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Livro Completo - Teoria Da Estruturas II
Livro Completo - Teoria Da Estruturas II
Estruturas II
PROFESSOR
Me. Gabriel Trindade Caviglione
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Coordenador de Conteúdo Flávio Augusto Carraro Designer Educacional Jociane Karise Benedett Curadoria Rafaela
Benan Zara Revisão Textual Sarah Longo Carrenho Cocato Editoração Piera Consalter Paoliello Ilustração André
Azevedo Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel Fotos Shutterstock.
FICHA CATALOGRÁFICA
300 p.
ISBN: 978-65-5615-642-2
“Graduação - EaD”.
Impresso por:
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
Diretoria de Design Educacional
Reitor
Wilson de Matos Silva
Olá, eu sou o Gabriel! Sou engenheiro civil e mestre em
Engenharia de Estruturas. Assim como muitos, procu-
rei fazer Engenharia pois tinha afeição por Matemática
e Física. Além disso, gostava muito de Engenharia de
Tráfego, ficava maravilhado com a cidade de São Paulo
e com as avenidas de mão única de Curitiba e Maringá,
passava horas rabiscando e pensando soluções para
minha cidade, Londrina. Durante a graduação, descobri
a paixão por ensinar e pelas grandes obras e estruturas,
suas técnicas executivas e as soluções estruturais por
trás dos grandes nomes da arquitetura. Tive a opor-
tunidade de fazer estágio em um escritório de cálculo
estrutural, o que direcionou minha carreira.
Formado, trabalhei com execução de pré-fabrica-
dos, porém, com a crise econômica, procurei me espe-
cializar e encarei o desafio do mestrado em Engenha-
ria de Estruturas na UEM. Hoje, atuo como professor
universitário e continuo prestando serviços na área
de estruturas e fundações.
Aqui você pode Uma curiosidade sobre mim é que já fui atleta de
conhecer um natação na juventude, competia defendendo Londrina!
pouco mais sobre
Conquistei várias medalhas nos nados livre e peito. Tam-
mim, além das
informações do bém participei ativamente do grupo de jovens da minha
meu currículo. igreja. Aprendi muito com o esporte de desempenho e
com a liderança na igreja. Atualmente, descobri na cor-
rida de rua um hobby saudável e relaxante. O benefício
principal é manter a cabeça no lugar depois de um dia
inteiro de engenharia.
REALIDADE AUMENTADA
Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo
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recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das
possibilidades de interação de cada objeto.
RODA DE CONVERSA
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido
PENSANDO JUNTOS
EXPLORANDO IDEIAS
EU INDICO
Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.
1 2
11 43
GRAU DE TEOREMAS E
HIPERESTATICIDADE PRINCÍPIOS
3 4
71 101
MÉTODO DAS MÉTODO DOS
FORÇAS DESLOCAMENTOS
5 129 6
155
PROCESSO DE ANÁLISE MATRICIAL
CROSS DE ESTRUTURAS
8
7
181 207
MODELAGEM FUNDAMENTOS DO
COMPUTACIONAL PROJETO ESTRUTU-
DE ESTRUTURAS RAL
9
237
CARGAS MÓVEIS EM
ESTRUTURAS
1
Grau de
Hiperestaticidade
Me. Gabriel Trindade Caviglione
12
UNIDADE 1
ΣFv = 0
ΣMx = 0 (1.1)
ΣMy = 0
ΣFv = 0 ∴→ R1 + R2 + R3 + R4 + R5 + R6 − Σqi = 0
ΣMx = 0 ∴→ R1y1 + R2y2 + R3y 3 + R4y 4 + R5y5 + R6y6 − Σqiyi = 0 (1.2)
Em que:
13
UNICESUMAR
Nessa situação hipotética, teríamos um sistema linear de três equações com seis incógnitas ( R1 , R2 , R3 , R4 ,
R5 e R6 ), ou seja, trata-se de um sistema impossível de se resolver. A partir dessas condições, não é possível
calcular as reações de apoio, pois temos mais reações disponíveis do que equações de equilíbrio. Assim
como na Figura 2, que mostra uma viga hiperestática, na qual temos uma reação de apoio extra “sobrando”.
Figura 1 - Viga hiperestática: temos quatro reações de apoio frente a apenas três equações de equilíbrio / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga hiperestática, com um carregamento distribuído ao longo do comprimento
e uma carga concentrada no ponto C. A viga tem três apoios: nos pontos B, C e D. A figura também mostra a substituição
dos apoios por reações VB, VD, HD e VE. Ilustra que a viga tem mais reações — incógnitas — do que equações de equilíbrio.
Mesmo uma pequena residência, construída em tecnologia convencional, concreto armado moldado in
loco, pode ter uma estrutura hiperestática e de solução indeterminada pelas equações da estática. Assim,
o desafio é procurar outras condições para se calcular os esforços dos pilares, vigas e lajes dessa residência.
Você pode usar o Diário de Bordo para registrar e relembrar os conceitos já vistos que podem lhe
ajudar a resolver estruturas estaticamente indeterminadas. Procure soluções para analisar estruturas
hiperestáticas, comece pensando em estruturas mais simples como a da Figura 2.
14
UNIDADE 1
Figura 2 - Estrutura hipostática: ponte basculante Lindaunis. Não há restrição aos movimen-
tos no sentido anti-horário, permitindo que a ponte rotacione para a passagem dos barcos
15
UNICESUMAR
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UNIDADE 1
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UNICESUMAR
Figura 4 - Resumo de estabilidade e estaticidade: estruturas hipostática, isostática e hiperestática / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura apresenta três vigas de carregamentos idênticos, uma carga distribuída e uma carga con-
centrada no ponto C. Entre as vigas, temos: uma hipostática à esquerda, com apenas um vínculo do segundo gênero, duas
reações de apoio; uma isostática ao centro, com dois vínculos, três reações de apoio; uma hiperestática à direita, com três
vínculos, dois do 1º gênero e um do 2º gênero, totalizando quatro reações de apoio.
Percebe-se, então, que, para avaliar a estabilidade de uma estrutura, é fundamental entender suas con-
dições de vinculação. Os vínculos são apoios capazes de fornecer um sistema de forças que estabilize
os carregamentos, agindo sobre essa estrutura, impedindo-a de se deformar. Em uma estrutura real,
é impossível ter uma deformação nula, geralmente, temos reações de apoio após pequenas deforma-
ções, dentro de um limite aceitável. Nessas condições, uma maneira mais precisa para simular esse
comportamento é usando vínculos elásticos, conforme a Figura 6.
Descrição da Imagem: a imagem indica um retângulo com o texto “vínculos ideais”, que se divide em duas opções: rígidos
e elásticos. Em seguida, estes dividem-se em três tipologias: 1º gênero, 2º gênero e 3º gênero. Abaixo, temos a inscrição
de reações e restrições correspondentes a cada um dos gêneros: verticais (1º gênero); verticais e horizontais (2º gênero); e
verticais, horizontais e rotações (3º gênero).
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UNIDADE 1
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UNICESUMAR
gext = R − E (1.3)
Em que:
20
UNIDADE 1
Em que:
21
UNICESUMAR
tração no tirante, ou seja, uma incógnita extra. No caso de quadros, temos como incógnitas os esforços
de momento fletor, esforço normal e esforço cortante. Ou seja, três incógnitas extras por quadro. Outro
efeito importante a ser considerado ao avaliar a hiperestaticidade de uma estrutura são os conectores de
suas barras. O tipo de conexão entre as barras determinará quais esforços serão transmitidos nas ligações.
Descrição da Imagem: a figura exemplifica o comportamento da rótula, um elemento de ligação que permite a rotação,
transmitindo apenas esforços normais e de corte. A figura é composta por quatro ilustrações. Na primeira, temos o esquema
estático de uma viga rotulada, a viga tem dois apoios, um engaste e uma rótula; a figura mostra a transmissão dos esforços
verticais e horizontais entre o trecho biapoiado e engastado. A segunda ilustração é uma ligação de dente Gerber: temos
um pilar disposto na vertical, com consolos em ambos os lados — volumes laterais, para fora da seção do pilar —, o lado
esquerdo está livre; já no lado direito, temos uma viga apoiada no consolo, a viga tem um corte — dente Gerber — em
sua seção para encaixar no consolo, tal ligação não permite a passagem de momentos fletores; ao fundo, temos outras
estruturas — metálicas e de concreto. Na terceira ilustração, temos a anatomia de um joelho humano, os tendões mantêm
conectados os ossos, que podem deslizar um sobre o outro, permitindo a rotação. A quarta ilustração mostra uma mulher
correndo, em que é possível observar o joelho, transmitindo a ideia de movimento e rotação do joelho ao correr.
A presença da rótula evita a transmissão de momentos fletores. Assim como o joelho, a rótula per-
mite a rotação, assim, no ponto onde a rótula está localizada, o momento fletor precisa ser nulo. Essa
condição nos permite dispor de duas novas equações:
Entretanto, em uma estrutura em equilíbrio, as forças agindo à direita de um ponto precisam ser
iguais e opostas às forças agindo à esquerda. Isso equivale a dizer que M dir ,r = Mesq ,r , assim, embora
a rótula adicione duas equações ( M dir ,r = 0 e Mesq ,r = 0 ), uma delas é dependente da outra. Ou seja,
na prática, temos apenas uma equação nova ( M r = 0 ) (KASSIMALI, 2015).
Esse mesmo raciocínio se aplica a pórticos: se tivermos três barras se encontrando em uma rótula
(Figura 10), teríamos três equações de M r = 0 . No entanto, teremos novamente uma das equa-
ções linearmente dependente das demais, pois o somatório dos momentos no nó precisa ser nulo
( M dir ,r + Mesq ,r + M abx ,r + M acim,r = 0 ). O número de novas equações será sempre o número de
barras subtraído de 1, referente ao equilíbrio do nó.
22
UNIDADE 1
(1.5)
r = nr − 1
Em que:
Descrição da Imagem: a figura mostra dois pórticos com rótulas ligeiramente diferentes.
Eles têm um engaste à esquerda, um apoio do primeiro gênero ao centro e um engaste à
direta. Na situação 1, à esquerda, temos uma rótula que fica posicionada à direita do nó,
enquanto no pórtico da direita, na situação 2, a rótula está sobre o nó. Neste nó, chegam
três barras, de tal forma que, na situação 1, apenas duas delas estão em contato com a
rótula, enquanto, na situação 2, as três estão em contato com a rótula. Essa situação é
exemplificada por um detalhe na rótula: na situação 1, é possível observar que duas barras
se deformam conjuntamente, enquanto, na situação 2, as três barras podem rotacionar
livremente, independentemente das outras.
23
UNICESUMAR
g = R + gint − (E + r ) (1.6)
Em que:
• R é o número de reações.
• gint é o grau de hiperestaticidade interna da estrutura.
• E é o número de equações da estática.
• r é o número de equações de equilíbrio adicionadas pelas rótulas.
Já em treliças planas, a análise de estaticidade envolve outras condições de contorno, pois não temos
momentos fletores agindo sobre a estrutura, apenas esforços normais. Nesse cenário, cada barra da
treliça terá uma incógnita, seu esforço normal. Além dos esforços nas barras, também precisamos
determinar as reações de apoio.
Kassimali (2015) sugere que, para avaliar o equilíbrio das barras e dos vínculos, devemos avaliar as
forças agindo sobre cada nó, de tal forma que, se ΣFh = 0 e ΣFv = 0 , o nó deve estar em equilíbrio.
Assim, teremos duas equações de equilíbrio por nó. A Figura 11 exemplifica o conceito.
Descrição da Imagem: a imagem representa uma treliça do tipo Bowstring — banzo inferior horizontal e banzo superior em
arco — sob dois apoios. A treliça tem, ao todo, 12 nós. Como cada nó tem uma rótula, o equilíbrio da treliça se dá pelo equi-
líbrio de cada nó. Na imagem, temos, então, as equações de equilíbrio para cada nó, bem como as forças agindo sobre eles.
24
UNIDADE 1
Comparando as incógnitas — reações de apoio e esforço normal em cada barra — com as equações de equi-
líbrio ( ΣFh = 0 e ΣFv = 0 em cada nó), temos a equação do grau de hiperestaticidade de uma treliça.
g = R + b − (2n ) (1.7)
Em que:
• R é o número de reações.
• b é o número de barras.
• n é o número de nós.
Se a equação resultar em um valor negativo, temos mais equações do que reações, portanto, um sistema
hipostático. Se a equação resultar em um valor nulo, temos exatamente o mesmo número de reações
e equações, portanto, um sistema isostático. Se a equação resultar em um valor positivo, temos mais
reações do que equações de equilíbrio, portanto, um sistema hiperestático.
Descrição da Imagem: a imagem apresenta dois quadros resumindo as condições de estaticidade. À esquerda, temos a
regra geral, comparando o número de equações de equilíbrio — representado por E — e o número de reações — repre-
sentado por R. Caso R>E, temos uma estrutura hiperestática; caso R=E, temos uma estrutura isostática; e caso R<E, temos
uma estrutura hipostática. No quadro à esquerda, temos um resumo das equações já apresentadas: para vigas e pórticos,
usamos a equação (1.6) e, para treliças planas, a equação (1.7).
Agora, aplicaremos esses conceitos a alguns exemplos e tentaremos avaliar o comportamento e grau de
estaticidade das estruturas. Observe a Figura 13. Temos, nela, três pórticos de comportamentos estruturais
distintos. O pórtico 1 tem uma reação vertical em A e uma reação vertical em B, assim duas incógnitas frente
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UNICESUMAR
a três equações de equilíbrio, portanto, consideramos como hipostático. Ainda com relação ao pórtico 1, é
possível observar que, caso ele receba um carregamento horizontal, a estrutura deve se movimentar.
O pórtico 2, por sua vez, tem duas reações em A e uma reação em B, totalizando três reações de
apoio frente a três equações de equilíbrio, temos uma estrutura isostática. O pórtico 3 tem duas rea-
ções de apoio em A e três reações de apoio em B, totalizando cinco reações frente a 3 equações de
equilíbrio. Assim, o pórtico 3 é uma estrutura considerada (g = 5 − 3 = 2) duas vezes hiperestática,
isto é, existem duas reações “a mais” do que o necessário para equilibrar o pórtico.
Descrição da Imagem: temos três pórticos apresentados: à esquerda, o pórtico 1; ao centro, o pórtico 2; e à direita, o pór-
tico 3. O pórtico 1 tem apenas reações verticais em seus dois apoios, A e B. O pórtico 2 tem duas reações em A — vertical
e horizontal — e uma reação em B — vertical. O pórtico 3 tem duas reações em A — vertical e horizontal — e três reações
em B — vertical, horizontal e rotação. Abaixo de cada pórtico, temos a classificação de cada um quanto à sua estaticidade:
pórtico 1 é hipostático; pórtico 2 é isostático; pórtico 3 é hiperestático..
Na Figura 14, temos outros exemplos do grau de estaticidade de estruturas. Na viga 1, temos cinco
reações de apoio frente a três equações de equilíbrio e uma equação referente à rótula, portanto, é uma
estrutura uma vez hiperestática. No arco 1, temos três apoios, cada um com duas reações, totalizando
seis incógnitas. Quanto às equações, temos duas rótulas e as três da estática, portanto, cinco equações
ao todo, assim, caracterizamos a estrutura como hiperestática. No pórtico 1, temos seis reações de
apoio frente a três equações de equilíbrio. Como a rótula é compartilhada pelas três barras, temos
duas equações que também podem ser consideradas no cálculo, ficam, então, seis reações frente a
cinco equações, portanto, é uma estrutura uma vez hiperestática. Na treliça 1, temos 31 barras, e cada
barra tem uma incógnita que é seu esforço normal, além das quatro reações de apoio. Temos, ainda, 16
nós, considerando duas equações por nó, teremos uma estrutura com três graus de hiperestaticidade.
É possível observar a hiperestaticidade nos quadros que têm duas diagonais (dois graus) e no apoio
extra (um grau). No pórtico 2, temos oito reações de apoio frente a três equações de equilíbrio e duas
equações das rótulas, totalizando três graus de hiperestaticidade para a estrutura.
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UNIDADE 1
Descrição da Imagem: na figura, temos cinco esquemas estático de estruturas. A viga 1 tem três apoios do primeiro
gênero e um apoio do segundo gênero; entre o primeiro e segundo apoio, temos uma rótula, logo abaixo, temos a conta
para obtenção do grau de hiperestaticidade: g = 5-(3+1) = 1 vez hiperestática. À direita da viga, temos os arcos 1, são dois
arcos triarticulados justapostos; suas rótulas estão posicionadas nos pontos centrais do arco. Os apoios são do segundo
gênero; abaixo, temos o cálculo do grau de estaticidade: g = 6-(3+2) = 1 vez hiperestática. Abaixo, temos dois pórticos, o
pórtico 1 apresenta duas barras verticais — como pilares —, uma barra horizontal e duas barras inclinadas — como uma
cobertura. Esse pórtico tem um apoio do terceiro gênero — primeiro pilar —, um apoio do primeiro gênero — segundo
pilar — e um apoio do segundo gênero conectado por uma barra horizontal e uma rótula que engloba três barras. Temos,
ainda, o cálculo do grau de hiperestaticidade: g = 6-(3+2) = 1 vez hiperestática. À direita, temos o pórtico 2, composto por
três barras verticais e duas barras horizontais. Esse pórtico tem dois engastes nas barras verticais externas e um apoio do
segundo gênero na barra central; as barras verticais conectam os topos das horizontais, e, no final da barra central, temos
uma rótula que engloba três barras. Abaixo, temos o cálculo do grau de hiperestaticidade da estrutura: g = 3+2+3-(3+2) = 3
vezes hiperestática. A treliça 1, abaixo dos demais esquemas, tem dois apoios do primeiro gênero e um apoio do segundo
gênero. Trata-se de uma treliça de banzos paralelos, cujas extremidades terminam em barras diagonais, no sentido de baixo
para cima, todos módulos têm um montante e uma diagonal, com exceção de dois módulos próximos ao apoio do segundo
gênero, nos quais temos duas diagonais. Abaixo, temos o cálculo do grau de hiperestaticidade: g = 31 barras + 4 reações
de apoio - 2 vezes 16 nós = 3 vezes hiperestática.
A aplicação das equações para a obtenção do grau de hiperestaticidade pode mascarar o comportamento
real da estrutura. Por isso, é muito importante avaliar o comportamento da estrutura, além do resul-
tado das contas. Por exemplo, no pórtico 1 da Figura 15, temos uma estrutura oito vezes hiperestática
na vertical e sem restrição alguma na horizontal, isto é, hipostática. Ao avaliar as vigas 1 e 2 da Figura
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UNICESUMAR
15, ambas são duas vezes hiperestáticas, no entanto, o trecho AB da viga 2 está livre para rotacionar,
assim, é localmente hipostático. Outra situação interessante é a viga 3, em que temos quatro reações
de apoio (três horizontais e uma vertical), mas a configuração desses apoios permite que a estrutura
rotacione ao redor do ponto B, portanto, estamos diante de uma estrutura hipostática.
Figura 14 - Exemplo de estruturas hipostáticas que demandam atenção; as linhas em azul claro mostram possíveis movimen-
tações que não estão restringidas pela estrutura / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra cinco estruturas distintas, três vigas, um pórtico e uma treliça. A viga 1 e a viga 2
estão no canto esquerdo superior da figura; ambas têm um apoio do segundo gênero — ponto A na viga 1 e ponto E na viga
2 —, um apoio do primeiro gênero — ponto C —, um engaste — ponto D, extremidade direita — e uma rótula — ponto B
—, ao todo, 2+1+3 = 6 reações. A única diferença entre as vigas é a posição do apoio do segundo gênero: na viga 1, o apoio
está no ponto A, assim, a rótula fica entre os apoios A e C, dando suporte ao trecho AB. Já na viga 2, o apoio está no ponto
E, assim, a rótula fica em balanço, e o trecho AB fica sem apoio, permitindo que haja rotação representada por uma linha
azul pontilhada. Embaixo de cada viga, temos o cálculo da estaticidade: g = 6-(3+1) = 2, embora a viga 1 seja hiperestática,
a viga 2 é hipostática. Na viga 3, na extremidade inferior esquerda da figura, temos uma viga ABC, sendo que temos um
apoio do segundo gênero no ponto B e dois apoios do primeiro gênero em A e C. Os apoios do primeiro gênero estão
rotacionados a -90° e 90°, de tal forma que restringem apenas deslocamentos horizontais. Nessa configuração, os apoios
não conseguem restringir a rotação da barra, representada por uma linha azul pontilhada. A figura ainda mostra o cálculo
do grau de hiperestaticidade, embora g = 4-3 = 1, é uma estrutura hipostática. À direita, temos o pórtico 1, que tem cinco
pilares — barras verticais — e duas vigas; a viga superior liga a cabeça de todos os pilares, enquanto a viga inferior conecta
pontos intermediários dos três pilares centrais, assim, temos a formação de dois quadros. Todos os pilares se apoiam em
apoios do primeiro gênero. Temos o cálculo da estaticidade: g = 5+6-3 = 8, mas como não há nenhuma restrição horizontal na
estrutura, é considerada como hipostática. A figura mostra, ainda, a treliça 1, apoiada em dois vínculos do segundo gênero,
situados nas extremidades. A treliça é composta por um banzo inferior horizontal — seis módulos —, banzo superior central
horizontal — dois módulos —, e o banzo superior nas extremidades é inclinado — dois módulos de cada lado. Os módulos
centrais (CDEJI e DEKJ) não têm diagonais, enquanto os módulos da extremidade têm duas diagonais (BCIH e EFLK), assim,
os módulos centrais são quadros instáveis e podem se deslocar, conforme a linha pontilhada ilustrada em azul. O cálculo
da estaticidade é de g = 21 barras - 2 vezes 12 nós + 4 reações de apoio = 1 vez, mas é uma treliça hipostática.
28
UNIDADE 1
Por fim, temos a treliça 1 da Figura 15. Ao analisá-la, teremos 21 barras, 12 nós e quatro reações de apoio,
assim, é uma estrutura que poderia ser considerada uma vez hiperestática. No entanto, ao imaginarmos
o comportamento dela, podemos observar que não temos travamentos nos quadros CDJI e EDJK: eles
podem se movimentar livremente. Observe que os quadros BCHI e EFLK são hiperestáticos e compensam
a falta de travamento dos quadros CDJI e EDJK, “escondendo” a hiposestaticidade da estrutura.
Segundo Kassimali (2015), ao avaliarmos um problema estrutural no espaço, temos seis graus de
liberdade, isto é, três deslocamentos e três rotações (Figura 16). Assim, para garantir a estabilidade de
uma estrutura no espaço, precisamos considerar:
ΣFx = 0; ΣMx = 0
ΣFy = 0; ΣMy = 0 (1.8)
ΣFz = 0; ΣMz = 0
Nessas condições, temos seis equações de equilíbrio para avaliar a estaticidade da estrutura no espaço. No
caso específico de grelhas, não temos cargas atuantes no plano XY, portanto, o problema fica reduzido a:
ΣFv = 0
ΣMx = 0 (1.9)
ΣMy = 0
De tal maneira que a estaticidade de uma grelha pode ser calculada pelas equações que já foram citadas,
considerando, também, três equações de equilibro, embora sejam equações diferentes.
Por exemplo, ao analisar a grelha 1 (Figura 16), temos três reações ( Mx , My e Fv ) em D e duas
reações em E e A ( Fve e Fva ), assim, quanto ao grau de hiperestaticidade, teremos g = 5 − 3 = 2
vezes hiperestática. Quanto à grelha 2, teremos três reações em A ( Mx , My e Fv ) e uma única reação
no apoio de primeiro gênero ( Fvd ), portanto, teremos g = 4 − 3 = 1 vez hiperestática.
29
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a imagem ilustra três estruturas: a grelha 1 está à esquerda; a grelha 2, ao centro; e uma treliça es-
pacial, à direita. As grelhas são estruturas formadas pela associação de vigas no plano horizontal. Na figura, consideramos o
plano horizontal como sendo o plano xy. A grelha 1 é formada por duas vigas cruzadas entre si (ACE e BCD), ortogonalmente,
temos dois apoios do primeiro gênero e um apoio do terceiro gênero, temos ainda uma carga distribuída na vertical para
baixo. Na grelha 2, temos uma viga balcão, em formato de “L”. Esta viga tem um engaste e um apoio do primeiro gênero,
ambos suportando uma carga pontual, vertical para baixo, na extremidade da viga. À direita, temos uma treliça espacial,
com dois apoios do primeiro gênero e dois apoios do segundo gênero — translações em z, em x e em y —, dispostos em
um formato retangular no plano horizontal. Em cada face desse retângulo, temos um módulo de treliça plana, disposta na
vertical; no ponto mais alto, os quatro lados são unidos por uma pirâmide. No topo dessa pirâmide, temos uma barra hori-
zontal sustentada por outras duas inclinadas, estas barras sustentam uma caga P concentrada vertical para baixo, projetada
horizontalmente para fora do corpo da treliça. Temos, então, a treliça espacial representada com 10 nós e com 24 barras.
As barras ao fundo estão representadas por linhas pontilhadas, e as próximas estão em linhas cheias.
Em treliças espaciais (Figura 16), o processo de cálculo é semelhante ao de treliças planas (Figu-
ra 11), ou seja, será verificado o equilíbrio do nó, só que a verificação ocorrerá nas três direções
( ΣFx = 0 ; ΣFy = 0 e ΣFz = 0 ), de tal forma que teremos três equações por nó.
g = R + b − 3n (1.10)
Em que:
• R é o número de reações.
• b é o número de barras.
• n é o número de nós.
Por exemplo, ao se observar a treliça espacial da Figura 16, notam-se oito reações de apoio, dois
apoios do tipo móvel — com reações verticais, em z — e dois apoios do tipo fixo — com restrições
a translações na vertical e horizontal, reações em x, y e z. A treliça tem 24 barras, cada uma com um
esforço normal, a ser calculado, e tem 10 nós, cada nó com três condições de equilíbrio. Então, o grau
de hiperestaticidade da treliça é g = 8 + 24 − 3.10 = 32 − 30 = 2 vezes hiperestática.
30
UNIDADE 1
Figura 16 – Porto de Hamburgo, exemplo de treliças espaciais / Fonte: Pixabay (2018, on-line).
Descrição da Imagem: a figura mostra o porto de Hamburgo. É possível observar quatro guindastes marítimos brancos em
um plano mais próximo; ao fundo, é possível observar outros dois conjuntos de guindastes, cada um com seis guindastes
de coloração vermelha e azul. Ao fundo, é possível observar uma ponte e uma linha de transmissão de eletricidade. Esses
guindastes são formados por treliças espaciais de aço, eles podem rotacionar seu braço para fazer o içamento das cargas. No
oceano, mas próximo ao cais, temos dois navios, um carregado e outro praticamente vazio, com apenas três containers visíveis.
Justamente por nossas estruturas estarem dispostas em três dimensões no espaço, é necessário avaliar
sua estabilidade nessas condições. Mesmo que um pórtico ou viga seja hiperestática, ao fazer a análise
bidimensional, ela pode ser instável lateralmente, isto é, hipostática na direção transversal.
Esse efeito também é muito comum em treliças, as quais precisam estar travadas e contraventadas
lateralmente para que possam suportar os esforços para os quais foram projetadas, sem que sofram com
instabilidades laterais. A Figura 18 mostra uma ponte composta por duas treliças isostáticas planas que
31
UNICESUMAR
estão contraventadas. O contraventamento é feito nos banzos superiores e inferiores da treliça, para
que, quando carregada, ela não se mova lateralmente, perdendo sua resistência concebida no projeto.
Contraventamento cruzado da
corda inferior, todos os painéis.
Treliça
Contraventamento
do portal
Diagonal
da treliça
Longarina
Contraventamento cruzado da
corda inferior, todos os painéis.
Treliça
Figura 17 – Treliças planas isostáticas contraventadas para evitar instabilidade lateral / Fonte: adaptada de Leet et al. (2015).
Descrição da Imagem: a figura mostra, esquematicamente, a estrutura de uma ponte metálica. É possível observar duas
treliças biapoiadas dispostas na vertical. O tabuleiro está no banzo inferior das treliças e é formado por quatro longarinas, que
são vigas dispostas paralelas ao eixo longitudinal da ponte travadas por cinco transversinas — dispostas transversalmente,
alinhadas aos nós das treliças. No banzo inferior e superior, temos estruturas de contraventamento destacadas em cor — o
restante da figura é preto e branca —, essas estruturas estão em um formato de “X”, conectando os nós da treliça diagonal-
mente no plano horizontal, tanto no banzo superior quanto no banzo inferior..
32
UNIDADE 1
33
UNICESUMAR
Figura 18 - Otimização dos momentos com a continuidade da viga, a hiperestaticidade da estrutura permite que ela apresente
menores deformações e menores momentos máximos quando comparada à viga isostática / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra o diagrama de momento fletor de duas vigas horizontas, as vigas têm quatro vãos e
cinco apoios. A viga mostrada acima é isostática e descontínua, portanto, o diagrama de momento fletor é apenas positivo,
representado para baixo, de formato parabólico, de diferentes intensidades. A viga abaixo é hiperestática, com continuidade,
assim, apresenta picos de momentos negativos sobre os apoios centrais, representados para cima, com isso, os valores de
momento negativo, representados para baixo, são menores em comparação à viga anterior.
34
UNIDADE 1
tência disponível — redistribuir os esforços para outros apoios que não foram comprometidos. Existem
outros diversos cenários que podem ocorrer, por exemplo, a excentricidade na execução dos pilares e das
fundações, colisões, falhas de concretagem, recalques do solo, excesso de sobrecarga, enfim são diversas
situações que podem provocar o colapso da estrutura. No caso de uma estrutura hiperestática, ainda
que a estrutura venha a romper, espera-se que seja com deformações mais lentas — capazes de serem
visualizadas antes do colapso — e de menor magnitude.
Por fim, a principal vantagem de estruturas isostáticas é a possibilidade de pré-fabricação. Esse tipo de
concepção estrutural é adequado para pré-fabricados e estruturas metálicas, isto é, estruturas montadas no
local. São estruturas de execução muito rápida, e a conexão entre os elementos é feita de maneira a simplificar
a montagem, por isso, costumam ser isostáticas. Geralmente, as estruturas hiperestáticas são usadas para
estruturas moldadas in loco, processo executivo mais lento, mas que garante a solidarização da estrutura.
Existem ligações de pré-moldados e pré-fabricados que garantem a continuidade das estruturas,
mas são ligações que costumam demorar mais tempo para ser executadas e, dessa maneira, acabam
perdendo a vantagem competitiva desses sistemas construtivos. Entretanto, é evidente que cada obra
precisa de uma avaliação minuciosa para avaliar qual sistema construtivo e concepção estrutural é mais
adequada. A Tabela 1 traz um quadro comparativo do uso de estruturas isostáticas e hiperestáticas.
ISOSTÁTICAS HIPERESTÁTICAS
Pode permitir
Pré-fabricação Permite
(geralmente, não)
Tabela 1 - Comparativo do uso de estruturas isostáticas e hiperestáticas / Fonte: o autor.
35
UNICESUMAR
36
Nesta unidade, conversamos sobre diversos aspectos de estruturas hiperestáticas. Você viu como
analisar e avaliar a estabilidade de uma estrutura. Aprendeu as diferenças nos comportamentos
de estruturas hiperestáticas e isostáticas e em quais situações cada uma se adequa melhor.
Conheceu o conceito de grau de hiperestaticidade e como aplicá-lo em vigas, pórticos e treliças,
considerando rótulas e estaticidades internas.
Esses conteúdos expandiram seu conhecimento sobre estruturas, e, a fim de fixá-los à sua baga-
gem conceitual, fomentando sua formação profissional, sugiro que você faça um mapa mental
resumindo os assuntos aqui estudados, relembrando e descrevendo cada detalhe já apresentado.
37
1. Complete as lacunas da conceituação a seguir.
Estruturas ______________ são aquelas que apresentam a mesma quantida-
de de __________ necessárias ao equilíbrio, isto é, o número de incógnitas é
__________________ ao número de equações de equilíbrio.
a) Hiperestática, forças, maior.
b) Hipostática, forças, maior.
c) Isostáticas, reações, igual.
d) Isostática, reações, menor.
e) Pseudostática, reações, aparentemente igual.
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra um pórtico composto por dois pilares que nascem em apoios do segundo
gênero, pontos A e B. O pilar que nasce no ponto A tem 4 m de comprimento, enquanto o pilar que nasce no ponto
B é mais curto, com 2 metros. O ponto B está 2 metros acima do ponto A, assim, a barra que conecta esses pilares
está disposta horizontalmente. A barra horizontal tem um pequeno balanço para o lado esquerdo, e, para o lado
direito, é continua ao pilar. Logo à direita da conexão viga ao pilar, temos uma rótula, conectando uma barra hori-
zontal a outro apoio do segundo gênero. Temos, ainda, um carregamento distribuído vertical para baixo, aplicado
na viga até a rótula, e um carregamento vertical para cima de carga concentrada entre a rótula e o outro apoio.
38
a) -1.
b) 0.
c) 1.
d) 2.
e) 3.
3. Treliças se constituem por barras vinculadas umas às outras por rótulas, resultando
em uma estrutura de grande eficiência estrutural por trabalhar apenas a compressão.
Assinale a alternativa que apresenta o valor correto da estaticidade da treliça da figura.
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: na figura, temos uma treliça com um apoio do segundo gênero — lado esquerdo — e
outro do primeiro gênero — lado direito. A treliça tem o banzo inferior disposto horizontalmente, enquanto os
banzos superiores têm trechos horizontais — centro — inclinados — 1/3 do vão — e quase horizontais próximos
aos apoios. Ao todo, são cinco módulos, apenas o módulo central é composto por uma diagonal dupla, totalizando
22 barras e 12 nós.
a) g = -1 hipostática.
b) g = 0 isostática.
c) g = 2 hiperestática.
d) g = 0 hipostática.
e) g = 1 hiperestática.
39
4. Os pórticos são sistemas estruturais obtidos pela conexão rígida entre vigas e pilares.
São estruturas utilizadas para combater esforços horizontais e verticais. A respeito dos
pórticos hiperestáticos, avalie o comportamento dos pórticos 1 e 2 ilustrados a seguir.
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra dois pórticos: 1 — à esquerda — e 2 — à direita. Os pórticos são pratica-
mente idênticos, a única distinção entre eles é a posição da rótula. A nomenclatura dos nós segue da esquerda
para direita, de cima para baixo. O pórtico é composto por duas vigas — barras horizontais —, sendo que a viga
superior (ABC) está deslocada à esquerda da viga inferior (DEF), e por dois pilares — barras verticais —, sendo
que um deles (EC) nasce na viga inferior, e outro (GDB) nasce em um apoio de segundo gênero (G). A viga inferior
se apoia em um dos pilares (D) e em um engaste (F), deslocado à direita do pilar que nasce na viga. Forma-se,
também, um quadro BCDE. No pórtico 1, a rótula está na junção do pilar da esquerda com a viga superior (B),
ligando três barras — uma delas em balanço. No pórtico 2, a rótula está na junção da viga inferior com um pilar
que nasce na viga (E), ligando três barras — uma delas apoiada no engaste.
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5. Trabalhando no controle de qualidade de projeto, você foi convidado(a) a avaliar um proje-
to estrutural de uma residência unifamiliar. Retirou-se um trecho desse projeto, que está
representado na figura a seguir. A viga V4 tem seção de 12x30 e atravessa a residência de
fora a fora. Entre os eixos E e F, o projetista previu um rebaixo de 30 cm na viga (12x30 r30),
justamente para passagem do esgoto sanitário e do pluvial. Esse desnível quebra a conti-
nuidade da viga e não permite a passagem de momentos fletores dos trechos DE para EF.
Os demais trechos (BC, CD, DE) são contínuos entre si — permite a passagem de momentos.
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra a planta de formas de baldrames e blocos de uma residência. Temos
seis eixos verticais (A, B, C, D, E, F) e apenas um eixo horizontal (não nomeado), o qual coincide com a viga V4.
A viga V4 — seção 12x30, linhas pretas cheias —, disposta horizontalmente, vai do eixo B ao eixo F, apoiada no
pilar P8, P9, P10, P11 e P12 — retângulos em linhas vermelhas, coincidentes com os eixos. A figura mostra um
rebaixamento para a viga V4 — seção 12x30 r30, linhas pontilhadas — entre os eixos E (pilar P11) e F (pilar P12),
onde é possível notar a passagem do esgoto pluvial e sanitário, representados por verticais linhas pontilhadas
em azul e verde. É possível observar blocos de fundação em cada pilar, representados por linhas pretas de menor
espessura. A figura registra, ainda, cotas das formas em diversos pontos de interesse.
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Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s):
a) Está correta a afirmativa I.
b) Está correta a afirmativa II.
c) Estão corretas as afirmativas II e IV.
d) Estão corretas as afirmativas III e IV.
e) Estão corretas as afirmativas I, II e IV.
