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Cultura Oirganizacional, Freitas, 1991
Cultura Oirganizacional, Freitas, 1991
CULTURA ORGANIZACIONAL
GRANDES TEMAS EM DEBATE*
A
Teoria das Organizações vem dando cos identificados pelas gerências. Para Alves-
ênfase crescente ao tema Cultura Or- son, o desenvolvimento acelerado dos últimos
ganizacional. Embora presente na li- dez ou vinte anos tem resultado num ptocesso
teratura anterior à década de 80, a maior in- de quebra da uniformidade e cõesão dos pa-
cidência de pesquisas, conferências, cursos, drões culturais. Essas tendências têm pro-
1. Ver Administrative Science duzido uma fragmentação e heterogeneidade,
Ouarterly, 23(3), set. 1983; e publicações etc. começa a ocorrer a partir de
Organizational Dynamics, 12, 1983, quando as revistas Administrative Sei- onde a interação social aparece como
aut. 1983. ence Quarterly e Organizational Dynamics dedi- problemática, evidenciando a necessidade de
caram edições especiais ao assunto'. aperfeiçoamento do conteúdo das ideologias
2. Vide Fortune, jun/82, outl e! ou dos fundamentos em que elas estão
83 e mai/84; Business Week, Curiosamente, a discussão sobre a Cultura
outl80, dez/82. mai/84 e outl Organizacional vem ocorrendo não apenas baseadas. A cultura organizacional surge como
86; The New York Times, 071 nos limites da academia, mas também nas um contra-ataque aos problemas de desinte-
12/83. gração da sociedade, como uma solução
páginas da grande imprensa'.
3.Vide, entre outros: JAQUES, Por que o grande interesse pela questão atraente, enfatizando as idéias comuns, for-
Elliot. The Changing Culture of cultural nas organizações cresceu só nos anos mas de pensar, valores, padrões e maneiras
a Factory. Londres, Tavistock,
oitenta, se ela já estava presente na produção de trabalhar. Assim, a cultura organizacional
1951; McGREGOR, Douglas.
The Human Side of Enterprise. acadêmica anterior'? E interessante notar que, fornece a resposta a essas tendências de desa-
New York, McGraw-Hill, 1960; já na primeira metade deste século, o Sr. Tom gregação social pela quebra dos padrões cul-
BARNARD, Chester. The Func- Watson pregava os valores e crenças da IBM; turais, reproduzindo uma ordem particular,
tions of the Executive. Cam- via consenso e solidariedade entre os mem-
bridge, Harvard Press, 1938; que, em 1913, a J.c.Penny formulou o seu
SELZNICK, Philip. Leadership credo, onde enfatizava que uma vitória rápida bros da organização.
in Administration. New York, era menos importante que a construção de Compartilhamos da opinião de Alvesson e
Harper & Row, 1957; HARRI- vemos a cultura organizacional como um
SON, George. "Understanding uma lealdade a longo prazo; que o credo da
Your Organization's Charac- Johnson & Johnson data de 1940. poderoso mecanismo de controle, que visa a
ter". HaNard Business Review, Poucos são os autores que se arriscaram a conformar condutas, homogeneizar maneiras
mai/jun, 1972; KATZ, D. &
explicar a razão desse interesse súbito. Nestes de pensar e viver a organização, introjetando
KAHN, R. The Psychology of
Organizations. New York, John poucos', a argumentação mais comumente uma imagem positiva dela, onde todos são
Wiley & Sons, 1966; WATSON, encontrada relaciona-se ao recente declínio da iguais, escamoteando as diferenças e conflitos
Thomas. A Business and its produtividade norte-americana e ao ganho de inerentes a um sistema que guarda um anta-
Beliefs - the ideas that helped gonismo e anulando a reflexão.
