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Assistência de

Enfermagem
na Urgência e
Emergência
Prof. Luís Felipe Pissaia
Prof.ª Maria José de Oliveira
Prof.ª Sandra Letícia Souza Soares Junqueira

Indaial – 2023
1a Edição
Elaboração:
Prof. Luís Felipe Pissaia
Prof.ª Maria José de Oliveira
Prof.ª Sandra Letícia Souza Soares Junqueira

Copyright © UNIASSELVI 2023

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.


Núcleo de Educação a Distância. PISSAIA, Luís Felipe.

Assistência de Enfermagem na Urgência e Emergência. Luís Felipe Pissaia;


Maria José de Oliveira; Sandra Letícia Souza Soares Junqueira. Indaial - SC: Ar-
qué, 2023.

190p.

ISBN XXX-XX-XXX-XXXX-X

“Graduação - EaD”.
1. Enfermagem 2. Urgência 3. Emergência

CDD 610.73
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, o livro de Assistência de Enfermagem na Urgência e Emergência
tem como propósito oferecer a você elementos que permitam compreender os aspectos
fundamentais no Atendimento às Urgências e Emergências.

O livro está dividido em três unidades, cada qual com objetivos, conteúdo,
atividades de estudo, dicas, sugestões e recomendações.

Na primeira unidade, iremos aprender a Rede de Atendimento às Urgências e


Emergências, a importância de cada ponto de atenção da RUE, como é organizada a
triagem nos serviços de urgências e emergências, a importância de realizar o acolhimento
e classificação de risco no atendimento inicial ao paciente e os impactos da segurança
do paciente para a gestão de riscos em urgência e emergência.

Já na Unidade 2, será possível aprender sobre a atuação da equipe de


enfermagem no atendimento de urgência e emergência pré e intra-hospitalar, ser
capaz de planejar a assistência ao indivíduo por meio da Sistematização da Assistência
de Enfermagem em unidades de urgência e emergência, estabelecer um plano de
promoção, prevenção e recuperação da saúde do indivíduo em situações de saúde
críticas e prestar assistência de enfermagem nas principais emergências clínicas.

Na Unidade 3, você compreenderá os procedimentos para atendimento a


situações especificas, tais como: identificar a ocorrência de diferentes traumas e
situações especiais na sociedade; articular as diferentes formas de abordagem ao
paciente a partir de uma assistência de qualidade; compreender a importância da
assistência de qualidade para a rede de urgências e emergências; reconhecer o papel
do enfermeiro na assistência ao pacientes com traumas e situações especiais.
GIO
Olá, eu sou a Gio!

No livro didático, você encontrará blocos com informações


adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender
melhor o que são essas informações adicionais e por que você
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais
e outras fontes de conhecimento que complementam o
assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos


os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina.
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada
também digital, em que você pode acompanhar os recursos
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que
também contribui para diminuir a extração de árvores para
produção de folhas de papel, por exemplo.

Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente,


apresentamos também este livro no formato digital. Portanto,
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Preparamos também um novo layout. Diante disso, você


verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos,
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.

QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!

LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


mento, construímos, além do livro que está em
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que


preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS........................... 1

TÓPICO 1 - A REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS..........................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 COMPONENTES DA RUE: UPA, SAMU, PORTAS HOSPITALARES SOS, LEITOS DE
RETAGUARDA E ATENÇÃO DOMICILIAR – PROGRAMA MELHOR EM CASA........................6
3 A TRIAGEM NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS ...................................... 12
4 O ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO........................................................ 17
RESUMO DO TÓPICO 1.......................................................................................................... 19
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 20

TÓPICO 2 - A LEGISLAÇÃO VIGENTE DA REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E


EMERGÊNCIAS..................................................................................................................... 23
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 23
2 POLÍTICA NACIONAL DE URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS (PNAU).................................. 24
RESUMO DO TÓPICO 2..........................................................................................................27
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 28

TÓPICO 3 - A SEGURANÇA DO PACIENTE E A GESTÃO DE RISCOS EM URGÊNCIA E


EMERGÊNCIA........................................................................................................................ 31
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 31
2 A SEGURANÇA DO PACIENTE NA ASSISTÊNCIA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ........ 32
3 GESTÃO DE RISCOS EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA...................................................... 35
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................. 40
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 48
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 49

REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 51

UNIDADE 2 — ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA............. 55

TÓPICO 1 — A ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR E INTRA


HOSPITALAR.........................................................................................................................57
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................57
2 A ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR................................................. 58
2.1 ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR ...................................................................................................58
2.1.1 Atendimento pré-hospitalar móvel ........................................................................................58
2.1.1.1 Etapas Básicas do Atendimento Pré Hospitalar Móvel...........................................60
2.1.2 Atendimento pré-hospitalar domiciliar.................................................................................62
2.2 ATENDIMENTO INTRA-HOSPITALAR...............................................................................................63
2.3 Passos da Avaliação de Emergência .............................................................................................63
3 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO DE URGENCIA PRÉ-HOSPITALAR E
INTRA-HOSPITALAR ........................................................................................................... 64
3.1 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DAS URGÊNCIAS ..........................................................................65
3.1.1 Atuação do enfermeiro na assistência pré-hospitalar móvel..........................................66
3.1.2 Atuação do enfermeiro no gerenciamento da assistência e de áreas e/ou recursos
pré-hospitalares móveis .......................................................................................................... 67
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 68
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 69

TÓPICO 2 - SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIAS E


EMERGÊNCIAS...................................................................................................................... 71
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 71
2 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ................................................72
2.1 COLETA DE DADOS DE ENFERMAGEM........................................................................................... 73
2.1.1 Entrevista...................................................................................................................................... 74
2.1.2 Exame físico de enfermagem................................................................................................. 75
2.2 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM ................................................................................................... 75
2.3 PLANEJAMENTO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM.............................................................. 76
2.4 IMPLEMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM............................................................ 77
2.5 AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM.........................................................................................................78
3 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA........................................................................................................................78
3.1 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA............................................ 79
3.2 COMUNICAÇÃO DENTRO DA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA........................................................ 80
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 82
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 83

TÓPICO 3 - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS CLÍNICAS................... 85


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 85
2 PARADA CARDIORRESPIRATORIA (PCR) ....................................................................... 86
2.1 ABORDAGEM INICIAL DO ATENDIMENTO ......................................................................................86
2.2 MANOBRAS DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV)......................................................................87
2.2.1 Reconhecimento da PCR e chamar por ajuda (com desfibrilador)................................87
2.2.2 Desencadeamento do sistema de emergência................................................................ 88
2.2.3 Compressões torácicas........................................................................................................... 88
2.2.4 Manuseio das vias aéreas.......................................................................................................90
2.2.5 Desfibrilação............................................................................................................................... 91
2.3 MANOBRAS DE SUPORTE AVANÇADO DE VIDA (SAV)...............................................................93
2.3.1 Desfibrilação – PCR em FV/TV sem pulso ..........................................................................93
2.4 Via aérea avançada.............................................................................................................................94
2.4.1 Confirmação e adequação da via aérea avançada ...........................................................95
3 HIPOTENSÃO E CHOQUE ..................................................................................................96
3.1 ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA..........................................................................................................98
3.1.1 Tratamento do Choque..............................................................................................................99
4 CRISE HIPERTENSIVA.......................................................................................................99
4,1 DEFINIÇÃO DE GRAVIDADE.............................................................................................................100
4.2 ACHADOS RELEVANTES NA CRISE HIPERTENSIVA..................................................................101
4.3 TRATAMENTO......................................................................................................................................102
4.3.1 ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM.................................................................................................104
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................106
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................108
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................109

REFERÊNCIAS......................................................................................................................111
UNIDADE 3 — ENFERMAGEM EM SITUAÇÃO DE TRAUMA................................................ 113

TÓPICO 1 — ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM TRAUMA


NEUROLÓGICO ................................................................................................................... 115
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 115
2 CINEMÁTICA DO TRAUMA E ASSISTÊNCIA AO PACIENTE VÍTIMA DE TRAUMA.......... 116
3 TRAUMAS DIVERSOS......................................................................................................120
3.1 TRAUMA MUSCULAR E ESQUELÉTICO E MUSCULOESQUELÉTICO......................................120
3.2 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO E HEMORRAGIAS CEREBRAIS.............................................. 123
3.2.1 Ferramentas utilizadas pelo enfermeiro no trauma cranioencefálico e hemorragias
cerebrais..................................................................................................................................... 125
3.3 TRAUMA RAQUIMEDULAR..............................................................................................................128
3.3.1 Ferramentas utilizadas pelo enfermeiro trauma raquimedular.................................... 129
3.4 TRAUMA TORÁCICO.......................................................................................................................... 132
3.5 TRAUMA ABDOMINAL E PÉLVICO.................................................................................................. 133
3.6 PARTICULARIDADES DO TRAUMA................................................................................................ 133
3.7 TRAUMA COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS..............................................................................................134
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................136
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 137

TÓPICO 2 - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM QUEIMADURAS........139


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................139
2 PELE E O PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO...................................................................... 140
2.1 PELE .....................................................................................................................................................140
2.2 PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO...................................................................................................... 142
3 AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM QUEIMADURA............................. 144
3.1 ADMISSÃO DO PACIENTE COM QUEIMADURA............................................................................ 145
3.2 CLASSIFICAÇÕES E CAUSAS DA QUEIMADURA........................................................................ 147
4 CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE QUEIMADO.............................................153
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................ 157
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................158

TÓPICO 3 - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES ESPECIAIS .................... 161


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 161
2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA............................162
3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA INTOXICAÇÃO EXÓGENA....................................163
4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS E
OUTROS ANIMAIS...............................................................................................................164
5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CHOQUE ELÉTRICO............................................165
5.1 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA ................................................................................................. 166
6 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA CRISE HIPERTENSIVA.......................................169
LEITURA COMPLEMENTAR.................................................................................................171
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................178
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 179

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 181
UNIDADE 1 -

REDE DE ATENDIMENTO
ÀS URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Compreender a Rede de Atendimento às Urgências e Emergências.


• Identificar os componentes da Rede de Atendimento às Urgências e Emergências.
• Compreender a triagem nos serviços de urgências e emergências.
• Conhecer o acolhimento.
• Conhecer a Legislação da Rede Atendimento as Urgências e Emergências.

• Compreender a segurança do paciente e gestão de riscos em urgência e emergência.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tema de aprendizagem desta unidade, você encontrará autoatividades com o
objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – A REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E


EMERGÊNCIAS
TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – A LEGISLAÇÃO VIGENTE DA REDE DE ATENDIMENTO ÀS
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS
TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – A SEGURANÇA DO PACIENTE E A GESTÃO DE RISCOS EM
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

Acesse o
QR Code abaixo:

2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
A REDE DE ATENDIMENTO ÀS
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico, você já ouviu falar de rede de saúde? A Rede de Atenção à Saúde (RAS)
é definida como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes
densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico,
logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado (BRASIL, 2013a). E
na perspectiva do atendimento de urgência e emergência o Ministério da Saúde, em
2011, por meio da Portaria nº 1.600, de 7 de julho, implementou a Política Nacional de
Atenção as Urgências e instituiu a Rede de Atenção as Urgências no Sistema Único
de Saúde (SUS). De modo que, a Rede de Atendimento às Urgências e Emergências
(RUE) é um fluxo estruturado e articulado entre as unidades de saúde que compõem
os municípios de cada localidade do país (BRASIL, 2011). Dentre os seus objetivos,
destacamos a ampliação do acesso e acolhimento aos casos agudos demandados
aos serviços de saúde em todos os pontos de atenção, contemplando a classificação
de risco e intervenção adequada e necessária aos diferentes agravos. Além disso, ela
busca promover e assegurar a universalidade e integralidade da assistência em saúde,
bem como a equidade de acesso.

3
DICA
Para aprofundar seus conhecimentos sobre a Portaria nº 1.600, de 7 de
julho, acesse: https://bit.ly/3HFjTYP.

Figura 1 – Unidades de saúde que compõem a RUE e a sua organização no fluxo de atendimento

Fonte: https://bit.ly/3NAEQbl. Acesso em: 3 maio 2023.

Para operacionalizar o fluxo de atendimento desta rede, ela está organizada por
níveis de complexidade sendo eles: atenção primária, atenção secundária e atenção
terciária. A atenção primária são as unidades básicas de saúde, a atenção secundária
se refere às unidades de pronto atendimento e aos serviços especializados e a atenção
terciária aos hospitais com estruturas mais complexas para realização de exames e
cirurgias (BRASIL, 2013a). Os níveis de atenção que compõe a RUE foram instituídos
pela Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010. A organização por meio da portaria
é importante para sabermos referenciar as urgências e emergências dentro da rede de
atenção à saúde de acordo com a complexidade do caso (BRASIL, 2013a).

4
DICA
Para uma melhor compreensão do funcionamento dos níveis de complexidade
na RUE, assista ao vídeo disponibilizado no link em: https://bit.ly/3LshaTD.

Figura 2 – Representação dos níveis de complexidade e as unidades de saúde que compõem a sua organização

Fonte: https://bit.ly/3p3Ia4o. Acesso em: 3 maio 2023.

DICA
Veja a importância da RUE para o atendimento da população de um município.
A seguir, para maior aprofundamento da temática leia o artigo “A Rede de
Atenção às Urgências e Emergências em cena: contingências e produção de
cuidado”, disponível em: https://bit.ly/3LwCVlc.

5
2 COMPONENTES DA RUE: UPA, SAMU, PORTAS
HOSPITALARES SOS, LEITOS DE RETAGUARDA E ATENÇÃO
DOMICILIAR – PROGRAMA MELHOR EM CASA
A Portaria nº 1.600/2011, que reformulou a Política Nacional de Atenção às Urgências e
institui a Rede de Atenção às Urgências no SUS, cita em seu Art. 4º os componentes da
RUE, sendo eles: Promoção, Prevenção e Vigilância à Saúde, Atenção Básica em Saúde,
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) e suas Centrais de Regulação
Médica das Urgências, leitos de retaguarda, Unidades de Pronto Atendimento (UPA
24h) Portas Hospitalares e Atenção Domiciliar (BRASIL, 2013a).  Neste sentido, a
Promoção, Prevenção e Vigilância em Saúde tem como objetivo estimular e promover o
desenvolvimento de ações de saúde e educação permanente voltadas para a vigilância
e a prevenção das violências e dos acidentes, das lesões e mortes no trânsito e das
doenças crônicas não transmissíveis, além de ações intersetoriais e da participação e
mobilização da sociedade nessas ações (BRASIL, 2013a).
Caro acadêmico, você sabia que a Política Nacional de Promoção da Saúde
(PNPS) faz parte do componente da RUE e que prioriza, dentre suas ações estratégicas,
a redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras
drogas, por acidentes de trânsito e a prevenção da violência, além do estímulo à cultura
de paz? (BRASIL, 2013a). 

DICA
Para um maior aprofundamento desta política acesse o link: https://bit.
ly/42kY8p3.

Na Atenção Básica em Saúde, especificamente nas Unidades Básicas de


Saúde (UBS) encontramos o vínculo  longitudinal do cuidado que, acompanhado das
atividades de prevenção, promoção de saúde e vigilância, auxiliam o paciente no
decorrer do seu processo de saúde e doença e previnem as situações que possam
gerar urgências e emergências, no entanto, se houver uma situação de urgência na
UBS, a equipe possui treinamento e recursos para o suporte básico de vida (SBV), sendo
necessário chamar o SAMU para transporte e resolução do caso em outro ponto de
atendimento da RUE (BRASIL, 2013a). 

6
Figura 3 – As unidades básicas de saúde

Fonte: https://bit.ly/44kUy0d. Acesso em: 3 maio 2023.

DICA
Para melhor compreensão do atendimento realizado e dos recursos
disponibilizados nas UBSs, assista ao vídeo, acessando o link: https://bit.
ly/3B9zTyR.

O SAMU é o componente da Rede de Atenção às Urgências e Emergências que


objetiva ordenar o fluxo assistencial e disponibilizar atendimento precoce e transporte
adequado, rápido e resolutivo às vítimas acometidas por agravos à saúde de natureza
clínica, cirúrgica, gineco-obstétrica, traumática e psiquiátricas mediante o envio de
veículos tripulados por equipe capacitada, acessado pelo número “192” e acionado
por uma Central de Regulação das Urgências, reduzindo a morbimortalidade (BRASIL,
2013a). O Samu é normatizado pela Portaria nº 1.010, de 21 de maio de 2012.

7
Figura 4 – Atendimento do SAMU

Fonte: https://bit.ly/3LudC3s. Acesso em: 3 maio 2023.

DICA
Assista ao vídeo que explica o fluxo de atendimento do SAMU, acesse em:
https://bit.ly/3Vr465J.

Outro local de atendimento da RUE são as Unidades de Pronto Atendimento


(UPAs), as quais são estruturas de complexidade intermediária entre as Unidades
Básicas de Saúde e a rede hospitalar, devendo funcionar 24h por dia, todos os dias
da semana, com o objetivo de garantir o acolhimento aos pacientes, intervir em sua
condição clínica e encaminhar para os demais pontos de atenção da RUE, para os
serviços especializados ou para internação hospitalar, proporcionando a continuidade
do tratamento com impacto positivo no quadro de saúde do paciente (BRASIL, 2013a). 

8
Figura 5 – Atendimento UPA

Fonte: https://bit.ly/410bfv0. Acesso em: 3 maio 2023.

Em algumas cidades teremos disponível os leitos para retaguarda às


urgências e emergências. Estes poderão ser criados ou qualificados em hospitais acima
de 50 leitos, localizados na região de saúde, podendo ser implantados nos hospitais
estratégicos ou em hospitais de menos adensamento tecnológico que deem suporte aos
prontos-socorros e às Unidades de Pronto Atendimento, devendo, como pressuposto,
ser exclusivos para a retaguarda às urgências e estar disponíveis nas centrais de
regulação (BRASIL, 2013a). 

Figura 6 – Leitos de retaguarda

Fonte: https://bit.ly/3HBmR0i. Acesso em: 3 maio 2023.

9
Ademais, as portas hospitalares que atendem urgência e emergência devem
ter implementado a classificação de risco, identificando o paciente segundo o grau
de sofrimento ou de agravos à saúde e de risco de morte, priorizando aqueles que
necessitem de tratamento imediato. Dentre os principais agravos atendidos nesses
locais, podemos citar: cerebrovascular, cardiovascular, emergências e urgências clínicas
e traumas (BRASIL, 2013a). Atendimentos assim são possíveis, pois possuem equipe
especializada para atendimento e exames de alta complexidade, além de medicamentos
adequados para resolubilidade dos casos. Os pacientes podem chegar por conta própria
ao serviço de emergência, podem ser transferidos de outros componentes da rede ou
pelo transporte do SAMU, decorrente de atendimento no domicílio ou transferência
entre unidades de saúde (BRASIL, 2013a).

Figura 7 – Portas Hospitalares Urgência e Emergência

Fonte: https://bit.ly/3nojYJD. Acesso em: 3 maio 2023.

Ao receber alta, o paciente poderá ter continuidade de seu atendimento por


meio da atenção domiciliar (AD), esta tem por finalidade estruturar e organizar o
cuidado no domicílio a partir de três modalidades (AD1, AD2, AD3), que são definidas a
partir da condição clínica, da necessidade e do uso de equipamentos e da frequência de
visitas domiciliares (BRASIL, 2013a). Essa continuidade é importante para reabilitação
integral do paciente, em situações como, por exemplo, da alta de um paciente que
sofreu um acidente vascular cerebral, este irá precisar, dependendo da gravidade de
suas sequelas, de readaptação no domicílio e suporte familiar para o cuidado, contudo
a família precisa ser orientada e acompanhada para realizar os cuidados adequados e
o paciente não ter complicações e necessitar de reinternação precoce (BRASIL, 2013a). 

10
Figura 8 – Atenção Domiciliar

Fonte: https://bit.ly/44s6w8k. Acesso em: 3 maio 2023.

DICA
Assista a um vídeo sobre a importância da continuidade do cuidado realizado
pela equipe da atenção domiciliar. Acesse em: https://bit.ly/42hygKQ.

Caro acadêmico, vamos relembrar e resumir os pontos de atenção da Rede de


Urgência e Emergência?

11
Figura 9 – Resumo das unidades de saúde que compõem a RUE

Fonte: https://bit.ly/41h47KV. Acesso em: 3 maio 2023.

A seguir, falaremos sobre como é realizada a triagem nos serviços de urgência


e emergências.

3 A TRIAGEM NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIAS E


EMERGÊNCIAS
No Brasil, o atendimento dos serviços de urgência e emergência era realizado,
inicialmente, pela recepcionista dos hospitais, esta preenchia uma ficha de atendimento
e, na sequência, o técnico de enfermagem verificava os sinais vitais do paciente e o
encaminhava para consulta médica. Observe que não se realizava uma avaliação de
gravidade do paciente para adequação do tempo de espera, no entanto, com o passar
dos anos e uma mudança no perfil de adoecimento da população, os serviços de
urgência e emergência ficaram cada vez mais superlotados, necessitando repensar a
forma de atendimento (BRASIL, 2009).

12
Figura 10 – Fluxo de atendimento dos pacientes no sistema de triagem

Fonte: https://bit.ly/3p6C5Er. Acesso em: 3 maio 2023.

Neste sentido, no ano de 2008, o Brasil utilizou como referência de triagem


nos serviços de urgência e emergência o Protocolo de Manchester, que foi criado em
1996 no Reino Unido. A classificação de risco é a possibilidade de utilização de uma
linguagem única em todos os pontos de atenção da Rede de Urgência e Emergência.
Essa ferramenta reduz o tempo de espera e, consequentemente, o risco de agravamento
do caso do paciente. É importante compreender que a Classificação de Risco não é
um instrumento de diagnóstico de doença, mas sim um recurso que, por meio de um
fluxo de atendimento, pode determinar a prioridade clínica para o atendimento e não
pressupor exclusão, mas sim estratificação de risco (FRANCISCO, LIMA, 2014).

DICA
Para maior conhecimento do funcionamento do protocolo de Manchester,
assista ao vídeo disponível no link: https://bit.ly/3Vr6tFF.

13
Figura 11 – Classificação de cores e o tempo de espera do protocolo de Manchester

Fonte: https://bit.ly/41Y1Ipm. Acesso em: 3 maio 2023.

Conforme Mendes et al. (2022), mesmo com a implementação da classificação


de risco nos serviços de urgência e emergência, ainda há alta demanda por atendimento,
o que gera uma superlotação dos serviços e prejudica o tempo de atendimento ao
usuário. Este fato impacta de forma negativa na qualidade do acolhimento, bem como
no processo de classificação de risco.

Figura 12 – O protocolo de classificação de risco implementado pelo Ministério da Saúde, fluxo de


atendimento

Fonte: os autores

14
O protocolo de classificação de risco adaptado pelo Ministério da Saúde, a partir
do protocolo de Manchester, utiliza quatro cores (vermelho, amarelo, verde e azul), e
sugere as situações de saúde que devem ser direcionadas a cada cor, após avaliação
inicial de sinais e sintomas pelo enfermeiro.

Figura 13 – Descrição das sintomatologias que compõem a classificação de risco do protocolo brasileiro

Fonte: https://bit.ly/3ARTPGa. Acesso em: 3 maio 2023.

No protocolo de classificação de risco, a cor vermelha está relacionada à


prioridade zero, ou seja, deve-se encaminhar o paciente o mais rápido possível para sala
de estabilização e avisar a equipe médica. O atendimento inicial não deve ultrapassar o
tempo de quinze minutos devido ao risco de morte iminente.
As situações classificada como vermelho, por exemplo, são: dor torácica,
sudorese, palpitações precordiais, tontura, escurecimento visual, perda de
consciência e alterações neurológicas, múltiplas fraturas de ossos, lesões na coluna,
hemorragias, perda de membros (amputações), perda de grande volume de sangue
e queimaduras extensas (BRASIL, 2004).
Com relação à cor amarela, o tempo recomendado para atendimento é de no
máximo trinta minutos. O paciente deve ser avaliado pelo enfermeiro e tão logo encaminhado
para avaliação médica, pois apresenta elevado risco de morte. Os casos priorizados nesta
cor são trauma moderado ou leve, traumatismo craniano sem perda de consciência, dor
abdominal, convulsão, cefaleias, idosos e gravidas sintomáticas (BRASIL, 2004).
O paciente classificado na cor verde é considerado como uma urgência menor
e deve ser avaliado pelo médico no tempo máximo de uma hora. Não há risco de morte
iminente, no entanto, se dentro deste período o paciente apresentar piora clínica, deve
ser reavaliado pelo enfermeiro. As situações clínicas relacionas à cor verde são: dor
abdominal difusa, doença psiquiátrica, diarreias, idosos e gravidas assintomáticos.

15
A cor azul indica situações menos graves e que podem aguardar até quatro
horas ou até serem encaminhadas a outros pontos da rede de saúde com menor
complexidade. Dentre as situações clínicas neste caso estão: aplicação de medicação
com receita, dores crônicas já diagnosticadas e troca de sondas ou de curativos
(BRASIL, 2004). Observe que a partir da avaliação de sinais e sintomas apresentados
em diferentes níveis de gravidade, podemos indicar qual cor deve ser designada a cada
um dos pacientes atendidos na classificação de risco.
Contudo, para que haja o processo de implantação da classificação de risco nas
unidades de atendimento às urgências emergências, o Ministério da Saúde recomenda
que devem ser direcionados profissionais de saúde de nível superior, mediante
treinamento específico e utilização de protocolos pré-estabelecidos para avaliar o grau
de urgência das queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para o
atendimento. Sendo assim, o enfermeiro tem sido o profissional indicado para atuar na
classificação de risco dos serviços de urgência e emergência.

DICA
A seguir, para melhor compreensão das atividades do enfermeiro na
classificação de risco, leia o artigo “Atividades do enfermeiro nos sistemas de
triagem/classificação de risco nos serviços de urgência: revisão
integrativa”, disponível em: https://bit.ly/3NASona.

Partindo dessa premissa, o Conselho Federal de Enfermagem, por meio


da Resolução n° 661/2021, discorre acerca da atualização e normatização da
participação da equipe de enfermagem na atividade de classificação de risco. A
resolução também menciona que o acolhimento com classificação de risco pode ser
realizado pelo enfermeiro, contudo a resolução não prevê a dispensa dos pacientes
sem avaliação médica (COFEN, 2021).
Além disso, a Resolução Cofen nº 661/2021, no inciso II, discorre que para
garantir a segurança do paciente e do profissional responsável pelo atendimento
de classificação de risco, deverá ser observado o tempo médio de quatro minutos
por paciente, com limite máximo de quinze atendimentos por hora. Ainda, no Art. 2º,
ressalta que, durante a atividade de classificação de risco, o enfermeiro não deverá
exercer outras atividades concomitante.

DICA
Para um maior conhecimento da Resolução Cofen nº 661/2021, acesse: https://
bit.ly/41Y6naQ.

16
Lembre-se que, além de todo conhecimento técnico do protocolo de
classificação de risco, este deve ter o conhecimento prévio da RUE do seu local de
atuação, a fim de conseguir realizar as referências adequadas para outros pontos de
atendimento de acordo com as necessidades de saúde dos usuários (COFEN, 2021).

4 O ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO


O acolhimento nos serviços de urgência e emergência no Brasil foi regulamentado
pela Portaria nº 2048/2002, a qual discorre que o enfermeiro da classificação de risco,
além de organizar a demanda de pacientes que chegam à procura de atendimento, deve
saber acolher as necessidades de saúde dos pacientes. Sendo assim, é imprescindível
que o enfermeiro que atua na urgência e emergência tenha habilidade de realizar uma
escuta qualificada, para avaliar e registrar corretamente a queixa do paciente, assim
promovendo o raciocínio clínico adequado e a tomada de decisões, a fim de que se
efetive a continuidade do cuidado em tempo hábil e seguro (BRASIL, 2009).

DICA
Para compreender melhor a Portaria nº 2048/2002, acesse: https://bit.
ly/3AQo4x7.

Nesse sentido, o Ministério da Saúde propôs a Política Nacional de Humanização


(PNH), também focada nos serviços de urgência e emergência. A PNH tem como
proposta produzir mudanças nos modos de agir e cuidar em saúde. Assim, propõe o
acolhimento como um dispositivo de gestão da PNH (BRASIL, 2003a). O acolhimento na
assistência de urgência e emergência ocorre por meio da escuta qualificada ao paciente,
a qual permite ao enfermeiro entender a complexidade dos fenômenos saúde e doença
apresentados pelo usuário, e assim conseguir avaliar o grau de sofrimento que este se
encontra, priorizando a atenção no tempo correto, reduzindo óbitos evitáveis, sequelas
e internações desnecessárias (BRASIL, 2009).

DICA
Para maiores informações acerca do acolhimento na urgência e emergência
assista ao vídeo disponibilizado em: https://bit.ly/40ZNW4j.

17
O acolhimento com a classificação de risco é uma forma de repensar o método
de triagem que se limita na avaliação subliminar do paciente. O método deve possibilitar,
nos serviços de urgência e emergência, um atendimento mais ágil, eficaz e humanizado.
De modo que pressupõe uma mudança das relações profissional e usuário, reconhecendo
o usuário como sujeito e como participante ativo no processo de produção da saúde.
Constituindo, assim, uma relação de inclusão que como base sustentadora à troca
de saberes entre os sujeitos envolvidos, para encontrar estratégias que melhorem o
atendimento de urgência e emergência no SUS.

DICA
A fim de ampliar a discussão sobre o acolhimento com classificação de risco,
leia o artigo intitulado “Desafios no acolhimento com classificação de risco sob
a ótica dos enfermeiros”, disponível em: https://bit.ly/422q8hp.

Figura 14 – Síntese sobre o acolhimento com classificação de risco

Fonte: https://bit.ly/3LwNjtc. Acesso em: 3 maio 2023.

18
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tema de aprendizagem, você estudou:

• A importância da rede de atenção as urgências e emergências no atendimento as


necessidades de saúde da população, com foco nas ações de promoção, prevenção
e vigilância em saúde, mas também ações curativas no atendimento às situações
agravadas das doenças prévias.

• Realizar a triagem na avaliação inicial do paciente na urgência e emergência e ainda


o papel do enfermeiro na condução da assistência ao paciente.

• Compreender o acolhimento e a classificação de risco no contexto da urgência e


emergência como ferramenta de avaliação e assistência de enfermagem.

19
AUTOATIVIDADE
1 A articulação entre os componentes da rede de atendimento às urgências e emergências
(RUE), tem a finalidade de integrar todos os equipamentos, recursos humanos e ampliação
do acesso aos serviços de saúde de forma integral, universal, humanizada e ágil. Com
relação aos serviços que compõem a RUE, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Atenção básica à saúde, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) e


suas centrais de regulação médica das urgências, as Unidades de Pronto Atendimento
(UPA 24h), rede hospitalar e atenção domiciliar.
b) ( ) Centro Atenção Psicossocial, Consultório de Rua, atenção básica a saúde, Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192).
c) ( ) Atenção domiciliar, Consultório de Rua, atenção básica a saúde, Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU 192).
d) ( ) Centrais de regulação médica das urgências, as Unidades de Pronto Atendimento
(UPA 24h), rede hospitalar, Centros de Convivência e Atenção à Gestação e Parto.

2 Considera-se como modalidade de triagem o Acolhimento com Classificação de Riscos,


nos serviços de urgência e emergência. Este método visa qualificar o atendimento de
urgência e emergência no sistema único de saúde e está dentro da proposta da Política
Nacional de Humanização, com base no objetivo do Acolhimento com Classificação de
Riscos, analise as sentenças a seguir:

I- Ser instrumento capaz de acolher o cidadão e garantir um melhor acesso aos serviços de
urgência/emergência.
II- Funcionar como um instrumento de ordenação e orientação da assistência, sendo um
sistema de regulação da demanda dos serviços de urgência/emergência.
III- O acolhimento com classificação de risco nos serviços de urgência e emergência, auxilia
o enfermeiro a organizar os pacientes por ordem de chegada.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

20
3 Ao realizar o acolhimento do paciente, o enfermeiro irá seguir um protocolo de atendimento
com o qual irá avaliar: a situação do paciente; a queixa principal; a duração dos sintomas;
breve histórico (relatado pelo próprio paciente, familiar ou testemunhas); medicações de
uso habitual; e verificação de sinais vitais. Além disso, deve realizar a verificação da glicemia
e eletrocardiograma, se necessário. A partir dessa avaliação inicial o paciente é classificado
por cores, sendo elas: vermelho, amarelo, verde e azul. De acordo com o protocolo de cores,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A cor vermelha está relacionada à prioridade zero, ou seja, deve-se encaminhar o paciente
o mais rápido possível para sala de estabilização e avisar a equipe médica.
( ) O atendimento inicial da cor verde não deve ultrapassar o tempo de quinze minutos,
devido ao risco de morte iminente.
( ) As situações clinicas relacionadas à cor amarela são: dor abdominal difusa, doença
psiquiátrica, diarreias, idosos e grávidas assintomáticos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 O Ministério da Saúde propôs a Política Nacional de Humanização (PNH), também focada


nos serviços de urgência e emergência. A PNH tem como proposta produzir mudanças nos
modos de agir e cuidar em saúde. Assim, propõe o acolhimento como um dispositivo de
gestão da PNH (BRASIL, 2003a). Sendo assim, explique como o acolhimento pode ser feito
na assistência de urgência e emergência pelo enfermeiro?

5 Um dos grandes problemas enfrentados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é o “pronto
atendimento” aos usuários do sistema. As suas portas de urgência e emergência ainda
apresentam dificuldades evidentes, em maior grau, provocadas pela imensa demanda de
condições clínicas de urgência e emergência. Assim, o Ministério da Saúde, nos últimos anos,
vem realizando esforços permanentes e progressivos no sentido de fortalecer a sua Rede
de Urgência e Emergência (RUE). A busca da resolutividade nesses cenários assistenciais
trata-se de uma das grandes prioridades do sistema. Disserte acerca da diferença entre
rede de saúde e região de saúde em urgência e emergência.

21
22
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
A LEGISLAÇÃO VIGENTE DA REDE
DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, seja bem-vindo ao Tema de Aprendizagem 2, nele serão abordadas
as questões referentes à Política Nacional de Atenção as Urgências e algumas portarias
importantes para construção dessa política. Você sabe a importância da Política Nacional
de Atenção as Urgências? É uma questão complexa e que depende de inúmeras variáveis
para a sua aplicação afim de gerar uma assistência de qualidade.

Nesse sentido, foi construído um arcabouço legal para fundamentar as ações em


nível federal, estadual e municipal, a Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU)
é a legislação que regulamenta o atendimento na RUE. Observe que essa legislação traz
as estratégias para a consolidação da RUE de modo que, possa promover e assegurar a
universalidade e integralidade da atenção, a equidade do acesso, além da transparência
na alocação de recursos (BRASIL, 2003b).

Além disso, essa política aumentou a carga das ações e serviços de saúde no SUS,
com responsabilização dos diversos profissionais e nos diferentes locais de atendimento,
além de tornar mais resolutiva a atenção às urgências e emergências, e possibilitar um
levantamento das dificuldades da rede, viabilizando correções. Os documentos que
compõem a PNAU apresentam conexão entre si por apresentar uma sequência coerente
de pareceres que consideram a grande extensão territorial do país e que apresenta grandes
distâncias para a rede hospitalar especializada e de alta complexidade, necessitando de
serviços intermediários como unidades de pronto atendimento e o serviço de atendimento
móvel. Evidencia-se a importância dessa política para toda a rede de saúde do SUS,
permitindo organizar o sistema e tendo um impacto efetivo para o bom atendimento dos
seus usuários (BRASIL, 2003b).

No entanto, para se chegar à formulação final da Política Nacional de Atenção


às Urgências (PNAU), foi preciso instituir algumas portarias, tais como: Portaria nº 814,
de 1º de junho de 2001, que estabeleceu o conceito geral, os princípios e as diretrizes da
Regulação Médica das Urgências

23
DICA
Caro acadêmico, para maior conhecimento disponibilizamos a seguir o link da
referida portaria: https://bit.ly/42fOowc.

Além disso, a Portaria nº 2.048, de 5 de novembro de 2002, fundamentou


como seria implantada a PNAU no território brasileiro. De modo que estabeleceu os
princípios e diretrizes dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, as normas
e critérios de funcionamento, classificação e cadastramento de serviços e envolve
temas como a elaboração dos Planos Estaduais de Atendimento às Urgências e
Emergências, Regulação Médica das Urgências e Emergências, atendimento pré-
hospitalar, atendimento pré-hospitalar móvel, atendimento hospitalar, transporte inter-
hospitalar e ainda a criação de Núcleos de Educação em Urgências e proposição de
grades curriculares para capacitação de recursos humanos da área.

DICA
A Portaria nº 2.048, de 5 novembro de 2002, pode ser acessada por meio do
link: https://bit.ly/413jJl1.

Essas portarias do Ministério da Saúde foram importantes para o estabelecimento


de uma Política Nacional de Atenção às Urgências, pois buscaram se adequar a
realidade brasileira, com planejamento para que cada nova decisão colaborasse para a
implementação e ampliação da política. A seguir, vamos conhecer um pouco mais sobre
a PNAU.

2 POLÍTICA NACIONAL DE URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS


(PNAU)
A Política Nacional de Atenção as Urgências foi criada em 2003, por meio da Portaria
nº 1.863, de 29 setembro de 2003, em seu Art. 2º descreve que o atendimento às
situações de urgência e emergência deve respeitar os princípios do SUS, sendo eles: a
universalidade, a equidade e a integralidade da assistência no atendimento de urgências
e emergências clínicas, cirúrgicas, gineco-obstétricas, psiquiátricas, pediátricas e as
relacionadas às causas externas (traumatismos não intencionais, violências e suicídios).
Além disso, visa a implantação dos sistemas de regulação e estruturação de uma rede
regionalizada e hierarquizada de atendimento as urgências e emergências no Brasil
(BRASIL, 2003b).

24
DICA
A leitura da Portaria nº 1.863, de setembro de 2003, pode ser realiza na integra
por meio do link a seguir: https://bit.ly/3NEey7U.

A Política Nacional de Atenção as Urgências, também rege a implantação do


componente pré-hospitalar móvel por meio da Portaria nº 1.864, de 29 de setembro
de 2003, que institui os serviços de atendimento móvel de urgência – SAMU-192, suas
centrais de regulação (central SAMU-192) e seus núcleos de educação em urgência, em
municípios e regiões de todo o território brasileiro, como primeira etapa da implantação
da Política Nacional de Atenção às Urgências.

Ademais, a fim de qualificar o atendimento de urgência e emergência no território


brasileiro, foi acrescida a Política Nacional de Atenção as Urgências, a Portaria nº 2.972,
de 9 de dezembro de 2008, que orienta a continuidade do programa de qualificação
da atenção hospitalar de urgência e emergência no SUS, priorizando a organização e
qualificação das redes loco regionais de atenção integral as urgências.

DICA
Para complementar a sua leitura sobre a Portaria nº 2.972/2008, acesse:
https://bit.ly/3LThnk4.

No entanto, para promover a atenção a saúde qualificada para toda população


do território brasileiro, incluindo o atendimento ágil e resolutivo das urgências e
emergências, no ano de 2011, foi criada a Portaria nº 1.600, que tem como objetivo
principal Reformular a Política Nacional de Atenção as Urgências e institui a Rede de
Atenção às Urgências (RUE) no Sistema Único de Saúde (SUS), em seu Art. 2º, discorre
sobre a ampliação do acesso e acolhimento nos serviços de urgência e emergência,
enfatizando os casos agudos e contemplando a classificação de risco para intervenção
adequada e necessária aos diferentes agravos. Destaca ainda, a importância da
organização das redes assistenciais (BRASIL, 2011).

DICA
Leia a Portaria nº 1.600, de 7 julho de 2011, em: https://bit.ly/3p7DMRZ.

25
Figura 15 – Fluxo de atendimento da RUE que compõe a Política Nacional de Urgências

Fonte: https://bit.ly/3nsY9sm. Acesso em: 3 maio 2023.

Observa-se que, no Brasil, a aplicação integral da Política Nacional de


Atenção as Urgências ainda é um desafio, mas que tudo aquilo que já evoluímos na
operacionalização dessa política, reveste-se de grande importância para salvar vidas,
evitar sequelas e reduzir o sofrimento das pessoas quando elas mais necessitam dos
serviços de saúde.

26
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• A importância da Política Nacional de Atenção às Urgências no atendimento as


necessidades de saúde da população.

• As principais portarias que levaram à criação da Política Nacional de Atenção as


Urgências (PNAU).

