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Teoria das

Estruturas II
PROFESSOR
Me. Gabriel Trindade Caviglione

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Azevedo Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel Fotos Shutterstock.

FICHA CATALOGRÁFICA

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.


Núcleo de Educação a Distância. CAVIGLIONE, Gabriel Trindade;

Teoria das Estruturas II. Gabriel Trindade Caviglione. Maringá


- PR.: Unicesumar, 2021.

300 p.
ISBN: 978-65-5615-642-2
“Graduação - EaD”.

1. Estruturas 2. Deslocamentos 3. Engenharia. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 624.1707

Impresso por:

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A UniCesumar celebra os seus 30 anos de
história avançando a cada dia. Agora, enquanto
Universidade, ampliamos a nossa autonomia Tudo isso para honrarmos a
e trabalhamos diariamente para que nossa nossa missão, que é promover
educação à distância continue como uma das a educação de qualidade nas
melhores do Brasil. Atuamos sobre quatro diferentes áreas do conhecimento,
pilares que consolidam a visão abrangente do formando profissionais
que é o conhecimento para nós: o intelectual, o cidadãos que contribuam para o
profissional, o emocional e o espiritual. desenvolvimento de uma sociedade
justa e solidária.
A nossa missão é a de “Promover a educação de
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento,
formando profissionais cidadãos que contribuam
para o desenvolvimento de uma sociedade
justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar
tem um gênio importante para o cumprimento
integral desta missão: o coletivo. São os nossos
professores e equipe que produzem a cada dia
uma inovação, uma transformação na forma
de pensar e de aprender. É assim que fazemos
juntos um novo conhecimento diariamente.

São mais de 800 títulos de livros didáticos


como este produzidos anualmente, com a
distribuição de mais de 2 milhões de exemplares
gratuitamente para nossos acadêmicos. Estamos
presentes em mais de 700 polos EAD e cinco
campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa
e Corumbá), o que nos posiciona entre os 10
maiores grupos educacionais do país.

Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima


história da jornada do conhecimento. Mário
Quintana diz que “Livros não mudam o mundo,
quem muda o mundo são as pessoas. Os
livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à
oportunidade de fazer a sua mudança!

Reitor
Wilson de Matos Silva
Olá, eu sou o Gabriel! Sou engenheiro civil e mestre em
Engenharia de Estruturas. Assim como muitos, procu-
rei fazer Engenharia pois tinha afeição por Matemática
e Física. Além disso, gostava muito de Engenharia de
Tráfego, ficava maravilhado com a cidade de São Paulo
e com as avenidas de mão única de Curitiba e Maringá,
passava horas rabiscando e pensando soluções para
minha cidade, Londrina. Durante a graduação, descobri
a paixão por ensinar e pelas grandes obras e estruturas,
suas técnicas executivas e as soluções estruturais por
trás dos grandes nomes da arquitetura. Tive a opor-
tunidade de fazer estágio em um escritório de cálculo
estrutural, o que direcionou minha carreira.
Formado, trabalhei com execução de pré-fabrica-
dos, porém, com a crise econômica, procurei me espe-
cializar e encarei o desafio do mestrado em Engenha-
ria de Estruturas na UEM. Hoje, atuo como professor
universitário e continuo prestando serviços na área
de estruturas e fundações.
Aqui você pode Uma curiosidade sobre mim é que já fui atleta de
conhecer um natação na juventude, competia defendendo Londrina!
pouco mais sobre
Conquistei várias medalhas nos nados livre e peito. Tam-
mim, além das
informações do bém participei ativamente do grupo de jovens da minha
meu currículo. igreja. Aprendi muito com o esporte de desempenho e
com a liderança na igreja. Atualmente, descobri na cor-
rida de rua um hobby saudável e relaxante. O benefício
principal é manter a cabeça no lugar depois de um dia
inteiro de engenharia.
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TEORIA DAS ESTRUTURAS II

A sociedade se utiliza diariamente de diversas obras de Engenharia. Muitas vezes,


nem percebemos o impacto dessas obras no nosso dia a dia. Você conseguiria
imaginar como era a vida antes de construírem as estradas? Como as pessoas
cruzavam os rios sem as pontes? Como os médicos tratavam dos pacientes sem as
construções especializadas, os hospitais? Como as indústrias produziam sem edifi-
cações que atendessem às suas especificações? Como as pessoas assistiam a shows
e espetáculos antes dos teatros? Como era a vida antes das grandes hidrelétricas?
Certamente, essas obras não existiriam sem a construção civil. É nossa função, como
engenheiros(as), construí-las, garantindo segurança e estabilidade à sociedade. Como
um(a) engenheiro(a) civil sabe quantos metros uma ponte pode suportar, quantos
e quais veículos podem transitar sobre ela com segurança?
Para responder essas questões, faz-se necessário entender como se comportam tanto
estrutura como material. O(A) engenheiro(a) precisa entender como se desenvolvem
os esforços dentro de uma estrutura e como o formato e geometria dela influenciam
em sua resistência e suas deformações.
Uma vez entendido o comportamento da estrutura, passamos a entender como o
material empregado se comporta, quais níveis de tensões ele suporta de maneira se-
gura, como ocorre sua ruptura, quais fatores influenciam em sua resistência.
O trabalho do(a) engenheiro(a) é conciliar o comportamento do material e da es-
trutura, a fim de dimensionar um sistema estrutural seguro e resistente feito com um
material que suporte, com segurança, tais esforços.
Convido você a observar as estruturas à sua volta. Será que todas possuem a mes-
ma solução estrutural? A estrutura de uma casa é igual à de um prédio? A estrutura
de uma ponte rural é igual à estrutura de um viaduto movimentado na cidade? Evi-
dentemente, a solução estrutural deverá se adequar a cada caso. Existem diferentes
soluções para diferentes níveis de cargas e vãos.
Você conseguiria calcular os esforços nessas estruturas que observou? O equilíbrio
de qualquer estrutura pode ser verificado pelas equações fundamentais de estática,
isto é, o somatório de todas as forças agindo sobre o corpo é nulo. Em estruturas
isostáticas, o número de restrições (reações) e o número de equações de equilíbrio
são iguais, dessa forma, é possível descobrir as incógnitas, as reações de apoio. Já
em estruturas hiperestáticas, temos mais reações do que equações de equilíbrio, de
tal forma que não é possível calculá-las apenas pelas equações da estática. Por isso,
essas estruturas também são chamadas de estaticamente indeterminadas. Como
podemos calcular as reações de apoio nessas estruturas?
Nesta disciplina, entenderemos mais sobre o comportamento e os métodos de cálculo
de estruturas complexas, que chamamos de hiperestáticas, que correspondem à maior
parte das soluções estruturais usadas em projetos. Conversaremos sobre soluções
estruturais que, geralmente, são empregadas para vãos e esforços considerados
grandes. Você também aprenderá sobre algumas abordagens computacionais envol-
vidas nos softwares atuais de análise estrutural e os possíveis problemas oriundos
da confiança excessiva neles. Conheceremos, também, as análises feitas com cargas
móveis, usadas em pontes e passarelas.
Como futuro(a) engenheiro(a) civil, você será responsável pela estabilidade dessas
estruturas, logo você precisará entender seu comportamento para fazer o correto
dimensionamento, projeto e execução delas, para que sejam seguras e atendam às
referências normativas utilizadas no Brasil. Daí a necessidade de uma análise estrutural
correta, que represente bem a estrutura a ser executada. Lembre-se de que qualquer erro
relacionado à estrutura de uma edificação pode ocasionar em sinistros e danos graves.
É evidente que analisar estruturas não é uma tarefa tão simples e que teremos mui-
to a aprender para poder projetar uma estrutura real. Mas tenho certeza de que, ao
final desta disciplina, você entenderá muito melhor como as estruturas funcionam e se
comportam. Acompanhará situações práticas que lhe permitirão aplicar esses conceitos
durante seu exercício profissional.
Vamos juntos descobrir como manter estruturas de pé?
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM

1 2
11 43
GRAU DE TEOREMAS E
HIPERESTATICIDADE PRINCÍPIOS

3 4
71 101
MÉTODO DAS MÉTODO DOS
FORÇAS DESLOCAMENTOS

5 129 6
155
PROCESSO DE ANÁLISE MATRICIAL
CROSS DE ESTRUTURAS
8
7
181 207
MODELAGEM FUNDAMENTOS DO
COMPUTACIONAL PROJETO ESTRUTU-
DE ESTRUTURAS RAL

9
237
CARGAS MÓVEIS EM
ESTRUTURAS
1
Grau de
Hiperestaticidade
Me. Gabriel Trindade Caviglione

Nesta unidade, você conhecerá os conceitos iniciais das estruturas


hiperestáticas. Imagino que você já conheça o comportamento de
estruturas isostáticas, sabendo determinar as suas reações de apoio,
os esforços cortantes e os momentos fletores atuando na estrutura.
Mas e quando a estrutura tem uma reação de apoio extra? Como
calcular? Você aprenderá a calcular e resolver estruturas exatamente
nessa situação, quando as equações da estática não são suficien-
tes para achar o valor das reações. Aprenderá a avaliar o grau de
estaticidade de uma estrutura, interna e externamente, avaliando
seu comportamento em hipostática, hiperestática e isostática. A
identificação desses comportamentos e o entendimento correto
desses conceitos é muito importante para o(a) engenheiro(a), uma
vez que a grande maioria das estruturas de concreto armado mol-
dado in loco é hiperestática.
UNICESUMAR

Você já tentou esboçar o sistema estrutural de um estádio


de futebol? Já imaginou como se comporta o sistema
estrutural de um edifício alto durante uma tempesta-
de, com bastante vento? Como se comporta uma ponte
estaiada quando um caminhão trafega sobre ela? Claro
que, para responder a essas perguntas, precisamos de um
engenheiro de estruturas, que poderá mostrar como essas
estruturas complexas se comportam, qual é o caminho
das forças e como as edificações param em pé.
Durante o seu futuro exercício profissional, é provável
que você se depare com estruturas complexas, pórticos tri-
dimensionais, treliças, grelhas, arcos, entre tantos tipos de
estruturas, geralmente, estaticamente indeterminadas, isto
é, estruturas hiperestáticas. E, nesses casos, a pergunta que
você, como engenheiro(a), precisará responder é: como
projetar essas estruturas de maneira segura e econômica?
Como avaliar o comportamento de estruturas complexas?

Bom, para responder a isso, nós precisamos entender


como o material se comporta, isto é, o quanto de esfor-
ço ele é capaz de suportar e quanto desse determinado
esforço está agindo na estrutura. Esta disciplina focará
no entendimento do comportamento de estruturas com-
plexas, que não pode ser estimado apenas pelas equações
do equilíbrio estático. O desafio, então, é a determinação
dos esforços de flexão, cortante, tração, torção e das de-
formações e rotações que aparecerão na estrutura para,
então, o(a) engenheiro(a) proceder com o projeto.

12
UNIDADE 1

Tomemos por exemplo uma pequena residência em


concreto armado. Nada muito complicado, certo?
Algo bem comum, tradicional. Quantos pilares te- REALIDADE
ríamos nessa residência? Considere que, abaixo de AUMENTADA
cada pilar, teremos uma fundação — estacas ou uma
sapata —, um ponto de apoio. Assim, teríamos quan-
tos pontos de apoio para a estrutura dessa residência?
Se tomarmos uma residência com seis pilares —
uma casa bem pequena —, teríamos, pelo menos,
seis reações de apoio à estrutura. Considerando seus
conhecimentos prévios em estruturas, você saberia
calcular os valores dessas reações de apoio?
Para garantir o equilíbrio das cargas na vertical,
o somatório das forças verticais, dos momentos ao
redor do eixo x e dos momentos ao redor do eixo y
precisa ser zero (LEET et al., 2009).
Reações de Apoio em
Estrutura Tridimensional

ΣFv = 0
ΣMx = 0 (1.1)

ΣMy = 0

Aplicando as equações anteriores, considerando as seis reações de apoio em posições genéricas


e o carregamento qualquer qi , teremos:

ΣFv = 0 ∴→ R1 + R2 + R3 + R4 + R5 + R6 − Σqi = 0
ΣMx = 0 ∴→ R1y1 + R2y2 + R3y 3 + R4y 4 + R5y5 + R6y6 − Σqiyi = 0 (1.2)

ΣMy = 0 ∴→ R1x 1 + R2x 2 + R3x 3 + R4x 4 + R5x 5 + R6x 6 − Σqi x i = 0

Em que:

• Rj corresponde à reação vertical do ponto de apoio “j”.


• xj corresponde à coordenada x do ponto “j”.
• yj corresponde à coordenada y do ponto “j”.
• qi corresponde a um carregamento qualquer no ponto qualquer “i”.

13
UNICESUMAR

Nessa situação hipotética, teríamos um sistema linear de três equações com seis incógnitas ( R1 , R2 , R3 , R4 ,
R5 e R6 ), ou seja, trata-se de um sistema impossível de se resolver. A partir dessas condições, não é possível
calcular as reações de apoio, pois temos mais reações disponíveis do que equações de equilíbrio. Assim
como na Figura 2, que mostra uma viga hiperestática, na qual temos uma reação de apoio extra “sobrando”.

Figura 1 - Viga hiperestática: temos quatro reações de apoio frente a apenas três equações de equilíbrio / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga hiperestática, com um carregamento distribuído ao longo do comprimento
e uma carga concentrada no ponto C. A viga tem três apoios: nos pontos B, C e D. A figura também mostra a substituição
dos apoios por reações VB, VD, HD e VE. Ilustra que a viga tem mais reações — incógnitas — do que equações de equilíbrio.

Mesmo uma pequena residência, construída em tecnologia convencional, concreto armado moldado in
loco, pode ter uma estrutura hiperestática e de solução indeterminada pelas equações da estática. Assim,
o desafio é procurar outras condições para se calcular os esforços dos pilares, vigas e lajes dessa residência.
Você pode usar o Diário de Bordo para registrar e relembrar os conceitos já vistos que podem lhe
ajudar a resolver estruturas estaticamente indeterminadas. Procure soluções para analisar estruturas
hiperestáticas, comece pensando em estruturas mais simples como a da Figura 2.

14
UNIDADE 1

A primeira coisa a ser avaliada em qualquer estrutura é a sua esta-


bilidade e condição de vinculação. Para isso, precisamos avaliar se a
quantidade de vínculos e se seus tipos são suficientes para evitar uma
movimentação da estrutura. Quando existe um número menor de
vínculos do que o necessário, consideramos a estrutura hipostática e,
portanto, instável. Estruturas com essas condições de estaticidade estão
sujeitas ao movimento, e não devem ser usadas, a não ser em situações
específicas, em que seja prevista uma movimentação na estrutura —
pontes rolantes, tombadores de moega, pontes basculantes, entre outros.

Figura 2 - Estrutura hipostática: ponte basculante Lindaunis. Não há restrição aos movimen-
tos no sentido anti-horário, permitindo que a ponte rotacione para a passagem dos barcos

Descrição da Imagem: a figura mostra uma ponte basculante chamada de Lindanuis.


A ponte é de baixa altura, e não permite a passagem de embarcações. A vista está
em um plano horizontal. Em um primeiro momento, a ponte apresenta-se abaixada,
com um trem trafegando sobre ela e um barco próximo. Em um segundo momento,
já livre do trem, a ponte é elevada, e o barco pode passar por ela.

15
UNICESUMAR

Estruturas hipostáticas podem permanecer estáticas, mas


estarão sempre sob uma condição de equilíbrio instável.
Pode ocorrer uma situação de carregamento, tal qual o
próprio carregamento conseguir impedir deslocamentos
na direção da liberdade da estrutura. Trata-se de uma
forma crítica, uma condição de equilíbrio instável (SUS-
SEKIND, 1980).

Já em estruturas isostáticas, temos exatamente o número de rea-


ções necessárias ao equilíbrio. Isso significa que são estruturas
estáveis, que não se movimentarão quando aplicada uma força.
No entanto, se, por algum motivo, algum dos vínculos vier a fa-
lhar, a estrutura logo entrará em movimento, pois não dispõe de
apoios extras. Esse tipo de estrutura é muito comum em estruturas
pré-fabricadas ou metálicas, pois, como elas serão montadas no
local, é mais fácil que as vigas trabalhem biapoiadas.
Quando uma estrutura dispõe de reações extras ao equilíbrio,
ela é chamada de hiperestática, também é considerada estável.
Por ter uma reação extra, poderíamos até considerá-la, um pouco
inapropriadamente, como mais estável. Nessas estruturas, temos
mais restrições do que o necessário para estabilizar a estrutura, tipi-
camente, uma condição de estruturas de concreto moldada in loco.

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UNIDADE 1

Figura 3 (a) - Estrutura isostática (à esquerda): pré-moldados de concreto. Repare


que as vigas estão apoiadas nos pilares com um dente Gerber, ou seja, tem a rotação
livre; 4 (b) - Estrutura hiperestática (à direita): concreto moldado in loco. Repare que
todas as rotações do pórtico ficam restringidas devido à monoliticidade da estrutura

Descrição da Imagem: a figura mostra duas estruturas em processo constru-


tivo. À esquerda, um barracão de concreto pré-moldado isostático e, à direita,
um edifício vertical de concreto moldado in loco. A estrutura pré-moldada é
composta por pilares dispostos na vertical sobre os quais se apoia uma linha de
vigas, que ficam simplesmente apoiadas sobre os pilares, como peças, sobre o
encaixe Gerber. Ao fundo, é possível ver outras vigas e terças da cobertura, além
de um guindaste trabalhando. A estrutura monolítica tem quatro pavimentos,
e demonstram-se as formas e escoramento de um pavimento em construção,
são diversos pilares na vertical, com suas esperas de armadura. As vigas e lajes
da estrutura, dispostas na horizontal, mostram-se solidarizadas aos pilares. Ao
fundo, é possível visualizar outro prédio em construção.

Uma simples maneira para classificar uma estrutura e relembrar es-


ses conceitos é entender a etimologia da palavra usada. Por exemplo,
no termo “isostática”, o prefixo “iso” faz alusão à ideia de igual, e o
sufixo “estática” remonta à estabilidade da estrutura. Então, temos
um número de reações igual ao número necessário para garantir o
equilíbrio, a estabilidade. Analogamente, no termo “hiperestática”,
“hiper” refere-se a mais, superior, além do necessário. Mais reações
do que o necessário ao equilíbrio. Em “hipostática”, “hipo” refere-se
a menos, inferior, pouco. Menos reações do que o necessário ao
equilíbrio. A Figura 5 resume o conceito.

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UNICESUMAR

Figura 4 - Resumo de estabilidade e estaticidade: estruturas hipostática, isostática e hiperestática / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura apresenta três vigas de carregamentos idênticos, uma carga distribuída e uma carga con-
centrada no ponto C. Entre as vigas, temos: uma hipostática à esquerda, com apenas um vínculo do segundo gênero, duas
reações de apoio; uma isostática ao centro, com dois vínculos, três reações de apoio; uma hiperestática à direita, com três
vínculos, dois do 1º gênero e um do 2º gênero, totalizando quatro reações de apoio.

Percebe-se, então, que, para avaliar a estabilidade de uma estrutura, é fundamental entender suas con-
dições de vinculação. Os vínculos são apoios capazes de fornecer um sistema de forças que estabilize
os carregamentos, agindo sobre essa estrutura, impedindo-a de se deformar. Em uma estrutura real,
é impossível ter uma deformação nula, geralmente, temos reações de apoio após pequenas deforma-
ções, dentro de um limite aceitável. Nessas condições, uma maneira mais precisa para simular esse
comportamento é usando vínculos elásticos, conforme a Figura 6.

Figura 5 - Vínculos rígidos e elásticos / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem indica um retângulo com o texto “vínculos ideais”, que se divide em duas opções: rígidos
e elásticos. Em seguida, estes dividem-se em três tipologias: 1º gênero, 2º gênero e 3º gênero. Abaixo, temos a inscrição
de reações e restrições correspondentes a cada um dos gêneros: verticais (1º gênero); verticais e horizontais (2º gênero); e
verticais, horizontais e rotações (3º gênero).

18
UNIDADE 1

Esses vínculos também podem ser usados para simular o comportamento


de trechos de estrutura. Por exemplo, suponhamos que se queira analisar
os efeitos da fluência — deformação lenta do concreto relacionada à
compressão — de um pilar com relação à viga localizada na cobertura de
um edifício de 25 andares. Nessa situação, pode-se calcular a deformação
e carga do pilar separadamente e, então, escolher um valor de mola de
comportamento elástico que represente esse pilar para analisar a viga.
Em uma situação prática, você sabe como funcionam os víncu-
los e as reações de apoio? Como são os apoios de uma estrutura de
um edifício? Pensando em fundações, temos dois tipos básicos: as
sapatas — fundações diretas — e as estacas — fundações profundas.
Existem vários arranjos que podem se comportar como vínculos do
1º, 2º ou 3º gênero, elástico ou rígido.

Figura 6 - Vínculos e comportamento das fundações / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra duas regiões diferentes. À esquerda, temos


os apoios do primeiro e segundo gênero — rígidos e elásticos — associados à sapa-
ta pequena e uma estaca de pequenas dimensões; à direita, temos apoios do três
gênero — rígidos e elásticos — sendo associados a sapatas de grandes dimensões,
blocos sob duas estacas de pequeno diâmetro e uma estaca da grande diâmetro.

Sapatas pequenas e estacas de pequeno diâmetro não são capazes


de restringir rotação, devem se comportar como apoios de 1º ou 2º
gênero. Para restringir translação no plano horizontal, essas sapatas

19
UNICESUMAR

e estacas precisam desenvolver certo atrito, por isso, é necessária


certa carga gravitacional. Blocos sobre estacas, estacas rígidas
e sapatas grandes são capazes de evitar a rotação dos pilares,
podendo ser consideradas como engastes. Assim, é necessário
o bom senso do(a) engenheiro(a) ao projetar uma estrutura e
escolher corretamente sua vinculação.
Conhecidas as condições de apoio e vinculação de uma estrutu-
ra, poderemos avaliar sua estaticidade ou grau de hiperestaticidade.
Para Sussekind (1980), o grau de hiperestaticidade é exatamente
a quantidade de incógnitas que não podem ser calculadas pelas
equações da estática. Podemos escrevê-lo conforme a equação :

gext = R − E (1.3)

Em que:

• gext é o grau de hiperestaticidade externa da estrutura.


• R é o número de reações disponíveis ao equilíbrio.
• E é o número de equações para o equilíbrio estático no plano
( ΣFh = 0; ΣM = 0; ΣFv = 0 ).

No entanto, internamente, uma estrutura pode ter um comporta-


mento diferente de sua avaliação externa. Olhando para a Ponte
de Waterhoek — Figura 8, formada por uma viga Vierendeel
idealizada em aço —, podemos observar que, embora a estrutura
seja isostática, não é possível determinar os esforços ao longo da
estrutura, ou seja, internamente, a estrutura é hiperestática.

20
UNIDADE 1

B Figura 7 (a) - Ponte de Waterhoek; 8 (b)


- esforços em estruturas internamente
hiperestáticas / Fonte: Wikimedia Com-
mons ([2021], on-line) e adaptada de Sus-
sekind (1980).

Descrição da Imagem: a figura


mostra a Ponte Waterhoek, com-
posta por vigas Vierendeel bia-
poiadas às margens. Ao fundo, é
possível observar algumas casas
e vegetação rasteira. Vigas Vieren-
deel são compostas por quadros
associados horizontalmente, isto
é, uma associação de duas vigas
horizontais com vários pilares ao
logo do comprimento dela. À direi-
ta, vemos o esquema estático de
uma estrutura com dois quadros,
mostrando que não é possível de-
terminar os esforços internos do
quadro — pelas equações da está-
tica —, agindo estes como incógni-
tas. Cada quadro tem três incógni-
tas — momento fletor, cortante e
esforço normal. Temos, ainda, um
arco atirantando, em que não é
possível determinar o esforço de
tração do tirante — pelas equações
da estática —, em que ele age como
uma incógnita para o problema.

Segundo Sussekind (1980), podemos escrever o grau de hi-


perestaticidade total de uma estrutura como a soma das hi-
perestaticidades internas e externas.

(1.4)

Em que:

• gint é o grau de hiperestaticidade interna da estrutura.


• gext é o grau de hiperestaticidade externa da estrutura.

A hiperestaticidade interna é comum quando temos quadros


fechados e tirantes presentes na estrutura. Ao fazermos um corte
nas estruturas, podemos reduzi-las a isostáticas e substituir seus
esforços internos por forças que atuam nesse corte (Figura 8).
Na presença de tirantes, temos uma nova incógnita, o esforço de

21
UNICESUMAR

tração no tirante, ou seja, uma incógnita extra. No caso de quadros, temos como incógnitas os esforços
de momento fletor, esforço normal e esforço cortante. Ou seja, três incógnitas extras por quadro. Outro
efeito importante a ser considerado ao avaliar a hiperestaticidade de uma estrutura são os conectores de
suas barras. O tipo de conexão entre as barras determinará quais esforços serão transmitidos nas ligações.

Figura 8 - Rótula e suas propriedades na transmissão de esforços / Fonte: o autor e Shutterstock.

Descrição da Imagem: a figura exemplifica o comportamento da rótula, um elemento de ligação que permite a rotação,
transmitindo apenas esforços normais e de corte. A figura é composta por quatro ilustrações. Na primeira, temos o esquema
estático de uma viga rotulada, a viga tem dois apoios, um engaste e uma rótula; a figura mostra a transmissão dos esforços
verticais e horizontais entre o trecho biapoiado e engastado. A segunda ilustração é uma ligação de dente Gerber: temos
um pilar disposto na vertical, com consolos em ambos os lados — volumes laterais, para fora da seção do pilar —, o lado
esquerdo está livre; já no lado direito, temos uma viga apoiada no consolo, a viga tem um corte — dente Gerber — em
sua seção para encaixar no consolo, tal ligação não permite a passagem de momentos fletores; ao fundo, temos outras
estruturas — metálicas e de concreto. Na terceira ilustração, temos a anatomia de um joelho humano, os tendões mantêm
conectados os ossos, que podem deslizar um sobre o outro, permitindo a rotação. A quarta ilustração mostra uma mulher
correndo, em que é possível observar o joelho, transmitindo a ideia de movimento e rotação do joelho ao correr.

A presença da rótula evita a transmissão de momentos fletores. Assim como o joelho, a rótula per-
mite a rotação, assim, no ponto onde a rótula está localizada, o momento fletor precisa ser nulo. Essa
condição nos permite dispor de duas novas equações:

• Momento fletor à direita da rótula nulo: M dir ,r = 0 .


• Momento fletor à esquerda da rótula nulo: Mesq ,r = 0 .

Entretanto, em uma estrutura em equilíbrio, as forças agindo à direita de um ponto precisam ser
iguais e opostas às forças agindo à esquerda. Isso equivale a dizer que M dir ,r = Mesq ,r , assim, embora
a rótula adicione duas equações ( M dir ,r = 0 e Mesq ,r = 0 ), uma delas é dependente da outra. Ou seja,
na prática, temos apenas uma equação nova ( M r = 0 ) (KASSIMALI, 2015).
Esse mesmo raciocínio se aplica a pórticos: se tivermos três barras se encontrando em uma rótula
(Figura 10), teríamos três equações de M r = 0 . No entanto, teremos novamente uma das equa-
ções linearmente dependente das demais, pois o somatório dos momentos no nó precisa ser nulo
( M dir ,r + Mesq ,r + M abx ,r + M acim,r = 0 ). O número de novas equações será sempre o número de
barras subtraído de 1, referente ao equilíbrio do nó.

22
UNIDADE 1

(1.5)
r = nr − 1

Em que:

• r é o número de equações adicionadas pela rótula.


• nr é o número de barras efetivamente ligadas à rótula.

Caso nem todas as barras participem da ligação rotulada, a regra explicada


anteriormente se aplica apenas às barras que estiverem conectadas à rótula,
pois, na região em que estiver conectada — não rotulada —, não teremos
momento fletor nulo, conforme mostra a Figura 10.

Figura 9 - Rótula em Pórticos, barras conectas à rótula / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra dois pórticos com rótulas ligeiramente diferentes.
Eles têm um engaste à esquerda, um apoio do primeiro gênero ao centro e um engaste à
direta. Na situação 1, à esquerda, temos uma rótula que fica posicionada à direita do nó,
enquanto no pórtico da direita, na situação 2, a rótula está sobre o nó. Neste nó, chegam
três barras, de tal forma que, na situação 1, apenas duas delas estão em contato com a
rótula, enquanto, na situação 2, as três estão em contato com a rótula. Essa situação é
exemplificada por um detalhe na rótula: na situação 1, é possível observar que duas barras
se deformam conjuntamente, enquanto, na situação 2, as três barras podem rotacionar
livremente, independentemente das outras.

Considerando os efeitos de hiperestaticidade externa, expressos na equa-


ção , efeitos de hiperestaticidade interna, expressos na equação , e equa-
ções extras adicionadas pelas rótulas, expressas na equação , temos a
equação geral , que exprime o grau de hiperestaticidade total da estrutura:

23
UNICESUMAR

g = R + gint − (E + r ) (1.6)

Em que:

• R é o número de reações.
• gint é o grau de hiperestaticidade interna da estrutura.
• E é o número de equações da estática.
• r é o número de equações de equilíbrio adicionadas pelas rótulas.

Já em treliças planas, a análise de estaticidade envolve outras condições de contorno, pois não temos
momentos fletores agindo sobre a estrutura, apenas esforços normais. Nesse cenário, cada barra da
treliça terá uma incógnita, seu esforço normal. Além dos esforços nas barras, também precisamos
determinar as reações de apoio.
Kassimali (2015) sugere que, para avaliar o equilíbrio das barras e dos vínculos, devemos avaliar as
forças agindo sobre cada nó, de tal forma que, se ΣFh = 0 e ΣFv = 0 , o nó deve estar em equilíbrio.
Assim, teremos duas equações de equilíbrio por nó. A Figura 11 exemplifica o conceito.

Figura 10 - Equilíbrio dos nós em uma treliça plana / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem representa uma treliça do tipo Bowstring — banzo inferior horizontal e banzo superior em
arco — sob dois apoios. A treliça tem, ao todo, 12 nós. Como cada nó tem uma rótula, o equilíbrio da treliça se dá pelo equi-
líbrio de cada nó. Na imagem, temos, então, as equações de equilíbrio para cada nó, bem como as forças agindo sobre eles.

24
UNIDADE 1

Comparando as incógnitas — reações de apoio e esforço normal em cada barra — com as equações de equi-
líbrio ( ΣFh = 0 e ΣFv = 0 em cada nó), temos a equação do grau de hiperestaticidade de uma treliça.

g = R + b − (2n ) (1.7)

Em que:

• R é o número de reações.
• b é o número de barras.
• n é o número de nós.

Se a equação resultar em um valor negativo, temos mais equações do que reações, portanto, um sistema
hipostático. Se a equação resultar em um valor nulo, temos exatamente o mesmo número de reações
e equações, portanto, um sistema isostático. Se a equação resultar em um valor positivo, temos mais
reações do que equações de equilíbrio, portanto, um sistema hiperestático.

Figura 11 - Resumo das condições de estaticidade / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta dois quadros resumindo as condições de estaticidade. À esquerda, temos a
regra geral, comparando o número de equações de equilíbrio — representado por E — e o número de reações — repre-
sentado por R. Caso R>E, temos uma estrutura hiperestática; caso R=E, temos uma estrutura isostática; e caso R<E, temos
uma estrutura hipostática. No quadro à esquerda, temos um resumo das equações já apresentadas: para vigas e pórticos,
usamos a equação (1.6) e, para treliças planas, a equação (1.7).

Será que essas equações conseguem descrever o comportamento de todas as estruturas?


Muitas vezes, temos situações que precisam ser analisadas com mais cautela. Por isso, para
sua formação, é muito mais importante entender os conceitos e desenvolver um olhar crítico
para o comportamento estrutural do que aplicar fórmulas cegamente.

Agora, aplicaremos esses conceitos a alguns exemplos e tentaremos avaliar o comportamento e grau de
estaticidade das estruturas. Observe a Figura 13. Temos, nela, três pórticos de comportamentos estruturais
distintos. O pórtico 1 tem uma reação vertical em A e uma reação vertical em B, assim duas incógnitas frente

25
UNICESUMAR

a três equações de equilíbrio, portanto, consideramos como hipostático. Ainda com relação ao pórtico 1, é
possível observar que, caso ele receba um carregamento horizontal, a estrutura deve se movimentar.
O pórtico 2, por sua vez, tem duas reações em A e uma reação em B, totalizando três reações de
apoio frente a três equações de equilíbrio, temos uma estrutura isostática. O pórtico 3 tem duas rea-
ções de apoio em A e três reações de apoio em B, totalizando cinco reações frente a 3 equações de
equilíbrio. Assim, o pórtico 3 é uma estrutura considerada (g = 5 − 3 = 2) duas vezes hiperestática,
isto é, existem duas reações “a mais” do que o necessário para equilibrar o pórtico.

Figura 12 - Três pórticos de diferentes graus de estaticidade / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: temos três pórticos apresentados: à esquerda, o pórtico 1; ao centro, o pórtico 2; e à direita, o pór-
tico 3. O pórtico 1 tem apenas reações verticais em seus dois apoios, A e B. O pórtico 2 tem duas reações em A — vertical
e horizontal — e uma reação em B — vertical. O pórtico 3 tem duas reações em A — vertical e horizontal — e três reações
em B — vertical, horizontal e rotação. Abaixo de cada pórtico, temos a classificação de cada um quanto à sua estaticidade:
pórtico 1 é hipostático; pórtico 2 é isostático; pórtico 3 é hiperestático..

Na Figura 14, temos outros exemplos do grau de estaticidade de estruturas. Na viga 1, temos cinco
reações de apoio frente a três equações de equilíbrio e uma equação referente à rótula, portanto, é uma
estrutura uma vez hiperestática. No arco 1, temos três apoios, cada um com duas reações, totalizando
seis incógnitas. Quanto às equações, temos duas rótulas e as três da estática, portanto, cinco equações
ao todo, assim, caracterizamos a estrutura como hiperestática. No pórtico 1, temos seis reações de
apoio frente a três equações de equilíbrio. Como a rótula é compartilhada pelas três barras, temos
duas equações que também podem ser consideradas no cálculo, ficam, então, seis reações frente a
cinco equações, portanto, é uma estrutura uma vez hiperestática. Na treliça 1, temos 31 barras, e cada
barra tem uma incógnita que é seu esforço normal, além das quatro reações de apoio. Temos, ainda, 16
nós, considerando duas equações por nó, teremos uma estrutura com três graus de hiperestaticidade.
É possível observar a hiperestaticidade nos quadros que têm duas diagonais (dois graus) e no apoio
extra (um grau). No pórtico 2, temos oito reações de apoio frente a três equações de equilíbrio e duas
equações das rótulas, totalizando três graus de hiperestaticidade para a estrutura.

26
UNIDADE 1

Figura 13 - Outros exemplos de grau de hiperestaticidade das estruturas / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: na figura, temos cinco esquemas estático de estruturas. A viga 1 tem três apoios do primeiro
gênero e um apoio do segundo gênero; entre o primeiro e segundo apoio, temos uma rótula, logo abaixo, temos a conta
para obtenção do grau de hiperestaticidade: g = 5-(3+1) = 1 vez hiperestática. À direita da viga, temos os arcos 1, são dois
arcos triarticulados justapostos; suas rótulas estão posicionadas nos pontos centrais do arco. Os apoios são do segundo
gênero; abaixo, temos o cálculo do grau de estaticidade: g = 6-(3+2) = 1 vez hiperestática. Abaixo, temos dois pórticos, o
pórtico 1 apresenta duas barras verticais — como pilares —, uma barra horizontal e duas barras inclinadas — como uma
cobertura. Esse pórtico tem um apoio do terceiro gênero — primeiro pilar —, um apoio do primeiro gênero — segundo
pilar — e um apoio do segundo gênero conectado por uma barra horizontal e uma rótula que engloba três barras. Temos,
ainda, o cálculo do grau de hiperestaticidade: g = 6-(3+2) = 1 vez hiperestática. À direita, temos o pórtico 2, composto por
três barras verticais e duas barras horizontais. Esse pórtico tem dois engastes nas barras verticais externas e um apoio do
segundo gênero na barra central; as barras verticais conectam os topos das horizontais, e, no final da barra central, temos
uma rótula que engloba três barras. Abaixo, temos o cálculo do grau de hiperestaticidade da estrutura: g = 3+2+3-(3+2) = 3
vezes hiperestática. A treliça 1, abaixo dos demais esquemas, tem dois apoios do primeiro gênero e um apoio do segundo
gênero. Trata-se de uma treliça de banzos paralelos, cujas extremidades terminam em barras diagonais, no sentido de baixo
para cima, todos módulos têm um montante e uma diagonal, com exceção de dois módulos próximos ao apoio do segundo
gênero, nos quais temos duas diagonais. Abaixo, temos o cálculo do grau de hiperestaticidade: g = 31 barras + 4 reações
de apoio - 2 vezes 16 nós = 3 vezes hiperestática.

A aplicação das equações para a obtenção do grau de hiperestaticidade pode mascarar o comportamento
real da estrutura. Por isso, é muito importante avaliar o comportamento da estrutura, além do resul-
tado das contas. Por exemplo, no pórtico 1 da Figura 15, temos uma estrutura oito vezes hiperestática
na vertical e sem restrição alguma na horizontal, isto é, hipostática. Ao avaliar as vigas 1 e 2 da Figura

27
UNICESUMAR

15, ambas são duas vezes hiperestáticas, no entanto, o trecho AB da viga 2 está livre para rotacionar,
assim, é localmente hipostático. Outra situação interessante é a viga 3, em que temos quatro reações
de apoio (três horizontais e uma vertical), mas a configuração desses apoios permite que a estrutura
rotacione ao redor do ponto B, portanto, estamos diante de uma estrutura hipostática.

Figura 14 - Exemplo de estruturas hipostáticas que demandam atenção; as linhas em azul claro mostram possíveis movimen-
tações que não estão restringidas pela estrutura / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra cinco estruturas distintas, três vigas, um pórtico e uma treliça. A viga 1 e a viga 2
estão no canto esquerdo superior da figura; ambas têm um apoio do segundo gênero — ponto A na viga 1 e ponto E na viga
2 —, um apoio do primeiro gênero — ponto C —, um engaste — ponto D, extremidade direita — e uma rótula — ponto B
—, ao todo, 2+1+3 = 6 reações. A única diferença entre as vigas é a posição do apoio do segundo gênero: na viga 1, o apoio
está no ponto A, assim, a rótula fica entre os apoios A e C, dando suporte ao trecho AB. Já na viga 2, o apoio está no ponto
E, assim, a rótula fica em balanço, e o trecho AB fica sem apoio, permitindo que haja rotação representada por uma linha
azul pontilhada. Embaixo de cada viga, temos o cálculo da estaticidade: g = 6-(3+1) = 2, embora a viga 1 seja hiperestática,
a viga 2 é hipostática. Na viga 3, na extremidade inferior esquerda da figura, temos uma viga ABC, sendo que temos um
apoio do segundo gênero no ponto B e dois apoios do primeiro gênero em A e C. Os apoios do primeiro gênero estão
rotacionados a -90° e 90°, de tal forma que restringem apenas deslocamentos horizontais. Nessa configuração, os apoios
não conseguem restringir a rotação da barra, representada por uma linha azul pontilhada. A figura ainda mostra o cálculo
do grau de hiperestaticidade, embora g = 4-3 = 1, é uma estrutura hipostática. À direita, temos o pórtico 1, que tem cinco
pilares — barras verticais — e duas vigas; a viga superior liga a cabeça de todos os pilares, enquanto a viga inferior conecta
pontos intermediários dos três pilares centrais, assim, temos a formação de dois quadros. Todos os pilares se apoiam em
apoios do primeiro gênero. Temos o cálculo da estaticidade: g = 5+6-3 = 8, mas como não há nenhuma restrição horizontal na
estrutura, é considerada como hipostática. A figura mostra, ainda, a treliça 1, apoiada em dois vínculos do segundo gênero,
situados nas extremidades. A treliça é composta por um banzo inferior horizontal — seis módulos —, banzo superior central
horizontal — dois módulos —, e o banzo superior nas extremidades é inclinado — dois módulos de cada lado. Os módulos
centrais (CDEJI e DEKJ) não têm diagonais, enquanto os módulos da extremidade têm duas diagonais (BCIH e EFLK), assim,
os módulos centrais são quadros instáveis e podem se deslocar, conforme a linha pontilhada ilustrada em azul. O cálculo
da estaticidade é de g = 21 barras - 2 vezes 12 nós + 4 reações de apoio = 1 vez, mas é uma treliça hipostática.

28
UNIDADE 1

Por fim, temos a treliça 1 da Figura 15. Ao analisá-la, teremos 21 barras, 12 nós e quatro reações de apoio,
assim, é uma estrutura que poderia ser considerada uma vez hiperestática. No entanto, ao imaginarmos
o comportamento dela, podemos observar que não temos travamentos nos quadros CDJI e EDJK: eles
podem se movimentar livremente. Observe que os quadros BCHI e EFLK são hiperestáticos e compensam
a falta de travamento dos quadros CDJI e EDJK, “escondendo” a hiposestaticidade da estrutura.

É importante que você, como futuro(a) engenheiro(a), busque en-


tender o comportamento da estrutura. Mais do que calcular os nú-
meros em uma fórmula, você é responsável por interpretá-los, dar
significado a eles. Nesta pílula de aprendizagem, aplicaremos alguns
conceitos já aprendidos sobre grau de hiperestaticidade, trazendo
a importância de o(a) engenheiro(a) desenvolver um olhar atento à
estrutura, capaz de identificar seu comportamento.

Segundo Kassimali (2015), ao avaliarmos um problema estrutural no espaço, temos seis graus de
liberdade, isto é, três deslocamentos e três rotações (Figura 16). Assim, para garantir a estabilidade de
uma estrutura no espaço, precisamos considerar:

ΣFx = 0; ΣMx = 0
ΣFy = 0; ΣMy = 0 (1.8)

ΣFz = 0; ΣMz = 0

Nessas condições, temos seis equações de equilíbrio para avaliar a estaticidade da estrutura no espaço. No
caso específico de grelhas, não temos cargas atuantes no plano XY, portanto, o problema fica reduzido a:

ΣFv = 0
ΣMx = 0 (1.9)

ΣMy = 0

De tal maneira que a estaticidade de uma grelha pode ser calculada pelas equações que já foram citadas,
considerando, também, três equações de equilibro, embora sejam equações diferentes.
Por exemplo, ao analisar a grelha 1 (Figura 16), temos três reações ( Mx , My e Fv ) em D e duas
reações em E e A ( Fve e Fva ), assim, quanto ao grau de hiperestaticidade, teremos g = 5 − 3 = 2
vezes hiperestática. Quanto à grelha 2, teremos três reações em A ( Mx , My e Fv ) e uma única reação
no apoio de primeiro gênero ( Fvd ), portanto, teremos g = 4 − 3 = 1 vez hiperestática.

29
UNICESUMAR

Figura 15 - Exemplo de estruturas espaciais para análise de hiperestaticidade / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem ilustra três estruturas: a grelha 1 está à esquerda; a grelha 2, ao centro; e uma treliça es-
pacial, à direita. As grelhas são estruturas formadas pela associação de vigas no plano horizontal. Na figura, consideramos o
plano horizontal como sendo o plano xy. A grelha 1 é formada por duas vigas cruzadas entre si (ACE e BCD), ortogonalmente,
temos dois apoios do primeiro gênero e um apoio do terceiro gênero, temos ainda uma carga distribuída na vertical para
baixo. Na grelha 2, temos uma viga balcão, em formato de “L”. Esta viga tem um engaste e um apoio do primeiro gênero,
ambos suportando uma carga pontual, vertical para baixo, na extremidade da viga. À direita, temos uma treliça espacial,
com dois apoios do primeiro gênero e dois apoios do segundo gênero — translações em z, em x e em y —, dispostos em
um formato retangular no plano horizontal. Em cada face desse retângulo, temos um módulo de treliça plana, disposta na
vertical; no ponto mais alto, os quatro lados são unidos por uma pirâmide. No topo dessa pirâmide, temos uma barra hori-
zontal sustentada por outras duas inclinadas, estas barras sustentam uma caga P concentrada vertical para baixo, projetada
horizontalmente para fora do corpo da treliça. Temos, então, a treliça espacial representada com 10 nós e com 24 barras.
As barras ao fundo estão representadas por linhas pontilhadas, e as próximas estão em linhas cheias.

Em treliças espaciais (Figura 16), o processo de cálculo é semelhante ao de treliças planas (Figu-
ra 11), ou seja, será verificado o equilíbrio do nó, só que a verificação ocorrerá nas três direções
( ΣFx = 0 ; ΣFy = 0 e ΣFz = 0 ), de tal forma que teremos três equações por nó.

g = R + b − 3n (1.10)

Em que:
• R é o número de reações.
• b é o número de barras.
• n é o número de nós.

Por exemplo, ao se observar a treliça espacial da Figura 16, notam-se oito reações de apoio, dois
apoios do tipo móvel — com reações verticais, em z — e dois apoios do tipo fixo — com restrições
a translações na vertical e horizontal, reações em x, y e z. A treliça tem 24 barras, cada uma com um
esforço normal, a ser calculado, e tem 10 nós, cada nó com três condições de equilíbrio. Então, o grau
de hiperestaticidade da treliça é g = 8 + 24 − 3.10 = 32 − 30 = 2 vezes hiperestática.

30
UNIDADE 1

Figura 16 – Porto de Hamburgo, exemplo de treliças espaciais / Fonte: Pixabay (2018, on-line).

Descrição da Imagem: a figura mostra o porto de Hamburgo. É possível observar quatro guindastes marítimos brancos em
um plano mais próximo; ao fundo, é possível observar outros dois conjuntos de guindastes, cada um com seis guindastes
de coloração vermelha e azul. Ao fundo, é possível observar uma ponte e uma linha de transmissão de eletricidade. Esses
guindastes são formados por treliças espaciais de aço, eles podem rotacionar seu braço para fazer o içamento das cargas. No
oceano, mas próximo ao cais, temos dois navios, um carregado e outro praticamente vazio, com apenas três containers visíveis.

Justamente por nossas estruturas estarem dispostas em três dimensões no espaço, é necessário avaliar
sua estabilidade nessas condições. Mesmo que um pórtico ou viga seja hiperestática, ao fazer a análise
bidimensional, ela pode ser instável lateralmente, isto é, hipostática na direção transversal.
Esse efeito também é muito comum em treliças, as quais precisam estar travadas e contraventadas
lateralmente para que possam suportar os esforços para os quais foram projetadas, sem que sofram com
instabilidades laterais. A Figura 18 mostra uma ponte composta por duas treliças isostáticas planas que

31
UNICESUMAR

estão contraventadas. O contraventamento é feito nos banzos superiores e inferiores da treliça, para
que, quando carregada, ela não se mova lateralmente, perdendo sua resistência concebida no projeto.

Contraventamento cruzado da
corda inferior, todos os painéis.

Treliça

Contraventamento
do portal

Diagonal
da treliça

Longarina

Contraventamento cruzado da
corda inferior, todos os painéis.

Treliça

Balancim Chapa de piso assentada em


Transversinas longarinas não mostradas.

Figura 17 – Treliças planas isostáticas contraventadas para evitar instabilidade lateral / Fonte: adaptada de Leet et al. (2015).

Descrição da Imagem: a figura mostra, esquematicamente, a estrutura de uma ponte metálica. É possível observar duas
treliças biapoiadas dispostas na vertical. O tabuleiro está no banzo inferior das treliças e é formado por quatro longarinas, que
são vigas dispostas paralelas ao eixo longitudinal da ponte travadas por cinco transversinas — dispostas transversalmente,
alinhadas aos nós das treliças. No banzo inferior e superior, temos estruturas de contraventamento destacadas em cor — o
restante da figura é preto e branca —, essas estruturas estão em um formato de “X”, conectando os nós da treliça diagonal-
mente no plano horizontal, tanto no banzo superior quanto no banzo inferior..

32
UNIDADE 1

O conceito de contraventamento e estabilidade lateral é válido para


todas as estruturas. A análise, o projeto e o dimensionamento podem
ser feitos no plano bidimensional, mas é necessário entender o processo
construtivo e considerar como a estrutura estará disposta no espaço.
O grau de hiperestaticidade de uma estrutura depende da
concepção estrutural que o(a) engenheiro(a) teve sobre ela.
Como já visto, uma estrutura hipostática é instável e não deve
ser projetada, mas as estruturas isostáticas e hiperestáticas são es-
táveis. Então, como escolher entre hiperestática e isostática? Para
você poder escolher a melhor concepção para a sua estrutura,
é fundamental entender as vantagens e desvantagens do uso de
cada uma. Em estruturas isostáticas, o processo de cálculo é bem
mais simples do que em estruturas hiperestáticas. Antigamente,
as contas eram todas realizadas pelo(a) engenheiro(a) calculista,
e o processo de cálculo de uma estrutura isostática seria mais rá-
pido do que de uma hiperestática. No entanto, hoje em dia, com
o uso de computadores, a preocupação com o tempo de cálculo
deixou de existir, mas, ainda assim, uma estrutura hiperestática
pode ser de interpretação mais complexa, principalmente, para
um(a) engenheiro(a) inexperiente.
Uma vantagem significativa do uso das estruturas hiperestáticas
é a possiblidade de homogeneizar os esforços. Em um projeto es-
trutural, grandes esforços significam grande consumo de materiais,
então, quando o projetista consegue deixar os valores mais próximos
uns dos outros — ao logo da estrutura —, ele tende a economizar
material. A Figura 19 mostra o diagrama de momento fletor de
uma viga isostática e uma viga hiperestática.
Na viga isostática, o valor do momento fletor positivo é muito su-
perior ao da viga hiperestática, pois a continuidade da viga permite a
homogeneização dos momentos. Outro efeito significativo da continui-
dade em estruturas é a redução de suas deformações e deslocamentos.

33
UNICESUMAR

Figura 18 - Otimização dos momentos com a continuidade da viga, a hiperestaticidade da estrutura permite que ela apresente
menores deformações e menores momentos máximos quando comparada à viga isostática / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra o diagrama de momento fletor de duas vigas horizontas, as vigas têm quatro vãos e
cinco apoios. A viga mostrada acima é isostática e descontínua, portanto, o diagrama de momento fletor é apenas positivo,
representado para baixo, de formato parabólico, de diferentes intensidades. A viga abaixo é hiperestática, com continuidade,
assim, apresenta picos de momentos negativos sobre os apoios centrais, representados para cima, com isso, os valores de
momento negativo, representados para baixo, são menores em comparação à viga anterior.

Esse efeito ocorre, também, em pórticos, grelhas e treliças,


geralmente, estruturas hiperestáticas terão os esforços mais
distribuídos entre suas barras e vínculos, de tal forma que
sua magnitude tende a ser menor. Contudo, cada caso deve
ser analisado separadamente pelo projetista, juntamente
com seu carregamento, específico das condições de con-
torno do projeto. Assim, em um aspecto geral, quando um
projetista estiver com problemas de deformações excessi-
vas, ou valores muito grandes de momentos, ele pode optar
por aumentar o grau de hiperestaticidade da estrutura.
Outra vantagem do uso de estruturas hiperestáticas é a
possiblidade de redistribuição dos esforços no caso de falha
de algum elemento. Na execução de uma estrutura, nem
sempre as cosias ocorrem como planejado, por isso, esse
é um ponto muito importante a se considerar.
Suponhamos que uma obra foi construída próxima a uma
adutora de água. No caso dessa adutora apresentar algum
vazamento e comprometer a fundação da residência, os vín-
culos da estrutura falhariam. Nesse cenário, uma estrutura
isostática entraria em colapso, ao passo que uma estrutura
hiperestática pode tentar — em função da sua rigidez e resis-

34
UNIDADE 1

tência disponível — redistribuir os esforços para outros apoios que não foram comprometidos. Existem
outros diversos cenários que podem ocorrer, por exemplo, a excentricidade na execução dos pilares e das
fundações, colisões, falhas de concretagem, recalques do solo, excesso de sobrecarga, enfim são diversas
situações que podem provocar o colapso da estrutura. No caso de uma estrutura hiperestática, ainda
que a estrutura venha a romper, espera-se que seja com deformações mais lentas — capazes de serem
visualizadas antes do colapso — e de menor magnitude.
Por fim, a principal vantagem de estruturas isostáticas é a possibilidade de pré-fabricação. Esse tipo de
concepção estrutural é adequado para pré-fabricados e estruturas metálicas, isto é, estruturas montadas no
local. São estruturas de execução muito rápida, e a conexão entre os elementos é feita de maneira a simplificar
a montagem, por isso, costumam ser isostáticas. Geralmente, as estruturas hiperestáticas são usadas para
estruturas moldadas in loco, processo executivo mais lento, mas que garante a solidarização da estrutura.
Existem ligações de pré-moldados e pré-fabricados que garantem a continuidade das estruturas,
mas são ligações que costumam demorar mais tempo para ser executadas e, dessa maneira, acabam
perdendo a vantagem competitiva desses sistemas construtivos. Entretanto, é evidente que cada obra
precisa de uma avaliação minuciosa para avaliar qual sistema construtivo e concepção estrutural é mais
adequada. A Tabela 1 traz um quadro comparativo do uso de estruturas isostáticas e hiperestáticas.

ISOSTÁTICAS HIPERESTÁTICAS

Processo de cálculo Simples Complexo

Deformações Maiores Menores

Redistribuição dos esforços em caso de falhas Não permite Permite

Continuidade e homogeneização dos esforços (pro- Pode permitir


Permite
vável economia) (geralmente, não)

Pode permitir
Pré-fabricação Permite
(geralmente, não)
Tabela 1 - Comparativo do uso de estruturas isostáticas e hiperestáticas / Fonte: o autor.

Como a estaticidade da estrutura influencia na concepção e decisões


do projeto estrutural? Em um escritório de projetos, como o(a) enge-
nheiro(a) utiliza esses conceitos a fim de conceber a melhor estrutu-
ra? Quais são as considerações mais importantes ao se utilizar um
software de projeto estrutural? Confira o podcast intitulado Estrutu-
ras hiperestáticas e isostáticas no dia a dia do projeto estrutural para
entender um pouco mais desse assunto.

35
UNICESUMAR

Os conceitos de grau de hiperesta-


ticidade e estabilidade são funda-
mentais na formação de qualquer
engenheiro(a). Mesmo aqueles que
optam por se especializar na execu-
ção de obra precisam ter a capaci-
dade de olhar para uma estrutura e
visualizar seu comportamento. Esse
conceito não se aplica apenas às es-
truturas de concreto, definitivas,
mas também é aplicado à montagem
de andaimes, ao transporte vertical
de cargas, às treliças da grua, ou seja,
às estruturas provisórias.
Aqueles que optam por trabalhar
com projetos, muitas vezes, traba-
lham muito com softwares moder-
nos e tendem a confiar neles. Se
o(a) engenheiro(a) negligenciar os
conceitos básicos de estabilidade na
modelagem de uma estrutura, pode
incorrer em erros, que, muitas vezes,
não são apontados pelos softwares.
Para tanto, você, como engenhei-
ro(a), precisa olhar para a estrutura
perguntando como ela se comportará.
O cálculo do grau de hiperestaticida-
de é um grande aliado, pois permite,
com uma conta simples, categorizar o
tipo de comportamento da estrutura.
Procure sempre avaliar as condições
de vinculação da estrutura, seja du-
rante a modelagem dos apoios de um
projeto ou durante a fixação de um
parabolt. O(A) engenheiro(a) precisa
visualizar como será a transmissão
dos esforços entre os elementos.

36
Nesta unidade, conversamos sobre diversos aspectos de estruturas hiperestáticas. Você viu como
analisar e avaliar a estabilidade de uma estrutura. Aprendeu as diferenças nos comportamentos
de estruturas hiperestáticas e isostáticas e em quais situações cada uma se adequa melhor.
Conheceu o conceito de grau de hiperestaticidade e como aplicá-lo em vigas, pórticos e treliças,
considerando rótulas e estaticidades internas.
Esses conteúdos expandiram seu conhecimento sobre estruturas, e, a fim de fixá-los à sua baga-
gem conceitual, fomentando sua formação profissional, sugiro que você faça um mapa mental
resumindo os assuntos aqui estudados, relembrando e descrevendo cada detalhe já apresentado.

37
1. Complete as lacunas da conceituação a seguir.
Estruturas ______________ são aquelas que apresentam a mesma quantida-
de de __________ necessárias ao equilíbrio, isto é, o número de incógnitas é
__________________ ao número de equações de equilíbrio.
a) Hiperestática, forças, maior.
b) Hipostática, forças, maior.
c) Isostáticas, reações, igual.
d) Isostática, reações, menor.
e) Pseudostática, reações, aparentemente igual.

2. Determine o grau de hiperestaticidade do pórtico a seguir.

Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra um pórtico composto por dois pilares que nascem em apoios do segundo
gênero, pontos A e B. O pilar que nasce no ponto A tem 4 m de comprimento, enquanto o pilar que nasce no ponto
B é mais curto, com 2 metros. O ponto B está 2 metros acima do ponto A, assim, a barra que conecta esses pilares
está disposta horizontalmente. A barra horizontal tem um pequeno balanço para o lado esquerdo, e, para o lado
direito, é continua ao pilar. Logo à direita da conexão viga ao pilar, temos uma rótula, conectando uma barra hori-
zontal a outro apoio do segundo gênero. Temos, ainda, um carregamento distribuído vertical para baixo, aplicado
na viga até a rótula, e um carregamento vertical para cima de carga concentrada entre a rótula e o outro apoio.

38
a) -1.
b) 0.
c) 1.
d) 2.
e) 3.

3. Treliças se constituem por barras vinculadas umas às outras por rótulas, resultando
em uma estrutura de grande eficiência estrutural por trabalhar apenas a compressão.
Assinale a alternativa que apresenta o valor correto da estaticidade da treliça da figura.

Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: na figura, temos uma treliça com um apoio do segundo gênero — lado esquerdo — e
outro do primeiro gênero — lado direito. A treliça tem o banzo inferior disposto horizontalmente, enquanto os
banzos superiores têm trechos horizontais — centro — inclinados — 1/3 do vão — e quase horizontais próximos
aos apoios. Ao todo, são cinco módulos, apenas o módulo central é composto por uma diagonal dupla, totalizando
22 barras e 12 nós.

a) g = -1 hipostática.
b) g = 0 isostática.
c) g = 2 hiperestática.
d) g = 0 hipostática.
e) g = 1 hiperestática.

39
4. Os pórticos são sistemas estruturais obtidos pela conexão rígida entre vigas e pilares.
São estruturas utilizadas para combater esforços horizontais e verticais. A respeito dos
pórticos hiperestáticos, avalie o comportamento dos pórticos 1 e 2 ilustrados a seguir.

Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra dois pórticos: 1 — à esquerda — e 2 — à direita. Os pórticos são pratica-
mente idênticos, a única distinção entre eles é a posição da rótula. A nomenclatura dos nós segue da esquerda
para direita, de cima para baixo. O pórtico é composto por duas vigas — barras horizontais —, sendo que a viga
superior (ABC) está deslocada à esquerda da viga inferior (DEF), e por dois pilares — barras verticais —, sendo
que um deles (EC) nasce na viga inferior, e outro (GDB) nasce em um apoio de segundo gênero (G). A viga inferior
se apoia em um dos pilares (D) e em um engaste (F), deslocado à direita do pilar que nasce na viga. Forma-se,
também, um quadro BCDE. No pórtico 1, a rótula está na junção do pilar da esquerda com a viga superior (B),
ligando três barras — uma delas em balanço. No pórtico 2, a rótula está na junção da viga inferior com um pilar
que nasce na viga (E), ligando três barras — uma delas apoiada no engaste.

Ambos os pórticos são hiperestáticos e apresentam mesmo grau de hiperestaticidade


pelas formulações, no entanto, um deles apresenta um trecho que, localmente, é hipos-
tático. Assinale a alternativa que apresenta corretamente o grau de hiperestaticidade
dos pórticos e a explicação sobre qual trecho é considerado hipostático.
a) 2. O pórtico 2 é hipostático, pois o quadro BCDE pode se abrir em função das solici-
tações.
b) 2. O trecho AB do pórtico 1 é hipostático, pois pode rotacionar livremente em reação
ao ponto B.
c) 3. A afirmação é equivocada, ambos pórticos são hiperestáticos em todas as regiões.
d) 3. O trecho EF do pórtico 2 é hipostático, pois o engaste em F impede a rotação do
quadro BCDE.
e) 3. O trecho AB do pórtico 1 é hipostático, pois pode rotacionar livremente em reação
ao ponto B.

40
5. Trabalhando no controle de qualidade de projeto, você foi convidado(a) a avaliar um proje-
to estrutural de uma residência unifamiliar. Retirou-se um trecho desse projeto, que está
representado na figura a seguir. A viga V4 tem seção de 12x30 e atravessa a residência de
fora a fora. Entre os eixos E e F, o projetista previu um rebaixo de 30 cm na viga (12x30 r30),
justamente para passagem do esgoto sanitário e do pluvial. Esse desnível quebra a conti-
nuidade da viga e não permite a passagem de momentos fletores dos trechos DE para EF.
Os demais trechos (BC, CD, DE) são contínuos entre si — permite a passagem de momentos.

Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra a planta de formas de baldrames e blocos de uma residência. Temos
seis eixos verticais (A, B, C, D, E, F) e apenas um eixo horizontal (não nomeado), o qual coincide com a viga V4.
A viga V4 — seção 12x30, linhas pretas cheias —, disposta horizontalmente, vai do eixo B ao eixo F, apoiada no
pilar P8, P9, P10, P11 e P12 — retângulos em linhas vermelhas, coincidentes com os eixos. A figura mostra um
rebaixamento para a viga V4 — seção 12x30 r30, linhas pontilhadas — entre os eixos E (pilar P11) e F (pilar P12),
onde é possível notar a passagem do esgoto pluvial e sanitário, representados por verticais linhas pontilhadas
em azul e verde. É possível observar blocos de fundação em cada pilar, representados por linhas pretas de menor
espessura. A figura registra, ainda, cotas das formas em diversos pontos de interesse.