6. Imagine que, em uma conversa informal, seu amigo Eng. João, que estava executando
uma obra, pediu-lhe um conselho. João explicou para você que, embora ele já houvesse
contratado projeto estrutural e geotécnico, ele encontrou muitos problemas de recal-
que nas edificações vizinhas. Com medo do comportamento do solo da região, ele está
procurando soluções que possam minimizar eventuais danos no caso de as fundações
falharem. Aponte para seu colega quais soluções estruturais podem ser adotadas nessa
situação, indique quais termos e soluções ele deve solicitar ao projetista.
42
2
Teoremas e Princípios
Me. Gabriel Trindade Caviglione
44
UNIDADE 2
ficiente para suportá-la, a mesa viria ao chão. Já quando temos três pessoas carregando a mesa, caso
um dos amigos não consiga suportar o carregamento, ele pode simplesmente aliviar a força exercida, e,
automaticamente, outra pessoa acabará sobrecarregada. Se a mesa for constituída de um tampo muito
fino, flexível, ele pode se deformar e não ser capaz de redistribuir o esforço ou, até mesmo, romper.
Com isso, conseguimos observar que, no caso de uma mesa sendo carregada, a carga de cada pessoa
depende da força de cada pessoa e da rigidez da mesa. Analogamente, em uma estrutura hiperestática,
a reação de apoio depende da rigidez do apoio-viga.
Figura 1 – Transporte de uma mesa com três pessoas, situação análoga a uma viga hiperestática com carregamento distri-
buído / Fonte: o autor
Descrição da Imagem: a figura mostra duas situações em que se carrega uma mesa. À esquerda, com apenas duas pessoas
posicionadas nos pontos A e C, a mesa se comporta como uma viga biapoiada, que está representada exatamente abaixo.
Como a mesa está biapoiada, o peso dela deve se dividir igualmente entre as duas reações de apoio. Já na situação à esquerda,
temos três pessoas carregando a mesa nas posições A, B (ao centro) e C. Analogamente, embaixo, temos a representação de
uma viga contínua com três apoios. Nessa situação, qual seria a distribuição de cargas para cada reação?
Outra consideração importante é a posição em que cada pessoa está, isto é, a distância entre elas.
Caso a pessoa do centro, na posição B, esteja mais deslocada à esquerda, ela aliviará a pessoa em
A e carregará a pessoa em C e vice-versa. Dessa forma, é possível perceber que, naturalmente, o
apoio central ficará mais carregado.
Agora que sabemos que as reações dependem da distância, da força de cada um e da rigidez da mesa,
podemos apresentar uma solução conceitualmente. Para avaliarmos o valor de carga de cada pessoa,
poderíamos remover a pessoa em B, deixando a viga biapoiada, o que causaria uma deformação na
mesa no ponto B para baixo. Então, avaliemos o quanto de força a pessoa precisa fazer em B para ter
uma deformação para cima, de tal forma que a soma das deformações seja nula. Ao combinarmos
essas duas situações, teríamos uma situação análoga à inicial com três amigos carregando uma mesa,
porém conhecendo a força em B, dessa maneira, é possível calcular a força feita pelos demais amigos.
Usando o seu Diário de Bordo, procure descrever, matematicamente, os conceitos que foram
citados anteriormente. Como podemos calcular a deformação no centro da viga? Você se lembra da
45
UNICESUMAR
equação diferencial da elástica? Qual é o valor da deformação no centro? Qual força pontual causaria
a mesma deformação, mas com sentido oposto? Sugiro que faça desenhos e esquemas mostrando
os conceitos e ideias envolvidas no cálculo.
Descrição da Imagem:a figura mostra um resumo do conteudo. Inicia-se com um questionamento: “Como calcular reações
em hiperestáticas?” (grifado em azul, com texto em negrito), que é encaminhado por uma seta à classificação de estaticidade:
hipostática, isostática e hiperestática (grifado em azul). Com uma outra seta, indica-se que faltam equações em estruturas hipe-
restáticas. O que remete à nova pergunta: “Como conseguir mais?” (sublinhado e grifado em amarelo). Abaixo, temos uma viga
com 4 apoios e uma articulação Gerber. Encaminha-se para “Garantindo que as deformações nos apoios sejam nulas”, o que
pode ser resolvido pelo principio dos trabalhos virutais, pela equação diferencial da elástica ou por resistência dos materiais.
46
UNIDADE 2
Um dos princípios mais úteis para a solução de estruturas é o Princípio da Superposição dos Efeitos
(BEER; JONHSTON, 2011). Esse princípio é válido para as condições da viga de Euller-Bernoulli, isto
é, no campo das pequenas deformações, nas quais as seções permanecem planas após as deformações
(Figura 3). Nessa situação, que é comum na grande maioria das estruturas que analisamos na Enge-
nharia Civil, os efeitos das ações sobre as estruturas podem ser somados separadamente.
Figura 3 – Seções permanecem planas após as deformações: (a) Antes das deformações; (b) Depois das deformações / Fonte:
Beer e Jonhston (2011, p. 158, p. 234).
Descrição da Imagem: a figura mostra duas vigas, antes (situação a) e depois da aplicação das forças (situação b). A primeira
viga é ilustrada por uma vista lateral e uma rede quadriculada, representando a situação antes das forças aplicadas. Ao serem
aplicados momentos M e M’ nas extremidades direita e esqueda do elemento, ocorre rotação das seções ao redor de um ponto
C, situado acima da viga. A rede quadriculada passa a representar setores de arco, com encurtamento nas fibras superiores
e alongamento nas inferiores, mas, ainda assim, as seções permanecem planas — apenas rotacionadas ao redor do ponto
C. A segunda viga tem um formato cilíndrico, e sua ilustração é tridimensional. Temos uma rede quadriculada ao longo da
superficie desse cilindro. Na situação (b), temos a aplicação de momentos torsores T e T’ nas extremidades direita e equerda
do elemento, então, acontece a rotação das seções, ocorrendo distorção nos elmentos quadriculados, mas, ainda assim, as
seções permanecem planas — apenas rotacionadas ao redor do centro da peça.
Leet et al. (2009, p. 198) apontam que o Princípio da Superposição dos Efeitos determina:
“
Se uma estrutura se comporta de maneira linearmente elástica, a força ou o desloca-
mento em um ponto específico produzido por um conjunto de cargas atuando simul-
taneamente pode ser avaliado pela soma (superposição) das forças ou deslocamentos
no ponto específico, produzidos por cada carga do conjunto atuando individualmente.
47
UNICESUMAR
De uma maneira simplista, talvez até imprecisa, podemos dizer que a soma dos efeitos é igual
às ações dos efeitos somadas independentes, como a propriedade comutativa e associativa na
Matemática. Isso se torna especialmente interessante quando analisamos estruturas complexas,
pois podemos dividi-las em estruturas mais simples. Ou seja, podemos sobrepor uma série de
análises simples para resolver uma situação mais complexa.
Descrição da Imagem: na figura, temos uma adição, de tal forma que a viga 1 somada à viga 2 é igual à viga 3. A viga 1 tem
um apoio do tipo engaste à sua esquerda e uma carga P concentrada aplicada à direta, próxima à extremidade livre. A viga 2
tem um apoio do tipo engaste à sua esquerda e uma carga q distribuída ao longo do comprimento da viga até a extremidade
livre. A viga 3 é composta pela soma de ambas as vigas anteriores, isto é, ela é engastada e livre com uma carga distribuída q
ao longo de seu comprimento e uma carga P concentrada, próxima à extremidade livre. Evidencia-se a aplicação do Princípio
da Superposição dos Efeitos.
48
UNIDADE 2
Figura 5 – Vigas notáveis que são muito comuns e se repetem com frequência / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra quatro quadros, cada um com uma viga notável. Da esquerda para a direita, descreve-se:
o primeiro quadro se refere a uma viga engastada e livre, com uma carga pontual P na extremidade, nessa situação, a reação de
apoio Ra será igual a P, e o momento será dado por P vezes o comprimento L. No segundo quadro, tem-se uma viga engastada e
livre, com uma carga distribuída q ao longo do seu comprimento, nessa situação, a reação de apoio Ra será igual a q multiplicado
pelo comprimento L, e o momento será dado por q vezes o quadrado do comprimento L dividido por 2. No terceiro quadro,
temos uma viga biapoiada com uma carga concentrada P, distante a do apoio “A” e b do apoio “B”. Nessa situação, a reação em
a RA será dada por P multiplicado pela distância b dividido pelo comprimento L; e a reação em b Rb será dada por P multiplicado
pela distância a dividido pelo comprimento L. Ainda referente ao terceiro quadro, o momento máximo será dado por P vezes a
vezes b dividido pelo comprimento L. No quarto e último quadro, temos uma viga biapoiada com carga distribuída q ao longo
do comprimento L, nessa situação, as reações de apoio em A e B são iguais e têm valor de q multiplicado pelo comprimento da
viga dividido por 2. O momento máximo é dado por q vezes o quadrado do comprimento L dividido por 8.
Consideremos a viga biapoiada com balanço da Figura 6. Sabendo que essa viga é isostática, como você
faria para descobrir o momento fletor positivo no centro do vão? A solução inicial seria calcular suas
reações de apoio e, então, descobrir os esforços na estrutura pelo método dos pontos ou das seções.
Porém, usando o Princípio da Superposição dos Efeitos, é possível resolvê-la de uma maneira mais
prática. Nós podemos observar que essa viga é uma composição de um trecho biapoiado (AB) e outro
engastado e livre (BC), ambos com carga distribuída.
49
UNICESUMAR
Figura 6 – Exemplo de aplicação do Princípio de Superposição dos Efeitos. Obtenção do momento em determinado ponto
da estrutura sem a necessidade do cálculo das reações de apoio por meio da superposição dos efeitos de vigas notáveis /
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra três vigas, sendo que a viga 1 é mostrada como a soma das vigas notáveis: viga 2 e viga
3. A viga 1 é uma viga biapoiada de 6 m, com um balanço único ao lado direito de 2 m. No trecho biapoiado AB, tem-se um carre-
gamento distribuído de q = 8 kN/m e, no trecho BC em balanço, tem-se um carregamento distribuído de q = 12 kN/m. Na viga 2,
temos o trecho biapoiado isolado, com carregamento de 8 kN/m ao longo de 6 m de comprimento, sendo que o momento máximo
é dado por ql²/8, que é igual a 36 kNm. Na viga 3, trecho engastado e livre isolado, temos o momento negativo máximo dado por
ql²/2, que é igual a -24 kNm. Assim, pela superposição dos efeitos, os momentos na viga 1 podem ser descrito como a soma das
vigas 2 e 3. Como o momento máximo da viga 3 está sobre o apoio, é necessário deslocá-lo ao centro do vão; por semelhança
de triângulos, é possível obter que o valor é exatamente a metade. Assim, soma-se +36 -24 / 2 = +24k Nm. Mostrando ser possí-
vel localizar o momento fletor máximo sem a necessidade de calcular as reações de apoio, usando a superposição dos efeitos.
Podemos imaginar a viga como uma composição de duas vigas, AB + BC, e resolvê-las separadamente,
considerando as vigas notáveis. No trecho BC, teríamos momento máximo de -24kNm no ponto B,
tracionando as fibras superiores da viga e comprimindo as inferiores.
M = −ql ² / 2
M = −12.2² / 2 (2.1)
M = −24kNm
No trecho AB, teríamos momento máximo no centro do vão, 36kNm , tracionando as fibras inferiores
e comprimindo as superiores — sentido oposto.
M = ql ² / 8
M = 8. 6² / 8 (2.2)
M = 36kNm
Ao avaliarmos o momento atuante sobre o ponto B ( -24kNm ), devemos considerar a continuidade
da viga — ausência de rótula —; nessa situação, o momento deve diminuir linearmente até o apoio A.
Como a variação é linear, exatamente no centro do vão, teremos a metade do valor desse momento.
Pelo Princípio da Superposição dos Efeitos, é possível somar ambos os efeitos das vigas AB e BC, assim:
M = −24 / 2 + 36 = 24kNm (2.3)
50
UNIDADE 2
No centro, temos um momento de 24kNm tracionando as fibras superiores das vigas, repare que, por
causa da continuidade da viga, o valor do momento no centro do vão diminuiu, mostrando-se uma
opção viável para homogeneizar os esforços e melhorar o desempenho estrutural. Vale lembrar que o
ponto de momento positivo máximo acaba deslocado do ponto central, portanto, o valor apresentado
anteriormente não é o máximo. O Princípio da Superposição dos Efeitos permitiu descobrirmos o
valor do momento fletor de uma maneira muito mais prática. Esse princípio será muito utilizado nos
métodos de solução de estruturas hiperestáticas, por isso, é fundamental entender sua correta aplicação.
Agora que você entendeu o Princípio da Superposição dos Efeitos, como você pode utilizá-lo
para resolver estruturas que, antes, eram de resolução tão morosa e complexa? Será que
você pode usar esse conceito para resolver uma estrutura hiperestática? Como?
51
UNICESUMAR
La Lb
P
Figura 7 – Condições de compatibilidade
em uma barra birestringida submetida a
carregamento axial / Fonte: o autor.
A B C
La Descrição da Imagem: a figura mostra
uma barra restringida em ambos os la-
dos, A e B, com uma carga concentrada
P1 P1 P da esquerda para a direita, posiciona-
da no ponto central B. A barra tem uma
seção maior em BC, trecho de compri-
mento Lb, quando comparada ao tre-
cho AB, de comprimento La. Abaixo da
A B
𝛿𝐴𝐵 barra, temos uma divisão dela entre os
trechos AB e BC. Mostra-se que parte
Lb da carga P, valor de P1, será aplicada
no trecho AB, que provocaria um alon-
gamento delta AB. Temos que o trecho
BC estará submetido a um esforço P2
P2 P2 de compressão, que provocaria um
encurtamento delta BC na barra, mas,
como as barras estão conectadas, os
valores de P1 e P2 precisam satisfazer a
compatibilidade entre os deslocamen-
𝛿𝐵𝐶 tos, isto é, que o encurtamento delta
BC seja igual a alongamento delta AB.
B C
dAB = dBC
P1LA PL (2.4)
= 2 B
EAAB EABC
52
UNIDADE 2
Toda ação ou carregamento agindo sobre uma estrutura aplica a ela uma certa quantidade de energia
de deformação em função da magnitude e natureza das solicitações. Semelhantemente, ao se deformar,
toda a estrutura absorve energia oriunda do carregamento, na forma de esforços internos e deformação.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga em paralelo a uma mola. Ao aplicar uma força, tanto na mola quanto na viga,
ambas se deformam absorvendo energia. A viga e a mola estão representadas em seu estado deformado abaixo das anteriores.
Para entender esse conceito, pense em uma mola: quando esticada, a mola alonga-se e absorve uma
certa energia elástica em função da carga de tração. Quando liberada, a mola libera essa energia, pre-
viamente absorvida, para o meio externo, retornando à sua posição original. Imaginemos a aplicação
de uma força P sobre essa mola e sobre uma estrutura qualquer. O valor de P parte de zero e sofre in-
crementos infinitesimais até atingir o valor Pi (gráfico da Figura 8). Nessa situação, o trabalho realizado
será a integral da força P pelo deslocamento ( dd ) ao longo da variação da força (SUSSEKIND, 1980).
Pi
τi = ∫ Pd δ
0
Pi
(2.5)
τi = ∫ PkdP
0
1
τi = kPi ²
2
Em que:
• P é a carga aplicada em questão.
• dd é o incremento infinitesimal de deslocamento em função da carga: d d = kdP .
Na Figura 8, temos o gráfico de carga por deformação, no qual podemos observar que kP = di , então,
podemos escrever:
53
UNICESUMAR
1
τi = Pδ =U (2.6)
2 i i
Em um sistema conservativo, todo o trabalho realizado será convertido em energia interna. Assim,
tem-se o Teorema de Clapeyron, o qual diz que a energia de deformação é metade do produto entre
força e deslocamento. O trabalho realizado sobre a estrutura será convertido em energia de de-
formação, que será absorvida na forma de deformações e esforços internos. Podemos, então, entender
que a energia de deformação interna será dada pela soma da energia de deformação de cada esforço
em função de seu respectivo deslocamento.
Em que:
Também, devemos entender que o trabalho pode se converter em outras formas de energia interna,
além da energia elástica — seja energia térmica, química, cinética... —, embora, para o cálculo de es-
truturas, essas situações sejam incomuns. Na realidade, para a maior parte das estruturas, grande parte
da energia de deformação se concentrará no momento fletor (vigas) e no esforço normal (treliças),
sendo razoável desprezar as demais deformações.
Já que o trabalho realizado por uma força externa é convertido em energia interna de deformação
— Equação —, é possível obter a deformação de pontos de interesse, considerando uma carga unitária
virtual aplicada nesse ponto que provoca um trabalho virtual sobre a estrutura.
U ext = U int
(2.8)
∑Pδ i i
= ∫ Md θ + ∫ Ndl + ∫ Vdh + ∫ Tdϕ
Ao aplicarmos uma carga virtual ( P = 1kN ) sobre uma estrutura submetida a um carregamento real,
esta sofrerá um trabalho virtual ( 1.di ), que, no caso de a carga ser unitária, é numericamente igual à
deformação da estrutura naquele ponto, naquela direção.
54
UNIDADE 2
Em que:
A Figura 9 ilustra o conceito. À esquerda, temos um carregamento qualquer real atuando sobre uma
viga. Quando a estrutura se deforma, temos a realização de trabalho por esse carregamento, armaze-
nado na forma de energia interna em função dos esforços e deformações. Esse trabalho realizado é
numericamente igual à situação mostrada à direita, em que se impõe um deslocamento virtual igual à
deformação real, considerando uma carga unitária virtual aplicada no ponto e direção do deslocamento
que se pretende calcular. Estabelecendo a igualdade entre o trabalho realizado nas duas situações —
virtual e real —, é possível calcular o deslocamento, conforme a equação .
Descrição da Imagem: a figura representa uma viga em quatro situações distintas: na primeira linha, temos uma viga biapoiada
submetida a um carregamento q(x) real qualquer; abaixo, temos as deformações reais causadas por esse carregamento; à direita,
temos a mesma viga, agora submetida a um carregamento virtual unitário ao centro da viga de cima para baixo; abaixo dela,
temos um deslocamento virtual imposto a essa carga unitária, cujo valor é igual ao da deformação real. Nessa situação, podemos
calcular o deslocamento pelo princípio dos trabalhos virtuais. A figura apresenta, ainda, a equação (2.9).
De maneira resumida, Soriano e Lima (2006) apontam que o uso do Princípio dos Trabalhos
Virtuais (PTV) consiste na aplicação de uma força virtual unitária, no ponto e na direção de
interesse, para se calcular os deslocamentos ali desenvolvidos.
55
UNICESUMAR
Para um melhor entendimento desses conceitos, convido você para resolvermos um exercício, deter-
minando a deformação de uma viga pelo Princípio dos Trabalhos Virtuais. A Figura 10 mostra uma
viga biapoiada de EI = 2.104 kNm ² , em que se pede para determinar o deslocamento no centro do vão.
Figura 10 – Exemplo de deformações em viga pelo Princípio dos Trabalhos Virtuais: à esquerda, temos a Figura (a), referente ao
carregamento real; à direita, temos a Figura (b) referente ao carregamento unitário para uso do PTV / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biapoiada ABC, com apoios em A e C, submetida a um carregamento de 8 kN/m;
à direta, Figura 10 (a), temos a mesma viga, mas submetida a um força virtual P barra de valor unitário no centro da viga, de cima
para baixo. Temos, então, a representação do diagrama de corpo livre de ambas as vigas, com suas respectivas reações de apoio,
bem como a indicação de uma seção fictícia de corte, distante x do apoio C para cálculo dos esforços. Abaixo, ainda, temos os
momentos fletores solicitantes da estrutura; à esquerda, uma parábola positiva de concavidade negativa — lembrando que o
positivo é representado para baixo no momento fletor —; e, à direita, Figura 10 (b), um diagrama formado por dois triangulos.
Temos, também, as equações (2.10) e (2.11).
Usando as vigas notáveis da Figura 5, podemos resolver a viga de carregamento real — Figura 10 (a)
— rapidamente. Temos que ambas as reações de apoio são iguais: RA = RC = ql / 2 = 6.8 / 2 = 24kN .
Assim, podemos escrever a equação dos momentos fletores no trecho BC como:
M dir (x ) = +24x − 8x ² / 2 (2.10)
Para calcularmos as deformações, precisamos fazer a integral do produto dos diagramas de momento
ao longo do comprimento da estrutura, isto é, aplicar a equação . Como a estrutura é simétrica, temos
M (x ) M (x )
que ∫BC M dx = ∫ M dx , bastando resolver uma única integral e multiplicá-la por dois.
EI AB EI
56
UNIDADE 2
M (x )
di = ∫M EI
dx
M (x ) M (x )
dB = ∫ M dx +∫ M dx
BC EI AB EI
M (x )
dB = 2 ∫ M dx
BC EI (2.12)
3
[24x − 4x ²]
dB = 2 ∫ [0, 5x ] dx
0
EI
3
2 2
EI ∫0
dB = [12x ² − 2x 3 ]dx = [12x 3 / 3 − 2x 4 / 4 ]30
EI
2
dB = .[67, 5 − 0] = 0, 00675m = 6, 75mm
2.104
Assim, as deformações obtidas no centro da viga foram de 6,75 mm, o que também está de acordo com
5ql 4 5. 8. 6 4
a fórmula usada na flecha imediata de vigas biapoiadas: d = = = 6, 75mm .
384EI 384.2.104
Será que as integrais desenvolvidas anteriormente podem ser resolvidas de uma maneira um pouco mais
prática? Você deve se lembrar que sim! Na tentativa de otimizar o processo, foram desenvolvidas tabelas para
o cálculo do valor das integrais, considerando diagramas de momento específicos. Essas integrais ficaram
conhecidas como Tabelas de Kurt-Beyer e facilitam muito a aplicação do Princípio dos Trabalhos Virtuais.
Figura 11 – Tabelas de integrais para retas de comprimento L e inércia constante / Fonte: adaptada de Sussekind (1980).
57
UNICESUMAR
“
O trabalho virtual produzido por um
sistema de forças em equilíbrio, quando
se desloca devido às deformações pro-
duzidas por um outro sistema de forças
em equilíbrio, é igual ao trabalho vir-
tual produzido por este segundo sistema
de forças quando se desloca devido as
deformações produzidas pelo primeiro
sistema (SUSSEKIND, 1980, p. 79).
∑Pd i ik
=∑ Pk dki (2.13)
Em que:
58
UNIDADE 2
Se aplicarmos o Teorema de Betti para a condição específica de Pi = Pk e que sejam uma única força
e unitária, teremos a expressão matemática do Teorema de Maxwell:
Pi dik = Pk dki (2.14)
1.dik = 1.dki
A Figura 12 exemplifica a igualdade estabelecida pelo Teorema de Maxwell, em que o deslocamento unitário
— no ponto e na direção do esforço —, causado por um segundo esforço unitário, é igual ao deslocamento
unitário causado pelo primeiro esforço unitário — no ponto e na direção do esforço (SUSSEKIND, 1980).
Descrição da Imagem: a figura mostra quatro situações de uma viga biapoiada com balanço à direita. Temos, na primeira
linha, vigas que representam o estado de deformações e, na linha abaixo, temos o estado de caregamento. É possível ob-
servar a igualdade do deslocamento no ponto “k”, causado por um carregamento “i’, ao deslocamento no ponto “i” devido
ao carregamento “k”. Evidenciando o Teorema de Maxwell
∂U
d=
∂P
M (P )
U = ∫M EI
dx
∂ M (P ) (2.15)
d= ∫ M dx
∂P EI
∂M (P ) 1
d = ∫ M . dx
∂P EI
59
UNICESUMAR
Em que:
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biapoiada de 6 m de vão, com 8 kN/m de carga distribuida, mesma geome-
tria da viga da Figura 10. A única diferença é que temos uma carga concentrada P (em azul) no ponto B, ao centro da viga,
em que se pretende calcular a deformação. Temos, então, o diagrama de corpo livre, com as reações de apoio Ra e Rc e o
carregamento. Abaixo, temos uma ilustração do diagrama de momento fletor — uma parábola, abaixo da linha horizontal,
de concavidade para cima. A figura ainda mostra a equação (2.16) referente ao momento fletor, incluindo a carga P.
60
UNIDADE 2
∂M (P ) 1
d= ∫ M .
∂P EI
dx
∂ 1
d= ∫ [+24x − 4x ²]
∂P
[24x − 4x ² + Px / 2]].
EI
dx
1
d= ∫ [+24x − 4x ²].[x / 2] dx
EI
1
d= ∫ [+12x ² − 2x ³] dx
EI
(2.17)
3
1
EI ∫0
d= .2 [+12x ² − 2x ³]dx
2
d= [+12x ³ / 3 − 2x 4 / 4 ]30
2.104
1
d = 4 [+67, 5] = 0, 00675m = 6, 75mm
10
61
UNICESUMAR
62
UNIDADE 2
Para resolver uma estrutura hiperestática usando o PTV ou Castigliano, precisamos, primeiro, estabelecer
alguma condição de compatibilidade da estrutura que possa complementar as equações da estática. Em
seguida, calcula-se a deformação da estrutura para seu carregamento e, então, acha-se o valor de reação de
apoio que provoque uma deformação oposta a fim de restituir a condição de compatibilidade naquele ponto.
Aplicaremos esses conceitos a um exemplo a fim de torná-los mais claros. A viga da Figura 15 é composta
por três apoios e está submetida a um carregamento distribuído de 8 kN/m. Ao observar a figura, fica evidente
que a viga é hiperestática e que é necessária uma nova condição de compatibilidade para resolvê-la. Consi-
deramos, então, que, no ponto B, as deformações verticais precisam ser nulas, uma vez que temos o apoio.
Pela superposição dos efeitos, imaginaremos a estrutura como uma composição de uma viga biapoiada
com carregamento distribuído para baixo e uma viga biapoiada com uma reação de apoio em B (VB ). Existe
um valor para VB tal qual a deformação para baixo, causada pelo carregamento, é balanceada pela deforma-
ção para cima da reação, ou seja, somando-se ambas, temos que, no apoio ( dB = 0 ), o deslocamento é nulo.
63
UNICESUMAR
M (x )
d = 6, 75.10−3 m = ∫M EI
dx
[−VB .x / 2]
6, 75.10−3 m = ∫ [−0, 5x ]
EI
dx
3
2
6, 75.10−3 m =
EI ∫ [x / 2][V B
.x / 2]dx
0 (2.18)
3
2 VB .x ²
∫
−4
67, 5.10 m = dx
2.104 0
4
3
V .x 3 9
67, 5 = B = VB
12 0 4
VB = 30kN
64
UNIDADE 2
O Princípio dos Trabalhos Virtuais junto com o Teorema de Castigliano são as bases conceituais para a reso-
lução de estruturas pelo Método das Forças e serão muito utilizados nas nossas próximas aulas. O Princípio da
Superposição dos Efeitos é um grande aliado para engenheiros(as) calculistas e para engenheiros(as) de obra,
pois ele permite obter rapidamente os esforços em uma viga sem a necessidade de calculá-la por completo.
Reitero que esses conceitos têm a finalidade de desenvolver em você, aluno(a), a capacidade
de olhar para uma estrutura de maneira sistêmica, visualizando seu comportamento estrutural,
habilidade imprescindível a um(a) bom(a) engenheiro(a).
65
Nesta unidade, mostramos uma abordagem para a solução de estruturas hiperestáticas. Mostra-
mos os princípios básicos e os métodos usados para cálculo de deformações em estruturas. Você
aprendeu a usar o Princípio da Superposição dos Efeitos, bem como suas limitações e campos de
validades. Conheceu o Princípio dos Trabalhos Virtuais e o Teorema de Castigliano, suas bases
conceituais e a aplicação desses métodos no cálculo de deformações em estruturas.
Você pode entender como calcular uma estrutura estaticamente indeterminada usando as Con-
dições de Compatibilidade e a superposição dos efeitos. Ao calcular as deformações da estrutura
relativas ao carregamento e o valor de força — reação de apoio — que provoque a mesma defor-
mação, mas em sentido contrário, garantirá, assim, as Condições de Compatibilidade.
Acredito que esses conceitos e conteúdos contribuíram um pouco para a sua formação profis-
sional e entendimento sobre estruturas. A fim de fixá-los à sua bagagem conceitual, fomentando
sua formação profissional, sugiro que você faça um mapa mental resumindo os assuntos aqui
estudados, relembrando e descrevendo cada detalhe já apresentado.
66
67
1. O deslocamento em um ponto de uma estrutura é igual à primeira derivada parcial
da energia de deformação em relação a uma ação — força ou momento — que atua
no ponto e na direção do deslocamento. O conceito expresso na afirmação anterior
se refere ao:
a) Princípio dos Trabalhos Virtuais.
b) Teorema de Castigliano.
c) Princípio da Superposição dos Efeitos.
d) Método dos Deslocamentos.
e) Teorema de Cross.
Considerando uma força P aplicada sobre _________________ em uma estrutura, ela realiza-
rá um trabalho em função de suas deformações e deslocamentos. Essa condição ______
representar estruturas reais, pois o processo construtivo é relativamente lento e sofre
incrementos graduais à medida que se constrói. Segundo o Teorema de Clapeyron, nessa
situação, a _______________ é __________ do produto entre força e deslocamento.
68
a) Incrementos lentos e graduais; costuma; energia de deformação; metade.
b) Incrementos rápidos; não costuma; energia de deslocamento; dobro.
c) Incrementos rápidos; não costuma; energia de deformação; metade.
d) Incrementos lentos e graduais; costuma; energia de deformação; metade.
e) Incrementos lentos e graduais; costuma; energia de deslocamento; dobro.
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga engastada e livre, com 4 metros de balanço e com uma
carga de 150 kN aplicada na sua extremidade.
−4
e I = 5.10 m . Assinale a alternativa com o valor correto.
4
5. O Princípio dos Trabalhos Virtuais é uma ferramenta muito prática para o cálculo de
deformações em estruturas. Além disso, é possível determinar as reações de apoio
em uma estrutura hiperestática, procurando-se o valor da reação de apoio, em que as
deformações do apoio sejam compatíveis com o vínculo.
69
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga engastada (em A) e apoiada (em B) com 4 metros de vão,
sobre os quais se distribui um carregamento uniforme de 10 kN/m.
no ponto B.
a) 15 kN.
b) 20 kN.
c) 25 kN.
d) 30 kN.
e) 35 kN.
70
3
Método das Forças
Me. Gabriel Trindade Caviglione
Você já se perguntou como um(a) engenheiro(a) decide sobre o projeto de uma estrutura? Quais
decisões são tomadas dentro de um escritório de cálculo a fim de otimizar um projeto? Como que
determinada estrutura deve se comportar se removermos um de seus pilares? E se adicionarmos
um pilar extra? Como os conceitos de resolução de estruturas podem ser usados a fim de elaborar
um projeto mais consciente e de melhor qualidade?
Para uma concepção estrutural mais aprimorada, o(a) engenheiro(a) precisa entender bastante
de comportamento estrutural. Muitas vezes, tal percepção vem apenas de engenheiros(as) mais
experientes e especialistas, voltados ao cálculo e dimensionamento de estruturas. Evidentemente,
é função de todos nós evitar custos desnecessários e procurar melhorar o comportamento da
estrutura de uma edificação. Para fazê-lo, não existe outra maneira senão o estudo de diversas
soluções e comparação entre elas. Nesse ponto, a experiência pode poupar um pouco de tempo.
Nesse sentido, o mercado tem procurado profissionais que consigam transitar entre sua função
estritamente técnica — cálculo de uma estrutura — e uma visão global da edificação, enxergando os
custos, a viabilidade construtiva, os impactos ambientais de seu projeto etc.
Com o advento dos computadores e dos programas de cálculo estrutural, a capacidade de um(a)
engenheiro(a) de concepção estrutural se tornou mais importante do que sua capacidade de realizar
as contas. Por isso, hoje, é fundamental sempre analisar diferentes concepções estruturais, visando
reduzir os custos de uma edificação sem reduzir sua confiabilidade e segurança.
Para entendermos melhor o comportamento de estruturas, quero convidá-lo(a) a se imaginar
em uma situação hipotética. Nessa situação, você está trabalhando em um projeto estrutural,
auxiliando o engenheiro Luiz — que, ainda, é um pouco inexperiente — a desenvolver o projeto
de uma residência em concreto armado.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma mulher sentada apontando para um computador com uma caneta. Na tela do compu-
tador, vemos um projeto de engenharia, ao lado dela, um homem de pé olha, também, o computador, aparentemente, ouvindo-a.
72
UNIDADE 3
Ao desenvolver o projeto, uma das vigas acaba por ter uma taxa de armadura muito alta em função da
grande magnitude de momentos fletores positivos. Visando compatibilizar o projeto com os custos
previstos em fase de orçamento, Luiz está procurando alguma solução para otimizar o projeto da viga
e minimizar os custos. Exausto da procura por uma solução, ele resolve solicitar ajuda a você: como
podemos reduzir os esforços agindo na viga baldrame VB106?
Figura 2 – Viga VB106, solução para homogeneização dos momentos fletores / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: na figura, temos a viga VB106 em um projeto estrutural, uma prancha de formas. À esquerda, temos,
na Figura 2 (a), uma viga biapoiada de seção 14x50, com seu esquema estático desenhado abaixo, mostrando um vão de 6
m e um carregamento de 8 kN/m, resultando em um momento positivo grande. À direita, temos, na Figura 2 (b), a mesma
viga, porém com a adição de um apoio no centro, representado pelo bloco B02; nessa situação, temos a representação do
esquema estático da viga e o seu diagrama de momento fletor, com momentos positivos e negativos, mais homogeneizados.
Você, prontamente, lembra-se que vigas hiperestáticas tendem a ter menores esforços, pois a conti-
nuidade permite que esses momentos tenham valores mais homogêneos. Então, você sugere a adição
de uma estaca — estaca e bloco - B02 —, dividindo o vão da viga ao meio! Embora seja uma solução
interessante, ainda é preciso avaliar se a economia na viga é significativa ao ponto de se valer da execu-
ção de uma estaca nova. Quando se tem a adição da estaca, temos uma economia do aço da viga, mas,
por outro lado, gasta-se mais concreto na fundação — bloco e estaca —, ou seja, precisamos avaliar se
o custo da fundação é maior do que o custo de uma armadura mais pesada na viga. Deve-se avaliar,
também, que a presença da nova estaca, representada pelo apoio no ponto B, modifica as reações de
apoio em A, B e C, o que deve conduzir a fundações mais econômicas para os apoios A e C.
Considerando uma composição de preços unitários, Luiz fez algumas contas e chegou à conclusão
de que a adição de uma estaca extra só seria viável se o aço usado na viga fosse menor do que a metade
da taxa atual. Nessas condições, considere que, para haver uma redução da taxa de aço pela metade, é
necessário que o momento seja reduzido, pelo menos, pela metade.
73
UNICESUMAR
74
UNIDADE 3
truturas mais econômicas. Será que, se mexermos na posição dos apoios A e C, conseguimos evitar
a adição de uma estaca e, ainda assim, reduzir os esforços? Imagine o diagrama de momento fletor,
esboce-o. Será que consigo conceber uma grelha para aliviar esse esforço presente na viga? Será que
é possível engastar a minha viga nas estacas? Quais efeitos isso teria perante o diagrama de momento
fletor? Sugiro você que faça desenhos e esquemas mostrando os conceitos e ideias envolvidos no cálculo.
Procure detalhar como você pode calcular o valor do momento fletor nessas situações!
Buscando resolver a situação apresentada pelo engenheiro Luiz, você precisa calcular uma viga
hiperestática. O cálculo de estruturas hiperestáticas envolve a obtenção de outras equações que,
somadas às equações de equilíbrio da estática, permitem resolver a estrutura. Uma das soluções
mais usadas em estruturas é o Método das Forças. Esse método se baseia na conservação de
energia, em que o trabalho causado por uma ação e sua respectiva deformação na estrutura é
convertido em energia interna. Esse método é válido para a viga de Euller-Bernoulli, situação
em que os deslocamentos e deformações são pequenos e na qual as seções permanecem planas
após as deformações. A aplicação do método precisa respeitar as leis constitutivas dos materiais e
as condições de equilíbrio básicas. Tendo em mente essas condições de contorno é possível aplicar
o método das forças para obter as reações de apoio de estruturas hiperestáticas.
Para tanto, no Método das Forças, a abordagem é obter os valores de forças atuantes, cujos deslo-
camentos associados recuperem as condições de compatibilidade com os vínculos. Para entendermos
melhor, consultemos o pórtico três vezes hiperestático da Figura 3. Nessa situação, são necessárias
três equações extras — além das de equilíbrio ΣFH = 0, ΣFV = 0, ΣM = 0 — para determinar seu
comportamento. Imaginemos que a Figura 3 (a) possa ser representada como a Figura 3 (b), uma
75
UNICESUMAR
vez que não há alteração alguma do ponto de vista estático (SUSSEKIND, 1980). Rompe-se alguns
dos vínculos da estrutura, liberando três deslocamentos correspondentes a três incógnitas de forças
a serem determinadas.
