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MECÂNICA DOS SOLOS E


GEOTECNIA
GEOLOGIA DE ENGENHARIA
Autor: Me. João Vitor Rodrigues de Souza
Revisor: Suely Medeiros Gama

INICIAR

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introdução
Introdução
Na Engenharia, o solo apresenta um papel fundamental, atuando como matéria-prima para
construção, como material natural ou mesmo na forma in natura .  Assim, para elaborar projetos e
realizar obras com segurança e economia, torna-se indispensável conhecer suas características de
identificação e de classificação, que em geral são as propriedades de engenharia de um solo.

Este capítulo abordará os conceitos básicos que envolvem o solo. Apresentaremos um breve
histórico dessa área da ciência; falaremos sobre os processos de formação de um solo; fatores que
atuam nas modificações físico-químicas dos minerais e rochas; formas e tamanho de partículas; os
conceitos básicos relacionados às propriedades físicas do solo.

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A História da Mecânica
dos Solos

Vamos começar esta unidade revendo um pouco da história dessa Ciência do Solo e do seu ramo
que mais especificamente aprofundaremos: a Mecânica dos Solos.

Desde os primórdios da civilização, o povo reconhecia a importância dos solos, e os costumes de


seus seguidores evoluíram em uma especial ligação com a “mãe terra”. Os povos Mesopotâmicos,
Egípcios, Indianos, Chineses, Astecas e Incas usavam o solo com a prática de agricultura e pastoreio,

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e, paralelamente, buscando decifrar seus segredos e aprender mais com ele. Foi nessa época que
surgiram as primeiras observações sobre o solo: o porquê de determinado cultivo desenvolver em
um local; a capacidade do solo em produzir (fertilidade); o porquê que um solo necessitava de mais
água que outro; e assim por diante. O conhecimento então deixava de ser algo compartilhado
igualmente entre todos, e passava a ser difundido entre estudiosos de diversas áreas da ciência.

Em 1776, o físico francês Charles Augustin de Coulomb estudou o problema das pressões laterais da
terra nas estruturas de retenção. Ele usou a teoria do equilíbrio de limites, que considera o bloqueio
do solo em falha como um corpo livre, a fim de determinar a pressão horizontal limitante da terra.
Foi a primeira obra de valor relacionada a essa área da ciência.

Quase 80 anos mais tarde, o também francês Henry Darcy estudou o fluxo de fluidos através de
filtros de areia utilizados no sistema de tratamento de água da cidade de Paris. Através de seus
experimentos, descobriu que a vazão era proporcional à diferença de pressão ao longo do fluxo, à
área da seção do conduto e a uma constante característica do meio poroso e do fluido, além de
inversamente proporcional ao comprimento do conduto. Tal descoberta foi de suma importância e
explica, até hoje, alguns fluxos hidráulicos como filtros, reservatórios de petróleo e aquíferos.

No início do século XX, Albert Mauritz Atterberg abordou os primeiros mecanismos de limites de
tamanho de partícula. Propôs uma classificação das argilas de acordo com a consistência, usando a
água como parâmetro limitante (índice de plasticidade, limite de plástico e limite de líquido). A escala
granulométrica Atterberg ainda permanece sendo utilizada como referência.

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No ano de 1925, o Prof. Karl Terzaghi publicou o seu famoso livro Erdbaumechanik. A obra constitui
um marco decisivo na nova orientação a ser seguida no estudo do comportamento dos solos.
Àquela data, nascia a área da ciência chamada de Mecânica dos Solos, isto é, a mecânica dos
sistemas constituídos por uma fase sólida granular e uma fase fluida.

Diversas áreas da ciência se intercalam e, por vezes, sobrepõem campos de atuação. Assim, é
inevitável confundirmos qual a aplicação de determinada área. Na lista abaixo, conheça algumas das
áreas da ciência que abordam o conhecimento sobre a Terra em outras perspectivas:

Mineralogia: dedica-se ao estudo da composição química, propriedades físicas, estrutura,


aparência, estabilidade, ocorrência e associações dos minerais;
Geologia: aborda a descrição dos materiais que constituem o globo terrestre, o estudo das
transformações atuais e passadas que se processaram na Terra;
Geomorfologia: estuda a origem e a estrutura das formas de relevo, identificando as ações
naturais atuantes;
Edafologia: ramo da ciência que estuda a influência dos solos nos seres vivos, abordando
principalmente a interferência do uso da terra pela humanidade para o crescimento das
plantas.

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A Formação do Solo

O conceito de solo apresenta diferentes conotações, conforme o tipo de abordagem que se tem. Na
agronomia, por exemplo, entende-se como uma pequena espessura da superfície terrestre. Na
engenharia, é chamado de solo qualquer material proveniente da decomposição da rocha, escavável
com o auxílio de pás, picaretas ou escavadeiras. Por não ter um significado intuitivo, o conceito
usualmente utilizado é o da ABNT (NBR 6502), que o define como “Material proveniente da
decomposição das rochas pela ação de agentes físicos ou químicos, podendo ou não ter matéria

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orgânica” (ABNT, 1995), ou simplesmente, produto da decomposição e desintegração da rocha pela


ação de agentes atmosféricos.

A ação contínua do intemperismo tende a desintegrar e decompor as rochas, dando origem ao solo.
A forma mais conhecida concebe-as a partir de sua origem, isto é, a partir do processo que resultou
na formação dos seus diferentes tipos. Nessa divisão, existem três tipos principais: as rochas ígneas
ou magmáticas, as rochas metamórficas e as rochas sedimentares.

