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1 - INTRODUÇÃO

O solo é um ambiente da biosfera terrestre, onde ocorrem interações físicas,


químicas, e biológicas e se apresentam como áreas da crosta do planeta.
Constitutivamente, o globo terrestre é formado por várias camadas, conforme pode ser
mostrado nas imagens abaixo.
Estruturalmente, partindo do ambiente externo para o interno encontra-se
inicialmente a crosta terrestre que cobre a camada denominada manto, que por sua vez é
seguida da camada núcleo externo e depois na área central o núcleo interno
(COLTURATO, 2017).

1.1-AS CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DO PLANETA TERRA E A GÊNESE


DAS CAMADAS ROCHOSAS ENVOLVIDAS NA FORMAÇÃO DOS
DIFERENTES TIPOS DE SOLO.
A litosfera, também conhecida como crosta terrestre, encontra-se de forma
sólida e é a camada mais fina da terra, podendo variar de espessura. A litosfera é
formada por rochas: magmáticas, sedimentares e metamórficas, cuja composição é de
silício e alumínio e por esse motivo, comumente chamada de camada SIAL
(COLTURATO, 2017).
Logo abaixo da litosfera encontra-se o manto, seguido do núcleo externo e
posteriormente, o núcleo interno, totalizando quatro camadas, conforme mostrado na
FIGURA 1 (COLTURATO, 2017)
FIGURA 1- CAMADAS DA TERRA

FONTE: https://blogdoenem.com.br/litosfera-geografia-enem

A litosfera é a camada mais fina da terra, se apresenta de forma sólida e é


considerada a mais fria da terra devido a distância que a separa do núcleo externo. A
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espessura da litosfera pode variar entre 5 mil metros abaixo os oceanos e 72 quilômetros
abaixo dos continentes (COLTURATO, 2017).
O manto encontra-se no estado liquido com altas temperaturas que podem
chegar a quatro mil graus. Nesta camada são encontradas rochas derretidas.

FIGURA 2- CAMADAS ESTRUTURAIS DO PLANETA

FONTE: https://guaix.fis.ucm.es/~ncl/lucia_crespo/Latierra.html

A formação das rochas tem início a partir das lavas de vulcões, que quando
emerge na superfície solidifica-se levando a formação das rochas magmáticas. Sendo
assim, é visível a importância dos vulcões, embora haja controvérsias de que os vulcões
sejam uma ameaça catastrófica, podendo levar a mudança (COSTA, 2022)

FIGURA 3 – VULCÕES: A ORIGEM DAS ROCHAS MAGMÁTICAS

FONTE: https://canaltech.com.br/meio-ambiente/o-mundo-esta-preparado-para-a-proxima-super-
erupcao-vulcanica-224781/
1.2-O CICLO AS ROCHAS
O solo se forma sob uma camada de rocha matriz, que pode ser magmática,
sedimentar ou metamórfica, as quais estão inter-relacionadas no ciclo das rochas,
conforme mostrado na FIGURA 4.
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FIGURA 4 - CICLO DAS ROCHAS

FONTE: https://planetatellus.wixsite.com/planetatellus/single-post/2016/02/23/reciclagem-de-rochas-
como-o-planeta-transforma-sua-superf%C3%ADcie

O ciclo das rochas tem início a partir da convergência das placas tectônicas,
onde uma destas placas infiltra-se embaixo da outra. Neste processo, as rochas
magmáticas, metamórficas e sedimentares são levadas para as profundezas na crosta,
assim são formadas as montanhas, inclusive as Cordilheiras dos Andes são formadas
por este processo. Desta forma, as montanhas formadas passam pelos processos de
intemperismo, lixiviação e erosão, onde as partículas são desagregadas e transportadas
para o estipe das montanhas. Estes sedimentos vão sendo depositados e formando
camadas uma sobre as outras, após um longo período, estas camadas sofrem
soterramento e compactação formando as rochas sedimentares. Assim, quanto mais
camadas vão sendo depositadas, mais profundas ficarão as camadas anteriores devido ao
efeito da pressão exercida pelas camadas sucessoras (CATALDO, 2016).
As rochas sedimentares formadas sofrerão com a ação da temperatura e pressão
elevada, o que resultará no metamorfismo das rochas sedimentares. Com alta
temperatura as rochas se fundem dando origem ao magma, e este magma ao ser
solidificado resulta na formação da rocha magmática. E desta forma, um novo ciclo
inicia-se (CATALDO, 2016).

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FIGURA 5 - ESQUEMA REPRESENTATIVO DO CICLO DAS ROCHAS

FONTE: https://portefolio-geologia-biologia.webnode.pt/ciclo-das-rochas/

Se não existisse o ciclo das rochas, na composição da litosfera do planeta terra


haveria apenas rochas magmáticas, já que estas são provenientes da lava dos vulcões.
Sendo assim, pode-se compreender que os demais tipos de rochas só podem ser
formados a partir das transformações de rochas preexistentes e, de acordo com a
imagem abaixo é possível compreender que, as rochas sedimentares arenito e calcário
pode dar origem a rochas metamórficas quartzo e mármore, bem como uma rocha
magmática também pode dar origem a uma rocha metamórfica (RESENDE et al.,
2014).

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FIGURA 6 - FORMAÇÃO DAS ROCHAS METAMÓRFICAS POR EFEITOS DA PRESSÃO E DA
TEMPERATURA

FONTE: https://www.mundoecologia.com.br/natureza/quais-sao-as-caracteristicas-das-
rochas-metamorficas
Para contextualizar o tema desse trabalho um bom exemplo são as pesquisas
desenvolvidas pelo professor Edith Hammer do Departamento de Biologia da
Universidade de Lund, na Suécia, cujos resultados mostram que em uma colher de chá
de solo fértil existe mais micróbios do que pessoas na terra (HAMMER, 2021).

1.3-SOLO: CONTEXTO HISTÓRICO

Na antiguidade, os primeiros agrupamentos humanos viam o solo basicamente


como fonte alimentos, sem a preocupação em entender este recurso. Quando a
humanidade se sedentarizou, passando domesticar as plantas e animais, suscitou a
preocupação em conhece-lo melhor, em prol de aumentar a produção alimentícia. Esta
sabedoria preliminar sobre os solos estava diretamente relacionada a empiria e a
observação. É inegável que a transmissão deste conhecimento prático, de geração a
geração, condicionou a formação das primeiras grandes civilizações, como os
mesopotâmicos, incas e astecas (LEPSCH, 2011).

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Pode-se dizer que na idade média, os alquimistas contribuíram para nascimento
da ciência do solo, isto porquê, mesmo de modo errôneo, eles perceberam que o
processo de formação solo estava ligado a combinação de alguns fatores específicos
(terra, ar, água e fogo) (LEPSCH, 2010).
Em 1843 o químico alemão Justus Von Liebig, criou a “lei do mínimo”, que
tem como pressuposto a existência de nutrientes no solo imprescindíveis ao crescimento
vegetal, conhecido como macronutrientes (N, P, K, Mg, Ca e S), e que a ausência de um
destes nutrientes impede o crescimento adequado. Com isso, iniciou-se as práticas de
fertilização, aperfeiçoando as técnicas de cultivo (LEPSCH, 2010).
A escola Russa, décadas depois, foi responsável por uma grande revolução no que
se entende hoje como Pedologia. Vasily V. Dukuchaev, começou a comparar os solos
em campo e comparando os regolitos de duas regiões distintas, Ucrânia (clima frio e
seco) e Gorki (clima quente e úmido), constatou que os solos eram bastante diferentes e
afirmou que tal disparidade era condicionada pelo clima. Essa descoberta foi tão
importante para ciência da terra, quanto a origem das espécies para as ciências
biológicas (LEPSCH, 2010).
Além disso, Vasily V. Dukuchaev, individualizou o solo, diferenciando-o das
rochas e sedimentos e afirmou que os solos são estruturados por meio de “faixas
horizontais” que recebeu o nome de horizontes. Dukuchaev teve alguns seguidores, com
destaque ao Gedroiz e Glinka, que respectivamente, introduziu o conceito de capacidade
de troca catiônica (CTC) e publicou o manual básico da ciência do solo (LEPSCH,
2010).
Em 1924, foi fundada a Sociedade Internacional de ciência do solo. Três anos
depois, aconteceu o primeiro congresso internacional de ciência do solo, em
Washington (LEPSCH, 2011).
Quanto ao Brasil, sabe-se que a sociedade brasileira de ciência do solo (SBCS) foi
criada em 1947, após diversos eventos de cunho científico que tinham este corpo natural
como objeto de discussão (LEPSCH, 2011).
A década de 50 marcou o início dos levantamentos de solo realizado no país,
engendrado pela equipe do centro Nacional de Ensino e Pesquisa Agronômicas
(CNPEA-MA). Neste período, os pesquisadores já haviam percebido a necessidade em
padronizar a identificação e classificação do solo, tal necessidade fez com que os
mesmos se debruçassem em escrever um manual de métodos de Trabalho de Campo,
que foi lançado em 1963 (LEPSCH, 2010).

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Devido ao conhecimento ainda incipiente que o Brasil detinha sobre solos, o
manual foi pautado quase que integralmente no “Soil Survey Manual”, dos Estados
Unidos. Anos depois, algumas adaptações foram feitas para atender as peculiaridades do
pedológicas do Brasil, mas a base norte americana se manteve (SANTOS et al, 2015).
A EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), principal órgão
governamental responsável pela disseminação de informações sobre solo no Brasil, foi
criada em 1973, vinculada ao o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), no contexto histórico da ditadura militar. É importante ressaltar que neste
período o campo brasileiro estava passando por um intenso processo de modernização,
absorvendo as tecnologias advindas da Revolução Verde. A criação do órgão significou
o início de estudos sistemáticos voltados a produtividade agropecuária, transformando o
Brasil em um grande exportador de carne e grãos (EMBRAPA, 2020).

1.4-SOLO: CONCEITO E IMPORTÂNCIA NA BIOLOGIA


O solo é um recurso natural que possui funções biológicas, sociais, culturais e
ecológica. As suas diversas funcionalidades lhe atribuem a característica de ser um
componente primordial para a manutenção da vida (OLIVEIRA, 2011).
Dentre as inúmeras importâncias que este corpo natural tem, destaca-se o fato
de ser substrato e fonte de nutrientes para o crescimento das vegetações e produções
agrícolas. Ademais, a sua função de reservatório de água, fonte matéria-prima, aporte
para as atividades humanas e ambiente de biodiversidade edáfica reforçam sua
relevância (LEPSCH,2010).
Torna-se importante ressaltar que o solo também é fundamental para a
regulação climática, já que o mesmo dá aporte a vegetação, que por sua vez é
responsável pela absorção de gases de efeito estufa. Além de ser essencial para o ciclo
hidrológico, uma vez que é o caminho, por meio da infiltração, para o abastecimento
dos aquíferos (LEPSCH,2010).
Esta gama de funcionalidades, fez com que a ciência do solo se subdividisse
em áreas especializadas do conhecimento. Isso significa que os pesquisadores que tem o
solo como objeto de pesquisa podem investigar a química, física, microbiologia,
fertilidade, técnicas de manejo, dentre outras (LEPSCH,2011).
A busca por um conceito uniforme para os solos é tarefa árdua, isto porquê,
estes são objeto de estudo de inúmeras ciências e as definições existentes seguem os
interesses de pesquisa de cada área do conhecimento, não havendo uma definição

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universal para esse corpo natural. Santos et al (2015), ratifica esta premissa ressaltado
que:

“É bastante conhecida e difundida a importância do solo para a humanidade.


Defini-lo, entretanto, nem sempre é tarefa simples. Tanto que não existe uma
definição universalmente aceita para esse fim. A razão disso é, sem dúvidas,
a variação de interesse quanto à ampla possibilidade do uso dos solos, do
ponto de vista agrícola (produção de alimentos, madeiras, fibras,
medicamentos, etc.) ou não (material para aterros, fabricação de tijolos,
telhas, aquecimento de ambiente, entre outros)” (SANTOS et al., 2015, p. 1)

Lepsch (2011), demonstrou esta diversidade de entendimentos sobre conceitos


de solo pelos profissionais que atuam na Pedologia, sintetizando a descrição sobre a
forma de uma planilha mostrada a TABELA 1.