27
AUTOATIVIDADE
1 A atenção às urgências deve fluir em todos os níveis do SUS, organizando a assistência
desde as Unidade Básicas, equipes de Saúde da Família até os cuidados pós-hospitalares
na convalescença, recuperação e reabilitação à saúde da população. Com relação à
organização e aos objetivos da a Política Nacional de Atenção às Urgências, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) A Política Nacional de Atenção às Urgências observa os princípios da universalidade, da


integralidade, da descentralização e a participação social e a humanização do atendimento.
Esta também busca atender outras necessidades, como implantação dos sistemas de
regulação e estruturação de uma rede regionalizada e hierarquizada.
b) ( ) A Política Nacional de Atenção às Urgências deverá ser estruturada para atender as
demandas em cuidados paliativos proveniente de outros pontos de atenção da rede.
c) ( ) A Política Nacional de Atenção às Urgências prevê a atenção à saúde exclusivamente
oferecida na moradia do paciente e caracterizada por um conjunto de ações de promoção à
saúde, prevenção e tratamento de doenças.
d) ( ) A Política Nacional de Atenção às Urgências observa o princípio da universalidade
proporcionando ao paciente um cuidado ligado diretamente aos aspectos referentes à
estrutura familiar, à infraestrutura do domicílio.

2 No ano de 2011 foi criada a Portaria nº 1.600, que tem como objetivo principal reformular
a Política Nacional de Atenção às Urgências e instituir a Rede de Atenção às Urgências
no Sistema Único de Saúde (SUS), nela os serviços oferecidos são agrupados de acordo
com o grau de complexidade necessário para acolher as demandas da população com o
objetivo de proteger, restaurar e manter a saúde dos cidadãos, com equidade, qualidade e
resolutividade. Com base nas definições dos níveis de complexidade que compõem a RUE,
analise as sentenças a seguir:

I- Os níveis de atenção e assistência à saúde no Brasil que compõem a Rede de Atenção


à Saúde às Urgências e Emergências, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), são:
atenção primária, atenção secundária e terciária.
II- O serviço de atendimento móvel (SAMU) não faz parte do nível quaternário de atenção e
assistência à saúde no Brasil.
III- No nível terciário estão as Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) que se encaixam
nos atendimentos de saúde de complexidade intermediária, com capacidade de atendimento
de 150 a 450 pacientes por dia.

28
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 A Portaria nº 1.863, de 29 de setembro de 2003, instituiu a Política Nacional de Atenção


às Urgências, a partir de componentes fundamentais. Considerando estes componentes
fundamentais, analise as afirmativas a seguir e classifique V para as sentenças verdadeiras
e F para as falsas:

( ) Adotar estratégias promocionais de qualidade de vida, buscando identificar os


determinantes e condicionantes das urgências e por meio de ações transetoriais de
responsabilidade pública, sem excluir as responsabilidades de toda a sociedade.
( ) Orientação geral segundo os princípios da saúde suplementar.
( ) Instalação e operação das Centrais de Regulação Médica das Urgências, integradas ao
Complexo Regulador da Atenção no Sistema Único de Saúde (SUS).

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Os quadros de saúde que exigem intervenção imediata, acidentes e violência têm forte
impacto sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e a sociedade brasileira. Por este motivo, a
área de Urgência e Emergência constitui-se em um importante componente da assistência
em saúde. Disserte acerca da Política Nacional de Atenção às Urgências no Brasil e sua
importância para na organização da RUE para ao atendimento à população.

5 A Portaria nº 1.600, de 7 de julho de 2011, reformula a Política Nacional de Atenção às


Urgências e institui a rede de atenção às urgências no Sistema Único de Saúde (SUS). O
Capítulo I trata das diretrizes da rede de atenção às urgências, normatizando, no Art. 2º, o
que se constituem diretrizes da rede de atenção às urgências. Disserte acerca das diretrizes
que constituem rede de atenção às urgências.

29
30
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
A SEGURANÇA DO PACIENTE E A GESTÃO
DE RISCOS EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico, falamos até o momento de toda a estruturação e complexidade


da rede de atendimento às urgências e emergências. E como profissional do sistema
de saúde, você deve observar a grande demanda de atendimento nas referidas
unidades de urgência e emergência e como essa situação pode influenciar na qualidade
da assistência prestada e na segurança do paciente. Acadêmico, neste tema de
aprendizagem, abordaremos a segurança do paciente e a gestão de riscos em urgência
e emergência. O intuito de dar espaço a esta temática vai ao encontro das diversas
nuances da atuação em enfermagem, cujas especificidades interagem com área de
urgência e emergência.

Os tópicos a serem abordados neste tema têm como um dos objetivos da


formação do enfermeiro a compreensão de que, além de executar a assistência a beira
leito, devemos compreender e executar a gestão de processos nos serviços de urgência
e emergência. É uma temática bastante desafiadora, pois a formação do enfermeiro é
quase que centrada nas atividades assistenciais, contudo, a seguir, iremos discutir sobre
os riscos de ocorrência de erros durante o cuidado em saúde nos serviços de urgência e
emergência e a necessidade de preservar a segurança do paciente realizando a gestão
destes riscos. Caro acadêmico, você sabe o que é a segurança do paciente nos serviços
de urgência e emergência? E o que é a gestão de riscos nesses locais de atendimento?

A segurança do paciente é um conjunto de ações voltadas à proteção do


paciente contra riscos, eventos adversos (EA) – incidente que resulta em danos à saúde
– e danos desnecessários durante a atenção prestada nos serviços de saúde. Sabe-se
que 4% a 17% de todos os pacientes que são admitidos em um serviço de saúde sofrem
incidente relacionado à assistência à saúde (que não está relacionado à sua doença de
base), podendo afetar sua saúde e recuperação (BRASIL, 2013a). Desse modo, para o
gerenciamento dos riscos, é necessário aprender a prevenir as falhas e mudar a cultura
de interpretação e análise dos incidentes relacionados à assistência à saúde (BRASIL,
2013a).

31
DICA
Errar é humano, mas você pode ajudar a identificar problemas de segurança e
contribuir na criação de barreiras para evitar que o erro lhe atinja, prevenindo
danos em serviços de saúde.

2 A SEGURANÇA DO PACIENTE NA ASSISTÊNCIA DE


URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
As unidades de saúde que prestam atendimento de urgência e emergência
apresentam maior risco de eventos adversos que comprometem a segurança do
paciente. Conforme Marques, Rosetti e Portugal (2021), os serviços de urgência e
emergência são locais dinâmicos e predispostos aos erros assistenciais devido ao seu
ritmo acelerado, à superlotação, à complexidade da gravidade dos pacientes, ao fato de
que os profissionais de enfermagem atendem simultaneamente muitos pacientes e com
escassez de informações clínicas, além de trabalharem sob pressão constantemente.

Figura 16 – Enfermaria de atendimento de um serviço de urgência e emergência com lotação que aumenta
o risco a segurança do paciente

Fonte: https://bit.ly/44kajV7. Acesso em: 3 maio 2023.

Nessa perspectiva, os profissional de enfermagem que atuam no cuidado de


urgência e emergência devem ter destreza manual e rapidez na ação, autocontrole emocional
e grande facilidade de comunicação, para otimizar os cuidados e salvar vidas, contudo a
situação de atendimento ao paciente crítico com possíveis desfechos ruins, muitas vezes
leva a condutas profissionais inadequadas que ferem a segurança da própria equipe de saúde
e coloca o atendimento ao paciente em risco (MARQUES, ROSETTI, PORTUGUAL, 2021).

32
Estudos tem evidenciado a falta de segurança do paciente em serviços de urgência
e emergência. Conforme Paixão et al. (2020) os profissionais de saúde não realizam a
identificação correta dos pacientes e não aplicam nenhum protocolo de risco aos pacientes
na admissão. Além disso, observou-se que 52,8 % das soluções parenterais administradas
aos pacientes não estavam identificadas com rótulos e apenas 29,4% dos pacientes
foram investigados sobre ter alergia a produtos e medicamentos. Corroborando com os
achados, Glickman et al. (2020) argumenta que os serviços de urgência e emergência são
considerados a terceira área dos hospitais com maior ocorrência de eventos adversos.

Partindo dessa premissa, é necessario rever os pontos de fragilidade na segurança


dos pacientes nos serviços de urgência e emergência. De modo que, as equipes de saúde
devem ser treinadas para identificar possiveis erros relacionados ao seu atendimento. As
capacitações devem abordar os conceitos basicos propostos pela Organização Mundial de
Saúde voltados à Segurança do Paciente, sendo eles: segurança do paciente, dano, risco,
incidente, cirscunstância notificavel, near miss, incidente sem lesão e evento adverso
(WHO, 2009). No Quadro 1, iremos descrever cada um destes conceitos.

Quadro 1 – Alguns conceitos-chave da Classificação Internacional de Segurança do Paciente da


Organização Mundial da Saúde

Segurança do paciente Reduzir a um mínimo aceitável, o risco de dano


desnecessário associado ao cuidado de saúde.
Dano Comprometimento da estrutura ou função
do corpo e/ou qualquer efeito dele oriundo,
incluindo-se doenças, lesão, sofrimento, morte,
incapacidade ou disfunção, podendo, assim, ser
físico, social ou psicológico.
Risco Probabilidade de um incidente ocorrer.
Incidente Evento ou circunstância que poderia ter
resultado, ou resultou, em dano desnecessário
ao paciente.
Circunstancia notificavel Incidente com potencial dano ou lesão.
Near Miss Incidente que não atingiu o paciente.
Incidente sem lesão Incidente que atingiu o paciente, mas não
causou danos.
Evento adverso Incidente que resulta em dano ao paciente.

Fonte: adaptado de WHO (2009)



No intuito de melhorar a qualidade da assistência ao paciente nas unidades de
urgência e emergência, foi instituído o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP)
por meio da Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. O PNSP tem como objetivo geral contribuir
para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território
nacional. E dentre os seus objetivos específicos estão: promover e apoiar a implementação
de iniciativas voltadas à segurança do paciente em diferentes áreas da atenção, organização
e gestão de serviços de saúde, por meio da implantação da gestão de risco e de Núcleos de
Segurança do Paciente nos estabelecimentos de saúde (BRASIL, 2013b).

33
DICA
Para a leitura da Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013, na integra, acesse:
https://bit.ly/3ND2KD6.

Assim, para pensar a segurança do paciente nos serviços de urgência e emergência,


é preciso reorganizar o fluxo de atendimento, identificar materiais e medicamentos
e seguir protocolos de atendimento. Não somente isso, mas também para garantir a
qualidade do atendimento e promover a prevenção de eventos adversos nos serviços de
urgência e emergência, as salas de atendimento aos pacientes devem ser reorganizadas
por cores, de acordo com o protocolo de classificação de risco. Logo, a sala vermelha
que atende casos graves deve ter recursos humanos e materiais suficientes. E seus
materiais, medicamentos (drogas e soluções) e equipamentos devem estar identificados,
higienizados e com manutenção em dia para que possam suprir as necessidades de
assistência ventilatória, assistência circulatória e estabilização em geral. Nesta sala o ideal
é que o paciente não permaneça por mais de quatro horas (BRASIL, 2003a).

Já a Sala Amarela é destinada a casos de gravidade moderada, já estabilizados,


que tenham passado pela Sala Vermelha ou não, e que necessitam de cuidados especiais,
mas que precisam ficar em observação e de atendimento médico e de enfermagem. A
sala deve ter leitos equipados com monitores e suporte parecido com o de uma UTI, além
da disponibilidade de recursos humanos e materiais adequado para atendimento seguro.

Figura 17 – A organização, disposição dos materiais e identificação na sala de estabilização

Fonte: https://bit.ly/44r3ssL. Acesso em: 3 maio 2023.

34
Em relação à área verde, esta deve ser ampla para acomodar os pacientes
estáveis em observação, mas que requerem uso de alguma medicação e muitas vezes
aguardam leitos para internação ou transferência. Deve-se observar para que não
haja muitos pacientes para atender e poucos profissionais disponíveis. Na área azul
geralmente é onde fica a sala de medicação com poltronas ou cadeiras. Neste local há
um potencial grande de erros de medicação, pois são atendidos os pacientes menos
graves que fazem apenas uso de medicação e após são liberados (BRASIL, 2003a).

Figura 18 – A organização e a estrutura da sala de observação dos pacientes que irão internar no hospital
ou mesmo que necessitam ficar em um leito

Fonte: https://bit.ly/412pnna. Acesso em: 3 maio 2023.

Diante disso, a organização do ambiente de trabalho e do fluxo de atendimento


dos serviços de urgência e emergência pode contribuir para melhorar o cuidado
assistencial e ter impacto direto na segurança do paciente.

3 GESTÃO DE RISCOS EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA


O ambiente hospitalar, de modo geral, tem seu objetivo centrado em reestabelecer a
saúde dos pacientes seja qual for a gravidade que apresentam, mas, para salvar vidas,
também é necessário realizar o gerenciamento de riscos principalmente nos serviços
que atendem urgência e emergência. Dessa forma, quando se fala em gerenciamento
de riscos, devemos considerar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos e lembrar
que a segurança do paciente é o objetivo principal do cuidado prestado em urgência e
emergência.

35
DICA
Assista ao vídeo a seguir sobre como fazer a notificação de um evento adverso,
disponível em: https://bit.ly/3VJtELD.

Desse modo, a gestão de riscos da Rede de Urgência e Emergência segue os


protocolos e portarias vigentes do Ministério da Saúde. Para o gerenciamento de risco
dos serviços de urgência e emergência seguimos as orientações da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) por meio da Resolução – RDC nº 36/2013, que discorre
sobre as boas práticas para segurança do paciente nos serviços de saúde. Dentre
as suas recomendações está a criação de núcleos de segurança do paciente (NPS),
que buscam realizar a correção e contingenciamento dos fatores de risco inerentes a
assistência à saúde (BRASIL, 2013c).

DICA
Assista ao vídeo a seguir sobre gerenciamento de riscos no serviço de saúde,
disponível em: https://bit.ly/3LRThWY.

Partindo dessa premissa, para que a gestão de riscos nos serviços de urgência
emergência seja realmente realizada, a área deve estar incluída nas ações dos núcleos
de segurança do paciente. Estes núcleos são responsáveis por estabelecer estratégias
e ações voltadas para reduzir ao mínimo os eventos adversos relacionados a assistência
ao paciente. Deve-se realizar a identificação, análise, avaliação, monitoramento e
comunicação dos riscos no serviço de urgência e emergência (BRASIL, 2013c).
Para que a identificação e o gerenciamento dos riscos sejam realizados da forma
correta nos serviços de urgência e emergência, estes seguem as ações sugeridas pelo
Ministério da Saúde relacionadas à implementação de seis metas de identificação de
risco assistencial (BRASIL, 2013c).

36
Figura 19 – Metas internacionais de segurança do paciente que também são utilizadas nos serviços de
urgência e emergência

Fonte: https://bit.ly/42kak9x. Acesso em: 3 maio 2023.

Caro acadêmico, você sabe como poderíamos aplicar essas metas de segurança
do paciente dentro dos serviços de urgência e emergência para promover a redução dos
eventos adversos? Vamos ao exemplo a seguir para compreendermos como é realizado o
processo de utilização dessas metas pelos profissionais de saúde da urgência e emergência.

Quando o paciente é atendido na recepção do serviço de urgência e emergência


já deve receber uma pulseira de identificação, contendo o seu nome completo e data de
nascimento. Após passar pelo acolhimento e classificação de risco e ser avaliado pelo
enfermeiro(a), o paciente poderá receber mais duas pulseiras de identificação de risco,
sendo elas: alergias e risco de quedas. Essas três pulseiras de identificações irão auxiliar

37
no fluxo de atendimento e no gerenciamento de riscos na assistência ao paciente dentro
do serviço de urgência e emergência.

Figura 20 – A pulseira de identificação e risco de quedas colocadas no paciente na classificação de risco da


urgência e emergência.

Fonte: https://bit.ly/3Hx2XDV. Acesso em: 3 maio 2023.

Na avaliação do médico emergencista poderão ser solicitados exames,


medicamentos e procedimentos cirúrgicos para o paciente. Neste momento, para a
sequência de atendimentos, o profissional de saúde da urgência e emergência deve
sempre confirmar com o paciente seu nome completo, data de nascimento e alergias.
Além de ficar atento ao auxílio e direito de acompanhante aos pacientes mais vulnerais
em risco de queda. O simples ato de confirmar essas identificações, irá evitar erro de
medicações, reações adversas de medicamentos e exames adequados à necessidade
do paciente. Assim reduzindo riscos potenciais e promovendo a segurança do paciente
(BRASIL, 2013a).

Quando algum desses passos não é realizado pelo profissional de urgência


e emergência, há maior possibilidade de ocorrer o erro, e este irá gerar um indicador
assistencial que deve ser feita a análise da situação que ocorreu. Essa análise também
é de responsabilidade do enfermeiro, que deve, na sua unidade de saúde, realizar
treinamentos da equipe frente às situações problemas encontradas para evitar novos
erros. Este é o ciclo do gerenciamento de risco no serviço de urgência e emergência.
Tudo que é feito ao paciente e que é previsto nas seis metas internacionais de segurança
do paciente gera indicadores assistenciais que auxiliam no gerenciamento dos riscos.

DICA
No artigo intitulado “Fatores facilitadores e dificultadores da notificação de
eventos adversos: revisão integrativa”, teremos mais informações sobre a
temática discutida anteriormente. Acesse em: https://bit.ly/3p7WxVu.

38
Figura 21 – Resumo dos conteúdos relacionados a gestão de risco nos serviços de urgência e emergência

Fonte: https://bit.ly/422NGTr. Acesso em: 3 maio 2023.

39
LEITURA
COMPLEMENTAR
PERCEPÇÕES SOBRE O TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM EM SERVIÇO
HOSPITALAR DE EMERGÊNCIA DE ADULTOS

Eliana Maria Scarelli Amaral


Divanice Contim
Dayane da Silva Vieira
Suzel Regina Ribeiro Chavaglia
Rosali Isabel Barduchi Ohl

INTRODUÇÃO
As unidades de urgência e emergência são setores desgastantes dos hospitais,
exigindo procedimentos rápidos e precisos da equipe atuante, para conforto e socorro
ao paciente e seus familiares. Isso resulta em desgaste físico e mental dos profissionais
que ali atuam. O ambiente hospitalar também pode ser considerado um fator estressor,
uma vez que possui condições de insalubridade e periculosidade em relação a outros
tipos de serviços que são prestados por esses profissionais.

Em unidades de urgência e emergência hospitalar a equipe de Enfermagem deve


ter competências como: agilidade de pensamento e capacidade de resolução dos
problemas iminentes. Trata-se de um ambiente de trabalho no qual o tempo é limitado;
as atividades são intensas e a situação clínica dos indivíduos exige, na maioria das
vezes, que o profissional atue com rapidez para que possa afastar os riscos de morte
iminente ou complicações graves, pois esse é um ambiente de grande complexidade de
assistência e intenso fluxo de atividades, de profissionais e usuários.

A equipe de Enfermagem está inserida nos serviços de Urgência e Emergência de forma


efetiva na assistência ao paciente e está sujeita a lidar com situações que englobam a
vida, a doença e a morte. Logo, tem elevado nível de envolvimento com o cliente, o que
desencadeia estados de ansiedade, tensão física e psicológica. Esses estados, aliados
às más condições de trabalho, podem refletir negativamente nas ações prestadas pela
equipe.

Originalmente a palavra equipe está associada à realização de serviços laborais


realizados entre indivíduos que buscam objetivos comuns. A conceituação mais técnica
de trabalho em equipe é a valorização de conjunto de atribuições, tarefas ou atividades
nos diferentes processos de trabalhos, tendo como base o conhecimento sobre o
trabalho do outro, construindo consensos e resultados coletivos.

40
O trabalho em equipe é impulsor de transformações, e, é uma das formas de trabalho que
muito tem contribuído para o desenvolvimento do processo de melhoria da qualidade
das instituições. Ele surge como uma possibilidade de reorganizar o trabalho e promover
a qualidade dos serviços.
Considera-se que esse modo de trabalho é uma alternativa para alcançar resultados
eficazes, promovendo com qualidade a assistência, sendo este um dos múltiplos fatores
impulsores de transformações possíveis nesse campo de atuação. Registra- -se o
trabalho em equipe por sua própria característica e natureza, suscetível ao fenômeno
do estresse ocupacional, embora este seja observado mesmo naqueles que não estão
lotados em áreas de atendimento crítico.
O conhecimento dos fatores que dificultam o desempenho das equipes é fundamental
para que se indiquem pontos de conflitos e os que restringem esse desempenho
rumo ao atendimento de qualidade na assistência em saúde, assim como aqueles que
potencializam e podem não estar sendo valorizados.
Diante do exposto, torna-se importante conhecer a percepção dos profissionais de
Enfermagem com relação ao trabalho em equipe em uma unidade de Urgência e
Emergência de um hospital público federal, frente às situações de cuidado ao paciente
crítico e ambiente físico. Destaca-se a relevância deste estudo pelo fato de que
a literatura é escassa em relação às pesquisas que focalizam o trabalho em equipe,
particularmente nessas unidades, na perspectiva a que se propõe esta investigação.

MÉTODO

Estudo exploratório, descritivo de abordagem qualitativa, desenvolvido numa unidade


de Pronto-Socorro Adulto (PSA) de um hospital de ensino de um município do Estado
de Minas Gerais, MG. Foram considerados critérios de inclusão dos sujeitos na pesquisa:
ser membro da equipe de Enfermagem desse serviço há mais de um ano e estar
trabalhando na época da coleta de dados. Foram excluídos da pesquisa os indivíduos
que não exerciam suas atividades laborais no referido serviço pesquisado ou que não
se incluíam nas categorias profissionais selecionadas. O número de participantes foi de
28 sujeitos, definido pelo critério de saturação dos dados, que permite a análise mais
detalhada das relações estabelecidas no ambiente da pesquisa e a compreensão de
significados, sistemas simbólicos e de classificação, códigos, práticas, valores, atitudes,
ideias e sentimentos.

Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada tendo


a seguinte questão de pesquisa: “como você percebe a atuação da equipe de
Enfermagem na unidade de pronto-socorro? Por quê?” As entrevistas foram gravadas,
disponibilizadas em arquivos digitais e, posteriormente, transcritas na íntegra, tendo
duração média de 30 a 50 minutos. Para a análise dos dados utilizou-se o referencial de
Análise de Conteúdo, a partir da realização das seguintes etapas: pré-análise, exploração
do material, tratamento dos resultados e inferência e interpretação.

41
Os dados foram extraídos a partir da leitura e releitura atentiva dos discursos
obtidos nas entrevistas, identificação das unidades de significado e codificação a partir
de sua relação com os objetivos do estudo. Na última etapa foi feita a categorização
dos discursos, a partir da classificação dos elementos segundo suas semelhanças e
diferenciações, com posterior reagrupamento em função de características comuns,
que deram origem às categorias temáticas pertinentes aos objetivos do estudo.
Para categorização utilizaram-se os códigos: colchetes ([…]) quando um
fragmento da fala foi excluído e aspas (“…”) para ilustrar as pausas que ocorreram
durante a entrevista. Manteve-se o anonimato dos depoentes, que foram identificados
pelas letras “Enf” para enfermeiro, “Tc” para técnicos, seguidas por número conforme
ordem de entrevista (Enf1, Tc2…). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro sob o parecer n° 1994/11,
atendendo à Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Os participantes
que concordaram em participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido apresentado anteriormente à realização das entrevistas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram do estudo 28 profissionais da equipe de Enfermagem, sendo quatro


Enfermeiros e 24 Técnicos de Enfermagem. Houve predomínio do sexo feminino com
19 (67,9%) participantes. A faixa etária predominante foi de 25-35 anos, com 12 (42,81%)
sujeitos, indicando a constituição de uma equipe de Enfermagem relativamente jovem.
Quanto ao tempo de formação, 13 (46,4%) sujeitos estavam com seis a dez anos de
formados. No tocante à escolaridade, prevaleceu o nível médio, com 15 (53,7%)
profissionais.
Em relação ao tempo de serviço, 17 (60,7%) trabalham um a cinco anos na área.
Considerando o regime de trabalho, dez (35,7%) desses profissionais são servidores
federais e 18 (64,3%) seguem o regime brasileiro da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). Vale destacar que nove (32,1%) desses trabalhadores exercem jornada dupla de
trabalho.
A respeito da designação para trabalhar em unidades de urgência e emergência,
14 (50%) foram por opção pessoal. Com relação à participação em cursos de capacitação,
22 (78,5%) sujeitos referiram ter feito algum tipo de treinamento para atuar na área de
urgência e emergência.
A análise dos discursos obtidos culminou com a identificação de três categorias
temáticas: dinâmica do trabalho da equipe; interação da equipe e aspectos físicos e
psicológicos da equipe.

42
DINÂMICA DO TRABALHO EM EQUIPE

Para os sujeitos, a dinâmica do trabalho na equipe é caracterizada pelo sincronismo


no atendimento, em que cada profissional desempenha uma função no cuidado ao
paciente, baseada na divisão de responsabilidades, o que resulta no atendimento das
necessidades do cliente, como pode ser observado nos discursos.

Na minha equipe o atendimento é sincronizado (Enf 1).


Cada um ocupa uma posição, no caso, né? Cada um desenvolve uma
técnica, um cuidado. De maneira que a gente atende o paciente como
um todo, de maneira humanizada […] dá, trabalhando em equipe dá
condição de atender o paciente da maneira que ele precisa (Enf 1).

A equipe de Enfermagem valoriza a sua preparação para atuar em situações


de Urgência e Emergência e reconhece que, perante situações de cuidado ao paciente
crítico, a atuação coordenada dos profissionais é considerada fundamental para uma
assistência eficaz.

Há a necessidade de estar bem sincronizada, porque no atendimento


de urgência você precisa de rapidez, e cada um precisa saber
exatamente o que tem que fazer, sem perder tempo (Tc 21).

Este fato corrobora estudos realizados com técnicos e auxiliares de Enfermagem,


que destacaram a importância da ação coordenada da equipe de Urgência e Emergência
por conseguir dar pronta resposta diante da necessidade de atendimento ao paciente.
Essas unidades de serviço possuem uma dinâmica ativa e o reconhecimento e
valorização do trabalho em equipe e, constituem a principal ferramenta para tornar o
processo de trabalho factível.
Vale ressaltar que nas unidades de atendimento ao paciente crítico há escassez
de tempo e de recursos e, a exigência exercida pela necessidade de assistência imediata
e precisa gera um clima de tensão e conflitos intra e interpessoais. Elas oferecem um
dos ambientes mais agressivos e tensos do hospital, onde se destaca o estresse como
determinante da qualidade de vida dos trabalhadores de Enfermagem.

INTERAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM


Esta categoria indica que existem união e cooperação entre os profissionais na prática
cotidiana da equipe de Enfermagem e a interação entre os trabalhadores é fundamental
para o cuidado efetivo, expressadas nos discursos:

43
A gente sempre trabalha bem junto e temos uma boa interação
no cuidar, principalmente, que a gente está bem acostumada com
paciente crítico, tanto em caráter de emergência como os pacientes
nas enfermarias, são pacientes muito graves, a gente tem uma boa
conduta (Tc13).

Tem sim interação. A gente sempre ajuda um ao outro. Se um está precisando, o


outro se empenha e ajuda. Não tem esse negócio de meu paciente e paciente do outro.
Sempre que um está precisando o outro ajuda (Tc10).

Nesse sentido, a interação é reconhecida como ações e relações entre os


membros de uma equipe, manifestada por atitudes de reciprocidade. Dessa forma, a
interação entre os membros da equipe de Enfermagem favorece o desenvolvimento de
uma assistência efetiva.

A Política Nacional de Humanização destaca a importância da interação entre


os profissionais de Enfermagem, sendo considerada um desafio a ser enfrentado pela
equipe, seja pela necessidade de produção de cuidado qualificado como pelo respeito
às singularidades de cada um dos sujeitos envolvidos na assistência.

A prática colaborativa passou a ser reconhecida como forma de organização do


trabalho desde a década de 1950 no processo de trabalho da Enfermagem, corroborando
estudos acerca dessa temática que registra que a comunicação dialogada possibilita
aos profissionais o desenvolvimento de atitudes colaborativas. A interação entre os
membros de uma equipe pode se desenvolver como ações colaborativas por meio da
integração entre os profissionais, mostrando que essa condição é primordial para o
desenvolvimento das atividades laborais da equipe de Enfermagem e aprimoramento
de ações voltadas para a segurança e a qualidade da assistência prestada.

As interações entre membros da equipe no cotidiano do trabalho podem


desencadear a ocorrência de conflitos. O conflito pode expressar significados positivos
ou negativos, a depender de como ocorrem e são conduzidos. Para que as situações
de conflito sejam evitadas, é primordial que haja compreensão e respeito às limitações
técnicas ou de caráter emocional dos membros da equipe. O gerenciamento de conflito
advindo dessas relações pode também promover mudança, criatividade e combater
o conformismo. Pode-se observar nos discursos que os conflitos existem, porém se
considera que a equipe unida na assistência ao paciente pode superá-los.

Tem, tem bastante interação! A partir do momento que a gente fala:


“- vamos fazer isso?!”, chega o paciente, assim… Tem que dar os
cuidados, medicação, tudo… A gente, assim, é uma equipe até bem
unida, a gente tem muita interação. Há conflitos? Há sempre, porque
trabalhar em equipe não é fácil… (Tc 3).

44
A presença constante da Enfermagem nas instituições de saúde torna-a
suscetível a situações conflitantes, pois o contexto e natureza do trabalho muitas
vezes são complexos e estressantes, por envolverem relações de vida e morte, poder
e submissão. Diante disso, torna-se relevante saber lidar com essas situações para
manutenção da qualidade da assistência e da organização hospitalar. Em estudo
realizado em unidade de emergência da rede pública no sul do país, observou-se que
a percepção de união e cooperação entre os membros da equipe de Enfermagem
gera satisfação laboral nesse ambiente de trabalho. Ressalta-se a necessidade de
realização de momentos coletivos de reflexão com a finalidade de promover integração
e harmonização.

ASPECTOS FÍSICOS E PSICOLÓGICOS DA EQUIPE

Os profissionais da equipe de Enfermagem declaram que podem estar sujeitos


a consequências físicas ocasionadas pelas condições de trabalho, como ambiente e
falta de equipamentos, e psicológicas, tais como; ansiedade, estresse e frustração, que
podem prejudicar as relações no trabalho e na assistência.

Tipo assim – “se estivesse assim, eu teria feito isso…” “se tivesse
equipamento ali perto da enfermaria, banheiro, esse paciente
teria pessoas mais próximas dele” então, assim, a gente fica meio
frustrado. Igual hoje, são 20 e tantos pacientes para dois técnicos,
isso não é bom pro próprio paciente e psicológico da gente […] (Tc 25).
[…] então o ambiente não é adequado! Prejudica tanto na parte
física, porque aí já começa a sentir dor na coluna, de posição […]
então fisicamente vai debilitando, a gente sente muitas dores, e
psicologicamente… que você como não tem uma estrutura adequada,
fica com essas macas nos corredores… isso querendo ou não aumenta
a ansiedade da gente, o estresse, o nervosismo, então nisso prejudica
também! Tanto físico, quanto mentalmente […] (Enf 3).

Um estudo reforça a ideia de que é fundamental dispensar a atenção aos


profissionais que assistem aos pacientes em estado crítico, pois a eles é atribuída a
responsabilidade da prestação de assistência com qualidade e segurança. Para tanto,
sugere-se a criação de uma ambiência favorável, com espaços alternativos que possam
promover momentos de relaxamento da equipe de Enfermagem como forma de alívio
das situações geradoras de estresse decorrente do trabalho nessas unidades.
Um significativo número de profissionais de Enfermagem é acometido por
doenças em sua atividade laboral. Esses profissionais encontram-se constantemente
expostos a vários fatores de riscos para o desenvolvimento de doenças ocupacionais,
como síndromes de estresse e Burnout. Esses fatores podem ser físicos, químicos,
mecânicos, biológicos, ergonômicos ou psicossociais, evidenciando-se, assim, a
necessidade de criação de estratégias direcionadas para esses profissionais no sentido
de prevenir o surgimento dessas doenças ocupacionais.

45
A infraestrutura do setor estudado foi avaliada pelos sujeitos de pesquisa
como inadequada e considerada como um aspecto dificultador do trabalho em equipe,
por influenciar de forma negativa a assistência devido à falta de materiais, espaço e
condições adequadas. Outro aspecto ressaltado foi que a falta de condições de trabalho,
como a rotina de serviço e as dificuldades na execução da assistência, permeadas pela
inadequação do ambiente físico, pode ocasionar problemas físicos e psicológicos no
trabalhador. Estudos indicam também que outros fatores importantes, como a escassez
de profissionais, a carga de trabalho elevada, realização de atividades em curto espaço
de tempo, a falta de comunicação eficaz e ambiente físico inadequado da unidade, têm
levado ao surgimento de problemas físicos e psicológicos nos profissionais. As condições
inadequadas de trabalho fazem com que os profissionais estejam mais sujeitos à
frustração, insatisfação e sofrimento, o que prejudica a qualidade da assistência.

CONCLUSÃO

Este estudo possibilitou registrar aspectos inerentes que caracterizam o trabalho em


equipe de Enfermagem nesse tipo de ambiente hospitalar. Entre esses aspectos foram
observadas a importância das condições do ambiente de trabalho para a melhoria da
assistência e as consequências disso para os profissionais de saúde. Na equipe estudada,
evidenciou-se a articulação entre as ações no âmbito do processo de trabalho, refletida,
principalmente, no sincronismo entre os membros no que diz respeito à responsabilidade
do cuidado ao paciente crítico de modo a produzir o melhor resultado das intervenções
de forma coordenada, fundamental para uma assistência eficaz.

Quanto à interação, os entrevistados enfatizam a complexidade das relações


humanas. Os entrevistados consideram a equipe unida e descrevem uma atitude positiva
no ambiente de trabalho, porém, reconhecem as situações de conflito. A situação de
conflito para os sujeitos advém da interação entre pessoas diferentes no ambiente de
trabalho, sendo necessário o empenho de ambas as partes para que esse convívio seja
o mais harmonioso possível.

No que se refere aos aspectos físicos e psicológicos da equipe, os membros


da equipe estudada destacam que a estrutura física, falta de equipamentos, é fonte
geradora de ansiedade, estresse e frustração, que podem prejudicar as relações no
trabalho e na assistência. Nesse aspecto, percebe-se a necessidade de atenção dos
gestores a fim de desenvolver estratégias que possam reorganizar o processo de
trabalho dos serviços hospitalares de emergência.

46
Os resultados deste estudo, por serem baseados numa análise qualitativa de
casos heterogêneos, devem ser examinados com cuidado, já que não são passíveis de
generalizações e devem ser reexaminados em futuras pesquisas sobre o tema. Essas
questões merecem ser mais bem exploradas em estudos futuros sobre essa importante
temática, uma vez que estão presentes de forma bastante significativa na realidade dos
profissionais de Enfermagem que trabalham em unidades de atendimento ao paciente
crítico.

Fonte: AMARAL, E. M. S. et al. Percepções sobre o trabalho da equipe de enfermagem em serviço hospitalar
de emergência de adultos. Reme: Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 21, p. 1-6, nov. 2017.
Disponíve em: https://bit.ly/3ND6Wmk. Acesso em: 3 maio 2023.

47
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tema de aprendizagem, você estudou:

• A importância da segurança do paciente nas unidades de urgências para melhorar o


atendimento às necessidades de saúde da população e reduzir eventos adversos.

• Como aplicar a gestão de riscos nas unidades de urgência e como realizar o


gerenciamento de eventos adversos.

48
AUTOATIVIDADE
1 A Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de 2004, demostrando preocupação com
a grande incidência de erros relacionados à assistência à saúde, criou a World Alliance for
Patient Safety (Aliança Mundial para a Segurança do Paciente), a qual tem como objetivo,
organizar os conceitos relacionados à segurança do paciente e propor ideias para reduzir os
riscos e eventos adversos. Com relação aos conceitos propostos pela (OMS) para realizar a
Classificação Internacional de Segurança do Paciente, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Os conceitos propostos são: segurança do paciente, dano, risco, incidente,


cirscunstância notificavel, near miss, incidente sem lesão e evento adverso.
b) ( ) Os conceitos propostos são: cultura de segurança do paciente, identificação correta,
metas internacionais de segurança do paciente e incidente sem lesão.
c) ( ) Os conceitos propostos são: cultura de segurança do paciente, quase falha, infecções
relacionadas à assistencia de saúde.
d) ( ) Os conceitos propostos são: dano, risco, comunicação efetiva, incidente, cirscunstância
notificavel, near miss, incidente sem lesão e evento adverso.

2 No intuito de melhorar a qualidade da assistência ao paciente nas unidades de saúde


do país, foi instituído o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), por meio da
Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. Com base no PNSP e em seus objetivos específicos,
analise as sentenças a seguir:

I- Promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do paciente em


diferentes áreas da atenção.
II- Organização e gestão de serviços de saúde, por meio da implantação da gestão de risco
e de Núcleos de Segurança do Paciente nos estabelecimentos de saúde.
III- Traz a importância de envolver os pacientes e familiares nas ações de segurança do
paciente, bem como ampliar o acesso da sociedade às informações relativas à segurança
do paciente.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Todas as sentenças estão corretas.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 A gestão de riscos da rede de urgência e emergência segue os protocolos e portarias


vigentes do Ministério da Saúde. Neste sentido, a gestão de riscos é também voltada para a
qualidade e segurança do paciente, observando o cumprimento dos princípios e diretrizes
da gestão de risco. De acordo com o exposto, analise as afirmativas a seguir e classifique V
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

49
( ) Adotar estratégias promocionais de qualidade de vida, buscando identificar os
determinantes e condicionantes das urgências.
( ) A criação de cultura de segurança e a execução sistemática e estruturada dos processos
de gerenciamento de risco dentro dos centros de saúde.
( ) A integração com todos processos de cuidado e articulação com os processos
organizacionais do serviços de saúde no Sistema Único de Saúde (SUS).

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – V – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Para o adequado gerenciamento de riscos nos serviços de saúde, foram criados os


núcleos de segurança do paciente nas instituições de saúde. Devem avaliar, dentro da
gestão de risco, alguns tópicos importantes que podem reduzir eventos/danos relacionados
À assistência do paciente. Disserte sobre quais são os tópicos que podem ter impacto direto
na segurança do paciente.

5 A OMS, em parceria com a Joint Commission International (JCI), sugeriu a implementação


e vigilância de seis principais metas relacionas a assistência em saúde BRASIL, 2021).
Disserte sobre quais são essa seis metas relacionadas a segurança do paciente.

Fonte: BRASIL. Metas Internacionais de Segurança do


Paciente. Ministério da Educação, Brasília, DF, 7 jun. 2021.
Disponível em: https://bit.ly/44p2eOU. Acesso em: 3 maio
2023.

50
REFERÊNCIAS
BRASIL. Política Nacional de Humanização – Humaniza SUS. Ministério da Saúde,
Brasília, DF, 2003a. Disponível em: https://bit.ly/42jvZ1Q. Acesso em: 3 maio 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.863, de 29 de setembro de 2003. Institui


a Política Nacional de Atenção às Urgências, a ser implantada em todas as unidades
federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão. Brasília, DF: Mi-
nistério da Saúde, 2003b. Disponível em: HTTPS://BIT.LY/3P6WVX5. Acesso em: 3 maio
2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional


de Humanização. HumanizaSUS: acolhimento com avaliação e classificação de risco:
um paradigma ético-estético no fazer em saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde,
2004. 48 p. (Série B. Textos Básicos de Saúde).

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.972, de 9 de dezembro de 2008. Orien-


ta a continuidade do Programa de Qualificação da Atenção Hospitalar de Urgência no
Sistema Único de Saúde – Programa QualiSUS, priorizando a organização e a qualifica-
ção de redes loco-regionais de atenção integral às urgências. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 2008. Disponível em: https://bit.ly/42olqdA. Acesso em: 3 maio 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de


Humanização da Atenção e Gestão do SUS – acolhimento e classificação de risco
nos serviços de urgência. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.600, de 7 de julho de 2011. Reformula a


Política Nacional de Atenção às Urgências e institui a Rede de Atenção às Urgências
no Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2011. Disponível
em: https://bit.ly/3noHO85. Acesso em: 3 maio 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Aten-


ção Especializada. Manual instrutivo da Rede de Atenção às Urgências e Emer-
gências no Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013a.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 529, de 1 de abril de 2013. Institui o Pro-


grama Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Brasília, DF: Ministério da Saúde,
2013b. Disponível em: https://bit.ly/42q3Vdb. Acesso em: 3 maio 2023.

51
BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução – RDC nº 36, de 25 de julho de 2013.
Institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras provi-
dências. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013c. Disponível em: https://bit.ly/3nvh9q7.
Acesso em: 3 maio 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 354, de 10 de março de 2014. Publica a


proposta de Projeto de Resolução "Boas Práticas para Organização e Funcionamento
de Serviços de Urgência e Emergência". Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. Dispo-
nível em: https://bit.ly/3LPHGH1. Acesso em: 3 maio 2023.