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Figura 1.1 - Os três grandes grupos rochosos e seus diferentes processos de formação
Fonte: Teixeira  et al.  (2009, p. 105).
Nos tópicos a seguir, entenderemos melhor os tipos de rocha, os conceitos que envolvem o
intemperismo e como os fatores atuam sobre as rochas para originar o solo.

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reflita
Reflita
Já parou para pensar como que são formadas as
montanhas? Ou mesmo os vales? Ou então, por
que que ocorrem terremotos?

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tudo isso está ligado às placas tectônicas. Os processos tectônicos constroem formas de relevo,
causando a elevação ou subsidência de material rochoso, de camadas da crosta terrestre, lavas
derretidas e até grandes massas que incluem toda a crosta e a parte superior do manto do planeta.
Em algumas áreas, esses processos resultam em altas elevações, como montanhas e planaltos. Em
outros, eles produzem depressões topográficas, como exemplificado no Vale da Morte no oeste dos
Estados Unidos, no Mar Morto no Oriente Médio ou na Depressão de Turfan no oeste da China.
Praticamente todas as áreas abaixo do nível do mar foram formadas por processos tectônicos.

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Intemperismo
O intemperismo é entendido como um conjunto de modificações de ordem física, química e
biológica que as rochas sofrem na superfície da Terra. Os produtos resultantes do intemperismo são
friáveis e sujeitos às forças que atuam na superfície terrestre, podendo se deslocar. Assim o material
pode sofrer erosão, transporte e sedimentação.

Intemperismo Físico
O principal mecanismo físico intempérico que atua em rochas e minerais é a desintegração. Como o
próprio nome sugere, quando o material de origem é submetido a algum evento físico (choque,
queda etc.), ocorre uma desagregação dos minerais em tamanhos cada vez menores, mas sem
qualquer alteração das características químicas do mineral. Com a redução do tamanho das
partículas, a superfície de contato aumenta, o que possibilita que haja maior interferência do
processo no mineral.

Existem, basicamente, três mecanismos físicos comuns que atuam como agentes intempéricos
físicos: variações de temperatura, alívio de pressão e ciclo de gelo/degelo.

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Figura 1.2 - Intemperismo físico ocasionado pela aridez climática


Fonte: ThorstenF / Pixabay.
Quando ocorre uma oscilação da temperatura - hora mais quente, hora mais frio - qualquer matéria
responde automaticamente a isso, dilatando e contraindo. Com as rochas, esse mecanismo não é
diferente. Esse processo de dilatar e contrair gerar fissuras, pequenas aberturas que, com o passar
do tempo (e intensidade do processo) vão alargando. Somado a isso, como vimos, a rocha é
composta por uma enorme quantidade de minerais. Cada um deles possui coeficiente de dilatação
próprio. Isso faz com que cada mineral presente na rocha se comporte de determinada forma às
variações térmicas. Todo esse processo é ainda mais acentuado em ambientes desérticos, locais
estes que apresentam uma amplitude térmica enorme, com dias quentes e noites frias. Além da
variação térmica, a umidade do ar, aliada à temperatura, também exerce uma forte ação
intempérica sob as rochas. Como vimos, a água pode percolar pela rocha, dentre os poros
existentes. Quando há uma redução da temperatura, essa água presente na rocha pode congelar.
Consequentemente, quando isso acontece, seu volume aumenta, exercendo uma força de expansão
no mineral. Tal força, dependendo da intensidade e do volume pode gerar a fragmentação do
mineral. Esse tipo de fragmentação é um dos principais problemas que afetam monumentos feitos
com rocha. Seja qual for a causa da fragmentação, ela sempre acaba facilitando a penetração da
água e o consequente intemperismo químico da rocha.

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Figura 1.3 - Esquema da formação do gelo e consequência degelo. Abaixo, bloco de gnaisse sofre
processo descrito
Fonte: Teixeira et al. (2019, p. 147).

Intemperismo Químico
As condições naturais de temperatura e pressão existentes na litosfera são, em suma,
extremamente diferentes das presentes nas camadas mais profundas da Terra. Como consequência,

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os minerais que se formaram nesses ambientes adversos tendem, quando atingem a superfície, a se
transformar em outros minerais, para se estabilizarem com o meio em que, agora, se encontram.

Essa transformação dos compostos minerais da rocha é resultado do intemperismo químico.   Ao


contrário do intemperismo físico, nesse processo ocorre uma alteração, reorganização e/ou
redistribuição dos minerais presentes na rocha. O intemperismo químico é mais comum em áreas
úmidas do que nas secas, uma vez que a água atua como o principal agente desse processo. A partir
dela, existem diversas reações que podem ocorrer, resultando em diferentes processos químicos
intempéricos.

A dissolução talvez represente o primeiro estágio do processo de intemperismo químico,


principalmente em rochas que contêm carbonato de magnésio ou carbonato de cálcio, duas
substâncias que são facilmente dissolvidas pela água ou outras soluções ácidas. Nesse processo, a
água atua como um poderoso solvente, promovendo a solubilização completa de minerais por
ácidos.

Quando misturada com água, essa reação resulta na hidrólise . O processo ocorre quando os
minerais de silicato reagem com a água, de modo que o mineral se recombina com a molécula de
água para formar um novo mineral. É o caso, por exemplo, do feldspato, que se transforma em
argila ao reagir com a água. Ao reagir com água levemente ácida, pode ser transformado em
caulinita, um mineral com característica argilosa. Existem subclassificações para o processo de
hidrólise, quanto à porcentagem da reação ocorrida: Total (eliminação da sílica e formação de oxi-
hidróxidos de alumínio e ferro) ou Parcial (Sialitização, Monossialitização ou Bissialitização).

