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Cálculo das Probabilidades e Estatı́stica I

DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA / UFPB

Prof. Rodrigo B. Silva


rodrigo@de.ufpb.br

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Módulo 1

1. Estatı́stica descritiva
1.1 Conceitos Fundamentais
1.2 Tabelas
1.3 Gráficos
1.4 Medidas de posição
1.5 Medidas de dispersão
2. Probabilidade
2.1 Conceitos básicos de Probabilidade
2.2 Variáveis aleatórias unidimensionais
2.3 Esperança matemática
2.4 Distribuições discretas
2.5 Distribuições contı́nuas

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Experimento
Definição: Um experimento é qualquer procedimento que envolva observação. Assim,
quando se efetuam medidas da massa de um elétron ou quando se observam as sucessivas
posição de um corpo, estão sendo realizados experimentos.

Experimentos determinı́sticos: são experimentos cujos resultados são determinados


pelas condições sob as quais o procedimento é realizado.

Exemplos:
• A conversão entre Celsius e Kelvin é determinı́stica:

Kelvin = Celsius + 273.15.

• Quando a água é aquecida a 100◦ C, sob pressão normal, ela entra em ebulição.
• Um corpo colocado a 200 metros de altura e depois solto, cai por ação da gravidade.
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Experimento

Experimentos aleatórios: são experimentos que podem variar em seus resultados,


mesmo quando o procedimento é executado sob as mesmas condições.

Exemplos:
• Lançamento de uma moeda honesta.
• O número diário de pacientes que chegam a um hospital.
• O tempo de vida de uma lâmpada.
• O tipo sanguı́neo de uma pessoa sorteada da população.

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Caracterı́sticas de um experimento aleatório

• O experimento pode ser repetido indefinidamente sob as mesmas condições.

• Embora não sejamos capazes de afirmar o resultado que ocorrerá, seremos capazes de
descrever o conjunto de todos os possı́veis resultados o experimento.

• Os experimentos aleatórios apresentam regularidade estatı́stica, que se manifesta na


estabilidade estatı́stica de frequências.

 É esta regularidade (padrão) que torna possı́vel construir um modelo matemático para
analisar o experimento.

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Exemplo de regularidade estatı́stica
Um exemplo de regularidade estatı́stica extremamente simples é o Tabuleiro de Galton:

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Exemplo de regularidade estatı́stica
Frequência relativa de “caras” no lançamento de uma moeda repetidas vezes.

0.65
0.60
0.55
Proporção de caras
0.50
0.45
0.40
0.35

0 500 1000 1500 2000


Número de jogadas simuladas de uma moeda

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Espaço amostral (S)
Definição (Espaço amostral): Para cada experimento E , definimos espaço amostral
como o conjunto de todos os resultados possı́veis de E . Representaremos por S.

Exemplos:
E1. Jogar um dado e observar a face resultante:

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Espaço amostral (S)
Definição (Espaço amostral): Para cada experimento E , definimos espaço amostral
como o conjunto de todos os resultados possı́veis de E . Representaremos por S.

Exemplos:
E1. Jogar um dado e observar a face resultante:
S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}.
E2. Jogar uma moeda quatro vezes e observar o número de caras obtidas:

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Espaço amostral (S)
Definição (Espaço amostral): Para cada experimento E , definimos espaço amostral
como o conjunto de todos os resultados possı́veis de E . Representaremos por S.

Exemplos:
E1. Jogar um dado e observar a face resultante:
S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}.
E2. Jogar uma moeda quatro vezes e observar o número de caras obtidas:
S = {0, 1, 2, 3, 4}.
E3. Em uma linha de produção, fabrique peças em série e conte o número de peças
defeituosas produzidas num perı́odo de 24 horas:

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Espaço amostral (S)
Definição (Espaço amostral): Para cada experimento E , definimos espaço amostral
como o conjunto de todos os resultados possı́veis de E . Representaremos por S.

Exemplos:
E1. Jogar um dado e observar a face resultante:
S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}.
E2. Jogar uma moeda quatro vezes e observar o número de caras obtidas:
S = {0, 1, 2, 3, 4}.
E3. Em uma linha de produção, fabrique peças em série e conte o número de peças
defeituosas produzidas num perı́odo de 24 horas:
S = {0, 1, 2, . . . , N}, (N é o número máximo de peças produzidas em 24hs).
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Espaço amostral (S)
(Continuação):
E4. Um lote de 10 testes de farmácia contém 3 itens defeituosos. Os testes são retirados
um a um (sem reposição) até que o último teste defeituoso seja encontrado. O
número total de testes retirados do lote é contado:

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Espaço amostral (S)
(Continuação):
E4. Um lote de 10 testes de farmácia contém 3 itens defeituosos. Os testes são retirados
um a um (sem reposição) até que o último teste defeituoso seja encontrado. O
número total de testes retirados do lote é contado:

S = {3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}.