built IBM. New York, Colum- competitividade dos japoneses. O milagre ja-
bia Univ. Press/McGraw-Hill, ponês tem inspirado vários best-sellers e mui- Neste trabalho, pretendemos apresentar,
1963. tas organizações têm contratado serviços de mais ou menos sucintamente, os tópicos que
consultoria para aplicar as técnicas que fazem têm recebido maior atenção de pesquisadores
4. Vide, entre outros: DEAL, T.
& KENNEDY,A. Corporate Cul- o sucesso japonês. Esse tipo de transposição acadêmicos e consultores organizacionais. Os
ture: the rites and rituais of tem levantado as diferenças entre as duas so- pontos escolhidos foram baseados no levan-
the corporate life. Massa-
ciedades, onde o Japão aparece como mais tamento da bibliografia norte-americana, prin-
chusets, Addison-Wesley, cipalmente, de 1979 a 1989, sendo utilizados
1982; PETERS,T. & WATER- homogêneo, com visão holística e ênfase no
MAN Jr. In Search of Excel- coletivo. 148 artigos e quinze livros. Não pretendemos
lence. New York, Harper & Numa explicação diferente, Mats Alves- fazer uma avaliação crítica dos diversos sub-
Row, 1982; GORDEN, W. temas - ainda que façamos alguns comen-
"Organizational Imperatives sons admite que a popularidade do tema pode
and Cultural Modifiers". Busi- ser atribuída em parte ao milagre japonês, tários esporádicos sobre um ou outro tópico
ness Horizons, 27, mail porém não reconhece que os problemas pu- - mas visamos a apresentar a maneira como
jun,1984; KANTER, R. The o assunto vem sendo debatido.
Change Masters. New York, ramente econômicos possam explicar o
Simon & Schuster, 1983. porquê do grande interesse pelos aspectos
culturais e simbólicos nas organizações. A QUESTÃO CONCEITUAL
5. ALVESSON, Mats. Organi- Apoiado no pressuposto de que a Teoria das
zation Theory and Technocratic A discussão em torno da cultura organiza-
Consciousness-Rationality, Organizações tem sido influenciada ideologi-
Ideology and Oua/ity Work. camente pela perspectiva gerencial, sugere cional vem seguindo uma base de conceitos
New York, Walter de Gruyter, fornecida pela Antropologia Cultural, onde
1987. existem diversas correntes teóricas, que privi-
6. SCHEIN, Edgard. "Coming legiam aspectos diferentes de um mesmo
to a New Awareness of Organ- fenômeno.
izational Culture". Sloan Man- Para efeitos deste trabalho, adotamos o con-
agement Review, Winter, ceito apresentado por Schein", que considera-
1984; e SHEIN, Edgard. "How
Culture Forms, Develops and mos um dos mais ricos na literatura consul-
Changes". In KILMANN, R. et tada. A Cultura Organizacional é o modelo
alii. Gaining Control of the dos pressupostos básicos, que um dado grupo
Corporate Culture, San Fran-
cisco, Jossey-Bass, 1985. inventou, descobriu ou desenvolveu no
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A descrição dos elementos que constituem d) Estórias e mitos: enquanto as estórias são
a cultura organizacional, a forma como eles narrativas de eventos ocorridos que informam
funcionam e, ainda, as mudanças que eles pro- sobre a organização, os mitos referem-se a
vocam no comportamento são maneiras de estórias consistentes com os valores organi-
dar ao assunto um tratamento mais concreto zacionais, porém sem sustentação nos fatos.
e de mais fácil identificação. Nesse sentido, é Ambos elementos preenchem funções específi-
bastante comum encontrarmos a cultura sendo cas, tais como: mapas, símbolos, scripts etc.
conceituada a partir dos- seus próprios ele-
mentos. e) Tabus: demarcam as áreas de proibições,
Verificamos que, no todo ou em parte, esses orientando o comportamento com ênfase no
elementos fornecem uma interpretação para não-permitido. A literatura consultada não dá
os membros da organização, onde a passagem maior atenção ao assunto, preferindo deter-se
dos significados se dá como uma coisa aceita. em casos de tragédias organizacionais e suge-
A linguagem é funcionalizada, restando a rindo formas de se lidar com elas.