Considerando que apenas o pilar P8 consegue restringir movimentos verticais e horizon-


tais, enquanto os demais restringem apenas movimentos verticais, e desconsiderando
eventuais transmissões de momento entre vigas e pilares, pede que se faça o esquema
estático da viga para avaliar as afirmações a seguir.
I) A viga é hipostática, pois não é capaz de suportar esforços horizontais, uma vez que
não tem restrições.
II) A viga é hiperestática duas vezes, sendo que essa solução ajuda a homogeneizar os
momentos e economizar no detalhamento dela.
III) A viga é hiperestática três vezes, sendo que essa solução ajuda a homogeneizar os
momentos e economizar no detalhamento dela.
IV) Embora seja hiperestática, localmente, o trecho EF é isostático.

41
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s):
a) Está correta a afirmativa I.
b) Está correta a afirmativa II.
c) Estão corretas as afirmativas II e IV.
d) Estão corretas as afirmativas III e IV.
e) Estão corretas as afirmativas I, II e IV.

6. Imagine que, em uma conversa informal, seu amigo Eng. João, que estava executando
uma obra, pediu-lhe um conselho. João explicou para você que, embora ele já houvesse
contratado projeto estrutural e geotécnico, ele encontrou muitos problemas de recal-
que nas edificações vizinhas. Com medo do comportamento do solo da região, ele está
procurando soluções que possam minimizar eventuais danos no caso de as fundações
falharem. Aponte para seu colega quais soluções estruturais podem ser adotadas nessa
situação, indique quais termos e soluções ele deve solicitar ao projetista.

42
2
Teoremas e Princípios
Me. Gabriel Trindade Caviglione

Nesta segunda unidade, você aprenderá sobre os princípios e teo-


remas básicos que utilizamos para resolver estruturas hiperestá-
ticas. Conheceremos o Princípio dos Trabalhos Virtuais que, pela
conservação de energia, permite que calculemos a deformação de
uma estrutura. Conheceremos, também, o Teorema de Castigliano
e o Princípio da Superposição dos Efeitos. Você entenderá a apli-
cabilidade e limitação desses métodos para solução de estruturas.
Aplicaremos a superposição dos efeitos e as condições de compati-
bilidade para a resolução de estruturas hiperestáticas. Por fim, esse
conteúdo é a base conceitual para os Métodos dos Deslocamentos e
o Método das Forças, que usamos na solução de estruturas, assim,
é importante que você acompanhe os conceitos ministrados nesta
unidade. Espero que aproveite. Bons estudos!
UNICESUMAR

Você já se perguntou como uma estrutura hiperestá-


tica se comporta? Quais são suas deformações? Qual
é a distribuição dos esforços e das reações dentro
de um edifício? Como podemos calcular as reações
de apoio se a estrutura é hiperestática? Quais são os
princípios gerais que regem as estruturas?
Para garantir a segurança de uma estrutura, é
necessário entender seu comportamento e calcu-
lar seus esforços corretamente. Para um(a) enge-
nheiro(a) projetar uma estrutura corretamente,
ele(a) precisa ser capaz de determinar os esforços
críticos em cada elemento estrutural.
Para entender esses conceitos, quero convidá-
-lo(a) a acompanhar uma situação hipotética. Ima-
gine que você e Aline ajudarão João a transportar
sua mudança. Eles precisam carregar uma mesa
muito comprida e pesada. Você, que não queria
nem ajudar, começa a refletir: em que ponto eu
devo me posicionar para carregar menos peso?
Tentemos responder essa pergunta com outras
novas perguntas e algumas reflexões. A distribui-
ção do carregamento depende exatamente do quê?

• Da força de cada pessoa?


• Da posição em que cada pessoa se encontra?
• Da rigidez e deformações da mesa?

Como podemos resolver esse problema? Quais


conceitos de teoria das estruturas podem ser apli-
cados nessa história?
De início, faremos o diagrama de corpo livre
da mesa, investigando seu comportamento estru-
tural. Ao observar a Figura 1, podemos perceber
que não é possível determinar a força que cada
pessoa exerce, pois temos uma reação sobrando.
No caso em que a mesa é carregada por apenas
duas pessoas, é fácil observar que cada uma car-
regaria metade do peso. No caso de duas pessoas
carregarem a mesa, e uma delas não ter força su-

44
UNIDADE 2

ficiente para suportá-la, a mesa viria ao chão. Já quando temos três pessoas carregando a mesa, caso
um dos amigos não consiga suportar o carregamento, ele pode simplesmente aliviar a força exercida, e,
automaticamente, outra pessoa acabará sobrecarregada. Se a mesa for constituída de um tampo muito
fino, flexível, ele pode se deformar e não ser capaz de redistribuir o esforço ou, até mesmo, romper.
Com isso, conseguimos observar que, no caso de uma mesa sendo carregada, a carga de cada pessoa
depende da força de cada pessoa e da rigidez da mesa. Analogamente, em uma estrutura hiperestática,
a reação de apoio depende da rigidez do apoio-viga.

Figura 1 – Transporte de uma mesa com três pessoas, situação análoga a uma viga hiperestática com carregamento distri-
buído / Fonte: o autor

Descrição da Imagem: a figura mostra duas situações em que se carrega uma mesa. À esquerda, com apenas duas pessoas
posicionadas nos pontos A e C, a mesa se comporta como uma viga biapoiada, que está representada exatamente abaixo.
Como a mesa está biapoiada, o peso dela deve se dividir igualmente entre as duas reações de apoio. Já na situação à esquerda,
temos três pessoas carregando a mesa nas posições A, B (ao centro) e C. Analogamente, embaixo, temos a representação de
uma viga contínua com três apoios. Nessa situação, qual seria a distribuição de cargas para cada reação?

Outra consideração importante é a posição em que cada pessoa está, isto é, a distância entre elas.
Caso a pessoa do centro, na posição B, esteja mais deslocada à esquerda, ela aliviará a pessoa em
A e carregará a pessoa em C e vice-versa. Dessa forma, é possível perceber que, naturalmente, o
apoio central ficará mais carregado.
Agora que sabemos que as reações dependem da distância, da força de cada um e da rigidez da mesa,
podemos apresentar uma solução conceitualmente. Para avaliarmos o valor de carga de cada pessoa,
poderíamos remover a pessoa em B, deixando a viga biapoiada, o que causaria uma deformação na
mesa no ponto B para baixo. Então, avaliemos o quanto de força a pessoa precisa fazer em B para ter
uma deformação para cima, de tal forma que a soma das deformações seja nula. Ao combinarmos
essas duas situações, teríamos uma situação análoga à inicial com três amigos carregando uma mesa,
porém conhecendo a força em B, dessa maneira, é possível calcular a força feita pelos demais amigos.
Usando o seu Diário de Bordo, procure descrever, matematicamente, os conceitos que foram
citados anteriormente. Como podemos calcular a deformação no centro da viga? Você se lembra da

45
UNICESUMAR

equação diferencial da elástica? Qual é o valor da deformação no centro? Qual força pontual causaria
a mesma deformação, mas com sentido oposto? Sugiro que faça desenhos e esquemas mostrando
os conceitos e ideias envolvidas no cálculo.

Figura 2 - Resumo do conteúdo revisto / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem:a figura mostra um resumo do conteudo. Inicia-se com um questionamento: “Como calcular reações
em hiperestáticas?” (grifado em azul, com texto em negrito), que é encaminhado por uma seta à classificação de estaticidade:
hipostática, isostática e hiperestática (grifado em azul). Com uma outra seta, indica-se que faltam equações em estruturas hipe-
restáticas. O que remete à nova pergunta: “Como conseguir mais?” (sublinhado e grifado em amarelo). Abaixo, temos uma viga
com 4 apoios e uma articulação Gerber. Encaminha-se para “Garantindo que as deformações nos apoios sejam nulas”, o que
pode ser resolvido pelo principio dos trabalhos virutais, pela equação diferencial da elástica ou por resistência dos materiais.

46
UNIDADE 2

Um dos princípios mais úteis para a solução de estruturas é o Princípio da Superposição dos Efeitos
(BEER; JONHSTON, 2011). Esse princípio é válido para as condições da viga de Euller-Bernoulli, isto
é, no campo das pequenas deformações, nas quais as seções permanecem planas após as deformações
(Figura 3). Nessa situação, que é comum na grande maioria das estruturas que analisamos na Enge-
nharia Civil, os efeitos das ações sobre as estruturas podem ser somados separadamente.

Figura 3 – Seções permanecem planas após as deformações: (a) Antes das deformações; (b) Depois das deformações / Fonte:
Beer e Jonhston (2011, p. 158, p. 234).

Descrição da Imagem: a figura mostra duas vigas, antes (situação a) e depois da aplicação das forças (situação b). A primeira
viga é ilustrada por uma vista lateral e uma rede quadriculada, representando a situação antes das forças aplicadas. Ao serem
aplicados momentos M e M’ nas extremidades direita e esqueda do elemento, ocorre rotação das seções ao redor de um ponto
C, situado acima da viga. A rede quadriculada passa a representar setores de arco, com encurtamento nas fibras superiores
e alongamento nas inferiores, mas, ainda assim, as seções permanecem planas — apenas rotacionadas ao redor do ponto
C. A segunda viga tem um formato cilíndrico, e sua ilustração é tridimensional. Temos uma rede quadriculada ao longo da
superficie desse cilindro. Na situação (b), temos a aplicação de momentos torsores T e T’ nas extremidades direita e equerda
do elemento, então, acontece a rotação das seções, ocorrendo distorção nos elmentos quadriculados, mas, ainda assim, as
seções permanecem planas — apenas rotacionadas ao redor do centro da peça.

Leet et al. (2009, p. 198) apontam que o Princípio da Superposição dos Efeitos determina:


Se uma estrutura se comporta de maneira linearmente elástica, a força ou o desloca-
mento em um ponto específico produzido por um conjunto de cargas atuando simul-
taneamente pode ser avaliado pela soma (superposição) das forças ou deslocamentos
no ponto específico, produzidos por cada carga do conjunto atuando individualmente.

47
UNICESUMAR

De uma maneira simplista, talvez até imprecisa, podemos dizer que a soma dos efeitos é igual
às ações dos efeitos somadas independentes, como a propriedade comutativa e associativa na
Matemática. Isso se torna especialmente interessante quando analisamos estruturas complexas,
pois podemos dividi-las em estruturas mais simples. Ou seja, podemos sobrepor uma série de
análises simples para resolver uma situação mais complexa.

Figura 4 – Princípio da Superposição dos Efeitos / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: na figura, temos uma adição, de tal forma que a viga 1 somada à viga 2 é igual à viga 3. A viga 1 tem
um apoio do tipo engaste à sua esquerda e uma carga P concentrada aplicada à direta, próxima à extremidade livre. A viga 2
tem um apoio do tipo engaste à sua esquerda e uma carga q distribuída ao longo do comprimento da viga até a extremidade
livre. A viga 3 é composta pela soma de ambas as vigas anteriores, isto é, ela é engastada e livre com uma carga distribuída q
ao longo de seu comprimento e uma carga P concentrada, próxima à extremidade livre. Evidencia-se a aplicação do Princípio
da Superposição dos Efeitos.

Já que os efeitos podem ser somados, é pos-


sível calcular estruturas somando os efeitos
de cada carregamento separadamente, bas-
ta compor a estrutura em função da super-
posição de estruturas mais simples. Isso se
torna especialmente interessante quando
temos estruturas simples e comuns já re-
solvidas, como as vigas notáveis.
As vigas notáveis são vigas com condi-
ções de carregamento e geometria que cos-
tumam se repetir frequentemente. Por serem
vigas frequentes, muitos(as) engenheiros(as)
costumam memorizar fórmulas para resol-
ver estruturas desse tipo. Existem tabelas
mais completas que trazem diversos tipos de
carregamento, mas, na grande maioria dos
casos, temos vigas biapoiadas e engastadas e
livres, com cargas distribuídas e concentra-
das, conforme a Figura 5. A fórmula permite
que a resolução da viga seja mais ágil, sob
condições de contorno bem definidas.

48
UNIDADE 2

Figura 5 – Vigas notáveis que são muito comuns e se repetem com frequência / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra quatro quadros, cada um com uma viga notável. Da esquerda para a direita, descreve-se:
o primeiro quadro se refere a uma viga engastada e livre, com uma carga pontual P na extremidade, nessa situação, a reação de
apoio Ra será igual a P, e o momento será dado por P vezes o comprimento L. No segundo quadro, tem-se uma viga engastada e
livre, com uma carga distribuída q ao longo do seu comprimento, nessa situação, a reação de apoio Ra será igual a q multiplicado
pelo comprimento L, e o momento será dado por q vezes o quadrado do comprimento L dividido por 2. No terceiro quadro,
temos uma viga biapoiada com uma carga concentrada P, distante a do apoio “A” e b do apoio “B”. Nessa situação, a reação em
a RA será dada por P multiplicado pela distância b dividido pelo comprimento L; e a reação em b Rb será dada por P multiplicado
pela distância a dividido pelo comprimento L. Ainda referente ao terceiro quadro, o momento máximo será dado por P vezes a
vezes b dividido pelo comprimento L. No quarto e último quadro, temos uma viga biapoiada com carga distribuída q ao longo
do comprimento L, nessa situação, as reações de apoio em A e B são iguais e têm valor de q multiplicado pelo comprimento da
viga dividido por 2. O momento máximo é dado por q vezes o quadrado do comprimento L dividido por 8.

Consideremos a viga biapoiada com balanço da Figura 6. Sabendo que essa viga é isostática, como você
faria para descobrir o momento fletor positivo no centro do vão? A solução inicial seria calcular suas
reações de apoio e, então, descobrir os esforços na estrutura pelo método dos pontos ou das seções.
Porém, usando o Princípio da Superposição dos Efeitos, é possível resolvê-la de uma maneira mais
prática. Nós podemos observar que essa viga é uma composição de um trecho biapoiado (AB) e outro
engastado e livre (BC), ambos com carga distribuída.

49
UNICESUMAR

Figura 6 – Exemplo de aplicação do Princípio de Superposição dos Efeitos. Obtenção do momento em determinado ponto
da estrutura sem a necessidade do cálculo das reações de apoio por meio da superposição dos efeitos de vigas notáveis /
Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra três vigas, sendo que a viga 1 é mostrada como a soma das vigas notáveis: viga 2 e viga
3. A viga 1 é uma viga biapoiada de 6 m, com um balanço único ao lado direito de 2 m. No trecho biapoiado AB, tem-se um carre-
gamento distribuído de q = 8 kN/m e, no trecho BC em balanço, tem-se um carregamento distribuído de q = 12 kN/m. Na viga 2,
temos o trecho biapoiado isolado, com carregamento de 8 kN/m ao longo de 6 m de comprimento, sendo que o momento máximo
é dado por ql²/8, que é igual a 36 kNm. Na viga 3, trecho engastado e livre isolado, temos o momento negativo máximo dado por
ql²/2, que é igual a -24 kNm. Assim, pela superposição dos efeitos, os momentos na viga 1 podem ser descrito como a soma das
vigas 2 e 3. Como o momento máximo da viga 3 está sobre o apoio, é necessário deslocá-lo ao centro do vão; por semelhança
de triângulos, é possível obter que o valor é exatamente a metade. Assim, soma-se +36 -24 / 2 = +24k Nm. Mostrando ser possí-
vel localizar o momento fletor máximo sem a necessidade de calcular as reações de apoio, usando a superposição dos efeitos.

Podemos imaginar a viga como uma composição de duas vigas, AB + BC, e resolvê-las separadamente,
considerando as vigas notáveis. No trecho BC, teríamos momento máximo de -24kNm no ponto B,
tracionando as fibras superiores da viga e comprimindo as inferiores.
M = −ql ² / 2
M = −12.2² / 2 (2.1)
M = −24kNm
No trecho AB, teríamos momento máximo no centro do vão, 36kNm , tracionando as fibras inferiores
e comprimindo as superiores — sentido oposto.
M = ql ² / 8
M = 8. 6² / 8 (2.2)

M = 36kNm
Ao avaliarmos o momento atuante sobre o ponto B ( -24kNm ), devemos considerar a continuidade
da viga — ausência de rótula —; nessa situação, o momento deve diminuir linearmente até o apoio A.
Como a variação é linear, exatamente no centro do vão, teremos a metade do valor desse momento.
Pelo Princípio da Superposição dos Efeitos, é possível somar ambos os efeitos das vigas AB e BC, assim:
M = −24 / 2 + 36 = 24kNm (2.3)

50
UNIDADE 2

No centro, temos um momento de 24kNm tracionando as fibras superiores das vigas, repare que, por
causa da continuidade da viga, o valor do momento no centro do vão diminuiu, mostrando-se uma
opção viável para homogeneizar os esforços e melhorar o desempenho estrutural. Vale lembrar que o
ponto de momento positivo máximo acaba deslocado do ponto central, portanto, o valor apresentado
anteriormente não é o máximo. O Princípio da Superposição dos Efeitos permitiu descobrirmos o
valor do momento fletor de uma maneira muito mais prática. Esse princípio será muito utilizado nos
métodos de solução de estruturas hiperestáticas, por isso, é fundamental entender sua correta aplicação.

Agora que você entendeu o Princípio da Superposição dos Efeitos, como você pode utilizá-lo
para resolver estruturas que, antes, eram de resolução tão morosa e complexa? Será que
você pode usar esse conceito para resolver uma estrutura hiperestática? Como?

Para uma estrutura ser considerada estática, é necessário que


os vínculos possam produzir um sistema de forças capaz de
equilibrar as ações e o carregamento. Quando procuramos
determinar essas reações no apoio, usamos das condições de
equilíbrio da estática, garantindo que o somatório de forças
agindo sobre a estrutura seja nulo. Em uma estrutura hiperestá-
tica, não é possível determinar as suas reações de apoio usando
apenas as equações de equilíbrio, pois temos mais reações —
incógnitas — do que equações. Nessa situação, é necessário usar
outras condições de contorno que possam fornecer equações
para a solução do sistema linear. São condições que precisam
ser satisfeitas para garantir compatibilidade nas deformações
da estrutura, que são as condições de compatibilidade.
A Figura 7 mostra uma barra vinculada a ambas as ex-
tremidades, portanto, hiperestática, submetida a um car-
regamento axial. A princípio, não é possível determinar os
esforços internos nem reações em cada extremidade da barra,
visto que sobram incógnitas no problema. A solução dessa
situação é empregar uma condição de compatibilidade, em
que podemos separar o problema em dois problemas simples
e, depois, compatibilizá-los pela superposição dos efeitos.

51
UNICESUMAR

La Lb

P
Figura 7 – Condições de compatibilidade
em uma barra birestringida submetida a
carregamento axial / Fonte: o autor.

A B C
La Descrição da Imagem: a figura mostra
uma barra restringida em ambos os la-
dos, A e B, com uma carga concentrada
P1 P1 P da esquerda para a direita, posiciona-
da no ponto central B. A barra tem uma
seção maior em BC, trecho de compri-
mento Lb, quando comparada ao tre-
cho AB, de comprimento La. Abaixo da
A B
𝛿𝐴𝐵 barra, temos uma divisão dela entre os
trechos AB e BC. Mostra-se que parte
Lb da carga P, valor de P1, será aplicada
no trecho AB, que provocaria um alon-
gamento delta AB. Temos que o trecho
BC estará submetido a um esforço P2
P2 P2 de compressão, que provocaria um
encurtamento delta BC na barra, mas,
como as barras estão conectadas, os
valores de P1 e P2 precisam satisfazer a
compatibilidade entre os deslocamen-
𝛿𝐵𝐶 tos, isto é, que o encurtamento delta
BC seja igual a alongamento delta AB.
B C

Com os problemas isolados, teremos um encurtamento na barra BC e um alongamento na barra


AB, e, numericamente, ambos precisam ser compatíveis, isto é, iguais. Assim, o problema passa
a determinar os valores de P1 e P2 que satisfaçam as condições de compatibilidade.

dAB = dBC
P1LA PL (2.4)
= 2 B
EAAB EABC

Dessa maneira, é possível obter os valores de P1 e P2 , já que a soma de P1 + P2 = P . Ou seja, com as


condições de compatibilidade, é possível calcular uma estrutura estaticamente indeterminada.

Neste podcast, conversaremos sobre os conceitos e as soluções


usadas para a solução de estruturas estaticamente indetermina-
das. É interessante que você possa ouvi-lo com calma, acompa-
nhando a discussão sobre o uso dessas técnicas frente aos pro-
gramas e softwares computacionais utilizados hoje em dia.

52
UNIDADE 2

Toda ação ou carregamento agindo sobre uma estrutura aplica a ela uma certa quantidade de energia
de deformação em função da magnitude e natureza das solicitações. Semelhantemente, ao se deformar,
toda a estrutura absorve energia oriunda do carregamento, na forma de esforços internos e deformação.

Figura 8 – Energia interna de deformação / Fonte: adaptada de Sussekind (1980).

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga em paralelo a uma mola. Ao aplicar uma força, tanto na mola quanto na viga,
ambas se deformam absorvendo energia. A viga e a mola estão representadas em seu estado deformado abaixo das anteriores.

Para entender esse conceito, pense em uma mola: quando esticada, a mola alonga-se e absorve uma
certa energia elástica em função da carga de tração. Quando liberada, a mola libera essa energia, pre-
viamente absorvida, para o meio externo, retornando à sua posição original. Imaginemos a aplicação
de uma força P sobre essa mola e sobre uma estrutura qualquer. O valor de P parte de zero e sofre in-
crementos infinitesimais até atingir o valor Pi (gráfico da Figura 8). Nessa situação, o trabalho realizado
será a integral da força P pelo deslocamento ( dd ) ao longo da variação da força (SUSSEKIND, 1980).

Pi

τi = ∫ Pd δ
0
Pi
(2.5)
τi = ∫ PkdP
0
1
τi = kPi ²
2

Em que:
• P é a carga aplicada em questão.
• dd é o incremento infinitesimal de deslocamento em função da carga: d d = kdP .

Na Figura 8, temos o gráfico de carga por deformação, no qual podemos observar que kP = di , então,
podemos escrever:

53
UNICESUMAR

1
τi = Pδ =U (2.6)
2 i i

Em um sistema conservativo, todo o trabalho realizado será convertido em energia interna. Assim,
tem-se o Teorema de Clapeyron, o qual diz que a energia de deformação é metade do produto entre
força e deslocamento. O trabalho realizado sobre a estrutura será convertido em energia de de-
formação, que será absorvida na forma de deformações e esforços internos. Podemos, então, entender
que a energia de deformação interna será dada pela soma da energia de deformação de cada esforço
em função de seu respectivo deslocamento.

U int = ∫ Md θ + ∫ Ndl + ∫ Vdh + ∫ Tdϕ (2.7)

Em que:

• Mdq corresponde ao momento fletor e seu respectivo deslocamento infinitesimal dq .


• Ndl corresponde ao esforço normal e seu respectivo deslocamento infinitesimal dl .
• Vdh corresponde ao esforço cortante e seu respectivo deslocamento infinitesimal dh .
• Tdj corresponde ao esforço torsor e seu respectivo deslocamento infinitesimal dj .

Também, devemos entender que o trabalho pode se converter em outras formas de energia interna,
além da energia elástica — seja energia térmica, química, cinética... —, embora, para o cálculo de es-
truturas, essas situações sejam incomuns. Na realidade, para a maior parte das estruturas, grande parte
da energia de deformação se concentrará no momento fletor (vigas) e no esforço normal (treliças),
sendo razoável desprezar as demais deformações.
Já que o trabalho realizado por uma força externa é convertido em energia interna de deformação
— Equação —, é possível obter a deformação de pontos de interesse, considerando uma carga unitária
virtual aplicada nesse ponto que provoca um trabalho virtual sobre a estrutura.

U ext = U int
(2.8)
∑Pδ i i
= ∫ Md θ + ∫ Ndl + ∫ Vdh + ∫ Tdϕ

Ao aplicarmos uma carga virtual ( P = 1kN ) sobre uma estrutura submetida a um carregamento real,
esta sofrerá um trabalho virtual ( 1.di ), que, no caso de a carga ser unitária, é numericamente igual à
deformação da estrutura naquele ponto, naquela direção.

1.δi = ∫ Md θ + ∫ Ndl + ∫ Vdh + ∫ Tdϕ


1.δi = ∫ Md θ
M (x ) (2.9)
dθ = dx
EI
M (x )
δi = ∫ M dx
EI

54
UNIDADE 2

Em que:

• M é o momento relativo ao carregamento virtual unitário.


• M (x ) é o momento relativo ao carregamento real, ao longo do comprimento x da peça.
• EI é a rigidez à flexão da peça.

A Figura 9 ilustra o conceito. À esquerda, temos um carregamento qualquer real atuando sobre uma
viga. Quando a estrutura se deforma, temos a realização de trabalho por esse carregamento, armaze-
nado na forma de energia interna em função dos esforços e deformações. Esse trabalho realizado é
numericamente igual à situação mostrada à direita, em que se impõe um deslocamento virtual igual à
deformação real, considerando uma carga unitária virtual aplicada no ponto e direção do deslocamento
que se pretende calcular. Estabelecendo a igualdade entre o trabalho realizado nas duas situações —
virtual e real —, é possível calcular o deslocamento, conforme a equação .

Figura 9 – Princípio dos Trabalhos Virtuais / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura representa uma viga em quatro situações distintas: na primeira linha, temos uma viga biapoiada
submetida a um carregamento q(x) real qualquer; abaixo, temos as deformações reais causadas por esse carregamento; à direita,
temos a mesma viga, agora submetida a um carregamento virtual unitário ao centro da viga de cima para baixo; abaixo dela,
temos um deslocamento virtual imposto a essa carga unitária, cujo valor é igual ao da deformação real. Nessa situação, podemos
calcular o deslocamento pelo princípio dos trabalhos virtuais. A figura apresenta, ainda, a equação (2.9).

De maneira resumida, Soriano e Lima (2006) apontam que o uso do Princípio dos Trabalhos
Virtuais (PTV) consiste na aplicação de uma força virtual unitária, no ponto e na direção de
interesse, para se calcular os deslocamentos ali desenvolvidos.

55
UNICESUMAR

Para um melhor entendimento desses conceitos, convido você para resolvermos um exercício, deter-
minando a deformação de uma viga pelo Princípio dos Trabalhos Virtuais. A Figura 10 mostra uma
viga biapoiada de EI = 2.104 kNm ² , em que se pede para determinar o deslocamento no centro do vão.

Figura 10 – Exemplo de deformações em viga pelo Princípio dos Trabalhos Virtuais: à esquerda, temos a Figura (a), referente ao
carregamento real; à direita, temos a Figura (b) referente ao carregamento unitário para uso do PTV / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biapoiada ABC, com apoios em A e C, submetida a um carregamento de 8 kN/m;
à direta, Figura 10 (a), temos a mesma viga, mas submetida a um força virtual P barra de valor unitário no centro da viga, de cima
para baixo. Temos, então, a representação do diagrama de corpo livre de ambas as vigas, com suas respectivas reações de apoio,
bem como a indicação de uma seção fictícia de corte, distante x do apoio C para cálculo dos esforços. Abaixo, ainda, temos os
momentos fletores solicitantes da estrutura; à esquerda, uma parábola positiva de concavidade negativa — lembrando que o
positivo é representado para baixo no momento fletor —; e, à direita, Figura 10 (b), um diagrama formado por dois triangulos.
Temos, também, as equações (2.10) e (2.11).

Usando as vigas notáveis da Figura 5, podemos resolver a viga de carregamento real — Figura 10 (a)
— rapidamente. Temos que ambas as reações de apoio são iguais: RA = RC = ql / 2 = 6.8 / 2 = 24kN .
Assim, podemos escrever a equação dos momentos fletores no trecho BC como:
M dir (x ) = +24x − 8x ² / 2 (2.10)

Consultando a Figura 5, analogamente, para o carregamento virtual — Figura 10 (b) —, teremos


R A = RC = Pb / l = Pa / l = 1.3 / 6 = 0, 5kN e podemos escrever a equação dos momentos fletores
no trecho BC:
dir (2.11)
M (x ) = +0, 5x

Para calcularmos as deformações, precisamos fazer a integral do produto dos diagramas de momento
ao longo do comprimento da estrutura, isto é, aplicar a equação . Como a estrutura é simétrica, temos
M (x ) M (x )
que ∫BC M dx = ∫ M dx , bastando resolver uma única integral e multiplicá-la por dois.
EI AB EI

56
UNIDADE 2

M (x )
di = ∫M EI
dx
M (x ) M (x )
dB = ∫ M dx +∫ M dx
BC EI AB EI
M (x )
dB = 2 ∫ M dx
BC EI (2.12)
3
[24x − 4x ²]
dB = 2 ∫ [0, 5x ] dx
0
EI
3
2 2
EI ∫0
dB = [12x ² − 2x 3 ]dx = [12x 3 / 3 − 2x 4 / 4 ]30
EI
2
dB = .[67, 5 − 0] = 0, 00675m = 6, 75mm
2.104

Assim, as deformações obtidas no centro da viga foram de 6,75 mm, o que também está de acordo com
5ql 4 5. 8. 6 4
a fórmula usada na flecha imediata de vigas biapoiadas: d = = = 6, 75mm .
384EI 384.2.104
Será que as integrais desenvolvidas anteriormente podem ser resolvidas de uma maneira um pouco mais
prática? Você deve se lembrar que sim! Na tentativa de otimizar o processo, foram desenvolvidas tabelas para
o cálculo do valor das integrais, considerando diagramas de momento específicos. Essas integrais ficaram
conhecidas como Tabelas de Kurt-Beyer e facilitam muito a aplicação do Princípio dos Trabalhos Virtuais.

Figura 11 – Tabelas de integrais para retas de comprimento L e inércia constante / Fonte: adaptada de Sussekind (1980).

57
UNICESUMAR

Para usar a tabela, é muito simples: basta localizar, na primeira


linha, o diagrama de momento fletor unitário ( M ) e localizar,
na primeira coluna, o diagrama de momentos fletores relativos
ao carregamento real. A tabela, então, apresenta a fórmula da
integral, já combinando ambos os diagramas.
Você se lembra de como usar a Tabela de Kurt-Beyer
para fazer a combinação dos diagramas? Tente refazer o
exercício anterior usando-a.
Existem outros princípios e teoremas que são comple-
mentares ao Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV). São
teoremas que justificam a aplicação de métodos de solução
de estruturas. O primeiro teorema que apresentaremos é o de
Betti, cujo enunciado está citado a seguir:


O trabalho virtual produzido por um
sistema de forças em equilíbrio, quando
se desloca devido às deformações pro-
duzidas por um outro sistema de forças
em equilíbrio, é igual ao trabalho vir-
tual produzido por este segundo sistema
de forças quando se desloca devido as
deformações produzidas pelo primeiro
sistema (SUSSEKIND, 1980, p. 79).

Isso implica dizer que, matematicamente, podemos escrever


a situação como:

∑Pd i ik
=∑ Pk dki (2.13)

Em que:

• Pi corresponde ao carregamento no ponto “i”.


• Pk corresponde ao carregamento no ponto “k”.
• dik corresponde ao deslocamento no ponto “i” devido
à deformação causada pelo carregamento no ponto “k”.
• dki corresponde ao deslocamento no ponto “k” devido
à deformação causada pelo carregamento no ponto “i”.

58
UNIDADE 2

Se aplicarmos o Teorema de Betti para a condição específica de Pi = Pk e que sejam uma única força
e unitária, teremos a expressão matemática do Teorema de Maxwell:
Pi dik = Pk dki (2.14)

1.dik = 1.dki

A Figura 12 exemplifica a igualdade estabelecida pelo Teorema de Maxwell, em que o deslocamento unitário
— no ponto e na direção do esforço —, causado por um segundo esforço unitário, é igual ao deslocamento
unitário causado pelo primeiro esforço unitário — no ponto e na direção do esforço (SUSSEKIND, 1980).

Figura 12 – Teorema de Maxwell / Fonte: adaptada de Sussekind (1980).

Descrição da Imagem: a figura mostra quatro situações de uma viga biapoiada com balanço à direita. Temos, na primeira
linha, vigas que representam o estado de deformações e, na linha abaixo, temos o estado de caregamento. É possível ob-
servar a igualdade do deslocamento no ponto “k”, causado por um carregamento “i’, ao deslocamento no ponto “i” devido
ao carregamento “k”. Evidenciando o Teorema de Maxwell

Segundo Sussekind (1980, p. 82), o Teorema de Castigliano é enunciado da seguinte maneira: “a


derivada parcial da energia real de deformação em relação a uma das cargas aplicadas é igual a defor-
mação elástica segundo a direção desta carga”. Algebricamente, pode ser representado pela equação a
seguir, que, ao ser desenvolvida, podemos obter a equação .

∂U
d=
∂P
M (P )
U = ∫M EI
dx
∂  M (P )  (2.15)
d=  ∫ M dx 
∂P  EI 
 ∂M (P ) 1
d = ∫ M  . dx
 ∂P  EI

59
UNICESUMAR

Em que:

• d corresponde à deformação no ponto e direção da carga P.


• M (P ) corresponde ao momento fletor na estrutura com a presença da carga P.
• M corresponde ao momento fletor na estrutura sem a presença da carga P.
• EI corresponde à rigidez à flexão do elemento.

Então, aplicaremos os conceitos do Teorema de Castigliano no cálculo de deformações em uma


viga biapoiada (Figura 13), a mesma usada como exemplo no PTV. Nesse exemplo, procura-se a
deformação no centro da viga (B), portanto, aplica-se uma carga P exatamente nesse ponto de in-
teresse, na direção e sentido das deformações a serem calculadas. Então, resolve-se a estrutura para
o carregamento e para o carregamento acrescido da carga P.

Figura 13 – Exemplo de deformações em viga pelo Teorema de Castigliano / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biapoiada de 6 m de vão, com 8 kN/m de carga distribuida, mesma geome-
tria da viga da Figura 10. A única diferença é que temos uma carga concentrada P (em azul) no ponto B, ao centro da viga,
em que se pretende calcular a deformação. Temos, então, o diagrama de corpo livre, com as reações de apoio Ra e Rc e o
carregamento. Abaixo, temos uma ilustração do diagrama de momento fletor — uma parábola, abaixo da linha horizontal,
de concavidade para cima. A figura ainda mostra a equação (2.16) referente ao momento fletor, incluindo a carga P.

60
UNIDADE 2

Pela superposição dos efeitos, temos as reações de apoio com


valores de RA = RC = ql / 2 + P / 2 = 6.8 / 2 + P / 2 = 24 + P / 2
, assim as equações do momento fletor no trecho BC ficam
com o valor de:
M dir (x , P ) = +24x − 4x ² + Px / 2
(2.16)
M dir (x ) = +24x − 4x ²

Aplicando-se o Teorema de Castigliano, temos:

 ∂M (P ) 1
d= ∫ M   .
∂P  EI
dx

∂ 1
d= ∫ [+24x − 4x ²]
∂P
[24x − 4x ² + Px / 2]].
EI
dx
1
d= ∫ [+24x − 4x ²].[x / 2] dx
EI
1
d= ∫ [+12x ² − 2x ³] dx
EI
(2.17)
3
1
EI ∫0
d= .2 [+12x ² − 2x ³]dx

2
d= [+12x ³ / 3 − 2x 4 / 4 ]30
2.104
1
d = 4 [+67, 5] = 0, 00675m = 6, 75mm
10

Observe que o resultado obtido está de acordo com os valores


do Princípio dos Trabalhos Virtuais. Percebe-se que tanto o
PTV quanto o Teorema de Castigliano são excelentes ferramen-
tas a serem usadas para cálculo de deformações em estruturas.

Mas como podemos utilizar o PTV e o Teorema de


Castigliano para calcular estruturas estaticamente in-
determinadas? Como essas ferramentas podem ser
úteis no cálculo estrutural?

Em estruturas hiperestáticas, temos reações extras ao equilí-


brio, situação na qual temos mais incógnitas do que equações
da estática. Portanto, o cálculo do valor das reações precisa de

61
UNICESUMAR

outras equações além das equações da estática. Nessa situação, preci-


samos encontrar condições de compatibilidade que possam ser úteis
para resolver a estrutura, assim como o problema ilustrado na Figura
7. Isto é, é feito o diagrama de corpo livre de uma estrutura, e, então,
procura-se garantir que, em determinados pontos, sejam compatibili-
zadas as deformações com as condições de contorno.
A Figura 14 traz algumas condições de compatibilidade que po-
demos ter em estruturas. Para o apoio do tipo engaste, temos que as
deformações verticais e horizontais precisam ser nulas nesse ponto,
assim como a rotação. Para apoios fixos, temos a restrição dos des-
locamentos na vertical e horizontal. No caso de apoios fixos e barras
contínuas, podemos observar a continuidade de tal forma que o ângulo
de rotação da seção é o mesmo antes e depois do apoio.

Figura 14 – Condições de compatibilidade / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra seis condições de compatibilidade referen-


tes aos vínculos rígidos. Na primeira linha, temos: um vínculo do segundo gênero,
mostrando que os deslocamentos horizontais devem ser nulos; um vínculo do
primeiro gênero, mostrando que os deslocamentos verticais devem ser nulos; e
um vínculo do primeiro gênero, mostrando que a rotação à esquerda do apoio
deve ser igual à rotação à direita dele. Na segunda linha, temos apoios do tipo
engaste: o primeiro indicando que deslocamentos horizontais devem ser nulos; o
segundo mostrando que os deslocamentos verticais devem ser nulos; e, por fim,
o terceiro mostra que as rotações no apoio devem ser nulas, formando um ângulo
ortogonal entre barra e o engaste.

62
UNIDADE 2

Para resolver uma estrutura hiperestática usando o PTV ou Castigliano, precisamos, primeiro, estabelecer
alguma condição de compatibilidade da estrutura que possa complementar as equações da estática. Em
seguida, calcula-se a deformação da estrutura para seu carregamento e, então, acha-se o valor de reação de
apoio que provoque uma deformação oposta a fim de restituir a condição de compatibilidade naquele ponto.
Aplicaremos esses conceitos a um exemplo a fim de torná-los mais claros. A viga da Figura 15 é composta
por três apoios e está submetida a um carregamento distribuído de 8 kN/m. Ao observar a figura, fica evidente
que a viga é hiperestática e que é necessária uma nova condição de compatibilidade para resolvê-la. Consi-
deramos, então, que, no ponto B, as deformações verticais precisam ser nulas, uma vez que temos o apoio.
Pela superposição dos efeitos, imaginaremos a estrutura como uma composição de uma viga biapoiada
com carregamento distribuído para baixo e uma viga biapoiada com uma reação de apoio em B (VB ). Existe
um valor para VB tal qual a deformação para baixo, causada pelo carregamento, é balanceada pela deforma-
ção para cima da reação, ou seja, somando-se ambas, temos que, no apoio ( dB = 0 ), o deslocamento é nulo.

Figura 15 – Princípio da superposição


dos efeitos e condições de compatibi-
lidade para solução de uma viga hipe-
restática / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem:a figura


mostra uma viga 1 contínua com
dois vãos: AB de 3 metros e BC
de 3 metros; sobre todos, temos
um carregamento de 8 kN/m. A
geometria é como a da Figura
10, porém com a adição de um
apoio em B, dividindo-a em dois
vãos de 3 metros. A viga 1 pode
ser obtida pela soma das vigas A
e B, a qual estão representadas
abaixo da viga 1. Na viga A, temos
o diagrama de corpo livre, consi-
derando a ausência do apoio B,
situação em que temos uma viga
biapoiada com um deslocamento
delta B — em função do carrega-
mento 0 — para baixo — igual à
Figura 10 e Figura 13. Nessa si-
tuação, o deslocamento já fora
calculado. A viga 2 — também
isostática, sem apoio em B — é
uma diagrama de corpo livre com
uma força VB, de cima para bai-
xo, localizada no ponto B. Com
excessão das reações de apoio,
temos apenas a ação da força VB
que, representando a reação de
apoio B, deve produzir uma de-
formação vertical para cima delta
B — em função de VB. Procura-se
o valor de VB para o qual as de-
formações satisfaçam a condição
de compatibilidade, isto é, deslo-
camentos verticais nulos, delta
igual a 0. Dessa maneira, a viga
1 é composta pela superposição
dos efeitos das vigas A e B.

63
UNICESUMAR

Inicialmente, deve-se calcular a deformação no centro do vão


da viga A no ponto B. Essa situação já foi abordada pelo PTV e
pelo Teorema de Castigliano. Tem-se que dB,0 = 6, 75mm . Deve-
-se, então, calcular o valor de VB que provoque uma deformação
na viga B igual a dB,V = 6, 75mm . Assim, é possível garantir as
B

condições de compatibilidade dB = 0 . Aplicando-se o PTV para


o cálculo do valor de VB , temos:

M (x )
d = 6, 75.10−3 m = ∫M EI
dx
[−VB .x / 2]
6, 75.10−3 m = ∫ [−0, 5x ]
EI
dx
3
2
6, 75.10−3 m =
EI ∫ [x / 2][V B
.x / 2]dx
0 (2.18)
3
2 VB .x ²

−4
67, 5.10 m = dx
2.104 0
4
3
V .x 3  9
67, 5 =  B  = VB
 12  0 4
VB = 30kN

O valor encontrado para a reação de apoio central foi de


VB = 30kN , sendo que, com a adição desse terceiro apoio, as
cargas nos apoios A e B diminuíram para VA = VC = 9kN . De cer-
ta forma, isso responde à pergunta inicial sobre em qual região
você deveria se posicionar para fazer menos força ao carregar
a mesa. Bom, podemos dizer que, nos apoios externos, desen-
volve-se uma força menor de reação, portanto, você fará menos
força. E, ao(à) engenheiro(a) calculista de estrutura, podemos
dizer o oposto: que, geralmente, os pilares e apoios centrais aca-
bam mais carregados e precisam ser dimensionados para isso.
Os princípios e metodologias aqui apresentados são funda-
mentais para a solução de estruturas hiperestáticas. Alguém
pode até argumentar que, atualmente, as contas são feitas por
computadores, mas isso, de maneira alguma, exime o(a) en-
genheiro(a) de sua responsabilidade profissional. Assim, o(a)
engenheiro(a) deve conhecer o comportamento estrutural e
saber as bases matemáticas envolvidas no cálculo de estruturas.

64
UNIDADE 2

Convido você a relembrar os conceitos apresentados nesta unidade


por meio da resolução de uma estrutura hiperestática, usando a su-
perposição dos efeitos, as condições de compatibilidade e o Princí-
pio dos Trabalhos Virtuais. Assista ao vídeo acessando ao QR Code.

O Princípio dos Trabalhos Virtuais junto com o Teorema de Castigliano são as bases conceituais para a reso-
lução de estruturas pelo Método das Forças e serão muito utilizados nas nossas próximas aulas. O Princípio da
Superposição dos Efeitos é um grande aliado para engenheiros(as) calculistas e para engenheiros(as) de obra,
pois ele permite obter rapidamente os esforços em uma viga sem a necessidade de calculá-la por completo.
Reitero que esses conceitos têm a finalidade de desenvolver em você, aluno(a), a capacidade
de olhar para uma estrutura de maneira sistêmica, visualizando seu comportamento estrutural,
habilidade imprescindível a um(a) bom(a) engenheiro(a).

65
Nesta unidade, mostramos uma abordagem para a solução de estruturas hiperestáticas. Mostra-
mos os princípios básicos e os métodos usados para cálculo de deformações em estruturas. Você
aprendeu a usar o Princípio da Superposição dos Efeitos, bem como suas limitações e campos de
validades. Conheceu o Princípio dos Trabalhos Virtuais e o Teorema de Castigliano, suas bases
conceituais e a aplicação desses métodos no cálculo de deformações em estruturas.
Você pode entender como calcular uma estrutura estaticamente indeterminada usando as Con-
dições de Compatibilidade e a superposição dos efeitos. Ao calcular as deformações da estrutura
relativas ao carregamento e o valor de força — reação de apoio — que provoque a mesma defor-
mação, mas em sentido contrário, garantirá, assim, as Condições de Compatibilidade.
Acredito que esses conceitos e conteúdos contribuíram um pouco para a sua formação profis-
sional e entendimento sobre estruturas. A fim de fixá-los à sua bagagem conceitual, fomentando
sua formação profissional, sugiro que você faça um mapa mental resumindo os assuntos aqui
estudados, relembrando e descrevendo cada detalhe já apresentado.

66
67
1. O deslocamento em um ponto de uma estrutura é igual à primeira derivada parcial
da energia de deformação em relação a uma ação — força ou momento — que atua
no ponto e na direção do deslocamento. O conceito expresso na afirmação anterior
se refere ao:
a) Princípio dos Trabalhos Virtuais.
b) Teorema de Castigliano.
c) Princípio da Superposição dos Efeitos.
d) Método dos Deslocamentos.
e) Teorema de Cross.

2. O cálculo dos deslocamentos em estruturas é muito importante para a avaliação de


suas deformações em estado limite de serviço. Uma das soluções para se calcular as
deformações em estruturas é usar o Princípio dos Trabalhos Virtuais. Avalie as afirma-
ções a respeito desse princípio.
I) O trabalho que uma força externa realiza ao deformar uma estrutura é igual à energia
interna absorvida pelos esforços internos.
II) A energia interna de um corpo é dada pela soma das energias de deformação de
todos os esforços, além de outras parcelas de energia.
III) O Princípio da Superposição dos Efeitos não é válido para a aplicação do Princípio
dos Trabalhos.
IV) Para calcular um determinado deslocamento pelo Princípio dos Trabalhos Virtuais,
deve-se aplicar uma carga unitária na posição e direção do deslocamento.

Assinale a alternativa em que se tem o julgamento correto das afirmações.


a) Está correta, apenas, a afirmação I.
b) Está correta, apenas, a afirmação III.
c) Estão corretas as afirmações I, II e III.
d) Estão corretas as afirmações I, II e IV.
e) Todas estão corretas.

3. Complete as lacunas do trecho referente ao Teorema de Clapeyron.

Considerando uma força P aplicada sobre _________________ em uma estrutura, ela realiza-
rá um trabalho em função de suas deformações e deslocamentos. Essa condição ______
representar estruturas reais, pois o processo construtivo é relativamente lento e sofre
incrementos graduais à medida que se constrói. Segundo o Teorema de Clapeyron, nessa
situação, a _______________ é __________ do produto entre força e deslocamento.

68
a) Incrementos lentos e graduais; costuma; energia de deformação; metade.
b) Incrementos rápidos; não costuma; energia de deslocamento; dobro.
c) Incrementos rápidos; não costuma; energia de deformação; metade.
d) Incrementos lentos e graduais; costuma; energia de deformação; metade.
e) Incrementos lentos e graduais; costuma; energia de deslocamento; dobro.

4. Em estruturas isostáticas, podemos aplicar o Princípio dos Trabalhos Virtuais para


obter os deslocamentos em determinados pontos. Outra maneira para se obter esses
deslocamentos é pelo Teorema de Castigliano.

Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga engastada e livre, com 4 metros de balanço e com uma
carga de 150 kN aplicada na sua extremidade.

Calcule a deformação na extremidade livre da viga anterior, considerando E = 2, 0.10 kN / m


8 2

−4
e I = 5.10 m . Assinale a alternativa com o valor correto.
4

a) 0,023 m para baixo.


b) 0,032 m para cima.
c) 0,032 m para baixo.
d) 0,053 m para direita.
e) 0,053 m para baixo.

5. O Princípio dos Trabalhos Virtuais é uma ferramenta muito prática para o cálculo de
deformações em estruturas. Além disso, é possível determinar as reações de apoio
em uma estrutura hiperestática, procurando-se o valor da reação de apoio, em que as
deformações do apoio sejam compatíveis com o vínculo.

69
Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga engastada (em A) e apoiada (em B) com 4 metros de vão,
sobre os quais se distribui um carregamento uniforme de 10 kN/m.

Considerando a viga da figura anterior e que EI = 1.10 kN / m , calcule a reação de apoio


4 2

no ponto B.
a) 15 kN.
b) 20 kN.
c) 25 kN.
d) 30 kN.
e) 35 kN.

70
3
Método das Forças
Me. Gabriel Trindade Caviglione

Nesta unidade, você aprenderá a resolver estruturas hiperestáticas


pelo Método das Forças. Esse método é muito importante e muito
conhecido no meio técnico, sendo fundamental compreendê-lo
durante a sua formação como engenheiro(a) civil. Para resolver
uma estrutura pelo Método das Forças, você deverá usar conceitos
dos Princípios dos Trabalhos Virtuais, da Superposição dos Efei-
tos e das Condições de Compatibilidade. Nessas condições, você
aprenderá o procedimento usado para calcularmos as forças que
restauram as condições de compatibilidade inicial da estrutura. Em
outras palavras, resolveremos estruturas hiperestáticas. Conhecer
o comportamento dessas estruturas é fundamental. Desejo-lhe
bons estudos!
UNICESUMAR

Você já se perguntou como um(a) engenheiro(a) decide sobre o projeto de uma estrutura? Quais
decisões são tomadas dentro de um escritório de cálculo a fim de otimizar um projeto? Como que
determinada estrutura deve se comportar se removermos um de seus pilares? E se adicionarmos
um pilar extra? Como os conceitos de resolução de estruturas podem ser usados a fim de elaborar
um projeto mais consciente e de melhor qualidade?
Para uma concepção estrutural mais aprimorada, o(a) engenheiro(a) precisa entender bastante
de comportamento estrutural. Muitas vezes, tal percepção vem apenas de engenheiros(as) mais
experientes e especialistas, voltados ao cálculo e dimensionamento de estruturas. Evidentemente,
é função de todos nós evitar custos desnecessários e procurar melhorar o comportamento da
estrutura de uma edificação. Para fazê-lo, não existe outra maneira senão o estudo de diversas
soluções e comparação entre elas. Nesse ponto, a experiência pode poupar um pouco de tempo.
Nesse sentido, o mercado tem procurado profissionais que consigam transitar entre sua função
estritamente técnica — cálculo de uma estrutura — e uma visão global da edificação, enxergando os
custos, a viabilidade construtiva, os impactos ambientais de seu projeto etc.
Com o advento dos computadores e dos programas de cálculo estrutural, a capacidade de um(a)
engenheiro(a) de concepção estrutural se tornou mais importante do que sua capacidade de realizar
as contas. Por isso, hoje, é fundamental sempre analisar diferentes concepções estruturais, visando
reduzir os custos de uma edificação sem reduzir sua confiabilidade e segurança.
Para entendermos melhor o comportamento de estruturas, quero convidá-lo(a) a se imaginar
em uma situação hipotética. Nessa situação, você está trabalhando em um projeto estrutural,
auxiliando o engenheiro Luiz — que, ainda, é um pouco inexperiente — a desenvolver o projeto
de uma residência em concreto armado.

Figura 1 – Engenheiros decidindo sobre um projeto.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma mulher sentada apontando para um computador com uma caneta. Na tela do compu-
tador, vemos um projeto de engenharia, ao lado dela, um homem de pé olha, também, o computador, aparentemente, ouvindo-a.

72
UNIDADE 3

Ao desenvolver o projeto, uma das vigas acaba por ter uma taxa de armadura muito alta em função da
grande magnitude de momentos fletores positivos. Visando compatibilizar o projeto com os custos
previstos em fase de orçamento, Luiz está procurando alguma solução para otimizar o projeto da viga
e minimizar os custos. Exausto da procura por uma solução, ele resolve solicitar ajuda a você: como
podemos reduzir os esforços agindo na viga baldrame VB106?

Figura 2 – Viga VB106, solução para homogeneização dos momentos fletores / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: na figura, temos a viga VB106 em um projeto estrutural, uma prancha de formas. À esquerda, temos,
na Figura 2 (a), uma viga biapoiada de seção 14x50, com seu esquema estático desenhado abaixo, mostrando um vão de 6
m e um carregamento de 8 kN/m, resultando em um momento positivo grande. À direita, temos, na Figura 2 (b), a mesma
viga, porém com a adição de um apoio no centro, representado pelo bloco B02; nessa situação, temos a representação do
esquema estático da viga e o seu diagrama de momento fletor, com momentos positivos e negativos, mais homogeneizados.

Você, prontamente, lembra-se que vigas hiperestáticas tendem a ter menores esforços, pois a conti-
nuidade permite que esses momentos tenham valores mais homogêneos. Então, você sugere a adição
de uma estaca — estaca e bloco - B02 —, dividindo o vão da viga ao meio! Embora seja uma solução
interessante, ainda é preciso avaliar se a economia na viga é significativa ao ponto de se valer da execu-
ção de uma estaca nova. Quando se tem a adição da estaca, temos uma economia do aço da viga, mas,
por outro lado, gasta-se mais concreto na fundação — bloco e estaca —, ou seja, precisamos avaliar se
o custo da fundação é maior do que o custo de uma armadura mais pesada na viga. Deve-se avaliar,
também, que a presença da nova estaca, representada pelo apoio no ponto B, modifica as reações de
apoio em A, B e C, o que deve conduzir a fundações mais econômicas para os apoios A e C.
Considerando uma composição de preços unitários, Luiz fez algumas contas e chegou à conclusão
de que a adição de uma estaca extra só seria viável se o aço usado na viga fosse menor do que a metade
da taxa atual. Nessas condições, considere que, para haver uma redução da taxa de aço pela metade, é
necessário que o momento seja reduzido, pelo menos, pela metade.

73
UNICESUMAR

• Se o momento fletor se reduzir à, pelo menos, metade, então é viável


o uso da estaca, isto é, a presença da estaca economizará aço da viga.
• Se o momento fletor se reduzir a um valor maior do que a meta-
de, então não é viável o uso da estaca, isto é, é mais barato fazer
a viga com uma taxa de aço maior.

Assim, avalie a viga com um apoio central novo e determine quanto a


presença desse apoio pode reduzir nos esforços da viga, analisando se
é ou não viável a utilização da estaca.
Como a presença desse apoio extra deve influenciar no comporta-
mento da viga? Será que os momentos fletores aumentarão? E as reações
no apoio, como ficam? Com o apoio extra, qual é a estática classificação
da viga? Conseguimos resolver ela pelos conceitos já aprendidos na
unidade referente ao Princípio dos Trabalhos Virtuais?
Para saber como essa viga se comportará na presença de um apoio
extra, precisamos resolver um problema hiperestático. Utilizaremos o
Método das Forças para resolver a viga hiperestática. Nesse método,
estamos procurando as forças — referente às reações de apoio — que
possam restituir o deslocamento que a viga teria se fosse isostática. A
ideia, então, é remover um dos apoios da estrutura, transformando-a
em isostática. Então, imaginemos o comportamento da viga, calculan-
do qual seria a deformação dela caso o apoio removido não existisse.
Vamos, então, superpor essa viga isostática com o carregamento real,
frente à mesma viga isostática, porém com uma força que representa a
reação do vínculo removido. O problema reside em calcular o valor da
força que provoque uma deformação igual à deformação da viga com
carregamento real, recuperando a condição de compatibilidade do apoio.
Uma vez que você souber o valor das reações extras, o proble-
ma fica reduzido a um problema isostático, e é possível calcular as
demais reações e esforços internos. Com os momentos fletores, é
possível comparar seus valores máximos frente aos valores da viga
biapoiada e, então, avaliar se a redução foi significativa ou não. Caso
a redução seja maior do que os 50% estabelecidos pelo engenheiro
Luiz, deve-se fazer a adição da fundação no projeto; caso a redução
seja menor do que os 50%, a adição não deve ser feita.
A solução de adição de uma estaca é apenas uma das soluções que
podemos adotar. Quais outras ideias você acredita que poderiam re-
duzir o esforço na viga? Registre essas ideias no seu Diário de Bordo!
Procure desenvolver, em si mesmo(a), a capacidade de conceber es-

74
UNIDADE 3

truturas mais econômicas. Será que, se mexermos na posição dos apoios A e C, conseguimos evitar
a adição de uma estaca e, ainda assim, reduzir os esforços? Imagine o diagrama de momento fletor,
esboce-o. Será que consigo conceber uma grelha para aliviar esse esforço presente na viga? Será que
é possível engastar a minha viga nas estacas? Quais efeitos isso teria perante o diagrama de momento
fletor? Sugiro você que faça desenhos e esquemas mostrando os conceitos e ideias envolvidos no cálculo.
Procure detalhar como você pode calcular o valor do momento fletor nessas situações!

Buscando resolver a situação apresentada pelo engenheiro Luiz, você precisa calcular uma viga
hiperestática. O cálculo de estruturas hiperestáticas envolve a obtenção de outras equações que,
somadas às equações de equilíbrio da estática, permitem resolver a estrutura. Uma das soluções
mais usadas em estruturas é o Método das Forças. Esse método se baseia na conservação de
energia, em que o trabalho causado por uma ação e sua respectiva deformação na estrutura é
convertido em energia interna. Esse método é válido para a viga de Euller-Bernoulli, situação
em que os deslocamentos e deformações são pequenos e na qual as seções permanecem planas
após as deformações. A aplicação do método precisa respeitar as leis constitutivas dos materiais e
as condições de equilíbrio básicas. Tendo em mente essas condições de contorno é possível aplicar
o método das forças para obter as reações de apoio de estruturas hiperestáticas.
Para tanto, no Método das Forças, a abordagem é obter os valores de forças atuantes, cujos deslo-
camentos associados recuperem as condições de compatibilidade com os vínculos. Para entendermos
melhor, consultemos o pórtico três vezes hiperestático da Figura 3. Nessa situação, são necessárias
três equações extras — além das de equilíbrio ΣFH = 0, ΣFV = 0, ΣM = 0 — para determinar seu
comportamento. Imaginemos que a Figura 3 (a) possa ser representada como a Figura 3 (b), uma

75
UNICESUMAR

vez que não há alteração alguma do ponto de vista estático (SUSSEKIND, 1980). Rompe-se alguns
dos vínculos da estrutura, liberando três deslocamentos correspondentes a três incógnitas de forças
a serem determinadas.

Figura 3 – Condições equivalentes de estaticidade em pórtico três vezes hiperestático / Fonte: Sussekind (1980, p. 107).

Descrição da Imagem: a figura mostra dois pórticos planos. À esquerda, um pórtico três vezes hiperestático, apoiado por
dois engastes nos pontos A e B. À direita, um pórtico isostático, com apoio fixo em A e móvel em B, ambos acrescidos de X1,
X2 e X3, incógnitas que garantem a condição de compatibilidade estática dos pórticos.

Dessa maneira, é possível reduzir a estrutura hiperestática numa dada estrutura isostática — chamada
de sistema principal —, na qual introduzimos esforços X1, X 2 e X 3 para preservar a compatibili-
dade estática. Conforme Sussekind (1980), podemos entender que a estrutura hiperestática (H) é
dada pela superposição do sistema principal com carregamento (0), com hiperestático X1 (1), com
hiperestático X 2 (2) e com hiperestático X 3 (3).

76
UNIDADE 3

Figura 4 – Estrutura hiperestática e sistema principal usado na sobreposição dos efeitos / Fonte: adaptada de Sussekind (1980).

Descrição da Imagem: a figura descreve o sistema principal de um pórtico com dois apoios engastados, conforme o pórtico
da Figura 3. Agem três hiperestáticos X1, X2 e X3, referentes aos momentos dos apoios e à força horizontal. Esse pórtico será
dado pela superposição dos efeitos do carregamento, do hiperestático X1, do hiperestático X2 e do hiperestático X3. Na figura,
ele é representado como um simbolo de igualdade e um colchetes somando cada um desses efeitos. Os hiperestáticos estão
como que mutilplicando os pórticos e seus deslocametnos unitários referentes a cada hiperestático atuante.

Ao sobrepor todos esses efeitos, é possível escrever um sistema linear de equações de compatibilidade
elástica, cuja solução corresponde aos hiperestáticos que satisfizerem todas as condições simultanea-
mente. Nesse caso, temos a representação algébrica ilustrada na equação (3.1):

d10 + d11X1 + d12 X 2 + d13 X 3 = 0


d20 + d21X1 + d22 X 2 + d23 X 3 = 0 (3.1)
d30 + d31X1 + d32 X 2 + d33 X 3 = 0

77
UNICESUMAR

Em que:

• d10 , d20 e d30 referem-se aos deslocamentos nos pontos/direções 1, 2 e 3 em


função do carregamento externo, que é o caso 0.
• X1, X 2 e X 3 referem-se aos hiperestáticos atuantes nos pontos/direções 1, 2 e
3, valores de esforços a serem determinados.
• d11 , d22 e d33 referem-se aos deslocamentos nos pontos/direções 1, 2 e 3 em
função do carregamento dos hiperestáticos, atuando na posição 1, 2 e 3 ( X1, X 2
e X 3 ), respectivamente.
• d12 e d13 correspondem ao deslocamento no ponto/direção 1 em função do
carregamento na posição 2 e 3 ( X 2 , X 3 ).
• d23 corresponde ao deslocamento no ponto/direção 2 em função do carrega-
mento na posição 3.
• d21 e d31 correspondem ao deslocamento no ponto/direção 2 e 3 em função do
carregamento na posição 1 ( X1 ).
• d32 corresponde ao deslocamento no ponto/direção 3 em função do carrega-
mento na posição 2.

Note que, pelo Teorema de Maxwell, as deformações são recíprocas, isto é: d12 = d21
, d13 = d31 e d23 = d32 . Nesse cenário, se calcularmos os valores dos deslocamentos
d d d d d d d d d  , poderemos resolver a estrutura, localizando
 10 20 30 11 22 33 12 13 23 
seus hiperestáticos e entendendo seu comportamento. Esses deslocamentos podem ser
obtidos pelo princípio dos trabalhos virtuais, combinando cada carregamento no sistema
principal com uma carga unitária virtual. Esses valores podem ser obtidos pela integração,
mas costuma ser mais prático usar as tabelas de Kurt-Beyer, citadas na Unidade 2.
Foi apresentado o caso de uma estrutura com grau de hiperestaticidade 3, mas, generi-
camente, podemos escrever a equação representando a aplicação do Método das Forças
para qualquer estrutura com n graus de hiperestaticidade. Na equação (3.3), temos a
representação do mesmo sistema de equações em formato matricial {d0 } + d  . X  = {0} .

d10 + d11X1 + d12 X 2 + .... + d1 j X j = 0


d20 + d21X1 + d22 X 2 + .... + d2 j X j = 0
(3.2)
....
di 0 + di 1X1 + di 2 X 2 + +.... + dij X j = 0

(3.3)

78
UNIDADE 3

Em que:

• di 0 refere-se ao deslocamento no ponto ‘i’ em função do carregamento externo,


que é o caso 0.
• X j refere-se ao hiperestático ‘j’.
• dij refere-se ao deslocamento no ponto ‘i’ em função do carregamento na
posição ‘j’, referente ao hiperestático X j . Note que, pelo Teorema de Maxwell,
dij = dji , portanto, a matriz será simétrica.

