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COOPFURNAS CURSO DE QUALIFICAÇÃO EM OPERAÇÃO DE

Excelência e Alta Tecnologia em Energia PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

SUMÁRIO

1. O que é Geologia................................................................................. 2

2. Campos de Estudo da Geologia........................................................... 9

3. Geologia do Petróleo......................................................................... 10

4. Rochas............................................................................................... 11

5. Petróleo............................................................................................. 14

6. Bacias Sedimentares......................................................................... 25

Geologia e Reservatórios 1
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1. O QUE É GEOLOGIA

Geologia é a ciência que estuda a Terra. Parece muito amplo, não? E realmente é, trata-se de
uma das mais abrangentes ciências naturais.

Os geólogos estudam a composição, a estrutura e a evolução do Globo Terrestre, bem como


os processos que ocorrem no seu interior e superfície necessário ao profissional. Para a
compreensão de disso tudo é necessário um bom conhecimento de Física, Química, Biologia e
Matemática. De fato, existem muito mais coisas entre o céu e a Terra do que pode supor a
nossa vã filosofia. São depósitos minerais, bacias petrolíferas, fraturas e falhas geológicas,
lençóis frenéticos, fósseis, poluição, cidades, seres vivos... É trabalho que não acaba mais -
melhor para o geólogo.

Já deve ter dado para notar que a geologia não envolve apenas o estudo das rochas como
muitos pensam. Seu conhecimento é de básico interesse científico, e é utilizado a serviço da
humanidade. Os geólogos são capazes de identificar reservas minerais que possam ser
extraídas, identificar zonas estáveis geologicamente falando sendo ideais para construções
civis, e prever desastres naturais - como terremotos - que são associados as forças
geodinâmica.

Prof. Dra. Maria Cristina Motta de Toledo

Geologia é a ciência natural que, através das ciências exatas e básicas (Matemática, Física e
Química) e de todas as suas ferramentas, investiga o meio natural do planeta, interagindo
inclusive com a Biologia em vários aspectos. Geologia e Biologia são as ciências naturais que
permitem conhecer o nosso habitat e, por conseqüência, agir de modo responsável nas
atividades humanas de ocupar, utilizar e controlar os materiais e os fenômenos naturais.
Embora tenha permanecido distante dos conhecimentos gerais da população no Brasil, a
Geologia tem um papel marcante e decisivo na qualidade da ocupação e aproveitamento dos
recursos naturais, que compreendem desde os solos onde se planta e se constrói, até os
recursos energéticos e matérias primas industriais. O desconhecimento quantitativo e
qualitativo da dinâmica terrestre tem resultado em prejuízos muitas vezes irreparáveis para a
Natureza em geral e para a espécie humana em particular.

Hoje, já se sabe muito mais sobre o funcionamento do Planeta do que 30 anos atrás. Este
progresso no conhecimento deve ser divulgado e assimilado, sendo a compreensão do ciclo
natural terrestre fundamental para a valorização das relações entre o ser humano e a Natureza
e para a adoção de uma postura mais crítica e mais consciente frente aos mecanismos de
desenvolvimento da sociedade.

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Podemos definir Geologia como a ciência cujo objeto de estudo é a Terra: sua origem, seus
materiais, suas transformações e sua história. Estas transformações produzem materiais ou
fenômenos naturais com influência direta ou indireta em nossas vidas. É preciso saber
aproveitar adequadamente as características da Natureza, bem como prever e conviver com os
fenômenos catastróficos que são sinais da dinâmica do planeta.

Os objetivos da geologia podem ser sintetizados desta forma:

- Estudo das características do interior e da superfície da Terra, em várias escalas;


compreensão dos processos físicos, químicos e físico-químicos que levaram o planeta a ser tal
como o observamos;

- Definição da maneira adequada (não destrutiva) de utilizar os materiais e fenômenos


geológicos como fonte de matéria-prima e energia para melhoria da qualidade de vida da
sociedade;

- Resolução de problemas ambientas causados anteriormente e estabelecimento de critérios


para evitar danos futuros ao meio ambiente, nas várias atividades humanas;
valorização da relação entre o ser humano e a Natureza.

O SISTEMA QUÍMICO DINÂMICO DA TERRA

Prof. Ian McReath

A Terra sólida que fica ao nosso alcance – as rochas superficiais e os solos delas derivadas por
desgaste físico e químico – é constituída por minerais, ou seja, compostos químicos
inorgânicos. Os elementos destes compostos já se achavam presentes à época da formação da
Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos atrás.

A composição do interior terrestre possivelmente é similar na sua parte mais externa (a crosta
e o manto; (Figura 1) a algumas das rochas presentes na superfície, embora os minerais alí
presentes sejam diferentes.

Uma parte da contribuição da Química às Ciências Geológicas está na compreensão da


estabilidade dos minerais, e das reações que podem ocorrer entre eles e seu meio.

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Figura 1

A TERRA-LABORATÓRIO

Imagine um edifício com vários laboratórios. No piso térreo, são realizadas experiências sob
condições de pressão e temperatura compatíveis com aquelas da superfície terrestre.
Investigam-se aqui os efeitos da atmosfera oxidante, da água da chuva (geralmente,
levemente ácida) e dos organismos sobre os minerais e rochas que se encontram expostos na
superfície da terra. São enfocados diferentes aspectos em cada caso, em reposta às seguintes
questões: qual o destino dos elementos químicos, usados como nutrientes pelas plantas,
durante a decomposição das rochas e dois minerais?; ou ainda, os elementos químicos que
poluem o meio-ambiente em conseqüência da atividade industrial descontrolada são fixados
em quais produtos formados na superfície?; Em que ponto do espaço e do tempo estes
compostos superficiais se formam?

No primeiro subsolo, em equipamentos diferentes, porém igualmente especiais, pesquisa-se o


comportamento de óxidos de magnésio, alumínio, cálcio, sílico, ferro e outros elementos
químicos sob temperaturas de até pouco menor que 2.000°C, e pressões de até umas
centenas de milhares de vezes superior à pressão atmosférica, que é de 1 kg.cm-2,
aproximadamente. Pesquisa-se, também, o comportamento de silicatos de magnésio, alumínio,
cálcio e ferro. Novamente, busca-se saber quais os minerais estáveis sob cada condição de
pressão e temperatura, quando teve início o processo de fusão das misturas de minerais
investigadas.

Finalmente, no segundo subsolo, as experiências são realizadas em equipamentos, sob


condições de temperatura de milhares de graus centígrados e de pressão da ordem de milhões
de vezes superior à da pressão atmosférica. Estuda-se aqui o comportamento de ligas
metálicas, de ferro e níquel, na presença de pequenas quantidades de enxofre, oxigênio, e
outros elementos químicos. Verifica-se, também, as condições de início de fusão das misturas,
e a natureza dos compostos químicos produzidos em cada experiência.

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Em suma, neste edifício, os cientistas tentam simular os diferentes sistemas químicos que
compõem a Terra, de acordo com sua estruturação em uma fina crosta superficial, um manto
espesso e núcleo (Figura 1). No piso térreo, simulam-se as reações movidas
predominantemente pela energia solar. No primeiro subsolo, as experiências objetivam estudar
o manto e a crosta terrestre. No segundo subsolo, estudam-se os fenômenos que podem estar
acontecendo na camada menos acessível do planeta, o núcleo. Nestas duas últimas camadas,
a energia que movimenta os processos é fundamentalmente o calor interno do planeta.

COMO SURGIU A ESTRUTURA INTERNA DA TERRA

Considera-se que o planeta Terra tenha se formado no interior de uma nebulosa solar quente
(composta por gases e sólidos na forma de poeira) a partir de componentes químicos mais
refratários, que se condensaram em temperaturas muito altas. Assim, os elementos químicos
mais abundantes do planeta são bastante restritos, a saber: ferro (que pode existir como
metal, como óxido, ou silicato, ou sulfeto), oxigênio (geralmente, combinado com outros
elementos, especialmente com o sílicio), silício, magnésio (geralmente como óxido ou silicato),
níquel (como liga junto ao ferro, silicato junto ao magnésio, ou sulfeto junto ao ferro), enxofre
(nos sulfetos), cálcio (como óxido ou silicato) e alumínio (como óxido ou silicato). Estes oito
elementos, juntos, compõem cerca de 90% da massa do nosso planeta.

Durante o processo de formação da Terra, os condensados e as partículas de poeira colidem e


unem-se, umas às outras. As massas dos aglomerados e as velocidades das colisões crescem
rapidamente. Em contrapartida, o número de corpos presentes decresce. Surgem primeiro
grande número de corpos planetesimais, muito menores que a Lua. Depois de múltiplas
colisões, surgem os protoplanetas, com dimensões parecidas com a da Lua. A energia das
colisões leva ao aquecimento dos corpos, e isto promoveu a fusão, pelo menos parcial, dos
componentes de menor ponto de fusão: o ferro metálico e sulfetos de ferro e níquel líquidos,
os quais, por serem mais densos, acumulam-se no centro do planeta, enquanto os outros
materiais mais leves concentram-se ao redor deste núcleo, no manto espesso, e na crosta.
Esta separação chama-se de diferenciação primária.

