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ÃO
Fundamentos de Matemática :
Lógica Matemática(1)
AÇ
AR
por
EP
Cleyton Cunha
PR
EM
ÃO
Podemos dizer sucintamente que o objetivo principal da Lógica Matemática é construir
AÇ
mecanismos para determinar quando dada instância de um raciocínio matemático é cor-
reto ou não. Assim, o aprendizado da lógica auxilia os estudantes no raciocínio, na
compreensão de conceitos básicos e melhor os prepara para o entendimento do conteúdo
AR
de tópicos mais avançados. Daí a motivação para estas notas.
O estudo da Lógica Matemática é dividido, segundo alguns autores, em:
EP
1. Lógica Indutiva
2. Lógica Dedutiva.
PR
A Lógica Indutiva é útil no estudo da teoria da probabilidade (não será abordada neste
roteiro). A Lógica Dedutiva pode ser dividida em :
1
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 2
O que apresentaremos aqui engloba uma parte do conteúdo acima descrito mais preci-
samente à Lógica Dedutiva Clássica, a qual será citada daqui em diante simplesmente
por Lógica Matemática. Com estas notas tentamos alcançar os objetivos gerais e espe-
cícos propostos pela disciplina Lógica Matemática, os quais resumimos no inicio deste
tópico.
ÃO
1.1 Regras Fundamentais da Lógica Matemática
A Lógica Matemática repousa sobre dois princípios básicos que permitem todo o seu de-
AÇ
senvolvimento posterior, e que dão validade a todos os atos do pensamento e do raciocínio.
São eles:
AR
(I) Princípio da não contradição:
Denição 1.1. Chama-se proposição todo conjunto de palavras ou símbolos que exprimem
um pensamento de sentido completo, i. e., que armam fatos ou exprimem juízos que
EM
Trata-se, a grosso modo, de expressões a respeito das quais faz sentido questionar-se
quanto a veracidade das mesmas. Vejamos alguns exemplos:
De acordo com os Princípios (I) e (II), uma proposição admite apenas dois valores lógicos
mutuamente exclusivos:
Verdadeiro (V)
Valores Lógicos
Falso (F)
ÃO
As proposições são classicadas segundo o diagrama abaixo:
Simples
(p,q,r,s)
AÇ
Classicação
Composta
AR
(P ,Q,R,S)
/
"ou" (∨)
EM
disjunção
/
"não" (∼) negação
/
"se ... então ... " (→) condicional
/
"se, e somente se, ..." (↔) bicondicional
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 4
1. P = P(p, q)
ÃO
p q P(p,q)
1 V V ?
q
V
1 Possibilidades 2 V F ?
AÇ
V
F
3 F V ?
p 2 4 F F ?
F
V
q 3
AR
F
4
EP
2. P = P(p, q, r)
PR
EM
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 5
p q r P(p,q,r)
1 V V V ?
2 V V F ?
3 V F V ?
1 Possibilidades 4 V F F ?
V
5 F V V ?
r F
2 6 F V F ?
V
ÃO
7 F F V ?
V
q r 3
V
F
8 F F F ?
F
p 4
AÇ
F
V V
q r 5
F F
r 6
AR
V
F 7
EP
8
F V F V F
F F F
p q p∨q p q p∨q
V V V V V F
Disjunção
Disjunção : V F V V F V
exclusiva :
F V V F V V
F F F F F F
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 6
p q p→q
V V V
Condicional : V F F
F V V
F F V
Olhando para a tabela acima podemos perceber dois fatos interessantes:
ÃO
Algo verdadeiro nunca implica em algo falso.
De uma proposição falsa segue qualquer proposição, por mais absurdo que isso possa
AÇ
parecer.
p q p↔q
V V V
Bicondicional : V F F
EM
F V F
F F V
Nota: A bicondicional está associada à equivalências.