A solução de estruturas hiperestáticas com n graus de hiperestaticidade estará em


um sistema linear de uma matriz quadrada n por n. Dessa forma, o método pode ser
aplicado em qualquer tipo de estrutura, desde que sejam avaliadas corretamente as
condições de compatibilidade estática na elaboração do sistema principal (SORIANO;
LIMA, 2006). Nesse sentido, podemos definir um roteiro para a aplicação do método:

1. Escolher os vínculos e apoios a serem removidos: a escolha dos vínculos é


um processo muito importante, pois definirá o sistema principal sobre o qual
serão calculados o carregamento real e os hiperestáticos. Segundo Sussekind
(1980, p. 112), “devemos escolher um sistema principal que acarrete uma
obtenção não trabalhosa dos coeficientes di 0 e dij ”.
2. Elaborar os sistemas de carregamento: nessa etapa, deve-se elaborar os sis-
temas de equações de compatibilidade, separando os casos de carregamento
externo e casos de carregamento referente aos hiperestáticos.
3. Determinar os coeficientes: di 0 e dij , estes são calculados usando o Princípio
dos Trabalhos Virtuais e as tabelas de Kurt-Beyer e considerando que, pelo
Teorema de Maxwell, a matriz do sistema linear deve ser simétrica, de tal
forma que dij = dji .
a) Os deslocamentos di 0 são obtidos pela combinação do carregamento exter-
no com um carregamento unitário no ponto em que se pretende calcular
o deslocamento.
b) Os deslocamentos di 0 são obtidos pela combinação do carregamento das
reações hiperestáticas com um carregamento unitário no ponto em que se
pretende calcular o deslocamento.
4. Resolver sistema linear: de posse de todos os coeficientes, escreve-se o
sistema linear, e procuram-se os valores que satisfazem todas as equações
simultaneamente. Uma vez resolvido o sistema, temos os valores das rea-
ções hiperestáticas, e o restante da estrutura pode ser resolvido usando as
equações de equilíbrio. Encontra-se, então, as demais reações de apoio e os
esforços ao longo da estrutura.

79
UNICESUMAR

Para exemplificar a aplicação do método, avaliemos a viga da Figura 5, considerada 1 vez hiperestática.
Incialmente, é interessante observar a estrutura para entender seu comportamento: trata-se de uma viga
contínua, com um balanço apenas no lado esquerdo, não há simetria geométrica, esperam-se momentos
negativos sobre os apoios B e C e positivos nos vãos BC e CD, espera-se, também, um maior carregamento
sobre os apoios B e C. Para resolver essa estrutura, é necessário escolher o vínculo a ser rompido. Apenas
para fins didáticos, escolhemos a reação vertical em C, assim temos o sistema principal conforme a Figura 5.

Figura 5 – Exemplo de viga para aplicação do Método das Forças / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga hiperestática com três apoios: B, C e D. Temos uma carga distribuída de 12
kN/m no trecho BD e uma carga concentrada de 8kN em A em balanço, à esquerda do apoio B. Temos a viga hiperestática
representada pela letra H, o caso de carregamento externo 0 e o carregamento 1 referente à reação Vc removida.

Da compatibilidade dos deslocamentos, temos a equação , na qual é possível escrever as condições de com-
patibilidade pela superposição dos efeitos agindo na viga. Dessa maneira, o próximo passo para a resolução
da estrutura é a obtenção dos valores de d10 e d11 , sendo que, para tanto, deve-se separar os carregamentos.

d10 +VC . {−d11 } = 0


(3.4)

80
UNIDADE 3

A Figura 6 mostra o sistema principal da viga, conforme carregamento externo e carregamento hipe-
restático Vc. No caso do carregamento externo, a Figura 6 já mostra os valores de reações de apoio,
que podem ser obtidos pelo equilíbrio dos momentos ao redor do ponto B.

ΣM B = 0; +7.VD − 12.7² / 2 + 8.2 = 0 → VD = 39, 71kN


(3.5)
ΣFv = 0; +39, 71 − 12.7 − 8 +VB = 0 → VB = 52, 29kN

Para o caso de carregamento unitário/hiperestático, as reações podem ser obtidas pelas vigas notáveis
— biapoiada com carga pontual. Temos, também, o registro dos valores de momento fletor em cada
uma das situações, que devem ser obtidos pelo Método das Seções para podermos usar as integrais
ao determinar os valores das deformações.

Figura 6 – Exemplo de viga, casos de carregamento 0 e 1 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra o sistema principal com a combinação dos diagramas para aplicação do Princípio dos
Trabalhos Virtuais referente à viga da Figura 5. À esquerda, temos a combinação do carregamento para obter a deformação em
C representado por duas vigas, o caso do carregamento representado pelo 0, já retirado o apoio C, e o caso do carregamento
unitário representado por 1, com uma força virtual unitária para baixo de um kN no ponto C, no qual se pretente calcular a
deformação. A figura já registra suas reações de apoio e diagramas de momentos fletores. À direita, temos a combinação da
reação de apoio Vc, representada por duas vigas; acima, o caso 1 referente ao carregamento da reação de apoio, nesse caso,
considerada unitária, pois será multiplicada por VC; e, abaixo, o caso do carregamento unitário no ponto C, em que se deseja
obter as deformações. A figura também ilustra as reações de apoio e os diagramas de momento fletor.

Agora, obteremos as equações de momentos fletores em cada trecho para, então, calcular os desloca-
mentos d10 e d11 . Para calcular o deslocamento d10 , combinaremos o carregamento externo (0) com
uma força unitária em “C” (1). Como não temos momento fletor no trecho AB referente à carga uni-
tária (1), não é necessário calcular esse momento no caso do carregamento externo (0), uma vez que,
quando multiplicado por zero, este terá seu valor anulado. Já para o trecho BC, x 1 variando entre 0
e 4. Combinando o carregamento externo (0) com força unitária (1), temos:

81
UNICESUMAR

M (x 1 ) = −8(x 1 + 2) + 52, 29x 1 − 12x 12 / 2 ∴ M (x 1 ) = −6x 12 + 44, 29x 1 − 16


M (x 1 ) = +0, 428x 1
4

∫ M (x 1 )M (x 1 )dx = ∫ [0, 428x 1


][−6x 12 + 44, 29x 1 − 16]dx (3.6)
BC 0
4
4  2, 568x 4 18, 956x 3 6, 848x 2 
∫ [−2, 568x 1 + 18, 956x − 6, 848x 1 ]dx = −
3
1
2 1
+ 1
− 1 
 = 185, 26
0  4 3 2  0

Para o trecho DC, x 2 variando entre 0 e 3, temos:


M (x 2 ) = +39, 7x 2 − 6x 22
M (x 2 ) = +0, 571x 2
3

∫ M (x 2 )M (x 2 )dx = ∫ [0, 571x 2


][−6x 22 + 39, 7x 2 ]dx (3.7)
DC 0
3
3  −3, 426x 4 22, 67x 3 
∫ [−3, 426x 2
3
+ 22, 67x 2 ]dx =  2 2
+ 2 
 = 134, 65
0  4 3  0

Aplicando-se o PTV para obter d10 , temos:

EI .d10 = ∫ M (x )M (x ).dx =∫ M .Mdx + ∫ M .Mdx


1 1
(3.8)
AD BC DC
EI .d10 = 185, 26 + 134, 65 = 319, 91

Agora, faz-se necessário determinar o valor de d11 . Para tanto, temos as equações a seguir.

BC
M BC (x 1 ) = −0, 428x 1 ; M (x 1 ) = −0, 428x 1 ;
DC
M DC (x 2 ) = −0, 571x 2 ; M (x 2 ) = −0, 571x 2 ;
BC CD

∫M dx + ∫ M CD M dx
BC
EI d11 = M
BC CD
4 3 (3.9)
−0, 428x  −0, 428x  dx + −0, 571x  −0, 571x  dx
EI d11 = ∫  1   1  ∫  2   2 
0 0
4 3
4 3
EI d11 = ∫ 0, 1836x dx + ∫ 0, 3265x 2 dx =  0, 1836x 13 / 3 +  0, 3265x 2 3 / 3 = 6, 855
2 2
1  0  0
0 0

De posse dos valores de d10 e d11 , montamos o sistema linear e procuramos a solução para ele.

d10 +VC {−d11 } = 0


319, 91 (3.10)
319, 91 +VC {−6, 855} = 0 ∴ Vc = = 46, 67 ≅ 46, 7kN
6, 855

82
UNIDADE 3

Assim, o valor da reação Vc é de 46,7 kN. Para resolver os outros apoios da estrutu-
ra, podemos aplicar as equações de equilíbrio, considerando, agora, o valor da for-
ça Vc. Dessa forma, tomando o somatório dos momentos com relação ao ponto B, teremos
ΣM B = 0; −12.7² / 2 + 4.46, 7 + 7.VD + 8.2 → VD = 13, 03kN , e tomando o somatório dos esforços ver-
ticais, ΣFv = 0; −8 − 12.7 + 46, 7 + 13, 0 +Va = 0 → VA = 32, 27kN . A partir desses valores de reação,
é possível calcular os esforços em cada um dos pontos.
B
M ESQ = −8.2 = −16kNm
(3.11)
C
M ESQ = −8.6 + 32, 27.4 − 12.4.2 = −14, 93kNm

Para obter o momento máximo positivo, deve-se obter a equação do esforço no trecho e procurar seu
máximo local, em que a derivada primeira é igual a zero. Nesse ponto, o momento é máximo.
A Figura 7 mostra a viga com suas reações de apoio e diagramas de momento fletor. Repare que o
diagrama de momento fletor está compatível com a previsão de picos de momento negativo sobre os
apoios B e C e sobre os momentos positivos nos trechos BC e DC.

Figura 7 – Exemplo de viga, diagrama de momentos fletores e reações de apoio / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga hiperestática resolvida, com os valores das reações de apoio B, C e D, res-
pectivamente, 32,3 kN, 46,7 kN e 13,0 kN. Abaixo da viga, temos desenhado o diagrama de momento fletor, no qual vemos
dois picos negativos sobre os apoios B e C, bem como momentos positivos nos trechos BC e CD.

83
UNICESUMAR

Resolver estruturas hiperestáticas pelo método das forças pode ser bastante cansativo! Prin-
cipalmente, usando as integrais. Lembre-se de que você pode usar as tabelas de Kurt-Beyer
para resolver estruturas de maneira mais prática.

Ainda exemplificando o uso do Método das Forças, analisemos a viga baldrame a ser resolvida para
o engenheiro Luiz. Dessa vez, a resolução será por meio das tabelas de Kurt-Beyer, já mostradas nas
unidades anteriores. A Figura 8 ilustra a viga a ser resolvida. Trata-se de uma viga uma vez hiperes-
tática, com três apoios, simetria de geometria, carregamento e rigidez. Esperam-se maiores esforços
no apoio central da viga, sobre o qual se espera um momento negativo que deve homogeneizar e
distribuir melhor os momentos.

Figura 8 – Exemplo de viga baldrame, três apoios, simétrica / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga hiperestática com três apoios. Temos que essa viga pode ser elaborada pela
superposição dos efeitos do caso 0 de carregamento externo e caso 1 de carregamento da reação de apoio VB.

84
UNIDADE 3

Para reduzirmos essa viga a uma viga isostática em um sistema princi-


pal, precisamos romper um dos vínculos, poderia ser o apoio A, B ou C.
Tanto faz. Apenas deve se atentar para o fato de que a escolha do apoio
deve influenciar na facilidade ou dificuldade de solução do exercício.
Removeremos o apoio B, de tal forma que teremos o sistema principal
já ilustrado na Figura 8. Observando o diagrama de momentos fletores
da figura, podemos aplicar as tabelas e obter os deslocamentos d10 e d11 .
5 5
EI d10 = 2. LM M = 2. 3.36.1, 5 = 135
12 12
1 1
EI d11 = 2. LM M = 2. 3.1, 5.1, 5 = 4, 5 (3.12)
3 3
EI d10
VB = = 30kN
EI d11

Com o valor de reação VB, já é possível determinar a reação em A e C


( ΣM A = 0; +6Vc + 3.30 − 8.6.3 → Va = Vc = 9kN ) e, então, calcular o
momento fletor máximo positivo e negativo da sua estrutura.

Sempre que você precisar confe-


rir o resultado de algum exercí-
cio, pode recorrer ao programa
FTOOL. Trata-se de um software
educacional desenvolvido pelo
professor Luiz Fernando Martha da
PUC do Rio de Janeiro, TECGRAF.
Esse programa está apto a resolver estruturas bidimensio-
nais, tanto isostáticas quanto hiperestáticas. O software tem
uma interface extremamente intuitiva e é de fácil utilização. A
sua versão gratuita pode ser baixada acessando o QR Code:

Analisemos o pórtico da Figura 9, adaptada de Sussekind (1980). Te-


mos dois graus de hiperestaticidade, ou seja, duas reações extras ao
equilíbrio. Trata-se de uma estrutura assimétrica, com uma variação
na rigidez (barra CD). Antes de iniciarmos a resolução, procure prever
o comportamento da estrutura.

85
UNICESUMAR

Figura 9 – Exemplo de pórtico, duas vezes hiperestático / Fonte: adaptada de Sussekind (1980).

Descrição da Imagem: a figura mostra um pórtico ABCD duas vezes hiperestático. Para a elaboração do sistema hiperestático
do pórtico, foram liberados os engastamentos da viga pilar, adicionando-se rótulas e momentos M1 e M2 hiperestáticos. Dessa
maneira, o sistema principal fica composto pelo caso 0 sob efeito do carregamento externo; caso 1 sob efeito do hiperestático
M1 em C; e caso 2 sob efeito do hiperestático 2. São mostrados, também, a aplicação dos hiperestáticos e seus respectivos
diagramas de momentos fletores

A fim de facilitar a solução da estrutura, adotaremos rótulas no ponto C e D, aplicando-se momentos M1


e M2, sendo esses os hiperestáticos a serem calculados. Assim, na Figura 9, podemos ver que o pórtico
H é dado pela combinação do sistema principal com o carregamento 0 e com os carregamentos hipe-
restáticos 1 e 2. O próximo passo é escrever o sistema principal, isto é, as equações de compatibilidade.
q10 + q11 .M 1 + q12 .M 2 = 0
(3.13)
q20 + q21 .M 1 + q22 .M 2 = 0

86
UNIDADE 3

Então, obteremos os valores das rotações no ponto 1 e 2, referente ao caso de carregamento 0, 1 e 2.


Mas atenção! Como o EI não é constante ao longo da estrutura, é necessário inseri-lo no cálculo tre-
cho a trecho. Incialmente, calcularemos o coeficiente q10 , combinação do diagrama parabólico (0) e
triangular (1). Repare que, nos trechos AC e BD, não há necessidade de fazer combinação:

1 LM M 1 6.90.1 90
q10 = − =− =− (3.14)
3 2EI 3 2EI EI

O coeficiente q20 é obtido da combinação do diagrama parabólico (0) com o diagrama triangular (2).
Repare que, nos trechos AC e BD, não há necessidade de fazer combinação:

1 LM M 1 6.90.1 90
q20 = − =− =− (3.15)
3 2EI 3 2EI EI

A rotação no ponto 1, devido ao carregamento em 1, é dada pelo q11 , combinação do diagrama 1 —


hiperestático M1 — com o diagrama 1 — carregamento unitário M = 1 . Em AC, temos combinação
de dois diagramas retangulares e, em CD, temos a combinação de dois diagramas triangulares:

LM M 1 LM M 3. 1. 1 1 6 . 1 . 1 4
q11 = + = + = (3.16)
EI 3 2EI EI 3 2EI EI

A rotação no ponto 2, devido ao carregamento em 1, é dada pelo q21 , combinação do diagrama 1 —


hiperestático M1 — com o diagrama 2 — carregamento unitário M = 1 . Em AC, temos combinação de
um diagrama retangular com um triangular e, em CD, temos a combinação de um diagrama triangular
com um triangular invertido:
1 LM M 1 LM M 1 3.1.1 1 6.1.1 1
q21 = q12 = − + =− + =− (3.17)
2 EI 6 2EI 2 EI 6 2EI EI

A rotação no ponto 2, devido ao carregamento em 2, é dada por q22 , combinação do diagrama 2 —


hiperestático M2 — com o diagrama 2 — carregamento unitário M = 1 . Em AC, CD e DB, temos dois
diagramas triangulares combinados:

1 LM M 1 LM M 1 LM M 1 3.1.1 1 6.1.1 3
q22 = + + = 2. + = (3.18)
3 EI 3 EI 3 2EI 3 EI 3 2EI EI

De posse dos coeficientes qi 0 e qij , podemos escrever o sistema de equações de compatibilidade:


−90 + 4.M 1 − 1.M 2 = 0
(3.19)
−90 − 1.M 1 + 3.M 2 = 0

Cujas soluções são M 1 = 32, 72kNm e M 2 = 40, 90kNm .

87
UNICESUMAR

Você se lembra de como resolver sistemas lineares como o anterior? Regra de Cramer, Gauss-Seidel,
escalonamento, substituição? Sugiro relembrar esses processos, pois são úteis para os exercícios. Você
também pode conferir o resultado pelo Excel (ou outro software)! Vamos aprender como fazer?
O processo é simples: você deve escrever a matriz em cada uma das células, bem como os vetores,
{d0 } + d  . X  = {0}. O vetor de hiperestáticos X  pode ser obtido pela multiplicação dos deslocamentos
− {d0 } com a matriz inversa dos deslocamentos d  , equação .
−1

{d } + d  . X  = {0}


0
d  . X  = − {d }
    0

d  . d  . X  = − {d } . d 
−1 −1
(3.20)
       
0

1. X  = − {d } . d 


−1
0

X  = − {d } . d 
−1
   
0

Para fazer esse processo, usaremos a função “=MATRIZ.INVERSO(“. Selecione toda a matriz a ser
invertida e, antes de digitar a fórmula, lembre-se de selecionar as células que farão parte da matriz
nova. Ao terminar, aperte CRTL + Shift + Enter — não apenas Enter. O Excel preencherá as células
selecionadas. Em seguida, o vetor X será dado pela multiplicação: “=MATRIZ.MULT(“. Seguindo os
mesmos passos, você obterá os valores que satisfazem o sistema.

Figura 10 – Passo a passo da solução de sistemas com multiplicação de matrizes no Excel / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a imagem mostra seis passos para se resolver um sistema linear no Excel. No passo 1, temos a seleção
das células da matriz. No passo 2, a digitação da fórmula. No passo 3, o resultado do Excel. No passo 4, a seleção das células.
No passo 5, a digitação da fórmula. E, no passo final, o resultado.

88
UNIDADE 3

A partir desses valores, podemos calcular as reações de apoio, por exemplo, HB pode ser obtido
pelo momento à direita do ponto D ( Mdir D
= +40, 9 = Hb.3 → Hb = 13, 63kN ). Como não temos car-
regamento externo na direção horizontal, H B = −H A = 13, 63kN . Para descobrirmos a reação VB,
temos o momento à direita do ponto C, Mdir C
= −32, 7 = −20.6.3 + 6.VB − 13, 63.3 → VB = 61, 36kN .
Do somatório das forças agindo na vertical, temos ΣFv = 0, −20.6 + 61, 36 +VA = 0 → VA = 58, 63kN
. Tomando o somatório dos momentos ao redor do ponto B, é possível obter o momento em A:
ΣM B = 0; +58, 63 * 6 − 20 * 6 * 3 + M A = 0 → M A = 8, 18kNm . A partir desses valores, é possível traçar
o diagrama de momentos fletores da estrutura, ilustrado na Figura 11.

Figura 11 – Diagrama de momento fletor do pórtico — exemplo resolvido / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: na figura, temos o diagrama de momento fletor do pórtico da Figura 11, bem como suas reações de
apoio. Temos um diagrama contínuo, com momentos positivos no centro do vão da viga do pórtico e momentos negativos
nas ligações das vigas com os pilares.

Neste podcast, conversaremos sobre o uso do Método das Forças


na resolução de estruturas hiperestáticas. Abordaremos a pertinên-
cia do método para a formação de um(a) engenheiro(a) civil, bem
como sua aplicabilidade à análise e concepção de estruturas. Ficou
interessado? Venha participar!

89
UNICESUMAR

Tentemos entender um exemplo um pouco mais complexo e moroso: a resolução de uma treliça hipe-
restática. Sempre que estivermos falando de treliças, devemos relembrar que são elementos submetidos,
majoritariamente, a esforços axiais. Nesse caso, não faz sentido calcular as deformações por efeitos de
flexão, sendo necessário avaliá-las com relação aos esforços de tração e compressão das barras.
Considere a treliça da Figura 12, primeiramente, avaliamos seu comportamento estrutural e seu
grau de hiperestaticidade. Por se tratar de uma treliça uma vez hiperestática assimétrica, espera-se uma
maior reação no apoio “O”, observa-se, também, que as barras estão a 45º, uma vez que o módulo é
de 1,0 m, tanto na vertical como na horizontal. Para resolver essa estrutura pelo Método das Forças,
o primeiro passo é escolher o apoio a ser removido. Escolhe-se o vínculo do primeiro gênero em “S”,
Vs. Nesse sentido, o sistema hiperestático fica representado como na Figura 12.

90
UNIDADE 3

Figura 12 – Treliça hiperestática / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma treliça hiperestática com banzos paralelos horizontais, diagonais e montantes. O
sistema principal da treliça é montado pela retirada do apoio e inserção da força VS, composto pelo carregamento (caso 0) e
pelo carregamento da reação hiperestática (1).

O Método das Forças se baseia na compatibilização dos deslocamentos. Nesse caso, com-
patibilizaremos a deformação da treliça frente ao carregamento externo com a deforma-
ção da treliça frente a uma força X1 . Escrevemos o sistema de compatibilidade conforme a
equação :
d10 +VS . {−d11 } = 0 (3.21)

O problema, agora, reside em calcular os valores dessas deformações, usando o Princípio dos Trabalhos
Virtuais. Considerando que as barras das treliças trabalham, majoritariamente, submetidas a esforços
axiais, precisamos calcular a energia de deformação referente ao trabalho de deformações axiais. Em
barras submetidas ao esforço axial constante, as deformações serão dadas pela equação . Repare que
é uma fórmula análoga à usada para o momento fletor.

L.N .N
di = (3.22)
EA

Faz-se, então, a combinação dos esforços para obter a deformação de cada barra e, posteriormente,
da treliça. Resolve-se, então, a treliça para os casos 0 e 1, combinando-os com as forças unitárias.
Apenas para exemplificar o processo, podemos obter os esforços normais na barra AB, AM e AL pelo
equilíbrio dos nós A e L. A partir do nó L, considerando os esforços normais saindo do nó, temos que
ΣFx = 0 ∴ N LM = 0 e ΣFy = 0 ∴ N AL = 0 . Tomando-se o nó A, considerando esforços normais saindo
do nó, temos que ΣFy = 0; −6 + 0 + N AM .sen 45º ∴ N AM = 6 / 0, 707 = 8, 485kN, assim se repete o processo
para os esforços horizontais ΣFx = 0 + N AB + N AL . cos 45º , portanto, N AB = −0, 707.8, 485 = −6, 0kN .
Esse processo se repete até se resolver a treliça por completo.
Para agilizar o processo, a Figura 12 já apresenta os esforços normais, que são obtidos após o
término da resolução da treliça. De posse desses esforços normais, usamos a equação para
cada barra em cada combinação. Por exemplo, para o cálculo de d10 na barra EF, teremos:
dEF 10 = L.N .N / EA = 1, 0.10, 5. − 0, 5 / EA = −5, 25 / EA . Para o cálculo de d11 na barra EF, teremos:
dEF 11 = L.N .N / EA = 1, 0.0, 5.0, 5 / EA = 0, 25 / EA . Esse processo se repete para todas as barras, e esses
valores de deformação são somados todos. A Tabela 1 ilustra o processo.

91
UNICESUMAR

COMB L (m) N N’ L.N.N’ COMB L (m) N N’ L.N.N’


0+1 1+1

1 1,0 m 10,5 -0,5 -5,25 1 1,0 m 0,5 0,5 0,25


BANZOS SUPERIORES

BANZOS SUPERIORES
2 1,0 m -9,0 -1,0 9,00 2 1,0 m 1,0 1,0 1,00

3 1,0 m -22,5 -1,5 33,75 3 1,0 m 1,5 1,5 2,25

4 1,0 m -31,5 -1,5 47,25 4 1,0 m 1,5 1,5 2,25

5 1,0 m -27,0 -1,0 27,00 5 1,0 m 1,0 1,0 1,00

6 1,0 m -16,5 -0,5 8,25 6 1,0 m 0,5 0,5 0,25

1 1,0 m -10,5 0,5 -5,25 1 1,0 m -0,5 -0,5 0,25

2 1,0 m 9,0 1,0 9,00 2 1,0 m -1,0 -1,0 1,00

3 1,0 m 22,5 1,5 33,75 3 1,0 m -1,5 -1,5 2,25


BANZOS INFERIORES

BANZOS INFERIORES

4 1,0 m 30,0 2,0 60,00 4 1,0 m -2,0 -2,0 4,00

5 1,0 m 30,0 2,0 60,00 5 1,0 m -2,0 -2,0 4,00

6 1,0 m 31,5 1,5 47,25 6 1,0 m -1,5 -1,5 2,25

7 1,0 m 27,0 1,0 27,00 7 1,0 m -1,0 -1,0 1,00

8 1,0 m 16,5 0,5 8,25 8 1,0 m -0,5 -0,5 0,25

1 1,0 m 19,5 0,5 9,75 1 1,0 m -0,5 -0,5 0,25

2 1,0 m 13,5 0,5 6,75 2 1,0 m -0,5 -0,5 0,25

3 1,0 m 7,5 0,5 3,75 3 1,0 m -0,5 -0,5 0,25


MONTANTES

MONTANTE

4 1,0 m 0,0 1,0 0,00 4 1,0 m -1,0 -1,0 1,00

5 1,0 m -1,5 0,5 -0,75 5 1,0 m -0,5 -0,5 0,25

6 1,0 m 4,5 0,5 2,25 6 1,0 m -0,5 -0,5 0,25

7 1,0 m 10,5 0,5 5,25 7 1,0 m -0,5 -0,5 0,25

1 1,4 m -36,1 -0,7 36,21 1 1,4 m 0,7 0,7 0,71

2 1,4 m -27,6 -0,7 27,69 2 1,4 m 0,7 0,7 0,71

3 1,4 m -19,1 -0,7 19,17 3 1,4 m 0,7 0,7 0,71


DIAGONAIS

DIAGONAL

4 1,4 m -10,6 -0,7 10,65 4 1,4 m 0,7 0,7 0,71

5 1,4 m 2,1 -0,7 -2,13 5 1,4 m 0,7 0,7 0,71

6 1,4 m -6,4 -0,7 6,39 6 1,4 m 0,7 0,7 0,71

7 1,4 m -14,9 -0,7 14,91 7 1,4 m 0,7 0,7 0,71

8 1,4 m -23,3 -0,7 23,43 8 1,4 m 0,7 0,7 0,71

Tabela 1 - Cálculo das


ΣL.N.N' 523,3 ΣL.N.N' -30,2 deformações na treliça /
Fonte: o autor.

92
UNIDADE 3

De posse do valor das deformações, calcula-se a reação de apoio Vs = 17,33 kN.


d10
d10 +Vs{−d11 } = 0  →Vs =
d11
523, 31
(3.23)
523, 31
Vs = EA = = 17, 33kN
32, 20 32, 20
EA

Agora que você já aprendeu a utilização do Método das Forças, resolveremos nosso problema proposto pelo
engenheiro Luiz por uma maneira menos usual. Calcularemos o diagrama de momentos fletores da viga
VB106 com a adição de um apoio central e, então, avaliaremos se a redução do momento foi significativa.
Inicialmente, procure olhar para viga e imaginar seu comportamento. Esse sempre deve ser o passo
inicial de toda análise estrutural. Feito isso, escolheremos o vínculo a ser rompido na estrutura. A solu-
ção mais comum seria a remoção do apoio central B, no entanto, a escolha de Vb como hiperestático
deve retornar o valor da reação Vb. Nesse sentido, teríamos que calcular o momento fletor a partir de
Vb. Contudo, já que a viga é simétrica, o caminho mais curto seria liberar os momentos sobre o apoio
B (Figura 13), considerando um hiperestático M e a adição de uma rótula à estrutura. Dessa forma, a
solução do problema já nos retorna a resposta que estamos procurando.

Figura 13 – Resolução de viga hiperestática pela libera-


ção do momento fletor sobre o apoio B / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura se refere à análise


da viga VB106. Acima, temos a planta de formas dos
baldrames, indicando sua seção e pontos de apoio,
conforme descritos na Figura 2. Abaixo, temos o es-
quema estático da viga hiperestática H, com vãos de
3,0 m e apoios A, B e C. Essa viga hiperestática pode
ser obtida pela superposição do sistema principal
0, liberado o momento sobre o apoio “B”, com o
hiperestático M, caso 1.

93
UNICESUMAR

A escolha do hiperestático é um processo muito importante, pois ela influenciará significati-


vamente no volume de cálculo a ser realizado. Antes de começar a resolver uma estrutura,
reflita bastante sobre sua escolha! Imagine: os diagramas de momento seriam de combinação
complexa? Existe uma escolha com diagramas mais simples?

O próximo passo é a combinação dos diagramas de momento fletor


para calcular as rotações junto ao apoio B. Na sequência, calculamos
q10 , combinando dois diagramas de parábola com dois diagramas
triangulares, e calculamos q11 pela combinação de dois diagramas
triangulares com dois diagramas triangulares.

q10 + M . {−q11 } = 0
1 2
EI q10 = 2. LM M = 3.9.1 = 18
3 3
(3.24)
1 2
EI q11 = 2. LM M = 3.1.11 = 2
3 3

EI q10 18
M máx = M = = = 9kNm
EI q11 2

Já que o momento máximo negativo é de 9 kNm, temos de deter-


minar o momento máximo positivo, e ele ocorre quando a derivada
da equação de momento do trecho AB ou BC é nula. Assim, temos:

M (x 1 ) = +9x 1 − 4x 12
dM (x 1 )
= 0 = 9 − 8x 1 → x 1 = 9 / 8
dx 1 (3.25)
2
9  9 

M máx = M (9 / 8) = 9. − 4   = 5, 06kNm
+

8  8 

Considerando que, na viga biapoiada, teríamos um momento de


ql ² / 8 = 8.6² / 8 = 36kNm , e, na situação com o apoio central, o
maior valor de momento caiu para 9 kNm, temos uma redução
de 75% (27kNm). Com isso, considerando a redução drástica
no momento e considerando as contas de custos feitas pelo
engenheiro Luiz, a adoção da estaca é viável.

94
UNIDADE 3

Convido você a relembrar os conceitos apresentados nesta unidade


por meio da resolução de uma estrutura hiperestática e usando o
Método das Forças. Você também verá a aplicação desses conceitos
com relação à Engenharia de Estruturas.

Como você já sabe, estruturas hiperestáticas são excelentes opções para o projeto, pois tendem a ter
menores deformações, esforços menos extremos, além da capacidade de redistribuir os esforços. Então,
a maior dificuldade de sua utilização é o comportamento mais complexo. Esses procedimentos aqui
apresentados têm o objetivo de resolver estruturas hiperestáticas, calcular suas reações de apoio e esforços.
Enfim, entender seu comportamento, para que você, como engenheiro(a) esteja apto(a) para utilizá-las.
O Método das Forças se aplica à solução de estruturas hiperestáticas, seja em uma viga bal-
drame de vários apoios ou na Ponte Rio-Niterói, seja em uma treliça de cobertura pequena ou na
cobertura de um estádio de futebol. Existem diversas situações em que conhecer o comportamento
da estrutura só é possível ao se utilizar do Método das Forças.
Reitero, também, que esses conceitos têm a finalidade de desenvolver em você, aluno(a), a
capacidade de olhar para uma estrutura de maneira sistêmica, visualizando seu comportamento
estrutural, além dos números e contas, habilidade imprescindível a um(a) bom(a) engenheiro(a).

95
Nesta unidade, você aprendeu o Método das Forças para a solução de estruturas hiperestáticas.
Esse método é extremamente importante, pois permite determinar os esforços em estruturas
estaticamente indeterminadas e conhecer seu comportamento. Ao usar as condições de compa-
tibilidade e da superposição dos efeitos, é possível calcular as forças que garantem a condição
de compatibilidade com os vínculos de uma estrutura.
Como vimos, para calcularmos essas estruturas, devemos remover um apoio ou vínculo da es-
trutura até que fique isostática. Em seguida, elaboramos as equações de compatibilidade que
reconstituem a estrutura original, hiperestática. Calcula-se, então, os deslocamentos referentes
ao caso de carregamento real e ao caso de carregamento unitário, ambos combinados com uma
força unitária aplicada no ponto e direção que se pretende calcular as deformações pelo PTV.
Assim, obtém-se um sistema linear de equações, cujas soluções são as reações e forças agindo
sobre a estrutura. Prossegue-se, então, com o cálculo dos esforços internos.
Espero que o entendimento desses conceitos tenha contribuído para seu crescimento pessoal
e profissional, garantindo que você possa compreender o comportamento de uma estrutura
estaticamente indeterminada. A fim de memorizar esses conceitos e conteúdos, sugiro que você
elabore um mapa mental, estabelecendo o passo a passo para a aplicação do Método das Forças,
bem como um resumo dos assuntos apresentados.

96
97
1. Qual é o primeiro procedimento a se realizar ao resolver uma estrutura pelo Método das
Forças? Coloque os procedimentos na ordem da execução correta do Método das Forças.
( ) Elaborar os sistemas de equações de compatibilidade.
( ) Encontrar as reações de apoio.
( ) Escolher os apoios a serem removidos.
( ) Separar em casos de carregamento, real e unitário.
( ) Determinar os coeficientes di 0 e dij .
( ) Calcular os esforços internos solicitantes.

Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta dos procedimentos de cima para baixo:
a) 3, 1, 4, 2, 5, 6.
b) 3, 5, 1, 2, 4, 6.
c) 5, 4, 1, 3, 2, 6.
d) 3, 6, 2, 1, 4, 5.
e) 4, 3, 1, 2, 6, 5.

2. O Método das Forças é um procedimento importante para a determinação dos esforços


internos em estruturas hiperestáticas. O método se baseia em diversos princípios de
estruturas. Avalie as afirmações a seguir sobre as bases científicas do método.
I) O método se utiliza do Princípio dos Trabalhos Virtuais.
II) Utiliza-se do princípio de reciprocidade.
III) Deve respeitar as condições de equilíbrio e compatibilidade do sistema estrutural.
IV) Não precisa respeitar as leis constituintes do material.

Assinale a alternativa em que se tem o julgamento correto das afirmações.


a) Está correta apenas a afirmação I.
b) Está correta apenas a afirmação III.
c) Estão corretas as afirmações I e III.
d) Estão corretas as afirmações II e IV.
e) Todas estão corretas.

3. A solução de vigas estaticamente indeterminada sempre foi um grande desafio para a En-
genharia de Estruturas. Para resolvê-las, usamos o Método das Forças, no qual calculamos
as forças que recuperam as deformações na estrutura em função das suas condições de
compatibilidade. Assinale a alternativa INCORRETA sobre a aplicação do Método das Forças.

98
a) O Método das Forças pode ser aplicado a treliças, basta usar o cálculo das deformações
por esforço normal, isto é, compressão e tração.
b) Na aplicação do Método das Forças, nas grelhas hiperestáticas, as deformações são
calculadas conforme esforços de flexão e torsão, considerando rigidez à flexão (EI) e
à torsão (GJ).
c) O Método das Forças não pode ser aplicado em pórticos, uma vez que se tem presente
o efeito de flexão, torção e esforços normais atuando simultaneamente na estrutura.
d) O Método das Forças só pode ser aplicado por causa do Princípio da Superposição
dos Efeitos, em que se soma o efeito do carregamento real frente à reação de apoio.
e) O Método das Forças pode ser aplicado em qualquer tipo de estrutura, desde que o
cálculo das deformações esteja de acordo seus respectivos esforços.

4. O Método das Forças é muito utilizado para calcular estruturas hiperestáticas, pois, com
ele, é possível determinar as reações de apoio. Ao procurar o valor da reação de apoio,
em que as deformações do apoio sejam compatíveis com o vínculo, muitas vezes, é mais
interessante adotar a remoção de apoios e vínculos não tão óbvios, mas que podem
facilitar a aplicação do método. A Figura 1, que se refere ao exercício 5 e 6, mostra uma
viga em que o vínculo escolhido para ser removido foi o momento hiperestático M,
próximo ao apoio, colocando-se, então, uma rótula, permitindo a sua rotação.

Figura 1 – Viga para exercícios 5 e 6 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga engastada (em A) e apoiada (em B) com 4 metros de vão, sobre
os quais se distribuem um carregamento uniforme de 10 kN/m. Abaixo, temos a solução proposta, considerando a
rotulação do ponto A — onde teríamos o engaste — e a aplicação de um hiperestático M a ser calculado.

99
Considerando a viga da Figura 1 e que EI = 1.10 kN / m e aplicando o Método das Forças
4 2

à estrutura, pede-se para assinalar a alternativa que apresenta os valores de cálculo dos
coeficientes EI.d10 e EI.d11 .

2
a) <<Eqn122.eps>> e EI.d11 = .
3

9
b) EI.d10 = 30 e EI.d11 = .
5

90 3
c) EI.d10 = e EI.d11 = .
4 4

80 4
d) EI.d10 = e EI.d11 = .
3 3

1750 13
e) EI.d10 = e EI.d11 = .
12 7

5. Ainda sobre a viga da Figura 1, referente ao exercício anterior, você deve continuar a
aplicação do Método das Forças, calculando o valor da incógnita e dos esforços. Consi-
derando os valores de EI.d10 e EI.d11 obtidos no exercício anterior, assinale a alternativa
que contém o valor do hiperestático M e da reação de apoio VB.
a) M = 15 kNm e Vb = 15 kN.
b) M = 20 kNm e Vb = 15 kN.
c) M = 25 kNm e Vb = 20 kN.
d) M = 15 kNm e Vb = 20 kN.
e) M = 20 kNm e Vb = 25 kN.

100
4
Método dos
Deslocamentos
Me. Gabriel Trindade Caviglione

Nesta unidade, você aprenderá a resolver estruturas hiperestáticas pelo


Método dos Deslocamentos. Esse método é muito importante, principal-
mente, por sua fácil implementação computacional, sendo fundamental
compreendê-lo durante sua formação como engenheiro(a) civil. Apren-
deremos sobre as bases conceituais do método, o qual procura desco-
brir o valor dos deslocamentos em determinados pontos para, então,
entender o comportamento estrutural. Serão abordados os conceitos de
termos de carga, reações de engastamento perfeito, rigidez local. Além
disso, você deverá relembrar alguns conceitos prévios: superposição dos
efeitos, condições de compatibilidade e condições de equilíbrio. Assim,
você aprenderá o procedimento, passo a passo, usado para calcularmos
os deslocamentos que restauram as forças da condição de equilíbrio da
estrutura. Então, entenderemos o comportamento de estruturas hiperes-
táticas pelo Método dos Deslocamentos. Desejo-lhe bons estudos!
UNICESUMAR

Você já deve entender um pouco sobre o comportamento de estru-


turas hiperestáticas, saber avaliá-las, entender seu comportamento e
até obter seus esforços. Mas você consideraria viável usar o Método
das Forças em estruturas muito grandes, com múltiplos graus de
hiperestaticidade? Você já refletiu sobre como resolvê-las de ma-
neira mais prática? Talvez, até implementá-las em um software que
pudesse lhe auxiliar no processo de análise estrutural? Como você
poderia ensinar o computador a fazer as contas?
É muito importante entender e dominar os conceitos de análise
estrutural, pois eles podem permitir uma análise mais acurada e rá-
pida de determinada estrutura. Quando um(a) engenheiro(a) avalia
uma estrutura, quais parâmetros são importantes? As deformações?
Os esforços internos? Calculamos as deformações pelos esforços
internos; será que não podemos calcular os esforços internos por
meio das deformações em estruturas hiperestáticas?
Para o entendimento completo do comportamento de uma es-
trutura, precisamos de todas as informações: as forças agindo sobre
ela, os esforços causados pelas forças e suas respectivas deformações.
Embora sejam dependentes umas das outras, todas as informações
precisam ser avaliadas em um projeto estrutural, daí a necessidade de
calcular cada uma delas conforme as condições estáticas da estrutura.
Nesse sentido, o trabalho de análise estrutural é fundamen-
tal para o dimensionamento correto de uma estrutura, uma
vez que fornecerá os esforços a serem utilizados nesse proces-
so. Qualquer falha na modelagem ou interpretação errada do
comportamento de uma estrutura pode promover erros no seu
dimensionamento. Por isso, o(a) bom(a) engenheiro(a) precisa
procurar desenvolver a capacidade de enxergar os sistemas
da edificação, bem como o seu funcionamento e, no caso do
sistema estrutural, o seu comportamento estrutural.
Para entendermos melhor o comportamento de estruturas, que-
ro convidá-lo(a) a se imaginar em uma situação hipotética. Nessa
situação, você está trabalhando na reforma do sistema de aqueci-
mento de água em um apartamento de um edifício antigo da cidade.
Acontece que, com o novo aquecedor, faz-se necessária uma per-
furação em uma das vigas do edifício (Figura 1) para passagem do
exaustor de 83 mm de diâmetro. Trata-se de um furo de dimensões
significativas e que, dependendo da posição, pode comprometer a
integridade da viga e, por consequência, do edifício todo.

102
UNIDADE 4

Furar uma viga ou qualquer outra parte da estrutura pode ser muito perigoso e requer o acompa-
nhamento de perto de um(a) engenheiro(a). O(A) profissional deve avaliar as condições iniciais de
integridade da estrutura e quais as repercussões da furação na sua resistência frente aos esforços. Essa
tarefa não é nada fácil, uma vez que, após executada a furação, a responsabilidade da garantia da esta-
bilidade e durabilidade da estrutura recai sobre o(a) responsável técnico pela alteração.
A engenheira Lúcia é sua supervisora nesse trabalho e, apesar do prazo apertado, concordou em
avaliar o furo com cautela, para isso, pediu para você informá-la dos diagramas de esforços da viga,
reconstituindo seu carregamento e condições estáticas. Assim que ela tiver os esforços internos, poderá
decidir sobre a viabilidade do furo, bem como as dimensões e os locais apropriados, além de eventuais
reforços e procedimentos recomendados.

Figura 1 – Possibilidade de furo na viga V107 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra a V107 em um projeto estrutural, prancha de formas do pavimento tipo. Temos uma
viga de seção 19x40 apoiada nos pilares P19 (esquerda), de seção 19x108, disposto na horizontal, no pilar P25 (centro), de
seção 19x160, disposto na vertical, e no pilar P20 (direita), de seção 19x108, disposto na horizontal. Logo abaixo, temos o
esquema estático dela, engastada no P19 (esquerda), apoiada no P25 (centro) e engastada no P20 (direita), submetida a um
carregamento de 8 kN/m com vãos simétricos de 210 cm e 330 cm.

103
UNICESUMAR

Olhando atentamente o projeto estrutural, podemos imaginar um


esquema estático que represente a viga V107. Os pilares P19 e P20
têm seção muito robusta de 19x108, estão dispostos de maneira
a dar continuidade à viga, enquanto o pilar P25, disposto numa
direção transversal à viga, não tem condições de dar continuidade
a ela e apenas é capaz de apoiá-la. Nesse sentido, a viga de seção
19x40 está praticamente engastada nos pilares da extremidade, pois
eles são muito rígidos (seção 19x108). Pode-se observar o corte da
estrutura e o esquema estático na Figura 1.
A fim de responder sobre os esforços da viga, que é quatro vezes
hiperestática, precisamos encontrar os valores das reações de apoio
referentes a quatro incógnitas. Podemos utilizar o Método das Forças,
ilustrado na Unidade 3, no entanto, percebe-se que tal processo seria
demasiadamente demorado pelo grande número de incógnitas (forças).
Por isso, levanta-se a seguinte questão: será que podemos procurar
outras incógnitas, além das forças, de maneira a simplificar esse proble-
ma? Ao invés de determinar as forças que reconstituem as condições de
compatibilidade dos apoios, podemos tentar calcular as deformações
na estrutura. Será que, a partir das deformações, podemos calcular os
esforços agindo na estrutura? Se soubéssemos a rotação sobre o apoio
de P25, poderíamos determinar os esforços e reações?
Como os esforços se relacionam com as deformações? Qual é
a implicância da rigidez da estrutura nas deformações? Quantas
deformações ou deslocamentos teríamos de calcular? A resposta
para essas perguntas está no cálculo de estruturas hiperestáticas
pelo Método dos Deslocamentos. Nesse método, as incógnitas
são os valores dos deslocamentos que devem ocorrer em cada
nó, e, a partir dele, determinam-se os esforços agindo sobre a
estrutura. Isso é especialmente vantajoso em estruturas com
muitos graus de hiperestaticidade e poucos graus de deslocabi-
lidade, poucos deslocamentos livres.
Uma vez que você souber o valor desses deslocamentos, pode
estimar os esforços agindo na estrutura em função da rigidez e
força que cause deformação igual a esse deslocamento. Assim,
procuram-se deslocamentos cujas forças associadas correspon-
dam a uma condição de equilíbrio de cada nó simultaneamente.
Aplicado o método, você poderá calcular os esforços agindo
sobre a estrutura, e a engenheira Lúcia será capaz de avaliar a
possiblidade de furação da viga.

104
UNIDADE 4

Outra opção referente ao cálculo de estruturas é utilizar o Método das Forças e outras propriedades.
No caso da Figura 1, temos uma viga assimétrica, e isso implica em dizer que as reações de apoio não
são iguais. Então, como você poderia resolver essa estrutura pelo método das forças? Qual seria o
passo a passo? Quantos casos de carregamento precisaria calcular? Posto isso, compare com a solução
do Método dos Deslocamentos. Quantos deslocamentos você precisaria calcular? Quais seriam eles?
Como poderíamos determiná-los?
Faça esquemas e desenhos demonstrando suas ideias, procure achar seus próprios caminhos,
detalhe como esse problema pode ser resolvido. Use seu Diário de Bordo para apontar suas soluções
enquanto você “matuta” a solução desse problema.

Procurando retornar com os esforços da viga para Lúcia da maneira mais rápida possível, você opta por
estudar e entender o Método dos Deslocamentos. Nesse método, as incógnitas são os deslocamentos
que cada nó pode ter na estrutura, ou seja, suas deslocabilidades. Então, antes de entender o método,
é importante entender essas deslocabilidades.
As estruturas hipostáticas, ou os mecanismos, têm graus de liberdade, isto é, são possíveis direções
em que determinado corpo pode sofrer translação — ou rotação. Esses sistemas podem se movimen-
tar infinitamente, pois não têm qualquer restrição que os impeçam, movimento de corpo rígido. Já
quando pensamos em estruturas hiperestáticas ou isostáticas, cada nó pode ter uma movimentação
limitada, pois a estrutura está restringida, ou seja, para ocorrer um possível deslocamento de um

105
UNICESUMAR

ponto, é necessário que a estrutura se deforme. Esses possíveis deslocamentos são as deslocabilidades
da estrutura, as incógnitas a serem determinadas no problema. Em uma estrutura, teremos as deslo-
cabilidades internas e externas, referentes às rotações e translação. Para entender corretamente esse
conceito, convido-o(a) a observar o nó B da Figura 2.

Figura 2 – Deslocabilidades em pórtico / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: figura mostra um pórtico biengastado nos nós A e C, sendo que apenas o nó B não está vinculado
e pode se deslocar através de deformações estruturais. D1 na vertical, D2 na horizontal e D3 rotação no nó B.

Repare que os nós A e C não podem se movimentar e estão totalmente restringidos pelos vínculos. O
nó B pode deslocar no eixo vertical, horizontal e pode rotacionar, temos, então, deslocabilidades D1 , D2
e D3 . Repare que, para que ocorram os deslocamentos 1 e 2, as barras AB e BC precisaram se alongar,
e o deslocamento 3 está associado à flexão de ambas as barras. No entanto, as deformações relativas ao
esforço de flexão são muito maiores do que as referente ao esforço axial, seja de tração ou compressão.
Se optarmos por desprezar as deformações por esforços axiais, D1 e D2 passam a ser nulos, uma vez que,
para o nó B se movimentar, precisaria movimentar junto o nó A ou C, nós completamente restringidos.
Assim, temos apenas a deslocabilidade D3 para calcular, ou seja, possui rotação no ponto B.
Sussekind (1980) resume as deslocabilidades internas de uma estrutura plana como o número de
nós rígidos que ela possui, sem incluir as extremidades e nós rotulados. Já as deslocabilidades externas
são definidas como o número de apoios do primeiro gênero que precisamos acrescentar, para que
todos seus nós fiquem sem deslocamentos lineares.
Para fixarmos esse conceito, considere a Figura 3, em que temos algumas estruturas e suas
deslocabilidades associadas. Desprezar as deformações por forças normais e cortante. Conside-
rando o pórtico 01, logo percebemos que todos os nós D, E, F e G estão conectados por rótulas
e, assim, estão livres para rotacionar sem transmitir momentos entre as barras. Nessa situação,
não temos deslocabilidades internas, apenas externas.
Para avaliarmos as deslocabilidades externas do pórtico 01, precisamos saber o número de apoios
de primeiro gênero a serem acrescentados para que qualquer nó da estrutura fique sem deslocamen-
tos lineares. Se posicionarmos um apoio no nó D, conseguiremos travar os nós D e E, uma vez que a
barra DE não pode se alongar. Porém, as barras EF, FG e GC podem se rotacionar e flexionar de tal
maneira que os pontos F e G estariam sujeitos a deslocamentos lineares. Para travá-los, precisamos

106
UNIDADE 4

de um segundo apoio, que pode ser adicionado em F ou G. O pórtico 02 segue o mesmo raciocínio:
temos rotações nos nós C, D e E, portanto, três deslocabilidades internas, e temos duas translações em
C e E, portanto, duas deslocabilidades externas. Já a viga 01 não tem nenhuma deslocabilidade externa
e, apenas, duas rotações sobre os nós B e C, portanto, dotada de duas deslocabilidades.

Figura 3 – Deslocabilidades de diferentes estruturas / Fonte: adaptada de Sussekind (1980).

Descrição da Imagem: a figura mostra dois pórticos planos. À esquerda, um pórtico três vezes hiperestático, apoiado por
dois engastes, no ponto A e B. À direita, um pórtico isostático, com apoio fixo em A e móvel em B, ambos acrescidos de X1,
X2 e X3, incógnitas que garantem a condição de compatibilidade estática dos pórticos.

107
UNICESUMAR

No caso das grelhas, teremos duas rotações por nó,


uma causada por momentos no plano xz e outra
por momentos no plano yz. Assim, na grelha 01 da
Figura 3, teremos duas deslocabilidades internas
para cada nó rígido (B e C), quatro ao todo (D1, D2,
D3 e D4). Além de duas deslocabilidades externas
referentes às deformações verticais da grelha (D5
e D6), referentes aos nós B e C. Ao todo, teremos
seis deslocabilidades para essa grelha.
Para resolvermos uma estrutura pelo Método
dos Deslocamentos, precisaremos avaliar suas con-
dições de deslocabilidades, para, então, procurar
determinar cada uma dessas deslocabilidades. O
conceito por trás do método é o equilíbrio de for-
ças agindo em cada nó. Imaginemos que a estru-
tura principal é dada pela soma de uma estrutura
perfeitamente travada e bloqueada, sem qualquer
deslocamento (0), com uma estrutura deslocada
em função de cada deslocabilidade inicial (1, 2, ...,
“i”), o que se conhece por sistema hipergeométrico.
Segundo Sussekind (1980), na estrutura engastada/
travada (0), colocamos chapas rígidas e apoios fic-
tícios, capazes de evitar quaisquer rotações e trans-
lações. Nessa situação, temos que os esforços serão
transmitidos aos nós como se os nós fossem apoios
perfeitos, ideais. E, para a situação idealizada de apoios
perfeitos, conhecemos as reações de apoio, pois são
tabeladas, e as principais estão registradas na Figura 4.
Com relação à situação da estrutura deslocada
(1, 2, ..., “i”), aplicamos um deslocamento em dire-
ção a uma das deslocabilidades e avaliamos quais
esforços surgirão na estrutura. Para isso, usamos
o conceito de rigidez, que corresponde à força ne-
cessária para causar um deslocamento unitário.
Se soubermos, então, o coeficiente de rigidez para
situações comuns, podemos calcular as forças que
surgem na estrutura em função desse deslocamento
aplicado. Felizmente, temos registrados os princi-
pais coeficientes de rigidez local na Figura 4.

108
UNIDADE 4

Figura 4 – Coeficientes de rigidez Local e reações de engastamento perfeito para situações mais frequentes
Fonte: Sussekind 1980, p. 17).

Descrição da Imagem: a figura mostra o coeficiente de rigidez local de três barras: 1) engastada-engastada, temos 4EI/L no ponto
de rotação e 2EI/L no outro engaste; 2) barra apoiada engastada, temos 3EI/L no ponto de rotação e zero no apoio; 3) engastada-
-engastada submetida a uma translação transversal de um dos apoios, tal efeito provoca 6EI/L² em ambos apoios. À direita, temos
as reações de engastamento perfeito, situção na qual a viga não teria rotações. Estão tabelados os valores para: 1) carregamento
distribuído em viga biengastada, provocando momentos de ql²/12 e reações de ql/2; 2) carregamento concentrado em viga biengas-
tada, provocando momentos de Pab²/l² e Pa²b/l² e reações de Pa/l e Pb/l; 3) carregamento distribuído em viga engastada apoiada,
provocando momentos de ql²/8; e 4) carga concentrada em viga engastada apoiada, provocando momentos de Pab(l+b)/2l².

Na estrutura inicial, isto é, antes de sofrer qualquer trava ou deslocamento, os esforços agindo à esquerda
de um ponto de interesse são iguais aos que agem à direita. Assim, ao somarmos todas as estruturas do
sistema hipergeométrico (0+1+2+...“i”) à direita e à esquerda, é necessário que o valor seja nulo para
garantir a condição de equilíbrio da estrutura. Teremos, então, que a soma dos momentos de engas-
tamento perfeito, à direita e esquerda de um ponto de interesse, é conhecida como termos de carga.
bi 0 = MYX 0 + MYZ 0 (0.1)

Em que:
• bi 0 corresponde ao termo de carga “i” referente à estrutura travada (0), situação submetida ao
carregamento externo.
• MYX 0 corresponde ao momento no caso 0, atuante no ponto Y devido à barra YX.
• MYZ 0 corresponde ao momento no caso 0, atuante no ponto Y devido à barra YZ.

Se somarmos os termos de carga aos produtos de deslocamentos e rigidez local, estaremos somando
todas as forças que agem no ponto, portanto, esse valor precisa ser nulo. Algebricamente:
b10 + k11D1 + k12D2 .... + kij .Di = 0
b20 + k21D1 + k22D2 .... + kij .Di = 0
(0.2)
....
bi 0 + ki 1 .D1 + ki 2 .D2 .... + kij .Di = 0

109
UNICESUMAR

Em que:

• bi 0 corresponde ao termo de carga “i” referente à


estrutura travada (0), situação submetida ao carre-
gamento externo.
• k11 corresponde à rigidez do nó 1 referente ao des-
locamento no próprio nó 1.
• k12 corresponde à rigidez do nó 1 referente ao des-
locamento no nó 2.
• k21 corresponde à rigidez no nó 2 referente ao des-
locamento no nó 1.
• kij corresponde à rigidez no nó “i” referente ao des-
locamento no nó “j”.
• D1 corresponde ao deslocamento 1.
• Di corresponde ao deslocamento no nó “i”.

Matricialmente, podemos rescrever:

b10  k11 k12 ... k1 j  D1  0


       
 D  0
b20  k21 k22 . 2 =  
 +    ...  0 (0.3)
 ...   ... ...     
       
bi 0  ki 1 kij   Di  0
    

Repare também que, pelo Teorema de Maxwell, k12 = k21 ,


então a matriz é simétrica ao longo de sua diagonal prin-
cipal. Se passarmos os termos de carga para o outro lado,
podermos escrever uma equação do tipo F = k .x : força é
igual rigidez vezes a deformação.

k    b10 
 11 k12 ... k1 j  D1   
k   
 21 k22  . D2  = − b20 
 ...   ...    (0.4)
 ...     ... 
     
ki 1 kij   Di 
   bi 0 
k  . {d } = {F }
 

Ao resolver o sistema linear, é possível achar os desloca-


mentos que satisfaçam as condições de equilíbrio de todos
os nós da estrutura simultaneamente.

110
UNIDADE 4

Existem algumas situações não usuais que podem não ser encontra-
das na Figura 4. Você consegue pensar nelas? Como resolver nesse
caso? Sempre que encontrar uma situação não usual, você pode
consultar tabelas de momento de engastamento perfeito e tabelas
de coeficientes de rigidez local. Existem várias referências para esses
valores, algumas das principais tabelas foram compiladas pelo prof.
Libânio Miranda Pinheiro, que podem ser acessadas através do QR Code.

Após o cálculo dos deslocamentos, podemos obter os esforços ao longo da estrutura ao aplicar a
superposição dos efeitos. Então, somaremos a estrutura na situação engastada junto a cada situação
deslocada pelo produto de deslocamento e rigidez local. Assim, chegamos na equação:
M = M 0 + M 1 .D1 + M 2 .D2 + ... + M i .Di (0.5)

Em que:

• M é o momento na estrutura hiperestática no ponto de interesse.


• M1 corresponde ao momento referente ao deslocamento na direção de D1.
• D1 corresponde ao deslocamento 1 da estrutura.
• Mi corresponde ao momento referente a um deslocamento na direção de Di.
• Di corresponde ao deslocamento “i” da estrutura.

De posse dos momentos, teremos o comportamento da estrutura. Apenas ponderando que a equação
pode se referir a outros esforços, não se limita aos esforços de flexão. Podemos, então, definir um roteiro
base para a aplicação do método.
1. Avaliar as deslocabilidades e elaborar sistema hipergeométrico: são avaliadas as deslocabili-
dades internas e externas da estrutura, e, então, aplicam-se restrições a essas deslocabilidades
através de “chapas rígidas” e apoios adicionais. Com a estrutura restringida, elabora-se o sis-
tema hipergeométrico, em que teremos os casos de estrutura engastada e estrutura deslocada
(SUSSEKIND, 1980).
2. Elaborar os sistemas de carregamento: serão separados e resolvidos os casos de estrutura per-
feitamente engastada frente ao carregamento externo e casos de estrutura deslocada, frente às
deslocabilidades e coeficientes de rigidez de cada barra. Elaboram-se, então, as equações de
equilíbrio e compatibilidade.

111
UNICESUMAR

3. Determinar os coeficientes: bi 0 e kij . Eles são calculados através de tabelas referente a situações
comuns de carregamento.
a) Os termos de carga bi 0 são obtidos a partir dos momentos de engastamento perfeito agindo
sobre o nó “i” em função do carregamento externo.
b) Já os coeficientes de rigidez kij são obtidos pela soma dos coeficientes de rigidez local agindo
sobre o nó “I” referente a um deslocamento “j”. Pelo Teorema de Maxwell, podemos afirmar
que a matriz de rigidez do sistema deve ser simétrica, de tal forma que kij = k ji .
4. Resolver sistema linear: de posse de todos os coeficientes, escreve-se o sistema li-
near e se procuram os valores que satisfazem todas as equações simultaneamen-
te. Uma vez resolvido o sistema, temos os valores dos deslocamentos e podemos re-
constituir os esforços internos em cada um dos pontos pela superposição dos efeitos
( M = M 0 + M 1 .D1 + M 2 .D2 + ... + M i .Di ).

Uma das principais vantagens do Método dos Deslocamentos é que ele procura os valores dos des-
locamentos ao invés de procurar os valores das reações de apoio. Nesse sentido, ao se definir uma
estrutura, conectando-se as barras, já é possível definir suas deslocabilidades. Esse efeito permite que
o método seja implementado computacionalmente com grande facilidade.
No caso do Método das Forças, isso não é tão simples, pois o programa precisaria escolher qual apoio
seria removido. Ao passo que, no Método dos Deslocamentos, já estão definidos os deslocamentos a
serem calculados, ainda que resultem em um número grande de deslocamentos.
Posteriormente, você estudará o Método de Análise Matricial de estruturas, também conhecido
como Método Direto da Rigidez, que, na realidade, é um procedimento mais automatizado para resolver
uma estrutura matricialmente, baseado no Método dos Deslocamentos. Esse tópico é extremamente
importante, pois muitos dos softwares atuais utilizam esses princípios.

Você entende um pouco de programação? Resolver estruturas hiperestáticas pode ser bastante
cansativo! Você pode otimizar o processo de cálculo ou, ao menos, parte dele ao desenvol-
ver rotinas e programas para calcular as estruturas. Você já imaginou o tempo que poderia
economizar fazendo um programa desses?

Para fixar esses conteúdos, resolveremos um exemplo aplicando o Método dos Deslocamentos à viga
V107 (Figura 1), sobre a qual procuramos responder se será possível ou não fazer a perfuração. A
primeira consideração a ser feita, antes de se iniciar o cálculo, é procurar entender o comportamento
da viga numa análise mais subjetiva. Podemos observar que a viga não é simétrica, portanto, teremos
uma maior reação no pilar central P25 e no pilar P20, ao passo que se espera uma reação menor no

112
UNIDADE 4

P19. Esperam-se diagramas de momento fletor contínuo, com picos de momento negativo, e acredi-
ta-se que, no menor vão, teremos menores esforços.
Vamos, então, ao primeiro passo: estabelecer o sistema hipergeométrico. A viga tem apenas uma
deslocabilidades, que se refere à rotação sobre o pilar P25. Podemos bloquear essa deslocabilidade
interna com chapas rígidas, imaginando a estrutura como a Figura 5.