Para onde foram os elementos químicos durante a diferenciação primária? E o que


aconteceu depois?

Com a estrutura precoce do planeta formou-se o núcleo metálico e o manto e a crosta


silicáticos. O ferro participa de todas as “camadas”, enquanto magnésio, silício e oxigênio (por
exemplo) participam essencialmente do manto e da crosta. Elementos de grande interesse
econômico, como o níquel, ouro e elementos do grupo de platina apresentam grande afinidade
química com ligas de ferro ou os sulfetos. Tais elementos podem ter sido concentrados no

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núcleo no momento da diferenciação primária, e desse modo são escassos nas outras
camadas. De outra parte, elementos alcalinos, tais como o sódio e potássio, concentram-se em
minerais silicáticos de maior facilidade de fusão, e tendem a concentrar-se na crosta terrestre.

Figura 2

Após a diferenciação primária, o material do manto e da crosta sofre reciclagem e


reprocessamento em decorrência da convecção que, durante o resfriamento, promove a
transferência de calor do interior da Terra para a superfície. As transferências de calor são
acompanhadas pelo transporte de material em direção à superfície. Em profundidades
moderadas no interior da Terra, ocorrem processos de fusão parcial. Alguns elementos (tais
como magnésio e níquel) tendem a ficar na parte refratária, não fundida, enquanto outros
elementos tendem a se concentrar no fundido (a exemplo dos elementos alcalinos, como sódio
e potássio).

Os líquidos produzidos (ou seja, os magmas) migram e consolidam-se como componentes da


crosta terrestre. Como compensação do processo de ascensão do material quente e menos
denso, ocorre descida de material mais frio e mais denso que retorna ao interior da Terra parte
dos componentes materiais da crosta e do manto superior raso.

Os movimentos tridimensionais de ascensão e descida de matéria rochosa podem abranger


toda a extensão do manto, como deve ocorrer, por exemplo, embaixo das ilhas Havaí no meio

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do Oceano Pacífico, ou podem envolver apenas a parte do manto raso, como deve acontecer
embaixo do Oceano Atlântico. Os movimentos de fluxo térmico e materiais verticais são
acompanhados por movimentos laterais que movimentam as placas litosféricas, que
constituem os diversos segmentos da crosta da Terra (Figura 2). Esta diferenciação secundária
começou logo após a diferenciação primária da Terra, e continua até hoje.

PLANETA TERRA

Forma – Elipsóide de rotação com diâmetro equatorial e polar da ordem de 12.700 km.
Massa – 6x10²¹t.
Densidade global – 5,5.
Densidade das rochas – 2,7.

-A densidade dos materiais aumenta para o interior da Terra.


-Diferente constituição e diferente compressão.
-Conhecimento que se tem da constituição interna da Terra – obtidos principalmente por meio
de observações indiretas (Geofísica).
-Observações diretas –7 –8 km, por meio de poços.
-Meteoritos – Admite-se que sejam produtos da desintegração de outros planetas do sistema
solar.
-A maioria dos meteoritos apresenta composição química não compatível com a das rochas da
superfície terrestre. Assim são associados a materiais existentes no interior do planeta.

-Grau geotérmico – Número de metros necessários para que a temperatura aumente 1 grau. A
temperatura aumenta progressivamente para o interior da Terra.
-Valor médio é da ordem de 30 m / grau, podendo variar bastante de região para região.
-Fonte de calor no interior da terra – desintegração radioativa.

DIVISÃO BÁSICA DAS CAMADAS DA TERRA:

CROSTA (SIAL)
NÚCLEO (NIFE)
MANTO (SIMA)

-Crosta continental – em média, 35 km de espessura; composta por rochas graníticas e


sedimentares.
-Crosta oceânica – composta por rochas, basálticas. É mais densa do que a crosta continental.

-Litosfera – parte superior do manto + crosta.

-Astenosfera manto – sua porção mais superior.


-O calor gerado no interior da Terra propaga-se por convecção até a superfície do planeta.
Este calor e o material que o contém ascendem em uma região, provocando a descida de
material mais frio em outra.
-Este movimento constante, que abrange milhões de anos, induz à fragmentação da litosfera e
gera as placas tectônicas. As placas “flutuam” e deslizam sobre a astenosfera, ocasionando a
movimentação dos continentes.

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-A fragmentação geralmente ocorre na região da crosta continental, uma vez que esta
apresenta menor resistência do que a crosta oceânica.
-A este processo de ruptura, que gera falhamentos, da – se o nome de rifteamento.
-Com o escoar do tempo, as placas se afastam em determinadas regiões (regiões quentes,
com ascendência de calor) e colidem ou submergem em outras (regiões mais frias).
-O afastamento das placas gera um depressão, que mais tarde formará um oceano.
-Bacias Marginais Brasileiras.
-Áreas sedimentares que se estendem desde o Estado do Rio Grande do Sul até a costa do
Amapá.
-Originadas e controladas pelo processo de separação Brasil – África.
-Final do Paleozóico – Megacontinente- Pangea.
-40% da superfície do Globo.
-Restante – Oceano Panthalassa.
-Com o aumento do calor interno e ausência de movimento, a litosfera rachou-se novamente,
dando início à nova fragmentação.
-A desagregação do Gondwana iniciou-se no início do Cretáceo.
-Deslocamento da América do Sul em sentido horário, em relação à África.
-Verifica-se também o resfriamento da crosta
-Subsidência – Afundamento.
-Geração de áreas deprimidas – grabens.
-Início da sedimentação.
-Durante o Cretáceo o clima da Terra era quente.
- Na atmosfera – grandes quantidades de CO² - emanações vulcânicas.
- Não havia gelo nos pólos.
- Nível do Mar bastante elevado.
-Ausência de circulação marinha.
-Chovia principalmente em regiões de alta latitude.
-Início da separação Brasil – África formaram-se vários lagos.
-Sedimentares lacustre.
-Curso da deriva.
-Primeiras ingressões marinhas.
-Água salgada.
-Intensa evaporação.
-Formação de depósitos de sais. Estes depósitos são espessos.

2. CAMPOS DE ESTUDO DA GEOLOGIA

Geofísica - reconhece as propriedades físicas da Terra. Por exemplo, estudando o campo


magnético terrestre ( intensidade, configuração e variação), o fluxo de calor interno da Terra,
o movimento das ondas sísmica, que estão associadas aos terremotos. A geofísica combina

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geologia com física para solucionar problemas como encontrar reservas de gás, óleo, metais,
água...
Geoquímica - trata da química do planeta. E atualmente pode ser dividida em geoquímica
sedimentar, geoquímica orgânica, o novo campo da geoquímica ambiental, e muitos outros. O
grande interesse da geoquímica está na origem e evolução das principais classes de rochas e
minerais. O geoquímico estuda especificamente os elementos da natureza - por exemplo, os
ciclos geoquímicos do carbono, nitrogênio, fósforo e enxofre; distribuição e abundância de
isótopos na natureza e a exploração geoquímica, também chamada de prospecção geoquímica,
que é aplicada para a exploração mineral.
Petrologia - trata da origem, estrutura, ocorrência, e da história das rochas ígneas,
metamórficas e sedimentares. Os petrólogos estudam as mudanças que ocorrem nas rochas e
são capazes de fazer um detalhado mapeamento mostrando os tipos de rochas existentes em
uma área.
Mineralogia - trata dos minerais encontrados na crosta terrestre, e até mesmo os encontrados
ou originados fora dela. A cristalografia estuda a forma externa e a estrutura interna dos
cristais naturais ou sintéticos. Há quem considere a mineralogia a arte de identificar os
minerais baseando-se nas suas propriedades físicas e químicas. A mineralogia econômica
focaliza os processos responsáveis pela formação dos minerais, especialmente os de uso
comercial.
Geologia estrutural - estuda atualmente as distorções das rochas em geral. Usualmente
comparando as formas obtidas e as classificando. Essas distorções podem ser vistas tanto
macroscopicamente quanto microscopicamente. Os geólogos estruturais são capacitados para
localizar armadilhas estruturais que podem conter petróleo.
Sedimentologia - refere-se ao estudo dos depósitos sedimentares e das suas origens. Os
sedimentólogos estudam inúmeras feições apresentadas nas rochas que podem indicar os
ambientes que existiam no local no passado e assim entender os ambientes atuais.
Paleontologia - estuda a vida pré-histórica, tratando do estudo de fósseis de animais e plantas
micro e macroscópicos. Os fósseis são importantes indicadores das condições de vida
existentes no passado geológico, preservados por meios naturais na crosta terrestre.
Geomorfologiar - trabalha com a evolução das feições observadas na superfície da Terra,
identificando os principais agentes formadores dessas feições e caracterizando a progressão da
ação de agentes como o vento, gelo, água... que afetam bastante o relevo terrestre.
Geologia Econômica - envolve a aplicação de princípios geológicos para o estudo do solo,
rochas, água subterrânea para saber como devem influir no planejamento e construção de
estruturas de engenharia.
Hidrogeologia - trata do gerenciamento de recursos hídricos, localização de lençóis freáticos e
a construção de poços.