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Já quando a água é absorvida pelo mineral, promovendo a formação de um novo material, ocorre o
processo de hidratação. A hidratação faz com que a rocha expanda seu volume, o que pode colocar
pressão sobre a rocha e torná-la mais vulnerável a outros tipos de intemperismo (incluindo
processos de intemperismo físicos). Os processos de gesso a partir de anidrita e a formação de
limonita a partir de hematita são exemplos de reação de hidratação.

A reação entre rochas e oxigênio é conhecida como oxidação .   A oxidação é a reação de uma
substância com oxigênio. Você provavelmente está familiarizado com a oxidação, porque é o
processo que causa a ferrugem. Assim como seu carro fica enferrujado pela oxidação, as rochas
também podem ficar enferrujadas se contiverem ferro. Você deve ter notado que o metal
enferrujado no seu carro é um pouco frágil; você poderia até cutucar seu dedo através de uma
mancha de ferrugem, se for grande o suficiente. Isso ocorre porque, quando o ferro reage com o
oxigênio, forma óxido de ferro, que não é muito forte. Da mesma forma, quando uma rocha é
oxidada, ela é enfraquecida e desmorona facilmente, permitindo que a rocha se quebre. O óxido de
ferro é caracterizado pelo tom vermelho, e isso explica por que algumas pedras parecem vermelhas.

Quando o dióxido de carbono presente no ar se dissolve na água, forma ácido carbônico. Embora o
ácido carbônico seja bastante fraco, pode causar uma forma de intemperismo químico conhecida
como carbonatação . A calcita, por exemplo, é um mineral de carbonato de cálcio composto de
cálcio, carbono e oxigênio. Quando reage com o ácido carbônico, o carbonato de cálcio se decompõe
em seus componentes, cálcio e bicarbonato. Esse tipo de intemperismo químico é particularmente
importante na criação de topografia cárstica, como cavernas e buracos. O calcário, que é
amplamente composto de carbonato de cálcio, reage com a água subterrânea. Quando a água

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quebra e dissolve a rocha, as cavernas se desenvolvem no espaço deixado no subsolo. Quando o


espaço subterrâneo fica muito grande, a terra na superfície pode entrar em colapso, originando
espaços sob a superfície.

Intemperismo Biológico
O intemperismo biológico consiste no enfraquecimento e subsequente desintegração de rochas por
plantas, animais e micróbios.

As raízes das plantas em crescimento podem exercer estresse ou pressão sobre as rochas. Embora o
processo seja físico, a pressão é exercida por um processo biológico (isto é, raízes em crescimento).

Os processos biológicos também podem produzir intemperismo químico, por exemplo, onde raízes
de plantas ou microorganismos produzem ácidos orgânicos que ajudam a dissolver minerais. A
atividade microbiana decompõe os minerais da rocha alterando a composição química da rocha,
tornando-a mais suscetível às intempéries.

Um exemplo de atividade microbiana é o líquen; líquen são fungos e algas, vivendo juntos em uma
relação simbiótica. Os fungos liberam substâncias químicas que decompõem os minerais das
rochas; os minerais assim liberados das rochas são consumidos pelas algas. Enquanto esse processo
continua, buracos e lacunas continuam a se desenvolver na rocha, expondo a rocha ainda mais a
intempéries físicas e químicas.

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Alguns animais escavadores também podem mover fragmentos de rochas para a superfície,
expondo-as a processos químicos, físicos e biológicos mais intensos e, assim, indiretamente,
aprimorando o processo de intemperismo das rochas.

Embora as intempéries física, química e biológica sejam processos separados, alguns ou todos os
processos podem atuar juntos na natureza.

Figura 1.4 -  Distribuição, no globo terrestre, dos diferentes tipos geoquímicos de intemperismo
Fonte: Toledo, Oliveira e Melfi (2009, p. 46).
A Figura 1.4 mostra a influência das zonas climáticas, aproximadamente paralelas às faixas
equatoriais, tropicais, temperadas e frias da Terra.

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Fatores de Influência na Formação do Solo


Conforme declarado no início deste capítulo, os solos evoluem sob a ação de influências biológicas,
químicas e físicas. Somado a isso, todos esses processos são dinâmicos, formando-se
continuamente por um longo período de tempo. Os tipos de solo diferem, dependendo dos
materiais originais de onde vieram e do ambiente circundante. Dessa forma, existem basicamente
cinco fatores fundamentais que influenciam as propriedades do solo.

1. Material de origem (rocha-mãe): O material original é o estado inicial da matéria sólida


que compõe o solo. Os tipos de materiais originais e as condições sob as quais eles se
decompõem influenciarão as propriedades do solo formado;
2. Clima: a variação sazonal pode interferir na temperatura e na precipitação. A temperatura
pode afetar a taxa de intemperismo e decomposição orgânica. Com um clima mais frio e
seco, esses processos podem ser lentos, mas, com calor e umidade, são relativamente
rápidos. Já a chuva dissolve alguns dos materiais do solo e mantém outros em suspensão.
A água transporta ou lixivia esses materiais através do solo. Com o tempo, esse processo
pode alterar o solo, tornando-o menos fértil;
3. Relevo: A forma, o comprimento e o grau de uma inclinação afetam a capacidade de
infiltração e drenagem do solo. O aspecto de uma inclinação determina o tipo de
vegetação e indica a quantidade de chuva recebida. Esses fatores mudam a forma como os
solos se formam;