Figura 3 – Condições equivalentes de estaticidade em pórtico três vezes hiperestático / Fonte: Sussekind (1980, p. 107).
Descrição da Imagem: a figura mostra dois pórticos planos. À esquerda, um pórtico três vezes hiperestático, apoiado por
dois engastes nos pontos A e B. À direita, um pórtico isostático, com apoio fixo em A e móvel em B, ambos acrescidos de X1,
X2 e X3, incógnitas que garantem a condição de compatibilidade estática dos pórticos.
Dessa maneira, é possível reduzir a estrutura hiperestática numa dada estrutura isostática — chamada
de sistema principal —, na qual introduzimos esforços X1, X 2 e X 3 para preservar a compatibili-
dade estática. Conforme Sussekind (1980), podemos entender que a estrutura hiperestática (H) é
dada pela superposição do sistema principal com carregamento (0), com hiperestático X1 (1), com
hiperestático X 2 (2) e com hiperestático X 3 (3).
76
UNIDADE 3
Figura 4 – Estrutura hiperestática e sistema principal usado na sobreposição dos efeitos / Fonte: adaptada de Sussekind (1980).
Descrição da Imagem: a figura descreve o sistema principal de um pórtico com dois apoios engastados, conforme o pórtico
da Figura 3. Agem três hiperestáticos X1, X2 e X3, referentes aos momentos dos apoios e à força horizontal. Esse pórtico será
dado pela superposição dos efeitos do carregamento, do hiperestático X1, do hiperestático X2 e do hiperestático X3. Na figura,
ele é representado como um simbolo de igualdade e um colchetes somando cada um desses efeitos. Os hiperestáticos estão
como que mutilplicando os pórticos e seus deslocametnos unitários referentes a cada hiperestático atuante.
Ao sobrepor todos esses efeitos, é possível escrever um sistema linear de equações de compatibilidade
elástica, cuja solução corresponde aos hiperestáticos que satisfizerem todas as condições simultanea-
mente. Nesse caso, temos a representação algébrica ilustrada na equação (3.1):
77
UNICESUMAR
Em que:
Note que, pelo Teorema de Maxwell, as deformações são recíprocas, isto é: d12 = d21
, d13 = d31 e d23 = d32 . Nesse cenário, se calcularmos os valores dos deslocamentos
d d d d d d d d d , poderemos resolver a estrutura, localizando
10 20 30 11 22 33 12 13 23
seus hiperestáticos e entendendo seu comportamento. Esses deslocamentos podem ser
obtidos pelo princípio dos trabalhos virtuais, combinando cada carregamento no sistema
principal com uma carga unitária virtual. Esses valores podem ser obtidos pela integração,
mas costuma ser mais prático usar as tabelas de Kurt-Beyer, citadas na Unidade 2.
Foi apresentado o caso de uma estrutura com grau de hiperestaticidade 3, mas, generi-
camente, podemos escrever a equação representando a aplicação do Método das Forças
para qualquer estrutura com n graus de hiperestaticidade. Na equação (3.3), temos a
representação do mesmo sistema de equações em formato matricial {d0 } + d . X = {0} .
(3.3)
78
UNIDADE 3
Em que:
79
UNICESUMAR
Para exemplificar a aplicação do método, avaliemos a viga da Figura 5, considerada 1 vez hiperestática.
Incialmente, é interessante observar a estrutura para entender seu comportamento: trata-se de uma viga
contínua, com um balanço apenas no lado esquerdo, não há simetria geométrica, esperam-se momentos
negativos sobre os apoios B e C e positivos nos vãos BC e CD, espera-se, também, um maior carregamento
sobre os apoios B e C. Para resolver essa estrutura, é necessário escolher o vínculo a ser rompido. Apenas
para fins didáticos, escolhemos a reação vertical em C, assim temos o sistema principal conforme a Figura 5.
Figura 5 – Exemplo de viga para aplicação do Método das Forças / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga hiperestática com três apoios: B, C e D. Temos uma carga distribuída de 12
kN/m no trecho BD e uma carga concentrada de 8kN em A em balanço, à esquerda do apoio B. Temos a viga hiperestática
representada pela letra H, o caso de carregamento externo 0 e o carregamento 1 referente à reação Vc removida.
Da compatibilidade dos deslocamentos, temos a equação , na qual é possível escrever as condições de com-
patibilidade pela superposição dos efeitos agindo na viga. Dessa maneira, o próximo passo para a resolução
da estrutura é a obtenção dos valores de d10 e d11 , sendo que, para tanto, deve-se separar os carregamentos.
80
UNIDADE 3
A Figura 6 mostra o sistema principal da viga, conforme carregamento externo e carregamento hipe-
restático Vc. No caso do carregamento externo, a Figura 6 já mostra os valores de reações de apoio,
que podem ser obtidos pelo equilíbrio dos momentos ao redor do ponto B.
Para o caso de carregamento unitário/hiperestático, as reações podem ser obtidas pelas vigas notáveis
— biapoiada com carga pontual. Temos, também, o registro dos valores de momento fletor em cada
uma das situações, que devem ser obtidos pelo Método das Seções para podermos usar as integrais
ao determinar os valores das deformações.
Descrição da Imagem: a figura mostra o sistema principal com a combinação dos diagramas para aplicação do Princípio dos
Trabalhos Virtuais referente à viga da Figura 5. À esquerda, temos a combinação do carregamento para obter a deformação em
C representado por duas vigas, o caso do carregamento representado pelo 0, já retirado o apoio C, e o caso do carregamento
unitário representado por 1, com uma força virtual unitária para baixo de um kN no ponto C, no qual se pretente calcular a
deformação. A figura já registra suas reações de apoio e diagramas de momentos fletores. À direita, temos a combinação da
reação de apoio Vc, representada por duas vigas; acima, o caso 1 referente ao carregamento da reação de apoio, nesse caso,
considerada unitária, pois será multiplicada por VC; e, abaixo, o caso do carregamento unitário no ponto C, em que se deseja
obter as deformações. A figura também ilustra as reações de apoio e os diagramas de momento fletor.
Agora, obteremos as equações de momentos fletores em cada trecho para, então, calcular os desloca-
mentos d10 e d11 . Para calcular o deslocamento d10 , combinaremos o carregamento externo (0) com
uma força unitária em “C” (1). Como não temos momento fletor no trecho AB referente à carga uni-
tária (1), não é necessário calcular esse momento no caso do carregamento externo (0), uma vez que,
quando multiplicado por zero, este terá seu valor anulado. Já para o trecho BC, x 1 variando entre 0
e 4. Combinando o carregamento externo (0) com força unitária (1), temos:
81
UNICESUMAR
Agora, faz-se necessário determinar o valor de d11 . Para tanto, temos as equações a seguir.
BC
M BC (x 1 ) = −0, 428x 1 ; M (x 1 ) = −0, 428x 1 ;
DC
M DC (x 2 ) = −0, 571x 2 ; M (x 2 ) = −0, 571x 2 ;
BC CD
∫M dx + ∫ M CD M dx
BC
EI d11 = M
BC CD
4 3 (3.9)
−0, 428x −0, 428x dx + −0, 571x −0, 571x dx
EI d11 = ∫ 1 1 ∫ 2 2
0 0
4 3
4 3
EI d11 = ∫ 0, 1836x dx + ∫ 0, 3265x 2 dx = 0, 1836x 13 / 3 + 0, 3265x 2 3 / 3 = 6, 855
2 2
1 0 0
0 0
De posse dos valores de d10 e d11 , montamos o sistema linear e procuramos a solução para ele.
82
UNIDADE 3
Assim, o valor da reação Vc é de 46,7 kN. Para resolver os outros apoios da estrutu-
ra, podemos aplicar as equações de equilíbrio, considerando, agora, o valor da for-
ça Vc. Dessa forma, tomando o somatório dos momentos com relação ao ponto B, teremos
ΣM B = 0; −12.7² / 2 + 4.46, 7 + 7.VD + 8.2 → VD = 13, 03kN , e tomando o somatório dos esforços ver-
ticais, ΣFv = 0; −8 − 12.7 + 46, 7 + 13, 0 +Va = 0 → VA = 32, 27kN . A partir desses valores de reação,
é possível calcular os esforços em cada um dos pontos.
B
M ESQ = −8.2 = −16kNm
(3.11)
C
M ESQ = −8.6 + 32, 27.4 − 12.4.2 = −14, 93kNm
Para obter o momento máximo positivo, deve-se obter a equação do esforço no trecho e procurar seu
máximo local, em que a derivada primeira é igual a zero. Nesse ponto, o momento é máximo.
A Figura 7 mostra a viga com suas reações de apoio e diagramas de momento fletor. Repare que o
diagrama de momento fletor está compatível com a previsão de picos de momento negativo sobre os
apoios B e C e sobre os momentos positivos nos trechos BC e DC.
Figura 7 – Exemplo de viga, diagrama de momentos fletores e reações de apoio / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga hiperestática resolvida, com os valores das reações de apoio B, C e D, res-
pectivamente, 32,3 kN, 46,7 kN e 13,0 kN. Abaixo da viga, temos desenhado o diagrama de momento fletor, no qual vemos
dois picos negativos sobre os apoios B e C, bem como momentos positivos nos trechos BC e CD.
83
UNICESUMAR
Resolver estruturas hiperestáticas pelo método das forças pode ser bastante cansativo! Prin-
cipalmente, usando as integrais. Lembre-se de que você pode usar as tabelas de Kurt-Beyer
para resolver estruturas de maneira mais prática.
Ainda exemplificando o uso do Método das Forças, analisemos a viga baldrame a ser resolvida para
o engenheiro Luiz. Dessa vez, a resolução será por meio das tabelas de Kurt-Beyer, já mostradas nas
unidades anteriores. A Figura 8 ilustra a viga a ser resolvida. Trata-se de uma viga uma vez hiperes-
tática, com três apoios, simetria de geometria, carregamento e rigidez. Esperam-se maiores esforços
no apoio central da viga, sobre o qual se espera um momento negativo que deve homogeneizar e
distribuir melhor os momentos.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga hiperestática com três apoios. Temos que essa viga pode ser elaborada pela
superposição dos efeitos do caso 0 de carregamento externo e caso 1 de carregamento da reação de apoio VB.
84
UNIDADE 3
85
UNICESUMAR
Figura 9 – Exemplo de pórtico, duas vezes hiperestático / Fonte: adaptada de Sussekind (1980).
Descrição da Imagem: a figura mostra um pórtico ABCD duas vezes hiperestático. Para a elaboração do sistema hiperestático
do pórtico, foram liberados os engastamentos da viga pilar, adicionando-se rótulas e momentos M1 e M2 hiperestáticos. Dessa
maneira, o sistema principal fica composto pelo caso 0 sob efeito do carregamento externo; caso 1 sob efeito do hiperestático
M1 em C; e caso 2 sob efeito do hiperestático 2. São mostrados, também, a aplicação dos hiperestáticos e seus respectivos
diagramas de momentos fletores
86
UNIDADE 3
1 LM M 1 6.90.1 90
q10 = − =− =− (3.14)
3 2EI 3 2EI EI
O coeficiente q20 é obtido da combinação do diagrama parabólico (0) com o diagrama triangular (2).
Repare que, nos trechos AC e BD, não há necessidade de fazer combinação:
1 LM M 1 6.90.1 90
q20 = − =− =− (3.15)
3 2EI 3 2EI EI
LM M 1 LM M 3. 1. 1 1 6 . 1 . 1 4
q11 = + = + = (3.16)
EI 3 2EI EI 3 2EI EI
1 LM M 1 LM M 1 LM M 1 3.1.1 1 6.1.1 3
q22 = + + = 2. + = (3.18)
3 EI 3 EI 3 2EI 3 EI 3 2EI EI
87
UNICESUMAR
Você se lembra de como resolver sistemas lineares como o anterior? Regra de Cramer, Gauss-Seidel,
escalonamento, substituição? Sugiro relembrar esses processos, pois são úteis para os exercícios. Você
também pode conferir o resultado pelo Excel (ou outro software)! Vamos aprender como fazer?
O processo é simples: você deve escrever a matriz em cada uma das células, bem como os vetores,
{d0 } + d . X = {0}. O vetor de hiperestáticos X pode ser obtido pela multiplicação dos deslocamentos
− {d0 } com a matriz inversa dos deslocamentos d , equação .
−1
d . d . X = − {d } . d
−1 −1
(3.20)
0
X = − {d } . d
−1
0
Para fazer esse processo, usaremos a função “=MATRIZ.INVERSO(“. Selecione toda a matriz a ser
invertida e, antes de digitar a fórmula, lembre-se de selecionar as células que farão parte da matriz
nova. Ao terminar, aperte CRTL + Shift + Enter — não apenas Enter. O Excel preencherá as células
selecionadas. Em seguida, o vetor X será dado pela multiplicação: “=MATRIZ.MULT(“. Seguindo os
mesmos passos, você obterá os valores que satisfazem o sistema.
Figura 10 – Passo a passo da solução de sistemas com multiplicação de matrizes no Excel / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a imagem mostra seis passos para se resolver um sistema linear no Excel. No passo 1, temos a seleção
das células da matriz. No passo 2, a digitação da fórmula. No passo 3, o resultado do Excel. No passo 4, a seleção das células.
No passo 5, a digitação da fórmula. E, no passo final, o resultado.
88
UNIDADE 3
A partir desses valores, podemos calcular as reações de apoio, por exemplo, HB pode ser obtido
pelo momento à direita do ponto D ( Mdir D
= +40, 9 = Hb.3 → Hb = 13, 63kN ). Como não temos car-
regamento externo na direção horizontal, H B = −H A = 13, 63kN . Para descobrirmos a reação VB,
temos o momento à direita do ponto C, Mdir C
= −32, 7 = −20.6.3 + 6.VB − 13, 63.3 → VB = 61, 36kN .
Do somatório das forças agindo na vertical, temos ΣFv = 0, −20.6 + 61, 36 +VA = 0 → VA = 58, 63kN
. Tomando o somatório dos momentos ao redor do ponto B, é possível obter o momento em A:
ΣM B = 0; +58, 63 * 6 − 20 * 6 * 3 + M A = 0 → M A = 8, 18kNm . A partir desses valores, é possível traçar
o diagrama de momentos fletores da estrutura, ilustrado na Figura 11.
Descrição da Imagem: na figura, temos o diagrama de momento fletor do pórtico da Figura 11, bem como suas reações de
apoio. Temos um diagrama contínuo, com momentos positivos no centro do vão da viga do pórtico e momentos negativos
nas ligações das vigas com os pilares.
89
UNICESUMAR
Tentemos entender um exemplo um pouco mais complexo e moroso: a resolução de uma treliça hipe-
restática. Sempre que estivermos falando de treliças, devemos relembrar que são elementos submetidos,
majoritariamente, a esforços axiais. Nesse caso, não faz sentido calcular as deformações por efeitos de
flexão, sendo necessário avaliá-las com relação aos esforços de tração e compressão das barras.
Considere a treliça da Figura 12, primeiramente, avaliamos seu comportamento estrutural e seu
grau de hiperestaticidade. Por se tratar de uma treliça uma vez hiperestática assimétrica, espera-se uma
maior reação no apoio “O”, observa-se, também, que as barras estão a 45º, uma vez que o módulo é
de 1,0 m, tanto na vertical como na horizontal. Para resolver essa estrutura pelo Método das Forças,
o primeiro passo é escolher o apoio a ser removido. Escolhe-se o vínculo do primeiro gênero em “S”,
Vs. Nesse sentido, o sistema hiperestático fica representado como na Figura 12.
90
UNIDADE 3
Descrição da Imagem: a figura mostra uma treliça hiperestática com banzos paralelos horizontais, diagonais e montantes. O
sistema principal da treliça é montado pela retirada do apoio e inserção da força VS, composto pelo carregamento (caso 0) e
pelo carregamento da reação hiperestática (1).
O Método das Forças se baseia na compatibilização dos deslocamentos. Nesse caso, com-
patibilizaremos a deformação da treliça frente ao carregamento externo com a deforma-
ção da treliça frente a uma força X1 . Escrevemos o sistema de compatibilidade conforme a
equação :
d10 +VS . {−d11 } = 0 (3.21)
O problema, agora, reside em calcular os valores dessas deformações, usando o Princípio dos Trabalhos
Virtuais. Considerando que as barras das treliças trabalham, majoritariamente, submetidas a esforços
axiais, precisamos calcular a energia de deformação referente ao trabalho de deformações axiais. Em
barras submetidas ao esforço axial constante, as deformações serão dadas pela equação . Repare que
é uma fórmula análoga à usada para o momento fletor.
L.N .N
di = (3.22)
EA
Faz-se, então, a combinação dos esforços para obter a deformação de cada barra e, posteriormente,
da treliça. Resolve-se, então, a treliça para os casos 0 e 1, combinando-os com as forças unitárias.
Apenas para exemplificar o processo, podemos obter os esforços normais na barra AB, AM e AL pelo
equilíbrio dos nós A e L. A partir do nó L, considerando os esforços normais saindo do nó, temos que
ΣFx = 0 ∴ N LM = 0 e ΣFy = 0 ∴ N AL = 0 . Tomando-se o nó A, considerando esforços normais saindo
do nó, temos que ΣFy = 0; −6 + 0 + N AM .sen 45º ∴ N AM = 6 / 0, 707 = 8, 485kN, assim se repete o processo
para os esforços horizontais ΣFx = 0 + N AB + N AL . cos 45º , portanto, N AB = −0, 707.8, 485 = −6, 0kN .
Esse processo se repete até se resolver a treliça por completo.
Para agilizar o processo, a Figura 12 já apresenta os esforços normais, que são obtidos após o
término da resolução da treliça. De posse desses esforços normais, usamos a equação para
cada barra em cada combinação. Por exemplo, para o cálculo de d10 na barra EF, teremos:
dEF 10 = L.N .N / EA = 1, 0.10, 5. − 0, 5 / EA = −5, 25 / EA . Para o cálculo de d11 na barra EF, teremos:
dEF 11 = L.N .N / EA = 1, 0.0, 5.0, 5 / EA = 0, 25 / EA . Esse processo se repete para todas as barras, e esses
valores de deformação são somados todos. A Tabela 1 ilustra o processo.
91
UNICESUMAR
BANZOS SUPERIORES
2 1,0 m -9,0 -1,0 9,00 2 1,0 m 1,0 1,0 1,00
BANZOS INFERIORES
MONTANTE
DIAGONAL
92
UNIDADE 3
Agora que você já aprendeu a utilização do Método das Forças, resolveremos nosso problema proposto pelo
engenheiro Luiz por uma maneira menos usual. Calcularemos o diagrama de momentos fletores da viga
VB106 com a adição de um apoio central e, então, avaliaremos se a redução do momento foi significativa.
Inicialmente, procure olhar para viga e imaginar seu comportamento. Esse sempre deve ser o passo
inicial de toda análise estrutural. Feito isso, escolheremos o vínculo a ser rompido na estrutura. A solu-
ção mais comum seria a remoção do apoio central B, no entanto, a escolha de Vb como hiperestático
deve retornar o valor da reação Vb. Nesse sentido, teríamos que calcular o momento fletor a partir de
Vb. Contudo, já que a viga é simétrica, o caminho mais curto seria liberar os momentos sobre o apoio
B (Figura 13), considerando um hiperestático M e a adição de uma rótula à estrutura. Dessa forma, a
solução do problema já nos retorna a resposta que estamos procurando.
93
UNICESUMAR
q10 + M . {−q11 } = 0
1 2
EI q10 = 2. LM M = 3.9.1 = 18
3 3
(3.24)
1 2
EI q11 = 2. LM M = 3.1.11 = 2
3 3
−
EI q10 18
M máx = M = = = 9kNm
EI q11 2
M (x 1 ) = +9x 1 − 4x 12
dM (x 1 )
= 0 = 9 − 8x 1 → x 1 = 9 / 8
dx 1 (3.25)
2
9 9
M máx = M (9 / 8) = 9. − 4 = 5, 06kNm
+
8 8
94
UNIDADE 3
Como você já sabe, estruturas hiperestáticas são excelentes opções para o projeto, pois tendem a ter
menores deformações, esforços menos extremos, além da capacidade de redistribuir os esforços. Então,
a maior dificuldade de sua utilização é o comportamento mais complexo. Esses procedimentos aqui
apresentados têm o objetivo de resolver estruturas hiperestáticas, calcular suas reações de apoio e esforços.
Enfim, entender seu comportamento, para que você, como engenheiro(a) esteja apto(a) para utilizá-las.
O Método das Forças se aplica à solução de estruturas hiperestáticas, seja em uma viga bal-
drame de vários apoios ou na Ponte Rio-Niterói, seja em uma treliça de cobertura pequena ou na
cobertura de um estádio de futebol. Existem diversas situações em que conhecer o comportamento
da estrutura só é possível ao se utilizar do Método das Forças.
Reitero, também, que esses conceitos têm a finalidade de desenvolver em você, aluno(a), a
capacidade de olhar para uma estrutura de maneira sistêmica, visualizando seu comportamento
estrutural, além dos números e contas, habilidade imprescindível a um(a) bom(a) engenheiro(a).
95
Nesta unidade, você aprendeu o Método das Forças para a solução de estruturas hiperestáticas.
Esse método é extremamente importante, pois permite determinar os esforços em estruturas
estaticamente indeterminadas e conhecer seu comportamento. Ao usar as condições de compa-
tibilidade e da superposição dos efeitos, é possível calcular as forças que garantem a condição
de compatibilidade com os vínculos de uma estrutura.
Como vimos, para calcularmos essas estruturas, devemos remover um apoio ou vínculo da es-
trutura até que fique isostática. Em seguida, elaboramos as equações de compatibilidade que
reconstituem a estrutura original, hiperestática. Calcula-se, então, os deslocamentos referentes
ao caso de carregamento real e ao caso de carregamento unitário, ambos combinados com uma
força unitária aplicada no ponto e direção que se pretende calcular as deformações pelo PTV.
Assim, obtém-se um sistema linear de equações, cujas soluções são as reações e forças agindo
sobre a estrutura. Prossegue-se, então, com o cálculo dos esforços internos.
Espero que o entendimento desses conceitos tenha contribuído para seu crescimento pessoal
e profissional, garantindo que você possa compreender o comportamento de uma estrutura
estaticamente indeterminada. A fim de memorizar esses conceitos e conteúdos, sugiro que você
elabore um mapa mental, estabelecendo o passo a passo para a aplicação do Método das Forças,
bem como um resumo dos assuntos apresentados.
96
97
1. Qual é o primeiro procedimento a se realizar ao resolver uma estrutura pelo Método das
Forças? Coloque os procedimentos na ordem da execução correta do Método das Forças.
( ) Elaborar os sistemas de equações de compatibilidade.
( ) Encontrar as reações de apoio.
( ) Escolher os apoios a serem removidos.
( ) Separar em casos de carregamento, real e unitário.
( ) Determinar os coeficientes di 0 e dij .
( ) Calcular os esforços internos solicitantes.
Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta dos procedimentos de cima para baixo:
a) 3, 1, 4, 2, 5, 6.
b) 3, 5, 1, 2, 4, 6.
c) 5, 4, 1, 3, 2, 6.
d) 3, 6, 2, 1, 4, 5.
e) 4, 3, 1, 2, 6, 5.
3. A solução de vigas estaticamente indeterminada sempre foi um grande desafio para a En-
genharia de Estruturas. Para resolvê-las, usamos o Método das Forças, no qual calculamos
as forças que recuperam as deformações na estrutura em função das suas condições de
compatibilidade. Assinale a alternativa INCORRETA sobre a aplicação do Método das Forças.
98
a) O Método das Forças pode ser aplicado a treliças, basta usar o cálculo das deformações
por esforço normal, isto é, compressão e tração.
b) Na aplicação do Método das Forças, nas grelhas hiperestáticas, as deformações são
calculadas conforme esforços de flexão e torsão, considerando rigidez à flexão (EI) e
à torsão (GJ).
c) O Método das Forças não pode ser aplicado em pórticos, uma vez que se tem presente
o efeito de flexão, torção e esforços normais atuando simultaneamente na estrutura.
d) O Método das Forças só pode ser aplicado por causa do Princípio da Superposição
dos Efeitos, em que se soma o efeito do carregamento real frente à reação de apoio.
e) O Método das Forças pode ser aplicado em qualquer tipo de estrutura, desde que o
cálculo das deformações esteja de acordo seus respectivos esforços.
4. O Método das Forças é muito utilizado para calcular estruturas hiperestáticas, pois, com
ele, é possível determinar as reações de apoio. Ao procurar o valor da reação de apoio,
em que as deformações do apoio sejam compatíveis com o vínculo, muitas vezes, é mais
interessante adotar a remoção de apoios e vínculos não tão óbvios, mas que podem
facilitar a aplicação do método. A Figura 1, que se refere ao exercício 5 e 6, mostra uma
viga em que o vínculo escolhido para ser removido foi o momento hiperestático M,
próximo ao apoio, colocando-se, então, uma rótula, permitindo a sua rotação.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga engastada (em A) e apoiada (em B) com 4 metros de vão, sobre
os quais se distribuem um carregamento uniforme de 10 kN/m. Abaixo, temos a solução proposta, considerando a
rotulação do ponto A — onde teríamos o engaste — e a aplicação de um hiperestático M a ser calculado.
99
Considerando a viga da Figura 1 e que EI = 1.10 kN / m e aplicando o Método das Forças
4 2
à estrutura, pede-se para assinalar a alternativa que apresenta os valores de cálculo dos
coeficientes EI.d10 e EI.d11 .
2
a) <<Eqn122.eps>> e EI.d11 = .
3
9
b) EI.d10 = 30 e EI.d11 = .
5
90 3
c) EI.d10 = e EI.d11 = .
4 4
80 4
d) EI.d10 = e EI.d11 = .
3 3
1750 13
e) EI.d10 = e EI.d11 = .
12 7
5. Ainda sobre a viga da Figura 1, referente ao exercício anterior, você deve continuar a
aplicação do Método das Forças, calculando o valor da incógnita e dos esforços. Consi-
derando os valores de EI.d10 e EI.d11 obtidos no exercício anterior, assinale a alternativa
que contém o valor do hiperestático M e da reação de apoio VB.
a) M = 15 kNm e Vb = 15 kN.
b) M = 20 kNm e Vb = 15 kN.
c) M = 25 kNm e Vb = 20 kN.
d) M = 15 kNm e Vb = 20 kN.
e) M = 20 kNm e Vb = 25 kN.
100
4
Método dos
Deslocamentos
Me. Gabriel Trindade Caviglione
102
UNIDADE 4
Furar uma viga ou qualquer outra parte da estrutura pode ser muito perigoso e requer o acompa-
nhamento de perto de um(a) engenheiro(a). O(A) profissional deve avaliar as condições iniciais de
integridade da estrutura e quais as repercussões da furação na sua resistência frente aos esforços. Essa
tarefa não é nada fácil, uma vez que, após executada a furação, a responsabilidade da garantia da esta-
bilidade e durabilidade da estrutura recai sobre o(a) responsável técnico pela alteração.
A engenheira Lúcia é sua supervisora nesse trabalho e, apesar do prazo apertado, concordou em
avaliar o furo com cautela, para isso, pediu para você informá-la dos diagramas de esforços da viga,
reconstituindo seu carregamento e condições estáticas. Assim que ela tiver os esforços internos, poderá
decidir sobre a viabilidade do furo, bem como as dimensões e os locais apropriados, além de eventuais
reforços e procedimentos recomendados.
Descrição da Imagem: a figura mostra a V107 em um projeto estrutural, prancha de formas do pavimento tipo. Temos uma
viga de seção 19x40 apoiada nos pilares P19 (esquerda), de seção 19x108, disposto na horizontal, no pilar P25 (centro), de
seção 19x160, disposto na vertical, e no pilar P20 (direita), de seção 19x108, disposto na horizontal. Logo abaixo, temos o
esquema estático dela, engastada no P19 (esquerda), apoiada no P25 (centro) e engastada no P20 (direita), submetida a um
carregamento de 8 kN/m com vãos simétricos de 210 cm e 330 cm.
103
UNICESUMAR
104
UNIDADE 4
Outra opção referente ao cálculo de estruturas é utilizar o Método das Forças e outras propriedades.
No caso da Figura 1, temos uma viga assimétrica, e isso implica em dizer que as reações de apoio não
são iguais. Então, como você poderia resolver essa estrutura pelo método das forças? Qual seria o
passo a passo? Quantos casos de carregamento precisaria calcular? Posto isso, compare com a solução
do Método dos Deslocamentos. Quantos deslocamentos você precisaria calcular? Quais seriam eles?
Como poderíamos determiná-los?
Faça esquemas e desenhos demonstrando suas ideias, procure achar seus próprios caminhos,
detalhe como esse problema pode ser resolvido. Use seu Diário de Bordo para apontar suas soluções
enquanto você “matuta” a solução desse problema.
Procurando retornar com os esforços da viga para Lúcia da maneira mais rápida possível, você opta por
estudar e entender o Método dos Deslocamentos. Nesse método, as incógnitas são os deslocamentos
que cada nó pode ter na estrutura, ou seja, suas deslocabilidades. Então, antes de entender o método,
é importante entender essas deslocabilidades.
As estruturas hipostáticas, ou os mecanismos, têm graus de liberdade, isto é, são possíveis direções
em que determinado corpo pode sofrer translação — ou rotação. Esses sistemas podem se movimen-
tar infinitamente, pois não têm qualquer restrição que os impeçam, movimento de corpo rígido. Já
quando pensamos em estruturas hiperestáticas ou isostáticas, cada nó pode ter uma movimentação
limitada, pois a estrutura está restringida, ou seja, para ocorrer um possível deslocamento de um
105
UNICESUMAR
ponto, é necessário que a estrutura se deforme. Esses possíveis deslocamentos são as deslocabilidades
da estrutura, as incógnitas a serem determinadas no problema. Em uma estrutura, teremos as deslo-
cabilidades internas e externas, referentes às rotações e translação. Para entender corretamente esse
conceito, convido-o(a) a observar o nó B da Figura 2.
Descrição da Imagem: figura mostra um pórtico biengastado nos nós A e C, sendo que apenas o nó B não está vinculado
e pode se deslocar através de deformações estruturais. D1 na vertical, D2 na horizontal e D3 rotação no nó B.
Repare que os nós A e C não podem se movimentar e estão totalmente restringidos pelos vínculos. O
nó B pode deslocar no eixo vertical, horizontal e pode rotacionar, temos, então, deslocabilidades D1 , D2
e D3 . Repare que, para que ocorram os deslocamentos 1 e 2, as barras AB e BC precisaram se alongar,
e o deslocamento 3 está associado à flexão de ambas as barras. No entanto, as deformações relativas ao
esforço de flexão são muito maiores do que as referente ao esforço axial, seja de tração ou compressão.
Se optarmos por desprezar as deformações por esforços axiais, D1 e D2 passam a ser nulos, uma vez que,
para o nó B se movimentar, precisaria movimentar junto o nó A ou C, nós completamente restringidos.
Assim, temos apenas a deslocabilidade D3 para calcular, ou seja, possui rotação no ponto B.
Sussekind (1980) resume as deslocabilidades internas de uma estrutura plana como o número de
nós rígidos que ela possui, sem incluir as extremidades e nós rotulados. Já as deslocabilidades externas
são definidas como o número de apoios do primeiro gênero que precisamos acrescentar, para que
todos seus nós fiquem sem deslocamentos lineares.
Para fixarmos esse conceito, considere a Figura 3, em que temos algumas estruturas e suas
deslocabilidades associadas. Desprezar as deformações por forças normais e cortante. Conside-
rando o pórtico 01, logo percebemos que todos os nós D, E, F e G estão conectados por rótulas
e, assim, estão livres para rotacionar sem transmitir momentos entre as barras. Nessa situação,
não temos deslocabilidades internas, apenas externas.
Para avaliarmos as deslocabilidades externas do pórtico 01, precisamos saber o número de apoios
de primeiro gênero a serem acrescentados para que qualquer nó da estrutura fique sem deslocamen-
tos lineares. Se posicionarmos um apoio no nó D, conseguiremos travar os nós D e E, uma vez que a
barra DE não pode se alongar. Porém, as barras EF, FG e GC podem se rotacionar e flexionar de tal
maneira que os pontos F e G estariam sujeitos a deslocamentos lineares. Para travá-los, precisamos
106
UNIDADE 4
de um segundo apoio, que pode ser adicionado em F ou G. O pórtico 02 segue o mesmo raciocínio:
temos rotações nos nós C, D e E, portanto, três deslocabilidades internas, e temos duas translações em
C e E, portanto, duas deslocabilidades externas. Já a viga 01 não tem nenhuma deslocabilidade externa
e, apenas, duas rotações sobre os nós B e C, portanto, dotada de duas deslocabilidades.
Descrição da Imagem: a figura mostra dois pórticos planos. À esquerda, um pórtico três vezes hiperestático, apoiado por
dois engastes, no ponto A e B. À direita, um pórtico isostático, com apoio fixo em A e móvel em B, ambos acrescidos de X1,
X2 e X3, incógnitas que garantem a condição de compatibilidade estática dos pórticos.
107
UNICESUMAR
108
UNIDADE 4
Figura 4 – Coeficientes de rigidez Local e reações de engastamento perfeito para situações mais frequentes
Fonte: Sussekind 1980, p. 17).
Descrição da Imagem: a figura mostra o coeficiente de rigidez local de três barras: 1) engastada-engastada, temos 4EI/L no ponto
de rotação e 2EI/L no outro engaste; 2) barra apoiada engastada, temos 3EI/L no ponto de rotação e zero no apoio; 3) engastada-
-engastada submetida a uma translação transversal de um dos apoios, tal efeito provoca 6EI/L² em ambos apoios. À direita, temos
as reações de engastamento perfeito, situção na qual a viga não teria rotações. Estão tabelados os valores para: 1) carregamento
distribuído em viga biengastada, provocando momentos de ql²/12 e reações de ql/2; 2) carregamento concentrado em viga biengas-
tada, provocando momentos de Pab²/l² e Pa²b/l² e reações de Pa/l e Pb/l; 3) carregamento distribuído em viga engastada apoiada,
provocando momentos de ql²/8; e 4) carga concentrada em viga engastada apoiada, provocando momentos de Pab(l+b)/2l².
Na estrutura inicial, isto é, antes de sofrer qualquer trava ou deslocamento, os esforços agindo à esquerda
de um ponto de interesse são iguais aos que agem à direita. Assim, ao somarmos todas as estruturas do
sistema hipergeométrico (0+1+2+...“i”) à direita e à esquerda, é necessário que o valor seja nulo para
garantir a condição de equilíbrio da estrutura. Teremos, então, que a soma dos momentos de engas-
tamento perfeito, à direita e esquerda de um ponto de interesse, é conhecida como termos de carga.
bi 0 = MYX 0 + MYZ 0 (0.1)
Em que:
• bi 0 corresponde ao termo de carga “i” referente à estrutura travada (0), situação submetida ao
carregamento externo.
• MYX 0 corresponde ao momento no caso 0, atuante no ponto Y devido à barra YX.
• MYZ 0 corresponde ao momento no caso 0, atuante no ponto Y devido à barra YZ.
Se somarmos os termos de carga aos produtos de deslocamentos e rigidez local, estaremos somando
todas as forças que agem no ponto, portanto, esse valor precisa ser nulo. Algebricamente:
b10 + k11D1 + k12D2 .... + kij .Di = 0
b20 + k21D1 + k22D2 .... + kij .Di = 0
(0.2)
....
bi 0 + ki 1 .D1 + ki 2 .D2 .... + kij .Di = 0
109
UNICESUMAR
Em que:
k b10
11 k12 ... k1 j D1
k
21 k22 . D2 = − b20
... ... (0.4)
... ...
ki 1 kij Di
bi 0
k . {d } = {F }
110
UNIDADE 4
Existem algumas situações não usuais que podem não ser encontra-
das na Figura 4. Você consegue pensar nelas? Como resolver nesse
caso? Sempre que encontrar uma situação não usual, você pode
consultar tabelas de momento de engastamento perfeito e tabelas
de coeficientes de rigidez local. Existem várias referências para esses
valores, algumas das principais tabelas foram compiladas pelo prof.
Libânio Miranda Pinheiro, que podem ser acessadas através do QR Code.
Após o cálculo dos deslocamentos, podemos obter os esforços ao longo da estrutura ao aplicar a
superposição dos efeitos. Então, somaremos a estrutura na situação engastada junto a cada situação
deslocada pelo produto de deslocamento e rigidez local. Assim, chegamos na equação:
M = M 0 + M 1 .D1 + M 2 .D2 + ... + M i .Di (0.5)
Em que:
De posse dos momentos, teremos o comportamento da estrutura. Apenas ponderando que a equação
pode se referir a outros esforços, não se limita aos esforços de flexão. Podemos, então, definir um roteiro
base para a aplicação do método.