E5. Na avaliação de uma nova máquina para realização de exames no Hospital Vida
Saudável, o tempo decorrido (em horas) até a falha é registrado:

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Espaço amostral (S)
(Continuação):
E4. Um lote de 10 testes de farmácia contém 3 itens defeituosos. Os testes são retirados
um a um (sem reposição) até que o último teste defeituoso seja encontrado. O
número total de testes retirados do lote é contado:

S = {3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}.

E5. Na avaliação de uma nova máquina para realização de exames no Hospital Vida
Saudável, o tempo decorrido (em horas) até a falha é registrado:

S = {t ∈ R : t ≥ 0}.

E6. Na avaliação de perdas na Energisa, o número de ligações clandestinas em uma


comunidade é anotado:

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Espaço amostral (S)
(Continuação):
E4. Um lote de 10 testes de farmácia contém 3 itens defeituosos. Os testes são retirados
um a um (sem reposição) até que o último teste defeituoso seja encontrado. O
número total de testes retirados do lote é contado:

S = {3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}.

E5. Na avaliação de uma nova máquina para realização de exames no Hospital Vida
Saudável, o tempo decorrido (em horas) até a falha é registrado:

S = {t ∈ R : t ≥ 0}.

E6. Na avaliação de perdas na Energisa, o número de ligações clandestinas em uma


comunidade é anotado:
S = {0, 1, 2, . . .}.
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Evento
Definição (Evento): Dado um espaço amostral S, associado a um experimento E
qualquer, definimos como evento qualquer subconjunto do espaço amostral S.

Exemplos:
E1. Observar número ı́mpar:

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Evento
Definição (Evento): Dado um espaço amostral S, associado a um experimento E
qualquer, definimos como evento qualquer subconjunto do espaço amostral S.

Exemplos:
E1. Observar número ı́mpar: A1 = {1, 3, 5}.
E2. Cara ocorre duas ou mais vezes:

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Evento
Definição (Evento): Dado um espaço amostral S, associado a um experimento E
qualquer, definimos como evento qualquer subconjunto do espaço amostral S.

Exemplos:
E1. Observar número ı́mpar: A1 = {1, 3, 5}.
E2. Cara ocorre duas ou mais vezes: A2 = {2, 3, 4}.
E3. Todas as peças são perfeitas:

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Evento
Definição (Evento): Dado um espaço amostral S, associado a um experimento E
qualquer, definimos como evento qualquer subconjunto do espaço amostral S.

Exemplos:
E1. Observar número ı́mpar: A1 = {1, 3, 5}.
E2. Cara ocorre duas ou mais vezes: A2 = {2, 3, 4}.
E3. Todas as peças são perfeitas: A3 = {0}.
E4. Os três itens defeituosos são retirados até a quarta tentativa:

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Evento
Definição (Evento): Dado um espaço amostral S, associado a um experimento E
qualquer, definimos como evento qualquer subconjunto do espaço amostral S.

Exemplos:
E1. Observar número ı́mpar: A1 = {1, 3, 5}.
E2. Cara ocorre duas ou mais vezes: A2 = {2, 3, 4}.
E3. Todas as peças são perfeitas: A3 = {0}.
E4. Os três itens defeituosos são retirados até a quarta tentativa: A4 = {3, 4}.
E5. A máquina falha antes de 1000 horas:

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Evento
Definição (Evento): Dado um espaço amostral S, associado a um experimento E
qualquer, definimos como evento qualquer subconjunto do espaço amostral S.

Exemplos:
E1. Observar número ı́mpar: A1 = {1, 3, 5}.
E2. Cara ocorre duas ou mais vezes: A2 = {2, 3, 4}.
E3. Todas as peças são perfeitas: A3 = {0}.
E4. Os três itens defeituosos são retirados até a quarta tentativa: A4 = {3, 4}.
E5. A máquina falha antes de 1000 horas: A5 = {t ∈ R : 0 ≤ t < 1000}.
E6. Pelo menos 4 casas tem ligação clandestina:

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Evento
Definição (Evento): Dado um espaço amostral S, associado a um experimento E
qualquer, definimos como evento qualquer subconjunto do espaço amostral S.