aceitação do que é oferecido como é ofere-
cido. De certa forma, isso sugere a presença f) Heróis: personagens que incorporam os
de um componente hipnótico, através do qual valores e condensam a força da organização;
as mensagens e comportamentos convenien- Fala-se dos heróis natos e dos criados. E
tes são objeto de aplauso e adesão, levando à comum as organizações chamadas culturas
naturalização do seu conteúdo e à transmissão fortes exibirem os seus heróis natos, como:
espontânea aos demais membros. Tanto a Tom Watson, da IBM; [ohn Rockefeller, da
adesão como a reprodução demonstram não Standard Oil; Henry Ford, da Ford, entre
a liberdade dos indivíduos de os aceitar ou outros.
não, mas a eficiência do controle embutido.
Os elementos mais freqüentemente citados g) Normas: as regras que defendem o com-
são: portamento que é esperado, aceito esan-
cionado pelo grupo, podendo estar escritas
a) Valores: definições a respeito do que é im- ou não.
portante para se atingir o sucesso. Observa-se
que, em geral, as empresas definem alguns h) Processo de comunicação: inclui uma rede
poucos valores, que resistem ao teste do de relações e papéis informais que compor-
tempo, os quais são constantemente enfati- tam padres, fofoqueiros, conspiradores, con-
zados. Ainda que elas tendam a personalizar tadores de estórias etc. Ele desenvolve funções
os seus valores, podemos verificar que eles importantes como a de transformar o corri-
guardam algumas características comuns: queiro em algo brilhante, podendo ser usado
importância do consumidor, padrão de de- na administração da cultura. 7. SCHEIN, Edgard. "How Cu1-
sempenho excelente, qualidade e inovação, tu re Forms, Develops and
DESENVOLVI~ENTO, MANUTENÇÃO E Changes". Op. cit.
importância da motivação intrínseca etc.
IDENTIFICAÇAO DA CULTURA 8. DYER JR., W. G. "The Cycle
b) Crenças e pressupostos: geralmente usa- of Cultural Evolution in Organi-
dos como sinônimos para expressar aquilo que Esses aspectos estão diretamente relaciona- zations. In: KILMANN, R. et alii.
Op. cit.
é tido como verdade na organização. Quando dos ao que os autores entendem por cultura.
um grupo ou organização resolve seus proble- Escolhemos as proposições de Schein" e Dyer 9. SATHE, Vijay. "How to De-
mas coletivos, esse processo inclui alguma Jr.8 sobre o desenvolvimento e manutenção, e cipher and Change Corporate
as análises de Vijay Sathe? e Deal e Kennedy'" Culture" in KILMANN, R. et alii.
visão de mundo, algum mapa cognitivo, Op. cit.
algumas hipóteses sobre a realidade e a sobre a identificação cultural.
natureza humana. Se o sucesso ocorre, aquela Schein propõe um modelo dinâmico para 10. DEAL, T. & KENNEDY, A.
a análise da formação da Cultura. Considera Op cit.
visão de mundo passa a ser considerada
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algumas definições que as organizações fazem de novos produtos, integração vertical, ex-
para manejar os seus ambientes interno e ex- pansão geográfica, aquisições, fusões etc. Sur-
terno, e que incluem: gem subculturas, crises de identidade, perda
de objetivos-chave, valores e pressupostos.
a) senso de missão, razão de ser de sua exis- Oportunidade para mudança cultural.
tência;
b) alguns objetivos concretos derivados da 3. Maturidade, com a estabilidade de merca-
missão; dos, falta de motivação para mudança. A cul-
c) sentido de realização através de estruturas tura toma-se restritiva às inovações, passando
e processos; a ser valorizada como uma fonte de auto-es-
d) sentido de acompanhamento; e tima e defesa, preserva a glória do passado.
e) sentido de reparo. Nesta fase, também pode ocorrer uma opção
de transformação, via mudança cultural, ou
Para que essas definições funcionem, todo uma opção de destruição, onde ocorre mu-
grupo deve ter: dança cultural nos níveis básicos, através da
substituição massiva de pessoas-chave.