1. Avaliar as deslocabilidades e elaborar sistema hipergeométrico: são avaliadas as deslocabili-
dades internas e externas da estrutura, e, então, aplicam-se restrições a essas deslocabilidades
através de “chapas rígidas” e apoios adicionais. Com a estrutura restringida, elabora-se o sis-
tema hipergeométrico, em que teremos os casos de estrutura engastada e estrutura deslocada
(SUSSEKIND, 1980).
2. Elaborar os sistemas de carregamento: serão separados e resolvidos os casos de estrutura per-
feitamente engastada frente ao carregamento externo e casos de estrutura deslocada, frente às
deslocabilidades e coeficientes de rigidez de cada barra. Elaboram-se, então, as equações de
equilíbrio e compatibilidade.
111
UNICESUMAR
3. Determinar os coeficientes: bi 0 e kij . Eles são calculados através de tabelas referente a situações
comuns de carregamento.
a) Os termos de carga bi 0 são obtidos a partir dos momentos de engastamento perfeito agindo
sobre o nó “i” em função do carregamento externo.
b) Já os coeficientes de rigidez kij são obtidos pela soma dos coeficientes de rigidez local agindo
sobre o nó “I” referente a um deslocamento “j”. Pelo Teorema de Maxwell, podemos afirmar
que a matriz de rigidez do sistema deve ser simétrica, de tal forma que kij = k ji .
4. Resolver sistema linear: de posse de todos os coeficientes, escreve-se o sistema li-
near e se procuram os valores que satisfazem todas as equações simultaneamen-
te. Uma vez resolvido o sistema, temos os valores dos deslocamentos e podemos re-
constituir os esforços internos em cada um dos pontos pela superposição dos efeitos
( M = M 0 + M 1 .D1 + M 2 .D2 + ... + M i .Di ).
Uma das principais vantagens do Método dos Deslocamentos é que ele procura os valores dos des-
locamentos ao invés de procurar os valores das reações de apoio. Nesse sentido, ao se definir uma
estrutura, conectando-se as barras, já é possível definir suas deslocabilidades. Esse efeito permite que
o método seja implementado computacionalmente com grande facilidade.
No caso do Método das Forças, isso não é tão simples, pois o programa precisaria escolher qual apoio
seria removido. Ao passo que, no Método dos Deslocamentos, já estão definidos os deslocamentos a
serem calculados, ainda que resultem em um número grande de deslocamentos.
Posteriormente, você estudará o Método de Análise Matricial de estruturas, também conhecido
como Método Direto da Rigidez, que, na realidade, é um procedimento mais automatizado para resolver
uma estrutura matricialmente, baseado no Método dos Deslocamentos. Esse tópico é extremamente
importante, pois muitos dos softwares atuais utilizam esses princípios.
Você entende um pouco de programação? Resolver estruturas hiperestáticas pode ser bastante
cansativo! Você pode otimizar o processo de cálculo ou, ao menos, parte dele ao desenvol-
ver rotinas e programas para calcular as estruturas. Você já imaginou o tempo que poderia
economizar fazendo um programa desses?
Para fixar esses conteúdos, resolveremos um exemplo aplicando o Método dos Deslocamentos à viga
V107 (Figura 1), sobre a qual procuramos responder se será possível ou não fazer a perfuração. A
primeira consideração a ser feita, antes de se iniciar o cálculo, é procurar entender o comportamento
da viga numa análise mais subjetiva. Podemos observar que a viga não é simétrica, portanto, teremos
uma maior reação no pilar central P25 e no pilar P20, ao passo que se espera uma reação menor no
112
UNIDADE 4
P19. Esperam-se diagramas de momento fletor contínuo, com picos de momento negativo, e acredi-
ta-se que, no menor vão, teremos menores esforços.
Vamos, então, ao primeiro passo: estabelecer o sistema hipergeométrico. A viga tem apenas uma
deslocabilidades, que se refere à rotação sobre o pilar P25. Podemos bloquear essa deslocabilidade
interna com chapas rígidas, imaginando a estrutura como a Figura 5.
Descrição da Imagem: a figura mostra a viga V107 (ABC, engaste apoio engaste, carga distribuída de 8 kN/m), já descrita na Figura
1. No entanto, temos, agora, a resolução da estrutura hiperestática, que pode ser composta pela soma do caso de carregamento
externo (caso 0) e de deslocamentos unitários (caso 1). No caso do carregamento externo, temos uma chapa rígida atuando sobre
o apoio B, o que permite imaginarmos a viga como a soma de trechos biengastados AB e BC. Temos, então, a viga desenhada com
esses trechos e seus momentos de engastamento perfefeito agindo sobre os nós. No caso do giro unitário, temos a rotação D1
agindo sobre o nó B, que provoca esforços em A, B e C, todos ilustrados na figura.
A próxima etapa é determinar os valores dos termos de carga e coeficientes de rigidez. Iniciaremos
pelo único termo de carga b10 . Para o trecho AB — entre os pilares P19 e P25 —, temos os momentos
de engastamento perfeito, conforme a equação :
M AB 0 = ql ² / 12 = 8.2, 1² / 12 = 2, 94kNm (0.7)
0
M BA = −ql ² / 12 = −8.2, 1² / 12 = −2, 94kNm
113
UNICESUMAR
M BC 0 = ql ² / 12 = 8.3, 3² / 12 = 7, 26kNm
(0.8)
MCB 0 = −ql ² / 12 = −8.3, 3² / 12 = −7, 26kNm
114
UNIDADE 4
M = M 0 + M 1 .D1
M AB = M AB 0 + M AB 1 .D1 = +2, 94 − 0, 952EI .1, 386 / EI = −1, 62kNm
M BA = M BA0 + M BA1 .D1 = −2, 94 − 1, 904EI .1, 386 / EI = −5, 58kNm (0.14)
M BC = M BC 0 + M BC 1 .D1 = +7, 26 − 1, 212EI .1, 386 / EI = 5, 58kNm
MCB = MCB 0 + MCB 1 .D1 = −7, 26 − 0, 606EI .1, 386 / EI = −8, 09kNm
Na Figura 6, temos ilustrados esses valores de momento fletor, bem como os demais esforços que
podem ser obtidos pelas condições de equilíbrio e compatibilidade da estrutura.
A perfuração de uma viga envolve alguns conceitos específicos das normas de projeto relativas ao ma-
terial da estrutura, além de um grande conhecimento do próprio processo executivo e da experiência
do(a) engenheiro(a). Considerando que a viga tem uma altura grande em comparação ao vão e que os
esforços agindo sobre ela não são de grande magnitude, Lúcia decide que é possível fazer o furo! Para
isso, ela recomenda que o furo seja localizado em uma região de baixos momentos fletores e cortantes.
115
UNICESUMAR
Figura 6 – Perfuração da viga 107 / Fonte: adaptada de Hilti ([2021], on-line)¹ e de Shutterstock.
Descrição da Imagem: a figura mostra a planta de formas da viga V107 apoiada no P19, P25 e P20, com vãos de 210 cm e 330 cm.
Abaixo da planta de formas, temos o esquema estático da viga e os diagramas de momento fletor e esforço cortante calculados.
Indica-se uma possível região para a localização dos furos, referente a uma solicitação de baixa magnitude de momentos fletores
e cortantes. Mais abaixo, temos um homem fazendo o uso de um scaner na superficie de concreto para a localização da armadura
e a execução de um furo no concreto com a serra copo
O furo deve seguir todas as recomendações da ABNT NBR 6118:2014 (ABNT, 2014) referente a
estruturas de concreto armado, por isso, a engenheira Lúcia especificou que a perfuração não pode
seccionar nenhuma barra de aço no processo, pois tal evento poderia comprometer significativamente
a integridade da viga. Para tanto, recomendou o uso de um scanner que permite identificar a posição
das armaduras e o uso de uma broca serra copo diamantada com refrigeração, para que o furo não
provoque impacto e eventuais trincas no elemento.
116
UNIDADE 4
Descrição da Imagem: a figura mostra um pórtico hiperestático 5 vezes, que tem duas deslocabildiades internas. Essa estrutura
hiperestática pode ser composta por uma estrutura rígida submetida ao carregamento externo (caso 0), uma estrutura submetida
à rotação D1 sobre o nó B (caso 1) e uma estrutura submetida à rotação D2 sobre o nó C (caso 2). Estão indicados os momentos
de engastamento perfeito no caso 0 e os esforços que surgem devido às rotações D1 e D2 em todos os nós com os coeficientes de
rigidez local da estrutura.
Trecho BC:
M BC 0 = Pl / 8 = 6.8 / 8 = 6 tfm
(0.15)
MCB = −Pl / 8 = −6.8 / 8 = −6 tfm
Trecho CD:
117
UNICESUMAR
• Trecho BC:
• Trecho CD:
MCD 1 = M DC 1 = 0
(0.20)
MCD 2 = 3EI / L = 3.48.103 / 6 = 24.103 tfm / rad
• Trecho EC:
MCE 1 = M EC 1 = 0
MCE 2 = 4EI / L = 4.48.103 / 6 = 32.103 tfm / rad (0.21)
2 3 3
M EC = 2EI / L = 2.48.10 / 6 = 16.10 tfm / rad
118
UNIDADE 4
Assim, com esses valores de deslocamento, é possível calcular os esforços internos da estrutura, con-
forme equação, e, posteriormente, ilustrar o diagrama dos momentos fletores como na Figura 8.
Descrição da Imagem: a figura mostra o diagrama de esforços internos solicitantes do pórtico estudado. Temos a ilustração dos
momentos das equações. No apoio A, 1,24 tfm; no nó do pórtico B, momento negativo de 2,48 tfm. Em C, temos 10,23 na barra BC,
14,67 tfm na barra CD e, na barra CE, temos o valor de 4,44 tfm.
119
UNICESUMAR
Você sabe como resolver um sistema linear como o da equação (0.23)? A maneira mais fácil
de resolver sistemas lineares simples como esses é a substituição. Basicamente, o valor de
deslocamento D1 e D2 é linearmente dependente um do outro. Então, tomaremos uma das
equações e isolaremos um deles, escrevendo D1 em função de D2 , por exemplo.
56.103.D1 + 12.103.D2 = −6
−6 − 12.103.D2 (0.25)
D1 =
56.10³
Seguindo o raciocínio, esse valor será substituído na outra equação para localizar o valor de D2 .
A partir desse valor, é possível, então, encontrar D1 e resolver o sistema linear. Essa solução
é especialmente prática para sistemas lineares pequenos, de duas ou três variáveis. Quando
estamos lidando com sistemas maiores, convém usar o escalonamento da matriz. Convido
você a pesquisar sobre o assunto.
120
UNIDADE 4
121
Nesta unidade, você conheceu o uso do Método dos Deslocamentos para a solução de estruturas
hiperestáticas. Quando pensamos em soluções computacionais para Engenharia de Estruturas,
muitos dos programas comerciais atuais se utilizam de conceitos ou modificações no Método dos
Deslocamentos, pois esse é um método de fácil implementação computacional. Ele permite determi-
nar os deslocamentos em estruturas estaticamente indeterminadas e conhecer seu comportamento
estrutural, especialmente, em situações com um grau de hiperestaticidade elevado — e deslocabili-
dades baixas. Ao usar as condições de equilíbrio e a superposição dos efeitos, é possível calcular os
deslocamentos, cujas forças associadas garantem a condição de equilíbrio dos nós de uma estrutura.
A primeira etapa a ser realizada ao se avaliar uma estrutura é obter seus graus de liberda-
des, ou seja, suas deslocabilidades referentes a cada nó. Cada nó pode se movimentar — de
maneira limitada — em função das deformações das barras que se conectam com ele. Cada
deslocabilidade desse nó é uma incógnita a ser determinada. Procuram-se os valores de
deslocamentos cujas forças somadas garantem o equilíbrio do nó.
Estabelece-se o sistema hipergeométrico, em que todas as deslocabilidades da estrutura são
travadas e contidas. Nessa situação, resolve-se a estrutura para o carregamento externo,
imaginando travas perfeitas, calculando as reações de engastamento perfeito. A partir da
estrutura travada, bloqueada, resolvem-se os demais casos de carregamento. Liberando
cada um dos deslocamentos, é possível avaliar as forças que esses deslocamentos unitários
provocam ao longo da estrutura usando os coeficientes de rigidez local de cada barra. Com os
termos de carga e coeficientes de rigidez local, é possível calcular os valores de deslocamentos
e, posteriormente, estimar os esforços por superposição dos efeitos.
Acredito que o entendimento desses conceitos e a aplicação do Método dos Deslocamentos contri-
buíram para seu desenvolvimento acadêmico. Tenho certeza de que terá facilidade na obtenção dos
esforços de qualquer estrutura hiperestática que encontrar em suar jornada profissional. Reitero a
importância desses conceitos na sua formação enquanto engenheiro(a) civil e, por isso, convido-o(a)
a produzir um mapa mental sobre o assunto, sumarizando os conceitos já apresentados.
122
123
1. Coloque os procedimentos na ordem da execução correta do Método dos Desloca-
mentos:
( ) Resolver o sistema linear, obter os deslocamentos.
( ) Determinar as deslocabilidades da estrutura e elaborar o sistema hipergeométrico
com os diversos casos de carregamento.
( ) Calcular as reações e os esforços.
( ) Resolver os casos 0, 1, 2..., calculando os coeficientes β e K.
Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta dos procedimentos de cima para baixo:
a) 3, 1, 4, 2.
b) 1, 2, 4, 3.
c) 4, 1, 3, 2.
d) 3, 2, 1, 4.
e) 4, 3, 1, 2.
2. As estruturas hiperestáticas permitem que ocorra uma redistribuição maior das ten-
sões devido à rigidez da estrutura. Nesse sentido, são consideradas estruturas mais
seguras. Esse tipo de estrutura pode ser calculado pelo Método dos Deslocamentos.
Sobre o Método dos Deslocamentos, avalie as afirmações a seguir:
I) Utiliza condições de compatibilidade para avaliar os valores das reações de apoio,
sendo os deslocamentos as incógnitas do método.
II) Utiliza-se do Princípio da Superposição dos Efeitos.
III) Constitui na substituição dos vínculos e das restrições por forças, em que se visa
determinar o valor, impondo que o deslocamento, nesse ponto, seja nulo.
IV) Constitui na aplicação de restrições nos nós livres para se determinar os valores dos
deslocamentos, gerando um sistema hipergeométrico.
Avalie as afirmações sobre o Método dos Deslocamentos e assinale a alternativa que apre-
senta todas as afirmações corretas.
a) Está correta apenas a afirmação I.
b) Está correta apenas a afirmação III.
c) Estão corretas as afirmações I e III.
d) Estão corretas as afirmações I, II e IV.
e) Todas estão corretas.
124
3. Imagine que você está trabalhando em um projeto de expansão de uma indústria e
deve projetar um pipeline industrial, uma estrutura que serve de suporte a tubos e
sistemas essenciais ao funcionamento da indústria. Em função da compatibilização
desses tubos, a estrutura tem um formato diferenciado, com um pilar inclinado, con-
forme a figura a seguir.
Descrição da Imagem: a figura mostra um pórtico com um pilar inclinado AC, apoiado sobre um apoio fixo em A, um
engaste em B, e a viga horizontal CDE tem um apoio móvel que bloqueia deslocamentos verticais em E.
Para poder projetar essa estrutura, você precisa determinar suas deslocabilidades. Assinale
a alternativa que apresenta o número de deslocabilidades internas (di) e externas (de):
a) di = 2; de = 0.
b) di = 1; de = 1.
c) di = 3; de = 0.
d) di = 2; de = 1.
e) di = 3; de = 1.
125
VIGA 01 VIGA 02
Descrição da Imagem: a figura mostra duas vigas: a viga 01 engastada nas extremidades A e C com um apoio central
B e a viga 02 com um apoio fixo e dois apoios móveis. Ambas submetidas a um carregamento distribuído.
5. Considere a viga da Figura 3, referente a uma estrutura seis vezes hiperestática com
apenas duas deslocabilidades em B e em C. Essa viga será usada como referência para
os exercícios 5, 6 e 7.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biengastada nas extremidades A e D, com dois apoios centrais B e C,
submetida a um carregamento distribuído de 6 kN/m. A estrutura seis vezes hiperestática, com duas deslocabilidades
internas, pode ser composta pela soma da estrutura travada, engastada, submetida ao carregamento externo (caso
0), com a estrutura submetida ao giro unitário D1 e D2 agindo em B e C, respectivamente.
Você precisa encontrar os esforços internos da viga e, para tanto, optou por resolvê-la pelo
Método dos Deslocamentos, considerando as rotações em B e C como incógnitas. Sabendo
que a viga tem EI = 1.10 kN / m ² , pede-se para assinalar a alternativa que contenha os
4
126
a) b10 = 12, 0kNm e b20 = 5, 5kNm;
b) b10 = 6, 0kNm e b20 = −3, 5kNm;
c) b10 = −2, 0kNm e b20 = +8, 0kNm;
d) b10 = −8, 0kNm e b20 = +4, 5kNm;
e) b10 = 7, 0kNm e b20 = +5, 0kNm;
6. Ainda em relação à viga da Figura 3, assinale a alternativa que apresenta os valores dos
coeficientes de rigidez local ( k11 , k12 = k21 e k22 ).
a) k11 = 2, 33.10 kNm / rad, k12 = k21 = 3, 0.10 kNm / rad e k22 = 3, 0.10 kNm / rad .
4 4 4
b) k11 = 3, 6.10 kNm / rad, k12 = k21 = 0, 8.10 kNm / rad e k22 = 1, 5.10 kNm / rad .
4 4 4
c) k11 = 3, 0.10 kNm / rad, k12 = k21 = 2, 5.10 kNm / rad e k22 = 1, 33.10 kNm / rad .
4 4 4
d) k11 = 1, 5.10 kNm / rad, k12 = k21 = 0, 5.10 kNm / rad e k22 = 6, 2.10 kNm / rad .
4 4 4
e) k11 = 3, 0.10 kNm / rad, k12 = k21 = 0, 5.10 kNm / rad e k22 = 2, 33.10 kNm / rad .
4 4 4
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5
Processo de Cross
Me. Gabriel Trindade Caviglione
130
UNIDADE 5
Figura 1 –
Análise estrutural de um tabuleiro de ponte
131
UNICESUMAR
132
UNIDADE 5
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UNICESUMAR
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UNIDADE 5
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UNICESUMAR
136
UNIDADE 5
Descrição da Imagem: a figura mostra o modelo físico de White, Gergely e Sexsmith. Mostra uma viga com quatro apoios e uma
carga centrada no vão central, com relação a suas etapas no Processo de Cross. Sobre os apoios, são colocados marcadores que
registram a rotação. Na primeira etapa do método, ao sofrer carregamento, não ocorrem rotações, pois os nós estão “fixados” e,
portanto, surgem momentos nos apoios centrais. Abaixo, temos a segunda etapa do método, em que se permite a rotação de um
dos nós. No caso, a figura mostra a rotação do nó e a redistribuição desse momento aos nós adjacentes. Na terceira linha, permite-se
a rotação de outro nó e, com isso, a redistribuição do momento aos adjacentes. Esse processo se repete indefinidadamente, mas,
na figura, na quarta linha, já é apresentada a condição de equilíbrio.
Entendidas as condições e ideias básicas do processo, então retomaremos o estudo do pórtico da Figura
2. No nó “B”, temos três momentos agindo referente ao efeito de carregamento de cada barra ( M BA ,
M BE e M BC ). Se fizermos o equilíbrio dos momentos atuantes, podemos escrever a equação .
M BA + M BE + M BC − M = 0
(1.1)
M BA + M BE + M BC = M
Genericamente:
ΣM i = M (1.2)
137
UNICESUMAR
Em que:
Genericamente:
M = j.ΣK i
(1.4)
M
j=
ΣK i
Em que:
138
UNIDADE 5
distribuir, entre as diversas barras concorrentes neste nó, segundo parcelas proporcionais à rigidez,
neste nó, de cada uma das barras”.
Para aplicarmos o procedimento, consideraremos, inicialmente, a condição da estrutura perfeita-
mente engastada, travada por chapas rígidas, permitindo comportamento engastado aos trechos. Nessa
situação, os carregamentos devem solicitar os momentos de engastamento perfeito (Figura 5) nó a nó.
Sobre determinado nó, teríamos, então, a solicitação de diversos momentos de engastamento
perfeito, M i , conforme as barras ali concorrentes. Para garantir o equilíbrio desse nó, o somatório
dos momentos precisa ser nulo ΣM i = 0 . Dessa forma, os valores extras à soma ΣM i = 0 deverão ser
redistribuídos — com sinal contrário — no nó, conforme o coeficiente de ponderação dos momentos,
a fim de reestabelecer ΣM i = 0 .
Essa redistribuição desses momentos no nó provoca esforços em outros nós, e esse esforço preci-
sa também ser equilibrado. Para barras engastadas-engastadas, um momento aplicado no ponto A
provoca um momento de metade dessa magnitude em B, onde ainda não ocorreu a redistribuição.
Isso pode ser observado no coeficiente de rigidez local da Figura 5. Dessa maneira, o nó “B” precisa ser
reequilibrado e influencia seus demais nós adjacentes. Esse processo será repetido até que todos os
nós estejam equilibrados ou que a diferença residual desses momentos seja muito pequena, ao ponto
de poder ser desprezada.
Figura 5 – Coeficientes de rigidez local e reações de engastamento perfeito para situações mais frequentes
Fonte: Sussekind (1980a, p. 17).
Descrição da Imagem: a figura mostra o coeficiente de rigidez local de 3 barras: 1) engastada-engastada, temos 4EI/L no ponto
de rotação e 2EI/L no outro engaste; 2) barra apoiada engastada, temos 3EI/L no ponto de rotação e zero no apoio; 3) engastada-
-engastada submetida a uma translação transversal de um dos apoios, tal efeito provoca 6EI/L² em ambos apoios. À direita, temos
as reações de engastamento perfeito, situção na qual a viga não teria rotações. Estão tabelados os valores para: 1) carregamento
distribuído em viga biengastada, provocando momentos de ql²/12 e reações de ql/2; 2) carregamento concentrado em viga biengas-
tada, provocando momentos de Pab²/l² e Pa²b/l² e reações de Pa/l e Pb/l; 3) carregamento distribuído em viga engastada-apoiada,
provocando momentos de ql²/8; e 4) carga concentrada em viga engastada-apoiada.
139
UNICESUMAR
Podemos, então, definir um roteiro base para a aplicação do método (SUSSEKIND, 1980a; LEET et al., 2009):
A principal vantagem do Processo de Cross é a sua praticidade, que permite a solução de um problema
complexo, sem equação complexas, pelo processo iterativo. O método pode ser equacionado quase
que graficamente, escrevendo os cálculos na própria estrutura como apoio.
O pórtico que foi apresentado está travado horizontalmente e, portanto, tem apenas deslo-
cabilidades internas (rotações). Se o pórtico tivesse deslocabilidades externas, você poderia
resolvê-lo pelo Processo de Cross? Ou seria necessário fazer alguma adaptação?
Repare que a citação de Sussekind (1980b) se refere a uma estrutura indeslocável, isto é, com
apenas rotações, sem deslocamentos. O Processo de Cross trata apenas dos momentos,
sendo necessário fazer uma adaptação para considerar esses deslocamentos.
Agora que você já conhece os conceitos e as bases do Processo de Cross, que tal aplicá-lo em uma
estrutura hiperestática? A solução de exercícios ajuda a fixar e memorizar o processo, bem como pro-
voca o entendimento e análise estrutural. Convido você a analisar a viga da Figura 6. Trata-se de uma
viga hiperestática, com um engaste e três graus de hiperestaticidade, além de duas deslocabilidades
internas. Como é uma estrutura fixa, podemos usar o Processo de Cross. O primeiro passo seria ima-
140
UNIDADE 5
ginar a estrutura como rígida, fixa e calcular os momentos de engastamento perfeito e os coeficientes
de ponderação dos momentos.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga com apoios em A, B C e com um engaste em D. O trecho AB tem uma inércia de
3EI. Trechos AB e CD têm 4,5 m de comprimento, e o trecho BC tem 3,0 m de comprimento. A viga está submetida a um carrega-
mento de 8 kNm. Abaixo dela, temos representada a aplicação do processo. Na primeira viga, temos a indicação dos momentos
de engastamento perfeito e os coeficientes de ponderação do momento para cada barra. Na segunda viga, mais abaixo, temos o
processo de cálculo com os valores propriamente ditos. Na aplicação do método, a partir do ponto B, por exemplo, escreve-se o
oposto do valor da diferença de momento abaixo, no caso -20,25 + 6 = 14,25. Estes 14,25 serão redistribuídos conforme a rigidez de
cada barra. O fator de ponderação de rigidez de cada barra é escrito sobre o nó na viga. Assim, sabe-se quanto será redistribuído
para cada barra (8,55;5,70). De posse desses valores, faz-se a avaliação da estabilidade do nó, passando-se uma reta. O valor do
momento redistribuído (5,70) influencia o nó adjacente com sua metade (+2,85). É feito, então, o equilíbrio do nó C e assim suces-
sivamente. À direita, tem-se representado o método compacto, em que se escreve apenas o valor do momento a ser redistribuído
de cada barra, pulando as etapas indermediárias.
141
UNICESUMAR
K BA 2. (EI )
gba = = = 0, 60
K BA + K BC 1, 333. (EI ) + 2. (EI )
K BC 1, 333. (EI )
gbc = = = 0, 40
K BA + K BC 1, 333. (EI ) + 2. (EI )
142
UNIDADE 5
143
UNICESUMAR
M BC = ql ² / 8 = 7.3, 0² / 8 = 7, 875kNm
M BE =0
Ki K AB 1, 778. (EI )
gAB = = = = 0, 400
ΣKi K AB + K AD 2, 667. (EI ) + 1, 778. (EI )
Ki K AD 2, 667. (EI )
gAD = = = = 0, 600
ΣKi K AB + K AD 2, 667. (EI ) + 1, 778. (EI )
144
UNIDADE 5
4EI 4(2EI )
K BA = = = 1, 778. (EI )
L 4, 5
4EI 3EI
K BC = = = 1, 000. (EI )
L 3
4EI 4(2EI )
K BE = = = 2, 667. (EI )
L 3
ΣKi = K BA + K BC + K BE = 5, 445. (EI ) (1.13)
Ki K BA 1, 778. (EI )
gBA = = = = 0, 326
ΣKi K BA + K BC + K BE 1, 0. (EI ) + 2, 667. (EI ) + 1, 778. (EI )
Ki K BC 1, 000. (EI )
gBC = = = = 0, 184
ΣKi K BA + K BC + K BE 1, 0. (EI ) + 2, 667. (EI ) + 1, 778. (EI )
Ki K BE 2, 667
gBE = = = = 0, 490
ΣKi K BA + K BC + K BE 1, 0 + 2, 667 + 1, 778
145
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a figura mostra a resolução do pórtico da Figura 2 pelo método compacto. Temos o registro do processo
completo, todas iterações sobre os nós A e B. Abaixo, temos indicado o diagrama de momento fletor obtido pelo ftool, cujos resul-
tados são muito próximos aos resultados obtidos pelo método.
146
UNIDADE 5
De posse dos valores dos coeficientes de ponderação dos momentos e dos momentos de engasta-
mento perfeito, podemos prosseguir para o segundo passo: liberando o nó “B” e redistribuindo seus
momentos. Analisando os momentos que agem sobre o referido nó, temos:
ΣMi = 0
(1.14)
M BA + M BC + M BE = 0
−11, 8125 + 7, 875 + 0 ∴ m = 3, 9375kNm
ΣMi = 0
M AB + M AB '+ M AD = 0 (1.16)
M AB ' = m.gAB = −12, 454.0, 4 = −4, 982kNm → M BA ' = −4, 982 / 2 = −2, 491kNm
(1.17)
M AD ' = m.gAD = −12, 454.0, 6 = −7, 472kNm
O processo, então, repete-se até haver a convergência dos resultados no equilíbrio de todos os nós.
M AB ' = m.gAB = −0, 406.0, 4 = −0, 162kNm → M BA ' = −0, 162 / 2 = −0, 081kNm
M AD ' = m.gAD = −0, 406.0, 6 = −0, 244kNm
(1.18)
M AB ' = m.gAB = −0, 013.0, 4 = −0, 005kNm → M BA ' = −0, 005 / 2 = −0, 002kNm
M AD ' = m.gAD = −0, 013.0, 6 = −0, 008kNm
147
UNICESUMAR
148
Você viu como utilizar o Processo de Cross para resolver uma estrutura hiperestática. Pelo método,
utiliza-se o momento de engastamento perfeito de cada barra, em determinados nós de interesse,
como uma estimativa inicial para determinar o momento que realmente agirá sobre a estrutura.
Na situação de engastamento perfeito, não teríamos rotações nos nós, o que não representa a
realidade, assim, quando os nós rotacionarem, encontrarão um momento de equilíbrio. Para
encontrar esse momento de equilíbrio, o Processo de Cross toma a diferença dos momentos,
agindo em cada barra, e distribui conforme um coeficiente de ponderação, relativo à rigidez de
cada barra. Esse processo se repete até que haja convergência dos valores.
A compreensão desses conceitos possibilita a aplicação do processo em várias situações úteis ao
engenheiro, sendo muito importante entendê-lo e aplicá-lo corretamente. Considero que essa é
uma ferramenta muito útil ao entendimento do comportamento estrutural, que facilita a obtenção
dos esforços em estruturas hiperestáticas. Sabendo da importância desse procedimento, convido
você a elaborar um mapa mental sobre o assunto, registrando os conceitos apreendidos nesta
unidade, bem como as ideias referentes a esse assunto.
149
150
1. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas da afirmação a seguir
sobre o Processo de Cross, usado para solução de estruturas hiperestáticas:
A ideia básica desse processo é a de que, como os nós de uma estrutura devem estar
em ______________, a soma dos ____________ aplicados pelas extremidades das barras
que chegam a um nó deve ser _________.
151
3. O Método de Cross é um processo destinado a resolver estruturas hiperestáticas —
vigas contínuas e pórticos deslocáveis e não deslocáveis — por meio de aproximações
sucessivas e de fácil execução por se resolver apenas com as quatro operações fun-
damentais. Tendo isso em mente, considere a viga da Figura 1, a qual será usada nos
exercícios 3 e 4.
q = 15 kN/m
4EI
A EI B 2EI C L
Ɵ=1
1,50 m 4,50 m
(a)
6,00 m
3EI
L
Ɵ=1
yab ybc
A B C (b)
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga ABC com apoios em A e B e com um engaste em C. O vão AB tem EI
de rigidez à flexão e 1,50 m de comprimento. O vão BC tem 2EI de rigidez a flexão e 4,50 m de comprimento. Ambos
estão submetidos a um carregamento de 15kN/m. Abaixo, temos a indicação dos coeficentes de ponderação do
momento para cada barra.
a) 0,23 e 0,77.
b) 1,32 e -0,32.
c) 0,33 e 0,66.
d) 0,66 e 0,33.
e) 0,53 e 0,47.
152
a) Mb = -15,39 kNm e Va = 0,99 kN.
b) Mb = -22,09 kNm e Va = 4,99 kN.
c) Mb = -23,47 kNm e Va = -5,06 kN.
d) Mb = -4,22 kNm e Va = 0,99 kN.
e) Mb = -25,31 kNm e Va = 0,99 kN.
5. Considere a viga da Figura 2, referente a uma estrutura seis vezes hiperestática com
apenas duas deslocabilidades em B e em C. Essa viga será usada como referência nos
exercícios 5 e 6.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga ABCD com dois apoios centrais B e C e dois engastes nas extremidades
A e D. Ambos estão submetidos a um carregamento de 6kN/m. O vão AB tem comprimento de 2,0 m, o vão BC tem
comprimento de 4,0 m, e o vão CD tem 3,0 m de comprimento.
Você precisa encontrar os esforços internos da viga e, para tanto, optou por resolvê-la
pelo Método dos Deslocamentos, considerando as rotações em B e C como incógnitas.
Sabendo que a viga tem EI = 1.10 kN / m ² , pede-se para assinalar a alternativa que
4
153
a) 0, 333 / 0, 670 e 0, 125 / 0, 775 .
b) 0, 670 / 0, 333 e 0, 429 / 0, 571 .
c) 0, 333 / 0, 667 e 0, 325 / 0, 675 .
d) 0, 818 / 0, 182 e 0, 217 / 0, 783 .
e) 0, 500 / 0, 500 e 0, 333 / 0, 667 .
154
6
Análise Matricial de
Estruturas
Me. Gabriel Trindade Caviglione
156
UNIDADE 6
Descrição da Imagem: a figura mostra uma moça que conversa com um rapaz, e ela aponta para uma das três telas de com-
putador à frente dos dois, mostrando um código.
Depois de você gastar certo tempo estudando, acaba conhecendo o Método Direto da Rigidez, que
é usado na análise matricial de estruturas, que se baseia no Método dos Deslocamentos. O processo
consiste em aplicar o Método dos Deslocamentos para todos os nós da estrutura e, posteriormente,
compatibilizar seus deslocamentos e condições de vinculação.
Para isso, divide-se a estrutura em vários elementos, conectados por um nó final e inicial.
Representa-se, matricialmente, o comportamento de cada barra, com seu carregamento e com
sua rigidez. Como as barras estão conectadas, o nó final de uma barra é o inicial de outra barra,
e é necessário compatibilizar o comportamento de todos os nós, considerando as forças agindo
sobre eles, as rigidezes de cada barra e as condições de vinculação.
Procure descrever a solução do problema, elabore um esquema com um passo a passo, mos-
trando o que deve ser implementado no programa para se resolver uma estrutura pelo Método
dos Deslocamentos. Pense na generalização do método, considerando as equações relativas a
cada ponto de interesse. Procure generalizar o problema, descrevendo-o por matrizes — análise
matricial de estruturas. Tente descrever essas ideias e conceitos no seu Diário de Bordo.
157
UNICESUMAR
Você logo percebe que esse tipo de análise pode ser implementado em um programa computacional e
chama seu amigo para conversar! Explica para ele a ideia inicial, como representar o Método dos Deslo-
camentos de maneira matricial, nó a nó em uma estrutura, permitindo o cálculo de suas deformações e
a consideração das condições de vinculação. Pedro, entusiasmado com a ideia, já monta um fluxograma
com os processos necessários. Percebe que, do ponto de vista computacional, as operações com matrizes
são relativamente simples e que existem muitas sub-rotinas em bibliotecas que ele já conhece e poderia
utilizar. Ele explica, então, que é capaz de resolver o problema da programação e estruturação do software,
mas ressalta que, no caso da comercialização, seria interessante uma equipe externa validar o mesmo. Caso
o software fique bem-feito e ganhe mercado, vocês podem ganhar um dinheiro razoável com essa ideia.
A ideia de desenvolver um software para cálculo de estruturas é muito desafiadora. Como outros
engenheiros deverão usar o programa, faz-se necessário que ele esteja funcionando perfeitamente. Por
isso, você precisa entender em profundidade a análise matricial de estruturas pelo Método da Rigidez.
Você já teve contato com algum software de Engenharia de Estruturas? Que tal pesquisar para
ver o preço e a cotação dos principais softwares? Você pode começar pelo TQS, EBERICK, SAP,
CYPECAD, STRAP, entre outros. Muitos deles, inclusive, têm licenças gratuitas para estudantes!
158
UNIDADE 6
Soriano (2005) e Martha (2010) apontam que o Método da Rigidez Direta é baseado
no Método dos Deslocamentos. Na realidade, pode-se entender o método como uma
generalização do Método dos Deslocamentos, buscando determinar os deslocamentos
em diversos pontos da estrutura, não apenas em alguns específicos. Leet et al. (2009)
descreve que o processo consiste em dividir a estrutura em diversos elementos, imagi-
nando-a com seus nós restringidos, impedidos de deslocar. Quando essa estrutura fica
submetida a um carregamento externo, surgem forças nos nós, que representam esse
carregamento. Essas cargas buscam representar o efeito do carregamento sobre o nó,
chamamos, então, de vetor de cargas nodais. Os valores desses carregamentos podem
ser obtidos pelas tabelas de engastamento perfeito, citadas nas unidades anteriores.
Cada nó estará sujeito a uma deformação axial, transversal e rotação, sendo os
deslocamentos associados a essas deformações e as incógnitas a serem determinadas,
semelhantemente ao Método dos Deslocamentos. Cada nó terá, então, três desloca-
mentos associados no plano; no espaço, seriam seis deslocamentos.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biapoiada, dividida em vários elementos. Um dos
elementos é analisado com uma maior profundidade. Observam-se setas indicando as deformações
nos nós inicial e final da barra.
159
UNICESUMAR
Em que:
• F é o vetor de cargas nodais, que são as forças agindo sobre os
nós do elemento que representam os carregamentos contínuos.
i
• k LOCAL é a matriz de rigidez local do elemento “i”, que descreve
o efeito — forças e momentos — de cada deformação em cada
nó e direção.