Exemplos:
E1. Observar número ı́mpar: A1 = {1, 3, 5}.
E2. Cara ocorre duas ou mais vezes: A2 = {2, 3, 4}.
E3. Todas as peças são perfeitas: A3 = {0}.
E4. Os três itens defeituosos são retirados até a quarta tentativa: A4 = {3, 4}.
E5. A máquina falha antes de 1000 horas: A5 = {t ∈ R : 0 ≤ t < 1000}.
E6. Pelo menos 4 casas tem ligação clandestina: A6 = {4, 5, . . .}

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Evento
Definição (Evento): Dado um espaço amostral S, associado a um experimento E
qualquer, definimos como evento qualquer subconjunto do espaço amostral S.

Exemplos:
E1. Observar número ı́mpar: A1 = {1, 3, 5}.
E2. Cara ocorre duas ou mais vezes: A2 = {2, 3, 4}.
E3. Todas as peças são perfeitas: A3 = {0}.
E4. Os três itens defeituosos são retirados até a quarta tentativa: A4 = {3, 4}.
E5. A máquina falha antes de 1000 horas: A5 = {t ∈ R : 0 ≤ t < 1000}.
E6. Pelo menos 4 casas tem ligação clandestina: A6 = {4, 5, . . .}

 Nosso interesse é atribuir probabilidades aos eventos.


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Operações básicas com eventos
Sejam A, B e C eventos de um espaço amostral S.

União: A ∪ B é o evento que ocorrerá se e somente se A ou B ou ambos ocorrerem.

Exemplo:
A = {1, 2, 3} e B = {0} =⇒ A ∪ B = {0, 1, 2, 3}
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Operações básicas com eventos
Intersecção: A ∩ B é o evento que ocorrerá se e somente se A e B ocorrerem
simultaneamente.

Exemplo:
A = {2, 3, 4} e B = {2, 4, 6} =⇒ A ∩ B = {2, 4}
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Operações Básicas com Eventos
Complementar: Se A é evento de S, então, Ac é o evento que consiste em todos os
resultados de S que não estejam incluı́dos no evento A.

Exemplo: Jogar um dado e observar a face resultante.


A = {2, 3, 4} =⇒ Ac = {1, 5, 6}
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Operações Básicas com Eventos

Diferença: A − B consiste dos elementos que estão em A, mas não estão em B.

Exemplo: A = {1, 2, 3} e B = {3, 5} =⇒ A − B = {1, 2}.


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Operações Básicas com Eventos

• Leis de De Morgan:

(A ∪ B)c = Ac ∩ B c
(A ∩ B)c = Ac ∪ B c

• Leis Distributivas:

A ∪ (B ∩ C ) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C )
A ∩ (B ∪ C ) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C )

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Operações Básicas com Eventos
Eventos mutuamente excludentes (disjuntos): Dois eventos A e B são mutuamente
excludentes (ou disjuntos) se não tem elementos em comum, ou seja, se A ∩ B = ∅.
Mais geralmente, uma coleção de eventos é dita ser disjunta se os eventos forem disjuntos
aos pares, ou seja, Ai ∩ Aj = ∅, para i ̸= j.

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Operações Básicas com Eventos
Partição: Os eventos A1 , A2 , . . . , An formam uma partição do espaço amostral S se
A1 , A2 , . . . , An são mutuamente excludentes e sua união forma o espaço amostral S.

Exemplo: Considere o espaço amostral S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Então, os eventos


A1 = {1, 3}, A2 = {2, 4, 6} e A3 = {5} formam uma partição de S.
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Probabilidade
Definição: Probabilidade é uma medida atribuı́da a um evento A, que denotamos por
P(A). Esse é um valor entre 0 e 1 que mostra a probabilidade do evento ocorrer.
• Se P(A) estiver próximo de 0, é muito improvável que o evento A ocorra.
• Se P(A) for próximo de 1, é muito provável que A ocorra.

O que quer dizer?

 Significa dizer que se temos a certeza de que um evento ocorrerá, diremos que sua
probabilidade é 1 (ou 100%). Por outro lado, se temos certeza de que um evento não
ocorrerá, diremos que sua probabilidade é 0 (ou 0%).

 A probabilidade não nos diz exatamente o que vai acontecer, é apenas um guia.

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Espaços amostrais finitos equiprováveis

Definição (Espaços amostrais finitos equiprováveis): quando associamos a cada


ponto amostral (cada elemento do espaço amostral) a mesma probabilidade, o espaço
amostral chama-se equiprovável.