1. linguagem comum e categorias conceituais
compartilhadas; Em Dyer [r. encontramos um modelo de
2. algum modo de definir suas fronteiras e evolução cultural que considera, basicamente,
selecionar seus membros; o processo de resolução de crises e o papel
3. alguma forma de alocar autoridade e status; das lideranças. Esse modelo é definido a par-
4. normas para lidar com as relações inter- tir de seis etapas:
pessoais e íntimas;
5. critérios de recompensas e punições; e a) se a crise percebida coloca em questio-
6. alguma forma de lidar com o não-adminis- namento as habilidades e práticas das lide-
trável. ranças atuais;
b) se a percepção é acompanhada de uma
Trabalhando com a hipótese segundo a ruptura nos padrões simbólicos, crenças e
qual a cultura é transmitida basicamente a pressupostos;
partir dos mecanismos de redução de an- c) se as novas lideranças emergem com um
siedade/dor e de reforço/recompensa, Schein conjunto de novos pressupostos para resolver
acredita que a pergunta sobre se "toda organi- a crise;
zação tem uma cultura" pode ser respondida d) existência de conflitos entre proponentes
em termos de oportunidade ou não para que da antiga e nova liderança;
a aprendizagem entre os seus membros e) se a crise é resolvida e se os novos líderes
ocorra. Ou, ainda, a cultura é diretamente pro- são apontados como os responsáveis, estes,
porcional à estabilidade do grupo, ao tempo então, estabelecem-se como a nova elite cul-
que ele tem de convivência e à intensidade tural;
da aprendizagem gerada. f) a cultura da nova liderança é sustentada
Quanto ao desenvolvimento cultural, está pela introdução de novos modelos, até que o
relacionado com o estágio de desenvolvimento ciclo recomece em a).
da própria organização. Usando a noção de
ciclo de vida, Schein atribui a seguinte cor- Vijay Sathe compartilha as idéias de Schein
respondência: sobre os níveis de definição da cultura e como
esta se forma, comentando que uma melhor
1. Fase de crescimento compreensão se dá quando se examinam os
a) Nascimento e estágios iniciais de organi- aspectos de conteúdo (pressupostos dos fun-
zação, onde existe a dominação do fundador dadores e líderes seguintes, bem como as ex-
ou da família dominante. A cultura é uma periências atuais de resolução de problemas
competência distinta e fonte de identificação, e aprendizagem) e força (quão importantes
uma espécie de cimento que mantém os mem- são os pressupostos, quão largamente são
bros unidos. E dada uma forte ênfase à so- compartilhados e a clareza de que alguns são
cialização como uma evidência compartilhada. mais importantes que outros).
b) Sucessão. A organização se torna um Para decifrar a cultura, Sathe propõe:
campo de batalha entre os conservadores e os
progressistas. Sucessores potenciais são julga- 1. inferir o seu conteúdo (as falas, as manei-
dos de acordo com a sua capacidade de mu- ras de fazer as coisas, os sentimentos com-
dar alguns elementos da cultura presente. partilhados);
2. atentar para as qualificações e status dos
2. Fase intermediária, com o desenvolvimento investigadores (vantagens e desvantagens da
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observação dos antigos e recém-admitidos na • cultura apática - nem pessoas, nem per-
organização); formance;
3. estimar a força da cultura, observando a • cultura cuidadosa - pessoas;
proporção em que seus membros comparti- • cultura exigente - performance;
lham manifestações, tais como: atributos • cultura integrativa - pessoas e performance.
físicos, slogans, práticas, expressões de sen-
timentos etc. d) R.DonnelyI4 observa a relação com o uso
do planejamento.