BRASIL. Metas Internacionais de Segurança do Paciente. Ministério da Educação,


Brasília, DF, 7 jun. 2021. Disponível em: https://bit.ly/44p2eOU. Acesso em: 3 maio
2023.

BRASIL. Legislação SAMU 192. Ministério da Saúde, Brasília, DF, 25 abr. 2022a. Dis-
ponível em: https://bit.ly/3VrxWXN. Acesso em: 3 maio 2023.

BRASIL. Regiões de Saúde. Ministério da Saúde, Brasília, DF, 7 dez. 2022b. Disponível
em: https://bit.ly/42nWa7g. Acesso em: 3 maio 2023.

COFEN – CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen nº 661/2021.


Atualiza e normatiza, no âmbito do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enferma-
gem, a participação da Equipe de Enfermagem na atividade de Classificação de Risco.
Brasília, DF: Cofen, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3HBNoe8. Acesso em: 3 maio
2023.

FRANCISCO, G. T. M.; LIMA, I. A. Protocolo de Manchester: mais do que um sistema de


classificação de risco. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVI-
MENTO, 2.; SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA, 14., 2014, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis:
UDESC, 2014. Disponível em: https://bit.ly/44uc6XQ. Acesso em: 3 maio 2023.

52
GLICKMAN, S. W. et al. A patient reported approach to identify medical errors and im-
prove patient safety in the emergency department. J Patient Safe, [s. l.], v. 16, n. 3, p.
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MARQUES, C. A.; ROSETTI, K. A. G.; PORTUGAL, F. B. Segurança do paciente em ser-


viços de urgência e emergência: uma revisão integrativa da literatura. Revista Baia-
na de Saúde Pública, Salvador, v. 45, n. 2, p. 172-194, abr./jun. 2021. Disponível em:
https://bit.ly/3LX2eyy. Acesso em: 3 maio 2023.

MENDES, T. J. M. et al. Associação entre o acolhimento com classificação de risco,


desfecho clínico e o escore MEWS. Reme: Revista Mineira de Enfermagem, Belo
Horizonte, v. 22, p. 1-6, 7 jun. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3NwPxeZ. Acesso em:
3 maio 2023.

PAIXÃO, D. P. et al. Adesão aos protocolos de segurança do paciente em unidades de


pronto atendimento. Rev Bras Enferm., Brasília, DF, v. 71, n. 1, p. 577-584, 2018.

WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. conceptual framework for the interna-


tional classification for patient safety. Geneva: WHO/IER/PSP, 2009.

53
54
UNIDADE 2 —

ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM NA
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer a atuação da equipe de enfermagem no atendimento de urgência e


emergência pré e intra-hospitalar;

• ser capaz de planejar a assistência ao indivíduo através da Sistematização da


Assistência de Enfermagem em unidades de urgência e emergência;

• estabelecer um plano de promoção, prevenção e recuperação da saúde do indivíduo


em situações de saúde críticas;

• prestar assistência de enfermagem nas principais emergências clínicas.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tema de aprendizagem desta unidade, você encontrará auto atividades com o
objetivo de reforçar o conteúdo apresentado

TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – A ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR E


INTRA HOSPITALAR
TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS
TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS
CLÍNICAS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

55
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

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56
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
A ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ
HOSPITALAR E INTRA HOSPITALAR

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste tema, abordaremos sobre a atuação da enfermagem no
atendimento pré-hospitalar e intra-hospitalar. Veremos como a enfermagem desempenha
um papel fundamental no atendimento pré-hospitalar e intra-hospitalar. Esses profissionais
são responsáveis por fornecer cuidados de enfermagem de qualidade e ajudar a garantir a
segurança dos pacientes em ambientes de atendimento de emergência.

No atendimento pré-hospitalar, os enfermeiros podem trabalhar em ambulâncias


e helicópteros de emergência, respondendo a chamados de emergência e fornecendo
cuidados de enfermagem imediatos aos pacientes em trânsito para o hospital. Os
enfermeiros pré-hospitalares são treinados para lidar com situações de emergência,
como parada cardiorrespiratória, trauma e crises convulsivas, e podem administrar
medicamentos e tratamentos como oxigênio e terapia intravenosa.

Já no ambiente intra-hospitalar, os enfermeiros trabalham em diferentes áreas,


como unidades de emergência, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), enfermarias, centro
cirúrgico, entre outras. Eles são responsáveis por monitorar a saúde dos pacientes,
administrar medicamentos e tratamentos, realizar procedimentos de enfermagem e
garantir que os pacientes estejam confortáveis e bem cuidados.

Além disso, os enfermeiros também trabalham em conjunto com outros


profissionais de saúde, como médicos, fisioterapeutas e farmacêuticos, para garantir que
os pacientes recebam um tratamento completo e eficaz.

57
2 A ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR
A enfermagem desempenha um papel essencial no atendimento pré-hospitalar,
também conhecido como Atendimento Pré-Hospitalar (APH), que consiste no primeiro
atendimento de saúde que uma pessoa recebe quando está em uma emergência
(CHAVES, 2017). O atendimento pré-hospitalar é realizado por profissionais de saúde
que são treinados para fornecer assistência de saúde em ambientes fora do hospital,
como nas ruas ou em domicílios.

No atendimento pré-hospitalar, os enfermeiros desempenham um papel


fundamental no suporte básico de vida, realizando procedimentos como avaliação do
nível de consciência do paciente, avaliação da respiração, administração de oxigênio,
monitoramento dos sinais vitais, realização de curativos, imobilização de lesões e
transporte seguro para o hospital.

Os enfermeiros pré-hospitalares também são treinados para lidar com situações


de emergência, como parada cardiorrespiratória, crises convulsivas, trauma e outras
condições que requerem intervenção imediata.

Além disso, os enfermeiros pré-hospitalares trabalham em estreita colaboração


com outros profissionais de saúde, como médicos, técnicos em emergências médicas,
bombeiros e policiais, para garantir que os pacientes recebam atendimento adequado e
de qualidade em situações de emergência.

2.1 ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR


O aumento da demanda por atendimentos de urgência e emergência no país, ocasionado
pela violência no trânsito, violência social e doenças de etiologias diversas, destacando-
se cardiovasculares, fez com que emergisse a necessidade de um atendimento rápido
e especializado com a prestação dos primeiros socorros a esses doentes de traumas e
males súbitos, no local. O APH, seja móvel, seja fixo, está pautado na premissa de que
o suporte imediato oferecido à vítima de lesões e traumas, se tratados com brevidade,
reduzem a chance de gerar sequelas significativas (ROCHA, 2012).

2.1.1 Atendimento pré-hospitalar móvel


O atendimento móvel compõe o transporte em saúde de pessoas em situação de
urgência e emergência. Esse serviço acolhe pedidos de socorro de cidadãos “acometidos
por agravos agudos a sua saúde, de natureza clínica, psiquiátrica, cirúrgica, traumática,
obstétrica e ginecológica”.

58
Segundo o Ministério da Saúde a equipe para o atendimento de urgência deve
ser constituída por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e condutor do
veículo, já as Portarias n° 814, de 01/06/01, e n° 2.048, de 05/11/02, especificam as
funções de cada um dos membros (BRASIL, 2002).

A atuação do enfermeiro está relacionada à assistência direta ao paciente grave


sob risco de morte, mas não se restringe a esta. O enfermeiro, nesse sistema, além de
executar o socorro às vítimas, também desenvolve atividades educativas como instrutor,
participa da revisão dos protocolos de atendimentos, da elaboração do material didático,
além de atuar junto à equipe multiprofissional na ocorrência de calamidades e acidentes
de grandes proporções e ser o responsável pela liderança e coordenação da equipe
envolvida (ALVES et al., 2013).

É importante salientar que o atendimento pré-hospitalar é uma ação


interdisciplinar, em que todos os envolvidos além conhecer seu papel deve também
saber desempenhá-lo com segurança, e em tempo hábil. Os primeiros 10 minutos de
atendimento serão o diferencial no prognóstico do paciente.

O primeiro atendimento pré-hospitalar geralmente é realizado por pessoas leigas


que estão presentes no local onde a vítima está, sendo assim, é importante que cada
vez mais pessoas sejam orientadas a função que devem desempenhar no momento de
um acidente, ou outro tipo de emergência.
Estas estão descritas no Quadro 1.

Quadro 1 – Funções do socorrista no atendimento pré-hospitalar

Funções do Socorrista
1.Contatar o serviço de atendimento emergencial da região (SAMU, Corpo de Bombeiros).
2. Fazer o que deve ser feito no momento certo, a fim de: salvar uma vida ou prevenir danos
maiores.
3.Manter o acidentado vivo até a chegada deste atendimento.
4.Manter a calma e a serenidade frente a situação inspirando confiança.
5.Aplicar calmamente os procedimentos de primeiros socorros ao acidentado.
6.Impedir que testemunhas removam ou manuseiem o acidentado, afastando-as do local do
acidente, evitando assim causar o chamado “segundo trauma”, isto é, não ocasionar outras
lesões ou agravar as já existentes.
7.Ser o elo das informações para o serviço de atendimento emergencial.
8.Agir somente até o ponto de seu conhecimento e técnica de atendimento. Saber avaliar seus
limites físicos e de conhecimento.
9.Não tentar transportar um acidentado ou medicá-lo.

Fonte: Noções Básicas de Primeiros Socorros (2020)

59
2.1.1.1 Etapas Básicas do Atendimento Pré Hospitalar Móvel
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de nove pessoas
morrem no mundo a cada minuto devido a um politrauma – seja ele por acidente
automobilístico, queda de médias ou grandes alturas, violência com armas de fogo,
incêndio, entre outros (OMS, 2014).

Se contarmos apenas os acidentes automobilísticos, temos cerca de 1 milhão


de mortes anualmente ao redor do mundo e 50 milhões de feridos significativamente –
os acidentes automobilísticos são a principal causa mundial de morte devido à trauma
(OMS, 2014).

A fim de reduzir essa estatística assustadora, a comunidade médica decidiu


sistematizar e triar pacientes politraumatizados com o emprego do ATLS (Advanced
Trauma Life Support) e um de seus maiores pilares, o ABCDE do trauma.

O ABCDE do trauma é uma metodologia utilizada no atendimento pré-hospitalar


para garantir que as vítimas de trauma sejam avaliadas e tratadas de forma rápida e
eficaz (RODRIGUES et al., 2017). Essa técnica consiste em seguir uma sequência de
avaliações e intervenções, de acordo com as prioridades de cada caso. As letras A, B, C,
D e E representam os seguintes aspectos:
• A - Avaliação da via aérea: a primeira prioridade é garantir que a via aérea da vítima
esteja desobstruída e que ela esteja respirando adequadamente. Os socorristas
devem verificar se há obstruções na garganta, como sangue, vômito ou outros
objetos, e garantir que a cabeça esteja posicionada corretamente para facilitar a
respiração.
• B - Ventilação: a seguir, os socorristas devem garantir que a vítima esteja ventilando
adequadamente, ou seja, que o ar esteja entrando e saindo dos pulmões. Eles podem
utilizar oxigênio suplementar, se necessário, e realizar manobras de ventilação
artificial se a vítima não estiver respirando adequadamente.
• C - Circulação: em seguida, os socorristas devem avaliar a circulação sanguínea
da vítima, verificando a presença de hemorragias externas e procurando sinais de
choque, como palidez, sudorese, taquicardia e hipotensão. Se houver hemorragias,
devem ser realizadas medidas de controle da hemorragia.
• D - Disfunção neurológica: o próximo passo é avaliar a função neurológica da vítima,
verificando a presença de sinais de lesões cerebrais, como confusão, desorientação,
perda de consciência e convulsões.
• E - Exposição: por fim, os socorristas devem expor a vítima para avaliar a presença
de outras lesões, como fraturas, queimaduras, lesões na pele, entre outras. Isso
pode ajudar a identificar outras necessidades de intervenção.
O ABCDE do trauma é uma técnica amplamente utilizada no atendimento pré-
hospitalar e é considerada uma abordagem padrão para o tratamento de vítimas de trauma.
Ao seguir essa sequência, os socorristas podem avaliar e tratar rapidamente as condições
mais críticas, garantindo a melhor chance de sobrevivência e recuperação da vítima.

60
Figura 1 – ABCDE do trauma, segundo ATLS

Fonte: https://www.sanarmed.com/5-abcdes-da-medicina-que-voce-nao-deve-esquecer-colunistas. Aces-


so em: 4 mai. 2023.

A infraestrutura necessária para o atendimento pré-hospitalar móvel também


deve ser adequada para lidar com emergências médicas. Algumas das principais
exigências estão descritas no Quadro 2:

Quadro 2 – Descrição da infraestrutura necessária para atendimento pré-hospitalar

INFRAESTRUTURA NECESSÁRIA PARA ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR MÓVEL


Ambulância equipada A ambulância móvel deve ter equipamentos
médicos adequados, como desfibrilador,
ventilador mecânico, monitor cardíaco, entre
outros, para prestar atendimento emergencial
no local e durante o transporte para o hospital.
Equipe capacitada A equipe de atendimento pré-hospitalar
móvel deve ser formada por profissionais de
saúde capacitados para lidar com situações
de emergência médica. Médicos, enfermeiros
e técnicos em enfermagem devem estar aptos
a realizar procedimentos como intubação,
ventilação mecânica, administração de
medicamentos, entre outros.
Comunicação É importante que a equipe de atendimento
pré-hospitalar móvel tenha comunicação
constante com a central de regulação médica
e com os hospitais para garantir uma resposta
rápida em caso de emergência.

61
Equipamentos de proteção individual (EPIs) A equipe de atendimento pré-hospitalar móvel
deve estar equipada com os EPIs necessários
para garantir a segurança do paciente e da
equipe, como luvas, máscaras, aventais, óculos
de proteção, entre outros.
Transporte seguro A ambulância móvel deve ser segura e
confortável para o transporte do paciente.
Deve possuir suporte para fixação de maca
e equipamentos médicos, além de espaço
suficiente para a equipe de atendimento.
Monitoramento e rastreamento A ambulância móvel deve possuir um sistema
de monitoramento e rastreamento que
permita a localização e acompanhamento
da unidade em tempo real, facilitando o
acesso a informações importantes durante o
atendimento.
Treinamento e manutenção A equipe de atendimento pré-hospitalar móvel
deve receber treinamento constante para
atualização de conhecimentos e técnicas de
atendimento, além de manter a manutenção
regular dos equipamentos e ambulâncias
móveis.

Fonte: o autor

2.1.2 Atendimento pré-hospitalar domiciliar


O atendimento pré-hospitalar domiciliar é uma modalidade de assistência à saúde que
visa prestar cuidados médicos de emergência a pacientes em suas próprias residências.
Esse tipo de serviço é realizado por equipes de profissionais da saúde, como médicos,
enfermeiros e técnicos em enfermagem, que são treinados para prestar atendimento de
urgência e emergência fora do ambiente hospitalar.

O atendimento pré-hospitalar domiciliar pode ser útil em diversas situações,


como em casos de crise hipertensiva, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular
cerebral, crises convulsivas, entre outros. Além disso, esse tipo de assistência pode
reduzir o tempo de espera pelo atendimento médico, diminuir o tempo de internação
hospitalar e aumentar a sobrevida do paciente.

As equipes que prestam atendimento pré-hospitalar domiciliar devem ter


equipamentos adequados e estar preparadas para lidar com situações de emergência. É
importante que a equipe seja treinada em técnicas de reanimação cardiopulmonar (RCP) e
que tenham acesso a medicamentos e equipamentos necessários para estabilizar o paciente.

O atendimento pré-hospitalar domiciliar é uma opção importante para pacientes


que precisam de atendimento emergencial, mas que preferem ou necessitam de
cuidados em casa. É importante ressaltar que esse tipo de serviço deve ser realizado por
profissionais qualificados e em conformidade com as normas de segurança e qualidade

62
estabelecidas pelos órgãos reguladores da saúde.

Com relação ao material e equipamentos necessários para o atendimento pré-


hospitalar domiciliar esse não difere do utilizado no atendimento pré-hospitalar móvel,
já que ambos têm o objetivo de atender o paciente fora do ambiente de saúde.

2.2 ATENDIMENTO INTRA-HOSPITALAR


O atendimento de urgência intra-hospitalar é uma parte fundamental do sistema
de saúde, pois lida com situações emergenciais que ocorrem dentro das unidades
hospitalares. Esses casos de urgência podem ser decorrentes de diversos fatores, como
doenças agudas, acidentes e complicações decorrentes de procedimentos médicos.

O objetivo principal do atendimento de urgência intra-hospitalar é garantir


o suporte imediato e eficaz aos pacientes em estado grave, a fim de estabilizá-los e
salvaguardar suas vidas.

É essencial que as equipes de saúde que trabalham na unidade hospitalar


estejam treinadas para lidar com essas situações de emergência, possuindo o
conhecimento, habilidades e recursos necessários para realizar intervenções imediatas.

2.3 Passos da Avaliação de Emergência


A avaliação de emergência é um processo essencial para o atendimento de urgência,
que envolve a avaliação completa do paciente a fim de identificar possíveis condições
que possam colocar sua vida em risco. Os passos comuns da avaliação de emergência,
que podem ser aplicados envolvendo todo o corpo humano, incluem:

Avaliação inicial: essa é a primeira etapa da avaliação, na qual o profissional


de saúde avalia rapidamente o paciente para determinar a gravidade da situação e
estabilizar as funções vitais, como respiração, circulação e nível de consciência.
Histórico médico: é importante obter informações sobre o histórico médico
do paciente, incluindo doenças pré-existentes, medicações utilizadas, alergias e outras
informações relevantes que possam auxiliar no diagnóstico e tratamento.
Exame físico: o profissional de saúde deve realizar um exame físico completo,
avaliando os sinais vitais, como pressão arterial, frequência cardíaca, respiração e
temperatura, bem como examinando a aparência geral do paciente e verificando sinais
de trauma, dor ou outras anormalidades.
Exames complementares: em alguns casos, pode ser necessário realizar
exames complementares, como radiografias, exames de sangue, eletrocardiogramas e
outros exames específicos para auxiliar no diagnóstico.
Avaliação do sistema nervoso: é importante avaliar a função do sistema
nervoso, incluindo nível de consciência, movimentos corporais e outras funções cerebrais.

63
Avaliação do sistema cardiovascular: o profissional de saúde deve avaliar
a função do sistema cardiovascular, incluindo a avaliação do pulso, pressão arterial,
edema e outros sinais relacionados.
Avaliação do sistema respiratório: a função respiratória também deve ser
avaliada, incluindo a frequência respiratória, ritmo e profundidade, além de sinais de
dificuldade respiratória.
Avaliação do sistema gastrointestinal: a avaliação do sistema
gastrointestinal é importante em casos de doenças ou lesões abdominais, incluindo a
avaliação do abdômen e órgãos internos.
Avaliação do sistema geniturinário: em casos de emergência que envolvam
o sistema geniturinário, é importante avaliar a função dos órgãos urinários e genitais.
Tratamento: com base na avaliação realizada, o profissional de saúde deve
iniciar o tratamento necessário para estabilizar o paciente, incluindo a administração
de medicamentos, terapia de fluidos, intervenções cirúrgicas ou outros procedimentos
necessários.

INTERESSANTE
Esses são os passos gerais da avaliação de emergência que podem ser
aplicados em casos de emergência envolvendo todo o corpo humano. É
importante ressaltar que a avaliação pode variar dependendo da condição
específica do paciente e que a equipe de saúde deve estar preparada
para realizar adaptações conforme necessário para garantir o melhor
atendimento possível.

3 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO DE


URGENCIA PRÉ-HOSPITALAR E INTRA-HOSPITALAR
O papel do enfermeiro no atendimento de urgência pré-hospitalar e intra-hospitalar é
fundamental para garantir a qualidade e a segurança do atendimento ao paciente em
situações de emergência.

No atendimento pré-hospitalar, o enfermeiro pode trabalhar em equipe com


médicos e técnicos em enfermagem, realizando avaliação e triagem do paciente,
administração de medicamentos e procedimentos de emergência, além de garantir a
estabilização do paciente antes da chegada ao hospital.

Já no atendimento intra-hospitalar, o enfermeiro é responsável por realizar


a avaliação inicial do paciente, incluindo a identificação e priorização dos problemas
de saúde, a coleta de dados clínicos e a monitorização dos sinais vitais. O enfermeiro
também pode administrar medicamentos e realizar procedimentos de emergência, além
de coordenar a assistência prestada por outros profissionais de saúde.

64
Em ambos os casos, é importante que o enfermeiro esteja atualizado em
relação às melhores práticas e protocolos de atendimento de urgência, além de possuir
habilidades técnicas e de comunicação para lidar com situações de estresse e tomar
decisões rápidas e precisas.
O enfermeiro também deve ter uma abordagem humanizada e acolhedora,
considerando as necessidades emocionais e psicológicas do paciente e de seus
familiares, além de trabalhar em conjunto com a equipe multidisciplinar para garantir o
melhor cuidado possível ao paciente

3.1 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DAS URGÊNCIAS


As urgências médicas podem apresentar vários aspectos éticos e legais que devem
ser considerados pelos profissionais de saúde envolvidos no atendimento. Algumas
questões éticas que podem surgir durante uma emergência incluem:
Consentimento informado: o paciente ou seu representante legal deve ser informado
sobre o diagnóstico, os procedimentos que serão realizados e os riscos envolvidos
antes de dar seu consentimento para o tratamento. Em situações de emergência,
pode ser necessário realizar um tratamento sem o consentimento do paciente,
mas nesse caso o profissional de saúde deve agir de acordo com o princípio da
beneficência, ou seja, fazer o que é melhor para o paciente (BEAUCHAMP, 2019).
Confidencialidade: os profissionais de saúde devem manter a privacidade do paciente
e proteger suas informações confidenciais, de acordo com as leis de privacidade e
proteção de dados (BEAUCHAMP, 2019).
Justiça e equidade: durante uma emergência, os recursos podem ser limitados e os
profissionais de saúde devem tomar decisões éticas sobre a alocação desses recursos
para garantir uma distribuição justa e equitativa (BEAUCHAMP, 2019).
• Além das questões éticas, existem várias leis e regulamentações que os profissionais
de saúde devem seguir durante uma emergência. Por exemplo:
• O código de ética médica e de enfermagem: são documentos que definem os
princípios éticos que os profissionais de saúde devem seguir em sua prática. A
Resolução COFEN nº 564/2017 é a normativa que aprova o Código de Ética dos
Profissionais de Enfermagem.
• A legislação sobre o atendimento de emergência: em alguns países, existe legislação
específica que regula o atendimento de emergência, incluindo os procedimentos
que devem ser seguidos e as responsabilidades dos profissionais de saúde.
A responsabilidade civil e penal: os profissionais de saúde podem ser
responsabilizados por danos causados durante o atendimento de emergência, se agirem
com negligência ou imprudência.
A atuação do profissional enfermeiro nas urgências está ancorada na Resolução
nº 713/2022 que “Atualiza a norma de atuação dos profissionais de enfermagem no
Atendimento Pré-hospitalar (APH) móvel Terrestre e Aquaviários, quer seja na assistência
direta, no gerenciamento e/ou na Central de Regulação das Urgências (CRU), em
serviços públicos e privados, civis e militares.”

65
IMPORTANTE
Frente aos cuidados de maior complexidade técnica que exigem tomada de
decisão imediata e o conhecimento específico que a área requer, e com vistas
a garantir a segurança do paciente e do profissional, o presente documento
estabelece conceitos e normas para a atuação e a responsabilidade dos
profissionais de enfermagem no âmbito de suas competências legais, nas
centrais de regulação das urgências, na assistência e no gerenciamento de
serviços de atendimento pré-hospitalar móvel terrestres e aquaviários,
públicos e privados, civis e militares.
Resolução nº 0713/2022

3.1.1 Atuação do enfermeiro na assistência pré-hospitalar


móvel
A atuação do Enfermeiro na assistência pré-hospitalar engloba as práticas assistenciais
já reconhecidas para o Suporte Básico de Vida (SBV), Suporte Intermediário de Vida
(SIV) e do Suporte Avançado de Vida (SAV) nos agravos de origem clínica, traumática,
cirúrgica, psiquiátrica, pediátrica, obstétrica e outros, em todo ciclo vital. Sendo assim,
compete ao Enfermeiro na assistência pré-hospitalar:
a. prestar cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica a pacientes
graves e com risco de morte, que exijam conhecimentos científicos adequados
e capacidade de tomar decisões imediatas, conforme protocolos assistenciais do
serviço;
b. cumprir prescrição oriunda do Médico regulador da Central de Regulação das
Urgências fornecida por meio de rádio, telefones fixos e/ou móveis (a distância),
ou conforme protocolos assistenciais estabelecidos e reconhecidos do serviço,
observando a legislação vigente;
c. executar práticas de abordagem ventilatória e circulatória, inclusive com a utilização
de dispositivos extraglóticos, dispositivos intravasculares periféricos ou intraósseos,
entre outras tecnologias, desde que capacitado, conforme legislação vigente;
d. prestar a assistência de enfermagem à gestante, a parturiente e ao recém nato e
realizar partos sem distócia;
e. executar ações de salvamento terrestre, em altura e aquático, desde que esteja
capacitado e portando os equipamentos de proteção individual e coletivos
específicos para cada ação;
f. participar nos programas de capacitação de pessoal de saúde em urgências,
particularmente nos programas de educação permanente;
g. realizar o processo de enfermagem, conforme legislação vigente;
h. supervisionar, orientar e acompanhar os profissionais de enfermagem;
i. executar atividades organizacionais concernentes à gestão do cuidado na rotina
do serviço.

66
3.1.2 Atuação do enfermeiro no gerenciamento da assistência
e de áreas e/ou recursos pré-hospitalares móveis
A atuação do Enfermeiro no gerenciamento da assistência e dos recursos pré-hospitalares
engloba as atividades relacionadas à administração da equipe de enfermagem e das
diferentes áreas da estrutura organizacional dos serviços. Sendo assim, compete ao
Enfermeiro em atividades de gerenciamento:

a. coordenar e liderar a equipe de enfermagem do serviço pré-hospitalar;


b. realizar a supervisão e avaliação das ações de enfermagem da equipe no APH, e/ou
desenvolver processos de trabalho que atendam a esta norma;
c. definir e fazer cumprir os parâmetros para o dimensionamento de pessoal de
enfermagem;
d. elaborar, cumprir e fazer cumprir o regimento do serviço de Enfermagem;
e. estabelecer os requisitos e normativas para a elaboração da escala mensal,
participando ativamente de sua construção e avaliação garantindo assim a
qualidade e a segurança na assistência de enfermagem 24h ininterrupta em cada
unidade de APH;
f. articular, organizar e ministrar ações de educação permanente em serviço para
as equipes de enfermagem e no trabalho interprofissional, nas atividades de sua
competência;
g. subsidiar os responsáveis pelo desenvolvimento de recursos humanos para as
necessidades de capacitação permanente da equipe;
h. participar em conjunto com a equipe multiprofissional, da construção de protocolos
assistenciais e de processos de trabalho administrativos;
i. fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos inerentes à sua profissão,
por meio da construção e análise de indicadores de qualidade da assistência de
Enfermagem;
j. garantir a realização do processo de enfermagem, conforme legislação vigente.

67
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tema de aprendizagem, você estudou:

• A diferença de atendimento de urgência pré-hospitalar móvel e domiciliar.

• A sequência de atendimento do trauma é um processo sistemático de avaliação e


tratamento que é realizado para pacientes que sofreram lesões graves ou traumas.
Essa sequência é conhecida como ABCDE do trauma, e é um acrônimo para as etapas
que devem ser seguidas na ordem correta para garantir que o paciente receba o
tratamento adequado o mais rápido possível. Seguir a sequência ABCDE do trauma
é importante para garantir que o paciente receba o tratamento correto o mais rápido
possível, o que pode ajudar a salvar vidas em casos de lesões graves ou traumas.

• O papel desempenhado pelo profissional enfermeiro no atendimento de urgência e


emergência é fundamental no suporte básico de vida, realizando procedimentos como
avaliação do nível de consciência do paciente, avaliação da respiração, administração
de oxigênio, monitoramento dos sinais vitais, realização de curativos, imobilização de
lesões e transporte seguro para o hospital.

• Para atendimento de urgências, necessitamos de infraestrutura física e recursos


humanos viabilizar o atendimento tanto da urgência pré-hospitalar móvel quanto
domiciliar, sendo que para ambos necessitamos de: ambulância equipada; equipe
capacitada; comunicação; equipamentos de proteção individual (EPIs); transporte
seguro; monitoramento e rastreamento, treinamento e manutenção.

• Os aspectos éticos e legais do atendimento de urgência que são norteados pela


Resolução COFEN nº 713/2022.

68
AUTOATIVIDADE
1 Em uma abordagem para prestar primeiros socorros a uma vítima, considere a primeira
etapa: avaliação primária. Acerca do que é característica dessa etapa verificar, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) Possível intoxicação da vítima.


b) ( ) O estado de consciência da vítima.
c) ( ) Se a vítima sofreu choque elétrico.
d) ( ) A quantidade de sangue perdido pela vítima.
e) ( )A existência de fraturas ou outras lesões na vítima.

2 A ação prioritária em um incidente de trauma é a avaliação geral da cena. Qualquer


problema identificado nessa avaliação deve ser resolvido de determinada forma. Acerca de
como esse tipo de problema deve ser resolvido, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Antes do chamado dos socorristas.


b) ( ) Antes do atendimento da vítima.
c) ( ) Durante o atendimento da vítima.
d) ( ) Após a chegada dos socorristas.
e) ( ) Após o atendimento da vítima.

3 No atendimento inicial às emergências, a avaliação objetiva identificar rapidamente o


principal problema associado à lesão ou ao agravo clínico, para uma tomada de decisão
quanto ao atendimento e(ou) a remoção da vítima. Com relação a esse tema, julgue o item
subsequente:

*Na avaliação primária do paciente com suspeita de trauma, a garantia da segurança da


cena deverá ser prioridade.

a) ( ) Certo.
b) ( ) Errado.
c) ( ) Não há avaliação primária.

4 Em caso de acidente de trânsito em que a vítima fica presa às ferragens do veículo, qual a
ação prioritária a ser realizada?

69
5 O ABCDE do trauma é uma metodologia utilizada no atendimento pré-hospitalar para
garantir que as vítimas de trauma sejam avaliadas e tratadas de forma rápida e eficaz
(RODRIGUES et al., 2017). Essa técnica consiste em seguir uma sequência de avaliações e
intervenções, de acordo com as prioridades de cada caso. Quais aspectos representam A,
B, C, D e E trauma?

Fonte: RODRIGUES, M. de S. R.; SANTANA, L. F.; GALVÃO, I. M.


G. Utilização do ABCDE no atendimento do traumatizado. Rev
Med, São Paulo, v. 96, n. 4, p. 278-80, out./nov., 2017.

70
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 2, abordaremos sobre a Sistematização
da Assistência de Enfermagem (SAE) em urgências e emergências, sendo a SAE uma
importante ferramenta de gerenciamento do cuidado em meio às condições adversas
que permeiam o cenário dos serviços de urgência e emergência.

Para que o enfermeiro possa realmente construir sua identidade no campo da


assistência e desmistificar conceitos e posturas como os de submissão à classe médica, é
preciso, sobretudo, que se abandone o uso de intervenções ao acaso, sem planejamento,
justificativa científica e reflexão.

O Processo de Enfermagem é a representação maior do método científico


da profissão, sendo direcionado pela SAE, através da qual ocorre o desenvolvimento e
organização do trabalho da equipe pela qual o enfermeiro é responsável. A SAE permite
detectar as prioridades de cada paciente quanto as suas necessidades, fornecendo,
assim, uma direção para as possíveis intervenções.

A SAE em urgências e emergências é fundamental para garantir uma assistência


segura e de qualidade aos pacientes que necessitam de atendimento imediato. Além disso,
esse processo contribui para a padronização dos cuidados e para a melhoria contínua da
qualidade da assistência prestada pelos profissionais de enfermagem

71
2 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

No Brasil, vemos a cada dia a crescente demanda por serviços de saúde caracterizada
pela elevada morbimortalidade devido a causas externas, em especial violência e
acidentes de trânsito, associada à maior expectativa de vida da população e consequente
aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, que chama a atenção
para a reorganização dos serviços de urgência e emergência, a fim de garantir uma
assistência segura e de qualidade (BRASIL, 2013).

Essa crescente demanda por serviços de urgência traz à tona problemas como
superlotação das unidades, dimensionamento de pessoal inadequado, rotatividade dos
pacientes, processo de trabalho fragmentado, conflitos de poder, números de pacientes
superior à quantidade de leitos, sobrecarga de trabalho e pouca articulação das redes
assistenciais (BRASIL, 2013). A superação dos desafios impostos para serem superados
devem estar vinculada à prioridade da prestação de uma assistência contínua e com
qualidade, o que requer, a implementação de processos de trabalho bem definidos e
profissionais de saúde capacitados (MIRANDA et al., 2012).

É nesse âmbito que a atuação do enfermeiro se torna fundamental junto à


equipe multidisciplinar, tendo a SAE como uma importante ferramenta de gerenciamento
do cuidado em meio às condições adversas que permeiam o cenário dos serviços de
urgência e emergência.

A Resolução COFEN n° 358/2009 define que a SAE tem por finalidade organizar
o trabalho da Enfermagem, quanto ao método, pessoal e instrumentos, de modo que
seja possível a operacionalização do Processo de Enfermagem (COFEN, 2009).

Embora bem definida e respaldada por aspectos legais e científicos, a SAE ainda
é pouco presente nesse tipo de serviço de saúde. Sabe-se que, apesar das dificuldades, a
importância da SAE na garantia de uma assistência de qualidade em qualquer ambiente
de saúde sobrepõe os entraves próprios desse cenário (FELIX; RODRIGUES; OLIVEIRA,
2009; MIRANDA et al., 2009).

A SAE é um processo que visa proporcionar uma assistência segura e efetiva
aos pacientes que necessitam de atendimento imediato devido a condições de saúde
críticas. Esse processo é realizado por meio da aplicação do Processo de Enfermagem, que
consiste em cinco etapas: coleta de dados, diagnóstico de enfermagem, planejamento de
enfermagem, implementação de enfermagem e avaliação de enfermagem (COFEN, 2009).

72
Figura 3 – Etapas da Sistematização Assistência de Enfermagem

Fonte: COFEN (2009)

A seguir, veremos cada fase desse processo voltado para o atendimento em


urgência e emergência.

2.1 COLETA DE DADOS DE ENFERMAGEM


A coleta de dados é a primeira etapa e envolve a coleta de dados sobre o
paciente, incluindo a história clínica, sinais vitais, exames laboratoriais e físicos, além da
avaliação da sua condição emocional e psicológica. Nessa etapa, é importante identificar
os sinais de alerta e priorizar as intervenções de acordo com a gravidade da condição do
paciente (SILVA, 2019).

A fase de coleta de dados é composta pela entrevista e pelo exame físico de


enfermagem, é nessa fase que colhemos todas as informações relativas ao paciente e
suas necessidades. A partir desses dados, damos continuidade ao processo, levantando
os problemas que necessitam de intervenção.

73
2.1.1 Entrevista
A fase de entrevista é um momento crucial na sistematização da assistência de
enfermagem, pois é nesse momento que o enfermeiro realiza a coleta de informações
sobre o paciente, suas condições de saúde, histórico médico e outros fatores relevantes
para a prestação de cuidados de enfermagem adequados.

Durante a entrevista, o enfermeiro deve utilizar técnicas de comunicação


eficazes para obter informações precisas e relevantes sobre o paciente. É importante
que o enfermeiro seja claro e objetivo ao fazer perguntas e também esteja atento aos
sinais não verbais do paciente, como expressões faciais e linguagem corporal, para
obter uma compreensão mais completa da situação.

Além disso, o enfermeiro também deve estabelecer uma relação de confiança


com o paciente, criando um ambiente acolhedor e respeitoso, no qual o paciente se
sinta à vontade para compartilhar suas informações. É importante que o enfermeiro
seja empático e compreensivo, demonstrando interesse e preocupação genuína com a
situação do paciente.

Durante a entrevista, o enfermeiro deve coletar informações sobre o histórico de


saúde do paciente, incluindo doenças prévias, tratamentos realizados, medicamentos
em uso, alergias e outros fatores relevantes. Também deve avaliar o estado atual do
paciente, incluindo sintomas, sinais vitais e outros aspectos físicos e psicológicos.

Com base nas informações coletadas durante a entrevista, o enfermeiro poderá


estabelecer um plano de cuidados de enfermagem individualizado e efetivo, que atenda
às necessidades específicas do paciente. Esse plano pode incluir intervenções como
administração de medicamentos, monitoramento de sinais vitais, apoio emocional e
outros cuidados necessários para garantir o bem-estar do paciente.

INTERESSANTE
A fase de entrevista é fundamental na sistematização da assistência de
enfermagem, pois é nesse momento que o enfermeiro coleta informações
cruciais sobre o paciente, estabelece uma relação de confiança e empatia,
e desenvolve um plano de cuidados individualizado e eficaz. É importante
que o enfermeiro seja habilidoso em técnicas de comunicação e demonstre
sensibilidade e preocupação genuína com o paciente, para que o cuidado seja
prestado com excelência.

74
2.1.2 Exame físico de enfermagem
O exame físico de enfermagem na urgência e emergência é uma avaliação rápida e
sistemática do paciente que busca identificar possíveis alterações físicas ou fisiológicas
que possam indicar risco iminente de morte ou comprometimento da saúde. O objetivo
desse exame é avaliar a condição geral do paciente, determinar a urgência de intervenção
médica, estabelecer diagnósticos e planejar cuidados imediatos.
O exame físico de enfermagem na urgência e emergência é realizado em etapas
que estão descritas no Quadro 3:

Quadro 3 – Etapas do Exame físico de enfermagem do paciente

ESTAPAS DO EXAME FÍSICO DE ENFERMAGEM

Avaliação do nível de consciência, respiração,


Avaliação geral circulação e perfusão periférica (pulso,
temperatura e cor da pele), além de identificar
sinais de trauma ou lesões visíveis.

Avaliação visual de características físicas


Inspeção do paciente, incluindo aparência geral,
estado nutricional, sinais de desconforto,
deformidades, assimetrias e mobilidade.
Avaliação de características físicas através
Palpação: do toque, como pulso, temperatura, dor e
inchaço, bem como avaliação da presença de
massa ou tumores.
Avaliação da função pulmonar e cardíaca
Ausculta: através da escuta dos sons produzidos pelo
coração, pulmões e abdome, identificando
possíveis anormalidades.
Avaliação dos sinais vitais, incluindo pressão
Verificação de sinais vitais: arterial, frequência cardíaca, frequência
respiratória, oximetria de pulso e temperatura
corporal.

Fonte: o autor

2.2 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM


O diagnóstico é a segunda etapa e consiste na identificação das necessidades de
cuidado do paciente com base na avaliação realizada. Os diagnósticos de enfermagem
devem ser claros, objetivos e baseados em evidências científicas. Os diagnósticos de
enfermagem se referem a como o cliente e sua família, vão reagir a condições de saúde
e doença e os eventos trazidos por este processo (SILVA et al., 2017).

75
Figura 4 – Pensamento crítico

Fonte: adaptada de Alfaro-Lefevre (2010)

O Pensamento crítico como instrumento de tecnologia leve serve como subsídio


para a prática do enfermeiro para a aplicação da Sistematização de Assistência de
Enfermagem. Sendo assim, o enfermeiro para aperfeiçoamento dos seus conhecimentos
técnicos-científicos, necessita desenvolver competências a partir da prática diária
clínica, além de habilidades cognitivas e perceptivas para comunicação com a pessoa,
família e coletividade. A coleta de dados dá subsídio ao processo de diagnóstico e
prescrição das ações ou intervenções de enfermagem (ALFARO-LEFEVRE, 2010).

2.3 PLANEJAMENTO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM


O planejamento é a terceira etapa e envolve a definição dos objetivos e das intervenções
de enfermagem para atender às necessidades identificadas na etapa anterior. O plano
de cuidados deve ser individualizado e adaptado às necessidades de cada paciente
(SILVA et al., 2017).

Baseado nas prioridades das ações, serão determinadas as intervenções/ações


de enfermagem, que podem ser:

76
Quadro 4 – Intervenções/ações de enfermagem

Fonte: o autor

IMPORTANTE
As ações de enfermagem, sendo elas intervenções independentes ou
dependentes, necessita da competência técnica e conhecimento científico para
execução. Saber reconhecer os resultados esperados a partir do planejamento
influenciará na avaliação do cliente e requer saber identificar os possíveis
efeitos advindos da ação (COREN/BA, 2016).

