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Indice

Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo


As Devoçõ es de Santo Anselmo
Proslogium; Monó logo; Um apê ndice em nome do tolo por Gaunilon; e
Cur Deus Homo
As Obras Completas de Santo Anselmo
Santo Anselmo de Cantuária

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As Obras Completas de Santo Anselmo

Í
1. Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
2. As Devoçõ es de Santo Anselmo
3. Proslogium; Monó logo; Um apê ndice em nome do tolo
por Gaunilon; e Cur Deus Homo
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo

Í
1. Introduçã o
2. Primeira Meditaçã o: Da Dignidade e da Ai da Propriedade
do Homem.
3. Segunda Meditaçã o: Do Julgamento Terrı́vel: Para
Despertar o Medo em Si Mesmo.
4. Terceira Meditaçã o: Um lamento de virgindade
tristemente perdida.
5. Quarta Meditaçã o: Ensinando o Pecador a Melhorar a Si
Mesmo pela Emenda de Seus Pecados.
6. Quinta Meditaçã o: [§ 22] Sobre a Vida da Alma e da Carne,
[§ 23] E Da Gló ria da Boa Alma, [§ 24] E A Misé ria Da
Alma Perversa, Em Sua Partida Do Corpo.
7. Sexta Meditaçã o: Concebida para preparar o coraçã o
contra o desespero, pois sem dú vida encontraremos a
verdadeira misericó rdia para todos os nossos pecados se
izermos a verdadeira penitê ncia.
8. Sé tima Meditaçã o
9. Oitava Meditaçã o: O Discurso do Penitente a Deus Seu Pai.
10. Nona Meditaçã o: Da Humanidade de Cristo.
11. Dé cima Meditaçã o: [§ 50.] Da Paixã o de Cristo.
12. Dé cima Primeira Meditaçã o: Da Redençã o da
Humanidade.
13. Dé cima Segunda Meditaçã o: Da Humanidade de Cristo.
14. Dé cima Terceira Meditaçã o: De Cristo.
15. Dé cima Quarta Meditaçã o
16. Dé cima quinta meditaçã o: da memó ria dos benefı́cios
passados de Cristo, da experiê ncia dos benefı́cios
presentes e da esperança do futuro.
17. Dé cima Sexta Meditaçã o: Dos Benefı́cios Presentes de
Deus.
18. Dé cima Sé tima Meditaçã o: Dos Futuros Benefı́cios de
Deus.
19. Dé cima Oitava Meditaçã o: Açã o de Graças pelos
Benefı́cios da Divina Misericó rdia e Oraçã o pela
Assistê ncia Divina.
20. Dé cima nona meditaçã o: da doçura da divina majestade e
de muitas outras coisas.
21. Vigé sima Meditaçã o
22. Vigé sima Primeira Meditaçã o: [§ 103. A Alma do Homem
Incitada a Buscar e Encontrar Seu Deus. A mente
despertada para a contemplaçã o de Deus.]
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
I

T
HE Sé de Canterbury, em um perı́odo de pouco mais de cem
anos, foi ocupada por trê s dos maiores santos da Inglaterra —
St. Anselmo, Sã o Tomá s e Sã o Edmundo. Esses trê s,
maravilhosos em sua perfeiçã o, cada um distinto do outro, e nos dons
que constituı́am essa perfeiçã o, tinham todos uma tarefa, que era
reivindicar a liberdade e a pureza da Igreja pelo sofrimento, pelo exı́lio
e, embora apenas um recebeu a coroa do má rtir, pelo sacrifı́cio da
vontade de um má rtir. No entanto, quã o variadamente o Espı́rito Santo
os amadureceu e os formou! A principal perfeiçã o de Santo Anselmo foi
a iluminaçã o do intelecto especulativo pelos dons da ciê ncia e do
entendimento: a de Sã o Tomá s, a elevaçã o e grandeza da vontade pela
fortaleza e santo temor; a de Sã o Edmundo, a santi icaçã o do intelecto
prá tico pela os dons do conselho e da sabedoria.

As obras de Santo Anselmo exibem uma luz intelectual, ordem,


sutileza, penetraçã o e precisã o que lhe conferem um lugar de destaque
entre os teó logos escolá sticos de quem foi o precursor e o guia. Mas
mesmo no mais puro exercı́cio intelectual da razã o, seus escritos sã o
permeados pelo dom da piedade, que faz sentir sensivelmente seu
calor. Ele pode ser considerado como o tipo de fé , prestando a Deus o
serviço racional do intelecto. Este rationabile obsequium , que é a mais
alta perfeiçã o da inteligê ncia humana, brota da fé . A razã o precede a fé
de fato no julgamento dos motivos da credibilidade: e o ú ltimo ato da
razã o no julgamento da evidê ncia precede o primeiro ato de fé em
acreditar na revelaçã o de Deus. Mas quando a revelaçã o é recebida uma
vez, a graça da fé é desdobrada pelo dom do intelecto na fé que é um
dos doze frutos do Espı́rito Santo. A fé como virtude ilumina a
inteligê ncia, mas a fé como fruto do Espı́rito Santo compreende, na
medida em que Deus permite, a razã o intrı́nseca do que crê . Santo
Anselmo explica todo o seu mé todo nestas palavras: "Assim como a
ordem correta exige que primeiro creiamos nas coisas profundas da fé
cristã antes de nos aventurarmos a discuti-las pelo raciocı́nio, parece-
me negligê ncia se, depois de somos con irmados na fé , nã o devemos
nos esforçar para entender o que acreditamos.'[ 1 ] Aqui temos seu
mé todo em direta contradiçã o com o racionalismo destes ú ltimos dias,
que faz da razã o o teste, a medida e o crité rio da fé . , destruindo assim a
essê ncia da fé , bem como a maté ria proposta à sua crença. Como diz
Santo Agostinho: 'Se você pedir a mim, ou a qualquer outro mé dico, nã o
sem razã o, que você possa entender o que você acredita, corrija sua
de iniçã o, nã o para rejeitar a fé , mas para perceber pela luz da raciocine
as coisas que pela irmeza da fé você já tem. . . . Portanto, foi
razoavelmente dito pelo Profeta: "A menos que você acredite, você nã o
entenderá ",'[ 2 ] entã o Santo Anselmo começa onde ele prefere. E, de
fato, é por esta razã o que eles foram divididos em seçõ es; [ 3 ] que o
leitor possa escolher facilmente um lugar para começar ou parar,
evitando assim o cansaço e o aborrecimento que seriam produzidos por
uma aplicaçã o muito prolongada ao livro ou pela repetiçã o repetida de
uma e mesma passagem; e que ele pode, assim, ser o mais prová vel de
colher algumas disposiçõ es piedosas deles; pois esse era o im em vista
em sua composiçã o.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
P M
[§1.] I. Nossa criação à imagem e semelhança de Deus . Desperta, minha
alma, desperta; agite tuas energias, desperte tua apreensã o; bana a
preguiça de tua preguiça mortal, e leva a ti solicitude por tua salvaçã o.
Seja a divagaçã o de fantasias inú teis postas em fuga; deixe a indolê ncia
se retirar e a diligê ncia seja mantida. Aplique-se aos estudos sagrados e
ixe seus pensamentos nas bê nçã os que sã o de Deus. Deixe as coisas
temporais para trá s e faça para as eternas.

O que, entã o, em tã o divina ocupaçã o da mente, tu podes conceber


mais ú til ou mais salutar do que recordar em deleite meditando os
benefı́cios ilimitados de teu Criador para ti? Considera que grandeza e
que dignidade Ele te concedeu no inı́cio de tua criaçã o, e pondera bem
que amor e que adoraçã o deves, portanto, prestar-Lhe.

Certamente foi um nobre propó sito que Ele formou para a


dignidade de teu estado, quando, criando e ordenando a estrutura
universal da criaçã o visı́vel e invisı́vel, Ele decidiu fazer o homem; pois
Ele determinou prodigalizar honras mais ricas à natureza do homem do
que a todas as outras criaçõ es do universo. Contempla tua origem
sublime, e pensa em ti no amor que deves ao teu Criador. 'Façamos o
homem', disse Deus, 'à nossa imagem e semelhança' ( Gen. i. 26. ). Se
você nã o acordar com esta palavra, ó minha alma; se você nã o está todo
in lamado de amor por Ele por Sua tã o inefá vel graça de
condescendê ncia para com você ; se a tua medula mais ı́ntima nã o arde
de desejo por Ele, o que direi? Adormecido devo chamar-te? Ou devo
pensar que você está morto? Considere diligentemente, portanto, o que
é ter sido criado à imagem e semelhança de Deus; tens neste
pensamento o doce penhor de uma piedosa meditaçã o na qual tuas
re lexõ es podem ter plena execuçã o.

Observe, entã o, que a semelhança é uma coisa; imagem outra. Por


exemplo, o cavalo, o boi ou outro animal mudo pode ter certa
semelhança com o homem; mas a imagem do homem só é suportada
por um ser humano. O homem come, o cavalo també m; aqui está uma
certa semelhança, um certo algo comum a criaturas de diversos moldes.
Mas a imagem do homem só é suportada por algum ser humano, algum
ser da mesma natureza daquele homem cuja imagem ele é . A imagem,
portanto, é de ordem superior à semelhança.

A semelhança de Deus, entã o, pode ser alcançada por nó s desta


maneira; se, meditando sobre Ele como o Bem, estudamos para ser
bons; se, possuindo Ele o Justo, nos esforçamos para ser justos; se,
contemplando-O, o Misericordioso, nos esforçarmos por misericó rdia.

Mas como a Sua Imagem? Ouço. Deus sempre se lembra de Si


mesmo, compreende a Si mesmo, ama a Si mesmo. Se tu, portanto, à tua
pobre moda, está s incansavelmente atento a Deus, se tu compreendes a
Deus, se tu amas a Deus, entã o será s homem 'à Sua imagem'; pois você
estará se esforçando para fazer o que Deus faz eternamente. E dever do
homem dedicar todo o seu ser a essa tarefa; a tarefa de lembrar, de
compreender e de amar o Bem Supremo. Para esta idé ia deve cada
pensamento e cada curva e dobra de teu coraçã o ser moldado,
perseguido e formado; estar atento a Deus, compreendê -lo e amá -lo; e
assim exibir e exibir salvi icamente a dignidade de tua origem em que
foste criado à imagem de Deus.

Mas por que dizer que você foi criado à Sua Imagem, quando,
como o Apó stolo testi ica, você é de fato Sua Imagem? 'O homem', diz
ele, 'nã o deve cobrir a cabeça, porque ele é a imagem e gló ria de Deus' (
1 Cor. xi. 7 ).

[§ 2.] II. Louvar a Deus eternamente o im de nossa criação . Sã o,


entã o, esses benefı́cios tã o incalculá veis de teu Criador incentivos
su icientes para ti para açõ es de graças contı́nuas em troca, e para
quitar a dı́vida de um amor sem im; quando você considera que do
nada - antes, do barro - você foi elevado por Sua generosidade a uma
dignidade tã o excelente no inı́cio de seu estado? Teste sua vida,
portanto, pelo sentimento de mestre dos santos, e observe bem o que é
dito do santo, 'Com todo o seu coraçã o ele louvou ao Senhor' ( Ecclus.
xlvii. 10 ). Contemple o im de sua criaçã o, contemple a tarefa que lhe
foi dada como servo de Deus! Por que Deus te agraciou com o privilé gio
de tantos ilustres, se Ele nã o quis que você se aplicasse
incessantemente ao louvor de Si mesmo? Tu foste criado para a gló ria
de teu Criador, para que, fazendo de Seus louvores teu emprego, possas
sempre avançar em direçã o a Ele pelo mé rito da justiça nesta vida, e
possas viver feliz no mundo vindouro. Pois o louvor a Ele produz o fruto
da justiça aqui e da bem-aventurança no futuro.

E se você O louva, louve-O com todo o seu coraçã o, louve-O


amando; pois esta regra de louvor foi estabelecida para os santos - 'Com
todo o seu coraçã o ele louvou ao Senhor, e amou a Deus que o fez' (ib.).
Louve entã o, e louve de todo o teu coraçã o; e a quem tu louvas,
ama; pois para isso foste criado, para louvá -lo e també m amá -lo. Pois
aquele homem louva a Deus, mas nã o de todo o coraçã o, que é
encantado pela prosperidade para abençoar a Deus, mas impedido pela
adversidade do privilé gio de abençoar; enquanto aquele homem louva,
mas sem amar, que em meio aos seus louvores a Deus busca algum
outro bem em louvar que nã o seja o pró prio Deus. Louve, portanto, e
louve corretamente; de tal maneira que nã o haja em ti nenhum cuidado,
nenhum objetivo, nenhum pensamento, nenhuma inclinaçã o de mente
ansiosa, sem inspiraçã o de louvor a Deus, graça ajudando-te. Do louvor
a Ele, que nenhuma prosperidade desta vida presente te seduza, nem
nenhuma adversidade te restrinja; pois assim o louvará s de todo o teu
coraçã o. Mas quando você O louvar com todo o seu coraçã o, e louvar
com a homenagem de seu amor també m, entã o você nã o desejará nada
Dele senã o Ele mesmo, e você orará para que o objeto de seu desejo
seja Deus ; a recompensa do teu trabalho, Deus ; teu consolo nesta vida
de sombras, Deus ; tua posse naquela vida feliz por vir, Deus .

Sim, de fato, você foi criado para isso; louvá -lo e louvá -lo sem im;
que você entã o entenderá mais completamente quando, extasiado pela
visã o abençoada de Si mesmo, você verá que por Sua bondade ú nica e
gratuita você , quando você nã o era, foi criado do nada; tã o abençoado, e
para tal felicidade indescritı́vel criada; criado, chamado, justi icado,
glori icado. Tal contemplaçã o te dará um amor incansá vel de louvá -Lo
sem im; de quem, e por meio de quem, e em quem você se alegrará em
ser abençoado com bê nçã os tã o grandes e tã o imutá veis.
[§ 3.] III. Onde quer que estejamos, vivemos, nos movemos e estamos
Nele; enquanto também O temos dentro de nós . Mas, voltando da bem-
aventurança que há de ser, com os olhos da contemplaçã o considere por
um momento a abundâ ncia de graça com a qual Ele te enriqueceu
mesmo nesta vida fugaz. Ele, o pró prio Deus, cuja morada está no cé u,
cujo trono entre os anjos, aquele a quem o cé u e a terra, com tudo o que
contê m, se inclinam e obedecem, ofereceu-se a ti como tua morada, e
forneceu e preparou a sua presença para ti; pois, como o Apó stolo
ensina, 'Nele vivemos, e nos movemos, e existimos' ( Atos xvii. 28 ).
Entã o, para viver, que doce! Entã o, para se mexer, que adorá vel! Assim
seja, quã o desejá vel! Pois o que é mais doce do que ter vida nAquele
que é a pró pria vida da bem-aventurança? O que há de mais amá vel do
que governar cada movimento de vontade ou ato nosso em direçã o a
Ele e nEle, visto que Ele nos estabelecerá em uma segurança sem im? O
que há de mais desejá vel do que na aspiraçã o e no agir cada vez mais
nEle ser, em quem somente - ou melhor, somente quem - é o verdadeiro
ser, e sem o qual ningué m pode ser corretamente? 'EU SOU QUEM SOU',
Ele diz ( Ex. iii. 14 ); e lindamente dito que é , pois somente Ele é
verdadeiramente, cujo Ser é imutá vel. Ele, portanto, cujo Ser tã o
inacessı́vel está sendo em um sentido tã o transcendente e ú nico que
somente Ele é verdadeiramente; em comparaçã o com quem todo ser
nã o é ser; quando Ele te criou para uma excelê ncia tã o grande que você
nã o poderia sequer compreender o brilho de sua dignidade, o que Ele
estabeleceu como a esfera de seu ser, que lugar de morada Ele forneceu
para você ? Ouça Ele mesmo falando aos Seus no Evangelho,
'Permanecei em Mim, e Eu em vó s' (St. xv. 4 ). O condescendê ncia
inconcebı́vel! O bem-aventurada permanê ncia! O glorioso intercâ mbio!
Que condescendê ncia do Criador, querer que Sua criatura nele tenha
morada! Que inconcebı́vel bem-aventurança da criatura, habitar no
Criador! Quã o grande gló ria de uma criaçã o racional ser, por um
intercâ mbio tã o abençoado, associada ao Criador, como que Ele nela e
ela Nele deveria ter sua morada! Sim, Ele de Sua misericó rdia quis que
nó s, tã o altamente enobrecidos em nossa criaçã o, tivé ssemos a
dignidade de habitar nEle. Ele, governador de todas as coisas, sem
cuidado ou solicitude sobre tudo; Ele, fonte e fundamento de todas as
coisas, sem fadiga sustentando tudo; Ele, superexcelente acima de todas
as coisas, sem vangló ria transcendendo tudo; Ele, abraçando cada coisa
que é , sem extensã o de Si mesmo envolvendo tudo; Ele, a plenitude de
todas as coisas, sem se estreitar, cumprindo tudo – sim, de fato, Ele,
embora Sua Presença nã o falte em nenhum lugar, escolheu para Si um
reino de delı́cias dentro de nó s; o Evangelho dando testemunho onde
diz: 'O Reino de Deus está dentro de você ' (Sã o Lucas xvii. 21 ). E se o
reino de Deus está dentro de nó s, e se Deus habita em Seu reino, aquele
cujo reino está dentro de nó s nã o permanece em nó s? Claramente
assim; pois, da mesma maneira, se Deus é sabedoria, e se a alma do
justo é a morada da sabedoria, aquele que é verdadeiramente justo tem
Deus habitando nele. E o Apó stolo diz: 'O templo de Deus é santo,
templo que sois' ( 1 Cor. iii. 17 ).

Portanto, aplique-se incansavelmente à busca da santidade, para


que nã o deixe de ser o templo de Deus. Ele mesmo diz dos Seus: 'Eu
habitarei neles e andarei neles' ( 2 Cor. vi. 16 ). Nã o duvide, portanto,
que onde quer que haja almas santas, ali Ele está nelas. Pois se você
está naqueles membros seus que você vivi ica, totalmente e em todas as
suas partes, quanto mais Deus, que criou você e seu corpo, está
totalmente presente em você por completo? E teu dever, entã o, pensar
com a mais intensa devoçã o com que consideraçã o e com que
reverê ncia devemos controlar esses sentidos e esses membros de nosso
corpo, sobre os quais a pró pria Divindade está no comando.
Ofereçamos, portanto, como convé m, todo o impé rio de nosso coraçã o a
um morador tã o grande, que nada em nó s possa se rebelar contra Ele;
mas que todos os nossos pensamentos, todos os movimentos de nossa
vontade, todas as nossas palavras, e todo o curso e teor de nossas açõ es
possam esperar por Sua vontade, permanecer obedientes à Sua vontade
e conformar-se à Sua regra de direito. Pois assim seremos
verdadeiramente Seu reino, e Ele permanecerá em nó s; e nó s,
permanecendo nEle, viveremos corretamente.

[§ 4.] IV. Todos nós que fomos batizados em Cristo nos revestimos de
Cristo . Desperta-te, minha alma; desperte-se, e deixe o fogo de um
amor do cé u brilhar em suas partes mais ı́ntimas, e aprenda
cuidadosamente a dignidade concedida a você por seu Senhor Deus; e
aprendizado, amor; e amoroso, reverencie com os endereços de uma
prá tica sagrada. Aquele que te designou uma habitaçã o em si mesmo, e
se dignou habitar em ti, nã o te veste, te adorna e te adorna consigo
mesmo? 'Todos você s', diz o Apó stolo, 'que foram batizados em Cristo,
se revestiram de Cristo' ( Gá latas iii. 27 ). Que valor digno de louvor,
entã o, e de agradecimento tu dará s Aquele que te investiu de tal graça e
te exaltou a tã o grande dignidade, que com a mais feliz explosã o de
alegria do teu coraçã o você pode muito bem exclamar: 'Ele me vestiu de
as vestes da salvaçã o, e com o manto da justiça Ele me cobriu' ( Is. lxi.
10 )? Para os anjos de Deus, contemplar Cristo é a alegria suprema; e,
eis, de Sua in inita condescendê ncia, Ele se inclinou para ti tã o baixo
que deseja que você seja vestido com Ele. Que tipo de roupa pode ser,
senã o aquela de que o apó stolo se gloria quando diz: 'Cristo . . . é feito
para nó s de Deus sabedoria e justiça e santi icaçã o' ( 1 Cor. i. 30 )? E
com que vestes majestosas Ele poderia ter te enfeitado mais ricamente
do que com o amuleto da sabedoria, a vestimenta da justiça, a bela
cobertura da santi icaçã o?

[§ 5.] V. Nós somos o Corpo de Cristo . No entanto, por que eu


deveria dizer que Cristo te vestiu com Si mesmo, quando Ele te uniu a Si
tã o intimamente a ponto de escolher que na unidade da Igreja você seja
de Sua pró pria Carne? Ouça o apó stolo quando ele apresenta o
testemunho das Escrituras: 'Eles dois serã o uma só carne; Falo em
Cristo e na Igreja' ( Ef. v. 32 ). E, em seguida, medite novamente sobre a
proximidade da uniã o de seu esponsal. 'Vó s sois', diz ele, 'o Corpo de
Cristo e membros de membros'. Trate, entã o, teu corpo e seus membros
com o respeito que lhes parece; para que, se você os tratar
injustamente por qualquer administraçã o negligente, seja submetido a
uma puniçã o tã o severa por seu uso indigno, quanto seria coroado com
um prê mio mais nobre por tratá -los como mereciam. Teus olhos sã o os
olhos de Cristo; portanto, você nã o pode voltar seus olhos para
contemplar qualquer tipo de vaidade; pois Cristo é a Verdade, a quem
toda vaidade se opõ e inteiramente. Tua boca é a boca de Cristo;
portanto nã o podes – nã o falo de detraçõ es, nem de mentiras – nã o
podes abrir para falas ociosas aquela boca que deveria ser reservada
apenas para o louvor de Deus e a edi icaçã o do teu pró ximo.
Assim, també m, você deve pensar nos outros membros de Cristo
con iados à sua guarda.

[§ 6.] VI. Em Cristo somos um, e com Ele somos um Cristo . Mas olhe
mais fundo ainda, e veja em quã o ı́ntima você está unida a Ele. Ouça o
pró prio Senhor suplicando ao Pai pelos Seus: 'Eu quero', diz Ele, 'que
assim como Eu e Tu somos Um, eles també m podem ser Um em Nó s
(Sã o Joã o xvii. 21 ). Eu sou Teu Filho por natureza; que eles pela graça
sejam Teus ilhos e Meus irmã os.' Quã o alto privilé gio é este, que um
cristã o, mero homem como ele é , deve em Cristo ser tã o avançado a
ponto de ser, em certo sentido, chamado de Cristo! Uma verdade
apreendida por aquele iel dispensador da casa eclesiá stica, que disse:
'Todos nó s cristã os somos em Cristo um só Cristo.' E nã o é de admirar;
já que Ele é a Cabeça, nó s o Corpo; e Ele Noivo de uma vez e Noiva;
Esposo em Si mesmo e Esposa nas almas santas que Ele uniu a Si pelo
vı́nculo de um amor imortal. 'Como um Noivo Ele colocou uma mitra
em Minha Cabeça, e Me adornou como uma Noiva com ornamentos' ( Is.
lxi. 10 ).

Aqui, entã o, minha alma, considere bem Seus benefı́cios para ti;
queime da devoçã o a Ele; brilhar com chamas de desejo pela visã o
abençoada de Si mesmo; chama em voz alta, tocada com os ardores
ardentes de um amor ı́ntimo; e, derretida em anseios por Ele, irrompe
no clamor da esposa iel: 'Deixe-o beijar-me com os beijos de sua boca (
Cant. i. 1 ). Longe de minha alma, todo deleite fora Dele; que nenhum
apego, nenhum consolo da vida presente me seduza, enquanto Sua
presença bem-aventurada me for negada. Que Ele me abrace com os
braços de Sua caridade; que Ele me beije com sua boca de doçura
celestial; deixe que Ele fale comigo com aquele discurso inefá vel com o
qual Ele mostra Suas maravilhas secretas aos anjos.' Que este seja o
intercâ mbio de endereços entre o Noivo e a noiva; Eu abro meu coraçã o
para Ele, Ele revela Sua doçura escondida para mim. O minha alma,
vivi icada por re lexõ es como essas, e inspirada com o toque de um
desejo santo, esforça-te para seguir o Esposo; e diga a Ele: 'Desenhe-
me; correremos atrá s de Ti ao doce odor de Teus ungü entos' ( Cant. i. 3
). Entã o diga, e diga ielmente, nã o com um som rá pido de palavras, mas
com desejos que nunca podem esmorecer. Entã o fale para ser ouvido;
tanto desejo de ser atraı́do a Ele para poder seguir em frente.

Diga, portanto, ao seu Redentor e ao seu Salvador: 'Atrai-me apó s


Ti. Nã o deixe que os encantos do mundo me seduzam, mas a doçura de
Teu bem-aventurado amor me seduza. Foi-se o tempo em que fui
atraı́do pela minha pró pria vaidade; mas agora permita que Tua
verdade me atraia, me atraia atrá s de Ti. Desenha-me, pois Tu
desenhaste; guarda-me, porque me seguraste. Tu me atraiste para
redimir, me atraiste para salvar. Tu me atraiste em Tua piedade, me
atraiste para Tua bem-aventurança. Tu me agarraste, aparecendo entre
nó s feito Homem para nó s; guarda-me, guarda-me, agora que dominas
o cé u, exaltado acima dos anjos. E Tua palavra, Tua promessa. Tu
prometeste, dizendo: 'E eu, se for levantado da terra, atrairei todas as
coisas para mim' (Sã o Joã o xii. 32 ). Desenhe-me agora, portanto, Tu tã o
poderosamente exaltado, assim como Tu me atraiste, tã o
compassivamente humilhado. Tu ascendeste ao alto, deixe-me vê -lo; Tu
reinas sobre todas as coisas, deixe-me saber disso. Nã o sei, entã o, que
Tu reinas? Sim, sim, eu faço, e eu Te agradeço que eu faça. Mas deixe-me
saber por amor perfeito o que eu sei por pensamento piedoso de Ti;
deixe-me saber pela vista o que eu sei pela fé . Liga a Ti os desejos do
meu coraçã o com os laços de um amor indissolú vel, pois contigo está a
fonte e a fonte da minha vida. Deixe a unidade amorosa associar a quem
o amor redentor uniu. Pois Tu me amaste, Tu te entregaste por mim.
Que meus desejos estejam sempre no cé u contigo; que Tua proteçã o
esteja sempre comigo na terra. Ajuda este coraçã o, este coraçã o quase
quebrado com o desejo de Teu amor, como Tu o escolheste, quando
desprezou Teu amor. Dê -me agora que eu peço; pois quando eu nã o te
conhecia, tu me deste a ti mesmo. eu volto, ó leve-me para casa; pois
quando eu era um fugitivo Tu me chamaste de volta. Deixe-me dar
amor, para que eu tenha amor; antes, porque sou amado, deixe-me
amar-te cada vez mais, para que eu seja ainda mais amado por ti. Que a
vontade do meu coraçã o seja uma com a Tua; que meu ú nico objetivo
seja todo contigo; pois Contigo nossa natureza, assumida por Ti em
misericó rdia, agora reina glori icada. Deixe-me agarrar-me a Ti
inseparavelmente, e Te adorar incansavelmente, e Te servir
perseverantemente, e Te buscar ielmente, e Te encontrar com
felicidade, e Te possuir eternamente.' Empregando teu Deus com
palavras como estas, ó minha alma, pega fogo, e queima, e explode em
chamas, e anseia estar todo em chamas com anseios por Ele.

[§ 7.] VII. Uma consideração de nossos pecados, pelos quais nossa


consciência nos fere mais, e pela qual perdemos todas essas bênçãos . Mas
enquanto você considera para quais e quã o grandes bê nçã os você foi
promovido por Sua graça, re lita també m quais e quã o grandes você
tem por sua pró pria culpa renunciado, e em que males você caiu,
sobrecarregado por uma carga de pecados. Re lita com suspiros sobre
os males que você cometeu desenfreadamente; re lita com gemidos e
lá grimas sobre as bê nçã os que por esses mesmos males você
miseravelmente perdeu. Pois que bem nã o te derramou teu todo-
generoso Criador de Sua bondade? E que mal nã o lhe pagaste em
retribuiçã o, devassado em execrá vel impiedade? 'Tu rejeitaste o bem e
mereceste o mal; nã o, naufragou no bem e escolheu livremente o mal; e,
a graça de teu Criador sendo assim perdida, ou melhor, jogada fora, tu
incorreste miseravelmente em Sua ira. Nã o tens recursos para provar a
tua inocê ncia quando uma multidã o de males feitos por ti te cerca como
um exé rcito incontá vel, aqui te confrontando com teus atos profanos, ali
reunindo uma multidã o inumerá vel de palavras inú teis e, o que é mais
condená vel, de palavras prejudiciais. ; e lá novamente des ilando uma
sé rie in inita de pensamentos perversos. Estes, entã o, sã o o preço pelo
qual você renunciou a bê nçã os inestimá veis; para estes tu perdeste a
graça do teu Criador. Conjure-os e sofra por eles; lamentá -los e
renunciá -los; renunciá -los e condená -los; condene-os e mude sua vida
para um curso melhor. Lute com você mesmo no fundo do seu coraçã o,
para que nem por um momento você dê consentimento a qualquer tipo
de vaidade, seja no coraçã o, ou na lı́ngua, ou, pior de tudo, no ato. Que
haja uma luta diá ria, ou melhor, incessante em teu coraçã o, para que
nã o guardes qualquer tipo de aliança com tuas faltas. Sempre e
incessantemente examine-se severamente; perscruta as tuas
profundezas secretas; e, tudo o que você achar errado em você , por
uma reprovaçã o vigorosa, feri-lo, abatê -lo, machucá -lo, esmagá -lo,
arremessá -lo de ti e aniquilá -lo. Nã o te poupes, nã o te lisonjees; mas à
luz da manhã - isto é , à vista do ú ltimo julgamento, que, como o raio da
manhã , está quebrando na noite desta vida presente - mate todos os
pecadores da terra - isto é , , os pecados e delinquê ncias de tua vida
terrena - e assim destruir da cidade de Deus que deves construir para
Ele em ti mesmo todos aqueles que praticam a iniqü idade - isto é , todas
as sugestõ es diabó licas, todos os prazeres odiosos a Deus, todos os
consentimentos mortais, todos os atos perversos. De todos eles deves
tu, como a cidade de Deus, ser completamente puri icada, para que
assim teu Criador possa encontrar, possuir e manter em ti uma morada
agradá vel a Si mesmo. Nã o seja daqueles cuja obstinaçã o o pró prio
Deus parece lamentar quando diz: 'Nã o há ningué m que considere em
seu coraçã o, e diga: Que iz eu?' ( Is. lvii. 1. ) Se devem ser rejeitados
aqueles que se recusaram a corar e acusar-se pelos pecados que
cometeram, você pode deixar de acusar, julgar e com estrita disciplina
castigar a si mesmo? Reveja, entã o, em cuidadosa re lexã o as inú meras
bê nçã os com que teu Criador te enobreceu, nenhum mé rito de tua
pró pria intervençã o, e lembre-se de teus incontá veis males, tua ú nica
resposta – Oh, quã o perversa e imerecida! por todos aqueles Seus
benefı́cios; e clamar nas dores de uma grande dor: 'O que eu iz?
Provocou meu Deus, desa iou a ira do meu Criador, retribuiu a Ele
inumerá veis males por bens incalculá veis. O que eu iz?' E falando
assim, rasgue, rasgue teu coraçã o, derrame suspiros, derrame chuvas
de lá grimas. Pois se nã o choras aqui, quando chorará s?

E se a Face desviada de Deus nã o te excita à contriçã o – uma Face


evitada de teus pecados – pelo menos deixe que as intolerá veis dores
do inferno, que esses pecados provocaram, quebrem seu coraçã o duro.
Volta entã o, alma pecadora, volta para ti. Tira teu pé do inferno;
assim poderá s escapar dos males que te sã o devidos e recuperar os
bens perdidos dos quais tã o justamente te privaram; pois se você voltar
com prazer para seus pró prios males, entã o todos os bens dados a você
por Ele serã o perdidos e jogados fora. Cabe a ti, portanto, sempre
manter um olhar estrito sobre eles, e principalmente aqueles de que
tua consciê ncia te acusa mais amargamente, para que Ele possa desviar
deles Seu olhar de ira. Pois se você desvia seus pecados com a devida
intençã o de satisfazê -los, Ele desvia Seu olhar de retribuiçã o. Se você
esquecer, Ele se lembra.

[§ 8.] VIII. Uma revisão da Encarnação de nosso Senhor, por meio da


qual recuperamos todas essas perdas . E para que possam ser libertados
deles, pense nas compaixõ es de teu Redentor para contigo. Na verdade,
foste cegado pela culpa do pecado original, e nã o pudeste esquadrinhar
as alturas reais do teu Criador. Pecados como uma né voa te envolveram;
tu estavas à deriva para os reinos das trevas, e, arrastado pela corrente
rodopiante de tuas faltas, tu estavas correndo para as trevas eternas;
quando eis que teu Redentor aplicou o colı́rio de Sua Encarnaçã o em
teus orbes cegos, de modo que, embora nã o pudesses discernir Deus
brilhando na câ mara secreta de Sua Majestade, tu poderias, de qualquer
forma, contemplá -Lo manifestado no homem; e vendo, possui; e
possuir, amor; e amoroso, esforce-se com todas as suas forças para
chegar inalmente à Sua gló ria. Ele estava Encarnado para te chamar de
volta a um estado espiritual; Ele se tornou participante de tua sorte
mutá vel para te fazer participante de Sua imutabilidade; Ele se rebaixou
à tua humildade para que pudesse te elevar à s Suas alturas.
Ele nasceu de integridade virginal para curar a corrupçã o de nossa
natureza rebelde; circuncidado, para ensinar ao homem o dever de
eliminar todos os excessos, seja do pecado ou da fragilidade; e
oferecido no templo e acariciado por uma santa viú va, para ensinar
Seus ié is a freqü entar a casa de Deus, e almejar pela busca da
santidade merecer recebê -Lo para si mesmos. Ele foi abraçado pelo
idoso Simeã o, que cantou Seu louvor, para que pudesse demonstrar-nos
Seu amor pela vida só bria e cará ter amadurecido; e batizado, para que
assim santi icasse para nó s o Sacramento do Batismo. E quando no
Jordã o, inclinando-se para o batismo pelas mã os de Joã o, Ele ouviu a
Voz do Pai e recebeu o advento do Espı́rito Santo sob a igura de uma
pomba, foi para nos ensinar como permanecer em invariá vel humildade
de alma – como é sugerido pelo Jordã o, que é por interpretaçã o que eles
descem – e assim ser favorecido com a conversa com nosso Pai celestial,
de quem se diz que 'Sua comunicaçã o é com os simples' ( Prov. iii. 32 ),
e exaltado pela presença do Espı́rito Santo, que descansa com os
humildes; també m pelas mã os de Joã o, um nome que signi ica a graça
de Deus , que, tudo o que recebemos de Deus, atribuı́mos tudo à Sua
graça, nã o aos nossos mé ritos. E quando Ele completou Seu jejum de
quarenta dias, e foi gloriosamente cuidado por anjos ministrantes, Ele
nos ensinou como, afastando-se das tentaçõ es das coisas transitó rias,
durante todo o curso da vida presente, para pisar o mundo e o prı́ncipe
de o mundo sob nossos pé s, e assim ser guardado por tropas de anjos.
Durante o dia Ele conversa com o povo, pregando o Reino de Deus para
eles, e edi ica as multidõ es crescentes por Seus milagres e Sua doutrina;
à noite Ele freqü enta a montanha e passa o tempo em oraçã o:
sugerindo-nos como, uma vez, conforme a oportunidade oferece, para
apontar o caminho da vida, de acordo com nossa medida, por palavra e
por exemplo para nossos vizinhos entre os quais viver; como, por outro
lado, nos entregar à solidã o pensativa, e subir a colina das virtudes, e
ansiar pelas doçuras da alta contemplaçã o, e com desejo incansá vel
dirigir a inclinaçã o de nossa alma para as coisas do alto. E no monte que
Ele é trans igurado diante de Pedro, Tiago e Joã o; insinuando-nos assim
que, se como Pedro (que é interpretado reconhecendo ) reconhecemos
humildemente nossa enfermidade, se nos esforçamos para ser
suplantadores de vı́cios (pois Tiago, ou Jacó , signi ica suplantador ), e
nos esforçamos ielmente para nos render à graça de Deus (pois isto é
signi icado pelo nome de Joã o), todos subiremos alegremente a essa
montanha celestial, e teremos a gló ria de Jesus; Jesus nosso pró prio Rei
sendo nosso Guia. Foi em Betâ nia que Ele despertou Lá zaro do sono
(Betâ nia é interpretada como a casa da obediê ncia); mostrando assim
que todos os que pelo esforço de um direito morrerã o para este mundo
e descansarã o no seio da obediê ncia, serã o despertados por Ele para a
vida eterna. Con iando Seu Corpo e Sangue a Seus discı́pulos na ceia
mı́stica, Ele humildemente lavou seus pé s; ensinando-nos que os
terrı́veis ministé rios do altar devem ser celebrados com pureza de açã o
e piedosa humildade de espı́rito. E entã o, ou nunca Ele foi exaltado na
gló ria de Sua santa ressurreiçã o, Ele suportou as zombarias e os
discursos á speros de homens pé r idos, a vergonha da Cruz, a amargura
do fel e, inalmente, a morte; em tudo isso admoestando os seus, para
que aqueles que desejam alcançar a gló ria apó s a morte nã o apenas
suportem com serenidade as labutas e angú stias da vida presente, e as
opressõ es dos ı́mpios, mas amem todas as durezas que este mundo
pode dar. , por causa dos guerdons por toda a eternidade; deve amá -los,
cortejá -los e agradecê -los.

Estes, portanto, tã o gloriosos e incontá veis benefı́cios do teu


Criador, se te esforçares por ponderá -los dignamente, abraçá -los com
devoçã o e imitá -los com um amor fervoroso, nã o só recuperará s as
coisas boas perdidas para ti atravé s do teu primeiro pai. , mas pela
graça indescritı́vel de teu Salvador terá s bens muito mais elevados para
tua posse por toda a eternidade. Pois teu pró prio Deus sendo feito teu
irmã o pelo misté rio da Encarnaçã o, que alegria indescritı́vel Ele nã o te
segurou contra o dia em que você verá sua natureza exaltada em Sua
Pessoa sobre toda a criaçã o!

[§ 9.] IX. O dever de orar para ser retirado do poço da miséria e da


lama da escória . O que resta entã o senã o, considerando devidamente
todas essas coisas, por todos os meios possı́vel despertar os ardores de
teu coraçã o para a obtençã o de tã o grandes bê nçã os, e implorar Aquele
que te criou para sua posse, que te tire do poço da misé ria e da a lama
da escó ria, e fazer-te possuidor de tã o grande felicidade? Pois o que é o
'poço da misé ria' senã o o abismo do desejo mundano? E o que é o 'lodo
da escó ria' senã o a imundı́cie do prazer carnal? Pois estes, isto é , a
cupidez e o prazer, sã o dois laços ou coleiras pelas quais a raça humana
é controlada e retida para que nã o alcance a bendita liberdade da
contemplaçã o celestial. Pois, na verdade, o desejo terreno é um poço de
misé ria, um poço que engole a alma que ela escravizou por inú meros
desejos, e arrasta, tã o fortemente quanto as correntes nunca poderiam
arrastar, para um abismo de vı́cios; e depois permite que ela nã o
descanse. Pois a mente do homem, uma vez esmagada pelo jugo da
cupidez, é dissipada de fora pelo amor à s coisas visı́veis e distraı́da de
dentro por paixõ es con litantes. Trabalho em adquirir, ansiedade em
multiplicar, prazer em possuir, medo de perder, angú stia por ter
perdido; tudo isso a destroça, nem lhe permite ver o perigo que corre.
Este é o poço da misé ria, e esses sã o os males com que a cupidez
mundana para sempre o armazena. Desta cova foi que o abençoado
Davi se alegrou por ter sido resgatado, quando irrompeu em açã o de
graças e exclamou: 'Ele me tirou da cova da misé ria e da lama da
escó ria' ( Sl. xxxix. 3 ) .

E o 'lodo de escó ria', o que é isso? E o deleite do prazer impuro.


Clame em voz alta, entã o, com o abençoado Davi, e diga ao teu Criador:
'Tira-me da lama, para que eu nã o ique preso' ( Sl. lxviii. 15 ). Puri ica
teu coraçã o de toda mancha de deleite carnal, exclui de tua alma as
re lexõ es impuras, se realmente desejas livrar-te da imundı́cie desta
lama. Mas quando por penitê ncia, por con issã o, por lá grimas, por
cuidadosamente convidando pensamentos santos ao coraçã o, você
escapou, entã o tenha cuidado para nã o cair para trá s; mas do fundo do
teu coraçã o suspira à vista de Deus, e implora a Sua misericó rdia para
que Ele ponha os teus pé s sobre a rocha; peça a Ele, isto é , que
estabeleça as afeiçõ es de seu coraçã o na força de Cristo; que tua mente
possa enraizar-se na base só lida da justiça, agarrando-se
inseparavelmente a Cristo, de quem, é dito que Ele é 'feito para nó s de
Deus sabedoria, justiça e santi icaçã o' ( 1 Cor. i. 30 ). Roga-Lhe també m
que dirija os teus passos para que eles nã o voltem para os pecados, mas
possam avançar com rumo invariá vel e intençã o in lexı́vel no caminho
Dele. preceitos celestiais, e pode apressar-se com plena determinaçã o
para o lar bem-aventurado dos anjos.

Mas, ao aspirar a tal objetivo, nã o seja negligente em louvar ao teu


Criador; antes, suplique a Sua misericó rdia para que Ele coloque um
novo câ ntico em tua boca, e te ajude a cantar com a devida devoçã o um
hino ao nosso Deus. Pois é certo que uma alma unida a Deus em uma
nova vida deve sempre cantar um novo câ ntico em Seu louvor,
desprezando as coisas temporais e ansiando apenas pelas eternas;
obedecendo à lei divina agora nã o mais por medo do castigo, mas por
amor à justiça. Pois o canto do novo câ ntico a Deus é este, para esmagar
os desejos do velho homem, e com todo o esforço de seu coraçã o, e com
um ú nico desejo de vida eterna, trilhar os caminhos do novo homem
que foram apontados ao mundo pelo Filho de Deus. E ele canta um hino
a Deus que guarda na lembrança da mente pura as alegrias daquele lar
celestial e se esforça para alcançá -las, apoiado pela consciê ncia de uma
vida santa e con iando no dom da graça sobrenatural.

[§ 10.] X. Uma consideração das misérias da vida presente . Mas,


alé m disso, pondere bem as misé rias da vida presente e, com coraçã o
vigilante, re lita com quanta cautela você deve viver nela. Lembre-se de
que você é participante de seu lote de quem a Escritura diz: 'Um
homem cujo caminho está escondido, e Deus o cercou de trevas' ( Jó iii.
23 ). Pois tu está s de fato cercado por uma espessa nuvem de
ignorâ ncia cega, uma vez que nã o sabes como Deus forma Sua avaliaçã o
de tuas obras, e ignoras o im que te espera. 'O homem nã o sabe', diz
Salomã o, 'se ele é digno de amor ou ó dio' ( Ecles. ix. 1 ).
Imagine um vale profundo e sombrio, armazenado em suas
profundezas com todo tipo de tormentos. Bem acima dela imagine uma
ponte, uma ponte solitá ria, atravessando o vasto abismo e medindo nã o
mais do que trinta centı́metros de largura. Esta ponte, tã o estreita, tã o
alta, tã o perigosa, se algué m fosse obrigado a atravessá -la cujos olhos
estavam vendados para nã o ver onde pisava, e com as mã os amarradas
atrá s de si para que nã o pudesse nem tatear com um bastã o para
orientar-se; que medo, pensa você , que perplexidade ele nã o sentiria! O
que! Haveria lugar nele para a alegria, para a alegria, para a
libertinagem? Nã o, nã o, eu te garanto. Todo o seu orgulho lhe seria
tirado, sua vangló ria seria posta em fuga, e a morte, apenas a morte,
agitaria sua sombra escura em sua alma. Imagine, mais adiante,
pá ssaros vorazes hediondos voando em volta da ponte, empenhados
em arrastar o viajante para as profundezas; seu terror nã o será
aumentado? E se, ao atravessar, as tá buas escorregarem de seus
calcanhares, nã o será ele acometido de novos alarmes à medida que
avança?

Mas guarde no coraçã o o signi icado de uma semelhança como


essa, e desperte para a solicitude, prepare sua mente com um temor
piedoso. Por esse vale profundo e escuro, algum vale entende o inferno,
o inferno profundo e insondá vel, e assustadoramente negro com
melancolia sombria. Para lá convergem todos os tipos de tormento; ali
nã o está tudo o que acalma, tudo o que apavora, ou tortura, ou pode
a ligir, está , está em toda parte. Essa ponte perigosa, da qual o viajante
desajeitado se lança de cabeça, é a vida presente, de onde aquele que
vive mal cai e mergulha no inferno. As tá buas retiradas no calcanhar do
passageiro sã o os vá rios dias de nossa vida, que passam para nunca
mais voltar; mas pela diminuiçã o de seu nú mero nos impelem ao nosso
destino e nos compelem a nos apressar para o nosso im. Os pá ssaros
que giram em torno da ponte e atacam aqueles que a atravessam sã o
espı́ritos malignos, cujo ú nico objetivo é derrubar os homens do
caminho reto em que estã o e lançá -los nas profundezas do inferno. Nó s,
nó s somos os passageiros, cegos pela escuridã o da incerteza e, pela
di iculdade de fazer o certo, entupidos, por assim dizer, com uma
corrente pesada, de modo que nã o podemos trilhar o caminho de uma
vida santa sem restriçõ es a Deus. Considere, entã o, se em tã o grande
perigo você nã o deve clamar com a maior seriedade ao seu Criador,
para que, protegido por Sua proteçã o, você possa cantar com con iança
enquanto passa pelas tropas dos adversá rios: 'O Senhor é minha luz e
minha salvaçã o , a quem devo temer?' ( Sl xxvi. 1. ) Luz, quero dizer,
contra a cegueira, salvaçã o contra o perigo; pois estes sã o os dois males
em que nosso primeiro pai nos envolveu, ignorâ ncia e perigo; tanta
ignorâ ncia e tanto perigo que nã o sabemos para onde vamos nem o que
devemos fazer; e que, quando temos visto, de certa forma, onde
estamos, mesmo entã o, obstruı́dos e tolhidos pela di iculdade, nã o
podemos fazer plenamente o que sabemos corretamente.

Pense nessas coisas, ó minha alma; meditar sobre eles; que tua
mente, dia a dia, pratique-se nisso. Atento a eles, deixe-a se livrar das
ansiedades e pensamentos sobre objetos inú teis, e in lamar-se com o
fogo de um santo temor e um amor abençoado, para que ela possa
evitar esses males e garantir os bens eternos.
[§ 11.] XI. Do corpo após a partida da alma . E agora volto a Ti,
dulcı́ssimo Criador e bondoso Redentor, que me izeste e me re-criou; e
com oraçõ es humildes suplico a Tua piedade, para que Tu ensines meu
coraçã o a considerar com medo vivi icante e alarmes salutares, em
quã o repugnante e deplorá vel situaçã o minha carne deve ser entregue
apó s a morte uma presa de vermes e putrefaçã o, desprovida da
respiraçã o que agora a inspira. Onde entã o estará a beleza, se é que ela
tem, da qual se orgulha agora? Onde as delı́cias requintadas se
deleitam? Onde seus membros mimados? A palavra do profeta nã o terá
entã o seu verdadeiro cumprimento: 'Toda carne é erva, e toda a sua
gló ria como a lor do campo'? ( Is. xl. 6. ) Meus olhos serã o fechados,
seus orbes torcidos na ó rbita; olhos de cujas perambulaçõ es vã s e
maliciosas eu muitas vezes extraı́a prazer. Assim eles jazem, cobertos
de terrı́veis trevas; olhos que agora amam beber nas vaidades como
bebem na luz. Meus ouvidos icarã o expostos, logo estarã o cheios de
vermes; ouvidos que agora captam com maldito deleite os discursos
caluniosos e as vã s fofocas do mundo. Minhas mandı́bulas, que a gula
escancarou, estarã o amarradas, miseravelmente travadas. Minhas
narinas, que agora estã o satisfeitas com diversos odores, vã o se
desgastar e apodrecer. Meus lá bios, que sempre gostavam de relaxar
com risadas bobas, vã o sorrir com feia repugnante. Minha lı́ngua, que
tantas vezes pronunciou histó rias vã s, icará entupida de sujeira
pú trida. E, o que agora muitas vezes está farto de vá rios tipos de carne,
garganta e barriga, será sufocado de vermes, farto de vermes! Mas por
que ensaiar em detalhes? Toda a estrutura e estrutura do corpo, para a
saú de, o conforto e o prazer de que quase todos os pensamentos
servem, serã o dissolvidos em putrefaçã o e no verme e, por ú ltimo, em
pó vil. Onde entã o o pescoço orgulhoso? Onde estã o os enfeites, o
vestido, as guloseimas variadas? Eles desapareceram, e se foram como
um sonhador, todos eles, para nunca mais voltar; e eu, seu pobre, pobre
devoto, deixado para trá s.

[§ 12.] XII. Da alma após sua separação do corpo . O bom Deus, o


que vejo? Eis que o medo encontra o medo, e a dor encontra a dor!

Depois de sua separaçã o do corpo, a alma nã o será assaltada por


uma multidã o de demô nios voando para enfrentá -la, e incumbida de
depor contra sua acusaçã o sobre acusaçã o, acusaçã o sobre acusaçã o? E
a alma nã o será examinada em tudo isso, até a mais trivial negligê ncia?
O prı́ncipe deste mundo cercado por seus saté lites virá , furioso de
raiva; aquele prı́ncipe tã o há bil em contornar, tã o inescrupuloso em
mentir, tã o maldoso em acusar; ele virá , preferindo contra ela, de todas
as ofensas dela feitas, tantas acusaçõ es verdadeiras quanto puder, e
forjando muitas falsas alé m disso. O hora terrı́vel! O terrı́vel provaçã o!
Aqui o juiz rigoroso para me julgar, lá os adversá rios atrevidos para me
acusar. Minha alma icará sozinha sem um consolador e sem fonte de
consolo, a menos que a memó ria de suas boas obras a proteja.

Mas em um cá lculo tã o estrito, quando todas as coisas estiverem


nuas e abertas, 'quem se gloriará de ter um coraçã o casto?' Pois 'se o
justo di icilmente será salvo, onde aparecerá o ı́mpio e o pecador?' (1
St. Pet. iv. 18.) Entã o os lá bios dos bajuladores falharã o; a lı́ngua
bajuladora nã o abanará mais, a vangló ria se mostrará uma traidora, as
falsas alegrias fugirã o, as dignidades e a pompa fugirã o, e a ganâ ncia do
poder será vista como uma fraude oca. Feliz entã o a alma que em tal
perigo é protegida pela consciê ncia da inocê ncia e protegida pela
memó ria da santidade; feliz a alma que, enquanto ainda em seu
alojamento de carne, foi repetidamente lavada com as á guas da
contriçã o, vestida e enfeitada com con issõ es cuidadosas e iluminada
com a luz das meditaçõ es sagradas; feliz a alma que foi castigada pela
humildade, tranqü ilizada pela paciê ncia, desvinculada de sua pró pria
vontade pela obediê ncia e inspirada pela caridade ao exercı́cio de todas
as virtudes. Tal alma nã o terá medo daquela hora terrı́vel, 'nem será
confundida quando falar com seus inimigos no portã o' ( Sl. cxxvi. 5 ).
Pois se juntará à queles de quem as Escrituras dizem: 'Quando ele der o
sono ao seu amado, eis a herança do Senhor' (ib. 3).

[§ 13.] XIII. Uma consideração do dia do julgamento, quando os


bodes serão postos à esquerda . E agora quem pode dizer alguma coisa
sobre os terrores daquele ú ltimo julgamento, quando as ovelhas serã o
colocadas à direita e os bodes à esquerda? Qual será o tremor quando
os poderes do cé u forem movidos? Que estrondo dos elementos, que
gemidos, que gritos, quando aquela terrı́vel sentença será proferida
sobre os descuidados: 'Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno'
(Sã o Mateus xxv. 41 ). Um dia de ira aquele dia será – dies iræ, dies illa –
um dia de tribulaçã o e angú stia, um dia de nuvens e redemoinhos, um
dia de trombeta e toque de trombeta! A voz daquele dia será uma voz
amarga, e entã o os poderosos serã o angustiados; pois aqueles que
agora no orgulho de seu coraçã o desprezam a vontade de Deus, e se
gloriam na busca de sua pró pria vontade, serã o entã o envolvidos em
chama inextinguı́vel perpé tua, e o verme imortal se alimentará deles, e
a fumaça do seu tormento aumentará para todo o sempre.
[§ 14.] XIV. Uma consideração da alegria quando a ovelha for
colocada à direita . Mas, enquanto estes estã o lamentando e rugindo a
dor de seus coraçõ es pela angú stia de espı́rito, o que, tu pensas, será a
felicidade e exultaçã o daqueles bem-aventurados, que, assentados à
destra de Deus, devem ouvir o Seu mais alegre convoca, 'Vinde,
benditos de Meu Pai: possui o Reino preparado para você desde a
fundaçã o do mundo' (St. Matt. xxv. 34 ). Entã o, de fato, a voz da alegria e
da salvaçã o habitará no taberná culo dos justos; entã o o Senhor
levantará as cabeças dos humildes, que agora recusam ser o vil e o
pá ria por causa dele. Ele curará os contritos de coraçã o e consolará com
alegrias in indá veis, de acordo com seu desejo, aqueles que agora
sofrem em sua idade de peregrinaçã o. Entã o se verá a recompensa
inefá vel daqueles que tiveram a alegria de ter jogado fora suas pró prias
vontades por amor ao seu Criador. Naquele dia Ele coroará as cabeças
de Seus obedientes com uma coroa celestial, e a gló ria daqueles que
sofreram resplandecerá com um brilho inexprimı́vel. Entã o a caridade
enriquecerá seus vassalos com a sociedade de todos os anjos, e a
pureza de coraçã o beati icará seus amantes com a visã o feliz de seu
Criador. Entã o o pró prio Deus se revelará a todos os que O amam, e os
elevará para sempre a lugares de descanso duradouro e paz perpé tua.
Entã o, em sua verdade, este câ ntico será cantado por todos os eleitos:
'Bem-aventurados os que habitam em Tua casa; eles Te louvarã o para
todo o sempre' ( Sl. lxxxiii. 3 ). Em que louvor Ele pode conceder-nos
uma parte, que com o Pai e o Espı́rito Santo vive e reina Deus para todo
o sempre. Um homem.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
S M
[§ 15. O medo do pecador .] Minha vida me amedronta. Pois quando
cuidadosamente revisado, todo o seu curso se mostra aos meus olhos
como um grande pecado; ou pelo menos é quase nada alé m de
esterilidade. Ou, se algum fruto é visto nele, esse fruto é tã o falso, ou tã o
imperfeito, ou de uma forma ou de outra tã o manchado de decadê ncia e
corrupçã o, que deve falhar em satisfazer a Deus ou ofendê -lo
totalmente.

Entã o, pecador, sua vida, longe de ser quase tudo, está totalmente
mergulhada no pecado e, portanto, digna de condenaçã o; ou entã o é
infrutı́fera e merecedora de desdé m. Mas por que distinguir o
infrutı́fero do condená vel? Pois certamente, se é infrutı́fero, é
condená vel por esse mesmo fato. Pois o que a Verdade falou é tã o
evidente quanto é verdade: 'Toda á rvore que nã o der bom fruto será
cortada e lançada ao fogo' (Sã o Mateus iii. 10 ). Pois se me dedico a
construir algo ú til ou ú til, certamente nã o valorizo o resultado de meu
trabalho ao preço do sustento corporal que consumo enquanto
empregado no trabalho. Quem alimenta um rebanho, ora, que é trazer
menos do que o valor do seu pasto? E, no entanto, Tu, ó Deus, Tu me
alimentas e me alimentas com muita generosidade; e esperas por mim,
verme inú til e pecador imundo que sou. Oh, quã o menos ofensivo é um
cã o morto para os sentidos humanos do que uma alma pecadora é para
Deus; quanto mais repugnante para Deus é isso do que isso é para os
homens! Ah nã o; nã o chame o pecador de homem, mas de opró brio, de
vergonha para a humanidade; mais vil que um bruto, mais odioso que
uma carcaça. Minha alma está cansada da minha vida; tenho vergonha
de viver; tenho medo de morrer.

O que, entã o, resta para você fazer, ó pecador, a nã o ser por toda a
sua vida lamentar toda a sua vida, e de tal maneira que toda a sua vida
possa ser uma lamentaçã o de si mesma?

Mas aqui novamente minha alma está tristemente desnorteada, e


desnorteantemente triste també m; pois nã o sofre em proporçã o ao seu
conhecimento de si mesmo, mas dorme com tanta segurança como se
nã o soubesse em que situaçã o está . O alma esté ril, o que você está
fazendo? O alma pecadora, por que você dorme? O dia do julgamento
está chegando, o grande dia do Senhor está pró ximo; à mã o, digo, e
muito rá pido. O dia da ira será aquele dia; o dia de tribulaçã o e
angú stia, o dia de calamidade e misé ria, o dia de escuridã o e escuridã o,
o dia de nuvem e redemoinho, o dia de trombeta e clamor de trombeta.
O voz amarga do dia de Deus! Por que dormes, alma morna? Coisa nem
quente nem fria, e que serve apenas para ser vomitada pela boca, por
que você dorme? Aquele que nã o acorda, aquele que nã o treme, com
tais trovõ es nã o está adormecido, mas morto. O á rvore esté ril, onde
estã o teus frutos? Arvore pró pria para o machado e o fogo, pró pria para
ser cortada e queimada, quais sã o os teus frutos? Ora, eles sã o apenas
espinhos pontiagudos e pecados amargos Eu desejaria a Deus que os
espinhos te picassem ao arrependimento e assim foram quebrados;
desejaria a Deus que esses frutos amargos caı́ssem e perecessem!

Talvez você pense que algum pecado ou outra coisa pequena.


Oxalá teu severo Juiz considerasse qualquer pecado uma coisinha! Mas,
ah eu, todo pecado por sua impiedade nã o desonra a Deus? O que
entã o; o pecador ousará chamar um pecado de coisa pequena? Quando
é pouca coisa desonrar a Deus? O á rvore seca e inú til, digna de chamas
eternas, o que você responderá naquele dia em que uma conta estrita,
até um piscar de olhos, for exigida de você de todo o tempo concedido a
você para viver, como para como foi gasto por ti? Sim, entã o será
condenado tudo o que for encontrado em ti de trabalho ou de lazer, de
fala ou de silê ncio, até o menor pensamento; até mesmo o pró prio fato
de que você viveu; se essa vida nã o foi regida e dirigida à vontade de
Deus. Ai, quantos pecados começarã o entã o à vista, como de uma
emboscada, que agora você nã o vê ! Mais, seguramente, e mais terrı́vel,
pode ser, do que aqueles que você vê agora. Quantas coisas que agora tu
nã o pensas de modo algum má s, quantas que tu agora acreditas serem
boas, entã o se revelarã o desmascaradas, os pecados mais profundos e
negros morrerã o! Entã o, sem dú vida, você receberá de acordo com o
que você fez no corpo; entã o, quando nã o houver mais tempo de
misericó rdia; entã o, quando nenhum arrependimento for aceito,
quando nenhuma promessa de emenda puder ser feita.

Aqui re lita sobre o que você fez, e que prê mio você deve receber.
Se muito bem e pouco mal, regozije-se muito; se muito mal e pouco
bem, muito entristeça. O que! O pecador imprestá vel, tuas má s açõ es
nã o sã o su icientes para extorquir um grande e amargo clamor? Nã o
sã o su icientes para destilar teu sangue e tua medula em lá grimas? Ai
da estranha dureza, que martelos tã o pesados sã o leves demais para
quebrar! Oh, torpor insensı́vel, que aguilhõ es tã o a iados nã o sejam
a iados o su iciente para despertar! Ai do sono mortal, que trovõ es tã o
terrı́veis sã o mudos demais para assustar! O pecador sem valor, tudo
isso deve ser su iciente para prolongar uma dor incessante; e
certamente é o su iciente para arrancar lá grimas perpé tuas!

Mas por que eu deveria sufocar em silê ncio algo do peso ou da


magnitude da misé ria que ameaça? Por que enganar os olhos da minha
alma? Devo fazê -lo, para que a tristeza repentina chova todos os
imprevistos sobre o pecador; ou que a tempestade intolerá vel pode cair
sobre ele desprevenido? Certamente este é um motim para o seu
interesse. Mas se eu colocasse em palavras tudo o que eu pudesse
evocar na imaginaçã o, isso nunca poderia ser comparado com a
realidade.

Portanto, deixe meus olhos derramarem lá grimas durante todo o


dia e a noite toda, e nunca descanse. Venha, pecador, venha; acrescenta
novas dores à tua carga de dores; adicione terror ao terror; adicione
choro a choro; pois Ele mesmo Deus te julgará , apesar de quem eu peco
em todo ato de desobediê ncia e em toda desobediê ncia; Aquele que me
devolveu o bem com o mal, enquanto eu lhe dei o mal com o bem; que
agora é mais longâ nime, mas entã o será mais severo; que agora é o
mais misericordioso, e entã o será o mais justo.

Ai sou eu! oi sou eu! Contra quem pequei? Eu desonrei a Deus;


provocou o Onipotente. Pecador que sou, o que eu iz! Contra quem eu
iz isso! Quã o perversamente eu iz isso! Ai, ai! O ira do Onipotente, nã o
caia sobre mim; ira do Onipotente, onde eu poderia te suportar? Nã o há
lugar em mim que possa suportar teu peso. O angú stia! Aqui, acusando
pecados; ali, a justiça aterrorizante; abaixo, o poço assustador e
escancarado do inferno; acima, um Juiz irado; dentro, uma consciê ncia
ardente; ao redor, um universo lamejante! O justo di icilmente será
salvo; e o pecador assim enredado, para onde, para onde ele deve voar?
Limite apertado, onde devo me agachar e me acovardar; como vou
mostrar meu rosto? Esconder será impossı́vel, aparecer será
intolerá vel; Eu ansiarei por um, e nã o está em lugar nenhum; Vou
detestar o outro, e ele está em toda parte! O que entã o? O que entã o? O
que acontecerá entã o? Quem me arrebatará das mã os de Deus? Onde
encontrarei conselho, onde encontrarei salvaçã o? Quem é Aquele que é
chamado de Anjo de grande conselho, que é chamado de Salvador, para
que eu possa gritar Seu Nome? Ora, aqui está Ele; aqui está ele; é Jesus,
Jesus, o pró prio Juiz, em cujas mã os estou tremendo!

[§ 16. Os pecadores esperam .] Respire novamente, pecador, respire


novamente; nã o se desespere; con ia naquele a quem tu temes. Voe
para casa, para Aquele de quem você fugiu; clama com â nsia por Aquele
a quem tã o orgulhosamente provocaste. Jesus, Jesus; por causa deste
Teu Nome, trate comigo de acordo com este Nome. Jesus, Jesus; esquece
Teu orgulhoso provocador, e volta os Teus olhos para o pobre invocador
de Teu Nome, o Nome tã o doce, o Nome tã o querido, o Nome tã o cheio
de conforto para um pecador, e tã o cheio de esperança abençoada. Pois
o que é Jesus senã o Salvador? Portanto, Jesus, por amor de ti mesmo,
seja um Jesus para mim; Tu que me formaste, para que eu nã o pereça;
quem me remiu, para que nã o me condenes; que me criaste por tua
bondade, para que tua obra nã o pereça por minha iniqü idade.
Reconhece e possui, Benigno, o que é Teu; tirar o que é do outro. Jesus,
Jesus, misericó rdia de mim, enquanto durar o dia da misericó rdia, que
Tu nã o me condenes no dia do julgamento. Pois que proveito terá s no
meu sangue, se eu descer à corrupçã o eterna? 'Pois os mortos nã o Te
louvarã o, ó Senhor, nem qualquer um dos que descem ao inferno' ( Sl.
cxiii. 17 ). Se Tu me envolveres no amplo e amplo seio de tua
misericó rdia, esse seio nã o será menos amplo por minha causa.
Portanto, admita-me, ó Jesus desejá vel, admita-me no nú mero dos Teus
eleitos; para que com eles eu possa louvar-te, e desfrutar-te, e gloriar-
me em ti entre todos os que amam o teu nome; que com o Pai e o
Espı́rito Santo reina gloriosamente por sé culos sem im. Um homem.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
T M
[§ 17. O passado do pecador .] O minha alma, ó alma desventurada, ó
alma miserá vel de um mortal muito miserá vel, jogue de lado sua
letargia, jogue fora seu pecado, jogue em sua tarefa todos os poderes de
sua mente; chame ao coraçã o sua culpa ultrajante, e desse coraçã o
evoque um grito selvagem e lamentá vel. Pense em você , miserá vel,
pense em seu crime horrı́vel; prolongar teu terror aterrorizado e tua
dor aterrorizada. Pois tu, tu que uma vez foste lavado em branco no
banho celestial, dotado do Espı́rito Santo, jurado na pro issã o cristã ; tu
eras uma virgem prometida a Cristo. Oh, onde me leva a memó ria! O, de
quem é este Nome que eu nomeio! Ele agora nã o é mais o Esposo
amoroso da minha virgindade, mas o terrı́vel Juiz da minha falta de
castidade. Ah, memó ria da felicidade perdida, por que você agrava
assim de novo o peso da dor que me domina? Quã o triste é a situaçã o
de um homem debochado, para quem o bem e o mal sã o uma tortura!
Pois uma má consciê ncia me atormenta, e aqueles seus tormentos
ameaçados em que temo que vou queimar; e a memó ria de uma boa
consciê ncia me atormenta, e o pensamento daquelas recompensas que
sei que perdi e nunca mais recuperarei. O triste, ó perda dolorosa; a
perda de perder irrecuperavelmente o que deveria ser
interminavelmente guardado; uma perda inconsolá vel, infelizmente!
uma perda que nã o apenas prejudicou minhas bê nçã os, mas me rendeu
novos tormentos e tormentos.

O virgindade, agora nã o mais minha amada, mas minha perdida;


agora nã o é mais um deleite, mas um desespero para mim; para onde
você foi? Que lama salgada é esta onde me deixaste? E tu, fornicaçã o,
poluidor de mentes, destruidor de almas, de onde rastejaste e me
furtaste, miserá vel? E, ó , de quã o brilhante e alegre um lugar de pé tu
me lançaste para baixo! Aqui tu, com tua febre, me secas, ó amarga
a liçã o, pois eu deixei ir um; e aqui tu, ó dor cansativa e medo de algo
pior ainda, me torturas, pois deixei o outro vir. Por um lado, uma perda
consoladora, por outro, um tormento intolerá vel. Ai deste lado, e ai de
novo daquele! Assim igualmente, ó bom e mau, assim com a mais exata
justiça ambos castigam-me miserá vel e perverso, mesmo enquanto eu
viver. Merecidamente, merecidamente mesmo. Pois tu, ó minha alma,
in iel a Deus, jurada a Deus, falsa esposa de Cristo, deliberadamente
caı́ste de tua altura virgem e miseravelmente mergulhou no abismo da
fornicaçã o. Tu, que foste desposada com o Rei do cé u, izeste-te amante
do carcereiro do inferno. Ah, alma, afastada de Deus, lançada ao diabo;
antes expulso de Deus e abraçador do diabo. O ato foi teu, ó minha alma
miserá vel; pois era tua, era tua, torna-te uma prostituta descarada e
uma cortesã sem vergonha, para dar carta de divó rcio ao teu Amante e
ao teu Deus Criador, e entregar-te ao teu demô nio sedutor e destruidor.
O miserá vel, miserá vel mudança!

Ai, de que altura caı́ste, em que abismo foste lançado! Fie em cima
de ti; tu desprezaste Um, ó quã o bondoso; e te uniu a um, ó quã o
maligno! O que izeste, ó loucura, ó impudicı́cia muito louca, ó maldade
muito impura? Deixaste teu casto Amante no cé u, e seguiste teu odioso
sedutor até o inferno, e preparaste para ti no poço do inferno um covil
imundo no lugar de tua câ mara nupcial. Assombroso horror, que
perversidade de vontade é esta! Milagre de horror, que perversidade
deliberada é essa! De onde, entã o, ó Deus, devo tirar para mim o
corretivo de tã o profunda depravaçã o? de onde para Ti, ó Deus,
satisfaçã o por tã o negro pecado? Lança-te, miserá vel mortal, no abismo
negro de uma a liçã o nã o medicada, tu que escolheste lançar-te no poço
de uma terrı́vel iniqü idade. Envolva-te, pobre desgraçado, disfarçado de
terrı́vel dor, tu que voluntariamente lançaste-te no lodo da imundı́cie
infernal. E tu, mergulhado no crime, abafas-te com horrı́veis trevas de
inconsolá vel lamento, tu que devassavas voluntariamente no atoleiro de
tã o rastejante indulgê ncia. Mergulha no abismo da amargura, tu que
foste no leito da vergonha.

O terror encolhido, tristeza trê mula, angú stia inconsolá vel,


multidã o, multidã o sobre mim; me oprima, me oprima, me desnorteie,
me envolva e me faça todo seu. E justo, é justo. Eu zombei de você por
minha ousadia descarada; Eu te provoquei com minha devassidã o
imunda nã o, nã o, Deus; Deus, nã o você e agora em arrependimento
lamentá vel eu desejo você . Torture sua vı́tima; vingar o seu Deus; que o
fornicador sinta antes o tormento infernal que mereceu; deixe-o ter um
antegozo do que ele acumulou para si mesmo; deixe-o se acostumar
com o que ele tem que sofrer. Prolongue e prolongue tua penitê ncia
dolorosa, ó pecador descontrolado e desenfreado, que por tanto tempo
prolongaste tua impureza e tua culpa. Role para trá s, role de volta para
o mesmo abismo fervente de amargura, tu que tantas vezes voltaste
para o mesmo pâ ntano de luxú ria. E quanto a você , consolaçã o,
segurança e alegria, eu te renuncio, eu te rejeito até que o perdã o do
pecado te restaure. Fora com você , fora com você , antes que eu morra;
se porventura o perdã o pode trazer-te de volta para mim, ainda que
depois da morte. Que a penitê ncia perpé tua seja a triste companheira
do meu tempo; que a dor perpé tua seja o torturador insatisfeito de
minha vida; que a tristeza e o lamento severo sejam os angustiantes
infatigá veis da minha primeira e ú ltima idade. O que assim seja! O que
assim seja! Desejo, oro, desejo que assim seja. Pois embora eu seja
indigno de erguer meus olhos para o cé u em oraçõ es, certamente nã o
sou indigno de cegá -los com lá grimas. Se minha mente, por vergonha
de consciê ncia, está muito confusa para orar, é certo que deve ser
confundida pela confusã o vertiginosa que vem da angú stia e dor de um
enlutado. Se teme ser exibido aos olhos de Deus, é justo que tenha em
seus pró prios olhos os tormentos que sua culpa mereceu.

[§ 18. O futuro do pecador .] Entã o, deixe meu coraçã o re letir e


ponderar novamente sobre o que ele fez e o que ele mereceu. Deixe
minha mente descer, sim, para a terra das trevas, a terra coberta com a
sombra da morte; e ali deixe-a examinar os tormentos que aguardam
uma alma culpada; deixe-a olhar para eles e estudá -los; deixe-a ver, e
ique muito perturbado. O que é , ó Deus, o que é que vejo na terra da
misé ria e das trevas? Terror, terror! O que é que eu vejo aqui, onde
nenhuma ordem, mas horror eterno habita? ( Jó x. 22. ) Ah, os gritos
estridentes, as lá grimas e o tumulto, o ranger de dentes, o avanço
desordenado de lamentos numerosos, ai e ai; quantos wo's! quantos e
quantos wo's, e wo's nos calcanhares de wo's! Ah, o fogo sulfuroso, a
chama das profundezas inferiores! Você s volumes de fumaça mais
negra, com que rugido assustador eu vejo você se enrolar e rolar! Você s
vermes, vivos no fogo; que estranho apetite por roer assim te in lama,
você que o fogo dos fogos nã o queima? E você s, demô nios, brilhando
por toda parte, ardendo de raiva, rangendo os dentes com frenesi, por
que você s sã o tã o impiedosos com aqueles que estã o se contorcendo no
meio de você s? O todos e todos os tipos de tormentos, medidos pela
justiça, mas sem medida pelo poder de resistê ncia, é para que nenhum
controle, nenhuma tré gua, nenhum im possa subjugá -lo? Sã o estas as
coisas, grande Deus, que foram preparadas para fornicadores e
desprezadores de Ti, dos quais eu sou um? eu, sim eu; Eu sou um deles.

Estremeça, ó minha alma; e desmaia, minha mente; e quebrar, meu


coraçã o. Para onde você me arrasta, ó punidores da minha culpa? Para
onde me empurras, ó meu pecado? Para onde me conduzes, ó meu
Deus? Se eu consegui ser Teu culpado, digamos, eu poderia ter
planejado nã o ser Tua criatura? Se eu roubei minha castidade, diga, eu
te privei de Tua misericó rdia? O Senhor, ó Senhor, se eu deixei vir de
onde Tu podes condenar, Tu deixas ir aquilo de onde Tu desejas salvar?
Nã o, ó Senhor, nã o olhe para o meu mal a ponto de esquecer o Teu bem.
Onde, ó Deus da verdade, está aquele Teu, 'nã o desejo a morte do
pecador, mas que o pecador se desvie de seu caminho e viva'? (Ezech.
xxxiii. 11.) O Senhor, que nã o mentes, ó Senhor, o que signi ica Tua nolo
mortem peccatoris , se Tu enterras no inferno um pecador clamando a
Ti? Mergulhar um pecador no abismo sem fundo, é este o teu volo ut
convertatur , o teu volo ut vivat ? Eu sou o pecador, ó Senhor, eu sou o
pecador. Se, entã o, nã o desejas a morte do pecador, o que te obriga a
fazer o que nã o desejas, entregar-me à morte? Se desejas que o pecador
volte e viva, o que te impede de fazer o que desejas, que me convertas e
eu viva? O que! a enormidade do meu pecado te força a fazer o que nã o
desejas, embora sejas o Deus Todo-Poderoso? Proı́ba isso, Deus Todo-
Poderoso; proı́be-o, ó Senhor Deus; que a maldade de um pecador, de
um pecador confesso e a lito, nã o prevaleça contra o decreto do
Onipotente.

Lembre-se, ó justo, ó santo, ó Deus generoso, que Tu é s


misericordioso, e me izeste e me refez. Portanto, nã o te lembres, bom
Senhor, da Tua justiça contra Teu pecador, mas lembra-te de Tua
condescendê ncia para com Tua criatura; nã o te lembres da Tua fú ria
contra os culpados, mas lembra-te da Tua misericó rdia para com os
miserá veis. E verdade que minha consciê ncia e sentimento de culpa
merecem condenaçã o, e que minha penitê ncia nã o é su iciente para
satisfaçã o; mas ainda assim é certo que Tua misericó rdia tira todo Teu
ressentimento. Poupe, portanto, bom Senhor, a quem pertence a
salvaçã o, e que nã o deseja a morte do pecador, poupe minha alma
pecadora; pois ele voa, assustado por Tua justiça assustadora, para Tua
misericó rdia consoladora; que assim, uma vez que o tesouro de sua
virgindade des igurada é agora – ó tristeza! – irrecuperá vel, ainda assim
o castigo devido à fornicaçã o pode nã o ser inevitá vel para o penitente;
pois nã o é impossı́vel à Tua onipotê ncia, nem mal-conforme à Tua
justiça, nem inusitado à Tua misericó rdia; pois Tu é s bom, e Tua
misericó rdia alcança a eternidade, Tu que é s bendito para sempre. Um
homem.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
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[§ 19. A necessidade e o bene ício de um auto-exame cuidadoso .] O alma
minha, tã o miserá vel e tã o suja, lembre-se de ti e componha
cuidadosamente todos os teus sentidos corporais; e com mais cuidado
do que o normal, olhe e veja quã o gravemente você está ferido e
abatido. Pois visto que teu Criador, em Sua bondade inita, te concede a
vida, visto que em Sua inefá vel compaixã o Ele tã o pacientemente e com
tanta ternura espera tua correçã o e uma satisfaçã o adequada, nã o sejas
lento e indolente na cura de tuas feridas, no correçã o de teus pecados,
na reconciliaçã o de teu Criador ofendido, e em fazer amigos para ti de
todos os Seus santos, a quem por tuas ofensas contra seu Criador e teu,
seu Senhor e teu, tornaste teus inimigos. Se você sempre tivesse
permanecido reto e puro, reto e puro como o seu Criador te fez, se você
sempre - como você poderia ter feito bem, se você tivesse escolhido - se
conformado à Sua vontade sem deserçã o, você estaria agora correndo,
feliz e alegre, um curso feliz e alegre atravé s desta vida presente; o
curso que termina e termina, você achará seguro para ti, feliz e alegre,
por Sua ajuda, a posse daquela vida feliz e alegre que nã o tem im. Mas
agora, uma vez que, todo miserá vel e infeliz, você desprezou a vontade
de seu Criador, e se apegou miseravelmente e infeliz aos seus pró prios
prazeres carnais; se, cuidadosamente recusando-se a mimar-se,
cuidadosamente recusando-se a poupar-se de quaisquer males e
iniquidades que você achar que está enredado; se, vendo-os e se
arrependendo deles, você está se empenhando seriamente em retornar
ao caminho da satisfaçã o e correçã o; se assim for, entã o, por meio de
um começo, jogue fora uma coisa de seu ı́ntimo; Quero dizer isso, a
inclinação voluntária para o pecado ; jogue-o fora, abrace e faça o que
você sabe que será agradá vel ao seu Criador.

Mas pode ser que você diga a si mesmo, vendo a enormidade de


seus pecados, e desesperando de indulgê ncia e remissã o - pode ser que
você diga, levando em consideraçã o suas ofensas habituais e sua
imundı́cie: 'Como posso ter força su iciente doravante? alterar meus
caminhos? Eu que estou agindo contra a vontade de Deus, agora quase
uma vida inteira; Eu cujo todo o ser está voltado para a grati icaçã o de
todos os tipos de desejos perversos e para a realizaçã o de todos os
tipos de atos perversos; Eu que estou aqui endurecido em pecados,
como uma pedra que o ferro nã o pode cortar e o fogo nã o pode
derreter? Pois quando com mais cuidado do que o normal contemplo a
justiça de meu Criador e reviso as má s açõ es que cometi de vez em
quando, tenho certeza de que nada me espera alé m dos tormentos que
as má s açõ es merecem.' Verdade, verdade o su iciente é o que você diz;
pois Deus, justo juiz e amante da equidade que é , ordena os tormentos
como castigo dos pecados e das má s açõ es. Mas, no entanto, de acordo
com a medida dessa mesma justiça que O faz punir aqueles que
persistem na maldade, Ele retribui com uma multa eterna aqueles que
se arrependem de suas má s açõ es e fazem o que é bom.

Por esta razã o, acabei de te admoestar a examinar tuas partes


mais ı́ntimas e todas as tuas açõ es à vista Dele com cuidado especial; e
com nã o menos cuidado para ixar seus olhos na questã o para a qual
suas açõ es tendem. Se você perseverar nisso, e perseverar també m em
ferir seu coraçã o duro com martelos de ferro, por assim dizer, por essas
revisõ es - se assim for, eu realmente acredito que você fará assim o que,
a menos que você seja louco, te renderá como seu devolve a felicidade e
as alegrias sem im, e livra-te daquilo de que tens merecido a misé ria e
os tormentos.

[§ 20. A bondade de Deus, e a malignidade do Diabo .] Por esta


razã o eu sempre te admoesto ininterruptamente a lembrar quã o doce e
quã o bom é teu Criador para contigo; quã o grande foi Sua bondade em
criar-te quando tu nã o eras, e em fazer de ti, em vez de um bruto mudo
ou uma criatura insensı́vel, um ser que pudesse compreendê -Lo e amá -
Lo, e, alegre e eterno, compartilhar Sua eternidade com Ele; quã o
grande Sua bondade em te amar com tanto amor assim, embora
soubesse que você faria muitas coisas contra Sua vontade, Ele ainda se
recusou a te criar, e eis que você é ; quã o grande é a Sua bondade em
esperar a tua emenda com tã o gentil tolerâ ncia, tã o misericordiosa e
compassivamente Ele ainda te suporta! Sim, Ele espera; teu Criador
espera tua melhora, como eu disse; pois Aquele que se agradou em te
fazer, nunca, nunca deseja te destruir; em vez disso, Ele quer que você
retorne à Sua compaixã o todo-misericordiosa; antes, Ele te
recompensaria, puri icado e corrigido pelo verdadeiro arrependimento,
com aquela vida feliz e eterna que você havia perdido pelo pecado.

Pense, portanto, e pense de novo e de novo, na bondade do seu


Criador para contigo; e, como é certo, eleve a si mesmo e todos os seus
poderes à contemplaçã o de Seu amor indescritı́vel. Pois o amor dEle
nã o tolera a impureza do vı́cio e nã o consente em nenhum prazer
gerado pelos desejos carnais. Pois onde reina o amor por Ele, habita a
paz má xima, a calma mais profunda e a prontidã o perfeita para fazer e
pensar tudo o que pode levar à obtençã o da felicidade eterna. Sabe bem
que em todas as tuas açõ es e todos os teus pensamentos há dois ao
redor de ti, e muito perto de ti; um teu amigo, o outro teu inimigo. Teu
amigo é teu Criador, que se regozija em todas as tuas boas obras;
enquanto teu inimigo, o diabo, está morti icado com essas tuas mesmas
boas obras. O diabo, sempre armando ciladas para ti como faz, regozija-
te se te vir fazer maldades, e dar atençã o a pensamentos vã os e tolos, de
onde poderá encontrar acusaçã o contra ti perante o Grande Juiz, e te
arrastar, assim acusado e, portanto, condenado, para baixo consigo
mesmo na perdiçã o. O diabo, sempre ansioso pela destruiçã o dos ié is,
nã o só os acusa dos males que eles realmente fazem, mas també m tenta
manchar suas boas açõ es e seus pensamentos corretos, tornando-os
material para suas falsas acusaçõ es. Mas ique do seu lado, em guarda
contra seus truques sutis e contra seus ardis tã o cheios de todo o
engano; esteja em guarda, seja solı́cito; e invoque teu Criador e teu
querido Senhor para que nã o te deixes enganar pelas artimanhas e
enganos do inimigo. Oh, voe sob a sombra de Suas asas da face dos
ı́mpios que te a ligem ( Sl. xvi. 8, 9 ), e que fazem disso seu objetivo,
tendo te a ligido e suplantado, arrastar-te para a morte e ruı́na eterna .
Teu Criador e teu Senhor é misericordioso e compassivo, muito, muito
alé m do alcance de palavras ou mesmo pensamentos; tanto assim, que
Ele nunca destró i qualquer homem a nã o ser por sua pró pria grande
culpa e seu grande pecado.

[§ 21. A compaixão de Jesus .] Os pais terrenos, pai e mã e, em nossa


carne, costumam sentir grande compaixã o e simpatia por seus ilhos; e
se os acharem a ligidos por qualquer tipo de dor, ou qualquer
inconveniê ncia fı́sica, estã o prontos o su iciente para gastar tanto a si
mesmos quanto suas fortunas, se a razã o assim o exigir, para que a
recuperaçã o de seus ilhos seja tranquila e saudá vel. Muitas vezes,
també m, muitos animais mudos nã o hesitam em enfrentar a pró pria
morte para seus ilhotes; e de boa vontade vã o ao seu encontro, para
que seus descendentes possam escapar dele. De onde, agora, vem isso
para o homem e para o bruto? De onde vem essa simpatia natural, mas
daquele que é o Pai da simpatia e compaixã o; quem nã o quer que algum
pereça, e nã o se regozija com a destruiçã o dos que morrem? Nosso
Criador, portanto, a Fonte de compaixã o, a Fonte de misericó rdia,
quando Ele nos vê Seus ilhos manchados com qualquer contá gio
pecaminoso, ou feridos quase até a morte com as muitas e profundas
feridas que o crime fez, mostra para nó s maior devoçã o em curando
nossos pecados, curando nossas doenças, puri icando a lepra e a
imundı́cie de nossas má s açõ es, limpando o solo de nossos
pensamentos vã os, do que o pai terreno para seus ilhos, ou o bruto
irracional para seus ilhos. Nem é su iciente para Ele simplesmente
curar nossas doenças, e assim nos dispensar; quando somos curados,
Ele nos faz Seus pró prios familiares pró ximos, e depois nos envolve
ternamente em Seus braços como Seus ilhos mais queridos; sim, Ele
nos abraça e nos beija, e entã o acalma e consola todas as nossas
enfermidades, e toda a lepra pecaminosa que contraı́mos por nossa
loucura, e esquece completamente todas as injú rias que uma vez Lhe
izemos, desprezando-O em Suas consolaçõ es. Ele nos veste de honra
nesta vida presente e nos coroa de gló ria na pró xima; Ele nos faz reis; e,
quanto à nossa alma, ela a faz rainha, de onde nos admoesta como reis,
já o fez no salmo: 'E agora, ó reis, entenda; recebe instruçã o, tu que
julgas a terra' ( Ps. ii. 10 ). Pois entã o somos reis de fato, quando
governamos nossos movimentos desordenados e os reduzimos à razã o
e à vontade de nosso Criador; recebemos instruçã o quando julgamos a
terra, isto é , quando, se vemos que nosso coraçã o deseja as coisas
terrenas, o obrigamos a desprezar as terrenas e a amar as celestiais.
Nossa alma se torna uma rainha; pois vestida com vestes variadas - isto
é , adornada com diversos dons virtuosos - ela está casada em ato e
há bito contı́nuos da mente com Cristo, seu Esposo, que está no cé u,
mesmo enquanto peregrina aqui na terra. Nã o foi su iciente para nosso
Criador nos criar, e nos governar quando criados, e enviar anjos,
quantas vezes fosse necessá rio, para nos defender; mas Ele em Sua
pró pria Pessoa, tomando nossa forma para Ele, levando nossa natureza
para Ele, por pena do trabalho de Suas mã os, desceu até nó s, olhou
cuidadosamente para nossas feridas, tocou-as, sentiu-as; e, movido de
pena pela misé ria que Ele viu nos escravizar, entristeceu-se por nó s e
suspirou no ı́ntimo de Sua alma. Ele se compadeceu, lamentou e
suspirou por nó s; e entã o daquela mesma Carne que Ele assumiu por
nossa causa, fez como que uma pomada curativa, e a aplicou em nossas
dores, e nos restaurou de nossa doença de volta à saú de perfeita. E,
para que Ele pudesse neste misté rio mostrar o quanto Ele nos amou,
Ele nos deu aquela mesma Carne que Ele assumiu por nó s, para que a
comê ssemos; e até hoje deixa de nã o administrá -Lo a nó s no sacrifı́cio
de Seu altar.

Tu, entã o, minha alma, consolada e animada pela doce lembrança


de todas essas misericó rdias, roga ao teu Senhor, roga ao teu Criador;
invoque todos os Seus santos em seu auxı́lio, para que, auxiliado e
consolado por sua intercessã o, você possa obter daquele que te fez
graça para viver neste seu estado atual, para purgar suas iniqü idades
pelo verdadeiro arrependimento e con issã o, assim, sua passagem
transitó ria corre, você pode merecer subir para alegrias eternas; por
Sua ajuda, que vive e reina Deus pelos sé culos eternos. Um homem.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
Q M
Enquanto sua alma habita no corpo, o homem vive segundo a carne; e
na sua partida ele morre segundo a mesma carne. E é igualmente
verdade que, assim como a alma fornece vida à carne enquanto ela
permanece na carne, a carne, por sua vez, fornece vida à alma enquanto
a carne faz as obras da justiça. Assim, alma e carne sã o vistas agindo
reciprocamente; a alma trabalhando pela carne, e a carne pela alma; e,
contanto que a alma coopere devidamente com a carne, eles ganham
um para o outro a vida de um. vida duradoura. Há uma diferença, no
entanto; na medida em que a alma é introduzida a essa vida quando se
desprende da carne, enquanto a carne nã o a desfrutará até se reunir a
essa alma na ressurreiçã o do ú ltimo dia. Portanto, regozija-te, ó minha
alma, e tu, minha carne, regozija-te no Deus vivo ( Sl. lxxxiii. 3 ). Vinde a
Deus vosso Criador; venha e seja iluminado ( Ps. xxxiii. 6 ); e agora nã o
faça mais aquilo de que deveria se envergonhar; mas estude sempre
para fazer o que pode lhe garantir alegria para sempre. Eu imploro e
exorto você , que você nã o recebe a graça de Deus em vã o ( 2 Cor. vi. 1 ).
Pois embora Ele agora sofra muito para ser feito por você , o que muito
O desagrada, nã o pense que Ele sofrerá sempre. Pois Ele é paciente, sem
dú vida, mas ainda assim recompensador; e amoroso, mas ainda um
pesquisador de coraçã o e ré deas. Ele suporta muito agora, esperando
nossa emenda, tal é sua grande gentileza; mas se nã o nos corrigirmos a
tempo, Ele nos condenará , tal é a Sua justiça perfeita. E Ele, que agora é
tã o gentil conosco a ponto de nos chamar de Seus irmã os e Seus
amigos, entã o, naquele ú ltimo escrutı́nio, nos rejeitará como inimigos
que Ele se recusa a conhecer, nã o havendo boas obras pelas quais Ele
possa nos conhecer.

Minha alma e minha carne, agora, agora pelo menos, vigiai em


todos os momentos e em todos os lugares, pensando em vó s. Pois, pode
ser, você nã o pecará facilmente se izer isso; e, se você izer isso como
eu o aconselho, você pode estar seguro; porque, no dia em que muitos
estã o tristes, que agora riem e se alegram, você se alegrará e exultará
com uma alegria indescritı́vel.

Dê atençã o diligente, portanto, à s suas obras. Se eles sã o bons e


agradá veis a Deus, regozije-se; se eles sã o ruins e nã o sã o aceitá veis a
Ele, reforme-os imediatamente. Nã o adormeçam os vossos olhos, nem
adormeçam as vossas pá lpebras. O poço da perdiçã o está bem aberto, e
aquele que está tã o pouco desprevenido, escorrega nele com bastante
facilidade. O pecado, a injustiça, a loucura, a vaidade, impelem-no a isso,
mal resistindo, e, uma vez mergulhado nele, nã o haverá escapató ria
para sempre. Mas, como o poço da destruiçã o eterna se abre para os
ı́mpios e maus trabalhadores, assim o portã o do Paraı́so se abre de par
em par para os bons e os que perseveram na bondade; e a alma uma vez
recebida ali permanecerá para sempre e habitará lá , cheia de alegria e
alegria para todo o sempre.

[§ 23.] E agora tracemos, se pudermos, com atençã o, o curso pelo


qual as boas obras elevam ao cé u a alma daquele que viveu bem,
enquanto as má s obras arrastam a alma do pecador para o inferno. A
alma puri icada, assim que se separa do corpo, vê todas as suas obras; e
vendo que todos eles sã o bons, exulta com uma alegria indescritı́vel.
Pouco depois, um anjo a guarda; sim, o anjo que guardou seus olhos de
contemplar a vaidade, e fechou seus ouvidos para nã o ouvir iniqü idade,
ele a abraça; que vigiava sua boca, para que nã o falasse mentiras, ele a
protege; quem a protegeu do pecado pelo tato ou olfato, ele se regozija
nela; e em sua grande alegria e jovialidade paira ao redor dela, e a
coloca diante do trono do brilho divino, para ser feliz sem im. E outros
anjos entã o voam para saudá -la, e outros santos, cujo posto está diante
da face da Majestade de Deus, e reconhecendo-a como sua amiga e sua
companheira de boas obras, abraçam-na alegremente com os braços do
mais terno amor; e, descrevendo-a da seguinte forma, declare a alegria
comum de um e de todos os habitantes da bem-aventurança: 'Eis que tu
é s nosso companheiro; eis que tu é s nosso amigo, pois tens servido a
Deus ielmente e trabalhado com todas as tuas forças para cumprir os
Seus mandamentos; agora, agora, inalmente, descanse de sua labuta, e
desfrute de felicidade sem im, agora e por toda a eternidade.'

[§ 24.] Mas, por outro lado, quando a alma do ı́mpio é forçada a


sair do corpo, os anjos de Sataná s logo a recebem; e, amarrando-a
rudemente com correntes de fogo, e forçando-a ainda mais rudemente
por todos os lados, apresse-a para os tormentos daquele inferno onde
Sataná s, mergulhado no poço, jaz profundo e baixo, onde há choro e
ranger de dentes (St. Matt. viii. 12 ), onde 'fogo e enxofre e tempestades
de vento é a porçã o do cá lice dos pecadores' ( Ps. x. 7 ). Entã o o rei
infernal, o pró prio Sataná s, agarrando-a em suas mã os e arrotando
sobre ela um sopro de fogo repugnante, ordena que ela seja imobilizada
por seus saté lites e, assim amarrada, seja lançada no meio dos fogos
atormentadores, lá ser torturado sem im com eles, lá sem im morrer
eternamente por muito sofrimento. Entã o a alma infeliz, atormentada
por dores, cercada pelos demô nios infernais, acima, abaixo, por todos
os lados, voltando inalmente a si mesma, e vendo todos os males que
ela já fez, grita com um grito doloroso: 'Ah, pobre eu, pobre de mim! por
que eu nunca vivi? Pobre de mim, atormentado por tã o estranhos
tormentos! pobre de mim! O vermes, ó vermes, por que você me ró i tã o
cruelmente? Tenha pena de mim, tenha pena de mim; coitada de mim,
que sofro tantos e tã o horrı́veis outros tormentos! Ah, pobre de mim,
pobre de mim! E eu quero morrer; mas, morrendo e morrendo, ainda
nã o posso morrer. Agora eu, pobre coitado, recebo novamente tudo em
que pequei, pela vista, pelo paladar, pela audiçã o, pelo olfato, pelo tato.'
E, no entanto, nã o vale a alma miseravelmente triste, arrependendo-se
tã o tarde, chorando tã o tristemente por dor, que tanta tristeza agora a
a lige. Nã o; o que ela mereceu em sua vida terrena, que agora recebe
nas penas do inferno, pobre alma, pobre alma pecadora.

Portanto, presta atençã o, ó minha alma, e tu, ó minha carne; e


prestando atençã o, julgue o julgamento verdadeiro e decida qual é o
melhor, qual o mais lucrativo curso a seguir; fazer o bem e receber o
bem, ou fazer o mal e receber o mal? A menos que sejam tolos,
responderã o: 'Fazer o bem e icar bom'. Portanto, faça o bem; fazei o
bem para poderdes ter o bem, aquele Bem do qual procede todo o bem;
Re iro-me ao Bem de todo o bem, que nã o pode deixar de ser bom.
Nosso Criador nos deu muitas coisas boas, colocou muitas ao nosso
alcance; mas nã o há bem tã o precioso, tã o digno da busca de todo
homem sá bio, como O BEM. a quem nenhum bem criado pode ser
comparado; e Ele é nosso pró prio Criador, que nunca é senã o bom. Qual
Bem, se, por Sua graça, você puder ter, você terá todos os outros bens
nEle. Mas se, tendo outros, você nã o tem Ele, o Unico Bem, você
trabalha em vã o, e, como idiotas perseguindo o vento, você inalmente
encontrará nã o a verdade, mas o vazio e a vaidade.

Nã o; toda a gló ria presente, como de fato você vê que é se você
considerar corretamente o assunto, é como uma bexiga cheia de vento;
que, desde que seja segurado nas mã os com bastante cuidado e apenas
olhado, mostra-se bem e justo o su iciente; mas se por acaso o menor
buraco for feito nele, o vazio - nã o a bondade, apenas o vazio e o vento -
ica em suas mã os.

Portanto, re lita; e, como eu o adverti no inı́cio desta meditaçã o,


pense sempre no seu ú ltimo im; porque assim pensando e sendo
sempre solı́cito em sua partida, você nã o pecará facilmente; e assim,
vivendo até o im, terminando as alegrias temporais, as quais, enquanto
você era tã o tı́mido, esvoaçava como um sopro de vento em seu rosto,
você nã o encontrará vaidade, mas verdade, que é Cristo; para quem Ele
pode trazer você que criou você . Um homem.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
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[§ 25. A condição do pecador .] Nã o sinto pouco medo quando olho para
os pecados que cometi e penso nas dores e tormentos que mereço
sofrer por eles; e assim, em minha grande ansiedade e meu grande
alarme de nã o me perder, olho ao meu redor para ver se por acaso
posso encontrar em algum lugar algum meio de consolo. Mas, pobre de
mim! nã o encontro nenhum; pois nã o apenas meu Criador, mas meu
Criador e toda a criaçã o que Ele fez sã o, eu sei muito bem, alistados
como meus adversá rios. Assim, meu Criador com toda a Sua criaçã o,
gravemente ofendido por meus pecados, me condena; enquanto minha
consciê ncia, muito segura de suas má s açõ es, me acusa em todos os
pontos. De modo que nã o encontro consolo, nem penso que o obterei
prontamente de qualquer fonte.

O que, entã o, devo fazer? Para onde devo me voltar, desolado como
estou, enredado como estou nas malhas de meus pecados? Se eu
resolver voltar-me novamente para Aquele que me fez reto, e assim
suplicar a Sua indescritı́vel misericó rdia para ter piedade de mim, temo
muito que por minha tã o grande temeridade eu o mova a maior ira
contra mim, e que Ele nã o tanto mais severamente por isso vingar-se
daquelas minhas enormidades pelas quais nã o temi provocar sua
bondade.

O que entã o? Devo icar quieto, como se estivesse em desespero,


sem conselho, sem ajuda? Meu Criador, mesmo agora, permite que eu
viva, mesmo agora, nã o me fornece tudo o que é necessá rio para a
sustentaçã o desta vida presente; e, como eu acho por experiê ncia real,
meus pecados nã o servem para conquistar Sua bondade, e induzi-Lo a
decidir agora inalmente me cobrir de confusã o, como há muito
merecia, e me destruir completamente. De todas as certezas, esta é a
mais certa, que Ele é misericordioso para comigo, na medida em que
Ele prodigaliza sobre mim tais bê nçã os inestimá veis, e que mesmo
agora Ele nã o procura se vingar de minhas iniqü idades.

[§ 26. A Divina Misericórdia antes da Encarnação .] Eu ouvi, e o que


ouvi é verdade - pois aqueles que tiveram experiê ncia de um fato estã o
em condiçõ es de atestar - que Ele, a Fonte de Misericó rdia, que
começou luir desde o inı́cio do mundo, lui ainda. Ele foi
abundantemente misericordioso, como nos dizem, e muito
misericordioso com Adã o, nosso primeiro pai, pois nã o o puniu
imediatamente com a perdiçã o eterna que merecia ao cometer o
pecado de comer o fruto proibido; mas esperou pacientemente por sua
emenda e lhe deu ajudas misericordiosas para capacitá -lo a retornar à
graça dAquele a quem havia ofendido. De fato, Ele muitas vezes enviou
anjos a ele e à queles que dele surgiram, para este im; admoestando-os
a voltar e fazer penitê ncia por suas iniqü idades; pois Ele ainda estava
disposto a recebê -los, caso eles se arrependessem de todo o coraçã o de
seus pecados. Mas eles, ainda persistindo em seus pecados e
desprezando Suas admoestaçõ es, acrescentaram novos pecados aos
antigos; e enlouquecidos, por assim dizer, frené ticos e odiosos em suas
iniqü idades, começaram contra sua natureza, embora criados em honra
por causa da semelhança de Deus, a imitar o comportamento de bestas
brutas.
Entã o novamente Ele enviou patriarcas, Ele enviou profetas; mas
mesmo assim os homens escolheram nã o abandonar seus caminhos
tortuosos e perversos, mas, daqueles que lhes deram conselhos de
salvaçã o, mataram alguns e a ligiram outros com vá rias e inauditas
torturas. Ainda assim, como um pai misericordioso, Ele os castigou por
um tempo, nã o para se vingar de suas afrontas e escá rnios, como se
instigado por suas má s açõ es, mas para que assim corrigidos pudessem
recorrer à Sua misericó rdia, que de modo algum deseja a perdiçã o
daqueles que Ele, por Sua bondade, criou do nada.

[§ 27. A Divina Misericórdia na Encarnação .] Mas quando,


visitados e visitados novamente, primeiro por admoestaçã o, depois por
correçã o, eles ainda se recusaram a se converter, a Fonte da
Misericó rdia nã o pô de mais se conter, mas, descendo do Seio do Pai,
tomou nossa verdadeira humanidade, tomou nossa semelhança
pecaminosa, e começou tudo docemente a admoestá -los a fazer
penitê ncia salutar por seus pecados, e reconhecer que Ele é o pró prio
Filho de Deus. Pois Ele veio para a salvaçã o deles, e eles nã o devem
perder a esperança, mas devem acreditar irmemente que o perdã o
agora era deles por todos os seus pecados, se eles os abandonassem e
izessem penitê ncia. Pois nã o há pecado tã o grave que nã o possa ser
lavado pela penitê ncia, e tã o lavado que o pró prio diabo nã o possa mais
chamá -lo de lembrança. Entã o, portanto, os pecadores, contemplando a
tã o grande doçura de seu Criador, começaram por sua pró pria vontade
a correr em multidõ es ansiosas para a Fonte da Misericó rdia, e lavar
seus pecados nele. Nã o mais; Ele, por sua parte, Fonte de Misericó rdia,
passou a viver com os pecadores, passou a abrir-lhes as portas sagradas
daquela con issã o sacramental por meio da qual todo fardo do pecado é
aliviado e removido, pois na verdadeira con issã o toda mancha é limpa
e lavados.

Depois disso, quando se aproximava o tempo em que Ele deveria


sofrer pela redençã o dos pecadores, os judeus, de cuja linhagem Ele
nasceu segundo a carne, movidos de inveja por Ele ser misericordioso e
compassivo, O cruci icaram. E ainda assim Ele, mesmo em Sua pró pria
morte, nã o se esquecendo de Sua compaixã o, orou a Seu Pai por Seus
assassinos, para que Ele lhes perdoasse este pecado, 'porque eles nã o
sabem' - foram Suas palavras - 'porque eles nã o sabem o que fazer' (Sã o
Lucas xxiii. 34 ). Assim, a mais doce compaixã o de nosso Senhor
encontra desculpas para eles; nosso Senhor que nã o deseja a morte do
ı́mpio, mas que ele se desvie do seu caminho e viva (Ez. xxxiii. 11).
Quem, entã o, tem o coraçã o tã o duro, tã o duro como pedra, que a tã o
grande benevolê ncia de seu Criador nã o pode abrandá -lo; a quem,
embora Sua criatura feita por Ele do nada à Sua imagem e semelhança,
ele tratou com desonra; contudo, Ele nã o puniu com vingança, mas,
desonrado como foi e provocado pelas muitas má s açõ es dos homens,
ainda assim suportou tudo com paciê ncia, e docemente os admoestou a
retornarem a Ele sem dú vida e sem demora. Sim, de fato; nosso Senhor
Jesus Cristo é misericordioso e doce; como onde Ele diz por Seu
profeta: 'E minha vontade que um pecador morra, e nã o que ele se
converta de seus caminhos e viva' (Ezech. xviii. 23), e assim, fazendo
penitê ncia, deve retornar ao graça de seu Criador? E quã o
misericordioso Ele é para com a alma pecadora Ele declara por outro
profeta, quando Ele implora, mesmo depois do pecado cometido, para
voltar novamente e encontrar misericó rdia, dizendo: 'Tu te prostituı́ste
com muitos amantes' ( Jr 3.1). ); isto é , tu, que juraste tua fé a Mim no
batismo, manchaste e profanaste tua idelidade conjugal com muitos
amantes; ainda faz penitê ncia e volta para Mim, e Eu te receberei. Que
nenhum pecador, entã o, desanime quando, depois de ter sido
contaminado com muitos amantes, sua alma é recebida novamente;
pois a Fonte da Misericó rdia, Jesus Cristo, está esgotada pelas
iniqü idades de ningué m, poluı́da pelos crimes de ningué m; mas,
sempre puro e sempre cheio de graça e doçura, recebe todos os que se
voltam para Ele, por mais fracos que sejam, por mais pecaminosos que
sejam, e quaisquer que sejam os pecados que os contaminaram. E para
que todos os pecadores, e todos os injustos, possam ter certeza de que
receberã o o perdã o de seus pecados, se realmente se esforçarem para
repudiar seus pecados e fazer penitê ncia, Ele, a Fonte de Misericó rdia,
sofreu a mesma Carne que, como Eu disse, Ele assumiu em seu nome,
para ser cruci icado; que aqueles que estavam mortos em pecados, e
nã o poderiam por nenhum outro meio retornar à vida novamente, a
menos que fossem redimidos pelo preço de Seu Sangue, nã o se
desesperassem quando vissem o preço que foi oferecido por seus
pecados.

[§ 28. A contemplação do pecador de si mesmo .] Quando, pois,


contemplo a tã o grande compaixã o 06 meu Senhor Jesus Cristo, e vejo
que, embora tantos pecadores e injustos corram para a Fonte da
Misericó rdia, nenhum é excluı́do, mas todos sã o bem-vindos, estou
sozinho para perder a esperança? estou sozinho para temer que Aquele
que lava os outros nã o pode lavar meus pecados? Eu sei, eu sei com
certeza, e eu realmente acredito, que Aquele que puri ica os outros é
capaz de me puri icar també m, e, se Ele quiser, pois Ele é o mais
poderoso, me perdoará todos os meus pecados. Ainda assim, no
entanto, existem grandes diferenças entre um pecador e outro; entre,
isto é , aquele que peca mais gravemente e aquele que peca menos. E eu,
contemplando a este respeito a grandeza dos meus pecados e a
profunda tintura das iniqü idades com que minha alma foi manchada,
vejo claramente que nã o estou no mesmo caso dos outros pecadores,
mas que sou pecador mais do que qualquer outro pecador. , e muito
alé m de todos os outros pecadores. Pois muitos pecaram e depois
desistiram; alguns, embora tenham pecado com frequê ncia, em algum
momento estabeleceram um limite para seus maus caminhos; outros,
ainda, ainda que tenham feito muitas má s açõ es, nã o deixaram també m
de fazer muitas coisas boas, e assim mereceram que essas má s açõ es
fossem totalmente remitidas, ou entã o ganharam que até mesmo as
dores do inferno fossem mais tolerá veis. para eles. Mas eu, pobre eu,
pecador e miserá vel acima de todos os pecadores e todos os miserá veis
mortais, entendendo bem e sabendo bem a que terrı́vel perdiçã o meu
pecado e a fascinaçã o do pecado me levavam, nunca me preocupei em
desistir dos pecados e das má s açõ es, mas tenho sempre agravou velhos
pecados por novos, e assim todos conscientemente e voluntariamente
mergulhei, miserá vel que sou, na perdiçã o do pecado; e, mas que a
in inita bondade de meu Senhor ainda me suportava, há muito, muito
tempo devo ter sido devorado pelo pró prio inferno. Eu, pois, depois de
viver como vivi, depois de cometer tantas atrocidades e envolver-me
em tã o grandes iniquidades, como me atreverei a voar para a Fonte da
Misericó rdia na companhia de outros, pecadores, é verdade, mas
pecadores que nã o iz tã o grande mal, por medo de que, em razã o da
imundı́cie de meus crimes, Aquele que lavou outros cuja imundı́cia é
mais tolerá vel se recusasse a me lavar? Ajuda-me, pois, ó Senhor Jesus
Cristo, ajuda a Tua criatura, ainda que eu seja esmagada por uma
multidã o de pecados; antes, vendo em mim Tua pró pria criaçã o, ajuda-
me para que nã o me desespere; pois, como acreditamos, nenhuma
carga de pecados pode ser tã o grande em culpa a ponto de Te
conquistar, se apenas o pecador nã o se desesperar por Tua
misericó rdia.

[§ 29. A oração do pecador a Jesus Cristo .] Permita-me, pois, ó


Senhor Jesus Cristo, contemplar a Tua inefá vel misericó rdia e
proclamar Tua doçura e bondade para com os pecadores e os
miserá veis. Eu já disse isso, mas, ó , deleita-me muito, sempre que a
ocasiã o oportuna oferece, fazer memó ria de Tua doçura e Tua graça
para com os pecadores, e dizer quã o grandes eles sã o. Pois, por amor
aos pecadores e por sua redençã o - nã o apenas pecadores que sã o
pecadores mais ou menos pecadores, mas pecadores que sã o pecadores
alé m da medida, se apenas se arrependerem - Tu desceste do seio do
Pai, Tu entraste no seio da Virgem ventre, tomaste dela a verdadeira
carne, e vivendo no mundo chamaste todos os pecadores à penitê ncia,
por im suportaste por eles o patı́bulo da Cruz, e morrendo assim
segundo a carne, lhes restituı́ste a vida que por sua pecado que eles
tinham justamente perdido. Portanto, quando considero as má s açõ es
que iz, tenho certeza de que estarei perdido, se Tu quiseres julgar-me
de acordo com meus mé ritos; mas, quando considero aquela Tua morte
que sofreste para a redençã o dos pecadores, nã o desespero de Tua
misericó rdia. Por que; o ladrã o que por seus pecados foi cruci icado ao
Teu lado viveu em pecado, até a morte de sua alma; e ainda assim, na
hora exata de sua dissoluçã o, porque ele confessou suas faltas e
proclamou sua culpa, encontrou misericó rdia e foi naquele mesmo dia
Contigo no Paraı́so. E eu, vendo-Te, como eu, morto para a redençã o dos
pecadores, Tuas Mã os e Teus Pé s presos pelos pregos, Teu Lado aberto
pela lança do soldado, o rio de Sangue e Agua luindo desse Teu querido
Lado, sou eu me desesperar? Uma coisa, e apenas uma coisa, Tu
desejas; isto é , que nos arrependemos de nossas maldades e nos
esforçamos para corrigir o melhor que pudermos. Se izermos isso,
estaremos seguros; pois se nosso ú ltimo dia nos encontrar assim - visto
que temos o exemplo do ladrã o que assim em sua ú ltima hora mereceu
ser salvo - con iando na indescritı́vel misericó rdia de nosso Senhor
Jesus Cristo, podemos ter pouco ou nenhum medo da acusaçã o de o
inimigo. Tendo, portanto, diante de nossos olhos o preço de nossa
redençã o, a Morte, ou seja, de nosso Redentor, e Seu Sangue que foi
derramado por nó s; tendo, alé m disso, o exemplo do ladrã o e de muitos
que, tendo sido enredados em muitos e grandes pecados, foram
misericordiosamente perdoados por Ele, a Fonte da Misericó rdia, Jesus
Cristo, nã o nos desesperemos, mas voe, certos da remissã o dos nossos
pecados, a Ele a Fonte da Misericó rdia, em quem vemos e sabemos que
tantos e tã o grandes pecadores foram lavados; e tenhamos certeza de
que da mesma maneira seremos puri icados pela mesma Fonte de
Misericó rdia, se nos abstermos de nossas maldades e nossos pecados, e,
na medida do possı́vel, tivermos o cuidado de fazer o que é certo. Mas,
abster-se do mal e fazer o bem, é o que nã o podemos alcançar com
nossas pró prias forças e sem a ajuda Dele. Vamos, portanto, implorar a
Sua compaixã o indescritı́vel, cujo cuidado foi nos criar quando nã o
é ramos, que Ele nos conceda assim nesta vida, antes de partirmos
daqui, para corrigir nossas falhas; que, terminada esta vida, possamos
ter forças para viajar para casa a Ele em um vô o direto e sem restriçõ es,
e assim habitar com Ele na gló ria eterna, unidos aos coros angé licos
que agora a desfrutam, regozijando-se em felicidade sem im.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
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[§ 30.] I. Da mutabilidade de tudo o que há no mundo . Nada é mais certo
do que a morte, nada mais incerto do que a hora da morte. Re litamos
entã o quã o curta é nossa vida, quã o escorregadio nosso caminho; quã o
certa a nossa morte, quã o incerta a hora da nossa morte. Consideremos
quais amarguras estã o misturadas com quaisquer possibilidades doces
ou agradá veis para nos seduzir se estivermos ao seu alcance no curso
de nossa jornada de vida. Oh, quã o enganoso e quã o falso, quã o mutá vel
e quã o fugidio, é toda a prole do amor deste mundo, toda a pretensã o
de graça e beleza transitó rias, toda a promessa de prazer carnal! E
ponderemos bem també m a doçura e a beleza, a serenidade e a calma
de nosso pró prio lar celestial; pensemos bem de onde caı́mos e onde
jazemos, o que perdemos e o que encontramos, para que possamos
aprender de qualquer consideraçã o que boa necessidade temos de
lamentar e lamentar neste nosso banimento. E por esta razã o que
Salomã o declara: 'Aquele que acrescenta conhecimento acrescenta
també m trabalho' ( Ecles. i. 18 ); pois quanto mais completamente um
homem entende quais sã o as doenças de sua alma, mais alimento
abundante ele tem para suspiros e tristezas. Assim, na verdade, a
meditaçã o engendra o conhecimento, o conhecimento convida à
compunçã o, a compunçã o incita à devoçã o e a devoçã o leva à oraçã o.
Por há bitos de meditaçã o incessante o homem é tã o iluminado que
conhece a si mesmo, enquanto na prá tica da compunçã o seu coraçã o é
tocado com uma tristeza ı́ntima pela contemplaçã o de seus males.

[§ 31.] II. Das múltiplas bênçãos de Deus Todo-Poderoso . Pobre de


mim, quã o ardentemente devo amar meu Senhor por me criar quando
eu nã o era e por me redimir quando eu estava perdido. Eu nã o era, e Ele
me fez do nada; nem me fez uma entre Suas muitas criaturas que sã o
desprovidas de razã o, como uma á rvore, um pá ssaro ou uma criatura
bruta; mas Ele quis que eu fosse um homem e me dotou com os dons da
vida, sensaçã o e discurso da razã o. Eu estava perdido, e para me salvar
Ele se inclinou para a minha sorte de morrer; imortal, Ele assumiu a
mortalidade, suportou o sofrimento, venceu a morte e assim me
restaurou ao meu primeiro estado. Assim, assim, Sua graça e
misericó rdia sempre me impediram, e de muitos perigos Ele, meu
libertador, me libertou. Quando eu estava me desviando, Ele me
conduziu de volta; quando eu nã o sabia nada, Ele me ensinou; quando
pequei, Ele me castigou; em minhas dores Ele me consolou; em meu
desespero Ele confortou; quando eu caı́, Ele me levantou; quando me
levantei, ele me segurou; quando me movi, Ele me guiou; quando eu fui
a Ele, Ele me acolheu e me recebeu. Tudo isso, e muito mais, meu
Senhor Jesus Cristo fez por mim; e doce será a tarefa de retribuir
incessantemente graças por todos, para que eu, por todos os seus
benefı́cios, possa amá -lo e louvá -lo sempre. Nã o tenho nada que eu
possa oferecer a Ele por todas essas coisas, exceto apenas que eu O amo
com todo o meu coraçã o; e nã o há oferta melhor e mais adequada do
que aquela que é dada por amor.

[§ 32.] III. Aqui o pecador se repreende por sua ingratidão . Ai, ai, ai,
Senhor Deus, é assim que ouso vir, que ouso apresentar-me na presença
de Teus santos; Eu, de todos os homens, o mais miserá vel e o mais
triste; Eu que sou tã o ingrato por tantas e tã o grandes bê nçã os; Eu que
abusei tã o descaradamente e tã o sem graça de Tuas dá divas; Eu que
nã o enrubesci com esses mesmos dons para fazer armas com as quais
lutar contra Ti, e isso com tanta frequê ncia e por tanto tempo; Eu que
nã o enrubesci, tantas vezes e por tanto tempo, embora o destinatá rio
de Tua generosidade, para lutar do lado do diabo contra Ti, meu Rei; Eu
que ousei transformar Teus dons em armas a serviço do diabo; Eu que
presumi tã o infamemente abusar de mim mesmo, e ousei me contratar
como escravo do diabo, e tornar meus membros seus; e nesses mesmos
membros lutam contra Ti, meu Criador, contra Ti, Tu que os izeste e os
deste a mim.

Nã o sou eu, ó Senhor meu Deus, que tantas vezes se colocou como
uma espada a iada nas mã os do demô nio sem graça para devorar as
almas? Oh, quantas vezes eu me coloquei em ordem contra Ti para
cercar a morte do meu pró ximo! E quantas vezes eu apontei as lechas
da depreciaçã o ou da bajulaçã o a outros homens, tantas vezes eu a
transformei em um arco de falsidade. O misericordioso, ó dulcı́ssimo
Pai, nã o posso contar as vezes em que usei infamemente meus
membros corporais, dando armas ao diabo e lutando contra Ti, por
tudo que Tu é s a maior gentileza e bondade.

[§ 33.] IV. Um reconhecimento do pecado . Eu sou o mais louco de


todos os loucos, que, criado por Ti do nada, escolhido da massa de
pecado e perdiçã o para ser um ilho de Tua graça, adotado por Ti para
ser um co-herdeiro de Teu mais querido e unigê nito. Filho Jesus Cristo,
nosso Senhor e Deus, designado para as honras e as gló rias do Teu
Reino, e cheio de abundâ ncia de graça imerecida, esqueceu-se de toda
esta Tua prodigalidade, embora tenha visto muito bem que essas tã o
grandes bê nçã os lhe foram dadas por Ti. Sim, de fato, rejeitei as honras
de Teu reino celestial, desprezei Tua gló ria e me reduzi à condiçã o de
ilho bastardo e degenerado, e me entreguei ao diabo, para ser
arrastado à sua vontade sobre os montes de esterco de luxo e pelos
espinhos espinhosos da avareza, e ser batido nas rochas pelas ondas e
ondas do orgulho.

Eu sou o mercador cego, que trocou as riquezas inestimá veis dos


talentos que Tu lhe deste, trocou-os, pobre coitado, por carê ncia, nudez,
suspiros sem im; sim, troquei a paz mais deliciosa e mais alegre por
espinhos e um monturo, isto é , por riquezas e luxo; e penhorou a luz
eterna por trevas eternas, alegrias sem im por tristezas sem im, gló ria
eterna por vergonha eterna e um trono em Teu reino para escravidã o
aos demô nios.

Eu sou o mais fraco dos ilhos dos homens que se expô s como alvo
para a lecha; pois me propus a ser trespassado pelas lechas do pecado
e dilacerado da cabeça aos pé s com feridas.

Eu sou o mortal que, lançado como um cadá ver para ser dilacerado
e despedaçado por cã es do inferno e todas as aves carniceiras imundas,
expulso de Tua santa cidade, a cidade de Teus santos, Teus amigos, da
santa e alegre sociedade dos espı́ritos bem-aventurados do cé u,
entreguei-me a ser consumido pelos vı́cios como por vermes. Oh, quã o
repugnante eu mostro em Teus olhos santos; manchado e manchado
com a imundı́cie repugnante do luxo, chamuscado com fogo de raiva e
avareza, meus membros infestados com vermes de ó dio e inveja,
in lados e inchados de orgulho, da cabeça aos pé s uma massa de
ú lceras, cicatrizes e feridas, estampadas e marcado com tantos e tã o
grandes pecados, as falas e personagens de diabó licas vilezas. Eu sei, ó
misericordioso Senhor, que Tu podes merecidamente e com muita
justiça dizer que eu nã o sou Teu, e me recusar a admitir tal coisa como
eu sou, eu nã o direi Teu ilho, mas até Tua criaçã o. Pois este horrendo
espetá culo monstruoso de todos os tipos de sujeira nã o é Tua criaçã o e
recriaçã o; esta coisa odiosa nã o é apenas imagem e semelhança de Ti.
Foi uma outra criaçã o que Tu me izeste. Ai eu! Essa semelhança com o
diabo em toda a sua impureza me mostra até agora ter sido um ilho do
diabo, um herdeiro dos tormentos que aguardam os incré dulos. Tal, tal
é a troca e a troca que iz, tolo, tolo, tolo cego que fui, de penhorar a
gló ria e a dignidade de levar Tua semelhança pela mais odiosa e vil
deformidade.

[§ 34. A revisão do pecador de si mesmo .] O santo Pai, Tu nã o


con iaste, portanto, esses teus preciosos talentos a mim, para que eu te
entregasse por usura uma ofensa tã o odiosa. Tu, portanto, nã o
derramaste tantos e tã o grandes benefı́cios sobre mim, para que nã o
colherias melhor fruto da semente semeada do que ervas daninhas,
espinhos e cardos sem valor. Tu nã o me encheste e me enriqueceste
com tantos e tã o grandes benefı́cios, que eu deveria transformá -los em
armas contra Ti meu Deus. Nã o foi o desı́gnio de Tua benevolê ncia me
dar armas contra Ti mesmo, nem aumentar o poder do diabo pelas
armas de Tua dá diva. E agora eis-me. Veja, veja, estou ferido com todas
essas feridas, essas feridas terrı́veis, mas nã o sofro. Ah, certamente, sou
cego; pois com todas as suas imundı́cies e esta nudez total, ainda assim
nã o me envergonho.
Sim, sim, de fato; Estou insensato e embotado de coraçã o, para nã o
me a ligir pelas tantas e tã o tristes perdas que sofri; nem mesmo ter em
mim espı́rito para lamentar a morte que estou morrendo. Sim, sim, de
fato; meu coraçã o deve ser de pedra, pois estou tã o endurecido que
nem de vez em quando temo os tormentos eternos que me assolam.
Sim, sim, de fato; este coraçã o é uma rocha de gelo, pois todos os fogos
do amor de meu Pai misericordioso e as bê nçã os de Seu amor nã o
servem para aquecê -lo. Sim, sim, de fato; Eu me envergonho e me
repreendo, pois o clamor da trombeta da pregaçã o e os trovõ es de Tuas
ameaças sã o igualmente e icazes para me despertar.

Onde está a dor penetrante de que falam, a dor da compunçã o,


com a qual esmagar e jogar fora toda essa dureza inspirada no inferno e
aniquilar toda a pedra, a teimosia, a rebeliã o? Onde está , meu Deus, a
vergonha que deve me cobrir de confusã o diante de teus olhos e dos
olhos de toda a corte do cé u? Onde está o pavor de Tua vingança, que
deveria me fazer tremer completamente diante de Ti? Onde está o
amor, e o desejo de recuperar Tua paz, amor e graça, que deveria
queimar dentro de mim? Onde estã o as torrentes de lá grimas com as
quais eu deveria lavar minhas manchas e minhas impurezas diante de
Ti? Onde está a devoçã o orante pela qual devo me esforçar para
apaziguar e propiciar a Ti? Para onde me voltarei, ó terno e compassivo
Pai, nã o tendo, como tenho, nada digno de Tua consideraçã o que possa
oferecer à Tua majestade? Para onde devo voar, Pai misericordioso, eu
que estou vazio de todo bem; nã o, aquele estande exibido cheio de todo
mal; sob o olhar de Teus santos e os santos exé rcitos de Tuas hostes
celestiais?
[§ 35. O clamor do pecador a Deus .] Eu sei, ó Senhor Deus, Tu
Governante da minha vida, que todo dom melhor e todo dom perfeito
vem do alto, descendo do Pai e da Fonte das luzes (Sã o Tiago i . 16 ). Eu
sei que nã o posso oferecer nada agradá vel aceitá vel a Ti, a menos que
eu a tenha tirado primeiro da Fonte de Tua bondade: e isso somente se
Tu iluminares e se Tu me ensinares. Eu sei que este penhor de Tua
misericó rdia deve ir antes de todo esforço meu. Eu sei, querido Pai, que
se eu nã o posso furtar ou roubar Tuas coisas boas de Ti, igualmente
impossı́vel é para mim, por quaisquer mé ritos meus, obter os meios
pelos quais voltar a Ti e Te agradar. Pois que mé ritos meus podem me
proporcionar senã o o castigo da morte eterna? Eu sei que depende do
Teu beneplá cito que Tu me destruas, de acordo com a multidã o de
minhas má s açõ es, minhas ofensas, minhas negligê ncias e minhas
omissõ es; ou refaz-me e torna-me aceitá vel a Ti segundo as
inestimá veis riquezas de Tua misericó rdia; pois Tu, o ú nico criador de
Tua criatura, só podes refazê -la.

Agora eu voo para Ti, ó Pai misericordioso, sabendo que Tu é s meu


ú nico refú gio de Ti mesmo. Quem pode me livrar de Tuas Mã os senã o
Tu somente? Tua misericó rdia pode me livrar – a misericó rdia que eu
nã o apenas desmereci, mas resisti e contra a qual me rebelei – pode me
livrar de Tua justa ira, que eu provoquei tã o miseravelmente e tã o
gratuitamente. Digna-te, portanto, receber-me, ó Senhor, agora que
volto a Ti. Afasta, peço-Te, Teus olhos santos de minhas impurezas e
minhas ingratidã o; e dobra-os sobre Ti mesmo, de quem ningué m pede
perdã o sem esperança de ganhá -lo. Em Ti mesmo encontrará s ao
mesmo tempo a fonte e a justi icaçã o de qualquer misericó rdia que
possas mostrar, de acordo com a abundâ ncia de Tua doçura e a
imensidã o de Tua misericó rdia. Nã o, peço-Te, nã o olhes para mim; pois
em mim nada encontrará s senã o o que bem merece a tua ira, ou é tudo
digno da morte eterna. Entã o desvia os teus olhos santos, ó Senhor, da
vista de tudo o que é tã o vil e vil em mim; o que, se eu pudesse vê -los e
esquadrinhar-los em Tua clara e resplandecente luz, por muito horror
eu nã o poderia suportá -lo, mas deveria abominar e evitar a mim
mesmo. Vire-se, afaste-se de minha sujeira nojenta e volte-se para Ti
mesmo. Eu sei, ó Senhor de misericó rdia, que Teus olhos santos sã o
puros e nã o podem ver deformidades horrı́veis, a menos que Tu me dê s
bondade com que Te agradar. Sei que toda a Tua corte celestial desvia
os olhos e fecha os ouvidos, incapaz de suportar minhas odiosas
ofensas. Mas Tu, ó Pai misericordioso, volta-te, volta-te para aquela
Fonte de Misericó rdia, cuja misericó rdia nã o conhece medida nem im,
e assim olha para mim Tua criatura com consideraçã o misericordiosa e
terna. Eu sou Tua criatura, ó Senhor, e obra de Tuas mã os.

Refaz, portanto, peço-te, o que izeste em mim, e destró i o que iz


em mim mesmo contra os teus mandamentos. Destrua, quero dizer,
tudo o que Tu odeias em mim, e tudo o que Tu nã o izeste, mas eu,
pobre eu. Refaça e recrie o que Tu criaste e izeste; porque isto é teu, ó
Senhor meu Deus; e odiar o que é Teu é um alcance impossı́vel de ó dio,
pois 'Tu nã o odeias nada das coisas que Tu izeste' ( Sabedoria xi. 25 ).
Destró i em mim o que é meu, em suma, o que nã o izeste; isto é , toda a
minha baixeza e vileza; mas nã o me destrua. Destrua-o, ó
misericordioso, compassivo Senhor, pois Tu o odeias; e que estou
começando a odiá -lo, é Tua boa dá diva.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
O M
[36. Uma oração por misericórdia e ajuda .] O Pai Celestial, olha, eu Te
suplico, para a fonte perene de Tua compaixã o, que, como um dilú vio de
puri icaçã o, um dilú vio precioso alé m de todo preço e cheio de vida,
jorrou de Teu mais querido e Filho unigê nito para a puri icaçã o do
mundo; pela morte de quem a tua bondade se agradou mesmo de nos
dar a vida, e també m de nos lavar com o seu sangue. Nã o mais; Tu
entregaste Teu amado Filho aos homens como um escudo de Tua boa
vontade, um escudo com o qual eles se protegem de Tua ira; Ele
recebendo em Si mesmo a morte que eles temem, Ele apresentou como
um escudo à Tua justiça e à Tua justa ira. Nem só isso; agradou a Tua
misericó rdia que Ele nã o apenas suportasse o peso de Tua ira, mas
també m suportasse nossa morte. Foi assim mesmo; Teu Filho, Teu
Unigê nito, sozinho suportou nossa morte.

'Lembra-te, ó Senhor, das tuas entranhas de compaixã o, e das tuas


misericó rdias que sã o desde o princı́pio do mundo' ( Sl xxiv. 6 ), e
estende a tua mã o para a tua criatura que se estende a ti. Ajuda a
fraqueza daquele que luta por Ti. Me desenhe; pois Tu sabes que nã o
posso ir a Ti, a menos que Tu, o Pai, me atraia com as cordas do amor e
do desejo. Faça-me um servo aceitá vel e agradá vel a Ti; pois Tu sabes
que nã o posso agradar-Te mais. Dá -me, peço-Te, aqueles dons sagrados
com os quais somente agradar a Ti, Tu que dá s boas dá divas à queles
que Te pedem. Concede, peço-Te, que meu ú nico amor e ú nico desejo
seja Tu mesmo; meu ú nico amor e ú nico medo, Tu mesmo. Toma-me
inteiramente para Teu, Tu que sabes que a Ti devo tudo o que sou, tudo
o que tenho, tudo o que sei e todos os meus poderes. Converte-me
inteiramente ao Teu louvor e gló ria, eu que me devo inteiramente ao
Teu louvor. Nã o entregue, peço-Te, Tua criatura a Teus inimigos;
guarda-me para Ti, de quem sou inteiramente; e aperfeiçoa em todas as
partes o que começaste, e con irma o que izeste.

Ouve minha oraçã o, eu te suplico, Tu que a dá s e a inspiras mesmo


antes que eu pensasse em te chamar. Olha para o Teu suplicante, Tu
que, quando tive a intençã o de orar, mesmo assim te dignaste olhar
para mim. Nã o foi em vã o, ó Senhor de misericó rdia, que Tu te dignaste
inspirar aquela minha oraçã o, nã o por nada Tu me deste. Nã o, para este
im Tu te dignaste dar isto, para que pudesses ouvir-me; pois isso me
concedeste, para que eu implorasse a ti que tivesses misericó rdia de
mim, um pecador. Assim, tendo me dado um penhor de Tua
misericó rdia, dá -me o resto. Salva-me, Senhor meu Deus, e arrebata-me
das mã os dos meus inimigos; pois eles també m sã o Teus, eles sã o os
sú ditos de Teu poder onipotente; e eles nã o odeiam nenhuma coisa de
boas obras em mim, exceto o que Tu me deste. Nã o há nada em mim
que eles odeiem, mas apenas que eu Te amo. E eles tramam com todos
os seus esforços, com todas as suas forças, com toda a sua astú cia, para
impedir que eu Te ame, Te glori ique e sempre Te busque.

Portanto, que os inimigos de Tua gló ria nã o sejam fortes demais
para mim; mas que iquem ainda mais confusos ao verem que eu,
empenhado em louvar-te e glori icar-te, procuro com todos os melhores
esforços aquela tua paz e gló ria, que eles pretendem diminuir. O Senhor,
nã o permitas, suplico-Te, que seu desı́gnio tã o profano e execrá vel a
meu respeito, nã o, contra mim, seja realizado; mas alarga a minha alma,
ó Senhor, para proclamar o Teu louvor e anunciar a Tua gló ria, para que
eu possa viver inteiramente de acordo com a Tua grande gló ria, e que
toda a minha vida possa Te glori icar; e Tu, pelo meu exemplo, convidas
e incitas muitos dos Teus predestinados a Te glori icar. Que a presença
de Tua luz e a doçura de Tua gló ria, uma gló ria que eles nã o podem
suportar, afastem de mim os espı́ritos vis, imundos e odiosos das trevas.
O, quebre minhas correntes e me tire da prisã o, da prisã o horrı́vel,
negra e sombria, do lago da misé ria e da lama da escó ria, do abismo da
morte e escuridã o; e conduz-me à liberdade e à Tua maravilhosa luz.

Ilumina-me com Tua fé salvadora; alegra-me e fortalece-me com a


tua esperança alegre e inabalá vel; vivi ica-me com Teu amor poderoso e
todo santo. Subjuga-me e humilha-me e guarda-me com Teu medo mais
forte, seguro e invencı́vel. Encha-me com a vergonha saudá vel do Teu
Ser todo-amá vel e todo-glorioso. E sempre que eu apresentar diante de
Teus olhos algo que possa ofendê -los, quebre-me, castigue-me com dor
maior que a de uma mulher, e me cure, à sua maneira doce, com a mais
e icaz compunçã o de Ti mesmo, para que eu nã o saia da Tua
misericó rdia. presença vazia e confusa; mas obtenha qualquer coisa
que eu possa pedir por Tua ordem, por Tua dá diva, por Tua inspiraçã o,
e tudo o que Tu prometeste à queles que pedirem. Deixe-me descobrir, ó
Senhor compassivo e misericordioso, que nã o em vã o os homens fogem
em busca de refú gio para Tua misericó rdia; que Tu está s muito pró ximo
de todos os que Te buscam, ajudando-os a Te encontrar; e que eu nunca
poderei desmaiar ou falhar enquanto estiver com Ti, a Fonte de
Compaixã o, ó Tu que me arrebatou da cova e me derramou Tu sabes o
quanto, Tu sabes o quê . Sim, com que esforço de onipotê ncia, sabedoria
e bondade, com que disseste e todas as coisas foram feitas, com um
esforço semelhante de compaixã o Tu podes falar, e todas as minhas
deformidades podem ser corrigidas e restauradas à vista.

[§ 37. A esperança do penitente na misericórdia divina .] E agora,


Pai todo-poderoso e misericordioso, eis que enumerei tantos e tã o
grandes Teus benefı́cios que recebi de Ti; Eu contei os males, tantos e
tã o grandes, que te paguei por Tua bondade. O eu miserá vel, ó eu
ingrato, que apesar de tantos e tã o grandes males me esperam e se
abatem, ainda aparecem diante de Ti com um coraçã o obstinado e
impassı́vel, e morto e frio; e ainda nã o tenho vergonha. Detectado em
tantos e dolorosos delitos, sem melhor perspectiva no futuro do que
uma forca no inferno, ainda nã o estou paralisado de medo, nem
torturado pela dor, nem confundido pela vergonha: nã o, nem
incendiado pelo amor de Teu tã o bondade gentil e tã o longamente
tolerante. O que está esperando, querido Pai, e demorando para olhar
para mim e ter pena de mim, até que, de acordo com a medida de Tua
misericó rdia, eu me torne apto a aparecer em Tua Presença, e
apresentar em Tua Presença algo digno de pedir? de Ti, e dizer algo
adequado para Te ouvir? Veja, veja, é um cadá ver que eu te trouxe; um
cadá ver repleto de vermes, e trê s dias morto, é o que vem a Ti, Tu
Doador da vida. Olhe olhe; o que apresento à Tua misericó rdia
onipotente é um cego, para ser iluminado; um doente, para ser curado;
um envolvido em, ó quantas e quã o grandes dı́vidas, para ser libertada;
completamente nu e pobre, para ser enriquecido. Pois é fá cil para Ti
enriquecer um mendigo em um momento.

Nem posso, de outra forma, clemente Deus, oferecer-Te a mim


mesmo, tal como sou; mostre a Ti minha morte e feridas, minha nudez e
pobreza, e minhas dı́vidas, pelas quais temo o calabouço da morte
eterna. Entã o, mostre-me Teus Olhos de misericó rdia; se, de fato, Tu
podes ser transformado e podes perdoar, e podes derramar sobre mim
Tua graça e bem-aventurança. Para voltar-me a Ti eu nã o posso; Estou
ferido com feridas demais e profundas; Sou derrubado por doenças e
até mesmo pela morte, e estou completamente desamparado. Mas Tu, ó
Pai misericordioso, converte-me, e eu serei convertido a Ti. Converte-
me a Ti, ó Senhor ( Lam. v. 21 ), e esmaga e esmaga meu coraçã o, e
implanta em mim a sensibilidade de uma dor acelerada. Pois nã o há
fonte de bê nçã os alé m de Ti; nã o há ningué m de quem receber amor e
medo, tristeza e vergonha, com o qual aparecer diante de Ti e ser digno
de Tua misericó rdia, a menos que Tu, do vasto reservató rio de Tua
misericó rdia, derrame graça sobre mim, para que todos sejam indignos.
de Tua graça. O Senhor, se Tu me deres isso, icarei feliz. Se Tu dignares
castigar minhas ofensas e meus crimes de acordo com Teu julgamento e
tua justiça, ó feliz eu; nã o é assim, se Tu me corrigires em Tua fú ria [ Jer.
x. 24 ], a fú ria que no inal alcança e apodera-se de todos os que se
rebelam e desa iam a Tua misericó rdia.

E isto, ó Pai misericordioso, é Teu julgamento e Tua justiça; mesmo


isso, que o medo, o amor, a vergonha e a tristeza operem nos coraçõ es
de todos os que verdadeiramente se arrependem e retornam à Tua
bondade, para que possam obter Tua misericó rdia. Perfure, entã o, este
ladrã o com Teu santo temor, e queime este rebelde com o fogo de Teu
amor e caridade; perfure, ó Senhor, este malfeitor com tristeza
vivi icante e mais saudá vel de Ti; confunda este pecador descarado com
a vergonha do teu glorioso Ser; pregue, pregue este canalha em sua
cruz de angú stia penal, e deixe essa angú stia conciliar Tua misericó rdia.
Faz-me ter fome de Ti de todo o meu coraçã o e sede de Ti de todas as
minhas entranhas; faze-me servir somente a Ti com todas as minhas
partes internas, e com todas as minhas energias buscar o que é
agradá vel aos Teus olhos. E assim a Ti, com Jesus Cristo, Teu Filho
Unigê nito e nosso Senhor, e com o Espı́rito Santo, o Pará clito, Teu dom
santı́ssimo, seja toda honra e gló ria para todo o sempre. Um homem.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
N M
[§ 38. As glórias e a condescendência de nosso Senhor Jesus Cristo .] Que
Jesus de Nazaré , que, embora inocente, foi condenado pelos judeus e
preso à cruz pelos gentios, seja adorado por nó s cristã os com as honras
devidas Ele como Deus. Que nó s, que somos de Cristo, prestemos à s
dores de nosso Salvador a homenagem de uma adoraçã o trê mula, de
um abraço amoroso e de um seguimento corajoso; pois isso é digno,
honroso e disponı́vel para a salvaçã o. Pois eles sã o os instrumentos
potentes com os quais o poder onipotente e a sabedoria inescrutá vel de
Deus operou, e até agora opera, a restauraçã o do mundo. Cristo, o
Senhor, foi feito um pouco menor do que os anjos, para que fô ssemos
iguais aos anjos; e quem nã o se humilharia por causa de Cristo? Cristo,
o Senhor, foi cruci icado por nossos pecados, e adoçou aos Seus
amantes todos os amargos da Cruz. Ele morreu, e morrer destruiu a
morte, para que pudé ssemos viver por meio dele; e quem nã o amaria a
Cristo, o Senhor? quem nã o sofreria por Cristo? Cristo pela vergonha da
cruz passou para o resplendor da suprema gló ria, e por sua reverê ncia (
Heb. v. 7 ) todo o poder no cé u e na terra lhe foi dado por Deus Pai, para
que todos os anjos de Deus possa adorá -Lo, e que em Seu Nome se
dobre todo joelho daqueles que estã o no cé u, e na terra, e no inferno
(Phil, ii. 10).

Onde entã o, ó cristã o, está a tua jactâ ncia, se nã o for no Nome do
teu Senhor cruci icado, Jesus Cristo; no Nome que está acima de todo
nome, o Nome em que Aquele que é abençoado na terra será abençoado
no cé u? O, glorie-se em Seu santo Nome, ó ilhos da redençã o; Prestai
honra ao vosso Salvador, que fez grandes coisas em nó s, e engrandecei
comigo o Seu Nome, dizendo: Nó s vos adoramos, ó Cristo, Rei de Israel,
Prı́ncipe dos reis da terra, Luz dos gentios, Senhor de hostes, virtude
mais poderosa do Deus onipotente. Nó s Te adoramos, ó preço
inestimá vel de nossa redençã o, nossa oferta de paz, que somente, pela
maravilhosa doçura de Teu odor, inclinaste Teu Pai, que habita no cé u, a
considerar nossa humildade, e somente Tu mesmo O propiciaste. O
Cristo, anunciamos Tuas misericó rdias, contamos, e nã o nos cansamos
de contar, da memó ria de Tua doçura; a Ti, ó Cristo, oferecemos o
sacrifı́cio de louvor pela abundâ ncia que nos mostraste de Tua
bondade, nó s, semente perversa que somos e ilhos sem graça.'

Pois quando ainda é ramos Teus inimigos, ó Senhor, e a morte


antiga dominava toda a carne – um domı́nio ao qual toda a semente de
Adã o estava sujeita pela lei necessá ria e condiçã o de sua culpa
primordial – Tu estavas atento a Teu todo- abundante misericó rdia, e da
Tua alta morada olhaste para este nosso vale de misé ria e lá grimas. Tu
viste, ó Senhor, a a liçã o de Teu povo, e, tocado no coraçã o com caridade
e doçura, Te aplicaste a pensar pensamentos de paz e redençã o para
nó s. E embora Tu fosses o Filho de Deus, verdadeiro Deus co-eterno e
consubstancial com Deus o Pai e o Espı́rito Santo, 'habitando a luz
inacessı́vel' ( 1 Tim. vi. 16 ), e 'sustentando todas as coisas pela palavra
de Teu poder' ( Heb. i. 3 ), Tu nã o desdenhaste abaixar Tua majestade a
esta prisã o de nossa mortalidade, lá para provar e engolir nossa misé ria
e nos restaurar à gló ria. Foi muito pouco para Tua caridade destinar
querubins ou sera ins, ou qualquer um dos coros angé licos, para
consumar a obra de nossa salvaçã o. Tu condescendiste em vir a nó s em
Tua pró pria Pessoa pela vontade do Pai, de cuja abundante caridade
temos provado em Ti. Tu esperas, eu digo, nã o por uma mudança local,
mas pela exibiçã o de Tua Pessoa para nó s na carne. Tu te rebaixaste do
trono real de Tua sublime gló ria para uma donzela humilde e abjeta aos
seus pró prios olhos, uma donzela selada pelo voto inicial de castidade
virginal. Em cujo ventre sagrado o poder indescritı́vel do Espı́rito Santo
te fez ser concebido, e daı́ nascer na verdadeira natureza de nossa
humanidade, de tal maneira que a majestade da Divindade nã o deve ser
violada em Ti, nem a integridade virginal de Tua Mã e manchada pela
ocasiã o de Teu nascimento.

[§ 39. A Natividade de Cristo e sua santi icação da pobreza .] O


adorá vel, ó admirá vel condescendê ncia! Deus de gló ria sem limites, Tu
nã o desdenhaste ser feito um verme desprezı́vel. Senhor de todas as
coisas, Tu apareceste como um escravo entre os escravos. Parecia-Te
muito pouco ser nosso Pai; Tu te dignaste, ó Senhor, ser també m nosso
Irmã o. Nã o, mais; Tu, Tu, Senhor de todas as coisas, que nada
necessitaste, nã o recusaste, mesmo no inı́cio de Tua vida humana,
provar ao má ximo as inconveniê ncias da mais abjeta pobreza. Pois,
como diz a Escritura, nã o havia lugar para Ti na hospedaria (Sã o Lucas
2.7 ) quando estavas prestes a nascer, nem tiveste berço para receber
Tua frá gil e delicada estrutura; mas Tu, Tu que arrojaste a terra na
palma da Tua mã o, foste colocado, envolto em trapos, na manjedoura de
um está bulo imundo; e Tua Mã e dividiu com bestas brutas um está bulo
para seu hospı́cio. Seja consolado, seja consolado, você que é
alimentado na sujeira e na necessidade, pois seu Deus está com você
em sua pobreza. Ele nã o jaz embalado em esplendor e luxo; nã o, nem é
encontrado nos domı́nios daqueles cuja vida é uma vida de facilidades.
Por que, ó rico, você já se vangloria? Por que você se gaba, ó coisa de
barro, como; você está deitado em seu leito de luxo e cor, enquanto Ele,
o Rei dos reis, preferiu digni icar a cama de palha do indigente
deitando-se nela? Por que você detesta camas duras, enquanto Ele, o
frá gil Deus-Bebê , em cujas mã os estã o todas as coisas, escolheu para
sua cama a palha dura onde jaz o gado, de preferê ncia à s suas colchas
de seda e travesseiros de penugem?

Mas mesmo esta Tua tenra infâ ncia, ó Cristo, nã o estava a salvo das
espadas dos perseguidores. Tu ainda estavas a pendurar uma criança
de peito no peito de tua mã e quando 'um anjo apareceu em sono a José ,
dizendo: Levanta-te, e toma a criança e sua mã e, e voa para o Egito, e
ica lá até que eu te diga; pois acontecerá que Herodes procurará a
criança, para destruı́-la' (Sã o Mateus 2:13 ). Assim mesmo entã o, bom
Jesus, Tu começaste a sofrer. Nã o, nã o apenas suportaste em Tua
pró pria Pessoa aquela perseguiçã o de Tua infâ ncia, mas até a morte na
pessoa de Teus pequeninos, milhares e milhares dos quais foram
massacrados pelo implacá vel Herodes no seio de suas mã es por Tua
causa.

[§ 40. A vida oculta e o ministério de nosso Senhor .] E ao terminar o


Teu curso da primeira infâ ncia Tu nos deste um exemplo de como
aprender a verdade com humildade. Pois embora Tu fosses o Senhor de
todo o conhecimento ( 1 Reis 2:3 ) e a Sabedoria Muito Pessoal de Deus
Pai, ainda assim Tu te assentaste - nã o com o conselho da vaidade ( Sl
xxv. 4 ) - mas no meio de os mé dicos, fazendo-lhes perguntas e ouvindo-
os. E alé m disso, Tu nos deste um exemplo de obediê ncia em viver
humildemente sujeito ao governo dos pais, por tudo que Tu eras o
Mestre do mundo.

E quando alcançaste a força da idade madura, e estavas pronto


para colocar em Tua mã o para feitos poderosos, entã o Tu saı́ste para a
salvaçã o de Teu povo, como um gigante forte para correr a corrida de
nosso triste estado ( Sl. xviii.6 ); e antes de tudo, para ser feito em todas
as coisas como Teus irmã os, Tu - como se fosses de fato um pecador se
aproximou - Teu servo que batizou os pecadores com o batismo de
penitê ncia, e até implorou que ele te batizasse, a Ti, inocente Cordeiro
de Deus, a quem a menor mancha de pecado nunca manchou. Tu foste
batizado, nã o para te santi icar pelas á guas, mas para santi icar as
á guas por ti mesmo, para que por elas sejamos santi icados por ti. E
entã o Tu saı́ste no Espı́rito de poder, fresco da onda batismal, para o
deserto, para que um padrã o de vida solitá ria també m nã o falte em Tua
Pessoa. Solidã o, jejum de quarenta dias, o dente a iado da fome,
tentaçõ es do espı́rito enganador – tudo foi suportado por Ti com
serenidade de mente, para que assim, por Tua obra, tudo se tornasse
suportá vel para nó s. Isto feito, Tu, entã o, zelará s para as ovelhas que se
perderam da casa de Israel (St. Matt. x. 6 ), levantando no alto a tocha
da palavra divina para a iluminaçã o do mundo; e, pregando o reino de
Deus a todos os homens, te tornaste a fonte de salvaçã o eterna para
todos os que obedecem, e con irma Tua pregaçã o por sinais que se
seguem, e mostra o poder de Tua Divindade a todos os que estavam em
má situaçã o; mostrando livremente a todas as coisas que contribuı́ram
para a sua salvaçã o, para que possas ganhar tudo. Mas seu coraçã o tolo,
ó Senhor, foi obscurecido ( Rom. i. 21 ), e eles lançaram Tuas palavras
atrá s deles ( Sl. xlix. 17 ), e nã o deram atençã o a todas as maravilhas
que Tu operaste entre eles; exceto algumas poucas grandes almas
heró icas, a quem tu escolheste dentre as coisas desprezı́veis e vis do
mundo, para que por elas pudesses gloriosamente reduzir a nada os
fortes e altivos ( 1 Cor. i. 27, 28 ). Mas nã o somente os homens foram
ingratos a Ti por Teus benefı́cios totalmente gratuitos; eles te atacaram
com insultos, ó Senhor de todos os senhores, e izeram a Ti o que quer
que tivessem em mente (Sã o Mateus xvii. 12 ). Pois quando tu izeste
entre eles obras de Deus nenhum outro fez, o que eles disseram? 'Este
homem nã o é de Deus' (Sã o Joã o ix. 16 ); 'Ele expulsa demô nios por
Belzebu, o prı́ncipe dos demô nios' (Sã o Lucas xi. 15 ); 'Ele tem um
demô nio' (St. Matt. xi. 18 ); 'Ele seduz as pessoas;' 'Ele é um glutã o e um
bebedor de vinho, um amigo de publicanos e pecadores' (St. Matt. xi. 19
).

[§ 41. A mansidão e humildade de Cristo .] Por que, entã o, chora, ó


homem de Deus, por que suspirar de tristeza quando palavras
injuriosas sã o amontoadas sobre você ? Você nã o ouve que insultos
foram feitos, e tudo por sua causa, contra seu Senhor e Deus? 'Se
chamaram o bom homem da casa de Belzebu, quanto mais os de sua
casa?' (St. Matt. x. 25 .) Ah, bom Jesus, eles te atacaram com essas e
outras blasfê mias, e à s vezes até atiraram pedras em Ti; contudo Tu
suportaste tudo com paciê ncia, e foste feito diante deles como um
homem que nã o ouve, e que nã o tem repreensã o na boca ( Sl. xxxvii. 15
). Por im, eles negociaram com um discı́pulo Teu, o ilho da perdiçã o,
por Teu sangue justo, por trinta moedas de prata (St. Matt, xxvii. 9),
para que eles pudessem entregar Tua alma à morte sem causa. Nem era
desconhecida a vilania de Teu traidor, mesmo quando Te dignaste com
Tuas mã os sagradas tocar, lavar, enxugar aqueles pé s malditos, tã o
rá pidos para o derramamento de Teu Sangue.

E, no entanto, você ainda anda com o pescoço estendido, ó pó e


terra; a presunçã o ainda o eleva acima de seu pró prio eu, e a
impaciê ncia do controle ainda o impele de forma imoderada! Veja, veja
seu Mestre de humildade e humildade, veja seu Senhor Jesus Cristo,
veja o Criador do mundo universal, veja o terrı́vel Juiz de vivos e mortos
ajoelhado aos pé s de um homem, e esse homem Seu traidor; e aprender
que Ele é 'manso e humilde de coraçã o' (St. Matt. xi. 29 ), e ser
confundido por seu orgulho, e corar de vergonha por sua rabugice.

E foi mais um sinal de Tua gentileza, Senhor Jesus, que se


recusando abertamente a detectar e confundir o traidor na presença de
seus irmã os, Você deu uma dica gentil e lhe ordenou que apressasse o
que estava sendo preparado. E, no entanto, por tudo isso sua loucura
nã o foi desviada de Ti; mas ele saiu e se ocupou com sua repetida
vilania. 'Como caı́ste do cé u, ó Lú cifer! que te levantaste de manhã ' ( Is.
xiv. 12 ) nas delı́cias do paraı́so; pois foste glorioso de contemplar,
companheiro dos cidadã os do cé u e hó spede do Verbo Divino; tu que
foste criado em escarlate ( Lam. iv. 5 ), tu de fato abraçaste o esterco?

Entã o a tua casa, ó Senhor, foi glori icada de modo a ser como a
companhia dos anjos; entã o, entã o, inalmente, aquela sociedade feliz
estava satisfeita com os goles derramados da palavra divina que é
processada de Tua boca. Pois aquele poluı́do que Tu sabias ser
impró prio para o derramamento daquele lı́mpido e lı́mpido có rrego
havia sido despedido.

[§ 42. A agonia e a traição .] Quando, no entanto, foi dada a


caridade e paciê ncia de um Salvador, e o reino de Teu Pai con iado a
Teus irmã os, Tu te retiraste com eles para o lugar conhecido pelo
traidor sabendo de todas as coisas que estavam prestes a acontecer a
Ti, e naquele momento e ali nã o hesitaste em derramar nos ouvidos de
Teus irmã os aquela dor de alma que, diante da perspectiva de Tua
Paixã o iminente, como todos aqueles sofrimentos quando presentes a
Ti, Tu sofreu com perfeita vontade: 'Minha alma está triste até a morte'
(St. Matt. xxvi. 38 ). E ajoelhado Tu caı́ste em Teu rosto, orando em
agonia, e dizendo: 'Abba, Pai! Meu Pai, se for possı́vel, passe de Mim este
cá lice' (ib. 39). E a angú stia de Teu entristecido Coraçã o foi traı́da por
aquele suor de sangue que, a qualquer hora em que oraste, desceu em
gotas até o chã o de Tua carne sagrada. O Senhor, e Senhor dos senhores,
Cristo Jesus, por que essa dor de alma tã o dilacerante, por que essa
tortura com tanta chuva de suor, por que essa sú plica torturada? Pois
Tu nã o ofereceste um sacrifı́cio inteiramente voluntá rio ao Pai, nada
suportando sem o consentimento de Tua vontade? Sim, senhor; sim, de
fato. Mas cremos que Tu tomaste sobre Ti isso també m para consolaçã o
de Teus membros fracos, para que nenhum de nó s se desespere se a
carne fraca murmurar enquanto seu espı́rito ainda está pronto para o
sofrimento. E sem dú vida foi para que pudé ssemos ter ainda maiores
incentivos para amar a Ti, e gratidã o, que Tu manifestaste a fraqueza
natural da carne por tais tipos de sinais que podem nos fazer aprender
que Tu mesmo suportaste nossas doenças, e nã o trilhaste o espinhoso
caminho de Tua Paixã o sem a sensaçã o de dor fı́sica. Pois esse clamor
foi o clamor – como deveria parecer – da carne, nã o do espı́rito, visto
que Tu acrescentaste: 'O espı́rito realmente está disposto, mas a carne é
fraca' (Sã o Mateus xxvi. 41 ). E a prontidã o do Teu Espı́rito, bom Jesus,
para Tua Paixã o Tu evidenciaste com bastante clareza, ao sair ao
encontro dos homens de sangue que se aproximavam do traidor,
procurando atravé s da noite por Tua vida, com lanternas, tochas e
armas; e ao mostrar que eras Tu mesmo, aceitando o que eles haviam
recebido como sinal de seu guia em culpa. Pois como a criatura
assassina se aproximou de Ti para o beijo de Tua boca, Tu nã o recuou,
mas docemente colocou sobre a boca que percorria com maldade
aquela Boca em que nenhum engano foi encontrado ( Is. liii. 9 ).

O que, ó inocente Cordeiro de Deus, o que Tu tens em comum com


aquele lobo? 'Que concordâ ncia tem Cristo com Belial?' ( 2 Cor. vi. 15 .)
Mas aqui novamente foi Tua benevolê ncia demonstrada em mostrar-lhe
todos os exemplos que poderiam ter servido para suavizar a obstinaçã o
de um coraçã o ı́mpio; pois Tu o lembraste de Tua antiga amizade com
as palavras: 'Amigo, aonde vens?' (Sã o Mateus, xxvi. 50.) E Tu quiseste
incutir o horror de seu pecado naquele coraçã o sacrı́lego quando lhe
disseste: 'Judas, com um beijo traı́ste o Filho do Homem?' (Sã o Lucas
xxii. 48. ) Pois 'os ilisteus estã o sobre ti, Sansã o' ( Juı́zes xvi. 14 ). Mas
eles nã o se assustaram com sua intençã o por tudo isso, no exato
momento de Tua captura, Tu os atingiste na terra com Teu braço
onipotente; nã o em legı́tima defesa, de fato, mas a presunçã o desse
homem pode ser ensinada de que nã o pode valer nada contra Ti, exceto
por Tua permissã o. E quem pode ouvir sem um suspiro como naquela
hora eles colocaram suas mã os assassinas em Ti, e, Tuas mã os, Tuas
mã os inocentes, bom Jesus, sendo amarrado com cordas, Te arrastaram
como um ladrã o, Tu o mais gentil Cordeiro, silencioso e irrepreensı́vel ,
com todo o insulto ao abate? No entanto, mesmo entã o, ó Cristo, o favo
de mel de Tua doçura nã o cessou de destilar sua misericó rdia mesmo
em Teus inimigos; pois Tu curaste o ouvido de um inimigo, ferido por
Teu discı́pulo, e impediste o zelo de Teu defensor de atacar em Teu
favor. O maldita loucura, ó ó dio obstinado, que nem a grandeza do
milagre nem a bondade da cura serviram para subjugar e esmagar.

[§ 43. A condenação e a cruci icação .] Entã o foste apresentado


perante o conselho do sumo sacerdote, que se enfureceu contra Ti, e
por confessar a verdade, como Te convinha, foste condenado à morte
sob a acusaçã o de blasfê mia. Jesus, amá vel Senhor, que indignidades
nã o suportaste da Tua naçã o! Tua adorá vel Face, que os anjos desejam
olhar, e todos os cé us estã o cheios de alegria em contemplar, e os ricos
entre as pessoas suplicam ( Sl. xliv. 13 ); mancharam-no com cuspe de
lá bios poluı́dos, golpearam-no com mã os sacrı́legas e cobriram-no com
um vé u em escá rnio; e a Ti, o Senhor do mundo universal, eles
esbofetearam como um escravo desprezı́vel. E como se isso nã o
bastasse, eles entregaram a tua vida a um cã o incircunciso para ser
devorado, exigindo que tu, que nã o conhecias pecado, fosses condenado
à morte pelo castigo da cruz, e que um assassino lhes fosse dado ( Atos
iii.3 ), preferindo assim um lobo ao Cordeiro, e barro ao Ouro. O indigno
e ó compacto malfadado! E, no entanto, o sacrı́lego Pilatos sabia que
isso havia sido feito a Ti por inveja; ainda assim ele nã o reteve suas
mã os presunçosas de Ti, mas encheu Tua alma com amargura sem
causa; enviou-Te para ser escarnecido, levou-Te de volta quando
escarnecido, fez-Te icar nu diante dos olhos de Teus algozes, e nã o
recuou de rasgar e cortar Tua carne virginal com varas, deixando
hematomas sobre machucados com crueldade reiterada.

O que, ó Filho Escolhido de meu Senhor Deus, Tu izeste para


merecer tal amargura, para merecer tal vergonha? Nada nada. Desfeito
mortal que sou, fui eu que fui a causa de toda a Tua tribulaçã o e de toda
a Tua vergonha; fui eu que comi as uvas azedas, e Teus dentes icaram
dormentes, pois Tu pagaste o que nã o tiraste ( Sl. lxviii. 5 ). Mas a
impiedade dos judeus pé r idos foi mesmo assim insatisfeita; pois
inalmente foste entregue nas mã os de soldados incircuncisos para ser
destruı́do por uma morte de todas as mortes mais vergonhosas. Nem
foi su iciente para eles cruci icar-te, eles primeiro encheram a tua alma
com insultos; pois o que diz a Escritura? Eles 'reuniram a Ele todo o
bando no pretó rio; e despindo-o, puseram-lhe uma cicatriz; e forrando
uma coroa de espinhos, eles a colocaram sobre sua cabeça, e uma cana
em sua mã o direita; e, ajoelhando-se diante dele, zombavam dele,
dizendo: Salve, rei dos judeus;' e eles O esbofetearam; 'e cuspindo nele,
pegaram a cana e bateram em sua cabeça. E depois de zombarem dele,
tiraram o manto dele e o levaram para cruci icá -lo', carregando sua
pró pria cruz. E eles O levaram para o Gó lgota, 'e deram-Lhe' vinho
mirrado para beber, misturado com fel; e quando Ele provou Ele nã o
quis beber' (Sã o Mat. xxvii. 27-34 ). Entã o 'eles o cruci icaram, e com
ele dois outros, um de cada lado, e Jesus no meio' (Sã o Joã o xix. 18 ). 'E
Jesus disse: Pai, perdoa-lhes, porque nã o sabem o que fazem' (Sã o
Lucas xxiii. 33, 34 ). 'Depois, Jesus, sabendo que todas as coisas já
estavam consumadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho
sede' (Sã o Joã o xix. 28 ). 'E um correndo e enchendo uma esponja com
vinagre, e colocando-a sobre uma cana, deu-lhe de beber' (Sã o Marcos
xv. 36 ). 'Portanto, quando Ele tomou o vinagre, Ele disse: Está
consumado' (Sã o Joã o xix. 30 ). 'E clamando em alta voz, disse: Pai, nas
tuas mã os entrego o meu espı́rito' (Sã o Lucas xxiii. 46 ). 'E inclinando a
cabeça, entregou o espı́rito' (Sã o Joã o xix. 30 ). Entã o 'um dos soldados
com uma lança abriu seu lado, e imediatamente saiu sangue e á gua' ( Ib.
34 ).

[§ 44. As humilhações da Paixão .] Agora, entã o, minha alma,


desperte-te; sacudi-te do pó e, com olhar ixo e sé rio, contempla este
homem memorá vel, a quem vê s verdadeiramente presente, por assim
dizer, pelo espelho da histó ria do evangelho. Olhe, minha alma, e diga-
me quem, quem é Ele? Ele anda em majestade e com todo o porte de
um rei, e ainda carregado de desprezo como um pobre escravo, e
coberto de confusã o. Ele anda em majestade, e Sua Cabeça está rodeada
por uma coroa; mas, ó , aquela coroa Dele é tortura, e perfura em mil
pontos aquela bela fronte Dele. Ele está vestido como um rei, de
pú rpura, mas, ó , é tudo por despeito, nã o por honra. Ele carrega um
cetro em Sua mã o, mas apenas para que Sua sagrada Cabeça seja ferida
com ele. Eles dobram os joelhos em terra e O adoram, todos o
proclamam Rei; e, veja, imediatamente eles voam sobre Ele, cospem em
Suas bochechas, batem em Suas mandı́bulas com as palmas de suas
mã os, e chovem desonras em Seu pescoço real. Olhe, olhe novamente, e
veja como este Homem dos homens é duramente derrotado, é cuspido,
é desprezado. Ele é convidado a curvar Suas costas sob o peso de uma
pesada cruz, e carregar Seu pró prio instrumento de vergonha.
Conduzido ao lugar da morte, Ele recebe mirra e fel para beber; Ele é
levantado sobre a cruz, dizendo como Ele se levanta, 'Pai, perdoa-lhes,
porque eles nã o sabem o que fazem' (Sã o Lucas xxiii. 34 ). Quem, quem
e o que é Este que, apesar de tã o oprimido, nã o abriu a boca nem uma
vez para proferir palavras de reclamaçã o, de desculpa, ou ameaça, ou
maldiçã o contra os cã es que o cercavam e, inalmente, soprou Seus
inimigos uma palavra de bê nçã o como o mundo nunca tinha ouvido
desde sua fundaçã o. O que você já viu, ó minha alma, mais gentil, ou
mais gentil e terno, do que este Homem? Mas olhe, olhe ainda, preste
mais atençã o a Ele; pois agora Ele parece digno de admiraçã o sem
limites como da mais terna piedade. Vê -lo, todo nu e marcado com
listras, preso com pregos de ferro na cruz entre dois ladrõ es, e mesmo
depois de morto ferido no lado com uma lança, e derramando
abundantes rios de sangue das cinco feridas das mã os, dos pé s, de Lado.
Chore lá grimas, ó olhos meus; derreter, derreter, meu coraçã o, com
fogos de compaixã o por aquele Homem de amor, tã o ferido, e
esmagado, e golpeado com dores tã o terrı́veis, por tudo o que Sua
ternura era tã o doce.

[§ 45. As glórias da Paixão .] Você o viu em sua fraqueza, ó minha


alma, e teve pena dele? Vire-se novamente e veja Sua majestade, e você
icará maravilhado. Pois o que diz a Escritura? 'Era quase a hora sexta: e
houve trevas sobre toda a terra até a hora nona, e o sol escureceu' (Sã o
Lucas xxiii. 44, 45 ). 'E eis que o vé u do templo se rasgou em dois, de
alto a baixo; e a terra tremeu, e as rochas se partiram; (St. Matt. xxviii.
51, 52 ). Quem, quem é este; pois o cé u e a terra compartilham Sua dor,
e morrendo Ele traz os mortos à vida? Possui-O, possui-O, minha alma;
é o Senhor Jesus Cristo, teu Salvador, o Filho unigê nito de Deus,
verdadeiro Deus, verdadeiro Homem, o ú nico que foi achado sem
mancha debaixo do sol. No entanto, veja como 'Ele foi reputado com os
ı́mpios' ( Is. liii. 12 ), e 'nó s o consideramos como um leproso' ( ib. 4 ),
'desprezado e o mais abjeto dos homens' ( ib. 3 ); e como um
nascimento prematuro oculto' ( Jó iii. 16 ) que é expulso do ventre,
assim Ele é expulso do ventre de Sua mã e, a infeliz sinagoga. Ele é tã o
amá vel alé m dos ilhos dos homens, quã o feio alé m dos ilhos dos
homens Ele se tornou! Sim, de fato; 'Ele foi ferido por nossas
iniqü idades, Ele foi moı́do por nossos pecados' ( Is. liii. 5 ); e tornou-se
um holocausto de cheiro suave aos Teus olhos, ó Pai da gló ria eterna,
para desviar de nó s Tua indignaçã o, e nos fazer sentar com Ele nos
lugares celestiais.

[§ 46. José no Egito um tipo de Cristo .] Olha para baixo, ó Senhor,


Pai santo, do Teu santuá rio, e da Tua alta e celestial habitaçã o, e
contempla esta Vı́tima santı́ssima, que nosso grande Sumo Sacerdote,
Teu Santo Menino Jesus, oferece-te pelos pecados de seus irmã os; e
compadece-te da multidã o das nossas iniqü idades. Eis que a voz do
Sangue de Jesus, nosso Irmã o, clama a Ti da Cruz. Pois o que é , ó Senhor,
que está pendurado na Cruz? Trava, eu digo; pois as coisas passadas sã o
como presentes para Ti. Adquira, ó Pai. E a tú nica de Teu José , Teu Filho;
uma fera maligna O devorou, e pisoteou Sua veste em sua fú ria,
estragando toda a beleza deste Seu cadá ver remanescente, e eis que
cinco feridas abertas e tristes sã o deixadas Nele. Esta é a veste que Teu
inocente Santo Menino Jesus, pelos pecados de Seus irmã os, deixou nas
mã os da prostituta egı́pcia, pensando que a perda de Seu manto era
algo melhor do que a perda da pureza; e preferindo ser despojado de
Seu manto de carne e descer à prisã o da morte do que ceder à voz da
sedutora para toda a gló ria do mundo. 'Tudo isso eu te darei, se, caindo,
Tu me adorares' (St. Matt. iv. 9 ); isto é , se te deitares com a adú ltera. E
agora, ó Senhor e Pai, sabemos que 'Teu Filho vive, e é Governante em
toda a terra do Egito' ( Gn. xlv. 26 ), mesmo em todos os lugares do Teu
domı́nio. Pois, conduzido ao Teu trono real da prisã o da morte e do
inferno, despojado da mortalidade e com roupas mudadas de carne, Ele
vive novamente na lor da beleza imortal, e com gló ria Tu O acolheste.
Faraó foi derrotado, Faraó o inimigo mortal, e por Seu pró prio grande
poder Ele passou em triunfo senhorial para o cé u. E agora, eis que Ele
aparece à direita de Tua majestade para nó s, coroado de gló ria e honra,
'porque Ele é nosso Irmã o e nossa Carne' ( Gen. xxxvii. 27 ).

Olha, ó Senhor, na face de teu Cristo ( Sl. lxxxiii. 10 ), que se tornou


obediente até a morte a Ti. Nã o deixe que as marcas de Suas Chagas se
afastem de Teus Olhos, mas lembre-se antes de que satisfaçã o Você
recebeu por nossos pecados. O Senhor, pesa em Tua balança os pecados
pelos quais merecemos Tua ira, e a dor que Teu Filho sem pecado
suportou por nó s. Certamente, ó Senhor, esta dor de Sua vontade se
mostrará mais dolorosa do que nossos pecados, e clamará mais alto a Ti
para derramar toda Tua misericó rdia sobre nó s do que eles podem
clamar para que Tu cales Tuas misericó rdias em ira. O Senhor, Pai
santo, que toda lı́ngua te dê graças pela abundâ ncia da tua misericó rdia,
que nã o poupou o ú nico Filho do teu seio, mas o entregou para morrer
por nó s, para que tivé ssemos um advogado tã o grande e tã o iel diante
de Ti no cé u.

[§ 47. Ame nosso único retorno possível a Cristo por Seus


sofrimentos .] E quanto a Ti, ó Senhor Jesus, Senhor de zelo todo-
poderoso, que retribuiçã o devida, que agradecimentos dignos, posso
sempre pagar a Ti, mortal que sou, pó e cinzas e barro inú til? Pois o que
havia que Te cabia fazer para minha salvaçã o, e Tu nã o o izeste! Desde
a sola de Teu pé até o alto de Tua cabeça, Tu mergulhaste todo o Teu Ser
nas á guas do sofrimento, para que tudo o que é de mim possa ser
libertado delas; e assim as á guas chegaram até a tua alma ( Sl. lxviii. 2 ).
Pois Tu entregaste a tua alma à morte para devolver a minha alma
perdida para mim; e assim Tu me ligaste em dupla dı́vida, porque Tu
deste o que Tu izeste, e porque Tu livremente o entregaste por minha
causa. De qualquer forma, sou Teu devedor.

E mais uma vez, já que Tu me deste vida duas vezes, uma vez na
criaçã o, e uma vez na redençã o; essa vida, certamente, é o melhor
retorno que eu poderia te pagar. Mas quando penso em Tua preciosa
Alma tã o torturada, nã o sei qual o retorno devido por um mortal jamais
pago a Ti. Pois eu poderia te pagar em troca todo o cé u, toda a terra, e
toda a bravura do cé u e da terra, mas mesmo assim eu nã o deveria
atingir a medida de minha obrigaçã o. Nã o, o pró prio dar a Ti o que
tenho e o que posso, é em si mesmo Teu dom. Devo amar-te, devo amar-
te, Senhor, com todo o meu coraçã o, toda a minha alma, toda a minha
mente, todas as minhas forças, e seguir o melhor que posso os teus
passos, que te dignaste morrer por mim. E como tudo isso será feito em
mim, a menos que Tu o faças? O, que minha alma se apegue a Ti; pois
toda a sua força vem de Ti.

[§ 48. A semelhança de Sua Morte e de Sua Ressurreição .] E agora, ó


Senhor Jesus, meu Redentor, eu Vos adoro como verdadeiro Deus; Eu
acredito em Ti, espero em Ti, e suspiro por Ti com todos os desejos
possı́veis; Oh, ajude minha imperfeiçã o. Eu me curvo inteiro diante da
gloriosa insı́gnia de Tua Paixã o, com a qual Tu realizaste minha
salvaçã o. O estandarte real de Tua Cruz vitoriosa; em Teu Nome, ó
Cristo, eu o adoro. O diadema espinhoso; as unhas brilhando com Teu
Sangue; a lança mergulhou em Teu Lado sagrado; Tuas feridas; Teu
Sangue; Tua Morte; Teu Enterro; Tua Ressurreiçã o triunfante e Tua
Gló ria, ó Cristo, eu os adoro e glori ico suplicantemente. Pois o bá lsamo
da vida sopra sobre mim de todos eles. Por seu odor vivi icante, revive e
levanta meu espı́rito da morte do pecado. Proteja-me por sua virtude
das artimanhas de Sataná s; e conforta-me, ó Senhor, para que o jugo
dos Teus mandamentos seja suave para mim, e que o peso da cruz que
Tu me ordenaste levar depois de Ti seja leve e portá til para os ombros
de minha alma. Pois que coragem tenho eu para suportar de acordo
com Teus preceitos contra as tantas e tã o mú ltiplas opressõ es do
mundo? Sã o meus pé s como pé s de cervo, para que eu possa seguir-Te
em Tua passagem rá pida atravé s dos espinhos e asperezas de Teus
sofrimentos? Mas ouve a minha voz, peço-Te, e inclina-te sobre o Teu
servo, aquela Tua doce Cruz, que é uma á rvore de vida para todos os
que dela se apegam; e entã o correrei com entusiasmo, assim como
espero fazer; entã o levarei atrá s de Ti sem desfalecer e
incansavelmente a Cruz que Teus inimigos Te deram. Ponha essa cruz
divinal, peço-Te, sobre meus ombros; cuja amplitude é a caridade que
se espalha por toda a criaçã o; cujo comprimento, eternidade; cuja
altura, onipotê ncia; cuja profundidade, sabedoria insondá vel. E prenda-
lhe as minhas mã os e os meus pé s; e veste-me da cabeça aos pé s com a
marca e a semelhança de Tua Paixã o. Concede-me, eu te imploro, que
me abstenha das obras da carne, que Tu aborreces, e pratique a justiça,
que Tu amas; e de qualquer maneira buscar Tua gló ria. Assim julgo que
minha mã o esquerda foi pregada com o prego da temperança, e minha
mã o direita com o prego da justiça, à quela Tua Cruz sublime. Que
minha mente medite continuamente em Tua lei, e dirija cada
pensamento a Ti continuamente; e assim, com o prego da prudê ncia,
prenda meu pé direito à mesma á rvore da vida. Nã o permita que a
alegria sem alegria desta vida fugaz dissipe os sentidos, que devem
apenas servir ao espı́rito, nem que sua alegre falta de alegria
desperdice e diminua as recompensas da vida eterna reservada para
mim; e assim o meu pé esquerdo també m será pregado na cruz pelo
prego da fortaleza.

Mas, para que alguma semelhança possa aparecer em mim mesmo


com os espinhos em Tua Cabeça, deixe que a compunçã o de uma
penitê ncia salvadora seja impressa em minha mente, e compaixã o pelas
misé rias dos outros, e um zelo penetrante me impelindo e picando para
o que é certo. em Teus olhos; e assim, em minhas dores, serei
conformado a Ti, assim a trı́plice coroa de espinhos será ixada em mim
( Sl. xxxi. 4 ).

Eu també m quero que Tu ponhas em meus lá bios a esponja sobre


a cana, e me faças provar o vinagre e sua aspereza; pois quero que, por
meio de Tuas Escrituras, faças minha razã o provar e ver quã o
semelhante a uma esponja é toda a gló ria vazia do mundo, e quã o mais
azeda que o vinagre é toda a concupiscê ncia do mundo. Assim, Pai,
possa acontecer em mim que o cá lice de ouro da Babilô nia que
embriaga toda a terra ( Jr 1.7 ) nã o pode me seduzir com seu brilho
inú til, nem me intoxicar com sua doçura traiçoeira, como faz aqueles
que pensam as trevas luz, e luz trevas, que pensam amargo doce, e doce
amargo ( Is. v. 20 ). E quanto ao vinho misturado com mirra, descon io,
pois nã o quiseste beber dele; porque, talvez, indicasse a grande
amargura de Teus cruci icadores.

E que o Teu servo nã o apenas participe dos Teus sofrimentos,


deixe-o també m ser conforme à Tua morte vivi icante, operando isso
em mim, para que eu possa morrer segundo a carne para o pecado, e
viver segundo o espı́rito para a justiça.

Mas para que eu possa me gloriar em trazer a imagem perfeita do


Cruci icado, rogo-Te que expresses em mim o que a malı́cia insaciá vel
dos pecadores operou em Ti mesmo depois que Tu morreste. Deixe Tua
palavra ferir meu coraçã o, Tua palavra viva e e icaz, mais penetrante do
que a lança mais a iada, e atingindo até as partes mais ı́ntimas da alma;
e deixe-o extrair dele, como se fosse do meu lado direito, no lugar de
sangue e á gua, amor a Ti e amor a meus irmã os.

E por ú ltimo, envolva meu espı́rito no linho limpo do primeiro


manto; 'O linho limpo do primeiro manto:' 'Mundâ sindone primæ
stolæ spiritum meum envolva.' A seguinte passagem da primeira
homilia de Santo Anselmo serve para elucidar a expressã o: 'Spiritus
enim meus super mel dulcis, et hereditas mea super mel et favum'
(Ecclus . xxiv. 27 ), 'Pois meu Espı́rito é doce acima do mel, e Minha
herança acima do mel e do favo de mel.' 'Vamos entã o avançar e avançar
para a Sabedoria Divina, pisando obstá culos e di iculdades, pois aquele
Seu Espı́rito que Ele sopra naqueles que fazem para Ele é mais doce que
o mel; e a herança da bem-aventurança eterna que Ele preparou para
eles transcende em doçura o mel e o favo de mel. Querida , ele diz;
indicando as almas dos justos, que, separadas de seus corpos, já estã o
de pé na presença da gló ria de seu Criador, "e estolas brancas foram
dadas a cada um deles" ( Apoc. vi. 11 ): enquanto que por favo de mel
ele indica os eleitos, que serã o depois da ressurreiçã o beati icados em
corpo bem como em alma no reino de Deus, quando inalmente
"receberã o o dobro em sua terra" ( Is. lxi. 7 ). Pois o favo de mel é mel
em cera e representa a alma no corpo; assim como o mel sem cera
representa a alma sem o corpo.' O 'simplex gloria' do pró ximo pará grafo
tem a mesma alusã o. A idé ia nã o é peculiar a Santo Anselmo; como, de
fato, pode ser inferido do texto, pois ele escreve como se o signi icado
mı́stico da prima stola nã o fosse novo para seus leitores. Sã o Bernardo
diz: 'Existem trê s condiçõ es das almas santas; o primeiro, a saber, em
um corpo corruptı́vel; a segunda, sem o corpo; o terceiro, em seu corpo
agora inalmente glori icado. . . . Eles já receberam um manto cada um,
mas nã o se vestirã o com dois mantos cada um até que també m
estejamos vestidos. . . . Pois o primeiro manto é , como eu disse, a
felicidade e o descanso de suas almas; a segunda, a imortalidade e
gló ria de seus corpos' (Serm. iii. In Festo omnium Sanctorum). Assim,
també m, em Serm. de Diversis, xli. 12, 'Para o presente um manto foi
dado a cada um ( Apoc. vi. ). . . aguardando sua coroaçã o com dupla
felicidade.'

Nem era a ideia de origem medieval; para Sã o Gregó rio, o Grande,
fala da seguinte forma em Job xlii. 11 : 'E cada homem lhe deu uma
ovelha e um brinco de ouro.' 'Pois como dissemos há muito tempo, os
santos recebem um manto cada antes da ressurreiçã o, pois eles só
desfrutam da bem-aventurança da alma; mas no im do mundo eles
receberã o dois mantos cada, pois eles terã o nã o apenas bem-
aventurança mental, mas també m um corpo glori icado.' A passagem a
que ele se refere é esta: 'Antes da ressurreiçã o, dizem que cada um
recebeu um manto, pois ainda desfrutam apenas de bem-aventurança
mental; eles terã o recebido sua dupla investidura quando, juntamente
com a perfeita alegria da alma, forem també m adornados com carne
incorruptı́vel.' E, de fato, a seguinte passagem da Meditaçã o XVII dá
tudo o que é necessá rio a tı́tulo de explicaçã o: 'Expectant ideles donec
impleatur numerus fratrum suorum ut in die survivalis duplici stolâ ,
scilicet corporis et animæ perpetuâ felicitate fruantur.' e nele me deixe
descansar, entrando em Ti no lugar do Teu maravilhoso taberná culo (
Sl. xli. 5 ), e ali me esconde até que Tua indignaçã o passe ( Is. xxvi. 20 ).

Mas ao terceiro dia, dia de fadiga e dia de gló ria ú nica, já passado,
na primeira madrugada da semana que nã o terá im, vivi ica-me e
levanta-me, por mais indigno que eu seja, que na minha carne Eu posso
ver Tua formosura, e ser plenamente preenchido com a alegria de Teu
semblante ( Sl. xv. 11 ), ó meu Salvador e meu Deus. Venha, venha o dia,
ó meu Salvador e meu Deus; acelere, acelere o tempo; para que o que
agora acredito eu possa ver inalmente com olhos desvendados; que o
que agora espero e saú do de longe, eu possa apreender; que o que
agora desejo com todas as minhas forças, eu possa apertar no abraço da
minha alma e saudar com ê xtase; e seja engolido no abismo do Teu
amor, ó meu Salvador e meu Deus! Mas agora, ó minha alma, bendiga
teu Salvador; e engrandecer o Seu Nome, pois é santo e cheio das mais
sagradas delı́cias.

[§ 49. Aspiração e oração .] O quã o bom e doce é s Tu, Senhor Jesus,


para a alma que Te busca, Jesus, Redentor dos cativos; Salvador dos
perdidos; Esperança dos exilados; Força dos que trabalham; Repouso
do espı́rito ansioso; querido consolo e doce refrigé rio da alma chorosa
que corre labutando atrá s de ti; Coroa dos que conquistam; ú nica
recompensa e ú nica alegria dos cidadã os acima; Fonte cheia
transbordando com todas as graças; gloriosa descendê ncia do grande
Deus; Tu mesmo grande Deus. Grande Deus, que todas as coisas que
estã o nos cé us em cima e embaixo na terra Te abençoem, pois Tu é s
grande e grande é o Teu Nome. O imperecı́vel Beleza do Deus Altı́ssimo,
e mais puro Brilho da Luz Eterna; O Vida que vivi ica toda a vida, ó Luz
que ilumina toda a luz e sustenta em eterno esplendor os milhares de
milhares de luzes que brilham diante do Trono de Tua Divina
Majestade, desde o distante alvorecer de seu primeiro brilho. O Tu,
Fonte nascente, escondida da vista mortal na eterna e inesgotá vel
emanaçã o de Tuas frescas e lı́mpidas torrentes, Cujas fontes nã o tê m
começo, Cujas profundezas sã o profundas e in initamente profundas,
Cuja altura nã o alcança limites, Cuja largura se alarga sem margens
para sempre, Cuja pureza é imperturbá vel por toda a eternidade! O seio
de Deus insondá vel te derrama do abismo insondá vel de Seu pró prio
profundo, Vida gerando Vida, Luz gerando Luz, Deus gerando Deus,
Deus eterno gerando Deus eterno, Deus in inito, Deus in inito e em
todas as coisas co-igual a Si mesmo. E, de Tua plenitude todos nó s
recebemos (Sã o Joã o i. 16 ).

També m a ti, fecunda fonte de todo bem, inestimá vel Luz de graça
sé tupla, a ti, ó Espı́rito misericordioso, imploro que me concedas a
iluminar-me por Tua visitaçã o, onde, por causa de minha fragilidade,
tenho compreendido muito fracamente a verdade de Tua majestade e
grandeza, e tudo o que entendi de Teus preceitos divinos, por
devassidã o carnal, desvalorizei; assim eu possa corrigir o que está
errado e, ajudado por Ti, a quem, navegando sobre o mar de perigos
desta vida, invoquei em meu auxı́lio, possa eu ser guiado sem naufrá gio
para o porto da paz eterna.

Suplico-te també m, Pai misericordioso, que, assim como me izeste


primeiro e depois refazes pela Paixã o de Teu Filho unigê nito, assim me
dê s a pensar e amar tudo o que tende à Tua gló ria. Eu sou frá gil e
desigual para meu empreendimento, mas Tu me concedes por con issã o
diligente para alcançar a graça da redençã o e salvaçã o. E qualquer que
seja a obra que eu empreenda daqui em diante, faça-a tender
inteiramente, por Tua graça, por Tua graça, e em Tua graça, para Teu
ú nico louvor. Guarda-me desde agora do pecado, ensina-me a ser mais
constante e corajoso nas boas obras; e enquanto eu viver neste corpo,
deixe-me mostrar-me de alguma forma Teu servo. E assim me conceda,
apó s a saı́da da minha alma da carne, obter o perdã o de todos os meus
pecados e colher a vida eterna. Por Aquele que Contigo vive e reina para
todo o sempre. Um homem.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
D M
DOCE Jesus! Doce na inclinaçã o de Sua cabeça na morte; doce em Seus
Braços estendidos; doce em Seu Lado aberto; doce em Seus Pé s presos
com um prego!

Ele é doce na inclinaçã o de Sua cabeça; pois, inclinando a cabeça


na cruz, parece dizer ao seu amado: 'O meu amado, quantas vezes você
desejou desfrutar do beijo de minha boca, dirigindo-se a mim por meio
de meus companheiros: "Deixe que ele me beije com o beijo de sua
boca" ( Cant. i. 1 ); Estou pronto, inclino minha cabeça para ti, ofereço-
te minha boca; beije-me e sacie-se; e nã o diga em seu coraçã o: "Eu nã o
procuro aquele Beijo, pois nã o há beleza e beleza em Sua Boca, mas eu
busco aquele Beijo glorioso que os anjos-cidadã os desejam desfrutar
para sempre." Nã o erre assim, pois a menos que você tenha primeiro o
Beijo desta Boca, você nunca será capaz de alcançar aquela outra;
portanto, beije esta boca que agora te ofereço, pois embora seja sem
graça e beleza, ainda assim nã o é sem graça.'

Doce no alongamento de Seus Braços. Por estender Seus Braços


Ele nos faz saber que Ele, sim Ele, deseja nossos abraços, e parece como
se dissesse: 'O vinde a Mim, vó s que estais cansados e sobrecarregados,
e vos refrescar em Meus Braços, em Meus abraços ; você vê que estou
pronto para envolvê -lo em meus braços; venham entã o, venham todos
você s; que ningué m tema que ele será desviado, "porque nã o desejo a
morte do ı́mpio, mas que ele se desvie do seu caminho, e viva" (Ezech.
xxxiii. 11), e "Meus prazeres sã o estar com os ilhos de homens”' ( Prov.
viii. 31 ).
Doce na abertura de Seu Lado; pois, de fato, esse Lado aberto nos
revelou os tesouros de Sua bondade, Seu Coraçã o e o amor de Seu
Coraçã o por nó s.

Doce na uniã o de Seus Pé s com um prego; pois por isso Ele fala
assim, por assim dizer, para nó s: 'Veja agora, se você pensa que devo
fugir de você , e por isso tarda em vir a Mim, sabendo que sou veloz e
veloz como uma cerva; você vê que Meus Pé s estã o tã o presos um ao
outro com um prego que Eu nã o posso fugir de você , porque Minha
piedade me manté m irmemente preso. Nem posso fugir de você como
seus pecados mereceram, pois Minhas Mã os també m estã o presas com
pregos.'

O bom Jesus! O Senhor toda humildade! O Senhor toda piedade! O


doce de boca, doce de coraçã o, doce de ouvido; insondá vel e
indescritivelmente agradá vel; todo misericordioso e misericordioso,
todo-poderoso e todo-sá bio, todo generoso, mas nã o pró digo; O
totalmente doce e gentil. Só tu é s soberano bom, 'belo entre os ilhos
dos homens? ( Sal. xliv. 3 ), formoso e amá vel, e escolhido entre
milhares, e totalmente desejá vel ( Cant. v. 10, 16 ). Toda beleza convé m
ao Belo.

O meu Senhor, agora toda a minha alma anseia por Teus abraços e
Teus beijos; Nã o busco nada alé m de Ti mesmo, mesmo que nenhuma
recompensa me tenha sido prometida. Que nã o haja inferno, nem
paraı́so, ainda por amor de Tua doce bondade, ainda por amor de Ti
mesmo, eu desejaria me apegar a Ti. Sê Tu minha ú nica meditaçã o
incessante, Tu minha ú nica palavra, Tu minha ú nica obra. Um homem.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
D P M
[§ 51. Cur Deus Homo .] Alma cristã , alma ressuscitada da triste morte,
alma redimida da miserá vel escravidã o e libertada pelo Sangue de
Deus, eleva os teus pensamentos; pense em seu reavivamento dos
mortos e pondere bem a histó ria de sua redençã o e sua libertaçã o.
Considere onde está a virtude da tua salvaçã o, e o que é . Empregue-se
em meditar sobre isso, delicie-se em contemplá -lo; sacuda a sua
preguiça, faça violê ncia ao seu coraçã o, incline toda a sua mente para
ele; prova a bondade do teu Redentor, irrompe em chamas de amor ao
teu Salvador. Morda o favo de mel das palavras que falam disso, chupe
seu sabor agradá vel acima do mel, engula sua doçura que dá saú de.
Pense, e assim morda-os; compreendê -los, e assim sugá -los; ame e
regozije-se, e assim os engula. Alegra-te mordendo, exulta chupando,
enche-te de alegria ao engolir. Onde e qual é a virtude e a força da tua
salvaçã o? Cristo, Cristo certamente te ressuscitou; Ele, o bom
samaritano, te curou; Ele, o bom amigo, te redimiu com Sua vida e te
libertou. Cristo, eu digo, Cristo é Ele. E assim a virtude da tua salvaçã o é
a virtude de Cristo. E onde está ; onde está esta Sua virtude? Na verdade,
'chifres estã o em Suas Mã os, há Sua força escondida' ( Hab. iii. 4 ). Sim,
chifres estã o em Suas Mã os, pois essas Mã os estã o presas aos braços da
Cruz. Mas, ó , que força há em tal fraqueza? Que grandeza em tal
humildade? Que tal adorar em tal desprezo? Mas porque na fraqueza,
portanto, é uma coisa oculta; porque na humildade, é velado; porque no
desprezo, é ocultado e encoberto. O força oculta! que o Homem ixado
em uma Cruz deve trans ixar a morte eterna que oprimiu a raça do
homem; que o homem amarrado a uma á rvore pudesse desvincular o
mundo que estava preso pela morte perpé tua! O onipotê ncia velada!
que o homem condenado com ladrõ es deve salvar homens condenados
com demô nios. O virtude oculta e encoberta! que uma Alma entregue
ao tormento deveria libertar inú meras almas do inferno; deve como
homem sofrer a morte do corpo e destruir a morte das almas.

Ora, bom Deus; ora, misericordioso Redentor; ora, poderoso


Salvador; por que cobriste tanta força com tanta humildade? Foi para
enganar o diabo, que enganando o homem o expulsou do Paraı́so? Mas
certamente a Verdade, nã o engana a ningué m. Aquele que nã o conhece
e se recusa a crer na Verdade, engana a si mesmo; aquele que vê a
Verdade, e a odeia ou despreza, engana a si mesmo. Nã o; a Verdade nã o
engana ningué m.

Foi, entã o, que o diabo poderia enganar a si mesmo? Certamente


nã o; pois, como a verdade nã o engana ningué m, ele nã o pretende que
ningué m se engane; embora ao permitir isso, pode-se dizer que Ele o
faz. Pois Tu nã o assumiste a humanidade para que sendo conhecido Tu
pudesses esconder-Te, mas para que nã o sendo conhecido Tu pudesses
revelar-Te. Tu, por palavras, declaraste-Te verdadeiro Deus, verdadeiro
Homem, e Tu o mostraste por Tuas obras. O fato estava por sua
natureza oculto, mas nã o foi cuidadosamente escondido da vista; nã o
foi feito de tal forma que pudesse ser escondido da vista, mas que em
sua pró pria ordem pudesse ser levado à sua consumaçã o; e nã o para
que algué m seja enganado, mas para que se faça o que convé m. E se de
fato for chamado de fato oculto, o signi icado é que é um fato nã o
revelado a todos. Pois, embora seja verdade que a Verdade nã o se
manifesta a todos, ainda assim Ele nã o se nega a ningué m. Portanto, ó
Senhor, tu izeste o que izeste, nã o para enganar, nem para que algué m
se engane, mas para que pudesses fazer o que devia ser feito, e como
devia ser feito, permaneceste iel em todas as coisas. Quem, portanto, se
enganou em maté ria de Tua Verdade, nã o se queixe de Ti, mas de sua
pró pria inverdade.

Havia alguma coisa no diabo, em relaçã o a Deus, ou em relaçã o ao


homem, em relaçã o ao qual seria mais apropriado que Deus devesse de
preferê ncia agir em relaçã o a ele em favor da espé cie humana dessa
maneira, em vez de aberta e exibida? força; para que, na medida em que
ele estava empenhado em destruir injustamente o homem justo, ele
perdesse com justiça o poder que exercia sobre o injusto? Agora, é
claro, nada era devido ao diabo de Deus, mas puniçã o; nem o homem
tinha dı́vida alguma senã o a sua pró pria cobrança, assim, como ele,
homem, facilmente se deixou vencer, pecando, por ele, o diabo, assim
era devido que ele vencesse o diabo, e que por um luta até a morte, para
manter a justiça intacta. Mas isso era devido ao homem, como uma
dı́vida, a ningué m, mas somente a Deus; pois seu pecado foi pecado nã o
em relaçã o ao diabo, mas em relaçã o a Deus; nem o homem era
responsá vel perante o diabo, mas o homem e o diabo igualmente eram
de Deus. E quanto ao fato de que o diabo perseguiu o homem, isso ele
nã o fez por zelo pela justiça, mas por amor à iniqü idade; pela
permissã o, nã o pelo comando, de Deus; a justiça de Deus exigindo isso,
nã o qualquer justiça do diabo. Nã o havia nada, portanto, da parte do
diabo que tornasse devido, em relaçã o a ele, que Deus, tendo em vista a
salvaçã o do homem, ocultasse ou deixasse de lado Sua onipotê ncia.
Havia, entã o, alguma necessidade inerente obrigando o Altı́ssimo a
se humilhar, e o Todo-Poderoso a labutar como Ele fez para alcançar
qualquer im Seu? Agora toda necessidade e toda impossibilidade estã o
sujeitas à Sua vontade; o que Ele quer deve necessariamente ser, o que
Ele nã o quer nã o pode ser. Ele agiu, entã o, por Sua ú nica vontade; e,
como Sua vontade é sempre boa, de Sua ú nica bondade. Pois Deus nã o
precisava salvar o homem dessa maneira, mas a natureza humana
precisava que dessa maneira ela satis izesse a Deus. Deus nã o precisava
suportar tantas labutas e dores, mas o homem precisava se reconciliar
com Deus; nem Deus precisava ser assim humilhado, mas o homem
precisava ser resgatado do poço do inferno. A Natureza Divina nã o
precisava ser humilhada, ou trabalhar, nem mesmo era possı́vel que
devesse; mas era necessá rio que a natureza humana passasse por tudo
isso, para que pudesse ser restaurada à quilo para que havia sido criada.
Mas nem a natureza humana nem qualquer coisa que nã o fosse Deus
poderia servir para alcançar o im. Pois o homem nã o é restaurado para
aquilo para que foi criado se nã o for avançado à semelhança dos anjos,
em quem nã o há pecado; o que nã o pode acontecer a menos que ele
tenha recebido a remissã o de todos os seus pecados; e isso nã o é
efetuado sem a preliminar de uma satisfaçã o perfeita, sendo essa
satisfaçã o necessariamente tal que o pecador, ou algué m em favor do
pecador, ofereça a Deus algo que nã o é devido por dı́vida e que é de
maior valor do que tudo o que nã o é Deus. Pois se pecar é desonrar a
Deus – e o homem nã o deve cometer pecado, mesmo que a
consequê ncia inevitá vel seja que tudo o que nã o é Deus pereça –
verdade imutá vel e razã o correta, é claro, exigem que aquele que pecar
ofereça a Deus, por meio de de restituiçã o pela honra que lhe foi tirada,
algo de maior valor do que aquilo pelo qual ele nã o deveria tê -lo
desonrado [do que tudo o que está fora de Deus]. E, como a natureza
humana nã o tinha isso para dar, nem ainda poderia ser reconciliada
sem o pagamento da satisfaçã o devida; para que a justiça de Deus nã o
deixe o pecado no reino de Deus pecado, uma coisa tã o repugnante à
ordem desse reino que a bondade de Deus interveio, e o Filho de Deus
assumiu [ ie . natureza humana] em Sua pró pria Pessoa, para que, nessa
Pessoa, o Homem possa ser Deus, e assim possuir o que deve nã o
apenas transcender toda existê ncia que nã o é Deus, mas també m a
soma total da dı́vida que os pecadores devem; e, visto que Ele nã o devia
nada para Si mesmo, deveria pagar isso em favor da humanidade em
geral, que nã o tinha como pagar o que era devido deles. Pois a vida de
Deus-Homem[ 4 ] tem um preço mais alto do que tudo o que nã o é
Deus, e transcende em valor todas as dı́vidas que os pecadores devem
por meio de satisfaçã o. Pois se matá -lo supera todos os outros pecados,
nã o importa qual seja sua hediondez ou seu nú mero, o que pode ser
imaginado fora e longe da Pessoa de Deus [ ie . pró prio Deus], é claro
que Sua vida é maior como um bem do que todos os pecados fora e fora
da Pessoa de Deus podem ser como males. Esta Sua vida Deus-Homem,
pois a morte nã o era uma coisa que Ele devia por dı́vida, visto que Ele
nã o era pecador, oferecido espontaneamente, de Seu pró prio tesouro, à
honra do Pai; Ele a ofereceu permitindo que, por causa de Sua justiça,
fosse tirada dele, para que assim pudesse oferecer um exemplo a toda a
humanidade de que a justiça de Deus nã o deve ser renunciada por eles,
mesmo por causa da morte, a morte. que é no caso deles uma dı́vida
que eles precisam necessariamente pagar algum dia; enquanto Ele, que
nã o tinha tal dı́vida, e poderia tê -la evitado sem qualquer violaçã o da
justiça, voluntariamente a fez por causa da justiça quando in ligida a Si
mesmo. Assim, entã o, a Natureza Humana ofereceu a Deus naquele
Homem espontaneamente e nã o como dı́vida o que era seu: para se
redimir em outros, nos quais nã o tinha com que pagar o que era exigido
por dı́vida. Em tudo isso a Natureza Divina nã o sofreu humilhaçã o, mas
o Humano foi exaltado; nem o primeiro foi de forma alguma
prejudicado, mas o ú ltimo foi misericordiosamente ajudado.

Nem a natureza humana em Deus-Homem sofreu qualquer tipo de


necessidade, mas apenas por livre eleiçã o. Nem sucumbiu
involuntariamente a qualquer violê ncia de fora, mas por bondade
espontâ nea, suportada ao mesmo tempo nobre e misericordiosamente,
para a honra de Deus e o benefı́cio da humanidade em geral, os males
in ligidos pela má vontade; e isso por nenhuma compulsã o de
obediê ncia, mas pela disposiçã o de uma sabedoria todo-poderosa. Pois
o Pai nã o impô s a morte a Deus-Homem por uma imposiçã o
compulsó ria, mas o que Ele sabia que seria agradá vel ao Seu Pai e
proveitoso para a humanidade, Ele fez voluntariamente. Pois era
impossı́vel que o Pai O forçasse a fazer o que nã o poderia ser exigido
Dele como devido a Si mesmo; e, por outro lado, era impossı́vel que
uma oferta tã o grande, oferecida voluntariamente pelo Filho com tanta
bondade de vontade, fosse agradá vel ao Pai. Assim, entã o, Ele exibiu
uma obediê ncia livre ao Pai, na medida em que Ele espontaneamente
quis fazer o que Ele sabia que seria agradá vel ao Pai. E, portanto, uma
vez que esta absoluta bondade de vontade foi um presente do Pai para
Ele, nã o se diz indevidamente que Ele a recebeu como um preceito de
Seu Pai. Desta forma, portanto, é que Ele foi obediente ao Pai até a
morte; e que, como o Pai lhe deu mandamento, assim Ele fez; e que Ele
bebeu o cá lice que Seu Pai lhe deu. Com efeito, a obediê ncia da
Natureza Humana manifesta-se ao mesmo tempo em plena perfeiçã o e
em total liberdade, quando ela voluntariamente entrega seu livre
arbı́trio à vontade de Deus, e quando, com uma liberdade toda sua,
aperfeiçoa a boa vontade que foi, portanto, aceito porque inexato.

Assim, Ele, o homem, redime a humanidade, na medida em que o


que Ele de sua pró pria vontade ofereceu a Deus é considerado como
cobrindo a dı́vida que era deles. Por qual pagamento o homem nã o é
apenas e apenas uma vez redimido de suas faltas, mas quantas vezes
ele retorna a Deus com arrependimento digno, ele é recebido; um
arrependimento, poré m, bem lembrado, que nã o é prometido
incondicional e absolutamente ao pecador. E desde que este pagamento
foi efetuado na Cruz, nosso Cristo nos redimiu pela Cruz. Aqueles,
entã o, que escolhem se aproximar com disposiçã o digna desta graça
sã o salvos; enquanto aqueles que a desprezam, por nã o pagarem o que
lhes é devido, sã o justamente condenados.

[§ 52. Ação de graças pela libertação da humanidade .] Eis, entã o,


alma cristã , aqui está a força da tua salvaçã o; aqui está a causa da tua
liberdade; aqui está o preço da tua redençã o. Foste um cativo, mas
assim foste redimido; tu foste um escravo, eis que assim te tornaste
livre. E assim, um exilado, você é trazido para casa; perdido, tu é s
recuperado; e morto, você é restaurado à vida. Isso deixa teu coraçã o
provar, ó homem, isso deixa ele sugar, isso deixa ele engolir, enquanto
tua boca recebe o Corpo e Sangue do mesmo teu Redentor. Faça disso
nesta vida presente seu pã o diá rio, seu alimento, seu apoio na
peregrinaçã o; pois por meio disso, isso e nada mais, você permanecerá
em Cristo e Cristo em você , e na vida futura sua alegria será completa.

Mas como, ó Senhor, me regozijarei em uma liberdade minha que


nada mais é do que a compra de Teus tı́tulos; Tua, quem suportou a
morte para que eu pudesse viver? Que tipo de alegria em minha
salvaçã o pode ser minha, quando essa salvaçã o nã o é outra senã o o
fruto de Tuas dores? Como exultarei em uma vida minha, que é minha
somente por Tua morte? Devo me alegrar em Teus sofrimentos e na
crueldade daqueles que os causaram? Pois, de fato, Tu nã o os
suportaste, eles nã o os in ligiram, e, se Tu nã o os tivesses suportado,
todas essas minhas bê nçã os nã o existiram. E, por outro lado, se eu sofro
com os sofrimentos, como me regozijarei nas bê nçã os pelas quais os
sofrimentos foram sofridos, e que nã o teriam sido se os sofrimentos
nã o tivessem existido? A verdade é que a maldade que os in ligiu nã o foi
capaz de fazer nada a nã o ser o que Tu voluntariamente permitiste;
nem permitiste senã o como misericordiosamente quiseste. Devo,
portanto, execrar a crueldade daqueles que causaram Tuas dores; Devo
ter compaixã o e imitar Tua morte e Tuas labutas; Devo prestar-Te a
homenagem de um amor agradecido por Tua misericordiosa e livre
escolha em meu favor; e assim exultar em segurança e con iança nos
benefı́cios concedidos a mim.

[§ 53. A condição passada do homem e o privilégio presente .]


Portanto, pobre mortal, deixe sua crueldade ao julgamento de Deus, e
ocupe seus pensamentos com a dı́vida de gratidã o que você deve ao seu
Salvador. Considere em que situaçã o você estava e o que foi feito por
você ; pense, també m, quem é que fez isso, e de que amor Ele é digno.
Revise imediatamente tua necessidade e Sua bondade; e veja que
graças, por um lado, você rende e, por outro, quanto você deve ao Seu
amor. Você estava na escuridã o, em terreno escorregadio e em uma
encosta que descia para o caos do inferno, de onde ningué m pode
retornar; um peso enorme, como uma carga de chumbo pendurada em
teu pescoço, te arrastava cada vez mais para baixo; um fardo muito
pesado para suportar te pressionou de cima; e inimigos invisı́veis te
impeliram, apesar de tuas lutas para te libertares. Assim eras tu, e sem
qualquer ajuda; e tu nã o conhecias tua situaçã o, pois assim foste
concebido e nascido. Oh, qual era a tua condiçã o entã o, e para onde eles
te apressaram! Estremeça com a lembrança, trema com a revisã o. O
bom Cristo, ó Senhor Jesus; Posto assim, sem Te buscar, nem pensar em
Ti, Tu brilhaste sobre mim como um sol, e me mostraste em que
situaçã o eu estava. Você jogou fora o peso de chumbo que me arrastou
para baixo; Tu tiraste o fardo que pesava sobre mim; Tu repelistes os
inimigos perseguidores, e os enfrentaste em minha defesa; Tu me
chamaste por um novo nome, um nome que me deste segundo o teu; e,
curvado como eu estava, levantaste-me e puseste-me em pé para Te
contemplar, dizendo: 'Tem bom coraçã o; Eu te redimi, dei minha vida
por ti. Apenas apegue-se a Mim, e você escapará das misé rias em que
estava, e nã o cairá nas profundezas para onde estava correndo; mas eu
te conduzirei até o meu reino, e te farei um herdeiro de Deus, e um co-
herdeiro comigo mesmo.' Desde entã o Tu me recebeste sob Tua guarda,
para que nada feriria minha alma contra Tua permissã o. E eis que,
embora eu ainda nã o tenha me apegado a Ti como Tu aconselhaste,
ainda nã o me deixaste cair no inferno, mas ainda está s esperando, para
que eu possa me agarrar a Ti, e Tu fazes por mim como Tu prometeste.
Na verdade, ó Senhor, tal era minha condiçã o, e assim Tu me trataste.
Eu estava na escuridã o; pois eu nã o sabia de nada, nem mesmo de mim
mesmo. Eu estava em terreno escorregadio; pois eu era fraco e frá gil, e
propenso a cair no pecado. Eu estava nas encostas sobre o poço do
inferno; pois eu havia passado em meus primeiros pais da justiça para a
injustiça, um caminho pelo qual os homens descem ao inferno; e da
bem-aventurança à desgraça temporal, de onde os homens se lançam
no eterno. O peso do pecado original me atraiu de baixo, e o peso
insuportá vel do julgamento de Deus me oprimiu de cima; e meus
inimigos os demô nios, para que por novos pecados reais eles pudessem
me tornar mais digno de condenaçã o, me assaltaram veementemente
tanto quanto neles estava para fazer. Tã o destituı́do, tã o desamparado,
Tu, Jesus, brilhaste sobre mim e me mostraste em que estado eu estava.
Pois mesmo quando eu ainda nã o podia saber ou estar ciente disso, Tu
ensinaste tudo a outros, que deveriam aprender em meu favor, e depois
a mim mesmo, ou eu sempre o busquei em Ti. A liderança arrastando, a
carga pressionando, os inimigos incitando - Tu me livraste de todos
eles; pois Tu tiraste o pecado em que fui concebido e nasci, tanto o
pecado quanto sua condenaçã o, e impediu que os demô nios malvados
izessem violê ncia à minha alma. Tu me izeste ser chamado pelo Teu
Nome, um cristã o; o Nome pelo qual eu faço con issã o de Ti, e Tu
també m me possuis entre Teus redimidos; Tu me elevaste, alé m disso, e
me elevaste ao conhecimento e ao amor de Ti; Tu me izeste ter boa
esperança para a salvaçã o de minha alma, minha alma pela qual Tu
deste a Tua, e, somente que eu Te siga, me prometeste Tua gló ria. E eis
que, embora ainda nã o te siga como aconselhaste, antes, cometeu
muitos pecados que proibiste ainda. Esperas, esperas que eu te siga,
esperas para dar o que prometeste.

[§ 54. A entrega da alma a Deus .] Considera, ó minha alma, e tu,


meu ı́ntimo, re lete o quanto todo o meu ser deve a Ele. Em verdade, ó
Senhor, porque Tu me izeste, devo todo o meu ser ao Teu amor; porque
Tu me redimiste, devo todo o meu ser; porque Tu prometes tanto, eu
devo todo o meu ser; nã o, devo muito mais do que eu ao Teu amor, pois
Tu é s maior do que eu, por quem Tu te entregaste e prometeste a Ti
mesmo. Concede, ó Senhor, eu te suplico, que eu possa provar pelo
amor o que eu gosto pela especulaçã o, perceber pela afeiçã o o que eu
percebo pelo entendimento. Devo-Te mais do que todo o meu ser; mas
nã o tenho mais, nem mesmo isso que sou posso entregar por mim
mesmo a Ti. Atrai-me, ou melhor, todo este meu ser, ó Senhor, para o
Teu amor. Tudo o que sou é Teu por criaçã o; faça tudo Teu pelo amor.
Eis, ó Senhor, meu coraçã o está aberto diante de Ti; ela tenta, mas por si
mesma nã o pode; o que o eu nã o pode, faça Tu. Admite-me na câ mara
de Teu amor. Eu peço, eu procuro, eu bato. Tu que me fazes pedir, faze-
me receber. Tu dá s a procura , dá s també m a descoberta . Tu ensinas
como bater, abre para aquele que bate. A quem dá s, se dizes nã o a quem
pede? "Quem encontra, se quem procura tudo em vã o? A quem abres, se
fechas a porta a quem bate? Que dá s a quem nã o ora, se recusas o Teu
amor à quele que O desejo vem de Ti; deixa-me obter també m de Ti.
Apega-te a Ele, ó minha alma; agarra-te, agarra-te com importunaçã o.
Bom Senhor, bom Senhor, nã o o lances fora; amor; reanimá -lo; deixe
Tua doce eleiçã o saciá -lo, e Tua infalı́vel afeiçã o alimentá -lo, e Teu amor
divino cumpri-lo, e ocupar-me completamente, e possuir e encher-me
por completo; pois Tu está s com o Pai e o Espı́rito Santo , Deus somente
abençoou para todo o sempre.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
D S M
[§ 55. O Mistério da Encarnação .] O assunto do santı́ssimo nascimento e
fantasia de nosso Salvador é repleto de alegria, de ternura, de
edi icaçã o: de alegria em relaçã o à nossa pró pria alegria excessiva; de
ternura em relaçã o aos Seus sofrimentos; e de edi icaçã o pelas liçõ es
que nos ensinaram. Pois o que há de mais alegre do que contemplar
como Homem Aquele que, como sabemos, é o Criador do homem? O
que, ainda, deve parecer mais tocante ao homem do que ver, como ele
faz, com olhos desvendados, que na Pessoa deste Meditador de Deus e
dos homens, nosso Senhor Jesus Cristo, de uma maneira maravilhosa e
inefá vel, a eternidade começa a ser, e a majestade está envolta em
humildade? Aquele que é eterno no seio do Pai é concebido no ventre
de uma mã e. Nascido desde a eternidade de Seu Pai sem mã e, Ele nasce
no tempo de Sua Mã e sem pai. Aquele que cobriu a terra de á rvores e
verdura, que cobriu o cé u com suas lâ mpadas, que povoou o mar de
peixes, jaz envolto em trapos. Aquele que o cé u dos cé us nã o pode
conter está con inado em uma manjedoura estreita, é alimentado com
leite materno. A Sabedoria, cuja sabedoria nã o tem princı́pio nem im,
que é a pró pria Sabedoria de Deus Pai, avança do menor para o maior.
Ele, cuja eternidade nã o pode ser contraı́da, mesmo que nã o possa ser
aumentada, existe pela mediçã o de dias e horas; e o Autor primordial
da graça, seu Preservador e seu Recompensador, cresce na graça.
Aquele que é o objeto da adoraçã o de todo ser criado, e a quem todo
joelho está dobrado, é submetido a pais humanos. Acrescentemos mais,
se pudermos, o seguinte: 'Ele é batizado; sim, de fato; o Senhor por Seu
servo, Deus por um homem, o Rei por Seu sú dito. Aquele a quem os
anjos servem é tentado pelo diabo. A fome tem fome, a Fonte está
sedenta, o Caminho está cansado, A grandeza é rebaixada, o poder é
enfraquecido, o poder enfraquecido, a gló ria desprezada e injustiçada, a
alegria lamenta, a alegria entristece, a majestade está envolta em
humildade e a vida na morte.'

[§ 56. Esperança inspirada pelo pensamento da Encarnação .] O


bom Jesus, quã o doce é s no coraçã o daquele que medita em Ti e que Te
ama! Nã o sei como é - nã o, pois nã o posso abranger tudo o que digo -
mas é assim que Tu é s muito mais doce, no coraçã o de quem te ama, em
que tu é s carne do que em que tu é s a palavra; mais doce em Tua
humildade do que Tua gló ria. Sim, de fato, é muito, muito mais doce
para a memó ria amorosa ver-te nascido no tempo de Tua Virgem Mã e
do que Te ver gerado de Teu Pai antes da estrela do dia; mais doce é
pensar que te esvaziaste e assumiste a forma de servo, do que na forma
de Deus Tu é s igual a Deus; mais doce ver-te morrendo no madeiro à
vista dos judeus do que ver-te dominando no cé u sobre os anjos; mais
doce observar-Te em meio a todas as coisas humilhado e humilhado do
que altamente avançado e exaltado sobre tudo; saber que, como
Homem, Tu carregaste uma sorte humana do que, como Deus, Teus
tratos foram todos Divinos; que Tu é s o Redentor dos que perecem do
que Tu é s o Criador de todos os homens do nada. Oh, como é doce, bom
Jesus, entrar no quarto secreto do coraçã o de algué m e lá chamar-te à
mente, por nó s concebido sem mancha no seio da Virgem, e nascido
sem dano à sua virgindade; por nossa causa, envolto em trapos e
deitado em uma manjedoura, suportando reprovaçõ es com paciê ncia e
insultos em silê ncio; pensar em Ti lavando os pé s de Teus discı́pulos e
enxugando-os com uma toalha; orando pela longa noite, suando Teu
suor de Sangue; vendido por trinta moedas de prata, traı́do com um
beijo, capturado com espadas e varais, amarrado, julgado, condenado
ao lagelo, levado como um cordeiro inocente ao matadouro, sem abrir
a boca quando maltratado, nem responder quando acusado em muitos
coisas; esbofeteado, ferido, açoitado com chicotes; descoloridos e
lı́vidos de cicatrizes; vestido com um manto escarlate; coroado com
uma coroa de espinhos; adorado em escá rnio; batido na cabeça com
uma cana; desprezado e escarnecido em um manto branco, e depois
condenado à morte; ver-Te carregando a cruz e preso a ela, orando por
Teus assassinos; deu vinagre para beber e fel para comer, injuriado pelo
ladrã o, derramando Teu Sangue pelas cinco feridas de Teu Corpo,
inclinando Tua cabeça, entregando o espı́rito, entregando Tua querida
Alma nas Mã os de Teu Pai, e suportando tudo isso para nó s. Todos esses
pensamentos se reproduzem em nó s e aumentam cada vez mais alegria,
con iança e consolo, amor e desejo.

[§ 57. Alegria inspirada pelo pensamento da Encarnação .] Quem


deve regozijar-se e estar fora de si de alegria, quem deve estar alé m de
toda medida feliz e cheio de alegria, ao ver que seu Criador nã o só se fez
homem para sua amor, mas que, alé m disso, Ele suportou tais durezas e
tais indignidades? O que mais delicioso para ruminar? O que é mais
doce para a mente provar? Que assunto de meditaçã o mais alegre?
Quem me roubará meu lugar em um Reino sobre o qual reina
onipotente, que é meu irmã o e minha carne? Que possı́vel resultado
pode me deixar desolado, já que uma esperança tã o brilhante me
confere uma segurança tã o certa? Como pode qualquer tristeza ter
algum tipo de lugar em quem um pensamento como esse é
incessantemente mantido vivo? Tampouco a con iança que esse
pensamento gera em mim é nem um pouco menor que o objeto de
meus ardores amorosos é meu pró prio Criador. Seguramente, é em
todos os sentidos uma con iança segura, e de modo algum precipitada,
que é criada na mente pela contemplaçã o de nossa humanidade na
pró pria Pessoa de Cristo. Por que nã o posso con iar que alcançarei a
herança dos eleitos, quando vejo o pró prio Criador de todas as coisas
morto por minha causa? Por mim Ele derramou Sangue do Seu Lado;
por que, entã o, nã o devo ter certeza de que fui redimido, quando sei
que um preço tã o alto foi pago por mim? E para mim Ele derramou
á gua també m; por que eu nã o deveria me sentir con iante de que fui
puri icado de todas as minhas impurezas, quando é claro que fui
puri icado pela Agua que jorrou do Coraçã o de Cristo? Um brotou Dele,
e o outro també m; e se um foi derramado para minha redençã o, o outro
foi derramado para lavar os remidos; um para a redençã o do cativo, o
outro para a puri icaçã o do imundo. Por mim, um escravo, foi entregue
o Filho eterno, para me comprar uma herança por sua morte; como,
entã o, nã o me considero um herdeiro; sim, de fato, um herdeiro de
Deus e um co-herdeiro de Cristo? ( Rom. viii. 17. ) Embora eu fosse um
inimigo, fui reconciliado com Deus pela morte de Seu Filho; como,
entã o, justi icado agora por Sua morte, nã o serei eu salvo da ira por Ele?
Quem me acusará , quando Sua caridade cobrir a multidã o de pecados?
(1 St. Pet. iv. 8.) Seu Sangue clama da terra, e fala melhor do que Abel; e
a voz de tal e tã o alto clamor nã o moverá o Coraçã o de Seu Pai?
[§ 58. Amor inspirado pelo pensamento da Encarnação .] Longe
disso, e novamente digo, longe de mim que me falte as entranhas de
compaixã o ao contemplar-te, ó bom Jesus, morrendo por mim. Tu está s
cruci icado diante dos meus olhos, e nenhuma emoçã o agitará meu
coraçã o? Essa tua espada brilha desembainhada diante de mim, e nã o
deve perfurar minha alma? Doce Jesus, que direito tenho eu de ter
compaixã o de Ti? No entanto, nã o é menos bom que eu deva fazê -lo. E
por que nã o seria bom, já que é evidente, se ele discernir e julgar
corretamente em quem falaste, que se sofrermos contigo, també m
reinaremos contigo? ( Rom. viii. 17. ) E em outro lugar, 'Se estivermos
mortos com ele, també m com ele viveremos' ( 2 Tim. ii. 12 ). Mas para
que esta compaixã o de que falamos viva e loresça em nossa mente, é
preciso que seja inspirada por uma caridade ardente; por quem
abraçamos com um amor ardente, aqueles, e somente aqueles, nó s
verdadeiramente nos compadecemos de sua dor, e verdadeiramente os
felicitamos em seu bom estado. O Jesus, nem minha mente pode
compreender, nem minha lı́ngua é su iciente para declarar, quã o digno
é s de ser amado por mim, Tu que condescendeste em me amar com um
amor tã o perfeito. Tu me amaste e me lavaste dos meus pecados em Teu
pró prio Sangue. Pois se eu te amo muito, certamente tu me amaste
primeiro e me amaste mais. Pois 'por isso', diz o Apó stolo, 'apareceu a
caridade de Deus, nã o como se tivé ssemos amado a Deus, mas porque
Ele nos amou primeiro' (1 S. Joã o iv. 9, 10 ). Ele amava quando eu nã o
amava; pois, de fato, nã o amaste aquele que nã o amou, nã o o izeste
amar. Eu Vos amo, ó doce Jesus, acima de todas as coisas; mas muito
pouco, porque muito menos do que Tu mereces, ó Tu muito amado; e
muito menos do que deveria. E quem poderia? Pode-se de fato amar-Te,
por Teu dom, o melhor que puder, mas nunca tanto quanto deveria.
Quem Te retribuirá o valor de Teu inocente Sangue, que luiu nã o em
gotas, mas em rios de cinco partes de Teu Corpo? Tu me criaste quando
eu nã o existia; Tu me redimiste quando eu estava perdido. Mas o ú nico
motivo do meu ser e da minha salvaçã o foi o Teu amor. O que viste em
mim, ó Jesus, Doçura da minha vida; que viste em mim, para que
pagasses tã o alto preço por mim? Nada nada; mas assim pareceu bem
aos Teus olhos. Como Criador, Tu me concedeste muito, mas muito mais
como Redentor. Oh, quã o amá vel Tu é s, Senhor Jesus; e oh, que doce!
Adorá vel, mas para aqueles que Te vê em; doce, mas para aqueles que te
provam. Tu nã o é s conhecido, a menos que sejas visto; nem achado
doce, a menos que sejas provado. Faça-me buscar a Ti; e procurando te
encontrar; e achando que Te guarda; para que sejas a ú nica doçura do
meu paladar, o ú nico prazer, o ú nico deleite. Faça-me conhecer-te,
temer-te, amar-te, ansiar por ti. Nã o me deixes cair no amor das coisas
perecı́veis. Ai, meu Senhor, que nã o posso provar incessantemente quã o
delicioso e quã o doce é s!

[§ 59. Jesus, a Salvação dos pecadores .] Eu sou um pecador, ó Jesus


misericordioso. Tem piedade de mim, Tu que nã o procuras chamar
justos, mas pecadores. Tu Fonte aberta para a casa de Davi, mostra-te, e
lui, e lava-me. Pois Tu é s uma fonte aberta para todos os que tê m sede
de Ti; e de todos os que se arrependem verdadeiramente Tu lavas as
manchas, retribuindo bem por mal, um presente por sua iniqü idade,
mé rito por sua culpa, justiça por seu crime e graça por seu pecado. O rei
Davi teve experiê ncia disso, que, ao arrepender-se, ouviu de Teu
mensageiro as palavras: 'O Senhor també m tirou o teu pecado; nã o
morrerá s' ( 2 Reis xii. 23 ). Pois ele foi lavado em Ti com as lá grimas da
penitê ncia e limpo das manchas de um pecado grave; pois Tua pureza
eliminou a impureza do crime do adú ltero, e Tua compaixã o a
crueldade do assassino. Em Ti foi purgado aquele prı́ncipe dos
Apó stolos, que chorou amargas lá grimas por sua covarde negaçã o de Ti.
Em ti, fonte mais pura e doce, a mulher pecadora tornou-se branca
como a neve e mereceu ser abençoada com uma proximidade tã o
ı́ntima de ti mesmo para testemunhar as novas gló rias de tua
ressurreiçã o, mesmo diante dos apó stolos, e pregar a notı́cia para eles.
Em Ti també m foi puri icado aquele que, pendurado perto de Ti em sua
cruz, embora reconhecendo ter recebido a devida recompensa por seus
atos, e orando para ser lembrado por Ti em Teu Reino, mereceu Te
ouvir dizer imediatamente a ele, 'Amé m, eu te digo, hoje estará s comigo
no paraı́so' (Sã o Lucas xxiii. 43 ). E dia apó s dia, ó Jesus misericordioso,
quantos há iluminados e puri icados em Ti; elevado das trevas à luz, da
imundı́cia à pureza! O, leva-me, leva-me para casa do meu longo exı́lio
para Ti mesmo.