Figura 5 – Resolução da V107 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra a viga V107 (ABC, engaste apoio engaste, carga distribuída de 8 kN/m), já descrita na Figura
1. No entanto, temos, agora, a resolução da estrutura hiperestática, que pode ser composta pela soma do caso de carregamento
externo (caso 0) e de deslocamentos unitários (caso 1). No caso do carregamento externo, temos uma chapa rígida atuando sobre
o apoio B, o que permite imaginarmos a viga como a soma de trechos biengastados AB e BC. Temos, então, a viga desenhada com
esses trechos e seus momentos de engastamento perfefeito agindo sobre os nós. No caso do giro unitário, temos a rotação D1
agindo sobre o nó B, que provoca esforços em A, B e C, todos ilustrados na figura.

Dessa maneira, podemos escrever o sistema de equações de equilíbrio conforme a


equação :
b10 + k11 .D1 = 0 (0.6)

A próxima etapa é determinar os valores dos termos de carga e coeficientes de rigidez. Iniciaremos
pelo único termo de carga b10 . Para o trecho AB — entre os pilares P19 e P25 —, temos os momentos
de engastamento perfeito, conforme a equação :
M AB 0 = ql ² / 12 = 8.2, 1² / 12 = 2, 94kNm (0.7)
0
M BA = −ql ² / 12 = −8.2, 1² / 12 = −2, 94kNm

113
UNICESUMAR

No trecho BC — entre os pilares P25 e P20 —, temos os


momentos de engastamento perfeito:

M BC 0 = ql ² / 12 = 8.3, 3² / 12 = 7, 26kNm
(0.8)
MCB 0 = −ql ² / 12 = −8.3, 3² / 12 = −7, 26kNm

No ponto B, então, agem simultaneamente os momentos


M BA0 = −2, 94kNm e M BC 0 = 7, 26kNm , de tal forma que o
termo de carga b10 será:

b10 = M BA0 + M BC 0 = −2, 94 + 7, 26 = 4, 32kNm (0.9)

Para calcular a rigidez do nó, avaliaremos o efeito de uma


rotação no apoio B, pilar P25. Dessa forma, ao avaliar o
trecho AB, teríamos:

M AB 1 = 2EI / L = 2EI / 2, 10 = 0, 952EI


(0.10)
M BA1 = 4EI / L = 4EI / 2, 10 = 1, 904EI

Ao avaliar o trecho BC, teríamos:

M BC 1 = 4EI / L = 4EI / 3, 30 = 1, 212EI


(0.11)
MCB 1 = 2EI / L = 2EI / 3, 30 = 0, 606EI

Então, o coeficiente de rigidez do nó B referente ao ponto


do deslocamento 1 em função do deslocamento 1 é dado
por:

k11 = M BA1 + M BC 1 = 1, 904EI + 1, 212EI = 3, 116EI (0.12)

Assim, considerando, para a viga, EI = 1.104 kN / m ² , temos


um deslocamento de:

b10 + k11 .D1 = 0


4, 32 + 3, 116.EI .D1 = 0 (0.13)
4, 32 4, 32
D1 = − =− = −1, 386.10−4 rad
3, 116EI 3, 116.104

Com esse valor de deslocamento, será possível obter o dia-


grama de esforços internos, e a engenheira Lúcia poderá
decidir sobre a viabilidade da perfuração. Os esforços po-
dem ser obtidos por superposição dos efeitos:

114
UNIDADE 4

M = M 0 + M 1 .D1
M AB = M AB 0 + M AB 1 .D1 = +2, 94 − 0, 952EI .1, 386 / EI = −1, 62kNm
M BA = M BA0 + M BA1 .D1 = −2, 94 − 1, 904EI .1, 386 / EI = −5, 58kNm (0.14)
M BC = M BC 0 + M BC 1 .D1 = +7, 26 − 1, 212EI .1, 386 / EI = 5, 58kNm
MCB = MCB 0 + MCB 1 .D1 = −7, 26 − 0, 606EI .1, 386 / EI = −8, 09kNm

Na Figura 6, temos ilustrados esses valores de momento fletor, bem como os demais esforços que
podem ser obtidos pelas condições de equilíbrio e compatibilidade da estrutura.

Convido você a fixar os conceitos apresentados na aplicação do mé-


todo através da resolução de uma estrutura hiperestática usando o
Método dos Deslocamentos. É uma maneira de solidificar e enten-
der por completo o seu procedimento.

A perfuração de uma viga envolve alguns conceitos específicos das normas de projeto relativas ao ma-
terial da estrutura, além de um grande conhecimento do próprio processo executivo e da experiência
do(a) engenheiro(a). Considerando que a viga tem uma altura grande em comparação ao vão e que os
esforços agindo sobre ela não são de grande magnitude, Lúcia decide que é possível fazer o furo! Para
isso, ela recomenda que o furo seja localizado em uma região de baixos momentos fletores e cortantes.

115
UNICESUMAR

Figura 6 – Perfuração da viga 107 / Fonte: adaptada de Hilti ([2021], on-line)¹ e de Shutterstock.

Descrição da Imagem: a figura mostra a planta de formas da viga V107 apoiada no P19, P25 e P20, com vãos de 210 cm e 330 cm.
Abaixo da planta de formas, temos o esquema estático da viga e os diagramas de momento fletor e esforço cortante calculados.
Indica-se uma possível região para a localização dos furos, referente a uma solicitação de baixa magnitude de momentos fletores
e cortantes. Mais abaixo, temos um homem fazendo o uso de um scaner na superficie de concreto para a localização da armadura
e a execução de um furo no concreto com a serra copo

O furo deve seguir todas as recomendações da ABNT NBR 6118:2014 (ABNT, 2014) referente a
estruturas de concreto armado, por isso, a engenheira Lúcia especificou que a perfuração não pode
seccionar nenhuma barra de aço no processo, pois tal evento poderia comprometer significativamente
a integridade da viga. Para tanto, recomendou o uso de um scanner que permite identificar a posição
das armaduras e o uso de uma broca serra copo diamantada com refrigeração, para que o furo não
provoque impacto e eventuais trincas no elemento.

Sempre que você precisar conferir o resultado de algum exercício,


pode recorrer ao programa STRAIN. Trata-se de um software edu-
cacional que permite a resolução de estruturas on-line, via internet.
O programa é bem simples e fácil de usar, existem muitos vídeos de
tutorais disponíveis também. Infelizmente, o software se encontra
apenas em inglês, mas pode ser encontrado ao se acessar o QR Code.

Resolveremos, agora, um pórtico com duas deslocabilidades registrado na Figura 7. Inicialmente, é


feita uma análise preliminar da estrutura e, na sequência, inicia-se a aplicação do método. Considere
o valor de EI = 48.000 tf/m².

116
UNIDADE 4

Figura 7 – Exemplo de pórtico / Fonte: adaptada de Sussekind (1980).

Descrição da Imagem: a figura mostra um pórtico hiperestático 5 vezes, que tem duas deslocabildiades internas. Essa estrutura
hiperestática pode ser composta por uma estrutura rígida submetida ao carregamento externo (caso 0), uma estrutura submetida
à rotação D1 sobre o nó B (caso 1) e uma estrutura submetida à rotação D2 sobre o nó C (caso 2). Estão indicados os momentos
de engastamento perfeito no caso 0 e os esforços que surgem devido às rotações D1 e D2 em todos os nós com os coeficientes de
rigidez local da estrutura.

De posse do sistema hipergeométrico, inicia-se a reso-


lução, calculando-se a estrutura engastada sob efeito do
carregamento externo.

Trecho BC:

M BC 0 = Pl / 8 = 6.8 / 8 = 6 tfm
(0.15)
MCB = −Pl / 8 = −6.8 / 8 = −6 tfm

Trecho CD:

MCD 0 = ql ² / 8 = 4.6² / 8 = 18tfm (0.16)

117
UNICESUMAR

Assim, os termos de carga serão:

b10 = 0 + 6 = 6tfm (0.17)



b20 = −6 + 18 = 12tfm

Resolvem-se, agora, os casos de estrutura deslocada.


• Trecho AB:

M AB 1 = 2EI / L = 2.48.103 / 6 = 16.103 tfm / rad


M BA1 = 4EI / L = 4.48.103 / 6 = 32.103 tfm / rad (0.18)
M AB 2 = M BA2 = 0

• Trecho BC:

M BC 1 = 4EI / L = 4.48.103 / 8 = 24.103 tfm / rad


MCB 1 = 2EI / L = 2.48.103 / 8 = 12.103 tfm / rad
(0.19)
M BC 2 = 2EI / L = 2.48.103 / 8 = 12.103 tfm / rad
MCB 2 = 4EI / L = 4.48.103 / 8 = 24.103 tfm / rad

• Trecho CD:

MCD 1 = M DC 1 = 0
(0.20)
MCD 2 = 3EI / L = 3.48.103 / 6 = 24.103 tfm / rad

• Trecho EC:

MCE 1 = M EC 1 = 0
MCE 2 = 4EI / L = 4.48.103 / 6 = 32.103 tfm / rad (0.21)
2 3 3
M EC = 2EI / L = 2.48.10 / 6 = 16.10 tfm / rad

• Cálculo dos coeficientes de rigidez local:

k11 = M BC 1 + M BA1 = 32 + 24 = 56.103 tfm / rad (0.22)


k12 = k21 = 12.103 tfm / rad
k22 = MCB 2 + MCE 2 + MCD 2 = 24 + 32 + 24 = 80.103 tfm / rad

118
UNIDADE 4

• O sistema linear, cujas incógnitas são os deslocamentos, é dado por:

56.103.D1 + 12.103.D2 = −6 


 
12.103.D1 + 80.103.D2 = −12
 
56 12  D   −6 
103.  . 1 = 
   

 (0.23)
12 80 D2  −12
−3
D1 = −0, 07749.10 rad
D2 = −0, 13838.10−3 rad

Assim, com esses valores de deslocamento, é possível calcular os esforços internos da estrutura, con-
forme equação, e, posteriormente, ilustrar o diagrama dos momentos fletores como na Figura 8.

M AB = M AB 0 + M AB 1 .D1 + M AB 2 .D2 = +0 + 16.(−0, 07749) + 0.(−0, 13838) = −1, 24tfm


M BA = M BA0 + M BA1 .D1 + M BA2 .D2 = +0 − 32.(−0, 07749) + 0.(−0, 13838) = +2, 48tfm
M BC = M BC 0 + M BC 1 .D1 + M BC 2 .D2 = +6 + 24.(−0, 07749) + 12.(−0, 13838) = +2, 48tfm
(0.24)
MCB = MCB 0 + MCB 1 .D1 + MCB 2 .D2 = −6 + 12.(−0, 07749) + 24.(−0, 13838) = −10, 23tfm
MCE = MCE 0 + MCE 1 .D1 + MCE 2 .D2 = 0 + 0.(−0, 07749) + 32.(−0, 13838) = −4, 44tfm
MCD = MCD 0 + MCD 1 .D1 + MCD 2 .D2 = 18 + 0.(−0, 07749) + 24.(−0, 13838) = +14, 67tfm

Figura 8 – Esforços internos solicitantes do pórtico / Fonte: adaptada de Sussekind (1980).

Descrição da Imagem: a figura mostra o diagrama de esforços internos solicitantes do pórtico estudado. Temos a ilustração dos
momentos das equações. No apoio A, 1,24 tfm; no nó do pórtico B, momento negativo de 2,48 tfm. Em C, temos 10,23 na barra BC,
14,67 tfm na barra CD e, na barra CE, temos o valor de 4,44 tfm.

119
UNICESUMAR

Você sabe como resolver um sistema linear como o da equação (0.23)? A maneira mais fácil
de resolver sistemas lineares simples como esses é a substituição. Basicamente, o valor de
deslocamento D1 e D2 é linearmente dependente um do outro. Então, tomaremos uma das
equações e isolaremos um deles, escrevendo D1 em função de D2 , por exemplo.

56.103.D1 + 12.103.D2 = −6
−6 − 12.103.D2 (0.25)
D1 =
56.10³

Seguindo o raciocínio, esse valor será substituído na outra equação para localizar o valor de D2 .

12.103.D1 + 80.103.D2 = −12


 −6 − 12.103.D 
12.103.  2 3
 + 80.10 .D2 = −12
 56.10³ 
(0.26)
−1, 286 − 2571, 43.D2 + 80000D2 = −12
−12 + 1, 286
D2 = = −1, 38383rad
77428, 57

A partir desse valor, é possível, então, encontrar D1 e resolver o sistema linear. Essa solução
é especialmente prática para sistemas lineares pequenos, de duas ou três variáveis. Quando
estamos lidando com sistemas maiores, convém usar o escalonamento da matriz. Convido
você a pesquisar sobre o assunto.

Conheçamos um pouco mais sobre o uso do Método dos Desloca-


mentos? Que tal entender como ele pode ser usado no dia a dia de
um escritório e qual é a sua importância na formação de um(a) enge-
nheiro(a) civil? Venha participar! Tenho certeza de que você gostará.

120
UNIDADE 4

Conhecer o comportamento de estruturas hiperestáticas é fun-


damental para qualquer engenheiro(a) que queira ter sucesso
no mercado de trabalho, haja vista que são excelentes opções de
projeto que tendem a ser mais econômicas. Portanto, é funda-
mental entender os conceitos envolvidos nos métodos de cálculo
estrutural, ainda que realizados por um computador, pois é o(a)
engenheiro(a) quem deve validá-los, aprová-los ou reprová-los.
O Método dos Deslocamentos, estudado nesta unidade, pode
ser aplicado a qualquer estrutura hiperestática e é de fácil imple-
mentação computacional, inclusive, mesmo quando o(a) engenhei-
ro(a) não queira usar um software comercial de análise estrutural.
Esse método também utiliza conceitos importantíssimos para um
bom entendimento do comportamento estrutural.
As reações de engastamento perfeito, por exemplo, representam
o maior valor de reação que poderia surgir na estrutura, situação de
rotação nula. Então, entre apoios de vigas continuamente apoiadas,
o maior valor de momento negativo é limitado a ql² / 12 . O valor
de momento, provavelmente, estará entre os valores do momento
de engastamento perfeito obtido à direita (ql ² / 12)dir e à esquerda
(ql ² / 12)esq do apoio. Esse conceito também será empregado no
Método de Cross. Os coeficientes de rigidez local permitem um
entendimento mais completo do comportamento estrutural. Por
exemplo, o coeficiente de rigidez à flexão é sempre acompanhado
pelo termo EI / L , ou seja, um maior comprimento implica em
uma menor rigidez, portanto, uma região mais fácil de rotacionar.
O entendimento desses conceitos tem a finalidade de de-
senvolver em você, aluno(a), a capacidade de olhar para uma
estrutura de maneira sistêmica, visualizando seu comporta-
mento estrutural, além dos números e das contas.

121
Nesta unidade, você conheceu o uso do Método dos Deslocamentos para a solução de estruturas
hiperestáticas. Quando pensamos em soluções computacionais para Engenharia de Estruturas,
muitos dos programas comerciais atuais se utilizam de conceitos ou modificações no Método dos
Deslocamentos, pois esse é um método de fácil implementação computacional. Ele permite determi-
nar os deslocamentos em estruturas estaticamente indeterminadas e conhecer seu comportamento
estrutural, especialmente, em situações com um grau de hiperestaticidade elevado — e deslocabili-
dades baixas. Ao usar as condições de equilíbrio e a superposição dos efeitos, é possível calcular os
deslocamentos, cujas forças associadas garantem a condição de equilíbrio dos nós de uma estrutura.
A primeira etapa a ser realizada ao se avaliar uma estrutura é obter seus graus de liberda-
des, ou seja, suas deslocabilidades referentes a cada nó. Cada nó pode se movimentar — de
maneira limitada — em função das deformações das barras que se conectam com ele. Cada
deslocabilidade desse nó é uma incógnita a ser determinada. Procuram-se os valores de
deslocamentos cujas forças somadas garantem o equilíbrio do nó.
Estabelece-se o sistema hipergeométrico, em que todas as deslocabilidades da estrutura são
travadas e contidas. Nessa situação, resolve-se a estrutura para o carregamento externo,
imaginando travas perfeitas, calculando as reações de engastamento perfeito. A partir da
estrutura travada, bloqueada, resolvem-se os demais casos de carregamento. Liberando
cada um dos deslocamentos, é possível avaliar as forças que esses deslocamentos unitários
provocam ao longo da estrutura usando os coeficientes de rigidez local de cada barra. Com os
termos de carga e coeficientes de rigidez local, é possível calcular os valores de deslocamentos
e, posteriormente, estimar os esforços por superposição dos efeitos.
Acredito que o entendimento desses conceitos e a aplicação do Método dos Deslocamentos contri-
buíram para seu desenvolvimento acadêmico. Tenho certeza de que terá facilidade na obtenção dos
esforços de qualquer estrutura hiperestática que encontrar em suar jornada profissional. Reitero a
importância desses conceitos na sua formação enquanto engenheiro(a) civil e, por isso, convido-o(a)
a produzir um mapa mental sobre o assunto, sumarizando os conceitos já apresentados.

122
123
1. Coloque os procedimentos na ordem da execução correta do Método dos Desloca-
mentos:
( ) Resolver o sistema linear, obter os deslocamentos.
( ) Determinar as deslocabilidades da estrutura e elaborar o sistema hipergeométrico
com os diversos casos de carregamento.
( ) Calcular as reações e os esforços.
( ) Resolver os casos 0, 1, 2..., calculando os coeficientes β e K.

Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta dos procedimentos de cima para baixo:
a) 3, 1, 4, 2.
b) 1, 2, 4, 3.
c) 4, 1, 3, 2.
d) 3, 2, 1, 4.
e) 4, 3, 1, 2.

2. As estruturas hiperestáticas permitem que ocorra uma redistribuição maior das ten-
sões devido à rigidez da estrutura. Nesse sentido, são consideradas estruturas mais
seguras. Esse tipo de estrutura pode ser calculado pelo Método dos Deslocamentos.
Sobre o Método dos Deslocamentos, avalie as afirmações a seguir:
I) Utiliza condições de compatibilidade para avaliar os valores das reações de apoio,
sendo os deslocamentos as incógnitas do método.
II) Utiliza-se do Princípio da Superposição dos Efeitos.
III) Constitui na substituição dos vínculos e das restrições por forças, em que se visa
determinar o valor, impondo que o deslocamento, nesse ponto, seja nulo.
IV) Constitui na aplicação de restrições nos nós livres para se determinar os valores dos
deslocamentos, gerando um sistema hipergeométrico.

Avalie as afirmações sobre o Método dos Deslocamentos e assinale a alternativa que apre-
senta todas as afirmações corretas.
a) Está correta apenas a afirmação I.
b) Está correta apenas a afirmação III.
c) Estão corretas as afirmações I e III.
d) Estão corretas as afirmações I, II e IV.
e) Todas estão corretas.

124
3. Imagine que você está trabalhando em um projeto de expansão de uma indústria e
deve projetar um pipeline industrial, uma estrutura que serve de suporte a tubos e
sistemas essenciais ao funcionamento da indústria. Em função da compatibilização
desses tubos, a estrutura tem um formato diferenciado, com um pilar inclinado, con-
forme a figura a seguir.

Figura 1 - Viga para o exercício 3 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra um pórtico com um pilar inclinado AC, apoiado sobre um apoio fixo em A, um
engaste em B, e a viga horizontal CDE tem um apoio móvel que bloqueia deslocamentos verticais em E.

Para poder projetar essa estrutura, você precisa determinar suas deslocabilidades. Assinale
a alternativa que apresenta o número de deslocabilidades internas (di) e externas (de):
a) di = 2; de = 0.
b) di = 1; de = 1.
c) di = 3; de = 0.
d) di = 2; de = 1.
e) di = 3; de = 1.

4. Observe as vigas apresentadas na figura a seguir. A viga 01 tem dois engastes e um


apoio central, enquanto a viga 02 tem três apoios. Ambas são hiperestáticas e têm com-
portamentos distintos. Considerando os métodos que você já conhece para resolução
de estruturas hiperestáticas — Método das Forças e Deslocamentos —, discorra sobre
qual método deve ser usado na resolução de cada viga e por quê.

125
VIGA 01 VIGA 02

Figura 2 - Viga 01 e viga 02 para o exercício 4 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra duas vigas: a viga 01 engastada nas extremidades A e C com um apoio central
B e a viga 02 com um apoio fixo e dois apoios móveis. Ambas submetidas a um carregamento distribuído.

5. Considere a viga da Figura 3, referente a uma estrutura seis vezes hiperestática com
apenas duas deslocabilidades em B e em C. Essa viga será usada como referência para
os exercícios 5, 6 e 7.

Figura 3 – Viga para exercícios 5, 6 e 7 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biengastada nas extremidades A e D, com dois apoios centrais B e C,
submetida a um carregamento distribuído de 6 kN/m. A estrutura seis vezes hiperestática, com duas deslocabilidades
internas, pode ser composta pela soma da estrutura travada, engastada, submetida ao carregamento externo (caso
0), com a estrutura submetida ao giro unitário D1 e D2 agindo em B e C, respectivamente.

Você precisa encontrar os esforços internos da viga e, para tanto, optou por resolvê-la pelo
Método dos Deslocamentos, considerando as rotações em B e C como incógnitas. Sabendo
que a viga tem EI = 1.10 kN / m ² , pede-se para assinalar a alternativa que contenha os
4

valores dos termos de carga ( b10 e b20 ).

126
a) b10 = 12, 0kNm e b20 = 5, 5kNm;
b) b10 = 6, 0kNm e b20 = −3, 5kNm;
c) b10 = −2, 0kNm e b20 = +8, 0kNm;
d) b10 = −8, 0kNm e b20 = +4, 5kNm;
e) b10 = 7, 0kNm e b20 = +5, 0kNm;

6. Ainda em relação à viga da Figura 3, assinale a alternativa que apresenta os valores dos
coeficientes de rigidez local ( k11 , k12 = k21 e k22 ).
a) k11 = 2, 33.10 kNm / rad, k12 = k21 = 3, 0.10 kNm / rad e k22 = 3, 0.10 kNm / rad .
4 4 4

b) k11 = 3, 6.10 kNm / rad, k12 = k21 = 0, 8.10 kNm / rad e k22 = 1, 5.10 kNm / rad .
4 4 4

c) k11 = 3, 0.10 kNm / rad, k12 = k21 = 2, 5.10 kNm / rad e k22 = 1, 33.10 kNm / rad .
4 4 4

d) k11 = 1, 5.10 kNm / rad, k12 = k21 = 0, 5.10 kNm / rad e k22 = 6, 2.10 kNm / rad .
4 4 4

e) k11 = 3, 0.10 kNm / rad, k12 = k21 = 0, 5.10 kNm / rad e k22 = 2, 33.10 kNm / rad .
4 4 4

7. Assinale a alternativa que apresenta os valores corretos para os deslocamentos D1 e D2.


−4 −4
a) D1 = −1, 33.10 rad e D2 = 1, 0.10 rad .
−4 −4
b) D1 = −2, 33.10 rad e D2 = 2, 0.10 rad .
−4 −4
c) D1 = 2, 33.10 rad e D2 = −2, 0.10 rad .
−4 −4
d) D1 = −6, 0.10 rad e D2 = 1, 0.10 rad .
−4 −4
e) D1 = −0, 25.10 rad e D2 = 4, 0.10 rad .

8. De posse dos deslocamentos, esboce os diagramas de momento fletor da viga em


questão.

127
128
5
Processo de Cross
Me. Gabriel Trindade Caviglione

Nesta unidade, você aprenderá a resolver estruturas hiperestáticas pelo método


proposto pelo professor Hardy Cross. Esse método tem por objetivo balancear
os momentos atuantes em um nó e ficou posteriormente conhecido como Pro-
cesso de Cross. Esse procedimento permite uma solução iterativa e rápida de um
sistema hiperestático complexo, por isso, é muito importante que você, como
engenheiro(a), conheça sua metodologia de aplicação. Você conhecerá as etapas
do processo que permite uma rápida obtenção dos esforços da estrutura. Serão
abordados os conceitos de momento de engastamento perfeito, coeficiente de
rigidez local, coeficientes de ponderação de carga e as condições de equilíbrio do
método. Alguns desses você já conhece, pois o processo é baseado no Método
dos Deslocamentos. Entenderemos o passo a passo para a aplicação do processo
iterativo até compensar os momentos atuantes na estrutura. Com esse processo,
poderemos entender o comportamento estrutural de um pórtico ou viga hiperes-
tática, permitindo seu entendimento e posterior dimensionamento. Existem várias
situações em que um(a) engenheiro(a) precisará conhecer o comportamento
de uma estrutura hiperestática, e o Processo de Cross é uma ferramenta muito
prática para a obtenção dos esforços. Desejo-lhe bons estudos!
UNICESUMAR

Você já sabe como determinar os esforços de uma estru-


tura hiperestática. Claro que a aplicação do Método das
Forças e do Método dos Deslocamentos é bastante traba-
lhosa, mas você já é capaz de entender o comportamento
da estrutura e obter seus esforços. Essa condição é fun-
damental para se fazer o projeto e dimensionamento de
qualquer estrutura, uma vez que precisamos dos esforços.
Você já conhece até alguns softwares que podem ser
usados para a obtenção dos esforços em estruturas bidi-
mensionais. Mas como você faria se precisasse conferir
algum resultado desses softwares de maneira expedita?
As soluções que você conhece permitem resolver essas
estruturas de maneira prática e rápida?
Lembre-se de que o(a) engenheiro(a) é o(a) responsá-
vel técnico(a) pela garantia da estabilidade das edificações
perante a sociedade. Ainda que os softwares possam nos
ajudar, é responsabilidade sua validar os resultados ob-
tidos pela modelagem computacional. Nesse sentido, ao
avaliar uma estrutura, existe alguma expectativa quanto
ao diagrama dos momentos fletores? Será que com os
momentos de engastamento perfeito podemos, de alguma
forma, estimar os valores em determinados trechos?
As respostas para as últimas perguntas são sim, e um
sim com veemência! O(A) engenheiro(a) já deve ima-
ginar o comportamento estrutural de uma edificação
antes mesmo de fazer sua modelagem. Com o tempo
e a experiência, o(a) profissional adquire um senso
crítico que possibilita avaliar os esforços e entender se
a modelagem foi feita corretamente. Essa habilidade é
muito importante para quem quer desenvolver proje-
tos estruturais de maneira precisa e ágil, pois permite
localizar erros logo na fase de modelagem.
Para tentarmos resolver esse problema, podemos ima-
ginar que os momentos de trechos da estrutura tivessem
o mesmo valor dos momentos de engastamento perfeito.
No caso real, esperam-se algumas rotações, portanto, te-
ríamos valores que seriam menores ou maiores, a depen-
der das da direção das rotações reais, mas já poderia ser
considerada uma estimativa inicial desses valores.

130
UNIDADE 5

Figura 1 –
Análise estrutural de um tabuleiro de ponte

Descrição da Imagem: a figura mostra


um homem analisando os esforços de
uma estrutura no computador.

Imagine que você, como um(a) engenheiro(a) recém-formado(a), conseguiu um trabalho em um


escritório renomado de cálculo estrutural na cidade de Curitiba. Muito contente com a concor-
rida vaga, você pretende se dedicar e produzir um bom trabalho. O engenheiro Gustavo, colega
muito experiente que trabalha há 15 anos nesse escritório, precisa detalhar as vigas e os pilares de
estrutura aporticada (Figura 2). No entanto, após modelar a estrutura no computador, ele desconfia
que os valores de momentos estejam incorretos.
Gustavo prometeu ao engenheiro Tadeu — responsável pelo andamento da obra — liberar as
pranchas no dia seguinte, pela manhã, a fim de que pudessem fazer o orçamento e encomenda do aço
a ser usado na estrutura. Gustavo tem uma reunião agora pela manhã e está preocupado em fazer o
detalhamento pelo programa, uma vez que desconfia que os esforços estejam equivocados.
Diante dessa situação, você propôs ajudar seu colega, conferindo e verificando os esforços. Você
tem algumas horas para avaliar o problema e direcionar seu colega à solução, visto que Gustavo
deve retornar da reunião antes do almoço.

131
UNICESUMAR

Figura 2 - Estrutura aporticada a ser projetada pelo enge-


nheiro Gustavo / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma resi-


dência contemporânea, vista de diferentes ângulos.
Na imagem, está destacada a presença do pórtico a
ser estudado. À direita, temos o esquema estático
do pórtico ABCDE, cujos apoios são engastes (D e E);
temos uma junção rígida de três barras no nó B (ao
centro) e uma de duas barras no nó A (à esquerda).
No nó C (à direita), temos uma conexão do tipo fixa.
Os pilares têm altura de 3 m. O vão à esquerda AB
tem 4,5 m de comprimento, e o vão à direita BC tem
3,0 m de comprimento. Os trechos DABE têm 2EI, e o
trecho BC tem EI. A figura mostra um detalhe do nó
B, mostrando a rotação do nó relativa ao equilíbrio
dos momentos agindo em cada barra. Abaixo, ainda
temos o diagrama de momentos fletores obtidos pela
análise do engenheiro Gustavo.

132
UNIDADE 5

Em um olhar preliminar na estrutura e em seus esforços solicitantes, é difícil apon-


tar algum erro de vinculação da estrutura, pois o diagrama de fletor é contínuo nos
nós e transmite esforços aos apoios engastados. Você resolve conferir as dimensões
lançadas no programa, os vãos, as alturas, as seções e o carregamento da estrutura,
referente à carga de alvenaria, às lajes e ao vento. E conclui que está tudo ok!
Diante dessas constatações iniciais, faz-se necessário estabelecer algum modelo simpli-
ficador para verificar manualmente a magnitude dos esforços atuantes no pórtico. Levante
algumas hipóteses de como você poderia fazer isso! Quais conceitos empregaria na análise?
Quais métodos poderia usar para resolver uma estrutura em um período tão escasso?
Para resolver essa situação, sua cabeça começa a levantar uma série de questio-
namentos e ideias: será que é possível produzir, em poucas horas, algum resultado
suficientemente preciso para validar uma simulação computacional? Quais são as
chances de um computador errar no cálculo? Seria possível um erro se o progra-
ma tiver algum vírus ou estiver corrompido? Preciso conferir esse modelo neste
nível de profundidade? Chegar até os valores dos esforços? Em quais situações os
resultados precisariam ser conferidos? Será que esta é uma delas? Será que essa
conferência não é um teste para avaliar suas capacidades técnicas? Como posso
estimar os momentos nesse pórtico? Posso usar as condições de engastamento
perfeito? É razoável dividir os momentos igualmente nas barras dos nós? Qual é o
papel da rigidez na distribuição dos momentos atuantes sobre a estrutura?
Responder essas perguntas não é tarefa simples, muito menos num prazo tão
curto e tendo em vista a responsabilidade envolvida. Tal situação demanda uma
solução rápida e confiável. Embora seja estressante, esse problema pode ser resolvi-
do sem grandes dificuldades. Observemos atentamente o nó B da Figura 2. Como
poderíamos recompor os momentos agindo nele? Se o nó fosse completamente fixo,
isto é, situação de engastamento perfeito, teríamos os momentos de engastamento
perfeito agindo em cada barra. Cada barra teria um valor diferente de momento, e
o equilíbrio se daria em um valor intermediário, o qual não conhecemos.
À medida que liberamos o nó para rotacionar, poderemos ver a compensação
desses momentos conforme a rigidez de cada barra: as barras mais rígidas tende-
riam a absorver maiores momentos. Nesse cenário, a estrutura se deformaria até
encontrar o valor de momento no nó que se equilibrasse com todas as barras. O
Procedimento de Cross é um conjunto de operações iterativas que permite, por
aproximações, estimar esse momento de equilíbrio. Você consegue visualizar isso
ocorrendo na estrutura? Tente imaginar o comportamento da estrutura nessas
condições. Procure desenhar esses efeitos! Faça esquemas que lhe permitam
inferir sobre as rotações, se serão no sentido horário ou anti-horário. Se forem
no sentido horário, o valor do momento deve aumentar ou diminuir? E se forem
no anti-horário? Para registrar suas ideias, utilize seu Diário de Bordo.

133
UNICESUMAR

Para poder ajudar seu colega Gustavo,


você decidiu consultar seus estudos da
graduação para relembrar como se faz a
compensação dos momentos pelo Méto-
do de Cross. Você lembra que era um mé-
todo prático e ágil, que permitia encon-
trar os momentos em determinados nós
da estrutura de maneira iterativa. Vamos,
então, aprender como usar esse método?
A fim de resolver o problema do pór-
tico, precisaríamos determinar o com-
portamento do nó “B”, seja sua rotação
ou os esforços ali atuantes. Inicialmente,
seria interessante analisar uma estrutu-
ra mais simples para entender melhor
seu comportamento, antes de tentarmos
resolver o pórtico. Por isso, considerare-
mos a viga 107 da Figura 3, que, inclusive,
já foi resolvida na unidade anterior.

134
UNIDADE 5

Figura 3 – Entendendo o comportamento da V107


Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra duas vigas de


engastes em A e C nas extremidades e um apoio móvel
em B ao centro. Sobre ambas as vigas, atua um carrega-
mento de 8 kN/m. Na viga ilustrada à esquerda, temos
uma situação assimétrica, com um vão AB de 210 cm e um
vão BC de 330 cm. A viga da direita é uma viga simétrica
de vão AB=BC=280. Essa viga foi idealizada hipotetica-
mente para ilustrar o comportamento estrutural. Na viga
simétrica, não existe uma tendência de rotação na viga
no ponto sobre o apoio B, justamente por ser simétrica.
Assim, sobre os nós A, B à direita, B à esquerda e C, age
o mesmo valor de momento. Abaixo da viga, temos a
representação da ausência de rotação e os momentos
de engastamento perfeito. Na viga assimétrica, por sua
vez, existe uma tendência de rotação. Na figura, temos
a hipótese de uma rotação D1 no sentido horário ou D2
no sentido anti-horário. Logo, percebe-se que a tendência
principal é no sentido horário de D1, já que o trecho BC
tem um vão maior. Acima das rotações, temos os mo-
mentos de engastamento perfeito atuando, situação com
rotação nula. Nessa situação, o momento à esquerda do
nó B é 2,94 e, à direita, é de 7,26 kNm. Sabendo dessa
tendencia de rotação, esses momentos serão redistri-
buídos conforme a rigidez de cada barra até um valor
de equilíbrio. Abaixo, temos o resultado dos momentos
fletores agindo sobre a viga. Observa-se que, no nó B, o
momento efetivamente atuante sobre o nó é 5,58 kNm.

Observe que a viga é engastada em A e em C e que, portanto, a única deslocabilidade da estrutura é a


deslocabilidade interna referente à rotação no ponto B, uma vez que, nos demais, é nula. Procuraremos
entender o efeito dessa rotação para o comportamento da estrutura. Se a viga fosse simétrica, com vão
de 280 cm para esquerda e direita, teríamos um mesmo carregamento atuante em ambos os lados.
Nesse cenário, não haveria nenhuma tendência de rotação, e os momentos seriam iguais ao momento
de engastamento perfeito das tabelas (+5,23 kNm).
Se aplicássemos os momentos de engastamento perfeito em uma estrutura assimétrica, teríamos
valores diferentes, pois, em estruturas assimétricas, teremos assimetria nas reações e esforços. Nesse

135
UNICESUMAR

sentido, haveria uma tendência de rotação da viga sobre o apoio B.


Conseguimos observar claramente que é mais provável a rotação D1 do
que a rotação D2, inclusive, o que foi obtido na resolução do problema.
Por quê? Ocorre que o trecho BC é maior que o trecho AB e, por-
tanto, é menos rígido, terá maiores deflexões. Essa tendência de rotação
estaria aumentando os esforços do momento fletor em BA e diminuin-
do em BC, o sistema se deformaria até encontrar um equilíbrio que
pudesse homogeneizar os esforços à esquerda (-2,94 kNm) e à direita
(7,26 kNm). Repare que o valor de equilíbrio (5,58 kNm) é menor do
que o momento de engastamento perfeito do trecho BC (7,26 kNm) e
maior do que o momento de engastamento do trecho BA (-2,94 kNm).
Considerando apenas dois momentos agindo sobre o nó, podemos
entender que o valor de momento de equilíbrio estará entre os valores
do momento de engastamento perfeito de cada lado. O ponto de equi-
líbrio não será exatamente no meio, mas será ponderado pela rigidez
de cada barra, levando em consideração esse efeito de rotação. A ideia
central do Processo de Cross é fazer a distribuição da diferença entre os
momentos de engastamento perfeito (2,94 kNm; 7,26 kNm), ponderan-
do-a pela rigidez de cada barra para atingir esse “ponto de equilíbrio”.
O processo de distribuição dos momentos foi desenvolvido por
Hardy Cross no início dos anos 1930. Esse método se baseia no equi-
líbrio dos momentos aplicados pelas barras ao nó, os quais devem
somar zero, pois o nó está em equilíbrio. Em várias situações, a apli-
cação desse método elimina as equações e sistemas lineares usados
no Método das Forças e dos Deslocamentos (LEET et al., 2009).
Segundo Leet et al. (2009), inicialmente, consideraremos restrições
temporárias, como chapas rígidas, aplicadas sobre os nós, impedindo-os
de rotacionar. Nessa situação, temos uma estrutura completamente rígi-
da e composta por extremidades fixas e, ao aplicarmos o carregamento
nessa estrutura, teremos momentos nas barras e nas chapas rígidas.
Lentamente, retira-se a chapa de um dos nós, permitindo que ele
possa rotacionar e, assim, redistribuir os momentos das barras aplicados
sobre a chapa. Esses momentos serão distribuídos conforme a rigidez
à flexão de cada barra. À medida em que se retira os demais travamen-
tos, a estrutura pode se deformar e os momentos serão redistribuídos,
nó a nó, até que se tenha o equilíbrio de todos os momentos (LEET
et al., 2009). A Figura 4 traz uma interpretação física para o processo
matemático de Cross, ou seja, a redistribuição dos momentos citada.

136
UNIDADE 5

Figura 4 – Interpretação física para o Processo de Cross


Fonte: adaptada de White, Gergely e Sexsmith (1976 apud MARTHA, 2010).

Descrição da Imagem: a figura mostra o modelo físico de White, Gergely e Sexsmith. Mostra uma viga com quatro apoios e uma
carga centrada no vão central, com relação a suas etapas no Processo de Cross. Sobre os apoios, são colocados marcadores que
registram a rotação. Na primeira etapa do método, ao sofrer carregamento, não ocorrem rotações, pois os nós estão “fixados” e,
portanto, surgem momentos nos apoios centrais. Abaixo, temos a segunda etapa do método, em que se permite a rotação de um
dos nós. No caso, a figura mostra a rotação do nó e a redistribuição desse momento aos nós adjacentes. Na terceira linha, permite-se
a rotação de outro nó e, com isso, a redistribuição do momento aos adjacentes. Esse processo se repete indefinidadamente, mas,
na figura, na quarta linha, já é apresentada a condição de equilíbrio.

Entendidas as condições e ideias básicas do processo, então retomaremos o estudo do pórtico da Figura
2. No nó “B”, temos três momentos agindo referente ao efeito de carregamento de cada barra ( M BA ,
M BE e M BC ). Se fizermos o equilíbrio dos momentos atuantes, podemos escrever a equação .

M BA + M BE + M BC − M = 0
(1.1)
M BA + M BE + M BC = M

Genericamente:
ΣM i = M (1.2)

137
UNICESUMAR

Em que:

• M i corresponde ao momento de cada barra conectada ao


nó rígido.

Segundo Sussekind (1980a, p. 181), pelo Método dos Desloca-


mentos e pela definição de rigidez, podemos escrever cada um dos
momentos em função da rigidez local de cada barra e sua rotação:
j.K BA + j.K BE + j.K BC = M
(1.3)
M = j.(K BA + K BE + K BC )

Genericamente:
M = j.ΣK i
(1.4)
M
j=
ΣK i

Em que:

• K i corresponde à rigidez local de cada barra conectada ao


nó rígido.
• j corresponde à rotação do nó.

Nesse sentido, se multiplicarmos a equação pela rigidez da barra


BA ( K BA ), teremos o momento agindo na barra BA ( M BA ). Enten-
demos, então, que o momento M agindo no nó será subdivido em
várias parcelas ( M i ) para cada barra em função da rigidez local de
cada barra ( K i ).
M
j.K i = .K
ΣK i i
(1.5)
Ki
Mi = M
ΣK i

Ou seja, o momento atuante em cada barra ( M i ) será proporcional


à rigidez local daquela barra ( K i ) perante a rigidez do nó ( SK i )
considerando as três barras. Essa proporção entre a rigidez local e a
K
rigidez do nó ( gi = i ) será chamada de coeficiente de pondera-
ΣK i
ção dos momentos ou coeficiente de distribuição dos momentos. Da
equação , Sussekind (1980a, p. 182) conclui: “uma carga-momento
aplicada num nó de uma estrutura totalmente indeslocável irá se

138
UNIDADE 5

distribuir, entre as diversas barras concorrentes neste nó, segundo parcelas proporcionais à rigidez,
neste nó, de cada uma das barras”.
Para aplicarmos o procedimento, consideraremos, inicialmente, a condição da estrutura perfeita-
mente engastada, travada por chapas rígidas, permitindo comportamento engastado aos trechos. Nessa
situação, os carregamentos devem solicitar os momentos de engastamento perfeito (Figura 5) nó a nó.
Sobre determinado nó, teríamos, então, a solicitação de diversos momentos de engastamento
perfeito, M i , conforme as barras ali concorrentes. Para garantir o equilíbrio desse nó, o somatório
dos momentos precisa ser nulo ΣM i = 0 . Dessa forma, os valores extras à soma ΣM i = 0 deverão ser
redistribuídos — com sinal contrário — no nó, conforme o coeficiente de ponderação dos momentos,
a fim de reestabelecer ΣM i = 0 .
Essa redistribuição desses momentos no nó provoca esforços em outros nós, e esse esforço preci-
sa também ser equilibrado. Para barras engastadas-engastadas, um momento aplicado no ponto A
provoca um momento de metade dessa magnitude em B, onde ainda não ocorreu a redistribuição.
Isso pode ser observado no coeficiente de rigidez local da Figura 5. Dessa maneira, o nó “B” precisa ser
reequilibrado e influencia seus demais nós adjacentes. Esse processo será repetido até que todos os
nós estejam equilibrados ou que a diferença residual desses momentos seja muito pequena, ao ponto
de poder ser desprezada.

Figura 5 – Coeficientes de rigidez local e reações de engastamento perfeito para situações mais frequentes
Fonte: Sussekind (1980a, p. 17).

Descrição da Imagem: a figura mostra o coeficiente de rigidez local de 3 barras: 1) engastada-engastada, temos 4EI/L no ponto
de rotação e 2EI/L no outro engaste; 2) barra apoiada engastada, temos 3EI/L no ponto de rotação e zero no apoio; 3) engastada-
-engastada submetida a uma translação transversal de um dos apoios, tal efeito provoca 6EI/L² em ambos apoios. À direita, temos
as reações de engastamento perfeito, situção na qual a viga não teria rotações. Estão tabelados os valores para: 1) carregamento
distribuído em viga biengastada, provocando momentos de ql²/12 e reações de ql/2; 2) carregamento concentrado em viga biengas-
tada, provocando momentos de Pab²/l² e Pa²b/l² e reações de Pa/l e Pb/l; 3) carregamento distribuído em viga engastada-apoiada,
provocando momentos de ql²/8; e 4) carga concentrada em viga engastada-apoiada.

139
UNICESUMAR

Podemos, então, definir um roteiro base para a aplicação do método (SUSSEKIND, 1980a; LEET et al., 2009):

1. Consideram-se os nós perfeitamente rígidos: e, portanto, são solicitados conforme os mo-


mentos de engastamento perfeito de cada barra ( M AB , M AC ...M i ). O valor desses momentos
será rebalanceado conforme a rigidez local de cada barra, calculam-se, então, os coeficientes
K
de ponderação do momento ( gi = i ) que são escritos junto a cada nó. A soma desses coe-
ΣK i
ficientes deve ser igual a 1,0.
2. Permite-se a rotação de um dos nós: de maneira a redistribuir os esforços. A diferença entre
os momentos de engastamento perfeito atuantes é redistribuída conforme o coeficiente de
ponderação de cada barra. Analisa-se, então, o efeito do momento redistribuído para nós
adjacentes. Bloqueia-se o nó.
3. Permite-se a rotação de outro nó, adjacente ao anterior: libera-se a rotação de um dos demais nós,
avaliando a diferença entre os momentos de engastamentos perfeitos atuantes e o momento redistri-
buído com relação ao nó anterior. Havendo desequilíbrio, a diferença é distribuída para cada barra
conforme o coeficiente de ponderação. O procedimento é realizado para todos nós da estrutura.
4. Repetição do processo: após a análise de todos os nós, ainda pode ocorrer discrepância entre
os momentos, por isso, o processo se repete até que haja convergência dos resultados, isto é,
até que a diferença dos momentos seja considerada sem importância frente à magnitude dos
esforços, geralmente, considera-se uma tolerância de 0,01.

A principal vantagem do Processo de Cross é a sua praticidade, que permite a solução de um problema
complexo, sem equação complexas, pelo processo iterativo. O método pode ser equacionado quase
que graficamente, escrevendo os cálculos na própria estrutura como apoio.

O pórtico que foi apresentado está travado horizontalmente e, portanto, tem apenas deslo-
cabilidades internas (rotações). Se o pórtico tivesse deslocabilidades externas, você poderia
resolvê-lo pelo Processo de Cross? Ou seria necessário fazer alguma adaptação?
Repare que a citação de Sussekind (1980b) se refere a uma estrutura indeslocável, isto é, com
apenas rotações, sem deslocamentos. O Processo de Cross trata apenas dos momentos,
sendo necessário fazer uma adaptação para considerar esses deslocamentos.

Agora que você já conhece os conceitos e as bases do Processo de Cross, que tal aplicá-lo em uma
estrutura hiperestática? A solução de exercícios ajuda a fixar e memorizar o processo, bem como pro-
voca o entendimento e análise estrutural. Convido você a analisar a viga da Figura 6. Trata-se de uma
viga hiperestática, com um engaste e três graus de hiperestaticidade, além de duas deslocabilidades
internas. Como é uma estrutura fixa, podemos usar o Processo de Cross. O primeiro passo seria ima-

140
UNIDADE 5

ginar a estrutura como rígida, fixa e calcular os momentos de engastamento perfeito e os coeficientes
de ponderação dos momentos.

Figura 6 – Viga 01: exemplo para exercício / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga com apoios em A, B C e com um engaste em D. O trecho AB tem uma inércia de
3EI. Trechos AB e CD têm 4,5 m de comprimento, e o trecho BC tem 3,0 m de comprimento. A viga está submetida a um carrega-
mento de 8 kNm. Abaixo dela, temos representada a aplicação do processo. Na primeira viga, temos a indicação dos momentos
de engastamento perfeito e os coeficientes de ponderação do momento para cada barra. Na segunda viga, mais abaixo, temos o
processo de cálculo com os valores propriamente ditos. Na aplicação do método, a partir do ponto B, por exemplo, escreve-se o
oposto do valor da diferença de momento abaixo, no caso -20,25 + 6 = 14,25. Estes 14,25 serão redistribuídos conforme a rigidez de
cada barra. O fator de ponderação de rigidez de cada barra é escrito sobre o nó na viga. Assim, sabe-se quanto será redistribuído
para cada barra (8,55;5,70). De posse desses valores, faz-se a avaliação da estabilidade do nó, passando-se uma reta. O valor do
momento redistribuído (5,70) influencia o nó adjacente com sua metade (+2,85). É feito, então, o equilíbrio do nó C e assim suces-
sivamente. À direita, tem-se representado o método compacto, em que se escreve apenas o valor do momento a ser redistribuído
de cada barra, pulando as etapas indermediárias.

141
UNICESUMAR

Para o trecho AB e BC, referente ao nó B, temos:


3EI 3.(3EI )
K BA = = = 2. (EI )
L 4, 5
4EI 4EI
K BC = = = 1, 3333. (EI )
L 3
ΣK i = K BA + K BC = 1, 333. (EI ) + 2. (EI ) = 3, 3333. (EI ) (1.6)

K BA 2. (EI )
gba = = = 0, 60
K BA + K BC 1, 333. (EI ) + 2. (EI )
K BC 1, 333. (EI )
gbc = = = 0, 40
K BA + K BC 1, 333. (EI ) + 2. (EI )

Para o trecho BC e CD, referente ao nó C, temos:


4EI 4.EI
KCB = = = 1, 333. (EI )
L 3, 0
4EI 4EI
KCD = = = 0, 889. (EI )
L 4, 5
ΣK i = KCB + KCD = 1, 333. (EI ) + 0, 889. (EI ) = 2, 222. (EI ) (1.7)

KCB 1, 333. (EI )


gcb = = = 0, 60
KCB + KCD 1, 333. (EI ) + 0, 889. (EI )
KCD 0, 889. (EI )
gcd = = = 0, 40
KCB + KCD 1, 333. (EI ) + 0, 889. (EI )

Os momentos de engastamento perfeito da viga são:

M BA = −ql ² / 8 = 8.4, 5² / 8 = −20, 25kNm


M BC = ql ² / 12 = 8.3, 0² / 12 = 6kNm
MCB = −ql ² / 12 = 8.3, 0² / 12 = −6kNm (1.8)
MCD = ql ² / 12 = 8.4, 5² / 12 = 13, 5kNm
M DC = −ql ² / 12 = 8.4, 5² / 12 = −13, 5kNm

Lembre-se de que sempre estamos avaliando a rigidez do nó referente a


cada barra. Para avaliar a rigidez do nó, estamos considerando sempre
a rotação no próprio nó, ou seja, usaremos apenas com os coeficientes
K = 4EI (engastado-engastado) ou K = 3EI (engastado-apoiado),
L L
referente à Figura 5. Repare, também, que quando “sobra” momento
em um nó ( K = 4EI L ), sempre será distribuída a metade desse valor
aos adjacentes ( K = 2EI L ), salvo se a rotação for livre (valor nulo, 0).

142
UNIDADE 5

O próximo passo (n° 2) refere-se a liberar um dos nós, permi-


tindo a distribuição dos momentos entre as barras que se co-
nectam a esse nó em função da rigidez. Liberaremos o nó B e,
posteriormente, o nó C. Na primeira interação, no nó B, temos
ΣM i 0 = M BA0 + M BC 0 ... = +6, 0 − 20, 25 = −14, 25 , assim temos que re-
distribuir 14,25 kNm — sentido oposto para equilibrar o nó — sendo
que 60% ( gba ) serão para a barra AB e 40% ( gbc ) para a barra BC.
Mi = g.M
M AB ' = 0, 60.14, 25 = +8, 55kNm (1.9)
M BC ' = 0, 40.14, 25 = +5, 70kNm

Repare que, se fizermos o equilíbrio do nó agora, somando esses va-


lores redistribuídos, os valores — em módulo — dos momentos à es-
querda serão iguais aos da direita do nó ( −20, 25 + 8, 55 = +6, 0 + 5, 70).
Com o passo n° 3, avalia-se a distribuição de momentos no nó C,
em que temos MCB = −6, 0 , MCD = 13, 5 e a influência da redistribuição
do nó B, que será M BC ' / 2 = 0, 40.14, 25 / 2 = +2, 85kNm , dessa forma,
ΣM i 0 = MCB 0 + MCD 0 + M BC ' / 2....= −6, 0 + 13, 5 + 2, 85 = 10, 35. Então,
esses 10,35 kNm serão distribuídos entre as barras CB e CD, sendo
60% ( gcb ) para a barra CB e os restantes 40% ( gcd ) para o trecho CD.
Mi = g.M
MCB = 0, 60. − 10, 35 = −6, 21kNm (1.10)
MCD = 0, 40. − 10, 35 = −4, 14kNm

Novamente, podemos reparar que, se fizermos o equilíbrio do nó


agora, incluindo esses valores redistribuídos na soma, teremos
igualdade entre os valores — em módulo — dos momentos à es-
querda e direita do nó ( −6, 0 + 2, 85 − 6, 21 = +13, 5 − 4, 14 ). No-
vamente, a redistribuição de momentos C deve influenciar os
nós vizinhos, tal qual M DC = MCD '/ 2 = −4, 14 / 2 = −2, 07kNm e
M BC = MCB '/ 2 = −6, 21 / 2 = −3, 10kNm .
Nesse sentido, o nó B sai da sua condição de equilíbrio, e se inicia
o quarto passo, processo iterativo e repetitivo, até que os valores de
momento se aproximem, convergindo para um resultado. Na Figura
6, temos registro desse processo, bem como os esforços internos da
viga. Podemos observar, também, um registro mais compacto, menos
detalhado, que é comumente usado quando se utiliza o método.

143
UNICESUMAR

Vamos conhecer um pouco mais sobre o uso do Processo de Cross?


Bem como outras contribuições dele para a Engenharia? Você co-
nhecerá um pouco sobre sua aplicação em condições práticas de
Engenharia Civil! Participe!

Agora que já conseguimos desenvolver melhor a aplicação do Pro-


cesso de Cross, tentaremos resolver o problema do pórtico pro-
posto pelo engenheiro Gustavo. O pórtico está ilustrado na Figura
7, e podemos notar que ele não é simétrico, com vãos diferentes e
com diferentes rigidezes. Para resolvê-lo, aplicaremos o Método
de Cross, em que o primeiro passo seria a determinação dos coefi-
cientes de rigidez local e dos momentos de engastamento perfeito.

M AB = ql ² / 12 = 7.4, 5² / 12 = 11, 8125kNm


M AD = 0kNm
M BA = −ql ² / 12 = −7.4, 5² / 12 = −11, 8125kNm (1.11)

M BC = ql ² / 8 = 7.3, 0² / 8 = 7, 875kNm
M BE =0

Na sequência, os coeficientes de rigidez local e os coeficientes de


ponderação das barras do nó “A”.
4EI 4(2EI )
K AB = = = 1, 778. (EI )
L 4, 5
4EI 4(2EI )
K AD = = = 2, 667. (EI )
L 3
ΣKi = K AB + K AD = 4, 445. (EI ) (1.12)

Ki K AB 1, 778. (EI )
gAB = = = = 0, 400
ΣKi K AB + K AD 2, 667. (EI ) + 1, 778. (EI )
Ki K AD 2, 667. (EI )
gAD = = = = 0, 600
ΣKi K AB + K AD 2, 667. (EI ) + 1, 778. (EI )

Na sequência, os coeficientes de rigidez local e os coeficientes de


ponderação das barras do nó “B”.

144
UNIDADE 5

4EI 4(2EI )
K BA = = = 1, 778. (EI )
L 4, 5
4EI 3EI
K BC = = = 1, 000. (EI )
L 3
4EI 4(2EI )
K BE = = = 2, 667. (EI )
L 3
ΣKi = K BA + K BC + K BE = 5, 445. (EI ) (1.13)

Ki K BA 1, 778. (EI )
gBA = = = = 0, 326
ΣKi K BA + K BC + K BE 1, 0. (EI ) + 2, 667. (EI ) + 1, 778. (EI )
Ki K BC 1, 000. (EI )
gBC = = = = 0, 184
ΣKi K BA + K BC + K BE 1, 0. (EI ) + 2, 667. (EI ) + 1, 778. (EI )
Ki K BE 2, 667
gBE = = = = 0, 490
ΣKi K BA + K BC + K BE 1, 0 + 2, 667 + 1, 778

145
UNICESUMAR

Figura 7 – Pórtico do engenheiro Gustavo: exemplo para exercício / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra a resolução do pórtico da Figura 2 pelo método compacto. Temos o registro do processo
completo, todas iterações sobre os nós A e B. Abaixo, temos indicado o diagrama de momento fletor obtido pelo ftool, cujos resul-
tados são muito próximos aos resultados obtidos pelo método.

146
UNIDADE 5

De posse dos valores dos coeficientes de ponderação dos momentos e dos momentos de engasta-
mento perfeito, podemos prosseguir para o segundo passo: liberando o nó “B” e redistribuindo seus
momentos. Analisando os momentos que agem sobre o referido nó, temos:

ΣMi = 0
(1.14)
M BA + M BC + M BE = 0
−11, 8125 + 7, 875 + 0 ∴ m = 3, 9375kNm

Esse momento será dividido proporcionalmente conforme a rigidez de cada barra.

M BA ' = m.gBA = 3, 9375.0, 326 = +1, 284kNm  → M AB ' = 1, 284 / 2 = 0, 642kNm


M BC ' = m.gBC = 3, 9375.0, 184 = +0, 724kNm (1.15)
M BE ' = m.gBE = 3, 9375.0, 490 = +1, 929kNm

Fazemos, agora, a compatibilização do nó “A”, já considerando o efeito do nó “B”. Tomando o somatório


dos momentos, temos:

ΣMi = 0
M AB + M AB '+ M AD = 0 (1.16)

+11, 8125 + 0, 642 + 0 ∴ m = 12, 454kNm

Esse momento será dividido proporcionalmente conforme a rigidez de cada barra.

M AB ' = m.gAB = −12, 454.0, 4 = −4, 982kNm  → M BA ' = −4, 982 / 2 = −2, 491kNm
(1.17)
M AD ' = m.gAD = −12, 454.0, 6 = −7, 472kNm

O processo, então, repete-se até haver a convergência dos resultados no equilíbrio de todos os nós.

M BA ' = m.gBA = 2, 491.0, 326 = +0, 812kNm  → M AB ' = 0, 812 / 2 = 0, 406kNm


M BC ' = m.gBC = 2, 491.0, 184 = +0, 458kNm
M BE ' = m.gBE = 2, 491.0, 490 = +1, 2221kNm

M AB ' = m.gAB = −0, 406.0, 4 = −0, 162kNm  → M BA ' = −0, 162 / 2 = −0, 081kNm
M AD ' = m.gAD = −0, 406.0, 6 = −0, 244kNm
(1.18)

M BA ' = m.gBA = 0, 081.0, 326 = +0, 026kNm  → M AB ' = 0, 026 / 2 = 0, 013kNm


M BC ' = m.gBC = 0, 081.0, 184 = +0, 015kNm
M BE ' = m.gBE = 0, 081.0, 490 = +0, 040kNm

M AB ' = m.gAB = −0, 013.0, 4 = −0, 005kNm  → M BA ' = −0, 005 / 2 = −0, 002kNm
M AD ' = m.gAD = −0, 013.0, 6 = −0, 008kNm

147
UNICESUMAR

Com a convergência dos resultados, é possível estabelecer os momentos fletores atuantes na


estrutura e compor seu diagrama de esforços internos. Na Figura 7, temos um registro compacto
do Processo de Cross, bem como os diagramas já citados. Na sequência, você discutirá com o
engenheiro Gustavo as implicações desses resultados tão diferentes em termos de magnitude do
referido na Figura 2. Depois de resolver o pórtico, você conseguiu perceber que os valores dos
momentos são significativamente inferiores aos obtidos pelo engenheiro Gustavo ao usar um
programa. Resta, agora, avaliar qual das duas soluções é mais próxima da realidade.
Após o fim da reunião, Gustavo lhe procura para saber do andamento da análise. Você explica
a situação, e ele julga prudente conferir o carregamento lançado no software. Foi estabelecido
um carregamento de 5 kN/m para cargas acidentais e de 2 kN/m para cargas permanentes. Ao
abrir o software, ele percebe que, ao invés de lançar 5+2=7 kN/m, ele lançou um carregamento
muito maior: 5+20=25 kN/m, e justamente por causa desse erro de digitação é que os momentos
estavam exacerbados. Ele agradeceu muito pela sua ajuda, que possibilitou encontrar o erro, pois
ele ainda terá tempo útil para entregar o detalhamento ao engenheiro Tadeu.
Essas situações são mais comuns do que se pensa. Muitas vezes, erros simples podem comprometer
um projeto. Por isso, o software e as análises numéricas nunca poderão substituir a experiência e o bom
senso de um(a) engenheiro(a). Sempre procure avaliar os resultados para além de passivamente aceitá-los.
O Método de Cross é fundamental para resolver estruturas, é um dos métodos básicos e clássicos,
será sempre útil. Além do próprio método, o estudo permitiu entender conceitos muito importantes
na modelagem e dimensionamento de uma estrutura. A compreensão das condições de equilíbrio de
um nó, da compatibilização das deformações, do conceito e da influência da rigidez frente ao compor-
tamento estrutural. Esses conceitos procuram desenvolver em você, aluno(a), a capacidade de olhar
para a estrutura de uma edificação e ver além do material e concreto, visualizando seu comportamento
estrutural. Essa habilidade é fundamental em laudos periciais e em processos de recuperação estrutural.
O Processo de Cross passa, agora, a somar ao seu conjunto de ferramentas de solução de es-
truturas hiperestáticas. O que permite que você, como engenheiro(a), possa projetar e construir
essas estruturas sem problemas. Isso se torna particularmente interessante, visto que essas são
estruturas que costumam ser mais econômicas e menos deformáveis.

148
Você viu como utilizar o Processo de Cross para resolver uma estrutura hiperestática. Pelo método,
utiliza-se o momento de engastamento perfeito de cada barra, em determinados nós de interesse,
como uma estimativa inicial para determinar o momento que realmente agirá sobre a estrutura.
Na situação de engastamento perfeito, não teríamos rotações nos nós, o que não representa a
realidade, assim, quando os nós rotacionarem, encontrarão um momento de equilíbrio. Para
encontrar esse momento de equilíbrio, o Processo de Cross toma a diferença dos momentos,
agindo em cada barra, e distribui conforme um coeficiente de ponderação, relativo à rigidez de
cada barra. Esse processo se repete até que haja convergência dos valores.
A compreensão desses conceitos possibilita a aplicação do processo em várias situações úteis ao
engenheiro, sendo muito importante entendê-lo e aplicá-lo corretamente. Considero que essa é
uma ferramenta muito útil ao entendimento do comportamento estrutural, que facilita a obtenção
dos esforços em estruturas hiperestáticas. Sabendo da importância desse procedimento, convido
você a elaborar um mapa mental sobre o assunto, registrando os conceitos apreendidos nesta
unidade, bem como as ideias referentes a esse assunto.