Já Deal e Kennedy sugerem dois tipos de • cultura excelente: usa planejamento;
análise: externa e interna. Na primeira: • cultura fuzzy: mudança constante - des-
a) observa-se o ambiente físico que sugere continuidade negativa;
quão orgulhosa uma organização é de si • cultura awful: crises constantes.
própria; 11.HANDY, Charles. Como
b) lê-se o que a companhia fala sobre si e sua CARÁTER ÚNICO Compreender as Organizações.
cultura; Rio de Janeiro, Zahar, 1978; e
É possível que duas ou mais organizações HANDY, Charles. Deuses da
c) testa-se como a companhia recebe os Administração. S.Paulo,
estranhos; tenham a mesma cultura? Vértice, 1987. Veja também:
d) entrevistam-se pessoas a respeito da [ay Barney " analisa a questão da pers- HARRISON, R. "Understanding
história da companhia, como foi o seu começo, pectiva da influência da cultura na perform- Your Organization's Charac-
ance. Se a cultura pode ser entendida como ter". Harvard Business Review,
que tipo de pessoas trabalha ali, quem vai mai/jun, 1972; e HARRISSON,
avante, a que se atribui o sucesso. uma fonte de vantagem competitiva, então R. "How to Describe Your Or-
ela deve ser: a)passível de avaliação quantita- ganization". Harvard Business
Review, setlout. 1972.
o aspecto interno envolve entender tiva; b) ser rara; e, c) ser imitável, apenas im-
questões como: o sistema de carreiras; quanto perfeitamente. Caso ela possa ser imitada per- 12. DEAL, T. & KENNEDY, A.
tempo, principalmente na administração feitamente, a vantagem estaria eliminada em Op.cit.
média, as pessoas ficam num determinado pouco tempo.
Outra é a opinião de Joanne Martin e seus 13. SETHIA, N. & VON GLI-
cargo; qual o conteúdo dos discursos e memo- NOW, M.A. "Arriving at Four
randos; as anedotas e estórias que circulam colaboradores" para quem o assunto é para- Cultures by Managing the Re-
na rede cultural. Aqui também podem ser de- doxal. Considerando que a cultura se expressa ward System". In: KILMANN,
através de manifestações particulares, eles R. et alii. Op cit.
tectados alguns males culturais - foco no
curto prazo, explosões emocionais, fragmen- analisaram o caso das estórias organizacio- 14. DONNELY, R. "The Inter-
tação e inconsistências etc. nais e perceberam que em muitas delas exis- relationship of Planning With
tia uma grande semelhança de conteúdo. Corporate Culture on Creation
of Shared Values". Managerial
ALGUMAS TIPOLOGlAS Já Akin e Hopelaín" desenvolveram uma Planning,32, mai-jun. 1984.
análise partindo da existência de uma cultura
a) Charles Handy e Roger Harrison", consi- de produtividade, cujos elementos são 15. BARNEY, Jay. "Organiza-
comuns, independente do tipo de organização tional Cultures: Can it be a
deram a distribuição de poder dentro das Source of Sustained Competi-
organizações. onde ela exista. Os autores pesquisaram três tive Advantage?" Academy of
• cultura de poder (pequenas empresas - organizações bastante distintas em termos de Manangement Review, 11(6),
tecnologia, natureza da atividade, localização, 1986.
centralização);
• cultura de papéis (organizações exces- tamanho, qualificações exigidas etc., e con- 16. MARTIN, Joanne et alii.
sivamente bucrocratizadas); cluíram que o tipo de cultura era notadamente "The Uniqueness Paradox in
• cultura de tarefa (ênfase na competência e similar. Organizational Stories". Ad-
ministrative Science Ouarterly,
perícia); 28(3), set. 1983.
• cultura de pessoa (centrada nos indivíduos). MÚLTIPLAS CULTURAS
17. AKIN, G. & HOPELAIN, D.
Pode uma organização ter mais de uma "Finding the Culture of
b) Deal e Kennedy" avaliam a relação risco Productivity". Organizational
do investimento e a velocidade do feed-back cultura? Oynamics, 14, Winter, 1986.
do mercado. Para Kilmann e equipe", os administra-
dores que partilham o pressuposto X, de Me- 18. KILMANN, R. et alii. "Five
• cultura macho (alto risco/rápido feed-back); Steps in Understanding and
• cultura trabalho duro/diverte muito (baixo Gregor, tendem a admitir a existência de ape- Changing Culture". In: KIL-
risco/rápido feed-back); nas uma cultura -'- a de cima para baixo - MANN, R. et alii. Op.cit.