O bom Jesus, doçura viva e vivi icante, verdadeira saú de infalı́vel,


se eu semeei na carne, que colherei da carne senã o corrupçã o? E se
amei o mundo, que fruto colherei desse amor? O meu Senhor Deus, eu
costumava pagar um tributo triplo ao rei da Babilô nia, quando
empregado em seu serviço ı́mpio. Seu serviço é pecado; o triplo tributo
é deleite, consentimento e ato; e eu paguei o tributo em pensamento,
em palavra e em açã o. Veja com que fogo este caldeirã o fervente foi
aquecido ( Jr. i. 14 ), cuja face era da face do norte; quando a sugestã o
do inimigo fez as brasas queimarem e incendiarem os pensamentos do
meu coraçã o. Veja, Senhor misericordioso, o cordã o trı́plice que me
amarrou irmemente, na mente, na lı́ngua, no corpo. Desde a sola do
meu pé até o alto da minha cabeça nã o havia em mim nenhum estado
de saú de; portanto 'cura a minha alma, pois pequei contra ti' ( Sl. xl. 5 ).
Faz a tua pró pria obra, ó Jesus misericordioso, e salva-me. Pois Tu é s
chamado Jesus por esta ú nica razã o, que Tu salvará s Teu povo de seus
pecados (Sã o Mateus 1:21 ); que com o Pai e o Espı́rito Santo vive e
reina no mundo sem im. Um homem.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
D T M
[§ 60. O Filho de Deus, Beleza arquetípica .] A voz do meu coraçã o é para
Ti, meu Senhor e Rei eterno, Cristo Jesus. A obra de Tua mã o ousa
dirigir-se a Ti com amorosa ousadia, pois anseia por Tua beleza e
anseia ouvir Tua voz. O Tu, o Desejado do meu coraçã o, por quanto
tempo devo suportar Tua ausê ncia; por quanto tempo devo suspirar
por Ti, e meus olhos derramam lá grimas? O Senhor, todo amor, todo
amá vel, onde moras? Onde está o lugar de Teu descanso, onde Tu
colocas todos alegres entre Teus favoritos, e os satisfazes com as
revelaçõ es de Tua gló ria? Quã o feliz, quã o brilhante, quã o santo, quã o
ardentemente desejado é aquele lugar de alegrias perenes! Meus olhos
nunca chegaram longe o su iciente, nem meu coraçã o elevou-se o
su iciente, para conhecer a multidã o de doçuras que Tu guardaste nele
para Teus ilhos. E, no entanto, sou sustentado por sua fragrâ ncia,
embora esteja longe deles. O sopro de Tua doçura vem a mim de longe;
uma doçura que para mim excede o odor de bá lsamo, e o há lito de
incenso e mirra, e todo tipo de cheiro mais doce. Desperta desejos
castos em meu coraçã o; e deliciosas, mas di icilmente tolerá veis sã o
suas chamas. Para 'o que eu tenho no cé u?' ( Sl. lxxiii. 25. ) Qual é o meu
tesouro naquele santuá rio celestial? Qual é a minha herança na terra
dos vivos? Nã o é Cristo, meu Senhor, minha ú nica salvaçã o, meu bem
total, minha plenitude de alegria? E como, ó Senhor, devo impedir meu
coraçã o de Te amar? Se eu nã o Te amo, o que devo amar? Se eu
transferir meu amor de Ti, onde devo concedê -lo dignamente? O
Senhor ansiado, onde meus anseios encontrarã o descanso fora de Ti?
Se meu amor afastar sua asa de Ti, fora de Ti, icará suja; e meus
anseios serã o todos em vã o se eles olharem para longe de Ti. Pois nã o
é s Tu amá vel e desejá vel acima de todas as coisas que podem ser
desejadas ou amadas? Qualquer valor e beleza que toda a criaçã o tenha,
ela vem de Ti; e que maravilha, uma vez que somente tu superas todas
as coisas? Tu revestiste o sol entre as estrelas com um brilho excelente,
e mais brilhante do que o sol é s Tu. Nã o, o que é o sol, ou o que é toda
luz criada, em comparaçã o a Ti, senã o escuridã o? Tu povoaste o cé u de
estrelas, o empı́reo de anjos, o ar de pá ssaros, as á guas de peixes, a
terra de ervas e plantas de lores. Mas nã o há beleza nem graça em
todos eles em comparaçã o a Ti, ó Fonte de beleza universal, Senhor
Jesus. Tu guardaste o mel com sua doçura, e mais doce que o mel é s Tu.
Tu infundiste o seu deleite em azeite, e mais agradá vel do que o azeite
é s Tu. Tu derramaste seus odores em todas as gomas perfumadas, e
doce e agradá vel acima de todas as especiarias raras é Tua fragrâ ncia.
Tu puseste ouro entre os minerais em rara preeminê ncia por valor e
beleza; no entanto, o que é tudo isso comparado ao meu inestimá vel
Senhor, e Sua insondá vel gló ria, que os anjos desejam contemplar? Toda
pedra preciosa e desejá vel de se olhar é obra de Tuas mã os — sá rdio,
topá zio, jaspe, crisó lito, ô nix, berilo, ametista, sa ira, carbú nculo,
esmeralda; e, no entanto, o que sã o todos eles senã o brinquedos
comparados a Ti, todo amá vel e todo belo Rei? E Tua pró pria obra sã o
aquelas jó ias preciosas e imortais com as quais Tu, ó sá bio Mestre-
construtor, no começo dos tempos belamente embelezaste o palá cio
supereté reo para louvor e gló ria do Pai.

[61. Os nove Coros de Anjos .] Atravé s de Ti, para o cumprimento


das ordens do Pai eterno, milhares de milhares deslizam em vô o rá pido
entre o cé u e a terra, como abelhas industriosas que voam de um lado
para o outro entre sua colmé ia e as lores; uma multidã o ocupada,
inocente e imaculada, nem retardatá ria nem desobediente. Por meio de
Ti, cem vezes dez mil estã o ministrando no santuá rio do templo do
mais alto cé u, olhando para a Face da Majestade com um olhar claro e
inabalá vel, e soando seu hino harmonioso e incessante à gló ria da
Trindade indivisa e trina.

Por Ti os Sera ins queimam, os Querubins brilham, os Tronos


julgam.

Tu, ó Senhor, é s um fogo que queima e nã o consome; e, de sua


proximidade imediata com os fogos de Tua Divindade, todo o coro
sagrado dos Sera ins é envolto em chamas fulgurantes, e derrama o
transbordamento de seus ardores bem-aventurados sobre os outros
exé rcitos de Tuas hostes combatentes; e destes nó s, por nossa vez,
provamos a plenitude.

Tu, nosso Deus, é s muito Luz; e as colinas apanham Tua gló ria e a
derramam sobre Teu povo, quando Tu derramas amplamente Teus
tesouros ocultos de sabedoria e conhecimento sobre os olhos dos
Querubins, que ixam seu olhar mais pró ximo em Ti. E deles se
acendem, por sua vez, as lâ mpadas eleitas subordinadas de Teu
maravilhoso taberná culo, que brilham inextinguivelmente diante de
Tua Face, ó Senhor.

Tu, Rei dos reis, grande e terrı́vel Juiz dos juı́zes, sentas-te acima
dos altos Tronos, pois eles nã o tê m altura mais alta do que a Tua acima
deles, Tronos toda vida e felicidade e uniforme profunda calma; atravé s
de Ti esquadrinhando os caminhos da verdade, e em Tua verdade
dando julgamentos justos.

O Senhor, nosso Senhor, os santos e sublimes Domı́nios Te adoram,


discorrendo livremente nos misté rios da Divindade, e, entronizado
entre os prı́ncipes de Teu palá cio, sustenta, sem altivez de orgulho
altivo, a primazia de um governo exaltado.

O Senhor, meu Deus, atravé s de Ti o majestoso coro dos


Principados reina como poderosos chefes nobres sobre o exé rcito dos
cé us no principado de uma doce preeminê ncia, sem inveja e sem inveja
em sua excelê ncia, e cumpre os misté rios da vontade divina enquanto
lê em o propó sito secreto de Teu Coraçã o.

O Senhor dos Poderes, Teu é o poder deles, enquanto eles lançam


seu tiçã o lamejante nos pescoços dos prı́ncipes do inferno; e temei
somente a Ti, para que estes nã o possam, de acordo com sua vontade,
fazer o mal para o nosso dano.

Tuas, ó virtude do Pai, sã o todas as benditas virtudes operantes de


maravilhas, cujo ministé rio faz todo o universo maravilhar-se e adorar-
te, e, mudo por um momento por tuas obras maravilhosas, clamar e
dizer: 'Tudo o que o Senhor quis, ele fez, no cé u, na terra, no mar e em
todas as profundezas' ( Sl. cxxxv. 6 ).

Teus, ó doce Jesus, sã o os magnı́ icos Arcanjos, em quem a


benignidade de Tua grande condescendê ncia opera principalmente;
pois, gloriosos sá trapas de Teu palá cio, Tu desdenhas de nã o enviá -los a
este pobre mundo para sustentar e ajudar nossa humildade, criaturas
de barro que somos, e intimamente aliadas ao pó e à s cinzas. Por meio
deles, por Teu comando, os principais interesses de nossa salvaçã o sã o
administrados, e os segredos mais profundos de Teu supremo
propó sito sã o transmitidos a nó s por eles; por eles vê m doenças e
saú de para as geraçõ es da humanidade; por eles subsistem os reinos e
os impé rios do mundo. E, o principal deles, possuı́mos Teu Miguel, o
robusto porta-estandarte e cidadã o do cé u, que está à frente do exé rcito
do Deus vivo, e brandindo sua lâ mina de campeã o troveja com voz
terrı́vel contra as hostes organizadas do inimigo . 'Quem é como Deus?'

E os benditos Anjos, tã o adorá veis em sua inocê ncia, nã o sã o obra
escolhida de Teus Dedos, ó Sabedoria de Deus? Pois no dia de sua
criaçã o Tu os vestiste com uma vestimenta corruptı́vel para a obra de
Teu santo serviço. Estas sã o as estrelas vivas do cé u superior, os lı́rios
do paraı́so interior, as roseiras plantadas pelas á guas silenciosas de
Siloé , com suas raı́zes ixas em Ti. O Rio de paz, ó Alento do jardim das
luzes, ó Sabedoria ú nica que circunda a fronteira circular do cé u; por Ti
eles brilham, e queimam, e brilham em perfeita sabedoria, em castidade
virginal e nos ardores de um amor imortal. Florescendo em in inita
juventude, eles encontram em nossa fraqueza a esfera de seu serviço
iel; pois eles nos conduzem pela mã o como guias ternos, e dirigem
nossos passos enquanto viajamos por este mundo sombrio, e repelem
os assaltos do inimigo, e sussurram para nó s os segredos de Tua
vontade, e fortalecem nossos coraçõ es fracos para o bem. , e levar o
incenso de nossas oraçõ es ao altar de ouro, e sempre suplicar a face de
nosso Pai misericordioso por nó s.
Assim, Pai misericordioso, Tu realmente cuidas de nó s, embora
por um tempo estejamos longe de casa. E se a dé cima dracma que uma
vez escapou de Teu seio e agora foi recuperada por Tuas labutas e
tristezas tem algum valor, é tudo Teu dom, bom Jesus. Se há algo de
mais doce som neste dé cimo acorde de outrora para o louvor de Deus, é
o toque persuasivo de Tua Soberana Mã o que o evoca, quando no
salté rio de dez cordas Tu cantas a gló ria do Pai. Canta como cantas, ó
Senhor; toca Tua doce mú sica com as modulaçõ es rá pidas e mutá veis
de uma multiplicidade de açõ es de graças. Toque essas nove cordas
celestiais a inadas, que nunca soaram á speras ou tristes. E toque aquela
dé cima, de nota mais baixa, cuja parte superior tensa e sintonizada para
Ti soa alegremente; enquanto sua parte inferior, ainda por algum tempo
ligada à terra, sabe apenas como produzir sons surdos de tristeza e
desajuste.

[§ 62. Os desejos da alma que aspira a Deus .] Quando, ó


Primogê nito de Deus, penso intensamente em todas as Tuas
maravilhosas obras, tremo de espanto; pois Tu resplandeces glorioso
em todos os sentidos em todos eles. E, no entanto, por maiores que
sejam, e belos e muito bons, mostram-se vazios e nada comparados a
Ti. A terra e o cé u e toda a sua bravura subsistem por Ti, seu Criador e
Governador, e expressam Teu poder e plenitude, Tua sabedoria e
beleza, Tua bondade e amor; e como a luz supera as trevas, assim Tu e
somente Tu transcendes todas elas. E Tu, meu Deus, me esperas no cé u,
o Tesouro e a Recompensa de Teu servo; Doador de uma vez e Dom,
Salvador e Salvaçã o. O esperado de minha alma, 'o que alé m de Ti ela
desejou na terra?' ( Sal. lxxiii. 25. )
Por que entã o eu deveria deixar o cé u por um á tomo? O que é em
toda a terra que eu considerei um bem maior do que Ti, ou um amor
mais caro do que Ti, que eu deveria roubar meu coraçã o de Ti e desejar
qualquer coisa em todo o universo fora de Ti? Por que em toda a minha
vida eu amei alguma coisa ou desejei outra coisa senã o a Ti, Jesus meu
Deus? Por que, Jesus, demorei, por que parei por um momento de
receber-te em meu coraçã o, abraçando-te com toda a minha alma e
deliciando todos os recessos do meu ser com a tua doçura? Quando eu
nã o estava contigo, onde eu estava? Quando meus desejos nã o
repousavam apenas em Ti, para onde, para onde eles voaram?

Deus da minha vida, quã o em vã o meus dias foram gastos, quã o
inú teis eles passaram! dias que me deste para fazer neles a tua vontade,
e nã o a iz. Quantos anos, quantas horas desperdicei, vivendo, mas sem
produzir frutos aos Teus olhos! E como entã o devo icar? Como ousarei
erguer meus olhos e olhar em Tua Face para aquele grande acerto de
contas, se Tu me pedires para prestar contas de todos os meus pecados
ou de todas as minhas oportunidades, e exigires os resultados de todos!
O, que nã o seja assim, muito paciente Pai; nã o, que nã o seja assim, mas
que minhas oportunidades desperdiçadas - ai, quantas! - sejam
enterradas no esquecimento. E se, com a Tua ajuda, eu consegui alguns
deles - seu nú mero é pequeno o su iciente, eu sei - que eles sejam
lembrados para a eternidade; e, Pai de todo amor, que pelo menos este
meu resı́duo de tempo seja frutı́fero e santi icado por Tua graça, para
que possa encontrar um lugar nos dias da eternidade e ser contado em
meu favor em Teu olhar.
Agora, entã o, a partir deste momento, todos os meus desejos,
agitem-se e voem para o seu Senhor Jesus: voem para longe; por que te
demoras? Acelere para o seu objetivo, procure quem você procura.
'Você procura Jesus de Nazaré , que foi cruci icado' (Sã o Marcos xvi. 6 ).
Ele subiu ao cé u; 'Ele nã o está aqui' ( ib. ). Ele nã o está onde estava. Ele
nã o está onde Sua sagrada Cabeça nã o tinha onde descansar; Ele nã o
está onde Ele andou no meio da tribulaçã o, desprezado e escarnecido;
Ele nã o está onde esteve diante de Pilatos para ser julgado; Ele nã o está
onde foi ridicularizado e escarnecido na presença de Herodes; Ele nã o
está onde icou pendurado entre malfeitores, cuspido, ferido, ferido,
encharcado de sangue; Ele nã o está onde jazia, fechado pela pedra e
vigiado pelos guardas gentios. Onde entã o, ó onde, está o Amado do
Senhor? Ele descansa em con iança, e nenhuma praga se aproxima de
Seu taberná culo. Acima da altura do cé u, acima de toda a excelê ncia dos
anjos, Ele ascendeu e subiu em seu pró prio grande poder, e se assenta
no Trono de gló ria singular à direita do Pai, e reina com Ele, coeterno,
consubstancial, revestido com a Luz Divina, coroado com gló ria e honra
como convé m ao Unigê nito, em serenidade imperturbá vel, alegria e
onipotê ncia extrema; Senhor no cé u e Senhor na terra. Lá , todos os
anjos de Deus O adoram, e a vasta multidã o dos cidadã os da Siã o
celestial. Nele, seu ú nico centro, todos os coraçõ es se alegram juntos, e
os olhos de todos os bons festejam em Seu Rosto que todos desejam;
Nele atendem todos os desejos de todos os santos, e toda a cidade
celestial, de todas as maneiras gloriosas em Sua Presença, cantam seu
jubileu, seus aplausos e sua magni icat a Ele.
[§ 63. Os Santos no céu .] 'Alegra-te e louva, ó tu habitaçã o de Siã o;
porque grande é Aquele que está no meio de ti, o Santo de Israel' ( Is.
xii. 6 ).

Alegrai-vos, ó gloriosos Patriarcas em vossa descendê ncia real,


pois todas as vossas expectativas sã o cumpridas nEle e Ele é altamente
exaltado, e nEle, vossa Semente, todas as naçõ es serã o abençoadas,
como a palavra divina vos prometeu.

Alegrai-vos, profetas, arautos da verdade, em Jesus, o grande


Profeta; pois agora você vê maravilhosa e gloriosamente cumprido tudo
o que você predisse dEle no Espı́rito Santo, e é achado iel por Ele em
todas as suas palavras.

E vó s, ilustres prı́ncipes do cé u, benditos apó stolos, regozijai-vos


no vosso Mestre, o Senhor Jesus, e novamente vos digo, regozijai-vos
com uma alegria familiar juntamente com Cristo; pois, aquele que uma
vez vistes em fome, e sede, e cansaço, e semelhantes enfermidades da
carne, rejeitado por todos, e contado com os ı́mpios; veja como Ele
vence vitoriosamente, veja como Ele reina majestosamente, veja como
todas as coisas estã o sob Seus Pé s, veja quã o gloriosamente Ele brilha
na luz de Seu pró prio domı́nio e no esplendor de Seu jubileu; e como
Ele tem você s como parceiros de Sua gló ria indescritı́vel, que
antigamente continuaram com Ele em Suas tentaçõ es e foram
participantes de Suas dores. Agora você adora aqueles joelhos queridos
dele, que foram dobrados para a terra diante de você , enquanto você
estava sentado na santı́ssima Ceia. Agora você adora aquelas Mã os
sagradas, com as quais o Rei dos reis se dignou lavar a poeira de seus
pé s, enxugando-os com uma toalha.

Alegrai-vos, ó má rtires vitoriosos, em Jesus, o Prı́ncipe do vosso


exé rcito; pois agora você s possuem Aquele por quem entregaram suas
vidas à morte; você tem a recompensa de sua luta agora, você tem o
pró prio Jesus, o Filho de Deus agora.

Alegrai-vos, venerá veis confessores e doutores, regozijai-vos em


Jesus, o Mestre Mestre da verdade; porque quem uma vez você
confessou diante dos homens por doutrinas sagradas e vidas santas, Ele
agora confessa você diante de Seu Pai e Seus santos anjos.

Alegrai-vos, ó virgens, habitantes do paraı́so e como os anjos; pois,


Aquele a quem você amou, buscou e ansiava, por amor a Ele
desdenhando os noivos terrenos e toda a bravura do mundo - agora
você O contempla, o Filho do grande Rei, agora você O possui, agora
você descansa em Suas carı́cias castas, e nenhuma traiçã o do inimigo
pode arrancá -lo de você .

[§ 64. As alegrias de Maria, Rainha do Céu e Mãe de Deus .] Mas,


entre todos os habitantes do cé u, seja a tua, ó Maria, a mais rica e plena
alegria; tua, Virgem entre as virgens supereminentes, Rosa de doçura
celestial, Estrela brilhante acima da mais brilhante de todas as luzes
primordiais da iluminaçã o divina. Regozije-se com alegria suprema e
singular acima de todas as outras; para a criança que você trouxe para
um nascimento humano e amamentou em seus seios, essa criança que
você adora, Deus verdadeiro e vivo, juntamente com anjos e toda a
companhia dos cidadã os do cé u. Alegra-te, ó Mã e feliz, por quem viste
pendurado no madeiro da cruz, agora vê s reinando no cé u com grande
gló ria 3 tu vê s todas as grandezas do cé u, da terra, do inferno,
prostradas diante de seu estado real, e todo o poder de Seus inimigos
esmagado no pó . Toda alegria, toda alegria das alegrias é tua, tu
plenitude de santidade, tu bem-aventurada Jerusalé m, nossa Mã e, que
está s acima. Mantenha o feriado alegre, doce Mã e, alegre e interminá vel
na visã o pacı́ ica de seu Jesus, o Autor de sua imunidade ao pecado.

[§ 65. As aspirações amorosas da alma a Jesus .] E agora, minha


alma, levante-se novamente com todos os seus melhores esforços e
junte-se aos milhares de santos que estã o se regozijando em Jesus, seu
Senhor. Voe para lá na carruagem da fé e da esperança, e pelo fogo do
amor leve para lá a sua morada 'onde Cristo está sentado à direita de
Deus' ( Col. iii. 1 ). Esforça os teus olhos e vê -te na luz do Seu semblante.
Demore-se nas marcas de Suas abençoadas Cicatrizes e beije-as uma a
uma com devoçã o agradecida; Cicatrizes de onde jorraram aqueles rios
do precioso Sangue com que o Filho unigê nito de Deus pagou por tua
salvaçã o e por tua santi icaçã o para a vida eterna. O Jesus, quem nã o Te
ama, seja aná tema; quem nã o te ama, que se encha de amargura. Teu
amor, ó Senhor, é casto e nã o admite impureza; o sabor do Teu amor é
puro e nã o afasta a alma da retidã o; Teu amor é doce, e nã o há
amargura nele, pois adoça os amargos do mundo e transforma em
amargura seus doces. Nã o é limitado pelas adversidades, e nenhuma
opressã o o sobrecarrega; nã o afunda sob a necessidade e nã o é
amargurado por nenhuma dor; é regular e imperturbá vel em trabalhos
corporais, descuidado de ameaças, incorruptı́vel em meio a lisonjas;
nas torturas permanece invencı́vel, e vive cada vez mais na morte.
Como o avarento se regozija com seu tesouro, e a mã e se deleita no
amor de seu ilho ú nico, assim, doce Jesus, a alma que Te ama sorve
alegria e alegria dos tesouros de Teu querido amor. A doçura do mel, a
doçura do leite, o vinho com seu sabor refrescante, e todas as coisas
deleitam – nenhuma, nenhuma delas agrada tanto ao paladar daqueles
que as provam como o Teu amor encanta as almas daqueles que Te
amam.

O doce Jesus, Pã o vivo e todo-desejá vel; doce Fruto da videira;


Oleo de raridades misturadas; Cordeiro gentil; forte leã o; adorá vel
Leopard;[ 5 ] Pomba inocente; Aguia rá pida; Estrela da manhã ; Sol da
eternidade; Anjo da paz; luz fontal das luzes sempiternas; que todos os
meus sentidos conspirem para Te louvar, e Te amar, deleitar-te em Ti e
Te admirar; A ti, o Deus do meu coraçã o e minha porçã o, Cristo Jesus.
Deixe meu coraçã o morrer para sua vontade, e minha carne para seus
desejos; viva em mim, e deixe a brasa viva do Teu amor brilhar no meio
da minha alma e irromper em um fogo consumidor; que Tua graça a
promova e alimente em mim, para que ela queime continuamente no
altar do meu coraçã o; deixe-o brilhar em minha medula mais ı́ntima, e
se enfurecer em todos os recessos de minha alma; e no dia perfeito seja
achado perfeito em Ti. No dia em que Tu me vires despojado desta
roupa de mortalidade, que agora carrego comigo, deixe Teu Amor me
envolver e ser uma roupa de beleza para minha alma; que nã o seja
encontrada nua, mas vestida, e tenha com que esconder suas
enfermidades de teus olhos. E aquele estranho, aquele outro fogo, o
fogo que queimará Teus adversá rios; que o fervor de Teu amor o
mantenha longe de mim, e eleve minha alma a Ti, seu Criador, e
mergulhe-a profundamente no oceano de Tua Luz Divina. Jesus, meu
Senhor, que todos os que Te amam sejam preenchidos com Tuas
bê nçã os; e voltando para casa a Ti, que seus nomes sejam escritos no
cé u, para que tenham paz 'sob o abrigo de Tuas asas' ( Sl. lxii. 8 ). A Ti,
portanto, unigê nito de Deus, esteja com o Pai Eterno e o Espı́rito Santo,
louvor incessante, beleza inviolá vel e Reino que nunca será movido,
durando para todo o sempre. Um homem.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
D Q M
[§ 66.] Colocados como estamos no meio de armadilhas, muito
facilmente nos tornamos frios e negligentes em nossos anseios pelo
cé u. Precisamos, portanto, de algum monitor constante, cujo uso será
para que, quando tivermos relaxado nossos esforços e perdido terreno,
possamos ser despertados da preguiça e retornar a Deus, nosso
verdadeiro e maior bem. Nã o foi, portanto, por temerá ria presunçã o,
mas por um grande amor ao meu Deus que me dediquei à compilaçã o
desta pequena obra; que eu possa sempre ter sobre mim, coletado das
palavras mais seletas dos santos padres, uma ou duas breves palavras
prontas à mã o sobre meu Deus; de modo que sempre que eu achar que
estou esfriando, eu possa ler, e ler seja in lamado para o amor por Ele.

I. Do maravilhoso Ser de Deus . Esteja presente comigo agora, ó


Deus; Tu a quem procuro, a quem amo, a quem confesso de coraçã o e
boca, e adoro com todas as minhas forças. Minha mente, ligada por
todos os votos a Ti, in lamada com amor por Ti, respirando por Ti,
ansiando por Ti, desejando ver-te, somente a Ti, nã o conhece outra
doçura do que falar de Ti, ouvir de Ti, escrever sobre Ti, especule sobre
Ti, e pense em Tua gló ria no mais profundo do coraçã o, para que o doce
pensamento de Ti possa ser algum pequeno consolo e repouso para
mim no meio do turbilhã o e turbulê ncia deste estado presente. A Ti,
portanto, invoco, ó Senhor mais desejado; a Ti clamo com forte clamor
no ı́ntimo do meu coraçã o. Sim, de fato; invocando-te, eu te invoco em
mim mesmo; pois, se nã o estivesses em mim, eu nã o estaria, e se eu
estivesse em ti, nã o estarias em mim. Tu está s em mim, pois habitas em
minha memó ria; por ela eu te conheço, nela eu te encontro, quando eu
me lembro de ti, e quando em ti me deleito em relaçã o a ti, atravé s de
quem sã o todas as coisas e em quem sã o todas as coisas.

Tu, ó Senhor, enches o cé u e a terra; sustentando todas as coisas,


mas sem esforço; preenchendo todas as coisas, mas sem contraçã o de
Ti mesmo; sempre ativo, mas sempre em repouso; reunindo-se, mas
nã o necessitando de nada; buscando, embora nada te falte; amoroso,
mas sem distraçã o; ciumento, mas livre de cuidados. Tu te arrependes,
mas nunca te arrependes; Tu está s zangado, mas imperturbá vel. Tu
mudas Teus tratos, mas nã o alteras Teu propó sito. Tu recuperas o que
encontraste e nunca perdeste. Nunca em necessidade, mas Tu te
regozijas com o ganho. Nunca ganancioso, mas Tu exiges usura. Tu
pagas em excesso a quem nã o deves, e sempre recebes em excesso, mas
apenas o que podes dever. E quem tem alguma coisa que nã o seja tua?
Nã o devendo nada, Tu pagas dı́vidas; pagando o que é devido de Ti, Tu
nã o deves nada. Tu está s em toda parte, e em toda parte está s inteiro.
Percebido podes ser, mas nunca podes ser visto. Em nenhum lugar Tu
é s sá bio alé m do presente e, no entanto, está s longe dos pensamentos
dos injustos. Nem está s ausente no lugar de onde está s distante; pois
embora Tu nã o estejas lá para abençoar, Tu está s lá para punir. Você
permanece imó vel e imó vel, e ainda assim seguimos atrá s de Ti, e
seguir nã o pode Te alcançar. Tu seguras todas as coisas, preenches
todas as coisas, envolves todas as coisas, superas todas as coisas e
sustentas todas as coisas. Tu ensinas os coraçõ es dos ié is sem som de
palavras. Imperturbá vel pelo alcance da distâ ncia, inalterado pelo lapso
de sintonia, sem maré e sem luxo, Tu fazes da luz inacessı́vel Tua
habitaçã o, 'que nenhum homem viu nem pode ver' ( 1 Tim. vi. 16 ).
Quiescente e auto-sustentá vel, ainda Tu sempre cercas tudo. Tu nã o
podes ser separado e dividido, pois Tu é s verdadeiramente um; nem é s
Tu aqui, e ali, e ali novamente; mas Tu Tudo envolves tudo, completas
tudo, iluminas e tudo possuis.

[§ 67.] II. Da ciência de Deus e da inadequação da fala humana para


pronunciá-la . Embora o mundo inteiro estivesse cheio de livros, a
ciê ncia inexprimı́vel de Teu Ser nã o pode ter a devida expressã o. Pois
visto que Tu é s todo indescritı́vel, nenhuma habilidade de escritor e de
limner poderia descrever-te ou retratar-te. Tu é s a Fonte de Luz Divina,
e o Sol de esplendor eterno. Grande Tu é s sem quantidade e, portanto,
in inito; bom sem qualidade e, portanto, o verdadeiro e supremamente
bom; e ningué m é bom senã o Tu e só Tu. Tua vontade é agir; pois poder
e vontade sã o um em Ti. Por Tua mera vontade Tu izeste todas as
coisas do nada. Tu preenches toda a criaçã o sem qualquer carê ncia, e a
controlas sem esforço, e a governas sem fadiga; e nã o há nada que
possa perturbar a ordem do Teu Reino, seja nas pequenas coisas ou nas
grandes. Tu está s contido em todos os lugares, independentemente do
lugar; e envolve todas as coisas sem distribuiçã o de Ti mesmo; e nem
arte em movimento nem inerte presente em todos os lugares. Tu nã o é s
o Autor do mal, pois Tu nã o podes fazê -lo. Nã o há nada que Tu nã o
possas fazer, nem te arrependeste de qualquer coisa que Tu tivesses
feito. Assim como fomos feitos por Tua bondade, assim somos punidos
por Tua justiça e libertados por Tua terna misericó rdia. Tua
onipotê ncia controla todas as coisas, e governa e preenche o que foi
criado. Nem, embora digamos que Tu preenches todas as coisas, todas
as coisas, portanto, te prendem, pois elas sã o antes mantidas por ti. Tu
nã o permeias todas as coisas, uma por uma, separadamente; nem
devemos supor que cada objeto separado Te reté m em proporçã o ao
seu tamanho, o maior mais e o menor menos, visto que Tu é s todo Tu
mesmo em todas as coisas, e todas as coisas estã o em Ti. Tua
onipotê ncia abrange todas as coisas; nem pode algué m encontrar um
recesso onde evitar Teu poder. Pois aquele que nã o te tem em paz com
ele nunca escapará de ti em tua ira.

[§ 68.] III. Do desejo de uma alma sedenta de Deus . A Ti, portanto, ó


Deus da mais terna misericó rdia, invoco em minha alma, a alma que Tu
forneces para Tua recepçã o pelo pró prio desejo que Tu sopras nela.
Entra nela, peço-Te, e prepara-a para Ti; para que o que izeste e
re izeste, possas reter e guardar; para que eu te guarde como um sinete
em meu coraçã o. Eu Te imploro, ó misericordioso, nã o abandones
aquele que Te invoca; porque, ou nunca te invoquei, tu me chamaste e
me buscaste, para que teu servo te buscasse; e a busca pode te
encontrar, e a descoberta pode te amar. Eu Te busquei, e Te encontrei,
Senhor; e agora desejo amar-Te. Aumente este meu desejo, e dê o que
eu procuro; pois se Tu me desses tudo o que já izeste, que tudo nã o
seria su iciente sem o dom de Ti mesmo. Portanto, ó meu Deus, dá -me a
Ti mesmo; restaura-me a ti mesmo. Veja como eu Te amo; e se for muito
pouco, deixe-me te amar mais. Estou encantado pelo amor a Ti; Eu
queimo com saudades de Ti; Estou extasiado com o doce pensamento
de Ti. Quando minha mente suspira por Ti e se concentra em Tua
indizı́vel misericó rdia, eis que o pró prio fardo da carne pesa menos, o
tumulto de pensamentos perturbadores é acalmado, a mortalidade com
sua carga cansativa me paralisa nã o de acordo com seu costume; tudo
está silenciado, tudo está quieto; meu coraçã o brilha, minha alma
exulta; minha memó ria é acelerada,. meu entendimento se encheu de
luz; e todo o meu espı́rito, incendiado pelo desejo da visã o de Ti,
encontra-se arrebatado de amor pelas coisas invisı́veis. Oh, que minha
alma tome asas como a de uma á guia, que voe e nã o desfaleça; deixe-o
voar até alcançar a bondade de Tua habitaçã o e Teu trono glorioso; e
ali, sentado à mesa de refrescos posta para os cidadã os acima, deixe-o
banquetear-se em Teus Olhos, e se fartar no lugar de pasto junto aos
rios de abundâ ncia. Sê Tu nossa exultaçã o, pois Tu é s nossa esperança,
nossa salvaçã o e nossa redençã o. Sê Tu a nossa alegria, pois Tu será s o
nosso prê mio. Sempre, sempre permita que minha alma Te busque, e
conceda a Ti que buscando a Ti ela nã o perca seu objetivo.

[§ 69.] IV. Da miséria de uma alma que não ama e que não busca
nosso Senhor Jesus Cristo . Ah, alma miserá vel que nã o busca a Cristo,
nem O ama; jaz esté ril, seca e triste. O Deus, sua pró pria vida é perda de
quem nã o Te ama. Aquele que se preocupa em viver, mas nã o por Ti,
nã o vale nada nem nada. Aquele que se recusa a viver para Ti está
morto. Aquele que nã o é sá bio em Ti é todo imprudente. O Jesus
compassivo, eu me encomendo a Ti. Eu me rendo e me resigno a Ti;
pois em Ti está minha sabedoria, minha vida, meu tudo. Eu con io em
Ti, eu con io em Ti, eu coloco toda a minha esperança em Ti; pois
atravé s de Ti eu ressuscitarei, e viverei, e encontrarei meu descanso. Eu
Vos desejo, Vos amo e Vos adoro; pois contigo habitarei, e reinarei, e
serei feliz para sempre. A alma que nã o Te busca, nem Te ama, ama o
mundo, serve ao pecado e é escrava dos vı́cios; nunca está em repouso e
nunca seguro. O Misericordioso, que minha mente esteja sempre
ocupada em Teu serviço; e durante toda esta minha peregrinaçã o deixe
meu coraçã o arder com os fogos do Teu amor; que meu espı́rito
descanse em Ti, ó meu Deus; deixe-o em todos os seus vô os de fantasia
meditar sobre Ti; que cante Teus louvores com jubilosa alegria, e assim
encontre consolo em seu banimento. Que minha alma voe e
aconchegue-se à sombra de Tuas asas, a salvo das ondas desta vida de
cuidados. Que meu coraçã o, esse mar agitado por grandes ondas,
descanse em Ti e ique calmo. O Tu, que é s rico em todas as iguarias
mais divinas; Tu, Deus e mais generoso dispensador de satisfaçã o
celestial, dá s refrigé rio ao cansado, chama o errante para sua casa,
desamarra o cativo, restaura o coraçã o partido. Rogo-Te, pelas
entranhas dessa Tua misericó rdia, pela qual, como o Oriente do alto nos
visitaste, abre a porta ao pobre miserá vel que bate, e assim o deixa
entrar com passo livre para Ti, e descansar se em Ti, e regala-se em Ti, o
Pã o do cé u; pois Tu é s o Pã o e a Fonte da vida, Tu é s a Luz de brilho
eterno, Tu é s o tudo e a pró pria fonte de ser dos bons que Te amam.

[§ 70.] V. Do desejo da alma . O Deus, a Luz de todos os coraçõ es


que Te vê em, a Vida de todas as almas que Te amam, a Inspiraçã o de
todos os pensamentos que Te buscam; concede-me isto, agarrar-me
irmemente ao Teu santo amor. Entra, peço-Te, em meu coraçã o, e
inebria-o com a plenitude de Teus prazeres, para que eu possa esquecer
essas coisas do tempo. E vergonha e tristeza para mim suportar as
açõ es deste mundo impertinente. O que vejo é triste, e tudo o que ouço
de coisas transitó rias é tristeza para mim. Ajuda-me, Senhor meu Deus,
e põ e alegria no meu coraçã o; vem a mim, para que eu te veja. Mas a
morada da minha alma é muito estreita até que Tu chegues a ela, e ela
seja ampliada por Ti. E tudo uma ruı́na; construı́-lo novamente. Ele
conté m muito, como confesso e sei, que nã o pode deixar de ofender
Teus olhos; mas quem o puri icará , ou a quem mais clamarei senã o a Ti?
'Limpa-me dos meus pecados secretos, ó Senhor; e dos outros poupa
teu servo' ( Sl. xviii. 13 ). Faça-me, ó doce Cristo, bom Jesus, faça-me,
peço-te, por amor e desejo de ti, deixar de lado o fardo dos desejos
carnais e das concupiscê ncias terrenas. Deixe minha alma governar a
carne, minha razã o a alma, Tua graça minha razã o; e entã o me subjugue
tanto interior como exteriormente à Tua vontade. Concede-me que meu
coraçã o, e minha lı́ngua, e todos os meus ossos te louvem. Amplie
minha mente, e eleve a visã o do meu coraçã o no alto, e assim deixe
minha alma subir com rá pido vô o de pensamento a Ti, a Ti a Sabedoria
eterna que preside a tudo. Solta-me, eu te suplico, das cordas que me
prendem, para que, me libertando de todas as coisas aqui embaixo, eu
possa correr para casa a Ti, agarrar-me somente a Ti, e descansar em Ti
somente.

[71.] VI. Da felicidade da alma libertada de sua prisão terrena . Feliz


a alma que, libertada de sua prisã o terrena, busca o cé u com asas
desimpedidas; feliz a alma que te vê face a face, ó querido Senhor; que
nã o é tocado pelo medo da morte, mas reú ne alegria dos depó sitos
incorruptı́veis da gló ria que nã o pode faltar. Livre de labuta e cuidados,
ela nã o teme nenhum inimigo agora, nã o teme a morte agora. Ela tem a
Ti para si mesma; A ti, o Senhor misericordioso, a quem ela tanto
procurou e sempre amou; e, associado aos coros de hinos, canta por
toda a eternidade doces cançõ es de festa cada vez menor para o louvor
de Tua gló ria, ó Cristo, Rei da gló ria, ó Senhor Jesus. Pois ela está
embriagada com a abundâ ncia de Tua casa, e Tu lhe dá s de beber da
torrente de Teus prazeres. O feliz sociedade dos cidadã os nas alturas, ó
feliz assemblé ia de todos os que retornam a Ti do cansativo trabalho
desta nossa peregrinaçã o à beleza do perfeito esplendor, à excelê ncia
da perfeita graça, onde Teus suseranos, ó Senhor, Te sustentam para
sempre . Lá nada que possa distrair a mente é dado ao ouvido para
ouvir. Oh, que cantos sã o cantados lá ! Que instrumentos de mú sica
existem! Que cançõ es, que melodias sem im sã o cantadas por aı́! Lá os
ó rgã os de voz doce soam sempre aos hinos, e as melodias mais ternas
dos anjos, e cançõ es de cançõ es maravilhosas, que pelos cidadã os do
alto sã o sintonizadas para Teu louvor e gló ria. Nenhuma amargura,
nenhuma aspereza semelhante ao fel, encontra lugar nesse Teu reino;
pois ali o mal e o mal nã o existem. Nã o há inimigo assaltante, nem
devassidã o do pecado ali. Nã o há carê ncia, nem inconveniê ncia, nem
contenda, nem insolê ncia, nem disputas, nem medo, nem inquietaçã o,
nem dor, nem dú vida, nem violê ncia, nem discó rdia; mas paz profunda,
e amor perfeito, e jú bilo, e louvor eterno a Deus, e descanso sem
ansiedade para sempre, e alegria no Espı́rito Santo para sempre. Oh,
quã o abençoado eu serei se eu ouvir as melodias alegres do Teu povo, e
seus doces hinos derramando com a devida honra louvores à altı́ssima
Trindade! Feliz, sim, muito feliz, serei, se eu, este meu pró prio eu,
merecer cantar ao Senhor Jesus um dos queridos câ nticos de Sion.

[§ 72.] VII. Da alegria do Paraíso . O vida toda a vida; O vida eterna


e eternamente abençoada, onde há alegria sem tristeza, descanso sem
trabalho, honra sem apreensã o, riqueza sem perda, vida sem morte,
perpetuidade sem decadê ncia, felicidade sem desastre; onde estã o
todas as coisas boas na caridade perfeita; onde está a beleza e a visã o
face a face; onde está a plenitude da ciê ncia em tudo e penetrando tudo;
onde a bondade de Deus é contemplada, e a Luz que ilumina tudo é
glori icada pelos santos; onde a presente Majestade de Deus é
discernida, e os olhos de todos os que a contemplam se satisfazem com
esse alimento de vida; onde eles sempre vê em e desejam ver, e por
muito tempo sem cuidados ansiosos, e sã o preenchidos sem saciedade;
onde o verdadeiro Sol da justiça enche a todos com a maravilhosa visã o
de Sua beleza, e ilumina todos os habitantes da terra celestial de modo
que eles mesmos resplandecem com uma luz acesa por Deus, uma luz
que ilumina alé m de toda a gló ria deste nosso sol, e alé m de todos os
esplendores de um universo de estrelas, aqueles que, repousando sobre
a divindade imortal, sã o assim feitos imortais e incorruptı́veis, de
acordo com a promessa de nosso Senhor Salvador: 'Pai, eu quero que
onde eu estiver, eles també m a quem Tu que me deste esteja comigo;
para que vejam a minha gló ria” (Sã o Joã o xvii. 24 ); 'para que todos
sejam um, como Tu, Pai, em Mim, e Eu em Ti, para que també m eles
sejam um em Nó s' ( ib. 21 ).

[§ 73.] VIII. Do reino dos céus . O reino dos cé us, ó reino bendito, ó
reino que nã o conhece a morte, ó reino sem im; onde nã o há sucessõ es
de eras por toda a eternidade; onde o dia sem noite perpé tuo nã o
conhece a medida do tempo; onde o guerreiro conquistador, apó s a
labuta terminada, é carregado com presentes indescritı́veis –

'Onde coroas imorredouras envolvem a testa nobre.'


Oh, que meu fardo de pecados removido, a compaixã o divina me
ordenasse, o ú ltimo e o menor dos servos de Cristo, largar este fardo de
carne, para que eu pudesse passar para as alegrias sem im de Seu
Reino, e descansar lá , e junte-se aos coros sagrados, e com espı́ritos
bem-aventurados corteje a gló ria de nosso Criador, e veja a face de Deus
bem presente, e nã o seja tocado pelo medo da morte, e regozije-se sem
problemas na incorrupçã o de um im durante a imortalidade , e unido
com Aquele que conhece todas as coisas, perco toda a minha cegueira e
ignorâ ncia, e considero tudo o que é da terra de pouco momento, e nã o
me importo em olhar para trá s ou lembrar mais deste vale de lá grimas,
com sua vida laboriosa, seus vida sujeita à corrupçã o, sua vida cheia de
amargura, sua vida assistida por males e tiranizada pelos poderes do
inferno; esta vida, com seus humores inchados, suas febres á speras,
suas riquezas apodrecidas, suas carnes fartas, sua fome emaciante,
leviandades relaxantes, má goas consumistas e cuidados beliscando;
esta vida, em que a segurança embota, a riqueza incha, a pobreza abate,
a juventude exalta, a velhice se dobra, a fraqueza quebra, a tristeza
esmaga, o diabo conspira e o mundo lisonjeia; enquanto a carne é
seduzida pelo prazer, a alma cega e todo o homem é lançado em
desordem. Quando, eis que em meio a tantos e tã o grandes males, a
morte nos rouba, nos rouba como um ladrã o, e tã o e icazmente põ e im
à s alegrias terrenas, que quando elas deixam de existir, elas sã o
consideradas nem mesmo como tendo tido um sendo.

[§ 74.] IX. Deus conforta a alma a lita depois de suas grandes dores .
Mas que louvores ou que agradecimentos podemos encontrar em nosso
poder render a Ti nosso Deus, que, no meio das dores tã o amargas que
atormentam nossa mortalidade, nunca deixa de nos consolar com as
maravilhosas visitas de Tua graça ? Eis-me aqui, um pobre miserá vel
cheio de muitas dores; e enquanto aguardo com temor o im desta
minha vida, enquanto reviso meus pecados, enquanto temo Teu
julgamento sobre mim, enquanto penso na hora da morte, enquanto
estremeço com os tormentos do inferno, enquanto nã o sei com que
rigor e escrutı́nio Tu pesas todas as minhas obras e ignoras
profundamente o tipo de im que deve encerrar tudo; enquanto, em
suma, eu giro tudo isso e muito mais no fundo do meu coraçã o; Tu, ó
Senhor Deus, está s perto para me consolar com Tua costumeira
misericó rdia, e em meio a essas minhas queixas, esses meus gemidos e
suspiros excessivos extraı́dos do fundo do meu coraçã o, elevam minha
mente triste e ansiosa acima os cumes dos montes até o jardim das
especiarias, e ali me pô s em um lugar de pastagem junto aos rios de
á guas doces, e preparou diante de mim uma mesa de entretenimento
mú ltiplo para refrescar meu espı́rito cansado e alegrar meu coraçã o
triste; e assim inalmente revivido com essas iguarias e elevado acima
das alturas da terra, eu descanso inalmente em Ti, em Ti, verdadeira
Paz.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
D Q M
[§ 75. Sobre os temas da meditação .] [ 6 ] Ningué m se canse de ouvir o
que pode despertar o amor de Deus. Agora lemos no Evangelho que
havia duas irmã s que amavam seu Senhor com uma devoçã o ardente; e
embora cada uma das duas amasse a Deus e ao pró ximo, a ocupaçã o
especial de Marta era atender seus vizinhos, enquanto Maria bebia da
pró pria Fonte de amor.

Ora, ao amor de Deus pertencem duas coisas: devoçã o no coraçã o


e devoçã o no ato. E o ato consiste no exercı́cio prá tico das virtudes,
enquanto a devoçã o do coraçã o se deleita no sabor da doçura espiritual.
O exercı́cio das virtudes tem seu louvor em uma regra ixa de vida, nos
jejuns, nas vigı́lias, no trabalho, na leitura, na oraçã o, no silê ncio, na
pobreza e no resto; ao passo que a devoçã o afetiva se nutre da
meditaçã o salutar.

E para que o mais querido amor de Jesus cresça pela afeiçã o em


seu coraçã o, você precisa de uma tripla meditaçã o; uma meditaçã o, isto
é , sobre coisas passadas, coisas presentes e coisas por vir; uma
meditaçã o baseada em nossa lembrança do passado, nossa experiê ncia
do presente e nossa contemplaçã o do futuro.

[§ 76. A Anunciação ] Quando, portanto, sua mente foi purgada de


pensamentos tumultuosos por esse exercı́cio prá tico de virtudes, entã o
volte seus olhos limpos para o passado e, em primeiro lugar, entre com
Maria Santı́ssima em seu quarto, e desenrolar os livros sagrados em
que se prenunciam a maternidade de uma virgem e o nascimento de
Cristo. Entã o espere, esperando a chegada do anjo, para que você possa
vê -lo entrar e ouvi-lo saudá -la; que entã o, transportados com ê xtase e
admiraçã o, você possa saudar com o anjo da saudaçã o Maria, tua
querida Rainha, dizendo com coraçã o e voz: 'Ave, Maria, cheia de graça;
o Senhor está contigo!' (Sã o Lucas 1. 27. ) Diga isso vá rias vezes e
pergunte a si mesmo o que pode ser essa plenitude da graça, de onde
todo o mundo reuniu graça; qual pode ser o signi icado de 'o Verbo se
fez Carne'. O musa, e maravilha que o Senhor que enche a terra e o cé u
está encerrado naquele ventre de uma donzela, a quem o Pai santi icou,
o Filho tomado por Sua mã e, o Espı́rito Santo ofuscado. O querida
Rainha, com que goles de doçura te encheste, com que fogos de amor te
in lamaste, quando em tua alma e em tua carne possuı́ste a Presença de
tã o grande Majestade, Ele de tua carne tomando Carne para Si, e
segundo o modelo de teus membros sagrados, vestindo-Se com
membros, nos quais habitava corporalmente toda a plenitude da
Divindade. E tudo isso, virgem, em seu favor, para que você possa amar
a Virgem a quem você tomou como modelo para imitaçã o, e o Filho da
Virgem, a quem você é desposado.

[§ 77. A Visitação, Natividade e Adoração dos Reis .] E agora, suba


com sua querida Rainha ao paı́s montanhoso: observe o abraço da
Virgem e daquela que era esté ril, e observe a humilde saudaçã o com
que o servo reconheceu seu Senhor, o arauto seu Juiz, a voz o Verbo,
encerrado no ventre de uma mã e idosa, reconheceu, digo, o Senhor, o
Juiz, o Verbo, o possuiu entesourado no ventre da Virgem, possuiu e
saudou-o com uma alegria indescritı́vel. O ventres abençoados, em um
o Salvador do mundo está subindo para iluminá -lo; no outro, a alegria
sem im fala com voz profé tica de nuvens de tristeza banidas do cé u.
Apresse-se, peço-lhe, apresse-se; participe de alegrias como essas;
jogue-se aos pé s de cada um; abraça a tua Esposa no santo santuá rio de
uma, e no ventre da outra venera o amigo do Esposo.

Com toda devoçã o siga nossa Mã e depois disso até Belé m, e
atenda-a quando ela se desviar para a hospedaria; curva-te
reverentemente enquanto ela dá à luz o seu Filho; e quando o bebê é
colocado na manjedoura, irrompe em gritos de exultaçã o, e canta com
Isaı́as, 'Uma criança nos nasceu: e um ilho nos é dado' ( Is. ix. 7 ), e
abrace aquele querido berço dele. Deixe o amor temperar a timidez e a
devoçã o banir o medo, e assim pressione seus lá bios naqueles pé s mais
sagrados e imprima beijos em seus joelhos. E entã o recorde em
imaginaçã o as vigı́lias dos pastores, e maravilhe-se com as tropas de
anjos, e misture suas oraçõ es com a melodia ensinada pelo cé u,
cantando em seu coraçã o e cantando com seus lá bios, 'Gló ria a Deus nas
alturas!' (Sã o Lucas 2.14 .)

Nem deve você em sua meditaçã o passar por cima dos Magos e
suas oferendas; nem deixá -lo voar para o Egito sem escolta. Deixe o
olho de sua devoçã o observar o Menino Jesus docemente chupando os
seios doces da gloriosa Virgem Mã e, e depois de uma criança nã o
colocar a mã o no seio de sua mã e, e olhando para ela e sorrindo para
ela. Que visã o mais doce? o que mais delicioso? Veja Aquele que E, o
In inito, agarrando-se com pequenos braços ao pescoço de uma mã e; e
dizer, 'O feliz, e mais do que feliz, eu, de ver Quem os reis desejavam ver
e nã o viram!' 'Digno de ser visto é Ele, pois Ele é mais belo do que os
ilhos dos homens' ( Sl. xliv. 3 ).
[§ 78. A fuga para o Egito .] Pense, e pense novamente, com que
pensamentos e meditaçõ es aquela querida Mã e estava extasiada, pois,
toda alegre e cheia de ê xtase, ela O segurou, seu Senhor, ao mesmo
tempo tã o grande e tã o pequena, em seus braços; beijou repetidamente
seu pequeno bebê , enquanto ele brincava em seu colo; ou consolou-o
em suas lá grimas com a cançã o de ninar que podia, embalando-o de
joelhos; ou, ainda, o acalmou com cuidados diligentes, como o amor
maternal a impeliu, de acordo com Suas necessidades mutá veis. Você
pode pensar que é verdade a histó ria que relata que no decorrer de Sua
jornada Ele foi capturado por bandidos e resgatado pela bondade de
um certo jovem. Esse rapaz, segundo a lenda, era ilho do chefe dos
ladrõ es; que, ao receber sua parte do butim, e contemplar o Rosto do
Menino no colo de Sua Mã e, vislumbrou em Seu Rosto amá vel uma
majestade tã o brilhante como aquela, nã o duvidando que Ele fosse mais
do que humano, ele se in lamou com amor por Ele, e abraçando-O,
exclamou: 'O Bebê mais abençoado, se algum dia vier a Ti por ter
piedade de mim, lembre-se de mim entã o, e nã o ique desta vez.' Dizem
que este rapaz foi depois o ladrã o que, pendurado cruci icado à mã o
direita de seu Deus, repreendeu a blasfê mia de seu companheiro com
as palavras: 'Nem tu temes a Deus' (Sã o Lucas xxiii. 40 ); mas voltando-
se para o Senhor, e discernindo nele a mesma majestade que uma vez
brilhou na testa do bebê , e atento ao antigo pacto, disse: 'Senhor,
lembra-te de mim quando entrares em Teu Reino' ( ib. 42 ). Acho que
nã o pode haver indiscriçã o em usar essa lenda piedosa como incentivo
ao amor, sem a irmar temerariamente que é verdade.
[§ 79. O início da vida, batismo, jejum e ministério de nosso Senhor .]
E pense você que nenhum acesso de doçura será seu se você
contemplá -lo um menino com meninos em Nazaré ; ou vê -lo esperando
por sua mã e, ajudando seu pai adotivo? E o que você nã o sentirá se,
quando Ele subir a Jerusalé m com Seus pais aos doze anos de idade, e
icar para trá s enquanto eles voltaram, sem saber que Ele estava na
cidade, você for com Sua Mã e em sua busca de trê s dias? para ele? Oh,
em que chuva cairã o suas lá grimas quando você ouvir a Mã e
repreendendo o Filho com palavras de, por assim dizer, doce
reprovaçã o! 'Filho, por que você fez isso conosco?' (Sã o Lucas 2.48 .)

Mas se você se deleita em seguir seu Esposo Virgem aonde quer


que Ele vá ( Apoc. xiv. 4 ), espie em Suas alturas mais altas e retiros
secretos, e na onda do Jordã o ouça a Pessoa do Pai na Voz, veja a Pessoa
de o Filho manifestado em Carne, e o Espı́rito Santo sob a igura da
Pomba.

Passando dali, seu querido Jesus consagrou para você o retiro e a


solidã o, e para você santi icou a resistê ncia dos jejuns, mostrando-lhe
como lutar com seu inimigo astuto. O que Ele fez aqui Ele fez por você , e
preste muita atençã o à Sua maneira de fazê -lo. Ame Aquele por quem
foi feito o que foi feito; e o que foi feito, que imitar.

Agora, entã o, que a mulher que foi apanhada em adulté rio esteja
presente em sua lembrança, e lembre-se do que Jesus fez, o que Ele
disse, quando solicitado a sentenciá -la. Ele lançou Seus olhos para a
terra, para que, ao olhar para a mulher, nã o a envergonhasse demais; e
quando, escrevendo na terra, Ele declarou que seus acusadores eram
terrenos e nã o celestiais, Ele disse: 'Aquele que dentre vó s está sem
pecado seja o primeiro que atire pedra nela' (Sã o Joã o viii. 7 ). O
maravilhosa e inextinguı́vel bondade de Cristo! Ele poderia justamente
tê -la condenado; veja quã o misericordiosamente, e ainda com quanta
prudê ncia, Ele a libertou! Pois quando por essa ú nica frase Ele os
repreendeu e os baniu do templo, pense entã o que olhos
misericordiosos Ele ergueu sobre ela, pense com que voz doce e gentil
Ele pronunciou a sentença de Sua absolviçã o. Imagine Seus suspiros,
imagine para si mesmo Suas lá grimas quando Ele disse: 'Ningué m te
condenou' ( ib. viii. 10 ). o futuro. Pois, ó bom Jesus, quando Tu dizes:
'Nem eu te condenarei' ( ib. 10 ), quem—quem fará isso? Deus é Aquele
que justi ica. Quem é aquele que condenará ? ( Rom. viii. 33, 34. ) No
entanto, mais uma vez deixa a Tua voz ser ouvida, 'Vai, e agora nã o
peques mais' (Sã o Joã o viii. 11 ).

[§ 80. Obras de misericórdia de Nosso Senhor.] Nem passareis por


aquela casa sem ser visitada, onde descem o paralı́tico pelas telhas
diante dos pé s de Jesus; e onde o poder e a piedade se encontram:
'Filho', diz Ele, 'teus pecados te sã o perdoados' (Sã o Marcos ii. 5 ). O
bondade maravilhosa, ó misericó rdia indescritı́vel! Feliz ele; recebeu o
que nã o pediu, a remissã o dos pecados; uma remissã o nã o precedida
pela con issã o, nã o merecida pela satisfaçã o, nã o exigida pela contriçã o.
Era a cura do corpo, nã o da alma, que ele desejava; e, eis que ele ganhou
saú de do corpo e da alma! Em verdade, ó Senhor, em Tua vontade está a
vida; se Tu decretares para nos salvar, ningué m pode deter Tua mã o. Se
Tu decretas o contrá rio, nã o há ningué m que ouse dizer: Por que Tu
fazes isso? Por que, fariseu, murmuras? 'Seu olho é mau porque eu sou
bom?' (St. Matt. xx. 15. ) Certamente 'Ele tem misericó rdia de quem Ele
quer' ( Rom. ix. 18 ); vamos clamar a Ele, e orar a Ele, para que Ele
tenha prazer em querer. E mais do que isso, que nossa oraçã o seja
enriquecida, nossa devoçã o aprofundada e nosso amor vivi icado por
boas obras. Que mã os puras sejam levantadas em oraçã o, mã os que o
sangue da impureza nã o manchou, nem o toque ilı́cito contaminou, nem
a avareza endureceu; e com as mã os puras que se eleve um coraçã o sem
ira e contenda, um coraçã o acalmado pela tranqü ilidade, composto pela
paz e lavado pela pureza de consciê ncia. Mas nã o é dito no relato que o
paralı́tico satisfez qualquer uma dessas condiçõ es, e ainda assim lemos
que ele mereceu a remissã o de todos os seus pecados. Tal, no entanto, é
a virtude de Sua misericó rdia indescritı́vel, sobre a qual é o cú mulo da
loucura presumir, assim como é blasfê mia derrogá -la. Ele é capaz de
dizer e icazmente a quem quer que Ele queira o que disse ao paralı́tico:
'Teus pecados sã o perdoados.' Mas quem espera ouvir estas palavras
sem esforço de sua parte, sem contriçã o, sem con issã o, ou mesmo sem
oraçã o, os pecados do homem nunca sã o remidos.

[§ 81. Betânia e o Cœnaculum .] Mas devemos partir daqui e


dirigir-nos a Betâ nia, onde os mais sagrados laços de amizade sã o
consagrados pela autoridade de nosso Senhor; pois 'Jesus amava Marta,
e sua irmã Maria, e Lá zaro' (Sã o Joã o xi. 5 ); e ningué m pode duvidar
que isso nos é dito tendo em vista a lei especial e sagrada da amizade,
uma lei que os ligava intimamente em um vı́nculo familiar comum.
Testemunhe aquelas lá grimas doces que jazem com as irmã s que
choram, e foram interpretadas por todas as pessoas como o sinal de Seu
amor: 'Eis como Ele o amou' ( ib. 36 ).
E, veja, agora eles fazem dele uma ceia. 'Marta serviu, mas Lá zaro
foi um dos que estavam à mesa com ele' (Sã o Joã o xii. 2, 3 ). Maria,
portanto, pegou uma caixa de alabastro com unguento precioso.
Alegrai-vos, peço-vos, por participar nesta festa. E distinguir os papé is
desempenhados pelas vá rias pessoas. Marta servia; Lazarus reclinou-se
à mesa; Maria unge seu Senhor. Seja esta ú ltima parte sua; quebre nessa
sala de jantar o alabastro do seu coraçã o; e tudo o que você tem de
devoçã o, de amor, de desejo, de afeiçã o, despeje tudo sobre a cabeça de
seu Esposo, adorando a Deus na Pessoa do Homem, e o Homem no
Deus Pessoal. Se o traidor repreende, se murmura, se é ciumento, se
chama sua devoçã o de extravagâ ncia e desperdı́cio, nã o dê atençã o a
isso. 'Para que serve esse desperdı́cio? Pois isso pode ter sido vendido
por muito ', etc. (Sã o Mat. xxvi. 8, 9 ). O fariseu murmura, pois tem
ciú mes do penitente. Judas murmura, pois reluta em derramar o
unguento; mas o juiz nã o recebe a acusaçã o e absolve o acusado: 'Por
que você incomoda esta mulher? porque ela fez uma boa obra em mim'
( ib. 10 ). Que Marta trabalhe, que ela sirva, que ela dê abrigo para o
errante, comida para o faminto, bebida para o sedento; Só eu sou de
Maria, e ela é minha. Ela Me dá tudo o que tem; que ela espere de Mim o
que ela desejar. Que? Você desempenha o papel de Maria ao abandonar
os pé s que ela beija com tanto prazer, ao desviar os olhos daquele rosto
mais adorá vel que ela contempla e ao fechar os ouvidos para aquela
doce voz dEle com a qual ela é revigorada? Ainda assim, levantemo-nos
e partimos daqui. Para onde, você diz? Ora, certamente nos deixe ir,
para que você possa acompanhar o Senhor do cé u enquanto Ele avança
sentado em um jumento; e que, maravilhando-se de que coisas tã o
grandes sejam feitas para você , você pode adicionar seus louvores aos
louvores das criancinhas, clamando e dizendo: 'Hosana ao Filho de
Davi' (St. Matt. xxi. 9 ).

E agora suba com Ele para a grande sala de jantar mobiliada (Sã o
Marcos xiv. 15 ), e encontre sua alegria em estar presente na ceia da
salvaçã o. Deixe o amor vencer a timidez, e a devoçã o exclua o medo,
para que pelo menos Ele possa dar uma esmola ao mendigo das
migalhas que caem da mesa; ou entã o ique à distâ ncia e, como um
mendigo esperando o prazer de um homem rico, estenda a mã o para
receber algo. Quando, no entanto, levantando-se da ceia, Ele se cingiu
com uma toalha e derramou á gua em uma bacia (Sã o Joã o xiii. 4, 5 ),
pense que majestade é , o que pode ser, que está lavando os pé s dos
homens e limpando-os; que condescendê ncia é aquela que toca com
mã os tã o sagradas os pé s do traidor. Olhe, observe, espere, e entã o
ofereça a Ele seus pé s para lavar, pois quem Ele nã o lava nã o terá parte
com Ele (Sã o Joã o 13:8 ).

Mas por que tanta pressa de ir? Fique um momento. Por favor,
você vê quem é que acabou de se reclinar em Seu peito e deitar sua
cabeça em Seu seio? Feliz ele, quem quer que seja!

Ah sim! Agora vejo com certeza quem é ; Joã o é o nome dele. O


Joã o, que doçura, que graça e alegria, que luz e devoçã o atraiste para ti
daquela Fonte! Naquela Fonte, na verdade, estã o escondidos todos os
tesouros da sabedoria e do conhecimento ( Col. ii. 3 ). Aı́ está a fonte da
misericó rdia, aı́ está o pró prio lar da compaixã o, aı́ está o favo de
doçura eterna. E por que tens tudo isso, ó Joã o? Você é mais sublime
que Pedro, ou mais santo que André , ou mais altamente agraciado que
todos os demais apó stolos? Este é o privilé gio especial da virgindade; é
porque tu é s virgem, eleita do Senhor, e de todos mais amada do que
todos. Agora, entã o, irmã virgem, salte de alegria, aproxime-se e nã o
demore para reivindicar uma pequena porçã o desta doçura; e se você
nã o pode ensaiar uma parte superior, con ie seu coraçã o a Joã o
enquanto ele se enche do vinho da alegria na contemplaçã o da
Divindade, e entã o te aproxime de teu Senhor e tire leite das fontes de
Sua Humanidade; e enquanto Ele fala, entregando Seus discı́pulos ao
Pai naquela santı́ssima oraçã o, 'Santo Pai, guarda-os em Teu nome' (Sã o
Joã o xvii. 11 ), incline sua cabeça para merecer ouvir as palavras, 'Quero
que onde eu estiver, estejam comigo també m aqueles que me deste' ( ib.
24 ).

[§ 82. Getsêmani e o palácio do sumo sacerdote .] E bom para você


estar aqui, mas devemos ir. Ele irá liderar o caminho para Olivet; você
deve seguir. E embora Ele leve Pedro e os dois ilhos de Zebideu e se
retire para os recessos do jardim, você ainda observa de longe, e vê
como Ele toma sobre Si a necessidade de nosso estado; veja como
Aquele de quem sã o todas as coisas começa a icar triste e muito triste,
dizendo: 'Minha alma está triste até a morte' (St. Matt. xxvi. 38 ). Por
que isso, ó meu Deus? Tu sentes tanto por mim e por mim, ao mostrar-
te Homem, que pareces de certa forma esquecer que Tu é s Deus. Caı́do
prostrado em Teu rosto Tu oras, e, eis que Teu suor se converte em
Sangue escorrendo sobre o chã o (Sã o Lucas xxii. 44 ). Por que, minha
irmã , você demora? Corra, corra para Ele, beba aquelas gotas mais
queridas e lamba o pó de Seus pé s. Nã o durmas com Pedro, para que
nã o mereças que te digam quanto ao resto: 'O quê ! você nã o assistiria
uma hora Comigo?' (Sã o Mat. xxvi. 40 ).

Mas, eis que o traidor avança com a multidã o ı́mpia atrá s dele;
Judas oferece o beijo; eles impõ em as mã os sobre Jesus; eles mantê m
seu Senhor irmemente preso; eles algemam aquelas mã os queridas
Dele. Quem poderia suportar? A piedade, eu sei, enche todo o seu
coraçã o agora, e o zelo in lama todas as suas partes mais ı́ntimas.
Deixe-o em paz, eu lhe peço; deixe-o sofrer; Ele está sofrendo por você .
Por que você quer uma espada? por que sua raiva queima? por que você
está cheio de indignaçã o? Pois se, como Pedro, você cortar uma orelha
de um deles; se você desembainhar a espada e cortar um pé de seu
membro, Ele restaurará tudo; nã o, se você matar um deles, sem dú vida
Ele o ressuscitará novamente.

Nã o; melhor segui-lo até o palá cio do sumo sacerdote, e aquele seu
rosto mais adorá vel, que eles sujam com cuspe, lave, ó lave-o com suas
lá grimas.

Veja com que olhos misericordiosos, com que olhar misericordioso


e e icaz Ele se virou e olhou para Pedro, agora pela terceira vez
negando-o; e Pedro voltando-se para Ele, e voltando para si mesmo,
chorou amargamente. Oh, bom Jesus, que aquele olho querido me visse,
que tantas vezes Te negaram pelas piores açõ es e desejos à voz de uma
serva atrevida, minha carne.

[§ 83. O Pretório .] E agora, porque é de manhã , Ele é entregue a


Pilatos, diante de quem Ele é acusado e se cala, pois Ele foi levado como
ovelha ao matadouro ( Is. liii. 7 , Atos viii. 32 ). Observe-o, como Ele está
diante do governador, com a cabeça baixa, com os olhos voltados para o
chã o, com o rosto em paz; Ele fala pouco e raramente, Ele está pronto
para insultos e vai avidamente ser açoitado. Você nã o pode suportar
mais isso, eu sei; você nã o pode suportar ver ali diante de seus pró prios
olhos aquela querida Costas sulcadas pelas correias, aquele Rosto
machucado com golpes, aquela Cabeça sensı́vel coroada de espinhos;
aquela Oito Mã os, que governa o cé u e a terra, desonrada com uma
cana. Mas veja, eles O estã o conduzindo para fora; a lagelaçã o acabou;
Ele usa uma coroa de espinhos e um manto de pú rpura; e Pilatos grita:
'Eis o homem!' (Sã o Joã o xix. 5 .) Homem em verdade, quem pode
duvidar disso? Testemunhe as listras que as varas izeram, as feridas
lı́vidas, os cuspes imundos.

Saiba agora, inalmente, diabo,[ 7 ] que Ele é um homem. 'Eu


garanto', você diz, 'Ele é um homem.' Mas ainda assim você diz: 'O que é
Ele?' Ai, o que é Ele? Pois em meio a tantas injú rias Ele nã o está
zangado, como um homem icaria; Ele nã o é movido, como um homem
seria; Ele nã o está indignado contra Seus torturadores, como um
homem estaria. Entã o certamente Ele é mais do que homem. Mas se
sim, quem possui mais do que o homem? Ele é reconhecido, eu garanto,
como homem em Sua tolerâ ncia aos julgamentos dos ı́mpios da terra;
Ele será reconhecido como Deus quando vier para julgar. Tarde demais,
ó Diabo; você descobriu tarde demais. Por que tentou trabalhar com a
esposa de Pilatos para obter Sua dispensa? Você nã o falou rá pido o
su iciente. O juiz está no banco; a sentença já foi pronunciada.

[§ 84. A Cruci icação .] Agora Ele é levado para a morte, carregando


Sua Cruz. Oh, que espetá culo é este! Você vê ? Veja, o governo está sobre
Seus ombros ( Is. ix. 6 ). Veja, aqui está Sua vara de equidade, Sua vara
de impé rio. Vinho misturado com fel é dado a Ele para beber. Ele é
despido de Suas vestes, que sã o divididas entre os soldados; mas sua
tú nica nã o é rasgada, mas passa por sorteio para um deles. Suas
queridas Mã os e Pé s estã o furados com pregos; e Ele, estendido na
Cruz, está pendurado entre ladrõ es. De Deus e dos homens o Mediador,
Ele paira no meio entre o cé u e a terra; juntando coisas mais baixas e
mais altas, coisas terrenas e celestiais; e o cé u está desnorteado, e a
terra se compadece.

E você ? Nã o é de admirar se, enquanto o sol chora, você també m


chora; se, enquanto a terra treme, você estremece; se, enquanto as
rochas rasgam, seu coraçã o se despedaça; se, enquanto as mulheres ao
lado da cruz estã o todas em lá grimas, você chora alto com elas.

E, ó , em meio a tudo isso, pensa naquele Seu mais doce Coraçã o,


quã o lamentavelmente quieto Ele se manteve, nã o se importando com
injú rias, prestando atençã o à dor, recusando-se a sentir insultos e
reprovaçõ es. Nã o, antes, em cujas mã os Ele sofre, Ele se compadece
deles; por quem Ele é ferido, Ele os cura; por quem Ele é morto, Ele os
obté m vida. Oh, com que doçura e devoçã o de coraçã o e alma, com que
caridade abundante e transbordante Ele clama: 'Pai, perdoa-lhes!'

O Senhor, olhe para mim; aqui estou eu, adorando Tua Majestade,
nã o matando Tua Carne; adorando Tua morte, nã o zombando de Teus
sofrimentos; meditando em Tua misericó rdia, nã o desprezando Tua
fraqueza. Que, portanto, Tua doce Humanidade interponha em meu
favor, e Tua indizı́vel compaixã o me encomende a Teu Pai; e tu dizes,
querido Senhor, 'Pai, perdoa-o.'

Mas você , virgem, que pode presumir uma proximidade mais


ı́ntima com o Filho da Virgem do que as mulheres que estã o longe;
venha com a Virgem-Mã e e a virgem-discı́pula, aproxime-se da Cruz,
aproxime-se e contemple aquele Rosto banhado de palidez. O que,
minha querida irmã , você vai ver sem lá grimas as lá grimas de sua
Senhora? Você ica com os olhos secos enquanto a espada da dor
atravessa sua alma? Nã o suspirará s quando O ouvires dizer à Sua Mã e:
'Mulher, eis aı́ o teu Filho'; e a Joã o, 'Eis aı́ tua Mã e'. E assim como Ele
deu a Seu discı́pulo uma Mã e, Ele deu o Paraı́so a um ladrã o.

'Entã o um dos soldados abriu seu lado com uma lança' (Sã o Joã o
xix. 34 ). Oh, apresse-se, nã o demore; come teu favo de mel com teu
mel; bebe o teu vinho com o teu leite ( Ct. v. 1 ). O Sangue de Seu Lado é
feito vinho para ti, para que possas beber à tua plenitude, e a Agua se
transformou em leite para tua nutriçã o; e rios sã o feitos em ti na rocha,
feridas em seus membros, e uma caverna na parede de seu corpo.
Esconde-te nessas brechas e aninha-te nelas como uma pomba; e beijar
repetidamente primeiro um e depois outro; e manchado com Seu
Sangue teus lá bios serã o 'como um laço escarlate, e tua fala será doce' (
Cant. iv. 3 ).

[§ 85. O Sepultamento e Ressurreição .] Mas espere, espere um


pouco pela vinda do nobre conselheiro para tirar os pregos e soltar as
mã os e os pé s. Veja como ele dobra o Cadá ver naqueles seus braços
mais felizes, e o aperta em seu peito. Entã o poderia aquele homem
santo exclamar: 'Um feixe de mirra é meu amado para mim' ( Cant. i. 12
). E quanto a você ; siga-te o mais querido Tesouro da terra e do cé u, e
apoie Seus Pé s, ou levante as Mã os e os Braços; ou pelo menos recolher
com todo o cuidado as gotas do preciosı́ssimo Sangue, à medida que
escorrem lentamente dele, e lamber o pó que Seus Pé s tocaram. E
observe, alé m disso, quã o ternamente e amorosamente o bem-
aventurado Nicodemos coloca seus dedos sobre os santos membros,
banha-os com unguentos e, auxiliado por Sã o José , coloca-o enrolado
com linho no sepulcro (Sã o Joã o xix. 38-40 ).

E agora que isso acabou, nã o deixe Maria Madalena, mas corteje
sua companhia, ajude-a a preparar as especiarias e venha com ela
oportunamente ao sepulcro do Senhor. Oh, que você mereça ver com os
olhos da alma, como ela fez com a visã o corporal, agora um anjo
sentado na pedra que ele rolou para longe da porta do monumento; e
agora novamente, dentro do monumento, dois, um à cabeceira e outro
aos pé s, pregando a Ressurreiçã o e suas gló rias; e mais uma vez o
pró prio Jesus, refrescando a triste e chorosa Madalena com olhos tã o
gentis, e dizendo com voz tã o doce, 'Maria'. Com esta palavra, todas as
cataratas de sua alma se desprendem, e lá grimas sã o destiladas de sua
medula, e suspiros e soluços do fundo do coraçã o. 'Mary.' O feliz tu!
Quais eram seus pensamentos, seu coraçã o, sua alma, quando, em
resposta a esta palavra, lançando-se a Seus pé s, e saudando-O em troca,
você disse 'Raboni!' Quais foram as emoçõ es, quais foram os anseios,
quais foram os ardores de tua alma, quando tu disseste 'Raboni'? As
lá grimas impedem mais, a emoçã o sufoca a voz e o excesso de amor
absorve todos os sentidos da mente e do corpo. Mas por que, meu
querido Jesus, me expulsas, amando-te como amo, de teus pé s sagrados
e tã o desejados? 'Nã o me toques,' Tu dizes. Por que, ó Senhor, por quê ?
Por que eu nã o posso tocar aqueles Teus Pé s tã o desejados, que foram
escavados com pregos e encharcados de Sangue? Por que nã o posso
tocá -los e acariciá -los com mil beijos? O que! Ele é menos meu amigo
agora que é mais glorioso? Veja, eu nã o te deixarei ir; nã o te deixarei;
nã o pouparei minhas lá grimas; meu coraçã o se quebrará com suspiros
e soluços a menos que eu te toque. Mas Ele diz: 'Nã o Me toque'. Esta
bê nçã o nã o te será recusada, embora seja adiada; apenas vá e diga a
meus irmã os que eu ressuscitei. Ela correu rapidamente, desejando
voltar rapidamente; ela volta, mas nã o sozinha; há outras mulheres com
ela. E Jesus vai ao encontro deles, e com a mais gentil saudaçã o os
levanta de seu desâ nimo e consola sua tristeza. E veja; o que foi adiado
antes é concedido agora. Pois 'eles subiram, e agarraram Seus pé s, e O
adoraram' (Sã o Mateus xxviii. 9 ). Fique aqui, virgem, o quanto puder, e
nã o deixe que o sono interrompa suas alegrias, nem qualquer distraçã o
exterior o interrompa.

Mas porque nesta vida de dores nã o há nada está vel, nada eterno,
nem o homem jamais permanece no mesmo estado, é necessá rio que
nossa alma, enquanto vivermos na carne, seja alimentada com alguma
variedade de alimento. Passemos, pois, das nossas memó rias do
passado à s nossas experiê ncias do presente, para que també m delas
aprendamos o quanto é digno de servir a Deus o nosso amor.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
D S M
[§ 86. A revisão do escritor de sua vida passada, e exortação para sua
irmã .] Eu acho que nã o é pouca bê nçã o que Deus, transformando
nossos pais de mal em bem, nos criou de sua carne, e soprou em nó s o
sopro da vida , distinguindo-nos daqueles que caem prematuramente
do ú tero, ou que, engasgados em suas mã es, parecem ter sido
concebidos para a dor do que para a vida. E que Ele ainda nos deu
membros sã os e saudá veis, de modo a nã o ser uma dor para nó s
mesmos ou um objeto de reprovaçã o para os outros, isso certamente é
uma grande bê nçã o. Mas que Ele cronometrou nosso nascimento como
Ele fez, e quis que nascê ssemos entre pessoas por cuja intervençã o
fomos levados à Sua fé e sacramentos; como devemos estimar essa
bê nçã o e a medida da bondade que a motivou? Pois o que nos
regozijamos em encontrar nos foi concedido, vemos ter sido negado a
homens sem nú mero, cuja sorte como homens é idê ntica à nossa. Eles
foram deixados pela justiça, nó s fomos chamados pela graça.

Avancemos mais. Recordando que fomos educados por pais


cristã os, que o fogo nã o nos feriu, que a á gua nã o nos afogou, que nã o
fomos devorados por um demô nio, nem atormentados por feras, nem
mortos por uma queda, que fomos criados até a idade madura em Sua
fé e beneplá cito, reconheçamos que tudo foi Seu dom. Até aqui a nossa
sorte era a mesma, ilhos como é ramos do mesmo pai, o mesmo ventre
nos envolveu, as mesmas entranhas nos deram à luz.

E agora, minha irmã , veja pelo meu caso que grandes coisas Deus
fez por sua alma. Ele fez uma diferença entre você e eu, como se fosse
entre a luz e as trevas; mantendo você para Ele, e me deixando para
mim mesmo. O meu Deus, para onde eu fui? para onde eu voei? para
onde me bani? Afastado de Tua Face como Caim, vivi na terra como
fugitivo e vagabundo, e quem me encontrasse deveria me matar. Pois o
que um criativo miserá vel deveria fazer, abandonado por seu Criador?
Para onde iria a ovelha perdida, para onde se esconderia, despojada de
seu Pastor? O minha irmã , foi uma fera muito má que devorou teu
irmã o. Veja entã o em mim quã o grande foi Sua bondade em manter-te
ileso por tal animal. Como sou miserá vel, que perdi minha inocê ncia!
quã o feliz você , cuja virgindade foi protegida pela compaixã o divina!
Quantas vezes sua pureza foi tentada e atacada, e ainda assim
preservada ilesa! enquanto eu, mergulhando voluntariamente em toda
sorte de vergonha, amontoei em minha alma o combustı́vel de um fogo
que me queimaria, os elementos de uma corrupçã o que me mataria, os
primó rdios dos vermes que me roeriam. Lembre-se, se quiser, de todas
as minhas torpezas pelas quais você costumava se lamentar e pelas
quais muitas vezes me repreendia, você , menina e mulher, eu, menino e
homem. Mas a Escritura nã o fala mal ao dizer: 'Ningué m pode corrigir a
quem Deus desprezou' ( Ecl. vii. 14 ). Oh, quã o ternamente você deve
amar o Deus que, enquanto Ele me rejeitou, atraiu você para Si mesmo;
e, iguais como eram os estados de nó s dois, ainda assim me desprezou e
te amou! Lembre-se, como eu disse, meus excessos vis, quando a nuvem
de luxú ria se ergueu sobre mim, e a concupiscê ncia devassa me cativou,
e nã o havia ningué m para me arrebatar e me salvar ( Sl. vii. 3 ); pois 'as
palavras dos ı́mpios prevaleceram sobre mim', que no cá lice agradá vel
do amor me deu a beber do veneno da devassidã o. A simpatia natural
com seu encanto e o desejo com sua impureza combinados em um, e em
uma idade ainda fraca, me arrastou pelos caminhos á speros do vı́cio e
depois me mergulhou em um redemoinho de enormidades. A tua ira e a
tua indignaçã o vieram sobre mim, ó Deus, e eu nã o sabia. Tornei-me o
esporte de minhas impurezas, elas me destruı́ram e me subjugaram; e
guardaste silê ncio. Ah, minha irmã , considere cuidadosamente em que
vilezas e em que torpeza eu fui lançado por minha pró pria escolha; e
saiba que você també m caiu em tal, mas que a misericó rdia de Cristo
preservou você .

Nã o quero dizer que Ele nã o me concedeu nenhum tipo de bem o
tempo todo que eu nã o digo nada aqui das bê nçã os que acabei de
contar como concedidas a nó s dois Ele com maravilhosa paciê ncia
suportou minhas iniqü idades. A quem devo que a terra nã o me tragou,
que os raios do cé u nã o me feriram, nem os rios me afogaram? Como
poderia a criaçã o ter sofrido tã o grande dano contra o Criador, mas que
Aquele que a fez, Aquele que nã o quer a morte do ı́mpio, mas sim que o
ı́mpio se desvie de seu caminho e viva (Ez. xxxiii. 11), a restringiu ? E, ó ,
Sua graça para seguir o fugitivo como Ele fez, e para me acalmar em
meu alarme, e, desesperado como eu estava, para me restaurar a
esperança, e, familiarizado como estava com as impurezas, para atrair e
encantar me com suas doçuras, e desfaça os outros laços indissolú veis
de um mau há bito, e me retire do mundo, e gentilmente me receba
como seu! Eu passo em silê ncio sobre Seus muitos tratos, muitos e de
grande misericó rdia, para comigo; para que nada da gló ria, que é toda
dele por direito, pareça ser transferida para mim. Pois a bondade do
Doador e a felicidade do destinatá rio estã o tã o ligadas pela
humanidade, mesmo nas estimativas que formam, que nã o apenas o
Doador é elogiado, que era de fato o ú nico que merece elogios, mas
també m o recebedor. Pois quem tem alguma coisa que nã o recebeu? E
se ele o recebeu de graça, por que elogiá -lo como se ele o tivesse
servido? Louvado seja, portanto, a Ti, meu Deus; gló ria a Ti, açã o de
graças a Ti; mas para mim confusã o de rosto ( Dan. ix. 8 ), por isso
tenho feito tantos males e recebido tantos bens. 'Como pode ser, entã o',
você dirá , 'que você recebeu menos do que eu?' O minha irmã , é pelo
mesmo motivo que ele é o homem mais feliz cuja barca é levada pelas
brisas a salvo para o porto com sua carga de mercadorias e seu
carregamento de tesouros; nã o aquele que foi destruı́do e escapou da
morte com a perda de tudo. Você , quero dizer, tem sua felicidade no
tesouro preservado para você pela graça divina; enquanto o principal
trabalho que me incumbe é consertar o que está quebrado, recuperar o
que está perdido, remendar o que está alugado. Nã o, de fato; Eu
gostaria que você icasse com ciú mes de mim, e achasse que seria
motivo de vergonha se, depois de tantas enormidades em minha vida
passada, eu provasse ser igual a você ; pois embora o brilho da
virgindade seja muitas vezes manchado por algumas falhas menores e
ocasionais, tã o bela é sua natureza, maus caminhos odiosos,
persistentes por muito tempo, e pura força do há bito, estragam as
pró prias caracterı́sticas das virtudes que vê m apó s os vı́cios.

Agora, portanto, veja quais sã o as bê nçã os em relaçã o à s quais


você tem a ú nica experiê ncia da bondade divina; Pense com que rosto
vitorioso Cristo veio ao seu encontro quando você renunciou ao mundo,
com que guloseimas Ele o alimentou quando você estava com fome,
quã o grandes riquezas de Sua Divina compaixã o Ele demonstrou para
você , que afeiçõ es Ele inspirou, e com que cá lice de amor Ele te
embriagou. Pois se Ele nã o deixou sem experiê ncia de consolaçõ es
espirituais um escravo fugitivo e rebelde chamado por Sua ú nica
misericó rdia, que doçura nã o devo acreditar que Ele prodigalizou a
uma virgem? Se você já foi tentado, Ele o sustentou; se você começou a
falhar, Ele o preparou. Quantas vezes, quando você estava sedento de
medo, Ele nã o icou ao seu lado, um bondoso consolador! Quantas
vezes, quando você suspirava por amor a Ele, Ele nã o se derramava em
seu coraçã o! Quantas vezes, enquanto você cantava ou lia, Ele nã o
iluminou com Sua luz os sentidos de sua alma! Quantas vezes, quando
você orou, Ele nã o o arrebatou com anseios inefá veis por Si mesmo!
Quantas vezes, sua mente estando afastada das coisas terrenas, Ele nã o
o transportou para o meio das delı́cias celestiais e as alegrias do
paraı́so! Pense em todas essas coisas, e transforme-as em sua mente,
para que todo o amor do seu coraçã o seja entregue a Ele. Oh, deixe o
mundo ser inú til para você ; que todo amor carnal seja como escó ria;
esqueça que você está neste mundo; pois você voltou a intençã o e o
propó sito de seu coraçã o para aqueles que estã o no cé u e vivem em
Deus; e onde está o teu tesouro, aı́, minha irmã , esteja també m o teu
coraçã o (Sã o Mateus vi. 21 ). Nã o feche seu coraçã o com as moedas de
prata em sua bolsa sem valor; pois você nunca pode voar para o cé u
com uma carga de dinheiro sobre você . Pense dia a dia que você vai
morrer, e você nã o vai se preocupar com o amanhã . Nã o deixes que o
futuro te assuste com o seu deserto esté ril, nem que o medo da fome
venha abater os teus espı́ritos; mas que toda a sua con iança repouse
naquele que alimenta os pá ssaros e veste os lı́rios. Deixe-o ser seu
celeiro, faça dele seu tesouro, faça dele sua bolsa, ele suas riquezas, ele
sua alegria; deixe que Ele seja tudo em tudo para você . E, entretanto,
que isso baste para as coisas do presente.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
D S M
[§ 87. A morte e sua conseqüência imediata .] Mas, Aquele que concede a
Seus pró prios tã o grandes bê nçã os no presente, o que Ele reserva para
eles no futuro? Assim como a morte é o té rmino de nosso estado
presente, també m é o inı́cio do futuro. Quem há cuja natureza nã o se
esquiva disso e cujos sentimentos nã o sentem repulsa ao pensar nisso?
Os pró prios animais evitam a morte e se apegam à vida, pela fuga, pela
ocultaçã o em cantos ocultos e por milhares de outros meios.

Preste atençã o, agora, à resposta que sua consciê ncia dá ; e diga,
que certeza a tua fé te faz, que promessa te oferece a tua esperança, o
que o teu amor espera e anseia? Se a tua vida é um fardo para ti, o
mundo um cansaço e a carne uma dor, entã o certamente a morte é o teu
desejo; morte que remove este jugo pesado, e acaba com a fadiga, e leva
o corpo com sua dor. Este ú nico evento, eu te digo, transcende todas as
delı́cias, todas as honras e todas as riquezas do mundo; se apenas por
causa de uma consciê ncia sem nuvens, uma fé inabalá vel e uma certa
esperança, você nã o tem medo de morrer; como ele experimentará
melhor cuja alma depois de ter gemido por algum tempo sob a tirania
desse medo da morte, inalmente escapou para um ar mais livre. Pois
esta é uma antecipaçã o salutar de tua futura bem-aventurança;
descobrir, quero dizer, que à medida que a morte avança lentamente,
você pode superar esse horror natural pela fé , temperá -lo pela
esperança, mantê -lo à distâ ncia por uma consciê ncia reconciliada e
pura; e se assim for, entã o a morte torna-se para ti doravante o inı́cio do
repouso, o im dos trabalhos e o im para sempre de todos os males
morais. Pois assim está escrito: 'Bem-aventurados os mortos, que
morrem no Senhor' ( Apoc. xiv. 13 ). Daı́ o profeta, distinguindo entre a
morte dos ré probos e a morte dos justos, diz: 'Todos os reis das naçõ es
todos dormiram em gló ria, cada um em sua casa. Mas tu é s lançado da
tua sepultura, como um ramo inú til, contaminado e embrulhado' ( Is.
xiv. 18, 19 ). Sim, todos eles dormiram na gló ria, cuja morte foi
composta e santi icada por uma boa consciê ncia; pois 'preciosa é aos
olhos do Senhor a morte dos Seus santos' ( Sl. cxv. 15 ). Sim, de fato;
eles adormeceram em gló ria, cujo sono é assistido por anjos, e
apinhados de santos que correram para dar assistê ncia e ministrar
consolo a seus concidadã os; pois eles lutam por ele contra seus
inimigos, repelindo seus ataques e refutando suas acusaçõ es; e assim,
escoltando a santa alma para frente e para o seio de Abraã o, componha-
a em um lugar de descanso e paz. Nã o é assim com os ı́mpios; nã o é
assim que os espı́ritos malditos que arrancam do corpo como se os
arrastassem para fora de algum sepulcro repugnante com instrumentos
forjados no inferno, lançados no poço “contaminados” pela luxú ria,
“embrulhados” na imundı́cie do desejo, para haver queimado em fogos
por toda parte, para ser dilacerado por pá ssaros, para ser sufocado com
um fedor sem im. Verdadeiramente, 'a expectativa dos justos é alegria,
mas a esperança dos ı́mpios perecerá ' ( Prov. x. 28 ). Mas qual será esse
descanso e essa paz, e essa alegria no seio de Abraã o que é assegurada
aos que ali descansam; e qual é a felicidade que eles esperam; nenhuma
pena tem habilidade para explicá -lo, pois nenhum homem vivo
experimentou o que é . Eles esperam, eles esperam com feliz expectativa
que o nú mero de seus irmã os se complete, para que, no dia da
ressurreiçã o, todos possam desfrutar juntos do seu manto duplo, [ 8 ]
isto é , felicidade sem im, tanto de corpo e da alma.
[§ 88. O Dia do Juízo: a mão direita e a esquerda .] Agora examine
os terrores daquele dia em que as virtudes dos cé us serã o movidas,
quando os elementos serã o dissolvidos pelo calor ardente, quando o
inferno será revelado, quando todas as coisas ocultas forem
descobertas. O Juiz irado descerá de cima, Sua fú ria queimando, e Suas
carruagens como uma tempestade ( Jer. iv. 13 ), para conceder puniçã o
em Sua ira e destruiçã o em chamas de fogo. Oh, feliz aquele que está
preparado para encontrá -Lo! E as almas miserá veis, e elas? Quã o
miserá veis entã o todos aqueles que agora nesta vida estã o
contaminados pelo luxo, desordenados pela avareza, inchados pelo
orgulho. 'Os anjos sairã o, e separarã o os ı́mpios dos justos' (St. Matt.
xiii. 49 ), colocando estes à Sua direita, e aqueles à Sua esquerda.

Agora imagine que você está diante do tribunal de Cristo, entre


este grupo e aquele, e ainda nã o designado para nenhum dos lados.
Lance seus olhos para o lado esquerdo do Juiz e veja aquela multidã o
infeliz. Que horror arrepiante, que vergonha, que barulho, que medo,
que agonias de dor! Veja como eles estã o, toda misé ria e a liçã o, seus
dentes batendo, seus seios nus latejando, seu rosto cheio de horror,
suas feiçõ es distorcidas; agachados de vergonha, e cheios de confusã o
por causa de sua impureza e nudez. De bom grado se esconderiam, mas
isso nã o lhes é permitido: tentam voar, mas sã o impedidos. Se eles
erguerem os olhos, seu Juiz irado está franzindo a testa; se eles os
derrubarem, o horrı́vel poço infernal se acenderá sobre eles. Nã o há
como explicar seus crimes; reclamar ao seu Deus de um julgamento
muito severo será impossı́vel; pois, seja qual for a decisã o Dele, eles
sabem muito bem – suas pró prias consciê ncias lhes dizem isso – que é
justo. Vê agora, ó vede, quã o digno de todo o teu amor Ele é , pois por
Sua predestinaçã o Ele te separou desta maldita companhia, por Seu
chamado te afastou totalmente dela, e por Sua justi icaçã o te puri icou
para Si mesmo.

Predestinado, chamado, justi icado; volte agora seus olhos para


Sua mã o direita; e pense em você , em cujas ileiras Ele o colocará , para
que Ele possa glori icá -lo? Oh, que graça, que dignidade, que alegria e
que segurança tê m! Alguns deles erguidos em assentos de julgamento,
outros resplandecentes com coroas de martı́rio, outros todos brancos
com lores virginais, outros enriquecidos com generosidades de
esmolas, outros ilustres com doutrina e erudiçã o sagradas; mas todos,
todos, um e todos eles estã o unidos em uma santa sociedade de
caridade. E sobre eles resplandece o Rosto de Jesus; nenhum objeto de
terror, mas de amor; sem amargura, mas toda doçura; nã o os
alarmando, mas tranquilizando-os.

Agora tome sua posiçã o no meio, por assim dizer, sem saber a qual
companhia a sentença do Juiz vai te entregar. O suspense cruel! 'Temor
e tremor vieram sobre mim, e as trevas 'me cobriram' ( Sl. liv. 6 ). Se Ele
se juntar a mim com os que estã o à Sua esquerda, nã o terei nada a
reclamar contra Sua justiça; se Ele me inscreve com os da direita, a Sua
graça devo atribuı́-la, nã o a nenhum mé rito meu. Na verdade, ó Senhor,
minha vida está em Tua vontade. Muito bem, entã o, que sua alma possa
discorrer em Seu amor; pois, embora Ele possa ter pronunciado sobre
você a sentença lançada contra os ı́mpios, Ele escolheu antes uni-lo com
os justos, para que Ele possa salvá -lo.
Imagine, portanto, que você está unido a essa companhia sagrada,
e que você ouve a sentença de Seus lá bios: 'Vinde, benditos de Meu Pai,
possui o reino preparado para você desde a fundaçã o do mundo' (Sã o
Mat. xxv. 34 ). E entã o, os miserá veis ouvindo isto, aquela outra palavra
do Senhor, cheia de ira e fú ria, 'Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo
eterno' ( ib. 41 ). 'Estes irã o', Ele nos diz, 'para o castigo eterno; mas o
justo para a vida eterna' ( ib. 46 ). O cruel separaçã o! O miserá vel lote!
Pois, tendo os ı́mpios sido levados para que nã o vejam a gló ria de Deus,
os justos serã o levados, cada um em sua ordem, e colocados em seu
pró prio lugar, de acordo com seu grau e mé rito, entre as ileiras dos
anjos; e entã o a gloriosa procissã o começará , Cristo nosso Cabeça
liderando, e todos os Seus membros seguindo; e o reino será entregue a
Deus Pai, para que reine neles e eles nele, participando daquele reino
que lhes foi preparado desde a fundaçã o do mundo; um reino cujo
estado glorioso nã o pode sequer ser concebido por nó s, muito menos
descrito por escrito ou por palavras. Só isso eu sei, que tudo o que você
deseja ter nã o deve faltar.

[§ 89. As alegrias do céu, e a alegria das alegrias .] Pois nã o há luto,
nem pranto, nem tristeza, nem medo. Nã o há tristeza ali, nem diferença,
nem inveja, nem angú stia, nem tentaçã o, nem mudança e nem
insalubridade do clima; sem suspeita, sem ingimento, sem bajulaçã o,
sem depreciaçã o, sem doença, sem idade, sem morte, sem pobreza, sem
noite, sem melancolia; nã o há necessidade de comer, beber ou dormir; e
sem fadiga. O que há de bom, entã o, lá ? Pois, certamente, onde nã o há
luto, nem choro, nem tristeza, nem tristeza, o que pode haver senã o a
perfeita alegria? Onde nã o há provaçã o, nem angú stia, nem mudança de
estaçõ es, nem insalubridade do clima; nenhum verã o muito violento,
nenhum inverno muito severo; o que, o que pode haver senã o uma
certa temperatura perfeita dos elementos, e verdadeira e absoluta
tranquilidade tanto do corpo quanto da mente? Onde nã o há motivo
para medo, o que pode haver senã o a má xima segurança? Quando nã o
há inveja nem estranhamento, o que senã o o amor real e perfeito? Onde
nã o há falta de beleza, o que é a beleza real e consumada? Onde nã o há
pobreza, o que senã o a plenitude perfeita? Onde nem trabalho nem
exaustã o, o que senã o repouso absoluto e força má xima? Onde nã o há
nada para oprimir ou sobrecarregar, o que pode haver senã o plenitude
de felicidade? E onde a velhice e a doença nunca sã o esperadas, nunca
temidas, o que senã o a mais verdadeira saú de? Onde nã o há noite e nã o
há escuridã o, o que senã o a luz perfeita? Onde a morte e a mortalidade
sã o completamente engolidas, o que há alé m da vida eterna?

E o que mais podemos exigir? Sim, de fato; podemos pedir mais,


algo que transcenda tudo isso; Quero dizer, a visã o, o conhecimento e o
amor do Criador. Ele será visto em Si mesmo, e visto em todas as Suas
criaturas; governando todas as coisas, mas sem solicitude; sustentando
todas as coisas, mas sem esforço; comunicando-se de alguma maneira
estranha a cada um, de acordo com sua capacidade, mas sem
diminuiçã o de si mesmo, e sem divisã o de si mesmo. Aquele Rosto será
visto convidando todo amor e todo desejo, o Rosto que os anjos
desejam contemplar; e o signi icado, a luz, a doçura desse Rosto, quem,
quem os dirá ? O Pai será visto no Filho, e o Filho no Pai, e em cada um
deles o Espı́rito Santo. Pois Ele será visto como Ele é , a promessa
cumprida na qual Ele diz: 'Aquele que me ama será amado por meu Pai;
e eu o amarei e me manifestarei a ele' (Sã o Joã o XIV. 21 ).

E desta visã o procede o conhecimento de Deus, do qual Ele mesmo


diz: 'Esta é a vida eterna, que eles possam conhecer a Ti, o ú nico Deus
verdadeiro' ( ib. xvii. 3 ).

E destes dois, a visã o e o conhecimento de Deus, brota um amor


tã o grande, um afeto tã o ardente, uma caridade tã o doce, uma fruiçã o
tã o abundante, um desejo tã o veemente, que nem a satisfaçã o pode
empalidecer o desejo, nem o desejo cansar satisfaçã o. E o que é isso? O
que é tudo isso? Sim, 'o olho nã o viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais
penetrou no coraçã o do homem, o que Deus preparou para aqueles que
O amam' ( 1 Cor. ii. 9 ).

Assim, minha irmã , da lembrança dos benefı́cios passados de


Cristo, da experiê ncia do presente e da expectativa do futuro, tentei
semear em você algumas sementes para meditaçõ es, das quais possam
brotar frutos do amor divino; apenas deixe a meditaçã o despertar seu
amor, e deixe o amor despertar o desejo, e deixe o desejo provocar
lá grimas; que assim lá grimas sejam o seu pã o dia e noite ( Sl. xli. 4 ), até
que você apareça em Seus olhos, e seja abraçado em Seus braços, e diga
como está escrito nos Câ nticos: 'Meu Amado para mim, e eu para Ele,
Ele permanecerá entre meus seios' ( Cant. i. 12 ). Que Ele possa
conceder a você , que vive e reina Deus para todo o sempre. Um homem.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
D O M
[§ 90. Ação de graças pelas bênçãos passadas e oração pelo futuro .][ 9 ]

'Minha Esperança, minha Luz, doce Amante da humanidade;


Verdadeiro Deus e Cristo, a Vida, a Saú de, a Paz,
A Coroa de todos os Teus; de bom grado eu diria
O que para sua salvaçã o Tu sofreste,
Carne de nossa carne, laços, cruz, feridas, morte e sepultura;
De onde, em trê s dias, vitorioso,
a Morte pisoteada, Tu apareceste
a Teus discı́pulos, fortalecendo seus coraçõ es frá geis;
Entã o, quarenta dias se passaram, você subiu ao alto cé u,
Onde agora você vive e reina para sempre.'[ 10 ]

Tu é s meu Deus vivo, meu santo Cristo, meu Senhor


misericordioso, meu grande Rei, meu bom Pastor, meu Mestre da
verdade, meu auxı́lio oportuno, meu Ser amado mais belo que todos os
homens, meu Pã o vivo, meu Sacerdote para sempre, meu Guia e Guia
para minha pá tria, minha verdadeira luz, minha doçura celestial, meu
caminho reto, minha sabedoria cheia de iluminaçã o, minha
simplicidade imaculada, minha reconciliaçã o paci icadora, minha
proteçã o segura, minha boa porçã o, minha salvaçã o eterna, minha
grande compaixã o, minha eterna paciê ncia, minha imaculada Vı́tima,
minha santa redençã o, minha esperança infalı́vel, minha caridade
perfeita, minha santa ressurreiçã o, minha vida eterna, minha exultaçã o
e minha vida mais abençoada, que durará para sempre. Eu te imploro,
imploro e imploro, que Tu completes a obra que Tua misericó rdia
começou em mim; pois eu, o menor de Teus servos, nã o ignorando os
benefı́cios que Tua terna misericó rdia me concedeu, dou graças a Ti
porque, apesar de minha indignidade, Tu, de Tua ú nica compaixã o, me
izeste nascer de pais cristã os e me izeste liberta-me de meus laços
originais pelas á guas do santo batismo e da renovaçã o do Espı́rito
Santo, e me inscreveste na companhia dos ilhos de tua adoçã o; pois Tu
me deste o dom da fé reta, e sempre me dignaste aumentar e con irmar
em meu coraçã o pela iluminaçã o de Tua graça, e pelos ensinamentos da
Santa Mã e Igreja; e, ó Senhor, suplico e suplicantemente Vos suplico,
aumentai cada vez mais esta fé em mim, esta fé verdadeira e santa, esta
fé cató lica e ortodoxa, esta fé sá bia, visioná ria e inconquistá vel, esta fé
tã o ricamente adornada com todas as bê nçã os e com todas as virtudes,
para que, por amor, opere em mim o que é agradá vel a Ti, e recuse
ceder em meio a palavras de contenda em tempo de perseguiçã o, ou no
dia da necessidade e da morte. O Deus, Tu Fonte e Origem, Doador e
Preservador de todas as virtudes, aumentai em mim, eu Vos suplico,
verdadeira fé , esperança infalı́vel e caridade perfeita; profunda
humildade, paciê ncia invencı́vel e perpé tua castidade do corpo e da
mente. Dá -me prudê ncia, justiça, fortaleza e temperança; discriçã o em
todas as coisas, e uma sensibilidade vigilante, para que eu possa
discernir sabiamente entre o bem e o mal, entre a mã o direita e a
esquerda. Portanto, enriqueça-me em santas virtudes, para que por elas
Te sirva e por elas Te agrade na verdade; pois por Tua graça estou
apaixonado por sua beleza. Dá -me para honra e gló ria do Teu nome;
torna-os companheiros de minha fé , para que sejam seus companheiros
insepará veis durante todo o perı́odo de minha vida. E assim me faças,
peço-te, por tua graça, sempre irme na fé e pronto para fazer todas as
boas obras, para que a tua fé , que minha lı́ngua professa e meus escritos
testemunham, seja publicamente e abertamente exposta pelo bom
comportamento de uma vida irrepreensı́vel.

Dou-te graças, ó Senhor, porque, embora eu fosse um vaso vazio,


sem valor e sem sentido, ainda assim me dotaste de conhecimento e
compreensã o, e me deste de vez em quando alguma pequena
habilidade para edi icar. Dá -me, alé m disso, o dom da fala sá bia e muito
gentil, inocente de toda pompa ou pretensã o, e incapaz de exaltaçã o,
por causa de dons que sã o todos Teus, acima de meus irmã os. Coloca,
peço-te, uma palavra de conforto, de edi icaçã o, de exortaçã o, em minha
boca pelo Teu Espı́rito Santo, para que eu possa encorajar o bem a
coisas melhores e reconduzir ao caminho da retidã o, tanto pela palavra
quanto pelo exemplo , aqueles que andam mal. Sejam as palavras que
dá s ao Teu servo como dardos a iados e lechas ardentes, para penetrar
e in lamar os coraçõ es daqueles que ouvem o temor e o amor de Ti, Tu
Pastor e Governante de tudo, Tu Cristo e Deus, que chamaste minha
pequenez a este ofı́cio pastoral por nenhum mé rito meu, mas pela ú nica
condescendê ncia de Tua misericó rdia; por amor de ti mesmo e por
amor de tua misericó rdia, habilita-me para este ministé rio, para que eu
possa governar tua casa com sabedoria e ser fortalecido em todas as
coisas para apascentar o teu rebanho de acordo com a tua vontade.
Concede, por amor de Tua misericó rdia e bondade, que eu seja feito
uma luz ardente e brilhante em Tua casa; e garanto para a honra e
gló ria de Teu Nome que eu possa merecer alcançar Tua gló ria, trazendo
muitos bons frutos comigo desta comunidade de irmã os, pois para Ti
nada é difı́cil, nada é impossı́vel. Contigo querer é fazer; Tua vontade é
agir. E assim com o coraçã o eu creio, e com a boca eu confesso ( Rom. x.
10 ), que Tu é s capaz e disposto a aperfeiçoar grandes coisas por mim,
que sou tã o pequeno e tã o inú til, esta tua obra ; Eu sei e estou certo de
que Tu é s capaz de produzir bons frutos e abundantes de Teu rebanho
por meio de mim, eu que sou tã o pequeno e tã o fraco. Eu sou de fato um
pequeno, frá gil e inú til ilho do homem, nã o tendo em mim nada que
possa ser ú til, nada que possa ser adequado para um cargo tã o alto; e,
portanto, desesperado por causa de minha pró pria pequenez e
incapacidade, só encontro alı́vio e respiro novamente em Tua
misericó rdia, nisso e nada mais.

Mas, embora sejas grande nas grandes coisas, ainda mostras mais
glorioso ainda no mı́nimo; e mais doce do que nunca, mais abundante
do que nunca, será o teu louvor na boca dos homens, quando, por meio
de mim, que sou tã o pequeno, tiveres dignado fazer grandes coisas pelo
teu rebanho. Envia, pois, em meu socorro o teu santo anjo do cé u, para
que ele, me ajudando em todas as coisas, faça prosperar em minhas
mã os esta tua obra; para que Teu Nome seja glori icado em mim, um
miserá vel pecador. Rico em misericó rdia, abundante em dons, que dá
tudo a todos e nada perde, concede-me ajuda celestial e terrena em
plena su iciê ncia, para que eu possa alimentar e sustentar o Teu
rebanho no corpo e na alma, e acolher sem qualquer hesitaçã o aqueles
que vierem em Teu Nome, e també m ordenar e preparar para o repouso
e bem-estar de meus irmã os todos os lugares con iados à minha
administraçã o, conforme for adequado e como o dever ordena. Tudo
isso te peço, ó Senhor nosso Deus; pois todas as nossas bê nçã os sã o
dá divas de Ti, nem podemos servir e agradar a Ti senã o apenas por Tua
dá diva.

Mas se porventura nã o for do conselho de Tua eterna vontade


obter muito fruto de Tuas ovelhas por meus meios, entã o, imploro e
suplicantemente Te rogo, livra-me das amarras de um ofı́cio tã o
importante de maneira agradá vel a Ti pelo disposiçã o que te parece
boa. Pois Tu conheces todas as coisas e tudo podes fazer. O que eu aqui?
Por que habito nestes tumultos, se nã o devo fazer por Tua graça algum
bem para a salvaçã o de meus irmã os? Duas coisas eu procuro de Ti, e
por Tua clemê ncia nã o me negues uma das duas. Rogo-Te, por toda a
Tua benignidade, que me dê s o Teu consolo celestial em meus muitos
problemas. Pois, quanto ao fardo extremamente pesado que foi
colocado sobre meus ombros, nã o tenho forças para carregá -lo; Estou
com medo de colocá -lo para baixo. Estou estreitado de qualquer
maneira, e nã o sei qual escolher. O Deus, o ajudante de todos os que
con iam em Ti, nã o permita que Tua misericó rdia me deixe nem Tua
graça me abandone. O Deus, guarda-me; pois con io em Ti, e con io
apenas em Tua misericó rdia; , pois sem Ti nã o posso agradar-Te.
Alguma vez algué m esperou em Ti, e foi confundido? ( Ecclus. ii. 11. )
Desde o inı́cio do mundo nã o foi ouvido (St. John ix. 32 ). Tu é s o Deus
todo-bom, de in inita misericó rdia e bondade ilimitada, e nunca
costumavas abandonar aqueles que esperam em Ti. O, mostra Tua
misericó rdia sobre mim, eu Te suplico; pois fugi para ti; 'para que os
que me odeiam vejam e sejam confundidos, porque Tu, ó Senhor, me
ajudaste e me consolaste' ( Sl. lxxxv. 17 ).
[§ 91. Ação de graças pelas bênçãos passadas e oração pelo futuro .]
Dou-te graças, ó Senhor, porque me separaste da vã sociedade deste
mundo e me conduziste a este Teu sagrado ofı́cio, por nenhum mé rito
de minha, mas pela ú nica condescendê ncia de Tua misericó rdia. Eu te
abençoo, ó Senhor nosso Deus, que me dá s, indigno como sou, para
desfrutar da sociedade e do amor de teus servos. Dá -me sossego, dá -me
saú de do corpo e saú de da alma; e, alé m disso, lazer adequado para
devotar a Ti. Livra-me dos vã os emaranhados deste mundo; para que
minha alma bene icie, para honra e gló ria do Teu Nome. E uma vez que
está escrito, 'Ningué m, sendo um soldado de Deus, se embaraça com
negó cios mundanos' ( 2 Tim. ii. 4 ); e já que para este im, afasta de
todos os cuidados e perturba as almas daqueles que Te servem, para
que eles possam estar atentos a Ti, seu ú nico Senhor, de noite e de dia;
dê à queles que renunciam ao mundo um desprendimento frutı́fero e
espiritual, para que com o paladar do ı́ntimo do coraçã o possam provar
e ver 'que o Senhor é doce' (1 Sã o Pedro ii. 3); que Tu, ó Senhor, é s doce
e agradá vel, como Tua Escritura nos instrui, dizendo: 'Acalme-se e vede
que eu sou Deus' ( Sl. xlv. 11 ); e em outro lugar, 'A sabedoria de um
escriba vem em seu tempo de lazer; e aquele que é menos em açã o
receberá sabedoria' ( Ecclus. xxxviii. 25 ). Mas que a palavra santı́ssima
que saiu de Tua boca nos informe ainda mais plenamente: 'Você nã o
pode servir a Deus e a Mamom' (Sã o Mat. vi. 24 ); e novamente,
'Ningué m que põ e a mã o no arado e olha para trá s é apto para o Reino
de Deus' (Sã o Lucas ix. 62 ); e Tu garantes em outro lugar nos lembrar
por um exemplo evidente: 'Lembre-se da esposa de Lot' (Sã o Lucas xvii.
32 ).
Dou-te graças, misericordioso Senhor, que, miserá vel e mais
negligente pecador que eu seja, e tenha sido desde o princı́pio, e
embora, desde o meu berço, eu tenha percorrido quase todos os
caminhos do vı́cio e do pecado, ainda assim Tu me esperas com tanta
bondade e paciê ncia e me convidas ao arrependimento; nã o querendo
me destruir com meus pecados, minhas faltas, minhas falhas e minhas
negligê ncias. Pois se Tu quiseste lidar comigo de acordo com meus
pecados, há muito, muito tempo a terra me engoliu vivo. Mas, peço-te,
Senhor de piedade, nã o permitas que Tua espera por mim seja em vã o;
que tudo nã o tenha sido infrutı́fero. Tu, que nã o desejas a morte dos
ı́mpios (Ezech. xxxiii. 11), dá perdã o aos meus males passados e
emenda para o presente; e, quanto aos que ainda virã o, sempre, sempre
me concedam vigilâ ncia e cautela. Dá -me oportunidade e espaço para
frutos dignos de penitê ncia (Sã o Lucas iii. 8 ); abre os olhos do meu
coraçã o pelo Teu Espı́rito Santo, para que eu possa ver e chorar todos
os meus pecados. Eis, Senhor, 'agora é o tempo aceitá vel, agora é o dia
da salvaçã o' ( 2 Cor. ii. 6 ). Tem piedade de mim, ó Senhor, e nã o me
destruas com os meus pecados; nem reserve meus males para puniçã o
nessa vida futura, nesses tormentos do inferno, nesse escrutı́nio
temeroso de Teu. Por amor de Tua misericó rdia solte os grilhõ es de
todos os meus pecados antes que eu passe desta vida. Dá -me um
coraçã o contrito e humilde; me dê o dom das lá grimas. Dá -me luz no
coraçã o, força no meu corpo, para que eu veja o que deve ser feito, e, o
que vejo, tenha força e vigor para realizar todos os dias da minha vida.
'Tem piedade de mim, ó Deus, tem piedade de mim' ( Sl. lvi. 2 ). Nã o
permitas que esta alma pecadora, pela qual te dignaste nascer da
Virgem e morrer na cruz, nã o permitas, peço-te, ser separada deste
corpo mortal antes que me faças total e perfeitamente arrepender-me e
lamentar tudo. todos os pecados que cometi desde o batismo, pecados
desde o meu berço, cometidos conscientemente ou inconscientemente,
cometidos por auto-su iciê ncia ou por descuido. Assim eu possa no dia
da minha partida, todas as minhas faltas limpas, e todo o meu
comportamento corrigido e corrigido para o que é bom, olhar todo
seguro e feliz em Tua doce e amá vel Face, cheia de alegria e exultaçã o
por Tua misericó rdia e bondade sem limites.

Mais uma vez eu Te dou graças, e mais uma vez, ó misericordioso


Cristo Todo-Poderoso, que Tu até agora tiveste o prazer de me livrar,
inú til e insigni icante como eu sou, por amor de Ti e de Teu Santo
Nome, de muitas di iculdades, muitas tribulaçõ es, calamidades , e
doenças; para me salvar de muitas covas, armadilhas, escâ ndalos e
pecados; de muitas traiçõ es de inimigos visı́veis e invisı́veis; de muitos
males e perigos mais sé rios; guiando maravilhosa e
misericordiosamente o curso da minha vida entre a adversidade de um
lado e a prosperidade do outro, de modo que nem uma me desanime
nem a outra muito eufó rica. Pois tu puseste um freio nas minhas
queixadas, e nã o me deixaste inteiramente à vontade, cuidando de mim
em tua compaixã o paternal, e nã o permitindo que eu seja tentado alé m
do meu poder de resistê ncia ( 1 Corı́ntios. x . 13 ). Onde havia
oportunidade para pecar, muitas vezes nã o havia vontade; ou onde
havia vontade, faltava oportunidade.

Portanto, seja o louvor, a bê nçã o e a açã o de graças a Ti, ó Senhor


meu Deus, por todas as Tuas dá divas e generosidades, e por todos os
benefı́cios que Tu me concedes tanto na alma como no corpo, e tens
prodigalizado incessantemente desde o meu berço, tal tem sido a Tua
misericó rdia e a Tua bondade, nã o requerendo mé ritos meus; nã o,
antes, apesar dos meus pecados. Mas eu te rogo, Senhor, eu te rogo, que
eu nã o seja ingrato por tã o grandes benefı́cios, nem indigno de tantas
misericó rdias. Nã o seja nem meu, nem do diabo, nem do mundo, nem
de nada, nem de qualquer homem, lançar em mim Teus dons; pois o
que quer que se oponha a Ti logo é despedaçado. Põ e Teu freio, eu
imploro, mais e mais apertado em minhas mandı́bulas, e conduz-me
atrá s de Ti como um bruto dó cil e gentil; em nada rebelde à Tua ordem,
mas com passos regulares e medidos conduzindo-Te, meu Senhor, e em
todas as coisas submissos à Tua vontade. Melhora minha preguiça, ó
Senhor, com tuas chicotadas e aguilhõ es, e faze-me com todo o meu
coraçã o e energias buscar a tua face todos os dias da minha vida. Atrai-
me a Ti, ó Deus, Tu virtude de nossa salvaçã o, com as ré deas de Tua
poderosa graça, e nã o me deixes vagar por minha obstinaçã o em
lugares de minha pró pria escolha. Nã o permita que Tua Imagem seja
des igurada e borrada em mim; enquanto estiver protegido por Teu
cuidado, permanecerá sempre nobre, principesco e distinto. Tem
piedade de mim, ó Senhor, de mim, teu servo miserá vel e indigno; pois
nã o sou como aqueles incontá veis vassalos Teus, que Te serviram desde
o berço; nem como aqueles que, depois de notó rios pecados cometidos,
mereceram por penitê ncia tornar-se devotos; nem como as mulheres
casadas cristã s, nã o poucas, que Te prestam serviço por obras de
misericó rdia com a maior devoçã o; també m nã o sou como muitos
daqueles que, aos olhos dos homens, parecem perversos e renegados,
mas mostram o contrá rio aos Teus olhos; pois 'Tu só conheces os
coraçõ es dos ilhos dos homens' ( 2 Par. vi. 30 ). Mas se, por Tua graça
abundante, eu izer ou izer algum bem, nã o sei por que motivo é feito,
nem com que escrutı́nio estrito será julgado por Ti. Portanto, ó Deus,
que é s terrı́vel em Teus conselhos sobre os ilhos dos homens ( Sl lxv. 5
), suplicante e com grande temor imploro Tua santa e in inita
condescendê ncia, pois nã o queres que ningué m pereça, mas que todos
sejam salvos , nã o me deixar à disposiçã o de meus pró prios desı́gnios,
nem à sentença de minha pró pria vontade, nem ao poder ou tentaçã o
dos demô nios, nem ao julgamento errado ou aos desı́gnios prejudiciais
dos homens; mas por Tua bondade e Tua misericó rdia, de acordo com
aquela providê ncia onipotente que nunca pode se enganar em seus
desı́gnios, Tu aqui e sempre, agora e sempre, dispõ e os dias de minha
vida na ordem de Teu beneplá cito, e por Teu Santo Espı́rito dirige meu
coraçã o, minha lı́ngua e minhas açõ es por Tua misericó rdia de acordo
com Tua vontade; para que Tu, sendo meu Governante, e Tu meu Guia,
eu possa sempre estudar verdadeiramente por Tua graça para falar e
fazer o que Te agrada; para que eles me conduzam inalmente para a
vida eterna, por Tua misericó rdia e Teu dom, que é s o doador de todas
as coisas boas, e que está s com o Pai e o Espı́rito Santo Deus bendito
para todo o sempre. Um homem,
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
D
[§ 92.] I. Maravilhar-se com a bondade indescritível de Deus o Criador, e a
profunda miséria do homem a criatura . Quando considero o que Deus é ,
quã o doce Seu Ser, quã o amá vel e quã o bom; quando penso em como
Ele confunde todos os recursos da fala e toda capacidade de admiraçã o,
e o que exige a reverê ncia e a admiraçã o de toda criatura; e quando, por
outro lado, vejo e compreendo o que é o homem, a quem Deus mesmo
fez à sua pró pria imagem e semelhança, e a quem, alé m disso, criou
para que sempre exiba em si mesmo a imagem de seu Criador, para que
tenha sempre em mente a vontade e o amor dAquele que o fez tal como
é ; quando reviso tudo isso, ico maravilhado e espantado com a
inestimá vel bondade do Deus Criador e a grande misé ria da criatura
homem.

Eu me admiro com a bondade indescritı́vel de Deus, que sendo,


como Ele é , mais onipotente e mais justo, Ele deveria permitir que o
homem vivesse mesmo por uma ú nica hora; homem que Ele quis criar
coroado de honra, para que, como ele, o homem, era mais nobre em si
mesmo do que as outras criaturas, assim devesse viver sempre,
segundo a vontade de seu Criador, uma vida mais nobre do que as
outras criaturas. . E, no entanto, o mais miserá vel e miserá vel ser, ele faz
exatamente o contrá rio; visto que, enquanto todas as outras criaturas
sempre correspondem à vontade de seu Criador, ele sempre, ou na
melhor das hipó teses apenas nem sempre, contradiz e resiste à Sua
vontade.
E també m me admiro com a misé ria ilimitada do homem; Eu me
admiro ao ver que ele perdeu o sentido até agora, e a tal ponto vive
como a pró pria besta que nã o tem sentido, a ponto de à s vezes perder
de vista seu Criador, enquanto ele nunca pode perder de vista a si
mesmo. Suponho que, a menos que seja louco, ele nunca se esquece de
si mesmo; nunca, quero dizer, tã o alheio a ponto de nã o estar bem
ciente de que ele existe, e que ele é um ser vivo e inteligente.
Certamente, é motivo de admiraçã o e espanto ilimitado, que o homem,
tã o bem ciente de que possui todos esses dons, perca de vista Aquele
cujo bom prazer foi conceder-lhe todos esses dons.

[§ 93.] II. O grau em que o homem pode ser amado pelo homem e a
razão pela qual Deus deve ser mais amado do que qualquer ser humano .
O homem que nesta vida recebe um benefı́cio ou outro de um
semelhante nã o raramente amará seu benfeitor com um apego tã o
fervoroso, e se dedicará a seu serviço com total auto-abandono, a ponto
de nã o hesitar em enfrentar a morte, e que mais de uma vez, em seu
nome, se o interesse desse benfeitor assim o exigir. E, no entanto,
ningué m é tã o desprovido de sentido que nã o esteja su icientemente
ciente de que nada que um homem possa possuir nesta vida, nada que
um homem possa dar a outro, pode ser retido para sempre, mas que o
proprietá rio deve renunciar antes que termine no curso normal das
coisas, ou, se nã o antes, pelo menos quando chegar ao im.

Mas o que Deus nesta vida dá ao homem é tal que ele nunca pode
se separar dele e que ningué m pode tirar dele, ou entã o é tal que,
embora o homem devesse renunciar a isso, era possı́vel para ele, por
meio dele, merecer uma existê ncia por toda a eternidade com seu
Criador em uma vida de bem-aventurança. Nesta vida, poré m, Deus
freqü entemente dá ao homem os meios de viver de acordo com a razã o,
de amar seu Criador como Ele ordena e como é justo, de prestar
obediê ncia persistente e invariá vel aos Seus mandamentos; e ningué m
pode privá -lo desse bem, a menos que ele pró prio o renuncie. Dinheiro,
dinheiro perecı́vel, ele deve renunciar, quer ou nã o; mas, enquanto ele o
tiver, se ele o dispensar como seu Deus ordenou, ele terá mé rito ao fazê -
lo para alcançar a vida eterna.

O in inita bondade e inestimá vel condescendê ncia de nosso


Criador! Nã o tendo necessidade do homem em nenhum aspecto ou em
qualquer tempo, mas de Sua ú nica bondade Ele criou o homem e, ao
criá -lo, dotou-o de capacidade de razã o, para que ele pudesse
compartilhar Sua felicidade e Sua eternidade, e assim possuir com Ele
gozo e alegria eternamente. E mesmo agora, embora em muitos
aspectos o homem se oponha a Ele, e faça muitas coisas,
conscientemente e voluntariamente, que devem desagradá -lo; no
entanto, Deus o adverte a retornar e pedir piedade de seu Criador, e
nunca ousar se desesperar, qualquer que seja o pecado que ele
cometeu. Pois Ele é a Fonte de misericó rdia e compaixã o; e Ele anseia
puri icar todos os homens, por mais profunda que seja a mancha do
pecado que estejam contaminados, e, tendo-os puri icado, conceder-
lhes a alegria da vida eterna.

[§ 94.] III. Deus fez todas as coisas boas, mas só Ele é essencialmente
bom . O carı́ssimo e dulcı́ssimo Senhor Jesus Cristo, que é s o
misericordioso Amante do homem bondoso e compassivo Redentor dos
pecadores, que minha alma Vos adore, que toda a minha vida seja gasta
em Vosso serviço, que todas as minhas partes internas anseiem por Vó s.
Minha pobre alma deseja, ó Senhor, deseja pensar em Ti, esquadrinhar
Tuas maravilhas, e conhecer plenamente como Tu é s bom para os
pecadores, para que nã o, caindo em desespero por causa de meus
pecados, eu, por escolha deliberada, me afaste de mim. da Tua bondade;
mas que, ixando minha mente em Ti, e crendo em Ti, que é s a Verdade,
posso agora inalmente desistir de meus maus caminhos, e rede inir
para fazer o que é certo uma vontade que foi distorcida e dobrada pelos
pecados e atos perversos.

Eu sei, ó Senhor, que do nada izeste todas as coisas que sã o; que
eles nã o eram, e tu os izeste; mas Tu que os izeste sempre existiu, e
nunca houve tempo em que Tu nã o existisse. Tu sempre foste bom,
sempre onipotente; e, portanto, todas as coisas que Tu izeste, Tu as
izeste boas. Tu, portanto, que foste, é s e será s, para sempre; e Quem
nã o se esforça da nã o-existê ncia para o ser; como o Ser sempre foi Teu,
assim també m a bondade e a onipotê ncia sempre foram Tuas. E,
portanto, Tu nã o tens outra lei de ser alé m da bondade e onipotê ncia; e
o que é para Ti a lei do ser é por esse mesmo fato bondade e
onipotê ncia; e assim Tu nã o podes ser senã o bom e onipotente. E assim
de tudo o que pode ser predicado ou acreditado de Ti da mesma
maneira.

Sim, Tu é s verdadeiramente, e nã o há nada alé m de Ti, e Tu em Ti


mesmo simplesmente é s. Pois o que Tu é s agora, Tu nã o deixas de ser
imediatamente, mas o que Tu é s agora que Tu é s para sempre. Mas a
essê ncia da criatura, cujo ser nem sempre foi, mas que por Ti e por Ti
veio da inexistê ncia à existê ncia, nã o é identicamente o mesmo que
bondade e onipotê ncia; mas quando é bom, e quando tem a capacidade
de fazer o bem, o cará ter e a capacidade sã o semelhantes de Ti, Tu que
é s essencialmente bom e onipotente. Tu izeste toda criatura boa; e, no
entanto, nã o deste a toda criatura, por boa que tenha sido feita por Ti,
razã o pela qual Te compreenda. E embora toda criatura Te louve e Te
proclame seu Criador e seu Governador, toda criatura nã o Te entende,
mas apenas a criaçã o racional e aquilo que Tu izeste à Tua imagem e
semelhança.

[§ 95.] IV. O louvor do Criador por toda a criação . E, no entanto,


aquela criaçã o mesmo que Tu nã o dotado de inteligê ncia Te louva,
quando a criaçã o racional vê que foi por Ti criada tã o bem e ordenada
em um plano tã o requintado. E isso está sendo elogiado por ele; Teu ser
entendido, a saber, pela criaçã o racional para tê -lo feito bom e
ordenado primorosamente. Mas Tu distinguiste entre a natureza do
homem e aquela natureza que nã o é dotada de inteligê ncia; Tu
distinguiste ordenando que a natureza humana [ ie . humanidade], por
causa de quem Tu izeste aquele outro [ ie . a criaçã o irracional, deve
dispor dela de acordo com Tua vontade, e deve exigir e receber dela,
por Tua permissã o, os meios de sua pró pria sustentaçã o.

Mas o homem – pois ele é composto de duas partes diferentes em


origem uma da outra, alma, a saber, e corpo – recebe da criatura o
alimento necessá rio para sua vida corporal, mas recebe do Criador os
suprimentos de sua vida espiritual; e ainda tanto um quanto o outro do
Criador. O homem, em suma, aqui neste estado transitó rio vive a vida
da carne enquanto se alimenta de comida humana, e vive a vida da alma
enquanto observa a vontade e guarda os mandamentos de seu Criador.
E assim como ele morre a morte da carne se nã o é sustentado pelo
alimento humano, també m morre a morte da alma quando desobedece
aos mandamentos divinos. O homem, portanto, composto que é de alma
e carne, vive em sua carne e em sua alma fazendo o que Deus manda,
pois por tal procedimento ele merece uma vida feliz com seu Criador na
vida eterna. Mas se ele tentar se desviar do curso prescrito por seu
Criador, e buscar de preferê ncia viver de acordo com os desejos da
carne - o que de fato nã o é viver verdadeiramente, mas sim uma perda
miserá vel da vida - deve parecer claramente ao pensador atento, que no
homem assim degradado nã o é a moda daquele Homem perfeito que foi
criado à imagem de Deus, mas sim uma semelhança com o bruto cujo
comportamento ele cuida de copiar. E, em tal evento, pode-se realmente
a irmar que ele está morto, condenado, como está , à morte eterna, caso
persista neste curso até o im.

[§ 96.] V. A semelhança do homem com seu Criador . Agora Deus o


Criador fez o homem à Sua Imagem e Semelhança, pois Ele o fez um ser
racional. E assim como Deus é bom de vontade, assim é o homem, feito
à sua semelhança, bom també m de vontade; a este respeito, como o
Criador, o Criador de boa vontade, o homem de boa vontade; mas em
outro aspecto diferente dEle, pois o Criador é eternamente bom por e
por Si mesmo, e bom pela lei de Seu Ser, enquanto o homem é bom
apenas como imitando Aquele que eterna e essencialmente é bom por
Si mesmo e por Si mesmo. O Criador, como acabei de dizer, é de boa
vontade; o homem, feito à imagem do Criador, é bom de vontade, mas
com uma diferença, assim: O Criador nã o quer ser nem pode ser senã o
bom, seja em ser ou em vontade: pois vontade e pode , vontade e poder
sã o Seu ser , Sua essê ncia; enquanto no homem a vontade e o poder sã o
separá veis e separados do ser. Se, no entanto, o homem se conforma
com a vontade de Deus e quer o que Deus faz, ele exibe em si mesmo a
imagem de Deus; e se ele perseverar nisso até o im, ele merece, pela
operaçã o da compaixã o divina, estar intimamente ligado pela
eternidade à vontade de seu Criador, e nunca mais ser capaz de se
separar dela para sempre. E assim como no Criador o Ser nã o é
separá vel da vontade, ou a vontade separá vel do Ser, assim també m,
depois de sua medida, no homem, uma vez entrado nesse estado de
existê ncia feliz, será , pelo dom de seu Criador, tã o imutá vel. nele como
ser; o ser que será tã o indubitavelmente capaz de fazer o que quiser
quanto de subsistir em um estado indubitavelmente feliz, será um ser
indubitavelmente feliz. E entã o o homem terá livre poder de escolha,
verdadeiramente livre porque totalmente livre de todo mal: conforme
aqui neste estado transitó rio ele quer, enquanto viver, fazer a graça de
Deus operando nele, o que Deus ordena e deixar de fazer o que Deus
proı́be.

[§ 97.] VI. O homem é composto de duas partes; por uma das quais
ele é elevado às coisas mais altas, e pela outra, rebaixado às mais baixas .
Agora o homem é composto de duas partes; um deles na ordem da
alma, o outro na ordem da carne. A tendê ncia natural da alma - pois a
alma é uma substâ ncia espiritual - é pela pró pria lei de seu ser para
objetos acima de si mesma; mas a da carne - visto que a carne passa do
desejo para a regiã o dos apetites carnais - é por uma espé cie de lei
inerente à s coisas de baixo. Entre esses dois componentes naturais do
homem está a vontade, ocupando por assim dizer um lugar
intermediá rio e dotado de livre poder de escolha. E se a vontade, pelo
exercı́cio dessa livre escolha, se unir e se unir à alma, que por uma lei
inerente tende para cima, entã o alma e vontade por sua força unida -
nã o, poré m, sem inspiraçã o da graça divina - elevam o a carne para
cima consigo mesma para uma esfera mais alta, e a aloja lá , para viver
sem im em felicidade eterna – felicidade, de fato; pois agora,
inalmente, nã o há repugnâ ncia entre a carne e a alma, mas eles tê m
sempre um ú nico amor, uma ú nica vontade; e entã o a vontade de Deus,
o Criador, e do homem, a criatura que Ele fez à Sua pró pria imagem e
semelhança, será simplesmente, absolutamente uma; pois Deus será
tudo em todos ( 1 Cor. xv. 28 ). Mas se, pelo contrá rio, a vontade, por
meio desse mesmo livre arbı́trio, se une aos desejos da carne, que por
uma certa tendê ncia inerente se inclinam para as coisas mais baixas,
entã o a vontade, fazendo tã o mal uso de seu livre escolha, e com ela a
carne se une para arrastar para baixo a alma, desprovida de assistê ncia
de cima; e os pecados do homem mergulham o homem inteiro, o ser do
homem - sua alma, a saber, e seu corpo - na destruiçã o, de modo a nã o
possuir nada alé m de doenças e suportar nada alé m de tormento.

[§ 98.] VII. Aqui o homem ora a Deus para não permitir que ele faça
mau uso de seu livre poder de escolha . O meu dulcı́ssimo Senhor e
misericordioso Deus, meu Criador, minha Salvaçã o, minha Vida, minha
Esperança, minha Consolaçã o e meu Refú gio, Tu governas e sustentas
meu poder de livre escolha por Tua graça e por Tua benignidade todo
misericordiosa , para que eu nã o possa por um mau uso ofender a Ti,
meu querido Criador; e sempre que o mal me encanta, ou sempre o
executo em ato, esmague e destrua todo o meu desejo maligno. Preferia
eu, ó querido Pai, ser arrastado mesmo contra minha vontade por Ti, e
jogado algemado e acorrentado em algum canto negligenciado de Tua
casa, e deixado ali deitado, do que ser separado de Ti; e lá , embora eu
nã o possa, por causa de meus pecados, ter permissã o para contemplar
Tua Face misericordiosa, ainda assim seja meu pelo menos ouvir a
alegria e a alegria daqueles que esperam em Ti.

Quem, mais doce Criador da humanidade, que pode medir aquela


Tua bondade indescritı́vel, com a qual Tu amaste nossa natureza
humana com tanto amor, que nã o apenas a criou quando nã o era, mas
para que o amor dela se tornasse Você mesmo uma criatura? Quem
pode ter um coraçã o tã o duro, tã o duro como pedra, como conhecendo
e examinando bem Teu tã o grande amor ao homem que Tu criaste, para
nã o ser amolecido, e derretido por completo em reconhecimento e
adoraçã o de Tua doçura? Sim, sim, minha alma; sim, sim, meu coraçã o e
todas as partes internas de mim; a maravilha é que você possa esquecer
a tã o grande caridade e a tã o grande misericó rdia de seu Criador. Veja,
veja, pobre homem, o que teu Criador e o que teu Senhor fez. Aquele
cujo SER sempre é e sempre foi, Ele o Imutá vel e o Invisı́vel, Ele o
Incompreensı́vel e o Imensurá vel, Ele de uma maneira maravilhosa e
inefá vel, sem deixar de lado ou renunciar ao Seu pró prio SER, 'se
rebaixou' ( Fp. ii. 7 ) em seu favor, quando em seu favor Ele quis ser
feito uma criatura, para que Ele pudesse reconciliar você , que da
inexistê ncia se tornou, para Ele mesmo, que, longe de vir a existir de
nã o-existê ncia, teve Ser eternamente; reconciliar-te por uma comunhã o
tã o ı́ntima; e reconciliar, remodelar e restaurar a tua dignidade
primitiva; e conduza-te assim reformado para o Seu pró prio SER. Eis
agora, meu Deus e meu Criador, eis agora Tu vê s onde aterrissei em
minhas meditaçõ es; e alé m disso Tu vê s como assim meditando minha
pobre alma ainda é escravizada por vaidades e loucuras; pois se,
lamentavelmente considerado por Tua graça, eu começar a meditar a
qualquer momento que pareça tender a algum pequeno proveito de
minha alma, minha mente, tã o instá vel é , tã o quase vazia de todo bem,
logo, logo, muito cedo desliza longe em vaidade e dano; instá vel e vazio
como a palha que o menor sopro de vento sopra da eira.

Portanto, vendo, como Tu fazes, que minha mente é tã o


inconstante, tã o preguiçosa e tã o indolente em meditar no que é ú til,
tã o ansiosa e tã o zelosa pelo que é prejudicial, nã o pense em Ti de
minha pecaminosidade. Eu sou um pecador; Eu confesso, eu confesso;
Eu sou um pecador sem graça, um pecador impuro; e ainda assim eu
nã o te deixo, querido Jesus Cristo. Queres ou nã o queres, nã o te deixarei
ir, por mais fraca que seja a mã o que te deté m: nã o sairá s de mim a
menos que me absolvas de todo pensamento de pecado. Golpeie-me,
corrija-me, repreenda-me; sim, castigue Teu servo; e castigá -lo, até que
por Tua bondade indizı́vel Tu me conduzas à gló ria de Tua visã o face a
face.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
V M
[§ 99.] Queixa da alma banida de Deus . Minha alma pecadora nã o se
contenta, ó Senhor, nã o se contenta em con iar que seus pecados sã o
removidos da abundâ ncia de Tua misericó rdia indescritı́vel; de bom
grado ter removido a dor que sofre pela retençã o de Teu Semblante,
pelo menos dando vazã o à sua queixa em Tua Presença. Pois está
ausente de Ti, seu Senhor, e isso por causa de suas iniqü idades.

Eu começo minha meditaçã o, entã o, propondo que minha dor seja


consolada; e, eis que a pró pria obtençã o do conforto é um novo
agravamento da tristeza. Pois a pró pria busca de consolo desperta em
minha mente uma nova consciê ncia de tristeza. Eu nã o procuraria
consolo se nã o tivesse consciê ncia de minha dor; pois a busca do
descanso reconfortante do consolo é motivada pela consciê ncia da dor;
e, no entanto, essa mesma busca apenas acelera e aumenta a
consciê ncia. E assim, quanto mais freqü entemente a imagem de minha
dor é apresentada à mente, mais vividamente ela é agravada e
aumentada. O que, entã o, estou fazendo? E realmente assim que a
exibiçã o da dor de algué m sempre cede como retorno algum consolo,
por menor que seja?

Deixa-me revelar, ó Senhor, diante dos olhos de Tua misericó rdia


as amarguras de minha alma, todas as amarguras que brotam de suas
iniqü idades acumuladas, e a cerca ao redor; pois, se nã o fosse por essas
iniqü idades, nã o teria que suportar, como o faz, seu afastamento de Tua
face todo-amá vel. E daı́ que vem o má ximo de minha dor, ó Senhor; o
conhecimento de que Tua clemê ncia foi tã o gravemente ofendida por
minha iniqü idade, e que por essa mesma iniqü idade os olhos do meu
coraçã o estã o cegos para que nã o possam ver a luz de Teus esplendores
desejá veis. Tu me izeste regozijar em Ti; mas me tornei tã o vil que
corro para aparecer em Tua Presença. Pois 'minhas iniqü idades
passaram sobre minha cabeça, e como um fardo pesado se tornou
pesado sobre mim' ( Sl. xxxvii. 5 ): minha mente está confusa com o fel
estupefaciente da maldade; minha alma está manchada de vı́cios e
impureza; meu coraçã o está cheio da corrupçã o da injustiça; minha
alma está enredada em labutas pecaminosas, e todo o meu ser
sobrecarregado com uma montanha de crimes. Quem, entã o, me
socorrerá , mergulhado como estou em tã o profundas misé rias? Quem
vai estender a mã o para me ajudar? O que! Será que eu, e só eu —
infelizmente, é verdade demais — exasperei meu Deus tã o gravemente,
que nem Ele nem nenhuma de Suas criaturas precisam mais me notar?
Ai de mim! Por que, por que iquei no mundo mesmo por uma hora
depois de ter nascido, para causar tã o grande injú ria contra meu Deus?
Por que a vida me permite tanto tempo que eu deveria apenas
desperdiçá -la em afeiçõ es viciosas?

E, no entanto, por que deploro o prolongamento da vida, quando


vejo que esse prolongamento é o convite de Deus para que eu me
arrependa? 'Nã o sabes', diz o Apó stolo, 'que a benignidade de Deus te
leva à penitê ncia?' 'Mas segundo a tua dureza e coraçã o impenitente,
entesouras para ti mesmo ira para o dia da ira, e revelaçã o do justo
juı́zo de Deus' ( Rom. ii. 4, 5 ). A vida, em suma, me é permitida para que
eu possa corrigi-la. E por que, entã o, nã o é alterado? E se a vida é
prolongada para penitê ncia, por que essa penitê ncia é tã o sincera? Se
Deus tem misericó rdia de minha alma, permanecendo um pouco
distante, por que, por que nã o tem misericó rdia de si mesma, deixando
de lado seus pecados? O dureza sem sentido deste meu coraçã o! A
morte é adiada, para que a vida possa ser reformada; e, no entanto, à
medida que a vida se prolonga, uma morte mais terrı́vel está reservada
para mim. Problemas, problemas de qualquer maneira. Enquanto estou
no corpo, estou ausente do Senhor ( 2 Cor. v. 6 ); e temo o tempo, para
que meus pecados nã o sejam piores comigo fora do corpo, deixando o
corpo. Lamento ser defraudado da Presença de Deus; e temo encontrar
uma remoçã o deste corpo de corrupçã o, embora de outra forma eu
possa ser induzido a essa Presença.

O que é , o que é , ó Senhor, que o coraçã o deste pobre pecador vê , e


ainda nã o sabe sı́laba? De fato, ó bom Jesus, ser dissolvido e estar
Contigo é de longe o melhor dos problemas. Por que, entã o, nã o é
desejado aquele que certamente é conhecido como o melhor? Ser
dissolvido e estar com Cristo ( Filipenses 1.23 ) é bem-aventurança; ser
amarrado com o corpo e mantido longe de Cristo é misé ria. Por que,
entã o, temer livrar-se da misé ria e nã o desejar possuir a bem-
aventurança? Nã o; esta, esta é a razã o pela qual nã o desejamos ser
dissolvidos do corpo, é isso; que temos dú vidas se, apó s a dissoluçã o,
nos será concedido estar com Cristo.

[§ 100. A ausência da alma de Deus .] E assim acontece que nosso


alojamento na carne é julgado uma coisa proveitosa; enquanto
vivermos nela, a mudança de vida é aguardada com esperança. O
pecados dos homens! Pois por seu mé rito a vida humana, a misé ria que
é , ainda é considerada lucrativa. Nã o é assim que toda esta vida
presente é misé ria? E esta misé ria, embora seja proveitosa em alguns
casos até mesmo para os justos, para que aumentem seus mé ritos,
revela-se a ú ltima de todas as necessidades dos ı́mpios, para que eles
possam fornecer a si mesmos o remé dio da penitê ncia. Mas observe a
diferença; esta e a mesma misé ria desa iam a dor das mentes boas,
enquanto pelos insensatos ela é perigosamente amada. Por persistirem
no amor, eles passam dessa mesma misé ria para a misé ria eterna; e sua
passagem por um curso de misé ria para a misé ria é efetuada de
maneira miserá vel: uma vez que esta misé ria presente é gasta no
trabalho que suas concupiscê ncias impõ em, e a misé ria que deve ser
imediatamente depois, e que nunca terminará , é suportada em tristeza
sem im. Nã o, de fato, essa mesma misé ria será tanto mais pungente
quanto a misé ria desta vida tiver sido prolongada com vistas ao
arrependimento. O Pai, Tu que é s verdadeiramente, uma vez que Tu é s
no sentido mais elevado - pois 'Tu é s sempre o mesmo, e Teus anos nã o
falharã o' ( Ps. ci. 28 ) - venha e socorra um oprimido pela misé ria. Pois
se a misé ria que, pela disposiçã o de Tua misericó rdia, eu suporto para
evitar uma misé ria maior – e evitada pode ser pela busca da penitê ncia
– é prolongada, por que essa misé ria ainda é tã o amada? Por que amo o
que devo renunciar tã o cedo, e nã o desejo o que poderia garantir a
bem-aventurança quando a misé ria desta vida atual terminar? Se nã o
sou capaz de amar, como seria bom, a bem-aventurança que Tu
prometes à queles que Te amam, por que nã o temo de modo algum os
castigos que Tu ameaças à queles que Te desprezam, um dos quais – O
a liçã o — eu sou? Pois se eu os temia, certamente deveria corrigir meus
caminhos, pelo menos até certo ponto; e assim aconteceria que, por
meio do dom de Tua misericó rdia, eu pudesse atingir em algum
momento a meta do amor por meio do medo e do castigo.

Mas por que nã o temo Teus julgamentos, a menos que seja. que
sou tã o negligente em meditar sobre eles? E, para que eu nã o possa
pensar neles com a frequê ncia que deveria, meus defeitos estã o sempre
em meu caminho, lisonjeando-me e bajulando-me com prazeres e
seduçõ es carregadas de morte. O Senhor, ó Senhor, eis que 'eu sou teu
servo, e ilho de tua serva' ( Sl. cxv. 16 ); pois, embora um pecador, ainda
assim o ilho de Tua santa Igreja. Mas o que eu disse! Como eu poderia
ousar usar as palavras 'Teu servo', quando eu sei muito bem que sou o
servo dos pecados? pois 'todo aquele que comete pecado é servo do
pecado' (Sã o Joã o viii. 34 ); e nã o deixo de pecar incessantemente; Eu
sou o servo, entã o, do pecado; como, entã o, eu poderia ousar dizer 'Teu
servo'? Nã o nã o; Eu nã o teria dito a palavra, nã o fosse isso, presumindo
em Tua indizı́vel compaixã o, eu poderia até mesmo ousar dizê -la; pois
servo, embora eu seja do pecado pela enfermidade que sofro, sou Teu
servo pelo desejo que, regozijo-me em saber, me foi concedido por Tua
adorá vel bondade. Eu sou, entã o, Teu servo, ó Senhor; se nã o em ato e
há bito, pelo menos em afeiçã o e vontade. Mas aqui estou eu em
situaçã o miserá vel e mais deplorá vel; que, embora eu seja o Teu servo,
ainda assim nã o me esforço para Te render a honra devida ao meu
Senhor, como seria bom que eu deveria. Pois se o izesse, nada, nada
jamais poderia me desviar do pensamento de Ti, e do desejo de Te
compreender, ou da doçura bem-aventurada de Teu amor. O meu
Senhor, ó meu Senhor, por que, já que Tu é s meu Senhor, nã o vivo como
servo do Teu deveria viver? Eu Te possuo como meu Deus, e desejo ser
Teu servo; por que eu, entã o, na prá tica, deixo de levar uma vida digna
de Teu servo?

[§ 101. Reclamação da alma banida de Deus .] Mas por que nã o


procurar a causa dessa mesma misé ria, já que nã o posso duvidar de que
foi merecida por minha iniqü idade? Ai eu! Por que eu vivo? Por que eu
vivo tanto, quem vive tã o doente? Viver me é concedido para que a
morte possa ser evitada; e que o pró prio viver é ainda pior do que a
morte. O, Todo-sá bio Criador da humanidade e de mim, Tu me dá s
oportunidade de me esforçar para me preparar para a contemplaçã o de
Tua beleza; e nã o deixo de dia a dia me mostrar vil e mais vil ainda. O
que, ó meu Deus, é mais amá vel do que Tua gló ria indescritı́vel? e o que
é mais vil que minha iniqü idade? O meu coraçã o mais profundo,
banqueteia-te com suspiros; assim, fazendo da tristeza tua busca, tu
será s iluminado com nova beleza, e teu olho interior mais facilmente se
erguerá para contemplar a gló ria da Luz Suprema. O minha alma mais
ı́ntima, afasta-te agora com todos os teus vô os tolos, põ e-te a
contemplar apenas a Divina Efulgê ncia, e por desejo dela derrama
abundantes chuvas de lá grimas; assim tuas incontá veis manchas
imundas serã o lavadas por sua maré inundante, e a beleza imaculada
prodigalizada em ti pelo generoso Criador de todas as coisas será
restaurada a ti novamente, pela providê ncia de Sua misericó rdia. E
você , ó minhas partes internas, esforce todas as suas forças, faça todos
os seus melhores esforços, em busca desse puro, simples, eterno, ú nico
bem abençoado, cuja luz banirá todas as suas trevas, cuja inundaçã o
lı́mpida lavará todas as tuas manchas, cuja liberdade afrouxará todos os
laços que te prendem escravizados ao vı́cio, cuja força informará todas
as tuas fraquezas, cuja sabedoria afugentará a tua loucura, cuja vida te
salvará da morte eterna e fará de ti participantes da sua imortalidade. O
Bem que supera todos os bens – pois de Ti e em Ti todos os bens sã o,
pois todos os bens sã o Tu – confesso que meus males sã o muito
grandes, pois muitos e graves sã o meus pecados, e minhas faltas
aumentaram alé m da medida; pois até agora minha mente tem - oh
quã o miseravelmente! O males meus, por que você tã o cruelmente me
ultrapassou e me afastou do Todo-Bom? O meus pecados, por que me
manté m tã o impiedosamente enredado em suas malhas, e me permite
nã o entrar na santa liberdade? O meus defeitos, por que fazes meu
coraçã o agarrar-te a ti, assim como a lı́ngua do tamanduá [ 11 ]
costuma encantar os insetos por sua pró pria tenacidade, e nã o me
deixas escapar de ti? Fique perturbado, ó minha mente; desmaiar,
desmaiar, meu coraçã o; encolhe-te de horror, ó minha alma; e você ,
meus olhos, escurece com o choro. Pois o que há de mais miserá vel em
todos os sentidos do que eu? Todas as coisas sempre mantê m inviolá vel
sua ordem designada; mas quanto ao meu, eu o violou diariamente.

[§ 102. O retorno da alma a Deus .] Mas aquele que suporta tanto o


pecador, recusará receber o penitente? Eu irei, portanto, para meu Pai,
embora eu seja um ilho inú til; Eu irei a Ele, a inocê ncia que Ele me deu
tudo desperdiçou; Eu irei, faminto de longa, longa fome que eu suporto
sem ser alimentado com Sua conversa celestial; Eu irei, e direi a 'Ele',
'Pai, agora nã o sou digno de ser chamado Teu FILHO' (Sã o Lucas xv. 19
); Nã o me atrevo a lutar com Teus ilhos por um lugar de dignidade; Só
peço misericó rdia entre Teus servos; 'faça-me', portanto, 'como um dos
Teus servos contratados'. Assim, Pai misericordioso, Tua compaixã o
será divulgada; e Tuas riquezas nã o serã o menores se Tu correres ao
meu encontro como desejo voltar para Ti, e se Tu me envolveres nos
braços de Tua misericó rdia, e me convidares a ser adornado com o anel
da fé e o manto da justiça, e digna-se a dizer de mim aos Teus anjos:
'Este Meu ilho estava morto e ressuscitou; ele estava perdido e foi
encontrado' ( ib. 24 ). Mas quem, ó bom e admirá vel Pai, me dará de
comer com dignos sentimentos de fé e santidade daquele bezerro
cevado, dado por Vó s e imolado para minha redençã o no altar da Cruz?
Pois quem é aquele bezerro mı́stico, tã o manso na morte do sacrifı́cio,
tã o saudá vel quando comido como alimento; quem senã o aquele teu
pró prio Filho unigê nito, a quem nã o poupaste, mas entregaste por
todos nó s? ( Rom. viii. 32. ) E Ele, ó Senhor, é Ele com cuja doçura meu
coraçã o anseia por ser revigorado; e este é Aquele a quem minha mente
deseja amar antes de todas as coisas. E Ele por cuja ausê ncia minha
alma reclama com muitos suspiros que ela deve estar tã o distante dEle.

Mas, se desejo o Filho, negligencio o Pai? Longe de mim. Nã o, como


pode ser possı́vel? Pois o Pai que gerou nã o é outro (por natureza) do
que o Filho que foi gerado; e novamente, o que o Filho é que o Pai é ,
embora o Pai nã o seja a mesma Pessoa que o Filho. E como posso
desejar o Pai e o Filho, aquele Amor do Pai e do Filho removido, que nã o
é outro (por natureza) do que Pai e Filho é , e ainda é outra Pessoa do
que Pai e do que Filho? Nã o, nã o pode ser.

Diga, portanto, ó minha alma, ao teu Criador, ao Pai, Filho e


Espı́rito Santo, um Deus: 'Busquei a Tua Face; Tua Face, ó Senhor,
procurarei” ( Sl. xxvi. 8 ). Veja, ó Senhor; veja, eu procuro, eu peço, eu
bato; quando devo encontrar, quando devo ter, quando a porta se abrirá
para mim? A Ti, ó Senhor, abre todos os segredos do meu coraçã o. Tu
vê s que a Presença de Tua Face é minha ú nica esperança de consolo. Ai
eu! Quã o longe estou, que distante pá ria sou, daquela alegria
indescritı́vel que Sua Presença dá ! Como, entã o, serei consolado? Como,
de fato, a menos que a beleza daquele Teu Rosto brilhe sobre mim,
sobre o qual depende toda a minha esperança de consolo? Portanto, ó
meu Deus, desfaleça os meus olhos na tua palavra, dizendo: Quando me
consolará s? ( Ps. cxviii. 82. ) Considera, entã o, ó meu Deus, o ú nico
desejo de minha alma; considera o suspiro de meu coraçã o, e 'coloca
minhas lá grimas em Tua vista' ( Sl. lv. 9 ), lá grimas que eu derramei por
muito pesar, enquanto minha alma desfalece por conter Tua Face; para
'minha vida é desperdiçada com tristeza, e meus anos em suspiros' ( Ps.
xxx. 11 ).

Tem misericó rdia de mim, ó Senhor, tem misericó rdia de mim. A


tempo, fora de tempo, clamarei a Ti, e nunca Te deixarei descansar até
que me alegres com a Presença de Tua Face; e me recuso todo conforto;
e punir-me com um simples luto pela ausê ncia de Tua Face. O Face de
Deus, toda gló ria! O semblante, toda luz! Enquanto eu nã o Te ver, minha
alma permanecerá na escuridã o. Mas até quando, ó cruel e amarga
ausê ncia da Face de Deus, até quando me torturará s? O vida cansativa
neste mundo vã o, por quanto tempo te manterá s fechada como se
estivesse na prisã o, presa pelos laços de tuas vaidades, minha alma, tã o
dolorosa por morar aqui em ti? O minha alma, o que te encanta nesta
vida mortal? Por que nã o te apressas para a bem-aventurada visã o de
Deus, de onde te afastas pelo mé rito de tua culpa? Por que você nã o
detesta este exı́lio da Face de Deus, e seu encantamento nas cadeias
desta vida espalhafatosa? Por que você nã o anseia com o maior desejo
de compartilhar as alegrias dessa vida bem-aventurada e estar longe da
imundı́cie desta existê ncia rastejante? Por que você nã o foge de um e se
aproxima do outro? Se esta vida te é dada como um tempo de
respiraçã o, com a possibilidade de paz, por que te demoras? Por que
nã o oferecer a Deus tal penitê ncia para que Ele te dê os teus pecados, e
em misericó rdia te tome para Si mesmo? Sim, que minha volta seja para
Ti, que Tua misericó rdia me considere bondosa, e Tua compaixã o me
con irme em meu anseio por Tua Face, e me dê o dom da perseverança;
pois acredito que nã o serei separado de Tua bem-aventurança se
apenas nã o me cansar em meus desejos por Ti. Que minha alma anseie
sempre pela gló ria de Tua Face; minha mente adora; meus
pensamentos estejam concentrados nisso; toda a afeiçã o do meu
coraçã o suspira por isso; minha lı́ngua fala disso; todo o meu ser seja
escravizado por amor a ela. Apenas permita que Tua misericó rdia,
enquanto eu carrego este corpo mortal, e uso os fardels de minha era
de peregrinaçã o, mande-me ser estabelecido em Teu temor, ampliado
em Teu amor, ensinado em Tua lei, devoto em Teus preceitos e cheio de
fogos de ansiando por Tuas promessas; que, pisando os vı́cios e
praticando todas as virtudes, eu possa, adornado com elas, agradar-Te
sempre, e logo, logo, chegarei a Te alcançar em Teu cé u de bem-
aventurança, onde Te é dado louvor sem im, gló ria ilimitada e honra
pela eternidade. Um homem.
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
V P M
E agora, pobre mortal, evite por um pouco os empregos terrenos,
esconda-se por um tempo de seus pensamentos con litantes, deixe de
lado algumas preocupaçõ es e adie para outro momento todas as
distraçõ es cansativas. Retire-se por um pouco de espaço em Deus, e
descanse um pouco nEle. Entra no quarto do teu coraçã o; exclua tudo,
exceto Deus, e o que pode ajudá -lo em sua busca por Ele, e com a porta
fechada, busque-O. E entã o diga, ó meu coraçã o inteiro, diga
imediatamente a Deus: 'Eu procuro Tua Face; Tua Face, ó Senhor, eu
ainda buscarei.'

Agora, pois, ó Senhor meu Deus, ensina ao meu coraçã o onde e


como te buscar; quando e como te encontrar. Se nã o está s aqui, ó
Senhor, para onde irei para Te buscar? Mas se Tu está s em toda parte,
por que nã o Te vejo aqui? Nã o; pois em verdade Tu habitas a luz
inacessı́vel. Mas onde está a luz inacessı́vel? Ou como devo abordar o
inacessı́vel? Ou quem me conduzirá a ela, para que eu te veja nela? E
entã o, quais sã o os sinais pelos quais eu devo Te buscar, qual o aspecto
pelo qual eu devo Te conhecer? O Senhor meu Deus, eu nunca Te vi, e
nã o sei como Tu é s.

O que, Deus altı́ssimo, o que esse Teu exı́lio distante deve fazer? O
que Teu servo deve fazer, ansioso por Te amar, e de longe banido de Tua
Presença? Ele anseia por Te ver, e Tua Face está muito longe dele; ele
deseja se aproximar de Ti, e Tua morada é inacessı́vel; ele deseja
encontrar-te, mas nã o conhece o lugar do teu descanso; e se esforça
para Te buscar, mas nã o pode dizer como é a Tua Face.
O Senhor, Tu é s meu Deus e meu Senhor, e eu nunca Te vi. Tu me
izeste e re-criou, e todas as bê nçã os que tenho sã o de Tua dá diva; e
ainda nã o te conheço. Fui criado para Te contemplar e ainda nã o atingi
o objetivo de minha criaçã o. O triste estado do homem! pois o homem
renunciou à quilo para que foi criado. O difı́cil, ó cruel! O que,
infelizmente, ele perdeu, e o que ele encontrou? O que foi e o que icou?
Ele perdeu a bem-aventurança para a qual foi criado e encontrou a
misé ria para a qual nunca foi feito; o que se foi sem o qual nã o existe
felicidade, e o que permaneceu o que por si só é mera misé ria. E entã o
comeu o pã o das dores, sem saber.

Ah, a angú stia geral da humanidade, o lamento universal dos ilhos


de Adã o! Nosso primeiro pai tinha pã o farto, e nó s gritamos de fome.
Ele abundava, e nó s somos mendigos: ele tã o feliz em ter, tã o triste em
preceder; somos tã o infelizes em nossa necessidade, tã o miserá veis em
nosso desejo! E mesmo assim continuamos vazios. Por que ele nã o
guardou e guardou, quando poderia ter feito isso tã o facilmente, o que
nos falta tã o gravemente? Por que, por que ele bloqueou a luz e nos
cobriu na escuridã o? Por que ele roubou nossa vida e, em vez disso,
trouxe a morte? O ai de nó s! de onde somos banidos, para onde somos
levados? De onde foi arremessado de cabeça, para onde caiu? De nossa
casa, para o exı́lio; de Deus e da visã o de Deus, para o eu e sua cegueira;
das alegrias da imortalidade, ao horror e à amargura da morte.
Mudança miserá vel! De quã o grande bem a quã o grande mal!

Triste perda, triste luto, triste tudo! Mas ai de mim, pobre de mim,
um dos outros pobres ilhos de Eva banidos de seu Deus. O que eu me
esforcei, o que consegui? Para onde fui e o que alcancei? A que aspirei, e
onde estou suspirando agora, 'Busquei a paz, e nã o há bem; e para o
tempo da cura, e eis a angú stia'? ( Jer. xiv. 19. )

Estendi a mã o para Deus e tropecei em mim mesmo. Busquei


descanso em meu lugar secreto, e 'encontrei problemas e tristezas' ( Sl.
civ. 3 ) em minhas partes mais ı́ntimas. Eu desejei retornar na alegria da
minha alma, e eis que sou forçado a 'rugir com o gemido do meu
coraçã o' ( Ps. xxxvii. 9 ). A felicidade era o objetivo da minha esperança,
e eis que suspiros se acumulam sobre suspiros. E Tu, ó Senhor, até
quando? 'Até quando, ó Senhor, Tu me esquecerá s até o im? por quanto
tempo Tu desvias de mim o Teu rosto?' ( Ps. xii. 1. ) Quando Tu olhará s
para mim e me ouvirá s? Quando Tu iluminará s meus olhos e me
mostrará s Tua Face? Quando Tu te restaurará s para mim?

Olha para mim, ó Senhor, e ouve-me, e ilumina-me, e mostra-me a


Ti mesmo. Restaura-me a mim, para que me vá bem; Tu, sem quem vai
tã o mal comigo. Direciona, ó Senhor, meus trabalhos e meus esforços a
Ti, pois sem Ti nada valho. Tu me convidas; ajuda-me, ó Senhor, peço-te,
para que eu nã o suspire de desespero, mas respire novamente e tenha
esperança. Senhor, peço-te, pois é azedado pela sua solidã o, adoça o
meu coraçã o com as tuas consolaçõ es. () Senhor, peço-te, pois comecei
a procurar-te com fome, nã o me deixes ir embora vazio; Aproximei-me
faminto de carê ncia, nã o me deixe partir insatisfeito. Eu vim, um
mendigo para o rico, um miserá vel para o Todo-Misericordioso; que eu
nã o volte desprezado e sem esmola. E mesmo que eu suspire antes de
comer, dê -me algo para comer depois de ter suspirado.
O Senhor, estou prostrado e nã o posso olhar para cima; levanta-
me, para que eu possa levantar os meus olhos ao alto. 'As minhas
iniquidades passaram sobre a minha cabeça' ( Ps. xxxvii. 5 ) e me
oprimem, 'e como um fardo pesado' elas me apertam dolorido. Resgata-
me, alivia-me; 'nã o deixe a cova fechar a boca sobre mim' ( Sl. lxviii. 16
). Seja meu ver Tua luz de longe, mesmo das profundezas. Ensina-me a
Te buscar; e quando eu procuro, mostra-te; pois nã o posso buscar-te a
menos que me ensines, nem te encontrar a menos que te mostres a
mim. Deixe-me buscar-te desejando, e desejar-te ao buscar; deixe-me
encontrar-te amando, e amar-te ao encontrar. Confesso-me a Ti, ó
Senhor, e agradeço-Te que me criaste à Tua imagem, para sempre
meditar em Ti e Te amar. Mas a imagem está tã o des igurada pelo
desgaste e desperdı́cio de maus há bitos, e tã o manchada com a fumaça
e a mancha dos pecados, que nã o pode fazer aquilo para o qual foi
criada, a menos que Tu a refaças e a adornes. Nã o pretendo sondar
Tuas profundezas, ó Senhor, pois de modo algum comparo meu
entendimento a tal esforço; mas anseio, de alguma forma, entender essa
Tua verdade que meu coraçã o acredita e ama; pois nã o procuro
compreender para crer, mas creio para compreender.

[§ 104. A inacessível morada de Deus .] Verdadeiramente, ó Senhor,


esta luz na qual Tu habitas é uma luz inacessı́vel. Pois na verdade nã o
há nada que possa trespassá -lo, de modo a ver-te em seu meio. E, na
verdade, també m nã o o vejo, pois é muito brilhante para ser visto: e, no
entanto, tudo o que vejo, vejo por ele; como o olho fraco que, tudo o que
vê , vê pela luz do sol, uma luz que é incapaz de ver no pró prio sol. Meu
entendimento nã o pode aspirar a alcançá -lo, pois é muito brilhante,
portanto nã o o suporta; nem pode o olho da minha alma ixar um olhar
muito longo sobre ele, mas é atingido por seu brilho, reprimido por sua
plenitude, esmagado por sua imensidã o, confuso por sua grandeza. O
Luz suprema e inacessı́vel, Verdade santa e abençoada, que está s longe
de mim, embora eu esteja perto de Ti, quã o longe está s Tu de meu
alcance, embora eu esteja presente à Tua vista! Tu está s completamente
presente em todos os lugares, e eu nã o Te vejo; Eu me movo em Ti e
estou em Ti, e nã o posso me aproximar de Ti; Tu está s dentro de mim e
ao meu redor, e eu nã o Te sinto.

Assim Tu sempre em Tua luz e Tua bem-aventurança te escondes


de minha alma; e ela permanece em sua melancolia e tristeza. Ela força
os olhos e nã o vê Tua beleza; ela ouve, mas nã o capta Tua harmonia; ela
anseia por Ti, mas Tua fragrâ ncia nã o sopra sobre ela; ela sente por Ti,
mas nada de Ti responde ao seu toque; ela prova, e nã o discerne Tua
doçura. Pois Tu tens tudo isso em Ti mesmo, beleza, harmonia,
fragrâ ncia, graça e doçura, segundo Tua pró pria maneira inefá vel, uma
vez que Tu os concedeste à s coisas criadas à sua maneira, como
reconhecemos de maneira sensata; mas os sentidos da minha alma
estã o “embotados, entorpecidos e embotados pela velha doença do
pecado”. Que é s Tu, ó Senhor; o que é s tu? Verdadeiramente Tu é s Vida,
e Verdade, e Bondade, e Bem-aventurança, e Eternidade, e todo bem!

[§ 105. A bondade de Deus, a Vida criadora .] Desperta-te agora, ó


minha alma; exerça todos os teus poderes e pense no que é esse bem;
quã o grande e de que grau é . Pois se todas as coisas boas tomadas
separadamente sã o deleitá veis, pense, ó pense, quã o deleitá vel deve ser
aquele bem que inclui todos os bens e o deleite de todos; um deleite,
nã o como o que conhecemos por experiê ncia nas coisas criadas, mas
tã o diferente disso quanto o Criador transcende a criatura. Pois se a
vida criada é boa, quã o boa é a vida criadora! Se a salvaçã o alcançada é
uma coisa alegre, quã o alegre deve ser a Salvaçã o pela qual toda a
salvaçã o foi alcançada! Se a sabedoria na observaçã o das coisas visı́veis
é um objeto digno de amor, quã o adorá vel deve ser aquela Sabedoria
que criou todas as coisas do nada! Em suma, se em todas as coisas
deliciosas há muitas e grandes delı́cias, qual e quã o grande deve ser a
delı́cia daquele que criou todas as coisas deliciosas!

E aquele que gozar deste bem, o que ele terá , antes, o que ele nã o
terá ? O que quer que ele deseje, ele terá ; e nã o desejar, ele nã o terá . Sim,
ele terá bê nçã os de corpo e de alma, como o ouvido nã o ouviu, o olho
nã o viu e o coraçã o do homem nã o concebeu.

Por que, entã o, você vaga tã o longe, pobre ilho da terra, em sua
busca de bens para o corpo e a alma? Ame o Unico Bem, em quem estã o
todas as coisas boas, e isso basta. Por que, ó minha carne, você ama? O
que desejas, ó minha alma? Tudo o que você ama, tudo o que você
deseja, está lá . Se a beleza te encanta, 'fulgebunt justi sicut sol' (Sã o
Mat. xiii. 43 ) — o justo deve brilhar como o sol. Ou se a agilidade, ou
força, ou lexibilidade do corpo, como nada pode resistir; 'erunt similes
angelis Dei' (Sã o Lucas xx. 36 ) - eles serã o como os anjos de Deus, pois
'é semeado um corpo natural, nascerá um corpo espiritual;' espiritual,
isto é , em capacidade, embora nã o em essê ncia. Se saú de e vida longa
tê m encantos para você , eternidade saudá vel e saú de eterna estã o lá ,
pois 'o justo viverá para sempre' ( Sabedoria v. 16 ), e 'a salvaçã o do
justo vem do Senhor' ( Sl. xxxvi . 39 ). Se abundâ ncia, 'eles serã o
satisfeitos quando a gló ria de Deus aparecer' ( Sl. xvi. 15 ). Se melodia,
ali os anjos cantam juntos sem im a Deus. Se satisfaçã o, 'eles serã o
inebriados com a abundâ ncia de Tua casa' ( Sl. xxxv. 9 ). Se todo e
qualquer prazer puro e imaculado tem atraçã o por você , 'Tu os fará s
beber da torrente do Teu prazer' ( Sl. xxxv. 9 ). Se sabedoria, a
Sabedoria de Deus se mostrará a eles eternamente. Se amizade, eles
amarã o a Deus mais do que a si mesmos, e Deus os amará mais do que
eles amam a si mesmos; porque eles o amarã o, e nele, uns aos outros; e
Ele amará a Si mesmo, e a eles em Si mesmo. Se houver concordâ ncia,
todos terã o uma vontade; pois eles nã o terã o vontade senã o a de Deus.
Se for poder, eles terã o perfeito domı́nio de sua pró pria vontade, como
Deus tem de Sua. Pois, como a vontade de Deus será a medida exata de
Seu poder, nEle seu poder será como sua vontade. Pois, como eles nã o
desejarã o nada à parte dEle, assim mesmo Ele desejará o que eles
quiserem, e o que Ele desejar nã o pode de forma alguma senã o ser. Se
honra e riqueza, Deus colocará Seus servos bons e ié is sobre muitas
coisas; sim, eles serã o chamados ilhos de Deus e deuses; e onde o Filho
está , eles també m estarã o, 'herdeiros de Deus, e co-herdeiros com
Cristo' ( Rom. viii. 17 ). Se houver verdadeira segurança, eles
certamente estarã o certos de que nã o perderã o seu tesouro por
qualquer escolha deles, e que seu amado Senhor nã o o tirará de Seus
amantes; e que nã o há nada mais forte do que Deus, que deve separar
um Deus relutante e Suas criaturas relutantes um do outro.

Mas qual e quã o grande é a alegria ali, onde tal e tã o grande é o
bem! O coraçã o do homem, pobre coraçã o; coraçã o desgastado por
a liçõ es, sim, sobrecarregado por a liçõ es; o que, qual seria a sua alegria
se você tivesse todas essas bê nçã os, e as tivesse em abundâ ncia?
Certamente, se qualquer outra alma a quem você amasse como você
mesmo desfrutasse da mesma felicidade que você , sua alegria seria
dobrada; pois nã o te regozijará s nem um pouco menos por ele do que
por ti mesmo. E da mesma maneira, se dois, ou trê s, ou muitos mais
tivessem a mesma felicidade que você , você se alegraria por cada alma
entre eles como você se alegraria por si mesmo, se seu amor por cada
um deles fosse igual ao seu amor por você mesmo. Nessa caridade
perfeita, portanto, de inú meros anjos bem-aventurados e almas santas,
no lar onde ningué m ama a ningué m menos do que a si mesmo, é
igualmente verdade que cada alma, cada anjo, se alegrará por causa de
cada um. nada menos do que para seu pró prio bem.

Se, entã o, o coraçã o do homem mal pode abranger sua pró pria
alegria, para ser gerado de sua pró pria felicidade tã o grande, como
poderá abranger tantas e tã o grandes alegrias? Pois é verdade que tã o
grande quanto é o amor de qualquer um por outro, tã o grande será sua
alegria pelo bem daquele outro. Mas, ó , nessa felicidade perfeita, cada
um amará seu Deus mais, incomparavelmente mais, do que será seu
amor por si mesmo, e por todos os outros seres consigo mesmo; e,
portanto, ele se alegrará mais, mais alé m de todo poder de contar ou
imaginar; ele se regozijará mais na felicidade de Deus do que em sua
pró pria felicidade e na de todos os outros. Mas e se eles amam a Deus
de todo o coraçã o, de toda a mente, de toda a alma, de modo que todo o
coraçã o, toda a mente, toda a alma nã o seja su iciente para que Seu
valor seja amado, por que, entã o, o justo regozije-se nessa felicidade
suprema com todo o seu coraçã o, toda a sua mente, toda a sua alma,
que todo coraçã o, toda mente, toda alma nã o será su iciente para a
plenitude de sua alegria.

[§ 106. A plenitude da alegria .] Meu Deus e meu Senhor, minha


esperança e alegria do meu coraçã o, fala Tu à minha alma, e diz-me se
esta é a alegria que Tu nos dizes por Teu Filho: 'Pede , e você receberá ;
para que a vossa alegria seja completa” (Sã o Joã o XVI. 24 ). Pois eu
encontrei uma alegria, plena e mais do que plena. Pois embora o
coraçã o esteja cheio, a vida cheia, a alma cheia, todo o ser cheio disso,
ainda assim, ainda haverá alegria remanescente e transbordando alé m
da medida. Pois nem toda essa alegria entrará naqueles que a
desfrutam, mas eles, totalmente regozijando, entrarã o nela.

Fala, ó Senhor, fala ao teu servo interiormente em seu coraçã o, e


dize-me: é esta a alegria em que devem entrar os teus servos, que
entrarã o no gozo do seu Deus? Certamente, aquela alegria com a qual
Teus eleitos devem se regozijar 'nem olhos viram, nem ouvidos
ouviram, nem jamais penetrou em coraçã o humano' (1 Corı́ntios 2:9)
nesta vida. E eu, ó Senhor, ainda nã o disse nem pensei quã o grande será
a alegria daqueles Teus bem-aventurados. Só isso posso dizer ou
pensar: eles se alegrarã o como amam, e amarã o como sabem. Oh, quã o
perfeitamente eles Te conhecerã o, ó Senhor, e quã o completamente eles
Te amarã o! Nã o, nesta vida de verdade nem olhos viram, nem ouvidos
ouviram, nem jamais penetrou em coraçã o humano, como nessa vida os
Teus santos Te conhecerã o, e Te conhecerã o. Rogo-te, ó meu Deus,
concede-me conhecer-te, amar-te, alegrar-me em ti; e se nã o puder
fazê -lo plenamente nesta vida, pelo menos deixe-me avançar dia a dia
mais e mais, até que inalmente aquele 'totalmente' seja meu. Aqui
deixe o conhecimento de Ti aumentar em mim, talvez completo; aqui
deixe Teu amor crescer em mim, para que ali seja completo; que assim
minha alegria aqui seja grande, grande em esperança; para que haja
pleno, pleno em Ti.

O Senhor, Tu ordenas pelo Teu Filho, antes, Tu nos aconselhas a


buscar, e Tu prometes que receberemos, para que nossa alegria seja
completa. Seja assim, ó Senhor; Peço o que aconselhas pelo Teu
Maravilhoso, Teu Conselheiro, para receber o que prometes pela Tua
Verdade; para que minha alegria seja completa. E, enquanto isso, deixe
minha mente tirar daı́ suas re lexõ es, e minha lı́ngua eloqü ê ncia; que o
meu coraçã o o ame, e a minha boca o fale; que minha alma tenha fome
disso, e minha carne tenha sede disso, e todo o meu ser o deseje, até
que inalmente eu entre no gozo de meu Senhor, que é Trê s e Um,
abençoado para todo o sempre. Um homem.

O FIM.
Gênesis 1
1 No princı́pio, Deus criou os cé us e a terra. 2 A terra era sem forma

e vazia. A escuridã o estava na superfı́cie do abismo e o Espı́rito de Deus


pairava sobre a superfı́cie das á guas.
3 Deus disse: “Haja luz”, e houve luz. 4 Deus viu a luz e viu que era

bom. Deus separou a luz das trevas. 5 Deus chamou a luz de “dia”, e as
trevas ele chamou de “noite”. Houve tarde e houve manhã , o primeiro
dia.
6 Deus disse: “Haja uma expansã o no meio das á guas, e que ela

separe as á guas das á guas”. 7 Deus fez a expansã o e separou as á guas


que estavam debaixo da expansã o das á guas que estavam acima da
expansã o; e foi assim. 8 Deus chamou a expansã o de “cé u”. Houve tarde
e houve manhã , um segundo dia.
9 Deus disse: “Ajuntem-se num só lugar as á guas que estã o debaixo
do cé u, e apareça a parte seca”; e foi assim. 10 Deus chamou a terra seca
de “terra”, e o ajuntamento das á guas chamou de “mares”. Deus viu que
isso era bom. 11 Deus disse: “Produza a terra erva, ervas que dê em
semente, e á rvores frutı́feras que dê em fruto segundo a sua espé cie,
com as suas sementes nela, sobre a terra”; e foi assim. 12 A terra
produziu erva, ervas que dã o semente conforme a sua espé cie, e
á rvores frutı́feras, com as suas sementes nela, conforme a sua espé cie;
e Deus viu que era bom. 13 Houve tarde e manhã , terceiro dia.
14 Deus disse: “Haja luzes no irmamento do cé u para separar o dia
da noite; e sejam eles para sinais para marcar estaçõ es, dias e anos; 15 e
sirvam de luminares no irmamento do cé u para iluminar a terra;” e foi
assim. 16 Deus fez os dois grandes luminares: o luminar maior para
governar o dia e o luminar menor para governar a noite. Ele també m
fez as estrelas. 17 Deus os colocou no irmamento do cé u para iluminar
a terra, 18 e para governar o dia e a noite, e para separar a luz das trevas.
Deus viu que isso era bom. 19 Houve tarde e manhã , quarto dia.
20 Deus disse: “Que as á guas abundem de seres viventes, e que as

aves voem sobre a terra no irmamento do cé u”. 21 Deus criou os


grandes animais marinhos e todo ser vivente que se move, com os
quais as á guas pululam, conforme sua espé cie, e toda ave alada
conforme sua espé cie. Deus viu que isso era bom. 22 Deus os abençoou,
dizendo: “Sede fecundos e multiplicai-vos, e enchei as á guas dos mares,
e multipliquem-se as aves sobre a terra”. 23 Houve tarde e manhã ,
quinto dia.
24 Deus disse: “Produza a terra seres viventes conforme a sua

espé cie, gado, ré pteis e animais da terra conforme a sua espé cie”; e foi
assim. 25 Deus fez os animais da terra conforme a sua espé cie, e o gado
conforme a sua espé cie, e tudo o que rasteja sobre a terra conforme a
sua espé cie. Deus viu que isso era bom.
26 Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança. Domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves do
cé u, e sobre os animais domé sticos, e sobre toda a terra, e sobre todo
ré ptil que rasteja sobre a terra”. 27 Deus criou o homem à sua imagem. A
imagem de Deus ele o criou; macho e fê mea os criou. 28 Deus os
abençoou. Deus lhes disse: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a
terra e sujeitai-a. Domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do cé u
e sobre todos os animais que se movem sobre a terra”. 29 Deus disse:
“Eis que vos dei toda erva que dá semente, que está sobre a superfı́cie
de toda a terra, e toda á rvore que dá fruto que dá semente. Será sua
comida. 30 A todo animal da terra, e a toda ave do cé u, e a tudo o que
rasteja sobre a terra, em que há vida, dei por mantimento toda erva
verde; e foi assim.
31 Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom. Houve

tarde e houve manhã , sexto dia.


1 Coríntios 11
1 Sede meus imitadores, como eu també m sou de Cristo.

2 Agora eu vos louvo, irmã os, porque em todas as coisas vos

lembrais de mim e conservais as tradiçõ es, assim como vos entreguei. 3


Mas eu gostaria que você soubesse que a cabeça de todo homem é
Cristo, e a cabeça da mulher é o homem, e a cabeça de Cristo é Deus. 4
Todo homem que ora ou profetiza, com a cabeça coberta, desonra a sua
cabeça. 5 Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça
descoberta desonra a sua cabeça. Pois é uma e a mesma coisa como se
ela fosse barbeada. 6 Pois, se a mulher nã o estiver coberta, corte-se
també m o seu cabelo. Mas se é vergonhoso para uma mulher ter o
cabelo cortado ou raspado, que ela seja coberta. 7 Pois o homem nã o
deve cobrir a cabeça, porque ele é a imagem e gló ria de Deus, mas a
mulher é a gló ria do homem. 8 Pois o homem nã o vem da mulher, mas a
mulher do homem; 9 pois o homem nã o foi criado para a mulher, mas a
mulher para o homem. 10 Por isso a mulher deve ter autoridade sobre a
sua pró pria cabeça, por causa dos anjos.
11 Entretanto, nem a mulher é independente do homem, nem o
homem independente da mulher, no Senhor. 12 Porque, assim como a
mulher procedeu do homem, assim també m o homem procedeu da
mulher; mas todas as coisas sã o de Deus. 13 Julgue por si mesmo. E
apropriado que uma mulher ore a Deus sem vé u? 14 A pró pria natureza
nã o te ensina que se um homem tem cabelo comprido, é uma desonra
para ele? 15 Mas se a mulher tem cabelo comprido, é uma gló ria para
ela, pois o cabelo lhe é dado como cobertura. 16 Mas, se algué m parece
contencioso, nã o temos tal costume, nem as assemblé ias de Deus.
17 Mas, ao dar-vos esta ordem, nã o vos louvo, que vos ajuntais, nã o

para melhor, mas para pior. 18 Pois antes de tudo, quando você s se
reú nem na assemblé ia, ouço que existem divisõ es entre você s, e
acredito nisso em parte. 19 Pois també m é necessá rio que haja facçõ es
entre vó s, para que se manifestem entre vó s os aprovados. 20 Portanto,
quando você s se reú nem, nã o é a ceia do Senhor que você s comem. 21
Pois, ao comerem, cada um come primeiro a sua pró pria ceia. Um está
com fome e outro está bê bado. 22 O quê , você nã o tem casas para comer
e beber? Ou você despreza a assemblé ia de Deus e envergonha aqueles
que nã o tê m o su iciente? O que devo dizer a você ? Devo te louvar?
Nisto eu nã o te louvo.
23 Pois recebi do Senhor o que també m vos entreguei: que o Senhor

Jesus, na noite em que foi traı́do, tomou pã o. 24 Depois de dar graças,
partiu-o e disse: “Tome, coma. Este é o meu corpo, que está quebrado
por você . Faça isso em memó ria de mim.” 25 Assim també m tomou o
cá lice, depois da ceia, dizendo: “Este cá lice é a nova aliança no meu
sangue. Faça isso, quantas vezes você beber, em memó ria de mim.” 26
Pois todas as vezes que comerdes este pã o e beberdes este cá lice,
anunciais a morte do Senhor até que ele venha. 27 Portanto, quem
comer este pã o ou beber o cá lice do Senhor de maneira indigna do
Senhor será culpado do corpo e do sangue do Senhor. 28 Mas examine-
se o homem a si mesmo, e assim coma do pã o e beba do cá lice. 29 Pois
quem come e bebe indignamente, come e bebe para julgamento, se nã o
discernir o corpo do Senhor. 30 Por isso, muitos de você s estã o fracos e
doentes, e nã o poucos dormem. 31 Pois se nos discernı́ssemos, nã o
serı́amos julgados. 32 Mas quando somos julgados, somos castigados
pelo Senhor, para que nã o sejamos condenados com o mundo. 33
Portanto, meus irmã os, quando você s se reunirem para comer,
esperem uns pelos outros. 34 Mas, se algué m tiver fome, coma em casa,
para que a vossa reuniã o nã o seja para julgamento. O resto eu porei em
ordem quando vier.
Sirach 47
1E depois dele se levantou Natã
Para profetizar nos dias de Davi.
2 Como é a gordura quando separada da oferta pacı́ ica,

Assim Davi foi separado dos ilhos de Israel.


3 Ele brincava com leõ es como com crianças,

E com ursos como com cordeiros do rebanho.


4 Na sua juventude nã o matou um gigante,

E tira o opró brio do povo,


Quando ele levantou a mã o com uma pedra de funda,
E reprimir a jactâ ncia de Golias?
5 Pois ele invocou o Senhor Altı́ssimo;

E deu-lhe força na mã o direita,


Para matar um homem poderoso na guerra,
Para exaltar o chifre de seu povo.
6 Assim o glori icaram por seus dez mil,

E o louvou pelas bê nçã os do Senhor,


Nisto foi dado a ele um diadema de gló ria.
7 Pois ele destruiu os inimigos de todos os lados,

E reduziu a nada os ilisteus, seus adversá rios,


Trave sua buzina em pedaços até hoje.
8 Em todas as suas obras deu graças ao Altı́ssimo com palavras de

gló ria;
Com todo o coraçã o ele cantou louvores,
E amou aquele que o fez.
9 També m pô s cantores diante do altar,

E fazer doce melodia por sua mú sica.


10 Ele deu beleza à s festas,

E ponha em ordem as estaçõ es com perfeiçã o,


Enquanto eles louvavam o seu santo nome,
E o santuá rio soou desde o amanhecer.
11 O Senhor tirou os seus pecados,

E exaltou o seu chifre para sempre;


E deu-lhe uma aliança de reis,
E um trono de gló ria em Israel.
12 Depois dele levantou-se um ilho, homem de entendimento;

E por causa dele ele vivia solto.


13 Salomã o reinou em dias de paz;

E a ele Deus deu descanso ao redor,


Para que ele possa estabelecer uma casa para o seu nome,
E prepare um santuá rio para sempre.
14 Como você se tornou sá bio em sua juventude,

E cheio como um rio de entendimento!


15 A tua alma cobriu a terra,

E você a encheu de pará bolas sombrias.


16 Teu nome chegou até as ilhas distantes;

E pela tua paz foste amado.


17 Por causa de seus câ nticos, prové rbios e pará bolas,

E por suas interpretaçõ es, os paı́ses icaram maravilhados com


você .
18 Em nome do Senhor Deus,

Que é chamado o Deus de Israel,


Você reuniu ouro como estanho,
E multiplicou a prata como chumbo.
19 Tu curvaste os teus lombos à s mulheres,

E em seu corpo você foi submetido à sujeiçã o.


20 Manchaste a tua honra,

E profanar sua semente,


Para trazer ira sobre seus ilhos;
E iquei triste por sua insensatez:
21 De modo que a soberania foi dividida,

E de Efraim governou um reino desobediente.


22 Mas o Senhor jamais abandonará sua misericó rdia;

E nã o destruirá nenhuma de suas obras,


Nem apague a posteridade de seus eleitos;
E a semente daquele que o amou ele nã o tirará ;
E deu um remanescente a Jacó ,
E a Davi uma raiz dele.
23 E assim descansou Salomã o com seus pais;
E da sua semente deixou atrá s de si Roboã o,
Até a insensatez do povo, e aquele que nã o tinha entendimento,
Quem fez o povo se revoltar por seu conselho.
També m Jeroboã o, ilho de Nebate,
Quem fez Israel pecar,
E deu a Efraim um caminho de pecado.
24 E os seus pecados se multiplicaram excessivamente,

Para removê -los de suas terras.


25 Pois eles buscavam todo tipo de maldade,

Até que a vingança venha sobre eles.


Atos 17
1 Tendo passado por Anfı́polis e Apolô nia, chegaram a Tessalô nica,

onde havia uma sinagoga judaica. 2 Paulo, como era seu costume, foi ter
com eles e durante trê s sá bados arrazoou com eles sobre as Escrituras,
3 explicando e demonstrando que o Cristo devia padecer e ressuscitar

dentre os mortos, e dizendo: “Este Jesus, a quem eu vos proclamo, é o


Cristo”.
4 Alguns deles foram persuadidos e se juntaram a Paulo e Silas, uma

grande multidã o de gregos devotos, e nã o poucas mulheres


importantes. 5 Mas os judeus nã o persuadidos levaram alguns homens
perversos do mercado e, reunindo uma multidã o, izeram a cidade
estar em alvoroço. Atacando a casa de Jasã o, eles procuraram trazê -los
para o povo. 6 Como nã o os encontraram, arrastaram Jasã o e alguns
irmã os diante dos governantes da cidade, clamando: “Aqui vieram
també m aqueles que viraram o mundo de cabeça para baixo, 7 os quais
Jasã o recebeu. Todos eles agem contra os decretos de Cé sar, dizendo
que há outro rei, Jesus!” 8 A multidã o e os governantes da cidade
icaram perturbados quando ouviram essas coisas. 9 Depois de terem
tirado a segurança de Jasã o e dos outros, eles os soltaram. 10 Os irmã os
enviaram imediatamente Paulo e Silas à noite para Beré ia. Quando
chegaram, entraram na sinagoga judaica.
11 Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalô nica, porque de

bom grado receberam a palavra, examinando diariamente as Escrituras


para ver se estas coisas eram assim. 12 Muitos deles, pois, creram;
també m das mulheres gregas proeminentes, e nã o poucos homens. 13
Mas quando os judeus de Tessalô nica souberam que a palavra de Deus
havia sido proclamada por Paulo també m em Beré ia, eles també m
foram para lá , agitando as multidõ es. 14 Imediatamente os irmã os
enviaram Paulo para ir até o mar, e Silas e Timó teo ainda icaram ali. 15
Mas os que acompanhavam Paulo o levaram até Atenas. Recebendo um
mandamento a Silas e Timó teo de que fossem a ele muito rapidamente,
eles partiram.
16 Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espı́rito se irritou

nele ao ver a cidade cheia de ı́dolos. 17 Assim, discutia na sinagoga com


os judeus e os devotos, e na praça todos os dias com os que o
encontravam. 18 Alguns dos iló sofos epicuristas e estó icos també m
conversavam com ele. Alguns diziam: “O que esse tagarela quer dizer?”
Outros disseram: “Ele parece estar defendendo divindades
estrangeiras”, porque ele pregou Jesus e a ressurreiçã o.
19 Eles o agarraram e o levaram ao Areó pago, dizendo: “Podemos

saber o que é este novo ensinamento de que você está falando? 20 Pois
você traz certas coisas estranhas aos nossos ouvidos. Queremos saber,
portanto, o que essas coisas signi icam.” 21 Ora, todos os atenienses e
os estrangeiros que ali viviam nã o se ocupavam com outra coisa senã o
para contar ou ouvir alguma coisa nova.
22 Paulo estava no meio do Areó pago e disse: “Homens de Atenas,

vejo que você s sã o muito religiosos em todas as coisas. 23 Pois


enquanto eu passava e observava os objetos de sua adoraçã o, també m
encontrei um altar com esta inscriçã o: 'A UM DEUS DESCONHECIDO.' O
que, portanto, você adora na ignorâ ncia, eu anuncio a você . 24 O Deus
que fez o mundo e tudo o que nele há , sendo ele Senhor do cé u e da
terra, nã o habita em templos feitos por mã os humanas. 25 Ele nã o é
servido por mã os de homens, como se precisasse de alguma coisa,
visto que ele mesmo dá a todos a vida, o fô lego e todas as coisas. 26 Ele
fez de um só sangue todas as naçõ es dos homens para habitar sobre
toda a superfı́cie da terra, estabelecendo é pocas ixas e os limites das
suas habitaçõ es, 27 para que buscassem ao Senhor, se porventura o
alcançassem e o achassem ele, embora nã o esteja longe de cada um de
nó s. 28 'Pois nele vivemos, nos movemos e existimos'. Como alguns de
seus pró prios poetas disseram: 'Pois també m somos sua
descendê ncia.' 29 Sendo, pois, descendê ncia de Deus, nã o devemos
pensar que a natureza divina é como ouro, ou prata, ou pedra, gravada
pela arte e design do homem. 30 Os tempos de ignorâ ncia, portanto,
Deus ignorou. Mas agora ele ordena que todos, em todos os lugares, se
arrependam, 31 porque estabeleceu um dia em que com justiça há de
julgar o mundo, por meio do homem que destinou; do qual deu certeza
a todos os homens, ressuscitando-o dentre os mortos”.
32 Ora, quando ouviram falar da ressurreiçã o dos mortos, alguns

zombaram; mas outros disseram: “Queremos ouvi-lo novamente sobre


isso”.
33 Assim, Paulo saiu do meio deles. 34 Mas alguns homens se

juntaram a ele e creram, entre os quais també m estava Dionı́sio, o


Areopagita, e uma mulher chamada Dâ maris, e outros com eles.
Êxodo 3
1 Ora, Moisé s apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote

de Midiã , e levou o rebanho para a parte de trá s do deserto, e chegou ao


monte de Deus, a Horebe. 2 O anjo do Senhor lhe apareceu numa chama
de fogo do meio de uma sarça. Ele olhou, e eis que a sarça ardia no fogo,
e a sarça nã o se consumia. 3 Moisé s disse: “Eu irei agora e verei esta
grande visã o, por que a sarça nã o está queimada”.
4 Quando o Senhor viu que ele vinha ver, Deus o chamou do meio

da sarça e disse: “Moisé s! Moisé s!"


Ele disse: “Aqui estou”.
5 Ele disse: “Nã o chegue perto. Tire suas sandá lias, pois o lugar em

que você está é terra santa”. 6 Alé m disso, ele disse: “Eu sou o Deus de
seu pai, o Deus de Abraã o, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó ”.
Moisé s escondeu o rosto porque tinha medo de olhar para Deus.
7 O Senhor disse: “Certamente vi a a liçã o do meu povo que está no
Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus feitores, pois conheço as
suas dores. 8 Desci para livrá -los das mã os dos egı́pcios e para fazê -los
subir daquela terra para uma terra boa e grande, para uma terra que
mana leite e mel; ao lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do
ferezeu, do heveu e do jebuseu. 9 Agora, eis que o clamor dos ilhos de
Israel chegou a mim. Alé m disso, vi a opressã o com que os egı́pcios os
oprimem. 10 Venha agora, e eu o enviarei a Faraó , para que tire meu
povo, os ilhos de Israel, do Egito”.
11 Moisé s disse a Deus: “Quem sou eu para ir a Faraó e tirar os ilhos
de Israel do Egito?”
12 Ele disse: “Certamente estarei com você s. Este será
o sinal para
você que eu te enviei: quando você tiver tirado o povo do Egito, você
servirá a Deus neste monte”.
13 Moisé s disse a Deus: “Eis que quando eu for aos ilhos de Israel
e lhes disser: 'O Deus de vossos pais me enviou a você s', e eles me
perguntarem: 'Qual é o nome dele?' o que devo dizer a eles?”
14 Deus disse a Moisé s: “EU SOU O QUE SOU”, e ele disse: “Você deve
dizer isto aos ilhos de Israel: 'EU SOU me enviou a você s'. ” 15 Deus
disse ainda a Moisé s: “Você deve dizer isso aos ilhos de Israel:
'Yahweh, o Deus de seus pais, o Deus de Abraã o, o Deus de Isaque e o
Deus de Jacó , me enviou a você s'. Este é o meu nome para sempre, e
este é o meu memorial para todas as geraçõ es. 16 Vá e reú na os anciã os
de Israel e diga-lhes: 'Yahweh, o Deus de seus pais, o Deus de Abraã o, de
Isaque e de Jacó , me apareceu, dizendo: Certamente te visitei e visto o
que vos foi feito no Egito. 17 Eu disse: Eu os farei subir da a liçã o do
Egito para a terra dos cananeus, dos heteus, dos amorreus, dos
ferezeus, dos heveus e dos jebuseus, para uma terra que mana leite e
mel”. ' 18 Eles ouvirã o a sua voz. Você s e os anciã os de Israel virã o ao rei
do Egito, e lhe dirã o: 'Yahweh, o Deus dos hebreus, nos encontrou.
Agora, por favor, deixe-nos ir caminho de trê s dias ao deserto, para que
sacri iquemos ao Senhor, nosso Deus.' 19 Eu sei que o rei do Egito nã o
vai te dar permissã o para ir, nã o, nã o por mã o forte. 20 Estenderei a
mã o e ferirei o Egito com todas as minhas maravilhas que farei no
meio deles, e depois disso ele vos deixará ir. 21 Darei graça a este povo
aos olhos dos egı́pcios, e acontecerá que, quando fores, nã o sairá s de
mã os vazias. 22 Mas toda mulher pedirá ao seu vizinho e à que visita a
sua casa jó ias de prata, jó ias de ouro e roupas. Tu as porá s sobre teus
ilhos e sobre tuas ilhas. Você deve saquear os egı́pcios”.
João 15
1 “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. 2 Cada galho
em mim que nã o dá fruto, ele tira. Todo ramo que dá fruto, ele poda,
para que dê mais fruto. 3 Você já está podado por causa da palavra que
eu falei para você . 4 Permaneça em mim, e eu em você . Assim como o
ramo nã o pode dar fruto por si mesmo, a menos que permaneça na
videira, você també m nã o pode, a menos que permaneça em mim. 5 Eu
sou a videira. Você s sã o os ramos. Aquele que permanece em mim e eu
nele dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer. 6 Se um homem
nã o permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará ; e
eles os ajuntam, lançam-nos no fogo, e sã o queimados. 7 Se você
permanecer em mim, e minhas palavras permanecerem em você , você
pedirá o que quiser, e isso será feito por você .
8 “Nisto é
glori icado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis
meus discı́pulos. 9 Assim como o Pai me amou, eu també m amei você s.
Permaneça no meu amor. 10 Se guardares os meus mandamentos,
permanecerá s no meu amor; assim como tenho guardado os
mandamentos de meu Pai e permaneço em seu amor. 11 Estas coisas
vos tenho falado, para que o meu gozo permaneça em vó s, e o vosso
gozo seja completo.
12 “Este é o meu mandamento, que você s se amem, assim como eu
os amei. 13 Ningué m tem maior amor do que este, de algué m dar a vida
pelos seus amigos. 14 Você s sã o meus amigos, se izerem o que eu
mandar. 15 Já nã o vos chamo servos, porque o servo nã o sabe o que faz
o seu senhor. Mas eu os chamei de amigos, pois tudo o que ouvi de meu
Pai, eu dei a conhecer a você s. 16 Você nã o me escolheu, mas eu te
escolhi e te designei, para que você vá e dê fruto, e seu fruto
permaneça; para que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele
vo-lo conceda.
17 “Estas coisas vos ordeno, para que vos ameis uns aos outros. 18

Se o mundo te odeia, você sabe que me odiou antes de odiar você . 19 Se


você fosse do mundo, o mundo adoraria o seu. Mas porque você nã o é
do mundo, já que eu te escolhi do mundo, o mundo te odeia. 20 Lembre-
se da palavra que eu lhe disse: 'O servo nã o é maior do que o seu
senhor'. Se eles me perseguiram, eles també m o perseguirã o. Se eles
mantiveram a minha palavra, eles també m manterã o a sua. 21 Mas eles
farã o tudo isso com você por causa do meu nome, porque nã o
conhecem aquele que me enviou. 22 Se eu nã o tivesse vindo e falado
com eles, eles nã o teriam pecado; mas agora eles nã o tê m desculpa
para o seu pecado. 23 Quem me odeia, odeia també m meu Pai. 24 Se eu
nã o tivesse feito entre eles as obras que ningué m mais fez, eles nã o
teriam pecado. Mas agora eles viram e també m odiaram a mim e a meu
Pai. 25 Mas isso aconteceu para que se cumprisse a palavra que estava
escrita na lei deles: 'Eles me odiaram sem motivo'.
26 “Quando o conselheiro vier, que do Pai vos enviarei, o Espı́rito da

verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. 27 Você


també m vai testemunhar, porque você está comigo desde o inı́cio.
Lucas 17
1 Ele disse aos discı́pulos: “E impossı́vel que nã o venham tropeços,
mas ai daquele por quem vierem! 2 Seria melhor para ele se uma pedra
de moinho fosse pendurada em seu pescoço e ele fosse lançado ao mar,
do que fazer um desses pequeninos tropeçar. 3 Tome cuidado. Se seu
irmã o pecar contra você , repreenda-o. Se ele se arrepender, perdoe-o. 4
Se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes voltar, dizendo:
'Arrependo-me', tu o perdoará s”.
5 Os apó stolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé ”.

6 O Senhor disse: “Se você tivesse fé como um grã o de mostarda,


diria a este sicô moro: 'Arranca-te e planta-te no mar', e ele te
obedeceria. 7 Mas quem há entre vó s, tendo um servo que lavra ou
apascenta ovelhas, que diga ao chegar do campo: 'Vem imediatamente
e sente-se à mesa'? 8 e nã o lhe dirá antes: 'Prepare minha ceia, vista-se
adequadamente e sirva-me, enquanto eu como e bebo. Depois você
deve comer e beber'? 9 Ele agradece a esse servo porque ele fez as
coisas que foram ordenadas? Eu acho que nã o. 10 Assim també m vó s,
quando izerdes tudo o que vos for ordenado, dizeis: 'Somos servos
indignos. Cumprimos nosso dever. ”
11 Indo para Jerusalé m, passava pelos con ins da Samaria e da
Galilé ia. 12 Ao entrar em certa aldeia, dez leprosos o encontraram, que
icaram de longe. 13 Eles levantaram a voz, dizendo: “Jesus, Mestre, tem
misericó rdia de nó s!”
14 Ao vê -los, disse-lhes: “Ide e mostrai-vos aos sacerdotes”. A

medida que iam, eram puri icados. 15 Um deles, quando viu que estava
curado, voltou, glori icando a Deus em alta voz. 16 Prostrou-se com o
rosto em terra aos pé s de Jesus, dando-lhe graças; e ele era um
samaritano. 17 Jesus respondeu: “Nã o foram os dez puri icados? Mas
onde estã o os nove? 18 Nã o se achou ningué m que voltasse para dar
gló ria a Deus, exceto este estrangeiro?” 19 Entã o ele lhe disse: “Levante-
se e vá embora. Sua fé o curou”.
20 Ao ser questionado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de

Deus, ele lhes respondeu: “O Reino de Deus nã o vem com observaçã o;
21 nem dirã o: 'Olhe, aqui!' ou, 'Olha, lá !' pois eis que o Reino de Deus

está dentro de você s”.


22 Ele disse aos discı́pulos: “Dias virã o em que você s desejarã o ver

um dos dias do Filho do Homem e nã o verã o. 23 Eles lhe dirã o: 'Olhe,
aqui!' ou 'Olha, lá !' Nã o vá embora ou siga atrá s deles, 24 pois como o
relâ mpago, quando brilha de uma parte debaixo do cé u, brilha para
outra parte debaixo do cé u; assim será o Filho do Homem em seus dias.
25 Mas primeiro, ele deve sofrer muitas coisas e ser rejeitado por esta

geraçã o. 26 Como foi nos dias de Noé , assim també m será nos dias do
Filho do Homem. 27 Eles comeram, beberam, se casaram e foram dados
em casamento até o dia em que Noé entrou no navio, e veio o dilú vio e
destruiu a todos. 28 Da mesma forma, como era nos dias de Ló : comiam,
bebiam, compravam, vendiam, plantavam, construı́am; 29 mas no dia
em que Ló saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre do cé u e os destruiu
a todos. 30 Será da mesma maneira no dia em que o Filho do Homem
for revelado. 31 Naquele dia, quem estiver no eirado e os seus bens em
casa, nã o desça para os levar. Aquele que está no campo també m nã o
volte atrá s. 32 Lembre-se da esposa de Ló ! 33 Quem procura salvar sua
vida a perde, mas quem perde sua vida a preserva. 34 Eu lhe digo,
naquela noite haverá duas pessoas em uma cama. Um será levado e o
outro será deixado. 35 Haverá dois grã os de moagem juntos. Um será
levado e o outro será deixado”. 36
37 Eles, respondendo, perguntaram-lhe: “Onde, Senhor?”

Ele lhes disse: “Onde estiver o corpo, ali també m se ajuntarã o os


abutres”.
1 Coríntios 3
1 Irmã os, eu nã o poderia falar com você s como espiritual, mas

como carnal, como bebê s em Cristo. 2 Eu te alimentei com leite, nã o


com carne; pois você ainda nã o estava pronto. De fato, você ainda nã o
está pronto, 3 pois ainda é carnal. Pois, havendo entre vó s ciú mes,
contendas e facçõ es, nã o sã o carnais e nã o andam nos caminhos dos
homens? 4 Pois quando um diz: “Sigo Paulo” e outro: “Sigo Apolo”, você
nã o é carnal? 5 Quem é Apolo, e quem é Paulo, senã o servos por meio
dos quais você creu, e cada um como o Senhor lhe deu? 6 eu plantei.
Apolo regou. Mas Deus deu o aumento. 7 Portanto, nem o que planta é
alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. 8 Ora,
quem planta e quem rega sã o o mesmo, mas cada um receberá sua
pró pria recompensa de acordo com seu pró prio trabalho. 9 Pois somos
cooperadores de Deus. Você é a lavoura de Deus, o edifı́cio de Deus.
10 Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o alicerce como

sá bio construtor, e outro edi ica sobre ele. Mas que cada homem tenha
cuidado com a forma como constró i sobre isso. 11 Porque ningué m
pode lançar outro fundamento alé m do que já foi posto, que é Jesus
Cristo. 12 Mas, se algué m edi icar sobre o fundamento com ouro, prata,
pedras preciosas, madeira, feno ou palha, 13 a obra de cada um será
revelada. Pois o Dia o declarará , porque é revelado no fogo; e o pró prio
fogo provará que tipo de trabalho é o trabalho de cada homem. 14 Se
icar a obra de algué m que sobre ela edi icou, receberá galardã o. 15 Se a
obra de algué m se queimar, sofrerá prejuı́zo, mas ele mesmo será salvo,
mas como pelo fogo.
16 Você nã o sabe que você é um templo de Deus, e que o Espı́rito de
Deus vive em você ? 17 Se algué m destruir o templo de Deus, Deus o
destruirá ; pois o templo de Deus é santo, o que você é .
18 Ningué m se engane. Se algué m pensa que é sá bio entre vó s neste
mundo, faça-se louco, para que se torne sá bio. 19 Porque a sabedoria
deste mundo é loucura para Deus. Pois está escrito: “Ele tomou os
sá bios em sua astú cia”. 20 E ainda: “O Senhor conhece o raciocı́nio dos
sá bios, que é inú til”. 21 Portanto, ningué m se glorie nos homens. Porque
tudo é vosso, 22 seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a
vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro. Todos sã o seus, 23 e
você é de Cristo, e Cristo é de Deus.
2 Coríntios 6
1 Juntos, rogamos també m que nã o recebais em vã o a graça de

Deus, 2 porque ele diz:


“Em um momento aceitá vel eu escutei você .
Em um dia de salvaçã o eu te ajudei.”
Eis que agora é o tempo aceitá vel. Eis que agora é o dia da
salvaçã o. 3 Em coisa alguma damos tropeço, para que o nosso serviço
nã o seja censurado, 4 mas em tudo, recomendando-nos como servos de
Deus, na grande perseverança, nas tribulaçõ es, nas di iculdades, nas
angú stias, 5 nas surras, nas prisõ es, em tumultos, em trabalhos, em
vigı́lias, em jejuns; 6 na pureza, no conhecimento, na perseverança, na
benignidade, no Espı́rito Santo, no amor sincero, 7 na palavra da
verdade, no poder de Deus; pela armadura da justiça à direita e à
esquerda, 8 por gló ria e desonra, por má fama e boa fama; como
enganadores, e ainda assim verdadeiros; 9 como desconhecido, mas
bem conhecido; como morrendo, e eis que vivemos; como punido, e
nã o morto; 10 como tristes, mas sempre alegres; como pobres, mas
enriquecendo a muitos; como nada tendo, mas possuindo todas as
coisas.
11 Nossa boca está aberta para você s, corı́ntios. Nosso coraçã o está
dilatado. 12 Você nã o está restringido por nó s, mas está restringido por
suas pró prias afeiçõ es. 13 Agora, em troca, falo como a meus ilhos:
você s també m abrem seus coraçõ es. 14 Nã o se ponham em jugo
desigual com os incré dulos, pois que comunhã o tê m a justiça e a
iniqü idade? Ou que comunhã o a luz tem com as trevas? 15 Que acordo
Cristo tem com Belial? Ou que porçã o tem um crente com um
incré dulo? 16 Que acordo tem um templo de Deus com os ı́dolos? Pois
você é um templo do Deus vivo. Assim como Deus disse: “Eu habitarei
neles e andarei neles. Eu serei o seu Deus e eles serã o o meu povo”. 17
Portanto
“'Sai do meio deles,
e separem', diz o Senhor.
'Nã o toque em nada impuro.
Eu vou te receber.
18 Eu serei para você s um Pai.

Você s serã o para mim ilhos e ilhas',


diz o Senhor Todo-Poderoso”.
Gálatas 3
1 Gá latas insensatos, que os enfeitiçou para que nã o obedecessem à

verdade, diante de cujos olhos Jesus Cristo foi retratado abertamente


entre você s como cruci icado? 2 Eu só quero aprender isso de você :
você recebeu o Espı́rito pelas obras da lei, ou pelo ouvir da fé ? 3 Você é
tã o tolo? Tendo começado no Espı́rito, você está agora completo na
carne? 4 Sofreste tantas coisas em vã o, se é que é em vã o? 5 Aquele, pois,
que vos dá o Espı́rito e faz milagres entre vó s, o faz pelas obras da lei ou
pela pregaçã o da fé ? 6 Mesmo assim, Abraã o “creu em Deus, e isso lhe
foi imputado para justiça”. 7 Saiba, pois, que os que sã o da fé sã o ilhos
de Abraã o. 8 A Escritura, prevendo que Deus justi icaria pela fé os
gentios, preanunciou a Boa Nova a Abraã o, dizendo: Em ti serã o
benditas todas as naçõ es. 9 Portanto, os que sã o da fé sã o abençoados
com o iel Abraã o. 10 Pois todos os que sã o das obras da lei estã o
debaixo de maldiçã o. Pois está escrito: Maldito todo aquele que nã o
permanecer em todas as coisas que estã o escritas no livro da lei, para
praticá -las. 11 Ora, é evidente que nenhum homem é justi icado pela lei
diante de Deus, pois: “O justo viverá pela fé ”. 12 A lei nã o é de fé , mas:
“Aquele que as praticar viverá por elas”.
13 Cristo nos resgatou da maldiçã o da lei, fazendo-se maldiçã o por

nó s. Pois está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no
madeiro, 14 para que a bê nçã o de Abraã o chegue aos gentios por meio
de Cristo Jesus, para que pela fé recebamos a promessa do Espı́rito.
15 Irmã os, falando de termos humanos, embora seja apenas uma

aliança de homens, mas uma vez con irmada, ningué m a anula ou


acrescenta a ela. 16 Ora, as promessas foram feitas a Abraã o e à sua
descendê ncia. Ele nã o diz “à descendê ncia”, como de muitos, mas como
de um, “à tua descendê ncia”, que é Cristo. 17 Agora digo isto: Uma
aliança previamente con irmada por Deus em Cristo, a lei, que veio
quatrocentos e trinta anos depois, nã o anula, de modo a tornar a
promessa sem efeito. 18 Porque, se a herança é da lei, já nã o é da
promessa; mas Deus o concedeu a Abraã o por promessa.
19 Entã o por que existe a lei? Foi acrescentado por causa das

transgressõ es, até que viesse a descendê ncia a quem a promessa foi
feita. Foi ordenado por meio de anjos pela mã o de um mediador. 20 Ora,
um mediador nã o está entre um, mas Deus é um. 21 A lei é entã o contra
as promessas de Deus? Certamente nã o! Pois se houvesse uma lei dada
que pudesse vivi icar, certamente a justiça teria sido da lei. 22 Mas a
Escritura encerrou todas as coisas sob o pecado, para que a promessa
pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos que crê em.
23 Mas antes que viesse a fé , está vamos presos sob a lei, con inados
para a fé que depois haveria de ser revelada. 24 De modo que a lei se
tornou nosso tutor para nos conduzir a Cristo, para que sejamos
justi icados pela fé . 25 Mas agora que veio a fé , nã o estamos mais
debaixo de um tutor. 26 Pois todos você s sã o ilhos de Deus, pela fé em
Cristo Jesus. 27 Pois todos vó s que fostes batizados em Cristo vos
revestistes de Cristo. 28 Nã o há judeu nem grego, nã o há escravo nem
livre, nã o há homem nem mulher; pois todos sois um em Cristo Jesus.
29 Se sois de Cristo, sois descendê ncia de Abraã o e herdeiros conforme

a promessa.
Isaías 61
1 O Espı́rito do Senhor Javé está sobre mim,
porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos humildes.
Ele me enviou para curar os quebrantados de coraçã o,
proclamar liberdade aos cativos
e solte aos que estã o presos,
2 para proclamar o ano da graça de Yahweh

e o dia da vingança do nosso Deus,


para consolar todos os que choram,
3 para cuidar dos que choram em Siã o,

para dar-lhes uma guirlanda de cinzas,


o ó leo da alegria pelo luto,
a veste de louvor para o espı́rito angustiado,
para que se chamem á rvores de justiça,
a plantaçã o de Javé ,
para que ele seja glori icado.

4 Eles reconstruirã o as velhas ruı́nas.

Eles vã o levantar os antigos lugares devastados.


Eles vã o reparar as cidades em ruı́nas
que foram devastados por muitas geraçõ es.
5 Estranhos icarã o de pé e alimentarã o seus rebanhos.

Estrangeiros trabalharã o seus campos e suas vinhas.


6 Mas você s serã o chamados sacerdotes do Senhor.

Os homens os chamarã o de servos de nosso Deus.


Você comerá a riqueza das naçõ es.
Você vai se vangloriar em sua gló ria.
7 Em vez de sua vergonha, você terá o dobro.

Em vez de desonra, eles se regozijarã o em sua porçã o.


Portanto em sua terra eles possuirã o o dobro.
A alegria eterna será para eles.
8 “Pois eu, Javé , amo a justiça.

Eu odeio roubo e iniquidade.


Eu lhes darei sua recompensa em verdade
e farei com eles uma aliança eterna.
9 Sua descendê ncia será conhecida entre as naçõ es,

e sua descendê ncia entre os povos.


Todos os que os virem os reconhecerã o,
que eles sã o a descendê ncia que o Senhor abençoou”.

10 Regozijar-me-ei grandemente no Senhor!

A minha alma se alegrará no meu Deus,


porque ele me vestiu com as vestes da salvaçã o.
Ele me cobriu com o manto da justiça,
como um noivo se enfeita com uma guirlanda
e como uma noiva se enfeita com suas jó ias.
11 Pois assim como a terra produz o seu broto,

e como o jardim faz brotar o que nele foi semeado,


assim o Senhor Deus fará brotar justiça e louvor diante de todas as
naçõ es.
1 Coríntios 1
1 Paulo, chamado para ser apó stolo de Jesus Cristo pela vontade de

Deus, e nosso irmã o Só stenes, 2 à assemblé ia de Deus que está em


Corinto, aos santi icados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos
os que invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo em todo lugar,
deles e nosso: 3 Graça a vó s e paz da parte de Deus nosso Pai e do
Senhor Jesus Cristo.
4 Sempre dou graças ao meu Deus por vó s, pela graça de Deus que

vos foi dada em Cristo Jesus; 5 que em tudo fostes enriquecidos nele,
em toda palavra e em todo conhecimento; 6 assim como o testemunho
de Cristo foi con irmado em você s: 7 de modo que nenhum dom ica
para trá s; esperando a revelaçã o de nosso Senhor Jesus Cristo; 8 que
també m vos con irmará até ao im, irrepreensı́veis no dia de nosso
Senhor Jesus Cristo. 9 Fiel é Deus, por quem fostes chamados à
comunhã o de seu Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor.
10 Rogo-vos, irmã os, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que

todos faleis a mesma coisa, e que nã o haja divisõ es entre vó s, mas que
juntamente sejais aperfeiçoados no mesmo pensamento e no mesmo
juı́zo. . 11 Pois me foi relatado a respeito de você s, meus irmã os, por
aqueles que sã o da casa de Cloe, que há contendas entre você s. 12 Agora
quero dizer isto, que cada um de você s diz: “Sigo Paulo”, “Sigo Apolo”,
“Sigo Cefas” e “Sigo Cristo”. 13 Cristo está dividido? Paulo foi cruci icado
por você ? Ou você foi batizado em nome de Paulo? 14 Dou graças a Deus
por nã o ter batizado nenhum de você s, exceto Crispo e Gaio, 15 para que
ningué m diga que eu os batizei em meu pró prio nome. 16 (També m
batizei a famı́lia de Esté fanas; alé m deles, nã o sei se batizei outros.) 17
Porque Cristo nã o me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho,
nã o em sabedoria de palavras, para que o cruz de Cristo nã o seria
anulada. 18 Porque a palavra da cruz é loucura para os que estã o
morrendo, mas para nó s, que somos salvos, é o poder de Deus. 19 Pois
está escrito:
“Destruirei a sabedoria dos sá bios.
Eu reduzirei a nada o discernimento dos que tê m discernimento.”
20 Onde está o sá bio? Onde está o escriba? Onde está o advogado
deste mundo? Deus nã o tornou louca a sabedoria deste mundo? 21 Pois
visto que na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria nã o
conheceu a Deus, aprouve a Deus pela loucura da pregaçã o salvar os
que crê em. 22 Porque os judeus pedem sinais, os gregos buscam
sabedoria, 23 mas nó s pregamos a Cristo cruci icado: escâ ndalo para os
judeus e loucura para os gregos, 24 mas para os que sã o chamados,
tanto judeus como gregos, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de
Deus; 25 porque a loucura de Deus é mais sá bia do que os homens, e a
fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.
26 Porque vedes a vossa vocaçã o, irmã os, que nem muitos sã o

sá bios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres; 27
mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para envergonhar os
sá bios. Deus escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as
fortes. 28 Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as
desprezı́veis, e as que nã o existem, para reduzir a nada as que existem,
29 para que nenhuma carne se glorie diante de Deus. 30 Por causa dele

estais em Cristo Jesus, que da parte de Deus nos foi feito sabedoria, e
justiça, e santi icaçã o, e redençã o; 31 isto, como está escrito: Quem se
gloriar, glorie-se no Senhor.
Efésios 5
1 Sede, pois, imitadores de Deus, como ilhos amados. 2 Andai em
amor, como també m Cristo nos amou e se entregou por nó s, como
oferta e sacrifı́cio a Deus em cheiro suave.
3 Mas a imoralidade sexual, e toda impureza ou avareza, nem

sequer seja mencionada entre vó s, como convé m aos santos; 4 nem
torpezas, nem conversas tolas, nem gracejos que nã o convê m, mas
antes açõ es de graças.
5 Saibam com certeza que nenhum imoral, nem impuro, nem

avarento, que é idó latra, tem herança no Reino de Cristo e de Deus.


6 Ningué m te engane com palavras vã s. Por causa dessas coisas, a

ira de Deus vem sobre os ilhos da desobediê ncia. 7 Portanto, nã o sejas
participante deles. 8 Pois você s antes eram trevas, mas agora sã o luz no
Senhor. Andai como ilhos da luz, 9 porque o fruto do Espı́rito está em
toda a bondade, justiça e verdade, 10 provando o que agrada ao Senhor.
11 Nã o tenhais comunhã o com as obras infrutı́feras das trevas, mas

antes até as repreendais. 12 Pois é até vergonhoso falar das coisas que
eles fazem em segredo. 13 Mas todas as coisas, quando reprovadas, sã o
reveladas pela luz, pois tudo o que revela é luz. 14 Por isso diz: Desperta,
tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo resplandecerá
sobre ti.
15 Portanto, observe com cuidado como você anda, nã o como
né scios, mas como sá bios, 16 redimindo o tempo, porque os dias sã o
maus. 17 Portanto, nã o sejam tolos, mas entendam qual é a vontade do
Senhor. 18 Nã o vos embriagueis com vinho, que leva à libertinagem,
mas enchei-vos do Espı́rito, 19 falando uns aos outros com salmos,
hinos e câ nticos espirituais; cantando e entoando melodia em seu
coraçã o ao Senhor; 20 dando sempre graças por todas as coisas em
nome de nosso Senhor Jesus Cristo, a Deus e Pai; 21 sujeitando-vos uns
aos outros no temor de Cristo.
22 Mulheres, sujeitem-se a seus pró prios maridos, como ao Senhor.
23 Porque o marido é a cabeça da mulher, como també m Cristo é a
cabeça da assemblé ia, sendo ele mesmo o salvador do corpo. 24 Mas,
como a assemblé ia está sujeita a Cristo, assim també m as mulheres
estejam em tudo com seus maridos.
25 Maridos, amai vossas mulheres, como també m Cristo amou a

assemblé ia e se entregou por ela; 26 para santi icá -lo, tendo-o


puri icado pela lavagem da á gua pela palavra, 27 para apresentar a
congregaçã o a si mesmo gloriosamente, sem má cula, nem ruga, nem
coisa semelhante; mas que seja santo e sem defeito. 28 Assim també m
os maridos devem amar suas pró prias mulheres como a seus pró prios
corpos. Aquele que ama sua pró pria esposa ama a si mesmo. 29 Pois
nenhum homem jamais odiou a sua pró pria carne; mas a nutre e
acalenta, assim como o Senhor també m faz a assemblé ia; 30 porque
somos membros do seu corpo, da sua carne e dos seus ossos. 31 “Por
isso o homem deixará pai e mã e e se unirá à sua mulher. Entã o os dois
se tornarã o uma só carne”. 32 Grande é este misté rio, mas falo de Cristo
e da assemblé ia. 33 No entanto, cada um de você s també m deve amar a
sua pró pria esposa como a si mesmo; e deixe a esposa ver que ela
respeita seu marido.
João 17
1 Jesus disse essas coisas e, levantando os olhos para o cé u, disse:

“Pai, chegou a hora. Glori ica teu Filho, para que teu Filho també m te
glori ique; 2 assim como você lhe deu autoridade sobre toda a carne,
assim ele dará a vida eterna a todos os que você lhe deu. 3 Esta é a vida
eterna, que te conheçam, o ú nico Deus verdadeiro, e aquele que
enviaste, Jesus Cristo. 4 Eu te glori iquei na terra. Eu realizei o trabalho
que você me deu para fazer. 5 Agora, Pai, glori ica-me contigo mesmo
com a gló ria que eu tinha contigo antes que o mundo existisse. 6 Eu
revelei seu nome para as pessoas que você me deu do mundo. Eles
eram seus, e você os deu para mim. Eles mantiveram sua palavra. 7
Agora eles sabem que todas as coisas que você me deu sã o de você , 8
porque as palavras que me deste eu lhes dei, e eles as receberam, e
sabiam com certeza que eu vim de você . Eles acreditaram que você me
enviou. 9 Eu rezo por eles. Nã o rogo pelo mundo, mas por aqueles que
me deste, porque sã o teus. 10 Todas as coisas que sã o minhas sã o suas,
e as suas sã o minhas, e eu sou glori icado nelas. 11 Eu nã o estou mais
no mundo, mas estes estã o no mundo, e eu vou para você . Santo Padre,
guarda-os pelo teu nome que me deste, para que sejam um, assim
como nó s. 12 Enquanto eu estava com eles no mundo, eu os guardei em
seu nome. Eu guardei aqueles que você me deu. Nenhum deles está
perdido, exceto o ilho da destruiçã o, para que a Escritura possa ser
cumprida. 13 Mas agora vou ter convosco e digo estas coisas no mundo,
para que eles tenham a minha alegria completa em si mesmos. 14 Eu
lhes dei sua palavra. O mundo os odiou, porque eles nã o sã o do mundo,
assim como eu nã o sou do mundo. 15 Eu oro nã o para que você os tire
do mundo, mas para que você os guarde do maligno. 16 Eles nã o sã o do
mundo assim como eu nã o sou do mundo. 17 Santi ica-os na tua
verdade. Sua palavra é a verdade. 18 Assim como você me enviou ao
mundo, eu també m os enviei ao mundo. 19 Por eles eu me santi ico,
para que també m eles sejam santi icados na verdade. 20 Nã o só por
estes oro, mas també m por aqueles que, pela sua palavra, crerem em
mim, 21 para que todos sejam um; assim como tu, Pai, está s em mim e
eu em ti, para que també m eles sejam um em nó s; para que o mundo
creia que me enviaste. 22 A gló ria que você me deu, eu dei a eles; que
eles possam ser um, assim como nó s somos um; 23 eu neles, e você em
mim, para que sejam aperfeiçoados em um; para que o mundo saiba
que você me enviou e os amou, assim como você me amou. 24 Pai,
desejo que també m aqueles que me deste estejam comigo onde eu
estiver, para que vejam a minha gló ria, que me deste, porque me
amaste antes da fundaçã o do mundo. 25 Justo Pai, o mundo nã o te
conhece, mas eu te conheço; e estes sabiam que me enviaste. 26 Eu lhes
dei a conhecer o teu nome, e o farei conhecer; que o amor com que me
amaste esteja neles e eu neles”.
Cantares de Salomão 1
1 O Câ ntico dos câ nticos, que é de Salomã o.
Amado
2 Beije-me com os beijos de sua boca;

porque o teu amor é melhor do que o vinho.