Exemplo:

• No lançamento de uma moeda, os eventos cara e coroa tem igual probabilidade de


ocorrência. Logo, o espaço amostral S = {cara, coroa} é equiprovável.
• No lançamento de um dado, todos os elementos do espaço amostral
S = {1, 2, 3, 4, 5, 6} tem mesma probabilidade de ocorrer, ou seja, S é um espaço
amostral equiprovável.

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Definição clássica de Probabilidade

Definição clássica de Probabilidade:

Definição (Probabilidade para espaços amostrais equiprováveis): Seja um evento A


qualquer. Temos que
Número de casos favoráveis ao evento A #A
P(A) = = .
Número total de casos no espaço amostral S #S

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Definição clássica de Probabilidade
Exemplo: Considere o experimento de lançar dois dados de 6 faces. Temos, então, o
seguinte espaço amostral:

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Definição clássica de Probabilidade
(Continuação:) Ou seja,

S = {(1, 1), (1, 2), (1, 3), (1, 4), (1, 5), (1, 6),
(2, 1), (2, 2), (2, 3), (2, 4), (2, 5), (2, 6),
(3, 1), (3, 2), (3, 3), (3, 4), (3, 5), (3, 6),
(4, 1), (4, 2), (4, 3), (4, 4), (4, 5), (4, 6),
(5, 1), (5, 2), (5, 3), (5, 4), (5, 5), (5, 6),
(6, 1), (6, 2), (6, 3), (6, 4), (6, 5), (6, 6)},

em que os pares representam os números lançados de cada dado (laranja, branco).

 Note que todos os resultados desse experimento tem a mesma probabilidade de


ocorrência e, desta forma, S é um espaço amostral equiprovável.
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Definição clássica de Probabilidade

Exemplo 1:

Problema: No lançamento de dois dados, qual a probabilidade de sair dois números


ı́mpares?

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Definição clássica de Probabilidade

Exemplo 1:

Problema: No lançamento de dois dados, qual a probabilidade de sair dois números


ı́mpares?
Solução: Considere o evento A ≡ “sair dois números ı́mpares”. Então,

A = {(1, 1), (1, 3), (1, 5), (3, 1), (3, 3), (3, 5), (5, 1), (5, 3), (5, 5)}

Usando a definição clássica de probabilidade, temos que


#A 9
P(A) = = = 0.25
#S 36

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Definição clássica de Probabilidade

Exemplo 2:

Problema: Jogue um par de dados e considere o total dos dois resultados. Qual é o
espaço amostral deste experimento?

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Definição clássica de Probabilidade

Exemplo 2:

Problema: Jogue um par de dados e considere o total dos dois resultados. Qual é o
espaço amostral deste experimento?

Solução:
S = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12}

24 / 56
Definição clássica de Probabilidade

Exemplo 2:

Problema: Jogue um par de dados e considere o total dos dois resultados. Qual é o
espaço amostral deste experimento?

Solução:
S = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12}

 Neste caso, os elementos de S apresentam probabilidades diferentes de ocorrência e,


portanto, S não é um espaço amostral equiprovável.

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Definição clássica de Probabilidade

Exemplo 3:

Problema: No lançamento de dois dados, qual a probabilidade de que a soma dos pontos
seja maior do que 10?

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Definição clássica de Probabilidade

Exemplo 3:

Problema: No lançamento de dois dados, qual a probabilidade de que a soma dos pontos
seja maior do que 10?

Solução: Considere o evento B ≡ “soma dos dados é maior do que 10”. Esse evento
corresponde ao conjunto
B = {(5, 6), (6, 5), (6, 6)}.
Pela definição clássica de probabilidade, temos que
#B 3
P(B) = = = 0.083
#S 36

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Algumas regras de Probabilidade

No estudo de Probabilidade, estamos interessados em responder três questões básicas:

• O que queremos dizer quando afirmamos que a probabilidade de um evento ocorrer


é, por exemplo, 0.25?

• Como determinar ou medir, na prática, os números que chamamos de


probabilidades?

• Quais são as regras matemáticas a que as probabilidades devem obedecer?

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Postulados de Probabilidade
Os três postulados (axiomas) de Probabilidade são dados a seguir:

A1. 0 ≤ P(A) ≤ 1, para qualquer evento A.

A2. P(S) = 1.

A3. Se A e B são dois eventos mutuamente excludentes (A ∩ B = ∅), a probabilidade de


ocorrência de um ou do outro é igual à soma de suas probabilidades:

P(A ∪ B) = P(A) + P(B).