TABELA 1- CONCEITOS PROFISSIONAIS POR ÁREAS DE CONHECOMENTO

PROFISSIONAIS CONCEITO
Entendem o solo como parte de uma sequência de eventos do
Geólogo
chamado ciclo geológico;
Engenheiro de O solo é uma camada de material que cobre os minérios e precisa
minas ser removido;
No âmbito jurídico é, muitas vezes, sinônimo de “torrão natal”,
Advogado
como na expressão “solo pátrio”;
Historiador e Para estes profissionais o solo é como uma fonte de registro de
Arqueólogo eras passados”.
Os filósofos os compreendem como um objeto belo, muitas
Filósofo
vezes místico, relacionado às forças da vida
Os agricultores veem os solos como espaço de labuta diária,
Agricultor
onde lida com suas lavouras e de onde tirar a sua subsistência.
Fonte: Adaptado de Lepsch (2011), p. 3

Dentre tantas definições, esta pesquisa seguirá a perspectiva biológica e


utilizará com conceito base a classificação da EMBRAPA, órgão responsável pela
ciência do solo no Brasil. Sendo assim, o solo, segundo o manual de classificação dos
solos brasileiros:

“O solo que classificamos é uma coleção de corpos naturais, constituídos por


partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por
materiais minerais e orgânicos que ocupam a maior parte do manto
superficial das extensões continentais do nosso planeta, contêm matéria viva
e podem ser vegetados na natureza onde ocorrem e, eventualmente, terem
sido modificados por interferências antrópicas. (SANTOS et al, p. 27, 2018)”

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1.5-PRINCIPAIS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO
O solo é constituído basicamente por minerais, matéria orgânica, ar e água. Os
minerais advêm diretamente ou indiretamente do intemperismo das rochas e a matéria
orgânica é resultante da decomposição de restos de plantas e animais. Os minerais e a
matéria orgânica formam a parte sólida dos solos (SANTOS, 2018).

Já o ar e água, preenchem os poros do solo, que normalmente ocupam a metade


do volume do mesmo. A água que existe na fração do solo é chamada de solução devido
a quantidade de sólidos dissolvidos nela, o que a difere da água presente na atmosfera e
na hidrosfera, conforme mostrado na figura 7(LEPSCH, 2011).

FIGURA 7- COMPOSIÇÃO DO SOLO

Fonte: LEPSCH (2011, p.44)

As pesquisas sobre a gênese dos solos são essenciais para um entendimento


completo de suas propriedades químicas, físicas e mineralógicas. Lepch (2001) ressalta
a importância da pedogênese afirmando que:

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O entendimento da gênese do solo é base para seu mapeamento, sua
classificação e para muitos outros estudos. Se não tivermos algum
conhecimento de como o solo – no passado – se formou, não poderemos
saber – no presente – como preservá-lo ou prever – para o futuro – como ele
irá se comportar. (LEPSCH, p.272, 2011)
A gênese do solo é influenciada por alguns processos de formação, os quais são
responsáveis por originar todos os tipos de solos que existem, sendo os principais:
adições, transformações, remoções e translocações. A FIGURA 8 ilustra os processos
gerais que formam os solos.

FIGURA 8 PROCESSOS GERAIS DE FORMAÇÃO DO SOLO

Fonte: LEPCH (2011), p. 278

1.5.1. Adição

O solo é um sistema aberto que se encontra sob constantes ações de fluxos de


matéria e de energia. Por essa razão é um sistema dinâmico pois, a partir de processos
de adição, ao logo do tempo, dá origem ás diferentes camadas de solo. Na figura 9,
observa-se um exemplo de rochas nuas, ou seja, sem solo (EMBRAPA, 2020).

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FIGURA 9- ROCHAS NUAS, SEM ADIÇÃO DE PARTÍCULAS SOLO

FONTE: https://turismo.bahia.ws/wp-content/uploads/2013/01/Arquipelago-de-Sao-Pedro-Sao-
Paulo1.jpg

A formação do solo pelo processo de adição, segundo LEPSCH (2011) consiste


no acumulo gradual de componentes solido, liquido ou gasoso no solo, ao longo do
processo de formação. Exemplos dos principais são a água da chuva, a matéria orgânica,
minerais das rochas, os sedimentos – alúvios e colúvios – e resíduos antropogênicos
(LEPSCH, 2011).
De modo detalhado, pode-se perceber tal processo quando os restos de animais
e plantas decompostos, húmus são adicionados ao solo, lhe conferindo uma coloração
mais escura devido a concentração de carbono, sendo perceptível nos horizontes
superficiais. A FIGURA 10 demonstra o processo adição de matéria orgânica no solo.

FIGURA 10 - ROCHAS APRESENTANDO SOLO COM VEGETAÇÃO

FONTE: https://www.daninoce.com.br/viagem/o-que-visitar-na-ilha-de-sao-miguel-acores-portugal

O solo é a camada que recobre a superfície terrestre e são formados por meio
de intemperismo físico, químico e biológico das rochas. Sendo composto por, matéria
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orgânica, minerais ar e água. Além da fauna, flora e microbiota. De acordo com as
FUGURAS 11 e 12, pode –se constatar que o solo se forma por diversos fatores, mas o
tipo de relevo e o tempo irão interferir diretamente na espessura e dinâmica do solo.

FIGURA 11- EXEMPLO DE FORMAÇÃO DO SOLO SOBRE UMA ROCHA GNAÍSSE

https://revistapesquisa.fapesp.br/encontradas-na-bahia-as-rochas-mais-antigas-
daamerica-do-sul/#:~:text=Um%20grupo%20de%20pesquisadores
%20brasileiros,antigas%20da%20Am%C3%A9rica%20do%20Sul

FIGURA 12 – EXEMPLO DE FORMAÇÃO DO SOLO SOBRE ROCHA CALÁREA

FONTE: http://sigep.cprm.gov.br/propostas/Ehttp://sigep.cprm.gov.br/propostas/
Estromatolitos_Grupo_Itaiacoca_SP.htmstromatolitos_Grupo_Itaiacoca_SP.htm

1.5.2 Remoção
A remoção consiste na retirada de partículas superficiais ou internas do solo
que podem ocorrer por meio da erosão, do escoamento superficial e da lixiviação.

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O processo de erosão, segundo Grotzinger (2013), consiste no desgaste,
transporte e na deposição dos solos e das partículas das rochas por meio forças fluviais,
pluviais, glaciais, marítimas, eólicas e antrópicas. É um processo que ocorre
principalmente na superfície, atingindo os horizontes superficiais. Os ambientes de
relevo acidentados e com vegetação rala são mais sujeitos a erosão, tendo como
consequências principais a remoção superficial do solo, perda de biodiversidade,
diminuição da infiltração e o assoreamento dos canais de drenagem. De acordo com as
figuras abaixo.
FIGURA 13 - EROSÃO

FONTE:https://www.viagenspossiveis.com.br/parque-estadual-de-vila-velha-o-
que-fazer-e-como-chegar/parque-estadual-de-vila-velha-pr-23/

Segundo Grotzinger, 2013 a erosão é um dos processos de remoção de


partículas, os qual ocorre por etapas de desgaste, transporte e sedimentação, seja da
rocha ou do solo.
FIGURA 14- ESCOAMENTO SUPERFICIAL

FONTE: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/brumadinho-tragedia-faz-2-anos-sem-barragens-
desativadas-e-com-disputa-juridica/

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No escoamento superficial, inicialmente o solo e irrigado, posteriormente a
agua infiltra no solo, entretanto a medida com que a chuva vai caindo, o solo vai
perdendo a capacidade de infiltração de água, assim a agua começa as escoar
superficialmente e é aonde ocorrem grandes tragédias, conforme da Brumadinho em
Minas Gerais (MANNARINO, 2022).
O processo de lixiviação ocorre frequentemente em solos que passaram por
desmatamento, em terrenos com declividade ou em regiões tropicais, onde as chuvas
são mais intensas. Isso leva a formação de enxurradas que carregam os materiais do solo
para locais mais baixos, causando assim o empobrecimento do solo (Grotzinger, 2022)

FIGURA 15 – LIXIVIAÇÃO

FONTE: https://meioambientetecnico.blogspot.com/2013/05/lixiviacao.html

Dentre os possíveis exemplos de remoção ocorrida em um perfil de solo,


destaca-se a lixiviação. De modo sintetizado, o processo de lixiviação consiste na
retirada de solúveis orgânicos ou minerais do solo por meio da água que infiltra no
perfil e percola até os aquíferos (LEPSCH,2010)
Em regiões quentes e úmidas como o Brasil, este processo é muito atuante,
sendo responsável pela pobreza de nutrientes básicos na maior parte dos solos do país,
tendo os latossolos como principal exemplo.

1.5.3 Transformação
As transformações consistem nas alterações químicas e físicas que ocorrem no
interior do solo ao longo do seu processo de formação. Lepsch (2011) frisa que “o solo,
como um bom corpo dinâmico que é, está sempre passando por transformações, sejam
elas físicas, químicas, mineralógicas ou biológicas” p. 280

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Pode-se ressaltar a transformação de minerais primários (advindos da rocha)
por meio do intemperismo químico, físico e biológico em minerais secundários, tendo
as argilas como principal resultante desse processo (OLIVEIRA, 2011).
Para além, é interessante refletir sobre a influência dos microrganismos na
transformação de restos de animais e plantas em húmus, responsável pela coloração
escura nos horizontes superficiais, conforme mostrado na FIGURA 16

FIGURA 16- PROCESSO DE TRANFORMÇÃO DO SOLO

FONTE: https://twitter.com/pablodressel/status/137398743117169869

Outro exemplo considerável é a transformação de solo vermelho e profundo


(de características latossólicas) em um solo hidromórfico (com coloração acinzentada)
devido ao acumulo de água no perfil (OLIVEIRA, 2011).
Segundo Lima et al (2007), o processo de transformação é mais intenso nas
regiões quentes e úmidas do globo, uma vez que a água é fundamental para a ocorrência
do processo. Sendo assim, pode-se afirmar que os solos do Brasil foram intensamente
transformados além das perdas ressaltadas no item 1.3.3 ao longo do seu processo de
formação, condicionando solos bem desenvolvidos e pobres em nutrientes.

1.5.4 Translocação
Como o próprio nome sugere, a translocação consiste nos deslocamentos de
elementos no perfil do solo, sendo o principal fator que interfere e difere os horizontes
do solo (LIMA et.al, 2007).
Nesse contexto, pode-se ressaltar o transporte de minerais e compostos
orgânicos de um Hz para outro, podendo ser de cima para baixo (ex: transporte de

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húmus do Hz A para o Hz B) ou de baixo para cima (ex: transporte de sódio do Hz B
para o Hz A em locais de clima seco por capilaridade) (OLIVEIRA, 2011).
De acordo com as imagens abaixo pode-se constatar o deslocamento de
elementos que constituem o perfil do solo resultante da transposição de minerais e
compostos orgânicos de um local para o outro.

FIGURA 17- PROCESSO DE TRANSLOCAÇÃO DE ELEMENTOS DO SOLO

FONTE: https://www.ufrgs.br/ciencia/professor-fala-da-biodiversidade-e-das-ameacas-ao-bioma-pampa/
- Adaptado

FIGURA 18 – TRANSFORMAÇÃO DO SOLO PELO PROCESSO DE TRANSPORTE

FONTE: https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/ravinas-em-saurimo-estao-a-ser-estancadas

O Hz E é interessante de ser analisado sob esta perspectiva, devido ao intenso


processo de perda de nutrientes, húmus, alumínio e ferro que o mesmo sofre, o que por
consequência o confere uma colocação esbranquiçada como ilustrado pela FIGURA 19

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FIGURA 19- HORIZONTE E

Fonte: (RESENDE et al, 2014, p. 367)

1.6- FATORES QUE INTERFEREM NA FORMAÇÃO DO SOLO


Os solos são formados através do intemperismo – químico, físico e biológico –
que desagregam e decompõem as rochas ao longo tempo. Sendo assim, pode-se afirmar
que os agentes exógenos são os principais responsáveis pela formação dos mesmos
(OLIVEIRA, 2011).
Oliveira (2011) afirmou que o processo de formação dos solos é condicionado
pelo material de origem, clima, organismos, relevo e tempo, como demonstra a equação
abaixo desenvolvida por Hans Jenny em meados do século 20, que representa a síntese
do processo de formação dos solos.

