinculados e os aspetos discricionários.


Caso prático n.º 9

Comente sucintamente a seguinte afirmação:

“O desvio de poder não é a única ilegalidade possível no exercício de poderes


discricionários, – mas sim, a sua ilegalidade típica.”

Caso prático n.º 10

Imagine que nos Serviços da Segurança Social se encontrava afixado um aviso


segundo o qual o prazo para requerer a aposentação com bonificação de 25%
terminava no dia 16 de outubro de 20015.

Em 13 de outubro desse ano, João Manuel requereu a aposentação, nos termos da


lei, bem como a bonificação de 25% que a mesma permitia, se requerida dentro do
prazo.

Todavia, o requerimento de João foi recusado, por extemporâneo, invocando-se o


facto de o prazo ter terminado no dia 10 de outubro.

Comente.

Caso prático n.º 11

Identifique e classifique de acordo com a teoria da organização administrativa:

1. Inspeção-Geral de Finanças;
2. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte;
3. Instituto de Emprego e Formação Profissional, I.P. (IEFP);
4. Comboios de Portugal, E.P.E.;
5. Porto Vivo, Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense, S.A.;
6. Câmara Municipal do Porto;
7. Município de Cascais;
8. Comunidade intermunicipal;
9. Área metropolitana;
10. Ordem dos Advogados;
11. Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos;
12. Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM);
13. Universidade do Porto;
14. Empresa concessionária de um determinado serviço público.

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