• d são os deslocamentos do elemento nos nós iniciais e finais.
Em que:
• F é o vetor de cargas nodais globais, que são as forças agin-
do sobre os nós da estrutura, são obtidos pela soma das forças
agindo em cada nó.
160
UNIDADE 6
Pl Nl
∆l = − > ui − uj = i
EA EA (1.3)
EA EA
Ni = u − u
l i l j
EA EA
Nj = − u + u (1.4)
l i l j
Em que:
161
UNICESUMAR
Figura 3 – Deformações axiais em barras de treliça / Fonte: adaptada de Leet et al. (2009, p. 689).
Descrição da Imagem: a figura mostra uma barra submetida a um esforço axial. Em (a), temos a imposição de um desloca-
mento ui no nó inicial “i”, com uma restrição no nó final “j”. A deformação axial da barra provoca uma força N ii aplicada
no ponto inicial “i” e uma força N ij aplicada no nó final “j”. Em (b), temos a imposição de um deslocamento u j no nó final
“j” com uma restrição no nó inicial “i”. A deformação axial da barra provoca uma força N ij aplicada no ponto inicial “i” e
uma força N jj aplicada no nó final “j”. Em (c), temos a superposição dos efeitos que permite escrever N i = N ii + N ji e
N j = N jj + N ij . Em (d), temos a projeção dos deslocamentos e forças nos eixos globais xy.
Em que:
162
UNIDADE 6
N ix = N i cos q
N iy = N isen q (1.6)
N jx = N j cos q
N jy = N j sen q
Matricialmente:
N cos q 0
ix
N sen q 0 N i
iy = .
N 0 cos q N j
jx
(1.7)
N jy 0 sen q
T
F
global = T . F 'local
Matricialmente:
d
ix
υ cos θ sen θ
i = 0 0 . diy
υ 0
j 0 cos θ sen θ d jx (1.9)
d jy
d
local = T . D global
163
UNICESUMAR
Com as deformações e forças representadas em função do sistema global, podemos escrever a matriz
de rigidez local em função dos eixos globais xy. Substituiremos a equação na :
F ' = k ' . d
local (1.10)
(
F ' = k ' . T . D
local global )
T
Multiplicando em ambos os lados por T , temos:
T
F ' . T = k ' . T . D T
local global . T
F T (1.11)
global = k 'local . T . D global . T
T
k
= T . k ' . T
global local
T T
Como F global = F ' . T , e já que F global = k . D , podemos inferir que o termo T . k 'local . T se refere
à matriz de rigidez global já transformada para os sistemas de eixos globais xy. Assim, podemos escrever:
T
k
global = T . k 'local . T
cos q 0
sen q 0 EA / l −EA / l cos q sen q 0 0 (1.12)
k = . .
global 0
cos q −EA / l EA / l 0 0 cos q sen q
0 sen q
Multiplicando as matrizes, é possível obter a matriz de rigidez generalizada para treliças, conforme
um sistema de eixos globais xy:
F
global = k . D
cos ²θ cos θsen θ − cos ²θ − cos θsen θ υix
N ix
N cos θsen θ sen ²θ − cos θsen θ −sen ²θ υiy
iy = EA .
N cos θsen θ υjx (1.13)
jx L − cos ²θ − cos θsen θ cos ²θ
N jy − cos θsen θ −sen ²θ cos θsen θ sen ²θ υjy
O processo é análogo para vigas e para pórticos. Precisamos descrever o seu comportamento em função
dos deslocamentos nos nós iniciais e finais. As matrizes de rigidez à flexão são um pouco mais com-
plexas de se obter, portanto serão apenas apresentadas. O(A) aluno(a) que se interessar pela dedução,
pode consultar o Capítulo 18 de Leet et al. (2009, p. 716). Para vigas, temos deformações transversais
e rotações, assim a sua matriz de rigidez fica:
164
UNIDADE 6
Para os pórticos, temos três graus de liberdade, deformações axiais, transversais e rotações, e sua ma-
triz de rigidez local fica como a equação . Ressalta-se que, no caso dos pórticos, pode ser necessária
a rotação da matriz, pois, no caso da ligação viga-pilar, a deformação axial do pilar estará na direção
da deformação transversal da viga e vice-versa. Ou seja, as matrizes terão uma interação diferente,
direção a direção.
N EA / l −− −− −EA / l −− − − υi
i
V − − 12EI / l ³ 6EI / l ² −− −12EI / l ³ 6EI / l ² δi
i
M − − 6EI / l ² 4EI / l −− −6EI / l ² 2EI / l θi
i
= . (1.15)
N j −E
EA / l −− −− EA / l −− − − υj
Vj − − −12EI / l ³ −6EI / l ² −− 12EI / l ³ −6EI / l ² δj
M j − − 6EI / l ² 2EI / l −− −6EI / l ² 4EI / l θj
No caso dos apoios, não temos deformações para calcular, uma vez que já são conhecidas, e seu valor
é nulo. Nesse sentido, convém remover as equações relacionadas a esse deslocamento. Para solucionar
esse problema, pode-se excluir as linhas e colunas relacionadas a esse deslocamento, diminuindo a
ordem da matriz. Outra solução é adicionar um número muito grande no termo da diagonal da matriz
referente a esse deslocamento. Essa proposta é uma aproximação, na qual, com uma grande rigidez,
espera-se que o deslocamento no ponto seja próximo a zero.
Descrição da Imagem: trata-se de uma matriz de rigidez global, em que as colunas representam o efeito, e as linhas repre-
sentam onde se aplica a força ou deslocamento imposto. A figura mostra, ainda, um apoio que restringe o deslocamento seis.
Dessa maneira, é feito a remoção da linha e coluna seis.
165
UNICESUMAR
Um ponto importante para se ter em mente ao resolver uma estrutura pela análise matricial é o tama-
nho das matrizes. Seja para escrevê-las no caderno ou para alocar uma variável, é importante saber
o tamanho do “problema”. As matrizes são compostas por equações de deslocamentos, rigidezes e
forças. Basicamente, essas equações buscam representar o comportamento de cada deslocabilidade
da estrutura. Por exemplo, quando pensamos em treliças, temos apenas deformações axiais, uma no
início, e outra no final do elemento. Teríamos, então, matrizes locais de 4x4 — dois deslocamentos,
projetados em duas direções, quatro ao todo. Se uma treliça tiver 10 nós, ela terá uma matriz global
de ordem 10x2=20x20, uma vez que cada nó tem dois deslocamentos — horizontal e vertical.
No caso de vigas, temos dois deslocamentos por nós, portanto uma matriz de rigidez local de ordem
4x4. Em um problema com quatro nós, teríamos 4x2 incógnitas, portanto, uma matriz de ordem 8x8.
No caso de pórticos, a matriz de rigidez local é 6x6, pois cada nó tem três deslocabilidades e temos
dois nós por barra. Generalizando:
4/ 4 2n / 2n
treliças− > k ; k
LOCAL GLOBAL (1.16)
4/ 4 2n / 2n
vigas− > k ; k
LOCAL GLOBAL
6/ 6 3n / 3n
pórti cos − > k ; k
LOCAL GLOBAL
Outra situação a ser abordada é o endereçamento dos nós e a montagem da matriz de rigidez global.
Cada elemento terá um nó inicial e final, os deslocamentos desses nós serão obtidos em função da
rigidez de cada barra que chega ao nó. Se um determinado nó conecta três barras, teremos três forças
agindo ali, e, analogamente, a rigidez do nó será a soma desses efeitos em cada barra, uma vez que o
deslocamento seria o causado pelas três forças.
Por isso, quando montamos o sistema de matrizes globais, avaliamos como todos os elementos da estru-
tura e seus respectivos nós se comportam conjuntamente, isto é, somando as rigidezes e forças ali agindo.
Então, consideraremos a Figura 5 para entendermos o endereçamento dos nós. As matrizes de rigidez são
como tabelas, em que temos os efeitos causados nas colunas referentes ao aplicado nas linhas. Por exemplo,
tomemos o efeito de deformação vertical causada em A (d1 p/Figura 5a) devido a um momento aplicado
em D (d8 p/Figura 5a), logo podemos perceber que o valor é nulo (L8C1), ou seja, não existe influência
166
UNIDADE 6
entre esses nós. Já observarmos o deslocamento na vertical em B (d3 p/Figura 5a) em função de uma carga
aplicada em B na vertical (d3 p/Figura 5a), vemos que este depende da rigidez k 33E 01 + k 33E 02 (L3C3),
oriunda dos elementos 1 e 2. Se tomarmos a deformação vertical em C (d5 p/Figura 5a) em função de uma
rotação em C (d6 p/Figura 5a), veremos que ela depende de k 65E 02 + k 65E 03 (L6C5).
Já na situação de uma numeração aleatória dos nós, isso pode ficar mais confuso. Observe que todos
os termos de rigidez ficam dispersos (Figura 5b). É muito importante se atentar que, independentemente
da notação usada, os resultados devem ser numericamente iguais, pois o comportamento depende da
estrutura, e não dos nomes que damos aos nós. Posto isso, observaremos o deslocamento na vertical em
B (d2 p/Figura 5b) devido a uma carga vertical no mesmo ponto (d2 p/Figura 5b). Veremos que, agora,
o valor estará em outra posição na matriz (L2C2), k 22E 01 + k 22E 02 . No caso de um efeito na vertical em
A (d1 p/Figura 5b) causado por uma rotação em D (d4 p/Figura 5-B), teremos o valor nulo (L4C1).
Já no caso de um efeito vertical em C (d6 p/Figura 5b), para uma rotação ou momento em C (d3
p/Figura 5b), temos uma localização L3C6, referente ao valor de k 36E 02 + k 36E 03 , novamente, soma
das rigidezes dos elementos 02 e 03.
167
UNICESUMAR
Repare que somente os nós adjacentes influenciarão no comportamento do nó analisado. Então, quando
tomamos uma estrutura nomeada ordeiramente, o nó 2 deve receber influência de forças aplicadas na
barra 1 e 2, referente aos nós adjacentes 1 e 3. No nó 3, devemos ter influência dos nós 2 e 4, e assim
sucessivamente. Dessa maneira, podemos observar que os efeitos sobre o nó final do elemento atual
sempre serão superpostos aos efeitos dos nós iniciais do próximo elemento, de tal forma que teremos
uma matriz como a da Figura 6.
Figura 6 – Superposição dos efeitos e endereçamento dos nós em numerações ordeiras / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra a montagem da matriz de rigidez global em uma análise matricial de estruturas, ilus-
trando a suporposição da rigidez e dos vetores de cargas nodais.
Após elaborarmos o sistema global de equações, considerando a matriz de rigidez global e os vetores
de forças nodais, podemos calcular os deslocamentos da estrutura, basta resolver o sistema linear
global. Assim, é possível entender o comportamento da estrutura ao determinar seus esforços e suas
deformações. Agora que temos os conceitos e bases matemáticas do método, estabeleceremos um
procedimento básico, um roteiro padrão para aplicá-lo (LEET et al., 2013; MARTHA, 2010):
168
UNIDADE 6
169
UNICESUMAR
Nem sempre é possível ordenar os deslocamentos em ordem crescente. Muitas vezes, te-
mos diferentes barras chegando em um mesmo nó, de tal forma que é inevitável desrespei-
tar a numeração. Por isso, é importante saber fazer o endereçamento de cada deslocamento
na matriz de rigidez. Lembre-se de que o método se baseia no Método dos Deslocamentos,
e, por isso, a nomenclatura dos termos da matriz de rigidez é a mesma:
kij (1.17)
Em que:
• kij refere-se à rigidez/ao efeito no nó “i” (coluna) devido a uma carga/um deslocamento
aplicada(o) em “j” (linha).
Sempre que surgir alguma confusão, relembre os conceitos do Método dos Deslocamentos.
Procure, também, analisar a estrutura, pensando se o deslocamento “j” pode causar algum
efeito em “i”.
Para fixar esses conceitos, convido você a acompanhar um exemplo resolvido referente à Figura 7.
Como de praxe, faremos uma análise preliminar, prévia ao cálculo, imaginando o comportamento da
estrutura. Trata-se de uma viga com três apoios, cujo vão é maior no trecho à direita (BC = 4,0 m), com
isso, espera-se uma reação maior no apoio central em relação aos apoios laterais. Espera-se, também,
um momento negativo sobre o apoio B.
170
UNIDADE 6
Trata-se de uma estrutura relativamente simples, que poderia ser resolvida pelo Processo de Cross
rapidamente. No entanto, para fins didáticos, demonstraremos a aplicação do Método da Rigidez Di-
reta. O passo inicial seria a avaliação de cada elemento da estrutura, a conectividade dos nós iniciais e
finais, bem como seus carregamentos e condições de vinculação. A nomenclatura dos nós e elementos
segue o apresentado na Figura 7. Lembre-se de que uma nomenclatura ordenada pode facilitar na
hora dos cálculos.
Que tal tentar resolver a estrutura pelo Processo de Cross, visto na unidade anterior? Trata-
-se de um método aproximado e de aplicação muito prática. Relembre os conceitos e tente
descobrir o valor do momento negativo agindo sobre o nó B.
Com a estrutura separada por elementos, você deve analisar elemento por elemento, elaborando sua
matriz de rigidez local, vetor de cargas nodais e sua respectiva conectividade. Vamos, então, fazê-lo
para o elemento 01 de comprimento 3,0 m, ligado pelo nó inicial (“i”) “A” e nó final (“j”) “B”. As forças
agindo sobre o nó i e j serão, então:
171
UNICESUMAR
Ainda, podemos escrever que os deslocamentos verticais atuantes sobre os nós serão nulos, em fun-
ção da presença dos apoios A e B. Os demais deslocamentos, nesse caso específico, as rotações, serão
determinados ao se resolver o problema.
δi =A = 0; θi =A ; δj =B = 0; θi =B ; (1.20)
Esse processo deve ser repetido para o elemento 02 de comprimento 4,0 m, em que teremos as se-
guintes forças nodais:
172
UNIDADE 6
Conforme as condições de vinculação, ficam restritas as deformações na vertical nos nós B e C, porém
liberadas as rotações nos mesmos pontos:
δi =B = 0; θi =B ; δj =C = 0; θi =C ; (1.24)
Agora que temos o comportamento dos elementos 01 e 02 descritos matricialmente nas equações e ,
faz-se necessário compatibilizá-los. Antes de dar início ao processo, podemos observar que apenas o
nó B tem influência de ambas as barras, de tal forma que o nó A e C permanecerão como nas matrizes
de rigidez local. No nó B, teremos a soma das forças agindo sobre o ponto e a soma da rigidez, referente
à barra 01 e barra 02, dessa forma, escreve-se o sistema global:
F
GLOBAL = k [d ] =>
−11, 25 + Ra
0
−25 + Rb / 2 − 18, 75 + Rb / 2
= EI *
−20 + 11, 25
−15 + Rc
0
(1.26)
0, 444 0, 667 − 0 , 44 4 0, 667 −− − − 0
0, 667 1, 333 −0, 667 0, 667 −− − − qA
−0, 444 −0, 667 0, 444 + 0, 188 −0, 667 + 0, 375 −0, 188 0, 375 0
.
0, 667 0, 667 −0, 667 + 0, 375 1, 333 + 1, 000 −0, 375 0, 500 qB
−− −− −0, 188 −0, 375 0, 188 −0, 375 0
−− −− 0, 375 0, 500 −0, 375 1, 000 qC
Considerando que os deslocamentos dA , dB e dC são nulos em função dos apoios, temos apenas as in-
cógnitas qA , qB e qC . Ou seja, podemos reduzir o sistema linear, excluindo as linhas e colunas (1, 3 e 5)
referentes aos deslocamentos restringidos. Dessa forma, o problema fica simplificado conforme equação :
173
UNICESUMAR
0 1, 33 0, 67 0 qA q +2, 50
A
−8, 75 = EI 0, 67 2, 33 0, 50 . q => q = 1 −5, 00
B B (1.27)
EI
0 0 0, 50 1, 0 qC qC +2, 50
Figura 8 – Viga 01 resolvida: reações de apoio e diagrama de momentos fletores / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra o diagrama de momentos fletores da viga da Figura 7. Trata-se
de uma viga continua com três apoios A, B e C. O diagrama mostra as reações de apoio Ra = 9,6kN; Rb
= 44,5 kN e Rc = 15,9kN. Os momentos fletores têm os valores de 4,6 kNm no trecho AB, 12,7 kNm no
trecho BC e -16,30 kNm sobre o apoio B.
174
UNIDADE 6
175
Aprendemos como utilizar a análise matricial de estruturas pelo Método da Rigidez Direta. Esse
método se baseia na aplicação do Método dos Deslocamentos para todos os nós da estrutura. É
feita uma divisão da estrutura em vários elementos menores, barras conectadas por nós iniciais
e finais. Escreve-se o comportamento de cada uma desses elementos matricialmente, transfor-
mando o carregamento no vetor de cargas nodais equivalente e descrevendo a rigidez de cada
nó/deslocamento com uma matriz de rigidez local. Elabora-se o sistema global, considerando o
vetor de cargas nodais da estrutura e a matriz global de rigidez, somando-se as rigidezes e cargas
de cada nó, relativas aos elementos isolados.
Nos apoios, os deslocamentos são nulos e, por isso, já são conhecidos e deixam de ser incóg-
nitas do problema. Assim, pode-se excluir as linhas e colunas referentes a esse deslocamento
ou adicionar um número muito grande na matriz de rigidez para obter um deslocamento muito
próximo a zero. Resolvendo o sistema linear, é possível obter os valores dos deslocamentos e,
posteriormente, os esforços e as reações de apoio.
Esses conceitos são as bases para a solução de estruturas complexas, e, por muitas vezes, será
necessário que você, como engenheiro(a), compreenda corretamente o processo de análise ma-
tricial de estruturas realizado por um software. Convido você a procurar relembra os conceitos
citados anteriormente, elaborando um mapa mental para fixação dessas ideias registradas nesta
unidade. Julgue seu próprio aprendizado. Caso não tenha entendido algum dos conceitos, retorne
e retome o estudo.
176
177
1. Em estruturas hiperestáticas, temos uma quantidade de apoios e vínculos que é maior
do que o necessário para o equilíbrio. Por isso, nessas estruturas, as equações de
equilíbrio não são suficientes para determinar o comportamento estrutural. A análise
matricial de estruturas pelo Método da Rigidez Direta procura determinar os desloca-
mentos de vários nós, permitindo resolver esse tipo de estrutura. Assinale a alternativa
que apresenta o tratamento dos vínculos na matriz de rigidez utilizada no método:
a) Os apoios são pontos em que a rigidez é muito baixa justamente por terem deslo-
camentos nulos. Assim, nos apoios, a matriz de rigidez global é dividida por um valor
muito grande.
b) Nos apoios, temos forças atuando que reconstituem as condições de deslocamento,
calcula-se, então, a deformação da estrutura sem o apoio e qual seria a reação neces-
sária para provocar deslocamento oposto a este.
c) Como nos vínculos, os deslocamentos são conhecidos e iguais a zero. Pode-se remover
do sistema linear as linhas e colunas referentes a determinado deslocamento.
d) Como nos vínculos, os deslocamentos são conhecidos e iguais a zero. Removem-se
do sistema linear as linhas e colunas referentes aos deslocamentos livres, nós não
vinculados.
e) Não é necessário fazer nenhum tipo de tratamento na matriz de rigidez, apenas con-
siderar as reações de apoio, como cargas nodais.
178
Figura 1 – Viga para exercício 2 e 3 / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga ABCD com dois engastes nas extremidades A e D, além de um
apoio fixo no ponto B e uma rótula em C. O vão AB tem 6,5 m, BC tem 4,5 m e CD tem 4,0 m. No vão ABC, temos
uma carga distribuída de 12 kN/m e, no vão CD, temos uma carga concentrada de 50 kN atuando exatamente no
centro do vão, distando 2 m de C ou D. Abaixo, temos a representação do elemento 01, com seu carregamento
e vetor de cargas nodais equivalentes Vi, Mi, Vj, Mj.
3. Ainda com relação à viga do exercício anterior (Figura 1), assinale a alternativa que
apresenta a ordem (tamanho) da matriz de rigidez local — considerando o compor-
tamento de viga — e da matriz de rigidez global — considerando a distribuição dos
elementos como na figura.
a) 4x4; 8x8.
b) 2x4; 6x12.
c) 4x4; 4x4.
d) 6x6; 12x12.
e) 2x2; 8x8.
179
A análise matricial de estruturas pelo método da rigidez direta se baseia no método dos
deslocamentos, em que as incógnitas são ________. Nesse sentido, o processo de aplica-
ção do método é semelhante ao método dos deslocamentos, no entanto, a solução é
feita ____________ de interesse. A estrutura é dividida em diversos elementos, compostos
por nós iniciais e finais, com seu comportamento sendo descrito __________. Posterior-
mente, compatibiliza-se o comportamento de todas as barras pela ____________________.
5. Considere a viga ilustrada a seguir. Pede-se para resolvê-la pela análise matricial de
estruturas usando o Método Direto da Rigidez.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biengastada nas extremidades A e D, com dois apoios centrais
B e C, submetida a um carregamento distribuido de 6 kN/m.
6. Tente desenvolver uma planilha no Excel para resolver vigas de até quatro elementos,
como na atividade proposta pelo seu amigo Pedro. Considere uma numeração ordeira
nos nós: como temos até quatro elementos, teríamos cinco nós com 10 deslocamentos.
Portanto, você precisará de quatro matrizes locais 4x4 e uma matriz global de 10x10.
Use os exercícios resolvidos no livro de exemplo.
180
7
Modelagem
Computacional de
Estruturas
Me. Gabriel Trindade Caviglione
Você já imaginou como era o processo de análise estrutural de uma grande estrutura na década de
50 ou 60? Os engenheiros realmente faziam todos as contas e todos os cálculos na mão? Hoje em dia,
temos muitos softwares para nos auxiliar, mas será que nossas estruturas estão mais seguras em função
disso? O que é preciso para projetar uma estrutura? Um(a) engenheiro(a) ou um software moderno?
É inegável que os computadores e os programas de cálculo estrutural trouxeram grandes avanços
à Engenharia de Estruturas, mas não podemos esquecer de quem realmente é o responsável técnico,
o(a) engenheiro(a) civil. Antigamente, os(as) engenheiros(as) não tinham opção de recorrer a algum
software, e as contas precisavam ser feitas à mão. Quando muito, eram auxiliados(as) por tabelas e
uma régua de cálculo (Figura 1). A falta de ferramentas modernas não necessariamente implicou em
projetos inseguros ou limitados, pelo contrário, ao se avaliar estruturas históricas, é comum ficarmos
impressionados com a magnitude e engenhosidade dos construtores.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma régua de cálculo e diagramas de esforços internos.
Nesse sentido, devemos respeitar nossos anciãos e aprender com eles. Não podemos simplesmente
apagar a Engenharia e nossos estudos para nos submetermos a simplesmente pilotar um software.
Precisamos entender as novas tecnologias e programas para usá-los ao nosso favor, como uma
ferramenta auxiliar. O avanço dos softwares permite aos(às) engenheiros(as) atuais agilidade no
processo de cálculo. Dessa maneira, podem investir maior tempo no processo de concepção e
análise estrutural, obtendo estruturas mais econômicas.
Nesse contexto, imagine-se procurando um estágio na área de Engenharia de Estruturas. Como
requisito da vaga, você deve saber operar determinado software. Essa é uma situação muito comum.
Visando otimizar os processos, os contratantes preferem candidatos(as) que já tenham certa familia-
182
UNIDADE 7
ridade com determinado software que estão acostumados a usar. Você prepara seu currículo, mas não
tem pleno domínio no software, apenas alguma noção básica que aprendera na faculdade.
Enquanto aguarda sua entrevista, você começa a refletir sobre o assunto. Se o(a) engenheiro(a) é
que faz o projeto, por que uma vaga exige conhecimento em um determinado software? Não seria mais
correto exigir conhecimento em análise estrutural? Não seria mais proveitoso conhecer os modelos
teóricos e principais erros comuns em modelagem estrutural?
Evidentemente, sob uma ótica prática e comercial, precisamos do conhecimento operacional de
um software para dar vazão aos projetos e ao volume de cálculos. Contudo, todo(a) engenheiro(a)
entende — ou deveria entender — a responsabilidade civil associada à sua profissão. Nesse sentido,
ele(a) não pode cometer erros, nem de cálculo nem de análise.
Pense em como você deverá se portar na entrevista, quais conceitos você conhece sobre esse assunto.
Quais perguntas relacionadas ao uso de softwares podem vir à tona na entrevista? Tente responder
os questionamentos, utilize seu Diário de Bordo para avaliar o papel do computador em um projeto
estrutural. Se quiser, esboce itens interessantes para se ter em um currículo específico para essa vaga.
Diante de sua entrevista, você aponta que tem conhecimentos básicos no software, mas que está dispos-
to a estudar e se aprimorar no uso dessa ferramenta, uma vez que o(a) engenheiro(a) é o responsável
técnico. Após ouvir suas palavras, o entrevistador lhe pergunta se você acha que seria possível fazer
algum projeto sem o uso de softwares, sugerindo que são parte essencial no processo. Nessa situação,
com uma pergunta complicada, você resolve emitir sua opinião: é possível, mas é inviável pelo uso
demasiado de tempo no processo manual.
183
UNICESUMAR
O entrevistador ainda lhe pergunta: “é possível que um software venha a errar suas
contas?”. Novamente, com receio da resposta esperada, você responde que é difícil um
computador errar a conta em si, praticamente impossível, no entanto, podem acon-
tecer erros no processo de inserção dos dados para que o computador faça a conta.
E, para avaliar esses erros, é importante conhecer a análise estrutural, ser capaz de
fazer algumas contas e hipóteses simplificadoras a fim de validar o comportamento.
Diante da sua resposta, o entrevistador libera você da entrevista. Na semana
seguinte, você recebe um telefonema convidando-o para participar da equipe, jus-
tamente por entender que softwares são ferramentas extremamente úteis, mas que
não podem substituir um(a) engenheiro(a) e sua expertise.
Existem diversos softwares que podem auxiliar o(a) engenheiro(a) no dia a dia.
São ferramentas muito úteis, que podem poupar tempo significativo. É importante
que você, como engenheiro(a), tenha em mente que os softwares não são capazes de
substituir um(a) engenheiro(a), que devem apenas ajudá-lo(a) na tomada de decisões.
De uma maneira simplificada, Nobrega (2015) sugere que um projeto estrutural con-
siste nas fases de:
• Concepção estrutural e levantamento das ações.
• Modelagem e análise estrutural.
• Dimensionamento e verificação dos elementos.
• Desenho e detalhamento.
184
UNIDADE 7
Por que desenvolver um software apenas para análise estrutural sendo que seria possível
desenvolver um software completo para todas as etapas do projeto?
Os softwares de análise costumam apresentar recursos mais avançados na área de análise, enquanto os
softwares comerciais procuram acelerar o processo de produção de projetos. Além disso, os programas
de análise estrutural são mais genéricos, não dependem de normas e padrões de projeto específicos de
cada região. Nos dias atuais, os softwares em BIM ganharam bastante mercado e apresentam um futuro
promissor. Na realidade, o BIM (Building Information Modeling) é uma técnica de projeto em que
um determinado elemento tem uma série de características associada a ele, além de sua representação
no projeto (ASBEA, 2013). Trata-se de um modelo virtual completo, não apenas de geometria e textura
para visualização, mas de uma construção virtual equivalente.
Por exemplo, em um projeto tradicional, uma viga V201 é representada por linhas, e sua seção é
indicada em forma de texto, mas são elementos desconectados. Já em BIM, a V201 tem uma série de
informações associadas, consumo de concreto, áreas de formas, rigidez a flexão, classe de resistência
do concreto, armaduras, entre muitos outros que podem ser levados em consideração.
Alguns softwares de análise estrutural se encaixam no conceito de BIM, mas não são todos que
têm interoperabilidade com as principais plataformas. Existem, também, alguns softwares que são
desenvolvidos com essa funcionalidade, como é o caso do Revit Structure, do TQS e do Tekla Strucutre.
Nesta disciplina, ater-nos-emos aos softwares puramente usados no processo de análise estrutural,
isto é, SAP, STRAP e os educacionais Ftool e STRIAN, mas muitos dos princípios aqui apresentados
são genéricos. Os processos de cálculo e dimensionamento serão vistos posteriormente, nas disciplinas
específicas de cada material, em que serão abordados os critérios normativos e softwares relacionados.
A principal técnica usada pelos softwares de análise estrutural é a análise matricial de estruturas,
em que se separa a estrutura em diversos elementos e se compatibiliza o comportamento dos nós des-
ses elementos. Na Unidade 6, já abordamos a análise matricial pelo Método Direto da Rigidez. Nesta
unidade, apenas introduziremos a análise matricial pelo Método dos Elementos Finitos (MEF). Este
método é muito usado nas Engenharias em geral e está associado à resolução de problemas complexos.
O Método dos Elementos Finitos serve para resolver qualquer problema físico, não apenas para a Enge-
nharia de Estruturas. Consiste, basicamente, em adotar uma função aproximadora para a equação diferen-
cial ordinária ou parcial que representa o problema físico. A tendência é que, nos pontos iniciais e finais da
função, o valor seja exato, pois corresponde às condições de contorno do problema. Daí a necessidade de
discretizar o problema em vários elementos menores a fim de se garantir precisão no método (ASSAN, 2003).
185
UNICESUMAR
186
UNIDADE 7
Descrição da Imagem: a figura mostra os esforços e deformações em elementos finitos de pórticos, vigas e treliças em
analogia ao elemento de casca, placa e chapa.
Além dos elementos de barra e laminares, temos os elementos tridimensionais ou os elementos só-
lidos. Neles, os esforços podem agir de quaisquer direções que eles são capazes de absorver. Conhe-
cer os elementos é muito importante para poder usar o correto, a fim de representar determinado
comportamento estrutural. Isto é, ao se representar o comportamento de lajes submetidas apenas ao
carregamento vertical, recomenda-se usar os elementos de placa. Já quando procura-se representar
vigas, paredes, pilares, consoles e blocos de fundação — seções de descontinuidade do concreto —,
recomenda-se usar elementos do tipo chapa ou membrana, pois estão sujeitos a esforços no plano do
elemento. Agora, no caso de paredes de reservatório, lajes submetidas a esforços axiais, utilizamos
elementos do tipo casca, que trabalham com esforços na transversal e no plano do elemento.
Assim como se faz necessário compreender o comportamento correto do elemento estrutural para
se fazer a modelagem, é importante entender outros aspectos. Nas rotinas de cálculo computacional,
os elementos podem ser inseridos inclinados e com diferentes condições de conectividade. Nesse
sentido, é mais fácil representar o comportamento dos elementos através de eixos locais e, depois,
rotacioná-los conforme suas condições de conectividade.
Por isso, quando estiver elaborando um modelo computacional de determinada estrutura, é
importante se atentar ao sentido de inserção dos elementos, pois ele ditará a direção dos eixos
locais. Esse tipo de problema é especialmente importante nos elementos de área. Caso a direção
dos eixos locais não esteja padronizada, é possível que o operador se confunda ao observar os
resultados. Um exemplo é ilustrado na Figura 4.
187
UNICESUMAR
Figura 4 – Eixos globais e locais em software de análise estrutural / Fonte: o autor (elaborado com o software SAP/CSI).
Descrição da Imagem: a figura mostra os eixos locais e globais de barras e elementos do tipo shell e a possivel falha na
interpretação dos resultados mostrados.
Aconselha-se, então, que os elementos sejam inseridos sempre da esquerda para a direita e de baixo
para cima, dessa maneira, os eixos locais dos elementos serão sempre os mesmos.
Recomenda-se que os elementos estejam próximos ao ponto de origem do modelo (0,0,0). Isso
ocorre pois as condições de geometria do elemento são calculadas conforme as coordenadas iniciais
e finais do mesmo. Nesse sentido, números muito grandes podem induzir erros numéricos.
Por exemplo, o cálculo do comprimento dos elementos é feito pelo Teorema de Pitágoras, pela dife-
rença das coordenadas dos nós iniciais e finais. Consideraremos dois elementos idênticos, um elemento
que se inicia no nó (3,18;0) e finaliza no nó (6,14;0), e outro que se inicia no nó ( 1.10n + 3, 18 ;0) e finaliza
no nó ( 1.10n + 6, 14 ;0). Quando fazemos a diferença de coordenadas dos dois nós, percebemos que o
comprimento de ambas as barras é 2, 960000 . No entanto, se repetirmos essa conta na calculadora ou
no próprio Excel, considerando n=16, veremos o resultado nulo. Curiosamente, isso ocorre por causa
de um limite de precisão na alocação das variáveis. Embora cada programa tenha sua própria forma
de lidar com as variáveis, geralmente, as coordenadas são armazenadas em variáveis de precisão dupla
(double), armazenadas em 64 bits, o que permite precisão em operações com números até a ordem 16.
188
UNIDADE 7
Esse é um problema que não é tão preocupante atualmente, pois dificilmente as coordenadas serão
tão grandes a ponto de incorremos num erro de aritmética com ponto flutuante, mas é sempre bom
relembrar a boa prática de manter o modelo próximo ao ponto de origem (0,0,0).
Para o(a) engenheiro(a) que pretende trabalhar com cálculo estrutural, é fundamental conhecer
alguns conceitos básicos de programação e de cálculo numérico, justamente para conhecer as li-
mitações das ferramentas computacionais.
Outro problema relacionado à precisão dos resultados é o tamanho dos elementos, principalmente,
em elementos laminares e sólidos. Essencialmente, o Método dos Elementos Finitos é uma aproximação
para a equação diferencial da elástica, e o comportamento de cada elemento é compatibilizado com o
seguinte pelos nós. Assim, os valores obtidos, nó a nó, são confiáveis, ao passo que os intermediários
são estimativas. Então, recomenda-se que os elementos não sejam maiores do que 50 cm e, em regiões
em que se fazem necessários valores mais precisos, devem ser de 25 cm.
Para evitar erros no processo de modelagem estrutural num computador, Caviglione (2019) re-
comenda que o(a) engenheiro(a) procure desenvolver o modelo aos poucos, sempre processando
a estrutura e verificando os valores de seus esforços e comportamento estrutural, passo a passo, até
desenvolver a estrutura completa. Dessa maneira, é mais rápido localizar determinado erro e garantir
que o comportamento do modelo esteja dentro do previsto pelo(a) engenheiro(a).
Um dos erros mais comuns no uso de softwares é a respeito de uma má restrição e vinculação da
estrutura. E, em sua grande maioria, os programas não têm mensagens de aviso para estruturas mal
vinculadas, sendo responsabilidade do(a) engenheiro(a) avaliá-la. Daí a importância dos conceitos de
nossa primeira unidade, em que você aprendeu como avaliar a estaticidade de uma estrutura. Você se
lembra desses conceitos? Uma estrutura hipostática possui menos reações do que o necessário ao equi-
líbrio e não tem condições de permanecer estável, por isso, o programa não deveria conseguir calcular.
Uma ferramenta muito importante nesse sentido é a visualização das deformações. Embora não
seja possível calcular uma estrutura hipostática, alguns softwares conseguem resolver o problema por
189
UNICESUMAR
técnicas numéricas e podem retornar um resultado não condizente com a realidade. Nesse cenário,
ao visualizar as deformações, teríamos uma configuração de deslocamentos de grande magnitude e
de comportamento duvidoso.
A Figura 5 mostra um reservatório. A análise estrutural pelo SAP retornou um aviso de zeros na
diagonal da matriz de rigidez. Como se sabe, na diagonal, os valores são sempre não nulos, pois, se
aplicarmos uma força sobre determinado nó, teremos uma deformação nesse mesmo nó. No caso
da diagonal matriz ser nula, isso não poderia ocorrer, portanto, trata-se de um erro considerável. O
programa continuou resolvendo o problema atribuindo valores pequenos não nulos à matriz. Nessa
situação, as deformações e esforços acabaram convergindo dentro do esperado e, portanto, o aviso não
representou um problema. No entanto, reforço que sempre é responsabilidade do(a) engenheiro(a)
decidir sobre a validade do modelo.
Figura 5 – Aviso software SAP: estrutura instável ou mal vinculada, perda de precisão nos cálculos / Fonte: adaptado de Ca-
viglione (2019).
Descrição da Imagem: a figura mostra a modelagem de um reservatório em software computacional e uma mensagem de
erro no software indicando a diagonal nula da matriz de rigidez.
190
UNIDADE 7
muito maior que sua seção, o material está dentro dos limites de seu com-
portamento elástico e linear. Essas hipóteses representam o comportamento
de grande parte dos elementos estruturais, mas existem certas situações em
que podemos ter comportamentos diferentes, comportamentos não lineares.
Você sabe o que quer dizer um comportamento elástico-linear? E um
comportamento plástico? Em um material elástico, as deformações são
reversíveis, já, em um material plástico, as deformações são irreversíveis.