149
150
1. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas da afirmação a seguir
sobre o Processo de Cross, usado para solução de estruturas hiperestáticas:

A ideia básica desse processo é a de que, como os nós de uma estrutura devem estar
em ______________, a soma dos ____________ aplicados pelas extremidades das barras
que chegam a um nó deve ser _________.

a) Equilíbrio; momento; nula.


b) Desequilíbrio; normal; diferente de zero.
c) Compatibilidade; momento; diferente de zero.
d) Igualdade; esforço cortante; nula.
e) Desequilíbrio; esforço cortante; nula.

2. O Método de Cross — também conhecido por Processo de Cross — foi idealizado e


desenvolvido por Hardy Cross em 1932 e introduzido no Brasil pelo professor Cândi-
do Holanda de Lima em 1941. Também é conhecido como Método de Distribuição de
Momentos. Coloque as afirmações a seguir na ordem de aplicação do método:
( ) Bloqueia-se o nó, e se repete o processo de redistribuição no próximo nó. Repete-se
o processo até atingir a precisão necessária.
( ) Considera-se que todos os nós são perfeitamente fixos e, portanto, são solicitados
com os momentos de engastamento perfeito. Aplicam-se esses momentos nos nós.
( ) Calcula-se o momento de engastamento perfeito de cada barra/nó, então se calcula
o coeficiente de ponderação dos momentos conforme a rigidez de cada barra.
( ) Permite-se a rotação um dos nós, redistribuindo o momento para barras/nós adja-
centes, de acordo com o coeficiente de ponderação dos momentos.

Assinale a alternativa que contém a ordem correta de execução do Método de Cross


de cima para baixo:
a) 1; 2; 3; 4.
b) 2; 3; 1; 4.
c) 3; 1; 2; 4.
d) 3; 2; 1; 4.
e) 4; 2; 1; 3.

151
3. O Método de Cross é um processo destinado a resolver estruturas hiperestáticas —
vigas contínuas e pórticos deslocáveis e não deslocáveis — por meio de aproximações
sucessivas e de fácil execução por se resolver apenas com as quatro operações fun-
damentais. Tendo isso em mente, considere a viga da Figura 1, a qual será usada nos
exercícios 3 e 4.

q = 15 kN/m

4EI
A EI B 2EI C L
Ɵ=1

1,50 m 4,50 m
(a)

6,00 m
3EI
L
Ɵ=1
yab ybc

A B C (b)

Figura 1 – Viga para os exercícios 3 e 4 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga ABC com apoios em A e B e com um engaste em C. O vão AB tem EI
de rigidez à flexão e 1,50 m de comprimento. O vão BC tem 2EI de rigidez a flexão e 4,50 m de comprimento. Ambos
estão submetidos a um carregamento de 15kN/m. Abaixo, temos a indicação dos coeficentes de ponderação do
momento para cada barra.

Pede-se para determinar o coeficiente de ponderação gab e gbc :

a) 0,23 e 0,77.
b) 1,32 e -0,32.
c) 0,33 e 0,66.
d) 0,66 e 0,33.
e) 0,53 e 0,47.

4. Considerando a viga do exercício 3, Figura 1, pede-se para calcular o momento fletor


sobre o apoio B e a reação de apoio A.

152
a) Mb = -15,39 kNm e Va = 0,99 kN.
b) Mb = -22,09 kNm e Va = 4,99 kN.
c) Mb = -23,47 kNm e Va = -5,06 kN.
d) Mb = -4,22 kNm e Va = 0,99 kN.
e) Mb = -25,31 kNm e Va = 0,99 kN.

5. Considere a viga da Figura 2, referente a uma estrutura seis vezes hiperestática com
apenas duas deslocabilidades em B e em C. Essa viga será usada como referência nos
exercícios 5 e 6.

Figura 2 – Viga para exercícios 5 e 6 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga ABCD com dois apoios centrais B e C e dois engastes nas extremidades
A e D. Ambos estão submetidos a um carregamento de 6kN/m. O vão AB tem comprimento de 2,0 m, o vão BC tem
comprimento de 4,0 m, e o vão CD tem 3,0 m de comprimento.

Você precisa encontrar os esforços internos da viga e, para tanto, optou por resolvê-la
pelo Método dos Deslocamentos, considerando as rotações em B e C como incógnitas.
Sabendo que a viga tem EI = 1.10 kN / m ² , pede-se para assinalar a alternativa que
4

contenha os valores dos coeficientes de ponderação de carga de momentos gab / gbc


e gbc / gcd .

153
a) 0, 333 / 0, 670 e 0, 125 / 0, 775 .
b) 0, 670 / 0, 333 e 0, 429 / 0, 571 .
c) 0, 333 / 0, 667 e 0, 325 / 0, 675 .
d) 0, 818 / 0, 182 e 0, 217 / 0, 783 .
e) 0, 500 / 0, 500 e 0, 333 / 0, 667 .

6. Ainda considerando a viga da Figura 2, assinale a alternativa que apresenta os valores


dos momentos fletores sobre o apoio B e C.
a) M A = −6, 67kNm, M B = −7, 17kNm.
b) M A = −8, 95kNm, M B = −12, 06kNm. .
c) M A = −4, 31kNm, M B = −9, 87kNm.
d) M A = −5, 53kNm, M B = −5, 53kNm.
e) M A = −3, 25kNm, M B = −19, 85kNm.

154
6
Análise Matricial de
Estruturas
Me. Gabriel Trindade Caviglione

Nesta unidade, você conhecerá o Método Direto da Rigidez, usado


como uma ferramenta para a análise matricial de estruturas. Essa
metodologia se baseia no Método dos Deslocamentos e permite
uma solução rápida e precisa de estruturas complexas, principal-
mente, no âmbito computacional, o qual permite a programação
do método. Você conhecerá as etapas do método, bem como seu
processo de aplicação e os conceitos base dele. Com essa ferra-
menta, você será capaz de entender e prever o comportamento
de estruturas hiperestáticas complexas. Caso se interesse pelo
assunto, poderá até desenvolver alguma rotina para a resolução de
estruturas. Existem diversas situações em que o uso desse método
facilita o entendimento do comportamento estrutural, por isso, é
fundamental que um(a) engenheiro(a) o conheça e saiba aplicá-lo
corretamente.
UNICESUMAR

Você já se perguntou como é o processo de produção de um projeto


estrutural? Como grandes escritórios de renome conseguem dar vazão
e obter esforços em estruturas complexas? Acredito que sim e que,
inclusive, saiba que a resposta é pelo uso de softwares de projeto. Os
softwares para análise e projeto estrutural são ferramentas muito im-
portantes, pois permitem ao(à) engenheiro(a) investir mais tempo na
análise da concepção estrutural do que no cálculo propriamente dito.
Você já se perguntou quanto custa a licença de uso desses softwares?
Será que esses valores são acessíveis aos(às) engenheiros(as)? Você
conhece alguns dos softwares comerciais usados em Engenharia de
Estruturas? Como será que esses softwares fazem esses processamen-
tos tão precisos? Os softwares usados na Engenharia de Estruturas
geralmente são muito custosos, justamente por facilitarem muito o
trabalho e dia a dia do(a) engenheiro(a) de estruturas. Existem diversos
softwares, mas muitos deles não concorrem entre si, pois são específicos
para determinadas funções. Existem softwares para análise estrutural,
para dimensionamento, para detalhamento, e eles se dividem ainda
conforme as normas de cada país e conforme o material empregado.
Conversando com seu velho amigo do Ensino Médio, Pedro, que
se formou em Engenharia da Computação, você decide expor sua
revolta quanto ao alto preço de um software específico para análise
e dimensionamento de treliças metálicas planas. Calmamente, seu
amigo lhe indaga: “mas o que exatamente esse software faz?”. Você
prontamente responde sobre as contas e verificações do processo
de dimensionamento de uma estrutura metálica e ainda se gaba que
desenvolveu uma planilha para verificar os resultados do software.
Quanto ao processo de análise, você não se sente tão seguro assim.
Logo, percebe-se um pouco desorientado, não sabe explicar ao certo
como é feita a análise estrutural. Sabe que o software se utiliza do
Método dos Deslocamentos e da rigidez axial de cada barra. Você
começa a refletir e percebe que as inclinações das barras tornam
o problema ainda mais complexo. Pedro, ao ver o seu desespero,
aponta que, talvez, ele possa lhe ajudar desenvolvendo o programa.
Inclusive, ele ainda sugere que, se o programa ficar bom, vocês pode-
riam até vendê-lo e fazer algum dinheiro. Contudo, salienta que você
precisa explicar o processo para a implementação computacional.

156
UNIDADE 6

Figura 1 – Desenvolvimento de um programa para análise de estruturas

Descrição da Imagem: a figura mostra uma moça que conversa com um rapaz, e ela aponta para uma das três telas de com-
putador à frente dos dois, mostrando um código.

Depois de você gastar certo tempo estudando, acaba conhecendo o Método Direto da Rigidez, que
é usado na análise matricial de estruturas, que se baseia no Método dos Deslocamentos. O processo
consiste em aplicar o Método dos Deslocamentos para todos os nós da estrutura e, posteriormente,
compatibilizar seus deslocamentos e condições de vinculação.
Para isso, divide-se a estrutura em vários elementos, conectados por um nó final e inicial.
Representa-se, matricialmente, o comportamento de cada barra, com seu carregamento e com
sua rigidez. Como as barras estão conectadas, o nó final de uma barra é o inicial de outra barra,
e é necessário compatibilizar o comportamento de todos os nós, considerando as forças agindo
sobre eles, as rigidezes de cada barra e as condições de vinculação.
Procure descrever a solução do problema, elabore um esquema com um passo a passo, mos-
trando o que deve ser implementado no programa para se resolver uma estrutura pelo Método
dos Deslocamentos. Pense na generalização do método, considerando as equações relativas a
cada ponto de interesse. Procure generalizar o problema, descrevendo-o por matrizes — análise
matricial de estruturas. Tente descrever essas ideias e conceitos no seu Diário de Bordo.

157
UNICESUMAR

Você logo percebe que esse tipo de análise pode ser implementado em um programa computacional e
chama seu amigo para conversar! Explica para ele a ideia inicial, como representar o Método dos Deslo-
camentos de maneira matricial, nó a nó em uma estrutura, permitindo o cálculo de suas deformações e
a consideração das condições de vinculação. Pedro, entusiasmado com a ideia, já monta um fluxograma
com os processos necessários. Percebe que, do ponto de vista computacional, as operações com matrizes
são relativamente simples e que existem muitas sub-rotinas em bibliotecas que ele já conhece e poderia
utilizar. Ele explica, então, que é capaz de resolver o problema da programação e estruturação do software,
mas ressalta que, no caso da comercialização, seria interessante uma equipe externa validar o mesmo. Caso
o software fique bem-feito e ganhe mercado, vocês podem ganhar um dinheiro razoável com essa ideia.
A ideia de desenvolver um software para cálculo de estruturas é muito desafiadora. Como outros
engenheiros deverão usar o programa, faz-se necessário que ele esteja funcionando perfeitamente. Por
isso, você precisa entender em profundidade a análise matricial de estruturas pelo Método da Rigidez.

Você já teve contato com algum software de Engenharia de Estruturas? Que tal pesquisar para
ver o preço e a cotação dos principais softwares? Você pode começar pelo TQS, EBERICK, SAP,
CYPECAD, STRAP, entre outros. Muitos deles, inclusive, têm licenças gratuitas para estudantes!

158
UNIDADE 6

Soriano (2005) e Martha (2010) apontam que o Método da Rigidez Direta é baseado
no Método dos Deslocamentos. Na realidade, pode-se entender o método como uma
generalização do Método dos Deslocamentos, buscando determinar os deslocamentos
em diversos pontos da estrutura, não apenas em alguns específicos. Leet et al. (2009)
descreve que o processo consiste em dividir a estrutura em diversos elementos, imagi-
nando-a com seus nós restringidos, impedidos de deslocar. Quando essa estrutura fica
submetida a um carregamento externo, surgem forças nos nós, que representam esse
carregamento. Essas cargas buscam representar o efeito do carregamento sobre o nó,
chamamos, então, de vetor de cargas nodais. Os valores desses carregamentos podem
ser obtidos pelas tabelas de engastamento perfeito, citadas nas unidades anteriores.
Cada nó estará sujeito a uma deformação axial, transversal e rotação, sendo os
deslocamentos associados a essas deformações e as incógnitas a serem determinadas,
semelhantemente ao Método dos Deslocamentos. Cada nó terá, então, três desloca-
mentos associados no plano; no espaço, seriam seis deslocamentos.

Figura 2 – Viga secionada para análise matricial / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biapoiada, dividida em vários elementos. Um dos
elementos é analisado com uma maior profundidade. Observam-se setas indicando as deformações
nos nós inicial e final da barra.

159
UNICESUMAR

Esses deslocamentos provocam forças e momentos ao longo da estrutu-


ra, e, portanto, faz-se necessário descrever seu comportamento através
dos coeficientes de rigidez local, que também podem ser consultados
nas tabelas das unidades anteriores.
Assim, é possível escrever as forças e deformações atuantes em um
elemento por meio de uma associação de equações para cada nó, que,
matricialmente, fica descrita como:
i
F  = k   
    LOCAL . d  (1.1)

Em que:

• F  é o vetor de cargas nodais, que são as forças agindo sobre os
nós do elemento que representam os carregamentos contínuos.
i
• k  LOCAL é a matriz de rigidez local do elemento “i”, que descreve
o efeito — forças e momentos — de cada deformação em cada
nó e direção.
• d  são os deslocamentos do elemento nos nós iniciais e finais.

A equação refere-se ao comportamento de uma das barras da estrutu-


ra, descrevendo os deslocamentos dos nós iniciais e finais. Entretanto,
em uma viga, pórtico ou treliça, essa barra teria um comportamento
conectado ao restante da estrutura, geralmente, duas ou mais barras se
conectam a um nó. Por isso, além do comportamento local, de cada barra,
é necessário fazer a compatibilização desses nós com as barras adjacentes.
i
Escreve-se, então, o sistema de rigidez local ( F  = k  LOCAL . d  ) para
cada elemento “i”, e, posteriormente, é feita sua compatibilização, confor-
me sua conectividade com outras barras. De posse de todas as matrizes
locais, escreve-se o sistema de rigidez local, que representa matricialmente
o comportamento da estrutura como um todo (LEET et al., 2009).
i
F  = k   
   GLOBAL . d 
(1.2)

Em que:

• F  é o vetor de cargas nodais globais, que são as forças agin-
do sobre os nós da estrutura, são obtidos pela soma das forças
agindo em cada nó.

160
UNIDADE 6

• k GLOBAL é a matriz de rigidez global, que repre-


senta o comportamento da estrutura como um
todo.
• d  são os deslocamentos dos nós.

Dessa maneira, é possível encontrar os deslocamentos


que satisfazem todas condições de equilíbrio em si-
multaneamente, ou seja, é possível resolver a estrutura.
A fim de entender melhor a aplicação do método,
analisaremos uma barra de treliça submetida a um esfor-
ço axial, conforme a Figura 3. Por ser uma barra de treliça,
os deslocamentos transversais e as rotações podem ser
desprezados, uma vez que temos apenas esforços axiais.
Procuramos, então, os deslocamentos e as suas respecti-
vas forças associadas nos nós iniciais e finais da barra. A
força provocada no nó inicial “i” da barra em função de
deformações no nó inicial “i” e final “j” é dada:

Pl Nl
∆l = − > ui − uj = i
EA EA (1.3)
EA EA
Ni = u − u
l i l j

Analogamente, a força provocada no nó final “j” em fun-


ção de deformações no nó inicial “i” e final “j” é dada por:

EA EA
Nj = − u + u (1.4)
l i l j

Em que:

• N i e N j correspondem à força normal atuante


no nó inicial “i” e final “j” da barra.
• ui e uj correspondem à deformação axial da bar-
ra no nó inicial “i” e final “j” da barra.
EA
• é a rigidez local para esforços normais.
l

161
UNICESUMAR

Figura 3 – Deformações axiais em barras de treliça / Fonte: adaptada de Leet et al. (2009, p. 689).

Descrição da Imagem: a figura mostra uma barra submetida a um esforço axial. Em (a), temos a imposição de um desloca-
mento ui no nó inicial “i”, com uma restrição no nó final “j”. A deformação axial da barra provoca uma força N ii aplicada
no ponto inicial “i” e uma força N ij aplicada no nó final “j”. Em (b), temos a imposição de um deslocamento u j no nó final
“j” com uma restrição no nó inicial “i”. A deformação axial da barra provoca uma força N ij aplicada no ponto inicial “i” e
uma força N jj aplicada no nó final “j”. Em (c), temos a superposição dos efeitos que permite escrever N i = N ii + N ji e
N j = N jj + N ij . Em (d), temos a projeção dos deslocamentos e forças nos eixos globais xy.

As equações e podem ser escritas matricialmente, o que, se-


gundo Leet et al. (2009), corresponde à matriz de rigidez local
das treliças:
F ' = k ' . d 
   local  
     
 N i  =  EA / l −EA / l  .  ui 
(1.5)
N  −EA / l EA / l   u 
 j     j 

Em que:

• F ' e k 'local referem-se à força e matriz de rigidez con-


forme os eixos x’y’, ou seja, eixos locais da barra.

É interessante relembrar que essas deformações axiais são con-


forme o eixo x’, ou seja, no sentido longitudinal à peça. Treliças,
geralmente, são compostas por várias barras, com inclinações dife-
rentes cujos deslocamentos precisam ser compatibilizados nos nós.

162
UNIDADE 6

Para poder analisar o comportamento de várias barras conjuntamente, é


necessário que os deslocamentos causados pelas deformações axiais este-
jam em um mesmo sistema de coordenadas. Por isso, é necessário fazer a
decomposição vetorial das forças e deslocamentos das equações e .
Podemos escrever as componentes vertical e horizontal das forças
atuantes nos nós iniciais “i” e finais “j”.

N ix = N i cos q
N iy = N isen q (1.6)
N jx = N j cos q
N jy = N j sen q

Matricialmente:

N   cos q 0 
 ix  
 N  sen q 0   N i 
 iy  =  .
N   0 cos q  N j 
 jx  
      (1.7)
N jy   0 sen q 

T
F     
  global = T  . F 'local

Quanto aos deslocamentos, consideraremos a imposição de um deslo-


camento em x e outro em y nos nós iniciais e finais. Na Figura 3, os des-
locamentos impostos são representados por dix (azul) e diy (roxo) no nó
inicial “i”; e, no nó final “j”, são representados por d jx (azul) e d jy (roxo). Em
cinza claro, temos a posição final da barra após o deslocamento imposto e,
em pontilhado, a posição prévia ao deslocamento. Então, escreveremos o
encurtamento — ou alongamento — da barra em função do deslocamento
imposto. Assim, teríamos uma deformação axial que seria dada por:

υi = dix . cos θ + dix .sen θ


(1.8)
υj = d jx . cos θ + d jx .sen θ

Matricialmente:

d 
 ix 
 υ   cos θ sen θ   
 i =  0 0  . diy 
υ   0
 j   0 cos θ sen θ  d jx  (1.9)
  
d jy 
d     
 local = T  . D  global

163
UNICESUMAR

Com as deformações e forças representadas em função do sistema global, podemos escrever a matriz
de rigidez local em função dos eixos globais xy. Substituiremos a equação na :

F ' = k ' . d 
   local   (1.10)
(
F ' = k ' . T  . D 
   local     global )
T
Multiplicando em ambos os lados por T  , temos:

T
F ' . T  = k ' . T  . D   T
     local     global . T 
F         T (1.11)
  global = k 'local . T  . D  global . T 
T
k 
  = T  . k ' . T 
global local

T T
Como F  global = F ' . T  , e já que F  global = k  . D  , podemos inferir que o termo T  . k 'local . T  se refere
à matriz de rigidez global já transformada para os sistemas de eixos globais xy. Assim, podemos escrever:
T
k       
  global = T  . k 'local . T 
 cos q 0 

sen q 0   EA / l −EA / l   cos q sen q 0 0  (1.12)
k  =  . .
  global  0 
cos q  −EA / l EA / l   0 0 cos q sen q 

     
 0 sen q 

Multiplicando as matrizes, é possível obter a matriz de rigidez generalizada para treliças, conforme
um sistema de eixos globais xy:

F     
  global = k  . D 
   cos ²θ cos θsen θ − cos ²θ − cos θsen θ   υix 
N ix  
N   cos θsen θ sen ²θ − cos θsen θ −sen ²θ   υiy 
 iy  = EA  .
N   cos θsen θ   υjx  (1.13)
 jx  L  − cos ²θ − cos θsen θ cos ²θ
     
N jy  − cos θsen θ −sen ²θ cos θsen θ sen ²θ   υjy 
  

O processo é análogo para vigas e para pórticos. Precisamos descrever o seu comportamento em função
dos deslocamentos nos nós iniciais e finais. As matrizes de rigidez à flexão são um pouco mais com-
plexas de se obter, portanto serão apenas apresentadas. O(A) aluno(a) que se interessar pela dedução,
pode consultar o Capítulo 18 de Leet et al. (2009, p. 716). Para vigas, temos deformações transversais
e rotações, assim a sua matriz de rigidez fica:

164
UNIDADE 6

 V   12EI / l ³ 6EI / l ² −12EI / l ³ 6EI / l ²   δi 


 i  
 M   6EI / l ² 4EI / l −6EI / l ² 2EI / l   θi 
 i =  (1.14)
 V  −12EI / l ³ −6EI / l ² 12EI / l ³ −6EI / l ² . δ 
 j    j
     
M j   6EI / l ² 2EI / l −6EI / l ² 4EI / l  θj 
  

Para os pórticos, temos três graus de liberdade, deformações axiais, transversais e rotações, e sua ma-
triz de rigidez local fica como a equação . Ressalta-se que, no caso dos pórticos, pode ser necessária
a rotação da matriz, pois, no caso da ligação viga-pilar, a deformação axial do pilar estará na direção
da deformação transversal da viga e vice-versa. Ou seja, as matrizes terão uma interação diferente,
direção a direção.

 N   EA / l −− −− −EA / l −− − −   υi 
 i 
V   − − 12EI / l ³ 6EI / l ² −− −12EI / l ³ 6EI / l ²   δi 
 i  
M   − − 6EI / l ² 4EI / l −− −6EI / l ² 2EI / l   θi 
 i 
   = .  (1.15)
 N j  −E
EA / l −− −− EA / l −− − −  υj 
     
 Vj   − − −12EI / l ³ −6EI / l ² −− 12EI / l ³ −6EI / l ²  δj 
     
M j   − − 6EI / l ² 2EI / l −− −6EI / l ² 4EI / l   θj 
     

No caso dos apoios, não temos deformações para calcular, uma vez que já são conhecidas, e seu valor
é nulo. Nesse sentido, convém remover as equações relacionadas a esse deslocamento. Para solucionar
esse problema, pode-se excluir as linhas e colunas relacionadas a esse deslocamento, diminuindo a
ordem da matriz. Outra solução é adicionar um número muito grande no termo da diagonal da matriz
referente a esse deslocamento. Essa proposta é uma aproximação, na qual, com uma grande rigidez,
espera-se que o deslocamento no ponto seja próximo a zero.

Figura 4 – Endereçamento dos nós e condições de vinculação / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: trata-se de uma matriz de rigidez global, em que as colunas representam o efeito, e as linhas repre-
sentam onde se aplica a força ou deslocamento imposto. A figura mostra, ainda, um apoio que restringe o deslocamento seis.
Dessa maneira, é feito a remoção da linha e coluna seis.

165
UNICESUMAR

Um ponto importante para se ter em mente ao resolver uma estrutura pela análise matricial é o tama-
nho das matrizes. Seja para escrevê-las no caderno ou para alocar uma variável, é importante saber
o tamanho do “problema”. As matrizes são compostas por equações de deslocamentos, rigidezes e
forças. Basicamente, essas equações buscam representar o comportamento de cada deslocabilidade
da estrutura. Por exemplo, quando pensamos em treliças, temos apenas deformações axiais, uma no
início, e outra no final do elemento. Teríamos, então, matrizes locais de 4x4 — dois deslocamentos,
projetados em duas direções, quatro ao todo. Se uma treliça tiver 10 nós, ela terá uma matriz global
de ordem 10x2=20x20, uma vez que cada nó tem dois deslocamentos — horizontal e vertical.
No caso de vigas, temos dois deslocamentos por nós, portanto uma matriz de rigidez local de ordem
4x4. Em um problema com quatro nós, teríamos 4x2 incógnitas, portanto, uma matriz de ordem 8x8.
No caso de pórticos, a matriz de rigidez local é 6x6, pois cada nó tem três deslocabilidades e temos
dois nós por barra. Generalizando:
4/ 4 2n / 2n
treliças− > k  ; k 
LOCAL  GLOBAL (1.16)
4/ 4 2n / 2n
vigas− > k  ; k 
LOCAL  GLOBAL
6/ 6 3n / 3n
pórti cos − > k  ; k 
LOCAL  GLOBAL

O tamanho das matrizes do Método Direto da Rigidez pode deixar


qualquer um(a) atordoado(a). Para isso não acontecer mais, reco-
mendo que relembre algumas operações básicas de matrizes. Nesta
pílula, conversaremos sobre o método, ratificando seu processo de
aplicação, e reforçaremos alguns conceitos de matrizes. Não deixe
de participar!

Outra situação a ser abordada é o endereçamento dos nós e a montagem da matriz de rigidez global.
Cada elemento terá um nó inicial e final, os deslocamentos desses nós serão obtidos em função da
rigidez de cada barra que chega ao nó. Se um determinado nó conecta três barras, teremos três forças
agindo ali, e, analogamente, a rigidez do nó será a soma desses efeitos em cada barra, uma vez que o
deslocamento seria o causado pelas três forças.
Por isso, quando montamos o sistema de matrizes globais, avaliamos como todos os elementos da estru-
tura e seus respectivos nós se comportam conjuntamente, isto é, somando as rigidezes e forças ali agindo.
Então, consideraremos a Figura 5 para entendermos o endereçamento dos nós. As matrizes de rigidez são
como tabelas, em que temos os efeitos causados nas colunas referentes ao aplicado nas linhas. Por exemplo,
tomemos o efeito de deformação vertical causada em A (d1 p/Figura 5a) devido a um momento aplicado
em D (d8 p/Figura 5a), logo podemos perceber que o valor é nulo (L8C1), ou seja, não existe influência

166
UNIDADE 6

entre esses nós. Já observarmos o deslocamento na vertical em B (d3 p/Figura 5a) em função de uma carga
aplicada em B na vertical (d3 p/Figura 5a), vemos que este depende da rigidez k 33E 01 + k 33E 02 (L3C3),
oriunda dos elementos 1 e 2. Se tomarmos a deformação vertical em C (d5 p/Figura 5a) em função de uma
rotação em C (d6 p/Figura 5a), veremos que ela depende de k 65E 02 + k 65E 03 (L6C5).
Já na situação de uma numeração aleatória dos nós, isso pode ficar mais confuso. Observe que todos
os termos de rigidez ficam dispersos (Figura 5b). É muito importante se atentar que, independentemente
da notação usada, os resultados devem ser numericamente iguais, pois o comportamento depende da
estrutura, e não dos nomes que damos aos nós. Posto isso, observaremos o deslocamento na vertical em
B (d2 p/Figura 5b) devido a uma carga vertical no mesmo ponto (d2 p/Figura 5b). Veremos que, agora,
o valor estará em outra posição na matriz (L2C2), k 22E 01 + k 22E 02 . No caso de um efeito na vertical em
A (d1 p/Figura 5b) causado por uma rotação em D (d4 p/Figura 5-B), teremos o valor nulo (L4C1).
Já no caso de um efeito vertical em C (d6 p/Figura 5b), para uma rotação ou momento em C (d3
p/Figura 5b), temos uma localização L3C6, referente ao valor de k 36E 02 + k 36E 03 , novamente, soma
das rigidezes dos elementos 02 e 03.

Figura 5 – Endereçamento dos nós


Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figu-


ra mostra o endereçamento
dos nós e a montagem da
matriz de rigidez global em
uma análise matricial de es-
truturas.

167
UNICESUMAR

Repare que somente os nós adjacentes influenciarão no comportamento do nó analisado. Então, quando
tomamos uma estrutura nomeada ordeiramente, o nó 2 deve receber influência de forças aplicadas na
barra 1 e 2, referente aos nós adjacentes 1 e 3. No nó 3, devemos ter influência dos nós 2 e 4, e assim
sucessivamente. Dessa maneira, podemos observar que os efeitos sobre o nó final do elemento atual
sempre serão superpostos aos efeitos dos nós iniciais do próximo elemento, de tal forma que teremos
uma matriz como a da Figura 6.

Figura 6 – Superposição dos efeitos e endereçamento dos nós em numerações ordeiras / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra a montagem da matriz de rigidez global em uma análise matricial de estruturas, ilus-
trando a suporposição da rigidez e dos vetores de cargas nodais.

Após elaborarmos o sistema global de equações, considerando a matriz de rigidez global e os vetores
de forças nodais, podemos calcular os deslocamentos da estrutura, basta resolver o sistema linear
global. Assim, é possível entender o comportamento da estrutura ao determinar seus esforços e suas
deformações. Agora que temos os conceitos e bases matemáticas do método, estabeleceremos um
procedimento básico, um roteiro padrão para aplicá-lo (LEET et al., 2013; MARTHA, 2010):

168
UNIDADE 6

1. Separação dos elementos e numeração dos nós


Deve-se separar a estrutura em diversos elementos, como nós ini-
ciais e finais. A numeração desses nós deve seguir uma ordem lógica,
pois ajudará na elaboração da matriz de rigidez global. Imagina-se
que os nós estão restringidos, como no Método dos Deslocamentos.

2. Elaboração da matriz de rigidez local e vetor de cargas


nodais locais:
Imaginando os nós totalmente restringidos, os carregamentos dis-
tribuídos continuamente ao longo da barra serão substituídos por
forças nodais equivalentes nos nós iniciais e finais. Elabora-se a
matriz de rigidez global conforme o tipo de elemento estrutural —
vigas, treliças, pórticos. Identificam-se as condições de vinculação e
restrição dos deslocamentos. Avaliam-se, também, a conectividade
dos nós e necessidade de rotação com relação aos eixos globais.

3. Elaboração do sistema global de rigidez:


Escreve-se o vetor de cargas nodais global, somando-se as forças
atuantes nos nós que são comuns a dois elementos. Analogamente,
compatibilizam-se as rigidezes relativas aos nós, a fim de escrever
a matriz de rigidez global. Ao escrever a matriz de rigidez global, é
necessário ter atenção ao endereçamento da matriz. Com o vetor
de cargas nodais e a matriz de rigidez global, temos o sistema global
de rigidez, basta, então, aplicar as condições de vinculação:
a. Pode-se excluir do sistema linhas e colunas referentes ao
deslocamento restringido.
b. Ou se pode adicionar um número muito grande à matriz de
rigidez, o que provocaria um deslocamento próximo a zero.

4. Solução do sistema global e cálculo dos esforços:


Conferidas as etapas anteriores de análise, é possível determinar
os deslocamentos relativos aos nós do sistema global de rigidez. A
partir desses deslocamentos, é possível obter os esforços e reações
de apoio, como no Método dos Deslocamentos.

169
UNICESUMAR

Nem sempre é possível ordenar os deslocamentos em ordem crescente. Muitas vezes, te-
mos diferentes barras chegando em um mesmo nó, de tal forma que é inevitável desrespei-
tar a numeração. Por isso, é importante saber fazer o endereçamento de cada deslocamento
na matriz de rigidez. Lembre-se de que o método se baseia no Método dos Deslocamentos,
e, por isso, a nomenclatura dos termos da matriz de rigidez é a mesma:

kij (1.17)

Em que:

• kij refere-se à rigidez/ao efeito no nó “i” (coluna) devido a uma carga/um deslocamento
aplicada(o) em “j” (linha).

Sempre que surgir alguma confusão, relembre os conceitos do Método dos Deslocamentos.
Procure, também, analisar a estrutura, pensando se o deslocamento “j” pode causar algum
efeito em “i”.

Para fixar esses conceitos, convido você a acompanhar um exemplo resolvido referente à Figura 7.
Como de praxe, faremos uma análise preliminar, prévia ao cálculo, imaginando o comportamento da
estrutura. Trata-se de uma viga com três apoios, cujo vão é maior no trecho à direita (BC = 4,0 m), com
isso, espera-se uma reação maior no apoio central em relação aos apoios laterais. Espera-se, também,
um momento negativo sobre o apoio B.

Figura 7 – Viga 01, com três apoios e carga


distribuída / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: trata-se de uma


viga contínua com três apoios A, B e C.
O vão AB é de 3,0 m, e o vão BC é de
4,0 m. Tem-se uma carga atuante de
10 kN/m distribuída ao longo do com-
primento de ambos os vãos. Rigidez à
flexão constante. Abaixo, temos a viga
separada em dois elementos: elemento
01, correspondente ao vão AB, e ele-
mento 02, correspondente ao vão BC.

170
UNIDADE 6

Trata-se de uma estrutura relativamente simples, que poderia ser resolvida pelo Processo de Cross
rapidamente. No entanto, para fins didáticos, demonstraremos a aplicação do Método da Rigidez Di-
reta. O passo inicial seria a avaliação de cada elemento da estrutura, a conectividade dos nós iniciais e
finais, bem como seus carregamentos e condições de vinculação. A nomenclatura dos nós e elementos
segue o apresentado na Figura 7. Lembre-se de que uma nomenclatura ordenada pode facilitar na
hora dos cálculos.

Que tal tentar resolver a estrutura pelo Processo de Cross, visto na unidade anterior? Trata-
-se de um método aproximado e de aplicação muito prática. Relembre os conceitos e tente
descobrir o valor do momento negativo agindo sobre o nó B.

Com a estrutura separada por elementos, você deve analisar elemento por elemento, elaborando sua
matriz de rigidez local, vetor de cargas nodais e sua respectiva conectividade. Vamos, então, fazê-lo
para o elemento 01 de comprimento 3,0 m, ligado pelo nó inicial (“i”) “A” e nó final (“j”) “B”. As forças
agindo sobre o nó i e j serão, então:

Vi =AE 01 = −3ql / 8 + RA = −11, 25 + RA [kN ]


M i =AE 01 = 0[kNm ]
(1.18)
Vj =B E 01 = −5ql / 8 + RB / 2 = −18, 75 + RB / 2[kN ]
M j =B E 01 = ql ² / 8 = 11, 25kNm

Repare que, conforme a tabela de reações de engastamento perfeitos — ver Unidades 4 e 5 —, o


carregamento distribuído de 10 kNm provocaria uma reação vertical para cima, em A, de
3ql / 8 = 3.10.3 / 8 = 11, 25kN e, em B, de 5ql / 8 = 5.10.3 / 8 = 18, 75kN , além de um momento de
−ql ² / 8 = −10.3² / 8 = −11, 25kNm . Assim, podemos substituir o carregamento distribuído por esses
vetores nodais com seus sinais opostos, uma vez que são ações. As reações de apoio Ra e Rb induzem
forças agindo em sentido vertical para cima nesses nós, são valores desconhecidos a serem determina-
dos. Consideramos que metade da reação de B seja aplicada no elemento 01 e que a outra metade seja
no elemento 02. Quanto à rigidez, você deve consultar a matriz de rigidez relativa ao comportamento
de vigas, o qual permite escrever:

171
UNICESUMAR

 12EI / l ³ 6EI / l ² −12EI / l ³ 6EI / l ² 



 6EI / l ² 4EI / l −6EI / l ² 2EI / l 
k E 01 
=  =
 LOCAL  −12EI / l ³ −6EI / l ² 12EI / l ³ −6EI / l ²
 
 6EI / l ² 2EI / l −6EI / l ² 4EI / l 
 (1.19)
 12 / 3³ 6 / 3² − 12 / 3³ 6 / 3²   0, 444 0, 667 −0, 444 0, 667 
  
 6 / 3² 4/3 −6 / 3² 2 / 3   0, 667 1, 333 −0, 667 0, 667 
EI   = EII  
−12 / 3³ −6 / 3² 12 / 3³ −6 / 3² −0, 444 −0, 667 0, 444 −0, 667 
   
 6 / 3² 2/3 −6 / 3² 4/3   0, 667 0, 667 −0, 667 1, 333 
 

Ainda, podemos escrever que os deslocamentos verticais atuantes sobre os nós serão nulos, em fun-
ção da presença dos apoios A e B. Os demais deslocamentos, nesse caso específico, as rotações, serão
determinados ao se resolver o problema.

δi =A = 0; θi =A ; δj =B = 0; θi =B ; (1.20)

Assim, para o elemento 01, teremos:

 −11, 25 + Ra   0, 444 0, 667 −0, 444 0, 667   0 


  
 0   0, 667 1, 333 −0, 667 0, 667   qi =A 
= k  [d ] =>   = EI 
E 01
F  (1.21)
   −0, 444 −0, 667 0, 444 −0, 667  .  0 
−18, 75 + Rb / 2    
     
 +11, 25   0, 667 0, 667 − 0, 667 1, 333 q
  j =B 

Esse processo deve ser repetido para o elemento 02 de comprimento 4,0 m, em que teremos as se-
guintes forças nodais:

Vi =B E 02 = −5ql / 8 + RB / 2 = −25 + RB / 2[kN ]


M i =B E 02 = −ql ² / 8 = −20kNm
(1.22)
Vj =C E 02 = −3ql / 8 + RC = −15 + RC [kN ]
M j =C E 02 = 0[kNm ]

Matriz de rigidez local:


 12EI / l ³ 6EI / l ² −12EI / l ³ 6EI / l ² 

 6EI / l ² 4EI / l −6EI / l ² 2EI / l 
k E 02 
= 
 LOCAL  −12EI / l ³ −6EI / l ² 12EI / l ³ −6EI / l ² =
 
 
 6EI / l ² 2EI / l −6EI / l ² 4EI / l  (1.23)

 12 / 4³ 6 / 4² − 12 / 4³ 6 / 4²   0, 188 0, 375 −0, 188 0, 375 
  
 6 / 4² 4/4 −6 / 4² 2 / 4   0, 375 1, 000 −0, 375 0, 500 
EI   = EII  
−12 / 4³ −6 / 4² 12 / 4³ −6 / 4² −0, 188 −0, 375 0, 188 −0, 375
   
 6 / 4² 2/4 −6 / 4² 4/4   0, 375 0, 500 −0, 375 1, 000 
 

172
UNIDADE 6

Conforme as condições de vinculação, ficam restritas as deformações na vertical nos nós B e C, porém
liberadas as rotações nos mesmos pontos:

δi =B = 0; θi =B ; δj =C = 0; θi =C ; (1.24)

Assim, para o elemento 02, teremos:

−25 + Rb / 2  0, 188 0, 375 −0, 188 0, 375   0 


  
 −20   0, 375 1, 000 −0, 375 0, 500   qi =B 
F 
E 02

= k  [d ] =>   = EI 
  − 15 + Rc  −0, 188 −0, 375 0, 188 −0, 375 .  0  (1.25)
     
     
 0  0, 375 0, 500 −0, 375 1, 000  qj =C 
   

Agora que temos o comportamento dos elementos 01 e 02 descritos matricialmente nas equações e ,
faz-se necessário compatibilizá-los. Antes de dar início ao processo, podemos observar que apenas o
nó B tem influência de ambas as barras, de tal forma que o nó A e C permanecerão como nas matrizes
de rigidez local. No nó B, teremos a soma das forças agindo sobre o ponto e a soma da rigidez, referente
à barra 01 e barra 02, dessa forma, escreve-se o sistema global:

F   
 GLOBAL = k  [d ] =>
 −11, 25 + Ra 
 
 0 
 
−25 + Rb / 2 − 18, 75 + Rb / 2
 
  = EI *
 −20 + 11, 25 
 
 −15 + Rc 
 
 0 
  (1.26)
 0, 444 0, 667 − 0 , 44 4 0, 667 −− − −   0 

 0, 667 1, 333 −0, 667 0, 667 −− − −   qA 

−0, 444 −0, 667 0, 444 + 0, 188 −0, 667 + 0, 375 −0, 188 0, 375   0 
   
 . 
 0, 667 0, 667 −0, 667 + 0, 375 1, 333 + 1, 000 −0, 375 0, 500  qB 
   
 −− −− −0, 188 −0, 375 0, 188 −0, 375  0 
   
 −− −− 0, 375 0, 500 −0, 375 1, 000  qC 
   

Considerando que os deslocamentos dA , dB e dC são nulos em função dos apoios, temos apenas as in-
cógnitas qA , qB e qC . Ou seja, podemos reduzir o sistema linear, excluindo as linhas e colunas (1, 3 e 5)
referentes aos deslocamentos restringidos. Dessa forma, o problema fica simplificado conforme equação :

173
UNICESUMAR

 0   1, 33 0, 67 0   qA  q  +2, 50
    A  
−8, 75 = EI  0, 67 2, 33 0, 50 . q  => q  = 1 −5, 00
     B  B   (1.27)
        EI  
 0   0 0, 50 1, 0  qC   qC   +2, 50
      

Assim, com os valores de rotações nos pontos A, B e C, podemos visualizar o com-


portamento da estrutura, uma vez que, a partir deles, é possível obter as reações de
apoio e os esforços internos solicitantes, ambos ilustrados na Figura 8.

−11, 25 + Ra = 0, 44.0 + 0, 67.(qA ) − 0, 44.0 + 0, 67.(qB ) + 0.0 + 0.(qC )


−11, 25 + Ra = +0, 67.(2, 5) + 0, 67.(−5, 0)
− > Ra = 9, 58kN
−43, 75 + Rb = −0, 44.0 − 0, 67.(qA ) + 0, 632.0 − 0, 292.(qB ) − 0, 19.0 + 0, 375.(qC )
−43, 75 + Rb = −0, 67.(2, 5) − 0, 30.(−5, 0) + 0, 375.(2, 50) (1.28)
− > Rb = 44, 49kN
−15 + Rc = 0.0 + 0.(qA ) − 0, 188.0 − 0, 375.(qB ) + 0, 188.0 − 0, 375.(qC )
−15 + Rc = −0, 375.(−5, 0) − 0, 375.(2, 50)
− > Rc = 15, 90kN

Figura 8 – Viga 01 resolvida: reações de apoio e diagrama de momentos fletores / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra o diagrama de momentos fletores da viga da Figura 7. Trata-se
de uma viga continua com três apoios A, B e C. O diagrama mostra as reações de apoio Ra = 9,6kN; Rb
= 44,5 kN e Rc = 15,9kN. Os momentos fletores têm os valores de 4,6 kNm no trecho AB, 12,7 kNm no
trecho BC e -16,30 kNm sobre o apoio B.

174
UNIDADE 6

Conversemos um pouco mais sobre a


análise matricial de estruturas? Você
sabia que outros métodos podem ser
empregados nesse tipo de análise? In-
clusive, o Método dos Elementos Fini-
tos, muito conhecido, baseia-se nesse
tipo de análise. Conheçamos um pou-
co sobre outros métodos também?

Como você sabe, a maioria dos computadores analisa estruturas atra-


vés de uma abordagem matricial, assim como essa que nós mostramos
na resolução do exercício anterior. Acredito que você conseguiu ter
uma boa noção de como se faz a análise matricial das estruturas e
entender o que acontece por de trás de um computador.
Durante sua formação como engenheiro(a), é muito importante
que você desenvolva um senso crítico, questionador. Procure sem-
pre entender as considerações e cálculos de todos os programas que
usar, justamente para poder avaliá-los. E lembre-se de que, quando
tratamos de estruturas, os erros podem provocar grandes prejuízos.
Dificilmente, os programas erram as contas, mas é importante en-
tender suas considerações para saber suas limitações e aplicabilidade
dos resultados apresentados. Esse é um tema muito sensível e que será
debatido em maior profundidade nas próximas unidades.
O Método da Rigidez Direta e o uso de análise matricial para a
solução de estruturas é uma ferramenta poderosíssima para lidar com
estruturas complexas. É um tipo de análise inviável manualmente, mas
que, numa implementação computacional, é muito prática.
Embora seja um conteúdo de caráter mais teórico, a grande maioria
dos softwares se utilizam desse método, e é importante ter isso em
mente na hora de fazer a modelagem da estrutura. É necessário que
o(a) engenheiro(a) entenda o que são os eixos locais de cada peça, e o
programa faz a conversão dessas coordenadas para o sistema global.
Também, é preciso saber as considerações e axiomas básicos do méto-
do, para não incorrer em resultados que não representem a realidade.
Segundo Martha (2010), o método é usado na grande maioria dos
softwares no dia a dia dos escritórios. Claro que, muitas vezes, o(a) enge-
nheiro(a) não precisa se deparar com os detalhes da aplicação do método,
mas é fundamental reconhecer os erros e as limitações do programa.

175
Aprendemos como utilizar a análise matricial de estruturas pelo Método da Rigidez Direta. Esse
método se baseia na aplicação do Método dos Deslocamentos para todos os nós da estrutura. É
feita uma divisão da estrutura em vários elementos menores, barras conectadas por nós iniciais
e finais. Escreve-se o comportamento de cada uma desses elementos matricialmente, transfor-
mando o carregamento no vetor de cargas nodais equivalente e descrevendo a rigidez de cada
nó/deslocamento com uma matriz de rigidez local. Elabora-se o sistema global, considerando o
vetor de cargas nodais da estrutura e a matriz global de rigidez, somando-se as rigidezes e cargas
de cada nó, relativas aos elementos isolados.
Nos apoios, os deslocamentos são nulos e, por isso, já são conhecidos e deixam de ser incóg-
nitas do problema. Assim, pode-se excluir as linhas e colunas referentes a esse deslocamento
ou adicionar um número muito grande na matriz de rigidez para obter um deslocamento muito
próximo a zero. Resolvendo o sistema linear, é possível obter os valores dos deslocamentos e,
posteriormente, os esforços e as reações de apoio.
Esses conceitos são as bases para a solução de estruturas complexas, e, por muitas vezes, será
necessário que você, como engenheiro(a), compreenda corretamente o processo de análise ma-
tricial de estruturas realizado por um software. Convido você a procurar relembra os conceitos
citados anteriormente, elaborando um mapa mental para fixação dessas ideias registradas nesta
unidade. Julgue seu próprio aprendizado. Caso não tenha entendido algum dos conceitos, retorne
e retome o estudo.

176
177
1. Em estruturas hiperestáticas, temos uma quantidade de apoios e vínculos que é maior
do que o necessário para o equilíbrio. Por isso, nessas estruturas, as equações de
equilíbrio não são suficientes para determinar o comportamento estrutural. A análise
matricial de estruturas pelo Método da Rigidez Direta procura determinar os desloca-
mentos de vários nós, permitindo resolver esse tipo de estrutura. Assinale a alternativa
que apresenta o tratamento dos vínculos na matriz de rigidez utilizada no método:
a) Os apoios são pontos em que a rigidez é muito baixa justamente por terem deslo-
camentos nulos. Assim, nos apoios, a matriz de rigidez global é dividida por um valor
muito grande.
b) Nos apoios, temos forças atuando que reconstituem as condições de deslocamento,
calcula-se, então, a deformação da estrutura sem o apoio e qual seria a reação neces-
sária para provocar deslocamento oposto a este.
c) Como nos vínculos, os deslocamentos são conhecidos e iguais a zero. Pode-se remover
do sistema linear as linhas e colunas referentes a determinado deslocamento.
d) Como nos vínculos, os deslocamentos são conhecidos e iguais a zero. Removem-se
do sistema linear as linhas e colunas referentes aos deslocamentos livres, nós não
vinculados.
e) Não é necessário fazer nenhum tipo de tratamento na matriz de rigidez, apenas con-
siderar as reações de apoio, como cargas nodais.

2. Julgue as afirmações sobre o vetor de cargas nodais equivalentes para o elemento 01


da estrutura a seguir.

178
Figura 1 – Viga para exercício 2 e 3 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga ABCD com dois engastes nas extremidades A e D, além de um
apoio fixo no ponto B e uma rótula em C. O vão AB tem 6,5 m, BC tem 4,5 m e CD tem 4,0 m. No vão ABC, temos
uma carga distribuída de 12 kN/m e, no vão CD, temos uma carga concentrada de 50 kN atuando exatamente no
centro do vão, distando 2 m de C ou D. Abaixo, temos a representação do elemento 01, com seu carregamento
e vetor de cargas nodais equivalentes Vi, Mi, Vj, Mj.

 −Ra + 39 


I) No nó inicial, o vetor de cargas nodais é dado por  .
+Ma − 42, 25
 
II) No nó final, a reação Rb deve ser considerada apenas pela metade, pois a outra
metade está sob influência do elemento 2.
III) No nó final, temos apenas forças verticais, visto que o momento é nulo.
−Rb / 2 + 39
IV) No nó final, o vetor de cargas nodais é dado por  .
 +42, 25 
 

Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmações corretas:


a) Está correta apenas a afirmação I.
b) Está correta apenas a afirmação IV.
c) Todas as afirmações estão corretas.
d) Estão corretas as afirmações I e IV.
e) Estão corretas as afirmações I, II e IV.

3. Ainda com relação à viga do exercício anterior (Figura 1), assinale a alternativa que
apresenta a ordem (tamanho) da matriz de rigidez local — considerando o compor-
tamento de viga — e da matriz de rigidez global — considerando a distribuição dos
elementos como na figura.
a) 4x4; 8x8.
b) 2x4; 6x12.
c) 4x4; 4x4.
d) 6x6; 12x12.
e) 2x2; 8x8.

4. Complete as lacunas do texto a seguir em função dos conhecimentos sobre o Método


Direto da Rigidez.

179
A análise matricial de estruturas pelo método da rigidez direta se baseia no método dos
deslocamentos, em que as incógnitas são ________. Nesse sentido, o processo de aplica-
ção do método é semelhante ao método dos deslocamentos, no entanto, a solução é
feita ____________ de interesse. A estrutura é dividida em diversos elementos, compostos
por nós iniciais e finais, com seu comportamento sendo descrito __________. Posterior-
mente, compatibiliza-se o comportamento de todas as barras pela ____________________.

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.


a) Deslocamentos; apenas para os nós; por equações diferenciais ordinárias; condições
de contorno.
b) Deslocamentos; para todos nós; matricialmente; matriz de rigidez global.
c) Forças; apenas para os nós; por equações diferenciais parciais; matriz de rigidez global.
d) Forças; para todos nós; pela equação diferencial da elástica; condições de contorno.
e) Ângulos dos planos principais de tensão; apenas para os nós; pela carga crítica de
Euler; matriz de cargas nodais.

5. Considere a viga ilustrada a seguir. Pede-se para resolvê-la pela análise matricial de
estruturas usando o Método Direto da Rigidez.

Figura 2 – Viga para exercício 5 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biengastada nas extremidades A e D, com dois apoios centrais
B e C, submetida a um carregamento distribuido de 6 kN/m.

6. Tente desenvolver uma planilha no Excel para resolver vigas de até quatro elementos,
como na atividade proposta pelo seu amigo Pedro. Considere uma numeração ordeira
nos nós: como temos até quatro elementos, teríamos cinco nós com 10 deslocamentos.
Portanto, você precisará de quatro matrizes locais 4x4 e uma matriz global de 10x10.
Use os exercícios resolvidos no livro de exemplo.

180
7
Modelagem
Computacional de
Estruturas
Me. Gabriel Trindade Caviglione

Nesta unidade, aprenderemos sobre o uso de softwares na Enge-


nharia de Estruturas. Você conhecerá a aplicação dos métodos das
estruturas hiperestáticas em programas e rotinas de cálculo com-
putacional. Serão apresentados os principais softwares de análise
estrutural, bem como os conceitos básicos para seu uso, os princi-
pais elementos de modelagem computacional e a sua aplicação na
representação do comportamento de estruturas. Nos dias atuais, a
grande maioria dos projetos são feitos com o auxílio computacional,
e você, como engenheiro(a), precisa saber como operá-los, a fim de
identificar e evitar os principais erros. Ficou interessado(a)? Tenho
certeza de que esses conceitos serão um grande aprendizado.
UNICESUMAR

Você já imaginou como era o processo de análise estrutural de uma grande estrutura na década de
50 ou 60? Os engenheiros realmente faziam todos as contas e todos os cálculos na mão? Hoje em dia,
temos muitos softwares para nos auxiliar, mas será que nossas estruturas estão mais seguras em função
disso? O que é preciso para projetar uma estrutura? Um(a) engenheiro(a) ou um software moderno?
É inegável que os computadores e os programas de cálculo estrutural trouxeram grandes avanços
à Engenharia de Estruturas, mas não podemos esquecer de quem realmente é o responsável técnico,
o(a) engenheiro(a) civil. Antigamente, os(as) engenheiros(as) não tinham opção de recorrer a algum
software, e as contas precisavam ser feitas à mão. Quando muito, eram auxiliados(as) por tabelas e
uma régua de cálculo (Figura 1). A falta de ferramentas modernas não necessariamente implicou em
projetos inseguros ou limitados, pelo contrário, ao se avaliar estruturas históricas, é comum ficarmos
impressionados com a magnitude e engenhosidade dos construtores.

Figura 1 – Régua de cálculo usada por engenheiros(as) para facilitar as contas

Descrição da Imagem: a figura mostra uma régua de cálculo e diagramas de esforços internos.

Nesse sentido, devemos respeitar nossos anciãos e aprender com eles. Não podemos simplesmente
apagar a Engenharia e nossos estudos para nos submetermos a simplesmente pilotar um software.
Precisamos entender as novas tecnologias e programas para usá-los ao nosso favor, como uma
ferramenta auxiliar. O avanço dos softwares permite aos(às) engenheiros(as) atuais agilidade no
processo de cálculo. Dessa maneira, podem investir maior tempo no processo de concepção e
análise estrutural, obtendo estruturas mais econômicas.
Nesse contexto, imagine-se procurando um estágio na área de Engenharia de Estruturas. Como
requisito da vaga, você deve saber operar determinado software. Essa é uma situação muito comum.
Visando otimizar os processos, os contratantes preferem candidatos(as) que já tenham certa familia-

182
UNIDADE 7

ridade com determinado software que estão acostumados a usar. Você prepara seu currículo, mas não
tem pleno domínio no software, apenas alguma noção básica que aprendera na faculdade.
Enquanto aguarda sua entrevista, você começa a refletir sobre o assunto. Se o(a) engenheiro(a) é
que faz o projeto, por que uma vaga exige conhecimento em um determinado software? Não seria mais
correto exigir conhecimento em análise estrutural? Não seria mais proveitoso conhecer os modelos
teóricos e principais erros comuns em modelagem estrutural?
Evidentemente, sob uma ótica prática e comercial, precisamos do conhecimento operacional de
um software para dar vazão aos projetos e ao volume de cálculos. Contudo, todo(a) engenheiro(a)
entende — ou deveria entender — a responsabilidade civil associada à sua profissão. Nesse sentido,
ele(a) não pode cometer erros, nem de cálculo nem de análise.
Pense em como você deverá se portar na entrevista, quais conceitos você conhece sobre esse assunto.
Quais perguntas relacionadas ao uso de softwares podem vir à tona na entrevista? Tente responder
os questionamentos, utilize seu Diário de Bordo para avaliar o papel do computador em um projeto
estrutural. Se quiser, esboce itens interessantes para se ter em um currículo específico para essa vaga.

Diante de sua entrevista, você aponta que tem conhecimentos básicos no software, mas que está dispos-
to a estudar e se aprimorar no uso dessa ferramenta, uma vez que o(a) engenheiro(a) é o responsável
técnico. Após ouvir suas palavras, o entrevistador lhe pergunta se você acha que seria possível fazer
algum projeto sem o uso de softwares, sugerindo que são parte essencial no processo. Nessa situação,
com uma pergunta complicada, você resolve emitir sua opinião: é possível, mas é inviável pelo uso
demasiado de tempo no processo manual.

183
UNICESUMAR

O entrevistador ainda lhe pergunta: “é possível que um software venha a errar suas
contas?”. Novamente, com receio da resposta esperada, você responde que é difícil um
computador errar a conta em si, praticamente impossível, no entanto, podem acon-
tecer erros no processo de inserção dos dados para que o computador faça a conta.
E, para avaliar esses erros, é importante conhecer a análise estrutural, ser capaz de
fazer algumas contas e hipóteses simplificadoras a fim de validar o comportamento.
Diante da sua resposta, o entrevistador libera você da entrevista. Na semana
seguinte, você recebe um telefonema convidando-o para participar da equipe, jus-
tamente por entender que softwares são ferramentas extremamente úteis, mas que
não podem substituir um(a) engenheiro(a) e sua expertise.
Existem diversos softwares que podem auxiliar o(a) engenheiro(a) no dia a dia.
São ferramentas muito úteis, que podem poupar tempo significativo. É importante
que você, como engenheiro(a), tenha em mente que os softwares não são capazes de
substituir um(a) engenheiro(a), que devem apenas ajudá-lo(a) na tomada de decisões.

De uma maneira simplificada, Nobrega (2015) sugere que um projeto estrutural con-
siste nas fases de:
• Concepção estrutural e levantamento das ações.
• Modelagem e análise estrutural.
• Dimensionamento e verificação dos elementos.
• Desenho e detalhamento.

Alguns softwares são usados apenas em etapas específicas do projeto. enquanto


outros podem ser usados para várias etapas. Por exemplo, no âmbito de análise
estrutural, destacam-se o SAP, STRAP, ABAQUS, ADINA e ANSYS, que são soft-
wares de elementos finitos que permitem simular diversos tipos de materiais. São
programas muito completos, com diversas opções de análises. O SAP e o STRAP
são softwares muito práticos, usados plenamente na modelagem de problemas da
Engenharia Civil. Já o ABAQUS é muito usado para simulações numéricas de ensaios
acadêmicos. O ANSYS é o software mais completo dos três e permite a simulação
de diversos problemas, é uma ferramenta muito específica e muito poderosa, usada
tanto na academia quanto em projeto. O ANSYS, ADINA e o ABAQUS são usados
em diversas áreas, não apenas para fins estruturais.
No âmbito de projeto, temos alguns softwares que são integrados, executando o pro-
cesso completo, a análise estrutural, o dimensionamento e o detalhamento, inclusive,
conforme as normas de determinado material. O TQS, EBERICK, CYPECAD são os
principais softwares de projeto de estruturas de concreto no Brasil. O TecnoMetal, STRAP
e Tekla são muito utilizados para a verificação de estruturas metálicas.

184
UNIDADE 7

Por que desenvolver um software apenas para análise estrutural sendo que seria possível
desenvolver um software completo para todas as etapas do projeto?

Os softwares de análise costumam apresentar recursos mais avançados na área de análise, enquanto os
softwares comerciais procuram acelerar o processo de produção de projetos. Além disso, os programas
de análise estrutural são mais genéricos, não dependem de normas e padrões de projeto específicos de
cada região. Nos dias atuais, os softwares em BIM ganharam bastante mercado e apresentam um futuro
promissor. Na realidade, o BIM (Building Information Modeling) é uma técnica de projeto em que
um determinado elemento tem uma série de características associada a ele, além de sua representação
no projeto (ASBEA, 2013). Trata-se de um modelo virtual completo, não apenas de geometria e textura
para visualização, mas de uma construção virtual equivalente.
Por exemplo, em um projeto tradicional, uma viga V201 é representada por linhas, e sua seção é
indicada em forma de texto, mas são elementos desconectados. Já em BIM, a V201 tem uma série de
informações associadas, consumo de concreto, áreas de formas, rigidez a flexão, classe de resistência
do concreto, armaduras, entre muitos outros que podem ser levados em consideração.
Alguns softwares de análise estrutural se encaixam no conceito de BIM, mas não são todos que
têm interoperabilidade com as principais plataformas. Existem, também, alguns softwares que são
desenvolvidos com essa funcionalidade, como é o caso do Revit Structure, do TQS e do Tekla Strucutre.
Nesta disciplina, ater-nos-emos aos softwares puramente usados no processo de análise estrutural,
isto é, SAP, STRAP e os educacionais Ftool e STRIAN, mas muitos dos princípios aqui apresentados
são genéricos. Os processos de cálculo e dimensionamento serão vistos posteriormente, nas disciplinas
específicas de cada material, em que serão abordados os critérios normativos e softwares relacionados.
A principal técnica usada pelos softwares de análise estrutural é a análise matricial de estruturas,
em que se separa a estrutura em diversos elementos e se compatibiliza o comportamento dos nós des-
ses elementos. Na Unidade 6, já abordamos a análise matricial pelo Método Direto da Rigidez. Nesta
unidade, apenas introduziremos a análise matricial pelo Método dos Elementos Finitos (MEF). Este
método é muito usado nas Engenharias em geral e está associado à resolução de problemas complexos.
O Método dos Elementos Finitos serve para resolver qualquer problema físico, não apenas para a Enge-
nharia de Estruturas. Consiste, basicamente, em adotar uma função aproximadora para a equação diferen-
cial ordinária ou parcial que representa o problema físico. A tendência é que, nos pontos iniciais e finais da
função, o valor seja exato, pois corresponde às condições de contorno do problema. Daí a necessidade de
discretizar o problema em vários elementos menores a fim de se garantir precisão no método (ASSAN, 2003).

185
UNICESUMAR

No caso da Engenharia de Estruturas, o problema físico


que se procura resolver é o comportamento estrutural,
isto é, as deformações e forças atuantes sobre determina-
do corpo. As deformações e forças atuantes são obtidas
pelos teoremas de energia e trabalho virtual e serão esti-
madas por uma função aproximadora.

Figura 2 – Análise em elementos finitos em uma peça mecânica


Fonte: o autor (elaborado com software SAP/CSI).

Descrição da Imagem: a figura mostra uma peça mecânica


sendo avaliada pelo Método dos Elementos Finitos.

Segundo Soriano (2005), os elementos finitos de barra


terão os mesmos comportamentos esperados em vigas,
treliças e pórticos. Já para os elementos finitos lami-
nares, Paiva, Lins e Sampaio (2012) apontam que eles
podem ser definidos como placa, casca ou membrana.
São definidos como elementos de placa (plate) os ele-
mentos laminares planos, que recebem carregamento na
direção perpendicular ao plano do elemento. Já os ele-
mentos de chapa ou membrana (membrane) são ele-
mentos submetidos apenas a esforços paralelos ao plano
do elemento, não suportando esforços transversais. Os
elementos de casca (shell) englobam as solicitações
dos elementos de placa e chapa, ou seja, são capazes de
absorver esforços no seu plano e perpendicular a ele.