2.4 IMPLEMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM


A implementação é a quarta etapa e consiste na execução do plano de cuidados definido
na etapa anterior. As intervenções devem ser realizadas de forma segura, efetiva e
individualizada, levando em consideração as condições clínicas do paciente (SILVA et
al., 2017).

A prescrição de enfermagem na urgência é uma atividade de grande importância


para garantir a segurança e o bem-estar do paciente. É importante ressaltar que a
prescrição de enfermagem não substitui a prescrição médica, mas complementa o
cuidado prestado ao paciente.

Algumas das ações que podem ser prescritas pelo enfermeiro na urgência
incluem:

77
1. Administração de medicamentos: o enfermeiro é responsável pela prática de
administração de medicamentos, prescritos pelo médico, sendo que na urgência e
emergência as principais medicações para alívio da dor, redução de febre, controle
de náuseas e vômitos, entre outras finalidades. Esse é um exemplo de intervenções
interdependentes.

2. Realização de procedimentos: o enfermeiro pode prescrever procedimentos,


como curativos, aspiração de secreções, nebulização, entre outros, desde que
estejam dentro do seu escopo de prática profissional.

3. Monitorização de sinais vitais: o enfermeiro pode prescrever a monitorização


dos sinais vitais do paciente, como frequência cardíaca, pressão arterial, frequência
respiratória, temperatura.

4. Orientação e educação ao paciente: o enfermeiro pode prescrever orientações e


educação ao paciente e seus familiares, como cuidados pós-operatórios, orientações
sobre medicações e sobre a importância da adesão ao tratamento prescrito.

2.5 AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM


A avaliação é a quinta e última etapa, que envolve a verificação dos resultados obtidos a
partir das intervenções realizadas. É importante avaliar se os objetivos foram alcançados,
se as intervenções foram efetivas e se há necessidade de ajustes no plano de cuidados
(SILVA et al., 2017).
Faça uma investigação abrangente da clientela (pessoa, família ou coletividade)
para decidir se os resultados esperados foram alcançados ou se surgiram novos
problemas:
a. decida se modifica, mantem ou encerra o plano de cuidados;
b. realize investigação contínua até a alta da clientela (pessoa, família ou coletividade),
sempre revisando os enunciados de diagnósticos e intervenções de enfermagem.

3 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM


EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
O papel do enfermeiro na urgência é fundamental, pois ele é responsável por coordenar
o atendimento, avaliar o paciente e definir o plano de cuidados. O enfermeiro também
é responsável por prestar orientações aos pacientes e familiares, bem como realizar o
acompanhamento após a alta hospitalar, garantindo a continuidade do tratamento e
prevenção de complicações.

É importante que o enfermeiro esteja preparado para lidar com situações de


emergência, mantenha-se atualizado sobre os protocolos de atendimento e esteja
sempre em busca de aprimoramento profissional, por meio de cursos e capacitações.

78
A atuação do enfermeiro é fundamental junto à equipe multidisciplinar, sendo
a SAE uma importante ferramenta para gerenciar o cuidado em meio às condições
adversas que estão presentes dentro da assistência serviços de urgência e emergência.
Apesar de ter respaldo ético legal e científico, a SAE ainda não é realidade no serviço
de urgência e emergência (FELIX; RODRIGUES; OLIVEIRA, 2009; MIRANDA et al., 2012).

Sendo assim, é imprescindível que o enfermeiro conheça seu papel de atuação


dentro da assistência. Essa atribuição está estabelecida na Lei n° 7.498, de 25 de junho
de 1986, que regulamenta o exercício da profissão de enfermagem.

DICA
Vamos aprofundar nossos conhecimentos?
Consulte: Lei n° 7.498, de 25 de junho de 1986.

3.1 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA URGÊNCIA E


EMERGÊNCIA
A assistência de enfermagem na urgência tem como objetivo atender às necessidades
imediatas e urgentes dos pacientes, promovendo a estabilização do quadro clínico e a
prevenção de complicações.

Toda equipe de enfermagem deve sempre pronta e agir com destreza, agilidade
e habilidade, sempre capaz de definir prioridades e intervir de maneira consciente,
prestando uma assistência segura ao ser humano, tendo sempre como princípio que
mesmo na emergência o cuidado é o elo de interação entre profissional e paciente
(MARIA, 2012). Para implementar essa assistência de forma eficaz, é importante seguir
as seguintes etapas:

• Avaliação inicial
O enfermeiro deve realizar uma avaliação rápida e sistemática do paciente,
identificando os sinais vitais, os sintomas e as queixas principais, além de realizar uma
rápida avaliação da história clínica do paciente.

• Priorização de atendimento
Com base na avaliação inicial, o enfermeiro deve priorizar o atendimento de
acordo com a gravidade do quadro clínico do paciente.

• Monitorização contínua
É importante manter a monitorização contínua dos sinais vitais, como pressão
arterial, frequência cardíaca, oxigenação, temperatura, entre outros.

79
• Realização de intervenções imediatas
O enfermeiro deve realizar as intervenções imediatas necessárias para estabilizar
o quadro clínico do paciente, como administração de oxigênio, medicamentos para dor,
controle de hemorragias, entre outras.

• Comunicação com a equipe médica


O enfermeiro deve manter uma comunicação efetiva com a equipe médica,
informando sobre o quadro clínico do paciente, a evolução do atendimento e as
intervenções realizadas.

• Registro adequado

É fundamental realizar um registro adequado de todas as intervenções


realizadas, para garantir a continuidade do atendimento e o acompanhamento adequado
do paciente.

3.2 COMUNICAÇÃO DENTRO DA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA


Durante o processo do cuidar, o enfermeiro utiliza diversas ferramentas, entre elas está
a habilidade de se comunicar. A rotina da enfermagem diariamente está pautada na
comunicação, a qual é essencial para estabelecer um processo interativo entre membros
da equipe de enfermagem e multiprofissional e, com os pacientes, familiares e comunidade.

Alguns teóricos defendem que o profissional enfermeiro mantém, com o outro,


uma relação intersubjetiva, baseada na consciência existencial que ele tem de si e do
outro. Sendo assim, o espaço onde se encontra o doente, é um local de transações
intersubjetivas, em que o enfermeiro estabelece constante interdependência com o
cliente, a família, a sua equipe e com as demais equipes de saúde e eles com o enfermeiro.

A comunicação proporciona ao enfermeiro a oportunidade de transmitir


atitudes de atenção, confiança, compreensão e ajuda. A comunicação é extremamente
importante em situações de urgência e emergência, pois pode fazer a diferença entre a
vida e a morte. A comunicação deve ser clara, objetiva e eficiente, e deve envolver tanto
o paciente quanto os profissionais de saúde envolvidos no atendimento (SOARES, 2020).

Nas unidades de urgência e emergência, a comunicação efetiva é elemento


fundamental para o sucesso do atendimento; de cada membro espera-se que reporte
suas impressões, problemas e tomadas de decisão.

Ao se comunicar com um paciente em situação de urgência ou emergência, é importante


manter a calma e falar de forma clara e tranquilizadora, explicando a situação e as medidas que
serão tomadas para ajudá-lo. É importante utilizar termos simples e evitar jargões técnicos, para
que o paciente entenda o que está acontecendo e possa colaborar com o atendimento.

80
O enfermeiro atuante nos setores de urgência e emergência necessitam estar
aptos a obter um histórico do paciente, realizar o exame físico, executar tratamento
imediato, preocupando-se com a manutenção da vida e orientação dos pacientes para
a continuidade de tratamento, situações estas que exigem do enfermeiro habilidades
de comunicação clara, objetiva e acima de tudo empática.

A fundamentação teórica deve sempre estar aliada à capacidade de liderança,


iniciativa e habilidades assistenciais e de ensino. É necessário que tenha raciocínio
rápido e assertivo e capacidade de liderança, pois é responsável pela coordenação de
uma equipe de enfermagem, e é parte vital e integrante da equipe de emergência.

Além dessas qualidades, o enfermeiro precisa manejar técnicas de comunicação


e saber ouvir, para conseguir obter informações sobre pacientes e familiares e como
eles vivenciam a hospitalização, a doença, o tratamento, além de conhecer os receios,
desejos e sentimentos dessas pessoas.

Todo esse conhecimento é fundamental para que o planejamento do cuidado,


ocorra de forma individualizada para cada paciente, atendendo suas necessidades.
Além disso, o enfermeiro manter um bom diálogo com sua equipe e demais profissionais
da equipe interprofissional, a fim de que o trabalho ocorra de maneira organizada e a
assistência mantenha padrões de qualidade.

INTERESSANTE
Comunicação em “alça fechada” é quando a mensagem vai do emissor para
o receptor, que deve retornar indicando que ouviu e entendeu a mensagem.

81
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• Sobre a importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem como


ferramenta de empoderamento para o enfermeiro, dentro do novo cenário de saúde
que se apresenta com aumento de demanda por atendimento de emergência,
impulsionado pela elevada morbimortalidade devido a causas externas, em especial
violência e acidentes de trânsito, associada à maior expectativa de vida da população
e consequente aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis.

• Sobre como o pensamento crítico é uma tecnologia leve, no entanto subsidia


toda a prática do enfermeiro na utilização do Processo de Enfermagem. Mas, para
desenvolve-la, o enfermeiro necessita aperfeiçoar seus conhecimentos teóricos
aliados a prática baseada em evidências.

• Vimos também algumas das intervenções necessárias dentro do atendimento de


emergência, que tem por objetivo principal a estabilização do paciente e a resolução
de problemas levantados na fase de coleta de dados, que tragam eminente risco para
a vida do paciente.

• A importância da comunicação na área da saúde, sendo ferramenta imprescindível


para bom andamento assistencial. Na emergência, essa necessidade é ainda maior,
já que as situações dos pacientes são mais críticas, fazendo com que os profissionais
muitas vezes precisem compartilhar notícias desagradáveis com os familiares, como
por exemplo, agravamento do estado de saúde do paciente, reação adversa a alguma
medicação ou tratamento.

82
AUTOATIVIDADE
1.Para a avaliação do estado psíquico do paciente, é necessário que se estabeleça uma
relação de confiança já no primeiro contato. O paciente deve ser altamente respeitado
e preservado em sua intimidade, oferecendo, dentro das possibilidades, condições
acolhedoras, confortáveis e de proteção. Assim, acercada das condições para a realização
da avaliação do estado geral e psíquico, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Confiança, sigilo profissional e empatia.


b) ( ) Julgamento, sigilo profissional e confiança.
c) ( ) Confiança, quebra de sigilo, linguagem técnica.
d) ( ) Linguagem técnica, empatia e sigilo profissional.
e) ( ) Linguagem técnica, julgamento e confiança.

2 A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia que organiza


toda a operacionalização do processo de Enfermagem. De acordo com a Resolução COFEN
nº. 358/2009, o processo de Enfermagem se organiza em cinco etapas inter-relacionadas,
interdependentes e recorrentes que são apresentadas em determinada ordem. Acerca
dessa ordem, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) I - Diagnóstico de Enfermagem, II - avaliação de Enfermagem, III - coleta de dados


de Enfermagem, IV - exame físico, V - planejamento de Enfermagem.
b) ( ) I - Coleta de dados de Enfermagem, II - diagnóstico de Enfermagem, III – planejamento
de Enfermagem, IV - implementação, V - avaliação de Enfermagem.
c) ( ) I - Avaliação de Enfermagem, II - coleta de dados de Enfermagem, III - diagnóstico
de Enfermagem, IV - implementação, V - planejamento de Enfermagem.
d) ( ) I - Coleta de dados de Enfermagem, II - diagnóstico de Enfermagem, III - exame
laboratorial, IV - evolução de Enfermagem, V - plano de alta.
e) ( ) I - Levantamento de problemas de Enfermagem, II - evolução de Enfermagem, III -
plano
de alta, IV - planejamento de Enfermagem, V - prescrição de Enfermagem.

3 Conforme os diagnósticos de Enfermagem de NANDA-I 2018/2020, suscetibilidade à


variação dos níveis séricos de glicose em relação à faixa normal que pode comprometer
a saúde, referindo-se a determinado diagnóstico. Acerca desse diagnóstico, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) Risco de função hepática prejudicada.


b) ( ) Risco de função metabólica prejudicada.
c) ( ) Risco de glicemia estável.
d) ( ) Risco de síndrome do desequilíbrio metabólico.
e) ( )Risco de glicemia instável

83
4 A fim de implementar a assistência de enfermagem em unidades de urgência e emergência
de forma eficaz, é importante seguir algumas etapas, são elas:

5 A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia científica,


aplicada a prática de Enfermagem para conferir segurança nos cuidados prestados aos
pacientes, pois padroniza e garante maior autonomia aos profissionais. O Conselho
Federal de Enfermagem, por meio da Resolução 358/2009, preconiza que a SAE deve ser
sistematizada por meio da implementação do Processo de Enfermagem (PE), que é dividido
em 5 etapas. Visto isso, qual a etapa em que se verifica se houve mudanças nas respostas
da pessoa para determinar se as ações ou intervenções de Enfermagem alcançaram o
resultado esperado?

84
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM
EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 3, abordaremos sobre a prestação da assistência


de enfermagem nas emergências clínicas, sendo estas definidas como estados graves
de saúde que não tiveram como causa fatores internos, geralmente, são consequências
de doenças pré-existentes.

Nesse tema, abordaremos um pouco sobre as emergências clínicas, entre elas:


parada cardiorrespiratória, hipotensão e choque e crise hipertensiva.

Uma das principais discussões que se tem hoje é a transição epidemiológica


que ocorreu no país e no mundo, sendo um dos pontos mais relevantes dessa transição,
o avanço tecnológico que trouxe longevidade a população, no entanto, esta não veio
acompanhada de qualidade de vida, o que ocasionou um aumento de demanda por
serviços de saúde, principalmente por serviços de atenção secundária e terciária
(ARAÚJO et al., 2011) (BRASIL, 2012).

Essa situação dos serviços de emergência que se apresenta é motivo de


preocupação tanto para os gestores de saúde, quanto para a comunidade sanitária e a
sociedade em geral. Sendo assim, cada vez mais vemos fortalecer a força de trabalho
do enfermeiro que através das ferramentas de sistematização de assistência, executa
o planejamento das ações em saúde, com objetivo de reduzir as superlotações nos
serviços de emergência (SILVA, 2007).

Dados estatísticos brasileiros extraídos do DataSUS mostram que 35% das


mortes no Brasil são causadas por problemas cardiovasculares, resultando em 300
mil casos anuais. A parada cardiorrespiratória (PCR) é considerada a maior situação de
prioridade de atendimento da parada, na qual a rapidez e a eficácia das intervenções
adotadas são cruciais para um melhor resultado do atendimento (DATASUS, 2018).

Norteando-se por isso, abordou-se esse tema pela metodologia da medicina


baseada em evidências, que permite aplicar as medidas terapêuticas mais adequadas e
de forma sistematizada, com obtenção de melhores resultados.

85
2 PARADA CARDIORRESPIRATORIA (PCR)
A parada cardiopulmonar ou parada cardiorrespiratória (PCR) é definida como a ausência de
atividade mecânica cardíaca, que é confirmada por ausência de pulso detectável, ausência
de responsividade e apneia ou respiração agônica, ofegante. O termo “parada cardíaca” é
mais comumente utilizado quando se refere a um paciente que não está respirando e não
tem pulso palpável (NACER; BARBIERI, 2015). É uma condição que pode levar a pessoa a
morte em um curto intervalo de tempo, caso não receba atendimento adequado.

A PCR não tem uma condição especifica para ocorrer, sendo que pode acontecer
a qualquer momento, sendo que entre as causas mais comuns são: doenças cardíacas,
insuficiência respiratória e choque elétrico. Além disso, outras causas incluem: choque
hipovolêmico, envenenamento, acidente vascular cerebral e afogamento.

Alguns sinais de alerta podem surgir logo antes da parada cardíaca e respiratória
ocorrer e podem alertar para essa condição, entre eles estão: dores fortes no peito, que
irradiam para as costas ou abdômen, dores fortes de cabeça, língua enrolada, o que
dificulta a fala; falta de ar ou dificuldade de respirar; formigamento no braço esquerdo e
palpitações fortes.

2.1 ABORDAGEM INICIAL DO ATENDIMENTO


A fibrilação ventricular (FV) é o ritmo inicial presente em mais de 40% dos casos de PCR,
e para atendimento utiliza-se a cadeia hierarquizada de atitudes terapêuticas que é
constituída por cinco passos principais:

1. Reconhecimento imediato da parada cardíaca e o desencadeamento do sistema de


emergência (chamar por ajuda).
2. Aplicação das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) com ênfase nas
compressões de alta qualidade.
3. Rápida desfibrilação.
4. Medidas eficazes de suporte avançado de vida.
5. Cuidados organizados e integrados pós-parada

O atendimento da PCR pode ser dividido em duas etapas: a avaliação primária


e a secundária.

• Avaliação primária (BLS)

A avaliação primária (basic life suport – BLS), ou Suporte Básico de Vida (SBV)
envolve o suporte básico de vida associado às manobras para reconhecimento da PCR
e o suporte hemodinâmico e respiratório através da RCP. Este atendimento pode ser
realizado por indivíduos leigos treinados

86
• Avaliação secundária (ALS)

A avaliação secundária (advanced life suport – ALS) ou Suporte Avançado de Vida


(SAV) envolve a aplicação de manobras para o suporte avançado de vida, como utilização
de dispositivos invasivos de via aérea, estabelecimento de acesso venoso, utilização de
drogas, desfibrilações elétricas e estabilização do paciente após a reversão da PCR com
uso de vasopressores, por exemplo. No Brasil, esse suporte se caracteriza como ato
médico, podendo ser realizado apenas por profissional habilitado, diferentemente de
outros países avançados, onde o paramédico habilitado tem autorização para aplicar
procedimentos invasivos na vítima.

2.2 MANOBRAS DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV)


O SBV tem como objetivo reconhecer e atender situações de emergência, como
obstrução aguda de via aérea, acidente vascular cerebral e parada cardiorrespiratória.
Essa abordagem inicial institui as condições mínimas necessárias para a
manutenção ou a recuperação da perfusão cerebral, já que é a viabilidade neurológica
que define em grande parte o prognóstico da vítima.
Em 2020, o algoritmo de atendimento foi simplificado e entre as recomendações
essenciais estão inclusos:

• Grande ênfase nas compressões torácicas de alta qualidade. É aceitável, inclusive,


que o leigo realize apenas as compressões (sem ventilação).
• O tradicional ABC foi substituído pelo CAB (compressões, vias aéreas e respiração).
Ou seja, o socorrista atuando sozinho deve iniciar a ressuscitação com 30
compressões, em vez de 2 ventilações, para reduzir a demora na realização da
primeira compressão.
• A desfibrilação deve ser realizada o mais rápido possível, se indicada.

Os passos que constituem o SBV estão enumerados a seguir.

2.2.1 Reconhecimento da PCR e chamar por ajuda (com


desfibrilador)
Após a definição de que a cena do evento é segura para a ação do socorrista, deve-se:

• Checar se o paciente apresenta ou não algum grau de resposta.


• Se o paciente responder ao chamado ou apresentar movimentos voluntários em
resposta, isso significa que ele possui fluxo sanguíneo suficiente para manter
alguma atividade do sistema nervoso central (mesmo que parcialmente), ou seja, a
situação se afasta da condição de PCR.
• Se o paciente não responde e não há movimentos respiratórios (ou ele apresenta
gasps agônicos), assume-se que o paciente está em parada cardíaca.
• Nessa condição, o passo seguinte deve ser o desencadeamento do sistema de

87
emergência pedindo o desfibrilador.
• É importante lembrar que a busca de pulso central isoladamente não é um marcador
confiável de PCR, mesmo quando feita por socorristas treinados, requerendo um
valioso tempo adicional.
• Para o leigo, não se recomenda procurar se há ou não pulso central, sendo
recomendado iniciar imediatamente as compressões torácicas nessa situação
(vítima arresponsiva e sem movimento respiratório ou apenas com gasps agônicos).
• Para os profissionais de saúde, a busca por pulso central não deve ultrapassar 10
segundos.
• Se não houver pulso (ou mesmo se for duvidoso), deve-se iniciar as compressões
torácicas imediatamente. Adicionalmente, o tradicional “ver, ouvir e sentir” a
respiração foi retirado do algoritmo.

2.2.2 Desencadeamento do sistema de emergência


O chamado de emergência constitui passo imprescindível no atendimento, já que não
se pode definir de imediato o que desencadeou a situação de emergência, que pode ser
um simples caso de hipoglicemia ou até uma situação de extrema urgência, como a PCR.
O SBV é fundamental para impedir a deterioração das condições da vítima,
mas a medida principal que determina melhor prognóstico na PCR é o acesso rápido ao
desfibrilador.
Quando a desfibrilação é realizada até o 3º ou 4º minuto da PCR em FV, existe a
reversão da parada em 47-72% dos eventos. Comprovadamente, a desfibrilação precoce
é de grande importância e somente ocorrerá se o sistema de emergência for acionado,
solicitando imediatamente o desfibrilador.

2.2.3 Compressões torácicas


Após a confirmação da PCR recomenda-se o início imediato de compressões torácicas.

As pressões de perfusão cerebral e coronariana determinadas pelas manobras


de RCP são cruciais, pois determinam maior probabilidade de reversão da FV para
ritmo organizado com pulso após o choque e retardam o tempo de instalação da lesão
neurológica central hipóxia.

A tradicional sequência A-B-C foi modificada para C-A-B (compressões, vias


aéreas e respiração). Isso se deveu à necessidade de priorizar o efetivo suporte circulatório.

Nas orientações anteriores, perdia-se muito tempo checando se havia ou


não respiração e realizando duas ventilações de resgate. Isso acabava retardando o
que é mais importante numa PCR: tentar restaurar a circulação. A Figura 5 mostra o
posicionamento correto para realização de compressões torácicas.

88
NOTA
As compreensões torácicas devem obedecer a alguns critérios. Veja no Quadro 1.

Quadro 5 – Critérios para compressões torácicas efetivas

• Devem ser aplicadas de forma rápida e intensa, sobre a metade


inferior do esterno, na linha intermamilar no centro do tórax.
• Nesse ponto, coloca-se a região hipotenar da mão do braço mais
forte, que servirá de base para a compressão cardíaca.
• A outra mão deve ser colocada paralelamente sobre a primeira,
mantendo-se os cotovelos estendidos, formando um ângulo de 90°
com o plano horizontal.
Alta qualidade • As compressões devem ocasionar uma depressão de no mínimo 5
cm do tórax.
• Após a compressão, deve-se permitir o retorno do tórax à posição
normal
• As compressões não devem ser interrompidas até a chegada do
desfibrilador automático, da equipe de suporte avançado ou até
que ocorra a movimentação espontânea da vítima.
• O número de compressões deve ser de ao menos 100/minuto.

Compressões • A maioria dos adultos em PCR extra-hospitalar não recebe nenhuma


isoladas manobra de RCP pelo público leigo.
• A realização da RCP pelo leigo apenas com compressões torácicas
melhora substancialmente a sobrevida de adultos em PCR quando
se compara com nenhuma compressão.
• Em vítimas de PCR extra-hospitalar, a RCP realizada por leigos
com compressões isoladamente versus a RCP convencional
(compressão mais ventilação) mostrou resultados semelhantes.
• É mais fácil ensinar, mesmo pelo telefone, a realização da
compressão quando comparado com compressão mais ventilação.
• É importante lembrar que para vítimas de afogamento ou PCR por
asfixia essa recomendação não se aplica.

Compressões •
Cada ventilação de resgate deve durar 1 segundo.
+ ventilação • Aplicar volume corrente suficiente para elevar o tórax.
• Evitar ventilações rápidas ou forçadas
• Em qualquer momento, quando uma via aérea avançada estiver
colocada, aplicar 8-10 ventilações por minuto não sincronizadas
com as compressões torácicas.
• Volume corrente de 6-7 mL/kg é suficiente.

Fonte: o autor

89
Figura 5 – Posicionamento correto para compressões torácicas

Fonte: Reis e Bulhões (2020)

2.2.4 Manuseio das vias aéreas


A abertura de vias aéreas pode ser feita através da elevação da mandíbula e da
hiperextensão a coluna cervical (head tilt/chin lift) ou pela tração da mandíbula (jaw
thrust), conforme demonstrado na Figura 6.

Figura 6 – Manobras para abertura das Vias Aéreas

Fonte: Sanar Medicina (2023)

90
• Profissionais habilitados e leigos treinados (e confiantes) devem preferencialmente
utilizar a manobra de elevação da mandíbula e hiperextensão da coluna cervical,
exceto na suspeita de lesão cervical, quando se deve utilizar a manobra de tração
da mandíbula sem hiperextensão cervical.
• Mantendo-se a VA aberta, deve-se verificar a presença de respiração espontânea
na vítima. Conforme já foi citado, nas novas recomendações de atendimento da
PCR, a avaliação através do “ver, ouvir, sentir” foi abandonada por retardar o início
das compressões torácicas.
• Caso se perceba a presença da ventilação no paciente, cabe apenas a checagem de
pulso a cada 2 minutos e o posicionamento da vítima em posição de recuperação
(decúbito lateral, mantendo via aérea aberta) até a chegada do sistema de
emergência.
• Caso não se identifique o movimento respiratório, a vítima realmente encontra-se
em parada respiratória.
• A checagem de pulso carotídeo é obrigatória, mas não deve ultrapassar 10 segundos.

2.2.5 Desfibrilação
• Sabe-se que o ritmo mais frequente presente nos primeiros minutos da PCR extra-
hospitalar é a fibrilação ventricular (FV) ou a taquicardia ventricular sem pulso (TV
sem pulso).
• Sendo assim, quanto mais precoce a desfibrilação, melhores são os resultados na
sobrevida.
• O Desfibrilador Externo Automático (DEA) deve estar facilmente disponível em
ambientes de alto risco de eventos cardiovasculares súbitos como hospitais,
aeroportos e locais de alta concentração de pessoas, na Figura 7 está ilustrado o
DEA.
• A posição recomendada da vítima durante o atendimento é o decúbito dorsal
horizontal sobre superfície rígida; a importância da superfície rígida no resultado do
atendimento ainda não foi definida.
• Se a vítima estiver em posição prona, deve ser colocada em posição supina.
• Durante o posicionamento da vítima, devemos nos lembrar da necessidade de
manter sua coluna cervical sempre alinhada com o restante do tronco durante a
mobilização.

91
Figura 7 – Desfibrilador Externo Automático

Fonte: https://www.trammit.com.br/locacao/3092-locacao-de-desfibrilador-externo-automatico-dea.html.
Acesso em: 4 mai. 2023.

ATENÇÃO
Detecção de FV/TV
O desfibrilador automático/semiautomático possui um programa que lhe
permite identificar e reconhecer os ritmos de FV e TV, indicando então o
choque.
Se o ritmo presente não for uma TV ou FV, o aparelho não indicará o choque,
cabendo ao socorrista manter a massagem cardíaca e as ventilações. Quando
indicado pelo DEA, o choque inicial será de 360 J (monofásico) ou na energia
máxima equivalente nos aparelhos bifásicos (entre 150 e 200 J).

92
2.3 MANOBRAS DE SUPORTE AVANÇADO DE VIDA (SAV)
Por mais avançados que sejam os recursos disponíveis para o atendimento da PCR, o
suporte básico de vida é crucial para a manutenção da perfusão e oxigenação cerebral
e coronariana.

No suporte avançado, a identificação do ritmo cardíaco é feita pelas pás


do monitor cardíaco, poupando tempo durante o atendimento por permitir a rápida
desfibrilação, caso esteja indicada.

Através da identificação do ritmo cardíaco pelas pás, podemos dividir a PCR em


duas modalidades:
• Ritmos que merecem choque imediato: FV ou TV sem pulso.
• Ritmos que não devem receber desfibrilação: assistolia ou atividade elétrica sem
pulso

2.3.1 Desfibrilação – PCR em FV/TV sem pulso


Quando se trata de PCR no ambiente extra-hospitalar, temos duas formas mais
frequentes de atividade elétrica inicial uma delas é a fibrilação ventricular, sendo a outra
a taquicardia ventricular sem pulso, porém frequentemente esta degenera-se para FV.
Veja as Figuras 8 e Figura 9.

Ambas, somadas, são responsáveis por até 80% dos casos de morte súbita
e são os ritmos elétricos de melhor prognóstico para reversão, desde que tratadas
adequadamente e em tempo hábil.

Figura 8 – Eletrocardiograma de Fibrilação Ventricular

Fonte: Medway (2023)

93
Figura 9 – Eletrocardiograma de Taquicardia Ventricular

Fonte: Medway (2023)

Conduta terapêutica:

• Deve-se evitar o máximo possível a descontinuação das compressões torácicas e


aplicar o choque o mais rápido possível.
• O choque deverá ser de 360 J do monofásico ou na dose equivalente do bifásico
(150 a 200 J).
• Imediatamente após o choque, deve-se realizar 2 minutos de RCP (5 ciclos 30:2 de
compressão e ventilação).
• Após esse período, avalia-se novamente o ritmo, aplicando-se o choque ou não, e
assim sucessivamente.
• A segurança durante a desfibrilação é de responsabilidade de quem manipula o
aparelho.
• Durante a administração dos choques, alguns cuidados devem ser adotados.
• O correto posicionamento das pás, a aplicação de força sobre elas e a utilização de
gel condutor contribuem para uma melhor taxa de sucesso na desfibrilação.
• Caso ainda persista a FV/TV sem pulso após o primeiro choque, é necessária a
utilização de drogas que melhorem a condição hemodinâmica da PCR e auxiliem na
reversão da arritmia.
• Para aplicar as drogas, são necessários meios para administrá-las.
• Após o 1º choque e mantida a PCR, é necessária a instalação de um acesso venoso
periférico ou intraósseo, a colocação de via aérea definitiva para melhor oxigenação
e a monitorização cardíaca através de eletrodos do monitor.

2.4 Via aérea avançada



A via aérea avançada pode ser obtida por intubação orotraqueal (IOT) ou por uma via
supra glótica (máscara laríngea, tubo esofagotraqueal).

Para instituição de ambas as vias, é necessário ter experiência e treinamento. A


IOT exige uma correta laringoscopia e visualização da glote. Sendo assim, se realizada por
pessoas não adequadamente treinadas, pode causar inúmeras complicações (trauma

94
de orofaringe, sangramento, aspiração, hipoxemia e inserção do tubo no esôfago) e
interrupções inaceitáveis das compressões torácicas.

A via aérea avançada supra glótica é uma alternativa aceitável e tem como
potenciais vantagens: não necessita visualizar a glote, pode ser colocada sem
interromper as compressões e é mais fácil de ensinar e treinar.

2.4.1 Confirmação e adequação da via aérea avançada


Intubação orotraqueal

Após a realização da intubação, conforme demonstrado na Figura 10, sem interromper


as compressões torácicas, é necessário a averiguação do correto posicionamento do
tubo endotraqueal, tanto pelo exame físico como por um dos dispositivos de detecção
de CO2 exalado (Capnógrafo).

Figura 10 – Intubação orotraqueal (IOT)

Fonte: http://www.szpilman.com/. Acesso em: 4 mai. 2023.

No exame físico, verifica-se a expansão torácica bilateral, auscultar o


epigástrio (sons respiratórios não audíveis) e os campos pulmonares bilateralmente
(devem ser simétricos).

A capnografia preferencial é capnografia quantitativa em forma de onda. Junto


com o exame físico, a capnografia contínua permite confirmar a inserção correta do tubo
orotraqueal e o reconhecimento precoce do deslocamento da via aérea, principalmente
durante o transporte da vítima.

95
Na ausência da capnografia quantitativa em forma de onda, é aceitável que se
utilize a (capnografia colorimétrica (sem forma de onda), essa é mais simples e barata,
embora inferior à quantitativa.
A fixação da cânula com material adequado é mandatória.

Via aérea supra glótica

Assim como na IOT, deve-se proceder ao exame físico para verificar se a via supra glótica
está correta e ventilando adequadamente o paciente e utilizar um dos dispositivos para
a detecção de CO2 exalado descritos. Na Figura 11, podemos observar a posição correta
da cânula supra glótica.

Figura 11 – Intubação orotraqueal (IOT) supra glótica

Fonte: http://www.szpilman.com/. Acesso em: 4 mai. 2023.

3 HIPOTENSÃO E CHOQUE

INTERESSANTE
A fim de aprofundar seus conhecimentos indicamos a leitura do seguinte
artigo:
I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares
de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia: https://www.scielo.
br/j/abc/a/FzpcTtwTdpf8DDBYMS7vprr/?lang=pt.

O Choque é uma síndrome caracterizada pela incapacidade do sistema circulatório de


fornecer oxigênio aos tecidos, o que pode levar à disfunção multissistêmica e morte.
Seu reconhecimento precoce é fundamental para que haja a correção das disfunções,
assim como a detecção da causa base.

Existem três variáveis que baseiam o diagnóstico de choque, são eles:


• Má perfusão periférica, na maioria das vezes manifestada como hipotensão
96
+ taquicardia. O valor de PA sistólica pode estar com valores pressóricos
normais, principalmente nos pacientes com história de hipertensão.
• Ao exame físico, percebe-se sinais de hipoperfusão periférica, os quais
incluem: extremidades frias, muitas vezes com cianose; oligúria (diurese
< 0,5 mL/kg/hora) e manifestação de baixo débito no SNC (sonolência,
confusão e desorientação).
• Hiperlactatemia, que indica metabolismo celular de oxigênio alterado.
Os estados de choque são classificados em: hipovolêmico, distributivo,
cardiogênico e obstrutivo.

Quadro 6 – Tipos de choque e principais causas

Hipovolêmico Distributivo Cardiogênico Obstrutivo

Hemorrágico: Séptico Com edema E m b o l i a


Relacionado ao Hiperdinâmico pulmonar p u l m o n a r
trauma Hipodinâmico I s q u e m i a Pneumotórax
Não relacionado ao Síndrome do choque miocárdica hipertensivo
trauma (hemotórax, tóxico Taquiarritmias Tamponamento
hemoperitônio, Anafilático P ó s - p a r a d a pericárdico
h e m a t o m a Neurogênico (trauma cardíaca Pericardite
retroperitoneal, raquimedular, Lesões valvares constrictiva
hemorragia digestiva, compressão de Miocardite aguda Dissecção aguda
perdas externas) medula espinal e Cardiomiopatias de aorta
Não hemorrágico: anestesia espinal/ D i s f u n ç ã o Hipertensão
gastrintestinal epidural) miocárdica na pulmonar aguda
(diarreia, vômitos), Endocrinológico: sepse Obstrução de
renal (excesso de a d r e n a l Intoxicação cava ou tumores
diurético, nefropatia (hipocortisolismo), aguda (p. ex.‚ intratorácicos
perdedora de sal, crise tireotóxica betabloqueador, Ventilação com
estado hiperosmolar Intoxicações agudas verapamil) altos valores da
hiperglicêmico), (cianeto, monóxido Sem edema PEEP.
perda para terceiro de carbono, pulmonar
espaço (p. ex., nitroprussiato, Infarto agudo
pancreatite aguda, bretílio). do miocárdio de
obstrução intestinal), ventrículo direito;
queimaduras, IC grave
hipertermia. descompensada
perfil D (“frio” e
“seco”);
Bradiarritmias.

Fonte: o autor

97
3.1 ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA
Pequenas alterações na pressão arterial média (PAM) ou no metabolismo de
oxigênio ativam barorreceptores e quimiorreceptores localizados no arco aórtico, átrio
direito, corpo carotídeo, vasculatura esplâncnica, aparelho justa glomerular e no sistema
nervoso central.

Ativa-se uma série de respostas compensatórias que incluem: ativação do


sistema renina­angiotensina­aldosterona; liberação de catecolaminas nas terminações
simpáticas e medula adrenal; redução do tônus vagal; aumento do ACTH e cortisol;
liberação de vasopressina pela neuro hipófise; aumento da endotelina, do glucagon e
redução da secreção pancreática de insulina. Na figura, encontra-se um esquema das
fases compensatórias do choque.

As consequências são variadas e incluem:


• Aumento da contratilidade do miocárdio e da frequência cardíaca.
• Vasoconstrição arterial e venosa.
• Redistribuição da volemia, priorizando o SNC e o miocárdio.
• Aumento da reabsorção de sódio e água pelos rins.
• Aumento da extração de oxigênio.
• Aumento da oferta de substratos (gliconeogênese, glicogenólise, lipólise e
aumento do catabolismo proteico).

O objetivo dessa resposta orquestrada tem como objetivo restaurar a perfusão


periférica e corrigir o desequilíbrio no consumo de oxigênio. Entretanto, dependendo da
etiologia e da gravidade do choque, das condições do paciente (p. ex., idade avançada,
comorbidades) ou mesmo do retardo no tratamento, esses mecanismos acabam
gerando respostas patológicas ou não compensatórias.

O metabolismo aeróbio é substituído pelo metabolismo anaeróbio, que é muito


menos eficiente, resultando em depleção de ATP, produção de lactato e acidificação
intracelular. A persistência desse desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio
e/ou substratos culmina com o desencadeamento de respostas inflamatórias, lesão
microvascular e celular, resultando frequentemente na disfunção de órgãos (p. ex.,
lesão renal e/ou pulmonar aguda).

De grande importância, quaisquer que sejam as causas ou mecanismos do


choque, a hipoperfusão tecidual é capaz de ativar a resposta inflamatória, ocasionando
estase microvascular, trombose, ativação de macrófagos, neutrófilos, linfócitos e
plaquetas.

Isso leva a um círculo vicioso no qual a resposta inflamatória piora a hipoperfusão,


ativando ainda mais essas respostas patológicas. Por último, segue-se uma fase

98
irreversível, na qual a lesão celular é tão extensa que mesmo com tratamento existe
disfunção de múltiplos órgãos, sendo o óbito quase inevitável.

Figura 12 – Fases compensatórias do choque

Fonte: https://medpri.me/upload. Acesso em: 4 mai. 2023.

NOTA
Para melhor compreensão do conteúdo indicamos que revise a Fisiologia do
sistema circulatório, bem como seus mecanismos compensatórios.

3.1.1 Tratamento do Choque


O tratamento do paciente em choque inclui dois principais aspectos, usualmente
conduzidos de forma concomitante:
• Restauração rápida e manutenção da perfusão e da oferta de oxigênio aos órgãos
vitais.
• Ressuscitação volêmica.
• Drogas vasoativas se indicadas.
• Suporte respiratório e correção da hipoxemia.
• Identificação e tratamento da causa de base; assim, a atitude imediata correta e
mais importante em casos específicos de choque é tratar a causa, por exemplo:
pericardiocentese no tamponamento pericárdico; punção torácica no pneumotórax
hipertensivo; cardioversão imediata nas taquiarritmias; revascularização do
miocárdio se choque + síndrome coronariana aguda; antibióticos se choque séptico;
trombólise de embolia maciça; ou es­tancar imediatamente uma hemorragia.

4 CRISE HIPERTENSIVA
A crise hipertensiva (CH) é uma situação de emergência médica que ocorre quando a
pressão arterial aumenta repentinamente e atinge níveis perigosos, podendo causar
danos aos órgãos vitais, como coração, cérebro, rins e olhos.

99
Se você ou alguém que você conhece estiver passando por uma crise hipertensiva
na emergência, é importante procurar ajuda médica imediatamente. O tratamento deve
ser iniciado rapidamente para reduzir a pressão arterial e prevenir complicações.

Durante a avaliação na emergência, o médico pode realizar exames, como a


medida da pressão arterial, exame físico, exames laboratoriais e de imagem, para
determinar a causa da crise hipertensiva. O tratamento pode envolver a administração
de medicamentos para reduzir a pressão arterial, como vasodilatadores, diuréticos e
medicamentos anti-hipertensivos.

Além disso, é importante controlar outros fatores de risco, como o estresse,


a alimentação e o estilo de vida. O paciente deve seguir as orientações do médico e
comparecer às consultas de acompanhamento para monitorar a pressão arterial e
prevenir futuras crises hipertensivas.

Hipertensão arterial sistêmica (HAS) atinge 31,1% da população adulta mundial


e é reconhecidamente o principal fator de risco para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares e morte cardiovascular. No Brasil, aproximadamente um terço da
população adulta tem HAS, e é uma das principais causas de internação hospitalar
(Bortolotto et al., 2018).

4,1 DEFINIÇÃO DE GRAVIDADE


A definição de CH é definida um aumento súbito na PA, que se manifesta com níveis
de PA sistólica (PAS) ≥180 mmHg e diastólica (PAD) ≥120 mmHg, que resulta ou não em
lesões de órgãos-alvo – LOA (coração, cérebro, rins e artérias).