3 Seus ó leos tê m uma fragrâ ncia agradá vel.

Seu nome é ó leo derramado,


por isso as virgens te amam.
4 Leve-me embora com você .

Vamos, depressa.
O rei me trouxe para seus aposentos.
Amigos
Ficaremos felizes e regozijaremos em você .
Vamos louvar o seu amor mais do que o vinho!
Amado
Eles estã o certos em te amar.
5 Sou moreno, mas adorá vel,

vó s, ilhas de Jerusalé m,


como as tendas de Kedar,
como as cortinas de Salomã o.
6 Nã o olhe para mim porque estou escuro,

porque o sol me queimou.


Os ilhos da minha mã e icaram zangados comigo.
Eles me izeram guardiã o das vinhas.
Eu nã o mantive meu pró prio vinhedo.
7 Diga-me, você a quem minha alma ama,

onde você pasta seu rebanho,


onde você os descansa ao meio-dia;
por que eu deveria ser como algué m que está velado
ao lado dos rebanhos de seus companheiros?
Amante
8 Se você nã o sabe, mais bela entre as mulheres,

siga as pegadas das ovelhas.


Pastam seus cabritos ao lado das tendas dos pastores.

9 Eu te comparei, meu amor,

a um corcel nos carros de Faraó .


10 Suas bochechas icam lindas com brincos,

seu pescoço com colares de jó ias.


Amigos
11 Faremos para você brincos de ouro,

com tachas de prata.


Amado
12 Enquanto o rei estava sentado à sua mesa,

meu perfume espalhou sua fragrâ ncia.


13 O meu amado é para mim um sachê de mirra,

que ica entre meus seios.


14 Meu amado é para mim um cacho de lores de hena

das vinhas de En Gedi.


Amante
15 Eis que você é linda, meu amor.

Eis que você é linda.


Seus olhos sã o como pombas.
Amado
16 Eis que é s formosa, minha amada, sim, agradá vel;

e nosso sofá é verdejante.


Amante
17 As vigas da nossa casa sã o cedros.

Nossas vigas sã o abetos.


João 12
1 Seis dias antes da Pá scoa, Jesus chegou a Betâ nia, onde estava

Lá zaro, que havia morrido, a quem ressuscitou dos mortos. 2 Entã o eles
izeram uma ceia para ele ali. Marta serviu, mas Lá zaro foi um dos que
se sentaram à mesa com ele. 3 Entã o Maria tomou uma libra de
unguento de nardo puro, muito precioso, e ungiu os pé s de Jesus e os
enxugou com os cabelos. A casa encheu-se da fragrâ ncia do unguento. 4
Entã o Judas Iscariotes, ilho de Simã o, um de seus discı́pulos, que o
havia de trair, disse: 5 “Por que nã o se vendeu este ungü ento por
trezentos dená rios e se deu aos pobres?” 6 Ora, ele disse isso, nã o
porque cuidasse dos pobres, mas porque era ladrã o e, tendo a caixa de
dinheiro, costumava roubar o que nela se colocava. 7 Mas Jesus disse:
“Deixe-a em paz. Ela guardou isso para o dia do meu enterro. 8 Porque
sempre tens os pobres contigo, mas nem sempre tens a mim.”
9 Assim, uma grande multidã o de judeus soube que ele estava ali, e

vieram, nã o somente por causa de Jesus, mas també m para ver Lá zaro,
a quem ele havia ressuscitado dentre os mortos. 10 Mas os principais
sacerdotes conspiraram para matar també m Lá zaro, 11 porque por
causa dele muitos judeus foram e creram em Jesus.
12 No dia seguinte, uma grande multidã o veio à
festa. Quando
souberam que Jesus estava vindo para Jerusalé m, 13 tomaram os ramos
das palmeiras, saı́ram ao seu encontro e clamaram: “Hosana! Bem-
aventurado aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel!”
14 Jesus, tendo encontrado um jumentinho, montou nele. Como está

escrito: 15 “Nã o tenha medo, ilha de Siã o. Eis que vem o teu Rei,
montado num jumentinho”. 16 Seus discı́pulos nã o entenderam essas
coisas a princı́pio, mas quando Jesus foi glori icado, entã o eles se
lembraram de que essas coisas foram escritas a respeito dele, e que
eles izeram isso com ele. 17 A multidã o, pois, que estava com ele,
quando chamou Lá zaro do sepulcro e o ressuscitou dentre os mortos,
dava testemunho disso. 18 Por isso també m a multidã o foi ao encontro
dele, porque ouviram que ele havia feito este sinal. 19 Os fariseus,
portanto, disseram entre si: “Vejam como você s nã o realizam nada. Eis
que o mundo foi atrá s dele”.
20 Ora, havia alguns gregos entre os que subiram para adorar na

festa. 21 Estes, pois, foram ter com Filipe, que era de Betsaida da
Galilé ia, e lhe perguntaram, dizendo: Senhor, queremos ver Jesus. 22
Filipe veio e contou a André e, por sua vez, André veio com Filipe, e eles
contaram a Jesus. 23 Jesus lhes respondeu: “Chegou a hora de o Filho do
Homem ser glori icado. 24 Certamente eu lhe digo, a menos que um
grã o de trigo caia na terra e morra, ele permanece sozinho. Mas se
morrer, dará muito fruto. 25 Quem ama a sua vida vai perdê -la. Aquele
que odeia sua vida neste mundo a guardará para a vida eterna. 26 Se
algué m me serve, que me siga. Onde eu estiver, ali estará també m o
meu servo. Se algué m me serve, o Pai o honrará .
27 “Agora minha alma estáperturbada. Oque eu devo dizer? 'Pai, me
salve desta vez?' Mas eu vim para este momento por esta causa. 28 Pai,
glori ique o seu nome!”
Entã o uma voz saiu do cé u, dizendo: “Já o glori iquei e o
glori icarei novamente”.
29 Por isso a multidã o que estava ali e o ouviu disse que havia

trovejado. Outros diziam: “Um anjo falou com ele”.


30 Jesus respondeu: “Esta voz nã o veio por mim, mas por você s. 31

Agora é o julgamento deste mundo. Agora o prı́ncipe deste mundo será


expulso. 32 E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim”. 33
Mas ele disse isso, signi icando por que tipo de morte ele deveria
morrer. 34 A multidã o lhe respondeu: “Ouvimos da lei que o Cristo
permanece para sempre. Como você diz: 'O Filho do Homem deve ser
levantado?' Quem é este Filho do Homem?”
35 Jesus, entã o, lhes disse: “Ainda um pouco a luz está
com você s.
Ande enquanto você tem a luz, que a escuridã o nã o te alcance. Quem
anda nas trevas nã o sabe para onde vai. 36 Enquanto você s tê m a luz,
creiam na luz, para que você s se tornem ilhos da luz”. Jesus disse essas
coisas, e ele partiu e se escondeu deles. 37 Mas, embora tivesse feito
tantos sinais diante deles, eles nã o creram nele, 38 para que se
cumprisse a palavra do profeta Isaı́as, que ele falou,
“Senhor, quem acreditou em nosso relató rio?
A quem foi revelado o braço do Senhor?”
39 Por isso eles nã o podiam acreditar, pois Isaı́as disse novamente:
40 “Ele cegou os olhos deles e endureceu o coraçã o deles,

para que nã o vejam com os olhos,


e perceber com o coraçã o,
e iria virar,
e eu os curaria”.
41 Isaı́as disse estas coisas quando viu a sua gló ria, e falou dele. 42

No entanto, muitos dos prı́ncipes creram nele, mas por causa dos
fariseus nã o o confessaram, para nã o serem expulsos da sinagoga, 43
porque amavam mais o louvor dos homens do que o louvor de Deus.
44 Jesus gritou e disse: “Quem crê em mim, nã o crê em mim, mas
naquele que me enviou. 45 Quem me vê , vê aquele que me enviou. 46 Eu
vim como luz ao mundo, para que todo aquele que crê em mim nã o
permaneça nas trevas. 47 Se algué m ouve minhas palavras e nã o
acredita, eu nã o o julgo. Pois nã o vim para julgar o mundo, mas para
salvar o mundo. 48 Quem me rejeita e nã o aceita as minhas palavras,
tem quem o julgue. A palavra que eu falei o julgará no ú ltimo dia. 49 Pois
eu nã o falei por mim mesmo, mas pelo Pai que me enviou, ele me deu
um mandamento, o que eu deveria dizer e o que eu deveria falar. 50 Sei
que seu mandamento é a vida eterna. Portanto, as coisas que eu falo,
como o Pai me disse, assim falo”.
Isaías 57
1 Os justos perecem,

e ningué m coloca isso no coraçã o.


Homens misericordiosos sã o levados,
e ningué m considera que o justo é tirado do mal.
2 Ele entra em paz.

Eles descansam em suas camas,


cada um que anda na sua retidã o.

3 “Mas aproximem-se daqui, ilhos de uma feiticeira,


você s, descendê ncia de adú lteros e prostitutas.
4 De quem você zomba?

Contra quem você faz uma boca larga


e esticar a lı́ngua?
Você s nã o sã o ilhos da desobediê ncia
e ilhos da falsidade,
5 você s que se in lamam entre os carvalhos,

debaixo de cada á rvore verde;


que matam as crianças nos vales,
sob as fendas das rochas?
6 Entre as pedras lisas do vale está a tua porçã o.

Eles, eles sã o o seu lote.


Você até lhes serviu uma oferta de bebida.
Você ofereceu uma oferta.
Devo ser apaziguado por essas coisas?
7 Em uma alta e alta montanha você colocou sua cama.

Você també m subiu lá para oferecer sacrifı́cio.


8 Você ergueu seu memorial atrá s das portas e das ombreiras,

pois você se expô s a algué m alé m de mim,


e subiram.
Você ampliou sua cama
e iz aliança com eles.
Você amou o que viu na cama deles.
9 Você foi ao rei com azeite,
aumentou seus perfumes,
enviou seus embaixadores para longe,
e se rebaixou até o Sheol.
10 Estavas cansado da extensã o dos teus caminhos;

mas você nã o disse: 'E em vã o'.


Você encontrou um reavivamento de sua força;
portanto você nã o estava desmaiado.

11 “A quem você temeu e temeu,


para que você minta,
e nã o te lembraste de mim, nem puseste isso no teu coraçã o?
Eu nã o mantive minha paz por um longo tempo,
e você nã o tem medo de mim?
12 Declararei a tua justiça;

e quanto à s suas obras, elas nã o o bene iciarã o.


13 Quando você chora,

libertem-te aqueles que ajuntaste;


mas o vento os levará .
um sopro os levará a todos:
mas aquele que se refugia em mim possuirá a terra,
e herdarei o meu santo monte”.

14 Ele dirá : “Construa, edi


ique, prepare o caminho!
Remova a pedra de tropeço do caminho do meu povo”.
15 Para o alto e sublime que habita a eternidade,

cujo nome é Santo, diz:


“Habito no alto e santo lugar, també m com o contrito e abatido de
espı́rito,
para reavivar o espı́rito dos humildes,
e reavivar o coraçã o do contrito.
16 Pois nã o contenderei para sempre, nem sempre estarei irado;

pois o espı́rito desfaleceria diante de mim,


e as almas que eu iz.
17 Fiquei indignado por causa da iniqü idade da sua avareza e o

feri.
Eu me escondi e iquei com raiva;
e ele continuou se desviando no caminho de seu coraçã o.
18 Eu vi os seus caminhos e o curarei.

Eu o conduzirei també m,
e restaure o conforto a ele e aos seus enlutados.
19 Eu crio o fruto dos lá bios:

Paz, paz, para quem está longe e para quem está perto”.
diz o Senhor; “e eu os curarei”.
20 Mas os ı́mpios sã o como o mar agitado;

pois nã o pode descansar e suas á guas lançam lama e lama.


21 “Nã o há paz”, diz meu Deus,

“para os ı́mpios”.
Provérbios 3
1 Meu ilho, nã o se esqueça do meu ensino;
mas que o teu coraçã o guarde os meus mandamentos:
2 porque eles vos aumentarã o a duraçã o dos dias,

anos de vida e paz.


3 Nã o deixes que a bondade e a verdade te abandonem.

Amarre-os em volta do pescoço.


Escreva-os na tá bua do seu coraçã o.
4 Assim você achará graça,

e bom entendimento aos olhos de Deus e dos homens.


5 Con ia no Senhor de todo o teu coraçã o,

e nã o se apó ie em seu pró prio entendimento.


6 Reconheça-o em todos os seus caminhos,

e ele endireitará as tuas veredas.


7 Nã o seja sá bio aos seus pró prios olhos.

Temei ao Senhor e apartai-vos do mal.


8 Será saú de para o seu corpo,

e nutriçã o para seus ossos.


9 Honra ao Senhor com os teus bens,

com as primı́cias de toda a tua renda:


10 para que seus celeiros se encham de fartura,

e as vossas cubas transbordarã o de vinho novo.


11 Filho meu, nã o despreze a disciplina do Senhor,

nem se canse de sua correçã o;


12 a quem o Senhor ama, ele corrige,

assim como um pai repreende o ilho em quem se deleita.

13 Feliz éo homem que encontra sabedoria,


o homem que entende.
14 Pois seu bom lucro é melhor do que obter prata,

e seu retorno é melhor do que ouro ino.


15 Ela é mais preciosa do que rubis.

Nenhuma das coisas que você pode desejar deve ser comparada a
ela.
16 A duraçã o dos dias está na sua mã o direita.
Em sua mã o esquerda há riquezas e honra.
17 Os seus caminhos sã o caminhos de delı́cias.

Todos os seus caminhos sã o paz.


18 Ela é á rvore de vida para os que dela se apegam.

Feliz é todo aquele que a reté m.


19 Com sabedoria o Senhor fundou a terra.

Pelo entendimento, ele estabeleceu os cé us.


20 Pelo seu conhecimento, as profundezas foram quebradas,

e os cé us descem o orvalho.


21 Meu ilho, nã o deixe que eles se afastem de seus olhos.

Mantenha a boa sabedoria e discriçã o:


22 para que sejam vida para a tua alma,

e graça para o seu pescoço.


23 Entã o andará s seguro no teu caminho.

Seu pé nã o vai tropeçar.


24 Quando você se deitar, nã o terá medo.

Sim, você se deitará e seu sono será doce.


25 Nã o tenha medo do medo repentino,

nem da desolaçã o dos ı́mpios, quando vier;


26 porque o Senhor será a tua con iança,

e evitará que seu pé seja levado.

27 Nã o negues o bem a quem é devido,


quando está no poder de sua mã o fazê -lo.
28 Nã o diga ao seu pró ximo: “Vá e volte;

amanhã eu te darei”,
quando você tem isso por você .
29 Nã o planeje o mal contra o seu pró ximo,

visto que ele habita seguro junto de ti.


30 Nã o discuta com um homem sem motivo,

se ele nã o te fez mal.


31 Nã o tenha inveja do homem violento.

Escolha nenhum de seus caminhos.


32 Porque o perverso é abominaçã o ao Senhor,
mas sua amizade é com os justos.
33 A maldiçã o do Senhor está na casa do ı́mpio,

mas ele abençoa a habitaçã o dos justos.


34 Certamente ele zomba dos escarnecedores,

mas dá graça aos humildes.


35 Os sá bios herdarã o a gló ria,

mas a vergonha será a promoçã o dos tolos.


Salmos 40
Para o Músico Chefe. Um Salmo de Davi.
1 Esperei pacientemente pelo Senhor.

Ele se virou para mim e ouviu meu choro.


2 També m me tirou de uma cova horrı́vel,

fora do barro de lodo.


Ele colocou meus pé s em uma rocha,
e me deu um lugar irme para icar.
3 Ele pô s na minha boca um novo câ ntico, um louvor ao nosso

Deus.
Muitos o verã o, e temerã o, e con iarã o no Senhor.
4 Bem-aventurado o homem que con ia em Javé ,

e nã o respeita os orgulhosos, nem os que se desviam para a


mentira.
5 Muitas sã o, ó Senhor, meu Deus, as maravilhas que izeste,

e seus pensamentos que sã o para nó s.


Eles nã o podem ser declarados de volta para você .
Se eu declarasse e falasse deles, eles sã o mais do que podem ser
contados.
6 Sacrifı́cio e oferta que nã o desejaste.

Você abriu meus ouvidos.


Você nã o exigiu holocausto e oferta pelo pecado.
7 Entã o eu disse: “Eis que venho.

Está escrito sobre mim no livro do pergaminho.


8 Deleito-me em fazer a tua vontade, meu Deus.

Sim, a tua lei está dentro do meu coraçã o.”


9 Anunciei boas novas de justiça na grande assemblé ia.

Eis que nã o selarei os meus lá bios, Senhor, tu sabes.


10 Nã o escondi a tua justiça no meu coraçã o.

Eu declarei sua idelidade e sua salvaçã o.


Eu nã o escondi sua bondade e sua verdade da grande assemblé ia.
11 Nã o retires de mim as tuas misericó rdias, ó Senhor.

Que sua bondade e sua verdade me preservem continuamente.


12 Pois inú meros males me cercaram.

As minhas iniqü idades me alcançaram, de modo que nã o posso


olhar para cima.
Eles sã o mais do que os cabelos da minha cabeça.
Meu coraçã o falhou comigo.
13 Agrada-te, Senhor, em livrar-me.

Apresse-se em me ajudar, Yahweh.


14 Sejam confundidos e confundidos juntos os que buscam a

minha alma para destruı́-la.


Que sejam virados para trá s e desonrados os que se deleitam com
minha dor.
15 Sejam desolados por causa de sua vergonha os que me dizem:

“Ah! Ah!”
16 Alegrem-se e regozijem-se em ti todos os que te procuram.

Que os que amam a sua salvaçã o digam continuamente: “Exaltado


seja o Senhor!”
17 Mas eu sou pobre e necessitado.

Que o Senhor pense em mim.


Você é minha ajuda e meu libertador.
Nã o demore, meu Deus.
Salmos 69
Para o Músico Chefe. Ao som de “Lírios”. Por Davi.
1 Salva-me, Deus,

pois as á guas chegaram ao meu pescoço!


2 Afundo na lama profunda, onde nã o há apoio para os pé s.

Entrei em á guas profundas, onde as inundaçõ es me transbordam.


3 Estou cansado de chorar.

Minha garganta está seca.


Meus olhos falham procurando meu Deus.
4 Aqueles que me odeiam sem motivo sã o mais do que os cabelos

da minha cabeça.
Aqueles que querem me cortar, sendo meus inimigos
injustamente, sã o poderosos.
Eu tenho que restaurar o que eu nã o tirei.
5 Deus, tu conheces a minha tolice.

Meus pecados nã o estã o escondidos de você .


6 Nã o se envergonhe por mim os que esperam em ti, Senhor Javé

dos Exé rcitos.


Nã o permita que aqueles que te buscam sejam desonrados por
mim, Deus de Israel.
7 Porque, por amor de ti, suportei o opró brio.

A vergonha cobriu meu rosto.


8 Tornei-me um estranho para meus irmã os,

um estranho para os ilhos de minha mã e.


9 Pois o zelo da tua casa me consome.

As injú rias dos que te injuriam caı́ram sobre mim.


10 Quando chorei e jejuei,

isso foi para minha reprovaçã o.


11 Quando iz de saco a minha roupa,

Eu me tornei um sinô nimo para eles.


12 Os que estã o sentados no portã o falam de mim.

Eu sou a cançã o dos bê bados.


13 Quanto a mim, minha oraçã o é para você , Senhor, em tempo
aceitá vel.
Deus, na abundâ ncia da tua benignidade, responde-me na verdade
da tua salvaçã o.
14 Livra-me da lama, e nã o me deixes afundar.

Deixe-me ser liberto daqueles que me odeiam, e das á guas


profundas.
15 Nã o deixe que as á guas do dilú vio me subjuguem,

nem deixe o abismo me engolir.


Nã o deixe o poço fechar a boca em mim.
16 Responde-me, Senhor, porque a tua benignidade é boa.

De acordo com a multidã o de suas ternas misericó rdias, volte-se


para mim.
17 Nã o esconda o rosto do seu servo,

pois estou em apuros.


Responda-me rapidamente!
18 Aproxima-te da minha alma e resgata-a.

Resgate-me por causa dos meus inimigos.


19 Você conhece meu opró brio, minha vergonha e minha desonra.

Meus adversá rios estã o todos diante de você .


20 O opró brio partiu meu coraçã o, e estou sobrecarregado.

Procurei alguns para ter pena, mas nã o havia nenhum;


para edredons, mas nã o encontrei nenhum.
21 Eles també m me deram veneno para a minha comida.

Na minha sede, eles me deram vinagre para beber.


22 Torne-se uma armadilha a mesa deles diante deles.

Que se torne uma retribuiçã o e uma armadilha.


23 Escureçam-se os olhos deles, para que nã o vejam.

Que suas costas sejam continuamente dobradas.


24 Derrama sobre eles a tua indignaçã o.

Deixe que a ferocidade da sua ira os alcance.


25 Seja assolada a sua habitaçã o.

Que ningué m habite em suas tendas.


26 Pois perseguem aquele a quem você feriu.
Eles falam da tristeza daqueles a quem você feriu.
27 Acusá -los de crime sobre crime.

Nã o os deixe entrar em sua justiça.


28 Sejam riscados do livro da vida,

e nã o seja escrito com os justos.


29 Mas estou com dor e angú stia.

Deixe sua salvaçã o, Deus, me proteger.


30 Com câ nticos louvarei o nome de Deus,

e o engrandecerá com açõ es de graças.


31 Agradará ao Senhor melhor do que ao boi,

ou um touro que tem chifres e cascos.


32 Os humildes viram isso e se alegram.

Você que busca a Deus, deixe seu coraçã o viver.


33 Pois o Senhor ouve os necessitados,

e nã o despreza seu povo cativo.


34 Louvem-no o cé u e a terra;

os mares e tudo o que neles se move!


35 Porque Deus salvará Siã o e edi icará as cidades de Judá .

Eles devem se estabelecer lá , e possuı́-lo.


36 També m os ilhos de seus servos a herdarã o.

Os que amam o seu nome habitarã o nele.


Trabalho 3
1 Depois disso, Jó abriu a boca e amaldiçoou o dia de seu
nascimento. 2 Jó respondeu:
3 “Pereça o dia em que nasci,

a noite que disse, 'Há um menino concebido.'


4 Que esse dia seja escuridã o.

Nã o deixe Deus de cima buscar por isso,


nem deixe a luz brilhar sobre ela.
5 Deixe que as trevas e a sombra da morte a reclamem para si.

Deixe uma nuvem habitar nele.


Deixe que tudo o que torna o dia negro o apavore.
6 Quanto à quela noite, apoderem-se dela densas trevas.

Nã o se regozije entre os dias do ano.


Que nã o entre no nú mero dos meses.
7 Eis que aquela noite seja esté ril.

Que nenhuma voz alegre venha nele.


8 Amaldiçoem os que amaldiçoam o dia,

que estã o prontos para despertar o leviatã .


9 Que as estrelas do seu crepú sculo sejam escuras.

Deixe-o procurar luz, mas nã o tenha nenhuma,


nem veja as pá lpebras da manhã ,
10 porque nã o fechou as portas do ventre de minha mã e,

nem escondeu problemas de meus olhos.

11 “Por que nã o morri desde o ventre?

Por que nã o desisti do espı́rito quando minha mã e me deu à luz?
12 Por que os joelhos me receberam?

Ou por que o peito, que devo amamentar?


13 Pois agora eu deveria ter me deitado e icado quieto.

Eu deveria ter dormido, entã o eu estaria em repouso,


14 com reis e conselheiros da terra,

que construı́ram lugares desolados para si mesmos;


15 ou com prı́ncipes que tinham ouro,
que encheram suas casas de prata:
16 ou como um nascimento prematuro oculto eu nã o tinha sido,

como crianças que nunca viram a luz.


17 Ali os ı́mpios cessam de perturbar.

Ali os cansados descansam.


18 Ali os presos estã o juntos à vontade.

Eles nã o ouvem a voz do capataz.


19 Os pequenos e os grandes estã o lá .

O servo está livre de seu mestre.

20 “Por que se dá luz ao a lito,


vida ao amargo na alma,
21 Que anseiam pela morte, mas ela nã o vem;

e cavai mais por ela do que por tesouros escondidos,


22 que se alegram muito,

e estã o felizes, quando eles podem encontrar a sepultura?


23 Por que se dá luz ao homem cujo caminho está escondido,

em quem Deus se protegeu?


24 Pois o meu suspiro vem antes de eu comer.

Meus gemidos sã o derramados como á gua.


25 Pois o que temo vem sobre mim,

Aquilo de que tenho medo vem a mim.


26 Nã o estou sossegado, nem sossegado, nem tenho descanso;

mas o problema vem.”


Eclesiastes 9
1 Por tudo isso coloquei no meu coraçã o, mesmo para explorar tudo

isso: que os justos, e os sá bios, e suas obras, estã o nas mã os de Deus;
se é amor ou ó dio, o homem nã o sabe; tudo está diante deles. 2 Todas
as coisas sã o iguais para todos. Há um evento para o justo e para o
ı́mpio; ao bom, ao puro, ao imundo, ao que sacri ica e ao que nã o
sacri ica. Como é o bem, assim é o pecador; quem jura, como quem
teme um juramento. 3 Isto é um mal em tudo o que se faz debaixo do
sol, que há um evento para todos: sim també m, o coraçã o dos ilhos dos
homens está cheio de maldade, e a loucura está em seu coraçã o
enquanto eles vivem, e depois disso eles vã o para os mortos. 4 Pois para
aquele que se une a todos os viventes há esperança; pois um cã o vivo é
melhor do que um leã o morto. 5 Porque os vivos sabem que hã o de
morrer, mas os mortos nada sabem, nem tampouco tê m recompensa;
pois sua memó ria é esquecida. 6 També m seu amor, seu ó dio e sua
inveja pereceram há muito tempo; nem tê m eles parte para sempre em
qualquer coisa que se faça debaixo do sol.
7 Vai, come com alegria o teu pã o e bebe com alegria o teu vinho;

pois Deus já aceitou suas obras. 8 Sejam sempre brancas as suas vestes,
e nã o falte ó leo à sua cabeça. 9 Viva alegremente com a mulher que você
ama todos os dias da sua vida de vaidade, que ele lhe deu debaixo do
sol, todos os seus dias de vaidade, pois essa é a sua porçã o na vida e no
seu trabalho em que você trabalha sob o sol. 10 O que a sua mã o achar
para fazer, faça-o com toda a sua força; pois nã o há trabalho, nem plano,
nem conhecimento, nem sabedoria, no Sheol, para onde você está indo.
11 Voltei e vi debaixo do sol que nã o é
para os ligeiros a carreira,
nem para os fortes a batalha, nem para os sá bios o pã o, nem para os
entendidos as riquezas, nem para os entendidos o favor; mas o tempo e
o acaso acontecem a todos eles. 12 Pois o homem també m nã o conhece
o seu tempo. Como os peixes que sã o apanhados na rede maligna, e
como as aves que sã o apanhadas no laço, assim os ilhos dos homens
sã o enlaçados no mau tempo, quando de repente cai sobre eles.
13 Assim també m vi sabedoria debaixo do sol, e pareceu-me grande.
14 Havia uma pequena cidade e poucos homens nela; e um grande rei

veio contra ela, sitiou-a e construiu grandes baluartes contra ela. 15


Acharam-se nela um pobre sá bio, que pela sua sabedoria livrou a
cidade; no entanto, nenhum homem se lembrava daquele mesmo pobre
homem. 16 Entã o eu disse: “A sabedoria é melhor do que a força”. No
entanto, a sabedoria do pobre é desprezada, e suas palavras nã o sã o
ouvidas. 17 As palavras do sá bio ouvidas em silê ncio sã o melhores do
que o clamor daquele que governa entre os tolos. 18 A sabedoria é
melhor do que as armas de guerra; mas um pecador destró i muito bem.
Salmos 27
Por Davi.
1 Javé é minha luz e minha salvaçã o.

A quem devo temer?


Javé é a força da minha vida.
De quem terei medo?
2 Quando os malfeitores vieram a mim para comer minha carne,

até meus adversá rios e meus inimigos, eles tropeçaram e caı́ram.


3 Ainda que um exé rcito acampe contra mim,

meu coraçã o nã o temerá .


Embora a guerra se levante contra mim,
mesmo assim estarei con iante.
4 Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei:

para que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha


vida,
para ver a beleza de Yahweh,
e consultar no seu templo.
5 Pois no dia da angú stia ele me guardará secretamente em seu

pavilhã o.
No esconderijo do seu taberná culo, ele me esconderá .
Ele vai me levantar em uma rocha.
6 Agora minha cabeça será erguida acima dos meus inimigos ao

meu redor.
Oferecerei sacrifı́cios de alegria em sua tenda.
Eu cantarei, sim, cantarei louvores ao Senhor.

7 Ouve, Senhor, quando clamo com a minha voz.

Tem misericó rdia també m de mim, e responde-me.


8 Quando você disse: “Procure minha face”,

meu coraçã o te disse: “Buscarei a tua face, Senhor”.


9 Nã o esconda seu rosto de mim.

Nã o rejeite seu servo com raiva.


Você tem sido minha ajuda.
Nã o me abandone,
nem me abandones, Deus da minha salvaçã o.
10 Quando meu pai e minha mã e me abandonam,

entã o o Senhor me acolherá .


11 Ensina-me o teu caminho, Senhor.

Guia-me por um caminho reto, por causa dos meus inimigos.


12 Nã o me entregue ao desejo dos meus adversá rios,

porque falsas testemunhas se levantaram contra mim,


como exalar crueldade.
13 Ainda estou con iante disso:

Verei a bondade de Javé na terra dos viventes.


14 Espere por Javé .

Seja forte, e deixe seu coraçã o tomar coragem.


Sim, espere por Yahweh.
Isaías 40
1 “Consolem, consolem meu povo”, diz o seu Deus. 2 “Fale

confortavelmente com Jerusalé m; e clama a ela que a sua guerra está


consumada, que a sua iniqü idade foi perdoada, que ela recebeu da mã o
do Senhor em dobro por todos os seus pecados”.
3 A voz de quem clama,

“Preparem o caminho de Javé no deserto!


Faça uma estrada plana no deserto para o nosso Deus.
4 Todo vale será exaltado,

e todos os montes e colinas serã o abatidos.


O desnivel deve ser nivelado,
e o á spero coloca uma planı́cie.
5 A gló ria do Senhor será revelada,

e toda a carne juntamente o verá ;


porque a boca do Senhor o disse”.

6 A voz de quem diz: “Clame!”

Um disse: “O que devo chorar?”


“Toda carne é como erva,
e toda a sua gló ria é como a lor do campo.
7 A grama murcha,

a lor murcha,
porque o sopro de Yahweh sopra sobre ela.
Certamente as pessoas sã o como grama.
8 A grama murcha,

a lor murcha;
mas a palavra do nosso Deus permanece para sempre”.

9 Você que anuncia boas novas a Siã o, suba a um alto monte.


Você que anuncia boas novas a Jerusalé m, levante sua voz com
força!
Levante-o! Nã o tenha medo!
Diga à s cidades de Judá : “Eis o teu Deus!”
10 Eis que o Senhor Javévirá como poderoso,
e seu braço governará por ele.
Eis que a sua recompensa está com ele,
e sua recompensa diante dele.
11 Ele apascentará seu rebanho como um pastor.

Ele reunirá os cordeiros em seu braço,


e os carrega no colo.
Ele guiará gentilmente aqueles que tê m seus ilhotes.

12 Quem mediu as á guas na concha de sua mã o,

e marcou o cé u com seu palmo,


e calculei o pó da terra num cesto de mediçã o,
e pesou os montes em balanças,
e as colinas em equilı́brio?
13 Quem dirigiu o Espı́rito de Javé ,

ou o ensinou como seu conselheiro?


14 Com quem ele consultou,

e quem o instruiu,
e o ensinou no caminho da justiça,
e lhe ensinou o conhecimento,
e mostrou-lhe o caminho do entendimento?
15 Eis que as naçõ es sã o como uma gota em um balde,

e sã o considerados como um grã o de poeira em uma balança.


Eis que ele levanta as ilhas como uma coisa muito pequena.
16 O Lı́bano nã o é su iciente para queimar,

nem seus animais sã o su icientes para um holocausto.


17 Todas as naçõ es sã o como nada diante dele.

Eles sã o considerados por ele como menos do que nada e vaidade.

18 A quem, entã o, você


comparará Deus?
Ou que semelhança você vai comparar com ele?
19 Um artı́ ice lançou uma imagem,

e o ourives a cobre de ouro,


e lhe lança correntes de prata.
20 Quem está empobrecido demais para tal oferta escolhe uma
á rvore que nã o apodrece.
Ele procura um há bil operá rio para lhe fazer uma imagem
esculpida que nã o seja movida.

21 Você nã o sabe?


Você nã o ouviu?
Você nã o foi informado desde o inı́cio?
Você nã o entendeu desde os fundamentos da terra?
22 E aquele que está sentado acima do cı́rculo da terra,

e os seus habitantes sã o como gafanhotos;


que estende os cé us como cortina,
e os estende como tenda para neles habitar,
23 que reduz a nada os prı́ncipes,

que torna os juı́zes da terra sem sentido.


24 Mal sã o plantados.

Eles sã o semeados raramente.


Seu estoque mal se enraizou no solo.
Ele simplesmente sopra sobre eles, e eles murcham,
e o redemoinho os leva como restolho.

25 “A quem, entã o, vocême comparará ?


Quem é meu igual?” diz o Santo.
26 Levante os olhos para o alto,

e veja quem os criou,


que traz seu exé rcito por nú mero.
Ele chama todos eles pelo nome.
pela grandeza do seu poder,
e porque ele é forte em poder,
nã o falta um.

27 Por que você diz, Jacó ,


e fala, Israel,
“Meu caminho está escondido de Javé ,
e a justiça que me é devida é desconsiderada pelo meu Deus?”
28 Você nã o sabe?

Você nã o ouviu?


O Deus eterno, Javé ,
o Criador dos con ins da terra, nã o desfalece.
Ele nã o está cansado.
Sua compreensã o é insondá vel.
29 Ele dá poder aos fracos.

Ele aumenta a força daquele que nã o tem poder.


30 Até os jovens desmaiam e se cansam,

e os jovens caem completamente;


31 mas os que esperam no Senhor renovarã o as suas forças.

Eles subirã o com asas como á guias.


Eles vã o correr, e nã o se cansar.
Andarã o, e nã o desfalecerã o.
Salmos 127
Uma Canção de Ascensões. Por Salomão.
1 A menos que Javé construa a casa,

os que a constroem trabalham em vã o.


A menos que Javé cuide da cidade,
o vigia o guarda em vã o.
2 Em vã o é que te levantes cedo,

icar acordado até tarde,


comendo o pã o da labuta,
pois ele dá sono aos seus entes queridos.
3 Eis que os ilhos sã o herança do Senhor.

O fruto do ventre é a sua recompensa.


4 Como lechas na mã o de um valente,

assim sã o os ilhos da juventude.


5 Feliz é o homem que tem a sua aljava cheia deles.

Eles nã o icarã o desapontados quando falarem com seus inimigos


no portã o.
Mateus 25
1 “Entã o o Reino dos Cé us será como dez virgens que pegaram suas
lâ mpadas e saı́ram ao encontro do esposo. 2 Cinco deles eram tolos e
cinco eram sá bios. 3 As loucas, quando pegaram as suas lâ mpadas, nã o
levaram azeite consigo, 4 mas as prudentes levaram azeite em suas
vasilhas com suas lâ mpadas. 5 Agora, enquanto o noivo demorava,
todos eles cochilavam e dormiam. 6 Mas à meia-noite ouviu-se um
clamor: 'Eis! O noivo está chegando! Saia para conhecê -lo! 7 Entã o
todas aquelas virgens se levantaram e prepararam suas lâ mpadas. 8 As
insensatas disseram à s sá bias: 'Dê -nos um pouco do seu azeite, pois
nossas lâ mpadas estã o se apagando.' 9 Mas o sá bio respondeu, dizendo:
'E se nã o houver o su iciente para nó s e você ? Você s vã o antes aos que
vendem e compram para você s.' 10 Enquanto elas saı́am para comprar,
veio o esposo, e as que estavam prontas entraram com ele para a festa
de casamento, e a porta foi fechada. 11 Depois vieram també m as outras
virgens, dizendo: 'Senhor, Senhor, abre-nos.' 12 Mas ele respondeu:
'Certamente eu lhe digo, eu nã o conheço você .' 13 Vigiai, pois, porque
nã o sabeis o dia nem a hora em que virá o Filho do Homem.
14 “Pois écomo um homem indo para outro paı́s, que chamou seus
pró prios servos e lhes con iou seus bens. 15 A um deu cinco talentos, a
outros dois, a outro, a cada um segundo a sua capacidade. Entã o ele
partiu em sua jornada. 16 Imediatamente, o que recebeu os cinco
talentos foi e negociou com eles, e fez outros cinco talentos. 17 Da
mesma forma, també m aquele que obteve os dois, ganhou outros dois.
18 Mas aquele que recebeu um talento foi e cavou na terra e escondeu o

dinheiro de seu senhor.


19 “Depois de muito tempo, veio o senhor daqueles servos e acertou

contas com eles. 20 Aproximou-se o que recebera cinco talentos e


trouxe outros cinco talentos, dizendo: 'Senhor, tu me entregaste cinco
talentos. Eis que ganhei outros cinco talentos alé m deles.'
21 “Seu senhor lhe disse: 'Muito bem, servo bom e iel. Você tem
sido iel em algumas coisas, eu te colocarei sobre muitas coisas. Entre
na alegria de seu senhor.'
22 “Aproximou-se també m aquele que tinha os dois talentos e disse:

'Senhor, tu me entregaste dois talentos. Eis que ganhei outros dois


talentos alé m deles.'
23 “Seu senhor lhe disse: 'Muito bem, servo bom eiel. Você tem
sido iel em algumas coisas. Eu o colocarei sobre muitas coisas. Entre
na alegria de seu senhor.'
24 “Aproximou-se també m aquele que recebera um talento e disse:

'Senhor, eu sabia que é s um homem duro, que ceifas onde nã o


semeaste e ajuntas onde nã o espalhaste. 25 Fiquei com medo, e fui e
escondi o seu talento na terra. Veja, você tem o que é seu.'
26 “Mas seu senhor lhe respondeu: 'Servo mau e preguiçoso. Você

sabia que eu colho onde nã o semeei e colho onde nã o espalhei. 27 Você
deveria, portanto, ter depositado meu dinheiro com os banqueiros e,
quando eu chegasse, eu deveria ter recebido de volta o meu com juros.
28 Tira, pois, dele o talento e dá -o ao que tem dez talentos. 29 Porque a

todo aquele que tem será dado e terá em abundâ ncia, mas ao que nã o
tem, até o que tem lhe será tirado. 30 Lança o servo inú til nas trevas
exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.'
31 “Mas quando o Filho do Homem vier em sua gló ria, e todos os

santos anjos com ele, entã o se assentará no trono de sua gló ria. 32
Diante dele serã o reunidas todas as naçõ es, e ele as separará umas das
outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 Ele porá as
ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. 34 Entã o o Rei dirá aos
que estiverem à sua direita: 'Vinde, benditos de meu Pai, herdai o Reino
que vos está preparado desde a fundaçã o do mundo; 35 pois eu estava
com fome e você me deu de comer. Eu estava com sede e você me deu
de beber. Eu era um estranho e você me acolheu. 36 Eu estava nua e
você me vestiu. Eu estava doente e você me visitou. Eu estava na prisã o
e você veio até mim.
37 “Entã o os justos lhe responderã o, dizendo: 'Senhor, quando foi

que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos


de beber? 38 Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou nu e
te vestimos? 39 Quando o vimos doente ou na prisã o e fomos até você ?'
40 “O Rei lhes responderá : 'Certamente vos digo, porque o izestes a
um destes meus irmã os mais pequeninos, você fez isso comigo. 41
Entã o dirá també m aos que estiverem à esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus
anjos; 42 porque eu estava com fome, e você nã o me deu de comer; tive
sede, e nã o me deste de beber; 43 Eu era um estranho, e você nã o me
acolheu; nu, e nã o me vestiste; doente e na prisã o, e você nã o me
visitou.
44 “Entã o eles també m responderã o, dizendo: 'Senhor, quando foi

que te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou doente,


ou preso, e nã o te ajudamos?'
45 “Entã o ele lhes responderá , dizendo: 'Certamente eu lhes digo,

porque você s nã o izeram isso com um destes menores, você nã o fez
isso comigo.' 46 Estes irã o para o castigo eterno, mas os justos para a
vida eterna”.
Salmos 84
Para o Músico Chefe. Em um instrumento de Gate. Um Salmo pelos
ilhos de Coré.
1 Quã o formosas sã o as tuas moradas,

Javé dos Exé rcitos!


2 A minha alma anseia e até desmaia pelos á trios do Senhor.

Meu coraçã o e minha carne clamam pelo Deus vivo.


3 Sim, o pardal encontrou um lar,

e a andorinha um ninho para si, onde possa ter seus ilhotes,


perto dos teus altares, Senhor dos Exé rcitos, meu Rei e meu Deus.
4 Bem-aventurados os que habitam na tua casa.

Eles estã o sempre elogiando você .


Selá .
5 Bem-aventurados aqueles cuja força está em ti,

que colocaram seus coraçõ es em uma peregrinaçã o.


6 Passando pelo vale do Choro, fazem dele um lugar de fontes.

Sim, a chuva de outono o cobre de bê nçã os.


7 Eles vã o de força em força.

Cada um deles aparece diante de Deus em Siã o.


8 Javé , Deus dos exé rcitos, ouve a minha oraçã o.

Ouça, Deus de Jacó .


Selá .
9 Eis, Deus nosso escudo,

olhe para o rosto do seu ungido.


10 Pois um dia nos teus á trios vale mais do que mil.

Pre iro ser porteiro na casa do meu Deus,


do que habitar nas tendas da maldade.
11 Pois o Senhor Deus é sol e escudo.

Javé dará graça e gló ria.


Ele nã o reté m nada de bom daqueles que andam sem culpa.
12 Javé dos exé rcitos,

bem-aventurado o homem que con ia em ti.


Mateus 3
1 Naqueles dias, veio Joã o, o Batizador, pregando no deserto da

Judé ia, dizendo: 2 “Arrependei-vos, porque está pró ximo o reino dos
cé us!” 3 Pois este é aquele de quem falou o profeta Isaı́as, dizendo:
“A voz do que clama no deserto,
prepare o caminho do Senhor!
Faça seus caminhos retos!”
4 O pró prio Joã o usava roupas feitas de pê lo de camelo com um

cinto de couro na cintura. Sua comida era gafanhotos e mel silvestre. 5


Entã o saı́ram a ele gente de Jerusalé m, toda a Judé ia e toda a
circunvizinhança do Jordã o. 6 Eles foram batizados por ele no Jordã o,
confessando seus pecados.
7 Mas, quando viu muitos fariseus e saduceus que vinham para o

batismo, disse-lhes: Raça de vı́boras, quem vos ensinou a fugir da ira


vindoura? 8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento! 9 Nã o
pensem: 'Temos por pai Abraã o', pois eu lhes digo que Deus é capaz de
suscitar ilhos a Abraã o dessas pedras. 10 Mesmo agora o machado está
na raiz das á rvores. Portanto, toda á rvore que nã o produz bom fruto é
cortada e lançada ao fogo.
11 “Na verdade, eu os batizo em á gua para arrependimento, mas

aquele que vem apó s mim é mais poderoso do que eu, cujas sandá lias
nã o sou digno de levar. Ele te batizará no Espı́rito Santo. 12 A sua
forquilha está na sua mã o, e ele limpará completamente a sua eira. Ele
recolherá seu trigo no celeiro, mas o joio ele queimará com fogo
inextinguı́vel”.
13 Entã o veio Jesus da Galilé ia ao Jordã o ter com Joã o, para ser

batizado por ele. 14 Mas Joã o o teria impedido, dizendo: “Preciso ser
batizado por você , e você vem a mim?”
15 Mas Jesus, respondendo, disse-lhe: “Deixa agora, porque este é o
caminho para cumprirmos toda a justiça”. Entã o ele permitiu.
16 Jesus, sendo batizado, saiu logo da á gua; e eis que se lhe abriram

os cé us. Ele viu o Espı́rito de Deus descendo como uma pomba e vindo
sobre ele. 17 Eis que uma voz do cé u disse: “Este é o meu Filho amado,
em quem me comprazo”.
Salmos 114
1 Quando Israel saiu do Egito,

a casa de Jacó de um povo de lı́ngua estrangeira,


2 Judá tornou-se seu santuá rio,

Israel seu domı́nio.


3 O mar viu e fugiu.

O Jordan foi empurrado para trá s.


4 Os montes saltaram como carneiros,

as pequenas colinas como cordeiros.


5 O que foi, você mar, que você fugiu?

Você Jordan, que você voltou?


6 Você s, montes, que saltaram como carneiros;

você s, pequenas colinas, como cordeiros?


7 Treme, ó terra, na presença do Senhor,

na presença do Deus de Jacó ,


8 que transformaram a rocha em uma poça de á gua,

a pederneira em uma fonte de á guas.


Trabalho 10
1 “Minha alma está cansada da minha vida.
Vou dar curso livre à minha reclamaçã o.
Falarei na amargura da minha alma.
2 Direi a Deus: 'Nã o me condene.

Mostre-me por que você luta comigo.


3 E bom para você oprimir,

para que desprezes a obra das tuas mã os,


e sorrir ao conselho dos ı́mpios?
4 Você tem olhos de carne?

Ou você vê como o homem vê ?


5 Sã o os teus dias como os dias dos mortais,

ou seus anos como anos de homem,


6 que perguntes sobre a minha iniqü idade,

e procurar meu pecado?


7 Embora saibam que nã o sou ı́mpio,

nã o há quem possa livrar da tua mã o.

8 “As tuas mã os me moldaram e me formaram completamente,

ainda assim você me destró i.


9 Lembra-te, peço-te, que me formaste como barro.

Você vai me transformar em pó novamente?


10 Você nã o me derramou como leite,

e me coagulou como queijo?


11 Tu me vestiste de pele e carne,

e me tricote com ossos e tendõ es.


12 Você me concedeu vida e bondade.

Sua visitaçã o preservou meu espı́rito.


13 No entanto, você escondeu essas coisas em seu coraçã o.

Eu sei que isso é com você :


14 se eu pecar, entã o você me marca.

Você nã o vai me absolver da minha iniqü idade.


15 Se eu for ı́mpio, ai de mim.

Se sou justo, ainda nã o levantarei a cabeça,


enchendo-se de vergonha,
e consciente da minha a liçã o.
16 Se minha cabeça está erguida, você me caça como um leã o.

Mais uma vez você se mostra poderoso para mim.


17 Tu renovas as tuas testemunhas contra mim,

e aumente sua indignaçã o sobre mim.


Mudanças e guerras estã o comigo.

18 “'Por que, entã o, vocême tirou do ventre?


Eu gostaria de ter desistido do espı́rito, e nenhum olho me viu.
19 Eu deveria ter sido como se nã o tivesse sido.

Eu deveria ter sido carregado do ú tero para o tú mulo.


20 Os meus dias nã o sã o poucos?

Pare!
Deixe-me em paz, para que eu possa encontrar um pouco de
conforto,
21 antes de ir para onde nã o voltarei,

para a terra das trevas e da sombra da morte;


22 a terra escura como a meia-noite,

da sombra da morte,
sem qualquer ordem,
onde a luz é como a meia-noite.' ”
Salmos 17
Uma Oração de Davi.
1 Ouve, Senhor, a minha justa sú plica.

Dá ouvidos à minha oraçã o que nã o sai de lá bios enganosos.
2 Que a minha sentença saia da tua presença.

Deixe seus olhos olharem para a equidade.


3 Você provou meu coraçã o.

Você me visitou à noite.


Você me tentou e nã o encontrou nada.
Resolvi que minha boca nã o desobedecerá .
4 Quanto à s obras dos homens, pela palavra dos teus lá bios,

Eu me guardei dos caminhos dos violentos.


5 Meus passos se apegaram à s tuas veredas.

Meus pé s nã o escorregaram.


6 Eu te invoquei, porque tu me responderá s, ó Deus.

Vire seu ouvido para mim.


Ouça meu discurso.
7 Mostra a tua maravilhosa benignidade,

tu que salvas dos seus inimigos os que se refugiam à tua destra.


8 Mantenha-me como a menina dos seus olhos.

Esconde-me à sombra das tuas asas,


9 dos ı́mpios que me oprimem,

meus inimigos mortais, que me cercam.


10 Eles fecham seus coraçõ es insensı́veis.

Com a boca eles falam com orgulho.


11 Eles agora nos cercaram em nossos passos.

Eles colocaram seus olhos para nos lançar para a terra.


12 Ele é como um leã o á vido de sua presa,

como se fosse um jovem leã o à espreita em lugares secretos.


13 Levanta-te, Senhor, enfrenta-o.

Derrube-o.
Livra a minha alma dos ı́mpios pela tua espada,
14 dos homens pela tua mã o, Senhor,
dos homens do mundo, cuja porçã o está nesta vida.
Você enche a barriga de seus entes queridos.
Seus ilhos tê m muito,
e acumulam riquezas para seus ilhos.
15 Quanto a mim, verei a tua face em justiça.

Ficarei satisfeito, quando acordar, em ver sua forma.


Salmos 2
1 Por que as naçõ es se enfurecem,

e os povos tramam em vã o?


2 Os reis da terra tomam posiçã o,

e os governantes se aconselham juntos,


contra o Senhor e contra o seu Ungido, dizendo:
3 “Vamos romper as suas amarras,

e lançar suas cordas de nó s.”


4 Aquele que está sentado nos cé us rirá .

O Senhor os ridicularizará .
5 Entã o ele lhes falará em sua ira,

e aterrorizá -los em sua ira:


6 “Contudo, pus o meu Rei no meu santo monte de Siã o.”
7 Falarei do decreto:

Javé me disse: “Você é meu ilho.


Hoje eu me tornei seu pai.
8 Pede-me, e eu te darei as naçõ es por herança,

os con ins da terra para sua posse.


9 Tu os quebrará s com vara de ferro.

Tu os despedaçará s como um vaso de oleiro”.


10 Agora, pois, sejam sá bios, ó reis.

Sejam instruı́dos, você s juı́zes da terra.


11 Servi a Javé com temor,

e regozijai-vos com tremor.


12 Prestai homenagem sincera ao Filho, para que ele nã o se ira, e

você s pereçam no caminho,


pois sua ira logo se acenderá .
Bem-aventurados todos os que nele se refugiam.
Salmos 34
Por Davi; quando ele ingiu ser louco diante de Abimeleque, que o
expulsou, e ele partiu.
1 Bendirei o Senhor em todo o tempo.

Seu louvor estará sempre em minha boca.


2 A minha alma se gloriará no Senhor.

Os humildes ouvirã o e se alegrarã o.


3 Oh, engrandeça o Senhor comigo.

Vamos exaltar o nome dele juntos.


4 Busquei ao Senhor, e ele me respondeu:

e me livrou de todos os meus medos.


5 Eles olharam para ele e icaram radiantes.

Seus rostos nunca serã o cobertos de vergonha.


6 Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu,

e o salvou de todos os seus problemas.


7 O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem,

e os entrega.
8 Provai e vede que o Senhor é bom.

Bem-aventurado o homem que nele se refugia.


9 Temei a Yahweh, vó s seus santos,

porque nã o há falta com aqueles que o temem.


10 Os leõ ezinhos carecem e passam fome,

mas aos que buscam ao Senhor de nada faltará bem.

11 Venham, ilhos, ouçam-me.


Eu te ensinarei o temor de Yahweh.
12 Quem é algué m que deseja a vida,

e ama muitos dias, para que veja o bem?


13 Guarda a tua lı́ngua do mal,

e seus lá bios de falar mentiras.


14 Afaste-se do mal e faça o bem.

Busque a paz, e persiga-a.


15 Os olhos do Senhor estã o voltados para os justos.
Seus ouvidos ouvem seu clamor.
16 A face do Senhor está contra os que praticam o mal,

para cortar sua memó ria da terra.


17 Clama o justo, e o Senhor ouve,

e os livra de todas as suas tribulaçõ es.


18 Perto está o Senhor dos que tê m o coraçã o quebrantado,

e salva os que tê m o espı́rito abatido.


19 Muitas sã o as a liçõ es do justo,

mas o Senhor o livra de todos eles.


20 Ele protege todos os seus ossos.

Nenhum deles está quebrado.


21 O mal matará o ı́mpio.

Aqueles que odeiam os justos serã o condenados.


22 O Senhor redime a alma dos seus servos.

Nenhum dos que nele se refugiam será condenado.


Mateus 8
1 Quando ele desceu do monte, grandes multidõ es o seguiram. 2

Eis que um leproso aproximou-se dele e o adorou, dizendo: “Senhor, se


quiseres, podes puri icar-me”.
3 Jesus estendeu a mã o e tocou nele, dizendo: “Eu quero. Seja

limpo.” Imediatamente sua lepra foi curada. 4 Disse-lhe Jesus: “Olha,


nã o contes a ningué m; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece a
oferta que Moisé s ordenou, para lhes servir de testemunho”.
5 Quando ele chegou a Cafarnaum, um centuriã o se aproximou dele,

pedindo-lhe ajuda, 6 dizendo: “Senhor, o meu servo está em casa


paralı́tico e gravemente atormentado”.
7 Disse-lhe Jesus: “Eu irei curá -lo”.

8 O centuriã o respondeu: “Senhor, nã o sou digno de que entres

debaixo do meu teto. Basta dizer a palavra, e meu servo será curado. 9
Pois eu també m sou um homem sob autoridade, tendo soldados sob
minhas ordens. Eu digo a este, 'Vá ', e ele vai; e diga a outro: 'Venha', e
ele vem; e diga ao meu servo: 'Faça isso', e ele o faz”.
10 Ao ouvir isso, Jesus se maravilhou e disse aos que o seguiam:

“Em verdade vos digo que nã o encontrei uma fé tã o grande, nem
mesmo em Israel. 11 Eu vos digo que muitos virã o do oriente e do
ocidente, e se sentarã o com Abraã o, Isaque e Jacó no Reino dos Cé us, 12
mas os ilhos do Reino serã o lançados nas trevas exteriores. Haverá
choro e ranger de dentes”. 13 Jesus disse ao centuriã o: “Vá . Que seja
feito para você como você tem crido”. Seu servo foi curado naquela
hora.
14 Quando Jesus entrou na casa de Pedro, viu a mã e de sua mulher

deitada com febre. 15 Ele tocou a mã o dela, e a febre a deixou. Entã o ela
se levantou e o serviu. 16 Ao cair da tarde, trouxeram-lhe muitos
endemoninhados. Ele expulsou os espı́ritos com uma palavra e curou
todos os enfermos, 17 para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta
Isaı́as: Ele tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas
enfermidades.
18 Ora, quando Jesus viu grandes multidõ es ao seu redor, deu

ordem de passar para o outro lado.


19 Veio um escriba e disse-lhe: “Mestre, eu te seguirei aonde quer

que fores”.
20 Jesus lhe disse: “As raposas tê m tocas e as aves do cé u tê m

ninhos, mas o Filho do Homem nã o tem onde reclinar a cabeça”.


21 Outro de seus discı́pulos lhe disse: “Senhor, permita-me primeiro

ir sepultar meu pai”.


22 Mas Jesus lhe disse: “Siga-me e deixe os mortos enterrarem

seus pró prios mortos”.


23 Quando ele entrou no barco, seus discı́pulos o seguiram. 24 Eis

que sobreveio no mar uma tempestade violenta, de tal maneira que o


barco se cobriu das ondas; mas ele estava dormindo. 25 Os discı́pulos
aproximaram-se dele e o acordaram, dizendo: “Salva-nos, Senhor!
Estamos morrendo!”
26 Ele lhes disse: “Por que você s estã o com medo, homens de pouca

fé ?” Entã o ele se levantou, repreendeu o vento e o mar, e fez-se uma


grande bonança.
27 Os homens se maravilharam, dizendo: “Que homem é este, que
até o vento e o mar lhe obedecem?”
28 Quando ele chegou ao outro lado, na terra dos gergesenos, dois

endemoninhados o encontraram ali, saindo dos tú mulos,


extremamente ferozes, para que ningué m pudesse passar por ali. 29 Eis
que clamaram, dizendo: Que temos nó s contigo, Jesus, Filho de Deus?
Você veio aqui para nos atormentar antes da hora? 30 Ora, havia uma
manada de muitos porcos pastando longe deles. 31 Os demô nios
rogaram-lhe, dizendo: “Se nos expulsas, deixa-nos ir para a manada de
porcos”.
32 Ele lhes disse: “Vã o!”

Eles saı́ram e entraram na manada de porcos; e eis que toda a


manada de porcos desceu o precipı́cio para o mar e morreu na á gua. 33
Os que os alimentavam fugiram e foram para a cidade e contaram tudo,
inclusive o que acontecia com os endemoninhados. 34 Eis que toda a
cidade saiu ao encontro de Jesus. Quando o viram, imploraram que ele
se afastasse de suas fronteiras.
Salmos 10
1 Por que está s tã o longe, Senhor?

Por que você se esconde em tempos de di iculdade?


2 Na arrogâ ncia, os ı́mpios caçam os fracos.

Eles sã o pegos nos esquemas que eles planejam.


3 Pois o ı́mpio se gaba dos desejos do seu coraçã o.

Ele abençoa os gananciosos e condena Yahweh.


4 O ı́mpio, na soberba do seu rosto,

nã o tem espaço em seus pensamentos para Deus.


5 Seus caminhos sã o sempre pró speros.

Ele é arrogante, e suas leis estã o longe de sua vista.


Quanto a todos os seus adversá rios, ele zomba deles.
6 Ele diz em seu coraçã o: “Nã o serei abalado.

Por geraçõ es nã o terei problemas.”


7 Sua boca está cheia de maldiçã o, engano e opressã o.

Debaixo de sua lı́ngua há maldade e iniqü idade.


8 Ele está à espreita perto das aldeias.

De emboscadas, ele mata os inocentes.


Seus olhos estã o secretamente voltados para os indefesos.
9 Ele espreita em segredo como um leã o em sua emboscada.

Ele ica à espreita para pegar os indefesos.


Ele pega o indefeso quando o puxa em sua rede.
10 Os indefesos sã o esmagados.

Eles desmoronam.
Eles caem sob sua força.
11 Ele diz em seu coraçã o: “Deus se esqueceu.

Ele esconde o rosto.


Ele nunca vai ver isso.”

12 Levanta-te, Senhor!

Deus, levante a mã o!


Nã o se esqueça dos indefesos.
13 Por que o ı́mpio condena a Deus,

e dizer em seu coraçã o: "Deus nã o vai me chamar em conta?"


14 Mas você vê problemas e tristezas.
Você considera levá -lo em sua mã o.
Você ajuda a vı́tima e o ó rfã o.
15 Quebra o braço do ı́mpio.

Quanto ao homem mau, procure sua maldade até que nã o a


encontre.
16 Javé é Rei para todo o sempre!

As naçõ es perecerã o fora de sua terra.


17 Yahweh, tu ouviste o desejo dos humildes.

Você vai preparar o coraçã o deles.


Você fará com que seu ouvido ouça,
18 para julgar os ó rfã os e os oprimidos,

que o homem que é da terra nã o mais atemorize.


Lucas 23
1 Todo o grupo deles se levantou e o trouxe diante de Pilatos. 2 Eles

começaram a acusá -lo, dizendo: “Encontramos este homem


pervertendo a naçã o, proibindo o pagamento de impostos a Cé sar e
dizendo que ele mesmo é Cristo, um rei”.
3 Pilatos lhe perguntou: “Você é o rei dos judeus?”
Ele lhe respondeu: “Assim você diz”.
4 Pilatos disse aos principais sacerdotes e à s multidõ es: “Nã o

encontro fundamento para acusar este homem”.


5 Eles, poré m, insistiam, dizendo: “Ele incita o povo, ensinando por

toda a Judé ia, começando da Galilé ia até aqui”. 6 Mas, quando Pilatos
ouviu falar da Galilé ia, perguntou se aquele homem era galileu. 7
Quando soube que estava na jurisdiçã o de Herodes, enviou-o a
Herodes, que també m estava em Jerusalé m naqueles dias.
8 Ora, quando Herodes viu Jesus, alegrou-se muito, porque há muito
desejava vê -lo, porque tinha ouvido muitas coisas a seu respeito. Ele
esperava ver algum milagre feito por ele. 9 Ele o interrogou com muitas
palavras, mas ele nã o respondeu. 10 Os principais sacerdotes e os
escribas se levantaram, acusando-o com veemê ncia. 11 Herodes com
seus soldados o humilhou e zombou dele. Vestindo-o com roupas
luxuosas, eles o enviaram de volta a Pilatos. 12 Herodes e Pilatos
icaram amigos naquele mesmo dia, pois antes eram inimigos um do
outro.
13 Pilatos convocou os principais sacerdotes, os prı́ncipes e o povo,
14 e lhes disse: “Você s me trouxeram este homem como perverso do

povo; e eis que, interrogando-o diante de vó s, nã o encontrei


fundamento para acusar este homem das coisas de que o acusais. 15
Nem Herodes, porque eu te enviei a ele, e vede, nada digno de morte foi
feito por ele. 16 Por isso, castigá -lo-ei e o libertarei”.
17 Agora ele tinha que libertar um prisioneiro para eles na festa. 18

Mas todos eles gritaram juntos, dizendo: “Fora com este homem! Solta-
nos Barrabá s!” — 19 aquele que foi lançado na prisã o por uma certa
revolta na cidade e por assassinato.
20 Entã o Pilatos falou novamente com eles, querendo soltar Jesus,
21 mas eles gritaram, dizendo: “Cruci ica! Cruci ique-o!”
22 Ele lhes disse pela terceira vez: “Por quê ? Que mal esse homem

fez? Nã o encontrei nele nenhum crime capital. Portanto, vou castigá -lo
e soltá -lo”. 23 Mas eles insistiam com grandes vozes, pedindo que o
cruci icassem. Suas vozes e as vozes dos principais sacerdotes
prevaleceram. 24 Pilatos decretou que se izesse o que eles pediam. 25
Ele soltou aquele que havia sido lançado na prisã o por insurreiçã o e
assassinato, a quem eles pediram, mas ele entregou Jesus à vontade
deles.
26 Quando o levaram, pegaram um Simã o Cireneu, vindo do campo,

e puseram sobre ele a cruz para que a carregasse depois de Jesus. 27


Seguiu-o uma grande multidã o do povo, inclusive mulheres que
també m o pranteavam e lamentavam. 28 Mas Jesus, voltando-se para
eles, disse: “Filhas de Jerusalé m, nã o chorem por mim, mas chorem por
si mesmas e por seus ilhos. 29 Pois eis que virã o os dias em que dirã o:
'Bem-aventurados os esté reis, os ventres que nunca geraram, e os seios
que nunca amamentaram.' 30 Entã o eles começarã o a dizer à s
montanhas: 'Caiam sobre nó s!' e diga à s colinas: 'Cubra-nos.' 31 Pois, se
eles fazem essas coisas na á rvore verde, o que será feito na seca?”
32 Havia també m outros, dois criminosos, levados com ele para

serem mortos. 33 Quando chegaram ao lugar chamado “A Caveira”, ali o


cruci icaram com os criminosos, um à direita e outro à esquerda.
34 Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes, porque nã o sabem o que fazem”.

Dividindo entre eles as suas vestes, lançaram sortes. 35 As pessoas


icaram observando. Os governantes com eles també m zombavam dele,
dizendo: “Ele salvou outros. Que ele se salve, se este é o Cristo de Deus,
seu escolhido!”
36 Os soldados també m zombavam dele, aproximando-se dele e

oferecendo-lhe vinagre, 37 e dizendo: “Se você é o rei dos judeus, salve-


se a si mesmo!”
38 Sobre ele també m foi escrita uma inscriçã o em letras gregas,

latinas e hebraicas: “ESTE E O REI DOS JUDEUS”.


39 Um dos criminosos que foi enforcado o insultou, dizendo: “Se

você é o Cristo, salve a si mesmo e a nó s!”


40 Mas o outro respondeu e, repreendendo-o, disse: “Você nem teme
a Deus, visto que está sob a mesma condenaçã o? 41 E nó s, na verdade,
com justiça, pois recebemos a devida recompensa por nossas açõ es,
mas este homem nã o fez nada de errado”. 42 Ele disse a Jesus: “Senhor,
lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”.
43 Disse-lhe Jesus: “Em verdade te digo que hoje estará s comigo no

paraı́so”.
44 Era jáquase a hora sexta, e as trevas cobriram toda a terra até a
hora nona. 45 O sol escureceu, e o vé u do templo se rasgou em dois. 46
Jesus, clamando em alta voz, disse: “Pai, nas tuas mã os entrego o meu
espı́rito!” Tendo dito isso, ele deu seu ú ltimo suspiro.
47 Quando o centuriã o viu o que havia acontecido, gloriicou a
Deus, dizendo: Certamente este era um homem justo. 48 Todas as
multidõ es que se ajuntaram para ver isso, vendo o que havia
acontecido, voltaram para casa batendo no peito. 49 Todos os seus
conhecidos e as mulheres que o seguiram da Galilé ia icaram à
distâ ncia, observando essas coisas.
50 Eis que um homem chamado José , que era membro do conselho,

homem bom e justo 51 (nã o havia consentido em seu conselho e açã o),
de Arimaté ia, cidade dos judeus, que també m esperava o Reino de Deus
: 52 este homem foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 53 Tirou-o,
envolveu-o num pano de linho e o depositou num sepulcro lavrado em
pedra, onde ningué m jamais havia sido sepultado. 54 Era o dia da
Preparaçã o, e o sá bado se aproximava. 55 As mulheres, que tinham
vindo com ele da Galilé ia, seguiram-no e viram o sepulcro, e como foi
sepultado o seu corpo. 56 Eles voltaram e prepararam especiarias e
unguentos. No sá bado, eles descansaram de acordo com o
mandamento.
Jeremias 3
1 “Dizem: 'Se um homem repudiar sua mulher, e ela se afastar dele

e se tornar de outro homem, ele deve voltar para ela?' Essa terra nã o
estaria muito poluı́da? Mas você se prostituiu com muitos amantes;
mas volte novamente para mim”, diz Yahweh.
2 “Levante os olhos para as alturas nuas e veja! Onde você nã o se
deitou? Você icou esperando por eles na estrada, como um á rabe no
deserto. Você poluiu a terra com sua prostituiçã o e com sua maldade. 3
Por isso os aguaceiros foram retidos e nã o houve chuva serô dia; no
entanto, você teve a testa de uma prostituta e se recusou a se
envergonhar. 4 Nã o clamará s a mim a partir de agora: 'Meu Pai, tu é s o
guia da minha juventude!'?
5 “'Ele reterá
sua ira para sempre? Ele vai mantê -lo até o im? Eis
que falaste e izeste coisas má s, e seguiste o teu caminho”.
6 Alé m disso, o Senhor me disse nos dias do rei Josias: “Você viu o
que Israel desviado fez? Ela subiu em todos os montes altos e debaixo
de todas as á rvores verdes, e ali se prostituiu. 7 Eu disse depois que ela
fez todas essas coisas: 'Ela voltará para mim;' mas ela nã o voltou, e sua
traiçoeira irmã Judá viu. 8 Eu vi quando, por isso mesmo, que Israel
apó stata cometeu adulté rio, eu a repudiei e lhe dei uma certidã o de
divó rcio, mas o traiçoeiro Judá , sua irmã , nã o teve medo; mas ela
també m foi e jogou a prostituta. 9 Porque ela se prostituiu com
leviandade, a terra icou poluı́da, e ela cometeu adulté rio com pedras e
madeira. 10 Apesar de tudo isso, sua irmã traiçoeira, Judá , nã o voltou
para mim de todo o coraçã o, mas apenas ingindo”, diz o Senhor.
11 O Senhor me disse: “O rebelde Israel mostrou-se mais justo do

que o traiçoeiro Judá . 12 Vai, e proclama estas palavras para o norte, e


dize: Volta, Israel desviado, diz o Senhor; 'Eu nã o vou olhar com raiva
para você ; porque sou misericordioso', diz o Senhor. 'Eu nã o vou
manter a raiva para sempre. 13 Somente reconhece a tua iniqü idade,
que transgrediste contra o Senhor teu Deus, e espalhaste os teus
caminhos aos estranhos debaixo de toda á rvore verde, e nã o
obedeceste à minha voz, diz o Senhor. 14 “Voltem, ilhos apó statas”, diz
Javé ; “porque eu sou um marido para você . Levarei um de você s de uma
cidade e dois de uma famı́lia, e os levarei a Siã o. 15 Dar-vos-ei pastores
segundo o meu coraçã o, que vos apascentarã o com conhecimento e
entendimento. 16 Acontecerá que, quando você s forem multiplicados e
multiplicados na terra, naqueles dias”, diz o Senhor, “nã o dirã o mais: 'A
arca da aliança do Senhor!' Nã o virá à mente. Eles nã o vã o se lembrar
disso. Eles nã o vã o perder, nem outro será feito. 17 Naquele tempo eles
chamarã o Jerusalé m de 'Trono do Senhor'; e todas as naçõ es se
ajuntarã o a ela, ao nome do Senhor, a Jerusalé m. Eles nã o mais seguirã o
a teimosia de seu coraçã o maligno. 18 Naqueles dias a casa de Judá
andará com a casa de Israel, e virã o juntos da terra do norte para a terra
que dei em herança a vossos pais.
19 “Mas eu disse: 'Como desejo colocá -lo entre os ilhos e dar-lhe
uma terra agradá vel, uma bela herança dos exé rcitos das naçõ es!' e eu
disse: 'Você me chamará de 'Meu Pai' e nã o deixará de me seguir.'
20 “Assim como a esposa se afasta de seu marido com traiçã o,

assim você s me tratam com traiçã o, casa de Israel”, diz o Senhor. 21


Ouve-se uma voz nas alturas nuas, o choro e as sú plicas dos ilhos de
Israel; porque perverteram o seu caminho, esqueceram-se do Senhor
seu Deus. 22 Voltem, ilhos apó statas, e eu curarei a sua apostasia.
“Eis que chegamos a ti; porque tu é s o Senhor nosso Deus. 23
Verdadeiramente o socorro das colinas, o tumulto nos montes é em
vã o. Verdadeiramente a salvaçã o de Israel está em Javé nosso Deus. 24
Mas a coisa vergonhosa devorou o trabalho de nossos pais desde a
nossa mocidade, seus rebanhos e suas manadas, seus ilhos e suas
ilhas. 25 Deitemo-nos na nossa vergonha, e cubra-nos a nossa
confusã o; porque pecamos contra o Senhor nosso Deus, nó s e nossos
pais, desde a nossa mocidade até hoje. Nã o obedecemos à voz do
Senhor nosso Deus”.
Eclesiastes 1
1 As palavras do Pregador, ilho de Davi, rei em Jerusalé m:
2 “Vaidade das vaidades”, diz o Pregador; “Vaidade das vaidades,

tudo é vaidade.” 3 O que o homem ganha com todo o trabalho em que


trabalha debaixo do sol? 4 Uma geraçã o vai, e outra geraçã o vem; mas a
terra permanece para sempre. 5 O sol també m nasce, e o sol se põ e, e
corre para o seu lugar onde nasce. 6 O vento vai para o sul e vira para o
norte. Ele gira continuamente à medida que avança, e o vento retorna
novamente aos seus cursos. 7 Todos os rios desá guam no mar, mas o
mar nã o está cheio. Para o lugar onde os rios correm, lá eles correm
novamente. 8 Todas as coisas estã o cheias de cansaço inexprimı́vel. O
olho nã o se farta de ver, nem o ouvido se enche de ouvir. 9 O que foi é o
que será ; e o que foi feito é o que será feito; e nã o há coisa nova debaixo
do sol. 10 Há algo de que se possa dizer: “Eis que isto é novo?” Foi há
muito tempo, nas eras que estavam antes de nó s. 11 Nã o há memó ria do
primeiro; nem haverá qualquer memó ria dos ú ltimos que estã o por vir,
entre aqueles que vierem depois.
12 Eu, o Pregador, era rei sobre Israel em Jerusalé m. 13 Eu apliquei

meu coraçã o para buscar e investigar com sabedoria tudo o que é feito
debaixo do cé u. E um fardo pesado que Deus deu aos ilhos dos homens
para serem a ligidos. 14 Tenho visto todas as obras que se fazem
debaixo do sol; e eis que tudo é vaidade e correr atrá s do vento. 15 O
que é torto nã o pode ser endireitado; e o que está faltando nã o pode
ser contado. 16 Eu disse a mim mesmo: “Eis que obtive para mim uma
sabedoria maior do que todos os que foram antes de mim em
Jerusalé m. Sim, meu coraçã o teve uma grande experiê ncia de sabedoria
e conhecimento.” 17 Apliquei meu coraçã o para conhecer a sabedoria, e
conhecer a loucura e a loucura. Percebi que isso també m era correr
atrá s do vento. 18 Pois na muita sabedoria há muito sofrimento; e quem
aumenta o conhecimento aumenta a tristeza.
Tiago 1
1 Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, à s doze tribos que

estã o na Dispersã o: Saudaçõ es.


2 Meus irmã os, considerem com grande alegria o fato de você s

caı́rem em vá rias tentaçõ es, 3 sabendo que a prova da sua fé produz
perseverança. 4 Tenha a perseverança a sua obra perfeita, para que
sejais perfeitos e completos, sem falta de nada.
5 Mas, se algum de vó s tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a

todos dá liberalmente e sem censura, e ser-lhe-á dada. 6 Mas peça com
fé , sem duvidar, pois quem duvida é como uma onda do mar, impelida
pelo vento e agitada. 7 Pois esse homem nã o deve pensar que receberá
alguma coisa do Senhor. 8 Ele é um homem de mente dobre, instá vel em
todos os seus caminhos.
9 Mas que o irmã o em circunstâ ncias humildes glorie-se em sua alta

posiçã o; 10 e o rico, na medida em que se faz humilde, porque, como a


lor da relva, passará . 11 Pois o sol nasce com o vento abrasador e seca a
erva, e a lor nela cai, e a beleza de sua aparê ncia perece. Assim, o rico
també m desaparecerá em suas buscas.
12 Bem-aventurado o homem que suporta a tentaçã o, porque,

depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu


aos que o amam.
13 Ningué m, sendo tentado, diga: “Sou tentado por Deus”, porque

Deus nã o pode ser tentado pelo mal, e ele mesmo a ningué m tenta. 14
Mas cada um é tentado quando é atraı́do e engodado pela sua pró pria
concupiscê ncia. 15 Entã o a concupiscê ncia, quando concebe, leva o
pecado. O pecado, quando está plenamente desenvolvido, produz a
morte. 16 Nã o se enganem, meus amados irmã os. 17 Toda boa dá diva e
todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem
nã o pode haver mudança nem sombra de variaçã o. 18 De sua pró pria
vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fô ssemos uma
espé cie de primı́cias de suas criaturas.
19 Portanto, meus amados irmã os, todo homem seja pronto para

ouvir, tardio para falar e tardio para irar-se; 20 porque a ira do homem
nã o produz a justiça de Deus. 21 Portanto, deixando de lado toda
imundı́cie e transbordamento de maldade, recebam com humildade a
palavra implantada, que é capaz de salvar as vossas almas. 22 Mas sede
cumpridores da palavra e nã o apenas ouvintes, enganando-vos a vó s
mesmos. 23 Porque, se algué m é ouvinte da palavra e nã o cumpridor, é
semelhante a um homem que contempla no espelho o seu rosto
natural; 24 pois ele se vê e vai embora, e logo se esquece de que tipo de
homem era. 25 Mas aquele que atenta para a lei perfeita da liberdade e
persevera, nã o sendo ouvinte que se esquece, mas fazedor da obra,
esse será bem-aventurado no que izer.
26 Se algué m entre você s se considera religioso, sem refrear a

lı́ngua, mas engana o coraçã o, a religiã o desse homem é inú til. 27 A


religiã o pura e imaculada para com nosso Deus e Pai é esta: visitar os
ó rfã os e as viú vas nas suas tribulaçõ es, e guardar-se incontaminado do
mundo.
Sabedoria de Salomão 11
1 Ela prosperou suas obras nas mã os de um santo profeta.

2 Eles viajaram por um deserto sem habitantes,

e armaram suas tendas em regiõ es sem trilhas.


3 Eles resistiram aos inimigos e repeliram os inimigos.
4 Eles tiveram sede e clamaram a ti,

e foi-lhes dada á gua da rocha dura,


e curando a sua sede da pedra dura.
5 Pois com que coisas seus inimigos foram punidos,

por estes eles em sua necessidade foram bene iciados.


6 Quando os inimigos estavam preocupados com sangue

coagulado
em vez da fonte sempre luindo de um rio,
7 para repreender o decreto para matar os bebê s,

você lhes deu á gua abundante alé m de toda esperança,


8 manifestando-se pela sede que tiveram

como você puniu os adversá rios.


9 Pois quando eles foram provados, embora castigados em

misericó rdia,
eles aprenderam como os ı́mpios eram atormentados, sendo
julgados com ira.
10 Pois tu os provaste como um pai que os admoestou;

mas você os procurou como um rei severo os condenando.


11 Sim e se estavam longe ou perto,

eles estavam igualmente angustiados;


12 porque uma dupla dor os apoderou,

e um gemido à memó ria de coisas passadas.


13 Pois quando eles ouviram que por meio de seus pró prios

castigos os outros se bene iciaram,


eles reconheceram o Senhor.
14 Para aquele que muito antes foi expulso e exposto, eles pararam

de zombar.
No inal do que aconteceu, eles se maravilharam,
tendo sede de outra maneira que nã o os justos.
15 Mas em troca das insensatas imaginaçõ es de sua injustiça,

onde eles foram desviados para adorar ré pteis irracionais e


vermes miserá veis,
você enviou sobre eles uma multidã o de criaturas irracionais por
vingança;
16 para que aprendam que pelas coisas que o homem peca, por

essas coisas ele é punido.


17 Por sua mã o todo-poderosa

que criou o mundo de maté ria informe


nã o faltou meios para enviar sobre eles uma multidã o de ursos,
leõ es ferozes,
18 ou feras recé m-criadas e desconhecidas, cheias de raiva,

ou exalando uma rajada de sopro de fogo,


ou soltando fumaça,
ou piscando faı́scas terrı́veis de seus olhos;
19 que tinha o poder nã o só de consumi-los por sua violê ncia,

mas para destruı́-los mesmo pelo terror de sua visã o.


20 Sim, e sem isso eles poderiam ter caı́do por um ú nico sopro,

sendo perseguido pela Justiça e espalhado pelo sopro de seu


poder;
mas você dispô s todas as coisas por medida, nú mero e peso.

21 Pois ser muito forte é


seu em todos os momentos.
Quem poderia resistir ao poder do seu braço?
22 Porque o mundo inteiro diante de você é como um grã o na

balança,
e como uma gota de orvalho que desce sobre a terra pela manhã .
23 Mas você tem misericó rdia de todos os homens, porque você

tem poder para fazer todas as coisas,


e você ignora os pecados dos homens para que eles se
arrependam.
24 Pois você ama todas as coisas que sã o,

e nã o abomine nenhuma das coisas que você fez;


Pois você nunca teria formado nada se o odiasse.
25 Como qualquer coisa teria durado a menos que você quisesse?

Ou aquilo que nã o foi chamado por você , como teria sido
preservado?
26 Mas você poupa todas as coisas, porque sã o suas,

O Senhor Soberano, você amante das vidas.


Salmos 25
Por Davi.
1 A ti, Senhor, elevo a minha alma.
2 Meu Deus, con iei em ti.

Nã o me deixe ser envergonhado.


Nã o deixe meus inimigos triunfarem sobre mim.
3 Sim, ningué m que espera por você será envergonhado.

Serã o envergonhados aqueles que agem traiçoeiramente sem


causa.

4 Mostra-me os teus caminhos, Senhor.

Ensine-me seus caminhos.


5 Guia-me na tua verdade e ensina-me,

Pois tu é s o Deus da minha salvaçã o,


Te espero o dia todo.
6 Senhor, lembra-te das tuas misericó rdias e da tua benignidade,

pois sã o de tempos antigos.


7 Nã o te lembres dos pecados da minha juventude, nem das

minhas transgressõ es.


Lembra-te de mim segundo a tua benignidade,
por amor de tua bondade, Senhor.
8 Bom e reto é o Senhor,

portanto, ele instruirá os pecadores no caminho.


9 Ele guiará os humildes na justiça.

Ele ensinará aos humildes o seu caminho.


10 Todas as veredas do Senhor sã o benignidade e verdade

aos que guardam a sua aliança e os seus testemunhos.


11 Por amor do teu nome, Senhor,

perdoe a minha iniqü idade, porque é grande.


12 Que homem é aquele que teme ao Senhor?

Ele o instruirá no caminho que escolher.


13 Sua alma habitará tranquila.

Sua descendê ncia herdará a terra.


14 A amizade do Senhor é com os que o temem.
Ele lhes mostrará sua aliança.

15 Meus olhos estã o sempre em Javé ,

pois ele arrancará meus pé s da rede.


16 Volta-te para mim e tem piedade de mim,

porque estou desolado e a lito.


17 Aumentam-se as angú stias do meu coraçã o.

Oh, tire-me das minhas angú stias.


18 Considera a minha a liçã o e o meu trabalho.

Perdoe todos os meus pecados.


19 Considere meus inimigos, pois eles sã o muitos.

Eles me odeiam com ó dio cruel.


20 Guarda a minha alma e livra-me.

Que eu nã o me decepcione, pois em ti me refugio.


21 Que a integridade e a retidã o me preservem,

pois eu espero por você .


22 Deus, redime Israel

fora de todos os seus problemas.


Lamentações 5
1 Lembra-te, Senhor, do que nos sobreveio.

Olhe, e veja nossa reprovaçã o.


2 A nossa herança foi entregue a estranhos,

nossas casas para alienı́genas.


3 Somos ó rfã os e ó rfã os.

Nossas mã es sã o como viú vas.


4 Bebemos nossa á gua por dinheiro.

Nossa madeira é vendida para nó s.


5 Nossos perseguidores estã o em nossos pescoços.

Estamos cansados e nã o descansamos.


6 Demos as mã os aos egı́pcios,

e aos assı́rios, para se fartarem de pã o.


7 Nossos pais pecaram e nã o existem mais.

Nó s levamos suas iniqü idades.


8 Servos governam sobre nó s.

Nã o há ningué m para nos livrar de suas mã os.


9 Com risco de nossa vida obtemos nosso pã o,

por causa da espada do deserto.


10 Nossa pele é negra como um forno,

por causa do calor ardente da fome.


11 Eles violentaram as mulheres em Siã o,

as virgens nas cidades de Judá .


12 Prı́ncipes foram enforcados pelas pró prias mã os.

Os rostos dos anciã os nã o foram honrados.


13 Os jovens carregam mó s.

As crianças tropeçaram sob cargas de madeira.


14 Os anciã os deixaram a porta,

e os jovens de sua mú sica.


15 A alegria do nosso coraçã o cessou.

Nossa dança se transforma em luto.


16 A coroa caiu de nossa cabeça.

Ai de nó s, pois pecamos!


17 Por isso nosso coraçã o desfalece.
Para estas coisas nossos olhos estã o ofuscados:
18 para o monte de Siã o, que está deserto.

As raposas andam sobre ele.

19 Tu, Senhor, permaneces para sempre.

Seu trono é de geraçã o em geraçã o.


20 Por que você nos esquece para sempre,

e nos abandonar por tanto tempo?


21 Converte-nos a ti, Senhor, e seremos convertidos.

Renovar nossos dias como antigamente.


22 Mas você nos rejeitou totalmente.

Você está com muita raiva de nó s.


Jeremias 10
1 Ouvi a palavra que o Senhor vos fala, casa de Israel! 2 Javé diz:
“Nã o aprenda o caminho das naçõ es,
e nã o se assuste com os sinais do cé u;
porque as naçõ es estã o consternadas com eles.
3 Porque os costumes dos povos sã o vaidade;

pois um corta uma á rvore da loresta,


o trabalho das mã os do trabalhador com o machado.
4 Enfeitam-no com prata e ouro.

Eles a prendem com pregos e com martelos,


para que nã o possa se mover.
5 Sã o como palmeiras, torneadas,

e nã o fale.
Devem ser transportados,
porque eles nã o podem se mover.
Nã o tenha medo deles;
pois nã o podem fazer o mal,
nem está neles fazer o bem.”
6 Nã o há ningué m como você , Senhor.

Você é ó timo,
e seu nome é grande em poder.
7 Quem nã o deve temer você ,

Rei das naçõ es?


Pois pertence a você .
Porque entre todos os sá bios das naçõ es,
e em todos os seus bens reais,
nã o há ningué m como você .
8 Mas eles sã o juntos brutos e tolos,

instruı́do por ı́dolos!


E apenas madeira.
9 Há prata batida em pratos, trazida de Tá rsis,

e ouro de Ufaz,
obra do gravador e das mã os do ourives.
Suas roupas sã o azuis e roxas.
Todos eles sã o obra de homens há beis.
10 Mas Javé é o verdadeiro Deus.

Ele é o Deus vivo,


e um Rei eterno.
Em sua ira, a terra treme.
As naçõ es nã o sã o capazes de resistir à sua indignaçã o.
11 “Você s lhes dirã o: 'Os deuses que nã o izeram os cé us e a terra
perecerã o da terra e de debaixo dos cé us.' ”
12 Deus fez a terra pelo seu poder.

Ele estabeleceu o mundo por sua sabedoria,


e com o seu entendimento estendeu os cé us.
13 Quando ele pronuncia a sua voz,

as á guas do cé u rugem,


e ele faz subir os vapores dos con ins da terra.
Ele faz relâ mpagos para a chuva,
e tira o vento dos seus tesouros.
14 Todo homem se tornou embrutecido e sem conhecimento.

Todo ourives ica desapontado com sua imagem gravada;


porque a sua imagem fundida é falsidade,
e nã o há fô lego neles.
15 Sã o vaidade, obra de ilusã o.

No tempo de sua visitaçã o, eles perecerã o.


16 A porçã o de Jacó nã o é como estas;

pois ele é o criador de todas as coisas;


e Israel é a tribo da sua herança:
Javé dos Exé rcitos é o seu nome.
17 Recolha os seus produtos da terra,

você que vive cercado.


18 Pois o Senhor diz:

“Eis que neste tempo lançarei fora os moradores da terra,


e os a ligirá , para que o sintam”.
19 Ai de mim por causa do meu ferimento!

Minha ferida é sé ria;


mas eu disse,
“Verdadeiramente esta é a minha dor, e devo suportá -la.”
20 Minha tenda foi destruı́da,

e todas as minhas cordas estã o quebradas.


Meus ilhos se afastaram de mim e nã o existem mais.
Nã o há mais ningué m para estender a minha tenda,
para montar minhas cortinas.
21 Pois os pastores se tornaram brutos,

e nã o consultaram ao Senhor.


Por isso nã o prosperaram,
e todos os seus rebanhos se dispersaram.
22 A voz da notı́cia, eis que vem,

e uma grande comoçã o fora do paı́s do norte,


para tornar as cidades de Judá em desolaçã o,
morada de chacais.
23 Senhor, eu sei que o caminho do homem nã o está nele mesmo.

Nã o é do homem que caminha dirigir seus passos.


24 Yahweh, corrija-me, mas com moderaçã o;

nã o em sua raiva,


para que você nã o me reduza a nada.
25 Derrama a tua ira sobre as naçõ es que nã o te conhecem,

e nas famı́lias que nã o invocam seu nome;


porque eles devoraram a Jacó .
Sim, eles o devoraram, o consumiram,
e assolaram a sua habitaçã o.
Hebreus 5
1 Porque todo sumo sacerdote, tirado dentre os homens, é

constituı́do aos homens nas coisas concernentes a Deus, para oferecer


tanto dons como sacrifı́cios pelos pecados. 2 O sumo sacerdote pode
tratar com doçura os ignorantes e desgarrados, porque ele també m
está cercado de fraquezas. 3 Por causa disso, ele deve oferecer
sacrifı́cios pelos pecados pelo povo, bem como por si mesmo. 4
Ningué m assume essa honra, mas é chamado por Deus, assim como
Arã o. 5 Assim també m Cristo nã o se glori icou para ser feito sumo
sacerdote, mas foi ele quem lhe disse:
"Você é meu ilho.
Hoje eu me tornei seu pai.”
6 Como ele diz també m em outro lugar,

“Você é um sacerdote para sempre,


segundo a ordem de Melquisedeque”.
7 Ele, nos dias de sua carne, tendo oferecido oraçõ es e sú plicas

com forte clamor e lá grimas à quele que podia salvá -lo da morte, e
tendo sido ouvido por seu temor piedoso, 8 sendo Filho, ainda
aprendeu obediê ncia pelas coisas que sofreu. 9 Aperfeiçoado, tornou-
se, para todos os que lhe obedecem, o autor da salvaçã o eterna, 10
nomeado por Deus sumo sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque.
11 Sobre ele temos muitas palavras a dizer, e difı́ceis de interpretar,

visto que você s icaram surdos de ouvir. 12 Pois, embora a esta altura
você s já devam ser professores, você s novamente precisam que algué m
lhes ensine os rudimentos dos primeiros princı́pios das revelaçõ es de
Deus. Você precisa de leite, e nã o de alimentos só lidos. 13 Pois todo
aquele que vive de leite nã o é experiente na palavra da justiça, pois é
um bebê . 14 Mas o alimento só lido é para os adultos, que pelo uso tê m
os sentidos exercitados para discernir o bem e o mal.
1 Timóteo 6
1 Todos quantos forem servos do jugo considerem seus senhores

dignos de toda honra, para que o nome de Deus e a doutrina nã o sejam
blasfemados. 2 Aqueles que tê m mestres crentes, nã o os desprezem
porque sã o irmã os, mas antes os sirvam, porque aqueles que
participam do benefı́cio sã o crentes e amados. Ensine e exorte essas
coisas.
3 Se algué m ensina outra doutrina e nã o aceita as sã s palavras, as

palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e a doutrina que é segundo a


piedade, 4 é presunçoso, nã o sabendo nada, mas obstinado em
discussõ es, contendas, e guerras de palavras, das quais vê m invejas,
contendas, insultos, suspeitas malignas, 5 constante atrito de pessoas
de mente corrupta e destituı́das da verdade, que supõ em que a piedade
é um meio de lucro. Retire-se de tal.
6 Mas a piedade com contentamento é grande ganho. 7 Pois nada
trouxemos ao mundo, e certamente nada podemos levar. 8 Mas tendo
comida e roupa, icaremos contentes com isso. 9 Mas os que querem
icar ricos caem em tentaçã o, em laço, e em muitas concupiscê ncias
loucas e nocivas, que afogam os homens na ruı́na e na ruı́na. 10 Porque o
amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Alguns foram desviados da
fé em sua ganâ ncia, e se a ligiram com muitas tristezas.
11 Mas você , homem de Deus, fuja dessas coisas e siga a justiça, a

piedade, a fé , o amor, a perseverança e a mansidã o. 12 Combata o bom


combate da fé . Apodera-te da vida eterna para a qual foste chamado, e
izeste a boa con issã o diante de muitas testemunhas. 13 Eu te ordeno
diante de Deus, que vivi ica todas as coisas, e diante de Cristo Jesus,
que diante de Pô ncio Pilatos testi icou a boa con issã o, 14 que guardes o
mandamento sem má cula, irrepreensı́vel, até a manifestaçã o de nosso
Senhor Jesus Cristo, 15 que em seu pró prio tempo ele mostrará quem é
o abençoado e ú nico Governante, o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
16 Só ele tem a imortalidade, habitando em luz inacessı́vel, a quem

nenhum homem viu nem pode ver: a quem seja honra e poder eterno.
Um homem.
17 Exorta aos ricos do presente sé culo que nã o sejam arrogantes,

nem ponham a sua esperança na incerteza das riquezas, mas no Deus


vivo, que nos dá abundantemente todas as coisas para o nosso gozo; 18
que pratiquem o bem, que sejam ricos em boas obras, que estejam
prontos a distribuir, dispostos a repartir; 19 entesourando para si
mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar
a vida eterna.
20 Timó teo, guarda o que te écon iado, desviando-te das palavras
vã s e das oposiçõ es do que se chama falsamente conhecimento, 21 que
alguns professam e assim se desviam da fé .
A graça esteja com você . Um homem.
Hebreus 1
1 Tendo Deus outrora falado muitas vezes e de muitas maneiras aos

pais pelos profetas, 2 nestes ú ltimos dias nos falou pelo Filho, a quem
constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual també m fez os
mundos. 3 Seu Filho é o resplendor da sua gló ria, a pró pria imagem da
sua substâ ncia, e sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder, o
qual, havendo-nos puri icado por si mesmo dos nossos pecados,
assentou-se à direita da Majestade no alto, 4 tendo-se tornado tã o
melhor que os anjos quanto o nome mais excelente que herdou é
melhor que o deles. 5 Pois a qual dos anjos ele disse em algum
momento,
"Você é meu ilho.
Hoje eu me tornei seu pai?”
e de novo,
“Eu serei para ele um Pai,
e ele será para mim um Filho?”
6 Quando ele traz novamente o primogê nito ao mundo, ele diz:

“Que todos os anjos de Deus o adorem”. 7 Dos anjos ele diz:


“Ele faz dos seus anjos ventos,
e seus servos uma chama de fogo”.
8 Mas do Filho ele diz:

“O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre.


O cetro da retidã o é o cetro do seu Reino.
9 Você amou a justiça e odiou a iniqü idade;

por isso Deus, teu Deus, te ungiu com ó leo de alegria mais do que a
teus companheiros”.
10 E,

“Tu, Senhor, no princı́pio fundaste a terra.


Os cé us sã o obras das tuas mã os.
11 Eles perecerã o, mas você continua.

Todos eles envelhecerã o como uma roupa.


12 Tu os enrolará s como um manto,

e eles serã o mudados;


mas você é o mesmo.
Seus anos nã o vã o falhar.”
13 Mas qual dos anjos ele falou em algum momento,

“Sente-se à minha direita,


até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pé s?”
14 Nã o sã o todos eles espı́ritos servidores, enviados para servir

aqueles que herdarã o a salvaçã o?


Lucas 2
1 Naqueles dias saiu um decreto da parte de Cé sar Augusto para

que todo o mundo se alistasse. 2 Esta foi a primeira inscriçã o feita


quando Quirino era governador da Sı́ria. 3 Todos foram alistar-se, cada
um à sua cidade. 4 José també m subiu da Galilé ia, da cidade de Nazaré , à
Judé ia, à cidade de Davi, chamada Belé m, por ser da casa e famı́lia de
Davi, 5 para alistar-se com Maria, que estava prometida casada com ele
como esposa, estando grá vida.
6 Enquanto eles estavam lá , chegou o dia de ela dar à luz. 7 Ela deu à
luz seu ilho primogê nito. Ela o envolveu em faixas de pano e o colocou
em um comedouro, porque nã o havia lugar para eles na pousada. 8
Havia pastores no mesmo paı́s que icavam no campo e vigiavam o
rebanho à noite. 9 Eis que um anjo do Senhor estava junto deles, e a
gló ria do Senhor resplandeceu ao redor deles, e eles icaram
apavorados. 10 O anjo disse-lhes: “Nã o temais, porque eis que vos
anuncio uma boa nova de grande alegria, que será para todo o povo. 11
Porque hoje vos nasceu, na cidade de Davi, um Salvador, que é o Cristo
Senhor. 12 Este é o sinal para você s: você s encontrarã o um bebê
enrolado em tiras de pano, deitado em um comedouro”. 13 De repente,
juntou-se ao anjo uma multidã o do exé rcito celestial, louvando a Deus e
dizendo:
14 “Gló ria a Deus nas alturas,

paz na terra, boa vontade para com os homens”.


15 Quando os anjos se afastaram deles para o cé u, os pastores

disseram uns aos outros: “Vamos a Belé m, agora, e vejamos o que


aconteceu, que o Senhor nos deu a conhecer”. 16 Eles vieram com
pressa e encontraram Maria e José , e o bebê estava deitado no
comedouro. 17 Ao verem isso, divulgaram amplamente o ditado que
lhes foi dito sobre essa criança. 18 Todos os que a ouviram se
maravilharam com as coisas que lhes foram ditas pelos pastores. 19
Mas Maria guardou todas essas palavras, ponderando-as em seu
coraçã o. 20 Os pastores voltaram, glori icando e louvando a Deus por
tudo o que tinham ouvido e visto, conforme lhes fora dito.
21 Quando se cumpriram oito dias para a circuncisã o do menino,

seu nome foi chamado Jesus, que foi dado pelo anjo antes que ele fosse
concebido no ventre.
22 Quando se cumpriram os dias da puri icaçã o deles, segundo a
lei de Moisé s, levaram-no a Jerusalé m, para apresentá -lo ao Senhor 23
(como está escrito na lei do Senhor: Todo homem que abrir a madre
será seja santi icado ao Senhor”), 24 e para oferecer um sacrifı́cio
segundo o que está dito na lei do Senhor: “Um par de rolas ou dois
pombinhos”.
25 Eis que havia em Jerusalé m um homem cujo nome era Simeã o.

Este homem era justo e devoto, esperando a consolaçã o de Israel, e o


Espı́rito Santo estava sobre ele. 26 Foi-lhe revelado pelo Espı́rito Santo
que nã o veria a morte antes de ter visto o Cristo do Senhor. 27 Ele
entrou em Espı́rito no templo. Quando os pais trouxeram o menino,
Jesus, para que izessem a respeito dele segundo o costume da lei, 28
entã o ele o recebeu em seus braços, e louvou a Deus, e disse:
29 “Agora você está liberando seu servo, Mestre,

segundo a tua palavra, em paz;


30 pois os meus olhos viram a tua salvaçã o,
31 que preparaste diante de todos os povos;
32 uma luz para revelaçã o à s naçõ es,

e a gló ria do teu povo Israel”.


33 Josée sua mã e maravilhavam-se com as coisas que se diziam a
respeito dele, 34 e Simeã o os abençoou, e disse a Maria, sua mã e: Eis
que este menino está posto para queda e levantamento de muitos em
Israel, e para um sinal contra o qual se fala. 35 Sim, uma espada
traspassará a tua pró pria alma, para que se manifestem os
pensamentos de muitos coraçõ es”.
36 Havia uma certa Ana, uma profetisa, ilha de Fanuel, da tribo de
Aser (era de grande idade, tendo vivido com marido sete anos desde a
sua virgindade, 37 e estava viú va há cerca de oitenta e quatro anos), que
nã o se afastou do templo, adorando com jejuns e petiçõ es noite e dia. 38
Chegando naquela mesma hora, ela deu graças ao Senhor e falou dele a
todos os que esperavam redençã o em Jerusalé m.
39 Depois de terem cumprido todas as coisas que estavam de

acordo com a lei do Senhor, voltaram para a Galilé ia, para sua pró pria
cidade, Nazaré . 40 O menino crescia e se fortalecia em espı́rito,
enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava sobre ele. 41 Seus
pais iam todos os anos a Jerusalé m na festa da Pá scoa.
42 Quando ele tinha doze anos, subiram a Jerusalé m, segundo o

costume da festa, 43 e, cumpridos os dias, ao voltarem, o menino Jesus


icou em Jerusalé m. José e sua mã e nã o o sabiam, 44 mas supondo que
ele estivesse na companhia, viajaram um dia e o procuraram entre seus
parentes e conhecidos. 45 Como nã o o encontraram, voltaram para
Jerusalé m, procurando por ele. 46 Depois de trê s dias, encontraram-no
no templo, sentado no meio dos mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes
perguntas. 47 Todos os que o ouviram icaram maravilhados com sua
compreensã o e suas respostas. 48 Quando o viram, icaram admirados,
e sua mã e lhe disse: “Filho, por que você nos tratou assim? Eis que seu
pai e eu está vamos ansiosos à sua procura”.
49 Ele lhes disse: “Por que você s estavam me procurando? Você nã o
sabia que eu deveria estar na casa de meu Pai?” 50 Eles nã o entenderam
a palavra que ele lhes falou. 51 E ele desceu com eles, e veio a Nazaré .
Ele estava sujeito a eles, e sua mã e guardou todas essas palavras em
seu coraçã o. 52 E Jesus crescia em sabedoria e estatura, e em graça
diante de Deus e dos homens.
Mateus 2
1 Tendo Jesus nascido em Belé m da Judé ia, nos dias do rei Herodes,

eis que uns magos vindos do oriente vieram a Jerusalé m, dizendo: 2


“Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Pois vimos a sua
estrela no oriente e viemos adorá -lo”. 3 Quando o rei Herodes ouviu
isso, icou perturbado, e toda Jerusalé m com ele. 4 Reunindo todos os
principais sacerdotes e escribas do povo, perguntou-lhes onde nasceria
o Cristo. 5 Responderam-lhe: Em Belé m da Judé ia, porque isto está
escrito pelo profeta,
6 ‘Você Belé m, terra de Judá ,

nã o sã o os menores entre os prı́ncipes de Judá ;


porque de ti sairá um governador
quem apascentará meu povo, Israel.' ”
7 Entã o Herodes chamou secretamente os magos e soube deles

exatamente a que horas a estrela apareceu. 8 Ele os enviou a Belé m e


disse: “Vã o e procurem diligentemente o menino. Quando você o
encontrar, avise-me, para que eu també m venha e o adore”.
9 Eles, tendo ouvido o rei, foram embora; e eis que a estrela que

viram no oriente ia adiante deles até que veio e parou sobre onde
estava o menino. 10 Quando viram a estrela, exultaram com grande
alegria. 11 Entraram na casa e viram o menino com Maria, sua mã e, e
prostraram-se e o adoraram. Abrindo seus tesouros, eles lhe
ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. 12 Avisados em sonho
para que nã o voltassem a Herodes, voltaram para a sua terra por outro
caminho.
13 Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em

sonho a José , dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mã e e foge para
o Egito, e ica lá até que eu te avise, porque Herodes procuram o
menino para destruı́-lo”.
14 Levantou-se, tomou de noite o menino e sua mã e e partiu para o

Egito, 15 e ali icou até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que
fora dito da parte do Senhor por intermé dio do profeta: Do Egito saı́ do
Egito liguei para meu ilho”.
16 Entã o Herodes, vendo que os magos zombavam dele, indignou-se

muito, e mandou matar todos os meninos que havia em Belé m e em


toda a circunvizinhança, de dois anos para baixo, segundo o tempo
exato que ele havia aprendido com os sá bios. 17 Entã o se cumpriu o que
fora dito pelo profeta Jeremias, que dizia:
18 “Ouviu-se uma voz em Ramá ,

lamentaçã o, pranto e grande pranto,


Rachel chorando por seus ilhos;
ela nã o seria consolada,
porque nã o existem mais”.
19 Morto Herodes, poré m, eis que um anjo do Senhor apareceu em

sonhos a José no Egito, dizendo: 20 “Levanta-te, toma o menino e sua


mã e, e vai para a terra de Israel, porque os que buscavam o a vida de
uma criança está morta.”
21 Ele se levantou, tomou o menino e sua mã e e foi para a terra de

Israel. 22 Mas, quando soube que Arquelau reinava na Judé ia em lugar


de seu pai, Herodes, teve medo de ir para lá . Avisado em sonho, retirou-
se para a regiã o da Galilé ia, 23 e foi morar numa cidade chamada
Nazaré ; para que se cumpra o que foi dito pelos profetas que ele será
chamado Nazareno.
1 Reis 2
1 Aproximaram-se os dias de Davi para que morresse; e deu ordem

a seu ilho Salomã o, dizendo: 2 “Vou pelo caminho de toda a terra. Seja
forte, portanto, e mostre-se um homem; 3 e guarda a instruçã o do
Senhor teu Deus, para andares nos seus caminhos, guardares os seus
estatutos, os seus mandamentos, as suas ordenanças e os seus
testemunhos, conforme o que está escrito na lei de Moisé s, para que
prosperes em tudo o que você faz, e onde quer que você se vire. 4 Entã o
o Senhor pode con irmar a palavra que falou a meu respeito, dizendo:
Se teus ilhos cuidarem do seu caminho, andando diante de mim com
verdade de todo o coraçã o e de toda a alma, nã o te faltará , disse ele. ,
'um homem no trono de Israel.'
5 “Sabeis també m o que me fez Joabe, ilho de Zeruia, o que fez aos
dois capitã es dos exé rcitos de Israel, a Abner, ilho de Ner, e a Amasa,
ilho de Jeter, que ele matou, e derramou em paz o sangue da guerra, e
pô s o sangue da guerra na faixa que trazia na cintura e nas sandá lias
que trazia nos pé s. 6 Faz, pois, segundo a tua sabedoria, e nã o deixes a
sua cabeça grisalha descer em paz ao Seol. 7 Mas seja benigno para com
os ilhos de Barzilai, o gileadita, e sejam eles entre os que comem à tua
mesa; pois assim vieram a mim quando fugi de Absalã o, teu irmã o.
8 “Eis que estácontigo Simei, ilho de Gera, benjamita, de Baurim,
que me amaldiçoou com grande maldiçã o no dia em que fui a Maanaim;
mas ele desceu ao meu encontro no Jordã o, e jurei-lhe pelo Senhor,
dizendo: Nã o te matarei à espada. 9 Agora, pois, nã o o consideres
inocente, porque tu é s um homem sá bio; e você saberá o que deve fazer
com ele, e fará descer sua cabeça grisalha ao Sheol com sangue.
10 Davi dormiu com seus pais e foi sepultado na cidade de Davi. 11

Os dias em que Davi reinou sobre Israel foram quarenta anos; reinou
sete anos em Hebrom, e reinou trinta e trê s anos em Jerusalé m. 12
Salomã o sentou-se no trono de seu pai Davi; e seu reino foi irmemente
estabelecido.
13 Entã o Adonias,ilho de Hagit, veio a Bate-Seba, mã e de Salomã o.
Ela disse: “Você vem em paz?”
Ele disse: “Paz. 14 Ele disse ainda: Tenho uma coisa para lhe dizer”.
Ela disse: “Diga em frente”.
15 Ele disse: “Você s sabem que o reino era meu, e que todo o Israel

se voltou contra mim, para que eu reinasse. No entanto, o reino se


inverteu e se tornou do meu irmã o; porque era dele do Senhor. 16 Agora
faço uma petiçã o a você s. Nã o me negue.”
Ela disse a ele: “Diga em frente”. 17 Ele disse: “Por favor, fale com o
rei Salomã o (porque ele nã o vai dizer 'nã o'), que ele me dê Abisague, a
sunamita, como esposa”.
18 Bate-Seba disse: “Tudo bem. Eu falarei por você com o rei.”
19 Bate-Seba foi, pois, ter com o rei Salomã o, para lhe falar por

Adonias. O rei levantou-se para encontrá -la, e inclinou-se para ela, e


sentou-se em seu trono, e fez com que um trono fosse colocado para a
mã e do rei; e ela sentou-se à sua direita. 20 Entã o ela disse: “Peço-te
uma pequena petiçã o; nã o me negue.”
O rei disse a ela: “Pergunte, minha mã e; pois nã o te negarei”.
21 Ela disse: “Dê -se Abisague, a sunamita, a Adonias, seu irmã o,

por mulher”.
22 O rei Salomã o respondeu a sua mã e: “Por que você pede Adonias
a Abisague, a sunamita? Pede-lhe també m o reino; pois ele é meu irmã o
mais velho; mesmo para ele, e para Abiatar, o sacerdote, e para Joabe,
ilho de Zeruia”. 23 Entã o o rei Salomã o jurou pelo Senhor, dizendo:
Assim faça Deus comigo, e ainda mais, se Adonias nã o disse esta
palavra contra a sua pró pria vida. 24 Agora, pois, vive o Senhor, que me
irmou e me pô s no trono de Davi, meu pai, e que me fez uma casa,
como prometeu, hoje mesmo Adonias morrerá .
25 O rei Salomã o enviou Benaia,ilho de Joiada; e caiu sobre ele, de
modo que morreu. 26 A Abiatar, o sacerdote, o rei disse: “Vá a Anatote,
aos seus campos; pois você é digno de morte. Mas nã o te matarei agora,
porque levaste a arca do Senhor Jeová diante de Davi, meu pai, e porque
foste a ligido em tudo em que meu pai foi a ligido”. 27 Assim Salomã o
expulsou Abiatar do sacerdó cio do Senhor, para que cumprisse a
palavra do Senhor, que falara acerca da casa de Eli em Siló .
28 Esta notı́cia chegou a Joabe; pois Joabe tinha seguido Adonias,

embora nã o tenha seguido Absalã o. Joabe fugiu para a tenda de Javé e
segurou as pontas do altar. 29 Foi dito ao rei Salomã o: “Joabe fugiu para
a tenda do Senhor, e eis que está junto ao altar”. Entã o Salomã o enviou
Benaia, ilho de Joiada, dizendo: “Vá , caia sobre ele”.
30 Benaia foi à tenda do Senhor e lhe disse: “O rei diz: 'Sai!' ”
Ele disse nã o; mas vou morrer aqui”.
Benaia trouxe novamente a palavra ao rei, dizendo: “Assim disse
Joabe, e assim me respondeu”.
31 O rei lhe disse: “Faça como ele disse, caia sobre ele e sepulte-o;

para que tires de mim e da casa de meu pai o sangue que Joabe
derramou sem causa. 32 O Senhor fará cair o seu sangue sobre a sua
cabeça, porque caiu sobre dois homens mais justos e melhores do que
ele, e os matou à espada, sem que meu pai Davi o soubesse: Abner, ilho
de Ner, capitã o do exé rcito de Israel, e Amasa, ilho de Jeter, capitã o do
exé rcito de Judá . 33 Assim o sangue deles voltará sobre a cabeça de
Joabe e sobre a cabeça de sua descendê ncia para sempre. Mas para
Davi, para a sua descendê ncia, para a sua casa e para o seu trono,
haverá paz para sempre da parte do Senhor”.
34 Entã o Benaia, ilho de Jeoiada, subiu e caiu sobre ele, e o matou; e
foi sepultado em sua pró pria casa no deserto. 35 O rei colocou Benaia,
ilho de Joiada, em seu lugar sobre o exé rcito; e o rei pô s Zadoque, o
sacerdote, no lugar de Abiatar. 36 O rei mandou chamar Simei e lhe
disse: “Construa uma casa em Jerusalé m, e more lá , e nã o vá para outro
lugar. 37 Pois no dia em que você sair e passar pelo ribeiro de Cedrom,
saiba com certeza que você certamente morrerá . Seu sangue estará em
sua pró pria cabeça.”
38 Simei disse ao rei: “O que você diz é bom. Como meu senhor, o
rei, disse, assim fará seu servo”. Simei viveu muitos dias em Jerusalé m.
39 Ao im de trê s anos, dois servos de Simei fugiram para Aquis,
ilho de Maaca, rei de Gate. Eles contaram a Simei, dizendo: “Eis que
teus servos estã o em Gate”.
40 Simei levantou-se, selou o seu jumento e foi a Gate, a Aquis, para

buscar os seus servos; e Simei foi, e trouxe seus escravos de Gate. 41 Foi
dito a Salomã o que Simei tinha ido de Jerusalé m a Gate, e voltou.
42 O rei mandou chamar Simei, e disse-lhe: Nã o te conjurei pelo

Senhor e te avisei, dizendo: Sabe com certeza que no dia em que saires
e andares por qualquer outro lugar, certamente morrer? Você me disse:
'O ditado que ouvi é bom.' 43 Por que, entã o, nã o guardaste o juramento
do Senhor e o mandamento que te ensinei?” 44 O rei disse ainda a
Simei: “Você sabe em seu coraçã o toda a maldade que fez a Davi, meu
pai. Portanto, o Senhor fará recair sobre sua cabeça a sua maldade. 45
Mas o rei Salomã o será abençoado, e o trono de Davi será estabelecido
diante do Senhor para sempre”. 46 Entã o o rei deu ordem a Benaia, ilho
de Jeoiada; e ele saiu, e caiu sobre ele, de modo que morreu. O reino foi
estabelecido nas mã os de Salomã o.
Salmos 26
Por Davi.
1 Julga-me, Senhor, porque tenho andado na minha integridade.

També m con iei no Senhor sem vacilar.


2 Examina-me, Senhor, e prova-me.

Experimente meu coraçã o e minha mente.


3 Pois a tua benignidade está diante dos meus olhos.

Eu tenho andado em sua verdade.


4 Nã o me sentei com homens enganadores,

nem entrarei com hipó critas.


5 Detesto a assemblé ia de malfeitores,

e nã o se sentará com os ı́mpios.


6 Lavarei as mã os na inocê ncia,

por isso vou ao redor do teu altar, Yahweh,


7 para fazer ouvir a voz de açã o de graças

e conte todas as suas maravilhas.


8 Senhor, eu amo a habitaçã o da tua casa,

o lugar onde habita a tua gló ria.


9 Nã o reú na minha alma com pecadores,

nem minha vida com homens sanguiná rios;


10 em cujas mã os está a maldade,

sua mã o direita está cheia de subornos.

11 Mas, quanto a mim, andarei na minha integridade.

Redime-me e seja misericordioso comigo.


12 Meu pé está em um lugar plano.

Nas congregaçõ es bendirei a Javé .


Salmos 19
Para o Músico Chefe. Um Salmo de Davi.
1 Os cé us declaram a gló ria de Deus.

A extensã o mostra sua obra.


2 Dia apó s dia eles proferem discursos,

e noite apó s noite eles demonstram conhecimento.


3 Nã o há fala nem linguagem,

onde sua voz nã o é ouvida.


4 A sua voz ecoou por toda a terra,

suas palavras até o im do mundo.


Neles ele armou uma tenda para o sol,
5 que é como um noivo que sai do seu quarto,

como um homem forte regozijando-se por seguir seu curso.


6 A sua saı́da é desde a extremidade dos cé us,

seu circuito até o im.


Nã o há nada escondido de seu calor.

7 A lei do Senhor é perfeita, restaura a alma.


A aliança de Yahweh é certa, tornando sá bios os simples.
8 Os preceitos do Senhor sã o retos, alegrando o coraçã o.

O mandamento de Yahweh é puro, iluminando os olhos.


9 O temor do Senhor é puro e dura para sempre.

As ordenanças de Yahweh sã o verdadeiras e totalmente justas.


10 Sã o mais desejá veis do que o ouro, sim, do que muito ouro ino,

mais doce també m que o mel e o extrato do favo de mel.


11 Alé m disso, seu servo é avisado por eles.

Em mantê -los há grande recompensa.


12 Quem pode discernir seus erros?

Perdoe-me pelos erros ocultos.

13 Afasta també m o teu servo dos pecados de presunçã o.

Que eles nã o tenham domı́nio sobre mim.


Entã o eu vou icar de pé .
Serei irrepreensı́vel e inocente de grande transgressã o.
14 Que as palavras da minha boca e a meditaçã o do meu coraçã o

seja aceitá vel aos seus olhos,


Javé , minha rocha e meu redentor.
Mateus 10
1 Chamou a si os seus doze discı́pulos, e lhes deu autoridade sobre

os espı́ritos imundos, para expulsá -los e curar toda doença e toda


doença. 2 Ora, os nomes dos doze apó stolos sã o estes. O primeiro,
Simã o, que se chama Pedro; André , seu irmã o; Tiago, ilho de Zebedeu;
Joã o, seu irmã o; 3 Filipe; Bartolomeu; Tomá s; Mateus, o cobrador de
impostos; Tiago, ilho de Alfeu; Lebbaeus, que també m se chamava
Thaddaeus; 4 Simã o, o Zelote; e Judas Iscariotes, que també m o traiu.
5 Jesus enviou esses doze e ordenou-lhes, dizendo: “Nã o entrem

entre os gentios, e nã o entrem em nenhuma cidade dos samaritanos. 6


Em vez disso, vá para as ovelhas perdidas da casa de Israel. 7 A medida
que você for, pregue, dizendo: 'O Reino dos Cé us está pró ximo!' 8 Curai
os enfermos, puri icai os leprosos, e expulsar demô nios. De graça você
recebeu, entã o de graça dê . 9 Nã o leve ouro, prata ou latã o em seus
cintos de dinheiro. 10 Nã o leveis bolsa para o caminho, nem duas
tú nicas, nem sandá lias, nem cajado; porque o trabalhador é digno do
seu mantimento. 11 Em qualquer cidade ou vila em que você entrar,
descubra quem nela é digno e ique lá até continuar. 12 Ao entrar na
casa, cumprimente-a. 13 Se a casa for digna, que a paz venha sobre ela,
mas se nã o for digna, que a paz volte para você . 14 Quem nã o te receber
nem ouvir as tuas palavras, ao saires daquela casa ou daquela cidade,
sacudi o pó dos teus pé s. 15 Certamente vos digo que será mais
tolerá vel para a terra de Sodoma e Gomorra no dia do julgamento do
que para aquela cidade.
16 “Eis que vos envio como ovelhas entre lobos. Portanto, sejam

sá bios como as serpentes e inofensivos como as pombas. 17 Mas


acautelai-vos dos homens, porque vos entregarã o aos conselhos e nas
suas sinagogas vos açoitarã o. 18 Sim, e você será levado perante
governadores e reis por minha causa, para testemunho a eles e à s
naçõ es. 19 Mas quando te entregarem, nã o te preocupes como ou o que
dirá s, pois naquela hora te será dado o que dirá s. 20 Pois nã o sois vó s
que falais, mas o Espı́rito de vosso Pai que fala em vó s.
21 “Irmã o entregaráirmã o à morte, e o pai seu ilho. Os ilhos se
levantarã o contra os pais e os levarã o à morte. 22 Você será odiado por
todos por causa do meu nome, mas aquele que perseverar até o im
será salvo. 23 Mas quando vos perseguirem nesta cidade, fujam para a
pró xima, porque certamente vos digo que nã o passareis pelas cidades
de Israel até que o Filho do Homem venha.
24 “O discı́pulo nã o está acima do seu mestre, nem o servo acima do
seu senhor. 25 Basta ao discı́pulo ser como seu mestre, e ao servo como
seu senhor. Se chamaram o dono da casa de Belzebu, quanto mais os de
sua casa! 26 Portanto, nã o tenha medo deles, pois nã o há nada
encoberto que nã o venha a ser revelado, ou oculto que nã o venha a ser
conhecido. 27 O que eu te digo na escuridã o, fale na luz; e o que você
ouve sussurrado no ouvido, proclama nos telhados. 28 Nã o tenha medo
daqueles que matam o corpo, mas nã o sã o capazes de matar a alma.
Em vez disso, tema aquele que pode destruir tanto a alma quanto o
corpo na Geena.
29 “Nã o se vendem dois pardais por uma moeda de assarion?

Nenhum deles cai no chã o sem a vontade de seu Pai. 30 Mas os pró prios
cabelos de sua cabeça estã o todos contados. 31 Portanto, nã o tenha
medo. Você tem mais valor do que muitos pardais. 32 Portanto, todo
aquele que me confessar diante dos homens, també m eu o confessarei
diante de meu Pai que está nos cé us. 33 Mas quem me negar diante dos
homens, eu també m o negarei diante de meu Pai que está nos cé us.
34 “Nã o pensem que vim trazer paz à terra. Nã o vim trazer paz, mas
espada. 35 Pois eu vim para pô r em con lito o homem contra seu pai, e a
ilha contra sua mã e, e a nora contra sua sogra. 36 Os inimigos de um
homem serã o os de sua pró pria casa. 37 Quem ama o pai ou a mã e mais
do que a mim nã o é digno de mim; e quem ama ilho ou ilha mais do
que a mim nã o é digno de mim. 38 Quem nã o toma a sua cruz e nã o me
segue nã o é digno de mim. 39 Aquele que busca sua vida a perderá ; e
quem perder a sua vida por minha causa a encontrará .
40 “Quem vos recebe, a mim recebe, e quem me recebe, recebe

aquele que me enviou. 41 Quem recebe um profeta na qualidade de


profeta, receberá a recompensa de profeta. Quem recebe um justo na
qualidade de justo, receberá a recompensa de justo. 42 Quem der a um
destes pequeninos apenas um copo de á gua fria para beber em nome
de um discı́pulo, certamente vos digo, de modo algum perderá a sua
recompensa”.
Romanos 1
1 Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apó stolo, separado

para o Evangelho de Deus, 2 que ele havia prometido anteriormente


pelos seus profetas nas Sagradas Escrituras, 3 a respeito de seu Filho,
que nasceu da descendê ncia de Davi segundo a carne, 4 que foi
declarado Filho de Deus com poder, segundo o Espı́rito de santidade,
pela ressurreiçã o dentre os mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor, 5 por
quem recebemos graça e apostolado para obediê ncia da fé entre todas
as naçõ es por amor do seu nome; 6 entre os quais també m sois
chamados a pertencer a Jesus Cristo; 7 a todos os que estã o em Roma,
amados de Deus, chamados santos: Graça e paz da parte de Deus nosso
Pai e do Senhor Jesus Cristo.
8 Em primeiro lugar, dou graças ao meu Deus, por meio de Jesus

Cristo, por todos vó s, porque a vossa fé é proclamada em todo o


mundo. 9 Pois Deus é minha testemunha, a quem sirvo em meu espı́rito
nas Boas Novas de seu Filho, com que ininterruptamente menciono
sempre de você s em minhas oraçõ es, 10 pedindo, se de algum modo
agora, inalmente, posso ser pró spero pela vontade de Deus para vir até
você . 11 Pois desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual,
a im de que sejais con irmados; 12 isto é , para que eu convosco seja
encorajado em vó s, cada um de nó s pela fé do outro, tanto a vossa como
a minha.
13 Nã o quero que você s saibam, irmã os, que muitas vezes planejei

ir até você s, e fui impedido até agora, para que eu també m tivesse
algum fruto entre você s, assim como entre os demais gentios. 14 Sou
devedor tanto a gregos como a estrangeiros, tanto a sá bios como a
insensatos. 15 Tanto quanto há em mim, estou ansioso para pregar a
Boa Nova també m a você s que estã o em Roma. 16 Porque nã o me
envergonho da Boa Nova de Cristo, porque é o poder de Deus para a
salvaçã o de todo aquele que crê , primeiro do judeu, e també m do grego.
17 Pois nele é revelada a justiça de Deus de fé em fé . Como está escrito:

“Mas o justo viverá pela fé ”. 18 Porque a ira de Deus se revela do cé u
contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a
verdade pela injustiça, 19 porque o que de Deus é conhecido é revelado
neles, porque Deus o revelou a eles. 20 Porque as coisas invisı́veis dele
desde a criaçã o do mundo sã o claramente vistas, sendo percebidas
pelas coisas que sã o feitas, sim, seu poder eterno e divindade, para que
sejam inescusá veis. 21 Porque, conhecendo a Deus, nã o o glori icaram
como Deus, nem deram graças, mas tornaram-se vã os nos seus
raciocı́nios, e o seu coraçã o insensato se obscureceu.
22 Dizendo-se sá bios, tornaram-se loucos, 23 e trocaram a gló ria do

Deus incorruptı́vel pela semelhança da imagem de homem corruptı́vel,


e de aves, quadrú pedes e ré pteis. 24 Por isso també m Deus os entregou
à impureza nas concupiscê ncias de seus coraçõ es, para que seus
corpos fossem desonrados entre si; 25 que mudaram a verdade de Deus
em mentira, e adoraram e serviram a criatura em vez do Criador, que é
bendito para sempre. Um homem.
26 Por isso Deus os entregou a paixõ es vis. Pois suas mulheres

mudaram a funçã o natural para aquela que é contra a natureza. 27


Assim també m os homens, deixando a funçã o natural da mulher,
arderam em sua luxú ria uns para com os outros, homens fazendo o que
é impró prio com os homens, e recebendo em si mesmos a devida
penalidade de seu erro. 28 Assim como eles recusaram ter
conhecimento de Deus, Deus os entregou a um sentimento perverso,
para fazerem coisas que nã o convê m; 29 cheios de toda injustiça,
imoralidade sexual, maldade, avareza, malı́cia; cheios de inveja,
homicı́dio, contenda, engano, maus há bitos, caluniadores secretos, 30
caluniadores, aborrecedores de Deus, insolentes, soberbos,
presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, 31
insensatos, violadores da aliança, sem afeiçã o natural, implacá veis ,
impiedoso; 32 os quais, conhecendo a ordenança de Deus, segundo a
qual sã o dignos de morte os que tais coisas praticam, nã o somente as
fazem, mas també m aprovam os que as praticam.
Salmos 50
Um Salmo de Asafe.
1 O Poderoso, Deus, Javé , fala,

e chama a terra do nascer ao pô r do sol.


2 De Siã o, a perfeiçã o da beleza,

Deus brilha.
3 Nosso Deus vem e nã o se cala.

Um fogo devora diante dele.


E muito tempestuoso em torno dele.
4 Ele clama aos cé us acima,

para a terra, para que julgue o seu povo:


5 “Reú nam meus santos comigo,

aqueles que izeram aliança comigo por meio de sacrifı́cios”.


6 Os cé us anunciarã o a sua justiça,

pois o pró prio Deus é juiz.


Selá .
7 “Ouçam, povo meu, e eu falarei.

Israel, testemunharei contra você .


Eu sou Deus, seu Deus.
8 Nã o te repreendo pelos teus sacrifı́cios.

Seus holocaustos estã o continuamente diante de mim.


9 Nã o preciso de um touro do seu está bulo,

nem bodes dos vossos currais.


10 Pois todo animal da loresta é meu,

e o gado em mil colinas.


11 Conheço todas as aves dos montes.

Os animais selvagens do campo sã o meus.


12 Se eu tivesse fome, nã o te diria,

pois o mundo é meu, e tudo o que nele há .


13 Comerei a carne dos touros,

ou beber o sangue de cabras?


14 Ofereça a Deus o sacrifı́cio de açã o de graças.

Pague seus votos ao Altı́ssimo.


15 Invoca-me no dia da angú stia.

Eu o livrarei, e você me honrará ”.

16 Mas ao ı́mpio Deus diz:

“Que direito você tem de declarar meus estatutos,


que você tomou minha aliança em seus lá bios,
17 visto que você odeia a instruçã o,

e jogar minhas palavras atrá s de você ?


18 Quando você viu um ladrã o, você consentiu com ele,

e participaram com adú lteros.

19 “Você dá a sua boca ao mal.


Sua lı́ngua arma o engano.
20 Você se senta e fala contra seu irmã o.

Você calunia o ilho de sua pró pria mã e.


21 Você fez essas coisas, e eu iquei calado.

Você pensou que eu era como você .


Eu o repreenderei e o acusarei diante de seus olhos.

22 “Agora considerem isto, você s que se esquecem de Deus,

para que eu nã o os despedace, e nã o haja quem os livre.


23 Quem oferece sacrifı́cio de açã o de graças me glori ica,

e prepara o seu caminho para que eu lhe mostre a salvaçã o de


Deus”.
Mateus 17
1 Passados seis dias, Jesus levou consigo Pedro, Tiago e Joã o, seu

irmã o, e os levou sozinhos a um alto monte. 2 Ele foi transformado


diante deles. Seu rosto brilhou como o sol, e suas vestes icaram
brancas como a luz. 3 Eis que Moisé s e Elias lhes apareceram
conversando com ele.
4Pedro respondeu e disse a Jesus: “Senhor, é bom estarmos aqui. Se
você quiser, vamos fazer trê s tendas aqui: uma para você , uma para
Moisé s e outra para Elias”.
5 Enquanto ele ainda falava, eis que uma nuvem luminosa os

cobriu. Eis que uma voz saiu da nuvem, dizendo: “Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo. Ouça-o.”
6 Quando os discı́pulos ouviram isso, caı́ram de bruços e icaram
com muito medo. 7 Jesus aproximou-se, tocou neles e disse:
“Levantem-se e nã o tenham medo”. 8 Levantando os olhos, nã o viram
ningué m, a nã o ser somente Jesus.
9 Enquanto desciam do monte, Jesus ordenou-lhes, dizendo: Nã o

conteis a ningué m o que vistes, até que o Filho do homem ressuscite


dos mortos.
10 Seus discı́pulos lhe perguntaram, dizendo: “Entã o, por que dizem

os escribas que é necessá rio que Elias venha primeiro?”


11 Jesus lhes respondeu: “E
verdade que Elias vem primeiro e
restaurarátodas as coisas; 12 mas eu lhes digo que Elias já veio, e eles
nã o o reconheceram, mas izeram com ele o que quiseram. Assim
també m o Filho do Homem sofrerá por eles”. 13 Entã o os discı́pulos
entenderam que ele lhes falava de Joã o, o Batizador.
14 Quando chegaram à multidã o, aproximou-se dele um homem,
ajoelhando-se diante dele e dizendo: 15 “Senhor, tem piedade de meu
ilho, porque ele é epilé ptico e sofre muito; pois muitas vezes ele cai no
fogo e muitas vezes na á gua. 16 Entã o eu o trouxe aos teus discı́pulos, e
eles nã o puderam curá -lo”.
17 Jesus respondeu: “Geraçã o in
iel e perversa! Quanto tempo
icarei com você ? Quanto tempo eu vou suportar com você ? Traga-o
aqui para mim.” 18 Jesus repreendeu o demô nio, e ele saiu dele, e o
menino foi curado desde aquela hora.
19 Entã o os discı́pulos aproximaram-se de Jesus em particular e

perguntaram: “Por que nã o conseguimos expulsá -lo?”


20 Ele lhes disse: “Por causa da sua incredulidade. Pois com certeza

eu lhe digo, se você tiver fé como um grã o de mostarda, você dirá a esta
montanha: 'Mova-se daqui para lá ', e ela se moverá ; e nada será
impossı́vel para você . 21 Mas este tipo nã o sai exceto por oraçã o e
jejum.”
22 Enquanto eles estavam na Galilé ia, Jesus lhes disse: “O Filho do

Homem está para ser entregue nas mã os dos homens, 23 e eles o
matarã o, e no terceiro dia ele será levantado”.
Eles estavam extremamente arrependidos.
24 Quando chegaram a Cafarnaum, os que coletavam as moedas da

didracma foram a Pedro e perguntaram: “O seu professor nã o paga a


didracma?” 25 Ele disse: “Sim”.
Quando ele entrou na casa, Jesus o antecipou, dizendo: “O que você
acha, Simã o? De quem os reis da terra recebem tributos ou tributos? De
seus ilhos ou de estranhos?”
26Pedro lhe disse: “De estranhos”.

Jesus lhe disse: “Portanto, as crianças estã o isentas. 27 Mas, para


que nã o os faça tropeçar, vá ao mar, lance o anzol e pegue o primeiro
peixe que subir. Quando você abrir a boca, você encontrará uma moeda
de estado. Pegue isso e dê a eles para mim e para você .”
João 9
1 Ao passar, viu um homem cego de nascença. 2 Seus discı́pulos lhe

perguntaram: “Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse
cego?”
3 Jesus respondeu: “Este homem nã o pecou, nem seus pais; mas,

que as obras de Deus sejam reveladas nele. 4 Devo fazer as obras


daquele que me enviou enquanto é dia. A noite está chegando, quando
ningué m pode trabalhar. 5 Enquanto estou no mundo, sou a luz do
mundo”. 6 Tendo dito isso, cuspiu no chã o, fez lodo com a saliva, ungiu
com lodo os olhos do cego, 7 e lhe disse: “Vá , lave-se no tanque de Siloé ”
(que signi ica “Enviado” ). Entã o ele foi embora, lavou-se e voltou
vendo. 8 Os vizinhos, pois, e os que antes viram que ele era cego,
perguntaram: “Nã o é este aquele que estava sentado e mendigava?” 9
Outros diziam: “E ele”. Outros ainda diziam: “Ele se parece com ele”.
Ele disse: “Eu sou ele”.
10Perguntaram -lhe, pois: Como se abriram os teus olhos?

11 Ele respondeu: “Um homem chamado Jesus fez lodo, ungiu

meus olhos e me disse: 'Vá ao tanque de Siloé e lave-se.' Entã o fui


embora e lavei-me, e recuperei a vista”.
12 Entã o lhe perguntaram: “Onde ele está ?”

Ele disse: “Nã o sei”.


13 Trouxeram o cego aos fariseus. 14 Era um sá bado quando Jesus

fez a lama e abriu os olhos. 15 També m os fariseus també m lhe


perguntaram como ele recebera a visã o. Ele lhes disse: “Ele colocou
lama nos meus olhos, eu lavei e vi”.
16 Alguns, pois, dos fariseus diziam: “Este homem nã o é de Deus,
porque nã o guarda o sá bado”. Outros diziam: “Como pode um homem
pecador fazer tais sinais?” Entã o havia divisã o entre eles. 17 Entã o
perguntaram novamente ao cego: “O que você diz dele, porque ele abriu
os seus olhos?”
Ele disse: “Ele é um profeta”.
18 Os judeus, pois, nã o creram a respeito dele, que era cego e tinha

recuperado a vista, até que chamaram os pais daquele que tinha visto,
19 e lhes perguntaram: “E este o vosso ilho, a quem dizeis nasceu cego?

Como entã o ele vê agora?”


20 Seus pais responderam: “Sabemos que este é nosso ilho e que
nasceu cego; 21 mas como ele vê agora, nã o sabemos; ou quem abriu os
olhos, nã o sabemos. Ele é maior de idade. Pergunte a ele. Ele vai falar
por si mesmo.” 22 Seus pais disseram essas coisas porque temiam os
judeus; pois os judeus já haviam concordado que, se algué m o
confessasse como Cristo, seria expulso da sinagoga. 23 Por isso seus
pais disseram: “Ele é maior de idade. Pergunte a ele."
24 Entã o chamaram pela segunda vez o cego e lhe disseram: “Dá

gló ria a Deus. Sabemos que este homem é um pecador”.


25 Ele entã o respondeu: “Nã o sei se ele é pecador. Uma coisa eu sei:
que embora eu fosse cego, agora eu vejo.”
26 Eles lhe perguntaram novamente: “O que ele fez com você ?

Como ele abriu seus olhos?”


27 Ele lhes respondeu: “Eu já
lhes disse, e você s nã o ouviram. Por
que você quer ouvir de novo? Você també m nã o quer se tornar seus
discı́pulos, quer?”
28 Eles o insultaram e disseram: “Vocêé seu discı́pulo, mas nó s
somos discı́pulos de Moisé s. 29 Sabemos que Deus falou a Moisé s. Mas
quanto a este homem, nã o sabemos de onde ele vem.”
30 O homem respondeu: “Que maravilha! Você nã o sabe de onde ele
vem, mas ele abriu meus olhos. 31 Sabemos que Deus nã o ouve os
pecadores, mas se algué m é adorador de Deus e faz a sua vontade, ele o
ouve. 32 Desde que o mundo começou, nunca se ouviu falar que algué m
abriu os olhos de um cego de nascença. 33 Se este homem nã o fosse de
Deus, nada poderia fazer”.
34 Eles lhe responderam: “Você nasceu totalmente em pecado, e
você nos ensina?” Entã o o expulsaram.
35 Jesus ouviu que o haviam lançado fora e, achando-o, disse:

“Você crê no Filho de Deus?”


36 Ele respondeu: “Quem é ele, Senhor, para que eu creia nele?”
37 Disse-lhe Jesus: “Você s dois o viram, e é ele quem fala com
você ”.
38 Ele disse: “Senhor, eu creio!” e ele o adorou.

39 Jesus disse: “Eu vim a este mundo para julgamento, para que os

que nã o veem vejam; e para que os que vê em iquem cegos”.
40 Os fariseus que estavam com ele ouviram essas coisas e lhe

perguntaram: “Nó s també m somos cegos?”


41 Jesus lhes disse: “Se você s fossem cegos, nã o teriam pecado; mas

agora você diz, 'Nó s vemos.' Portanto, seu pecado permanece.


Lucas 11
1 Quando ele acabou de orar em certo lugar, um de seus discı́pulos

lhe disse: “Senhor, ensina-nos a orar, como també m Joã o ensinou aos
seus discı́pulos”.
2 Ele lhes disse: “Quando você s orarem, digam:

'Nosso pai no cé u,


que seu nome seja santi icado.
Que venha o seu Reino.
Que a tua vontade seja feita na terra, como no cé u.
3 Dá -nos dia a dia o pã o nosso de cada dia.
4 Perdoa-nos os nossos pecados,

porque nó s mesmos també m perdoamos a todos os que nos


devem.
Nã o nos deixes cair em tentaçã o,
mas livra-nos do maligno.' ”
5 Ele lhes disse: “Qual de você s, se for a um amigo àmeia-noite e lhe
disser: 'Amigo, empreste-me trê s pã es, 6 pois um amigo meu veio até
mim de uma viagem, e nã o tenho nada para apresentar a ele', 7 e ele de
dentro responderá e dirá : 'Nã o me incomode. A porta está fechada e
meus ilhos estã o comigo na cama. Eu nã o posso me levantar e dar a
você '? 8 Eu lhes digo que, embora ele nã o se levante e dê a ele porque é
seu amigo, ainda assim, por causa de sua persistê ncia, ele se levantará
e lhe dará quantos precisar.
9 “Eu lhe digo, continue pedindo, e serádado a você . Continue
procurando, e você encontrará . Continue batendo, e ele será aberto
para você . 10 Pois quem pede recebe. Quem procura encontra. A quem
bate será aberto.
11 “Qual de você s, pais, se seu ilho pedir pã o, lhe dará uma pedra?
Ou se ele pedir um peixe, ele nã o lhe dará uma cobra em vez de um
peixe, nã o é ? 12 Ou se ele pedir um ovo, nã o lhe dará um escorpiã o, nã o
é ? 13 Se vó s, pois, sendo maus, sabeis dar boas dá divas aos vossos
ilhos, quanto mais vosso Pai celeste dará o Espı́rito Santo aos que lhe
pedirem?”
14 Ele estava expulsando um demô nio, e era mudo. Quando o

demô nio saiu, o mudo falou; e as multidõ es se maravilharam. 15 Mas


alguns deles disseram: “Ele expulsa demô nios por Belzebu, o prı́ncipe
dos demô nios”. 16 Outros, provando-o, pediam-lhe um sinal do cé u. 17
Ele, poré m, conhecendo seus pensamentos, disse-lhes: “Todo reino
dividido contra si mesmo será assolado. Uma casa dividida contra si
mesma cai. 18 Se Sataná s també m estiver dividido contra si mesmo,
como permanecerá seu reino? Pois você diz que eu expulso demô nios
por Belzebu. 19 Mas se eu expulso demô nios por Belzebu, por quem os
vossos ilhos os expulsam? Portanto, eles serã o seus juı́zes. 20 Mas se
pelo dedo de Deus eu expulso demô nios, entã o o Reino de Deus chegou
até você .
21 “Quando o homem forte, totalmente armado, guarda sua pró pria

morada, seus bens estã o seguros. 22 Mas quando algué m mais forte o
ataca e o vence, tira dele toda a armadura em que con iava e divide sua
pilhagem.
23 “Quem nã o estácomigo está contra mim. Quem comigo nã o
ajunta, espalha. 24 O espı́rito imundo, quando sai do homem, passa por
lugares á ridos, procurando descanso, e nã o encontrando, diz: 'Voltarei
para minha casa, de onde saı́.' 25 Quando ele volta, ele a encontra
varrida e arrumada. 26 Entã o ele vai, e leva outros sete espı́ritos piores
do que ele, e eles entram e habitam ali. O ú ltimo estado daquele homem
torna-se pior do que o primeiro.”
27 E aconteceu que, enquanto ele dizia essas coisas, certa mulher da
multidã o levantou a voz e lhe disse: “Bem-aventurado o ventre que te
gerou e os seios que te amamentaram!”
28 Mas ele disse: “Pelo contrá rio, bem-aventurados os que ouvem a

palavra de Deus e a guardam”.


29 Quando as multidõ es se ajuntaram a ele, ele começou a dizer:

“Esta é uma geraçã o má . Ela busca um sinal. Nenhum sinal lhe será
dado a nã o ser o sinal de Jonas, o profeta. 30 Pois assim como Jonas se
tornou um sinal para os ninivitas, o Filho do Homem també m será para
esta geraçã o. 31 A Rainha do Sul se levantará no julgamento com os
homens desta geraçã o, e os condenará : porque ela veio dos con ins da
terra para ouvir a sabedoria de Salomã o; e eis que aqui está um maior
do que Salomã o. 32 Os homens de Nı́nive se levantarã o no juı́zo com
esta geraçã o, e a condenarã o; porque se arrependeram com a pregaçã o
de Jonas, e eis que aqui está um maior do que Jonas.
33 “Ningué m, depois de acender uma candeia, a coloca em um porã o

ou debaixo de um cesto, mas em um suporte, para que os que entram


vejam a luz. 34 A lâ mpada do corpo é o olho. Portanto, quando seu olho é
bom, todo o seu corpo també m está cheio de luz; mas quando é mau,
seu corpo també m está cheio de trevas. 35 Portanto, veja se a luz que
está em você nã o é escuridã o. 36 Se, portanto, todo o seu corpo estiver
cheio de luz, nã o tendo parte escura, estará totalmente cheio de luz,
como quando a lâ mpada com seu resplendor te ilumina”.
37 Enquanto ele falava, um certo fariseu o convidou para jantar com

ele. Ele entrou e sentou-se à mesa. 38 Quando o fariseu viu isso,


admirou-se de nã o ter se lavado antes do jantar. 39 O Senhor lhe disse:
“Agora você s, fariseus, limpam o exterior do copo e do prato, mas o seu
interior está cheio de extorsã o e maldade. 40 Tolos, quem fez o exterior
nã o fez també m o interior? 41 Mas dai aos necessitados o que há dentro
de vó s, e eis que todas as coisas vos serã o puras. 42 Mas ai de você s
fariseus! Pois você dá o dı́zimo da hortelã e da arruda e de todas as
ervas, mas ignora a justiça e o amor de Deus. Você deveria ter feito isso,
e nã o ter deixado o outro desfeito. 43 Ai de vó s fariseus! Pois você ama
os melhores lugares nas sinagogas e as saudaçõ es nas praças. 44 Ai de
vó s, escribas e fariseus, hipó critas! Pois você s sã o como sepulturas
escondidas, e os homens que passam por cima delas nã o sabem disso”.
45 Um dos advogados lhe respondeu: “Mestre, ao dizer isso você

també m nos insulta”.


46 Ele disse: “Ai de você s també m advogados! Pois você s carregam

os homens com fardos difı́ceis de carregar, e você s mesmos nã o


levantam nem um dedo para ajudar a carregar esses fardos. 47 Ai de
você ! Pois você constró i os tú mulos dos profetas, e seus pais os
mataram. 48 Assim você testemunha e consente com as obras de seus
pais. Pois eles os mataram, e você s construı́ram seus tú mulos. 49 Por
isso també m a sabedoria de Deus disse: 'Eu lhes enviarei profetas e
apó stolos; e alguns deles eles vã o matar e perseguir, 50 que o sangue de
todos os profetas, que foi derramado desde a fundaçã o do mundo, seja
requerido desta geraçã o; 51 desde o sangue de Abel até o sangue de
Zacarias, que pereceu entre o altar e o santuá rio.' Sim, eu lhes digo, será
exigido desta geraçã o. 52 Ai de você s, advogados! Pois você tirou a
chave do conhecimento. Você s mesmos nã o entraram, e os que
estavam entrando, você s impediram”.
53 Enquanto ele lhes dizia estas coisas, os escribas e os fariseus

começaram a icar muito irados e a arrancar-lhe muitas coisas; 54


espreitando-o e procurando apanhá -lo em alguma coisa que dissesse,
para que o acusassem.
Mateus 11
1 Quando Jesus acabou de dirigir seus doze discı́pulos, partiu dali

para ensinar e pregar nas cidades deles.


2 Ora, quando Joã o ouviu na prisã o as obras de Cristo, enviou dois

de seus discı́pulos 3 e lhe perguntaram: “Es tu aquele que vem, ou


devemos esperar outro?”
4 Jesus lhes respondeu: “Ide e contai a Joã o o que ouvis e vedes: 5 os

cegos vê em, os coxos andam, os leprosos sã o puri icados, os surdos
ouvem, os mortos sã o ressuscitados, e os pobres tê m boas novas
pregadas a eles. 6 Bem-aventurado aquele que nã o encontra em mim
ocasiã o para tropeçar”.
7 Enquanto estes iam, Jesus começou a dizer à s multidõ es a

respeito de Joã o: “O que você s foram ver no deserto? Uma cana


sacudida pelo vento? 8 Mas o que você saiu para ver? Um homem em
roupas macias? Eis que os que vestem roupas macias estã o nas casas
dos reis. 9 Mas por que você saiu? Para ver um profeta? Sim, eu lhe digo,
e muito mais do que um profeta. 10 Pois este é aquele de quem está
escrito: 'Eis que eu envio meu mensageiro diante de sua face, que
preparará seu caminho diante de você .' 11 Certamente vos digo que,
entre os nascidos de mulher, nã o surgiu ningué m maior do que Joã o, o
Batizador; contudo, aquele que é o menor no Reino dos Cé us é maior do
que ele. 12 Desde os dias de Joã o Batista até agora, o Reino dos Cé us
sofre violê ncia, e os violentos o tomam à força. 13 Pois todos os
profetas e a lei profetizaram até Joã o. 14 Se você está disposto a recebê -
lo, este é Elias, que está por vir. 15 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
16 “Mas a que devo comparar esta geraçã o? E como crianças
sentadas nas praças, que chamam seus companheiros 17 e dizer:
'Tocamos lauta para você , e você nã o dançou. Nó s lamentamos por
você , e você nã o lamentou. 18 Pois Joã o veio sem comer nem beber, e
eles dizem: 'Ele tem um demô nio'. 19 O Filho do Homem veio comendo
e bebendo, e eles dizem: 'Eis um comilã o e beberrã o, amigo de
publicanos e pecadores!' Mas a sabedoria é justi icada por seus ilhos.”
20 Entã o ele começou a denunciar as cidades em que a maioria de

seus milagres haviam sido feitos, porque eles nã o se arrependeram. 21


“Ai de você , Corazim! Ai de ti, Betsaida! Pois, se em Tiro e Sidom
tivessem sido feitos os milagres que foram feitos em você , eles teriam
se arrependido há muito tempo em pano de saco e cinza. 22 Mas eu lhe
digo que será mais tolerá vel para Tiro e Sı́don no dia do julgamento do
que para você . 23 Tu, Cafarnaum, que é s elevada ao cé u, descerá s ao
Hades. Pois, se em Sodoma tivessem sido feitos os milagres que foram
feitos em você , ela teria permanecido até hoje. 24 Mas eu lhe digo que
será mais tolerá vel para a terra de Sodoma no dia do julgamento do que
para você ”.
25 Naquele tempo, Jesus respondeu: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do
cé u e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sá bios e entendidos, e
as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, padre, pois assim foi agradá vel aos
seus olhos. 27 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai.
Ningué m conhece o Filho, exceto o Pai; ningué m conhece o Pai, senã o o
Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
28 “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e

eu vos aliviarei. 29 Toma sobre ti o meu jugo e aprende de mim, porque


sou manso e humilde de coraçã o; e encontrareis descanso para vossas
almas. 30 Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
Salmos 38
Um Salmo de Davi, para um memorial.
1 Senhor, nã o me repreendas na tua ira,

nem me castigues em teu ardente desagrado.


2 Pois as tuas lechas me perfuraram,

sua mã o me pressiona com força.


3 Nã o há sanidade na minha carne por causa da tua indignaçã o,

nem há saú de nos meus ossos por causa do meu pecado.
4 Pois as minhas iniqü idades passaram sobre a minha cabeça.

Como um fardo pesado, eles sã o muito pesados para mim.


5 Minhas feridas sã o repugnantes e corruptas

por causa da minha tolice.


6 Estou com dores e muito abatido.

Eu ico de luto o dia todo.


7 Pois minha cintura está cheia de fogo.

Nã o há solidez em minha carne.


8 Estou desmaiado e gravemente machucado.

Eu gemi por causa da angú stia do meu coraçã o.


9 Senhor, todo o meu desejo está diante de ti.

Meu gemido nã o está escondido de você .


10 Meu coraçã o palpita.

Minha força me falha.


Quanto à luz dos meus olhos, també m me deixou.
11 Meus amantes e meus amigos estã o distantes da minha praga.

Meus parentes estã o longe.


12 També m os que buscam a minha vida armam laços.

Aqueles que procuram minha dor falam coisas maliciosas,


e meditar em enganos durante todo o dia.
13 Mas eu, como surdo, nã o ouço.

Sou como um mudo que nã o abre a boca.


14 Sim, sou como um homem que nã o ouve,

em cuja boca nã o há reprovaçõ es.


15 Pois em ti espero, ó Senhor.
Tu responderá s, Senhor meu Deus.
16 Pois eu disse: “Nã o deixe que eles se gabem de mim,

ou se exaltam sobre mim quando meu pé escorregar”.


17 Pois estou prestes a cair.

Minha dor está continuamente diante de mim.


18 Pois declararei minha iniqü idade.

Eu vou me arrepender do meu pecado.


19 Mas os meus inimigos sã o muitos e vigorosos.

Aqueles que me odeiam sem razã o sã o numerosos.


20 Os que retribuem o bem com o mal també m sã o meus

adversá rios,
porque eu sigo o que é bom.
21 Nã o me abandones, Senhor.

Meu Deus, nã o ique longe de mim.


22 Apresse-se em me ajudar,

Senhor, minha salvaçã o.


Isaías 14
1 Pois o Senhor se compadecerá de Jacó , e ainda escolherá a Israel, e
os porá na sua pró pria terra. O estrangeiro se unirá a eles, e eles se
unirã o à casa de Jacó . 2 Os povos os tomarã o e os trarã o ao seu lugar. A
casa de Israel os possuirá na terra do Senhor para servos e servas. Eles
levarã o como cativos aqueles de quem eram cativos; e eles dominarã o
seus opressores.
3 Acontecerá no dia em que o Senhor vos der descanso da vossa
tristeza, da vossa angú stia e do duro serviço em que fostes obrigados a
servir, 4 que levantareis esta pará bola contra o rei de Babilô nia, e dirá s ,
“Como o opressor cessou! A cidade dourada cessou!” 5 O Senhor
quebrou o cajado dos ı́mpios, o cetro dos governantes, 6 que feriu os
povos com ira com um golpe contı́nuo, que governou as naçõ es com ira,
com uma perseguiçã o que ningué m reprimiu. 7 Toda a terra está em
repouso e quieta. Eles começam a cantar. 8 Sim, os ciprestes se alegram
com você , com os cedros do Lı́bano, dizendo: “Desde que você está
humilhado, nenhum lenhador subiu contra nó s”. 9 O Sheol de baixo se
moveu para que você o encontrasse na sua chegada. Ele desperta os
espı́ritos que partiram para você , mesmo todos os governantes da
terra. Ele levantou de seus tronos todos os reis das naçõ es. 10 Todos
eles responderã o e perguntarã o: “Você també m icou tã o fraco quanto
nó s? Você se tornou como nó s?” 11 A tua pompa é trazida ao Sheol, com
o som dos teus instrumentos de cordas. As larvas estã o espalhadas sob
você e os vermes cobrem você .
12 Como caı́ste do cé u, resplandecente, ilho da alva! Como você está
derrubado no chã o, que derrubou as naçõ es! 13 Você disse em seu
coraçã o: “Eu subirei ao cé u! Eu exaltarei meu trono acima das estrelas
de Deus! Eu me sentarei na montanha da assemblé ia, no extremo
norte! 14 Subirei acima das alturas das nuvens! Eu me farei semelhante
ao Altı́ssimo!” 15 No entanto, será s rebaixado ao Seol, à s profundezas
da cova. 16 Aqueles que te virem olharã o para você . Eles ponderarã o
sobre você , dizendo: “E este o homem que fez a terra tremer, que
abalou os reinos, 17 que fez o mundo como um deserto e derrubou as
suas cidades, que nã o soltou os seus prisioneiros em sua casa?”
18 Todos os reis das naçõ es dormem em gló ria, cada um na sua casa.
19 Mas tu é s lançado fora do teu sepulcro como um rebento abominá vel,

vestido com os mortos, traspassados à espada, que descem à s pedras


da cova; como um cadá ver pisado sob os pé s. 20 Você nã o se juntará a
eles no enterro, porque destruiu sua terra. Você matou seu povo. A
descendê ncia dos malfeitores nã o terá nome para sempre.
21 Preparai a matança de seus ilhos por causa da iniqü idade de
seus pais, para que nã o se levantem e possuam a terra, e encham a
superfı́cie do mundo de cidades. 22 “Eu me levantarei contra eles”, diz
Javé dos Exé rcitos, “e exterminarei de Babilô nia o nome e o
remanescente, e ilho e ilho de ilho”, diz Javé . 23 “També m farei dela
uma propriedade para o porco-espinho e para os tanques de á gua. Vou
varrê -lo com a vassoura da destruiçã o”, diz Javé dos Exé rcitos.
24 O Senhor dos exé rcitos jurou, dizendo: Certamente, como pensei,

assim acontecerá ; e como determinei, assim será : 25 que esmagarei o


assı́rio na minha terra, e o pisarei nos meus montes. Entã o seu jugo os
deixará , e seu fardo deixará seus ombros. 26 Este é o plano que está
determinado para toda a terra. Esta é a mã o estendida sobre todas as
naçõ es. 27 Pois o Senhor dos Exé rcitos planejou, e quem pode impedi-
lo? Sua mã o está estendida, e quem pode devolvê -la?”
28 Esse fardo foi no ano em que o rei Acaz morreu.

29 Nã o te alegres, ó
Filı́stia, todos vó s, porque a vara que vos feriu
está quebrada; pois da raiz da serpente sairá uma vı́bora, e seu fruto
será uma serpente voadora ardente. 30 Os primogê nitos dos pobres
comerã o, e os necessitados se deitarã o seguros; e matarei a tua raiz
com fome, e o teu remanescente será morto.
31 Uivo, portã o! Chora, cidade! Você s estã o derretidos, Filı́stia,

todos você s; pois a fumaça sai do norte, e nã o há desgarrado em suas
ileiras.
32 O que eles responderã o aos mensageiros da naçã o? Que o

Senhor fundou Siã o, e nela se refugiarã o os a litos do seu povo.


Lamentações 4
1 Como o ouro escureceu!

O ouro mais puro mudou!


As pedras do santuá rio sã o derramadas
no inı́cio de cada rua.

2 Os preciosos ilhos de Siã o,


compará vel ao ouro ino,
como sã o estimados como jarros de barro,
obra das mã os do oleiro!

3 Até
os chacais oferecem seu peito.
Eles amamentam seus ilhotes.
Mas a ilha do meu povo tornou-se cruel,
como os avestruzes no deserto.

4 A lı́ngua da criança que amamenta gruda no cé u da boca de sede.

As crianças pedem pã o,


e ningué m quebra por eles.

5 Os que comiam iguarias icam desolados nas ruas.


Aqueles que foram criados em pú rpura abraçam monturos.

6 Porque a iniqü idade da ilha do meu povo é maior do que o


pecado de Sodoma,
que foi derrubado como em um momento.
Nenhuma mã o foi colocada sobre ela.

7 Seus nobres eram mais puros que a neve.

Eles eram mais brancos que o leite.


Eles eram mais corados no corpo do que rubis.
Seu polimento era como sa ira.

8 Sua aparê ncia é mais negra do que uma brasa.


Eles nã o sã o conhecidos nas ruas.
Sua pele gruda em seus ossos.
Está murcho.
Tornou-se como uma vara.

9 Melhor sã o os que sã o mortos à espada do que os que sã o


mortos à fome;
Para estes pinheiros, atingidos,
por falta dos frutos do campo.

10 As mã os das mulheres miserá veis cozeram seus pró prios ilhos.
Eles foram seu alimento na destruiçã o da ilha do meu povo.

11 Javé
cumpriu a sua ira.
Ele derramou sua raiva feroz.
Ele acendeu um fogo em Siã o,
que devorou seus fundamentos.

12 Os reis da terra nã o creram,

nem todos os habitantes do mundo,


que o adversá rio e o inimigo entrariam pelas portas de Jerusalé m.

13 E por causa dos pecados dos seus profetas


e as iniqü idades dos seus sacerdotes,
que derramaram o sangue dos justos no meio dela.

14 Andam como cegos pelas ruas.

Eles estã o poluı́dos com sangue,


Para que os homens nã o possam tocar em suas roupas.

15 “Vá
embora!” eles choraram para eles.
"Imundo! Vá embora! Vá embora! Nã o toque!
Quando eles fugiram e vagaram, os homens disseram entre as
naçõ es:
“Eles nã o podem mais viver aqui.”

16 A ira do Senhor os dispersou.

Ele nã o prestará mais atençã o a eles.


Eles nã o respeitavam as pessoas dos sacerdotes.
Eles nã o favoreceram os mais velhos.

17 Nossos olhos ainda falham,

procurando em vã o por nossa ajuda.


Em nossa vigı́lia, observamos uma naçã o que nã o poderia salvar.

18 Eles caçam nossos passos,

para que nã o possamos ir em nossas ruas.


Nosso im está pró ximo.
Nossos dias sã o cumpridos,
pois nosso im chegou.

19 Nossos perseguidores eram mais velozes do que as á guias do

cé u.
Eles nos perseguiram nas montanhas.
Eles armaram uma emboscada para nó s no deserto.

20 O sopro de nossas narinas,

o ungido do Senhor,
foi levado em suas covas;
de quem dissemos,
à sua sombra viveremos entre as naçõ es.

21 Alegra-te e exulta, ilha de Edom,


que habita na terra de Uz.
A taça passará para você també m.
Você vai icar bê bado,
e se fará nu.
22 O castigo da tua iniqü idade está cumprido, ilha de Siã o.
Ele nã o mais te levará para o cativeiro.
Ele visitará sua iniqü idade, ilha de Edom.
Ele descobrirá seus pecados.
Mateus 26
1 Quando Jesus terminou todas estas palavras, disse aos seus

discı́pulos: 2 “Você s sabem que daqui a dois dias vem a Pá scoa, e o
Filho do Homem será entregue para ser cruci icado”.
3 Entã o os principais sacerdotes, os escribas e os anciã os do povo

se reuniram no pá tio do sumo sacerdote, que se chamava Caifá s. 4 Eles


deliberaram entre si para prender Jesus com engano e matá -lo. 5 Mas
eles disseram: “Nã o durante a festa, para que nã o haja tumulto entre o
povo”.
6Estando Jesus em Betâ nia, na casa de Simã o, o leproso, 7aproximou -

se dele uma mulher que trazia um vaso de alabastro com ungü ento
muito caro, e o derramou sobre a cabeça enquanto ele estava sentado à
mesa. 8 Mas, quando seus discı́pulos viram isso, icaram indignados,
dizendo: “Por que esse desperdı́cio? 9 Pois este unguento poderia ter
sido vendido por muito e dado aos pobres”.
10 No entanto, sabendo disso, Jesus lhes disse: “Por que incomodais

a mulher? Ela fez um bom trabalho para mim. 11 Porque sempre tens os
pobres contigo, mas nem sempre tens a mim. 12 Pois ao derramar esta
pomada em meu corpo, ela o fez para me preparar para o enterro. 13
Certamente vos digo que, onde quer que esta Boa Nova seja pregada
em todo o mundo, o que esta mulher fez també m será falado como um
memorial dela”.
14 Entã o um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os

principais sacerdotes 15 e disse: “O que me dareis se eu o entregar a


você s?” Entã o pesaram para ele trinta moedas de prata. 16 Desde entã o
procurou ocasiã o para traı́-lo.
17 No primeiro dia dos pã es á zimos, os discı́pulos aproximaram-se

de Jesus e perguntaram-lhe: “Onde queres que preparemos para


comeres a Pá scoa?”
18 Ele disse: “Vá
à cidade a uma certa pessoa e diga-lhe: 'O Mestre
diz: “Meu tempo está pró ximo. Eu celebrarei a Pá scoa em sua casa com
meus discı́pulos”. '”
19 Os discı́pulos izeram como Jesus lhes ordenara e prepararam a
Pá scoa.
20 Ao cair da tarde, estava ele reclinado à
mesa com os doze
discı́pulos. 21 Enquanto comiam, ele disse: “Certamente eu lhes digo
que um de você s me trairá ”.
22 Eles icaram muito tristes, e cada um começou a perguntar-lhe:
“Nã o sou eu, é , Senhor?”
23 Ele respondeu: “Aquele que pô s a mã o comigo no prato me trairá .
24 O Filho do Homem vai como está escrito a seu respeito, mas ai
daquele homem por quem o Filho do Homem é traı́do! Seria melhor
para aquele homem se ele nã o tivesse nascido.”
25 Judas, que o traiu, respondeu: “Nã o sou eu, sou, rabino?”

Ele disse a ele: “Você disse isso”.


26 Enquanto comiam, Jesus tomou o pã o, deu graças por ele e o

partiu. Ele deu aos discı́pulos e disse: “Tomem, comam; este é o meu
corpo." 27 Ele tomou o cá lice, deu graças e deu a eles, dizendo: “Bebam
todos, 28 porque isto é o meu sangue da nova aliança, que é derramado
por muitos para remissã o dos pecados. 29 Mas eu vos digo que nã o
beberei deste fruto da vide de agora em diante, até aquele dia em que o
beberei novamente convosco no Reino de meu Pai”.
30 Depois de cantarem um hino, saı́ram para o Monte das Oliveiras.

31 Entã o Jesus lhes disse: “Todos você s tropeçarã o por minha causa

esta noite, porque está escrito: 'Ferirei o pastor, e as ovelhas do


rebanho serã o dispersas'. 32 Mas depois que eu for ressuscitado, irei
adiante de você s para a Galilé ia”.
33 Mas Pedro lhe respondeu: “Ainda que todos tropecem por sua

causa, eu nunca tropeçarei”.


34 Disse-lhe Jesus: Certamente te digo que esta noite, antes que o

galo cante, você me negará trê s vezes.


35 Disse-lhe Pedro: Ainda que eu tenha de morrer contigo, nã o te

negarei. Todos os discı́pulos també m disseram o mesmo.


36 Entã o Jesus foi com eles a um lugar chamado Getsê mani e disse

aos seus discı́pulos: “Sentem-se aqui, enquanto eu vou lá orar”. 37 Ele
levou consigo Pedro e os dois ilhos de Zebedeu, e começou a icar
triste e a lito. 38 Entã o ele lhes disse: “Minha alma está muito triste até
a morte. Fique aqui e assista comigo.”
39 Adiantou-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e orou,

dizendo: Meu Pai, se for possı́vel, passa de mim este cá lice; no entanto,
nã o o que eu desejo, mas o que você deseja”.
40 Ele foi ter com os discı́pulos e os encontrou dormindo, e disse a

Pedro: “O que, você nã o pô de vigiar comigo por uma hora? 41 Vigie e
ore, para que você nã o entre em tentaçã o. O espı́rito, de fato, está
disposto, mas a carne é fraca”.
42 Novamente, ele foi embora pela segunda vez e orou, dizendo:

“Meu Pai, se este cá lice nã o pode passar de mim sem que eu o beba,
seja feito o seu desejo”.
43 Ele voltou e os encontrou dormindo, pois seus olhos estavam

pesados. 44 Ele os deixou novamente, foi embora e orou pela terceira


vez, dizendo as mesmas palavras. 45 Entã o ele foi ter com seus
discı́pulos e lhes disse: “Você s ainda dormem e descansam? Eis que a
hora está pró xima, e o Filho do Homem é entregue nas mã os dos
pecadores. 46 Levante-se, vamos indo. Eis que está pró ximo aquele que
me trai”.
47 Enquanto ele ainda falava, eis que veio Judas, um dos doze, e com

ele uma grande multidã o com espadas e paus, dos principais


sacerdotes e anciã os do povo. 48 Ora, aquele que o traiu deu-lhes um
sinal, dizendo: “Aquele que eu beijar, é esse. Aproveite-o." 49
Imediatamente ele se aproximou de Jesus e disse: “Saudaçõ es, Rabi!” e
o beijou.
50 Jesus lhe disse: “Amigo, por que você está aqui?”
Entã o eles vieram e colocaram as mã os sobre Jesus, e o levaram. 51
Eis que um dos que estavam com Jesus estendeu a mã o e
desembainhou a espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe
a orelha.
52 Entã o Jesus lhe disse: “Coloque a sua espada de volta no lugar,

pois todos os que pegarem a espada morrerã o pela espada. 53 Ou você


acha que eu nã o poderia pedir ao meu Pai, e ele ainda me enviaria mais
de doze legiõ es de anjos? 54 Como, entã o, as Escrituras se cumpririam
que deve ser assim?”
55 Naquela hora, Jesus disse à s multidõ es: “Você s saı́ram como um

ladrã o com espadas e paus para me prender? Eu me sentava


diariamente no templo ensinando, e você nã o me prendeu. 56 Mas tudo
isso aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas”.
Entã o todos os discı́pulos o deixaram e fugiram.
57 Os que haviam levado Jesus o levaram a Caifá s, o sumo

sacerdote, onde os escribas e os anciã os estavam reunidos. 58 Mas


Pedro o seguiu de longe até o pá tio do sumo sacerdote, e entrou e
sentou-se com os o iciais, para ver o im.
59 Ora, os principais sacerdotes, os anciã os e todo o conselho

procuravam falso testemunho contra Jesus, para o matarem, 60 e nã o o


acharam. Embora muitas testemunhas falsas se apresentassem, elas
nã o encontraram nenhuma. Mas, por im, duas falsas testemunhas se
apresentaram 61 e disseram: “Este homem disse: 'Eu posso destruir o
templo de Deus e reedi icá -lo em trê s dias'. ”
62 O sumo sacerdote levantou-se e disse-lhe: “Nã o tens resposta?

O que é isto que estes testemunham contra ti?” 63 Mas Jesus icou em
silê ncio. O sumo sacerdote lhe respondeu: “Conjuro-te pelo Deus vivo
que nos digas se tu é s o Cristo, o Filho de Deus”.
64 Disse-lhe Jesus: “Tu o disseste. Contudo, digo-vos que, depois

disso, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Poder, e vindo


sobre as nuvens do cé u”.
65 Entã o o sumo sacerdote rasgou suas vestes, dizendo: “Ele falou

blasfê mia! Por que precisamos de mais testemunhas? Eis que agora
você ouviu sua blasfê mia. 66 O que você acha?”
Eles responderam: “Ele é digno de morte!” 67 Entã o cuspiram em
seu rosto e o espancaram com os punhos, e alguns o esbofetearam, 68
dizendo: “Profetiza para nó s, ó Cristo! Quem bateu em você ?"
69 Ora, Pedro estava sentado do lado de fora no pá tio, e uma criada

aproximou-se dele, dizendo: “Você també m estava com Jesus, o


galileu!”
70 Mas ele negou diante de todos, dizendo: “Nã o sei do que você s

estã o falando”.
71 Quando ele saiu para o alpendre, algué m o viu e disse aos que ali

estavam: “Este homem també m estava com Jesus de Nazaré ”.


72 Novamente ele negou com um juramento: “Eu nã o conheço esse

homem”.
73 Pouco depois, vieram os que estavam ali e disseram a Pedro:

Certamente tu també m é s um deles, porque a tua palavra te dá a


conhecer.
74 Entã o ele começou a xingar e a jurar: “Nã o conheço esse

homem!”
Imediatamente o galo cantou. 75 Pedro lembrou-se da palavra que
Jesus lhe dissera: “Antes que o galo cante, você me negará trê s vezes”.
Entã o ele saiu e chorou amargamente.
Isaías 53
1 Quem acreditou em nossa mensagem?

A quem foi revelado o braço de Yahweh?


2 Pois ele cresceu diante dele como uma planta tenra,

e como raiz de terra seca.


Ele nã o tem boa aparê ncia ou majestade.
Quando o vemos, nã o há beleza que devemos desejá -lo.
3 Ele foi desprezado

e rejeitado pelos homens,


um homem de sofrimento
e familiarizado com a doença.
Ele foi desprezado como algué m de quem os homens escondem o
rosto;
e nã o o respeitamos.

4 Certamente ele carregou nossas enfermidades

e carregou nosso sofrimento;


mas nó s o consideramos atormentado,
ferido por Deus e a ligido.
5 Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressõ es.

Ele foi esmagado por nossas iniqü idades.


O castigo que trouxe nossa paz estava sobre ele;
e pelas suas feridas fomos sarados.
6 Todos nó s gostamos de ovelhas se extraviaram.

Cada um se voltou para o seu pró prio caminho;


e o Senhor fez cair sobre ele a iniqü idade de todos nó s.

7 Ele foi oprimido,

contudo, quando estava a lito, nã o abria a boca.


Como um cordeiro que é levado ao matadouro,
e como a ovelha que se cala diante dos seus tosquiadores,
entã o ele nã o abriu a boca.
8 Ele foi levado pela opressã o e julgamento.

Quanto à sua geraçã o,


que o considerou extirpado da terra dos viventes
e ferido pela desobediê ncia do meu povo?
9 Fizeram a sua sepultura com os ı́mpios,

e com um homem rico em sua morte,


embora ele nã o tivesse feito nenhuma violê ncia,
nem houve engano em sua boca.

10 No entanto, agradou ao Senhor feri-lo.

Ele o fez sofrer.


Quando você izer da sua alma uma oferta pelo pecado,
ele verá sua descendê ncia.
Ele vai prolongar seus dias
e a vontade do Senhor prosperará na sua mã o.
11 Depois do sofrimento de sua alma,

ele verá a luz e icará satisfeito.


Meu servo justo justi icará a muitos pelo conhecimento de si
mesmo;
e ele levará sobre si as suas iniqü idades.
12 Por isso lhe darei uma porçã o com os grandes.

Ele dividirá o despojo com os fortes;


porque derramou a sua alma até à morte
e foi contado com os transgressores;
ainda assim ele carregou os pecados de muitos
e intercedeu pelos transgressores.
Lucas 22
1 Aproximava-se a festa dos pã es á zimos, que se chama Pá scoa. 2 Os

principais sacerdotes e os escribas procuravam como matá -lo, pois


temiam o povo. 3 Sataná s entrou em Judas, també m chamado
Iscariotes, que foi contado com os doze. 4 Ele foi e falou com os
principais sacerdotes e capitã es sobre como ele poderia entregá -lo a
eles. 5 Eles icaram contentes e concordaram em dar-lhe dinheiro. 6 Ele
consentiu e procurou uma oportunidade para entregá -lo a eles na
ausê ncia da multidã o. 7 Chegou o dia dos pã es á zimos, em que se devia
sacri icar a pá scoa. 8 Jesus enviou Pedro e Joã o, dizendo: “Ide e
preparai-nos a Pá scoa, para que comamos”.
9 Eles lhe perguntaram: “Onde você quer que nos preparemos?”
10 Ele lhes disse : “Eis que, quando entrardes na cidade, virá
ao
vosso encontro um homem que traz um câ ntaro de á gua. Siga-o até a
casa em que ele entra. 11 Diga ao dono da casa: 'O Mestre diz a você :
'Onde está o quarto de hó spedes, onde posso comer a Pá scoa com
meus discı́pulos?' ' 12 Ele lhe mostrará um grande quarto superior
mobiliado. Faça os preparativos lá .”
13 Eles foram, acharam as coisas como Jesus lhes havia dito e

prepararam a Pá scoa. 14 Chegada a hora, sentou-se com os doze


apó stolos. 15 Ele lhes disse: “Desejei ardentemente comer esta pá scoa
convosco, antes de padecer, 16 pois eu vos digo que de modo algum
comerei dele até que se cumpra no Reino de Deus.” 17 Ele recebeu um
cá lice e, depois de dar graças, disse: “Tomem isto e repartam entre
você s, 18 porque eu vos digo que nã o beberei mais do fruto da vide, até
que venha o Reino de Deus”.
19 Ele tomou o pã o e, tendo dado graças, partiu e deu-lho, dizendo:

“Isto é o meu corpo que é dado por vó s. Faça isso em memó ria de mim.”
20 Da mesma forma, ele tomou o cá lice depois da ceia, dizendo: “Este

cá lice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por você s. 21
Mas eis que a mã o daquele que me trai está comigo sobre a mesa. 22 O
Filho do Homem realmente vai, como está determinado, mas ai
daquele homem por quem ele é traı́do!
23 Eles começaram a questionar entre si qual deles faria isso. 24

Surgiu també m entre eles uma disputa sobre qual deles era
considerado o maior. 25 Ele lhes disse: “Os reis das naçõ es dominam
sobre eles, e aqueles que tê m autoridade sobre eles sã o chamados
'benfeitores'. 26 Mas nã o é assim com você . Mas aquele que é o maior
entre você s, torne-se como o mais jovem, e aquele que governa, como
aquele que serve. 27 Pois quem é maior, quem se senta à mesa ou quem
serve? Nã o é ele que se senta à mesa? Mas estou entre você s como
quem serve. 28 Mas você s sã o aqueles que continuaram comigo em
minhas provaçõ es. 29 Eu vos con io um reino, assim como meu Pai me
conferiu, 30 para que comais e bebais à minha mesa no meu Reino. Você
se sentará em tronos, julgando as doze tribos de Israel”.
31 Disse o Senhor: Simã o, Simã o, eis que Sataná s pediu para vos

possuir a todos, para vos peneirar como trigo, 32 mas eu orei por você ,
para que sua fé nã o falhasse. Você , quando tiver se convertido
novamente, estabeleça seus irmã os”.
33 Ele lhe disse: “Senhor, estou pronto para ir com você tanto para a
prisã o como para a morte!”
34 Ele disse: “Digo-te, Pedro, de modo algum cantará o galo hoje,
até que trê s vezes negues que me conheces”.
35 Ele lhes disse: “Quando os enviei sem bolsa, alforje e sandá lias,

faltou-lhes alguma coisa?”


Eles disseram: “Nada”.
36 Entã o ele lhes disse: “Mas agora, quem tiver bolsa, pegue-a, e

també m uma carteira. Quem nã o tem, venda sua capa e compre uma
espada. 37 Pois eu vos digo que isto que está escrito ainda deve se
cumprir em mim: 'Ele foi contado com os transgressores'. Pois o que
me diz respeito tem um im.”
38 Eles disseram: “Senhor, eis aqui duas espadas”.
Ele lhes disse: “Já basta”.
39 Ele saiu e foi, como era seu costume, ao monte das Oliveiras. Seus

discı́pulos també m o seguiram. 40Estando no lugar, disse-lhes: “Orai para


que nã o entreis em tentaçã o”.
41 Ele foi afastado deles àdistâ ncia de um tiro de pedra, e ajoelhou-
se e orou, 42 dizendo: “Pai, se queres, afasta de mim este cá lice. No
entanto, nã o a minha vontade, mas a sua, seja feita.”
43 Um anjo do cé u apareceu a ele, fortalecendo-o. 44 Estando em

agonia, ele orou com mais fervor. Seu suor tornou-se como grandes
gotas de sangue caindo no chã o.
45 Quando ele se levantou da oraçã o, foi ter com os discı́pulos, e os

encontrou dormindo de tristeza, 46 e lhes disse: “Por que você s


dormem? Levanta-te e ora para que nã o entres em tentaçã o”.
47 Enquanto ele ainda falava, apareceu uma multidã o. Aquele que se

chamava Judas, um dos doze, os conduzia. Ele se aproximou de Jesus


para beijá -lo. 48 Mas Jesus lhe disse: “Judas, com um beijo você trai o
Filho do Homem?”
49 Quando os que estavam ao redor dele viram o que estava para

acontecer, disseram-lhe: “Senhor, vamos ferir com a espada?” 50 Um


deles feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha direita.
51 Mas Jesus respondeu: “Deixe-me ao menos fazer isso” — e

tocou sua orelha e o curou. 52 Jesus disse aos principais sacerdotes,


capitã es do templo e anciã os, que vieram contra ele: “Você s saı́ram
como um ladrã o, com espadas e paus? 53 Quando eu estava com você no
templo diariamente, você nã o estendeu suas mã os contra mim. Mas
esta é a sua hora e o poder das trevas”.
54 Eles o prenderam, o levaram e o levaram para a casa do sumo

sacerdote. Mas Peter seguiu de longe. 55 Quando eles acenderam uma


fogueira no meio do pá tio e se sentaram juntos, Pedro sentou-se no
meio deles. 56 Certa serva o viu sentado à luz e, olhando atentamente
para ele, disse: “Este homem també m estava com ele”.
57 Ele negou a Jesus, dizendo: “Mulher, nã o o conheço”.

58 Pouco depois, algué m o viu e disse: “Você també m é um deles!”


Mas Pedro respondeu: “Homem, eu nã o sou!”
59 Passada cerca de uma hora, outro a
irmou con iante, dizendo:
“Verdadeiramente també m este homem estava com ele, pois é galileu!”
60 Mas Pedro disse: “Homem, eu nã o sei do que você está falando!”
Imediatamente, enquanto ele ainda falava, um galo cantou. 61 O Senhor
se virou e olhou para Pedro. Entã o Pedro lembrou-se da palavra do
Senhor, como ele lhe disse: “Antes que o galo cante, você me negará trê s
vezes”. 62 Ele saiu e chorou amargamente.
63 Os homens que seguravam Jesus zombaram dele e o espancaram.
64 Tendo-lhe vendado os olhos, bateram-lhe no rosto e lhe

perguntaram: “Profetiza! Quem é aquele que te golpeou?” 65 Falaram


muitas outras coisas contra ele, insultando-o.
66 Logo que amanheceu, reuniu-se a assemblé ia dos anciã os do

povo, tanto os principais sacerdotes como os escribas, e o conduziram


ao conselho, dizendo: 67 “Se tu é s o Cristo, dize-nos”.
Mas ele lhes disse: “Se eu lhes disser, você s nã o vã o acreditar, 68 e
se eu perguntar, você de modo algum me responderá ou me deixará ir.
69 De agora em diante, o Filho do Homem estará sentado à direita do

poder de Deus”.
70 Todos eles disseram: “Entã o você é o Filho de Deus?”
Ele lhes disse: “Você s o dizem, porque eu sou”.
71 Eles disseram: “Por que precisamos de mais testemunhas? Pois

nó s mesmos ouvimos de sua pró pria boca!”


Juízes 16
1 Sansã o foi a Gaza, e viu ali uma prostituta, e foi ter com ela. 2 Foi

dito aos gazetas: “Sansã o está aqui!” Cercaram-no e o armaram de


guarda durante toda a noite na porta da cidade, e icaram calados a
noite toda, dizendo: “Espere até o amanhecer; entã o vamos matá -lo.” 3
Sansã o icou deitado até a meia-noite, entã o se levantou à meia-noite e
agarrou as portas da porta da cidade, com as duas ombreiras, e as
arrancou, com tranca e tudo, e as colocou nos ombros e as levou até o
topo. do monte que está diante de Hebrom.
4 Aconteceu depois que ele amou uma mulher no vale de Sorek, cujo

nome era Dalila. 5 Os chefes dos ilisteus aproximaram-se dela e lhe


disseram: Seduza-o e veja em que está sua grande força, e como
podemos prevalecer contra ele, para que o amarremos para a ligi-lo; e
cada um de nó s lhe dará mil e cem moedas de prata”.
6 Dalila disse a Sansã o: “Por favor, diga-me onde está sua grande
força e o que você pode a ligir você ”.
7 Disse-lhe Sansã o: Se me amarrarem com sete cordas verdes que

nunca secaram, icarei fraco e serei como outro homem.


8 Entã o os chefes dos ilisteus lhe trouxeram sete cordas verdes
ainda nã o secas, e ela o amarrou com elas. 9 Agora ela tinha uma
emboscada esperando na sala interna. Ela lhe disse: “Os ilisteus estã o
atrá s de você , Sansã o!” Ele quebrou as cordas como um io de linho se
rompe quando toca o fogo. Portanto, sua força nã o era conhecida.
10 Dalila disse a Sansã o: “Eis que você
zombou de mim e me disse
mentiras. Agora, por favor, me diga como você pode estar preso.
11 Ele disse a ela: “Se eles me amarrarem com cordas novas, com

as quais nenhum trabalho foi feito, entã o icarei fraco e serei como
outro homem”.
12 Entã o Dalila pegou cordas novas e o amarrou com elas, entã o lhe

disse: “Os ilisteus estã o sobre você , Sansã o!” A emboscada estava
esperando na sala interna. Ele os quebrou de seus braços como um io.
13 Dalila disse a Sansã o: “Até
agora você zombou de mim e me
contou mentiras. Diga-me com o que você pode estar vinculado.”
Ele disse a ela: “Se você tecer as sete mechas da minha cabeça com
o tecido no tear”.
14 Ela o prendeu com o al inete e lhe disse: “Os ilisteus estã o
contra você , Sansã o!” Ele acordou de seu sono e arrancou o pino da
viga e o tecido.
15 Ela lhe disse: “Como você pode dizer: 'Eu te amo', quando seu
coraçã o nã o está comigo? Você zombou de mim essas trê s vezes e nã o
me disse onde está sua grande força.”
16 Quando ela o pressionava diariamente com suas palavras e o

exortava, sua alma morria de angú stia. 17 Ele lhe falou de todo o
coraçã o e lhe disse: “Nenhuma navalha passou pela minha cabeça;
porque sou nazireu de Deus desde o ventre de minha mã e. Se eu for
raspado, minha força desaparecerá de mim e me tornarei fraco e serei
como qualquer outro homem”.
18 Quando Dalila viu que ele lhe havia contado todo o seu coraçã o,

ela mandou chamar os chefes dos ilisteus, dizendo: “Subam esta vez,
porque ele me falou de todo o seu coraçã o”. Entã o os senhores dos
ilisteus se aproximaram dela e trouxeram o dinheiro na mã o. 19 Ela o
fez dormir de joelhos; e ela chamou um homem e raspou as sete
mechas de sua cabeça; e ela começou a a ligi-lo, e sua força foi dele. 20
Ela disse: “Os ilisteus estã o sobre você , Sansã o!”
Ele acordou de seu sono e disse: “Vou sair como das outras vezes e
me libertar”. Mas ele nã o sabia que Yahweh havia se afastado dele. 21 Os
ilisteus o agarraram e lhe arrancaram os olhos; e o levaram a Gaza e o
prenderam com grilhõ es de bronze; e ele moeu no moinho da prisã o. 22
No entanto, o cabelo de sua cabeça começou a crescer novamente
depois que ele foi raspado.
23 Os senhores dos ilisteus se reuniram para oferecer um grande
sacrifı́cio a Dagom, seu deus, e se regozijar; pois diziam: Nosso deus
entregou em nossas mã os Sansã o, nosso inimigo. 24 Quando o povo o
viu, eles louvaram seu deus; pois eles disseram: “Nosso deus entregou
nosso inimigo e o destruidor de nosso paı́s, que matou muitos de nó s,
em nossas mã os”.
25 Quando seus coraçõ es se alegraram, eles disseram: “Chamem

Sansã o, para que ele nos entretenha”. Eles chamaram Sansã o da prisã o;
e ele se apresentou diante deles. Eles o colocaram entre os pilares; 26 e
Sansã o disse ao menino que o segurava pela mã o: “Deixe-me sentir as
colunas sobre as quais a casa se apoia, para que eu possa me apoiar
nelas”. 27 Ora, a casa estava cheia de homens e mulheres; e todos os
chefes dos ilisteus estavam ali; e havia no telhado cerca de trê s mil
homens e mulheres, que viram enquanto Sansã o atuava. 28 Sansã o
clamou a Javé e disse: Senhor Javé , lembra-te de mim, por favor, e
fortalece-me, por favor, só esta vez, ó Deus, para que eu seja logo
vingado dos ilisteus por causa dos meus dois olhos. 29 Sansã o segurou
as duas colunas do meio sobre as quais estava a casa e se apoiou nelas,
uma com a mã o direita e a outra com a esquerda. 30 Sansã o disse:
“Deixe-me morrer com os ilisteus!” Ele se curvou com todas as suas
forças; e a casa caiu sobre os senhores e sobre todo o povo que estava
nela. Assim, os mortos que ele matou em sua morte foram mais do que
aqueles que ele matou em sua vida.
31 Entã o seus irmã os e toda a casa de seu pai desceram e o levaram,

e o trouxeram e o sepultaram entre Zora e Esteol, no cemité rio de


Manoá , seu pai. Ele julgou Israel vinte anos.
Salmos 45
Para o Músico Chefe. De ina como "Os Lírios". Uma contemplação
dos ilhos de Coré. Uma canção de casamento.
1 Meu coraçã o transborda com um tema nobre.

Eu recito meus versos para o rei.


Minha lı́ngua é como a caneta de um escritor habilidoso.
2 Tu é s o mais excelente dos ilhos dos homens.

A graça ungiu seus lá bios,


por isso Deus te abençoou para sempre.
3 Amarre sua espada em sua coxa, poderoso:

seu esplendor e sua majestade.


4 Em tua majestade cavalga vitoriosamente em nome da verdade,

humildade e justiça.
Deixe sua mã o direita mostrar feitos impressionantes.
5 Suas lechas sã o a iadas.

As naçõ es caem sob você , com lechas no coraçã o dos inimigos do


rei.
6 O teu trono, Deus, é para todo o sempre.

Um cetro de equidade é o cetro do seu reino.


7 Você amou a justiça e odiou a maldade.

Por isso Deus, teu Deus, te ungiu com ó leo de alegria acima dos
teus companheiros.
8 Todas as suas roupas cheiram a mirra, aloé s e cá ssia.

Dos palá cios de mar im, os instrumentos de cordas o alegraram.


9 As ilhas dos reis estã o entre as suas ilustres mulheres.

A sua direita a rainha está em ouro de O ir.


10 Escute, ilha, re lita e escute.

Esqueça seu pró prio povo, e també m a casa de seu pai.


11 Assim o rei desejará a tua formosura,

honra-o, porque ele é teu senhor.


12 A ilha de Tiro vem com um presente.

Os ricos entre o povo suplicam seu favor.


13 A princesa por dentro é toda gloriosa.
Sua roupa é entrelaçada com ouro.
14 Ela será conduzida ao rei em bordados.

As virgens, suas companheiras que a seguem, serã o trazidas a


você .
15 Com alegria e regozijo serã o conduzidos.

Eles entrarã o no palá cio do rei.


16 Teus ilhos tomarã o o lugar de teus pais.

Tu os fará s prı́ncipes em toda a terra.


17 Farei que o seu nome seja lembrado de geraçã o em geraçã o.

Por isso os povos vos agradecerã o para todo o sempre.


Atos 3
1 Pedro e Joã o estavam subindo ao templo na hora da oraçã o, a hora

nona. 2 Levava um homem coxo desde o ventre de sua mã e, o qual todos
os dias punham à porta do templo chamada Formosa, para pedir
presentes aos necessitados dos que entravam no templo. 3 Vendo Pedro
e Joã o prestes a entrar no templo, ele pediu para receber presentes
para os necessitados. 4 Pedro, ixando os olhos nele, com Joã o, disse:
“Olhe para nó s”. 5 Ele os ouvia, esperando receber algo deles. 6 Mas
Pedro disse: “Nã o tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou.
Em nome de Jesus Cristo de Nazaré , levante-se e ande!” 7 Ele o tomou
pela mã o direita e o levantou. Imediatamente seus pé s e seus
tornozelos receberam força. 8 Dando um pulo, ele se levantou e
começou a andar. Ele entrou com eles no templo, andando, pulando e
louvando a Deus. 9 Todo o povo o viu andando e louvando a Deus. 10 Eles
o reconheceram, que era ele que costumava mendigar presentes para
os necessitados na Porta Formosa do templo. Eles estavam cheios de
admiraçã o e espanto com o que havia acontecido com ele. 11 Enquanto
o coxo curado segurava Pedro e Joã o, todo o povo correu para eles no
alpendre chamado de Salomã o, muito admirado.
12 Ao ver isso, Pedro respondeu ao povo: “Homens de Israel, por que

você s se maravilham com este homem? Por que você ixa seus olhos
em nó s, como se por nosso pró prio poder ou piedade o tivé ssemos
feito andar? 13 O Deus de Abraã o, de Isaque e de Jacó , o Deus de nossos
pais, glori icou a seu servo Jesus, a quem vó s entregastes e negastes na
presença de Pilatos, quando ele decidiu soltá -lo. 14 Mas vó s negastes o
Santo e o Justo e pedistes que vos fosse concedido um homicida, 15 e
matastes o Prı́ncipe da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os
mortos, do que somos testemunhas. 16 Pela fé no seu nome, o seu nome
fortaleceu este homem, a quem vedes e conheceis. Sim, a fé que vem
por meio dele lhe deu esta perfeita saú de na presença de todos você s.
17 “Agora, irmã os, eu sei que você s izeram isso por ignorâ ncia,
assim como seus governantes. 18 Mas o que Deus anunciou pela boca de
todos os seus profetas, para que Cristo padecesse, assim ele cumpriu.
19 “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados

os vossos pecados, a im de que venham tempos de refrigé rio da


presença do Senhor, 20 e para que ele envie Cristo Jesus, que antes vos
foi ordenado, 21 a quem o cé u deve receber até os tempos da
restauraçã o de todas as coisas, que Deus falou há muito tempo pela
boca de seus santos profetas. 22 Pois Moisé s disse aos pais: O Senhor
Deus vos suscitará um profeta dentre os vossos irmã os, como eu. Você
deve ouvi-lo em todas as coisas que ele disser a você . 23 Será que toda
alma que nã o der ouvidos a esse profeta será totalmente exterminada
dentre o povo.' 24 Sim, e todos os profetas de Samuel e os que se
seguiram, todos os que falaram, també m falaram destes dias. 25 Você s
sã o ilhos dos profetas e da aliança que Deus fez com nossos pais,
dizendo a Abraã o: Todas as famı́lias da terra serã o abençoadas por
meio de sua descendê ncia. 26 Deus, tendo ressuscitado seu servo Jesus,
o enviou primeiro a você s para abençoá -los, desviando cada um de
você s da sua maldade”.
Mateus 27
1 Ao amanhecer, todos os principais sacerdotes e os anciã os do

povo deliberaram contra Jesus para matá -lo. 2 Eles o amarraram, o


levaram e o entregaram a Pô ncio Pilatos, o governador.
3 Entã o Judas, que o traı́a, vendo que Jesus estava condenado,

sentiu remorso e devolveu as trinta moedas de prata aos principais


sacerdotes e anciã os, 4 dizendo: “Pequei ao trair sangue inocente”.
Mas eles disseram: “O que é isso para nó s? Você cuida disso.”
5 Ele jogou as moedas de prata no santuá rio e partiu. Entã o ele foi

embora e se enforcou.
6 Os principais sacerdotes pegaram as moedas de prata e disseram:

“Nã o é lı́cito colocá -las no tesouro, porque é preço de sangue”. 7 Eles


deliberaram e compraram com eles o campo do oleiro para sepultar os
estrangeiros. 8 Por isso, esse campo foi chamado até hoje de “Campo de
Sangue”. 9 Entã o se cumpriu o que fora dito pelo profeta Jeremias, que
dizia:
“Eles pegaram as trinta moedas de prata,
o preço daquele sobre quem um preço foi ixado,
a quem alguns dos ilhos de Israel avaliaram,
10 e os deram pelo campo do oleiro,

como o Senhor me ordenou”.


11 Ora, Jesus estava diante do governador; e o governador

perguntou-lhe, dizendo: “Você é o rei dos judeus?”


Disse-lhe Jesus: “Assim dizes”.
12 Quando ele foi acusado pelos principais sacerdotes e anciã os,

nada respondeu. 13 Entã o Pilatos lhe disse: “Você nã o ouve quantas
coisas testemunham contra você ?”
14 Ele nã o lhe respondeu, nem mesmo uma palavra, de modo que o

governador se maravilhou muito.


15 Ora, na festa o governador costumava soltar à multidã o um
prisioneiro que eles desejavam. 16 Eles tinham entã o um prisioneiro
notá vel chamado Barrabá s. 17 Quando, pois, estavam reunidos, Pilatos
lhes disse: “A quem você s querem que eu solte? Barrabá s, ou Jesus, que
se chama Cristo?” 18 Pois ele sabia que por inveja o haviam entregado.
19 Enquanto ele estava sentado no tribunal, sua mulher mandou

dizer-lhe: “Nã o te envolvas com esse justo, porque hoje sofri muitas
coisas em sonho por causa dele”.
20 Ora, os principais sacerdotes e os anciã os persuadiram as

multidõ es a pedir Barrabá s e matar Jesus. 21 Mas o governador lhes


respondeu: “Qual dos dois você s querem que eu solte para você s?”
Eles disseram: “Barrabá s!”
22 Pilatos disse-lhes: “Que farei entã o a Jesus, chamado Cristo?”

Todos lhe disseram: “Seja cruci icado!”


23 Mas o governador disse: “Por quê ? Que mal ele fez?”

Mas eles clamaram muito, dizendo: “Seja cruci icado!”


24 Entã o, quando Pilatos viu que nada estava sendo ganho, mas sim

que uma confusã o estava começando, ele tomou á gua e lavou as mã os
diante da multidã o, dizendo: “Estou inocente do sangue deste justo.
Você cuida disso.”
25 Todo o povo respondeu: “Que o sangue dele caia sobre nó s e

sobre nossos ilhos!”


26 Entã o soltou-lhes Barrabá s, mas Jesus açoitou e entregou para

ser cruci icado.


27 Entã o os soldados do governador levaram Jesus ao Pretó rio e

reuniram toda a guarniçã o contra ele. 28 Eles o despojaram e o vestiram


com um manto escarlate. 29 Trançaram uma coroa de espinhos e a
puseram na cabeça dele, e uma cana na mã o direita; e eles se
ajoelharam diante dele e zombaram dele, dizendo: “Salve, rei dos
judeus!” 30 Cuspiram nele, pegam a cana e batem na cabeça dele. 31
Depois de zombarem dele, tiraram-lhe o manto, vestiram-no com suas

vestes e o levaram para cruci icá -lo.


32 Ao saı́rem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simã o, e

o obrigaram a ir com eles, para que carregasse a sua cruz. 33 Quando


chegaram a um lugar chamado “Gó lgota”, isto é , “lugar da caveira”, 34
deram-lhe a beber vinho azedo misturado com fel. Quando o provou,
nã o quis beber. 35 Depois de o cruci icarem, repartiram entre eles as
suas vestes, lançando sortes, 36 e sentaram-se a observá -lo ali. 37 Sobre
a sua cabeça levantaram a acusaçã o escrita contra ele: “ESTE E JESUS,
O REI DOS JUDEUS”.
38 Entã o foram cruciicados com ele dois salteadores, um à sua
direita e outro à sua esquerda.
39 Os que passavam blasfemavam dele, abanando a cabeça 40 e

dizendo: “Você que destró i o templo e o reedi ica em trê s dias, salve-se!
Se você é o Filho de Deus, desça da cruz!”
41 Assim també m os principais sacerdotes zombando dos

escribas, fariseus e anciã os, diziam: 42 “Ele salvou os outros, mas nã o
pode salvar a si mesmo. Se ele é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e
creremos nele. 43 Ele con ia em Deus. Deixe Deus libertá -lo agora, se ele
o quiser; pois ele disse: 'Eu sou o Filho de Deus.' ” 44 També m os ladrõ es
que foram cruci icados com ele lançaram sobre ele o mesmo vitupé rio.
45 Desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra atéa hora
nona. 46 Por volta da hora nona, Jesus clamou em alta voz, dizendo: “Eli,
Eli, lima sabactani?” Isto é , “Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonaste?”
47 Alguns dos que estavam ali, ouvindo isso, disseram: “Este

homem está chamando Elias”.


48 Imediatamente um deles correu e pegou uma esponja, encheu-a

de vinagre, colocou-a numa cana e deu-lhe de beber. 49 O resto disse:


“Deixe-o ser. Vamos ver se Elias vem salvá -lo”.
50 Jesus clamou novamente em alta voz, e entregou o seu espı́rito.

51 Eis que o vé u do templo se rasgou em dois, de alto a baixo. A

terra tremeu e as rochas se partiram. 52 Os sepulcros foram abertos, e


muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; 53 e saindo
dos sepulcros depois da sua ressurreiçã o, entraram na cidade santa e
apareceram a muitos.
54 Ora, o centuriã o e os que com ele vigiavam a Jesus, vendo o

terremoto e as coisas que aconteceram, icaram apavorados, dizendo:


Verdadeiramente este era o Filho de Deus!
55 Muitas mulheres observavam de longe, que haviam seguido Jesus

desde a Galilé ia, servindo-o. 56 Entre eles estavam Maria Madalena,


Maria, mã e de Tiago e José , e a mã e dos ilhos de Zebedeu.
57 Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimaté ia, chamado

José , que també m era discı́pulo de Jesus. 58 Este homem foi a Pilatos e
pediu o corpo de Jesus. Entã o Pilatos ordenou que o corpo fosse
entregue. 59 José tomou o corpo e o envolveu em um pano limpo de
linho 60 e o depositou em seu pró prio tú mulo novo, que havia cavado na
rocha. Em seguida, rolou uma grande pedra contra a porta do sepulcro
e partiu. 61 Maria Madalena estava lá , e a outra Maria, sentada em frente
ao tú mulo.
62 No dia seguinte, que era o dia seguinte ao dia da preparaçã o, os

principais sacerdotes e os fariseus se reuniram a Pilatos, 63 dizendo:


Senhor, lembramo-nos do que aquele enganador disse enquanto ainda
estava vivo: 'Depois de trê s dias Eu me levantarei novamente.' 64
Ordena, pois, que se guarde o sepulcro até ao terceiro dia, para que nã o
venham os seus discı́pulos de noite e o roubem, e digam ao povo:
Ressuscitou dos mortos; e o ú ltimo engano será pior do que o
primeiro.”
65 Pilatos lhes disse: “Você s tê m um guarda. Vá , faça-o o mais

seguro que puder.” 66 Entã o eles foram com a guarda e izeram o tú mulo
seguro, selando a pedra.
João 19
1 Entã o Pilatos pegou Jesus e o açoitou. 2 Os soldados torceram uma

coroa de espinhos, e a colocaram na cabeça dele, e o vestiram com uma


roupa de pú rpura. 3 Eles diziam: “Salve, rei dos judeus!” e continuaram
a esbofeteá -lo.
4 Entã o Pilatos saiu novamente e lhes disse: “Eis que eu o trago

para fora, para que saibais que nã o acho motivo algum para acusar
contra ele”.
5 Jesus, pois, saiu com a coroa de espinhos e o manto de pú rpura.

Pilatos disse-lhes: “Eis o homem!”


6 Quando os principais sacerdotes e os o iciais o viram, gritaram,
dizendo: “Cruci ica! Cruci icar!"
Pilatos disse-lhes: “Tomai-o vó s mesmos e cruci icai-o, pois nã o
encontro base para acusaçã o contra ele”.
7 Responderam-lhe os judeus: Temos uma lei, e pela nossa lei ele

deve morrer, porque se fez Filho de Deus.


8 Quando, pois, Pilatos ouviu isso, icou com mais medo. 9 Ele
entrou novamente no Pretó rio e perguntou a Jesus: “De onde você é ?”
Mas Jesus nã o lhe deu resposta. 10 Pilatos entã o lhe disse: “Você nã o
está falando comigo? Você nã o sabe que eu tenho poder para libertá -lo
e tenho poder para cruci icá -lo?”
11 Jesus respondeu: “Você s nã o teriam poder algum contra mim, se

de cima nã o fosse dado a você s. Portanto, aquele que me entregou a


você tem maior pecado”.
12 Diante disso, Pilatos procurava soltá -lo, mas os judeus clamaram,

dizendo: “Se você soltar este homem, você nã o é amigo de Cé sar! Todo
aquele que se faz rei fala contra Cé sar!”
13 Quando Pilatos, portanto, ouviu estas palavras, ele trouxe Jesus

para fora e sentou-se no tribunal em um lugar chamado “A Calçada”,


mas em hebraico, “Gabatha”. 14 Ora, era o dia da preparaçã o da pá scoa,
por volta da hora sexta. Ele disse aos judeus: “Eis o vosso Rei!”
15 Eles gritaram: “Fora com ele! Fora com ele! Cruci ique-o!”
Pilatos disse-lhes: “Devo cruci icar o vosso Rei?”
Os principais sacerdotes responderam: “Nã o temos rei senã o
Cé sar!”
16 Entã o ele o entregou a eles para ser cruciicado. Entã o eles
pegaram Jesus e o levaram embora. 17 Ele saiu, levando a sua cruz, para
o lugar chamado “Lugar da Caveira”, que em hebraico se chama
“Gó lgota”, 18 onde o cruci icaram, e com ele outros dois, um de cada
lado, e Jesus No meio. 19 Pilatos també m escreveu um tı́tulo e o colocou
na cruz. Lá estava escrito: “JESUS DE NAZARE, O REI DOS JUDEUS”. 20
Por isso, muitos dos judeus leram este tı́tulo, porque o lugar onde Jesus
foi cruci icado era perto da cidade; e foi escrito em hebraico, em latim e
em grego. 21 Os principais sacerdotes dos judeus disseram entã o a
Pilatos: “Nã o escrevas 'O Rei dos Judeus', mas sim, 'ele disse: 'Eu sou o
Rei dos Judeus'. '”
22 Pilatos respondeu: “O que escrevi, escrevi”.

23 Entã o os soldados, tendo cruci icado Jesus, tomaram suas


vestes e izeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e també m
o casaco. Agora o casaco estava sem costura, tecido de cima para baixo.
24 Disseram entã o uns aos outros: Nã o a rasguemos, mas lancemos

sortes para decidir de quem será , para que se cumprisse a Escritura,


que diz:
“Eles repartiram minhas vestes entre eles.
Sobre o meu manto lançaram sortes.”
Portanto, os soldados izeram essas coisas.
25 Mas junto à cruz de Jesus estavam sua mã e, a irmã de sua mã e,
Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena. 26 Entã o, quando Jesus viu
sua mã e e o discı́pulo que ele amava ali, disse à sua mã e: “Mulher, eis aı́
teu ilho!” 27 Entã o disse ao discı́pulo: “Eis aı́ tua mã e!” A partir dessa
hora, o discı́pulo a levou para sua pró pria casa.
28 Depois disso, Jesus, vendo que todas as coisas já
estavam
acabadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede. 29 E ali
foi posto um vaso cheio de vinagre; entã o eles colocaram uma esponja
cheia de vinagre no hissopo e a colocaram em sua boca. 30 Tendo Jesus,
pois, recebido o vinagre, disse: “Está consumado”. Entã o ele inclinou a
cabeça e entregou seu espı́rito.
31 Por isso os judeus, por ser o dia da preparaçã o, para que os

corpos nã o icassem na cruz no sá bado (pois aquele sá bado era
especial), pediram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas e ser
levado. 32 Vieram, pois, os soldados e quebraram as pernas do primeiro
e do outro que com ele foi cruci icado; 33 mas quando foram ter com
Jesus e viram que já estava morto, nã o lhe quebraram as pernas. 34 Mas
um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e
á gua. 35 Aquele que viu testi icou, e seu testemunho é verdadeiro. Ele
sabe que diz a verdade, para que você creia. 36 Pois estas coisas
aconteceram para que se cumprisse a Escritura: “Nenhum osso dele
será quebrado”. 37 Outra Escritura diz: “Olharã o para aquele a quem
traspassaram”.
38 Depois destas coisas, José de Arimaté ia, sendo discı́pulo de Jesus,
mas secretamente por medo dos judeus, pediu a Pilatos que tirasse o
corpo de Jesus. Pilatos deu-lhe permissã o. Ele veio, portanto, e levou o
seu corpo. 39 Nicodemos, que primeiro veio a Jesus de noite, també m
veio trazendo uma mistura de mirra e aloé s, cerca de cem libras
romanas. 40 Entã o, tomaram o corpo de Jesus e o envolveram em panos
de linho com as especiarias, como é costume dos judeus sepultá -lo. 41
No lugar onde ele foi cruci icado havia um jardim. No jardim havia uma
tumba nova na qual nenhum homem havia sido colocado. 42 Entã o, por
causa do dia da preparaçã o dos judeus (pois o sepulcro estava
pró ximo), eles puseram Jesus ali.
Marco 15
1 Logo pela manhã , os principais sacerdotes, os anciã os e os

escribas, e todo o conselho, consultaram-se, amarraram Jesus, levaram-


no e o entregaram a Pilatos. 2 Pilatos lhe perguntou: “Você é o rei dos
judeus?”
Ele respondeu: “Assim você diz”.
3 Os principais sacerdotes o acusavam de muitas coisas. 4 Pilatos

lhe perguntou novamente: “Você nã o tem resposta? Veja quantas coisas
eles testemunham contra você !”
5 Mas Jesus nã o deu mais resposta, de modo que Pilatos icou
maravilhado.
6 Ora, na festa, costumava soltar-lhes um prisioneiro, a quem lhe

pediam. 7 Havia um chamado Barrabá s, amarrado com seus


companheiros insurgentes, homens que na insurreiçã o haviam
cometido assassinato. 8 A multidã o, clamando em alta voz, começou a
pedir-lhe que izesse como sempre fazia por eles. 9 Pilatos respondeu-
lhes, dizendo: “Você s querem que eu solte para você s o rei dos judeus?”
10 Pois ele percebeu que por inveja os principais sacerdotes o haviam

entregado. 11 Mas os principais sacerdotes incitaram a multidã o, para


que, em vez disso, lhes soltasse Barrabá s. 12 Pilatos perguntou-lhes
novamente: “O que devo fazer entã o à quele a quem você s chamam o rei
dos judeus?”
13 Clamaram novamente: “Cruci ica-o!”
14 Pilatos lhes disse: “Por que, que mal ele fez?”

Mas eles clamaram muito: “Cruci ica-o!”


15 Pilatos, querendo agradar à multidã o, soltou-lhes Barrabá s e
entregou Jesus, depois de o açoitar, para ser cruci icado. 16 Os soldados
o levaram para dentro do pá tio, que é o Pretó rio; e eles reuniram toda a
coorte. 17 Eles o vestiram de pú rpura e, tecendo uma coroa de espinhos,
a puseram sobre ele. 18 Eles começaram a saudá -lo: “Salve, rei dos
judeus!” 19 Batiam-lhe na cabeça com uma cana, cuspiam nele e,
ajoelhando-se, prestavam-lhe homenagem. 20 Depois de zombarem dele,
tiraram-lhe a pú rpura e vestiram-no com as suas pró prias vestes. Eles
o levaram para cruci icá -lo. 21 Eles obrigaram um que passava, vindo do
campo, Simã o Cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, a ir com eles, para
que carregasse a sua cruz. 22 Levaram-no ao lugar chamado Gó lgota,
que quer dizer, “lugar da caveira”. 23 Ofereceram-lhe para beber vinho
misturado com mirra, mas ele nã o aceitou.
24 Cruci icando-o, repartiram entre si as suas vestes, lançando
sortes sobre elas sobre o que cada um deveria levar. 25 Era a hora
terceira, e o cruci icaram. 26 Sobre ele estava escrito o cabeçalho de sua
acusaçã o: “O REI DOS JUDEUS”. 27 Com ele cruci icaram dois
salteadores; um à sua direita e outro à sua esquerda. 28 Cumpriu-se a
Escritura que diz: “Ele foi contado entre os transgressores”.
29 Os que passavam blasfemavam dele, abanando a cabeça e

dizendo: “Ah! Tu que destró is o templo e o reedi icas em trê s dias, 30


salva-te a ti mesmo e desce da cruz!”
31 Da mesma forma, també m os principais sacerdotes, zombando

entre si com os escribas, diziam: “Ele salvou outros. Ele nã o pode se
salvar. 32 Desça agora da cruz o Cristo, o Rei de Israel, para que
possamos vê -lo e crer nele”. Aqueles que foram cruci icados com ele
també m o insultaram.
33 Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até a hora
nona. 34 Na hora nona, Jesus clamou em alta voz, dizendo: “Eloi, Eloi,
lamá sabactani?” que é , sendo interpretado: “Meu Deus, meu Deus, por
que me desamparaste?”
35 Alguns dos que estavam ali, ouvindo isso, disseram: “Eis que ele

está chamando Elias”.


36 Um correu e encheu uma esponja com vinagre, colocou-a numa

cana e deu-lhe de beber, dizendo: “Deixa-o. Vamos ver se Elias vem para
derrubá -lo”.
37 Jesus clamou em alta voz e entregou o espı́rito. 38 O vé u do

templo se rasgou em dois, de alto a baixo. 39 Quando o centuriã o, que


estava diante dele, viu que ele gritava assim e dava seu ú ltimo suspiro,
disse: “Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus!”
40 Havia també m mulheres que observavam de longe, entre as quais

Maria Madalena, e Maria, mã e de Tiago Menor, e de José , e Salomé ; 41


que, estando ele na Galilé ia, o seguia e o servia; e muitas outras
mulheres que subiram com ele a Jerusalé m.
42 Ao cair da tarde, porque era o Dia da Preparaçã o, isto é , a vé spera

do sá bado, 43 José de Arimaté ia, um proeminente membro do conselho


que també m esperava o Reino de Deus, veio. Ele corajosamente foi até
Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 44 Pilatos admirou-se de que já
estivesse morto; e, chamando o centuriã o, perguntou-lhe se estava
morto há muito tempo. 45 Ao saber do centuriã o, entregou o corpo a
José . 46 Ele comprou um pano de linho e, tirando-o, enrolou-o no pano
de linho e o deitou num sepulcro escavado na rocha. Rolou uma pedra
contra a porta do sepulcro. 47 Maria Madalena e Maria, mã e de José ,
viram onde ele foi colocado.
Mateus 28
1Depois do sá bado, ao raiar do dia primeiro da semana, Maria

Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. 2 Eis que houve um


grande terremoto, porque um anjo do Senhor desceu do cé u e veio,
removeu a pedra da porta e sentou-se sobre ela. 3 Sua aparê ncia era
como um relâ mpago, e sua roupa branca como a neve. 4 Por medo dele,
os guardas tremeram e icaram como mortos. 5 O anjo respondeu à s
mulheres: “Nã o tenham medo, porque eu sei que você s buscam a Jesus,
que foi cruci icado. 6 Ele nã o está aqui, pois ressuscitou, como havia
dito. Venha, veja o lugar onde o Senhor estava deitado. 7 Vã o depressa e
digam aos seus discı́pulos: 'Ele ressuscitou dos mortos, e eis que vai
adiante de você s para a Galilé ia; lá você vai vê -lo.' Eis que eu te disse”.
8 Eles saı́ram rapidamente do sepulcro com medo e grande alegria,

e correram para trazer a palavra aos seus discı́pulos. 9 Enquanto iam


contar aos seus discı́pulos, eis que Jesus foi ao encontro deles, dizendo:
“Alegrai-vos!”
Eles vieram, agarraram-lhe os pé s e o adoraram.
10 Entã o Jesus lhes disse: “Nã o tenham medo. Vá dizer aos meus
irmã os que vã o para a Galilé ia, e lá me verã o”.
11 Enquanto eles iam, eis que alguns guardas entraram na cidade e

contaram aos principais sacerdotes tudo o que havia acontecido. 12


Quando se reuniram com os anciã os e se reuniram em conselho, deram
uma grande quantia de prata aos soldados, 13 dizendo: “Dizem que seus
discı́pulos vieram de noite e o roubaram enquanto dormı́amos. 14 Se
isso chegar aos ouvidos do governador, vamos convencê -lo e deixá -lo
livre de preocupaçõ es”. 15 Entã o eles pegaram o dinheiro e izeram o
que eles mandaram. Este ditado foi difundido entre os judeus e
continua até hoje.
16 Mas os onze discı́pulos foram para a Galilé ia, para o monte para

onde Jesus os havia enviado. 17 Quando o viram, curvaram-se diante


dele; mas alguns duvidaram. 18 Jesus aproximou-se deles e falou-lhes,
dizendo: “Foi-me dada toda a autoridade no cé u e na terra. 19 Vai e fazei
discı́pulos de todas as naçõ es, batizando-os em nome do Pai e do Filho
e do Espı́rito Santo, 20 ensinando-os a observar todas as coisas que vos
ordenei. Eis que estou convosco todos os dias, até a consumaçã o dos
sé culos”. Um homem.
Mateus 4
1 Entã o Jesus foi levado pelo Espı́rito ao deserto para ser tentado

pelo diabo. 2 Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, depois


teve fome. 3 O tentador aproximou-se e disse-lhe: “Se é s o Filho de
Deus, manda que estas pedras se transformem em pã es”.
4 Mas ele respondeu: “Está
escrito: 'Nem só de pã o viverá o
homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus'. ”
5 Entã o o diabo o levou para a cidade santa. Colocou-o no piná culo

do templo, 6 e disse-lhe: “Se é s o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo,


porque está escrito:
'Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito', e,
'Nas mã os eles te sustentarã o,
para que você nã o tropece em uma pedra.' ”
7 Respondeu-lhe Jesus: Outra vez está escrito: Nã o tentará s o
Senhor teu Deus. ”
8 Mais uma vez, o diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-

lhe todos os reinos do mundo e sua gló ria. 9 Ele lhe disse: “Eu te darei
todas essas coisas, se você se prostrar e me adorar”.
10 Entã o Jesus lhe disse: “Para trá s de mim, Sataná s! Pois está

escrito: 'Ao Senhor teu Deus adorará s, e só a ele servirá s'. ”
11 Entã o o diabo o deixou, e eis que anjos vieram e o serviram.

12 Ora, quando Jesus soube que Joã o havia sido entregue, retirou-

se para a Galilé ia. 13 Saindo de Nazaré , foi habitar em Cafarnaum, que


está junto ao mar, na regiã o de Zebulom e Naftali, 14 para que se
cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaı́as, que disse:
15 “A terra de Zebulom e a terra de Naftali,

para o mar, alé m do Jordã o,


Galilé ia dos gentios,
16 o povo que estava sentado em trevas viu uma grande luz;

aos que estavam assentados na regiã o e sombra da morte,


para eles a luz raiou”.
17 Desde entã o, Jesus começou a pregar e a dizer: “Arrependam-se!

Pois o Reino dos Cé us está pró ximo.”


18 Andando junto ao mar da Galilé ia, viu dois irmã os: Simã o,

chamado Pedro, e André , seu irmã o, lançando a rede ao mar; pois eram
pescadores. 19 Ele lhes disse: “Vinde apó s mim, e eu vos farei
pescadores de homens”.
20 Imediatamente eles deixaram suas redes e o seguiram. 21

Partindo dali, viu outros dois irmã os, Tiago, ilho de Zebedeu, e Joã o,
seu irmã o, no barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes. Ele os
chamou. 22 Eles deixaram imediatamente o barco e seu pai e o
seguiram.
23 Jesus percorria toda a Galilé ia, ensinando nas sinagogas,

pregando as Boas Novas do Reino e curando todas as doenças e


enfermidades do povo. 24 A notı́cia sobre ele se espalhou por toda a
Sı́ria. Trouxeram-lhe todos os enfermos, a litos de vá rias doenças e
tormentos, endemoninhados, epilé pticos e paralı́ticos; e ele os curou.
25 Seguiam-no grandes multidõ es da Galilé ia, Decá polis, Jerusalé m,

Judé ia e alé m do Jordã o.


Gênesis 45
1 Entã o Josénã o conseguiu se controlar diante de todos os que
estavam diante dele e gritou: “Fazem que todos saiam de mim!”
Ningué m mais icou com ele, enquanto José se deu a conhecer a seus
irmã os. 2 Ele chorou em voz alta. Os egı́pcios ouviram, e a casa de Faraó
ouviu. 3 José disse a seus irmã os: “Eu sou José ! Meu pai ainda vive?”
Seus irmã os nã o puderam responder; pois eles estavam
aterrorizados com sua presença. 4 José disse a seus irmã os:
“Aproximem-se de mim, por favor”.
Eles se aproximaram. Ele disse: “Eu sou José , seu irmã o, que você
vendeu para o Egito. 5 Agora nã o iquem tristes, nem irados consigo
mesmos, por terem me vendido aqui, pois Deus me enviou antes de
você s para preservar a vida. 6 Por estes dois anos houve fome na terra, e
ainda há cinco anos em que nã o haverá lavoura nem colheita. 7 Deus me
enviou adiante de você s para conservar para você s um remanescente
na terra e para salvá -los vivos por um grande livramento. 8 Assim,
agora, nã o fostes vó s que me enviastes aqui, mas Deus, e ele me
constituiu por pai de Faraó , senhor de toda a sua casa, e governante de
toda a terra do Egito. 9 Apresse-se, vá até meu pai e diga-lhe: 'Assim diz
seu ilho José : 'Deus me fez senhor de todo o Egito. Desça até mim. Nã o
espere. 10 Habitará s na terra de Gó sen, e estará s perto de mim, tu, teus
ilhos, os ilhos de teus ilhos, teus rebanhos, teus rebanhos e tudo o
que tens. 11 Ali eu cuidarei de você ; pois ainda há cinco anos de fome;
para que nã o iques empobrecido, tu e a tua casa, e tudo o que tens”. ' 12
Eis que os teus olhos vê em, e os olhos de meu irmã o Benjamim, que é a
minha boca que te fala. 13 Contará s a meu pai toda a minha gló ria no
Egito e tudo o que viste. Você deve se apressar e trazer meu pai aqui. 14
Ele caiu no pescoço de seu irmã o Benjamim e chorou, e Benjamim
chorou em seu pescoço. 15 Ele beijou todos os seus irmã os e chorou
sobre eles. Depois disso, seus irmã os conversaram com ele.
16 Ouviu-se na casa de Faraó a notı́cia disso: “Os irmã os de José
chegaram”. Agradou bem ao faraó e aos seus servos. 17 Faraó disse a
José : “Diga a seus irmã os: 'Faça isto: carregue seus animais e vá viajar
para a terra de Canaã . 18 Toma teu pai e tuas famı́lias, e vem a mim, e eu
te darei o bem da terra do Egito, e comerá s a gordura da terra.' 19 Agora
você está ordenado a fazer isso: Leve carros da terra do Egito para seus
pequeninos e para suas mulheres, e traga seu pai, e venha. 20 Alé m
disso, nã o se preocupem com seus bens, pois o bem de toda a terra do
Egito é seu”.
21 Assim izeram os ilhos de Israel. José lhes deu carroças,
conforme o mandado de Faraó , e lhes deu provisã o para o caminho. 22
Ele deu a cada um deles mudas de roupa, mas a Benjamim deu
trezentas moedas de prata e cinco mudas de roupa. 23 Ele enviou o
seguinte a seu pai: dez jumentas carregadas com as coisas boas do
Egito, e dez jumentas carregadas de cereais e pã o e provisõ es para seu
pai no caminho. 24 Entã o ele despediu seus irmã os, e eles partiram. Ele
lhes disse: “Cuidado para que nã o briguem no caminho”.
25 Eles subiram do Egito e foram à terra de Canaã , a Jacó seu pai. 26
Eles lhe contaram, dizendo: “José ainda está vivo, e ele é o governante
de toda a terra do Egito”. Seu coraçã o desmaiou, pois ele nã o acreditou
neles. 27 Eles lhe contaram todas as palavras de José , que ele lhes havia
dito. Quando ele viu as carroças que José havia enviado para levá -lo, o
espı́rito de Jacó , seu pai, reviveu. 28 Israel disse: “Basta. Joseph meu
ilho ainda está vivo. Irei vê -lo antes de morrer”.
Gênesis 37
1 Jacó viveu na terra das viagens de seu pai, na terra de Canaã . 2 Esta
é a histó ria das geraçõ es de Jacó . José , com dezessete anos, estava
apascentando o rebanho com seus irmã os. Ele era um menino com os
ilhos de Bila e Zilpah, esposas de seu pai. José trouxe um mau relató rio
deles para seu pai. 3 Ora, Israel amava a José mais do que a todos os
seus ilhos, porque era ilho da sua velhice, e fez-lhe uma tú nica de
muitas cores. 4 Seus irmã os viram que seu pai o amava mais do que a
todos os seus irmã os, e o odiavam, e nã o podiam falar com ele
paci icamente.
5 José
teve um sonho e o contou a seus irmã os, e eles o odiaram
ainda mais. 6 Ele lhes disse: “Por favor, ouçam este sonho que tive: 7
pois eis que está vamos amarrando os molhos no campo, e eis que o
meu molho se levantou e també m icou em pé ; e eis que os vossos
molhos se voltaram e se curvaram diante do meu molho”.
8 Seus irmã os lhe perguntaram: “Você realmente reinará sobre nó s?
Você realmente terá domı́nio sobre nó s?” Eles o odiavam ainda mais
por seus sonhos e por suas palavras. 9 Ele sonhou ainda outro sonho, e
o contou a seus irmã os, e disse: “Eis que sonhei ainda outro sonho: e
eis que o sol, a lua e onze estrelas se inclinaram para mim”. 10 Contou-o
a seu pai e a seus irmã os. Seu pai o repreendeu e lhe disse: “Que sonho
é esse que você sonhou? Iremos eu, sua mã e e seus irmã os, de fato, nos
prostrar por terra diante de você ?” 11 Seus irmã os o invejavam, mas seu
pai guardou isso em mente.
12 Seus irmã os foram apascentar o rebanho de seu pai em Siqué m.
13 Israel disse a José : “Seus irmã os nã o apascentam o rebanho em

Siqué m? Venha, e eu o enviarei a eles”. Disse-lhe: “Aqui estou”.