E um comportamento elástico não linear? A linearidade está relacionada à
proporcionalidade entre tensão e deformação, em um material não linear,
essa proporção tem valores diferentes para cada nível de carregamento.
Observe a Figura 6 para entender melhor o conceito.
191
UNICESUMAR
exemplos, podemos citar as rótulas plásticas nas estruturas de concreto, problemas de ancoragem da
armadura no concreto e a plastificação da seção em estruturas. Além do material, podemos ter esse
comportamento nos apoios e vínculos da estrutura. Como discutimos na Unidade 1, os apoios podem
ter comportamento elástico (molas) em função de deformações no solo, porém, a partir de certo nível
de tensões, esse comportamento deixa de ser linear. Um ponto importante quando fizer essas análises
é a necessidade de zerar o comportamento da tração em estruturas diretamente apoiadas no solo, pois
uma sapata usa apenas compressão para estabilizar o giro.
Além das não linearidades físicas relacionadas ao material, temos a não linearidade geométrica, re-
lacionada às condições de geometria inicial da estrutura. Nas hipóteses básicas do método, entendemos
que as deformações são tão pequenas que podemos fazer as análises considerando que a estrutura ainda
não se deformou. Ou seja, a movimentação dos carregamentos não impacta no resultado dos esforços.
Ao observar a Figura 7, é possível compreender que nem sempre isso é valido. Repare que o desloca-
mento horizontal D movimenta a carga P, e, portanto, teremos um momento adicional na base do pilar
M ' = P .∆ . À medida que temos o momento adicional, devemos ter maiores valores de deformação e,
portanto, novamente, maiores esforços. Esses esforços adicionais são denominados de segunda ordem.
Esse é o caso específico de instabilidade geométrica da seção, envolvendo a flambagem dos pilares, mas
existem diversas situações em que temos não linearidades geométricas. Em todos os casos, o(a) enge-
nheiro(a) precisa ter condição de avaliar o campo de validade das teorias e hipóteses simplificadoras
para saber se deve ou não proceder com uma análise mais complexa, porém mais próxima da realidade.
Descrição da Imagem: a figura mostra a não linearidade geométrica em pilares, condição básica
de instabilidade. À esquerda, temos a figura (a) com um pilar AB submetido a uma carga P de com-
pressão. No centro, temos a situação (b), na qual uma força H horizontal provoca uma deformação
horizontal delta linha. À direita, temos a sitação (c), que é a atuação simultânea das duas forças.
192
UNIDADE 7
193
UNICESUMAR
M vão = Mbal
+qlv ² / 8 − qlb 2 / 2 = qlb ² / 2
+qlv ² / 8 = qlb ² (1.1)
Em que:
• lv é o comprimento do vão.
• lb é o comprimento dos balanços.
194
UNIDADE 7
lv + 2lb = ltot
2, 83lb + 2lb = ltot
4, 83lb = ltot → lb / ltot = 1 / 4, 83 = 0, 20703 = 20, 70% (1.2)
ltot − 2lb = lv ÷ ltot
1 − 2lb / ltot = lv / ltot
1 − 2.0, 20703 = lv / ltot → lv / ltot = 0, 5860 = 58, 60%
Assim, podemos, então, escrever: lb = 20, 70%.ltot = 2, 07m , e o vão lv = 58, 60%.ltot = 5, 86m .
q= 3,0 kN/m
A B
lb lv lb
-1,91
1,91
23,80
-7.13
2
7.16
-15,68
Descrição da Imagem: a figura mostra três vigas com proporções dieferentes entre lb (comprimento do balanço) e lv (comprimento
do vão). Na viga 01, os balanços são de 1,0 m, e o vão é de 8,0, resultando em um momento positivo de grande intensidade, 23,00
kNm. Na viga 03, os balanços têm 3,0 m, e o vão é de 4,0 m, dessa maneira, tem-se um momento negativo de grande intensidade,
-15,68 kNm. Na viga 02, com 2,07 m de balanço e 5,86 m de vão, temos uma proporção de momentos positivos e negativos que
são de mesma magnitude, 7,15 kNm.
195
UNICESUMAR
196
UNIDADE 7
Figura 10 – Otimização dos momentos em uma grelha: (a) Concepção incial; (b) Concepção otimizada
Fonte: o autor (elaborada com o software TQS/TQS informática).
Descrição da Imagem: a figura mostra os momentos fletores em um pórtico espacial. À esqueda, Figura 10 (a), temos os esfor-
ços da concepção inicial, as vigas V110 e V111 têm momentos fletores máximos positivos de 8,6 tfm e 28,8 tfm, e os momentos
fletores máximos negativos são de 12,6 tfm e 25,9 tfm. Ambas estão representadas abaixo do pórtico, com seus respectivos
diagramas de momentos fletores e estimativa do consumo de aço para a armadura principal. À direita, Figura 10 (b), temos
os esforços da concepção otimizada, as vigas V110 e V111 têm momentos fletores máximos positivos de 14,8 tfm e 12,2 tfm,
e os momentos fletores máximos negativos são de 20,7 e 11,80 tfm. Ambas estão representadas abaixo do pórtico, com seus
respectivos diagramas de momentos fletores e estimativa do consumo de aço para a armadura principal. Observa-se o efeito
da otimização na economia do aço na armadura principal.
197
UNICESUMAR
Esse é um processo iterativo, em que se faz a concepção e análise estrutural, procurando estruturas mais
econômicas. Com o exercício profissional, você deve ganhar experiência, e o processo passa a ser mais
intuitivo. Em estruturas hiperestáticas, esse processo é inviável para ser feito manualmente, justamente
pela morosidade em seu cálculo, sendo viável apenas pelo uso de softwares de cálculo estrutural.
Os preconceitos e as barreiras quanto ao uso de softwares têm caído com a popularização das
novas tecnologias. Nesse cenário, a sociedade é levada a confiar, cada vez mais, nos computadores e
programas que estão cada vez mais avançados.
De fato, muitas das conquistas humanas não seriam possíveis sem os computadores. O processo de
reentrada do ônibus espacial, os sistemas de posicionamento por satélite, o cálculo de interceptação dos
mísseis do sistema de defesa antiaérea israelense “Iron Dome”, os veículos autônomos e as inteligências
artificiais são apenas exemplos de grandes passos que percorremos com o auxílio dos computadores.
Figura 11 – Space Shuttle Discovery pousando: o processo de reentrada na atmosfera é totalmente automático, e o pouso é
também é guiado pelo computador / Fonte: NASA ([2021], on-line) e Wikipedia ([2021], on-line).
Descrição da Imagem: a figura mostra o ônibus espacial Discovery pousando em uma pista de aeroporto. Sai fumaça preta
das rodas traseiras que tocaram a pista; o trem de pouso frontal ainda não tocou a pista e está inclinado para cima. Ao fundo,
há uma vegetação rasteira, e, à frente da pista, há indicações de pouso. Acima, temos uma foto do computador de bordo IBM
AP101S, usado para os cálculos de trajetória do ônibus.
198
UNIDADE 7
O advento dos programas permitiu ao(à) engenheiro(a) investir mais tempo na análise estrutural,
do que no cálculo estrutural propriamente dito, trazendo maior economia e qualidade ao projeto.
Contudo, é prudente ter cautela, nem tanto pelos programas e computadores, mas pelo seu mal uso,
como no caso das colisões de veículos autônomos, dos ataques cibernéticos e da manipulação de
usuários pelos algoritmos das redes sociais. O uso demasiado dos softwares e programas faz surgir
alguns questionamentos éticos, que também se referem à área de análise estrutural:
• As análises computacionais sempre serão consideradas mais confiáveis e precisas que as huma-
nas? É só alimentar o programa com os dados de entrada e aguardar o resultado? Ou existem
situações em que o ser humano precisa resolver algo além do software?
• Existem efeitos que o software não conhece? Isto é, alguma condição que extrapole os limites
de análise do computador e bases teóricas do modelo utilizado no programa?
• A compra de um software avançado de cálculo pode substituir a capacidade técnica e experiên-
cia profissional de um(a) engenheiro(a)? O software pode se responsabilizar por um projeto?
Conforme aponta Emkin (1998), a aquisição e o uso errôneo de softwares de análise estrutural por leigos ou
por engenheiros(as) sem a devida experiência são um risco real para a sociedade. O risco é de se confundir o
cálculo estrutural com a análise. Um computador pode muito bem calcular uma estrutura, mas nunca será
capaz de analisá-la, avaliar seu risco, estabilidade, possíveis problemas executivos e, muito menos, concebê-la.
199
UNICESUMAR
200
UNIDADE 7
para, de alguma forma, suprir sua própria inexperiência. São impelidos(as) a acreditar que
seus projetos estarão mais seguros pelo programa usar MEF, análises de segunda ordem,
não linearidades físicas e outras análises avançadas, mas isso é mera ilusão, pois análises de
maior complexidade não necessariamente significam maior nível de segurança à estrutura,
uma vez que os parâmetros empregados na análise precisam corresponder ao real na prática.
Essa tentação acomete os(as) engenheiros(as) diariamente, e, muitas vezes, até os(as)
experientes podem esquecer de detalhes banais por confiar excessivamente nos softwares.
Por isso, o ideal é que as simulações numéricas sejam elaboradas em ordem crescente de
complexidade, até o limite de necessidade do problema ou até o limite de conhecimento
do(a) engenheiro(a). Dessa maneira, o(a) engenheiro(a) não avaliará análises em que
não tem a devida capacidade técnica ou gastará energia desnecessária para resolver um
problema simples (DELLAVANZI, 2017). Antes de iniciar a modelagem computacional,
é importante que você, como engenheiro(a), procure prever e estimar o comporta-
mento da estrutura por modelos simplificados, usando a análise como um processo
de refinamento e verificação dos cálculos (MULINA; ALVES; CAVIGLIONE, 2019).
Agora que você entendeu um pouco sobre como funciona o processo de modelagem
de estruturas em um computador, convido você a modelar algumas estruturas no
computador. Tente representar a estrutura de sua casa, de uma ponte em sua cidade,
enfim procure aplicar os conceitos aqui elucidados. A modelagem e análise estrutural
por computadores é uma das partes mais aplicadas da disciplina de estruturas hiperes-
táticas no dia a dia de escritórios de cálculo estrutural. As técnicas aqui apresentadas
são de extrema importância para o desenvolvimento dessas análises. Além das técnicas,
o entendimento das limitações do software é fundamental!
O(A) engenheiro(a) precisa saber interpretar os números, além de fazer as contas. Esse
raciocínio crítico não se cria do dia para noite e se faz necessária vontade de aprender,
além da experiência. Esse raciocínio crítico, que é capaz de perceber possíveis incon-
gruências entre a obra e o projetado/planejado, é uma habilidade fundamental para o(a)
engenheiro(a), ainda que você planeje trabalhar com execução de obras.
201
Vimos a importância das boas práticas ao se desenvolver um modelo computacional, bem como a
recomendação de manter os elementos finitos pequenos, processar a estrutura gradualmente e,
principalmente, procurar modelos analíticos simplificados que possam servir de estimativa para os
esforços computacionais e confrontá-los. Conhecemos, também, as técnicas de homogeneização
dos esforços e suas respectivas proporções, que são valores interessantes para se memorizar.
O(A) engenheiro(a) deve zelar para não confiar demais nos softwares, deve sempre procurar con-
frontar o software com a técnica para entender o que está acontecendo, além dos números. Nesse
sentido, o uso de modelos simplificados é um grande aliado, use-o sem moderação. E um ponto
muito importante é que, apesar dos avanços tecnológicos do software, é o(a) engenheiro(a) que faz
o projeto, portanto, ele(a) é quem deve dimensionar e se sentir seguro com as soluções estruturais
encontradas. Um software de última geração não pode substituir um(a) engenheiro(a) experiente.
A compreensão desses conceitos é fundamental para sua formação profissional. Considero esta
parte da disciplina especialmente importante para aqueles(as) que almejam trabalhar com projeto
estrutural. Entendendo a importância desse assunto, convido você para elaborar um mapa mental
referente ao assunto que estudamos. Qualquer dúvida, consulte seu livro e reveja os conceitos.
202
203
1. O desenvolvimento e a popularização de computadores permitiram o crescimento de
softwares de Engenharia usados na análise estrutural. O Método dos Elementos Fini-
tos (MEF) foi um dos métodos que mais se popularizou. Assinale a alternativa correta
sobre o MEF.
a) O MEF corresponde a uma técnica usada para dimensionamento de estruturas em
concreto armado que permite usar o procedimento de diversas normas.
b) O MEF é um método numérico para solução de problemas físicos. Na Engenharia
Civil, ele é utilizado na análise estrutural, uma das etapas recorrentes no projeto de
estruturas.
c) O MEF é um método computacional de projeto de estruturas, permite que o(a) enge-
nheiro(a) modele a estrutura e que o programa detalhe a estrutura completa, emitindo
as pranchas.
d) O MEF e o BIM são sinônimos, ambos são usados na análise estrutural e integração
de projetos de Engenharia.
e) O MEF é um método analítico utilizado para se analisar estruturas pré-moldadas. Para
estruturas monolíticas, usamos o Método dos Elementos de Contorno (MEC).
2. Uma estrutura pode ter um comportamento não linear, mesmo que ela seja constituída
por um material que obedeça à Lei de Hooke. A partir de valores grandes de desloca-
mentos, a deflexão lateral de um membro pode trazer como consequência o apareci-
mento de momentos fletores adicionais em virtude da presença de um esforço normal.
Assinale a alternativa que apresenta um exemplo de não linearidade geométrica.
a) Os modelos de mola não conseguem representar a interface sapata-solo, que só pode
trabalhar a compressão, sem mobilizar tensões de tração.
b) Quando uma viga de concreto armado atinge seu momento de fissuração, a seção
resistente passa a fissura, e, portanto, o valor de sua inércia deixa de ser a inércia da
secção total.
c) No caso de elementos com grande carga de compressão, essencialmente, pilares,
quaisquer deslocamentos horizontais provocam efeitos de segunda ordem, aumen-
tando o momento nesses elementos.
d) Com o passar do tempo, a força de protensão aplicada em uma peça de concreto
tende a diminuir pelo alongamento e relaxamento do aço. Esse fenômeno é conhecido
como perda de protensão.
e) Em uma situação próxima à ruptura do concreto, não são válidas as análises lineares.
204
3. Você foi chamado(a) para ajudar em um projeto de um muro de arrimo para uma al-
tura de 4,0 m. Em função da altura, que é considerada elevada, você precisa conceber
uma estrutura que seja capaz de suportar o esforço do empuxo de solo sem grandes
movimentações e com um custo viável. Tendo isso em mente, você gostaria de usar
um tirante no arrimo. Qual seria a melhor altura para posicionar esse tirante? Escolha
uma das alternativas e justifique sua resposta. Fique livre para modelar a estrutura no
Ftool. Considere os pilares com seção 15x30 e E = 25000 MPa.
(a) engastado e livre (b) tirante à 4,0m (c) tirante à 3,0m (d) tirante à 2,5m (e) tirante à 2,0m
2.00m
4.00m
4.00m
3.00m
2.50m
2.00m
84.00 kN/m
84.00 kN/m
84.00 kN/m
84.00 kN/m
84.00 kN/m
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra cinco situações de análise. Da esquerda para a direita, temos: situação (a)
— muro engastado e livre, com carregamento triangular na horizontal; situação (b) — muro engastado e apoiado
na sua extemidade superior (4,0 m da base), com mesmo carregamento; situação (c) — muro engastado e apoiado,
sendo que o apoio se situa a 3,0 m da base; situação (d) — muro engastado e apoiado, com o apoio situado a 2,5
m da base; situação (e) — muro engastado e apoiado, com o apoio a 2,0 m da base no meio do muro. Todos os
muros estão submetidos a esforços triangulares horizontais, com maiores valores na base.
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206
8
Fundamentos do
Projeto Estrutural
Me. Gabriel Trindade Caviglione
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UNIDADE 8
Figura 1 – Ponte sobre o rio, construida pelo seu Antônio. / Fonte: Pixabay (2018, on-line).
Descrição da Imagem: a figura mostra uma pequena ponte rural de madeira atravessando um rio de dimensões pequenas.
As vegetações são rasteiras, e o dia está ensolarado, é possível ver o reflexo da ponte no rio.
209
UNICESUMAR
Ciente de que essas perguntas não são tão simples de serem resolvidas, você decide estudar um pouco o
assunto para poder ajudar efetivamente seu avô. Você deve resolver cada um dos problemas propostos
pelas perguntas citadas antes de começar a construir. Convido você a refletir e listar todas as perguntas
que precisam ser respondidas em um projeto estrutural, extrapole, pense além da ponte. Escreva seus
pensamentos no seu Diário de Bordo.
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UNIDADE 8
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UNICESUMAR
relação às nomenclaturas e regras aqui apresentadas, mas, essencialmente, o conceito deve ser o mesmo.
A Arquitetura é responsável por conceber e utilizar os espaços, determinar as dimensões e
formas compatíveis com o uso da edificação, posicionar diferentes elementos arquitetônicos a fim
de garantir uma harmonia estética e funcional da edificação. Essencialmente, os demais projetos
devem procurar se ajustar à arquitetura, embora, em algumas situações, isso não seja possível.
Nóbrega (2015) aponta que o(a) arquiteto(a) deve preconceber os demais sistemas da edificação
em sua arquitetura. O ideal é que já imagine o sistema estrutural, hidrossanitário, a prevenção de
incêndio, o sistema elétrico, lógico, o arrefecimento e a calefação, bem como demais situações
específicas de cada projeto. A arquitetura deve reservar o espaço para os elementos de cada siste-
ma, para os pilares, vigas, lajes, descidas de água pluvial, tubulação de esgoto, calhas, quadro de
distribuição etc. Também é responsável por gerenciar e prever as condições de compatibilização.
O projeto estrutural seria o segundo na lista de prioridade. Deve respeitar a arquitetura e de-
veria ser respeitado pelos demais. Ele é o responsável por determinar as dimensões dos elementos
estruturais, seus materiais constitutivos, arranjos e técnicas executivas, que possam garantir con-
dições mínimas de estabilidade e segurança aos usuários da edificação. Os projetos de fundações
e contenções ficam responsáveis por garantir apoio aos pilares e estabilidade aos maciços de terra.
Os projetos hidrossanitários ficam responsáveis pelas tubulações em geral, suas especificações,
dimensões e posições. O projeto elétrico, por sua vez, fica responsável pela avaliação das cargas
elétricas na edificação, dimensionamento dos eletrodutos, conduítes, tomadas e demais equi-
pamentos elétricos. Ambos os projetos costumam evitar as interferências com o estrutural, mas
existem situações que fogem desse cenário e que devem ser avaliadas caso a caso. Por exemplo:
para passagem de uma tubulação, pode ser necessário atravessar uma viga, ou pode ser necessário
passar o eletroduto pela laje, ou ainda uma abertura vertical em uma laje para criação de um shaft.
Descrição da Imagem: a figura mostra um fluxograma de projetos. A partir das informações iniciais, é elaborado o anteprojeto
arquitetônico; na sequência, é feito o anteprojeto estrutural e os complementares; nessa etapa, podem ser feitas modificações
no projeto arquitetônico e são geradas as informações mais precisas, sobre as quais se faz planejamento, orçamento e inicia-se
a etapa de projeto. Seguindo, elaboram-se o projeto arquitetônico e demais projetos complementares.
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UNIDADE 8
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Figura 3 – Principais sistemas estruturais / Fonte: adaptada de Engel (2001, p. 137, p. 178 e p. 217).
Descrição da Imagem:a figura mostra os principais sitemas estruturais utilizados.Temos o sistema de forma
ativa, representado por um arco, no qual o formato da estrutura conduz as verticais por compressão no
arco até os apoios. Logo abaixo, temos uma treliça, que corresponde ao sistema de vetor ativo, em que um
conjunto de forças deve estabilizar as forças solicitantes, novamente, os esforços são apenas de tração e
compressão. Abaixo, temos o sistema de massa ativa, no qual a inércia combate a solicitação pelo esforço de
flexão. Por fim, temos a figura da superfície ativa, em que a estrutura funciona como uma placa, os esforços
são transmitidos por esforços axiais na placa aos apoios.
As estruturas compostas pelo sistema de massa (ou seção) ativa são as mais utilizadas
nas edificações comuns. Os esforços solicitantes são resistidos por uma seção robusta,
surgindo esforços de flexão (Figura 3). As vigas, as lajes e os núcleos rígidos de edifícios
são os principais exemplos que se utilizam desse sistema.
O sistema de superfície ativa é formado por uma estrutura do tipo placa, uma espécie
de empena ou laje submetida a esforços axiais. Esse tipo de sistema estrutural é muito
utilizado em abóbodas e cúpulas. Esses são os principais sistemas estruturais empregados
214
UNIDADE 8
nas edificações e, portanto, é importante entendermos eles com maior profundidade. Estruturas de
forma ativa são estruturas muito eficientes, pois seu formato induz apenas esforços de compressão ou
tração, que são os de menores deformações. Segundo Pereira (2013), os arcos romanos representam as
primeiras estruturas de forma ativa, seu formato em arco permitia que as pedras trabalhassem apenas
a compressão. Os romanos construíram diversas pontes, aquedutos e edificações usando os arcos a
associação de arcos, evidenciando sua eficiência estrutural. Atualmente, existem diversas estruturas
em arco e, até hoje, é uma das formas mais confiáveis em Engenharia de Estruturas, por exemplo, a
Hoover Dam e a Ponte da Amizade foram construídas no formato de um arco, vide Figura 4.
A B
C D
Figura 4 – Exemplos de sistemas de formas ativas / Fonte: Wikimedia Commons (2009a; 2006a, on-line), Pixabay (2017, on-line)
e Mantel (2013, on-line).
Descrição da Imagem: a figura mostra diversas estuturas de forma ativa. Temos a Hoover Dam, uma barragem de concreto no
formato de arco. A Ponte da Amizade, que liga Brasil ao Paraguai, a qual se apoia em um arco de concreto. Temos a Ponte do
Brooklyn, a qual é um sistema de ponte pensil e estaiada. E temos o Parque Olímpico de Munique, que é uma estrutura tensionada.
215
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UNIDADE 8
tração. Na Figura 5, temos a Casa do Comércio, em Salvador, na Bahia, cuja estrutura do pavimento é
uma treliça biapoiada com balanços; temos a Ponte dos Deuses, que é uma ponte cantiléver treliçada.
Temos, também, o aeroporto de Stuttgart, cujo pilar tem ramificações e se assemelha a uma árvore; e
o aeroporto de Kansai, com uma treliça espacial.
O sistema de massa ativa é o mais utilizados em estruturas e, também, é o mais desen-
volvido em termos de técnicas, justamente pelo seu amplo uso. Basicamente, a grande maio-
ria dos edifícios e das residências, cuja solução estrutural seja reticulada, trabalha com o
sistema de massa ativa. Utiliza-se uma estrutura robusta, capaz de vencer os esforços traba-
lhando por flexão. Como exemplos, listamos o MASP, a Ponte Rio-Niterói e o Hospital Sara
Kubsticheck, ilustrados na Figura 6.
A B
C D
Descrição da Imagem: a figura mostra diversas estuturas de forma ativa. Temos o MASP, o qual tem uma viga de concreto de
seção vazada, pintada de vermelho, a qual suspende o restante do edifício. À direita, temos vigas de seção caixão, as quais são
comparadas com ossos pneumáticos, os quais têm a seção vazada. Temos a Ponte Rio-Niterói, a qual tem uma variação de seção
ao longo do vão. Por fim, temos o Hospital Sarah Kubistcheck, o qual tem vigas vierendel como solução estrutural.
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UNIDADE 8
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PONTE PÊNSIL - FORMA ATIVA PONTE ESTAIADA - VETOR ATIVO SEÇÃO CAIXÃO - MASSA ATIVA
Figura 8 - Principais tipos de pontes e seus sistemas Estruturais / Fonte: adaptada de Pexels (2018, on-line) e Wikimedia (2014;
2006b, on-line).
Descrição da Imagem: a figura mostra os principais sitemas estruturais utilizados em pontes. À esquerda, temos a ponte do tipo
pênsil, exemplificada pela ponte Golden Gate; logo abaixo, temos o caminho das forças: estas saem do tabuleiro, sobem pelos
pendurais aos cabos que as transportam aos mastros para, por fim, descerem às fundações. Ao centro, temos o exemplo de
uma ponte estaiada em Teresina; logo abaixo, está ilustrado o caminho das forças: surgem forças de compressão nos tabuleiros
e forças de tração nos estais inclinados, por fim, as cargas descem pela torre às fundações. À direita, temos a Ponte Rio-Niterói,
exemplo de massa ativa, solução de seção caixão, na qual as cargas vão pelo tabuleiro aos pilares à fundação. A figura mostra,
ainda, que o formato do diagrama de momento fletor é espelho da variação de inérica na viga e da catenária da ponte pênsil.
Observe, na Figura 8, que a concepção estrutural busca imitar os esforços solicitantes. Se observarmos a
catenária da ponte pênsil, podemos visualizar que é próxima ao formato do momento fletor solicitante. Da
mesma maneira, a variação da seção na ponte de caixão perdido é parecida com o diagrama de momento
fletor espelhado. Essa concepção procura otimizar o uso do material e é uma excelente solução estrutural.
O processo de projeto estrutural deve ser padronizado, pois as estruturas precisam ser seguras
para a sociedade, independentemente da subjetividade de quem fez o projeto. Por isso, existem
normas e códigos com recomendações que devem ser seguidas pelos engenheiros. Seguir uma
norma de projeto não necessariamente implica em garantia de segurança, pois existem situações e
efeitos que podem estar omissos. Entretanto, em todos os casos, é importante observar as normas,
pois a não observância de seus critérios implica em insegurança e, em caso de litígio, costuma ser
interpretada como negligência do(a) profissional.
220
UNIDADE 8
No âmbito do projeto estrutural, a norma geral é a ABNT NBR 8681: ações e segurança nas estrutu-
ras: procedimento (ABNT, 2003). Ela estabelece a condições básicas de segurança de uma estrutura, as
verificações a serem empregadas na análise, bem como as ações atuantes sobre cada tipo de edificação.
Consideram-se ações permanentes aquelas que atuam na maior parte da vida útil da estrutura com
valores constantes ou praticamente constantes, são efeitos que agirão sobre a estrutura, praticamente,
sempre. O peso próprio dos elementos estruturais (Figura 9a) é o principal exemplo, esse carregamento
sempre agirá, pois se dá em função dos próprios elementos estruturais. O peso dos revestimentos e
elementos construtivos permanentes, empuxos de solo não removíveis, peso de equipamentos são
exemplos de ações permanentes diretas. As cargas de protensão, recalques de fundação e retrações na
estrutura são consideradas ações permanentes indiretas.
A B C
Figura 9 – Exemplo de ações em estruturas: (a) Ação permanente: peso próprio de uma aduela seção caixão; (b) Ação variável:
vento em uma árvore, e (c) Ação exepcional: incêndio do edificio Joelma / Fonte: Figuras (a) e (b) - Shutterstock e Figura (c) -
Wikipedia (2017, on-line).
Descrição da Imagem: a figura mostra exemplos de ações em estrutras. Temos o içamento de uma duela de concreto, eviden-
ciando o peso próprio. Temos uma árvore retorcida pelo vento, evidenciando a força do vento, uma ação variável. E o incêndio
no Edifício Joelma, evidenciando uma ação excepcional.
221
UNICESUMAR
Já as ações variáveis são aquelas cuja ocorrência e intensidade têm grande variabilidade. São
exemplos a pressão oriunda do vento (Figura 9b), as forças devido à movimentação de veículos,
o mobiliário e uso do ambiente pelos habitantes, as vibrações causadas por equipamentos, a
dilatação e contração causadas pela variação de temperatura. As ações acidentais são as ações
variáveis que atuam nas construções em função de seu uso.
As ações excepcionais são aquelas que não são decorrentes do uso normal da edificação,
mas sim de situações não convencionais, excepcionais, de baixa probabilidade de ocorrência,
tais como uma explosão, um incêndio (Figura 9c), uma colisão. A estrutura projetada precisa
ter certo nível de segurança em relação a essa situação, mas, por ser uma situação improvável de
ocorrer, os fatores de ponderação serão diferentes para esses efeitos.
O levantamento das cargas das ações atuantes em estruturas faz parte do processo de análise estru-
tural e também precisa de certo nível de padronização. Considere a Figura 10. A partir dela, surgem
certos questionamentos: qual é o peso de cada pessoa? Qual é a lotação máxima do ambiente? Quantas
pessoas em média por m² estariam nesse ambiente? E a mobília, quanto pesa?
A B
Descrição da Imagem: a figura mostra pessoas conversando em um escritório ao redor de uma mesa de reunião. Ao
fundo, uma janela de grande abertura. À direita, temos a mesma figura com indicação dos carregamentos em função
das pessoas que usam o ambiente.
Perceba que responder essas perguntas é um pouco difícil, justamente por existir uma variação nos
carregamentos e certa subjetividade na escolha de um valor de carregamento equivalente. Por isso, ao
se projetar estruturas, deve-se seguir as recomendações da ABNT NBR 6120: ações para o cálculo
de estruturas de edificações (ABNT, 2019), que trata exatamente das cargas a serem consideradas.
222
UNIDADE 8
Nesse caso (Figura 10), um escritório, conforme a Tabela 10 da norma (ABNT, 2019), deve-se usar 3,0
kN/m² referente à sobrecarga de utilização.
Outra situação importante é o caso do projeto de pontes, em que as cargas são móveis e tran-
sitam sobre a estrutura. É importante, então, escolher um conjunto de forças que representem os
veículos, os quais transitarão sobre a ponte. No Brasil, deve-se seguir a ABNT NBR 7188: carga
móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestre (ABNT, 1982) e a ABNT NBR 7189: cargas
móveis para projeto estrutural de obras ferroviárias (ABNT, 1985). Essas normas visam padronizar
o uso dos carregamentos para que diferentes engenheiros(as), de diferentes formações, possam
obter níveis de segurança semelhantes em seus projetos.
Outra ação importante no projeto e dimensionamento de estruturas é a ação do vento (Figura 9b).
O vento, ao transitar próximo a uma estrutura, implica-lhe uma pressão que pode ser tanto de sucção
quanto de sobrepressão. Essa pressão depende da altura em que se faz a análise, das condições de vizi-
nhança do edifício, da velocidade dos ventos da região onde será construída a edificação. Além disso,
existem outros fatores que influenciam, como a rugosidade da superfície, a aerodinâmica do edifício
e podemos ter efeitos dinâmicos na estrutura. Ou seja, estimar o valor real desse carregamento é uma
tarefa complexa que demanda certas análises experimentais. Nesse sentido, após muitas pesquisas,
elaborou-se a ABNT NBR 6123: forças devida ao vento em edificações (ABNT, 1988), a qual
serve de base para a estimativa do carregamento do vento nas edificações. Essa norma deve sempre
ser consultada para avaliar os efeitos do vento nas edificações, ela cobre grande parte da geometria
de nossas construções, mas podem existir certas situações em que não seja possível utilizá-la, sendo
necessário fazer algum ensaio para entender o comportamento do edifício mediante ação do vento.
De posse dos carregamentos oriundos das ações sobre a estrutura, a próxima etapa é a análise estru-
tural. Nesse ponto, surgem questionamentos sobre em quais situações a estrutura deverá ser analisada.
Ao fazer o projeto de uma estrutura, devemos imaginar as situações a que ela poderá estar submetida
durante sua vida útil, considerando todas as ações pertinentes. Essencialmente, procuramos simular
situações extremas — situações de ruína ou de inutilização da edificação — para garantir, com certo
nível de segurança, uma distância saudável dessas condições.
Essas situações limites são os estados limites últimos (ELU), referentes à ruína e ao colapso estru-
tural, e os estados limites de serviço (ELS), referentes à inutilização da edificação, seja por vibrações,
deformações ou até mesmo danos excessivos. Na avaliação do estado limite último, procuramos
determinar a ruptura, prever o colapso dos elementos estruturais e, então, estabelece-se um valor de
carregamento, o qual seria considerado seguro. Já na avaliação do estado limite de serviço, avaliamos
situações nas quais a estrutura ainda ficaria estável, porém perderia suas funcionalidades por ter
deformações excessivas, pela dificuldade em movimentar as esquadrias, vibrações ou recalques. Da
mesma maneira, estabelece-se um valor de deslocamento limite aceitável.
Essa diferença entre o esforço solicitante e o resistido, entre a deformação estrutural e a de-
formação limite engloba o conceito de segurança. Ao projetarmos uma estrutura, sempre se faz
necessária uma margem de segurança, pois existem incertezas nas ações e resistências, imprecisões
nos modelos de cálculo, e podemos ter falhas construtivas.
223
UNICESUMAR
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UNIDADE 8
Figura 11 – Abordagem semiprobabilística na aplicação do método dos fatores de segurança parciais / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra a distribuição normal de frequência das resistências e das solicitações. Acima,
temos a curva das resistências e uma figura de corpos de prova de concreto, evidenciando que há diferentes valores de
resistência para cada corpo de prova. Na curva, representa-se a a resistência característica, valor que, em 95% dos casos,
a resistência será maior. Ao centro, temos a distribuição normal de frequência das solicitações e, à direta, temos ícones
representando diferentes tipos de móveis, mostrando a variabildiade nas solicitações. Na curva, está indicada a solicitação
característica, valor que, em 95% dos casos, a solicitação será menor. Temos, abaixo, a sobreposição de ambas as curvas,
indicando que os valores caracteristicos de resistências devem ser reduzidos por fatores gama m e, ainda assim, devem
ser superiores às solicitações características majoradas por gama f.
225
UNICESUMAR
Esse exemplo é análogo para a solicitação, em que o valor característico representa uma probabilidade
de ser maior que os demais em 95% dos casos (Figura 11). Lembrando que, no caso da solicitação, se
essa for de intensidade menor do que a considerada no projeto, estaremos a favor da segurança.
A ruptura da estrutura ocorreria nas situações em que a curva das solicitações for maior que a
curva de resistências, ou seja, a probabilidade dessa ocorrência corresponde à intersecção de ambos
os gráficos. Para evitar essa ocorrência, adicionamos fatores de segurança parciais, minorando
a resistência característica e majorando a solicitação característica para obtenção dos valores de
cálculo/projeto. Esse processo é interessante pois permite um tratamento mais específico para o
coeficiente de ponderação de cada material e solicitação. Especialmente porque, pelos materiais
serem diferentes, eles precisam de coeficientes diferentes, assim como as ações solicitantes. No
fim, basta garantir que a solicitação de cálculo seja menor ou igual à resistência de projeto.
Os coeficientes de majoração das cargas podem ser obtidos pela consulta à ABNT NBR 8681
(2003), enquanto os coeficientes de minoração das resistências são obtidos nas normas específicas
de cada material. Além dos conceitos já observados, é necessário avaliar a possibilidade de simul-
taneidade das ações, isto é, quais as ações poderão agir sobre a estrutura simultaneamente. Para
entender melhor, observe o reservatório de água da Figura 12: quais as ações que podem ocorrer
sobre essa estrutura? De início, temos ações permanentes relativas ao peso próprio da estrutura, ações
variáveis referentes ao armazenamento de água, efeitos relativos ao vento, que inclusive podem se
inverter. Agora, pode existir uma situação em que ocorra o vento e o reservatório esteja cheio? E uma
situação em que vente, mas o reservatório esteja vazio? Qual delas é mais desfavorável à estrutura?
226
UNIDADE 8
Para resolver essa situação, fazemos uma análise na qual combinamos as ações que podem
atuar simultaneamente sobre a estrutura. No caso das ações combinadas, a ABNT NBR
8186 (2003) estipula coeficientes específicos conforme o tipo de combinação que se procura
representar. Temos três tipos de combinações para estado limite último e três para estado
limite de serviço:
• Combinações últimas normais.
• Combinações últimas especiais ou de construção.
• Combinações últimas excepcionais.
• Combinações quase permanentes de serviço.
• Combinações frequentes de serviço.
• Combinações raras de serviço.
Em que:
227
UNICESUMAR
Em que:
Esses coeficientes estão ilustrados na Tabela 1, no entanto, para as demais combinações e para uma
avaliação e um entendimento mais completo da situação, é importante consultar e aprender a manusear
a ABNT NBR 8681 (2003). Na norma, também estão listadas as demais combinações e especificidades
que podem ser necessárias a determinados projetos. A leitura deste material não dispensa a consulta
à referência normativa, bem como a consulta às normas específicas de cada material.
Efeito
Comb. Tipo de ação Desfa- Favorá-
vorável vel
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UNIDADE 8
Efeito
Tipo de ação
Comb. Desfa- Favorá-
Desfavorável
vorável vel
Valores dos fatores de combinação (ψ0) e de redução (ψ1 e ψ2) para as ações
variáveis — Extraídos da Tabela 6 da ABNT NBR 8681
Tipo de ação ψ0 ψ1 ψ2
Tabela 1 – Coeficientes de ponderação para combinações das ações. / Fonte: adaptada de ABNT (2003).