Vejamos agora um pequeno exemplo que ilustra o uso dos conectivos lógicos:
p q ∼q p ∧∼ q ∼(p∧ ∼q)
V V F F V
V F V V F
F V F F V
F F V F V
ÃO
Tautologia
(Sempre verdadeira)
AÇ
(Sempre falso)
Contigência
(Indeterminado)
AR
Exemplo 1.2.2. (i) A proposição ∼ (p ∧ ∼ q) é uma contingência.
(ii) p ∨ ∼ p /
Tautologia (Princípio do 3º excluído)
(iii) p ∧ ∼ p /
EP
Contradição
Vejamos a tabela verdade para os casos (ii) e (iii):
p ∼ p p ∧∼ p p ∨∼ p
PR
V F F V
F V F V
Denição 1.2. Diz-se que uma proposição composta P implica logicamente, ou apenas
Notação: P ⇒ Q.
1. P ⇒ P. (Reexiva)
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 8
2. Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R. (Transitiva)
p q p ∧q p ∨ q p ↔ q p → p ∧ q p → q
V V V V V V V
V F F V F F F
F V F V F V V
ÃO
F F F F V V V
p ∧ q ⇒ p ∨ q;
Assim:
p ∧ q ⇒ p ↔ q.
AÇ
Uma caracterização importante das implicações é dada a seguir:
Notação: P ⇔ Q.
EM
1. P ⇔ P. (Reexiva)
2. Se P ⇔ Q, então Q ⇔ P. (Simetria)
3. Se P ⇔ Q e Q ⇔ R, então P ⇔ R. (Transitiva)
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 9
Exemplo 1.4.1. (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p)
. De fato,
p q p ↔q p → q q → p (p → q) ∧ (q → p)
V V V V V V
V F F F V F
F V F V F F
F F V V V V
ÃO
P ⇔ Q se, e somente se, P ↔ Q é uma tautologia.
Ou seja, sempre podemos interpretar uma equivalência como uma bicondicional tau-
AÇ
tológica, e vice-versa.
Com a noção de equivalências podemos listar as principais propriedades dos conectivos
lógicos.
AR
Nota: Nos itens abaixo T representa uma tautologia e C uma contradição.
Idempotente
EP
1. p ∧ p ⇔ p
2. p ∨ p ⇔ p
PR
Simetria
1. p ∧ q ⇔ q ∧ p
2. p ∨ q ⇔ q ∧ p
EM
Associatividade
1. (p ∧ q) ∧ r ⇔ p ∧ (q ∧ r)
2. (p ∨ q) ∨ r ⇔ p ∨ (q ∨ r)
Indentidade
1. p ∧ T ⇔ p
2. p ∧ C ⇔ C
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 10
3. p ∨ T ⇔ T
4. p ∨ C ⇔ p
Distributividade
1. p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
2. p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)
Leis de De Morgan
ÃO
1. ∼ (p ∧ q) ⇔ ∼ p ∨ ∼ q
2. ∼ (p ∨ q) ⇔ ∼ p ∧ ∼ q
AÇ
Propriedades da Condicional
1. p → q ⇔ (∼ p) ∨ q
AR
2. p → (q ∧ r) ⇔ (p → q) ∧ (p → r)
3. p → (q ∨ r) ⇔ (p → q) ∨ (p → r)
EP
4. p → q ⇔ ∼ q →∼ p (Contrapositiva)
1.5 Quanticadores
PR
As proposições formadas apenas pelos cinco operadores lógicos têm possibilidade limitada
de expressões. Por exemplo, não conseguiríamos simbolizar a sentença Para todo x,
x > 0 como sendo uma proposição verdadeira sobre os inteiros positivos. Portanto novos
EM
Exemplo 1.5.1. A sentença Para todo x tem-se x > 0 pode ser representada simboli-
(∃ x)(x ̸= 0).
ÃO
O valor lógico de expressões envolvendo quanticadores depende do domínio dos ob-
jetos sobre os quais estamos nos referindo, que chamamos de conjunto universo.
AÇ
{3, 4, 5, .....}. No entanto seria falsa se considerarmos como universo o conjunto dos nú-
meros inteiros Z.