14 Ele lhe disse: “Vá
agora, veja se está bem com seus irmã os, e se
está bem com o rebanho; e traga-me a palavra novamente.” Entã o ele o
enviou do vale de Hebrom, e ele veio para Siqué m. 15 Certo homem o
achou, e eis que estava vagando pelo campo. O homem perguntou-lhe:
“O que você está procurando?”
16 Ele disse: “Estou procurando meus irmã os. Diga-me, por favor,

onde eles estã o alimentando o rebanho”.


17 O homem disse: “Eles foram embora daqui, pois eu os ouvi dizer:

'Vamos para Dotã '. ”


José foi atrá s de seus irmã os e os encontrou em Dotã . 18 Eles o
viram de longe e, antes que chegasse perto deles, conspiraram contra
ele para matá -lo. 19 Diziam uns aos outros: “Eis que vem este sonhador.
20 Venham agora, vamos matá -lo e lançá -lo numa das covas, e diremos:

Um animal mau o devorou. Veremos o que será de seus sonhos.”


21 Rú ben ouviu isso e o livrou das mã os deles, e disse: “Nã o vamos

tirar a vida dele”. 22 Rú ben lhes disse: “Nã o derramem sangue. Lança-o
nesta cova que está no deserto, mas nã o lhe ponhas a mã o” – para que o
livrasse das suas mã os, para o devolver a seu pai. 23 Quando José
chegou a seus irmã os, despojaram-no de sua tú nica, a tú nica de muitas
cores que estava sobre ele; 24 e eles o pegaram e o jogaram na cova. O
poço estava vazio. Nã o havia á gua nele.
25 Eles se sentaram para comer pã o, e levantaram os olhos e

olharam, e viram uma caravana de ismaelitas que vinha de Gileade,


com seus camelos trazendo especiarias, bá lsamo e mirra, que iam levá -
la para o Egito. 26 Judá disse a seus irmã os: “De que adianta matarmos
nosso irmã o e escondermos seu sangue? 27 Venha, e vamos vendê -lo
aos ismaelitas, e nã o seja nossa mã o sobre ele; pois ele é nosso irmã o,
nossa carne”. Seus irmã os o ouviram. 28 Passaram os midianitas que
eram mercadores, tiraram e levantaram José da cova, e venderam José
aos ismaelitas por vinte moedas de prata. Os mercadores trouxeram
José para o Egito.
29 Reuben voltou à cova e viu que José nã o estava na cova; e rasgou
suas roupas. 30 Ele voltou para seus irmã os e disse: “O menino nã o
existe mais; e eu, para onde irei?” 31 Eles pegaram a tú nica de José ,
mataram um bode e mergulharam a tú nica no sangue. 32 Eles pegaram
a tú nica de vá rias cores e a trouxeram para seu pai, e disseram:
“Encontramos isso. Examine-a agora e veja se é a tú nica do seu ilho ou
nã o.
33 Ele a reconheceu e disse: “E a tú nica do meu ilho. Um animal
maligno o devorou. José está , sem dú vida, despedaçado”. 34 Jacó rasgou
as suas vestes, pô s pano de saco na cintura e chorou por seu ilho
muitos dias. 35 Todos os seus ilhos e todas as suas ilhas se levantaram
para consolá -lo, mas ele nã o quis ser consolado. Ele disse: “Porque
descerei ao Seol para meu ilho, chorando”. Seu pai chorou por ele. 36 Os
midianitas o venderam para o Egito a Potifar, o icial de Faraó , capitã o
da guarda.
Salmos 32
Por Davi. Um salmo contemplativo.
1 Bem-aventurado aquele cuja desobediê ncia é perdoada,

cujo pecado é coberto.


2 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor nã o atribui

iniqü idade,
em cujo espı́rito nã o há engano.
3 Quando me calei, meus ossos de inharam pelo meu gemido o dia

todo.
4 De dia e de noite a tua mã o pesava sobre mim.

Minhas forças foram minadas no calor do verã o.


Selá .
5 Eu te reconheci o meu pecado.

Eu nã o escondi minha iniqü idade.


Eu disse, confessarei minhas transgressõ es ao Senhor,
e perdoaste a iniqü idade do meu pecado.
Selá .
6 Por isso, todo aquele que é piedoso ore a você em um tempo em

que você pode ser encontrado.


Certamente, quando as grandes á guas transbordarem, elas nã o o
alcançarã o.
7 Você é meu esconderijo.

Você vai me preservar de problemas.


Você vai me cercar com cançõ es de libertaçã o.
Selá .
8 Eu te instruirei e te ensinarei o caminho que deves seguir.

Vou aconselhá -lo de olho em você .


9 Nã o seja como o cavalo, nem como a mula, que nã o tem

entendimento,
que sã o controlados por freio e freio, ou entã o eles nã o se
aproximarã o de você .
10 Muitas dores vê m para os ı́mpios,

mas a benignidade rodeará aquele que con ia no Senhor.


11 Alegrai-vos no Senhor e regozijai-vos, ó justos!
Gritem de alegria, todos você s que sã o retos de coraçã o!
Jeremias 51
1 Javédiz:
“Eis que me levantarei contra Babilô nia,
e contra os que habitam em Lebkamai, um vento destruidor.
2 Enviarei estrangeiros a Babilô nia, que a joeirarã o.

Eles esvaziarã o sua terra;


porque no dia da angú stia estarã o contra ela ao redor.
3 Contra aquele que se curva, que o arqueiro dobre seu arco,

també m contra aquele que se levanta em sua cota de malha.


Nã o poupe seus jovens!
Destrua totalmente todo o seu exé rcito!
4 Cairã o mortos na terra dos caldeus,

e empurrado atravé s de suas ruas.


5 Porque Israel nã o foi abandonado, nem Judá , pelo seu Deus,

por Javé dos Exé rcitos;


embora sua terra esteja cheia de culpa contra o Santo de Israel.

6 “Fujam do meio da Babilô nia!

Cada um salve sua pró pria vida!


Nã o seja cortado em sua iniqü idade;
pois é o tempo da vingança de Yahweh.
Ele lhe dará uma recompensa.
7 Babilô nia foi uma taça de ouro na mã o de Yahweh,

que embriagou toda a terra.


As naçõ es beberam do seu vinho;
por isso as naçõ es enlouqueceram.
8 Babilô nia de repente caiu e foi destruı́da!

Chore por ela!


Tome bá lsamo para a dor dela.
Talvez ela possa ser curada.

9 “Terı́amos curado Babilô nia,

mas ela nã o está curada.


Abandone-a,
e vamos cada um para o seu paı́s;
pois seu julgamento chega ao cé u,
e é elevado até aos cé us.
10 ‘Yahweh produziu a nossa justiça:

vinde, e anunciemos em Siã o a obra do Senhor nosso Deus.'

11 “A iem as lechas!
Segure os escudos com irmeza!
O Senhor despertou o espı́rito dos reis dos medos,
porque seu propó sito é contra Babilô nia, para destruı́-la;
porque é a vingança do Senhor,
a vingança de seu templo.
12 Erga um estandarte contra os muros da Babilô nia!

Faça o reló gio forte!


Coloque os vigias,
e preparar as emboscadas;
porque o Senhor propô s e fez
o que ele falou a respeito dos habitantes de Babilô nia.
13 Tu que habitas sobre muitas á guas, abundantes em tesouros,

chegou o teu im, a medida da tua cobiça.


14 O Senhor dos Exé rcitos jurou por si mesmo, dizendo:

'Certamente vou enchê -lo de homens,


como com a lombriga;
e eles levantarã o um grito contra você .'

15 “Ele fez a terra pelo seu poder.

Ele estabeleceu o mundo por sua sabedoria.


Pelo seu entendimento ele estendeu os cé us.
16 Quando ele pronuncia a sua voz,

há um rugido de á guas nos cé us,


e ele faz subir os vapores dos con ins da terra.
Ele faz relâ mpagos para a chuva,
e tira o vento dos seus tesouros.
17 “Todo homem se tornou embrutecido sem conhecimento.

Todo ourives ica desapontado com sua imagem;


porque a sua imagem fundida é falsidade,
e nã o há fô lego neles.
18 Sã o vaidade,

uma obra de delı́rio.


No tempo de sua visitaçã o, eles perecerã o.
19 A porçã o de Jacó nã o é assim,

pois ele é o primeiro de todas as coisas;


incluindo a tribo de sua herança:
Javé dos Exé rcitos é o seu nome.

20 “Você s sã o meu machado de batalha e minhas armas de guerra.

Com você despedaçarei as naçõ es.


Com você destruirei reinos.
21 Com você eu vou quebrar em pedaços

o cavalo e seu cavaleiro.


22 Com você eu vou quebrar em pedaços

a carruagem e aquele que nela anda.


Com você eu vou quebrar em pedaços
homem e mulher.
Com você eu vou quebrar em pedaços
o velho e o jovem.
Com você eu vou quebrar em pedaços
o jovem e a virgem.
23 Com você eu vou quebrar em pedaços

o pastor e seu rebanho.


Com você eu vou quebrar em pedaços
o agricultor e seu jugo.
Com você eu vou quebrar em pedaços
governadores e deputados.
24 “Retribuirei a Babilô nia e a todos os habitantes da Caldé ia todo

o mal que izeram em Siã o à tua vista”, diz o Senhor.


25 “Eis que estou contra ti, destruindo o monte”, diz o Senhor,

“que destró i toda a terra.


Estenderei minha mã o sobre você ,
rolar você para baixo das rochas,
e fará de você uma montanha queimada.
26 Eles nã o tirarã o de você uma pedra angular,

nem pedra para fundamentos;


mas você s icarã o desolados para sempre”, diz Yahweh.

27 “Estabeleçam um estandarte na terra!

Toque a trombeta entre as naçõ es!


Prepare as naçõ es contra ela!
Convoque contra ela os reinos de Ararat, Minni e Ashkenaz!
Nomeie um marechal contra ela!
Faça com que os cavalos apareçam como o verme á spero!
28 Preparam contra ela as naçõ es,

os reis dos medos, seus governadores e todos os seus deputados, e


toda a terra de seu domı́nio!
29 A terra treme e sofre;

para os propó sitos de Yahweh contra Babilô nia,


para tornar a terra de Babilô nia uma desolaçã o, sem habitantes.
30 Os poderosos da Babilô nia pararam de lutar,

permanecem em suas fortalezas.


Seu poder falhou.
Tornaram-se como mulheres.
Suas moradas sã o incendiadas.
Suas barras estã o quebradas.
31 Um corredor correrá ao encontro de outro,

e um mensageiro ao encontro de outro,


para mostrar ao rei da Babilô nia que sua cidade é tomada a cada
trimestre.
32 Entã o as passagens sã o apreendidas.

Eles queimaram os juncos com fogo.


Os homens de guerra estã o assustados.”
33 Para Javé
dos Exé rcitos, o Deus de Israel diz:
“A ilha da Babilô nia é como uma eira no tempo em que é pisada.
Ainda um pouco, e o tempo da colheita chegará para ela.”

34 “Nabucodonosor, rei da Babilô nia, me devorou.

Ele me esmagou.
Ele me fez um vaso vazio.
Ele, como um monstro, me engoliu.
Ele encheu a boca com minhas iguarias.
Ele me expulsou.
35 Que a violê ncia feita a mim e à minha carne esteja sobre

Babilô nia!”
o habitante de Siã o dirá ; e,
“Que meu sangue caia sobre os habitantes da Caldé ia!”
dirá Jerusalé m.

36 Portanto, Yahweh diz:

“Eis que defenderei a tua causa,


e se vingar de você .
Eu vou secar seu mar,
e faça secar a sua fonte.
37 Babilô nia se tornará em montõ es,

uma morada para chacais,


um espanto e um assobio,
sem habitante.
38 Juntos rugirã o como leõ es novos.

Eles vã o rosnar como ilhotes de leõ es.


39 Quando estiverem aquecidos, farei seu banquete,

e eu vou embriagá -los,


para que se regozijem,
e durma um sono perpé tuo,
e nã o acordar”, diz Yahweh.

40 “Eu os farei descer como cordeiros ao matadouro,


como carneiros com bodes.

41 “Como Sheshach é tomado!


Como o louvor de toda a terra é apreendido!
Como Babilô nia se tornou uma desolaçã o entre as naçõ es!
42 O mar subiu na Babilô nia.

Ela está coberta com a multidã o de suas ondas.


43 As suas cidades tornaram-se em desolaçã o,

uma terra seca e um deserto,


uma terra em que nenhum homem habita.
Nenhum ilho do homem passa por ela.
44 Executarei juı́zo sobre Bel na Babilô nia,

e tirarei da sua boca o que ele tragou.


As naçõ es nã o luirã o mais para ele.
Sim, o muro da Babilô nia cairá .

45 “Povo meu, saia do meio dela,

e cada um de vó s se salve do furor da ira do Senhor.


46 Nã o deixe seu coraçã o desmaiar.

Nã o tema pelas notı́cias que serã o ouvidas na terra.


Pois as novidades virã o um ano,
e depois disso em mais um ano virã o novidades,
e violê ncia na terra,
governante contra governante.
47 Portanto, eis que vê m dias em que julgarei as imagens

esculpidas de Babilô nia;


e toda a sua terra será confundida.
Todos os seus mortos cairã o no meio dela.
48 Entã o os cé us e a terra,

e tudo o que há nele,


cantará de alegria sobre a Babilô nia;
pois os destruidores virã o até ela do norte”, diz Yahweh.

49 “Assim como Babilô nia fez cair os mortos de Israel,


assim os mortos de toda a terra cairã o em Babilô nia.
50 Você que escapou da espada, vá !

Nã o ique parado!


Lembre-se de Javé de longe,
e deixe Jerusalé m entrar em sua mente”.

51 “Estamos confusos,

porque ouvimos censura.


A confusã o cobriu nossos rostos,
pois estranhos entraram nos santuá rios da casa de Yahweh”.

52 “Portanto, eis que vê m os dias”, diz Javé ,

“que executarei julgamento sobre suas imagens esculpidas;


e por toda a sua terra os feridos gemerã o.
53 Ainda que Babilô nia subisse até o cé u,

e embora ela devesse forti icar a altura de sua força,


mas destruidores virã o de mim para ela”, diz Javé .

54 “O som de um clamor vem da Babilô nia,

e de grande destruiçã o da terra dos caldeus!


55 Pois o Senhor assola Babilô nia,

e destró i dela a grande voz!


Suas ondas rugem como muitas á guas.
O ruı́do de sua voz é pronunciado.
56 Pois o destruidor veio sobre ela,

mesmo na Babilô nia.


Seus homens poderosos sã o levados.
Seus arcos estã o quebrados em pedaços,
porque o Senhor é um Deus de retribuiçã o.
Ele certamente irá retribuir.
57 Farei seus prı́ncipes, seus sá bios,

seus governadores, seus deputados e seus poderosos bê bados.


Dormirã o um sono perpé tuo,
e nã o acordar”,
diz o Rei, cujo nome é Javé dos Exé rcitos.
58 Javédos Exé rcitos diz:
“As largas muralhas da Babilô nia serã o totalmente derrubadas.
Seus altos portõ es serã o queimados com fogo.
Os povos trabalharã o por vaidade,
e as naçõ es para o fogo;
e eles se cansarã o.”
59 A palavra que o profeta Jeremias ordenou a Seraı́as, ilho de
Nerias, ilho de Maseias, quando ele foi com Zedequias, rei de Judá ,
para Babilô nia, no quarto ano do seu reinado. Agora Seraiah era o
intendente-chefe. 60 Jeremias escreveu em um livro todo o mal que
deveria vir sobre Babilô nia, todas estas palavras que estã o escritas a
respeito de Babilô nia. 61 Jeremias disse a Seraı́as: “Quando você chegar
a Babilô nia, veja se você lê todas estas palavras, 62 e diga: ‘Yahweh, você
falou sobre este lugar, para cortá -lo, para que ningué m habite nele, nem
homem nem animal, mas que icará desolada para sempre.' 63 Será que,
quando acabares de ler este livro, atará s-lhe uma pedra e a lançará s no
meio do Eufrates. 64 Entã o direis: Assim afundará Babilô nia, e nã o se
levantará por causa do mal que farei sobre ela; e eles icarã o cansados.'

Até aqui estã o as palavras de Jeremias.
Isaías 5
1 Deixe-me cantar para o meu bem-amado um câ ntico do meu

amado sobre a sua vinha.


Minha amada tinha uma vinha em uma colina muito frutı́fera.
2 Ele desenterrou,

recolheu as suas pedras,


plantou-a com a melhor videira,
construiu uma torre no meio dela,
e també m cortar um lagar nele.
Ele esperou que desse uvas,
mas deu uvas bravas.

3 “Agora, moradores de Jerusalé m e homens de Judá ,

por favor, julgue entre mim e minha vinha.


4 O que mais poderia ter sido feito à minha vinha, que eu nã o

tenha feito nela?


Por que, quando procurei que desse uvas, deu uvas bravas?
5 Agora vos direi o que farei com a minha vinha.

Eu tirarei sua cerca, e ela será devorada.


Derrubarei o seu muro, e será pisoteado.
6 Eu a tornarei um deserto.

Nã o será podado ou capinado,


mas crescerá sarças e espinhos.
També m ordenarei à s nuvens que nã o chovam sobre ela”.
7 Pois a vinha do Senhor dos Exé rcitos é a casa de Israel,

e os homens de Judá sua planta agradá vel:


e ele esperava justiça, mas eis que opressã o;
por justiça, mas eis um grito de angú stia.

8 Ai dos que unem casa em casa,

que põ em campo a campo, até que nã o haja mais lugar,
e você é feito para morar sozinho no meio da terra!
9 Aos meus ouvidos, Javé dos Exé rcitos diz: “Certamente muitas

casas serã o assoladas,


mesmo grande e bonito, desocupado.
10 Pois dez acres de vinha renderã o um bat,

e um ô mer de semente produzirá um efa”.


11 Ai dos que se levantam de madrugada, para seguirem a bebida

forte,
que icam até tarde da noite, até que o vinho os in lama!
12 A harpa, a lira, o tamborim e a lauta, com vinho, estã o nas suas

festas;
mas nã o respeitam a obra de Yahweh,
nem consideraram a operaçã o de suas mã os.

13 Por isso o meu povo vai para o cativeiro por falta de

conhecimento.
Seus homens honrados estã o famintos,
e suas multidõ es estã o secas de sede.
14 Por isso o Sheol ampliou o seu desejo,

e abriu a boca sem medida;


e sua gló ria, sua multidã o, sua pompa, e aquele que se alegra entre
eles, desce para ela.
15 Assim o homem é humilhado,

a humanidade se humilha,
e os olhos dos arrogantes se humilham;
16 mas o Senhor dos exé rcitos é exaltado em justiça,

e Deus, o Santo, é santi icado em justiça.


17 Entã o os cordeiros pastarã o como no seu pasto,

e os estranhos comerã o as ruı́nas dos ricos.

18 Ai dos que puxam a iniqü idade com cordas de falsidade,

e maldade como com corda de carroça,


19 que dizem: “Apresse-se, apresse a sua obra, para que a vejamos;

aproxime-se e venha o conselho do Santo de Israel,


para que o saibamos!”
20 Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal;

que trocaram as trevas pela luz,


e luz para as trevas;
que trocam o amargo pelo doce,
e doce para amargo!
21 Ai dos que sã o sá bios aos seus pró prios olhos,

e prudentes aos seus pró prios olhos!


22 Ai dos que sã o poderosos para beber vinho,

e campeõ es na mistura de bebidas fortes;


23 que absolvem o culpado por suborno,

mas negue justiça aos inocentes!

24 Portanto, como a lı́ngua de fogo devora o restolho,

e como a grama seca afunda na chama,


assim a sua raiz será como podridã o,
e a sua lor subirá como pó ,
porque rejeitaram a lei do Senhor dos Exé rcitos,
e desprezou a palavra do Santo de Israel.
25 Por isso a ira do Senhor arde contra o seu povo,

e estendeu a mã o contra eles e os feriu.


As montanhas estremecem,
e seus cadá veres sã o como lixo no meio das ruas.
Por tudo isso, sua ira nã o se desviou,
mas sua mã o ainda está estendida.

26 Ele ergueráuma bandeira para as naçõ es de longe,


e ele assobiará para eles desde os con ins da terra.
Eis que eles virã o rá pida e rapidamente.
27 Ningué m se cansará nem tropeçará entre eles;

ningué m cochilará nem dormirá ,


nem se desamarra o cinto de sua cintura,
nem se rompa a tira de suas sandá lias,
28 cujas lechas sã o a iadas,

e todos os seus arcos se curvaram.


Os cascos de seus cavalos serã o como pederneira,
e suas rodas como um redemoinho.
29 Seu rugido será como o de uma leoa.
Eles rugirã o como leõ es novos.
Sim, eles devem rugir,
e agarrar sua presa e levá -la embora,
e nã o haverá ningué m para entregar.
30 Rugirã o contra eles naquele dia como o bramido do mar.

Se olharmos para a terra, eis trevas e angú stia.


A luz se escurece em suas nuvens.
Sirach 24
1 A sabedoria louvará a sua pró pria alma,
e proclamará a sua gló ria no meio do seu povo.
2 Ela abrirá a boca na congregaçã o do Altı́ssimo,

e proclamar a sua gló ria na presença do seu poder.


3 “Saı́ da boca do Altı́ssimo,

e cobriu a terra como uma né voa.


4 Vivi em lugares altos,

e o meu trono está na coluna da nuvem.


5 Sozinho eu cerquei o circuito do cé u,

e andou nas profundezas do abismo.


6 Nas ondas do mar e em toda a terra,

e em cada povo e naçã o, eu tenho uma possessã o.


7 Com tudo isso busquei descanso.

Em cuja herança devo me alojar?


8 Entã o o Criador de todas as coisas me deu um mandamento.

Aquele que me criou fez repousar o meu taberná culo,


e disse: 'Seja o seu taberná culo em Jacó ,
e sua herança em Israel.'
9 Ele me criou desde o princı́pio antes do mundo.

Para todas as idades, nã o deixarei de existir.


10 No santo taberná culo, eu ministrava diante dele.

Entã o eu fui estabelecido em Siã o.


11 Na cidade amada, també m me deu descanso.

Em Jerusalé m era meu domı́nio.


12 Eu criei raı́zes em um povo que foi glori icado,

mesmo na porçã o da pró pria herança do Senhor.


13 Fui exaltado como o cedro no Lı́bano,

E como um cipreste nas montanhas do Hermon.


14 Fui exaltado como a palmeira na praia do mar,

e como roseiras em Jericó ,


e como uma bela oliveira na planı́cie.
Fui exaltado como um plá tano.
15 Como canela e aspalathus, dei perfume aos perfumes.
Como mirra escolhida, espalhei uma fragrâ ncia agradá vel,
como gá lbano, ô nix, estato,
e como o cheiro de incenso no taberná culo.
16 Como o terebinto, estendi os meus ramos.

Meus ramos sã o ramos de gló ria e graça.


17 Como a videira, dou graça.

Minhas lores sã o o fruto da gló ria e das riquezas. 18

19 “Vinde a mim, todos os que me desejam,

e encha-se dos meus frutos.


20 Pois o meu memorial é mais doce que o mel,

e minha herança do que o favo de mel.


21 Os que me comerem terã o mais fome.

Aqueles que me bebem terã o sede de mais.


22 Quem me obedece nã o será envergonhado.

Os que trabalham em mim nã o pecarã o”.

23 Todas estas coisas sã o o livro da aliança do Deus Altı́ssimo,

a lei que Moisé s nos ordenou como herança para as assemblé ias
de Jacó . 24
25 E ele quem torna abundante a sabedoria, como Pisom,

e como o Tigre nos dias das primı́cias.


26 Ele torna o entendimento pleno como o Eufrates,

e como o Jordã o nos dias da colheita,


27 que faz resplandecer a instruçã o como a luz,

como Giom nos dias de vindima.


28 O primeiro homem nã o a conhecia perfeitamente.

Da mesma forma, o ú ltimo nã o a explorou.


29 Pois seus pensamentos estã o cheios do mar,

e seus conselhos do grande abismo.

30 Saı́ como um riacho de um rio,

e como uma vala de irrigaçã o em um jardim.


31 Eu disse: “Vou regar o meu jardim,
e encharcará meu canteiro de jardim.”
Eis que meu riacho se tornou um rio,
e meu rio virou mar.
32 Ainda trarei instruçã o à luz como a alva,

e esclarecerá essas coisas de longe.


33 Continuarei a derramar doutrina como profecia,

e deixá -lo para geraçõ es de idades.


34 Eis que nã o trabalhei apenas para mim mesmo,

mas para todos aqueles que a buscam diligentemente.


Apocalipse 6
1 Vi que o Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi um dos quatro

seres viventes dizer, como que com voz de trovã o: “Venha e veja!” 2
Entã o apareceu um cavalo branco, e o que estava montado nele tinha
um arco. Uma coroa foi dada a ele, e ele saiu vencendo, e para vencer.
3 Quando ele abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente

dizer: “Vem!” 4 Saiu outro: um cavalo vermelho. Ao que estava


assentado sobre ela foi dado poder para tirar a paz da terra e para que
se matassem uns aos outros. Foi-lhe dada uma grande espada.
5 Quando ele abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizer:

“Venha e veja!” E eis um cavalo preto, e o que estava montado nele


tinha uma balança na mã o. 6 Ouvi uma voz no meio dos quatro seres
viventes que dizia: “Uma quenix de trigo por um dená rio, e trê s quenix
de cevada por um dená rio! Nã o dani ique o azeite e o vinho!”
7 Quando ele abriu o quarto selo, ouvi o quarto ser vivente dizer:

“Venha e veja!” 8 E eis um cavalo amarelo, e o nome daquele que estava


sentado nele era Morte. Hades seguiu com ele. Foi-lhe dada autoridade
sobre um quarto da terra, para matar com a espada, com fome, com a
morte, e pelas feras da terra.
9 Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que

foram mortos por causa da palavra de Deus e pelo testemunho do


Cordeiro que eles tinham. 10 Clamaram em alta voz, dizendo: Até
quando, Mestre, santo e verdadeiro, até julgares e vingares o nosso
sangue dos que habitam na terra? 11 Um longo manto branco foi dado a
cada um deles. Foi-lhes dito que deveriam descansar ainda por um
tempo, até que seus conservos e seus irmã os, que també m seriam
mortos como eles, completassem sua carreira.
12 Eu vi quando ele abriu o sexto selo, e houve um grande

terremoto. O sol tornou-se negro como pano de saco feito de cabelo, e a


lua inteira tornou-se como sangue. 13 As estrelas do cé u caı́ram sobre a
terra, como a igueira que deixa cair seus igos verdes quando é
sacudida por um grande vento. 14 O cé u foi removido como um
pergaminho quando é enrolado. Todas as montanhas e ilhas foram
retiradas do seu lugar. 15 Os reis da terra, os prı́ncipes, os comandantes,
os ricos, os fortes, e todo escravo e livre, esconderam-se nas cavernas e
nas rochas das montanhas. 16 Eles disseram aos montes e à s rochas:
“Caı́ sobre nó s, e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono
e da ira do Cordeiro, 17 porque é chegado o grande dia da sua ira; e
quem pode icar de pé ?”
Trabalho 42
1 Entã o Jó respondeu ao Senhor:
2 “Sei que tudo podes,

e que nenhum propó sito seu pode ser restringido.


3 Você perguntou: 'Quem é este que esconde conselho sem

conhecimento?'
por isso pronunciei o que nã o compreendi,
coisas maravilhosas demais para mim, que eu nã o conhecia.
4 Você disse: 'Ouça agora, e eu falarei;

Vou questioná -lo e você me responderá .


5 Eu tinha ouvido falar de você pelo ouvido,

mas agora meu olho vê você .


6 Por isso me abomino,

e se arrepender no pó e na cinza”.

7E aconteceu que, depois de Javé ter falado estas palavras a Jó ,


Javé disse a Elifaz, o temanita: “Minha ira se acendeu contra ti e contra
os teus dois amigos; pois você nã o falou de mim o que é certo, como fez
meu servo Jó . 8 Agora, pois, tomai sete novilhos e sete carneiros, e ide
ao meu servo Jó , e oferecei por vó s um holocausto; e o meu servo Jó
orará por ti, porque eu o aceitarei, para que nã o te faça conforme a tua
loucura. Pois você nã o falou de mim o que é certo, como fez meu servo
Jó ”.
9 Foram Elifaz, o temanita, Bildade, o suı́ta, e Zofar, o naamatita, e

izeram o que o Senhor lhes ordenara, e o Senhor aceitou a Jó .


10 Javévirou o cativeiro de Jó , quando ele orava por seus amigos.
Yahweh deu a Jó o dobro do que ele tinha antes. 11 Entã o, todos os seus
irmã os, todas as suas irmã s e todos os seus conhecidos antes, vieram a
ele e comeram pã o com ele em sua casa. Eles o consolaram e o
consolaram de todo o mal que o Senhor lhe havia feito. Todos també m
lhe deram um pedaço de dinheiro, e todos um anel de ouro.
12 Assim Yahweh abençoou o im de Jó mais do que o seu começo.
Ele tinha quatorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e
mil jumentas. 13 Teve també m sete ilhos e trê s ilhas. 14 Chamou o
nome do primeiro, Jemimah; e o nome da segunda, Keziah; e o nome do
terceiro, Keren Happuch. 15 Em toda a terra nã o se achou mulher tã o
bela como as ilhas de Jó . Seu pai lhes deu uma herança entre seus
irmã os. 16 Depois disso Jó viveu cento e quarenta anos, e viu seus ilhos
e os ilhos de seus ilhos até quatro geraçõ es. 17 Assim morreu Jó , velho
e cheio de dias.
Salmos 42
Para o Músico Chefe. Uma contemplação dos ilhos de Coré.
1 Como o cervo anseia pelos riachos,

entã o minha alma suspira por você , Deus.


2 A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo.

Quando devo vir e comparecer diante de Deus?


3 Minhas lá grimas tê m sido meu alimento dia e noite,

enquanto eles continuamente me perguntam: “Onde está o seu


Deus?”
4 Estas coisas eu me lembro, e derramo a minha alma dentro de

mim,
como eu costumava ir com a multidã o, e os conduzia à casa de
Deus,
com voz de jú bilo e louvor, uma multidã o guardando um dia santo.
5 Por que você está em desespero, minha alma?

Por que você está perturbado dentro de mim?


Esperança em Deus!
Pois ainda o louvarei pela ajuda salvadora de sua presença.
6 Meu Deus, a minha alma está desesperada dentro de mim.

Por isso eu me lembro de você da terra do Jordã o,


as alturas do Hermon, do monte Mizar.
7 O fundo chama ao fundo com o barulho de suas cachoeiras.

Todas as suas ondas e suas ondas me varreram.

8 O Senhor ordenará a sua benignidade durante o dia.


A noite sua cançã o estará comigo:
uma oraçã o ao Deus da minha vida.
9 Perguntarei a Deus, minha rocha: “Por que você se esqueceu de

mim?
Por que ando de luto por causa da opressã o do inimigo?”
10 Como com uma espada nos meus ossos, meus adversá rios me

afrontam,
enquanto eles continuamente me perguntam: “Onde está o seu
Deus?”
11 Por que você está em desespero, minha alma?

Por que você está perturbado dentro de mim?


Esperança em Deus! Pois ainda o louvarei,
o socorro salvador do meu semblante e meu Deus.
Isaías 26
1Naquele dia será cantado este câ ntico na terra de Judá :
“Temos uma cidade forte.
Deus designa a salvaçã o para muros e baluartes.
2 Abre as portas, para que entre a naçã o justa:

aquele que manté m a fé .


3 Você manterá a mente de quem está irme em perfeita paz,

porque ele con ia em você .


4 Con ia no Senhor para sempre;

pois em Yah, Yahweh, há uma Rocha eterna.


5 Pois ele derrubou os que habitam no alto, a cidade alta.

Ele coloca isso baixo.


Ele o coloca baixo até o chã o.
Ele o traz até o pó .
6 O pé a pisará ,

até os pé s dos pobres


e os passos dos necessitados.”
7 O caminho do justo é a retidã o.

Você s que sã o retos fazem o caminho do nı́vel justo.

8 Sim, no caminho dos teus juı́zos, Senhor, esperamos por ti.

Seu nome e sua fama sã o o desejo de nossa alma.


9 Com a minha alma te desejei de noite.

Sim, com meu espı́rito dentro de mim, vou buscá -lo com fervor;
pois quando os vossos juı́zos estã o na terra, os habitantes do
mundo aprendem a justiça.
10 Seja favorecido aos ı́mpios,

contudo, ele nã o aprenderá a justiça.


Na terra da retidã o ele agirá injustamente,
e nã o verá a majestade do Senhor.

11 Senhor, a tua mã o está


levantada, mas eles nã o vê em;
mas eles verã o seu zelo pelo povo e icarã o desapontados.
Sim, o fogo consumirá seus adversá rios.
12 Yahweh, tu nos ordenará s a paz,

pois você també m fez todo o nosso trabalho por nó s.


13 Senhor nosso Deus, outros senhores alé m de ti tiveram domı́nio

sobre nó s,
mas apenas reconheceremos seu nome.
14 Os mortos nã o viverã o.

Os espı́ritos que partiram nã o ressuscitarã o.


Portanto, você os visitou e os destruiu,
e fez perecer toda a memó ria deles.
15 Tu aumentaste a naçã o, ó Javé .

Você aumentou a naçã o!


Você é glori icado!
Você alargou todas as fronteiras da terra.

16 Yahweh, em apuros eles te visitaram.

Eles derramaram uma oraçã o quando sua correçã o estava sobre


eles.
17 Assim como a mulher grá vida, que se aproxima da hora do

parto,
está com dor e grita em suas dores,
assim fomos antes de ti, Senhor.
18 Nó s estivemos com criança.

Temos estado em dor.


Demos à luz, ao que parece, apenas ao vento.
Nã o operamos nenhuma libertaçã o na terra;
nem caı́ram os habitantes do mundo.
19 Seus mortos viverã o.

Meus cadá veres surgirã o.


Desperta e canta, tu que habitas no pó ;
porque o teu orvalho é como o orvalho das ervas,
e a terra expulsará os espı́ritos que partiram.

20 Venha, povo meu, entre em seus aposentos,


e feche suas portas atrá s de você .
Esconda-se por um momento,
até que a indignaçã o passe.
21 Pois eis que o Senhor sai do seu lugar para castigar os

habitantes da terra por sua iniqü idade.


A terra també m revelará seu sangue e nã o mais cobrirá seus
mortos.
Salmos 16
Poema de Davi.
1 Guarda-me, Deus, porque em ti me refugio.
2 Minha alma, disseste ao Senhor: Tu é s o meu Senhor.

Alé m de você , nã o tenho nada de bom.”


3 Quanto aos santos que estã o na terra,

eles sã o os excelentes em quem está todo o meu deleite.

4 Multiplicam-se as suas dores os que dã o presentes a outro deus.

Suas libaçõ es de sangue nã o oferecerei,


nem levar seus nomes em meus lá bios.
5 Javé designou minha porçã o e meu cá lice.

Você fez meu lote seguro.

6 As linhas caı́ram para mim em lugares agradá veis.

Sim, tenho uma boa herança.


7 Bendirei o Senhor, que me aconselhou.

Sim, meu coraçã o me instrui nas estaçõ es da noite.


8 Sempre pus o Senhor diante de mim.

Porque ele está à minha direita, nã o serei abalado.


9 Por isso o meu coraçã o se alegra, e a minha lı́ngua exulta.

Meu corpo també m habitará em segurança.


10 Pois nã o deixará s minha alma no Seol,

nem permitirá s que o teu santo veja corrupçã o.


11 Tu me mostrará s o caminho da vida.

Na tua presença está a plenitude da alegria.


Na tua mã o direita há prazeres para sempre.
João 1
1 No princı́pio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era

Deus. 2 O mesmo estava no princı́pio com Deus. 3 Todas as coisas foram


feitas por meio dele. Sem ele, nada foi feito do que foi feito. 4 Nele
estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5 A luz brilha nas trevas, e
as trevas nã o a venceram. 6 Veio um homem enviado de Deus, cujo
nome era Joã o. 7 Este veio como testemunha, para dar testemunho da
luz, para que todos cressem por meio dele. 8 Ele nã o era a luz, mas foi
enviado para dar testemunho da luz. 9 A verdadeira luz que ilumina a
todos estava vindo ao mundo.
10 Ele estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dele, e o

mundo nã o o reconheceu. 11 Ele veio para os seus, e os seus nã o o


receberam. 12 Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o direito de
se tornarem ilhos de Deus, aos que crê em em seu nome: 13 que nã o
nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do
homem, mas de Deus. 14 O Verbo se fez carne e habitou entre nó s.
Vimos a sua gló ria, gló ria como do Filho unigê nito do Pai, cheio de
graça e de verdade. 15 Joã o testemunhou sobre ele. Ele clamou, dizendo:
“Este é aquele de quem eu disse: 'Aquele que vem depois de mim me
superou, porque já existia antes de mim.' ” 16 De sua plenitude todos
nó s recebemos graça sobre graça. 17 Pois a lei foi dada por meio de
Moisé s. A graça e a verdade foram realizadas por meio de Jesus Cristo.
18 Ningué m jamais viu a Deus. O Filho unigê nito, que está no seio do

Pai, o declarou.
19 Este é
o testemunho de Joã o, quando os judeus enviaram
sacerdotes e levitas de Jerusalé m para lhe perguntar: “Quem é você ?”
20 Ele declarou, e nã o negou, mas declarou: “Eu nã o sou o Cristo”.

21 Eles lhe perguntaram: “E entã o? Você é Elias?”


Ele disse: “Eu nã o sou”.
“Você é o profeta?”
Ele respondeu: “Nã o”.
22 Disseram-lhe, pois: “Quem é s tu? Dê -nos uma resposta para

levar de volta à queles que nos enviaram. O que você diz sobre você ?”
23 Ele disse: “Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o

caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaı́as”.


24 Os enviados eram dos fariseus. 25 Eles lhe perguntaram: “Por que

entã o você batiza, se você nã o é o Cristo, nem Elias, nem o profeta?”
26 Joã o lhes respondeu: “Eu batizo em á gua, mas entre você s está

um que você s nã o conhecem. 27 Ele é o que vem depois de mim, o que é
preferido antes de mim, cuja sandá lia nã o sou digno de desatar”. 28
Essas coisas foram feitas em Betâ nia, alé m do Jordã o, onde Joã o
batizava.
29 No dia seguinte, ele viu Jesus que vinha para ele e disse: “Eis o

Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! 30 Este é aquele de


quem eu disse: 'Depois de mim vem um homem que é preferido antes
de mim, porque ele existia antes de mim.' 31 Eu nã o o conhecia, mas por
isso vim batizar em á gua: para que ele fosse revelado a Israel”. 32 Joã o
testi icou, dizendo: “Vi o Espı́rito descer do cé u como pomba e
repousar sobre ele. 33 Nã o o reconheci, mas aquele que me enviou a
batizar nas á guas me disse: 'Sobre aquele que vires descer o Espı́rito e
sobre ele repousar, esse é o que batiza no Espı́rito Santo'. 34 Eu vi e
testemunhei que este é o Filho de Deus”.
35 Novamente, no dia seguinte, Joã o estava de pécom dois de seus
discı́pulos, 36 e olhou para Jesus enquanto caminhava e disse: “Eis o
Cordeiro de Deus!” 37 Os dois discı́pulos o ouviram falar e seguiram
Jesus. 38 Jesus voltou-se e os viu seguindo, e disse-lhes: “O que você s
estã o procurando?”
Eles lhe disseram: “Rabi” (quer dizer, sendo interpretado, Mestre),
“onde você está hospedado?”
39 Ele lhes disse: “Vinde e vede”.

Eles vieram e viram onde ele estava hospedado, e icaram com ele
naquele dia. Era por volta da dé cima hora. 40 Um dos dois que ouviram
Joã o e o seguiram foi André , irmã o de Simã o Pedro. 41 Ele primeiro
encontrou seu pró prio irmã o, Simã o, e lhe disse: “Encontramos o
Messias!” (que é , sendo interpretado, Cristo). 42 Ele o trouxe a Jesus.
Jesus olhou para ele e disse: “Você é Simã o, ilho de Jonas. Você será
chamado Cefas” (que é por interpretaçã o, Pedro). 43 No dia seguinte, ele
estava decidido a sair para a Galilé ia e encontrou Filipe. Jesus lhe disse:
“Segue-me”. 44 Ora, Filipe era de Betsaida, da cidade de André e Pedro.
45 Filipe encontrou Natanael e lhe disse: “Achamos aquele de quem

Moisé s na lei e os profetas escreveram: Jesus de Nazaré , ilho de José ”.


46 Natanael disse-lhe: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré ?”

Filipe lhe disse: “Venha e veja”.


47 Jesus viu Natanael aproximar-se dele e disse a respeito dele:

“Eis um verdadeiro israelita, em quem nã o há engano!”


48 Natanael lhe perguntou: “Como você me conhece?”
Respondeu-lhe Jesus: “Antes que Filipe te chamasse, quando
estavas debaixo da igueira, eu te vi”.
49 Natanael respondeu-lhe: “Rabi, tu é s o Filho de Deus! Você é Rei
de Israel!”
50 Jesus lhe respondeu: “Porque eu te disse: 'Eu te vi debaixo da

igueira', você acredita? Você verá coisas maiores do que estas!” 51


Disse-lhe ele: Certamente, digo-vos a todos, doravante vereis o cé u
aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do
Homem.
Provérbios 8
1 A sabedoria nã o clama?

A compreensã o nã o eleva a voz dela?


2 No cume dos lugares altos pelo caminho,

onde os caminhos se encontram, ela ica.


3 Junto à s portas, à entrada da cidade,

nas portas de entrada, ela grita em voz alta:


4 “Eu chamo você s homens!

Envio minha voz aos ilhos da humanidade.


5 Simples, entenda a prudê ncia!

Você s tolos, sejam de coraçã o compreensivo!


6 Ouçam, porque falarei coisas excelentes.

A abertura dos meus lá bios é para coisas certas.


7 Pois a minha boca fala a verdade.

A maldade é uma abominaçã o para os meus lá bios.


8 Todas as palavras da minha boca sã o em justiça.

Nã o há nada tortuoso ou perverso neles.


9 Todos eles sã o claros para aquele que entende,

direito para aqueles que encontram o conhecimento.


10 Recebe a minha instruçã o em vez de prata,

conhecimento em vez de ouro de escolha.


11 Pois a sabedoria é melhor do que os rubis.

Todas as coisas que podem ser desejadas nã o podem ser


comparadas a ela.

12 “Eu, a sabedoria, iz da prudê ncia a minha morada.


Descubra conhecimento e discriçã o.
13 O temor do Senhor é odiar o mal.

Odeio o orgulho, a arrogâ ncia, o mau caminho e a boca perversa.


14 O conselho e o conhecimento sã o meus.

Eu tenho compreensã o e poder.


15 Por mim reinam os reis,

e prı́ncipes decretam justiça.


16 Por mim governam os prı́ncipes,
nobres e todos os governantes justos da terra.
17 Eu amo aqueles que me amam.

Aqueles que me procuram diligentemente me encontrarã o.


18 Comigo estã o as riquezas, a honra,

riqueza duradoura e prosperidade.


19 Melhor é o meu fruto do que o ouro, sim, do que o ouro ino,

meu rendimento do que a prata escolhida.


20 Eu ando no caminho da justiça,

no meio dos caminhos da justiça,


21 para dar riqueza aos que me amam.

Eu encho seus tesouros.

22 “Yahweh me possuiu no inı́cio de sua obra,

antes de seus atos de outrora.


23 Desde a eternidade fui estabelecido, desde o princı́pio,

antes que a terra existisse.


24 Quando nã o havia profundezas, eu nasci,

quando nã o havia fontes cheias de á gua.


25 Antes que os montes se estabelecessem,

antes das colinas, eu nasci;


26 enquanto ainda nã o tinha feito a terra, nem os campos,

nem o princı́pio do pó do mundo.


27 Quando ele estabeleceu os cé us, eu estava lá .

Quando ele estabeleceu um cı́rculo na superfı́cie das profundezas,


28 quando estabeleceu as nuvens acima,

quando as fontes do abismo se tornaram fortes,


29 quando deu ao mar o seu limite,

que as á guas nã o violem o seu mandamento,


quando traçou os fundamentos da terra,
30 entã o eu era o artesã o ao seu lado.

Eu era uma delı́cia dia a dia,


sempre se regozijando diante dele,
31 regozijando-se em todo o seu mundo.

Meu deleite estava com os ilhos dos homens.


32 “Agora, pois, meus ilhos, ouçam-me,
pois bem-aventurados os que guardam os meus caminhos.
33 Ouça a instruçã o e seja sá bio.

Nã o recuse.
34 Bem-aventurado o homem que me ouve,

vigiando diariamente em meus portõ es,


esperando na minha porta.
35 Pois quem me encontra, encontra a vida,

e obterá o favor de Yahweh.


36 Mas quem peca contra mim ofende a sua pró pria alma.

Todos aqueles que me odeiam amam a morte.”


Cantares de Salomão 5
Amante
1 Cheguei ao meu jardim, minha irmã , minha noiva.

colhi minha mirra com minha especiaria;


comi meu favo de mel com meu mel;
Bebi meu vinho com meu leite.
Amigos
Coma, amigos!
Beba, sim, beba abundantemente, amado.
Amado
2 Eu estava dormindo, mas meu coraçã o estava acordado.

E a voz do meu amado que bate:


“Abra para mim, minha irmã , meu amor, minha pomba, minha
imaculada;
pois minha cabeça está cheia de orvalho,
e meu cabelo com a umidade da noite.”
3 Tirei meu manto. Aliá s, devo colocar?

Eu lavei meus pé s. Na verdade, devo sujá -los?


4 Meu amado en iou a mã o pela abertura do trinco.

Meu coraçã o disparou por ele.


5 Levantei-me para abrir para o meu amado.

Minhas mã os gotejavam mirra,


meus dedos com mirra lı́quida,
nas alças da fechadura.
6 Abri ao meu amado;

mas meu amado partiu e foi embora.


Meu coraçã o disparou quando ele falou.
Procurei por ele, mas nã o o encontrei.
Liguei para ele, mas ele nã o respondeu.
7 Os vigias que andam pela cidade me encontraram.

Eles me bateram.
Eles me machucaram.
Os guardas das muralhas tiraram-me o manto.
8 Conjuro-vos, ilhas de Jerusalé m,
Se você encontrar minha amada,
que você diga a ele que estou desmaiado de amor.
Amigos
9 Como o seu amado é melhor do que outro amado,

você mais justo entre as mulheres?


Como é seu amado melhor do que outro amado,
que você nos adjura?
Amado
10 O meu amado é branco e ruivo.

O melhor entre dez mil.


11 Sua cabeça é como o ouro mais puro.

Seu cabelo é espesso, preto como um corvo.


12 Seus olhos sã o como pombas junto a ribeiros de á gua,

lavado com leite, montado como jó ias.


13 Suas faces sã o como um leito de especiarias com torres de

perfumes.
Seus lá bios sã o como lı́rios, pingando mirra lı́quida.
14 Suas mã os sã o como ané is de ouro engastados com berilo.

Seu corpo é como um trabalho de mar im coberto de sa iras.


15 Suas pernas sã o como colunas de má rmore engastadas em

bases de ouro ino.


Sua aparê ncia é como o Lı́bano, excelente como os cedros.
16 Sua boca é doçura;

sim, ele é totalmente adorá vel.


Este é meu amado, e este é meu amigo,
ilhas de Jerusalé m.
Habacuque 3
1 Uma oraçã o de Habacuque, o profeta, com mú sica vitoriosa.
2 Senhor, ouvi falar da tua fama.

Estou admirado com suas açõ es, Yahweh.


Renove seu trabalho no meio dos anos.
No meio dos anos torná -lo conhecido.
Na ira, você se lembra da misericó rdia.
3 Deus veio de Temã ,

o Santo do Monte Paran.


Selá .

Sua gló ria cobriu os cé us,


e seu louvor encheu a terra.
4 Seu esplendor é como o nascer do sol.

Raios brilham de sua mã o, onde seu poder está escondido.


5 A peste foi adiante dele,

e a peste seguiu seus pé s.


6 Ele se levantou e sacudiu a terra.

Ele olhou, e fez as naçõ es tremerem.


As antigas montanhas foram desmoronadas.
As colinas seculares desmoronaram.
Seus caminhos sã o eternos.
7 Eu vi as tendas de Cushan em a liçã o.

As habitaçõ es da terra de Midiã tremeram.


8 Iavé desagradou-se com os rios?

Foi sua raiva contra os rios,


ou a tua ira contra o mar,
que você montou em seus cavalos,
em seus carros de salvaçã o?
9 Você descobriu seu arco.

Você pediu suas lechas juramentadas.


Selá .
Você dividiu a terra com rios.
10 Os montes te viram e icaram com medo.
A tempestade de á guas passou.
O abismo rugiu e ergueu as mã os para o alto.
11 O sol e a lua pararam no cé u,

à luz das tuas setas enquanto iam,


ao resplendor da tua lança resplandecente.
12 Você s marcharam pela terra com ira.

Você debulhou as naçõ es com ira.


13 Você saiu para a salvaçã o do seu povo,

para a salvaçã o do teu ungido.


Você esmagou a cabeça da terra da maldade.
Você os despiu da cabeça aos pé s.
Selá .

14 Você s perfuraram as cabeças de seus guerreiros com suas

pró prias lanças.


Eles vieram como um redemoinho para me espalhar,
regozijando-se como se fosse devorar os miserá veis em segredo.
15 Você pisoteou o mar com seus cavalos,

agitando á guas poderosas.


16 Eu ouvi, e meu corpo estremeceu.

Meus lá bios tremeram com a voz.


A podridã o entra em meus ossos, e eu tremo em meu lugar,
porque devo esperar em silê ncio o dia da angú stia,
pela chegada das pessoas que nos invadem.
17 Pois ainda que a igueira nã o loresça,

nem haja fruto nas vides;


o trabalho da oliveira falha,
os campos nã o produzem alimento;
os rebanhos sã o cortados do aprisco,
e nã o há rebanho nas baias:
18 todavia me alegrarei no Senhor.

Eu me alegrarei no Deus da minha salvaçã o!


19 Javé , o Senhor, é a minha força.
Ele faz meus pé s como pé s de veado,
e me permite ir em lugares altos.
Para o diretor musical, nos meus instrumentos de cordas.
Romanos 8
1 Portanto, agora nenhuma condenaçã o há para os que estã o em
Cristo Jesus, que nã o andam segundo a carne, mas segundo o Espı́rito. 2
Porque a lei do Espı́rito da vida em Cristo Jesus me libertou da lei do
pecado e da morte. 3 Pois o que a lei nã o podia fazer, sendo fraca por
meio da carne, Deus o fez, enviando seu pró prio Filho à semelhança da
carne do pecado e pelo pecado, ele condenou o pecado na carne; 4 para
que a ordenança da lei se cumprisse em nó s, que nã o andamos segundo
a carne, mas segundo o Espı́rito. 5 Porque os que vivem segundo a
carne pensam nas coisas da carne, mas os que vivem segundo o
Espı́rito, nas coisas do Espı́rito. 6 Porque a inclinaçã o da carne é morte,
mas a inclinaçã o do Espı́rito é vida e paz; 7 porque a inclinaçã o da carne
é inimiga de Deus; pois nã o está sujeito à lei de Deus, nem de fato pode
estar. 8 Aqueles que estã o na carne nã o podem agradar a Deus. 9 Mas
vó s nã o estais na carne, mas no Espı́rito, se é que o Espı́rito de Deus
habita em vó s. Mas se algué m nã o tem o Espı́rito de Cristo, ele nã o é
dele. 10 Se Cristo está em você s, o corpo está morto por causa do
pecado, mas o espı́rito está vivo por causa da justiça. 11 Mas, se o
Espı́rito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vó s,
aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus també m vivi icará os
vossos corpos mortais, pelo seu Espı́rito que habita em vó s.
12 Portanto, irmã os, somos devedores, nã o àcarne, para viver
segundo a carne. 13 Pois se você vive segundo a carne, você deve
morrer; mas se pelo Espı́rito morti icardes as obras do corpo, vivereis.
14 Pois todos os que sã o guiados pelo Espı́rito de Deus, esses sã o ilhos

de Deus. 15 Pois você s nã o receberam de novo o espı́rito de escravidã o


para temer, mas receberam o Espı́rito de adoçã o, pelo qual clamamos:
“Abba! Pai!"
16 O pró prio Espı́rito testi
ica com o nosso espı́rito que somos
ilhos de Deus; 17 e, se ilhos, entã o herdeiros: herdeiros de Deus e co-
herdeiros de Cristo, se é que com ele padecemos, para que també m
com ele sejamos glori icados.
18 Pois tenho para mim que as a liçõ es deste tempo presente nã o
podem ser comparadas com a gló ria que em nó s será revelada. 19 Pois a
criaçã o aguarda com grande expectativa a revelaçã o dos ilhos de Deus.
20 Porque a criaçã o foi submetida à vaidade, nã o por sua pró pria

vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança 21 de que


també m a pró pria criaçã o será libertada da escravidã o da corrupçã o
para a liberdade da gló ria dos ilhos de Deus . 22 Porque sabemos que
toda a criaçã o geme e está juntamente com dores de parto até agora. 23
Nã o só isso, mas també m nó s, que temos as primı́cias do Espı́rito,
també m nó s gememos em nó s mesmos, esperando a adoçã o, a
redençã o do nosso corpo. 24 Porque na esperança fomos salvos, mas a
esperança que se vê nã o é esperança. Pois quem espera por aquilo que
vê ? 25 Mas, se esperamos o que nã o vemos, com paciê ncia o esperamos.
26 Da mesma forma, o Espı́rito també m ajuda nossas fraquezas,

pois nã o sabemos orar como convé m. Mas o pró prio Espı́rito intercede
por nó s com gemidos inexprimı́veis. 27 Quem esquadrinha os coraçõ es
sabe o que o Espı́rito pensa, porque segundo Deus intercede pelos
santos.
28 Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o

bem daqueles que amam a Deus, daqueles que sã o chamados segundo
o seu propó sito. 29 Pois aos quais de antemã o conheceu, també m os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, para que ele
seja o primogê nito entre muitos irmã os. 30 A quem predestinou, a esses
també m chamou. A quem chamou, a esses també m justi icou. A quem
justi icou, a quem també m glori icou.
31 Que diremos entã o sobre estas coisas? Se Deus é por nó s, quem
serácontra nó s? 32 Aquele que nã o poupou a seu pró prio Filho, antes o
entregou por todos nó s, como nã o nos dará també m com ele todas as
coisas de graça? 33 Quem poderia acusar os escolhidos de Deus? E Deus
quem justi ica. 34 Quem é aquele que condena? E Cristo que morreu,
sim, que ressuscitou dos mortos, que está à direita de Deus, que
també m intercede por nó s.
35 Quem nos separará do amor de Cristo? Poderia a opressã o, ou
angú stia, ou perseguiçã o, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? 36
Como está escrito,
“Por sua causa, somos mortos o dia todo.
Fomos contados como ovelhas para o matadouro”.
37 Nã o, em todas essas coisas somos mais que vencedores por meio

daquele que nos amou. 38 Pois estou certo de que nem a morte, nem a
vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o porvir,
nem as potestades, 39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer
outra criatura poderá separar-nos da presença de Deus. amor que está
em Cristo Jesus nosso Senhor.
2 Timóteo 2
1 Tu, pois, ilho meu, fortalece-te na graça que há em Cristo Jesus. 2
As coisas que de mim ouviste entre muitas testemunhas, transmite as
mesmas coisas a homens ié is, que també m sejam capazes de ensinar a
outros. 3 Portanto, você deve suportar as di iculdades como um bom
soldado de Cristo Jesus. 4 Nenhum soldado de serviço se envolve nos
negó cios da vida, para agradar à quele que o alistou como soldado. 5
Alé m disso, se algué m compete no atletismo, ele nã o é coroado a
menos que tenha competido de acordo com as regras. 6 O agricultor
que trabalha deve ser o primeiro a receber uma parte das colheitas. 7
Considera o que eu digo, e que o Senhor te dê entendimento em todas
as coisas.
8 Lembrai-vos de Jesus Cristo, ressurreto dos mortos, da

descendê ncia de Davi, segundo as minhas Boas Novas, 9 em que sofro a


ponto de ser acorrentado como criminoso. Mas a palavra de Deus nã o
está acorrentada. 10 Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para
que també m eles alcancem a salvaçã o que está em Cristo Jesus com
gló ria eterna. 11 Este ditado é con iá vel:
“Pois, se morremos com ele,
també m vamos morar com ele.
12 Se perseverarmos,

també m reinaremos com ele.


Se o negarmos,
ele també m nos negará .
13 Se formos in ié is,

ele permanece iel;


pois ele nã o pode negar a si mesmo.”
14 Recorda-lhes estas coisas, ordenando-lhes perante o Senhor

que nã o discutam palavras, sem proveito, para subverter os que ouvem.
15 Procura apresentar-te aprovado por Deus, como obreiro que nã o

tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. 16


Mas evite a conversa iada, porque ela irá mais longe na impiedade, 17 e
essas palavras consumirã o como gangrena, dos quais Himeneu e
Fileto: 18 homens que erraram na verdade, dizendo que a ressurreiçã o
já passou e derrubando o fé de alguns. 19 No entanto, o irme
fundamento de Deus permanece, tendo este selo: “O Senhor conhece os
que sã o seus” e: “Afaste-se da injustiça todo aquele que profere o nome
do Senhor”. 20 Ora, numa casa grande nã o há apenas vasos de ouro e de
prata, mas també m de madeira e de barro. Alguns sã o para honra, e
alguns para desonra. 21 Portanto, se algué m se puri icar destas coisas,
será vaso para honra, santi icado e idô neo para uso do senhor,
preparado para toda boa obra.
22 Fugi das concupiscê ncias da juventude; mas busque a justiça, a fé ,

o amor e a paz com aqueles que invocam o Senhor de coraçã o puro. 23


Mas recuse perguntas tolas e ignorantes, sabendo que elas geram
contendas. 24 O servo do Senhor nã o deve brigar, mas ser manso para
com todos, apto para ensinar, paciente, 25 corrigindo com mansidã o os
que se opõ em a ele; talvez Deus lhes dê arrependimento para o pleno
conhecimento da verdade, 26 e eles se recuperem do laço do diabo,
tendo sido por ele levado cativo à sua vontade.
João 4
1 Portanto, quando o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido

que Jesus estava fazendo e batizando mais discı́pulos do que Joã o 2


(embora o pró prio Jesus nã o batizasse, mas seus discı́pulos), 3 ele
deixou a Judé ia e partiu para a Galilé ia. 4 Ele precisava passar por
Samaria. 5 Entã o ele chegou a uma cidade de Samaria, chamada Sicar,
perto do terreno que Jacó deu a seu ilho, José . 6 Ali estava o poço de
Jacó . Jesus, pois, cansado da viagem, sentou-se junto ao poço. Era por
volta da sexta hora. 7 Uma mulher de Samaria veio tirar á gua. Jesus
disse a ela: “Dá -me de beber”. 8 Pois seus discı́pulos tinham ido à cidade
comprar comida.
9 A mulher samaritana perguntou-lhe: “Como éque tu, sendo judeu,
pedes de beber a mim, mulher samaritana?” (Pois os judeus nã o tê m
relaçõ es com os samaritanos.)
10 Jesus respondeu: “Se você conhecesse o dom de Deus e quem é
que lhe diz: ‘Dá -me de beber’, você lhe pediria, e ele lhe daria á gua viva”.
11 A mulher lhe disse: “Senhor, você nã o tem nada para tirar, e o
poço é fundo. Entã o, onde você consegue essa á gua viva? 12 Você é
maior do que nosso pai, Jacó , que nos deu o poço e dele bebeu, assim
como seus ilhos e seu gado?”
13 Respondeu-lhe Jesus: Todo aquele que beber desta á gua tornará a
ter sede, 14 mas quem beber da á gua que eu lhe der nunca mais terá
sede; mas a á gua que eu lhe der se fará nele uma fonte de á gua a jorrar
para a vida eterna”.
15 A mulher lhe disse: “Senhor, dá -me desta á gua, para que eu nã o

ique com sede, nem venha até aqui para tirar”.


16 Jesus disse a ela: “Vá , chame seu marido e venha aqui”.

17 A mulher respondeu: “Nã o tenho marido”.

Disse-lhe Jesus: Disseste bem: 'Nã o tenho marido', 18 porque você


teve cinco maridos; e aquele que você tem agora nã o é seu marido. Isso
você disse verdadeiramente.”
19 A mulher lhe disse: “Senhor, vejo que você é um profeta. 20 Nossos
pais adoraram neste monte, e você s, judeus, dizem que em Jerusalé m é
o lugar onde se deve adorar”.
21 Disse-lhe Jesus: “Mulher, acredita-me, vem a hora em que nem

neste monte nem em Jerusalé m adorará s o Pai. 22 Você adora aquilo


que você nã o conhece. Adoramos o que conhecemos; pois a salvaçã o
vem dos judeus. 23 Mas vem a hora, e agora é , em que os verdadeiros
adoradores adorarã o o Pai em espı́rito e em verdade, pois o Pai procura
que sejam seus adoradores. 24 Deus é espı́rito, e os que o adoram
devem adorá -lo em espı́rito e em verdade”.
25 A mulher lhe disse: “Sei que vem o Messias, aquele que se chama

Cristo. Quando ele vier, ele nos anunciará todas as coisas”.


26 Jesus disse a ela: “Eu sou aquele que fala com você ”. 27 Nisto

vieram seus discı́pulos. Ficaram maravilhados por ele estar falando


com uma mulher; mas ningué m disse: “O que você está procurando?”
ou: “Por que você fala com ela?” 28 Entã o a mulher deixou seu pote de
á gua, foi para a cidade e disse ao povo: 29 “Venham ver um homem que
me contou tudo o que eu iz. Este pode ser o Cristo?”
30 Eles saı́ram da cidade e foram ter com ele. 31 Enquanto isso, os

discı́pulos insistiam com ele, dizendo: “Rabi, coma”.


32 Mas ele lhes disse: “Tenho comida para comer que você s nã o

conhecem”.
33 Os discı́pulos, pois, perguntavam uns aos outros: “Algué m lhe

trouxe alguma coisa para comer?”


34 Jesus lhes disse: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me
enviou e realizar a sua obra. 35 Você nã o diz: 'Ainda faltam quatro meses
para a colheita?' Eis que vos digo, levantai os olhos e olhai para os
campos, que já estã o brancos para a ceifa. 36 Quem colhe recebe salá rio
e colhe frutos para a vida eterna; para que tanto o que semeia como o
que colhe se regozijem juntos. 37 Pois nisto é verdadeiro o ditado: 'Um
semeia, e outro colhe.' 38 Eu te enviei para colher aquilo pelo qual você
nã o trabalhou. Outros trabalharam, e você entrou no trabalho deles”.
39 Daquela cidade muitos samaritanos creram nele por causa da

palavra da mulher, que testemunhou: “Ele me contou tudo o que eu iz”.


40 Assim, quando os samaritanos foram ter com ele, rogaram-lhe que

icasse com eles. Ficou lá dois dias. 41 Muitos mais creram por causa da
sua palavra. 42 Eles disseram à mulher: “Agora cremos, nã o por causa da
tua fala; pois nó s mesmos ouvimos e sabemos que este é realmente o
Cristo, o Salvador do mundo”.
43 Passados dois dias, saiu dali e foi para a Galilé ia. 44 Pois o pró prio

Jesus testemunhou que um profeta nã o tem honra em seu pró prio paı́s.
45 Assim, quando ele chegou à Galilé ia, os galileus o receberam, tendo

visto tudo o que ele fez em Jerusalé m na festa, pois també m eles foram
à festa. 46 Jesus voltou, pois, novamente a Caná da Galilé ia, onde
transformou a á gua em vinho. Havia um certo nobre cujo ilho estava
doente em Cafarnaum. 47 Ao saber que Jesus tinha saı́do da Judé ia para
a Galilé ia, foi ter com ele e rogou-lhe que descesse e curasse seu ilho,
pois estava à beira da morte. 48 Disse-lhe Jesus: Se nã o vires sinais e
prodı́gios, de modo algum acreditará s.
49 O nobre lhe disse: “Senhor, desce antes que meu ilho morra”. 50
Jesus lhe disse: “Vá . Seu ilho vive.” O homem creu na palavra que Jesus
lhe dissera e foi embora. 51 Enquanto ele descia, seus servos o
encontraram e relataram, dizendo: “Seu ilho vive!” 52 Entã o ele
perguntou a eles a hora em que começou a melhorar. Disseram-lhe,
pois: “Ontem, à sé tima hora, a febre o deixou”. 53 Entã o o pai soube que
era naquela hora em que Jesus lhe disse: “Teu ilho vive”. Ele acreditou,
assim como toda a sua casa. 54 Este é novamente o segundo sinal que
Jesus fez, vindo da Judé ia para a Galilé ia.
2 Reis 12
1 Jeoá s começou a reinar no sé timo ano de Jeú , e reinou quarenta

anos em Jerusalé m. O nome de sua mã e era Zibia de Berseba. 2 Jeoá s fez
o que era reto aos olhos do Senhor todos os dias em que o sacerdote
Joiada o instruiu. 3 Mas os altos nã o foram tirados. O povo ainda
sacri icava e queimava incenso nos altos. 4 Jeoá s disse aos sacerdotes:
“Todo o dinheiro das coisas sagradas que se traz à casa de Yahweh, em
dinheiro corrente, o dinheiro do povo pelo qual cada homem é avaliado,
e todo o dinheiro que vier ao coraçã o de qualquer homem para tragam
para a casa do Senhor, 5 os sacerdotes o levem a eles, cada um do seu
doador; e repararã o os danos da casa, onde quer que se encontrem
danos”.
6 Mas aconteceu que, no vigé simo terceiro ano do rei Jeoá s, os

sacerdotes nã o repararam o dano da casa. 7 Entã o o rei Jeoá s chamou o


sacerdote Joiada e os outros sacerdotes, e disse-lhes: “Por que você s
nã o reparam o estrago na casa? Agora, pois, nã o pegue mais dinheiro
de seus tesoureiros, mas entregue-o para reparar os danos da casa”.
8 Os sacerdotes consentiram que nã o recebessem mais dinheiro do

povo e nã o reparassem os danos da casa. 9 Mas Jeoiada, o sacerdote,


tomou uma arca, abriu-lhe um buraco na tampa e a pô s ao lado do altar,
à direita de quem entra na casa do Senhor; e os sacerdotes que
guardavam a soleira punham nela todo o dinheiro que se trazia à casa
do Senhor. 10 Quando viram que havia muito dinheiro na arca, subiram
o escriba do rei e o sumo sacerdote, puseram-no em sacos e contaram
o dinheiro que se achou na casa do Senhor. 11 Deram o dinheiro que
estava pesado nas mã os dos que faziam a obra, que tinham a seu cargo
a casa do Senhor; e pagaram aos carpinteiros e pedreiros, que
trabalhavam na casa de Yahweh, 12 e aos pedreiros e pedreiros, e para
comprar madeira e pedra cortada para reparar os danos na casa de
Yahweh, e por tudo o que foi construı́do para a casa consertá -lo. 13 Mas
para a casa de Yahweh nã o se izeram copos de prata, espetadores,
bacias, trombetas, nem vasos de ouro, nem vasos de prata, do dinheiro
que se trazia à casa de Yahweh; 14 porque a deram aos que faziam a
obra, e com ela repararam a casa do Senhor. 15 Alé m disso, eles nã o
exigiram contas dos homens em cujas mã os entregaram o dinheiro
para dar aos que faziam o trabalho; pois eles trataram ielmente. 16 O
dinheiro das ofertas pela culpa, e o dinheiro das ofertas pelo pecado
nã o foi trazido à casa do Senhor. Era dos padres.
17 Entã o subiu Hazael, rei da Sı́ria, e pelejou contra Gate, e a tomou;

e Hazael decidiu subir a Jerusalé m. 18 Jeoá s, rei de Judá , tomou todas as


coisas sagradas que Josafá , Jeorã o e Acazias, seus pais, reis de Judá ,
haviam consagrado, e as suas pró prias coisas sagradas, e todo o ouro
que se achou nos tesouros da casa do Senhor e do casa do rei, e a
enviou a Hazael, rei da Sı́ria; e ele foi embora de Jerusalé m. 19 Ora, o
resto dos atos de Joá s, e tudo o que ele fez, nã o estã o escritos no livro
das crô nicas dos reis de Judá ? 20 Seus servos se levantaram, e
conspiraram, e feriram Joá s na casa de Milo, no caminho que desce para
Silla. 21 Pois Jozacar, ilho de Simeate, e Jeozabade, ilho de Somer, seus
servos, o feriram, e ele morreu; e o sepultaram com seus pais na cidade
de Davi; e Amazias, seu ilho, reinou em seu lugar.
Jeremias 1
1 Palavras de Jeremias, ilho de Hilquias, um dos sacerdotes que
estavam em Anatote, na terra de Benjamim. 2 A palavra do Senhor lhe
veio nos dias de Josias, ilho de Amom, rei de Judá , no dé cimo terceiro
ano do seu reinado. 3 Veio també m nos dias de Jeoiaquim, ilho de
Josias, rei de Judá , até o im do ano undé cimo de Zedequias, ilho de
Josias, rei de Judá , que levou Jerusalé m cativa no quinto mê s. 4 Veio a
mim a palavra do Senhor, dizendo:
5 “Antes de te formar no ventre, eu te conheci.

Antes de você nascer, eu te santi iquei.


Eu te designei profeta para as naçõ es”.
6 Entã o eu disse: “Ah, Senhor Javé ! Eis que nã o sei falar; porque eu

sou uma criança.”


7 Mas Yahweh me disse: “Nã o diga: 'Sou uma criança'; pois você

deve ir a quem eu lhe enviar, e você deve dizer tudo o que eu lhe
ordeno. 8 Nã o tenha medo deles, pois estou com você para resgatá -lo”,
diz Javé .
9 Entã o Javé
estendeu a mã o e tocou minha boca. Entã o Yahweh
me disse: “Eis que ponho as minhas palavras na tua boca. 10 Eis que
hoje te coloco sobre as naçõ es e sobre os reinos, para arrancar e
derrubar, para destruir e derrubar, para construir e para plantar”.
11 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: “Jeremias, o que você
vê ?”
Eu disse: “Eu vejo um galho de uma amendoeira”.
12 Entã o o Senhor me disse: “Você viu bem; pois observo minha
palavra para realizá -la.”
13 A palavra do Senhor veio a mim pela segunda vez, dizendo: “O

que você vê ?”


Eu disse: “Vejo um caldeirã o fervendo; e está se afastando do
norte.”
14 Entã o Yahweh me disse: “Do norte, o mal se espalhará sobre
todos os habitantes da terra. 15 Pois eis que chamarei todas as famı́lias
dos reinos do norte”, diz o Senhor.
“Eles virã o e cada um porá o seu trono à entrada das portas de
Jerusalé m,
e contra todos os seus muros ao redor, e contra todas as cidades de
Judá .
16 Proferirei meus juı́zos contra eles a respeito de toda a sua

maldade,
em que me abandonaram,
e queimaram incenso a outros deuses,
e adoraram as obras de suas pró prias mã os.
17 “Portanto, ponha o cinto na cintura, levante-se e diga a eles tudo

o que eu lhe ordeno. Nã o se assuste com eles, para que eu nã o o
desanime diante deles. 18 Pois eis que hoje te iz cidade forti icada,
coluna de ferro e muros de bronze contra toda a terra, contra os reis de
Judá , contra os seus prı́ncipes, contra os seus sacerdotes e contra o
povo da terra. 19 Eles lutarã o contra você , mas nã o prevalecerã o contra
você ; porque eu estou com você ”, diz Yahweh, “para resgatá -lo”.
Salmos 41
Para o Músico Chefe. Um Salmo de Davi.
1 Bem-aventurado aquele que considera os pobres.

Javé o livrará no dia do mal.


2 O Senhor o guardará e o manterá vivo.

Ele será abençoado na terra,


e ele nã o o entregará à vontade de seus inimigos.
3 Javé o susterá em seu leito de enfermo,

e restaurá -lo de seu leito de doença.


4 Eu disse: “Yahweh, tem misericó rdia de mim!

Cura-me, pois pequei contra ti”.


5 Meus inimigos falam mal de mim:

“Quando ele morrerá e seu nome perecerá ?”


6 Se ele vem me ver, ele fala falsidade.

Seu coraçã o acumula iniqü idade para si mesmo.


Quando ele vai para o exterior, ele conta.
7 Todos os que me odeiam sussurram contra mim.

Eles imaginam o pior para mim.


8 “Uma doença maligna”, dizem eles, “o a ligiu.

Agora que mente, nã o se levantará mais”.


9 Sim, meu pró prio amigo ı́ntimo, em quem eu con iava,

que comeu pã o comigo,


levantou o calcanhar contra mim.

10 Mas tu, Senhor, compadece-te de mim e levanta-me,

para que eu os retribua.


11 Nisto sei que te agradas de mim,

porque meu inimigo nã o triunfa sobre mim.


12 Quanto a mim, você me sustenta na minha integridade,

e me coloque em sua presença para sempre.

13 Bendito seja o Senhor Deus de Israel,

de eternidade a eternidade!
Amé m e amé m.
Mateus 1
1 Livro da genealogia de Jesus Cristo, ilho de Davi, ilho de Abraã o.
2 Abraã o tornou-se pai de Isaque. Isaque se tornou pai de Jacó . Jacó

tornou-se pai de Judá e seus irmã os. 3 Judá gerou Perez e Zerá por
Tamar. Perez tornou-se o pai de Hezrom. Hezron tornou-se o pai de
Ram. 4 Ram gerou a Aminadabe. Aminadabe tornou-se o pai de Nasom.
Nahshon tornou-se o pai de Salmon. 5 Salmon gerou Boaz por Raabe.
Boaz tornou-se o pai de Obede por Rute. Obede tornou-se o pai de
Jessé . 6 Jessé tornou-se pai do rei Davi. Davi tornou-se pai de Salomã o
por aquela que fora esposa de Urias. 7 Salomã o gerou Roboã o. Roboã o
foi pai de Abias. Abias tornou-se pai de Asa. 8 Asa gerou Josafá . Josafá
tornou-se pai de Jorã o. Jorã o tornou-se pai de Uzias. 9 Uzias gerou
Jotã o. Jotã o tornou-se pai de Acaz. Acaz tornou-se pai de Ezequias. 10
Ezequias gerou Manassé s. Manassé s tornou-se pai de Amom. Amon
tornou-se pai de Josias. 11 Josias gerou Jeconias e seus irmã os na é poca
do exı́lio na Babilô nia.
12 Depois do exı́lio na Babilô nia, Jeconias gerou Sealtiel. Salatiel

tornou-se o pai de Zorobabel. 13 Zorobabel gerou Abiú de. Abiud tornou-


se o pai de Eliaquim. Eliaquim tornou-se pai de Azor. 14 Azor gerou
Zadoque. Zadoque tornou-se pai de Aquim. Achim tornou-se o pai de
Eliud. 15 Eliú de gerou Eleazar. Eleazar tornou-se o pai de Mattan.
Matthan tornou-se o pai de Jacob. 16 Jacó gerou a José , marido de Maria,
de quem nasceu Jesus, chamado Cristo.
17 Assim, todas as geraçõ es desde Abraã o até Davi sã o catorze
geraçõ es; de Davi ao exı́lio na Babilô nia catorze geraçõ es; e desde o
transporte para a Babilô nia até o Cristo, catorze geraçõ es.
18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Depois que sua mã e,

Maria, icou noiva de José , antes de se ajuntarem, ela foi encontrada


grá vida pelo Espı́rito Santo. 19 José , seu marido, sendo um homem justo
e nã o querendo fazer dela um exemplo pú blico, pretendia repudiá -la
secretamente. 20 Mas, pensando ele nestas coisas, eis que em sonho lhe
apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José , ilho de Davi, nã o temas
receber Maria, tua mulher, porque o que é nela concebido é do Espı́rito
Santo. 21 Ela dará à luz um ilho. Tu lhe porá s o nome de Jesus, pois é ele
quem salvará o seu povo dos seus pecados”.
22 Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da

parte do Senhor por intermé dio do profeta, dizendo:


23 “Eis que a virgem conceberá ,

e dará à luz um ilho.


Chamarã o o seu nome Emanuel”,
que é , sendo interpretado, “Deus conosco”.
24 José despertou do sono, e fez como o anjo do Senhor lhe
ordenara, e tomou para si sua mulher; 25 e nã o a conheceu sexualmente
até que ela deu à luz seu ilho primogê nito. Ele o chamou de Jesus.
Salmos 74
Uma contemplação de Asafe.
1 Deus, por que nos rejeitaste para sempre?

Por que sua raiva arde contra as ovelhas do seu pasto?


2 Lembre-se de sua congregaçã o, que você comprou antigamente,

que redimiste para ser a tribo da tua herança:


Monte Siã o, em que você viveu.
3 Erga os pé s para as ruı́nas perpé tuas,

todo o mal que o inimigo fez no santuá rio.


4 Seus adversá rios rugiram no meio da sua assemblé ia.

Eles estabeleceram seus padrõ es como sinais.


5 Eles se comportaram como homens empunhando machados,

cortando um matagal de á rvores.


6 Agora, com machados e martelos, destroem toda a sua obra

esculpida.
7 Eles queimaram o seu santuá rio até o chã o.

Eles profanaram a morada do teu nome.


8 Eles disseram em seu coraçã o: “Vamos esmagá -los

completamente”.
Eles queimaram todos os lugares da terra onde Deus era adorado.
9 Nã o vemos sinais milagrosos.

Já nã o há profeta,


nem há entre nó s quem sabe quanto tempo.
10 Até quando, Deus, o adversá rio reprovará ?

O inimigo blasfemará seu nome para sempre?


11 Por que você puxa para trá s a sua mã o, mesmo a sua mã o

direita?
Tire-o do seu peito e consuma-os!

12 No entanto, Deus é meu Rei desde a antiguidade,


operando a salvaçã o em toda a terra.
13 Você dividiu o mar pela sua força.

Você quebrou as cabeças dos monstros marinhos nas á guas.


14 Você quebrou as cabeças do Leviatã em pedaços.
Você o deu como alimento para pessoas e criaturas do deserto.
15 Você abriu a fonte e o riacho.

Você secou rios poderosos.


16 O dia é seu, a noite també m é sua.

Você preparou a luz e o sol.


17 Tu ixaste todos os limites da terra.

Você fez o verã o e o inverno.

18 Lembra-te disto, que o inimigo zombou de ti, Senhor.

Pessoas tolas blasfemaram seu nome.


19 Nã o entregue a alma da sua pomba à s feras.

Nã o se esqueça da vida dos seus pobres para sempre.


20 Honra a tua aliança,

pois assombraçõ es de violê ncia enchem os lugares escuros da


terra.
21 Nã o deixe o oprimido voltar envergonhado.

Que os pobres e necessitados louvem o teu nome.


22 Levanta-te, Deus! Defenda sua pró pria causa.

Lembre-se de como o tolo zomba de você o dia todo.


23 Nã o se esqueça da voz de seus adversá rios.

O tumulto dos que se levantam contra ti sobe continuamente.


Salmos 136
1 Dai graças ao Senhor, porque ele é bom;
porque a sua benignidade dura para sempre.
2 Dai graças ao Deus dos deuses;

porque a sua benignidade dura para sempre.


3 Dai graças ao Senhor dos senhores;

porque a sua benignidade dura para sempre:


4 ao ú nico que faz grandes maravilhas;

porque a sua benignidade dura para sempre:


5 para aquele que com entendimento fez os cé us;

porque a sua benignidade dura para sempre:


6 para aquele que estendeu a terra sobre as á guas;

porque a sua benignidade dura para sempre:


7 para aquele que fez os grandes luminares;

porque a sua benignidade dura para sempre:


8 o sol para governar de dia;

porque a sua benignidade dura para sempre;


9 a lua e as estrelas para governar à noite;

porque a sua benignidade dura para sempre:


10 ao que feriu o primogê nito egı́pcio;

porque a sua benignidade dura para sempre;


11 e tirou Israel do meio deles;

porque a sua benignidade dura para sempre;


12 com mã o forte e braço estendido;

porque a sua benignidade dura para sempre:


13 ao que separou o Mar Vermelho;

porque a sua benignidade dura para sempre;


14 e fez Israel passar pelo meio dela;

porque a sua benignidade dura para sempre;


15 mas derrubou Faraó e seu exé rcito no Mar Vermelho;

porque a sua benignidade dura para sempre:


16 para aquele que conduziu o seu povo pelo deserto;

porque a sua benignidade dura para sempre:


17 para aquele que feriu grandes reis;
porque a sua benignidade dura para sempre;
18 e matou reis poderosos;

porque a sua benignidade dura para sempre:


19 Seom, rei dos amorreus;

porque a sua benignidade dura para sempre;


20 Ogue rei de Basã ;

porque a sua benignidade dura para sempre;


21 e deram a sua terra em herança;

porque a sua benignidade dura para sempre;


22 herança para Israel, seu servo;

porque a sua benignidade dura para sempre:


23 que se lembraram de nó s em nossa condiçã o humilde;

porque a sua benignidade dura para sempre;


24 e nos livrou de nossos adversá rios;

porque a sua benignidade dura para sempre:


25 que dá comida a toda criatura;

porque a sua benignidade dura para sempre.


26 Oh, dai graças ao Deus do cé u;

porque a sua benignidade dura para sempre.


Marco 16
1 Passado o sá bado, Maria Madalena, Maria, mã e de Tiago, e

Salomé , compraram aromas para virem ungi-lo. 2 Bem cedo no


primeiro dia da semana, eles chegaram ao tú mulo quando o sol nasceu.
3 Diziam entre si: “Quem rolará para nó s a pedra da porta do sepulcro?”
4 pois era muito grande. Olhando para cima, eles viram que a pedra foi

rolada para trá s.


5 Entrando no sepulcro, viram um jovem sentado à direita, vestido
com uma tú nica branca, e icaram maravilhados. 6 Ele lhes disse: “Nã o
se espantem. Você procura Jesus, o Nazareno, que foi cruci icado. Ele
ressuscitou. Ele nã o está aqui. Eis o lugar onde o puseram! 7 Mas vã o,
digam aos discı́pulos dele e a Pedro: 'Ele vai adiante de você s para a
Galilé ia. Lá você o verá , como ele lhe disse. ”
8 Eles saı́ram e fugiram do sepulcro, porque o tremor e o espanto

vieram sobre eles. Eles nã o disseram nada a ningué m; pois eles
estavam com medo. 9 Ora, tendo ele ressuscitado de madrugada no
primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual
havia expulsado sete demô nios. 10 Ela foi e contou aos que estavam
com ele, enquanto eles pranteavam e choravam. 11 Quando souberam
que ele estava vivo e que fora visto por ela, nã o acreditaram. 12 Depois
destas coisas, ele foi revelado de outra forma a dois deles, enquanto
caminhavam, a caminho do campo. 13 Eles foram e o contaram aos
demais. Eles també m nã o acreditaram neles.
14 Depois, ele foi revelado aos onze, que estavam sentados à mesa, e
os repreendeu por sua incredulidade e dureza de coraçã o, porque nã o
deram cré dito aos que o viram depois que ele ressuscitou. 15 Ele lhes
disse: “Ide por todo o mundo e pregai a Boa Nova a toda a criatura. 16
Aquele que crer e for batizado será salvo; mas o incré dulo será
condenado. 17 Estes sinais acompanharã o os que crerem: em meu
nome expulsarã o demô nios; falarã o com novas lı́nguas; 18 pegarã o em
serpentes; e se beberem alguma coisa mortı́fera, de modo algum lhes
fará mal; porã o as mã os sobre os enfermos, e eles serã o curados”.
19 Entã o o Senhor, depois de lhes falar, foi recebido no cé u e

assentou-se à direita de Deus. 20 Eles saı́ram e pregaram por toda parte,


o Senhor trabalhando com eles, e con irmando a palavra pelos sinais
que se seguiram. Um homem.
Isaías 12
1 Naquele dia você dirá : “Eu te darei graças, Senhor; pois embora
você estivesse zangado comigo, sua ira se afastou e você me consola. 2
Eis que Deus é a minha salvaçã o. con iarei e nã o temerei; porque Yah,
Yahweh, é minha força e meu canto; e ele se tornou minha salvaçã o”. 3
Portanto, com alegria tirará s á gua das fontes da salvaçã o. 4 Naquele dia
você dirá : “Agradeçam ao Senhor! Chame o nome dele! Declare seus
feitos entre os povos! Proclame que seu nome é exaltado! 5 Cantem ao
Senhor, porque ele fez coisas excelentes! Que isto seja conhecido em
toda a terra! 6 Grita e grita, ó habitante de Siã o; porque o Santo de Israel
é grande entre vó s!”
Colossenses 3
1 Se, pois, fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as

coisas do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. 2 Fixe a sua
mente nas coisas que sã o de cima, nã o nas coisas que sã o da terra. 3
Pois você morreu, e sua vida está escondida com Cristo em Deus. 4
Quando Cristo, nossa vida, for revelado, entã o você s també m serã o
revelados com ele em gló ria.
5 Matai, pois, os vossos membros que estã o na terra: imoralidade

sexual, impureza, paixõ es depravadas, desejos malignos e avareza, que


é idolatria. 6 Por causa destas coisas vem a ira de Deus sobre os ilhos
da desobediê ncia. 7 Você també m andou neles, quando você morava
neles; 8 mas agora també m deixas de lado todos eles: ira, ira, malı́cia,
calú nia e palavras vergonhosas da tua boca. 9 Nã o mintam uns aos
outros, visto que você s se despojaram do velho homem com as suas
obras, 10 e se revestiram do novo homem, que se renova para o
conhecimento segundo a imagem do seu Criador, 11 onde nã o pode seja
grego e judeu, circuncisã o e incircuncisã o, bá rbaro, cita, servo ou
pessoa livre; mas Cristo é tudo e em todos.
12 Revesti-vos, pois, como escolhidos de Deus, santos e amados, de

um coraçã o compassivo, de benignidade, humildade, humildade e


perseverança; 13 suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns
aos outros, se algué m tiver queixa contra algué m; assim como Cristo te
perdoou, você també m o faz.
14 Acima de tudo isso, ande em amor, que é o vı́nculo da perfeiçã o.
15 E reine em vossos coraçõ es a paz de Deus, para a qual també m fostes

chamados em um só corpo, e sede agradecidos. 16 Habite ricamente em


vó s a palavra de Cristo; com toda a sabedoria ensinando e
admoestando uns aos outros com salmos, hinos e câ nticos espirituais,
cantando com graça em seu coraçã o ao Senhor.
17 Tudo o queizerdes, seja em palavras ou em obras, fazei-o em
nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.
18 Mulheres, sede sujeitas a vossos maridos, como convé m no

Senhor.
19 Maridos, amem suas esposas e nã o sejam amargos contra elas.

20 Filhos, obedeçam em tudo a seus pais, pois isso agrada ao

Senhor.
21 Pais, nã o provoquem seus ilhos, para que nã o desanime.
22 Servos, obedecei em tudo aos vossos senhores segundo a carne,

nã o apenas olhando para agradar aos homens, mas com singeleza de
coraçã o, temendo a Deus. 23 E tudo quanto izerdes, fazei-o de todo o
coraçã o, como para o Senhor, e nã o para os homens, 24 sabendo que do
Senhor recebereis o galardã o da herança; pois você serve ao Senhor
Cristo. 25 Mas quem faz o mal receberá de novo pelo mal que fez, e nã o
há parcialidade.
Salmos 62
Para o Músico Chefe. Para Jedutum. Um Salmo de Davi.
1 Minha alma repousa somente em Deus.

Minha salvaçã o é dele.


2 Só ele é minha rocha, minha salvaçã o e minha fortaleza.

Eu nunca serei muito abalado.


3 Por quanto tempo você vai agredir um homem?

Todos você s o jogariam para baixo,


como uma parede inclinada, como uma cerca cambaleante?
4 Eles tê m toda a intençã o de derrubá -lo do seu lugar elevado.

Eles se deliciam com mentiras.


Abençoam com a boca, mas amaldiçoam por dentro.
Selá .
5 Minha alma, espera em silê ncio somente por Deus,

pois minha expectativa é dele.


6 Só ele é minha rocha e minha salvaçã o, minha fortaleza.

nã o vou me abalar.


7 Minha salvaçã o e minha honra estã o com Deus.

A rocha da minha força e meu refú gio está em Deus.


8 Con iem nele o tempo todo, pessoal.

Derrame seu coraçã o diante dele.


Deus é um refú gio para nó s.
Selá .
9 Certamente os homens de baixo grau sã o apenas um sopro,

e homens de alto grau sã o uma mentira.


Nos saldos eles vã o subir.
Eles estã o juntos mais leves que um sopro.
10 Nã o con ie na opressã o.

Nã o seja vaidoso no roubo.


Se as riquezas aumentarem,
nã o coloque seu coraçã o neles.
11 Deus falou uma vez;

duas vezes ouvi isso,


esse poder pertence a Deus.
12 També m a ti, Senhor, pertence a benignidade,

porque recompensas a cada um segundo a sua obra.


Lucas 1
1 Visto que muitos se empenharam em pô r em ordem os fatos que

se cumpriram entre nó s, 2 como aqueles que desde o princı́pio foram


testemunhas oculares e servidores da palavra nos entregaram, 3
també m a mim pareceu bem, tendo traçou o curso de todas as coisas
com precisã o desde o inı́cio, para escrever para você em ordem,
excelentı́ssimo Teó ilo; 4 para que conheças a certeza das coisas em
que foste instruı́do.
5 Houve nos dias de Herodes, rei da Judé ia, um sacerdote chamado

Zacarias, da turma sacerdotal de Abias. Ele tinha uma esposa das ilhas
de Arã o, e o nome dela era Isabel. 6 Ambos eram justos diante de Deus,
andando irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos
do Senhor. 7 Mas eles nã o tiveram ilhos, porque Isabel era esté ril, e
ambas eram de idade avançada.
8 Ora, enquanto ele exercia o sacerdó cio diante de Deus na ordem

de sua divisã o 9 de acordo com o costume do sacerdó cio, sua sorte era
entrar no templo do Senhor e queimar incenso. 10 Toda a multidã o do
povo orava do lado de fora à hora do incenso.
11 Um anjo do Senhor lhe apareceu, em pé à direita do altar do
incenso. 12 Zacarias icou perturbado quando o viu, e o medo caiu sobre
13
ele. Mas o anjo lhe disse: “Nã o tenha medo, Zacarias, porque seu
pedido foi ouvido. Sua esposa, Elizabeth, lhe dará um ilho, e você deve
chamá -lo pelo nome de John. 14 Você terá alegria e alegria, e muitos se
alegrarã o com o seu nascimento. 15 Porque ele será grande aos olhos do
Senhor, e nã o beberá vinho nem bebida forte. Ele será cheio do Espı́rito
Santo, desde o ventre de sua mã e. 16 Ele converterá muitos dos ilhos de
Israel ao Senhor seu Deus. 17 Ele irá adiante dele no espı́rito e poder de
Elias, 'para converter os coraçõ es dos pais aos ilhos', e os rebeldes à
prudê ncia dos justos; preparar um povo preparado para o Senhor”.
18 Zacarias disse ao anjo: “Como posso ter certeza disso? Pois eu

sou um homem velho, e minha mulher é bem avançada em anos.”


19 O anjo lhe respondeu: “Eu sou Gabriel, que está na presença de
Deus. Fui enviado para falar com você e trazer-lhe esta boa notı́cia. 20
Eis que você icará calado e nã o poderá falar até o dia em que essas
coisas acontecerem, porque você nã o acreditou nas minhas palavras,
que se cumprirã o a seu tempo”.
21 O povo esperava por Zacarias e se admiraram de que ele

demorasse no templo. 22 Quando ele saiu, nã o podia falar com eles. Eles
perceberam que ele teve uma visã o no templo. Ele continuou fazendo
sinais para eles e permaneceu mudo. 23 Terminados os dias de seu
serviço, ele foi para sua casa. 24 Depois destes dias, Isabel, sua mulher,
concebeu e escondeu-se por cinco meses, dizendo: 25 Assim me fez o
Senhor nos dias em que olhou para mim, para tirar o meu opró brio
entre os homens.
26 Ora, no sexto mê s, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma

cidade da Galilé ia chamada Nazaré , 27 a uma virgem prometida em


casamento a um homem chamado José , da casa de Davi. O nome da
virgem era Maria. 28 Ao entrar, o anjo lhe disse: “Alegra-te, agraciada! O
Senhor está com você . Bendita sois vó s entre as mulheres!”
29 Mas quando ela o viu, ela icou muito perturbada com a palavra, e
pensou que tipo de saudaçã o isso poderia ser. 30 O anjo lhe disse: “Nã o
tenha medo, Maria, pois você achou graça diante de Deus. 31 Eis que em
teu ventre conceberá s e dará s à luz um ilho, e lhe porá s o nome de
'Jesus'. 32 Ele será grande e será chamado Filho do Altı́ssimo. O Senhor
Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, 33 e ele reinará para sempre
sobre a casa de Jacó . Nã o haverá im para o seu Reino.”
34 Maria perguntou ao anjo: “Como pode ser isso, visto que sou

virgem?”
35 O anjo respondeu-lhe: “Descerá sobre ti o Espı́rito Santo, e o
poder do Altı́ssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso també m o
santo que de ti nasceu será chamado Filho de Deus. 36 Eis que també m
Isabel, tua parenta, concebeu um ilho na sua velhice; e este é o sexto
mê s com aquela que foi chamada esté ril. 37 Pois nada do que Deus diz é
impossı́vel”.
38 Maria disse: “Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a

tua palavra”.
Entã o o anjo se afastou dela.
39 Naqueles dias, Maria se levantou e foi à s pressas para a regiã o

montanhosa, para uma cidade de Judá , 40 e entrou na casa de Zacarias e


saudou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudaçã o de Maria, a criança
saltou no seu ventre; e Isabel icou cheia do Espı́rito Santo. 42 Ela
clamou em alta voz e disse: “Bendita é s tu entre as mulheres, e bendito
é o fruto do teu ventre! 43 Por que sou tã o favorecido, para que a mã e do
meu Senhor venha a mim? 44 Pois eis que, quando a voz da tua
saudaçã o chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu
ventre! 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque haverá um
cumprimento das coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor!”
46 Maria disse:

“Minha alma engrandece o Senhor.


47 Meu espı́rito se alegrou em Deus meu Salvador,
48 porque olhou para a humildade do seu servo.

Pois eis que de agora em diante todas as geraçõ es me chamarã o


bem-aventurada.
49 Pois aquele que é poderoso fez grandes coisas por mim.

Santo é o seu nome.


50 Sua misericó rdia é por geraçõ es e geraçõ es sobre aqueles que o

temem.
51 Ele mostrou força com o braço.

Ele dispersou os orgulhosos na imaginaçã o de seus coraçõ es.


52 Ele derrubou prı́ncipes de seus tronos,

e exaltou os humildes.
53 Ele encheu os famintos de coisas boas.

Ele despediu os ricos vazios.


54 Ele ajudou a Israel, seu servo, para que se lembrasse da

misericó rdia,
55 como ele falou a nossos pais,

a Abraã o e sua descendê ncia para sempre”.


56 Maria icou com ela cerca de trê s meses e depois voltou para
sua casa.
57 Agora se cumpriu o tempo em que Isabel deveria dar à luz, e ela
deu à luz um ilho. 58 Seus vizinhos e seus parentes ouviram que o
Senhor havia magni icado sua misericó rdia para com ela e se
alegraram com ela. 59 No oitavo dia vieram circuncidar o menino; e eles
o teriam chamado Zacarias, por causa do nome de seu pai. 60 Sua mã e
respondeu: “Nã o é assim; mas ele será chamado Joã o”.
61 Eles lhe disseram: “Nã o há ningué m entre seus parentes que
seja chamado por este nome”. 62 Fizeram sinais a seu pai, como ele
queria que fosse chamado.
63 Ele pediu uma tabuinha e escreveu: “Seu nome é Joã o”.
Todos icaram maravilhados. 64 Sua boca foi aberta
imediatamente e sua lı́ngua livre, e ele falou, bendizendo a Deus. 65 O
medo tomou conta de todos os que moravam ao redor deles, e todas
essas palavras se espalharam por toda a regiã o montanhosa da Judé ia.
66 Todos os que as ouviam as guardavam no coraçã o, dizendo: “O que

será entã o este menino?” A mã o do Senhor estava com ele.


67 Seu pai Zacarias foi cheio do Espı́rito Santo e profetizou,

dizendo:
68 “Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel,

pois ele visitou e redimiu seu povo;


69 e suscitou para nó s uma salvaçã o poderosa na casa de seu servo

Davi
70 (como ele falou pela boca dos seus santos profetas, desde a

antiguidade),
71 salvaçã o dos nossos inimigos e das mã os de todos os que nos

odeiam;
72 para mostrar misericó rdia para com nossos pais,

para recordar a sua santa aliança,


73 o juramento que fez a Abraã o, nosso pai,
74 para nos conceder que, libertados da mã o de nossos inimigos,

deve servi-lo sem medo,


75 em santidade e justiça perante ele todos os dias da nossa vida.
76 E tu, ilho, será s chamado profeta do Altı́ssimo;

pois ireis diante da face do Senhor para preparar os seus


caminhos,
77 para dar ao seu povo conhecimento da salvaçã o pela remissã o

dos seus pecados,


78 por causa da terna misericó rdia de nosso Deus,

pelo qual a aurora do alto nos visitará ,


79 para resplandecer sobre os que jazem nas trevas e na sombra da

morte;
guiar nossos pé s no caminho da paz”.
80 O menino crescia e se fortalecia em espı́rito, e icou no deserto
até o dia da sua apariçã o pú blica a Israel.
Isaías 9
1 Mas nã o haverá mais tristeza para aquela que estava angustiada.
Antigamente, ele desprezava a terra de Zebulom e a terra de Naftali;
mas nos ú ltimos tempos ele a tornou gloriosa, pelo caminho do mar,
alé m do Jordã o, Galilé ia das naçõ es.
2 O povo que andava nas trevas viu uma grande luz.

A luz brilhou sobre aqueles que viviam na terra da sombra da


morte.
3 Tu multiplicaste a naçã o.

Você aumentou a alegria deles.


Eles se regozijam diante de ti segundo a alegria da colheita, como
os homens se regozijam quando repartem o despojo. 4 Pois o jugo do
seu fardo, e a vara do seu ombro, a vara do seu opressor, tu quebraste
como no dia de Midiã . 5 Pois toda a armadura do homem armado na
batalha barulhenta, e as vestes enroladas em sangue, serã o para
queimar, combustı́vel para o fogo. 6 Pois um menino nos nasceu. Um
ilho nos é dado; e o governo estará em seus ombros. Seu nome será
Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Prı́ncipe da
Paz. 7 Do aumento do seu governo e da paz nã o haverá im, sobre o
trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e para o sustentar
com justiça e retidã o desde entã o e para sempre. O zelo de Javé dos
Exé rcitos fará isso.
8 O Senhor mandou uma palavra a Jacó ,

e cai sobre Israel.


9 Todo o povo saberá ,

incluindo Efraim e os habitantes de Samaria, que dizem com


orgulho e arrogâ ncia de coraçã o,
10 “Os tijolos caı́ram,

mas construiremos com pedra lapidada.


As igueiras de sicô moro foram cortadas,
mas colocaremos cedros em seu lugar”.
11 Por isso o Senhor levantará contra ele os adversá rios de Rezim,

e incitará seus inimigos,


12 Os sı́rios na frente,

e os ilisteus atrá s;
e eles devorarã o a Israel de boca aberta.
Por tudo isso, sua ira nã o se desviou,
mas sua mã o ainda está estendida.

13 Mas o povo nã o se voltou para aquele que o feriu,

nem buscaram ao Senhor dos exé rcitos.


14 Portanto, o Senhor cortará de Israel a cabeça e a cauda,

galho de palmeira e junco, em um dia.


15 O anciã o e o homem honrado é o cabeça,

e o profeta que ensina mentiras é a cauda.


16 Pois os que dirigem este povo os desencaminham;

e aqueles que sã o conduzidos por eles sã o destruı́dos.


17 Por isso o Senhor nã o se alegrará com os jovens deles,

nem se compadecerá de seus ó rfã os e viú vas;


porque todos sã o profanos e malfeitores,
e toda boca fala loucura.
Por tudo isso a sua ira nã o se desviou,
mas sua mã o ainda está estendida.

18 Pois a maldade arde como fogo.

Ela devora as sarças e os espinhos;


sim, acende-se nas moitas da loresta,
e eles rolam para cima em uma coluna de fumaça.
19 Pela ira do Senhor dos exé rcitos, a terra é queimada;

e as pessoas sã o o combustı́vel para o fogo.


Ningué m poupa seu irmã o.
20 Um devorará à direita e terá fome;

e ele comerá à esquerda, e eles nã o se fartarã o.


Cada um comerá a carne de seu pró prio braço:
21 Manassé s, Efraim; e Efraim, Manassé s; e eles juntos serã o

contra Judá .
Por tudo isso a sua ira nã o se desviou,
mas sua mã o ainda está estendida.
Apocalipse 14
1 Eu vi, e eis o Cordeiro que estava no monte Siã o, e com ele cento e

quarenta e quatro mil, que tinham o seu nome e o nome de seu Pai
escrito nas suas testas. 2 Ouvi um som do cé u, como o som de muitas
á guas, e como o som de um grande trovã o. O som que eu ouvia era
como o de harpistas tocando suas harpas. 3 Eles cantam um câ ntico
novo diante do trono, e diante dos quatro seres viventes e dos anciã os.
Ningué m poderia aprender a cançã o, exceto os cento e quarenta e
quatro mil, aqueles que foram redimidos da terra. 4 Estes sã o os que
nã o se contaminaram com mulheres, porque sã o virgens. Estes sã o os
que seguem o Cordeiro aonde quer que ele vá . Estes foram redimidos
por Jesus dentre os homens, as primı́cias para Deus e para o Cordeiro. 5
Na sua boca nã o se achou mentira, porque sã o irrepreensı́veis.
6 Eu vi um anjo voando no meio do cé u, tendo uma Boa Nova eterna

para proclamar aos que habitam na terra, e a todas as naçõ es, tribos,
lı́nguas e povos. 7 Ele disse em alta voz: “Temei ao Senhor e dai-lhe
gló ria; pois chegou a hora do seu julgamento. Adorai aquele que fez o
cé u, a terra, o mar e as fontes das á guas!”
8 Seguiu-se outro, um segundo anjo, dizendo: Caiu a grande

Babilô nia, que deu a todas as naçõ es a beber do vinho da ira da sua
imoralidade sexual.
9 Outro anjo, um terceiro, os seguiu, dizendo com grande voz: “Se

algué m adorar a besta e a sua imagem e receber um sinal na testa ou na


mã o, 10 també m beberá do vinho da ira de Deus, que está preparado
sem mistura no cá lice da sua ira. Ele será atormentado com fogo e
enxofre na presença dos santos anjos e na presença do Cordeiro. 11 A
fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre. Nã o tê m descanso
nem de dia nem de noite, os que adoram a besta e a sua imagem, e
quem recebe a marca do seu nome. 12 Aqui está a perseverança dos
santos, que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”.
13 Ouvi uma voz do cé u que dizia: “Escreve: Bem-aventurados os

mortos que desde agora morrem no Senhor”. ”


“Sim”, diz o Espı́rito, “para que descansem de seus trabalhos; pois
suas obras os acompanham”.
14 Olhei e vi uma nuvem branca, e sobre a nuvem um sentado

como ilho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro e na mã o


uma foice a iada. 15 Outro anjo saiu do templo, clamando em alta voz ao
que estava assentado sobre a nuvem: “Envia a tua foice e ceifa; pois
chegou a hora da ceifa; pois a colheita da terra está madura!” 16 O que
estava assentado sobre a nuvem meteu a sua foice na terra, e a terra foi
ceifada.
17 Outro anjo saiu do templo que está no cé u. Ele també m tinha uma
foice a iada. 18 Outro anjo saiu do altar, aquele que tem poder sobre o
fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice a iada, dizendo:
“Envia a tua foice a iada e apanha os cachos da vide da terra, pois as
uvas da terra estã o completamente maduras!” 19 O anjo meteu a sua
foice na terra, e ajuntou a vindima da terra, e lançou-a no grande lagar
da ira de Deus. 20 O lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do
lagar até os freios dos cavalos, até mil e seiscentos está dios.
João 8
1 mas Jesus foi para o Monte das Oliveiras. 2 Ora, muito cedo pela

manhã , ele entrou novamente no templo, e todo o povo veio a ele.


Sentou-se e ensinou-os. 3 Os escribas e os fariseus trouxeram uma
mulher apanhada em adulté rio. Colocando-a no meio, 4 disseram-lhe:
“Mestre, encontramos esta mulher em adulté rio, em lagrante. 5 Ora, em
nossa lei, Moisé s nos ordenou que apedrejá ssemos essas mulheres. O
que entã o você diz sobre ela?” 6 Disseram isso testando-o, para que
tivessem de que o acusar.
Mas Jesus se abaixou e escreveu no chã o com o dedo. 7 Mas, como
eles continuavam a interrogá -lo, ele ergueu os olhos e lhes disse:
“Aquele que dentre vó s está sem pecado, atire-lhe a primeira pedra”. 8
Novamente ele se abaixou e escreveu no chã o com o dedo.
9 Eles, ouvindo isso, convencidos pela consciê ncia, saı́ram um a

um, começando pelos mais velhos até os ú ltimos. Jesus icou sozinho
com a mulher onde ela estava, no meio. 10 Jesus, levantando-se, viu-a e
disse: “Mulher, onde estã o os teus acusadores? Ningué m te condenou?”
11 Ela disse: “Ningué m, Senhor”.

Jesus disse: “Nem eu te condeno. Siga seu caminho. De agora em


diante, nã o peques mais.”
12 Novamente, portanto, Jesus lhes falou, dizendo: “Eu sou a luz do

mundo. Quem me segue nã o andará nas trevas, mas terá a luz da vida”.
13 Disseram-lhe, pois, os fariseus: “Tu dá s testemunho de ti mesmo.

Seu testemunho nã o é vá lido.”


14 Jesus lhes respondeu: “Ainda que eu dê testemunho de mim
mesmo, meu testemunho é verdadeiro, pois sei de onde vim e para
onde vou; mas você nã o sabe de onde eu vim, nem para onde vou. 15
Você julga de acordo com a carne. Eu nã o julgo ningué m. 16 Mesmo que
eu julgue, meu julgamento é verdadeiro, pois nã o estou sozinho, mas
estou com o Pai que me enviou. 17 També m está escrito em sua lei que
o testemunho de duas pessoas é vá lido. 18 Eu sou aquele que testi ica
de mim mesmo, e o Pai que me enviou testi ica de mim”.
19 Perguntaram-lhe, pois: “Onde está o teu Pai?”
Jesus respondeu: “Você s nã o conhecem nem a mim nem a meu Pai.
Se você me conhecesse, també m conheceria meu Pai”. 20 Jesus falou
estas palavras na tesouraria, enquanto ensinava no templo. No entanto,
ningué m o prendeu, porque sua hora ainda nã o havia chegado. 21 Jesus,
portanto, tornou a dizer-lhes: “Vou embora, e você s me buscarã o, e
morrerã o em seus pecados. Onde eu vou, você nã o pode vir.”
22 Os judeus, portanto, disseram: “Ele se matará , porque diz: 'Para

onde eu vou, você nã o pode ir' ?”


23 Ele lhes disse: “Você s sã o de baixo. Eu sou de cima. Você é deste
mundo. Eu nã o sou deste mundo. 24 Eu vos disse, pois, que morrereis
em vossos pecados; pois a menos que você acredite que eu sou ele,
você morrerá em seus pecados”.
25 Perguntaram-lhe, pois: “Quem é s tu?”

Disse-lhes Jesus: “Exatamente o que vos tenho dito desde o


princı́pio. 26 Tenho muitas coisas para falar e julgar a seu respeito. No
entanto, aquele que me enviou é verdadeiro; e as coisas que dele ouvi,
isso digo ao mundo”.
27 Eles nã o entenderam que ele lhes falava do Pai. 28 Jesus, pois,

disse-lhes: “Quando você s levantarem o Filho do Homem, entã o


saberã o que eu sou ele, e nada faço por mim mesmo, mas digo estas
coisas como meu Pai me ensinou. 29 Aquele que me enviou está
comigo. O Pai nã o me deixou sozinho, pois sempre faço as coisas que
lhe agradam”.
30 Enquanto ele falava essas coisas, muitos creram nele. 31 Jesus,

entã o, disse aos judeus que haviam crido nele: “Se você s
permanecerem na minha palavra, entã o você s sã o verdadeiramente
meus discı́pulos. 32 Você conhecerá a verdade, e a verdade o libertará ”.
33 Responderam-lhe: “Somos descendê ncia de Abraã o e nunca

fomos escravos de ningué m. Como você diz: 'Você será liberto' ?”


34 Jesus lhes respondeu: “Em verdade vos digo que todo aquele que

comete pecado é escravo do pecado. 35 Um servo nã o vive na casa para


sempre. Um ilho permanece para sempre. 36 Se, portanto, o Filho vos
libertar, sereis verdadeiramente livres. 37 Eu sei que você s sã o
descendentes de Abraã o, mas você s procuram me matar, porque minha
palavra nã o encontra lugar em você s. 38 digo as coisas que tenho visto
com meu Pai; e també m fazes as coisas que viste com teu pai”.
39 Responderam-lhe: “Nosso pai é Abraã o”.
Jesus lhes disse: “Se você s fossem ilhos de Abraã o, você s fariam
as obras de Abraã o. 40 Mas agora você procura me matar, um homem
que lhe disse a verdade que eu ouvi de Deus. Abraã o nã o fez isso. 41
Você faz as obras de seu pai.”
Disseram-lhe: “Nã o nascemos da imoralidade sexual. Nó s temos
um Pai, Deus.”
42 Por isso Jesus lhes disse: “Se Deus fosse seu pai, você s me

amariam, porque eu saı́ e vim de Deus. Pois eu nã o vim por mim
mesmo, mas ele me enviou. 43 Por que você nã o entende meu discurso?
Porque você nã o pode ouvir a minha palavra. 44 Você é do seu pai, o
diabo, e quer fazer os desejos do seu pai. Ele foi um assassino desde o
princı́pio, e nã o se manté m na verdade, porque nã o há verdade nele.
Quando ele fala uma mentira, ele fala sozinho; porque é mentiroso e pai
da mentira. 45 Mas porque eu digo a verdade, você nã o acredita em
mim. 46 Qual de você s me convence de pecado? Se eu digo a verdade,
por que você nã o acredita em mim? 47 Aquele que é de Deus ouve as
palavras de Deus. Por isso você nã o ouve, porque você nã o é de Deus”.
48 Entã o os judeus lhe responderam: “Nã o dizemos bem que você é
samaritano e tem um demô nio?”
49 Jesus respondeu: “Nã o tenho demô nio, mas honro meu Pai e

você s me desonram. 50 Mas eu nã o busco minha pró pria gló ria. Há
quem procura e julga. 51 Certamente, eu lhe digo, se uma pessoa
mantiver minha palavra, ela nunca verá a morte.”
52 Entã o os judeus lhe disseram: “Agora sabemos que você tem um
demô nio. Abraã o morreu, assim como os profetas; e você diz: 'Se um
homem mantiver minha palavra, ele nunca provará a morte.' 53 Você é
maior do que nosso pai, Abraã o, que morreu? Os profetas morreram.
Quem você se faz parecer?”
54 Jesus respondeu: “Se eu me glori ico, minha gló ria nã o é nada. E
meu Pai que me glori ica, de quem você s dizem que é nosso Deus. 55
Você nã o o conhece, mas eu o conheço. Se eu dissesse: 'Nã o o conheço',
seria como você , um mentiroso. Mas eu o conheço e mantenho sua
palavra. 56 Seu pai Abraã o se alegrou ao ver meu dia. Ele viu e icou
feliz”.
57 Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda nã o tens cinquenta anos!

Você viu Abraã o?”


58 Disse-lhes Jesus: Certamente, eu vos digo, antes que Abraã o

viesse à existê ncia, EU SOU. ”


59 Entã o pegaram em pedras para lhe atirar, mas Jesus estava

escondido e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim passou.


Marca 2
1 Quando ele entrou novamente em Cafarnaum depois de alguns

dias, soube-se que ele estava em casa. 2 Imediatamente muitos se


ajuntaram, de modo que nã o havia mais lugar, nem mesmo ao redor da
porta; e ele lhes falou a palavra. 3 Vieram quatro pessoas trazendo um
paralı́tico até ele. 4 Nã o podendo chegar perto dele por causa da
multidã o, removeram o telhado onde ele estava. Quando a quebraram,
largaram a esteira em que o paralı́tico estava deitado. 5 Jesus, vendo a
fé deles, disse ao paralı́tico: “Filho, os teus pecados estã o perdoados”.
6 Mas alguns dos escribas estavam sentados ali e raciocinavam em

seus coraçõ es: 7 “Por que este homem fala blasfê mias assim? Quem
pode perdoar pecados senã o Deus somente?”
8 Imediatamente Jesus, percebendo em seu espı́rito que eles assim

raciocinavam consigo mesmos, disse-lhes: “Por que você s arrazoam


essas coisas em seus coraçõ es? 9 O que é mais fá cil dizer ao paralı́tico:
'Seus pecados estã o perdoados'; ou dizer: 'Levanta-te, toma a tua cama
e anda?' 10 Mas para que saibais que o Filho do Homem tem na terra
autoridade para perdoar pecados” —disse ao paralı́tico— 11 “Eu lhe
digo, levante-se, pegue sua maca e vá para sua casa.”
12 Ele se levantou e imediatamente pegou a maca e saiu na frente de

todos, de modo que todos icaram maravilhados e glori icaram a Deus,


dizendo: “Nunca vimos nada assim!”
13 Ele saiu novamente à beira-mar. Toda a multidã o veio a ele, e ele
os ensinou. 14 Ao passar, viu Levi, ilho de Alfeu, sentado na coletoria.
Ele lhe disse: “Siga-me”. E ele se levantou e o seguiu.
15 Estava ele reclinado àmesa em sua casa, e muitos publicanos e
pecadores sentaram-se com Jesus e seus discı́pulos, pois eram muitos,
e eles o seguiram. 16 Os escribas e fariseus, vendo que ele comia com os
pecadores e publicanos, perguntaram aos seus discı́pulos: “Por que ele
come e bebe com publicanos e pecadores?”
17 Ao ouvir isso, Jesus lhes disse: “Nã o sã o os que tê m saú de que

precisam de mé dico, mas sim os doentes. Nã o vim chamar justos, mas
pecadores ao arrependimento”.
18 Os discı́pulos de Joã o e os fariseus estavam jejuando, e vieram e

lhe perguntaram: “Por que os discı́pulos de Joã o e os discı́pulos dos


fariseus jejuam, mas os seus discı́pulos nã o jejuam?”
19 Jesus lhes disse: “Os padrinhos podem jejuar enquanto o noivo

está com eles? Enquanto eles tiverem o noivo com eles, eles nã o podem
jejuar. 20 Mas dias virã o em que o noivo será tirado deles, e entã o
jejuarã o naquele dia. 21 Ningué m costura um pedaço de pano novo em
uma roupa velha, ou entã o o remendo encolhe e o novo rasga o velho, e
um buraco pior é feito. 22 Ningué m põ e vinho novo em odres velhos; ou
entã o o vinho novo romperá os odres, e o vinho se derramará , e os
odres serã o destruı́dos; mas põ em vinho novo em odres novos”.
23 Ele ia no dia de sá bado pelos campos de trigo; e seus discı́pulos

começaram, enquanto iam, a colher as espigas. 24 Os fariseus lhe


perguntaram: “Eis que fazem no sá bado o que nã o é lı́cito?”
25 Ele lhes disse: “Você s nunca leram o que Davi fez quando teve

necessidade e teve fome, ele e os que estavam com ele? 26 Como entrou
na casa de Deus no tempo de Abiatar, o sumo sacerdote, e comeu o pã o
da proposiçã o, que nã o é lı́cito comer senã o aos sacerdotes, e deu
també m aos que estavam com ele?”
27 Ele lhes disse: “O sá bado foi feito para o homem, nã o o homem

para o sá bado. 28 Portanto, o Filho do Homem é senhor até do sá bado”.
Mateus 20
1 “Pois o Reino dos Cé us ésemelhante a um homem, dono de casa,
que saiu de madrugada a contratar trabalhadores para a sua vinha. 2
Quando ele concordou com os trabalhadores por um dená rio por dia,
ele os enviou para a sua vinha. 3 Saiu por volta da hora terceira, e viu
outros ociosos no mercado. 4 Ele lhes disse: 'Você s també m vã o para a
vinha, e tudo o que for certo eu darei a você s'. Entã o eles seguiram seu
caminho. 5 De novo saiu por volta da hora sexta e da nona, e fez o
mesmo. 6 Sobre a undé cima hora ele saiu e encontrou outros ociosos.
Ele lhes disse: 'Por que você s icam aqui o dia todo ociosos?'
7 “Disseram-lhe: 'Porque ningué m nos contratou.'

“Ele lhes disse: 'Você s també m vã o para a vinha e receberã o o que
for certo'.
8 “Ao cair da tarde, o senhor da vinha disse ao seu administrador:

'Chame os trabalhadores e pague-lhes o salá rio, começando do ú ltimo


ao primeiro'. 9 “Quando chegaram os contratados por volta da hora
undé cima, cada um deles recebeu um dená rio. 10 Quando veio o
primeiro, eles supuseram que receberiam mais; e eles també m
receberam um dená rio. 11 Quando a receberam, murmuraram contra o
dono da casa, 12 dizendo: 'Estes ú ltimos passaram uma hora, e você os
igualou a nó s, que suportamos o peso do dia e o calor escaldante!'
13 “Mas ele respondeu a um deles: 'Amigo, nã o estou fazendo nada

de errado com você . Você nã o concordou comigo por um dená rio? 14
Pegue o que é seu e siga seu caminho. E meu desejo dar a este ú ltimo
tanto quanto a você . 15 Nã o me é lı́cito fazer o que quero com o que
possuo? Ou seu olho é mau, porque eu sou bom?' 16 Assim, os ú ltimos
serã o os primeiros, e os primeiros serã o os ú ltimos. Pois muitos sã o
chamados, mas poucos sã o escolhidos”.
17 Enquanto subia a Jerusalé m, Jesus chamou os doze discı́pulos à

parte e, no caminho, disse-lhes: 18 “Eis que estamos subindo para


Jerusalé m, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes
e escribas, e eles o condenarã o à morte, 19 e o entregará aos gentios
para zombar, açoitar e cruci icar; e no terceiro dia ele será
ressuscitado”.
20 Entã o a mã e dos
ilhos de Zebedeu veio a ele com seus ilhos,
ajoelhando-se e pedindo-lhe uma certa coisa. 21 Ele disse a ela: “O que
você quer?”
Ela lhe disse: “Ordena que estes, meus dois ilhos, se assentem, um
à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino”.
22 Mas Jesus respondeu: “Você s nã o sabem o que estã o pedindo.

Você pode beber o cá lice que estou para beber e ser batizado com o
batismo com que sou batizado?”
Disseram-lhe: “Podemos”.
23 Ele lhes disse: “De fato bebereis o meu cá lice, e sereis batizados

com o batismo com que eu sou batizado; mas sentar-se à minha direita
e à minha esquerda nã o é meu para dar, mas é para quem foi preparado
por meu Pai”.
24 Quando os dez ouviram isso, icaram indignados com os dois
irmã os.
25 Mas Jesus os chamou e disse: “Você s sabem que os governantes

das naçõ es as dominam, e os seus grandes exercem autoridade sobre


elas. 26 Nã o será assim entre vó s; mas quem quiser tornar-se grande
entre vó s será seu servo. 27 Quem quiser ser o primeiro entre vó s será
vosso servo, 28 assim como o Filho do Homem nã o veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.
29 Ao saı́rem de Jericó , uma grande multidã o o seguiu. 30 Eis que

dois cegos sentados à beira do caminho, ao ouvirem que Jesus passava,


gritaram: “Senhor, tem piedade de nó s, ilho de Davi!” 31 A multidã o os
repreendeu, dizendo-lhes que se calassem, mas eles gritaram ainda
mais: “Senhor, tem misericó rdia de nó s, ilho de Davi!”
32 Jesus parou, chamou-os e perguntou: “O que você s querem que

eu faça por você s?”


33 Disseram-lhe: “Senhor, para que se abram os nossos olhos”.
34 Jesus, movido de compaixã o, tocou-lhes os olhos; e

imediatamente seus olhos viram, e eles o seguiram.


Romanos 9
1 Digo a verdade em Cristo. Nã o estou mentindo, minha

consciê ncia testi ica comigo no Espı́rito Santo 2 que tenho grande
tristeza e incessante dor em meu coraçã o. 3 Pois eu gostaria de ser
amaldiçoado por Cristo por causa de meus irmã os, meus parentes
segundo a carne 4 que sã o israelitas; de quem é a adoçã o, a gló ria, as
alianças, a entrega da lei, o serviço e as promessas; 5 dos quais sã o os
pais, e de quem é Cristo quanto à carne, o qual é sobre todos, Deus,
bendito eternamente. Um homem.
6 Mas nã o é
como se a palavra de Deus tivesse se reduzido a nada.
Pois nem todos os que sã o de Israel sã o de Israel. 7 Nem, por serem
descendê ncia de Abraã o, sã o todos ilhos. Mas, “sua descendê ncia será
contada como de Isaque”. 8 Ou seja, nã o sã o os ilhos da carne que sã o
ilhos de Deus, mas os ilhos da promessa sã o contados como
herdeiros. 9 Pois esta é uma palavra de promessa: “Virei no tempo
determinado, e Sara terá um ilho”. 10 Nã o só isso, mas també m Rebeca
concebeu de um, de nosso pai Isaque. 11 Por ainda nã o ter nascido, nem
ter feito bem ou mal, para que o propó sito de Deus segundo a eleiçã o
subsista, nã o por obras, mas por aquele que chama, 12 foi-lhe dito: O
maior servirá ao menor .” 13 Como está escrito: “Amei a Jacó , mas odiei
a Esaú ”.
14 O que diremos entã o? Existe injustiça com Deus? Que nunca seja!
15 Pois ele disse a Moisé s: “Terei misericó rdia de quem eu tiver

misericó rdia, e terei compaixã o de quem eu tiver misericó rdia”. 16


Portanto, nã o é daquele que quer, nem daquele que corre, mas de Deus
que se compadece. 17 Pois a Escritura diz a Faraó : “Para isso mesmo te
iz ressuscitar, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome
seja anunciado em toda a terra”. 18 Portanto, ele se compadece de quem
deseja e endurece a quem deseja.
19 Entã o você
me dirá : “Por que ele ainda critica? Pois quem resiste
à sua vontade?” 20 Mas, na verdade, ó homem, quem é s tu para
responderes contra Deus? A coisa formada perguntará a quem a
formou: “Por que você me fez assim?” 21 Ou nã o tem o oleiro direito
sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro
para desonra? 22 E se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer
o seu poder, suportou com muita paciê ncia os vasos da ira preparados
para a destruiçã o, 23 e para dar a conhecer as riquezas da sua gló ria nos
vasos de misericó rdia, que de antemã o preparou para gló ria, 24 nó s, a
quem també m chamou, nã o somente dos judeus, mas també m dos
gentios? 25 Como també m diz em Osé ias,
“Vou chamá -los de 'meu povo', que nã o era meu povo;
e sua 'amada', que nã o era amada”.
26 “Será que no lugar onde foi dito a eles: 'Você s nã o sã o meu

povo',
lá eles serã o chamados ' ilhos do Deus vivo'. ”
27 Isaı́as clama a respeito de Israel,

“Se o nú mero dos ilhos de Israel for como a areia do mar,
é o remanescente que será salvo;
28 porque ele terminará a obra e a abreviará com justiça,

porque o Senhor fará uma breve obra sobre a terra”.


29 Como Isaı́as disse antes,

“A menos que o Senhor dos Exé rcitos nos tenha deixado uma
semente,
nos tornarı́amos como Sodoma,
e teria sido feito como Gomorra.”
30 O que diremos entã o? Que os gentios, que nã o seguiram a

justiça, alcançaram a justiça, sim, a justiça que é pela fé ; 31 mas Israel,
seguindo a lei da justiça, nã o chegou à lei da justiça. 32 Por quê ? Porque
eles nã o o buscaram pela fé , mas como que pelas obras da lei.
Tropeçaram na pedra de tropeço; 33 como está escrito,
“Eis que ponho em Siã o uma pedra de tropeço e uma rocha de
escâ ndalo;
e ningué m que nele crê icará desapontado”.
João 11
1 Estava enfermo um certo Lá zaro, de Betâ nia, da aldeia de Maria e

sua irmã Marta. 2 Foi aquela Maria que ungiu o Senhor com ungü ento e
enxugou os pé s dele com os cabelos, cujo irmã o Lá zaro estava doente.
3As irmã s, entã o, mandaram-lhe dizer: “Senhor, eis que aquele por quem

tens grande afeiçã o está doente”. 4 Mas quando Jesus ouviu isso, disse:
“Esta doença nã o é para morte, mas para gló ria de Deus, para que o
Filho de Deus seja glori icado por ela”. 5 Ora, Jesus amava Marta, e sua
irmã , e Lá zaro. 6 Ouvindo, pois, que estava doente, icou dois dias no
lugar onde estava. 7 Depois disso, disse aos discı́pulos: “Vamos de novo
para a Judé ia”.
8 Os discı́pulos lhe perguntaram: “Rabi, os judeus estavam

querendo apedrejá -lo. Você vai lá de novo?”


9 Jesus respondeu: “Nã o há
doze horas de luz do dia? Se um
homem anda de dia, nã o tropeça, porque vê a luz deste mundo. 10 Mas
se um homem anda à noite, tropeça, porque a luz nã o está nele.” 11 Ele
disse essas coisas e, depois disso, disse-lhes: “Nosso amigo Lá zaro
adormeceu, mas eu vou despertá -lo do sono”.
12 Os discı́pulos, portanto, disseram: “Senhor, se ele adormeceu,

icará curado”.
13 Ora, Jesus havia falado de sua morte, mas eles pensavam que ele

falava de descansar no sono. 14 Entã o Jesus lhes disse claramente:


“Lá zaro está morto. 15 Alegra-me, por amor de vó s, que eu nã o
estivesse ali, para que creiais. Mesmo assim, vamos até ele.”
16 Entã o Tomé , chamado Dı́dimo, disse aos seus condiscı́pulos:

“Vamos també m, para morrermos com ele”.


17 Entã o, quando Jesus chegou, descobriu que já estava no sepulcro
háquatro dias. 18 Ora, Betâ nia estava perto de Jerusalé m, a cerca de
quinze está dios de distâ ncia. 19 Muitos dos judeus se juntaram à s
mulheres ao redor de Marta e Maria, para consolá -las a respeito de seu
irmã o. 20 Entã o, quando Marta soube que Jesus estava chegando, foi ao
encontro dele, mas Maria icou em casa. 21 Por isso Marta disse a Jesus:
“Senhor, se estivesses aqui, meu irmã o nã o teria morrido. 22 Mesmo
agora eu sei que tudo o que você pedir a Deus, Deus lhe dará ”. 23 Disse-
lhe Jesus: “Teu irmã o ressuscitará ”.
24 Disse-lhe Marta: “Sei que ele ressuscitará na ressurreiçã o, no
ú ltimo dia”.
25 Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreiçã o e a vida. Aquele que

acredita em mim ainda viverá , mesmo que morra. 26 Quem vive e


acredita em mim nunca morrerá . Você acredita nisso?”
27 Ela lhe disse: “Sim, Senhor. Passei a acreditar que você é o Cristo,
o Filho de Deus, aquele que vem ao mundo”.
28 Tendo dito isso, ela foi e chamou Maria, sua irmã , em segredo,

dizendo: “O Mestre está aqui e está chamando você ”.


29 Ao ouvir isso, levantou-se rapidamente e foi ter com ele. 30 Ora,

Jesus ainda nã o tinha entrado na aldeia, mas estava no lugar onde
Marta o encontrou. 31 Entã o os judeus que estavam com ela na casa e a
consolavam, quando viram Maria, que se levantou rapidamente e saiu,
a seguiram, dizendo: “Ela vai ao sepulcro para chorar ali”. 32 Entã o,
quando Maria chegou onde Jesus estava e o viu, ela se prostrou a seus
pé s, dizendo-lhe: “Senhor, se você estivesse aqui, meu irmã o nã o teria
morrido”.
33 Quando Jesus, pois, a viu chorando, e chorando os judeus que

vinham com ela, gemeu em espı́rito e icou perturbado, 34 e perguntou:


“Onde o puseste?”
Eles lhe disseram: “Senhor, venha e veja”.
35 Jesus chorou.

36 Os judeus, entã o, disseram: “Veja como ele tinha afeiçã o por

ele!” 37 Alguns deles diziam: “Nã o poderia este homem, que abriu os
olhos do cego, també m impedir que este homem morresse?”
38 Jesus, pois, novamente gemendo em si mesmo, foi ao sepulcro.

Agora era uma caverna, e uma pedra estava contra ela. 39 Jesus disse:
“Tira a pedra”.
Marta, a irmã do morto, disse-lhe: “Senhor, a esta hora cheira mal,
porque ele está morto há quatro dias”.
40 Disse-lhe Jesus: “Nã o te disse que, se creres, verá s a gló ria de

Deus?”
41 Entã o tiraram a pedra do lugar onde jazia o morto. Jesus levantou

os olhos e disse: “Pai, eu te agradeço porque me ouviste. 42 Eu sei que


você sempre me ouve, mas por causa da multidã o que está ao redor, eu
disse isso para que creiam que você me enviou”. 43 Tendo dito isso,
clamou em alta voz: “Lá zaro, venha para fora!”
44 O que estava morto saiu, com as mã os e os pé s amarrados com

faixas, e seu rosto estava envolto em um pano.


Jesus lhes disse: “Libertem-no e deixem-no ir”.
45 Por isso, muitos dos judeus que foram ter com Maria e viram o

que Jesus fez, creram nele. 46 Mas alguns deles foram ter com os
fariseus e lhes contaram as coisas que Jesus havia feito. 47 Os principais
sacerdotes e os fariseus reuniram-se em conselho e disseram: “O que
estamos fazendo? Pois este homem faz muitos sinais. 48 Se o deixarmos
assim, todos crerã o nele, e os romanos virã o e tirarã o nosso lugar e
nossa naçã o”.
49 Mas um deles, Caifá s, sendo sumo sacerdote naquele ano, disse-

lhes: Nã o sabeis nada, 50 nem julgais ser vantajoso para nó s que um
homem morra pelo povo, e que o naçã o inteira nã o pereça”. 51 Ora, ele
nã o disse isso de si mesmo, mas, sendo sumo sacerdote naquele ano,
profetizou que Jesus morreria pela naçã o, 52 e nã o somente pela naçã o,
mas també m para reunir em um os ilhos de Deus que estã o
espalhados no exterior. 53 Assim, daquele dia em diante, deliberaram
que o matariam. 54 Jesus, pois, nã o andava mais abertamente entre os
judeus, mas partiu dali para uma regiã o pró xima ao deserto, para uma
cidade chamada Efraim. Ele icou lá com seus discı́pulos.
55 Estava pró xima a Pá scoa dos judeus. Muitos subiam do campo a

Jerusalé m antes da Pá scoa, para se puri icarem. 56 Entã o eles


procuraram por Jesus e falaram uns com os outros enquanto estavam
no templo: “O que você s acham que ele nã o vem para a festa?” 57 Ora, os
principais sacerdotes e os fariseus ordenaram que, se algué m soubesse
onde ele estava, o denunciasse, para que o prendessem.
Mateus 21
1 Quando se aproximaram de Jerusalé m e chegaram a Betsphage, ao

monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discı́pulos, 2 dizendo-lhes: “Ide à


aldeia que está defronte de vó s, e logo encontrareis uma jumenta
amarrada e um potro com ela. Desamarre-os e traga-os para mim. 3 Se
algué m disser alguma coisa a você , você deve dizer: 'O Senhor precisa
deles', e imediatamente ele os enviará ”.
4 Tudo isso foi feito para que se cumprisse o que foi dito pelo

profeta, que disse:


5 “Diga à ilha de Siã o,

eis que o vosso Rei vem a vó s,


humilde e montado num jumento,
num jumentinho, cria de jumenta”.
6 Os discı́pulos foram e izeram como Jesus lhes ordenara, 7 e
trouxeram a jumenta e o jumentinho e deitaram sobre eles as suas
vestes; e sentou-se sobre eles. 8 Uma grande multidã o estendeu suas
roupas pelo caminho. Outros cortam galhos das á rvores e os espalham
pela estrada. 9 A multidã o que ia à frente dele e os que o seguiam
gritavam: “Hosana ao ilho de Davi! Bem-aventurado aquele que vem
em nome do Senhor! Hosana nas alturas!"
10 Quando ele entrou em Jerusalé m, toda a cidade se alvoroçou,

dizendo: “Quem é este?”


11 A multidã o dizia: “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galilé ia”.
12 Jesus entrou no templo de Deus e expulsou todos os que

vendiam e compravam no templo, e derrubou as mesas dos cambistas


e as cadeiras dos que vendiam as pombas. 13 Ele lhes disse: “Está
escrito: 'Minha casa será chamada casa de oraçã o', mas você s izeram
dela um covil de ladrõ es!”
14 Os coxos e os cegos foram ter com ele no templo, e ele os curou.
15 Mas quando os principais sacerdotes e os escribas viram as

maravilhas que ele fazia, e os meninos que clamavam no templo e


diziam: Hosana ao ilho de Davi! icaram indignados, 16 e lhe
perguntaram: “Ouves o que estes estã o dizendo?”
Jesus lhes disse: “Sim. Você nunca leu: 'Da boca de crianças e bebê s
que amamentam, você aperfeiçoou o louvor?' ”
17 Ele os deixou e saiu da cidade para Betâ nia, e acampou ali.

18 Pela manhã , voltando para a cidade, teve fome. 19 Vendo uma

igueira à beira do caminho, aproximou-se dela e nã o achou nela senã o


folhas. Ele lhe disse: “Que nã o haja fruto de você para sempre!”
Imediatamente a igueira secou.
20 Quando os discı́pulos viram isso,
icaram maravilhados,
dizendo: “Como a igueira secou imediatamente?”
21 Jesus lhes respondeu: “Em verdade vos digo que, se você s

tiverem fé e nã o duvidarem, nã o farã o apenas o que foi feito à igueira,
mas ainda que dissessem a este monte: ‘Seja levantado e lançado no o
mar', seria feito. 22 Todas as coisas, tudo o que pedirdes em oraçã o,
crendo, recebereis”.
23 Quando ele entrou no templo, os principais sacerdotes e os

anciã os do povo aproximaram-se dele, enquanto ele ensinava, e


perguntaram: “Com que autoridade fazes estas coisas? Quem lhe deu
essa autoridade?”
24 Jesus lhes respondeu: “També m eu lhes farei uma pergunta; se

você s me responderem, eu també m lhes direi com que autoridade faço


essas coisas. 25 O batismo de Joã o, de onde era? Do cé u ou dos
homens?”
Eles raciocinavam consigo mesmos, dizendo: “Se dissermos: 'Do
cé u', ele nos perguntará : 'Por que entã o você nã o acreditou nele?' 26
Mas, se dissermos: 'Dos homens', tememos a multidã o, porque todos
consideram Joã o como profeta”. 27 Eles responderam a Jesus e
disseram: “Nã o sabemos”.
Ele també m lhes disse: “Nem eu vos direi com que autoridade faço
estas coisas. 28 Mas o que você acha? Um homem tinha dois ilhos e foi
até o primeiro e disse: 'Filho, vá trabalhar hoje na minha vinha.' 29 Ele
respondeu: 'Nã o vou', mas depois mudou de ideia e foi. 30 Ele chegou
ao segundo e disse a mesma coisa. Ele respondeu: 'Vou, senhor', mas
nã o foi. 31 Qual dos dois fez a vontade de seu pai?”
Disseram-lhe: “O primeiro”.
Jesus lhes disse: “Em verdade vos digo que os publicanos e as
prostitutas estã o entrando no Reino de Deus antes de você s. 32 Pois
Joã o veio a você s no caminho da justiça, e você s nã o creram nele; mas
os cobradores de impostos e as prostitutas acreditaram nele. Quando
você viu, você nem se arrependeu depois, para que você pudesse
acreditar nele.
33 “Ouça outra pará bola. Havia um homem que era dono de uma

casa que plantou um vinhedo, colocou uma cerca ao redor, cavou um


lagar, construiu uma torre, arrendou-a para fazendeiros e foi para outro
paı́s. 34 Quando se aproximava a é poca dos frutos, ele enviou seus
servos aos lavradores para receber seus frutos. 35 Os fazendeiros
pegaram seus servos, espancaram um, mataram outro e apedrejaram
outro. 36 Novamente, ele enviou outros servos mais do que o primeiro;
e eles os tratavam da mesma maneira. 37 Mas depois ele lhes enviou
seu ilho, dizendo: 'Eles respeitarã o meu ilho.' 38 Mas os lavradores,
quando viram o ilho, disseram entre si: 'Este é o herdeiro. Venha,
vamos matá -lo e tomar sua herança. 39 Entã o eles o pegaram e o
lançaram para fora da vinha, entã o o mataram. 40 Quando, pois, vier o
senhor da vinha, que fará à queles lavradores?”
41 Eles lhe disseram: “Ele destruirá
miseravelmente aqueles
homens miserá veis e arrendará a vinha a outros lavradores que lhe
darã o o fruto na estaçã o certa”.
42 Jesus lhes disse: “Você s nunca leram nas Escrituras,

'A pedra que os construtores rejeitaram


foi feita a cabeça do canto.
Isso veio do Senhor.
E maravilhoso aos nossos olhos'?
43 “Por isso vos digo que o Reino de Deus vos serátirado e será
dado a uma naçã o que produza os seus frutos. 44 Quem cair sobre esta
pedra será despedaçado, mas sobre quem ela cair será espalhado como
pó ”.
45 Quando os principais sacerdotes e os fariseus ouviram suas

pará bolas, perceberam que ele falava delas. 46 Quando procuravam


prendê -lo, temiam as multidõ es, porque o consideravam profeta.
Marco 14
1 Faltavam agora dois dias para a festa da pá scoa e dos pã es á zimos,

e os principais sacerdotes e os escribas procuravam como prendê -lo


com engano e matá -lo. 2 Pois eles diziam: “Nã o durante a festa, porque
pode haver um tumulto entre o povo”.
3 Estando ele em Betâ nia, em casa de Simã o, o leproso, estando ele

sentado à mesa, veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro com


unguento de nardo puro, muito caro. Ela quebrou o pote e derramou na
cabeça dele. 4 Mas alguns icaram indignados entre si, dizendo: “Por
que este unguento foi desperdiçado? 5 Pois isso poderia ter sido
vendido por mais de trezentos dená rios e dado aos pobres”. Entã o eles
resmungaram contra ela.
6 Mas Jesus disse: “Deixe-a em paz. Por que você a incomoda? Ela
fez um bom trabalho para mim. 7 Pois sempre tens os pobres contigo e,
quando quiseres, podes fazer-lhes o bem; mas você nem sempre me
terá . 8 Ela tem feito o que pode. Ela ungiu meu corpo de antemã o para o
enterro. 9 Certamente vos digo, onde quer que esta Boa Nova seja
pregada em todo o mundo, o que esta mulher fez també m será falado
para sua memó ria”.
10 Judas Iscariotes, que era um dos doze, foi ter com os principais

sacerdotes para o entregar. 11 Eles, ao ouvirem isso, se alegraram e


prometeram dar-lhe dinheiro. Ele procurou como ele poderia
convenientemente entregá -lo.
12 No primeiro dia dos pã es á zimos, quando sacri
icaram a Pá scoa,
seus discı́pulos lhe perguntaram: “Onde queres que vamos preparar os
preparativos para comeres a Pá scoa?”
13 Ele enviou dois de seus discı́pulos e disse-lhes: “Ide à
cidade, e ali
vos encontrará um homem que traz um câ ntaro de á gua. Siga-o, 14 e
onde quer que ele entre, diga ao dono da casa: 'O Mestre diz: 'Onde está
o quarto de hó spedes, onde posso comer a Pá scoa com meus
discı́pulos?' ' 15 Ele mesmo lhe mostrará um grande cená culo mobiliado
e pronto. Prepare-se para nó s lá .”
16 Seus discı́pulos saı́ram, e entraram na cidade, e acharam as

coisas como ele lhes havia dito, e prepararam a pá scoa.


17 Ao cair da tarde, ele veio com os doze. 18 Enquanto estavam

sentados comendo, Jesus disse: “Em verdade vos digo que um de vó s
me trairá , aquele que come comigo”.
19 Eles começaram a icar tristes e a perguntar-lhe um a um: “Nã o
sou eu?” E outro disse: “Certamente nã o eu?”
20 Ele lhes respondeu: “Eum dos doze, aquele que mergulha
comigo no prato. 21 Pois o Filho do Homem vai, como está escrito a
respeito dele, mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem é
traı́do! Seria melhor para aquele homem se ele nã o tivesse nascido.”
22 Enquanto comiam, Jesus tomou o pã o e, depois de abençoá -lo,

partiu-o, deu-lhes e disse: “Tomai, comei. Este é o meu corpo."


23 Ele tomou o cá lice e, tendo dado graças, deu-lhes. Todos beberam

dele. 24 Ele lhes disse: “Isto é o meu sangue da nova aliança, que é
derramado por muitos. 25 Certamente vos digo que nã o beberei mais
do fruto da videira, até aquele dia em que o beberei novamente no
Reino de Deus”. 26 Depois de cantarem um hino, saı́ram para o Monte
das Oliveiras.
27 Jesus lhes disse: “Todos você s tropeçarã o por minha causa esta

noite, pois está escrito: 'Ferirei o pastor, e as ovelhas serã o dispersas'.


28 No entanto, depois que eu for ressuscitado, irei adiante de você s

para a Galilé ia”.


29 Mas Pedro lhe disse: “Ainda que todos se escandalizem, eu nã o o

farei”.
30 Disse-lhe Jesus: Certamente te digo que hoje, esta noite, antes

que o galo cante duas vezes, trê s vezes me negará s.


31 Mas ele falava cada vez mais: “Se for preciso morrer contigo, nã o

te negarei”. Todos disseram a mesma coisa.


32 Chegaram a um lugar chamado Getsê mani. Ele disse aos seus

discı́pulos: “Sentem-se aqui, enquanto eu oro”. 33 Ele levou consigo


Pedro, Tiago e Joã o, e começou a icar muito perturbado e angustiado.
34 Ele lhes disse: “Minha alma está profundamente triste até a morte.

Fique aqui e assista.”


35 Adiantou-se um pouco, prostrou-se por terra e orou para que, se

fosse possı́vel, a hora passasse dele. 36 Ele disse: “Aba, Pai, todas as
coisas sã o possı́veis para você . Por favor, retire este copo de mim. No
entanto, nã o o que eu desejo, mas o que você deseja.”
37 Ele veio e os encontrou dormindo e disse a Pedro: “Simã o, você

está dormindo? Você nã o pode assistir uma hora? 38 Vigiai e orai, para
que nã o entreis em tentaçã o. O espı́rito, de fato, está disposto, mas a
carne é fraca”.
39 Novamente ele foi embora e orou, dizendo as mesmas palavras.
40 Voltou novamente e os encontrou dormindo, pois seus olhos estavam

muito pesados, e nã o sabiam o que lhe responder. 41 Ele veio pela
terceira vez e lhes disse: “Agora durmam e descansem. E o su iciente. A
hora chegou. Eis que o Filho do Homem é entregue nas mã os dos
pecadores. 42 Surgir! Vamos indo. Eis que está pró ximo aquele que me
trai”.
43 Imediatamente, enquanto ele ainda falava, veio Judas, um dos

doze, e com ele uma multidã o com espadas e paus, dos principais
sacerdotes, escribas e anciã os. 44 Aquele que o traiu deu-lhes um sinal,
dizendo: “Aquele que eu beijar, esse é ele. Agarre-o e leve-o em
segurança.” 45 Quando ele chegou, imediatamente se aproximou dele e
disse: “Rabi! Rabino!" e o beijou. 46 Impuseram-lhe as mã os e o
prenderam. 47 Mas um dos que ali estavam desembainhou a espada,
feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha.
48 Jesus lhes respondeu: “Você s saı́ram, como um ladrã o, com

espadas e paus para me prender? 49 Eu estava diariamente com você no


templo ensinando, e você nã o me prendeu. Mas isto é para que se
cumpram as Escrituras.”
50 Todos o deixaram e fugiram. 51 Seguia-o um certo jovem, com um

pano de linho sobre seu corpo nu. Os jovens o agarraram, 52 mas ele
deixou o pano de linho e fugiu deles nu. 53 Levaram Jesus ao sumo
sacerdote. Todos os principais sacerdotes, os anciã os e os escribas se
reuniram com ele.
54 Pedro o seguira de longe, até que chegou ao pá tio do sumo
sacerdote. Ele estava sentado com os o iciais e se aquecendo à luz do
fogo. 55 Ora, os principais sacerdotes e todo o concı́lio buscaram
testemunhas contra Jesus para matá -lo, mas nã o as acharam. 56 Pois
muitos deram falso testemunho contra ele, e seus testemunhos nã o
concordavam entre si. 57 Alguns se levantaram e deram falso
testemunho contra ele, dizendo: 58 “Nó s o ouvimos dizer: 'Destruirei
este templo feito por mã os humanas, e em trê s dias construirei outro
feito sem mã os'. ” 59 Mesmo assim, seus depoimentos nã o
concordavam.
60 O sumo sacerdote levantou-se no meio e perguntou a Jesus:

“Você nã o tem resposta? O que é que estes testemunham contra ti?” 61
Mas ele icou quieto e nada respondeu. Novamente o sumo sacerdote
lhe perguntou: “Você é o Cristo, o Filho do Bem-aventurado?”
62 Jesus disse: “Eu sou. Você
verá o Filho do Homem sentado à
direita do Poder, e vindo com as nuvens do cé u”.
63 O sumo sacerdote rasgou as suas vestes e disse: “Que mais

precisamos de testemunhas? 64 Você ouviu a blasfê mia! O que você


acha?" Todos o condenaram a ser digno de morte. 65 Alguns começaram
a cuspir nele, a cobrir-lhe o rosto, a espancá -lo com os punhos e a
dizer-lhe: “Profetiza!” Os o iciais o golpearam com as palmas das mã os.
66 Estando Pedro no pá tio lá
embaixo, chegou uma das servas do
sumo sacerdote, 67 e vendo Pedro se aquecendo, olhou para ele e disse:
“Você també m estava com o nazareno, Jesus!”
68 Mas ele negou, dizendo: “Eu nã o sei nem entendo o que você

está dizendo”. Ele saiu na varanda, e o galo cantou.


69 A criada o viu e recomeçou a dizer aos que ali estavam: “Este é

um deles”. 70 Mas ele novamente o negou. Pouco depois, os que estavam


ao lado disseram a Pedro: “Você realmente é um deles, pois você é
galileu, e sua fala mostra isso”. 71 Mas ele começou a amaldiçoar e a
jurar: “Nã o conheço este homem de quem você fala!” 72 O galo cantou
pela segunda vez. Pedro lembrou-se da palavra, como Jesus lhe disse:
“Antes que o galo cante duas vezes, você me negará trê s vezes”. Quando
ele pensou nisso, ele chorou.
João 13
1 Ora, antes da festa da pá scoa, sabendo Jesus que chegara a sua

hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que
estavam no mundo, amou-os até ao im. 2 Durante a ceia, tendo o diabo
posto já no coraçã o de Judas Iscariotes, ilho de Simã o, que o traı́sse, 3
Jesus, sabendo que o Pai lhe entregara todas as coisas nas mã os, e que
vinha de Deus e ia para Deus , 4 levantou-se da ceia e pô s de lado as
suas vestes. Ele pegou uma toalha e a enrolou na cintura. 5 Depois
despejou á gua na bacia e começou a lavar os pé s dos discı́pulos e a
enxugá -los com a toalha que o envolvia. 6 Entã o ele foi ter com Simã o
Pedro. Ele lhe disse: “Senhor, lavas os meus pé s?”
7 Respondeu-lhe Jesus: “Você nã o sabe o que estou fazendo agora,
mas depois entenderá ”.
8Pedro lhe disse: “Você nunca lavará meus pé s!”
Jesus lhe respondeu: “Se eu nã o te lavar, você nã o tem parte
comigo”.
9 Disse-lhe Simã o Pedro: “Senhor, nã o só os meus pé s, mas també m
as minhas mã os e a minha cabeça!”
10 Disse-lhe Jesus: “Aquele que tomou banho só precisa lavar os pé s,
mas está completamente limpo. Você s estã o limpos, mas nã o todos
você s.” 11 Pois ele conhecia aquele que o trairia, por isso disse: Nem
todos você s estã o limpos. 12 Entã o, depois de lavar os pé s deles, vestir a
roupa de fora e sentar-se novamente, disse-lhes: “Sabeis o que vos iz?
13 Você me chama de 'Mestre' e 'Senhor'. Você diz isso corretamente,

pois eu sou assim. 14 Se eu, o Senhor e Mestre, lavei os pé s de você s,


você s també m devem lavar os pé s uns dos outros. 15 Pois eu te dei um
exemplo, para que você també m faça como eu iz com você . 16
Certamente vos digo que o servo nã o é maior do que o seu senhor, nem
o enviado maior do que aquele que o enviou. 17 Se você sabe essas
coisas, bem-aventurado você é se as izer. 18 Eu nã o falo sobre todos
você s. Eu sei quem eu escolhi. Mas para que se cumpra a Escritura:
'Aquele que come pã o comigo levantou contra mim o calcanhar'. 19 De
agora em diante, eu lhe digo antes que aconteça, que quando acontecer,
você pode acreditar que eu sou ele. 20 Certamente vos digo que quem
recebe a quem eu envio, a mim me recebe; e quem me recebe, recebe
aquele que me enviou”.
21 Tendo dito isso, Jesus
icou perturbado de espı́rito e testi icou:
“Em verdade vos digo que um de vó s me trairá ”.
22 Os discı́pulos se entreolharam, perplexos sobre quem ele falava.
23 Um de seus discı́pulos, a quem Jesus amava, estava à mesa,
encostado no peito de Jesus. 24 Simã o Pedro, pois, fez-lhe sinal e disse-
lhe: “Dize-nos de quem ele fala”.
25 Ele, inclinando-se para trá s, como estava, no peito de Jesus,

perguntou-lhe: “Senhor, quem é ?”


26 Jesus, entã o, respondeu: “Eaquele a quem eu der este pedaço de
pã o molhado”. Depois de molhar o pedaço de pã o, deu-o a Judas, ilho
de Simã o Iscariotes. 27 Depois do pedaço de pã o, entã o Sataná s entrou
nele.
Entã o Jesus lhe disse: “O que você izer, faça rapidamente”.
28 Agora ningué m na mesa sabia por que ele disse isso a ele. 29

Alguns pensaram, porque Judas tinha a caixa de dinheiro, que Jesus lhe
disse: “Compra o que precisamos para a festa”, ou que ele deveria dar
algo aos pobres. 30 Portanto, tendo recebido aquele bocado, saiu
imediatamente. Era noite.
31 Quando ele saiu, Jesus disse: “Agora o Filho do homem foi

glori icado, e Deus foi glori icado nele. 32 Se Deus foi glori icado nele,
Deus també m o glori icará em si mesmo, e ele o glori icará
imediatamente. 33 Filhinhos, estarei com você s mais um pouco. Você s
me procurarã o, e como eu disse aos judeus: 'Para onde eu vou, você s
nã o podem ir', entã o agora eu lhes digo. 34 Um novo mandamento vos
dou, que vos ameis uns aos outros. Assim como eu os amei, você s
també m se amam. 35 Nisto todos saberã o que sois meus discı́pulos, se
vos amardes uns aos outros”.
36 Disse-lhe Simã o Pedro: “Senhor, para onde vais?”
Jesus respondeu: “Para onde eu vou, você nã o pode seguir agora,
mas você seguirá depois”.
37 Pedro lhe disse: “Senhor, por que nã o posso te seguir agora? Eu

darei minha vida por você .”


38 Jesus respondeu-lhe: “Dá a tua vida por mim? Certamente eu lhe
digo, o galo nã o cantará até que você me tenha negado trê s vezes.
Colossenses 2
1 Pois desejo que saibas o quanto luto por ti, e pelos de Laodicé ia, e

por todos os que nã o viram o meu rosto em carne e osso; 2 para que os
seus coraçõ es sejam consolados, e estejam unidos em amor, e alcancem
todas as riquezas da plena certeza de entendimento, para que
conheçam o misté rio de Deus, tanto do Pai como de Cristo, 3 em quem
todos os tesouros de sabedoria e conhecimento estã o ocultos. 4 Agora
digo isto para que ningué m vos iluda com palavras persuasivas. 5 Pois,
embora eu esteja ausente na carne, estou convosco no espı́rito,
regozijando-me e vendo a vossa ordem e a irmeza da vossa fé em
Cristo.
6 Assim como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, andai nele, 7

arraigados e edi icados nele, e con irmados na fé , como fostes


ensinados, abundando nela em açã o de graças.
8 Cuidai para que ningué m vos roube com a sua iloso ia e vã s
sutilezas, segundo a tradiçã o dos homens, segundo os rudimentos do
mundo, e nã o segundo Cristo. 9 Pois nele habita corporalmente toda a
plenitude da Divindade, 10 e nele sois realizados, que é a cabeça de todo
principado e potestade. 11 Nele també m fostes circuncidados com
circuncisã o nã o feita por mã os, no despojamento do corpo dos pecados
da carne, na circuncisã o de Cristo, 12 tendo sido sepultados com ele no
batismo, no qual també m fostes ressuscitados com ele pela fé na obra
de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. 13 Você s estavam mortos
por causa dos seus delitos e da incircuncisã o da sua carne. Ele vos deu
vida juntamente com ele, perdoando-nos todas as nossas ofensas, 14
apagando o escrito de mã o em juı́zo que era contra nó s. Ele o tirou do
caminho, pregando-o na cruz. 15 Tendo despojado os principados e
potestades, ele os expô s publicamente, triunfando deles nele.
16 Portanto, ningué m vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por

causa de um dia de festa, ou de lua nova, ou de sá bado, 17 que sã o


sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo. 18 Ningué m
roube o seu prê mio com humilhaçã o pró pria e adoraçã o aos anjos,
habitando em coisas que nã o viu, inchado em vã o na sua mente carnal,
19 e nã o se apegando ao Cabeça, de quem todos os o corpo, suprido e

ligado pelas juntas e ligamentos, cresce com o crescimento de Deus.


20 Se você s morreram com Cristo dos elementos do mundo, por que,

como se vivessem no mundo, você s se sujeitam à s ordenanças, 21 “Nã o


manuseie, nem prove, nem toque” 22 (todos os quais perecem com o
uso ), segundo os preceitos e doutrinas dos homens? 23 Essas coisas
realmente parecem sabedoria na adoraçã o autoimposta, humildade e
severidade ao corpo; mas nã o tê m nenhum valor contra a indulgê ncia
da carne.
Atos 8
1 Saul consentiu em sua morte. Uma grande perseguiçã o se

levantou contra a assemblé ia que estava em Jerusalé m naquele dia.


Todos eles foram espalhados pelas regiõ es da Judé ia e Samaria, exceto
os apó stolos. 2 Homens devotos enterraram Estê vã o e lamentaram
muito por ele. 3 Mas Saul devastou a assemblé ia, entrando em todas as
casas e arrastando homens e mulheres para a prisã o. 4 Portanto, os que
estavam dispersos andavam por aı́ pregando a palavra. 5 Filipe desceu à
cidade de Samaria e lhes anunciou o Cristo. 6 As multidõ es ouviram
unâ nimes as coisas que Filipe disse, quando ouviram e viram os sinais
que ele fazia. 7 Pois espı́ritos imundos saı́am de muitos dos que os
possuı́am. Eles saı́ram, chorando em alta voz. Muitos paralı́ticos e
coxos foram curados. 8 Houve grande alegria naquela cidade.
9 Mas havia um certo homem, de nome Simã o, que praticava

feitiçaria na cidade e espantou o povo de Samaria, fazendo-se passar


por grande, 10 a quem todos davam ouvidos, desde o menor até o maior,
dizendo: “Este homem é o grande poder de Deus”. 11 Eles o ouviram,
porque por muito tempo ele os havia surpreendido com suas
feitiçarias. 12 Mas, quando creram na pregaçã o de Filipe sobre o Reino
de Deus e o nome de Jesus Cristo, foram batizados, tanto homens como
mulheres. 13 O pró prio Simã o també m acreditou. Sendo batizado, ele
continuou com Filipe. Vendo sinais e grandes milagres ocorrendo, ele
icou maravilhado.
14 Quando os apó stolos que estavam em Jerusalé m ouviram que

Samaria havia recebido a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e Joã o,


15 os quais, tendo descido, oraram por eles, para que recebessem o

Espı́rito Santo; 16 porque ainda nã o havia caı́do sobre nenhum deles.
Eles só haviam sido batizados em nome de Cristo Jesus. 17 Entã o
impuseram as mã os sobre eles, e eles receberam o Espı́rito Santo. 18
Vendo Simã o que o Espı́rito Santo era dado pela imposiçã o das mã os
dos apó stolos, ofereceu-lhes dinheiro, 19 dizendo: Dá -me també m este
poder, para que todo aquele a quem eu impuser as mã os receba o
Espı́rito Santo. 20 Mas Pedro lhe disse: “Que a sua prata pereça com
você , porque você pensou que poderia obter o dom de Deus com
dinheiro! 21 Você nã o tem parte nem sorte neste assunto, pois seu
coraçã o nã o está bem diante de Deus. 22 Arrepende-te, pois, desta tua
maldade, e pergunta a Deus se talvez te seja perdoado o pensamento do
teu coraçã o. 23 Pois vejo que você está no veneno da amargura e na
escravidã o da iniqü idade”.
24 Simã o respondeu: “Roga por mim ao Senhor, para que nenhuma

das coisas que você falou aconteça comigo”.


25 Eles, pois, depois de terem testemunhado e falado a palavra do

Senhor, voltaram para Jerusalé m e pregaram a Boa Nova a muitas


aldeias dos samaritanos. 26 Mas um anjo do Senhor falou a Filipe,
dizendo: “Levanta-te e vai para o sul, pelo caminho que desce de
Jerusalé m a Gaza. Isto é um deserto.”
27 Ele se levantou e foi; e eis que havia um homem etı́ope, eunuco

de grande autoridade sob Candace, rainha dos etı́opes, que era sobre
todos os seus tesouros, que tinha vindo a Jerusalé m para adorar. 28 Ele
estava voltando e sentado em sua carruagem, e estava lendo o profeta
Isaı́as.
29 O Espı́rito disse a Filipe: “Aproxima-te e junta-te a este carro”.

30 Filipe correu para ele e o ouviu ler o profeta Isaı́as e disse: “Você

entende o que está lendo?”


31 Ele disse: “Como posso, a menos que algué m me explique?” Ele

implorou a Philip que subisse e se sentasse com ele. 32 Ora, a passagem


da Escritura que ele estava lendo era esta:
“Ele foi conduzido como uma ovelha ao matadouro.
Como um cordeiro diante de seu tosquiador está em silê ncio,
para que ele nã o abra a boca.
33 Em sua humilhaçã o, seu julgamento foi retirado.

Quem declarará Sua geraçã o?


Pois sua vida foi tirada da terra”.
34 O eunuco respondeu a Filipe: “De quem o profeta está falando?
Sobre si mesmo ou sobre outra pessoa?
35 Filipe abriu a boca e, começando por esta Escritura, pregou-lhe

a respeito de Jesus. 36 No caminho, chegaram a uma á gua, e o eunuco


disse: “Eis aqui á gua. O que está me impedindo de ser batizado?”
37 38 Mandou parar o carro, e desceram ambos à á gua, tanto Filipe
como o eunuco, e ele o batizou.
39 Quando eles saı́ram da á gua, o Espı́rito do Senhor arrebatou

Filipe, e o eunuco nã o o viu mais, pois ele seguiu seu caminho
regozijando-se. 40 Mas Filipe foi achado em Azoto. De passagem, pregou
a Boa Nova a todas as cidades, até chegar a Cesaré ia.
Cantares de Salomão 4
Amante
1 Eis que você é linda, meu amor.
Eis que você é linda.
Seus olhos sã o como pombas atrá s de seu vé u.
Teu cabelo é como um rebanho de cabras,
que descem do monte Gileade.
2 Seus dentes sã o como um rebanho recé m tosquiado,

que subiram da lavagem,


onde cada um deles tem gê meos.
Nenhum está enlutado entre eles.
3 Os teus lá bios sã o como io escarlate.

Sua boca é adorá vel.


Suas tê mporas sã o como um pedaço de romã atrá s de seu vé u.
4 O teu pescoço é como a torre de Davi construı́da para armaria,

em que pendem mil escudos,


todos os escudos dos valentes.
5 Seus dois seios sã o como dois ilhotes

que sã o gê meos de uma ova,


que se alimentam entre os lı́rios.

6 Atéque o dia esfrie, e as sombras fujam,


Irei ao monte da mirra,
para a colina de incenso.

7 Você s sã o todos lindos, meu amor.

Nã o há lugar em você .


8 Venha comigo do Lı́bano, minha noiva,

comigo do Lı́bano.
Olhe do alto de Amana,
do alto do Senir e do Hermon,
das covas dos leõ es,
das montanhas dos leopardos.
9 Vocêarrebatou meu coraçã o, minha irmã , minha noiva.
Você arrebatou meu coraçã o com um de seus olhos,
com uma corrente de seu pescoço.
10 Como é belo o teu amor, minha irmã , minha noiva!

Quanto melhor é o seu amor do que o vinho,


a fragrâ ncia dos teus perfumes do que todos os tipos de
especiarias!
11 Seus lá bios, minha noiva, gotejam como o favo de mel.

Mel e leite estã o debaixo da sua lı́ngua.


O cheiro das tuas vestes é como o cheiro do Lı́bano.
12 Minha irmã , minha noiva, é um jardim fechado;

uma mola fechada,


uma fonte selada.
13 Os teus rebentos sã o um pomar de romã s, com frutos preciosos,

henna com plantas de nardo,


14 nardo e açafrã o,

cá lamo e canela, com todo tipo de á rvore de incenso;


mirra e aloé s, com as melhores especiarias,
15 uma fonte de jardins,

um poço de á guas vivas,


rios que luem do Lı́bano.
Amado
16 Acorde, vento norte, e venha, você sul!

Sopra no meu jardim, para que as suas especiarias se espalhem.


Deixe meu amado entrar em seu jardim,
e provar seus frutos preciosos.
Eclesiastes 7
1 Um bom nome é melhor do que um bom perfume; e o dia da morte
melhor do que o dia do nascimento. 2 E melhor ir à casa onde há luto do
que ir à casa onde há banquete; pois esse é o im de todos os homens, e
os vivos devem levar isso a sé rio. 3 A tristeza é melhor do que o riso;
pois pela tristeza do rosto o coraçã o se torna bom. 4 O coraçã o do sá bio
está na casa do luto; mas o coraçã o dos tolos está na casa da alegria. 5 E
melhor ouvir a repreensã o dos sá bios do que um homem ouvir o canto
dos tolos. 6 Pois como o crepitar dos espinhos debaixo da panela, assim
é o riso do insensato. Isso també m é vaidade. 7 Certamente a extorsã o
torna o sá bio insensato; e o suborno destró i o entendimento. 8 Melhor
é o im de uma coisa do que o seu começo.
O paciente de espı́rito é melhor do que o orgulhoso de espı́rito. 9
Nã o se apresse em seu espı́rito para se irar, pois a ira repousa no seio
dos tolos. 10 Nã o diga: “Por que os dias anteriores foram melhores do
que estes?” Pois você nã o pergunta sabiamente sobre isso.
11 A sabedoria vale tanto quanto uma herança. Sim, é mais
excelente para quem vê o sol. 12 Pois a sabedoria é uma defesa, assim
como o dinheiro é uma defesa; mas a excelê ncia do conhecimento é
que a sabedoria preserva a vida de quem a possui.
13 Considere a obra de Deus, pois quem pode endireitar o que ele

fez torto? 14 No dia da prosperidade, exultai, e no dia da adversidade


considerai; sim, Deus fez um lado a lado com o outro, a im de que o
homem nã o descubra nada depois dele.
15 Tudo isto tenho visto nos meus dias de vaidade: há um justo que
perece na sua justiça, e há um ı́mpio que vive muito tempo na sua
maldade. 16 Nã o seja justo demais, nem se faça sá bio demais. Por que
você deveria se destruir? 17 Nã o seja tã o mau, nem tolo. Por que você
deveria morrer antes do seu tempo? 18 E bom que você se apodere
disso. Sim, també m nã o retire sua mã o disso; porque aquele que teme
a Deus sairá de todos eles. 19 A sabedoria é uma força para o sá bio mais
do que dez governantes que estã o em uma cidade. 20 Certamente nã o
há homem justo na terra que faça o bem e nã o peque. 21 També m nã o
preste atençã o a todas as palavras que sã o ditas, para que você nã o
ouça o seu servo amaldiçoar você ; 22 porque muitas vezes o seu pró prio
coraçã o sabe que você també m amaldiçoou os outros. 23 Tudo isso eu
provei com sabedoria. Eu disse: “Serei sá bio”; mas estava longe de
mim. 24 Aquilo que é , está longe e extremamente profundo. Quem pode
descobrir? 25 Voltei-me, e meu coraçã o procurou saber e investigar, e
buscar a sabedoria e o plano das coisas, e saber que a maldade é
estupidez, e que a loucura é loucura.
26 Acho mais amarga do que a morte a mulher cujo coraçã o é laço e
armadilha, cujas mã os sã o correntes. Quem agradar a Deus escapará
dela; mas o pecador será enlaçado por ela.
27 “Eis que encontrei isto”, diz o Pregador, “um para o outro, para

descobrir o esquema 28 que minha alma ainda procura, mas nã o


encontrei. Encontrei um homem entre mil, mas nã o encontrei uma
mulher entre todos eles. 29 Eis que só encontrei isto: que Deus fez o
homem reto; mas eles procuram muitos esquemas.”
Salmos 7
Uma meditação de David, que ele cantou a Yahweh, sobre as
palavras de Cush, o benjamita.
1 Javé , meu Deus, em ti me refugio.

Salva-me de todos os que me perseguem, e livra-me,


2 para que nã o dilacerem a minha alma como um leã o,

rasgando-o em pedaços, enquanto nã o há ningué m para entregar.


3 Javé , meu Deus, se iz isso,

se houver iniqü idade em minhas mã os,


4 se paguei o mal à quele que tinha paz comigo

(sim, eu libertei aquele que sem causa era meu adversá rio),
5 persiga o inimigo a minha alma e a alcance;

sim, deixe-o pisar minha vida na terra,


e deito minha gló ria no pó .
Selá .
6 Levanta-te, Senhor, na tua ira.

Levante-se contra a ira dos meus adversá rios.


Acorde para mim. Você ordenou o julgamento.
7 Deixe a congregaçã o dos povos cercar você .

Domine sobre eles no alto.


8 Javé julga os povos.

Julga-me, Senhor, segundo a minha justiça,


e à minha integridade que está em mim.
9 Acabe a maldade dos ı́mpios,

mas estabelece os justos;


suas mentes e coraçõ es sã o examinados pelo Deus justo.
10 Meu escudo está com Deus,

que salva os retos de coraçã o.


11 Deus é um juiz justo,

sim, um Deus que se indigna todos os dias.


12 Se um homem nã o se arrepender, a iará sua espada;

ele dobrou e en iou seu arco.


13 Ele també m preparou para si os instrumentos de morte.
Ele prepara suas lechas lamejantes.
14 Eis que ele está de parto com iniqü idade.

Sim, ele concebeu o mal,


e trouxe a falsidade.
15 Ele cavou um buraco,

e caiu na cova que fez.


16 O problema que ele causar voltará à sua pró pria cabeça.

Sua violê ncia descerá sobre a coroa de sua pró pria cabeça.
17 Darei graças ao Senhor segundo a sua justiça,

e cantarã o louvores ao nome do Senhor Altı́ssimo.


Daniel 9
1 No primeiro ano de Dario, ilho de Assuero, da descendê ncia dos
medos, que se tornou rei sobre o reino dos caldeus, 2 no primeiro ano
do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros o nú mero dos anos
sobre os quais a palavra do Senhor veio a Jeremias, o profeta, para a
realizaçã o das desolaçõ es de Jerusalé m, até setenta anos. 3 Voltei o meu
rosto para o Senhor Deus, para buscá -lo com oraçã o e sú plicas, com
jejum, pano de saco e cinza.
4 Orei ao Senhor meu Deus, confessei e disse:

“O Senhor, Deus grande e terrı́vel, que guardas a aliança e a


benignidade para com os que o amam e guardam os seus
mandamentos, 5 pecamos, procedemos com perversidade,
procedemos com impiedade e nos rebelamos, desviando-nos teus
preceitos e de tuas ordenanças. 6 Nã o ouvimos os teus servos, os
profetas, que falaram em teu nome aos nossos reis, nossos
prı́ncipes e nossos pais, e a todo o povo da terra.
7 “Senhor, a ti pertence a justiça, mas a nó s a confusã o de rosto,

como é hoje; aos homens de Judá , e aos moradores de Jerusalé m, e


a todo o Israel, que estã o perto e que estã o longe, por todas as
terras para onde os expulsaste, por causa da transgressã o com
que transgrediram contra ti. 8 Senhor, a nó s pertence a confusã o
de rosto, aos nossos reis, aos nossos prı́ncipes e aos nossos pais,
porque pecamos contra ti. 9 Ao Senhor nosso Deus pertencem as
misericó rdias e o perdã o; porque nos rebelamos contra ele. 10 Nã o
obedecemos à voz do Senhor nosso Deus, para andarmos nas suas
leis, que ele nos apresentou por meio de seus servos, os profetas.
11 Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se para nã o

obedecer à tua voz.


“Por isso a maldiçã o e o juramento escritos na lei de Moisé s,
servo de Deus, foi derramado sobre nó s; porque pecamos contra
ele. 12 Ele con irmou as suas palavras, que falou contra nó s e
contra os nossos juı́zes que nos julgavam, trazendo sobre nó s um
grande mal; porque debaixo de todo o cé u nã o se fez tal como se
fez a Jerusalé m. 13 Como está escrito na lei de Moisé s, todo este
mal nos sobreveio. No entanto, nã o suplicamos ao Senhor nosso
Deus, para que nos convertamos das nossas iniqü idades e
tenhamos discernimento na tua verdade. 14 Por isso o Senhor
guardou o mal, e o trouxe sobre nó s; porque o Senhor nosso Deus
é justo em todas as suas obras que faz, e nó s nã o obedecemos à
sua voz.
15 “Agora, Senhor nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra

do Egito com mã o poderosa, e te tornaste conhecido, como é hoje;


nó s pecamos. Nó s agimos perversamente. 16 Senhor, segundo toda
a tua justiça, faz com que a tua ira e o teu furor sejam desviados da
tua cidade de Jerusalé m, do teu santo monte; porque pelos nossos
pecados e pelas iniqü idades de nossos pais, Jerusalé m e o teu
povo se tornaram um opró brio para todos os que estã o ao nosso
redor.
17 “Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oraçã o do teu servo e as
suas petiçõ es, e faz resplandecer o teu rosto sobre o teu santuá rio
assolado, por amor do Senhor. 18 Meu Deus, vira o teu ouvido e
ouve. Abre os teus olhos e vê as nossas desolaçõ es e a cidade que é
chamada pelo teu nome; pois nã o apresentamos nossas petiçõ es
diante de ti por nossa justiça, mas por causa de tuas grandes
misericó rdias. 19 Senhor, ouve. Senhor, perdoa. Senhor, ouça e faça.
Nã o adie, por amor de si mesmo, meu Deus, porque sua cidade e
seu povo sã o chamados pelo seu nome”.

20 Enquanto eu falava, orava e confessava o meu pecado e o pecado

do meu povo Israel, e suplicava perante o Senhor meu Deus pelo santo
monte do meu Deus, 21 sim, enquanto eu orava, o homem Gabriel, que
eu tinha visto na visã o no princı́pio, sendo levado a voar rapidamente,
tocou-me por volta da hora da oferta da tarde. 22 Ele me instruiu e falou
comigo, e disse: “Daniel, eu vim agora para lhe dar sabedoria e
entendimento. 23 No inı́cio das vossas petiçõ es saiu o mandamento, e
eu vim para vos dizer; pois você é muito amado. Portanto, considere o
assunto e entenda a visã o.
24 “Setenta semanas estã o decretadas sobre o teu povo e sobre a

tua cidade santa, para acabar com a desobediê ncia, e para dar im aos
pecados, e para expiar a iniqü idade, e para trazer a justiça eterna, e
para selar a visã o e a profecia, e para ungir o santı́ssimo.
25 “Sabe, pois, e discerne que desde a saı́da do mandamento para

restaurar e edi icar Jerusalé m até ao Ungido, o prı́ncipe, serã o sete


semanas e sessenta e duas semanas. Será reconstruı́da, com rua e
fosso, mesmo em tempos conturbados. 26 Depois das sessenta e duas
semanas, o Ungido será decepado e nada terá . O povo do prı́ncipe que
vier destruirá a cidade e o santuá rio. Seu im será com um dilú vio, e a
guerra será até o im. As desolaçõ es sã o determinadas. 27 Ele fará uma
aliança irme com muitos por uma semana. No meio da semana fará
cessar o sacrifı́cio e a oferta. Na asa das abominaçõ es virá aquele que
faz desolaçã o; e até o im completo, e aquela determinada ira será
derramada sobre o desolado”.
Mateus 6
1 “Tenha cuidado para nã o fazer sua doaçã o de caridade diante dos

homens, para ser visto por eles, ou entã o você nã o terá recompensa de
seu Pai que está nos cé us. 2 Portanto, quando você izer obras de
misericó rdia, nã o toque a trombeta diante de si mesmo, como fazem os
hipó critas nas sinagogas e nas ruas, para que obtenham gló ria dos
homens. Certamente eu lhe digo, eles receberam sua recompensa. 3
Mas quando você izer obras de misericó rdia, nã o deixe sua mã o
esquerda saber o que sua mã o direita faz, 4 para que as tuas
misericó rdias iquem em segredo, entã o teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará publicamente.
5 “Quando orardes, nã o sereis como os hipó critas, porque gostam

de orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos
pelos homens. Certamente, eu lhe digo, eles receberam sua
recompensa. 6 Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e,
fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê
em secreto, te recompensará publicamente. 7 Ao orar, nã o use
repetiçõ es vã s como fazem os gentios; porque pensam que serã o
ouvidos pelo seu muito falar. 8 Portanto, nã o seja como eles, pois seu
Pai sabe das coisas que você precisa antes que você peça a ele. 9 Ore
assim:
“'Pai nosso que está s nos cé us, santi icado seja o teu nome.
10 Que venha o seu Reino.

Seja feita a sua vontade na terra como no cé u.


11 Dá -nos hoje o pã o nosso de cada dia.
12 Perdoa-nos as nossas dı́vidas,

como també m perdoamos aos nossos devedores.


13 Nã o nos deixes cair em tentaçã o,

mas livra-nos do maligno.


Pois teu é o Reino, o poder e a gló ria para sempre. Um homem.'
14 “Pois, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai

celestial també m vos perdoará . 15 Mas se você nã o perdoar as ofensas


dos homens, seu Pai també m nã o perdoará as suas ofensas.
16 “Alé m disso, quando você jejuar, nã o seja como os hipó critas, com
rostos tristes. Pois eles des iguram seus rostos para que os homens os
vejam jejuando. Certamente eu lhe digo, eles receberam sua
recompensa. 17 Mas você , quando jejua, unge a cabeça e lava o rosto, 18
para que você nã o seja visto pelos homens como jejuando, mas por seu
Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará .
19 “Nã o ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem

consomem, e onde os ladrõ es minam e roubam; 20 mas ajuntai


tesouros no cé u, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde
os ladrõ es nã o arrombam nem roubam; 21 pois onde estiver o teu
tesouro, aı́ estará també m o teu coraçã o.
22 “A lâ mpada do corpo é o olho. Se, portanto, seu olho for sã o, todo
o seu corpo estará cheio de luz. 23 Mas se o seu olho for mau, todo o seu
corpo icará cheio de trevas. Se, portanto, a luz que há em você sã o
trevas, quã o grandes sã o as trevas!
24 “Ningué m pode servir a dois senhores, pois ou odiará um e
amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Você nã o
pode servir a Deus e a Mamom. 25 Por isso vos digo, nã o andeis
ansiosos pela vossa vida: o que haveis de comer, ou o que haveis de
beber; nem ainda para o seu corpo, o que você vai vestir. A vida nã o é
mais do que comida, e o corpo mais do que roupa? 26 Vede as aves do
cé u, que nã o semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros. Seu Pai
celestial os alimenta. Você nã o tem muito mais valor do que eles?
27 “Qual de você s, por estar ansioso, pode acrescentar um momento

ao tempo de vida dele? 28 Por que você está preocupado com roupas?
Considere os lı́rios do campo, como eles crescem. Eles nã o trabalham,
nem iam, 29 contudo, digo-vos que nem mesmo Salomã o em toda a sua
gló ria se vestiu como um destes. 30 Mas se Deus assim veste a erva do
campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, nã o vestirá muito
mais você s, homens de pouca fé ?
31 “Portanto, nã o
ique ansioso, dizendo: 'O que vamos comer?', 'O
que vamos beber?' ou, 'De que seremos vestidos?' 32 Pois os gentios
buscam todas essas coisas; pois seu Pai celestial sabe que você precisa
de todas essas coisas. 33 Mas busque primeiro o Reino de Deus e sua
justiça; e todas estas coisas vos serã o dadas també m. 34 Portanto, nã o
ique ansioso pelo amanhã , pois o amanhã estará ansioso por si
mesmo. O pró prio mal de cada dia é su iciente.
Salmos 116
1 Amo o Senhor, porque ele ouve a minha voz,

e meus clamores por misericó rdia.


2 Porque ele voltou seus ouvidos para mim,

portanto, eu o invocarei enquanto eu viver.


3 As cordas da morte me cercaram,

as dores do Sheol tomaram conta de mim.


Encontrei problemas e tristezas.
4 Entã o invoquei o nome de Yahweh:

“Yahweh, eu te imploro, livra minha alma.”


5 O Senhor é misericordioso e justo.

Sim, nosso Deus é misericordioso.


6 Javé preserva os simples.

Eu fui derrubado, e ele me salvou.


7 Volte para o seu descanso, minha alma,

porque Yahweh tem feito bem para convosco.


8 Pois tu livraste a minha alma da morte,

meus olhos de lá grimas,


e meus pé s de cair.
9 Andarei diante do Senhor na terra dos viventes.
10 Acreditei, por isso disse:

“Fiquei muito a lito.”


11 Eu disse na minha pressa,

“Todas as pessoas sã o mentirosas.”


12 Que darei ao Senhor por todos os seus benefı́cios para comigo?
13 Tomarei o cá lice da salvaçã o e invocarei o nome do Senhor.
14 Pagarei meus votos ao Senhor,

sim, na presença de todo o seu povo.


15 Preciosa aos olhos de Javé é a morte dos seus santos.
16 Senhor, em verdade sou teu servo.

Eu sou seu servo, ilho de sua serva.


Você me libertou das minhas correntes.
17 Oferecer-te-ei sacrifı́cio de açã o de graças,

e invocará o nome de Yahweh.


18 Pagarei meus votos ao Senhor,

sim, na presença de todo o seu povo,


19 nos á trios da casa do Senhor,

no meio de ti, Jerusalé m.


Louvado seja Yah!
Provérbios 10
1 Os prové rbios de Salomã o.

Um ilho sá bio alegra um pai;


mas o ilho insensato a lige sua mã e.
2 Tesouros de maldade de nada aproveitam,

mas a justiça livra da morte.


3 Javé nã o permitirá que a alma do justo passe fome,

mas ele repele o desejo dos ı́mpios.


4 Empobrece o que trabalha com mã o preguiçosa,

mas a mã o do diligente traz riqueza.


5 Aquele que ajunta no verã o é ilho sá bio,

mas o que dorme na colheita é ilho que envergonha.


6 Bê nçã os estã o sobre a cabeça dos justos,

mas a violê ncia cobre a boca dos ı́mpios.


7 A memó ria dos justos é abençoada,

mas o nome dos ı́mpios apodrecerá .


8 Os sá bios de coraçã o aceitam os mandamentos,

mas um tolo tagarela cairá .


9 Quem anda irrepreensivelmente anda com segurança,

mas aquele que perverte os seus caminhos será descoberto.


10 Quem pisca os olhos causa tristeza,

mas um tolo tagarela cairá .


11 A boca do justo é fonte de vida,

mas a violê ncia cobre a boca dos ı́mpios.


12 O ó dio suscita contendas,

mas o amor cobre todos os erros.


13 A sabedoria se encontra nos lá bios de quem tem discernimento,

mas a vara é para as costas do falto de entendimento.


14 Os sá bios acumulam conhecimento,

mas a boca do tolo está perto da ruı́na.


15 A riqueza do rico é a sua cidade forte.

A destruiçã o dos pobres é a sua pobreza.


16 O trabalho do justo conduz à vida.
O aumento dos ı́mpios leva ao pecado.
17 No caminho da vida está aquele que atende à correçã o,

mas aquele que abandona a repreensã o desencaminha os outros.


18 Quem esconde o ó dio tem lá bios mentirosos.

Aquele que profere uma calú nia é um tolo.


19 Na multidã o de palavras nã o falta desobediê ncia,

mas o que refreia os lá bios age com sabedoria.


20 A lı́ngua do justo é como prata escolhida.

O coraçã o dos ı́mpios é de pouco valor.


21 Os lá bios do justo alimentam a muitos,

mas os tolos morrem por falta de entendimento.


22 A bê nçã o do Senhor traz riqueza,

e ele nã o acrescenta problemas a isso.


23 O prazer do tolo é praticar o mal,

mas a sabedoria é o prazer do entendimento.


24 O que os ı́mpios temem os alcançará ,

mas o desejo dos justos será atendido.


25 Passado o redemoinho, o ı́mpio já nã o existe;

mas os justos permanecem irmes para sempre.


26 Como vinagre para os dentes e como fumaça para os olhos,

assim é o preguiçoso para aqueles que o enviam.


27 O temor do Senhor prolonga os dias,

mas os anos dos ı́mpios serã o abreviados.


28 A perspectiva do justo é alegria,

mas a esperança dos ı́mpios perecerá .


29 O caminho do Senhor é uma fortaleza para os justos,

mas é uma destruiçã o para os que praticam a iniqü idade.


30 O justo nunca será removido,

mas os ı́mpios nã o habitarã o na terra.


31 A boca do justo produz sabedoria,

mas a lı́ngua perversa será cortada.


32 Os lá bios do justo sabem o que é aceitá vel,

mas a boca dos ı́mpios é perversa.


Jeremias 4
1 “Se você voltar, Israel”, diz o Senhor, “se você voltar para mim, e
se você tirar as suas abominaçõ es da minha vista; entã o você nã o será
removido; 2 e jurará s: Vive o Senhor, em verdade, em justiça e em
retidã o. As naçõ es se abençoarã o nele e se gloriarã o nele”.
3 Pois Yahweh diz aos homens de Judá e de Jerusalé m: “Abrai o
vosso pousio e nã o semeeis entre espinhos. 4 Circuncidai-vos ao
Senhor, e tirai os prepú cios do vosso coraçã o, homens de Judá e
moradores de Jerusalé m; para que a minha ira nã o se apague como
fogo, e queime, de modo que ningué m a apague, por causa da maldade
das tuas açõ es. 5 Declare em Judá e publique em Jerusalé m; e diga:
'Toque a trombeta na terra!' Gritem em voz alta e digam: 'Reú nam-se!
Vamos para as cidades forti icadas!' 6 Estabeleça um padrã o para Siã o.
Fuja por segurança! Nã o espere; pois trarei mal do norte e grande
destruiçã o”.
7 Um leã o subiu do seu mato, e um destruidor de naçõ es. Ele está a
caminho. Ele saiu do seu lugar, para assolar a tua terra, para que as tuas
cidades sejam assoladas, sem habitantes. 8 Para isso, veste-te de pano
de saco, lamenta e lamenta; porque o furor da ira do Senhor nã o se
afastou de nó s. 9 “Acontecerá naquele dia”, diz Javé , “que o coraçã o do
rei perecerá , junto com o coraçã o dos prı́ncipes. Os sacerdotes icarã o
maravilhados e os profetas se maravilharã o”.
10 Entã o eu disse: “Ah, Senhor Javé ! Certamente vocêenganou
muito este povo e Jerusalé m, dizendo: 'Você terá paz'; enquanto a
espada atinge o coraçã o.”
11 Naquele tempo se dirá a este povo e a Jerusalé m: “Um vento
quente das alturas nuas do deserto para a ilha do meu povo, nã o para
joeirar, nem para puri icar; 12 um vento cheio destes virá para mim.
Agora també m proferirei juı́zos contra eles”.
13 Eis que ele subirá
como nuvens, e seus carros serã o como o
redemoinho. Seus cavalos sã o mais velozes que as á guias. Ai de nó s!
Pois estamos arruinados. 14 Jerusalé m, lava o teu coraçã o da maldade,
para que sejas salva. Por quanto tempo seus maus pensamentos icarã o
dentro de você ? 15 Pois uma voz proclama de Dã , e anuncia o mal dos
montes de Efraim: 16 “Dize à s naçõ es, eis que proclamai contra
Jerusalé m: Vigias vê m de uma terra distante, e levantam a voz contra as
cidades de Judá . 17 Como guardas do campo, eles estã o contra ela ao
redor, porque ela se rebelou contra mim'”, diz o Senhor. 18 “Seu caminho
e suas açõ es trouxeram essas coisas para você . Esta é a sua maldade;
pois é amargo, pois chega ao seu coraçã o”.
19 Minha angú stia, minha angú stia! Estou com dor no meu coraçã o!

Meu coraçã o treme dentro de mim. Nã o posso me calar, porque você
ouviu, ó minha alma, o som da trombeta, o alarme da guerra. 20
Decreta-se destruiçã o sobre destruiçã o, pois toda a terra está assolada.
De repente, minhas tendas sã o destruı́das e minhas cortinas
desaparecem em um momento. 21 Até quando verei o estandarte e
ouvirei o som da trombeta?
22 “Pois o meu povo é tolo. Eles nã o me conhecem. Sã o crianças
tolas e nã o tê m entendimento. Eles sã o há beis em fazer o mal, mas nã o
sabem fazer o bem”. 23 Eu vi a terra, e eis que estava deserta e vazia, e
os cé us, e eles nã o tinham luz. 24 Eu vi os montes, e eis que eles
tremeram, e todos os montes se moveram para frente e para trá s. 25 Eu
vi, e eis que nã o havia homem algum, e todas as aves do cé u haviam
fugido. 26 Eu vi, e eis que o campo fé rtil era um deserto, e todas as suas
cidades foram derrubadas na presença do Senhor, diante do furor da
sua ira. 27 Pois o Senhor diz: “Toda a terra será uma desolaçã o; ainda
nã o vou fazer um inal completo. 28 Por isso a terra se lamentará , e os
cé us em cima icarã o negros, porque eu o disse. Eu planejei isso, e nã o
me arrependi, nem vou voltar atrá s”.
29 Todas as cidades fogem ao barulho dos cavaleiros e dos

arqueiros. Eles entram nas moitas e sobem nas rochas. Toda cidade
está abandonada, e nenhum homem habita nela. 30 Você , quando
estiver desolado, o que fará ? Ainda que você se vista de escarlate, ainda
que se enfeitar com ornamentos de ouro, ainda que você amplie seus
olhos com maquiagem, você se torna bela em vã o. Seus amantes
desprezam você . Eles procuram a sua vida. 31 Pois ouvi uma voz como
de uma mulher de parto, a angú stia de quem dá à luz seu primeiro ilho,
a voz da ilha de Siã o, que respira ofegante, que estende as mã os,
dizendo: “Ai eu, agora! Pois minha alma desfalece diante dos
assassinos.”
Mateus 13
1 Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. 2 Grandes
multidõ es se ajuntaram a ele, de modo que ele entrou num barco e
sentou-se; e toda a multidã o estava na praia. 3 Falou-lhes muitas coisas
por pará bolas, dizendo: “Eis que um lavrador saiu a semear. 4 Enquanto
ele semeava, algumas sementes caı́ram à beira da estrada, e os
pá ssaros vieram e as devoraram. 5 Outras caı́ram em terreno
pedregoso, onde nã o havia muita terra, e logo brotaram, porque nã o
tinham profundidade de terra. 6 Quando o sol nasceu, eles foram
queimados. Por nã o terem raiz, murcharam. 7 Outros caı́ram entre
espinhos. Os espinhos cresceram e os sufocaram. 8 Outras caı́ram em
boa terra e deram frutos: umas cem vezes mais, outras sessenta e
outras trinta. 9 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.
10 Os discı́pulos aproximaram-se e perguntaram-lhe: “Por que lhes

falas por pará bolas?”


11 Ele lhes respondeu: “A vó s é dado conhecer os misté rios do
Reino dos Cé us, mas a eles nã o é dado. 12 Pois a quem tem, se lhe dará , e
terá em abundâ ncia; mas a quem nã o tem, até o que tem lhe será tirado.
13 Por isso lhes falo por pará bolas, porque vendo, nã o vê em, e ouvindo,

nã o ouvem, nem entendem. 14 Neles se cumpre a profecia de Isaı́as, que


diz:
'Ouvindo você vai ouvir,
e de forma alguma entenderá ;
Vendo você vai ver,
e de modo algum perceberá ;
15 pois o coraçã o deste povo se tornou insensı́vel,

seus ouvidos estã o surdos de ouvir,


e eles fecharam os olhos;
ou talvez possam perceber com os olhos,
ouvir com os ouvidos,
entender com o coraçã o,
e viraria novamente,
e eu os curaria.'
16 “Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vê em; e os

vossos ouvidos, porque ouvem. 17 Pois certamente vos digo que muitos
profetas e justos desejaram ver as coisas que vedes e nã o as viram; e
ouvir as coisas que você ouve, e nã o as ouviu.
18 “Ouça, entã o, a pará bola do agricultor. 19 Quando algué m ouve a

palavra do Reino e nã o a entende, o maligno vem e arrebata o que foi


semeado em seu coraçã o. Isto é o que foi semeado à beira da estrada. 20
O que foi semeado nas rochas, este é aquele que ouve a palavra e logo a
recebe com alegria; 21 mas ele nã o tem raiz em si mesmo, mas
permanece por um tempo. Quando surge opressã o ou perseguiçã o por
causa da palavra, imediatamente ele tropeça. 22 O que foi semeado
entre os espinhos, este é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste
sé culo e o engano das riquezas sufocam a palavra, e ela se torna
infrutı́fera. 23 O que foi semeado em boa terra, este é aquele que ouve a
palavra e a entende, que certamente dá fruto e produz cem vezes mais,
sessenta e trinta”.
24 Propô s-lhes outra pará bola, dizendo: “O Reino dos Cé us é

semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo, 25


mas enquanto as pessoas dormiam, seu inimigo veio e semeou joio
també m no meio do trigo, e foi embora. 26 Mas quando a lâ mina brotou
e produziu grã os, entã o as ervas daninhas apareceram també m. 27 Os
servos do dono da casa vieram e lhe disseram: 'Senhor, você nã o
semeou boa semente em seu campo? De onde vieram essas ervas
daninhas?
28 “Ele lhes disse: 'Um inimigo fez isso.'

“Os servos lhe perguntaram: 'Você quer que nó s vamos recolhê -
los?'
29 “Mas ele disse: 'Nã o, para que, talvez, enquanto você
colhe o joio,
você arranca o trigo com ele. 30 Deixe que ambos cresçam juntos até a
colheita, e no tempo da colheita direi aos ceifeiros: “Primeiro, ajuntem
o joio e amarre-o em feixes para queimá -lo; mas ajunta o trigo no meu
celeiro”. '”
31 Propô s-lhes outra pará bola, dizendo: O Reino dos Cé us é

semelhante a um grã o de mostarda que um homem tomou e semeou


no seu campo, 32 que de fato é menor do que todas as sementes. Mas
quando cresce, é maior do que as ervas e torna-se uma á rvore, de modo
que as aves do cé u vê m e se alojam em seus galhos”.
33 Contou-lhes outra pará bola. “O Reino dos Cé us é
semelhante ao
fermento que uma mulher tomou e escondeu em trê s medidas de
farinha, até icar tudo levedado”.
34 Jesus falou todas essas coisas em pará bolas à s multidõ es; e sem

pará bola nã o lhes falava, 35 para que se cumprisse o que fora dito pelo
profeta, que dizia:
“Abrirei a minha boca em pará bolas;
Direi coisas ocultas desde a fundaçã o do mundo”.
36 Entã o Jesus despediu a multidã o e entrou na casa. Seus

discı́pulos aproximaram-se dele, dizendo: “Explica-nos a pará bola do


joio do campo”.
37 Ele lhes respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho
do Homem, 38 o campo é o mundo, as boas sementes sã o os ilhos do
Reino, e o joio sã o os ilhos do maligno. 39 O inimigo que os semeou é o
diabo. A colheita é o im dos tempos, e os ceifeiros sã o anjos. 40 Como,
portanto, o joio é recolhido e queimado com fogo; assim será no inal
desta era. 41 O Filho do Homem enviará os seus anjos, e eles ajuntarã o
do seu Reino todos os escâ ndalos e os que praticam a iniqü idade, 42 e
os lançará na fornalha de fogo. Haverá choro e ranger de dentes. 43
Entã o os justos brilharã o como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem
ouvidos para ouvir, ouça.
44 “Novamente, o Reino dos Cé us é
como um tesouro escondido no
campo, que um homem achou e escondeu. Na sua alegria, ele vai, vende
tudo o que tem e compra aquele campo.
45 “Novamente, o Reino dos Cé us é como um homem que é um
mercador em busca de pé rolas inas, 46 que, tendo encontrado uma
pé rola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou.
47 “Novamente, o Reino dos Cé us é como uma rede de arrasto que
foi lançada ao mar e apanhou peixes de toda espé cie, 48 que, quando
estava cheio, pescadores paravam na praia. Eles se sentaram e
juntaram os bons em recipientes, mas os ruins jogaram fora. 49 Assim
será no im do mundo. Os anjos virã o e separarã o os ı́mpios dos justos,
50 e os lançará na fornalha de fogo. Haverá choro e ranger de dentes”. 51

Jesus lhes disse: “Você s entenderam todas essas coisas?”


Eles lhe responderam: “Sim, Senhor”.
52 Ele lhes disse: “Portanto, todo escriba que se fez discı́pulo no

Reino dos cé us é como um homem que é chefe de famı́lia, que tira do
seu tesouro coisas novas e velhas”.
53 Quando Jesus terminou estas pará bolas, partiu dali. 54 Entrando

na sua terra, ensinou-os na sinagoga, de modo que icaram


maravilhados e perguntaram: “Onde este homem obteve esta
sabedoria e estas maravilhas? 55 Nã o é este o ilho do carpinteiro? Sua
mã e nã o se chama Maria, e seus irmã os Tiago, José , Simã o e Judas? 56
Nã o estã o todas as suas irmã s conosco? Onde entã o esse homem
conseguiu todas essas coisas?” 57 Eles foram ofendidos por ele.
Mas Jesus lhes disse: “Nã o há profeta sem honra, a nã o ser na sua
terra e na sua casa”. 58 Ele nã o fez muitos milagres ali por causa da
incredulidade deles.
Salmos 55
Para o Músico Chefe. Em instrumentos de cordas. Uma
contemplação de David.
1 Ouça a minha oraçã o, Deus.

Nã o se esconda da minha sú plica.


2 Atende-me e responde-me.

Estou inquieto em minha reclamaçã o,


e gemer 3 por causa da voz do inimigo,
por causa da opressã o dos ı́mpios.
Pois eles trazem sofrimento para mim.
Com raiva, eles guardam rancor contra mim.
4 Meu coraçã o está com muita dor dentro de mim.

Os terrores da morte caı́ram sobre mim.


5 Temor e tremor vieram sobre mim.

O horror tomou conta de mim.


6 Eu disse: “Ah, se eu tivesse asas como uma pomba!

Entã o eu voaria para longe e icaria em repouso.


7 Eis que eu vagaria para longe.

Eu me hospedaria no deserto.”
Selá .
8 “Eu me apressaria para um abrigo contra o vento tempestuoso e

a tempestade.”
9 Confunde-os, Senhor, e confunde a sua linguagem,

pois tenho visto violê ncia e contenda na cidade.


10 Dia e noite rondam os seus muros.

Malı́cia e abuso també m estã o dentro dela.


11 Forças destrutivas estã o dentro dela.

Ameaças e mentiras nã o saem de suas ruas.


12 Pois nã o foi um inimigo que me insultou,

entã o eu poderia ter aguentado.


Nem foi aquele que me odiava que se levantou contra mim,
entã o eu teria me escondido dele.
13 Mas foi você , um homem como eu,
meu companheiro e meu amigo familiar.
14 Nó s tivemos um doce companheirismo juntos.

Entramos na casa de Deus com companhia.


15 Que a morte venha repentinamente sobre eles.

Deixe-os descer vivos ao Sheol.


Pois a maldade está entre eles, em sua habitaçã o.
16 Quanto a mim, invocarei a Deus.

Javé me salvará .
17 A tarde, pela manhã e ao meio-dia, clamarei de angú stia.

Ele vai ouvir minha voz.


18 Ele remiu em paz a minha alma da batalha que havia contra

mim,
embora haja muitos que se opõ em a mim.
19 Deus, que está entronizado para sempre,

os ouvirá e responderá .
Selá .

Eles nunca mudam


e nã o tema a Deus.
20 Ele levanta as mã os contra seus amigos.

Ele violou sua aliança.


21 Sua boca era macia como manteiga,

mas seu coraçã o era a guerra.


Suas palavras eram mais suaves que ó leo,
no entanto, eram espadas desembainhadas.

22 Lança o teu fardo sobre o Senhor e ele te susterá .

Ele nunca permitirá que os justos sejam movidos.


23 Mas tu, Deus, os fará s descer ao poço da destruiçã o.

Homens sanguiná rios e enganadores nã o viverã o metade de seus


dias,
mas eu vou con iar em você .
João 14
1 “Nã o deixe que seu coraçã o seja perturbado. Acredite em Deus.

Acredite també m em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitas casas. Se


nã o fosse assim, eu teria dito a você . Vou preparar um lugar para você . 3
Se eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim; que
onde eu estiver, você s també m estejam. 4 Você sabe para onde eu vou e
você sabe o caminho.”
5 Tomé
disse-lhe: “Senhor, nã o sabemos para onde vais. Como
podemos saber o caminho?”
6 Disse-lhe Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ningué m

vem ao Pai, a nã o ser por mim. 7 Se você tivesse me conhecido, você
teria conhecido meu Pai també m. De agora em diante, você o conhece e
o viu”.
8 Disse-lhe Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”.

9 Disse-lhe Jesus: “Há tanto tempo que estou convosco e nã o me


conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como você diz: 'Mostre-nos o
Pai?' 10 Você nã o acredita que eu estou no Pai, e o Pai em mim? As
palavras que vos digo, nã o falo por mim mesmo; mas o Pai que vive em
mim faz as suas obras. 11 Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim;
ou entã o acredite em mim por causa das pró prias obras. 12 Com toda a
certeza vos digo que aquele que crê em mim, as obras que eu faço
també m as fará ; e ele fará obras maiores do que estas, porque eu vou
para meu Pai. 13 Tudo o que você s pedirem em meu nome, eu o farei,
para que o Pai seja glori icado no Filho. 14 Se você pedir alguma coisa
em meu nome, eu o farei. 15 Se você me ama, guarde meus
mandamentos. 16 Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Conselheiro,
para que esteja convosco para sempre: 17 o Espı́rito da verdade, que o
mundo nã o pode receber; pois nã o o vê e nã o o conhece. Você o
conhece, pois ele vive com você e estará em você . 18 Nã o os deixarei
ó rfã os. Eu virei para você . 19 Ainda um pouco, e o mundo nã o me verá
mais; mas você vai me ver. Porque eu vivo, você s també m viverã o. 20
Naquele dia sabereis que estou em meu Pai, e vó s em mim, e eu em vó s.
21 Aquele que tem meus mandamentos e os guarda, essa pessoa é

aquela que me ama. Quem me ama será amado por meu Pai, e eu o
amarei e me revelarei a ele”.
22 Judas (nã o Iscariotes) disse a ele: “Senhor, o que aconteceu para

você se revelar a nó s e nã o ao mundo?”


23 Jesus respondeu-lhe: “Se algué m me ama, guardará a minha
palavra. Meu Pai o amará , e viremos a ele e faremos nele morada. 24
Quem nã o me ama nã o guarda minhas palavras. A palavra que você
ouve nã o é minha, mas do Pai que me enviou. 25 Eu disse essas coisas
para você enquanto ainda morava com você . 26 Mas o Consolador, o
Espı́rito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as
coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. 27 A paz deixo
com você . Minha paz vos dou; nã o como o mundo dá , eu dou a você .
Nã o se turbe o seu coraçã o, nem se atemorize. 28 Você ouviu como eu
lhe disse: 'Eu vou embora e vou até você '. Se você me amasse, teria se
alegrado, porque eu disse 'vou para meu Pai'; pois o Pai é maior do que
eu. 29 Agora eu lhes disse antes que aconteça para que quando
acontecer, você s possam acreditar. 30 Nã o falarei mais com você , pois
vem o prı́ncipe do mundo, e ele nã o tem nada em mim. 31 Mas para que
o mundo saiba que eu amo o Pai, e como o Pai me ordenou, assim faço.
Levanta-te, vamos daqui.
1 Coríntios 2
1 Quando fui ter convosco, irmã os, nã o vim com excelê ncia de

palavra nem de sabedoria, anunciando-vos o testemunho de Deus. 2


Porque decidi nada saber entre vó s, a nã o ser Jesus Cristo e este
cruci icado. 3 Estive convosco em fraqueza, em temor e em muito
tremor. 4 O meu discurso e a minha pregaçã o nã o consistiram em
palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstraçã o do
Espı́rito e de poder, 5 para que a vossa fé nã o se apoiasse na sabedoria
dos homens, mas no poder de Deus.
6 Falamos sabedoria, no entanto, entre aqueles que sã o adultos,

mas uma sabedoria nã o deste mundo, nem dos governantes deste
mundo que estã o chegando a nada. 7 Mas nó s falamos a sabedoria de
Deus em misté rio, a sabedoria escondida, a qual Deus predestinou
antes dos mundos para nossa gló ria, 8 a qual nenhum dos prı́ncipes
deste mundo conheceu. Pois se eles soubessem, eles nã o teriam
cruci icado o Senhor da gló ria. 9 Mas, como está escrito,
“Coisas que o olho nã o viu, e o ouvido nã o ouviu,
que nã o entrou no coraçã o do homem,
estes Deus preparou para aqueles que o amam”.
10 Mas para nó s, Deus os revelou atravé s do Espı́rito. Pois o Espı́rito

sonda todas as coisas, sim, as profundezas de Deus. 11 Pois quem entre


os homens conhece as coisas do homem, exceto o espı́rito do homem,
que está nele? Mesmo assim, ningué m conhece as coisas de Deus,
exceto o Espı́rito de Deus. 12 Mas nó s nã o recebemos o espı́rito do
mundo, mas o Espı́rito que vem de Deus, para que pudé ssemos
conhecer as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus. 13
Estas coisas també m falamos, nã o com palavras ensinadas pela
sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espı́rito Santo, comparando as
coisas espirituais com as espirituais. 14 Ora, o homem natural nã o
recebe as coisas do Espı́rito de Deus, porque para ele sã o loucura, e ele
nã o pode conhecê -las, porque elas se discernem espiritualmente. 15
Mas aquele que é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo nã o é
julgado por ningué m. 16 “Pois quem conheceu a mente do Senhor, para
que o instrua?” Mas nó s temos a mente de Cristo.
Romanos 10
1 Irmã os, o desejo do meu coraçã o e minha oraçã o a Deus é por
Israel, para que eles sejam salvos. 2 Porque a respeito deles dou
testemunho de que tê m zelo por Deus, mas nã o segundo o
conhecimento. 3 Por nã o conhecerem a justiça de Deus e procurarem
estabelecer a sua pró pria justiça, nã o se sujeitaram à justiça de Deus. 4
Porque Cristo é o cumprimento da lei para justiça de todo aquele que
crê . 5 Pois Moisé s escreve sobre a justiça da lei: “Aquele que as pratica,
por elas viverá ”. 6 Mas a justiça que vem da fé diz isso: “Nã o diga em seu
coraçã o: 'Quem subirá ao cé u?' (isto é , trazer Cristo para baixo); 7 ou,
'Quem descerá ao abismo?' (isto é , trazer Cristo dentre os mortos.)” 8
Mas o que isso diz? “A palavra está perto de você , em sua boca e em seu
coraçã o;” isto é , a palavra da fé que pregamos: 9 que, se com a tua boca
confessares que Jesus é o Senhor, e em teu coraçã o creres que Deus o
ressuscitou dentre os mortos, será s salvo. 10 Pois com o coraçã o se crê
para a justiça; e com a boca a con issã o é feita resultando em salvaçã o.
11 Pois a Escritura diz: “Quem nele crê nã o icará desapontado”.

12 Pois nã o há


distinçã o entre judeu e grego; porque o mesmo
Senhor é o Senhor de todos, e é rico para com todos os que o invocam.
13 Pois: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. 14

Como, pois, invocarã o aquele em quem nã o creram? Como crerã o


naquele a quem nã o ouviram? Como eles vã o ouvir sem um pregador?
15 E como pregarã o se nã o forem enviados? Como está escrito:

“Quã o formosos sã o os pé s dos que pregam a Boa Nova da paz,
que trazem boas novas de coisas boas!”
16 Mas nem todos ouviram as boas novas. Pois Isaı́as diz: “Senhor,

quem acreditou em nosso relató rio?” 17 Assim a fé vem pelo ouvir, e o
ouvir pela palavra de Deus. 18 Mas eu digo, eles nã o ouviram? Sim, com
certeza,
“O seu som se espalhou por toda a terra,
suas palavras até os con ins do mundo”.
19 Mas eu pergunto, Israel nã o sabia? Primeiro Moisé s diz:

“Vou provocar-te ciú mes com aquilo que nã o é naçã o.


Eu o deixarei irado com uma naçã o sem entendimento”.
20 Isaı́as é
muito ousado e diz:
“Fui encontrado por quem nã o me procurou.
Eu fui revelado para aqueles que nã o perguntaram por mim.”
21 Mas a respeito de Israel ele diz: “Todo o dia estendi minhas

mã os a um povo desobediente e contrá rio”.


Sirach 2
1 Meu ilho, se você vem servir ao Senhor,
prepare sua alma para a tentaçã o.
2 Corrige o teu coraçã o, persevera constantemente,

e nã o te apresses em tempo de calamidade.


3 Agarre-se a ele e nã o se afaste,

que você pode ser aumentado em seu ú ltimo im.


4 Aceite tudo o que for trazido sobre você ,

e seja paciente quando sofrer humilhaçã o.


5 Pois o ouro é provado no fogo,

e homens aceitá veis na fornalha da humilhaçã o.


6 Con ia nele, e ele te ajudará .

Faça seus caminhos retos e coloque sua esperança nele.

7 Todos você s que temem ao Senhor, esperem por sua

misericó rdia.
Nã o se desvie, para que você nã o caia.
8 Todos os que temem ao Senhor, con iem nele,

e sua recompensa nã o falhará .


9 Todos você s que temem ao Senhor, esperem coisas boas,

e para eterna alegria e misericó rdia.


10 Olhe para as geraçõ es antigas e veja:

Quem já colocou sua con iança no Senhor e se envergonhou?


Ou quem permaneceu em seu medo e foi abandonado?
Ou quem o chamou, e ele o negligenciou?
11 Pois o Senhor é cheio de compaixã o e misericó rdia.

Ele perdoa pecados e salva na hora da a liçã o.

12 Ai dos coraçõ es medrosos, das mã os fracas,

e para o pecador que vai por dois caminhos!


13 Ai do coraçã o fraco! Pois nã o acredita.

Portanto, nã o será defendido.


14 Ai de você s que perderam a paciê ncia!

E o que todos você s farã o quando o Senhor os visitar?


15 Os que temem ao Senhor nã o desobedecerã o à s suas palavras.

Aqueles que o amam guardarã o seus caminhos.


16 Os que temem ao Senhor buscarã o o seu beneplá cito.

Aqueles que o amam serã o preenchidos com a lei.


17 Os que temem ao Senhor prepararã o seus coraçõ es,

e humilharã o suas almas diante dele.


18 Cairemos nas mã os do Senhor,

e nã o nas mã os dos homens;


pois como sua majestade é ,
assim també m é a sua misericó rdia.
Salmos 86
Uma Oração de Davi.
1 Ouve, Senhor, e responde-me,

pois sou pobre e necessitado.


2 Preserva minha alma, pois sou piedoso.

Tu, meu Deus, salva o teu servo que con ia em ti.


3 Tem misericó rdia de mim, Senhor,

pois eu chamo por você o dia todo.


4 Alegra a alma do teu servo,

porque a ti, Senhor, elevo a minha alma.


5 Pois tu, Senhor, é s bom e pronto a perdoar,

abundante em benignidade para com todos os que te invocam.


6 Ouve, Senhor, a minha oraçã o.

Ouça a voz das minhas petiçõ es.


7 No dia da minha angú stia eu te invocarei,

pois você me responderá .


8 Nã o há ningué m igual a ti entre os deuses, Senhor,

nem quaisquer açõ es como suas açõ es.


9 Todas as naçõ es que você fez virã o e adorarã o diante de você ,

Senhor.
Eles glori icarã o o seu nome.
10 Pois você é grande e faz maravilhas.

Você é Deus sozinho.


11 Ensina-me o teu caminho, Senhor.

Eu andarei na sua verdade.


Faça meu coraçã o indiviso para temer seu nome.
12 Eu te louvarei, Senhor meu Deus, de todo o meu coraçã o.

Eu glori icarei seu nome para sempre mais.


13 Pois a tua benignidade é grande para comigo.

Você livrou minha alma do mais baixo Sheol.


14 Deus, os soberbos se levantaram contra mim.

Uma companhia de homens violentos buscou minha alma,


e eles nã o tê m consideraçã o por você diante deles.
15 Mas tu, Senhor, é s um Deus misericordioso e misericordioso,

vagaroso em irar-se e abundante em benignidade e verdade.


16 Volta-te para mim e tem piedade de mim!

Dê sua força ao seu servo.


Salve o ilho do seu servo.
17 Mostra-me um sinal da tua bondade,

para que o vejam os que me odeiam e se envergonhem,


porque tu, Senhor, me ajudaste e me consolaste.
Salmos 46
Para o Músico Chefe. Pelos ilhos de Coré. De acordo com Alamoth.
1 Deus é o nosso refú gio e fortaleza,

socorro bem presente na angú stia.


2 Por isso nã o temeremos, ainda que a terra mude,

embora as montanhas sejam abaladas no coraçã o dos mares;


3 ainda que as suas á guas rujam e se perturbem,

embora as montanhas estremeçam com o seu inchaço.


Selá .

4 Háum rio cujas correntes alegram a cidade de Deus,


o lugar santo das tendas do Altı́ssimo.
5 Deus está dentro dela. Ela nã o deve ser movida.

Deus a ajudará ao amanhecer.


6 As naçõ es se enfureceram. Os reinos foram movidos.

Ele ergueu a voz e a terra derreteu.


7 O Senhor dos Exé rcitos está conosco.

O Deus de Jacó é o nosso refú gio.


Selá .

8 Venham ver as obras de Yahweh,

que desolaçõ es fez na terra.


9 Ele faz cessar as guerras até os con ins da terra.

Ele quebra o arco e despedaça a lança.


Ele queima as carruagens no fogo.
10 “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus.

serei exaltado entre as naçõ es.


serei exaltado na terra”.
11 O Senhor dos Exé rcitos está conosco.

O Deus de Jacó é o nosso refú gio.


Selá .
Sirach 38
1 Honre um mé dico de acordo com a sua necessidade dele com as

honras que lhe sã o devidas:


Pois verdadeiramente o Senhor o criou.
2 Pois do Altı́ssimo vem a cura;

E do rei ele receberá um presente.


3 A habilidade do mé dico levantará sua cabeça;

E aos olhos dos grandes homens ele será admirado.


4 O Senhor criou remé dios da terra;

E um homem prudente nã o terá nojo deles.


5 Nã o foi a á gua que se fez doce com a madeira,

Para que sua virtude possa ser conhecida?


6 E deu habilidade aos homens,

Para que sejam glori icados em suas obras maravilhosas.


7 Com eles cura um homem,

E tira sua dor.


8 Com estes fará o boticá rio uma confecçã o;

E as suas obras nã o terã o im;


E dele vem a paz sobre a face da terra.

9 Filho meu, na tua doença nã o sejas negligente;

Mas ore ao Senhor, e ele te curará .


10 Abandone as má s açõ es e ordene bem as suas mã os,

E limpe seu coraçã o de todo tipo de pecado.


11 Dá cheiro suave e lembrança de lor de farinha;

E engorda a tua oferta, como uma que nã o é .


12 Entã o dê lugar ao mé dico, pois verdadeiramente o Senhor o

criou;
E nã o o deixe ir de você , pois você precisa dele.
13 Há um tempo em que em suas pró prias mã os está a questã o

para o bem.
14 Pois també m eles suplicarã o ao Senhor,

Para que ele os faça prosperar dando alı́vio e curando para a


manutençã o da vida.
15 Aquele que pecar diante do seu Criador,

Deixe-o cair nas mã os do mé dico.

16 Meu ilho, deixe suas lá grimas caı́rem sobre os mortos,


E como quem sofre gravemente começa a lamentaçã o;
E enrole seu corpo de acordo com o que lhe é devido,
E nã o negligencie seu enterro.
17 Faça choro amargo e pranto apaixonado,

E que o seu luto seja de acordo com o mé rito dele,


Por um dia ou dois, para que você nã o seja falado mal de:
E assim seja consolado por sua tristeza.
18 Pois da tristeza vem a morte,

E a tristeza do coraçã o curvará a força.


19 Na calamidade també m permanece a tristeza:

E a vida do pobre é dolorosa para o coraçã o.


20 Nã o entregue seu coraçã o à tristeza.

Guarde-o, lembrando-se do ú ltimo im.


21 Nã o se esqueça disso, pois nã o há retorno novamente:

A ele você nã o terá lucro, e você vai se machucar.


22 Lembre-se da sentença sobre ele; pois assim també m será o

seu;
Ontem para mim e hoje para você .
23 Quando o morto descansar, descanse a sua memó ria;

E seja consolado por ele, quando seu espı́rito se afastar dele.

24 A sabedoria do escriba vem pela oportunidade de lazer;

E aquele que tem pouco negó cio se tornará sá bio.


25 Como se tornará sá bio aquele que segura o arado,

Que se gloria na haste do aguilhã o,


Que conduz os bois, e está ocupado em seus trabalhos,
E de quem é o discurso do estoque de touros?
26 Ele se empenhará em desviar seus sulcos;

E sua vigı́lia é dar forragem à s suas novilhas.


27 Assim é todo artı́ ice e mestre de obras,
Que passa seu tempo de noite como de dia;
Aqueles que cortam gravuras de sinetes,
E sua diligê ncia é fazer grande variedade;
Ele colocará seu coraçã o para preservar a semelhança em seus
retratos,
E estará acordado para terminar seu trabalho.
28 Assim é o ferreiro sentado junto à bigorna,

E considerando o ferro em bruto:


O vapor do fogo consumirá sua carne;
E no calor da fornalha ele lutará com seu trabalho:
O barulho do martelo estará sempre em seu ouvido,
E seus olhos estã o no modelo do vaso;
Ele colocará seu coraçã o em aperfeiçoar suas obras,
E ele estará desperto para adorná -los perfeitamente.
29 Assim é o oleiro sentado no seu trabalho,

E girando a roda com os pé s,


Quem está sempre ansiosamente ixado em seu trabalho,
E todo o seu trabalho manual é em nú mero;
30 Ele moldará o barro com seu braço,

E dobrará sua força diante de seus pé s;


Ele aplicará seu coraçã o para terminar o envidraçamento;
E ele estará desperto para limpar a fornalha.

31 Todos estes con iam em suas mã os;


E cada um se torna sá bio em seu pró prio trabalho.
32 Sem estes, nenhuma cidade será habitada,

E os homens nã o devem peregrinar nem andar para cima e para


baixo nela.
33 Nã o serã o procurados no conselho do povo,

E na assemblé ia nã o subirã o ao alto;


Nã o se sentarã o na cadeira do juiz,
E eles nã o entenderã o a aliança do julgamento:
Nem eles devem declarar instruçã o e julgamento;
E onde estã o as pará bolas nã o se acharã o.
34 Mas eles manterã o a estrutura do mundo;

E no trabalho manual de seu ofı́cio está sua oraçã o.


Lucas 9
1 Convocou os doze e deu-lhes poder e autoridade sobre todos os

demô nios e para curar doenças. 2 Ele os enviou para pregar o Reino de
Deus e curar os enfermos. 3 Ele lhes disse: “Nã o leveis nada para a
viagem, nem bordõ es, nem alforje, nem pã o, nem dinheiro. Nã o tenha
duas demã os cada. 4 Em qualquer casa em que você entrar, ique lá e
saia de lá . 5 A todos os que nã o vos receberem, quando sairdes daquela
cidade, sacudi até o pó dos vossos pé s em testemunho contra eles”.
6 Partiram e foram pelas aldeias, pregando a Boa Nova e curando

por toda parte. 7 Ora, o tetrarca Herodes soube de tudo o que ele izera;
e ele estava muito perplexo, porque alguns diziam que Joã o havia
ressuscitado dos mortos, 8 e por alguns que Elias havia aparecido, e por
outros que um dos antigos profetas havia ressuscitado. 9 Herodes
disse: “Eu decapitei Joã o, mas quem é este de quem eu ouço essas
coisas?” Ele procurou vê -lo. 10 Os apó stolos, quando voltaram,
contaram-lhe o que haviam feito.
Ele os pegou e se retirou para uma regiã o desé rtica de uma cidade
chamada Betsaida. 11 Mas as multidõ es, percebendo isso, o seguiram.
Ele os acolheu, falou-lhes do Reino de Deus e curou aqueles que
precisavam de cura. 12 O dia começou a passar; E os doze vieram e lhe
disseram: “Manda embora a multidã o, para que eles possam ir à s
aldeias e fazendas vizinhas, e se hospedarem e conseguirem comida,
pois estamos aqui em um lugar deserto”.
13 Mas ele lhes disse: “Dê em-lhes de comer”.

Eles disseram: “Nã o temos mais do que cinco pã es e dois peixes, a
menos que formos comprar comida para toda essa gente”. 14 Pois eram
cerca de cinco mil homens.
Ele disse aos seus discı́pulos: “Faça-os sentar-se em grupos de
cerca de cinqü enta cada”. 15 Assim izeram e izeram todos se sentarem.
16 Tomou os cinco pã es e os dois peixes, e, olhando para o cé u,

abençoou-os, partiu-os e deu-os aos discı́pulos para que os


distribuı́ssem à multidã o. 17 Comeram e se fartaram. Eles juntaram
doze cestos de pedaços quebrados que sobraram.
18 Enquanto ele orava sozinho, os discı́pulos estavam com ele, e

ele lhes perguntou: “Quem as multidõ es dizem que eu sou?”


19 Eles responderam: “'Joã o, o Batizador', mas outros dizem: 'Elias',

e outros, que um dos antigos profetas ressuscitou”.


20 Ele lhes disse: “Mas quem dizeis que eu sou?”

Pedro respondeu: “O Cristo de Deus”.