186
UNIDADE 7

Figura 3 – Tipos de elementos estruturais / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra os esforços e deformações em elementos finitos de pórticos, vigas e treliças em
analogia ao elemento de casca, placa e chapa.

Além dos elementos de barra e laminares, temos os elementos tridimensionais ou os elementos só-
lidos. Neles, os esforços podem agir de quaisquer direções que eles são capazes de absorver. Conhe-
cer os elementos é muito importante para poder usar o correto, a fim de representar determinado
comportamento estrutural. Isto é, ao se representar o comportamento de lajes submetidas apenas ao
carregamento vertical, recomenda-se usar os elementos de placa. Já quando procura-se representar
vigas, paredes, pilares, consoles e blocos de fundação — seções de descontinuidade do concreto —,
recomenda-se usar elementos do tipo chapa ou membrana, pois estão sujeitos a esforços no plano do
elemento. Agora, no caso de paredes de reservatório, lajes submetidas a esforços axiais, utilizamos
elementos do tipo casca, que trabalham com esforços na transversal e no plano do elemento.
Assim como se faz necessário compreender o comportamento correto do elemento estrutural para
se fazer a modelagem, é importante entender outros aspectos. Nas rotinas de cálculo computacional,
os elementos podem ser inseridos inclinados e com diferentes condições de conectividade. Nesse
sentido, é mais fácil representar o comportamento dos elementos através de eixos locais e, depois,
rotacioná-los conforme suas condições de conectividade.
Por isso, quando estiver elaborando um modelo computacional de determinada estrutura, é
importante se atentar ao sentido de inserção dos elementos, pois ele ditará a direção dos eixos
locais. Esse tipo de problema é especialmente importante nos elementos de área. Caso a direção
dos eixos locais não esteja padronizada, é possível que o operador se confunda ao observar os
resultados. Um exemplo é ilustrado na Figura 4.

187
UNICESUMAR

Figura 4 – Eixos globais e locais em software de análise estrutural / Fonte: o autor (elaborado com o software SAP/CSI).

Descrição da Imagem: a figura mostra os eixos locais e globais de barras e elementos do tipo shell e a possivel falha na
interpretação dos resultados mostrados.

Aconselha-se, então, que os elementos sejam inseridos sempre da esquerda para a direita e de baixo
para cima, dessa maneira, os eixos locais dos elementos serão sempre os mesmos.
Recomenda-se que os elementos estejam próximos ao ponto de origem do modelo (0,0,0). Isso
ocorre pois as condições de geometria do elemento são calculadas conforme as coordenadas iniciais
e finais do mesmo. Nesse sentido, números muito grandes podem induzir erros numéricos.
Por exemplo, o cálculo do comprimento dos elementos é feito pelo Teorema de Pitágoras, pela dife-
rença das coordenadas dos nós iniciais e finais. Consideraremos dois elementos idênticos, um elemento
que se inicia no nó (3,18;0) e finaliza no nó (6,14;0), e outro que se inicia no nó ( 1.10n + 3, 18 ;0) e finaliza
no nó ( 1.10n + 6, 14 ;0). Quando fazemos a diferença de coordenadas dos dois nós, percebemos que o
comprimento de ambas as barras é 2, 960000 . No entanto, se repetirmos essa conta na calculadora ou
no próprio Excel, considerando n=16, veremos o resultado nulo. Curiosamente, isso ocorre por causa
de um limite de precisão na alocação das variáveis. Embora cada programa tenha sua própria forma
de lidar com as variáveis, geralmente, as coordenadas são armazenadas em variáveis de precisão dupla
(double), armazenadas em 64 bits, o que permite precisão em operações com números até a ordem 16.

188
UNIDADE 7

Faça a conta proposta na calculadora, verifique se o resultado da expressão realmente é zero.


Faça também no Excel, considerando n=1, 2, 3..., aumentando até o valor de 16. Compare
os resultados com o comprimento real. A partir de qual valor de n o comprimento calculado
perde precisão e deixa de ser 2,96?

Esse é um problema que não é tão preocupante atualmente, pois dificilmente as coordenadas serão
tão grandes a ponto de incorremos num erro de aritmética com ponto flutuante, mas é sempre bom
relembrar a boa prática de manter o modelo próximo ao ponto de origem (0,0,0).
Para o(a) engenheiro(a) que pretende trabalhar com cálculo estrutural, é fundamental conhecer
alguns conceitos básicos de programação e de cálculo numérico, justamente para conhecer as li-
mitações das ferramentas computacionais.
Outro problema relacionado à precisão dos resultados é o tamanho dos elementos, principalmente,
em elementos laminares e sólidos. Essencialmente, o Método dos Elementos Finitos é uma aproximação
para a equação diferencial da elástica, e o comportamento de cada elemento é compatibilizado com o
seguinte pelos nós. Assim, os valores obtidos, nó a nó, são confiáveis, ao passo que os intermediários
são estimativas. Então, recomenda-se que os elementos não sejam maiores do que 50 cm e, em regiões
em que se fazem necessários valores mais precisos, devem ser de 25 cm.
Para evitar erros no processo de modelagem estrutural num computador, Caviglione (2019) re-
comenda que o(a) engenheiro(a) procure desenvolver o modelo aos poucos, sempre processando
a estrutura e verificando os valores de seus esforços e comportamento estrutural, passo a passo, até
desenvolver a estrutura completa. Dessa maneira, é mais rápido localizar determinado erro e garantir
que o comportamento do modelo esteja dentro do previsto pelo(a) engenheiro(a).
Um dos erros mais comuns no uso de softwares é a respeito de uma má restrição e vinculação da
estrutura. E, em sua grande maioria, os programas não têm mensagens de aviso para estruturas mal
vinculadas, sendo responsabilidade do(a) engenheiro(a) avaliá-la. Daí a importância dos conceitos de
nossa primeira unidade, em que você aprendeu como avaliar a estaticidade de uma estrutura. Você se
lembra desses conceitos? Uma estrutura hipostática possui menos reações do que o necessário ao equi-
líbrio e não tem condições de permanecer estável, por isso, o programa não deveria conseguir calcular.
Uma ferramenta muito importante nesse sentido é a visualização das deformações. Embora não
seja possível calcular uma estrutura hipostática, alguns softwares conseguem resolver o problema por

189
UNICESUMAR

técnicas numéricas e podem retornar um resultado não condizente com a realidade. Nesse cenário,
ao visualizar as deformações, teríamos uma configuração de deslocamentos de grande magnitude e
de comportamento duvidoso.
A Figura 5 mostra um reservatório. A análise estrutural pelo SAP retornou um aviso de zeros na
diagonal da matriz de rigidez. Como se sabe, na diagonal, os valores são sempre não nulos, pois, se
aplicarmos uma força sobre determinado nó, teremos uma deformação nesse mesmo nó. No caso
da diagonal matriz ser nula, isso não poderia ocorrer, portanto, trata-se de um erro considerável. O
programa continuou resolvendo o problema atribuindo valores pequenos não nulos à matriz. Nessa
situação, as deformações e esforços acabaram convergindo dentro do esperado e, portanto, o aviso não
representou um problema. No entanto, reforço que sempre é responsabilidade do(a) engenheiro(a)
decidir sobre a validade do modelo.

Figura 5 – Aviso software SAP: estrutura instável ou mal vinculada, perda de precisão nos cálculos / Fonte: adaptado de Ca-
viglione (2019).

Descrição da Imagem: a figura mostra a modelagem de um reservatório em software computacional e uma mensagem de
erro no software indicando a diagonal nula da matriz de rigidez.

Em estruturas hiperestáticas, o excesso de reações também pode modificar os esforços e comporta-


mento da estrutura. Principalmente, na modelagem com elementos do tipo casca, em que eventuais
apoios no sentido horizontal podem fazer esses elementos trabalharem a flexão no plano do elemento.
Cabe ao(à) engenheiro(a) avaliar se isso representa ou não a realidade do modelo.
Outro ponto a se trabalhar com modelagem de elementos laminares é que se deve evitar efeitos
pontuais, assim como os apoios devem ser admitidos ao longo de uma face ou região da estrutura.
As análises já apresentadas neste estudo se referem às hipóteses básicas da viga de Euller-Bernoulli.
Nessas hipóteses, os deslocamentos e as deformações são pequenos, a viga é esbelta, com comprimento

190
UNIDADE 7

muito maior que sua seção, o material está dentro dos limites de seu com-
portamento elástico e linear. Essas hipóteses representam o comportamento
de grande parte dos elementos estruturais, mas existem certas situações em
que podemos ter comportamentos diferentes, comportamentos não lineares.
Você sabe o que quer dizer um comportamento elástico-linear? E um
comportamento plástico? Em um material elástico, as deformações são
reversíveis, já, em um material plástico, as deformações são irreversíveis.
E um comportamento elástico não linear? A linearidade está relacionada à
proporcionalidade entre tensão e deformação, em um material não linear,
essa proporção tem valores diferentes para cada nível de carregamento.
Observe a Figura 6 para entender melhor o conceito.

Figura 6 – Diagrama de tensão e deformação do concreto: conceitos de elástico — deformações


recuperáveis — e de linear/não linear / Fonte: adaptada de Beer et al. (2015, p. 74).

Descrição da Imagem: a figura mostra o diagrma de tensõa e compressão do concreto.


Temos um gráfico, e as tensões são representadas por uma linha curva. No trecho positivo,
primeiro quadrante, referente a esforços de tração, temos um pequeno trecho linear se-
guido de uma curva e da ruputra por tração — representado em rosa. No trecho negativo,
terceiro quadrante, temos um trecho linear de comportamento elástico, com deformações
recuperáveis seguidas de um longo trecho curvo, no qual temos deformações não recu-
peraveis, de natureza plástica.

Podemos ter não linearidades físicas referentes ao comportamento do mate-


rial, conforme ilustrado na Figura 6. Essa situação ocorre quando os esforços
solicitantes ultrapassaram a faixa de comportamento linear do material, e,
nesse sentido, a análise elástica não representa o comportamento real. Como

191
UNICESUMAR

exemplos, podemos citar as rótulas plásticas nas estruturas de concreto, problemas de ancoragem da
armadura no concreto e a plastificação da seção em estruturas. Além do material, podemos ter esse
comportamento nos apoios e vínculos da estrutura. Como discutimos na Unidade 1, os apoios podem
ter comportamento elástico (molas) em função de deformações no solo, porém, a partir de certo nível
de tensões, esse comportamento deixa de ser linear. Um ponto importante quando fizer essas análises
é a necessidade de zerar o comportamento da tração em estruturas diretamente apoiadas no solo, pois
uma sapata usa apenas compressão para estabilizar o giro.
Além das não linearidades físicas relacionadas ao material, temos a não linearidade geométrica, re-
lacionada às condições de geometria inicial da estrutura. Nas hipóteses básicas do método, entendemos
que as deformações são tão pequenas que podemos fazer as análises considerando que a estrutura ainda
não se deformou. Ou seja, a movimentação dos carregamentos não impacta no resultado dos esforços.
Ao observar a Figura 7, é possível compreender que nem sempre isso é valido. Repare que o desloca-
mento horizontal D movimenta a carga P, e, portanto, teremos um momento adicional na base do pilar
M ' = P .∆ . À medida que temos o momento adicional, devemos ter maiores valores de deformação e,
portanto, novamente, maiores esforços. Esses esforços adicionais são denominados de segunda ordem.
Esse é o caso específico de instabilidade geométrica da seção, envolvendo a flambagem dos pilares, mas
existem diversas situações em que temos não linearidades geométricas. Em todos os casos, o(a) enge-
nheiro(a) precisa ter condição de avaliar o campo de validade das teorias e hipóteses simplificadoras
para saber se deve ou não proceder com uma análise mais complexa, porém mais próxima da realidade.

Figura 7 – Não linearidade geométrica: qualquer pertubação horizontal provoca um deslocamento


da carga P e, por consequência, um momento adicional; nessa situação, a superposição dos efeitos
não representa bem o comportamento da estrutura / Fonte: Leet et al. (2009, p. 199).

Descrição da Imagem: a figura mostra a não linearidade geométrica em pilares, condição básica
de instabilidade. À esquerda, temos a figura (a) com um pilar AB submetido a uma carga P de com-
pressão. No centro, temos a situação (b), na qual uma força H horizontal provoca uma deformação
horizontal delta linha. À direita, temos a sitação (c), que é a atuação simultânea das duas forças.

192
UNIDADE 7

Uma solução para contornar esse problema é realizar uma análise


iterativa, na qual se calcula o esforço, e, na sequência, atualizam-se
as propriedades do material ou a geometria da barra para avaliar seu
esforço novamente. Esse é um processo moroso, mas que permite
representar o comportamento da estrutura com maior precisão.
Duncan e Chang (1970) apresentam técnicas para aproximar o
comportamento não linear do material. Pode-se fazer iterações su-
cessivas ou se pode fazer incrementos sucessivos para representar o
comportamento do elemento (Figura 8). Ambos os processos também
são usados para avaliação de não linearidades geométricas, mas, no
geral, o processo de iterações sucessivas é o mais comum. Sempre que
se tratar de análises iterativas, as técnicas empregadas no processo nu-
mérico precisam ser bem avaliadas e os critérios de erro e convergência
bem definidos para evitar perda de precisão e acurácia nas contas.

Figura 8 – Processo de iterações e incrementos sucessivos para representação do com-


portamento não linear do solo / Fonte: adaptada de Duncan e Chang (1970).

Descrição da Imagem: a figura apresenta dois gráficos de tensão deformação. À es-


querda (a), temos o processo de aproximação por iterações sucessivas; à direita (b), o
processo de aproximação por incrementos sucessivos. Na Figura 8a, no processo de
iteração sucessiva, o comportamento curvo é representado por retas, tal qual cada
iteração, muda-se a angulação da reta para representar o gráfico. Já na Figura 8b, está
registrado o processo de incrementos sucessivos, nesse processo, adicionam-se vários
incrementos de segmentos de reta que tentam representar a curva.

Com o uso de softwares para cálculo estrutural, os(as) engenheiros(as)


passaram a dedicar mais tempo à concepção e análise estrutural. Antes
dos computadores, os cálculos eram feitos à mão, com o auxílio de
réguas de cálculo, e esse processo demorava semanas, se não meses.

193
UNICESUMAR

Hoje em dia, podemos resolver um pórtico tridimensional complexo em mi-


nutos, temos um luxo que os(as) engenheiros(as) antigos(as) não tiveram: testar
várias concepções estruturais. Então, torna-se possível procurar concepções
estruturais que sejam mais econômicas e eficientes.
Como os programas têm se tornado cada vez mais acessíveis, é natural que
aumente a concorrência na área de projetos. Nesse sentido, a capacidade de
concepção e otimização estrutural pode ser um grande diferencial frente a um
cliente. Conheceremos, então, algumas maneiras de otimizar uma estrutura
e combater determinado esforço. Lembro você de que esse é um tema muito
amplo e que serão apresentadas apenas algumas considerações iniciais.
Para se obter um projeto econômico, precisamos de menores valores de
esforços. A ideia, então, é procurar condições de geometria e rigidez que pos-
sam diminuir os valores extremos dos esforços. Esse processo é chamado de
homogeneização dos esforços.
Conceberemos uma viga biapoiada para um trecho estruturado de 10,0
m, conforme a Figura 9. Considere que você pode escolher a posição dos
pilares sobre os quais a viga se apoiará. Qual seria a melhor posição, a fim
de diminuir os valores extremos do momento fletor? Para resolver esse pro-
blema, precisamos imaginar como seria o comportamento da viga conforme
diferentes distâncias entre esses apoios. Relembrando os momentos fletores
nas vigas notáveis, temos Mbal = −qlb ² / 2 para o momento fletor no balanço
e M vão = +qlv ² / 8 − 2.(qlb 2 / 4) = +qlv ² / 8 − qlb 2 / 2 para o momento fletor no
vão. Procuramos, então, a proporção entre vão e balanço ( lv / lb ), em que os
momentos sejam iguais em módulo ( M vão = Mbal ).

M vão = Mbal
+qlv ² / 8 − qlb 2 / 2 = qlb ² / 2
+qlv ² / 8 = qlb ² (1.1)

lv ² = 8lb ² ∴ lv = 2 2.lb → lv  2, 83.lb

Em que:

• lv é o comprimento do vão.
• lb é o comprimento dos balanços.

Ou seja, se o comprimento do vão for 2,83 vezes o comprimento do balanço,


teremos uma condição de esforços mais uniforme, mais homogeneizada, con-
forme mostra a Figura 9. Por exemplo, se precisamos estruturar um compri-

194
UNIDADE 7

mento de 10 m, submetido a um carregamento uniforme de q = 3, 0kN / m , em que temos a liberdade


para escolher a posição dos pilares, qual seria a geometria ótima? Considerando a relação anterior (
lv  2, 83.lb ) e o comprimento total de ltot = 10, 0m , podemos escrever:

lv + 2lb = ltot
2, 83lb + 2lb = ltot
4, 83lb = ltot → lb / ltot = 1 / 4, 83 = 0, 20703 = 20, 70% (1.2)
ltot − 2lb = lv ÷ ltot
1 − 2lb / ltot = lv / ltot
1 − 2.0, 20703 = lv / ltot → lv / ltot = 0, 5860 = 58, 60%

Assim, podemos, então, escrever: lb = 20, 70%.ltot = 2, 07m , e o vão lv = 58, 60%.ltot = 5, 86m .

q= 3,0 kN/m

A B
lb lv lb

ltot= lv+ 2lb


momento fletor 1000 cm

-1,91
1,91

23,80

100 800 100


cm cm + - cm
Mvão = Mbal
~ 2,83l
lv = b
-7.13

-7.13

2
7.16

207 cm 586 cm 207 cm


(lb = 20,70%. ltot) (lv = 58,60%. ltot) (lb = 20,70%. ltot)
-15,68

-15,68

300 400 300


cm cm cm
Figura 9 – Homogenização dos momentos em viga biapoiada com dois balanços / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra três vigas com proporções dieferentes entre lb (comprimento do balanço) e lv (comprimento
do vão). Na viga 01, os balanços são de 1,0 m, e o vão é de 8,0, resultando em um momento positivo de grande intensidade, 23,00
kNm. Na viga 03, os balanços têm 3,0 m, e o vão é de 4,0 m, dessa maneira, tem-se um momento negativo de grande intensidade,
-15,68 kNm. Na viga 02, com 2,07 m de balanço e 5,86 m de vão, temos uma proporção de momentos positivos e negativos que
são de mesma magnitude, 7,15 kNm.

195
UNICESUMAR

Repare, no exemplo numérico, que essa solução


consegue reduzir significativamente os momentos
fletores e as deformações da estrutura. Em uma si-
tuação real, talvez, seja mais interessante trabalhar
com números inteiros para evitar erros no processo
de execução da estrutura. De qualquer maneira, es-
sas proporções são muito interessantes e são valores
úteis para se ter em mente. Cada arranjo estrutural
terá uma configuração específica que promove a
homogeneização dos momentos. Quanto mais pró-
ximo a essa proporção específica, teremos estruturas
com esforços mais homogêneos. Evidentemente,
nem sempre é possível fazê-lo, por ser necessário
respeitar as imposições arquitetônicas.

Tente estabelecer essa proporção para ou-


tras geometrias de vigas, com três apoios,
quatro apoios, com e sem balanços! Use al-
gum software para testar várias geometrias.
Anote esses valores para quando estiver
participando de um projeto real.

No exemplo proposto, procurou-se otimizar o mo-


mento fletor, mas, em algumas outras situações,
pode ser interessante homogeneizar os esforços nor-
mais nos pilares para aliviar as fundações, diminuir a
deformação horizontal em uma estrutura submetida
ao esforço de vento, alavancar uma viga para servir
de apoio a outra viga, entre tantas outras. Enfim,
existem várias situações em que pode ser necessário
homogeneizar os esforços de uma estrutura.
A concepção estrutural é uma parte muito im-
portante do projeto estrutural, a maior parte dos
custos pode ser alterada nessa etapa. Como já men-
cionado, esse processo demanda certo conheci-
mento e experiência do(a) engenheiro(a).

196
UNIDADE 7

(a) concepção inicial (b) concepção otimizada

Figura 10 – Otimização dos momentos em uma grelha: (a) Concepção incial; (b) Concepção otimizada
Fonte: o autor (elaborada com o software TQS/TQS informática).

Descrição da Imagem: a figura mostra os momentos fletores em um pórtico espacial. À esqueda, Figura 10 (a), temos os esfor-
ços da concepção inicial, as vigas V110 e V111 têm momentos fletores máximos positivos de 8,6 tfm e 28,8 tfm, e os momentos
fletores máximos negativos são de 12,6 tfm e 25,9 tfm. Ambas estão representadas abaixo do pórtico, com seus respectivos
diagramas de momentos fletores e estimativa do consumo de aço para a armadura principal. À direita, Figura 10 (b), temos
os esforços da concepção otimizada, as vigas V110 e V111 têm momentos fletores máximos positivos de 14,8 tfm e 12,2 tfm,
e os momentos fletores máximos negativos são de 20,7 e 11,80 tfm. Ambas estão representadas abaixo do pórtico, com seus
respectivos diagramas de momentos fletores e estimativa do consumo de aço para a armadura principal. Observa-se o efeito
da otimização na economia do aço na armadura principal.

Nesta pílula, abordaremos um pouco desse assunto, aprofundando


em algumas situações de projeto que podem promover economia
significativa nos projetos. A Figura 10 mostra o resultado da otimi-
zação dos esforços de uma grelha no software TQS, referente a um
projeto de minha autoria. Convido-lhe a assistir. Tenho certeza de
que será muito valioso para seu exercício profissional!

197
UNICESUMAR

Esse é um processo iterativo, em que se faz a concepção e análise estrutural, procurando estruturas mais
econômicas. Com o exercício profissional, você deve ganhar experiência, e o processo passa a ser mais
intuitivo. Em estruturas hiperestáticas, esse processo é inviável para ser feito manualmente, justamente
pela morosidade em seu cálculo, sendo viável apenas pelo uso de softwares de cálculo estrutural.
Os preconceitos e as barreiras quanto ao uso de softwares têm caído com a popularização das
novas tecnologias. Nesse cenário, a sociedade é levada a confiar, cada vez mais, nos computadores e
programas que estão cada vez mais avançados.
De fato, muitas das conquistas humanas não seriam possíveis sem os computadores. O processo de
reentrada do ônibus espacial, os sistemas de posicionamento por satélite, o cálculo de interceptação dos
mísseis do sistema de defesa antiaérea israelense “Iron Dome”, os veículos autônomos e as inteligências
artificiais são apenas exemplos de grandes passos que percorremos com o auxílio dos computadores.

Figura 11 – Space Shuttle Discovery pousando: o processo de reentrada na atmosfera é totalmente automático, e o pouso é
também é guiado pelo computador / Fonte: NASA ([2021], on-line) e Wikipedia ([2021], on-line).

Descrição da Imagem: a figura mostra o ônibus espacial Discovery pousando em uma pista de aeroporto. Sai fumaça preta
das rodas traseiras que tocaram a pista; o trem de pouso frontal ainda não tocou a pista e está inclinado para cima. Ao fundo,
há uma vegetação rasteira, e, à frente da pista, há indicações de pouso. Acima, temos uma foto do computador de bordo IBM
AP101S, usado para os cálculos de trajetória do ônibus.

198
UNIDADE 7

Convido você a assistir a estes vídeos ao acessar os QR Codes: o


primeiro vídeo relata o processo de reentrada do ônibus espacial
totalmente controlado por um computador de bordo, apenas o pouso
foi feito pelo piloto, o qual segue as instruções dos computadores.
Está em inglês, mas é possível adicionar legenda em português pelo
player do YouTube.
O segundo vídeo narra a história do acidente do Air France 447-ZCP,
que veio a cair no oceano após diversas falhas, entre elas, a falta de
treinamento dos pilotos em altas altitudes sem o piloto automático,
um excesso de confiança no computador.

O advento dos programas permitiu ao(à) engenheiro(a) investir mais tempo na análise estrutural,
do que no cálculo estrutural propriamente dito, trazendo maior economia e qualidade ao projeto.
Contudo, é prudente ter cautela, nem tanto pelos programas e computadores, mas pelo seu mal uso,
como no caso das colisões de veículos autônomos, dos ataques cibernéticos e da manipulação de
usuários pelos algoritmos das redes sociais. O uso demasiado dos softwares e programas faz surgir
alguns questionamentos éticos, que também se referem à área de análise estrutural:

• As análises computacionais sempre serão consideradas mais confiáveis e precisas que as huma-
nas? É só alimentar o programa com os dados de entrada e aguardar o resultado? Ou existem
situações em que o ser humano precisa resolver algo além do software?
• Existem efeitos que o software não conhece? Isto é, alguma condição que extrapole os limites
de análise do computador e bases teóricas do modelo utilizado no programa?
• A compra de um software avançado de cálculo pode substituir a capacidade técnica e experiên-
cia profissional de um(a) engenheiro(a)? O software pode se responsabilizar por um projeto?

Conforme aponta Emkin (1998), a aquisição e o uso errôneo de softwares de análise estrutural por leigos ou
por engenheiros(as) sem a devida experiência são um risco real para a sociedade. O risco é de se confundir o
cálculo estrutural com a análise. Um computador pode muito bem calcular uma estrutura, mas nunca será
capaz de analisá-la, avaliar seu risco, estabilidade, possíveis problemas executivos e, muito menos, concebê-la.

199
UNICESUMAR

Cabe ao(à) engenheiro(a) verificar se os cálculos feitos pelo com-


putador correspondem à realidade, isto é, se as condições de
carregamento, vinculação, modelagem e os valores obtidos pela
análise são válidos ou não. Caso o(a) engenheiro(a) não perceba
determinado erro e continue a análise, pode fazê-la com valores
errados, que não correspondem à realidade e deve incorrer em
um erro de projeto, que pode ser grave (Figura 12).

Figura 12 – Diferenças entre modelo numérico computacional e estrutura real,


efetivamente executada (deformações exageradas) / Fonte: pxhere e do autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra, à esquerda, uma ponte metálica em


arco treliçado executada sobre um rio e, à direita, o modelo em elementos
finitos, com cores do amarelo ao roxo, representando esforços no modelo. O
objetivo da figura é evidenciar que existem diferenças entre elas.

Os softwares devem ser compreendidos como uma ferramenta


de cálculo, de desenho e detalhamento, nunca como uma solução
completa, capaz de substituir o(a) engenheiro(a) e a sua experiên-
cia profissional. Entende-se que apenas engenheiros(as) podem
fazer Engenharia e que os computadores são capazes de fazer
apenas contas pré-programadas, por isso, somente os(as) enge-
nheiros(as) podem ser responsáveis pelo projeto (EMKIN, 1988).
Acontece que muitos(as) engenheiros(as) jovens, encantados(as)
com avanços tecnológicos, acabam adquirindo softwares complexos

200
UNIDADE 7

para, de alguma forma, suprir sua própria inexperiência. São impelidos(as) a acreditar que
seus projetos estarão mais seguros pelo programa usar MEF, análises de segunda ordem,
não linearidades físicas e outras análises avançadas, mas isso é mera ilusão, pois análises de
maior complexidade não necessariamente significam maior nível de segurança à estrutura,
uma vez que os parâmetros empregados na análise precisam corresponder ao real na prática.
Essa tentação acomete os(as) engenheiros(as) diariamente, e, muitas vezes, até os(as)
experientes podem esquecer de detalhes banais por confiar excessivamente nos softwares.
Por isso, o ideal é que as simulações numéricas sejam elaboradas em ordem crescente de
complexidade, até o limite de necessidade do problema ou até o limite de conhecimento
do(a) engenheiro(a). Dessa maneira, o(a) engenheiro(a) não avaliará análises em que
não tem a devida capacidade técnica ou gastará energia desnecessária para resolver um
problema simples (DELLAVANZI, 2017). Antes de iniciar a modelagem computacional,
é importante que você, como engenheiro(a), procure prever e estimar o comporta-
mento da estrutura por modelos simplificados, usando a análise como um processo
de refinamento e verificação dos cálculos (MULINA; ALVES; CAVIGLIONE, 2019).

Neste podcast, conversaremos um pouco sobre os


avanços nos softwares de análise estrutural. Serão
abordados as principais inovações, facilidades e os pe-
rigos para o(a) engenheiro(a). Entenderemos o uso des-
sas ferramentas no dia a dia de um(a) engenheiro(a).

Agora que você entendeu um pouco sobre como funciona o processo de modelagem
de estruturas em um computador, convido você a modelar algumas estruturas no
computador. Tente representar a estrutura de sua casa, de uma ponte em sua cidade,
enfim procure aplicar os conceitos aqui elucidados. A modelagem e análise estrutural
por computadores é uma das partes mais aplicadas da disciplina de estruturas hiperes-
táticas no dia a dia de escritórios de cálculo estrutural. As técnicas aqui apresentadas
são de extrema importância para o desenvolvimento dessas análises. Além das técnicas,
o entendimento das limitações do software é fundamental!
O(A) engenheiro(a) precisa saber interpretar os números, além de fazer as contas. Esse
raciocínio crítico não se cria do dia para noite e se faz necessária vontade de aprender,
além da experiência. Esse raciocínio crítico, que é capaz de perceber possíveis incon-
gruências entre a obra e o projetado/planejado, é uma habilidade fundamental para o(a)
engenheiro(a), ainda que você planeje trabalhar com execução de obras.

201
Vimos a importância das boas práticas ao se desenvolver um modelo computacional, bem como a
recomendação de manter os elementos finitos pequenos, processar a estrutura gradualmente e,
principalmente, procurar modelos analíticos simplificados que possam servir de estimativa para os
esforços computacionais e confrontá-los. Conhecemos, também, as técnicas de homogeneização
dos esforços e suas respectivas proporções, que são valores interessantes para se memorizar.
O(A) engenheiro(a) deve zelar para não confiar demais nos softwares, deve sempre procurar con-
frontar o software com a técnica para entender o que está acontecendo, além dos números. Nesse
sentido, o uso de modelos simplificados é um grande aliado, use-o sem moderação. E um ponto
muito importante é que, apesar dos avanços tecnológicos do software, é o(a) engenheiro(a) que faz
o projeto, portanto, ele(a) é quem deve dimensionar e se sentir seguro com as soluções estruturais
encontradas. Um software de última geração não pode substituir um(a) engenheiro(a) experiente.
A compreensão desses conceitos é fundamental para sua formação profissional. Considero esta
parte da disciplina especialmente importante para aqueles(as) que almejam trabalhar com projeto
estrutural. Entendendo a importância desse assunto, convido você para elaborar um mapa mental
referente ao assunto que estudamos. Qualquer dúvida, consulte seu livro e reveja os conceitos.

202
203
1. O desenvolvimento e a popularização de computadores permitiram o crescimento de
softwares de Engenharia usados na análise estrutural. O Método dos Elementos Fini-
tos (MEF) foi um dos métodos que mais se popularizou. Assinale a alternativa correta
sobre o MEF.
a) O MEF corresponde a uma técnica usada para dimensionamento de estruturas em
concreto armado que permite usar o procedimento de diversas normas.
b) O MEF é um método numérico para solução de problemas físicos. Na Engenharia
Civil, ele é utilizado na análise estrutural, uma das etapas recorrentes no projeto de
estruturas.
c) O MEF é um método computacional de projeto de estruturas, permite que o(a) enge-
nheiro(a) modele a estrutura e que o programa detalhe a estrutura completa, emitindo
as pranchas.
d) O MEF e o BIM são sinônimos, ambos são usados na análise estrutural e integração
de projetos de Engenharia.
e) O MEF é um método analítico utilizado para se analisar estruturas pré-moldadas. Para
estruturas monolíticas, usamos o Método dos Elementos de Contorno (MEC).

2. Uma estrutura pode ter um comportamento não linear, mesmo que ela seja constituída
por um material que obedeça à Lei de Hooke. A partir de valores grandes de desloca-
mentos, a deflexão lateral de um membro pode trazer como consequência o apareci-
mento de momentos fletores adicionais em virtude da presença de um esforço normal.
Assinale a alternativa que apresenta um exemplo de não linearidade geométrica.
a) Os modelos de mola não conseguem representar a interface sapata-solo, que só pode
trabalhar a compressão, sem mobilizar tensões de tração.
b) Quando uma viga de concreto armado atinge seu momento de fissuração, a seção
resistente passa a fissura, e, portanto, o valor de sua inércia deixa de ser a inércia da
secção total.
c) No caso de elementos com grande carga de compressão, essencialmente, pilares,
quaisquer deslocamentos horizontais provocam efeitos de segunda ordem, aumen-
tando o momento nesses elementos.
d) Com o passar do tempo, a força de protensão aplicada em uma peça de concreto
tende a diminuir pelo alongamento e relaxamento do aço. Esse fenômeno é conhecido
como perda de protensão.
e) Em uma situação próxima à ruptura do concreto, não são válidas as análises lineares.

204
3. Você foi chamado(a) para ajudar em um projeto de um muro de arrimo para uma al-
tura de 4,0 m. Em função da altura, que é considerada elevada, você precisa conceber
uma estrutura que seja capaz de suportar o esforço do empuxo de solo sem grandes
movimentações e com um custo viável. Tendo isso em mente, você gostaria de usar
um tirante no arrimo. Qual seria a melhor altura para posicionar esse tirante? Escolha
uma das alternativas e justifique sua resposta. Fique livre para modelar a estrutura no
Ftool. Considere os pilares com seção 15x30 e E = 25000 MPa.

(a) engastado e livre (b) tirante à 4,0m (c) tirante à 3,0m (d) tirante à 2,5m (e) tirante à 2,0m

21.00 kN/m 21.00 kn/m

31.50 kN/m 31.50 kn/m


1.00m

42.00 kN/m 42.00 kn/m


1.50m

2.00m
4.00m

4.00m

3.00m

2.50m

2.00m
84.00 kN/m

84.00 kN/m

84.00 kN/m

84.00 kN/m

84.00 kN/m
Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra cinco situações de análise. Da esquerda para a direita, temos: situação (a)
— muro engastado e livre, com carregamento triangular na horizontal; situação (b) — muro engastado e apoiado
na sua extemidade superior (4,0 m da base), com mesmo carregamento; situação (c) — muro engastado e apoiado,
sendo que o apoio se situa a 3,0 m da base; situação (d) — muro engastado e apoiado, com o apoio situado a 2,5
m da base; situação (e) — muro engastado e apoiado, com o apoio a 2,0 m da base no meio do muro. Todos os
muros estão submetidos a esforços triangulares horizontais, com maiores valores na base.

205
206
8
Fundamentos do
Projeto Estrutural
Me. Gabriel Trindade Caviglione

Nesta unidade, você conhecerá um pouco sobre os principais siste-


mas estruturais, os fundamentos do projeto estrutural, as principais
normas referentes a ele e outras complementares, bem como os
conceitos relacionados e sua aplicação em estruturas. Veremos
exemplos de estruturas icônicas e seu comportamento, uma opor-
tunidade de entendermos os princípios de projetuais das gran-
des obras. Atualmente, a maioria dos projetos é feita com auxílio
computacional, mas apenas os conceitos e princípios de projetos
podem conduzir o projeto a uma estrutura econômica e soluções
efetivamente aplicáveis. O objetivo é ter uma visão geral dos siste-
mas estruturais para posteriormente entender suas especificidades.
UNICESUMAR

Você já se imaginou fazendo o projeto de uma estrutura im-


portante? Por exemplo, uma ponte, uma escola ou um hos-
pital? Já contemplou os riscos envolvidos? Quantas pessoas
usariam essa edificação diariamente? Caso algo dê errado,
quais são os danos envolvidos? Quais materiais e técnicas
de execução você poderia empregar? Esses materiais são
seguros para a fabricação de estruturas? Como você faria
para garantir a segurança na estrutura? Quais metodologias
de cálculo utilizaria? Não seria interessante conversar com
alguém que já fez um projeto semelhante para poder enten-
der os conceitos envolvidos no projeto estrutural?
Essas perguntas são muito importantes, e agora que
você já tem uma boa noção de análise estrutural, é possível
começar a fazê-las. Nesta unidade, você deve entender a
conexão entre análise estrutural e dimensionamento, que
são duas etapas fundamentais no processo de um projeto
estrutural. Além de saber calcular os esforços na estrutura
e saber fazer seu dimensionamento, faz-se necessário en-
tender algumas outras questões importantes.
Esses questionamentos envolvem os tipos de sistemas
estruturais que podem ser utilizados, os materiais que
podem ser empregados, o tratamento a ser dado para a
segurança estrutural... Enfim, esses são os fundamentos
do projeto estrutural, isto é, os conceitos e ideias que
serão empregados em um projeto.
Para entender essa situação com bastante clareza,
considere a seguinte situação: você está cursando Enge-
nharia Civil e, nas suas férias, resolve visitar o sítio do
seu avô. Seu Getúlio tem uma propriedade de tamanho
médio que é cortada por um pequeno rio, cuja extensão
é de uns 6,0 m. O rio tem pouca profundidade e costuma
ser atravessado a pé mesmo.
Nos meses de inverno, seu avô se incomoda de se
molhar e queria construir uma pequena ponte rural.
Seu avô comentou que um dos vizinhos, seu Antônio,
havia construído uma ponte de madeira, que “enverga”
quando ele passa por ela (Figura 1). Ele também disse
que possui um conjunto de tábuas de boa qualidade que
sobraram do desmanche de um celeiro.

208
UNIDADE 8

Figura 1 – Ponte sobre o rio, construida pelo seu Antônio. / Fonte: Pixabay (2018, on-line).

Descrição da Imagem: a figura mostra uma pequena ponte rural de madeira atravessando um rio de dimensões pequenas.
As vegetações são rasteiras, e o dia está ensolarado, é possível ver o reflexo da ponte no rio.

Ciente de que o processo não é tão simples quanto seu


avô propõe e que você ainda está aprendendo engenharia,
você já começa a levantar alguns questionamentos:

• A ponte é para passar quantas pessoas? Passará al-


gum animal ou trator? Qual é a largura ideal dela?
Quais valores de carregamento usaria nas análises?
• Qual é a madeira que estava no celeiro? Será que
realmente está em bom estado? Pode ser colocada
próxima à água? Qual é a resistência dela? Quais
são os outros materiais disponíveis?
• Que solução estrutural podemos usar para um
vão de 6,0 m? Quais tipos de soluções estru-
turais existem?
• Como é a ponte feita pelo seu Antônio? É o mes-
mo vão? O quanto ela se deforma? Ela está segura?
• Quanto deve ser considerado de folga na relação
entre carregamento e resistência?
• Quais outros efeitos podem ocorrer? O rio pode
transbordar? Quais os níveis máximos e míni-
mos do rio? A água exerce algum esforço sobre
os pilares da ponte?

209
UNICESUMAR

Uma das pontes mais interessantes do ponto de vista estrutural é a


ponte autoportante de Leonardo da Vinci. Trata-se de uma ponte que
pode ser construída sem qualquer tipo de travamento, parafuso ou
ligação, sua estrutura é em arco simples de formato autoportante, e
os esforços são transferidos por contato. Caso queira entender mais
sobre o assunto, pode assistir ao vídeo acessando o QR Code. Tente
reproduzir a ponte em sua mesa com suas canetas!

Ciente de que essas perguntas não são tão simples de serem resolvidas, você decide estudar um pouco o
assunto para poder ajudar efetivamente seu avô. Você deve resolver cada um dos problemas propostos
pelas perguntas citadas antes de começar a construir. Convido você a refletir e listar todas as perguntas
que precisam ser respondidas em um projeto estrutural, extrapole, pense além da ponte. Escreva seus
pensamentos no seu Diário de Bordo.

210
UNIDADE 8

Qual projeto é responsável por definir a largura da ponte, as dimensões


dos cômodos, das janelas, a altura da edificação? É o projeto arquite-
tônico que estabelecerá as dimensões ideais a serem utilizadas. Nessa
etapa, também é definido o escopo da edificação, isto é, o seu uso. No
caso da ponte do seu avô, ele mesmo respondeu que não pretende passar
com um trator por ela, mas que seria interessante se ele pudesse passar a
cavalo. Tendo isso em mente, é necessária uma largura mínima de 1,0 m.
Quanto pesa um cavalo? Existem cavalos mais leves que outros? Qual
seria um valor bem representativo? E a correnteza do rio, ela é capaz de
empurrar os pilares? Quanta força ela aplica nos pilares? Essa etapa é o
levantamento das cargas, e, embora seja uma ponte vicinal, em uma
propriedade rural, ela não pode ser feita de maneira rudimentar. Imagine
que você projetou a ponte pensando em um cavalo de 400 kg e que ele
engordou e, agora, pesa 500 kg. A sua ponte ainda estaria segura? Repare
que essa etapa de levantamento das cargas precisa de uma padronização
para que o projeto seja equivalente em níveis de segurança.
Qual seria o sistema estrutural ideal para essa situação? Será que
poderia trabalhar com uma treliça de madeira? Um arco em pedras
argamassadas? Uma viga reta em concreto armado? Essa etapa é a de
concepção estrutural. Você, como engenheiro(a), deve escolher o sis-
tema estrutural mais adequado à ponte, levando em conta os materiais
empregados e o desempenho estrutural do sistema.
Como é a ponte feita pelo seu Antônio? É o mesmo vão? O quanto ela
se deforma? Ela está segura? Quanto se deve considerar de folga entre so-
licitação e resistência? Essa discussão da segurança em estruturas é muito
importante. É fácil perceber que, embora seu Antônio trafegue pela ponte
todo dia, considerando-a segura, seu avô a considera frágil e insegura.
Ou seja, uma estrutura não pode ter um critério de segurança subjetivo, é
necessário que ela seja segura, os usuários não devem precisar de coragem
para atravessar sua ponte. Assim, é necessário padronizar algumas consi-
derações sobre os carregamentos e sobre a segurança usada na estrutura.
Qual é a resistência da madeira do celeiro? Ela ainda está em boas
condições? Nessa etapa, você faria o dimensionamento conforme o
material específico. Nesse caso, deveria consultar a norma referente
ao projeto de estruturas de madeira para saber como o material se
comporta frente ao carregamento e frente às condições de umidade.
Inicialmente, é muito importante desenvolver uma visão sistêmica
do processo e entender a importância de cada projeto e responsabili-
dade de cada projetista. Algumas situações podem ser diferentes com

211
UNICESUMAR

relação às nomenclaturas e regras aqui apresentadas, mas, essencialmente, o conceito deve ser o mesmo.
A Arquitetura é responsável por conceber e utilizar os espaços, determinar as dimensões e
formas compatíveis com o uso da edificação, posicionar diferentes elementos arquitetônicos a fim
de garantir uma harmonia estética e funcional da edificação. Essencialmente, os demais projetos
devem procurar se ajustar à arquitetura, embora, em algumas situações, isso não seja possível.
Nóbrega (2015) aponta que o(a) arquiteto(a) deve preconceber os demais sistemas da edificação
em sua arquitetura. O ideal é que já imagine o sistema estrutural, hidrossanitário, a prevenção de
incêndio, o sistema elétrico, lógico, o arrefecimento e a calefação, bem como demais situações
específicas de cada projeto. A arquitetura deve reservar o espaço para os elementos de cada siste-
ma, para os pilares, vigas, lajes, descidas de água pluvial, tubulação de esgoto, calhas, quadro de
distribuição etc. Também é responsável por gerenciar e prever as condições de compatibilização.
O projeto estrutural seria o segundo na lista de prioridade. Deve respeitar a arquitetura e de-
veria ser respeitado pelos demais. Ele é o responsável por determinar as dimensões dos elementos
estruturais, seus materiais constitutivos, arranjos e técnicas executivas, que possam garantir con-
dições mínimas de estabilidade e segurança aos usuários da edificação. Os projetos de fundações
e contenções ficam responsáveis por garantir apoio aos pilares e estabilidade aos maciços de terra.
Os projetos hidrossanitários ficam responsáveis pelas tubulações em geral, suas especificações,
dimensões e posições. O projeto elétrico, por sua vez, fica responsável pela avaliação das cargas
elétricas na edificação, dimensionamento dos eletrodutos, conduítes, tomadas e demais equi-
pamentos elétricos. Ambos os projetos costumam evitar as interferências com o estrutural, mas
existem situações que fogem desse cenário e que devem ser avaliadas caso a caso. Por exemplo:
para passagem de uma tubulação, pode ser necessário atravessar uma viga, ou pode ser necessário
passar o eletroduto pela laje, ou ainda uma abertura vertical em uma laje para criação de um shaft.

Figura 2 – Exemplo conceitual de fluxo de projeto / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra um fluxograma de projetos. A partir das informações iniciais, é elaborado o anteprojeto
arquitetônico; na sequência, é feito o anteprojeto estrutural e os complementares; nessa etapa, podem ser feitas modificações
no projeto arquitetônico e são geradas as informações mais precisas, sobre as quais se faz planejamento, orçamento e inicia-se
a etapa de projeto. Seguindo, elaboram-se o projeto arquitetônico e demais projetos complementares.

212
UNIDADE 8

Engel (2001) aponta que, de uma maneira simplificada, o flu-


xo de um projeto de uma edificação segue uma ordem lógica.
Inicialmente, é feito o projeto arquitetônico, o qual já deve
prever e reservar algum espaço para os demais sistemas. Na
sequência, é feito o projeto estrutural, em que se determinam
as dimensões dos elementos estruturais. Caso os elementos
não estejam de acordo com o espaço reservado pelo(a) arqui-
teto(a), pode ser necessária alguma alteração na arquitetura.
Na próxima etapa, os projetos hidrossanitários e elétricos
serão desenvolvidos, os respectivos responsáveis técnicos
analisarão se existem soluções viáveis para aquela deter-
minada geometria. Pode ser necessária alguma alteração
no projeto estrutural para permitir a passagem de algum
eletroduto ou alguma tubulação. Em alguns casos, podem
ser necessárias alterações no projeto arquitetônico também.
Com todos os projetos compatibilizados, é possível fazer
a aprovação nos órgãos competentes e iniciar a execução.

Você conseguiria imaginar todos os sistemas de


uma edificação? Quais são as interferências entre
eles? Para ajudar nesse processo de compatibili-
zação, é muito comum utilizar softwares BIM, que
ajudam na integração dos projetos.

Tendo em vista esse fluxo geral da produção de um projeto


estrutural, compreenderemos mais a fundo as ideias e os
conceitos usados na elaboração de sistema estrutural. De
uma maneira simplificada, temos quatro tipos de estrutu-
ra, ou quatro sistemas estruturais, ilustrados na Figura 3.
Temos as estruturas de forma ativa, cujo formato combate
a solicitação, exemplos são os arcos e cabos. Temos as
estruturas de vetor ativo, em que um conjunto de vetores
estabiliza as solicitações, como, por exemplo, as treliças.

213
UNICESUMAR

Figura 3 – Principais sistemas estruturais / Fonte: adaptada de Engel (2001, p. 137, p. 178 e p. 217).

Descrição da Imagem:a figura mostra os principais sitemas estruturais utilizados.Temos o sistema de forma
ativa, representado por um arco, no qual o formato da estrutura conduz as verticais por compressão no
arco até os apoios. Logo abaixo, temos uma treliça, que corresponde ao sistema de vetor ativo, em que um
conjunto de forças deve estabilizar as forças solicitantes, novamente, os esforços são apenas de tração e
compressão. Abaixo, temos o sistema de massa ativa, no qual a inércia combate a solicitação pelo esforço de
flexão. Por fim, temos a figura da superfície ativa, em que a estrutura funciona como uma placa, os esforços
são transmitidos por esforços axiais na placa aos apoios.

As estruturas compostas pelo sistema de massa (ou seção) ativa são as mais utilizadas
nas edificações comuns. Os esforços solicitantes são resistidos por uma seção robusta,
surgindo esforços de flexão (Figura 3). As vigas, as lajes e os núcleos rígidos de edifícios
são os principais exemplos que se utilizam desse sistema.
O sistema de superfície ativa é formado por uma estrutura do tipo placa, uma espécie
de empena ou laje submetida a esforços axiais. Esse tipo de sistema estrutural é muito
utilizado em abóbodas e cúpulas. Esses são os principais sistemas estruturais empregados

214
UNIDADE 8

nas edificações e, portanto, é importante entendermos eles com maior profundidade. Estruturas de
forma ativa são estruturas muito eficientes, pois seu formato induz apenas esforços de compressão ou
tração, que são os de menores deformações. Segundo Pereira (2013), os arcos romanos representam as
primeiras estruturas de forma ativa, seu formato em arco permitia que as pedras trabalhassem apenas
a compressão. Os romanos construíram diversas pontes, aquedutos e edificações usando os arcos a
associação de arcos, evidenciando sua eficiência estrutural. Atualmente, existem diversas estruturas
em arco e, até hoje, é uma das formas mais confiáveis em Engenharia de Estruturas, por exemplo, a
Hoover Dam e a Ponte da Amizade foram construídas no formato de um arco, vide Figura 4.

A B

C D

Figura 4 – Exemplos de sistemas de formas ativas / Fonte: Wikimedia Commons (2009a; 2006a, on-line), Pixabay (2017, on-line)
e Mantel (2013, on-line).

Descrição da Imagem: a figura mostra diversas estuturas de forma ativa. Temos a Hoover Dam, uma barragem de concreto no
formato de arco. A Ponte da Amizade, que liga Brasil ao Paraguai, a qual se apoia em um arco de concreto. Temos a Ponte do
Brooklyn, a qual é um sistema de ponte pensil e estaiada. E temos o Parque Olímpico de Munique, que é uma estrutura tensionada.

215
UNICESUMAR

No caso do arco, temos o efeito de


solicitação à compressão, mas se o
arco fosse espelhado, teríamos solici-
tações à tração. Quando temos uma A
solicitação à compressão de grande
magnitude, é necessário um elemen-
to muito robusto para que não haja
instabilidade no elemento, no en-
tanto, em elementos submetidos à
tração, esse efeito não é importante.
Assim, elementos submetidos à tra-
ção são mais eficientes, que é o caso B
de estruturas com cabos. Quando
um cabo horizontal fica submetido a
um carregamento vertical uniforme,
ele se deforma numa configuração
chamada de catenária, permitindo
resistir a um esforço vertical por for-
ças de tração. Esse efeito é observado
nas pontes pênsis, em que os cabos C
da ponte têm esse formato caracte-
rístico da catenária, que é um refle-
xo do diagrama de momento fletor.
Como exemplos dessas estruturas
de forma ativa, temos a ponte do
Brooklyn e a cobertura do Parque
Olímpico de Munique (Figura 4),
que são estruturas sustentadas por D
cabos submetidos à tração.
As estruturas de vetor ativo
também trabalham apenas a esfor-
ços normais, porém, nesse caso, um Figura 5 - Exemplos de sis-
temas de vetor ativo / Fon-
te: Shutterstock, Wikimedia
conjunto de vetores estabilizará o (2018; 2017; 2012, on-line).
esforço solicitante. Essas estruturas
são representadas, principalmente, Descrição da Imagem: a figura mostra diversas estuturas de forma ativa.
Temos a Casa do Comércio em Salvador, em que temos treliças vermelhas
pelas treliças e suas variedades de em balanço se apoiando nos núcleos centrais de concreto do edifício.
Temos os pilares do aerporpoto de Frankfurt, o qual tem ramificações, imi-
composição, as barras retas e as ró- tando uma árvore. Temos a Ponte dos Deuses, que é formada por treliças
com altura variáveil sobre um grande rio. Por fim, temos o aeroporto de
tulas nas extremidades provocam Kansai, o qual tem uma estrutura tubular treliçada na fachada.
apenas esforços de compressão/

216
UNIDADE 8

tração. Na Figura 5, temos a Casa do Comércio, em Salvador, na Bahia, cuja estrutura do pavimento é
uma treliça biapoiada com balanços; temos a Ponte dos Deuses, que é uma ponte cantiléver treliçada.
Temos, também, o aeroporto de Stuttgart, cujo pilar tem ramificações e se assemelha a uma árvore; e
o aeroporto de Kansai, com uma treliça espacial.
O sistema de massa ativa é o mais utilizados em estruturas e, também, é o mais desen-
volvido em termos de técnicas, justamente pelo seu amplo uso. Basicamente, a grande maio-
ria dos edifícios e das residências, cuja solução estrutural seja reticulada, trabalha com o
sistema de massa ativa. Utiliza-se uma estrutura robusta, capaz de vencer os esforços traba-
lhando por flexão. Como exemplos, listamos o MASP, a Ponte Rio-Niterói e o Hospital Sara
Kubsticheck, ilustrados na Figura 6.

A B

C D

Figura 6 – Exemplos de sistemas de massa ativa


Fonte: Wikimedia Commons (2009b, on-line), Shutterstock, Reis ([2021], on-line) e Senado Federal (2015, on-line).

Descrição da Imagem: a figura mostra diversas estuturas de forma ativa. Temos o MASP, o qual tem uma viga de concreto de
seção vazada, pintada de vermelho, a qual suspende o restante do edifício. À direita, temos vigas de seção caixão, as quais são
comparadas com ossos pneumáticos, os quais têm a seção vazada. Temos a Ponte Rio-Niterói, a qual tem uma variação de seção
ao longo do vão. Por fim, temos o Hospital Sarah Kubistcheck, o qual tem vigas vierendel como solução estrutural.

217
UNICESUMAR

Uma das dificuldades desse sistema


é que, com o aumento dos vãos, fa-
zem-se necessárias seções com maior A
inércia, o que implica em seções
com pesos maiores. Como se pode
perceber, para vãos muito grandes,
a estrutura fica muito pesada e in-
viável. Rebbelo (2000) aponta que
os(as) engenheiros(as) se inspiraram
nas estruturas presentes na natureza
para resolver esse problema. A ideia B
é copiar a estrutura óssea dos pás-
saros, que têm ossos pneumáticos,
ou seja, são ossos com vazios inter-
nos, justamente para aliviar o peso
e permitir que o animal voe (Figura
6.). Nesse sentido, as estruturas de
grandes vãos são construídas com
“vazios internos” que otimizam o uso C
do material a um peso próprio muito
menor, são chamadas de seções cai-
xão. A Ponte Rio-Niterói e as vigas
de cobertura do MASP foram cons-
truídas com caixão perdido. Uma
das vantagens da seção caixão é a sua
grande resistência à torção, situação
muito presente em viadutos curvos.
Os sistemas de superfície ativa D
são compostos por placas e membra-
nas, isto é, são elementos de superfí-
cie que estão submetidos majoritaria- Figura 7 – Exemplos de sistemas
de superífice ativa / Fonte: Almeida
mente a esforços axiais. Esse sistema (2013, on-line), Wikimedia Commons
(2019, on-line), Pixabay (2015, on-li-
é uma extensão do sistema de forma ne) e Lulko (2013, on-line).
ativa para o âmbito de superfícies,
aqui, entram as cúpulas, as abóbadas, Descrição da Imagem: a figura mostra diversas estuturas de superfície
ativa. A figura mostra o Museu do Olho, uma torre construída no formato
as superfícies paraboloides, hiperbó- de um olho. Mostra, também, o Congresso Nacional, com duas torres
verticais idênticas e duas conchas, uma com a abertura para cima, e
licas, membranas de tenso-estruturas, outra com a abertura para baixo. Temos a Ópera de Tenerife, que tem
um formato de arco e casca. Por fim, temos o Palácio dos Esportes, que
os edifícios de alvenaria estrutural de é uma cúpula apoiada em pilares em formato “V”.
paredes de concreto, entre outros.

218
UNIDADE 8

São estruturas autoportantes, cujas superfícies têm um com-


portamento que permite o transporte dos esforços aos apoios.
Temos, como exemplo, a Capela Cistina, o Museu do Olho e as
cúpulas do Congresso Nacional, alguns ilustrados na Figura 7.
Segundo Engel (2001), os sistemas ainda podem ser clas-
sificados quanto à sua destinação, ou seja, se o sistema tem
o objetivo de estruturar um edifício alto, entendemos ele
como um sistema vertical ou do tipo de altura ativa. Se o
sistema tem por objetivo estruturar uma ponte ou alguma
edificação majoritariamente horizontal, referimo-nos a ele
como um sistema horizontal ou vão ativo. Edifícios altos pre-
cisam garantir sua estabilidade contra efeitos horizontais, que
possam provocar algum desaprumo e eventual tombamento
ou colapso da edificação. Por isso, os sistemas verticais de
edifícios altos envolvem uma estrutura de contraventamento.
O contraventamento da edificação pode ser feito por diversas
estratégias, cujo objetivo final é enrijecer a estrutura, travan-
do os pilares e vigas — dentro de deslocamentos aceitáveis.
Na realidade aumentada, acompanhe o exemplo da estru-
tura da estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. É uma
escultura muito bonita no alto do Corcovado, em concreto
armado, mas poucas pessoas imaginam sua estrutura por
dentro. Dentro do Cristo, temos treliças de concreto armado
que são sistemas verticais de vetor ativo, usados para comba-
ter a pressão que os ventos fazem sobre os braços do Cristo!
Em sistemas horizontais, temos várias soluções para pon- REALIDADE
tes, que precisam vencer grandes vãos. Na Figura 8, temos AUMENTADA
diversos tipos de pontes. Observe que eles acabam se ins-
pirando nos sistemas estruturais já citados para estabilizar
a ponte. Por exemplo, as pontes em arco e as pontes pênsis
são sistemas de forma ativa, em que o arco e a catenária do
cabo são as formas mais eficientes de se estruturar a ponte.
As pontes estaiadas são exemplos de sistemas de vetor ativo,
em que os estais, tabuleiro e mastro formam um sistema de
vetores capazes de estabilizar a estrutura. Já as pontes em
vigas retas combatem os esforços por flexão, como um sis-
tema de massa ativa. As pontes em caixão perdido seguem a
mesma ideia, são estruturas de massa ativa, porém, devido
ao trecho em vazio, é uma estrutura mais leve. Sistema Estrutural do Cristo Redentor

219
UNICESUMAR

PONTE PÊNSIL - FORMA ATIVA PONTE ESTAIADA - VETOR ATIVO SEÇÃO CAIXÃO - MASSA ATIVA

Figura 8 - Principais tipos de pontes e seus sistemas Estruturais / Fonte: adaptada de Pexels (2018, on-line) e Wikimedia (2014;
2006b, on-line).

Descrição da Imagem: a figura mostra os principais sitemas estruturais utilizados em pontes. À esquerda, temos a ponte do tipo
pênsil, exemplificada pela ponte Golden Gate; logo abaixo, temos o caminho das forças: estas saem do tabuleiro, sobem pelos
pendurais aos cabos que as transportam aos mastros para, por fim, descerem às fundações. Ao centro, temos o exemplo de
uma ponte estaiada em Teresina; logo abaixo, está ilustrado o caminho das forças: surgem forças de compressão nos tabuleiros
e forças de tração nos estais inclinados, por fim, as cargas descem pela torre às fundações. À direita, temos a Ponte Rio-Niterói,
exemplo de massa ativa, solução de seção caixão, na qual as cargas vão pelo tabuleiro aos pilares à fundação. A figura mostra,
ainda, que o formato do diagrama de momento fletor é espelho da variação de inérica na viga e da catenária da ponte pênsil.

Observe, na Figura 8, que a concepção estrutural busca imitar os esforços solicitantes. Se observarmos a
catenária da ponte pênsil, podemos visualizar que é próxima ao formato do momento fletor solicitante. Da
mesma maneira, a variação da seção na ponte de caixão perdido é parecida com o diagrama de momento
fletor espelhado. Essa concepção procura otimizar o uso do material e é uma excelente solução estrutural.
O processo de projeto estrutural deve ser padronizado, pois as estruturas precisam ser seguras
para a sociedade, independentemente da subjetividade de quem fez o projeto. Por isso, existem
normas e códigos com recomendações que devem ser seguidas pelos engenheiros. Seguir uma
norma de projeto não necessariamente implica em garantia de segurança, pois existem situações e
efeitos que podem estar omissos. Entretanto, em todos os casos, é importante observar as normas,
pois a não observância de seus critérios implica em insegurança e, em caso de litígio, costuma ser
interpretada como negligência do(a) profissional.

220
UNIDADE 8

Neste podcast, conversaremos um pouco sobre a aplicação des-


ses sistemas estruturais em projeto de estruturas. Entenderemos
como esses conceitos se correlacionam e qual é a importância
deles para os critérios normativos de desempenho e segurança
da estrutura de uma edificação.

No âmbito do projeto estrutural, a norma geral é a ABNT NBR 8681: ações e segurança nas estrutu-
ras: procedimento (ABNT, 2003). Ela estabelece a condições básicas de segurança de uma estrutura, as
verificações a serem empregadas na análise, bem como as ações atuantes sobre cada tipo de edificação.
Consideram-se ações permanentes aquelas que atuam na maior parte da vida útil da estrutura com
valores constantes ou praticamente constantes, são efeitos que agirão sobre a estrutura, praticamente,
sempre. O peso próprio dos elementos estruturais (Figura 9a) é o principal exemplo, esse carregamento
sempre agirá, pois se dá em função dos próprios elementos estruturais. O peso dos revestimentos e
elementos construtivos permanentes, empuxos de solo não removíveis, peso de equipamentos são
exemplos de ações permanentes diretas. As cargas de protensão, recalques de fundação e retrações na
estrutura são consideradas ações permanentes indiretas.

A B C

Figura 9 – Exemplo de ações em estruturas: (a) Ação permanente: peso próprio de uma aduela seção caixão; (b) Ação variável:
vento em uma árvore, e (c) Ação exepcional: incêndio do edificio Joelma / Fonte: Figuras (a) e (b) - Shutterstock e Figura (c) -
Wikipedia (2017, on-line).

Descrição da Imagem: a figura mostra exemplos de ações em estrutras. Temos o içamento de uma duela de concreto, eviden-
ciando o peso próprio. Temos uma árvore retorcida pelo vento, evidenciando a força do vento, uma ação variável. E o incêndio
no Edifício Joelma, evidenciando uma ação excepcional.