Geologia Ambiental - esse é um campo relativamente novo responsável pela coleta e análise
de dados geológicos para evitar ou solucionar problemas oriundos intervenção humana no
meio ambiente. Um dos seus ramos é o da Geologia Urbana, que trata dos impactos,
geralmente caóticos, gerados sobre o meio ambiente, quando o incontrolável crescimento das
cidades agride o ambiente ocasionando catástrofes que afetam diretamente a qualidade de

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vida da população. Atualmente o geólogo ambiental tem trabalhado bastante na elaboração de


RIMAS ( Relatórios de Impacto Ambiental ), exigidos antes da execução de grandes obras.

3. GEOLOGIA DO PETRÓLEO

3.1. BACIAS SEDIMENTARES: A MEMÓRIA DO PLANETA

Prof. Renato Paes de Almeida

A superfície da Terra está em constante transformação. O nível dos oceanos varia, as placas
tectônicas movem-se, afastando ou aproximando continentes, cadeias de montanhas elevam-
se e são erodidas, áreas ocupadas por mares passam a abrigar rios e posteriormente calotas
de gelo e novamente mares e depois desertos. No curto período de uma vida humana, ou
mesmo da história registrada, poucas são as transformações que podem ser notadas, pois os
processos responsáveis pelas grandes mudanças do planeta são muito lentos e ocorrem em
uma escala de tempo diferente da vida cotidiana. Mesmo processos que ocorrem a taxas de
menos de um milímetro por ano podem ter efeitos de grande escala se persistirem por alguns
milhões de anos, o que é pouco tempo para um planeta de 4,6 bilhões de anos. Assim dizemos
que a história do planeta é medida pelo Tempo Geológico.

As transformações lentas ficam registradas nas características das rochas que encontramos na
crosta terrestre. Por exemplo, antigas cadeias de montanhas, já desaparecidas pela erosão
causada pelas chuvas, rios, ventos e geleiras, deixam seu registro em rochas metamórficas
que se formaram abaixo das grandes massas elevadas, e antigos vulcões, extintos a centenas
de milhões de anos e já sem expressão topográfica, podem ser revelados pelos produtos que
expeliram: as rochas vulcânicas formadas pelo resfriamento das lavas. Mas há certas áreas da
superfície da Terra que tornam-se nossa maior fonte de informação sobre as diversas
paisagens que existiram na superfície do planeta: as bacias sedimentares.

Bacias sedimentares são regiões que, durante um determinado período, sofrem lento
abatimento (ou subsidência), gerando uma depressão que é preenchida por sedimentos. Esses
sedimentos podem ser formados por materiais de três tipos principais: fragmentos originados
pela erosão das áreas elevadas e transportados para a bacia por rios, geleiras ou ventos;
materiais precipitados em corpos d'água dentro da bacia, anteriormente transportados como
íons em solução; e estruturas que fizeram parte de corpos de animais ou plantas, como
fragmentos de cochas, ossos, ou recifes de corais inteiros.

Como as bacias afundam lentamente, sedimentos mais novos são depositados sobre os mais
antigos, que ficam preservados da erosão que predomina na superfície do planeta. O resultado
é uma pilha de rochas (formadas pelas transformações que ocorrem aos sedimentos depois de
soterrados) de diferentes idades, que revelam a história da região em cada etapa do tempo em
que houve subsidência e acumulação de sedimentos. Como as camadas mais profundas

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depositam-se primeiro, pode-se estabelecer a cronologia dos eventos. É desta forma que
podemos traçar a evolução das espécies de animais e plantas ao longo do tempo e saber, por
exemplo, quais dinossauros existiram simultaneamente em uma região: através do
conhecimento das relações entre as camadas que contém os fósseis que essas formas de vida
deixaram.

O estudo das sucessões de camadas formadas em bacias sedimentares é denominado


Estratigrafia (estudo dos estratos), e a Paleontologia (estudo dos fósseis) não poderia avançar
sem ela. Mas não só apenas os fósseis fornecem informações sobre o passado do planeta, as
próprias rochas sedimentares guardam vestígios que podem ser interpretados pelos geólogos
para a reconstituição das características de uma dada região em épocas passadas. Os
elementos que transportam ou acumulam sedimentos dentro de uma bacia, como rios, campos
de dunas formadas pelo vento, lagos, praias, áreas de mar profundo etc., dão origem a tipos
de depósitos sedimentares diferentes, que podem ser reconhecidos por geólogos
especializados.

É dessa forma que sabemos que, no tempo dos dinossauros, a maior parte das regiões
Sudeste e Sul do Brasil foram um grande deserto, com dunas semelhantes às que hoje
ocorrem no Sahara. Dezenas de milhões de anos antes disso, a mesma região era coberta por
mares rasos que vieram depois de grandes geleiras de uma época em que a América do Sul e
a África eram unidas e próximas ao Pólo Sul. As evidências desse passado fascinante estão nos
afloramentos de rochas, nas beiras das estradas, pedreiras e escarpas de serras, para quem
quiser ver e puder entender.

4. ROCHAS

(Prof. Dr. Fábio Ramos Dias de Andrade)

A Terra é um planeta vivo e seus continentes estão em constante movimento, devido à


dissipação de calor do interior do planeta. A tectônica global analisa o comportamento
dinâmico do planeta, enfocando em conjunto os processos a ela ligados, tais como o
magmatismo, a sedimentação, o metamorfismo e as atividades sísmicas (terremotos).

A geologia é a ciência que estuda a origem e a evolução do nosso planeta, através da análise
das rochas e seus minerais. As rochas que formam os continentes e fundos dos oceanos
registram os fenômenos de transformação da superfície e do interior da crosta terrestre.

4.1. OS TIPOS DE ROCHAS

4.1.1. Rochas ígneas

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As rochas ígneas (do latim ignis, fogo) são também conhecidas como rochas magmáticas. Elas
são formadas pela solidificação (cristalização) do magma, que é um líquido com alta
temperatura, em torno de 700 a 1200oC, proveniente do interior da Terra.

As rochas ígneas podem conter jazidas de vários metais (ouro, platina, cobre, estanho, etc.) e
trazem à superfície do planeta importantes informações sobre as regiões profundas da crosta e
do manto terrestre.

O tamanho dos cristais das rochas ígneas é, em geral, proporcional ao tempo de resfriamento
do magma, isto é, quanto mais lenta for a cristalização de um magma, maiores são os cristais
formados e vice-versa.

Magmas cristalizados a grandes profundidades no interior da crosta esfriam lentamente,


possibilitando que seus cristais se desenvolvam até atingir tamanhos visíveis a olho nu (>> 1
mm). Rochas ígneas deste tipo são denominadas rochas plutônicas, como por exemplo o
granito.

Nos vulcões, o magma (lava) atinge a superfície da crosta e entra em contato com a
temperatura ambiente, resfriando-se muito rapidamente. Como a solificação é praticamente
instantânea, os cristais não têm tempo para se desenvolver, sendo portanto muito pequenos,
invisíveis a olho nu (<<1mm). Rochas deste tipo são denominadas rochas vulcânicas, como o
basalto.

Quando o magma se cristaliza muito próximo à superfície, mas ainda no interior da crosta, o
resfriamento é um pouco mais lento que o das rochas vulcânicas, permitindo que os cristais
sejam visíveis a olho nu, embora ainda de tamanho pequeno (~1mm). Rochas deste tipo são
denominadas rochas sub-vulcânicas, a exemplo do diabásio.

4.1.2. Rochas sedimentares

As rochas sedimentares são o produto de uma cadeia de processos que ocorrem na superfície
do planeta e se iniciam pelo intemperismo das rochas expostas à atmosfera.

As rochas intemperisadas perdem sua coesão e passam a ser erodidas e transportadas por
diferentes agentes (água, gelo, vento, gravidade), até sua sedimentação em depressões da
crosta terrestre, denominadas bacias sedimentares. A transformação dos sedimentos
inconsolidados (p. ex. areia) em rochas sedimentares (p. ex. arenito) é denominada diagênese,
sendo causada por compactação e cristalização de materiais que cimentam os grãos dos
sedimentos.

As rochas sedimentares fornecem importantes informações sobre as variações ambientais ao


longo do tempo geológico. Os fósseis, que são vestígios de seres vivos antigos preservados
nestas rochas, são a chave para a compreensão da origem e evolução da vida.