21 Mas ele os advertiu e ordenou que a ningué m dissessem isso, 22

dizendo: E necessá rio que o Filho do homem padeça muitas coisas,


seja rejeitado pelos anciã os, pelos principais sacerdotes e pelos
escribas, e seja morto, e ao terceiro dia seja levantado”.
23 Ele disse a todos: “Se algué m quer vir apó s mim, renuncie a si

mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. 24 Pois quem quiser salvar sua vida
a perderá , mas quem perder sua vida por minha causa, a salvará . 25 Pois
que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder ou perder a
si mesmo? 26 Pois quem se envergonhar de mim e das minhas palavras,
dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua gló ria, e na
gló ria do Pai e dos santos anjos. 27 Mas eu lhes digo a verdade: há
alguns dos que estã o aqui que de forma alguma provarã o a morte até
que vejam o Reino de Deus.”
28 Cerca de oito dias depois dessas palavras, ele levou consigo

Pedro, Joã o e Tiago, e subiu ao monte para orar. 29 Enquanto ele orava, a
aparê ncia de seu rosto se alterou, e sua roupa icou branca e
resplandecente. 30 Eis que falavam com ele dois homens, que eram
Moisé s e Elias, 31 os quais apareceram em gló ria e falaram da sua
partida, que estava para cumprir em Jerusalé m.
32 Ora, Pedro e os que estavam com ele estavam pesados de sono,

mas, quando despertaram, viram a sua gló ria e os dois homens que
estavam com ele. 33Ao se despedirem dele, Pedro disse a Jesus: “Mestre,
é bom estarmos aqui. Vamos fazer trê s tendas: uma para você , uma
para Moisé s e outra para Elias”, sem saber o que ele disse.
34 Enquanto ele dizia estas coisas, veio uma nuvem e os cobriu, e

eles icaram com medo quando entraram na nuvem. 35 Uma voz saiu da
nuvem, dizendo: “Este é o meu Filho amado. Ouça-o!” 36 Quando a voz
veio, Jesus foi encontrado sozinho. Eles icaram calados e nã o contaram
a ningué m naqueles dias nada do que tinham visto.
37 No dia seguinte, quando desceram do monte, uma grande

multidã o o encontrou. 38 Eis que um homem da multidã o gritou,


dizendo: “Mestre, rogo-te que olhes para o meu ilho, porque é o meu
ilho ú nico. 39 Eis que um espı́rito o toma, de repente ele grita, e ele o
convulsiona de modo que ele espuma, e mal se afasta dele, ferindo-o
severamente. 40 Roguei a seus discı́pulos que o expulsassem, e eles nã o
puderam”.
41 Jesus respondeu: “Geraçã o in
iel e perversa, até quando estarei
convosco e vos suportarei? Traga seu ilho aqui”.
42 Enquanto ele ainda vinha, o demô nio o jogou no chã o e o

convulsionou violentamente. Mas Jesus repreendeu o espı́rito imundo,


curou o menino e o devolveu ao pai. 43 Todos icaram maravilhados
com a majestade de Deus.
Mas, enquanto todos se maravilhavam de todas as coisas que
Jesus fazia, disse ele aos seus discı́pulos: 44 “Que estas palavras
penetrem em seus ouvidos, pois o Filho do Homem será entregue nas
mã os dos homens”. 45 Mas eles nã o entenderam este ditado. Estava
escondido deles, para que nã o percebessem, e eles tinham medo de
perguntar a ele sobre esse ditado.
46 Surgiu entre eles uma discussã o sobre qual deles era o maior. 47

Jesus, percebendo o raciocı́nio de seus coraçõ es, tomou uma criança,


colocou-a ao seu lado, 48 e disse-lhes: “Quem recebe esta criança em
meu nome, a mim recebe. Quem me recebe, recebe aquele que me
enviou. Para quem for o menor entre todos você s, este será grande”.
49 Joã o respondeu: “Mestre, vimos algué m expulsando demô nios

em teu nome, e o proibimos, porque ele nã o segue conosco”.


50 Disse-lhe Jesus: Nã o o proibais, porque quem nã o é contra nó s é
por nó s.
51 E aconteceu que, quando estavam pró ximos os dias em que ele
deveria ser levado, ele decidiu ir a Jerusalé m 52 e enviou mensageiros à
sua frente. Eles foram e entraram em uma aldeia dos samaritanos, para
se prepararem para ele. 53 Eles nã o o receberam, porque ele estava
viajando com o rosto voltado para Jerusalé m. 54 Quando seus
discı́pulos, Tiago e Joã o, viram isso, disseram: “Senhor, queres que
mandemos descer fogo do cé u e destruı́-los, como Elias fez?”
55 Mas ele se virou e os repreendeu: “Você s nã o sabem que tipo de

espı́rito você s sã o. 56 Pois o Filho do Homem nã o veio para destruir a
vida dos homens, mas para salvá -los”.
Eles foram para outra aldeia. 57 No caminho, um certo homem lhe
disse: “Quero segui-lo aonde quer que você vá , Senhor”.
58 Disse-lhe Jesus: As raposas tê m covis, e as aves do cé u tê m

ninhos, mas o Filho do Homem nã o tem onde reclinar a cabeça.


59 Ele disse a outro: “Siga-me!”

Mas ele disse: “Senhor, permita-me primeiro ir enterrar meu pai”.


60 Mas Jesus lhe disse: “Deixa que os mortos sepultem seus

pró prios mortos, mas vai e anuncia o Reino de Deus”.


61 Outro també m disse: “Quero seguir-te, Senhor, mas permite-me

primeiro despedir-me dos que estã o em minha casa”.


62 Mas Jesus lhe disse: “Ningué m, que lança mã o do arado e olha

para trá s, é apto para o Reino de Deus”.


Lucas 3
1 Ora, no dé cimo quinto ano do reinado de Tibé rio Cé sar, sendo

Pô ncio Pilatos governador da Judé ia, e Herodes tetrarca da Galilé ia, e
seu irmã o Filipe tetrarca da regiã o da Ituré ia e Traconites, e Lisâ nias
tetrarca de Abilene, 2 no alto sacerdó cio de Aná s e Caifá s, veio a palavra
de Deus a Joã o, ilho de Zacarias, no deserto. 3 Ele percorreu toda a
regiã o ao redor do Jordã o, pregando o batismo de arrependimento para
remissã o dos pecados. 4 Como está escrito no livro das palavras do
profeta Isaı́as,
“A voz do que clama no deserto,
'Preparem o caminho do Senhor.
Faça seus caminhos retos.
5 Todos os vales serã o preenchidos.

Todas as montanhas e colinas serã o rebaixadas.


O torto se tornará reto,
e os caminhos á speros suaves.
6 Toda a carne verá a salvaçã o de Deus.' ”

7 Disse, pois, à s multidõ es que saı́am a ser batizadas por ele: Raça

de vı́boras, quem vos aconselhou a fugir da ira vindoura? 8 Produzi,


pois, frutos dignos de arrependimento, e nã o comeceis a dizer entre
vó s: Temos por pai a Abraã o; porque eu vos digo que Deus é poderoso
para suscitar ilhos a Abraã o destas pedras! 9 Mesmo agora, o machado
també m está à raiz das á rvores. Portanto, toda á rvore que nã o produz
bom fruto é cortada e lançada ao fogo”.
10 As multidõ es lhe perguntavam: “O que devemos fazer entã o?”

11 Ele lhes respondeu: “Quem tem duas tú nicas, dê a quem nã o
tem. Quem tem comida, faça o mesmo”.
12 Vieram també m cobradores de impostos para serem batizados

e lhe perguntaram: “Mestre, o que devemos fazer?”


13 Ele lhes disse: “Nã o coletem mais do que o que lhes foi

ordenado”.
14 Os soldados també m lhe perguntaram, dizendo: “E nó s? O que
devemos fazer?”
Ele lhes disse: “Nã o extorqui a ningué m pela violê ncia, nem acuse
a ningué m injustamente. Contente-se com o seu salá rio.”
15 Como o povo estava na expectativa, e todos os homens discutiam

em seus coraçõ es a respeito de Joã o, se talvez ele fosse o Cristo, 16 Joã o


respondeu a todos: “Na verdade, eu vos batizo com á gua, mas vem
aquele que é mais poderoso do que eu, a correia de cujas sandá lias nã o
sou digno de desatar. Ele vos batizará no Espı́rito Santo e no fogo, 17
cuja pá está na sua mã o, e limpará completamente a sua eira, e
recolherá o trigo no seu celeiro; mas ele queimará a palha com fogo
inextinguı́vel”.
18 Entã o, com muitas outras exortaçõ es, pregou boas novas ao

povo, 19 mas Herodes, o tetrarca, sendo repreendido por ele por


Herodias, mulher de seu irmã o, e por todos os males que Herodes
havia feito, 20 acrescentou isto també m a todos eles, que ele encerrou
Joã o na prisã o. 21 Ora, quando todo o povo foi batizado, Jesus també m
havia sido batizado e estava orando. O cé u se abriu, 22 e o Espı́rito
Santo desceu sobre ele em forma corpó rea, como uma pomba; e uma
voz saiu do cé u, dizendo: “Você é meu Filho amado. Em você estou bem
satisfeito.”
23 O pró prio Jesus, quando começou a ensinar, tinha cerca de trinta

anos, sendo ilho (como se supunha) de José , ilho de Eli, 24 ilho de


Matate, ilho de Levi, ilho de Melqui, ilho de Janai, ilho de José , 25 ilho
de Matatias, ilho de Amó s, ilho de Naum, ilho de Esli, ilho de Nagai,
26 ilho de Maate, ilho de Matatias, ilho de Semein, ilho de José , ilho

de Judá , 27 ilho de Joanã , ilho de Resa, ilho de Zorobabel, ilho de


Salatiel, ilho de Neri, 28 ilho de Melqui, ilho de Adi, ilho de Cosã o,
ilho de Elmodam, ilho de Er, 29 ilho de José , ilho de Elié zer, ilho de
Jorim, ilho de Matate, ilho de Levi, 30 ilho de Simeã o, ilho de Judá ,
ilho de José , ilho de Jonã , ilho de Eliaquim, 31 ilho de Melea, ilho de
Menã , ilho de Matata, ilho de Natã , ilho de Davi, 32 ilho de Jessé , ilho
de Obede , ilho de Boaz, ilho de Salmon, ilho de Nasom, 33 ilho de
Aminadabe, ilho de Aram, ilho de Hezrom, ilho de Perez, ilho de Judá ,
34 ilho de Jacó , ilho de Isaac, ilho de Abraã o, ilho de Terá , ilho de

Naor, 35 ilho de Serugue, ilho de Reú , ilho de Pelegue, ilho de Eber,


ilho de Selá , 36 ilho de Cainã , ilho de Arfaxade, ilho de Sem, ilho de
Noé , ilho de Lameque, 37 ilho de Matusalé m, ilho de Enoque, ilho de
Jarede, ilho de Maalalel, ilho de Cainã , 38 ilho de Enos, ilho de Sete,
ilho de Adã o, ilho de Deus .
2 Coríntios 2
1 Mas estabeleci para mim mesmo que nã o voltaria a ti com

tristeza. 2 Pois, se eu vos a ligir, quem me alegrará senã o aquele que por
mim sofre? 3 E escrevi-vos isto mesmo, para que, quando eu chegasse,
nã o tivesse tristeza daqueles de quem devia alegrar-me; tendo
con iança em todos vó s, que a minha alegria seja partilhada por todos
vó s. 4 Pois com muita tribulaçã o e angú stia de coraçã o vos escrevi com
muitas lá grimas, nã o para que vos entristeçais, mas para que conheçais
o amor que tenho por vó s tã o abundantemente. 5 Mas, se algué m
entristece, també m entristece, nã o a mim, mas em parte (para que eu
nã o pressione demais) a todos vó s. 6 Este castigo que foi in ligido por
muitos é su iciente para tal; 7 para que, ao contrá rio, você o perdoe e o
conforte, para que ele nã o seja engolido por sua excessiva tristeza. 8 Por
isso, peço-te que con irmes o teu amor por ele. 9 Pois para isso també m
escrevi, para saber a prova de você s, se sã o obedientes em todas as
coisas. 10 Agora també m eu perdô o a quem você perdoa alguma coisa.
Pois, se de fato perdoei alguma coisa, perdoei aquele por amor de vó s
na presença de Cristo, 11 para que Sataná s nã o obtenha vantagem
alguma sobre nó s, pois nã o ignoramos as suas ciladas.
12 Ora, quando cheguei a Trô ade para a Boa Nova de Cristo, e

quando uma porta me foi aberta no Senhor, 13 nã o tive alı́vio para o
meu espı́rito, porque nã o encontrei Tito, meu irmã o, mas me
despedindo deles, saı́ para a Macedô nia.
14 Agora, graças a Deus, que sempre nos conduz em triunfo em

Cristo, e por meio de nó s revela em todo lugar o suave aroma do seu
conhecimento. 15 Porque nó s somos um cheiro suave de Cristo para
Deus, nos que sã o salvos e nos que perecem: 16 para uns um cheiro de
morte para morte, para outro um cheiro suave de vida para vida. Quem
é su iciente para essas coisas? 17 Pois nã o somos tantos, mascateando
a palavra de Deus. Mas como de sinceridade, mas como de Deus, diante
de Deus, falamos em Cristo.
Salmos 57
Para o Músico Chefe. Ao som de “Não Destrua”. Um poema de Davi,
quando ele fugiu de Saul, na caverna.
1 Tem misericó rdia de mim, Deus, tem misericó rdia de mim,

porque a minha alma se refugia em ti.


Sim, à sombra das tuas asas me refugiarei,
até que o desastre tenha passado.
2 Clamo ao Deus Altı́ssimo,

a Deus que atende aos meus pedidos para mim.


3 Ele enviará do cé u e me salvará ,

ele repreende aquele que me persegue.


Selá .
Deus enviará sua benignidade e sua verdade.
4 Minha alma está entre os leõ es.

Eu me deito entre aqueles que sã o incendiados,


até os ilhos dos homens, cujos dentes sã o lanças e lechas,
e sua lı́ngua uma espada a iada.
5 Seja exaltado, Deus, acima dos cé us!

Que a tua gló ria esteja acima de toda a terra!

6 Prepararam uma rede para os meus passos.

Minha alma está curvada.


Eles cavam uma cova diante de mim.
Eles mesmos caem no meio disso.
Selá .
7 Meu coraçã o está irme, Deus.
Meu coraçã o está irme.
Eu vou cantar, sim, vou cantar louvores.
8 Acorda, minha gló ria! Acorde, alaú de e harpa!

vou acordar a aurora.


9 Darei graças a ti, Senhor, entre os povos.

Cantarei louvores a ti entre as naçõ es.


10 Pois a tua grande benignidade chega até os cé us,
e sua verdade para os cé us.
11 Sê exaltado, Deus, acima dos cé us.

Que a tua gló ria esteja sobre toda a terra.


1 Coríntios 10
1 Ora, irmã os, nã o quero que ignoreis que nossos pais estiveram

todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar; 2 e todos foram


batizados em Moisé s na nuvem e no mar; 3 e todos comeram o mesmo
alimento espiritual; 4 e todos beberam a mesma bebida espiritual. Pois
eles beberam de uma rocha espiritual que os seguia, e a rocha era
Cristo. 5 No entanto, com a maioria deles, Deus nã o se agradou, pois
foram derrubados no deserto. 6 Ora, essas coisas foram nossos
exemplos, para que nã o cobicemos coisas má s, como eles també m
cobiçaram. 7 Nã o sejam idó latras, como alguns deles foram. Como está
escrito: “O povo sentou-se para comer e beber, e se levantou para
brincar”. 8 Nã o cometamos imoralidade sexual, como alguns deles
cometeram, e em um dia caı́ram vinte e trê s mil. 9 Nã o testemos a
Cristo, como alguns deles provaram, e pereceram pelas serpentes. 10
Nã o murmureis, como alguns deles també m murmuraram, e
pereceram pelo destruidor. 11 Ora, todas estas coisas lhes aconteceram
a tı́tulo de exemplo, e foram escritas para nossa advertê ncia, para quem
já sã o chegados os ins dos sé culos. 12 Portanto, quem pensa estar em
pé , tome cuidado para nã o cair.
13 Nenhuma tentaçã o vos sobreveio, exceto a que é comum ao
homem. Fiel é Deus, que nã o vos deixará tentar acima do que podeis,
antes com a tentaçã o dará també m o escape, para que a possais
suportar.
14 Portanto, meus amados, fujam da idolatria. 15 Falo como a

sá bios. Julgue o que eu digo. 16 O cá lice de bê nçã o que abençoamos, nã o
é uma partilha do sangue de Cristo? O pã o que partimos nã o é uma
partilha do corpo de Cristo? 17 Porque há um só pã o, nó s, que somos
muitos, somos um só corpo; pois todos participamos de um só pã o. 18
Considere Israel segundo a carne. Aqueles que comem os sacrifı́cios
nã o participam do altar?
19 O que estou dizendo entã o? Que uma coisa sacri icada a ı́dolos é
alguma coisa, ou que um ı́dolo é alguma coisa? 20 Mas eu digo que as
coisas que os gentios sacri icam, eles sacri icam aos demô nios, e nã o a
Deus, e eu nã o desejo que você tenha comunhã o com os demô nios. 21
Você nã o pode beber o cá lice do Senhor e o cá lice dos demô nios. Você
nã o pode participar da mesa do Senhor e da mesa dos demô nios. 22 Ou
provocamos ciú mes no Senhor? Somos mais fortes que ele?
23 “Todas as coisas me sã o lı́citas”, mas nem todas as coisas sã o

proveitosas. “Todas as coisas me sã o lı́citas”, mas nem todas as coisas


edi icam. 24 Ningué m busque o que é seu, mas cada um o bem do seu
pró ximo. 25 O que for vendido no açougue, coma, sem fazer perguntas
por causa da consciê ncia, 26 porque “do Senhor é a terra e a sua
plenitude”. 27 Mas, se algum dos incré dulos vos convidar para uma
refeiçã o, e você s quiserem ir, comam o que lhes for proposto, sem fazer
perguntas por causa da consciê ncia. 28 Mas se algué m vos disser: “Isto
foi oferecido aos ı́dolos”, nã o comais por causa de quem vos disse e por
causa da consciê ncia. Pois “do Senhor é a terra em toda a sua
plenitude”. 29 Consciê ncia, eu digo, nã o a sua, mas a consciê ncia do
outro. Pois por que minha liberdade é julgada por outra consciê ncia? 30
Se participo com gratidã o, por que sou denunciado por algo pelo qual
dou graças? 31 Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra
qualquer coisa, fazei tudo para a gló ria de Deus. 32 Nã o deis motivo
para tropeço, nem a judeus, nem a gregos, nem à assemblé ia de Deus; 33
como també m em tudo agrado a todos os homens, nã o buscando o meu
pró prio proveito, mas o proveito de muitos, para que sejam salvos.
2 Crônicas 6
1 Entã o Salomã o disse: “Yahweh disse que habitaria nas trevas. 2

Mas eu construı́ para você uma casa e um lar, um lugar para você morar
para sempre”.
3 O rei virou o rosto, e abençoou toda a congregaçã o de Israel; e

toda a congregaçã o de Israel estava de pé .


4 Ele disse: “Bendito seja o Senhor Deus de Israel, que falou com a

boca a Davi, meu pai, e com as mã os o cumpriu, dizendo: 5 Desde o dia
em que tirei o meu povo da terra do Egito , nã o escolhi nenhuma cidade
de todas as tribos de Israel para construir uma casa, para que ali
estivesse o meu nome e nã o escolhi ningué m para ser prı́ncipe sobre o
meu povo Israel; 6 mas agora escolhi Jerusalé m, para que ali esteja o
meu nome; e escolhi Davi para ser o meu povo Israel.' 7 Ora, estava no
coraçã o de meu pai Davi construir uma casa ao nome de Javé , o Deus de
Israel. 8 Mas Yahweh disse a Davi, meu pai: 'Se estava em teu coraçã o
construir uma casa ao meu nome, izeste bem que estivesse em teu
coraçã o; 9 contudo nã o edi icará s a casa; mas teu ilho, que sair do teu
corpo, edi icará a casa ao meu nome.'
10 “Yahweh cumpriu a palavra que falou; porque me levantei em

lugar de meu pai Davi, e me assentei no trono de Israel, como o Senhor


prometeu, e edi iquei a casa ao nome do Senhor Deus de Israel. 11 Ali
pus a arca, na qual está a aliança do Senhor, que fez com os ilhos de
Israel”.
12 Ele se pô s diante do altar do Senhor, na presença de toda a

congregaçã o de Israel, e estendeu as mã os 13 (pois Salomã o havia feito


uma plataforma de bronze de cinco cô vados de comprimento, cinco
cô vados de largura e trê s cô vados de altura, e a pusera em no meio do
pá tio; e pô s-se sobre ele, e ajoelhou-se diante de toda a congregaçã o de
Israel, e estendeu as mã os para o cé u) 14 e disse: “Yahweh, Deus de
Israel, nã o há Deus como você no cé u ou na terra; tu que guardas a
aliança e a benignidade com os teus servos que andam diante de ti de
todo o coraçã o; 15 que guardaste com teu servo Davi, meu pai, o que lhe
prometeste. Sim, você falou com a sua boca, e com a sua mã o cumpriu,
como é hoje.
16 “Agora, pois, Javé , Deus de Israel, cumpre ao teu servo Davi, meu

pai, o que lhe prometeste, dizendo: Nã o te faltará varã o diante de mim
que se assente no trono de Israel, se tã o-somente o teu ilhos cuidem
do seu caminho, andem na minha lei como você s andaram antes de
mim.' 17 Agora, pois, Senhor Deus de Israel, con irme-se a tua palavra,
que falaste ao teu servo Davi.
18 “Mas Deus realmente habitará com os homens na terra? Eis que o
cé u e o cé u dos cé us nã o podem te conter; quanto menos esta casa que
construı́! 19 Mas respeita a oraçã o do teu servo e a sua sú plica, ó Senhor
meu Deus, para ouvires o clamor e a oraçã o que o teu servo izer diante
de ti; 20 para que os teus olhos estejam abertos dia e noite para esta
casa, para o lugar onde disseste que porias o teu nome; para ouvir a
oraçã o que seu servo fará para este lugar. 21 Ouve as petiçõ es do teu
servo e do teu povo Israel, quando orarem neste lugar. Sim, ouça de sua
morada, mesmo do cé u; e quando ouvir, perdoe.
22 “Se um homem pecar contra o seu pró ximo, e for feito juramento

sobre ele para o fazer jurar, e ele vier e jurar perante o teu altar nesta
casa; 23 entã o ouça dos cé us, aja e julgue os seus servos, trazendo
retribuiçã o ao ı́mpio, para trazer o seu caminho sobre a sua cabeça; e
justi icando o justo, para lhe dar segundo a sua justiça.
24 “Se o teu povo Israel for derrotado diante do inimigo por ter

pecado contra ti, e se voltar e confessar o teu nome, orar e suplicar


diante de ti nesta casa; 25 entã o ouve dos cé us, e perdoa o pecado de teu
povo Israel, e torna a trazê -lo para a terra que deste a eles e a seus pais.
26 “Quando o cé u estiver fechado e nã o houver chuva, porque

pecaram contra ti; se eles orarem neste lugar, e confessarem seu nome,
e se converterem de seus pecados, quando você os a ligir; 27 entã o ouve
nos cé us, e perdoa o pecado dos teus servos do teu povo Israel, quando
lhes ensinares o bom caminho em que devem andar; e manda chuva
sobre a tua terra, que deste por herança ao teu povo.
28 “Se houver fome na terra, se houver peste, se houver ferrugem ou

bolor, gafanhoto ou lagarta; se seus inimigos os cercarem na terra de


suas cidades; qualquer praga ou qualquer doença que exista; 29
qualquer oraçã o e sú plica feita por qualquer homem, ou por todo o teu
povo Israel, cada qual conhecendo a sua pró pria praga e a sua pró pria
dor, e estendendo as mã os para esta casa; 30 entã o ouve dos cé us a tua
morada e perdoa, e retribui a cada um segundo todos os seus
caminhos, cujo coraçã o conheces (pois tu, só tu conheces o coraçã o dos
ilhos dos homens) , 31 para que te temam, andar nos teus caminhos,
enquanto viverem na terra que deste a nossos pais.
32 Quanto ao estrangeiro, que nã o é do teu povo Israel, quando vier
de uma terra distante por causa do teu grande nome, da tua mã o forte e
do teu braço estendido; quando eles vê m e oram em direçã o a esta
casa; 33 entã o ouve dos cé us, mesmo da tua habitaçã o, e faze conforme
tudo o que o estrangeiro te pedir; para que todos os povos da terra
conheçam o teu nome e te temam, como o teu povo Israel, e saibam que
esta casa que edi iquei se chama pelo teu nome.
34 “Se o teu povo sair a pelejar contra os seus inimigos, por

qualquer caminho que tu os enviares, e te orarem em direçã o a esta


cidade que escolheste e à casa que edi iquei ao teu nome; 35 entã o ouve
do cé u a sua oraçã o e a sua sú plica, e defende a sua causa.
36 “Se pecarem contra ti (pois nã o há homem que nã o peque), e te
indignares com eles, e os entregares ao inimigo, para que os levem
cativos para uma terra distante ou pró xima; 37 contudo, se na terra para
onde foram levados cativos caem em si, e na terra do cativeiro te
izerem sú plicas, dizendo: Pecamos, procedemos perversamente e
procedemos mal; ' 38 se voltarem a ti de todo o coraçã o e de toda a alma
na terra do seu cativeiro, para onde os levaram cativos, e orarem pela
sua terra que deste a seus pais, e pela cidade que escolheste, e para a
casa que edi iquei ao teu nome; 39 entã o ouve do cé u, mesmo da tua
habitaçã o, a sua oraçã o e as suas petiçõ es, e defende a sua causa, e
perdoa ao teu povo que pecou contra ti.
40 “Agora, meu Deus, permita-te, peço-te, que teus olhos estejam

abertos e que teus ouvidos estejam atentos à oraçã o que se faz neste
lugar.
41 “Agora, pois, levanta-te, óSenhor Deus, para o teu lugar de
descanso, tu e a arca da tua força. Sejam os vossos sacerdotes, ó Senhor
Deus, vestidos de salvaçã o, e os vossos santos regozijem-se no bem.
42 “Yahweh Deus, nã o desvie o rosto do seu ungido. Lembre-se de

sua bondade para com Davi, seu servo”.


Salmos 66
Para o Músico Chefe. Uma canção. Um Salmo.
1 Clamem alegremente a Deus, toda a terra!
2 Cante para a gló ria do seu nome!

Ofereça gló ria e louvor!


3 Diga a Deus: “Quã o espantosas sã o as tuas açõ es!

Pela grandeza do seu poder, seus inimigos se submetem a você .


4 Toda a terra te adorará ,

e cantará para você ;


cantarã o ao teu nome”.
Selá .
5 Venham e vejam as obras de Deus—

trabalho incrı́vel em favor dos ilhos dos homens.


6 Ele transformou o mar em terra seca.

Atravessaram o rio a pé .


Lá , nos regozijamos nele.
7 Ele governa pelo seu poder para sempre.

Seus olhos observam as naçõ es.


Nã o deixe que os rebeldes se levantem contra ele.
Selá .
8 Louvai ao nosso Deus, povos!

Faça ouvir o som do seu louvor,


9 que preserva a nossa vida entre os vivos,

e nã o permite que nossos pé s se movam.


10 Pois você , Deus, nos provou.

Você nos re inou, como a prata é re inada.


11 Você nos trouxe para a prisã o.

Você colocou um fardo em nossas costas.


12 Você permitiu que os homens cavalgassem sobre nossas

cabeças.
Passamos pelo fogo e pela á gua,
mas você nos trouxe para o lugar da abundâ ncia.
13 Entrarei no seu templo com holocaustos.
Pagarei meus votos a você , 14 que meus lá bios prometeram,
e minha boca falou, quando eu estava angustiado.
15 Oferecerei a você s holocaustos de animais gordos,

com a oferta de carneiros,


Oferecerei touros com cabras.
Selá .
16 Vinde e ouvi, todos vó s que temeis a Deus.

Vou declarar o que ele fez pela minha alma.


17 Eu clamei a ele com a minha boca.

Ele foi exaltado com a minha lı́ngua.


18 Se guardei o pecado em meu coraçã o,

o Senhor nã o teria ouvido.


19 Mas certamente, Deus ouviu.

Ele ouviu a voz da minha oraçã o.


20 Bendito seja Deus, que nã o rejeitou a minha oraçã o,

nem sua bondade de mim.


1 Coríntios 15
1 Agora vos anuncio, irmã os, a Boa Nova que vos anunciei, a qual

també m recebestes, na qual també m estais, 2 pela qual també m sois


salvos, se mantiverdes irmemente a palavra que vos anunciei, a menos
que você acreditou em vã o. 3 Porque primeiramente vos entreguei o
que també m recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo
as Escrituras, 4 que foi sepultado, que ressuscitou ao terceiro dia,
segundo as Escrituras, 5 e que apareceu a Cefas, depois aos doze. 6
Entã o ele apareceu a mais de quinhentos irmã os de uma só vez, a
maioria dos quais permanece até agora, mas alguns també m
adormeceram. 7 Depois apareceu a Tiago, depois a todos os apó stolos, 8
e por ú ltimo, quanto ao menino nascido fora de hora, apareceu també m
a mim. 9 Pois eu sou o menor dos apó stolos, que nã o sou digno de ser
chamado apó stolo, porque persegui a assemblé ia de Deus. 10 Mas pela
graça de Deus sou o que sou. Sua graça que me foi dada nã o foi fú til,
mas trabalhei mais do que todos eles; contudo, nã o eu, mas a graça de
Deus que estava comigo. 11 Se, pois, sou eu ou eles, assim pregamos, e
assim creste.
12 Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como

dizem alguns de vó s que nã o há ressurreiçã o de mortos? 13 Mas, se nã o
há ressurreiçã o de mortos, també m Cristo nã o ressuscitou. 14 Se Cristo
nã o ressuscitou, é vã a nossa pregaçã o, e vã també m a vossa fé . 15 Sim,
també m nó s fomos achados falsas testemunhas de Deus, porque
demos testemunho de Deus que ressuscitou a Cristo, a quem nã o
ressuscitou, se é para que os mortos nã o ressuscitem. 16 Porque, se os
mortos nã o ressuscitaram, també m Cristo nã o ressuscitou. 17 Se Cristo
nã o ressuscitou, é vã a vossa fé ; você ainda está em seus pecados. 18
Entã o també m os que dormiram em Cristo pereceram. 19 Se esperamos
em Cristo somente nesta vida, somos de todos os homens os mais
miserá veis.
20 Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos. Ele se tornou o

primeiro fruto dos que dormem. 21 Pois, como a morte veio por meio
do homem, també m a ressurreiçã o dos mortos veio por meio do
homem. 22 Pois assim como todos morrem em Adã o, assim també m
todos serã o vivi icados em Cristo. 23 Mas cada um por sua ordem:
Cristo as primı́cias, depois os que sã o de Cristo, na sua vinda. 24 Entã o
virá o im, quando ele entregará o Reino a Deus, o Pai, quando ele tiver
abolido todo governo e toda autoridade e poder. 25 Pois ele deve reinar
até que ponha todos os seus inimigos debaixo de seus pé s. 26 O ú ltimo
inimigo que será abolido é a morte. 27 Pois, “Ele pô s todas as coisas em
sujeiçã o debaixo de seus pé s”. Mas quando ele diz: “Todas as coisas
estã o sujeitas”, é evidente que ele é excluı́do que sujeitou todas as
coisas a ele. 28 Quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, entã o
també m o Filho se sujeitará à quele que lhe sujeitou todas as coisas,
para que Deus seja tudo em todos.
29 Ou entã o, o que farã o os que sã o batizados pelos mortos? Se os

mortos nã o ressuscitam, por que entã o sã o batizados pelos mortos? 30
Por que també m corremos perigo a cada hora? 31 A irmo que pela
gló ria que tenho em vó s em Cristo Jesus, nosso Senhor, morro cada dia.
32 Se eu briguei com animais em Efeso para ins humanos, que me

aproveita? Se os mortos nã o ressuscitarem, entã o “vamos comer e


beber, porque amanhã morreremos”. 33 Nã o se deixe enganar! “As má s
companhias corrompem a boa moral.” 34 Acordem com retidã o e nã o
pequem, pois alguns nã o tê m conhecimento de Deus. Digo isso para
sua vergonha.
35 Mas algué m dirá : “Como ressuscitam os mortos?” e, “Com que

tipo de corpo eles vê m?” 36 Tolo, o que tu mesmo semeias nã o vivi ica
se nã o morrer. 37 Aquilo que você semeia, você nã o semeia o corpo que
será , mas um grã o nu, talvez de trigo, ou de algum outro tipo. 38 Mas
Deus lhe dá um corpo como lhe aprouve, e a cada semente um corpo
pró prio. 39 Nem toda carne é a mesma carne, mas há uma carne de
homens, outra carne de animais, outra de peixes e outra de aves. 40
Existem també m corpos celestes e corpos terrestres; mas a gló ria do
celestial difere da do terrestre. 41 Há uma gló ria do sol, outra gló ria da
lua e outra gló ria das estrelas; pois uma estrela difere de outra estrela
em gló ria. 42 Assim també m é a ressurreiçã o dos mortos. O corpo é
semeado perecı́vel; é elevado imperecı́vel. 43 E semeado em desonra; é
ressuscitado em gló ria. E semeado na fraqueza; é elevado no poder. 44
Semeia-se um corpo natural; é ressuscitado um corpo espiritual. Existe
um corpo natural e també m existe um corpo espiritual.
45 Assim també m está escrito: “O primeiro homem, Adã o, foi feito
alma vivente”. O ú ltimo Adã o tornou-se um espı́rito vivi icante. 46
Entretanto, nã o é primeiro o que é espiritual, mas o que é natural,
depois o que é espiritual. 47 O primeiro homem é da terra, feito de pó . O
segundo homem é o Senhor do cé u. 48 Como é o pó , tais sã o os que
també m sã o pó ; e qual é o celestial, tais també m sã o os celestiais. 49
Assim como trouxemos a imagem dos feitos do pó , levemos també m a
imagem do celestial. 50 Agora eu digo isto, irmã os, que carne e sangue
nã o podem herdar o Reino de Deus; nem o perecı́vel herda o
imperecı́vel.
51 Eis que vos digo um misté rio. Nem todos dormiremos, mas todos

seremos transformados, 52 em um momento, num abrir e fechar de


olhos, ao som da ú ltima trombeta. Pois a trombeta soará e os mortos
ressuscitarã o incorruptı́veis, e nó s seremos transformados. 53 Pois este
corpo perecı́vel deve tornar-se imperecı́vel, e este mortal deve revestir-
se da imortalidade. 54 Mas quando este corpo perecı́vel se tornar
imperecı́vel, e este mortal se revestir da imortalidade, entã o
acontecerá o que está escrito: “Tragada foi a morte na vitó ria”.
55 “Morte, onde está o seu aguilhã o?

Hades, onde está sua vitó ria?”


56 O aguilhã o da morte é
o pecado, e o poder do pecado é a lei. 57
Mas graças a Deus, que nos dá a vitó ria por nosso Senhor Jesus Cristo.
58 Portanto, meus amados irmã os, sede irmes, inabalá veis, sempre

abundantes na obra do Senhor, porque você s sabem que o seu trabalho


nã o é vã o no Senhor.
Filipenses 2
1 Se, pois, háalguma exortaçã o em Cristo, alguma consolaçã o de
amor, alguma comunhã o do Espı́rito, alguma ternura e compaixã o, 2
completem o meu gozo, tendo o mesmo sentimento, o mesmo amor, a
mesma comunhã o , de uma mente; 3 nã o fazendo nada por rivalidade
ou por vaidade, mas com humildade, cada um considerando os outros
superiores a si mesmo; 4 cada um de você s nã o apenas olhando para as
suas pró prias coisas, mas cada um de você s també m para as coisas dos
outros.
5 Tende isto em mente, o que també m houve em Cristo Jesus, 6 o

qual, existindo em forma de Deus, nã o teve por apego ser igual a Deus, 7
antes esvaziou-se a si mesmo, assumindo a forma de servo, sendo feito
à semelhança dos homens. 8 E, achado em forma humana, humilhou-se
a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, sim, a morte de cruz. 9
Por isso també m Deus o exaltou sobremaneira, e lhe deu o nome que
está acima de todo nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho dos que estã o nos cé us, na terra e debaixo da terra, 11 e toda
lı́ngua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para gló ria de Deus Pai.
12 Portanto, meus amados, assim como você sempre obedeceu, nã o
só na minha presença, mas agora muito mais na minha ausê ncia,
trabalhe a sua pró pria salvaçã o com temor e tremor. 13 Pois é Deus
quem opera em você s tanto o querer como o realizar, para o seu
beneplá cito. 14 Fazei tudo sem queixas nem contendas, 15 para que vos
torneis irrepreensı́veis e inocentes, ilhos de Deus sem defeito no meio
de uma geraçã o corrupta e perversa, na qual sois vistos como luzes no
mundo, 16 sustentando a palavra de vida, para que eu tenha algo de que
me gloriar no dia de Cristo, de que nã o corri em vã o nem trabalhei em
vã o. 17 Sim, e se sou derramado sobre o sacrifı́cio e o serviço da vossa
fé , regozijo-me e regozijo-me com todos vó s. 18 Da mesma forma, você s
també m se alegram e se alegram comigo.
19 Mas espero no Senhor Jesus enviar-vos em breve Timó teo, para

que eu també m me anime ao saber como vais. 20 Pois nã o tenho


ningué m com a mesma opiniã o, que realmente se importe com você . 21
Pois todos eles buscam o que é seu, nã o o de Jesus Cristo. 22 Mas você
conhece a prova dele, que como um ilho serve ao pai, assim ele serviu
comigo na promoçã o da Boa Nova. 23 Portanto, espero enviá -lo
imediatamente, assim que ver como será comigo. 24 Mas eu con io no
Senhor que eu mesmo em breve irei. 25 Mas julguei necessá rio enviar-
vos Epafrodito, meu irmã o, companheiro de trabalho, companheiro de
guerra, e vosso apó stolo e servo da minha necessidade, 26 visto que ele
ansiava por todos vó s e estava muito perturbado porque ouvistes que
ele estava doente . 27 Porque na verdade ele estava doente, quase à
morte, mas Deus teve misericó rdia dele, e nã o somente dele, mas
també m de mim, para que eu nã o tivesse tristeza sobre tristeza. 28
Portanto, eu o enviei com mais diligê ncia, para que, quando o virem
novamente, você s se regozijem, e eu ique menos triste. 29 Recebei-o,
pois, com toda a alegria no Senhor, e honrai a tais pessoas, 30 porque
pela obra de Cristo ele chegou perto da morte, arriscando a vida para
suprir o que faltava no vosso serviço para comigo.
Romanos 2
1 Portanto, você nã o tem desculpa, ó homem, quem quer que seja
você que julga. Pois naquilo que você julga o outro, você se condena.
Para você que julga pratica as mesmas coisas. 2 Sabemos que o juı́zo de
Deus é segundo a verdade contra os que praticam tais coisas. 3 Pensas
isto, ó homem que julgas os que praticam tais coisas, e fazem o mesmo,
que escapará s ao juı́zo de Deus? 4 Ou desprezas as riquezas da sua
bondade, paciê ncia e paciê ncia, ignorando que a bondade de Deus te
leva ao arrependimento? 5 Mas, segundo a tua dureza e coraçã o
impenitente, entesouras para ti ira para o dia da ira, da revelaçã o e do
justo juı́zo de Deus; 6 que “retribuirã o a cada um segundo as suas
obras”: 7 aos que, com perseverança no bem, buscam gló ria, honra e
incorruptibilidade, a vida eterna; 8 mas para os que buscam seus
pró prios interesses e nã o obedecem à verdade, mas obedecem à
injustiça, haverá ira, indignaçã o, 9 opressã o e angú stia sobre todo
homem que pratica o mal, primeiro do judeu, e també m do o grego.
10 Mas gló ria, honra e paz vã o para todo homem que faz o bem,

primeiro do judeu, e també m do grego. 11 Pois nã o há parcialidade com


Deus. 12 Pois todos os que pecaram sem lei també m perecerã o sem lei.
Todos quantos pecaram sob a lei serã o julgados pela lei. 13 Porque nã o
sã o justos diante de Deus os ouvintes da lei, mas os praticantes da lei
serã o justi icados 14 (porque, quando os gentios que nã o tê m lei fazem
naturalmente as coisas da lei, estes, nã o tendo a lei, sã o para si mesmos
uma lei, 15 porque mostram a obra da lei escrita em seus coraçõ es,
testi icando com eles a sua consciê ncia, e os seus pensamentos entre
si, acusando-os ou desculpando-os) 16 no dia em que Deus os julgar os
segredos dos homens, segundo a minha Boa Nova, por Jesus Cristo.
17 De fato, você tem o nome de judeu, repousa na lei, gloria-se em
Deus, 18 conhece a sua vontade e aprova as coisas excelentes, sendo
instruı́do na lei, 19 e está certo de que você mesmo é um guia de cegos,
luz para os que estã o em trevas, 20 corretor de tolos, mestre de
crianças, tendo na lei a forma do conhecimento e da verdade. 21 Tu,
pois, que ensinas a outro, nã o ensinas a ti mesmo? Você que prega que
um homem nã o deve roubar, você rouba? 22 Você que diz que um
homem nã o deve cometer adulté rio, você comete adulté rio? Você que
abomina os ı́dolos, você rouba templos? 23 Você que se gloria na lei,
desonra a Deus desobedecendo a lei? 24 Pois “o nome de Deus é
blasfemado entre os gentios por causa de você s”, como está escrito. 25
Pois a circuncisã o realmente lucra, se você é praticante da lei, mas se
você é transgressor da lei, a sua circuncisã o tornou-se incircuncisã o. 26
Se, pois, os incircuncisos guardarem as ordenanças da lei, nã o será a
sua incircuncisã o contada como circuncisã o? 27 A incircuncisã o que é
por natureza, se cumprir a lei, nã o julgará a ti, que com a letra e a
circuncisã o é s transgressor da lei? 28 Pois nã o é judeu aquele que o é
exteriormente, nem a circuncisã o que o é exteriormente na carne; 29
mas judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisã o é a do coraçã o,
no espı́rito, nã o na letra; cujo louvor nã o vem dos homens, mas de
Deus.
2 Coríntios 5
1 Pois sabemos que, se a casa terrena da nossa tenda for desfeita,

temos um edifı́cio da parte de Deus, uma casa nã o feita por mã os,
eterna, nos cé us. 2 Pois certamente nisto gememos, desejando ser
revestidos da nossa habitaçã o que é do cé u, 3 se de fato, estando
vestidos, nã o seremos achados nus. 4 Pois nó s, que estamos nesta
tenda, gememos, sobrecarregados, nã o por querermos ser despidos,
mas por desejarmos ser vestidos, para que o que é mortal seja tragado
pela vida. 5 Ora, aquele que nos fez para isso mesmo é Deus, que
també m nos deu o penhor do Espı́rito.
6 Portanto, estamos sempre con iantes e sabemos que, enquanto
estamos no corpo, estamos ausentes do Senhor; 7 porque andamos por
fé , nã o por vista. 8 Somos corajosos, digo, e preferimos estar ausentes
do corpo e estar em casa com o Senhor. 9 Por isso també m procuramos,
em casa ou ausente, agradar-lhe bem. 10 Porque todos nó s devemos ser
revelados ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba as coisas
por meio do corpo, segundo o que tiver feito, ou bem, ou mal.
11 Conhecendo, pois, o temor do Senhor, persuadimos os homens,

mas somos revelados a Deus, e espero que també m sejamos revelados


em vossas consciê ncias. 12 Pois nã o nos encomendamos novamente a
você s, mas falamos para que você s se gloriem em nosso favor, para que
tenham o que responder aos que se gloriam na aparê ncia e nã o no
coraçã o. 13 Pois se estamos fora de nó s, é por Deus. Ou se estamos de
mente só bria, é para você . 14 Porque o amor de Cristo nos constrange;
porque julgamos assim, que um morreu por todos, logo todos
morreram. 15 Ele morreu por todos, para que os que vivem nã o vivam
mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e
ressuscitou. 16 Portanto, de agora em diante, nã o conhecemos ningué m
segundo a carne. Embora tenhamos conhecido a Cristo segundo a
carne, agora nã o o conhecemos mais. 17 Portanto, se algué m está em
Cristo, nova criatura é . As coisas velhas já passaram. Eis que tudo se fez
novo. 18 Mas todas as coisas vê m de Deus, que nos reconciliou consigo
mesmo por meio de Jesus Cristo, e nos deu o ministé rio da
reconciliaçã o; 19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo, nã o imputando-lhes as suas transgressõ es, e nos
con iou a palavra da reconciliaçã o.
20 Somos, pois, embaixadores da parte de Cristo, como se Deus

rogasse por nó s: rogamos-vos pela parte de Cristo que vos reconcilieis
com Deus. 21 Pois aquele que nã o conheceu pecado, ele o fez pecado por
nó s; para que nele nos torná ssemos justiça de Deus.
Filipenses 1
1 Paulo e Timó teo, servos de Jesus Cristo;

A todos os santos em Cristo Jesus que estã o em Filipos, com os


bispos e servos: 2 Graça a vó s e paz da parte de Deus nosso Pai e do
Senhor Jesus Cristo. 3 Agradeço ao meu Deus sempre que me lembro de
você s, 4 sempre em cada pedido meu em nome de todos você s, fazendo
meus pedidos com alegria, 5 por sua parceria na promoçã o da Boa Nova
desde o primeiro dia até agora; 6 tendo por certo isto mesmo, que
aquele que em vó s começou a boa obra há de completá -la até ao dia de
Jesus Cristo. 7 E até certo que eu pense assim em nome de todos você s,
porque eu os tenho em meu coraçã o, porque tanto em meus vı́nculos
quanto na defesa e con irmaçã o da Boa Nova, todos você s sã o
participantes comigo da graça . 8 Pois Deus é minha testemunha, como
anseio por todos você s nas ternas misericó rdias de Cristo Jesus.
9 Peço isto, para que o vosso amor cresça cada vez mais em

conhecimento e em todo o discernimento, 10 para que aproveis as


coisas excelentes, para que sejais sinceros e sem ofensa até o dia de
Cristo, 11 cheios de os frutos de justiça, que sã o por meio de Jesus
Cristo, para gló ria e louvor de Deus.
12 Agora, irmã os, desejo que saibais que as coisas que me

aconteceram resultaram antes no progresso da Boa Nova, 13 de modo


que icou evidente a toda a guarda do palá cio e a todos os outros que
meu vı́nculos estã o em Cristo, 14 e que a maioria dos irmã os no Senhor,
con iando por meio de meus vı́nculos, sã o mais ousados para falar sem
temor a palavra de Deus. 15 Alguns, de fato, pregam a Cristo por inveja e
contenda, e alguns també m por boa vontade. 16 Os primeiros pregam
insinceramente a Cristo por ambiçã o egoı́sta, pensando que
acrescentam a liçã o à s minhas cadeias; 17 mas este por amor, sabendo
que fui designado para a defesa da Boa Nova.
18 O que importa? Só que em todos os sentidos, seja em ingimento
ou em verdade, Cristo é anunciado. Eu me regozijo nisso, sim, e me
regozijarei. 19 Pois sei que isso me trará a salvaçã o, por meio de suas
oraçõ es e da provisã o do Espı́rito de Jesus Cristo, 20 de acordo com a
minha fervorosa expectativa e esperança, de que de modo algum serei
desapontado, mas com toda a ousadia, conforme sempre, agora
també m Cristo será engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja
pela morte. 21 Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. 22
Mas se eu viver na carne, isso dará fruto do meu trabalho; ainda nã o sei
o que vou escolher. 23 Mas estou muito pressionado entre os dois, tendo
o desejo de partir e estar com Cristo, o que é muito melhor. 24 No
entanto, permanecer na carne é mais necessá rio por causa de você s. 25
Tendo esta con iança, sei que permanecerei, sim, e permanecerei com
todos você s para o vosso progresso e gozo na fé , 26 para que a vossa
gló ria abunde em mim em Cristo Jesus, pela minha presença
novamente com você s.
27 Somente que o seu modo de vida seja digno das Boas Novas de

Cristo, para que, quer eu vá vê -lo ou esteja ausente, eu possa ouvir
sobre seu estado, que você está irme em um espı́rito, com uma alma
lutando pela fé de as boas notı́cias; 28 e em nada atemorizados pelos
adversá rios, o que para eles é prova de destruiçã o, mas para vó s de
salvaçã o, e isto da parte de Deus. 29 Porque vos foi concedido, por causa
de Cristo, nã o só crer nele, mas també m padecer por ele, 30 tendo em
mim o mesmo con lito que vistes em mim e agora ouvis.
Salmos 102
Uma oração do a lito, quando ele está sobrecarregado e despeja
sua queixa diante de Yahweh.
1 Ouve a minha oraçã o, Senhor!

Deixe meu clamor chegar até você .


2 Nã o escondas de mim o teu rosto no dia da minha angú stia.

Vire seu ouvido para mim.


Responda-me rapidamente no dia em que eu ligar.
3 Pois os meus dias se consomem como fumaça.

Meus ossos estã o queimados como uma tocha.


4 Meu coraçã o está apodrecido como a erva, e murcho,

porque me esqueço de comer o meu pã o.


5 Pela voz do meu gemido,

meus ossos grudam na minha pele.


6 Sou como um pelicano do deserto.

Tornei-me como uma coruja dos lugares desolados.


7 Eu observo e me tornei como um pardal que está sozinho no

eirado.
8 Meus inimigos me insultam o dia todo.

Aqueles que estã o com raiva de mim usam meu nome como uma
maldiçã o.
9 Pois comi cinza como pã o,

e misturou minha bebida com lá grimas,


10 por causa da tua indignaçã o e da tua ira;

pois você me pegou e me jogou fora.


11 Meus dias sã o como uma longa sombra.

Eu murcho como a grama.

12 Mas tu, Senhor, permanecerá s para sempre;

a tua fama perdura por todas as geraçõ es.


13 Você se levantará e terá misericó rdia de Siã o;

pois é hora de ter piedade dela.


Sim, chegou a hora marcada.
14 Pois teus servos se comprazem nas pedras dela,

e tenha piedade do pó dela.


15Assim as naçõ es temerã o o nome do Senhor,

todos os reis da terra tua gló ria.


16 Pois o Senhor edi icou Siã o.

Ele apareceu em sua gló ria.


17 Ele atendeu à oraçã o do necessitado,

e nã o desprezou a sua oraçã o.


18 Isso será escrito para a geraçã o vindoura.

Um povo que será criado louvará a Yah,


19 porque olhou para baixo do alto do seu santuá rio.

Do cé u, Javé viu a terra,


20 para ouvir os gemidos do prisioneiro,

para libertar os condenados à morte,


21 para que os homens proclamem o nome do Senhor em Siã o,

e o seu louvor em Jerusalé m,


22 quando os povos estiverem reunidos,

os reinos, para servir ao Senhor.

23 Ele enfraqueceu minha força ao longo do percurso.

Ele encurtou meus dias.


24 Eu disse: “Meu Deus, nã o me leve embora no meio dos meus

dias.
Seus anos sã o ao longo de todas as geraçõ es.
25 Desde a antiguidade lançaste os fundamentos da terra.

Os cé us sã o obra de suas mã os.


26 Eles perecerã o, mas você perseverará .

Sim, todos eles se desgastarã o como uma roupa.


Você os mudará como um manto, e eles serã o mudados.
27 Mas você é o mesmo.

Seus anos nã o terã o im.


28 Os ilhos dos teus servos continuarã o.

A descendê ncia deles será estabelecida diante de ti”.


Lucas 15
1 Agora todos os cobradores de impostos e pecadores se

aproximavam dele para ouvi-lo. 2 Os fariseus e os escribas


murmuravam, dizendo: Este homem recebe os pecadores e come com
eles.
3 Ele lhes contou esta pará bola. 4 “Qual de você s, se você
tivesse
cem ovelhas e perdesse uma delas, nã o deixaria as noventa e nove no
deserto e iria atrá s da que estava perdida, até que a encontrasse? 5
Quando o encontra, ele o carrega nos ombros, regozijando-se. 6 Quando
ele chega em casa, ele reú ne seus amigos e vizinhos, dizendo-lhes:
'Alegrai-vos comigo, pois encontrei a minha ovelha perdida!' 7 Eu lhes
digo que mesmo assim haverá mais alegria no cé u por um pecador que
se arrepende, do que por noventa e nove justos que nã o precisam de
arrependimento. 8 Ou que mulher, se ela tivesse dez dracmas moedas,
se ela perdesse uma moeda de dracma, nã o acenderia uma lâ mpada,
varreria a casa e procuraria diligentemente até encontrá -la? 9 Quando
ela o encontra, ela reú ne seus amigos e vizinhos, dizendo: 'Alegrem-se
comigo, pois encontrei o dracma que havia perdido.' 10 Mesmo assim,
eu lhes digo, há alegria na presença dos anjos de Deus por um pecador
que se arrepende”.
11 Ele disse: “Certo homem tinha dois ilhos. 12 O mais novo disse ao
pai: 'Pai, dê -me minha parte de sua propriedade.' Entã o ele dividiu seu
sustento entre eles. 13 Poucos dias depois, o ilho mais novo juntou
tudo isso e viajou para um paı́s distante. Lá ele desperdiçou sua
propriedade com uma vida desenfreada. 14 Quando ele gastou tudo,
houve uma grande fome naquele paı́s, e ele começou a passar
necessidade. 15 Ele foi e se juntou a um dos cidadã os daquele paı́s, e o
enviou aos seus campos para alimentar os porcos. 16 Queria encher a
barriga com as cascas que os porcos comiam, mas ningué m lhe dava. 17
Mas, quando voltou a si, disse: 'Quantos empregados de meu pai tê m
pã o de sobra, e estou morrendo de fome! 18 Levantar-me-ei e irei ter
com meu pai e lhe direi: “Pai, pequei contra o cé u e diante de ti. 19 Nã o
sou mais digno de ser chamado de seu ilho. Faça-me como um de seus
servos contratados”. '
20 “Ele se levantou e foi ter com seu pai. Mas estando ele ainda

longe, seu pai o viu e, movido de compaixã o, correu e se lançou em seu


pescoço e o beijou. 21 O ilho lhe disse: 'Pai, pequei contra o cé u e diante
de ti. Nã o sou mais digno de ser chamado de seu ilho.
22 “Mas o pai disse aos seus servos: 'Tragam o melhor manto e

vistam-no. Coloque um anel em sua mã o e sandá lias em seus pé s. 23


Tragam o bezerro cevado, matem-no e comamos e festejemos; 24 pois
este, meu ilho, estava morto e reviveu. Ele estava perdido e foi
encontrado. Entã o eles começaram a comemorar.
25 “Agora seu ilho mais velho estava no campo. Ao se aproximar da
casa, ouviu mú sica e dança. 26 Ele chamou um dos servos e perguntou o
que estava acontecendo. 27 Ele lhe disse: 'Seu irmã o veio, e seu pai
matou o bezerro cevado, porque ele o recebeu de volta sã o e salvo.' 28
Mas ele icou zangado e nã o quis entrar. Entã o seu pai saiu e implorou.
29 Mas ele respondeu ao pai: 'Eis que há tantos anos que te sirvo, e

nunca desobedeci a um mandamento teu, mas nunca me deste um


bode, para festejar com os meus amigos. 30 Mas quando chegou este
teu ilho, que te devorou a vida com as prostitutas, mataste o bezerro
gordo para ele.'
31 “Ele lhe disse: 'Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é
meu é seu. 32 Mas era apropriado comemorar e se alegrar, pois este, seu
irmã o, estava morto e está vivo novamente. Ele estava perdido e foi
encontrado. ”
Salmos 119
ALEF
1 Bem-aventurados aqueles cujos caminhos sã o irrepreensı́veis,

que andam segundo a lei de Yahweh.


2 Bem-aventurados os que guardam os seus estatutos,

que o buscam de todo o coraçã o.


3 Sim, eles nã o fazem nada de errado.

Eles andam em seus caminhos.


4 Tu ordenaste os teus preceitos,

que devemos obedecê -los plenamente.


5 Oh, que meus caminhos fossem irmes

obedecer aos teus estatutos!


6 Entã o eu nã o icaria desapontado,

quando considero todos os teus mandamentos.


7 Eu te darei graças com retidã o de coraçã o,

quando eu aprender seus julgamentos justos.


8 Observarei os teus estatutos.

Nã o me abandone totalmente.

APOSTA
9 Como pode o jovem manter puro o seu caminho?

Vivendo de acordo com sua palavra.


10 De todo o meu coraçã o te procurei.

Nã o me deixe desviar de seus mandamentos.


11 Escondi a tua palavra no meu coraçã o,

para nã o pecar contra ti.


12 Bem-aventurado é s tu, Senhor.

Ensina-me os teus estatutos.


13 Com meus lá bios,

Eu declarei todas as ordenanças da tua boca.


14 Regozijei-me no caminho dos teus testemunhos,

tanto quanto em todas as riquezas.


15 Meditarei nos teus preceitos,
e considere seus caminhos.
16 Deleitar-me-ei nos teus estatutos.

Nã o vou esquecer sua palavra.

GIMEL
17 Faça o bem ao seu servo.

Eu vou viver e vou obedecer a sua palavra.


18 Abre meus olhos,

para que eu veja as maravilhas da tua lei.


19 Sou um estranho na terra.

Nã o esconda seus mandamentos de mim.


20 Minha alma se consome de saudades das tuas ordenanças o

tempo todo.
21 Você repreendeu os orgulhosos que sã o amaldiçoados,

que se desviam dos teus mandamentos.


22 Tira de mim o opró brio e o desprezo,

porque guardei os teus estatutos.


23 Ainda que os prı́ncipes se assentem e me caluniem,

o teu servo meditará nos teus estatutos.


24 De fato, os teus estatutos sã o o meu prazer,

e meus conselheiros.

DALED
25 A minha alma jaz no pó .

Revive-me de acordo com a tua palavra!


26 Eu anunciei meus caminhos, e você me respondeu.

Ensina-me os teus estatutos.


27 Deixe-me entender o ensino de seus preceitos!

Entã o meditarei nas tuas maravilhas.


28 Minha alma está cansada de tristeza:

fortalece-me segundo a tua palavra.


29 Guarda-me do caminho do engano.

Conceda-me sua lei graciosamente!


30 Escolhi o caminho da verdade.
Eu coloquei suas ordenanças diante de mim.
31 Apego-me aos teus estatutos, Senhor.

Nã o me deixe icar desapontado.


32 Eu corro no caminho dos teus mandamentos,

pois você libertou meu coraçã o.

EI
33 Ensina-me, Senhor, o caminho dos teus estatutos.

Vou mantê -los até o im.


34 Dá -me entendimento, e guardarei a tua lei.

Sim, eu o obedecerei com todo o meu coraçã o.


35 Dirige-me na vereda dos teus mandamentos,

pois me deleito neles.


36 Volta o meu coraçã o para os teus estatutos,

nã o para o ganho egoı́sta.


37 Desvia meus olhos de olhar para coisas sem valor.

Reviva-me em seus caminhos.


38 Cumpra a promessa que fez ao seu servo,

que você pode ser temido.


39 Tira a minha vergonha que temo,

pois suas ordenanças sã o boas.


40 Eis que anseio pelos teus preceitos!

Reaviva-me em tua justiça.

WAW
41 Venha també m a mim a tua benignidade, Senhor,

tua salvaçã o, segundo a tua palavra.


42 Assim terei resposta para aquele que me afronta,

pois con io na tua palavra.


43 Nã o arranque da minha boca a palavra da verdade,

pois ponho a minha esperança nas tuas ordenanças.


44 Assim obedecerei continuamente à tua lei,

para sempre e sempre.


45 Andarei em liberdade,
pois tenho buscado os teus preceitos.
46També m falarei dos teus estatutos perante os reis,

e nã o icará desapontado.


47 Deleitar-me-ei nos teus mandamentos,

porque eu os amo.
48 Estendo as minhas mã os para os teus mandamentos, que amo.

meditarei nos teus estatutos.

ZAYIN
49 Lembra-te da tua palavra ao teu servo,

porque você me deu esperança.


50 Este é o meu consolo na minha a liçã o,

pois tua palavra me reviveu.


51 Os arrogantes zombam de mim excessivamente,

mas eu nã o desvio de sua lei.


52 Lembro-me das tuas ordenanças de outrora, Senhor,

e tenho me consolado.
53 A indignaçã o se apoderou de mim,

por causa dos ı́mpios que abandonam a tua lei.


54 Os teus estatutos sã o os meus câ nticos

na casa onde moro.


55 Lembrei-me do teu nome, Senhor, de noite,

e eu obedeço a sua lei.


56 Este é o meu caminho,

que guardo os teus preceitos.

CHET
57 Javé
é a minha porçã o.
Prometi obedecer à s suas palavras.
58 Busquei o seu favor de todo o meu coraçã o.

Tem misericó rdia de mim segundo a tua palavra.


59 Considerei meus caminhos,

e voltei os meus passos para os teus estatutos.


60 Vou me apressar e nã o demorar,
obedecer aos seus mandamentos.
61 As cordas dos ı́mpios me prendem,

mas nã o esquecerei sua lei.


62 A meia-noite me levantarei para dar graças a você ,

por causa de suas justas ordenanças.


63 Sou amigo de todos os que te temem,

daqueles que observam os teus preceitos.


64 A terra está cheia da tua benignidade, Senhor.

Ensina-me os teus estatutos.

TET
65 Você tratou bem o seu servo,
conforme a tua palavra, Senhor.
66 Ensina-me bom senso e conhecimento,

pois creio em teus mandamentos.


67 Antes de ser a ligido, me desviei;

mas agora observo sua palavra.


68 Você é bom e faz o bem.

Ensina-me os teus estatutos.


69 Os orgulhosos espalharam mentiras sobre mim.

Com todo o meu coraçã o, guardarei os teus preceitos.


70 Seu coraçã o é insensı́vel como a gordura,

mas tenho prazer na tua lei.


71 E bom para mim ter sido a ligido,

para que eu aprenda os teus estatutos.


72 A lei da tua boca é melhor para mim do que milhares de moedas

de ouro e prata.

YUD
73 Tuas mã os me izeram e me formaram.
Dá -me entendimento, para que eu aprenda os teus mandamentos.
74 Os que te temem me verã o e se alegrarã o,

porque pus a minha esperança na tua palavra.


75 Javé , eu sei que os teus juı́zos sã o justos,
que com idelidade me a ligiste.
76 Por favor, que a tua benignidade seja para o meu conforto,

conforme a tua palavra ao teu servo.


77 Venham sobre mim as vossas misericó rdias, para que eu viva;

porque a tua lei é o meu prazer.


78 Que os orgulhosos iquem desapontados, pois me derrubaram

injustamente.
Vou meditar em seus preceitos.
79 Que aqueles que te temem se voltem para mim.

Eles conhecerã o seus estatutos.


80 Seja meu coraçã o irrepreensı́vel para com os teus decretos,

para que eu nã o me decepcione.

KAF
81 A minha alma desfalece pela tua salvaçã o.

Espero em sua palavra.


82 Meus olhos falham por tua palavra.

Eu digo: “Quando você vai me consolar?”


83 Pois me tornei como um odre na fumaça.

Nã o esqueço seus estatutos.


84 Quantos sã o os dias do teu servo?

Quando você vai executar o julgamento sobre aqueles que me


perseguem?
85 Os orgulhosos cavaram covas para mim,

contrá rio à sua lei.


86 Todos os seus mandamentos sã o ié is.

Eles me perseguem injustamente.


Me ajude!
87 Quase me exterminaram da terra,

mas nã o abandonei seus preceitos.


88 Preserva a minha vida segundo a tua benignidade,

assim obedecerei aos estatutos da tua boca.

LAMED
89 Yahweh, a tua palavra está irmada no cé u para sempre.
90 A tua idelidade é para todas as geraçõ es.

Você estabeleceu a terra, e ela permanece.


91 Tuas leis permanecem até hoje,

pois todas as coisas te servem.


92 A menos que sua lei tivesse sido meu prazer,

Eu teria perecido em minha a liçã o.


93 Jamais esquecerei teus preceitos,

pois com eles você me reviveu.


94 Eu sou seu.

Salva-me, pois tenho buscado os teus preceitos.


95 Os ı́mpios me esperaram, para me destruir.

Vou considerar seus estatutos.


96 Eu vi um limite para toda perfeiçã o,

mas seus comandos sã o ilimitados.

MEM
97 Como amo a tua lei!

E minha meditaçã o o dia todo.


98 Teus mandamentos me tornam mais sá bio do que meus

inimigos,
porque os teus mandamentos estã o sempre comigo.
99 Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres,

pois seus testemunhos sã o minha meditaçã o.


100 eu entendo mais do que os idosos,

porque guardei os teus preceitos.


101 Guardei os meus pé s de todo mau caminho,

para que eu possa observar sua palavra.


102 Nã o me desviei das tuas ordenanças,

pois você me ensinou.


103 Quã o doces sã o as tuas promessas ao meu paladar,

mais do que mel para minha boca!


104 Atravé s de seus preceitos, eu obtenho entendimento;

portanto, odeio todo caminho falso.


FREIRA
105 Lâ mpada para os meus pé s é a tua palavra,
e uma luz para o meu caminho.
106 Jurei e con irmei,
que obedecerei à s tuas justas ordenanças.
107 Estou muito a lito.

Revive-me, Senhor, segundo a tua palavra.


108 Aceita, eu te imploro, as oferendas voluntá rias da minha boca.

Yahweh, ensina-me as tuas ordenanças.


109 Minha alma está continuamente na minha mã o,

mas nã o esquecerei sua lei.


110 Os ı́mpios armaram-me um laço,

mas nã o me desviei dos teus preceitos.


111 Tomei seus testemunhos como herança para sempre,

pois eles sã o a alegria do meu coraçã o.


112 Dediquei o meu coraçã o a cumprir os teus estatutos para

sempre,
mesmo até o im.

SAMEKH
113 Odeio homens de mente dobre,

mas eu amo a sua lei.


114 Você é meu esconderijo e meu escudo.

Espero em sua palavra.


115 Afastem-se de mim, malfeitores,

para que eu guarde os mandamentos do meu Deus.


116 Sustenta-me segundo a tua palavra, para que eu viva.

Que eu nã o me envergonhe da minha esperança.


117 Segure-me, e estarei seguro,

e respeitará continuamente os teus estatutos.


118 Tu rejeitas todos os que se desviam dos teus estatutos,

pois seu engano é em vã o.


119 Você afasta todos os ı́mpios da terra como escó ria.

Por isso amo seus testemunhos.


120 Minha carne treme de medo de você .

Tenho medo de seus julgamentos.

AYIN
121 Fiz o que éjusto e reto.
Nã o me deixe com meus opressores.
122 Garanta o bem-estar do seu servo.

Nã o deixe o orgulhoso me oprimir.


123 Meus olhos desfalecem procurando a tua salvaçã o,

por sua palavra justa.


124 Trate com seu servo de acordo com sua bondade.

Ensina-me os teus estatutos.


125 Eu sou seu servo. Dá -me compreensã o,

para que eu conheça seus testemunhos.


126 E tempo de agir, Senhor,

porque eles violam a tua lei.


127 Por isso amo os teus mandamentos mais do que o ouro,

sim, mais do que ouro puro.


128 Portanto, considero todos os seus preceitos corretos.

Eu odeio todo caminho falso.

PEY
129 Seus testemunhos sã o maravilhosos,

por isso minha alma os guarda.


130 A entrada de suas palavras ilumina.

Dá entendimento ao simples.


131 Abri bem a boca e ofeguei,

pois ansiei por teus mandamentos.


132 Volta-te para mim, e tem misericó rdia de mim,

como você sempre faz com aqueles que amam seu nome.
133 Firma meus passos em tua palavra.

Nã o deixe que nenhuma iniqü idade tenha domı́nio sobre mim.
134 Redime-me da opressã o do homem,

entã o observarei seus preceitos.


135 Faça resplandecer o teu rosto sobre o teu servo.

Ensina-me os teus estatutos.


136 Correntes de lá grimas escorrem pelos meus olhos,

porque nã o observam a tua lei.

TZADI
137 Tu é s justo, Yahweh.

Seus julgamentos sã o corretos.


138 Tu ordenaste os teus estatutos com justiça.

Eles sã o totalmente con iá veis.


139 Meu zelo me esgota,

porque meus inimigos ignoram suas palavras.


140 Suas promessas foram completamente testadas,

e seu servo os ama.


141 Sou pequeno e desprezado.

Nã o esqueço seus preceitos.


142 Sua justiça é uma justiça eterna.

Sua lei é a verdade.


143 Problemas e angú stias tomaram conta de mim.

Seus mandamentos sã o meu deleite.


144 Seus testemunhos sã o justos para sempre.

Dá -me entendimento, para que eu viva.

KUF
145 Eu chamei de todo o meu coraçã o.

Responda-me, Senhor!
Guardarei seus estatutos.
146 Eu te chamei. Me salve!

Eu obedecerei aos seus estatutos.


147 Levanto -me antes do amanhecer e clamo por socorro.

Coloco minha esperança em suas palavras.


148 Meus olhos icam abertos durante as vigı́lias noturnas,

para que eu medite na tua palavra.


149 Ouve a minha voz segundo a tua benignidade.
Revive-me, Yahweh, segundo as tuas ordenanças.
150 Aproximam-se os que seguem a maldade.

Eles estã o longe de sua lei.


151 Tu está s perto, Yahweh.

Todos os seus mandamentos sã o a verdade.


152 Desde a antiguidade eu soube por seus testemunhos,

que você os fundou para sempre.

RESH
153 Considera a minha a liçã o, e livra-me,
pois nã o me esqueço da tua lei.
154 Defenda minha causa, e me redime!

Revive-me de acordo com a tua promessa.


155 A salvaçã o está longe dos ı́mpios,

porque nã o procuram os teus estatutos.


156 Grandes sã o as tuas misericó rdias, Senhor.

Revive-me de acordo com as tuas ordenanças.


157 Muitos sã o meus perseguidores e meus adversá rios.

Nã o me desviei de seus testemunhos.


158 Eu olho para os in ié is com repugnâ ncia,

porque eles nã o observam sua palavra.


159 Considere como eu amo seus preceitos.

Reaviva-me, Senhor, segundo a tua benignidade.


160 Todas as suas palavras sã o verdade.

Cada uma de suas justas ordenanças dura para sempre.

PECADO E CANELA
161 Prı́ncipes me perseguiram sem causa,

mas meu coraçã o está maravilhado com suas palavras.


162 Alegro-me com a tua palavra,

como quem encontra grande pilhagem.


163 Eu odeio e abomino a falsidade.

Eu amo sua lei.


164 Sete vezes por dia, eu te louvo,
por causa de suas justas ordenanças.
165 Aqueles que amam a tua lei tê m grande paz.

Nada os faz tropeçar.


166 Esperei pela tua salvaçã o, Senhor.

Eu tenho feito seus mandamentos.


167 Minha alma tem observado seus testemunhos.

Eu os amo sobremaneira.
168 Tenho obedecido aos teus preceitos e aos teus testemunhos,

pois todos os meus caminhos estã o diante de ti.

TAV
169 Que meu clamor chegue até ti, Yahweh.
Dá -me entendimento segundo a tua palavra.
170 Deixe minha sú plica vir diante de você .

Livra-me de acordo com a tua palavra.


171 Que meus lá bios pronunciem louvor,

porque me ensinas os teus estatutos.


172 Que minha lı́ngua cante a tua palavra,

porque todos os teus mandamentos sã o justiça.


173 Esteja sua mã o pronta para me ajudar,

pois escolhi os teus preceitos.


174 Anseio pela tua salvaçã o, Senhor.

Sua lei é meu deleite.


175 Viva a minha alma, para que eu te louve.

Deixe que suas ordenanças me ajudem.


176 Eu me perdi como uma ovelha perdida.

Procure o seu servo, pois nã o me esqueço dos seus mandamentos.


Salmos 56
Para o Músico Chefe. Ao som de “Silent Dove in Distant Lands”. Um
poema de Davi, quando os ilisteus o prenderam em Gate.
1 Tem misericó rdia de mim, Deus, pois o homem quer me engolir.

Durante todo o dia, ele me ataca e me oprime.


2 Meus inimigos querem me engolir o dia todo,

pois sã o muitos os que lutam orgulhosamente contra mim.


3 Quando estou com medo,

Vou colocar minha con iança em você .


4 Em Deus, louvo a sua palavra.

Em Deus, coloco minha con iança.


Eu nã o terei medo.
O que a carne pode fazer comigo?
5 Durante todo o dia eles torcem minhas palavras.

Todos os seus pensamentos estã o contra mim para o mal.


6 Eles conspiram e espreitam,

observando meus passos.


Eles estã o ansiosos para tirar minha vida.
7 Porventura escaparã o pela iniqü idade?

Com ira derruba os povos, Deus.


8 Você conta minhas andanças.

Você colocou minhas lá grimas em seu recipiente.


Eles nã o estã o no seu livro?
9 Entã o os meus inimigos retrocederã o no dia que eu chamar.

Eu sei disso: que Deus é por mim.


10 Em Deus, louvarei a sua palavra.

Em Javé , louvarei a sua palavra.


11 Depositei minha con iança em Deus.

Eu nã o terei medo.


O que o homem pode fazer comigo?
12 Seus votos estã o sobre mim, Deus.

Eu lhe darei ofertas de agradecimento.


13 Pois tu livraste a minha alma da morte,
e impediu que meus pé s caı́ssem,
para que eu ande diante de Deus na luz dos vivos.
Salmos 31
Para o Músico Chefe. Um Salmo de Davi.
1 Em ti, Senhor, me refugio.

Que eu nunca me decepcione.


Livra-me em tua justiça.
2 Curve seus ouvidos para mim.

Entregue-me rapidamente.
Seja para mim uma rocha forte,
uma casa de defesa para me salvar.
3 Pois você é minha rocha e minha fortaleza,

portanto, por amor do teu nome, guia-me e guia-me.


4 Tira-me da rede que armaram secretamente para mim,

pois você é minha fortaleza.


5 Nas tuas mã os entrego o meu espı́rito.

Tu me redimes, Javé , Deus da verdade.


6 Detesto os que consideram vaidades mentirosas,

mas eu con io no Senhor.


7 Regozijar-me-ei e regozijarei na tua benignidade,

porque viste a minha a liçã o.


Você conheceu minha alma nas adversidades.
8 Você nã o me encerrou nas mã os do inimigo.

Você colocou meus pé s em um lugar grande.


9 Compadece-te de mim, Senhor, porque estou angustiado.

Meus olhos, minha alma e meu corpo de inham de tristeza.


10 Pois a minha vida é gasta com tristeza,

meus anos com suspiros.


Minha força falha por causa da minha iniqü idade.
Meus ossos estã o perdidos.
11 Por causa de todos os meus adversá rios, tornei-me totalmente

desprezı́vel para com o meu pró ximo,


um horror para os meus conhecidos.
Quem me viu na rua fugiu de mim.
12 Estou esquecido de seus coraçõ es como um homem morto.
Eu sou como uma cerâ mica quebrada.
13 Pois tenho ouvido a calú nia de muitos, terror por todos os lados,

enquanto eles conspiram juntos contra mim,


eles planejam tirar minha vida.
14 Mas eu con io em ti, Senhor.

Eu disse: “Você é meu Deus”.


15 Meus tempos estã o em suas mã os.

Livra-me das mã os dos meus inimigos e dos que me perseguem.


16 Faça resplandecer o seu rosto sobre o seu servo.

Salve-me em sua bondade amorosa.


17 Nã o me deixes desapontado, ó Senhor, porque te invoquei.

Deixe os ı́mpios se decepcionarem.


Que iquem em silê ncio no Sheol.
18 Emudeçam os lá bios mentirosos,

que falam insolentemente contra o justo, com orgulho e desprezo.


19 Oh, quã o grande é a tua bondade,

que guardaste para os que te temem,


que tens trabalhado para os que em ti se refugiam,
antes dos ilhos dos homens!
20 No abrigo da tua presença os esconderá s das maquinaçõ es do

homem.
Você os guardará secretamente em uma morada longe da contenda
de lı́nguas.
21 Louvado seja o Senhor,

pois ele me mostrou sua maravilhosa benignidade em uma cidade


forte.
22 Quanto a mim, disse na minha pressa: “Estou cortado diante de

seus olhos”.
No entanto, você ouviu a voz de minhas petiçõ es quando eu clamei
a você .
23 Amai Yahweh, vó s todos os seus santos!

Javé preserva os ié is,


e recompensa plenamente aquele que se comporta com
arrogâ ncia.
24 Seja forte, e tenha coragem o seu coraçã o,

todos vó s que esperais no Senhor.


Jeremias 14
1 Esta é a palavra do Senhor que veio a Jeremias sobre a seca.
2 “Judá chora,
e suas portas de inham.
Eles se sentam de preto no chã o.
O clamor de Jerusalé m sobe.
3 Seus nobres mandam seus pequeninos para as á guas.

Eles chegam à s cisternas,


e nã o encontrar á gua.
Eles voltam com seus vasos vazios.
Eles estã o desapontados e confusos,
e cobrir suas cabeças.
4 Por causa do chã o rachado,

porque nã o choveu na terra,


os lavradores estã o desapontados.
Eles cobrem suas cabeças.
5 Sim, també m a corça do campo dá à luz e abandona seus ilhotes,

porque nã o há grama.


6 Os burros selvagens icam nas alturas nuas.

Eles anseiam por ar como chacais.


Seus olhos falham,
porque nã o há vegetaçã o.
7 Ainda que nossas iniqü idades testi iquem contra nó s,

trabalha por amor do teu nome, Senhor;


pois nossas rebeliõ es sã o muitas.
Nó s pecamos contra você .
8 Você espera de Israel,

seu Salvador no tempo da angú stia,


por que você deveria ser como um estrangeiro na terra,
e como um viajante que se desvia para passar a noite?
9 Por que você deveria ser como um homem assustado,

como um homem poderoso que nã o pode salvar?


Mas tu, Senhor, está s no meio de nó s,
e somos chamados pelo seu nome.
Nã o nos deixe.
10 Javé
diz a este povo:
“Mesmo assim eles adoraram passear.
Eles nã o restringiram seus pé s.
Portanto, Yahweh nã o os aceita.
Agora ele se lembrará da iniqü idade deles,
e castigá -los por seus pecados.”
11 Javé
me disse: “Nã o ore por este povo para o bem deles. 12
Quando jejuarem, nã o ouvirei seu clamor; e quando oferecerem
holocausto e oferta de manjares, nã o os aceitarei; mas eu os
consumirei pela espada, pela fome e pela peste”.
13 Entã o eu disse: “Ah, Senhor Javé ! Eis que os profetas lhes dizem:

'Nã o vereis a espada, nem tereis fome; mas eu lhe darei paz garantida
neste lugar.' ”
14 Entã o Javé me disse: “Os profetas profetizam mentiras em meu
nome. Eu nã o os enviei. Eu nã o os ordenei. Eu nã o falei com eles. Eles
profetizam para você uma visã o mentirosa, adivinhaçã o e uma coisa de
nada, e o engano do seu pró prio coraçã o. 15 Por isso o Senhor diz acerca
dos profetas que profetizam em meu nome, mas eu nã o os enviei, mas
dizem: Espada e fome nã o haverá nesta terra. Esses profetas serã o
consumidos pela espada e pela fome. 16 O povo a quem profetizar será
expulso pelas ruas de Jerusalé m por causa da fome e da espada. Eles
nã o terã o ningué m para enterrá -los - eles, suas esposas, seus ilhos ou
suas ilhas, pois derramarei sua maldade sobre eles.
17 “Diga-lhes esta palavra:

“'Deixe meus olhos correrem com lá grimas noite e dia,


e nã o cessem;
porque a ilha virgem do meu povo está quebrada com uma grande
brecha,
com uma ferida muito dolorosa.
18 Se eu for ao campo,
entã o, eis que os mortos à espada!
Se eu entrar na cidade,
entã o, eis os que estã o doentes de fome!
Pois tanto o profeta como o sacerdote andam pela terra,
e nã o tem conhecimento.' ”

19 Você rejeitou totalmente a Judá ?


Sua alma detestou Siã o?
Por que você nos feriu, e nã o há cura para nó s?
Procuramos a paz, mas nada de bom veio;
e por um tempo de cura, e eis que consternaçã o!
20 Reconhecemos, Senhor, a nossa maldade,

e a iniqü idade de nossos pais;


porque pecamos contra ti.
21 Nã o nos abomine, por amor do seu nome.

Nã o desonre o trono de sua gló ria.


Lembre-se e nã o quebre sua aliança conosco.
22 Existe algué m entre as vaidades das naçõ es que pode causar

chuva?
Ou o cé u pode dar banhos?
Nã o é você , Javé nosso Deus?
Portanto, vamos esperar por você ;
porque tu izeste todas estas coisas.
Salmos 105
1 Agradeçam ao Senhor! Chame o nome dele!

Faça seus feitos conhecidos entre os povos.


2 Cante para ele, cante louvores a ele!

Fale de todas as suas obras maravilhosas.


3 Gló ria em seu santo nome.

Alegre-se o coraçã o dos que buscam ao Senhor.


4 Busque a Javé e sua força.

Busque seu rosto para sempre mais.


5 Lembre-se das obras maravilhosas que ele fez:

as suas maravilhas e os juı́zos da sua boca,


6 descendê ncia de Abraã o, seu servo,

vó s, ilhos de Jacó , seus escolhidos.


7 Ele é Javé , nosso Deus.

Seus julgamentos estã o em toda a terra.


8 Ele se lembrou da sua aliança para sempre,

a palavra que ele ordenou a mil geraçõ es,


9 a aliança que fez com Abraã o,

seu juramento a Isaque,


10 e o con irmou a Jacó por estatuto;

a Israel por aliança perpé tua,


11 dizendo: “A você s darei a terra de Canaã ,

o lote de sua herança”,


12 quando eram poucos homens,

sim, muito poucos, e estrangeiros nele.


13 Andaram de naçã o em naçã o,

de um reino para outro povo.


14 Ele nã o permitiu que ningué m os izesse mal.

Sim, ele repreendeu os reis por causa deles,


15 “Nã o toquem nos meus ungidos!

Nã o façam mal aos meus profetas!”


16 Ele convocou uma fome na terra.

Ele destruiu os suprimentos de comida.


17 Ele enviou um homem adiante deles.
José foi vendido como escravo.
18 Esmagaram-lhe os pé s com grilhõ es.

Seu pescoço estava preso em ferros,


19 até o momento em que sua palavra aconteceu,

e a palavra de Yahweh provou que ele era verdadeiro.


20 O rei o mandou e o libertou,

mesmo o governante dos povos, e deixá -lo ir livre.


21 Ele o constituiu senhor de sua casa,

e governante de todos os seus bens,


22 para disciplinar seus prı́ncipes a seu bel prazer,

e ensinar sabedoria aos mais velhos.


23 Israel també m entrou no Egito.

Jacó viveu na terra de Cam.


24 Ele aumentou muito o seu povo,

e os fez mais fortes do que seus adversá rios.


25 Ele converteu o coraçã o deles para odiar seu povo,

conspirar contra seus servos.


26 Ele enviou Moisé s, seu servo,

e Arã o, a quem ele havia escolhido.


27 Fizeram milagres entre eles,

e maravilhas na terra de Cam.


28 Ele enviou a escuridã o, e a escureceu.

Eles nã o se rebelaram contra suas palavras.


29 Ele transformou suas á guas em sangue,

e mataram seus peixes.


30 Sua terra fervilhava de rã s,

mesmo nos aposentos de seus reis.


31 Ele falou, e enxames de moscas vieram,

e piolhos em todas as suas fronteiras.


32 Deu-lhes saraiva por chuva,

com relâ mpagos em sua terra.


33 Feriu suas videiras e també m suas igueiras,

e despedaçou as á rvores do seu paı́s.


34 Ele falou, e os gafanhotos vieram
com os gafanhotos, sem nú mero,
35 comeram todas as plantas da sua terra,

e comeu o fruto da sua terra.


36 Feriu també m todos os primogê nitos na sua terra,

as primı́cias de toda a sua masculinidade.


37 Ele os tirou com prata e ouro.

Nã o havia uma pessoa fraca entre suas tribos.


38 O Egito se alegrou quando eles partiram,

pois o medo deles havia caı́do sobre eles.


39 Ele estendeu uma nuvem por cobertura,

fogo para iluminar a noite.


40 Eles pediram, e ele trouxe codornizes,

e os satisfez com o pã o do cé u.


41 Ele abriu a rocha, e as á guas jorraram.

Correram como um rio nos lugares secos.


42 Pois ele se lembrou da sua santa palavra,

e Abraã o, seu servo.


43 Ele fez sair o seu povo com alegria,

seu escolhido com o canto.


44 Deu-lhes as terras das naçõ es.

Eles tomaram o trabalho dos povos em posse,


45 para que guardassem os seus estatutos,

e observar suas leis.


Louvado seja Yah!
Salmos 13
Para o Músico Chefe. Um Salmo de Davi.
1 Até quando, Senhor?

Você vai me esquecer para sempre?


Até quando você vai esconder seu rosto de mim?
2 Até quando tomarei conselho na minha alma,

tendo tristeza em meu coraçã o todos os dias?


Até quando meu inimigo triunfará sobre mim?
3 Olha e responde-me, Senhor, Deus meu.

Dê luz aos meus olhos, para que eu nã o durma na morte;
4 para que meu inimigo nã o diga: “Eu prevaleci contra ele”;

para que meus adversá rios nã o se regozijem quando eu cair.

5 Mas eu con io na tua bondade.


Meu coraçã o se alegra com a sua salvaçã o.
6 Cantarei ao Senhor,

porque ele tem sido bom para mim.


Lucas 20
1 Num daqueles dias, enquanto ele ensinava o povo no templo e

pregava a Boa Nova, os sacerdotes e os escribas foram ter com ele com
os anciã os. 2 Eles lhe perguntaram: “Diga-nos: com que autoridade você
faz essas coisas? Ou quem está lhe dando essa autoridade?”
3 Ele lhes respondeu: “Eu també m lhes farei uma pergunta. Diga-

me: 4 o batismo de Joã o foi do cé u ou dos homens?”


5 Arrazoaram consigo mesmos, dizendo: “Se dissermos: 'Do cé u',

ele dirá : 'Por que você s nã o creram nele?' 6 Mas, se dissermos: 'Dos
homens', todo o povo nos apedrejará , pois está convencido de que Joã o
foi profeta”. 7 Eles responderam que nã o sabiam de onde era.
8 Disse-lhes Jesus: “Nem eu vos direi com que autoridade faço

estas coisas”.
9 Ele começou a contar ao povo esta pará bola. "UMA homem

plantou uma vinha e a alugou a alguns lavradores, e foi para outro paı́s
por muito tempo. 10 Na é poca certa, ele enviou um servo aos lavradores
para recolher sua parte dos frutos da vinha. Mas os fazendeiros o
espancaram e o mandaram embora vazio. 11 Ele enviou outro servo, e
eles també m o espancaram, e o trataram vergonhosamente, e o
despediram vazio. 12 Ele enviou ainda um terceiro, e eles també m o
feriram e o expulsaram. 13 O senhor da vinha disse: 'O que devo fazer?
Vou enviar meu ilho amado. Pode ser que, ao vê -lo, eles o respeitem.'
14 “Mas quando os fazendeiros o viram, eles argumentaram entre si,

dizendo: 'Este é o herdeiro. Venha, vamos matá -lo, para que a herança
seja nossa. 15 Entã o o lançaram para fora da vinha e o mataram. O que,
pois, o senhor da vinha fará com eles? 16 Ele virá e destruirá esses
lavradores e dará a vinha a outros”.
Quando ouviram isso, disseram: “Que isso nunca aconteça!”
17 Mas ele olhou para eles e disse: “Entã o, o que é isto que está
escrito,
'A pedra que os construtores rejeitaram
foi feita a principal pedra angular?'
18 Todo aquele que cair sobre aquela pedra será despedaçado,

mas esmagará a quem cair em pó .”


19 Os principais sacerdotes e os escribas procuravam prendê -lo

naquela mesma hora, mas temiam o povo, pois sabiam que ele havia
falado esta pará bola contra eles. 20 Eles o vigiaram e enviaram espiõ es,
que se ingiam de justos, para que pudessem prendê -lo em algo que ele
dissesse, a im de entregá -lo ao poder e autoridade do governador. 21
Eles lhe perguntaram: “Mestre, sabemos que você diz e ensina o que é
certo, e nã o é parcial com ningué m, mas ensina verdadeiramente o
caminho de Deus. 22 E lı́cito pagar impostos a Cé sar ou nã o?”
23 Mas ele percebeu a astú cia deles e lhes disse: “Por que você s me

provam? 24 Mostre-me um dená rio. De quem é a imagem e a inscriçã o?”


Eles responderam: “De Cé sar”.
25 Ele lhes disse: “Dai a Cé sar o que é de Cé sar, e a Deus o que é de
Deus”.
26 Eles nã o conseguiram enganá -lo em suas palavras diante do

povo. Ficaram maravilhados com sua resposta e icaram em silê ncio. 27


Aproximaram-se dele alguns dos saduceus, os que negam que haja
ressurreiçã o. 28 Eles lhe perguntaram: “Mestre, Moisé s nos escreveu
que, se o irmã o de um homem morrer tendo mulher, e ele nã o tiver
ilhos, seu irmã o tome a mulher e crie ilhos para seu irmã o. 29 Havia,
pois, sete irmã os. O primeiro tomou uma esposa e morreu sem ilhos.
30 O segundo a casou com ela e morreu sem ilhos. 31 O terceiro a

tomou, e també m os sete nã o deixaram ilhos, e morreram. 32 Depois, a


mulher també m morreu. 33 Portanto, na ressurreiçã o, de quem ela será
esposa deles? Pois os sete a tiveram como esposa.”
34 Disse-lhes Jesus: Os ilhos desta idade casam-se e dã o-se em
casamento. 35 Mas aqueles que sã o considerados dignos de atingir essa
idade e a ressurreiçã o dos mortos nã o se casam nem se dã o em
casamento. 36 Pois eles nã o podem mais morrer, pois sã o como os
anjos, e sã o ilhos de Deus, sendo ilhos da ressurreiçã o. 37 Mas que os
mortos sã o ressuscitados, até mesmo Moisé s mostrou na sarça,
quando chamou o Senhor de 'O Deus de Abraã o, o Deus de Isaque e o
Deus de Jacó '. 38 Agora ele nã o é o Deus dos mortos, mas dos vivos, pois
todos estã o vivos para ele”.
39 Alguns dos escribas responderam: “Mestre, você fala bem”. 40 Eles
nã o se atreveram a fazer-lhe mais perguntas.
41 Ele lhes disse: “Por que dizem que o Cristo é ilho de Davi? 42 O
pró prio Davi diz no livro dos Salmos,
'O Senhor disse ao meu Senhor,
“Sente-se à minha direita,
43 até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pé s”. '

44 “Davi, portanto, o chama de Senhor, entã o como ele é seu ilho?”


45 Ao ouvir todo o povo, disse aos seus discı́pulos: 46 “Cuidado com

os escribas que gostam de andar com vestes compridas e gostam de


saudaçõ es nas praças, dos melhores lugares nas sinagogas e dos
melhores lugares nas festas; 47 que devoram as casas das viú vas e, por
pretexto, fazem longas oraçõ es: estes receberã o maior condenaçã o”.
Sabedoria de Salomão 5
1 Entã o o justo se levantarácom grande ousadia
diante da face dos que o a ligiram,
e aqueles que fazem seu trabalho sem importâ ncia.
2 Quando o virem, icarã o a litos com um medo terrı́vel,

e icarã o maravilhados com a maravilha da salvaçã o.


3 Falarã o entre si arrependidos,

e por angú stia de espı́rito gemerã o,


“Este era aquele que costumá vamos desprezar,
como uma pará bola de reprovaçã o.
4 Nó s, tolos, consideramos sua vida uma loucura,

e seu im sem honra.


5 Como ele foi contado entre os ilhos de Deus?

Como é a sua sorte entre os santos?


6 Verdadeiramente nos desviamos do caminho da verdade.

A luz da justiça nã o brilhou para nó s.


O sol nã o nasceu para nó s.
7 Nos fartamos das veredas da iniquidade e da destruiçã o.

Viajamos por desertos sem trilhas,


mas nã o conhecı́amos o caminho do Senhor.
8 De que nos bene iciou a nossa arrogâ ncia?

Que bem nos trouxeram as riquezas e a jactâ ncia?


9 Todas essas coisas passaram como sombra,

como uma mensagem que passa,


10 como um navio que passa pelas á guas agitadas,

que, quando passa, nã o há vestı́gios a serem encontrados,


nenhum caminho de sua quilha nas ondas.
11 Ou é como quando um pá ssaro voa pelo ar,

nenhuma evidê ncia de sua passagem é encontrada,


mas o vento leve, açoitado com o golpe de suas asas,
e despedaçado com o ı́mpeto violento das asas em movimento, é
atravessado.
Depois disso, nenhum sinal de sua vinda permanece.
12 Ou é como quando uma lecha é atirada em um alvo,
o ar dividido por ele se fecha novamente imediatamente,
para que os homens nã o saibam por onde passou.
13 Assim també m nó s, logo que nascemos, deixamos de existir;

e nã o tı́nhamos nenhum sinal de virtude para mostrar,


mas fomos totalmente consumidos em nossa maldade”.
14 Porque a esperança do ı́mpio é como a palha levada pelo vento,

e como espuma desaparecendo diante de uma tempestade;


e se espalha como fumaça pelo vento,
e passa como a lembrança de um hó spede que espera apenas um
dia.

15 Mas os justos vivem para sempre.

Sua recompensa está no Senhor,


e o cuidado deles com o Altı́ssimo.
16 Portanto, eles receberã o a coroa da dignidade real

e o diadema de beleza da mã o do Senhor,


porque ele os cobrirá com sua mã o direita,
e ele os protegerá com seu braço.
17 Ele tomará seu ciú me como armadura completa,

e fará de toda a criaçã o suas armas para punir seus inimigos:


18 Ele porá a justiça como couraça,

e usará um julgamento imparcial como capacete.


19 Ele tomará a santidade como um escudo invencı́vel.
20 Ele aguçará a ira severa por uma espada.

O mundo irá com ele para lutar contra seus inimigos frené ticos.
21 raios de relâ mpagos voarã o com pontaria verdadeira.

Eles saltarã o das nuvens para o alvo, como de um arco bem


esticado.
22 Pedras de granizo cheias de ira serã o lançadas de uma má quina de

guerra.
A á gua do mar se indignará contra eles.
Os rios os dominarã o severamente.
23 Uma forte rajada os atingirá .

Irá afastá -los como uma tempestade.


Assim, a iniqü idade tornará toda a terra desolada.
Suas maldades derrubarã o os tronos dos prı́ncipes.
Salmos 37
Por Davi.
1 Nã o se preocupe por causa dos malfeitores,

nem tenha inveja dos que praticam a injustiça.


2 Pois em breve serã o cortados como a erva,

e murchar como a erva verde.


3 Con ia no Senhor e faz o bem.

Habitar na terra e desfrutar de pastagens seguras.


4 Deleita-te també m em Javé ,

e ele lhe concederá os desejos do seu coraçã o.


5 Entregue seu caminho a Javé .

Con ie també m nele, e ele fará isso:


6 ele fará resplandecer a tua justiça como a luz,

e a tua justiça como o sol do meio-dia.


7 Descanse em Javé e espere por ele com paciê ncia.

Nã o se preocupe por causa daquele que prospera em seu caminho,


por causa do homem que faz com que tramas perversas
aconteçam.
8 Deixa a ira e abandona o furor.

Nã o se preocupe; leva apenas ao mal.


9 Pois os malfeitores serã o exterminados,

mas os que esperam no Senhor herdarã o a terra.


10 Ainda um pouco, e os ı́mpios nã o mais existirã o.

Sim, embora você procure o lugar dele, ele nã o está lá .
11 Mas os humildes herdarã o a terra,

e se deleitarã o na abundâ ncia de paz.


12 O ı́mpio trama contra o justo,

e range os dentes para ele.


13 O Senhor rirá dele,

pois ele vê que seu dia está chegando.


14 Os ı́mpios desembainharam a espada e armaram o arco,

para derrubar os pobres e necessitados,


para matar os que sã o retos no caminho.
15 A sua espada entrará no seu pró prio coraçã o.
Seus arcos serã o quebrados.
16 Melhor é o pouco que o justo tem,

do que a abundâ ncia de muitos ı́mpios.


17 Pois os braços dos ı́mpios serã o quebrados,

mas o Senhor sustenta os justos.


18 O Senhor conhece os dias dos perfeitos.

A herança deles será para sempre.


19 Eles nã o serã o decepcionados no tempo do mal.

Nos dias de fome serã o saciados.

20 Mas os ı́mpios perecerã o.

Os inimigos do Senhor serã o como a beleza dos campos.


Eles vã o desaparecer—
desaparecer como fumaça.
21 Os ı́mpios pedem emprestado e nã o pagam,

mas os justos dã o generosamente.


22 Pois os abençoados por ele herdarã o a terra.

Aqueles que sã o amaldiçoados por ele serã o exterminados.


23 Os passos do homem sã o estabelecidos pelo Senhor.

Ele se deleita em seu caminho.


24 Ainda que tropece, nã o cairá ,

porque o Senhor o sustenta com a mã o.


25 Fui jovem e agora sou velho,

mas nã o vi o justo desamparado,


nem seus ilhos mendigando pã o.
26 Todo o dia ele age com bondade e empresta.

Sua descendê ncia é abençoada.


27 Afaste-se do mal e faça o bem.

Viva com segurança para sempre.


28 Pois o Senhor ama a justiça,

e nã o abandona seus santos.


Eles sã o preservados para sempre,
mas os ilhos dos ı́mpios serã o exterminados.
29 Os justos herdarã o a terra,

e viver nele para sempre.

30 A boca do justo fala de sabedoria.

Sua lı́ngua fala justiça.


31 A lei do seu Deus está em seu coraçã o.

Nenhum de seus passos deve deslizar.


32 Os ı́mpios vigiam os justos,

e tentar matá -lo.


33 Javé nã o o deixará na mã o,

nem o condene quando for julgado.


34 Espera no Senhor, e segue o seu caminho,

e ele te exaltará para herdar a terra.


Quando os ı́mpios forem exterminados, você o verá .

35 Vi os ı́mpios em grande poder,

espalhando-se como uma á rvore verde em seu solo nativo.


36 Mas ele faleceu, e eis que já nã o existia.

Sim, eu o procurei, mas ele nã o foi encontrado.


37 Marca o homem perfeito, e vê o reto,

pois há um futuro para o homem de paz.


38 Quanto aos transgressores, eles serã o destruı́dos juntamente.

O futuro dos ı́mpios será cortado.


39 Mas a salvaçã o dos justos vem do Senhor.

Ele é a sua fortaleza na hora da angú stia.


40 Javé os ajuda e os livra.

Ele os livra dos ı́mpios e os salva,


porque nele se refugiaram.
Salmos 36
Para o Músico Chefe. Por Davi, servo de Javé.
1 Há uma revelaçã o em meu coraçã o sobre a desobediê ncia dos

ı́mpios:
“Nã o há temor de Deus diante de seus olhos.”
2 Pois ele se lisonjeia aos seus pró prios olhos,

demais para detectar e odiar seu pecado.


3 As palavras da sua boca sã o iniqü idade e engano.

Ele deixou de ser sá bio e de fazer o bem.


4 Ele trama iniqü idade em sua cama.

Ele se coloca de uma maneira que nã o é boa.


Ele nã o abomina o mal.

5 A tua benignidade, Senhor, está nos cé us.


Sua idelidade chega aos cé us.
6 A tua justiça é como os montes de Deus.

Seus julgamentos sã o como um grande abismo.


Yahweh, tu preservas o homem e o animal.
7 Quã o preciosa é a tua benignidade, Deus!

Os ilhos dos homens se refugiam à sombra das tuas asas.


8 Eles se fartarã o com a abundâ ncia da tua casa.

Você os fará beber do rio de seus prazeres.


9 Pois contigo está a fonte da vida.

Na sua luz veremos a luz.


10 Continua a tua benignidade para com aqueles que te conhecem,

a tua justiça aos retos de coraçã o.


11 Nã o venha contra mim o pé da soberba.

Nã o deixe a mã o dos ı́mpios me afastar.


12 Ali caı́ram os que praticam a iniqü idade.

Eles sã o empurrados para baixo e nã o poderã o se levantar.


João 16
1 “Eu lhes disse essas coisas para que você s nã o tropeçassem. 2 Eles

o expulsarã o das sinagogas. Sim, chega a hora de quem te matar


pensará que oferece serviço a Deus. 3 Eles vã o fazer essas coisas
porque nã o conheceram o Pai, nem a mim. 4 Mas eu lhes disse essas
coisas, para que, quando chegar a hora, você s se lembrem de que eu
lhes falei delas. Eu nã o te disse essas coisas desde o inı́cio, porque eu
estava com você . 5 Mas agora vou até aquele que me enviou, e nenhum
de você s me pergunta: 'Onde você vai?' 6 Mas porque eu lhe disse essas
coisas, a tristeza encheu seu coraçã o. 7 No entanto, digo-lhe a verdade:
é para sua vantagem que eu vá embora, pois se eu nã o for, o
Conselheiro nã o virá até você . Mas se eu for, vou mandá -lo para você . 8
Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juı́zo; 9
sobre o pecado, porque eles nã o acreditam em mim; 10 sobre a justiça,
porque vou para meu Pai, e você s nã o me verã o mais; 11 sobre o
julgamento, porque o prı́ncipe deste mundo já foi julgado.
12 “Ainda tenho muitas coisas para lhe dizer, mas você nã o pode
suportá -las agora. 13 No entanto, quando ele, o Espı́rito da verdade,
vier, ele os guiará em toda a verdade, pois ele nã o falará por si mesmo;
mas tudo o que ele ouve, ele falará . Ele vai declarar a você as coisas que
estã o por vir. 14 Ele me glori icará , pois tomará do que é meu e o
declarará a você . 15 Todas as coisas que o Pai tem sã o minhas; por isso
eu disse que ele leva meu e vou declará -lo a você . 16 Um pouco, e você
nã o vai me ver. Mais um pouco, e você me verá .”
17 Alguns dos seus discı́pulos, pois, diziam uns aos outros: “Que é

isto que ele nos diz: 'Um pouco e nã o me vereis, e de novo um pouco e
me vereis;' e, 'Porque eu vou para o Pai' ?” 18 Responderam, pois: Que é
isto que ele diz: 'Um pouco' ? Nã o sabemos o que ele está dizendo.”
19 Jesus, pois, percebendo que queriam interrogá -lo, disse-lhes:

Inquiriis entre vó s a respeito disto, que eu disse: Um pouco, e nã o me


vereis, e de novo um pouco, e você vai me ver?' 20 Certamente vos digo
que chorareis e lamentareis, mas o mundo se alegrará . Você icará
triste, mas sua tristeza se transformará em alegria. 21 Uma mulher,
quando dá à luz, sente tristeza porque chegou a sua hora. Mas quando
ela deu à luz a criança, ela nã o se lembra mais da angú stia, pela alegria
de que um ser humano tenha nascido no mundo. 22 Portanto, agora
você está triste, mas eu o verei novamente, e seu coraçã o se alegrará , e
ningué m tirará sua alegria de você .
23 “Naquele dia você nã o me fará perguntas. Certamente vos digo
que tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá . 24
Até agora, você nã o pediu nada em meu nome. Peça, e você receberá ,
para que sua alegria seja completa. 25 Eu falei essas coisas para você
em iguras de linguagem. Mas está chegando o tempo em que nã o mais
falarei com você s em iguras de linguagem, mas falarei claramente
sobre o Pai. 26 Naquele dia você pedirá em meu nome; e nã o vos digo
que rogarei ao Pai por vó s, 27 porque o pró prio Pai os ama, porque
você s me amam e creram que eu vim de Deus. 28 Eu vim do Pai e vim ao
mundo. Mais uma vez, deixo o mundo e vou para o Pai”.
29 Seus discı́pulos lhe disseram: “Eis que agora você fala claramente
e nã o usaiguras de linguagem. 30 Agora sabemos que você sabe todas
as coisas, e nã o precisa que ningué m o questione. Por isso cremos que
você veio de Deus”.
31 Jesus respondeu-lhes: “Credes agora? 32 Eis que está chegando a
hora, sim, e já chegou, em que você s serã o dispersos, cada um para o
seu lugar, e me deixarã o em paz. No entanto, nã o estou sozinho, porque
o Pai está comigo. 33 Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim
tenhais paz. No mundo você tem problemas; mas anime-se! Eu superei
o mundo."
Livro de Meditaçõ es e Oraçõ es de Santo Anselmo
N
1.

Cur Deus Homo , lib. 2.

2.

De pecca. méritos , c. xxi. 16, tom. xp 16.

3.

' Ad hoc enim ipsum paragra is sunt distinctæ ;' dividido em seçõ es por
meio de marcas na margem; ou, dividido em seçõ es por meio de tı́tulos
inseridos. Assim, em uma de suas cartas (i. 20), escrevendo algumas
oraçõ es à Mã e de Deus compostas por ele, ele diz: ' Denique idcirco
volui eas ipsas orationes per sententias parameteris distinguere, ut
antecipando longitudinis fastidium , ubi volueris, possis eas lendá rio
incidente. '

Das meditaçõ es atribuı́das a Santo Anselmo, a maioria, como as


encontramos nas ediçõ es impressas, nã o se caracteriza por tı́tulos entre
colchetes ou por subtı́tulos; nem suas subdivisõ es ó bvias sã o indicadas
pelo que deverı́amos chamar de pará grafos ininterruptos. O tradutor
aventurou-se, portanto, a inserir em tais meditaçõ es que nã o mostram
nas ediçõ es impressas onde elas sã o capazes de uma subdivisã o nã o
forçada, um subtı́tulo adequado, ou pelo menos uma indicaçã o
numé rica. Ele fez isso nã o irreverentemente, ele con ia, ao santo, nem
impertinentemente, ele ousa esperar, ao leitor. A compaixã o de um e à
indulgê ncia do outro ele se compromete; acrescentando apenas isso,
que tudo o que foi inserido por ele está incluı́do entre colchetes.
4.

A frase 'DEUS-MAN' é familiar a todos, e é usada aqui como uma


traduçã o de ' ILLE HOMO ' de preferê ncia a quaisquer formas de
expressã o mais literais, mas menos usuais, como ' O Homem Ideal ' ' O
Homem Modelo ', ou ' O Homem .'

5.

Formosa Pantera . A seguinte passagem de Hugo de Sã o Vı́tor, De Bestiis


et Aliis Rebus , lib. ii. boné . xxiii., podem interessar ao leitor; é intitulado
De Pantheræ Natura . 'Há um animal chamado panthera , de vá rias
cores, mas extremamente belo e de grande doçura. Diz-se ser o inimigo
de ningué m, mas o dragã o. Depois de ter comido e satisfeito com todos
os tipos de presas, ele se dirige ao seu covil, e o deita e dorme por trê s
dias. E entã o, levantando-se do sono, ele imediatamente levanta um
grande grito no alto e exala ao mesmo tempo um odor de doçura
excessiva, um odor tã o doce que supera todos os pigmentos e todas as
drogas aromá ticas. Quando, entã o, eles ouvem sua voz, todos os
animais de longe e de perto se reú nem e seguem sua extrema doçura. O
dragã o, poré m, e somente o dragã o, ao ouvir sua voz, esconde-se
aterrorizado em suas cavernas de terra; e ali, incapaz de suportar a
força de seu odor, enrola-se e jaz embotada e estú pida, imó vel e sem
espı́rito, como se estivesse morta. Mas todos os outros animais seguem
o leopardo para onde quer que ele vá .

A passagem é muito longa para ser citada na ı́ntegra; basta, portanto,


acrescentar que Hugo de Sã o Victor extrai instruçã o (1) do nome da
panthera, quase 'omnis fera', (2) de sua pele variada, (3) de sua beleza,
(4) de sua gentileza, e que ele cita Plı́nio e Santo Isidoro; o ú ltimo dos
quais ( Etim . lib. xii. cap. viii.) diz: ' Pantera dictus, sive quod omnium
animalium amicus sit, excepto dracone; sive quia et sui generis
societate gaudet, et ad eandem similitudinem quicquid accipit reddit. . .
. Bestia minutis orbiculis superpicta, ita ut oculatis ex fulvo circulis
nigrâ vel alba distinguatur varietate. '

O depoimento de Plı́nio é o seguinte: ' Ferunt odore earum mire pediri


quadrupedes cunctas, sed capitis torvitate terreri. Quamobrem
occultato eo reliqua dulcedine invitatas corripiunt ' ( H. N. lib. viii. cap.
xxiii.).

E Ælian dá um testemunho semelhante, mas muito extenso para ser


citado neste lugar. A referê ncia é De Naturâ Animalium , lib. v. cap. xl.

6.

A autenticidade desta e das duas meditaçõ es seguintes foi questionada.


Eles certamente constituem vinte e dois capı́tulos de sessenta e oito de
uma obra impressa no apê ndice da ediçã o beneditina de Santo
Agostinho, sob o tı́tulo De Vitâ Eremeticâ . Mas se as evidê ncias internas
sã o con iá veis, elas nã o podem ser de Santo Agostinho.

Por outro lado, nã o há qualquer evidê ncia interna, alé m do seu estilo,
que possa justi icar-nos dizer que nã o sã o de Santo Anselmo. E verdade
que seu autor os escreveu para uma ú nica irmã , e que essa irmã era
uma freira. E verdade, també m, que Santo Anselmo veja Epp. iii. 67 no
inal de sua vida nos deu a entender que ele era o ú nico irmã o de sua
irmã casada Richera; mas nã o se segue que ela fosse sua ú nica irmã ;
menos ainda se segue que ele nunca teve outro. Pelo contrá rio, a
probabilidade é que, como ela teve vá rios ilhos (iii. 43), apenas um dos
quais foi deixado para ela, entã o ela teve outros irmã os e irmã s, dos
quais Santo Anselmo foi o ú nico sobrevivente . Em suma, nã o há razã o
alguma para supor, com base em evidê ncias internas, alé m da de estilo,
que Santo Anselmo nã o seja o autor dessas meditaçõ es, a dé cima
quinta, a dé cima sexta e a dé cima sé tima.

E, quanto ao estilo e à maneira, o tradutor só pode dizer que quanto


mais lê de Santo Anselmo, menos disposto está a dizer que a dé cima
sexta nã o é sua, e mais constrangido se sente a acreditar que a dé cima
sé tima é sua. ; enquanto o dé cimo quinto nã o apresenta peculiaridades
que nã o possam ser explicadas pelo fato de ter sido escrito para a
edi icaçã o de uma pessoa, uma irmã na religiã o.

7.

Zabul . Provavelmente para Diabole ; um formulá rio corrompido ou


uma leitura corrompida.

8.

Duplici stola : para maiores explicaçõ es sobre isso, veja p. 128, n.

9.

Provavelmente escrito em Bec.

10.

2 O original consiste em oito versos hexâ metros:


' Spes mea, Christe Deus, hominum Tu dulcis amador, Lux mea ', etc.

11.

Os beneditinos diziam: ' sicut gliris hastulam suam tenacitate infectam


vincere solet. O ' bastulam ' de 'Migne' , provavelmente um erro de
impressã o, é inú til. Proponho, como emenda, ' sicut gliris hastula suâ
tenacitate insecta vincere solet. ' Se esta for a leitura correta, a
corrupçã o é fá cil de rastrear. ' Sicut gliris hastulā suā tenacitate insectā
vincere solet ;' daı́ ' sicut gliris hastulam suam tenacitate infectam
vincere solet. '

Os glires da ciê ncia sã o uma coleçã o muito variada de animais, e diz-se
que compreendem quase um terço dos mamı́feros; mas o tamanduá é o
ú nico dos glires que parece corresponder à descriçã o do texto. Sua
lı́ngua di icilmente poderia ser descrita como uma ' hastula tenacitate
suâ vincens '; pois, é uma arma ofensiva coberta com uma secreçã o
simplesmente irresistı́vel pelos insetos, tamanha é sua tenacidade.

Que ' hastula ' nã o ' glis ' seja o assunto da clá usula confere
probabilidade à emenda; pois, desde que iz a correçã o, aprendi que,
quando empregada na captura de insetos, a arma natural do tamanduá
'enrola e se contorce como se possuı́sse uma vitalidade separada
pró pria; sua forma é a de uma grande minhoca vermelha, daı́ uma certa
adequaçã o na palavra ' hastula '.

Estou inclinado a pensar que a passagem é , a inal, uma interpolaçã o;


que, inserido por uma estranha mã o na margem de um MS., foi
introduzido no texto da obra por um copista, que, nã o familiarizado
com o personagem, leu hastulā, suā e insectā por hastula, sua e insecta .
A passagem assim corrompida, ' insectam ' logo se tornaria ' infectam '.
TR.
As Devoçõ es de Santo Anselmo

Í
1. Introduçã o

2. Proslogion ou endereço a Deus sobre sua existê ncia


1. Prefá cio
2. Capı́tulo I
3. Capı́tulo II
4. Capı́tulo III
5. Capı́tulo IV
6. Capı́tulo V
7. Capı́tulo VI
8. Capı́tulo VII
9. Capı́tulo VIII
10. Capı́tulo IX
11. Capı́tulo X
12. Capı́tulo XI
13. Capı́tulo XII
14. Capı́tulo XIII
15. Capı́tulo XIV
16. Capı́tulo XV
17. Capı́tulo XVI
18. Capı́tulo XVII
19. Capı́tulo XVIII
20. Capı́tulo XIX
21. Capı́tulo XX
22. Capı́tulo XXI
23. Capı́tulo XXII
24. Capı́tulo XXIII
25. Capı́tulo XXIV
26. Capı́tulo XXV
27. Capı́tulo XXVI
3. Prefá cio à s Meditaçõ es

4. Meditaçã o I
1. EU
2. II
3. III
4. 4
5. V
6. VI
7. VII
8. VIII
9. IX
10. X
11. XI
12. XII
13. XIII
14. XIV
5. Meditaçã o II

6. Meditaçã o III
7. Meditaçã o IV

8. Oraçõ es de Santo Anselmo


1. EU
2. II
3. III
4. 4
9. Cartas de Aconselhamento Espiritual
1. NOTA INTRODUTORIA
2. EU
3. II
4. III
5. 4
6. V
As Devoçõ es de Santo Anselmo
I

T
A vida de Santo Anselmo é bem conhecida. Pertence à histó ria
da Inglaterra. Por natureza um recluso e um pensador, ele foi
chamado a desempenhar um papel ativo na vida polı́tica em
circunstâ ncias de grande di iculdade. Em meio a tudo isso, ele se
portava com uma retidã o conscienciosa, uma dignidade tranquila e uma
persistê ncia na recusa de sacri icar o princı́pio à conveniê ncia que
justi icava aqueles que o chamavam contra sua vontade ao trono de
Cantuá ria: mas seu coraçã o estava em outro lugar, em aquela busca
apaixonada do sentido mais ı́ntimo de sua crença religiosa, da qual a
histó ria da Igreja nã o oferece exemplo mais marcante do que o dele. As
querelas sobre as investiduras, sobre as relaçõ es da Igreja e do Estado,
do Papa e do Rei, que distraı́ram sua vida exterior em seus ú ltimos
anos, nã o deixaram vestı́gios em seus escritos.[ 1 ] uma Biblioteca de
Devoçã o, nã o precisamos nos demorar muito nelas.

A ú nica das obras aqui traduzidas, cuja data de composiçã o nos é


conhecida, foi escrita antes de Anselmo ser arcebispo, enquanto ainda
vivia na reclusã o de sua abadia de Bec, na Normandia. Mesmo dessa
parte inicial de sua vida, as informaçõ es estã o tã o à mã o que nã o
pretendo dar aqui mais do que um breve relato delas. O esboço a seguir
será su iciente para informar ao leitor que tipo de homem era o autor,
cujas devoçõ es sã o colocadas diante dele.

Anselmo nasceu em 1033 em Aosta, no Piemonte, uma cidade


borgonhesa de origem romana, governada por seus pró prios prı́ncipes-
bispos, e situada no inal italiano da estrada sobre a passagem do
Grande Sã o Bernardo. Ambos os seus pais eram de nobreza, e sua mã e,
Ermenburga, era parente dos condes de Maurienne, de quem
descendem a casa de Savoy, que agora está no trono da Itá lia. Uma
infâ ncia piedosa e estudiosa, durante a qual ele implorou duas vezes
para ser admitido na vida moná stica de um abade seu conhecido, que
por duas vezes o recusou por medo de ofender seu pai, foi sucedido por
um tempo em que a indulgê ncia nos prazeres da juventude o distraiu.
de cursos mais sé rios e invocou sobre ele, depois que a in luê ncia
restritiva de sua mã e foi retirada por sua morte, a indignaçã o
indiscriminada de seu pai. Descobrindo que nada que ele pudesse fazer
servia para reconquistar o favor de seu pai, ele inalmente virou as
costas para casa e parentes e, com um atendente, partiu atravé s do
Mont Cenis, em busca de uma nova carreira alé m dos Alpes; e assim
chegou inalmente a Bec, atraı́do pela fama de seu conterrâ neo, o
estudioso lombardo Lanfranc de Pavia, entã o monge em Bec, depois
arcebispo de Canterbury e conselheiro-chefe de Guilherme, o
Conquistador. Ele pró prio professou no mesmo mosteiro, tendo agora
vinte e sete anos de idade; e logo, em 1063, sucedeu Lanfranco, que foi
entã o promovido a abade da recé m-fundada Abadia de Santo Estê vã o
em Caen pelo duque Guilherme, no cargo de Prior; em que capacidade
ele estava, devido à grande idade do fundador-abade Herlwin, o
principal governador da sociedade.

Em 1078 Herlwin morreu, e Anselmo foi eleito seu sucessor. A


conquista da Inglaterra pelo duque normando Guilherme em 1066
trouxe consigo uma adesã o à abadia de propriedades naquele paı́s, que
se tornou o dever de Anselmo visitar ocasionalmente. Em uma dessas
visitas, ele persuadiu seu velho mestre Lanfranc, que em 1070 havia
sido elevado ao arcebispado de Canterbury, da propriedade, sobre a
qual Lanfranc duvidava, de reconhecer como má rtir seu predecessor
Alphege, que havia sido colocado à morte pelos dinamarqueses pagã os,
nã o expressamente por se recusar a negar a fé de Cristo, mas porque
ele nã o permitiria que seu rebanho fosse empobrecido ao fornecer um
resgate por ele. Anselmo, dizem-nos, defendeu o direito de Alphege ao
glorioso tı́tulo de má rtir como algué m que morreu pela justiça, como o
Batista pela verdade e, portanto, ambos iguais para Cristo, que é a
verdade e a justiça.

As visitas de Anselmo à Inglaterra levaram-no a ser mantido em


grande reverê ncia lá e, inalmente, a seu nome ser pressionado ao ilho
e sucessor do Conquistador, William Rufus, quando aterrorizado por
uma doença considerada mortal em uma resoluçã o de preencher a vaga
primazia. , que desde a morte de Lanfranc em 1089 ele manteve vago
para desfrutar de suas receitas. Isso foi na primavera de 1093, e em
dezembro daquele ano Anselmo, que muito contra sua vontade havia
aceitado a nomeaçã o do rei, foi consagrado à sé de Santo Agostinho. A
partir deste momento sua vida foi uma longa luta em defesa dos
direitos e liberdades eclesiá sticas contra os ilhos magistrais do
Conquistador. Algumas poucas palavras sobre a contrové rsia a respeito
das investiduras devem ser su icientes neste lugar: mas algumas sã o
necessá rias, porque a participaçã o de Anselmo pode à s vezes alienar
dele a simpatia daqueles em nossos dias que nã o compreendem o que
se pensava estar em jogo.
Tal como acontece com muitas das lutas importantes da histó ria,
uma consideraçã o externa dessa contrové rsia sugere que ela foi trivial e
vexató ria; e é necessá rio entrar no ponto de vista de uma é poca muito
diferente da nossa, para compreender sua verdadeira natureza interior.
Sem dú vida, a atribuiçã o de certos sı́mbolos ornamentais de dignidade
eclesiá stica é uma questã o que, por si só , nã o parece valer a angú stia
pú blica que resultou da discussã o a respeito; sem dú vida o predecessor
de Anselmo havia aceitado a investidura do predecessor de Guilherme
Rufo, e o Conquistador havia exercido com o consentimento de
Lanfranco, e sem a interferê ncia ativa mesmo de um papa tã o ené rgico
como Gregó rio VII. ele mesmo, o famoso Hildebrand, privilegia o direito
que Anselmo nã o reconheceria nos sucessores do Conquistador; sem
dú vida, como foi assinalado,[ 2 ] a Sé Romana acabou por conceder toda
a Europa aos prı́ncipes cristã os, em substâ ncia, se nã o em forma, o que
lhes foi recusado pelos papas durante a disputa dos sé culos XI e XII.
Entã o Anselmo desperdiçou sua vida em uma competiçã o sem
importâ ncia? Eu acho que nã o. Se algumas das mentes mais
esclarecidas daqueles tempos tomaram intransigentemente o lado
romano na disputa, muitas vezes sem se intimidar por uma percepçã o
clara de que a polı́tica real da Sé Romana era muitas vezes inconsistente
e até venal, foi que eles viram na independê ncia de a ordem eclesiá stica
sob seu chefe romano a segurança e a ú nica segurança para a
manutençã o do có digo moral cristã o em uma era meio bá rbara de
violê ncia e sensualidade. Os costumes feudais das naçõ es europé ias,
embora profundamente modi icados pela in luê ncia cristã , nã o se
baseavam em nenhum princı́pio cristã o inteligı́vel ou mesmo racional; e
assim nã o apenas o direito canô nico, mas també m o direito civil
romano, com suas pretensõ es de racionalidade e universalidade, pode
muito bem parecer sagrado e divino em contraste com o caó tico
“direito comum” das naçõ es. Assim, no sé culo seguinte ao de Anselmo,
o grande erudito Joã o de Salisbury pô de comparar o pecado do rei
Estê vã o ao suprimir as palestras de Vacarius sobre o direito romano na
Inglaterra e ao con iscar a có pia de Justiniano do arcebispo Teobaldo
com as impiedades de Uzias e Antı́oco Epifâ nio. Nã o havia garantia de
que um rei defenderia a lei moral da cristandade; ou Guilherme, o
Conquistador, que apesar de toda a sua maestria se preocupava acima
de tudo com a autoridade e e icá cia da igreja em seus domı́nios, poderia
ser sucedido por um ilho imprudente e ı́mpio como Guilherme Rufus:
enquanto, embora a sé rie de papas nã o demonstrasse menos
desigualdades de excelê ncia moral, toda a razão de ser , como dizemos,
da posiçã o de um papa, qualquer que seja seu cará ter pessoal, era a de
defensor da lei cristã ; em ú ltima aná lise, nã o se baseava, como a de um
rei, na força, mas na veneraçã o geral pelo cristianismo, por mais
imperfeita que fosse. O exemplo da sujeiçã o da Igreja em
Constantinopla ao poder civil foi uma advertê ncia a nã o ser esquecida
contra uma submissã o semelhante no Ocidente . como sua, como a do
oprimido contra o opressor; esse era provavelmente o segredo da
popularidade de Becket, que nada tinha a ver, como supunha o
historiador francê s Augustin Thierry, com uma origem saxã que nã o era
sua; e semelhante popularidade assistiu Anselmo, que nem mesmo
nasceu no paı́s; assim, por ocasiã o de uma demonstraçã o de simpatia
popular por ele, Eadmer, seu bió grafo, observa: “Nó s nos regozijamos,
portanto, e nos fortalecemos, con iando que, como diz a Escritura, a voz
do povo é a voz de Deus .”[ 4 ]
Tanto eu disse sobre a contrové rsia sobre as investiduras, porque
a discussã o sobre os direitos do rei e do papa ocupou um lugar tã o
importante na vida de Anselmo que alguma compreensã o dessa
discussã o é indispensá vel para uma apreciaçã o simpá tica do homem.

Em 1097 Anselmo, contra a vontade do rei, mas, como concebeu,


de acordo com seu dever, deixou a Inglaterra para visitar o Papa Urbano
II, que o recebeu com grande honra e o levou consigo no ano seguinte
para o concı́lio de Bari, onde Anselmo disputou contra os
representantes da Igreja grega sobre a doutrina da procissã o do
Espı́rito Santo, sobre a qual, em consequê ncia de seu trabalho, dirigiu
ao Papa Urbano, Sobre a Trindade e a Encarnação do Verbo ele já era
considerado uma alta autoridade e sobre o qual depois compô s um
importante tratado, que ainda possuı́mos. Em 1099 esteve presente em
outro concı́lio em Roma, onde foram pronunciadas severas censuras
contra aqueles que, sendo leigos, davam ou recebiam de leigos a
investidura com ofı́cio eclesiá stico. Anselmo, com suas já altas noçõ es
de autoridade papal, foi por seu consentimento aos decretos deste
concı́lio mergulhado mais fundo do que antes na contrové rsia da qual
falei acima. Ele havia brigado com William Rufus, principalmente
porque ele considerava que era seu direito e dever reconhecer a
autoridade daquele que ele julgava o papa legı́timo na Inglaterra, alé m
de qualquer reconhecimento real, enquanto o rei, aproveitando a
circunstâ ncia de que havia eram dois pretendentes da Sé Romana,
sustentavam que o reconhecimento em seus domı́nios de qualquer
pessoa em particular como papa pertencia à prerrogativa real. Ele até
entã o nã o se opô s a toda investidura com ofı́cio eclesiá stico por leigos,
e ele pró prio prestou homenagem a William Rufus para o arcebispado
de Canterbury como Lanfranc havia feito ao Conquistador. Mas agora,
ao ser chamado de volta por Henrique I por ocasiã o da morte de
Guilherme no ano seguinte ao concı́lio de Roma — 1100 —, ele recusou
essa homenagem e, em 1103, deixou a Inglaterra novamente para se
aconselhar com o sucessor de Urbano, Pascoal II. Ele se reconciliou com
Henrique - que nã o era, como seu irmã o, um odiador e opressor
voluntá rio da Igreja - em 1106, em parte pela mediaçã o de Adela,
Condessa de Blois, irmã do rei e mã e de seu sucessor Estê vã o, um de
muitas mulheres devotas de posiçã o, entre as quais a pró pria rainha de
Henrique, Maud, deve ser contada, que estavam profundamente ligadas
a Anselmo como guia espiritual. Ele retornou à Inglaterra em 1107,
morreu em 21 de abril de 1109, em Canterbury, e foi enterrado em sua
igreja catedral ao lado do tú mulo de seu mestre, amigo e predecessor,
Lanfranc.

Tal é o esboço da vida deste grande homem. Sobre as belezas de


seu cará ter, sua auto-devoçã o, sua gentileza, sua equanimidade, sua
bondade e tolerâ ncia, nã o disse nada; eles serã o encontrados na vida
latina contemporâ nea por Eadmer, com o encanto que só um amigo
admirador pode dar à histó ria de algué m que ele conheceu e quase
adorou. Para biogra ias modernas de Anselmo, eu me referiria à lú cida
e ponderada monogra ia Anselme de Canterbury , do estudioso francê s
Charles de Ré musat, à obra completa e erudita, embora um tanto difusa
e fantasiosa de Martin Rule, Life and Times of St Anselm , à obra de Dean
Church bem conhecido esboço, ao cuidadoso artigo de Dean Stephens
no Dicionário de Biogra ia Nacional , e ao capı́tulo encantadoramente
escrito pelo Sr. JR Green em sua Breve História do Povo Inglês .

O primeiro tratado de Anselmo que escolhi traduzir é a maior de


todas as suas obras, o Proslogion , como ele o chamava, ou Discurso a
Deus , no qual ele procurava mostrar como por um argumento
irrefragá vel o ser de Deus poderia ser demonstrado contra todos os que
devem dizer com o tolo nos Salmos, (Ps. xiv. 1) . Não há Deus . Nã o foi
sem muita hesitaçã o que incluı́ o Proslogion nesta seleçã o. Pois trata de
um assunto obscuro e, embora o trate em um estilo singularmente
simples e quase totalmente livre de expressõ es té cnicas, é sem dú vida
difı́cil de entender sem um considerá vel esforço de atençã o e
pensamento. Mas parecia-me que nenhuma seleçã o das obras
devocionais de Anselmo poderia ser considerada representativa, que
nã o incluı́a essa escrita tã o notá vel. Pois a justi icativa de incluir
Anselmo entre os mestres da literatura devocional reside no fato de que
ningué m jamais mostrou de forma mais impressionante como a busca
desinteressada da verdade metafı́sica pode ser oferecida como um
serviço de devoçã o apaixonada a Deus. A frase de Hegel, Das Denken ist
auch Gottesdienst , pode ser o mote da maior parte dos escritos de
Anselmo. A inteligê ncia mais rica e multifacetada de Agostinho, em
virtude da pró pria variedade e amplitude de seus interesses, ilustra
menos notavelmente do que a de Anselmo “o santo como iló sofo”. A
histó ria do leito de morte de Anselmo conta sua pró pria histó ria do
domı́nio do interesse especulativo em sua vida espiritual. “O Domingo
de Ramos havia amanhecido”, relata Eadmer, “e está vamos sentados em
volta dele de acordo com nosso costume; um de nó s, portanto, disse-
lhe: 'Senhor e Pai, entendemos que você está deixando o mundo e indo
para a corte pascal de seu Senhor'. Ele respondeu: 'Se de fato esta é a
Sua vontade, obedecerei de bom grado a Sua vontade. Mas se Ele
preferir que eu permaneça entre você s pelo menos o tempo su iciente
para poder terminar a resoluçã o de um problema, que estou girando
em minha mente, sobre a origem da alma, eu poderia aceitá -lo com
gratidã o. , pois nã o sei se algué m irá terminá -lo, quando eu me for.'”[ 5 ]
O Proslogion , o principal monumento de tal cará ter, pode assim ser
considerado uma obra de alto valor devocional e ilosó ico. . Como uma
obra de devoçã o, pareceu-me nã o precisar de um elaborado comentá rio
ilosó ico; No entanto, acrescentei em nota suplementar algumas
poucas observaçõ es sobre o raciocı́nio que ela conté m. O leitor que se
importa o su iciente com especulaçõ es metafı́sicas para segui-las com
atençã o nã o deixará de ir mais longe. Provavelmente é verdade que o
“argumento ontoló gico”, como o argumento do Proslogion mais tarde
veio a ser chamado, está aberto à objeçã o na forma que Anselmo lhe
deu; e que, mesmo que prove alguma coisa, nã o prova tudo o que
Anselmo pretendia que provasse. A crı́tica contemporâ nea do monge
Gaunilo em sua Apologia do Louco Anselmo respondeu em um tratado
que é um modelo ao mesmo tempo de agudeza metafı́sica e de cortesia
controversa; A crı́tica de Kant ao mesmo argumento, tal como foi
revivido na inauguraçã o da iloso ia moderna por Descartes, é uma
questã o mais grave, e, por mais que possamos pensar que Kant pode
ser respondido neste ou naquele ponto, sem dú vida ele mostrou a
falê ncia do todos os argumentos meramente ló gicos para provar a
existê ncia do Deus da religiã o. Mas o valor devocional do Proslogion
nã o se sustenta ou cai com a adequaçã o ou inadequaçã o do argumento
que conté m; uma percepçã o da inadequaçã o do argumento pode até
conferir-lhe um maior valor devocional. As pessoas devotas muitas
vezes acolherã o uma suposta prova da verdade do que acreditam,
menos porque precisam de provas para si mesmas, do que porque
desejam ser capazes de silenciar os opositores; e, se apenas os
objetores sã o silenciados, muitas vezes nã o sã o muito cuidadosos em
examinar muito de perto os meios pelos quais isso é feito. Assim, caem
no erro da escolá stica que despertou a indignaçã o de Bacon, a
escolá stica que busca nã o a verdade, mas apenas a refutaçã o de um
oponente. Tornaram-se impacientes com o investigador ilosó ico que
tem olho para as di iculdades e nunca termina de desenterrar as raı́zes
de suas convicçõ es. E o investigador ilosó ico está propenso, por seu
lado, a nã o simpatizar com os devotos, e ainda mais se eles adornam
sua doutrina com a linguagem de uma iloso ia que para eles nã o é mais
do que apologé tica. No Proslogion de Anselmo , no entanto, ele nã o
encontrará apologé tica, mas uma investigaçã o genuı́na; no entanto, esta
investigaçã o é conduzida com o espı́rito da mais profunda devoçã o. Isso
pode parecer uma a irmaçã o estranha para um tratado cujo tı́tulo
alternativo é Fé em busca do entendimento , e que conté m o famoso
ditado, Credo ut intelligam , eu acredito para que eu possa entender . Nã o
é exatamente o oposto da livre investigaçã o, fazer da fé o ponto de
partida? Eu penso que nã o. Uma iloso ia da religiã o é tã o pouco
alcançá vel sem uma experiê ncia religiosa, que o iló sofo primeiro tem e
depois se esforça para compreender, quanto uma iloso ia da esté tica
sem uma experiê ncia negada a quem é insuscetı́vel à beleza da natureza
e da arte. E esta experiê ncia religiosa viva, mais do que meramente a
aquiescê ncia a um dogma autoritá rio, que Anselmo tem em vista
quando fala de fé . Sem dú vida, para ele, vivendo em uma é poca em que
apenas um credo era praticamente apresentado à sua mente, a
distinçã o entre esses dois signi icados de fé nã o era tã o ó bvia quanto
para nó s. Mas nã o acredito que um conhecimento direto dos escritos de
Anselmo permita que um leitor sincero veja nele um mero apologista.
Ele tem muito da mesma originalidade e independê ncia de espı́rito, a
mesma aptidã o para a introspecçã o, como o revividor de seu
argumento, Descartes; e como iló sofo da religiã o, ele tem a vantagem
do pensador moderno em uma experiê ncia religiosa muito mais rica e
completa com a qual começar.[ 6 ]

A histó ria da composiçã o do Proslogion é assim contada pelo


companheiro e bió grafo de Anselmo, o monge Eadmer. “Depois disso,
veio-lhe à mente indagar se seria possı́vel demonstrar apenas por um
breve argumento o que se acredita e se ensina a respeito de Deus, a
saber, que Ele é eterno, imutá vel, todo-poderoso, em toda parte
totalmente presente, em compreensı́vel, justo, gracioso, misericordioso,
verdadeiro, verdade, bondade, justiça e assim por diante, e como todos
esses atributos sã o um nEle. E este assunto, como ele nos disse,
encontrou uma grande di iculdade. Pois a consideraçã o disso nã o
apenas muitas vezes lhe roubava o apetite e o sono, mas, o que o
irritava mais, desviava a direçã o de seus pensamentos para Deus nas
matinas e em outros serviços da Igreja. Quando, portanto, ele percebeu
isso, e nã o pô de alcançar plenamente a descoberta do que procurava,
concluiu que essa linha de pensamento era uma tentaçã o do diabo, e se
esforçou para afastá -la de sua mente. Mas quanto mais ele trabalhava
para fazer isso, mais o pensamento assombrava sua mente. E de uma só
vez uma noite durante o ofı́cio dos noturnos[ 7 ] a graça de Deus
brilhou em seu coraçã o, e o que ele buscava tornou-se claro ao seu
entendimento, e encheu todas as suas partes interiores com uma
alegria e deleite in initos. Considerando entã o em si mesmo que o
mesmo raciocı́nio, se fosse conhecido de outros, poderia agradar
també m a eles, ele nã o lhes ressentiu essa satisfaçã o, mas anotou seu
argumento em tá buas e as entregou a um irmã o do mosteiro para uma
custó dia mais cuidadosa. Passados alguns dias, ele pediu a esse irmã o
as tá buas. Foram feitas buscas no local por onde foram colocados, mas
nã o foram encontrados. Os irmã os foram questionados sobre eles, para
que nenhum deles os tivesse levado, mas em vã o. Tampouco foi
encontrado algué m que reconhecesse que ele sabia alguma coisa deles.
Entã o Anselmo escreveu outro discurso sobre o mesmo assunto em
outras tá buas e as entregou ao mesmo irmã o para serem guardadas
com mais cuidado. O irmã o os guardou na parte mais interna de seu
quarto de dormir e, no dia seguinte, embora nã o suspeitasse de
nenhum mal, os encontrou caı́dos no chã o diante de sua cama, a cera
quebrada em fragmentos e espalhada no chã o. todo lado. As tá buas
foram apanhadas, a cera recolhida e levada a Anselmo; juntou a cera e,
embora com di iculdade, recuperou a escrita. Mas temendo que tudo se
perdesse por descuido, ordenou que fosse transcrito em pergaminho
em nome do Senhor. E assim ele compô s um livro, pequeno em volume,
mas grande na importâ ncia dos julgamentos sá bios e raciocı́nios sutis
que continha, e isso ele chamou de Proslogion ou O Discurso . Pois aqui
ele se dirige a si mesmo ou a Deus por toda parte. Ora, este trabalho
chegou à s mã os de uma certa pessoa, que nã o estava nem um pouco
insatisfeita com alguns dos raciocı́nios nele contidos, e julgando-os
insu icientes, desejou refutá -los. Ele compô s, portanto, um tratado
contra isso e o escreveu no inal da obra do pró prio Anselmo. Este foi
entã o enviado a Anselmo por um amigo; e quando o considerou,
alegrou-se, e agradecendo ao seu censor, concebeu uma resposta à
censura, e acrescentando que ao tratado que lhe fora enviado, devolveu
ao amigo que o enviara a censura e a resposta. juntos, na esperança de
que nã o apenas este amigo, mas outros que desejassem possuir seu
livro, o desejassem, que ao seu pró prio trabalho se acrescentasse a
censura de seu raciocı́nio e à censura sua pró pria resposta a ele.”[ 8 ] ][
9]

O crı́tico cujo julgamento adverso de seu tratado Anselmo recebeu


com tanto prazer (mostrando assim como ele estava muito mais
apaixonado pela verdade do que pela sua pró pria opiniã o) é conhecido
como sendo Gaunilo, um monge de Marmoutier, cuja obra sob o tı́tulo
Anselmo Apologia do Louco (isto é , do tolo do salmista que disse: Não há
Deus ) ainda é encontrada nas ediçõ es de Anselmo apó s o Proslogion , e
seguida por sua vez pela tré plica de Anselmo.

Ao Proslogion acrescentei traduçõ es de algumas das Meditaçõ es,


Oraçõ es e Cartas de Anselmo. Minha escolha foi feita tendo em vista a
devoçã o dos cristã os anglicanos de hoje, para quem esta sé rie se
destina principalmente. Portanto, nã o escolhi para a traduçã o
meditaçõ es e oraçõ es, cuja linguagem seria totalmente incompatı́vel
com o sentimento anglicano moderno, oraçõ es (por exemplo) dirigidas
a Santa Maria ou a outros santos. Mas o que eu escolhi, eu dei na
ı́ntegra.
Aproveito esta oportunidade para reconhecer com gratidã o a
ajuda que recebi na preparaçã o deste livro para a imprensa de minha
irmã , Miss Mildred Webb, e de meu amigo, Guy Kendall, do Magdalen
College, que leu todo o isso na prova.

Santo Anselmo nã o me parece classi icar, exceto em um tipo,


aquele de que o Proslogion é um exemplo, entre os grandes mestres da
literatura devocional. Suas meditaçõ es e oraçõ es sã o muitas vezes
caracterı́sticas de seu escritor. O estudioso de suas obras teoló gicas e
ilosó icas muitas vezes notará nelas frases que mostram quã o
profundamente seu pensamento penetrou em sua religiã o pessoal e
coloriu sua expressã o. Eles estã o em espı́rito extremamente livres de
qualquer mancha de superstiçã o; em muitas de suas oraçõ es dirigidas
aos santos há uma super icialidade e convencionalidade que mostram
que, embora ele pudesse usar ocasionalmente sem duvidar a linguagem
de uma visã o que fazia de Deus a imagem de um rei terreno cujo ouvido
poderia ser obtido por meio de poderosos favoritos na corte, esse tipo
de devoçã o permaneceu um tanto externo à sua vida interior, cuja
expressã o mais verdadeira é encontrada em outras oraçõ es que
respiram um espı́rito genuinamente evangé lico de con iança em Deus
somente por meio de Cristo.

A segunda Meditação (que incluı́ nesta seleçã o) é especialmente


admirada pelo Sr. Rule. E um exemplo notá vel de piedade medieval em
um de seus humores mais caracterı́sticos. Nela, um profundo horror ao
pecado e um sentimento ı́ntimo de pecaminosidade pessoal encontram
expressã o sob as imagens escriturı́sticas vividamente realizadas de um
grande assize. Aqueles que estã o familiarizados com a histó ria de
Lutero se lembrarã o de como o grande pensamento da justi icação pela
fé somente veio a ele como uma libertaçã o do espı́rito de ansiedade
descon iada e sem amor, que era uma tentaçã o natural da vida
moná stica. Isolado das ocupaçõ es, deveres e provaçõ es comuns da vida
humana, passando muito tempo em auto-exame, inspirado pela
ambiçã o de exempli icar o mais perfeitamente possı́vel em sua pró pria
pessoa um certo ideal de vida um tanto unilateral, que foi
deliberadamente considerado como um ideal em si mesmo superior ao
do cristã o secular, o religioso fervoroso tinha muito para convidá -lo ora
a con iar em suas pró prias obras , ora (por reaçã o) a um horror
ininterrupto do julgamento que deve ser proferido por um juiz
perfeitamente justo. Julgar por uma obediê ncia tã o imperfeita quanto o
auto-exame lhe mostrou que a dele era. Assim, o terror do Senhor tem
talvez mais do que seu devido lugar em obras da classe a que pertence a
segunda Meditação de Santo Anselmo. No entanto, esse medo e horror
do julgamento é um está gio normal no desenvolvimento da vida cristã .
Mesmo onde a vida cristã avançou alé m dela, os humores do cristã o,
como os de outros homens, nem sempre estã o no nı́vel de sua mais alta
realizaçã o espiritual. A expressã o sincera de uma parte importante da
experiê ncia espiritual nã o perde rapidamente seu valor, embora sua
forma tenha caı́do em desuso. Tem sido freqü entemente observado que
a Idade Mé dia, em sua preocupaçã o com o pensamento de Cristo como
Juiz, à s vezes se esqueceu de pensar Nele como Salvador e, portanto,
concebeu outros mediadores para icar entre o pecador culpado e Sua
ira; e muitas representaçõ es do Juı́zo Final na arte dã o suporte a essa
observaçã o. Mas seja como for, nesta obra de Santo Anselmo nã o há tal
assunto; ele se refugia apenas no Juiz que é ao mesmo tempo seu
Salvador.

O mesmo é ainda mais enfaticamente verdadeiro para nossa


terceira (sexta) Meditação de Gerberon . Este é escrito em um estilo
mais simples do que o de Anselmo costuma ser, mas é bem atestado por
ele e é concebido inteiramente em seu espı́rito. Atravé s de quaisquer
mudanças que a linguagem da devoçã o cristã passou ou ainda está para
passar, a revelaçã o de Deus na vida e morte de Jesus Cristo foi e é para
milhares de cristã os como para Anselmo aqui, uma revelaçã o ao mesmo
tempo do pecado condenado e da salvaçã o oferecido gratuitamente, à
luz do qual nenhum pensamento nem da barganha que derroga a
santidade de Deus, ou do mé rito que dá ocasiã o ao orgulho humano,
pode por um momento encontrar lugar.

Nossa quarta meditação (a dé cima primeira de Gerberon) é


totalmente caracterı́stica de Anselmo. Em grande parte, ela incorpora a
doutrina da Expiaçã o que é apresentada extensamente em sua famosa
obra teoló gica Cur Deus Homo . Esta doutrina está sujeita à acusaçã o de
conceber toda a questã o de um ponto de vista jurı́dico, o que confere à s
noçõ es relacionadas com o dever e o pagamento de dı́vidas um valor
ú ltimo e absoluto que nã o podem possuir. Ela ocupa, no entanto, um
lugar importante na histó ria da teologia por causa de sua decidida
rejeiçã o das opiniõ es que alguns haviam apresentado de que a morte de
Cristo foi um preço pago ao diabo, ou mesmo uma peça jogada sobre
ele. A ú ltima visã o Anselmo vê claramente como sendo inconsistente
com a a irmaçã o de que Deus é a Verdade; é de fato uma noçã o baixa e
pagã , já antes dos dias do cristianismo condenado por Platã o, que
tornou um câ none da teologia nã o atribuir nenhuma falsidade a Deus.
Mas mesmo a teoria de que um preço devido ao diabo tinha que ser
pago era falsa; pois deu ao poder do mal um lugar independente em
relaçã o a Deus que os crentes em Um Deus nã o podiam
consistentemente conceder a ele. Essas teorias Anselmo corretamente
põ e de lado; mas sua pró pria teoria també m ica aqué m do que é
exigido em uma doutrina da Expiaçã o. Nã o se volta ao amor de Deus,
mas, como foi dito acima, a uma concepçã o legal de Sua justiça. As
distinçõ es entre a natureza divina e a humana, entre o Redentor e os
redimidos, estã o mais presentes em seu pensamento (embora nã o em
seu sentimento) do que a unidade em que a experiê ncia religiosa de
reconciliaçã o e expiaçã o as encontra superadas. No entanto, nã o se
deve esquecer que o senso cristã o de perdã o difere daquele que pode
ser desfrutado por algué m que pensa em Deus como um ser bondoso
que esquece, em vez de perdoar, o que é feito de errado, exatamente
neste ponto, que para o A plena justiça cristã (como dizemos) é feita ao
pecado perdoado; é encarado, conhecido, “nu e aberto aos olhos
daquele com quem temos de lidar”. Assim perdoado, é de fato, como
pecado, tirado; ao passo que, se fosse apenas ignorado e ignorado,
ainda poderia estar lá , envenenando o ar; nó s realmente nã o
deverı́amos ter feito com isso. Um profundo senso de pecado e uma fé
genuı́na em sua remissã o andam juntos. Daı́ a prontidã o do verdadeiro
penitente para suportar o castigo de seu pecado, para que ele possa se
livrar do pecado; o falso penitente deseja menos livrar-se do pecado do
que escapar do castigo. E esse aspecto da experiê ncia da expiaçã o que a
linguagem de Anselmo sobre uma dı́vida a pagar visa dar expressã o.
Na histó ria desses escritos devocionais de Anselmo, nã o pensei
que fosse da minha conta entrar aqui. Talvez seja tratado de maneira
mais completa pelo Sr. Rule; ou no “Aviso Histó rico” pre ixado pelo Dr.
Pusey para uma traduçã o de Meditações e Orações dirigidas à
Santíssima Trindade e nosso Senhor Jesus Cristo por S. Anselmo, então
Arcebispo de Canterbury , que foi publicado por Parker em Oxford em
1856. traduzido da ediçã o de Gerberon, que é reimpressa na Patrologia
Latina de Migne . A traduçã o é nova; mas nã o é em todos os casos o
primeiro oferecido aos leitores ingleses. Em 1708, Dean Stanhope de
Canterbury publicou um livro chamado Pious Breathings, Being the
Meditations of St Augustine, seu Tratado do Amor de Deus, Solilóquios e
Manual, ao qual se acrescentam Contemplações Selecionadas de Santo
Anselmo e São Bernardo : e em 1856 apareceu o Traduçã o de Oxford
mencionada acima, sob os auspı́cios do Dr. Pusey. A este ú ltimo,
ocasionalmente, iquei devendo uma palavra ou frase.

A devoçã o de Santo Anselmo é , naturalmente, a devoçã o de sua


é poca e circunstâ ncias. Ele era um monge, e seu cristianismo tem um
tom moná stico; aqueles que usam esta sé rie em sua maior parte tomam
sua parte nas ocupaçõ es da vida familiar, social e civil, e seu
cristianismo é afetado por sua experiê ncia, assim como a de Anselmo
pela sua. O tom nem do cristianismo dele nem do deles é exatamente o
do Novo Testamento. Em um ponto, o cristianismo da Idade Mé dia e o
de nosso pró prio tempo sã o igualmente contrastados com o dos
apó stolos; ambas reconhecem, a nossa, poré m, mais completamente do
que a da Idade Mé dia, que a vida cientı́ ica e a vida polı́tica sã o esferas
em que se pode esperar que os cristã os se movam. Em outro ponto,
nosso cristianismo é contrastado com o medieval e o apostó lico, pois
ali, e especialmente no cristianismo medieval, a imaginaçã o lidava com
as esperanças e temores de uma vida futura com mais con iança do que
é fá cil ou possı́vel para nó s. Mas, apesar de tudo isso, há uma
semelhança fundamental entre todos os produtos do espı́rito cristã o:
em todos há um desprezo do mundo que nã o é orgulhoso nem amargo,
mas humilhado pela consciê ncia do pecado e adoçado pela amor de
Cristo. Temos muitas razõ es para temer a advertê ncia dirigida à queles
que dizem Senhor, Senhor , e nã o fazem as coisas que Ele disse; mas
mesmo dizer Senhor, Senhor , a Cristo, é possuir um padrã o e um ideal
que nã o sã o os deste mundo. O descontentamento com o que está
aqué m desse padrã o e desse ideal, que é funçã o da escrita devocional
despertar, é despertado por Anselmo em tons que sã o, como já sugeri,
especialmente dignos de atençã o daqueles cuja inclinaçã o natural é
para re lexã o ilosó ica. Dois perigos opostos a ligem tais pessoas: a
indulgê ncia na contemplaçã o, que enfraquece o senso de
pecaminosidade pessoal; e o medo das consequê ncias, que se recusa a
seguir o argumento, nas palavras de Platã o, aonde quer que ele nos
leve. O estudo de Anselmo, um padrã o de humilde penitê ncia e de
infatigá vel curiosidade intelectual, deve desencorajar essas duas
tendê ncias perigosas e encorajar ao mesmo tempo o pensamento sadio
e a devoçã o genuı́na.
Proslogion ou endereço a Deus sobre sua existê ncia
P
ANTERIORMENTE publiquei, a pedido de alguns de meus irmã os,
EU uma pequena obra, na qual, assumindo a pessoa de quem por
silenciosa argumentaçã o consigo mesmo busca um conhecimento
que ainda nã o possui, dei um exemplo da maneira pela qual podemos
meditar sobre os fundamentos de nossa fé . Mas depois, quando julguei
que este trabalho foi construı́do pelo entrelaçamento de um grande
nú mero de argumentos, comecei a me perguntar se nã o poderia ser
encontrado algum argumento que nã o precisasse de nenhum outro
argumento alé m de si para provar. ele, e pode ser su iciente por si só
para demonstrar que Deus realmente existe e é o Bem Supremo, que
nã o precisa de nada alé m de si mesmo para dar-lhe ser ou bem-estar,
mas sem o qual nada mais pode ter um ou outro; e de que sã o
verdadeiras todas as outras coisas que cremos concernentes à essê ncia
divina. E quando, depois de muitas vezes dirigir seriamente meus
pensamentos a esse assunto, à s vezes me parecia que o que eu
procurava estava ao meu alcance, mas à s vezes escapava
completamente à minha visã o, inalmente resolvi, desesperado,
renunciar à busca de um coisa, cuja descoberta estava alé m de meus
poderes. Mas essa linha de pensamento, tã o logo desejei deixá -la de
lado para que nã o impedisse minha mente, enquanto em vã o ocupada
com ela, de cuidar de outros assuntos que poderiam ser mais
proveitosos para mim, imediatamente começou a pressionar-me como
se fosse importunamente sobre mim. , relutante e relutante como eu
estava em entretê -lo. E assim um dia, quando eu estava cansado de
resistir violentamente a essa importunaçã o, no meio da luta de meus
pensamentos, apresentou-se a mim a mesma coisa que eu tinha perdido
a esperança de encontrar, que me apressei em abraçar aquela mesma
linha de pensamento que eu estava apenas um momento atrá s
ansiosamente empurrando de mim. Pensando, portanto, que se eu
escrevesse o que tanto me alegrava por ter encontrado, agradaria a
outros que pudessem lê -lo, escrevi o seguinte pequeno trabalho,
tratando deste e de alguns outros assuntos, no cará ter de algué m que se
esforça para elevar sua pensamentos à contemplaçã o de Deus e
buscando entender o que ele já acredita. E porque nem este nem o
outro tratado que mencionei antes me parecia digno de ser chamado de
livro ou de ter o nome do escritor na frente dele, e ainda assim pensei
que nã o deveria deixá -los ir sem algum tı́tulo para convidar aqueles
para ler em cujas mã os eles poderiam chegar, dei um nome a cada um,
chamando o primeiro Exemplo de meditação com base na fé e o ú ltimo
Fé em busca do Entendimento . Mas, quando ambos foram muitas vezes
transcritos sob esses tı́tulos por diversas pessoas, foi constrangido por
muitos e especialmente por Hugo, o reverendo Arcebispo de Lyon e
Legado da Sé Apostó lica na Gá lia, que impô s suas ordens sobre mim em
virtude de sua autoridade apostó lica, para pre ixar meu nome a eles. E
para que isso possa ser feito mais apropriadamente, chamei o antigo
Monólogo , isto é , O Solilóquio , e este Proslogion , isto é , O Discurso .
Proslogion ou endereço a Deus sobre sua existê ncia
C I

C
OME agora, pobre ilho do homem, afaste-se um pouco de seus
negó cios, esconda-se por um pouco de pensamentos inquietos,
jogue fora seus cuidados incô modos, deixe de lado suas
distraçõ es cansativas. Dê a si mesmo um pouco de tempo para
conversar com Deus, e descanse um pouco nEle. Entre na câ mara
secreta do seu coraçã o: deixe tudo fora, exceto Deus e o que pode ajudá -
lo a buscá -lo, e quando você fechar a porta, entã o o busque. Diga agora,
ó meu coraçã o inteiro, diga agora a Deus, busco a Tua face; Teu rosto,
Senhor, eu procuro . (Sal. xxvii. 9) . Vem agora, ó Senhor meu Deus,
ensina ao meu coraçã o quando e como posso te buscar, onde e como
posso te encontrar? O Senhor, se nã o está s aqui, onde mais Te buscarei?
mas se Tu está s em toda parte, por que nã o Te vejo, já que Tu está s aqui
presente? Certamente, de fato, Tu habitas na luz à qual nenhum homem
pode se aproximar. (1 Tim. vi. 16) . Mas onde está essa luz inacessı́vel?
ou como posso me aproximar dela, uma vez que é inacessı́vel? ou quem
me conduzirá e me fará entrar nela para que eu te veja nela? Mais uma
vez, por quais sinais eu Te conhecerei, de que forma eu Te procurarei?
Eu nunca te vi, ó Senhor meu Deus; Eu nã o conheço Tua forma. O que
devo fazer entã o, ó Senhor Altı́ssimo, o que devo fazer, banido como
estou tã o longe de Ti? Que fará o Teu servo que está doente por amor
de Ti e, no entanto, é expulso de Tua presença? (Ps. li.) ii. Ele anseia por
Te ver, e ainda assim Tua presença está muito longe dele. Ele deseja se
aproximar de Ti, e ainda assim Tua morada é inacessı́vel. Ele deseja
encontrar-Te, mas nã o conhece Tua habitaçã o. Ele desejaria Te buscar,
mas nã o conhece Tua face. O Senhor, Tu é s meu Deus, Tu é s meu
Senhor; e eu nunca Te contemplei. Tu me criaste e me criaste de novo, e
todas as coisas boas que eu tenho, Tu me concedeste, e ainda assim eu
nunca Te conheci. Nã o, fui criado para Te contemplar, e ainda assim
nunca até hoje iz isso por causa do qual fui criado. O miserá vel porçã o
de homem, ter perdido aquilo para o qual ele foi criado! O condiçã o
difı́cil e terrı́vel! Ai, o que ele perdeu? o que ele encontrou? o que partiu
dele? o que continuou com ele? Ele perdeu a bem-aventurança para a
qual foi criado, e encontrou a misé ria para a qual nã o foi criado; aquilo
sem o qual nada é feliz partiu dele, e isso continuou com ele, o que por
si só nã o pode deixar de ser miserá vel. Uma vez que o homem comeu a
comida dos anjos, (Sl. lxxviii. 26) . depois do qual ele agora tem fome;
agora come o pã o da a liçã o, que entã o nã o conhecia. Ai da dor comum
do homem, a tristeza universal dos ilhos de Adã o! Nosso primeiro pai
estava cheio de fartura, nó s suspiramos de fome; ele era rico, nó s somos
mendigos. Ele miseravelmente jogou fora aquilo na posse da qual ele
era feliz, e na falta da qual somos miserá veis; apó s o que
lamentavelmente demoramos e ai! permanecer insatisfeito. Por que ele
nã o guardou para nó s, quando ele poderia facilmente ter guardado que
a perda da qual tã o gravemente nos a lige? Por que ele obscureceu
tanto nosso dia e nos mergulhou na escuridã o? Por que ele tirou de nó s
nossa vida e nos trouxe as dores da morte? Miserá veis que somos, de
onde fomos expulsos e para onde? Do nosso paı́s natal ao banimento, da
visã o de Deus à cegueira, da alegria da imortalidade à amargura e
horror da morte. Como é triste a mudança de tã o grande bem para tã o
grande mal! Dolorosa é a perda, penosa a dor, penosa tudo. Mas ai de
mim, um dos miserá veis ilhos de Eva, lançado para longe de Deus! O
que eu comecei? e o que eu consegui? Em que eu visava? e até o que eu
alcancei? A que eu aspirava? e onde estou suspirando agora? Busquei o
bem, e eis o mal. (Jer. xiv. 19) . Mirei em Deus e tropecei em mim
mesmo. Procurei descanso em minha câ mara secreta e encontrei
tribulaçã o e tristeza nas partes mais ı́ntimas. Desejei rir pela alegria do
espı́rito e sou constrangido a rugir pela inquietaçã o do meu coraçã o.
(Sal. xxxviii. 8) . Esperava alegria e eis que aumentava a tristeza. Quanto
tempo, ó Senhor, quanto tempo? Até quando, ó Senhor, nos esquecerá s,
até quando esconderá s de nó s o Teu rosto? (Ps. xiii. 1) . Quando te
voltará s e nos ouvirá s? Quando iluminará s nossos olhos e nos
mostrará s Tua face? Quando restaurará s Tua presença para nó s? Volta-
te e toma sobre nó s, ó Senhor: ouve-nos, ilumina-nos, mostra-nos a Ti
mesmo. Restaura-nos a Tua presença para que nos corra bem; pois sem
Ti vai muito mal para nó s. Tem piedade de nossos trabalhos e esforços
por Ti, pois sem Ti nada podemos fazer. Tu nos chamas; ajude-nos a
obedecer ao chamado. Rogo-te, ó Senhor, que eu nã o me desespere em
meu suspiro, mas possa respirar novamente na esperança. Meu coraçã o
está amargurado por sua desolaçã o; com a tua consolaçã o, suplico-te, ó
Senhor, torna-a doce novamente. Eu Vos suplico, ó Senhor, pois em
minha fome comecei a Vos buscar, nã o permitais que eu me afaste de
Vó s jejuando. Eu vim a Ti desmaiado por falta de comida; nã o me deixe
ir embora vazio. Eu vim a Ti, como o pobre para o rico, como o
miserá vel para o misericordioso, nã o me deixes voltar insatisfeito e
desprezado: e se antes de ser alimentado eu suspiro, concede-me que,
embora depois de ter suspirado, eu pode ser alimentado. O Senhor,
estou inclinado para baixo, nã o posso olhar para cima: levanta-me, para
que eu possa levantar meus olhos para o cé u. Minhas iniqü idades
passaram sobre minha cabeça, elas me oprimiram; eles sã o como um
fardo pesado demais para eu carregar. (Sal. xxxviii. 4) . Livra-me, tira o
meu fardo, para que o poço da minha maldade nã o feche a boca sobre
mim; concede-me que eu possa olhar para a Tua luz, ainda que de
longe, embora das profundezas. Eu Te buscarei, com saudade de Ti. Eu
irei atrá s de Ti ao Te buscar, eu Te encontrarei amando-Te, eu Te amarei
ao Te encontrar. Eu te confesso, ó Senhor, e te dou graças, porque tu
criaste em mim esta tua imagem, para que eu me lembre de ti, pense
em ti, te ame ; a fumaça dos meus pecados que ela nã o pode fazer
aquilo para que foi criada, a menos que Tu a renoves e a cries
novamente. Nã o procuro, ó Senhor, investigar Tua profundidade, mas
desejo, em certa medida, entender Tua verdade, na qual meu coraçã o
acredita e ama. Nem procuro compreender para crer, mas creio para
compreender. Por isso també m acredito que, a menos que primeiro
acredite, nã o entenderei. (Is. vii. 9) , traduzido em nossa versã o, Se você
não acreditar, certamente não será estabelecido ; e na Vulgata, Si non
credideritis, non permanebitis ; mas aqui, como muitas vezes por
escritores medievais, citado de Santo Agostinho na forma Nisi
credideritis, non intelligetis , Se você não acreditar, você não entenderá ,
de acordo com a versã o Septuaginta das palavras.
Proslogion ou endereço a Deus sobre sua existê ncia
C II

T
PORTANTO, ó Senhor, que concedes à fé entendimento,
concede-me que, na medida em que sabes ser conveniente para
mim, eu possa entender que Tu é s, como cremos; e també m que
Tu é s o que acreditamos que Tu sejas. E na verdade acreditamos que Tu
é s algo do que nada maior pode ser concebido . Nã o há entã o nada real
que possa ser assim descrito? porque o tolo disse em seu coraçã o: Deus
não existe . (Ps. liii. 1) . No entanto, certamente mesmo aquele tolo
quando me ouve falar de algo além do qual nada maior pode ser
concebido entende o que ele ouve, e o que ele entende está em seu
entendimento, mesmo que ele nã o entenda que realmente existe. Uma
coisa é uma coisa estar no entendimento, e outra é entender que a coisa
realmente existe. Pois quando um pintor considera o trabalho que deve
fazer, ele o tem de fato em seu entendimento; mas ele ainda nã o
entende que realmente existe o que ele ainda nã o fez. Mas quando ele
pintou seu quadro, entã o ele tem o quadro em seu entendimento, e
també m entende que ele realmente existe. Assim, mesmo o tolo tem
certeza de que existe algo, pelo menos em seu entendimento, do qual
nada maior pode ser concebido ; porque, quando ele ouve isso
mencionado, ele o entende, e tudo o que é entendido existe no
entendimento. E certamente aquilo do qual nada maior pode ser
concebido nã o pode existir apenas no entendimento. Pois se existe de
fato apenas no entendimento, pode-se pensar que existe també m na
realidade; e a existê ncia real é mais do que a existê ncia apenas no
entendimento. Se entã o aquilo do qual nada maior pode ser concebido
existe apenas no entendimento, entã o aquele do qual nada maior pode
ser concebido é algo maior do que o qual pode ser concebido: mas isso é
impossı́vel. Portanto, é certo que algo do qual nada maior pode ser
concebido existe tanto no entendimento quanto na realidade.
Proslogion ou endereço a Deus sobre sua existê ncia
C III

N
O AT apenas faz esse algo do qual nada maior pode ser
concebido existe, mas existe em um sentido tã o verdadeiro
que nã o pode nem mesmo ser concebido como nã o existindo.
Pois é possı́vel formar a concepçã o de um objeto cuja inexistê ncia será
inconcebı́vel; e tal objeto é necessariamente maior do que qualquer
objeto cuja existê ncia seja concebı́vel: portanto, se aquilo do qual nada
maior pode ser concebido pode ser concebido como nã o existindo;
segue-se que aquilo do qual nada maior pode ser concebido não é aquele
do qual nada maior pode ser concebido [pois pode-se pensar um maior
do que ele, a saber, um objeto cuja inexistê ncia seja inconcebı́vel]; e isso
nos leva a uma contradiçã o. E assim está provado que aquela coisa da
qual nada maior pode ser concebido existe em um sentido tã o
verdadeiro, que nem mesmo pode ser concebido como nã o existindo: e
essa coisa é Tu, ó Senhor nosso Deus! E assim Tu, ó Senhor meu Deus,
existes em um sentido tã o verdadeiro que nã o podes sequer ser
concebido para nã o existir. E isso é como é apropriado. Pois se alguma
mente pudesse conceber algo melhor do que Ti, entã o a criatura estaria
ascendendo acima do Criador e julgando o Criador; o que é uma
suposiçã o muito absurda. Tu, portanto, existes em um sentido mais
verdadeiro do que tudo alé m de Ti, e é s mais real do que tudo alé m de
Ti; porque tudo o que existe, existe em um sentido menos verdadeiro
do que Tu e, portanto, é menos real do que Tu. Por que entã o disse o
tolo em seu coraçã o: Não há Deus , quando é tã o claro para uma mente
racional que Tu é s mais real do que qualquer outra coisa? Por que,
exceto que ele é um tolo mesmo?
Proslogion ou endereço a Deus sobre sua existê ncia
C IV

B
UT como veio o tolo dizer em seu coração o que ele nã o podia
conceber? ou como ele pô de nã o conceber o que ainda dizia em
seu coraçã o? Pois pode-se pensar que conceber e dizer no
coração sã o uma e a mesma coisa. Se é verdade - nã o, porque é verdade,
que ele o concebeu, porque ele disse em seu coraçã o; e també m é
verdade que ele nã o disse isso em seu coraçã o porque nã o podia
conceber; segue-se que há dois sentidos em que algo pode ser
entendido como concebido ou dito no coração . Pois, em certo sentido,
dizemos que temos uma concepçã o de alguma coisa, quando temos
uma concepçã o da palavra que a signi ica; e em outro sentido, quando
entendemos o que a coisa realmente é . No primeiro sentido, podemos
dizer que Deus é concebido para nã o existir; mas no ú ltimo, Ele nã o
pode de modo algum ser concebido para nã o existir. Pois nenhum
homem que entende o que fogo e água signi icam pode conceber que
fogo é realmente água ; embora ele possa ter essa concepçã o, até onde
as palavras vã o. Assim, da mesma maneira, nenhum homem que
entende o que Deus é pode conceber que Deus nã o existe; embora ele
possa dizer essas palavras [que Deus nã o existe] sem nenhum
signi icado, ou com algum outro signi icado alé m daquele que elas
carregam adequadamente. Pois Deus é aquilo do qual nada maior pode
ser concebido . Aquele que entende bem o que isso é , certamente
entende que é algo que nã o pode nem mesmo ser concebido para nã o
existir. Portanto, quem entende assim que Deus existe, nã o pode
conceber que ele nã o existe. Graças a Ti, ó bom Senhor, graças a Ti!
porque aquilo que antes eu acreditava por Tua graça, agora por Tua
iluminaçã o assim compreendo, de modo que, mesmo que eu nã o queira
acreditar em Tua existê ncia, nã o posso deixar de entender que Tu
existes.
Proslogion ou endereço a Deus sobre sua existê ncia
C V

C
ENTAO é s Tu, Senhor Deus, do qual nada maior pode ser
concebido? O que, de fato, senã o aquele Bem Supremo que,
sendo o ú nico de todas as coisas auto-existente, fez todas as
outras coisas alé m de Ti do nada? Pois tudo o que nã o é isso é menor do
que pode ser concebido: mas Tu nã o podes ser concebido como sendo
menor do que o mais elevado concebı́vel. Que coisa boa está faltando ao
Bem Supremo, da qual depende o ser de todas as coisas boas ao lado?
Tu, portanto, é s justo, verdadeiro, abençoado e tens todos os atributos
que é melhor ter do que nã o ter; pois é melhor ser justo do que nã o
justo, e abençoado do que nã o abençoado.
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C VI

B
UT porque é melhor ter percepçã o ou onipotê ncia, ser
lamentá vel ou nã o ter paixõ es, do que nã o ter esses atributos;
como tens percepçã o, se nã o é s um corpo? ou onipotê ncia, se
nã o podes fazer tudo? ou como é s ao mesmo tempo lamentá vel e sem
paixõ es? Pois se apenas as coisas corpó reas tê m percepçã o, já que os
sentidos com os quais percebemos pertencem e se ligam ao corpo;
como podes ter percepçã o, visto que nã o é s um corpo, mas o Espı́rito
Supremo, que é mais elevado do que um corpo pode ser? Mas se a
percepçã o é apenas conhecimento ou um meio para o conhecimento;
visto que aquele que percebe, tem conhecimento por meio disso, de
acordo com o cará ter especial dos sentidos, pela visã o das cores, pelo
gosto dos sabores e assim por diante: entã o tudo o que tem
conhecimento de qualquer maneira pode ser dito sem impropriedade
em algum sentido para perceber. Portanto, ó Senhor, embora Tu nã o
sejas um corpo, contudo de verdade Tu tens neste sentido percepçã o no
mais alto grau, uma vez que Tu conheces todas as coisas no mais alto
grau; mas nã o no sentido em que se diz que um animal que tem
conhecimento por meio do sentimento corporal tem percepçã o.
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C VII

B
UT novamente, como Tu podes ser onipotente, se Tu nã o podes
fazer todas as coisas? No entanto, se Tu nã o podes sofrer
corrupçã o, nã o podes mentir, nã o podes fazer o que é
verdadeiro ser falso, ou o que é feito, desfeito, e assim por diante; como
podes fazer todas as coisas? Ou diremos que ser capaz disso nã o seria
poder, mas sim impotê ncia? Pois quem pode fazer isso, pode fazer o que
nã o lhe convé m e o que nã o deve; e quanto mais ele pode fazer o que
nã o é conveniente para ele e o que nã o deve, mais poder tem sobre ele o
mal e a maldade, e menos poder ele tem contra eles. Aquele, portanto,
que pode fazer tais coisas, pode fazê -las em virtude nã o do poder, mas
da impotê ncia. Pois se diz que ele é capaz de fazê -las, nã o porque ele
mesmo tenha poder para fazê -las, mas porque sua impotê ncia dá a
outra coisa poder para operar nele; ou entã o de uma maneira
impró pria de falar, como muitas vezes usamos quando colocamos ser
por não ser , e fazer por não fazer ou não fazer nada . Pois muitas vezes
dizemos a quem diz que uma coisa nã o é tal e tal: É como você diz que é ;
quando pareceria mais apropriado dizer: Não é como você diz que não é
. Novamente dizemos: Este homem se senta, como aquele homem ; ou
Este homem descansa como aquele homem : embora sentar seja uma
espé cie de nã o fazer, e descansar é nã o fazer nada. Assim, quando se diz
que um homem tem o poder de fazer ou sofrer o que nã o lhe convé m ou
o que nã o deve, a palavra poder signi ica impotê ncia; visto que quanto
mais poder desse tipo ele tem, mais poder tem o mal e a maldade
contra ele, e menos ele tem contra eles. Portanto, ó Senhor Deus, Tu é s
tanto mais verdadeiramente onipotente, que nada podes fazer por
impotê ncia, e nada tem poder contra Ti.
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C VIII

O
NCE novamente, como Tu é s ao mesmo tempo lamentá vel e
ainda sem paixõ es? Pois, a menos que tenhas paixõ es, nã o
terá s compaixã o; se Tu nã o tens compaixã o, Teu coraçã o nã o se
compadece pela compaixã o, isto é , pela solidariedade com os tristes; e é
isso que é pena. No entanto, se nã o é s miserá vel, de onde vem o consolo
tã o grande de Ti? Como, entã o, Tu podes ao mesmo tempo ser e nã o ser
miserá vel, ó Senhor, a nã o ser porque Tu é s misericordioso em relaçã o a
nó s, e nã o é s miserá vel em relaçã o a Ti mesmo? Pois Tu é s lamentá vel
para nossa apreensã o, e nã o é s lamentá vel para Teu pró prio. Pois
quando Tu nos respeitas em nossa tristeza, percebemos os efeitos da
piedade; mas Tu nã o sentes a emoçã o disso. E assim Tu é s miserá vel
porque salvas os miserá veis e poupas aqueles que pecam contra Ti; e
mais uma vez Tu nã o é s movido por um sentimento de
companheirismo com nossa misé ria.
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C IX
GANHE, como Tu poupas os ı́mpios, se Tu é s total e
UMA supremamente justo? Pois como Tu, sendo total e
supremamente justo, faz algo que nã o seja justo? E que justiça é
essa, dar vida eterna a quem merece a morte eterna? Donde, pois, ó
bom Deus, bom tanto para o bem como para o mal, de onde salvas o
mal, se salvar o mal nã o é justo, mas nada fazes que nã o seja justo? Ou é
porque Tua bondade é incompreensı́vel que isso está escondido
naquela luz inacessı́vel que é Tua morada? Em verdade, é no mais
profundo e secreto abismo de Tua bondade que se esconde a fonte, de
onde lui o rio de Tua misericó rdia. Pois, embora sejas total e
supremamente justo, també m é s misericordioso para com os ı́mpios,
porque é s total e supremamente bom. Pois serias menos bom, se nã o
fosses misericordioso com o que é mau. Pois melhor é aquele que é
bom tanto para o bem quanto para o mal do que aquele que é bom
apenas para o bem; e melhor é aquele que é bom para o mal tanto em
puni-los quanto em poupá -los, do que aquele que é bom em puni-los
apenas. Portanto, Tu é s lamentá vel porque Tu é s total e supremamente
bom. E embora por acaso suponhamos que vemos a razã o pela qual
recompensas o bem ao bem e o mal ao mal, certamente devemos estar
maravilhados por que Tu, sendo total e supremamente justo e nã o
necessitando de nada, retribui o bem ao mal. e aqueles que pecaram
contra Ti. O profundidade da Tua bondade, ó Deus! Nó s dois vemos de
onde Tu é s misericordioso e ainda o vemos apenas em parte.
Percebemos de onde o rio lui, mas nã o vemos a fonte de onde ele brota.
Pois é da plenitude de Tua bondade que Tu é s bondoso para com
aqueles que pecaram contra Ti; e, no entanto, está escondido nas
profundezas de Tua bondade, por isso é assim. Em verdade, embora
seja em Tua bondade que recompensas o bem ao bem e o mal ao mal;
no entanto, isso parece exigir a regra da justiça. Mas quando Tu
recompensas o bem ao mal, entã o sabemos que o supremo Bem quis
fazer isso, mas admiramos que o supremo Justo pudesse querer. O
misericó rdia de Deus, de quã o abundante é a doçura, de quã o doce é a
abundâ ncia que lui para nó s! O bondade sem limites de Deus, como
nó s pecadores devemos ser movidos pelo amor de Ti! Pois Tu salvas o
justo, consentindo a justiça; mas livra os ı́mpios, quando a justiça os
condena; Tu salvas os justos com a ajuda de seus mé ritos; Tu livras os
ı́mpios dos seus desertos; Tu salvas os justos, reconhecendo neles o
bem que lhes deste; Tu livras os ı́mpios, perdoando o mal que
aborreces. O bondade imensurá vel, que ultrapassa todo o
entendimento, (Philipp. iv. 7) . que essa misericó rdia seja derramada
sobre mim, que procede das grandes riquezas dessa bondade! Deixe
luir em mim aquela misericó rdia que lui dessa bondade. Poupe em
Tua misericó rdia, e nã o te vingues em Tua justiça. Pois embora seja
difı́cil entender como Tua misericó rdia nã o se separa de Tua justiça;
contudo, é necessá rio acreditar que nã o é inimizade com a Tua justiça,
que lui da Tua bondade, que nã o é sem justiça, e na verdade está de
acordo com a Tua justiça. Pois se só é s misericordioso porque é s
sumamente bom, e é s sumamente bom apenas porque é s sumamente
justo, portanto é s verdadeiramente misericordioso porque é s
sumamente justo. Ajuda-me, ó Deus justo e misericordioso, pois busco
Tua luz. Ajuda-me, para que eu possa entender o que digo!
Verdadeiramente entã o Tu é s misericordioso porque Tu é s justo. Entã o
Tua misericó rdia nasce de Tua justiça? Tu, entã o, por justiça poupas os
ı́mpios? Se é assim, ó Senhor, se é assim, ensina-me como é assim. E
porque é justo que Tu sejas tã o bom que nã o possas ser concebido
melhor, e trabalhes tã o poderosamente que nã o possas ser concebido
mais poderoso? Pois o que é mais justo do que isso? No entanto, isso
nã o seria, se Tu fosses bom apenas em punir, nã o em poupar; e se Tu os
izeste bons apenas aqueles que nã o eram apenas bons, e nã o també m
aqueles que eram maus. E assim é justo que Tu deves poupar os ı́mpios,
e fazer com que os ı́mpios sejam bons. Por ú ltimo, o que nã o é feito com
justiça, nã o deve ser feito; e o que nã o deve ser feito, é feito
injustamente. Se, pois, nã o tens misericó rdia dos ı́mpios com justiça,
entã o tens misericó rdia deles injustamente; e como é blasfê mia dizer
isso, é justo acreditar que tens misericó rdia dos ı́mpios com justiça.
Proslogion ou endereço a Deus sobre sua existê ncia
C X

B
UT també m é justo que Tu deves punir os ı́mpios; pois o que é
mais justo do que que os bons recebam coisas boas e os maus,
coisas má s? Como entã o é justo para Ti punir os ı́mpios e
també m poupá -los? Pois quando castigas os ı́mpios, é justo, porque é
agradá vel aos seus merecimentos; mas quando Tu os poupas, é justo
també m, porque embora nã o condiz com seus mé ritos, ainda assim
condiz com Tua bondade. Pois ao poupar os ı́mpios, Tu é s justo em
relaçã o a Ti mesmo, embora nã o em relaçã o a nó s; assim como [ 11 ] Tu
é s lamentá vel em relaçã o a nó s e nã o em relaçã o a ti mesmo; visto que,
ao salvar-nos, a quem Tu poderias destruir com justiça, Tu é s
lamentá vel; nã o que Tu mesmo sejas movido pelo sentimento de
piedade, mas que sentimos o efeito da piedade; e da mesma maneira Tu
é s justo, nã o porque nos deste o que merecı́amos, mas porque fazes o
que te convé m, o supremo Bem. Assim Tu castigas sem contradiçã o com
justiça e justamente poupas.
Proslogion ou endereço a Deus sobre sua existê ncia
C XI

B
UT també m nã o é justo mesmo em relaçã o a Ti mesmo, ó
Senhor, para punir os ı́mpios? Pois é justo que Tu sejas tã o justo
que nenhum homem possa te conceber mais justo; e isso Tu
nã o serias de forma alguma, se Tu apenas tornasses o bem ao bem e
nã o o mal ao mal. Muito mais justo é aquele que recompensa o bem e o
mal de acordo com seus merecimentos e nã o apenas o bem. E assim Tu
é s justo em relaçã o a Ti mesmo, ó Deus justo e gracioso, tanto quando
Tu castigas quanto quando Tu poupas. Em verdade, entã o, todos os
caminhos do Senhor são misericórdia e verdade (Sl. xxv. 9) . e ainda
assim o Senhor é justo ou justo em todos os seus caminhos (Sl. cxlv. 17) . ,
nã o é apenas deve ser condenado. Pois só é justo o que queres, e nã o
justo o que nã o queres. Assim, pois, a Tua misericó rdia nasce da Tua
justiça, porque é justo que Tu sejas tã o bom a ponto de ser bom mesmo
em poupar; e talvez seja por isso que o supremamente justo pode
querer o bem ao mal. Mas se pode ser apreendido por que Tu podes
querer salvar os ı́mpios; certamente nã o se pode de modo algum
compreender por que, entre aqueles igualmente ı́mpios, Tu salvas estes
antes que aqueles por Tua suprema bondade e condenas aqueles antes
que estes por Tua suprema justiça. Assim entã o tens de fato percepçã o
e onipotê ncia, é s lamentá vel e ainda sem paixã o; como Tu tens vida,
sabedoria, bondade, bem-aventurança, eternidade e quaisquer outros
atributos que é melhor ter do que nã o ter.
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C XII

B
UT certamente tudo o que Tu é s, isso Tu é s em razã o de nada
mais fora de Ti mesmo.[ 12 ] Tu, portanto, é s a vida pela qual
Tu vives; e aquela sabedoria pela qual Tu é s sá bio; e essa
mesma bondade, pela qual é s bom tanto para os bons como para os
maus; e assim com o resto de teus atributos.
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C XIII

B
UT tudo o que é de alguma forma compreendido em lugar ou
tempo, é menor do que nenhuma lei de lugar ou tempo
restringe. Desde entã o nã o há nada maior do que Tu, nenhum
lugar ou tempo Te compreende, mas Tu está s em toda parte e sempre: e
somente de Ti pode-se dizer que só Tu és incircunscrito e eterno . Como,
entã o, outros espı́ritos sã o chamados incircunscritos e eternos? Tu, de
fato, é s o ú nico eterno; porque Tu é s o ú nico de todos os seres nem
começas nem deixas de existir. Mas como só Tu é s incircunscrito?
Podemos dizer que o espı́rito criado em comparaçã o a Ti é circunscrito,
embora em comparaçã o ao corpo, incircunscrito? Pois o corpo é
totalmente circunscrito, pois está totalmente em algum lugar certo e
nã o pode estar ao mesmo tempo em nenhum outro; e isso vemos
apenas no que é da natureza do corpo. Isso novamente é incircunscrito,
o que está totalmente em todos os lugares ao mesmo tempo; e isso é
concebido para ser verdade somente para Ti. Mas é ao mesmo tempo
circunscrito e incircunscrito o que estando totalmente em algum lugar
certo, pode estar ao mesmo tempo totalmente em outro lugar; e isso
sabemos ser verdade para os espı́ritos criados. Pois se a alma nã o
estivesse totalmente em cada membro de seu corpo, nã o seria capaz de
sentir totalmente em cada membro . incircunscrito e eterno; e ainda
outros espı́ritos també m sã o incircunscritos e eternos.
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C XIV

H
ENTAO tu encontraste, ó minha alma, aquilo que procuravas?
Você estava procurando a Deus e descobriu que Ele é a coisa
que é suprema entre todas as coisas, do que nada melhor pode
ser concebido, e que isso é a pró pria vida, luz, sabedoria, bondade,
bem-aventurança eterna e eternidade bem-aventurada, e que isso está
em todo lugar e sempre. Pois, se você nã o encontrou o seu Deus, como
Ele pode ser isso que você encontrou, e que você com uma certeza tã o
certa, tã o certa uma certeza entendeu que Ele era? Mas se o
encontraste, por que nã o percebes o que encontraste? Por que minha
alma nã o Te percebe, ó Senhor Deus, se ela Te encontrou? Ela nã o te
encontrou, a quem ela descobriu ser luz e verdade? Ou ela poderia
entender qualquer coisa a respeito de Ti, exceto por Tua luz e verdade?
Se entã o ela viu a luz e a verdade, ela Te viu; se ela nã o te viu, ela nã o
viu nem luz nem verdade. Ou é antes que o que ela viu é de fato verdade
e luz; e ela ainda nã o Te viu porque Te viu apenas em parte, mas nã o Te
viu como Tu é s? (1 Joã o iii. 2) . O Senhor meu Deus, meu Criador e
Renovador, diga à minha alma que anseia por Ti, o que mais Tu é s alé m
do que ela viu, para que ela possa ver claramente o que deseja. Ela se
estende para que possa ver mais, e ainda assim nã o vê nada alé m do
que viu, exceto mera escuridã o. Nã o, ela nã o vê escuridã o, pois em Ti
nã o há escuridã o; (1 Joã o I. 5) . mas ela vê que nã o pode ver mais longe,
por causa da escuridã o que há em si mesma. Por que é isso, ó Senhor,
por que é isso? Seus olhos estã o escurecidos por sua pró pria
enfermidade, ou estã o deslumbrados por Teu esplendor? Certamente
ela está tanto obscurecida em si mesma quanto deslumbrada por Ti.
Assim també m ela é obscurecida por causa de sua pró pria pequenez, e
oprimida por causa de Tua imensurá vel grandeza. Ela é oprimida por
sua pró pria estreiteza e vencida por Tua vastidã o. Pois quã o grande é
aquela Luz, pela qual brilha toda verdade que ilumina a inteligê ncia
racional! Quã o vasta é essa Verdade, na qual está contido tudo o que é
verdadeiro, e fora da qual há apenas nada e falsidade! Quã o
incomensurá vel é aquela Visã o que contempla em um relance todas as
coisas que foram criadas e de onde e por quem e como elas foram
criadas do nada! Que pureza, que simplicidade, que clareza e esplendor
há ![ 14 ] Certamente mais do que pode ser compreendido por qualquer
criatura.
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C XV

T
PORTANTO, ó Senhor, nã o só é s aquilo do qual nada maior pode
ser concebido, mas Tu é s algo maior do que pode ser concebido.
Pois porque pode ser concebido como algo maior do que pode
ser concebido; se Tu nã o é s esse algo, pode ser concebido algo maior do
que Ti; o que é impossı́vel.
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C XVI

V
ERILY, ó Senhor, esta é a luz inacessı́vel, em que Tu habitas; pois
na verdade nã o há nada alé m de Ti que possa entrar nessa luz,
para Te contemplar em Tua plenitude. Em verdade, entã o, nã o
vejo essa luz, pois ela é grande demais para mim; e, no entanto, tudo o
que vejo, vejo por meio dessa luz; assim como um olho fraco vê o que vê
por meio da luz do sol, mas nã o pode ver essa luz como ela é no pró prio
sol. Meu entendimento nã o pode alcançar aquela luz inacessı́vel; é
brilhante demais para isso, nã o a absorve, nem os olhos de minha alma
podem suportar muito tempo para ser direcionados para ela. E
deslumbrado pelo brilho, vencido pela vastidã o, subjugado pela
imensidã o, confundido pela bú ssola.

O Luz suprema e inacessı́vel! O inteira e bendita Verdade! quã o


longe está s de mim, que está s tã o perto de Ti! Quã o distante está s Tu da
minha vista, que está s totalmente presente à Tua? Tu está s em toda
parte totalmente presente, mas nã o Te vejo. Em Ti me movo, em Ti
tenho meu ser; (Atos xvii. 18) . ainda nã o posso me aproximar de Ti. Tu
está s dentro de mim e ao meu redor, mas nã o Te percebo.
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C XVII

H
ITHERTO, ó Senhor, Tu está s escondido de minha alma em Tua
pró pria luz e felicidade; e, portanto, ela sobe e desce em sua
escuridã o e misé ria. Pois ela olha em volta e nã o vê a Tua
formosura. Ela ouve, e nã o ouve Tua harmonia. Ela cheira e nã o percebe
Tua doçura. Ela prova, e nã o tem noçã o de Tua bondade. Ela toca e nã o
sente Tua suavidade. Pois Tu tens tudo isso, beleza à vista, harmonia ao
ouvido, doçura ao olfato, bondade ao paladar, suavidade ao toque, tudo
em Ti, ó Senhor Deus, em Teu pró prio caminho inefá vel, pois é Tu quem
concedeste à s coisas sensı́veis tê -las à sua maneira, que nossos sentidos
corporais percebem; mas os sentidos de minha alma estã o endurecidos,
embotados e obstruı́dos pela longa doença do pecado.
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C XVIII
ND mais uma vez eis problema! (Jer. xiv. 19) . Assim, mais uma
UMA vez vem tristeza e tristeza para mim que buscava alegria e
alegria. (Ps. Li. 8) . Minha alma esperava, mas agora para ser
preenchida, e eis que mais uma vez ela está curvada pela necessidade.
Procurei comer e icar satisfeito, e eis que estou com mais fome do que
antes. Esforcei-me para me erguer para a luz de Deus e caı́ de volta nas
minhas pró prias trevas. Nã o, nã o apenas caı́ na escuridã o, mas me
percebo cercado por ela. Eu caı́ nele antes de minha mã e me conceber.
(Ps. Li. 5) . Certamente fui concebido nas trevas e nasci à sua sombra.
Certamente todos nó s caı́mos nele, em quem todos pecamos. (Rom. v.
12) . A Vulgata (como AV marg.) apresenta as ú ltimas palavras deste
versı́culo: em quem todos pecaram . Todos nó s perdemos naquele que
poderia facilmente tê -lo guardado e perdido para sua pró pria tristeza e
nossa, aquilo que quando desejamos buscar, nã o sabemos; quando
buscamos, nã o encontramos; quando encontramos, nã o é o que
procurar. Ajuda-me entã o, segundo a Tua bondade! Senhor, busquei a
Tua face; Tua face, Senhor, buscarei; O, nã o escondas de mim o Teu
rosto. (Ps. xxvii. 9, 10) . Eleva-me de mim mesmo para Ti. Puri ica , cura,
vivi ica, ilumina o olho da minha mente para que possa olhar para Ti.
Concede que minha alma possa reunir suas forças mais uma vez e com
todo o poder de seu entendimento lutar por Ti, ó Senhor. Que é s Tu, ó
Senhor, que é s Tu? Como meu coraçã o entenderá o que Tu é s?
Certamente Tu é s vida e sabedoria e verdade e bondade e bem-
aventurança e eternidade e tudo que é verdadeiramente bom. Estes de
fato sã o muitos; mas meu estreito entendimento nã o pode ver tantas
coisas boas em uma apreensã o ao mesmo tempo, para se deliciar com a
presença de todas ao mesmo tempo. Como entã o, ó Senhor, é s Tu tudo
isso? Eles sã o partes de Ti, ou melhor, cada um deles é inteiramente o
que Tu é s? Pois tudo o que é composto de partes nã o é em todos os
aspectos um, mas em certo aspecto é mú ltiplo e diverso de si mesmo; e
em ato ou em pensamento pode ser dissolvido: mas ser muitos e nã o
um, ou ser capaz de dissoluçã o mesmo em pensamento, está longe de
Tua natureza, pois Tu é s aquilo do que nada melhor pode ser
concebido. Assim, nã o há partes em Ti, ó Senhor, nem Tu é s muitos e
nem um: mas Tu é s um e o mesmo contigo mesmo, de modo que em
nada Tu é s diferente de Ti mesmo, antes, Tu é s a pró pria Unidade,
indivisı́vel por qualquer entendimento. . Portanto, vida e sabedoria e
Teus outros atributos nã o sã o partes de Ti, mas sã o todos um, e cada
um deles é inteiramente o que Tu é s e o que os outros atributos sã o. E
como Tu nã o tens partes, també m nã o é Tua eternidade que é s Tu
mesmo, em qualquer lugar ou tempo uma parte de Ti ou de toda a Tua
eternidade; mas Tu está s totalmente em toda parte e Tua eternidade é
totalmente em todos os tempos.[ 16 ]
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C XIX

B
UT se Tu eras e é s e será s por causa de Tua eternidade; e o ser
passado é diferente do ser presente, e o ser presente é diferente
do ser passado ou futuro: como se pode dizer que Tua
eternidade é totalmente em todos os tempos ? ser, embora uma vez
tenha sido; nem nada por vir, como se ainda nã o fosse? Tu nã o foste
ontem nem será s amanhã ; mas ontem e hoje e amanhã Tu és . Nã o, nem
mesmo és Tu ontem e hoje e amanhã ; mas Tu és , sem qualquer
quali icaçã o, à parte de todos os tempos; pois ontem, hoje e amanhã sã o
distinçõ es no tempo; mas Tu, embora nada seja sem Ti, nã o é s Tu
mesmo nem no lugar nem no tempo, mas todas as coisas estã o em Ti;
nada Te compreende, mas Tu compreendes todas as coisas.
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C XX

T
HOU, portanto, preenche e abraça todas as coisas; Tu está s
antes e alé m de todas as coisas. E de fato Tu é s antes de todas as
coisas; porque antes de serem feitos, Tu é s. (Joã o VIII. 58) . Mas
como é s Tu antes de todas as coisas? Pois de que maneira está s alé m
daquelas coisas que nã o devem ter im?[ 18 ] E porque de modo algum
podem existir sem ti; mas Tu, mesmo que eles devam retornar ao nada,
nã o menos és ? Desta forma entã o Tu está s de certa forma falando alé m
deles. Ou é novamente porque eles podem ser concebidos como tendo
um im, mas Tu nã o podes? Pois assim, de fato, eles tê m em algum
sentido um im; [ 19 ] mas Tu em nenhum sentido. E certamente aquilo
que em nenhum sentido tem um im está alé m daquilo que em qualquer
sentido tem um im. Tu, entã o, també m transcendes todas as coisas,
ainda que sejam eternas, porque a tua eternidade e a deles estã o
presentes a ti em sua totalidade, enquanto eles ainda nã o tê m aquela
parte de sua eternidade que está por vir, pois eles nã o tê m mais aquela
parte que já passou. Assim Tu sempre os transcendes; tanto porque Tu
está s sempre presente para eles, e porque isso está sempre presente
para Ti, onde eles ainda nã o chegaram.
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C XXI
E a isso que chamamos a idade dos tempos ou as eras dos tempos ?
EU Na Bı́blia, todo o curso deste mundo, que continua no tempo, é
representado como destinado a terminar na consumação de todas
as coisas , o que muitas vezes é mencionado como o im dos tempos,
consummatio saeculi ( Mt. xiii. 40) ; xxiv. 3): a era entã o a ser encerrada
é aqui pensada como uma era que abrange os vá rios tempos que terã o
decorrido desde a criaçã o até o ú ltimo dia; pois, segundo Santo
Agostinho, o tempo e o mundo foram criados juntos; o mundo foi criado
nã o in tempore, mas cum tempere . No Apocalipse ( (x. 6) ) um anjo é
representado como proclamando que não haverá mais tempo . O
saeculum que agora é , é contrastado com o saeculum, o mundo ou era
por vir em tais passagens como (Matt. xii. 32) ; (Marque x. 30) ; (Lucas
xviii. 30) . compreende todas as coisas que estã o no tempo, assim Tua
eternidade compreende as pró prias eras dos tempos. E, de fato, é
justamente chamado de idade , porque é uno e indivisı́vel; mas també m
envelhece , por causa de sua imensidã o sem limites. E embora Tu sejas
tã o grande, ó Senhor, que todas as coisas estã o cheias de Ti e estã o em
Ti; contudo Tu é s tal, sem estar no espaço, de modo que em Ti nã o há
meio, nem metade, nem qualquer outra parte.
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C XXII

T
HOU, portanto, sozinho, ó Senhor, é o que Tu é s, e quem Tu é s.
Pois o que é uma coisa no todo e outra nas partes e tem em si
alguma coisa sujeita a mudança, nã o é em todos os aspectos o
que é .[ 21 ] E tudo o que nã o era e começa a ser, pode ser concebido
como nã o sendo; e, a menos que algo diferente de si mesmo o
mantenha em existê ncia, retorna ao nada; e tem um eu passado que nã o
é o que é agora; e um eu futuro que ainda nã o é ; que só se pode dizer
que existe em um sentido secundá rio e relativo. Mas Tu é s o que Tu é s,
porque tudo o que Tu é s em qualquer tempo ou de qualquer maneira,
isso Tu é s total e sempre. E Tu é s quem Tu é s no sentido primá rio e nã o
quali icado das palavras; porque Tu nã o tens um eu passado nem um eu
futuro, mas apenas um eu presente, nem podes ser concebido como nã o
existindo em nenhum momento. Mais ainda, Tu é s a vida e a luz e a
sabedoria e a bem-aventurança e a eternidade e muitas outras coisas
semelhantes, e ainda assim é s apenas o Bem Supremo, em todos os
aspectos su iciente para Ti e nã o necessitando de ningué m alé m de Ti,
enquanto todas as coisas alé m de Ti nã o podem sem Ti. tem ser ou
bem-estar.
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C XXIII

T
SEU Bom é s Tu, ó Deus Pai; este Bem é Tua Palavra, isto é , Teu
Filho. Pois nã o pode haver nada mais na Palavra pelo qual Tu te
pronuncias senã o o que Tu é s, nem nada maior ou menor do
que Tu é s; porque Tua Palavra é tã o verdadeira quanto Tu é s
verdadeiro. E, portanto, Ele é como Tu é s, a pró pria Verdade; nã o outra
Verdade alé m de Ti mesmo: e Tu é s tã o completamente sem
complexidade em Tua natureza que de Ti nã o pode nascer nada que
seja diferente do que Tu mesmo é s. Este mesmo Bem é o ú nico Amor
mú tuo que existe entre Ti e Teu Filho, isto é , o Espı́rito Santo
procedente de ambos. Pois o mesmo Amor nã o é desigual a Ti ou a Teu
Filho, porque Tu amas a Ti mesmo e a Ele, e Ele mesmo e a Ti com um
Amor tã o grande quanto Tu é s e como Ele é ; nem pode ser diferente de
Tu e daquele que nã o é desigual a Ti e a Ele; nem de Tua suprema
simplicidade da natureza pode proceder qualquer coisa que seja
diferente daquilo de que procede. Mas o que cada Pessoa é , que toda a
Trindade, Pai, Filho e Espı́rito Santo, é ao mesmo tempo; porque cada
um por si mesmo nada mais é do que a Unidade supremamente simples
e a Simplicidade supremamente una, que nã o pode ser multiplicada
nem pode ser ora uma coisa e ora outra. Pois há uma coisa necessá ria;
Porro unum est necessarium , Mas uma coisa é necessária , as palavras de
nosso Senhor a Marta em (Lucas x. 41) . Santo Anselmo apodera-se da
palavra, pensando em seu sentido ilosó ico, no qual ela é o oposto de
contingente , e signi ica o que nã o pode ser, por assim dizer, pensado,
mas deve sempre ser suposto existir para dar conta do ser de qualquer
coisa. senã o; e é assim aplicado a Deus, como a Realidade ú ltima por
trá s de tudo. E assim ele interpreta o Evangelho dizendo aqui da
unidade de Deus, o Ser necessá rio. e, sem dú vida, esta é a ú nica coisa
necessá ria, aquela em que tudo é bom, ou melhor, que é tudo bom,
aquele total e unicamente Bom.
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C XXIV
DESPERTA-te, ó minha alma, e desperta o teu entendimento e
UMA considera até onde puderes o que e quã o grande é este Bem.
Pois se as coisas boas particulares sã o deleitosas, considere
seriamente quã o deleitante deve ser aquele Bem que compreende o
prazer de todos os bens particulares; e isso em um prazer nã o como o
que conhecemos por experiê ncia nas coisas criadas, mas superando
isso nã o menos do que o Criador supera a criatura. Pois se a vida que é
criada é boa, quã o boa deve ser a Vida que cria! Se a saú de que é feita é
agradá vel, quã o agradá vel deve ser aquela Saú de que é a causa de toda
saú de! Se é desejá vel a sabedoria que consiste no conhecimento das
coisas criadas, quã o desejá vel deve ser a Sabedoria que fez todas as
coisas do nada. Por im, se há muitos grandes deleites nas coisas
agradá veis, que tipo de deleite e quã o grandes devem ser naquele que
fez essas mesmas coisas que sã o tã o agradá veis.
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C XXV

O
QUEM desfrutará deste Bem! E o que ele terá , e o que lhe
faltará ? Certamente, tudo o que ele deseja ter e tudo o que nã o
deseja, ele icará sem. Porque haverá bens do corpo e da alma,
como os olhos nã o viram, nem os ouvidos ouviram, e nã o subiram ao
coraçã o do homem (1 Corı́ntios 2:9) . conceber. Por que, entã o, pobre
ilho do homem, tu vagueias de um lado para o outro, buscando os bens
de tua alma e de teu corpo? Ama o ú nico Bem em que estã o todos os
bens, e isso te basta. Coloque seus desejos naquele Bem nã o composto
que é todo bom, e isso é su iciente. Pois o que amas, ó minha carne, o
que desejas, ó minha alma? Se a beleza te deleita, os justos brilharão
como o sol ( Mt 13:43 ) . porque é semeado um corpo natural, é
ressuscitado um corpo espiritual , (1 Cor. xv. 44) . espiritual, isto é , em
poderes, nã o em natureza. Se uma vida longa de saú de, há uma
eternidade de saú de; porque os justos vivem para sempre (Sabedoria v.
15) . ea saúde dos justos vem do Senhor . (Ps. xxxvii. 40) . A palavra latina
salus pode signi icar saúde ou salvação . Se houver abundâ ncia, eles
serão satisfeitos quando a glória de Deus aparecer . (Sal. xvii. 16) . (Na
versã o do Livro de Oraçã o em Inglê s Quando eu acordar à tua
semelhança, icarei satisfeito com isso , mas na Vulg. icarei satisfeito
quando a tua glória aparecer ). Se a embriaguez, eles serão embriagados
com a abundância da casa de Deus . (Sal. xxxvi. 8) (de acordo com a
Vulg.). Se for melodia, os coros dos anjos cantarã o juntos a Deus para
todo o sempre. Se houver prazer, entã o seja casto, Tu lhes darás de
beber de Teus prazeres como se saísse do rio . (Sal. xxxvi. 8) . Se
sabedoria, a pró pria Sabedoria de Deus se manifestará a eles.
Provavelmente com referê ncia a (Joã o XIV. 21) . Se amizade, eles devem
amar a Deus acima de si mesmos e uns aos outros como a si mesmos
Veja (Matt. xxii. 37-40) .; e Deus os amará mais do que eles amam a si
mesmos; porque eles o amarã o e uns aos outros nele; e Ele amará a Si
mesmo e a eles em Si mesmo. Se houver concó rdia, todos eles terã o
uma vontade, pois nã o terã o vontade, mas somente a vontade de Deus.
Se for poder, eles serã o onipotentes para fazer suas pró prias vontades,
assim como Deus para fazer a Dele; pois assim como Deus será capaz de
fazer o que Ele quer por Seu pró prio poder, assim eles serã o capazes de
fazer o que quiserem por Seu poder; visto que, como eles nã o querem
nada alé m do que Ele quer, Ele quer tudo o que eles quiserem; e tudo o
que Ele quer nã o pode deixar de ser. Se honra e riquezas, Deus colocará
Seus servos bons e ié is sobre muitas coisas (Mt. xxv. 23) ; sim, eles
serã o chamados ilhos de Deus e deuses (1 Joã o iii. 1, 2) . (Joã o x. 34,
35) .; e onde seu Filho estiver, ali també m estarã o (Joã o XIV. 3) .
herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. (Rom. viii. 17) . Se a
verdadeira segurança, certamente terã o tanta certeza de que esses
bens, ou melhor, esse Bem, nunca e de modo algum lhes faltarã o, como
terã o a certeza de que nã o a perderã o por sua pró pria vontade e que
Deus, seu amante, nã o tome isso contra suas vontades daqueles que O
amam, e que nada mais poderoso do que Deus separará Deus e eles
contra suas vontades. (Rom. viii. 39) . Mas que tipo de alegria e quã o
grande deve haver alegria, onde há tal e tã o grande bem! O coraçã o
humano, coraçã o faminto, coraçã o familiarizado com a tristeza, ou
melhor, oprimido pela tristeza, como você se alegraria se abundasse em
todos esses bens! Olha para o teu coraçã o e pergunta-lhe se poderia
conter a grandeza da alegria que teria, se possuı́sse tã o grande
felicidade. No entanto, certamente, se outro a quem você ama tanto
quanto a si mesmo, tivesse a mesma felicidade, sua alegria seria
duplicada, pois você se alegraria por ele nã o menos do que por si
mesmo. Mas se dois ou trê s ou muitos mais tivessem a mesma
felicidade, você se alegraria tanto por cada um quanto por si mesmo, se
você amasse cada um como a si mesmo. Portanto, nesse amor mú tuo
perfeito de inumerá veis anjos e homens abençoados, onde ningué m
ama outro menos do que a si mesmo, cada um se regozijará nã o menos
pelo outro do que por si mesmo. Se entã o o coraçã o de um homem mal
pode conter a alegria que ele terá em si mesmo em um gozo de um bem
tã o grande, como será capaz de tantas e tã o grandes alegrias? E uma
vez que todo homem se regozija no bem de qualquer um na proporçã o
em que o ama, como nessa felicidade perfeita todos amarã o a Deus
alé m de toda comparaçã o, mais do que ele ama a si mesmo e a todos os
seus semelhantes; assim ele se regozijará alé m de toda medida mais na
felicidade de Deus do que na sua pró pria e na de todos os seus
companheiros. Mas se eles amam a Deus com todo o seu coraçã o, toda a
sua mente, toda a sua alma (Mateus xxii. 37) . contudo, para que todo o
coraçã o, toda a mente, toda a alma nã o seja su iciente para a excelê ncia
do amor; seguir-se-á que eles se regozijarã o com todo o seu coraçã o,
toda a sua mente, toda a sua alma, que todo o seu coraçã o, toda a sua
mente, toda a sua alma nã o será su iciente para a plenitude de sua
alegria.
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C XXVI

O
MEU Deus e meu Senhor, minha esperança e alegria do meu
coraçã o, dize à minha alma se esta é a alegria que nos dizes por
teu Filho: Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja
completa . (Joã o XVI. 24) . Pois encontrei uma alegria plena e mais do
que plena. Pois quando o coraçã o, a mente, a alma e o homem inteiro
estiverem cheios dessa alegria, a alegria abundará ainda mais alé m da
medida. Portanto, essa alegria nã o entrará totalmente naqueles que
nela se regozijam; mas os que se regozijam entrarã o inteiramente nessa
alegria. Diga, ó Senhor, diga ao Teu servo interiormente em seu coraçã o,
se esta é a alegria na qual Teus servos entrarã o, que entrarão na alegria
de seu Senhor . (Mat. xxv. 21, 23) . Mas certamente aquela alegria em
que os teus eleitos se regozijarã o, nem olhos viram, nem ouvidos
ouviram, nem jamais penetrou em coração humano . (1 Cor. ii. 9) . E por
isso ainda nã o pronunciei nem concebi, ó Senhor, a grandeza da alegria
dos Teus bem-aventurados. Pois sua alegria será tã o grande quanto seu
amor e seu amor quanto seu conhecimento. Quã o grande será seu
conhecimento de Ti, ó Senhor, e quã o grande seu amor por Ti!
Certamente nesta vida olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem
jamais penetrou em coração humano (1 Corı́ntios 2:9) . conceber a
grandeza de seu conhecimento e amor por Ti na vida futura. Eu te rogo,
ó Deus, que eu te conheça e te ame para que eu possa me alegrar em ti.
E se eu nã o puder conhecer-te, amar-te, alegrar-te plenamente em ti
nesta vida, deixe-me seguir em frente dia apó s dia, até que o
conhecimento, amor e alegria inalmente sejam completos. Que o
conhecimento de Ti cresça em mim aqui, e ali seja completado; que o
amor de Ti aumente em mim aqui e ali seja completo; para que minha
alegria aqui seja grande em esperança e ali plena em fruiçã o. O Senhor,
por Teu Filho Tu ordenas, nã o aconselhas-nos a buscar e prometes
aceitar-nos para que nossa alegria seja completa! Eu procuro, ó Senhor,
o que por Teu maravilhoso Conselheiro (Isa. ix. 6) . Tu aconselhas-nos a
procurar; Eu aceitarei o que Tu prometes por Tua Verdade, para que
minha alegria seja completa. O Tu Deus iel, eu procuro; concede que eu
receba para que minha alegria seja completa. Enquanto isso, minha
mente pode meditar sobre isso; que minha lı́ngua fale disso; que meu
coraçã o o ame, minha boca o pronuncie, minha alma tenha fome dele,
minha carne tenha sede dele, toda a minha substâ ncia anseie por isso,
até que eu entre no gozo do meu Senhor, trê s pessoas em um Deus,
bendito para sempre. Um homem.

Nota sobre o Argumento do Proslogion .

O argumento que Anselmo incorporou no Proslogion pode assim


ser enunciado. Quem fala de Deus, mesmo que apenas, como o Louco
dos Salmos, para dizer Não há Deus , deve, se nã o se contentar em usar
palavras sem sentido algum, atribuir algum sentido à palavra Deus .
Ora, o sentido em que, de fato, esta palavra é usada, tanto por aqueles
que negam como por aqueles que a irmam a existê ncia real do que é
denotado, é este: Aquilo do qual nada maior pode ser concebido . Quem
a irma, no entanto, que isso nã o existe, envolve-se numa clara
contradiçã o. Pois, ao a irmar que aquilo do qual nada maior pode ser
presumido nã o existe, ele implica imediatamente que pode conceber
algo maior, a saber, aquilo que, alé m de ser tudo o que é concebido para
ser, também deve ser real. Estaria fora da minha tarefa atual discutir
esse argumento em profundidade. Mas como o leitor pode perguntar o
que pensa do argumento aqueles que fazem da crı́tica de tais
raciocı́nios o seu negó cio, acrescentarei agora algumas observaçõ es ao
que já disse na Introduçã o. Na verdade, nã o direi em detalhes se este ou
aquele iló sofo a aceitou ou a rejeitou; pois tal catá logo de visõ es e
doutrinas é por si só um tipo de conhecimento muito esté ril e inú til.
Mas para mencionar alguns dos pontos em que a crı́tica do argumento
de Anselmo pode se irmar e se consolidou, pode ser ú til como
orientaçã o e sugestã o, e isso farei, usando o mı́nimo de expressõ es
té cnicas que puder, e assumindo tã o pouco quanto eu possa um estudo
pré vio de iloso ia em meus leitores.

1. Pode-se perguntar: O argumento, tal como está, prova o que se


propõe a provar ? E difı́cil, eu acho, negar que parece fazê -lo, e ainda
assim a maioria dos leitores sentirá que isso os deixa nã o convencidos.
Eles estarã o inclinados a dizer dela, como Hume disse da iloso ia do
bispo Berkeley, que ela nã o admite resposta e não produz convicção .
Suspeitarã o de alguma falá cia, de algum so isma, terã o a certeza de que
só por algum truque sã o levados tã o repentinamente da ideia ou
concepçã o de Deus à crença em Sua realidade, pois estã o certos de que
a evidê ncia da realidade deve ser algo diferente de uma mera ideia. O
que deveria ser entã o? A primeira resposta que se sugere é
provavelmente: A evidência dos sentidos . Ver para crer , diz o prové rbio.
E em muitos casos isso é verdade. Quem pode segurar o fogo na mão ,
pergunta Bolingbroke em Ricardo II de Shakespeare , pensando no
Cáucaso gelado ? E Kant, o maior de todos os crı́ticos desfavorá veis do
Argumento Ontoló gico, sugeriu que cem dó lares no meu bolso sã o algo
muito diferente de qualquer pensamento de tal soma. Mas entã o o mais
importante sobre o fogo é que ele deve nos aquecer; sobre dó lares que
eles devem ser manuseados e passar de mã o em mã o. Nã o é assim com
Deus. Nenhum homem jamais viu Deus . Ele nã o é um objeto dos
sentidos, mas da fé . Uma visã o à s vezes pode ser o meio pelo qual a fé é
conquistada; mas nã o é a visã o em si que nos assegura. Pode-se ver e
ainda nã o acreditar. Ambos viram e odiaram , disse nosso Senhor, tanto
a mim como a meu Pai . E outra vez está escrito: Bem-aventurados os
que não viram e creram .

Anselmo, por sua vez, deixa bem claro que seu argumento se
aplica somente a Deus. Nã o é de modo algum sua intençã o garantir com
seu argumento a realidade de tudo aquilo de que se pode dizer que
temos uma ideia. Seu crı́tico contemporâ neo, Gaunilo, pensava que o
mesmo raciocı́nio garantiria a existê ncia de uma ilha mais perfeita; pois
podemos formar a ideia de que tal ilha realmente existe; e se a ilha nã o
existe, essa ideia nã o seria a ideia da ilha mais perfeita, pois tal ilha,
realmente existente, seria ainda mais perfeita; e podemos enquadrar a
ideia de tal ilha. Mas Anselmo respondeu a Gaunilo que seu raciocı́nio
só era aplicá vel ao que não se pode conceber maior ; pois tal coisa deve
ser concebida como eterna , sem começo nem im; e, portanto, nã o pode
ser possível sem ser real . Nã o faz parte da noçã o de uma ilha, mesmo
das mais perfeitas, que ela nã o tenha começo nem im. Portanto, tudo o
que nosso pensamento da ilha mais perfeita envolve é que ela é
concebível, possível ; que pode existir ou ter existido ou ainda vir a
existir; mas falar de um objeto eterno , que nã o tem começo nem im,
dessa maneira, é absurdo. Nã o pode, se nã o for real agora, ser possı́vel,
no sentido de que pode ter existido no passado ou ainda existir no
futuro; só pode ser possível se realmente existir. Nã o vejo falha nesta
resposta de Anselmo ao seu crı́tico; mas praticamente admite a
insu iciê ncia da declaraçã o original do argumento. Pois, como a irmado
originalmente, o argumento apenas mostra que nossa noçã o de
perfeiçã o é aquela que nã o pode se aplicar a uma mera ideia, mas
apenas ao que é real; nã o prova, poré m, que exista algo real a que se
aplique. A contradiçã o está em pensá -lo como irreal e ainda como
perfeito. Nada é dito no enunciado original da ideia, a princı́pio
provando apenas a possibilidade de seu objeto; e provando a realidade
de seu objeto apenas no caso em que a possibilidade é inconcebı́vel sem
a realidade.

2. Podemos ainda perguntar, no entanto, o argumento, se não como


originalmente declarado provando o que se propõe a provar, ainda
admite uma a irmação que o provaria ? Isto é , se abandonarmos a noçã o
de que o argumento, como originalmente enunciado, é por si só
su iciente para refutar o ateı́smo, é su iciente, se lhe acrescentarmos as
explicaçõ es pelas quais Anselmo, respondendo a Gaunilo, foi (como
vimos ) levou a adicionar a ele? Acho que sim, desde que não
questionemos a pretensão do pensamento de ser nosso único critério de
realidade . E poucos questionam seriamente essa a irmaçã o. Olhamos
para um espelho e vemos uma sala de espelho . Acreditamos, como Alice
no conto de fadas, que deverı́amos nos encontrar naquela sala, se
pudé ssemos atravessar o vidro? Certamente nã o; isso, dizemos, nã o é
um quarto real, é apenas um re lexo. Mas por que assim? Nó s a vemos
tanto quanto vemos esta sala em que estamos. Nó s a vemos ainda,
depois de negarmos que ela é real , tanto quanto fazı́amos antes. Aı́
está ; assim é a sala deste lado do vidro. Onde está a diferença?
Descobriremos que é por causa das contradições entre eles que nã o os
consideramos igualmente reais. Deste lado do vidro, se você esticar a
mã o para tocar o que parece só lido, ele parecerá sólido , mas se você
esticar a mã o para algo que parece igual na sala do espelho, você sentirá
apenas o superfı́cie lisa do espelho; se você continuar, quebrará o vidro
e a imagem desaparecerá , nã o pela interposiçã o de qualquer coisa, mas
pela remoçã o do que parecia estar entre nó s e ela. Você insiste, entã o,
que seu mundo seja livre de contradições ; e assim, onde você encontra
em sua experiê ncia cotidiana contradiçõ es entre aparê ncias que sã o
semelhantes, você diz que uma é apenas aparê ncia, um re lexo da outra
que é real , e assim encaixa ambas em um sistema harmonioso. Nã o é
diferente quando você se eleva da experiê ncia dos sentidos para a
experiê ncia superior da ciê ncia. Nó s, que acreditamos na astronomia
copernicana, e supomos que a terra gira ao redor do sol, nã o o sol ao
redor da terra, vemos o sol nascer no leste e se pô r no oeste tã o
claramente quanto nossos ancestrais izeram nos dias anteriores a
Copé rnico; mas dizemos que isso é apenas aparê ncia; realmente a terra
está girando ao redor do sol, nã o o sol ao redor da terra. Mas por que
realmente ? Porque essa maneira de colocar explica mais, torna toda a
experiê ncia mais harmoniosa do que seria em qualquer outra teoria.

E quando nã o nos contentamos nem com a ciê ncia; quando nos
entregamos à fé de que, apesar das muitas aparê ncias que lhe sã o
contrá rias, o mundo é governado pela providê ncia de um Deus bom,
ainda estamos em nome da harmonia e da consistê ncia negando igual
realidade à s aparê ncias que ainda permanecem, como eles eram antes,
igualmente aparentes : assim como ainda vemos a sala do espelho
quando nã o somos mais crianças, e o sol nascendo quando fomos
ensinados a acreditar no sistema copernicano de astronomia.

O argumento ontoló gico de Anselmo é entã o, se devidamente


explicado, só lido, supondo-se que assumamos que o pensamento é o
critério da realidade ; ou melhor, é apenas a a irmaçã o de que o
pensamento é esse crité rio; que o padrã o por referê ncia ao qual
testamos a realidade de tudo o mais é um padrã o que carregamos
conosco, o padrã o do que satisfaz um pensamento intolerante à
imperfeiçã o e à contradiçã o, e insistindo, onde encontra imperfeiçã o e
contradiçã o, que já é apenas aparência e nã o o que pode inalmente se
aprovar como real ; que, portanto, isso é o mais real que é o mais
satisfatório para o pensamento .

3. Podemos, por im, indagar se a demonstração dada por Anselmo


de que nosso pensamento implica a certeza dessa Realidade perfeita é
precisamente o que Anselmo pensava ser, uma prova da existência do
Deus da religião ? Quanto a isso, direi brevemente que nã o me parece
ser assim. Pelo menos sã o poucos os homens e talvez nenhum cristã o
que encontrem no que este argumento prova ser real tudo o que
precisam como objeto de culto religioso. Mas Anselmo nã o pretendia
que seu Proslogion fosse separado de seu Monologion , do qual é uma
continuaçã o; mesmo que ele pensasse, como parece ter pensado, que o
Proslogion por si só bastaria para refutar o ateı́smo. Que eu tenha me
aventurado aqui a traduzir o Proslogion sem o Monologion se deve à
circunstâ ncia de que a intençã o desta Seleçã o nã o é ilosó ica, mas
devocional; e que o Proslogion está incluı́do nele menos como um
argumento ilosó ico do que como um exemplo para mostrar como o
raciocı́nio ilosó ico pode se tornar um exercı́cio religioso. Mas Anselmo
já havia determinado no Monólogo sua concepçã o do mais real como a
concepçã o do melhor . Aquilo do qual nada maior pode ser concebido
deve ser o que nossa consciê ncia moral aprova como melhor; pois
nossa escala de valores é derivada de nossa consciê ncia moral. Somente
se for dada uma interpretaçã o é tica à concepçã o do mais real , o
argumento de Anselmo levará ao Deus da religiã o; mas nada é dito
sobre isso no pró prio argumento. Para o pró prio Anselmo, essa
interpretaçã o era inevitá vel. Sua teologia era da escola de Platã o, e a
bondade de Deus era seu artigo fundamental. Mas este artigo em si
deve ser discutido pela iloso ia; e embora seja duvidoso, o argumento
de Anselmo nã o nos levará aonde ele pretendia. A compreensã o a que
ele visava, ele calculou ser uma casa a meio caminho entre a fé e a visã o.
Pressupunha uma fé que nã o podia contar nada mais alto no mundo ou
fora dele , como diz Kant, do que a boa vontade : e assim poderia
parecer prenunciar a bem-aventurança pronunciada sobre os puros de
coração, que eles deveriam ver Deus .
As Devoçõ es de Santo Anselmo
P M

T
As meditaçõ es e oraçõ es que aqui se seguem, uma vez que sã o
publicadas para despertar o leitor para o amor ou temor de
Deus ou para o auto-exame, nã o devem ser lidas em meio a
turbulê ncias, mas em quietude, nã o rapidamente, mas lentamente, com
consideraçã o pró xima e sé ria. Nem o leitor deve ter o cuidado de ler o
todo de qualquer um deles, mas tanto quanto ele percebe pode, com a
ajuda de Deus, fazer-lhe bem em acender dentro dele o desejo de
oraçã o, ou tanto quanto pode lhe dar prazer. Nem precisa começar
qualquer um deles sempre no começo, mas onde melhor lhe agradar.
Para este im eles sã o divididos em pará grafos, para que qualquer um
possa começar ou terminar onde quiser; para que a duraçã o de uma
oraçã o ou a repetiçã o frequente de uma coisa nã o se torne cansativa;
mas o leitor pode colher daı́ algum gosto de devoçã o, pois para esse im
eles foram compostos.
Meditaçã o I
EU
Sobre a Dignidade e a Miséria da Natureza Humana .

Que fomos criados à Imagem e Semelhança de Deus .

ACORDE, minha alma, acorda! mostre seu espı́rito, desperte


UMA seus sentidos, sacuda a lentidã o desse peso mortal que está
sobre você , comece a cuidar de sua salvaçã o. Deixe a ociosidade
das vã s imaginaçõ es ser posta em fuga, deixe de lado a preguiça,
apegue-se à diligê ncia. Seja instantâ neo em santas meditaçõ es, apegue-
se à s coisas boas que sã o de Deus: deixando o que é temporal, dê
atençã o ao que é eterno. Agora, neste piedoso emprego de sua mente,
para o que você pode direcionar seus pensamentos de forma mais
saudá vel e proveitosa do que para as doces contemplaçõ es dos
benefı́cios imensurá veis de seu Criador para você . Considera, portanto,
a grandeza e dignidade que Ele te concedeu no inı́cio de tua criaçã o; e
julgue por si mesmo com que amor e reverê ncia Ele deve ser adorado.
Pois quando, quando Ele estava criando e ordenando todo o mundo das
coisas visı́veis e invisı́veis, Ele decidiu criar a natureza do homem, Ele
tomou alto conselho (Gn 1.26) . O plural usado nesta frase foi muitas
vezes referido à pluralidade de Pessoas na Santı́ssima Trindade. quanto
à dignidade de tua condiçã o, visto que Ele determinou honrar-te mais
altamente do que todas as outras criaturas que existem no mundo.

Veja, portanto, para que grandeza você foi criado, e novamente


considere que tipo de amor você deve prestar. Façamos o homem, diz
Deus, à nossa imagem, conforme a nossa semelhança . Se você nã o é
despertado por esta palavra de seu Criador, se você nã o é uma bondade
tã o indescritı́vel de condescendê ncia nEle para com você , incendeie
tudo de amor por Ele, se todo o seu coraçã o nã o está in lamado com
anseio por Ele, o que devo dizer? Devo contar-te adormecido, ou
melhor, morto?

Ouve entã o diligentemente o que isto signi ica, que foste criado à
imagem e semelhança de Deus . Tu aqui asseguraste a ti maté ria doce
para meditaçã o devota, na qual exercitar teus pensamentos. Note,
portanto, que a semelhança de Deus é uma coisa, a imagem é outra.
Assim, um cavalo, um boi e todas as outras criaturas semelhantes tê m
alguma semelhança com um homem; mas ningué m tem a imagem de
um homem, exceto outro homem. Um homem come, assim como um
cavalo; aqui está uma certa semelhança , isto é , algo em comum entre
naturezas diferentes . Mas a imagem de um homem ningué m pode
expressar, exceto outro homem da mesma natureza daquele cuja
imagem ele é . Assim, a imagem é superior à semelhança .