Solo= f (clima, organismos, material de origem, relevo e tempo) F

Fonte: (LEPSCH, 2011, p. 282)


Em outras palavras, os organismos e o clima, agem sobre uma rocha matriz
durante um longo período de tempo, resultando no intemperismo e posteriormente na
pedogênese (LIMA et. al, 2007).

FLUXOGRAMA – ELEMENTOS QUE INTERFEREM NA FORMAÇÃO DO SOLO

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CLIMA

MATERIAL ORGANIS
DE
ORIGEM MOS

SOLO

RELEVO TEMPO

Fonte: a autora.

O clima e os organismos são considerados fatores ativos de formação do solo,


pois os mesmos adicionam energia e compostos químicos que auxiliam na gênese do
solo. Já o material de origem e o tempo, são fatores passivos, já que ambos não
acrescentam materiais que acelerem esse processo. O relevo, por sua vez, é o fator que
controla a formação do solo (LEPSCH,2010).
O solo pode ter como material de origem uma rocha, sedimentos aluviais (rios)
ou coluvionais (sedimentos advindos de outros lugares e depositado no sopé das
elevações). Os sedimentos aluviais originam as classes de solos hidromorficos
(neossolos flúvico e gleissolos). E as rochas e os depósitos coluvionares, formam as
outras onze classes de solo existente no Brasil (LEPSCH,2010).
Os diferentes tipos de rocha (ígnea, sedimentar e metamórfica) têm resistência
distinta ao intemperismo e consequentemente a formação solo. Isto faz com que nas
mesmas condições climáticas, ação dos organismos, de relevo e tempo, solos que se
formaram sob uma rocha difícil de ser intemperizada como quartzito, tenha um manto
de alteração muito menor do que o formado sob um calcário, que é uma rocha menos
resistente as alterações. É necessário ressaltar, que quanto menos desenvolvido for um
solo, mais ele se parecerá com a rocha matriz (RESENDE et.al,2014).
Os fatores climáticos, temperatura e precipitação, têm centralidade na
pedogênese, pois determinam a velocidade e o tipo de intemperismo. Assim sendo, o
grau de desenvolvimento do solo está diretamente relacionado a este elemento. A
precipitação pluvial é o meio principal de entrada de água no sistema e este elemento,
está associado a todos processos químicos, físicos e biológicos necessários a formação

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do solo, como o intemperismo químico, a instalação de seres vivos, a erosão e a
lixiviação (LEPSCH,2011).
A precipitação total e sua distribuição, a renovação da água no sistema e a sua
livre circulação condicionam complexas reações químicas, que estão fortemente ligadas
ao desenvolvimento pedogenético. A temperatura, segundo a lei de Vant’ Hoff, é
responsável por acelerar ou retardar as reações químicas, a cada 10ºC de aumento desse
fator climático, dobra-se a velocidade das reações. Em vista disso, quanto mais quente e
úmido for um clima, mais veloz será a decomposição das rochas e a posterior formação
do solo (LEPSCH, 2010).
Os regolitos dessas regiões, devido complexas reações químicas, serão bem
desenvolvidos, mineralógicamente constituído por minerais secundários (argilominerais
do tipo 1:1, óxidos de ferro e alumínio) ácido e pobre em cátions trocáveis. Ao passo
que em climas secos ou/e frios, os solos serão rasos, com predominância de minerais
primários (argilominerais do tipo 2:1) e com maior disponibilidade de nutrientes
(RESENDE et. al., 2014).
Essa relação solo/clima/vegetação é perceptível na comparação de mapas
mundiais de ambos fatores, sendo possível observar que os locais mais próximos da
Linha do Equador (baixa latitude), que têm por características maiores temperaturas e
altas taxas de pluviosidade, possuem, de forma geral, solos mais espessos, muito
lixiviados e vegetação densas e heterogênea. Já as regiões de latitude elevada, terão
solos rasos e com maior disponibilidade de nutrientes e vegetação rala e homogênea. A
FIGURA 9 exprimem as inter-relações supracitadas (LEPSCH,2011).

FIGURA 12-INTER-RELAÇÕES ENTRE SOLO, CLIMA E VEGETAÇÃO

Fonte: LEPCH (2011), p.

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Os organismos do solo são divididos em vegetais superiores e biota edáfica. As
plantas são fonte geradora de energia e matéria para o sistema solo, uma vez que,
transformam a radiação solar, por meio da fotossíntese, em energia química e adicionam
compostos orgânicos oriundos das suas partes aéreas e raízes. Ademais, as raízes das
plantas auxiliam na agregação do solo e podem causar o intemperismo físico-biológico
(OLIVEIRA, 2011), conforme mostrado na figura abaixo:

FIGURA 20 – ELEMENTOS QUE PROVOCAM TRANSFORMAÇÕES NO SOLO

FONTE: https://meioambiente.culturamix.com/natureza/biologia-do-solo

A biota edáfica, por sua vez, é dividida em organismos macroorganismos, meso


e micro de acordo com o diâmetro do seu corpo. Os macro e mesorganismos (cupins,
minhocas, formigas, tatu, dentre outros) remobilizam os sólidos, contribuindo para
aeração do solo e distribuição dos resíduos vegetais. Os microrganismos (líquens,
fungos, bactérias, protozoários e algas) são responsáveis por decompor a matéria
orgânica, no processo de reciclagem de nutrientes, formando o húmus e ainda, causam o
intemperismo químico-biológico. As funções dos organismos elencadas, explicita a
influência dinâmica na formação do solo (VEZZANI, MIELNICZUK, 2011).

FIGURA 21- ELEMENTOS RESPONSÁVEIS PELA BIOTURBAÇÃO DO SOLO

20
FONTE: https://ambientes.ambientebrasil.com.br/agropecuario/artigo_agropecuario/
biologia_do_solo.html

De acordo com a imagem acima, as minhocas são os seres mais eficientes na


bioturbação do solos, pois mobilizam o solo, o que proporciona ao solo um pleno
desenvolvimento.

A topografia regula a quantidade e a velocidade que as águas pluviais adentram


os perfis de solo, que também depende da cobertura vegetal. De modo geral, em relevos
planos a suavemente ondulados, grande quantidade de água é infiltrada e percolada,
favorecendo as reações químicas, a lavagem do solo (lixiviação) e o seu
desenvolvimento. Já nas encostas mais declivosas, o escoamento superficial é maior que
infiltração e a erosão supera a pedogênese (OLIVEIRA, 2011).
O déficit hídrico nestas topografias não favorece a evolução do solo. Nas áreas
de várzea, planícies e depressões para onde o escoamento superficial converge, a água
superficial adentra facilmente o perfil, mas fica estagnada, devido à proximidade do
nível freático, não propiciando os processos pedogenéticos. Ademais, o relevo também
controla a intensidade de raios solares que atingem uma encosta, a face orientada para
norte recebe maior quantidade radiação, o que propicia maior taxas de intemperismo,
em comparação com a sul (LEPSCH, 2011).
Embora tenha-se conhecimento da sucessão de processos que levam a
constituição de um solo bem desenvolvido, é difícil precisar o tempo exato de sua
formação já que o ambiente é dinâmico, desta forma, a idade dos regolitos não é objeto
principal de investigação da ciência do solo. Em vista disso, na pedologia o uso do

21
termo “tempo’’ não refere-se ao tempo cronológico que um solo demorou a se
desenvolver, mas sim o seu grau de desenvolvimento (maturidade).
Isto posto, quando se afirmar que um solo é jovem, significa que ele passou por
poucos processos pedogenéticos em decorrência dos outros fatores de formação já
ressaltados – clima, organismos, relevo e rocha – e não que a sua gênese é recente. Em
contrapartida, ao dizer que solo é maduro, está sendo afirmado que os fatores de
formação permitiram que este manto de intemperismo passasse por complexos
processos pedogenéticos, consolidando um solo espesso (LEPSCH,2011). A FIGURA
10 retrata os diferentes graus de desenvolvimento do solo ao longo do tempo.

FIGURA 22 – DESENVOLVIMENTO DO SOLO AO LONGO DO TEMPO

Fonte: LEPSCH (2011), p. 28

1.7- HORIZONTES DO SOLO

Observando um perfil de solo que consiste em uma seção vertical que se


estende da superfície até o material de origem (rocha), verifica-se a existência de uma
estratificação no mesmo que é denominado horizontes (Hz).
Os Hz são resultados dos processos pedogenéticos de formação do solo e se
caracterizam por sua cor, consistência, textura e estrutura. Por convenção internacional,
os Hzs são representados pelas letras maiúsculas H, O, A, E, B e C, conforme
demonstrado na figura 11 (OLIVEIRA, 2011)

FIGURA 23 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DOS HORIZONTES DOS SOLO

22
FONTE: https://blog.aegro.com.br/construção-do-perfil-do-solo

1.8- A BIOLOGIA DOS SOLOS

Existe uma gama de organismos vegetais e animais que vivem no solo, tais
como plantas, vermes, bactérias e insetos. (Lima e Lima ,2007) salienta que “O solo é o
sustentáculo da vida e todos os organismos terrestres dele dependem direta ou
indiretamente.

23
TABELA 2 – CARACTERÍSTICAS DOS HORIZONTS DO SOLO

Hz CARACTERÍSTICAS DOS HORIZONTES DO SOLO

O Hz H é um horizonte orgânico superficial formado a partir da lenta decomposição de


H animais e plantas em ambientes com excesso de água, apresentando grande quantidade
de matéria orgânica e a coloração varia entre preto e acinzentado escuro.

O Hz Orgânico superficial é formado a partir da decomposição de materiais orgânicos


O vegetal e animal em ambientes de drenagem livre, apresentando significativa
quantidade de matéria orgânica. Em razão da concentração de húmus a coloração é
escura.
Horizonte mineral localizado próximo da superfície. Caracteriza-se pelo acúmulo de
A matéria orgânica em decomposição e por esse motivo, apresenta coloração mais escura
que os Hzs subjacentes.

O Horizonte E (ou eluvial) é um Hz mineral caracterizado pela podzolização de argilas,


E óxidos e matéria-orgânica para os horizontes inferiores, através da gravidade da água. A
coloração, devido as perdas, é esbranquiçada. É importante salientar, que nem todos os
solos possuem esse Hz.

B É formado pelo acúmulo de argila e possui maior presença de ar com coloração forte.

C O Horizonte C também conhecido como regolito é um Hz pouco alterado pelo


intemperismo, apresentando fragmentos de rochas.

ROCHA
R

Fonte: (OLIVEIRA, 2011, p. 85 e 86)

A biodiversidade de espécies que habitam determinado solo está diretamente


correlacionada com a características ambientais de clima e pluviosidade. Sendo assim,
os locais que encontram-se próximos da Linha do Equador de climas
caracteristicamente
Quente e úmidos condicionarão biomas e solos com grande diversidade
espécies. Em latitudes médias e elevadas, os ecossistemas são mais homogêneos e o
número de organismos é significativamente menor (LEPSCH, 2011).
De acordo com Lepch (2011), pode-se agrupar a biota do solo animais e
plantas em cinco grupos: macrofauna, macroflora, mesofauna, microfauna (LEPSCH,
2011).
A TABELA 3 SINTETIZA AS CARACTERÍSTICAS DE CADA GRUPO.

24
TABELA 3 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DE GRUPOS DE IMPORTANTES ORGANISMOS DO
SOLO

GRUPO CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS

Tamanho: >2 mm Tatu, camundongos,


MACROFAUNA Todos os heterótrofos, grande formigas, cupins, besouros,
parte dos herbívoros e aranhas, minhocas, caracóis,
detritívoros lesmas, entre outros.

Tamanho: >2 mm Raízes alimentadores e


MACROFLORA Grande parte dos autótrofos musgos.

Tamanho: 0,1 – 2 mm
MESOFAUNA Todos os heterótrofos, grande Ácaros e vermes.
parte dos detritívoros e dos
predadores
Tamanho: < 0,1 mm
MICROFAUNA Detritívoros, predadores, Nematoides, rotíferos,
fungívoros e bacterívoros amebas, ciliados e flagelados
Tamanho: < 0,1 mm
MICROFLORA Grande parte dos autótrofos e Plantas vasculares, algas,
heterótrofos. Além dos fungos, bactérias (aeróbica e
heterótrofos e autótrofos. anaeróbicas) e
cianobactérias.