Note que o quanticador existencial transforma uma condição possível numa proposi-
EP
ção verdadeira e uma condição impossível numa proposição falsa. Além disso, proposições
com o quanticador universal são verdadeiras se a propriedade for válida para todos os
elementos do conjunto estabelecido.
PR
(6) (∃ x)(∼ P(x)) signica: existe pelo menos um gato que não é preto.
Nas proposições (2) e (6) são negados os predicados enquanto que nas proposições (3)
e (5) são negados os quanticadores.
ÃO
A proposição (3), negação do quanticador universal é equivalente a "existem gatos
que não são pretos"ou "existe pelo menos um gato que não é preto", que corresponde à
proposição (6). Disto se conclui (∼ ∀ x)(P(x)) ⇐⇒ (∃x)(∼ P(x)).
AÇ
Também, dizer que "nenhum gato é preto"(proposição 5) equivale dizer "todos os
gatos não são pretos"(proposição 2). Assim, (∼ ∃ x)(P(x)) ⇐⇒ (∀ x)(∼ P(x)).
Resumindo:
AR
(∼ ∀ x)(P(x)) ⇐⇒ (∃x)(∼ P(x))
e
(∼ ∃ x)(P(x)) ⇐⇒ (∀ x)(∼ P(x)).
EP
Um teorema é dotado de uma estrutura bastante simples, formado apenas pela Hipó-
tese (H) e pela Tese (T) distribuidos, em geral, na forma condicional ou bicondicional:
EM
H⇒T
ou
H ⇔ T.
Exemplo 1.6.1.
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 13
Teorema 1.1. Se dois números são ímpares, então seu produto é ímpar.
e
T : xy é ímpar.
Exemplo 1.6.2.
Teorema 1.2. Se dois lados de um triangulo são congruentes, então os ângulos opostos
ÃO
a esses lados são congruentes.
AÇ
AR
Figura 1.1:
1.6.1.
Corolário 1. Se dois números são ímpares, então seu produto não é múltiplo de quatro.
1.6.2.
ângulos iguais.
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 14
Via de regra, um lema é um resultado técnico que , isoladamente, não tem um enun-
ciado impactante, mas é parte essencial na prova de um teorema.
ÃO
Encerramos este tópico com um diagrama exibindo a relação existente entre Teoremas,
Corolários e Lemas:
Lema ⇒ Teorema ⇒ Corolário
AÇ
1.6.1 Condições Necessárias e Condições Sucientes
Em textos matemáticos é comum enunciar teoremas usando expressões do tipo: ...Con-
AR
dição Necessária...., ....Condição Sufuciente... ou ...Condição Necessária e Suciente... .
No que segue veremos como interpretar essas expressões em termos de hipotese e tese.
suciente termos H para
Dado um teorema da forma H ⇒ T , observemos que é
EP
obtermos T . Dizemos, então, que H é uma CONDIÇÃO SUFICIENTE para T . Em
outras palavras, é suciente H se vericar para se vericar T .
PR
Exemplo 1.6.5.
Teorema 1.3. Uma condição suciente para que um quadrilátero seja paralelogramo é
ser retângulo.
Exemplo 1.6.6.
Teorema 1.4. Uma condição suciente para que um número seja múltiplo de 3 é que
seja múltiplo de 9.
Exemplo 1.6.7.
Teorema 1.5. Uma condição necessária para que um quadrilátero seja retângulo é ser
paralelogramo.
ÃO
Entendemos na forma condicional:
AÇ
Exemplo 1.6.8.
Teorema 1.6. Uma condição necessária para que um número seja múltiplo de 9 é que
seja múltiplo de 3.
AR
Entendemos na forma condicional:
T é condição necessária de H
H é condição suciente para T .
Isto é,
Exemplo 1.6.9.
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 16
Teorema 1.7. Uma condição necessária e suciente para que um quadrilátero seja um
reto.
ÃO
Primeiramente, vejamos o que signica "demonstrar". Em Matemática a palavra
demonstrar está associada de modo unívoco à palavra argumentar.