Se A1 , A2 , . . . forem dois a dois mutuamente excludentes, então


∞ ∞
!
[ X
P Ai = P(A1 ) + P(A2 ) + · · · = P(Ai ).
i=1 i=1

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Propriedades de Probabilidade

P1. P(∅) = 0, em que ∅ é o conjunto vazio.

P2. Se Ac é o complementar de A, então, P(Ac ) = 1 − P(A).

P3. Se A e B são dois eventos quaisquer, então

P(A ∪ B) = P(A) + P(B) − P(A ∩ B).

P4. Se A ⊂ B, então, P(A) ≤ P(B).

28 / 56
Exemplos
Exemplos:

1. Uma carta é tirada de um baralho. Determine a probabilidade de ser um rei OU ser


de naipe vermelho.

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Exemplos
Exemplos:

1. Uma carta é tirada de um baralho. Determine a probabilidade de ser um rei OU ser


de naipe vermelho.
Solução: Um baralho comum é composto de 52 cartas divididas em 4 naipes, 2
naipes na cor preta e dois naipes na cor vermelha. Defina os eventos:
A ≡ “a carta é um rei” e B ≡ “o naipe é vermelho”.
Assim, temos
4 26 2
P(A) = , P(B) = e P(A ∩ B) =
52 52 52
Logo, a probabilidade de interesse é dada por
4 26 2 28
P(A ∪ B) = P(A) + P(B) − P(A ∩ B) = + − = = 0.5385
52 52 52 52
29 / 56
Exemplos
2. Uma carta é tirada de um baralho. Determine a probabilidade de a carta ser um rei
OU um 10.

30 / 56
Exemplos
2. Uma carta é tirada de um baralho. Determine a probabilidade de a carta ser um rei
OU um 10.
Solução: Defina os eventos:

A ≡ “a carta é um rei” e B ≡ “a carta é um 10”.

Daı́,
4 4
P(A) = e P(B) = .
52 52
Note que, neste caso, A e B são mutuamente excludentes. Logo,
4 4 8
P(A ∪ B) = P(A) + P(B) = + = = 0.1538
52 52 52

30 / 56
Exemplos

3. Da população canadense, 30% são da provı́ncia de Quebec, 25% falam francês, 24%
são de Quebec e falam francês. Escolhido ao acaso um canadense, qual a
probabilidade de:
a) Ser de Quebec ou falar francês?
b) Falar francês e não ser de Quebec?

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Exemplos

3. Da população canadense, 30% são da provı́ncia de Quebec, 25% falam francês, 24%
são de Quebec e falam francês. Escolhido ao acaso um canadense, qual a
probabilidade de:
a) Ser de Quebec ou falar francês?
b) Falar francês e não ser de Quebec?

Solução: Defina os eventos A ≡ “ser de Quebec” e B ≡ “falar francês”.

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Exemplos

3. Da população canadense, 30% são da provı́ncia de Quebec, 25% falam francês, 24%
são de Quebec e falam francês. Escolhido ao acaso um canadense, qual a
probabilidade de:
a) Ser de Quebec ou falar francês?
b) Falar francês e não ser de Quebec?

Solução: Defina os eventos A ≡ “ser de Quebec” e B ≡ “falar francês”.


a) P(A ∪ B) = P(A) + P(B) − P(A ∩ B) = 0.30 + 0.25 − 0.24 = 0.31

31 / 56
Exemplos

3. Da população canadense, 30% são da provı́ncia de Quebec, 25% falam francês, 24%
são de Quebec e falam francês. Escolhido ao acaso um canadense, qual a
probabilidade de:
a) Ser de Quebec ou falar francês?
b) Falar francês e não ser de Quebec?

Solução: Defina os eventos A ≡ “ser de Quebec” e B ≡ “falar francês”.


a) P(A ∪ B) = P(A) + P(B) − P(A ∩ B) = 0.30 + 0.25 − 0.24 = 0.31

b) P(Ac ∩ B) = P(B − A) = 0.01

31 / 56
Exemplos
4. Amostras de emissões de três fornecedores são classificadas com relação a satisfazer
as especificações de qualidade do ar. Os resultados de 100 amostras são resumidos a
seguir:

Conforme
Fornecedor sim não
1 22 8
2 25 5
3 30 10

Seja A o evento em que uma amostra seja proveniente do fornecedor 1 e B o evento


em que uma amostra atenda às especificações. Se uma amostra for selecionada ao
acaso, determine as seguintes probabilidades:
a) P(A) e P(B) b) P(Ac ) c) P(A ∩ B) d) P(A ∪ B)
32 / 56
Exemplos