Assim, podemos ter, da maneira que dissemos, alguma semelhança


com Deus se, considerando que Ele é bom, estudamos para ser bons; se,
sabendo que Ele é justo, nos esforçamos para ser justos; se,
contemplando Sua misericó rdia, nos entregamos à misericó rdia.

Mas como podemos ser à Sua imagem ? Ouça. Deus está atento a Si
mesmo, compreende a Si mesmo, ama a Si mesmo.[ 22 ] E tu també m,
se, segundo a tua medida, estiveres atento a Deus, compreenderes a
Deus, amares a Deus, entã o será s à Sua imagem ; pois você estará se
esforçando para fazer o que Deus sempre faz. O homem deve fazer
disso o im de toda a sua vida, estar atento ao Bem Maior, compreendê -
lo e amá -lo; para isso todo pensamento, todo movimento do coraçã o
deve ser dobrado, aguçado, conformado, para que com um amor
incansá vel você se lembre de Deus, compreenda a Deus, ame a Deus, e
assim por sua saú de estabeleça a dignidade de sua criaçã o. , em que
foste criado à imagem de Deus. Mas por que digo que você foi criado à
imagem de Deus, quando, como o apó stolo testemunha, você mesmo é a
imagem de Deus? O homem , diz o Apó stolo, não deve cobrir a cabeça,
porque é imagem e glória de Deus . (1 Cor. xi. 7) .
Meditaçã o I
II
Que o Fim para o qual fomos criados foi glori icar a Deus para sempre .

Nã o sã o esses benefı́cios inestimá veis concedidos a ti por teu


UMA Criador o su iciente para ti, para te fazer render a Ele contı́nua
açã o de graças e pagar a Ele tua dı́vida de amor incessante,
quando você considera como no inı́cio de sua criaçã o Ele te chamou por
Sua bondade do nada, ou melhor, do pó da terra a tã o grande altura de
dignidade? Aplique à sua pró pria vida as palavras dos santos. Ouça o
que é dito sobre um Santo. Este é o louvor dado a um Santo: De todo o
coração ele louvou o Senhor . Contemple aquele im para o qual foste
criado; eis a tarefa que teu Mestre te colocou para fazer. Pois para que
im Deus deveria ter levantado você por um privilé gio tã o glorioso em
sua criaçã o, mas que Ele desejava que você se desse aos Seus louvores
sem cessar? Tu foste entã o criado para louvar teu Criador, de modo que,
estando ocupado em nada mais que em Seus louvores, tu possas aqui,
pelo serviço de tua justiça, aproximar-se Dele e, a partir de entã o,
alcançar a vida de bem-aventurança. Pois o Seu louvor faz a tua justiça
neste mundo e a tua felicidade no mundo vindouro. Mas se você louvar,
louve-o de todo o seu coraçã o, louve-o amando-o. Pois esta é a regra de
louvor que é dada aos santos: de todo o coração ele louvou o Senhor e
amou a Deus que o fez . (Eclesiá stico xvii. 8) , acc. à Vulgata.

Louva, pois, e louva de todo o teu coraçã o, e ama Aquele a quem


louvas. Pois ele louva, mas nã o de todo o coraçã o, a quem a
prosperidade persuade a abençoar a Deus, mas a adversidade impede o
ofı́cio de abençoar. Mais uma vez ele louva, mas nã o ama, que nos
louvores de Deus, procura obter alguma coisa por seu louvor alé m do
pró prio Deus.

Louve, portanto, e louve dignamente, para que, com o má ximo de


seu poder, nã o haja em ti nenhuma acusaçã o, nenhum pensamento,
nenhuma contemplaçã o, nenhum cuidado mental, que seja vazio do
louvor a Deus. Que nenhuma prosperidade mundana te desvie, nem
nenhuma adversidade mundana te impeça de Seu louvor. Pois assim
louvará s ao Senhor com todo o teu coraçã o e també m com amor; nã o
buscará s dele nada alé m de si mesmo, para que ele mesmo seja o
objetivo de teu desejo e a recompensa de teus trabalhos, teu consolo
nesta vida de sombras e tua posse na vida abençoada por vir. Para isso
foste criado, para que participasses em Seus louvores para todo o
sempre, e isso compreenderá s mais plenamente, quando fores elevado
pela bendita visã o Dele, verá s que por Sua mera generosidade gratuita
tu, quando você nã o era, do nada foi criado para tal felicidade, e criado,
chamado, justi icado, glori icado (Rom. viii. 30) . para tal felicidade
indescritı́vel. Pois a contemplaçã o de tais coisas te dará um amor que
nã o se cansará de louvá -lo para sempre, de quem e por quem e em
quem você se alegrará por ser abençoado com coisas tã o grandes e tã o
imutá veis.
Meditaçã o I
III
Que onde quer que estejamos, vivemos e nos movemos e temos nosso ser
em Deus, desde que O tenhamos dentro de nós .

B
UT deixando aquela felicidade que está para ser, com os olhos
da mente olhe por algum tempo també m para a grandeza do
favor que Ele tem concedido abundantemente a Ti mesmo
nesta vida transitó ria. Aquele que habita no cé u, que reina entre os
anjos, a quem o cé u e a terra e tudo o que neles há , reverencie, ele se
deu a si mesmo para ser sua habitaçã o; Ele preparou para ti Sua
presença como uma morada, pois como o apó stolo Paulo ensina, Nele
vivemos, nos movemos e existimos . (Atos xvii. 28) . A vida é doce, o
movimento é agradá vel, o ser é desejá vel. Pois o que pode ser mais doce
do que ter vida Nele, que é a pró pria Vida Abençoada? que mais
agradá vel do que ordenar todo o curso de nossa vontade e açã o para
Ele e nAquele que nos fortalece com estabilidade eterna? nada mais
desejá vel do que, pela oraçã o e pela conversa, estar continuamente
naquele, em quem somente existe o verdadeiro ser, ou melhor, quem
somente é o verdadeiro ser, sem o qual nada pode ter bem-estar. Eu , diz
Ele, sou o que sou . (Ex. iii. 14) . Este é um ditado excelente. Pois
somente Ele mesmo tem o verdadeiro ser, cujo ser é imutá vel. Assim,
pode-se dizer que Ele, cujo ser é tã o excelente, é em um sentido tã o
especial, que se pode dizer que Ele é o ú nico em verdade; em
comparaçã o com quem estar ao lado Dele nã o é nada; quando Ele, eu
digo, te criou para uma altura tã o grande de dignidade que você nã o
pode sequer compreender a gló ria de sua pró pria dignidade natural,
onde Ele designou sua morada? que morada Ele preparou para ti? Ouça
o que Ele diz aos Seus no Evangelho: Permanecei em Mim, e Eu em vós .
(Joã o xv. 4) . O dignidade inestimá vel, ó bendita morada, ó gloriosa
relaçã o entre Deus e o homem! Quã o grande é a condescendê ncia do
Criador para que seja Sua vontade que Sua criatura habite Nele! Quã o
incompreensı́vel é a bem-aventurança da criatura, que ela deve
permanecer em seu Criador! Quã o grande é a gló ria da criatura racional
de ter comunhã o com seu Criador em uma relaçã o tã o abençoada, que o
pró prio Criador deveria habitar na criatura, a pró pria criatura no
Criador! Tã o excelentemente fomos criados por Sua vontade, tã o
misericordiosamente Ele se agradou de que permanecê ssemos nEle;
mesmo Aquele que está acima de todas as coisas, governando sobre
todas as coisas, mas sem cuidado; que sustenta todas as coisas, como o
fundamento de todas as coisas, mas sem trabalho; supera todas as
coisas em excelê ncia, mas sem orgulho; compreende todas as coisas em
Seu abraço, mas sem distinçã o de partes; preenchendo todas as coisas
com Sua plenitude, mas sem limitaçã o de Si mesmo.

Ele entã o, embora nã o esteja ausente em nenhum lugar, escolheu


para si um reino de delı́cias dentro de nó s, de acordo com o testemunho
do Evangelho, onde se diz: O reino de Deus está dentro de você . (Lucas
xvii. 21) . Mas se o reino de Deus está dentro de nó s, e Deus habita no
seu reino, ele nã o permanece em nó s, visto que o seu reino está dentro
de nó s? Certamente Ele o faz; porque se Deus é sabedoria, e a alma do
justo é a sede da sabedoria , (Prov. xiv. 33) . entã o aquele que é
verdadeiramente justo tem Deus habitando nele. Porque o templo de
Deus é santo , diz o Apó stolo, templo que sois . (1 Cor. iii. 17) . Portanto,
siga fervorosamente a santidade sem desmaiar, para que nã o deixe de
ser o templo de Deus. Ele mesmo diz dos seus: neles habitarei e neles
andarei . (2 Cor. vi. 16) . Nã o duvide que onde quer que haja almas
santas, Ele está nelas. Pois se tu també m está s em todos os lugares
totalmente em teus membros, aos quais dá s vida, [ 23 ] quanto mais
Deus está totalmente em todos os lugares, que criou tanto a ti mesmo
quanto ao teu corpo? Assim, deve-se considerar com toda diligê ncia
com que grande circunspecçã o e reverê ncia devemos exercitar nossos
sentidos e os membros de nosso corpo, sobre os quais a pró pria
Divindade preside. Vamos, portanto, como é certo, dar a tã o grande
inquilino todo o comando de nosso corpo, para que nada em nó s possa
desagradá -lo, mas que todos os nossos pensamentos e movimentos de
nossa vontade, todas as nossas palavras e obras, possam espere pelo
Seu prazer, obedeça à Sua vontade e seja ordenado pelo Seu governo.
Pois assim seremos em verdade o seu reino, e ele permanecerá em nó s,
e nó s, permanecendo nele, viveremos bem.
Meditaçã o I
4
Que todos nós, que fomos batizados em Cristo, nos revestimos de Cristo .

Desperta, eu te suplico, ó minha alma, e deixa que o fogo de um


UMA amor celestial se acenda em teu coraçã o, e considera
sabiamente a beleza que Teu Senhor Deus te concedeu, e ao
considerar amá -la, e ao amar, reverenciá -la. com o serviço de uma
conversaçã o santa. Pois aquele que te faz permanecer nele, e
condescendeu em habitar em ti, nã o te veste, te cobre, te adorna
consigo mesmo? Como muitos de vocês , diz o Apó stolo, que foram
batizados em Cristo, se revestiram de Cristo . (Gal. iii. 27) .

Que louvor, que açã o de graças tu dará s a Ele, que te vestiu de tã o
grande formosura, te exaltou a tã o grande honra, que podes dizer com
todo o gozo do coraçã o: O Senhor me vestiu com as vestes da salvação,
Ele me cobriu com o manto da justiça . (Is. lxi. 10) . E a maior alegria dos
anjos de Deus contemplar a Cristo, e eis que de Sua ilimitada
condescendê ncia Ele se inclina para ti, a ponto de ter o prazer de te
vestir com Si mesmo. Que tipo de roupa é esta senã o aquela de que o
apó stolo se vangloria, dizendo que Cristo de Deus se fez para nós
sabedoria, justiça e santi icação ? (1 Cor. i. 30) . Como Ele te vestiria
mais ricamente do que te tornar glorioso com o manto da sabedoria, o
ornamento da justiça, a beleza da santidade?
Meditaçã o I
V
Que somos o Corpo de Cristo .

E por que eu deveria dizer que Cristo te vestiu de Si mesmo,


UMA quando Ele te uniu tã o intimamente a Si mesmo que Ele teve o
prazer de te fazer carne de Sua carne na unidade da Igreja. Ouça
o que o Apó stolo diz, expondo o testemunho da Escritura, E eles dois
serão uma só carne. Mas eu falo , diz ele, a respeito de Cristo e da Igreja .
(Ef. v. 31, 32) . Por isso, considere també m em quã o maravilhoso
vı́nculo Ele te uniu a Si mesmo. O apó stolo estabelece que tu é s o corpo
de Cristo. Vós sois , diz ele, o corpo de Cristo e os membros em particular .
(1 Cor. xii. 27) .

Guarda, pois, teu corpo e teus membros com a reverê ncia que
convé m, para que, se os ofenderes, suplicando-lhes levianamente, nã o
sofras um castigo maior por teu mau uso indigno deles, de acordo com
a grandeza da recompensa que teria sido tua. , se você os tivesse usado
corretamente. Teus olhos sã o os olhos de Cristo. Portanto, nã o podes
voltar os olhos de Cristo para contemplar a vaidade, pois Cristo é a
verdade, e toda vaidade é contrá ria à verdade.[ 24 ] Tua boca é a boca
de Cristo. Nã o deves, portanto, abrir, digo nã o apenas com calú nias e
mentiras, mas també m com palavras ociosas, aquela boca que deve ser
aberta apenas para o louvor de Deus e a edi icaçã o do pró ximo. Tenha
esta mente també m em relaçã o aos outros membros de Cristo que
estã o comprometidos com a sua responsabilidade.
Meditaçã o I
VI
Que somos um em Cristo e um Cristo com o próprio Cristo .

C
ONSIDER també m mais profundamente em quã o pró xima uma
uniã o você está unido com Ele. Ouça o que o pró prio Senhor ora
ao Pai por aqueles que sã o Seus: Eu quero , diz Ele, que assim
como Tu e eu somos um, assim também eles sejam um em Nós . (Joã o xvii.
21) , livremente citado. Eu sou (isto é ) Teu Filho por natureza; Eu oro
para que eles sejam Teus ilhos e Meus irmã os pela graça. Quã o grande
é a dignidade para um homem cristã o, crescer em Cristo de modo que
ele mesmo possa ser chamado em certo sentido de Cristo . Isto també m
aquele iel mordomo da casa de Deus percebe a Igreja quando disse:
Todos nós que somos cristãos em Cristo somos um Cristo . A referê ncia é
presumivelmente a (1 Cor. xii. 12) . Nem devemos nos admirar com isso,
quando consideramos que Ele é a cabeça e nó s Seu corpo; Ele o noivo e
Ele també m a noiva; em Si mesmo o esposo, mas a esposa nas almas
santas que Ele ligou a Si mesmo nos laços de um amor eterno. Como um
noivo , diz Ele, Ele colocou uma coroa sobre Mim, e como uma noiva Ele
me adornou com ornamentos . Isto é como (Isa. lxi. 10) , mas nã o é uma
citaçã o. Aqui, entã o, ó minha alma, aqui você considera Seus benefı́cios
para ti, seja in lamada com o amor por Ele, deixe o fogo que está em
você irromper em desejo pela bem-aventurança de contemplá -Lo.
Clame com ousadia nas palavras da noiva iel, Deixe que Ele me beije
com os beijos de sua boca . (Cant. i. 1) . Que todo deleite que nã o está
nEle se afaste de minha mente, que nenhum prazer, nenhum consolo
desta vida presente me console, enquanto Sua presença abençoada me
é negada. Que Ele me abrace com os braços de seu amor, que me beije
com a doçura celestial de sua boca, que me fale com aquela eloquê ncia
inefá vel com que revela seus segredos aos anjos. Que o Noivo e a Noiva
desfrutem de tal intercâ mbio mú tuo de discurso, que eu possa abrir
todo o meu coraçã o a Ele e Ele me revelar os segredos de Sua doçura.
Assim, ó minha alma, revigorada por estas e outras meditaçõ es
semelhantes e cheia da paixã o de um santo desejo, esforça-te por seguir
Teu Esposo e dizer-Lhe: Atrai-me atrás de Ti; correremos atrás do odor
dos teus unguentos . (Cant. i. 3) , de acordo com a Vulgata. Fale com Ele e
fale como um cô njuge leal, nã o com o som de palavras que passam, mas
com um desejo de coraçã o que nã o desfalece; fale assim para ser
ouvido, assim deseje ser atraı́do por Ele para que você possa seguir.
Diga, portanto, ao teu Redentor e Salvador: Desenha-me depois de Ti .
Nã o deixes que a doçura deste mundo, mas que a doçura do Teu bem-
aventurado amor me atraia. Desenhe-me, pois Tu me atraiste até aqui;
segura-me com irmeza, porque tu me agarraste. Tu me atraiste para Ti
ao me redimir; desenhe-me salvando-me. Tu me atraiste com pena de
mim; atrai-me abençoando-me. Tu me agarraste aparecendo entre os
homens, feito homem por nó s; segura-me irme como Tu está s sentado
em Teu trono no cé u, exaltado acima dos anjos. Essa é a Tua palavra,
essa é a Tua promessa. Tu prometeste, dizendo: E eu, quando for
levantado da terra, todos atrairei a Mim . (Joã o XII. 32) . Atrai, portanto,
agora em Tua poderosa exaltaçã o aquele que Tu atraiste para Ti em Tua
misericordiosa humilhaçã o. Tu subiste ao alto; deixe-me acreditar: Tu
reinas sobre todas as coisas; deixe-me reconhecê -lo. Nã o reconheço que
Tu reinas? Certamente eu reconheço isso, e te dou graças. Mas concede
que eu possa reconhecer com o reconhecimento de um amor perfeito o
que eu reconheço por uma fé devota em relaçã o a Ti. Liga os desejos do
meu coraçã o a Ti com os laços indissolú veis do amor, pois as primı́cias
do meu espı́rito já estã o contigo. Garanta que nó s, a quem o Teu amor
ao nos redimir, teceu a Ti, possamos ter comunhã o contigo na unidade
do mesmo amor. Pois Tu me amaste, Tu te entregaste por mim; que meu
coraçã o e minha mente estejam sempre contigo no cé u, e Tua proteçã o
comigo continuamente na terra. Ajuda-o quando ele arde de desejo por
Teu amor, a quem Tu mostraste amor quando ele o desprezou. Dá a ele
quando ele pede, a quem Tu te dá s quando ele nã o te conheceu. Receba-
o quando ele retornar a Ti, ó Tu que o chamaste de volta a Ti quando ele
fugiu de Ti. Eu Te amarei para que eu seja amado por Ti; antes, porque
sou amado por Ti, te amarei cada vez mais para ser mais amado. Que
meus pensamentos sejam unidos a Ti, que meu coraçã o seja totalmente
um com Ti, onde nossa natureza, que Tu em misericó rdia tomaste sobre
Ti, reine Contigo em bem-aventurança. Fazei que eu me apegue a Ti
sem me separar, Te adore sem me cansar, Te sirva sem falhar, Te busque
ielmente, Te encontre feliz, Te possua para sempre.

Dirigindo-se a Deus com estas palavras, ó minha alma, acenda-se,


queime, irrompe em chamas e se esforce para icar totalmente em
chamas com desejo por Ele.
Meditaçã o I
VII
Uma Comemoração de nossos Pecados, pelos quais nossa Consciência nos
reprova, e pela qual perdemos todas essas coisas .

B
UT quando você considerar para que coisas boas e quã o grande
você foi por Sua graça, lembre-se també m de que coisas boas e
quã o grandes você perdeu por sua culpa, em quã o mau estado
você foi derrubado por seus pecados. Considera com suspiro o mal que
izeste na tua maldade; pensa com gemidos nas coisas boas que tu, por
causa desse mal, perdeste miseravelmente. Pois que coisa boa teu mais
excelente Criador por sua bondade te concedeu? que mal nã o lhe
izeste, tu que foste nutrido em detestá vel injustiça? Ao perder o bem,
você mereceu o mal, nã o, ao rejeitar o bem, você escolheu o mal; e
perdendo, ou melhor, rejeitando a graça de teu Criador, para tua misé ria
aumentaste Sua ira. Nem podes provar-te inocente, quando a multidã o
dos teus pecados, como um poderoso exé rcito, te cercar; aqui lançando
em teus dentes o opró brio de tuas má s açõ es; ali produzindo uma
grande quantidade de palavras ociosas e (que merecem maior
condenaçã o) palavras prejudiciais ditas por ti; lá novamente exibindo a
vasta massa de teus maus pensamentos.

Estas sã o as coisas pelas quais perdeste coisas boas sem preço;
por causa destes suportaste estar sem a graça daquele que te fez. Geme
como você pensa sobre eles, renuncie a eles como você geme, condene-
os como você os renuncia, renuncie a eles mudando sua vida para
melhor. Esforça-te interiormente contigo mesmo, para que logo, nem
por um momento, assente alguma vaidade, seja de coraçã o ou de lı́ngua,
ou o que tem a maior condenaçã o, mesmo em açã o. Que haja em tua
mente uma guerra diá ria, ou melhor, contı́nua, para que nã o mantenhas
qualquer aliança com teus pecados. Examine-se rigorosamente sempre,
procure os segredos do seu coraçã o, e tudo o que você encontrar em si
mesmo que seja ré probo, castigue-o com severas reprovaçõ es, jogue-o
abaixo, esmague-o, arranque-o, expulse-o, destrua-o completamente.
Nã o se poupe, nã o seja gentil consigo mesmo, mas pela manhã (isto é ,
na contemplaçã o do Juı́zo Final, pois o Juı́zo Final segue como a luz da
manhã na noite desta vida presente) destrua todos os ímpios que estão
em a terra (isto é , as ofensas e pecados de uma conversa mundana)
para que você possa extirpar da cidade do Senhor (que você deve
construir dentro de si mesmo) todos os malfeitores (isto é , todas as
sugestõ es do diabo, todas as delı́cias que Deus odeia, todos os
consentimentos mortais, todos os atos perversos). (Ps. ci. 11) . A
Vulgata tem na parte da manhã (AV cedo ) para o breve da versã o Livro
de Oraçã o. De tudo isso tu deves, como uma cidade de Deus, ser
puri icada, para que teu Criador possa encontrar e tomar posse e
continuamente manter uma habitaçã o dentro de ti, onde Ele possa ter
prazer. Nã o seja daqueles cuja obstinaçã o o pró prio Deus parece
lamentar, dizendo: Não há homem que coloque isso no coração e diga: O
que eu iz ? A citaçã o é composta, de (Isa. lvii. 1) e (Jer. . viii. 6) . Se eles
forem rejeitados, porque nã o quiseram se envergonhar do mal que
izeram, e se repreenderem, nã o cuidará s, para que logo chegues ao
nú mero dos eleitos, para prestar contas, julgar a si mesmo, corrigir-se
com severa disciplina? Considera entã o diligentemente em tuas
meditaçõ es os benefı́cios que teu Criador te concedeu, com os quais,
sem nenhum mé rito teu, Ele te exaltou; e lembra-te dos inumerá veis
pensamentos maus, palavras e atos, com os quais a tua injustiça
indignamente recompensou a Sua bondade, e concebendo grande
tristeza em ti mesmo, clama em voz alta: Que iz eu ? Eu aborreci a Deus,
provoquei meu Criador à ira, recompensei Seus inú meros benefı́cios
com inú meros pecados.

O que eu iz ? Ao dizer isso, bata em seu peito, pronuncie sua voz


em gemidos, derrame suas lá grimas. Pois se nã o chorares agora,
quando chorará s? Se o desvio da face de Deus de ti por causa dos teus
pecados nã o te move à tristeza, deixe pelo menos a grandeza dos
tormentos do inferno, que esses mesmos teus pecados provocaram,
quebre a dureza do teu coraçã o.

Volta entã o, volta, errante do caminho certo, ao teu coraçã o, tira o


pé do inferno, para que possas escapar das coisas má s que mereceste e
reconquistar as coisas boas das quais te privaste com justiça. Pois se
você respeitar as coisas que sã o má s em você , você descobrirá que
perdeu todas as coisas boas que Ele concedeu a você . Você deve,
portanto, sempre voltar seus olhos para os males dentro de você , e
especialmente para aqueles de que sua consciê ncia mais seriamente te
acusa, para que Ele possa desviar os olhos deles. Pois se tu por um
propó sito digno de emenda desviares teus pecados, Ele desvia deles os
olhos de Sua vingança; mas se você os esquecer, Ele se lembrará deles.
Meditaçã o I
VIII
Uma Comemoração da Encarnação de nosso Senhor, pela qual
recuperamos todas essas coisas .

T
PORTANTO, para que sejas liberto dali, ouça as misericó rdias de
teu Redentor para contigo.

Tu estavas realmente cego pela culpa de teu pecado


original e nã o pudeste contemplar a excelê ncia de teu Criador. Cercado
pela nuvem de teus pecados tu continuaste nas trevas e, impelido pelas
ondas rá pidas do dilú vio de tuas ofensas, foste varrido para a noite
eterna.

E eis que teu Redentor ungiu teus olhos cegos com o bá lsamo de
Sua encarnaçã o, para que tu, que nã o podias contemplar Deus em Sua
gló ria no esconderijo de Sua majestade, pudesses contemplar Deus
aparecendo em forma de homem, e vendo-O reconheça-O, e
reconhecendo-O, ame-O, e amando-O, faça o má ximo com todas as suas
forças para chegar à Sua gló ria. Ele foi feito carne para que Ele pudesse
te chamar de volta para as coisas do espı́rito. Ele foi feito participante
de tua mutabilidade para que pudesse fazer de ti participante de Sua
imutabilidade. Ele condescendeu com a tua humildade para que
pudesse exaltar-te à Sua elevada altivez. Ele nasceu de uma virgem pura
para que pudesse curar a corrupçã o de tua natureza pecaminosa. Ele foi
circuncidado para que pudesse ensinar o homem a eliminar de si
mesmo toda a super luidade das concupiscê ncias pecaminosas. Ele foi
apresentado no templo e recebido pela santa viú va, Anna ( (Lucas ii.
37) ). para que Ele pudesse admoestar Seus servos ié is a estarem
continuamente na casa de Deus e se esforçarem pela prá tica de uma
vida santa para serem dignos de recebê -Lo. Ele foi tomado em Seus
braços e glori icado pelo idoso Simeã o, para que pudesse mostrar Seu
amor pela gravidade da vida e maturidade em justiça. Ele foi batizado
para santi icar o sacramento do nosso batismo.[ 25 ] No rio Jordã o,
quando Ele se inclinou para receber o batismo da mã o de Joã o, Ele
ouviu a voz do Pai, e recebeu o Espı́rito Santo vindo sobre Ele em forma
de pomba, para nos ensinar que devemos permanecer com humildade
de espı́rito, e assim sermos honrados pela palavra do Pai que está nos
cé us, vindo a nó s, da qual se diz que se comunica com os simples ( Prov.
.iii.32) , de acordo com a Vulgata. e glori icado pela presença do Espı́rito
Santo, que repousa sobre os humildes. Pois Jordan signi ica humildade ;
visto que, sendo interpretado, o Jordã o é sua descendência .[ 26 ] E ele
foi batizado pela mã o de Joã o, cujo nome signi ica a graça de Deus ,[ 27 ]
para que tudo o que recebemos de Deus, devemos atribuı́-lo a essa
graça e nã o aos nossos pró prios merecimentos. Depois de jejuar
quarenta dias, venceu o diabo e suas tentaçõ es, e foi glori icado pelo
ministé rio dos anjos, ensinando-nos assim em todo o tempo desta vida
presente, recusando as delı́cias das coisas temporais para pisar sob
nossos pé s o mundo com o seu prı́ncipe. , e assim ser escoltado pela
proteçã o dos anjos. Durante o dia Ele morava com o povo pregando o
reino de Deus e edi icando as multidõ es por Suas obras maravilhosas e
por Suas palavras. A noite, ele subiu a uma montanha e se entregou à
oraçã o, ensinando-nos, conforme a estaçã o exige, à s vezes por palavras
e açõ es para mostrar, de acordo com nossa capacidade, aos nossos
vizinhos entre os quais vivemos, o modo de vida; à s vezes, entrando na
quietude de nossa alma e subindo a montanha da virtude, para respirar
o doce ar da contemplaçã o celestial e sem desfalecer para dirigir nossos
pensamentos à s coisas do alto. Ele foi trans igurado no monte diante de
Pedro, Tiago e Joã o, instruindo-nos assim que, se estudarmos como
Pedro, cujo nome é por interpretaçã o reconhecendo , [ 28 ]
humildemente reconhecer nossa fraqueza, suplantar nossa natureza
pecaminosa (pois suplantador é o signi icado de James James = Jacob.
Veja (Gen. xxv. 26) , xxvii. 36. Sã o Jerô nimo, Lib. de Hebr. Nom . ( de
Evang. Matt .).), e na fé para nos submeter à graça de Deus (que é a
signi icaçã o de Joã o [ 29 ]), para nossa felicidade subiremos ao monte
do cé u, para contemplar a gló ria de Jesus, Ele mesmo nosso Rei sendo
també m nosso guia até lá . Em Betânia , que é por interpretaçã o a casa
da obediência ,[ 30 ] Ele ressuscitou Lá zaro dentre os mortos,
mostrando que todos os que pelo esforço sincero de um bem morrerã o
para o mundo e descansarã o no seio da obediê ncia, serã o ressuscitado
por Ele para a vida eterna. Quando Ele entregou Seu corpo e Seu sangue
a Seus discı́pulos na ceia mı́stica, Ele humildemente lavou seus pé s,
ensinando-nos que os sagrados misté rios devem ser celebrados com
atos de pureza e devota humildade de espı́rito. Quando Ele deveria ser
glori icado pelo esplendor de Sua santa ressurreiçã o, Ele suportou a
zombaria dos traidores, a crueldade dos insultos, a vergonha da cruz, a
amargura do fel e, por im, a pró pria morte, admoestando assim Seus
servos que eles que desejam alcançar a gló ria apó s a morte, devem
suportar os problemas e trabalhos desta vida presente e as opressõ es
dos ı́mpios, nã o apenas sem murmurar, mas com amor e desejo e boas-
vindas alegres a tudo o que é difı́cil neste mundo por causa da a
recompensa eterna.
Sobre esses benefı́cios gloriosos e inestimá veis, concedidos a ti
por teu Criador, se meditares dignamente, se os abraçares com devoçã o,
se esforçares com fervorosa caridade para imitá -los, nã o só recuperará s
as coisas boas que teus primeiros pais perderam, mas obterá s coisas
muito maiores para sempre pela graça indescritı́vel de teu Salvador.
Pois o pró prio Deus pelo misté rio da encarnaçã o se tornou teu irmã o; e
que alegria inefá vel isso nã o te causará , quando você contemplar sua
natureza nEle tã o exaltada acima de toda a criaçã o!
Meditaçã o I
IX
Que devemos orar para sermos libertos da cova horrível, da lama e do
barro .

C
O QUE agora resta, mas apó s a devida consideraçã o de todos
esses assuntos, acender na mente o desejo de herdar tã o
grandes bens e, com sú plicas contı́nuas, implorar Aquele que te
criou para possuı́-los, para tirá -lo do poço horrível, do abismo. a lama e
barro , (Ps. xl. 2) . e fazer de ti o possuidor de bem-aventurança tã o
grande? O que é esse poço horrível , senã o o abismo da cobiça
mundana? que lama e barro senã o a imundı́cie do prazer carnal? Pois
nas labutas desses dois, da cobiça e do prazer, é que a raça do homem é
miseravelmente enredada e impedida de alcançar a bendita liberdade
da contemplaçã o celestial. Pois, na verdade, o poço horrível é a cobiça
mundana, que arrasta a mente que está sujeita ao seu domı́nio por
inú meros desejos, como por correntes, nas profundezas do pecado, e
nunca permite que ela descanse. Pois a mente do homem, quando
oprimida pelo jugo da cobiça, é distraı́da pelo amor das coisas visı́veis e
impelida aqui e aqui por diversas paixõ es. E desperdiçado pela labuta
na obtençã o de dinheiro, pelo cuidado em aumentá -lo, pela alegria em
possuı́-lo, pelo medo de perdê -lo, pela dor de perdê -lo, e nada disso é
sofrido para ver o grande perigo que ele representa. é . Este é o poço
horrível , que a cobiça mundana nã o deixa de preencher com todos
esses grandes males. Desta cova, o bem-aventurado Davi regozijou-se
por ser libertado, quando deu graças e disse: Tirou-me da cova horrível,
do lodo e do barro .
O que é a lama e o barro ? O gozo do prazer impuro. Clame com
ousadia entã o com o abençoado Davi, e diga ao teu Criador: Tira-me da
lama, para que eu não afunde . (Sal. lxix. 15) . Puri ique seu coraçã o de
toda a poluiçã o do prazer carnal, exclua pensamentos impuros de sua
mente, se você escapar da imundı́cie desta lama. Mas quando por
arrependimento e con issã o, por chorar por seu pecado e ocupar seu
coraçã o com santas meditaçõ es, você escapou dali, tome cuidado para
nã o cair nele novamente; mas com todo o teu coraçã o, suspira diante de
Deus, suplicando a Sua misericó rdia que Ele possa colocar teus pés
sobre a rocha , (Sl. xl.) i. isto é , para que tua mente se estabeleça sobre o
irme fundamento da justiça, apegando-se constantemente a Cristo, de
quem se diz que Ele é feito para nós de Deus sabedoria, justiça e
santi icação . (1 Cor. i. 30) . Ore alé m disso para que Ele possa ordenar
tuas saídas (Sl. xl. 2) . para que nã o voltem para a maldade, mas
prossigam irmemente no caminho celestial de Seus mandamentos, e
assim se apressem sem se desviar para o abençoado paı́s dos Anjos.

Mas quando Sua direçã o te elevar, tome cuidado para nã o ser
negligente em cantar os louvores do Criador; antes, rogai-Lhe por Sua
misericó rdia que ponha um novo cântico em vossa boca ( Sl. xl. 3) . para
que com a devida devoçã o possas cantar uma ação de graças ao nosso
Deus . (Ibidem) . Convé m que tu, minha alma, tenhas sido trazido à
comunhã o com Deus pela novidade de vida (Rm 6.4) . deve irromper
em um novo cântico em Seu louvor, desprezando as coisas temporais e
ansiando apenas pelas coisas eternas; sendo obedientes à lei de Deus,
nã o por medo do castigo, mas por amor à justiça. Pois isso é cantar um
novo cântico a Deus , morti icar os desejos do velho homem e seguir o
caminho do novo homem, que o Filho de Deus mostrou ao mundo, por
mero desejo da vida eterna. Ele canta uma ação de graças . Com
referê ncia ao versı́culo de (Sl. xl.) citado acima em latim, as palavras
canticum e carmen diferem, assim como canção e açã o de graças , mas
nã o há referê ncia especial a agradecimento na palavra carmen . que
guarda na lembrança de uma mente pura as alegrias de seu paı́s
celestial e, sendo sustentado pela consciê ncia de uma vida santa e
con iando no dom da graça do alto, se esforça para alcançá -la.
Meditaçã o I
X
Uma meditação sobre as misérias desta vida .

No meio dessas meditaçõ es, pense seriamente em todas as


EU misé rias desta vida presente, e com um coraçã o vigilante
considere com que cuidado você deve viver nela. Lembre-se de que
você é da companhia dele, a respeito de quem a Escritura disse: Um
homem cujo caminho está encoberto, e a quem Deus cercou com trevas .
(Jó iii. 23) , de acordo com a Vulgata. Pois verdadeiramente você está
cercado por uma profunda escuridã o de ignorâ ncia, uma vez que você
nã o sabe como Deus pesará suas obras, e nã o pode dizer qual será o seu
im. Ninguém sabe , diz Salomã o, se é digno de ódio ou de amor, mas
todas as coisas são mantidas incertas até o im . (Eclesiastes ix. 1) , de
acordo com a Vulgata.

Imagine para si mesmo um vale profundo e escuro e todos os tipos


de tormentos no fundo dele. Suponha, alé m disso, uma ponte lançada
sobre este vale, muito longa, mas nã o mais do que um pé de largura.
Que um homem seja obrigado a passar por esta ponte, tã o reta, tã o alta,
tã o perigosa; que seus olhos sejam vendados para que ele nã o possa ver
seus passos; que suas mã os sejam amarradas atrá s dele, para que ele
nã o possa se guiar tateando seu caminho com um cajado. Quã o grande
seria o medo e a angú stia da mente em tal pessoa! Você acha que
haveria lugar em seus pensamentos para alegria, para alegria, para
devassidã o? Eu nã o troco. Todo o orgulho lhe seria tirado, toda a
vangló ria posta em fuga, somente a escuridã o da morte permaneceria
em sua mente. Imagine, alé m disso, uma multidã o monstruosa de
pá ssaros selvagens pairando sobre a ponte e tentando arrastar o
viajante, enquanto ele a atravessa, para o abismo. Seu pavor nã o será
multiplicado assim? E se cada prancha for imediatamente retirada
assim que ele passar por cima dela? Ele nã o será atingido por um medo
ainda maior?

Mas agora considere o signi icado desta imagem e deixe um temor


e tremor piedosos tomar conta de sua mente. Pelo vale profundo e
escuro é signi icado o inferno, que é um abismo incomensurá vel e
terrı́vel com as sombras da mais negra escuridã o. Estã o reunidos todos
os tipos de tormentos. Lá falta tudo o que pode acalmar; e tudo o que
pode chocar, atormentar e a ligir está presente. A ponte perigosa, da
qual quem nã o faz sua passagem por ela corretamente é arremessado
para baixo, é esta vida presente; em que quem vive doente desce ao
inferno. As pranchas que sã o retiradas quando o viajante passa por elas
sã o os dias de nossa vida; que passam para nunca mais voltar, mas,
diminuindo cada vez mais, nos pressionam em direçã o ao nosso im e
nos compelem a correr para nosso objetivo. Os pá ssaros que pairam
sobre a ponte e assediam os que passam, sã o espı́ritos malignos, cujo
ú nico objetivo é lançar os homens que estã o no caminho certo e lançá -
los nas profundezas do inferno. Nó s mesmos somos os viajantes que
passam, vendados por nossa ignorâ ncia e presos pela corrente da
di iculdade de fazer boas obras, de modo que nã o podemos dirigir
nossos passos livremente para Deus em santidade de vida.

Considera, pois, se nã o deves em tã o grande apuro clamar ao teu


Criador, para que, sendo defendido por sua proteçã o, possas cantar com
fé entre as hostes de teus inimigos: O Senhor é minha luz e minha
salvação; a quem então temerei ? (Ps. xxvii. 1) .Ele é a tua luz contra a
tua cegueira; tua salvaçã o contra tua di iculdade. Estes sã o os dois
males em que nosso primeiro pai nos fez cair, até a ignorância para
onde vamos e a di iculdade em ver o que devemos fazer. Medita nestas
coisas, ó minha alma, pensa nelas; que tua mente se exercite
diariamente nisso. Deixe-o estar atento a isso, afaste-se de cuidados e
pensamentos vã os e inú teis, deixe-o queimar com o fogo do santo
temor e do amor abençoado para fugir desses males e se apegar aos
bens eternos.
Meditaçã o I
XI
Do Corpo, após a Partida da Alma .

T
O Ti, eu agora volto, ó meu mais doce Criador, meu gracioso
Redentor, Tu modelador e remodelador de minha natureza,
humildemente em oraçã o suplicando a Tua bondade que ensine
meu coraçã o a considerar com temor vivi icante e tremor saudá vel o
imundo e triste estado de minha carne depois de minha morte, quando
desprovida daquele espı́rito que atualmente a vivi ica, ela deve ser
entregue para ser consumida pela corrupçã o e pelo verme. Se tem
alguma beleza agora, da qual se orgulha, onde estará entã o? onde a
abundâ ncia de delı́cias mais requintadas? onde os membros delicados?
Nã o se cumprirá entã o de fato aquela palavra do Profeta: Toda carne é
erva, e toda a sua beleza é como a lor do campo ? (Is. xl. 6) . Entã o meus
olhos serã o fechados e voltados para as câ maras internas do cé rebro,
nas vã s e maliciosas imaginaçõ es das quais eu tantas vezes tive prazer.
Agora eles se regozijam em beber em vaidade como a luz do dia; mas
entã o jazerã o cobertos de horrı́veis trevas. Os ouvidos que agora com
maldito deleite entretê m o discurso dos caluniadores e os vã os rumores
do mundo estarã o entã o abertos aos vermes, que logo serã o
preenchidos por eles. Os dentes que agora estã o afrouxados na
alimentaçã o gulosa serã o miseravelmente entupidos e sufocados. As
narinas cheirarã o mal, que agora se deleitam com uma variedade de
odores doces. Os lá bios serã o horrı́veis com a plenitude da corrupçã o,
que tantas vezes se regozijaram ao serem abertos em riso tolo. A
garganta icará entupida e a barriga cheia de vermes, que
repetidamente foram inchados por todos os tipos de carnes.
Mas por que eu deveria falar separadamente de cada membro?
Toda a estrutura do corpo, cuja saú de, conforto e prazer é quase todo o
nosso cuidado, será dissolvida em corrupçã o, em vermes, inalmente no
pó mais vil da terra. Onde está agora teu pescoço orgulhoso, onde tuas
palavras arrogantes, tua rica vestimenta, teus mú ltiplos deleites? Eles
morreram como um sonho, todos eles foram para nunca mais voltar, e
aquele que estava apaixonado por eles eles deixaram à misé ria.
Meditaçã o I
XII
Da Alma após sua Separação do Corpo .

O
BOM Deus, o que é que eu vejo? Eis que vem medo sobre medo,
tristeza sobre tristeza. Depois que ela for separada do corpo, a
alma será assediada por uma multidã o de espı́ritos malignos,
que se apressarã o a encontrá -la e engrandecerã o suas acusaçõ es contra
ela. E a inquisiçã o será feita a respeito de todas as coisas de que a
acusam, até a menor das negligê ncias que ela cometeu. Virá o prı́ncipe
deste mundo com seus companheiros, furioso em fú ria, astuto no
engano, há bil em mentir, maligno em acusar, trazendo contra a alma
tudo o que pode dos males que ela fez, e maquinando falsamente
muitos alé m que ela nã o fez. O hora terrı́vel, ó julgamento severo! Por
um lado será um Juiz mais rigoroso no julgamento; sobre os outros
adversá rios mais arbitrá rios em acusar. A alma icará sozinha sem
ningué m para consolá -la, a menos que ela seja defendida pela
consciê ncia das boas obras. Mas naquela grande severidade de
julgamento, em que todas as coisas serã o expostas, quem se gloriará de
que seu coraçã o é puro? Cp. (Prov. xx. 9) . Se os justos di icilmente serão
salvos, onde aparecerão os ímpios e os pecadores ? (1 Ped. iv. 18) .Entã o a
alegria ociosa partirá , a pompa do lugar será posta em fuga, a busca da
grandeza mundana será provada enganosa.

Bem-aventurada a alma que, nesse julgamento, defende uma boa


consciê ncia e protege a lembrança de uma vida santa; que, enquanto ela
ainda estava na carne, era muitas vezes puri icada pela á gua do
arrependimento, adornada com seriedade de con issã o, iluminada pela
meditaçã o na santa lei de Deus; que a humildade tornou gentil, e a
paciê ncia quieta, e a obediê ncia livre de buscar sua pró pria vontade, e a
caridade fervorosa no desempenho de todas as virtudes. Tal alma nã o
temerá aquela hora terrı́vel, e não se envergonhará quando falar com
seus inimigos na porta . (Ps. cxxvii. 6) . Pois ela terá comunhã o com eles,
de quem diz a Escritura: Quando ele der o sono ao seu amado, eis a
herança do Senhor . (Ps. cxxvii. 3, 4) . Isto na Vulgata diz assim: Quando
Ele deu o Seu amado sono, eis a herança do Senhor, sim, ilhos, uma
recompensa, o fruto do ventre . Isso é interpretado por Sã o Jerô nimo dos
santos em repouso. Seus amados sã o os santos, que depois do sono
desta vida presente, parecem dormir aqui, para que sejam considerados
dignos na ressurreiçã o de vir para a vida eterna. Quando os santos
tiverem partido deste mundo e obtido seu descanso, entã o eles serã o
feitos a herança do Senhor, porque eles nã o estã o mais sujeitos a
tentaçõ es.
Meditaçã o I
XIII
Uma Meditação no Dia do Julgamento, em que os Bodes serão colocados
na Mão Esquerda .

B
UT quem pode dizer alguma coisa daquela terrı́vel sentença do
Juı́zo Final, pela qual as ovelhas serã o colocadas à direita e os
bodes à esquerda? Quã o grande será o tremor quando os
poderes dos céus forem abalados ? (Mat. xxiv. 29) . Quã o grande a
confusã o, a lamentaçã o, o clamor daqueles que uivam, quando aqueles
que negligenciam fazer o bem serã o recebidos por aquela palavra
terrı́vel: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno . (Mat. xxv. 41)
. Em verdade , aquele dia é um dia de ira, um dia de angústia e angústia,
um dia de desolação e desolação, um dia de escuridão e escuridão, um dia
de nuvens e densas trevas, um dia de trombeta e alarme . (Sf. i. 15, 16) .
Verdadeiramente amarga é a voz do dia do Senhor; o valente será
a ligido nela . (Sf. i. 14) . seg. à Vulgata. Pois aqueles que no orgulho de
seus coraçõ es desprezam a vontade de Deus, agora se gabam de seguir
suas pró prias vontades; mas entã o eles serã o lançados no fogo eterno
que nã o se apagará para sempre, e o verme que nã o morrer se
alimentará deles, Veja (Isa. lxvi. 24) ; (Marque ix. 45) . e a fumaça do seu
tormento subirá para todo o sempre . (Rev. xiv. 11) .
Meditaçã o I
XIV
Uma Meditação sobre a Alegria que será onde as Ovelhas serão colocadas
na Mão Direita .

B
UT enquanto estes estã o em a liçã o, e por angú stia de espı́rito
estã o proferindo os gemidos lamentá veis de seus coraçõ es, o
que você pensa que será a alegria e exultaçã o daqueles bem-
aventurados, que serã o colocados à destra de Deus e ouvirã o o mais
bem-aventurado voz que lhes dirá : Vinde, benditos de meu Pai, herdai o
reino que vos está preparado desde a fundação do mundo . (Mat. xxv. 34)
. Entã o, em verdade , a voz de alegria e saúde habitará nas moradas dos
justos . (Sal. cxviii. 15) . Entã o o Senhor levantará a cabeça dos mansos,
que agora se recusam a ser considerados vis e proscritos por causa
dele. Ele curará os quebrantados de coraçã o e consolará com alegria
eterna os que choram por ansiar por Ele nesta peregrinaçã o terrena.
Entã o se manifestará sua recompensa indescritı́vel, que por amor de
seu Criador se regozija na renú ncia de suas pró prias vontades. Naquele
dia, uma coroa celestial será colocada sobre a cabeça daqueles que O
servem, e a gló ria daqueles que esperam pacientemente por Ele
resplandecerá com esplendor inefá vel. Ali o amor enriquecerá Seus
soldados ié is com a comunhã o dos anjos, e a pureza de coraçã o
abençoará aqueles que O amam com a abençoada visã o de seu Criador .
Veja (Mt. v. 8) . Entã o aquele câ ntico será cantado por todos os eleitos:
Bem-aventurados os que habitam em Tua casa; eles estarão sempre te
louvando . (Ps. lxxxiv. 4) . Em qual câ ntico de louvor Ele pode ousar nos
tornar participantes que com o Pai e o Espı́rito Santo vive e reina Deus,
mundo sem im. Um homem.
As Devoçõ es de Santo Anselmo
M II

C
sobre os Terrores do Dia do Juízo. Um incentivo às lágrimas

Tenho medo da minha vida porque, quando a examino


diligentemente, percebo que é totalmente pecado, ou se, onde a maioria
é esté ril, se encontra algum fruto, é fruto ingido ou imperfeito ou de
alguma forma corrupto, entã o que o que há que nã o desagrada a Deus
ainda nã o é agradá vel a Ele.

Portanto, pecador, quase toda a sua vida - nã o quase toda, mas na
verdade toda a sua vida - está em pecado e merece condenaçã o, ou
infrutı́fera e merece desprezo. Mas por que separo o que é infrutı́fero
do que merece condenaçã o? Pois se for infrutı́fera, deve, portanto, ser
condenada. Pois sabemos que é verdade a palavra que disse Aquele que
é a Verdade: Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada
ao fogo . (Mat. iii. 10) .

Nã o, se eu izer qualquer coisa que bene icie, é muito pouco para
recompensar a Deus pela comida e bebida que uso mal. Mas quem
alimenta um rebanhoCp. (1 Cor. ix. 7) . que vale menos do que o custo
dos alimentos que consome? No entanto, Tu, ó Deus, é s mais
misericordioso do que os homens, pois Tu me alimentas e procuras
lucro de mim, Teu verme vil, Teu pecador que apodrece com a
corrupçã o do pecado. Pois mais tolerá vel para um homem é o fedor da
carcaça de um cã o do que para Deus a alma que peca; sim, muito mais
fé tido este fedor nas narinas de Deus do que nas do homem. Ai, eu nã o
sou homem, mas o desprezo dos homens, (Ps. xxii. 6) . mais vil que um
animal, mais vil que uma carcaça morta. Minha alma está cansada da
vida; Tenho vergonha de viver, tenho medo de morrer. O que resta para
ti, pobre pecador, a nã o ser por toda a tua vida lamentar toda a tua vida,
para que ela possa chorar por si mesma, nenhuma parte nã o lamentada,
nenhuma parte nã o lamentada?

Mas isto é uma coisa maravilhosa, e maravilhosamente deve ser


compadecida de minha alma [ 31 ]; que seu conhecimento excede sua
tristeza para que ela descanse em segurança como se nã o conhecesse
sua condiçã o. O alma esté ril, o que você está fazendo? Por que dormes,
pecador? O dia do julgamento vem; o grande dia do Senhor está próximo
, está próximo e passa grandemente. Aquele dia é um dia de ira, um dia de
angústia e angústia, um dia de desolação e desolação, um dia de
escuridão e escuridão, um dia de nuvens e densas trevas, um dia de
trombeta e alarme . (Sf. i. 15, 16) .

Ó voz amarga do dia do Senhor! (Sf. i. 14) , seg. à Vulgata. Por que
você dorme, alma morna, preparada para ser vomitada da boca do
Senhor? (Rev. iii. 16) . Aquele que nã o acorda, que nã o treme diante
desses poderosos trovõ es, nã o está adormecido, mas morto. Arvore
infrutı́fera, onde está o teu fruto? Tu, á rvore digna do machado, á rvore
digna de ser cortada e queimada, quais sã o os teus frutos? Em verdade,
sã o espinhos e pecados amargos; se os espinhos te picassem com
arrependimento para que fossem quebrados, e a amargura dos pecados
se tornasse mais amarga até que eles perecessem completamente!
Porventura pensas algum pecado teu, mas uma coisa pequena; se o
teu severo Juiz considerasse qualquer pecado uma coisinha! Mas,
infelizmente, todo pecado nã o transgride o mandamento de Deus e O
desonra? O que entã o? O pecador ousará chamar seu pecado de coisa
pequena? Quando é pouca coisa desonrar a Deus? O tu, ramo seco e
inú til, digno de fogos eternos, que responderá s naquele dia, quando
Deus exigir um relato da maneira pela qual passaste todo o tempo de
vida que Ele te concedeu, até o menor momento? que passou em um
piscar de olhos? Entã o será condenado tudo o que for encontrado em ti,
em teu trabalho ou em teu jogo, em tua fala ou em teu silê ncio, até o
menor pensamento, ou melhor, teu pró prio viver, entã o tua vida nã o é
ordenada de acordo com a vontade de Deus. Ai de ti! Quantos pecados
se precipitarã o sobre ti de repente, como de uma emboscada, da qual
agora nã o fazes caso! sim, mais pecados e mais graves do que aqueles
dos quais você toma nota. Quantas coisas má s tu fazes, que tu pensas
nã o serem má s! quantos, que agora tu pensas bem, entã o te serã o
revelados como pecados mais negros! Ali receberá s as coisas feitas em
teu corpo, de acordo com o que tens feito (2 Cor. v. 10) . entã o, quando o
tempo da misericó rdia tiver passado; entã o, quando nã o houver mais
espaço para arrependimento, nem qualquer esperança de emenda.

Considere agora o que você fez e o que você deve receber. Se você
fez muito bem e pouco mal, regozije-se muito; se muito mal e pouco
bem, chora muito. O tu, pecador inú til, esses pensamentos nã o sã o
su icientes para te levar a chorar poderosamente? nã o sã o su icientes
para derreter teu sangue e tutano em lá grimas? Ah maravilhosa dureza
de coraçã o, que martelos tã o pesados sã o leves demais para quebrar! O
profunda letargia, cujas picadas tã o agudas sã o demasiado rombas para
despertar! O sono mortal, que trovõ es tã o terrı́veis sã o roucos demais
para perturbar! O pecador inú til, bem que essas coisas sejam
su icientes para tirar de ti um rio de lá grimas; bem que sejam
su icientes para te fazer chorar a fonte de tuas lá grimas.

Mas por que devo dissimular, por que nã o expressar a grandeza e a
gravidade da misé ria que paira sobre mim, por que escondê -la dos
olhos de minha alma? é que os ais podem vir sobre mim
desprevenidos? que a intolerá vel tempestade da ira de repente irrompe
sobre mim? Nã o, isso nã o era conveniente para um pecador.

Mas se eu falo, tudo o que posso conceber nã o pode ser


comparado à sua verdade. Portanto, que teus olhos chorem dia e noite e
nã o guardes silê ncio. Faça todas as a liçõ es que você suportou até agora
mais pesadas; acrescente terror a terror, lamento a lamento; porque Ele
será o teu Juiz, que foi desprezado em todos os meus pecados de
desobediê ncia e transgressã o, que me recompensou bem com mal, e eu
lhe paguei mal com bem; que agora é mais paciente, mas naquele dia
será mais severo; agora mais misericordioso, mas depois mais justo.

Ai, ai! contra quem pequei? Eu desonrei a Deus, provoquei o Todo-


Poderoso à ira! O que eu iz, pobre pecador? a quem e quã o
perversamente? Ai de mim, ai de mim! Tu ira do Todo-Poderoso, nã o
irrites sobre mim! Nã o há nada em mim que possa suportar a Tua ira, ó
Deus. Em que estreito eu vim! Deste lado estã o meus pecados me
acusando; e nisso a justiça de Deus me amedrontando: acima está meu
Juiz irado, abaixo o horrı́vel poço do inferno aberto, dentro de minha
consciê ncia em chamas, sem que o mundo seja queimado. Os justos
di icilmente serão salvos (1 Pe. iv. 18) . quanto ao pecador assim levado
em seu pecado, para onde ele se voltará ? Estou preso, onde me
esconderei; e como devo aparecer? Esconder-me é impossı́vel, mostrar-
me intolerá vel. Desejarei me esconder e odiarei me mostrar, mas nã o
haverá esconderijo algum, e em toda parte me manifestarei.

O que, ah, o que será entã o de mim? Quem me livrará das mã os de
Deus? onde devo procurar conselho? onde para a salvaçã o? Quem é
Aquele que é chamado de Anjo do Grande Conselho? Este tı́tulo de
Cristo é tirado da LXX. versã o de (Isa. ix. 6) , que Sã o Jerô nimo citou em
seu comentá rio sobre o verso. També m foi empregado em um dos
introits de Natal. e o Salvador para que eu possa invocar Seu nome? Nã o
é outro senã o Ele, o pró prio Jesus, o Juiz em cujas mã os tremo.

Respire de novo, pobre pecador, respire de novo; nã o se desespere,


espere naquele a quem você teme. Voe para Ele, de quem você fugiu.
Nã o cesses de invocar Aquele a quem provocaste à ira. O Jesus, Jesus,
por amor do Teu nome, faze-me segundo o Teu nome! Veja (Mt 1.21) .
Jesus, Jesus, esquece o orgulhoso pecador que provocou Tua ira, e olha
para mim, o infeliz que invoca Teu doce nome, Teu nome agradá vel, Teu
nome que conforta o pecador e lhe abre a esperança de bê nçã o. Pois o
que signi ica Jesus senã o Salvador . Portanto, ó Jesus, por amor de ti
mesmo, seja um Jesus para mim. Tu que criaste, nã o permitas que eu
pereça; Tu que me redimiste, nã o me condenes; Tu que me izeste por
Tua bondade, nã o permitas que a obra de Tuas mã os pereça por minha
pró pria maldade. Rogo-Te, gracioso Salvador, nã o permitas que minha
iniqü idade destrua o que Tua onipotente bondade fez. Reconhece em
Tua bondade o que é Teu pró prio em mim; e o que nã o é teu, tira-me de
mim. Pois que proveito há no meu sangue se eu cair na corrupçã o
eterna? (Ps. xxx. 9) . Pois os mortos nã o te louvam, ó Senhor, nem todos
os que descem ao inferno. (Sal. cxv. 17) . Se Tu me receberes no amplo
seio de Tua misericó rdia, Teu seio nã o se apertará por minha causa, ó
Senhor. Recebe-me, pois, ó Jesus meu amado, recebe-me no nú mero dos
teus eleitos, para que com eles eu te louve, goze de ti e tenha minha
gló ria em ti entre todos os que amam o teu nome (Sl. v. 12) . seg. à
Vulgata. que com o Pai e o Espı́rito Santo sois gloriosos para sempre,
mundo sem im. Um homem.
As Devoçõ es de Santo Anselmo
M III

T
o encorajar o espírito a não cair em desespero, pois se nos
arrependermos verdadeiramente, sem dúvida encontraremos
misericórdia por todos os nossos pecados

Quando olho para trá s, para os pecados que cometi, e considero as


dores e tormentos que devo sofrer por causa deles, nã o tenho pouco
medo. E assim, cheio de problemas e cheio de pavor ao pensar em
minha perdiçã o, vou em busca de conforto onde quer que o encontre.
Mas infelizmente, miserá vel que sou, nã o encontro nenhum. Pois bem
sei que ofendi nã o só o meu Criador, mas juntamente com Ele toda a sua
criaçã o. Portanto, meu Criador com toda a Sua criaçã o me condena,
sendo gravemente ofendido por meus pecados; e minha pró pria
consciê ncia, conhecendo minhas má s açõ es, me cerca de todos os lados
com acusaçõ es. E assim nã o encontro nenhum conforto, nem penso que
possa facilmente ter algum. O que devo fazer entã o? para onde devo me
virar? Pois estou desolado, e a maldade dos meus pecados me cerca ao
redor. Se desejo voltar para Aquele que me criou reto, e clamar a Sua
indizı́vel bondade para ter misericó rdia de mim, entã o temo muito que,
por tã o grande ousadia, O leve a irar-se contra mim, e que Ele nã o tome
mais terrı́vel vingança sobre meus crimes, por meio da qual nã o temi
ultrajar Sua bondade amorosa. O que entã o? Devo permanecer onde
estou, desesperado e sem ajuda ou conselho? Até agora meu Criador me
permitiu viver; até agora Ele nã o deixou de me fornecer todas as coisas
que sã o necessá rias para o sustento desta vida; e acho verdade por
experiê ncia disso que meus pecados até hoje nã o prevaleceram tanto
contra Sua bondade, que Ele me colocou para confusã o, como eu
merecia, ou deveria me destruir completamente. Certamente, portanto,
Ele é misericordioso para comigo, visto que Ele me concede tã o grande
bondade, nem procurou até agora vingá -lo de minhas iniqü idades.

Eu ouvi, e de acordo com o testemunho daqueles que tiveram


experiê ncia disso, é um relato verdadeiro que eu ouvi, que Ele é a Fonte
de Misericó rdia, que começou a luir desde o princı́pio do mundo, e
ainda lui para este dia. Ele foi muito misericordioso, dizem eles, e
gracioso para com nosso primeiro pai Adã o, quando cometeu o pecado
de comer o fruto proibido, pois o condenou nã o imediatamente, como
merecia, à perdiçã o eterna, mas com paciê ncia esperou sua emenda. , e
em Sua misericó rdia o ajudou para que ele pudesse retornar ao favor
dAquele a quem havia ofendido.

Muitas vezes, pois, enviou o seu anjo a ele, e aos que dele
nasceram, advertindo-os para que voltassem a ele e se arrependessem
de suas iniqü idades, para que ainda com alegria os receberia, se de todo
o coraçã o eles se arrependeria de seus pecados. Mas eles ainda,
continuando em seus pecados e desprezando Suas admoestaçõ es,
acrescentaram pecado a pecado, e se tornaram como que fora de si e
abominá veis em sua maldade, pois, sendo feitos em honra à semelhança
de Deus, começaram a viver contra a natureza. à maneira de bestas
brutas. Enviou ainda patriarcas, enviou profetas, mas nem assim
deixaram seus caminhos tortuosos e perversos; mas alguns deles que
lhes falaram advertê ncias saudá veis, eles mataram; outros eles
atormentaram com mú ltiplos e estranhos tormentos. No entanto, Ele os
castigava de tempos em tempos, como um Pai misericordioso, nã o para
que Ele, sendo provocado por suas má s açõ es, pudesse se vingar deles
por desprezá -Lo, mas para que, sendo corrigidos, voltassem à Sua
misericó rdia, que por de modo algum deseja a destruiçã o daqueles que
em Sua bondade Ele criou.

Mas quando nem por muitas admoestaçõ es nem por muitas


correçõ es eles voltavam a Ele, a Fonte da Piedade nã o podia mais se
conter, mas descendo do seio do Pai, e tomando sobre Si a pró pria
humanidade, tomando sobre Si a forma de pecadores , Ele começou a
admoestá -los com gentileza, mesmo entã o, a se arrependerem de seus
pecados para a salvaçã o e a reconhecê -Lo como o Filho de Deus. Pois
nã o há pecado tã o grave que nã o possa ser eliminado pelo
arrependimento, para que o pró prio diabo nã o possa mais se lembrar
dele. Portanto, os pecadores, vendo a doce gentileza de seu Criador,
começaram a correr zelosamente para a Fonte da Misericó rdia, a Fonte
da Piedade, e lavar seus pecados nela. A Fonte da Piedade també m
começou a comer e beber com os pecadores, começou a abrir-lhes as
bê nçã os sacramentais da santa con issã o, pois na verdadeira con issã o
toda mancha de culpa é lavada.

Depois disso, aproximando-se o tempo em que Ele deveria sofrer


pela redençã o dos pecadores, os judeus, de cuja linhagem Ele procedia
segundo a carne, movidos pela inveja, o cruci icaram, porque Ele era
bom e misericordioso. Mas Ele, no entanto, mesmo no ato da morte, nã o
esqueceu Sua bondade, mas orou a Seu Pai por Seus assassinos, para
que Ele lhes perdoasse esse pecado; pois não sabem, diz Ele, o que fazem
. (Lucas xxiii. 34) . O Senhor que não deseja a morte de um pecador, mas
que ele se converta e viva . (Ezeq. xxxiii. 11) . em Sua dulcı́ssima
bondade os justi ica. De quem é o coraçã o tã o duro, de quem é tã o forte,
que esta grande bondade de nosso Criador nã o pode abrandar? Pois
quando sua criatura, que ele criou à sua imagem e semelhança, tanto o
desonrou, mas ele nã o se vingou, mas, embora desonrado e provocado
por seus muitos atos malignos, pacientemente os sofreu e gentilmente
os admoestou a retornarem a ele. sem demora. Bom e gentil é nosso
Senhor Jesus Cristo; como é dito pelo profeta, Ele nã o quer a morte de
um pecador, mas que ele deve abandonar seus maus caminhos, (Ezek.
xviii. 23) . e assim, arrependendo-se de suas iniqü idades, retorne ao
favor de Seu Criador. Novamente quã o misericordioso Ele é para com a
alma que peca, Ele declara por outro profeta, exortando-a que mesmo
depois de pecar ela deve retornar a Ele e encontrar misericó rdia; (Is. lv.
7) . dizendo : Tu jogaste a prostituta com muitos amantes : (Jerem. iii. 1)
. isto é , Tu que no batismo prometeste ser iel a Mim, poluı́ste a tua
castidade com muitos amantes; mas arrepende-te e volta novamente
para mim, e eu te receberei. Portanto, que nenhum pecador se
desespere, quando aquela que se prostituiu com muitos amantes for
recebida novamente; porque nenhum pecado nosso pode secar,
nenhuma maldade polui a Fonte de Piedade e Misericó rdia, mesmo
Jesus Cristo, mas sempre puro e jorrando com a doçura de Sua graça Ele
recebe todos os fracos e pecadores que retornam a Ele, e os lava limpos
de todos os pecados com que estã o manchados. E que todos os
pecadores e homens injustos possam ter certeza de que eles realmente
receberã o o perdã o de seus pecados, se eles apenas tiverem o cuidado
de deixar seus pecados de lado e se arrependerem, Ele mesmo, a Fonte
de Piedade, pelo amor que Ele tinham para com eles, permitiram que a
mesma carne que Ele tomou por eles, como eu expus acima, fosse
pregada na cruz, para que aqueles que estavam mortos em pecados e
nã o pudessem retornar à vida, a menos que fossem redimidos pelo
preço do Seu sangue, pudessem olhar para o preço que foi pago por
seus pecados e de modo algum se desesperar.

Quando, portanto, contemplo esta grande bondade de meu Senhor


Jesus Cristo, e quantos pecadores correm para a Fonte da Piedade, e
nenhum é recusado, mas todos sã o recebidos, devo icar sozinho sem
esperança e temer que a pró pria Fonte da Piedade que puri ica os
outros nã o deve poder lavar també m os meus pecados? .Eu sei, eu sei
de uma verdade, e certamente acredito que Aquele que puri ica os
outros pode me puri icar també m, e se Ele quiser, pois Ele é o mais
poderoso, perdoe-me todos os meus pecados. Mas entre pecador e
pecador há uma grande diferença, que é entre aquele que peca mais e
aquele que peca menos. De onde eu, considerando o quanto pequei, e
por quanta injustiça minha alma infeliz está poluı́da, percebo que nã o
sou apenas igual aos outros pecadores, mas sou um pecador mais do
que qualquer pecador, e acima de todos os pecadores. Pois muitos
pecaram e depois deixaram de pecar; alguns, embora pecassem com
frequê ncia, ainda assim, em algum momento, deixaram de fazer o mal;
ainda outros, embora tenham feito muito mal, nã o deixaram de fazer
muito bem també m, pelo que mereceram ser totalmente perdoados do
mal que izeram, ou obtiveram que as dores do inferno lhes fossem
mais tolerá veis. Mas eu, miserá vel homem que sou, miserá vel pecador
acima de todos os miserá veis pecadores, percebendo e conhecendo a
grandeza da destruiçã o em que meu pecado e o prazer do pecado me
levaram, ainda nã o tive o cuidado de cessar em nenhum momento
pecados e maldade, mas sempre adicionei pecado ao pecado, e assim
levei e de minha pró pria vontade mergulhei para minha tristeza na
perdiçã o preparada para o pecado, e, se a bondade imensurá vel do
Senhor ainda me suportasse, eu deveria há muito para ter sido engolido
pelo inferno. Eu, entã o, que vivi assim, que cometi tanto mal, como me
atreverei a correr com outros pecadores que nã o izeram tã o grande
mal, até a Fonte da Misericó rdia? Pois talvez seja tã o grande o fedor do
meu pecado, que Ele nã o me puri icará , como puri ica outros pecadores
cujo fedor é menos intolerá vel que o meu. Ajuda-me, pois, ó Senhor
Jesus Cristo, ajuda a tua criatura, ainda que oprimida pela grandeza de
seus pecados, mas olhando para a obra de tuas mã os, ajuda-o a nã o se
desesperar; pois, como acreditamos, nenhuma maldade é tã o
monstruosa que possa prevalecer contra Ti, se apenas o pecador nã o se
desesperar de Tua misericó rdia.

Permita-me, portanto, ó Senhor Jesus Cristo, permita-me olhar


para Tua bondade indescritı́vel, e declarar quã o gracioso e bom Tu é s
para com os miserá veis pecadores. Eu já disse isso antes, mas me
deleita muito, tantas vezes quanto a ocasiã o serve, para lembrar quã o
grande é a graça de Tua doce bondade para com os pecadores. Por
amor dos homens, entã o, e para sua redençã o, nã o apenas daqueles que
pecam mais ou menos, mas també m daqueles que pecam sem medida,
se eles apenas se arrependerem, Tu desceste do seio do Pai e entraste
no ventre da Virgem, e tome de sua verdadeira carne; e por Tua
conduta no mundo chamaste todos os pecadores ao arrependimento e
assim, morrendo segundo a carne, restauraste-lhes a vida que por seus
pecados eles tinham justamente perdido.

E assim, quando olho para trá s, para as má s açõ es que pratiquei, se
Tu queres que eu me julgue por meus mé ritos, tenho certeza de minha
perdiçã o; mas quando respeito a Tua morte, que sofreste pela redençã o
dos pecadores, nã o desespero de Tua misericó rdia. Aquele ladrã o, que
por seus pecados foi cruci icado Contigo, esteve sempre em pecado até
o momento de sua partida desta vida, ainda assim, porque na hora em
que ele entregou o espı́rito, ele confessou seu pecado e clamou sobre
seu culpa, ele encontrou misericó rdia e estava naquele dia Contigo no
Paraı́so. (Lucas xxiii. 43) . Portanto, vendo-Te morto para a redençã o
dos pecadores, Tuas mã os e pé s perfurados com pregos, Teu lado
aberto pela lança do soldado, a corrente de sangue e á gua saindo
daquele lado do Teu, (Joã o xix. 34) . devo me desesperar? Há apenas
uma coisa que Tu terá s, sem a qual nenhum pecador pode ser salvo, a
saber, que nos arrependamos de nossos pecados e, na medida do
possı́vel, nos esforcemos para corrigir nossas vidas. Se izermos isso,
temos a certeza de que, se apenas o nosso ú ltimo dia nos encontrar
fazendo isso (já que temos o exemplo do ladrã o, que mesmo assim
ganhou a salvaçã o em sua ú ltima hora), podemos, con iando na
indizı́vel bondade de nosso Senhor Jesus Cristo, tema as acusaçõ es de
nosso inimigo, mas pouco ou nada. Tendo, portanto, diante de nossos
olhos o preço de nossa redençã o, isto é , a morte e o sangue de nosso
Redentor, que foi derramado para a remissã o de nossos pecados; tendo
també m o exemplo do ladrã o, e de muitos cercados de muitos e grandes
pecados, a quem a Fonte da Piedade, Jesus Cristo, em sua misericó rdia
libertou deles, nã o nos desesperemos, mas corramos para a pró pria
Fonte da Piedade, em esperança certa e certa de obter o perdã o de
nossos pecados lá , onde vemos e reconhecemos que tantos e tã o
grandes pecadores foram lavados, e asseguremo-nos de que nó s
també m podemos ser lavados pela mesma Fonte de Misericó rdia , se
nos abstivermos de nossos pecados e maldades e, tanto quanto
pudermos, nos esforçarmos para fazer o bem. Mas, para nos abster do
mal e fazer o bem, nã o somos capazes por nosso pró prio poder sem Sua
ajuda. Imploremos, portanto, à Sua indizı́vel misericó rdia, que se
agradou de nos fazer quando ainda nã o é ramos, que nos conceda nesta
vida, antes de partirmos, emendar nossas vidas e puri icá -las com
sincera tristeza, que esta vida terminado, possamos chegar a Ele por
um caminho reto, sem que ningué m nos impeça, para estar com Ele na
gló ria eterna com os coros dos anjos e de todos os santos, que já
desfrutam dessa gló ria em gozo sem im.
As Devoçõ es de Santo Anselmo
M IV

C
sobre a Redenção da Humanidade

O alma CRISTA, alma ressuscitada de uma morte dolorosa, alma


redimida e liberta de uma escravidã o miserá vel pelo sangue de Deus,
desperte sua mente do sono, pense em sua ressurreiçã o, lembre-se de
sua redençã o e libertaçã o. Considera onde e qual é a força da tua
salvaçã o, (Sl. cxl. 7) . ocupe-se em meditar sobre isso, delicie-se em sua
contemplaçã o; ponha de lado sua delicadeza, force-se, dê sua mente a
isso; prova a bondade do teu Redentor, acende dentro de ti o amor do
teu Salvador. Com tua mente come do favo de mel de Suas palavras, com
teu entendimento suga sua doçura, pois elas sã o mais doces que o mel;
(Ps. xix. 10) ; cxix. 103. amando-os e regozijando-se neles, alimente-se
deles, pois sã o saborosos e saudá veis. Regozije-se em comer, regozije-se
em sugar a doçura, alegre-se em se alimentar deles. Onde entã o e qual é
o poder e a força da tua salvaçã o? Certamente é Cristo que te
ressuscitou. Ele, o bom samaritano, te curou; Ele, teu bom amigo, com
Sua pró pria vida te redimiu e libertou; até mesmo Cristo, eu digo, e
ningué m mais. Portanto, é Cristo que é a força da tua salvaçã o. Onde
está essa força que é Cristo? Ele tem chifres saindo de Suas mãos; e ali
estava o esconderijo de Seu poder . (Habacuque iii. 4) . A palavra chifres
aqui signi ica raios , como é traduzida na Versã o Revisada. A
representaçã o tradicional de Moisé s com chifres na cabeça é devido a
uma compreensã o literal semelhante de (Exodo xxxiv. 29) , onde se diz
que a pele de seu rosto emitiu chifres, isto é , raios de luz, apó s sua
conversa com Deus no Monte. Chifres Ele tem em Suas mã os, porque
Suas mã os estã o presas aos braços da Cruz. Mas que poder há nesta
grande fraqueza? que altivez nessa grande humildade? o que há de
honroso nessa grande humilhaçã o? Em verdade, é , portanto, uma
ocultação de Seu poder ; está escondido, porque está na fraqueza;
oculto, porque em humildade; segredo, porque na humilhaçã o. O poder
oculto! que um homem, pendurado na cruz, pendurasse nela aquela
morte eterna que oprimia a humanidade, que um homem amarrado a
uma á rvore pudesse desvincular o mundo que foi feito para a morte
eterna! O altivez oculta! que um homem condenado com ladrõ es salve
homens que foram condenados com demô nios, que um homem
estendido na cruz atraia todas as coisas para si! (Joã o xii. 32) , acc. à
Vulgata. O poder secreto! que uma Alma entregue em tormento tire
inú meras almas do inferno, que um Homem suporte a morte do corpo
e, assim, destrua a morte das almas!

Por que, ó bom Senhor, ó gracioso Redentor, por que ocultaste tã o
grande poder em tã o grande humildade? Foi para enganar assim o
diabo, que enganando o homem o expulsou do paraı́so? Mas com
certeza a Verdade nã o engana ningué m. Aquele que nã o conhece, que
nã o crê na verdade, engana-se a si mesmo; e quem vê a verdade e a
odeia ou despreza, engana-se a si mesmo; a verdade nã o engana
ningué m. Seria, portanto, para que o diabo pudesse enganar a si
mesmo? Mas, como a verdade nã o engana ningué m, també m nã o faz
com que ningué m se engane, embora, quando o permite, diz-se que o
faz. Pois Tu nã o tomaste sobre Ti a natureza do homem, para Te
esconderes daqueles que Te conheciam, mas para Te revelares à queles
que nã o Te conheciam. Tu te chamaste verdadeiro Deus e verdadeiro
homem, e assim te mostraste por tuas obras. A coisa era secreta por sua
pró pria natureza, nã o era de tal propó sito feito segredo: nã o foi feito
para ser escondido, mas para ser realizado no devido tempo; nã o para
enganar a ningué m, mas para ser feito como deve ser feito. E se for
chamado secreto, isso signi icava! nã o mais do que isso nã o foi revelado
a todos. Pois embora a Verdade nã o se revele a todos, a ningué m se
nega. Portanto, ó Senhor, assim izeste, nã o para enganar a ningué m,
nem para fazer com que algué m se engane, mas, para fazer como devia
ser feito, permaneceste na verdade. Portanto, aquele que se engana em
Tua verdade, nã o se queixe de Ti, mas de sua pró pria in idelidade à
verdade.

Devemos dizer que o diabo teve alguma reivindicaçã o justa contra


Deus ou contra os homens, por causa da qual Deus deve primeiro lidar
com ele em nome do homem, antes que Ele possa manifestar
abertamente Seu grande poder, de modo que, matando injustamente
um homem justo, ele poderia justamente perder o poder que ele tinha
sobre os injustos? Mas certamente Deus nã o devia nada ao diabo senã o
o castigo de seus pecados; nem o homem lhe deveu outra coisa senã o
vencer o pecado por sua vez, de modo que, como o homem uma vez
cometendo o pecado se deixou vencer facilmente pelo diabo, assim o
homem deve vencer o diabo nas pró prias agruras da morte, mantendo
até mesmo nela o seu justiça intacta. Mas mesmo isso també m o
homem devia nã o ao diabo, mas somente a Deus. Pois o pecado que ele
cometeu nã o foi contra o diabo, mas contra Deus; nem o homem
pertencia ao diabo, mas o homem e o diabo igualmente pertenciam a
Deus. E em que o diabo a ligiu os homens, isso ele nã o fez por zelo pela
justiça, mas por zelo pela maldade; nã o por ordem de Deus, mas
somente por Sua permissã o; porque foi exigido pela justiça, nã o do
diabo, mas de Deus. Nã o havia, portanto, nada no diabo, pelo qual Deus
deveria ter escondido ou adiado a operaçã o de Seu grande poder para a
salvaçã o do homem.[ 32 ]

Houve entã o alguma necessidade que obrigou o Altı́ssimo a se


humilhar, e o Todo-Poderoso a realizar uma obra com tã o grande
trabalho? Nã o, toda necessidade e impossibilidade depende de Sua
vontade. Pois tudo o que Ele deseja, deve necessariamente ser; e o que
Ele nã o quer, é impossı́vel que seja. Portanto, somente por Seu livre
arbı́trio, e porque Sua vontade é sempre boa, por mera bondade Ele fez
isso. Pois Deus operou assim, nã o para que Ele pudesse dessa maneira,
e nenhum outro realizar a salvaçã o dos homens; mas era a natureza do
homem que exigia dessa maneira satisfazer a Deus. Deus nã o tinha
necessidade de sofrer coisas tã o problemá ticas, mas o homem tinha
necessidade de se reconciliar com Deus. Deus nã o precisava dessa
humilhaçã o, mas o homem precisava ser assim libertado das
profundezas do inferno. Agora a natureza divina nã o precisava de
humilhaçã o ou labuta, nem era capaz disso. Mas a natureza humana
deve sofrer tudo isso, para que possa ser restaurada ao estado para o
qual foi criada; contudo, nem a natureza humana nem nada que fosse
menos do que Deus poderia ser su iciente para esta obra. Pois o homem
nã o é restaurado ao estado para o qual foi feito, se nã o for avançado
para ser como os anjos, em quem nã o há pecado; e isso nã o pode
acontecer, a menos que ele tenha recebido a remissã o de todos os
pecados, o que nã o pode ser feito, a menos que a plena satisfaçã o tenha
sido feita por eles. Ora, esta satisfaçã o só pode ser feita se o pecador, ou
algué m em seu nome, oferecer a Deus de si mesmo algo que nã o é
devido a Deus, mas que supera tudo o que nã o é Deus. Pois se o pecado
consiste em desonrar a Deus, e se o homem nã o deve desonrar a Deus,
mesmo que seja necessá rio que tudo o que nã o é Deus pereça, entã o a
verdade imutá vel e a razã o manifesta da coisa exigem que tudo o que
peca Deus, pela honra que O roubou, algo maior do que isso ao custo do
qual ele estava obrigado a nã o desonrá -Lo. Mas porque a natureza
humana por si só nã o tinha nada tã o grande a oferecer, e ainda assim
sem tal satisfaçã o feita nã o poderia ser reconciliada, para que a justiça
de Deus nã o deixasse dentro de Seu reino um pecado pelo qual
nenhuma satisfaçã o pudesse ser feita, a bondade de Deus veio para a
ajuda de Sua justiça, e o Filho de Deus tomou sobre Si a natureza do
homem em Sua pró pria pessoa, de modo que nessa pessoa deveria
haver um Deus-homem, que deveria ter um sacrifı́cio a oferecer,
excedendo em valor nã o apenas tudo o que nã o é Deus, mas també m
toda dı́vida que os pecadores devem pagar a Deus, e assim, nã o
devendo nada a Si mesmo, deve dar isso em pagamento a outros, que
nã o tinham com que pagar o que deviam. Pois a vida do homem que é
Deus é mais preciosa do que tudo o que nã o é Deus; e supera toda
dı́vida que os pecadores devem para a satisfaçã o de Deus. Pois se a
morte deste homem excede todos os pecados que podem ser
concebidos, por maiores e maiores que sejam, de modo que nã o tocam
a pessoa de Deus, é manifesto que a bondade de sua vida é maior do
que o mal de todos os pecados que nã o tocam a pessoa de Deus. Que a
vida que este homem, que nã o incorreu em dı́vida de morte, porque nã o
tinha pecado, ofereceu-se gratuitamente para honra do Pai, pois
permitiu que fosse tirada dele por causa da justiça, para dar exemplo a
todos que a justiça de Deus nã o deve ser abandonada por nó s até a
morte, que eles devem em algum momento incorrer como uma dı́vida
deles; uma vez que aquele que nã o incorreu nessa morte, e pode, sem
abandonar a justiça, escapou dela, ainda assim, quando ela foi trazida
sobre Ele, a sofreu livremente por causa da justiça. Assim, nesse
Homem, a natureza humana ofereceu a Deus livremente e nã o como
dı́vida o que era seu, para que pudesse se redimir nas pessoas de outros
em quem nã o tinha o que era devido como dı́vida a oferecer. Em tudo
isso a natureza divina nã o foi rebaixada, mas a humana foi exaltada; o
divino nã o foi diminuı́do, mas o humano em misericó rdia sustentado.

Nem a natureza humana nesse Homem sofreu qualquer coisa por


qualquer necessidade, mas apenas pelo livre arbı́trio. Nã o foi vencida
por qualquer violê ncia, mas por sua pró pria vontade, por bondade
irrestrita, suportou para honra de Deus e proveito de outros homens as
coisas que a má vontade de outros trouxe sobre ela, nã o por obrigaçã o
de qualquer obrigaçã o, mas atravé s da nomeaçã o de uma sabedoria que
tinha poder para realizar seus propó sitos. Pois o Pai nã o obrigou por
seu mandamento aquele homem a morrer, mas o que ele sabia que
seria agradá vel ao Pai e proveitoso aos homens, o que ele fez de sua
pró pria vontade, porque o Pai nã o poderia obrigá -lo a fazer o que Ele
nã o tinha o direito de exigir Dele; nem poderia este grande ato de
honra, mas ser agradá vel ao Pai, que Seu Filho ofereceu gratuitamente a
Ele. Assim, portanto, Ele prestou ao Pai uma livre obediê ncia, ao desejar
livremente fazer o que Ele sabia que seria agradá vel ao Pai. Mas porque
o Pai lhe concedeu esta boa vontade, embora fosse gratuita, ainda assim
é correto dizer que Ele a recebeu como o mandamento do Pai. (Joã o x.
18) . Desta maneira, portanto, Ele foi obediente ao Pai até a morte;
(Philipp. ii. 8) . e como o Pai lhe deu mandamento, assim Ele fez: (Joã o
XIV. 31) . e Ele bebeu o cá lice que Seu Pai Lhe dera. (Joã o xviii. 11) . Esta
é a obediê ncia perfeita e livre da natureza humana, quando ela
livremente submete seu pró prio livre arbı́trio à vontade de Deus, e
entã o, por sua pró pria vontade, executou em açã o aquele bom
propó sito que Deus nã o exigiu, mas aceitou. Assim este Homem redime
todos os outros, na medida em que Ele considera o que Ele deu
gratuitamente a Deus, como a dı́vida que eles tinham para com Deus. E
por esse preço o homem nã o é apenas uma vez redimido de suas faltas,
mas, tantas vezes quanto ele retorna a Deus em penitê ncia digna, ele é
recebido; contudo, esta digna penitê ncia nã o é prometida ao pecador.
Quanto ao que foi feito na Cruz, por Sua Cruz nosso Cristo nos redimiu.
Aqueles, portanto, que desejam se aproximar dessa graça com uma
afeiçã o digna sã o salvos; mas aqueles que a desprezam, porque nã o
pagam a dı́vida que devem, sã o condenados.[ 34 ]

Eis, ó alma cristã , este é o poder da tua salvaçã o, esta a causa da


tua liberdade, este é o preço da tua redençã o. Tu foste um cativo e desta
forma foste redimido. Tu eras um escravo, e assim foste libertado; um
exilado e assim trazido para casa; perdido e assim encontrado; morto e
assim ressuscitado. Disto, ó homem, que teu coraçã o se alimente, que
seja digerido interiormente, sugando a doçura e saboreando a sua
bondade, nos momentos em que tua boca recebe a carne e o sangue
dEle, teu Redentor. Faz disto o teu pã o de cada dia e sustento nesta vida,
e a tua provisã o para o caminho,[ 35 ] pois por isto e somente por isto
tu estará s em Cristo e Cristo em ti, e na vida vindoura Ele será a tua
plenitude. alegria.

Mas, ó Senhor, Tu que suportaste a morte para que eu pudesse


viver, como me regozijarei em minha liberdade, visto que ela vem
apenas das cadeias que Te prendem? como terei prazer em minha
salvaçã o, uma vez que é forjada, mas por teus sofrimentos? como me
alegrarei da minha vida, que vem somente pela Tua morte? Devo me
alegrar de Teus sofrimentos e de sua crueldade que izeram essas
coisas a Ti? Ou se eu sofro por Ti, como me alegrarei por causa de que
essas coisas foram feitas, e que nã o seriam, se essas coisas nã o fossem?
Mas, de fato, sua maldade nã o poderia ter feito nada, exceto por Tua
livre tolerâ ncia, nem Tu os sofreste exceto porque em Tua bondade Tu
assim o quiseste. E assim eu devo amaldiçoar sua crueldade, imitar Tua
morte e sofrimentos por comunhã o nelas, por açã o de graças para
mostrar meu amor pela bondade de Teu propó sito para comigo, e tã o
seguramente me alegrar com as boas coisas que me foram concedidas
por esses meios.

Portanto, pobre homem tolo, deixe sua crueldade ao julgamento


de Deus, e considere o que você deve ao Seu Salvador. Lembre-se de
como foi contigo, e o que foi feito por ti, e considera quã o digno é
Aquele que fez isso por ti. Contemple sua necessidade e Sua bondade, e
veja que agradecimento você deve render a Ele e quanto você deve ao
Seu amor. Você estava em trevas, em um lugar escorregadio, no
caminho que desce ao poço do inferno, de onde nã o há retorno; um
peso enorme como de chumbo pendurado em seu pescoço te arrastou
para baixo, suas costas estavam curvadas por um fardo que você nã o
era capaz de suportar, inimigos invisı́veis te empurraram para frente
com todas as suas forças. Assim estavas sem ajuda e nã o o sabias,
porque neste estado fui concebido e nasci. Oh, como foi entã o contigo?
Para onde eles estavam te apressando? pense nisso e trema, considere e
tenha medo. O bom Senhor Jesus Cristo, quando eu estava assim no
meio desses perigos e nã o sabia disso nem buscava libertaçã o, Tu
resplandeceste sobre mim como o sol, e me mostraste em que estado
eu estava. Tu lançaste fora aquele peso de chumbo que me arrastava
para baixo; Tu removeste o pesado fardo que me prostrou sobre a terra;
Tu afugentaste aqueles que me impeliram adiante e puseste o rosto
contra eles em meu favor. Tu me chamaste por um novo nome que me
deste segundo o Teu pró prio nome. Eu estava curvado, e tu me
levantaste para olhar o teu rosto, dizendo: Con ia em mim, eu te remi,
dei a minha vida por ti; se te apegares a mim, escapará s dos males que
te cercavam, e nã o cairá s na cova para onde te apressaste; Eu te
conduzirei ao meu reino, e te farei herdeiro de Deus e co-herdeiro
comigo. Depois Tu me recebeste em Teu cuidado, para que nada
pudesse prejudicar minha alma contra Tua vontade; e eis que, embora
eu nã o tenha me apegado a ti, como me ordenaste, ainda nã o me
deixaste cair no inferno, mas ainda esperas que eu me apegue a ti e
faças o que prometeste. De fato, ó Senhor, assim fui, e estas coisas me
izeste. Eu estava na escuridã o e nã o sabia de nada, nem mesmo de mim
mesmo; em um lugar escorregadio, porque eu era fraco e frá gil, e
pronto para cair em pecado; no caminho para o abismo do inferno,
porque em meus primeiros pais eu havia caı́do da justiça para a
injustiça, pela qual se faz a descida ao inferno, e da bem-aventurança
para a misé ria temporal, de onde se deve cair na misé ria eterna. O peso
do pecado original me arrastou para baixo, e o fardo insuportá vel do
julgamento de Deus curvou minhas costas, e meus inimigos, os
demô nios, pressionaram fortemente sobre mim, para que, até onde eles
estivessem, eles pudessem me fazer pecar ainda mais e assim trazer
sobre mim uma condenaçã o maior. Assim iquei destituı́do de toda
ajuda quando Tu resplandeceste sobre mim e me mostraste em que
estado eu estava. Pois mesmo quando eu ainda nã o podia entender, Tu
ensinaste tudo isso a outros que estavam em meu lugar, e depois a mim
mesmo, antes que eu o procurasse. Lançaste fora o peso de chumbo que
me arrastava para baixo, e o fardo que pesava sobre minhas costas, e os
inimigos que me impeliam à destruiçã o, porque tiraste o pecado em
que nasci e concebi, e sua condenaçã o, e proibiste os espı́ritos malignos
de fazer qualquer violê ncia à minha alma. Tu me izeste ser chamado de
cristã o pelo Teu nome; como Cristo eu te confesso, como um cristã o Tu
me conheces entre meus redimidos; Tu me elevaste e me elevaste para
Te conhecer e Te amar; Tu me izeste con iar na salvaçã o de minha
alma, por causa da qual Tu deste a Tua vida, e Tu me prometeste Tua
gló ria se eu Te seguir. E assim, embora eu ainda nã o Te siga como Tu me
aconselhaste, mas tenha cometido muitos novos pecados que Tu
proibiste, ainda assim Tu esperas até que eu Te siga e Tu me dê s o que
Tu prometeste.

Considere, ó minha alma, considere seriamente, tudo o que está


dentro de mim, quanto todo o meu ser deve a Ele. Verdadeiramente, ó
Senhor, porque Tu me izeste, devo a Teu amor todo o meu ser; porque
Tu me redimiste, devo-Te todo o meu ser; porque Tu me fazes tã o
grandes promessas, devo-te todo o meu ser, mais ainda, devo ao Teu
amor mais do que a mim mesmo, pois Tu é s maior do que eu, por quem
te deste, a quem te prometeste. Faze-me, suplico-Te, Senhor, provar
pelo amor o que gosto pelo conhecimento; perceber por afeto o que
percebo por compreensã o. Devo mais do que todo o meu ser a Ti, mas
nã o tenho mais do que isso, nem posso por mim mesmo entregar tudo
isso a Ti. Atrai-me, ó Senhor, para o Teu amor, mesmo todo este meu ser.
Tudo o que sou é Teu pela criaçã o, faça com que seja todo Teu pelo
amor. Eis, ó Senhor, meu coraçã o está diante de Ti; ela se esforça, mas
por si mesma nã o pode fazer o que gostaria; faça o que por si mesmo
nã o pode fazer. Traga-me para a câ mara secreta do Teu amor. Eu peço,
eu procuro, eu bato. Tu que me fazes pedir, faze-me també m receber;
Tu me concedes buscar, concede-me també m encontrar; Tu me ensinas
a bater, Tu abres ao meu bater. A quem dá s, se negas a quem pede?
Quem é aquele que encontra, se aquele que procura ica desapontado?
Que dá s ao que nã o ora, se ao que ora negas o Teu amor? De Ti tenho
meu desejo; de Ti possa eu també m ter a realizaçã o disso. Apega-te a
Ele, apega-te a Ele com fervor, ó minha alma! O bom Senhor, bom
Senhor, nã o a rejeites! Ela está enferma de fome de Teu amor, acalenta-
a, e deixa-a satisfazer-se com Tua benignidade, enriquecida por Teu
favor, realizada por Teu amor; contudo, que o Teu amor se apodere de
mim e me possua totalmente, porque Tu está s com o Pai e o Espı́rito
Santo, o ú nico Deus, bendito para sempre, mundo sem im. Um homem.
Oraçõ es de Santo Anselmo
EU
Uma Oração de Louvor e Ação de Graças a Deus .[ 37 ]

Dá -te graças e louvores, ó meu Deus, minha Misericó rdia, que me
EU dignaste conduzir-me à tua concepçã o, e pela lavagem do santo
baptismo, contar-me entre os Teus ilhos por adoçã o. Dou-te
graças e louvores, porque tens paciê ncia comigo em tua in inita
bondade, esperando a correçã o da vida em mim, que abundou em
pecados desde minha infâ ncia até esta hora. A ti eu louvo , a ti eu
glori ico, que pelo braço de teu poder muitas vezes me livrou de muitas
angú stias calamidades e misé rias, e até agora me poupou dores eternas
e tormentos corporais. Tu concedeste-me saú de fı́sica, uma vida
tranquila, o amor, afeiçã o e caridade de Teus servos para comigo, pois
todas essas coisas sã o dá divas de Tua bondade. Santo dos santos, que
santi icas todas as coisas, eu te bendigo, eu te glori ico, eu te adoro, eu
te dou graças.[ 40 ] Que todas as tuas criaturas te abençoem, que todos
os teus anjos e santos te abençoem. Deixe-me te abençoar em todas as
açõ es da minha vida. Que toda a minha estrutura, por fora e por dentro,
glori ique e abençoe a Ti. Minha salvaçã o, minha luz, minha gló ria, que
meus olhos Te vejam, que Tu criaste e preparaste para contemplar a
beleza de Tua excelê ncia. Minha mú sica, meu deleite, que meus ouvidos
Te abençoem, que Tu criaste e preparaste para ouvir a voz de Tua
alegre salvaçã o. Minha doçura, meu refrigé rio, que minhas narinas te
abençoem, que Tu izeste viver e ter prazer no doce odor de teus
unguentos, Veja (Cant. 1. 3) . Meu louvor, minha nova cançã o, Veja (Sl. xl.
3) ; (Apoc. xiv. 3) , etc. meu regozijo, permita que minha lı́ngua Te
abençoe e engrandeça, que Tu criaste e preparaste para anunciar Tuas
maravilhosas obras. Minha sabedoria, minha meditaçã o, meu conselho,
que meu coraçã o Te adore e abençoe para sempre, que Tu me
preparaste e me deste para discernir Tuas inefá veis misericó rdias.
Minha vida, minha felicidade, que minha alma, por mais pecaminosa
que seja, abençoe a Ti, que Tu criaste e preparaste para desfrutar de
Tua bondade.

Pai adorá vel e terrı́vel, digno de adoraçã o e de temor, eu te


bendigo, a quem amei, a quem procurei, a quem sempre desejei. Meu
Deus, meu amante, tenho sede de Ti, tenho fome de Ti, derramo minhas
sú plicas a Ti, com todos os gemidos do meu coraçã o anseio por Ti.
Assim como uma mã e, quando seu ú nico ilho lhe é tirado, chora e
lamenta continuamente ao lado de seu sepulcro, assim també m eu,
como posso, nã o como devo, tendo em mente a tua paixã o, as tuas
bofetadas, os teus lagelos, os teus feridas, lembrando como foste morto
por minha causa, como foste embalsamado, como e onde foste
sepultado, senta-te com Maria no sepulcro em meu coraçã o, chorando .
Veja (Joã o xx. 11) . Onde a fé te colocou, a esperança procura te
encontrar, o amor para te ungir. Misericordioso, excelentı́ssimo,
dulcı́ssimo, que me fará encontrar-Te sem o sepulcro, para lavar Tuas
feridas com minhas lá grimas, até as marcas dos pregos. O ilhas de
Jerusalém, digam ao meu Amado que estou farto de amor . (Cant. v. 8) .
Que Ele se mostre a mim, que Ele se dê a conhecer a mim. Deixe que Ele
me chame pelo meu nome; Veja (Joã o xx. 16) . que Ele me dê descanso
da minha tristeza.

Pois minha tristeza nã o pode descansar enquanto estou exilado de


Tua presença, ó meu Deus. Vem agora, ó Senhor, revela-me a tua face,
mostra a tua misericó rdia aos que a imploram. Sabemos que Tua
ressurreiçã o está consumada, manifesta aos nossos olhos Tua bendita
incorrupçã o. O Tu maravilhoso, acima de toda estimativa e comparaçã o,
eu Te desejei, eu esperei por Ti, eu Te busquei. Eis que vens Tu mesmo,
vestido de pú rpura; Tu é s vermelho em Tua vestimenta . (Is. lxiii. 2) .
Lavaste as tuas vestes no vinho e as tuas vestes no sangue das uvas . (Gen.
xlix. 11) . Tu feriste a cabeça da casa do ímpio, quando saíste para a
salvação do teu povo . (Hab. iii. 13) .

Fique conosco , (Lucas xxiv. 29) . ique conosco até o amanhecer.


Gozemos Tua presença; regozijemo-nos e regozijemo-nos na tua
ressurreiçã o. A escuridã o engrossa, a noite vem rá pido . Veja (Lucas
xxiv. 29) . Que nosso Sol, a Luz eterna, Cristo nosso Deus nos mostre a
luz de Seu semblante ! (Sal. lxvii. 1) .

Mas o que é isso? Ai, meu Senhor, ai, minha alma! Tu levantas as
tuas mã os. Veja (Lucas xxiv. 50) . Eis que segues o Teu caminho. Os cé us
Te encontram, os cé us se curvam sob Ti, uma nuvem está preparada
para Te receber em Tua ascensã o . Veja (Atos 1.9) . Agora minhas
lágrimas serão minha comida dia e noite . (Ps. xlii. 3) . Alimentar-me-ei
das minhas dores, darei a minha alma a beber das minhas dores. A
minha vida envelhecerá de tristeza, e os meus anos de luto . (Ps. xxxi. 11)
. A quem tenho no céu senão a Ti; e não há ninguém na terra que eu
deseje em comparação a Ti ? (Sal. lxxiii. 24) . Com minha alma eu Te
desejo à noite: sim, com meu espírito dentro de mim, Te buscarei cedo .
(Is. xxvi. 9) . Contudo, entretanto, virá s a nó s, ó Senhor, porque é s
misericordioso e nã o tardarás (Heb. x. 37) . porque Tu é s bom. A Ti seja
a gló ria, mundo sem im. Um homem.
Oraçõ es de Santo Anselmo
II
Uma Oração ao Espírito Santo .[ 41 ]

N
Ai, ó Tu Amor que é s o vı́nculo da Divindade, Tu que é s o Santo
Amor que está entre o Pai Todo-Poderoso e Seu Filho mais
abençoado, Tu Espı́rito Todo-Poderoso, o Consolador, o mais
misericordioso consolador dos que choram, Tu entras por Teu grande
poder no santuá rio mais ı́ntimo de meu coraçã o, e de Tua bondade
habita nele, alegrando com o brilho de Tua gloriosa luz os cantos
negligenciados, e tornando frutı́feros pela visitaçã o de Teu abundante
orvalho os campos secos e esté reis com seca prolongada. Perfure com
as lechas do Teu amor as câ maras secretas do homem interior. Que a
entrada de Tuas chamas saudá veis acenda o coraçã o preguiçoso, e o
fogo ardente de Tua inspiraçã o sagrada o ilumine e consuma tudo o que
está dentro de mim, tanto da mente quanto do corpo. Dá-me de beber
dos teus prazeres como se saísse do rio (Sl. xxxvi. 8) .; para que eu nã o
tenha prazer no futuro na doçura venenosa das delı́cias mundanas. Dê
sentença comigo, Deus, e defenda minha causa contra o povo ímpio . (Ps.
xliii. 1) . Ensina-me a fazer o que Te agrada, pois Tu és meu Deus . (Ps.
cxliii. 10) . Creio que em quem habitares, ali fará s morada para o Pai e
para o Filho. Bem-aventurado aquele que for considerado digno de Te
entreter; porque por ti o Pai e o Filho farã o nele morada. (Joã o XIV. 23) .

Vem, ó vem, clemente consolador da alma que sofre, Tu refúgio no


tempo da angústia . (Sal. ix. 9) . Vem, Tu que limpa o pecado, Tu que
cura as feridas.[ 42 ] Vem, Tu, fortaleza dos fracos, Tu que levantas os
que caem. Venha, Tu mestre dos humildes e destruidor dos orgulhosos.
Venha, Tu gracioso pai dos ó rfã os, Tu gentil defensor da causa das
viú vas. (Sal. lxviii. 5) . Vem, Tu esperança dos pobres e acariciante dos
enfermos. Vem, estrela do marinheiro, porto dos ná ufragos. Vem, Tu
que é s a ú nica gló ria dos que vivem, a ú nica salvaçã o dos que morrem.
Vem, Espı́rito santı́ssimo, vem e tem misericó rdia de mim, e capacita-
me para te receber; e concede-me graciosamente que minha pequenez
seja agradá vel à tua grandeza, minha fraqueza à tua força, segundo a
multidã o de tuas misericó rdias, por meio de Jesus Cristo meu Salvador,
que vive e reina com o Pai na Unidade que é de Ti, mundo sem im. Um
homem.
Oraçõ es de Santo Anselmo
III
Uma Oração a Cristo pelos meus amigos .[ 43 ]

O
DOCE e gracioso Senhor Jesus Cristo, que nos mostrou um
amor tã o caridoso que nenhum homem tem maior, nem
qualquer homem pode ter tã o grande; Tu que nã o merecias
morrer, [ 44 ] e ainda assim entregaste a Tua vida em Tua bondade por
Teus servos, e oraste mesmo por Teus assassinos, (Lucas 23.34) . para
que possas torná -los Teus irmã os e participantes de Tua justiça, e
reconciliá -los com Teu misericordioso Pai e contigo mesmo; Tu, ó
Senhor, que mostraste esta grande caridade para com Teus inimigos,
també m ordenaste a Teus amigos que mostrassem o mesmo. O bom
Deus, com que afeiçã o lembrarei de Tua inestimá vel caridade? Que
recompensa devo dar (Sl. cxvi. 11) . para Teu benefı́cio indescritı́vel?
Pois a doçura de Tua graça excede toda afeiçã o, e a grandeza de Teu
benefı́cio supera toda recompensa. Que recompensa darei entã o Aquele
que me criou e me criou de novo? Que recompensa darei à quele que
teve misericó rdia de mim e me redimiu? O Senhor, Tu és meu Deus,
meus bens não são nada para Ti . (Sal. xvi. 2) . O mundo inteiro é Teu e
tudo o que há nele . (Sal. l. 12) . Que recompensa devo eu, que sou pobre
e necessitado , (Sl. xl. 20) . que sou um verme , (Sl. xxii. 6) . que sou pó e
cinzas , (Gen. xviii. 27) . darei ao meu Deus, exceto para obedecer ao Seu
mandamento de coraçã o. E este é o Teu mandamento. Que amamos outro
. (Joã o xv. 12) .

O Tu que é s bom como homem, como Deus, como Senhor, como


amigo, como tudo que Tu é s, Teu humilde, Teu desprezı́vel servo deseja
obedecer a este Teu mandamento. Tu sabes, ó Senhor, que estou
apaixonado por esse amor que Tu ordenas.[ 45 ] Eu procuro esse amor,
eu sigo atrá s dele, por causa dele eu, teu pobre e necessitado (Sl. xl. 20) .
servo bate e clama à porta da tua misericó rdia. E na medida em que já
recebi as doces esmolas de Tua graça gratuita, e amo todos os homens
em Ti e por Tua causa, embora nã o como deveria, nem como gostaria,
peço-Te que mostres misericó rdia a todos os homens.

No entanto, como há alguns cujo amor Tua amorosa bondade


imprimiu de maneira mais ı́ntima em meu coraçã o, desejo-lhes mais
ardentemente o bem e desejo mais fervorosamente orar por eles. Muito
grande é o desejo de teu servo de orar por eles, ó bom Deus; mas ele
tem medo de aparecer na companhia de seus entes queridos, porque
ele é culpado diante de ti. Pois com que semblante eu, que nã o sou
digno de pedir perdã o para mim mesmo, ousar suplicar Teu favor para
os outros? E eu que ansiosamente procuro outros para orar por mim,
com que con iança posso orar por eles? O que devo fazer, Senhor Deus,
o que devo fazer? Tu me ordenaste a orar por eles, e meu amor deseja
orar por eles, mas enquanto minha consciê ncia clama que eu deveria
tremer por meus pró prios pecados, tenho medo de falar pelos outros.
Devo entã o desobedecer a Tua ordem, porque iz o que Tu proibiste?
Antes, já que ousei fazer o que Vó s proibistes, abraçarei o que Vó s
ordenastes, se porventura a obediê ncia puder tratar minha presunçã o,
se porventura a caridade puder cobrir a multidão de meus pecados . (1
Pedro iv. 8) .

Por isso, rogo a Ti, ó bom e misericordioso Deus, por aqueles que
me amam por amor de Ti, e a quem eu amo em Ti; e para aqueles mais
fervorosos, em cujo amor por mim e em meu amor por quem Tu sabes
ser a mais sincera. E eu faço isso, ó meu Senhor, nã o como um homem
justo, sem temer pelos pró prios pecados, mas como quem teme por sua
pobre caridade pelos pecados dos outros. Portanto, seja amoroso para
com eles, ó Fonte de amor, que me ordenas a amá -los e me dá s amor
por eles. E se minha oraçã o nã o for digna de bene iciá -los, porque é
oferecida a Ti por um pecador, que ela ainda prevaleça em favor deles,
porque é feita por instâ ncia de Teu mandamento. Portanto, por amor de
ti mesmo, ó autor e doador de amor, por amor de ti mesmo, nã o por
mim, mostras amor para com eles; e faça com que eles te amem com
todo o seu coraçã o, com toda a sua mente, com toda a sua alma; para
que queiram, falem e façam apenas as coisas que Te agradam e que sã o
convenientes para eles. Muito morna, ó meu Senhor, muito morna é
minha oraçã o, porque meu amor é muito pouco fervoroso. No entanto,
nã o conceda Teus benefı́cios sobre eles, ó Tu que é s rico em
misericó rdias, de acordo com a medida de minha devoçã o preguiçosa;
mas, como Tua bondade excede todo o amor do homem, Tua resposta
pode exceder a afeiçã o de minha sú plica. Faz a eles e a respeito deles, ó
Senhor, o que for conveniente para eles de acordo com a Tua vontade,
para que possam ser guiados e protegidos por Ti em todos os
momentos e em todos os lugares, para chegarem inalmente a uma
segurança gloriosa e eterna. Quem vive e reina, com o Pai e o Espı́rito
Santo, mundo sem im. Um homem.
Oraçõ es de Santo Anselmo
4
Uma Oração a Cristo por meus Inimigos .[ 47 ]

ORD Jesus Cristo, Senhor de todo poder e bondade, a quem oro


eu para que seja misericordioso com meus amigos. Tu sabes o que
meu coraçã o deseja para meus inimigos. Para Tu, ó Deus, que prova
os próprios corações e rédeas , (Sl. vii. 10) . Tu conheces os segredos do
meu coraçã o dentro de mim. Pois nã o está escondido de Ti. Se Tu
semeias na alma de Teu servo o que ele pode oferecer a Ti, e se esse
inimigo (Matt. xiii. 28) . e eu semeei lá també m o que deve ser
queimado com fogo, (Matt. xiii. 30) . que també m está diante de teus
olhos. Nã o despreze, clemente Deus, o que semeou, mas acalenta-o,
aumenta-o, aperfeiçoa-o e preserva-o para sempre. Pois como eu nã o
poderia começar nada bom sem Ti, també m nã o posso terminá -lo nem
mantê -lo em segurança, exceto por Tua ajuda. Nã o me julgues, ó Deus
misericordioso, de acordo com o que Te desagrada em mim, mas tira o
que Tu nã o plantaste, e salva a minha alma que Tu criaste. Pois eu nã o
posso emendar-me sem Ti, porque se somos bons , é Tu que nos fazes e
não nós mesmos . (Ps. c. 2) . Nem minha alma pode suportar Teu
julgamento, se Tu a julgares de acordo com sua maldade. Tu, portanto, ó
Senhor, que é s o ú nico poderoso, tudo o que me fazes desejar para
meus inimigos, seja o Teu presente para eles e a Tua resposta à minha
oraçã o. E se em algum momento eu lhes pedir algo que transgrida a
regra do amor, seja por ignorâ ncia, por enfermidade ou por maldade,
nã o faça isso com eles, nem cumpra minha petiçã o. Tu que é s a
verdadeira Luz , (Joã o i. 9) . iluminar sua cegueira. Tu que é s a Verdade
suprema, corrija o erro deles. Tu é s a verdadeira Vida, vivi ica suas
almas. Pois Tu disseste por Teu amado Discı́pulo, Aquele que não ama
seu irmão, permanece na morte . (1 Joã o iii. 14) . Rogo, pois, ó Senhor,
que lhes conceda tanto amor a Ti e ao pró ximo quanto nos ordenas,
para que nã o pequem diante de Ti a respeito de seu irmã o.

Proibi-lo, ó bom Senhor, proibi-lo de que eu seja para meus irmã os


uma ocasiã o de morte, que eu seja para eles uma pedra de tropeço e
rocha de ofensa . (1 Ped. ii. 8) . Pois é su iciente e mais do que su iciente
que eu seja uma ofensa para mim mesmo; meu pró prio pecado é
su iciente para mim. Teu servo Te suplica por seus conservos que eles
nã o ofendam por minha causa tã o grande e bom Mestre, mas se
reconciliem Contigo e concordem comigo de acordo com Tua vontade
por Teu amor. Esta é a vingança que meu coraçã o mais ı́ntimo deseja Te
pedir sobre meus conservos, meus inimigos e companheiros de pecado.
Este é o castigo que minha alma pede aos meus conservos e inimigos,
que eles te amem e uns aos outros, de acordo com a tua vontade e como
nos convé m, para que possamos satisfazer nosso Mestre comum tanto
no que diz respeito a nó s mesmos quanto no que uns aos outros e
servir ao nosso Senhor comum em unidade, ensinando a caridade para
o bem comum. Esta vingança eu, Teu servo pecador, rogo que seja
preparada contra todos aqueles que me desejam mal e me fazem mal.
Prepara isto també m, misericordioso Senhor, contra Teu pecador servo
como sá bio.

Venha, entã o, ó meu bom Criador e misericordioso Juiz, e por Tua


misericó rdia que excede todo cá lculo, perdoa-me todas as minhas
dı́vidas como eu em Tua presença perdoo todos os meus devedores.
(Mat. vi. 12) . E se ainda nã o, porque até agora meu espı́rito nã o perdoa
perfeitamente segundo a Tua medida, mas assim o quer e realiza com
Tua ajuda o que pode, violentando-se a si mesmo, este perdã o
imperfeito eu ofereço a Ti tal como é , que Tu possa perfeitamente
perdoar-me os meus pecados e, segundo o Teu poder, tenha
misericó rdia da minha alma.

Ouça-me, ouça-me, ó grande e bom Senhor, com desejo pelo amor


de quem minha alma está disposta a se alimentar, mas nã o pode
satisfazer sua fome de Ti, para invocar a quem minha boca nã o
encontra nome que satisfaça meu coraçã o . Pois nã o há palavra que me
expresse o que por Tua graça meu coraçã o concebe a teu respeito. Orei,
ó Senhor, como pude, mas minha vontade foi maior que meu poder.
Ouve-me, ouve-me, segundo o Teu poder, que podes fazer tudo o que Tu
queres. Eu orei como um fraco e pecador, ouça-me, ó ouça-me, como um
poderoso e misericordioso; e concede aos meus amigos e aos meus
inimigos nã o apenas o que tenho orado, mas o que Tu sabes ser
conveniente para cada um e de acordo com a Tua vontade. Concede a
todos, vivos e mortos, a ajuda de Tua misericó rdia; e sempre me ouça,
nã o segundo os desejos do meu coraçã o ou os pedidos dos meus lá bios,
mas como tu sabes e queres que eu devo querer e pedir, ó Salvador do
mundo, que com o Pai e o Espı́rito Santo vives e reina Deus, mundo sem
im. Um homem.
Cartas de Aconselhamento Espiritual
NOTA INTRODUTÓRIA

T
Embora Anselmo tenha tido grande reputaçã o em seu tempo
como guia espiritual, sua correspondê ncia nã o oferece muitos
exemplos de conselhos espirituais que possam ser bem
selecionados para os propó sitos deste volume; embora nã o poucas
cartas de calorosa afeiçã o para aqueles que, quando jovens, se
apegaram a ele como seu mestre em religiã o, testemunham
abundantemente a profundidade e a força das amizades assim
iniciadas. Traduzi aqui cinco cartas: duas para irmã os monges, uma
para sua ú nica irmã , uma para um rei e uma para um grupo de
mulheres devotas que parecem ter se formado em uma pequena
comunidade sob a orientaçã o de um certo Roberto, talvez seu pá roco,
por seguir uma vida de piedade regulamentada, embora, ao que parece,
nã o sob uma regra moná stica; e quem talvez possa nos lembrar da casa
de Nicholas Ferrar em Little Gidding no sé culo XVII.
Cartas de Aconselhamento Espiritual
EU
Para Ralph .[ 48 ]

B
ROTHER Anselmo ao seu querido irmã o Ralph. Embora você
tenha me proibido em suas cartas de me dirigir a você no inı́cio
como Dom Ralph , ainda assim meus sentimentos em relaçã o a
você me constrangem a me mostrar no resto de minhas cartas seu servo
obediente . Pois estou pronto para ser o servo obediente de Dom Ralph
no mesmo espı́rito de amor com que o amo como irmã o, nã o de minha
carne, mas de minha alma. E assim, se você me pedir para nã o chamá -lo
do que, apesar de tudo, em virtude de sua superioridade de cará ter
você realmente é (se eu falar minha mente com franqueza) para mim,
deixe-me pelo menos seguir meu desejo original de me chamar do que
realmente sou para tu. Eu, entã o, nã o vou mais me dirigir a você como
Dom Ralph e assinar como Irmão Anselmo , mas vou me dirigir a você
como Irmão Ralph e assinar como seu servo obediente, Anselmo .[ 49 ]

Quanto ao seu desejo caridoso de estar comigo onde quer que eu


esteja, isso equivale ao meu desejo sincero de estar com você onde quer
que esteja. E como você me pede conselhos sobre como isso pode ser,
peço a Deus que nos ajude para que seja impossı́vel que seja de outra
forma. Pois, se Deus permitir nos ouvir, que nossa vida juntos seja por
Sua assistê ncia, de modo que, enquanto a vida durar, seja tudo um ato
de açã o de graças a Ele. Mas já que nem você nem eu somos nossos;
pois , quer vivamos ou morramos, somos do Senhor ; (Rom. xiv. 8) . Se
aquele que sabe melhor do que nó s o que é agradá vel a si mesmo ou
conveniente para nó s, nos dispor de outra forma do que desejamos,
suportemos com paciê ncia tudo o que percebermos ser seu prazer em
relaçã o a nó s, se resolvermos nã o desagradá -lo. . Pois nossa vida é curta
e, portanto, está pró ximo o tempo em que nos regozijaremos em uma
uniã o eterna com Ele e uns com os outros, se por Sua graça cuidarmos
de passar esta breve vida em submissã o à Sua vontade em todas as
coisas. No entanto, enquanto isso, em qualquer lugar que estejamos,
por mais pró ximos ou distantes uns dos outros, que o amor sempre una
nossos espı́ritos. Quanto a isso, poré m, que você tã o ansiosamente me
suplica ao arcebispo Lanfranc quando ele vier da Inglaterra, que você
esteja comigo, eu respondo que como eu desejo a você o que eu
entendo ser mais agradá vel a Deus e mais proveitoso. para você , eu vou,
se eu achar que posso, tentar fazê -lo acontecer. Enquanto isso, faça com
alegria o negó cio que você está fazendo: porque Deus ama quem dá com
alegria . (2 Cor. ix. 7) .

Quanto à sua queixa de ser impedido por seus negó cios de prestar
atençã o à leitura ou à oraçã o, que seja um grande consolo para você que
a caridade cubra a multidão de pecados . (1 Pet iv. 8) . Pois por você ser
atraı́do de volta, outro é atraı́do; por você carregar o fardo, outro é
aliviado; por você estar sobrecarregado, outro é carregado em seu
caminho. E lembre-se que o servo que volta com as mã os vazias corre
mais rá pido; mas é o servo que volta para casa carregado que toda a
casa encontra com maior alegria.

Nem é culpado por ningué m porque veio mais devagar que o


outro; mas porque ele está cansado de trabalho ú til, ele é convidado a
sentar e descansar. Mas se você diz que seu zelo ou diligê ncia nã o sã o
su icientes para o dever que lhe é imposto, respondo que
(considerando você em sua pró pria avaliaçã o, nã o na minha) um olho
fraco nã o pode ver tã o bem quanto dois, mas nã o se recusa a faça o que
puder, já que nenhuma outra parte do corpo pode fazê -lo.

Mas porque minha carta já é muito longa, e seus outros assuntos
serã o melhor discutidos de boca em boca do que por escrito; para
conselhos escritos você encontrará em abundâ ncia nas Sagradas
Escrituras; por enquanto os entregaremos em con iança a Deus e
oraremos fervorosamente a respeito deles, ansiosos para nos
encontrarmos e concordando em encerrar nossa correspondê ncia aqui.
Cartas de Aconselhamento Espiritual
II
Para Herlivin , [ 50 ] Gondulf [ 51 ] e Maurice , [ 52 ] Monges de Bec
peregrinando em Christ Church, Canterbury .[ 53 ]

T
O seus irmã os e queridos amigos, Dom Herlwin, Dom Gondulf e
Dom Maurice, Irmã o Anselmo, com a esperança de que vá de
força em força (Sl. lxxxiv. 7) . eles podem alcançar a Cristo que é
a força suprema de Deus.

Já que todos você s tê m um propó sito e eu tenho um desejo para
todos você s, eu os uno e me dirijo a todos de uma vez na mesma carta.
Se sua bondade lembra que tipo de homem eu sempre desejo ver você
quando você está comigo, você sabe muito bem que tipo de homem eu
constantemente desejo ouvir você ser quando você está longe de mim.
Pois visto que, como testemunha minha consciê ncia, de coraçã o, nã o
digo, gastei, mas quis gastar em todos você s o amor de um irmã o e em
um de você s o cuidado de um pai, nã o intervalo de terra ou mar foi
capaz de romper esta minha afetuosa consideraçã o por você . E assim,
embora você tenha incentivos su icientes para progredir devidamente
no bom curso em que entrou; pois você tem o conselho e conselho de
nosso reverendo Senhor e Padre o Arcebispo [ 55 ] à mã o, você tem
esse costume constante de meditaçã o privada que sua pro issã o
moná stica impõ e a cada um de você s, você tem a frequente excitaçã o do
zelo pela mú tua conversa religiosa; no entanto, meu amor incessante
por você me faz nã o querer que você també m perca minhas pobres
exortaçõ es, embora você esteja ausente de mim e nã o precise delas. E
assim eu aconselho e imploro a você s, meus queridos amigos, que nada
possa distrair a mente da vigilâ ncia sobre o eu. Deixe-o considerar
ansiosamente o ganho e o progresso que faz todos os dias - para que
Deus nã o o proı́ba! - ele perde e retrocede. Pois na prá tica da virtude,
assim como é mais difı́cil obter algo novo por esforço do que perder
algo velho por preguiça, é mais difı́cil recuperar o que se perde por
negligê ncia do que adquirir o que ainda nã o se observou possuir.
Portanto, meus amados amigos, sempre considerem o passado como
nada, mas sem se envergonharem de manter o que já alcançaram; e
embora por enfermidade você deixe de acrescentar nada de novo a isso,
mas sempre se esforce para fazê -lo, sem ceder . somos assegurados pela
pró pria palavra da Verdade; mas todos ignoramos quã o poucos sã o os
escolhidos, pois a respeito disso essa mesma Verdade icou em silê ncio.
E assim, quem ainda nã o vive como vivem os poucos escolhidos, ou
deve mudar sua vida, para se colocar entre os poucos; ou entã o tem um
certo e certo medo da reprovaçã o: mas se um homem pensa que já é um
dos poucos, nã o deve imediatamente con iar que é escolhido. Pois,
como nenhum de nó s sabe quã o poucos os eleitos podem ser, nenhum
homem pode saber que já é um dos poucos eleitos, embora já seja como
os poucos entre os muitos chamados. E assim ningué m deve olhar para
trá s e pensar quantos nã o estã o tã o avançados quanto ele no caminho
para o paı́s celestial; mas deve-se olhar irmemente para a frente e
perguntar-se ansiosamente se ele está andando tã o bem quanto
aqueles de cuja eleiçã o ningué m duvida. Vejam entã o, meus queridos
amigos, que nada esfrie o temor de Deus que você concebeu; mas
cresça cada vez mais fervoroso de dia para dia, como se o fogo em você
fosse atiçado por seu zelo incansá vel, até que ele se transformasse para
você na luz inabalá vel da segurança eterna.
Adeus, meus amigos mais queridos; e rogo-te, pelo amor fraternal
que me deves, reza com especial fervor para que eu, que te exorto a
melhorar, nã o termine eu mesmo aquele miserá vel curso de fracasso
que comecei há muito tempo, e agora quase terminei.[ 56 ]
Cartas de Aconselhamento Espiritual
III
A Burgundus e sua esposa Richera ,[ 57 ] na partida de Burgundius como
peregrino a Jerusalém .

NSELM pela graça de Deus Arcebispo de Canterbury ao seu


UMA querido irmã o e amigo Burgundius e sua esposa Richera, sua
pró pria irmã , saú de e a bê nçã o de Deus, e com o melhor de seu
poder, seu pró prio també m.

Você me mandou dizer, meu caro senhor e amigo Burgundius, que


pretende ir a Jerusalé m para o serviço de Deus e a saú de de sua alma, e
que deseja ter meu consentimento para isso e o de seu ilho, meu
sobrinho, Anselmo.

Apraz-me ouvir a sua boa intençã o e aconselho-o e rogo-lhe, se


izer esta viagem, nã o leve consigo os pecados que cometeu nem os
deixe para trá s em casa, e tome a decisã o de viver bem para o futuro ,
como convé m a um cristã o do seu grau. Faça entã o uma con issã o pelo
nome de todos os seus pecados desde a infâ ncia, até onde você pode se
lembrar deles. Cuide para que você nã o tenha nenhum pecado para se
acusar em relaçã o a sua esposa, cuja bondade você conhece melhor do
que eu; mas deixe-a para que ela tenha os meios de conselho e apoio, o
que quer que Deus faça com você , e que ela nã o seja expulsa de sua casa
e propriedade contra sua vontade enquanto viver, mas possa servir a
Deus por a segurança de seu corpo e alma, e para sua pró pria alma e a
de seus ilhos. Disponha, portanto, de todos os seus bens como faria se
soubesse que está prestes a morrer e prestar contas de toda a sua vida
a Deus.
Você pede meu consentimento; Eu oro a Deus que você possa
sempre e em todos os lugares ter o consentimento e conselho de Deus e
ajuda e proteçã o em todas as coisas.

Peço-lhe, minha querida irmã , que volte todo o seu coraçã o e


mente para o serviço de Deus e, como Deus tirou de você todo prazer
nesta vida, considere que Ele fez isso para que você nã o tenha prazer
em ningué m alé m dEle; amá -lo, desejá -lo, pensar nele, servi-lo em
todos os momentos e em todos os lugares.

Deus Todo-Poderoso sempre abençoe você s dois.


Cartas de Aconselhamento Espiritual
4
Para Alexandre, Rei dos Escoceses .[ 58 ]

T
O Alexandre, pela graça de Deus Rei dos Escoceses, Anselmo
servo da Igreja de Cantuá ria deseja saú de e promete suas
oraçõ es ié is e envia-lhe a bê nçã o de Deus e, pelo que vale, a sua
també m.

Tanto eu como toda a sociedade de Christ Church, Canterbury,


damos graças a Deus e regozijamo-nos por Deus vos ter adiantado por
direito de herança ao reino de vosso pai [ 59 ] apó s a morte de vosso
irmã o [ 60 ] e vos adornado com um cará ter digno de vosso dignidade
real. Quanto a seu irmã o que por sua santa vida mereceu dar um bom
im em sua partida pela misericó rdia de Deus desta vida, oramos e
oraremos por ele, como você nos pede, como por aquele que nos amou
e a quem amamos, para que Deus conceda à sua alma alegria eterna em
Sua gló ria entre Seus eleitos, e felicidade eterna.

Sei que Vossa Alteza ama e deseja meu conselho. E assim, primeiro
orando a Deus para que Ele mesmo possa guiá -lo pela graça de Seu
Espı́rito Santo e dar-lhe Seu conselho em todos os seus atos, para que
Ele possa levá -lo depois desta vida ao Seu reino celestial, aconselho-o
sinceramente a preservar por Sua ajuda, de quem você os recebeu, esse
temor de Deus e esses há bitos bons e piedosos, que você começou a ter
na juventude e até na infâ ncia. Pois os reis reinam bem quando vivem
de acordo com a vontade de Deus e O servem com temor; e quando
reinam sobre si mesmos e nã o se tornam servos de seus pró prios
vı́cios, mas dominam a impetuosidade deles por corajosa constâ ncia.
Pois nã o há inconsistê ncia entre constâ ncia na virtude e coragem real
em um rei. Pois alguns reis, como Davi, ao mesmo tempo viviam uma
vida santa e també m governavam o povo comprometido a seu cargo
com justiça vigorosa e bondade gentil, de acordo com o assunto em
questã o. Você se mostra de tal forma que os ı́mpios possam temê -lo e os
bons amá -lo; e, para que sua vida seja sempre agradá vel a Deus, que sua
mente sempre se lembre do castigo dos ı́mpios e da recompensa do
bem que haverá apó s esta vida. Que Deus Todo-Poderoso con ie você e
todas as suas açõ es a ningué m menos que ao Seu pró prio governo
gracioso.

Quanto a nossos irmã os, [ 61 ] que enviamos à Escó cia por desejo
de seu irmã o, que partiu, como con iamos, dos trabalhos desta vida
para seu descanso, nã o achamos necessá rio pedir sua bondade para
eles, porque conhecemos bem a sua boa vontade para com eles.
Cartas de Aconselhamento Espiritual
V
Para Robert [ 62 ] e as mulheres devotas sob seus cuidados .

NSELM Arcebispo ao seu muito querido amigo e ilho Robert e


UMA à s suas amadas irmã s e ilhas, Saegyth, Eadgyth, Theodgyth,
Lufrun, Deorgyth, Godgyth,[ 63 ] deseja saú de e a bê nçã o de
Deus, e a sua pró pria pelo que vale a pena.

Eu me alegro e agradeço a Deus pela santa resoluçã o e santo curso


de vida que você s concordaram em seguir juntos no amor de Deus e na
santidade de vida, conforme fui informado por meu irmã o e ilho
William.[ 64 ]

Em seu bondoso amor para comigo, você s me pedem, minhas


ilhas muito queridas, que eu lhes envie uma carta de admoestaçã o para
instruı́-las e incitá -las ao bem da vida; embora você tenha com você
meu querido ilho Robert, em cujo coraçã o Deus colocou para cuidar de
você nas coisas de Deus, e que o instrui diariamente por palavra e
exemplo como você deve viver. No entanto, como devo, se puder, fazer o
que você me pede, tentarei escrever-lhe algumas palavras como você
deseja. Minhas ilhas muito queridas, toda açã o, seja ela merecedora de
elogios ou censuras, merece de acordo com a intençã o de quem a faz.
Pois a vontade é a raiz e o princı́pio de todas as açõ es que estã o em
nosso pró prio poder, e embora nã o possamos fazer o que queremos,
cada um de nó s é julgado diante de Deus de acordo com sua vontade.
Portanto, nã o considere o que você faz , mas o que você quer ; preste
mais atençã o ao que é a sua vontade do que à s suas obras. Pois toda
açã o que é correta é correta por causa da justiça da vontade da qual
procede; pela justiça da sua vontade é um homem chamado justo, e pela
injustiça da sua vontade, injusto. Se, entã o, você deseja viver uma vida
boa, vigie continuamente sua vontade tanto nas grandes como nas
pequenas coisas; tanto nas coisas que estã o sob seu pró prio controle
quanto nas que nã o estã o; para que nã o se desvie em qualquer grau do
caminho certo. Mas se você deseja saber quando sua vontade está certa,
certamente está certa quando está sujeita à vontade de Deus. E entã o,
quando você decidir fazer ou pensar em fazer algo importante, diga em
seus coraçõ es: Deus quer que eu queira isso ou nã o? Se sua consciê ncia
responder: Sim, Deus quer que eu deseje isso, e minha vontade aqui é
agradá vel a Ele; entã o, quer você possa cumprir sua vontade ou nã o,
apegue-se a ela. Mas se sua consciê ncia testemunhar para você que
Deus nã o quer que você tenha essa vontade, entã o afaste seu coraçã o
dela com todas as suas forças; e se você quiser afastá -lo
completamente, tire-o da cabeça e esqueça-o o má ximo que puder. Mas
quanto à maneira pela qual você pode se livrar de um mau pensamento
ou vontade, considere e observe este conselho que eu lhe dou. Nã o
brigue com pensamentos ou desejos perversos, mas quando eles o
a ligem, faça o má ximo para ocupar sua mente com algum pensamento
ou desejo ú til, até que os outros desapareçam. Pois nenhum
pensamento ou desejo jamais é afastado, exceto por algum outro
pensamento ou desejo que seja inconsistente com ele. Conduzam-se
entã o para pensamentos e desejos inú teis, de modo que, atendendo
com todas as suas forças aos lucrativos, sua mente possa recusar
qualquer lembrança ou aviso ao inú til. Quando você deseja orar ou se
envolver em qualquer outra boa meditaçã o, se esses pensamentos que
você nã o deve entreter sã o importunos para você , nunca consinta em
desistir por causa deles do bom desı́gnio em que você entrou, para que
o diabo nã o sugere que eles deveriam se alegrar por ter feito você
desistir de uma boa obra uma vez iniciada, mas superá -los
desprezando-os da maneira que descrevi. Nã o se entristeça nem se
aborreça porque eles o assediam, contanto que, desprezando-os da
maneira que eu lhe mostrei, você nã o lhes dê consentimento; caso
contrá rio, eles podem aproveitar sua irritaçã o com eles para voltar à
sua mente e renovar sua antiga importunaçã o. Pois é habitual na mente
humana que tudo o que lhe agrada ou aborrece voltar à sua cabeça com
mais frequê ncia do que aquilo que ela sente ou pensa que deve ser
negligenciado.

Da mesma maneira deve uma pessoa que é sincera em uma


resoluçã o santa se comportar no caso de qualquer emoçã o impró pria,
seja no corpo ou na alma, como o sentimento de luxú ria ou raiva ou
inveja ou vangló ria. Pois estes sã o mais facilmente extinguidos quando
os tratamos com desprezo e nos recusamos a ceder a eles, ou pensar
neles ou fazer qualquer coisa por sugestã o deles. Nã o tema que tais
emoçõ es ou imaginaçõ es sejam imputadas a você como pecados, se sua
vontade em nenhum grau se associar a elas; porque nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam
segundo a carne . (Rom. viii. 1) . Pois andar segundo a carne é concordar
com a vontade da carne; e o apó stolo dá o nome de carne a todo
sentimento vicioso na alma ou no corpo, quando diz: A carne cobiça
contra o espírito e o espírito contra a carne . (Gal. v. 17) . De fato,
extinguiremos facilmente esse tipo de sugestõ es, se esmagarmos seus
primeiros começos, de acordo com o conselho dado acima; mas será
difı́cil fazê -lo, se uma vez os admitirmos em nossas mentes.

Agradeço-lhe, meu amigo e querido ilho Robert, tanto quanto


posso, por seu cuidado amoroso que você tem por amor de Deus com
essas servas de Deus; e oro para você perseverar de coraçã o neste
propó sito santo e piedoso. Pois você pode ter certeza de que uma
grande recompensa espera por você nas mã os de Deus por esse seu
zelo santo. Deus Todo-Poderoso seja sempre o guardiã o de toda a sua
vida. Um homem. Que o Senhor Todo-Poderoso e misericordioso vos
conceda a remissã o de todos os vossos pecados e vos faça sempre
avançar para coisas melhores com humildade e nunca retroceder. Um
homem.
Salmos 15
Um Salmo de Davi.
1 Javé , quem habitará no teu santuá rio?

Quem habitará no teu santo monte?


2 Aquele que anda irrepreensivelmente e faz o que é certo,

e fala a verdade em seu coraçã o;


3 aquele que nã o calunia com a sua lı́ngua,

nem faz mal ao seu amigo,


nem lança calú nias contra seu semelhante;
4 a cujos olhos o vil é desprezado,

mas quem honra os que temem ao Senhor;


aquele que manté m um juramento mesmo quando dó i, e nã o
muda;
5 aquele que nã o empresta o seu dinheiro com usura,

nem aceite suborno contra o inocente.

Aquele que faz essas coisas jamais será abalado.


Salmos 28
Por Davi.
1 A ti, Senhor, eu chamo.

Minha rocha, nã o seja surda para mim,


para que, se você me calar,
Eu me tornaria como aqueles que descem à cova.
2 Ouve a voz das minhas sú plicas, quando clamo a ti,

quando levanto as minhas mã os para o teu lugar santı́ssimo.


3 Nã o me atraia com os ı́mpios,

com os obreiros da iniqü idade que falam de paz com seus vizinhos,
mas o mal está em seus coraçõ es.
4 Dá -lhes segundo as suas obras e segundo a maldade das suas

obras.
Dê -lhes de acordo com a operaçã o de suas mã os.
Traga de volta para eles o que eles merecem.
5 Porque nã o respeitam as obras do Senhor,

nem a operaçã o de suas mã os,


ele os derrubará e nã o os edi icará .

6 Bendito seja o Senhor,

porque ele ouviu a voz das minhas petiçõ es.


7 Javé é minha força e meu escudo.

Meu coraçã o con iou nele, e sou ajudado.


Por isso meu coraçã o se alegra muito.
Com a minha mú sica vou agradecê -lo.
8 Javé é a sua força.

Ele é uma fortaleza de salvaçã o para seus ungidos.


9 Salve seu povo,

e abençoe sua herança.


Sê també m o seu pastor,
e os carregue para sempre.
1 Timóteo 6
1 Todos quantos forem servos do jugo considerem seus senhores

dignos de toda honra, para que o nome de Deus e a doutrina nã o sejam
blasfemados. 2 Aqueles que tê m mestres crentes, nã o os desprezem
porque sã o irmã os, mas sirvam-nos, porque os que participam do
benefı́cio sã o crentes e amados. Ensine e exorte essas coisas.
3 Se algué m ensina outra doutrina e nã o aceita as sã s palavras, as

palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e a doutrina que é segundo a


piedade, 4 é presunçoso, nã o sabendo nada, mas obstinado em
discussõ es, contendas, e guerras de palavras, das quais vê m invejas,
contendas, insultos, suspeitas malignas, 5 constante atrito de pessoas
de mente corrupta e destituı́das da verdade, que supõ em que a piedade
é um meio de lucro. Retire-se de tal.
6 Mas a piedade com contentamento é grande ganho. 7 Pois nada
trouxemos ao mundo, e certamente nada podemos levar. 8 Mas tendo
comida e roupa, icaremos contentes com isso. 9 Mas os que querem
icar ricos caem em tentaçã o, em laço, e em muitas concupiscê ncias
loucas e nocivas, que afogam os homens na ruı́na e na ruı́na. 10 Porque o
amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Alguns foram desviados da
fé em sua ganâ ncia, e se a ligiram com muitas tristezas.
11 Mas você , homem de Deus, fuja dessas coisas e siga a justiça, a

piedade, a fé , o amor, a perseverança e a mansidã o. 12 Combata o bom


combate da fé . Apodera-te da vida eterna para a qual foste chamado, e
izeste a boa con issã o diante de muitas testemunhas. 13 Ordeno-te
diante de Deus, que vivi ica todas as coisas, e diante de Cristo Jesus,
que diante de Pô ncio Pilatos deu a boa con issã o, 14 que guardes o
mandamento sem má cula, irrepreensı́vel, até a manifestaçã o de nosso
Senhor Jesus Cristo, 15 que em seu pró prio tempo ele mostrará quem é
o abençoado e ú nico Governante, o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
16 Só ele tem a imortalidade, habitando em luz inacessı́vel, a quem

nenhum homem viu nem pode ver: a quem seja honra e poder eterno.
Um homem.
17 Exorta aos ricos do presente sé culo que nã o sejam arrogantes,

nem ponham a sua esperança na incerteza das riquezas, mas no Deus


vivo, que nos dá abundantemente todas as coisas para o nosso gozo; 18
que pratiquem o bem, que sejam ricos em boas obras, que estejam
prontos a distribuir, dispostos a repartir; 19 entesourando para si
mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar
a vida eterna.
20 Timó teo, guarda o que te écon iado, desviando-te das palavras
vã s e das oposiçõ es do que se chama falsamente conhecimento, 21 que
alguns professam e assim se desviam da fé .
A graça esteja com você . Um homem.
Salmos 52
Para o Músico Chefe. Uma contemplação de Davi, quando Doegue,
o edomita, veio e disse a Saul: “Davi veio à casa de Aimeleque”.
1 Por que você se vangloria de maldade, homem poderoso?

A benignidade de Deus perdura continuamente.


2 A tua lı́ngua trama a destruiçã o,

como uma navalha a iada, trabalhando enganosamente.


3 Você ama mais o mal do que o bem,

mentindo em vez de falar a verdade.


Selá .
4 Tu amas todas as palavras devoradoras,

sua lı́ngua enganosa.


5 Da mesma forma, Deus o destruirá para sempre.

Ele te levantará e te arrancará da tua tenda,


e arrancar você da terra dos vivos.
Selá .
6 Os justos també m o verã o, e temerã o,

e ri dele, dizendo:
7 “Eis que este é o homem que nã o fez de Deus a sua força,

mas con iou na abundâ ncia de suas riquezas,


e fortaleceu-se na sua maldade.”
8 Mas, quanto a mim, sou como uma oliveira verde na casa de

Deus.
Eu con io na bondade amorosa de Deus para todo o sempre.
9 Eu te darei graças para sempre, porque você fez isso.

Espero em teu nome, porque é bom,


na presença de seus santos.
Salmos 79
Um Salmo de Asafe.
1 Deus, as naçõ es entraram na tua herança.

Eles contaminaram seu templo sagrado.


Eles empilharam Jerusalé m.
2 Deram os cadá veres dos teus servos para servir de pasto à s aves

do cé u,
a carne dos vossos santos aos animais da terra.
3 Derramaram seu sangue como á gua ao redor de Jerusalé m.

Nã o havia ningué m para enterrá -los.


4 Nos tornamos opró brio para o nosso pró ximo,

uma zombaria e escá rnio para aqueles que estã o ao nosso redor.
5 Até quando, Senhor?

Você vai icar com raiva para sempre?


Seu ciú me queimará como fogo?
6 Derrama a tua ira sobre as naçõ es que nã o te conhecem,

nos reinos que nã o invocam o teu nome;


7 porque devoraram a Jacó ,

e destruiu sua pá tria.


8 Nã o levem contra nó s as iniqü idades de nossos antepassados.

Que suas ternas misericó rdias nos encontrem rapidamente,


pois estamos em necessidade desesperada.
9 Ajuda-nos, Deus da nossa salvaçã o, para a gló ria do teu nome.

Livra-nos e perdoa os nossos pecados, por amor do teu nome.


10 Por que as naçõ es deveriam dizer: “Onde está o seu Deus?”

Seja conhecido entre as naçõ es, diante de nossos olhos,


que a vingança pelo sangue de seus servos está sendo derramada.
11 Deixe que o suspiro do prisioneiro chegue até você .

De acordo com a grandeza do seu poder, preserve aqueles que


estã o condenados à morte.
12 Retribuir sete vezes aos nossos vizinhos em seu seio

o vitupé rio com que te injuriaram, Senhor.


13 Assim nó s, teu povo e ovelhas do teu pasto,
lhe dará graças para sempre.
Nó s te louvaremos para sempre, por todas as geraçõ es.
Jeremias 14
1 Esta é a palavra do Senhor que veio a Jeremias sobre a seca.
2 “Judá chora,
e suas portas de inham.
Eles se sentam de preto no chã o.
O clamor de Jerusalé m sobe.
3 Seus nobres mandam seus pequeninos para as á guas.

Eles chegam à s cisternas,


e nã o encontrar á gua.
Eles voltam com seus vasos vazios.
Eles estã o desapontados e confusos,
e cobrir suas cabeças.
4 Por causa do chã o rachado,

porque nã o choveu na terra,


os lavradores estã o desapontados.
Eles cobrem suas cabeças.
5 Sim, també m a corça do campo dá à luz e abandona seus ilhotes,

porque nã o há grama.


6 Os burros selvagens icam nas alturas nuas.

Eles anseiam por ar como chacais.


Seus olhos falham,
porque nã o há vegetaçã o.
7 Ainda que nossas iniqü idades testi iquem contra nó s,

trabalha por amor do teu nome, Senhor;


pois nossas rebeliõ es sã o muitas.
Nó s pecamos contra você .
8 Você espera de Israel,

seu Salvador no tempo da angú stia,


por que você deveria ser como um estrangeiro na terra,
e como um viajante que se desvia para passar a noite?
9 Por que você deveria ser como um homem assustado,

como um homem poderoso que nã o pode salvar?


Mas tu, Senhor, está s no meio de nó s,
e somos chamados pelo seu nome.
Nã o nos deixe.
10 Javé
diz a este povo:
“Mesmo assim eles adoraram passear.
Eles nã o restringiram seus pé s.
Portanto, Yahweh nã o os aceita.
Agora ele se lembrará da iniqü idade deles,
e castigá -los por seus pecados.”
11 Javé
me disse: “Nã o ore por este povo para o bem deles. 12
Quando jejuarem, nã o ouvirei seu clamor; e quando oferecerem
holocausto e oferta de manjares, nã o os aceitarei; mas eu os
consumirei pela espada, pela fome e pela peste”.
13 Entã o eu disse: “Ah, Senhor Javé ! Eis que os profetas lhes dizem:

'Nã o vereis a espada, nem tereis fome; mas eu lhe darei paz garantida
neste lugar.' ”
14 Entã o Javé me disse: “Os profetas profetizam mentiras em meu
nome. Eu nã o os enviei. Eu nã o os ordenei. Eu nã o falei com eles. Eles
profetizam para você uma visã o mentirosa, adivinhaçã o e uma coisa de
nada, e o engano do seu pró prio coraçã o. 15 Por isso o Senhor diz acerca
dos profetas que profetizam em meu nome, mas eu nã o os enviei, mas
dizem: Espada e fome nã o haverá nesta terra. Esses profetas serã o
consumidos pela espada e pela fome. 16 O povo a quem profetizar será
expulso pelas ruas de Jerusalé m por causa da fome e da espada. Eles
nã o terã o ningué m para enterrá -los - eles, suas esposas, seus ilhos ou
suas ilhas, pois derramarei sua maldade sobre eles.
17 “Diga-lhes esta palavra:

“'Deixe meus olhos correrem com lá grimas noite e dia,


e nã o cessem;
porque a ilha virgem do meu povo está quebrada com uma grande
brecha,
com uma ferida muito dolorosa.
18 Se eu for ao campo,
entã o, eis que os mortos à espada!
Se eu entrar na cidade,
entã o, eis os que estã o doentes de fome!
Pois tanto o profeta como o sacerdote andam pela terra,
e nã o tem conhecimento.' ”

19 Você rejeitou totalmente a Judá ?


Sua alma detestou Siã o?
Por que você nos feriu, e nã o há cura para nó s?
Procuramos a paz, mas nada de bom veio;
e por um tempo de cura, e eis que consternaçã o!
20 Reconhecemos, Senhor, a nossa maldade,

e a iniqü idade de nossos pais;


porque pecamos contra ti.
21 Nã o nos abomine, por amor do seu nome.

Nã o desonre o trono de sua gló ria.


Lembre-se e nã o quebre sua aliança conosco.
22 Existe algué m entre as vaidades das naçõ es que pode causar

chuva?
Ou o cé u pode dar banhos?
Nã o é você , Javé nosso Deus?
Portanto, vamos esperar por você ;
porque tu izeste todas estas coisas.
Salmos 39
Para o Músico Chefe. Para Jedutum. Um Salmo de Davi.
1 Eu disse: “Vou vigiar os meus caminhos, para nã o pecar com a

minha lı́ngua.
Manterei a minha boca com freio enquanto o ı́mpio estiver diante
de mim”.
2 Fiquei mudo com o silê ncio.

Eu mantive minha paz, mesmo do bem.


Minha tristeza se agitou.
3 Meu coraçã o estava quente dentro de mim.

Enquanto eu meditava, o fogo queimava.


Falei com a minha lı́ngua:
4 “Yahweh, mostra-me o meu im,

qual é a medida dos meus dias.


Deixe-me saber o quã o frá gil eu sou.
5 Eis que izeste dos meus dias a largura da mã o.

Minha vida é como nada diante de você .


Certamente todo homem permanece como uma respiraçã o.”
Selá .
6 “Certamente todo homem anda como uma sombra.

Certamente eles se ocupam em vã o.


Ele amontoa, e nã o sabe quem recolherá .
7 Agora, Senhor, o que eu espero?

Minha esperança está em você .


8 Livra-me de todas as minhas transgressõ es.

Nã o me faça o opró brio dos tolos.


9 Fiquei mudo.

nã o abri a boca,


porque você fez isso.
10 Afasta de mim o teu lagelo.

Estou vencido pelo golpe de sua mã o.


11 Quando você repreende e corrige o homem pela iniqü idade,

você consome sua riqueza como uma mariposa.


Certamente todo homem é apenas um sopro.”
Selá .
12 “Ouve a minha oraçã o, Senhor, e dáouvidos ao meu clamor.
Nã o ique calado com minhas lá grimas.
Pois eu sou um estranho com você ,
estrangeiro, como foram todos os meus pais.
13 Oh, poupe-me, para que eu recupere as forças,

antes que eu vá embora e nã o exista mais.”


Salmos 14
Para o Músico Chefe. Por Davi.
1 O tolo disse em seu coraçã o: “Deus nã o existe”.

Eles sã o corruptos.


Eles izeram atos abominá veis.
Nã o há quem faça o bem.
2 Javé olhou do cé u para os ilhos dos homens,

para ver se havia algué m que entendesse,


que buscou a Deus.
3 Todos eles se foram.

Juntos, eles se tornaram corruptos.


Nã o há ningué m que faça o bem, nã o, nenhum.
4 Nã o tenham conhecimento de todos os que praticam a

iniqü idade,
que comem o meu povo como comem o pã o,
e nã o invocar o Senhor?
5 Ali icaram com muito medo,

porque Deus está na geraçã o dos justos.


6 Você frustra o plano dos pobres,

porque o Senhor é o seu refú gio.


7 Oh, que a salvaçã o de Israel viesse de Siã o!

Quando Yahweh restaurar a sorte de seu povo,


entã o Jacó se alegrará , e Israel se alegrará .
Isaías 7
1 Nos dias de Acaz, ilho de Jotã o, ilho de Uzias, rei de Judá , Rezim,
rei da Sı́ria, e Peca, ilho de Remalias, rei de Israel, subiram a Jerusalé m
para guerrear contra ela, mas nã o puderam prevalecer contra isso. 2 A
casa de Davi foi informada: “A Sı́ria é aliada de Efraim”. Seu coraçã o
estremeceu, e o coraçã o de seu povo, como as á rvores da loresta
estremecem com o vento.
3 Entã o o Senhor disse a Isaı́as: “Saia agora ao encontro de Acaz,

você e Searjasube, seu ilho, na extremidade do canal do tanque


superior, no caminho do campo do lavrador. 4 Diga-lhe: 'Tenha cuidado
e mantenha a calma. Nã o temas, nem desfaleça o teu coraçã o por causa
destas duas caudas de tochas fumegantes, pelo furor da ira de Rezim e
da Sı́ria, e do ilho de Remalias. 5 Porque a Sı́ria, Efraim e o ilho de
Remalias tramaram o mal contra você s, dizendo: 6 “Vamos subir contra
Judá , e despedaçá -lo, e vamos dividi-lo entre nó s, e estabelecer nele um
rei, o ilho de Tabeel”. 7 Assim diz o Senhor Javé : “Nã o subsistirá , nem
acontecerá ”. 8 Pois a cabeça da Sı́ria é Damasco, e a cabeça de Damasco
é Rezim. Dentro de sessenta e cinco anos Efraim será despedaçado, de
modo que nã o será um povo. 9 A cabeça de Efraim é Samaria, e a cabeça
de Samaria é ilho de Remalias. Se você nã o acreditar, certamente você
nã o será estabelecido.' ”
10 O Senhor falou novamente a Acaz, dizendo: 11 “Pede um sinal ao

Senhor teu Deus; pergunte nas profundezas ou nas alturas acima.”


12 Mas Acaz disse: “Nã o vou pedir. Nã o tentarei Yahweh.”

13 Ele disse: “Ouçam agora, casa de Davi. Nã o ésu iciente para você
provar a paciê ncia dos homens, para que você tente també m a
paciê ncia do meu Deus? 14 Portanto, o pró prio Senhor vos dará um
sinal. Eis que a virgem conceberá e dará à luz um ilho, e chamará o seu
nome Emanuel. 15 Ele comerá manteiga e mel quando souber rejeitar o
mal e escolher o bem. 16 Pois antes que a criança saiba rejeitar o mal e
escolher o bem, a terra cujos dois reis você abomina será abandonada.
17 O Senhor trará sobre ti, sobre o teu povo e sobre a casa de teu pai,
dias que nã o vieram, desde o dia em que Efraim saiu de Judá , o rei da
Assı́ria.
18 Acontecerá naquele dia que o Senhor assobiará para a mosca que
está na extremidade dos rios do Egito, e para a abelha que está na terra
da Assı́ria. 19 Eles virã o, e todos descansarã o nos vales desertos, nas
fendas das rochas, em todas as cercas de espinheiros e em todas as
pastagens.
20 Naquele dia o Senhor rapará com uma navalha alugada nas
partes alé m do Rio, mesmo com o rei da Assı́ria, a cabeça e os cabelos
dos pé s; e també m consumirá a barba.
21 Aconteceránaquele dia que um homem manterá vivo uma
novilha e duas ovelhas. 22 Acontecerá que, por causa da abundâ ncia de
leite que derem, comerá manteiga; pois todos comerã o a manteiga e o
mel que sobrarem na terra.
23 Acontecerá naquele dia que todo lugar onde havia mil vides a
mil siclos de prata será para sarças e espinheiros. 24 As pessoas irã o
para lá com lechas e com arco, porque toda a terra será de sarças e
espinheiros. 25 Todas as colinas que foram cultivadas com a enxada,
você nã o deve entrar lá por medo de sarças e espinheiros; mas será
para mandar bois e para pisar ovelhas”.
Salmos 54
Para o Músico Chefe. Em instrumentos de cordas. Uma
contemplação de Davi, quando os zifeus vieram e disseram a Saul:
“Não está Davi se escondendo entre nós?”
1 Salva-me, Deus, pelo teu nome.

Vindique-me em seu poder.


2 Ouve minha oraçã o, Deus.

Ouça as palavras da minha boca.


3 Pois estranhos se levantaram contra mim.

Homens violentos procuraram minha alma.


Eles nã o colocaram Deus diante deles.
Selá .
4 Eis que Deus é o meu ajudador.

O Senhor é quem sustenta a minha alma.


5 Ele retribuirá o mal aos meus inimigos.

Destrua-os em sua verdade.


6 Com uma oferta voluntá ria, eu te oferecerei sacrifı́cios.

Darei graças ao teu nome, Javé , porque é bom.


7 Pois ele me livrou de todas as angú stias.

Meus olhos viram o triunfo sobre meus inimigos.


Filipenses 4
1 Portanto, meus irmã os, amados e saudosos, minha alegria e

coroa, assim permaneçam irmes no Senhor, meus amados.


2 Exorto Evó dia e exorto Sı́ntique a pensar da mesma maneira no

Senhor. 3 Sim, eu te imploro també m, verdadeiro parceiro, ajuda essas


mulheres, pois elas trabalharam comigo na Boa Nova també m com
Clemente, e o resto de meus companheiros de trabalho, cujos nomes
estã o no livro da vida.
4 Alegrai-vos sempre no Senhor! Novamente direi: “Alegra-te!” 5

Seja a vossa mansidã o conhecida de todos os homens. O Senhor está


pró ximo. 6 Em nada andem ansiosos, mas em tudo, pela oraçã o e
sú plicas com açã o de graças, deixem que seus pedidos sejam
conhecidos a Deus. 7 E a paz de Deus, que excede todo o entendimento,
guardará os vossos coraçõ es e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.
8 Finalmente, irmã os, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre,
tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amá vel, tudo o que é
de boa fama: se há alguma virtude e se há algum louvor, pensai sobre
essas coisas. 9 O que você aprendeu, recebeu, ouviu e viu em mim: faça
isso, e o Deus da paz estará com você .
10 Mas eu me alegro muito no Senhor, porque agora inalmente você
reviveu seu pensamento para mim; em que você realmente pensou,
mas lhe faltou oportunidade. 11 Nã o que eu fale por falta, pois aprendi,
em qualquer estado que eu esteja, a me contentar com isso. 12 Sei ser
humilhado e també m sei ter abundâ ncia. Em tudo e em todas as coisas
aprendi o segredo tanto de estar farto como de ter fome, tanto de ter
abundâ ncia como de passar necessidade. 13 Tudo posso em Cristo, que
me fortalece. 14 Mas izeste bem em partilhares da minha a liçã o. 15
Você s mesmos també m sabem, ilipenses, que no inı́cio da Boa Nova,
quando parti da Macedô nia, nenhuma assemblé ia participou comigo
no dar e receber, mas somente você s. 16 Pois mesmo em Tessalô nica
você enviou uma e outra vez para a minha necessidade. 17 Nã o que eu
busque o presente, mas o fruto que aumenta em sua conta. 18 Mas eu
tenho todas as coisas e abundo. Estou cheio, tendo recebido de
Epafrodito as coisas que vieram de você , uma fragrâ ncia suave, um
sacrifı́cio aceitá vel e agradá vel a Deus. 19 O meu Deus suprirá todas as
vossas necessidades segundo as suas riquezas na gló ria em Cristo
Jesus. 20 Agora a nosso Deus e Pai seja a gló ria para todo o sempre! Um
homem.
21 Saudai a todos os santos em Cristo Jesus. Os irmã os que estã o

comigo vos saú dam. 22 Todos os santos vos saú dam, especialmente os
da casa de Cé sar.
23 A graça do Senhor Jesus Cristo esteja com todos você s. Um

homem.
Salmos 26
Por Davi.
1 Julga-me, Senhor, porque tenho andado na minha integridade.

També m con iei no Senhor sem vacilar.


2 Examina-me, Senhor, e prova-me.

Experimente meu coraçã o e minha mente.


3 Pois a tua benignidade está diante dos meus olhos.

Eu tenho andado em sua verdade.


4 Nã o me sentei com homens enganadores,

nem entrarei com hipó critas.


5 Detesto a assemblé ia de malfeitores,

e nã o se sentará com os ı́mpios.


6 Lavarei as mã os na inocê ncia,

por isso vou ao redor do teu altar, Yahweh,


7 para fazer ouvir a voz de açã o de graças

e conte todas as suas maravilhas.


8 Senhor, eu amo a habitaçã o da tua casa,

o lugar onde habita a tua gló ria.


9 Nã o reú na minha alma com pecadores,

nem minha vida com homens sanguiná rios;


10 em cujas mã os está a maldade,

sua mã o direita está cheia de subornos.

11 Mas, quanto a mim, andarei na minha integridade.

Redime-me e seja misericordioso comigo.


12 Meu pé está em um lugar plano.

Nas congregaçõ es bendirei a Javé .


Salmos 46
Para o Músico Chefe. Pelos ilhos de Coré. De acordo com Alamoth.
1 Deus é o nosso refú gio e fortaleza,

socorro bem presente na angú stia.


2 Por isso nã o temeremos, ainda que a terra mude,

embora as montanhas sejam abaladas no coraçã o dos mares;


3 ainda que as suas á guas rujam e se perturbem,

embora as montanhas estremeçam com o seu inchaço.


Selá .

4 Háum rio cujas correntes alegram a cidade de Deus,


o lugar santo das tendas do Altı́ssimo.
5 Deus está dentro dela. Ela nã o deve ser movida.

Deus a ajudará ao amanhecer.


6 As naçõ es se enfureceram. Os reinos foram movidos.

Ele ergueu a voz e a terra derreteu.


7 O Senhor dos Exé rcitos está conosco.

O Deus de Jacó é o nosso refú gio.


Selá .

8 Venham ver as obras de Yahweh,

que desolaçõ es fez na terra.


9 Ele faz cessar as guerras até os con ins da terra.

Ele quebra o arco e despedaça a lança.


Ele queima as carruagens no fogo.
10 “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus.

serei exaltado entre as naçõ es.


serei exaltado na terra”.
11 O Senhor dos Exé rcitos está conosco.

O Deus de Jacó é o nosso refú gio.


Selá .
1 João 3
1 Veja quã o grande amor o Pai nos deu, para que sejamos chamados

ilhos de Deus! Por isso o mundo nã o nos conhece, porque nã o o
conheceu. 2 Amados, agora somos ilhos de Deus. Ainda nã o está
revelado o que seremos; mas sabemos que quando ele for revelado,
seremos como ele; pois o veremos como ele é . 3 Todo aquele que tem
esta esperança nele se puri ica, assim como ele é puro. 4 Todo aquele
que peca també m comete iniqü idade. O pecado é a ilegalidade. 5 Você
sabe que ele foi revelado para tirar os nossos pecados, e nã o há pecado
nele. 6 Quem permanece nele nã o peca. Quem peca nã o o viu e nã o o
conhece.
7 Filhinhos, ningué m os engane. Aquele que pratica a justiça é justo,
assim como ele é justo. 8 Quem peca é do diabo, porque o diabo peca
desde o princı́pio. Para isso foi revelado o Filho de Deus: para destruir
as obras do diabo. 9 Quem é nascido de Deus nã o comete pecado,
porque a sua semente permanece nele, e nã o pode pecar, porque é
nascido de Deus. 10 Nisto sã o revelados os ilhos de Deus e os ilhos do
diabo. Quem nã o pratica a justiça nã o é de Deus, nem quem nã o ama
seu irmã o. 11 Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o
princı́pio: que nos amemos uns aos outros; 12 ao contrá rio de Caim, que
era do maligno, e matou seu irmã o. Por que ele o matou? Porque suas
açõ es eram má s, e as de seu irmã o justas.
13 Nã o se surpreenda, meus irmã os, se o mundo os odeia. 14

Sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os


irmã os. Aquele que nã o ama seu irmã o permanece na morte. 15 Quem
odeia seu irmã o é homicida, e você s sabem que nenhum homicida tem
a vida eterna nele.
16 Nisto conhecemos o amor, porque ele deu a sua vida por nó s. E

devemos dar nossas vidas pelos irmã os. 17 Mas quem tem bens do
mundo e vê o seu irmã o necessitado, fecha-lhe o seu coraçã o
compassivo, como permanece nele o amor de Deus? 18 Meus ilhinhos,
nã o amemos só de palavra, nem só de lı́ngua, mas em obras e em
verdade. 19 E nisto conhecemos que somos da verdade, e diante dele
persuadimos o nosso coraçã o, 20 porque, se o nosso coraçã o nos
condena, maior é Deus do que o nosso coraçã o e conhece todas as
coisas. 21 Amados, se o nosso coraçã o nã o nos condena, temos ousadia
para com Deus; 22 assim, tudo o que pedimos, dele recebemos, porque
guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradá vel aos seus
olhos. 23 Este é o seu mandamento, que creiamos no nome de seu Filho,
Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, como ele ordenou. 24 Quem
guarda os seus mandamentos permanece nele, e ele nele. Nisto
conhecemos que ele permanece em nó s, pelo Espı́rito que nos deu.
1 João 1
1 O que era desde o princı́pio, o que ouvimos, o que vimos com os

nossos olhos, o que vimos, e as nossas mã os tocaram no Verbo da vida


2 (e a vida foi revelada, e vimos , e testi icar, e anunciar-vos a vida, a

vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi revelada); 3 o que vimos e
ouvimos vos anunciamos, para que també m vó s tenhais comunhã o
conosco. Sim, e nossa comunhã o é com o Pai e com seu Filho, Jesus
Cristo. 4 E estas coisas vos escrevemos, para que se cumpra a nossa
alegria.
5 Esta é a mensagem que dele ouvimos e vos anunciamos, que Deus
é luz, e nele nã o há treva nenhuma. 6 Se dissermos que temos
comunhã o com ele e andarmos nas trevas, mentimos e nã o dizemos a
verdade. 7 Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está , temos
comunhã o uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos
puri ica de todo pecado. 8 Se dissermos que nã o temos pecado,
enganamo-nos a nó s mesmos, e a verdade nã o está em nó s. 9 Se
confessarmos os nossos pecados, ele é iel e justo para nos perdoar os
pecados e nos puri icar de toda injustiça. 10 Se dissermos que nã o
pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra nã o está em nó s.
Atos 17
1 Tendo passado por Anfı́polis e Apolô nia, chegaram a Tessalô nica,

onde havia uma sinagoga judaica. 2 Paulo, como era seu costume, foi ter
com eles e durante trê s sá bados arrazoou com eles sobre as Escrituras,
3 explicando e demonstrando que o Cristo devia padecer e ressuscitar

dentre os mortos, e dizendo: “Este Jesus, a quem eu vos proclamo, é o


Cristo”.
4 Alguns deles foram persuadidos e se juntaram a Paulo e Silas, uma

grande multidã o de gregos devotos, e nã o poucas mulheres


importantes. 5 Mas os judeus nã o persuadidos levaram alguns homens
perversos do mercado e, reunindo uma multidã o, izeram a cidade
estar em alvoroço. Atacando a casa de Jasã o, eles procuraram trazê -los
para o povo. 6 Como nã o os encontraram, arrastaram Jasã o e alguns
irmã os diante dos governantes da cidade, clamando: “Aqui vieram
també m aqueles que viraram o mundo de cabeça para baixo, 7 os quais
Jasã o recebeu. Todos eles agem contra os decretos de Cé sar, dizendo
que há outro rei, Jesus!” 8 A multidã o e os governantes da cidade
icaram perturbados quando ouviram essas coisas. 9 Depois de terem
tirado a segurança de Jasã o e dos outros, eles os soltaram. 10 Os irmã os
enviaram imediatamente Paulo e Silas à noite para Beré ia. Quando
chegaram, entraram na sinagoga judaica.
11 Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalô nica, porque de

bom grado receberam a palavra, examinando diariamente as Escrituras


para ver se estas coisas eram assim. 12 Muitos deles, pois, creram;
també m das mulheres gregas proeminentes, e nã o poucos homens. 13
Mas quando os judeus de Tessalô nica souberam que a palavra de Deus
havia sido proclamada por Paulo també m em Beré ia, eles també m
foram para lá , agitando as multidõ es. 14 Imediatamente os irmã os
enviaram Paulo para ir até o mar, e Silas e Timó teo ainda icaram ali. 15
Mas os que acompanhavam Paulo o levaram até Atenas. Recebendo um
mandamento a Silas e Timó teo de que fossem a ele muito rapidamente,
eles partiram.
16 Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espı́rito se irritou

nele ao ver a cidade cheia de ı́dolos. 17 Assim, discutia na sinagoga com


os judeus e os devotos, e na praça todos os dias com os que o
encontravam. 18 Alguns dos iló sofos epicuristas e estó icos també m
conversavam com ele. Alguns diziam: “O que esse tagarela quer dizer?”
Outros disseram: “Ele parece estar defendendo divindades
estrangeiras”, porque ele pregou Jesus e a ressurreiçã o.
19 Eles o agarraram e o levaram ao Areó pago, dizendo: “Podemos

saber o que é este novo ensinamento de que você está falando? 20 Pois
você traz certas coisas estranhas aos nossos ouvidos. Queremos saber,
portanto, o que essas coisas signi icam.” 21 Ora, todos os atenienses e
os estrangeiros que ali viviam nã o se ocupavam com outra coisa senã o
para contar ou ouvir alguma coisa nova.
22 Paulo estava no meio do Areó pago e disse: “Homens de Atenas,

vejo que você s sã o muito religiosos em todas as coisas. 23 Pois


enquanto eu passava e observava os objetos de sua adoraçã o, també m
encontrei um altar com esta inscriçã o: 'A UM DEUS DESCONHECIDO.' O
que, portanto, você adora na ignorâ ncia, eu anuncio a você . 24 O Deus
que fez o mundo e tudo o que nele há , sendo ele Senhor do cé u e da
terra, nã o habita em templos feitos por mã os humanas. 25 Ele nã o é
servido por mã os de homens, como se precisasse de alguma coisa,
visto que ele mesmo dá a todos a vida, o fô lego e todas as coisas. 26 Ele
fez de um só sangue todas as naçõ es dos homens para habitar sobre
toda a superfı́cie da terra, estabelecendo é pocas ixas e os limites das
suas habitaçõ es, 27 para que buscassem ao Senhor, se porventura o
alcançassem e o achassem ele, embora nã o esteja longe de cada um de
nó s. 28 'Pois nele vivemos, nos movemos e existimos'. Como alguns de
seus pró prios poetas disseram: 'Pois també m somos sua
descendê ncia.' 29 Sendo, pois, descendê ncia de Deus, nã o devemos
pensar que a natureza divina é como ouro, ou prata, ou pedra, gravada
pela arte e design do homem. 30 Os tempos de ignorâ ncia, portanto,
Deus ignorou. Mas agora ele ordena que todos, em todos os lugares, se
arrependam, 31 porque estabeleceu um dia em que com justiça há de
julgar o mundo, por meio do homem que destinou; do qual deu certeza
a todos os homens, ressuscitando-o dentre os mortos”.
32 Ora, quando ouviram falar da ressurreiçã o dos mortos, alguns

zombaram; mas outros disseram: “Queremos ouvi-lo novamente sobre


isso”.
33 Assim, Paulo saiu do meio deles. 34 Mas alguns homens se

juntaram a ele e creram, entre os quais també m estava Dionı́sio, o


Areopagita, e uma mulher chamada Dâ maris, e outros com eles.
Romanos 5
1 Justi icados, pois, pela fé , temos paz com Deus, por nosso Senhor
Jesus Cristo; 2 por quem també m temos acesso pela fé a esta graça na
qual estamos irmes. Alegramo-nos na esperança da gló ria de Deus. 3
Nã o só isso, mas també m nos regozijamos em nossos sofrimentos,
sabendo que o sofrimento produz perseverança; 4 e perseverança,
cará ter comprovado; e cará ter comprovado, a esperança; 5 e a
esperança nã o nos decepciona, porque o amor de Deus foi derramado
em nossos coraçõ es pelo Espı́rito Santo que nos foi dado. 6 Pois
enquanto ainda é ramos fracos, no tempo certo Cristo morreu pelos
ı́mpios. 7 Di icilmente se morrerá por um justo. No entanto, talvez para
uma boa pessoa algué m se atreveria a morrer. 8 Mas Deus elogia o seu
amor para conosco, em que Cristo morreu por nó s, sendo nó s ainda
pecadores.
9 Muito mais entã o, sendo agora justi
icados pelo seu sangue,
seremos salvos da ira de Deus por meio dele. 10 Pois se, sendo nó s
inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito
mais, estando reconciliados, seremos salvos por sua vida.
11 Nã o só isso, mas també m nos gloriamos em Deus por nosso
Senhor Jesus Cristo, por quem agora recebemos a reconciliaçã o. 12
Portanto, assim como por um homem entrou o pecado no mundo, e
pelo pecado a morte; assim a morte passou a todos os homens, porque
todos pecaram. 13 Porque até a lei havia pecado no mundo; mas o
pecado nã o é cobrado quando nã o há lei. 14 No entanto, a morte reinou
desde Adã o até Moisé s, mesmo sobre aqueles cujos pecados nã o foram
como a desobediê ncia de Adã o, que é um prenú ncio daquele que havia
de vir. 15 Mas o dom gratuito nã o é como a transgressã o. Pois, se pela
ofensa de um só morreram muitos, muito mais a graça de Deus se fez
presente, e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, abundou
para muitos. 16 A dá diva nã o é por meio de quem pecou; porque o
julgamento veio por um para a condenaçã o, mas o dom gratuito veio de
muitas ofensas para a justi icaçã o. 17 Porque, se pela ofensa de um, a
morte reinou por meio de um; muito mais os que recebem a
abundâ ncia da graça e do dom da justiça reinarã o em vida por meio de
um só , Jesus Cristo. 18 Assim, pois, como por uma só ofensa, todos os
homens foram condenados; mesmo assim, por um ato de justiça, todos
os homens foram justi icados para a vida. 19 Porque, assim como pela
desobediê ncia de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim
també m pela obediê ncia de um muitos serã o feitos justos. 20 Veio a lei
para que a transgressã o se multiplicasse; mas onde abundou o pecado,
superabundou a graça; 21 para que, assim como o pecado reinou na
morte, assim també m a graça reinasse pela justiça para a vida eterna,
por meio de Jesus Cristo nosso Senhor.
João 8
1 mas Jesus foi para o Monte das Oliveiras. 2 Ora, muito cedo pela

manhã , ele entrou novamente no templo, e todo o povo veio a ele.


Sentou-se e ensinou-os. 3 Os escribas e os fariseus trouxeram uma
mulher apanhada em adulté rio. Colocando-a no meio, 4 disseram-lhe:
“Mestre, encontramos esta mulher em adulté rio, em lagrante. 5 Ora, em
nossa lei, Moisé s nos ordenou que apedrejá ssemos essas mulheres. O
que entã o você diz sobre ela?” 6 Disseram isso testando-o, para que
tivessem de que o acusar.
Mas Jesus se abaixou e escreveu no chã o com o dedo. 7 Mas, como
eles continuavam a interrogá -lo, ele ergueu os olhos e lhes disse:
“Aquele que dentre vó s está sem pecado, atire-lhe a primeira pedra”. 8
Novamente ele se abaixou e escreveu no chã o com o dedo.
9 Eles, ouvindo isso, convencidos pela consciê ncia, saı́ram um a

um, começando pelos mais velhos até os ú ltimos. Jesus icou sozinho
com a mulher onde ela estava, no meio. 10 Jesus, levantando-se, viu-a e
disse: “Mulher, onde estã o os teus acusadores? Ningué m te condenou?”
11 Ela disse: “Ningué m, Senhor”.

Jesus disse: “Nem eu te condeno. Siga seu caminho. De agora em


diante, nã o peques mais.”
12 Novamente, portanto, Jesus lhes falou, dizendo: “Eu sou a luz do

mundo. Quem me segue nã o andará nas trevas, mas terá a luz da vida”.
13 Disseram-lhe, pois, os fariseus: “Tu dá s testemunho de ti mesmo.

Seu testemunho nã o é vá lido.”


14 Jesus lhes respondeu: “Ainda que eu dê testemunho de mim
mesmo, meu testemunho é verdadeiro, pois sei de onde vim e para
onde vou; mas você nã o sabe de onde eu vim, nem para onde vou. 15
Você julga de acordo com a carne. Eu nã o julgo ningué m. 16 Mesmo que
eu julgue, meu julgamento é verdadeiro, pois nã o estou sozinho, mas
estou com o Pai que me enviou. 17 També m está escrito em sua lei que
o testemunho de duas pessoas é vá lido. 18 Eu sou aquele que testi ica
de mim mesmo, e o Pai que me enviou testi ica de mim”.
19 Perguntaram-lhe, pois: “Onde está o teu Pai?”
Jesus respondeu: “Você s nã o conhecem nem a mim nem a meu Pai.
Se você me conhecesse, també m conheceria meu Pai”. 20 Jesus falou
estas palavras na tesouraria, enquanto ensinava no templo. No entanto,
ningué m o prendeu, porque sua hora ainda nã o havia chegado. 21 Jesus,
portanto, tornou a dizer-lhes: “Vou embora, e você s me buscarã o, e
morrerã o em seus pecados. Onde eu vou, você nã o pode vir.”
22 Os judeus, portanto, disseram: “Ele se matará , porque diz: 'Para

onde eu vou, você nã o pode ir' ?”


23 Ele lhes disse: “Você s sã o de baixo. Eu sou de cima. Você é deste
mundo. Eu nã o sou deste mundo. 24 Eu vos disse, pois, que morrereis
em vossos pecados; pois a menos que você acredite que eu sou ele,
você morrerá em seus pecados”.
25 Perguntaram-lhe, pois: “Quem é s tu?”

Disse-lhes Jesus: “Exatamente o que vos tenho dito desde o


princı́pio. 26 Tenho muitas coisas para falar e julgar a seu respeito. No
entanto, aquele que me enviou é verdadeiro; e as coisas que dele ouvi,
isso digo ao mundo”.
27 Eles nã o entenderam que ele lhes falava do Pai. 28 Jesus, pois,

disse-lhes: “Quando você s levantarem o Filho do Homem, entã o


saberã o que eu sou ele, e nada faço por mim mesmo, mas digo estas
coisas como meu Pai me ensinou. 29 Aquele que me enviou está
comigo. O Pai nã o me deixou sozinho, pois sempre faço as coisas que
lhe agradam”.
30 Enquanto ele falava essas coisas, muitos creram nele. 31 Jesus,

entã o, disse aos judeus que haviam crido nele: “Se você s
permanecerem na minha palavra, entã o você s sã o verdadeiramente
meus discı́pulos. 32 Você conhecerá a verdade, e a verdade o libertará ”.
33 Responderam-lhe: “Somos descendê ncia de Abraã o e nunca

fomos escravos de ningué m. Como você diz: 'Você será liberto' ?”


34 Jesus lhes respondeu: “Em verdade vos digo que todo aquele que

comete pecado é escravo do pecado. 35 Um servo nã o vive na casa para


sempre. Um ilho permanece para sempre. 36 Se, portanto, o Filho vos
libertar, sereis verdadeiramente livres. 37 Eu sei que você s sã o
descendentes de Abraã o, mas você s procuram me matar, porque minha
palavra nã o encontra lugar em você s. 38 digo as coisas que tenho visto
com meu Pai; e també m fazes as coisas que viste com teu pai”.
39 Responderam-lhe: “Nosso pai é Abraã o”.
Jesus lhes disse: “Se você s fossem ilhos de Abraã o, você s fariam
as obras de Abraã o. 40 Mas agora você procura me matar, um homem
que lhe disse a verdade que eu ouvi de Deus. Abraã o nã o fez isso. 41
Você faz as obras de seu pai.”
Disseram-lhe: “Nã o nascemos da imoralidade sexual. Nó s temos
um Pai, Deus.”
42 Por isso Jesus lhes disse: “Se Deus fosse seu pai, você s me

amariam, porque eu saı́ e vim de Deus. Pois eu nã o vim por mim
mesmo, mas ele me enviou. 43 Por que você nã o entende meu discurso?
Porque você nã o pode ouvir a minha palavra. 44 Você é do seu pai, o
diabo, e quer fazer os desejos do seu pai. Ele foi um assassino desde o
princı́pio, e nã o se manté m na verdade, porque nã o há verdade nele.
Quando ele fala uma mentira, ele fala sozinho; porque é mentiroso e pai
da mentira. 45 Mas porque eu digo a verdade, você nã o acredita em
mim. 46 Qual de você s me convence de pecado? Se eu digo a verdade,
por que você nã o acredita em mim? 47 Aquele que é de Deus ouve as
palavras de Deus. Por isso você nã o ouve, porque você nã o é de Deus”.
48 Entã o os judeus lhe responderam: “Nã o dizemos bem que você é
samaritano e tem um demô nio?”
49 Jesus respondeu: “Nã o tenho demô nio, mas honro meu Pai e

você s me desonram. 50 Mas eu nã o busco minha pró pria gló ria. Há
quem procura e julga. 51 Certamente, eu lhe digo, se uma pessoa
mantiver minha palavra, ela nunca verá a morte.”
52 Entã o os judeus lhe disseram: “Agora sabemos que você tem um
demô nio. Abraã o morreu, assim como os profetas; e você diz: 'Se um
homem mantiver minha palavra, ele nunca provará a morte.' 53 Você é
maior do que nosso pai, Abraã o, que morreu? Os profetas morreram.
Quem você se faz parecer?”
54 Jesus respondeu: “Se eu me glori ico, minha gló ria nã o é nada. E
meu Pai que me glori ica, de quem você s dizem que é nosso Deus. 55
Você nã o o conhece, mas eu o conheço. Se eu dissesse: 'Nã o o conheço',
seria como você , um mentiroso. Mas eu o conheço e mantenho sua
palavra. 56 Seu pai Abraã o se alegrou ao ver meu dia. Ele viu e icou
feliz”.
57 Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda nã o tens cinquenta anos!

Você viu Abraã o?”


58 Disse-lhes Jesus: Certamente, eu vos digo, antes que Abraã o

viesse à existê ncia, EU SOU. ”


59 Entã o pegaram em pedras para lhe atirar, mas Jesus estava

escondido e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim passou.


Mateus 13
1 Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. 2 Grandes
multidõ es se ajuntaram a ele, de modo que ele entrou num barco e
sentou-se; e toda a multidã o estava na praia. 3 Falou-lhes muitas coisas
por pará bolas, dizendo: “Eis que um lavrador saiu a semear. 4 Enquanto
ele semeava, algumas sementes caı́ram à beira da estrada, e os
pá ssaros vieram e as devoraram. 5 Outras caı́ram em terreno
pedregoso, onde nã o havia muita terra, e logo brotaram, porque nã o
tinham profundidade de terra. 6 Quando o sol nasceu, eles foram
queimados. Por nã o terem raiz, murcharam. 7 Outros caı́ram entre
espinhos. Os espinhos cresceram e os sufocaram. 8 Outras caı́ram em
boa terra e deram frutos: umas cem vezes mais, outras sessenta e
outras trinta. 9 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.
10 Os discı́pulos aproximaram-se e perguntaram-lhe: “Por que lhes

falas por pará bolas?”


11 Ele lhes respondeu: “A vó s é dado conhecer os misté rios do
Reino dos Cé us, mas a eles nã o é dado. 12 Pois a quem tem, se lhe dará , e
terá em abundâ ncia; mas a quem nã o tem, até o que tem lhe será tirado.
13 Por isso lhes falo por pará bolas, porque vendo, nã o vê em, e ouvindo,

nã o ouvem, nem entendem. 14 Neles se cumpre a profecia de Isaı́as, que


diz:
'Ouvindo você vai ouvir,
e de forma alguma entenderá ;
Vendo você vai ver,
e de modo algum perceberá ;
15 pois o coraçã o deste povo se tornou insensı́vel,

seus ouvidos estã o surdos de ouvir,


e eles fecharam os olhos;
ou talvez possam perceber com os olhos,
ouvir com os ouvidos,
entender com o coraçã o,
e viraria novamente,
e eu os curaria.'
16 “Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vê em; e os

vossos ouvidos, porque ouvem. 17 Pois certamente vos digo que muitos
profetas e justos desejaram ver as coisas que vedes e nã o as viram; e
ouvir as coisas que você ouve, e nã o as ouviu.
18 “Ouça, entã o, a pará bola do agricultor. 19 Quando algué m ouve a

palavra do Reino e nã o a entende, o maligno vem e arrebata o que foi


semeado em seu coraçã o. Isto é o que foi semeado à beira da estrada. 20
O que foi semeado nas rochas, este é aquele que ouve a palavra e logo a
recebe com alegria; 21 mas ele nã o tem raiz em si mesmo, mas
permanece por um tempo. Quando surge opressã o ou perseguiçã o por
causa da palavra, imediatamente ele tropeça. 22 O que foi semeado
entre os espinhos, este é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste
sé culo e o engano das riquezas sufocam a palavra, e ela se torna
infrutı́fera. 23 O que foi semeado em boa terra, este é aquele que ouve a
palavra e a entende, que certamente dá fruto e produz cem vezes mais,
sessenta e trinta”.
24 Propô s-lhes outra pará bola, dizendo: “O Reino dos Cé us é

semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo, 25


mas enquanto as pessoas dormiam, seu inimigo veio e semeou joio
també m no meio do trigo, e foi embora. 26 Mas quando a lâ mina brotou
e produziu grã os, entã o as ervas daninhas apareceram també m. 27 Os
servos do dono da casa vieram e lhe disseram: 'Senhor, você nã o
semeou boa semente em seu campo? De onde vieram essas ervas
daninhas?
28 “Ele lhes disse: 'Um inimigo fez isso.'

“Os servos lhe perguntaram: 'Você quer que nó s vamos recolhê -
los?'
29 “Mas ele disse: 'Nã o, para que, talvez, enquanto você
colhe o joio,
você arranca o trigo com ele. 30 Deixe que ambos cresçam juntos até a
colheita, e no tempo da colheita direi aos ceifeiros: “Primeiro, ajuntem
o joio e amarre-o em feixes para queimá -lo; mas ajunta o trigo no meu
celeiro”. '”
31 Propô s-lhes outra pará bola, dizendo: O Reino dos Cé us é

semelhante a um grã o de mostarda que um homem tomou e semeou


no seu campo, 32 que de fato é menor do que todas as sementes. Mas
quando cresce, é maior do que as ervas e torna-se uma á rvore, de modo
que as aves do cé u vê m e se alojam em seus galhos”.
33 Contou-lhes outra pará bola. “O Reino dos Cé us é
semelhante ao
fermento que uma mulher tomou e escondeu em trê s medidas de
farinha, até icar tudo levedado”.
34 Jesus falou todas essas coisas em pará bolas à s multidõ es; e sem

pará bola nã o lhes falava, 35 para que se cumprisse o que fora dito pelo
profeta, que dizia:
“Abrirei a minha boca em pará bolas;
Direi coisas ocultas desde a fundaçã o do mundo”.
36 Entã o Jesus despediu a multidã o e entrou na casa. Seus

discı́pulos aproximaram-se dele, dizendo: “Explica-nos a pará bola do


joio do campo”.
37 Ele lhes respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho
do Homem, 38 o campo é o mundo, as boas sementes sã o os ilhos do
Reino, e o joio sã o os ilhos do maligno. 39 O inimigo que os semeou é o
diabo. A colheita é o im dos tempos, e os ceifeiros sã o anjos. 40 Como,
portanto, o joio é recolhido e queimado com fogo; assim será no inal
desta era. 41 O Filho do Homem enviará os seus anjos, e eles ajuntarã o
do seu Reino todos os escâ ndalos e os que praticam a iniqü idade, 42 e
os lançará na fornalha de fogo. Haverá choro e ranger de dentes. 43
Entã o os justos brilharã o como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem
ouvidos para ouvir, ouça.
44 “Novamente, o Reino dos Cé us é
como um tesouro escondido no
campo, que um homem achou e escondeu. Na sua alegria, ele vai, vende
tudo o que tem e compra aquele campo.
45 “Novamente, o Reino dos Cé us é como um homem que é um
mercador em busca de pé rolas inas, 46 que, tendo encontrado uma
pé rola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou.
47 “Novamente, o Reino dos Cé us é como uma rede de arrasto que
foi lançada ao mar e apanhou peixes de toda espé cie, 48 que, quando
estava cheio, pescadores paravam na praia. Eles se sentaram e
juntaram os bons em recipientes, mas os ruins jogaram fora. 49 Assim
será no im do mundo. Os anjos virã o e separarã o os ı́mpios dos justos,
50 e os lançará na fornalha de fogo. Haverá choro e ranger de dentes”. 51

Jesus lhes disse: “Você s entenderam todas essas coisas?”


Eles lhe responderam: “Sim, Senhor”.
52 Ele lhes disse: “Portanto, todo escriba que se fez discı́pulo no

Reino dos cé us é como um homem que é chefe de famı́lia, que tira do
seu tesouro coisas novas e velhas”.
53 Quando Jesus terminou estas pará bolas, partiu dali. 54 Entrando

na sua terra, ensinou-os na sinagoga, de modo que icaram


maravilhados e perguntaram: “Onde este homem obteve esta
sabedoria e estas maravilhas? 55 Nã o é este o ilho do carpinteiro? Sua
mã e nã o se chama Maria, e seus irmã os Tiago, José , Simã o e Judas? 56
Nã o estã o todas as suas irmã s conosco? Onde entã o esse homem
conseguiu todas essas coisas?” 57 Eles foram ofendidos por ele.
Mas Jesus lhes disse: “Nã o há profeta sem honra, a nã o ser na sua
terra e na sua casa”. 58 Ele nã o fez muitos milagres ali por causa da
incredulidade deles.
Apocalipse 10
1 Vi descer do cé u um anjo poderoso, vestido de uma nuvem. Um

arco-ı́ris estava em sua cabeça. Seu rosto era como o sol, e seus pé s
como colunas de fogo. 2 Ele tinha na mã o um livrinho aberto. Ele pô s o
pé direito no mar e o esquerdo na terra. 3 Clamou em alta voz, como
ruge o leã o. Quando ele chorou, os sete trovõ es emitiram suas vozes. 4
Quando os sete trovõ es soaram, eu estava prestes a escrever; mas ouvi
uma voz do cé u que dizia: Sela as coisas que os sete trovõ es disseram e
nã o as escrevas.
5 O anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mã o
direita para o cé u, 6 e jurou por aquele que vive para todo o sempre, o
qual criou o cé u e o que nele há , a terra e as coisas que nela há , e o mar
e tudo o que nele há , para que nã o tardará mais, 7 mas nos dias da voz
do sé timo anjo, quando estiver para soar a trombeta, entã o o misté rio
de Deus será terminou, como ele declarou aos seus servos, os profetas.
8 A voz que ouvi do cé u, falando novamente comigo, disse: “Vá , pegue o

livro que está aberto na mã o do anjo que está sobre o mar e sobre a
terra”.
9 Fui até o anjo, dizendo-lhe que me entregasse o livrinho.
Ele me disse: “Pegue e coma. Isso tornará seu estô mago amargo,
mas em sua boca será doce como o mel”.
10 Tirei o livrinho da mã o do anjo e comi. Era doce como mel na

minha boca. Quando eu comi, meu estô mago icou amargo. 11 Eles me
disseram: “Você deve profetizar novamente sobre muitos povos,
naçõ es, lı́nguas e reis”.
Mateus 12
1 Naquele tempo, Jesus passou no sá bado pelos campos de trigo.

Seus discı́pulos estavam com fome e começaram a colher espigas e a


comer. 2 Mas os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: “Eis que os teus
discı́pulos fazem o que nã o é lı́cito fazer no sá bado”.
3 Mas ele lhes disse: “Você s nã o leram o que Davi fez quando teve

fome e os que estavam com ele? 4 como entrou na casa de Deus e


comeu o pã o da proposiçã o, que nã o lhe era lı́cito comer, nem aos que
estavam com ele, mas somente aos sacerdotes? 5 Ou você nã o leu na lei
que no dia de sá bado os sacerdotes no templo profanam o sá bado e sã o
inocentes? 6 Mas eu lhes digo que um maior que o templo está aqui. 7
Mas se você soubesse o que isso signi ica, 'Eu desejo misericó rdia, e
nã o sacrifı́cio', você nã o teria condenado os inocentes. 8 Pois o Filho do
Homem é Senhor do sá bado”.
9 Partiu dali e entrou na sinagoga deles. 10 E
eis que havia um
homem com a mã o ressequida. Eles lhe perguntaram: “E lı́cito curar no
sá bado?” para que o acusassem.
11 Ele lhes disse: “Qual é o homem entre você s que tem uma ovelha,
e se esta cair numa cova no dia de sá bado, nã o a agarrará e a tirará ? 12
De quanto mais valor é entã o um homem do que uma ovelha! Portanto,
é lı́cito fazer o bem no dia de sá bado”. 13 Entã o disse ao homem:
“Estende a mã o”. Ele o esticou; e foi restaurado inteiro, assim como o
outro. 14 Mas os fariseus saı́ram e conspiraram contra ele para destruı́-
lo.
15 Jesus, percebendo isso, retirou-se dali. Grandes multidõ es o

seguiram; e ele curou a todos, 16 e ordenou-lhes que nã o o dessem a


conhecer, 17 para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaı́as,
dizendo:
18 “Eis aqui o meu servo que escolhi,

meu amado em quem minha alma se compraz.


Eu colocarei meu Espı́rito sobre ele.
Ele proclamará justiça à s naçõ es.
19 Ele nã o lutará , nem gritará ,

nem ningué m ouvirá a sua voz nas ruas.


20 Ele nã o quebrará uma cana quebrada.

Ele nã o apagará um pavio fumegante,


até que conduza a justiça à vitó ria.
21 Em seu nome, as naçõ es terã o esperança”.

22 Entã o foi trazido a ele um endemoninhado, cego e mudo; e ele o

curou, de modo que o cego e o mudo falavam e viam. 23Todas as


multidõ es se admiravam e diziam: “Pode ser este o ilho de Davi?” 24
Mas quando os fariseus ouviram isso, disseram: “Este homem nã o
expulsa demô nios senã o por Belzebu, o prı́ncipe dos demô nios”.
25 Conhecendo seus pensamentos, Jesus lhes disse: “Todo reino

dividido contra si mesmo será assolado, e toda cidade ou casa dividida


contra si mesma nã o subsistirá . 26 Se Sataná s expulsa Sataná s, ele está
dividido contra si mesmo. Como entã o seu reino permanecerá ? 27 Se eu
expulso os demô nios por Belzebu, por quem os vossos ilhos os
expulsam? Portanto, eles serã o seus juı́zes. 28 Mas se eu pelo Espı́rito
de Deus expulso demô nios, entã o o Reino de Deus veio sobre você . 29
Ou como pode algué m entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens,
sem antes amarrar o valente? Entã o ele vai saquear sua casa.
30 “Quem nã o está comigo está contra mim, e quem comigo nã o
ajunta, espalha. 31 Por isso vos digo que todo pecado e blasfê mia serã o
perdoados aos homens, mas a blasfê mia contra o Espı́rito nã o será
perdoada aos homens. 32 Quem disser uma palavra contra o Filho do
Homem, isso lhe será perdoado; mas quem falar contra o Espı́rito
Santo, nã o lhe será perdoado, nem nesta era, nem na que há de vir.
33 “Ou torna a á rvore boa e seu fruto bom, ou torna a á rvore

corrupta e seu fruto corrupto; porque a á rvore é conhecida pelos seus


frutos. 34 Você s, descendê ncia de vı́boras, como podem, sendo maus,
falar coisas boas? Pois da abundâ ncia do coraçã o, a boca fala. 35 O bom
homem de seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do seu
mau tesouro tira coisas má s. 36 Digo-vos que de toda palavra frı́vola
que os homens disserem, dela darã o conta no dia do juı́zo. 37 Porque
pelas tuas palavras será s justi icado e pelas tuas palavras será s
condenado”.
38 Entã o alguns dos escribas e fariseus responderam: “Mestre,

queremos ver um sinal seu”.


39 Mas ele lhes respondeu: “Uma geraçã o má e adú ltera pede um
sinal, mas nenhum sinal lhe será dado senã o o sinal do profeta Jonas. 40
Pois assim como Jonas esteve trê s dias e trê s noites no ventre do
grande peixe, assim estará o Filho do Homem trê s dias e trê s noites no
seio da terra. 41 Os homens de Nı́nive se levantarã o no julgamento com
esta geraçã o e a condenarã o, pois se arrependeram com a pregaçã o de
Jonas; e eis que aqui está algué m maior do que Jonas. 42 A Rainha do Sul
se levantará no julgamento com esta geraçã o e a condenará , pois ela
veio dos con ins da terra para ouvir a sabedoria de Salomã o; e eis que
aqui está algué m maior do que Salomã o.
43 “Quando um espı́rito imundo sai de um homem, ele passa por

lugares á ridos em busca de descanso, e nã o o encontra. 44 Entã o ele diz:


'Voltarei para minha casa de onde vim;' e quando ele voltou, ele a
encontrou vazia, varrida e arrumada. 45 Entã o ele vai e leva consigo
outros sete espı́ritos piores do que ele, e eles entram e habitam ali. O
ú ltimo estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Assim
será també m para esta geraçã o má .”
46 Enquanto ele ainda falava à s multidõ es, eis que sua mã e e seus

irmã os estavam do lado de fora, procurando falar com ele. 47 Algué m


lhe disse: “Eis que tua mã e e teus irmã os estã o do lado de fora,
procurando falar contigo”.
48 Mas ele respondeu ao que lhe falava: “Quem é minha mã e?
Quem sã o meus irmã os?” 49 Ele estendeu a mã o para os discı́pulos e
disse: “Eis minha mã e e meus irmã os! 50 Pois quem faz a vontade de
meu Pai que está nos cé us, esse é meu irmã o, irmã e mã e”.
Marca 10
1 Ele saiu dali e foi até
os con ins da Judé ia e alé m do Jordã o.
Multidõ es se juntaram a ele novamente. Como ele costumava fazer, ele
estava novamente ensinando-os. 2 Os fariseus aproximaram-se dele,
testando-o, e perguntaram-lhe: “E lı́cito ao homem repudiar sua
mulher?”
3 Ele respondeu: “O que Moisé s ordenou a você ?”

4 Eles disseram: “Moisé s permitiu que se escrevesse uma certidã o

de divó rcio e se divorciasse dela”.


5 Mas Jesus lhes disse: “Por causa da dureza de seu coraçã o, ele lhes

escreveu este mandamento. 6 Mas desde o inı́cio da criaçã o, Deus os fez


homem e mulher. 7 Por isso o homem deixará pai e mã e e se unirá à sua
mulher, 8 e os dois se tornarã o uma só carne, para que já nã o sejam
dois, mas uma só carne. 9 Portanto, o que Deus ajuntou, ningué m
separe”.
10 Em casa, seus discı́pulos lhe perguntaram novamente sobre o

mesmo assunto. 11 Ele lhes disse: “Quem repudiar sua mulher e casar
com outra comete adulté rio contra ela. 12 Se uma mulher se divorciar
de seu marido e se casar com outro, ela comete adulté rio”.
13 Traziam-lhe criancinhas para que as tocasse, mas os discı́pulos

repreendiam aos que as traziam. 14 Mas, quando Jesus viu isso, icou
indignado e disse-lhes: “Deixai vir a mim as criancinhas! Nã o os proı́ba,
pois o Reino de Deus pertence a tais como estes. 15 Certamente vos
digo que quem nã o receber o Reino de Deus como uma criancinha, de
modo algum entrará nele.” 16 Ele os tomou nos braços e os abençoou,
impondo-lhes as mã os.
17 Ao sair pelo caminho, algué m correu até
ele, ajoelhou-se diante
dele e lhe perguntou: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida
eterna?”
18 Jesus lhe disse: “Por que você
me chama de bom? Ningué m é
bom, exceto um – Deus. 19 Você conhece os mandamentos: 'Nã o mate',
'Nã o cometa adulté rio', 'Nã o roube', 'Nã o dê falso testemunho', 'Nã o
defraude', 'Honre seu pai e sua mã e'. ”
20 Ele lhe disse: “Mestre, tenho observado todas essas coisas desde

a minha juventude”.
21 Jesus, olhando para ele, o amou e disse-lhe: “Falta-te uma coisa.

Vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terá s um tesouro no cé u; e
vem, segue-me, tomando a cruz”.
22 Mas seu rosto se abalou com essa palavra, e ele foi embora triste,

porque era um dos que possuı́am grandes bens. 23 Jesus olhou ao redor
e disse aos seus discı́pulos: “Como é difı́cil para aqueles que tê m
riquezas entrar no Reino de Deus!”
24 Os discı́pulos
icaram maravilhados com suas palavras. Mas Jesus
respondeu novamente: “Filhos, como é difı́cil para quem con ia nas
riquezas entrar no Reino de Deus! 25 E mais fá cil um camelo passar
pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.”
26 Eles icaram muito surpresos, dizendo-lhe: “Entã o, quem pode
ser salvo?”
27Jesus , olhando para eles, disse: “Para os homens é impossı́vel, mas
nã o para Deus, pois para Deus tudo é possı́vel”.
28Pedro começou a dizer-lhe: “Eis que deixamos tudo e te seguimos”.

29 Jesus disse: “Em verdade vos digo que nã o há ningué m que tenha
deixado casa, ou irmã os, ou irmã s, ou pai, ou mã e, ou mulher, ou ilhos,
ou terra, por minha causa e por causa de as boas notı́cias, 30 mas ele
receberá cem vezes mais agora neste tempo: casas, irmã os, irmã s,
mã es, ilhos e terras, com perseguiçõ es; e na era vindoura a vida eterna.
31 Mas muitos que sã o os primeiros serã o os ú ltimos; e o ú ltimo

primeiro.”
32 Estavam a caminho, subindo para Jerusalé m; e Jesus ia na frente

deles, e eles icaram maravilhados; e os que o seguiram icaram com


medo. Ele novamente tomou os doze e começou a contar-lhes as coisas
que iam acontecer com ele. 33 “Eis que estamos subindo para
Jerusalé m. O Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes
e aos escribas. Eles o condenarã o à morte e o entregarã o aos gentios. 34
Eles vã o zombar dele, cuspir nele, açoitá -lo e matá -lo. No terceiro dia
ele ressuscitará ”.
35 Tiago e Joã o,
ilhos de Zebedeu, aproximaram-se dele, dizendo:
“Mestre, queremos que faças por nó s tudo o que pedirmos”.
36 Ele lhes disse: “O que você s querem que eu faça por você s?”

37 Responderam-lhe: Concede-nos que nos assentemos um à tua


direita e outro à tua esquerda, na tua gló ria.
38 Mas Jesus lhes disse: “Você s nã o sabem o que estã o pedindo.

Você pode beber o cá lice que eu bebo e ser batizado com o batismo
com que eu sou batizado?”
39 Responderam-lhe: “Podemos”.

Jesus disse-lhes: “De fato bebereis o cá lice que eu bebo, e sereis
batizados com o batismo com que eu sou batizado; 40 mas sentar-se à
minha direita e à minha esquerda nã o é meu para dar, mas para quem
foi preparado”.
41 Quando os dez ouviram isso, começaram a icar indignados com
Tiago e Joã o.
42 Jesus os chamou e lhes disse: “Você s sabem que aqueles que sã o

reconhecidos como governantes das naçõ es as dominam, e seus


grandes exercem autoridade sobre elas. 43 Mas nã o será assim entre
vó s, mas quem quiser tornar-se grande entre vó s será vosso servo. 44
Quem de você s quiser ser o primeiro entre você s, será servo de todos.
45 Pois també m o Filho do Homem nã o veio para ser servido, mas para

servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.


46 Eles chegaram a Jericó . Ao sair de Jericó , com seus discı́pulos e

uma grande multidã o, o ilho de Timeu, Bartimeu, um mendigo cego,


estava sentado à beira do caminho. 47 Ao saber que era Jesus o
Nazareno, começou a gritar e a dizer: “Jesus, ilho de Davi, tem
misericó rdia de mim!” 48 Muitos o repreendiam para que se calasse,
mas ele clamava muito mais: “Filho de Davi, tem misericó rdia de mim!”
49 Jesus parou e disse: “Chamem-no”.

Chamaram o cego, dizendo-lhe: “Anime-se! Levante. Ele está


chamando você !”
50 Ele, jogando fora o seu manto, deu um pulo e foi ter com Jesus.

51 Jesus lhe perguntou: “O que você quer que eu faça por você ?”
O cego lhe disse: “Raboni, para que eu veja novamente”.
52 Jesus lhe disse: “Vai. Sua fé
o curou”. Imediatamente ele
recuperou a visã o e seguiu Jesus pelo caminho.
Lucas 18
1 Contou-lhes també m uma pará bola para que orassem sempre e

nã o desanimassem, 2 dizendo: “Havia em certa cidade um juiz que nã o


temia a Deus e nã o respeitava os homens. 3 Uma viú va estava naquela
cidade e muitas vezes vinha a ele, dizendo: 'Defenda-me do meu
adversá rio!' 4 Ele nã o quis por um tempo, mas depois disse a si mesmo:
'Embora eu nã o tema a Deus, nem respeite o homem, 5 no entanto,
porque esta viú va me incomoda, eu a defenderei, ou entã o ela me
esgotará por sua contı́nua vinda.' ”
6 O Senhor disse: “Ouçam o que o juiz injusto diz. 7 Deus nã o vingará

seus escolhidos que clamam a ele dia e noite, e ainda assim exerce
paciê ncia com eles? 8 Eu lhe digo que ele os vingará rapidamente. No
entanto, quando o Filho do Homem vier, encontrará fé na terra?”
9 Ele també m contou esta pará bola a certas pessoas que estavam

convencidas de sua pró pria justiça e que desprezavam todos os outros.


10 “Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro

cobrador de impostos. 11 O fariseu se levantou e orou para si mesmo


assim: 'Deus, eu te agradeço porque nã o sou como o resto dos homens,
extorsioná rios, injustos, adú lteros, ou mesmo como este cobrador de
impostos. 12 Eu jejuo duas vezes por semana. Dou o dı́zimo de tudo o
que recebo.' 13 Mas o cobrador de impostos, que estava longe, nem
mesmo levantava os olhos para o cé u, mas batia no peito, dizendo:
'Deus, tem misericó rdia de mim, pecador!' 14 Digo-vos que este desceu
justi icado para sua casa, e nã o aquele; porque todo aquele que se
exalta será humilhado, mas quem se humilha será exaltado”.
15 També m lhe traziam seus bebê s, para que os tocasse. Mas

quando os discı́pulos viram isso, eles os repreenderam. 16 Jesus os


chamou, dizendo: “Deixai vir a mim os pequeninos, e nã o os impeçais,
porque o Reino de Deus pertence a eles. 17 Certamente, eu lhes digo,
quem nã o recebe o Reino de Deus como uma criança, de modo algum
entrará nele”.
18 Um certo governante perguntou-lhe, dizendo: “Bom Mestre, que

farei para herdar a vida eterna?”


19 Jesus lhe perguntou: “Por que você me chama de bom? Ningué m
é bom, exceto um: Deus. 20 Você conhece os mandamentos: 'Nã o
cometa adulté rio', 'Nã o mate', 'Nã o roube', 'Nã o dê falso testemunho',
'Honre seu pai e sua mã e'. ”
21 Ele disse: “Tenho observado todas essas coisas desde a minha

juventude”.
22 Quando Jesus ouviu essas coisas, disse-lhe: “Ainda te falta uma

coisa. Venda tudo o que você tem e distribua aos pobres. Entã o você
terá um tesouro no cé u; entã o venha, siga-me.”
23 Mas, ao ouvir essas coisas, icou muito triste, porque era muito
rico.
24 Jesus, vendo que estava muito triste, disse: “Como é
difı́cil para
os ricos entrar no Reino de Deus! 25 Pois é
mais fá cil um camelo entrar
pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.”
26 Os que ouviram disseram: “Entã o, quem pode ser salvo?”

27 Mas ele disse: “As coisas que sã o impossı́veis aos homens sã o

possı́veis a Deus”.
28Pedro disse: “Eis que deixamos tudo e te seguimos”.

29 Ele lhes disse: “Em verdade vos digo que ningué m há
que tenha
deixado casa, ou mulher, ou irmã os, ou pais, ou ilhos, por amor do
Reino de Deus, 30 que nã o receberá muitas vezes mais neste tempo e no
mundo vindouro, a vida eterna”.
31 Ele chamou os doze à parte e lhes disse : “Eis que estamos
subindo para Jerusalé m, e todas as coisas que foram escritas pelos
profetas a respeito do Filho do Homem serã o cumpridas. 32 Pois ele
será entregue aos gentios, será escarnecido, tratado com vergonha e
cuspido. 33 Eles vã o açoitá -lo e matá -lo. No terceiro dia, ele
ressuscitará ”.
34 Eles nã o entendiam nada dessas coisas. Este ditado foi

escondido deles, e eles nã o entenderam as coisas que foram ditas. 35 Ao


chegar perto de Jericó , um cego estava sentado à beira do caminho,
mendigando. 36 Ouvindo uma multidã o passar, ele perguntou o que isso
signi icava. 37 Disseram-lhe que Jesus de Nazaré estava passando. 38 Ele
gritou: “Jesus, ilho de Davi, tem misericó rdia de mim!” 39 Os que
passavam pelo caminho o repreendiam para que se calasse; mas ele
clamava ainda mais: “Filho de Davi, tem misericó rdia de mim!”
40 Parado, Jesus mandou que o trouxessem. Quando ele se

aproximou, perguntou-lhe, 41 "O que você quer que eu faça?"


Ele disse: “Senhor, para que eu veja novamente”.
42 Disse-lhe Jesus: “Recupere a vista. Sua fé o curou”.
43 Imediatamente ele recuperou a visã o e o seguiu, glori icando a
Deus. Todo o povo, quando o viu, louvou a Deus.
Lucas 10
1 Depois destas coisas, o Senhor també m designou outros setenta, e

os enviou dois a dois adiante dele a todas as cidades e lugares onde ele
havia de vir. 2 Entã o ele lhes disse: “A colheita é grande, mas os
trabalhadores sã o poucos. Rogai, pois, ao Senhor da messe, para que
envie trabalhadores para a sua messe. 3 Siga seus caminhos. Eis que
vos envio como cordeiros entre lobos. 4 Nã o leve bolsa, nem carteira,
nem sandá lias. Nã o cumprimente ningué m no caminho. 5 Em qualquer
casa que você entrar, primeiro diga: 'Paz seja com esta casa.' 6 Se
houver um ilho da paz, a vossa paz repousará sobre ele; mas se nã o, ele
retornará para você . 7 Permaneçam nessa mesma casa, comendo e
bebendo das coisas que dã o, pois o trabalhador é digno de seu salá rio.
Nã o vá de casa em casa. 8 Em qualquer cidade que você entrar, e eles te
receberem, coma as coisas que estã o diante de você . 9 Cure os
enfermos que estã o ali e diga-lhes: 'O Reino de Deus se aproximou de
você s'. 10 Mas, em qualquer cidade em que entrares e nã o te receberem,
sai pelas suas ruas e dize: 11 'Até a poeira da sua cidade que se apega a
nó s, nó s limpamos contra você . No entanto, saiba disso, que o Reino de
Deus se aproximou de você .' 12 Eu lhe digo, será mais tolerá vel naquele
dia para Sodoma do que para aquela cidade.
13 “Ai de você , Corazim! Ai de ti, Betsaida! Pois, se em Tiro e Sidom

tivessem sido feitos os milagres que foram feitos em você , eles teriam
se arrependido há muito tempo, sentados em pano de saco e cinza. 14
Mas será mais tolerá vel para Tiro e Sı́don no julgamento do que para
você . 15 Tu, Cafarnaum, que é s elevada ao cé u, será s rebaixada ao
Hades. 16 Quem te ouve, a mim ouve, e quem te rejeita, a mim rejeita.
Quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”.
17 Os setenta voltaram com alegria, dizendo: “Senhor, até os
demô nios estã o sujeitos a nó s em teu nome!”
18 Ele lhes disse: “Eu vi Sataná s caindo do cé u como um relâ mpago.
19 Eis que vos dou autoridade para pisardes serpentes e escorpiõ es, e

sobre todo o poder do inimigo. Nada vai te machucar de forma alguma.


20 No entanto, nã o se regozije com isso, que os espı́ritos estã o sujeitos

a você , mas regozije-se porque seus nomes estã o escritos no cé u”.
21 Naquela mesma hora, Jesus se alegrou no Espı́rito Santo e disse:

“Graças te dou, ó Pai, Senhor do cé u e da terra, porque ocultaste estas


coisas aos sá bios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim,
padre, pois assim foi agradá vel aos seus olhos.
22 Voltando-se para os discı́pulos, disse: “Todas as coisas me foram

entregues por meu Pai. Ningué m sabe quem é o Filho, exceto o Pai, e
quem é o Pai, exceto o Filho, e aquele a quem o Filho quiser revelá -lo”.
23 Voltando-se para os discı́pulos, disse em particular: “Bem-

aventurados os olhos que vê em o que vedes, 24 porque eu vos digo que
muitos profetas e reis desejaram ver o que vedes, e nã o o viram, e ouvir
o que ouvis, e nã o o ouviram”.
25 Eis que um certo doutor da lei se levantou e o testou, dizendo:

“Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”


26 Ele lhe disse: “O que está escrito na lei? Como você lê ?”
27 Ele respondeu: “Amará s o Senhor teu Deus de todo o teu coraçã o,

de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu


entendimento; e ao teu pró ximo como a ti mesmo”.
28 Ele lhe disse: “Você respondeu corretamente. Faça isso e você
viverá .”
29 Mas ele, querendo justi icar-se, perguntou a Jesus: “Quem é o
meu pró ximo?”
30 Jesus respondeu: “Certo homem descia de Jerusalé m para Jericó e
caiu nas mã os de assaltantes, que o despojaram e o espancaram, e
partiram, deixando-o semimorto. 31 Por acaso um certo padre estava
descendo por ali. Quando o viu, passou do outro lado. 32 Da mesma
forma també m um levita, quando chegou ao lugar e o viu, passou do
outro lado. 33 Mas um certo samaritano, enquanto viajava, chegou onde
ele estava. Ao vê -lo, sentiu compaixã o, 34 aproximou-se dele e atou-lhe
as feridas, deitando azeite e vinho. Ele o colocou em seu pró prio
animal, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. 35 No dia seguinte,
ao partir, tirou dois dená rios, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida
dele. O que você gastar alé m disso, eu lhe pagarei quando voltar.' 36
Agora, qual destes trê s você acha que parecia ser o pró ximo daquele
que caiu entre os ladrõ es?”
37 Ele disse: “Aquele que se compadeceu dele”.

Entã o Jesus lhe disse: “Vá e faça o mesmo”.


38 No caminho, ele entrou em certa aldeia, e certa mulher chamada

Marta o recebeu em sua casa. 39 Ela tinha uma irmã chamada Maria,
que també m estava sentada aos pé s de Jesus e ouviu a sua palavra. 40
Mas Marta estava distraı́da com muito serviço, e ela se aproximou dele
e disse: “Senhor, você nã o se importa que minha irmã me deixou para
servir sozinha? Peça-lhe, portanto, que me ajude.”
41 Jesus respondeu: “Marta, Marta, vocêestá ansiosa e preocupada
com muitas coisas, 42 mas uma coisa é necessá ria. Maria escolheu a
parte boa, que nã o lhe será tirada”.
1 Coríntios 2
1 Quando fui ter convosco, irmã os, nã o vim com excelê ncia de

palavra nem de sabedoria, anunciando-vos o testemunho de Deus. 2


Porque decidi nada saber entre vó s, a nã o ser Jesus Cristo e este
cruci icado. 3 Estive convosco em fraqueza, em temor e em muito
tremor. 4 O meu discurso e a minha pregaçã o nã o consistiram em
palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstraçã o do
Espı́rito e de poder, 5 para que a vossa fé nã o se apoiasse na sabedoria
dos homens, mas no poder de Deus.
6 Falamos sabedoria, no entanto, entre aqueles que sã o adultos,

mas uma sabedoria nã o deste mundo, nem dos governantes deste
mundo que estã o chegando a nada. 7 Mas nó s falamos a sabedoria de
Deus em misté rio, a sabedoria escondida, a qual Deus predestinou
antes dos mundos para nossa gló ria, 8 a qual nenhum dos prı́ncipes
deste mundo conheceu. Pois se eles soubessem, eles nã o teriam
cruci icado o Senhor da gló ria. 9 Mas, como está escrito,
“Coisas que o olho nã o viu, e o ouvido nã o ouviu,
que nã o entrou no coraçã o do homem,
estes Deus preparou para aqueles que o amam”.
10 Mas para nó s, Deus os revelou atravé s do Espı́rito. Pois o Espı́rito

sonda todas as coisas, sim, as profundezas de Deus. 11 Pois quem entre


os homens conhece as coisas do homem, exceto o espı́rito do homem,
que está nele? Mesmo assim, ningué m conhece as coisas de Deus,
exceto o Espı́rito de Deus. 12 Mas nó s nã o recebemos o espı́rito do
mundo, mas o Espı́rito que vem de Deus, para que pudé ssemos
conhecer as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus. 13
Estas coisas també m falamos, nã o com palavras ensinadas pela
sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espı́rito Santo, comparando as
coisas espirituais com as espirituais. 14 Ora, o homem natural nã o
recebe as coisas do Espı́rito de Deus, porque para ele sã o loucura, e ele
nã o pode conhecê -las, porque elas se discernem espiritualmente. 15
Mas aquele que é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo nã o é
julgado por ningué m. 16 “Pois quem conheceu a mente do Senhor, para
que o instrua?” Mas nó s temos a mente de Cristo.
Mateus 22
1 Respondeu-lhes Jesus e tornou a falar-lhes por pará bolas, dizendo:
2 “O Reino dos Cé us é
como um certo rei, que fez uma festa de
casamento para seu ilho, 3 e enviou seus servos para chamar os
convidados para a festa de casamento, mas eles nã o quiseram vir. 4 De
novo enviou outros servos, dizendo: 'Dizei aos convidados: Eis que
preparei o meu jantar. Meu gado e meus ilhotes estã o mortos, e todas
as coisas estã o prontas. Venha para a festa de casamento!” ' 5 Mas eles
izeram pouco caso e seguiram seus caminhos, um para sua pró pria
fazenda, outro para sua mercadoria; 6 e os outros agarraram seus
servos, trataram-nos vergonhosamente e os mataram. 7 Quando o rei
ouviu isso, ele icou irado e enviou seus exé rcitos, destruiu aqueles
assassinos e queimou a cidade deles.
8 “Entã o ele disse aos seus servos: 'As bodas estã o prontas, mas os

convidados nã o eram dignos. 9 Vá , portanto, para os cruzamentos das


estradas, e quantos você encontrar, convide para a festa de casamento.'
10 Aqueles servos saı́ram pelos caminhos e reuniram quantos

encontraram, maus e bons. O casamento estava cheio de convidados.


11 “Mas quando o rei entrou para ver os convidados, viu ali um

homem que nã o estava vestido com roupas de casamento, 12 e ele lhe
disse: 'Amigo, como você entrou aqui sem roupa de casamento?' Ele
icou sem palavras. 13 Entã o o rei disse aos servos: 'Amarrem-no de pé s
e mã os, levem-no e joguem-no nas trevas exteriores. E aı́ que haverá
choro e ranger de dentes.' 14 Pois muitos sã o chamados, mas poucos
escolhidos.”
15 Entã o os fariseus foram e deliberaram sobre como poderiam

enganá -lo em sua conversa. 16 Enviaram-lhe seus discı́pulos,


juntamente com os herodianos, dizendo: “Mestre, sabemos que você é
honesto e ensina o caminho de Deus em verdade, nã o importa a quem
você ensine; pois você nã o é parcial com ningué m. 17 Diga-nos,
portanto, o que você acha? E lı́cito pagar impostos a Cé sar ou nã o?”
18 Mas Jesus percebeu a maldade deles e disse: “Por que você s me

provam, hipó critas? 19 Mostre-me o dinheiro dos impostos.”


Trouxeram-lhe um dená rio.
20 Ele lhes perguntou: “De quem é esta imagem e esta inscriçã o?”
21 Responderam-lhe: “De Cé sar”.

Entã o lhes disse: “Dai, pois, a Cé sar o que é de Cé sar, e a Deus o
que é de Deus”.
22 Ao ouvirem isso, maravilharam-se, deixaram-no e foram embora.

23 Naquele dia, os saduceus (os que dizem que nã o há ressurreiçã o)
vieram a ele. Perguntaram-lhe, 24 dizendo: “Mestre, Moisé s disse: 'Se
um homem morrer, nã o tendo ilhos, seu irmã o se casará com sua
mulher e dará descendê ncia a seu irmã o'. 25 Ora, havia conosco sete
irmã os. O primeiro casou-se e morreu, e sem descendê ncia deixou a
mulher ao irmã o. 26 Assim també m o segundo, e o terceiro até o sé timo.
27 Depois de todos eles, a mulher morreu. 28 Portanto, na ressurreiçã o,

de quem ela será esposa dos sete? Pois todos eles a tiveram.”
29 Mas Jesus lhes respondeu: “Você s estã o enganados, nã o

conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus. 30 Pois na ressurreiçã o


eles nã o se casam nem se dã o em casamento, mas sã o como os anjos
de Deus no cé u. 31 Mas quanto à ressurreiçã o dos mortos, nã o lestes o
que vos foi dito por Deus, dizendo: 32 'Eu sou o Deus de Abraã o, e o
Deus de Isaque, e o Deus de Jacó ?' Deus nã o é o Deus dos mortos, mas
dos vivos”.
33 Quando as multidõ es ouviram isso, icaram maravilhadas com o
seu ensino.
34 Mas os fariseus, quando souberam que ele havia silenciado os

saduceus, reuniram-se. 35 Um deles, um advogado, fez-lhe uma


pergunta, testando-o. 36 “Mestre, qual é o maior mandamento da lei?”
37 Disse-lhe Jesus: 'Amará s o Senhor teu Deus de todo o teu coraçã o,

de toda a tua alma e de todo o teu entendimento'. 38 Este é o primeiro e


grande mandamento. 39 Uma segunda també m é esta: 'Amará s o teu
pró ximo como a ti mesmo'. 40 Toda a lei e os profetas dependem desses
dois mandamentos”.
41 Enquanto os fariseus estavam reunidos, Jesus lhes fez uma

pergunta, 42 dizendo: “O que você s acham do Cristo? De quem é ilho?”


Disseram-lhe: “De Davi”.
43 Ele lhes disse: “Como, pois, Davi, no Espı́rito, o chama Senhor,

dizendo:
44 'O Senhor disse ao meu Senhor,

sente-se à minha direita,


até que eu faça dos teus inimigos um escabelo para os teus pé s'?
45 “Se Davi o chama de Senhor, como ele é seu ilho?”
46 Ningué m foi capaz de lhe responder uma palavra, nem qualquer

homem ousou fazer-lhe mais perguntas daquele dia em diante.


1 Coríntios 15
1 Agora, irmã os, vos anuncio a Boa Nova que vos anunciei, a qual

també m recebestes, na qual també m estais, 2 pela qual també m sois


salvos, se mantiverdes irmemente a palavra que vos anunciei, a menos
que você acreditou em vã o. 3 Porque primeiramente vos entreguei o
que també m recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo
as Escrituras, 4 que foi sepultado, que ressuscitou ao terceiro dia,
segundo as Escrituras, 5 e que apareceu a Cefas, depois aos doze. 6
Entã o ele apareceu a mais de quinhentos irmã os de uma só vez, a
maioria dos quais permanece até agora, mas alguns també m
adormeceram. 7 Depois apareceu a Tiago, depois a todos os apó stolos, 8
e por ú ltimo, quanto ao menino nascido fora de hora, apareceu també m
a mim. 9 Pois eu sou o menor dos apó stolos, que nã o sou digno de ser
chamado apó stolo, porque persegui a assemblé ia de Deus. 10 Mas pela
graça de Deus sou o que sou. Sua graça que me foi dada nã o foi fú til,
mas trabalhei mais do que todos eles; contudo, nã o eu, mas a graça de
Deus que estava comigo. 11 Se, pois, sou eu ou eles, assim pregamos, e
assim creste.
12 Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como

dizem alguns de vó s que nã o há ressurreiçã o de mortos? 13 Mas, se nã o
há ressurreiçã o de mortos, també m Cristo nã o ressuscitou. 14 Se Cristo
nã o ressuscitou, é vã a nossa pregaçã o, e vã també m a vossa fé . 15 Sim,
també m nó s fomos achados falsas testemunhas de Deus, porque
demos testemunho de Deus que ressuscitou a Cristo, a quem nã o
ressuscitou, se é para que os mortos nã o ressuscitem. 16 Porque, se os
mortos nã o ressuscitaram, també m Cristo nã o ressuscitou. 17 Se Cristo
nã o ressuscitou, é vã a vossa fé ; você ainda está em seus pecados. 18
Entã o també m os que dormiram em Cristo pereceram. 19 Se esperamos
em Cristo somente nesta vida, somos de todos os homens os mais
miserá veis.
20 Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos. Ele se tornou o

primeiro fruto dos que dormem. 21 Pois, como a morte veio por meio
do homem, també m a ressurreiçã o dos mortos veio por meio do
homem. 22 Pois assim como todos morrem em Adã o, assim també m
todos serã o vivi icados em Cristo. 23 Mas cada um por sua ordem:
Cristo as primı́cias, depois os que sã o de Cristo, na sua vinda. 24 Entã o
virá o im, quando ele entregará o Reino a Deus, o Pai, quando ele tiver
abolido todo governo e toda autoridade e poder. 25 Pois ele deve reinar
até que ponha todos os seus inimigos debaixo de seus pé s. 26 O ú ltimo
inimigo que será abolido é a morte. 27 Pois, “Ele pô s todas as coisas em
sujeiçã o debaixo de seus pé s”. Mas quando ele diz: “Todas as coisas
estã o sujeitas”, é evidente que ele é excluı́do que sujeitou todas as
coisas a ele. 28 Quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, entã o
també m o Filho se sujeitará à quele que lhe sujeitou todas as coisas,
para que Deus seja tudo em todos.
29 Ou entã o, o que farã o os que sã o batizados pelos mortos? Se os

mortos nã o ressuscitam, por que entã o sã o batizados pelos mortos? 30
Por que també m corremos perigo a cada hora? 31 A irmo que pela
gló ria que tenho em vó s em Cristo Jesus, nosso Senhor, morro cada dia.
32 Se eu briguei com animais em Efeso para ins humanos, que me

aproveita? Se os mortos nã o ressuscitarem, entã o “vamos comer e


beber, porque amanhã morreremos”. 33 Nã o se deixe enganar! “As má s
companhias corrompem a boa moral.” 34 Acordem com retidã o e nã o
pequem, pois alguns nã o tê m conhecimento de Deus. Digo isso para
sua vergonha.
35 Mas algué m dirá : “Como ressuscitam os mortos?” e, “Com que

tipo de corpo eles vê m?” 36 Tolo, o que tu mesmo semeias nã o vivi ica
se nã o morrer. 37 Aquilo que você semeia, você nã o semeia o corpo que
será , mas um grã o nu, talvez de trigo, ou de algum outro tipo. 38 Mas
Deus lhe dá um corpo como lhe aprouve, e a cada semente um corpo
pró prio. 39 Nem toda carne é a mesma carne, mas há uma carne de
homens, outra carne de animais, outra de peixes e outra de aves. 40
Existem també m corpos celestes e corpos terrestres; mas a gló ria do
celestial difere da do terrestre. 41 Há uma gló ria do sol, outra gló ria da
lua e outra gló ria das estrelas; pois uma estrela difere de outra estrela
em gló ria. 42 Assim també m é a ressurreiçã o dos mortos. O corpo é
semeado perecı́vel; é elevado imperecı́vel. 43 E semeado em desonra; é
ressuscitado em gló ria. E semeado na fraqueza; é elevado no poder. 44
Semeia-se um corpo natural; é ressuscitado um corpo espiritual. Existe
um corpo natural e també m existe um corpo espiritual.
45 Assim també m está escrito: “O primeiro homem, Adã o, foi feito
alma vivente”. O ú ltimo Adã o tornou-se um espı́rito vivi icante. 46
Entretanto, nã o é primeiro o que é espiritual, mas o que é natural,
depois o que é espiritual. 47 O primeiro homem é da terra, feito de pó . O
segundo homem é o Senhor do cé u. 48 Como é o pó , tais sã o os que
també m sã o pó ; e qual é o celestial, tais també m sã o os celestiais. 49
Assim como trouxemos a imagem dos feitos do pó , levemos també m a
imagem do celestial. 50 Agora eu digo isto, irmã os, que carne e sangue
nã o podem herdar o Reino de Deus; nem o perecı́vel herda o
imperecı́vel.
51 Eis que vos digo um misté rio. Nem todos dormiremos, mas todos

seremos transformados, 52 em um momento, num abrir e fechar de


olhos, ao som da ú ltima trombeta. Pois a trombeta soará e os mortos
ressuscitarã o incorruptı́veis, e nó s seremos transformados. 53 Pois este
corpo perecı́vel deve tornar-se imperecı́vel, e este mortal deve revestir-
se da imortalidade. 54 Mas quando este corpo perecı́vel se tornar
imperecı́vel, e este mortal se revestir da imortalidade, entã o
acontecerá o que está escrito: “Tragada foi a morte na vitó ria”.
55 “Morte, onde está o seu aguilhã o?