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A importância econômica das rochas sedimentares está em conterem, em determinadas


situações, petróleo, gás natural e carvão mineral, que são as principais fontes de energia do
mundo moderno.

As rochas sedimentares formadas pela acumulação de fragmentos de minerais ou de rochas


intemperizadas são denominadas rochas clásticas ou detríticas, como o arenito. Existem
também rochas sedimentares formadas pela precipitação de sais a partir de soluções aquosas
saturadas (p. ex. evaporito) ou pela atividade de organismos em ambientes marinhos (p. ex.
calcário), sendo denominadas rochas não-clásticas ou químicas.

4.1.3. Rochas metamórficas

As rochas metamórficas são o produto da transformação de qualquer tipo de rocha, quando


esta é levada a um ambiente onde as condições físicas (pressão, temperatura) são muito
distintas daquelas onde ela se formou. Nestes ambientes, os minerais podem se tornar
instáveis e reagir formando outros minerais, estáveis nas condições vigentes.
Como os minerais são estáveis em campos definidos de pressão e temperatura, a identificação
de minerais das rochas metamórficas permite reconhecer as condições físicas em que ocorreu
o metamorfismo.

O estudo das rochas metamórficas permite identificar grandes eventos geotectônicos ocorridos
no passado, fundamentais para o entendimento da atual configuração dos continentes.

As cadeias de montanhas (por exemplo Andes, Alpes, Himalaias) são grandes deformações da
crosta terrestre, causados pelas colisões de placas tectônicas. As elevadas pressões e
temperaturas existentes no interior das cadeias de montanhas durante sua edificação são o
principal mecanismo formador de rochas metamórficas.

O metamorfismo pode ocorrer também em outras situações, ao longo de planos de


deslocamentos de grandes blocos de rocha (alta pressão) ou nas imediações de grandes
volumes de magmas, devido à dissipação de calor (alta temperatura).

4.2. O CICLO DAS ROCHAS

O ciclo das rochas representa as diversas possibilidades de transformação de um tipo de rocha


em outro.

Os continentes se originaram ao longo do tempo geológico pela transferência de materiais


menos densos do manto para a superfície terrestre. Este processo ocorreu principalmente
através de atividade magmática.

As rochas, uma vez expostas à atmosfera e à biosfera passam a sofrer a ação do


intemperismo, através de reações de oxidação, hidratação, solubilização, ataques por
substâncias orgânicas, variações diárias e sazonais de temperatura, entre outras. O
intemperismo faz com que as rochas percam sua coesão, sendo erodidas, transportadas e

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depositadas em depressões onde, após a diagênese, passam a constituir as rochas


sedimentares.

A cadeia de processos de formação de rochas sedimentares pode atuar sobre qualquer rocha
(ígnea, metamórfica, sedimentar) exposta à superfície da Terra.

Devido à migração dos continentes durante o tempo geológico, as rochas podem ser levadas a
ambientes muito diferentes daqueles onde elas se formaram. Qualquer tipo de rocha (ígnea,
sedimentar, metamórfica) que sofra a ação de, por exemplo, altas pressões e temperaturas,
sofre as transformações mineralógicas e texturais, tornando-se uma rocha metamórfica.

Se as condições de metamorfismo forem muito intensas, as rochas podem se fundir, gerando


magmas que, ao se solidificar, darão origem a novas rochas ígneas.
O ciclo das rochas existe desde os primórdios da história geológica da Terra e, através dele, a
crosta de nosso planeta está em constante transformação e evolução.

5. PETRÓLEO

Prof. Dr. José Roberto Canuto

5.1. A UTILIZAÇÃO DO PETRÓLEO ATRAVÉS DOS TEMPOS

A palavra petróleo vem do latim, petra e oleum, correspondendo à expressão “pedra de óleo”.
O petróleo ocorre na natureza ocupando vazios, existentes entre os grãos de areia na rocha,
ou pequenas fendas com intercomunicação, ou mesmo cavidades também interligadas.
Estudos arqueológicos mostram que a utilização do petróleo iniciou-se 4000 anos antes de
Cristo, sob diferentes denominações, tais como betume, asfalto, alcatrão, lama, resina, azeite,
nafta, óleo de São Quirino, nafta da Pérsia, entre outras.

O petróleo é conhecido desde tempos remotos. A Bíblia já traz referências sobre a existência
de lagos de asfalto e diversas ocasiões em que foi utilizado como impermeabilizante. O líquido
foi utilizado por hebreus para acender fogueiras, nos altares onde eram realizados sacrifícios,
por Nabucodonosor, que pavimentava estradas na Babilônia, pelos egípcios na construção de
pirâmides e conservação de múmias, além do uso como combustível para iluminação por
vários povos. Os gregos e romanos embebiam lanças incendiárias com betume, para atacar as
muralhas inimigas. Após o declínio do Império Romano, os árabes também empregaram-no
com a mesma finalidade. Há relatos de que, quando os espanhóis chegaram na América,
Pizarro deu conta da existência de uma destilaria que era operada por incas.

Supõe-se que o líquido citado representava resíduo de petróleo encontrado em surgências na


superfície.

A moderna era do petróleo teve início em meados do século XIX, quando um norte-americano
conhecido como Coronel Drake encontrou petróleo a cerca de 20 metros de profundidade no
oeste da Pensilvânia, utilizando uma máquina perfuratriz para a construção do poço. Os
principais objetivos eram então a obtenção de querosene e lubrificantes. Nessa época, a

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gasolina resultante da destilação era lançada aos rios (prática comum na época) ou queimada,
ou então misturada no querosene, por ser um explosivo perigoso. Entretanto, a grande
revolução do petróleo ocorreu com a invenção dos motores de combustão interna e a
produção de automóveis em grande escala, que deram à gasolina (obtida a partir do refino do
petróleo) uma utilidade mais nobre.

5.2. FORMAÇÃO, ACUMULAÇÃO E PROSPECÇÃO DO PETRÓLEO E DO GÁS


NATURAL

O termo petróleo, a rigor, envolve todas as misturas naturais de compostos de carbono e


hidrogênio, os denominados hidrocarbonetos, incluindo o óleo e o gás natural, embora seja
também empregado para designar apenas os compostos líquidos.

O petróleo é formado em depressões da crosta terrestre após o acúmulo de sedimentos


trazidos pelos rios das partes mais elevadas, ao seu redor, em ambiente aquoso. A imagem
mais facilmente compreensível depressões, ou bacias sedimentares, dessas uma bacia
sedimentar é a de uma ampla depressão coberta de água, seja um lago ou um mar que sofre
rebaixamento contínuo no tempo geológico.

Dentre diversas teorias existentes para explicar a origem do petróleo, a mais aceita,
atualmente, é a de sua origem orgânica, ou seja, tanto o petróleo como o gás natural, são
combustíveis fósseis, da mesma forma que o carvão. Sua origem se dá a partir de matéria
orgânica, animal e vegetal (principalmente algas), soterrada pouco a pouco por sedimentos
caídos no fundo de antigos mares ou lagos, em condições de ausência de oxigênio, que, se ali
existisse, poderia destruí-los por oxidação. Entretanto, mesmo assim a matéria orgânica desses
tecidos passou por drásticas modificações, graças à temperatura e à pressão causada pelo
soterramento prolongado, de modo que praticamente só restaram o carbono e o hidrogênio,
que, sob condições adequadas, combinaram-se para formar o petróleo ou gás.

A grande diferença entre a formação do carvão mineral e dos hidrocarbonetos e a matéria-


prima, ou seja, principalmente material lenhoso para o carvão e algas para os hidrocarbonetos,
o que é definido justamente pelo ambiente de sedimentação. Normalmente, o petróleo e o gás
coexistem, porém, dependendo das condições de pressão e temperatura, haverá maior
quantidade de um ou de outro.

Para que grandes quantidades de petróleo se formem, é necessária a presença de três fatores:
vida exuberante, contínua deposição de sedimentos, principalmente argilas, concomitante com
a queda de seres mortos ao fundo da bacia e, finalmente, o rebaixamento progressivo desse
fundo, para que possam ser acumulados mais sedimentos e mais matéria orgânica sobre o
material já depositado.

Em Geologia, o tempo desempenha um papel importantíssimo. As condições acima descritas


têm que perdurar por milhões de anos, e a própria transformação da matéria orgânica original
em petróleo demanda outros milhões de anos, para que a temperatura e a pressão atuantes
na crosta, além do tempo, possam interagir na formação do petróleo.

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O petróleo e o gás, entretanto, não é encontrado nas rochas em que se formou. Durante o
longo processo de sua formação, ocorre sua expulsão da chamada rocha geradora, formada
por sedimentos finos que consistem de folhelhos, argilitos, sal, etc, que é praticamente
impermeável, para rochas porosas e permeáveis adjacentes (acima, abaixo ou ao lado),
formadas normalmente por arenitos. Dessa maneira, o petróleo permanece sob altíssima
pressão nas rochas porosas, denominadas rochas reservatório, até que seja eventualmente
alcançado pela perfuração de um poço.