Na realidade uma demonstração é formada por um argumento dedutivo construído
AÇ
baseando-se na teoria e hipóteses em questão, tendo como conclusão a tese.
P , · · · , Pn ⇒ T
1
AR
Denição 1.7. Por argumento dedutivo entende-se toda sequência nita de premissas ou
Notação: P , P , . . . , Pn ⊢ Q
EP
1 2
Para convencer-se que sua demonstração está correta você tem de expor as razões que o
levaram a conclusão (justicar). Um argumento poderia ser considerado uma reconstrução
explícita do raciocínio efetuado.
PR
Exemplo 1.7.1. Você me traiu. Pois disse que ia estudar e meu irmão lhe viu na boate.
Exemplo 1.7.2. Todo homem é mortal. Sócrates é um homem. Logo, Sócrates é mortal.
(Válido)
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 17
Exemplo 1.7.3. Ela toca piano ou violão. Ela toca piano. Logo, ela não toca violão.
(Inválido)
ÃO
Uma caracterização importante de argumentos dedutivos válidos é a seguinte:
AÇ
madas Regras de Inferências. Mais adiante listamos tais regras. Para mais detalhes veja o
livro: Iniciação à Lógica Matemática, com autoria de Edgar de Alencar Filho e publicado
pela editora Nobel.
AR
Resumindo nossa discussão:Para demonstrar um teorema precisamos
construir um argumento dedutivo válido cuja conclusão seja a tese do mesmo.
1.7.1 Demonstrações
EP
Uma demonstração deve ser feita de tal maneira que independa de dados particulares.
Exemplo 1.7.4. Considere o seguinte teorema: Se dois números são ímpares, então seu
EM
produto é ímpar.
e
T : xy é ímpar.
x y xy
1 1 1 (ímpar)
3 1 3 (ímpar)
3 3 9 (ímpar)
3 7 21 (ímpar)
5 5 25 (ímpar)
5 9 45 (ímpar)
ÃO
Aumentando o número de casos apenas aumentamos a credibilidade do teorema.
Para aceitarmos tal "demonstração"é preciso considerar todos os números ímpares e suas
AÇ
Abaixo descrevemos alguns passos que julgamos necessários para uma boa demonstra-
ção.
AR
1º Passo Identicar a hipótese (H) e a tese (T). Em outros termos trata-se de
escrever o teorema na forma condicional:
H → T.
EP
H T H→T
PR
V V V
V F F
F V V
F F V
EM
Temos 4 possibilidades : VV, VF, FV, FV. Ora, assumimos sempre que o valor lógico
de H é V. Assim, excluimos as duas últimas possibilidades.
Se por intermédio de raciocínios e/ou cálculos pudermos mostrar que o valor lógico
de T é verdadeiro (nosso objetivo), eliminamos a segunda possibilidade. Em resumo, para
demonstrar um teorema consideramos a condicional H → T , mas basta partir de H
verdadeira e obter T verdadeira.
Quanto a "raciocínios e/ou cálculos", é aí onde surgem os passos seguintes:
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 19
ÃO
Equivalências lógicas
(Regra de Substituição)
Redução ao Absurdo
AÇ
(ii) Demonstração indireta
AR
Contrapositiva
p ⇒ p ⇒ ..... ⇒ pn = T
1 2
ou
EM
p ⇔ p ⇔ ..... ⇔ pn = T .
1 2
REGRAS DE INFERÊNCIA
1) (Adição) p ⇒ p ∨ q.
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 20
2) (Simplicação) p ∧ q ⇒ p; p ∧ q ⇒ q.
3) (Absorção) p → q ⇒ p → (p ∧ q).
4) (Modus Ponens) (p → q) ∧ p ⇒ q.
7) (Silogismo Hipotético) (p → q) ∧ (q → r) ⇒ p → r.
ÃO
8) (Dilema Construtivo) (p → q) ∧ (r → s) ∧ (p ∨ r) ⇒ q ∨ s.