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4. Organismos: À medida que o solo se forma, as plantas começam a crescer nele. As


plantas amadurecem, morrem e as novas substituem. Suas folhas e raízes são
decompostas ao solo. Os animais comem plantas e seus resíduos e, eventualmente, seus
corpos são adicionados ao solo. Todo esse processo muda o solo. Bactérias, fungos,
vermes e outras escavadoras quebram o lixo e restos de animais e restos de plantas,
tornando-os matéria orgânica.
5. Tempo: O tempo como fator de formação do solo não é uma propriedade do terreno nem
uma fonte de estímulo externo. É uma variável abstrata cujo significado é apenas um
marcador da evolução das características do solo. Certas características do perfil do solo
podem ser interpretadas como indicadores da passagem do tempo. Uma série de perfis de
solo cujas características diferem apenas como resultado da idade é um exemplo.

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Figura 1. 5 - Processo temporal de formação do solo (e de seus horizontes)


Fonte: Teixeira et al.  (2009, p. 114).

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atividade
Atividade
O material de origem, ao atingir a superfície terrestre, pode sofrer alguns processos intempéricos, como a
decomposição e desagregação , transformando-se em sedimentos ou material sedimentar, que podem ser
transportados para outras áreas. Os termos destacados fazem referência, respectivamente, aos
intemperismos:

a) Biológico e mecânico.
b) Orgânico e físico-químico.
c) Químico e físico.
d) Natural e antrópico.
e) Físico e Químico.

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Perfil e Classificação
Geotécnica do Solo

Quando se observa um poço do solo ou um corte do terreno em uma estrada, dá para perceber a
existência de várias camadas no solo. Essas camadas são chamadas de horizontes do solo . A
disposição desses horizontes em um solo é conhecida como perfil do solo . Os cientistas do solo,
também chamados podologistas, observam e descrevem os perfis e os horizontes do solo para
classificar e interpretar o solo para vários usos.

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Os horizontes do solo diferem em várias propriedades do solo facilmente visíveis, como cor, textura,
estrutura e espessura. Outras propriedades são menos visíveis, como conteúdo químico e mineral,
consistência e testes laboratoriais especiais. Todas essas propriedades são usadas para definir tipos
de horizontes do solo.

Figura 1.6 - Representação esquemática do recorte de um solo


Fonte: Lepsch (2012, p. 72).

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A Figura 1.6 é uma representação esquemática do recorte de um solo: desde a rochão-mãe (R) até o
regolito (tudo que está acima). O regolito divide em saprólito (C) e solum (camadas O, A, E e B).

Devido ao dinamismo dos processos que atuam na formação do solo, sua classificação pode ser
feita em relação à origem da rocha-mãe, em relação à influência da vegetação e do relevo.

Classificação Quanto à Origem


Quando os solos se formam por rochas encontradas no mesmo local da formação, ou seja, quando
a rocha que se decompôs e se alterou para a formação do solo se encontra no mesmo local do solo,
eles recebem o nome de solo in situ , eluviais ou residual . A composição mineralógica e
granulométrica, estrutura e espessura, dependem do clima, relevo, tempo e tipo de rocha de
origem. Regiões tropicais, como na maior parte do Brasil, o manto de solo residual, formado pela
decomposição das rochas com predomínio do intemperismo químico, apresenta, quase sempre,
espessura da ordem de dezenas de metros, enquanto que, em regiões com predomínio de clima
temperado, esse manto tem espessura normalmente de poucos metros (MARANGON, 2008).

Conforme a zona de intensidade de intemperismo, os horizontes do solo vão sendo formados


(conforme vimos no capítulo anterior). Porém, em solos residuais, o tempo de formação de
diferentes horizontes é gradativo e demanda maiores espaços de tempo. Assim, podem ser
subdivididos em:

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A. Residual maduro: situação em que o solo perdeu toda a estrutura original da rocha-mãe,
tornando-se relativamente homogêneo;

B. Residual jovem: ocorre quando o solo mantém a estrutura original da rocha-mãe, mas já perdeu
totalmente sua consistência. Visualmente pode ser confundido com uma rocha de alteração. Mas
através do tato, pressionando-se os dedos, pode-se observar que esse solo se caracteriza por
desintegrar completamente.

C. Solo de alteração: é quando o material proveniente das rochas se encontra em estágio avançado
de desintegração. Possui a estrutura original da rocha-mãe e a ela se assemelha em todos os
aspectos visuais perceptíveis, salvo na coloração. Pode ser descrito em relação pela textura,
plasticidade e consistência ou compacidade, com indicação do grau de alteração e, se possível, da
rocha de origem.

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Figura 1.7 - Corte de um solo, evidenciando a ocorrência do solo maduro e jovem


Fonte: Ivan Kulikov / 123RF.
Já quando os solos foram formados por rochas localizadas em outros lugares, esses recebem o
nome de aluvionar ou transportado . Os solos transportados são os que sofreram transporte por
agentes geológicos do local onde se originaram até o local onde foram depositados, não tendo ainda
sofrido consolidação. A ocorrência desse solo se dá graças a algum evento natural que possibilitou
seu transporte e sedimentação. Sua subclassificação, portanto, se dá em função do agente
transportador/sedimentar atuante, podendo ser:

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A. Coluvionar: é um tipo de material original transportador devido à ação gravitacional ou, em


alguns casos, devido à ação violenta da água, como por exemplo, durante enxurradas. Os depósitos
coluvionares consistem em fragmentos angulares de rochas afiadas e acumulados na base de
encostas íngremes. Nesses locais, como próximo a serras e cachoeiras, os mantos de solo residual
com blocos de rocha podem escorregar, sob a ação de seu próprio peso, durante chuvas violentas,
acumulando-se ao pé do talude em depósito de material detrítico, geralmente fofo, formando os
tálus .