A CH pode se apresentar sob duas formas distintas em relação à gravidade e ao


prognóstico, são essas:

1. Emergência hipertensiva (EH) apresenta elevação acentuada da PA associada


à LOA e risco imediato de morte, fato que requer redução rápida e gradual dos
níveis tensionais em minutos a horas, com monitoração intensiva e uso de
fármacos endovenosos, uma importante característica deste evento é que a PA
frequentemente pode estar muito elevada
(≥180/120 mmHg), mas não é o grau de elevação da PA que define a urgência e sim
o status clínico do paciente.
Um exemplo, são indivíduos previamente não hipertensos apresentando síndrome
nefrítica, ou uma mulher no terceiro trimestre da gestação com eclampsia e PA
pouco elevada (PA=150/95 mmHg), essas condições constituem-se verdadeiras
emergências hipertensivas.
2. Uma outra situação é a urgência hipertensiva (UH) que se caracteriza por elevações
da PA, sem lesões em LOA e sem risco de morte iminente, fato que permite redução
mais lenta dos níveis pressóricos em um período de 24 a 48 horas.

100
NOTA
A definição numérica de CH é conceitual e serve como um parâmetro de
conduta, mas não deve ser usada como critério absoluto.

No Quadro 7 vemos as principais apresentações clínicas da emergência hipertensiva.

Quadro 7 – Principais apresentações clínicas da emergência hipertensiva

Lesões cerebrovasculares Encefalopatia hipertensiva.


Acidente vascular cerebral isquêmico.
Acidente vascular cerebral hemorrágico.
Hemorragia subaracnóidea.
Lesões cardiovasculares Síndromes coronarianas agudas (infarto agudo do miocárdio/
angina instável).
Edema agudo de pulmão.
Dissecção aguda de aorta.
Lesões renais Insuficiência renal rapidamente progressiva.
Gestação Pré-eclâmpsia/eclampsia
Crises catecolaminérgicas Crise de Feo cromocitoma.
Overdose com fármacos simpatomiméticos [ácido lisérgico
dietilamida (LSD), cocaína, fenilpropanolaminas].
Hipertensão rebote após retirada de anti-hipertensivos (clonidina
ou β-bloqueadores).
Interação da tiramina com inibidores da monoaminooxidase
(MAO).
Outras apresentações Trauma cerebral.

Fonte: o autor

4.2 ACHADOS RELEVANTES NA CRISE HIPERTENSIVA


Para determinar se a CH é uma Urgência ou Emergência, é importante identificar alguns
achados relevantes de anamnese, exame físico e exames complementares. A seguir,
estão descritos conforme acometimento dos órgãos alvos:

• Coração
- Sintomas: dispneia, ortopneia, escarro hemoptoico, dor precordial ou retroesternal,
edema, palpitações.
- Exame físico: 3ª ou 4ª bulha, crepitação pulmonar, edema, estase jugular, desvio do
ictus, hepatomegalia.
- Exames complementares: ECG: sobrecarga de câmaras, sinais de isquemia (segmento
ST e onda T), arritmias. Raio X de Tórax: aumento de área cardíaca, congestão

101
pulmonar. Ecocardiograma: hipertrofia ventricular, aumento de átrio, disfunção
ventricular sistólica e diastólica.

• Rim
- Sintomas: edema, oligúria, anorexia, perda de peso, náuseas, vômitos, adinamia
- Exame físico: palidez cutânea, hálito urêmico, edema periorbital e de membros
inferiores.
- Exames complementares: níveis elevados de uréia e creatinina, proteinúria, hematúria,
anemia Ultrassom renal: alterações do parênquima renal.

• Cérebro
- Sintomas: Cefaléia, confusão mental, agitação psicomotora, déficit motor, parestesias,
convulsão, náuseas
- Exame físico: Alterações do nível de consciência, paresia ou paralisia de membros,
desvio de rima, anisocoria, alterações de reflexo, sinais de irritação meníngea.
- Exames complementares: Tomografia cerebral – hemorragia, infarto, edema.
Ressonância – infarto, alterações específicas.

• Retina
- Sintomas: embaçamento ou turvação visual, fosfenas, escotomas, amaurose.
- Exame físico: Fundoscopia: exsudatos algodonosos, hemorragias retinianas,
papiledema.

• Aorta
- Sintomas: dor torácica intensa, dorsalgia ou lombalgia.
- Exame físico: assimetria ou ausência de pulsos periféricos. Diferença de pressão
arterial entre os membros.
- Exames complementares: ecocardiograma transesofágico – sinais de dissecção e
insuficiência valvar. Angiotomografia – Nível e extensão da dissecção.

4.3 TRATAMENTO
No tratamento da CH, é muito importante considerar o diagnóstico preciso do tipo
de emergência e as características farmacológicas dos fármacos a serem utilizados,
tais como o principal mecanismo de ação, tempo de ação, efeitos colaterais e as
contraindicações do seu uso. Além disso, deve-se identificar se o paciente já faz uso de
alguma medicação para hipertensão. A definição das metas terapêuticas de redução da
PA é definida através desses aspectos.

Com relação ao controle pressórico, a monitorização da PA deve ser rigorosa,


a cada 5 a 10 minutos com medidas automáticas, ou se possível, com medida invasiva
intra-arterial. As recentes diretrizes americanas de hipertensão recomendam em

102
adultos com emergência hipertensiva, internação em unidade de terapia intensiva para
monitorização contínua da PA e das lesões de órgãos alvo, e para administração de
agentes parenterais apropriados.

Nesse ponto, a enfermagem tem papel crucial, planejando assistencialmente


um plano de cuidados que atendam a esta necessidade, e treinando sua equipe a fim
de conhecer todo o fluxo de intervenção caso a resposta não seja a esperada conforme
as condutas adotadas.

Importante lembrar que as metas de redução da pressão arterial são diferentes,


conforme o tipo de emergência hipertensiva, tanto na velocidade da redução quanto em
relação aos valores a serem atingidos, priorizando individualmente a assistência para
cada paciente.

No caso das emergências cardiovasculares, essas devem ser corrigidas mais


rapidamente, principalmente quando se tem o caso da dissecção de aorta, onde
a normalização da PA deve ser atingida o mais rápido possível, pois esta morbidade
tem uma taxa de mortalidade muito alta e diretamente relacionada aos níveis de PA
(BORTOLOTTO et al., 2018).

Por outro lado, temos as emergências neurológicas, que exigem uma redução
de PA com mais cautela, mantendo em níveis não tão reduzidos nas primeiras horas,
com a normalização sendo recomendada apenas após 24 a 48 horas (BORTOLOTTO et
al., 2018).
No que tange o tratamento medicamentoso, é importante que a enfermagem
conheça a terapêutica utilizada, bem como seu mecanismo de ação e reações adversas
esperadas, afim de inclusão em seu plano de assistencial as intervenções necessárias
para mitigação destes efeitos.

No Quadro 8 vemos descritas as principais medicações utilizadas para CH,
conforme VII Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2016.

103
Quadro 8 – Medicamentos indicados para o tratamento de emergências hipertensivas

Medicação Classe Início da ação Indicações


Nitroprussiato Vasodilatador Maioria das emergências
de sódio arterial Hipertensivas.
e venoso (estimula Imediato
formação GMP
cíclico).
Nitroglicerina Vasodilatador I n s u f i c i ê n c i a
arterial e coronariana,
venoso, doador de 2-5 min insuficiência ventricular
óxido esquerda com EAP.
nítrico.

Hidralazina Vasodilatador de 10-20 min EV Eclâmpsia ou iminência


ação direta. 20-30 min IM de eclampsia.
Esmolol Beta bloqueador Dissecção aguda de
seletivo 1-2 min aorta (em combinação
de ação ultra com NPS), hipertensão
rapida. pós-operatória grave.
Furosemida Insuficiência ventricular
esquerda com EAP,
Diurético de alça. 2-5 min situações de
hipervolemia.
Metoprolol I n s u f i c i ê n c i a
Beta bloqueador 5-10 min coronariana,
seletivo. dissecção aguda de
aorta (em combinação
com NPS).

Fonte: Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2016)

4.3.1 ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM


A equipe de enfermagem do setor de emergência do Hospital é composta por:

Enfermeiros clínico-cirúrgicos emergencistas.


Enfermeiros de protocolo (acolhimento – pré-atendimento).
Enfermeiros coordenadores.
Técnicos de enfermagem e Auxiliares de Enfermagem.

Em relação às atividades assistenciais exercidas pelo enfermeiro, salientamos


as principais:

104
- Elabora, implementa e supervisiona, em 1conjunto com a equipe médica e
multidisciplinar, o Protocolo de Atenção em Emergências (PAE) nas bases do
acolhimento, pré-atendimento, regulação dos fluxos e humanização do cuidado.
- Presta o cuidado ao paciente juntamente com o médico.
- Prepara e ministra medicamentos.
- Viabiliza a execução de exames complementares necessários à diagnose.
- Instala sondas nasogástricas, nasoenterais e vesicais em pacientes.
- Realiza troca de traqueotomia e punção venosa com cateter.
- Efetua curativos de maior complexidade.
- Preparam instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e
desfibrilação, auxiliando a equipe médica na execução dos procedimentos diversos.
- Realiza o controle dos sinais vitais.
- Executa a consulta de enfermagem, diagnóstico, plano de cuidados, terapêutica em
enfermagem e evolução dos pacientes registrando no prontuário.
- Administra, coordena, qualifica e supervisionam todo o cuidado ao paciente, o serviço
de enfermagem em emergência e a equipe de enfermagem sob sua gerência.

Dentre as atividades administrativas efetuadas pelo enfermeiro, destacam-se:

- Realiza a estatística dos atendimentos ocorridos na unidade.


- Lidera a equipe de enfermagem no atendimento dos pacientes críticos e não críticos.
- Coordena as atividades do pessoal de recepção, hotelaria, limpeza e portaria.
- Soluciona problemas decorrentes com o atendimento médico-ambulatorial.
- Aloca pessoal e recursos materiais necessários.
- Realiza a escala diária e mensal da equipe de enfermagem.
- Controla estoque de material, insumos e medicamentos.
- Verifica a necessidade de manutenção dos equipamentos do setor.

O enfermeiro na emergência obtém a história do paciente, realiza exame físico,


executa tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando
os enfermos para uma tratamento continuado, além de medidas vitais.

105
LEITURA
COMPLEMENTAR
A HUMANIZAÇÃO DA ENFERMAGEM NOS CENÁRIOS DE URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA

Giovanna da Rosa
Sarah Beatriz Rodrigues
Alexandre do Nascimento Almeida
Carolina Sturm Trindade
Karin Viegas

INTRODUÇÃO
Os desafios de humanização são obstáculos a serem superados pelas equipes
multidisciplinares da assistência para fornecer um serviço de saúde com maior
qualidade. Entretanto, a equipe de enfermagem tem um papel de extrema importância
no processo de cuidar para que, na perspectiva dos pacientes adultos, em seu
momento de acolhimento nos serviços de urgência e emergência, encontrem o cuidado
humanizado no atendimento procurado.

Em 2003, o lançamento da Política Nacional de Humanização (PNH) –


Humaniza SUS (Sistema Único de Saúde) – ocasionou a criação do Programa Nacional
de Humanização da Assistência Hospitalar, fundamento norteador para as práticas de
gestão e assistência com prioridade a participação e corresponsabilização dos agentes
envolvidos nos mais diversificados processos de trabalho em saúde. Conforme a Política
Nacional de Humanização, a humanização abrange os diversos sujeitos dos processos
de produção de saúde – clientes, gestores e colaboradores – guiados por preceitos de
independência, solidariedade, protagonismo, corresponsabilidade e esforço coletivo no
processo de gestão.

106
No âmbito hospitalar, quando se trata de uma situação de emergência, o paciente
pode apresentar ansiedade e desconforto, e dependendo da maneira como ele vivencia
esse momento pode ou não ocasionar uma experiência negativa. A necessidade de
uma conduta hospitalar mais humanizada e atenciosa por parte dos profissionais da
enfermagem se vê extremamente necessária quando considerada, também, a parte
psicológica do paciente.

Todavia, mesmo com a criação de políticas estimulantes em relação à


atenção necessária para os pacientes em emergência e urgência, ainda é apontada
certa desvalorização sobre os cuidados interpessoais entre paciente e profissional
da enfermagem, com relatos de maus cuidados, desconforto, comunicação entre os
membros da equipe multiprofissional e desatenção. Alguns pontos são retratados
positivamente pelos usuários como oferecer um ambiente acolhedor ao paciente;
todavia, é indispensável refletir sobre as partes que ainda encontram carência de
humanização. Tais temáticas são perceptíveis tanto em hospitais da rede pública, como
da rede privada no Brasil.

[ ]
Fonte: SOARES, G. et al. A Humanização da enfermagem nos cenários de urgência e emergência. Enferm
Foco, Porto Alegre, v.13, 2022. Disponível em: https://enfermfoco.org/wp-content/uploads/articles_xml/
2357-707X-enfoco-13-spe1-e-202245spe1/2357-707X-enfoco-13-spe1-e-202245spe1.pdf. Acesso
em: 10 de março de 2023.

107
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tema de aprendizagem, você estudou:

• Identificar uma Parada Cardiorrespiratória, e diferenciar o tipo de atendimento


prestado tanto no Suporte Básico de Vida, quanto no Suporte Avançado de Vida.

• Que a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) é um procedimento de emergência que


visa manter a circulação sanguínea e a oxigenação adequadas em pessoas que
sofreram parada cardíaca. A RCP é realizada por meio de compressões torácicas e
ventilações artificiais para manter a circulação sanguínea e a oxigenação dos órgãos
vitais.

• Diferenciar quais são ritmos chocáveis e os não chocáveis e a importância da rápida


identificação e intervenção para sobrevida do paciente.

• Quais são as principais causas de choque, conhecendo sua etiologia e fisiopatologia,


consequentemente determinar as intervenções necessárias para cada situação.

• O que é Crise Hipertensiva e suas principais definições.

108
AUTOATIVIDADE
1 Baseado nos conhecimentos aprendidos, determinada ação se constitui importante dentro
do Planejamento Assistencial de Enfermagem nas Crises Hipertensivas (Implementação da
assistência). Acerca dessa ação, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Verificação de calendário vacinal do paciente.


b) ( ) Manutenção de uma Via aérea definita.
c) ( ) Banho morno de aspersão, a fim de fazer vasodilatação vascular.
d) ( ) Aferição da PA a cada 5 ou 10 minutos.
e) ( ) Observar motilidade intestinal a cada hora, para controle de balanço hídrico.

2 Sobre a leitura do texto complementar, podemos dizer que:

Por vezes a humanização do paciente, muitas vezes está ligado a pequenas ações, como
um diálogo mais interessado e até mesmo em um olhar mais atento. Nos atendimentos de
emergência, tais necessidades podem se fazer ainda mais presentes, já que são instigadas
quando os pacientes se encontram em um momento de desgaste emocional. Acerca da
veracidade dessa informação, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Verdadeira.
b) ( ) Falsa.
c) ( ) Essa informação foi alterada.

3 Acerca do que se constitui por Manobras de Compressões de Alta Qualidade, assinale a


alternativa INCORRETA.

a) ( ) As aplicadas de forma rápida e intensa, sobre a metade inferior do esterno, na linha


intermamilar no centro do tórax.
b) ( ) A mão deve ser deve ser colocada paralelamente sobre a primeira, mantendo-se os
cotovelos estendidos, formando um ângulo de 70° com o plano horizontal.
c) ( ) As compressões devem ocasionar uma depressão de no mínimo 5 cm do tórax.
d) ( ) Após a compressão, deve-se permitir o retorno do tórax à posição normal.
e) ( ) O número de compressões deve ser de ao menos 100/minuto.

4 Quais são as Manobras utilizadas para abertura das Vias Aéreas durante a emergência?

5 Quais os aspectos estão inclusos no tratamento do paciente em Choque?

109
110
REFERÊNCIAS
ALFARO-LEFEVRE R. Aplicação do processo de enfermagem: uma ferramenta
para o pensamento crítico. Artmed: Porto Alegre; 2010.

ALVES, M. et al. Particularidades do trabalho do enfermeiro no Serviço Móvel de Ur-


gência de Belo Horizonte. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v. 22, n. 1, p. 208-15,
jan./mar., 2013.

ARAÚJO, I.; PAUL, C.; MARTINS, M. Viver com mais idade em contexto familiar: depen-
dência no autocuidado. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, v. 45, n. 4, p. 869-75, 2011.

BEAUCHAMP, T.; CHILDRESS, J. Principles of Biomedical Ethics. Oxford University


Press, 2019

BORTOLOTTO, L. A. et al. Crises Hipertensivas: Definindo a gravidade e o tratamento.


Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo; São Paulo, v. 28, n. 3, p. 254-9, 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Aten-


ção Básica. Caderno de atenção domiciliar / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde,
2013.

BRASIL. Lei 7.498 de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exer-


cício da enfermagem, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasilia, DF, ano
1986. pág. nº 9273. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7498.
htm.

CHAVES, F. de S.; SILVA, S. O. P.; LIMA, C. B. Atendimento pré-hospitalar à vítima de


trauma com fratura de membros: uma análise da atuação do enfermeiro. Temas em
Saúde, João Pessoa, v. 17, n.3, 2017.

COELHO, M. F.; GOULART, B. F.; CHAVES, L. D. P. Urgências clínicas: Perfil de atendi-


mentos hospitalares. Rev Rene, v. 14, n. 1, p. 50-9, 2013.

Conselho Federal de Enfermagem (Brasil). Resolução nº 358, de 15 de outubro de


2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementa-
ção do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre
o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências.

Conselho Regional de Enfermagem (Bahia). SAE - Sistematização da assistência


de enfermagem: Guia prático. Salvador: COREN - BA, 2016.

111
FELIX, N. N.; RODRIGUES, C. D.S.; OLIVEIRA, V.D.C. Desafios encontrados na realização
da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em unidade de pronto atendi-
mento. Arq Ciência Saúde, Paraná, v. 16, n. 4, p. 155 -60, 2009.

MARIA, M. A.; QUADROS F. A. A.; GRASSI, M. F. O. Sistematização da assistência de


enfermagem em serviços de urgência e emergência: viabilidade de implantação. Rev
Bras Enferm, Brasília, v. 65, n. 2, p. 297-303, mar./abr., 2012.

MARTINS, H.S. et al. Emergências clínicas: abordagem prática. 10. ed. Barueri:
Manole, 2015.
MIRANDA, C. A. et al. Opinião de enfermeiros sobre instrumentos de atendimento
sistematizado a paciente em emergência. Revista Rene, Ceará, v. 13, n. 2, p. 396-407,
2012.

NACER, D. T.; BRBIERI, A. R. Sobrevivência a parada cardiorrespiratória intra-hospitalar:


revisão integrativa da literatura. Rev. Eletr. Enf, v. 17, n. 3, jul./set., 2015.

ROCHA, E. C. A. Atuação da enfermagem em urgências e emergências. Conteúdo Ju-


rídico. 2012. Disponível em https://conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/32928/
atuacao-da-enfermagem-em-urgencias-e-emergencias/ Acesso em: 10 mar 2023.

RODRIGUES, M. de S. R.; SANTANA, L. F.; GALVÃO, I. M. G. Utilização do ABCDE no aten-


dimento do traumatizado. Rev Med, São Paulo, v. 96, n. 4, p. 278-80, out./nov., 2017.

SILVA, V.P.M.; SILVA, A.K.; HEINISCH, R.H., HEINISCH, R.H. Caracterização do Perfil da
Demanda da Emergência de Clínica Médica do Hospital Universitário da Universidade
Federal de Santa Catarina. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 36, n. 4, 2007.

SILVA, J.; SILVA, J. J.; GONZAGA, M. F. N. Etapas do Processo de Enfermagem. Revista


Saúde em Foco, v. 9, 2017.

SILVA, M. J. Sistematização da assistência de enfermagem em urgências e emergên-


cias. São Paulo: Editora ABC, 2019.
SOARES, M. I. et al. Estratégias para o desenvolvimento da comunicação em um hos-
pital de urgência e emergência. Reme: Rev. Min. Enferm, Belo Horizonte, v. 24, ago.,
2020.

112
UNIDADE 3 —

ENFERMAGEM EM
SITUAÇÃO DE TRAUMA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar a ocorrência de diferentes traumas e situações especiais na sociedade;

• articular as diferentes formas de abordagem ao paciente a partir de uma assistência


de qualidade;

• compreender a importância da assistência de qualidade para a rede de urgências e


emergências;

• reconhecer o papel do enfermeiro na assistência ao pacientes com traumas e


situações especiais.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tema de aprendizagem desta unidade, você encontrará autoatividades com o
objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM


TRAUMA NEUROLÓGICO
TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM
QUEIMADURAS
TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES ESPECIAIS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

113
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

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114
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO
PACIENTE COM TRAUMA NEUROLÓGICO

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico! Neste tema de aprendizagem, nós estudaremos a assistência de
enfermagem ao paciente com trauma neurológico. Seja bem-vindo e bons estudos!

Os traumas neurológicos podem ser compreendidos como um conjunto de lesões


traumáticas que afetam regiões do corpo humano responsáveis pela coordenação das
funções físicas e psicológicas, conforme comenta Degani et al. (2019). Para Sousa e
Santos (2021) as regiões corpóreas afetadas em traumas neurológicos afetam o crânio, o
cérebro, a coluna, a medula espinal e as inervações periféricas.

As lesões neurológicas compõem o rol de principais causas de morte por violências


no Brasil, relacionadas a acidentes de trânsito, cujo contexto ocasiona um problema de
saúde pública devido ao custo elevado com terapias para reabilitação e restituições por
incapacidades permanentes e óbito (BRASIL, 2023; SILVA; MAIA, 2021). Dessa forma, as
principais causas de traumas neurológicos são os acidentes automobilísticos, lesões por
arma de fogo, incidentes durante a prática de atividades esportivas, quedas, violência por
arma branca e doenças crônicas (BRASIL, 2023; SOARES et al., 2021; SANTANA et al., 2022).

Em suma, existem duas categorias de traumas neurológicos: o Traumatismo


Cranioencefálico (TCE) e o Trauma Raquimedular (TRM), cada qual com as suas
especificidades, características e formas de acompanhamento assistencial (SILVA; PIO; MAIA,
2019; MAGALHÃES et al., 2020). O TCE possui a origem em lesões traumáticas na região da
cabeça, localizada especificamente no grupo anatômico do crânio, meninges e encéfalo
(NASCIMENTO et al., 2022). Já o TRM associa-se a lesões neuronais, voltadas diretamente
ao sistema nervoso central e ocasionada por trauma no canal vertebral, entre os pontos do
forame magno até a região superior da lombar (SALVÁTICO; LOPES; DAVATZ, 2020).

Os traumas neurológicos como o TCE e TRM podem ocorrer concomitantemente


no paciente, ao passo que as lesões potencializadas por um acidente automobilístico,
por exemplo, podem tornar-se múltiplas no organismo (SILVA et al., 2021). O cuidado
relacionado a este tipo de trauma é delicado e necessita de habilidades e competências
para evidenciar as lesões na vítima visando manuseá-la com segurança e evitando lesões
secundárias (COUTO; SAPETA, 2022).

115
Neste contexto, o enfermeiro possui o papel essencial na identificação destes
traumas na área da urgência e emergência, que segundo Cardoso et al. (2021), o
profissional possui o dever de utilizar o raciocínio clínico em prol de proteger a vítima
de possíveis lesões com potencial trauma neurológico. Ainda, para Will et al. (2020),
é indicado a utilização de diversas tecnologias para a assistência de enfermagem
ao paciente com trauma neurológico, dentre as quais está o conhecimento teórico e
científico, ferramentas cientificamente validadas, recursos tecnológicos, trabalho em
equipe e o diálogo aberto com o grupo familiar.

Caro acadêmico, é importante destacar que neste subtema também será


apresentada a cinemática do trauma e assistência ao paciente vítima de trauma, além de
outros traumas, sendo o musculoesquelético, cranioencefálico e hemorragias cerebrais,
torácico, abdominal e pélvico. Ainda, é indagado sobre algumas particularidades do
trauma e situações com múltiplas vítimas.

2 CINEMÁTICA DO TRAUMA E ASSISTÊNCIA AO PACIENTE


VÍTIMA DE TRAUMA
A cinemática do trauma pode ser compreendida como uma das fases que compõe
a avaliação da cena de qualquer acidente ou incidente e possibilita ao profissional a
compreensão do “resultado” de determinado trauma a partir das forças e movimentos
envolvidos no fato. A análise da cinemática intui sobre o posicionamento do paciente
no momento em que o trauma ocorreu, danos em veículos e materiais envolvidos, uso
de mecanismos de proteção, como Equipamentos de Proteção Individual (EPI), cinto
de segurança, dentre outros, todos aspectos visam compreender como o organismo se
comporta com o stress produzido no momento (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).

Neste contexto, a cinemática pode ser compreendida como a análise dos fatos,
um meio utilizado pelo profissional treinado para identificar danos, na maioria das vezes
não aparentes (IÑIGO et al., 2022). A cinemática direciona o enfermeiro na urgência e
emergência, auxiliando na tomada de decisão sobre o caso e oferecendo agilidade na
condução dos procedimentos e condutas (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). Ainda, conforme
Rocha, Silva e Silva (2022), a cinemática segue a chamada Primeira Lei de Newton,
em que o corpo em movimento ou repouso permanece neste estado, a não ser que a
física haja contra e exerça uma força externa que o impulsione, causando desta forma
o trauma.

Dessa forma, a importância de compreender a cinemática é uma das atribuições


do enfermeiro e está ligada com a assistência de enfermagem para pacientes com
trauma, a qual abarca o detalhamento da avaliação do caso e o conjunto de medidas
de conforto e preparação do diagnóstico da vítima (CARDOSO et al., 2021). É importante
destacar que traumas como o TCE e o TRM são ocasionados por lesões físicas que
repercutem em nível neurológico com extensão e danos específicos para cada caso.
Por este motivo, é importante que o enfermeiro reconheça os sinais e sintomas, bem

116
como realize a investigação do trauma de origem para posterior conduta e plano de
ações (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).

Torna-se impossível saber a extensão das lesões logo após o trauma, pois a
evolução dos danos pode persistir por até semanas. Neste contexto, as lesões também
podem ser momentâneas, pequenas incapacidades que ocorrem após o trauma e após
são reestabelecidas pelo próprio organismo (COUTO; SAPETA, 2022; SOUSA et al., 2013).

Na condução clínica o diagnóstico é inicialmente uma conclusão a partir dos


fatos avaliados e do trauma ocorrido, sendo confirmada por exames de imagem, em
sua maioria a realização de tomografia computadorizada (MAGALHÃES et al., 2020).
A assistência inicial consiste no suporte respiratório e manutenção da ventilação,
oxigenação e da pressão arterial (SILVA; PIO; MAIA, 2019). Em alguns casos é
necessária a utilização de dispositivos, como colar cervical e maca rígida, bem como de
procedimentos cirúrgicos para correção e tentativas de aliviar os agravos relacionados
ao trauma, como em situação de aumento da pressão intracraniana.

É importante que o enfermeiro avalie o paciente de maneira holística em


um momento de tamanha importância, visto que não é possível identificar o tipo de
traumatismo e os danos neurológicos associados. Em suma, a prática de enfermagem
deve ser prudente, sem negligenciar os cuidados básicos de estabilização do paciente,
compreendendo os fatores que podem estar associados com traumas diversos no
organismo. Inicialmente deve suspeitar-se de perda na estabilidade cervical e deste
ponto de partida, realizar a avaliação, manipulação e manutenção das vias aéreas
sem movimentos bruscos de hiperflexão, hiperextensão ou rotação do crânio e tronco
cerebral (RAMOS et al., 2021).

A orientação, independente da ocasião, é de que a coluna cervical seja mantida


em posição neutra e caso necessário o enfermeiro pode realizar a estabilização manual
ou com o auxílio de equipamentos, como o colar cervical e a maca rígida (WILL et al.,
2020). Neste quesito, a imobilização cervical deve ser mantida até que uma possível
lesão seja identificada, mesmo sem lesões aparentes, mas com o relato de trauma é
necessário manter a imobilização (NASCIMENTO et al. 2022). Na prática de enfermagem,
o profissional deve buscar ainda por qualquer alteração anatômica que indique lesões
neurológicas, como abaulamento, instabilidade óssea, laceração no couro cabeludo ou
pele das costas, lesões penetrantes, hematomas, lesão por arma de fogo, dentre outras
que podem ter atingido as regiões do crânio e coluna cervical.

Desta forma, a avaliação de enfermagem deve preconizar a manutenção da


estabilidade hemodinâmica, identificando possíveis sangramentos e hemorragias,
além da compensação respiratória (SILVA et al., 2021; RAMOS et al., 2021). Considera-se
também a manutenção da estabilidade da cabeça e da coluna cervical em situações de
trauma. Caso seja confirmado o TCE, realizar o controle da pressão intracraniana, bem
como a aplicação de escala de sensibilidade para pacientes com TRM. Permanência em

117
observação clínica por pelo menos seis horas após o trauma, realizando reavaliações
constantes e, em caso de deterioração, considerar piora nas classificações de TCE e TRM.

ATENÇÂO
As práticas aqui indicadas pelos autores podem ser diferentes daquelas
encontradas em serviços de saúde, pois as práticas clínicas são construídas e
implementadas por cada instituição com base na sua responsabilidade na rede
de saúde, disponibilidade de recursos físicos e materiais e necessidades do
público atendidas. Ressalta-se também que as práticas devem estar descritas
e documentadas e protocolos operacionais padrão ou instruções de trabalho.

Quando indagamos sobre as condutas de atendimento, Neto, Barros e Morais (2021),


estabelecem que o enfermeiro seja orientado a reavaliar constantemente o tamanho e a
resposta pupilar, especialmente em pacientes com suspeita de TCE. Aplicar escalas de
avaliação sensória das extremidades e membros de paciente que foram vítimas de algum tipo
de trauma neurológico. Realizar a comparação das avaliações realizadas desde o primeiro
atendimento, buscando evidências de melhoria ou piora do caso com o passar do tempo.
Manter a permeabilidade das vias aéreas, permitindo a eficiência no padrão respiratório.
Monitorar os sinais vitais manualmente ou com o auxílio de monitor específico. Avaliar o
nível de consciência por meio de escalas e testes neurológicos, bem como monitorar a
eficácia da circulação por meio da perfusão tissular (HINKLE; CHEEVER, 2020).

Ainda, durante a anamnese o enfermeiro elenca as prioridades, aquilo que


necessita acontecer para o sucesso no tratamento da vítima, para isso ele também se
utiliza de recursos como o grupo familiar que pode relatar informações importantes sobre
a vítima, principalmente quando está se encontra inconsciente (HINKLE; CHEEVER,
2020). No primeiro atendimento ao queimado, o enfermeiro deve realizar o exame físico
no modelo XABCDE, proposto pelo National Association of Emergency Medical Technicians
(2021), para a conclusão do estado geral da vítima e sua posterior condução conforme
segue:
• X: Observação de hemorragia externa grave, principalmente de veias e artérias. Para
isso deverá realizar a rápida compressão local com panos limpos e a realização de
torniquete com extremo cuidado e perícia;
• A: Vias aéreas e coluna cervical. Atentar para a liberação das vias aéreas superiores
e a correta troca de ar entre o paciente e o ambiente. Observar a necessidade de
imobilizar a coluna cervical com apoio manual ou uso de colar cervical;
• B: Importante observar se o paciente realiza as trocas gasosas, caso não é necessário
intervir com a utilização de ambu, máscara de oxigênio ou máscara laríngea quando
necessário.

118
DICA
Aos futuros enfermeiros, indica-se a leitura da Resolução COFEN Nº 641/2020,
sobre a utilização de Dispositivos Extraglóticos (DEG) e outros procedimentos
para acesso à via aérea, por enfermeiros, nas situações de urgência e
emergência, nos ambientes intra e pré-hospitalares. Link do documento:
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-641-2020_80392.html.

• C: Avaliar a circulação do paciente, principalmente os pequenos sangramentos e


possíveis hemorragias internas causadas pelo trauma. A hemorragia interna pode
ser verificada por meio de deformidades nos tecidos moles do corpo, principalmente
no abdômen, escurecimento cutâneo no local do sangramento e cianose nas
extremidades;
• D: Disfunção neurológica. Dependendo do caso, a vítima pode estar inconsciente e
para isso o enfermeiro precisa aplicar uma escala de medição, a Escala de Coma de
Glasgow já estudada anteriormente neste subtema.
• E: Exposição e ambiente. Nesta etapa, o enfermeiro avalia a exposição da vítima
ao ambiente, principalmente no quesito perda de calor, mas também no cuidado
com a intimidade do indivíduo. Nesse momento, enquanto é avaliada a exposição,
o profissional também realiza uma checagem em áreas corporais não atentadas
nos quesitos anteriores. O enfermeiro pode utilizar de alguns recursos para driblar a
perda de calor corporal, como a instalação de lençol térmico sobre a vítima.

ESTUDOS FUTUROS
Uma boa dica de estudos futuros são artigos que tratem da aplicabilidade
do método XABCDE em vítimas de trauma e mais interessante ainda quando
inter-relacionada com a Sistematização da Assistência de Enfermagem.
Segue a referência do estudo mencionado. SANTOS, J. R. Abordagens
Clínicas na Sistematização da Assistência de Enfermagem a Clientes Gravidas
Politraumatizadas no Ambiente Pré-Hospitalar. Brazilian Journal of Health
Review, v. 5, n. 1, p. 895-906, 2022.

A realização do exame físico completo é fundamental para a prática do enfermeiro,


mensurando assim não somente as questões relacionadas a própria queimadura, mas
também a possíveis traumas primários e secundários que ocorreram no momento
(ARAÚJO et al., 2022). O enfermeiro também auxilia o médico na condução da avaliação
secundária, utilizando-se do mnemônico ARDEU conforme a National Association of
Emergency Medical Technicians (2021), seguindo os passos:

119
• A: Possíveis alergias;
• R: Uso contínuo de medicamento ou tratamento atual;
• D: Histórico de saúde e doença. Caso gênero feminino questionar sobre possível
gestação;
• E: Eventos relacionados com a queimadura, possíveis agravos;
• U: Registro da última refeição e consumo de líquidos.

A avaliação secundária sustenta não somente as informações pertinentes aos


diagnósticos de enfermagem, mas também para a constituição do plano de cuidado
de enfermagem e médico, identificando as situações problemas e respeitando as
individualidades e restrições do próprio organismo (LOUSADA et al., 2022).

Destaca-se também que independentemente do método utilizado para a


avaliação do paciente vítima de TCE ou TRM, é importante que o enfermeiro realize a
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em todas as suas etapas e motive
os demais membros da equipe de enfermagem e multiprofissional que registrem os seus
achados sobre o trauma e a evolução do caso, bem como as intervenções realizadas,
como forma de qualificar a comunicação entre os participantes do cuidado.

DICA
Aos interessados sobre a aplicabilidade da Sistematização da Assistência
de Enfermagem no trauma, segue a referência de uma dica de leitura.
NASCIMENTO, R. A.; SILVA, L. F.; MESQUITA, A. L. M.; ROCHA, A. S.; PORTELA, A.
M. L. R. Atuação da enfermagem na assistência a pacientes com traumatismo
cranioencefálico: uma revisão integrativa. Research, Society and Development,
v. 11, n. 8, p. e56111831443-e56111831443, 2022.

3 TRAUMAS DIVERSOS
A ocorrência de trauma é uma das grandes causas de óbito nos serviços de urgência e
emergência. Dessa forma é fundamental que o enfermeiro esteja capacitado para exercer
a assistência de qualidade neste tipo de atendimento (BRASIL, 2023). Por este motivo, a
seguir estudaremos os principais tipos de traumas e situações especiais, bem como as
ferramentas que podem ser utilizadas pelo enfermeiro para a correta avaliação da vítima.

3.1 TRAUMA MUSCULAR E ESQUELÉTICO E


MUSCULOESQUELÉTICO
O trauma musculoesquelético ou também apresentado separadamente como músculo
e esquelético é considerado um dos principais causadores de dor crônica em pessoas
adultas e idosas, sendo possível identificar também um percentual significativo de
pessoas com agravos e incapacidades oriundas de lesões agudas e crônicas (PALACIO
et al., 2022). Este tipo de trauma é constituído por lesões resultantes de acidentes ou

120
incidentes em estruturas musculares e esqueléticas, fato que torna ampla a gama de
possibilidades que o englobam (SILVA et al., 2022).

Em suma, o sistema musculoesquelético é composto por músculos, ossos,


cartilagens e tecido conjuntivo, possuindo como principal função a movimentação,
a sustentação, a proteção e o suporte do organismo humano (ATALLAH; HIGA; BAFI,
2013). O músculo é responsável pela contração e distensão das células é composto
por tecido liso, o qual forma as paredes dos vasos venosos e arteriais, além dos órgãos;
tecido estriado esquelético, responsável pelas contrações voluntárias que o músculo
realiza; o tecido estriado cardíaco que é responsável pelos movimentos involuntários
do coração. Já a estrutura óssea é dividida entre o esqueleto axial, formado pelo crânio,
coluna e tórax e o esqueleto apendicular, o qual se constitui pelos braços, pernas e
quadris (REBOUÇAS et al., 2022).

A seguir são apresentados alguns exemplos de traumas musculoesqueléticos


frequentes em serviços de urgência e emergência.
• Escoriações: traumas menores que apresentam sangramento leve e dor
moderada. O manejo de enfermagem está em higienizar a lesão, observando o grau
de comprometimento tecidual, solicitando avaliação médica quando necessário e
aplicando cobertura antiaderente para proteção;
• Contusões: lesões com característica traumática com bordas regulares ou
irregulares e sangramento que varia conforme o local do ocorrido. A atuação do
enfermeiro diz respeito à aplicação de compressa de gelo como forme de analgesia,
aplicação de compressas para contensão de sangramentos quando pertinente;
• Lacerações: decorrentes de traumas intensos e pode envolver a perda de tecidos
com borda regular ou irregular. Neste caso, o enfermeiro deve realizar a higienização
do local, preferencialmente com soro fisiológico, aplicação de curativo estéril com a
intenção de controle do sangramento, podendo ser compressiva quando abundante
e solicitar apoio médico para avaliação;
• Avulsões: lesão aberta com descolamento da pele e profundidade que compromete
o tecido cutâneo. Os cuidados de enfermagem em avulsões envolvem a higienização
da lesão com soro fisiológico, aplicação de curativo compressivo e solicitação de
avaliação médico para reconstrução tecidual;
• Esmagamento: trauma resultante de força exercida contra o corpo, variando
conforme a intensidade e local. O manejo de enfermagem visa compreender a
cinemática do trauma e o grau de comprometimento das estruturas, realizando o
encaminhamento para exames de imagem em conjunto com a equipe médica, para
a correta tomada de decisão no caso;
• Entorse: torção brusca na articulação de um membro que pode desestabilizar os
ligamentos e enervações. O cuidado de enfermagem diz respeito à aplicação de
compressa de gelo e imobilização do local com auxílio de tala flexível, solicitando a
avaliação de médico especialista na área para condução da terapêutica;
• Distensão: quando o tecido muscular espicha realizando o estiramento e rompendo
fibras e feixes musculares. O cuidado de enfermagem diz respeito à aplicação de

121
compressa de gelo e imobilização do local com auxílio de tala flexível, solicitando a
avaliação de médico especialista na área para condução da terapêutica;
• Luxação: deslocamento das estruturas ósseas principalmente aquelas próximas
às articulações. O cuidado de enfermagem diz respeito à aplicação de compressa
de gelo e imobilização do local com auxílio de tala flexível, solicitando a avaliação de
médico especialista na área para condução da terapêutica;
• Fratura aberta: ruptura total ou parcial do osso, apresentando exposição óssea e
sangramento intenso. Realização da higiene da lesão com soro fisiológico, aplicação
de cobertura para controle de sangramento, imobilização do membro com auxílio
de tala flexível e a ataduras, realizando encaminhamento para avaliação médica e
condução na terapêutica;
• Amputação traumática: quando um membro ou parte dele é amputado pelo
agente causador do trauma, instantaneamente no momento em que o acidente ou
incidente ocorreu. Os cuidados de enfermagem incluem a higienização do local com
soro fisiológico e aplicação de curativo compressivo para contenção de possíveis
sangramentos. O paciente deve ser avaliado por médico especialista para condução
do caso;
• Fratura fechada: ruptura total ou parcial do osso, mantendo a pele integra. O
manejo de enfermagem inclui à aplicação de compressa de gelo e imobilização do
local com auxílio de tala flexível, solicitando a avaliação de médico especialista na
área para condução da terapêutica (PAN et al., 2022; REBOUÇAS et al., 2022).

