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DISPOSITIVOS

Sensores Alexandre Capelli

A maioria dos
elementos pro-
vedores de in-
formações para
os sistemas de Figura 1 - Estrutura de um sensor magnético
automação in- (Reed-switch).

dustrial consiste
de sensores. Neste artigo, vamos abordar os principais tipos
utilizados no chão-de-fábrica enfocando, principalmente, as
aplicações práticas.

SENSOR MAGNÉTICO OU guns conceitos básicos sobre o


“REED -SWITCH” capacitor.
O capacitor é um componente ele-

O
s sensores magnéticos trônico capaz de armazenar cargas
são compostos por um elétricas. Por essa razão, ele opõem-
contato feito de material se as variações de tensão, e é muito Figura 2 - Símbolo do Reed-switch.
ferro magnético (ferro, ní- utilizado como filtro em circuitos ele-
quel, etc.) que é acionado na pre- trônicos. Já em corrente alternada, o ca-
sença de um campo magnético Esse componente é composto por pacitor comporta-se como um resistor.
(ímã per manente, por exemplo). duas placas metálicas isoladas eletri- O processo de carga e descarga feito
Vide figura 1. camente. O material isolante é chama- pela corrente alternada atribui uma “re-
Seu princípio de funcionamento é do “dielétrico”. sistência” elétrica ao componente. Na
simples: quando um ímã aproxima-se O valor da capacitância do verdade, o termo “resistência” é errô-
do sensor, o campo magnético atrai capacitor é diretamente proporcional neo visto que deveria ser impedância,
as chapas de metal, fazendo com que a área das placas e da constante pois varia com a freqüência.
o contato elétrico se feche. O símbolo dielétrica do material isolante, e inver- A impedância do capacitor para
desse sensor pode ser visto na figura samente proporcional à distância en- sinais alternados é dada por:
2. Esses sensores são muito utiliza- tre essas placas. Vide figura 3. Xc = 1 .
dos para detectar fim-de-curso em sis- Em corrente contínua, o capacitor 2πfC
temas automáticos. carrega-se de forma exponencial se-
gundo uma constante de tempo RC. Onde
SENSOR CAPACITIVO Notem pela figura 4 que, no instante C= valor de capacitor, em F
inicial da carga, temos a corrente má- f = freqüência de sinal, em Hz.
Antes de explorarmos o sensor xima e, após ser totalmente carrega-
capacitivo, vamos relembrar al- do, a corrente cai a zero. Verifiquem na figura 5.

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Figura 3 - Capacitor e constantes dielétricas.

igual a 1. Quando algum objeto, que


nor malmente possui constante
dielétrica maior do que 1, é aproxi-
mado do sensor, aumenta sua
capacitância (figura 7).
O circuito de controle, então, de-
tecta essa variação, e processa a pre-
sença desse objeto. Geralmente, es-
ses sensores são utilizados para
monitorar a presença de corpos não
Figura 4 - Carga de um capacitor em corrente contínua.
magnéticos.
A simbologia do sensor pode ser
A diferença básica entre o vista na figura 8, e na figura 9 temos
capacitor convencional e o sensor alguns exemplos de aplicação.
capacitivo é que as placas (no
sensor) são colocadas uma ao lado SENSOR INDUTIVO
da outra (figura 6), e não uma so-
bre a outra (como no capacitor). Assim como fizemos com o sensor
No sensor capacitivo, portanto, o capacitivo, vamos relembrar alguns
dielétrico é o ar, cuja constante é conceitos básicos do indutor.
Figura 5 - Reatância capacitiva do capacitor
quando ligado em CA.

Figura 6 - Sensor capacitivo (placas dispostas


lado a lado. Figura 7 - Dinâmica do sensor capacitivo.

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po da bobina, sua impedância trabalhando com corrente alternada
mudará. Portanto, a corrente so- (CA), poderemos verificar a variação
bre R também. de tensão do resistor de acordo com
O sensor indutivo utiliza essa ca- a distância da peça.
racterística como princípio de funcio- Normalmente, os sensores comer-
namento. Conforme podemos obser- ciais possuem um circuito oscilador
var, o núcleo do sensor indutivo é aber- internamente. Essa técnica permite
to, e denomina-se “entreferro”. sua utilização com tensões contínuas
Com o núcleo aberto, o campo (24 Vcc, por exemplo)Veja a figura 14.
Figura 8 - Símbolo do sensor capacitivo. magnético tem que passar pelo ar. A figura 15 ilustra sua simbologia,
Portanto, sua intensidade é menor. e aparência.

Figura 9 - Duas aplicações para sensores capacitivos.