221
UNICESUMAR

Já as ações variáveis são aquelas cuja ocorrência e intensidade têm grande variabilidade. São
exemplos a pressão oriunda do vento (Figura 9b), as forças devido à movimentação de veículos,
o mobiliário e uso do ambiente pelos habitantes, as vibrações causadas por equipamentos, a
dilatação e contração causadas pela variação de temperatura. As ações acidentais são as ações
variáveis que atuam nas construções em função de seu uso.
As ações excepcionais são aquelas que não são decorrentes do uso normal da edificação,
mas sim de situações não convencionais, excepcionais, de baixa probabilidade de ocorrência,
tais como uma explosão, um incêndio (Figura 9c), uma colisão. A estrutura projetada precisa
ter certo nível de segurança em relação a essa situação, mas, por ser uma situação improvável de
ocorrer, os fatores de ponderação serão diferentes para esses efeitos.
O levantamento das cargas das ações atuantes em estruturas faz parte do processo de análise estru-
tural e também precisa de certo nível de padronização. Considere a Figura 10. A partir dela, surgem
certos questionamentos: qual é o peso de cada pessoa? Qual é a lotação máxima do ambiente? Quantas
pessoas em média por m² estariam nesse ambiente? E a mobília, quanto pesa?

A B

Figura 10 – Ações acidentais em um escritório

Descrição da Imagem: a figura mostra pessoas conversando em um escritório ao redor de uma mesa de reunião. Ao
fundo, uma janela de grande abertura. À direita, temos a mesma figura com indicação dos carregamentos em função
das pessoas que usam o ambiente.

Perceba que responder essas perguntas é um pouco difícil, justamente por existir uma variação nos
carregamentos e certa subjetividade na escolha de um valor de carregamento equivalente. Por isso, ao
se projetar estruturas, deve-se seguir as recomendações da ABNT NBR 6120: ações para o cálculo
de estruturas de edificações (ABNT, 2019), que trata exatamente das cargas a serem consideradas.

222
UNIDADE 8

Nesse caso (Figura 10), um escritório, conforme a Tabela 10 da norma (ABNT, 2019), deve-se usar 3,0
kN/m² referente à sobrecarga de utilização.
Outra situação importante é o caso do projeto de pontes, em que as cargas são móveis e tran-
sitam sobre a estrutura. É importante, então, escolher um conjunto de forças que representem os
veículos, os quais transitarão sobre a ponte. No Brasil, deve-se seguir a ABNT NBR 7188: carga
móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestre (ABNT, 1982) e a ABNT NBR 7189: cargas
móveis para projeto estrutural de obras ferroviárias (ABNT, 1985). Essas normas visam padronizar
o uso dos carregamentos para que diferentes engenheiros(as), de diferentes formações, possam
obter níveis de segurança semelhantes em seus projetos.
Outra ação importante no projeto e dimensionamento de estruturas é a ação do vento (Figura 9b).
O vento, ao transitar próximo a uma estrutura, implica-lhe uma pressão que pode ser tanto de sucção
quanto de sobrepressão. Essa pressão depende da altura em que se faz a análise, das condições de vizi-
nhança do edifício, da velocidade dos ventos da região onde será construída a edificação. Além disso,
existem outros fatores que influenciam, como a rugosidade da superfície, a aerodinâmica do edifício
e podemos ter efeitos dinâmicos na estrutura. Ou seja, estimar o valor real desse carregamento é uma
tarefa complexa que demanda certas análises experimentais. Nesse sentido, após muitas pesquisas,
elaborou-se a ABNT NBR 6123: forças devida ao vento em edificações (ABNT, 1988), a qual
serve de base para a estimativa do carregamento do vento nas edificações. Essa norma deve sempre
ser consultada para avaliar os efeitos do vento nas edificações, ela cobre grande parte da geometria
de nossas construções, mas podem existir certas situações em que não seja possível utilizá-la, sendo
necessário fazer algum ensaio para entender o comportamento do edifício mediante ação do vento.
De posse dos carregamentos oriundos das ações sobre a estrutura, a próxima etapa é a análise estru-
tural. Nesse ponto, surgem questionamentos sobre em quais situações a estrutura deverá ser analisada.
Ao fazer o projeto de uma estrutura, devemos imaginar as situações a que ela poderá estar submetida
durante sua vida útil, considerando todas as ações pertinentes. Essencialmente, procuramos simular
situações extremas — situações de ruína ou de inutilização da edificação — para garantir, com certo
nível de segurança, uma distância saudável dessas condições.
Essas situações limites são os estados limites últimos (ELU), referentes à ruína e ao colapso estru-
tural, e os estados limites de serviço (ELS), referentes à inutilização da edificação, seja por vibrações,
deformações ou até mesmo danos excessivos. Na avaliação do estado limite último, procuramos
determinar a ruptura, prever o colapso dos elementos estruturais e, então, estabelece-se um valor de
carregamento, o qual seria considerado seguro. Já na avaliação do estado limite de serviço, avaliamos
situações nas quais a estrutura ainda ficaria estável, porém perderia suas funcionalidades por ter
deformações excessivas, pela dificuldade em movimentar as esquadrias, vibrações ou recalques. Da
mesma maneira, estabelece-se um valor de deslocamento limite aceitável.
Essa diferença entre o esforço solicitante e o resistido, entre a deformação estrutural e a de-
formação limite engloba o conceito de segurança. Ao projetarmos uma estrutura, sempre se faz
necessária uma margem de segurança, pois existem incertezas nas ações e resistências, imprecisões
nos modelos de cálculo, e podemos ter falhas construtivas.

223
UNICESUMAR

Outro aspecto a ser levado em consideração é a variabilidade,


tanto das resistências quanto das solicitações. Se tomarmos
uma estrutura de um edifício de múltiplos pavimentos, a
resistência do concreto em cada ponto será diferente. Da
mesma maneira, se tomarmos um conjunto de pessoas que
frequentam um museu, teremos diferentes medidas de peso
para cada pessoa. Ou seja, os valores têm certa variabilidade
e, portanto, demandam uma análise estatística.
Para simplificar esse problema, usamos uma aborda-
gem semiprobabilística, na qual, ao invés de analisarmos
a probabilidade de ocorrer determinado evento, usamos
um valor com uma determinada probabilidade de ocorrer
o evento. Por exemplo, ao invés de calcularmos a proba-
bilidade de os veículos pesarem mais do que os valores
considerados em projeto, escolheremos os valores tais
quais sua probabilidade de ocorrência seja conhecida e
aceitável. Para isso, utilizamos, então, os valores caracte-
rísticos, que são aqueles cuja probabilidade de não serem
ultrapassados é de 95%, ou seja, apenas 5% dos valores
serão maiores e ultrapassarão os valores característicos.
Para entender melhor esse cenário, pensaremos na
resistência do concreto moldado in loco da Figura 11.
Não é possível saber a resistência de cada um dos pontos
da estrutura de concreto, é simplesmente inviável. Por
isso, faz-se uma amostragem e, durante a concretagem
da estrutura, são moldados corpos de prova (CP). Esses
CPs serão submetidos ao ensaio de compressão simples
após os 28 dias de cura. Suponhamos que sejam feitos 20
CPs, cada um deles teria um valor de resistência diferente.
Como escolheremos um valor de resistência com
base nesses 20 CPs que possa representar a estrutura
com certa segurança? Se escolhermos a média, existe
50% de chance de termos valores de resistência me-
nores (ou maiores). Por isso, o ideal é considerar no
projeto um valor de resistência inferior, no qual a gran-
de maioria dos valores seja superior. O valor usado é
chamado de característico e tem 95% de chance de os
valores de resistência serem superiores a ele.

224
UNIDADE 8

Figura 11 – Abordagem semiprobabilística na aplicação do método dos fatores de segurança parciais / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra a distribuição normal de frequência das resistências e das solicitações. Acima,
temos a curva das resistências e uma figura de corpos de prova de concreto, evidenciando que há diferentes valores de
resistência para cada corpo de prova. Na curva, representa-se a a resistência característica, valor que, em 95% dos casos,
a resistência será maior. Ao centro, temos a distribuição normal de frequência das solicitações e, à direta, temos ícones
representando diferentes tipos de móveis, mostrando a variabildiade nas solicitações. Na curva, está indicada a solicitação
característica, valor que, em 95% dos casos, a solicitação será menor. Temos, abaixo, a sobreposição de ambas as curvas,
indicando que os valores caracteristicos de resistências devem ser reduzidos por fatores gama m e, ainda assim, devem
ser superiores às solicitações características majoradas por gama f.

225
UNICESUMAR

Esse exemplo é análogo para a solicitação, em que o valor característico representa uma probabilidade
de ser maior que os demais em 95% dos casos (Figura 11). Lembrando que, no caso da solicitação, se
essa for de intensidade menor do que a considerada no projeto, estaremos a favor da segurança.
A ruptura da estrutura ocorreria nas situações em que a curva das solicitações for maior que a
curva de resistências, ou seja, a probabilidade dessa ocorrência corresponde à intersecção de ambos
os gráficos. Para evitar essa ocorrência, adicionamos fatores de segurança parciais, minorando
a resistência característica e majorando a solicitação característica para obtenção dos valores de
cálculo/projeto. Esse processo é interessante pois permite um tratamento mais específico para o
coeficiente de ponderação de cada material e solicitação. Especialmente porque, pelos materiais
serem diferentes, eles precisam de coeficientes diferentes, assim como as ações solicitantes. No
fim, basta garantir que a solicitação de cálculo seja menor ou igual à resistência de projeto.
Os coeficientes de majoração das cargas podem ser obtidos pela consulta à ABNT NBR 8681
(2003), enquanto os coeficientes de minoração das resistências são obtidos nas normas específicas
de cada material. Além dos conceitos já observados, é necessário avaliar a possibilidade de simul-
taneidade das ações, isto é, quais as ações poderão agir sobre a estrutura simultaneamente. Para
entender melhor, observe o reservatório de água da Figura 12: quais as ações que podem ocorrer
sobre essa estrutura? De início, temos ações permanentes relativas ao peso próprio da estrutura, ações
variáveis referentes ao armazenamento de água, efeitos relativos ao vento, que inclusive podem se
inverter. Agora, pode existir uma situação em que ocorra o vento e o reservatório esteja cheio? E uma
situação em que vente, mas o reservatório esteja vazio? Qual delas é mais desfavorável à estrutura?

Figura 12 – Reservatório de água em concreto armado

Descrição da Imagem: a figura mostra um reser-


vatório elevado cílindrico, construído em concreto
armado para reservar água.

226
UNIDADE 8

Para resolver essa situação, fazemos uma análise na qual combinamos as ações que podem
atuar simultaneamente sobre a estrutura. No caso das ações combinadas, a ABNT NBR
8186 (2003) estipula coeficientes específicos conforme o tipo de combinação que se procura
representar. Temos três tipos de combinações para estado limite último e três para estado
limite de serviço:
• Combinações últimas normais.
• Combinações últimas especiais ou de construção.
• Combinações últimas excepcionais.
• Combinações quase permanentes de serviço.
• Combinações frequentes de serviço.
• Combinações raras de serviço.

A combinação última normal se refere a situações em que a estrutura estará submetida a


condições convencionais. Nessa combinação, são agregadas as cargas permanentes e cargas
variáveis normais, isto é, aquelas que têm uma probabilidade grande de ocorrência. A ob-
tenção da solicitação de projeto/cálculo é dada pela expressão , conforme ABNT NBR 8681
(2003), item 5.1.3.1:

Fd ,ELU −CUN = Σγgi .Fgi,k + γq [Fq 1,k + Σψ0, j .Fqj ,k ] (1.1)

Em que:

• Fd ,ELU -CUN é a solicitação de cálculo no estado limite último, considerando a combi-


nação última normal.
• ggi é o coeficiente de ponderação das ações permanentes, obtido na Tabela 1 da norma.
• Fgi,k são os valores das ações permanentes.
• gq é o coeficiente de ponderação das ações variáveis, obtido na Tabela 4 da norma.
• Fq 1,k é a ação variável principal.
• y0,j é o coeficiente de redução das ações variáveis secundárias, obtido na Tabela 6
da norma.
• Fqj ,k são as ações variáveis secundárias.

A combinação frequente de serviço é utilizada para situações em que as cargas atuarão na


maioria das situações. Nessa combinação, inserimos as ações permanentes e uma parcela
reduzida das ações variáveis, correspondentes ao percentual frequente e quase permanente.
A obtenção da solicitação de projeto/cálculo é dada pela expressão , conforme ABNT NBR
8681 (2003), item 5.1.5.2:
(1.2)
Fd ,ELS −FREQ = ΣFgi,k + y1Fq 1,k + Σy2, j .Fqj ,k

227
UNICESUMAR

Em que:

• Fd ,ELS -FREQ é a solicitação de cálculo no estado limite de serviço considerando a combinação


frequente de serviço.
• Fgi,k são os valores das ações permanentes.
• y1 é o coeficiente de redução da ação variável principal para o valor frequente, obtido na Tabela
6 da norma.
• Fq 1,k é o valor da ação variável principal.
• y2,j é o coeficiente de redução das ações variáveis para o valor quase permanente, obtido na
Tabela 6 da norma.
• Fqj ,k são as ações variáveis secundárias.

Esses coeficientes estão ilustrados na Tabela 1, no entanto, para as demais combinações e para uma
avaliação e um entendimento mais completo da situação, é importante consultar e aprender a manusear
a ABNT NBR 8681 (2003). Na norma, também estão listadas as demais combinações e especificidades
que podem ser necessárias a determinados projetos. A leitura deste material não dispensa a consulta
à referência normativa, bem como a consulta às normas específicas de cada material.

Ações permanentes consideradas separadamente —


Extraídas da Tabela 1 da ABNT NBR 8681

Efeito
Comb. Tipo de ação Desfa- Favorá-
vorável vel

Peso próprio de estruturas metálicas 1,25 1,00

Peso próprio de estruturas pré-moldadas 1,30 1,00

Peso próprio de estruturas moldadas no local 1,35 1,00


Nor- Elementos construtivos industrializados (paredes e fachadas pré-
mal 1,35 1,00
-moldadas, gesso acartonado)

Elementos construtivos industrializados com adições in loco 1,40 1,00

Elementos construtivos em geral e equipamentos (paredes de


1,50 1,00
alvenaria e seus revestimentos, contrapisos)

228
UNIDADE 8

Ações variáveis consideradas separadamente —


Extraídas da Tabela 4 da ABNT NBR 8681

Efeito
Tipo de ação
Comb. Desfa- Favorá-
Desfavorável
vorável vel

Ações truncadas (cujo valor máximo é limitado por um dispositivo


1,20 0,00
físico, ex.: reservatórios)
Nor- Efeitos de temperatura (dilatação, contração) 1,20 0,00
mal
Ação do vento 1,40 0,00

Ações variáveis em geral 1,50 0,00

Valores dos fatores de combinação (ψ0) e de redução (ψ1 e ψ2) para as ações
variáveis — Extraídos da Tabela 6 da ABNT NBR 8681

Tipo de ação ψ0 ψ1 ψ2

Locais que não há predominância de pesos e equi-


0,5 0,4 0,3
Cargas pamentos fixos, nem muitas pessoas
aci-
Locais que há predominância de pesos e equipa-
den- 0,7 0,6 0,4
mentos fixos ou muitas pessoas
tais
Bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6

Vento Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral 0,6 0,3 0

Variações uniformes de temperatura em relação à


Temp. 0,6 0,5 0,3
média anual local

Passarelas de pedestres 0,6 0,4 0,3


Cargas
Mó- Pontes rodoviárias 0,7 0,5 0,3
veis
Pontes ferroviárias não especializadas 0,8 0,7 0,5

Tabela 1 – Coeficientes de ponderação para combinações das ações. / Fonte: adaptada de ABNT (2003).

229
UNICESUMAR

Que tal aplicar valores numéricos ao exemplo do reservatório e tentarmos calcular quais se-
riam os esforços de cálculo? Os pilares desse reservatório ficam submetidos à compressão
de N pp = 320kN , referente ao peso próprio. Com relação à água, temos uma compressão de
N água = 120kN e, com relação ao vento, um esforço que pode ser de tração ou de compressão
de N vento = ±80kN . Consultando as Tabelas 4 e 6 da ABNT NBR 8681 (2003) e considerando a
água como variável principal, temos:

Fd = Σγgi .Fgi,k + γq [Fq 1,k + Σψ0, j .Fqj ,k ]


(1.3)
Fd = 1, 35.320 + 1, 2.120 + 1, 4..0, 6.80 = 643, 2kN

Consultando as Tabelas 4 e 6 da ABNT NBR 8681 (2003) e considerando o vento como variável
principal, temos:

Fd = 1, 35.320 + 1, 4.80 + 1, 2.0, 80.120 = 659, 2kN (1.4)

Dessa maneira, o valor crítico de compressão é 659,2 kN. O valor crítico de tração ocorreria
com reservatório vazio juntamente com vento atuante. Percebe-se que não chega a inverter
o esforço solicitante.

Fd = 1, 0.320 + 1, 40. − 80 + 0 = 208kN (1.5)

Além das normas citadas, o projeto estrutural dependerá das normas específicas de cada material,
pois cada um tem suas próprias características que influenciarão no projeto e na técnica executiva
empregada. Nesta disciplina, abordamos apenas a parte referente à análise estrutural, os conceitos
de dimensionamento serão vistos em disciplinas específicas para esses materiais. Então, para cada
material, o(a) engenheiro(a) deverá consultar a norma específica referente àquela estrutura. Entre as
normas vigentes, citam-se as principais:

• ABNT NBR 15575-2: edificações habitacionais: desempenho — Parte 2: requisitos para os siste-
mas estruturais.
• ABNT NBR 6122: projeto e execução de fundações.
• ABNT NBR 6118: projeto de estruturas de concreto: procedimento.
• ABNT NBR 8800: projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios.
• ABNT NBR 14762: dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio.
• ABNT NBR 7190: Projeto de estruturas de madeira.
• ABNT NBR 7187: Projeto de pontes de concreto armado e de concreto protendido

230
UNIDADE 8

De posse desses conceitos, fica mais fácil ajudar seu avô Getúlio na construção da ponte. Você já conheceu
os principais sistemas estruturais utilizados e sabe em quais situações cada um deles se adapta melhor.
Entendeu um pouco sobre a importância de garantir as condições mínimas de segurança em uma estru-
tura. Conheceu a filosofia de projeto, as verificações usadas nos estados limites últimos e de serviço e a
importância das referências normativas. Pode consultar as normas para tentar levantar o carregamento
a ser colocado na análise da ponte. Contudo, claro, como você está aprendendo, é importante consultar
um(a) engenheiro(a) que possa lhe acompanhar nos processos, validando suas considerações.

Os fundamentos do projeto estrutural envolvem conceitos muito


interessantes e que são extremamente importantes para a forma-
ção de um(a) engenheiro(a). Uma das maneiras mais interessantes
de aprender é se inspirar em grandes obras da engenharia. Muitas
estruturas icônicas têm sistemas estruturais relativamente simples
e de fácil entendimento, evidenciando a genialidade de seus auto-
res. Nesta pílula, mostraremos algumas obras icônicas e as soluções
estruturais empregadas. Espero que você goste e que inspire seus
futuros projetos.

O entendimento desses conceitos é fundamental para o projeto da estrutura de uma edificação. O(A)
engenheiro(a) deve ser capaz de entender e aplicar os conceitos de cada sistema estrutural, em muitas
situações, isso pode conduzi-lo(a) a concepções mais econômicas. O uso de uma seção caixão, uma
viga vierendel ou viga vagonada é apenas um exemplo de situações em que é possível explorar o ma-
terial de maneira mais eficiente.
Além disso, o dia a dia de um(a) engenheiro(a) envolve seguir diversos critérios normativos, e,
por isso, você precisa conhecê-los e entender por que os seguir. As estruturas precisam ter mínimos
padrões de cálculo executivos que precisam ser seguidos para garantir à sociedade que todas as estru-
turas tenham um mínimo nível de segurança e confiabilidade.
O levantamento dos carregamentos atuantes sobre as estruturas é de extrema importância e pre-
cisa seguir as recomendações normativas, pois ele balizará as análises estruturais no dia a dia de um
escritório. Por isso, é importante saber aplicar corretamente as normas e obter os valores corretos de
sobrecarga de utilização conforme o uso da edificação, pois é razoável que restaurantes, escolas, escri-
tórios e residências tenham diferentes usos e, portanto, diferentes carregamentos.
Tratando-se de edifícios altos e estruturas muito leves, a ação do vento tem efeitos significativos
sobre a edificação e, portanto, precisa ser considerada. Por isso, é importante fazer o levantamento dos
carregamentos causados pela pressão dinâmica do vento. Coberturas metálicas de quadras, barracões
e indústrias são tão leves que o efeito do vento pode inverter o esforço solicitante.
Nesse sentido, um bom projeto e, por consequência, uma obra segura e econômica só pode ser atin-
gida mediante a observância dos critérios normativos e do entendimento do comportamento estrutural.

231
Nesta unidade, vimos os principais sistemas estruturais e contemplamos algumas de suas apli-
cações. O sistema de forma ativa, por exemplo, corresponde a uma solução estrutural na qual a
forma da estrutura conduzirá os carregamentos aos apoios, como, por exemplo, os cabos e arcos.
Já o sistema de vetor ativo é composto majoritariamente pelas treliças, a solução estrutural é um
conjunto de vetores que são capazes de transmitir os esforços às fundações.
O sistema de massa ativa é o mais comum nas estruturas usuais, nele, os esforços são resistidos
por um sistema robusto, com inércia suficiente para combater o momento fletor. Existem diversos
exemplos e soluções que podem ser utilizadas em sistemas de massa ativa. Vimos como o uso de
seções caixão, o uso de vigas vierendel e vigas I de seção variável podem aumentar a eficiência es-
trutural desse sistema e como os engenheiros se inspiraram na natureza para chegar a tais soluções
estruturais. Esse é um dos principais sistemas e precisa ser muito bem entendido e compreendido.
Você também aprendeu um pouco sobre os critérios básicos de segurança empregados em um
projeto, conheceu alguns critérios das normas mais importantes no dimensionamento de estruturas.
Não se esqueça delas, elas são padronizações importantes para a garantia da qualidade da estrutura.
É importante entender esses conceitos e reter os conhecimentos aqui relacionados. Caso você
tenha dificuldades, sugiro investir algum tempo para estudar e compreender os fundamentos do
projeto estrutural. Considero esses conceitos essenciais na formação de um engenheiro, princi-
palmente, aqueles que não pretendem trabalhar com estruturas, pois é necessário entender o
processo e as bases conceituais de uma estrutura.
Para ajudar no entendimento do assunto, proponho que você construa um mapa mental. Tente
fazê-lo com os conceitos que lembrar da unidade, sem consultar o livro nesta etapa. Na sequência,
consulte o livro e tente resgatar conceitos dos quais você não se lembrava. O mapa mental é uma
ferramenta didática muito interessante que pode funcionar como um resumo esquemático. Procure
registrar os detalhes que você julgar importante, relembre as obras que são exemplos, quais são as
normas pertinentes, quais as ações envolvidas, para retornar e consultá-lo quando sentir necessidade.

232
233
1. Uma das etapas da análise e do projeto de uma estrutura é o levantamento do carre-
gamento, isto é, o(a) engenheiro(a) avalia o uso da edificação, bem como quais ações
poderão atuar sobre a estrutura durante sua vida útil para que ela esteja segura. Nesse
processo, é fundamental entender a natureza das ações para avaliar seu carregamen-
to. Sabendo disso, pede-se para assinalar um exemplo de ação permanente em um
reservatório de água:
a) Ação do vento.
b) Recalques de fundação.
c) Golpe de aríete da bomba na tubulação.
d) O peso próprio da água no reservatório.
e) Dilatação térmica devido aos dias quentes.

2. É muito comum que, no projeto estrutural, apareçam conflitos com a arquitetura du-
rante a fase de concepção. Nesse sentido, o projeto estrutural deve sempre procurar
respeitar o arquitetônico, mas existem situações em que isso não é possível e que
pode ser necessário fazer alterações na arquitetura. Imagine que você está diante da
seguinte situação: ao trabalhar na concepção da estrutura de uma residência, percebeu
que não há espaço suficiente para um dos pilares (Figura 1). Se você fizer o pilar na
vertical, será necessário diminuir a esquadria do segundo pavimento. Se posicionar o
pilar na horizontal, será necessário ter um ressalto com relação à parede no pavimento
inferior. O pilar não pode ser quadrado por motivos de insuficiência estrutural.

Figura 1 – Concepção estrutural: pilar maior do que o espaço reservado pela arquitetura. / Fonte: o autor.

234
Como você se portaria?
a) Posicionaria o pilar no sentido vertical, pois é o que provoca o menor impacto na ar-
quitetura. A mudança no tamanho da esquadria é quase desprezível.
b) Posicionaria o pilar no sentido horizontal, pois não seria necessário alterar a arquitetura,
e o ressalto na parede pode ser facilmente escondido com algum móvel ou detalhe
de arquitetura de interiores.
c) Faria uma variação da seção transversal no pilar. No pavimento inferior, ele ficaria na
vertical e, no pavimento superior, seria posicionado na horizontal. Essa situação não
traz nenhum prejuízo à estrutura.
d) Colocaria o(a) arquiteto(a) responsável a par da situação, já apresentando para ele(a)
as possíveis soluções. Ele(a) deve escolher o que seria melhor para o projeto. O ideal
seria marcar uma reunião e registrar a solução adotada.
e) Nenhuma das alternativas anteriores se encaixa na solução do problema.

3. Considere um pórtico referente ao projeto de um barracão em concreto armado mol-


dado in loco, onde não há concentração de pessoas ou pesos fixos. Sabendo que os
pilares estão submetidos a um esforço de compressão de Npp = 50 kN relativo ao peso
próprio, um esforço de vento de Nv (90) = +40 kN e Nv (-90) = -65 kN e um esforço re-
lativo à sobrecarga acidental de Nsc = 32 kN. Assinale a alternativa que apresenta os
valores máximos de compressão (+) e tração (-) a serem usados no dimensionamento
desse pilar (combinações últimas normais).
a) 149,1 kN; -141,0 kN.
b) 41,0 kN; -137,2 kN.
c) 152,3 kN; -41,0 kN.
d) 124,5 kN; -32,5 kN.
e) 149,1 kN; 152,3 kN.

4. O emprego adequado dos sistemas estruturais traz uma grande economia à edificação.
Para isso, o(a) engenheiro(a) precisa conhecer muito bem os sistemas e conseguir as-
similar seu comportamento. Pesquise sobre a estruturação das edificações a seguir e
assinale a alternativa que apresenta um sistema estrutural do tipo massa ativa.
a) Ponte da Amizade (BR/PY).
b) Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia.
c) Cobertura Tensionada Hebraica.
d) Ponte Pênsil Golden Gate.
e) Casa do Comércio (SESC/BA).

235
5. Segundo Engel (2001), as estruturas de forma ativa distribuem as cargas por esforços de
tração em cabos e compressão em arcos em função do formato próximo ao caminho
das forças. O uso desse sistema estrutural tem algumas vantagens e desvantagens.
Assinale a alternativa que apresenta uma vantagem:
a) Elementos trabalham a tração e compressão, possuindo alta eficiência estrutural e
menores deformações.
b) Grandes esforços horizontais nos apoios, difíceis de serem ancorados.
c) Por serem estruturas leves, ficam sujeitas a ações do vento, podendo sofrer com
processos de vibração.
d) Utilizam-se de esforços de flexão para vencer vãos horizontais.
e) São sistemas de peso próprio elevado que se tornam inviáveis para grandes vãos.

6. Uma das maneiras de se aprender sobre os sistemas estruturais é avaliar edificações


já construídas, procurando compreender seu comportamento e quais soluções foram
adotadas pelo(a) engenheiro(a) e arquiteto(a). Não sei se você já parou para observar
as estruturas à sua volta, pensar em seu comportamento estrutural, suas ligações, seus
esforços etc. Para ajudar no entendimento do emprego de estruturas, sugiro que você
faça uma pesquisa sobre uma estrutura icônica da Arquitetura ou Engenharia de sua
escolha. Aproveite para entender a importância da obra e apresentar seu comporta-
mento estrutural, o caminho das forças e classificar o sistema estrutural.
a) Escolha a obra, caracterizando-a em relação às suas dimensões e à sua importância.
Se possível, selecione e imprima uma foto.
b) Classifique o sistema estrutural, descrevendo seu comportamento, principais esforços e
o caminho das forças. Se possível, faça um croqui ou esquema ilustrativo, desenhando
sobre a foto.

236
9
Cargas Móveis
em Estruturas
Me. Gabriel Trindade Caviglione

Nesta unidade, aprenderemos sobre a análise e o comportamento


de estruturas hiperestáticas e isostáticas submetidas a carrega-
mentos móveis. Você aprenderá a traçar as linhas de influência
de determinado esforço sobre a estrutura e como determinar os
valores máximos e mínimos desses esforços atuantes nela. Veremos
o conceito de envoltória de esforços, região que engloba a variação
dos esforços atuantes na estrutura durante sua vida útil. O correto
entendimento desses conceitos lhe permitirá avaliar o comporta-
mento de pontes e estruturas submetidas a carregamentos móveis.
O objetivo é ter uma visão ampla do comportamento estrutural
mediante essas cargas para fazer a análise estrutural.
UNICESUMAR

Você já se perguntou quais considerações e peculiaridades estão relacionadas


ao projeto de uma ponte? Como é feita a análise estrutural de um viaduto
com um caminhão passando a 100 km/h sobre ela? Quais aspectos são di-
ferentes das análises estáticas? Quais são semelhantes? Quais considerações
podemos fazer para analisar uma estrutura submetida a um carregamento
móvel com segurança?
Repare que, na realidade, todas as estruturas estão submetidas a cargas
móveis. Quando um aluno transita sobre a laje de uma escola, a análise
estrutural é como uma carga móvel. Em vez de imaginarmos todos os
possíveis trajetos de cada usuário da edificação, por simplificação, tra-
tamos com uma sobrecarga de utilização por m². Em outras palavras, os
conceitos relacionados às cargas móveis são extremamente úteis em uma
vasta gama de estruturas, embora sejam associados, principalmente, a
pontes e ferrovias. Nessas estruturas, fica evidente a necessidade dessa
análise, pois a função da edificação é permitir a movimentação das cargas.
Para podermos responder essas perguntas e entender melhor esse
problema, quero convidá-lo a se imaginar em uma situação hipotética.
Considere que você está trabalhando em uma empresa de pré-fabricados
que quer expandir sua produção com um pórtico rolante (Figura 1).

Figura 1 – Ponte rolante na


fábrica de pré-fabricados

Figura 1 – Ponte rolante na fábrica de pré-fabricados

Descrição da Imagem: a figura mostra um pórtico de uma ponte rolante. Ao fundo, vemos
barracões na cor verde.

238
UNIDADE 9

O pórtico rolante será usado para transportar materiais na área externa da fábrica e, por isso, deve
aumentar a produtividade da empresa, já que, hoje, o transporte é feito com o caminhão Munck.
Diante desse cenário, seu chefe, Reginaldo, precisa de uma avaliação da viabilidade financeira do
empreendimento. Ele lhe pede que faça uma análise do comportamento do pórtico, considerando
que esta é uma carga móvel, para saber se há a necessidade de alguma estrutura de fundação e seus
eventuais impactos financeiros. Você deve, então, entender o problema e avaliar quais esforços estariam
agindo sobre as vigas e pilares. Posteriormente, poderá fazer uma estimativa de custo de instalação
da ponte rolante.
Neste ponto, surgem diversos questionamentos sobre o comportamento da estrutura mediante
essa carga móvel. Por exemplo, qual é a velocidade de movimentação das cargas, como ela influencia
as análises estruturais? Qual a posição do trem de içamento é mais crítica para a viga, para os pilares,
para o momento fletor, para o esforço cortante? O cabo deve impor esforços horizontais à viga? E a
frenagem ou aceleração do trem? Como podemos fazer todas essas análises de maneira prática e rápida,
sem nos envolver em cálculos desnecessários?
Ciente de que essas perguntas não são tão simples para serem resolvidas, você decide estudar um
pouco o assunto para poder ajudar o seu chefe. Você deve resolver cada um dos problemas propostos
pelas perguntas citadas para poder fazer uma avaliação de viabilidade técnico-econômica.
Nesse sentido, convido você a procurar as respostas para esses questionamentos com base em seus
conhecimentos já adquiridos. Aponte como considerar esse carregamento: ele pode ser pontual ou
deve ser distribuído? Quais valores considerar de cargas de frenagem e aceleração? A viga pode ser
considerada biapoiada ou está engastada no pilar? E o restante da estrutura?
Uma solução viável seria a análise estática da carga em várias posições da viga, simulando diferen-
tes momentos do movimento, para saber qual é o mais crítico. Podemos até elaborar um gráfico da
influência da posição da carga. Mas e os efeitos dinâmicos, como considerá-los? Será que, em uma
análise mais complexa, essa abordagem seria viável?
Você pode usar o Diário de Bordo para registrar suas considerações referentes a esse problema.

239
UNICESUMAR

Determinar os esforços atuantes em estruturas é um desafio por si só. Veja


a grande quantidade de métodos que você aprendeu nesta disciplina, ape-
nas para descobrir os esforços em estruturas estaticamente indeterminadas.
Agora, imagine tudo isso com uma carga móvel?
Para entender esse processo, primeiro, consideraremos uma viga mais simples,
ilustrada na Figura 2. Temos uma ponte sobre a qual deve transitar um veículo
de cargas P = 30 kN e F = 50kN, distantes entre si por 1,0 m. A viga tem três
apoios, vãos de 4,0 m e balanços de 2,0 m. Conforme o veículo for se movimen-
tando, da esquerda para a direita, teremos diferentes reações de apoio em B, C e
D, diferentes valores de momento fletor e esforços cortantes. Precisamos, então,
entender o comportamento da estrutura para saber qual será a posição crítica
desse carregamento móvel com relação a cada esforço.

Figura 2 – Esquema estático de viga / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra um veículo transitando sobre uma ponte. Acima, temos
a representação estática do problema, a viga ABCDE, com apoios em B, C e D. Balanços AB e DE
de 2,0 m; vãos BC e CD de 4,0 m. No esquema estático, ainda está representada a posição x da
carga F e P; além da seção de análise S, situada no trecho CD.

Antes de iniciar as contas e análises, é sempre importante observar a estrutura com


um olhar atento, a fim de tentar prever seu comportamento. Analisaremos a viga com
relação à seção S. Quando as cargas estão no trecho BC, a reação em D é de tração, e
a viga fica alavancada, portanto, no trecho CD, na seção S, espera-se um momento
fletor negativo. Essa mesma situação se repete quando o carregamento está no trecho
DE, provavelmente, em maior intensidade, provocando momento fletor negativo

240
UNIDADE 9

em CD. Já quando a carga está no trecho CD, temos a presença de momento fletor positivo na seção S.
Quanto às reações de apoio, podemos perceber que a movimentação da carga pode provocar
alguns efeitos de tração nas reações em função do comportamento de alavanca. Por exemplo,
quando o carregamento está posicionado no balanço AB, temos um grande efeito de compressão
— provavelmente, o maior — no apoio B e um efeito de tração em D. Como a viga é simétrica,
esse efeito deve se repetir quando a carga estiver no trecho DE, com intensidade diferente, pois
o carregamento não é simétrico e se movimenta da esquerda para a direita.
Já para o apoio em C, espera-se que o maior valor de compressão ocorra quando o caminhão es-
tiver passando sobre o apoio. Podem surgir esforços de tração quando o veículo estiver nos balanços.
A partir desse entendimento inicial da estrutura, podemos seguir para uma análise aprofunda-
da. Como podemos determinar os esforços atuantes conforme as diferentes posições da carga? A
solução mais simplista é a de fazer a análise em várias posições, isto é, obter as reações, diagramas
de momentos fletores e esforços cortantes para cada situação. Essa abordagem está ilustrada na
Figura 3, para cinco posições diferentes das cargas.

Figura 3 – Esforços internos conforme movimentação da carga / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra o momento fletor atuante na viga conforme cada posição da carga. É possível ob-
servar a influência da variação da posição sobre a seção S analisada. Na posição 1, as cargas F e P se encontram à direita
do apoio AB e provocam um momento positivo em S de 10,2 kNm e um esforço cortante negativo de -8,1 kN. Já na posição
II, a carga se encontra à direita do apoio B, percebem-se valores muito pequenos de momento fletor, registrando-se o valor
negativo de 3,8 kNm de momento sobre S e de 1,80 kN de cortante. Com a carga que está sobre o vão BC, na situação III, o
momento fletor em S é de -14,3kNm e o cortante, de 7,1kN

241
UNICESUMAR

Você conseguiria imaginar um engenheiro aplicando essa abordagem de resolução de uma


estrutura complexa, como uma ponte com várias faixas de tráfego? Acredita que o processo
seja feito dessa maneira?

Embora essa abordagem seja trabalhosa e gere um grande volume de dados para análise, ela permite
entender o comportamento da estrutura de maneira muito clara. Inclusive, podemos observar que as
previsões do comportamento se manifestaram.
As maiores reações de compressão em B e D ocorrem quando a carga está nos balanços AB e DE,
respectivamente, enquanto as reações de tração surgem quando a carga está nos vãos CD e BC, res-
pectivamente. Os momentos fletores positivos na seção S ocorrem quando a carga está sobre o trecho
CD ou quando está no trecho AB, já os momentos fletores negativos ocorrem quando a carga está no
trecho BC ou DE.
Dessa maneira, é possível avaliar a situação e prosseguir ao dimensionamento da estrutura para
o momento fletor da seção que se analisa. Mas será que não seria possível descobrir essas posições
críticas de uma maneira mais prática e objetiva? Sem haver a necessidade de avaliar cinco vezes — ou
mais — a mesma viga?
Se observarmos atentamente os esforços atuantes na seção S, poderemos entender a influência
da posição sobre o momento fletor e esforço cortante da estrutura. A Tabela 1 registra os valores dos
esforços conforme as posições do carregamento. Podemos registrar que o momento fletor máximo
positivo é de 52,1 kNm quando a carga está na posição IV, trecho CD, e que o momento fletor máximo
negativo é de -41,2 kNm quando a carga está na posição V, trecho DE.

POSIÇÃO

ESFORÇO I II III IV V

QS ,esq (kN ) 38,9


-8,1 1,8 7,1 -34,4
QS ,dir (kN ) -11,1

M S (kNm ) 16,2 -3,6 -14,3 52,1 -41,2

Tabela 1 – Esforços internos em função da posição do carregamento / Fonte: o autor.

Semelhantemente, temos o esforço cortante, cujo valor máximo positivo é de 38,9 kN e ocorre quando
a carga está na posição IV, trecho CD. O máximo negativo é de -34,4 kN e ocorre quando a carga está
na posição V, trecho DE. Diante desses valores registrados na Tabela 1, poderíamos traçar um gráfico

242
UNIDADE 9

dos esforços atuantes na seção “S”, conforme a posição da carga varia. Esse gráfico nos permite concluir
qual seria a posição crítica da carga para a análise e o dimensionamento da seção “S”.
Na realidade, essa proposta de se elaborar um gráfico corresponde ao conceito da linha de
influência, com exceção de que, no caso da linha de influência, os valores das ordenadas são
adimensionais. Segundo Sussekind (1980a), é importante entender que a linha de influência e os
diagramas de esforços são coisas diferentes. Para traçarmos essa linha, podemos usar a regra de
Müller-Breslau, resolvendo esse problema de uma maneira mais prática e rápida.
O traçado da linha de influência de um determinado efeito elástico — esforço, apoio, temperatura — pode
ser feito pelo método cinemático ou regra de Müller-Breslau. Nesse método, imagina-se uma ruptura do
vínculo relativo ao esforço no ponto que se pretende avaliar. Por exemplo, no caso de um apoio, imagina-se
a estrutura sem o apoio; no caso do momento fletor, imagina-se a estrutura articulada sem continuidade; e,
no caso do cortante, imagina-se a estrutura cortada, sem transmissão de esforços cortantes
Posteriormente, aplica-se um deslocamento na estrutura referente ao efeito elástico que se analisa.
No caso do fletor, aplica-se uma rotação; no caso do cortante e dos apoios, aplica-se um deslocamento.
Após a aplicação desses deslocamentos, a estrutura se desloca — ou se deforma —, e o formato que ela
adquire é o formato da linha de influência (SUSSEKIND, 1980a).
Nesse momento, quero que você se concentre em entender o conceito, por isso, convido-o a observar as
linhas de influência da viga analisada na Figura 4. Depois, entenderemos como obter essas linhas. Lembran-
do que quanto maior o valor das ordenadas no gráfico, maior o efeito elástico em função daquela posição.
Se você observar atentamente a figura, deve perceber que as posições de maior influência
(hS ,M + = 0, 8125) no momento fletor positivo na seção “S” corresponde ao trecho CD, assim como na
Figura 3 e Tabela 1. Da mesma maneira, o trecho de maior influência no momento fletor negativo
(hE ,M − = −0, 7500) na seção “S” corresponde ao trecho DE, assim como nas observações anteriores.

Figura 4 – Linha de influência para a viga analisada / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra o momento fletor atuante na viga conforme cada posição da carga. É possível ob-
servar a influência da variação da posição sobre a seção S analisada. Observa-se que, quando a carga está posicionada na
extremidade à direita da viga, temos a maior influência de cortante e fletor negativo sobre a seção S, -0,625 e -0,750, ambos
valores se encontram sobre o ponto E. Enquanto a maior influência positiva para o fletor é de 0,8125 e, para o cortante,
0,5937, ambos situados no ponto S.

243
UNICESUMAR

Analogamente, para os esforços de cortante, temos o mesmo efeito. Ainda


observando a figura, é possível perceber que as posições de maior influência
(hS ,Q + = 0, 8125) no esforço cortante positivo na seção “S” correspondem ao
trecho SD, assim como na Figura 3 e Tabela 1. Da mesma maneira, o trecho
de maior influência no esforço cortante negativo (hE ,Q− = −0, 6250) na seção
“S” corresponde ao trecho DE, assim como nas observações anteriores.
Ou seja, para sabermos a maior influência positiva — sobre determi-
nado efeito elástico —, posicionamos a carga no trecho de maior valor
positivo da linha de influência. Como representamos o positivo para
baixo, representamos a carga abaixo da viga. Do mesmo modo, a maior
influência negativa — sobre determinado efeito elástico — ocorre quando
a carga está sobre o ponto de maior valor negativo da linha de influência,
geralmente, representado acima da viga.

O traçado das linhas de influência de


uma estrutura pode ser desafiador em
alguns casos. No entanto, você, como fu-
turo(a) engenheiro(a) civil, precisa estar
preparado(a) para esses desafios a fim
de projetar estruturas estáveis, seguras
e confiáveis. Nesta pílula, convido você a
acompanhar o desenvolvimento de um
exemplo de aplicação desses conceitos.

Uma vantagem com relação ao uso da linha de influência é que, rapidamente,


é possível localizar as posições críticas para as cargas e de maneira objetiva,
uma vez que é possível comparar os valores numéricos da linha. Então, se
quisermos fazer a análise na posição crítica, basta posicionarmos as cargas
móveis nos pontos de maior ordenada no gráfico das linhas de influência.
O método cinemático ou a regra de Müller-Breslau são usados no traçado
das linhas de influência de uma estrutura. O método pode ser demonstrado pelo
Princípio dos Trabalhos Virtuais e nos permite entender sua aplicação em uma
profundidade maior. Para isso, peço que você considere a viga da Figura 5, em
que temos um carregamento unitário P em uma coordenada genérica qualquer.

244
UNIDADE 9

Figura 5 – Linha de influência da reação Va para uma carga unitária em x, com P=1
Fonte: Sussekind (1980b, p. 86).

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biapoiada com dois balanços, submetida a uma carga
P unitária em posição genérica. Abaixo, temos a linha de influência.

Repare que, se rompermos o vínculo do apoio em A e aplicarmos um deslocamento


unitário à estrutura — oposto à direção positiva da reação —, teremos a configuração
que se mostra abaixo da viga na Figura 5. Quando rompemos o apoio A, a viga se
torna hipostática e fica suscetível a se deslocar. Nesse cenário, a aplicação da força
não gera nenhuma deformação na estrutura, apenas um movimento de corpo rígido,
uma vez que a estrutura se tornou hipostática, portanto, um mecanismo que pode se
movimentar. Alguns autores se referem a essa estrutura hipostática como uma “cadeia
cinemática, daí o nome de método cinemático” (SUSSEKIND, 1980b, p. 87).
Então, avaliaremos a deformação na estrutura pelo Princípio dos Trabalhos Virtuais,
considerando o balanço de energia interna e externa da estrutura.
U ext = U int
−dVA .VA + P .dP = 0
(1.1)
−1.VA + 1.dP = 0
dP = VA

245
UNICESUMAR

Como a estrutura se tornou um mecanismo, ou uma cadeia cinemá-


tica, não temos esforços internos atuantes sobre ela, tal qual U int = 0 .
Outro ponto é que o deslocamento dVA é unitário, assim como a força
P aplicada sobre a estrutura. Isso implica que o deslocamento em P
( dP ) seja igual à reação Va.
Essa situação específica é válida dentro das condições de contorno
do PTV, ou seja, viga de Euller-Bernoulli e análises para deformações e
deslocamentos pequenos. Então, implica dizer que qualquer que fosse a
posição da carga P, a ordenada da cadeia cinemática é igual à influência
daquela carga sobre o apoio, que, no caso de P=1, teríamos dP = VA .
No caso citado, a carga foi tida como unitária, daí dP = VA , mas
perceba que, se a carga não fosse unitária, teríamos P .dP = VA , ou seja,
basta multiplicar a ordenada da linha de influência na posição da carga
pelo valor da carga para obtermos a reação de apoio. Leet et al. (2009)
aponta que, de posse dos valores da linha de influência, é possível obter
os esforços pela simples multiplicação entre as ordenadas da linha e
os valores da carga. No caso de carregamentos distribuídos, fazemos
a soma ao longo do comprimento, conforme ilustrado na equação:

E = Pi .hi + ∫ qi (x ).hi .dx (1.2)


l

Em que:
• E representa o esforço referente à linha de influência de deter-
minado esforço elástico.
• Pi corresponde ao carregamento pontual “i”, posicionado sobre
a linha de influência.
• qi (x ) corresponde à carga distribuída ao longo do comprimento
l conforme x.
• hi corresponde ao valor da ordenada da linha de influência no
ponto “i”.

Diante do exposto, podemos enunciar o método de Müller-Breslau


(SUSSEKIND, 1980b, p. 86):



Para se traçar a linha de influência de um efeito elás-
tico E (esforço ou reação), procede-se da seguinte
forma: a) rompe-se o vínculo capaz de transmitir o
efeito E, cuja linha de influência se deseja determinar;
b) na seção onde atua E, atribui-se à estrutura, no

246
UNIDADE 9

sentido oposto ao de E positivo, uma deformação unitária (absoluta, no caso de rotação


de apoio, ou relativa, com caso de esforço simples), que será tratada como pequena
deformação; c) a elástica obtida é a linha de influência de E.

Com os conceitos apresentados, você pode facilmente observar que a obtenção da linha de influência é
muito útil, pois permite entender corretamente o comportamento da estrutura. Essencialmente, segui-
remos o enunciado do método, aplicando-o às vigas isostática da Figura 6. Na avaliação do momento
fletor na seção “S”, devemos (a) romper o vínculo capaz de transmitir o esforço (momento fletor), ou
seja, articular a viga (rótula). Na sequência, aplicamos uma rotação unitária (b) à direita e esquerda
da rótula, o que provoca uma configuração nova da cadeia cinemática, como ilustrada na Figura 6.
Quanto ao esforço cortante, romperemos o vínculo estrutural que transmita esse esforço (a) e
substituiremos por um vínculo do primeiro gênero, literalmente, “cortando” a estrutura. Na sequên-
cia, aplica-se um deslocamento oposto ao sentido positivo do cortante (b), e a configuração final do
mecanismo está ilustrada na Figura 6. Já para o apoio, o raciocínio é análogo ao cortante. Removemos
o vínculo (a) e aplicamos um deslocamento oposto ao sentido positivo da reação (b), o que provoca
uma configuração como da Figura 6. No caso de um engaste, o raciocínio é análogo ao do fletor.

Figura 6 – Esquema de linhas de influência para vigas isostáticas típicas / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra o traçado e cálculo da linha de influência para o momento fletor, cortante e para o
apoio em estruturas isostáticas.

Na sequência, deve-se obter os valores (c) de ordenadas das linhas de influência, que, em estruturas
isostáticas, não é tarefa complexa, pode ser obtida por simples semelhança de triângulos e considerando
alguns conceitos básicos de Trigonometria.
Considerando a linha de influência do momento fletor, ilustrada na Figura 6, podemos obter o
valor de h1 , e esse valor permite determinar as ordenadas ao longo da viga. Segundo Sussekind (1980a),
como o método é válido apenas para pequenas deformações e pequenos deslocamentos, podemos

247
UNICESUMAR

 q +q
confundir o arco de bcd ( 1 2 ) com a própria distância bd . Nesse sentido,
podemos entender que tan(q1 + q2 = 1) ≅ 1 , logo o cateto adjacente é igual ao
cateto oposto, sb = bd = l − x . Assim, a partir da semelhança dos triângulos
abd @asc , que podemos escrever conforme :

bd ab l −x l x (l − x )
abd ≅asc → = → = ∴ h1 = (1.3)
sc as h1 x l

Em que:
• x é a distância do apoio até a seção analisada “S”.
• l é o comprimento do vão.
• h1 é o valor da ordenada da linha de influência.

Com relação à linha de influência do esforço cortante, ilustrada também na


Figura 6, podemos obter o valor de h1 e h2 por semelhança dos triângulos
acd @cbs . Lembrando que o deslocamento provocado é unitário, temos
que h1 + h2 = ∆ = 1, 0 , assim é possível escrever :

ad dc
1, 0 l x
acd ≅cbs → = = ∴ h2 =

bs sc h2 x l
(1.4)
x (l − x )
∆ = 1, 0 = h1 + h2 → h1 = 1 − ∴ h1 =
l l

Em que:
• x é a distância do apoio até a seção analisada “S”.
• l é o comprimento do vão.
• h1 é o valor da ordenada da linha de influência no ponto 1.
• h2 é o valor da ordenada da linha de influência no ponto 2.

Já para a linha de influência relativa ao apoio (Figura 6), o processo é muito pareci-
do com a linha de influência do cortante, só que teremos um deslocamento unitário
no apoio. Podemos estabelecer uma semelhança de triângulos abc @cde para
os demais pontos conforme ilustrado na Figura 6, o que permite escrever :

bc de l 1, 0 x
abc ≅cde → = → = ∴ h1 = (1.5)
cd ab x h1 l

248
UNIDADE 9

Relembremos como traçar a linhas de influência em estruturas isostáticas? Você conseguiria


obter os valores dos esforços máximos e mínimos de cortante e fletor na seção S a partir da
linha de influência?

Figura 7 – Exemplo de linha de influência em uma estrutura isostática / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biapoiada com um balanço AB de 2,0 m e um vão BSC de 8 m. À distância
de 3,0 m de B, temos a seção S a ser analisada. Abaixo, temos o traçado e cálculo da linha de influência para o momento
fletor, cortante para a seção de análise S, considerando uma carga pontual móvel de 12,0 kN.

Podemos obter os valores da linha na seção S pelas equações e :

x (l − x ) 3.(8 − 3)
h1 = = = 1, 875
l 8 (1.6)
h2 −2
= → h2 = −2.1, 875 / 3 = −1, 25
h1 3

249
UNICESUMAR

l −x 8−3
h1 = = = 0, 625 (1.7)
l 8
x −3
h2 = − = = −0, 375
l 8
Para obtermos os valores dos esforços, basta fazer uma simples mul-
tiplicação da carga posicionada na região de maior influência. Assim:

M S ,+ = 12.1, 875 = 22, 5kNm (1.8)


M S ,− = 12. − 1, 25 = −15, 0kNm

QS ,+ = 12.0, 625 = 7, 5kN


(1.9)
QS ,− = 12. − 0, 375 = −4, 5kN

Segundo Süssekind (1980b, p. 87), embora esses conceitos te-


nham sido ilustrados em uma estrutura isostática, tais propostas
também são válidas para aplicação em estruturas hiperestáticas.
Repare que, quando “rompemos” uma estrutura isostática, elas
passam a ser hipostáticas e comportam-se como cadeias ci-
nemáticas, nesse caso, a sua configuração após a aplicação do
deslocamento é o formato da própria cadeia cinemática, ou seja,
terá uma configuração de uma poligonal formada por retas.
No caso de estruturas hiperestáticas, quando rompemos os
vínculos dos efeitos elásticos, seu grau de hiperestaticidade
é diminuído em uma vez, ou seja, a estrutura ainda tem um
comportamento estático — isostático ou hiperestático —, não
de mecanismo. Então, quando se aplica o deslocamento na
estrutura, a configuração da linha de influência é curva, pois
reflete a deformação estrutural.

Esses conceitos podem ser observados conceitualmente na Figura 8.

250
UNIDADE 9

Figura 8 – Exemplo conceitual de linhas de influência em estruturas isostáticas e hiperestáticas


Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra algumas linhas de influência. Em estruturas hiperestáticas, o for-
mato das linhas é curvo; já em estruturas isostáticas ou trechos isostáticos, o formato é linear.

251
UNICESUMAR

Na viga 01, vemos que, embora a viga seja hiperestática, o trecho ABC é isostático, então um
corte ou uma articulação teria um comportamento idêntico ao comportamento de uma linha
de influência de estrutura isostática. Na viga 02, a linha de influência do apoio C, é obtida ao se
retirar o apoio e aplicar um deslocamento para baixo. Repare que a linha adquire um formato
curvo, que a deformação sai com 90° do apoio D e que, nos demais apoios, a rotação é livre.
Na viga 03, aplicamos uma rótula em S e uma rotação, dessa maneira, a configuração da linha de
influência é curva, nos apoios A e D, por serem engastes, temos uma deformação na horizontal. Na
viga 04, para os cortantes em S e Z, temos um comportamento isostático, ao passo que, se estivermos
avaliando o cortante em X, teremos um trecho de comportamento hiperestático ABCX e um trecho
de comportamento isostático XDE. Na viga 05, ABS tem comportamento isostático e SCD tem com-
portamento hiperestático. Na viga 06, temos o comportamento hiperestático. Podemos, então, resumir:

As linhas de influência de estruturas isostáticas são compostas por trechos retos. As linhas
de influência de estruturas hiperestáticas, por sua vez, são compostas por trechos curvos.

É possível sabermos intuitivamente a posição crítica de uma carga para determinado efeito
elástico sem a linha de influência? Com atenção e experiência, as análises estruturais ficam
claras, e muitos(as) engenheiros(as) têm condição de prever esse comportamento. Tente você
também! Escolha algumas vigas e estime as posições críticas. Confira sua resposta.

Considerando os conceitos já apresentados, podemos, então, estabelecer um roteiro para aplicação do


método cinemático, a regra de Müller-Breslau (SUSSEKIND, 1980b):

1. Romper o vínculo do esforço que se pretende avaliar. No caso do momento fletor, coloca-se
uma articulação (rótula), rompendo a continuidade da barra. No caso do esforço cortante,
substitui-se a continuidade por uma ligação que não transmita corte, mas transmita flexão.
No caso dos apoios, remove-se o apoio. No caso de isostáticas, a aplicação dessa etapa torna a
estrutura em uma cadeia cinemática, isto é, estruturas hipostáticas; no caso de hiperestáticas,
o grau de hiperestaticidade da estrutura é reduzido em 1.
2. Impor um deslocamento unitário no ponto de interesse. Para o momento fletor, imprime-
-se uma rotação unitária na rótula. Para o esforço cortante, impõe-se um deslocamento à
esquerda e à direita da seção de análise, e a soma de ambos resulta em um deslocamento
unitário. Para o apoio, impõe-se um deslocamento unitário.

252
UNIDADE 9

3. Configuração deslocada. Com o deslocamento unitário apli-


cado, a configuração da estrutura deslocada corresponde à
linha de influência.
a) Em estruturas isostáticas, ao se realizar a ruptura do
vínculo que se analisa, a estrutura passa a ser hipostá-
tica, como um mecanismo, em que, quando se aplica
o deslocamento, a estrutura se desloca. Essa nova
condição da estrutura na configuração deslocada cor-
responde à linha de influência. Como não há defor-
mação, apenas deslocamentos, a linha é representada
por uma reta, e seu cálculo é mais simples.
b) Em estruturas hiperestáticas, ao se realizar a ruptura
do vínculo que se analisa, a estrutura passa a ser menos
hiperestática; na pior situação, atua como uma estru-
tura isostática. Quando se aplica o deslocamento, a
estrutura se deforma. Essa nova condição da estrutura
na configuração deformada corresponde à linha de
influência. Como há deformação, a linha é represen-
tada por uma curva, e seu cálculo é um pouco mais
complexo.
4. Cálculo das ordenadas: após o desenho da linha de influência,
prossegue-se com a determinação dos valores das suas ordena-
das para cada ponto de interesse — geralmente, os máximos.
5. Obtenção dos esforços internos: com os valores das ordenadas
das linhas de influência, é possível obter o esforço na seção
analisada pela simples multiplicação da ordenada pela carga
móvel ( E = Pi .hi + ∫ qi (x ).hi .dx ). Durante esse processo, de-
ve-se escolher os pontos — ou regiões — de maior influência
sobre a seção em análise, pois eles representarão os valores
máximos e mínimos.

A título de exemplo, mostraremos como se faz a aplicação em uma


estrutura hiperestática, a qual, após a ruptura do vínculo, ainda
teria um comportamento estrutural e estaria sujeita a deformações
e não deslocamentos. Para tanto, considere a viga hiperestática
da Figura 9, em que temos, também, o sistema principal com
os hiperestáticos X1 e X2. Então, escreveremos as condições de
compatibilidade da estrutura hiperestática (SUSSEKIND, 1980b).

253
UNICESUMAR

P=1

A B C D

X1 X2

Figura 9 – Sistema principal e hiperestático para um carregamento unitário percorrendo a viga


Fonte: Sussekind (1980b, p. 203).

Descrição da Imagem: a figura mostra a viga ABCD, hiperestática, de quatro apoios, submetida a
um carregamento unitário P que transita sobre a viga. Abaixo, temos o sistema hiperestático, com
os momentos hiperestáticos X1 e X2 sobre os apoios B e C com rótulas.

Temos que os hiperestáticos serão descritos pelas rigidezes multiplicadas pelos seus
respectivos deslocamentos, conforme a equação :

X1  k k12  d10 


  = − 
11
. 
k21 k22  d20 
(1.10)
X 2  
     

Observando essas expressões, podemos perceber que os coeficientes kij depen-


dem apenas da configuração de sistema principal adotado, e não dependem do
carregamento P, e que os coeficientes di 0 são função do carregamento P=1. Então,
multiplicaremos ambos pela linha de influência de P=1 (h) , carga transitória sobre
a estrutura, que é nossa incógnita:

η.X1 = −(η.k11 .δ10 + η.k12 .δ20 )


(1.11)
η.X 2 = −(η.k21 .δ10 + η.k22 .δ20 )

Dessa maneira, como procuramos obter os valores da linha de influência dos hiperestáticos
( h.X1 e h.X 2 ), precisamos conhecer as linhas de influência para os deslocamentos d1o
e d20 ( di 0 ) (SUSSEKIND, 1980b). Então, procuraremos obter as linhas de influência
dos deslocamentos. Para chegarmos nos valores de d1o e d20 , precisamos considerar
combinação de P=1, com X1=1, e de P=1, com X2=1, lembrando que a posição de
P é variável. Porém, pelo teorema de Betti/Maxwell , temos que o deslocamento em

254
UNIDADE 9

uma seção genérica S devido a uma carga unitária X1=1 é numericamente igual ao
deslocamento em X1 devido a uma carga P=1 aplicada em uma seção genérica S,
matematicamente:

Pi dik = Pk dki
1.dik = 1.dki (1.12)

dSX = dXS

Isso nos permite concluir que: a linha de influência ( η.δ10 ) para o deslocamento d10 é
igual à elástica do sistema principal carregado com X1=1. Da mesma maneira, a linha
de influência ( η.δ20 ) para o deslocamento d20 é igual à elástica do sistema principal
carregado com X2=1 (SUSSEKIND, 1980b).
Segundo Sussekind (1980b), podemos, então, generalizar a linha de influência
em estruturas hiperestáticas como sendo a soma da linha de influência no sistema
principal — isostático — com as linhas de influência dos hiperestáticos:

h.E = h.E 0 + ΣEi .h.X i (1.13)

Em que:
• h.E representa a linha de influência do esforço E para estrutura hiperestática.
• h.E 0 representa a linha de influência do esforço E para o sistema principal.
• Ei .h.Xi representa a linha de influência do esforço E para o hiperestático Xi.

Conforme aponta Sussekind (1980b, p. 206), em estruturas hiperestáticas, podemos,


então, achar a linha de influência da seguinte forma: (1) separando a estrutura em
um sistema principal, de preferência, reduzindo-a a trechos biapoiados; (2) obtendo
o diagrama de esforços para o sistema principal e hiperestático; (3) calculando a ma-
triz [d ] e [k ] = [d ]−1 ; e, por fim, (4) obtendo a linha de influência dos hiperestáticos.
As linhas de influência são ferramentas muito importantes para o dimensiona-
mento de estruturas, pois permitem a obtenção dos valores extremos. Contudo,
é importante ressaltar que, em um projeto complexo, como de uma ponte ou
edifício, nem sempre os extremos das linhas de influência representam os valores
extremos que atuarão sobre a estrutura.
Isso ocorre pois devemos ter carregamentos de outra natureza que atuarão conjun-
tamente na estrutura. No caso de uma ponte, além da carga móvel, temos a atuação
do carregamento permanente, referente ao peso próprio da estrutura e seus revesti-
mentos. Dessa maneira, o esforço máximo deve ser obtido considerando a atuação
de ambos os esforços concomitantemente. Assim como a situação da ponte, um
reservatório, uma escola são exemplos de estruturas que estão submetidas a diversos

255
UNICESUMAR

tipos de carregamentos (ações), portanto precisamos analisá-los conjuntamente.