Solução:
30 77
a) P(A) = = 0.30 e P(B) = = 0.77 .
100 100
b) P(Ac ) = 1 − P(A) = 1 − 0.30 = 0.70
22
c) P(A ∩ B) = = 0.22
100
d) P(A ∪ B) = P(A) + P(B) − P(A ∩ B) = 0.30 + 0.77 − 0.22 = 0.85

33 / 56
Exemplos
Tabela de Contingência:
Perguntou-se a uma amostra de adultos com nı́vel superior completo, em três capitais, se
eles atuavam na área. Os resultados estão a seguir:

João Pessoa Recife Natal Total


Sim 160 220 180 560
Não 135 80 95 310
Total 295 300 275 870

Um adulto é selecionada ao acaso. Determine:


1. Qual a probabilidade do adulto ser de João Pessoa?
2. Qual a probabilidade do adulto não ser de Recife?
3. Qual a probabilidade do adulto ser de Recife e ele não atuar na área de formação?

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Exemplos

Solução:
1. Qual a probabilidade do adulto ser de João Pessoa?

João Pessoa Recife Natal Total


Sim 160 220 180 560
Não 135 80 95 310
Total 295 300 275 870

Temos que
295
P({adulto ser de João Pessoa}) = = 0.339
870

35 / 56
Exemplos
Solução:
2. Qual a probabilidade do adulto não ser de Recife?
João Pessoa Recife Natal Total
Sim 160 220 180 560
Não 135 80 95 310
Total 295 300 275 870

Temos que

P({adulto não ser de Recife}) = P ({adulto ser de Recife}c )


= 1 − P ({adulto ser de Recife})
300
=1− = 0.655
870
36 / 56
Exemplos
Solução:
3. Qual a probabilidade do adulto ser de Recife e ele não atuar na área de formação?

João Pessoa Recife Natal Total


Sim 160 220 180 560
Não 135 80 95 310
Total 295 300 275 870

Temos que

P({adulto não ser de Recife} ∩ {não atuar na área}) = P ((adulto ser de Recife)c )
80
= = 0.092
870

37 / 56
Probabilidade condicional

Frequentemente, a probabilidade de um evento é influenciada pela ocorrência de um


evento paralelo.

A probabilidade de um evento A ocorrer, dado (ou na condição de) que outro evento B já
ocorreu é chamada de probabilidade condicional e é definida como

P(A ∩ B)
P(A|B) = .
P(B)

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Probabilidade condicional
Exemplo: Dois dados são lançados ao acaso. Qual a probabilidade da soma ser igual a 6,
dado que o primeiro dado saiu número menor que 3.

Seja A ≡ {soma igual a 6}. Então,


A = {(1, 5), (2, 4), (3, 3), (4, 2), (5, 1)}.
Seja B ≡ {primeiro dado saiu número menor que 3}. Então,

B = (1, 1), (1, 2), (1, 3), (1, 4), (1, 5), (1, 6),

(2, 1), (2, 2), (2, 3), (2, 4), (2, 5), (2, 6)
Neste caso, A ∩ B = {(1, 5), (2, 4)}. Pela definição de probabilidade condicional, temos
que
P(A ∩ B) 2/36 1
P(A|B) = = =
P(B) 12/36 6
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Probabilidade condicional
Exemplo: Perguntou-se a uma amostra de adultos com nı́vel superior completo, em três
capitais, se eles atuavam na área. Os resultados estão a seguir:
João Pessoa Recife Natal Total
Sim 160 220 180 560
Não 135 80 95 310
Total 295 300 275 870

Pergunta: Qual a probabilidade do adulto ter respondido não, sabendo que ele é de
Natal?
Solução: Defina os eventos
A ≡ {adulto responder não para alguma pergunta} e B ≡ {o adulto é de Natal}.
Daı́, temos
P(A ∩ B) 95/870 95
P(A|B) = = = = 0.345
P(B) 275/870 275
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Probabilidade condicional

Teorema do produto: Sejam A e B dois eventos quaisquer de um mesmo espaço


amostral S, então:
P(A ∩ B) = P(A)P(B|A) = P(B)P(A|B).
Para os eventos A, B e C temos

P(A ∩ B ∩ C ) = P(A)P(B|A)P(C |A ∩ B).