O indutor é um componente eletrô- Quando uma peça metálica é apro- Na figura 16 temos três exemplos
nico composto de um núcleo, o qual é ximada do núcleo do indutor, o cam- práticos de aplicação na indústria.
envolto por uma bobina. Quando cir- po magnético passa por ela, e sua
culamos uma corrente por essa bobi- intensidade aumenta. SENSOR ÓPTICO
na, um campo magnético é formado A figura 13 mostra que, ao ligar-
no núcleo (figura 10). mos esse indutor em um circuito RL Um sensor óptico é formado por
O indutor armazena a energia um emissor de luz e um receptor de
gerada pela bobina no seu núcleo luz (figura 17). O emissor de luz óptico
por algum tempo. Sendo assim, pode ser um led (diodo emissor de luz)
quando a corrente da bobina for in- ou uma lâmpada. O receptor é um
terrompida, ainda teremos um pou- componente foto-sensível (fo-
co de corrente na carga. Essa cor- totransistores, fotodiodos, ou LDRs).
rente é devida a contração das li- Um circuito oscilador gera uma
nhas de campo magnético que es- onda que será convertida em luz pelo
tão ao redor do núcleo (figura 11). emissor. Quando um objeto é aproxi-
Isso significa que o indutor opõem- mado do sensor óptico, ele reflete a
se às variações de corrente (assim luz do emissor para o receptor. Um cir-
como os capacitores às variações de Figura 10 - Campo magnético em um indutor cuito eletrônico identifica essa varia-
tensão).
Em corrente alternada, o indutor
apresenta determinada impedância.
Essa impedância é dada por:
XL = 2 Ω f L

Onde
f = freqüência do sinal, em Hz.
L = indutância, em Henrys

Ora, a indutância depende do


núcleo do indutor. Conforme pode-
mos ver na figura 12, caso mova- Figura 11 - Indutor em corrente contínua.
mos o núcleo do indutor pelo cor-

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ção e emite um sinal ao sistema de
controle.
Os sensores ópticos são capazes
de detectar vários tipos de objetos.
Os objetos transparentes, entretan-
to, não podem ser detectados por
eles.
Caso esse sensor funcione por
reflexão, objetos totalmente escuros
também não serão detectados.
Existem três formas de um sensor
óptico operar:
a) Reflexão: a luz é refletida no
objeto e o sensor é acionado (figu-
ra 18).
b) Barreira: o objeto bloqueia a
passagem da luz, e a saída do
sensor é acionada (figura 19).
Figura 12 - Mudança da tensão em R em função c) Emissor-receptor: neste
da posição do núcleo. caso, o emissor e o receptor es-
tão montados separadamente.
Quando o raio de luz é interrom-
pido pelo objeto, a saída é ativa-
da (figura 20).

O símbolo desse sensor pode ser


visto na figura 21, e na figura 22 é
mostrado um exemplo de aplicação.
Quando trabalhamos em ambien-
tes com partículas em suspensão
(poeira), devemos tomar cuidado na
utilização dos sensores ópticos. Caso
ele não possa ser substituído por ou-
tro tipo (magnético, capacitivo, etc.)
deve-se contemplar um plano de lim-
peza periódica das lentes a fim de se
evitar um mau funcionamento.

Figura 13 - Alteração do campo magnético do sensor indutivo na aproximação de um corpo


metálico.

Figura 15 - Símbolo do sensor indutivo e


Figura 14 - Estrutura funcional de um sensor indutivo. aparência.

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nas de uma chave eletromecânica
convencional. A chave fim-de-cur-
so pode ser normalmente aberta
( N A ) o u n o r m a l m e n t e fe c h a d a
(NF). Vide figura 24.

CONCLUSÃO

Alguns tipos de sensores não fo-


ram contemplados neste artigo (efei-
to Hall, ultrassônicos, etc).
Embora sejam eles para aplica-
ções mais específicas, pretendemos
abordá-los em um futuro próximo.
Aguardem! l

Figura 16 - Exemplos práticos de aplicação de sensores indutivos.

CHAVES FIM-DE-CURSO

As chaves fim-de-curso, como o


próprio nome sugere, são aplicadas
para detectar o fim do movimento de Figura 23 - Exemplo de uma chave fim-de-
eixos (figura 23). curso.
Seu princípio de funcionamen-
to é muito simples, e trata-se ape-
Figura 17 - Sensor óptico.

Figura 21 - Simbolo do sensor óptico. Figura 24 - Chave fim-de-curso tipo NF.


Figura 18 - Reflexão.

Figura 19 - Barreira.

Figura 20 - Emissor/Receptor. Figura 22 - Contagem de caixas em uma esteira.

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