Fonte: adaptado de Lepsch (2011), p. 229

25
A fauna existente no solo também pode ser divididos em três categorias de
acordo com o tamanho de seus corpos, sendo eles: macrofauna, mesofauna e
microfauna, como demonstrado pela FIGURA 24
FIGURA 24 – FAUNA EXISTENTE NO SOLO DE ACORDO COM O TAMANHO DE SEUS
CORPO

Fonte: (Lepch, 2011, p. 2

Nesse contexto, Dionísio, Kusdra e Kusdra (2007) evidenciam a importância


da biota do solo, afirmando que:
A importância da fauna do solo é destacada pela sua capacidade de
fragmentação de materiais orgânicos, agindo diretamente sobre os resíduos
(principalmente de vegetais) sendo capazes de reduzir o tamanho dos
componentes e ingerí-los, sendo estes, posteriormente, digeridos, os
nutrientes absorvidos e a fração não aproveitada excretada dentro ou na
superfície do solo. (DIONÍSIO, KUSDRA E KUSDRA, 2007, p. 66)

TABELA 4 ATIVIDADES DA FAUNA COMO AGENTE MODIFICADOR DO SOLO.


Categoria Ciclagem de nutrientes Estrutura do solo

Microfauna Regulam as populações de Podem afetar a estrutura do


bactérias e fungos solo através de interações
Alteram a ciclagem de com a microflora
nutrientes
Mesofauna Regulam as populações de Produzem pelotas fecais
fungos da microfauna
Alteram a ciclagem dos Criam bioporos
nutrientes
Fragmentam detritos Promovem
vegetais A humificação

Regulam as populações de Misturam partículas


fungos orgânicas e minerais

Redistribui a matéria
Macrofauna Estimulam a atividade orgânica
microbiana E microorganismos
26
Promovem
A humificação

Produzem pelotas fecais


(Embrapa, 2022, p. 5)

Conforme ressaltado, os solos são corpos naturais complexos e dinâmicos


dotados de biodiversidade, dentre eles os micro-organismos. De acordo com Galli
(1964), o conceito de micro-organismo é muito vago e pode ser utilizado para designar
todos os organismos vivos – animais e vegetais – de tamanho reduzido, invisível a olho
nu. Os principais micro-organismos que atuam no solo são as bactérias, fungos, algas,
protozoários e actinomicetos. Sendo as bactérias as mais numerosas (GALLI, 1964).
Mattos (2015) frisou que “se tratando da diversidade de micro-organismos no
solo, cerca de 16.000 espécies são conhecidas e descritas na literatura. A cada ano, uma
média de 1.700 e 120 novas espécies de fungos e bactérias, respectivamente são
descritos na literatura.” (p. 252)
Os micro-organismos são essenciais para a qualidade do solo pois atuam em
seu processo de desenvolvimento sendo um dos fatores que interferem em sua
formação, na estrutural física por meio da cimentação dos agregados do solo, na
reciclagem de matéria orgânica que é algo fundamental para a manutenção da
fertilidade, na ciclagem de nutrientes e no controle de patogênicos (GALLI, 1964)
Torna-se relevante ressaltar que as bactérias têm capacidade de metabolizar
não só compostos orgânicos naturais, mas também compostos químicos produzidos pelo
homem, como os agrotóxicos. Sendo assim, os mesmos podem ser utilizados no
processo de biorremediação de solos contaminados por insumos agrícolas (MATTOS,
2015).

1.9- OS SOLOS DO BRASIL

O Brasil é um país de dimensões continentais e geograficamente se localiza na


América do Sul. No que tange suas características naturais, pode-se caracterizá-lo por
sua enorme diversidade climática, geomorfológica e biológica. Esses fatores em
conjunto, conformaram uma grande variedade pedológica, conforme mostrado na figura
abaixo:

FIGURA 25 – CARACTERÍSTICAS DOS SOOS DO BRASIL

27
FONTE:https
://ambientes.ambientebrasil.com.br/agropecuario/artigo_agropecuario/biologia_do_solo.htm

Torna-se importante ressaltar, em consonância com Lepsch (2011), que


Quando, em mapas-múndi, os padrões pedológicos e biológicos são
superpostos aos climáticos, os delineamentos desses padrões dos solos e da
vegetação coincidem em muitos pontos com os climáticos, porque o clima é a
força maior que condiciona a formação dos solos e das vegetações naturais.
(LEPSCH, 2011, p. 384)

Em vista disso, o Brasil possui solos profundos devido aos climas


predominantemente quentes e úmidos que condicionam um intenso intemperismo
químico. Além disso, preeminentemente, os solos são pobres em nutrientes devido a
intensa lixiviação. Os biomas de vegetação densa e heterogênea, como a floresta
Amazônica, mantém-se por meio a reciclagem da matéria orgânica e não pela “alta
fertilidade” do solo (OLIVEIRA, 2011).
As investigações pedológicas no Brasil com objetivo de identificar, classificar
e mapear os solos começaram de forma sistêmica na década de 50, dando origem ao
Sistema Brasileiro de classificação de solos (SibCs) (DIONÍSIO; KUSDRA; KUSDRA,
2007).
Segundo a EMBRAPA, o Brasil possui 13 ordens de solo, as quais serão
listadas na figura 13. É importante frisar que para classificar pedologicamente
determinada região, é necessário analisar o perfil de solo do ponto de vista morfológico
e realizar análises laboratoriais de suas características químicas, físicas e mineralógicas
(LEPSCH, 2011)
FIGURA 26 – LISTA DAS PRINCIPAIS CLASSES DE SOLO DO BRASIL
Organossolo

Neossolo

Vertissolo
28
Esposssolo

Planossolo
Ordem
Latossolo
(Classes)
Chernossolo

Cambissolo

Plintossolo

Luvissolo
Fonte: a autora
Nitossolo
TABELA 5 – CARACTERÍSTICAS DOS DIFERENTES TIPOS DE SOLO
Argissolo

29
ELEMENTO HZ
CLASSES (NÍVEL DE FORMATIVO DIAGNÓSTICO CARACTERÍSTICAS
ORDEM)
Solos escuros devido ao alto
ORGANOSSOLO ORGANO Hz H ou O teor de matéria orgânica.
hístico Comum em locais de
temperatura baixa e de
saturação hídrica.
Solos em início de formação,
possuem menos de 20 cm de
espessura, com pouca ou
nenhuma evidência de Hz
pedogenéticos. Ocorre em todas
NEOSSOLO NEO Não apresenta as regiões do Brasil,
principalmente nos locais com
embasamento rochoso resiste e
de relevo muito inclinado.
Solos ricos em argilas 2:1 com
grande capacidade de contração
e expansão. Em estações secas,
VERTISSOLO VERTI Hz Vértico ficam com grande quantidade
de fendas. No Brasil, essa
classe de solo é comum no
Sertão nordestino.
Solos arenosos caracterizados
pela podzolização
(transferência) de ferro, argilas,
matéria orgânica para o Hz B.
ESPODOSSOLO ESPODO Hz B espódico No Brasil essa classe de solo
ocorre principalmente no
Noroeste do Amazonas e na
região litorânea.
Solos caracterizados pela
concentração de argilas no Hz
B. Apresentam, normalmente,
PLANOSSOLO PLANO Hz B plânico coloração mosqueada ou
variegada. Comum em locais
de relevo plano onde a água se
acumula periodicamente.
Solos saturados por água,
GLEISSOLO GLEI Hz Glei comum em locais baixos,
próximos aos canais drenagem.
Devido a essas características a
colocarão típica é o cinza.
Ocorre em todo Brasil.
Solo profundo, devido ao
intenso intemperismo.
Geralmente apresentam
coloração vermelha (devido aos
LATOSSOLO LATO Hz B latossólico óxidos ferro) ou amarela (em
razão dos óxido de alumínio) e
possuem baixa fertilidade
natural. É a classe de solo mais
comum do Brasil.
Solo escuro, com Hz A espesso,
rico em bases (potássio,
CHERNOSSOLO CHERNO Hz A magnésio e cálcio) e argilas de
Chernozênico 30
alta atividade. Solo ideal para
agricultura.
Solos com poucas
características diagnósticas.
Fonte: adaptado de Lepsch (2011, p.315-339).
Para uma melhor visualização das informações supracitadas, a figura 27
especializa as principais classes de solo existentes no Brasil.

FIGURA 27 – CLASSES DE SOLOS DO BRASIL

Fonte: Embrapa, disponível em https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/2062813/solo-


brasileiro-agora-tem-mapeamento-digital

1.10- DEGRAÇÃO DOS SOLOS

O homem, por meio do capitalismo, arraigou na sociedade contemporânea uma


visão utilitarista da natureza, consolidando um cenário de degradação ambiental. Tal
cenário, teve como marco a Revolução Industrial, iniciada no final do século XVIII.
Momento em que passou-se a produzir de modo mecanizado, sendo possível ampliar
demasiadamente a produção (JACOBI, 2005).
Para dar aporte ao sistema produtivo, utilizou-se cada vez mais recurso natural,
sem preocupação com a sua finitude. Aliado a isso, a superpopulação mundial, o
incentivo constante ao consumismo, as técnicas agrícolas altamente degradantes,
poluição dos recursos hídricos, a erradicação das florestas, as desigualdades sociais cada

31
vez mais acentuadas, consolidaram uma crise socioambiental contemporânea (LEPSCH,
2011).
Em razão disso, aconteceram na segunda metade do século XX, importantes
conferências ambientais internacionais - conferência de Estocolmo, em 1972; A
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada
no Rio de Janeiro, em 1992; Eco +20 também feita no Rio de Janeiro; Conferência de
Paris em 2015, dentre outras - com objetivo de traçar estratégias mais sustentáveis e
evitar depauperamento dos recursos naturais, dentre eles o solo. (JACOBI, 2005).
No que tange o processo degradação dos solos, Lepsch (2011) afirma que:

Um solo em harmonia com o seu ambiente é considerado sadio, ao passo que


um solo em desarmonia está em degradação, e quanto maior e mais rápida for
essa degradação, mais negativamente influenciará todo o ambiente em que se
situa. (LEPSCH, p. 410)

Existem inúmeros fatores exógenos que podem degradar um solo, dentre eles,
pode-se ressaltar: I) a lixiviação e acidificação, II) salinização, III) desertificação, IV)
Poluição; V) erosão (LEPSCH, 2011).
Lixiviação e acidificação
A lixiviação e a acidificação dos solos são processos interligados. Sendo assim,
pode-se afirmar que a acidificação é uma consequência do empobrecimento do solo em
cátions básicos trocáveis, sendo mais comum na zona intertropical do globo, onde os
índices de pluviosidade e consequentemente, de lixiviação são mais acentuados.
Esmiuçando o processo, a chuva constante na região do globo supracitada, arreta na
lavagem do solo, na diminuição progressiva dos cátions trocáveis e no aumento do
hidrogênio (H+), tornando o solo empobrecido e ácido. Torna-se importante ressaltar
que o excesso de H+ no solo é tóxico para a maior parte das plantas cultivadas.
(LEPSCH, 2011).
A lixiviação e a acidificação dos solos são processos naturais em regiões de
clima quentes e úmidos, como o Brasil. No entanto, o processo pode ser acelerado pelo
homem através do desmatamento (LEPSCH, 2011).
Outro processo responsável pela acidificação do solo é a chuva ácida que
consiste basicamente em precipitações com alto teor de poluição e baixo PH. Esse
problema ambiental é causado pela queima de combustível fóssil, uso de fertilizantes e
pela emissão de gases poluentes pelas indústrias e carros, sendo mais comum em

32
regiões densamente urbanizadas (OLIVEIRA, 2011). A FIGURA 28 demonstra os
locais do globo que são mais afetados pela chuva ácida.