De um modo geral, a fase exploratória mais dispendiosa é a da perfuração de poços. A decisão


de perfurá-los é antecedida de extensa programação e elaboração de estudos, que permitam
um conhecimento tão detalhado quanto possível das condições geológicas presentes na região,
tanto na superfície como em subsuperfície. As perfurações se orientarão, assim, para as áreas
que tenham, de fato, as maiores possibilidades de conter acumulações de óleo ou gás.
Para localizar o petróleo ou gás numa bacia sedimentar, os especialistas firmam-se em dois
princípios fundamentais: 1) o petróleo se aloja numa estrutura localizada na parte mais alta de
um compartimento de rocha porosa, isolada por camadas impermeáveis. Essa estrutura é
denominada armadilha ou trapa (veja na figura, no final do texto); 2) essas estruturas são
resultantes de modificações sofridas pelas rochas ao longo do tempo geológico, especialmente
a sua deformação, através do desenvolvimento de dobras e falhas na crosta terrestre.
Os diversos estágios da pesquisa petrolífera orientam-se por fundamentos de duas ciências: a
Geologia e a Geofísica.

5.3. GEOLOGIA DO PETRÓLEO

A aplicação da Geologia à pesquisa do petróleo e gás natural é de extrema importância,


porque essa ciência explica o porque da ocorrência do hidrocarboneto em determina
localidade. Explica também sua origem, a que tipo de rocha se associa e quais os eventos
geológicos responsáveis pela formação de uma jazida economicamente aproveitável. Após
minuciosos estudos geológicos é que se pode saber se há ou não conveniência na aplicação de
grandes capitais destinados à procura e exploração do petróleo.

O geólogo especializado nessa área de atuação participa em todas as fases da pesquisa. Faz o
reconhecimento da bacia sedimentar, localiza e estuda as estruturas mais potenciais ao
acúmulo de petróleo ou gás e presta assessoria ao geofísico, com informações geológicas,
necessárias à interpretação dos resultados sísmicos.

O geólogo do petróleo coordena, no campo, o conjunto de profissionais envolvidos nos


trabalhos de exploração, supervisiona todas as fases do processo de pesquisa, mantém-se
presente durante a perfuração do poço pioneiro, examina as amostras coletadas, verifica e
elabora os testes pertinentes a cada indício de óleo em profundidades diferentes, que vão
sendo atingidas através da perfuração. Após a consumação do poço pioneiro, o geólogo

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continua se fazendo presente junto ao agrupamento, até que seja demarcado definitivamente
o campo de petróleo encontrado.

Um aspecto relevante na participação do geólogo do petróleo está no cuidado com o meio


ambiente. Trata-se de um profissional que recebe, em sua formação, uma base muito bem
fundamentada, relativa à questão ambiental. No campo, as equipes sob sua coordenação
recebem as mais completas orientações no sentido de se manter uma convivência adequada e
harmoniosa com o meio ambiente, recolhendo os rejeitos dos produtos utilizados, e
preservando as espécies animais e vegetais presentes na região em que se desenvolvem os
trabalhos

Geologia do petróleo – Estudo integrado, de natureza científica, que congrega vários


ramos da geologia e geofísica objetivando a descoberta de jazimentos economicamente
viáveis.

A exploração de petróleo apóia-se, irrestritamente, no método científico e, portanto,


consiste em relacionar fatos observados às idéias, por meio de teorias.

Geologia do petróleo – Atividade que congrega geólogos e geofísicos com as mais


diversas especialidades.

O estudo integrado permite a elaboração de modelos favoráveis à acumulação de HC.


Tais modelos são testados com a perfuração de poços.

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Figura 3

Componentes do Petróleo

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Óleo mineral
Mistura natural de hidrocarbonetos (HC) e outros
Compostos
Coloração variada

Cheiro característico

Pode ocorrer nos estados sólidos, líquidos e gasoso.


Petróleo – constituído por hidrocarbonetos e, em menor proporção, por não hidrocarbonetos
Hidrocarbonetos – compostos químicos que contêm átomos de Carbono (C) e Hidrogênio (H)
Nas CNTP:

CH4 -----------C4H10 – gasoso


C5H12 --------C14H30 – líquido
> C15H32--------------- - sólido

Hidrocarbonetos

Saturados – as 4 valências do C estão relacionadas a 4 átomos distintos.


Parafínicos normais (alcanos) – sem ramificações
Parafínicos ramificados – ramificações em um ou mais átomos de C.
Parafínicos cíclicos – as extremidades da cadeia do HC apresentam-se unidas (eliminação de
átomos de H)

Exemplos mais comuns possuem 5 ou 6 átomos de C.

Insaturados – 1 átomo de C ligado a outros por meio de ligações duplas ou triplas.


Aromáticos – ligações simples e duplas alternam-se em anéis de 6 átomos.
Compostos heteroatômicos – compostos orgânicos que, além de C e H, contêm outros
elementos.

Composição dos Petróleos

HC saturados
HC cíclicos
Resinas – compostos heteroatômicos
Asfaltenos – heteroatômicos de alto peso molecular

Classificação dos petróleos – baseado na concentração relativa de seus constituintes


Grau API – Medida adotada pelo American Petroleum Institute para indicar o peso específico
dos petróleos.

Quanto mais leve for o petróleo, mais alto será o grau API

5.4. ORIGEM DO PETRÓLEO

5.4.1. Inorgânica

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-Seria originado por meio de reações químicas que ocorreriam abaixo da crosta terrestre.
-Em tais reações não haveria a participação de matérias orgânica.
-Ocorrência de HC em locais próximos a emanações vulcânicas.
-Hidrocarbonetos e outros compostos orgânicos têm sido observados em meteoritos.

5.4.2. Origem orgânica

Fundamentada em experimento – geração de HC pelo aquecimento de certas rochas


sedimentares de granulação fina que contêm matéria orgânica.
Engler, em 1888, aqueceu (400 C + pressão elevada) mistura de óleos vegetais e animais.
Como resultado obteve numerosos tipos de HC da série parafínica.

Pirólise – Aquecimento da matéria orgânica, em laboratório, para gerar petróleo.


Prova mais convincente para a origem orgânica.
A natureza produz petróleo de maneira semelhante, porém a temperaturas relativamente baixa
e num tempo muito longo.

A matéria orgânica depositada com os sedimentos é convertida por processos bacterianos e


químicos, durante o soterramento, num composto complexo, o quergênio, que contém
pequena quantidade de N e O. Este processo é acompanhado por remoção de água e
compactação dos sedimentos. O querogênio, por sua vez, é convertido em HC por
craqueamento térmico a maiores profundidades e temperaturas relativamente elevadas.

5.5. CONDIÇÕES PARA A EXISTENCIA DE ACUMULACÕES PETROLÍFERAS

-O petróleo apresenta distribuição irregular na crosta terrestre.


-As acumulações comerciais encontram-se em bacias sedimentares.
-O petróleo não ocorre em cavernas no interior da terra.
-Rochas geradoras – rochas de granulação fina ricas em matéria orgânica (1%) submetidas
à condições adequadas para a geração de HC.
-Matéria orgânica – principalmente a de origem vegetal.
-Fitoplâncton – algas microscópicas de vida aquática que proliferam nas camadas superiores
das águas e dos mares.
-Restos de vegetais superiores terrestres também contribuem, mas a preservação é mais difícil
em virtude do meio fortemente oxidante onde ocorrem.
-Os restos orgânicos devem escapar da decomposição por oxidação
-Devem repousar em meios anóxicos – praticamente sem oxigênio disponível.
-Sedimentos receptores adequados são os que não permitem a circulação de água em seu
interior – baixa permeabilidade.
-Lamas argilosas ou carbonáticas que se transformam em folhelhos e calcilutitos.
-A capacidade geradora de petróleo e de gás natural de uma rocha é função da qualidade de
seu conteúdo de matéria orgânica e de sua evolução térmica (evolução geológica).

Evolução térmica adequada:

fitoplâncton – hidrocarbonetos líquidos

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vegetais superiores – gás.

Com o progressivo sepultamento e aumento de temperatura, a matéria orgânica começa a


sofrer transformações termoquímicas que resultarão na geração de HC.