9) (Dilema Destrutivo) (p → q) ∧ (r → s) ∧ (∼ q∨ ∼ s) ⇒∼ p∨ ∼ r.
AÇ
Dentre as regras de inferência acima, uma das mais ultilizada é a Modus Ponens. Ela
funciona da seguinte forma: Suponha que a proposição p1 → p2 é verdadeira. Sendo p1
verdade temos por Modus Ponens que p2 é verdade ((p1 → p2 ) ∧ p1 ⇒ p2 ). Em seguida
AR
supomos que se prove que p2 → p3 é verdade, logo do mesmo modo concluí-se que p3 é
verdade. Prosseguindo com o raciocínio, concluímos que a tese pn = T é verdade.
Exemplo 1.7.5.
EP
Teorema 1.8. Se dois lados de um triângulo são congruentes, então os ângulos opostos
H verdadeira, e o segmento AM, com M ponto médio do lado BC. Considere os seguintes
fatos:
EM
(1): AB ≡ AC(Hipotese),
(2): AM ≡ AM,
(3): BM ≡ MC.
Pondo
p : AM ≡ AM,
q : BM ≡ MC,
r : △ AMB ≡ △ AMC,
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 21
p = (H ∧ p ∧ q) ⇒ p = r ⇒ p = T .
1 2 3
ÃO
diagrama acima, elas se dividem em demonstração por Contrapositiva e por Redução ao
AÇ
Redução ao Absurdo
Esse tipo de demonstração, usa o seguinte silogismo:
(H → T ) ⇔ (H∧ ∼ T ) → C , (1.1)
AR
onde C representa uma contradição. Ou seja, para demonstrar que H ⇒ T , admite-se as
hipoteses, nega-se a tese e tenta-se chegar a uma contradição.
EP
A validade desse tipo de argumento é vericada a seguir:
⇔∼ (H∧ ∼ T ) ⇔ H → T .
Exemplo 1.7.6.
Teorema 1.9. Se duas retas são concorrentes e uma delas é paralella a uma terceira,
EM
Figura 1.2:
Demonstração:
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 22
t ∩ r = {A}
H:
r//s
T : t ∩ s ̸= ∅
Procederemos por redução ao absurdo. Neste caso as novas hipóteses e tese cam:
t ∩ r = {A}
H: r//s
t∩s=∅
ÃO
T : Contradição
Temos então: t//s (pois t∩s = ∅ por H) e r//s (por H). Logo, por A existem
AÇ
duas retas paralelas à reta s. Mas pelo postulado de Euclides temos: Por A existe uma
e somente uma reta paralela à reta s. Portanto, temos uma contradição (ou absurdo).
□
AR
Contrapositiva
Uma demonstração por contrapositiva usa a seguinte propriedade do conectivo lógico
EP
→:
H → T ⇔ ∼ T →∼ H.
Na realidade tal técnica é uma caso particular da demonstração por redução ao absurdo
PR
Figura 1.3:
Demonstração:
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 23
H : 1 = 2,
T : m//n.
T : ∼ H.
ÃO
Se m interceptasse n em algum ponto P, como indicado na gura abaixo, formar-se-ia
um triângulo ABP.
AÇ
AR
Figura 1.4:
EP
2, ou vice-versa. Assim, pelo teorema do ângulo externo teríamos 1 ̸= 2 o que contradiz
PR
Seja X um subconjunto dos números naturais. Se 1∈N e se, além disso, o sucessor de
De modo preciso uma demonstração por indução é feita segundo o roteiro abaixo.
Seja P(n) uma propriedade relativa aos números naturais. Suponhamos que:
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 24
i) P(1) é válida;
′ ′
ii) Para todo n ∈ N, a validade de P(n) implica a validade de P(n ), onde n é o
sucessor de n.
ÃO
n ∈ N.
Nota: A demonstração por indução não se trata de mostrar que uma certa proposição
(em N) é válida para uma grande quantidade de números naturais mas, trata-se de provar
AÇ
que uma tal proposição é verdadeira para todos os naturais.