FIGURA 28 – MAPA DOS LOCAIS DO MUNDO MAIS ATINGIDOS PELA CHUVA ÁCIDA

Fonte: (SIMIELII,2012, p. 70)

Salinização

A salinização consiste no acúmulo de sais próximo a superfície do solo, sendo


considerado um processo oposto a lixiviação. Ocorre em locais de clima árido e
semiárido que caracterizam-se por altas temperaturas e baixa pluviosidade. Devido as
peculiaridades climáticas, a maior parte da água recebida pelo solo evapora ao invés de
infiltrar, causando excesso de cátions básicos trocáveis, os quais se combinam e
precipitem dentro do perfil do solo (LEPSCH, 2011). A FIGURA 29 demonstra um
exemplo de solo com excesso de sais.
FIGURA 29 – SOLO SALINIZADO

FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Saliniza%C3%A7%C3%A3o

33
Lepsch (2011), ressalta os problemas que o excesso de sais pode acarretar a um
solo.
O aumento de sais solúveis em um solo eleva o seu potencial osmótico e, por
isso, as plantas têm dificuldade de absorção de água e nutrientes, o que
provoca a redução do seu crescimento e o aparecimento de injúrias foliares.
A alta proporção relativa de sódio em relação a outros cátions compromete a
capacidade de infiltração do solo, por causa da dispersão das argilas e da
alcalinização; com as argilas dispersas a estrutura do solo é desestabilizada e
a macroporosidade, bastante diminuída. (LEPSCH, p. 415)

Desertificação
A desertificação consiste na intensificação da aridez do solo em regiões de
baixa disponibilidade hídrica e altas temperaturas (climas áridos, semiáridos e sub-
úmidos). Devido às características climáticas, os solos desses locais são muito
vulneráveis e quando sujeitos ao desmatamento, a pecuária, a agricultura extensiva e a
mineração, os mesmos tornam-se inférteis (LEPSCH, 2011).
A imagem abaixo mostra as causas da desertificação e como ela atinge os
animais e as plantas, isto devido à baixa disponibilidade hídrica e altas temperaturas.
FIGURA 30 - DESERTIFICAÇÃO

FONTE: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/nordeste-a-pior-seca-em-

30-anos-2zo18es02tqz1l381qm0j4e32

No Brasil, o Sertão Nordestino é a área mais propensa a desertificação. Numa


perspectiva mundial, a região do Sahel que localiza-se na borda Sul do deserto do Saara
é fortemente impactada por esse processo.
Como consequências observa-se a diminuição da biodiversidade, o aumento da
fome, da pobreza, dos conflitos por terra e na existência cada vez maior de refugiados

34
ambientais. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura) mais de 200 milhões de pessoas estão sendo afetadas pela desertificação no
mundo. A figura 31 especializa as áreas mais propensas a desertificação (SANTOS et
al, 2015).
FIGURA 31 – ÁREAS PROPENSAS A DESERTIFICAÇÃO

Fonte: Diálogos políticos (2010)

IV) Poluição
O solo possui capacidade de reciclar e depurar os seus restos orgânicos e a água
que recebe do sistema ambiental em que ele está inserido. No entanto, se for introduzido
no perfil alguma substância que não é naturalmente filtrada pelo solo, o mesmo ficará
contaminado (LEPSCH, 2011).
Torna-se necessário frisar que a destinação incorreta dos resíduos sólidos e o uso
acentuado de defensivos agrícolas são os principais responsáveis pela poluição do solo
na atualidade (LEPSCH, 2011), conforme mostrado na FIGURA 32.

FIGURA 32 – POLUIÇÃO E O DESCARTE INCORRETO DO LIXO

FONTE: http://www.cmdled.com/poluicao-do-solo.html

35
Um dos maiores problemas ambientais enfrentado em escala global é a
produção e a destinação incorreta dos resíduos sólidos. Segundo a pesquisa Nacional de
Saneamento Básico elabora pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
em 2019, o Brasil produz cerca de 230 mil toneladas de lixo por dia. Desse total, apesar
da existência da lei nacional dos resíduos sólidos (lei 12.305/2010), 76% ainda é
descartado em lixões sem a menor preocupação ambiental. O destino incorreto do lixo,
gera inúmeros impactos ambientais, como a emissão de gás metano – Gás de Efeito
Estufa (GEE) – para a atmosfera, poluição do solo e do aquífero por meio da infiltração
do chorume e proliferação de vetores de doenças. A FIGURA 33 exemplifica um lixão e
os impactos ambientais gerados nesses locais (IBGE, 2017).

FIGURA 33 –LIXÃO E OS IMPACTOS AMBIENTAIS

Fonte: InfoEnem (2015)

Para além, os defensivos agrícolas e os adubos (químicos e orgânicos)


utilizados em demasia desde a década de 50 com o objetivo de aumentar a
produtividade no campo também podem ser muito maléficos para solo. Isso porque a
introdução excessiva de agrotóxicos no solo leva a redução da biodiversidade,
contaminação do solo e da água que infiltra no perfil de solo, além da emissão de gases
poluentes na atmosfera (AGRO, 2019).
V) Erosão
Assim como ressaltado no tópico 1.3.2, a erosão é processo natural
caracterizado pelo desgaste, transporte e deposição dos solos e de pequenas partículas

36
das rochas. O processo pode ser causado por diversas forças, entre elas: fluviais,
pluviais, glaciais, marítimas, eólicas e antrópicas, conforme mostrado na FIGURA 34.
FIGURA 34 – PROCESSO DE EROSÃO

FONTE:https://angulos.crea-rj.org.br/erosao-do-solo-degradacao-e-abandono-de-terras-no-
medio-vale-do-paraiba-rj/

Torna-se necessário frisar que locais que possuem vegetação são menos
propensos aos processos erosivos, uma vez que a flora protege o solo das gotículas de
agua. Sendo assim, os locais de solo exposto e de relevo íngreme são propensos ao
processo O principal dano é o depauperamento superficial do solo.
De acordo com estudos a erosão é uma das principais causas das alterações do
solo e isto ocorre principalmente pelo desmatamento, pois o ambiente fica totalmente
exposto à água e ao vento, desta forma ocorre grande perda de solo.

1.9- REVOLUÇÃO VERDE

A Revolução verde refere-se à invenção e disseminação de técnicas agrícolas


modernas, como insumos, defensivos agrícolas e maquinários culminando no
aumento da produtividade (LAZZARI; SOUZA, 2017).
Esse processo teve origem nos Estados Unidos na década 50, no contexto da
Guerra Fria (1945-1991) e foi apresentada para os países periféricos como solução para
enfrentar o problema da fome. A maior potência do mundo passa a investir no setor
químico porque esse ramo industrial havia ficada ocioso após a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945) (ANDRADES; GANIMI, 2007).

37
Características da revolução verde: desenvolvimento de modernas máquinas
agrícolas, uso intensivo de fertilizantes e insumos agrícolas (conhecidos como
agrotóxicos), expansão das terras agricultáveis e mais recentemente desenvolvimento de
sementes geneticamente modificadas (LAZZARI; SOUZA, 2017).
Torna-se importante ressaltar que a revolução verde não solucionou a
problemática da fome e desencadeou muitos problemas negativos para os países em
desenvolvimento, dentre eles, destaca-se: mecanização do campo, diminuição dos
empregos na área rural, aumento do êxodo rural, concentração demográfica nas grandes
cidades, aumento da concentração fundiária, queda na produção de alimentos básicos (a
maior parte da produção é exportada), dependência dos países desenvolvidos para
adquirir as novas técnicas químicas, dentre outras (ANDRADES; GANIMI, 2007).
No Brasil, as tecnologias advindas da revolução verde passam a ser
introduzidas no campo, em maior intensidade, na década de 70, no contexto de ditadura
militar e trouxe uma enorme modernização das práticas agrícolas (agronegócio).
Atualmente o Brasil tem grande centralidade mundial no que tange a exportação de
grãos, sendo o segundo o país que mais exporta soja. Como consequência direta desse
processo, percebe-se o aumento do desmatamento dos biomas brasileiros (sobretudo do
Cerrado e da Floresta amazônica), alto consumo de agrotóxicos e da concentração
fundiária. (LAZZARI; SOUZA, 2017).
Lazzari e Souza (2017) reafirmam os impactos negativos gerados pela
revolução verde no Brasil:
A Revolução Verde após ser inserida na agricultura do Brasil traz
em seu seio inúmeras contradições. A promessa de emprego cai por terra,
uma vez que as máquinas invadem o campo e a produção familiar
diversificada passa a ser plantação de monocultura. O aumento da produção
de alimentos para o mercado interno foi ínfimo, uma vez que os grandes
campos de uma só cultura destinavam-se à exportação. O êxodo rural pautado
no desemprego facilitou a solidificação do latifúndio e o surgimento da
periferia na zona urbana. O alimento orgânico dá espaço ao alimento sem
segurança alimentar. A terra fértil passa por processos de desertificação
(LAZZARI E SOUZA, 2017, p. 5)

1.12- AGROTÓXICOS

Os agrotóxicos – também conhecidos como defensivos agrícolas e agroquímico


–são produtos químicos, físicos ou biológicos utilizados na produção, no
armazenamento e no beneficiamento agrícola com o objetivo de eliminar e controlar

38
pragas, doenças e/ou plantas invasoras que podem limitar o pleno desenvolvimento de
uma plantação (SANTOS, 2020).
O principal benefício dos agrotóxicos é o aumento da produtividade nas
lavouras, entretanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agencia Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), alertam que o uso dessas substancias podem ser
prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
Atualmente o Brasil é um grande produtor de alimentos e o maior consumidor
de agrotóxicos do mundo. A lei Federal 7.802 de 1989, regulamentada pelo Decreto
4.072/2002, dispõe sobre as atividades que utilizam agrotóxicos no território nacional.
De acordo com (IBERDROLA, 2021) o uso de agrotóxicos é crescente e isso
fica evidente ao observar o gráfico, que demonstra que a cada ano o consumo de
fertilizantes só vem crescendo.
Os agrotóxicos são classificados de acordo com as pragas que conseguem
controlar e com o grau de toxidade, conforme mostrado na figura abaixo:
FIGURA 35- TIPOS DE AGROTÓXICOS

Fonte: Saúde e saber(2022).

FIGURA 36 – CLASSIFICAÇÃO TOXICOLÓGICA DOS AGROTÓXICOS

39
FONTE https://escolaeducacao.com.br/tudo-sobre-agrotoxicos /
Pode-se afirmar que os agrotóxicos são maléficos aos seres vivos e podem
promover uma série de eventos de contaminação, pois o solo pode reter grande
quantidade de compostos químicos que, com o tempo sua pode comprometer sua
fertilidade. Além disso, eles também podem provocar a morte de micorrizos, diminuir a
biodiversidade do solo, entre outros (SANTOS, 2020).
O uso de agrotóxicos está também diretamente ligado à poluição das aguas,
pois as práticas agrícolas com o uso indiscriminado de agrotóxicos, leva a perda da
camada fértil do solo que, posteriormente é corrigido com o uso de substancias
químicas, e assim, quando este solo não possui uma cobertura vegetal, ou seja, sem
cobertura vegetal, depois da aplicação de agrotóxicos, vem as intensas irrigações e as
chuvas, levando todo aquele produto químico para os rios e contaminando as aguas
Outra grande preocupação é o desmatamento de áreas para agricultura irrigada,
que geralmente é destinada a monocultura. Destas áreas escorre aguas com grande
quantidade de agrotóxicos que, consequentemente tende a acelerar o processo de
eutrofização. Esses fatores alteram a qualidade da agua e a torna imprópria para o
consumo humano (SANTOS, 2020).
No ar, os agrotóxicos podem ficar em suspensão e provocar intoxicação em
pessoas e outros seres vivos. Os recursos hídricos estão integrados nos processos
biogeoquímicos de qualquer região. Desta forma, quando os agrotóxicos são inseridos,
os corpos hídricos, tanto superficiais quanto subterrâneos são os destinos finais destes
produtos químicos. (SANTOS, 2020).
Os agrotóxicos também podem provocar a morte de microrganismos presentes
no solo que o torna cada vez mais pobre em nutrientes e oxigênio, visto que, são
consideráveis as alterações sofridas na degradação de matéria orgânica através da morte
micróbios e invertebrados que se vivem no solo. Com a morte de microrganismos do
solo, todo ciclo biogeoquímico pode entrar em desequilíbrio, uma vez que é necessário
a presença de seres vivos para que ele ocorra. A FIGURA 37 demonstra a rede
alimentar existente no solo.
FIGURA 37 – REDE ALIMENTAR NO SOLO