No atendimento de urgência e emergência ao trauma musculoesquelético, o


enfermeiro precisa realizar a avaliação inicial no modelo XABCDE conforme mencionado
anteriormente e realizar alguns procedimentos, como a imobilização do membro.
A imobilização deve ser realizada com perícia, garantindo que o membro lesionado
permaneça firme ao mesmo tempo em que a perfusão sanguínea é preservada (PALACIO
et al., 2022).

IMPORTANTE
Para realizar a imobilização é importante que o enfermeiro atente para
o tamanho adequado da tala, garantindo que a sua colocação não seja
desconfortável e cause problemas no transporte durante o atendimento.

122
3.2 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO E HEMORRAGIAS
CEREBRAIS
O enfermeiro possui um papel importante na identificação do TCE nos serviços de
urgência e emergência, contudo, o profissional precisa desenvolver em si as habilidades
e competências necessárias para tal atividade (SILVA et al., 2023). Compreender as
principais causas do TCE é de extrema importância para o aumento das chances de
sobrevida do paciente, sendo que minutos podem fazer a diferença no momento de
articular as ações e o prognóstico (WILL et al., 2020).

No quesito TCE, as principais causas incluem quedas em idosos e


crianças, especialmente pelo organismo apresentar maiores fragilidades, acidentes
automobilísticos, aqui cabe destacar que o carro e a moto, mas também outros
meios de transporte como a bicicleta. Casos de violência também podem levar a TCE,
principalmente quando atinge o crânio, como empurrões, batidas e uso de arma de fogo
ou objeto cortante. E ainda, algumas atividades esportivas, principalmente aquelas que
causam impacto no indivíduo, sejam corpo a corpo com outros indivíduos (RAMOS et
al., 2021).

A gravidade do trauma neurológico associado ao TCE depende do agente


causador e da força (energia) despendida para o local de impacto e pode ser de tamanho
macro ou microscópicas, sendo que a gravidade da lesão normalmente está associada
com os sinais e sintomas observados na vítima durante a evolução do caso (RAMOS et
al., 2021). Contudo, é importante atentar aos detalhes do que aconteceu com o paciente,
pois cada organismo possui uma tendência de reagir de forma diferente aos estímulos
e lesões no campo neurológico.

ESTUDOS FUTUROS
Quando indagamos sobre a “energia” do trauma, é importante destacar
que isso se refere a uma área de estudos chamada de Cinemática, por este
motivo indica-se o aprofundamento de tal terminologia e sua aplicabilidade
em estudos futuros. Para iniciar, indicamos o artigo “Cinemática do trauma”,
do autor Maurício Vidal de Carvalho, disponível no link: http://www.ph.uff.br/
artigos/cinematica.pdf.

123
Neste contexto, as lesões cranianas podem ser categorizadas em dois grandes grupos,
as abertas e as fechadas (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).
• Lesões abertas: englobam todas as lesões causadas por penetração na estrutura
do crânio, envolvendo regiões internas críticas como as meninges e o tecido
cerebral. Este tipo de trauma normalmente é causado por disparos de arma de fogo
ou objetos cortantes que causam o processo de laceração do couro cabeludo e
estrutura óssea do crânio.
• Lesões fechadas: este grupo de lesões envolve situações de trauma sem
penetração, que de forma abrupta causa algum desfecho interno ao crânio.
É importante compreender a cinemática deste tipo de trauma para avaliar o
prognóstico, pois as principais causas estão relacionadas a golpes e pancadas com
objetos, além de movimentos bruscos e inesperados. A lesão fechada é causada
pelo processo de aceleração e desaceleração da massa interna do crânio, dessa
forma, existe um ponto de impacto, caracterizado como golpe, mas também um
contragolpe no polo oposto da cabeça, já que a força do movimento depende da
energia do trauma e pode ser repetitivo até a desaceleração.

IMPORTANTE
Na prática clínica, as lesões fechadas podem ter um desfecho de maior
gravidade, pois os lóbulos frontal e temporal são vulneráveis aos movimentos
de aceleração e desaceleração do impacto. Destaca-se também que a
movimentação brusca da massa cerebral pode resultar no rompimento de
axônios, causando lesão axonal ou ainda o rompimento de vasos sanguíneos
resulta em hemorragias e hematomas localizados ou generalizados (ROCHA;
SILVA, SILVA 2022).

A seguir, estudaremos algumas das principais causas de trauma neurológico conforme


Hutchinson et al. (2016), Degani et al. (2019), Santana et al. (2022), Couto e Sapeta
(2022) e Atallah, Higa e Bafi (2013):
• Concussão: a concussão é um trauma fechado e relacionado em maior número com
a prática de esportes e caracterizado por um impacto abrupto na região craniana,
acompanhado por desmaio, perda de consciência e memória momentânea. Em
termos médicos, pode ser definida como uma alteração pós-traumática transitória
(momentânea) cujo prognóstico é reversível no status mental em alguns minutos ou
horas. Dado a característica neurológica, a concussão pode ocasionar sintomatologia
secundária como cefaleia, náusea acompanhada ou não por vômito, além de perda
de memória;
• Contusão encefálica: a contusão encefálica pode ocorrer em lesões cranianas
abertas ou fechadas e caracteriza-se como um hematoma cerebral. Neste contexto,
o hematoma pode ocasionar grandes lesões nas funções cerebrais devido ao edema
generalizado nas estruturas e o aumento da pressão intracraniana. A contusão
encefálica nem sempre apresenta um desfecho imediato, apresentando-se como
perda de função até mesmo em semanas ou meses após o trauma causador;

124
• Lesão axonal difusa: a lesão axonal difusa ocorre quando o trauma movimenta a
massa cerebral causando a ruptura generalizada ou localizada de fibras axonais e
também da bainha de mielina. Em suma, o rompimento ocasiona hemorragias na
massa branca, observada em exames de imagem, causando a perda da consciência
momentânea. Em grande escala, a lesão pode causar edema resultando no aumento
da pressão intracraniana;
• Hematoma subdural: o hematoma subdural ocorre devido ao acúmulo de sangue
entre a dura-máter e a máter aracnoide, sendo em sua maioria relacionados à
laceração de veias corticais, ou avulsão das pontes das veias entre o córtex e os
seios durais. Os traumas relacionados com este tipo de hematoma são aqueles
relacionados a quedas ou acidentes automobilísticos e contusões cerebrais. A
evolução do caso pode ocorrer entre dias e semanas, sendo necessário monitorar a
pressão intracraniana;
• Hematoma epidural: o hematoma epidural caracteriza-se pelo acúmulo de sangue
entre a estrutura óssea do crânio e a dura-máter. Está associado com fraturas
ósseas na região temporal que causam sangramento arterial local podendo evoluir
rapidamente para o óbito do paciente quando apresentar perda de grande volume.
E ainda, apresenta-se como trauma leve quando afeta uma estrutura venosa;
• Hematomas intercerebrais: o hematoma intercerebral ou ainda utilizado comumente
pela literatura como hematomas intercerebrais devido a sua característica múltipla
pode ser definido como o acúmulo de sangue na estrutura cerebral. Enquanto trauma
está ligado a contusões, sendo incertos os desfechos de sua ocorrência, dependendo
do grau de impacto, hemorragia e ainda a resposta do edema.

Outro ponto importante a ser estudado sobre o trauma neurológico são as


fraturas cranianas, pois são responsáveis por lesões graves, mesmo que em sua
maioria, caracterizadas como fechadas. Para Silva et al. (2023), as fraturas cranianas
por vezes não recebem a devida atenção devido à característica de serem fechadas,
mas o comprometimento linear da estrutura óssea, bem como depressões na calota
craniana podem ocasionar hematomas intracranianos em curto e longo prazo.
Alguns tipos de fraturas merecem atenção conforme Hutchinson et al. (2016), como
as depressões ósseas que podem causar laceração dural e lesão no tecido cerebral,
fraturas temporais que causam laceração arterial e a ocorrência de hematoma epidural
e, também, diferentes fraturas em crianças que podem prejudicar o desenvolvimento
subsequente da calota craniana.

3.2.1 Ferramentas utilizadas pelo enfermeiro no trauma


cranioencefálico e hemorragias cerebrais
A ocorrência de um TCE deve ser investigada a partir do agente causador, avaliando
as nuances de suas características e realizando o prognóstico dos fatos que poderão
concretizar-se, segundo Ramos et al. (2021) o trauma pode ocasionar sinais e sintomas
imediatos ou ainda desencadear disfunções a longo prazo, e para isso o enfermeiro
precisa estar preparado para a avaliação. Em suma, a maioria dos TCE possui um

125
potencial alto de causar edema cerebral, ao passo que diminui o suprimento de sangue
no encéfalo e aumentando o volume na caixa craniana, a qual possui espaço limitado
devido à formação óssea (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).

Da mesma forma, a caixa craniana possui em sua estrutura um preenchimento


natural e restrito de massa cerebral e volume sanguíneo, contudo qualquer alteração
que gere edema nas estruturas, aumenta de líquido ou redução do espaço, causam o
aumento da pressão intracraniana (ROCHA; SILVA; SILVA, 2022). O volume de sangue
na calota craniana é proporcional à Pressão de Perfusão Cerebral (PPC), a qual pode
ser medida na diferença entre a Pressão Arterial Média (PAM) e a média da pressão
intracraniana. Dessa forma, quando a pressão intracraniana aumenta, a PPC diminui
(HUTCHINSON et al., 2016). Esse processo evolui para a isquemia do tecido cerebral que
em conjunto com o edema forma lesões secundárias e disfunções.

ATENÇÃO
Existe a chamada Síndrome do Segundo Impacto que, segundo Hutchinson et
al. (2016), caracteriza-se pelo rápido aumento da pressão intracraniana após
um trauma secundário antes da recuperação total do primeiro.

A pressão intracraniana excessiva causa disfunções graves à medida que


aumenta e caso não seja solucionada pode suprimir o tecido cerebral causando
herniações (SANTA et al., 2022; NASCIMENTO et al., 2022). Caso a pressão intracraniana
permaneça descontrolada, aproximando-se da PAM, diminui a quase zero a PPC,
ocasionando morte cerebral. As métricas anteriores caracterizam a ausência de fluxo no
sanguíneo no cérebro, qualificando o indivíduo em morte cerebral (LANES et al., 2021).

Dessa forma, o enfermeiro precisa estar atento aos sinais e sintomas de pacientes
com TCE, sendo que alguns deles em níveis moderados ou graves perdem a consciência
por segundos ou minutos, além da piora como confusão mental e convulsões durante a
evolução do caso, na ocorrência de edema, como exemplo (CARDOSO et al., 2021). Em
casos específicos como crianças com TCE, elas mostram-se irritáveis (WILL et al., 2020).

Em contrapartida, o desfecho saudável do caso para Soares et al. (2021)


e Santana et al. (2022) é a melhoria nos sinais e sintomas indicados anteriormente.
Atentando que os pacientes devem estar acordados e conscientes, sem alteração nas
funções cognitivas, eleitas na concordância com o tempo e o espaço. Em caso negativo,
a evolução do caso pode seguir com o aumento progressivo na confusão mental,
estupor e algum grau de coma. A duração do período entre as fases e o aparecimento
dos sintomas depende do grau de comprometimento do TCE (WILL et al., 2020).

126
DICA
Estado de “estupor” refere-se à paralização dos aspectos físicos e psicológicos
do paciente que se mantém imóvel aos estímulos verbais e dolorosos, tal
situação evolui para o coma.

Durante a avaliação de enfermagem é utilizada a Escala de Coma de Glasgow, que


pode ser vista na Figura 1, tratando-se de um sistema de pontuação para a abertura
ocular, resposta verbal e melhor reflexo motor, sendo que os três aspectos precisam ser
avaliados em sua totalidade para definir a gravidade do TCE. A pontuação de três pontos
indica TCE fatal, sendo de três a oito, definido como grave, nove a treze, como moderado
e quatorze a quinze, leve (GLASGOW COMA SCALE, 2023).

Figura 1 – Escala de Coma de Glasgow

Fonte: Glasgow Coma Scale (2023, s.p.)

127
DICA
A Glasgow Coma Scale possui um site onde disponibiliza estudos internacionais
sobre o tema, além da escala oficial em diversas línguas. Acesse: https://www.
glasgowcomascale.org/ para saber mais.

Alguns sintomas de TCE podem alertar o enfermeiro quanto à ocorrência


e sua localização. Dessa forma, os sintomas de hematoma epidural ocorrem entre
minutos e horas após o trauma e incluem cefaleia, diminuição da consciência e perdas
neurológicas, principalmente movimentos de membros. Em hematomas subdurais
ocorre o aumento da pressão intracraniana associado à cefaleia, convulsões, alteração
nas pupilas e hemiparesia. As contusões e hematomas intracerebrais demonstram-se
inicialmente com perda da consciência e hemiparesia, hiperatividade simpática com
hipertensão e taquicardia, cardiomiopatia neurogênica e lesão renal aguda. Aumento da
pressão intracraniana manifesta-se com vômitos, hipertensão, bradicardia e bradipneia.
É importante reavaliar periodicamente o paciente na busca por sinais de evolução do
trauma (HUTCHINSON et al., 2016).

DICA
É importante que saiba evidenciar alguns sinais relacionados com fratura na
base do crânio, sendo eles: Rinorreia Liquótica – Extravasamento de líquido
cerebrospinal pelo nariz; Otorreia Liquórica – Extravasamento de líquido
cerebrospinal pelas orelhas; Hemotímpano – Presença de sangue atrás da
membrana timpânica; Sinal de Battle – Equimose atrás da orelha; Olhos de
Guaxinim – Equimose na área periorbital (HUTCHINSON et al., 2016).

3.3 TRAUMA RAQUIMEDULAR


Ao estudarmos os traumas neurológicos, o TRM recebe um dos espaços de maior
destaque no que diz respeito à assistência de enfermagem, pois se constitui como
um problema de saúde pública que a situação ocasiona na população adulta brasileira
(ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013; SILVA; PIO; MAIA, 2019). O TRM ocorre a partir de um trauma
na medula espinhal que resulta em algum grau de dano neurológico e perdas funcionais
do organismo, como a função motora, sensitiva e as atividades autônomas (NETO;
BARROS; MORAIS, 2021).

A ocorrência de TRM está associada a faixa etária dos quinze a quarenta anos de
idade, tendo como causas específicas os acidentes automobilísticos, queda de altura,
disparos com arma de fogo e violências diversas com impacto local (CARDOSO et al.,
2021). Ainda, conforme Neto, Barros e Morais (2021) e Ramos et al. (2021), o trauma de
maior ocorrência é a concussão na medula espinhal, podendo caracterizar-se como
uma contusão, laceração e compressão do líquor, situações em que o paciente se

128
recupera sem perdas funcionais. Em contrapartida, pode ocorrer à transecção completa
da medula espinhal, fato que paralisa as funções abaixo do nível lesionado, devido ao
corte das inervações entre a lombar e o tronco cerebral.

Reconhecem-se os agravos relacionados à TRM são em especial nas lesões


que acometem as raízes nervosas, os nervos periféricos e a medula, tornando-se desta
forma uma perda neurológica (LANES et al., 2021; SILVA et al., 2023). Ao observarmos os
principais pontos de alterações fisiológicas do TRM, indagamos sobre aquelas em que
o paciente seccionou a medula espinhal e por consequência descontinuou algumas
funções, como por exemplo, a trombose venosa profunda, a disrreflexia autônoma,
bexiga neurogênica, infecções do trato urinário, intestino neurogênico, dentre alterações
psicológicas advindas de sofrimentos (LANES et al., 2021).

A coluna vertebral é o grande cenário de ocorrência do TRM e conforme Degani


et al. (2019), é formada por trinta e três a trinta e quatro vértebras, sendo elas, sete
cervicais, doze torácicas, cinco lombares, cinco sacrais e quatro ou cinco coccígeas.
Neste sentido, a medula espinhal possui cerca de quarenta e cinco centímetros ao
longo da coluna de um adulto e encontra-se no cone medular, na qual se estende no
filumterminale. A medula espinhal é um grande condutor de impulsos nervoso, com a
finalidade sensitiva e motora, ambas colaboram para a organização do corpo humano
(ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).

A lesão traumática de TRM é causada por algum agente que transfere impulso
por meio da energia, ocasionando o rompimento de axônios, lesão das células nervosas
e ruptura dos vasos sanguíneos. Neste momento, ocorre à lesão primária, sendo que
ocorre a hemorragia e necrose da massa cinzenta, seguida pelo edema espinhal
e hemorragia ao longo de toda a coluna cervical. Em segundo momento, a necrose
espalha-se com a massa branca, interrompendo o fluxo sanguíneo local. A separação dos
axônios é um processo gradual, podendo levar dias, contudo em ferimentos cortantes,
como o por arma de fogo, ocorre à secção imediata da medula espinhal, interrompendo
a comunicação e limitando a lesão (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).

3.3.1 Ferramentas utilizadas pelo enfermeiro trauma


raquimedular
A assistência de enfermagem é de suma importância no reestabelecimento do paciente
vítima de TRM e volta-se para a avaliação completa e coerente das condições as quais o
indivíduo enfrenta, visando à diminuição de sequelas, tempo de hospitalização, custos
atrelados à terapêutica empregada e a qualidade de vida do indivíduo (SILVA et al.,
2021). O conhecimento do enfermeiro é essencial para evitar complicações na vítima,
traçar o plano de cuidados fidedigno com as necessidades e a reabilitação do trauma
inicial (CARDOSO et al., 2021).

129
O enfermeiro que atua em urgência e emergência pode utilizar a classificação
do grau de incapacidade da Associação Americana do TRM por meio da escala Avaliação
da ASIA (American Spine Injury Association) indicando se é uma lesão completa ou
incompleta.

Figura 2 – Avaliação da ASIA

Fonte: Damiani (2016, s.p.)

Ao enfermeiro que realiza a avaliação do paciente com TRM, é importante que


compreenda também as principais complicações associadas ao trauma, para assim
identificar as necessidades latentes do indivíduo. As complicações seguem os preceitos
de Sousa et al. (2013), Silva et al. (2023), Damiani (2016) e Degani et al. (2019).

DICA
Acadêmico, indica-se o aprofundamento de leituras sobre a aplicação da
Avaliação da ASIA. Segue uma dica de estudo. OLIVEIRA, D. D.; GARCIA, M.
Bases teóricas e práticas sobre o uso do Protocolo da ASIA em Lesão Medular
Traumática. Revista de Trabalhos Acadêmicos –Universo, Belo Horizonte, v. 1,
n. 5, 2022.

130
• Choque medular: o choque medular pode ser caracterizado como a completa
arreflexia da medula espinhal, ocorrido logo após o trauma. Esta condição indica
a perda total de sensibilidade dos movimentos ou reflexos do paciente vítima do
TRM, sendo que o final do choque medular é marcado pelo retorno do reflexo bulbo
cavernoso e possibilita a correta identificação do grau de perda funcional;
• Choque neurogênico: o choque neurogênico é próprio de pacientes com
lesão medular, caracterizado pela queda na pressão arterial, seguida por intensa
bradicardia;
• Trombose venosa profunda: ocasionada pelo acúmulo de sangue perifericamente,
com maior ocorrência nos membros inferiores e pacientes que perderam o
movimento do mesmo a partir do TRM;
• Disrreflexia autonômica: relacionada com pacientes que lesionaram a medula
cervical acima do fluxo simpático e possui como sintomas a hiperextensão
abdominal, hipertensão arterial, sudorese profunda, rubor facial, congestão nasal e
cefaleia intensa;
• Bexiga neurogênica: ocorre posteriormente a um trauma grave na medula
espinhal em que a bexiga permanece contraída, retendo totalmente a urina. Em
casos não tratados com brevidade, o paciente permanece com a retenção ao longo
da vida, sendo necessário o uso de sondagens de alívio ou de demora;
• Intestino neurogênico: pacientes com lesão medular em sua maioria possuem
perda na função intestinal, no que diz respeito à sensibilidade e controle da
eliminação, sendo necessária a indução e uso de dispositivos para evacuação sem
o consentimento;
• Lesão por pressão: a lesão por pressão é uma ocorrência comum ao paciente com
TRM que faz uso de cadeira de rodas ou encontra-se acamado, uma vez que o
contato direto e contínuo com o colchão, lençóis e quaisquer superfícies favorecem
o seu aparecimento. Dificuldades na troca de decúbito também ocasionam lesões
por pressão, bem como fatores debilitantes como diminuição na perfusão tissular,
má alimentação e hidratação.

ESTUDOS FUTUROS
A enfermagem possui um papel de suma importância na prevenção
e tratamento de lesões por pressão, dessa forma pertinente que seja
realizado leituras sobre este tipo de prática. Segue a referência de
um estudo sobre o tema. SMANIOTTO, M. C.; RIBEIRO, M. C.; RICHTER,
S. A.; QUADROS, A. Conhecimento da equipe de enfermagem na
prevenção de lesão por pressão no ambiente hospitalar. Rev. Enferm.
Atual In Derme, p. 1-18, 2022.

131
3.4 TRAUMA TORÁCICO
A compreensão do trauma torácico é fundamental para que o enfermeiro realize o
atendimento de qualidade na urgência e emergência, indagando que se trata de uma lesão
física na região do peito e que devido à localização é considerada grave (OLIVARES et al.,
2022). As lesões neste tipo de trauma comprometem a estrutura óssea e cartilaginosa das
costelas, além dos órgãos internos como o coração e o pulmão (SILVA; NASCIMENTO, 2022).

O trauma torácico pode ser causado por diversos tipos de contusões, como:
acidente automobilístico, acidente com impacto, violência com arma de fogo ou objeto
cortante, dentre outros (GONZALES et al., 2022). As lesões torácicas mais comuns são:
contusão pulmonar, pneumotórax e hemotórax (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).
• Contusão pulmonar: a contusão pulmonar pode ser compreendida como um
hematoma pulmonar que pode causar hemorragia e edema. Os sinais mais
frequentes são dor atrelada a região torácica devido ao trauma e dispneia variando
de intensidade conforme o grau de comprometimento pulmonar. O enfermeiro deve
atuar na realização da avaliação inicial e a identificação desses sinais, encaminhando
para a realização de exames de imagem e auxiliando a equipe médica na condução
do caso (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013);
• Pneumotórax: compreende-se como pneumotórax a presença de ar entre as duas
camadas da pleura, fato causado por traumas principalmente de origem torácica
e que comprometem a estrutura pulmonar. O principal sintoma relacionado é dor
local torácica e dispneia. O manejo de enfermagem é realizar a aspiração das vias
aéreas do paciente quando pertinente, monitorar os sinais vitais com enfoque na
oxigenação e adotar a posição de Fowler para a estabilidade do paciente (ATALLAH;
HIGA; BAFI, 2013);
• Hemotórax: ocorre quando há o acúmulo de sangue entre o pulmão e a parede
torácica. Dentre os principais sinais está a dispneia seguida de desmaio, dor na região
torácica e déficit na perfusão tissular. Dentre os cuidados de enfermagem está o
monitoramento dos sinais vitais com foco na oxigenação, realização da avaliação
de enfermagem completa para identificação do trauma causador além de auxiliar
o médico na inserção de treno observando a terapêutica empregada para o caso.
Destaca-se que o enfermeiro realiza os cuidados inerentes a manutenção do dreno
de tórax seguindo os protocolos do serviço de saúde (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).

O trauma pode gerar alguns eventos secundários e agravos, como dificuldade


na respiração devido a lesões localizadas nos pulmões ou no trato respiratório, além de
sangramentos que podem levar a hemorragias externas ou internas com evolução para
choque hipovolêmico (OLIVARES et al., 2022). No atendimento de urgência e emergência,
é fundamental que o enfermeiro realize a avaliação inicial a vítima de trauma conforme
mencionado anteriormente e avalie sinais específicos desta região afetada, como
monitoramento da qualidade do ciclo respiratório, avaliação visual do tórax, ausculta
cardíaca e pulmonar e palpação, identificando possíveis assimetrias. Exames de imagem
podem complementar as evidências (GONZALEZ et al., 2022; PALACIO et al., 2022).

132
3.5 TRAUMA ABDOMINAL E PÉLVICO
Na prática de enfermagem em urgência e emergência é preciso atentar-se para
as diferentes situações que batem à porta do serviço, estando o profissional capacitado
para atender da melhor forma possível ao paciente (REBOUÇAS et al., 2022). No trauma
abdominal e pélvico, a avaliação de enfermagem é essencial para a sobrevivência da
vítima, uma vez que deve ser realizada a avaliação no modelo de atenção ao trauma,
XABCDE, com atenção especial para a hemorragia e a circulação (PERIN et al., 2022).

Em suma, o trauma abdominal e pélvico pode ser dividido em duas principais


situações (FERNANDES et al., 2022; SANTOS, 2022):
• Trauma abdominal fechado: ocorre principalmente em situações de impacto
e cisalhamento em acidentes ou incidentes, causando o esmagamento e lesões
secundárias em órgãos como o fígado e o intestino, sem apresentar sangramento
externo. Durante a avaliação, o enfermeiro deve estar atento a deformidades na
região abdominal e pélvica, além de hematomas e escoriações na pele;
• Trauma abdominal penetrante: englobam todos os traumas penetrantes
provocados por objetos cortantes, perfurando o peritônio. Nestes casos, os órgãos
que podem ser lesionados são o intestino, o fígado e estruturas vasculares, além
do diafragma. Neste tipo de trauma, o enfermeiro poderá visualizar lesões externas
que sangram e até mesmo grandes hemorragias, além das deformações na própria
região abdominal e pélvica. Independentemente da situação, o enfermeiro deve
manter a estabilidade do indivíduo, principalmente na reposição de volume que o
mesmo possa ter perdido em processos hemorrágicos após o trauma (FERNANDES
et al., 2022; SANTOS, 2022).

3.6 PARTICULARIDADES DO TRAUMA


As particularidades do trauma tratam, principalmente, de situações na área de
urgência e emergência em que o enfermeiro precisa estar atento às especificidades
de determinado público, sobretudo devido às diferenças que o organismo apresenta,
sendo as três principais:
• Trauma em idosos: para qualquer tipo de trauma na população idosa é importante
manter a atenção quanto à diminuição da massa muscular e da densidade óssea,
fatos que facilitam a ocorrência de fraturas, por exemplo. Outras questões envolvem
o uso de medicações contínuas e a presença de doenças crônicas que aumentam
a chance de trauma, por exemplo, a tontura que leva à queda. Ainda sobre a
queda, trata-se de um dos principais riscos e causadores de trauma, seguido por
atropelamento, violência física, situações que podem ocorrer no cotidiano, mas
também fruto de maus tratos. O trauma em idosos também está relacionado
com incapacidades, dificuldades na cicatrização e reabilitação do movimento de
determinado membro, além da falta de estrutura financeira e familiar para apoiar em
momentos de necessidade (LOPES et al., 2022);
• Trauma em gestante: a gestação é um período delicado na vida da mulher, por

133
este motivo é importante estar atento ao contexto de ocorrência do trauma e
monitorar as condições de saúde após o fato. O profissional de enfermagem precisa
estar ciente de que o trauma em gestante pode aumentar drasticamente o risco de
aborto, além de situações como parto prematuro, ruptura uterina, hemorragia feto-
materna, descolamento prematuro de placenta e amniorrexe prematura. O trauma
deve ser avaliado individualmente, quanto ao agente causador e grau de exposição,
por este motivo, a consulta de enfermagem é de suma importância (SANTOS, 2022);
• Trauma em criança: o trauma em crianças é variável, pois ela está exposta a
situações próprias do crescimento que provocam quedas, engasgue, pequenos
ferimentos e também a acidentes e incidentes que levam a contusões, lacerações
e luxações. A criança pode ainda sofrer abusos e violências que levem ao trauma
físico. Sendo que as complicações estão relacionadas com a idade e intensidade
do trauma, principalmente aquelas que interferem no crescimento das estruturas
ósseas e articulares (MARQUES et al., 2022).

3.7 TRAUMA COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS


O trauma com múltiplas vítimas é uma situação especial em que o enfermeiro atuante
na rede de urgência e emergência pode presenciar. O trauma com múltiplas vítimas é um
evento que produz simultaneamente um número maior de indivíduos que necessitem
de atendimento ao passo que este contingente não é suportado pelo serviço de saúde
do local (GOMES; MACHADO; MACHADO, 2022). No Brasil, considera-se que um acidente
ou incidente com múltiplas vítimas é aquele que possui mais do que cinco pessoas
feridas no mesmo espaço (SANTOS, 2022).

Neste cenário, destaca-se que o atendimento de enfermagem se torna


desafiador ao passo que os recursos materiais e humanos são reduzidos perante a
necessidade de assistência, exigindo planejamento, perícia e qualificação (SILVA;
CAVAZANA, 2022). Ainda, é fundamental que os profissionais utilizem do conhecimento
técnico e científico para determinar o correto direcionamento das vítimas traumatizadas
(ROCHA; LIMA, 2022).

134
A condução do atendimento de enfermagem no trauma com múltiplas vítimas
segue o processo de triagem que busca identificar e priorizar os atendimentos, dividindo
as urgências, das emergências (PERIN et al., 2022). Conforme Silva e Cavazana (2022),
o método mais difundido no Brasil é o Simple Triage and Rapid Treatment (START) que
utiliza uma classificação de vítimas por cores, sendo a vermelha com prioridade imediata
e as demais amarelo, verde e preto com decréscimo no nível prioritário para atendimento.
Complementando, a utilização da avaliação do trauma no modelo XABCDE, preconizada
internacionalmente e que direciona corretamente o profissional nas necessidades do
paciente (ROCHA; LIMA, 2022).

Caro acadêmico! Neste subtema, nós estudamos preciosos conteúdos


para a formação do enfermeiro, dentre os quais merecem destaque a ocorrência e
fisiopatologia dos traumas, intuindo sobre o raciocínio clínico necessário ao profissional
para a construção do plano de cuidados e a articulação na tomada de decisão assertiva
perante a comunidade. Ainda, indagamos sobre a avaliação inicial e secundária do
paciente nos diferentes tipos de traumas, a compreensão da cinemática e demais
variáveis da assistência de enfermagem na urgência e emergência.

135
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tema de aprendizagem, você estudou:

• A ocorrência e fisiopatologia de traumas, intuindo sobre a necessidade do raciocínio


clínico como forma de reconhecer a problemática da população, com foco nas
ações curativas, mas também na educação preventiva por meio do conhecimento.

• Realizar a avaliação inicial e secundária do paciente com trauma, os principais


cuidados e exames necessários para o correto diagnóstico das lesões e ainda o
papel do enfermeiro na condução da assistência ao paciente.

• Compreender a cinemática do trauma, suas principais variáveis, causas, sinais


e sintomas, além do contexto de uso das diferentes ferramentas de avaliação e
assistência de enfermagem em urgência e emergência.

• O que é trauma musculoesquelético, cranioencefálico e hemorragias cerebrais,


raquimedular, torácico, abdominal e pélvico, particularidades com idosos, crianças
e gestantes, além de situações com múltiplas vítimas, intuindo sobre o uso das
diferentes ferramentas de avaliação e construção do plano de cuidados em
enfermagem.

136
AUTOATIVIDADE
1 A pressão intracraniana é um indicador de suma importância na avaliação do paciente com
trauma neurológico, principalmente, quando se trata de um traumatismo cranioencefálico.
Por este motivo, o enfermeiro e a equipe médica mantém este indicador monitorado
constantemente. Sobre as causas do aumento da pressão intracraniana, assinale a
alternativa correta:

a) ( ) A pressão intracraniana aumentada é considerada sinal de desordem no sistema


circulatório, sendo possível antever a ocorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
b) ( ) No trauma neurológico, considera-se que uma das causas do aumento na pressão
intracraniana é o edema cerebral.
c) ( ) A laceração da medula espinhal na região lombar pode produzir o rompimento de
axônios e por consequência o aumento da pressão intracraniana.
d) ( ) A pressão intracraniana está diretamente ligada ao aumento da pressão arterial,
sendo que o indivíduo hipertenso possui uma chance aumentada de derrame cerebral.

2 Considerando que o traumatismo cranioencefálico é ocasionado por um trauma localizado


na calota craniana, diversas são as lesões que podem ocorrer no local e ocasionar rupturas,
edema e ainda hemorragia, dentre as quais o hematoma subdural. Sobre a ocorrência do
hematoma subdural, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) O paciente com hematoma subdural pode apresentar melhora ou piora no estado


geral entre dias e semanas, sendo de suma importância manter o monitoramento da
pressão intracraniana.
b) ( ) As principais causas do hematoma subdural estão relacionadas a acidentes
automobilísticos e contusões cerebrais.
c) ( ) O hematoma subdural ocorre devido ao acúmulo de sangue entre a dura-máter e a
máter aracnoide.
d) ( ) No paciente com trauma neurológico, o hematoma subdural é ocasionado pela
formação de coágulos na artéria femoral com posterior deslocamento para o cérebro,
interrompendo a vascularização local.

137
3 O traumatismo raquimedular está associado à população jovem, na faixa etária dos quinze
a quarenta anos de idade, sendo um grupo ativo profissionalmente e que se torna um
problema de saúde pública devido ao alto custo para o tratamento, internações prolongadas,
incapacidade laboral, sofrimento para o grupo familiar, dentre outras situações. Sobre o
traumatismo raquimedular é incorreto afirmar:

a) ( ) Quando avaliamos as causas do traumatismo raquimedular, observa-se que o trauma


de maior ocorrência é a concussão, laceração e a compressão da medula espinhal.
b) ( ) O trauma raquimedular está associado a diversas violências, principalmente aquelas
que utilizam de objetos penetrantes para atingir a calota craniana.
c) ( ) No traumatismo raquimedular pode ocorrer a transecção completa da medula
espinhal, paralisando as funções orgânicas abaixo do nível lesionado.
d) ( ) Algumas alterações funcionais após a ocorrência do traumatismo raquimedular
incluem a bexiga e o intestino neurogênico.

4 Ao refletirmos sobre o papel do enfermeiro no trauma, podem ser observadas diversas


oportunidades de atuação, prezando pelas habilidades e competências necessárias para
a completa avaliação do paciente e realização do atendimento. Descreva as condutas
indicadas para o enfermeiro no monitoramento do paciente com trauma.

5 A ocorrência de acidentes automobilísticos, quedas e violências atinge diferentes grupos


populacionais, causando lesões e traumas nos indivíduos. Considera-se que situações
que envolvem múltiplas vítimas são um desafio para a atuação do enfermeiro, desta forma
descreva quais são os métodos de triagem e avaliação do paciente neste cenário.

138
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO
PACIENTE COM QUEIMADURAS

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico! Seja bem-vindo ao Tema de Aprendizagem 2, nele serão abordadas
as questões referentes à assistência de enfermagem ao paciente com queimaduras. Você
sabe o que é uma queimadura? E quais os cuidados que o enfermeiro precisa desenvolver
com o paciente? São questões complexas e que dependem de inúmeras variáveis para a
condução de uma assistência de qualidade.

A queimadura é classificada como um tipo de injúria possui como causa, o


contato do paciente com líquidos quentes ou frios, superfícies quentes ou frias, radiação,
chamas, dentre outros causadores de trauma com origem térmica (CAETANO et al., 2022).
Dessa forma, é importante destacar que o indivíduo queimado, independentemente do
fator causador da injúria, torna-se uma vítima e conforme Silva et al. (2022), necessita
de todo o apoio e assistência disponível no momento, pois a dor física e psicológica são
exacerbadas devido às características do ferimento.

A classificação quanto ao tipo de queimadura é uma avaliação pertinente e que


depende diretamente da extensão da lesão ou lesões, além do tempo de exposição
com o agente térmico, sendo que conforme Oliveira, Freitas e Rodrigues (2022), é fator
determinante do prognóstico da vítima, podendo envolver agravos leves a gravíssimos,
além de óbito. Neste mesmo cenário, a dor é um fator inerente à vítima de queimadura,
sendo a sua intensidade capaz de afetar diretamente o bem-estar do paciente que
demanda cuidados específicos e acompanhamento da sua evolução (SOUZA; VALE;
OLIVINDO, 2022).

Dessa forma, os cuidados empregados na queimadura dependem de diversos


fatores, os quais Vidal et al. (2022) indicam a extensão e profundidade da lesão como
os de maior importância, por indicar as ações necessárias para o primeiro atendimento
à vítima. Ainda, recomenda a análise profissional imediata para a conseguinte realização
do primeiro atendimento com a vítima, bem como a análise secundária e a construção
do plano de cuidados como forme de diminuir as complicações e oferecer conforto ao
paciente (BENITO et al., 2022). Trataremos deste assunto daqui a pouco.

Para isso, a inserção do enfermeiro na assistência ao paciente com queimaduras


é fundamental, desde a avaliação do caso, no acompanhamento e evolução das lesões,
além da implantação de um plano de cuidados eficaz (LOUSADA et al., 2022). O enfermeiro

139
atuante na unidade de urgência e emergência deve possuir a preocupação máxima em
oferecer o atendimento imediato de qualidade, buscando em seu conhecimento técnico
e científico a eficiência da terapêutica (BEITUM et al., 2023).

É importante destacar que nos casos de queimadura, o enfermeiro não se limita


a assistência primária voltada ao atendimento imediato, mas conforme Silva et al. (2023),
o profissional é responsável pelo gerenciamento da equipe de enfermagem, atuando
como guia nos processos implementados no serviço de urgência e emergência. Além
deste fato, o papel do enfermeiro na atenção ao grupo familiar, prestando o apoio e as
orientações necessárias aos responsáveis pela vítima, zelando pelo bem-estar e a clareza
nas informações repassadas (CARDOSO et al., 2022).

Assim, o Tema de Aprendizagem 2 constitui-se como direcionador para a


assistência de enfermagem ao paciente com queimaduras, apresentando a você, futuro
enfermeiro, o conhecimento necessário para a qualidade na formação.

2 PELE E O PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO


Neste subtema, você é convidado a conhecer detalhes e as especificidades da pele,
sendo possível refletir sobre o processo de cicatrização e os seus atravessamentos.
Ambos os conteúdos são importantes e necessários para a construção do seu
conhecimento e por consequência o raciocínio clínico eficaz a partir da compreensão
da fisiologia do organismo.

2.1 PELE
A pele é considerada um órgão e no conjunto de sistemas que compõe o nosso
organismo, ele é o maior e para Lousada et al. (2022) e Beitum et al. (2023) possui
como função essencial a de proteção contra quaisquer agendes causadores de
injúria. No que diz respeito às formas de injúria, Silva et al. (2023) determinam os
fatores ambientais como principais causadores, sendo microrganismos, radiação
ultravioleta, substâncias químicas, escoriações por material cortante, dentre outras
que podem causar lesões neste órgão.

Além da proteção contra os agentes ambientais, a pele atua na preservação


das estruturas, como os órgãos vitais e também substâncias, que além de manter a
hidratação do organismo, garantem que o líquido extracelular auxilie no processo de
cicatrização de possíveis lesões (CARDOSO et al., 2022). Ainda, para Garcia et al. (2022) e
Araújo et al. (2022), a pele possui funções secundárias de extrema importância, como a
síntese de vitamina D no organismo, é considerado o “órgão dos sentidos” por permitir a
sensibilidade ao meio externo pelo contato com as terminações nervosas e a regulação
da temperatura basal, principalmente no resfriamento através da sudorese (GARCIA et
al., 2022; ARAÚJO et al., 2022).

140
A pele é formada por três camadas, sendo elas a epiderme, a derme e a
hipoderme, como podem ser visualizadas na Figura 3, a seguir.

Figura 3 – Camadas da pele

Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia (2023, s.p.)

A primeira camada da pele é a epiderme, sendo a camada mais externa. A epiderme


é a camada protetora do organismo, em suma, é considerada a primeira barreira
física do ser humano contra a perda de nutrientes e proteção na entrada de
microrganismos (QUEIROZ et al., 2022). Nesta mesma camada, encontram-se as
células produtoras do pigmento da pele, os melanócitos, além de ser responsável
por abrigar as glândulas sudoríparas e as sebáceas e a projeção de estruturas como
as unhas e os pelos (PIMENTA et al., 2022).

INTERESSANTE
A epiderme é avascularizada, ou seja, seu aporte sanguíneo para nutrição
ocorre por meio da derme.

A camada intermediária é denominada como derme, sendo rica em fibras


colágenas e elásticas, ela é responsável pelo tônus, elasticidade e equilíbrio da pele que
garantem essas características por meio da rica vascularização disponível (VIDAL et al.,
2022). É na derme que se encontram os nervos sensitivos, os quais são responsáveis por
captar os estímulos gerados junto à camada anterior, a epiderme, e enviar diretamente
para o cérebro (CARDOSO et al., 2022).

E por fim, a hipoderme é formada estruturalmente por células de gordura que


antecede a fáscia muscular (GARCIA et al., 2022). A função principal desta camada é
a termorregulação e, em segundo a proteção de proeminências ósseas, formando um

141
“amortecedor”. Ainda segundo Silva et al. (2023) e Cardoso et al. (2022) a espessura
da camada de gordura depende do biotipo e hábitos de cada indivíduo, pois está
diretamente ligada ao acúmulo de energia para as funções orgânicas e até mesmo
doenças crônicas, como a obesidade.