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Figura 1.8 - Diferentes tamanhos de grãos que são formados e podem ser encontrados em depósitos
aluvionar
Fonte: Toledo, Oliveira e Melfi (2009, p. 26).
B. Aluvionar: consiste de materiais erodidos, remodelados, transportados e depositados pelos
cursos d’água nos seus leitos e margens. Geralmente é observado na parte inferior do curso de um
rio, formando planícies de inundação e deltas. Os depósitos aluvionares são formados por areia,
argila e cascalho e geralmente contêm uma grande quantidade de matéria orgânica, produzindo,
assim, solos muito férteis. Em algumas regiões, os depósitos podem conter ouro, platina ou pedras
preciosas, sendo ainda a principal fonte de minério de estanho.

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Figura 1.9 - Diferentes tamanhos de grãos


Fonte: Marangon (2008, p. 2).
A Figura 1.9 mostra os diferentes tamanhos de grãos que são formados e podem ser encontrados
em depósitos aluvionares. Quanto maior a distância do depósito em relação à rocha de origem,
menor o tamanho das partículas encontradas.

C. Eólico: São solos transportados e depositados pela ação do vento. Sua ocorrência se dá
principalmente junto à costa. São constituídos por areia fina, bem arredondada, ocorrendo na forma
de franjas de dunas, margeando a costa ou, quando os ventos são mais intensos, criando ambientes
desérticos.

Classificação Quanto à Influência Natural

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A classificação taxonômica do solo, proposta pelo United States Department of Agriculture - USDA
(traduzido - Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) infere uma divisão dependente do
relevo e, por consequência, da vegetação local.

Quando um solo se encontra bem desenvolvido a partir do material parental e da ação normal de
formação de sol do clima e dos organismos vivos, esse solo recebe o nome de zonal . Esses solos
são maduros, bem delineados e profundos, e geralmente cobrem uma ampla região ou zona
geográfica. Alguns exemplos de solo zonal são os latossolos, podzóis, solos de pradaria e desérticos.

Já os solos intrazonais se caracterizam por serem moderadamente desenvolvidos, determinados


por fatores relativamente locais (como a natureza do material original) que prevalecem sobre os
fatores normais de formação do solo de clima e organismos vivos (intemperismo). Esse grupo de
solo é facilmente encontrado próximo a margens de rios e mares. Por consequência, os dois grupos
intrazonais existentes são o solo salino e o solo hidromórfico.

Por fim, quando o solo não possui horizontes bem desenvolvidos devido à imaturidade ou outros
fatores que têm impedido o seu desenvolvimento, ele recebe o nome de azonal . De forma geral,
são solos rasos, com material rochoso de tamanhos maiores quando comparado aos outros dois
tipos, sendo facilmente encontrados próximos a encostas íngremes. Os solos aluviais (visto no
capítulo anterior) e os litossolos são dos exemplos de solo pertencentes a esse grupo.

Sistema Brasileiro de Classificação

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O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) é o sistema taxonômico oficial de classificação


de solos do Brasil. Desenvolvido pela Embrapa e compartilhado com várias instituições de ensino e
pesquisa do País desde 1970, o sistema utiliza de uma metodologia multicategórica e aberta, que
permite a inclusão e a possibilidade da classificação de todos os solos existentes no território
nacional.

Atualmente em sua 5ª edição (EMBRAPA, 2018), o SiBCS agrupa os solos brasileiros em seis níveis: 1º
nível categórico (ordens), 2º nível categórico (subordens), 3º nível categórico (grandes grupos), 4º
nível categórico (subgrupos), 5º nível categórico (famílias) e o 6º nível categórico (séries), carecendo
ainda de uma melhor definição. A seguir, é descrito resumidamente o processo adotado em cada
nível de classificação (EMBRAPA, 2018).

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Figura 1.10 - Hierarquia do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos


Fonte: Adaptada de Embrapa (2018).
1. Ordem: os solos são diferenciados conforme a presença ou ausência de determinados
atributos, horizontes ou propriedades, no tipo e grau de desenvolvimento dos processos
que atuaram em seu processo de formação;
2. Subordem: reflete a atuação de outros processos de formação de solo que agiram
conjuntamente ou afetaram os processos dominantes cujos atributos apresentam
diagnósticos já utilizados para separar os solos no 1º nível categórico;
3. Grandes grupos: são definidos em função do tipo e arranjo dos horizontes; atividade da
fração argila, condição de saturação do complexo sortivo por bases, por alumínio ou por

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sódio e/ou presença de sais solúveis; presença de horizontes ou propriedades que


restringem o desenvolvimento das raízes e afetam o livre movimento da água no solo.
4. Subgrupos: podem ser divididos em típicos (quando não são necessariamente os de
ocorrência mais extensiva, nem representam o conceito central do grande grupo ao qual
pertencem), intermediários (quando propriedades podem ser resultantes de processos
que levam um dado solo a se desenvolver a partir ou na direção de outra classe de solo,
ou ainda, que têm propriedades intermediárias para outras classes);
5. Família: função das características e propriedades morfológicas, físicas, químicas e
mineralógicas importantes para uso e manejo dos solos;
6. Série: ainda objeto de discussão, esse nível hierárquico caracteriza o solo em função do
crescimento de plantas, principalmente no que concerne ao desenvolvimento do sistema
radicular, às relações solo-água-planta e às propriedades importantes nas interpretações
para fins de engenharia, geotecnia e planejamento ambiental.