229
UNICESUMAR
Que tal aplicar valores numéricos ao exemplo do reservatório e tentarmos calcular quais se-
riam os esforços de cálculo? Os pilares desse reservatório ficam submetidos à compressão
de N pp = 320kN , referente ao peso próprio. Com relação à água, temos uma compressão de
N água = 120kN e, com relação ao vento, um esforço que pode ser de tração ou de compressão
de N vento = ±80kN . Consultando as Tabelas 4 e 6 da ABNT NBR 8681 (2003) e considerando a
água como variável principal, temos:
Consultando as Tabelas 4 e 6 da ABNT NBR 8681 (2003) e considerando o vento como variável
principal, temos:
Dessa maneira, o valor crítico de compressão é 659,2 kN. O valor crítico de tração ocorreria
com reservatório vazio juntamente com vento atuante. Percebe-se que não chega a inverter
o esforço solicitante.
Além das normas citadas, o projeto estrutural dependerá das normas específicas de cada material,
pois cada um tem suas próprias características que influenciarão no projeto e na técnica executiva
empregada. Nesta disciplina, abordamos apenas a parte referente à análise estrutural, os conceitos
de dimensionamento serão vistos em disciplinas específicas para esses materiais. Então, para cada
material, o(a) engenheiro(a) deverá consultar a norma específica referente àquela estrutura. Entre as
normas vigentes, citam-se as principais:
• ABNT NBR 15575-2: edificações habitacionais: desempenho — Parte 2: requisitos para os siste-
mas estruturais.
• ABNT NBR 6122: projeto e execução de fundações.
• ABNT NBR 6118: projeto de estruturas de concreto: procedimento.
• ABNT NBR 8800: projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios.
• ABNT NBR 14762: dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio.
• ABNT NBR 7190: Projeto de estruturas de madeira.
• ABNT NBR 7187: Projeto de pontes de concreto armado e de concreto protendido
230
UNIDADE 8
De posse desses conceitos, fica mais fácil ajudar seu avô Getúlio na construção da ponte. Você já conheceu
os principais sistemas estruturais utilizados e sabe em quais situações cada um deles se adapta melhor.
Entendeu um pouco sobre a importância de garantir as condições mínimas de segurança em uma estru-
tura. Conheceu a filosofia de projeto, as verificações usadas nos estados limites últimos e de serviço e a
importância das referências normativas. Pode consultar as normas para tentar levantar o carregamento
a ser colocado na análise da ponte. Contudo, claro, como você está aprendendo, é importante consultar
um(a) engenheiro(a) que possa lhe acompanhar nos processos, validando suas considerações.
O entendimento desses conceitos é fundamental para o projeto da estrutura de uma edificação. O(A)
engenheiro(a) deve ser capaz de entender e aplicar os conceitos de cada sistema estrutural, em muitas
situações, isso pode conduzi-lo(a) a concepções mais econômicas. O uso de uma seção caixão, uma
viga vierendel ou viga vagonada é apenas um exemplo de situações em que é possível explorar o ma-
terial de maneira mais eficiente.
Além disso, o dia a dia de um(a) engenheiro(a) envolve seguir diversos critérios normativos, e,
por isso, você precisa conhecê-los e entender por que os seguir. As estruturas precisam ter mínimos
padrões de cálculo executivos que precisam ser seguidos para garantir à sociedade que todas as estru-
turas tenham um mínimo nível de segurança e confiabilidade.
O levantamento dos carregamentos atuantes sobre as estruturas é de extrema importância e pre-
cisa seguir as recomendações normativas, pois ele balizará as análises estruturais no dia a dia de um
escritório. Por isso, é importante saber aplicar corretamente as normas e obter os valores corretos de
sobrecarga de utilização conforme o uso da edificação, pois é razoável que restaurantes, escolas, escri-
tórios e residências tenham diferentes usos e, portanto, diferentes carregamentos.
Tratando-se de edifícios altos e estruturas muito leves, a ação do vento tem efeitos significativos
sobre a edificação e, portanto, precisa ser considerada. Por isso, é importante fazer o levantamento dos
carregamentos causados pela pressão dinâmica do vento. Coberturas metálicas de quadras, barracões
e indústrias são tão leves que o efeito do vento pode inverter o esforço solicitante.
Nesse sentido, um bom projeto e, por consequência, uma obra segura e econômica só pode ser atin-
gida mediante a observância dos critérios normativos e do entendimento do comportamento estrutural.
231
Nesta unidade, vimos os principais sistemas estruturais e contemplamos algumas de suas apli-
cações. O sistema de forma ativa, por exemplo, corresponde a uma solução estrutural na qual a
forma da estrutura conduzirá os carregamentos aos apoios, como, por exemplo, os cabos e arcos.
Já o sistema de vetor ativo é composto majoritariamente pelas treliças, a solução estrutural é um
conjunto de vetores que são capazes de transmitir os esforços às fundações.
O sistema de massa ativa é o mais comum nas estruturas usuais, nele, os esforços são resistidos
por um sistema robusto, com inércia suficiente para combater o momento fletor. Existem diversos
exemplos e soluções que podem ser utilizadas em sistemas de massa ativa. Vimos como o uso de
seções caixão, o uso de vigas vierendel e vigas I de seção variável podem aumentar a eficiência es-
trutural desse sistema e como os engenheiros se inspiraram na natureza para chegar a tais soluções
estruturais. Esse é um dos principais sistemas e precisa ser muito bem entendido e compreendido.
Você também aprendeu um pouco sobre os critérios básicos de segurança empregados em um
projeto, conheceu alguns critérios das normas mais importantes no dimensionamento de estruturas.
Não se esqueça delas, elas são padronizações importantes para a garantia da qualidade da estrutura.
É importante entender esses conceitos e reter os conhecimentos aqui relacionados. Caso você
tenha dificuldades, sugiro investir algum tempo para estudar e compreender os fundamentos do
projeto estrutural. Considero esses conceitos essenciais na formação de um engenheiro, princi-
palmente, aqueles que não pretendem trabalhar com estruturas, pois é necessário entender o
processo e as bases conceituais de uma estrutura.
Para ajudar no entendimento do assunto, proponho que você construa um mapa mental. Tente
fazê-lo com os conceitos que lembrar da unidade, sem consultar o livro nesta etapa. Na sequência,
consulte o livro e tente resgatar conceitos dos quais você não se lembrava. O mapa mental é uma
ferramenta didática muito interessante que pode funcionar como um resumo esquemático. Procure
registrar os detalhes que você julgar importante, relembre as obras que são exemplos, quais são as
normas pertinentes, quais as ações envolvidas, para retornar e consultá-lo quando sentir necessidade.
232
233
1. Uma das etapas da análise e do projeto de uma estrutura é o levantamento do carre-
gamento, isto é, o(a) engenheiro(a) avalia o uso da edificação, bem como quais ações
poderão atuar sobre a estrutura durante sua vida útil para que ela esteja segura. Nesse
processo, é fundamental entender a natureza das ações para avaliar seu carregamen-
to. Sabendo disso, pede-se para assinalar um exemplo de ação permanente em um
reservatório de água:
a) Ação do vento.
b) Recalques de fundação.
c) Golpe de aríete da bomba na tubulação.
d) O peso próprio da água no reservatório.
e) Dilatação térmica devido aos dias quentes.
2. É muito comum que, no projeto estrutural, apareçam conflitos com a arquitetura du-
rante a fase de concepção. Nesse sentido, o projeto estrutural deve sempre procurar
respeitar o arquitetônico, mas existem situações em que isso não é possível e que
pode ser necessário fazer alterações na arquitetura. Imagine que você está diante da
seguinte situação: ao trabalhar na concepção da estrutura de uma residência, percebeu
que não há espaço suficiente para um dos pilares (Figura 1). Se você fizer o pilar na
vertical, será necessário diminuir a esquadria do segundo pavimento. Se posicionar o
pilar na horizontal, será necessário ter um ressalto com relação à parede no pavimento
inferior. O pilar não pode ser quadrado por motivos de insuficiência estrutural.
Figura 1 – Concepção estrutural: pilar maior do que o espaço reservado pela arquitetura. / Fonte: o autor.
234
Como você se portaria?
a) Posicionaria o pilar no sentido vertical, pois é o que provoca o menor impacto na ar-
quitetura. A mudança no tamanho da esquadria é quase desprezível.
b) Posicionaria o pilar no sentido horizontal, pois não seria necessário alterar a arquitetura,
e o ressalto na parede pode ser facilmente escondido com algum móvel ou detalhe
de arquitetura de interiores.
c) Faria uma variação da seção transversal no pilar. No pavimento inferior, ele ficaria na
vertical e, no pavimento superior, seria posicionado na horizontal. Essa situação não
traz nenhum prejuízo à estrutura.
d) Colocaria o(a) arquiteto(a) responsável a par da situação, já apresentando para ele(a)
as possíveis soluções. Ele(a) deve escolher o que seria melhor para o projeto. O ideal
seria marcar uma reunião e registrar a solução adotada.
e) Nenhuma das alternativas anteriores se encaixa na solução do problema.
4. O emprego adequado dos sistemas estruturais traz uma grande economia à edificação.
Para isso, o(a) engenheiro(a) precisa conhecer muito bem os sistemas e conseguir as-
similar seu comportamento. Pesquise sobre a estruturação das edificações a seguir e
assinale a alternativa que apresenta um sistema estrutural do tipo massa ativa.
a) Ponte da Amizade (BR/PY).
b) Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia.
c) Cobertura Tensionada Hebraica.
d) Ponte Pênsil Golden Gate.
e) Casa do Comércio (SESC/BA).
235
5. Segundo Engel (2001), as estruturas de forma ativa distribuem as cargas por esforços de
tração em cabos e compressão em arcos em função do formato próximo ao caminho
das forças. O uso desse sistema estrutural tem algumas vantagens e desvantagens.
Assinale a alternativa que apresenta uma vantagem:
a) Elementos trabalham a tração e compressão, possuindo alta eficiência estrutural e
menores deformações.
b) Grandes esforços horizontais nos apoios, difíceis de serem ancorados.
c) Por serem estruturas leves, ficam sujeitas a ações do vento, podendo sofrer com
processos de vibração.
d) Utilizam-se de esforços de flexão para vencer vãos horizontais.
e) São sistemas de peso próprio elevado que se tornam inviáveis para grandes vãos.
236
9
Cargas Móveis
em Estruturas
Me. Gabriel Trindade Caviglione
Descrição da Imagem: a figura mostra um pórtico de uma ponte rolante. Ao fundo, vemos
barracões na cor verde.
238
UNIDADE 9
O pórtico rolante será usado para transportar materiais na área externa da fábrica e, por isso, deve
aumentar a produtividade da empresa, já que, hoje, o transporte é feito com o caminhão Munck.
Diante desse cenário, seu chefe, Reginaldo, precisa de uma avaliação da viabilidade financeira do
empreendimento. Ele lhe pede que faça uma análise do comportamento do pórtico, considerando
que esta é uma carga móvel, para saber se há a necessidade de alguma estrutura de fundação e seus
eventuais impactos financeiros. Você deve, então, entender o problema e avaliar quais esforços estariam
agindo sobre as vigas e pilares. Posteriormente, poderá fazer uma estimativa de custo de instalação
da ponte rolante.
Neste ponto, surgem diversos questionamentos sobre o comportamento da estrutura mediante
essa carga móvel. Por exemplo, qual é a velocidade de movimentação das cargas, como ela influencia
as análises estruturais? Qual a posição do trem de içamento é mais crítica para a viga, para os pilares,
para o momento fletor, para o esforço cortante? O cabo deve impor esforços horizontais à viga? E a
frenagem ou aceleração do trem? Como podemos fazer todas essas análises de maneira prática e rápida,
sem nos envolver em cálculos desnecessários?
Ciente de que essas perguntas não são tão simples para serem resolvidas, você decide estudar um
pouco o assunto para poder ajudar o seu chefe. Você deve resolver cada um dos problemas propostos
pelas perguntas citadas para poder fazer uma avaliação de viabilidade técnico-econômica.
Nesse sentido, convido você a procurar as respostas para esses questionamentos com base em seus
conhecimentos já adquiridos. Aponte como considerar esse carregamento: ele pode ser pontual ou
deve ser distribuído? Quais valores considerar de cargas de frenagem e aceleração? A viga pode ser
considerada biapoiada ou está engastada no pilar? E o restante da estrutura?
Uma solução viável seria a análise estática da carga em várias posições da viga, simulando diferen-
tes momentos do movimento, para saber qual é o mais crítico. Podemos até elaborar um gráfico da
influência da posição da carga. Mas e os efeitos dinâmicos, como considerá-los? Será que, em uma
análise mais complexa, essa abordagem seria viável?
Você pode usar o Diário de Bordo para registrar suas considerações referentes a esse problema.
239
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a figura mostra um veículo transitando sobre uma ponte. Acima, temos
a representação estática do problema, a viga ABCDE, com apoios em B, C e D. Balanços AB e DE
de 2,0 m; vãos BC e CD de 4,0 m. No esquema estático, ainda está representada a posição x da
carga F e P; além da seção de análise S, situada no trecho CD.
240
UNIDADE 9
em CD. Já quando a carga está no trecho CD, temos a presença de momento fletor positivo na seção S.
Quanto às reações de apoio, podemos perceber que a movimentação da carga pode provocar
alguns efeitos de tração nas reações em função do comportamento de alavanca. Por exemplo,
quando o carregamento está posicionado no balanço AB, temos um grande efeito de compressão
— provavelmente, o maior — no apoio B e um efeito de tração em D. Como a viga é simétrica,
esse efeito deve se repetir quando a carga estiver no trecho DE, com intensidade diferente, pois
o carregamento não é simétrico e se movimenta da esquerda para a direita.
Já para o apoio em C, espera-se que o maior valor de compressão ocorra quando o caminhão es-
tiver passando sobre o apoio. Podem surgir esforços de tração quando o veículo estiver nos balanços.
A partir desse entendimento inicial da estrutura, podemos seguir para uma análise aprofunda-
da. Como podemos determinar os esforços atuantes conforme as diferentes posições da carga? A
solução mais simplista é a de fazer a análise em várias posições, isto é, obter as reações, diagramas
de momentos fletores e esforços cortantes para cada situação. Essa abordagem está ilustrada na
Figura 3, para cinco posições diferentes das cargas.
Descrição da Imagem: a figura mostra o momento fletor atuante na viga conforme cada posição da carga. É possível ob-
servar a influência da variação da posição sobre a seção S analisada. Na posição 1, as cargas F e P se encontram à direita
do apoio AB e provocam um momento positivo em S de 10,2 kNm e um esforço cortante negativo de -8,1 kN. Já na posição
II, a carga se encontra à direita do apoio B, percebem-se valores muito pequenos de momento fletor, registrando-se o valor
negativo de 3,8 kNm de momento sobre S e de 1,80 kN de cortante. Com a carga que está sobre o vão BC, na situação III, o
momento fletor em S é de -14,3kNm e o cortante, de 7,1kN
241
UNICESUMAR
Embora essa abordagem seja trabalhosa e gere um grande volume de dados para análise, ela permite
entender o comportamento da estrutura de maneira muito clara. Inclusive, podemos observar que as
previsões do comportamento se manifestaram.
As maiores reações de compressão em B e D ocorrem quando a carga está nos balanços AB e DE,
respectivamente, enquanto as reações de tração surgem quando a carga está nos vãos CD e BC, res-
pectivamente. Os momentos fletores positivos na seção S ocorrem quando a carga está sobre o trecho
CD ou quando está no trecho AB, já os momentos fletores negativos ocorrem quando a carga está no
trecho BC ou DE.
Dessa maneira, é possível avaliar a situação e prosseguir ao dimensionamento da estrutura para
o momento fletor da seção que se analisa. Mas será que não seria possível descobrir essas posições
críticas de uma maneira mais prática e objetiva? Sem haver a necessidade de avaliar cinco vezes — ou
mais — a mesma viga?
Se observarmos atentamente os esforços atuantes na seção S, poderemos entender a influência
da posição sobre o momento fletor e esforço cortante da estrutura. A Tabela 1 registra os valores dos
esforços conforme as posições do carregamento. Podemos registrar que o momento fletor máximo
positivo é de 52,1 kNm quando a carga está na posição IV, trecho CD, e que o momento fletor máximo
negativo é de -41,2 kNm quando a carga está na posição V, trecho DE.
POSIÇÃO
ESFORÇO I II III IV V
Semelhantemente, temos o esforço cortante, cujo valor máximo positivo é de 38,9 kN e ocorre quando
a carga está na posição IV, trecho CD. O máximo negativo é de -34,4 kN e ocorre quando a carga está
na posição V, trecho DE. Diante desses valores registrados na Tabela 1, poderíamos traçar um gráfico
242
UNIDADE 9
dos esforços atuantes na seção “S”, conforme a posição da carga varia. Esse gráfico nos permite concluir
qual seria a posição crítica da carga para a análise e o dimensionamento da seção “S”.
Na realidade, essa proposta de se elaborar um gráfico corresponde ao conceito da linha de
influência, com exceção de que, no caso da linha de influência, os valores das ordenadas são
adimensionais. Segundo Sussekind (1980a), é importante entender que a linha de influência e os
diagramas de esforços são coisas diferentes. Para traçarmos essa linha, podemos usar a regra de
Müller-Breslau, resolvendo esse problema de uma maneira mais prática e rápida.
O traçado da linha de influência de um determinado efeito elástico — esforço, apoio, temperatura — pode
ser feito pelo método cinemático ou regra de Müller-Breslau. Nesse método, imagina-se uma ruptura do
vínculo relativo ao esforço no ponto que se pretende avaliar. Por exemplo, no caso de um apoio, imagina-se
a estrutura sem o apoio; no caso do momento fletor, imagina-se a estrutura articulada sem continuidade; e,
no caso do cortante, imagina-se a estrutura cortada, sem transmissão de esforços cortantes
Posteriormente, aplica-se um deslocamento na estrutura referente ao efeito elástico que se analisa.
No caso do fletor, aplica-se uma rotação; no caso do cortante e dos apoios, aplica-se um deslocamento.
Após a aplicação desses deslocamentos, a estrutura se desloca — ou se deforma —, e o formato que ela
adquire é o formato da linha de influência (SUSSEKIND, 1980a).
Nesse momento, quero que você se concentre em entender o conceito, por isso, convido-o a observar as
linhas de influência da viga analisada na Figura 4. Depois, entenderemos como obter essas linhas. Lembran-
do que quanto maior o valor das ordenadas no gráfico, maior o efeito elástico em função daquela posição.
Se você observar atentamente a figura, deve perceber que as posições de maior influência
(hS ,M + = 0, 8125) no momento fletor positivo na seção “S” corresponde ao trecho CD, assim como na
Figura 3 e Tabela 1. Da mesma maneira, o trecho de maior influência no momento fletor negativo
(hE ,M − = −0, 7500) na seção “S” corresponde ao trecho DE, assim como nas observações anteriores.
Descrição da Imagem: a figura mostra o momento fletor atuante na viga conforme cada posição da carga. É possível ob-
servar a influência da variação da posição sobre a seção S analisada. Observa-se que, quando a carga está posicionada na
extremidade à direita da viga, temos a maior influência de cortante e fletor negativo sobre a seção S, -0,625 e -0,750, ambos
valores se encontram sobre o ponto E. Enquanto a maior influência positiva para o fletor é de 0,8125 e, para o cortante,
0,5937, ambos situados no ponto S.
243
UNICESUMAR
244
UNIDADE 9
Figura 5 – Linha de influência da reação Va para uma carga unitária em x, com P=1
Fonte: Sussekind (1980b, p. 86).
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biapoiada com dois balanços, submetida a uma carga
P unitária em posição genérica. Abaixo, temos a linha de influência.
245
UNICESUMAR
Em que:
• E representa o esforço referente à linha de influência de deter-
minado esforço elástico.
• Pi corresponde ao carregamento pontual “i”, posicionado sobre
a linha de influência.
• qi (x ) corresponde à carga distribuída ao longo do comprimento
l conforme x.
• hi corresponde ao valor da ordenada da linha de influência no
ponto “i”.
“
Para se traçar a linha de influência de um efeito elás-
tico E (esforço ou reação), procede-se da seguinte
forma: a) rompe-se o vínculo capaz de transmitir o
efeito E, cuja linha de influência se deseja determinar;
b) na seção onde atua E, atribui-se à estrutura, no
246
UNIDADE 9
Com os conceitos apresentados, você pode facilmente observar que a obtenção da linha de influência é
muito útil, pois permite entender corretamente o comportamento da estrutura. Essencialmente, segui-
remos o enunciado do método, aplicando-o às vigas isostática da Figura 6. Na avaliação do momento
fletor na seção “S”, devemos (a) romper o vínculo capaz de transmitir o esforço (momento fletor), ou
seja, articular a viga (rótula). Na sequência, aplicamos uma rotação unitária (b) à direita e esquerda
da rótula, o que provoca uma configuração nova da cadeia cinemática, como ilustrada na Figura 6.
Quanto ao esforço cortante, romperemos o vínculo estrutural que transmita esse esforço (a) e
substituiremos por um vínculo do primeiro gênero, literalmente, “cortando” a estrutura. Na sequên-
cia, aplica-se um deslocamento oposto ao sentido positivo do cortante (b), e a configuração final do
mecanismo está ilustrada na Figura 6. Já para o apoio, o raciocínio é análogo ao cortante. Removemos
o vínculo (a) e aplicamos um deslocamento oposto ao sentido positivo da reação (b), o que provoca
uma configuração como da Figura 6. No caso de um engaste, o raciocínio é análogo ao do fletor.
Figura 6 – Esquema de linhas de influência para vigas isostáticas típicas / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra o traçado e cálculo da linha de influência para o momento fletor, cortante e para o
apoio em estruturas isostáticas.
Na sequência, deve-se obter os valores (c) de ordenadas das linhas de influência, que, em estruturas
isostáticas, não é tarefa complexa, pode ser obtida por simples semelhança de triângulos e considerando
alguns conceitos básicos de Trigonometria.
Considerando a linha de influência do momento fletor, ilustrada na Figura 6, podemos obter o
valor de h1 , e esse valor permite determinar as ordenadas ao longo da viga. Segundo Sussekind (1980a),
como o método é válido apenas para pequenas deformações e pequenos deslocamentos, podemos
247
UNICESUMAR
q +q
confundir o arco de bcd ( 1 2 ) com a própria distância bd . Nesse sentido,
podemos entender que tan(q1 + q2 = 1) ≅ 1 , logo o cateto adjacente é igual ao
cateto oposto, sb = bd = l − x . Assim, a partir da semelhança dos triângulos
abd @asc , que podemos escrever conforme :
bd ab l −x l x (l − x )
abd ≅asc → = → = ∴ h1 = (1.3)
sc as h1 x l
Em que:
• x é a distância do apoio até a seção analisada “S”.
• l é o comprimento do vão.
• h1 é o valor da ordenada da linha de influência.
ad dc
1, 0 l x
acd ≅cbs → = = ∴ h2 =
→
bs sc h2 x l
(1.4)
x (l − x )
∆ = 1, 0 = h1 + h2 → h1 = 1 − ∴ h1 =
l l
Em que:
• x é a distância do apoio até a seção analisada “S”.
• l é o comprimento do vão.
• h1 é o valor da ordenada da linha de influência no ponto 1.
• h2 é o valor da ordenada da linha de influência no ponto 2.
Já para a linha de influência relativa ao apoio (Figura 6), o processo é muito pareci-
do com a linha de influência do cortante, só que teremos um deslocamento unitário
no apoio. Podemos estabelecer uma semelhança de triângulos abc @cde para
os demais pontos conforme ilustrado na Figura 6, o que permite escrever :
bc de l 1, 0 x
abc ≅cde → = → = ∴ h1 = (1.5)
cd ab x h1 l
248
UNIDADE 9
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biapoiada com um balanço AB de 2,0 m e um vão BSC de 8 m. À distância
de 3,0 m de B, temos a seção S a ser analisada. Abaixo, temos o traçado e cálculo da linha de influência para o momento
fletor, cortante para a seção de análise S, considerando uma carga pontual móvel de 12,0 kN.
x (l − x ) 3.(8 − 3)
h1 = = = 1, 875
l 8 (1.6)
h2 −2
= → h2 = −2.1, 875 / 3 = −1, 25
h1 3
249
UNICESUMAR
l −x 8−3
h1 = = = 0, 625 (1.7)
l 8
x −3
h2 = − = = −0, 375
l 8
Para obtermos os valores dos esforços, basta fazer uma simples mul-
tiplicação da carga posicionada na região de maior influência. Assim:
250
UNIDADE 9
Descrição da Imagem: a figura mostra algumas linhas de influência. Em estruturas hiperestáticas, o for-
mato das linhas é curvo; já em estruturas isostáticas ou trechos isostáticos, o formato é linear.
251
UNICESUMAR
Na viga 01, vemos que, embora a viga seja hiperestática, o trecho ABC é isostático, então um
corte ou uma articulação teria um comportamento idêntico ao comportamento de uma linha
de influência de estrutura isostática. Na viga 02, a linha de influência do apoio C, é obtida ao se
retirar o apoio e aplicar um deslocamento para baixo. Repare que a linha adquire um formato
curvo, que a deformação sai com 90° do apoio D e que, nos demais apoios, a rotação é livre.
Na viga 03, aplicamos uma rótula em S e uma rotação, dessa maneira, a configuração da linha de
influência é curva, nos apoios A e D, por serem engastes, temos uma deformação na horizontal. Na
viga 04, para os cortantes em S e Z, temos um comportamento isostático, ao passo que, se estivermos
avaliando o cortante em X, teremos um trecho de comportamento hiperestático ABCX e um trecho
de comportamento isostático XDE. Na viga 05, ABS tem comportamento isostático e SCD tem com-
portamento hiperestático. Na viga 06, temos o comportamento hiperestático. Podemos, então, resumir:
As linhas de influência de estruturas isostáticas são compostas por trechos retos. As linhas
de influência de estruturas hiperestáticas, por sua vez, são compostas por trechos curvos.
É possível sabermos intuitivamente a posição crítica de uma carga para determinado efeito
elástico sem a linha de influência? Com atenção e experiência, as análises estruturais ficam
claras, e muitos(as) engenheiros(as) têm condição de prever esse comportamento. Tente você
também! Escolha algumas vigas e estime as posições críticas. Confira sua resposta.
1. Romper o vínculo do esforço que se pretende avaliar. No caso do momento fletor, coloca-se
uma articulação (rótula), rompendo a continuidade da barra. No caso do esforço cortante,
substitui-se a continuidade por uma ligação que não transmita corte, mas transmita flexão.
No caso dos apoios, remove-se o apoio. No caso de isostáticas, a aplicação dessa etapa torna a
estrutura em uma cadeia cinemática, isto é, estruturas hipostáticas; no caso de hiperestáticas,
o grau de hiperestaticidade da estrutura é reduzido em 1.
2. Impor um deslocamento unitário no ponto de interesse. Para o momento fletor, imprime-
-se uma rotação unitária na rótula. Para o esforço cortante, impõe-se um deslocamento à
esquerda e à direita da seção de análise, e a soma de ambos resulta em um deslocamento
unitário. Para o apoio, impõe-se um deslocamento unitário.
252
UNIDADE 9
253
UNICESUMAR
P=1
A B C D
X1 X2
Descrição da Imagem: a figura mostra a viga ABCD, hiperestática, de quatro apoios, submetida a
um carregamento unitário P que transita sobre a viga. Abaixo, temos o sistema hiperestático, com
os momentos hiperestáticos X1 e X2 sobre os apoios B e C com rótulas.
Temos que os hiperestáticos serão descritos pelas rigidezes multiplicadas pelos seus
respectivos deslocamentos, conforme a equação :
Dessa maneira, como procuramos obter os valores da linha de influência dos hiperestáticos
( h.X1 e h.X 2 ), precisamos conhecer as linhas de influência para os deslocamentos d1o
e d20 ( di 0 ) (SUSSEKIND, 1980b). Então, procuraremos obter as linhas de influência
dos deslocamentos. Para chegarmos nos valores de d1o e d20 , precisamos considerar
combinação de P=1, com X1=1, e de P=1, com X2=1, lembrando que a posição de
P é variável. Porém, pelo teorema de Betti/Maxwell , temos que o deslocamento em
254
UNIDADE 9
uma seção genérica S devido a uma carga unitária X1=1 é numericamente igual ao
deslocamento em X1 devido a uma carga P=1 aplicada em uma seção genérica S,
matematicamente:
Pi dik = Pk dki
1.dik = 1.dki (1.12)
dSX = dXS
Isso nos permite concluir que: a linha de influência ( η.δ10 ) para o deslocamento d10 é
igual à elástica do sistema principal carregado com X1=1. Da mesma maneira, a linha
de influência ( η.δ20 ) para o deslocamento d20 é igual à elástica do sistema principal
carregado com X2=1 (SUSSEKIND, 1980b).
Segundo Sussekind (1980b), podemos, então, generalizar a linha de influência
em estruturas hiperestáticas como sendo a soma da linha de influência no sistema
principal — isostático — com as linhas de influência dos hiperestáticos:
Em que:
• h.E representa a linha de influência do esforço E para estrutura hiperestática.
• h.E 0 representa a linha de influência do esforço E para o sistema principal.
• Ei .h.Xi representa a linha de influência do esforço E para o hiperestático Xi.
255
UNICESUMAR
Para esse conceito de envoltórias ficar bem registrado, convido você a acompanhar o
traçado da envoltória de solicitações da viga da Figura 10. Trata-se de uma viga com
um carregamento permanente de 15,0 kNm, com vão de 6,0 m e um balanço de 2,0
m. Sobre a viga, deve transitar um trem tipo invertível — da esquerda para a direita
ou da direita para a esquerda — com cargas pontuais de 25 kN e 40 kN espaçadas
por 3 m e uma carga de multidão de 5,0 kNm.
256
UNIDADE 9
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga biapoiada ABCD, submetida a um carregamento permanente de 15,00
kN/m e a um carregamento móvel, o qual tem uma carga de 25 kN inicial e uma carga final de 40 kN, espaçadas por 3,0 m,
além de uma carga de multidão de 5,0 kNm. A viga tem vão ABC de 6,0 m e um balanço CD de 2,0 m
Aplicando, então, o roteiro usado para obtenção da envoltória de esforços, o primeiro passo seria a
análise dos carregamentos permanentes. Você pode realizá-lo sem grandes dificuldades, chegando
nos resultados ilustrados na Figura 11.
Descrição da Imagem: a figura mostra o momento fletor e esforço cortante da análise referente ao carregamento permanente
atuante sobre a viga da Figura 10. Tem-se o momento fletor nos pontos A, B, C, D com os valores de 0, 52,5, -30 e 0, respecti-
vamente. Quanto aos esforços cortantes, tem-se 40, -5, -50, 30 e 0, referentes aos pontos A, B, C à esquerda, C à direita e D.
Na sequência, deve-se definir os pontos de interesse a serem analisados e traçar suas respectivas linhas
de influência. Nesse exemplo, traçaremos as linhas de influência do ponto A, B, C e D para os esforços
de momento fletor e de esforço cortante. Os resultados estão ilustrados na Figura 12. Também, posi-
cionaremos o trem tipo sobre as regiões de maior influência, que causam maiores esforços na seção
analisada, a fim de obter os valores extremos dos esforços.
257
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a figura mostra algumas linhas de influência na viga ABCD. À esquerda, temos a linha de influência
do momento fletor e, à esquerda, a linha de influência do esforço cortante. Tem-se a ilustração de linhas de influência para
o ponto A, B C e D, a fim de se representar a envoltória dos esforços..
Então, procedemos com os cálculos dos esforços das cargas móveis. Para a linha de influência do ponto
A, avaliando o esforço cortante e o fletor, teremos:
M A,máx + = 0 • M A,máx − = 0;
(1.14)
QA,máx + = 40.1 + 25.0, 5 + 5.6 / 2 = 67, 5kN • QB ,máx − = 40. − 0, 333 + 5.2. − 0, 333 / 2 = −15, 0kN
No ponto B, temos:
M B ,máx + = 25.0 + 40.1, 5 + 5.1, 5.6 / 2 = 82, 5kNm • M B ,máx − = 40. − 1, 0 + 5. − 1,, 0.2 / 2 = −45kNm
QB ,máx + = 40.0, 5.3 / 2 = 30kN ; (1.15)
QB ,máx − = 25.0 + 5. − 0, 5.3 / 2 + 40. − 0, 5 + 5. − 0, 3333.2 / 2 = −25, 42kN ;
258
UNIDADE 9
Faz-se, então, a soma dos esforços das cargas móveis e dos esforços do carregamento permanente,
ponto a ponto. Para os pontos, A temos os esforços de cortante e flexão:
M A,máx + + M A, per = 0 + 0 = 0 • M A,máx − + M A, per = 0 + 0 = 0;
(1.18)
QA,máx + + QA, per = 677, 5 + 40 = 107, 5kN • QA,máx − + QA, per = −15 + 40 = 25kN ;
No ponto B:
M B ,máx + + M B , per = 82, 5 + 52, 5 = 135kNm • M B ,máx − + M B , per = −45 + 52, 5 = 7, 5kNm
(1.19)
QB ,máx + + QB , per = 30 − 5 = +25kN • QB ,máx − + QB , per = −25, 42 − 5 = −30, 4kN ;
Já no ponto C:
No ponto D, teremos:
Essas somas também podem ser feitas com o auxílio de uma tabela, como registrado na Tabela 2.
259
UNICESUMAR
C -50,0 / 30,0 -69,2/ 0,0 0,0 / 50,0 -119,2 / -50,0 30,0 / 80,0
Ao final, a envoltória deve ser representada graficamente, como na Figura 13. A região compreendida
entre a linha de envoltória superior e a linha de envoltória inferior corresponde aos esforços aos quais
a viga estará submetida, ou seja, temos os extremos de seu comportamento ao longo de sua vida útil,
coloquialmente, a faixa de “trabalho” da viga.
Esse gráfico é especialmente importante, pois permite que o(a) engenheiro(a) conheça diretamente
os esforços máximos e mínimos, que serão usados no dimensionamento estrutural do elemento.
Descrição da Imagem: a figura mostra a envoltória de esforços para o momento fletor e para o esforço cortante atuante
sobre a estrutura, conforme calculado anteriormente e registrado na Tabela 2. A região entre os valores máximos e mínimos
está representada por uma hachura em verde, representando a faixa de trabalho da estrutura.
260
UNIDADE 9
As linhas de influência são ferramentas muito importantes na análise de estruturas submetidas a cargas
móveis. Esses conceitos são muito aplicados em projetos de pontes rodoviárias, ferroviárias e passarelas,
pois permitem um entendimento prático e rápido do comportamento estrutural.
Nos escritórios de cálculo estrutural, utilizam-se diversos softwares de análises, e a grande maioria
resolve cargas móveis pelas linhas de influência. Poucos softwares fazem a análise testando todas as
posições possíveis, justamente por ser muito moroso. Isso tudo demonstra a importância do método de
Müller-Breslau e demais conceitos de análise estrutural para a formação de um(a) engenheiro(a) civil.
261
Nesta unidade, aprendemos sobre o comportamento de estruturas mediante a presença de
um carregamento móvel. Você pôde entender como a troca de posição da carga influencia no
comportamento e nos esforços atuantes na estrutura. Vimos a importância do conceito de linha
de influência e como ele poupa tempo na hora de se realizar os cálculos da análise estrutural.
O principal método para o traçado da linha de influência é o de Müller-Breslau, em que se rompe o
vínculo estrutural no ponto de análise, referente ao esforço que se pretende avaliar, e aplica-se um
deslocamento unitário. Como a estrutura isostática perdeu continuidade, passa a ser hipostática,
dessa maneira, a configuração deslocada da estrutura representa a linha de influência para esse
determinado esforço.
Você também acompanhou que esse método é universal e que também podem ser aplicados
em estruturas hiperestáticas, porém, nesse caso, a estrutura permanecerá, pelo menos, isos-
tática, portanto, deve se deformar ao invés de deslocar. Como se espera uma deformação,
percebe-se que o formato do gráfico da linha de influência deixa de ser reto em uma estrutura
hiperestática. Além disso, acompanhou como obter os esforços e posições críticas de uma car-
ga móvel referente à sua linha de influência. Por fim, foi apresentado o conceito de envoltória
de esforços, que seriam os valores máximos e mínimos de determinado esforço, referente às
solicitações que são esperadas durante a vida útil da edificação. Esses conceitos são de extrema
importância no exercício profissional. Além de saber fazer as contas, é fundamental entender
o conceito de linha de influência e envoltória de esforços, entender sua aplicação e condições
de contorno para poder aplicá-lo na resolução de problemas.
A fim de guardar esses conceitos, convido você a tentar relembrar os assuntos discutidos nesta
unidade. Procure fazê-lo sem consultar o livro, apenas com os conceitos que você se lembrar.