De forma geral, para A1 , . . . , An eventos quaisquer, temos

P(A1 ∩ . . . ∩ An ) = P(A1 )P(A2 |A1 )P(A3 |A1 ∩ A2 ) . . . P(An |A1 ∩ . . . ∩ An−1 ).

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Probabilidade condicional

Exemplo: Dois carros são selecionados em uma linha de produção com 12 unidades, 5
delas defeituosas. Determine a probabilidade de ambos os carros serem defeituosos.

Solução: Sejam os eventos A ≡ {1o. carro é defeituoso} e B ≡ {2o. carro é defeituoso}.

Temos que
5 4
P(A) = e P(B|A) = .
12 11
Daı́,
5 4 5
P(A ∩ B) = P(A)P(B|A) = · = = 0.151
12 11 33

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Probabilidade condicional
Exemplo: Uma caixa contém 4 lâmpadas boas e 2 queimadas. Retira-se ao acaso 3
lâmpadas, sem reposição. Calcule a probabilidade dessas 3 lâmpadas serem boas.

Solução: Defina o evento Ai = {lâmpada i é boa}, para i = 1, 2, 3. Estamos interessados


em calcular
P(A1 ∩ A2 ∩ A3 ) = P(A1 )P(A2 |A1 )P(A3 |A1 ∩ A2 ),
em que
4 2 3 2 1
P(A1 ) = = , P(A2 |A1 ) = e P(A3 |A1 ∩ A2 ) = = .
6 3 5 4 2
Logo,
2 3 1 6 1
P(A1 ∩ A2 ∩ A3 ) = · · = =
3 5 2 30 5

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Probabilidade condicional
Teorema da probabilidade total: Sejam A1 , A2 , . . . , Ak uma partição do espaço
amostral S, ou seja, eventos mutuamente exclusivos cuja união forma o espaço amostral.
Seja B um evento qualquer associado a S, então:
k
X
P(B) = P(A1 )P(B|A1 ) + · · · + P(Ak )P(B|Ak ) = P(Ai )P(B|Ai ).
i=1

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Probabilidade condicional

Exemplo: Em uma turma 60% dos estudantes são homens e 40% mulheres. Além disso,
sabe-se que 1% dos homens e 4% das mulheres tem menos de 1.60m. Dado que um
estudante foi sorteado aleatoriamente, qual a probabilidade dele ter menos de 1.60m?

Solução: Defina os eventos

H ≡ “estudante é homem”
M ≡ “estudante é mulher”
A ≡ “estudante tem menos do que 1.60m”

Temos que P(H) = 0.6, P(A|H) = 0.01, P(M) = 0.4 e P(A|M) = 0.04

Assim, P(A) = P(H)P(A|H) + P(M)P(A|M) = 0.6 × 0.01 + 0.4 × 0.04 = 0.022

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Probabilidade condicional
Solução alternativa: árvore de probabilidades:

P(A|H) = 0.01
.6 H A
)=0
P (H

P (M
)=0
.4 M A
P(A|M) = 0.04

Daı́,

P(A) = P(H)P(A|H) + P(M)P(A|M) = 0.6 × 0.01 + 0.4 × 0.04 = 0.022

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Probabilidade condicional
Exemplo: Uma urna contém 5 bolas: 2 brancas (B) e 3 vermelhas (V). O experimento
consiste em retirar 2 bolas ao acaso e sem reposição. Qual a probabilidade de que uma
segunda bola seja sorteada na segunda extração?

Solução: Defina os eventos


Bi = {bola branca sai na i-ésima extração}
Vi = {bola vermelha sai na i-ésima extração}
Então,
P(B2 ) = P(B1 ∩ B2 ) + P(V1 ∩ B2 )

= P(B1 )P(B2 |B1 ) + P(V1 )P(B2 |V1 )

2 1 3 2 2
= · + · =
5 4 5 4 5
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Probabilidade condicional
Solução alternativa: árvore de probabilidades:

= 1/4
P (B2 |B1 ) B2
B1
5
) = 2/ P (V2 |B ) V2
P (B 1 1 = 3/4

P (V = 2/4
1) = 3/ P (B2 |V1 ) B2
5
V1
P (V2 |V ) V2
1 = 2/4

Daı́,
2 1 3 2 2
P(B2 ) = P(B1 )P(B2 |B1 ) + P(V1 )P(B2 |V1 ) = · + · =
5 4 5 4 5
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Probabilidade condicional
Exemplo: Considere ainda a urna do exemplo anterior, mas vamos fazer três extrações
sem reposição. Indiquemos por Vi ou Bi a obtenção de bola vermelha ou branca na
i-ésima extração, respectivamente, i = 1, 2, 3.