Hades, onde está sua vitó ria?”


56 O aguilhã o da morte é
o pecado, e o poder do pecado é a lei. 57
Mas graças a Deus, que nos dá a vitó ria por nosso Senhor Jesus Cristo.
58 Portanto, meus amados irmã os, sede irmes, inabalá veis, sempre

abundantes na obra do Senhor, porque você s sabem que o seu trabalho


nã o é vã o no Senhor.
Sabedoria de Salomão 5
1 Entã o o justo se levantarácom grande ousadia
diante da face dos que o a ligiram,
e aqueles que fazem seu trabalho sem importâ ncia.
2 Quando o virem, icarã o a litos com um medo terrı́vel,

e icarã o maravilhados com a maravilha da salvaçã o.


3 Falarã o entre si arrependidos,

e por angú stia de espı́rito gemerã o,


“Este era aquele que costumá vamos desprezar,
como uma pará bola de reprovaçã o.
4 Nó s, tolos, consideramos sua vida uma loucura,

e seu im sem honra.


5 Como ele foi contado entre os ilhos de Deus?

Como é a sua sorte entre os santos?


6 Verdadeiramente nos desviamos do caminho da verdade.

A luz da justiça nã o brilhou para nó s.


O sol nã o nasceu para nó s.
7 Nos fartamos das veredas da iniquidade e da destruiçã o.

Viajamos por desertos sem trilhas,


mas nã o conhecı́amos o caminho do Senhor.
8 De que nos bene iciou a nossa arrogâ ncia?

Que bem nos trouxeram as riquezas e a jactâ ncia?


9 Todas essas coisas passaram como sombra,

como uma mensagem que passa,


10 como um navio que passa pelas á guas agitadas,

que, quando passa, nã o há vestı́gios a serem encontrados,


nenhum caminho de sua quilha nas ondas.
11 Ou é como quando um pá ssaro voa pelo ar,

nenhuma evidê ncia de sua passagem é encontrada,


mas o vento leve, açoitado com o golpe de suas asas,
e despedaçado com o ı́mpeto violento das asas em movimento, é
atravessado.
Depois disso, nenhum sinal de sua vinda permanece.
12 Ou é como quando uma lecha é atirada em um alvo,
o ar dividido por ele se fecha novamente imediatamente,
para que os homens nã o saibam por onde passou.
13 Assim també m nó s, logo que nascemos, deixamos de existir;

e nã o tı́nhamos nenhum sinal de virtude para mostrar,


mas fomos totalmente consumidos em nossa maldade”.
14 Porque a esperança do ı́mpio é como a palha levada pelo vento,

e como espuma desaparecendo diante de uma tempestade;


e se espalha como fumaça pelo vento,
e passa como a lembrança de um hó spede que espera apenas um
dia.

15 Mas os justos vivem para sempre.

Sua recompensa está no Senhor,


e o cuidado deles com o Altı́ssimo.
16 Portanto, eles receberã o a coroa da dignidade real

e o diadema de beleza da mã o do Senhor,


porque ele os cobrirá com sua mã o direita,
e ele os protegerá com seu braço.
17 Ele tomará seu ciú me como armadura completa,

e fará de toda a criaçã o suas armas para punir seus inimigos:


18 Ele porá a justiça como couraça,

e usará um julgamento imparcial como capacete.


19 Ele tomará a santidade como um escudo invencı́vel.
20 Ele aguçará a ira severa por uma espada.

O mundo irá com ele para lutar contra seus inimigos frené ticos.
21 raios de relâ mpagos voarã o com pontaria verdadeira.

Eles saltarã o das nuvens para o alvo, como de um arco bem


esticado.
22 Pedras de granizo cheias de ira serã o lançadas de uma má quina de

guerra.
A á gua do mar se indignará contra eles.
Os rios os dominarã o severamente.
23 Uma forte rajada os atingirá .

Irá afastá -los como uma tempestade.


Assim, a iniqü idade tornará toda a terra desolada.
Suas maldades derrubarã o os tronos dos prı́ncipes.
Salmos 38
Um Salmo de Davi, para um memorial.
1 Senhor, nã o me repreendas na tua ira,

nem me castigues em teu ardente desagrado.


2 Pois as tuas lechas me perfuraram,

sua mã o me pressiona com força.


3 Nã o há sanidade na minha carne por causa da tua indignaçã o,

nem há saú de nos meus ossos por causa do meu pecado.
4 Pois as minhas iniqü idades passaram sobre a minha cabeça.

Como um fardo pesado, eles sã o muito pesados para mim.


5 Minhas feridas sã o repugnantes e corruptas

por causa da minha tolice.


6 Estou com dores e muito abatido.

Eu ico de luto o dia todo.


7 Pois minha cintura está cheia de fogo.

Nã o há solidez em minha carne.


8 Estou desmaiado e gravemente machucado.

Eu gemi por causa da angú stia do meu coraçã o.


9 Senhor, todo o meu desejo está diante de ti.

Meu gemido nã o está escondido de você .


10 Meu coraçã o palpita.

Minha força me falha.


Quanto à luz dos meus olhos, també m me deixou.
11 Meus amantes e meus amigos estã o distantes da minha praga.

Meus parentes estã o longe.


12 També m os que buscam a minha vida armam laços.

Aqueles que procuram minha dor falam coisas maliciosas,


e meditar em enganos durante todo o dia.
13 Mas eu, como surdo, nã o ouço.

Sou como um mudo que nã o abre a boca.


14 Sim, sou como um homem que nã o ouve,

em cuja boca nã o há reprovaçõ es.


15 Pois em ti espero, ó Senhor.
Tu responderá s, Senhor meu Deus.
16 Pois eu disse: “Nã o deixe que eles se gabem de mim,

ou se exaltam sobre mim quando meu pé escorregar”.


17 Pois estou prestes a cair.

Minha dor está continuamente diante de mim.


18 Pois declararei minha iniqü idade.

Eu vou me arrepender do meu pecado.


19 Mas os meus inimigos sã o muitos e vigorosos.

Aqueles que me odeiam sem razã o sã o numerosos.


20 Os que retribuem o bem com o mal també m sã o meus

adversá rios,
porque eu sigo o que é bom.
21 Nã o me abandones, Senhor.

Meu Deus, nã o ique longe de mim.


22 Apresse-se em me ajudar,

Senhor, minha salvaçã o.


Salmos 18
Para o Músico Chefe. Por meio de Davi, servo do Senhor, que falou
ao Senhor as palavras deste cântico, no dia em que o Senhor o
livrou das mãos de todos os seus inimigos e das mãos de Saul. Ele
disse,
1 Eu te amo, Senhor, minha força.
2 O Senhor é o meu rochedo, a minha fortaleza e o meu libertador;

meu Deus, minha rocha, em quem me refugio;


meu escudo, e a força da minha salvaçã o, minha alta torre.
3 Invoco o Senhor, que é digno de louvor;

e estou salvo dos meus inimigos.


4 As cordas da morte me cercaram.

As inundaçõ es da impiedade me deixaram com medo.


5 As cordas do Sheol estavam ao meu redor.

As armadilhas da morte caı́ram sobre mim.


6 Na minha angú stia invoquei o Senhor,

e clamei ao meu Deus.


Ele ouviu minha voz em sua tê mpora.
Meu grito diante dele veio em seus ouvidos.
7 Entã o a terra tremeu e estremeceu.

També m os fundamentos dos montes estremeceram e foram


abalados,
porque ele estava com raiva.
8 Saiu fumaça de suas narinas.

Fogo consumidor saiu de sua boca.


Carvõ es foram acesos por ele.
9 Inclinou també m os cé us e desceu.

A escuridã o espessa estava sob seus pé s.


10 Ele montou em um querubim e voou.

Sim, ele voou nas asas do vento.


11 Ele fez das trevas o seu esconderijo, o seu pavilhã o ao seu redor,

escuridã o das á guas, nuvens espessas dos cé us.


12 Com o resplendor diante dele, suas nuvens espessas passaram,
granizo e brasas de fogo.
13 O Senhor també m trovejou no cé u.

O Altı́ssimo pronunciou sua voz:


granizo e brasas de fogo.
14 Ele lançou suas lechas e os dispersou.

Ele os derrotou com grandes relâ mpagos.


15 Entã o surgiram os canais das á guas.

Os fundamentos do mundo foram revelados à tua repreensã o,


Senhor,
no sopro da respiraçã o de suas narinas.
16 Ele enviou do alto.

Ele levou-me.
Ele me tirou de muitas á guas.
17 Ele me livrou do meu forte inimigo,

daqueles que me odiavam; pois eles eram poderosos demais para


mim.
18 Eles vieram sobre mim no dia da minha calamidade,

mas Yahweh foi meu apoio.


19 També m me levou para um lugar espaçoso.

Ele me livrou, porque se deleitou em mim.


20 O Senhor me recompensou conforme a minha justiça.

Conforme a pureza das minhas mã os, ele me recompensou.


21 Pois guardei os caminhos do Senhor,

e nã o se afastaram impiamente do meu Deus.


22 Pois todas as suas ordenanças estavam diante de mim.

Eu nã o rejeitei seus estatutos de mim.


23 Eu també m fui irrepreensı́vel com ele.

Eu me guardei da minha iniqü idade.


24 Por isso o Senhor me recompensou conforme a minha justiça,

conforme a pureza de minhas mã os diante de seus olhos.


25 Com os misericordiosos você se mostrará misericordioso.

Com o homem perfeito, você se mostrará perfeito.


26 Com o puro, você se mostrará puro.

Com o torto você se mostrará astuto.


27 Pois você salvará o povo a lito,
mas os olhos arrogantes você derrubará .
28 Pois tu acenderá s a minha lâ mpada, Senhor.

Meu Deus iluminará minha escuridã o.


29 Pois por ti avanço atravé s de uma tropa.

Por meu Deus, eu salto por cima de um muro.


30 Quanto a Deus, seu caminho é perfeito.

A palavra de Yahweh é testada.


Ele é um escudo para todos os que nele se refugiam.
31 Pois quem é Deus, senã o o Senhor?

Quem é uma rocha, alé m do nosso Deus,


32 o Deus que me arma com força e aperfeiçoa o meu caminho?
33 Ele faz os meus pé s como os do cervo,

e me põ e nos meus lugares altos.


34 Ele ensina minhas mã os para a guerra,

para que meus braços dobrem um arco de bronze.


35 Tu també m me deste o escudo da tua salvaçã o.

A tua mã o direita me sustenta.


Sua gentileza me fez grande.
36 Tu alargaste os meus passos debaixo de mim,

Meus pé s nã o escorregaram.


37 Perseguirei meus inimigos e os alcançarei.

Eu nã o vou me afastar até que eles sejam consumidos.


38 Eu os ferirei, para que nã o possam se levantar.

Eles cairã o sob meus pé s.


39 Pois você me armou com força para a batalha.

Você subjugou debaixo de mim aqueles que se levantaram contra


mim.
40 Você també m fez meus inimigos virarem as costas para mim,

para que eu possa exterminar aqueles que me odeiam.


41 Clamaram, mas nã o houve quem os salvasse;

até ao Senhor, mas ele nã o lhes respondeu.


42 Entã o eu os esmaguei como o pó diante do vento.

Eu os expulsei como a lama das ruas.


43 Tu me livraste das lutas do povo.

Você me fez o cabeça das naçõ es.


Um povo que nã o conheci me servirá .
44 Assim que eles ouvirem de mim, eles me obedecerã o.

Os estrangeiros se submeterã o a mim.


45 Os estrangeiros desaparecerã o,

e sairã o tremendo de suas fortalezas.


46 Javé vive! Abençoada seja minha rocha.

Exaltado seja o Deus da minha salvaçã o,


47 o Deus que me vinga,

e subjuga os povos debaixo de mim.


48 Ele me livra dos meus inimigos.

Sim, você me eleva acima daqueles que se levantam contra mim.


Você me livra do homem violento.
49 Por isso te darei graças, ó Senhor, entre as naçõ es,

e cantará louvores ao teu nome.


50 Ele dá grande livramento ao seu rei,

e mostra benignidade ao seu ungido,


a Davi e à sua descendê ncia, para sempre.
Salmos 37
Por Davi.
1 Nã o se preocupe por causa dos malfeitores,

nem tenha inveja dos que praticam a injustiça.


2 Pois em breve serã o cortados como a erva,

e murchar como a erva verde.


3 Con ia no Senhor e faz o bem.

Habitar na terra e desfrutar de pastagens seguras.


4 Deleita-te també m em Javé ,

e ele lhe concederá os desejos do seu coraçã o.


5 Entregue seu caminho a Javé .

Con ie també m nele, e ele fará isso:


6 ele fará resplandecer a tua justiça como a luz,

e a tua justiça como o sol do meio-dia.


7 Descanse em Javé e espere por ele com paciê ncia.

Nã o se preocupe por causa daquele que prospera em seu caminho,


por causa do homem que faz com que tramas perversas
aconteçam.
8 Deixa a ira e abandona o furor.

Nã o se preocupe; leva apenas ao mal.


9 Pois os malfeitores serã o exterminados,

mas os que esperam no Senhor herdarã o a terra.


10 Ainda um pouco, e os ı́mpios nã o mais existirã o.

Sim, embora você procure o lugar dele, ele nã o está lá .
11 Mas os humildes herdarã o a terra,

e se deleitarã o na abundâ ncia de paz.


12 O ı́mpio trama contra o justo,

e range os dentes para ele.


13 O Senhor rirá dele,

pois ele vê que seu dia está chegando.


14 Os ı́mpios desembainharam a espada e armaram o arco,

para derrubar os pobres e necessitados,


para matar os que sã o retos no caminho.
15 A sua espada entrará no seu pró prio coraçã o.
Seus arcos serã o quebrados.
16 Melhor é o pouco que o justo tem,

do que a abundâ ncia de muitos ı́mpios.


17 Pois os braços dos ı́mpios serã o quebrados,

mas o Senhor sustenta os justos.


18 O Senhor conhece os dias dos perfeitos.

A herança deles será para sempre.


19 Eles nã o serã o decepcionados no tempo do mal.

Nos dias de fome serã o saciados.

20 Mas os ı́mpios perecerã o.

Os inimigos do Senhor serã o como a beleza dos campos.


Eles vã o desaparecer—
desaparecer como fumaça.
21 Os ı́mpios pedem emprestado e nã o pagam,

mas os justos dã o generosamente.


22 Pois os abençoados por ele herdarã o a terra.

Aqueles que sã o amaldiçoados por ele serã o exterminados.


23 Os passos do homem sã o estabelecidos pelo Senhor.

Ele se deleita em seu caminho.


24 Ainda que tropece, nã o cairá ,

porque o Senhor o sustenta com a mã o.


25 Fui jovem e agora sou velho,

mas nã o vi o justo desamparado,


nem seus ilhos mendigando pã o.
26 Todo o dia ele age com bondade e empresta.

Sua descendê ncia é abençoada.


27 Afaste-se do mal e faça o bem.

Viva com segurança para sempre.


28 Pois o Senhor ama a justiça,

e nã o abandona seus santos.


Eles sã o preservados para sempre,
mas os ilhos dos ı́mpios serã o exterminados.
29 Os justos herdarã o a terra,

e viver nele para sempre.

30 A boca do justo fala de sabedoria.

Sua lı́ngua fala justiça.


31 A lei do seu Deus está em seu coraçã o.

Nenhum de seus passos deve deslizar.


32 Os ı́mpios vigiam os justos,

e tentar matá -lo.


33 Javé nã o o deixará na mã o,

nem o condene quando for julgado.


34 Espera no Senhor, e segue o seu caminho,

e ele te exaltará para herdar a terra.


Quando os ı́mpios forem exterminados, você o verá .

35 Vi os ı́mpios em grande poder,

espalhando-se como uma á rvore verde em seu solo nativo.


36 Mas ele faleceu, e eis que já nã o existia.

Sim, eu o procurei, mas ele nã o foi encontrado.


37 Marca o homem perfeito, e vê o reto,

pois há um futuro para o homem de paz.


38 Quanto aos transgressores, eles serã o destruı́dos juntamente.

O futuro dos ı́mpios será cortado.


39 Mas a salvaçã o dos justos vem do Senhor.

Ele é a sua fortaleza na hora da angú stia.


40 Javé os ajuda e os livra.

Ele os livra dos ı́mpios e os salva,


porque nele se refugiaram.
João 14
1 “Nã o deixe que seu coraçã o seja perturbado. Acredite em Deus.

Acredite també m em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitas casas. Se


nã o fosse assim, eu teria dito a você . Vou preparar um lugar para você . 3
Se eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim; que
onde eu estiver, você s també m estejam. 4 Você sabe para onde eu vou e
você sabe o caminho.”
5 Tomé
disse-lhe: “Senhor, nã o sabemos para onde vais. Como
podemos saber o caminho?”
6 Disse-lhe Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ningué m

vem ao Pai, a nã o ser por mim. 7 Se você tivesse me conhecido, você
teria conhecido meu Pai també m. De agora em diante, você o conhece e
o viu”.
8 Disse-lhe Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”.

9 Disse-lhe Jesus: “Há tanto tempo que estou convosco e nã o me


conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como você diz: 'Mostre-nos o
Pai?' 10 Você nã o acredita que eu estou no Pai, e o Pai em mim? As
palavras que vos digo, nã o falo por mim mesmo; mas o Pai que vive em
mim faz as suas obras. 11 Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim;
ou entã o acredite em mim por causa das pró prias obras. 12 Com toda a
certeza vos digo que aquele que crê em mim, as obras que eu faço
també m as fará ; e ele fará obras maiores do que estas, porque eu vou
para meu Pai. 13 Tudo o que você s pedirem em meu nome, eu o farei,
para que o Pai seja glori icado no Filho. 14 Se você pedir alguma coisa
em meu nome, eu o farei. 15 Se você me ama, guarde meus
mandamentos. 16 Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Conselheiro,
para que esteja convosco para sempre: 17 o Espı́rito da verdade, que o
mundo nã o pode receber; pois nã o o vê e nã o o conhece. Você o
conhece, pois ele vive com você e estará em você . 18 Nã o os deixarei
ó rfã os. Eu virei para você . 19 Ainda um pouco, e o mundo nã o me verá
mais; mas você vai me ver. Porque eu vivo, você s també m viverã o. 20
Naquele dia sabereis que estou em meu Pai, e vó s em mim, e eu em vó s.
21 Aquele que tem meus mandamentos e os guarda, essa pessoa é

aquela que me ama. Quem me ama será amado por meu Pai, e eu o
amarei e me revelarei a ele”.
22 Judas (nã o Iscariotes) disse a ele: “Senhor, o que aconteceu para

você se revelar a nó s e nã o ao mundo?”


23 Jesus respondeu-lhe: “Se algué m me ama, guardará a minha
palavra. Meu Pai o amará , e viremos a ele e faremos nele morada. 24
Quem nã o me ama nã o guarda minhas palavras. A palavra que você
ouve nã o é minha, mas do Pai que me enviou. 25 Eu disse essas coisas
para você enquanto ainda morava com você . 26 Mas o Consolador, o
Espı́rito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as
coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. 27 A paz deixo
com você . Minha paz vos dou; nã o como o mundo dá , eu dou a você .
Nã o se turbe o seu coraçã o, nem se atemorize. 28 Você ouviu como eu
lhe disse: 'Eu vou embora e vou até você '. Se você me amasse, teria se
alegrado, porque eu disse 'vou para meu Pai'; pois o Pai é maior do que
eu. 29 Agora eu lhes disse antes que aconteça para que quando
acontecer, você s possam acreditar. 30 Nã o falarei mais com você , pois
vem o prı́ncipe do mundo, e ele nã o tem nada em mim. 31 Mas para que
o mundo saiba que eu amo o Pai, e como o Pai me ordenou, assim faço.
Levanta-te, vamos daqui.
Mateus 25
1 “Entã o o Reino dos Cé us será como dez virgens que pegaram suas
lâ mpadas e saı́ram ao encontro do esposo. 2 Cinco deles eram tolos e
cinco eram sá bios. 3 As loucas, quando pegaram as suas lâ mpadas, nã o
levaram azeite consigo, 4 mas as prudentes levaram azeite em suas
vasilhas com suas lâ mpadas. 5 Agora, enquanto o noivo demorava,
todos eles cochilavam e dormiam. 6 Mas à meia-noite ouviu-se um
clamor: 'Eis! O noivo está chegando! Saia para conhecê -lo! 7 Entã o
todas aquelas virgens se levantaram e prepararam suas lâ mpadas. 8 As
insensatas disseram à s sá bias: 'Dê -nos um pouco do seu azeite, pois
nossas lâ mpadas estã o se apagando.' 9 Mas o sá bio respondeu, dizendo:
'E se nã o houver o su iciente para nó s e você ? Você s vã o antes aos que
vendem e compram para você s.' 10 Enquanto elas saı́am para comprar,
veio o esposo, e as que estavam prontas entraram com ele para a festa
de casamento, e a porta foi fechada. 11 Depois vieram també m as outras
virgens, dizendo: 'Senhor, Senhor, abre-nos.' 12 Mas ele respondeu:
'Certamente eu lhe digo, eu nã o conheço você .' 13 Vigiai, pois, porque
nã o sabeis o dia nem a hora em que virá o Filho do Homem.
14 “Pois écomo um homem indo para outro paı́s, que chamou seus
pró prios servos e lhes con iou seus bens. 15 A um deu cinco talentos, a
outros dois, a outro, a cada um segundo a sua capacidade. Entã o ele
partiu em sua jornada. 16 Imediatamente, o que recebeu os cinco
talentos foi e negociou com eles, e fez outros cinco talentos. 17 Da
mesma forma, també m aquele que obteve os dois, ganhou outros dois.
18 Mas aquele que recebeu um talento foi e cavou na terra e escondeu o

dinheiro de seu senhor.


19 “Depois de muito tempo, veio o senhor daqueles servos e acertou

contas com eles. 20 Aproximou-se o que recebera cinco talentos e


trouxe outros cinco talentos, dizendo: 'Senhor, tu me entregaste cinco
talentos. Eis que ganhei outros cinco talentos alé m deles.'
21 “Seu senhor lhe disse: 'Muito bem, servo bom e iel. Você tem
sido iel em algumas coisas, eu te colocarei sobre muitas coisas. Entre
na alegria de seu senhor.'
22 “Aproximou-se també m aquele que tinha os dois talentos e disse:

'Senhor, tu me entregaste dois talentos. Eis que ganhei outros dois


talentos alé m deles.'
23 “Seu senhor lhe disse: 'Muito bem, servo bom eiel. Você tem
sido iel em algumas coisas. Eu o colocarei sobre muitas coisas. Entre
na alegria de seu senhor.'
24 “Aproximou-se també m aquele que recebera um talento e disse:

'Senhor, eu sabia que é s um homem duro, que ceifas onde nã o


semeaste e ajuntas onde nã o espalhaste. 25 Fiquei com medo, e fui e
escondi o seu talento na terra. Veja, você tem o que é seu.'
26 “Mas seu senhor lhe respondeu: 'Servo mau e preguiçoso. Você

sabia que eu colho onde nã o semeei e colho onde nã o espalhei. 27 Você
deveria, portanto, ter depositado meu dinheiro com os banqueiros e,
quando eu chegasse, eu deveria ter recebido de volta o meu com juros.
28 Tira, pois, dele o talento e dá -o ao que tem dez talentos. 29 Porque a

todo aquele que tem será dado e terá em abundâ ncia, mas ao que nã o
tem, até o que tem lhe será tirado. 30 Lança o servo inú til nas trevas
exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.'
31 “Mas quando o Filho do Homem vier em sua gló ria, e todos os

santos anjos com ele, entã o se assentará no trono de sua gló ria. 32
Diante dele serã o reunidas todas as naçõ es, e ele as separará umas das
outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 Ele porá as
ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. 34 Entã o o Rei dirá aos
que estiverem à sua direita: 'Vinde, benditos de meu Pai, herdai o Reino
que vos está preparado desde a fundaçã o do mundo; 35 pois eu estava
com fome e você me deu de comer. Eu estava com sede e você me deu
de beber. Eu era um estranho e você me acolheu. 36 Eu estava nua e
você me vestiu. Eu estava doente e você me visitou. Eu estava na prisã o
e você veio até mim.
37 “Entã o os justos lhe responderã o, dizendo: 'Senhor, quando foi

que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos


de beber? 38 Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou nu e
te vestimos? 39 Quando o vimos doente ou na prisã o e fomos até você ?'
40 “O Rei lhes responderá : 'Certamente vos digo, porque o izestes a
um destes meus irmã os mais pequeninos, você fez isso comigo. 41
Entã o dirá també m aos que estiverem à esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus
anjos; 42 porque eu estava com fome, e você nã o me deu de comer; tive
sede, e nã o me deste de beber; 43 Eu era um estranho, e você nã o me
acolheu; nu, e nã o me vestiste; doente e na prisã o, e você nã o me
visitou.
44 “Entã o eles també m responderã o, dizendo: 'Senhor, quando foi

que te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou doente,


ou preso, e nã o te ajudamos?'
45 “Entã o ele lhes responderá , dizendo: 'Certamente eu lhes digo,

porque você s nã o izeram isso com um destes menores, você nã o fez
isso comigo.' 46 Estes irã o para o castigo eterno, mas os justos para a
vida eterna”.
João 10
1 “Certamente, eu lhe digo, aquele que nã o entra pela porta no

aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrã o e salteador. 2
Mas quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3 O porteiro abre a
porta para ele, e as ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama suas ovelhas
pelo nome e as conduz para fora. 4 Sempre que ele traz suas pró prias
ovelhas, ele vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, pois elas
conhecem sua voz. 5 Eles de modo algum seguirã o um estranho, mas
fugirã o dele; porque nã o conhecem a voz dos estranhos.” 6 Jesus
contou-lhes esta pará bola, mas eles nã o entenderam o que ele lhes
dizia.
7 Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Em verdade vos digo que sou a

porta das ovelhas. 8 Todos os que vieram antes de mim sã o ladrõ es e
salteadores, mas as ovelhas nã o os ouviram. 9 Eu sou a porta. Se algué m
entrar por mim, será salvo, e entrará e sairá , e achará pastagem. 10 O
ladrã o só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham
vida, e a tenham em abundâ ncia. 11 Eu sou o bom pastor. O bom pastor
dá a vida pelas ovelhas. 12 Aquele que é mercená rio, e nã o pastor, que
nã o é dono das ovelhas, vê o lobo vindo, deixa as ovelhas e foge. O lobo
arrebata as ovelhas e as dispersa. 13 O mercená rio foge porque é
mercená rio e nã o cuida das ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor. Conheço
os meus, e sou conhecido pelos meus; 15 assim como o Pai me conhece,
e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. 16 Tenho outras
ovelhas, que nã o sã o deste aprisco. Devo trazê -los també m, e eles
ouvirã o minha voz. Eles se tornarã o um rebanho com um pastor. 17 Por
isso o Pai me ama, porque dou a minha vida, que eu possa tomá -lo
novamente. 18 Ningué m a tira de mim, mas eu a coloco sozinha. Eu
tenho poder para entregá -lo, e tenho poder para tomá -lo novamente.
Recebi este mandamento de meu Pai”.
19 Por isso, surgiu novamente uma divisã o entre os judeus por

causa dessas palavras. 20 Muitos deles diziam: “Ele tem um demô nio e é
louco! Por que você o ouve?” 21 Outros diziam: “Estas nã o sã o as
palavras de algué m possuı́do por um demô nio. Nã o é possı́vel para um
demô nio abrir os olhos de um cego, é ?
22 Era a Festa da Dedicaçã o em Jerusalé m. 23 Era inverno, e Jesus

estava andando no templo, no alpendre de Salomã o. 24 Os judeus, pois,


aproximaram-se dele e lhe perguntaram: “Até quando nos deixará s em
suspense? Se você é o Cristo, diga-nos claramente.”
25 Jesus respondeu-lhes: “Já vos disse, e nã o credes. As obras que
faço em nome de meu Pai, estas testi icam de mim. 26 Mas você nã o
acredita, porque você nã o é das minhas ovelhas, como eu lhe disse. 27
Minhas ovelhas ouvem minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem.
28 Eu lhes dou a vida eterna. Eles nunca perecerã o, e ningué m os

arrebatará da minha mã o. 29 Meu Pai, que me deu, é maior do que


todos. Ningué m é capaz de arrebatá -los da mã o de meu Pai. 30 Eu e o
Pai somos um”.
31 Por isso os judeus pegaram novamente em pedras para apedrejá -

lo. 32 Jesus lhes respondeu: “Tenho mostrado a você s muitas boas obras
da parte de meu Pai. Por qual dessas obras você me apedreja?”
33 Responderam-lhe os judeus: Nã o te apedrejamos por uma boa

obra, mas por uma blasfê mia: porque tu, sendo homem, te fazes Deus.
34 Jesus lhes respondeu: “Nã o está escrito em sua lei: 'Eu disse que
você s sã o deuses?' 35 Se ele os chamou de deuses, a quem a palavra de
Deus veio (e a Escritura nã o pode ser quebrada), 36 você diz daquele a
quem o Pai santi icou e enviou ao mundo: 'Blasfemas', porque eu disse:
'Eu sou o Filho de Deus?' 37 Se eu nã o izer as obras de meu Pai, nã o
acredite em mim. 38 Mas se eu as faço, ainda que nã o acrediteis em
mim, crede nas obras, para que saibais e creiais que o Pai está em mim,
e eu no Pai”.
39 Eles procuraram novamente prendê -lo, e ele saiu de suas mã os.
40 Voltou para alé m do Jordã o, para o lugar onde Joã o batizava a

princı́pio, e ali icou. 41 Muitos vieram a ele. Eles disseram: “Joã o


realmente nã o fez nenhum sinal, mas tudo o que Joã o disse sobre este
homem é verdade”. 42 Muitos creram nele ali.
Romanos 8
1 Portanto, agora nenhuma condenaçã o há para os que estã o em
Cristo Jesus, que nã o andam segundo a carne, mas segundo o Espı́rito. 2
Porque a lei do Espı́rito da vida em Cristo Jesus me libertou da lei do
pecado e da morte. 3 Pois o que a lei nã o podia fazer, sendo fraca por
meio da carne, Deus o fez, enviando seu pró prio Filho à semelhança da
carne do pecado e pelo pecado, ele condenou o pecado na carne; 4 para
que a ordenança da lei se cumprisse em nó s, que nã o andamos segundo
a carne, mas segundo o Espı́rito. 5 Porque os que vivem segundo a
carne pensam nas coisas da carne, mas os que vivem segundo o
Espı́rito, nas coisas do Espı́rito. 6 Porque a inclinaçã o da carne é morte,
mas a inclinaçã o do Espı́rito é vida e paz; 7 porque a inclinaçã o da carne
é inimiga de Deus; pois nã o está sujeito à lei de Deus, nem de fato pode
estar. 8 Aqueles que estã o na carne nã o podem agradar a Deus. 9 Mas
vó s nã o estais na carne, mas no Espı́rito, se é que o Espı́rito de Deus
habita em vó s. Mas se algué m nã o tem o Espı́rito de Cristo, ele nã o é
dele. 10 Se Cristo está em você s, o corpo está morto por causa do
pecado, mas o espı́rito está vivo por causa da justiça. 11 Mas, se o
Espı́rito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vó s,
aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus també m vivi icará os
vossos corpos mortais, pelo seu Espı́rito que habita em vó s.
12 Portanto, irmã os, somos devedores, nã o àcarne, para viver
segundo a carne. 13 Pois se você vive segundo a carne, você deve
morrer; mas se pelo Espı́rito morti icardes as obras do corpo, vivereis.
14 Pois todos os que sã o guiados pelo Espı́rito de Deus, esses sã o ilhos

de Deus. 15 Pois você s nã o receberam de novo o espı́rito de escravidã o


para temer, mas receberam o Espı́rito de adoçã o, pelo qual clamamos:
“Abba! Pai!"
16 O pró prio Espı́rito testi
ica com o nosso espı́rito que somos
ilhos de Deus; 17 e, se ilhos, entã o herdeiros: herdeiros de Deus e co-
herdeiros de Cristo, se é que com ele padecemos, para que també m
com ele sejamos glori icados.
18 Pois tenho para mim que as a liçõ es deste tempo presente nã o
podem ser comparadas com a gló ria que em nó s será revelada. 19 Pois a
criaçã o aguarda com grande expectativa a revelaçã o dos ilhos de Deus.
20 Porque a criaçã o foi submetida à vaidade, nã o por sua pró pria

vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança 21 de que


també m a pró pria criaçã o será libertada da escravidã o da corrupçã o
para a liberdade da gló ria dos ilhos de Deus . 22 Porque sabemos que
toda a criaçã o geme e está juntamente com dores de parto até agora. 23
Nã o só isso, mas també m nó s, que temos as primı́cias do Espı́rito,
també m nó s gememos em nó s mesmos, esperando a adoçã o, a
redençã o do nosso corpo. 24 Porque na esperança fomos salvos, mas a
esperança que se vê nã o é esperança. Pois quem espera por aquilo que
vê ? 25 Mas, se esperamos o que nã o vemos, com paciê ncia o esperamos.
26 Da mesma forma, o Espı́rito també m ajuda nossas fraquezas,

pois nã o sabemos orar como convé m. Mas o pró prio Espı́rito intercede
por nó s com gemidos inexprimı́veis. 27 Quem esquadrinha os coraçõ es
sabe o que o Espı́rito pensa, porque segundo Deus intercede pelos
santos.
28 Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o

bem daqueles que amam a Deus, daqueles que sã o chamados segundo
o seu propó sito. 29 Pois aos quais de antemã o conheceu, també m os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, para que ele
seja o primogê nito entre muitos irmã os. 30 A quem predestinou, a esses
també m chamou. A quem chamou, a esses també m justi icou. A quem
justi icou, a quem també m glori icou.
31 Que diremos entã o sobre estas coisas? Se Deus é por nó s, quem
serácontra nó s? 32 Aquele que nã o poupou a seu pró prio Filho, antes o
entregou por todos nó s, como nã o nos dará també m com ele todas as
coisas de graça? 33 Quem poderia acusar os escolhidos de Deus? E Deus
quem justi ica. 34 Quem é aquele que condena? E Cristo que morreu,
sim, que ressuscitou dos mortos, que está à direita de Deus, que
també m intercede por nó s.
35 Quem nos separará do amor de Cristo? Poderia a opressã o, ou
angú stia, ou perseguiçã o, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? 36
Como está escrito,
“Por sua causa, somos mortos o dia todo.
Fomos contados como ovelhas para o matadouro”.
37 Nã o, em todas essas coisas somos mais que vencedores por meio

daquele que nos amou. 38 Pois estou certo de que nem a morte, nem a
vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o porvir,
nem as potestades, 39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer
outra criatura poderá separar-nos da presença de Deus. amor que está
em Cristo Jesus nosso Senhor.
João 16
1 “Eu lhes disse essas coisas para que você s nã o tropeçassem. 2 Eles

o expulsarã o das sinagogas. Sim, chega a hora de quem te matar


pensará que oferece serviço a Deus. 3 Eles vã o fazer essas coisas
porque nã o conheceram o Pai, nem a mim. 4 Mas eu lhes disse essas
coisas, para que, quando chegar a hora, você s se lembrem de que eu
lhes falei delas. Eu nã o te disse essas coisas desde o inı́cio, porque eu
estava com você . 5 Mas agora vou até aquele que me enviou, e nenhum
de você s me pergunta: 'Onde você vai?' 6 Mas porque eu lhe disse essas
coisas, a tristeza encheu seu coraçã o. 7 No entanto, digo-lhe a verdade:
é para sua vantagem que eu vá embora, pois se eu nã o for, o
Conselheiro nã o virá até você . Mas se eu for, vou mandá -lo para você . 8
Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juı́zo; 9
sobre o pecado, porque eles nã o acreditam em mim; 10 sobre a justiça,
porque vou para meu Pai, e você s nã o me verã o mais; 11 sobre o
julgamento, porque o prı́ncipe deste mundo já foi julgado.
12 “Ainda tenho muitas coisas para lhe dizer, mas você nã o pode
suportá -las agora. 13 No entanto, quando ele, o Espı́rito da verdade,
vier, ele os guiará em toda a verdade, pois ele nã o falará por si mesmo;
mas tudo o que ele ouve, ele falará . Ele vai declarar a você as coisas que
estã o por vir. 14 Ele me glori icará , pois tomará do que é meu e o
declarará a você . 15 Todas as coisas que o Pai tem sã o minhas; por isso
eu disse que ele leva meu e vou declará -lo a você . 16 Um pouco, e você
nã o vai me ver. Mais um pouco, e você me verá .”
17 Alguns dos seus discı́pulos, pois, diziam uns aos outros: “Que é

isto que ele nos diz: 'Um pouco e nã o me vereis, e de novo um pouco e
me vereis;' e, 'Porque eu vou para o Pai' ?” 18 Responderam, pois: Que é
isto que ele diz: 'Um pouco' ? Nã o sabemos o que ele está dizendo.”
19 Jesus, pois, percebendo que queriam interrogá -lo, disse-lhes:

Inquiriis entre vó s a respeito disto, que eu disse: Um pouco, e nã o me


vereis, e de novo um pouco, e você vai me ver?' 20 Certamente vos digo
que chorareis e lamentareis, mas o mundo se alegrará . Você icará
triste, mas sua tristeza se transformará em alegria. 21 Uma mulher,
quando dá à luz, sente tristeza porque chegou a sua hora. Mas quando
ela deu à luz a criança, ela nã o se lembra mais da angú stia, pela alegria
de que um ser humano tenha nascido no mundo. 22 Portanto, agora
você está triste, mas eu o verei novamente, e seu coraçã o se alegrará , e
ningué m tirará sua alegria de você .
23 “Naquele dia você nã o me fará perguntas. Certamente vos digo
que tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá . 24
Até agora, você nã o pediu nada em meu nome. Peça, e você receberá ,
para que sua alegria seja completa. 25 Eu falei essas coisas para você
em iguras de linguagem. Mas está chegando o tempo em que nã o mais
falarei com você s em iguras de linguagem, mas falarei claramente
sobre o Pai. 26 Naquele dia você pedirá em meu nome; e nã o vos digo
que rogarei ao Pai por vó s, 27 porque o pró prio Pai os ama, porque
você s me amam e creram que eu vim de Deus. 28 Eu vim do Pai e vim ao
mundo. Mais uma vez, deixo o mundo e vou para o Pai”.
29 Seus discı́pulos lhe disseram: “Eis que agora você fala claramente
e nã o usaiguras de linguagem. 30 Agora sabemos que você sabe todas
as coisas, e nã o precisa que ningué m o questione. Por isso cremos que
você veio de Deus”.
31 Jesus respondeu-lhes: “Credes agora? 32 Eis que está chegando a
hora, sim, e já chegou, em que você s serã o dispersos, cada um para o
seu lugar, e me deixarã o em paz. No entanto, nã o estou sozinho, porque
o Pai está comigo. 33 Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim
tenhais paz. No mundo você tem problemas; mas anime-se! Eu superei
o mundo."
Isaías 9
1 Mas nã o haverá mais tristeza para aquela que estava angustiada.
Antigamente, ele desprezava a terra de Zebulom e a terra de Naftali;
mas nos ú ltimos tempos ele a tornou gloriosa, pelo caminho do mar,
alé m do Jordã o, Galilé ia das naçõ es.
2 O povo que andava nas trevas viu uma grande luz.

A luz brilhou sobre aqueles que viviam na terra da sombra da


morte.
3 Tu multiplicaste a naçã o.

Você aumentou a alegria deles.


Eles se regozijam diante de ti segundo a alegria da colheita, como
os homens se regozijam quando repartem o despojo. 4 Pois o jugo do
seu fardo, e a vara do seu ombro, a vara do seu opressor, tu quebraste
como no dia de Midiã . 5 Pois toda a armadura do homem armado na
batalha barulhenta, e as vestes enroladas em sangue, serã o para
queimar, combustı́vel para o fogo. 6 Pois um menino nos nasceu. Um
ilho nos é dado; e o governo estará em seus ombros. Seu nome será
Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Prı́ncipe da
Paz. 7 Do aumento do seu governo e da paz nã o haverá im, sobre o
trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e para o sustentar
com justiça e retidã o desde entã o e para sempre. O zelo de Javé dos
Exé rcitos fará isso.
8 O Senhor mandou uma palavra a Jacó ,

e cai sobre Israel.


9 Todo o povo saberá ,

incluindo Efraim e os habitantes de Samaria, que dizem com


orgulho e arrogâ ncia de coraçã o,
10 “Os tijolos caı́ram,

mas construiremos com pedra lapidada.


As igueiras de sicô moro foram cortadas,
mas colocaremos cedros em seu lugar”.
11 Por isso o Senhor levantará contra ele os adversá rios de Rezim,

e incitará seus inimigos,


12 Os sı́rios na frente,

e os ilisteus atrá s;
e eles devorarã o a Israel de boca aberta.
Por tudo isso, sua ira nã o se desviou,
mas sua mã o ainda está estendida.

13 Mas o povo nã o se voltou para aquele que o feriu,

nem buscaram ao Senhor dos exé rcitos.


14 Portanto, o Senhor cortará de Israel a cabeça e a cauda,

galho de palmeira e junco, em um dia.


15 O anciã o e o homem honrado é o cabeça,

e o profeta que ensina mentiras é a cauda.


16 Pois os que dirigem este povo os desencaminham;

e aqueles que sã o conduzidos por eles sã o destruı́dos.


17 Por isso o Senhor nã o se alegrará com os jovens deles,

nem se compadecerá de seus ó rfã os e viú vas;


porque todos sã o profanos e malfeitores,
e toda boca fala loucura.
Por tudo isso a sua ira nã o se desviou,
mas sua mã o ainda está estendida.

18 Pois a maldade arde como fogo.

Ela devora as sarças e os espinhos;


sim, acende-se nas moitas da loresta,
e eles rolam para cima em uma coluna de fumaça.
19 Pela ira do Senhor dos exé rcitos, a terra é queimada;

e as pessoas sã o o combustı́vel para o fogo.


Ningué m poupa seu irmã o.
20 Um devorará à direita e terá fome;

e ele comerá à esquerda, e eles nã o se fartarã o.


Cada um comerá a carne de seu pró prio braço:
21 Manassé s, Efraim; e Efraim, Manassé s; e eles juntos serã o

contra Judá .
Por tudo isso a sua ira nã o se desviou,
mas sua mã o ainda está estendida.
Gênesis 1
1 No princı́pio, Deus criou os cé us e a terra. 2 A terra era sem forma

e vazia. A escuridã o estava na superfı́cie do abismo e o Espı́rito de Deus


pairava sobre a superfı́cie das á guas.
3 Deus disse: “Haja luz”, e houve luz. 4 Deus viu a luz e viu que era

bom. Deus separou a luz das trevas. 5 Deus chamou a luz de “dia”, e as
trevas ele chamou de “noite”. Houve tarde e houve manhã , o primeiro
dia.
6 Deus disse: “Haja uma expansã o no meio das á guas, e que ela

separe as á guas das á guas”. 7 Deus fez a expansã o e separou as á guas


que estavam debaixo da expansã o das á guas que estavam acima da
expansã o; e foi assim. 8 Deus chamou a expansã o de “cé u”. Houve tarde
e houve manhã , um segundo dia.
9 Deus disse: “Ajuntem-se num só lugar as á guas que estã o debaixo
do cé u, e apareça a parte seca”; e foi assim. 10 Deus chamou a terra seca
de “terra”, e o ajuntamento das á guas chamou de “mares”. Deus viu que
isso era bom. 11 Deus disse: “Produza a terra erva, ervas que dê em
semente, e á rvores frutı́feras que dê em fruto segundo a sua espé cie,
com as suas sementes nela, sobre a terra”; e foi assim. 12 A terra
produziu erva, ervas que dã o semente conforme a sua espé cie, e
á rvores frutı́feras, com as suas sementes nela, conforme a sua espé cie;
e Deus viu que era bom. 13 Houve tarde e manhã , terceiro dia.
14 Deus disse: “Haja luzes no irmamento do cé u para separar o dia
da noite; e sejam eles para sinais para marcar estaçõ es, dias e anos; 15 e
sirvam de luminares no irmamento do cé u para iluminar a terra;” e foi
assim. 16 Deus fez os dois grandes luminares: o luminar maior para
governar o dia e o luminar menor para governar a noite. Ele també m
fez as estrelas. 17 Deus os colocou no irmamento do cé u para iluminar
a terra, 18 e para governar o dia e a noite, e para separar a luz das trevas.
Deus viu que isso era bom. 19 Houve tarde e manhã , quarto dia.
20 Deus disse: “Que as á guas abundem de seres viventes, e que as

aves voem sobre a terra no irmamento do cé u”. 21 Deus criou os


grandes animais marinhos e todo ser vivente que se move, com os
quais as á guas pululam, conforme sua espé cie, e toda ave alada
conforme sua espé cie. Deus viu que isso era bom. 22 Deus os abençoou,
dizendo: “Sede fecundos e multiplicai-vos, e enchei as á guas dos mares,
e multipliquem-se as aves sobre a terra”. 23 Houve tarde e manhã ,
quinto dia.
24 Deus disse: “Produza a terra seres viventes conforme a sua

espé cie, gado, ré pteis e animais da terra conforme a sua espé cie”; e foi
assim. 25 Deus fez os animais da terra conforme a sua espé cie, e o gado
conforme a sua espé cie, e tudo o que rasteja sobre a terra conforme a
sua espé cie. Deus viu que isso era bom.
26 Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança. Domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves do
cé u, e sobre os animais domé sticos, e sobre toda a terra, e sobre todo
ré ptil que rasteja sobre a terra”. 27 Deus criou o homem à sua imagem. A
imagem de Deus ele o criou; macho e fê mea os criou. 28 Deus os
abençoou. Deus lhes disse: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a
terra e sujeitai-a. Domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do cé u
e sobre todos os animais que se movem sobre a terra”. 29 Deus disse:
“Eis que vos dei toda erva que dá semente, que está sobre a superfı́cie
de toda a terra, e toda á rvore que dá fruto que dá semente. Será sua
comida. 30 A todo animal da terra, e a toda ave do cé u, e a tudo o que
rasteja sobre a terra, em que há vida, dei por mantimento toda erva
verde; e foi assim.
31 Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom. Houve

tarde e houve manhã , sexto dia.


1 Coríntios 11
1 Sede meus imitadores, como eu també m sou de Cristo.

2 Agora eu vos louvo, irmã os, porque em todas as coisas vos

lembrais de mim e conservais as tradiçõ es, assim como vos entreguei. 3


Mas eu gostaria que você soubesse que a cabeça de todo homem é
Cristo, e a cabeça da mulher é o homem, e a cabeça de Cristo é Deus. 4
Todo homem que ora ou profetiza, com a cabeça coberta, desonra a sua
cabeça. 5 Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça
descoberta desonra a sua cabeça. Pois é uma e a mesma coisa como se
ela fosse barbeada. 6 Pois, se a mulher nã o estiver coberta, corte-se
també m o seu cabelo. Mas se é vergonhoso para uma mulher ter o
cabelo cortado ou raspado, que ela seja coberta. 7 Pois o homem nã o
deve cobrir a cabeça, porque ele é a imagem e gló ria de Deus, mas a
mulher é a gló ria do homem. 8 Pois o homem nã o vem da mulher, mas a
mulher do homem; 9 pois o homem nã o foi criado para a mulher, mas a
mulher para o homem. 10 Por isso a mulher deve ter autoridade sobre a
sua pró pria cabeça, por causa dos anjos.
11 Entretanto, nem a mulher é independente do homem, nem o
homem independente da mulher, no Senhor. 12 Porque, assim como a
mulher procedeu do homem, assim també m o homem procedeu da
mulher; mas todas as coisas sã o de Deus. 13 Julgue por si mesmo. E
apropriado que uma mulher ore a Deus sem vé u? 14 A pró pria natureza
nã o te ensina que se um homem tem cabelo comprido, é uma desonra
para ele? 15 Mas se a mulher tem cabelo comprido, é uma gló ria para
ela, pois o cabelo lhe é dado como cobertura. 16 Mas, se algué m parece
contencioso, nã o temos tal costume, nem as assemblé ias de Deus.
17 Mas, ao dar-vos esta ordem, nã o vos louvo, que vos ajuntais, nã o

para melhor, mas para pior. 18 Pois antes de tudo, quando você s se
reú nem na assemblé ia, ouço que existem divisõ es entre você s, e
acredito nisso em parte. 19 Pois també m é necessá rio que haja facçõ es
entre vó s, para que se manifestem entre vó s os aprovados. 20 Portanto,
quando você s se reú nem, nã o é a ceia do Senhor que você s comem. 21
Pois, ao comerem, cada um come primeiro a sua pró pria ceia. Um está
com fome e outro está bê bado. 22 O quê , você nã o tem casas para comer
e beber? Ou você despreza a assemblé ia de Deus e envergonha aqueles
que nã o tê m o su iciente? O que devo dizer a você ? Devo te louvar?
Nisto eu nã o te louvo.
23 Pois recebi do Senhor o que també m vos entreguei: que o Senhor

Jesus, na noite em que foi traı́do, tomou pã o. 24 Depois de dar graças,
partiu-o e disse: “Tome, coma. Este é o meu corpo, que está quebrado
por você . Faça isso em memó ria de mim.” 25 Assim també m tomou o
cá lice, depois da ceia, dizendo: “Este cá lice é a nova aliança no meu
sangue. Faça isso, quantas vezes você beber, em memó ria de mim.” 26
Pois todas as vezes que comerdes este pã o e beberdes este cá lice,
anunciais a morte do Senhor até que ele venha. 27 Portanto, quem
comer este pã o ou beber o cá lice do Senhor de maneira indigna do
Senhor será culpado do corpo e do sangue do Senhor. 28 Mas examine-
se o homem a si mesmo, e assim coma do pã o e beba do cá lice. 29 Pois
quem come e bebe indignamente, come e bebe para julgamento, se nã o
discernir o corpo do Senhor. 30 Por isso, muitos de você s estã o fracos e
doentes, e nã o poucos dormem. 31 Pois se nos discernı́ssemos, nã o
serı́amos julgados. 32 Mas quando somos julgados, somos castigados
pelo Senhor, para que nã o sejamos condenados com o mundo. 33
Portanto, meus irmã os, quando você s se reunirem para comer,
esperem uns pelos outros. 34 Mas, se algué m tiver fome, coma em casa,
para que a vossa reuniã o nã o seja para julgamento. O resto eu porei em
ordem quando vier.
Sirach 17
1 O Senhor criou o homem da terra,

e os transformou de volta para ele novamente.


2 Ele lhes deu dias por nú mero e um tempo determinado,

e deu-lhes autoridade sobre as coisas que estã o sobre ela.


3 Ele os dotou da força que lhes é pró pria,

e os fez conforme a sua imagem.


4 Ele pô s o temor do homem sobre toda a carne,

e lhe deu domı́nio sobre animais e pá ssaros. 5


6 Deu-lhes conselho, lı́ngua, olhos,

ouvidos e coraçã o para ter entendimento.


7 Ele os encheu do conhecimento da sabedoria,

e mostrou-lhes o bem e o mal.


8 Ele ixou os olhos em seus coraçõ es,

para mostrar-lhes a majestade de suas obras. 9


10 E louvarã o o nome de sua santidade,

para que declarem a majestade de suas obras.


11 Acrescentou-lhes conhecimento,

e deu-lhes uma lei de vida por herança.


12 Fez com eles uma aliança eterna,

e mostrou-lhes os seus juı́zos.


13 Seus olhos viram a majestade da sua gló ria.

Seus ouvidos ouviram a gló ria de sua voz.


14 Ele lhes disse: “Acautelai-vos de toda injustiça”.

Entã o ele lhes deu mandamento, cada um a respeito do seu


pró ximo.

15 Seus caminhos estã o sempre diante dele.

Eles nã o serã o escondidos de seus olhos. 16


17 Para cada naçã o ele designou um governante,

mas Israel é a porçã o do Senhor. 18


19 Todas as suas obras sã o claras como o sol diante dele.

Seus olhos estã o continuamente sobre seus caminhos.


20 Suas iniqü idades nã o lhe sã o ocultas.
Todos os seus pecados estã o diante do Senhor. 21
22 Para ele a esmola de um homem é como um sinete.

Ele manterá a generosidade de um homem como a menina dos


olhos.
23 Depois ele se levantará e os recompensará ,

e retribuir a sua recompensa sobre a sua cabeça.


24 Entretanto, aos que se arrependem, ele dá o retorno.

Ele conforta aqueles que estã o perdendo a paciê ncia.

25 Volte para o Senhor e abandone os pecados.

Faça sua oraçã o diante do rosto dele ofender menos.


26 Volta-te novamente para o Altı́ssimo e desvia-te da iniqü idade.

Odeio muito a coisa abominá vel.


27 Quem louvará ao Altı́ssimo no Hades,

no lugar daqueles que vivem e agradecem?


28 A açã o de graças perece dos mortos, como de quem nã o existe.

Aquele que está com vida e saú de louvará ao Senhor.


29 Quã o grande é a misericó rdia do Senhor,

e seu perdã o para aqueles que se voltam para ele!


30 Pois nem todas as coisas podem estar nos homens,

porque o ilho do homem nã o é imortal.


31 O que é mais brilhante que o sol? No entanto, mesmo isso falha.

Um homem mau pensa em carne e sangue.


32 Ele contempla o poder das alturas do cé u,

enquanto todos os homens sã o terra e cinzas.


Êxodo 3
1 Ora, Moisé s apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote

de Midiã , e levou o rebanho para a parte de trá s do deserto, e chegou ao


monte de Deus, a Horebe. 2 O anjo do Senhor lhe apareceu numa chama
de fogo do meio de uma sarça. Ele olhou, e eis que a sarça ardia no fogo,
e a sarça nã o se consumia. 3 Moisé s disse: “Eu irei agora e verei esta
grande visã o, por que a sarça nã o está queimada”.
4 Quando o Senhor viu que ele vinha ver, Deus o chamou do meio

da sarça e disse: “Moisé s! Moisé s!"


Ele disse: “Aqui estou”.
5 Ele disse: “Nã o chegue perto. Tire suas sandá lias, pois o lugar em

que você está é terra santa”. 6 Alé m disso, ele disse: “Eu sou o Deus de
seu pai, o Deus de Abraã o, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó ”.
Moisé s escondeu o rosto porque tinha medo de olhar para Deus.
7 O Senhor disse: “Certamente vi a a liçã o do meu povo que está no
Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus feitores, pois conheço as
suas dores. 8 Desci para livrá -los das mã os dos egı́pcios, e para fazê -los
subir daquela terra para uma terra boa e grande, para uma terra que
mana leite e mel; ao lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do
ferezeu, do heveu e do jebuseu. 9 Agora, eis que o clamor dos ilhos de
Israel chegou a mim. Alé m disso, vi a opressã o com que os egı́pcios os
oprimem. 10 Venha agora, e eu o enviarei a Faraó , para que tire meu
povo, os ilhos de Israel, do Egito”.
11 Moisé s disse a Deus: “Quem sou eu para ir a Faraó e tirar os ilhos
de Israel do Egito?”
12 Ele disse: “Certamente estarei com você s. Este será
o sinal para
você que eu te enviei: quando você tiver tirado o povo do Egito, você
servirá a Deus neste monte”.
13 Moisé s disse a Deus: “Eis que quando eu for aos ilhos de Israel
e lhes disser: 'O Deus de vossos pais me enviou a você s', e eles me
perguntarem: 'Qual é o nome dele?' o que devo dizer a eles?”
14 Deus disse a Moisé s: “EU SOU O QUE SOU”, e ele disse: “Você deve
dizer isto aos ilhos de Israel: 'EU SOU me enviou a você s'. ” 15 Deus
disse ainda a Moisé s: “Você deve dizer isso aos ilhos de Israel:
'Yahweh, o Deus de seus pais, o Deus de Abraã o, o Deus de Isaque e o
Deus de Jacó , me enviou a você s'. Este é o meu nome para sempre, e
este é o meu memorial para todas as geraçõ es. 16 Vá e reú na os anciã os
de Israel e diga-lhes: 'Yahweh, o Deus de seus pais, o Deus de Abraã o, de
Isaque e de Jacó , me apareceu, dizendo: Certamente te visitei e visto o
que vos foi feito no Egito. 17 Eu disse: Eu os farei subir da a liçã o do
Egito para a terra do cananeu, do heteu, do amorreu, do ferezeu, do
heveu e do jebuseu, para uma terra que mana leite e mel”. ' 18 Eles
ouvirã o a sua voz. Você s e os anciã os de Israel virã o ao rei do Egito, e
lhe dirã o: 'Yahweh, o Deus dos hebreus, nos encontrou. Agora, por favor,
deixe-nos ir caminho de trê s dias ao deserto, para que sacri iquemos
ao Senhor, nosso Deus.' 19 Eu sei que o rei do Egito nã o vai te dar
permissã o para ir, nã o, nã o por mã o forte. 20 Estenderei a mã o e ferirei
o Egito com todas as minhas maravilhas que farei no meio deles, e
depois disso ele vos deixará ir. 21 Darei graça a este povo aos olhos dos
egı́pcios, e acontecerá que, quando fores, nã o sairá s de mã os vazias. 22
Mas toda mulher pedirá ao seu vizinho e à que visita a sua casa jó ias de
prata, jó ias de ouro e roupas. Tu as porá s sobre teus ilhos e sobre tuas
ilhas. Você deve saquear os egı́pcios”.
João 15
1 “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. 2 Cada galho
em mim que nã o dá fruto, ele tira. Todo ramo que dá fruto, ele poda,
para que dê mais fruto. 3 Você já está podado por causa da palavra que
eu falei para você . 4 Permaneça em mim, e eu em você . Assim como o
ramo nã o pode dar fruto por si mesmo, a menos que permaneça na
videira, você també m nã o pode, a menos que permaneça em mim. 5 Eu
sou a videira. Você s sã o os ramos. Aquele que permanece em mim e eu
nele dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer. 6 Se um homem
nã o permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará ; e
eles os ajuntam, lançam-nos no fogo, e sã o queimados. 7 Se você
permanecer em mim, e minhas palavras permanecerem em você , você
pedirá o que quiser, e isso será feito por você .
8 “Nisto é
glori icado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis
meus discı́pulos. 9 Assim como o Pai me amou, eu també m amei você s.
Permaneça no meu amor. 10 Se guardares os meus mandamentos,
permanecerá s no meu amor; assim como tenho guardado os
mandamentos de meu Pai e permaneço em seu amor. 11 Estas coisas
vos tenho falado, para que o meu gozo permaneça em vó s, e o vosso
gozo seja completo.
12 “Este é o meu mandamento, que você s se amem, assim como eu
os amei. 13 Ningué m tem maior amor do que este, de algué m dar a vida
pelos seus amigos. 14 Você s sã o meus amigos, se izerem o que eu
mandar. 15 Já nã o vos chamo servos, porque o servo nã o sabe o que faz
o seu senhor. Mas eu os chamei de amigos, pois tudo o que ouvi de meu
Pai, eu dei a conhecer a você s. 16 Você nã o me escolheu, mas eu te
escolhi e te designei, para que você vá e dê fruto, e seu fruto
permaneça; para que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele
vo-lo conceda.
17 “Estas coisas vos ordeno, para que vos ameis uns aos outros. 18

Se o mundo te odeia, você sabe que me odiou antes de odiar você . 19 Se


você fosse do mundo, o mundo adoraria o seu. Mas porque você nã o é
do mundo, já que eu te escolhi do mundo, o mundo te odeia. 20 Lembre-
se da palavra que eu lhe disse: 'O servo nã o é maior do que o seu
senhor'. Se eles me perseguiram, eles també m o perseguirã o. Se eles
mantiveram a minha palavra, eles també m manterã o a sua. 21 Mas eles
farã o tudo isso com você por causa do meu nome, porque nã o
conhecem aquele que me enviou. 22 Se eu nã o tivesse vindo e falado
com eles, eles nã o teriam pecado; mas agora eles nã o tê m desculpa
para o seu pecado. 23 Quem me odeia, odeia també m meu Pai. 24 Se eu
nã o tivesse feito entre eles as obras que ningué m mais fez, eles nã o
teriam pecado. Mas agora eles viram e també m odiaram a mim e a meu
Pai. 25 Mas isso aconteceu para que se cumprisse a palavra que estava
escrita na lei deles: 'Eles me odiaram sem motivo'.
26 “Quando o conselheiro vier, que do Pai vos enviarei, o Espı́rito da

verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. 27 Você


també m vai testemunhar, porque você está comigo desde o inı́cio.
Lucas 17
1 Ele disse aos discı́pulos: “E impossı́vel que nã o venham tropeços,
mas ai daquele por quem vierem! 2 Seria melhor para ele se uma pedra
de moinho fosse pendurada em seu pescoço e ele fosse lançado ao mar,
do que fazer um desses pequeninos tropeçar. 3 Tome cuidado. Se seu
irmã o pecar contra você , repreenda-o. Se ele se arrepender, perdoe-o. 4
Se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes voltar, dizendo:
'Arrependo-me', tu o perdoará s”.
5 Os apó stolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé ”.

6 O Senhor disse: “Se você tivesse fé como um grã o de mostarda,


diria a este sicô moro: 'Arranca-te e planta-te no mar', e ele te
obedeceria. 7 Mas quem há entre vó s, tendo um servo que lavra ou
apascenta ovelhas, que diga ao chegar do campo: 'Vem imediatamente
e sente-se à mesa'? 8 e nã o lhe dirá antes: 'Prepare minha ceia, vista-se
adequadamente e sirva-me, enquanto eu como e bebo. Depois você
deve comer e beber'? 9 Ele agradece a esse servo porque ele fez as
coisas que foram ordenadas? Eu acho que nã o. 10 Assim també m vó s,
quando izerdes tudo o que vos for ordenado, dizeis: 'Somos servos
indignos. Cumprimos nosso dever. ”
11 Indo para Jerusalé m, passava pelos con ins da Samaria e da
Galilé ia. 12 Ao entrar em certa aldeia, dez leprosos o encontraram, que
icaram de longe. 13 Eles levantaram a voz, dizendo: “Jesus, Mestre, tem
misericó rdia de nó s!”
14 Ao vê -los, disse-lhes: “Ide e mostrai-vos aos sacerdotes”. A

medida que iam, eram puri icados. 15 Um deles, quando viu que estava
curado, voltou, glori icando a Deus em alta voz. 16 Prostrou-se com o
rosto em terra aos pé s de Jesus, dando-lhe graças; e ele era um
samaritano. 17 Jesus respondeu: “Nã o foram os dez puri icados? Mas
onde estã o os nove? 18 Nã o se achou ningué m que voltasse para dar
gló ria a Deus, exceto este estrangeiro?” 19 Entã o ele lhe disse: “Levante-
se e vá embora. Sua fé o curou”.
20 Ao ser questionado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de

Deus, ele lhes respondeu: “O Reino de Deus nã o vem com observaçã o;
21 nem dirã o: 'Olhe, aqui!' ou, 'Olha, lá !' pois eis que o Reino de Deus

está dentro de você s”.


22 Ele disse aos discı́pulos: “Dias virã o em que você s desejarã o ver

um dos dias do Filho do Homem e nã o verã o. 23 Eles lhe dirã o: 'Olhe,
aqui!' ou 'Olha, lá !' Nã o vá embora ou siga atrá s deles, 24 pois como o
relâ mpago, quando brilha de uma parte debaixo do cé u, brilha para
outra parte debaixo do cé u; assim será o Filho do Homem em seus dias.
25 Mas primeiro, ele deve sofrer muitas coisas e ser rejeitado por esta

geraçã o. 26 Como foi nos dias de Noé , assim també m será nos dias do
Filho do Homem. 27 Eles comeram, beberam, se casaram e foram dados
em casamento até o dia em que Noé entrou no navio, e veio o dilú vio e
destruiu a todos. 28 Da mesma forma, como era nos dias de Ló : comiam,
bebiam, compravam, vendiam, plantavam, construı́am; 29 mas no dia
em que Ló saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre do cé u e os destruiu
a todos. 30 Será da mesma maneira no dia em que o Filho do Homem
for revelado. 31 Naquele dia, quem estiver no eirado e os seus bens em
casa, nã o desça para os levar. Aquele que está no campo també m nã o
volte atrá s. 32 Lembre-se da esposa de Ló ! 33 Quem procura salvar sua
vida a perde, mas quem perde sua vida a preserva. 34 Eu lhe digo,
naquela noite haverá duas pessoas em uma cama. Um será levado e o
outro será deixado. 35 Haverá dois grã os de moagem juntos. Um será
levado e o outro será deixado”. 36
37 Eles, respondendo, perguntaram-lhe: “Onde, Senhor?”

Ele lhes disse: “Onde estiver o corpo, ali també m se ajuntarã o os


abutres”.
Provérbios 14
1 Toda mulher sá bia edi ica a sua casa,
mas a tola a derruba com as pró prias mã os.
2 Quem anda na sua retidã o teme ao Senhor,

mas aquele que é perverso em seus caminhos o despreza.


3 A fala do tolo traz uma vara à s suas costas,

mas os lá bios dos sá bios os protegem.


4 Onde nã o há bois, a manjedoura está limpa,

mas muito aumento é pela força do boi.


5 A testemunha verdadeira nã o mentirá ,

mas a testemunha falsa derrama mentiras.


6 O escarnecedor busca sabedoria e nã o a encontra,

mas o conhecimento vem facilmente para uma pessoa perspicaz.


7 Fique longe de um homem tolo,

pois você nã o encontrará conhecimento em seus lá bios.


8 A sabedoria do prudente é pensar no seu caminho,

mas a loucura dos tolos é engano.


9 Os tolos zombam de fazer expiaçã o pelos pecados,

mas entre os retos há boa vontade.


10 O coraçã o conhece sua pró pria amargura e alegria;

ele nã o irá compartilhá -los com um estranho.


11 A casa dos ı́mpios será derrubada,

mas a tenda dos justos lorescerá .


12 Há um caminho que ao homem parece direito,

mas no inal leva à morte.


13 Mesmo no riso o coraçã o pode icar triste,

e a alegria pode terminar em peso.


14 O in iel será recompensado pelos seus pró prios caminhos;

da mesma forma um homem bom será recompensado por seus


caminhos.
15 Um homem simples acredita em tudo,

mas o homem prudente considera cuidadosamente seus caminhos.


16 O sá bio teme e evita o mal,

mas o tolo é cabeça quente e imprudente.


17 Quem se ira facilmente cometerá insensatez,
e o astuto é odiado.
18 Os simples herdam a loucura,

mas os prudentes sã o coroados de conhecimento.


19 Os maus se curvam diante dos bons,

e os ı́mpios à s portas dos justos.


20 O pobre é evitado até pelo pró prio pró ximo,

mas o rico tem muitos amigos.


21 Quem despreza o pró ximo peca,

mas quem se compadece dos pobres é bem-aventurado.


22 Nã o se desviam os que tramam o mal?

Mas o amor e a idelidade pertencem a quem planeja o bem.


23 Em todo trabalho á rduo há lucro,

mas a fala dos lá bios só leva à pobreza.


24 A coroa dos sá bios sã o suas riquezas,

mas a insensatez dos insensatos os coroa de insensatez.


25 O testemunho verdadeiro salva almas,

mas a testemunha falsa é enganosa.


26 No temor do Senhor está uma fortaleza segura,

e ele será um refú gio para seus ilhos.


27 O temor do Senhor é fonte de vida,

desviando as pessoas das armadilhas da morte.


28 Na multidã o do povo está a gló ria do rei,

mas na falta de gente está a destruiçã o do prı́ncipe.


29 Aquele que é tardio em irar-se tem grande entendimento,

mas aquele que tem um temperamento explosivo mostra


insensatez.
30 A vida do corpo é um coraçã o em paz,

mas a inveja apodrece os ossos.


31 Quem oprime o pobre despreza o seu Criador,

mas aquele que é bondoso para com o necessitado o honra.


32 O ı́mpio é derrubado na sua calamidade,

mas na morte o justo tem refú gio.


33 A sabedoria repousa no coraçã o de quem tem entendimento,
e é até mesmo conhecido no ı́ntimo dos tolos.
34 A justiça exalta uma naçã o,

mas o pecado é uma vergonha para qualquer povo.


35 O favor do rei é para com o servo que age com sabedoria,

mas a sua ira é contra aquele que envergonha.


1 Coríntios 3
1 Irmã os, eu nã o poderia falar com você s como espiritual, mas

como carnal, como bebê s em Cristo. 2 Eu te alimentei com leite, nã o


com carne; pois você ainda nã o estava pronto. De fato, você ainda nã o
está pronto, 3 pois ainda é carnal. Pois, havendo entre vó s ciú mes,
contendas e facçõ es, nã o sã o carnais e nã o andam nos caminhos dos
homens? 4 Pois quando um diz: “Sigo Paulo” e outro: “Sigo Apolo”, você
nã o é carnal? 5 Quem é Apolo, e quem é Paulo, senã o servos por meio
dos quais você creu, e cada um como o Senhor lhe deu? 6 eu plantei.
Apolo regou. Mas Deus deu o aumento. 7 Portanto, nem o que planta é
alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. 8 Ora,
quem planta e quem rega sã o o mesmo, mas cada um receberá sua
pró pria recompensa de acordo com seu pró prio trabalho. 9 Pois somos
cooperadores de Deus. Você é a lavoura de Deus, o edifı́cio de Deus.
10 Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o alicerce como

sá bio construtor, e outro edi ica sobre ele. Mas que cada homem tenha
cuidado com a forma como constró i sobre isso. 11 Porque ningué m
pode lançar outro fundamento alé m do que já foi posto, que é Jesus
Cristo. 12 Mas, se algué m edi icar sobre o fundamento com ouro, prata,
pedras preciosas, madeira, feno ou palha, 13 a obra de cada um será
revelada. Pois o Dia o declarará , porque é revelado no fogo; e o pró prio
fogo provará que tipo de trabalho é o trabalho de cada homem. 14 Se
icar a obra de algué m que sobre ela edi icou, receberá galardã o. 15 Se a
obra de algué m se queimar, sofrerá prejuı́zo, mas ele mesmo será salvo,
mas como pelo fogo.
16 Você nã o sabe que você é um templo de Deus, e que o Espı́rito de
Deus vive em você ? 17 Se algué m destruir o templo de Deus, Deus o
destruirá ; pois o templo de Deus é santo, o que você é .
18 Ningué m se engane. Se algué m pensa que é sá bio entre vó s neste
mundo, faça-se louco, para que se torne sá bio. 19 Porque a sabedoria
deste mundo é loucura para Deus. Pois está escrito: “Ele tomou os
sá bios em sua astú cia”. 20 E ainda: “O Senhor conhece o raciocı́nio dos
sá bios, que é inú til”. 21 Portanto, ningué m se glorie nos homens. Porque
tudo é vosso, 22 seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a
vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro. Todos sã o seus, 23 e
você é de Cristo, e Cristo é de Deus.
2 Coríntios 6
1 Juntos, rogamos també m que nã o recebais em vã o a graça de

Deus, 2 porque ele diz:


“Em um momento aceitá vel eu escutei você .
Em um dia de salvaçã o eu te ajudei.”
Eis que agora é o tempo aceitá vel. Eis que agora é o dia da
salvaçã o. 3 Em coisa alguma damos tropeço, para que o nosso serviço
nã o seja censurado, 4 mas em tudo, recomendando-nos como servos de
Deus, na grande perseverança, nas tribulaçõ es, nas di iculdades, nas
angú stias, 5 nas surras, nas prisõ es, em tumultos, em trabalhos, em
vigı́lias, em jejuns; 6 na pureza, no conhecimento, na perseverança, na
benignidade, no Espı́rito Santo, no amor sincero, 7 na palavra da
verdade, no poder de Deus; pela armadura da justiça à direita e à
esquerda, 8 por gló ria e desonra, por má fama e boa fama; como
enganadores, e ainda assim verdadeiros; 9 como desconhecido, mas
bem conhecido; como morrendo, e eis que vivemos; como punido, e
nã o morto; 10 como tristes, mas sempre alegres; como pobres, mas
enriquecendo a muitos; como nada tendo, mas possuindo todas as
coisas.
11 Nossa boca está aberta para você s, corı́ntios. Nosso coraçã o está
dilatado. 12 Você nã o está restringido por nó s, mas está restringido por
suas pró prias afeiçõ es. 13 Agora, em troca, falo como a meus ilhos:
você s també m abrem seus coraçõ es. 14 Nã o se ponham em jugo
desigual com os incré dulos, pois que comunhã o tê m a justiça e a
iniqü idade? Ou que comunhã o a luz tem com as trevas? 15 Que acordo
Cristo tem com Belial? Ou que porçã o tem um crente com um
incré dulo? 16 Que acordo tem um templo de Deus com os ı́dolos? Pois
você é um templo do Deus vivo. Assim como Deus disse: “Eu habitarei
neles e andarei neles. Eu serei o seu Deus e eles serã o o meu povo”. 17
Portanto
“'Sai do meio deles,
e separem', diz o Senhor.
'Nã o toque em nada impuro.
Eu vou te receber.
18 Eu serei para você s um Pai.

Você s serã o para mim ilhos e ilhas',


diz o Senhor Todo-Poderoso”.
Gálatas 3
1 Gá latas insensatos, que os enfeitiçou para que nã o obedecessem à

verdade, diante de cujos olhos Jesus Cristo foi retratado abertamente


entre você s como cruci icado? 2 Eu só quero aprender isso de você :
você recebeu o Espı́rito pelas obras da lei, ou pelo ouvir da fé ? 3 Você é
tã o tolo? Tendo começado no Espı́rito, você está agora completo na
carne? 4 Sofreste tantas coisas em vã o, se é que é em vã o? 5 Aquele, pois,
que vos dá o Espı́rito e faz milagres entre vó s, o faz pelas obras da lei ou
pela pregaçã o da fé ? 6 Mesmo assim, Abraã o “creu em Deus, e isso lhe
foi imputado para justiça”. 7 Saiba, pois, que os que sã o da fé sã o ilhos
de Abraã o. 8 A Escritura, prevendo que Deus justi icaria pela fé os
gentios, preanunciou a Boa Nova a Abraã o, dizendo: Em ti serã o
benditas todas as naçõ es. 9 Portanto, os que sã o da fé sã o abençoados
com o iel Abraã o. 10 Pois todos os que sã o das obras da lei estã o
debaixo de maldiçã o. Pois está escrito: Maldito todo aquele que nã o
permanecer em todas as coisas que estã o escritas no livro da lei, para
praticá -las. 11 Ora, é evidente que nenhum homem é justi icado pela lei
diante de Deus, pois: “O justo viverá pela fé ”. 12 A lei nã o é de fé , mas:
“Aquele que as praticar viverá por elas”.
13 Cristo nos resgatou da maldiçã o da lei, fazendo-se maldiçã o por

nó s. Pois está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no
madeiro, 14 para que a bê nçã o de Abraã o chegue aos gentios por meio
de Cristo Jesus, para que pela fé recebamos a promessa do Espı́rito.
15 Irmã os, falando de termos humanos, embora seja apenas uma

aliança de homens, mas uma vez con irmada, ningué m a anula ou


acrescenta a ela. 16 Ora, as promessas foram feitas a Abraã o e à sua
descendê ncia. Ele nã o diz “à descendê ncia”, como de muitos, mas como
de um, “à tua descendê ncia”, que é Cristo. 17 Agora digo isto: Uma
aliança con irmada de antemã o por Deus em Cristo, a lei, que veio
quatrocentos e trinta anos depois, nã o anula, de modo a tornar a
promessa sem efeito. 18 Porque, se a herança é da lei, já nã o é da
promessa; mas Deus o concedeu a Abraã o por promessa.
19 Entã o por que existe a lei? Foi acrescentado por causa das

transgressõ es, até que viesse a descendê ncia a quem a promessa foi
feita. Foi ordenado por meio de anjos pela mã o de um mediador. 20 Ora,
um mediador nã o está entre um, mas Deus é um. 21 A lei é entã o contra
as promessas de Deus? Certamente nã o! Pois se houvesse uma lei dada
que pudesse vivi icar, certamente a justiça teria sido da lei. 22 Mas a
Escritura encerrou todas as coisas sob o pecado, para que a promessa
pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos que crê em.
23 Mas antes que viesse a fé , está vamos presos sob a lei, con inados
para a fé que depois haveria de ser revelada. 24 De modo que a lei se
tornou nosso tutor para nos conduzir a Cristo, para que sejamos
justi icados pela fé . 25 Mas agora que veio a fé , nã o estamos mais
debaixo de um tutor. 26 Pois todos você s sã o ilhos de Deus, pela fé em
Cristo Jesus. 27 Pois todos vó s que fostes batizados em Cristo vos
revestistes de Cristo. 28 Nã o há judeu nem grego, nã o há escravo nem
livre, nã o há homem nem mulher; pois todos sois um em Cristo Jesus.
29 Se sois de Cristo, sois descendê ncia de Abraã o e herdeiros conforme

a promessa.
Isaías 61
1 O Espı́rito do Senhor Javé está sobre mim,
porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos humildes.
Ele me enviou para curar os quebrantados de coraçã o,
proclamar liberdade aos cativos
e solte aos que estã o presos,
2 para proclamar o ano da graça de Yahweh

e o dia da vingança do nosso Deus,


para consolar todos os que choram,
3 para cuidar dos que choram em Siã o,

para dar-lhes uma guirlanda de cinzas,


o ó leo da alegria pelo luto,
a veste de louvor para o espı́rito angustiado,
para que se chamem á rvores de justiça,
a plantaçã o de Javé ,
para que ele seja glori icado.

4 Eles reconstruirã o as velhas ruı́nas.

Eles vã o levantar os antigos lugares devastados.


Eles vã o reparar as cidades em ruı́nas
que foram devastados por muitas geraçõ es.
5 Estranhos icarã o de pé e alimentarã o seus rebanhos.

Estrangeiros trabalharã o seus campos e suas vinhas.


6 Mas você s serã o chamados sacerdotes do Senhor.

Os homens os chamarã o de servos de nosso Deus.


Você comerá a riqueza das naçõ es.
Você vai se vangloriar em sua gló ria.
7 Em vez de sua vergonha, você terá o dobro.

Em vez de desonra, eles se regozijarã o em sua porçã o.


Portanto em sua terra eles possuirã o o dobro.
A alegria eterna será para eles.
8 “Pois eu, Javé , amo a justiça.

Eu odeio roubo e iniquidade.


Eu lhes darei sua recompensa em verdade
e farei com eles uma aliança eterna.
9 Sua descendê ncia será conhecida entre as naçõ es,

e sua descendê ncia entre os povos.


Todos os que os virem os reconhecerã o,
que eles sã o a descendê ncia que o Senhor abençoou”.

10 Regozijar-me-ei grandemente no Senhor!

A minha alma se alegrará no meu Deus,


porque ele me vestiu com as vestes da salvaçã o.
Ele me cobriu com o manto da justiça,
como um noivo se enfeita com uma guirlanda
e como uma noiva se enfeita com suas jó ias.
11 Pois assim como a terra produz o seu broto,

e como o jardim faz brotar o que nele foi semeado,


assim o Senhor Deus fará brotar justiça e louvor diante de todas as
naçõ es.
1 Coríntios 1
1 Paulo, chamado para ser apó stolo de Jesus Cristo pela vontade de

Deus, e nosso irmã o Só stenes, 2 à assemblé ia de Deus que está em


Corinto, aos santi icados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos
os que invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo em todo lugar,
deles e nosso: 3 Graça a vó s e paz da parte de Deus nosso Pai e do
Senhor Jesus Cristo.
4 Sempre dou graças ao meu Deus por vó s, pela graça de Deus que

vos foi dada em Cristo Jesus; 5 que em tudo fostes enriquecidos nele,
em toda palavra e em todo conhecimento; 6 assim como o testemunho
de Cristo foi con irmado em você s: 7 de modo que nenhum dom ica
para trá s; esperando a revelaçã o de nosso Senhor Jesus Cristo; 8 que
també m vos con irmará até ao im, irrepreensı́veis no dia de nosso
Senhor Jesus Cristo. 9 Fiel é Deus, por quem fostes chamados à
comunhã o de seu Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor.
10 Rogo-vos, irmã os, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que

todos faleis a mesma coisa, e que nã o haja divisõ es entre vó s, mas que
juntamente sejais aperfeiçoados na mesma mente e no mesmo juı́zo. .
11 Pois me foi relatado a respeito de você s, meus irmã os, por aqueles

que sã o da casa de Cloe, que há contendas entre você s. 12 Agora quero
dizer isto, que cada um de você s diz: “Sigo Paulo”, “Sigo Apolo”, “Sigo
Cefas” e “Sigo Cristo”. 13 Cristo está dividido? Paulo foi cruci icado por
você ? Ou você foi batizado em nome de Paulo? 14 Dou graças a Deus por
nã o ter batizado nenhum de você s, exceto Crispo e Gaio, 15 para que
ningué m diga que eu os batizei em meu pró prio nome. 16 (També m
batizei a casa de Esté fanas; alé m deles, nã o sei se batizei algum outro.)
17 Porque Cristo nã o me enviou para batizar, mas para pregar a Boa

Nova, nã o em sabedoria de palavras, para que o cruz de Cristo nã o seria
anulada. 18 Porque a palavra da cruz é loucura para os que estã o
morrendo, mas para nó s, que somos salvos, é o poder de Deus. 19 Pois
está escrito:
“Destruirei a sabedoria dos sá bios.
Eu reduzirei a nada o discernimento dos que tê m discernimento.”
20 Onde está o sá bio? Onde está o escriba? Onde está o advogado
deste mundo? Deus nã o tornou louca a sabedoria deste mundo? 21 Pois
visto que na sabedoria de Deus o mundo pela sua sabedoria nã o
conheceu a Deus, aprouve a Deus pela loucura da pregaçã o salvar os
que crê em. 22 Porque os judeus pedem sinais, os gregos buscam
sabedoria, 23 mas nó s pregamos a Cristo cruci icado: escâ ndalo para os
judeus e loucura para os gregos, 24 mas para os chamados, tanto judeus
como gregos, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus; 25 porque
a loucura de Deus é mais sá bia do que os homens, e a fraqueza de Deus
é mais forte do que os homens.
26 Porque vedes a vossa vocaçã o, irmã os, que nem muitos sã o

sá bios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres; 27
mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para envergonhar os
sá bios. Deus escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as
fortes. 28 Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as
desprezı́veis, e as que nã o existem, para reduzir a nada as que existem,
29 para que nenhuma carne se glorie diante de Deus. 30 Por causa dele

estais em Cristo Jesus, que da parte de Deus nos foi feito sabedoria, e
justiça, e santi icaçã o, e redençã o; 31 isto, como está escrito: Quem se
gloriar, glorie-se no Senhor.
Efésios 5
1 Sede, pois, imitadores de Deus, como ilhos amados. 2 Andai em
amor, como també m Cristo nos amou e se entregou por nó s, como
oferta e sacrifı́cio a Deus em cheiro suave.
3 Mas a imoralidade sexual, e toda impureza ou avareza, nem

sequer seja mencionada entre vó s, como convé m aos santos; 4 nem
torpezas, nem conversas tolas, nem gracejos que nã o convê m, mas
antes açõ es de graças.
5 Saibam com certeza que nenhum imoral, nem impuro, nem

avarento, que é idó latra, tem herança no Reino de Cristo e de Deus.


6 Ningué m te engane com palavras vã s. Por causa dessas coisas, a

ira de Deus vem sobre os ilhos da desobediê ncia. 7 Portanto, nã o sejas
participante deles. 8 Pois você s antes eram trevas, mas agora sã o luz no
Senhor. Andai como ilhos da luz, 9 porque o fruto do Espı́rito está em
toda a bondade, justiça e verdade, 10 provando o que agrada ao Senhor.
11 Nã o tenhais comunhã o com as obras infrutı́feras das trevas, mas

antes até as repreendais. 12 Pois é até vergonhoso falar das coisas que
eles fazem em segredo. 13 Mas todas as coisas, quando reprovadas, sã o
reveladas pela luz, pois tudo o que revela é luz. 14 Por isso diz: Desperta,
tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo resplandecerá
sobre ti.
15 Portanto, observe com cuidado como você anda, nã o como
né scios, mas como sá bios, 16 redimindo o tempo, porque os dias sã o
maus. 17 Portanto, nã o sejam tolos, mas entendam qual é a vontade do
Senhor. 18 Nã o vos embriagueis com vinho, que leva à libertinagem,
mas enchei-vos do Espı́rito, 19 falando uns aos outros com salmos,
hinos e câ nticos espirituais; cantando e entoando melodia em seu
coraçã o ao Senhor; 20 dando sempre graças por todas as coisas em
nome de nosso Senhor Jesus Cristo, a Deus e Pai; 21 sujeitando-vos uns
aos outros no temor de Cristo.
22 Mulheres, sujeitem-se a seus pró prios maridos, como ao Senhor.
23 Porque o marido é a cabeça da mulher, como també m Cristo é a
cabeça da assemblé ia, sendo ele mesmo o salvador do corpo. 24 Mas,
como a assemblé ia está sujeita a Cristo, assim també m as mulheres
estejam em tudo com seus maridos.
25 Maridos, amai vossas mulheres, como també m Cristo amou a

assemblé ia e se entregou por ela; 26 para santi icá -lo, tendo-o


puri icado pela lavagem da á gua pela palavra, 27 para apresentar a
congregaçã o a si mesmo gloriosamente, sem má cula, nem ruga, nem
coisa semelhante; mas que seja santo e sem defeito. 28 Assim també m
os maridos devem amar suas pró prias mulheres como a seus pró prios
corpos. Aquele que ama sua pró pria esposa ama a si mesmo. 29 Pois
nenhum homem jamais odiou a sua pró pria carne; mas a nutre e
acalenta, assim como o Senhor també m faz a assemblé ia; 30 porque
somos membros do seu corpo, da sua carne e dos seus ossos. 31 “Por
isso o homem deixará pai e mã e e se unirá à sua mulher. Entã o os dois
se tornarã o uma só carne”. 32 Grande é este misté rio, mas falo de Cristo
e da assemblé ia. 33 No entanto, cada um de você s també m deve amar a
sua pró pria esposa como a si mesmo; e deixe a esposa ver que ela
respeita seu marido.
1 Coríntios 12
1 Agora, quanto à s coisas espirituais, irmã os, nã o quero que você s

sejam ignorantes. 2 Você sabe que quando você era pagã o, você foi
levado para aqueles ı́dolos mudos, por mais que você fosse conduzido.
3 Por isso vos faço saber que nenhum homem que fala pelo Espı́rito de

Deus diz: “Jesus é aná tema”. Ningué m pode dizer: “Jesus é o Senhor”,
senã o pelo Espı́rito Santo.
4 Agora há vá rios tipos de dons, mas o mesmo Espı́rito. 5 Existem
vá rios tipos de serviço, e o mesmo Senhor. 6 Há vá rios tipos de obras,
mas o mesmo Deus, que opera todas as coisas em todos. 7 Mas a cada
um é dada a manifestaçã o do Espı́rito para o proveito de todos. 8
Porque a um é dada pelo Espı́rito a palavra de sabedoria, e a outro a
palavra de conhecimento, segundo o mesmo Espı́rito; 9 a outra fé , pelo
mesmo Espı́rito; e a outros dons de curas, pelo mesmo Espı́rito; 10 e a
outras operaçõ es de milagres; e para outra profecia; e a outro
discernimento de espı́ritos; para outros tipos diferentes de lı́nguas; e a
outro a interpretaçã o de lı́nguas. 11 Mas o mesmo Espı́rito produz tudo
isso, distribuindo a cada um separadamente como deseja.
12 Porque, como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os
membros do corpo, sendo muitos, formam um só corpo; assim també m
é Cristo. 13 Pois todos nó s fomos batizados em um Espı́rito formando
um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres; e todos
foram dados a beber em um Espı́rito. 14 Pois o corpo nã o é um só
membro, mas muitos. 15 Se o pé dissesse: “Porque nã o sou a mã o, nã o
faço parte do corpo”, nã o é , portanto, nã o parte do corpo. 16 Se o ouvido
dissesse: “Porque nã o sou olho, nã o faço parte do corpo”, nã o é ,
portanto, nã o parte do corpo. 17 Se todo o corpo fosse olho, onde
estaria o ouvido? Se o todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? 18 Mas
agora Deus colocou os membros, cada um deles, no corpo, como quis.
19 Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? 20 Mas agora

sã o muitos membros, mas um só corpo. 21 O olho nã o pode dizer à mã o:
“Nã o preciso de você ”, ou ainda a cabeça aos pé s: “Nã o preciso de você ”.
22 Nã o, antes, os membros do corpo que parecem mais fracos sã o
necessá rios. 23 As partes do corpo que julgamos serem menos
honrosas, à s quais concedemos maior honra; e nossas partes nã o
apresentá veis tê m propriedade mais abundante; 24 enquanto nossas
partes apresentá veis nã o tê m essa necessidade. Mas Deus compô s o
corpo juntamente, dando maior honra à parte inferior, 25 para que nã o
houvesse divisã o no corpo, mas para que os membros tivessem o
mesmo cuidado uns dos outros. 26 Quando um membro sofre, todos os
membros sofrem com ele. Quando um membro é homenageado, todos
os membros se regozijam com isso.
27 Agora você s sã o o corpo de Cristo e membros individualmente. 28

Deus colocou alguns na assemblé ia: primeiro apó stolos, segundo


profetas, terceiro mestres, depois milagreiros, depois dons de curar,
socorros, governos e vá rios tipos de lı́nguas. 29 Sã o todos apó stolos?
Todos sã o profetas? Todos sã o professores? Todos sã o milagreiros? 30
Todos tê m dons de cura? Todos falam com vá rias lı́nguas? Todos
interpretam? 31 Mas deseje com zelo os melhores presentes. Alé m
disso, eu mostro um caminho excelente para você .
João 17
1 Jesus disse essas coisas e, levantando os olhos para o cé u, disse:

“Pai, chegou a hora. Glori ica teu Filho, para que teu Filho també m te
glori ique; 2 assim como você lhe deu autoridade sobre toda a carne,
assim ele dará a vida eterna a todos os que você lhe deu. 3 Esta é a vida
eterna, que te conheçam, o ú nico Deus verdadeiro, e aquele que
enviaste, Jesus Cristo. 4 Eu te glori iquei na terra. Eu realizei o trabalho
que você me deu para fazer. 5 Agora, Pai, glori ica-me contigo mesmo
com a gló ria que eu tinha contigo antes que o mundo existisse. 6 Eu
revelei seu nome para as pessoas que você me deu do mundo. Eles
eram seus, e você os deu para mim. Eles mantiveram sua palavra. 7
Agora eles sabem que todas as coisas que você me deu sã o de você , 8
porque as palavras que me deste eu lhes dei, e eles as receberam, e
sabiam com certeza que eu vim de você . Eles acreditaram que você me
enviou. 9 Eu rezo por eles. Nã o rogo pelo mundo, mas por aqueles que
me deste, porque sã o teus. 10 Todas as coisas que sã o minhas sã o suas,
e as suas sã o minhas, e eu sou glori icado nelas. 11 Eu nã o estou mais
no mundo, mas estes estã o no mundo, e eu vou para você . Santo Padre,
guarda-os pelo teu nome que me deste, para que sejam um, assim
como nó s. 12 Enquanto eu estava com eles no mundo, eu os guardei em
seu nome. Eu guardei aqueles que você me deu. Nenhum deles está
perdido, exceto o ilho da destruiçã o, para que a Escritura possa ser
cumprida. 13 Mas agora vou ter convosco e digo estas coisas no mundo,
para que eles tenham a minha alegria completa em si mesmos. 14 Eu
lhes dei sua palavra. O mundo os odiou, porque eles nã o sã o do mundo,
assim como eu nã o sou do mundo. 15 Eu oro nã o para que você os tire
do mundo, mas para que você os guarde do maligno. 16 Eles nã o sã o do
mundo assim como eu nã o sou do mundo. 17 Santi ica-os na tua
verdade. Sua palavra é a verdade. 18 Assim como você me enviou ao
mundo, eu també m os enviei ao mundo. 19 Por eles eu me santi ico,
para que també m eles sejam santi icados na verdade. 20 Nã o só por
estes oro, mas també m por aqueles que, pela sua palavra, crerem em
mim, 21 para que todos sejam um; assim como tu, Pai, está s em mim e
eu em ti, para que també m eles sejam um em nó s; para que o mundo
creia que me enviaste. 22 A gló ria que você me deu, eu dei a eles; que
eles possam ser um, assim como nó s somos um; 23 eu neles, e você em
mim, para que sejam aperfeiçoados em um; para que o mundo saiba
que você me enviou e os amou, assim como você me amou. 24 Pai,
desejo que també m aqueles que me deste estejam comigo onde eu
estiver, para que vejam a minha gló ria, que me deste, porque me
amaste antes da fundaçã o do mundo. 25 Justo Pai, o mundo nã o te
conhece, mas eu te conheço; e estes sabiam que me enviaste. 26 Eu lhes
dei a conhecer o teu nome, e o farei conhecer; que o amor com que me
amaste esteja neles e eu neles”.
Cantares de Salomão 1
1 O Câ ntico dos câ nticos, que é de Salomã o.
Amado
2 Beije-me com os beijos de sua boca;

porque o teu amor é melhor do que o vinho.


3 Seus ó leos tê m uma fragrâ ncia agradá vel.

Seu nome é ó leo derramado,


por isso as virgens te amam.
4 Leve-me embora com você .

Vamos, depressa.
O rei me trouxe para seus aposentos.
Amigos
Ficaremos felizes e regozijaremos em você .
Vamos louvar o seu amor mais do que o vinho!
Amado
Eles estã o certos em te amar.
5 Sou moreno, mas adorá vel,

vó s, ilhas de Jerusalé m,


como as tendas de Kedar,
como as cortinas de Salomã o.
6 Nã o olhe para mim porque estou escuro,

porque o sol me queimou.


Os ilhos da minha mã e icaram zangados comigo.
Eles me izeram guardiã o das vinhas.
Eu nã o mantive meu pró prio vinhedo.
7 Diga-me, você a quem minha alma ama,

onde você pasta seu rebanho,


onde você os descansa ao meio-dia;
por que eu deveria ser como algué m que está velado
ao lado dos rebanhos de seus companheiros?
Amante
8 Se você nã o sabe, mais bela entre as mulheres,

siga as pegadas das ovelhas.


Pastam seus cabritos ao lado das tendas dos pastores.

9 Eu te comparei, meu amor,

a um corcel nos carros de Faraó .


10 Suas bochechas icam lindas com brincos,

seu pescoço com colares de jó ias.


Amigos
11 Faremos para você brincos de ouro,

com tachas de prata.


Amado
12 Enquanto o rei estava sentado à sua mesa,

meu perfume espalhou sua fragrâ ncia.


13 O meu amado é para mim um sachê de mirra,

que ica entre meus seios.


14 Meu amado é para mim um cacho de lores de hena

das vinhas de En Gedi.


Amante
15 Eis que você é linda, meu amor.

Eis que você é linda.


Seus olhos sã o como pombas.
Amado
16 Eis que é s formosa, minha amada, sim, agradá vel;

e nosso sofá é verdejante.


Amante
17 As vigas da nossa casa sã o cedros.

Nossas vigas sã o abetos.


João 12
1 Seis dias antes da Pá scoa, Jesus chegou a Betâ nia, onde estava

Lá zaro, que havia morrido, a quem ressuscitou dos mortos. 2 Entã o eles
izeram uma ceia para ele ali. Marta serviu, mas Lá zaro foi um dos que
se sentaram à mesa com ele. 3 Entã o Maria tomou uma libra de
unguento de nardo puro, muito precioso, e ungiu os pé s de Jesus e os
enxugou com os cabelos. A casa encheu-se da fragrâ ncia do unguento. 4
Entã o Judas Iscariotes, ilho de Simã o, um de seus discı́pulos, que o
havia de trair, disse: 5 “Por que nã o se vendeu este ungü ento por
trezentos dená rios e se deu aos pobres?” 6 Ora, ele disse isso, nã o
porque cuidasse dos pobres, mas porque era ladrã o e, tendo a caixa de
dinheiro, costumava roubar o que nela se colocava. 7 Mas Jesus disse:
“Deixe-a em paz. Ela guardou isso para o dia do meu enterro. 8 Porque
sempre tens os pobres contigo, mas nem sempre tens a mim.”
9 Assim, uma grande multidã o de judeus soube que ele estava ali, e

vieram, nã o somente por causa de Jesus, mas també m para ver Lá zaro,
a quem ele havia ressuscitado dentre os mortos. 10 Mas os principais
sacerdotes conspiraram para matar també m Lá zaro, 11 porque por
causa dele muitos judeus foram e creram em Jesus.
12 No dia seguinte, uma grande multidã o veio à
festa. Quando
souberam que Jesus estava vindo para Jerusalé m, 13 tomaram os ramos
das palmeiras, saı́ram ao seu encontro e clamaram: “Hosana! Bem-
aventurado aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel!”
14 Jesus, tendo encontrado um jumentinho, montou nele. Como está

escrito: 15 “Nã o tenha medo, ilha de Siã o. Eis que vem o teu Rei,
montado num jumentinho”. 16 Seus discı́pulos nã o entenderam essas
coisas a princı́pio, mas quando Jesus foi glori icado, entã o eles se
lembraram de que essas coisas foram escritas a respeito dele, e que
eles izeram isso com ele. 17 A multidã o, pois, que estava com ele,
quando chamou Lá zaro do sepulcro e o ressuscitou dentre os mortos,
dava testemunho disso. 18 Por isso també m a multidã o foi ao encontro
dele, porque ouviram que ele havia feito este sinal. 19 Os fariseus,
portanto, disseram entre si: “Vejam como você s nã o realizam nada. Eis
que o mundo foi atrá s dele”.
20 Ora, havia alguns gregos entre os que subiram para adorar na

festa. 21 Estes, pois, foram ter com Filipe, que era de Betsaida da
Galilé ia, e lhe perguntaram, dizendo: Senhor, queremos ver Jesus. 22
Filipe veio e contou a André e, por sua vez, André veio com Filipe, e eles
contaram a Jesus. 23 Jesus lhes respondeu: “Chegou a hora de o Filho do
Homem ser glori icado. 24 Certamente eu lhe digo, a menos que um
grã o de trigo caia na terra e morra, ele permanece sozinho. Mas se
morrer, dará muito fruto. 25 Quem ama a sua vida vai perdê -la. Aquele
que odeia sua vida neste mundo a guardará para a vida eterna. 26 Se
algué m me serve, que me siga. Onde eu estiver, ali estará també m o
meu servo. Se algué m me serve, o Pai o honrará .
27 “Agora minha alma estáperturbada. Oque eu devo dizer? 'Pai, me
salve desta vez?' Mas eu vim para este momento por esta causa. 28 Pai,
glori ique o seu nome!”
Entã o uma voz saiu do cé u, dizendo: “Já o glori iquei e o
glori icarei novamente”.
29 Por isso a multidã o que estava ali e o ouviu disse que havia

trovejado. Outros diziam: “Um anjo falou com ele”.


30 Jesus respondeu: “Esta voz nã o veio por mim, mas por você s. 31

Agora é o julgamento deste mundo. Agora o prı́ncipe deste mundo será


expulso. 32 E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim”. 33
Mas ele disse isso, signi icando por que tipo de morte ele deveria
morrer. 34 A multidã o lhe respondeu: “Ouvimos da lei que o Cristo
permanece para sempre. Como você diz: 'O Filho do Homem deve ser
levantado?' Quem é este Filho do Homem?”
35 Jesus, entã o, lhes disse: “Ainda um pouco a luz está
com você s.
Ande enquanto você tem a luz, que a escuridã o nã o te alcance. Quem
anda nas trevas nã o sabe para onde vai. 36 Enquanto você s tê m a luz,
creiam na luz, para que você s se tornem ilhos da luz”. Jesus disse essas
coisas, e ele partiu e se escondeu deles. 37 Mas, embora tivesse feito
tantos sinais diante deles, eles nã o creram nele, 38 para que se
cumprisse a palavra do profeta Isaı́as, que ele falou,
“Senhor, quem acreditou em nosso relató rio?
A quem foi revelado o braço do Senhor?”
39 Por isso eles nã o podiam acreditar, pois Isaı́as disse novamente:
40 “Ele cegou os olhos deles e endureceu o coraçã o deles,

para que nã o vejam com os olhos,


e perceber com o coraçã o,
e iria virar,
e eu os curaria”.
41 Isaı́as disse estas coisas quando viu a sua gló ria, e falou dele. 42

No entanto, muitos dos prı́ncipes creram nele, mas por causa dos
fariseus nã o o confessaram, para nã o serem expulsos da sinagoga, 43
porque amavam mais o louvor dos homens do que o louvor de Deus.
44 Jesus gritou e disse: “Quem crê em mim, nã o crê em mim, mas
naquele que me enviou. 45 Quem me vê , vê aquele que me enviou. 46 Eu
vim como luz ao mundo, para que todo aquele que crê em mim nã o
permaneça nas trevas. 47 Se algué m ouve minhas palavras e nã o
acredita, eu nã o o julgo. Pois nã o vim para julgar o mundo, mas para
salvar o mundo. 48 Quem me rejeita e nã o aceita as minhas palavras,
tem quem o julgue. A palavra que eu falei o julgará no ú ltimo dia. 49 Pois
eu nã o falei por mim mesmo, mas pelo Pai que me enviou, ele me deu
um mandamento, o que eu deveria dizer e o que eu deveria falar. 50 Sei
que seu mandamento é a vida eterna. Portanto, as coisas que eu falo,
como o Pai me disse, assim falo”.
Salmos 1
1 Bem-aventurado o homem que nã o anda no conselho dos ı́mpios,

nem icar no caminho dos pecadores,


nem se sentar na roda dos escarnecedores;
2 mas o seu prazer está na lei do Senhor.

Em sua lei ele medita dia e noite.


3 Ele será como a á rvore plantada junto à s correntes das á guas,

que produz o seu fruto a seu tempo,


cuja folha també m nã o murcha.
Tudo o que ele izer prosperará .
4 Os ı́mpios nã o sã o assim,

mas sã o como a palha que o vento leva.


5 Por isso os ı́mpios nã o subsistirã o no juı́zo,

nem pecadores na congregaçã o dos justos.


6 Pois o Senhor conhece o caminho dos justos,

mas o caminho dos ı́mpios perecerá .


Isaías 57
1 Os justos perecem,

e ningué m coloca isso no coraçã o.


Homens misericordiosos sã o levados,
e ningué m considera que o justo é tirado do mal.
2 Ele entra em paz.

Eles descansam em suas camas,


cada um que anda na sua retidã o.

3 “Mas aproximem-se daqui, ilhos de uma feiticeira,


você s, descendê ncia de adú lteros e prostitutas.
4 De quem você zomba?

Contra quem você faz uma boca larga


e esticar a lı́ngua?
Você s nã o sã o ilhos da desobediê ncia
e ilhos da falsidade,
5 você s que se in lamam entre os carvalhos,

debaixo de cada á rvore verde;


que matam as crianças nos vales,
sob as fendas das rochas?
6 Entre as pedras lisas do vale está a tua porçã o.

Eles, eles sã o o seu lote.


Você até lhes serviu uma oferta de bebida.
Você ofereceu uma oferta.
Devo ser apaziguado por essas coisas?
7 Em uma alta e alta montanha você colocou sua cama.

Você també m subiu lá para oferecer sacrifı́cio.


8 Você ergueu seu memorial atrá s das portas e das ombreiras,

pois você se expô s a algué m alé m de mim,


e subiram.
Você ampliou sua cama
e iz aliança com eles.
Você amou o que viu na cama deles.
9 Você foi ao rei com azeite,
aumentou seus perfumes,
enviou seus embaixadores para longe,
e se rebaixou até o Sheol.
10 Estavas cansado da extensã o dos teus caminhos;

mas você nã o disse: 'E em vã o'.


Você encontrou um reavivamento de sua força;
portanto você nã o estava desmaiado.

11 “A quem você temeu e temeu,


para que você minta,
e nã o te lembraste de mim, nem puseste isso no teu coraçã o?
Eu nã o mantive minha paz por um longo tempo,
e você nã o tem medo de mim?
12 Declararei a tua justiça;

e quanto à s suas obras, elas nã o o bene iciarã o.


13 Quando você chora,

libertem-te aqueles que ajuntaste;


mas o vento os levará .
um sopro os levará a todos:
mas aquele que se refugia em mim possuirá a terra,
e herdarei o meu santo monte”.

14 Ele dirá : “Construa, edi


ique, prepare o caminho!
Remova a pedra de tropeço do caminho do meu povo”.
15 Para o alto e sublime que habita a eternidade,

cujo nome é Santo, diz:


“Habito no alto e santo lugar, també m com o contrito e abatido de
espı́rito,
para reavivar o espı́rito dos humildes,
e reavivar o coraçã o do contrito.
16 Pois nã o contenderei para sempre, nem sempre estarei irado;

pois o espı́rito desfaleceria diante de mim,


e as almas que eu iz.
17 Fiquei indignado por causa da iniqü idade da sua avareza e o

feri.
Eu me escondi e iquei com raiva;
e ele continuou se desviando no caminho de seu coraçã o.
18 Eu vi os seus caminhos e o curarei.

Eu o conduzirei també m,
e restaure o conforto a ele e aos seus enlutados.
19 Eu crio o fruto dos lá bios:

Paz, paz, para quem está longe e para quem está perto”.
diz o Senhor; “e eu os curarei”.
20 Mas os ı́mpios sã o como o mar agitado;

pois nã o pode descansar e suas á guas lançam lama e lama.


21 “Nã o há paz”, diz meu Deus,

“para os ı́mpios”.
Jeremias 8
1 “Naquele tempo”, diz o Senhor, “trarã o os ossos dos reis de Judá ,

os ossos dos seus prı́ncipes, os ossos dos sacerdotes, os ossos dos


profetas e os ossos dos habitantes de Jerusalé m, de suas sepulturas. 2
Eles os espalharã o diante do sol, da lua e de todo o exé rcito do cé u, que
eles amaram, que serviram, que seguiram, que buscaram e que
adoraram. Eles nã o serã o recolhidos ou enterrados. Serã o como
esterco na superfı́cie da terra. 3 A morte será escolhida em vez da vida
por todos os restos desta famı́lia maligna, que permanecem em todos
os lugares para onde os expulsei”, diz Javé dos Exé rcitos. 4 “Alé m disso,
você lhes dirá : 'Yahweh diz:
“'Os homens caem e nã o se levantam?
Algué m se afasta e nã o volta?
5 Por que, entã o, o povo de Jerusalé m retrocedeu em perpé tua

apostasia?
Eles se apegam ao engano.
Eles se recusam a voltar.
6 Eu escutei e ouvi, mas eles nã o disseram o que é certo.

Ningué m se arrepende de sua maldade, dizendo: “O que eu iz?”


Todos se voltam para o seu curso,
como um cavalo que se precipita na batalha.
7 Sim, a cegonha no cé u conhece seus tempos designados.

A rola, a andorinha e a garça observam o tempo de sua chegada;


mas o meu povo nã o conhece a lei de Yahweh.

8 “‘Como você diz: “Somos sá bios, e a lei de Yahweh está conosco?”
Mas eis que a pena falsa dos escribas fez disso uma mentira.
9 Os sá bios estã o desapontados.

Eles estã o desanimados e presos.


Eis que rejeitaram a palavra do Senhor.
Que tipo de sabedoria há neles?
10 Por isso darei suas mulheres a outros

e seus campos para aqueles que os possuirã o.


Pois todos, desde o menor até o maior, sã o dados à avareza;
desde o profeta até o sacerdote, todos procedem com falsidade.
11 Curaram ligeiramente a ferida da ilha do meu povo, dizendo:

“Paz, paz”, quando nã o há paz.


12 Eles icaram envergonhados quando cometeram abominaçã o?

Nã o, eles nã o estavam nem um pouco envergonhados.


Eles nã o podiam corar.
Portanto, eles cairã o entre aqueles que caem.
No tempo da sua visitaçã o serã o abatidos, diz o Senhor.

13 “Eu os consumirei totalmente, diz o Senhor.

Nã o haverá uvas na videira,


nã o há igos na igueira,
e a folha murchará .
As coisas que eu lhes dei
passará deles.' ”

14 “Por que icamos parados?


Montem-se!
Vamos entrar nas cidades forti icadas,
e vamos icar em silê ncio lá ;
porque o Senhor nosso Deus nos silenciou,
e nos deu á gua envenenada para beber,
porque pecamos contra o Senhor.
15 Aguardamos a paz, mas nenhum bem veio;

e por um tempo de cura, e eis que consternaçã o!


16 O bufar de seus cavalos é ouvido de Dã .

Toda a terra treme ao som do relincho dos seus fortes;


porque vieram e devoraram a terra e tudo o que nela há ,
a cidade e os que nela habitam”.
17 “Pois eis que enviarei serpentes,

somadores entre você s,


que nã o será encantado;
e eles o morderã o”, diz Javé .
18 Oh, se eu pudesse me consolar contra a tristeza!

Meu coraçã o está fraco dentro de mim.


19 Eis a voz do clamor da ilha do meu povo de uma terra muito

distante:
“O Senhor nã o está em Siã o?
O Rei dela nã o está nela?”

“Por que me provocaram à ira com suas imagens esculpidas,


e com ı́dolos estrangeiros?”

20 “A colheita já
passou.
O verã o acabou,
e nã o somos salvos”.

21 Pela ferida da ilha do meu povo, estou ferido.


Eu lamento.
O desâ nimo tomou conta de mim.
22 Nã o há bá lsamo em Gileade?

Nã o há mé dico lá ?


Por que entã o a saú de da ilha do meu povo nã o está recuperada?
Lucas 2
1 Naqueles dias saiu um decreto da parte de Cé sar Augusto para que

todo o mundo se alistasse. 2 Esta foi a primeira inscriçã o feita quando


Quirino era governador da Sı́ria. 3 Todos foram alistar-se, cada um à sua
cidade. 4 També m José subiu da Galilé ia, da cidade de Nazaré , à Judé ia, à
cidade de Davi, chamada Belé m, por ser da casa e famı́lia de Davi, 5 para
alistar-se com Maria, que estava prometida casada com ele como
esposa, estando grá vida.
6 Enquanto eles estavam lá , chegou o dia de ela dar à luz. 7 Ela deu à
luz seu ilho primogê nito. Ela o envolveu em faixas de pano e o colocou
em um comedouro, porque nã o havia lugar para eles na pousada. 8
Havia pastores no mesmo paı́s que icavam no campo e vigiavam o
rebanho à noite. 9 Eis que um anjo do Senhor estava junto deles, e a
gló ria do Senhor resplandeceu ao redor deles, e eles icaram
apavorados. 10 O anjo disse-lhes: “Nã o temais, porque eis que vos
anuncio uma boa nova de grande alegria, que será para todo o povo. 11
Porque hoje vos nasceu, na cidade de Davi, um Salvador, que é o Cristo
Senhor. 12 Este é o sinal para você s: você s encontrarã o um bebê
enrolado em tiras de pano, deitado em um comedouro”. 13 De repente,
juntou-se ao anjo uma multidã o do exé rcito celestial, louvando a Deus e
dizendo:
14 “Gló ria a Deus nas alturas,

paz na terra, boa vontade para com os homens”.


15 Quando os anjos se afastaram deles para o cé u, os pastores

disseram uns aos outros: “Vamos a Belé m, agora, e vejamos o que


aconteceu, que o Senhor nos deu a conhecer”. 16 Eles vieram com
pressa e encontraram Maria e José , e o bebê estava deitado no
comedouro. 17 Ao verem isso, divulgaram amplamente o ditado que
lhes foi dito sobre essa criança. 18 Todos os que a ouviram se
maravilharam com as coisas que lhes foram ditas pelos pastores. 19
Mas Maria guardou todas essas palavras, ponderando-as em seu
coraçã o. 20 Os pastores voltaram, glori icando e louvando a Deus por
tudo o que tinham ouvido e visto, conforme lhes fora dito.
21 Quando se cumpriram oito dias para a circuncisã o do menino,

seu nome foi chamado Jesus, que foi dado pelo anjo antes que ele fosse
concebido no ventre.
22 Quando se cumpriram os dias da puri icaçã o deles, segundo a
lei de Moisé s, levaram-no a Jerusalé m, para apresentá -lo ao Senhor 23
(como está escrito na lei do Senhor: Todo homem que abrir a madre
será seja santi icado ao Senhor”), 24 e para oferecer um sacrifı́cio
segundo o que está dito na lei do Senhor: “Um par de rolas ou dois
pombinhos”.
25 Eis que havia em Jerusalé m um homem cujo nome era Simeã o.

Este homem era justo e devoto, esperando a consolaçã o de Israel, e o


Espı́rito Santo estava sobre ele. 26 Foi-lhe revelado pelo Espı́rito Santo
que nã o veria a morte antes de ter visto o Cristo do Senhor. 27 Ele
entrou em Espı́rito no templo. Quando os pais trouxeram o menino,
Jesus, para que izessem a respeito dele segundo o costume da lei, 28
entã o ele o recebeu em seus braços, e louvou a Deus, e disse:
29 “Agora você está liberando seu servo, Mestre,

segundo a tua palavra, em paz;


30 pois os meus olhos viram a tua salvaçã o,
31 que preparaste diante de todos os povos;
32 uma luz para revelaçã o à s naçõ es,

e a gló ria do teu povo Israel”.


33 José e sua mã e maravilhavam-se com o que se dizia a respeito
dele, 34 e Simeã o os abençoou, e disse a Maria, sua mã e: Eis que este
menino está posto para queda e levantamento de muitos em Israel, e
para um sinal contra o qual se fala. 35 Sim, uma espada traspassará a tua
pró pria alma, para que se manifestem os pensamentos de muitos
coraçõ es”.
36 Havia uma certa Ana, uma profetisa, ilha de Fanuel, da tribo de
Aser (era de grande idade, tendo vivido com marido sete anos desde a
sua virgindade, 37 e estava viú va há cerca de oitenta e quatro anos), que
nã o se afastou do templo, adorando com jejuns e petiçõ es noite e dia. 38
Chegando naquela mesma hora, ela deu graças ao Senhor e falou dele a
todos os que esperavam redençã o em Jerusalé m.
39 Depois de terem cumprido todas as coisas que estavam de

acordo com a lei do Senhor, voltaram para a Galilé ia, para sua pró pria
cidade, Nazaré . 40 O menino crescia e se fortalecia em espı́rito,
enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava sobre ele. 41 Seus
pais iam todos os anos a Jerusalé m na festa da Pá scoa.
42 Quando ele tinha doze anos, subiram a Jerusalé m, segundo o

costume da festa, 43 e, cumpridos os dias, ao voltarem, o menino Jesus


icou em Jerusalé m. José e sua mã e nã o o sabiam, 44 mas supondo que
ele estivesse na companhia, viajaram um dia e o procuraram entre seus
parentes e conhecidos. 45 Como nã o o encontraram, voltaram para
Jerusalé m, procurando por ele. 46 Depois de trê s dias, encontraram-no
no templo, sentado no meio dos mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes
perguntas. 47 Todos os que o ouviram icaram maravilhados com sua
compreensã o e suas respostas. 48 Quando o viram, icaram admirados,
e sua mã e lhe disse: “Filho, por que você nos tratou assim? Eis que seu
pai e eu está vamos ansiosos à sua procura”.
49 Ele lhes disse: “Por que você s estavam me procurando? Você nã o
sabia que eu deveria estar na casa de meu Pai?” 50 Eles nã o entenderam
a palavra que ele lhes falou. 51 E ele desceu com eles, e veio a Nazaré .
Ele estava sujeito a eles, e sua mã e guardou todas essas palavras em
seu coraçã o. 52 E Jesus crescia em sabedoria e estatura, e em graça
diante de Deus e dos homens.
Provérbios 3
1 Meu ilho, nã o se esqueça do meu ensino;
mas que o teu coraçã o guarde os meus mandamentos:
2 porque eles vos aumentarã o a duraçã o dos dias,

anos de vida e paz.


3 Nã o deixes que a bondade e a verdade te abandonem.

Amarre-os em volta do pescoço.


Escreva-os na tá bua do seu coraçã o.
4 Assim você achará graça,

e bom entendimento aos olhos de Deus e dos homens.


5 Con ia no Senhor de todo o teu coraçã o,

e nã o se apó ie em seu pró prio entendimento.


6 Reconheça-o em todos os seus caminhos,

e ele endireitará as tuas veredas.


7 Nã o seja sá bio aos seus pró prios olhos.

Temei ao Senhor e apartai-vos do mal.


8 Será saú de para o seu corpo,

e nutriçã o para seus ossos.


9 Honra ao Senhor com os teus bens,

com as primı́cias de toda a tua renda:


10 para que seus celeiros se encham de fartura,

e as vossas cubas transbordarã o de vinho novo.


11 Filho meu, nã o despreze a disciplina do Senhor,

nem se canse de sua correçã o;


12 a quem o Senhor ama, ele corrige,

assim como um pai repreende o ilho em quem se deleita.

13 Feliz éo homem que encontra sabedoria,


o homem que entende.
14 Pois seu bom lucro é melhor do que obter prata,

e seu retorno é melhor do que ouro ino.


15 Ela é mais preciosa do que rubis.

Nenhuma das coisas que você pode desejar deve ser comparada a
ela.
16 A duraçã o dos dias está na sua mã o direita.
Em sua mã o esquerda há riquezas e honra.
17 Os seus caminhos sã o caminhos de delı́cias.

Todos os seus caminhos sã o paz.


18 Ela é á rvore de vida para os que dela se apegam.

Feliz é todo aquele que a reté m.


19 Com sabedoria o Senhor fundou a terra.

Pelo entendimento, ele estabeleceu os cé us.


20 Pelo seu conhecimento, as profundezas foram quebradas,

e os cé us descem o orvalho.


21 Meu ilho, nã o deixe que eles se afastem de seus olhos.

Mantenha a boa sabedoria e discriçã o:


22 para que sejam vida para a tua alma,

e graça para o seu pescoço.


23 Entã o andará s seguro no teu caminho.

Seu pé nã o vai tropeçar.


24 Quando você se deitar, nã o terá medo.

Sim, você se deitará e seu sono será doce.


25 Nã o tenha medo do medo repentino,

nem da desolaçã o dos ı́mpios, quando vier;


26 porque o Senhor será a tua con iança,

e evitará que seu pé seja levado.

27 Nã o negues o bem a quem é devido,


quando está no poder de sua mã o fazê -lo.
28 Nã o diga ao seu pró ximo: “Vá e volte;

amanhã eu te darei”,
quando você tem isso por você .
29 Nã o planeje o mal contra o seu pró ximo,

visto que ele habita seguro junto de ti.


30 Nã o discuta com um homem sem motivo,

se ele nã o te fez mal.


31 Nã o tenha inveja do homem violento.

Escolha nenhum de seus caminhos.


32 Porque o perverso é abominaçã o ao Senhor,
mas sua amizade é com os justos.
33 A maldiçã o do Senhor está na casa do ı́mpio,

mas ele abençoa a habitaçã o dos justos.


34 Certamente ele zomba dos escarnecedores,

mas dá graça aos humildes.


35 Os sá bios herdarã o a gló ria,

mas a vergonha será a promoçã o dos tolos.


Gênesis 25
1 Abraã o tomou outra esposa, e o nome dela era Quetura. 2 Ela deu à

luz Zimran, Jokshan, Medan, Midian, Ishbak e Shuah. 3 Jocsã gerou Sabá
e Dedã . Os ilhos de Dedã foram Assurim, Letusim e Leumim. 4 Os ilhos
de Midiã foram Efa, Efer, Hanoch, Abida e Eldaah. Todos estes eram
ilhos de Quetura. 5 Abraã o deu tudo o que tinha a Isaque, 6 mas Abraã o
deu presentes aos ilhos das concubinas de Abraã o. Enquanto ele ainda
vivia, ele os enviou para longe de Isaac, seu ilho, para o leste, para o
paı́s do leste. 7 Estes sã o os dias dos anos da vida de Abraã o que viveu:
cento e setenta e cinco anos. 8Abraã o entregou o seu espı́rito, e morreu
em boa velhice, velho e cheio de anos, e foi reunido ao seu povo. 9
Isaque e Ismael, seus ilhos, o sepultaram na caverna de Macpela, no
campo de Efrom, ilho de Zoar, o heteu, que está perto de Manre, 10 o
campo que Abraã o comprou dos ilhos de Hete. Abraã o foi sepultado ali
com Sara, sua esposa. 11 Depois da morte de Abraã o, Deus abençoou
Isaque, seu ilho. Isaac viveu por Beer Lahai Roi.
12 Ora, esta éa histó ria das geraçõ es de Ismael, ilho de Abraã o, que
Agar, a egı́pcia, serva de Sara, deu à luz a Abraã o. 13 Estes sã o os nomes
dos ilhos de Ismael, por seus nomes, segundo a ordem de nascimento:
o primogê nito de Ismael, Nebaiote, depois Quedar, Adbeel, Mibsam, 14
Misma, Dumá , Massa, 15 Hadad, Tema, Jetur , Na is e Quedemá . 16 Estes
sã o os ilhos de Ismael, e estes sã o os seus nomes, pelas suas aldeias e
pelos seus acampamentos: doze prı́ncipes, segundo as suas naçõ es. 17
Estes sã o os anos da vida de Ismael: cento e trinta e sete anos. Ele
entregou seu espı́rito e morreu, e foi reunido ao seu povo. 18 Eles
habitaram desde Havilá até Sur, que está defronte do Egito, enquanto
você vai para a Assı́ria. Ele morava em frente a todos os seus parentes.
19 Esta é a histó ria das geraçõ es de Isaque, ilho de Abraã o. Abraã o
tornou-se pai de Isaque. 20 Isaac tinha quarenta anos quando tomou
por mulher a Rebeca, ilha de Betuel, o sı́rio, de Paddan-Aram, irmã de
Labã o, o sı́rio. 21 Isaque suplicou ao Senhor por sua mulher, porque ela
era esté ril. Javé foi suplicado por ele, e Rebeca, sua mulher, concebeu. 22
As crianças lutavam juntas dentro dela. Ela disse: “Se é assim, por que
eu vivo?” Ela foi consultar o Senhor. 23 Javé lhe disse:
“Duas naçõ es estã o em seu ventre.
Dois povos serã o separados de seu corpo.
Um povo será mais forte que os outros.
O mais velho servirá ao mais novo.”
24 Quando se cumpriram os seus dias para dar à luz, eis que havia
gê meos em seu ventre. 25 A primeira saiu toda vermelha, como uma
roupa peluda. Deram-lhe o nome de Esaú . 26 Depois disso, seu irmã o
saiu, e sua mã o segurou o calcanhar de Esaú . Ele foi nomeado Jacó .
Isaac tinha sessenta anos quando ela os deu à luz.
27 Os meninos cresceram. Esaú era um caçador habilidoso, um
homem do campo. Jacó era um homem quieto, morando em tendas. 28
Ora, Isaque amava Esaú , porque ele comia sua caça. Rebeca amava Jacó .
29 Jacó guisado cozido. Esaú veio do campo e estava faminto. 30 Esaú

disse a Jacó : “Por favor, dê -me um pouco desse guisado vermelho, pois
estou faminto”. Por isso seu nome foi chamado Edom.
31 Jacó disse: “Primeiro, venda-me sua primogenitura”.
32 Esaúdisse: “Eis que estou para morrer. De que me serve o
direito de primogenitura?”
33 Jacó disse: “Jure-me primeiro”.
Ele jurou a ele. Ele vendeu sua primogenitura a Jacó . 34 Jacó deu a
Esaú pã o e guisado de lentilhas. Ele comeu e bebeu, levantou-se e
seguiu seu caminho. Entã o Esaú desprezou sua primogenitura.
Salmos 41
Para o Músico Chefe. Um Salmo de Davi.
1 Bem-aventurado aquele que considera os pobres.

Javé o livrará no dia do mal.


2 O Senhor o guardará e o manterá vivo.

Ele será abençoado na terra,


e ele nã o o entregará à vontade de seus inimigos.
3 Javé o susterá em seu leito de enfermo,

e restaurá -lo de seu leito de doença.


4 Eu disse: “Yahweh, tem misericó rdia de mim!

Cura-me, pois pequei contra ti”.


5 Meus inimigos falam mal de mim:

“Quando ele morrerá e seu nome perecerá ?”


6 Se ele vem me ver, ele fala falsidade.

Seu coraçã o acumula iniqü idade para si mesmo.


Quando ele vai para o exterior, ele conta.
7 Todos os que me odeiam sussurram contra mim.

Eles imaginam o pior para mim.


8 “Uma doença maligna”, dizem eles, “o a ligiu.

Agora que mente, nã o se levantará mais”.


9 Sim, meu pró prio amigo ı́ntimo, em quem eu con iava,

que comeu pã o comigo,


levantou o calcanhar contra mim.

10 Mas tu, Senhor, compadece-te de mim e levanta-me,

para que eu os retribua.


11 Nisto sei que te agradas de mim,

porque meu inimigo nã o triunfa sobre mim.


12 Quanto a mim, você me sustenta na minha integridade,

e me coloque em sua presença para sempre.

13 Bendito seja o Senhor Deus de Israel,

de eternidade a eternidade!
Amé m e amé m.
Salmos 70
Para o Músico Chefe. Por Davi. Um lembrete.
1 Apresse-se, Deus, para me livrar.

Venha rapidamente para me ajudar, Yahweh.


2 Sejam desapontados e confundidos os que buscam a minha alma.

Que aqueles que desejam a minha ruı́na voltem em desgraça.


3 Sejam transformados por causa de sua vergonha

que dizem: “Ah! Ah!”


4 Regozijem-se e regozijem-se em ti todos os que te procuram.

Que aqueles que amam a tua salvaçã o digam continuamente:


“Seja Deus exaltado!”
5 Mas sou pobre e necessitado.

Venha a mim rapidamente, Deus.


Você é minha ajuda e meu libertador.
Senhor, nã o demore.
Romanos 6
1 O que diremos entã o? Continuaremos no pecado, para que a graça

abunde? 2 Que nunca seja! Nó s que morremos para o pecado, como
poderı́amos viver nele por mais tempo? 3 Ou nã o sabeis que todos nó s
que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? 4
Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que,
assim como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela gló ria do Pai,
assim també m andemos nó s em novidade de vida. 5 Pois, se nos
unimos a ele na semelhança de sua morte, també m seremos parte de
sua ressurreiçã o; 6 sabendo isto, que o nosso homem velho foi
cruci icado com ele, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que
nã o mais sejamos escravos do pecado. 7 Pois aquele que morreu está
livre do pecado. 8 Mas, se morremos com Cristo, cremos que també m
com ele viveremos; 9 sabendo que Cristo, ressuscitado dos mortos, nã o
morre mais. A morte nã o tem mais domı́nio sobre ele! 10 Pela morte
que ele morreu, uma vez morreu para o pecado; mas a vida que ele vive,
ele vive para Deus. 11 Assim, considerai-vos també m mortos para o
pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor.
12 Portanto, nã o reine o pecado em seu corpo mortal, para que você

o obedeça em suas concupiscê ncias. 13 Alé m disso, nã o apresentem


seus membros ao pecado como instrumentos de injustiça, mas
apresentem-se a Deus como vivos dentre os mortos, e seus membros
como instrumentos de justiça a Deus. 14 Pois o pecado nã o terá
domı́nio sobre você . Pois você s nã o estã o debaixo da lei, mas debaixo
da graça.
15 E
entã o? Devemos pecar, porque nã o estamos debaixo da lei, mas
debaixo da graça? Que nunca seja! 16 Você s nã o sabem que, quando se
apresentam como servos e obedecem a algué m, sã o servos de quem
obedecem; seja do pecado para a morte, ou da obediê ncia à justiça? 17
Mas graças a Deus que, sendo servos do pecado, tornastes obedientes
de coraçã o à forma de ensino a que fostes entregues. 18 Libertados do
pecado, você s se tornaram servos da justiça.
19 Falo em termos humanos por causa da fraqueza de sua carne,

pois assim como você apresentou os seus membros como servos da


impureza e da maldade sobre a maldade, assim també m agora
apresenta os seus membros como servos da justiça para santi icaçã o.
20 Pois quando você s eram servos do pecado, você s estavam livres da

justiça. 21 Que fruto, entã o, você teve naquele tempo nas coisas de que
agora você se envergonha? Pois o im dessas coisas é a morte. 22 Mas
agora, libertos do pecado e feitos servos de Deus, você s tê m o seu fruto
de santi icaçã o e o resultado da vida eterna. 23 Porque o salá rio do
pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo
Jesus nosso Senhor.
Trabalho 3
1 Depois disso, Jó abriu a boca e amaldiçoou o dia de seu
nascimento. 2 Jó respondeu:
3 “Pereça o dia em que nasci,

a noite que disse, 'Há um menino concebido.'


4 Que esse dia seja escuridã o.

Nã o deixe Deus de cima buscar por isso,


nem deixe a luz brilhar sobre ela.
5 Deixe que as trevas e a sombra da morte a reclamem para si.

Deixe uma nuvem habitar nele.


Deixe que tudo o que torna o dia negro o apavore.
6 Quanto à quela noite, apoderem-se dela densas trevas.

Nã o se regozije entre os dias do ano.


Que nã o entre no nú mero dos meses.
7 Eis que aquela noite seja esté ril.

Que nenhuma voz alegre venha nele.


8 Amaldiçoem os que amaldiçoam o dia,

que estã o prontos para despertar o leviatã .


9 Que as estrelas do seu crepú sculo sejam escuras.

Deixe-o procurar luz, mas nã o tenha nenhuma,


nem veja as pá lpebras da manhã ,
10 porque nã o fechou as portas do ventre de minha mã e,

nem escondeu problemas de meus olhos.

11 “Por que nã o morri desde o ventre?

Por que nã o desisti do espı́rito quando minha mã e me deu à luz?
12 Por que os joelhos me receberam?

Ou por que o peito, que devo amamentar?


13 Pois agora eu deveria ter me deitado e icado quieto.

Eu deveria ter dormido, entã o eu estaria em repouso,


14 com reis e conselheiros da terra,

que construı́ram lugares desolados para si mesmos;


15 ou com prı́ncipes que tinham ouro,
que encheram suas casas de prata:
16 ou como um nascimento prematuro oculto eu nã o tinha sido,

como crianças que nunca viram a luz.


17 Ali os ı́mpios cessam de perturbar.

Ali os cansados descansam.


18 Ali os presos estã o juntos à vontade.

Eles nã o ouvem a voz do capataz.


19 Os pequenos e os grandes estã o lá .

O servo está livre de seu mestre.

20 “Por que se dá luz ao a lito,


vida ao amargo na alma,
21 Que anseiam pela morte, mas ela nã o vem;

e cavai mais por ela do que por tesouros escondidos,


22 que se alegram muito,

e estã o felizes, quando eles podem encontrar a sepultura?


23 Por que se dá luz ao homem cujo caminho está escondido,

em quem Deus se protegeu?


24 Pois o meu suspiro vem antes de eu comer.

Meus gemidos sã o derramados como á gua.


25 Pois o que temo vem sobre mim,

Aquilo de que tenho medo vem a mim.


26 Nã o estou sossegado, nem sossegado, nem tenho descanso;

mas o problema vem.”


Eclesiastes 9
1 Por tudo isso coloquei no meu coraçã o, mesmo para explorar tudo

isso: que os justos, e os sá bios, e suas obras, estã o nas mã os de Deus;
se é amor ou ó dio, o homem nã o sabe; tudo está diante deles. 2 Todas
as coisas sã o iguais para todos. Há um evento para o justo e para o
ı́mpio; ao bom, ao puro, ao imundo, ao que sacri ica e ao que nã o
sacri ica. Como é o bem, assim é o pecador; quem jura, como quem
teme um juramento. 3 Isto é um mal em tudo o que se faz debaixo do
sol, que há um evento para todos: sim també m, o coraçã o dos ilhos dos
homens está cheio de maldade, e a loucura está em seu coraçã o
enquanto vivem, e depois disso eles vã o para os mortos. 4 Pois para
aquele que se une a todos os viventes há esperança; pois um cã o vivo é
melhor do que um leã o morto. 5 Porque os vivos sabem que hã o de
morrer, mas os mortos nada sabem, nem tampouco tê m recompensa;
pois sua memó ria é esquecida. 6 També m seu amor, seu ó dio e sua
inveja pereceram há muito tempo; nem tê m eles parte para sempre em
qualquer coisa que se faça debaixo do sol.
7 Vai, come com alegria o teu pã o e bebe com alegria o teu vinho;

pois Deus já aceitou suas obras. 8 Sejam sempre brancas as suas vestes,
e nã o falte ó leo à sua cabeça. 9 Viva alegremente com a mulher a quem
você ama todos os dias da sua vida de vaidade, que ele lhe deu debaixo
do sol, todos os seus dias de vaidade, pois essa é a sua porçã o na vida e
no seu trabalho em que você trabalha sob o sol. 10 O que a sua mã o
achar para fazer, faça-o com toda a sua força; pois nã o há trabalho, nem
plano, nem conhecimento, nem sabedoria, no Sheol, para onde você
está indo.
11 Voltei e vi debaixo do sol que nã o é
dos ligeiros a carreira, nem
dos fortes a batalha, nem dos sá bios o pã o, nem dos entendidos as
riquezas, nem dos entendidos o favor; mas o tempo e o acaso
acontecem a todos eles. 12 Pois o homem també m nã o conhece o seu
tempo. Como os peixes que sã o apanhados na rede maligna, e como as
aves que sã o apanhadas no laço, assim os ilhos dos homens sã o
enlaçados no mau tempo, quando de repente cai sobre eles.
13 Assim també m vi sabedoria debaixo do sol, e pareceu-me grande.
14 Havia uma pequena cidade e poucos homens nela; e um grande rei

veio contra ela, sitiou-a e construiu grandes baluartes contra ela. 15


Acharam-se nela um pobre sá bio, que pela sua sabedoria livrou a
cidade; no entanto, nenhum homem se lembrava daquele mesmo pobre
homem. 16 Entã o eu disse: “A sabedoria é melhor do que a força”. No
entanto, a sabedoria do pobre é desprezada, e suas palavras nã o sã o
ouvidas. 17 As palavras do sá bio ouvidas em silê ncio sã o melhores do
que o clamor daquele que governa entre os tolos. 18 A sabedoria é
melhor do que as armas de guerra; mas um pecador destró i muito bem.
Isaías 40
1 “Consolem, consolem meu povo”, diz o seu Deus. 2 “Fale

confortavelmente com Jerusalé m; e clama a ela que a sua guerra está


consumada, que a sua iniqü idade foi perdoada, que ela recebeu da mã o
do Senhor em dobro por todos os seus pecados”.
3 A voz de quem clama,

“Preparem o caminho de Javé no deserto!


Faça uma estrada plana no deserto para o nosso Deus.
4 Todo vale será exaltado,

e todos os montes e colinas serã o abatidos.


O desnivel deve ser nivelado,
e o á spero coloca uma planı́cie.
5 A gló ria do Senhor será revelada,

e toda a carne juntamente o verá ;


porque a boca do Senhor o disse”.

6 A voz de quem diz: “Clame!”

Um disse: “O que devo chorar?”


“Toda carne é como erva,
e toda a sua gló ria é como a lor do campo.
7 A grama murcha,

a lor murcha,
porque o sopro de Yahweh sopra sobre ela.
Certamente as pessoas sã o como grama.
8 A grama murcha,

a lor murcha;
mas a palavra do nosso Deus permanece para sempre”.

9 Você que anuncia boas novas a Siã o, suba a um alto monte.


Você que anuncia boas novas a Jerusalé m, levante sua voz com
força!
Levante-o! Nã o tenha medo!
Diga à s cidades de Judá : “Eis o teu Deus!”
10 Eis que o Senhor Javévirá como poderoso,
e seu braço governará por ele.
Eis que a sua recompensa está com ele,
e sua recompensa diante dele.
11 Ele apascentará seu rebanho como um pastor.

Ele reunirá os cordeiros em seu braço,


e os carrega no colo.
Ele guiará gentilmente aqueles que tê m seus ilhotes.

12 Quem mediu as á guas na concha de sua mã o,

e marcou o cé u com seu palmo,


e calculei o pó da terra num cesto de mediçã o,
e pesou os montes em balanças,
e as colinas em equilı́brio?
13 Quem dirigiu o Espı́rito de Javé ,

ou o ensinou como seu conselheiro?


14 Com quem ele consultou,

e quem o instruiu,
e o ensinou no caminho da justiça,
e lhe ensinou o conhecimento,
e mostrou-lhe o caminho do entendimento?
15 Eis que as naçõ es sã o como uma gota em um balde,

e sã o considerados como um grã o de poeira em uma balança.


Eis que ele levanta as ilhas como uma coisa muito pequena.
16 O Lı́bano nã o é su iciente para queimar,

nem seus animais sã o su icientes para um holocausto.


17 Todas as naçõ es sã o como nada diante dele.

Eles sã o considerados por ele como menos do que nada e vaidade.

18 A quem, entã o, você


comparará Deus?
Ou que semelhança você vai comparar com ele?
19 Um artı́ ice lançou uma imagem,

e o ourives a cobre de ouro,


e lhe lança correntes de prata.
20 Quem está empobrecido demais para tal oferta escolhe uma
á rvore que nã o apodrece.
Ele procura um há bil operá rio para lhe fazer uma imagem
esculpida que nã o seja movida.

21 Você nã o sabe?


Você nã o ouviu?
Você nã o foi informado desde o inı́cio?
Você nã o entendeu desde os fundamentos da terra?
22 E aquele que está sentado acima do cı́rculo da terra,

e os seus habitantes sã o como gafanhotos;


que estende os cé us como cortina,
e os estende como tenda para neles habitar,
23 que reduz a nada os prı́ncipes,

que torna os juı́zes da terra sem sentido.


24 Mal sã o plantados.

Eles sã o semeados raramente.


Seu estoque mal se enraizou no solo.
Ele simplesmente sopra sobre eles, e eles murcham,
e o redemoinho os leva como restolho.

25 “A quem, entã o, vocême comparará ?


Quem é meu igual?” diz o Santo.
26 Levante os olhos para o alto,

e veja quem os criou,


que traz seu exé rcito por nú mero.
Ele chama todos eles pelo nome.
pela grandeza do seu poder,
e porque ele é forte em poder,
nã o falta um.

27 Por que você diz, Jacó ,


e fala, Israel,
“Meu caminho está escondido de Javé ,
e a justiça que me é devida é desconsiderada pelo meu Deus?”
28 Você nã o sabe?

Você nã o ouviu?


O Deus eterno, Javé ,
o Criador dos con ins da terra, nã o desfalece.
Ele nã o está cansado.
Sua compreensã o é insondá vel.
29 Ele dá poder aos fracos.

Ele aumenta a força daquele que nã o tem poder.


30 Até os jovens desmaiam e se cansam,

e os jovens caem completamente;


31 mas os que esperam no Senhor renovarã o as suas forças.

Eles subirã o com asas como á guias.


Eles vã o correr, e nã o se cansar.
Andarã o, e nã o desfalecerã o.
Provérbios 20
1 O vinho é um escarnecedor e a cerveja é uma briguenta.
Quem é desviado por eles nã o é sá bio.
2 O terror de um rei é como o rugido de um leã o.

Aquele que o provoca à ira perde sua pró pria vida.


3 E uma honra para o homem manter-se alheio à contenda,

mas todo tolo estará brigando.


4 O preguiçoso nã o lavra por causa do inverno;

por isso mendigar na sega, e nada terá .


5 O conselho no coraçã o do homem é como á guas profundas,

mas um homem de entendimento o extrairá .


6 Muitos homens a irmam ser homens de amor infalı́vel,

mas quem pode encontrar um homem iel?


7 O justo anda com integridade.

Bem-aventurados os seus ilhos depois dele.


8 Um rei que se senta no trono do juı́zo

dispersa todo o mal com os seus olhos.


9 Quem pode dizer: Puri iquei o meu coraçã o.

Estou limpo e sem pecado?”


10 Pesos e medidas diferentes,

ambos sã o abominaçã o para Javé .


11 Até a criança se dá a conhecer pelos seus atos,

se o seu trabalho é puro, e se é certo.


12 O ouvido que ouve e o olho que vê ,

Yahweh fez até os dois.


13 Nã o ames o sono, para que nã o empobreças.

Abre os olhos e te fartará s de pã o.


14 “Nã o é bom, nã o é bom”, diz o comprador;

mas quando ele vai embora, entã o ele se vangloria.


15 Há ouro e abundâ ncia de rubis,

mas os lá bios do conhecimento sã o uma jó ia rara.


16 Pegue a roupa de quem dá penhor para um estranho;

e mantê -lo em penhor para uma mulher rebelde.


17 A comida fraudulenta é doce para o homem,
mas depois sua boca está cheia de cascalho.
18 Os planos sã o estabelecidos por conselho;

por orientaçã o sá bia você trava a guerra!


19 Quem anda como um mexeriqueiro revela segredos;

portanto, nã o faças companhia a quem abre bem os lá bios.


20 Quem amaldiçoa seu pai ou sua mã e,

a sua lâ mpada se apagará na escuridã o das trevas.


21 Uma herança rapidamente adquirida no princı́pio,

nã o será abençoado no inal.


22 Nã o diga: “Eu retribuirei o mal”.

Espere por Yahweh, e ele o salvará .


23 Javé detesta pesos diferentes,

e escalas desonestas nã o sã o agradá veis.


24 Os passos do homem procedem do Senhor;

como entã o o homem pode entender seu caminho?


25 E uma armadilha para o homem fazer uma dedicaçã o

precipitada,
entã o mais tarde para considerar seus votos.
26 O rei sá bio peneira os ı́mpios,

e passa a roda debulhadora sobre eles.


27 O espı́rito do homem é a lâ mpada do Senhor,

procurando todas as suas partes mais ı́ntimas.


28 O amor e a idelidade mantê m o rei seguro.

Seu trono é sustentado pelo amor.


29 A gló ria dos jovens é a sua força.

O esplendor dos velhos sã o seus cabelos grisalhos.


30 Golpes de ferimento puri icam o mal,

e espancamentos purgam as partes mais ı́ntimas.


1 Pedro 4
1 Portanto, jáque Cristo sofreu por nó s na carne, armai-vos també m
vó s do mesmo sentimento; porque aquele que padeceu na carne cessou
do pecado, 2 para que nã o vivais mais o tempo que vos resta na carne
para as concupiscê ncias dos homens, mas para a vontade de Deus. 3
Pois já passamos bastante do nosso tempo fazendo o desejo dos
gentios, andando em lascı́vias, concupiscê ncias, bebedeiras, orgias,
orgias e idolatrias abominá veis. 4 Eles acham estranho que você nã o
corra com eles para o mesmo excesso de tumulto, blasfê mia. 5 Eles
prestarã o contas à quele que está pronto para julgar os vivos e os
mortos. 6 Pois para isso foi anunciada a Boa Nova até aos mortos, para
que sejam julgados verdadeiramente como homens na carne, mas
vivam como para Deus em espı́rito.
7 Mas o im de todas as coisas está pró ximo. Portanto, tenha a
mente sã , autocontrole e só brio na oraçã o. 8 E, acima de tudo, sede
diligentes no vosso amor entre vó s, porque o amor cobre uma multidã o
de pecados. 9 Sejam hospitaleiros uns para com os outros sem
murmuraçã o. 10 Como cada um recebeu um dom, empregue-o no
serviço mú tuo, como bons administradores da graça de Deus em suas
vá rias formas. 11 Se algué m falar, seja como se fossem as pró prias
palavras de Deus. Se algué m serve, seja como da força que Deus dá ,
para que em todas as coisas Deus seja glori icado por meio de Jesus
Cristo, a quem pertencem a gló ria e o domı́nio para todo o sempre. Um
homem.
12 Amado, nã o se espante com a provaçã o de fogo que veio sobre

você para testá -lo, como se algo estranho lhe acontecesse. 13 Mas,
porque sois participantes dos sofrimentos de Cristo, regozijai-vos, para
que na revelaçã o da sua gló ria també m vos regozijeis com grande
alegria. 14 Se você é insultado pelo nome de Cristo, você é bem-
aventurado; porque sobre vó s repousa o Espı́rito da gló ria e de Deus.
Da parte deles ele é blasfemado, mas da sua parte ele é glori icado. 15
Pois nenhum de vó s sofra como homicida, ou ladrã o, ou malfeitor, ou
mesquinho nos negó cios dos outros. 16 Mas, se algum de vó s sofre por
ser cristã o, nã o se envergonhe; mas que ele glori ique a Deus neste
assunto. 17 Porque chegou a hora de começar o julgamento pela casa de
Deus. Se começar primeiro conosco, o que acontecerá com aqueles que
nã o obedecem à s Boas Novas de Deus? 18 “Se é difı́cil para o justo ser
salvo, o que acontecerá com o ı́mpio e o pecador?” 19 Portanto, també m
aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus fazendo o bem, con iem
a ele as suas almas, como a um iel Criador.
Mateus 24
1 Jesus saiu do templo e ia embora. Seus discı́pulos aproximaram-

se dele para mostrar-lhe as construçõ es do templo. 2 Mas ele lhes


respondeu: “Você s veem todas essas coisas, nã o veem? Certamente vos
digo que nã o icará aqui pedra sobre pedra que nã o seja derribada”.
3 Estando ele sentado no Monte das Oliveiras, os discı́pulos

aproximaram-se dele em particular, dizendo: “Dize-nos, quando serã o


essas coisas? Qual é o sinal da tua vinda e do im dos tempos?”
4 Jesus lhes respondeu: “Cuidado para que ningué m os engane. 5

Pois muitos virã o em meu nome, dizendo: 'Eu sou o Cristo', e


enganarã o muitos. 6 Você ouvirá falar de guerras e rumores de guerras.
Veja que você nã o está preocupado, pois tudo isso deve acontecer, mas
o im ainda nã o é . 7 Porque se levantará naçã o contra naçã o, e reino
contra reino; e haverá fomes, pragas e terremotos em vá rios lugares. 8
Mas todas essas coisas sã o o começo das dores de parto.
9 “Entã o eles os entregarã o à
opressã o e os matarã o. Você será
odiado por todas as naçõ es por causa do meu nome. 10 Entã o muitos
tropeçarã o, e se entregarã o uns aos outros, e odiarã o uns aos outros. 11
Muitos falsos profetas surgirã o e enganarã o muitos. 12 Porque a
iniqü idade se multiplicará , o amor de muitos esfriará . 13 Mas aquele
que perseverar até o im será salvo. 14 Esta Boa Nova do Reino será
pregada em todo o mundo para testemunho a todas as naçõ es, e entã o
virá o im.
15 “Quando, pois, virdes a abominaçã o da desolaçã o, que foi falado

por meio de Daniel, o profeta, em pé no lugar santo (que o leitor


entenda), 16 entã o, os que estiverem na Judé ia fujam para os montes. 17
Quem estiver no eirado nã o desça para tirar o que está em sua casa. 18
Aquele que estiver no campo nã o volte para buscar suas roupas. 19 Mas
ai das grá vidas e das que amamentam naqueles dias! 20 Ore para que
sua fuga nã o seja no inverno nem no sá bado, 21 pois entã o haverá
grande sofrimento, como nunca houve desde o princı́pio do mundo até
agora, nã o, nem jamais será . 22 A menos que aqueles dias tivessem sido
abreviados, nenhuma carne teria sido salva. Mas por causa dos
escolhidos, esses dias serã o abreviados.
23 “Entã o, se algué m lhe disser: 'Eis aqui o Cristo!' ou, 'Ali!' nã o

acredite. 24 Porque surgirã o falsos cristos e falsos profetas, e farã o


grandes sinais e prodı́gios, para enganar, se possı́vel, até os escolhidos.
25 “Eis que eu te disse de antemã o.

26 “Se, pois, vos disserem: 'Eis que ele está


no deserto', nã o saiais;
ou 'Eis que ele está nos aposentos internos', nã o acreditem. 27 Pois,
como o relâ mpago brilha do oriente e é visto até o ocidente, assim será
a vinda do Filho do Homem. 28 Pois onde quer que esteja a carcaça, é
onde os abutres reunir.
29 “Mas imediatamente apó s o sofrimento daqueles dias, o sol

escurecerá , a lua nã o dará a sua luz, as estrelas cairã o do cé u, e os


poderes dos cé us serã o abalados; 30 e entã o o sinal do Filho do Homem
aparecerá no cé u. Entã o todas as tribos da terra se lamentarã o e verã o
o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do cé u com poder e grande
gló ria. 31 Ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, e
eles reunirã o os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à
outra extremidade do cé u.
32 “Ora, da igueira aprenda esta pará bola: Quando o seu ramo já
está tenro e produz suas folhas, você sabe que o verã o está pró ximo. 33
Assim també m você s, quando virem todas essas coisas, saberã o que
ele está perto, mesmo à s portas. 34 Certamente eu lhe digo, esta
geraçã o nã o passará até que todas essas coisas sejam cumpridas. 35 O
cé u e a terra passarã o, mas minhas palavras nã o passarã o.
36 “Mas daquele dia e hora ningué m sabe, nem mesmo os anjos do

cé u, mas somente meu Pai. 37 Como foram os dias de Noé , assim será a
vinda do Filho do Homem. 38 Porque, como nos dias anteriores ao
dilú vio, comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao
dia em que Noé entrou no barco, 39 e eles nã o sabiam até que veio o
dilú vio e os levou a todos, assim será a vinda do Filho do Homem. 40
Entã o dois homens estarã o no campo: um será levado e outro será
deixado. 41 Duas mulheres estarã o moendo no moinho: uma será
levada e outra será deixada. 42 Vigiai, pois, porque nã o sabeis em que
hora virá o vosso Senhor. 43 Mas saiba disso, que se o dono da casa
soubesse em que vigı́lia da noite o ladrã o viria, ele teria vigiado e nã o
teria permitido que sua casa fosse arrombada. 44 Portanto, esteja
també m pronto, pois em uma hora que você nã o espera, o Filho do
Homem virá .
45 “Quem é , pois, o servoiel e prudente, que o seu senhor pô s sobre
a sua casa, para lhes dar o sustento a seu tempo? 46 Bem-aventurado
aquele servo que o seu senhor encontrar fazendo assim quando vier. 47
Certamente eu lhe digo que ele o colocará acima de tudo o que ele tem.
48 Mas se aquele mau servo disser em seu coraçã o: 'Meu senhor tarda

em vir', 49 e começa a espancar seus conservos, e a comer e beber com


os bê bados, 50 o senhor daquele servo virá em um dia em que ele nã o
espera e em uma hora em que ele nã o sabe, 51 e o cortará em pedaços e
lhe dará a sua parte com os hipó critas. E aı́ que haverá choro e ranger
de dentes.
Sofonias 1
1 Palavra do Senhor que veio a Sofonias, ilho de Cusi, ilho de
Gedalias, ilho de Amarias, ilho de Ezequias, nos dias de Josias, ilho de
Amom, rei de Judá . 2 Eu varrerei totalmente tudo da superfı́cie da terra,
diz o Senhor. 3 Destruirei o homem e o animal. Eu varrerei as aves do
cé u, os peixes do mar e os montes de escombros com os ı́mpios.
Exterminarei o homem da superfı́cie da terra, diz o Senhor. 4 Estenderei
a mã o contra Judá e contra todos os habitantes de Jerusalé m.
Exterminarei deste lugar o resto de Baal: o nome dos sacerdotes
idó latras e pagã os, 5 os que adoram o exé rcito do cé u sobre os telhados,
os que adoram e juram pelo Senhor e també m juram por Malcã , 6 os que
deixaram de seguir o Senhor, e aqueles que nã o buscaram ao Senhor
nem perguntaram por ele. 7 Cala-te na presença do Senhor Deus,
porque o dia do Senhor está pró ximo. Pois o Senhor preparou um
sacrifı́cio. Ele consagrou seus convidados. 8 Acontecerá no dia do
sacrifı́cio do Senhor que castigarei os prı́ncipes, os ilhos do rei e todos
os que se vestem de roupas estrangeiras. 9Naquele dia castigarei todos os
que pularem o umbral, que encherem de violê ncia e engano a casa de
seu senhor. 10 Naquele dia, diz o Senhor, haverá um clamor da porta dos
peixes, um lamento da segunda quadra, e um grande estrondo dos
montes. 11 Uivai, habitantes de Maktesh, porque todo o povo de Canaã
está arruinado! Todos aqueles que foram carregados com prata sã o
cortados. 12 Acontecerá naquele tempo que vasculharei Jerusalé m com
lâ mpadas, e castigarei os homens que estã o assentados em suas
escó rias, que dizem em seu coraçã o: “Yahweh nã o fará o bem, nem fará
o mal”. 13 Suas riquezas se tornarã o uma pilhagem, e suas casas uma
desolaçã o. Sim, eles construirã o casas, mas nã o as habitarã o. Plantarã o
vinhas, mas nã o beberã o o seu vinho. 14 O grande dia do Senhor está
pró ximo. Está perto, e se apressa muito, a voz do dia do Senhor. O
poderoso chora ali amargamente. 15 Aquele dia é dia de ira, dia de
angú stia e angú stia, dia de angú stia e ruı́na, dia de escuridã o e
escuridã o, dia de nuvens e escuridã o, 16 dia de trombeta e alarme,
contra as cidades forti icadas , e contra as altas ameias. 17 A ligirei os
homens, que andarã o como cegos, porque pecaram contra o Senhor, e o
seu sangue se derramará como pó , e a sua carne como esterco. 18 Nem
a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da ira do Senhor,
mas toda a terra será consumida pelo fogo do seu zelo; pois ele dará um
im, sim, um im terrı́vel, a todos os que habitam na terra.
Isaías 66
1 Javé diz:
“O cé u é o meu trono e a terra é o escabelo dos meus pé s.
Que tipo de casa você vai construir para mim?
Onde vou descansar?
2 Pois minha mã o fez todas essas coisas,

e assim todas essas coisas aconteceram”, diz Yahweh:


“mas eu olharei para este homem,
até ao pobre e contrito de espı́rito,
e que treme da minha palavra.
3 Quem mata um boi é como quem mata um homem;

quem sacri ica um cordeiro, como quem quebra o pescoço de um


cã o;
aquele que oferece uma oferta, como aquele que oferece sangue de
porco;
quem queima incenso, como quem abençoa um ı́dolo.
Sim, eles escolheram seus pró prios caminhos,
e sua alma se deleita em suas abominaçõ es:
4 Eu també m escolherei suas ilusõ es,

e trará seus medos sobre eles;


porque quando liguei, ningué m atendeu;
quando eu falava, eles nã o escutavam;
mas izeram o que era mau aos meus olhos,
e escolhi aquilo em que nã o me deleitava.”

5 Ouve a palavra do Senhor,

vó s que tremeis da sua palavra:


“Seus irmã os que te odeiam,
que vos expulsaram por causa do meu nome, disseram:
'Seja o Senhor glori icado,
para que possamos ver sua alegria;'
mas sã o aqueles que icarã o desapontados.
6 Uma voz de tumulto da cidade,
uma voz do templo,
uma voz de Javé que retribui a seus inimigos o que eles merecem.

7 “Antes de dar à luz, ela deu à luz.


Antes que sua dor viesse, ela deu à luz um ilho.
8 Quem já ouviu falar de tal coisa?

Quem já viu essas coisas?


Deve uma terra nascer em um dia?
Uma naçã o deve nascer de uma só vez?
Pois assim que Siã o lutou,
ela deu à luz seus ilhos.
9 Darei à luz e nã o darei à luz?” diz Javé .

“Devo fechar o ventre eu que faço dar à luz?” diz o seu Deus.

10 “Alegrai-vos com Jerusalé m e exultai por ela, todos vó s que a

amais.
Alegrem-se com ela, todos os que choram por ela;
11 para que amamentares e te fartares dos peitos consoladores;

para que você possa beber profundamente,


e deleite-se com a abundâ ncia de sua gló ria”.

12 Pois o Senhor diz: “Eis que lhe estenderei a paz como um rio,

e a gló ria das naçõ es como uma torrente transbordante;


e você vai amamentar.
Você será carregado ao lado dela,
e será embalada de joelhos.
13 Como algué m a quem sua mã e consola,

entã o eu vou te confortar.


Você será consolado em Jerusalé m”.

14 Você o verá , e seu coraçã o se alegrará ,


e os teus ossos lorescerã o como a erva tenra.
A mã o do Senhor será conhecida entre os seus servos;
e terá indignaçã o contra os seus inimigos.
15 Pois eis que Javévirá com fogo,
e seus carros serã o como o redemoinho;
para retribuir a sua ira com ferocidade,
e sua repreensã o com chamas de fogo.
16 Pois o Senhor julgará com fogo e com sua espada toda a carne;

e os mortos por Javé serã o muitos.


17 “Aqueles que se santi icam e se puri icam para ir aos jardins,
atrá s de um no meio, comendo carne de porco, coisas abominá veis, e o
rato, eles acabarã o juntos”, diz o Senhor.
18 “Pois eu conheço as suas obras e os seus pensamentos. Chega o

tempo em que reunirei todas as naçõ es e lı́nguas, e elas virã o e verã o a


minha gló ria.
19 “Porei um sinal entre eles e enviarei os que escaparem deles à s

naçõ es, a Tá rsis, Pul e Lude, que puxam o arco, a Tubal e Javã , à s ilhas
longı́nquas, que nã o ouviu a minha fama, nem viu a minha gló ria; e eles
proclamarã o a minha gló ria entre as naçõ es. 20 Todos os vossos irmã os
de todas as naçõ es trarã o em oferta ao Senhor, em cavalos, carros,
liteiras, mulas e camelos, ao meu santo monte Jerusalé m, diz o Senhor,
como os ilhos de Israel trazem os seus oferta em vaso limpo na casa do
Senhor. 21 Deles també m escolherei sacerdotes e levitas”, diz Javé .
22 “Pois, assim como os novos cé us e a nova terra que farei

permanecerã o diante de mim”, diz Javé , “assim permanecerã o a tua


descendê ncia e o teu nome. 23 Acontecerá que de uma lua nova a outra,
e de um sá bado a outro, toda a carne virá adorar diante de mim”, diz o
Senhor. 24 “Eles sairã o e verã o os cadá veres dos homens que
transgrediram contra mim; porque o seu verme nã o morrerá , nem o
seu fogo se apagará , e eles serã o repugnantes a toda a humanidade”.
Marca 9
1 Ele lhes disse: “Em verdade vos digo que há
alguns aqui que de
modo algum provarã o a morte até que vejam o Reino de Deus vir com
poder”.
2 Depois de seis dias, Jesus levou consigo Pedro, Tiago e Joã o, e os

levou sozinhos a um alto monte, e foi transformado em outra forma


diante deles. 3 Suas vestes tornaram-se brilhantes, extremamente
brancas, como a neve, como nenhum lavadeiro na terra pode branqueá -
las. 4 Elias e Moisé s apareceram para eles, e eles estavam conversando
com Jesus.
5 Pedro respondeu a Jesus: “Rabi, é bom estarmos aqui. Vamos
fazer trê s tendas: uma para você , uma para Moisé s e outra para Elias”. 6
Pois ele nã o sabia o que dizer, pois eles estavam com muito medo.
7 Veio uma nuvem que os encobria, e da nuvem saiu uma voz:

“Este é o meu Filho amado. Ouça-o.”


8 De repente, olhando ao redor, nã o viram mais ningué m com eles, a

nã o ser somente Jesus.


9 Enquanto desciam do monte, ordenou-lhes que nã o contassem a

ningué m o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse


ressuscitado dos mortos. 10 Guardaram isso para si mesmos,
questionando o que signi icava “ressuscitar dos mortos”.
11 Perguntaram-lhe, dizendo: Por que dizem os escribas que é

necessá rio que Elias venha primeiro?


12 Ele lhes disse: “E verdade que Elias vem primeiro e restaura
todas as coisas. Como está escrito sobre o Filho do Homem, que ele
deveria sofrer muitas coisas e ser desprezado? 13 Mas eu lhes digo que
Elias veio, e eles també m izeram com ele o que quiseram, como está
escrito a respeito dele”.
14 Chegando aos discı́pulos, viu uma grande multidã o ao redor

deles, e escribas os interrogando. 15 Imediatamente toda a multidã o, ao


vê -lo, icou muito admirada e, correndo para ele, o saudou. 16 Ele
perguntou aos escribas: “O que você s estã o perguntando a eles?”
17 Um da multidã o respondeu: “Mestre, eu te trouxe meu ilho, que
tem um espı́rito mudo; 18 e onde quer que o apanhe, o derrube; e ele
espuma pela boca, range os dentes e ica rı́gido. Eu pedi aos seus
discı́pulos que o expulsassem, e eles nã o puderam”.
19 Ele lhe respondeu: “Geraçã o incré dula, até
quando estarei
convosco? Quanto tempo eu vou suportar com você ? Traga-o para
mim.”
20 Trouxeram-no a ele e, quando o viu, imediatamente o espı́rito o

agitou e ele caiu no chã o, chafurdando e espumando pela boca.


21 Ele perguntou ao pai: “Há quanto tempo isso nã o acontece com
ele?”
Ele disse: “Desde a infâ ncia. 22 Muitas vezes o lançou no fogo e na
á gua para destruı́-lo. Mas se você pode fazer alguma coisa, tenha
compaixã o de nó s e nos ajude.”
23 Jesus lhe disse: “Se você pode crer, tudo é possı́vel ao que crê ”.
24 Imediatamente o pai da criança gritou com lá grimas: “Creio.

Ajude minha incredulidade!”


25 Quando Jesus viu que uma multidã o se ajuntava, repreendeu o

espı́rito imundo, dizendo-lhe: Espı́rito mudo e surdo, ordeno-te: sai


dele e nunca mais entres nele!
26 Depois de gritar e convulsioná -lo muito, saiu dele. O menino

icou como um morto, tanto que a maioria deles dizia: “Ele está morto”.
27 Mas Jesus o tomou pela mã o e o levantou; e ele se levantou.

28 Quando ele entrou em casa, seus discı́pulos lhe perguntaram em

particular: “Por que nã o pudemos expulsá -lo?”


29 Ele lhes disse: “Esta espé cie só pode sair por meio de oraçã o e
jejum”.
30 Dali saı́ram e passaram pela Galilé ia. Ele nã o queria que ningué m

soubesse disso. 31 Pois ele ensinava seus discı́pulos e lhes disse: “O


Filho do Homem está sendo entregue nas mã os dos homens, e eles o
matarã o; e quando for morto, ao terceiro dia ressuscitará ”.
32 Mas eles nã o entenderam a palavra e tiveram medo de perguntar

a ele.
33 Ele chegou a Cafarnaum e, estando em casa, perguntou-lhes: “O

que você s discutiam no caminho?”


34 Mas eles icaram calados, porque no caminho haviam discutido
entre si sobre quem era o maior.
35 Ele se sentou e chamou os doze; e ele lhes disse: “Se algué m

quiser ser o primeiro, será o ú ltimo de todos e o servo de todos”. 36 Ele


pegou uma criancinha e a colocou no meio deles. Tomando-o nos
braços, disse-lhes: 37 “Quem recebe uma criança dessas em meu nome,
recebe a mim, e quem me recebe, nã o recebe a mim, mas aquele que
me enviou”.
38 Joã o lhe disse: “Mestre, vimos algué m que nã o nos segue

expulsando demô nios em seu nome; e nó s o proibimos, porque ele nã o
nos segue”.
39 Mas Jesus disse: “Nã o o proibais, porque ningué m há que faça um
milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim. 40 Pois quem nã o
está contra nó s está do nosso lado. 41 Pois quem vos der um copo
d'á gua para beber em meu nome, porque sois de Cristo, certamente vos
digo, de modo algum perderá o seu galardã o. 42 Quem izer tropeçar a
um destes pequeninos que crê em em mim, melhor lhe seria que fosse
atirado ao mar com uma pedra de moinho pendurada no pescoço. 43 Se
sua mã o faz você tropeçar, corte-a. E melhor você entrar na vida
aleijado, do que ter as duas mã os para entrar na Geena, no fogo
inextinguı́vel, 44 'onde seu verme nã o morre, e o fogo nã o se apaga.' 45
Se o seu pé o izer tropeçar, corte-o. E melhor você entrar na vida coxo,
do que ter os dois pé s lançados na Geena, no fogo que nunca se apagará
— 46 'onde seu verme nã o morre, e o fogo nã o se apaga.' 47 Se o teu olho
te faz tropeçar, lança-o fora. E melhor você entrar no Reino de Deus com
um olho, do que ter dois olhos para ser lançado na Geena de fogo, 48
'onde seu verme nã o morre, e o fogo nã o se apaga.' 49 Pois todos serã o
salgados com fogo, e todos os sacrifı́cios serã o temperados com sal. 50
O sal é bom, mas se o sal perdeu a salinidade, com o que você vai
temperá -lo? Tende sal em vó s mesmos e tende paz uns com os outros”.
Apocalipse 14
1 Eu vi, e eis o Cordeiro que estava no monte Siã o, e com ele cento e

quarenta e quatro mil, que tinham o seu nome e o nome de seu Pai
escrito nas suas testas. 2 Ouvi um som do cé u, como o som de muitas
á guas, e como o som de um grande trovã o. O som que eu ouvia era
como o de harpistas tocando suas harpas. 3 Eles cantam um câ ntico
novo diante do trono, e diante dos quatro seres viventes e dos anciã os.
Ningué m poderia aprender a cançã o, exceto os cento e quarenta e
quatro mil, aqueles que foram redimidos da terra. 4 Estes sã o os que
nã o se contaminaram com mulheres, porque sã o virgens. Estes sã o os
que seguem o Cordeiro aonde quer que ele vá . Estes foram redimidos
por Jesus dentre os homens, as primı́cias para Deus e para o Cordeiro. 5
Na sua boca nã o se achou mentira, porque sã o irrepreensı́veis.
6 Eu vi um anjo voando no meio do cé u, tendo uma Boa Nova eterna

para proclamar aos que habitam na terra, e a todas as naçõ es, tribos,
lı́nguas e povos. 7 Ele disse em alta voz: “Temei ao Senhor e dai-lhe
gló ria; pois chegou a hora do seu julgamento. Adorai aquele que fez o
cé u, a terra, o mar e as fontes das á guas!”
8 Seguiu-se outro, um segundo anjo, dizendo: Caiu a grande

Babilô nia, que deu a todas as naçõ es a beber do vinho da ira da sua
imoralidade sexual.
9 Outro anjo, um terceiro, os seguiu, dizendo com grande voz: “Se

algué m adorar a besta e a sua imagem e receber um sinal na testa ou na


mã o, 10 també m beberá do vinho da ira de Deus, que está preparado
sem mistura no cá lice da sua ira. Ele será atormentado com fogo e
enxofre na presença dos santos anjos e na presença do Cordeiro. 11 A
fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre. Nã o tê m descanso
nem de dia nem de noite, os que adoram a besta e a sua imagem, e
quem recebe a marca do seu nome. 12 Aqui está a perseverança dos
santos, que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”.
13 Ouvi uma voz do cé u que dizia: “Escreve: Bem-aventurados os

mortos que desde agora morrem no Senhor”. ”


“Sim”, diz o Espı́rito, “para que descansem de seus trabalhos; pois
suas obras os acompanham”.
14 Olhei e vi uma nuvem branca, e sobre a nuvem um sentado

como ilho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro e na mã o


uma foice a iada. 15 Outro anjo saiu do templo, clamando em alta voz ao
que estava assentado sobre a nuvem: “Envia a tua foice e ceifa; pois
chegou a hora da ceifa; pois a colheita da terra está madura!” 16 O que
estava assentado sobre a nuvem meteu a sua foice na terra, e a terra foi
ceifada.
17 Outro anjo saiu do templo que está no cé u. Ele també m tinha uma
foice a iada. 18 Outro anjo saiu do altar, aquele que tem poder sobre o
fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice a iada, dizendo:
“Envia a tua foice a iada e apanha os cachos da vide da terra, pois as
uvas da terra estã o completamente maduras!” 19 O anjo meteu a sua
foice na terra, e ajuntou a vindima da terra, e lançou-a no grande lagar
da ira de Deus. 20 O lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do
lagar até os freios dos cavalos, até mil e seiscentos está dios.
Salmos 19
Para o Músico Chefe. Um Salmo de Davi.
1 Os cé us declaram a gló ria de Deus.

A extensã o mostra sua obra.


2 Dia apó s dia eles proferem discursos,

e noite apó s noite eles demonstram conhecimento.


3 Nã o há fala nem linguagem,

onde sua voz nã o é ouvida.


4 A sua voz ecoou por toda a terra,

suas palavras até o im do mundo.


Neles ele armou uma tenda para o sol,
5 que é como um noivo que sai do seu quarto,

como um homem forte regozijando-se por seguir seu curso.


6 A sua saı́da é desde a extremidade dos cé us,

seu circuito até o im.


Nã o há nada escondido de seu calor.

7 A lei do Senhor é perfeita, restaura a alma.


A aliança de Yahweh é certa, tornando sá bios os simples.
8 Os preceitos do Senhor sã o retos, alegrando o coraçã o.

O mandamento de Yahweh é puro, iluminando os olhos.


9 O temor do Senhor é puro e dura para sempre.

As ordenanças de Yahweh sã o verdadeiras e totalmente justas.


10 Sã o mais desejá veis do que o ouro, sim, do que muito ouro ino,

mais doce també m que o mel e o extrato do favo de mel.


11 Alé m disso, seu servo é avisado por eles.

Em mantê -los há grande recompensa.


12 Quem pode discernir seus erros?

Perdoe-me pelos erros ocultos.

13 Afasta també m o teu servo dos pecados de presunçã o.

Que eles nã o tenham domı́nio sobre mim.


Entã o eu vou icar de pé .
Serei irrepreensı́vel e inocente de grande transgressã o.
14 Que as palavras da minha boca e a meditaçã o do meu coraçã o

seja aceitá vel aos seus olhos,


Javé , minha rocha e meu redentor.
Mateus 5
1 Vendo a multidã o, subiu ao monte. Quando ele se sentou, seus

discı́pulos se aproximaram dele. 2 Ele abriu a boca e os ensinou,


dizendo:
3 "Abençoados sã o os pobres de espı́rito,

pois deles é o Reino dos Cé us.


4 Bem-aventurados os que choram,

pois serã o consolados.


5 Bem-aventurados os mansos,

porque eles herdarã o a terra.


6 Bem-aventurados os que tê m fome e sede de justiça,

porque eles serã o preenchidos.


7 Bem-aventurados os misericordiosos,

pois eles obterã o misericó rdia.


8 Bem-aventurados os puros de coraçã o,

porque eles verã o a Deus.


9 Bem-aventurados os paci icadores,

porque serã o chamados ilhos de Deus.


10 Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça,

pois deles é o Reino dos Cé us.


11 “Bem-aventurado você quando as pessoas o repreendem, o
perseguem e dizem todo tipo de mal contra você falsamente, por minha
causa. 12 Alegrai-vos e exultai muito, porque grande é a vossa
recompensa no cé u. Pois foi assim que perseguiram os profetas que
foram antes de você s.
13 “Você é o sal da terra, mas se o sal perdeu o sabor, com que será
salgado? Entã o nã o serve para nada, mas para ser lançado fora e pisado
sob os pé s dos homens.
14 Você é a luz do mundo. Uma cidade localizada em uma colina nã o
pode ser escondida. 15 Nem acendes uma candeia e a colocas debaixo
de um cesto de mediçã o, mas num suporte; e resplandece para todos os
que estã o na casa. 16 Mesmo assim, brilhe a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e glori iquem a vosso Pai
que está nos cé us.
17 “Nã o pensem que vim destruir a lei ou os profetas. Nã o vim para

destruir, mas para cumprir. 18 Com toda a certeza, digo-vos, até que o
cé u e a terra passem, nem uma letra ou um pequeno traço de caneta de
algum modo se afastará da lei, até que todas as coisas sejam
cumpridas. 19 Portanto, quem quebrar um destes menores
mandamentos e ensinar outros a fazê -lo, será chamado o menor no
Reino dos Cé us; mas quem os praticar e ensinar será chamado grande
no reino dos cé us. 20 Pois eu vos digo que, a menos que a vossa justiça
exceda a dos escribas e fariseus, nã o há como entrardes no Reino dos
Cé us.
21 “Você s ouviram que foi dito aos antigos: 'Nã o matará s;' e 'Quem

matar estará em perigo de julgamento.' 22 Mas eu vos digo que todo


aquele que se zangar com seu irmã o sem motivo estará em risco de
julgamento. Quem disser ao irmã o: 'Raca!' estará em perigo do
conselho. Quem diz, 'Seu tolo!' estará em perigo do fogo da Geena.
23 “Se, pois, ofereceres a tua oferta no altar e ali te lembrares de que

o teu irmã o tem alguma coisa contra ti, 24 deixe seu presente ali diante
do altar e siga seu caminho. Primeiro reconcilie-se com seu irmã o e
depois venha e ofereça seu presente. 25 Concorde rapidamente com seu
adversá rio enquanto estiver com ele no caminho; para que o promotor
nã o o entregue ao juiz, e o juiz o entregue ao o icial, e você seja lançado
na prisã o. 26 Certamente eu lhe digo, você nã o deve sair de lá até que
você tenha pago o ú ltimo centavo.
27 “Você s ouviram que foi dito, 'Nã o cometerá s adulté rio;' 28 mas eu

vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já
cometeu adulté rio com ela em seu coraçã o. 29 Se o teu olho direito te
faz tropeçar, arranca-o e lança-o para longe de ti. Pois é mais proveitoso
para você que um dos seus membros se perca do que todo o seu corpo
ser lançado na Geena. 30 Se a tua mã o direita te faz tropeçar, corta-a e
lança-a para longe de ti. Pois é mais proveitoso para você que um dos
seus membros se perca, do que todo o seu corpo ser lançado na Geena.
31 “També m foi dito: 'Quem repudiar sua mulher, dê -lhe carta de

divó rcio', 32 mas eu vos digo que qualquer que repudiar sua mulher,
exceto por causa de imoralidade sexual, a torna adú ltera; e quem casar
com ela quando ela for repudiada comete adulté rio.
33 “Mais uma vez ouvistes o que foi dito aos antigos: 'Nã o fará s

votos falsos, mas cumprirá s os teus votos ao Senhor'. 34 mas eu lhe


digo, nã o jure de forma alguma: nem pelo cé u, pois é o trono de Deus; 35
nem pela terra, porque é o escabelo de seus pé s; nem por Jerusalé m,
pois é a cidade do grande Rei. 36 Nem jurará s pela tua cabeça, pois nã o
podes fazer um cabelo branco ou preto. 37 Mas deixe seu 'Sim' ser 'Sim'
e seu 'Nã o' ser 'Nã o'. O que for mais do que isso é do maligno.
38 “Você s ouviram o que foi dito: 'Olho por olho, dente por dente'. 39

Mas eu lhe digo, nã o resista à quele que é mau; mas quem te ferir na
face direita, oferece-lhe també m a outra. 40 Se algué m te pedir para te
tirares a tú nica, que ique com a tua capa també m. 41 Quem te obriga a
andar uma milha, vai com ele duas. 42 Dá a quem te pede, e nã o rejeites
quem te pede emprestado.
43 “Você s ouviram o que foi dito: 'Amará s o teu pró ximo e odeie seu

inimigo.' 44 Mas eu te digo: ame os seus inimigos, abençoe os que te


amaldiçoam, faça o bem aos que te odeiam, e ore por aqueles que te
maltratam e perseguem, 45 para que sejais ilhos de vosso Pai que está
nos cé us. Pois ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover
sobre justos e injustos. 46 Pois se você ama aqueles que te amam, que
recompensa você tem? Nem mesmo os cobradores de impostos fazem
o mesmo? 47 Se você apenas cumprimenta seus amigos, o que mais
você faz do que os outros? Nem mesmo os cobradores de impostos faça
o mesmo? 48 Portanto, você s serã o perfeitos, assim como seu Pai que
está nos cé us é perfeito.
Salmos 85
Para o Músico Chefe. Um Salmo pelos ilhos de Coré.
1 Yahweh, você tem sido favorá vel à sua terra.

Você restaurou a sorte de Jacó .


2 Tu perdoaste a iniqü idade do teu povo.

Você cobriu todo o pecado deles.


Selá .
3 Você tirou toda a sua ira.
Você se desviou da ferocidade de sua raiva.
4 Converte-nos, ó Deus da nossa salvaçã o,

e faça cessar sua indignaçã o contra nó s.


5 Você icará com raiva de nó s para sempre?

Você vai estender sua raiva a todas as geraçõ es?


6 Você nã o vai nos reviver novamente,

para que o teu povo se regozije em ti?


7 Mostra-nos a tua benignidade, Senhor.

Conceda-nos a sua salvaçã o.


8 Eu ouvirei o que Deus, Javé , falará ,

pois ele falará paz ao seu povo, seus santos;


mas que nã o voltem à loucura.
9 Certamente a sua salvaçã o está perto dos que o temem,

que a gló ria habite em nossa terra.


10 A misericó rdia e a verdade se encontram.

A justiça e a paz se beijaram.


11 A verdade brota da terra.

A justiça olhou para baixo do cé u.


12 Sim, o Senhor dará o que é bom.

Nossa terra dará o seu crescimento.


13 A justiça vai adiante dele,

E prepara o caminho para os seus passos.


Mateus 3
1 Naqueles dias, veio Joã o, o Batizador, pregando no deserto da

Judé ia, dizendo: 2 “Arrependei-vos, porque está pró ximo o reino dos
cé us!” 3 Pois este é aquele de quem falou o profeta Isaı́as, dizendo:
“A voz do que clama no deserto,
prepare o caminho do Senhor!
Faça seus caminhos retos!”
4 O pró prio Joã o usava roupas feitas de pê lo de camelo com um

cinto de couro na cintura. Sua comida era gafanhotos e mel silvestre. 5


Entã o saı́ram a ele gente de Jerusalé m, toda a Judé ia e toda a
circunvizinhança do Jordã o. 6 Eles foram batizados por ele no Jordã o,
confessando seus pecados.
7 Mas, quando viu muitos fariseus e saduceus que vinham para o

batismo, disse-lhes: Raça de vı́boras, quem vos ensinou a fugir da ira


vindoura? 8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento! 9 Nã o
pensem: 'Temos por pai Abraã o', pois eu lhes digo que Deus é capaz de
suscitar ilhos a Abraã o dessas pedras. 10 Mesmo agora o machado está
na raiz das á rvores. Portanto, toda á rvore que nã o produz bom fruto é
cortada e lançada ao fogo.
11 “Na verdade, eu os batizo em á gua para arrependimento, mas

aquele que vem apó s mim é mais poderoso do que eu, cujas sandá lias
nã o sou digno de levar. Ele te batizará no Espı́rito Santo. 12 A sua
forquilha está na sua mã o, e ele limpará completamente a sua eira. Ele
recolherá seu trigo no celeiro, mas o joio ele queimará com fogo
inextinguı́vel”.
13 Entã o veio Jesus da Galilé ia ao Jordã o ter com Joã o, para ser

batizado por ele. 14 Mas Joã o o teria impedido, dizendo: “Preciso ser
batizado por você , e você vem a mim?”
15 Mas Jesus, respondendo, disse-lhe: “Deixa agora, porque este é o
caminho para cumprirmos toda a justiça”. Entã o ele permitiu.
16 Jesus, sendo batizado, saiu logo da á gua; e eis que se lhe abriram

os cé us. Ele viu o Espı́rito de Deus descendo como uma pomba e vindo
sobre ele. 17 Eis que uma voz do cé u disse: “Este é o meu Filho amado,
em quem me comprazo”.
1 Coríntios 9
1 Nã o sou livre? Nã o sou um apó stolo? Nã o vi Jesus Cristo, nosso

Senhor? Você nã o é meu trabalho no Senhor? 2 Se para os outros nã o


sou apó stolo, pelo menos sou para você s; pois você é o selo do meu
apostolado no Senhor. 3 Minha defesa para aqueles que me examinam é
esta: 4 Nã o temos o direito de comer e beber? 5 Nã o temos o direito de
levar uma esposa crente, como os demais apó stolos, os irmã os do
Senhor e Cefas? 6 Ou só Barnabé e eu nã o tenho o direito de nã o
trabalhar? 7 Que soldado serve à s suas pró prias custas? Quem planta
uma vinha e nã o come do seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e
nã o bebe do leite do rebanho? 8 Falo essas coisas segundo os costumes
dos homens? Ou a lei també m nã o diz a mesma coisa? 9 Pois está
escrito na lei de Moisé s: Nã o atará s a boca ao boi enquanto ele debulha
o grã o. E pelos bois que Deus se importa, 10 ou ele diz isso com certeza
por nossa causa? Sim, foi escrito por nossa causa, porque quem lavra
deve lavrar com esperança, e quem debulha com esperança deve
participar de sua esperança. 11 Se nó s semeamos para você s as coisas
espirituais, é grande coisa colhermos as suas coisas carnais? 12 Se
outros participam deste direito sobre você , nã o o fazemos ainda mais?
No entanto, nã o usamos esse direito, mas suportamos todas as coisas,
para que nã o estorvemos as Boas Novas de Cristo. 13 Nã o sabeis que os
que servem nas coisas sagradas comem das coisas do templo, e os que
servem no altar tê m a sua parte com o altar? 14 Assim també m o Senhor
ordenou que aqueles que anunciam a Boa Nova vivam da Boa Nova. 15
Mas nã o usei nenhuma destas coisas, e nã o as escrevo para que assim
se faça no meu caso; pois pre iro morrer a que algué m anule a minha
jactâ ncia. 16 Porque, se eu anuncio a Boa Nova, nã o tenho de que me
gloriar; porque a necessidade me foi imposta; mas ai de mim se eu nã o
pregar as Boas Novas. 17 Pois se eu izer isso de minha pró pria vontade,
terei uma recompensa. Mas se nã o for por minha pró pria vontade,
tenho uma mordomia con iada a mim. 18 Qual é entã o a minha
recompensa? Para que quando eu pregar as Boas Novas, eu possa
apresentar as Boas Novas de Cristo gratuitamente, para nã o abusar da
minha autoridade nas Boas Novas. 19 Pois, embora eu estivesse livre de
todos, me tornei escravo de todos, para ganhar ainda mais. 20 Para os
judeus tornei-me como judeu, para ganhar judeus; aos que estã o
debaixo da lei, como debaixo da lei, para ganhar os que estã o debaixo
da lei; 21 para os que estã o sem lei, como sem lei (nã o estando sem lei
para com Deus, mas debaixo da lei para com Cristo), para ganhar os
que estã o sem lei. 22 Tornei-me fraco para os fracos, para ganhar os
fracos. Tornei-me tudo para todos, a im de, por todos os meios, salvar
alguns. 23 Agora eu faço isso por causa da Boa Nova, para que eu possa
ser um participante dela. 24 Você s nã o sabem que todos os que correm
correm, mas um recebe o prê mio? Corra assim, para que você possa
vencer. 25 Todo homem que se esforça nos jogos exerce domı́nio
pró prio em todas as coisas. Agora eles fazem isso para receber uma
coroa corruptı́vel, mas nó s uma incorruptı́vel. 26 Portanto, corro assim,
nã o à toa. Eu luto assim, nã o batendo no ar, 27 mas bato no meu corpo e
o submeto, para que, de qualquer maneira, depois de ter pregado aos
outros, eu mesmo seja rejeitado.
Salmos 23
Um Salmo de Davi.
1 Javé é meu pastor:

nada me faltará .
2 Ele me faz deitar em pastos verdes.

Ele me conduz ao lado de á guas tranquilas.


3 Ele restaura a minha alma.

Ele me guia pelas veredas da justiça por amor do seu nome.


4 Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte,

Nã o temerei mal algum, porque tu está s comigo.


Sua vara e seu cajado,
eles me confortam.
5 Preparas uma mesa diante de mim

na presença dos meus inimigos.


Você unge minha cabeça com ó leo.
Meu copo transborda.
6 Certamente a bondade e a benignidade me seguirã o todos os

dias da minha vida,


e habitarei na casa do Senhor para sempre.
Apocalipse 3
1 “E ao anjo da assemblé ia em Sardes escreve:
“Aquele que tem os sete Espı́ritos de Deus e as sete estrelas diz
estas coisas:
“Conheço suas obras, que você tem fama de estar vivo, mas está
morto. 2 Acorde e guarde o que resta, que você estava prestes a jogar
fora, pois nã o encontrei obras suas aperfeiçoadas diante do meu Deus.
3 Lembre-se, portanto, de como você recebeu e ouviu. Guarde-o e

arrependa-se. Se, portanto, você nã o vigiar, virei como um ladrã o, e


você nã o saberá a que hora virei sobre você . 4 No entanto, você tem
alguns nomes em Sardes que nã o contaminaram suas roupas. Andarã o
comigo de branco, porque sã o dignos. 5 O vencedor será vestido de
vestes brancas, e de modo algum riscarei o seu nome do livro da vida, e
confessarei o seu nome perante meu Pai e perante os seus anjos. 6
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espı́rito diz à s assemblé ias.
7 “Ao anjo da assemblé ia em Filadé l ia escreve:
“Aquele que é santo, aquele que é verdadeiro, aquele que tem a
chave de Davi, aquele que abre e ningué m pode fechar, e que fecha e
ningué m abre, diz estas coisas:
8 “Conheço as tuas obras (eis que pus diante de ti uma porta aberta,

que ningué m pode fechar), que tens um pouco de poder, e guardaste a


minha palavra, e nã o negaste o meu nome. 9 Eis que dou alguns da
sinagoga de Sataná s, daqueles que se dizem judeus e nã o sã o, mas
mentem; eis que os farei vir e adorar diante de teus pé s, e saber que eu
te amei. 10 Porque guardaste o meu mandamento de perseverar,
també m eu te guardarei da hora da prova que há de vir sobre o mundo
inteiro, para provar os que habitam na terra. 11 Estou chegando rá pido!
Segure irmemente o que você tem, para que ningué m tome sua coroa.
12 Ao que vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dali nã o

sairá mais. Escreverei nele o nome do meu Deus e o nome da cidade do


meu Deus, a nova Jerusalé m, que desce do cé u da parte do meu Deus, e
o meu novo nome. 13 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espı́rito diz à s
assemblé ias.
14 “Ao anjo da assemblé ia em Laodicé ia escreve:

“O Amé m, a Testemunha Fiel e Verdadeira, o Princı́pio da criaçã o


de Deus, diz estas coisas:
15 “Conheço suas obras, que você nã o é frio nem quente. Eu queria
que você estivesse com frio ou calor. 16 Entã o, porque você é morno, e
nem quente nem frio, vou vomitá -lo da minha boca. 17 Porque você diz:
'Eu sou rico, e adquiri riquezas, e de nada preciso;' e nã o saiba que você
é o miserá vel, miserá vel, pobre, cego e nu; 18 aconselho-te que de mim
compres ouro re inado no fogo, para que te enriqueças; e vestes
brancas, para que te vistas, e nã o se manifeste a vergonha da tua nudez;
e colı́rio para ungir os olhos, para que vejas. 19 A quantos amo,
repreendo e castigo. Seja zeloso, portanto, e arrependa-se. 20 Eis que
estou à porta e bato. Se algué m ouvir a minha voz e abrir a porta,
entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo. 21 Ao que vencer,
dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, como també m eu venci, e
sentei-me com meu Pai no seu trono. 22 Quem tem ouvidos, ouça o que
o Espı́rito diz à s assemblé ias”.
2 Coríntios 5
1 Pois sabemos que, se a casa terrena da nossa tenda for desfeita,

temos um edifı́cio da parte de Deus, uma casa nã o feita por mã os,
eterna, nos cé us. 2 Pois certamente nisto gememos, desejando ser
revestidos da nossa habitaçã o que é do cé u, 3 se de fato, estando
vestidos, nã o seremos achados nus. 4 Pois nó s, que estamos nesta
tenda, gememos, sobrecarregados, nã o por querermos ser despidos,
mas por querermos ser vestidos, para que o que é mortal seja engolido
pela vida. 5 Ora, aquele que nos fez para isso mesmo é Deus, que
també m nos deu o penhor do Espı́rito.
6 Portanto, estamos sempre con iantes e sabemos que, enquanto
estamos no corpo, estamos ausentes do Senhor; 7 porque andamos por
fé , nã o por vista. 8 Somos corajosos, digo, e preferimos estar ausentes
do corpo e estar em casa com o Senhor. 9 Por isso també m procuramos,
em casa ou ausente, agradar-lhe bem. 10 Porque todos nó s devemos ser
revelados ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba as coisas
por meio do corpo, segundo o que tiver feito, ou bem, ou mal.
11 Conhecendo, pois, o temor do Senhor, persuadimos os homens,

mas somos revelados a Deus, e espero que també m sejamos revelados


em vossas consciê ncias. 12 Porque nã o nos encomendamos novamente
a vó s, mas falamos para vos gloriardes por nó s, para que tenhais
resposta aos que se gloriam na aparê ncia e nã o no coraçã o. 13 Pois se
estamos fora de nó s, é por Deus. Ou se estamos de mente só bria, é para
você . 14 Porque o amor de Cristo nos constrange; porque julgamos
assim, que um morreu por todos, logo todos morreram. 15 Ele morreu
por todos, para que os que vivem nã o vivam mais para si mesmos, mas
para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 16 Portanto, de agora em
diante, nã o conhecemos ningué m segundo a carne. Embora tenhamos
conhecido a Cristo segundo a carne, agora nã o o conhecemos mais. 17
Portanto, se algué m está em Cristo, nova criatura é . As coisas velhas já
passaram. Eis que tudo se fez novo. 18 Mas todas as coisas vê m de Deus,
que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Jesus Cristo, e nos deu
o ministé rio da reconciliaçã o; 19 a saber, que Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo, nã o imputando-lhes as suas
transgressõ es, e nos con iou a palavra da reconciliaçã o.
20 Somos, pois, embaixadores da parte de Cristo, como se Deus

rogasse por nó s: rogamos-vos pela parte de Cristo que vos reconcilieis
com Deus. 21 Pois aquele que nã o conheceu pecado, ele o fez pecado por
nó s; para que nele nos torná ssemos justiça de Deus.
Mateus 1
1 Livro da genealogia de Jesus Cristo, ilho de Davi, ilho de Abraã o.
2 Abraã o tornou-se pai de Isaque. Isaque se tornou pai de Jacó . Jacó

tornou-se pai de Judá e seus irmã os. 3 Judá gerou Perez e Zerá por
Tamar. Perez tornou-se o pai de Hezrom. Hezron tornou-se o pai de
Ram. 4 Ram gerou a Aminadabe. Aminadabe tornou-se o pai de Nasom.
Nahshon tornou-se o pai de Salmon. 5 Salmon gerou Boaz por Raabe.
Boaz tornou-se o pai de Obede por Rute. Obede tornou-se o pai de
Jessé . 6 Jessé tornou-se pai do rei Davi. Davi tornou-se pai de Salomã o
por aquela que fora esposa de Urias. 7 Salomã o gerou Roboã o. Roboã o
foi pai de Abias. Abias tornou-se pai de Asa. 8 Asa gerou Josafá . Josafá
tornou-se pai de Jorã o. Jorã o tornou-se pai de Uzias. 9 Uzias gerou
Jotã o. Jotã o tornou-se pai de Acaz. Acaz tornou-se pai de Ezequias. 10
Ezequias gerou Manassé s. Manassé s tornou-se pai de Amom. Amon
tornou-se pai de Josias. 11 Josias gerou Jeconias e seus irmã os na é poca
do exı́lio na Babilô nia.
12 Depois do exı́lio na Babilô nia, Jeconias gerou Sealtiel. Salatiel

tornou-se o pai de Zorobabel. 13 Zorobabel gerou Abiú de. Abiud tornou-


se o pai de Eliaquim. Eliaquim tornou-se pai de Azor. 14 Azor gerou
Zadoque. Zadoque tornou-se pai de Aquim. Achim tornou-se o pai de
Eliud. 15 Eliú de gerou Eleazar. Eleazar tornou-se o pai de Mattan.
Matthan tornou-se o pai de Jacob. 16 Jacó gerou a José , marido de Maria,
de quem nasceu Jesus, chamado Cristo.
17 Assim, todas as geraçõ es desde Abraã o até Davi sã o catorze
geraçõ es; de Davi ao exı́lio na Babilô nia catorze geraçõ es; e desde o
transporte para a Babilô nia até o Cristo, catorze geraçõ es.
18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Depois que sua mã e,

Maria, icou noiva de José , antes de se ajuntarem, ela foi encontrada


grá vida pelo Espı́rito Santo. 19 José , seu marido, sendo um homem justo
e nã o querendo fazer dela um exemplo pú blico, pretendia repudiá -la
secretamente. 20 Mas, pensando ele nestas coisas, eis que em sonho lhe
apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José , ilho de Davi, nã o temas
receber Maria, tua mulher, porque o que é nela concebido é do Espı́rito
Santo. 21 Ela dará à luz um ilho. Tu lhe porá s o nome de Jesus, pois é ele
quem salvará o seu povo dos seus pecados”.
22 Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da

parte do Senhor por intermé dio do profeta, dizendo:


23 “Eis que a virgem conceberá ,

e dará à luz um ilho.


Chamarã o o seu nome Emanuel”,
que é , sendo interpretado, “Deus conosco”.
24 José despertou do sono, e fez como o anjo do Senhor lhe
ordenara, e tomou para si sua mulher; 25 e nã o a conheceu sexualmente
até que ela deu à luz seu ilho primogê nito. Ele o chamou de Jesus.
Salmos 31
Para o Músico Chefe. Um Salmo de Davi.
1 Em ti, Senhor, me refugio.

Que eu nunca me decepcione.


Livra-me em tua justiça.
2 Curve seus ouvidos para mim.

Entregue-me rapidamente.
Seja para mim uma rocha forte,
uma casa de defesa para me salvar.
3 Pois você é minha rocha e minha fortaleza,

portanto, por amor do teu nome, guia-me e guia-me.


4 Tira-me da rede que armaram secretamente para mim,

pois você é minha fortaleza.


5 Nas tuas mã os entrego o meu espı́rito.

Tu me redimes, Javé , Deus da verdade.


6 Detesto os que consideram vaidades mentirosas,

mas eu con io no Senhor.


7 Regozijar-me-ei e regozijarei na tua benignidade,

porque viste a minha a liçã o.


Você conheceu minha alma nas adversidades.
8 Você nã o me encerrou nas mã os do inimigo.

Você colocou meus pé s em um lugar grande.


9 Compadece-te de mim, Senhor, porque estou angustiado.

Meus olhos, minha alma e meu corpo de inham de tristeza.


10 Pois a minha vida é gasta com tristeza,

meus anos com suspiros.


Minha força falha por causa da minha iniqü idade.
Meus ossos estã o perdidos.
11 Por causa de todos os meus adversá rios, tornei-me totalmente

desprezı́vel para com o meu pró ximo,


um horror para os meus conhecidos.
Quem me viu na rua fugiu de mim.
12 Estou esquecido de seus coraçõ es como um homem morto.
Eu sou como uma cerâ mica quebrada.
13 Pois tenho ouvido a calú nia de muitos, terror por todos os lados,

enquanto eles conspiram juntos contra mim,


eles planejam tirar minha vida.
14 Mas eu con io em ti, Senhor.

Eu disse: “Você é meu Deus”.


15 Meus tempos estã o em suas mã os.

Livra-me das mã os dos meus inimigos e dos que me perseguem.


16 Faça resplandecer o seu rosto sobre o seu servo.

Salve-me em sua bondade amorosa.


17 Nã o me deixes desapontado, ó Senhor, porque te invoquei.

Deixe os ı́mpios se decepcionarem.


Que iquem em silê ncio no Sheol.
18 Emudeçam os lá bios mentirosos,

que falam insolentemente contra o justo, com orgulho e desprezo.


19 Oh, quã o grande é a tua bondade,

que guardaste para os que te temem,


que tens trabalhado para os que em ti se refugiam,
antes dos ilhos dos homens!
20 No abrigo da tua presença os esconderá s das maquinaçõ es do

homem.
Você os guardará secretamente em uma morada longe da contenda
de lı́nguas.
21 Louvado seja o Senhor,

pois ele me mostrou sua maravilhosa benignidade em uma cidade


forte.
22 Quanto a mim, disse na minha pressa: “Estou cortado diante de

seus olhos”.
No entanto, você ouviu a voz de minhas petiçõ es quando eu clamei
a você .
23 Amai Yahweh, vó s todos os seus santos!

Javé preserva os ié is,


e recompensa plenamente aquele que se comporta com
arrogâ ncia.
24 Seja forte, e tenha coragem o seu coraçã o,

todos vó s que esperais no Senhor.


Salmos 16
Poema de Davi.
1 Guarda-me, Deus, porque em ti me refugio.
2 Minha alma, disseste ao Senhor: Tu é s o meu Senhor.

Alé m de você , nã o tenho nada de bom.”


3 Quanto aos santos que estã o na terra,

eles sã o os excelentes em quem está todo o meu deleite.

4 Multiplicam-se as suas dores os que dã o presentes a outro deus.

Suas libaçõ es de sangue nã o oferecerei,


nem levar seus nomes em meus lá bios.
5 Javé designou minha porçã o e meu cá lice.

Você fez meu lote seguro.

6 As linhas caı́ram para mim em lugares agradá veis.

Sim, tenho uma boa herança.


7 Bendirei o Senhor, que me aconselhou.

Sim, meu coraçã o me instrui nas estaçõ es da noite.


8 Sempre pus o Senhor diante de mim.

Porque ele está à minha direita, nã o serei abalado.


9 Por isso o meu coraçã o se alegra, e a minha lı́ngua exulta.

Meu corpo també m habitará em segurança.


10 Pois nã o deixará s minha alma no Seol,

nem permitirá s que o teu santo veja corrupçã o.


11 Tu me mostrará s o caminho da vida.

Na tua presença está a plenitude da alegria.


Na tua mã o direita há prazeres para sempre.
Salmos 5
Para o Músico Chefe, com as lautas. Um Salmo de Davi.
1 Dá ouvidos à s minhas palavras, Senhor.

Considere minha meditaçã o.


2 Ouvi a voz do meu clamor, meu Rei e meu Deus;

pois eu oro a você .


3 Senhor, pela manhã ouvirá s a minha voz.

De manhã , apresentarei meus pedidos diante de você e observarei


com expectativa.
4 Pois você nã o é um Deus que tem prazer na maldade.

O mal nã o pode viver com você .


5 Os arrogantes nã o icarã o à sua vista.

Você odeia todos os que praticam a iniqü idade.


6 Você destruirá aqueles que falam mentiras.

Javé abomina o homem sanguiná rio e enganador.


7 Mas quanto a mim, na abundâ ncia da tua benignidade entrarei

em tua casa.
Eu me curvarei em direçã o ao seu santo templo em reverê ncia a
você .
8 Guia-me, Senhor, na tua justiça por causa dos meus inimigos.

Faça o seu caminho direto diante do meu rosto.


9 Pois nã o há idelidade em sua boca.

Seu coraçã o é a destruiçã o.


A garganta deles é um tú mulo aberto.
Eles bajulam com a lı́ngua.
10 Considere-os culpados, Deus.

Deixe-os cair por seus pró prios conselhos.


Lança-os na multidã o das suas transgressõ es,
porque se rebelaram contra ti.
11 Mas alegrem-se todos os que se refugiam em ti.

Deixe-os sempre gritar de alegria, porque você os defende.


Que també m os que amam o teu nome se regozijem em ti.
12 Pois você abençoará os justos.
Yahweh, você o cercará de graça como de um escudo.
Lucas 23
1 Todo o grupo deles se levantou e o trouxe diante de Pilatos. 2 Eles

começaram a acusá -lo, dizendo: “Encontramos este homem


pervertendo a naçã o, proibindo o pagamento de impostos a Cé sar e
dizendo que ele mesmo é Cristo, um rei”.
3 Pilatos lhe perguntou: “Você é o rei dos judeus?”
Ele lhe respondeu: “Assim você diz”.
4 Pilatos disse aos principais sacerdotes e à s multidõ es: “Nã o

encontro fundamento para acusar este homem”.


5 Eles, poré m, insistiam, dizendo: “Ele incita o povo, ensinando por

toda a Judé ia, começando da Galilé ia até aqui”. 6 Mas, quando Pilatos
ouviu falar da Galilé ia, perguntou se aquele homem era galileu. 7
Quando soube que estava na jurisdiçã o de Herodes, enviou-o a
Herodes, que també m estava em Jerusalé m naqueles dias.
8 Ora, quando Herodes viu Jesus, alegrou-se muito, porque há muito
desejava vê -lo, porque tinha ouvido muitas coisas a seu respeito. Ele
esperava ver algum milagre feito por ele. 9 Ele o interrogou com muitas
palavras, mas ele nã o respondeu. 10 Os principais sacerdotes e os
escribas se levantaram, acusando-o com veemê ncia. 11 Herodes com
seus soldados o humilhou e zombou dele. Vestindo-o com roupas
luxuosas, eles o enviaram de volta a Pilatos. 12 Herodes e Pilatos
icaram amigos naquele mesmo dia, pois antes eram inimigos um do
outro.
13 Pilatos convocou os principais sacerdotes, os prı́ncipes e o povo,
14 e lhes disse: “Você s me trouxeram este homem como perverso do

povo; e eis que, interrogando-o diante de vó s, nã o encontrei


fundamento para acusar este homem das coisas de que o acusais. 15
Nem Herodes, porque eu te enviei a ele, e vede, nada digno de morte foi
feito por ele. 16 Por isso, castigá -lo-ei e o libertarei”.
17 Agora ele tinha que libertar um prisioneiro para eles na festa. 18

Mas todos eles gritaram juntos, dizendo: “Fora com este homem! Solta-
nos Barrabá s!” — 19 aquele que foi lançado na prisã o por uma certa
revolta na cidade e por assassinato.
20 Entã o Pilatos falou novamente com eles, querendo soltar Jesus,
21 mas eles gritaram, dizendo: “Cruci ica! Cruci ique-o!”
22 Ele lhes disse pela terceira vez: “Por quê ? Que mal esse homem

fez? Nã o encontrei nele nenhum crime capital. Portanto, vou castigá -lo
e soltá -lo”. 23 Mas eles insistiam com grandes vozes, pedindo que o
cruci icassem. Suas vozes e as vozes dos principais sacerdotes
prevaleceram. 24 Pilatos decretou que se izesse o que eles pediam. 25
Ele soltou aquele que havia sido lançado na prisã o por insurreiçã o e
assassinato, a quem eles pediram, mas ele entregou Jesus à vontade
deles.
26 Quando o levaram, pegaram um Simã o Cireneu, vindo do campo,

e puseram sobre ele a cruz para que a carregasse depois de Jesus. 27


Seguiu-o uma grande multidã o do povo, inclusive mulheres que
també m o pranteavam e lamentavam. 28 Mas Jesus, voltando-se para
eles, disse: “Filhas de Jerusalé m, nã o chorem por mim, mas chorem por
si mesmas e por seus ilhos. 29 Pois eis que virã o os dias em que dirã o:
'Bem-aventurados os esté reis, os ventres que nunca geraram, e os seios
que nunca amamentaram.' 30 Entã o eles começarã o a dizer à s
montanhas: 'Caiam sobre nó s!' e diga à s colinas: 'Cubra-nos.' 31 Pois, se
eles fazem essas coisas na á rvore verde, o que será feito na seca?”
32 Havia també m outros, dois criminosos, levados com ele para

serem mortos. 33 Quando chegaram ao lugar chamado “A Caveira”, ali o


cruci icaram com os criminosos, um à direita e outro à esquerda.
34 Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes, porque nã o sabem o que fazem”.

Dividindo entre eles as suas vestes, lançaram sortes. 35 As pessoas


icaram observando. Os governantes com eles també m zombavam dele,
dizendo: “Ele salvou outros. Que ele se salve, se este é o Cristo de Deus,
seu escolhido!”
36 Os soldados també m zombavam dele, aproximando-se dele e

oferecendo-lhe vinagre, 37 e dizendo: “Se você é o rei dos judeus, salve-


se a si mesmo!”
38 Sobre ele també m foi escrita uma inscriçã o em letras gregas,

latinas e hebraicas: “ESTE E O REI DOS JUDEUS”.


39 Um dos criminosos que foi enforcado o insultou, dizendo: “Se

você é o Cristo, salve a si mesmo e a nó s!”


40 Mas o outro respondeu e, repreendendo-o, disse: “Você nem teme
a Deus, visto que está sob a mesma condenaçã o? 41 E nó s, na verdade,
com justiça, pois recebemos a devida recompensa por nossas açõ es,
mas este homem nã o fez nada de errado”. 42 Ele disse a Jesus: “Senhor,
lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”.
43 Disse-lhe Jesus: “Em verdade te digo que hoje estará s comigo no

paraı́so”.
44 Era jáquase a hora sexta, e as trevas cobriram toda a terra até a
hora nona. 45 O sol escureceu, e o vé u do templo se rasgou em dois. 46
Jesus, clamando em alta voz, disse: “Pai, nas tuas mã os entrego o meu
espı́rito!” Tendo dito isso, ele deu seu ú ltimo suspiro.
47 Quando o centuriã o viu o que havia acontecido, gloriicou a
Deus, dizendo: Certamente este era um homem justo. 48 Todas as
multidõ es que se ajuntaram para ver isso, vendo o que havia
acontecido, voltaram para casa batendo no peito. 49 Todos os seus
conhecidos e as mulheres que o seguiram da Galilé ia icaram à
distâ ncia, observando essas coisas.
50 Eis que um homem chamado José , que era membro do conselho,

homem bom e justo 51 (nã o havia consentido em seu conselho e açã o),
de Arimaté ia, cidade dos judeus, que també m esperava o Reino de Deus
: 52 este homem foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 53 Tirou-o,
envolveu-o num pano de linho e o depositou num sepulcro lavrado em
pedra, onde ningué m jamais havia sido sepultado. 54 Era o dia da
Preparaçã o, e o sá bado se aproximava. 55 As mulheres, que tinham
vindo com ele da Galilé ia, seguiram-no e viram o sepulcro, e como foi
sepultado o seu corpo. 56 Eles voltaram e prepararam especiarias e
unguentos. No sá bado, eles descansaram de acordo com o
mandamento.
Ezequiel 33
1 Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 2 “Filho do homem, fala

aos ilhos do teu povo e dize-lhes: Quando eu trouxer a espada sobre


uma terra, e o povo da terra tomar um homem do meio deles, e o
puseram para seu vigia; 3 se, vendo vir a espada sobre a terra, tocar a
trombeta e avisar o povo; 4 Entã o, quem ouvir o som da trombeta e nã o
atender à advertê ncia, se a espada vier e o levar, o seu sangue cairá
sobre a sua cabeça. 5 Ele ouviu o som da trombeta e nã o se deu conta.
Seu sangue cairá sobre ele; ao passo que se ele tivesse atendido ao
aviso, ele teria libertado sua alma. 6 Mas se o atalaia vir a espada vir, e
nã o tocar a trombeta, e o povo nã o for avisado, e a espada vier, e tirar
qualquer um dentre eles; ele foi levado em sua iniqü idade, mas seu
sangue exigirei das mã os do vigia.'
7 “Assim tu, ilho do homem, eu te pus atalaia na casa de Israel.
Portanto, ouça a palavra da minha boca, e dê -lhes advertê ncias de mim.
8 Quando eu disser ao ı́mpio: 'O ı́mpio, você certamente morrerá ', e

você nã o falar para advertir o ı́mpio do seu caminho, esse ı́mpio
morrerá na sua iniqü idade, mas eu exigirei o seu sangue das suas mã os
. 9 No entanto, se você advertir o ı́mpio do seu caminho para se desviar
dele, e ele nã o se desviar do seu caminho; ele morrerá na sua
iniqü idade, mas tu livraste a tua alma.
10 “Você ,
ilho do homem, diga à casa de Israel: 'Você diz isso:
“Nossas transgressõ es e nossos pecados estã o sobre nó s, e nó s
de inhá mos neles. Como entã o podemos viver?” ' 11 Diga-lhes: ' Vivo eu,
diz o Senhor Deus, que nã o tenho prazer na morte do ı́mpio; mas que o
ı́mpio se desvie do seu caminho e viva. Vire, vire de seus maus
caminhos! Por que morrereis, casa de Israel?” '
12 “Você , ilho do homem, diga aos ilhos do seu povo: 'A justiça do
justo nã o o livrará no dia da sua desobediê ncia. E quanto à maldade do
ı́mpio, nã o cairá por ela no dia em que se converter da sua maldade;
nem o justo poderá viver por ela no dia em que pecar. 13 Quando eu
disser ao justo que ele certamente viverá ; se ele con ia em sua justiça e
comete iniqü idade, nenhuma de suas açõ es justas será lembrada; mas
ele morrerá na iniqü idade que cometeu. 14 Mais uma vez, quando eu
disser aos ı́mpios: “Certamente morrereis”; se ele se desviar de seu
pecado e izer o que é lı́cito e correto; 15 se o ı́mpio restituir o penhor,
restituir o que havia roubado, andando nos estatutos da vida, nã o
cometendo iniqü idade; ele certamente viverá . Ele nã o vai morrer. 16
Nenhum dos pecados que cometeu será lembrado contra ele. Ele fez o
que é lı́cito e certo. Ele certamente viverá .
17 “Mas os ilhos do teu povo dizem: “O caminho do Senhor nã o é
justo”; mas quanto a eles, seu caminho nã o é justo. 18 Quando o justo se
desviar da sua justiça e cometer iniqü idade, morrerá nela. 19 Quando o
ı́mpio se converter da sua maldade, e izer o que é lı́cito e justo, viverá
por ela. 20 No entanto, você s dizem: “O caminho do Senhor nã o é justo”.
Casa de Israel, julgarei cada um de você s segundo os seus caminhos.' ”

21 No dé cimo segundo ano do nosso cativeiro, no dé cimo mê s, no

quinto dia do mê s, veio a mim um que escapara de Jerusalé m, dizendo:


A cidade foi derrotada! 22 Ora, a mã o do Senhor estava sobre mim à
tarde, antes que viesse o que escapara; e ele abriu a minha boca, até
que veio a mim pela manhã ; e minha boca se abriu, e eu nã o iquei mais
mudo.
23 Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 24 “Filho do homem,

falam os que habitam nos desertos da terra de Israel, dizendo: Abraã o


era um, e herdou a terra; mas somos muitos. A terra nos é dada como
herança. 25 Portanto, diga-lhes: 'O Senhor Javé diz: “Você s comem com o
sangue, levantam os olhos para os seus ı́dolos e derramam sangue.
Entã o você deve possuir a terra? 26 Você s estã o em sua espada, você s
fazem abominaçã o, e cada um de você s contamina a mulher do seu
pró ximo. Entã o você deve possuir a terra?” '
27 “Você lhes dirá : 'O Senhor Javé diz: Vivo eu, certamente os que
estã o nos lugares desertos cairã o à espada. Eu darei quem estiver no
campo aberto aos animais para serem devorados; e os que estã o nas
fortalezas e nas cavernas morrerã o da peste. 28 Farei da terra uma
desolaçã o e um espanto. O orgulho de seu poder cessará . Os montes de
Israel icarã o desertos, de modo que ningué m passará por eles. 29 Entã o
saberã o que eu sou o Senhor, quando eu izer da terra uma desolaçã o e
um espanto, por causa de todas as abominaçõ es que cometeram”. '
30 “Quanto a você ,ilho do homem, os ilhos do seu povo falam de
você nas paredes e nas portas das casas, e falam uns com os outros,
cada um com seu irmã o, dizendo: ‘Por favor, venha e ouça o que a
palavra é que sai de Yahweh.' 31 Eles vê m a você como o povo vem, e
eles se sentam diante de você como meu povo, e ouvem suas palavras,
mas nã o as cumprem; porque com a boca eles mostram muito amor,
mas o seu coraçã o vai atrá s do seu ganho. 32 Eis que tu é s para eles
como uma bela cançã o de quem tem uma voz agradá vel e sabe tocar
bem um instrumento; porque ouvem as tuas palavras, mas nã o as
cumprem.
33 “Quando isso acontecer — eis que acontece — entã o saberã o

que um profeta esteve entre eles.”


Ezequiel 18
1 Veio a mim novamente a palavra do Senhor, dizendo: 2 “O que você

quer dizer com este prové rbio sobre a terra de Israel, dizendo:
'Os pais comeram uvas verdes,
e os dentes das crianças estã o no limite'?
3 Vivo eu, diz o Senhor Javé , você
nã o usará mais este prové rbio
em Israel. 4 Eis que todas as almas sã o minhas; como a alma do pai,
assim també m a alma do ilho é minha. A alma que pecar, essa morrerá .

5 “Mas, se o homem for justo,

e faz o que é lı́cito e certo,


6 e nã o comeu nos montes,

nã o levantou os olhos para os ı́dolos da casa de Israel,


nã o contaminou a mulher do seu pró ximo,
nã o chegou perto de uma mulher em sua impureza,
7 e nã o prejudicou ningué m,

mas restituiu ao devedor o penhor,


nã o levou nada por roubo,
deu o seu pã o aos famintos,
e cobriu o nu com um manto;
8 aquele que nã o lhes emprestou com juros,

nã o recebeu nenhum aumento deles,


que retirou a mã o da iniqü idade,
executou a verdadeira justiça entre homem e homem,
9 andou nos meus estatutos,

e guardou minhas ordenanças,


para lidar verdadeiramente;
ele é justo,
certamente viverá ”, diz o Senhor Javé .

10 “Se ele gerar um ilho ladrã o que derrama sangue e faz uma
dessas coisas, 11 ou que nã o faz nenhuma dessas coisas,
mas até comeu nos santuá rios da montanha,
e contaminou a mulher do seu pró ximo,
12 prejudicou o pobre e o necessitado,

foi levado por roubo,


nã o restituiu o penhor,
e levantou os olhos para os ı́dolos,
cometeu abominaçã o,
13 emprestou com juros,

e recebeu aumento dos pobres;


ele entã o viverá ? Ele nã o viverá . Ele fez todas essas abominaçõ es. Ele
certamente morrerá . Seu sangue estará sobre ele.
14 “Ora, eis que, se gerar um ilho, que vê todos os pecados de seu
pai, que cometeu, e teme, e nã o faz o mesmo,
15 que nã o comeu nos montes,

nã o levantou os olhos para os ı́dolos da casa de Israel,


nã o contaminou a mulher do seu pró ximo,
16 nã o prejudicou nenhum,

nã o tomou nada para prometer,


nã o foi levado por roubo,
mas deu o seu pã o aos famintos,
e cobriu o nu com um manto;
17 que retirou a mã o do pobre,

que nã o recebeu juros ou aumento,


executou minhas ordenanças,
andou nos meus estatutos;
nã o morrerá pela iniqü idade de seu pai. Ele certamente viverá . 18
Quanto a seu pai, porque oprimiu cruelmente, roubou a seu irmã o e fez
o que nã o é bom entre o seu povo, eis que morrerá na sua iniqü idade.
19 “Mas você s dizem: 'Por que o ilho nã o leva a iniqü idade do pai?'
Quando o ilho izer o que é lı́cito e direito, e guardar todos os meus
estatutos, e os tiver feito, certamente viverá . 20 A alma que pecar, essa
morrerá . O ilho nã o levará a iniqü idade do pai, nem o pai levará a
iniqü idade do ilho. A justiça do justo cairá sobre ele, e a impiedade do
ı́mpio cairá sobre ele.
21 “Mas se o ı́mpio se converter de todos os seus pecados que

cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e izer o que é lı́cito e


justo, certamente viverá . Ele nã o morrerá . 22 Nenhuma das suas
transgressõ es que cometeu será lembrada contra ele. Na justiça que
praticou, viverá . 23 Tenho prazer na morte do ı́mpio?” diz o Senhor Javé ;
“e nã o que ele volte do seu caminho e viva?
24 “Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo

iniqü idade, e praticando todas as abominaçõ es que o ı́mpio faz,


porventura viverá ? Nenhum de seus atos justos que ele fez será
lembrado. Na sua transgressã o que cometeu, e no seu pecado que
pecou, neles morrerá .
25 “Contudo, você s dizem: 'O caminho do Senhor nã o é igual'. Ouça
agora, casa de Israel: nã o é o meu caminho igual? Seus caminhos nã o
sã o desiguais? 26 Quando o justo se desvia da sua justiça, e comete
iniqü idade, e nela morre; na sua iniqü idade que praticou, morrerá . 27
També m, quando o ı́mpio se desviar da sua maldade que cometeu, e
izer o que é lı́cito e justo, salvará a sua alma com vida. 28 Porque ele
considera e se desvia de todas as suas transgressõ es que cometeu,
certamente viverá . Ele nã o morrerá . 29 No entanto, a casa de Israel diz:
'O caminho do Senhor nã o é justo'. Casa de Israel, meus caminhos nã o
sã o justos? Seus caminhos nã o sã o injustos?
30 “Portanto, eu vos julgarei, casa de Israel, cada um segundo os

seus caminhos”, diz o Senhor Javé . “Voltai-vos e convertei-vos de todas


as vossas transgressõ es; assim a iniqü idade nã o será sua ruı́na. 31
Lança fora de ti todas as tuas transgressõ es com que transgrediste; e
faze para ti um coraçã o novo e um espı́rito novo: pois por que
morrerá s, casa de Israel? 32 Pois nã o tenho prazer na morte daquele que
morre”, diz o Senhor Javé . “Portanto, voltem-se e vivam!
Isaías 55
1 “Ei! Vinde, todos os que tê m sede, à s á guas!

Venha, quem nã o tem dinheiro, compre e coma!


Sim, venha, compre vinho e leite sem dinheiro e sem preço.
2 Por que gastais dinheiro naquilo que nã o é pã o,

e seu trabalho para o que nã o satisfaz?


Ouça-me atentamente e coma o que é bom,
e deixe sua alma se deliciar com a riqueza.
3 Vire o ouvido e venha a mim.

Ouça, e sua alma viverá .


Farei uma aliança eterna com você , sim, as seguras misericó rdias
de Davi.
4 Eis que o dei por testemunha aos povos,

um lı́der e comandante para os povos.


5 Eis que chamará s uma naçã o que nã o conheces;

e uma naçã o que nã o te conheceu correrá para ti,


por causa do Senhor teu Deus,
e para o Santo de Israel;
porque ele te glori icou”.

6 Buscai ao Senhor enquanto se pode achar.

Chame-o enquanto ele está perto.


7 Deixe o ı́mpio o seu caminho,

e o injusto seus pensamentos.


Que ele volte para o Senhor, e ele se compadecerá dele,
ao nosso Deus, porque ele perdoará livremente.

8 “Pois os meus pensamentos nã o sã o os vossos pensamentos,

e os teus caminhos nã o sã o os meus caminhos”, diz Javé .


9 “Pois, assim como os cé us sã o mais altos do que a terra,

assim sã o os meus caminhos mais altos do que os seus caminhos,


e meus pensamentos do que seus pensamentos.
10 Pois assim como a chuva cai e a neve cai do cé u,

e nã o volta para lá , mas rega a terra,


e faz crescer e brotar,
e dá semente ao semeador e pã o ao que come;
11 assim é a palavra que sai da minha boca:

nã o voltará para mim vazio,


mas fará o que eu quiser,
e prosperará na coisa que a enviei para fazer.
12 Pois você s sairã o com alegria,

e ser conduzido com paz.


As montanhas e as colinas irromperã o diante de você em canto;
e todas as á rvores dos campos baterã o palmas.
13 Em lugar do espinho crescerá o cipreste;

e em vez do espinheiro brotará a murta.