NOTA
Em algumas literaturas, a hipoderme é também tratada como tecido
subcutâneo, assim denominado devido à localização. Interessante também é
que a camada é uma via de administração de medicamentos, a subcutânea.

2.2 PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO


O processo de cicatrização é pouco conhecido pelos enfermeiros e trata-se de um
processo intrincado de fases no organismo que merecem atenção (LOUSADA et al.,
2022). Anteriormente, estudamos a pele, suas camadas e funções e neste subtema
seguiremos as observações sobre este órgão, mas neste momento, lesionado.

Quando imaginamos a pele lesionada, logo vem à mente sangue, hematomas e


escoriações e, normalmente são estas as situações aqui envolvidas nesta descontinuidade
do tecido epitelial (SILVA et al., 2023). Dessa forma, após a descontinuidade da pele, o
organismo inicia o processo de reparação tissular que é a capacidade do corpo humano
de recuperar diferentes tecidos logo após a perda ou injúria (LOUSADA et al., 2022).

NOTA
O termo “descontinuidade” aplicado à pele, se refere a qualquer tipo de lesão
que por sua etiologia causou a “abertura” do tecido.

Assim, o processo de cicatrização do tecido acontece independente do agente


causador, podendo este ou questões individuais antecipar ou retardar o reparo tissular,
sendo dividido em três fases: inflamatória, proliferação ou granulação e remodelamento
ou maturação (LOUSADA et al., 2022). Neste sentido, a seguir, trabalharemos
individualmente cada uma delas.

142
• Fase inflamatória: esta fase dura entre 24 e 48 horas após a lesão inicial. Este
momento é localizado espacialmente logo após a ocorrência da lesão na pele,
normalmente seguida por liberação de sangue, o qual precisa ser contido por meio
de substâncias vasoconstritoras, as quais trabalham na rápida coagulação local,
diminuindo a perda de volume sanguíneo. É importante destacar que o coágulo é
formado por colágeno, plaquetas e trombina. As mesmas plaquetas ligam-se aos
vasos rompidos, liberando citocinas para iniciar a cicatrização local. Neste momento,
a resposta inflamatória inicial é por meio da vasodilatação vascular e a migração de
neutrófilos para a ferida. Os neutrófilos por sua vez, são os primeiros a chegar à
lesão, sendo o maior pico de intervenção em 24 horas após o incidente, a função
destas células é a destruição bacteriana. Neste momento, os neutrófilos abrem
espaço para os macrófagos que iniciam a fagocitose das bactérias e a posterior
formação de secreção purulenta para expulsão de corpos estranhos. E por fim, os
fibroblastos iniciam a replicação tecidual, agindo diretamente na transição para a
fase proliferativa (PRZEKORA, 2020).
• Fase proliferativa ou granulação: esta fase inicia após o 4º dia da lesão,
estendendo-se até a segunda semana. A fase proliferativa é intensa e encontra-se
no intermédio entre as primeiras ações do organismo e as últimas para a cicatrização
de uma lesão. Dessa forma, constitui-se de quatro momentos: epitelização,
angiogênese, formação de tecido de granulação e depósito de colágeno, seguindo
esta ordem. Caso a membrana basal esteja intacta, a epitelização ocorre em média
nos três primeiros dias, já que as células epiteliais migram para a direção superior
realizando o fechamento da lesão. Em lesões profundas em que a membrana basal
esteja danificada ou inexistente, as células epiteliais localizadas nas bordas da
lesão iniciam o processo de proliferação na tentativa de reestabelecer a barreira.
O percurso encontra a angiogênese, caracterizada pela migração das células
endoteliais e a formação de capilares. Da mesma forma, os fibroblastos migram
em grande quantidade para a lesão, produzindo colágeno em abundância. E por
fim, com o auxílio dos fibroblastos e do colágeno, o tecido de granulação inicia o
crescimento e expansão dentre a lesão (PRZEKORA, 2020).
• Fase de maturação ou remodelamento: lembra-se do colágeno depositado na
lesão durante a fase anterior? Pois bem, a maturação da lesão e o remodelamento
da cicatriz dependem da intensificação deste colágeno. Lembrando que esta fase
pode durar entre meses, até um ano após a ocorrência da descontinuidade da pele.
É importante destacar que o colágeno produzido durante o final da granulação
é fino, sendo reabsorvido neste momento para dar espaço a outro, espesso com
característica de organização em linhas de concentração dependendo da fisiologia
do local em que a lesão se encontra. Esta reorganização é importante ao passo
que os fibroblastos e os leucócitos secretam uma substância chamada colagenase
que desfaz a matriz antiga e impulsiona o crescimento da nova, remodelando e
tencionando a lesão na busca pelo padrão da pele do organismo (PRZEKORA, 2020).

143
As três fases, bem como as suas características e tempos de ocorrência são
encontradas na Figura 4, a seguir.

Figura 4 – Processo de cicatrização

Fonte: Przekora (2020, s.p.)

Destaca-se que as fases constituintes do processo de cicatrização podem variar


devido ao agente causador da lesão, bem como o tamanho dela, no caso de queimaduras.
Da mesma forma, a ocorrência de doenças crônicas preexistentes, como diabetes
mellitus ou dislipidemia, pode interferir diretamente nas condições indagadas em cada
momento, sendo necessária a intervenção do enfermeiro e da equipe multiprofissional
na construção do plano de cuidados (PRZEKORA, 2020).

3 AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM


QUEIMADURA
Acadêmico! No subtema 3, nós estudaremos a avaliação de enfermagem ao paciente
com queimaduras, para isso, inicialmente, você será direcionado a compreender como
é realizada a admissão do paciente com queimadura e as formas com que o enfermeiro
pode identificar suas especificidades e no segundo momento será articulado as
classificações e causas das lesões no serviço de urgência e emergência.

144
3.1 ADMISSÃO DO PACIENTE COM QUEIMADURA
A queimadura como indagada anteriormente é uma situação de injúria e que conforme
Cardoso et al. (2022), possui a gravidade atrelada à etiologia, ou seja, ao fator causador,
na maioria das vezes térmico. Dessa forma, a queimadura acontece por meio da
transferência de energia, normalmente, uma fonte térmica, química ou elétrica entre
um objeto ou material com o organismo, iniciando pela primeira camada da pele, a
epiderme, seguindo para as demais conforme o tempo em que a troca acontece (VIDAL
et al., 2022; BEITUM et al., 2023).

Em estudos realizados recentemente, é interessante pontuar que o maior


número de casos de queimadura está relacionado com acidentes domésticos, sendo de
gravidade baixa a alta, dependendo do cenário e a evolução do processo dependente
dos cuidados prestados logo após o acontecido (QUEIROZ et al., 2022; SILVA et al., 2022;
CAETANO et al., 2022). Outra observação importante sobre a queimadura é o tamanho
e locais de comprometimento, dentre os quais estão os tecidos superficiais como a
epiderme, derme e a hipoderme, além de tendões, músculos e ossos, podendo em
alguns casos lesionar órgãos internos, sobretudo aqueles vitais, como os pulmões e o
coração (PIMENTA et al., 2022).

Neste sentido, o enfermeiro precisa estar capacitado para avaliar a extensão


do comprometimento gerado pela queimadura, utilizando de alguns instrumentos
estabelecidos pela literatura nacional e internacional (PIMENTA et al., 2022).

IMPORTANTE
Os instrumentos e protocolos de avaliação de queimaduras são variados e
podem diferenciar-se entre si em serviços da saúde, sendo necessário buscar
nas práticas institucionais as orientações e o foco necessário para a atuação
profissional.

Em uma unidade de urgência e emergência, o paciente admitido com queimadura


de qualquer grau deverá receber a assistência máxima da equipe de enfermagem, visto
a necessidade de avaliar integralmente o indivíduo, além de realizar os procedimentos
iniciais, exame físico e a aplicação das ferramentas de avaliação (SILVA et al., 2023). Os
primeiros momentos do paciente no serviço de urgência e emergência são fundamentais
para a construção do plano de cuidados e o correto direcionamento na rede de apoio
e nos níveis de complexidade, como internação, centro cirúrgico, unidade de terapia
intensiva ou centro especializado em queimados (CARDOSO et al., 2022).

145
Em alguns casos, como as queimaduras de origem térmica citada por Garcia et
al. (2022) causam traumas secundários no organismo, como aqueles relacionados ao
pulmão devido à inalação de fumaça ou gases perigosos. Os mesmos autores indicam
também a necessidade de a equipe de enfermagem estar muito atenta ao contexto das
lesões secundárias a queimadura, sendo que recursos materiais e tecnológicos precisar
ser empregados para o diagnóstico correto.

A equipe de enfermagem realiza o primeiro atendimento a queimadura, da


mesma forma que os demais traumas, preocupando-se inicialmente com a reanimação
do paciente e posteriormente a reparação do organismo por meio de procedimentos
e terapêutica, até por fim a reabilitação que retoma o processo de cicatrização, cujo
tempo depende da classificação da lesão (PIMENTA et al., 2022). Alguns autores,
como Garcia et al. (2022) e Benito et al. (2022), indicam a necessidade de realizar um
detalhado exame neurológico no indivíduo, aplicando escalas próprias, além de despir o
corpo do queimado com a finalidade de atentar para qualquer alteração que possa ser
evidenciada no momento da admissão nas ambas as práticas dependem da rotina do
serviço de saúde, bem como o bom senso.

NOTA
Destaca-se que práticas como despir o paciente para a avaliação inicial de
enfermagem devem ser discutidas em conjunto com a gestão do serviço de
saúde e com os demais membros da equipe multiprofissional. A avaliação
do contexto em que a prática ocorre deve ser documentada e analisada
eticamente, preservando o direito de intimidade do paciente.

É importante destacar que o paciente com queimadura admitido na rede de


urgência e emergência encontra-se vulnerável emocionalmente, cujo momento de
trauma causa na maioria das vezes o sentimento de dor e abalos que afetam diretamente
o psicológico do indivíduo (OLIVEIRA; FREITAS; RODRIGUES, 2022). O trauma psicológico
é abordado por Pimenta et al. (2022), Cardoso et al. (2022) e Beitum et al. (2023),
como um dos principais problemas a serem atentados pelo enfermeiro, sendo que a
queimadura ocorre perante uma situação estressora, causando desconforto e dores
agudas, em alguns casos insustentáveis conscientemente.

146
O primeiro atendimento de enfermagem é para Caetano et al. (2022) e Geovaini
(2014), essencial no prognóstico do paciente, atuando em três pontos fundamentais:
• Permeabilidade das vias aéreas – avaliação das vias aéreas e sua
liberação natural ou mecânica, bem como a oferta de oxigênio quando
necessário para as funções vitais;
• Reposição de fluídos – relacionado com possíveis sangramentos ou
hemorragias comuns em pacientes com queimaduras e que necessitam
repor os fluídos corporais por meio da infusão de substâncias hidratantes
por meio de acesso venoso periférico, central ou ósseo;
• Controle da dor – o uso de medidas de conforto, como afastamento do
agente causador da queimadura e a infusão de medicações são eficientes e
garantes o bem-estar ao paciente.

As medidas iniciais de atendimento na urgência e emergência ocorrem conforme


o grau de comprometimento do organismo em função da queimadura, tendo como foco
a estabilização do paciente e a redução ao máximo do tempo de internação hospitalar
(LOUSADA et al., 2022). Por fim, compreende-se que a queimadura é uma experiência
física e psicológica e que o enfermeiro possui o papel fundamental no apoio ao paciente
e do grupo familiar, com foco no acolhimento e construção do cuidado humanizado
(PIMENTA et al., 2022).

3.2 CLASSIFICAÇÕES E CAUSAS DA QUEIMADURA


Na prática de enfermagem é imprescindível que o enfermeiro realize o raciocínio
clínico em relação à classificação e causas da queimadura, garantindo o correto
direcionamento na rede de urgência e emergência, além de compor um plano de
cuidados efetivo para o caso. Da mesma forma, é indicado o uso de alguns métodos,
por exemplo, para classificação da queimadura, pois assim o profissional seguirá
com uma nomenclatura e protocolos de atendimento padronizados nacional e
internacionalmente (PIMENTA et al., 2022).

A avaliação da queimadura é um passo de extrema importância no atendimento


de enfermagem, sendo que a lesão pode ser classificada quanto a sua profundidade,
ou seja, compreender até que ponto o agente causador penetrou no organismo e pela
sua extensão, indicando o percentual da área corporal queimada (GARCIA et al., 2022).

147
DICA
É fundamental que o enfermeiro saiba realizar a avaliação completa da
queimadura, dominando com exatidão as características de definem a
classificação da lesão pela profundidade e extensão. Ambas as classificações
demandam da realização do exame físico completo e a articulação do
raciocínio clínico.

No que diz respeito à profundidade das queimaduras, Vale (2005) classifica em


primeiro, segundo e terceiro grau, conforme o detalhamento a seguir:
• Queimadura de primeiro grau: é a queimadura mais superficial, atingindo somente
a epiderme sem formação de bolhas. Os principais sinais observados é o rubor,
edema leve, e dor local, sendo que a epiderme possui a tendência de descamar
após 4 a 6 dias de ocorrência da queimadura. Um exemplo comum da queimadura
de primeiro grau é a causada pela exposição excessiva à radiação solar.
• Queimadura de segundo grau: esse tipo de queimadura afeta a epiderme e a
derme da pele, comumente apresentando a formação de bolhas e flictenas. Por
afetar duas camadas distintas da pele, os sinais diferenciam-se entre si. Por
exemplo: a queimadura de segundo grau superficial apresenta bolha de aparência
rósea, com aspecto úmido e doloroso ao manuseio, enquanto a profunda devido a
sua localização destaca a bolha em cor esbranquiçada, com aspecto seco e indolor.
Devido ao grau de comprometimento, este tipo de lesão leva uma média de 7 a 21
dias para restauração dos tecidos. Em alguns casos, a queimadura de segundo grau
profunda necessita de enxertia de tecido para favorecer o processo de cicatrização.
• Queimadura de terceiro grau: a queimadura de terceiro grau atinge todas as
camadas da pele (epiderme, derme e hipoderme) comprometendo estruturas
adjacentes como o tecido muscular, tendões, ossos e até mesmo órgãos internos.
Um dos principais sinais da gravidade do comprometimento deste tipo de
queimadura é a ausência de dor local, pois as terminações nervosas responsáveis
pelo estímulo de dor são destruídas junto com os tecidos. Quanto ao visual, a
queimadura apresenta placa esbranquiçada e em alguns casos enegrecida, com
aspecto de material queimado. Devido ao comprometimento intenso de tecidos,
esse tipo de lesão possui dificuldade de revitalizar, sendo necessária uma avaliação
minuciosa do comprometimento local para posterior reconstrução de estruturas,
incluindo enxertia de pele.

148
ATENÇÃO
Acadêmico, você perceberá que na literatura sobre queimados, alguns
autores também utilizam a classificação de “quarto grau” sendo ela um
desmembramento daquela de terceiro grau e que atinge as estruturas
musculares e ósseas.

A estrutura da pele normal e posteriormente com as queimaduras de primeiro,


segundo e terceiro graus podem ser observada na Figura 5, a seguir.

Figura 5 – Classificação por profundidade da queimadura

Fonte: INBRAEP (2019, s.p.)

A segunda forma de classificação da queimadura é a sua extensão. Para tal


métrica, o enfermeiro deve realizar o cálculo da Superfície Corporal Queimada (SCQ).
O cálculo da SCQ é realizado com a ferramenta chamada de Regra dos Nove e o seu
resultado é apresentado em percentual (%) de área comprometida pela queimadura
(CAETANO et al., 2022; SILVA et al., 2023).

A Regra dos Nove determina que cada segmento corporal recebe o valor de
nove ou múltiplos dele quando a área é aumenta em relação à anterior, conforme
a descrição a seguir para um adulto: Cabeça: 9%; Troco frente: 18%; Tronco costas:
18%; Membros superiores: 9% cada; Membros inferiores: 18% cada e Órgãos genitais:
1%. Na Figura 6 é possível visualizar os valores em percentual para avaliação da SCQ
em adultos e crianças.

149
Figura 6 – Percentual para cálculo de superfície corporal queimada de adulto e criança

Fonte: Hettiaratchy e Dziewulki (2004, s.p.)

Outra forma interessante para avaliar a SCQ é a Regra da Palma da Mão. Neste
método, a palma da mão de um indivíduo é considerada a representação de 1% da área
corporal, podendo desta forma estimar a extensão da queimadura conforme o somatório
de palmas de mão correspondentes ao tamanho da lesão (VALE, 2005).

IMPORTANTE
No método da palma da mão é importante que a palma da mão utilizada como
medida seja correspondente com a da vítima. Um adulto medindo outro adulto
com o mesmo biotipo corporal, por exemplo.

150
Com base no resultado de um ou dos dois cálculos, mais a avaliação visual
crítica quanto aos graus, o enfermeiro pode documentar o percentual da SCQ, definindo
com exatidão a extensão da queimadura seguindo os parâmetros a seguir (VALE, 2005):
• Queimado leve: as queimaduras de segundo grau atingem até 10% da SCQ em
pacientes maiores de 12 anos e até 5% em menores de 12 anos. Caracteriza também
indivíduos de qualquer idade com lesão de primeiro grau indiferente da extensão
(VALE, 2005);
• Queimado médio: são aquelas queimaduras classificadas em segundo grau que
acometem certa de 10% a 20% da SCQ em pacientes maiores de 12 anos e 5% a 15%
em menores que esta idade. Quando queimadura de terceiro grau com até 10% de
SCQ em maiores de 12 anos e até 5% em menores de 12 anos, sem comprometimento
visual da face, mãos, pé e períneo, áreas críticas. Entram nesta nomenclatura
também as queimaduras de segundo grau que atinjam as áreas críticas – mão, pé,
face, pescoço, axila e ainda grandes articulações, neste caso independente da faixa
etária (VALE, 2005);
• Queimado grave: neste grupo são as queimaduras de segundo grau em mais
de 20% da SCQ em pacientes acima dos 12 anos de idade e mais do que 15% em
indivíduos abaixo dos 12 anos de idade. Nas de terceiro grau são definidas como
graves aquelas com SCQ maior que 10% em maiores de 12 anos e maior que 5% em
menores de 12 anos. Aquelas queimaduras de segundo ou terceiro grau na região
do períneo em qualquer idade e também queimadura por eletricidade em terceiro
grau que atingem mão, pé, face, pescoço, axila – áreas críticas independentemente
da idade (VALE, 2005).

ATENÇÃO
Áreas críticas para queimaduras são aquelas que possuem potencial para
agravamento do caso e até mesmo óbito. Importante refletir sobre as regiões
do corpo sensíveis, com presença de mucosa, estruturas dos sentidos, ampla
vascularização ou ainda articulações expostas

Destaca-se que a gravidade da queimadura deve ser mensurada pelo enfermeiro


através da profundidade, extensão e local afetado, sendo que áreas sensíveis e vitais
como mãos, períneo, pescoço, face e olhos precisam de atenção hospitalar imediata
(BRASIL, 2012).

O agente causador da queimadura na maioria das vezes pode ser identificado


no momento da ocorrência da injúria, tais como plantas que possuem látex ou seres
vivos, já outros conforme Brasil (2012) e Geovanini (2014) são invisíveis, tratando-se de
corrente elétrica, radiação solar e substâncias que podem ser inaladas, como a fumaça.
Compreender o que causou a queimadura é um passo para a conclusão daquilo que
aconteceu e o correto direcionamento do cliente.

151
INTERESSANTE
No dia 27 de janeiro de 2013, o incêndio na Boate Kiss na cidade de Santa
Maria, no Rio Grande do Sul, deixou centenas de mortos e outros tantos de
feridos, sendo em sua maioria vítimas de queimaduras de diferentes graus e
agentes causadores, como a inalação de fumaça tóxica.

Os agentes causadores de queimadura são divididos em três principais grupos,


sendo os físicos, químicos e biológicos (BRASIL, 2012; GIOVANINI, 2014; GARCIA et al., 2022).

Os agentes físicos são subdivididos em três grandes vertentes:


• Térmica: que engloba quaisquer líquidos quentes, incluindo gorduras de origem
vegetal ou animal, superfícies quentes, vapores de água e diretamente por chama
de fogo;
• Elétrica: neste quesito, os agentes são induzidos por corrente elétrica, compondo
o cenário, a de baixa voltagem que alimenta eletrodomésticos nas residências,
por exemplo, mas também a alta tensão utilizada no abastecimento residencial,
encontrada em estruturas nas ruas.

INTERESSANTE
A corrente elétrica é encontrada também na natureza, no fenômeno chamado
de raio, considerado também um agente físico causador de queimadura.

• Radiante: aquela que é ocasionada pela radiação, seja a mais comum causada pelo
Sol ou até mesmo as de origem nuclear.

Os agentes químicos são quaisquer produtos de origem manipulada e que


pode ocasionar queimaduras, seja por contato direto, inalação ou explosão. Alguns
exemplos de agentes químicos são os produtos de limpeza doméstica e industriaria que
incluem solventes, soda, cloro ou qualquer tipo de ácido.

Já os agentes biológicos se referem aqueles disponíveis na natureza,


incluindo alguns animais como a água viva e a taturana e plantas como a urtiga e a
comigo-ninguém-pode, exemplos amplamente conhecidos.

É importante destacar que até mesmo os agentes causadores de queimaduras


elencados podem se comportar de formas diferenciadas em contato com o organismo,
por este motivo é necessário utilizar os meios de proteção quando o contato for previsto
e reconhecer sinais e sintomas de possíveis lesões.

152
4 CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE QUEIMADO
O cuidado de enfermagem ao paciente queimado é uma doação, pois o indivíduo
necessita de um olhar aguçado do profissional, agindo rapidamente na contenção da
fonte de queimadura, no alívio da dor e no reestabelecimento das funções orgânicas,
além de atentar-se ao bem-estar psicológico de ambos (BENITO et al., 2022; BEITUM
et al., 2023). Destaca-se que na área de queimaduras, o enfermeiro é um profissional
estratégico para a realização de ações de educação em saúde voltada para a prevenção,
segundo Queiroz et al. (2022), o enfermeiro possui o conhecimento teórico e prático
sobre o contexto das queimaduras, favorecendo qualquer tipo de iniciativa ou inserção
no meio do ensino, como por exemplo ações em escolas.

Dessa forma, ao inserirmos o enfermeiro nos serviços de urgência e emergência,


o mesmo deve possuir um preparo exemplar para a atuação junto com a equipe de
enfermagem, médica, administrativa, dentre outras que se encontram no local
conforme a realidade do mesmo (SILVA et al., 2022). O desenvolvimento do enfermeiro
no cuidado a queimados perpassa diversas habilidades e competências, dentre as quais
o raciocínio clínico que para Caetano et al. (2022) e Queiroz et al. (2022), é fundamental
para a tomada de decisão, perpassando pela avaliação minuciosa do paciente, uso de
ferramentas e tecnologias para mensuração dos dados e posterior direcionamento para
serviços especializados ou ainda setores dentro da própria instituição.

Destaca-se que o enfermeiro atua diretamente com as dores do paciente e


familiar, em um local de extrema pressão, visto que a queimadura possui potencial
de agravamento se não tratada adequadamente e com a devida atenção, evoluindo
para perda significativa de tecidos e membros e até mesmo o óbito (GEOVANINI, 2014;
CARVALHO, 2020). O enfermeiro é em essência e legalmente aquele que coordena a
equipe de enfermagem e desta maneira precisa ter voz ativa frente ao delineamento
do cuidado ao paciente queimado, considerando inserir e atribuir atividades para
auxiliares e técnicos em enfermagem, observando as suas atribuições legais previstas
na legislação específica sobre o exercício profissional e ainda o conhecimento teórico e
prático sobre o caso (OLIVEIRA; FREITAS; RODRIGUES, 2022).

DICA
Procure na legislação do exercício profissional da sua categoria, as atividades
preconizadas, bem como as habilidades e competências necessárias para a
formação. E, caso tenha dúvidas sobre determinado tema, é importante buscar
materiais seguros para capacitação.

153
Dessa forma, compete ao enfermeiro o levantamento das informações sobre o
caso, intuindo que a anamnese é fundamental para que o cuidado atenda às necessidades
do paciente queimado (PIMENTA et al., 2022). No primeiro momento, o enfermeiro em
conjunto com os demais membros da equipe de enfermagem deve estabilizar o paciente,
física e psicologicamente, pois as lesões causadas pela queimadura são variáveis e
podem ter comportamentos diferentes entre si (CARDOSO et al., 2022).

DICA
Acadêmico, provavelmente o tema “anamnese” seja algo comum na sua
prática acadêmica. Contudo deixamos como sugestão a leitura deste material
complementar sobre a anamnese em pacientes queimados. Referência:
MORAIS, M. E. F. F. et al. Abordagem global do paciente queimado: uma revisão
de literatura. Revista Eletrônica Acervo Médico, v. 8, p. e10155-e10155, 2022.

O primeiro atendimento ao queimado é uma situação complexa e permeada de


fases para a completa compreensão do estado geral da vítima e o enfermeiro possui
um papel essencial na realização da avaliação inicial, sendo ela preconizada no modelo
XABCDE, sendo possível, a partir desta, direcionar corretamente o caso no serviço ou
na rede de urgência e emergência (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL
TECHNICIANS, 2021).

ATENÇÃO
Acadêmico, retorne à Cinemática do trauma e assistência ao paciente vítima
de trauma. No trecho em especial, você poderá revisar o modelo XABCDE de
avaliação primária da vítima no fluxo preconizado ao enfermeiro pelo National
Association of Emergency Medical Technicians.

Dentre os cuidados e procedimentos imediatos que o enfermeiro aplica junto ao


paciente, está a estabilização do local da queimadura, aplicação de soro fisiológico em
temperatura ambiente para aliviar a dor, proteger o local com tecido seco, de preferência
estéril devido ao potencial contaminante da área. Além disso, é preconizado também,
quando a vítima estiver já protegida no serviço de urgência e emergência que as roupas
no local da queimadura sejam retiradas, independentemente se queimadas ou intactas,
pois a equipe precisa avaliar o local com precisão. Realizar o registro de todos os pontos
observados e avaliados, bem como procedimentos e direcionamentos do caso. Com
o consentimento da vítima ou de familiar aplicar a profilaxia do tétano, realizando a
investigação prévia do histórico de imunização seguindo as recomendações do plano
nacional de vacinações do Ministério da Saúde (GEOVANINI, 2014; CARDOSO et al., 2022;
BEITUM et al., 2023).

154
Quanto aos procedimentos relacionados à queimadura, destaca-se a remoção
de contaminantes (terra, pedra, vidros, madeira, dentre outros) e medicamentos caseiros
por ventura utilizados antes do atendimento da equipe de saúde. A higienização local
deve ser realizada com sabão neutro ou glicerinado com soro fisiológico abundante,
em temperatura ambiente. Não realizar a retirada imediata de agentes aderentes, pois
podem ferir ainda mais a área queimada, manusear com cuidado, aplicando o soro
fisiológico em abundância. A higienização da queimadura depende do agente causador,
da profundidade e extensão, sendo necessário aplicar soro fisiológico em abundância
conforme avaliação do enfermeiro ou profissional que coordena o caso. A aplicação de
soluções neutralizadoras do agente causador deve passar por avaliação e prescrição
médica (GEOVANINI, 2014; CARDOSO et al., 2022; BEITUM et al., 2023).

ATENÇÃO
Os protocolos de higienização de queimaduras indicam a utilização de soro
fisiológico para a prática, sobretudo na atenção à prevenção de possíveis
processos infeciosos no local. Contudo, algumas literaturas ainda trazem a
utilizam de água, sendo avaliado o contexto de disponibilidade de recursos e
financiamento das soluções.

A construção do plano de cuidados de enfermagem faz parte do processo de


intervenções necessárias para o paciente, focando nos resultados esperados com as
práticas e baseado nos recursos materiais e físicos disponíveis no serviço de saúde
(SILVA et al., 2022). A atuação do enfermeiro neste tipo de trauma é imprescindível para
a sobrevida do paciente queimado, identificando e agindo prontamente na identificação
dos problemas e análise das necessidades do indivíduo (CARDOSO et al., 2022).

É importante destacar que dentre o plano de cuidados está à realização de


curativos, em primeiro momento no espaço de urgência e emergência preconiza-se
uma cobertura antiaderente e oclusiva, permanecendo até o encaminhamento para
o domicílio, internação ou outro serviço da rede de saúde (GEOVANINI, 2014; BRASIL,
2012). Para Oliveira, Freitas e Rodrigues (2022) o enfermeiro de urgência e emergência
atua como educador na liberação dos clientes para realização do curativo em domicílio,
já que o mesmo necessita de orientações no momento e o profissional delega o plano
de cuidados para o próprio paciente, familiar ou cuidador. Da mesma forma, quando
encaminhado para internação ou outros serviços, o enfermeiro opina sobre o plano de
cuidados, utilizando como base o conhecimento do caso para munir o profissional do
outo setor na construção da terapia de cuidados (QUEIROZ et al., 2022).

Neste quesito, a comunicação efetiva é um dos pilares que sustentam o


cuidado com o paciente queimado, articulando com outros enfermeiros e com a equipe
multiprofissional estratégias eficazes para o correto direcionamento do caso (QUEIROZ
et al., 2022). No que tange a comunicação, o enfermeiro pode utilizar de tecnologias que

155
auxiliem nas trocas de informações e práticas, como o compartilhamento do plano de
cuidados fundamentado na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e no
uso do prontuário eletrônico (PIMENTA et al., 2022).

ESTUDOS FUTUROS
Acadêmico, é importante que reserve um tempo nos seus estudos
para compreender o significado e a aplicabilidade da Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE) tendo em vista que é uma atividade
privativa do enfermeiro e sua realização obrigatória nos serviços de
saúde públicos e privados.

Caro acadêmico! Neste subtema foi possível compreender a fisiologia da pele, o


processo de cicatrização e alguns tipos de lesões que influenciam na descontinuidade
do mesmo, como as queimaduras. No conteúdo, indaga-se também sobre a importância
da avaliação que o enfermeiro realiza no serviço de urgência e emergência, utilizando
ferramentas específicas de direcionamento e tomada de decisão do caso.

156
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tema de aprendizagem, você estudou:

• A fisiologia básica da pele, bem como o processo de cicatrização e as suas fases a


partir da ocorrência de algum tipo de lesão que interrompa a continuidade do tecido
epitelial, como as queimaduras, tratadas neste subtema.

• A forma como o enfermeiro realiza a admissão de um paciente com queimaduras no


serviço de urgência e emergência, preconizando a permeabilidade das vias aéreas, a
reposição de fluídos e o controle da dor.

• A classificação da queimadura quanto a sua profundidade, utilizando o raciocínio


clínico a partir da identificação dos graus de comprometimento e a extensão da
superfície corporal queimada com o uso da Regra dos Nove.

• Qual é o papel do enfermeiro no contexto do serviço de urgência e emergência, na


equipe de enfermagem e multiprofissional, além das atribuições frente ao primeiro
atendimento da vítima de queimadura e os métodos iniciais de raciocínio clínico.
a partir da ocorrência de algum tipo de lesão que interrompa a continuidade do tecido
epitelial, como as queimaduras, tratadas neste subtema.

• A forma como o enfermeiro realiza a admissão de um paciente com queimaduras no


serviço de urgência e emergência, preconizando a permeabilidade das vias aéreas, a
reposição de fluídos e o controle da dor.

• A classificação da queimadura quanto a sua profundidade, utilizando o raciocínio


clínico a partir da identificação dos graus de comprometimento e a extensão da
superfície corporal queimada com o uso da Regra dos Nove.

• Qual é o papel do enfermeiro no contexto do serviço de urgência e emergência, na


equipe de enfermagem e multiprofissional, além das atribuições frente ao primeiro
atendimento da vítima de queimadura e os métodos iniciais de raciocínio clínico.

157
AUTOATIVIDADE
1 O trauma de origem térmica pode ocorrer por meio da exposição do indivíduo com a
chama do fogo, superfícies ou líquidos aquecidos, causando a transferência do calor para
o corpo humano, causando por si, lesões em formato de queimadura cuja gravidade será
determinada pelo tempo de exposição ao agente. Em relação aos cuidados com a paciente
vítima de queimadura térmica, é correto afirmar:
a) ( ) É importante expor a vítima, retirando todas as roupas ainda no local em que ocorreu
o incidente.
b) ( ) Uma das medidas de conforto a dor do paciente é a aplicação de gelo local. O frio do
gelo acalma o calor gerado pela queimadura e para o processo de piora da lesão.
c) ( ) As lesões térmicas de primeiro grau atingem e epiderme, primeira camada da pele,
sendo que a sua principal característica é a formação de bolhas esbranquiçadas e úmidas.
d) ( ) A queimadura térmica deve ser avaliada quanto a sua causa e profundidade, mas
mesmo assim é importante irrigar abundantemente o local com água ou soro fisiológico em
temperatura ambiente, posteriormente realizando uma cobertura antiaderente e oclusiva.

2 A queimadura é um trauma doloroso para o ser humano, pois na maioria das vezes está
envolvido com uma situação de incidente traumático. Por este motivo, é importante que
o enfermeiro compreenda a fisiologia do corpo humano, sobretudo da pele para a correta
implementação do plano de cuidados. Em suma, os cuidados iniciais visam à manutenção
da vida do paciente e, em segundo plano o reestabelecimento da área lesionada, por meio
de procedimentos cirúrgicos e ambulatórias, como o curativo. Avaliando este contexto,
assinale a opção correta:
a) ( ) Áreas articulares não são regiões sensíveis para queimaduras, pois dificilmente
apresentam rica vascularização, presença de tendões ou órgãos vitais.
b) ( ) A fase proliferativa é caracterizada pela presença de coágulos sanguíneos que
empurram o tecido epitelial para fora da lesão, formando a nova borda esbranquiçada da
lesão.
c) ( ) A derme é a camada intermediária da pele, formada principalmente de fibras de
colágeno e elastina que promovem a tonicidade e elasticidade da pele.
d) ( ) A epiderme é também chamada de tecido conjuntivo, pois está localizado próximo ao
músculo e ossos, constituindo-se como a terceira camada de pele.

158
3 O enfermeiro é o profissional capacitado para realizar a correta avaliação da gravidade de
uma queimadura por meio da classificação quanto à extensão e profundidade. No que tange
à profundidade, as queimaduras são classificadas em primeiro, segundo e terceiro graus
conforme as características básicas e comprometimento no corpo humano. Responda
V para verdadeiro e F para falso nas afirmativas relacionadas a características de uma
queimadura de terceiro grau.

( ) A queimadura de terceiro grau afeta diversos tecidos, dentre os quais a epiderme, a


derme e a hipoderme.
( ) Na maioria dos casos, a queimadura de terceiro grau descama na primeira semana,
ficando com aspecto desvitalizado e cianótico.
( ) Uma das principais características da queimadura de terceiro grau é ser indolor, tendo
em vista que junto com a destruição dos tecidos, ocorre a inativação dos receptores da dor.
( ) Na maioria das vezes a queimadura de terceiro grau exige intervenção cirúrgica para
enxertia de tecido.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) F – F – V – F.
c) ( ) V – F – V – V.
d) ( ) V – F – V – F.

4 No primeiro atendimento à vítima de queimadura, o enfermeiro precisa avaliar o cenário


e manter os parâmetros vitais do paciente. Conforme a National Association of Emergency
Medical Technicians qual é o passo a passo do primeiro atendimento a vítima? Descreva os
passos preconizados.

5 A Regra dos Nove é um cálculo para identificação do percentual da Superfície Corporal


Queimada (SCQ). Explique detalhadamente como ele pode ser utilizado em pacientes
adultos.

159
160
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM
SITUAÇÕES ESPECIAIS

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico! Neste tema de aprendizagem, nós abordaremos a assistência de enfermagem


em situações especiais. O intuito de dar espaço para situações especiais vai ao encontro
das diversas nuances da atuação em enfermagem, cujas especificidades, encontros e
desencontros das áreas e especialidades interagem com a humanização e a ética no
atendimento. Bons estudos!

Ao indagar quais seriam os tópicos especiais a serem abordados neste tema,


seguiu-se o limiar dos objetivos da formação do enfermeiro, uma das quais é construção
de um ensino baseado nas necessidades da população. É uma questão deveras
desafiadora, pois a formação do enfermeiro é globalizada, um profissional do mundo e
para o mundo. Mesmo assim, singelamente direcionaram-se três situações especiais
para estudarmos.

A primeira situação especial está relacionada à assistência de enfermagem na


emergência psiquiátrica, em consenso com o aumento expressivo nos dados relacionados
a suicídio na população brasileira. Além disto, as doenças mentais tornaram-se parte da
rotina da população durante a pandemia, questão necessária como o isolamento social
incentiva o desenvolvimento de transtornos, ora já latentes (PYPCAK et al., 2022).

A seguir conduzimos a identificação de possíveis intoxicações exógenas e o


potencial de agravos na ocorrência de acidentes e incidentes no serviço de urgência e
emergência. Também é apresentado o manejo com pacientem em situações de acidentes
com animais peçonhentos e outros animais também, com foco na manutenção da
vida e o atendimento de enfermagem com qualidade. Sob o mesmo limiar, o choque
elétrico é compilado como uma das situações especiais e que merece atenção devido
a gama de possibilidades de traumas decorrentes do mesmo, bem como a parada
cardiorrespiratória.

E por fim, abre-se espaço para as doenças crônicas não transmissíveis, em


uma grande preocupação com os atravessamentos gerados por estas patologias no
contexto social. A assistência ao paciente com crise hipertensiva é uma das demandas
mais frequentes em serviços de urgência e emergência, indagando sobre o papel
do enfermeiro nas ações de prevenção, avaliação e tratamento destes pacientes
(RODRIGUES et al., 2022).

161
2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA EMERGÊNCIA
PSIQUIÁTRICA
Acadêmico! Dentre as situações especiais que o enfermeiro precisa estar atento e
realizar correta assistência, está a emergência psiquiátrica. As questões psicológicas da
população se desenham como um desafio para a equipe multiprofissional e o enfermeiro,
compondo desta forma como uma área de especialidade e atuação, visto o grau de
especificidade e necessidade de qualificação das práticas (PYPCAK et al., 2022).

As questões relacionadas à saúde mental é um campo em ascensão o trabalho


da enfermagem, conferindo ao profissional maior autonomia no desenvolvimento
de ações e estratégias de prevenção e reabilitação da população (REIS et al., 2022).
Segundo Krebs, Kinalski e Rebelato (2022), uma das grandes dificuldades que o
enfermeiro enfrenta na emergência psiquiátrica é a assistência ao paciente com risco
ou tentativa de suicídio.

Um dos grandes preconceitos do enfermeiro é questionar o paciente sobre


os seus sentimentos relacionados ao suicídio, indagando sobre o que está sentindo,
percorrendo a identificação dos pontos de sofrimento e alguns detalhes caso tenha
algum planejamento de atentar contra a própria vida (PYPCAK et al., 2022). A abordagem
inicial ao sofrimento do paciente é essencial nas práticas do enfermeiro, utilizando da
Consulta de Enfermagem como estratégia para realizar a escuta ativa, o acolhimento e
a vinculação entre os sujeitos do cuidado (SILVA; CUNHA, 2022; REIS et al., 2022).

DICA
A Consulta de Enfermagem é uma tecnologia necessária para a atuação do
profissional, dessa forma, sugere-se a leitura do material a seguir. ROSTIROLLA,
L. M.; ADAMY, E. K.; VENDRUSCOLO, C. Tecnologias educacionais para a consulta
do enfermeiro: revisão integrativa. Saberes plurais: educação na saúde, v. 6, n.
1, p. 81-98, 2022.

Alguns fatores de risco podem ser citados para a compreensão do enfermeiro


sobre o caso, como homens com idade entre quatorze e quarenta anos ou acima dos
sessenta e cinco anos, uma vez que o gênero e idade disparam no número de casos em
contraponto com o gênero feminino. Pacientes que sofrem por processos de separação
conjugal, desemprego ou aposentadoria recente com dificuldade na aceitação da
rotina. Indivíduos que possuam doença crônica e até mesmo incapacitante, bem como
histórico de depressão, alcoolismo, tentativa prévia ou ideação suicida, isolamento
social, transtornos de personalidade e instabilidade no grupo familiar. Estes são alguns
dos pontos de risco, cabendo ao enfermeiro avaliar individualmente cada caso (SANTOS
et al., 2022; REIS et al., 2022).