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atividade
Atividade
O solo corresponde à fina camada de material que cobre a superfície da Terra, formado a partir do
intemperismo que atua sobre as rochas. À medida que se desenvolvem ao longo do tempo, as camadas (ou
horizontes) formam um perfil de solo. A figura a seguir ilustra um corte feito, demonstrando os estratos
existentes.

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Figura - Camadas do Solo


Fonte:Brgfx / Freepik.
De acordo com o perfil apresentado,pode-se afirmar que:

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a) O horizonte B se caracteriza por apresentar baixo grau de desenvolvimento e fertilidade, sendo


um dos primeiros horizontes a se formar.
b) O horizonte R (ou rocha-mãe) é o horizonte de composição essencialmente mineral. Ele é
formado pela acumulação de argila e também de oxi-hidróxidos de ferro e alumínio.
c) O horizonte C corresponde à transição entre solo e rocha, apresentando, normalmente, em seu
interior, fragmentos de rocha não alterados.
d) O horizonte A é a zona de transição entre o solo e a sua rocha formadora, sendo chamado
também de saprólito . É formado por alguns sedimentos maiores e menos decompostos,
representando o processo de decomposição da rocha.
e) O horizonte O corresponde ao acúmulo de material orgânico que é gradualmente decomposto e
incorporado aos horizontes inferiores, acumulando-se nos horizontes B e C.

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Física do Solo I

Conforme vimos nos capítulos anteriores, as características mudam muito de um local para outro, e
são constituídas por uma mistura complexa de sólidos, líquidos e gases. Assim, é importante
reconhecer quais as propriedades que elas vêm a apresentar, conforme sua composição. Neste
capítulo, iniciaremos o estudo sobre as propriedades e os processos físicos de um solo, abordando
os assuntos mais simples, como tamanho das partículas, textura, granulometria, estrutura,
densidade e porosidade. Esses estudos são de fundamental importância, uma vez que as

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propriedades físicas do solo podem influenciar os seus processos químicos e biológicos e, por
consequência, na qualidade, aplicação e utilidade técnica dele.

Tamanho das Partículas e Distribuição


Uma das primeiras características evidentes do solo e que diferenciam os horizontes é o tamanho
das partículas que o compõem. Normalmente, pouquíssimos horizontes apresentam uma variação
do tamanho das partículas capaz de ser observada a olho nu: desde fragmentos de tamanho
microscópico, como argila, até os com alguns centímetros, como cascalhos e calhaus.

Como a variação de tamanho pode ser muito grande, faz-se necessário relativizar de acordo dentro
de uma faixa. Nesse conceito, entra a textura , que compreende justamente o tamanho relativo (e
sua distribuição) das partículas que formam a fase sólida do solo. No Brasil, a NBR 6502 (ABNT,
1995) define os limites das frações de solo pelo tamanho dos grãos.

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Tabela 1.1 - Análise Comparativa dos tamanhos relativos das frações granulométricas
Fonte: Adaptada de ABNT (1995).

Denominação Tamanho (mm) Comparativo

Matacões > 200 ---------------

Calhaus 200 - 20 dentes humanos

Cascalho 20 - 2 moedas brasileiras

Areia grossa 2 - 0,2 percevejo aquático

Areia fina 0,2 - 0,05 fio de cabelo

Silte 0,05 - 0,002 escama de asas de borboleta

Argila <0,002 cabeça de alfinete

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Uma forma de caracterizar o solo, ainda em campo, é através da identificação visual e tátil.
O benefício dessa análise é compreender, de maneira rápida, as características principais
do solo, utilizando os sentidos do corpo. Alguns desses testes podem ser feitos da
seguinte forma:

1. Aspereza: esfrega-se uma porção de solo na mão p/ sentir a aspereza. Areia:


elevada aspereza; Argila: baixa aspereza;
2. Plasticidade: molda-se cilindros ou bolinhas com solo úmido. Argila: moldável
(elevada plasticidade); Areias e silte: não são moldáveis (baixa plasticidade);
3. Resistência: pressiona-se entre os dedos uma porção de solo para desagregar
os torrões. Argilas: resistentes; Siltes: média resistência; Areia pura: baixa
resistência (não formam torrões).

Quando levada para laboratório, a amostra de solo, depois de coletada, é seca ao ar,
destorroada e passada por uma peneira com malha de 2 mm, com intuito de reter as
raízes e partículas com diâmetros maiores que esse. O material retido então é lavado e
pesado, para se calcular a quantidade de partículas com diâmetro maior que 2mm.

A partir desse ponto, um dos métodos mais utilizados para efetuar a caracterização do
solo é a análise granulométrica. Nesse processo, uma massa conhecida de solo (peso
seco) passa por um conjunto de peneiras, de diâmetros diferentes (conforme NBR
5734/1980). Durante um período de 10 a 15 min, as peneiras são agitadas mecanicamente,
com intuito de fazer com que as partículas de diâmetros menores que a peneira caiam,

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sucessivamente, até determinado diâmetro de corte. Caso a partícula tenha um diâmetro


inferior a todas as peneiras utilizadas, a massa final ficará retida no prato, sendo essa
massa também contabilizada para caracterizar a amostra estudada.