40
Fonte: Brasil escola (2019)

Além da presença de seres vivos, para que o ciclo biogeoquímico ocorra é


necessário reservatório do elemento químico (atmosfera, hidrosfera, e crosta terrestre) e
movimentação do elemento químico. (SANTOS, 2019)
Os ciclos biogeoquímicos podem ser influenciados pelo uso indiscriminado de
agrotóxicos, alterando todo ecossistema natural, já que os ciclos influenciam
diretamente no desenvolvimento dos seres vivos e sua decomposição. Sendo assim, o
uso de agrotóxicos pode leva à extinção de espécies, pois afeta diretamente a cadeia
alimentar, assim como o fluxo de um elemento nesta cadeia. Contudo, se a
decomposição ocorrer lentamente, pode afetar a liberação de nutrientes para o meio.
Os solos de áreas agrícolas têm sofrido bastante com o exagerado uso de
agrotóxicos com isso vem senso desenvolvidas várias técnicas para recuperação desses
solos. Os agrotóxicos são substancias químicas adicionadas ou depositadas no solo de
forma acidental ou natural. Quando os agrotóxicos são adicionados ao solo, ele percola
no solo modificando sua característica natural causando assim, grandes impactos
ambientais. (SANTOS, 2019).
Os agrotóxicos podem contaminar o meio ambiente podendo levar a
magnificação trófica. Este é um evento proveniente do acúmulo de substancias tóxicas

41
em um nível trófico da cadeia alimentar, podendo assim, levar a um desequilíbrio na
cadeia alimentar, pois quando determinados indivíduos absorverem essas substancias
tóxicas, outros níveis da cadeia alimentar poderão ser prejudicados.
Dentre os poluentes que se acumulam na cadeia alimentar alguns merecem
destaque como os compostos organofosforado usados na fabricação de inseticidas
(BHC), o cloreto de vinila, lixo eletrônico, mercúrio, cádmio e chumbo. O processo de
bioacumulaçao também ocorre de forma natural e é essencial no controle do
desenvolvimento dos organismos, pois envolve também nutrientes para a vida como;
Aminoácidos, gorduras, vitamina A, K, D e alguns minerais.

1.13- TIPOS DE BIORREMEDIAÇÃO

A biorremediação se baseia na biodegradação de substancias ou compostos de


interesse, que geralmente são substancias toxicas. Entretanto, as técnicas de
biorremediação envolvem diferentes variações (in situ e ex situ) (PEREIRA; Freitas,
2012)
Biorremediação in situ;
A biorremediação in situ é realizada no local de análise e apresenta uma série
de vantagens como:
*Maior segurança aos trabalhadores, pois não precisam escavar e remover
parte de solo contaminado
*Eficiente no tratamento de grandes áreas.
*Técnica de baixo custo, quando comparada a outras técnicas.
*Redução de distúrbios ambientais, pois não é necessário a movimentação de
solos para outros locais de tratamento. (PEREIRA; Freitas, 2012).
Quando utilizadas técnicas de biorremediação, os produtos finais são agua e
gás carbônico em um processo chamado mineralização. Desta forma há prejuízos aos
seres vivos, pois estes produtos finais podem ser incorporados ao meio ambiente, já que
não apresentam nenhuma toxicidade (PEREIRA; Freitas, 2012).
Na imagem abaixo é possível observar que o início da poluição coincide com a
chegada do poluente no solo, então observa-se que neste solo havia em um dado período
de tempo um consórcio microbiano, que com a chegada do poluente começou a decair,
assim ao adicionar a bactéria despoluente juntamente com o aminoácido tirosina,
hidrocarboneto começa a ser degradado e a cada vez que é adicionado o despoluente o

42
hidrocarboneto é degradado. Por fim o consócio microbiano retorna ao estado inicial
(LIBERTO et al, 2006).
FIGURA 38 – TÉCNICA DE DESCONTAMINAÇÃO DO SOLO

FONTE: file:///C:/Users/Geisi/Downloads/Microbios%20e%20meio%20ambiente
%20aula_10%20(1).pdf

A biorremediação pode in situ pode ser realizada em três etapas;


*Bioaumento
*Bioestimulaçao
*Biorremediação natural
Bioaumento essa técnica se baseia na inoculação de populações de micróbios
selecionados para a degradação de determinadas substancias. Pode –se dizer que que a
técnica de Bioaumento se baseia na inserção de micróbios não indígenos quando há
insuficiência de micróbios indígenas para a degradação do contaminante.
Bioestimulaçao essa técnica se baseia na inserção de nitrogênio (N), fosforo (P)
ou a introdução de surfactantes como objetivo de estimular a atividade microbiana ou
aumentar a disponibilidade do contaminante causando um aumento nas taxas de
degradação do poluente. Para utilizar a técnica de Bioestimulaçao é necessária a
existência de uma população de micróbios no local capazes de biodegradar o
contaminante (PEREIRA; Freitas, 2012).
Biorremediação natural essa técnica é baseada em processos naturais de
remoção ou controle de poluentes de solos e aguas. A biorremediação natural consiste
na utilização de processos físicos, químicos e biológicos em locais contaminados.
Embora essa técnica seja de grande importância, ela é capaz apenas de reduzir os riscos
de contaminação e poluição do meio ambiente (PEREIRA; Freitas, 2012).

43
Biorremediação ex situ: A técnica de biorremediação ex situ é utilizada no
tratamento de aguas subterrâneas, residuarias, e solos. Estes são removidos e
transportados para outras áreas longe da área de contaminação para que possa ser feito o
tratamento. Esta remoção é necessária para não haver riscos de contaminação para
pessoas e do meio ambiente que estejam próximos ao solo ou agua contaminada
(PEREIRA; FEITAS, 2012).
A biorremediação ex situ pode ser realizada por três processos;
*Uso de biorreatores.
*Landfarming.
*Compostagem.
Uso de biorreatores técnica utilizada no tratamento de altos níveis de poluentes
presentes no solo e na agua, onde um inoculo contaminado é misturado com agua e
introduzido em um reator preenchido com carvão , esfera de vidro ou terra diatomácea
que, permite a formação de uma grande área superficial e a formação de biofilmes que
farão a degradação do material poluente .Essa técnica é uma alternativa quando
comparada a outras técnicas, pois há possibilidades de monitoramento do desempenho
do sistema, controle das condições do processo, manutenção da vida microbiana e
tempo reduzido de remediação (PEREIRA; FREITAS, 2012)
Landfarming é uma técnica que utiliza a aplicação de resíduos contaminantes
em forma líquida ou solida na camada de solos não contaminados para que
posteriormente ocorra a degradação. De acordo com as imagens abaixo pode-se
observar como o agente despoluente se interage com o agente contaminante presente
nos grânulos de solo.
FIGURA 39 – DESPOLUENTE SE INTERAGINDO COM O POLUENTE PRESENTE NO
SOLO

44
FONTE:https://repositorio.usp.br/directbitstream/0bbfe9e8-a7d0-434f-8d64-16da81c51a1f/
Debora%20Yamamoto%20Bonacina%20PQI20.pdf

Compostagem processo do qual micróbios convertem resíduos orgânicos,


como; restos de alimento, esterco e restos de plantas em compostos que fornecem
benefícios ao meio ambiente. Neste processo destaca-se os adubos naturais, Conforme a
FIGURA 40

FIGURA 40 – ESQUEMA DA COMPOSTAGEM

45
9 9 FONTE: https://docplayer.com.br/7519208-Compostagem-esquema-da-compostagem-o-
que-influencia-a-compostagem-microrganismos-aeracao-umidade-relacao-carbono-nitrogenio-c-n-

temperatura.htm ttp://www.esalq.usp.br/cprural/upimg/evento/arq/22.pdf 9

http://www.esalq.usp.br/cprural/ http://www.esalq.usp.br/cprural/upimg/evento/arq/22.pdf

Dentre as principais vantagens da compostagem estão;


Reaproveitamento de resíduos orgânicos.
A compostagem é um processo de reciclagem e aproveitamento de resíduos
orgânicos, pois neste processo há a transformação do material em produtos ricos em
nutrientes, que posteriormente serve como fertilizante orgânico composto e o substrato
para plantas (PEREIRA; FREITAS, 2012)
Redução dos impactos ambientais.
A compostagem é uma alternativa ambiental correta, definitiva e segura que
contribui para a redução dos impactos ambientais, além de atender a Política Nacional
de Resíduos sólidos e ser uma alternativa de reaproveitamento de resíduos e poluição do
solo, ar e água.
Redução de vetores que surgem com a decomposição do resíduo orgânico.
Atua na eliminação de agentes patogênicos (bactéria, parasita e vírus que se
encontram na matéria orgânica.

46
Substitui o uso de adubos químicos no meio ambiente
No final do processo de compostagem obtém-se um líquido rico em nutrientes,
que pode ser usado em plantas e evita o uso de agrotóxicos.
A biorremediação possui muitas vantagens, entretanto existe também suas
desvantagens.
Vantagens da biorremediação:
Possibilidade de micróbios realizar a degradação de substâncias tóxicas em vez
de levar o poluente para outro meio ambiente.
Quando comparado a outras técnicas, possui baixo custo.
Os produtos utilizados não são tóxicos e por isso não oferece riscos ao meio
ambiente.
Uso em áreas de proteção ambiental
Permite a inserção dessa técnica a vários agentes contaminantes e poluentes.
Limitações
Precisa de monitoramento durante o processo
Muitas moléculas não são degradáveis
Substancias toxicas aos micróbios impossibilitam o tratamento
Conhecimentos na área da microbiologia
Método ainda em evolução no Brasil
Além das técnicas de biorremediação, também há técnicas de Fitorremediação.
Essas técnicas também são bastante utilizadas, onde se usa organismos vivos, e
comunidades microbianas associadas a rizosfera para degradar, mobilizar e ou isolar
poluentes no solo e na agua. Esta técnica torna –se bastante atraente devido ao seu baixo
custo (PEREIRA; FREITAS, 2012)
A Fitorremediação é baseada na fisiologia vegetal, a química dos
contaminantes e a química dos contaminantes, promovendo a reestruturação e
reabilitação do solo, garantindo as trocas gasosas e desenvolvimento dos
microrganismos
Embora a Fitorremediação seja baseada no uso de vegetais, vale ressaltar que
nem todos os organismos vegetais são capazes de se desenvolver em ambientes
poluídos. Sendo assim, é preciso identificar as espécies apropriadas e as condições do
local a ser tratado (PEREIRA; FREITAS, 2012).

47
O próximo passo é avaliar a capacidade da planta de se desenvolver locais
poluídos e sua capacidade de descontaminação e isto pode ser verificado a partir da taxa
de redução do contaminante e o tempo requerido.
Existem cinco técnicas de Fitorremediação:
Fitodegradação: Neste processo ocorre a remoção ou transformação do
contaminante em componentes menos nocivos.
Fitoacumulaçao: neste processo as plantas absorvem todo contamina-te em
suas raízes, rebento e folhas. Essa técnica é de baixo custo, entretanto retira baixos
níveis de contaminantes em um extensa área de poluição.
Rizodegradação: Devido a atividade da rizosfera, ocorre a quebra do
contaminante. Se baseia numa relação simbiótica, onde microrganismos obtém
nutrientes, enquanto proporciona um ambiente saudável a planta.
Rizofiltração: esta é uma técnica de remedição aquática. Neste processo ocorre
a remoção de contaminantes pelas raízes (CATARINO, 2016).
Fito estabilização: Neste processo as plantas reduzem a migração do solo
contaminado. Através da absorção e ligação a estrutura da planta, se forma uma massa
que impede que o contaminante não entre novamente no ambiente (CATARINO, 2016)
 Exemplo de aplicação de técnicas de Fitorremediação:
Na agropecuária a utilização de herbicidas é uma pratica bastante frequente,
pois eleva a produção de vegetais. Entretanto o uso indiscriminado de herbicidas a
longo tempo, pode resultar na incapacidade do solo em produzir vegetais de interesse.
O herbicida Sulfentrazone é utilizado constantemente na produção de cana –de
–açúcar e apresenta um longo período de deposição no solo. Podendo chegar a 2 anos e
oferecer riscos de contaminação de aguas subterrâneas, impossibilitando assim sua
utilização. Desta forma, a biorremediação é uma opção para o tratamento de áreas que
sofreram impactos com o uso exagerado de herbicidas (CATARINO, 2016)
As espécies Crotalaria juncea, Canavalia ensiformes e Cajanus cajan
oferecem um potencial de remediação para o herbicida Sulfentrazone e utiliza como
planta bioindicadora o Penninsetum glaucum.
A Fitodegradação é a técnica mais recomendada para o Sulfentrazone e
considera-se a possibilidade completa de mineralização da substancia contaminante.
(CATARINO,2016)
 Exemplo de aplicação da técnica biorremediação:

48
Alguns metais tóxicos como o cádmio, mercúrio, chumbo, cromo, e arsênio são
bastante conhecidos, por sua extrema toxicidade. Muitas bactérias são capazes de
absorver metais pesados em sua parede celular ou se ligam a proteínas. Os metais são
capazes de realizar a precipitação de metais pesados e reduzir assim sua disponibilidade
(CATARINO,2016)
A estirpe Pseudomonas aeruginosa KUC desistente é capaz de acumular Cd
por ser resistente ao poluente e ‘uma grande opção no tratamento de ambiente
contaminado por esse metal. Ao ser investigar a estipe, foi encontrada uma grande
quantidade de cádmio em seu envelope bacteriano cerca de (84,43%), no periplasma
com (55,98%) e no citoplasma (15,57%) de absorção (CATARINO, 2016).