162
Os fatores de risco para emergências psiquiátricas nem sempre são regra, pois
em alguns casos graves não há sinais claros, ao passo que o sofrimento está no campo
dos pensamentos, ideias, planejamento e principalmente o desejo de estar morto, ao
passo que o suicídio é um ato, uma ação intencional, bem como as tentativas entram
neste campo de observação (SILVA; SORATTO, 2024). A avaliação de enfermagem deve
ocorrer permanentemente, como ação preventiva quando identificado o risco e com o
intuito de reabilitar após uma tentativa (SANTOS et al., 2022).

O acolhimento e a vinculação com o paciente compõem as ferramentas mais


eficazes para a assistência de enfermagem e segundo Pypcak et al. (2022), a família,
amigos e todo o grupo social deve estar inserido no cuidado, da mesma forma que
o profissional, realizando a acolhida e apoiando o processo terapêutico. O enfermeiro
precisa de calma e tranquilidade, sem pressa no resgate das informações, oferecer um
ambiente seguro e manter um contínuo nas abordagens. Durante a mensuração de risco
realizado na Consulta de Enfermagem, o enfermeiro deve considerar as ideias suicidas,
os métodos planejados, o grau de violência idealizada para si ou para um grupo, as
condições psiquiátricas, suporte social, uso de medicações, disponibilidade de recursos
para a prática do suicídio, dentre outros (REIS et al., 2022; SANTOS et al., 2022).

Após a consulta de enfermagem e evidência de risco, o enfermeiro deve realizar


os encaminhamentos conforme protocolo institucional dentro da rede de saúde ou do
próprio serviço, como a internação para estabilização clínica, desintoxicação de drogas,
dentre outras (PYPCAK et al., 2022). Para Silva e Soratto (2024), o enfermeiro atuante
na área da urgência e emergência possui o papel fundamental no atendimento à
emergência psiquiátrica, uma vez que o estado de saúde do paciente é um desafio para
o atendimento e deve ser avaliado individualmente e encaminhado para continuidade
do acompanhamento da rede de saúde.

ATENÇÃO
Acadêmico! Devido ao risco de tentativa e/ou suicídio na assistência a
este perfil de pacientes, é necessário que você tenha em mente o fluxo de
trabalho e direcionamento do serviço em situações de risco ou urgências
e emergências. O fluxo é próprio de cada serviço de saúde e deve estar
documentado em formato de protocolo operacional padrão, instrução de
trabalho, dentre outras nomenclaturas de arquivamento.

3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA INTOXICAÇÃO


EXÓGENA
A intoxicação exógena é a causa de inúmeras situações em que o enfermeiro atuante
na urgência e emergência precisa estar atento e ciente da importância na tomada
de decisão rápida e assertiva. A maioria dos casos atendidos na rede de urgência e

163
emergência é de adultos que apresentam intoxicação exógena por drogas lícitas e
ilícitas, além de crianças que tiveram contato acidental com agente tóxico (MESQUITA;
VILARINHO; BARBOSA, 2022). A intoxicação exógena relaciona-se principalmente com
medicamentos, produtos químicos de uso domiciliar e industrial, agrotóxicos, plantas,
drogas lícitas e ilícitas, dentre outros (SIRTOLI, 2022).

A intoxicação exógena é causada por um ou mais agentes tóxicos que em


contato com o organismo humano desencadeiam lesões, sejam elas localizadas ou
sistêmicas (DIOGENES et al., 2022). Uma das principais dificuldades no manejo desta
situação é compreender a gravidade do paciente, uma vez que ela pode ser determinada
somente após a investigação do caso, identificando o tipo de substância, local e tempo
de exposição, além do próprio histórico de saúde e doença do indivíduo (JUSTEN;
ALMEIDA, 2022).

No atendimento de urgência e emergência, o enfermeiro precisa estar atento


principalmente aos detalhes do exame físico realizado no paciente, indagando que
conforme Sirtoli (2022), na maior parte dos casos o indivíduo possui condições de
auxiliar o profissional na investigação. No que diz respeito ao exame físico, Krebs,
Kinnalski e Rebelato (2022) indicam que o enfermeiro esteja atento a sinais de excitação
fisiológica como: aumento na frequência respiratória e cardíaca e pico hipertensivo. O
mesmo autor destaca também possíveis situações de depressão fisiológica indicada
por: diminuição na frequência cardíaca e respiratória, hipotensão e alteração no estado
mental. Avaliações adicionais também são indicadas, como o nível de consciência, pupila
e o exame neurológico que conforme Caliman et al. (2022), colaboram para o correto
direcionamento do caso em conjunto com a atenção especial para a pele e mucosas
do paciente. Ainda para os autores, o manejo adotado pelo enfermeiro depende da
avaliação de enfermagem realizada na admissão do paciente no serviço de urgência
e emergência, prezando pela estabilidade dos sinais vitais e a terapêutica adotada em
conjunto com a equipe médica.

4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM ACIDENTES COM


ANIMAIS PEÇONHENTOS E OUTROS ANIMAIS
Os acidentes com animais peçonhentos, bem como outros animais, podem ocasionar
diferentes agravos e até mesmo o óbito do paciente. Este tipo de acidente é compreendido
por Souza et al. (2022) como aquele em que o animal injeta algum tipo de veneno no
organismo humano por meio de picada ou outras vias. Alguns dos animais que causam
estes acidentes são: serpentes, aranhas, peixes, escorpiões, abelhas, dentre outros
(BRITO et al., 2023). É interessante destacar que a picada de qualquer animal que
produza veneno pode ocasionar reações no organismo humano, principalmente nos
indivíduos que possuem pré-disposição para crises alérgicas (RODRIGUES et al., 2023).

No contexto deste tipo de acidente, Rodrigues et al. (2023), destaca que o maior
número de casos ocorre entre a população de baixa renda e que reside em regiões e

164
países subdesenvolvidos, tendo como principal causador a falta de saneamento básico.
Na urgência e emergência, o enfermeiro precisa estar atento aos sinais e sintomas dos
indivíduos, sendo imprescindível identificar o animal responsável pelo acidente, sendo
um fator determinante para o correto atendimento. Dentre os sinais e sintomas está
a presença de náusea e vômito, sangramentos, hipotensão, diminuição gradativas na
frequência cardíaca e respiratória, dor no local da picada e formigamento local ou no
membro afetado (SOUZA et al., 2022). O atendimento de enfermagem visa administrar
o antídoto contra o veneno após a identificação do animal causador, a higienização e
proteção do local afetado, hidratação do indivíduo na maioria das vezes via endovenosa,
manutenção da calma do paciente e acompanhante (caso presente) e observar
frequentemente a evolução do caso (JÚNIOR; SILVA; CALDEIRA, 2023).

5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CHOQUE ELÉTRICO


O choque elétrico é avaliado como uma situação especial devido ao potencial de gravidade
do evento a que a vítima foi exposta no momento do trauma. O choque elétrico pode ser
compreendido como uma reação gerada pelo organismo devido à passagem de corrente
elétrica pela sua estrutura (NASCIMENTO et al., 2022). Sob este limiar, Junior, Antunes e
Almeida (2022) comentam que o choque elétrico sempre possui uma fonte, seja ela a de
uso doméstico ou a encontrada na natureza, como o raio, as quais são conduzidas por
materiais “condutores” como a água ou metais (alumínio, cobre, ferro etc.).

Sobre a ocorrência de choques elétricos, Oliveira et al. (2022) comentam


que os principais exemplos são aqueles relacionados ao manuseio de estruturas ou
equipamentos eletrificados, raios e o contato com alguns animais, como o peixe-
elétrico. As principais lesões causadas pelo choque elétrico são aquelas causada
por eletrocussão, normalmente fatal e causada por uma descarga elétrica de grande
intensidade, o choque elétrico que atinge o corpo e dentro dele pode causar lesões como
parada cardiorrespiratória, as queimaduras tanto internas quanto externas e quedas
ocasionadas pelo choque resultante do impulso elétrico contra o corpo (CAVALCANTE
et al., 2022).

A atuação do enfermeiro de urgência e emergência no atendimento a vítima de


choque elétrico visa avaliar minuciosamente o paciente, identificando possíveis traumas
decorrentes do trauma, iniciando pela realização do processo XABCDE já estudado
no subtema 2. Além da avaliação inicial, é fundamental que o enfermeiro mantenha
o paciente e acompanhantes calmos, garantindo a permeabilidade das vias aéreas,
reposição de fluídos e garantindo o controle da dor (MIRANDA et al., 2022). Em segundo
plano, os cuidados de enfermagem devem seguir os níveis de necessidade de cada
caso, sendo direcionado pela gravidade dos ferimentos e a estabilização do paciente
(NASCIMENTO et al., 2022).

165
5.1 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
A parada cardiorrespiratória pode ser compreendida como a parada do coração e dos
pulmões devido a algum trauma, ocasionando a diminuição gradativa na frequência
cardíaca e respiratória, até zerar (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). Para os mesmos
autores, a parada cardiorrespiratória resulta de algum distúrbio na condução elétrica
do coração, sendo alguns dos sintomas, as dores torácicas, hemiparesia, desmaio e
perda da consciência.

O manejo de enfermagem demanda que o profissional se certifique da ocorrência


da parada cardiorrespiratória por meio da avaliação sistemática dos sinais vitais, bem
como possíveis obstruções nas vias aéreas, liberando-as sempre que possível, com
auxílio de pinça quando engasgue, por exemplo, e reposicionamento da cabeça quando
paciente inconsciente. Constatado a parada cardiorrespiratória, o paciente deve ser
colocado em decúbito dorsal horizontal em superfície plana e preferencialmente dura,
como por exemplo, o chão. A seguir é iniciado o suporte básico da vida com auxílio de
Desfibrilador Externo Automático (DEA) ou manualmente por meio das compressões
torácicas (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).

As compressões torácicas devem ser realizadas com a máxima eficiência,


sendo possível realizar somente por um profissional ou por mais. Para a compressão, o
profissional deve posicionar as mãos entrelaçadas sobre o tórax do paciente no centro
do peitoral em meio à linha dos mamilos. Em adultos é indicado que a compressão
atinja a profundidade entre cinco a seis centímetros, e que o profissional permita
que o tórax recue após cada movimento e aplicando uma frequência menor do que
dez segundos entre os movimentos. Ao enfermeiro que esteja sozinho na unidade,
é importante que acione a equipe de suporte e inicie as compressões, entre 100 a
120 por minuto até a chegada dos demais profissionais. Quando em dupla ou mais
profissionais, o enfermeiro deve realizar as compressões torácicas e outro em pose
do ambu realizando os movimentos respiratórios, na ordem de trinta compressões
torácicas para dois movimentos respiratórios, mantendo a conferência dos sinais vitais
e revezando o posicionamento dos profissionais (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013). A seguir,
na Figura 7, pode ser observado o correto posicionamento do paciente, bem como do
enfermeiro realizando as compressões torácicas, utilizando as mãos entrelaçadas e na
região central a linha dos mamilos de forma que o profissional fique ajoelhado ao lado
realizando os movimentos com os braços estendidos a 90º (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).

166
Figura 7 – Posicionamento do enfermeiro e vítima na compressão torácica

Fonte: Martins, Neto e Velasco (2017, s.p.)

No caso de parada cardiorrespiratória em crianças é indicado que a compressão


seja de quatro centímetros e na metade inferior do osso esterno. Quando o enfermeiro
estiver sozinho é importante que acione a equipe especializada e inicie as compressões
intermitentes pressionando com os dedos indicador e médio, diferente das mãos entrelaçadas
no adulto. As compressões torácicas podem ser realizadas com os dois polegares e mãos
envolvendo o corpo da criança ou a palma de uma das mãos, seguindo o padrão de trinta
movimentos para duas respirações. Em caso de mais do que um profissional realizando o
socorro, preconiza-se quinze compressões torácicas e duas respirações (ATALLAH; HIGA;
BAFI, 2013). Ambas as técnicas podem ser verificadas na Figura 8.

167
Figura 8 – Técnicas de compressão torácica em crianças

Fonte: SBV Pediátrico (2023, s.p.)

A atuação do enfermeiro leva em consideração um processo intricado de


avaliações e procedimentos com o propósito de manter a vida do paciente. Em um
ambiente de urgência e emergência, o enfermeiro deve desenvolver a perícia técnica,
além de manter a postura ética e coerente com a gestão da equipe de enfermagem
por meio do equilíbrio emocional. Em primeiro momento, o paciente necessita ser
avaliado metodicamente, com foco na identificação da parada cardiorrespiratória e
caso os sinais, principalmente respiratórios demonstrem declínio, é importante que
sejam instalados equipamentos, como oxigênio conforme protocolo institucional para
melhoria da eficiência pulmonar, observando o papel dos demais membros da equipe na
condução do caso (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).

O manejo também inclui a correta aplicação das compressões torácicas em caso


de conformação da parada cardiorrespiratória, além de garantir acesso venoso rápido e
facilitado para a aplicação de medicamentos. Ainda, é responsabilidade do enfermeiro a
instalação de equipamentos auxiliares ao suporte básico da vida, além daqueles que fazem
o monitoramento dos sinais vitais. O enfermeiro possui a atribuição de gerenciar a equipe
de enfermagem e direcionar as atividades dos demais componentes, sendo necessário
desenvolver em si a liderança para o correto direcionamento dos profissionais no cenário
de cuidado ao paciente em parada cardiorrespiratória (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).

Neste contexto, destaca-se que o enfermeiro gerenciador da unidade de urgência


e emergência precisa estar atento a qualidade e funcionamento dos equipamentos
utilizados no atendimento aos pacientes. Ainda no escopo do cuidado, o enfermeiro
deverá estar ciente e participar da construção dos protocolos assistenciais que regem o
atendimento de urgência e emergência, principalmente, no fluxo direcionado à equipe,
utilização de equipamentos e administração de medicamentos. É importante que o
enfermeiro gestor ou não da unidade esteja familiarizado com o protocolo do serviço

168
de saúde para atendimento em caso de parada cardiorrespiratória, fato que qualifica
o atendimento prestado ao paciente. A educação continuada e permanente da equipe
também é fundamental na construção de um serviço qualificado a favor da segurança
da população (ATALLAH; HIGA; BAFI, 2013).

ESTUDOS FUTUROS
Prezado acadêmico! Sugerimos a leitura do seguinte artigo sobre primeiros
socorros no ambiente escolar, ideal para ampliar a sua compreensão
sobre a atuação do enfermeiro com o público infantil. Referência:
SILVA, B. R.; LIMA, F. R. P.; ELIAS, E. A.; CARDOSO, F. B. Conhecimento e
abordagem de primeiros socorros em ambiente escolar: educação em
saúde e enfermagem. Research, Society and Development, v. 12, n. 1, p.
e10312139609-e10312139609, 2023.

6 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA CRISE HIPERTENSIVA


Acadêmico! Chegamos ao último evento especial do subtema, dedicado à assistência
de enfermagem ao paciente em crise hipertensiva. A escolha pela situação torna-
se pertinente ao instrumentalizar o enfermeiro nas demandas mais recorrentes na
sociedade, sobretudo nas doenças crônicas não transmissíveis que representam uma
das principais causas de morte e incapacidades nos brasileiros, juntamente com o
trauma, trabalhado anteriormente.

DICA
Indica-se a leitura do protocolo disponibilizado pelo Ministério da Saúde,
intitulado Linha de cuidado do adulto com hipertensão arterial sistêmica.
Disponível no link: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_
adulto_hipertens%C3%A3o_arterial.pdf.

No que diz respeito à patologia, a crise hipertensiva pode ocorrer em pessoas


com ou sem diagnóstico de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), pois ela é considerada
uma condição clínica multifatorial, um aumento expressivo nos valores que indicam
a pressão sistólica e a pressão diastólica (MANUEL; CHISSOCA; AFONSO, 2022). Para
Barbosa et al. (2022) existem muitos casos de pacientes hipertensos que desconhecem
o diagnóstico ou ainda o seu desenvolvimento no organismo, algumas vezes confundido
com sinais e sintomas do cotidiano ou ainda com a negligência na saúde preventiva.

A dificuldade no tratamento da HAS pode ocasionar alterações funcionais


e estruturais em órgãos, como o coração, cérebro e rins, afetando principalmente o
sistema circulatório e aumentando a chance de agravos (MARQUES et al., 2022). Um
destes agravos é a ocorrência da crise hipertensiva que segundo Saturnino, Soares e

169
Bezerra (2022) é caracterizada pela rápida elevação da pressão arterial, apresentando-
se na maioria dos casos com sintomatologia intensa.

Complementando, Santos et al. (2022) comentam que a crise hipertensiva é


uma das maiores causas de atendimento na rede urgência e emergência e a gravidade
depende do contexto histórico do paciente. Indaga-se que por vezes a crise hipertensiva
pode ser momentânea ocasionada por um momento de estresse ou ainda causada pela
patologia HAS. Dessa forma, é importante avaliar o contexto para posteriormente articular
as ações necessárias com o paciente. Alguns fatores secundários podem desencadear
a crise hipertensiva, dentre as quais o abuso de álcool, sódio, cafeína, drogas ilícitas,
além de situações como estresse, ansiedade e ainda abstinência de substâncias.
Algumas apresentações da crise hipertensiva podem estar relacionadas com patologias
ou situações prévias além da HAS, como trauma neurológico, cardiopatias e gestação
(RODRIGUES et al., 2022).

A assistência ao paciente em crise hipertensiva visa diminuir os níveis da


pressão arterial, com foco na diminuição de possíveis agravos em órgãos, para isso são
aplicadas medicações anti-hipertensivas até a normalização do caso (SILVA et al., 2022).
Dentre os cuidados de enfermagem é importante destacar a necessidade de monitorar
a pressão arterial rigorosamente e a evolução dos valores sistólicos e diastólicos após
o início da terapia medicamentosa. Concomitante a isso, é recomendada à avaliação
do nível de consciência do paciente, por meio da resposta verbal, ocular e motora.
Atentar a ventilação, disponibilizando dispositivos para suprimento de oxigênio, se
necessário. Realizar punção venosa periférica e manter a mesma permeável durante
todo o atendimento para caso necessidade de medicações endovenosas. Monitorar o
débito urinário, além de sinais de edema em quaisquer partes do corpo. E, por fim, é de
suma importância que o enfermeiro registre e sistematize os cuidados prestados ao
paciente em crise hipertensiva. O registro elenca todo o histórico de saúde e doença
do paciente, bem como os diagnósticos, o plano de cuidados, as intervenções e a
avaliação constante da evolução do caso, caracterizando-se como a Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE) (RODRIGUES et al., 2022; SILVA et al., 2022; Santos
et al., 2022).

Neste subtema, você aprendeu algumas situações especiais à atuação


do enfermeiro, de forma que a reflexão sobre o raciocínio clínico seja corriqueiro
para o profissional atuante na urgência e emergência. A seguir, é apresentado o
estudo complementar para reflexão sobre boas práticas no tratamento às vítimas de
queimaduras.

170
LEITURA
COMPLEMENTAR
TECNOLOGIAS UTILIZADAS PELA ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DE VÍTIMAS
DE QUEIMADURAS EM CUIDADOS INTENSIVOS: SCOPING REVIEW

Kyohana Matos de Freitas Clementino


Gabriela Duarte Bezerra
Gleice Adriana Araujo Gonçalves
Maria Corina Amaral Viana
Luis Rafael Leite Sampaio
Woneska Rodrigues Pinheiro

RESUMO

Objetivo: Descrever as principais tecnologias utilizadas pela equipe de enfermagem


no tratamento de lesões cutâneas por queimaduras, para pacientes em cuidados
intensivos. Método: Trata-se de uma revisão de escopo realizada em março de 2022,
segundo recomendações do The Joanna Briggs Institute, seguindo o checklist
Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses extension for
Scoping Reviews (PRISMA-ScR). Resultados: A amostra desta revisão foi composta
por 12 artigos que tratam das tecnologias utilizadas pela equipe de enfermagem no
tratamento de lesões cutâneas por queimaduras. Considerações Finais: Os estudos
analisados mostram várias tecnologias aplicáveis em queimaduras, dentre elas
coberturas/curativos, agentes biológicos, e terapias não-farmacológicas para alívio da
dor e controle de infecção.
Descritores: Queimaduras; Unidade de Terapia Intensiva; Terapêutica;
Tecnologia; Cuidados de Enfermagem.

171
INTRODUÇÃO

As lesões decorrentes de agentes térmicos, químicos ou elétricos denominados


por queimaduras ocorrem quando há calor excessivo que danifica os tecidos corporais.
Essas lesões podem ser classificadas pela profundidade das camadas acometidas,
relacionando-se com a morbidade do paciente, categorizado como: superficial, parcial
superficial, parcial profunda e espessura total. Dessa forma, o tipo de queimadura varia
quanto à extensão do comprometimento tecidual e a exposição ao agente agressor,
podendo deixar a vítima com sequelas irreversíveis ou levá-la a óbito.

Estimativas apontam que de um milhão de acidentes por queimaduras no


país, somente 10% buscam atendimento hospitalar, e um total de 2.500 vão a óbito
decorrente das lesões. É reconhecido que as maiores vítimas são crianças com menos
de 15 anos e idosos em ambiente domiciliar. Contudo, as queimaduras em crianças em
sua maioria são causadas por derramamento de líquidos quentes e costumam ser mais
superficiais, no entanto, mais extensas.

Diversos fatores devem ser observados diante de uma vítima com queimadura
e esses influenciam na escolha do tratamento, entre eles estão: profundidade, extensão
e localização, idade da vítima, doenças prévias, condições agravantes e a inalação de
fumaça. No que tange à extensão, para uma avaliação precisa, utiliza-se a regra dos
noves, que necessita ser ajustada em crianças menores de 10 anos. Seguindo essa
regra, estima-se que a cabeça e pescoço e cada membro superior correspondem a 9%,
cada membro inferior 18% e o tórax 36%.

A assistência da equipe de enfermagem ao queimado é complexa, vai desde


a avaliação inicial neurológica, avaliação da lesão até os cuidados mais direcionados
a cada tipo de lesão, por isso a necessidade de um conhecimento técnico-científico
que embase o profissional em sua prática. O primeiro cuidado envolve a manutenção
da permeabilidade das vias aéreas, reposição de fluidos e o controle da dor, cabe ao
enfermeiro também, fazer o acompanhamento e o controle da saturação de pacientes
com respiração espontânea ou em oxigenoterapia, bem como a realização de dois
acessos venosos periféricos calibrosos para a reposição de fluidos.

O paciente com queimaduras admitido na Unidade de Terapia Intensiva,


categoriza-se como grande queimado, o qual deve apresentar queimaduras de segundo
grau em mais de 20% da superfície corporal queimada e de terceiro grau com mais de
10% de superfície corporal queimada; além das queimaduras de períneo, queimadura
por corrente elétrica, e queimadura de terceiro grau em mãos, pés, face, pescoço ou
axila.

Também são considerados grandes queimados aqueles clientes vítimas de


queimadura associada às seguintes situações: lesão inalatória, politrauma, trauma
craniano, choque de qualquer origem, insuficiência renal, insuficiência cardíaca,

172
insuficiência hepática, diabetes, distúrbios da coagulação hemostasia, embolia
pulmonar, infarto agudo do miocárdio, quadros infecciosos graves decorrentes ou não
da queimadura, síndrome compartimental, doenças consumptivas ou qualquer outra
afecção que possa ser fator de complicação à queimadura; A realização dos curativos
nas lesões por queimaduras é imprescindível para a limpeza da lesão, estimulação
do processo cicatricial, prevenção de infecção e redução da dor associada à injúria.
Para esses objetivos serem alcançados em conjunto, tecnologias na área de curativos
e cuidados com lesões devem ser utilizadas, levando em consideração o cuidado
individualizado, analisando os aspectos biopsicossociais do paciente.

Assim, o conceito de tecnologia pode ser percebido como processo, isto é,


formação e estrutura de materiais didático-pedagógicos, e, como produto, por meio
da criação de artefatos e novas formações. A tecnologia é baseada no conhecimento
científico, que busca benefícios para a condição de saúde, além de objetivar a
emancipação e a formação de conhecimento.

Essas tecnologias podem ser divididas em três categorias: dura (representada


por máquinas), leve dura (saberes estruturados) e leve (processo de relações subjetivas).
Para a enfermagem, a tecnologia pode ser aplicada na área assistencial (com atividades
de reabilitação, curativas, utilização de máquinas e prontuários eletrônicos) e no
processo de ensino e aprendizagem, gerando, aprimorando ou criando instrumentos
que se voltem para a aplicação do cuidado de enfermagem direcionado para a aplicação
direta ou indireta nos pacientes.

A tecnologia em enfermagem é um processo que envolve diferentes dimensões,


do qual resulta um produto, que pode ser um bem durável, uma teoria, um novo modo de
fazer algo, em bens ou produtos simbólicos. Os processos de cuidado em enfermagem
são, em muitas situações, subjetivos e podem apresentar resultados não palpáveis.

Portanto, o uso de tecnologias para esse fim também pode apresentar tais
características. Desse modo, pode-se pensar nas tecnologias enquanto conceito
abrangente que ultrapassa a simples utilização de máquinas; não é apenas considerado
produto, mas também resultado de trabalho e de um conjunto de ações abstratas que
possuem um objetivo: o cuidado em saúde.

173
OBJETIVO
Diante do exposto, este estudo tem como objetivo descrever as principais tecnologias
utilizadas pela equipe de enfermagem no tratamento de lesões cutâneas por
queimaduras, para pacientes em cuidados intensivos.

[...]

DISCUSSÃO
Este estudo contribuiu com investigações sobre as principais tecnologias utilizadas
pela equipe de enfermagem no tratamento de lesões cutâneas por queimaduras, para
pacientes em cuidados intensivos.

Estudos evidenciam a utilização de agentes biológicos, como a aplicação de


Lactobacillus plantarum, uma terapia probiótica que levou à redução da intensidade
e da duração da infecção pseudomonal. Foi observado que a aplicação de bactérias
probióticas, mesmo na ausência de um patógeno super infeccioso, atenua a deposição
de colágeno estimulada por queimaduras. Ademais, outro estudo com agente biológico
abordou a aplicação da cianobactéria S. elongatus PCC7942, em que a bactéria secreta
vesículas extracelulares para acelerar a cicatrização de feridas cutâneas, promovendo a
angiogênese e reparação de queimaduras em camundongos.

Algumas das referências desta amostra versam sobre o uso de pele artificial,
considerado para queimaduras de espessura parcial da região púbica, especialmente
por pacientes submetidos à anestesia geral para queimaduras em outras partes do
corpo. A aplicação bem-sucedida deste curativo biossintético minimizou a infecção e
promoveu a cicatrização de feridas, sendo necessária a combinação da cobertura com
a remoção dos pelos pubianos e inserção de um cateter vesical, permitindo a cobertura
completa da ferida. Em outro estudo, cita-se os benefícios observados ao usar este
curativo em pacientes com necrólise epidérmica, como a diminuição na dor, redução no
tempo e frequência das trocas de curativos e benefícios de redução de custo.

Os curativos de hidrogel são curativos úmidos interativos para feridas que


fornecem alívio da dor por meio de um efeito de resfriamento evaporativo, criam um
ambiente úmido que acalma as terminações nervosas expostas na pele e dissipam o
calor do ferimento. Além disso, vêm em uma ampla variedade de tamanhos que podem
ser aplicados em todas as áreas do corpo. Em uma randomização, os participantes
tiveram o hidrogel aplicado após os primeiros socorros por no mínimo 20 min, seguido
dos cuidados padrão para queimaduras. Os resultados do estudo foram confirmados
através da aplicação de escalas de dor, avaliação dos sinais vitais, observação do
comportamento do paciente e outros parâmetros.

No estudo de caso realizado por Lopes et al. (2016), o processo de epitelização


se deu de maneira rápida devido à utilização de pomada que o estimula junto ao uso da
membrana biológica de hemicelulose, tida como um produto que promove uma gama de

174
propriedades terapêuticas esperadas no manejo das lesões por queimaduras, auxiliando
também na oclusão das terminações nervosas, diminuindo a dor de queimaduras de
segundo grau. A utilização de pomadas de regeneração cutânea se dá na fase final
do tratamento ou quando não há cavidades que precisam ser granuladas, elas atuam
estimulando o processo de epitelização. No estudo, houve um processo cicatricial
efetivo de apenas cinco dias, sem injúrias maiores ao paciente e com ausência de
complicações associadas ao trauma da queimadura.

Wang et al. (2017) avaliaram a eficácia do Alginato de Cálcio (CAPS) em um modelo


de queimadura de terceiro grau em suínos e ratos, particularmente com relação à dor,
citocinas inflamatórias e formação de cicatriz. O alginato tem sido amplamente utilizado
e testado devido à sua biocompatibilidade, biodegradabilidade, custo relativamente
baixo, baixa toxicidade e propriedades de gelificação. As evidências também indicaram
que o tratamento tópico com alginato para defeitos da pele é eficaz na redução do
tamanho da ferida. Essa cobertura mantém as feridas úmidas e promove o crescimento
do tecido de granulação, e a epidermização resultante diminui a dor e reduz a formação
de cicatrizes. Além disso, os curativos secos de alginato absorvem os fluidos da ferida
por meio de troca iônica e re-gel, sem se desintegrar.

Oliveira e Peripato (2017), também trazem como tecnologias o hidroalginato


associado à prata por sua ação antimicrobiana e por evitar exsudação e géis de
quitosana que associado a sulfadiazina de prata favorece a angiogênese. Contudo,
além de discorrerem sobre coberturas, agentes tópicos para queimaduras superficiais e
enxertos em casos graves, os autores trazem sobre a tecnologia do curativo de pressão
negativa à matriz de regeneração dérmica, o mesmo é capaz de acelerar o tempo de
maturação da matriz tecidual para 14,57 dias, ativando a granulação celular.

Uma tecnologia muito utilizada em feridas de diversas etiologias e citada por cerca
de 99% dos estudos, é a papaína, usada como desbridante, tem função anti-inflamatória
e age na junção de bordos por estimular citocinas a reprodução celular e dificultar o
crescimento de microrganismos. Além dos seus inúmeros benefícios no leito da lesão,
possui um preço baixo quando comparado a outros tipos de coberturas de cunho industrial.
A papaína pode ser utilizada em diversas concentrações, para tecido de granulação (2%), (4
a 6%) se houver necrose de liquefação e (8 a 10%) se houver necrose de coagulação.

Um ensaio clínico randomizado utilizado nesta revisão comparou os efeitos


da titulação de Óxido nitroso (N2O) e N2O a 50% no tratamento de queimaduras para
aliviar a dor e a ansiedade. O N2O é um sedativo e ansiolítico, caracterizado como
uma analgesia segura, simples e eficaz para pacientes queimados. A partir do ensaio,
analisou-se que, a titulação de N2O é uma intervenção mais apropriada como analgesia
durante o curativo de queimadura em comparação com a exposição a N2O de 50%.
Contudo, é crucial que mais estudos sejam realizados, com o intuito de identificar os
efeitos analgésicos em todas as faixas etárias, e para o desenvolvimento de diretrizes e
procedimentos operacionais.

175
A Terapia de Feridas por Pressão Negativa (TFPN) é um tipo de tratamento ativo
da ferida que promove sua cicatrização em ambiente úmido, por meio de uma pressão
subatmosférica controlada e aplicada localmente. Um ensaio clínico randomizado
com crianças com queimaduras térmicas agudas cobrindo menos de 5% de sua área
de superfície corporal total evidenciou que um total de 96 dos 101 participantes (95%)
alcançou a reepitelização total espontaneamente. Ademais, o tempo médio para a
reepitelização foi de 10 dias no grupo de controle e 8 dias no grupo TFPN. A diminuição
do tempo esperado para o fechamento da ferida em 22% correspondeu a uma redução
no número de trocas de curativos necessárias. A intervenção foi realizada por meio de
uma bomba de vácuo ajustada para uma pressão subatmosférica contínua de 80 mmHg.
Para queimaduras envolvendo as extremidades em crianças com menos de 12 meses,
uma pressão de 40 mmHg foi empregada para reduzir o risco de dano isquêmico.

Lima-Júnior et al. (2017) abordou os curativos biológicos, sendo o mais


conhecido o uso da pele de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). A utilização desse
método é decorrente da semelhança das características microscópicas e morfológicas
da pele do peixe com o da pele humana e sua ação na regeneração tissular e capacidade
cicatrizante. Sua influência se dá pela boa aderência à queimadura, retendo a umidade
e regenerando o tecido lesionado. Além disso, as biomoléculas que a constituem têm
potencialidade de induzir a migração/divisão celular e aumentar a síntese de colágeno
pelos fibroblastos.

Conjugado de quitosana-gentamicina (CS-GT) possui propriedades


antimicrobianas eficientes, conforme evidenciado pelo ensaio de viabilidade e ensaio
de hemólise de células L929 que CS-GT não é citotóxico e tem boa citocompatibilidade
e hemocompatibilidade. Com CS-GT como um componente de reparo ativo e PVP
como matriz, o hidrogel CS-GT foi preparado. A aplicação desse hidrogel possibilitou
uma cicatrização mais rápida e menor tempo de cicatrização em animais. A análise
bioquímica mostra que, ao facilitar a síntese de proteína total e hidroxiprolina no tecido
de granulação, o hidrogel CS-GT promoveu a fibrose do colágeno enquanto reduzia os
níveis de citocinas em uma resposta inflamatória e, assim, acelerou a cicatrização de
feridas. Todos esses resultados demonstram que o hidrogel CS-GT é um curativo de
reparo de queimaduras novo e promissor.

Uma pesquisa foi realizada com o intuito de obter novos derivados do triterpeno
natural lupeol e avaliar seus potenciais como substâncias ativas no tratamento de
lesões cutâneas. Isonicotinato de lupeol, acetato e propionato foram os compostos
mais eficazes na estimulação da proliferação de células da pele humana, resultando em
mais de 30% de aumento na concentração de células em comparação com as amostras
de controle. Os ésteres de lupeol apresentam atividade promissora na estimulação
dos processos de reparação da pele e podem ser aplicados como substâncias ativas
em formulações de aplicação tópica principalmente no tratamento de queimaduras
cutâneas.

176
O fator de crescimento transformador beta 3 (TGF-ß3) recombinante humano
(avotermina), gera uma restituição epidérmica e uma organização mais semelhante à
original tanto na derme papilar quanto na reticular. A avotermina intradérmica acelerou
significativamente a redução do eritema da cicatriz. O TGF-ß3, é capaz de influenciar
diversas etapas da cicatrização, como a migração de fibroblastos e miofibroblastos para
o sítio da ferida. Ademais, esse mediador estimula a expressão aumentada nas moléculas
de remodelação da MEC (metaloproteinases), que permite uma redução dos excessos
de colágeno. O TGF-ß3 também possibilita maior migração de células epiteliais; leva a
uma restauração mais rápida das interações epiteliais-mesenquimais e acelera tanto a
angiogênese quanto a maturação da cicatriz.

Limitações do estudo

Foi possível perceber em alguns estudos contemplados nesta revisão a falta de


detalhamento de informações relativas às tecnologias utilizadas pela equipe de
enfermagem no tratamento de lesões cutâneas por queimaduras, para pacientes
em cuidados intensivos. Ademais, algumas bases de dados não utilizam descritores
controlados, o que pode favorecer alguma perda.

[...]

Fonte: CLEMENTINO, K. M. F. et al. Tecnologias utilizadas pela enfermagem no tratamento de vítimas de


queimaduras em cuidados intensivos: scoping review. OSF Preprints, 29 mar. 2022. Web. Link de acesso:
https://osf.io/xfevw. Acesso em: 2 mar. 2023.

IMPORTANTE
Observação: Devido à limitação de espaço do presente material didático, são
apresentados os principais fragmentos do artigo original, sendo recomendada
a leitura do texto integral seguindo a referência do mesmo. CLEMENTINO, K.
M. F. et al. Tecnologias utilizadas pela enfermagem no tratamento de vítimas de
queimaduras em cuidados intensivos: scoping review. OSF Preprints, 29 mar.
2022. Web. Link de acesso: https://osf.io/xfevw. Acesso em: 2 mar. 2023.

177
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tema de aprendizagem, você estudou:

• Que as situações especiais na assistência ao paciente são variáveis e possuem


especificidades e desta forma, o enfermeiro precisa manter-se atualizado em
coerência com os preceitos éticos e científicos das condições de saúde.

• As dinâmicas de compreensão de caso de um paciente em emergência psiquiátrica


e intoxicação exógena, incentivando o acolhimento e a vinculação dos sujeitos do
cuidado durante a Consulta de Enfermagem.

• Os fatores de sofrimento causados por acidentes com animais peçonhentos e outros


animais, além do choque elétrico, orientando os cuidados de enfermagem a partir
das necessidades do paciente e a avaliação dos fatores causadores do trauma.

• O manejo da crise hipertensiva em serviços de urgência e emergência, como foco


na identificação dos fatores causadores, patologias pregressas e a articulação da
avaliação de enfermagem na qualidade da assistência oferecida ao paciente.

178
AUTOATIVIDADE
1 A Hipertensão Arterial Sistêmica pode ser definida como uma condição multifatorial
caracterizada pela alteração significativa na pressão arterial. Os cuidados relacionados
à Hipertensão Arterial Sistêmica incluem o uso de medicações anti-hipertensivas e a
reeducação de hábitos importantes. Sobre os hábitos relacionados ao tratamento da
Hipertensão Arterial Sistêmica e por consequente a redução de Crises Hipertensivas,
assinale a alternativa correta.

a) ( ) Aos indivíduos hipertensos é indicado que seja praticada atividade física diariamente,
com o tempo mínimo determinado de duas horas.
b) ( ) Práticas como meditação e yoga ajudam na redução do estresse e por consequência
ajudam na diminuição da pressão arterial.
c) ( ) A realização de exames de sangue a cada três meses são uma forma de prevenção
das crises hipertensivas.
d) ( ) Os pacientes hipertensos precisam manter acompanhamento nutricional por toda a
vida, devido a constante reeducação alimentar que necessitam.

2 Os acidentes com animais peçonhentos, bem como outros animais, podem ocasionar
diferentes agravos e até mesmo o óbito do paciente. Este tipo de acidente é compreendido
como aquele em que o animal injeta algum tipo de veneno no organismo humano por meio
de picada ou outras vias. No contexto de atendimento a vítima na urgência e emergência é
correta a seguinte afirmativa:

a) ( ) É importante que o enfermeiro realize a aplicação do torniquete junto ao membro


atingido pelo acidente com animal peçonhento, fato que aumenta a chance de sobrevida
do paciente por dificultar a chegada do veneno no coração.
b) ( ) Independente do local em que ocorra a picado do animal, é importante que o
enfermeiro aplique medicação para a dor, com preferência para a via intramuscular,
oferecendo qualidade de vida para o paciente e a família.
c) ( ) O atendimento de enfermagem visa administrar o antídoto contra o veneno após a
identificação do animal causador, a higienização e proteção do local afetado, hidratação
do indivíduo na maioria das vezes via endovenosa, manutenção da calma do paciente e
acompanhante (caso presente) e observar frequentemente a evolução do caso.
d) ( ) O enfermeiro deve estimular o paciente a retornar para o domicílio e capturar o animal
causador do acidente, para posteriormente iniciar os cuidados terapêuticos.

3 O atendimento na emergência psiquiátrica é uma questão complexa para a assistência


de enfermagem, fato que conduz ao profissional a conhecer mais o processo de saúde e
doença do paciente. Sobre a assistência de enfermagem ao paciente em risco de suicídio
é correto afirmar:

179
a) ( ) A assistência de enfermagem deve ser incisiva, focada em descobrir o problema do
indivíduo e curar as necessidades.
b) ( ) O acolhimento e a vinculação com o paciente compõem as ferramentas mais eficazes
para a assistência de enfermagem.
c) ( ) A avaliação de enfermagem possui o dever de induzir o cliente por novas práticas e
esquecer do problema inicial.
d) ( ) Para a Consulta de Enfermagem é importante que o enfermeiro convoque o grupo
familiar e amigos para participar do momento junto com o paciente, trabalhando todas as
questões em conjunto e dando abertura para opinião de todos.

4 O atendimento de enfermagem ao paciente com trauma por choque elétrico é um


desafio, cuja necessidade de atenção no levantamento da cinemática do trauma define a
sobrevivência ou não do mesmo. Assim, é imprescindível que o enfermeiro compreenda e
identifique as lesões causadas pelo choque elétrico, as quais estão diretamente ligadas com
o agente causador. Neste contexto, descreva os três principais traumas oriundos do choque
elétrico.

5 O manejo do paciente em crise hipertensiva deve ser constante e detalhado para o correto
direcionamento da assistência. O enfermeiro que atua no serviço de urgência e emergência
está ciente da gravidade do caso e necessidade de realizar a Consulta de Enfermagem
completa e de forma holística. Neste contexto, descreva os pontos importantes que o
enfermeiro precisa estar atento e realizar na assistência ao paciente em crise hipertensiva.

180
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