Figura 1.11 - Agitador eletromagnético de peneiras que pode ser utilizado no processo
Fonte: Marangon (2008, p. 2).

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Figura 1.12 - Conjunto de peneiras com diâmetros diferentes


Fonte: Marangon (2008, p. 2).
Veja algumas definições importantes:

Massa acumulada: refere-se à soma das massas retidas nas peneiras superiores,
com a massa retida na peneira em estudo;
% passada: razão entre a massa do solo que passa em cada peneira e a massa
total seca da amostra;

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% retida: razão entre a massa retida numa determinada peneira e a massa total
seca da amostra;
Diâmetro máximo: corresponde ao número da peneira da série normal na qual a
porcentagem acumulada é inferior ou igual a 5%, desde que essa porcentagem
seja superior a 5% na peneira imediatamente abaixo;
Diâmetro efetivo: diâmetro correspondente a 10% das partículas menores que
ele, mensurado através da massa total. Basicamente caracteriza a porção de
finos presente no solo;
Coeficiente de uniformidade (Cu): definido pela razão entre D60 e D10. Quanto
menor a razão, mais uniforme são as partículas que constituem o solo;
Coeficiente de curvatura (CC): caracteriza as partículas do solo em relação à
variabilidade de seus tamanhos, podendo ser observado através da curva
granulométrica.

Depois de realizado o procedimento, a quantidade de massas retidas em cada peneira,


bem como no prato, é quantificada. Depois disso, uma representação gráfica é realizada
com intuito de verificar o perfil granulométrico da amostra.

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Figura 1.13 - Perfil granulométrico e curva obtida conforme o tipo de amostra estudada
Fonte: Varela (s.d., p. 2).
Quanto maior for o valor de Cu mais bem graduado é o solo. Solos que apresentam Cu ≅ 1
possuem uma curva granulométrica em pé, indicando um solo mal graduado – Curva C .
Se o valor de CC for menor que 1, a curva será descontínua com ausência de grãos,
indicado pela Curva B . Dificilmente ocorrem areias com valores de CC fora do intervalo de
1 a 3. Já a Curva A indica uma boa distribuição granulométrica da amostra estudada.

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A partir dos agrupamentos de solo obtidos na análise granulométrica, é possível


caracterizá-lo em função do percentual de argila, silte e areia presente na amostra.

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Figura 1.14 - Guia para grupamento de classes de textura


Fonte: Embrapa (2018, p. 47).
Os contrastes texturais entre horizontes dos solos são expressos por notação binária ou
ternária, na forma de frações, como, “textura média/argilosa” (binária) e “textura
arenosa/média/muito argilosa” (ternária). Podem ser utilizados nas várias classes de solos
para indicar variações das classes texturais em profundidade (EMBRAPA, 2018).

Estrutura e Agregados
As partículas presentes no solo podem se organizar em unidades maiores, através de um
processo de agregação , que gerará os agregados. Essa estrutura pode ter tamanho, forma
e estabilidade variada, e está associada ao conjunto de interações mineralógicas, químicas
e biológicas que atuam sobre o solo.

O tamanho e o grau de desenvolvimento dos agregados do solo são indicadores de


processos envolvidos na degradação do solo, uma vez que influenciam diretamente na
infiltração, retenção de água, aeração e resistência à penetração de raízes.

Para estudar esse parâmetro físico, a amostra pode ser submetida a vários ensaios
laboratoriais. Em suma, a metodologia empregada resume-se a mensurar sua distribuição,
agrupando-os em classes de diâmetros arbitrários e conforme a estabilidade medida. No
método do peneiramento úmido, por exemplo, uma porção de solo é colocado para ser

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peneirado (sequência com diâmetros diferentes) dentro d’água, durante um determinado


tempo. Os agregados que se mantiverem estáveis e permanecerem nas várias peneiras
são então secados e pesados. Com base nesses valores, é possível então calcular o índice
de estabilidade dos agregados: quanto mais bem estruturados, menos eles irão se
desfazer quando mergulhados.

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Tabela 1.2 - Distribuição de diferentes classes de agregados em perfis de solo com Horizonte B
Latossólico e Horizonte B Argílico
Fonte: Adaptada de Grohmann (1972, p. 49).

Classes de tamanhos de agregados (mm)

Profundidade
Horizonte 7-4 4-2 2-1 1 - 0,5 >0,5
(cm)

Latossolo Vermelho Eutroférrico

Ap 0-9 11 15 17 19 38

AB 9 - 28 27 26 19 12 17

BA 28 - 55 12 15 15 17 44

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B1w 55 - 85 8 13 14 17 48

B2w 85 - 100 3 6 9 18 67

Argissolo Vermelho-Amarelo

Ap 0 - 10 35 28 20 7 10

E 10 - 25 35 27 16 8 14

Bt 25 - 50 27 30 19 10 15

BC 50 - 90 20 27 20 12 22

Conforme pode ser visto na Tabela 1.2, o tipo do solo influencia diretamente na
granulometria do material e, por consequência, na distribuição percentual dessas
partículas ao longo da profundidade do solo.

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Densidade e Porosidade
A densidade e a porosidade são parâmetros intrínsecos, uma vez que estão
diretamente relacionados com a massa e o volume de constituintes do solo.