Para isso, usamos as combinações de ações, como já mostrado na unidade anterior
e estabelecemos um gráfico chamado de envoltória.
Na realidade, Leet et al. (2009) aponta que a envoltória é um conceito matemá-
tico que envolve os valores máximo e mínimo de determinada grandeza. Quando
aplicamos esse conceito aos esforços, teremos uma região de esforços que ficam
compreendidos pelos máximos e mínimos previstos na utilização da estrutura. Então,
o traçado da envoltória é feito ao procurar os valores máximos e mínimos de cada
esforço em cada trecho de interesse da estrutura.
Tratando de uma estrutura submetida a diferentes carregamentos, seriam avaliadas
diversas combinações, a fim de obter os valores extremos. Semelhantemente, quando
temos uma carga móvel, seriam avaliadas diversas posições da carga, a fim de obter
os valores máximos positivos e máximos negativos.
Então, sistematizaremos esses conceitos, organizando sua análise com
um passo a passo prático para obtenção das envoltórias de esforços
atuantes em uma estrutura:

1. Análise do carregamento permanente: é realizado o traçado dos diagramas


de esforços internos da estrutura na condição de carregamento permanente.
Nessa etapa, definem-se, também, os pontos de interesse da análise.
2. Traçado da linha de influência para todos os pontos de interesse. Nessa etapa,
faz-se a análise das cargas móveis, são traçadas linhas de influência para todos
os pontos interessantes da estrutura. Geralmente, faz-se uma análise espaçada
ao longo da estrutura, de forma a cobri-la integralmente na análise. Nessa
etapa, também são resolvidos outros eventuais casos de carregamento estático.
3. Superpor os casos de carregamento: faz-se a soma ou combinação dos casos de
carregamento permanente e carregamento móvel — podem existir outros. São
obtidos os casos extremos de valores, tanto maiores positivos quanto maiores
negativos. Recomenda-se elaborar uma tabela para o cálculo da envoltória.
4. Traçado da linha de envoltória: é feita a representação gráfica da linha de
envoltória.

Para esse conceito de envoltórias ficar bem registrado, convido você a acompanhar o
traçado da envoltória de solicitações da viga da Figura 10. Trata-se de uma viga com
um carregamento permanente de 15,0 kNm, com vão de 6,0 m e um balanço de 2,0
m. Sobre a viga, deve transitar um trem tipo invertível — da esquerda para a direita
ou da direita para a esquerda — com cargas pontuais de 25 kN e 40 kN espaçadas
por 3 m e uma carga de multidão de 5,0 kNm.

256
UNIDADE 9

Figura 10 – Exemplo de viga para o traçado da envoltória de esforços / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biapoiada ABCD, submetida a um carregamento permanente de 15,00
kN/m e a um carregamento móvel, o qual tem uma carga de 25 kN inicial e uma carga final de 40 kN, espaçadas por 3,0 m,
além de uma carga de multidão de 5,0 kNm. A viga tem vão ABC de 6,0 m e um balanço CD de 2,0 m

Aplicando, então, o roteiro usado para obtenção da envoltória de esforços, o primeiro passo seria a
análise dos carregamentos permanentes. Você pode realizá-lo sem grandes dificuldades, chegando
nos resultados ilustrados na Figura 11.

Figura 11 – Exemplo de viga com análise de carregamento permanente / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra o momento fletor e esforço cortante da análise referente ao carregamento permanente
atuante sobre a viga da Figura 10. Tem-se o momento fletor nos pontos A, B, C, D com os valores de 0, 52,5, -30 e 0, respecti-
vamente. Quanto aos esforços cortantes, tem-se 40, -5, -50, 30 e 0, referentes aos pontos A, B, C à esquerda, C à direita e D.

Na sequência, deve-se definir os pontos de interesse a serem analisados e traçar suas respectivas linhas
de influência. Nesse exemplo, traçaremos as linhas de influência do ponto A, B, C e D para os esforços
de momento fletor e de esforço cortante. Os resultados estão ilustrados na Figura 12. Também, posi-
cionaremos o trem tipo sobre as regiões de maior influência, que causam maiores esforços na seção
analisada, a fim de obter os valores extremos dos esforços.

257
UNICESUMAR

Figura 12 –Exemplo de viga com linhas de influência / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra algumas linhas de influência na viga ABCD. À esquerda, temos a linha de influência
do momento fletor e, à esquerda, a linha de influência do esforço cortante. Tem-se a ilustração de linhas de influência para
o ponto A, B C e D, a fim de se representar a envoltória dos esforços..

Então, procedemos com os cálculos dos esforços das cargas móveis. Para a linha de influência do ponto
A, avaliando o esforço cortante e o fletor, teremos:
M A,máx + = 0 • M A,máx − = 0;
(1.14)
QA,máx + = 40.1 + 25.0, 5 + 5.6 / 2 = 67, 5kN • QB ,máx − = 40. − 0, 333 + 5.2. − 0, 333 / 2 = −15, 0kN

No ponto B, temos:
M B ,máx + = 25.0 + 40.1, 5 + 5.1, 5.6 / 2 = 82, 5kNm • M B ,máx − = 40. − 1, 0 + 5. − 1,, 0.2 / 2 = −45kNm
QB ,máx + = 40.0, 5.3 / 2 = 30kN ; (1.15)
QB ,máx − = 25.0 + 5. − 0, 5.3 / 2 + 40. − 0, 5 + 5. − 0, 3333.2 / 2 = −25, 42kN ;

Já para o ponto C, teremos:

MC ,máx + = 0; MC ,máx − = 40. − 2, 0 + 5, 0. − 2, 0.2 / 2 = −90, 0kNm;


Q DIRC ,máx + = 1.40 + 5.1.2 = 50kN ;Q DIRC ,máx − = 0; (1.16)
ESQ ESQ
Q C ,máx +
= 0;Q C ,máx −
= −1.40 + 25. − 0, 5 + 5. − 1.6 / 2 + 5. − 0, 3333.2 / 2 = −69, 2kN ;

258
UNIDADE 9

Por fim, o esforço no ponto D:


M D,máx + = 0; M D,máx − = 0 (1.17)
QD,máx + = 40.1 = 40kN ;QB ,máx − = 0;

Faz-se, então, a soma dos esforços das cargas móveis e dos esforços do carregamento permanente,
ponto a ponto. Para os pontos, A temos os esforços de cortante e flexão:
M A,máx + + M A, per = 0 + 0 = 0 • M A,máx − + M A, per = 0 + 0 = 0;
(1.18)
QA,máx + + QA, per = 677, 5 + 40 = 107, 5kN • QA,máx − + QA, per = −15 + 40 = 25kN ;

No ponto B:
M B ,máx + + M B , per = 82, 5 + 52, 5 = 135kNm • M B ,máx − + M B , per = −45 + 52, 5 = 7, 5kNm
(1.19)
QB ,máx + + QB , per = 30 − 5 = +25kN • QB ,máx − + QB , per = −25, 42 − 5 = −30, 4kN ;

Já no ponto C:

MC ,máx + + MC , per = 0 − 30 = −30kNm • MC ,máx − + MC , per = −90 − 30 = −120kNm


Q DIRC ,máx + + Q DIRC , per = 50 + 30 = 80kNm • Q DIRC ,máx − + Q DIRC , per = 0 + 30 = 30kNm; (1.20)
ESQ ESQ ESQ ESQ
Q C ,máx +
+Q C , per
= +0 − 50 = −50kNm • Q C ,máx −
+Q C , per
= −69, 2 − 50 = −119, 2kNm;

No ponto D, teremos:

M D,máx + + M D, per = 0 + 0 = −0 • M D,máx − + M D, per = 0 − 2, 5 + 0 = 0;


(1.21)
QD,máx + + QD, per = 0 + 40 = 40kN • QD,máx − + QD, per = 0 + 0 = 0;

Essas somas também podem ser feitas com o auxílio de uma tabela, como registrado na Tabela 2.

Permanente Carga Móvel Envoltória

PONTO Mi ,env - (kNm) Mi ,env + (kNm)


Mi , per (kNm) Mi ,máx - (kNm) Mi ,máx + (kNm)
Mi máx Mi per Mi máx Mi per

A 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

B 52,5 -45,0 82,5 7,5 135,0

C -30,0 -90,0 0,0 -120,0 -30,0

D 0,0 0,0 0,0 0 0

259
UNICESUMAR

Qi ,env - (kNm) Qi ,env + (kNm)


Qi , per (kNm) Qi ,máx - (kNm) Qi ,máx + (kNm)
Qi máx Qi per Qi máx Qi per

A 40,0 -15,0 67,5 25,0 107,5

B -5,0 -25,4 30,0 -30,4 18,8

C -50,0 / 30,0 -69,2/ 0,0 0,0 / 50,0 -119,2 / -50,0 30,0 / 80,0

D 0,0 0,0 +40,0 0,0 40,0

Tabela 2 – Envoltória de esforços / Fonte: o autor.

Ao final, a envoltória deve ser representada graficamente, como na Figura 13. A região compreendida
entre a linha de envoltória superior e a linha de envoltória inferior corresponde aos esforços aos quais
a viga estará submetida, ou seja, temos os extremos de seu comportamento ao longo de sua vida útil,
coloquialmente, a faixa de “trabalho” da viga.
Esse gráfico é especialmente importante, pois permite que o(a) engenheiro(a) conheça diretamente
os esforços máximos e mínimos, que serão usados no dimensionamento estrutural do elemento.

Figura 13 – Exemplo de vigas com envoltória de esforços / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra a envoltória de esforços para o momento fletor e para o esforço cortante atuante
sobre a estrutura, conforme calculado anteriormente e registrado na Tabela 2. A região entre os valores máximos e mínimos
está representada por uma hachura em verde, representando a faixa de trabalho da estrutura.

260
UNIDADE 9

As linhas de influência e envoltória são ferramentas muito impor-


tantes para o desenvolvimento de projetos de estruturas subme-
tidas a carregamento móvel. Elas permitem ao(à) engenheiro(a)
localizar rapidamente as regiões críticas no momento de fazer a
análise e dimensionamento de uma estrutura. Conversemos um
pouco sobre o uso dessa ferramenta e a sua aplicação na análise
estrutural. Espero que você acompanhe!

As linhas de influência são ferramentas muito importantes na análise de estruturas submetidas a cargas
móveis. Esses conceitos são muito aplicados em projetos de pontes rodoviárias, ferroviárias e passarelas,
pois permitem um entendimento prático e rápido do comportamento estrutural.
Nos escritórios de cálculo estrutural, utilizam-se diversos softwares de análises, e a grande maioria
resolve cargas móveis pelas linhas de influência. Poucos softwares fazem a análise testando todas as
posições possíveis, justamente por ser muito moroso. Isso tudo demonstra a importância do método de
Müller-Breslau e demais conceitos de análise estrutural para a formação de um(a) engenheiro(a) civil.

261
Nesta unidade, aprendemos sobre o comportamento de estruturas mediante a presença de
um carregamento móvel. Você pôde entender como a troca de posição da carga influencia no
comportamento e nos esforços atuantes na estrutura. Vimos a importância do conceito de linha
de influência e como ele poupa tempo na hora de se realizar os cálculos da análise estrutural.
O principal método para o traçado da linha de influência é o de Müller-Breslau, em que se rompe o
vínculo estrutural no ponto de análise, referente ao esforço que se pretende avaliar, e aplica-se um
deslocamento unitário. Como a estrutura isostática perdeu continuidade, passa a ser hipostática,
dessa maneira, a configuração deslocada da estrutura representa a linha de influência para esse
determinado esforço.
Você também acompanhou que esse método é universal e que também podem ser aplicados
em estruturas hiperestáticas, porém, nesse caso, a estrutura permanecerá, pelo menos, isos-
tática, portanto, deve se deformar ao invés de deslocar. Como se espera uma deformação,
percebe-se que o formato do gráfico da linha de influência deixa de ser reto em uma estrutura
hiperestática. Além disso, acompanhou como obter os esforços e posições críticas de uma car-
ga móvel referente à sua linha de influência. Por fim, foi apresentado o conceito de envoltória
de esforços, que seriam os valores máximos e mínimos de determinado esforço, referente às
solicitações que são esperadas durante a vida útil da edificação. Esses conceitos são de extrema
importância no exercício profissional. Além de saber fazer as contas, é fundamental entender
o conceito de linha de influência e envoltória de esforços, entender sua aplicação e condições
de contorno para poder aplicá-lo na resolução de problemas.
A fim de guardar esses conceitos, convido você a tentar relembrar os assuntos discutidos nesta
unidade. Procure fazê-lo sem consultar o livro, apenas com os conceitos que você se lembrar.
Se você não conseguir se lembrar de todos os detalhes, não se preocupe, é perfeitamente
normal, retorne à unidade e relembre. Procure fazer um mapa mental esquematizando os
conceitos, ele servirá de resumo para futuras consultas ao livro didático. Essa ferramenta
permite a compreensão dos conceitos e fixação do conteúdo simultânea à construção do
mapa. Procure registrar os detalhes que você julgar importante, ilustre os conceitos desta
unidade; para quando sentir necessidade, retornar e consultá-los.

262
263
1. As linhas de influência são ferramentas muito úteis para o(a) engenheiro(a), pois per-
mitem analisar uma estrutura de maneira simplificada e prática. Para aplicação correta
desse conceito, é necessário conhecê-lo. Assinale a alternativa que corresponde ao
conceito correto de linha de influência.
a) É um procedimento utilizado para analisar estruturas hiperestáticas, permitindo en-
contrar as suas reações de apoio e traçar os seus diagramas de esforços solicitantes
com base nos deslocamentos da estrutura.
b) O deslocamento em um ponto de uma estrutura é igual à primeira derivada parcial
da energia de deformação em relação a uma ação — força ou momento — que atua
no ponto e na direção do deslocamento.
c) Representa a região de trabalho da estrutura, isto é, um gráfico com os esforços má-
ximos e mínimos aos quais cada trecho da estrutura estará submetido.
d) Situação de máxima eficiência estrutural, conceito análogo ao de catenária, é a linha
na qual temos apenas esforços de tração ou compressão em uma estrutura.
e) Representa a variação de um determinado efeito elástico — por exemplo, uma reação
de apoio, um esforço cortante ou um momento fletor — em uma seção específica da
estrutura à medida que uma carga concentrada unitária a percorre.

2. O uso de envoltórias de casos de carregamento permite ao(à) engenheiro(a) analisar


múltiplas condições às quais a estrutura poderá estar submetida de uma maneira si-
multânea e simplificada. Isso simplifica bastante o volume de análises e torna a tomada
de decisão mais clara e precisa.Para se traçar o diagrama das envoltórias de esforços,
é necessário se utilizar das linhas de influência de cargas móveis, portanto, para fazer
essas análises, é importante entender ambos os conceitos. Julgue as alternativas a
seguir sobre o traçado de envoltórias de esforços.
I) Para obtenção de linhas de influência, deve-se “cortar” a estrutura para o efeito que
se procura analisar, para, então, aplicar um(a) deslocamento/rotação unitário(a).
II) Linhas de influência não são válidas para estruturas hiperestáticas. Para elas, é pre-
ciso usar outro método.
III) A aplicação das envoltórias de esforços deve seguir a seguinte ordem: análise do
carregamento permanente; linhas de influência da carga móvel para todos os pontos
de interesse; composição da envoltória pela superposição dos efeitos.
IV) As envoltórias de esforços também podem ser usadas nos casos de carregamentos
puramente estáticos, não necessariamente precisam estar envolvidas em um carre-
gamento móvel. Pode ser necessário avaliar múltiplos casos de carregamentos para
determinar o caso ou a combinação que será usado(a) no carregamento.
V) O uso de envoltória de esforços mediante obtenção das linhas de influência caiu em
desuso com o surgimento dos programas de computador.

264
Assinale a alternativa em que se tem o julgamento correto das afirmações.
a) Está correta apenas a afirmação I.
b) Está correta apenas a afirmação III.
c) Estão corretas as afirmações I, II e III.
d) Estão corretas as afirmações III e V.
e) Estão corretas as afirmações I, III e IV.

3. As linhas de influência são traçadas pelo método cinemático, conhecido também como
Princípio de Müller-Breslau, que foi formulado no final do século XIX.

Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga com três apoios, uma rótula sobre um deles e um engaste à di-
reita. A seção de análise é a seção A, situada entre os apoios centrais. À esquerda dessa seção, temos uma rótula.

Avalie a viga anterior e escolha a alternativa que melhor corresponde ao formato da linha
de influência do momento fletor na seção A, considerando a aplicação do método ante-
riormente citado.

Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra a viga


com várias linhas de influência para seção A,
uma em cada alternativa.

265
4. As linhas de influência são instrumentos muito importantes para determinar os es-
forços de cargas móveis em estruturas. Com essa ferramenta, é possível determinar
a posição crítica do carregamento móvel e o valor dos esforços de maneira prática.
Sabendo disso, avalie a linha de influência abaixo do momento fletor na seção A para
um trem tipo de uma carga pontual de 36 kN para baixo.

Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra a linha de influência em uma viga com três apoios (B, C e D) e um engaste
E. A seção S de análise do momento fletor está entre os dois primeiros apoios (B e C). No balanço à esquerda
(1), temos um valor de -0,1515 da linha de influência. No ponto S, o valor é de 0,4646.

Assinale a alternativa que apresenta a posição da carga e o valor máximo do momento


fletor positivo e negativo na seção S.
a) Carga em B: M B = 5, 45 kNm . Carga em A: M A = −12, 34 kNm .
b) Carga em S: M S = 16, 73 kNm . Carga em A: M S = −5, 45 kNm .
c) Carga em B: M S = 6, 75 kNm . Carga em C: M S = −8, 78kNm .
d) Carga em S: M S = 14, 73 kNm . Carga em S: M S = −10, 50 kNm .
e) Carga em S: M A = 21, 35 kNm . Carga em A: M A = −34, 12 kNm .

5. Um caminhão de 50 kN, transportando um carregamento especial, deve transitar sobre


uma pequena ponte rural em uma estrada vicinal de vão de 4,0 m e balanços de 2,0 m e
1,0 m. Como a ponte é antiga e foi construída apenas para trânsito local, a fim de transpor
um pequeno córrego, existe uma preocupação quanto à sua integridade estrutural com
a passagem dessa carga especial. Nesse sentido, você precisará avaliar se é necessário
reforçar a ponte ou se ela já tem condições de suportar o carregamento especial.

266
Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma ponte de vigas horizontais apoiada em dois pilares vicinais. Um
caminhão preto deve transitar sobre ela. O caminhão está à esquerda, abaixo dele, temos a indicação de um
carregamento pontual P e o esquema estático da viga, apoiada em C e G. Os pontos de interesse ABCDEFGH
estão espaçados metro a metro ao longo do comprimento da viga.

Para tanto, você deve:


a) O primeiro passo é avaliar a estrutura para o carregamento permanente. Considere
uma carga distribuída de 20 kN/m, representando o peso próprio da estrutura.
b) Posteriormente, deve-se desenhar a linha de influência de momentos fletores em
vários pontos de interesse.
c) Na sequência, calcule a sua envoltória de esforços e compare com a resistência
da viga atual, considere que a viga da ponte suporta um momento positivo de até
M R,+ = 60kNm e um momento negativo de até M R,− = −90kNm . Caso seja necessário,
indique os locais onde serão necessários reforços.

267
UNIDADE 01

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REBELLO, Y. C. P. A Concepção Estrutural e a Arquitetura. São Paulo: Zigurate Editora, 2000.

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271
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UNIDADE 09

LEET, K. M. et al. Fundamentos da Análise Estrutural. 3 ed. São Paulo: McGraw-Hill,


2009.
SUSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural: estruturas isostáticas. 4. ed. Porto Alegre: Editora
Globo, 1980a. v. 1.

SUSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural: deformações em estruturas. Método das Forças.


4. ed. Porto Alegre: Editora Globo, 1980b. v. 2.

272
UNIDADE 01

1. C. Estruturas ISOSTÁTICAS são aquelas que apresentam a mesma quantidade de REA-


ÇÕES necessárias ao equilíbrio, isto é, o número de incógnitas é IGUAL ao número de
equações de equilíbrio.

2. D.

g= 3.2 − 3 − 1= 2

Temos duas reações de apoio no ponto A, duas no ponto B e duas no ponto C. Ao todo: 3.2 = 6
incógnitas. Temos três equações de equilíbrio, e a rótula contribui com r= n − 1 equações.
Como apenas a barra horizontal chega à rótula, teremos duas barras, portanto r = 2 − 1 = 1
Assim, temos quatro equações, portanto, a estrutura é 6 − 4 = 2 vezes hiperestática.

3. E.

Número de barras (incógnitas): b = 12 + 10 = 22

Número de nós (duas equações de equilíbrio por nó): g = 2 +1+1.

g =3 + 22 − 2.12 =25 − 24 =1 (HIPERESTÁTICA).

4. E.

g = 2 + 3 + 3 − (3 − 1) − 3 = 3 Temos duas reações em G, três reações em F, além de três


incógnitas oriundas dos esforços no quadro. Nas equações de equilíbrio, temos três equações
da estática, e r = 3 − 1 = 2 equações relativas à rótula.

No pórtico 1, ao se aplicar uma força vertical para baixo em A, percebe-se claramente que o
trecho tende a rotacionar. Mesmo que a estrutura esteja restringida e hiperestática, o trecho
BA é hipostático e pode se movimentar.

5. C. Inicialmente, deve-se fazer a interpretação cautelosa do texto:

“Esse desnível quebra a continuidade da viga e não permite a passagem de momentos fletores
dos trechos DE para EF. Os demais trechos (BC, CD, DE) são contínuos entre si — permitem a
passagem de momentos”: significa que, sobre o P11, teremos uma rótula.

“Considerando que apenas o pilar P8 consegue restringir movimentos verticais e horizontais,


enquanto os demais restringem apenas movimentos verticais [...]”: significa que P8 é um apoio
do segundo gênero (duas reações) e que P9, P10, P11 e P12 são apoios do primeiro gênero
(uma reação).

273
Assim, o esquema estático da viga fica como na figura a seguir:

Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra a planta de formas de baldrames e blocos (idêntica à figura do enun-
ciado da questão) e, abaixo, temos o esquema estático da viga. Na planta de formas, temos seis eixos verticais
(A, B, C, D, E, F) e apenas um eixo horizontal (não nomeado), o qual coincide com a viga V4. A viga V4 — seção
12x30, linhas pretas cheias —, disposta horizontalmente, vai do eixo B ao eixo F, apoiada no pilar P8, P9, P11
e P12 — retângulos em linhas vermelhas, coincidentes com os eixos. A figura mostra um rebaixamento para
a viga V4 — seção 12x30 r30, linhas pontilhadas — entre os eixos E (pilar P11) e F (pilar P12), onde é possível
notar a passagem do esgoto pluvial e sanitário, representados por linhas verticais pontilhadas em azul e verde.
É possível observar blocos de fundação em cada pilar, representados por linhas pretas de menor espessura.
A figura registra, ainda, cotas das formas em diversos pontos de interesse. O esquema estático mostra que
o pilar P8 deve ser interpretado como um apoio do segundo gênero, e os P9, P10, P11 e P12, como apoio do
primeiro gênero. Mostra, ainda, um corte esquemático, demonstrando que, no trecho rebaixado (P11 a P12),
não ocorre a transmissão de momentos com os demais trechos, assim, Mr=0, ou seja, deve-se considerar uma
rótula no apoio P11.

Teremos, então, seis reações (incógnitas), três equações de equilíbrio e uma equação da rótula.
g = 2 + 1 + 1 + 1 + 1 − 1 − 3 = 2 , portanto, a viga é duas vezes hiperestática, mas, se avaliar-
mos o trecho EF separadamente, perceberemos que é uma viga biapoiada, sem continuidade,
portanto, isostática.

6. João deve procurar explicar suas preocupações para o projetista, e este, de posse de
todos os dados, poderá encontrar a solução mais completa, mas a primeira coisa a ser
pensada em uma situação dessas é aumentar o grau de hiperestaticidade da estru-
tura, para, no caso de um apoio falhar, ela conseguir redistribuir esses esforços. Para
fazê-lo, é preciso:

274
Aumentar o número de fundações disponíveis, dessa maneira, a estrutura terá mais opções de
redistribuição de carga.

Garantir continuidade e rigidez nas vigas baldrame, para que essas consigam transportar os
esforços às fundações.

Enrijecer as vigas e pilares, fazendo-os trabalhar como pórticos, diminuindo, assim, os efeitos
de eventuais recalques sobre a estrutura.

João deve pedir a seu projetista que aumente o grau de estaticidade da estrutura, tornando-a
mais hiperestática.

UNIDADE 02

1. B.

Esta afirmação se refere ao Teorema de Castigliano: “a derivada parcial da energia real de defor-
mação em relação a uma das cargas aplicadas é igual à deformação elástica segundo a direção
dessa carga”. É compreendido mais facilmente na equação ∆ = ∂U / ∂P .

2. D.

A afirmação I é considerada verdadeira, pois estamos considerando a conservação de ener-


gia, nesta situação, o trabalho externo é transferido como energia interna para a estrutura. A
afirmação I é considerada verdadeira, pois a energia interna se subdivide em diversas formas
de energia, entre elas, a energia de deformação. Já afirmação III não pode ser considerada
verdadeira, pois o Princípio de Superposição dos Efeitos é usado para aplicação do Princípio
dos Trabalhos Virtuais, e este não o invalida. A afirmação IV deve ser considerada verdadeira,
pois, para aplicar o PTV, usamos uma carga virtual unitária no ponto e direção que se pretende
calcular o deslocamento.

3. D.

Considerando uma força P aplicada sobre incrementos lentos e graduais em uma estrutura, ela
realizará um trabalho em função de suas deformações e deslocamentos. Essa condição costuma
representar estruturas reais, pois o processo construtivo é relativamente lento e sofre incre-
mentos graduais à medida que se constrói. Segundo o Teorema de Clapeyron, nessa situação,
a energia de deformação é metade do produto entre força e deslocamento.

4. C.
L 4 4
M .dx (−150 x).dx 150 x3  150.43
1∆ = ∫ M . = ∫0 2.108.5.10−4 =  3.105  = 3.105 = 0, 032m = 3, 2cm
( − x )
0
EI 0

275
5. A.

O cálculo das deformações no apoio B (removido) para o carregamento é:


4 4 4 4
M (−5 x ²) 1 1  5x4 
∫0 EI ∫0
δ= M . .dx = ( − x ).
EI
.dx
EI ∫0
= 5 x ³ dx =
104  4  0
3, 2cm
=

O cálculo do valor da reação B que provoca a mesma deformação é:

( +Vbx )
4 4 4 4
M 1 1 Vbx3  21,33
δ= ∫0 ( + x ) EI dx =
∫0 M EI dx = EI ∫0
−2
3, 2.10 = Vbx ² dx = = Vb
EI  3  0 104
3, 2
3, 2.10−2 2,133.10−3Vb =
=  →Vb = 15, 0kN
0, 2133

UNIDADE 03

1. B.

(3) Elaborar os sistemas de equações de compatibilidade.

(5) Encontrar as reações de apoio.

(1) Escolher os apoios a serem removidos.

(2) Separar em casos de carregamento, real e unitário.

(4) Determinar os coeficientes δi0 e δ ij .

(6) Calcular os esforços internos solicitantes.

2. C.

A afirmativa I é verdadeira, pois o Método das Forças depende dos trabalhos virtuais. A afirma-
tiva II é falsa, pois o Princípio da Reciprocidade não está relacionado ao Método das Forças. A
afirmativa III é verdadeira, pois o Método das Forças deve respeitar as condições de equilíbrio
e compatibilidade. A afirmativa IV é falsa, pois o Método das Forças deve respeitar as leis cons-
titutivas dos materiais.

3. C.

O Método das Forças pode ser aplicado em qualquer tipo de estrutura, desde que sejam con-
sideradas suas peculiaridades, por isso, a alternativa C deve ser considerada como incorreta.

276
4. D.

CASO 0 — COMBINAÇÃO DE CARREGAMENTO REAL

Temos um diagrama de momento fletor em formato de parábola de ql ² / 8 = 20kNm com-


binado com um diagrama triangular de valor 1 kNm, assim, pela tabela de Kurt-Beyer, temos:
1 1 80
=δ10 =M ML = 20.1.4
3 3 3

CASO 1 — COMBINAÇÃO DE CARREGAMENTO VIRTUAL

Temos um diagrama de momento fletor em formato triangular combinado com o mesmo dia-
grama, ambos com valores máximos de 1 kNm, assim, pela tabela de Kurt-Beyer, temos:
1 1 4
δ11
= M
= ML = 1.1.4
3 3 3

Figura 1 – Viga resolvida para exercícios 5 e 6 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga engastada (em A) e apoiada (em B) com 4 metros de vão, sobre
os quais se distribuem um carregamento uniforme de 10 kN/m. Abaixo, temos a solução proposta, consideran-
do a rotulação do ponto A — onde teríamos o engaste — e a aplicação de um hiperestático M a ser calculado.

5. B.
80 4
EI .δ10 = EI .δ11 =
De posse dos valores de 3 e 3 , podemos determinar o valor do hiperestático M.
δ
Considerando as equações de compatibilidade δ10 − δ11.M =0 ∴ M = 10 . Dessa forma, o valor de M
80
δ11
será: 3 EI .
M = 20kNm
=
4
3 EI

Com o valor do momento no ponto A, é possível achar o valor da reação VB. Considerando o equilíbrio
dos momentos a partir do ponto A, temos: +20 − 10.4.4 / 2 + 4.VB =0 ∴VB =60 / 4 =15 KN
. Repare que o valor coincide com o resolvido no exercício 5 da aula anterior.

277
UNIDADE 04

1. A.

(3) Resolver o sistema linear, obter os deslocamentos.

(1) Determinar as deslocabilidades da estrutura e elaborar o sistema hipergeométrico com os


diversos casos de carregamento.

(4) Calcular as reações e os esforços.

(2) Resolver os Casos 0, 1, 2... calculando os coeficientes β e K.

2. D.

A afirmação I é verdadeira, pois o Método dos Deslocamentos tem por incógnitas os desloca-
mentos de determinados pontos da estrutura. A afirmação II é verdadeira, pois o Método dos
Deslocamentos é baseado na superposição dos efeitos. A afirmação III é falsa, pois os vínculos
permanecem na aplicação do método. A afirmação IV é verdadeira, pois a estrutura é imobilizada,
travada, e, então, aplicam-se deslocamentos sobre os nós, os quais serão calculados.

3. D.

Rotações em C e D representam duas deslocabilidades internas, e o nó E pode se movimentar


verticalmente, sendo necessário um apoio para estabilizar esse deslocamento linear, portanto,
uma deslocabilidade externa (Figura 1).

Figura 1 – Resolução para o exercício 3 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra um pórtico com deslocalidades internas em C e D e com uma desloca-
bilidade externa em E, referente ao deslocamento vertical.

4. A viga 01, embora seja quatro vezes hiperestática, tem apenas uma deslocabilidade,
de tal forma que se espera que seja mais prático resolvê-la pelo Método dos Desloca-
mentos. A viga 02 pode ser resolvida pelo Método das Forças ou dos Deslocamentos,
pois tem um grau de hiperestaticidade e uma única deslocabilidade. Assim, qualquer
uma da solução escolhida deverá repercutir em quantidade de trabalho semelhante.

278
A Figura 2 exemplifica o conceito:

Figura 2 – Resolução da viga 01 e da viga 02 para o exercício 4 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra duas vigas: a viga 01 engastada nas extremidades A e C com um apoio
central B e a viga 02 com um apoio fixo e dois apoios móveis. Ambas submetidas a um carregamento distri-
buido. Abaixo, temos as reações de apoio de cada viga. Na viga 01, temos Ha, Va, Ma, Vb, Hc, Vc, Mc, 7 reações,
portanto, uma estrutura quatro vezes hiperestática. Na viga 02, temos Ha, Va, Vb, e Vc, quatro reações, sendo
que temos apenas um grau de hiperestaticidade. Abaixo temos, ainda, as deslocabilidades associadas, em que,
para ambas as vigas, temos apenas uma deslocabilidade interna D1 sobre o apoio B.

5. B.

CASO 0 — CARREGAMENTO

TRECHO AB:

0 ql ² 6.2² 0 ql ² 6.2²
M AB == = 2kNm; M BA =
− =
− −2kNm
=
12 12 12 12
TRECHO BC:

0 ql ² 6.4² 0 ql ² 6.4²
M BC == = 8kNm; M CB =
− =
− −8kNm
=
12 12 12 12
TRECHO CD:

0 ql ² 6.3² 0 ql ² 6.3²
M CD == = 4,5kNm; M DC =
− =
− −4,5kNm
=
12 12 12 12
COEFICIENTES BETA (TERMOS DE CARGA):

β10 = 0
M BA 0
+ M BC −2, 0 + 8, 0 =
= 6kNm

β 20 = 0
M CB 0
+ M CD −8, 0 + 4,5 =
= −3,5kNm

279
6. E.

CASO 1 — GIRO UNITÁRIO

EI = 104 kN .m²

TRECHO AB:

1 2.EI 2.104
M
= AB = = 104 kNm / rad
L 2
1 4.EI 4.104
M
= BA = = 2.104 kNm / rad
L 2
TRECHO BC:

1 4.EI 4.104
M
= BC = = 104 kNm / rad
L 4
4
1 2. EI 2.10
M
= CB = = 0,5.104 kNm / rad
L 4
TRECHO CD:

1 1
=
M CD 0=
kNm / rad ; M DC 0kNm / rad ;

COEFICIENTES DE RIGIDEZ:

1 1
k11 = M BA + M BC = 2.104 + 104 = 3.104 kNm / rad ;
1 1
k21= M CB + M CD= 0,5.104 + =
0 0,5.104 kNm / rad ;

CASO 2 — GIRO UNITÁRIO:

TRECHO AB:

2 2
=
M AB 0=
kNm / rad ; M BA 0kNm / rad ;

TRECHO BC:

2.EI 2.104
= = = 0,5.104 kNm / rad
M 2
BC
L 4
4
2 4. EI 4.10
M
= CB = = 104 kNm / rad
L 4
TRECHO CD:

2 4.EI 4.104
M
= CD = = 1,33.104 kNm / rad
L 3

280
2.EI 2.104
= = = 0, 67.104 kNm / rad
M 2
DC
L 3
COEFICIENTES DE RIGIDEZ:

2 2
k12 =
M BA + M BC 0 + 0,5.104 =
= 0,5.104 kNm / rad =
k21 ;
2 2
k22 =M CB + M CD =104 + 1,33.104 =2,33.104 kNm / rad ;

7. B.

β10 + k11.D1 + k12 .D2 =0


β 20 + k21.D1 + k22 .D2 =
0

Portanto, temos o sistema linear:

6, 0 + 3.104.D1 + 0,5.104.D2 =
0
−3,5 + 0,5.104.D1 + 2,33.104.D2 =
0

Em que as raízes para o problema são D1 = −2,33.10−4 rad e D2 = 2, 0.10−4 rad . Portanto,
corresponde à alternativa B.

8. Os esforços podem ser obtidos em cada ponto pela seguinte


0 1 2
equação: M=M + M .D1 + M .D2 , assim, no ponto A, referen-
te ao lado da barra AB, M AB =
teremos: M AB + M .D1 + M AB 2 .D2 ,
0
AB
1

M AB 2, 0 104.(−2,33.10−4 ) + 0.104.(2.10−4 ) =
=+ −0,33kNm . Resolve-se assim para
todas as barras. Resumidamente, apresentam-se esses valores junto ao gráfico dos
momentos fletores:

−2, 0 + 2.104.(−2,33.10−4 ) + 0.104.(2.10−4 ) =


M BA = −6, 66kNm
8, 0 + 1.104.(−2,33.10−4 ) + 0,5.104.(2.10−4 ) =
M BC = +6, 66kNm
−8, 0 + 0,5.104.(−2,33.10−4 ) + 1, 0.104.(2.10−4 ) =
M CB = −7,17 kNm
4,5 + 0, 0.104.(−2,33.10−4 ) + 1,33.104.(2.10−4 ) = +7,16kNm
M CD =
−4,5 + 0, 0.104.(−2,33.10−4 ) + 0, 67.104.(2.10−4 ) =
M DC = −3,16kNm

281
Figura 3 – Resolução da viga para o exercíco 8, diagrama de esforços e tabela de supeposição dos efeitos / Fonte:
o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra o diagrama de momentos fletores da viga, bem como as reações de
apoio e uma tabela com o cálculo dos esforços em cada ponto.

UNIDADE 05

1. A.

A ideia básica desse processo é a de que, como os nós de uma estrutura devem estar em EQUI-
LÍBRIO, a soma dos MOMENTOS aplicados pelas extremidades das barras que chegam a um
nó deve ser NULA.

2. E.

(4) Bloqueia-se o nó, e se repete o processo de redistribuição no próximo nó. Repete-se o pro-
cesso até atingir a precisão necessária.

(2) Considera-se que todos os nós são perfeitamente fixos e, portanto, são solicitados com os
momentos de engastamento perfeito. Aplicam-se esses momentos nos nós.

(1) Calcula-se o momento de engastamento perfeito de cada barra/nó, então se calcula o coe-
ficiente de ponderação dos momentos conforme a rigidez de cada barra.

(3) Permite-se a rotação um dos nós, redistribuindo o momento para barras/nós adjacentes, de
acordo com o coeficiente de ponderação dos momentos.

3. E.

Para o trecho AB: engastado-apoiado

kab 3=
= EI / L 3EI
= /1,5 2, 0.EI

Para o trecho BC: engastado-engastado

282
=kbc 4=
EI / L 4.2 EI=
/ 4,5 1, 78 EI

Assim, temos:

2, 0
=γ ab = 0,53
2, 0 + 1, 78
1, 78
=γ bc = 0, 47
2, 0 + 1, 78

4. A.

Calculando os momentos de engastamento perfeito para a estimativa inicial:

−ql ² / 8 =
M AB = −15.1,5² / 8 =
−4, 22kNm; M BC =
ql ² /12 =
15.4,5² /12 =
25,31kNm

A diferença entre esses valores é de 21,09 kNm, assim 53% desse valor vai para o trecho AB e
47% para o trecho BC.

M BA1 =
−4, 22 − 21, 09.0,5294 =
−4, 22 − 11,17 =
−15,39kNm
M BC1 = 25,31 − 21, 09.0, 4706 = 25,31 − 9,93 = 15,39kNm

Figura 1 – Resolução para o exercício 4 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra a aplicação do Processo de Cross. Sobre o apoio B, temos os coeficientes
de ponderação da barra BA e BC. O valor do desequilíbrio de B será (4,22-25,31=-21,09), assim 11,17 serão dis-
tribuídos para a barra BA, e 9,93 serão distribuídos para BC. Por fim, o nó deve se estabilizar em 15,39. Abaixo,
temos o diagrama de momentos fletores resultando em 15,40.

283
Quanto à reação de apoio RA, para obtê-la, podemos fazer o equilíbrio do momento em B:

M b =0; +15, 4kNm − 15.1,5² / 2 + Va.1,5 =0 ∴Va =1, 0kN

5. B.

Calculando os coeficientes de rigidez local de cada barra:

K=
AB 4 EI =
/ L 4=
/2 2
K=
BC K=
CB 4 EI =
/ L 4=
/4 1
K=
CD 4 EI =
/ L 4=
/ 3 1,33

Dessa maneira, calcula-se o coeficiente de ponderação dos momentos:

K AB 2
γ ab= = = 0, 667
Σ( K AB + K BC ) 3
K BC 1
γ bc= = = 0,333
Σ( K AB + K BC ) 3
K CB 1
γ cb
= = = 0, 429
Σ( K CB + K CD ) 2,33
K CD 1,33
γ cd
= = = 0,571
Σ( K CB + K CD ) 2,33

Vide Figura 2.

6. A.

Inicialmente, calcularemos os momentos de engastamento perfeito como estimativa inicial do


processo:

284
Figura 2 – Resolução para o exercício 6 / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra a aplicação do Método de Cross na viga. Os momentos são redistribuídos
e são apresentadas as iterações do processo. Abaixo, temos os valores resultantes do processo e o diagrama
de momento fletor da viga.

UNIDADE 06

1. C.

Nos apoios, os deslocamentos são nulos e, por isso, já são conhecidos e deixam de ser incógni-
tas do problema. Assim, pode-se excluir as linhas e colunas referentes a esse deslocamento ou
adicionar um número muito grande na matriz de rigidez para obter um deslocamento muito
próximo a zero.

2. E.

I) Verdadeira.

Vi = A − Ra + ql / 2 =
− Ra + 12.6, 5 / 2 =
− Ra + 39kN

285
M i = A + Ma − ql ² / 12 =
+ Ma − 12.6, 5² / 12 =
Ma − 42, 25kNm

II) Verdadeira.

III) Falsa, pois temos um momento atuando no nó que será transmitido pela barra ABC, embora
não tenhamos reações de engastamento, pois é um apoio do segundo gênero.

IV) Verdadeira.

− Rb / 2 + ql / 2 =
V j=B = − Rb / 2 + 12.6,5 / 2 =
− Rb / 2 + 39kN

+ ql ² /12 =
M j=B = +12.6,5² /12 =
+42, 25kNm

3. A.

Utiliza-se a matriz de rigidez de vigas, a qual tem dois deslocamentos no nó inicial e dois desloca-
mentos no nó final, ao todo, temos quatro deslocamentos, portanto a matriz local é da ordem 4x4.

 Vi   12 EI / l ³ 6 EI / l ² −12 EI / l ³ 6 EI / l ²   δ i 
M    
 i  =  6 EI / l ² 4 EI / l −6 EI / l ² 2 EI / l   θi 
.
 V j   −12 EI / l ³ −6 EI / l ² 12 EI / l ³ −6 EI / l ²  δ j 
     
 M j   6 EI / l ² 2 EI / l −6 EI / l ² 4 EI / l  θ j 

Quanto à matriz de rigidez global, teremos quatro nós na estrutura, cada um com dois deslo-
camentos, assim teremos uma matriz 8x8.

4. B.

A análise matricial de estruturas pelo método da rigidez direta baseia-se no método dos deslo-
camentos, em que as incógnitas são DESLOCAMENTOS. Nesse sentido, o processo de aplicação
do método é semelhante ao Método dos Deslocamentos, no entanto, a solução é feita PARA
TODOS NÓS de interesse. A estrutura é dividida em diversos elementos, compostos por nós
iniciais e finais, com seu comportamento sendo descrito MATRICIALMENTE. Posteriormente,
compatibiliza-se o comportamento de todas as barras pela MATRIZ DE RIGIDEZ GLOBAL.

5. Para resolver a estrutura, ela será dividida em três elementos: primeiro elemento com
2,0 m, segundo elemento com 4,0 m e terceiro elemento com 3,0 m. Faremos, então,
a elaboração da matriz de rigidez local de cada elemento.

286
Para o elemento 01, teremos os seguintes carregamentos nodais equivalentes:

−ql / 2 =
VA = −6.2 / 2 =
−6, 0kN
−ql ² /12 =
MA = −6.2² /12 =
−3, 0kNm
−ql / 2 =
VB = −6.2 / 2 =
−6, 0kN
M B = ql ² /12 = 6.2² /12 = +3, 0kNm

Somando as reações de apoio a estes, teremos:

Vi = A E 01 =
−6, 0 + RA
M i = A E 01 =
−3, 0 + M A
Vi = B E 01 =
−6, 0 + RB / 2
M i = B E 01 = +3, 0

Como todos os elementos têm EI constante, podemos isolar essa variável da conta, resultando,
assim, nos seguintes valores:

12
= EI / l ³ 12
= EI / 2³ 1,5 EI
6=
EI / l ² 6= EI / 2² 1,5 EI
4=
EI / l 4= EI / 2 2, 0 EI
2=
EI / l 2= EI / 2 1, 0 EI

Dessa maneira, escrevemos a matriz de rigidez local do elemento 01:

 −6 + Ra   1,5 1,5 −1,5 1,5   δ i = A 


 −3 + Ma   1,5  
2, 0 −1,5 1, 0   θi = A 
[F ] = [ k ][ d ] =   
E 01
> EI
= .
 −6 + Rb / 2   −1,5 −1,5 1,5 −1,5 δ j = B 
     
 3, 0   1,5 1, 0 −1,5 2, 0  θ j = B 

Semelhantemente, para o elemento 02, temos:

Vi = B E 02 = −12 + RB / 2 12
= EI / l ³ 12
= EI / 4³ 0,1875 EI
E 02
M i = B = −8, 0 6=
EI / l ² 6= EI / 4² 0,375 EI
Vi =C E 02 = −12 + RC / 2 4=
EI / l 4= EI / 4 1, 0 EI
M E 02 = +8, 0 2=
EI / l 2= EI / 4 0,5 EI
i =C

287
Dessa maneira, escrevemos a matriz de rigidez local do elemento 02:

 −12 + RB / 2   0,1875 0,375 −0,1875 0,375   δ i = B 


 −8, 0   0,375  
1, 0 −0,375 0,50   θi = B 
[F ] [ k ][ d ] =   
E 02
= > EI
= .
 −12 + RC / 2   −0,1875 −0,375 0,1875 −0,375 δ j =C 
     
 +8, 0   0,375 0,50 −0,375 1, 0  θ j =C 

Semelhantemente, para o elemento 03, temos:

Vi =C E 03 =−9 + RC / 2 12=EI / l ³ 12
= EI / 3³ 0, 444 EI
E 03
M i =C = −4,5 6=
EI / l ² 6=EI / 3² 0, 667 EI
Vi = D E 03 =−9 + RD / 2 4=
EI / l 4= EI / 3 1,333EI
M E 03 = +4,5 2=
EI / l 2= EI / 3 0, 667 EI
i=D

Dessa maneira, escrevemos a matriz de rigidez local do elemento 03:

 −9 + RC / 2   0, 444 0, 667 −0, 444 0, 667   δ i =C 


 −4,5   0, 667  
1,333 −0, 667 0, 667   θi =C 
[F ] [ k ][ d ] =   
E 03
= > EI
= .
 −9 + RD / 2   −0, 444 −0, 667 0, 444 −0, 667  δ j = D 
     
 +4,5   0, 667 0, 667 −0, 667 1,333  θ j = D 

Elabora-se, então, a matriz de rigidez global:

 −6 + Ra   1,5 1,5 −1,5 1,5 −− −− −− − −   δ1 


 −2, 0 + Ma 
 
 1,5 2, 0
 − 1,5 1, 0 − − − − − − − −  θ1 
 −18 + Rb   −1,5 −1,5 1, 6875 −1,125 −0,1875 0,375 −− − −  δ 2 
     
 −6, 0  = EI .  1,5 1, 0 −1,125 3, 00 −0,375 0,500 −− − −  θ 2 
.
 −21 + Rc   − − − − −0,1875 −0,375 0, 632 0, 292 −0, 444 0, 667  δ 3 
     
 3,5   −− −− 0,375 0,500 0, 292 2,333 −0, 667 0, 667  θ3 
 −9, 0 + Rd   −− −− −− −− −0, 444 −0, 667 0, 444 −0, 667  δ 4 
     
 +4,5 + Mc   − − − − −− −− 0, 667 0, 667 −0, 667 1,333  θ 4 

Considerando que, em A e D, temos um engaste ( δ1 ;θ1 ; δ 4 ;θ 4 = 0 ) e que, em B e C, temos


apoios do primeiro gênero ( δ 2 ; δ 3 = 0 ), podemos limitar o sistema linear a:

288
 −6, 0  3, 0 0,5  θ 2  θ 2   −2,33 −4
= 3,5  EI . =
0,5 2,33  . θ  ∴ θ   2, 0  .10 rad / kNm
     3  3  
Repare que os valores encontrados de deslocamentos são equivalentes aos calculados na
Unidade 4 e não poderiam ser diferentes, pois, essencialmente, o Método Direto da Rigidez
é apenas uma generalização do Método dos Deslocamentos. As reações de apoio podem ser
obtidas pelas próprias equações do sistema linear:

 −6 + Ra   1,5 1,5 −1,5 1,5 −− −− −− −−   0 


 −2, 0 + Ma   1,5 2, 0 − 1,5 1, 0 − − − − − − − −   0 
  
 −18 + Rb   −1,5 −1,5 1, 6875 −1,125 −0,1875 0,375 −− −−   0 
     
 − 6, 0  = EI .  1,5 1, 0 − 1,125 3, 00 − 0,375 0,500 − − − −   −2,33
. .1/ EI
 −21 + Rc   − − − − −0,1875 −0,375 0, 632 0, 292 −0, 444 0, 667   0 
     
 3,5   −− −− 0,375 0,500 0, 292 2,333 −0, 667 0, 667   2, 0 
 −9, 0 + Rd   −− −− −− −− −0, 444 −0, 667 0, 444 −0, 667   0 
     
 +4,5 + Mc   − − − − −− −− 0, 667 0, 667 −0, 667 1,333   0 

2,5kN ; M A =
VA = −0,333;VB =
21,375kN ;VC =
22, 458kN ;VD =
7, 667 kN ; M D =
−3,167 kN ;

Fonte: o autor.

6. Você deve montar sua própria planilha no Excel. Recomenda-se que faça por partes,
incialmente, para vigas com dois elementos, posteriormente, com três, até chegar
na viga de quatro elementos. Deve-se montar as matrizes locais de cada elemento e,
posteriormente, a matriz global, considerando a interação entre os nós. Lembre-se das
operações com matrizes usadas para resolver sistemas lineares.

UNIDADE 07

1. B. O Método dos Elementos Finitos é utilizado para representar diversos problemas


físicos, dentre eles, a análise estrutural. Trata-se de um método de análise estrutural,
aplicando-se tanto a estruturas de concreto, aço, madeira e, também, a problemas de
geotecnia. A solução do problema diferencial é obtida por uma aplicação numérica a
uma função aproximadora nos elementos discretizados. O MEF em si não faz o projeto,

289
apenas a análise estrutural, cabendo ao engenheiro o processo de detalhamento. O
BIM é uma técnica de projeto — não apenas estrutural — em que o programa enten-
de determinado elemento com suas respectivas propriedades, podendo integrar às
análises diversas avaliações.

2. C. No caso de elementos com grande carga de compressão, essencialmente, pilares,


quaisquer deslocamentos horizontais provocam efeitos de segunda ordem, aumen-
tando o momento nesses elementos. As demais alternativas se referem a problemas
de não linearidade física.
3. Observando os diagramas de momento fletor e as deformações referentes à análise
da estrutura, podemos entender que a posição do tirante influencia a distribuição dos
esforços e o comportamento estrutural do muro. Quanto mais próximo à base, maior
é a reação no tirante. À medida que o tirante se aproxima da base, diminui o valor dos
momentos fletores positivos, mas, quando passa certo ponto, começa a aumentar o
momento fletor negativo no tirante/apoio. Semelhantemente, temos uma região consi-
derada ótima para as menores deformações do muro. Entende-se que a melhor posição
para o tirante seria aquela que pudesse satisfazer todas essas situações simultanea-
mente. Entre as apresentadas, a situação (d) é a que mais se destaca — tirante a 2,5 m.

Fonte: o autor.

290
Descrição da Imagem: a figura mostra o diagrama de esforço fletor no muro de arrimo, juntamente com as
reações de apoio, para as situações citadas na figura do exercício. Em suma, temos alterações no diagrama. Na
ausência de apoios (situação a), o diagrama resulta em grandes valores de esforços (-224,0 kNm); na presença
do apoio (situação b, c, d, e e), o momento fletor se inverte, agindo valores postivos. À medida que a posição
do apoio desce, temos valores de menor intensidade nos diagramas e maiores reações de apoio no tirante.
Na situação d, temos momento na base de -40,6 kNm; momento positivo de +19,2 kNm; momento negativo
sobre o apoio de -11,8 kNm; no apoio, a reação é de 73,4 kN. Quanto às deformações, não são apresentandos
valores, mas a deformação do muro engastado e livre é significativamente superior aos demais, sendo que,
nessa situação, temos a menor deformação.

UNIDADE 08

1. B. Os recalques de edificações permanecem agindo durante grande parte da vida útil


da estrutura, com pouca ou nenhuma variação em sua magnitude, e são exemplos de
ações permanentes indiretas. O peso da água não entra nessa situação, pois o nível
da água é variável e pode ser removida.

2. D. O(A) arquiteto(a) deve ser informado(a) sobre a situação. É ele(a) que pode aprovar
qualquer alteração no projeto arquitetônico, portanto a decisão deve ser dele(a). O uso
de uma variação brusca na seção de pilares é muito problemático e pode ocasionar em
problemas sérios a uma edificação. O(A) engenheiro(a) até pode usar esse recurso em
situações muito especiais, mas não deve ser usada por não haver continuidade na peça.

3. C. Para descobrir os valores máximos de compressão e tração atuantes, faremos as


combinações últimas normais. Para o maior esforço de compressão, consideraremos
a ação do vento como variável principal e, posteriormente, a sobrecarga como variável
principal, depois, os valores de cálculo serão comparados, adotando-se o maior. No
caso dos esforços de tração, consideraremos apenas o vento como ação variável, já
que o efeito da sobrecarga é benéfico.

Considerando o vento como variável principal, consultando a equação e os coeficientes da


Tabela 1, temos:

Fd ,1 = 1,35.50 + 1, 4.40 + 1,5.0,60.32 = 152,3kN

Considerando a sobrecarga como variável principal, consultando a equação e os coeficientes


da Tabela 1, temos:

Fd ,2 = 1,35.50 + 1,5.32 + 1, 4.0,60.40 = 149,1kN

O maior esforço de compressão usado no projeto será de 152,3 kN.

Considerando o peso próprio ponderado pelo seu coeficiente em condição desfavorável frente
à ação variável do vento, teremos.

291
Fd ,3 =1,00.50 + 1, 4. − 65 + 0 =−41,0kN

Portanto, alternativa C.

4. B. O Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia é um exemplo de estrutura de massa


ativa, que vence os vãos por flexão por uma estrutura robusta. Você pode conhecer
mais do projeto no canal da FAUUSP no YouTube, que tem uma série sobre a obra.

5. A. A grande vantagem do sistema de forma ativa é que o formato da estrutura faz com
que os elementos trabalhem comprimidos ou tracionados, como nos arcos e pontes
penseis.

6. Você é livre para escolher qualquer outra obra, desde que preencha os requisitos A e
B. Apresentaremos apenas um exemplo.

a) Residência Hélio Olga: trata-se de uma obra de uma residência de 220 m² construída em
madeira nos anos 1990. O grande desafio do projeto era a inclinação do terreno de, aproxima-
damente, 100%. Isso dificultava muito a execução de uma obra pesada, e encareceria muito se
fossem adotados sistemas de contenção.

b) O sistema estrutural é de vetor ativo com as vigas e lajes sendo de massa ativa. Assim, a so-
lução adotada foi construir em madeira, por ser um material leve, com cabos de aço, formando
um sistema estrutural treliçado, em que o carregamento dos pisos e das lajes é transmitido
aos pilares por vigas. Então, a carga é suspendida pelos tirantes de aço (diagonais) para descer
por compressão nos outros montantes e pilares até se encontrar com os apoios na fundação.

Figura 1 – Casa Hélio Olga e o caminho das cargas e comportamento estrutural / Fonte: adaptada de LIMA, A. I. et al.

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma residência em madeira, de formato moderno. A residência é
construída em um formato de triângulo escalonado invertido, ficando apoiada apenas pela ponta. O sistema
estrutural é de vetor ativo.

292
UNIDADE 09

1. E. As linhas de influência são gráficos que representam o efeito da posição de uma carga
sobre determinado esforço elástico perante uma estrutura, são muito importantes para
determinar os esforços críticos. As demais alternativas referem-se a outros conceitos.

2. E.

I) Correta.

II) Falsa. Linhas de influência podem ser usadas em hiperestáticas.

III) Correta.

IV) Correta.

V) Falsa. Os conceitos de linha de influência são usados até hoje, inclusive por computadores.

3. B. Inicialmente, posicionamos uma rótula na seção “A”, hipoteticamente, rompendo a


estrutura para o esforço que se pretende analisar. Aplica-se, então, uma rotação unitária
nesse ponto. A configuração deslocada da estrutura deve ser como a da figura a seguir.

Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra a linha de influência resultante da aplicação do método de Müller-
-Breslau em A.

4. B.

Posicionando a carga sobre o ponto A, temos o valor do momento fletor máximo negativo:

36. − 0,1515 =
M S máx ,neg = −5, 45kNm

Posicionando a carga sobre o ponto S, temos o valor do momento fletor máximo positivo:

M Smáx , pos 36.0,


= = 4646 16, 73kNm

293
5. a) Avaliando-se o comportamento da estrutura mediante o carregamento permanente
e estático, podemos chegar nos seguintes valores de momento fletor de cada ponto
de interesse.

Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra os momentos fletores para o carregamento permanente atuante na
viga ABCDEFGH. No ponto A e H, temos momento fletor nulo. No ponto B e G, temos momento fletor de valor
-10 kNm. Em C, o momento é de -40,0 kNm; em D, é de -2,5 kNm; em E, é +15,0 kNm; em F, é 12,5kNm.

b) Deve-se elaborar a linha de influência do momento fletor para cada ponto de in-
teresse. Como esses pontos foram posicionados a cada metro, temos oito pontos
de interesse, portanto, oito linhas de influência a serem desenhadas. Esse processo
pode ser feito com o auxílio do software FTOOL. A figura a seguir mostra as linhas de
influência para cada ponto de interesse.

294
Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra os momentos fletores para o carregamento permanente atuante na viga

295
Repare que, nas linhas de influência dos pontos A e H, os valores são nulos, portanto, o momento
fletor nesses pontos também é nulo para qualquer posição da carga.

Considerando a linha de influência em B, para o momento fletor máximo negativo em B, temos


a carga posicionada em A:

−1, 0.50 =
M B ,máx − = −50kNm • M B ,máx + =
0kNm

Considerando a linha de influência em C, para o momento fletor máximo negativo em C, temos


a carga posicionada em A:

−2, 0.50 =
M C ,máx − = −100kNm • M C ,máx + =
0kNm

Considerando a linha de influência em D, para o momento fletor máximo negativo em D, temos


a carga posicionada em A:

−1,5.50 =
M D ,máx − = −75kNm;

Considerando a linha de influência em D, para o momento fletor máximo positivo em D, temos


a carga posicionada em D:

+0, 75.50 =
M D ,máx + = 37,5kNm;

Considerando a linha de influência em E, para o momento fletor máximo negativo em E, temos


a carga posicionada em A:

−1, 0.50 =
M E ,máx − = −50kNm;

Considerando a linha de influência em E, para o momento fletor máximo positivo em E, temos


a carga posicionada em E:

+1, 0.50 =
M E ,máx + = 50kNm;

Considerando a linha de influência em F, para o momento fletor máximo negativo em F, temos


a carga posicionada em H:

−0, 75.50 =
M F ,máx − = −37,5kNm;

Considerando a linha de influência em F, para o momento fletor máximo positivo em F, temos


a carga posicionada em F:

M
= F , máx + 0,=
75.50 37,5kNm;

Considerando a linha de influência em G, para o momento fletor máximo negativo em G, temos


a carga posicionada em H:

296
−1, 0.50 =
M G ,máx − = −50kNm • M G ,máx + =
0;

c) Para traçar a envoltória de esforços, somaremos os efeitos de carregamentos permanentes


com os valores máximos e mínimos de momentos fletores para cada ponto de interesse. Para os
pontos A e H, os momentos fletores são nulos, então sua soma será nula. Já nos demais pontos,
teremos diferentes valores, por exemplo, no ponto B:

−50 − 10 =
M B ,máx − + M B , per = −60kNm • M B ,máx + + M B , per =−
0 10 =
−10kNm

Já no ponto C:

−100 − 40 =
M C ,máx − + M C , per = −140kNm • M C ,máx + + M C , per =
0 − 40 =
−40kNm

No ponto D, teremos:

−75 − 2,5 =
M D ,máx − + M D , per = −77,5kNm • M D ,máx + + M D , per =
37,5 − 2,5 =
35kNm

No ponto E, teremos:

−50 + 15 =
M E ,máx − + M E , per = −35kNm • M E ,máx + + M E , per =
50 + 15 =
65kNm;

No ponto F, teremos:

−37,5 + 12,5 =
M F ,máx − + M F , per = −25kNm • M F ,máx + + M F , per =
37,5 + 12,5 =
50kNm;

No ponto G, teremos:

−50 − 10 =
M G ,máx − + M G , per = −60kNm • M G ,máx + + M G , per =−
0 10 =
−10kNm;

Esses valores são representados na figura e tabela para melhor visualização do leitor. Observan-
do-os, podemos perceber que os momentos solicitantes, negativo em C e positivo em E, ultra-
passarão a resistência da viga, portanto, são regiões em que é necessário o reforço estrutural.

Perma-
Carga móvel Envoltória
nente
PON-
TO M i ,env − (kNm) M i ,env + (kNm)
M i , per (kNm) M i ,máx − (kNm) M i ,máx + (kNm)
M i ,máx − + M i , per M i ,máx + + M i , per

A 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

B -10,0 -50,0 0,0 -60,0 -10,0

C -40,0 -100,0 0,0 -140,0 -40,0

297
D -2,5 -75,0 +37,5 -77,5 +35,0

E +15,0 -50,0 +50,0 -35,0 +65,0

F +12,5 -37,5 37,5 -25,0 +50,0

G -10,0 -50,0 0,0 -60,0 -10,0

H 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Resistência

M R ,− = −90kNm M R ,+ = +60kNm

Tabela 1 – Envoltória de esforços / Fonte: o autor.

Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: a figura mostra uma ponte de vigas horizontais apoiada em dois pilares vicinais. Um
caminhão preto deve transitar sobre ela. O caminhão está à esquerda. Abaixo dele, temos a indicação de um
carregamento pontual P e o esquema estático da viga, apoiada em C e E. Os pontos de interesse ABCDEFGH
estão espaçados metro a metro ao longo do comprimento da viga. Há uma marcação em formato oval na cor
vermelha na face superior do ponto C da viga e na parte inferior do ponto E, indicando a necessidade de reforço
em relação ao momento máximo negativo e positivo, respectivamente. Acima da viga, é apresentada a envoltória
de esforços, com os valores máximos e mínimos de momento fletor para cada um dos pontos de interesse.

298
299
300

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