• cultura apostar sua companhia (alto risco/ ao contrário dos que endossam o pressuposto
Y, onde várias culturas ou subculturas são 19. LOUIS, Meryl. "Sourcing
lento feed-back); Workplace Cultures: Why,
• cultura processo (baixo risco/lento feed-back). admissíveis numa organização. When and How".ln: KILMANN,
Meryl Louis'? assume que existem poten- R. et alii. Op, cit.; e, também,
cialmente várias culturas nos locais de LOUIS, Meryl. "An Investiga-
c) Sethia e Von Clinow" enfatizam a preocu- tor's Guide to Workplacc Cul-
pação por pessoas ou por performance (inspi- trabalho. Deve-se considerar as raízes, ou lu- ture". In: FROST, P. et alii.
rados no Grid Gerencial), manejando o sistema gares onde primeiramente os entendimentos Organizational Culture, Cali-
de recompensas. são compartilhados e a extensão que a pene- fórnia, Sage, 1985.
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introdução - cultura macho (alto risco e rápido truindo modelos teóricos-práticos que natu-
feedback); ralizam seus valores, interesses e lógica.
crescimento - apostar na sua companhia (alto E, pois, com base nesses pressupostos que
risco e lento feedback); entendemos o debate dos diversos pesquisa-
maturidade - trabalho duro/diverte muito dores a respeito da relação entre cultura e
(baixo risco e rápido feedback); e performance. Supomos que grande parte da
declínio - cultura processo (baixo risco e lento pesquisa gerada foi motivada pela crença
feedback). segundo a qual a cultura cria impactos positi-
A junção de todas essas características é vos (na visão gerencial) na organização; que
feita através do Contingency Model of Strategic a cultura é manejável no sentido de produzir
Planning, que, a exemplo do BCG, consiste a otimização de resultados. Entendemos, como
numa matriz 2x2 e tipifica a partir das taxas evidência dessa crença, a quantidade de best-
de crescimento do mercado e participação sellers e a proliferação de empresas e pacotes
da firma no mercado. O resultado é a com- de consultoria especializados no assunto.
patibilidade entre o estágio da organização e Alguns autores não crêem que exista uma
as culturas correspondentes mais adequadas influência da cultura no desempenho da or-
a cada fase. ganização; no entanto, em termos de ex-
Também o trabalho de Schwartz e Davis" pressão quantitativa, é maior a produção dos
apresenta detalhes sobre a combinação da que defendem a posição contrária, incluindo-
25. SCHWARTZ, H. & DAVIS, estratégia e da cultura. se os autores de best-eellers mencionados an-
S. "Matching Corporate Cul- teriormente.
ture and Business Strategy".
Organizational Dynamics, A CULTURA CAUSA IMPACTO NA As pesquisas realizadas por George Cor-
Summer, 1981. PERFORMANCE! don", envolvendo mais de 50.000 respostas
de executivos de empresas estáveis, dinâmi-
26. GORDON, G. "The Interre- cas e financeiras, concluíram que, sendo a cul-
lationship of Corporate Culture Enquanto conhecimento humano, as Teo-
to Industry Sector and Corpo- rias das Organizações e da Administração têm tura definida pelos administradores a partir
rate Performance". In: KIL- se pautado por uma produção viesada, as- de uma visão estratégica em consonância com
MANN, R. et alii. Gaining Con- o seu meio ambiente, ela é, sem dúvida, uma
tra/ of me Corporate Cu/ture.
sumindo a perspectiva das gerências, repro-
Op.cit. duzindo a sua ideologia produtivista e cons- variável que gera forte impacto no desem-
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