Pergunta: Qual a probabilidade de sair uma bola branca na terceira extração?


Solução:
P(B3 ) = P(B1 ∩ V2 ∩ B3 ) + P(V1 ∩ B2 ∩ B3 ) + P(V1 ∩ V2 ∩ B3 )

= P(B1 )P(V2 |B1 )P(B3 |B1 ∩ V2 ) + P(V1 )P(B2 |V1 )P(B3 |V1 ∩ B2 ) + P(V1 )P(V2 |V1 )P(B3 |V1 ∩ V2 )

2 3 1 3 2 1 3 2 2 2
= · · + · · + · · =
5 4 3 5 4 3 5 4 3 5

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Probabilidade condicional
Solução alternativa: árvore de probabilidades:
1
B2 V3
1/4

B1
1/3 B3
2/5 3/4
V2
2/3 V3

1/3 B3
1/4 B2
2/4
2/3 V3
V1
2/3 B3
2/4
V2
1/3 V3

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Teorema de Bayes

Teorema de Bayes: Sejam A1 , A2 , . . . , Ak uma partição do espaço amostral S. Seja A


um evento qualquer associado a S, então:

P(Ai ∩ B) P(Ai )P(B|Ai )


P(Ai |B) = =
P(B) P(A1 )P(B|A1 ) + · · · + P(Ak )P(B|Ak )

 O Teorema de Bayes é a regra matemática que descreve como atualizar a crença sobre
a ocorrência de um determinado evento, dada alguma evidência. Em outras palavras, a
fórmula de Bayes descreve o ato de aprender.

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Teorema de Bayes

Exemplo: Em uma turma 60% dos estudantes são homens e 40% mulheres. Além disso,
sabe-se que 1% dos homens e 4% das mulheres tem menos de 1.60m. Dado que um
estudante com menos de 1.60m foi sorteado aleatoriamente, qual a probabilidade de ser
mulher?

Solução: Estamos interessados em calcular P(M|A). Ou seja,

P(M)P(A|M) 0.4 × 0.04


P(M|A) = = = 0.727
P(H)P(A|H) + P(M)P(A|M) 0.6 × 0.01 + 0.4 × 0.04

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Teorema de Bayes
Exemplo: Uma rede local de computadores é composta por um servidor e cinco clientes.
Dos pedidos de um tipo de processamento cerca de 10% vem do cliente A, 15% do B,
15% do C, 40% do D e 20% do E. Caso o pedido não seja feito de forma adequada, o
processamento apresentará erro. Usualmente ocorrem os seguintes percentuais de pedidos
inadequados: 1% do cliente A, 2% do cliente B, 0.5% do cliente C, 2% do cliente D e 8%
do cliente E. Sabendo-se que o processo apresentou erro calcule a probabilidade de que o
processo tenha sido pedido pelo cliente E.

Solução: Defina os eventos:

A ≡ “Pedido vem o cliente A”, B ≡ “Pedido vem o cliente B”,


C ≡ “Pedido vem o cliente C”, D ≡ “Pedido vem o cliente D”,
E ≡ “Pedido vem o cliente E” e I ≡ “Pedido inadequado”

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Teorema de Bayes
(Continuação) Estamos interessados em calcular P(E |I ). Temos que
P(A) = 0.10 e P(I |A) = 0.010
P(B) = 0.15 e P(I |B) = 0.020
P(C ) = 0.15 e P(I |C ) = 0.005
P(D) = 0.40 e P(I |D) = 0.020
P(E ) = 0.20 e P(I |E ) = 0.080

Note que P(I ) = P(A)P(I |A) + . . . + P(E )P(I |E ) ≈ 0.029. Daı́,


P(E )P(I |E ) 0.10 × 0.01
P(E |I ) = = ≈ 0.035 = 3.5%
P(A)P(I |A) + . . . + P(E )P(I |E ) 0.029

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Independência de eventos

Definição: Dois eventos A e B são independentes se a probabilidade de ocorrência do


evento A não é afetada pela ocorrência (ou não-ocorrência) do evento B. Isto é,
P(A|B) = P(A).

Sendo assim, temos que dois eventos A e B são independentes quando

P(A ∩ B) = P(A)P(B).

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Independência de eventos

Exemplo: Uma moeda é lançada três vezes. Calcule a probabilidade de se obterem:

1. Três caras.
2. Duas caras e uma coroa.
3. Nenhuma cara.

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