Fases da evolução térmica:

Diagênese - Baixas temperaturas, da ordem de 65 oC. Matéria orgânica transforma-se em


querogênio, devido à ação de bactérias que provocam a reorganização molecular. Apenas
metano bioquímico ou biogênico é gerado Gás dos pântanos.
Catagênese - A temperatura se eleva até 165 oC. Verifica-se a quebra das cadeias complexas
do querogênio. Origem de hidrocarbonetos líquidos que nesta fase têm máxima produção. Esta
fase é também denominada “Janela de geração do óleo.” Apreciáveis volumes de gás são
gerados.
Metagênese - Temperatura acima de 210 oC – Quebra de todas as moléculas dos
hidrocarbonetos líquidos. Situa-se nesta fase a “Janela de geração exclusiva de gás seco
(metano).”
Metamorfismo – Temperatura acima de 210 oC – praticamente desaparecem o
hidrocarbonetos, restando apenas traços de metano e de grafita.
Migração – após ser gerado, o petróleo é expulso da rocha geradora, sendo armazenado nas
rochas reservatório, nas situações adequadas (trapas).
Rochas Reservatório – são rochas porosas que efetivamente armazenam petróleo após a
migração.
Arenitos são rochas reservatório mais comuns
Se não existir rocha reservatório, o petróleo gerado não poderá ser extraído comercialmente.
Poros de rochas sedimentares situadas abaixo do lençol freático encontram-se saturados pela
água.
Rochas Capeadoras ou Selantes – O petróleo gerado, por ser mais leve do que a água ,
tende a escapar para a superfície, onde se perde. Para que a acumulação seja possível,
necessária a existência de uma barreira de rochas impermeáveis.
Folhelhos são as rochas capeadoras mais comuns.
Armadilhas Geológicas ou Trapas – Condições somente satisfeitas quando existem
situações geológicas (estruturais ou estratigráficas) adequadas.

O petróleo deve estar concentrado em áreas restritas das bacias sedimentares para formar as
jazidas ou campos petrolíferos.

A conjunção de fatores (geração, rochas reservatórios, rochas selantes, trapas e migração)


deve manter, no contexto das bacias sedimentares, uma adequada associação espacial e
temporal.

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Ao tempo em que ocorre geração / migração, as trapas já devem existir ou estarem em


formação, ao longo da rota migratória. Se a migração ocorre antes da formação da trapa, o
petróleo se perde. Na trapa deve haver rocha reservatório capeada pelo selante.

O estudo integrado permite a elaboração de modelos favoráveis à acumulação de HC. Tais


modelos são testados com a perfuração de poços.

Ainda não existe um método indireto que permita a identificação de petróleo em subsuperfície.
Por meio dos métodos disponíveis vislumbra-se, apenas, as situações em que podem ocorrer
acumulações de HC.

Só se descobre petróleo perfurando poços - método direto de investigação.

A locação de uma perfuração é o resultado do esforço integrado dos vários especialistas


envolvidos.

A exploração petrolífera é um processo extremamente caro. Gastam-se milhões e milhões de


dólares. Entretanto, o prêmio, quando obtido, compensa todos os investimentos.

Geologia e Geofísica:

-Identificam e delimitam as bacias sedimentares – locais onde se encontram mais de 99% das
acumulações petrolíferas.
- Investigam a coluna sedimentar das bacias, reconhecendo a evolução histórica ao longo do
tempo geológico (história geológica).
- Identificam rochas reservatório, rochas selantes e trapas.

Ramos da Geologia:

-Estratigrafia
-Geologia Estrutural – tectônica
-Sedimentologia
-Micropaleontologia
-Geoquímica orgânica
Etc.

Ramos da Geofísica:

-Gravimetria
-Magnetometria
-Sísmica
Etc.

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5.6. DE ONDE VEM O PETRÓLEO

5.6.1. O Petróleo e a Energia Solar

Pode parecer estranho, mas toda vez que queimamos qualquer derivado de petróleo estamos
consumindo, indiretamente, energia emanada pelo sol há muitos milhões de anos atrás. O
petróleo é, em última análise, um eficaz armazenador de energia solar.

5.6.2. A Luz de Milhões de Anos de Idade

Esta acumulação de energia, por tão longo período, tem início no processo de fotossíntese
operado por pequenas algas que flutuavam na superfície de lagos ou mares antigos.
Chamamos esta comunidade vegetal de fitoplancton. Durante a fotossíntese, as plantas
clorofiladas utilizam energia luminosa para construir ligações químicas entre o hidrogênio e o
carbono que são retirados da água e do gás carbônico contido no ar. Dentro destas ligações
fica aprisionada boa parte da energia luminosa que propiciou tal reação química. Com isto,
estes organismos crescem e se reproduzem, guardando em sua estrutura molecular o brilho
solar de muito tempo atrás.

5.6.3. Os Destinos de uma Vida

A partir de então, cada uma dessas plantinhas pode ter três destinos diferentes: 1) ser
ingerida por um consumidor primário (um herbívoro); 2) ser decomposta após a morte pela
ação de organismos necrófagos, como fungos e bactérias; ou 3) ser soterrada sem sofrer
decomposição significativa. Dentre estes três destinos, os dois primeiros são os mais comuns
de ocorrer na natureza. O terceiro caminho requer condições mais especiais. A plantinha tem
que escapar do predador e do decompositor e se manter preservada ao ser soterrada no fundo
do oceano ou de um lago.

5.6.4. Vida e Morte de uma Alga

A ocorrência de grandes acumulações de matéria orgânica morta não decomposta necessita,


por sua vez, de três condições ambientais básicas. A primeira delas é a existência de um
ecossistema aquático farto em nutrientes e muito bem oxigenado próximo à sua superfície.
Isto favorece a proliferação da vida, levando a uma alta produtividade vegetal (do
fitoplâncton), maior do que aquela que os predadores poderiam consumir. Fica garantido o
abastecimento mais que satisfatório dos consumidores. Este saldo positivo para a flora pode
culminar em uma superabundância de algas boiando na superfície de tão fértil ecossistema.
Devido ao excesso de algas, a maioria delas não chega a ser comida pelos consumidores, já
bastante saciados, e acabam morrendo de velhice. Ao morrerem, essas algas vão ao fundo,
decantando-se lentamente junto com a lama do substrado. Para não serem decompostas após
a morte, é necessário que uma segunda condição ocorra. Enquanto a superfície em que viviam
essas algas deveria ser bem oxigenada, o fundo do corpo d’água onde elas se depositam após
a morte, ao contrário, precisará ser pobre em oxigênio. A própria abundância de vida algálica
contribui para o cumprimento deste requisito. Muita alga nascendo significa muita alga
morrendo. Muita alga morrendo significa muito material para ser decomposto no corpo d’água.

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O processo de decomposição, por sua vez, consome oxigênio do meio. Após um certo período,
o fundo do corpo aquático, para onde os restos de algas mortas se dirigem, torna-se
extremamente deficiente em oxigênio. A partir de então, quase todo o material orgânico que
chega ao fundo será preservado, sendo lentamente acumulado e soterrado com lama que
decanta.

Os variados materiais que chegam à bacia vão se depositando em camadas sucessivas, dando
origem às rochas sedimentares. São cascalhos, areias e lamas trazidos da área continental,
bem como carapaças de organismos marinhos, sais e material orgânico formados no próprio
corpo d’água da bacia. Eles variam de acordo com os diversos tipos de ambientes que se
sucedem ao longo de sua história; como rios, lagos, deltas, praias, mar raso, mar profundo,
etc. À medida que a base da bacia afunda, ela vai sendo preenchida por esta sequência de
sedimentos que poderá gerar e acumular petróleo, a depender de algumas condições
especiais.

5.6.5. Como se Origina o Petróleo?

A deposição sucessiva de sedimentos leva a um soterramento cada vez maior das camadas
mais antigas. Os sedimentos assim depositados vão se compactando e sofrendo diversas
transformações. Essas mudanças são lentas mas permanentes. Pela compactação, os
sedimentos, originalmente inconsolidados, vão se transformando nas chamadas rochas
sedimentares, num processo conhecido como litificação.

Três tipos de rochas sedimentares são especialmente importantes para a geração e


acumulação de petróleo. A rocha geradora (geralmente um folhelho), a rocha armazenadora
ou reservatório (arenitos e calcários porosos) e a rocha selante ou capeadora (principalmente
folhelhos e calcáreos impermeáveis).

Para existir uma acumulação de petróleo, é necessário que o preenchimento da bacia obedeça
a uma certa ordenação de eventos geológicos. A deposição e transformação dos sedimentos
que vão se empilhando dentro da bacia devem seguir um encadeamento sincronizado de
acontecimentos, que chamamos de condições especiais de um sistema petrolífero.