2.0- OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO 1
Conhecer as características do solo e seus principais processos de formação.
Através de pesquisas saber identificar as camadas horizontais do solo e caracterizar cada
uma.
2.2 OBJETIVOS 2
Conhecer a importância do solo e todos os benefícios que o mesmo fornece ao
meio ambiente.

2.3 OBJETIVO 3
Verificar as principais formas de contaminação do solo, bem como toda a
destruição do ecossistema, seja por meio de agrotóxicos, lixiviação, erosão,

49
desertificação, acidificação, poluição e salinização e, através disso, conhecer algumas
técnicas de biorremediação para reparar ou minimizar os danos causados no solo.

3.0 - MATERIAIS E METODOS

Este trabalho foi elaborado através de revisões bibliográficas, ou seja, vários


trabalhos foram analisados de forma crítica de modo que, pudesse ser extraído textos de
qualidade para construção do conhecimento deste tema. Desta forma, iniciou-se uma
grande busca pela internet por artigos científicos, trabalhos acadêmicos e teses.
Algumas ferramentas de buscas foram utilizadas como; plataforma online, google
acadêmico, google e Scielo
Torna-se importante salientar que a pesquisa bibliográfica não é uma simples
repetição de que já foi escrito sobre determinada temática, mas sim, uma análise crítica
que proporcionará novas formas de compreender o tema, podendo alcançar conclusões
inovadoras (MARTINS, 2001).
Desta forma, o trabalho teve início com as pesquisas sobre as camadas da terra,
onde o a autora COLTURATO, Priscila contribuiu com sua literatura. Posteriormente,
as pesquisas tiveram continuidade, e para abordar o tema, o ciclo das rochas as
referências bibliográficas do autor CATALDO, Rafael foram de grande ajuda.
O artigo publicado pelo professor Edith Hammer do Departamento de biologia
da Universidade de Lund na Suécia, onde segundo o autor “Em uma colher de chá de
terra cabe mais microrganismos do que pessoas na terra “(HAMMER, 2021).

50
Para a construção do conhecimento histórico foram utilizadas as publicações de
(Lepsch, 2011) De acordo com suas publicações os povos antigos não tinham
preocupação em entender as questões do solo, mas com o passar dos anos, tornou- se
necessário o entendimento sobre tal recurso. Ainda com as publicações do autor foram
estudados e inseridos no trabalho outros temas; Solo: conceito e importância na
biologia, destacando as principais funções do solo, assim como as subdivisões de áreas
especializadas, podendo ser investigadas a química, física, microbiologia, fertilidade e
técnicas de manejo do solo.
Para contextualizar os principais processos de formação do solo, houve a
continuação de pesquisas utilizando as fontes de (LEPSCH, 2011) e (SANTOS, 2018),
onde em suas publicações são demostradas as diferentes composições do solo, que de
acordo com a figura (1) o solo possui 25% de água, 46% de minerais e apenas 4% de
matéria orgânica. Na sequência os processos de formação do solo, os autores (LIMA,
2007) e (OLIVEIRA, 2011) colaboraram com seus trabalhos para explicar os processos
de adição, remoção, transformação e translocação.
Segundo Oliveira, (2011), os fatores exógenos são os principais agentes de
formação do solo e são condicionados pelo material de origem, organismos, relevo e
tempo. Lima e Lima (2007) acrescenta, que os organismos e o clima controlados pelo
relevo agem sobre uma rocha matriz por um tempo, o que resulta no intemperismo e por
consequência na pedogênese.
De acordo com a publicação de (LEPSCH, 2011), o clima, os organismos, o
material de origem, o tempo e o relevo são fatores que interferem na formação do solo,
no entanto, o autor afirma que, o material de origem e o tempo não acrescentam
materiais que acelerem esse processo, ao passo que, o clima e os organismos fornecem
energia e compostos químicos que favorecem a gênese do solo. Além disso, o solo pode
ter como material de origem uma rocha de sedimentos aluviais ou colacionais, onde os
aluviais originam os solos hidromorficos (neossolos e gleissolos), enquanto que os
coluvionais formam as outras classes de solo. Ainda de acordo com (LEPSCH, 2010), o
clima, o tempo e a precipitação determinam a velocidade e o tipo de intemperismo,
sendo a precipitação a principal fonte de entrada de água no sistema e a temperatura
responsável por acelerar o retardar a velocidade das reações químicas.
Segundo Resende et.al. (2014), os regolitos das regiões cujo o clima é quente e
úmido, o mesmo será bem desenvolvido, enquanto que as regiões com clima seco e frio
dará origem a solos rasos e com maior disponibilidade de nutrientes.

51
Para a obtenção dos conhecimentos acerca dos horizontes do solo, os trabalhos
de (OLIVEIRA, 2011) e (LEPSCH, 2011) foram uma ferramenta de grande auxílio. De
acordo com Oliveira (2011), ao observar o perfil de um solo verticalmente é possível
identificar seus horizontes (Hz), assim como suas características como; cor, textura,
consistência e estrutura. Esses horizontes são representados pelas letras (H, O, A, E, B e
C).
O trabalho de (LEPSCH, 2011) também contribuiu para a compreensão dos
horizontes do solo, bem como seu desenvolvimento ao longo do tempo. De acordo com
as figuras 23 e 24 é possível verificar as seguintes transformações:

FIGURA 23 - DESENVOLVIMENTO DO SOLO AO LONGO DO TEMPO

Fonte: LEPSCH (2011), p. 28

Análise das duas imagens

FIGURA 24- HORIZONTES DE ALGUNS SOLOS

52
FONTE: https://blog.aegro.com.br/construcao-do-perfil-do-solo

Ao analisar as imagens 23 e 24 (LEPSCH,2010) verifica-se que o processo de


desenvolvimento do solo te seu início através de uma rocha (material de origem) dando
sequência a formação do horizonte C com rochas fragmentadas. Em seguida o horizonte
B rico em areia e silte. Logo a formação do horizonte A, sendo este rico em matéria
orgânica e mineral. Posteriormente o horizonte A dá origem ao horizonte O, que
também é bastante rico em matéria orgânica.
Entretanto quando analisa-se a tabela 2 do autor (OLIVEIRA, 2011) é
observado ainda a existência de outros dois horizontes. O horizonte E, caracterizado
pela podzolização de argilas, óxidos e matéria orgânica para os horizontes abaixo e
apresenta coloração esbranquiçada. E o horizonte H, formado por material orgânico a
partir da decomposição de plantas e animais.
Com o objetivo de entender e compreender a biologia do solo foi feita a leitura
das publicações de (DIONÍSI, KUSDRA, 2007), (LEPSCH, 2011) e (LIMA, 2007). De
acordo com (LIMA, 2007) no solo há uma grande diversidade de organismos vegetais,
plantas, bactérias, vermes, insetos e que todos os organismos terrestres dependem dele.
Segundo (LEPSCH, 2011) as características ambientais do clima e
pluviosidade está correlacionada com a diversidade que habita um determinado local e
53
que a biota do solo pode ser agrupada em animais e plantas formando cinco grupos:
macrofauna, microflora, mesofauna, microfauna e microflora. De acordo com a tabela 3
da página ------a macrofauna compreende os heterótrofos, parte dos herbívoros e
detritívoros. A macroflora compreende grande parte dos autótrofos. A mesofauna
compreende todos os heterótrofos, parte dos detritívoros e predadores. A microfauna
compreende detritívoros, predadores, bactérias e fungívoros. Já a microflora
compreende grande parte dos autótrofos e heterótrofos.
A tabela 4 da página --- fornecida pela (Embrapa) evidencia três categorias de
modificadores do solo e suas respectivas atividades no solo, com isso, analisando a
tabela 3 e a tabela 4 foi possível montar esta terceira tabela.

TABELA 6- RESUMO DOS 5 GRUPOS E SEUS BENEFÍCIOS NO SOLO


Macrofaun Mes Macro Microflora Microfauna
a ofauna flora
Tatu, Ácar Raíze Plantas, Nematoides,
camundongos, os e vermes. s fungos, algas bactérias ciliados, rotífero, amebas e
formiga, cupins alimentadoras (aeróbicas e flagelados.
, minhoca, e musgos. anaeróbicas) e
lesmas cianobactérias.
, aranhas,
entre
Outros.

54
Regulam Reg Estimulam a Imobilização de Regulam as populações de
as populações de ulam as humificação do nutrientes e produz bactérias e fungos e alteram
fungos, estimulam populações solo compostos orgânicos. a ciclagem dos nutrientes.
a atividade de fungos da
microbiana, microfauna,
misturam as alteram a
partículas ciclagem dos
orgânicas, nutrientes,
redistribui os fragmentam
microorganismos, detritos
promovem a vegetais,
humificação e criam
produzem pelotas bioporos,
fecais. produzem
pelotas fecais
e produzem
humificação.

TABELA 6- RESUMO DOS 5 GRUPOS E SEUS BENEFÍCIOS NO SOLO


(Fonte: a autora)

Segundo (GALLI, 1964) o termo microrganismos é utilizado para designar


todos os seres vivos de tamanhos reduzidos sejam eles, bactérias, fungos, algas,
protozoários e actinomicetos. E que esses microrganismos são fundamentais na
manutenção do solo. Acrescenta (MATTOS, 2015) que as bactérias possuem a
capacidade de metabolizar tanto compostos orgânicos, quanto compostos químicos,
como os agrotóxicos, e por essa razão essas bactérias podem ser utilizadas em processos
de biorremediação.
Para consolidação do tema os solos do Brasil foram aplicadas como base as
publicações de (LEPSCH, 2011). Em suas publicações sobre solos do Brasil o autor
afirma que o Brasil possui uma grande diversidade climática, geomorfológica e
biológica, e em função disso, há uma grande variedade pedológica. Na figura 13 da
página (Lepsch ,2011) aplica as principais classes de solos que são (Organossolo,
Neossolo, Vertissolo, Esponossolo, Planossolo, Chernossolo, Cambissolo, Plintossolo,
Luvissolo, Nitossolo, e Argissolo).
Logo em seguida na tabela 5 das páginas o autor (LEPSCH, 2011) apresenta as
classes do solo com suas respectivas características. Acresce (OLIVEIRA, 2011) que,
em decorrência dos climas quentes e úmidos o Brasil possui solos profundos e pobres
em nutrientes, pois são condicionados por intenso intemperismo decorrente da intensa
lixiviação. Isso pode ser observado na figura 14 da página …. No mapa do Brasil a