Se você não conseguir se lembrar de todos os detalhes, não se preocupe, é perfeitamente
normal, retorne à unidade e relembre. Procure fazer um mapa mental esquematizando os
conceitos, ele servirá de resumo para futuras consultas ao livro didático. Essa ferramenta
permite a compreensão dos conceitos e fixação do conteúdo simultânea à construção do
mapa. Procure registrar os detalhes que você julgar importante, ilustre os conceitos desta
unidade; para quando sentir necessidade, retornar e consultá-los.
262
263
1. As linhas de influência são ferramentas muito úteis para o(a) engenheiro(a), pois per-
mitem analisar uma estrutura de maneira simplificada e prática. Para aplicação correta
desse conceito, é necessário conhecê-lo. Assinale a alternativa que corresponde ao
conceito correto de linha de influência.
a) É um procedimento utilizado para analisar estruturas hiperestáticas, permitindo en-
contrar as suas reações de apoio e traçar os seus diagramas de esforços solicitantes
com base nos deslocamentos da estrutura.
b) O deslocamento em um ponto de uma estrutura é igual à primeira derivada parcial
da energia de deformação em relação a uma ação — força ou momento — que atua
no ponto e na direção do deslocamento.
c) Representa a região de trabalho da estrutura, isto é, um gráfico com os esforços má-
ximos e mínimos aos quais cada trecho da estrutura estará submetido.
d) Situação de máxima eficiência estrutural, conceito análogo ao de catenária, é a linha
na qual temos apenas esforços de tração ou compressão em uma estrutura.
e) Representa a variação de um determinado efeito elástico — por exemplo, uma reação
de apoio, um esforço cortante ou um momento fletor — em uma seção específica da
estrutura à medida que uma carga concentrada unitária a percorre.
264
Assinale a alternativa em que se tem o julgamento correto das afirmações.
a) Está correta apenas a afirmação I.
b) Está correta apenas a afirmação III.
c) Estão corretas as afirmações I, II e III.
d) Estão corretas as afirmações III e V.
e) Estão corretas as afirmações I, III e IV.
3. As linhas de influência são traçadas pelo método cinemático, conhecido também como
Princípio de Müller-Breslau, que foi formulado no final do século XIX.
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga com três apoios, uma rótula sobre um deles e um engaste à di-
reita. A seção de análise é a seção A, situada entre os apoios centrais. À esquerda dessa seção, temos uma rótula.
Avalie a viga anterior e escolha a alternativa que melhor corresponde ao formato da linha
de influência do momento fletor na seção A, considerando a aplicação do método ante-
riormente citado.
Fonte: o autor.
265
4. As linhas de influência são instrumentos muito importantes para determinar os es-
forços de cargas móveis em estruturas. Com essa ferramenta, é possível determinar
a posição crítica do carregamento móvel e o valor dos esforços de maneira prática.
Sabendo disso, avalie a linha de influência abaixo do momento fletor na seção A para
um trem tipo de uma carga pontual de 36 kN para baixo.
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra a linha de influência em uma viga com três apoios (B, C e D) e um engaste
E. A seção S de análise do momento fletor está entre os dois primeiros apoios (B e C). No balanço à esquerda
(1), temos um valor de -0,1515 da linha de influência. No ponto S, o valor é de 0,4646.
266
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma ponte de vigas horizontais apoiada em dois pilares vicinais. Um
caminhão preto deve transitar sobre ela. O caminhão está à esquerda, abaixo dele, temos a indicação de um
carregamento pontual P e o esquema estático da viga, apoiada em C e G. Os pontos de interesse ABCDEFGH
estão espaçados metro a metro ao longo do comprimento da viga.
267
UNIDADE 01
LEET, K. M. et al. Fundamentos da Análise Estrutural. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.
UNIDADE 02
BEER, F. P.; JOHNSTON, E. R. Mecânica dos Materiais. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2011.
LEET, K. M. et al. Fundamentos da Análise Estrutural. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.
SORIANO, H. L.; LIMA, S. S. Análise de Estruturas: método das forças e método dos deslocamentos.
2. ed. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2006.
UNIDADE 03
SORIANO, H. L.; LIMA, S. S. Análise de Estruturas: método das forças e método dos deslocamentos.
2. ed. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2006.
SUSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural: estruturas isostáticas. 4. ed. Porto Alegre: Editora
Globo, 1980. v. 2.
268
UNIDADE 04
ABNT. ABNT NBR 6118: projeto de estruturas de concreto: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT,
2014.
SUSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural: estruturas isostáticas. 4. ed. Porto Alegre: Editora
Globo, 1980. v. 3.
Referência on-line
¹Em: https://www.hilti.com.br/c/CLS_MEA_TOOL_INSERT_7127/CLS_CONCRETE_SCAN-
NERS_7127/r5042. Acesso em: 16 jul. 2021.
UNIDADE 05
LEET, K. M. et al. Fundamentos da Análise Estrutural. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.
MARTHA, L. F. Métodos Básicos da Análise de Estruturas. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2010. 318 p.
UNIDADE 06
LEET, K. M. et al. Fundamentos da Análise Estrutural. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.
MARTHA, L. F. Métodos Básicos da Análise de Estruturas. Rio de Janeiro: PUC-Rio. 2010. 318 p.
UNIDADE 07
ASBEA. Guia AsBEA: boas práticas em BIM. São Paulo: AsBEA, 2013. (Fascículo 1). Disponível
em: http://www.asbea.org.br/userfiles/manuais/a607fdeb79ab9ee636cd938e0243b012.pdf. Acesso
em: 19 ago. 2021.
ASSAN, A. E. Método dos Elementos Finitos: primeiros passos. Campinas: Editora da Unicamp,
2003.
269
BEER, F. P. et al. Mecânica dos Materiais. 7. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2015.
DUNCAN, J. M.; CHANG, C. Y. Nonlinear Analysis of Stress and Strain in Soils. Journal of the
Soil Mechanics and Foundation Division, v. 98, n. 5, 1970.
EMKIN, L. Z. Misuse of Computers by Structural Engineers — A clear and present danger. In:
STRUCTURAL ENGINEERING WORLD CONGRESS, 1998, San Francisco. Proceedings […].
New York: Elsevier, 1998. Disponível em: https://www.sefindia.org/forum/files/mis_use_compu-
ter_152.pdf. Acesso em: 20 ago. 2021.
NASA. Space Shttle Launch and Landing. [2021]. 1 fotografia. Disponível em: https://www.nasa.
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NÓBREGA, P. G. B. da. O Projeto Estrutural. In: NÓBREGA, P. G. B. Estrutura 2. [S.l.: s.n.], 2015.
Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1984079/mod_folder/content/0/ProfPe-
trus_Proj_Estrut.pdf?forcedownload=1. Acesso em: 10 ago. 2021.
PAIVA, J. B.; LINS, R. M.; SAMPAIO, M. S. M. Introdução ao Método dos Elementos Finitos. São
Carlos: USP, 2012. (Notas de aula).
UNIDADE 08
ABNT. ABNT NBR 7188: carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestre. Rio de Janeiro:
ABNT, 1982.
ABNT. ABNT NBR 7189: cargas móveis para projeto estrutural de obras ferroviárias. Rio de Janeiro:
ABNT, 1985.
ABNT. ABNT NBR 6123: força devido ao vento em edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 1988.
270
ABNT. ABNT NBR 8681: ações e segurança nas estruturas: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT,
2003.
ABNT. ABNT NBR 6120: ações para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro: ABNT,
2019.
NÓBREGA, P. G. B. da. O Projeto Estrutural. In: NÓBREGA, P. G. B. Estrutura 2. [S.l.: s.n.], 2015.
Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1984079/mod_folder/content/0/ProfPe-
trus_Proj_Estrut.pdf?forcedownload=1. Acesso em: 10 ago. 2021.
REIS, P. Filo: Cordados! Classe: Aves. Phisical Biologic, [2021]. Disponível em: http://cfb702materia.
blogspot.com/2011/09/filo-cordados-classe-aves.html. Acesso em: 11 ago. 2021.
SENADO FEDERAL. Senado homenageia Rede Sarah. Senado Notícias, 12 jun. 2015. Disponível
em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/06/12/senado-homenageia-rede-sarah.
Acesso em: 11 ago. 2021.
271
11 ago. 2021.
UNIDADE 09
272
UNIDADE 01
2. D.
g= 3.2 − 3 − 1= 2
Temos duas reações de apoio no ponto A, duas no ponto B e duas no ponto C. Ao todo: 3.2 = 6
incógnitas. Temos três equações de equilíbrio, e a rótula contribui com r= n − 1 equações.
Como apenas a barra horizontal chega à rótula, teremos duas barras, portanto r = 2 − 1 = 1
Assim, temos quatro equações, portanto, a estrutura é 6 − 4 = 2 vezes hiperestática.
3. E.
4. E.
No pórtico 1, ao se aplicar uma força vertical para baixo em A, percebe-se claramente que o
trecho tende a rotacionar. Mesmo que a estrutura esteja restringida e hiperestática, o trecho
BA é hipostático e pode se movimentar.
“Esse desnível quebra a continuidade da viga e não permite a passagem de momentos fletores
dos trechos DE para EF. Os demais trechos (BC, CD, DE) são contínuos entre si — permitem a
passagem de momentos”: significa que, sobre o P11, teremos uma rótula.
273
Assim, o esquema estático da viga fica como na figura a seguir:
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra a planta de formas de baldrames e blocos (idêntica à figura do enun-
ciado da questão) e, abaixo, temos o esquema estático da viga. Na planta de formas, temos seis eixos verticais
(A, B, C, D, E, F) e apenas um eixo horizontal (não nomeado), o qual coincide com a viga V4. A viga V4 — seção
12x30, linhas pretas cheias —, disposta horizontalmente, vai do eixo B ao eixo F, apoiada no pilar P8, P9, P11
e P12 — retângulos em linhas vermelhas, coincidentes com os eixos. A figura mostra um rebaixamento para
a viga V4 — seção 12x30 r30, linhas pontilhadas — entre os eixos E (pilar P11) e F (pilar P12), onde é possível
notar a passagem do esgoto pluvial e sanitário, representados por linhas verticais pontilhadas em azul e verde.
É possível observar blocos de fundação em cada pilar, representados por linhas pretas de menor espessura.
A figura registra, ainda, cotas das formas em diversos pontos de interesse. O esquema estático mostra que
o pilar P8 deve ser interpretado como um apoio do segundo gênero, e os P9, P10, P11 e P12, como apoio do
primeiro gênero. Mostra, ainda, um corte esquemático, demonstrando que, no trecho rebaixado (P11 a P12),
não ocorre a transmissão de momentos com os demais trechos, assim, Mr=0, ou seja, deve-se considerar uma
rótula no apoio P11.
Teremos, então, seis reações (incógnitas), três equações de equilíbrio e uma equação da rótula.
g = 2 + 1 + 1 + 1 + 1 − 1 − 3 = 2 , portanto, a viga é duas vezes hiperestática, mas, se avaliar-
mos o trecho EF separadamente, perceberemos que é uma viga biapoiada, sem continuidade,
portanto, isostática.
6. João deve procurar explicar suas preocupações para o projetista, e este, de posse de
todos os dados, poderá encontrar a solução mais completa, mas a primeira coisa a ser
pensada em uma situação dessas é aumentar o grau de hiperestaticidade da estru-
tura, para, no caso de um apoio falhar, ela conseguir redistribuir esses esforços. Para
fazê-lo, é preciso:
274
Aumentar o número de fundações disponíveis, dessa maneira, a estrutura terá mais opções de
redistribuição de carga.
Garantir continuidade e rigidez nas vigas baldrame, para que essas consigam transportar os
esforços às fundações.
Enrijecer as vigas e pilares, fazendo-os trabalhar como pórticos, diminuindo, assim, os efeitos
de eventuais recalques sobre a estrutura.
João deve pedir a seu projetista que aumente o grau de estaticidade da estrutura, tornando-a
mais hiperestática.
UNIDADE 02
1. B.
Esta afirmação se refere ao Teorema de Castigliano: “a derivada parcial da energia real de defor-
mação em relação a uma das cargas aplicadas é igual à deformação elástica segundo a direção
dessa carga”. É compreendido mais facilmente na equação ∆ = ∂U / ∂P .
2. D.
3. D.
Considerando uma força P aplicada sobre incrementos lentos e graduais em uma estrutura, ela
realizará um trabalho em função de suas deformações e deslocamentos. Essa condição costuma
representar estruturas reais, pois o processo construtivo é relativamente lento e sofre incre-
mentos graduais à medida que se constrói. Segundo o Teorema de Clapeyron, nessa situação,
a energia de deformação é metade do produto entre força e deslocamento.
4. C.
L 4 4
M .dx (−150 x).dx 150 x3 150.43
1∆ = ∫ M . = ∫0 2.108.5.10−4 = 3.105 = 3.105 = 0, 032m = 3, 2cm
( − x )
0
EI 0
275
5. A.
( +Vbx )
4 4 4 4
M 1 1 Vbx3 21,33
δ= ∫0 ( + x ) EI dx =
∫0 M EI dx = EI ∫0
−2
3, 2.10 = Vbx ² dx = = Vb
EI 3 0 104
3, 2
3, 2.10−2 2,133.10−3Vb =
= →Vb = 15, 0kN
0, 2133
UNIDADE 03
1. B.
2. C.
A afirmativa I é verdadeira, pois o Método das Forças depende dos trabalhos virtuais. A afirma-
tiva II é falsa, pois o Princípio da Reciprocidade não está relacionado ao Método das Forças. A
afirmativa III é verdadeira, pois o Método das Forças deve respeitar as condições de equilíbrio
e compatibilidade. A afirmativa IV é falsa, pois o Método das Forças deve respeitar as leis cons-
titutivas dos materiais.
3. C.
O Método das Forças pode ser aplicado em qualquer tipo de estrutura, desde que sejam con-
sideradas suas peculiaridades, por isso, a alternativa C deve ser considerada como incorreta.
276
4. D.
Temos um diagrama de momento fletor em formato triangular combinado com o mesmo dia-
grama, ambos com valores máximos de 1 kNm, assim, pela tabela de Kurt-Beyer, temos:
1 1 4
δ11
= M
= ML = 1.1.4
3 3 3
Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga engastada (em A) e apoiada (em B) com 4 metros de vão, sobre
os quais se distribuem um carregamento uniforme de 10 kN/m. Abaixo, temos a solução proposta, consideran-
do a rotulação do ponto A — onde teríamos o engaste — e a aplicação de um hiperestático M a ser calculado.
5. B.
80 4
EI .δ10 = EI .δ11 =
De posse dos valores de 3 e 3 , podemos determinar o valor do hiperestático M.
δ
Considerando as equações de compatibilidade δ10 − δ11.M =0 ∴ M = 10 . Dessa forma, o valor de M
80
δ11
será: 3 EI .
M = 20kNm
=
4
3 EI
Com o valor do momento no ponto A, é possível achar o valor da reação VB. Considerando o equilíbrio
dos momentos a partir do ponto A, temos: +20 − 10.4.4 / 2 + 4.VB =0 ∴VB =60 / 4 =15 KN
. Repare que o valor coincide com o resolvido no exercício 5 da aula anterior.
277
UNIDADE 04
1. A.
2. D.
A afirmação I é verdadeira, pois o Método dos Deslocamentos tem por incógnitas os desloca-
mentos de determinados pontos da estrutura. A afirmação II é verdadeira, pois o Método dos
Deslocamentos é baseado na superposição dos efeitos. A afirmação III é falsa, pois os vínculos
permanecem na aplicação do método. A afirmação IV é verdadeira, pois a estrutura é imobilizada,
travada, e, então, aplicam-se deslocamentos sobre os nós, os quais serão calculados.
3. D.
Descrição da Imagem: a figura mostra um pórtico com deslocalidades internas em C e D e com uma desloca-
bilidade externa em E, referente ao deslocamento vertical.
4. A viga 01, embora seja quatro vezes hiperestática, tem apenas uma deslocabilidade,
de tal forma que se espera que seja mais prático resolvê-la pelo Método dos Desloca-
mentos. A viga 02 pode ser resolvida pelo Método das Forças ou dos Deslocamentos,
pois tem um grau de hiperestaticidade e uma única deslocabilidade. Assim, qualquer
uma da solução escolhida deverá repercutir em quantidade de trabalho semelhante.
278
A Figura 2 exemplifica o conceito:
Descrição da Imagem: a figura mostra duas vigas: a viga 01 engastada nas extremidades A e C com um apoio
central B e a viga 02 com um apoio fixo e dois apoios móveis. Ambas submetidas a um carregamento distri-
buido. Abaixo, temos as reações de apoio de cada viga. Na viga 01, temos Ha, Va, Ma, Vb, Hc, Vc, Mc, 7 reações,
portanto, uma estrutura quatro vezes hiperestática. Na viga 02, temos Ha, Va, Vb, e Vc, quatro reações, sendo
que temos apenas um grau de hiperestaticidade. Abaixo temos, ainda, as deslocabilidades associadas, em que,
para ambas as vigas, temos apenas uma deslocabilidade interna D1 sobre o apoio B.
5. B.
CASO 0 — CARREGAMENTO
TRECHO AB:
0 ql ² 6.2² 0 ql ² 6.2²
M AB == = 2kNm; M BA =
− =
− −2kNm
=
12 12 12 12
TRECHO BC:
0 ql ² 6.4² 0 ql ² 6.4²
M BC == = 8kNm; M CB =
− =
− −8kNm
=
12 12 12 12
TRECHO CD:
0 ql ² 6.3² 0 ql ² 6.3²
M CD == = 4,5kNm; M DC =
− =
− −4,5kNm
=
12 12 12 12
COEFICIENTES BETA (TERMOS DE CARGA):
β10 = 0
M BA 0
+ M BC −2, 0 + 8, 0 =
= 6kNm
β 20 = 0
M CB 0
+ M CD −8, 0 + 4,5 =
= −3,5kNm
279
6. E.
EI = 104 kN .m²
TRECHO AB:
1 2.EI 2.104
M
= AB = = 104 kNm / rad
L 2
1 4.EI 4.104
M
= BA = = 2.104 kNm / rad
L 2
TRECHO BC:
1 4.EI 4.104
M
= BC = = 104 kNm / rad
L 4
4
1 2. EI 2.10
M
= CB = = 0,5.104 kNm / rad
L 4
TRECHO CD:
1 1
=
M CD 0=
kNm / rad ; M DC 0kNm / rad ;
COEFICIENTES DE RIGIDEZ:
1 1
k11 = M BA + M BC = 2.104 + 104 = 3.104 kNm / rad ;
1 1
k21= M CB + M CD= 0,5.104 + =
0 0,5.104 kNm / rad ;
TRECHO AB:
2 2
=
M AB 0=
kNm / rad ; M BA 0kNm / rad ;
TRECHO BC:
2.EI 2.104
= = = 0,5.104 kNm / rad
M 2
BC
L 4
4
2 4. EI 4.10
M
= CB = = 104 kNm / rad
L 4
TRECHO CD:
2 4.EI 4.104
M
= CD = = 1,33.104 kNm / rad
L 3
280
2.EI 2.104
= = = 0, 67.104 kNm / rad
M 2
DC
L 3
COEFICIENTES DE RIGIDEZ:
2 2
k12 =
M BA + M BC 0 + 0,5.104 =
= 0,5.104 kNm / rad =
k21 ;
2 2
k22 =M CB + M CD =104 + 1,33.104 =2,33.104 kNm / rad ;
7. B.
6, 0 + 3.104.D1 + 0,5.104.D2 =
0
−3,5 + 0,5.104.D1 + 2,33.104.D2 =
0
Em que as raízes para o problema são D1 = −2,33.10−4 rad e D2 = 2, 0.10−4 rad . Portanto,
corresponde à alternativa B.
M AB 2, 0 104.(−2,33.10−4 ) + 0.104.(2.10−4 ) =
=+ −0,33kNm . Resolve-se assim para
todas as barras. Resumidamente, apresentam-se esses valores junto ao gráfico dos
momentos fletores:
281
Figura 3 – Resolução da viga para o exercíco 8, diagrama de esforços e tabela de supeposição dos efeitos / Fonte:
o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra o diagrama de momentos fletores da viga, bem como as reações de
apoio e uma tabela com o cálculo dos esforços em cada ponto.
UNIDADE 05
1. A.
A ideia básica desse processo é a de que, como os nós de uma estrutura devem estar em EQUI-
LÍBRIO, a soma dos MOMENTOS aplicados pelas extremidades das barras que chegam a um
nó deve ser NULA.
2. E.
(4) Bloqueia-se o nó, e se repete o processo de redistribuição no próximo nó. Repete-se o pro-
cesso até atingir a precisão necessária.
(2) Considera-se que todos os nós são perfeitamente fixos e, portanto, são solicitados com os
momentos de engastamento perfeito. Aplicam-se esses momentos nos nós.
(1) Calcula-se o momento de engastamento perfeito de cada barra/nó, então se calcula o coe-
ficiente de ponderação dos momentos conforme a rigidez de cada barra.
(3) Permite-se a rotação um dos nós, redistribuindo o momento para barras/nós adjacentes, de
acordo com o coeficiente de ponderação dos momentos.
3. E.
kab 3=
= EI / L 3EI
= /1,5 2, 0.EI
282
=kbc 4=
EI / L 4.2 EI=
/ 4,5 1, 78 EI
Assim, temos:
2, 0
=γ ab = 0,53
2, 0 + 1, 78
1, 78
=γ bc = 0, 47
2, 0 + 1, 78
4. A.
−ql ² / 8 =
M AB = −15.1,5² / 8 =
−4, 22kNm; M BC =
ql ² /12 =
15.4,5² /12 =
25,31kNm
A diferença entre esses valores é de 21,09 kNm, assim 53% desse valor vai para o trecho AB e
47% para o trecho BC.
M BA1 =
−4, 22 − 21, 09.0,5294 =
−4, 22 − 11,17 =
−15,39kNm
M BC1 = 25,31 − 21, 09.0, 4706 = 25,31 − 9,93 = 15,39kNm
Descrição da Imagem: a figura mostra a aplicação do Processo de Cross. Sobre o apoio B, temos os coeficientes
de ponderação da barra BA e BC. O valor do desequilíbrio de B será (4,22-25,31=-21,09), assim 11,17 serão dis-
tribuídos para a barra BA, e 9,93 serão distribuídos para BC. Por fim, o nó deve se estabilizar em 15,39. Abaixo,
temos o diagrama de momentos fletores resultando em 15,40.
283
Quanto à reação de apoio RA, para obtê-la, podemos fazer o equilíbrio do momento em B:
5. B.
K=
AB 4 EI =
/ L 4=
/2 2
K=
BC K=
CB 4 EI =
/ L 4=
/4 1
K=
CD 4 EI =
/ L 4=
/ 3 1,33
K AB 2
γ ab= = = 0, 667
Σ( K AB + K BC ) 3
K BC 1
γ bc= = = 0,333
Σ( K AB + K BC ) 3
K CB 1
γ cb
= = = 0, 429
Σ( K CB + K CD ) 2,33
K CD 1,33
γ cd
= = = 0,571
Σ( K CB + K CD ) 2,33
Vide Figura 2.
6. A.
284
Figura 2 – Resolução para o exercício 6 / Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra a aplicação do Método de Cross na viga. Os momentos são redistribuídos
e são apresentadas as iterações do processo. Abaixo, temos os valores resultantes do processo e o diagrama
de momento fletor da viga.
UNIDADE 06
1. C.
Nos apoios, os deslocamentos são nulos e, por isso, já são conhecidos e deixam de ser incógni-
tas do problema. Assim, pode-se excluir as linhas e colunas referentes a esse deslocamento ou
adicionar um número muito grande na matriz de rigidez para obter um deslocamento muito
próximo a zero.
2. E.
I) Verdadeira.
Vi = A − Ra + ql / 2 =
− Ra + 12.6, 5 / 2 =
− Ra + 39kN
285
M i = A + Ma − ql ² / 12 =
+ Ma − 12.6, 5² / 12 =
Ma − 42, 25kNm
II) Verdadeira.
III) Falsa, pois temos um momento atuando no nó que será transmitido pela barra ABC, embora
não tenhamos reações de engastamento, pois é um apoio do segundo gênero.
IV) Verdadeira.
− Rb / 2 + ql / 2 =
V j=B = − Rb / 2 + 12.6,5 / 2 =
− Rb / 2 + 39kN
+ ql ² /12 =
M j=B = +12.6,5² /12 =
+42, 25kNm
3. A.
Utiliza-se a matriz de rigidez de vigas, a qual tem dois deslocamentos no nó inicial e dois desloca-
mentos no nó final, ao todo, temos quatro deslocamentos, portanto a matriz local é da ordem 4x4.
Vi 12 EI / l ³ 6 EI / l ² −12 EI / l ³ 6 EI / l ² δ i
M
i = 6 EI / l ² 4 EI / l −6 EI / l ² 2 EI / l θi
.
V j −12 EI / l ³ −6 EI / l ² 12 EI / l ³ −6 EI / l ² δ j
M j 6 EI / l ² 2 EI / l −6 EI / l ² 4 EI / l θ j
Quanto à matriz de rigidez global, teremos quatro nós na estrutura, cada um com dois deslo-
camentos, assim teremos uma matriz 8x8.
4. B.
A análise matricial de estruturas pelo método da rigidez direta baseia-se no método dos deslo-
camentos, em que as incógnitas são DESLOCAMENTOS. Nesse sentido, o processo de aplicação
do método é semelhante ao Método dos Deslocamentos, no entanto, a solução é feita PARA
TODOS NÓS de interesse. A estrutura é dividida em diversos elementos, compostos por nós
iniciais e finais, com seu comportamento sendo descrito MATRICIALMENTE. Posteriormente,
compatibiliza-se o comportamento de todas as barras pela MATRIZ DE RIGIDEZ GLOBAL.
5. Para resolver a estrutura, ela será dividida em três elementos: primeiro elemento com
2,0 m, segundo elemento com 4,0 m e terceiro elemento com 3,0 m. Faremos, então,
a elaboração da matriz de rigidez local de cada elemento.
286
Para o elemento 01, teremos os seguintes carregamentos nodais equivalentes:
−ql / 2 =
VA = −6.2 / 2 =
−6, 0kN
−ql ² /12 =
MA = −6.2² /12 =
−3, 0kNm
−ql / 2 =
VB = −6.2 / 2 =
−6, 0kN
M B = ql ² /12 = 6.2² /12 = +3, 0kNm
Vi = A E 01 =
−6, 0 + RA
M i = A E 01 =
−3, 0 + M A
Vi = B E 01 =
−6, 0 + RB / 2
M i = B E 01 = +3, 0
Como todos os elementos têm EI constante, podemos isolar essa variável da conta, resultando,
assim, nos seguintes valores:
12
= EI / l ³ 12
= EI / 2³ 1,5 EI
6=
EI / l ² 6= EI / 2² 1,5 EI
4=
EI / l 4= EI / 2 2, 0 EI
2=
EI / l 2= EI / 2 1, 0 EI
Vi = B E 02 = −12 + RB / 2 12
= EI / l ³ 12
= EI / 4³ 0,1875 EI
E 02
M i = B = −8, 0 6=
EI / l ² 6= EI / 4² 0,375 EI
Vi =C E 02 = −12 + RC / 2 4=
EI / l 4= EI / 4 1, 0 EI
M E 02 = +8, 0 2=
EI / l 2= EI / 4 0,5 EI
i =C
287
Dessa maneira, escrevemos a matriz de rigidez local do elemento 02:
Vi =C E 03 =−9 + RC / 2 12=EI / l ³ 12
= EI / 3³ 0, 444 EI
E 03
M i =C = −4,5 6=
EI / l ² 6=EI / 3² 0, 667 EI
Vi = D E 03 =−9 + RD / 2 4=
EI / l 4= EI / 3 1,333EI
M E 03 = +4,5 2=
EI / l 2= EI / 3 0, 667 EI
i=D
288
−6, 0 3, 0 0,5 θ 2 θ 2 −2,33 −4
= 3,5 EI . =
0,5 2,33 . θ ∴ θ 2, 0 .10 rad / kNm
3 3
Repare que os valores encontrados de deslocamentos são equivalentes aos calculados na
Unidade 4 e não poderiam ser diferentes, pois, essencialmente, o Método Direto da Rigidez
é apenas uma generalização do Método dos Deslocamentos. As reações de apoio podem ser
obtidas pelas próprias equações do sistema linear:
2,5kN ; M A =
VA = −0,333;VB =
21,375kN ;VC =
22, 458kN ;VD =
7, 667 kN ; M D =
−3,167 kN ;
Fonte: o autor.
6. Você deve montar sua própria planilha no Excel. Recomenda-se que faça por partes,
incialmente, para vigas com dois elementos, posteriormente, com três, até chegar
na viga de quatro elementos. Deve-se montar as matrizes locais de cada elemento e,
posteriormente, a matriz global, considerando a interação entre os nós. Lembre-se das
operações com matrizes usadas para resolver sistemas lineares.
UNIDADE 07
289
apenas a análise estrutural, cabendo ao engenheiro o processo de detalhamento. O
BIM é uma técnica de projeto — não apenas estrutural — em que o programa enten-
de determinado elemento com suas respectivas propriedades, podendo integrar às
análises diversas avaliações.
Fonte: o autor.
290
Descrição da Imagem: a figura mostra o diagrama de esforço fletor no muro de arrimo, juntamente com as
reações de apoio, para as situações citadas na figura do exercício. Em suma, temos alterações no diagrama. Na
ausência de apoios (situação a), o diagrama resulta em grandes valores de esforços (-224,0 kNm); na presença
do apoio (situação b, c, d, e e), o momento fletor se inverte, agindo valores postivos. À medida que a posição
do apoio desce, temos valores de menor intensidade nos diagramas e maiores reações de apoio no tirante.
Na situação d, temos momento na base de -40,6 kNm; momento positivo de +19,2 kNm; momento negativo
sobre o apoio de -11,8 kNm; no apoio, a reação é de 73,4 kN. Quanto às deformações, não são apresentandos
valores, mas a deformação do muro engastado e livre é significativamente superior aos demais, sendo que,
nessa situação, temos a menor deformação.
UNIDADE 08
2. D. O(A) arquiteto(a) deve ser informado(a) sobre a situação. É ele(a) que pode aprovar
qualquer alteração no projeto arquitetônico, portanto a decisão deve ser dele(a). O uso
de uma variação brusca na seção de pilares é muito problemático e pode ocasionar em
problemas sérios a uma edificação. O(A) engenheiro(a) até pode usar esse recurso em
situações muito especiais, mas não deve ser usada por não haver continuidade na peça.
Considerando o peso próprio ponderado pelo seu coeficiente em condição desfavorável frente
à ação variável do vento, teremos.
291
Fd ,3 =1,00.50 + 1, 4. − 65 + 0 =−41,0kN
Portanto, alternativa C.
5. A. A grande vantagem do sistema de forma ativa é que o formato da estrutura faz com
que os elementos trabalhem comprimidos ou tracionados, como nos arcos e pontes
penseis.
6. Você é livre para escolher qualquer outra obra, desde que preencha os requisitos A e
B. Apresentaremos apenas um exemplo.
a) Residência Hélio Olga: trata-se de uma obra de uma residência de 220 m² construída em
madeira nos anos 1990. O grande desafio do projeto era a inclinação do terreno de, aproxima-
damente, 100%. Isso dificultava muito a execução de uma obra pesada, e encareceria muito se
fossem adotados sistemas de contenção.
b) O sistema estrutural é de vetor ativo com as vigas e lajes sendo de massa ativa. Assim, a so-
lução adotada foi construir em madeira, por ser um material leve, com cabos de aço, formando
um sistema estrutural treliçado, em que o carregamento dos pisos e das lajes é transmitido
aos pilares por vigas. Então, a carga é suspendida pelos tirantes de aço (diagonais) para descer
por compressão nos outros montantes e pilares até se encontrar com os apoios na fundação.
Figura 1 – Casa Hélio Olga e o caminho das cargas e comportamento estrutural / Fonte: adaptada de LIMA, A. I. et al.
Descrição da Imagem: a figura apresenta uma residência em madeira, de formato moderno. A residência é
construída em um formato de triângulo escalonado invertido, ficando apoiada apenas pela ponta. O sistema
estrutural é de vetor ativo.
292
UNIDADE 09
1. E. As linhas de influência são gráficos que representam o efeito da posição de uma carga
sobre determinado esforço elástico perante uma estrutura, são muito importantes para
determinar os esforços críticos. As demais alternativas referem-se a outros conceitos.
2. E.
I) Correta.
III) Correta.
IV) Correta.
V) Falsa. Os conceitos de linha de influência são usados até hoje, inclusive por computadores.
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra a linha de influência resultante da aplicação do método de Müller-
-Breslau em A.
4. B.
Posicionando a carga sobre o ponto A, temos o valor do momento fletor máximo negativo:
36. − 0,1515 =
M S máx ,neg = −5, 45kNm
Posicionando a carga sobre o ponto S, temos o valor do momento fletor máximo positivo:
293
5. a) Avaliando-se o comportamento da estrutura mediante o carregamento permanente
e estático, podemos chegar nos seguintes valores de momento fletor de cada ponto
de interesse.
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra os momentos fletores para o carregamento permanente atuante na
viga ABCDEFGH. No ponto A e H, temos momento fletor nulo. No ponto B e G, temos momento fletor de valor
-10 kNm. Em C, o momento é de -40,0 kNm; em D, é de -2,5 kNm; em E, é +15,0 kNm; em F, é 12,5kNm.
b) Deve-se elaborar a linha de influência do momento fletor para cada ponto de in-
teresse. Como esses pontos foram posicionados a cada metro, temos oito pontos
de interesse, portanto, oito linhas de influência a serem desenhadas. Esse processo
pode ser feito com o auxílio do software FTOOL. A figura a seguir mostra as linhas de
influência para cada ponto de interesse.
294
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra os momentos fletores para o carregamento permanente atuante na viga
295
Repare que, nas linhas de influência dos pontos A e H, os valores são nulos, portanto, o momento
fletor nesses pontos também é nulo para qualquer posição da carga.
−1, 0.50 =
M B ,máx − = −50kNm • M B ,máx + =
0kNm
−2, 0.50 =
M C ,máx − = −100kNm • M C ,máx + =
0kNm
−1,5.50 =
M D ,máx − = −75kNm;
+0, 75.50 =
M D ,máx + = 37,5kNm;
−1, 0.50 =
M E ,máx − = −50kNm;
+1, 0.50 =
M E ,máx + = 50kNm;
−0, 75.50 =
M F ,máx − = −37,5kNm;
M
= F , máx + 0,=
75.50 37,5kNm;
296
−1, 0.50 =
M G ,máx − = −50kNm • M G ,máx + =
0;
−50 − 10 =
M B ,máx − + M B , per = −60kNm • M B ,máx + + M B , per =−
0 10 =
−10kNm
Já no ponto C:
−100 − 40 =
M C ,máx − + M C , per = −140kNm • M C ,máx + + M C , per =
0 − 40 =
−40kNm
No ponto D, teremos:
−75 − 2,5 =
M D ,máx − + M D , per = −77,5kNm • M D ,máx + + M D , per =
37,5 − 2,5 =
35kNm
No ponto E, teremos:
−50 + 15 =
M E ,máx − + M E , per = −35kNm • M E ,máx + + M E , per =
50 + 15 =
65kNm;
No ponto F, teremos:
−37,5 + 12,5 =
M F ,máx − + M F , per = −25kNm • M F ,máx + + M F , per =
37,5 + 12,5 =
50kNm;
No ponto G, teremos:
−50 − 10 =
M G ,máx − + M G , per = −60kNm • M G ,máx + + M G , per =−
0 10 =
−10kNm;
Esses valores são representados na figura e tabela para melhor visualização do leitor. Observan-
do-os, podemos perceber que os momentos solicitantes, negativo em C e positivo em E, ultra-
passarão a resistência da viga, portanto, são regiões em que é necessário o reforço estrutural.
Perma-
Carga móvel Envoltória
nente
PON-
TO M i ,env − (kNm) M i ,env + (kNm)
M i , per (kNm) M i ,máx − (kNm) M i ,máx + (kNm)
M i ,máx − + M i , per M i ,máx + + M i , per
297
D -2,5 -75,0 +37,5 -77,5 +35,0
Resistência
M R ,− = −90kNm M R ,+ = +60kNm
Fonte: o autor.
Descrição da Imagem: a figura mostra uma ponte de vigas horizontais apoiada em dois pilares vicinais. Um
caminhão preto deve transitar sobre ela. O caminhão está à esquerda. Abaixo dele, temos a indicação de um
carregamento pontual P e o esquema estático da viga, apoiada em C e E. Os pontos de interesse ABCDEFGH
estão espaçados metro a metro ao longo do comprimento da viga. Há uma marcação em formato oval na cor
vermelha na face superior do ponto C da viga e na parte inferior do ponto E, indicando a necessidade de reforço
em relação ao momento máximo negativo e positivo, respectivamente. Acima da viga, é apresentada a envoltória
de esforços, com os valores máximos e mínimos de momento fletor para cada um dos pontos de interesse.
298
299
300