As condições básicas são as seguintes, em ordem cronológica:

1) Formação de uma bacia sedimentar;


2) Alta produtividade biológica (principalmente de algas) que forneça grandes quantidades
de material orgânico em curto espaço de tempo;
3) Preservação e acumulação desta matéria orgânica. A deposição destes restos de
microflora, juntamente com material lamoso, dá origem ao que chamamos de rocha geradora.
Após o soterramento e compactação, estas rochas poderão ser aquecidas ao ponto de gerar e
expulsar petróleo para as rochas sobrepostas;
4) Deposição de sedimentos granulares que, mesmo depois do soterramento e
compactação, poderão manter uma considerável porosidade entre os grãos, formando as
rochas acumuladoras (ou reservatório) de petróleo;

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5) Deposição de material argiloso ou carbonático sobre os futuros reservatórios, que darão


origem à rocha selante impermeável que capeia o topo da acumulação de petróleo, evitando
que o óleo se perca para cima;
6) Deformação da sequência rochosa. Formam-se fissuras por onde o óleo gerado em
zonas mais profundas deverá passar para atingir as rochas reservatório, localizadas em zonas
mais rasas. O dobramento das camadas irá ajudar na formação de armadilhas para o petróleo
ascendente, estruturando formas que lembram um casco de tartaruga, por exemplo;
7) Soterramento lento e gradual, aumentando a pressão e temperatura da rocha geradora
que, quando se encontrar em condições aproximadas de 100 0C e 4000m de profundidade, já
estará gerando petróleo;
8) O petróleo gerado irá subir pelos planos de fissuras e através dos poros das rochas. A
este processo se dá o nome de migração. Na sua rota para cima, o óleo só poderá ser barrado
se encontrar uma armadilha no caminho, tipo um casco de tartaruga, obviamente com uma
rocha impermeável em cima e uma rocha porosa em baixo.

Assim, teremos a nossa tão procurada acumulação de petróleo que, por ser relativamente rara
na natureza, chamamos de anomalia geológica. Isto porque o normal na natureza é que os
passos da seqüência descrita acima não ocorram por completo ou que, mesmo ocorrendo, não
se encadeiem na ordem necessária para culminar na acumulação de petróleo. Podemos até
dizer que praticamente todas as bacias sedimentares geraram petróleo algum dia. O problema
maior é a dificuldade de retenção deste óleo até os nossos dias. Lembre-se de um balão de
aniversário que se esvazia em alguns poucos dias. Imagine quantas condições especiais devem
ser cumpridas para que um óleo, gerado à dezenas de milhões de anos, fique retido no
subsolo, sem se perder na superfície, aguardando o momento de nós chegarmos por aqui. Ou
seja, quando quase tudo dá “errado” na natureza, teremos então uma acumulação de
petróleo. Pode-se perceber que os geólogos se defrontam com a necessidade de vislumbrar o
petróleo em situações anômalas, onde uma série de circunstâncias excepcionais ocorreram de
forma fortuita. Vê-se que, nesta difícil e cara tarefa, o geólogo deverá ser o mais observador e
criativo possível. Diz-se que o petróleo é descoberto, antes de tudo, na cabeça do geólogo.
Antes da perfuração do poço de pesquisa, o geólogo deverá conceber a existência de petróleo
naquela área. Ou seja, ele deve elaborar uma concepção de que ali existe petróleo e
convencer os gerentes de sua empresa, com argumentos lógicos, de que vale a pena correr o
risco de se investir dinheiro naquele poço de pesquisa.

6. BACIAS SEDIMENTARES
-Cenários onde se desenrolam os processos que podem dar origem aos fatores necessários à
ocorrência de petróleo.
-Áreas deprimidas da crosta terrestre. Seu leito (embasamento) geralmente é formado por
rochas metamórficas e /ou ígneas, onde são depositados, carreados ou precipitados vários
tipos de sedimentos, durante milhares de anos (tempo geológico).
-As bacias sedimentares são preenchidas por sedimentos e rochas sedimentares.
-As bacias sedimentares são classificadas em vários modelos e tipos.
-É de fundamental importância o estudo das bacias sedimentares para se achar petróleo.

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-Saber como a bacia foi originada, como se deu o seu preenchimento, quais os fenômenos que
se fizeram presentes ao longo do tempo geológico, são informações que se realiza a
exploração petrolífera.
-A geologia do petróleo é, em grande parte, a geologia das bacias sedimentares, pois essas
feições geológicas constituem o “habitat” do petróleo.

Curso da deriva

-Aumento do oceano umidificação do clima.


-Depósitos provenientes do continente.

Bacia de Campos

-Situada na costa do Estado do Rio de Janeiro.


-Típica bacia de margem passiva.
-Área de 100.000km² a cota batimétrica de 3.000 m.
-Alto de Vitória a separa da bacia do Espírito Santo.
-Alto de Cabo Frio a separa de Santos.
-80% de todo o petróleo brasileiro produz cerca de 1.000.000 de barris por dia.

Bacia do Solimões

-Bacia paleozóica intracratônica com 450.000km² de área prospectiva.


-Orientação geral E-O.
-Separada da bacia do Acre pelo arco de Iquitos.
-Separada da bacia do Amazonas pelo alto de Purus.
-Dividida em duas sub-bacias pelo alto de Carauari.
Sub bacia de Jandiatuba
Sub-bacia de Juruá
Sub-bacia de Juruá – bastante produtiva com 20 campos de óleo e gás.

Sedimentologia – É o estudo das propriedades físicas das rochas sedimentares, assim como
de suas estruturas, com o objetivo de se determinar o ambiente deposicional em que os
sedimentos (que geraram as rochas) foram acumulados.

Propriedades físicas:

-Granulometria;
-Textura superficial;
-Morfometria (esfericidade e arredondamento);
-Composição mineralógica (maturidade);
-Orientação dos grãos (fábrica) etc.

Estruturas sedimentares – os sedimentos arranjam –se de acordo com o meio de deposição


das correntes, a profundidade lâmina d’água, condições químicas , etc. Estes arranjos vão
constituir as estruturas sedimentares.

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Primárias (Físicas).
Inorgânicas – Estratificações sl.
Orgânicas – Tubos e pistas.
Secundárias –(Químicas).
Diagenéticas – Concreções, etc.
Diagênese – conjunto de processos físicos e químicos que transformam os sedimentos em
rochas sedimentares.
Petrografia Sedimentar – Descrição das rochas sedimentares, tanto em escala macroscópica,
quanto em escala microscópica.
Composição mineralógica.
História diagenética

CONCEITOS E DEFINIÇÕES BÁSICAS

Geologia – Enquanto ciência, procura decifrar a historia geral da Terra, desde o momento em
que se formaram as rochas até o presente. Um conjunto de fenômenos físicos, químicos,
físico–químicos e biológicos compõe o seu complexo histórico.
Dois aspectos distintos da Geologia: Geologia Geral e Histórica.
Geologia Geral – estudo da composição, da estrutura e dos fenômenos que atuam tanto na
superfície do planeta, quantos em seu interior.
Duas fontes de energia atuam no planeta Terra.
Energia solar – térmica
Energia proveniente da desintegração de elementos radioativos – térmica
Energia solar – responsável pelo esculpimento da superfície do globo, que é continuamente
modificada pelas águas e pelos ventos (Dinâmica Externa)
Energia radioativa – Forma e modifica a estrutura e composição do planeta (Dinâmica Interna)
A energia térmica proveniente da desintegração radioativa atua na superfície do planeta????
Estas duas fontes agem de modo independente, havendo, contudo, efeitos intimamente
recíprocos entre ambas.
Geologia Histórica – estuda e procura datar cronologicamente a evolução geral do planeta.
Modificações estruturais
Modificações geológicas
Modificações biológicas (evolução da vida)
Seqüência e cronologia dos eventos – Estratigrafia.
Configuração dos continentes e dos mares do passado – paleogeografia.
Estratigrafia – ciência que cuida não só da sucessão original e da idade das rochas como
também de sua forma, composição litológica, conteúdo paleontológico,..., buscando inferir
seus ambientes de origem e sua história geológica (Internacional Stratgraphic Guide, 1976).

Princípio e leis da Estratigrafia

1 – Lei de sucessão biológica – aparecimento e desaparecimento de sucessivas formas de vida


ao longo do tempo geológico. A evolução da vida é irreversível. Instrumento para datação.
2 – Lei de correlação de fácies – As fácies (camadas de rochas sedimentares) dispostas
verticalmente têm a mesma distribuição horizontal.

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3 – Princípio da superposição – em um conjunto de corpos litológicos dispostos verticalmente,


o situado na base da coluna é o mais antigo. Aquele situado no topo é o mais novo.
4 – Princípio do atualismo (Uniformitarismo) – O presente é a chave do passado – os processos
geológicos hoje atuantes não diferem, essencialmente, em natureza e intensidade dos
processos que atuaram em épocas anteriores.

Tempo Geológico
- o tempo pode ser medido por eventos que ocorrem dentro dele – causa e efeito.
- não se reconhecem as causas, reconhecem-se os efeitos. As causas são interpretas.
- observações são fatos. Causas são interpretações.
- fatos são verdades. Interpretações, não necessariamente.

Geotectônica – Investiga a estrutura e deformação da crosta terrestre, ocupando-se dos


movimentos e processos deformatórios originados no interior do globo, buscando inferir as leis
que regulam o seu desenvolvimento.

Geologia Estrutural – Um de seus objetivos é o estudo geométrico das estruturas tectônicas,


de primordial interesse para a compreensão dos diversos mapas utilizados na prospecção do
petróleo. Auxilia também na identificação e caracterização de trapas.