55
maior parte das regiões apresentam latossolos, representados pela cor laranja de acordo
com a legenda.
Na elaboração do subtítulo degradação dos solos Lepsch (2011) contribuiu com
suas publicações. O autor afirma que os fatores antrópicos estão levando os recursos
naturais a escassez. Em uma de suas publicações o autor destaca os principais fatores
que podem degradar os solos que são; Lixiviação, acidificação, salinização,
desertificação, poluição e erosão. Segundo (Jacobi, 2005) o senário de degradação não
só do solo, mas de todo o meio ambiente teve início durante a revolução Industrial,
ocorreu o aumento das poluições. Ainda de acordo com o autor na metade do século XX
houveram conferencias com o objetivo de desenvolvimento de estratégias sustentáveis.
Para contextualizar o tema Revolução verde foram utilizadas como base os
trabalhos de (LAZZARI, SOUZA 2017) e (ANDRADES, GANIMI, 2007)
De acordo com as publicações dos autores a Revolução verde se refere a
invenção e desenvolvimentos de técnicas agrícolas como; produção de insumos,
defensivos agrícolas, maquinários, desenvolvimento de sementes geneticamente
modificadas e expansão de terras agrícolas. Isso surgiu com o objetivo de aumentar a
produção agrícola e consequentemente erradicar a fome, entretanto as estratégias
realizadas não foram capazes de acabar com a fome, mas culminou com a degradação
do meio ambiente como um todo.
O estudo dos agrotóxicos teve como referencial as publicações de (Rede,
2020). (AGUA, 2020) e (SANTOS, 2020). Através das publicações dos autores houve
um levantamento acerca dos agrotóxicos, onde pode ser evidenciado os malefícios que o
uso descontrolado dos agrotóxicos causam.
Os agrotóxicos também chamados de defensivos agrícolas agroquímicos,
físicos e biológicos são utilizados no controle de pragas, doenças, e plantas invasoras
como mostra a figura da página
Os agrotóxicos são classificados como; herbicidas, inseticidas, fungicida,
bactericida, acaricida, nematicida e rondeticida. A figura da página 19 apresenta os
agrotóxicos e sua classificação quanto ao seu nível de toxicidade (vermelho
extremamente toxico, amarelo altamente toxico, azul medianamente toxico e verde
pouco toxico.
Para compor a estrutura do trabalho de conclusão de curso, o subtítulo
biorremediação foi inserido, assim as publicações da autora (CATARINO, 2016) foi
muito útil. Em seu trabalho o autor cita algumas técnicas de Biorremediação que são;

56
(in situ) Bioaumento, Bioestimulaçao e Biorremediação natural. E (ex situ)
compostagem, Landfarming, e uso de biorreatores. O autor ainda destaca as principais
vantagens e desvantagens de se utilizar as técnicas de biorremediação.
A autora (CATARINO, 2016) em uma de suas publicações apresentou ainda
algumas técnicas de Fitorremediação que são; Rizodegradação, Rizofiltração,
Fitoacumulaçao e Fitodegradação.
As palavras chave pesquisadas foram: Solo, Agrotóxicos e Técnicas de
Biorremediação.
Por fim, realizou-se a tabulação dos dados e foram construídas tabelas que
sintetizam as informações. O fluxograma, resume os a metodologia da pesquisa.

REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA

I) SELEÇÃO DAS II) LEITURA III) TABULAÇÃO


OBRAS EXPLORATÓRIA DOS DADOS
(Fonte a autora)

4.0- RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para cumprir os objetivos do Trabalho de Conclusão de Curso foram


encontradas as seguintes referências bibliográficas referentes aos objetivos 1,2 e 3 de
acordo com a tabela abaixo:
TABELA 7- CONJUNTO DE CITAÇÕES
CONJUNTO DE CITAÇÕES
Objetivo 1 Conhecer as (EMBRAPA,202

57
características do solo e 0), (OLIVEIRA ,2011),
seus principais processos (LEPSCH,2010),
de formação. Através de (LEPSCH,2011)
pesquisas saber identificar (SANTOS a
as camadas do solo. al ,2015), (SANTOS et
al ,2018),
(GROTZINGER,2013),
(LIMA,2007), (RESENDE
et al, 2014), (VEZZANI,
MIELNICZK,2011),
(DIONÍSIO, KUSDRA, E
KUSDRA ,2007), (GALLI
,1964), (MATOS, 2015)
(COTURATO,
2017) (PREVEDEL,2021),
(CATALDO,2016)
Objetivo 2 Conhecer a (LEPSCH, 2010),
importância do solo e (SANTOS,2019)
todos os benefícios que o (OLIVEIRA ,2011),
mesmo fornece ao meio (SANTOS et al ,2015),
ambiente. (LEPSCH, 2011),
(SANTOS et al, 2018)
Objetivo 3 Verificar as (JACOBI,2005),
principais formas de (VERDE ,2017)
contaminação do solo, (LEPSCH, 2011),
bem como toda destruição (OLIVEIRA ,2011),
do ecossistema, seja por (IBGE,2017), (LAZZARI;
meio de agrotóxicos, SOUZA, 2017),
lixiviação, erosão, (ANDRADES;
desertificação, GANIMI ,2007),
acidificação, poluição e (REDE ,2020), (SANTOS
salinização e, através disso 2020), (AGUA ,2020),
conhecer algumas técnicas (NATALINA, 2015),
de biorremediação para (MARTINS, 2019),
reparar ou minimizar os (CATARINO,2016),
danos causados no solo (SINHA ,2009),
(EMBRAPA, 2020)
(SANTOS et al, 2015).
(SIMIELII,2012).
(Fonte: Autora)

Ao analisar e pesquisar sobre solos, foi observado que existem vários tipos de
solos que são; latossolos, Argissolo, Plintossolo, Luvissolo, Organossolo, Vertissolo,
Chernossolo, Gleissolos, Nitossolo, Cambissolo, Esponossolo e Neossolo. Cada tipo de
solo varia de acordo com o clima, temperatura, relevo e disponibilidade de matéria
orgânica.

58
De acordo com o que foi estudado o solos se formam a partir da decomposição
das rochas, a qual é chamada de rocha mãe. Essas rochas sofrem desgastes pela água,
vento, temperatura, clima e pelos seres vivos, que proporciona a formação de
sedimentos e posteriormente a formação de aglomerados que formam o solo. Para a
gênese do solo existem ainda outros quatro processos que são; remoção, adição,
translocação e transformação. Todos esses fatores mencionados determinam a
distribuição do solo e as regiões onde cada tipo de solo se encontra. Solos os latossolos
e Argissolo apresentam uma maior distribuição e isso se deve ao fato desses tipos de
solos serem intemperizados, ou seja, que já sofreram vários processos de gênese, é um
solo mais profundo e mais maduro em relação a outros.
Os solos podem ser diferenciados de acordo com seus horizontes, que de
acordo com estudos os solos apresentam cinco horizontes; Horizonte H (decomposição
de animais e plantas. Contem muita agua e matéria orgânica. O (composto de muita
mátria orgânica, o qual transfere matéria orgânica para os horizontes abaixo de forma
vertical. Horizonte A (rico em matéria orgânica). Horizonte B (apresenta partículas de
sedimentos, solo pouco fértil contendo argila). Horizonte C (é uma transição entre rocha
e solo, apresentando partículas de rochas. Horizonte E (contem argila e possui coloração
esbranquiçada devido à perda de água.
 Importância do solo:
De acordo com o texto apresentado na introdução, o solo é essencial a vida,
pois contribui com a diversidade biológica tanto na superfície, quanto em seu interior.
O solo, quando saudável contribui para a diversidade biológica das plantas,
permitindo o desenvolvimento de micro organismos no solo que são necessários ao seu
desenvolvimento. Além disso, os microorganismos e os nutrientes promovem a
reciclagem dos nutrientes, que ajuda a prevenir o processo de erosão e o acumulo de
agentes poluentes.
Dentre as inúmeras importâncias do solo ainda está a de controlar o ciclo
hidrológico, por meio da infiltração, fazendo assim um controle da temperatura do
ambiente
O solo tende por contribuir com outras atividades como; agricultura,
silvicultura, e habitação, entretanto tais atividades o exercício dessas atividades pelos
humanos geram certos impactos ao meio ambiente, prejudicando não só os seres
humanos, mas também os animais, as plantas, os microrganismos que constituem a
fauna e a flora do solo, o ar e a água.

59
 Principais de formas de contaminação:

Conforme citado na introdução deste trabalho, o solo pode sofrer diferentes


tipos de tipos degradação sendo eles:
Lixiviação – Processo do qual ocorre a lavagem da camada superficial do solo,
ou seja, ocorre a retirada dos nutrientes do solo, o que diminui a fertilidade do solo. As
enxurradas carregam os materiais superficiais do solo para as área mais baixas.
Erosão –Processo ocorre de forma natural, entretanto o se humanos tem
utilizado técnicas que agravam o fenômeno erosivo Tal processo se caracteriza por
transportar materiais sólidos.
Salinização – Processo do qual ocorre o acumulo de sais minerais em forma de
íons (Na+ e Cl-) tanto na superfície, quanto no interior do solo.
Poluição – A poluição do solo ocorre devido a mudanças realizadas pelos seres
humanos Essa mudança muitas das vezes leva a deterioração solo a ponto de torna-lo
inútil.
De acordo com os trabalhos de (LEPSCH, 2011) e (OLIVEIRA, 2011), a
salinização, poluição, erosão e desertificação contribuem para o empobrecimento do
solo, e as vezes até mesmo sua inutilidade. Em seus trabalhos foram apresentados os
tipos de contaminação, a causa e a consequência, sendo assim pode –se construir uma
tabela de forma resumir as informações.

TABELA 8- TIPOS DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO


TIPOS DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO
Contaminantes Causas Consequências
Erosão Pode ocorrer Redução da
naturalmente fertilidade e produtividade
Desmatamento do solo
Criação de áreas Assoreamento de
de cultivo e pastagens. rios e lagos.
Impermeabilizaçã Desequilíbrio da
o do solo. Declividade do fauna e flora desses
terreno. ecossistema.

Salinização Métodos Redução da


incorretos de irrigação. fertilidade e produtividade
Acúmulo do solo.
excessivo de água com
sais minerais e outros
compostos acompanhados
60
de intensa evaporação.
Desertificação Desmatamento Redução da
Métodos fertilidade e produtividade
incorretos de irrigação. do solo.
Desmatamento. Salinização do
Mineração solo.
Expansão de Perda da
áreas de cultivo e biodiversidade.
pastagens
Lixiviação Desmatamento. Redução da
Chuvas intensas. fertilidade do solo.
Redução da
biodiversidade do solo.

Poluição Gases tóxicos Redução da fauna


Chuva ácida e flora do local.
Utilização Desequilíbrio
incorreta de agrotóxicos ambiental.
Despejo ilegal de Redução da
produtos químicos fertilidade e produtividade
Depósito de lixos do solo,
ilegais

Tabela 8- Tipos de contaminação do solo


(Fonte: a autora)
 Biorremediação

O solo tem sofrido bastante com, os diferentes tipos de contaminação, sendo


assim tornou –se necessário a elaboração de técnicas de biorremediação para que possa
minimizar os efeitos dessa contaminação
TABELA -
TÉCNICAS DE BIORREMEDIAÇÃO
In- Situ Ex- Situ Vantagens Desvant
agens
Landfarm Compostag Processo de Alguma
ing em baixo custo. s técnica são
Fitorreme Biorreatore Não oferece lentas.
diação s prejuízos ao meio Pode
Bioestim ambiente. haver
ulaçao Processo desequilíbrio
Bioaume natural. ecológico devido
ntação a introdução de
Atenuaçã organismos não
o natural habitantes do

61
local a ser
remediado.

(Fonte :a autora)

CONCLUSÃO
Os solos de áreas agrícolas têm sofrido bastante com o exagerado uso de
agrotóxicos com isso vem senso desenvolvidas várias técnicas para recuperação desses
solos. Desta forma, o excesso de agrotóxicos ameaça de forma direta as espécies de
vegetais e animais presentes no meio em que estão inseridos. Esta ameaça vem também
de forma indireta quando alimentos contaminados são ingeridos. Muitas substancias
toxicas não são biodegradáveis e podem percorrer quilômetros de distância por muitos
anos prejudicando todos os seres vivos e suas respectivas cadeia alimentar.

Dentre as inúmeras importâncias do solo ainda está a de controlar o ciclo


hidrológico, por meio da infiltração, fazendo assim um controle da temperatura do
ambiente. O solo tende por contribuir com outras atividades como; agricultura,
silvicultura e habitação.
Conclui-se que, o solo, quando saudável contribui para a diversidade biológica
das plantas, permitindo o desenvolvimento de micro-organismos no solo que são
necessários ao seu desenvolvimento. Além disso, os micro-organismos e os nutrientes
promovem a reciclagem dos nutrientes, que ajuda a prevenir o processo de erosão e o
acumulo de agentes poluentes.

62
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