Quando uma partícula do solo não possui espaço poroso ela nada mais é do que
um pedacinho de rocha muito pequeno. O peso de uma partícula individual do
solo por unidade de volume é chamado densidade de partículas (Dp),
normalmente, a densidade expressa em unidades de gramas por centímetro
cúbico. Uma partícula, por exemplo, que apresente uma densidade da partícula
de 2,66 g/cm³ significa que a cada partícula de solo com 1 centímetro cúbico de
volume pesa 2,66 g.

A densidade de partículas desempenha um papel importante em nossa


compreensão e determinação de outras propriedades físicas, incluindo
densidade do solo e porosidade. Normalmente, varia em função da quantidade e
disposição dos minerais e orgânicos presentes no solo.

Contudo, a densidade mais útil para as aplicações agrícolas e estruturais do solo


é a densidade do solo (Ds), definida pela razão entre o peso seco e o volume de
solo. Basicamente, a diferença existente é que a densidade do solo considera os
sólidos e o espaço poroso, enquanto que a densidade de partículas considera
apenas os sólidos minerais.

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saiba mais
Saiba mais
A porosidade refere-se ao volume de vazios do
solo que podem ser preenchidos por água e/ou
ar, sendo, portanto, inversamente relacionada
à densidade aparente. Pode ser calculada
através da relação [(1 - (DS/DP)) x 100], sendo
seu resultado expresso em porcentagem.

A porosidade varia dependendo do tamanho e


agregação das partículas. É maior em solos
argilosos e orgânicos do que em solos
arenosos. Um grande número de pequenas
partículas em um volume de solo produz um
grande número de poros do solo. Menos
partículas grandes podem ocupar o mesmo
volume de solo, portanto, há menos poros e
menos porosidade. No pequeno experimento a
seguir, é possível verificar na prática o

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comportamento dessa propriedade tão


importante para o solo.

Fonte: Elaborado pelo Autor.

ACESSAR

O preparo do solo pode aumentar a densidade se quebrar os agregados e


permitir que o solo se separe para se compactar com mais força. A adição de
material orgânico, por exemplo, reduz a densidade do solo, pois o material
orgânico possui uma densidade menor que o solo. No entanto, as adições são
tipicamente tão pequenas em proporção ao peso do solo que não influenciam
acentuadamente em sua densidade do solo, exceto na interface solo-atmosfera.

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atividade
Atividade
Um estudante, durante a aula de geologia, pegou uma porção de solo na mão, umedeceu-a com água à
mostra, e a enrolou em formato de “cobrinhas”. Depois de um tempo, percebeu que a amostra ficou firme e
não houve quebra de suas estruturas. É possível afirmar que a textura predominante naquela porção de
solo é formada de:

a) Feldspato
b) Silte
c) Areia
d) Argilito
e) Argila

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indicações
Material
Complementar

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LIVRO

Manual de Métodos de Análise de Solo


Editora: Embrapa
Autor: Embrapa
ISBN: 85-85864-03-6
Comentário: O livro discute o uso de diferentes metodologias aplicadas
em análises do solo, apresentando todas as normas, técnicas e
procedimentos necessários em análises físicas, químicas, mineralógicas,
micromorfológicas e de matéria orgânica.

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FILME

Nosso Planeta
Ano: 2019
Comentário: O documentário, realizado pela Netflix, explora o Planeta
Terra de uma forma única, mostrando como os processos dinâmicos
atuam e moldam os continentes e oceanos continuamente, a todo
segundo. Uma ótima oportunidade de entender e aprender sobre a
formação do nosso Planeta.

TRAILER

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conclusão
Conclusão
O Planeta Terra é composto por um conjunto de processos dinâmicos e interligados, que moldam o
relevo continuamente ao longo do tempo. Entender como, por que e de que forma esses processos
atuam sobre a litosfera é essencial para a utilização do solo, essencial para as mais diversas
finalidades.

Nesta unidade, aprendemos que uma diversidade de arranjo e proporções de partículas sólidas,
líquidas e de gases, aliados a mecanismos físicos, químicos e biológicos resultam em uma variedade
de solos, que, por consequência, influenciará na possibilidade de uso e necessidade de um manejo
adequado, conforme a atividade que se pretenda desenvolver.

Na próxima unidade, abordaremos outros parâmetros físicos também importantes na


caracterização do solo; os principais mecanismos da engenharia aplicados na investigação do solo; e
como é feita a determinação da capacidade de suporte de um solo, antes que ele venha a se
romper.

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referências
Referências
Bibliográficas
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6502: Rochas e Solos. Rio de Janeiro:
ABNT, 1995.

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. Acesso em: 29 nov. 2019.

EMBRAPA. Atributos do Solo - Outros atributos. 2018. Disponível em:


https://www.embrapa.br/solos/sibcs/atributos-do-solo/outros-atributos . Acesso em: 2 dez. 2019.

EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) .   5. ed., rev. e ampl. Brasília:
EMBRAPA, 2018.

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GROHMANN, F. Superfície específica do solo de unidades de mapeamento do Estado de São Paulo. I


- Estudo de perfis com horizonte B textural e B latossólico. Bragantia , Campinas, v. 31, p. 145-165,
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LEPSCH, I. F. 19 Lições de Pedologia . São Paulo: Oficina de textos, 2012.

MARANGON, M. Geotecnia de Fundações . 2008. Disponível em:


http://www.ufjf.br/nugeo/files/2009/11/GF111-Formacao-Geologica-dos-Solos-2008.pdf . Acesso em:
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TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra . São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.

TOLEDO, M. C. M.; OLIVEIRA, S. M. B. de; MELFI, A. J. Da rocha ao Solo – Intemperismo e pedogênese.


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