As deformações sofridas pelas rochas estão geralmente associadas a movimentos orogenéticos


(formação de cadeias de montanhas) ou a movimentos epirogenéticos (arqueamentos de
porções da crosta terrestre).

Epirogênese – movimento de vastas áreas, sem perturbar localmente a disposição e a


estrutura geológica das rochas que compõe os blocos afetados por estes movimentos.

Os elementos estruturais de uma determinada região organizam-se segundo normas ditadas


pelos campos de tensões atuantes quando de sua deformação.

O comportamento dúctil/rúptil da rocha será função da composição litológica


(mineralógica/química)e das condições de pressão e temperatura reinantes durante a época de
deformação.

Curso da deriva

-Aumento de abrangência do oceano primitivo diminuição da salinidade.


-Depósitos carbonáticos (clima quente e seco).

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ORIGEM E EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DA BACIA DE CAMPOS

Ricardo Defeo de Castro


PETROBRAS/E&P-BC/GEXP/GEINT

A Bacia de Campos tem sua origem ligada à separação entre Brasil e África , ocorrida há mais
de 100 milhões de anos. Durante o seu preenchimento sedimentar, seguiu-se um
encadeamento de acontecimentos que favoreceu, de modo especial, a geração e acumulação
de petróleo nas rochas aí formadas. Para uma melhor compreensão, os geólogos separam esta
evolução em estágios que mostram as grandes mudanças ambientais ocorridas no passado
geológico da bacia.

Que É Uma Bacia Sedimentar? - Uma bacia sedimentar é uma depressão na superfície da
terra. Ali predomina a acumulação de materiais erodidos nas áreas montanhosas e trazidos
para a bacia principalmente pelos rios. Os variados materiais vão se depositando em camadas
sucessivas, dando origem às rochas sedimentares. A formação inicial de uma depressão na
crosta da terra é disparada por forças provenientes das profundezas do manto terrestre. São
os chamados esforços tectônicos. À medida que a base da bacia afunda, ela vai sendo
preenchida por uma seqüência de sedimentos. Eles variam de acordo com os diversos tipos de
ambientes que se sucedem; como rios, lagos, deltas, praias, mar raso, mar profundo, etc. Com
o soterramento, as rochas assim formadas, poderão gerar e acumular petróleo. Isto depende
de algumas condições especiais que necessitam ocorrer de maneira cadenciada. A Bacia de
Campos foi bastante feliz quanto a estes requisitos para se tornar portadora de petróleo.
Veremos passo a passo, de maneira simplificada, a evolução geológica da bacia brasileira mais
prolífera em óleo.

Quando Macaé Não Tinha Praia - Há 150 milhões de anos atrás, a América do Sul e África
estavam unidas, fazendo parte de um supercontinente chamado Gondwana. Nesta época, a
praia mais próxima da atual região do norte fluminense não se encontrava a menos de 1500
Km de distância. O que hoje são belas praias, como Búzios, Macaé e Rio das Ostras, faziam
parte de um grande planalto localizado na região central do megacontinente. Daí deveriam
partir rios tanto para o lado angolano quanto para o lado brasileiro.

Dinossauros, Terremotos e Vulcões - Sobre este amplo planalto passeavam


tranquilamente os grandes dinossauros até que, no final do Período Jurássico, terríveis
cataclismas começaram a se abater sobre essas terras. Em torno de 140 milhões de anos
atrás, poderosos esforços tectônicos iniciaram um processo de ruptura do antigo continente,
separando o Brasil da África. Terremotos de intensidade jamais experimentada por seres
humanos assolaram a região com grande freqüência, abrindo extensas fissuras no terreno.

Imensos blocos rochosos afundaram, formando gigantescos abismos. No início do Período


Cretáceo, por volta de 130 milhões de anos atrás, a região foi palco de um dos mais
espetaculares eventos vulcânicos que se tem registro. Espessas camadas de lava basáltica
extravasaram de fissuras profundas, cobrindo uma área que vai desde o Espírito Santo até o
Uruguai.

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Uma Época de Lagos e Lagoas - Há 120 milhões de anos, o antigo planalto já havia se
desintegrado em uma série de depressões que foram preenchidas inicialmente por pequenos
lagos desconectados. Mais tarde, os vários corpos d’água vieram a se unir em alguns poucos
grandes lagos. Por volta de 115 milhões de anos atrás, o ambiente desses lagos se tornou
muito favorável a um intenso desenvolvimento de vida. Às suas margens vivia uma grande
quantidade de conchas. Durante as tempestades, as ondas arrancavam estes organismos da
lama, separando as carapaças da argila, jogando as conchas nas porções mais altas das praias.
Assim foram se formando acumulações quase puras de conchas. Isto deu origem à rocha
reservatório chamada coquina, produtora de óleo nos campos de Pampo, Linguado, Trilha e
Badejo. Nesta mesma época, boiando na superfície da água, havia uma enorme abundância de
micro-algas que, ao morrerem, se decantavam lentamente no fundo do lago. Com o tempo, a
acumulação dessa matéria orgânica juntamente com uma lama argilosa, formou o que viria a
ser a principal fonte de geração de petróleo da Bacia de Campos, o folhelho carbonoso da
Formação Lagoa Feia.

Nascimento de um Oceano - O mar começa a invadir a depressão entre África e Brasil por
volta de 110 milhões de anos atrás. Esta inundação resultou, inicialmente, num longo golfo, o
embrião do Oceano Atlântico. Tal golfo era estrangulado por um pequeno estreito,
provavelmente na altura de Santa Catarina. A situação atual mais semelhante a este estágio
está no Golfo Pérsico com seu Estreito de Ormuz. Eventualmente, o nível dos oceanos baixava
e o golfo se tornava, temporariamente, um mar isolado. O clima era árido, e a evaporação
intensa fazia destas águas uma verdadeira salmoura. Assim foram depositadas as espessas
camadas de sal (tipo sal de cozinha), que chamamos de halita.

O Caribe Era Aqui - Em torno de 105 milhões de anos atrás, com a subida do nível dos
oceanos e o alargamento do estreito que restringia o golfo, houve uma invasão mais efetiva do
mar. Desenvolveram-se extensas barras de areias carbonáticas, bordejadas pelo que deveriam
ser lindas praias, aos moldes do que hoje se vê nas Ilhas Bahamas, no Caribe. O ambiente era
de um mar raso, de águas límpidas e tépidas. No entanto, nenhum ser humano chegou a
tempo de poder mergulhar nessas praias. As areias carbonáticas deram origem aos
reservatórios de óleo de campos como Garoupa e Bonito.

Rios Submarinos - Com o afundamento permanente do assoalho da Bacia de Campos, o mar


se tornou cada vez mais profundo. Por volta de 90 milhões de anos atrás, a bacia já havia
atingido uma boa largura (mais de 1000Km) e uma lâmina d’água considerável (maior que
500m). A partir de então, o fundo marinho passou a receber violentas descargas de
sedimentos provenientes da plataforma (faixa arenosa mais próximo à costa). Estes eventos
são disparados por largos escorregamentos na beirada da plataforma, gerando avalanches de
areia e lama que se deslocam talude abaixo a grandes velocidades, em correntes de alta
turbulência. O processo de turbulência separa as areias da lama, ocasionando uma deposição
de areias limpas e porosas, que formam hoje os nossos principais reservatórios de petróleo.

São os arenitos, como aqueles dos campos gigantes de Marlim, Albacora e Roncador. Nos dias
de hoje, a bacia ainda está sujeita a estas avalanches periódicas de sedimento. Podemos
visualizar estas correntes como um rio submarino de funcionamento intermitente.

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Como Será o Fim? - Podemos vislumbrar a morte da nossa bacia baseados na história de
bacias que já morreram. Um dia o processo de afastamento dos continentes deverá se reverter
e a bacia passará a se comprimir. Nesta evolução, há grande possibilidade de acontecer um
dramático choque entre Brasil e África. Com esta “trombada” a Bacia de Campos poderá se
transformar numa alta cadeia de montanhas. Processo semelhante ocorreu há mais de 1 bilhão
de anos com o que é hoje a Serra do Espinhaço, que vai de Minas Gerais à Bahia. Para nós,
simples mortais, resta um consolo. Se por um lado chegamos tarde demais para ver os
dinossauros passeando por aqui, por outro lado não correremos o risco de presenciar a
fulminante colisão da África com o Brasil. Alguns milhões de anos nos separam desta quase
inevitável catástrofe.

Matéria Publicada no

Jornal da Bacia de Campos em 1998


e no jornal O Debate, de Macaé, em 1999

Leitura recomendada

Teixeira, W., Toledo, M.C.M., Fairchild, T.R., Taioli, F., 2000. Decifrando a Terra. Editora
Oficina de Textos, São Paulo, 568 pp.

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