A título de exemplo, considere a propriedade
Exemplo 1.7.8.
EP
Vamos demonstrar por indução a seguinte propriedade:
n(n + 1)
P(n) : 1 + 2 + · · · + n = .
2
n(n + 1)
PR
Note que P(n) arma que a soma dos n primeiros números naturais vale .
2
1( 1 + 1)
(i) P(1) é verdade, pois 1= .
2
n(n + 1)
1 + 2 + ··· + n = .
2
Assim, temos
n(n + 1) (n + 1)(n + 2)
1+2+· · ·+n+(n+1) = (1+2+· · ·+n)+(n+1) = +(n+1) = ,
2 2
logo P(n+ 1) é verdadeira. Pelo axioma da indução P(n) é verdade para todo n ∈ N.
□
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 25
1.8 Exercícios
1. Mostre que:
a) p ↔ q ⇒ p → q b) p ↔ q ⇒ q → p c) p ∧ q ⇒ p d) p ∧ q ⇒ q
e) (p ∧ q) ⇔ (q ∧ p) f) ∼ (p∧ ∼ q) ⇔∼ p ∨ q.
ÃO
contrapositiva da proposição p → q, sob forma simbólica.
4. Considerando que P(x) equivale a x é ave e x voa, traduza para linguagem corrente:
(a) (∃ x)(P(x)) (b) (∼ ∃ x)(P(x)) (c) (∃ x)(∼ P(x)) (d) (∃! x)(P(x))
AÇ
(e) (∀ x)(P(x)) (f) (∀ x)(∼ P(x)) (g) (∼ ∀ x)(P(x))
8. (TTN-98 ESAF) Se é verdade que "Alguns A são R"e que "Nenhum G é R", então
é necessariamente verdadeiro que:
a) algum A não é G.
b) algum A é G.
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 26
c) nenhum A é G.
d) algum G é A.
e) nenhum G é A.
9. (Fiscal Trabalho 98 ESAF) Sabe-se que existe pelo menos um A que é B. Sabe-se,
também, que todo B é C. Segue-se, portanto, necessariamente que
a) todo C é B.
b) todo C é A.
ÃO
c) algum A é C.
d) nada que não seja C é A.
e) algum A não é C.
AÇ
10. Se "Alguns prossionais são administradores"e "Todos os administradores são pes-
soas competentes", então, necessariamente, com as proposições apresentadas, pode-
se inferir:
AR
(a) Algum prossional é uma pessoa competente.
(b) Toda pessoa competente é administradora.
(c) Todo administrador é prossional.
EP
(d) Nenhuma pessoa competente é prossional.
(e) Nenhum prossional não é competente.
11. (SERPRO 2001 ESAF) Todos os alunos de matemática são, também, alunos de
PR
inglês, mas nenhum aluno de inglês é aluno de história. Todos os alunos de português
são também alunos de informática, e alguns alunos de informática são também
alunos de história. Como nenhum aluno de informática é aluno de inglês, e como
nenhum aluno de português é aluno de história, então:
EM
12. (AFCE TCU 99 ESAF) Em uma comunidade, todo trabalhador é responsável. Todo
artista, se não for lósofo, ou é trabalhador ou é poeta. Ora, não há lósofo e não
há poeta que não seja responsável. Portanto, tem-se que, necessariamente,
Capítulo 1. Noções Básicas de Lógica Matemática 27
ÃO
AÇ
AR
EP
PR
EM
Referências Bibliográcas
ÃO
[1] Filho, E. de A.,Iniciação à Lógica Matemática. São Paulo: Editora Nobel, 2002.
[2] Hefez, A., Curso de Álgebra, vol. 1. Coleção Matemática Universitária. 4ª Edição. Rio
de Janeiro: IMPA, 2010.
AÇ
[3] Barbosa, J. L. M., Geometria Euclidiana Plana. Coleção do Professor de Matemática.
Rio de Janeiro: IMPA, 1995.
AR
EP
PR
EM
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