Fará um nome para Javé ,
para um sinal eterno que nã o será extirpado”.
Jeremias 3
1 “Dizem: 'Se um homem repudiar sua mulher, e ela se afastar dele

e se tornar de outro homem, ele deve voltar para ela?' Essa terra nã o
estaria muito poluı́da? Mas você se prostituiu com muitos amantes;
mas volte novamente para mim”, diz Yahweh.
2 “Levante os olhos para as alturas nuas e veja! Onde você nã o se
deitou? Você icou esperando por eles na estrada, como um á rabe no
deserto. Você poluiu a terra com sua prostituiçã o e com sua maldade. 3
Por isso os aguaceiros foram retidos e nã o houve chuva serô dia; no
entanto, você teve a testa de uma prostituta e se recusou a se
envergonhar. 4 Nã o clamará s a mim a partir de agora: 'Meu Pai, tu é s o
guia da minha juventude!'?
5 “'Ele reterá
sua ira para sempre? Ele vai mantê -lo até o im? Eis
que falaste e izeste coisas má s, e seguiste o teu caminho”.
6 Alé m disso, o Senhor me disse nos dias do rei Josias: “Você viu o
que Israel desviado fez? Ela subiu em todos os montes altos e debaixo
de todas as á rvores verdes, e ali se prostituiu. 7 Eu disse depois que ela
fez todas essas coisas: 'Ela voltará para mim;' mas ela nã o voltou, e sua
traiçoeira irmã Judá viu. 8 Eu vi quando, por isso mesmo, que Israel
apó stata cometeu adulté rio, eu a repudiei e lhe dei uma certidã o de
divó rcio, mas o traiçoeiro Judá , sua irmã , nã o teve medo; mas ela
també m foi e jogou a prostituta. 9 Porque ela se prostituiu com
leviandade, a terra icou poluı́da, e ela cometeu adulté rio com pedras e
madeira. 10 Apesar de tudo isso, sua irmã traiçoeira, Judá , nã o voltou
para mim de todo o coraçã o, mas apenas ingindo”, diz o Senhor.
11 O Senhor me disse: “O rebelde Israel mostrou-se mais justo do

que o traiçoeiro Judá . 12 Vai, e proclama estas palavras para o norte, e


dize: Volta, Israel desviado, diz o Senhor; 'Eu nã o vou olhar com raiva
para você ; porque sou misericordioso', diz o Senhor. 'Eu nã o vou
manter a raiva para sempre. 13 Somente reconhece a tua iniqü idade,
que transgrediste contra o Senhor teu Deus, e espalhaste os teus
caminhos aos estranhos debaixo de toda á rvore verde, e nã o
obedeceste à minha voz, diz o Senhor. 14 “Voltem, ilhos apó statas”, diz
Javé ; “porque eu sou um marido para você . Levarei um de você s de uma
cidade e dois de uma famı́lia, e os levarei a Siã o. 15 Dar-vos-ei pastores
segundo o meu coraçã o, que vos apascentarã o com conhecimento e
entendimento. 16 Acontecerá que, quando você s forem multiplicados e
multiplicados na terra, naqueles dias”, diz o Senhor, “nã o dirã o mais: 'A
arca da aliança do Senhor!' Nã o virá à mente. Eles nã o vã o se lembrar
disso. Eles nã o vã o perder, nem outro será feito. 17 Naquele tempo eles
chamarã o Jerusalé m de 'Trono do Senhor'; e todas as naçõ es se
ajuntarã o a ela, ao nome do Senhor, a Jerusalé m. Eles nã o mais seguirã o
a teimosia de seu coraçã o maligno. 18 Naqueles dias a casa de Judá
andará com a casa de Israel, e virã o juntos da terra do norte para a terra
que dei em herança a vossos pais.
19 “Mas eu disse: 'Como desejo colocá -lo entre os ilhos e dar-lhe
uma terra agradá vel, uma bela herança dos exé rcitos das naçõ es!' e eu
disse: 'Você me chamará de 'Meu Pai' e nã o deixará de me seguir.'
20 “Assim como a esposa se afasta de seu marido com traiçã o,

assim você s me tratam com traiçã o, casa de Israel”, diz o Senhor. 21


Ouve-se uma voz nas alturas nuas, o choro e as sú plicas dos ilhos de
Israel; porque perverteram o seu caminho, esqueceram-se do Senhor
seu Deus. 22 Voltem, ilhos apó statas, e eu curarei a sua apostasia.
“Eis que chegamos a ti; porque tu é s o Senhor nosso Deus. 23
Verdadeiramente o socorro das colinas, o tumulto nos montes é em
vã o. Verdadeiramente a salvaçã o de Israel está em Javé nosso Deus. 24
Mas a coisa vergonhosa devorou o trabalho de nossos pais desde a
nossa mocidade, seus rebanhos e suas manadas, seus ilhos e suas
ilhas. 25 Deitemo-nos na nossa vergonha, e cubra-nos a nossa
confusã o; porque pecamos contra o Senhor nosso Deus, nó s e nossos
pais, desde a nossa mocidade até hoje. Nã o obedecemos à voz do
Senhor nosso Deus”.
João 19
1 Entã o Pilatos pegou Jesus e o açoitou. 2 Os soldados torceram uma

coroa de espinhos, e a colocaram na cabeça dele, e o vestiram com uma


roupa de pú rpura. 3 Eles diziam: “Salve, rei dos judeus!” e continuaram
a esbofeteá -lo.
4 Entã o Pilatos saiu novamente e lhes disse: “Eis que eu o trago

para fora, para que saibais que nã o acho motivo algum para acusar
contra ele”.
5 Jesus, pois, saiu com a coroa de espinhos e o manto de pú rpura.

Pilatos disse-lhes: “Eis o homem!”


6 Quando os principais sacerdotes e os o iciais o viram, gritaram,
dizendo: “Cruci ica! Cruci icar!"
Pilatos disse-lhes: “Tomai-o vó s mesmos e cruci icai-o, pois nã o
encontro base para acusaçã o contra ele”.
7 Responderam-lhe os judeus: Temos uma lei, e pela nossa lei ele

deve morrer, porque se fez Filho de Deus.


8 Quando, pois, Pilatos ouviu isso, icou com mais medo. 9 Ele
entrou novamente no Pretó rio e perguntou a Jesus: “De onde você é ?”
Mas Jesus nã o lhe deu resposta. 10 Pilatos entã o lhe disse: “Você nã o
está falando comigo? Você nã o sabe que eu tenho poder para libertá -lo
e tenho poder para cruci icá -lo?”
11 Jesus respondeu: “Você s nã o teriam poder algum contra mim, se

de cima nã o fosse dado a você s. Portanto, aquele que me entregou a


você tem maior pecado”.
12 Diante disso, Pilatos procurava soltá -lo, mas os judeus clamaram,

dizendo: “Se você soltar este homem, você nã o é amigo de Cé sar! Todo
aquele que se faz rei fala contra Cé sar!”
13 Quando Pilatos, portanto, ouviu estas palavras, ele trouxe Jesus

para fora e sentou-se no tribunal em um lugar chamado “A Calçada”,


mas em hebraico, “Gabatha”. 14 Ora, era o dia da preparaçã o da pá scoa,
por volta da hora sexta. Ele disse aos judeus: “Eis o vosso Rei!”
15 Eles gritaram: “Fora com ele! Fora com ele! Cruci ique-o!”
Pilatos disse-lhes: “Devo cruci icar o vosso Rei?”
Os principais sacerdotes responderam: “Nã o temos rei senã o
Cé sar!”
16 Entã o ele o entregou a eles para ser cruciicado. Entã o eles
pegaram Jesus e o levaram embora. 17 Ele saiu, levando a sua cruz, para
o lugar chamado “Lugar da Caveira”, que em hebraico se chama
“Gó lgota”, 18 onde o cruci icaram, e com ele outros dois, um de cada
lado, e Jesus No meio. 19 Pilatos també m escreveu um tı́tulo e o colocou
na cruz. Lá estava escrito: “JESUS DE NAZARE, O REI DOS JUDEUS”. 20
Por isso, muitos dos judeus leram este tı́tulo, porque o lugar onde Jesus
foi cruci icado era perto da cidade; e foi escrito em hebraico, em latim e
em grego. 21 Os principais sacerdotes dos judeus disseram entã o a
Pilatos: “Nã o escrevas 'O Rei dos Judeus', mas sim, 'ele disse: 'Eu sou o
Rei dos Judeus'. '”
22 Pilatos respondeu: “O que escrevi, escrevi”.

23 Entã o os soldados, tendo cruci icado Jesus, tomaram suas


vestes e izeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e també m
o casaco. Agora o casaco estava sem costura, tecido de cima para baixo.
24 Disseram entã o uns aos outros: Nã o a rasguemos, mas lancemos

sortes para decidir de quem será , para que se cumprisse a Escritura,


que diz:
“Eles repartiram minhas vestes entre eles.
Sobre o meu manto lançaram sortes.”
Portanto, os soldados izeram essas coisas.
25 Mas junto à cruz de Jesus estavam sua mã e, a irmã de sua mã e,
Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena. 26 Entã o, quando Jesus viu
sua mã e e o discı́pulo que ele amava ali, disse à sua mã e: “Mulher, eis aı́
teu ilho!” 27 Entã o disse ao discı́pulo: “Eis aı́ tua mã e!” A partir dessa
hora, o discı́pulo a levou para sua pró pria casa.
28 Depois disso, Jesus, vendo que todas as coisas já
estavam
acabadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede. 29 E ali
foi posto um vaso cheio de vinagre; entã o eles colocaram uma esponja
cheia de vinagre no hissopo e a colocaram em sua boca. 30 Tendo Jesus,
pois, recebido o vinagre, disse: “Está consumado”. Entã o ele inclinou a
cabeça e entregou seu espı́rito.
31 Por isso os judeus, por ser o dia da preparaçã o, para que os

corpos nã o icassem na cruz no sá bado (pois aquele sá bado era
especial), pediram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas e ser
levado. 32 Vieram, pois, os soldados e quebraram as pernas do primeiro
e do outro que com ele foi cruci icado; 33 mas quando foram ter com
Jesus e viram que já estava morto, nã o lhe quebraram as pernas. 34 Mas
um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e
á gua. 35 Aquele que viu testi icou, e seu testemunho é verdadeiro. Ele
sabe que diz a verdade, para que você creia. 36 Pois estas coisas
aconteceram para que se cumprisse a Escritura: “Nenhum osso dele
será quebrado”. 37 Outra Escritura diz: “Olharã o para aquele a quem
traspassaram”.
38 Depois destas coisas, José de Arimaté ia, sendo discı́pulo de Jesus,
mas secretamente por medo dos judeus, pediu a Pilatos que tirasse o
corpo de Jesus. Pilatos deu-lhe permissã o. Ele veio, portanto, e levou o
seu corpo. 39 Nicodemos, que primeiro veio a Jesus de noite, també m
veio trazendo uma mistura de mirra e aloé s, cerca de cem libras
romanas. 40 Entã o, tomaram o corpo de Jesus e o envolveram em panos
de linho com as especiarias, como é costume dos judeus sepultá -lo. 41
No lugar onde ele foi cruci icado havia um jardim. No jardim havia uma
tumba nova na qual nenhum homem havia sido colocado. 42 Entã o, por
causa do dia da preparaçã o dos judeus (pois o sepulcro estava
pró ximo), eles puseram Jesus ali.
Salmos 20
Para o Músico Chefe. Um Salmo de Davi.
1 Que Javé te responda no dia da angú stia.

Que o nome do Deus de Jacó te ponha no alto,


2 te envio socorro do santuá rio,

conceder-lhe apoio de Siã o,


3 lembre-se de todas as suas ofertas,

e aceite seu sacrifı́cio queimado.


Selá .
4 Que ele conceda o desejo do seu coraçã o,

e cumprir todos os seus conselhos.


5 Triunfaremos na tua salvaçã o.

Em nome do nosso Deus, ergueremos nossas bandeiras.


Que Javé conceda todos os seus pedidos.
6 Agora sei que o Senhor salva o seu ungido.

Ele lhe responderá do seu santo cé u,


com a força salvadora de sua mã o direita.
7 Uns con iam em carros, outros em cavalos,

mas con iamos no nome de Javé nosso Deus.


8 Eles estã o curvados e caı́dos,

mas nó s nos levantamos e icamos de pé .


9 Salve, Senhor!

Deixe o Rei nos responder quando chamarmos!


Habacuque 3
1 Uma oraçã o de Habacuque, o profeta, com mú sica vitoriosa.
2 Senhor, ouvi falar da tua fama.

Estou admirado com suas açõ es, Yahweh.


Renove seu trabalho no meio dos anos.
No meio dos anos torná -lo conhecido.
Na ira, você se lembra da misericó rdia.
3 Deus veio de Temã ,

o Santo do Monte Paran.


Selá .

Sua gló ria cobriu os cé us,


e seu louvor encheu a terra.
4 Seu esplendor é como o nascer do sol.

Raios brilham de sua mã o, onde seu poder está escondido.


5 A peste foi adiante dele,

e a peste seguiu seus pé s.


6 Ele se levantou e sacudiu a terra.

Ele olhou, e fez as naçõ es tremerem.


As antigas montanhas foram desmoronadas.
As colinas seculares desmoronaram.
Seus caminhos sã o eternos.
7 Eu vi as tendas de Cushan em a liçã o.

As habitaçõ es da terra de Midiã tremeram.


8 Iavé desagradou-se com os rios?

Foi sua raiva contra os rios,


ou a tua ira contra o mar,
que você montou em seus cavalos,
em seus carros de salvaçã o?
9 Você descobriu seu arco.

Você pediu suas lechas juramentadas.


Selá .
Você dividiu a terra com rios.
10 Os montes te viram e icaram com medo.
A tempestade de á guas passou.
O abismo rugiu e ergueu as mã os para o alto.
11 O sol e a lua pararam no cé u,

à luz das tuas setas enquanto iam,


ao resplendor da tua lança resplandecente.
12 Você s marcharam pela terra com ira.

Você debulhou as naçõ es com ira.


13 Você saiu para a salvaçã o do seu povo,

para a salvaçã o do teu ungido.


Você esmagou a cabeça da terra da maldade.
Você os despiu da cabeça aos pé s.
Selá .

14 Você s perfuraram as cabeças de seus guerreiros com suas

pró prias lanças.


Eles vieram como um redemoinho para me espalhar,
regozijando-se como se fosse devorar os miserá veis em segredo.
15 Você pisoteou o mar com seus cavalos,

agitando á guas poderosas.


16 Eu ouvi, e meu corpo estremeceu.

Meus lá bios tremeram com a voz.


A podridã o entra em meus ossos, e eu tremo em meu lugar,
porque devo esperar em silê ncio o dia da angú stia,
pela chegada das pessoas que nos invadem.
17 Pois ainda que a igueira nã o loresça,

nem haja fruto nas vides;


o trabalho da oliveira falha,
os campos nã o produzem alimento;
os rebanhos sã o cortados do aprisco,
e nã o há rebanho nas baias:
18 todavia me alegrarei no Senhor.

Eu me alegrarei no Deus da minha salvaçã o!


19 Javé , o Senhor, é a minha força.
Ele faz meus pé s como pé s de veado,
e me permite ir em lugares altos.
Para o diretor musical, nos meus instrumentos de cordas.
Êxodo 34
1 Javédisse a Moisé s: “Esculpe duas tá buas de pedra como as
primeiras. Escreverei nas tá buas as palavras que estavam nas
primeiras tá buas, que você quebrou. 2 Esteja pronto pela manhã , e pela
manhã suba ao monte Sinai, e apresente-se ali a mim no cume do
monte. 3 Ningué m subirá contigo nem será visto em parte alguma do
monte. Nã o deixe os rebanhos ou manadas pastarem em frente daquela
montanha.”
4 Esculpiu duas tá buas de pedra como as primeiras; levantou-se

Moisé s de madrugada, e subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe


ordenara, e tomou na mã o duas tá buas de pedra. 5 Yahweh desceu na
nuvem, e icou ali com ele, e proclamou o nome de Yahweh. 6 Yahweh
passou diante dele e proclamou: “Yahweh! Javé , Deus misericordioso e
misericordioso, tardio em irar-se e grande em benignidade e verdade, 7
que guarda a benignidade para com milhares, perdoa a iniqü idade, a
desobediê ncia e o pecado; e que de modo algum inocentará o culpado,
visitando a iniqü idade dos pais nos ilhos e nos ilhos dos ilhos, na
terceira e na quarta geraçã o”.
8 Moisé s apressou-se e inclinou a cabeça para a terra, e adorou. 9 Ele

disse: “Se agora tenho achado graça aos teus olhos, Senhor, deixa o
Senhor ir entre nó s, ainda que este seja um povo de dura cerviz; perdoa
a nossa iniqü idade e o nosso pecado, e toma-nos por tua herança”.
10 Ele disse: “Eis que faço uma aliança: diante de todo o teu povo

farei maravilhas, como nunca se izeram em toda a terra, nem em naçã o


alguma; e todo o povo em que estiveres verá a obra do Senhor; pois é
uma coisa incrı́vel que eu faço com você . 11 Observa o que te ordeno
hoje. Eis que lançarei fora de diante de ti os amorreus, os cananeus, os
heteus, os perizeus, os heveus e os jebuseus. 12 Acautelai-vos, para que
nã o façais aliança com os moradores da terra para onde fordes, para
que nã o seja por laço entre vó s; 13 mas derribareis os seus altares, e
despedaçareis as suas colunas, e cortareis os seus postes de asera; 14
porque nã o adorará s a nenhum outro deus; porque o Senhor, cujo nome
é Zeloso, é um Deus zeloso.
15 “Nã o façais aliança com os habitantes da terra, para que nã o se

prostituam segundo os seus deuses, e nã o sacri iquem aos seus deuses,
e algué m vos chame e comais do seu sacrifı́cio; 16 e levas de suas ilhas
para teus ilhos, e suas ilhas se prostituem segundo seus deuses, e
fazes com que teus ilhos se prostituam segundo seus deuses.
17 “Nã o fareis para vó s ı́dolos de fundiçã o.

18 “Celebrará s a festa dos pã es á zimos. Sete dias comerá s pã es

á zimos, como te ordenei, ao tempo designado no mê s de abibe; porque


no mê s de abibe saı́ste do Egito.
19 “Tudo o que abre a madre é meu; e todo o teu gado que é macho,
primogê nito de vacas e ovelhas. 20 Você
resgatará o primogê nito de
uma jumenta com um cordeiro. Se você nã o resgatá -lo, entã o você deve
quebrar seu pescoço. Você resgatará todos os primogê nitos de seus
ilhos. Ningué m aparecerá diante de mim vazio.
21 “Seis dias trabalhará s, mas no sé timo dia descansará s: na

lavoura e na colheita descansará s.


22 “Celebrareis a festa das semanas com as primı́cias da colheita do

trigo, e a festa da colheita no im do ano. 23 Trê s vezes no ano todos os


teus homens aparecerã o perante o Senhor Deus, o Deus de Israel. 24
Pois expulsarei naçõ es de diante de ti e alargarei as tuas fronteiras;
ningué m cobiçará a tua terra quando subires para aparecer trê s vezes
no ano perante o Senhor teu Deus.
25 “Nã o oferecerá s o sangue do meu sacrifı́cio com pã o levedado. O

sacrifı́cio da festa da Pá scoa nã o será deixado para a manhã .


26 “Trará s as primı́cias dos primeiros frutos da tua terra à casa do
Senhor teu Deus.
“Nã o cozerá s o cabrito no leite de sua mã e.”
27 O Senhor disse a Moisé s: “Escreve estas palavras; pois conforme

estas palavras iz aliança contigo e com Israel”.


28 Esteve ali com o Senhor quarenta dias e quarenta noites; nã o

comeu pã o nem bebeu á gua. Ele escreveu nas tá buas as palavras da
aliança, os dez mandamentos.
29 Quando Moisé s desceu do monte Sinai com as duas tá buas da

aliança na mã o de Moisé s, quando desceu do monte, Moisé s nã o sabia


que a pele do seu rosto resplandecia por causa do seu falar com ele. 30
Quando Arã o e todos os ilhos de Israel viram a Moisé s, eis que a pele
do seu rosto resplandeceu; e eles estavam com medo de chegar perto
dele. 31 Moisé s os chamou, e Aarã o e todos os prı́ncipes da congregaçã o
voltaram a ele; e Moisé s lhes falou. 32 Depois se aproximaram todos os
ilhos de Israel, e ele lhes deu todos os mandamentos que o Senhor lhe
falara no monte Sinai. 33 Quando Moisé s acabou de falar com eles, pô s
um vé u no rosto. 34 Mas, quando Moisé s entrou diante do Senhor para
falar com ele, tirou o vé u, até sair; e ele saiu, e falou aos ilhos de Israel
o que lhe foi ordenado. 35 Os ilhos de Israel viram o rosto de Moisé s,
que a pele do rosto de Moisé s resplandecia; entã o Moisé s tornou a
cobrir o rosto com o vé u, até que entrou para falar com ele.
Filipenses 2
1 Se, pois, há
alguma exortaçã o em Cristo, alguma consolaçã o de
amor, alguma comunhã o do Espı́rito, alguma terna misericó rdia e
compaixã o, 2 completem o meu gozo, tendo o mesmo sentimento, o
mesmo amor, a mesma comunhã o , de uma mente; 3 nã o fazendo nada
por rivalidade ou por vaidade, mas com humildade, cada um
considerando os outros superiores a si mesmo; 4 cada um de você s nã o
apenas olhando para as suas pró prias coisas, mas cada um de você s
també m para as coisas dos outros.
5 Tende isto em mente, o que també m houve em Cristo Jesus, 6 o

qual, existindo em forma de Deus, nã o teve por apego ser igual a Deus, 7
antes esvaziou-se a si mesmo, assumindo a forma de servo, sendo feito
à semelhança dos homens. 8 E, achado em forma humana, humilhou-se
a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, sim, a morte de cruz. 9
Por isso també m Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que
está acima de todo nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho, dos que estã o nos cé us, na terra e debaixo da terra, 11 e toda
lı́ngua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para gló ria de Deus Pai.
12 Portanto, meus amados, assim como você sempre obedeceu, nã o
apenas na minha presença, mas agora muito mais na minha ausê ncia,
trabalhe a sua pró pria salvaçã o com temor e tremor. 13 Pois é Deus
quem opera em você s tanto o querer como o realizar, para o seu
beneplá cito. 14 Fazei tudo sem queixas nem contendas, 15 para que vos
torneis irrepreensı́veis e inocentes, ilhos de Deus sem defeito no meio
de uma geraçã o corrupta e perversa, na qual sois vistos como luzes no
mundo, 16 sustentando a palavra de vida, para que eu tenha algo de que
me gloriar no dia de Cristo, de que nã o corri em vã o nem trabalhei em
vã o. 17 Sim, e se sou derramado sobre o sacrifı́cio e o serviço da vossa
fé , regozijo-me e regozijo-me com todos vó s. 18 Da mesma forma, você s
també m se alegram e se alegram comigo.
19 Mas espero no Senhor Jesus enviar-vos em breve Timó teo, para

que eu també m me anime ao saber como vais. 20 Pois nã o tenho


ningué m com a mesma opiniã o, que realmente se importe com você . 21
Pois todos eles buscam o que é seu, nã o o de Jesus Cristo. 22 Mas você
conhece a prova dele, que como um ilho serve ao pai, assim ele serviu
comigo na promoçã o da Boa Nova. 23 Portanto, espero enviá -lo
imediatamente, assim que ver como será comigo. 24 Mas eu con io no
Senhor que eu mesmo em breve irei. 25 Mas julguei necessá rio enviar-
vos Epafrodito, meu irmã o, companheiro de trabalho, companheiro de
guerra, e vosso apó stolo e servo da minha necessidade, 26 visto que ele
tinha saudades de todos vó s e estava muito perturbado porque
ouvistes que ele estava doente. . 27 Porque na verdade ele estava
doente, quase à morte, mas Deus teve misericó rdia dele, e nã o somente
dele, mas també m de mim, para que eu nã o tivesse tristeza sobre
tristeza. 28 Portanto, eu o enviei com mais diligê ncia, para que, quando
o virem novamente, você s se regozijem, e eu ique menos triste. 29
Recebei-o, pois, com toda a alegria no Senhor, e honrai a tais pessoas, 30
porque pela obra de Cristo ele chegou perto da morte, arriscando a vida
para suprir o que faltava no vosso serviço para comigo.
João 18
1 Tendo Jesus dito estas palavras, saiu com seus discı́pulos para o

outro lado do ribeiro de Cedrom, onde havia um jardim, no qual ele e


seus discı́pulos entraram. 2 Ora, també m Judas, que o traiu, conhecia o
lugar, pois Jesus muitas vezes se reunia ali com seus discı́pulos. 3 Judas,
entã o, tendo tomado um destacamento de soldados e o iciais dos
principais sacerdotes e dos fariseus, chegou lá com lanternas, tochas e
armas. 4 Jesus, pois, sabendo de tudo o que lhe acontecia, saiu e
perguntou-lhes: “Quem estais procurando?”
5 Responderam-lhe: “Jesus de Nazaré ”.

Jesus lhes disse: “Eu sou ele”.


També m Judas, que o traiu, estava com eles. 6 Quando, pois, lhes
disse: “Sou eu” , recuaram e caı́ram por terra.
7 De novo, portanto, perguntou-lhes: “Quem você s estã o

procurando?”
Eles disseram: “Jesus de Nazaré ”.
8 Jesus respondeu: “Eu disse a você s que eu sou ele. Se, portanto,

você me procura, deixe que estes sigam seu caminho”, 9 para que se
cumprisse a palavra que ele falou: Dos que me deste, nenhum perdi.
10 Simã o Pedro, pois, tendo uma espada, puxou-a, feriu o servo do

sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha direita. O nome do servo era


Malchus. 11 Entã o Jesus disse a Pedro: “Mete a espada na bainha. O
cá lice que o Pai me deu, certamente nã o o beberei?”
12 Entã o o destacamento, o comandante e os o iciais dos judeus
prenderam Jesus e o amarraram, 13 e o conduziram primeiro a Aná s,
porque era sogro de Caifá s, que naquele ano era sumo sacerdote. 14 Ora,
foi Caifá s quem aconselhou aos judeus que era conveniente que um
homem perecesse pelo povo. 15 Simã o Pedro seguiu Jesus, assim como
outro discı́pulo. Ora, aquele discı́pulo era conhecido do sumo
sacerdote, e entrou com Jesus no pá tio do sumo sacerdote; 16 mas
Pedro estava lá fora à porta. Entã o o outro discı́pulo, que era conhecido
do sumo sacerdote, saiu e falou com a que guardava a porta, e trouxe
Pedro. 17 Entã o a criada da porta perguntou a Pedro: “Você també m é
um dos discı́pulos deste homem?”
Ele disse: “Eu nã o sou”.
18 E os servos e os o iciais estavam ali, fazendo fogo de brasas,
porque estava frio. Eles estavam se aquecendo. Peter estava com eles,
de pé e se aquecendo. 19 Entã o o sumo sacerdote perguntou a Jesus
sobre seus discı́pulos e sobre seu ensino. 20 Jesus lhe respondeu: “Falei
abertamente ao mundo. Sempre ensinei nas sinagogas e no templo,
onde os judeus sempre se reú nem. Eu nã o disse nada em segredo. 21
Por que você me pergunta? Pergunte aos que me ouviram o que eu
disse a eles. Eis que eles sabem o que eu disse”.
22Tendo dito isso, um dos guardas que ali estavam deu um tapa na

mã o de Jesus, dizendo: “Você responde assim ao sumo sacerdote?”


23 Respondeu-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; mas
se estiver bem, por que você me bate?”
24 Aná s o enviou amarrado a Caifá s, o sumo sacerdote. 25 Agora

Simã o Pedro estava de pé e se aquecendo. Disseram-lhe, pois: “Você


també m nã o é um de seus discı́pulos, é ?”
Ele negou e disse: “Eu nã o sou”.
26 Um dos servos do sumo sacerdote, sendo parente daquele cuja

orelha Pedro havia cortado, disse: “Nã o te vi no jardim com ele?”


27Pedro , pois, tornou a negar, e logo o galo cantou.

28 Levaram, pois, Jesus de Caifá s para o Pretó rio. Era cedo, e eles

mesmos nã o entraram no Pretó rio, para que nã o se contaminassem,


mas comessem a Pá scoa. 29 Pilatos, pois, foi ter com eles e disse: “Que
acusaçã o você s trazem contra este homem?”
30 Responderam-lhe: Se este homem nã o fosse malfeitor, nã o o

terı́amos entregue a ti.


31 Pilatos entã o lhes disse: “Tomai-o você s mesmos e julgai-o

conforme a vossa lei”.


Disseram-lhe, pois, os judeus: Nã o podemos matar algué m, 32 para
que se cumprisse a palavra de Jesus, que ele falou, signi icando de que
tipo de morte deveria morrer.
33 Pilatos entrou novamente no Pretó rio, chamou Jesus e lhe

perguntou: “Você é o rei dos judeus?”


34 Jesus lhe respondeu: “Você diz isso sozinho, ou outros lhe
falaram sobre mim?”
35 Pilatos respondeu: “Nã o sou judeu, sou? A tua pró pria naçã o e os

principais sacerdotes te entregaram a mim. O que é que você fez?"


36 Jesus respondeu: “Meu Reino nã o é
deste mundo. Se meu Reino
fosse deste mundo, entã o meus servos lutariam, para que eu nã o fosse
entregue aos judeus. Mas agora meu Reino nã o é daqui.”
37 Entã o Pilatos lhe perguntou: “Entã o você é rei?”
Jesus respondeu: “Você diz que eu sou um rei. Para isso nasci, e
para isso vim ao mundo, para dar testemunho da verdade. Todo aquele
que é da verdade ouve a minha voz”.
38 Pilatos lhe perguntou: “O que é a verdade?”
Tendo dito isso, saiu novamente aos judeus e disse-lhes: “Nã o
encontro nenhuma base para acusaçã o contra ele. 39 Mas você s tê m o
costume de que eu solte algué m para você s na Pá scoa. Portanto, você
quer que eu liberte para você o Rei dos Judeus?”
40 Entã o todos eles gritaram novamente, dizendo: “Nã o este

homem, mas Barrabá s!” Agora Barrabá s era um ladrã o.


João 20
1 Ora, no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi cedo, ainda

escuro, ao sepulcro, e viu a pedra retirada do sepulcro. 2 Entã o ela


correu e foi ter com Simã o Pedro e com o outro discı́pulo que Jesus
amava, e disse-lhes: “Tiraram o Senhor do sepulcro, e nã o sabemos
onde o puseram!”
3Saı́ram , pois, Pedro e o outro discı́pulo, e foram ao sepulcro. 4 Ambos

correram juntos. O outro discı́pulo ultrapassou Pedro e foi primeiro ao


sepulcro. 5 Abaixando-se e olhando para dentro, viu os panos de linho
deitados, mas nã o entrou. 6 Entã o veio Simã o Pedro, que o seguia, e
entrou no sepulcro. Ele viu os panos de linho deitados, 7 e o pano que
estava sobre sua cabeça, nã o deitado com os panos de linho, mas
enrolado em um lugar à parte. 8 Entã o entrou també m o outro discı́pulo
que chegou primeiro ao sepulcro, e viu e creu. 9 Pois ainda nã o
conheciam a Escritura, que era necessá rio que ele ressuscitasse dos
mortos. 10 Assim, os discı́pulos foram novamente para suas casas.
11 Mas Maria estava do lado de fora do sepulcro chorando. E,

enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do sepulcro, 12 e viu


dois anjos vestidos de branco sentados, um à cabeceira e outro aos pé s,
onde estava o corpo de Jesus. 13 Eles lhe perguntaram: “Mulher, por que
você está chorando?”
Ela lhes disse: “Porque levaram o meu Senhor, e nã o sei onde o
puseram”. 14 Quando ela disse isso, ela se virou e viu Jesus em pé , e nã o
sabia que era Jesus.
15 Disse-lhe Jesus: “Mulher, por que choras? Quem é que voce esta
procurando?"
Ela, supondo que ele fosse o jardineiro, disse-lhe: “Senhor, se você
o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu o levarei”.
16 Disse-lhe Jesus: “Maria”.

Ela se virou e disse a ele: “Raboni!” ou seja, “Professor!”


17 Disse-lhe Jesus: “Nã o me detenhas, porque ainda nã o subi para

meu Pai; mas vá ter com meus irmã os e diga-lhes: 'Subo para meu Pai e
vosso Pai, meu Deus e vosso Deus'. ”
18 Maria Madalena veio e disse aos discı́pulos que ela tinha visto o

Senhor, e que ele havia dito essas coisas para ela. 19 Quando, pois, já era
tarde daquele dia, primeiro da semana, e fechadas as portas onde os
discı́pulos estavam reunidos, por medo dos judeus, veio Jesus, pô s-se
no meio e disse-lhes: Paz seja para você .”
20 Tendo dito isso, mostrou-lhes as mã os e o lado. Os discı́pulos,

portanto, se alegraram quando viram o Senhor. 21 Jesus, entã o, lhes


disse novamente: “Paz seja convosco. Assim como o Pai me enviou,
també m eu vos envio”. 22 Tendo dito isso, soprou sobre eles e disse-
lhes: “Recebei o Espı́rito Santo! 23 Se você perdoar os pecados de
algué m, eles serã o perdoados. Se você reter os pecados de algué m, eles
foram retidos”.
24 Mas Tomé , um dos doze, chamado Dı́dimo, nã o estava com eles

quando Jesus veio. 25 Disseram-lhe, pois, os outros discı́pulos: “Vimos o


Senhor!”
Mas ele lhes disse: “Se eu nã o vir em suas mã os a marca dos
pregos, se eu nã o colocar o dedo na marca dos pregos e nã o colocar a
mã o no seu lado, nã o acreditarei”.
26 Depois de oito dias, novamente seus discı́pulos estavam dentro

e Tomé estava com eles. Jesus veio, estando as portas trancadas, e pô s-
se no meio, e disse: “Paz seja convosco”. 27 Entã o ele disse a Tomé : “Põ e
aqui o teu dedo e vê as minhas mã os. Alcance aqui sua mã o, e coloque-a
no meu lado. Nã o seja incré dulo, mas crente.”
28 Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”
29 Disse-lhe Jesus: “Porque me viste, você tem acreditado. Bem-
aventurados os que nã o viram e creram”.
30 Por isso Jesus fez muitos outros sinais na presença de seus

discı́pulos, que nã o estã o escritos neste livro; 31 mas estes estã o
escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para
que, crendo, tenhais vida em seu nome.
Cantares de Salomão 5
Amante
1 Cheguei ao meu jardim, minha irmã , minha noiva.

colhi minha mirra com minha especiaria;


comi meu favo de mel com meu mel;
Bebi meu vinho com meu leite.
Amigos
Coma, amigos!
Beba, sim, beba abundantemente, amado.
Amado
2 Eu estava dormindo, mas meu coraçã o estava acordado.

E a voz do meu amado que bate:


“Abra para mim, minha irmã , meu amor, minha pomba, minha
imaculada;
pois minha cabeça está cheia de orvalho,
e meu cabelo com a umidade da noite.”
3 Tirei meu manto. Aliá s, devo colocar?

Eu lavei meus pé s. Na verdade, devo sujá -los?


4 Meu amado en iou a mã o pela abertura do trinco.

Meu coraçã o disparou por ele.


5 Levantei-me para abrir para o meu amado.

Minhas mã os gotejavam mirra,


meus dedos com mirra lı́quida,
nas alças da fechadura.
6 Abri ao meu amado;

mas meu amado partiu e foi embora.


Meu coraçã o disparou quando ele falou.
Procurei por ele, mas nã o o encontrei.
Liguei para ele, mas ele nã o respondeu.
7 Os vigias que andam pela cidade me encontraram.

Eles me bateram.
Eles me machucaram.
Os guardas das muralhas tiraram-me o manto.
8 Conjuro-vos, ilhas de Jerusalé m,
Se você encontrar minha amada,
que você diga a ele que estou desmaiado de amor.
Amigos
9 Como o seu amado é melhor do que outro amado,

você mais justo entre as mulheres?


Como é seu amado melhor do que outro amado,
que você nos adjura?
Amado
10 O meu amado é branco e ruivo.

O melhor entre dez mil.


11 Sua cabeça é como o ouro mais puro.

Seu cabelo é espesso, preto como um corvo.


12 Seus olhos sã o como pombas junto a ribeiros de á gua,

lavado com leite, montado como jó ias.


13 Suas faces sã o como um leito de especiarias com torres de

perfumes.
Seus lá bios sã o como lı́rios, pingando mirra lı́quida.
14 Suas mã os sã o como ané is de ouro engastados com berilo.

Seu corpo é como um trabalho de mar im coberto de sa iras.


15 Suas pernas sã o como colunas de má rmore engastadas em

bases de ouro ino.


Sua aparê ncia é como o Lı́bano, excelente como os cedros.
16 Sua boca é doçura;

sim, ele é totalmente adorá vel.


Este é meu amado, e este é meu amigo,
ilhas de Jerusalé m.
Isaías 63
1 Quem é este que vem de Edom,
com roupas tingidas de Bozra?
Quem é este que é glorioso em suas vestes,
marchando na grandeza de sua força?
“Sou eu que falo com justiça,
poderoso para salvar.”
2 Por que sua roupa é vermelha,

e as tuas vestes como aquele que pisa no lagar?

3 “Pisei sozinho o lagar.

Dos povos, ningué m estava comigo.


Sim, eu os pisei na minha raiva
e os pisei na minha ira.
O sangue deles é aspergido em minhas vestes,
e manchei toda a minha roupa.
4 Pois o dia da vingança estava em meu coraçã o,

e chegou o ano dos meus redimidos.


5 Olhei, e nã o havia ningué m para ajudar;

e me perguntei que nã o havia ningué m para defender.


Portanto, meu pró prio braço trouxe salvaçã o para mim.
Minha pró pria ira me sustentou.
6 Pisei os povos na minha ira

e os embriaguei na minha ira.


Derramei seu sangue vital sobre a terra”.

7 Falarei das benignidades do Senhor

e os louvores do Senhor,
conforme tudo o que o Senhor nos deu,
e a grande bondade para com a casa de Israel,
que ele lhes deu segundo as suas misericó rdias,
e segundo a multidã o das suas benignidades.
8 Pois ele disse: Certamente, eles sã o o meu povo,

ilhos que nã o agem com falsidade;”


entã o ele se tornou seu Salvador.
9 Em toda a sua tribulaçã o ele foi a ligido,

e o anjo da sua presença os salvou.


Em seu amor e em sua piedade ele os redimiu.
Ele os suportou,
e os carregou todos os dias da antiguidade.

10 Mas eles se rebelaram

e entristeceu o seu Espı́rito Santo.


Por isso ele se virou e se tornou seu inimigo,
e ele mesmo lutou contra eles.

11 Entã o ele se lembrou dos dias da antiguidade,

Moisé s e seu povo, dizendo:


“Onde está aquele que os tirou do mar com os pastores do seu
rebanho?
Onde está aquele que colocou o seu Espı́rito Santo entre eles?”
12 Quem fez com que seu braço glorioso estivesse à direita de

Moisé s?
Quem dividiu as á guas diante deles, para se tornar um nome
eterno?
13 Quem os conduziu pelas profundezas,

como um cavalo no deserto,


para que nã o tropeçassem?
14 Como o gado que desce ao vale,

O Espı́rito de Yahweh os fez descansar.


Entã o você levou seu povo a se tornar um nome glorioso.

15 Olhe lá do cé u,


e vê da habitaçã o da tua santidade e da tua gló ria.
Onde estã o seu zelo e seus atos poderosos?
O anseio de seu coraçã o e sua compaixã o estã o restringidos em
relaçã o a mim.
16 Pois tu é s nosso Pai,
embora Abraã o nã o nos conheça,
e Israel nã o nos reconhece.
Tu, Senhor, é s nosso Pai.
Nosso Redentor desde a eternidade é o seu nome.
17 O Senhor, por que nos fazes desviar dos teus caminhos,

e endurecer nosso coraçã o de seu medo?


Volte por causa de seus servos,
as tribos da tua herança.
18 Seu povo santo a possuiu por pouco tempo.

Nossos adversá rios pisaram em seu santuá rio.


19 Nos tornamos como aqueles sobre os quais você nunca

governou,
como aqueles que nã o foram chamados pelo seu nome.
Gênesis 49
1 Jacóchamou seus ilhos e disse: “Reú nam-se, para que eu possa
contar a você s o que acontecerá com você s nos pró ximos dias.
2 Reú nam-se e ouçam, ilhos de Jacó .

Ouça Israel, seu pai.

3 “Rú ben, você


é meu primogê nito, minha força e o princı́pio da
minha força,
excelente em dignidade e excelente em poder.
4 Fervendo como á gua, você nã o será excelente,

porque você subiu para a cama de seu pai,


entã o o profanado. Ele foi até o meu sofá .

5 “Simeã o e Levi sã o irmã os.

Suas espadas sã o armas de violê ncia.


6 Minha alma, nã o entres no conselho deles.

Minha gló ria, nã o te unas à sua assemblé ia;


pois em sua ira mataram homens.
Em sua vontade pró pria, eles paralisaram o gado.
7 Maldita seja a sua ira, porque foi feroz;

e sua ira, pois era cruel.


Eu os dividirei em Jacó ,
e espalhá -los em Israel.

8 “Judá , seus irmã os o louvarã o.

Sua mã o estará no pescoço de seus inimigos.


Os ilhos de seu pai se curvarã o diante de você .
9 Judá é um ilhote de leã o.

Da presa, meu ilho, você subiu.


Ele se abaixou, ele se agachou como um leã o,
como uma leoa.
Quem vai despertá -lo?
10 O cetro nã o se arredará de Judá ,
nem o cajado do governante de entre seus pé s,
até chegar a quem pertence.
A obediê ncia dos povos será para ele.
11 Amarrando seu potro à videira,

o jumentinho da sua jumenta à videira escolhida,


lavou as suas vestes no vinho,
suas vestes no sangue das uvas.
12 Seus olhos icarã o vermelhos de vinho,

seus dentes brancos de leite.

13 “Zebulom habitará no porto do mar.


Ele será para um refú gio de navios.
Sua fronteira será em Sidon.

14 “Issacar é
jumento forte,
deitado entre os alforjes.
15 Ele viu um lugar de descanso, que era bom,

a terra, que era agradá vel.


Ele curva seu ombro para o fardo,
e se torna um servo fazendo trabalho forçado.

16 “Dan julgaráseu povo,


como uma das tribos de Israel.
17 Dan será uma serpente no caminho,

um somador no caminho,
que morde os calcanhares do cavalo,
para que seu cavaleiro caia para trá s.
18 Esperei a tua salvaçã o, Senhor.

19 “Uma tropa atacará Gad,


mas ele pressionará seus calcanhares.

20 “A comida de Aser será


farta.
Ele produzirá guloseimas reais.
21 “Naftali é
uma corça liberta,
que tem lindos ilhotes.

22 “José é uma videira frutı́fera,


uma videira frutı́fera por uma fonte.
Seus galhos correm sobre o muro.
23 Os arqueiros o magoaram severamente,

atirou nele e o perseguiu:


24 Mas seu arco permaneceu forte.

Os braços de suas mã os foram fortalecidos,


pelas mã os do Poderoso de Jacó ,
(dali vem o pastor, a pedra de Israel),
25 pelo Deus de seu pai, que o ajudará ,

pelo Todo-Poderoso, que te abençoará ,


com as bê nçã os do cé u acima,
bê nçã os das profundezas que se encontram abaixo,
bê nçã os dos seios e do ventre.
26 As bê nçã os de seu pai prevaleceram sobre as bê nçã os de seus

antepassados,
acima dos limites das antigas colinas.
Eles estarã o sobre a cabeça de José ,
no alto da cabeça daquele que está separado de seus irmã os.

27 “Benjamin é um lobo voraz.


De manhã , ele devorará a presa.
A noite, ele dividirá a pilhagem.”
28 Todas estas sã o as doze tribos de Israel, e assim lhes falou seu pai

e os abençoou. Ele abençoou a todos de acordo com sua pró pria


bê nçã o. 29 Ele os instruiu e lhes disse: “Vou ser reunido ao meu povo.
Sepulta-me com meus pais na caverna que está no campo de Efrom, o
heteu, 30 na caverna que está no campo de Macpela, que está diante de
Manre, na terra de Canaã , que Abraã o comprou com o campo de Efrom,
o Hitita como local de sepultamento. 31 Ali sepultaram Abraã o e Sara,
sua mulher. Ali sepultaram Isaque e Rebeca, sua mulher, e ali sepultei
Lia: 32 o campo e a cova que está nele, que foi comprada dos ilhos de
Hete”. 33 Quando Jacó acabou de dar ordens a seus ilhos, colocou os pé s
na cama, deu seu ú ltimo suspiro e foi reunido ao seu povo.
Lucas 24
1 Mas no primeiro dia da semana, de madrugada, eles e alguns

outros foram ao sepulcro, trazendo as especiarias que haviam


preparado. 2 Encontraram a pedra removida do sepulcro. 3 Entraram e
nã o acharam o corpo do Senhor Jesus. 4 Enquanto eles estavam muito
perplexos com isso, eis que dois homens estavam ao lado deles com
roupas deslumbrantes. 5 Apavorados, inclinaram o rosto para a terra.
Disseram-lhes: “Por que procurais entre os mortos o vivente? 6 Ele
nã o está aqui, mas ressuscitou. Lembram-se do que ele lhes disse
quando ainda estava na Galilé ia, 7 dizendo que o Filho do homem deve
ser entregue nas mã os de homens pecadores e ser cruci icado, e ao
terceiro dia ressuscitar?
8 Eles se lembraram de suas palavras, 9 voltaram do sepulcro e

contaram tudo isso aos onze e a todos os outros. 10 Eram Maria


Madalena, Joana e Maria, mã e de Tiago. As outras mulheres que
estavam com eles contaram essas coisas aos apó stolos. 11 Estas
palavras lhes pareceram tolices, e nã o acreditaram nelas. 12 Mas Pedro
se levantou e correu para o sepulcro. Abaixando-se e olhando para
dentro, ele viu as tiras de linho caı́das sozinhas e partiu para sua casa,
perguntando-se o que havia acontecido.
13 Eis que dois deles iam naquele mesmo dia para uma aldeia

chamada Emaú s, que icava a sessenta está dios de Jerusalé m. 14 Eles


conversaram entre si sobre todas essas coisas que aconteceram. 15
Enquanto conversavam e questionavam, o pró prio Jesus se aproximou
e foi com eles. 16 Mas seus olhos foram impedidos de reconhecê -lo. 17
Ele lhes disse: “Do que você s estã o falando enquanto caminham e estã o
tristes?”
18 Um deles, chamado Cleofas, respondeu-lhe: “Você é o ú nico
estrangeiro em Jerusalé m que nã o sabe o que aconteceu ali nestes
dias?”
19 Ele lhes perguntou: “Que coisas?”
Eles lhe disseram: “As coisas concernentes a Jesus, o Nazareno,
que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de
todo o povo; 20 e como os principais sacerdotes e nossos prı́ncipes o
entregaram para ser condenado à morte e o cruci icaram. 21 Mas
esperá vamos que fosse ele quem redimiria Israel. Sim, e alé m de tudo
isso, já é o terceiro dia que essas coisas aconteceram. 22 Alé m disso,
algumas mulheres do nosso grupo nos surpreenderam, chegando cedo
ao tú mulo; 23 e nã o encontrando o seu corpo, vieram dizendo que
també m tinham tido uma visã o de anjos, que diziam que ele estava
vivo. 24 Alguns de nó s foram ao sepulcro e o encontraram exatamente
como as mulheres haviam dito, mas nã o o viram”.
25 Ele lhes disse: “Homens insensatos e tardos de coraçã o para crer

em tudo o que os profetas falaram! 26 O Cristo nã o teve que sofrer essas
coisas e entrar em sua gló ria?” 27 Começando por Moisé s e por todos os
profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras as coisas a seu respeito.
28 Aproximaram-se da aldeia para onde iam, e ele agiu como se fosse

mais longe.
29 Eles insistiram com ele, dizendo: “Fica conosco, porque é quase
tarde e o dia está quase acabando”.
Ele entrou para icar com eles. 30 Depois de se sentar à mesa com
eles, tomou o pã o e deu graças. Quebrando-o, ele deu a eles. 31 Seus
olhos se abriram e eles o reconheceram, entã o ele desapareceu da vista
deles. 32 Diziam uns aos outros: Nã o ardia em nó s o nosso coraçã o,
enquanto ele nos falava pelo caminho e nos abria as Escrituras? 33
Levantaram-se naquela mesma hora, voltaram para Jerusalé m e
encontraram reunidos os onze e os que estavam com eles, 34 dizendo:
Verdadeiramente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simã o! 35 Eles
contaram as coisas que aconteceram no caminho, e como ele foi
reconhecido por eles no partir do pã o.
36 Enquanto eles diziam essas coisas, o pró prio Jesus estava no

meio deles e lhes disse: “Paz seja convosco”.


37 Mas elesicaram apavorados e cheios de medo, e supuseram que
tinham visto um espı́rito.
38 Ele lhes disse: “Por que você s estã o preocupados? Por que

surgem dú vidas em seus coraçõ es? 39 Veja minhas mã os e meus pé s,
que sou verdadeiramente eu. Toque-me e veja, pois um espı́rito nã o
tem carne nem ossos, como você vê que eu tenho”. 40 Tendo dito isso,
mostrou-lhes as mã os e os pé s. 41 Enquanto eles ainda nã o creram de
alegria, e admirados, ele lhes disse: “Você s tê m alguma coisa aqui para
comer?”
42 Deram-lhe um pedaço de peixe assado e um favo de mel. 43 Ele os

pegou e comeu na frente deles. 44 Ele lhes disse: “Isto é o que eu lhes
disse, estando ainda com você s, que todas as coisas que estã o escritas
na lei de Moisé s, nos profetas e nos salmos, a meu respeito, devem ser
cumpridas”.
45 Entã o lhes abriu a mente para que entendessem as Escrituras. 46

Ele lhes disse: “Assim está escrito, e assim era necessá rio que o Cristo
padecesse e ressuscitasse dos mortos ao terceiro dia, 47 e que o
arrependimento e a remissã o dos pecados sejam pregados em seu
nome a todas as naçõ es, começando por Jerusalé m. 48 Você s sã o
testemunhas dessas coisas. 49 Eis que sobre vó s envio a promessa de
meu Pai. Mas esperem na cidade de Jerusalé m até serem revestidos de
poder do alto”.
50 Ele os conduziu até
Betâ nia, levantou as mã os e os abençoou. 51
Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi elevado ao cé u. 52 Eles o
adoraram e voltaram para Jerusalé m com grande alegria, 53 e estavam
continuamente no templo, louvando e bendizendo a Deus. Um homem.
Salmos 68
Para o Músico Chefe. Um Salmo de Davi. Uma canção.
1 Deixe Deus surgir!

Que seus inimigos sejam dispersos!


Fujam diante dele també m aqueles que o odeiam.
2 Assim como a fumaça vai embora,

entã o afaste-os.
Como a cera derrete diante do fogo,
assim que os ı́mpios pereçam na presença de Deus.
3 Mas alegrem-se os justos.

Que eles se regozijem diante de Deus.


Sim, regozijem-se com alegria.
4 Cante a Deus! Cante louvores ao seu nome!

Exaltai aquele que cavalga nas nuvens:


para Yah, seu nome!
Alegre-se diante dele!
5 Pai de ó rfã os e defensor das viú vas,

é Deus em sua santa habitaçã o.


6 Deus coloca os solitá rios em famı́lias.

Ele tira os prisioneiros com câ nticos,


mas os rebeldes habitam em uma terra queimada pelo sol.

7 Deus, quando saı́ste diante do teu povo,

quando você marchou pelo deserto...


Selá .
8 A terra tremeu.

O cé u també m derramou chuva na presença do Deus do Sinai –


na presença de Deus, o Deus de Israel.
9 Tu, Deus, enviaste uma chuva abundante.

Você con irmou sua herança quando estava cansada.


10 Sua congregaçã o morava ali.

Tu, Deus, preparaste a tua bondade para os pobres.


11 O Senhor anunciou a palavra.
Os que o proclamam sã o uma grande empresa.
12 “Reis dos exé rcitos fujam! Eles fogem!”

Ela que espera em casa divide a pilhagem,


13 enquanto você dorme entre as fogueiras do acampamento,

as asas de uma pomba revestidas de prata,


suas penas com ouro brilhante.
14 Quando o Todo-Poderoso espalhou reis nela,

nevou em Zalmon.
15 As montanhas de Basã sã o montanhas majestosas.

As montanhas de Basã sã o escarpadas.


16 Por que olhais com inveja, ó montes escarpados,

na montanha onde Deus escolheu reinar?


Sim, o Senhor habitará ali para sempre.
17 Os carros de Deus sã o dezenas de milhares e milhares de

milhares.
O Senhor está entre eles, desde o Sinai, até o santuá rio.
18 Você ascendeu ao alto.

Você levou cativos.


Você recebeu presentes entre as pessoas,
sim, també m entre os rebeldes, para que o Senhor Deus habite ali.

19 Bendito seja o Senhor, que leva diariamente os nossos fardos,

mesmo o Deus que é a nossa salvaçã o.


Selá .
20 Deus épara nó s um Deus de libertaçã o.
A Yahweh, o Senhor, pertence a fuga da morte.
21 Mas Deus ferirá a cabeça de seus inimigos,

o couro cabeludo cabeludo de algué m que ainda continua em sua


culpa.
22 O Senhor disse: “Eu os trarei novamente de Basã ,

Eu te trarei novamente das profundezas do mar,


23 para que os esmagueis, molhando o pé no sangue,

para que a lı́ngua dos teus cã es tenha o seu quinhã o dos teus
inimigos”.
24 Eles viram as tuas procissõ es, Deus,

até as procissõ es do meu Deus, meu Rei, no santuá rio.


25 Os cantores iam antes, os menestré is vinham atrá s,

entre as senhoras tocando pandeiros,


26 “Bendizei a Deus nas congregaçõ es,

mesmo o Senhor na assemblé ia de Israel!”


27 Ali está o pequeno Benjamim, seu chefe,

os prı́ncipes de Judá , seu conselho,


os prı́ncipes de Zebulom e os prı́ncipes de Naftali.

28 O teu Deus ordenou a tua força.

Fortalece, Deus, o que tens feito por nó s.


29 Por causa do seu templo em Jerusalé m,

reis trarã o presentes para você .


30 Repreende a fera dos juncos,

a multidã o dos touros, com os bezerros dos povos.


Sendo humilhado, que traga barras de prata.
Espalhe as naçõ es que se deleitam na guerra.
31 Prı́ncipes sairã o do Egito.

A Etió pia se apressará em estender as mã os a Deus.


32 Cantem a Deus, você s, reinos da terra!

Cantem louvores ao Senhor—


Selah—
33 para aquele que cavalga sobre os cé us dos cé us, que sã o da

antiguidade;
eis que ele emite a sua voz, uma voz poderosa.
34 Atribua força a Deus!

Sua excelê ncia está sobre Israel,


sua força está nos cé us.
35 Você é tremendo, Deus, em seus santuá rios.

O Deus de Israel dá força e poder ao seu povo.


Louvado seja Deus!
Atos 1
1 O primeiro livro que escrevi, Teóilo, dizia respeito a tudo o que
Jesus começou a fazer e a ensinar, 2 atéo dia em que foi recebido,
depois de ter dado mandamento pelo Espı́rito Santo aos apó stolos que
havia escolhido. 3 A estes també m se mostrou vivo, depois de padecer,
por muitas provas, aparecendo-lhes por um perı́odo de quarenta dias, e
falando do Reino de Deus. 4 Reunindo-se com eles, ordenou-lhes: “Nã o
saiam de Jerusalé m, mas esperem a promessa do Pai, que você s
ouviram de mim. 5 Pois, na verdade, Joã o batizou nas á guas, mas você s
serã o batizados no Espı́rito Santo dentro de poucos dias”.
6 Entã o, quando se reuniram, perguntaram-lhe: “Senhor, é agora que
devolves o reino a Israel?”
7 Ele lhes disse: “Nã o compete a você s saber os tempos ou é pocas

que o Pai estabeleceu dentro de sua pró pria autoridade. 8 Mas você
receberá poder quando o Espı́rito Santo descer sobre você . Você s serã o
minhas testemunhas em Jerusalé m, em toda a Judé ia e Samaria, e até
os con ins da terra”.
9 Tendo ele dito estas coisas, enquanto eles olhavam, foi arrebatado,

e uma nuvem o recebeu fora da vista deles. 10 Enquanto eles olhavam


ixamente para o cé u, enquanto ele subia, eis que dois homens vestidos
de branco se puseram ao lado deles, 11 os quais també m disseram:
“Homens da Galilé ia, por que estais olhando para o cé u? Este Jesus, que
de vó s foi recebido no cé u, voltará do mesmo modo como o vistes subir
ao cé u”.
12 Entã o voltaram para Jerusalé m do monte chamado das Oliveiras,

que ica perto de Jerusalé m, a uma jornada de um sá bado. 13 Quando


entraram, subiram ao cená culo onde estavam hospedados; sã o Pedro,
Joã o, Tiago, André , Filipe, Tomé , Bartolomeu, Mateus, Tiago, ilho de
Alfeu, Simã o, o Zelote, e Judas, ilho de Tiago. 14 Todos estes
unanimemente perseveraram em oraçã o e sú plicas, junto com as
mulheres, e Maria, mã e de Jesus, e com seus irmã os.
15 Naqueles dias, pô s-se Pedro em pé no meio dos discı́pulos (e o
nú mero de nomes era cerca de cento e vinte), e disse: 16 “Irmã os, era
necessá rio que se cumprisse esta Escritura, que o Espı́rito Santo falou
antes pela boca de Davi a respeito de Judas, que foi guia daqueles que
levaram Jesus. 17 Pois ele foi contado conosco e recebeu sua parte neste
ministé rio. 18 Ora, este homem obteve um campo com a recompensa
por sua maldade e, caindo de cabeça, seu corpo se abriu e todos os seus
intestinos jorrou. 19 Todos os que moravam em Jerusalé m icaram
sabendo que em sua lı́ngua aquele campo se chamava 'Akeldama', isto
é , 'campo de sangue'. 20 Pois está escrito no livro dos Salmos,
'Que sua habitaçã o seja desolada.
Que ningué m habite nela;'
e,
"Deixe outro tomar seu escritó rio."
21 “Dos homens, pois, que nos acompanharam todo o tempo em

que o Senhor Jesus entrou e saiu entre nó s, 22 começando pelo batismo
de Joã o, até o dia em que de nó s foi recebido, destes convé m tornar-se
testemunha conosco de sua ressurreiçã o”.
23 Apresentaram dois, José , chamado Barsabá s, també m chamado

Justo, e Matias. 24 Eles oraram e disseram: “Tu, Senhor, que conheces o


coraçã o de todos os homens, mostra qual destes dois escolheste 25 para
tomar parte neste ministé rio e apostolado do qual Judas abandonou,
para que ele possa ir para o seu pró prio Lugar, colocar." 26 Eles tiraram
a sorte, e a sorte caiu sobre Matias, e ele foi contado com os onze
apó stolos.
Salmos 43
1 Justi ica-me, Deus, e defende minha causa contra uma naçã o
ı́mpia.
Oh, livra-me dos homens enganadores e ı́mpios.
2 Pois tu é s o Deus da minha força. Por que você me rejeitou?

Por que ando de luto por causa da opressã o do inimigo?


3 Oh, envie a tua luz e a tua verdade.

Deixe que eles me conduzam.


Que me levem ao teu santo monte,
para suas tendas.
4 Entã o irei ao altar de Deus,

a Deus, minha grande alegria.


Eu te louvarei na harpa, Deus, meu Deus.
5 Por que você está em desespero, minha alma?

Por que você está perturbado dentro de mim?


Esperança em Deus!
Pois ainda o louvarei:
meu Salvador, meu ajudador e meu Deus.
Salmos 32
Por Davi. Um salmo contemplativo.
1 Bem-aventurado aquele cuja desobediê ncia é perdoada,

cujo pecado é coberto.


2 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor nã o atribui

iniqü idade,
em cujo espı́rito nã o há engano.
3 Quando me calei, meus ossos de inharam pelo meu gemido o dia

todo.
4 De dia e de noite a tua mã o pesava sobre mim.

Minhas forças foram minadas no calor do verã o.


Selá .
5 Eu te reconheci o meu pecado.

Eu nã o escondi minha iniqü idade.


Eu disse, confessarei minhas transgressõ es ao Senhor,
e perdoaste a iniqü idade do meu pecado.
Selá .
6 Por isso, todo aquele que é piedoso ore a você em um tempo em

que você pode ser encontrado.


Certamente, quando as grandes á guas transbordarem, elas nã o o
alcançarã o.
7 Você é meu esconderijo.

Você vai me preservar de problemas.


Você vai me cercar com cançõ es de libertaçã o.
Selá .
8 Eu te instruirei e te ensinarei o caminho que deves seguir.

Vou aconselhá -lo de olho em você .


9 Nã o seja como o cavalo, nem como a mula, que nã o tem

entendimento,
que sã o controlados por freio e freio, ou entã o eles nã o se
aproximarã o de você .
10 Muitas dores vê m para os ı́mpios,

mas a benignidade rodeará aquele que con ia no Senhor.


11 Alegrai-vos no Senhor e regozijai-vos, ó justos!
Gritem de alegria, todos você s que sã o retos de coraçã o!
Salmos 74
Uma contemplação de Asafe.
1 Deus, por que nos rejeitaste para sempre?

Por que sua raiva arde contra as ovelhas do seu pasto?


2 Lembre-se de sua congregaçã o, que você comprou antigamente,

que redimiste para ser a tribo da tua herança:


Monte Siã o, em que você viveu.
3 Erga os pé s para as ruı́nas perpé tuas,

todo o mal que o inimigo fez no santuá rio.


4 Seus adversá rios rugiram no meio da sua assemblé ia.

Eles estabeleceram seus padrõ es como sinais.


5 Eles se comportaram como homens empunhando machados,

cortando um matagal de á rvores.


6 Agora, com machados e martelos, destroem toda a sua obra

esculpida.
7 Eles queimaram o seu santuá rio até o chã o.

Eles profanaram a morada do teu nome.


8 Eles disseram em seu coraçã o: “Vamos esmagá -los

completamente”.
Eles queimaram todos os lugares da terra onde Deus era adorado.
9 Nã o vemos sinais milagrosos.

Já nã o há profeta,


nem há entre nó s quem sabe quanto tempo.
10 Até quando, Deus, o adversá rio reprovará ?

O inimigo blasfemará seu nome para sempre?


11 Por que você puxa para trá s a sua mã o, mesmo a sua mã o

direita?
Tire-o do seu peito e consuma-os!

12 No entanto, Deus é meu Rei desde a antiguidade,


operando a salvaçã o em toda a terra.
13 Você dividiu o mar pela sua força.

Você quebrou as cabeças dos monstros marinhos nas á guas.


14 Você quebrou as cabeças do Leviatã em pedaços.
Você o deu como alimento para pessoas e criaturas do deserto.
15 Você abriu a fonte e o riacho.

Você secou rios poderosos.


16 O dia é seu, a noite també m é sua.

Você preparou a luz e o sol.


17 Tu ixaste todos os limites da terra.

Você fez o verã o e o inverno.

18 Lembra-te disto, que o inimigo zombou de ti, Senhor.

Pessoas tolas blasfemaram seu nome.


19 Nã o entregue a alma da sua pomba à s feras.

Nã o se esqueça da vida dos seus pobres para sempre.


20 Honra a tua aliança,

pois assombraçõ es de violê ncia enchem os lugares escuros da


terra.
21 Nã o deixe o oprimido voltar envergonhado.

Que os pobres e necessitados louvem o teu nome.


22 Levanta-te, Deus! Defenda sua pró pria causa.

Lembre-se de como o tolo zomba de você o dia todo.


23 Nã o se esqueça da voz de seus adversá rios.

O tumulto dos que se levantam contra ti sobe continuamente.


Isaías 26
1Naquele dia será cantado este câ ntico na terra de Judá :
“Temos uma cidade forte.
Deus designa a salvaçã o para muros e baluartes.
2 Abre as portas, para que entre a naçã o justa:

aquele que manté m a fé .


3 Você manterá a mente de quem está irme em perfeita paz,

porque ele con ia em você .


4 Con ia no Senhor para sempre;

pois em Yah, Yahweh, há uma Rocha eterna.


5 Pois ele derrubou os que habitam no alto, a cidade alta.

Ele coloca isso baixo.


Ele o coloca baixo até o chã o.
Ele o traz até o pó .
6 O pé a pisará ,

até os pé s dos pobres


e os passos dos necessitados.”
7 O caminho do justo é a retidã o.

Você s que sã o retos fazem o caminho do nı́vel justo.

8 Sim, no caminho dos teus juı́zos, Senhor, esperamos por ti.

Seu nome e sua fama sã o o desejo de nossa alma.


9 Com a minha alma te desejei de noite.

Sim, com meu espı́rito dentro de mim, vou buscá -lo com fervor;
pois quando os vossos juı́zos estã o na terra, os habitantes do
mundo aprendem a justiça.
10 Seja favorecido aos ı́mpios,

contudo, ele nã o aprenderá a justiça.


Na terra da retidã o ele agirá injustamente,
e nã o verá a majestade do Senhor.

11 Senhor, a tua mã o está


levantada, mas eles nã o vê em;
mas eles verã o seu zelo pelo povo e icarã o desapontados.
Sim, o fogo consumirá seus adversá rios.
12 Yahweh, tu nos ordenará s a paz,

pois você també m fez todo o nosso trabalho por nó s.


13 Senhor nosso Deus, outros senhores alé m de ti tiveram domı́nio

sobre nó s,
mas apenas reconheceremos seu nome.
14 Os mortos nã o viverã o.

Os espı́ritos que partiram nã o ressuscitarã o.


Portanto, você os visitou e os destruiu,
e fez perecer toda a memó ria deles.
15 Tu aumentaste a naçã o, ó Javé .

Você aumentou a naçã o!


Você é glori icado!
Você alargou todas as fronteiras da terra.

16 Yahweh, em apuros eles te visitaram.

Eles derramaram uma oraçã o quando sua correçã o estava sobre


eles.
17 Assim como a mulher grá vida, que se aproxima da hora do

parto,
está com dor e grita em suas dores,
assim fomos antes de ti, Senhor.
18 Nó s estivemos com criança.

Temos estado em dor.


Demos à luz, ao que parece, apenas ao vento.
Nã o operamos nenhuma libertaçã o na terra;
nem caı́ram os habitantes do mundo.
19 Seus mortos viverã o.

Meus cadá veres surgirã o.


Desperta e canta, tu que habitas no pó ;
porque o teu orvalho é como o orvalho das ervas,
e a terra expulsará os espı́ritos que partiram.

20 Venha, povo meu, entre em seus aposentos,


e feche suas portas atrá s de você .
Esconda-se por um momento,
até que a indignaçã o passe.
21 Pois eis que o Senhor sai do seu lugar para castigar os

habitantes da terra por sua iniqü idade.


A terra també m revelará seu sangue e nã o mais cobrirá seus
mortos.
Hebreus 10
1 Porque a lei, tendo sombra do bem vindouro, e nã o a pró pria

imagem das coisas, nunca pode, com os mesmos sacrifı́cios de ano em


ano, que eles oferecem continuamente, aperfeiçoar os que se
aproximam. 2 Ou entã o nã o teriam deixado de ser oferecidos, porque os
adoradores, uma vez puri icados, nã o teriam mais consciê ncia dos
pecados? 3 Mas nesses sacrifı́cios há uma lembrança anual dos pecados.
4 Pois é impossı́vel que o sangue de touros e bodes tire pecados. 5

Portanto, quando ele vem ao mundo, ele diz:


“Você nã o desejou sacrifı́cio e oferenda,
mas você preparou um corpo para mim.
6 Você nã o teve prazer em holocaustos e sacrifı́cios pelo pecado.
7 Entã o eu disse: 'Eis que venho (no rolo do livro está escrito de

mim)
para fazer a tua vontade, ó Deus.' ”
8 Antes dizendo: “Sacrifı́cios e ofertas e holocaustos e sacrifı́cios

pelo pecado que nã o quiseste, nem neles teve prazer” (aqueles que sã o
oferecidos segundo a lei), 9 entã o ele disse: “Eis que tenho vem fazer a
tua vontade”. Ele tira o primeiro, para estabelecer o segundo, 10 pelo
qual teremos sido santi icados pela oferta do corpo de Jesus Cristo,
feita uma vez por todas. 11 Todo sacerdote está de pé , dia apó s dia,
servindo e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifı́cios que nunca
podem tirar os pecados, 12 mas ele, havendo oferecido um só sacrifı́cio
pelos pecados para sempre, assentou-se à direita de Deus, 13 desde
entã o esperando até que seus inimigos sejam postos por escabelo de
seus pé s. 14 Pois com uma só oferta aperfeiçoou para sempre os que
estã o sendo santi icados. 15 O Espı́rito Santo també m nos dá
testemunho, pois depois de dizer:
16 “Esta é a aliança que farei com eles:

'Depois daqueles dias', diz o Senhor,


'Eu colocarei minhas leis em seu coraçã o,
Eu també m vou escrevê -los em suas mentes;' ”
entã o ele diz,
17 “Nã o me lembrarei mais de seus pecados e de suas

iniqü idades”.
18 Ora, onde há remissã o destes, nã o há mais oferta pelo pecado.
19 Tendo, pois, irmã os, ousadia para entrar no santuá rio pelo

sangue de Jesus, 20 pelo caminho que ele nos consagrou, caminho novo
e vivo, pelo vé u, isto é , pela sua carne, 21 e tendo grande sacerdote da
casa de Deus, 22 aproximemo-nos com verdadeiro coraçã o, em
plenitude de fé , tendo o coraçã o puri icado da má consciê ncia e lavado
o corpo com á gua pura, 23 retenhamos irmes a con issã o da nossa
esperança, sem vacilar; porque aquele que prometeu é iel.
24 Pensemos em como nos provocarmos uns aos outros ao amor e

à s boas obras, 25 nã o deixando de congregar-nos, como é costume de


alguns, mas exortando-nos uns aos outros, tanto mais quanto vedes
que o Dia se aproxima.
26 Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos

recebido o conhecimento da verdade, já nã o resta mais sacrifı́cio pelos


pecados, 27 mas uma certa expectaçã o terrı́vel de juı́zo e ardor de fogo
que há de devorar os adversá rios. 28 O homem que desrespeita a lei de
Moisé s morre sem compaixã o pela palavra de duas ou trê s
testemunhas. 29 De quanto pior castigo você s acham que será julgado
digno aquele que pisou o Filho de Deus, e considerou profano o sangue
da aliança com que foi santi icado, e insultou o Espı́rito da graça? 30
Pois conhecemos aquele que disse: “A mim pertence a vingança. Eu
retribuirei”, diz o Senhor. Novamente: “O Senhor julgará seu povo”. 31
Coisa terrı́vel é cair nas mã os do Deus vivo.
32 Mas lembre-se dos dias anteriores, em que, depois de ser

iluminado, você suportou uma grande luta com sofrimentos; 33 em


parte, sendo exposto a censuras e opressõ es; e em parte, tornando-se
participante com aqueles que assim foram tratados. 34 Pois você s dois
se compadeceram de mim nas minhas cadeias e aceitaram com alegria
a pilhagem de seus bens, sabendo que você s tê m uma propriedade
melhor e permanente nos cé us. 35 Portanto, nã o jogue fora a sua
ousadia, que tem grande recompensa. 36 Pois você s precisam de
perseverança para que, tendo feito a vontade de Deus, recebam a
promessa.
37 “Em pouco tempo,

aquele que vem virá , e nã o esperará .


38 Mas o justo viverá pela fé .

Se ele recuar, minha alma nã o tem prazer nele.”


39 Mas nó s nã o somos daqueles que retrocedem para a destruiçã o,

mas daqueles que tê m fé para a salvaçã o da alma.


Salmos 44
Para o Músico Chefe. Pelos ilhos de Coré. Um salmo contemplativo.
1 Ouvimos com os nossos ouvidos, ó Deus;

nossos pais nos contaram o trabalho que você fez em seus dias,
nos dias de antigamente.
2 Tu expulsaste as naçõ es com a tua mã o,

mas você as plantou.


Tu a ligiste os povos,
mas você os espalha no exterior.
3 Pois eles nã o conquistaram a terra pela sua pró pria espada,

nem seu pró prio braço os salvou;


mas a tua mã o direita, o teu braço e a luz do teu rosto,
porque você era favorá vel a eles.
4 Deus, você é meu Rei.

Comande vitó rias para Jacob!


5 Por meio de você , derrubaremos nossos adversá rios.

Pelo teu nome pisaremos os que se levantam contra nó s.


6 Pois nã o con iarei no meu arco,

nem a minha espada me salvará .


7 Mas tu nos salvaste dos nossos adversá rios,

e envergonharam aqueles que nos odeiam.


8 Em Deus nos gloriamos o dia todo.

Daremos graças ao seu nome para sempre.


Selá .

9 Mas agora você nos rejeitou e nos desonrou,


e nã o saia com nossos exé rcitos.
10 Tu nos fazes recuar do adversá rio.

Aqueles que nos odeiam roubam para si.


11 Fizeste-nos como ovelhas para mantimento,

e nos espalharam entre as naçõ es.


12 Você vende seu povo por nada,

e nã o ganharam nada com a sua venda.


13 Tu nos tornas o opró brio dos nossos vizinhos,

uma zombaria e um escá rnio para aqueles que estã o ao nosso


redor.
14 Tu nos tornas um prové rbio entre as naçõ es,

um balançar de cabeça entre os povos.


15 Durante todo o dia minha desonra está diante de mim,

e a vergonha cobre meu rosto,


16 por escá rnio de quem repreende e insulta verbalmente,

por causa do inimigo e do vingador.


17 Tudo isso nos sobreveio,

ainda nã o te esquecemos.


Nã o fomos falsos com sua aliança.
18 Nosso coraçã o nã o voltou atrá s,

nem os nossos passos se desviaram do teu caminho,


19 ainda que nos tenhas esmagado no covil dos chacais,

e nos cobriu com a sombra da morte.


20 Se nos esquecemos do nome do nosso Deus,

ou estendemos nossas mã os para um deus estranho,


21 Deus nã o vai investigar isso?

Pois ele conhece os segredos do coraçã o.


22 Sim, por amor de você s somos mortos o dia todo.

Somos considerados como ovelhas para o matadouro.


23 Acorde!

Por que você dorme, Senhor?


Surgir!
Nã o nos rejeite para sempre.
24 Por que você esconde seu rosto,

e esquecer nossa a liçã o e nossa opressã o?


25 Pois a nossa alma está prostrada ao pó .

Nosso corpo se apega à terra.


26 Levante-se para nos ajudar.

Redimir-nos por amor de sua bondade.


Salmos 9
Para o Músico Chefe. De ina como “A Morte do Filho”. Um Salmo de
Davi.
1 Darei graças ao Senhor de todo o meu coraçã o.

Contarei todas as suas obras maravilhosas.


2 Eu me alegrarei e me regozijarei em você .

Cantarei louvores ao teu nome, ó Altı́ssimo.


3 Quando meus inimigos voltarem,

tropeçam e perecem na tua presença.


4 Pois você defendeu minha justa causa.

Você se senta no trono julgando com justiça.


5 Você repreendeu as naçõ es.

Você destruiu os ı́mpios.


Você apagou o nome deles para todo o sempre.
6 O inimigo é vencido por uma ruı́na sem im.

A pró pria memó ria das cidades que você derrubou pereceu.
7 Mas o Senhor reina para sempre.

Ele preparou seu trono para o julgamento.


8 Ele julgará o mundo com justiça.

Ele administrará julgamento aos povos com retidã o.


9 O Senhor també m será uma torre alta para os oprimidos;

uma torre alta em tempos de angú stia.


10 Aqueles que conhecem o seu nome con iarã o em você ,

porque tu, Senhor, nã o desamparaste os que te procuram.


11 Cantem louvores ao Senhor, que habita em Siã o,

e declarar entre o povo o que ele fez.


12 Pois quem vinga o sangue se lembra deles.

Ele nã o esquece o clamor dos a litos.


13 Tem misericó rdia de mim, Senhor.

Veja minha a liçã o por aqueles que me odeiam,


e levanta-me das portas da morte,
14 para que eu possa mostrar todo o seu louvor.

Regozijar-me-ei na tua salvaçã o nas portas da ilha de Siã o.


15 As naçõ es afundaram na cova que izeram.
Na rede que eles esconderam, seu pró prio pé é levado.
16 O Senhor se deu a conhecer.

Ele executou o julgamento.


O ı́mpio é enlaçado pelo trabalho de suas pró prias mã os.
Meditaçã o. Selá .
17 Os ı́mpios voltarã o ao Seol,

mesmo todas as naçõ es que se esquecem de Deus.


18 Pois o necessitado nem sempre será esquecido,

nem a esperança do pobre pereça para sempre.


19 Levanta-te, Senhor! Nã o deixe o homem prevalecer.

Que as naçõ es sejam julgadas à sua vista.


20 Atemorize-os, Senhor.

Que as naçõ es saibam que sã o apenas homens.


Selá .
Salmos 69
Para o Músico Chefe. Ao som de “Lírios”. Por Davi.
1 Salva-me, Deus,

pois as á guas chegaram ao meu pescoço!


2 Afundo na lama profunda, onde nã o há apoio para os pé s.

Entrei em á guas profundas, onde as inundaçõ es me transbordam.


3 Estou cansado de chorar.

Minha garganta está seca.


Meus olhos falham procurando meu Deus.
4 Aqueles que me odeiam sem motivo sã o mais do que os cabelos

da minha cabeça.
Aqueles que querem me cortar, sendo meus inimigos
injustamente, sã o poderosos.
Eu tenho que restaurar o que eu nã o tirei.
5 Deus, tu conheces a minha tolice.

Meus pecados nã o estã o escondidos de você .


6 Nã o se envergonhe por mim os que esperam em ti, Senhor Javé

dos Exé rcitos.


Nã o permita que aqueles que te buscam sejam desonrados por
mim, Deus de Israel.
7 Porque, por amor de ti, suportei o opró brio.

A vergonha cobriu meu rosto.


8 Tornei-me um estranho para meus irmã os,

um estranho para os ilhos de minha mã e.


9 Pois o zelo da tua casa me consome.

As injú rias dos que te injuriam caı́ram sobre mim.


10 Quando chorei e jejuei,

isso foi para minha reprovaçã o.


11 Quando iz de saco a minha roupa,

Eu me tornei um sinô nimo para eles.


12 Os que estã o sentados no portã o falam de mim.

Eu sou a cançã o dos bê bados.


13 Quanto a mim, minha oraçã o é para você , Senhor, em tempo
aceitá vel.
Deus, na abundâ ncia da tua benignidade, responde-me na verdade
da tua salvaçã o.
14 Livra-me da lama, e nã o me deixes afundar.

Deixe-me ser liberto daqueles que me odeiam, e das á guas


profundas.
15 Nã o deixe que as á guas do dilú vio me subjuguem,

nem deixe o abismo me engolir.


Nã o deixe o poço fechar a boca em mim.
16 Responde-me, Senhor, porque a tua benignidade é boa.

De acordo com a multidã o de suas ternas misericó rdias, volte-se


para mim.
17 Nã o esconda o rosto do seu servo,

pois estou em apuros.


Responda-me rapidamente!
18 Aproxima-te da minha alma e resgata-a.

Resgate-me por causa dos meus inimigos.


19 Você conhece meu opró brio, minha vergonha e minha desonra.

Meus adversá rios estã o todos diante de você .


20 O opró brio partiu meu coraçã o, e estou sobrecarregado.

Procurei alguns para ter pena, mas nã o havia nenhum;


para edredons, mas nã o encontrei nenhum.
21 Eles també m me deram veneno para a minha comida.

Na minha sede, eles me deram vinagre para beber.


22 Torne-se uma armadilha a mesa deles diante deles.

Que se torne uma retribuiçã o e uma armadilha.


23 Escureçam-se os olhos deles, para que nã o vejam.

Que suas costas sejam continuamente dobradas.


24 Derrama sobre eles a tua indignaçã o.

Deixe que a ferocidade da sua ira os alcance.


25 Seja assolada a sua habitaçã o.

Que ningué m habite em suas tendas.


26 Pois perseguem aquele a quem você feriu.
Eles falam da tristeza daqueles a quem você feriu.
27 Acusá -los de crime sobre crime.

Nã o os deixe entrar em sua justiça.


28 Sejam riscados do livro da vida,

e nã o seja escrito com os justos.


29 Mas estou com dor e angú stia.

Deixe sua salvaçã o, Deus, me proteger.


30 Com câ nticos louvarei o nome de Deus,

e o engrandecerá com açõ es de graças.


31 Agradará ao Senhor melhor do que ao boi,

ou um touro que tem chifres e cascos.


32 Os humildes viram isso e se alegram.

Você que busca a Deus, deixe seu coraçã o viver.


33 Pois o Senhor ouve os necessitados,

e nã o despreza seu povo cativo.


34 Louvem-no o cé u e a terra;

os mares e tudo o que neles se move!


35 Porque Deus salvará Siã o e edi icará as cidades de Judá .

Eles devem se estabelecer lá , e possuı́-lo.


36 També m os ilhos de seus servos a herdarã o.

Os que amam o seu nome habitarã o nele.


Salmos 17
Uma Oração de Davi.
1 Ouve, Senhor, a minha justa sú plica.

Dá ouvidos à minha oraçã o que nã o sai de lá bios enganosos.
2 Que a minha sentença saia da tua presença.

Deixe seus olhos olharem para a equidade.


3 Você provou meu coraçã o.

Você me visitou à noite.


Você me tentou e nã o encontrou nada.
Resolvi que minha boca nã o desobedecerá .
4 Quanto à s obras dos homens, pela palavra dos teus lá bios,

Eu me guardei dos caminhos dos violentos.


5 Meus passos se apegaram à s tuas veredas.

Meus pé s nã o escorregaram.


6 Eu te invoquei, porque tu me responderá s, ó Deus.

Vire seu ouvido para mim.


Ouça meu discurso.
7 Mostra a tua maravilhosa benignidade,

tu que salvas dos seus inimigos os que se refugiam à tua destra.


8 Mantenha-me como a menina dos seus olhos.

Esconde-me à sombra das tuas asas,


9 dos ı́mpios que me oprimem,

meus inimigos mortais, que me cercam.


10 Eles fecham seus coraçõ es insensı́veis.

Com a boca eles falam com orgulho.


11 Eles agora nos cercaram em nossos passos.

Eles colocaram seus olhos para nos lançar para a terra.


12 Ele é como um leã o á vido de sua presa,

como se fosse um jovem leã o à espreita em lugares secretos.


13 Levanta-te, Senhor, enfrenta-o.

Derrube-o.
Livra a minha alma dos ı́mpios pela tua espada,
14 dos homens pela tua mã o, Senhor,
dos homens do mundo, cuja porçã o está nesta vida.
Você enche a barriga de seus entes queridos.
Seus ilhos tê m muito,
e acumulam riquezas para seus ilhos.
15 Quanto a mim, verei a tua face em justiça.

Ficarei satisfeito, quando acordar, em ver sua forma.


Salmos 51
Para o Músico Chefe. Um Salmo de Davi, quando o profeta Natã
veio a ele, depois que ele havia entrado em Bate-Seba.
1 Tem misericó rdia de mim, Deus, segundo a tua benignidade.

De acordo com a multidã o das tuas misericó rdias, apaga as minhas


transgressõ es.
2 Lava-me completamente da minha iniqü idade.

Limpa-me do meu pecado.


3 Pois eu conheço as minhas transgressõ es.

Meu pecado está constantemente diante de mim.


4 Contra ti, e somente contra ti, pequei,

e fez o que é mau aos teus olhos,


para que você possa provar que está certo quando falar,
e justi icado quando você julgar.
5 Eis que nasci em iniqü idade.

Minha mã e me concebeu em pecado.


6 Eis que desejas a verdade nas partes internas.

Você me ensina sabedoria no mais ı́ntimo.


7 Puri ica-me com hissopo, e icarei limpo.

Lava-me, e icarei mais branco que a neve.


8 Que eu ouça alegria e alegria,

para que se regozijem os ossos que quebraste.


9 Esconde o teu rosto dos meus pecados,

e apaga todas as minhas iniqü idades.


10 Cria em mim um coraçã o puro, ó Deus.

Renove um espı́rito reto dentro de mim.


11 Nã o me afastes da tua presença,

e nã o tire de mim o seu Espı́rito Santo.


12 Devolve-me a alegria da tua salvaçã o.

Sustenta-me com um espı́rito disposto.


13 Entã o ensinarei aos transgressores os teus caminhos.

Os pecadores serã o convertidos a você .


14 Livra-me da culpa do derramamento de sangue, ó Deus, o Deus
da minha salvaçã o.
Minha lı́ngua cantará em voz alta a sua justiça.
15 Senhor, abre meus lá bios.

Minha boca declarará seu louvor.


16 Pois você nã o gosta de sacrifı́cios, senã o eu os daria.

Você nã o tem prazer em holocausto.


17 Os sacrifı́cios de Deus sã o um espı́rito quebrantado.

O Deus, você nã o desprezará um coraçã o quebrantado e contrito.

18 Faça bem em seu beneplá cito a Siã o.

Construa os muros de Jerusalé m.


19 Entã o vocêse deleitará nos sacrifı́cios da justiça,
em holocaustos e em holocaustos.
Entã o eles oferecerã o touros em seu altar.
Gênesis 18
1 O Senhor lhe apareceu junto aos carvalhos de Manre, estando ele

sentado à porta da tenda, no calor do dia. 2 Ele levantou os olhos e


olhou, e viu que trê s homens estavam perto dele. Ao vê -los, correu para
encontrá -los da porta da tenda, prostrou-se em terra 3 e disse: “Meu
senhor, se agora achei graça aos seus olhos, por favor, nã o se afaste do
seu servo. 4 Agora, tragam um pouco de á gua, lavem os pé s e
descansem debaixo da á rvore. 5 Vou pegar um pedaço de pã o para que
você refresque seu coraçã o. Depois disso você pode seguir seu
caminho, agora que você veio ao seu servo”.
Eles disseram: “Muito bem, faça o que você disse”.
6 Abraã o correu para a tenda atéSara e disse: “Prepare rapidamente
trê s mares de farinha ina, amasse-os e faça bolos”. 7 Abraã o correu ao
gado, e pegou um bezerro tenro e bom, e o deu ao servo. Ele se
apressou em vesti-lo. 8 Tomou manteiga, leite e o bezerro que havia
preparado e os pô s diante deles. Ele icou ao lado deles debaixo da
á rvore, e eles comeram.
9 Eles lhe perguntaram: “Onde está Sara, sua mulher?”
Ele disse: “Ali, na tenda”.
10 Ele disse: “Certamente voltarei para você s por volta dessa é poca

no ano que vem; e eis que Sara, tua mulher, terá um ilho”.
Sarah ouviu na porta da barraca, que estava atrá s dele. 11 Ora,
Abraã o e Sara eram velhos, bem avançados em idade. Sarah tinha
passado da idade de ter ilhos. 12 Sara riu consigo mesma, dizendo:
“Depois que eu envelhecer, terei prazer, pois meu senhor també m está
velho?”
13 O Senhor disse a Abraã o: “Por que Sara riu, dizendo: 'Será
que
eu realmente terei um ilho quando for velha?' 14 Há alguma coisa difı́cil
demais para Javé ? Na hora marcada eu voltarei para você , quando a
estaçã o chegar, e Sara terá um ilho”.
15 Entã o Sara negou, dizendo: “Eu nã o ri”, porque ela estava com

medo.
Ele disse: “Nã o, mas você riu”.
16 Os homens se levantaram dali e olharam para Sodoma. Abraã o foi

com eles para vê -los em seu caminho. 17 O Senhor disse: “Ocultarei de
Abraã o o que faço, 18 visto que Abraã o certamente se tornará uma
grande e poderosa naçã o, e nele serã o benditas todas as naçõ es da
terra? 19 Porque eu o conheço, para que ordene a seus ilhos e à sua
casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, fazendo
justiça e juı́zo; para que o Senhor faça acontecer a Abraã o o que dele
falou”. 20 Javé disse: “Por ser grande o clamor de Sodoma e Gomorra, e
porque o pecado deles é muito grave, 21 eu descerei agora e verei se
suas açõ es sã o tã o ruins quanto as notı́cias que chegaram até mim. Se
nã o, eu vou saber.”
22 Os homens voltaram dali e foram para Sodoma, mas Abraã o

ainda estava diante do Senhor. 23 Aproximou-se Abraã o e disse: “Queres


consumir o justo com o ı́mpio? 24 E se houver cinquenta justos na
cidade? Você consumirá e nã o poupará o lugar para os cinquenta justos
que estã o nele? 25 Longe de ti fazer coisas assim, matar o justo com o
ı́mpio, para que o justo seja como o ı́mpio. Que isso esteja longe de
você . O Juiz de toda a terra nã o deveria agir corretamente?”
26 O Senhor disse: “Se eu encontrar em Sodoma cinqü enta justos

dentro da cidade, pouparei todo o lugar por causa deles”. 27Abraã o


respondeu: “Veja agora, eu me encarrego de falar com o Senhor, embora
eu seja pó e cinza. 28 E se faltarem cinco dos cinquenta justos? Você vai
destruir toda a cidade por falta de cinco?”
Ele disse: "Eu nã o vou destruı́-lo se eu encontrar quarenta e cinco
lá ."
29 Ele falou com ele novamente e disse: “E se houver quarenta
encontrados lá ?”
Ele disse: “Eu nã o vou fazer isso por causa dos quarenta”.
30 Ele disse: “Oh, nã o deixe o Senhor se irar, e eu falarei. E se
houver trinta encontrados lá ?”
Ele disse: “Nã o farei isso se encontrar trinta lá ”.
31 Ele disse: “Veja agora, eu me encarrego de falar com o Senhor. E

se houver vinte encontrados lá ?”


Ele disse: “Eu nã o vou destruı́-lo por causa dos vinte”.
32 Ele disse: “Oh, nã o deixe o Senhor se irar, e eu falarei apenas

mais uma vez. E se dez forem encontrados lá ?”


Ele disse: “Eu nã o vou destruı́-lo por causa dos dez”.
33 Yahweh foi embora assim que terminou de falar com Abraã o, e

Abraã o voltou para o seu lugar.


Salmos 7
Uma meditação de David, que ele cantou a Yahweh, sobre as
palavras de Cush, o benjamita.
1 Javé , meu Deus, em ti me refugio.

Salva-me de todos os que me perseguem, e livra-me,


2 para que nã o dilacerem a minha alma como um leã o,

rasgando-o em pedaços, enquanto nã o há ningué m para entregar.


3 Javé , meu Deus, se iz isso,

se houver iniqü idade em minhas mã os,


4 se paguei o mal à quele que tinha paz comigo

(sim, eu libertei aquele que sem causa era meu adversá rio),
5 persiga o inimigo a minha alma e a alcance;

sim, deixe-o pisar minha vida na terra,


e deito minha gló ria no pó .
Selá .
6 Levanta-te, Senhor, na tua ira.

Levante-se contra a ira dos meus adversá rios.


Acorde para mim. Você ordenou o julgamento.
7 Deixe a congregaçã o dos povos cercar você .

Domine sobre eles no alto.


8 Javé julga os povos.

Julga-me, Senhor, segundo a minha justiça,


e à minha integridade que está em mim.
9 Acabe a maldade dos ı́mpios,

mas estabelece os justos;


suas mentes e coraçõ es sã o examinados pelo Deus justo.
10 Meu escudo está com Deus,

que salva os retos de coraçã o.


11 Deus é um juiz justo,

sim, um Deus que se indigna todos os dias.


12 Se um homem nã o se arrepender, a iará sua espada;

ele dobrou e en iou seu arco.


13 Ele també m preparou para si os instrumentos de morte.
Ele prepara suas lechas lamejantes.
14 Eis que ele está de parto com iniqü idade.

Sim, ele concebeu o mal,


e trouxe a falsidade.
15 Ele cavou um buraco,

e caiu na cova que fez.


16 O problema que ele causar voltará à sua pró pria cabeça.

Sua violê ncia descerá sobre a coroa de sua pró pria cabeça.
17 Darei graças ao Senhor segundo a sua justiça,

e cantarã o louvores ao nome do Senhor Altı́ssimo.


Salmos 101
Um Salmo de Davi.
1 Cantarei o amor e a justiça.

A ti, Senhor, cantarei louvores.


2 Terei o cuidado de viver uma vida irrepreensı́vel.

Quando você virá a mim?


Andarei dentro de minha casa com um coraçã o irrepreensı́vel.
3 Nã o porei coisa vil diante dos meus olhos.

Eu odeio as açõ es de homens in ié is.


Eles nã o vã o se agarrar a mim.
4 Um coraçã o perverso estará longe de mim.

Nã o terei nada a ver com o mal.


5 Eu calarei quem caluniar secretamente o seu pró ximo.

Nã o vou tolerar quem é arrogante e vaidoso.


6 Meus olhos estarã o sobre os ié is da terra,

para que habitem comigo.


Aquele que anda em um caminho perfeito,
ele vai me servir.
7 Quem pratica o engano nã o habitará em minha casa.

Aquele que fala falsidade nã o será estabelecido diante dos meus
olhos.
8 Manhã apó s manhã , destruirei todos os ı́mpios da terra,

para exterminar da cidade de Yahweh todos os que praticam a


iniqü idade.
João 1
1 No princı́pio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era

Deus. 2 O mesmo estava no princı́pio com Deus. 3 Todas as coisas foram


feitas por meio dele. Sem ele, nada foi feito do que foi feito. 4 Nele
estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5 A luz brilha nas trevas, e
as trevas nã o a venceram. 6 Veio um homem enviado de Deus, cujo
nome era Joã o. 7 Este veio como testemunha, para dar testemunho da
luz, para que todos cressem por meio dele. 8 Ele nã o era a luz, mas foi
enviado para dar testemunho da luz. 9 A verdadeira luz que ilumina a
todos estava vindo ao mundo.
10 Ele estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dele, e o

mundo nã o o reconheceu. 11 Ele veio para os seus, e os seus nã o o


receberam. 12 Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o direito de
se tornarem ilhos de Deus, aos que crê em em seu nome: 13 que nã o
nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do
homem, mas de Deus. 14 O Verbo se fez carne e habitou entre nó s.
Vimos a sua gló ria, gló ria como do Filho unigê nito do Pai, cheio de
graça e de verdade. 15 Joã o testemunhou sobre ele. Ele clamou, dizendo:
“Este é aquele de quem eu disse: 'Aquele que vem depois de mim me
superou, porque já existia antes de mim.' ” 16 De sua plenitude todos
nó s recebemos graça sobre graça. 17 Pois a lei foi dada por meio de
Moisé s. A graça e a verdade foram realizadas por meio de Jesus Cristo.
18 Ningué m jamais viu a Deus. O Filho unigê nito, que está no seio do

Pai, o declarou.
19 Este é
o testemunho de Joã o, quando os judeus enviaram
sacerdotes e levitas de Jerusalé m para lhe perguntar: “Quem é você ?”
20 Ele declarou, e nã o negou, mas declarou: “Eu nã o sou o Cristo”.

21 Eles lhe perguntaram: “E entã o? Você é Elias?”


Ele disse: “Eu nã o sou”.
“Você é o profeta?”
Ele respondeu: “Nã o”.
22 Disseram-lhe, pois: “Quem é s tu? Dê -nos uma resposta para

levar de volta à queles que nos enviaram. O que você diz sobre você ?”
23 Ele disse: “Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o

caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaı́as”.


24 Os enviados eram dos fariseus. 25 Eles lhe perguntaram: “Por que

entã o você batiza, se você nã o é o Cristo, nem Elias, nem o profeta?”
26 Joã o lhes respondeu: “Eu batizo em á gua, mas entre você s está

um que você s nã o conhecem. 27 Ele é o que vem depois de mim, o que é
preferido antes de mim, cuja sandá lia nã o sou digno de desatar”. 28
Essas coisas foram feitas em Betâ nia, alé m do Jordã o, onde Joã o
batizava.
29 No dia seguinte, ele viu Jesus que vinha para ele e disse: “Eis o

Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! 30 Este é aquele de


quem eu disse: 'Depois de mim vem um homem que é preferido antes
de mim, porque ele existia antes de mim.' 31 Eu nã o o conhecia, mas por
isso vim batizar em á gua: para que ele fosse revelado a Israel”. 32 Joã o
testi icou, dizendo: “Vi o Espı́rito descer do cé u como pomba e
repousar sobre ele. 33 Eu nã o o reconheci, mas aquele que me enviou a
batizar nas á guas me disse: 'Sobre aquele que vires descer o Espı́rito e
sobre ele repousar, esse é o que batiza no Espı́rito Santo'. 34 Eu vi e
testemunhei que este é o Filho de Deus”.
35 Novamente, no dia seguinte, Joã o estava de pécom dois de seus
discı́pulos, 36 e olhou para Jesus enquanto caminhava e disse: “Eis o
Cordeiro de Deus!” 37 Os dois discı́pulos o ouviram falar e seguiram
Jesus. 38 Jesus voltou-se e os viu seguindo, e disse-lhes: “O que você s
estã o procurando?”
Eles lhe disseram: “Rabi” (quer dizer, sendo interpretado, Mestre),
“onde você está hospedado?”
39 Ele lhes disse: “Vinde e vede”.

Eles vieram e viram onde ele estava hospedado, e icaram com ele
naquele dia. Era por volta da dé cima hora. 40 Um dos dois que ouviram
Joã o e o seguiram foi André , irmã o de Simã o Pedro. 41 Ele primeiro
encontrou seu pró prio irmã o, Simã o, e lhe disse: “Encontramos o
Messias!” (que é , sendo interpretado, Cristo). 42 Ele o trouxe a Jesus.
Jesus olhou para ele e disse: “Você é Simã o, ilho de Jonas. Você será
chamado Cefas” (que é por interpretaçã o, Pedro). 43 No dia seguinte, ele
estava decidido a sair para a Galilé ia e encontrou Filipe. Jesus lhe disse:
“Segue-me”. 44 Ora, Filipe era de Betsaida, da cidade de André e Pedro.
45 Filipe encontrou Natanael e lhe disse: “Achamos aquele de quem

Moisé s na lei e os profetas escreveram: Jesus de Nazaré , ilho de José ”.


46 Natanael disse-lhe: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré ?”

Filipe lhe disse: “Venha e veja”.


47 Jesus viu Natanael aproximar-se dele e disse a respeito dele:

“Eis um verdadeiro israelita, em quem nã o há engano!”


48 Natanael lhe perguntou: “Como você me conhece?”
Respondeu-lhe Jesus: “Antes que Filipe te chamasse, quando
estavas debaixo da igueira, eu te vi”.
49 Natanael respondeu-lhe: “Rabi, tu é s o Filho de Deus! Você é Rei
de Israel!”
50 Jesus lhe respondeu: “Porque eu te disse: 'Eu te vi debaixo da

igueira', você acredita? Você verá coisas maiores do que estas!” 51


Disse-lhe ele: Certamente, digo-vos a todos, doravante vereis o cé u
aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do
Homem.
1 Pedro 2
1 Deixando, pois, de lado toda maldade, todo engano, hipocrisia,

inveja e toda maledicê ncia, 2 como recé m-nascidos, anseie pelo leite
puro da Palavra, para que com ele cresça, 3 se de fato você provou que o
Senhor é misericordioso: 4 vindo para ele, uma pedra viva, rejeitada na
verdade pelos homens, mas escolhida por Deus, preciosa. 5 També m
vó s, como pedras vivas, sois edi icados casa espiritual, sacerdó cio
santo, para oferecer sacrifı́cios espirituais agradá veis a Deus por Jesus
Cristo. 6 Por estar contido nas Escrituras,
“Eis que ponho em Siã o uma pedra angular, escolhida e preciosa:
Quem nele crê nã o icará desapontado”.
7 Portanto, para vó s que credes é a honra, mas para os
desobedientes,
“A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se a principal pedra angular”,
8 e,

“pedra de tropeço e rocha de escâ ndalo”.


Porque tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para a qual
també m foram designados. 9 Mas vó s sois raça eleita, sacerdó cio real,
naçã o santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a im de
proclamardes a virtude daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz. 10 No passado, você s nã o eram um povo, mas agora
sã o o povo de Deus, que nã o obteve misericó rdia, mas agora alcançou
misericó rdia.
11 Amados, rogo-vos, como estrangeiros e peregrinos, que vos

abstenhais das concupiscê ncias carnais, que combatem contra a alma;


12 tendo bom comportamento entre as naçõ es, para que naquilo de que

falarem contra vó s como malfeitores, pelas vossas boas obras que
virem, glori iquem a Deus no dia da visitaçã o.
13 Sujeitai-vos, pois, a toda ordenança humana por amor do

Senhor: seja ao rei, como supremo; 14 ou aos governadores, enviados


por ele para vingança dos malfeitores e para louvor dos que fazem o
bem. 15 Pois esta é a vontade de Deus que, praticando o bem, façais
calar a ignorâ ncia dos insensatos: 16 como livres, e nã o usando a vossa
liberdade como manto de maldade, mas como servos de Deus.
17 Honre todos os homens. Ame a irmandade. Temor a Deus. Honre

o rei.
18 Servos, sujeitem-se com todo o respeito aos seus senhores: nã o

só aos bons e gentis, mas també m aos ı́mpios. 19 Porque é louvá vel que
algué m suporte dores, sofrendo injustamente, por causa da consciê ncia
para com Deus. 20 Pois que gló ria há se, ao pecar, você suporta com
paciê ncia o espancamento? Mas se, quando você faz o bem, você
suporta pacientemente o sofrimento, isso é louvá vel para Deus. 21 Pois
para isso fostes chamados, porque també m Cristo sofreu por nó s,
deixando-vos exemplo, para que sigais os seus passos, 22 que nã o
pecou, “nem se achou engano na sua boca”. 23 Quando ele foi
amaldiçoado, ele nã o amaldiçoou de volta. Quando sofria, nã o
ameaçava, mas entregava-se à quele que julga com justiça. 24 Ele mesmo
levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que,
mortos para os pecados, pudé ssemos viver para a justiça. Você foi
curado por suas feridas. 25 Pois você s andavam desgarrados como
ovelhas; mas agora você s voltaram para o Pastor e Supervisor de suas
almas.
Mateus 6
1 “Tenha cuidado para nã o fazer sua doaçã o de caridade diante dos

homens, para ser visto por eles, ou entã o você nã o terá recompensa de
seu Pai que está nos cé us. 2 Portanto, quando você izer obras de
misericó rdia, nã o toque a trombeta diante de si mesmo, como fazem os
hipó critas nas sinagogas e nas ruas, para que obtenham gló ria dos
homens. Certamente eu lhe digo, eles receberam sua recompensa. 3
Mas quando você izer obras de misericó rdia, nã o deixe sua mã o
esquerda saber o que sua mã o direita faz, 4 para que as tuas
misericó rdias iquem em segredo, entã o teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará publicamente.
5 “Quando orardes, nã o sereis como os hipó critas, porque gostam

de orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos
pelos homens. Certamente, eu lhe digo, eles receberam sua
recompensa. 6 Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e,
fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê
em secreto, te recompensará publicamente. 7 Ao orar, nã o use
repetiçõ es vã s como fazem os gentios; porque pensam que serã o
ouvidos pelo seu muito falar. 8 Portanto, nã o seja como eles, pois seu
Pai sabe das coisas que você precisa antes que você peça a ele. 9 Ore
assim:
“'Pai nosso que está s nos cé us, santi icado seja o teu nome.
10 Que venha o seu Reino.

Seja feita a sua vontade na terra como no cé u.


11 Dá -nos hoje o pã o nosso de cada dia.
12 Perdoa-nos as nossas dı́vidas,

como també m perdoamos aos nossos devedores.


13 Nã o nos deixes cair em tentaçã o,

mas livra-nos do maligno.


Pois teu é o Reino, o poder e a gló ria para sempre. Um homem.'
14 “Pois, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai

celestial també m vos perdoará . 15 Mas se você nã o perdoar as ofensas


dos homens, seu Pai també m nã o perdoará as suas ofensas.
16 “Alé m disso, quando você jejuar, nã o seja como os hipó critas, com
rostos tristes. Pois eles des iguram seus rostos para que os homens os
vejam jejuando. Certamente eu lhe digo, eles receberam sua
recompensa. 17 Mas você , quando jejua, unge a cabeça e lava o rosto, 18
para que você nã o seja visto pelos homens como jejuando, mas por seu
Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará .
19 “Nã o ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem

consomem, e onde os ladrõ es minam e roubam; 20 mas ajuntai


tesouros no cé u, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde
os ladrõ es nã o arrombam nem roubam; 21 pois onde estiver o teu
tesouro, aı́ estará també m o teu coraçã o.
22 “A lâ mpada do corpo é o olho. Se, portanto, seu olho for sã o, todo
o seu corpo estará cheio de luz. 23 Mas se o seu olho for mau, todo o seu
corpo icará cheio de trevas. Se, portanto, a luz que há em você sã o
trevas, quã o grandes sã o as trevas!
24 “Ningué m pode servir a dois senhores, pois ou odiará um e
amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Você nã o
pode servir a Deus e a Mamom. 25 Por isso vos digo, nã o andeis
ansiosos pela vossa vida: o que haveis de comer, ou o que haveis de
beber; nem ainda para o seu corpo, o que você vai vestir. A vida nã o é
mais do que comida, e o corpo mais do que roupa? 26 Vede as aves do
cé u, que nã o semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros. Seu Pai
celestial os alimenta. Você nã o tem muito mais valor do que eles?
27 “Qual de você s, por estar ansioso, pode acrescentar um momento

ao tempo de vida dele? 28 Por que você está preocupado com roupas?
Considere os lı́rios do campo, como eles crescem. Eles nã o trabalham,
nem iam, 29 contudo, digo-vos que nem mesmo Salomã o em toda a sua
gló ria se vestiu como um destes. 30 Mas se Deus assim veste a erva do
campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, nã o vestirá muito
mais você s, homens de pouca fé ?
31 “Portanto, nã o
ique ansioso, dizendo: 'O que vamos comer?', 'O
que vamos beber?' ou, 'De que seremos vestidos?' 32 Pois os gentios
buscam todas essas coisas; pois seu Pai celestial sabe que você precisa
de todas essas coisas. 33 Mas busque primeiro o Reino de Deus e sua
justiça; e todas estas coisas vos serã o dadas també m. 34 Portanto, nã o
ique ansioso pelo amanhã , pois o amanhã estará ansioso por si
mesmo. O pró prio mal de cada dia é su iciente.
Romanos 14
1 Agora aceita aquele que é fraco na fé , mas nã o para disputas de
opiniã o. 2 Um homem tem fé para comer todas as coisas, mas aquele
que é fraco come apenas vegetais. 3 Nã o permita que aquele que come
despreze aquele que nã o come. Nã o deixe que quem nã o come julgue
quem come, pois Deus o aceitou. 4 Quem sã o você s que julgam o servo
alheio? Para seu pró prio senhor ele se levanta ou cai. Sim, ele será
posto de pé , pois Deus tem poder para fazê -lo icar de pé .
5 Um homem considera um dia mais importante. Outro estima

todos os dias iguais. Que cada homem esteja plenamente seguro em


sua pró pria mente. 6 Quem observa o dia, observa-o para o Senhor; e
quem nã o observa o dia, para o Senhor nã o o observa. Quem come,
come para o Senhor, porque dá graças a Deus. Quem nã o come, ao
Senhor nã o come, e dá graças a Deus. 7 Pois nenhum de nó s vive para si
mesmo, e nenhum morre para si mesmo. 8 Pois, se vivemos, vivemos
para o Senhor. Ou se morrermos, morremos para o Senhor. Se, portanto,
vivemos ou morremos, somos do Senhor. 9 Pois para isso Cristo
morreu, ressuscitou e tornou a viver, para ser Senhor tanto de mortos
como de vivos.
10 Mas você , por que julga seu irmã o? Ou você
de novo, por que
despreza seu irmã o? Pois todos estaremos diante do tribunal de Cristo.
11 Pois está escrito:

“'Por minha vida', diz o Senhor, 'todo joelho se dobrará a mim.


Toda lı́ngua confessará a Deus.' ”
12 Assim, cada um de nó s dará conta de si mesmo a Deus.
13 Portanto, nã o nos julguemos mais uns aos outros, mas julguemos

antes: que ningué m ponha tropeço no caminho de seu irmã o, ou


motivo de queda. 14 Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nada é
imundo por si mesmo; exceto que para aquele que considera alguma
coisa impura, para ele é impura. 15 No entanto, se o teu irmã o se
entristece por causa da comida, já nã o andas em amor. Nã o destruas
com o teu alimento aquele por quem Cristo morreu. 16 Entã o nã o se
calunie o seu bem, 17 porque o Reino de Deus nã o é comida nem bebida,
mas justiça, paz e alegria no Espı́rito Santo. 18 Pois quem serve a Cristo
nestas coisas é aceitá vel a Deus e aprovado pelos homens. 19 Portanto,
sigamos as coisas que trazem a paz e as coisas pelas quais podemos
nos edi icar uns aos outros. 20 Nã o destrua a obra de Deus por causa da
comida. Todas as coisas sã o limpas, mas é mau para o homem que cria
uma pedra de tropeço comendo. 21 E bom nã o comer carne, nem beber
vinho, nem fazer nada que faça seu irmã o tropeçar, se ofender ou se
enfraquecer.
22 Você
tem fé ? Tenha isso para si mesmo diante de Deus. Feliz é
aquele que nã o se julga naquilo que aprova. 23 Mas quem duvida é
condenado se comer, porque nã o é de fé ; e tudo o que nã o é de fé é
pecado.
24 Ora, à quele que é poderoso para vos con irmar segundo as
minhas Boas Novas e a pregaçã o de Jesus Cristo, segundo a revelaçã o
do misté rio que desde os sé culos esteve oculto, 25 mas agora foi
revelado, e pelas Escrituras dos profetas, de acordo com o
mandamento do Deus eterno, é conhecido pela obediê ncia da fé a todas
as naçõ es; 26 ao ú nico Deus sá bio, por meio de Jesus Cristo, a quem seja
a gló ria para sempre! Um homem.
2 Coríntios 9
1 De fato, nã o é necessá rio que eu escreva para você sobre o serviço
aos santos, 2 pois sei que sua prontidã o, da qual me glorio em seu favor
para os da Macedô nia, que a Acaia foi preparada para o ano passado.
Seu zelo despertou muitos deles. 3 Mas enviei aos irmã os para que nã o
seja vã a nossa gloria em vosso favor, a im de que, como eu disse, vos
prepareis, 4 para que, de modo algum, se algué m da Macedô nia vier ali
comigo e achar você despreparado, nó s (para nã o falar de você )
icarı́amos desapontados com essa ostentaçã o con iante. 5 Julguei
necessá rio, pois, rogar aos irmã os que se apresentassem antes de ti e
providenciassem com antecedê ncia a generosa oferta que antes
prometeste, para que a mesma se dispusesse por generosidade, e nã o
por ganâ ncia.
6 Lembre-se disto: quem semeia com moderaçã o també m colherá

com moderaçã o. Quem semeia com fartura també m colherá com


fartura. 7 Cada um dê conforme determinou em seu coraçã o, nã o com
tristeza ou por obrigaçã o, pois Deus ama quem dá com alegria. 8 E Deus
é poderoso para fazer abundar em vó s toda a graça, para que, tendo
sempre em tudo toda a su iciê ncia, abundeis em toda boa obra. 9 Como
está escrito,
“Ele se espalhou para o exterior. Ele deu aos pobres.
Sua justiça permanece para sempre.”
10 Ora, aquele que dá semente ao semeador e pã o para mantimento,
alimente e multiplique a sua sementeira, e multiplique os frutos da sua
justiça, 11 você sendo enriquecido em tudo em toda a generosidade,
que por nó s produz açã o de graças a Deus. 12 Porque este serviço de
doaçõ es que realizais nã o só compensa a falta entre os santos, mas
també m abunda em muitas açõ es de graças a Deus, 13 visto que, pela
prova dada por este serviço, glori icam a Deus pela obediê ncia da vossa
con issã o para a Boa Nova de Cristo e pela generosidade de sua
contribuiçã o para com eles e para com todos, 14 enquanto eles mesmos,
com sú plicas por você s, anseiam por você s, pela suprema graça de
Deus em você s. 15 Agora, graças a Deus por seu dom indescritı́vel!
Mateus 20
1 “Pois o Reino dos Cé us ésemelhante a um homem, dono de casa,
que saiu de madrugada a contratar trabalhadores para a sua vinha. 2
Quando ele concordou com os trabalhadores por um dená rio por dia,
ele os enviou para a sua vinha. 3 Saiu por volta da hora terceira, e viu
outros ociosos no mercado. 4 Ele lhes disse: 'Você s també m vã o para a
vinha, e tudo o que for certo eu darei a você s'. Entã o eles seguiram seu
caminho. 5 De novo saiu por volta da hora sexta e da nona, e fez o
mesmo. 6 Sobre a undé cima hora ele saiu e encontrou outros ociosos.
Ele lhes disse: 'Por que você s icam aqui o dia todo ociosos?'
7 “Disseram-lhe: 'Porque ningué m nos contratou.'

“Ele lhes disse: 'Você s també m vã o para a vinha e receberã o o que
for certo'.
8 “Ao cair da tarde, o senhor da vinha disse ao seu administrador:

'Chame os trabalhadores e pague-lhes o salá rio, começando do ú ltimo


ao primeiro'. 9 “Quando chegaram os contratados por volta da hora
undé cima, cada um deles recebeu um dená rio. 10 Quando veio o
primeiro, eles supuseram que receberiam mais; e eles també m
receberam um dená rio. 11 Quando a receberam, murmuraram contra o
dono da casa, 12 dizendo: 'Estes ú ltimos passaram uma hora, e você os
igualou a nó s, que suportamos o peso do dia e o calor escaldante!'
13 “Mas ele respondeu a um deles: 'Amigo, nã o estou fazendo nada

de errado com você . Você nã o concordou comigo por um dená rio? 14
Pegue o que é seu e siga seu caminho. E meu desejo dar a este ú ltimo
tanto quanto a você . 15 Nã o me é lı́cito fazer o que quero com o que
possuo? Ou seu olho é mau, porque eu sou bom?' 16 Assim, os ú ltimos
serã o os primeiros, e os primeiros serã o os ú ltimos. Pois muitos sã o
chamados, mas poucos sã o escolhidos”.
17 Enquanto subia a Jerusalé m, Jesus chamou os doze discı́pulos à

parte e, no caminho, disse-lhes: 18 “Eis que estamos subindo para


Jerusalé m, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes
e escribas, e eles o condenarã o à morte, 19 e o entregará aos gentios
para zombar, açoitar e cruci icar; e no terceiro dia ele será
ressuscitado”.
20 Entã o a mã e dos
ilhos de Zebedeu veio a ele com seus ilhos,
ajoelhando-se e pedindo-lhe uma certa coisa. 21 Ele disse a ela: “O que
você quer?”
Ela lhe disse: “Ordena que estes, meus dois ilhos, se assentem, um
à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino”.
22 Mas Jesus respondeu: “Você s nã o sabem o que estã o pedindo.

Você pode beber o cá lice que estou para beber e ser batizado com o
batismo com que sou batizado?”
Disseram-lhe: “Podemos”.
23 Ele lhes disse: “De fato bebereis o meu cá lice, e sereis batizados

com o batismo com que eu sou batizado; mas sentar-se à minha direita
e à minha esquerda nã o é meu para dar, mas é para quem foi preparado
por meu Pai”.
24 Quando os dez ouviram isso, icaram indignados com os dois
irmã os.
25 Mas Jesus os chamou e disse: “Você s sabem que os governantes

das naçõ es as dominam, e os seus grandes exercem autoridade sobre


elas. 26 Nã o será assim entre vó s; mas quem quiser tornar-se grande
entre vó s será seu servo. 27 Quem quiser ser o primeiro entre vó s será
vosso servo, 28 assim como o Filho do Homem nã o veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.
29 Ao saı́rem de Jericó , uma grande multidã o o seguiu. 30 Eis que

dois cegos sentados à beira do caminho, ao ouvirem que Jesus passava,


gritaram: “Senhor, tem piedade de nó s, ilho de Davi!” 31 A multidã o os
repreendeu, dizendo-lhes que se calassem, mas eles gritaram ainda
mais: “Senhor, tem misericó rdia de nó s, ilho de Davi!”
32 Jesus parou, chamou-os e perguntou: “O que você s querem que

eu faça por você s?”


33 Disseram-lhe: “Senhor, para que se abram os nossos olhos”.
34 Jesus, movido de compaixã o, tocou-lhes os olhos; e

imediatamente seus olhos viram, e eles o seguiram.


Gálatas 5
1 Permanecei, pois, irmes na liberdade pela qual Cristo nos
libertou, e nã o vos enredeis novamente no jugo da escravidã o.
2 Eis que eu, Paulo, vos digo que, se receberdes a circuncisã o, Cristo

de nada vos aproveitará . 3 Sim, novamente testi ico a todo homem que
recebe a circuncisã o que é devedor de cumprir toda a lei. 4 Você s estã o
alienados de Cristo, você s que desejam ser justi icados pela lei. Você
caiu da graça. 5 Pois nó s, pelo Espı́rito, pela fé esperamos a esperança
da justiça. 6 Pois em Cristo Jesus nem a circuncisã o vale nada, nem a
incircuncisã o, mas a fé que atua pelo amor. 7 Você estava correndo bem!
Quem interferiu em você para que você nã o obedecesse à verdade? 8
Essa persuasã o nã o vem daquele que te chama. 9 Um pouco de
fermento cresce em toda a massa. 10 Eu con io em você s no Senhor que
você s nã o pensarã o de outra maneira. Mas aquele que te perturba será
julgado, seja ele quem for.
11 Mas eu, irmã os, se ainda prego a circuncisã o, por que ainda sou

perseguido? Entã o a pedra de tropeço da cruz foi removida. 12 Eu


gostaria que aqueles que te perturbam se cortassem.
13 Pois você s, irmã os, foram chamados à
liberdade. Apenas nã o
use sua liberdade para ganhar a carne, mas pelo amor seja servo um do
outro. 14 Pois toda a lei se cumpre em uma palavra, nesta: “Amará s o teu
pró ximo como a ti mesmo”. 15 Mas se você s mordem e devoram uns aos
outros, tomem cuidado para nã o se consumirem uns aos outros.
16 Mas eu digo, ande pelo Espı́rito, e você nã o satisfará a
concupiscê ncia da carne. 17 Porque a carne milita contra o Espı́rito, e o
Espı́rito contra a carne; e estes sã o contrá rios um ao outro, para que
nã o façais o que desejais. 18 Mas, se sois guiados pelo Espı́rito, nã o
estais debaixo da lei. 19 Ora, os atos da carne sã o manifestos, que sã o:
adulté rio, imoralidade sexual, impureza, luxú ria, 20 idolatria, feitiçarias,
ó dios, contendas, ciú mes, iras, rivalidades, divisõ es, heresias, 21 invejas,
homicı́dios, bebedices, orgias e coisas assim; de que vos aviso, assim
como també m vos avisei, que aqueles que praticam tais coisas nã o
herdarã o o Reino de Deus.
22 Mas o fruto do Espı́rito é amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé , 23 mansidã o e domı́nio pró prio. Contra tais
coisas nã o há lei. 24 Os que pertencem a Cristo cruci icaram a carne
com suas paixõ es e concupiscê ncias.
25 Se vivemos pelo Espı́rito, andemos també m pelo Espı́rito. 26

Nã o sejamos presunçosos, provocando uns aos outros e invejando uns


aos outros.
As Devoçõ es de Santo Anselmo
N
1. Suas cartas, é claro, exceto.
2. Ver, por exemplo, Ré musat, Anselme de Canterbury , p.
366.
3. Ré musat, Anselme de Canterbury , p. 348.
4. Historia Novorum , i. (Migne, Patrologia Latina , clix. col .
385 B.
5. Eadmer, Vita Anselmi , ii. 7, § 72 (Migne, PL ., clviii. col.
115 B).
6. Eu discuti a comparaçã o e contraste de Anselmo e
Descartes em um artigo sobre o argumento ontológico de
Anselmo para a existência de Deus , publicado em
Proceedings of the Aristotelian Society, 1895 (vol. iii. No.
2, pp. 25 seg.).
7. Traduzo assim inter nocturnas vigilias com o senhor Rule.
Mas pode signi icar apenas “durante as vigı́lias da noite”.
8. Toda esta ú ltima frase é um tanto obscura; mas o
signi icado geral é claro.
9. Eadmer, Vita Anselmi , i. 3, § 26 (Migne, PL , clviii. col. 63,
64).
10. Santo Anselmo está aqui pensando em um pensamento
seu favorito. Vou tentar enunciá -lo da forma mais simples
possı́vel. Se um homem a qualquer momento olha para
dentro de si mesmo, ele está ciente de que está pensando
em algo; ele está consciente de duas coisas; ele mesmo
que pensa e no que está pensando. Este ú ltimo pode ser
ele mesmo; ele pode estar pensando em si mesmo. Nã o,
deve sempre ser ele mesmo em certo sentido, porque é
sua pró pria ideia ou pensamento de outras coisas que ele
tem diante de si, quando pensa nelas; nã o as coisas como
podem ser impensadas, mas como estã o em sua mente.
Ora, a consciê ncia de si como pensamento, Santo Anselmo
sempre chama de memória ou memória de si ; porque é na
memó ria que estamos principalmente conscientes de nó s
mesmos como sendo os mesmos que ontem izeram ou
sentiram uma coisa e hoje fazem ou sentem outra coisa, e
ainda assim sã o os mesmos em ambos os casos; e a
consciê ncia do que estamos pensando, nosso pensamento
distinto de nosso eu , ele chama nossa compreensão ou
compreensão de si ; porque esse é o im e o resultado de
nosso pensamento, entender completamente o que
pensamos e, inalmente, para dizer, entender a nós
mesmos e tudo o que está em nossas mentes e
pensamentos. Mas nã o deverı́amos nos importar em fazer
isso se nã o tivé ssemos interesse no que pensamos, e a
menos que esse interesse nos conduzisse por assim dizer,
e assim Santo Anselmo diz que nã o haveria utilidade ou
propó sito na memória e compreensão a menos que o
objeto deles era amado ou odiado ou rejeitado. E assim a
natureza permanente da mente é uma trindade de
autoconsciê ncia (ou, como diz Santo Anselmo, memória ),
compreensão e amor ; pois o amor é a forma mais intensa
do interesse que continua sem deixar de contemplar
qualquer objeto. E aı́ ele vê na mente humana uma
imagem do Divino. Pois se tentarmos pensar em um Ser
que é eternamente tudo o que estamos tentando ser, e
perfeitamente o que somos imperfeitamente (e, é claro, só
temos consciê ncia de nossa imperfeiçã o em virtude da
noçã o de tal Ser perfeito com o qual nó s nos
contrastamos) pensaremos neste Ser como consciente de
si mesmo, como tendo diante de si tudo o que está em sua
mente, nã o como algo nã o perfeitamente apreendido ou
compreendido, mas como totalmente terra
completamente o que ele é em si mesmo,
indissoluvelmente unido a si mesmo. ; um Pensamento
nã o nã o expresso, mas adequadamente proferido e assim
chamado de Palavra; um Verbo a expressã o completa de
Si mesmo, uma pessoa tã o real quanto Ele mesmo, como
um Filho com Seu Pai; e este Verbo ou Filho amado com
um amor que nã o é mero sentimento do amante que
permanece distinto do amor que ele carrega; mas um
amor que é tudo o que Ele mesmo é : e é retribuı́do plena
e adequadamente por seu objeto: um Espı́rito de Amor
mú tuo, portanto, procedente igualmente do Pai e do
Filho: em outras palavras, uma Trindade, como a teologia
cristã descreve. Por isso Santo Anselmo vê na trindade da
memória, compreensão e amor na mente humana a
imagem mais verdadeira da Trindade do Pai, Filho e
Espı́rito Santo em Deus.
11. Comparar cap. viii. acima de.
12. Santo Anselmo quer dizer que há esta diferença entre
Deus e nó s: se um de nó s é vivo ou sá bio ou bom,
participamos de uma vida ou sabedoria ou de uma
bondade que nã o somos nó s: dizemos que temos vida ou
sabedoria ou bondade, nã o para ser vida ou sabedoria ou
bondade: podemos deixar de tê -los ou participar deles, e
entã o estamos vivendo ou sá bios ou bons nã o mais. Mas
com Deus nã o é assim; nã o existe tal distinçã o entre Ele e
Sua vida ou sabedoria ou bondade; Ele é aquela vida ou
sabedoria ou bondade, em virtude da qual se diz que Ele é
vivo, sá bio ou bom.
13. Ou seja, quando sinto, por exemplo, uma dor no dedo, sou
eu que a sinto; Nã o estou consciente de uma divisã o em
minha consciê ncia. O corpo é dividido em partes, mas nã o
a consciê ncia: o dedo nã o tem uma consciê ncia pró pria,
distinta da do dedo seguinte, mas eu, uma e a mesma
consciê ncia, tenho consciê ncia dos sentimentos ora em
um dedo, ora em outro. Isso permanece verdadeiro,
apesar dos fatos agora conhecidos, mas desconhecidos de
Santo Anselmo, que mostram que tipos particulares de
consciê ncia estã o ligados a partes especı́ icas do cé rebro;
de modo que a lesã o ou a remoçã o de uma parte
especı́ ica do cé rebro torna a pessoa incapaz de um certo
tipo de consciê ncia. Pois apesar desse fato, a consciência
nã o é dividida em partes umas fora das outras; a
consciê ncia é uma a cada momento; a divisã o em partes,
uma fora da outra, só é verdadeira para o cérebro , que
por experimentos (nã o por consciê ncia imediata)
descobrimos estar ligado à nossa consciê ncia. Nã o temos
consciê ncia direta de nossos cé rebros; e por muitos
sé culos foi considerado incerto se o cé rebro era o ó rgã o
da consciê ncia ou nã o.
14. Eu li ibi para ubi aqui.
15. Lendo Releva .
16. Santo Anselmo explica aqui que, como os atributos de
Deus nã o podem ser distinguidos de Si mesmo, assim
como nossos atributos podem ser distinguidos de nó s
mesmos – ver cap. xiii.-assim eles nã o podem ser tã o
distintos um do outro, a ponto de serem vistos à luz das
partes que somadas formam a noçã o composta da
natureza de Deus. Só podemos pensar primeiro em um
atributo divino, depois em outro; mas nã o devemos supor
que a natureza de Deus seja divisı́vel, mesmo em
pensamento: podemos conceber muitas coisas como
divididas que nã o podemos realmente dividir em partes;
e muitas coisas que sempre encontramos juntas podemos
pensar como separadas; mas devemos pensar em Deus
como tã o perfeitamente um que nenhuma divisã o ou
dissoluçã o em elementos ou partes constituintes possa
por um momento ser pensada em Seu caso. Caso
contrá rio, Ele nã o seria a Realidade original e ú ltima, mas
teria crescido da coalescê ncia de elementos mais simples
em um ser complexo.
17. Porque se a eternidade divina for pensada apenas como
uma passagem contı́nua de tempo que nã o começou e nã o
terminará , ela será composta, assim como o tempo, de
partes sucessivas de duraçã o, que nã o podem estar todas
ali ao mesmo tempo.
18. Ele provavelmente tem em vista anjos e almas humanas.
19. Ou seja, eles podem ter um im, embora nã o tenham.
Deus, que os criou do nada, pode aniquilá -los; embora tal
nã o seja a Sua vontade.
20. Saeculum saeculi, saecula saeculorum : traduzido em
nossas Bı́blias e livros de oraçã o, mundo sem im .
21. As coisas initas nã o sã o ao mesmo tempo tudo o que sã o,
tomadas como um todo; pois isso inclui o que eles eram,
mas agora nã o sã o, o que eles serã o, mas ainda nã o sã o,
bem como o que eles sã o no momento. O que somos em
qualquer momento é apenas um fragmento do que
consideramos ser; nossas possibilidades nã o se esgotam
em nossa condiçã o real em um determinado ponto do
tempo.
22. Ver acima, Proslogion , cap. ip 9, n. 2.
23. Veja Proslogion , cap. xiii.
24. Ele joga com a semelhança das palavras vanitas e veritas .
25. Isto é , pelo batismo no rio Jordão santi icou a água para a
lavagem mística do pecado .
26. De acordo com Sã o Jerô nimo, Liber de Nominibus
Hebraicis ( de Genesi ).
27. Segundo Sã o Jerô nimo na mesma obra ( de Actibus
Apostolorum ).
28. De acordo com Sã o Jerô nimo, Lib. de Hebr. Nome . ( de
Evang. Lucae ).
29. Segundo Sã o Jerô nimo na mesma obra ( de Actibus
Apostolorum ).
30. Sã o Jerô nimo, Lib. de Hebr. Nome . ( de Evang. Matt .).
31. O jogo de palavras aqui — muito caracterı́stico de
Anselmo, para quem esse tipo particular de frase é um
truque de estilo tã o comum que muitas vezes se torna
tedioso — miserabiliter mirabilis et mirabiliter miserabilis
— nã o pode ser reproduzido exatamente em inglê s.
32. Sobre os pontos de vista da Expiaçã o pela morte de Cristo
que Anselmo aqui rejeita, veja a Introduçã o.
33. Leitura quia para qui .
34. Na visã o de Anselmo, a dı́vida devida a Deus pelos
pecadores eles nunca podem pagar; ela só pode ser paga
por Cristo, que nã o deve a dı́vida, mas tem um sacrifı́cio a
oferecer ao Pai digno, como o nosso jamais poderia ser, de
Sua aceitaçã o. Pelo arrependimento e emenda, poré m,
que sã o tudo o que podemos fazer, aceitamos a salvaçã o
oferecida a nó s atravé s do sacrifı́cio vicá rio de Cristo: se
nã o nos arrependermos e emendarmos, entã o nã o temos
parte no pagamento de nossa dı́vida por Cristo; nã o
reconhecemos que foi nossa dı́vida que Ele pagou. Nã o se
pode negar que há algo arti icial em todo o relato do
assunto aqui dado; e parecerá tanto mais arti icial quanto
mais esquecermos que deve ser considerado menos como
um comentá rio sobre a histó ria do Evangelho do que
como uma aná lise das relaçõ es em que a alma convertida
se encontra com Deus e com seus pró prios pecados.
Dessa experiê ncia acredito que o ensinamento de
Anselmo é , no essencial, uma verdadeira representaçã o.
35. Viático : Anselmo tem sem dú vida em mente o uso desta
palavra para a Eucaristia, quando administrada aos
doentes e moribundos como uma provisã o da viagem
deste mundo para o outro.
36. A alusã o é aos padrinhos no batismo.
37. Esta é a 12ª Oraçã o na ediçã o de Gerberon.
38. Este é um toque caracterı́stico, que parece marcar a
oraçã o como uma verdadeira obra de Santo Anselmo.
Antes da admissã o na aliança cristã , ele coloca a
concepçã o de Deus, que, como argumenta no Proslogion ,
é por si só su iciente para dar a todo ser racional a certeza
de Sua existê ncia.
39. Seu pensamento em colocar as dores eternas antes dos
tormentos corporais parece ser este: Tu não abreviaste
minha vida em meio aos meus pecados; nem na extensão da
vida assim dada me fez sofrer dores corporais .
40. Uma reminiscê ncia do Gloria in excelsis .
41. Esta é a 14ª Oraçã o na ediçã o de Gerberon.
42. Veja o Veni Sancte Spiritus (a sequê ncia de Pentecostes).
43. Esta é a 23ª Oraçã o na ediçã o de Gerberon.
44. No famoso tratado sobre a Expiaçã o chamado Cur Deus
Homo , ou Por que Deus se fez homem , Santo Anselmo faz
muito do pensamento de que o homem Cristo, estando
livre tanto do pecado original quanto do pecado real, nã o
se eximiu ao morrer de nenhuma dívida da natureza , mas
nã o algo alé m e acima do que era exigido dele (ou seja,
uma vida justa) e ofereceu a Deus algo que de fato já
pertencia a Deus, como tudo o que Ele criou, mas que
Deus nã o exigiu , e poderia assim ser considerado como
uma satisfaçã o pelos pecados dos outros. A este
pensamento ele aqui se refere, dizendo que Cristo nã o
tinha nenhuma dı́vida que foi paga por Ele ao morrer.
45. A elaborada frase de Anselmo aqui, quia dilectionem quam
jubes amo, amorem diligo, caritatem concupisco , usando
uma sé rie de sinô nimos para amor que di icilmente
podemos comparar em inglê s, nã o tentei traduzir de
perto.
46. Aqui també m nã o me apeguei ao original que repete a
palavra Vult , desejos , trê s vezes.
47. Esta é a 24ª Oraçã o na ediçã o de Gerberon.
48. Esta é a Carta XI. do Livro I. na ediçã o de Gerberon. A
pessoa a quem foi endereçada era, ao que parece, um
monge da abadia de Bec (da qual Anselmo era prior, mas
ainda nã o abade) que foi detido pelo arcebispo Lanfranc
na Inglaterra por algum motivo eclesiá stico. o negó cio.
49. Esta passagem tem sido de difı́cil traduçã o, devido à
ausê ncia de qualquer termo no inglê s moderno que
corresponda exatamente ao dominus , cujo uso, dirigido a
si mesmo, Ralph desejou que Anselmo interrompesse. Era
o termo comum de respeito, usado para pessoas de uma
determinada posiçã o, e ainda comumente pre ixado, na
forma abreviada Dom , aos nomes dos monges
beneditinos. Mas, preservando seu pró prio signi icado de
senhor ou senhor , imediatamente sugeriu a antı́tese de
servo que Anselmo aqui insiste em usar de si mesmo,
embora consinta em chamar seu correspondente de
irmão .
50. Herlwin é frequentemente mencionado na
correspondê ncia de Santo Anselmo. Do rol de monges de
Bec, ele parece ter sido consideravelmente o mais velho
de Anselmo no mosteiro. Ele era um xará , talvez um
parente, do fundador.
51. Gondulf era um dos amigos mais queridos de Santo
Anselmo. Ele se tornou um monge de Bec muito pouco
antes do pró prio Anselmo, foi trazido para a Inglaterra
por Lanfranco e elevado à sé de Rochester em 1077. Ele
morreu aos oitenta e quatro anos em 1108 e foi enterrado
ao lado de Anselmo em Canterbury. Ele foi o arquiteto da
Torre Branca de Londres.
52. Maurice era um amigo ı́ntimo e correspondente
frequente. Ele foi um dos que instaram Anselmo a
escrever o Monologium.
53. O clero da catedral de Cantuá ria era nessa é poca monges
beneditinos e, portanto, sob a mesma regra que os
monges de Bee, dos quais Anselmo era prior nessa é poca
e aos quais seus correspondentes pertenciam. Durante o
primado de Lanfranco e Anselmo, houve muitas relaçõ es
entre Bee, do qual ambos os arcebispos haviam sido prior
e Anselmo també m abade, e a Igreja de Cristo,
Canterbury, de cujo convento os arcebispos eram
considerados abades ex of icio , o atual governador
portando apenas o tı́tulo inferior de Prior.
54. Maurı́cio.
55. Lanfranc.
56. Anselmo nã o devia ter mais de quarenta e cinco anos
nessa é poca, mas sua saú de provavelmente já estava
prejudicada por suas austeridades. Ele viveu no entanto
para ser setenta e seis.
57. Richera era a ú nica irmã de Santo Anselmo e Burgundius
era seu marido. Seu ú nico ilho era um jovem Anselmo, na
é poca um monge professo e atendendo seu tio, agora
arcebispo de Cantuá ria e, como aparece em uma carta
escrita logo depois para sua irmã , no meio de sua disputa
com Henrique I. sobre a homenagem reclamada dele pelo
rei.
58. Filho de Malcolm Canmore (o Malcolm de Macbeth ) e
Santa Margarida da Escó cia: irmã o de Matilda, esposa do
rei inglê s Henrique I. Ele reinou de 1107 a 1124, e foi
sucedido por seu irmã o St David.
59. Malcom Canmore. Ele sucedeu ao reino da Escó cia em
1057, casou-se com a princesa inglesa Santa Margarida
como sua segunda esposa em 1068 e morreu em 1093.
60. Edgar, ilho e sucessor de Malcolm Canmore. Ele recebeu
o nome de seu tio, o prı́ncipe inglê s Edgar Atheling, irmã o
de Santa Margarida. Ele reinou de 1094 a 1107.
61. Provavelmente monges beneditinos de Canterbury. Tanto
Edgar quanto Alexander estavam interessados na
introduçã o na Escó cia das instituiçõ es religiosas
predominantes na Inglaterra. Edgar havia refundado
Coldingham para os monges de Durham; Mais tarde,
Alexandre trouxe monges de Cantuá ria para Dunfermline.
62. Nã o sei mais nada sobre esse Robert do que parece nesta
carta.
63. O texto impresso tem Seit, Edit et Hydit, Luverim, Virgit,
Godit . Pela gentileza do Sr. Moule do CCC, Cambridge,
soube que o manuscrito das Cartas de Anselmo
pertencente à coleçã o Parker tem Thydit por et Hydit e
Dirgit por Virgit . Os nomes anglo-saxõ es assim
disfarçados foram gentilmente identi icados para mim
como acima pelo Sr. WH Stevenson do Exeter College,
Oxford. Exceto Eadgyth, que sobrevive como Edith, todos
icaram fora de uso.
64. Pode ser (mas é bem possı́vel que nã o seja) Guilherme de
Chester, discı́pulo de Anselmo. um monge primeiro
(provavelmente) de Bec, depois da casa ilha em Chester,
que dirigiu um poema a Santo Anselmo em sua elevaçã o à
sé de Canterbury.
Proslogium; Monó logo; Um apê ndice em nome do tolo por Gaunilon; e Cur Deus Homo

Í
1. Introduçã o

2. Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus


1. Prefá cio
2. Capı́tulo I
3. Capı́tulo II
4. Capı́tulo III
5. Capı́tulo IV
6. Capı́tulo V
7. Capı́tulo VI
8. Capı́tulo VII
9. Capı́tulo VIII
10. Capı́tulo IX
11. Capı́tulo X
12. Capı́tulo XI
13. Capı́tulo XII
14. Capı́tulo XIII
15. Capı́tulo XIV
16. Capı́tulo XV
17. Capı́tulo XVI
18. Capı́tulo XVII
19. Capı́tulo XVIII
20. Capı́tulo XIX
21. Capı́tulo XX
22. Capı́tulo XXI
23. Capı́tulo XXII
24. Capı́tulo XXIII
25. Capı́tulo XXIV
26. Capı́tulo XXV
27. Capı́tulo XXVI
3. Monó logo - Sobre o Ser de Deus
1. Prefá cio
2. Capı́tulo I
3. Capı́tulo II
4. Capı́tulo III
5. Capı́tulo IV
6. Capı́tulo V
7. Capı́tulo VI
8. Capı́tulo VII
9. Capı́tulo VIII
10. Capı́tulo IX
11. Capı́tulo X
12. Capı́tulo XI
13. Capı́tulo XII
14. Capı́tulo XIII
15. Capı́tulo XIV
16. Capı́tulo XV
17. Capı́tulo XVI
18. Capı́tulo XVII
19. Capı́tulo XVIII
20. Capı́tulo XIX
21. Capı́tulo XX
22. Capı́tulo XXI
23. Capı́tulo XXII
24. Capı́tulo XXIII
25. Capı́tulo XXIV
26. Capı́tulo XXV
27. Capı́tulo XXVI
28. Capı́tulo XXVII
29. Capı́tulo XXVIII
30. Capı́tulo XXIX
31. Capı́tulo XXX
32. Capı́tulo XXXI
33. Capı́tulo XXXII
34. Capı́tulo XXXIII
35. Capı́tulo XXXIV
36. Capı́tulo XXXV
37. Capı́tulo XXXVI
38. Capı́tulo XXXVII
39. Capı́tulo XXXVIII
40. Capı́tulo XXXIX
41. Capı́tulo XL
42. Capı́tulo XLI
43. Capı́tulo XLII
44. Capı́tulo XLIII
45. Capı́tulo XLIV
46. Capı́tulo XLV
47. Capı́tulo XLVI
48. Capı́tulo XLVII
49. Capı́tulo XLVIII
50. Capı́tulo XLIX
51. Capı́tulo L
52. Capı́tulo LI
53. Capı́tulo LII
54. Capı́tulo LIII
55. Capı́tulo LIV
56. Capı́tulo LV
57. Capı́tulo LVI
58. Capı́tulo LVII
59. Capı́tulo LVIII
60. Capı́tulo LIX
61. Capı́tulo LX
62. Capı́tulo LXI
63. Capı́tulo LXII
64. Capı́tulo LXIII
65. Capı́tulo LXIV
66. Capı́tulo LXV
67. Capı́tulo LXVI
68. Capı́tulo LXVII
69. Capı́tulo LXVIII
70. Capı́tulo LXIX
71. Capı́tulo LXX
72. Capı́tulo LXXI
73. Capı́tulo LXXII
74. Capı́tulo LXXIII
75. Capı́tulo LXXIV
76. Capı́tulo LXXV
77. Capı́tulo LXXVI
78. Capı́tulo LXXVII
79. Capı́tulo LXXVIII
80. Capı́tulo LXXIX
4. Apê ndice
1. EM NOME DO TOLO - UMA RESPOSTA AO
ARGUMENTO DE ANSELM NO PROSLOGIUM
2. EM RESPOSTA A RESPOSTA DE GAUNILON EM NOME
DO TOLO
3. Capı́tulo I
4. Capı́tulo II
5. Capı́tulo III
6. Capı́tulo IV
7. Capı́tulo V
8. Capı́tulo VI
9. Capı́tulo VII
10. Capı́tulo VIII
11. Capı́tulo IX
12. Capı́tulo X
5. Cur Deus Homo
1. Prefá cio
2. LIVRO PRIMEIRO: Capı́tulo I
3. Capı́tulo II
4. Capı́tulo III
5. Capı́tulo IV
6. Capı́tulo V
7. Capı́tulo VI
8. Capı́tulo VII
9. Capı́tulo VIII
10. Capı́tulo IX
11. Capı́tulo X
12. Capı́tulo XI
13. Capı́tulo XII
14. Capı́tulo XIII
15. Capı́tulo XIV
16. Capı́tulo XV
17. Capı́tulo XVI
18. Capı́tulo XVII
19. Capı́tulo XVIII
20. Capı́tulo XIX
21. Capı́tulo XX
22. Capı́tulo XXI
23. Capı́tulo XXII
24. Capı́tulo XXIII
25. Capı́tulo XXIV
26. Capı́tulo XXV
27. LIVRO SEGUNDO: Capı́tulo I
28. Capı́tulo II
29. Capı́tulo III
30. Capı́tulo IV
31. Capı́tulo V
32. Capı́tulo VI
33. Capı́tulo VII
34. Capı́tulo VIII
35. Capı́tulo IX
36. Capı́tulo X
37. Capı́tulo XI
38. Capı́tulo XII
39. Capı́tulo XIII
40. Capı́tulo XIV
41. Capı́tulo XV
42. Capı́tulo XVI
43. Capı́tulo XVII
44. Capı́tulo XVIII (a)
45. Capı́tulo XVIII (b)
46. Capı́tulo XIX
47. Capı́tulo XX
48. Capı́tulo XXI
49. Capı́tulo XXII
Proslogium; Monó logo; Um apê ndice em nome do tolo por Gaunilon; e Cur Deus Homo
I

T
O presente volume dos mais importantes escritos ilosó icos e
teoló gicos de Santo Anselmo conté m: (1) O Proslogium (2) o
Monologium , (3) o Cur Deus Homo e (4) a tı́tulo de
complemento histó rico, um Apê ndice ao Monologium intitulado Em
nome do tolo por Gaunilon, um monge de Marmoutiers. O Proslogium
(que, embora posterior ao Monologium , é aqui colocado em primeiro
lugar, pois conté m o famoso argumento ontoló gico), o Monologium e o
Apê ndice foram traduzidos pelo Sr. Sidney Norton Deane, de New
Haven, Connecticut; o Cur Deus Homo foi feito por James Gardiner Vose,
anteriormente de Milton, Connecticut, e mais tarde de Providence, RI, e
publicado em 1854 e 1855 na Bibliotheca Sacra, entã o publicado em
Andover, Massachusetts, por Warren F. Draper. Os agradecimentos do
pú blico leitor sã o devidos a todos esses senhores por seus trabalhos
gratuitos em prol da iloso ia.

O livro recente de Welch, Anselm and His Work, por sua


acessibilidade, torna desnecessá ria qualquer nota biográ ica estendida
de Anselmo. Anexamos, portanto, apenas alguns breves pará grafos da
admirá vel Histó ria da Filoso ia de Weber sobre a posiçã o de Anselmo
no mundo do pensamento, e depois acrescentamos (isto, por sugestã o
do Prof. George M. Duncan, da Universidade de Yale) uma sé rie de
citaçõ es sobre a contribuiçã o mais caracterı́stica de Anselmo à iloso ia
— o argumento ontológico — de Descartes, Spinoza, Locke, Leibnitz,
Kant, Hegel, Dorner, Lotze e o professor Flint. Uma bibliogra ia també m
foi compilada. Assim a obra dará material completo e indicaçõ es para o
estudo original de um dos maiores expoentes da doutrina cristã .
A FILOSOFIA DE ANSELM.

(APOS WEBER.[ 1 ])

“O primeiro pensador realmente especulativo depois de Scotus é


Santo Anselmo, o discı́pulo de Lanfranc. Ele nasceu em Aosta (1033),
entrou no mosteiro de Bec na Normandia (1060), sucedeu Lanfranc
como abade (1078) e como arcebispo de Canterbury (1093). Ele
morreu em 1109. Deixou um grande nú mero de escritos, dos quais os
mais importantes sã o: o Dialogus de grammatico , o Monologium de
divinitatis essentia sive Exemplum de ratione idei , o Proslogium sive
Fides quoerens intellectum , o De veritate , o De ide trinitatis e o Cur
Deus Homo?

“O segundo Agostinho, como foi chamado Santo Anselmo, parte do


mesmo princı́pio que o primeiro; ele sustenta que a fé precede toda
re lexã o e toda discussã o sobre coisas religiosas. Os incré dulos, diz ele,
se esforçam para entender porque nã o acreditam; nó s, ao contrá rio, nos
esforçamos para entender porque acreditamos. Eles e nós temos o
mesmo objetivo em vista; mas enquanto nã o crê em, nã o podem chegar
ao seu objetivo, que é compreender o dogma. O incré dulo nunca
entenderá . Na religiã o, a fé desempenha o papel da experiê ncia na
compreensã o das coisas deste mundo. O cego nã o pode ver a luz e,
portanto, nã o a compreende; o surdo-mudo, que nunca percebeu o som,
nã o pode ter uma ideia clara do som. Da mesma forma, nã o acreditar
signi ica nã o perceber, e nã o perceber signi ica nã o entender. Portanto,
nã o re letimos para crer; ao contrá rio, cremos para chegar ao
conhecimento. Um cristã o nunca deve duvidar das crenças e
ensinamentos da Santa Igreja Cató lica. Tudo o que ele pode fazer é
esforçar-se, o mais humildemente possı́vel, para compreender seus
ensinamentos acreditando neles, amá -los e observá -los resolutamente
em sua vida diá ria. Se ele conseguir entender a doutrina cristã , que ele
dê graças a Deus, a fonte de toda inteligê ncia! No caso de ele falhar, isso
nã o é motivo para ele atacar obstinadamente o dogma, mas uma razã o
para ele inclinar a cabeça em adoraçã o. A fé nã o deve ser apenas o
ponto de partida – o objetivo do cristã o nã o é afastar -se da fé , mas
permanecer nela – mas també m a regra ixa e o objetivo do
pensamento, o começo, o meio e o im de toda iloso ia. .

“As citaçõ es quase literais acima podem dar a impressã o de que


Santo Anselmo pertence exclusivamente à histó ria da teologia. Tal nã o é
o caso, no entanto. Este fervoroso cató lico é mais independente, mais
investigador e iló sofo do que ele pró prio imagina. Ele é um tı́pico
mé dico escolá stico e um belo expoente da aliança entre razã o e fé que
forma o traço caracterı́stico da iloso ia medieval. Ele supõ e, a priori ,
que revelaçã o e razã o estã o em perfeito acordo. Essas duas
manifestaçõ es de uma e mesma Inteligê ncia Suprema nã o podem se
contradizer. Assim, seu ponto de vista é diametralmente oposto ao
credo quia absurdum . Alé m disso, ele també m havia sido assediado
pela dú vida. Com efeito, o ardor extremo que o impele a buscar por
toda parte argumentos favorá veis ao dogma é uma con issã o de sua
parte de que o dogma precisa de apoio, que é discutı́vel, que lhe falta
evidê ncia, crité rio de verdade. Mesmo como monge, era sua principal
preocupaçã o encontrar um argumento simples e conclusivo em apoio à
existê ncia de Deus e de todas as doutrinas da Igreja sobre o Ser
Supremo. A mera a irmaçã o nã o o satisfez; ele exigiu provas. Esse
pensamento estava continuamente diante de sua mente; isso o fazia
esquecer suas refeiçõ es e o perseguia mesmo durante os momentos
solenes de adoraçã o. Ele chega à conclusã o de que é uma tentaçã o de
Sataná s e busca libertaçã o dela. Mas em vã o. Depois de uma noite
passada em meditaçã o, ele inalmente descobre o que vem procurando
há anos: o argumento incontroverso em favor do dogma cristã o, e ele se
considera afortunado por ter encontrado, nã o apenas a prova da
existê ncia de Deus, mas sua paz de alma. Suas demonstraçõ es sã o como
as premissas do racionalismo moderno.

“Tudo o que existe, diz ele, tem sua causa, e essa causa pode ser
uma ou muitas. Se for um, entã o temos o que procuramos: Deus, o ser
unitá rio a quem todos os outros seres devem sua origem. Se for
mú ltiplo, há trê s possibilidades: (1) O mú ltiplo pode depender da
unidade como sua causa; ou (2) Cada coisa que compõ e o manifold
pode ser auto-causada; ou (3) Cada coisa pode dever sua existê ncia a
todas as outras coisas. O primeiro caso é idê ntico à hipó tese de que
tudo procede de uma ú nica causa; pois depender de vá rias causas,
todas as quais dependem de uma ú nica causa, signi ica depender dessa
ú nica causa. No segundo caso, devemos supor que existe um poder,
força ou faculdade de auto-existê ncia comum a todas as causas
particulares assumidas pela hipó tese; um poder no qual todos
participam e estã o incluı́dos. Mas isso nos daria o que tı́nhamos no
primeiro caso, uma causa unitá ria absoluta. A terceira suposiçã o, que
faz com que cada uma das "causas primeiras" dependa de todas as
demais, é absurda; pois nã o podemos sustentar que uma coisa tenha
por causa e condiçã o de existê ncia uma coisa da qual ela mesma seja
causa e condiçã o. Por isso somos compelidos a acreditar em um ser que
é a causa de tudo o que existe, sem ser causado por nada mesmo, e que
por isso mesmo é in initamente mais perfeito do que qualquer outra
coisa: é o mais real ( ens realissimum ), o mais poderoso e melhor ser.
Como nã o depende de nenhum ser ou de qualquer condiçã o de
existê ncia que nã o seja ela mesma, é um se e por si; existe, nã o porque
outra coisa existe, mas existe porque existe; isto é , existe
necessariamente, é necessá rio ser.

“Seria fá cil deduzir o panteı́smo dos argumentos do Monologium .


Anselmo, é verdade, protesta contra tal interpretaçã o de sua teologia.
Com Santo Agostinho ele assume que o mundo é criado ex nihilo . Mas,
embora aceitando esse ensinamento, ele o modi ica. Antes da criaçã o,
diz ele, as coisas nã o existiam por si mesmas , independentemente de
Deus; por isso dizemos que eles foram derivados do nã o-ser. Mas eles
existiam eternamente para Deus e em Deus, como idé ias; eles existiam
antes de sua criaçã o no sentido de que o Criador os previu e os
predestinou para a existê ncia.

“A existê ncia de Deus, a causa unitá ria e absoluta do mundo, sendo


provada, a questã o é determinar sua natureza e atributos. As perfeiçõ es
de Deus sã o como as perfeiçõ es humanas; com esta diferença, poré m,
que sã o essenciais para ele, o que nã o é o nosso caso. O homem recebeu
uma parte de certas perfeiçõ es, mas nã o há correlaçã o necessá ria entre
ele e essas perfeiçõ es; teria sido possı́vel para ele nã o recebê -los; ele
poderia ter existido sem eles. Deus, ao contrá rio, nã o obté m suas
perfeiçõ es de fora: ele nã o as recebeu, e nã o podemos dizer que as
possui ; ele é e deve ser tudo o que essas perfeiçõ es implicam; seus
atributos sã o idê nticos à sua essê ncia. Justiça, um atributo de Deus, e
Deus nã o sã o duas coisas separadas. Nã o podemos dizer de Deus que
ele tenha justiça ou bondade; nã o podemos nem mesmo dizer que ser é
justo; pois ser justo é participar da justiça à maneira das criaturas. Deus
é justiça enquanto tal, bondade enquanto tal, sabedoria enquanto tal,
felicidade enquanto tal, verdade enquanto tal, ser enquanto tal. Alé m
disso, todos os atributos de Deus constituem apenas um ú nico atributo,
em virtude da unidade de sua essê ncia ( unum est quidquid essentialiter
de summa substantia dicitur ).

“Tudo isso é puro platonismo. Mas, nã o contente em espiritualizar


o teı́smo, Anselmo realmente o desacredita quando, como um novo
Carné ades, enumera as di iculdades que encontra na concepçã o. Deus é
um ser simples e ao mesmo tempo eterno, isto é , difundido por in initos
pontos de tempo; ele é onipresente, isto é , distribuı́do por todos os
pontos do espaço. Devemos dizer que Deus é onipresente e eterno? Esta
proposiçã o contradiz a noçã o da simplicidade da essê ncia divina.
Devemos dizer que ele nã o está em nenhum lugar no espaço e em
nenhum lugar no tempo? Mas isso seria equivalente a negar sua
existê ncia. Conciliemos, portanto, esses dois extremos e digamos que
Deus é onipresente e eterno, sem ser limitado pelo espaço ou pelo
tempo. O seguinte é uma di iculdade igualmente sé ria: em Deus nã o há
mudança e, consequentemente, nada acidental. Ora, nã o há substâ ncia
sem acidentes. Portanto, Deus nã o é uma substâ ncia; ele transcende
toda substâ ncia. Anselmo está alarmado com essas consequê ncias
perigosas de sua ló gica e, portanto, prudentemente acrescenta que,
embora o termo 'substâ ncia' possa estar incorreto, é , no entanto, o
melhor que podemos aplicar a Deus - si quid digne dici potest - e que
para evitá -lo ou condená -lo talvez ponha em risco nossa fé na realidade
do Ser Divino.

“A antinomia teoló gica mais formidá vel é a doutrina da trindade


das pessoas na unidade da essê ncia divina. A Palavra é o objeto do
pensamento eterno; é Deus na medida em que é pensado, concebido ou
compreendido por si mesmo. O Espı́rito Santo é o amor de Deus pela
Palavra, e da Palavra por Deus, o amor que Deus carrega consigo
mesmo. Mas essa explicaçã o é satisfató ria? E nã o sacri ica o dogma que
professa explicar à concepçã o de unidade? Santo Anselmo vê na
Trindade e na noçã o de Deus di iculdades e contradiçõ es insuperá veis,
que a mente humana nã o consegue conciliar. Em seu desâ nimo, ele é
obrigado a confessar, com Scotus Erigena, Santo Agostinho e os
neoplatô nicos, que nenhuma palavra humana pode expressar
adequadamente a essê ncia do Altı́ssimo. Mesmo as palavras 'sabedoria'
( sapientia ) e 'ser' ( essentia ) sã o apenas expressõ es imperfeitas do
que ele imagina ser a essê ncia de Deus. Todas as frases teoló gicas sã o
analogias, iguras de linguagem e meras aproximaçõ es.

“O Proslogium sive Fides quoerens intellectum tem o mesmo


objetivo que o Monologium: provar a existê ncia de Deus. Nosso autor
extrai os elementos de seu argumento de Santo Agostinho e do
platonismo. Ele parte da ideia de um ser perfeito, da qual infere a
existê ncia de tal ser. Temos em nó s mesmos, diz ele, a ideia de um ser
absolutamente perfeito. Agora, perfeiçã o implica existê ncia. Portanto,
Deus existe. Este argumento, que foi denominado argumento ontológico
, encontrou um oponente digno de Anselmo em Gaunilo, um monge de
Marmoutiers em Touraine. Gaunilo enfatiza a diferença entre
pensamento e ser, e aponta o fato de que podemos conceber e imaginar
um ser, mas esse ser pode nã o existir. Temos o mesmo direito de
concluir da nossa ideia de uma ilha encantada no meio do oceano que
tal ilha realmente existe. A crı́tica é justa. De fato, o argumento
ontoló gico seria conclusivo, apenas se a ideia de Deus e a existê ncia de
Deus na mente humana fossem idê nticas. Se nossa ideia de Deus é o
pró prio Deus, é evidente que essa ideia é a prova imediata e
incontestá vel da existê ncia de Deus. Mas o que o teó logo pretende
provar nã o é a existê ncia da Ideia-Deus de Platã o e Hegel, mas a
existê ncia do Deus pessoal. Seja como for, mal sabemos o que mais
admirar, — St. A concepçã o ampla e profunda de Anselmo, ou a
sagacidade de seu oponente que, na reclusã o de sua cela, antecipa a
Dialé tica Transcendental de Kant.

“A tendê ncia racionalista que acabamos de notar no Monologium e


no Proslogium nos encontra novamente no Cur Deus Homo? Por que
Deus se tornou homem? A primeira palavra do tı́tulo indica
su icientemente a tendê ncia ilosó ica do tratado. O objetivo é procurar
as causas da encarnaçã o. A encarnaçã o, segundo Santo Anselmo, segue
necessariamente a necessidade de redençã o. O pecado é uma ofensa
contra a majestade de Deus. Apesar de sua bondade, Deus nã o pode
perdoar o pecado sem combinar com honra e justiça. Por outro lado, ele
nã o pode se vingar do homem por sua honra ofendida; pois o pecado é
uma ofensa de grau in inito e, portanto, exige satisfaçã o in inita; o que
signi ica que ele deve destruir a humanidade ou in ligir sobre ela os
castigos eternos do inferno. Agora, em ambos os casos, o objetivo da
criaçã o, a felicidade de suas criaturas, seria perdido e a honra do
Criador comprometida. Há apenas uma maneira de Deus escapar desse
dilema sem afetar sua honra, e isso é providenciar algum tipo de
satisfação . Ele deve ter satisfaçã o in inita, porque a ofensa é
imensurá vel. Agora, na medida em que o homem é um ser inito e
incapaz de satisfazer a justiça divina em uma medida in inita, o pró prio
ser in inito deve tomar o assunto; deve recorrer à substituição. Daı́ a
necessidade da encarnação. Deus se torna homem em Cristo; Cristo
sofre e morre em nosso lugar; assim ele adquire um mé rito in inito e o
direito a uma recompensa equivalente. Mas como o mundo pertence ao
Criador, e nada pode ser acrescentado aos seus tesouros, a recompensa
que por direito pertence a Cristo cabe à sorte do gê nero humano no
qual ele está incorporado: a humanidade é perdoada, perdoada e salva.

“A crı́tica teoló gica repudiou a teoria de Anselmo, que traz a marca


do espı́rito da cavalaria e dos costumes feudais. Mas, apesar dos
ataques de um racionalismo super icial, há nele um elemento
permanente de verdade: acima de cada vontade pessoal e variá vel há
uma vontade absoluta, imutá vel e incorruptı́vel, chamada justiça, honra
e dever, conforme os costumes da é poca”.

CRITICAS DA ONTOLOGICA DE ANSELM

ARGUMENTO PARA O SER DE DEUS.

DESCARTES [ 2 ]
“Mas agora, se do simples fato de que posso extrair de meu
pensamento a ideia de qualquer coisa se segue que tudo o que
reconheço clara e distintamente pertencer a essa coisa pertence a ela
na realidade, nã o posso tirar disso um argumento e uma demonstraçã o
da existê ncia de Deus? E certo que nã o encontro em mim menos a idé ia
dele, isto é , de um ser supremamente perfeito, do que a de qualquer
igura ou de qualquer nú mero; e nã o sei menos clara e distintamente
que uma existê ncia real e eterna pertence à sua natureza do que sei que
tudo o que posso demonstrar de qualquer igura ou de qualquer
nú mero pertence verdadeiramente à natureza dessa igura ou desse
nú mero: e, portanto, embora tudo o que concluı́ nas meditaçõ es
anteriores possa nã o se revelar verdadeiro, a existê ncia de Deus deve
passar em minha mente como sendo pelo menos tã o certa quanto
considerei até agora as verdades da matemá tica, o que tê m a ver apenas
com nú meros e iguras: embora, de fato, isso possa nã o parecer à
primeira vista perfeitamente evidente, mas pode parecer ter alguma
aparê ncia de so isma. Por estar acostumado em todas as outras coisas a
distinguir entre existê ncia e essê ncia, facilmente me convenço de que a
existê ncia pode ser separada da essê ncia de Deus, e assim Deus pode
ser concebido como nã o existente em ato. Mas, no entanto, quando
penso com mais atençã o, descubro que a existê ncia nã o pode ser
separada da essê ncia de Deus, assim como da essê ncia de um triâ ngulo
retilı́neo nã o pode ser separada a igualdade de seus trê s â ngulos a dois
â ngulos retos, ou, de fato, se por favor, da ideia de uma montanha a
ideia de um vale; para que nã o houvesse menos contradiçã o em
conceber um Deus, isto é , um ser supremamente perfeito, a quem
faltava a existê ncia, isto é , a quem faltava qualquer perfeiçã o, do que
conceber uma montanha que nenhum vale.

“Mas, embora, na realidade, eu nã o possa conceber um Deus sem


existê ncia, nã o mais do que uma montanha sem vale, no entanto, pelo
simples fato de eu conceber uma montanha com um vale, nã o se segue
que exista alguma montanha no mundo, assim també m, embora eu
conceba Deus como existente, nã o se segue, parece, que Deus exista,
pois meu pensamento nã o impõ e nenhuma necessidade à s coisas; e
como nã o há nada que me impeça de imaginar um cavalo alado, embora
nã o haja nenhum que tenha asas, entã o eu poderia, talvez, atribuir a
existê ncia a Deus, embora nã o houvesse nenhum Deus que existisse.
Longe de ser assim, é justamente aqui sob a aparê ncia dessa objeçã o
que se esconde um so isma; pois do fato de eu nã o poder conceber uma
montanha sem vale, nã o se segue que exista no mundo qualquer
montanha ou qualquer vale, mas apenas que a montanha e o vale,
existam ou nã o, sã o insepará veis um do outro. ; ao passo que apenas
pelo fato de que nã o posso conceber Deus senã o como existente, segue-
se que a existê ncia é insepará vel dele e, conseqü entemente, que ele
existe na realidade; nã o que meu pensamento possa fazê -lo assim, ou
que possa impor alguma necessidade à s coisas; mas, ao contrá rio, a
necessidade que está na pró pria coisa, isto é , a necessidade da
existê ncia de Deus, me determina a ter esse pensamento.

“Pois nã o é da minha vontade conceber um Deus sem existê ncia,


isto é , um ser supremamente perfeito sem uma perfeiçã o suprema,
como é da minha vontade conceber um cavalo com asas ou sem asas.
“E també m nã o se deve dizer aqui que é necessariamente verdade
que eu deva a irmar que Deus existe, depois de ter suposto que ele
possui todos os tipos de perfeiçã o, já que a existê ncia é uma delas, mas
que minha primeira suposiçã o nã o é necessá ria, nã o mais do que é
necessá rio a irmar que todas as iguras de quatro lados podem ser
inscritas no cı́rculo, mas que, supondo que eu tivesse esse pensamento,
seria obrigado a admitir que o losango pode ser inscrito ali, pois é uma
igura de quatro lados, e assim eu deveria ser constrangido a admitir
algo falso. Nã o se deve, eu digo, alegar isso; pois embora possa nã o ser
necessá rio que eu deva pensar em Deus, no entanto, quando acontece
que eu penso em um ser primeiro e supremo, e extraio, por assim dizer,
a ideia dele do armazé m da mente , é necessá rio que eu atribua a ele
todo tipo de perfeiçã o, embora eu nã o possa enumerar todas elas e dar
atençã o a cada uma em particular. E esta necessidade é su iciente para
fazer acontecer (assim que reconheço que devo concluir que a
existê ncia é uma perfeiçã o) que esse ser primeiro e supremo existe:
enquanto, assim como nã o é necessá rio que eu imagine um triâ ngulo,
mas sempre que escolho considerar uma igura retilı́nea, composta
unicamente de trê s â ngulos, é absolutamente necessá rio que atribua a
ela todas as coisas que servem para concluir que trê s â ngulos nã o sã o
maiores que dois retos, embora, talvez, eu tenha nã o considerar isso em
particular.”

SPINOZA [ 3 ]

SUPORTE. XI. Deus, ou substância, consistindo de in initos atributos,


dos quais cada um expressa essencialidade eterna e in inita,
necessariamente existe.
“ Prova .—Se isso for negado, conceba, se possı́vel, que Deus nã o
existe: entã o sua essê ncia nã o envolve existê ncia. Mas isso (pela prop.
vii.) é absurdo. Portanto, Deus necessariamente existe.

“ Outra Prova .—De tudo, seja qual for, uma causa ou razã o deve
ser atribuı́da, seja por sua existê ncia, ou por sua nã o-existê ncia – por
exemplo, se existe um triâ ngulo, uma razã o ou causa deve ser
concedida para sua existê ncia; se, pelo contrá rio, nã o existir, deve
també m ser concedida uma causa que o impeça de existir, ou anule a
sua existê ncia. Essa razã o ou causa deve estar contida na natureza da
coisa em questã o ou ser externa a ela. Por exemplo, a razã o da
inexistê ncia de um cı́rculo quadrado é indicada em sua natureza, a
saber, porque envolveria uma contradiçã o. Por outro lado, a existê ncia
da substâ ncia decorre també m unicamente de sua natureza, na medida
em que sua natureza envolve a existê ncia. (Ver Prop. vii.)

“Mas a razã o da existê ncia de um triâ ngulo ou de um cı́rculo nã o


decorre da natureza dessas iguras, mas da ordem da natureza
universal em extensã o. Deste ú ltimo deve seguir-se, ou que um
triâ ngulo existe necessariamente, ou que é impossı́vel que ele exista.
Tanta coisa é auto-evidente. Segue-se daı́ que uma coisa existe
necessariamente, se nenhuma causa ou razã o for concedida que impeça
sua existê ncia.

“Se, entã o, nenhuma causa ou razã o pode ser dada, que impeça a
existê ncia de Deus, ou que destrua sua existê ncia, devemos certamente
concluir que ele necessariamente existe. Se tal razã o ou causa deve ser
dada, deve ser extraı́da da pró pria natureza de Deus ou ser externa a
ele – isto é , extraı́da de outra substâ ncia de outra natureza. Pois se fosse
da mesma natureza, Deus, por esse mesmo fato, seria admitido a existir.
Mas a substâ ncia de outra natureza nã o poderia ter nada em comum
com Deus (pela prop. ii.) e, portanto, seria incapaz de causar ou
destruir sua existê ncia.

“Como, entã o, uma razã o ou causa que anularia a existê ncia divina
nã o pode ser extraı́da de nada externo à natureza divina, tal causa deve
forçosamente, se Deus nã o existir, ser extraı́da da pró pria natureza de
Deus, o que envolveria uma contradiçã o. Fazer tal a irmaçã o sobre um
ser absolutamente in inito e supremamente perfeito é absurdo;
portanto, nem na natureza de Deus, nem externamente à sua natureza,
pode ser atribuı́da uma causa ou razã o que anule sua existê ncia.
Portanto, Deus necessariamente existe. QED

“ Outra prova ... A potencialidade da inexistê ncia é uma negaçã o do


poder e, ao contrá rio, a potencialidade da existê ncia é uma potê ncia,
como é ó bvio. Se, entã o, o que existe necessariamente nã o passa de
seres initos, tais seres initos sã o mais poderosos do que um ser
absolutamente in inito, o que é obviamente absurdo; portanto, ou nada
existe, ou entã o um ser absolutamente in inito també m existe
necessariamente. Ora, existimos ou em nó s mesmos, ou em outra coisa
que necessariamente existe (ver Axioma i. e Prop. vii.). Portanto, um ser
absolutamente in inito – em outras palavras, Deus (Def. vi.) –
necessariamente existe. QED

“ Nota. —Nesta ú ltima prova, mostrei propositadamente a


existê ncia de Deus a posteriori , para que a prova pudesse ser mais
facilmente seguida, nã o porque, das mesmas premissas, a existê ncia de
Deus nã o segue a priori . Pois, como a potencialidade da existê ncia é um
poder, segue-se que, à medida que a realidade aumenta na natureza de
uma coisa, també m aumentará sua força para a existê ncia. Portanto, um
ser absolutamente in inito, como Deus, tem por si mesmo um poder de
existê ncia absolutamente in inito e, portanto, ele existe absolutamente.
Talvez haja muitos que nã o poderã o ver a força dessa prova, visto que
estã o acostumados a considerar apenas as coisas que decorrem de
causas externas. De tais coisas, eles vê em que aquelas que rapidamente
acontecem – isto é , rapidamente passam a existir – rapidamente
també m desaparecem; enquanto eles consideram mais difı́ceis de
realizar - isto é , nã o tã o facilmente trazidos à existê ncia - aquelas coisas
que eles concebem como mais complicadas.

“No entanto, para acabar com esse equı́voco, nã o preciso mostrar
aqui a medida da verdade no prové rbio 'o que vem rapidamente, passa
rapidamente', nem discutir se, do ponto de vista da natureza universal,
todas as coisas sã o igualmente fá ceis. , ou de outra forma: preciso
apenas observar que nã o estou falando aqui de coisas que passam por
causas externas a elas mesmas, mas apenas de substâ ncias que (pela
prop. vi.) nã o podem ser produzidas por nenhuma causa externa. As
coisas que sã o produzidas por causas externas, sejam elas constituı́das
de muitas ou poucas partes, devem qualquer perfeiçã o ou realidade que
possuam unicamente à e icá cia de sua causa externa e, portanto, sua
existê ncia surge apenas da perfeiçã o de sua causa externa, nã o de sua
ter. Ao contrá rio, qualquer perfeiçã o possuı́da pela substâ ncia nã o se
deve a nenhuma causa externa; portanto, a existê ncia da substâ ncia
deve surgir unicamente de sua pró pria natureza, que nada mais é do
que sua essê ncia. Assim, a perfeiçã o de uma coisa nã o anula sua
existê ncia, mas, ao contrá rio, a a irma. A imperfeiçã o, por outro lado,
anula-a; portanto, nã o podemos estar mais certos da existê ncia de
qualquer coisa do que da existê ncia de um ser absolutamente in inito
ou perfeito, isto é , de Deus. Pois como sua essê ncia exclui toda
imperfeiçã o e envolve a perfeiçã o absoluta, toda causa de dú vida sobre
sua existê ncia é eliminada, e a má xima certeza sobre a questã o é dada.
Isso, eu acho, será evidente para todo leitor moderadamente atento.”

BLOQUEIO [ 4 ]

“ Nossa ideia de um ser mais perfeito, não a única prova de um Deus.


— Até que ponto a idé ia de um ser mais perfeito que um homem pode
formar em sua mente prova ou nã o a existê ncia de um Deus, nã o
examinarei aqui. Pois, nos diferentes temperamentos dos homens e na
aplicaçã o de seus pensamentos, alguns argumentos prevalecem mais
em um, e outros em outro, para a con irmaçã o da mesma verdade. Mas,
ainda assim, acho que posso dizer que é uma maneira ruim de
estabelecer essa verdade e silenciar os ateus, colocar toda a ê nfase de
um ponto tã o importante como esse sobre esse ú nico fundamento: e
tome alguns homens tendo essa idé ia de Deus em suas mentes (pois é
evidente que alguns homens nã o tê m nenhuma, e alguns pior que nada,
e os mais diferentes) como ú nica prova de uma Divindade; e por um
apreço excessivo por essa querida invençã o, caixa, ou pelo menos tentar
invalidar, todos os outros argumentos, e nos proibir de dar ouvidos a
essas provas, como sendo fracas ou falaciosas, que nossa pró pria
existê ncia e as partes sensı́veis do universo oferecem tã o clara e
convincentemente aos nossos pensamentos, que considero impossı́vel
para um homem ponderado resistir a eles.”

LEIBNITZ [ 5 ]

“Embora eu seja a favor das ideias inatas, e em particular da de


Deus, nã o acho que as demonstraçõ es dos cartesianos extraı́das da
ideia de Deus sejam perfeitas. Mostrei plenamente em outro lugar (nos
Actes de Leipsic e nas Memoires de Trevoux) que o que Descartes
emprestou de Anselmo, Arcebispo de Cantuá ria, é muito bonito e
realmente muito engenhoso, mas que ainda há uma lacuna a ser
preenchida. . Este cé lebre arcebispo, que foi sem dú vida um dos
homens mais capazes de seu tempo, congratula-se, nã o sem razã o, por
ter descoberto um meio de provar a existê ncia de Deus a priori, por
meio de sua pró pria noçã o, sem recorrer à sua efeitos. E esta é quase a
força de seu argumento: Deus é o maior ou (como diz Descartes) o mais
perfeito dos seres, ou melhor, um ser de suprema grandeza e perfeiçã o,
incluindo todos os seus graus. Essa é a noçã o de Deus. Veja agora como
a existê ncia decorre dessa noçã o. Existir é algo mais do que nã o existir,
ou melhor, a existê ncia acrescenta um grau de grandeza e perfeiçã o, e
como Descartes a irma, a existê ncia é ela mesma uma perfeiçã o.
Portanto, esse grau de grandeza e perfeiçã o, ou melhor, essa perfeiçã o
que consiste na existê ncia, está nesse ser supremo todo-grande, todo-
perfeito: pois, de outra forma, faltaria algum grau, contrá rio à sua
de iniçã o. Conseqü entemente, este ser supremo existe. Os escolá sticos,
sem exceçã o até mesmo de seu doutor Angelicus, entenderam mal esse
argumento e o tomaram como um paralogismo; nesse aspecto eles
estavam completamente errados, e Descartes, que estudou por muito
tempo a iloso ia escolá stica no Colé gio Jesuı́ta de La Fleche, teve
grandes razõ es para restabelecê -la. Nã o é um paralogismo, mas é uma
demonstraçã o imperfeita, que supõ e algo que ainda deve ser provado
para torná -lo matematicamente evidente; isto é , supõ e-se tacitamente
que essa ideia do ser todo-grande ou todo-perfeito é possı́vel e nã o
implica contradiçã o. E já é algo que por esta observaçã o ica provado
que, supondo que Deus é Possível, ele existe, o que é privilé gio somente
da divindade. Temos o direito de presumir a possibilidade de todo ser, e
especialmente o de Deus, até que algué m prove o contrá rio. De modo
que este argumento metafı́sico já dá uma conclusã o moralmente
demonstrativa, que declara que, de acordo com o estado atual de nosso
conhecimento, devemos julgar que Deus existe e agir em conformidade
com isso. Mas é desejá vel, no entanto, que homens inteligentes realizem
a demonstraçã o com o rigor de uma prova matemá tica, e acho que já
disse algo em outro lugar que pode servir a esse im.

KANT [ 6 ]

“ Ser evidentemente nã o é um predicado real, ou um conceito de


algo que pode ser adicionado ao conceito de uma coisa. E apenas a
admissã o de uma coisa e de certas determinaçõ es nela. Logicamente, é
apenas a có pula de um julgamento. A proposiçã o Deus é todo-poderoso
conté m dois conceitos, cada um tendo seu objeto, a saber, Deus e
onipotê ncia. A palavra pequena é , nã o é um predicado adicional, mas
serve apenas para colocar o predicado em relação ao sujeito. Se, entã o,
tomo o sujeito (Deus) com todos os seus predicados (incluindo o de
onipotê ncia) e digo: Deus é , ou existe um Deus, nã o coloco um novo
predicado ao conceito de Deus, mas apenas colocar o sujeito por si
mesmo, com todos os seus predicados, em relaçã o ao meu conceito,
como seu objeto. Ambos devem conter exatamente o mesmo tipo de
coisa, e nada pode ter sido acrescentado ao conceito, que expressa
apenas possibilidade, por eu pensar seu objeto como simplesmente,
dado e dito, ele é . E assim o real nã o conté m mais do que o possı́vel.
Cem dó lares reais nã o contê m um centavo mais do que cem dó lares
possı́veis. Pois como este signi ica o conceito, o primeiro o objeto e sua
posiçã o por si mesmo, é claro que, se o primeiro contivesse mais do que
o segundo, meu conceito nã o expressaria o objeto inteiro e, portanto,
nã o seria seu conceito adequado. . Na minha situaçã o inanceira, sem
dú vida, existe mais por cem dó lares reais, do que apenas pelo conceito
deles (essa é a possibilidade deles), porque na realidade o objeto nã o
está apenas contido analiticamente no meu conceito, mas é
acrescentado ao meu conceito (que é uma determinaçã o do meu
estado), sinteticamente: mas os cem dó lares concebidos nã o aumentam
minimamente pela existê ncia que está fora do meu conceito.

“Por qualquer coisa e por quantos predicados eu possa pensar


uma coisa (mesmo determinando-a completamente), nada é realmente
acrescentado a ela, se eu acrescentar que a coisa existe. Caso contrá rio,
nã o seria o mesmo que existe, mas algo mais do que estava contido no
conceito, e eu nã o poderia dizer que existia o objeto exato do meu
conceito. Nã o, ainda que eu pensasse em uma coisa toda a realidade,
exceto uma, essa realidade ausente nã o seria suprida por eu dizer que
existe uma coisa tã o defeituosa, mas existiria com o mesmo defeito com
que eu a pensei; ou o que existe seria diferente do que eu pensava. Se,
entã o, tento conceber um ser, como a realidade mais elevada (sem
qualquer defeito), a questã o ainda permanece, se existe ou nã o. Pois,
embora em meu conceito nã o falte nada do possı́vel conteú do real de
uma coisa em geral, algo está faltando em sua relaçã o com todo o meu
estado de pensamento, a saber, que o conhecimento desse objeto seja
possı́vel també m a posteriori . E aqui percebemos a causa de nossa
di iculdade. Se estivé ssemos preocupados com um objeto de nossos
sentidos, eu nã o poderia confundir a existê ncia de uma coisa com o
mero conceito dela; pois pelo conceito o objeto é pensado apenas como
em harmonia com as condiçõ es gerais de um conhecimento empı́rico
possı́vel, enquanto por sua existê ncia ele é pensado como contido em
todo o conteú do da experiê ncia. Atravé s dessa conexã o com o conteú do
de toda a experiê ncia, o conceito de um objeto nã o é minimamente
aumentado; nosso pensamento só recebeu por meio dele mais uma
percepçã o possı́vel. Se, no entanto, estamos pensando a existê ncia
apenas atravé s da categoria pura, nã o devemos admirar que nã o
possamos encontrar nenhuma caracterı́stica que a distinga da mera
possibilidade.

“O que quer que nosso conceito de objeto possa conter, devemos


sempre sair dele, para lhe atribuir existê ncia. Com os objetos dos
sentidos, isso ocorre por meio de sua conexã o com qualquer uma de
minhas percepçõ es, de acordo com leis empı́ricas; com objetos de
pensamento puro, no entanto, nã o há meios de conhecer sua existê ncia,
porque ela teria que ser conhecida inteiramente a priori , enquanto
nossa consciê ncia de toda espé cie de existê ncia, seja imediatamente
por percepçã o, seja por conclusõ es que ligam algo à percepçã o ,
pertence inteiramente à unidade da experiê ncia, e qualquer existê ncia
fora desse campo, embora nã o possa ser declarada absolutamente
impossı́vel, é um pressuposto que nã o pode ser justi icado por nada.

“O conceito de um Ser Supremo é , em muitos aspectos, uma ideia


muito ú til, mas, sendo apenas uma ideia, é completamente incapaz de
aumentar, por si só , nosso conhecimento sobre o que existe. Ele nã o
pode nem mesmo nos informar mais sobre sua possibilidade. A
caracterı́stica analı́tica da possibilidade, que consiste na ausê ncia de
contradiçã o em meras posiçõ es (realidades), nã o lhe pode ser negada;
mas a conexã o de todas as propriedades reais em uma e a mesma coisa
é uma sı́ntese cuja possibilidade nã o podemos julgar a priori , porque
essas realidades nã o nos sã o dadas como tais e porque, mesmo que
assim fosse, nenhum julgamento ocorre. , sendo necessá rio buscar a
caracterı́stica da possibilidade do conhecimento sinté tico apenas na
experiê ncia, à qual o objeto de uma ideia nunca pode pertencer. Vemos
assim que o cé lebre Leibnitz está longe de ter conseguido o que
pensá vamos ter, ou seja, compreender a priori a possibilidade de um
Ser ideal tã o sublime.

“Tempo e trabalho, portanto, se perdem na famosa prova


ontoló gica (cartesiana) da existê ncia de um Ser Supremo a partir de
meros conceitos; e um homem poderia muito bem imaginar que
poderia se tornar mais rico em conhecimento por meras idé ias, como
um comerciante de capital, se, para melhorar sua posiçã o, ele
adicionasse alguns zeros à sua conta de caixa.

HEGEL [ 7 ]
“Esta prova foi incluı́da entre as vá rias provas até o tempo de Kant,
e – por alguns que ainda nã o chegaram ao ponto de vista kantiano –
está incluı́da até os dias atuais. E diferente do que encontramos e lemos
entre os antigos. Pois foi dito que Deus é pensamento absoluto como
objetivo; pois porque as coisas no mundo sã o contingentes, elas nã o sã o
a verdade em si e para si - mas isso se encontra no in inito. Os
escolá sticos també m conheciam bem da iloso ia aristoté lica a
proposiçã o metafı́sica de que a potencialidade nã o é nada por si
mesma, mas é claramente uma com a atualidade. Mais tarde, por outro
lado, a oposiçã o entre o pró prio pensamento e o Ser começou a
aparecer com Anselmo. E digno de nota que só agora, pela primeira vez,
na Idade Mé dia e no cristianismo, a noçã o e o ser universais, como é
para a concepçã o ordiná ria, se estabeleceram nessa pura abstraçã o
como esses extremos in initos; e assim a lei suprema veio à consciê ncia.
Mas alcançamos nossas profundezas mais profundas ao trazer a mais
alta oposiçã o à consciê ncia. Apenas nenhum avanço foi feito alé m da
divisã o como tal, embora Anselmo també m tentasse encontrar a
conexã o entre os lados. Mas enquanto até agora Deus aparecia como o
existente absoluto, e o universal era atribuı́do a Ele como predicado,
uma ordem oposta começa com Anselmo – o Ser torna-se predicado, e a
Ideia absoluta é primeiramente estabelecida como sujeito, mas sujeito
do pensamento. Assim, se a existê ncia de Deus é uma vez abandonada
como primeira hipó tese e estabelecida como resultado do pensamento,
a autoconsciê ncia está a caminho de voltar para dentro de si mesma.
Entã o temos a pergunta chegando, Deus existe? enquanto do outro lado
a questã o de maior importâ ncia era: O que é Deus?
“A prova ontoló gica, que é a primeira prova propriamente
metafı́sica da existê ncia de Deus, passou, portanto, a signi icar que
Deus, como Ideia de existê ncia que une em si toda a realidade, tem
també m em si a realidade da existê ncia; esta prova segue assim da
noçã o de Deus, que Ele é a essê ncia universal de toda essê ncia. A deriva
desse raciocı́nio é , segundo Anselmo ( Proslogium, C. 2), a seguinte:
'Uma coisa é dizer que uma coisa está no entendimento, e outra é
perceber que ela existe. Mesmo uma pessoa ignorante ( insipiens )
estará assim bastante convencida de que no pensamento há algo alé m
do qual nada maior pode ser pensado; pois quando ele ouve isso, ele
entende, e tudo o que é entendido está no entendimento. Mas aquilo
alé m do qual nada maior pode ser pensado certamente nã o pode estar
apenas no entendimento. Pois se for aceito apenas como pensamento,
podemos ir mais longe para aceitá -lo como existente; que, no entanto, é
algo maior do que o que é meramente pensado. 'Assim, se alé m do qual
nada maior pode ser pensado meramente no entendimento, aquilo
alé m do qual nada maior pode ser pensado seria algo alé m do qual algo
maior pode ser pensado. Mas isso é realmente impossı́vel; existe,
portanto, sem dú vida, tanto no entendimento quanto na realidade, algo
alé m do qual nada maior pode ser pensado.' A concepçã o mais elevada
nã o pode estar apenas no entendimento; é essencial que ela exista.
Assim ica claro que o Ser está subsumido de maneira super icial no
universal da realidade, que nessa medida o Ser nã o entra em oposiçã o
com o Conceito. Isso está certo; apenas a transiçã o nã o é demonstrada –
que o entendimento subjetivo se anula. Esta, no entanto, é apenas a
questã o que dá todo o interesse ao assunto. Quando a realidade ou a
completude se expressa de tal maneira que ainda nã o é posta como
existente, é algo pensado, e antes oposto ao ser do que subsumido a ele.

“Esse modo de argumentar valeu até a é poca de Kant; e vemos


nele o esforço de apreender a doutrina da Igreja atravé s da razã o. Essa
oposiçã o entre ser e pensamento é o ponto de partida da iloso ia, o
absoluto que conté m em si os dois opostos – uma concepçã o, segundo
Spinoza, que envolve igualmente sua existê ncia. De Anselmo, poré m,
deve-se notar que o modo ló gico formal do entendimento, o processo
de raciocı́nio escolá stico se encontra nele; o conteú do de fato está certo,
mas a forma é defeituosa. Pois em primeiro lugar a expressã o 'o
pensamento de um Altı́ssimo' é assumida como prius . Em segundo
lugar, existem dois tipos de objetos de pensamento — um que é e outro
que nã o é ; o objeto que é apenas pensado e nã o existe, é tã o imperfeito
quanto o que só é sem ser pensado. O terceiro ponto é que o que é mais
elevado també m deve existir. Mas o que é mais elevado, o padrã o ao
qual tudo o mais deve se conformar, nã o deve ser mera hipó tese, como
a encontramos representada na concepçã o de um á pice má ximo de
perfeiçã o, como um conteú do que é pensado e també m é. Este mesmo
conteú do, a unidade do ser e do pensamento, é , portanto, o verdadeiro
conteú do, mas porque Anselmo o tem diante de si apenas na forma do
entendimento, os opostos sã o idê nticos e conformes à unidade apenas
em uma terceira determinaçã o - a Mais Alta - que, enquanto regulador,
está fora deles. Nisto está envolvido que devemos primeiro ter o
pensamento subjetivo, e depois distinguir disso, o Ser. Admitimos que
se pensarmos um conteú do (e aparentemente é indiferente se este é
Deus ou qualquer outro), pode ser que esse conteú do nã o exista. A
asserçã o 'Algo que é pensado nã o existe' está agora subsumida no
padrã o acima e nã o se conforma a ele. Admitimos que a verdade é
aquilo que nã o é meramente pensamento, mas que també m é . Mas
desta oposiçã o nada aqui é dito. Sem dú vida, Deus seria imperfeito, se
fosse apenas pensamento e nã o tivesse també m a determinaçã o do Ser.
Mas em relaçã o a Deus nã o devemos considerar o pensamento
meramente subjetivo; pensamento aqui signi ica o pensamento
absoluto, puro, e assim devemos atribuir-lhe a qualidade de ser. Por
outro lado, se Deus fosse apenas Ser, se nã o tivesse consciê ncia de si
mesmo como autoconsciê ncia, nã o seria Espı́rito, um pensamento que
pensa a si mesmo.

“Kant, por outro lado, atacou e rejeitou a prova de Anselmo –


rejeiçã o que o mundo inteiro depois seguiu – por ser uma suposiçã o de
que a unidade do Ser e do pensamento é a mais alta perfeiçã o. O que
Kant assim demonstra nos dias de hoje – que o Ser é diferente do
pensamento e que o Ser nã o é de modo algum posto com o pensamento
– foi uma crı́tica feita mesmo naquela é poca por um monge chamado
Gaunilo. Ele combateu esta prova de Anselmo em um Liber pro
insipiente ao qual o pró prio Anselmo dirigiu uma resposta em seu Liber
apologeticus adversus insipientem. Assim diz Kant (Kritik der reinen
Vernunft, P. 464 da sexta ediçã o): Se pensarmos cem dó lares, essa
concepçã o nã o envolve existê ncia. Isso é certamente verdade: o que é
apenas uma concepçã o nã o existe, mas també m nã o é um conteú do
verdadeiro, pois o que nã o existe é apenas uma concepçã o falsa. De tal,
poré m, nã o falamos aqui, mas de pensamento puro; nã o é novidade
dizer que sã o diferentes — Anselmo sabia disso tã o bem quanto nó s.
Deus é o in inito, assim como corpo e alma, Ser e pensamento estã o
eternamente unidos; esta é a de iniçã o especulativa e verdadeira de
Deus. A prova que Kant critica de maneira que é moda seguir hoje, falta,
portanto, apenas a percepçã o da unidade do pensamento e da
existê ncia no in inito; e somente isso deve formar o começo.”

JA DORNER [ 8 ]

“Segundo o Monologium , chegamos à representaçã o mental de


Deus pela açã o da fé e da consciê ncia, portanto, por um mé todo
religioso e moral combinado; pelo mesmo meio chegamos à
representaçã o da relatividade do mundo. Mas como parecia a Anselmo
algo inadequado em fazer o Ser do Absoluto depender da existê ncia do
Relativo, como se este fosse mais certo do que aquele, ele interpolou no
Proslogium ( Alloquium Dei ) o mé todo ontoló gico. O pensamento de
Deus, que é sempre dado, e cuja existê ncia deve ser provada, a irma, de
qualquer forma, ser o pensamento mais elevado possı́vel; de fato, em
estreita comparaçã o com todos os outros pensamentos que vê m e vã o,
com pensamentos de coisas que podem tã o bem nã o existir como
existem, tem a peculiaridade essencial, a prerrogativa, por assim dizer –
e esta é a descoberta de Anselmo – que, se é realmente pensado como o
mais alto pensamento concebı́vel, també m é pensado como existente.
Se nã o fosse pensado como sendo, nem por um momento seria
realmente pensado. Anselmo entã o prossegue com sua prova da
seguinte forma: “Acreditamos que Tu é s algo, alé m do qual nada maior
pode ser pensado. O tolo ( Ps. xiv. ) nega a existê ncia de tal Ser. Ele é ,
portanto, inexistente? Mas o pró prio tolo ouve e entende o que digo,
“algo maior do que nã o há nada”, e o que ele entende está em seu
entendimento. Que també m existe sem ele teria, portanto, de ser
provado. Mas aquilo, alé m do qual nada maior pode ser pensado, nã o
pode existir no mero intelecto. Pois se existisse apenas no intelecto, o
pensamento poderia ser enquadrado de que foi realizado, e isso seria
um pensamento maior. Conseqü entemente, se um maior do que nã o
pode ser pensado, existindo no mero intelecto, o pensamento quo majus
cogitari non potest seria ao mesmo tempo quo majus cogitari potest , o
que é impossı́vel. Conseqü entemente, existe, tanto na realidade quanto
no entendimento, algo maior do que o que nã o pode ser pensado. E isso
é tã o verdadeiro que sua inexistê ncia nã o pode ser pensada. Pode-se
pensar algo que só deve ser pensado como existente, e isso é maior do
que aquilo cuja inexistê ncia pode ser pensada, e que Tu é s, ó Senhor,
meu Deus, devo pensar embora nã o tenha acreditado. ' O nervo do
argumento anselmico reside, portanto, na noçã o de que uma ideia que
tem uma existê ncia objetiva é maior do que aquela à qual pertence a
mera existê ncia subjetiva; que, conseqü entemente, como sob a idé ia de
Deus o pensamento mais elevado possı́vel é de qualquer modo
expresso, a idé ia de Deus nã o é pensada a menos que seja pensada
como existente. Pois, diz ele em outro lugar, pode-se pensar em tudo
que nã o existe, com exceçã o daquele quod summe est ao qual o ser
pertence preeminentemente. Ou seja, pode-se pensar a inexistê ncia de
tudo o que tem começo ou im, ou que é constituı́do de partes e em
nenhum lugar é todo. Mas isso, e somente ele, nã o pode ser pensado
como inexistente que nã o tem começo nem im, e nã o é constituı́do de
partes, mas é pensado como um todo existente em toda parte. Gaunilo,
Conde de Montigny, dá uma dupla resposta em defesa do ateu. Ele diz
que essa essê ncia mais elevada nã o existe no entendimento; só existe
nele pelo ouvido, nã o pelo ser; só existe quando um homem que ouviu
um som se esforça para abraçar uma coisa totalmente desconhecida
para ele em uma imagem. E aı́, diz ele, conclui-se que a representaçã o
mental de Deus na humanidade já é puramente contingente, e é
produzida de fora pelo som das palavras; sua presença necessá ria no
espı́rito nã o é provada. Assim, acrescenta, falta muito à capacidade de
inferir sua existê ncia a partir do encontro de tal imagem no espı́rito. Na
esfera da mera imaginaçã o, nenhuma coisa tem uma existê ncia menor
ou maior do que qualquer outra; cada um igualmente nã o tem
existê ncia alguma. Portanto, escreve ele, dado que a presença da ideia
de Deus no espı́rito nã o é contingente, ainda assim o pensamento ou o
conceito de Deus nã o discute essencialmente o ser de Deus. Da mesma
forma, Kant diz mais tarde: "Nã o somos mais ricos se pensarmos em
nossa capacidade como uma cifra a mais." Isso Anselmo també m sabia,
sem dú vida, mas ele opinou que o conceito de Deus é diferente de
qualquer outro pensamento, que permanece inalterado, seja pensado
como existente ou inexistente; o conceito de Deus é aquele pensamento,
que nã o é mais pensado a menos que seja pensado como existente, e
que, portanto, envolve essencialmente o ser. Mas, é claro, é
insu icientemente estabelecido por Anselmo que um conceito de Deus
que nã o inclui necessariamente a existê ncia, nã o é o pensamento mais
elevado e, portanto, nã o é o conceito de Deus, e que, consequentemente,
o pensamento realmente mais elevado també m deve ser pensado como
existente. A isso se junta a seguinte objeçã o. Na medida em que
Anselmo tratou a existê ncia como um majus em comparaçã o com a nã o-
existê ncia, ele tratou a existê ncia como um atributo, ao passo que é o
portador de todos os atributos. Assim, Anselmo nã o prova que a origem
dessa idé ia, que, quando pensada, é pensada como existente, nã o é
contingente à razã o, mas necessá ria; e essa razã o só permanece razã o
em virtude dessa idé ia. Finalmente, Anselmo pensa, superestimando
assim o momento Ontoló gico, que já alcançou nele o conceito pleno de
Deus. Essas de iciê ncias deveriam ser evitadas, etapa por etapa, por
seus sucessores.”

LOTE [ 9 ]

“Concluir que, porque a noçã o de um Ser mais perfeito inclui a


realidade como uma de suas perfeiçõ es, portanto, um Ser mais perfeito
necessariamente existe , é tã o obviamente concluir falsamente que,
apó s a refutaçã o incisiva de Kant, qualquer tentativa de defender tal
raciocı́nio seria inú til. Anselmo, em sua re lexã o mais livre e
espontâ nea, tocou aqui e ali o pensamento de que o maior que
podemos pensar, se o pensarmos apenas como pensamento, é menor do
que o mesmo maior se o pensarmos como existente. Nã o é possı́vel que
a partir desta re lexã o qualquer um possa desenvolver uma prova
logicamente convincente, mas a forma como ela é colocada parece
revelar outro pensamento fundamental que está buscando expressã o.
Pois o que importaria se aquilo que é pensado como mais perfeito
fosse, como pensamento, menos do que a mı́nima realidade? Por que
esse pensamento deveria nos perturbar? Claramente por isso, que é
uma certeza imediata que o que é maior, mais belo, mais digno nã o é
um mero pensamento, mas deve ser uma realidade, porque seria
intolerá vel acreditar em nosso ideal que seja uma ideia produzida por a
açã o do pensamento, mas sem existê ncia, sem poder e sem validade no
mundo da realidade. Nã o da perfeiçã o do que é perfeito deduzimos
imediatamente sua realidade como consequê ncia ló gica; mas sem o
circunló quio de uma deduçã o sentimos diretamente a impossibilidade
de sua inexistê ncia, e toda aparê ncia de prova silogı́stica serve apenas
para tornar mais clara a franqueza dessa certeza. Se o maior nã o
existisse, entã o o maior nã o seria, e nã o é impossı́vel que o maior de
todas as coisas concebı́veis não seja.”

PROFESSOR ROBERT FLINT [ 10 ]

“Anselmo foi o fundador desse tipo de argumentaçã o que, na


opiniã o de muitos, é a ú nica que pode ser descrita como a priori ou
ontoló gica. Ele raciocinou assim: 'O tolo pode dizer em seu coraçã o:
Deus nã o existe; mas ele apenas prova com isso que é um tolo, pois o
que ele diz é autocontraditó rio. Desde que ele nega que exista um Deus,
ele tem em sua mente a ideia de Deus, e essa ideia implica a existê ncia
de Deus, pois é a ideia de um Ser do qual um superior nã o pode ser
concebido. Aquilo do qual um superior nã o pode ser concebido nã o
pode existir meramente como uma ideia, porque o que existe apenas
como uma ideia é inferior ao que existe na realidade tanto quanto na
ideia. A idé ia de um Ser supremo que existe apenas no pensamento é a
idé ia de um Ser supremo que nã o é o mais alto nem mesmo no
pensamento, mas inferior a um Ser supremo que existe tanto de fato
quanto em pensamento.' Esse raciocı́nio encontrou crı́ticas
desfavorá veis mesmo entre os contemporâ neos de Anselmo, e se
recomendou completamente a poucos. No entanto, pode-se
razoavelmente duvidar que tenha sido refutada de forma conclusiva, e
algumas das objeçõ es mais frequentemente levantadas contra ela sã o
certamente inadmissı́veis. Nã o é resposta para isso, por exemplo, negar
que a ideia de Deus é inata ou universal. O argumento meramente
assume que aquele que nega que existe um Deus deve ter uma idé ia de
Deus. També m nã o há força, como Anselmo mostrou, na objeçã o de
Gaunilo, de que a existê ncia de Deus nã o pode ser inferida da ideia de
um ser perfeito, assim como a existê ncia de uma ilha perfeita nã o pode
ser inferida da ideia de tal uma ilha. Nã o há nem pode haver uma ideia
de uma ilha maior e melhor do que qualquer outra que possa ser
concebida. Anselmo podia prometer com segurança que daria a Gaunilo
uma ilha daquelas quando realmente a imaginara. Apenas um ser – um
ser in inito, independente e necessá rio – pode ser perfeito no sentido
de ser maior e melhor do que qualquer outro ser concebı́vel. A objeçã o
de que o ideal nunca pode logicamente produzir o real – que a transiçã o
do pensamento para o fato deve ser em todos os casos ilegı́timo – é
meramente uma a irmaçã o de que o argumento é falacioso. E uma
a irmaçã o que nã o pode ser feita com justiça até que o argumento tenha
sido exposto e refutado. O argumento é que um certo pensamento de
Deus necessariamente implica Sua existê ncia. A objeçã o de que a
existê ncia nã o é um predicado, e que a ideia de um Deus que existe nã o
é mais completa e perfeita do que a ideia de um Deus que nã o existe,
talvez nã o seja satisfatoriamente repelida. A mera existê ncia nã o é um
predicado, mas especi icaçõ es ou determinaçõ es de existê ncia sã o
previsı́veis. Agora, o argumento em nenhum lugar implica que a
existê ncia seja um predicado; implica apenas que realidade,
necessidade e independê ncia da existê ncia sã o predicados da
existê ncia; e isso implica isso porque a existê ncia in re pode ser
distinguida da existê ncia in conceptu , a existê ncia necessá ria da
existê ncia contingente, a existê ncia pró pria da existê ncia derivada.
Distinçõ es especı́ icas certamente devem admitir ser predicadas. Que a
exclusã o da existê ncia – que aqui signi ica existê ncia real e necessá ria –
da ideia de Deus nã o nos deixa com uma ideia incompleta de Deus, nã o
é uma posiçã o, penso eu, que possa ser mantida. Retire a existê ncia
entre os elementos da ideia de um ser perfeito, e a ideia se torna a ideia
de uma nulidade ou a ideia de uma ideia, e nã o a ideia de um ser
perfeito. Assim, o argumento de Anselmo é injusti icadamente
representado como um argumento de quatro termos em vez de trê s.
Aqueles que insistem na objeçã o parecem-me provar apenas que, se
nosso pensamento de Deus for imperfeito, um ser que apenas
percebesse esse pensamento seria um ser imperfeito; mas há uma
grande distâ ncia entre esse truı́smo e o paradoxo de que um ser irreal
pode ser um ser idealmente perfeito.

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Londres, 1888. Vol. III., 271-276.

UEBERWEG, F. 1 História da Filoso ia. Traduzido por GS Morris.


Nova York, 1892. Vol. I., 377-386.

1 Ueberweg dá os tı́tulos das dissertaçõ es alemã s e latinas sobre


Anselmo nã o incluı́das nesta lista.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
PREFÁCIO
N
D ,
D .—A .—O
D ,
. A
: F . E
P , , U D .
DEPOIS de ter publicado, a pedido solı́cito de alguns irmã os,
UMA uma breve obra (o Monologium ) como exemplo de meditaçã o
sobre os fundamentos da fé , na pessoa de quem investiga, num
curso de raciocı́nio silencioso consigo mesmo, questõ es de que ele é
ignorante; considerando que este livro foi unido pela ligaçã o de muitos
argumentos, comecei a me perguntar se poderia ser encontrado um
ú nico argumento que nã o precisasse de outro para sua prova alé m de si
mesmo; e só bastaria para demonstrar que Deus realmente existe, e que
existe um bem supremo que nã o requer mais nada, que todas as outras
coisas requerem para sua existê ncia e bem-estar; e tudo o que
acreditamos em relaçã o ao Ser divino.

Embora eu muitas vezes e sinceramente dirigisse meu


pensamento para esse im, e à s vezes o que eu procurava parecia estar
ao meu alcance, enquanto novamente escapava totalmente à minha
visã o mental, inalmente em desespero eu estava prestes a cessar, como
se a busca de uma coisa que nã o pô de ser encontrada. Mas quando
desejei excluir completamente esse pensamento, para que, ao ocupar
minha mente sem propó sito, isso me afastasse de outros pensamentos,
nos quais eu poderia ser bem-sucedido; entã o, cada vez mais, embora
eu nã o quisesse e a evitasse, ela começou a se impor sobre mim, com
uma espé cie de importunaçã o. Assim, um dia, quando eu estava
extremamente cansado de resistir à sua importunaçã o, no pró prio
con lito de meus pensamentos, a prova da qual eu havia desesperado se
ofereceu, de modo que abracei avidamente os pensamentos que eu
repelia vigorosamente.

Pensando, portanto, que o que me regozijei por ter encontrado, se


posto por escrito, seria bem-vindo a alguns leitores, deste mesmo
assunto, e de alguns outros, escrevi o seguinte tratado, na pessoa de
quem se esforça para levante sua mente para a contemplaçã o de Deus, e
procure entender o que ele acredita. A meu ver, nem esta obra nem a
outra, que mencionei acima, mereciam ser chamadas de livro, ou levar o
nome de um autor; e, no entanto, pensei que nã o deveriam ser enviados
sem algum tı́tulo pelo qual pudessem, de alguma forma, convidar
algué m em cujas mã os caı́ssem para sua leitura. Conseqü entemente, dei
a cada um um tı́tulo, para que o primeiro pudesse ser conhecido como
Um Exemplo de Meditaçã o nos Fundamentos da Fé , e sua sequê ncia
como Fé em Busca do Entendimento. Mas, depois de ambos terem sido
copiados por muitos sob esses tı́tulos, muitos me instaram, e
especialmente Hugo, o reverendo arcebispo de Lyon, que exerce o cargo
apostó lico na Gá lia, que me instruiu para isso em sua autoridade
apostó lica - para pre ixar meu nome a esses escritos. E para que isso
fosse feito de maneira mais adequada, chamei o primeiro de
Monologium , ou seja, A Soliloquy; mas o segundo, Proslogium , isto é ,
Um Discurso.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO I
E D . — D
,
D , -L . O
D . O -

. E
- . S D
. N
D . O D ,
D ; - ,
. D ,
, . O
,
; , ,
.
P agora, homem leve! fuja, por pouco tempo, de tuas ocupaçõ es;
você esconda-se, por um tempo, de seus pensamentos perturbadores.
Deixe de lado, agora, seus cuidados onerosos e deixe de lado
seus negó cios penosos. Dê espaço por algum tempo a Deus; e descansar
um pouco nele. Entre na câ mara interna de tua mente; exclua todos os
pensamentos, exceto o de Deus, e aqueles que podem ajudá -lo a
procurá -lo; fecha a tua porta e procura-o. Fale agora, meu coraçã o
inteiro! fala agora a Deus, dizendo: busco a tua face; tua face, Senhor,
buscarei ( Salmos xxvii. 8 ). E vem agora, ó Senhor meu Deus, ensina
meu coraçã o onde e como ele pode te buscar, onde e como ele pode te
encontrar.
Senhor, se nã o está s aqui, onde te buscarei, estando ausente? Mas
se está s em toda parte, por que nã o te vejo presente? Verdadeiramente
tu habitas em luz inacessı́vel. Mas onde está a luz inacessı́vel, ou como
chegarei a ela? Ou quem me conduzirá a essa luz e a ela, para que eu te
veja nela? Mais uma vez, por quais marcas, sob que forma, devo
procurar-te? Eu nunca te vi, ó Senhor, meu Deus; Nã o conheço tua
forma. O que, ó Altı́ssimo Senhor, este homem deve fazer, um exilado
longe de ti? O que fará teu servo, ansioso em seu amor por ti, e lançado
para longe de tua face? Ele anseia por te ver, e teu rosto está muito
longe dele. Ele deseja vir a ti, e tua morada é inacessı́vel. Ele está
ansioso para te encontrar, e nã o conhece o teu lugar. Ele deseja buscar-
te e nã o conhece a tua face. Senhor, tu é s meu Deus, e tu é s meu Senhor,
e nunca te vi. Es tu que me izeste, e me izeste de novo, e me
concedeste todas as bê nçã os que desfruto; e ainda nã o te conheço.
Finalmente, fui criado para te ver, e ainda nã o iz aquilo para que fui
feito.

O miserá vel sina do homem, quando ele perdeu aquilo para o qual
foi feito! O duro e terrı́vel destino! Infelizmente, o que ele perdeu e o
que ele encontrou? O que partiu e o que resta? Ele perdeu a bem-
aventurança para a qual foi feito e encontrou a misé ria para a qual nã o
foi feito. O que se foi sem o qual nada é feliz, e o que permanece o que,
em si mesmo, é apenas miserá vel. O homem uma vez comeu o pã o dos
anjos, pelo qual ele tem fome agora; ele come agora o pã o das dores,
das quais ele nã o sabia entã o. Infelizmente! para o luto de toda a
humanidade, para a lamentaçã o universal dos ilhos de Hades! Ele
engasgou de saciedade, nó s suspiramos de fome. Ele abundava, nó s
imploramos. Ele possuı́a em felicidade, e miseravelmente abandonou
sua posse; sofremos carê ncia na infelicidade e sentimos um desejo
miserá vel, e ai! continuamos vazios.

Por que ele nã o guardou para nó s, quando podia com tanta
facilidade, aquela cuja falta deverı́amos sentir tã o fortemente? Por que
ele nos afastou da luz e nos cobriu com as trevas? Com que propó sito
ele nos roubou a vida e nos in ligiu a morte? Desgraçados que somos,
de onde fomos expulsos; para onde somos conduzidos? De onde
arremessado? Para onde consignado à ruı́na? De um paı́s natal ao exı́lio,
da visã o de Deus à nossa cegueira atual, da alegria da imortalidade à
amargura e horror da morte. Troca miserá vel de quã o grande é um
bem, por quã o grande é um mal! Perda pesada, tristeza pesada, pesado
todo o nosso destino!

Mas infelizmente! infeliz que sou, um dos ilhos de Eva, longe de


Deus! O que eu iz? O que eu realizei? Para onde eu estava me
esforçando? Até onde eu cheguei? A que eu aspirava? Em meio a que
pensamentos estou suspirando? Busquei bê nçã os, e eis! confusã o. Eu
me esforcei em direçã o a Deus, e tropecei em mim mesmo. Procurei
calma na privacidade e encontrei tribulaçã o e tristeza em meus
pensamentos mais ı́ntimos. Eu queria sorrir na alegria da minha mente,
e sou compelido a franzir a testa pela tristeza do meu coraçã o. Alegria
era esperada, e eis! uma fonte de suspiros frequentes!

E tu també m, ó Senhor, até quando? Até quando, ó Senhor, tu nos


esqueces; por quanto tempo desvias o teu rosto de nó s? Quando você
vai olhar para nó s e nos ouvir? Quando você iluminará nossos olhos e
nos mostrará seu rosto? Quando você vai se restaurar para nó s? Olhe
para nó s, Senhor; ouça-nos, ilumine-nos, revele-se a nó s. Restaura-te a
nó s, para que nos corra bem, a ti mesmo, sem o qual está tã o mal
conosco. Apieda-te de nossas labutas e esforços para contigo, pois nada
podemos fazer sem ti. Tu nos convidas; ajude-nos. Rogo-te, ó Senhor,
que eu nã o perca a esperança em suspiros, mas possa respirar de novo
em esperança. Senhor, meu coraçã o está amargurado por sua
desolaçã o; adoça-te, peço-te, com a tua consolaçã o. Senhor, com fome
comecei a te buscar; Rogo-te que nã o deixe de ter fome de ti. Com fome
eu vim a ti; nã o me deixe icar sem comida. Eu vim na pobreza para o
Rico, na misé ria para o Compassivo; que eu nã o volte vazio e
desprezado. E se, antes de comer, eu suspirar, conceda, mesmo depois
dos suspiros, o que eu possa comer. Senhor, estou curvado e só posso
olhar para baixo; levanta-me para que eu possa olhar para cima. Minhas
iniqü idades passaram sobre minha cabeça; eles me oprimem; e, como
uma carga pesada, eles me pesam. Liberte-me deles; alivia-me, para que
o poço de iniqü idades nã o se feche sobre mim.

Seja meu olhar para a tua luz, mesmo de longe, mesmo das
profundezas. Ensina-me a te buscar, e revela-te a mim, quando te
procuro, pois nã o posso te buscar, a menos que me ensines, nem te
encontrar, a menos que te reveles. Deixe-me buscar-te no desejo, deixe-
me ansiar por ti na busca; deixe-me encontrar-te no amor, e amar-te ao
encontrar. Senhor, reconheço e agradeço-te que me criaste a esta tua
imagem, para que eu me lembre de ti, te conceba e te ame; mas essa
imagem foi tã o consumida e desperdiçada por vı́cios, e obscurecida
pela fumaça do mal, que nã o pode alcançar aquilo para o qual foi feita, a
menos que você a renove e a crie de novo. Eu nã o me esforço, ó Senhor,
para penetrar em tua sublimidade, pois de modo algum comparo meu
entendimento com isso; mas desejo compreender em algum grau a tua
verdade, na qual meu coraçã o acredita e ama. Pois nã o procuro
compreender para crer, mas creio para compreender. Por isso també m
acredito: que, a menos que cresse, nã o entenderia.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO II
V D ,
: N D .

E assim, Senhor, tu, que dá s entendimento à fé , dá -me, na


UMA medida em que sabes que é proveitoso, entender que tu é s
como cremos; e que tu é s aquilo em que cremos. E, de fato,
acreditamos que você é um ser do qual nada maior pode ser concebido.
Ou nã o existe tal natureza, uma vez que o tolo disse em seu coraçã o,
nã o existe Deus? ( Salmos xiv. 1 ). Mas, de qualquer forma, esse mesmo
tolo, quando ouve falar desse ser de que falo – um ser do qual nada
maior pode ser concebido – entende o que ouve, e o que entende está
em seu entendimento; embora ele nã o entenda que ela existe.

Pois, uma coisa é um objeto estar no entendimento, e outra é


entender que o objeto existe. Quando um pintor concebe pela primeira
vez o que irá realizar depois, ele o tem em seu entendimento, mas ainda
nã o o compreende, porque ainda nã o o executou. Mas depois que ele fez
a pintura, ele tanto a tem em seu entendimento, quanto ele entende que
ela existe, porque ele a fez.

Por isso, até o tolo está convencido de que existe algo no


entendimento, pelo menos, do qual nada maior pode ser concebido.
Pois, quando ele ouve isso, ele entende. E tudo o que é entendido, existe
no entendimento. E seguramente aquilo, do qual nada maior pode ser
concebido, nã o pode existir apenas no entendimento. Pois, suponha que
exista apenas no entendimento: entã o pode ser concebido como
existindo na realidade; que é maior.
Portanto, se aquilo do qual nada maior pode ser concebido existe
apenas no entendimento, o pró prio ser, do qual nada maior pode ser
concebido, é um, do qual algo maior pode ser concebido. Mas
obviamente isso é impossı́vel. Portanto, nã o há dú vida de que existe um
ser do qual nada maior pode ser concebido, e existe tanto no
entendimento quanto na realidade.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO III
D . — D
. — A
D .

ND certamente existe tã o verdadeiramente que nã o pode ser


UMA concebido para nã o existir. Pois, é possı́vel conceber um ser que
nã o pode ser concebido como nã o existindo; e isso é maior do
que aquele que pode ser concebido como nã o existindo. Portanto, se
aquilo do qual nada maior pode ser concebido pode ser concebido
como nã o existindo, nã o é aquilo do qual nada maior pode ser
concebido. Mas esta é uma contradiçã o irreconciliá vel. Há , entã o, um
ser tã o verdadeiramente alé m do qual nada maior pode ser concebido
para existir, que nã o pode nem mesmo ser concebido para nã o existir; e
este é s tu, ó Senhor, nosso Deus.

Tã o verdadeiramente, portanto, tu existes, ó Senhor, meu Deus,


que nã o podes ser concebido para nã o existir; e com razã o. Pois, se uma
mente pudesse conceber um ser melhor que você , a criatura se elevaria
acima do Criador; e isso é o mais absurdo. E, de fato, tudo o que existe,
exceto você sozinho, pode ser concebido como nã o existindo. Somente a
ti, portanto, pertence existir mais verdadeiramente do que todos os
outros seres e, portanto, em um grau mais alto do que todos os outros.
Pois, tudo o que existe nã o existe tã o verdadeiramente e, portanto, em
menor grau, pertence a ela existir. Por que, entã o, o tolo disse em seu
coraçã o, nã o há Deus ( Salmos xiv. 1 ), uma vez que é tã o evidente, para
uma mente racional, que você existe no mais alto grau de todos? Por
que, exceto que ele é estú pido e um tolo?
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO IV
C
. — U
: (1)
; (2) N
, D
; .

B
UT como o tolo disse em seu coraçã o o que ele nã o podia
conceber; ou como é que ele nã o podia conceber o que disse em
seu coraçã o? pois é o mesmo dizer no coraçã o e conceber.

Mas, se realmente, nã o, pois realmente, ambos conceberam,


porque ele disse em seu coraçã o; e nã o disse em seu coraçã o, porque
nã o podia conceber; há mais de uma maneira pela qual uma coisa é dita
no coraçã o ou concebida. Pois, em certo sentido, um objeto é concebido
quando a palavra que o signi ica é concebida; e em outro, quando a
pró pria entidade, que é o objeto, é compreendida.

No primeiro sentido, entã o, Deus pode ser concebido como nã o


existindo; mas neste ú ltimo, nem um pouco. Pois ningué m que entenda
o que é fogo e á gua pode conceber o fogo como á gua, de acordo com a
natureza dos pró prios fatos, embora isso seja possı́vel de acordo com as
palavras. Assim, entã o, ningué m que entende o que Deus é pode
conceber que Deus nã o existe; embora ele diga essas palavras em seu
coraçã o, sem nenhum ou com algum signi icado estrangeiro. Pois, Deus
é aquilo do qual algo maior nã o pode ser concebido. E aquele que
entende isso completamente, seguramente entende que esse ser existe
tã o verdadeiramente, que nem mesmo em conceito pode ser
inexistente. Portanto, quem entende que Deus existe assim, nã o pode
conceber que ele nã o existe.

Eu te agradeço, gracioso Senhor, eu te agradeço; porque o que eu


acreditava anteriormente por tua generosidade, agora compreendo por
tua iluminaçã o, que se eu nã o estivesse disposto a acreditar que tu
existes, eu nã o seria capaz de nã o entender isso como verdade.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO V
D ; ,
- , .

C
O QUE é s tu, entã o, Senhor Deus, do qual nada maior pode ser
concebido? Mas o que é s tu, senã o aquele que, como o mais
elevado de todos os seres, só existe por si mesmo e cria todas as
outras coisas do nada? Pois, tudo o que nã o é isso é menos do que uma
coisa que pode ser concebida. Mas isso nã o pode ser concebido de ti.
Que bem, portanto, falta ao Bem supremo, pelo qual todo bem é ?
Portanto, tu é s justo, verdadeiro, bem-aventurado e tudo o que é
melhor ser do que nã o ser. Pois é melhor ser justo do que nã o justo;
melhor ser abençoado do que nã o abençoado.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO VI
C D ( ),
. — D , , ,
; . A
,
.

B
UT, embora seja melhor para ti ser sensato, onipotente,
compassivo, sem paixã o, do que nã o ser essas coisas; como é s
sensato, se nã o é s um corpo; ou onipotente, se você nã o tem
todos os poderes; ou ao mesmo tempo compassivo e sem paixã o? Pois,
se apenas as coisas corpó reas sã o sensı́veis, visto que os sentidos
abrangem um corpo e estã o em um corpo, como você é sensı́vel,
embora nã o seja um corpo, mas um Espı́rito supremo, que é superior ao
corpo? Mas, se o sentimento é apenas conhecimento, ou pelo
conhecimento, – pois aquele que sente obté m conhecimento de acordo
com as funçõ es pró prias de seus sentidos; como atravé s da visã o, das
cores; atravé s do paladar, dos sabores, - tudo o que de alguma forma
conhece nã o é inadequadamente dito, de alguma forma, sentir.

Portanto, ó Senhor, embora nã o sejas um corpo, ainda é s


verdadeiramente sensı́vel no mais alto grau a respeito disso, que
conheces todas as coisas no mais alto grau; e nã o como um animal
conhece, atravé s de um sentido corpó reo.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO VII
C ,
. — S , ,
, . D
, .

B
UT como você é onipotente, se você nã o é capaz de todas as
coisas? Ou, se você nã o pode ser corrompido, e nã o pode
mentir, nem fazer o que é verdadeiro, falso – como, por
exemplo, se você deve fazer o que foi feito nã o ter sido feito, e coisas do
gê nero – como você é capaz? de todas as coisas? Ou entã o ser capaz
dessas coisas nã o é poder, mas impotê ncia. Pois quem é capaz dessas
coisas é capaz do que nã o é para seu bem e do que nã o deve fazer; e
quanto mais capaz deles ele for, mais poder terá contra ele a
adversidade e a perversidade; e menos ele pró prio tem contra estes.

Aquele, entã o, que é assim capaz nã o o é por poder, mas por
impotê ncia. Pois, nã o se diz que ele é capaz porque é capaz por si
mesmo, mas porque sua impotê ncia dá a outra coisa poder sobre ele.
Ou, por uma igura de linguagem, tantas palavras sã o inadequadamente
aplicadas, como quando usamos “to be” para “nã o ser” e “to do” para o
que realmente é nã o fazer, “ou nã o fazer nada”. ” Pois, muitas vezes
dizemos a um homem que nega a existê ncia de algo: “E como você diz
que é ”, embora possa parecer mais apropriado dizer: “Nã o é , como você
diz que nã o é ”. Da mesma forma, dizemos: “Este homem senta-se
exatamente como aquele homem”, ou “Este homem descansa
exatamente como aquele homem”; embora sentar nã o seja fazer nada, e
descansar é nã o fazer nada.
Assim, entã o, quando se diz que algué m tem o poder de fazer ou
experimentar o que nã o é para seu bem, ou o que nã o deve fazer, a
impotê ncia é entendida na palavra poder. Pois, quanto mais ele possui
esse poder, mais poderosas sã o as adversidades e perversidades contra
ele, e mais impotente ele é contra elas.

Portanto, ó Senhor, nosso Deus, tanto mais verdadeiramente é s


onipotente, porque nada é s capaz de impotê ncia, e nada tem poder
contra ti.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO VIII
C . D ,
,
. D
, ,
( ) .

B
UT como você é compassivo e, ao mesmo tempo, sem paixã o?
Pois, se você é desapaixonado, você nã o sente simpatia; e se
você nã o sente simpatia, seu coraçã o nã o é miserá vel de
simpatia pelos miserá veis; mas isso é ser compassivo. Mas se você nã o é
compassivo, de onde vem tã o grande consolaçã o para os miserá veis?
Como, entã o, é s compassivo e nã o compassivo, ó Senhor, a menos que
sejas compassivo em termos de nossa experiê ncia, e nã o compassivo
em termos de teu ser.

Verdadeiramente, você é assim em termos de nossa experiê ncia,


mas nã o é assim em termos de sua pró pria. Pois, quando tu nos
contemplas em nossa misé ria, experimentamos o efeito da compaixã o,
mas tu nã o experimentas o sentimento. Portanto, tu é s compassivo,
porque salvas os miserá veis, e poupas aqueles que pecam contra ti; e
nã o compassivo porque você nã o é afetado por nenhuma simpatia pela
misé ria.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO IX
C D -
. É

. E D
,
. D ,
. E ,
;
. D ;
D ,
,
. S D ,
. M .
P , D .

B
UT como tu poupas os ı́mpios, se tu é s todo justo e
supremamente justo? Pois como, sendo todo justo e
supremamente justo, tu fazes algo que nã o seja justo? Ou, que
justiça é essa para dar a quem merece a morte eterna a vida eterna?
Como, entã o, misericordioso Senhor, bom para o justo e o ı́mpio, podes
salvar o ı́mpio, se isso nã o é justo, e tu nã o fazes nada que nã o seja
justo? Ou, uma vez que tua bondade é incompreensı́vel, isso está
escondido na luz inacessı́vel em que tu habitas? Verdadeiramente, nas
partes mais profundas e secretas de tua bondade está escondida a fonte
de onde lui o luxo de tua compaixã o.

Pois tu é s todo justo e supremamente justo, mas é s bondoso até


para com os ı́mpios, mesmo porque tu é s todo sumamente bom. Pois tu
serias menos bom se nã o fosses bondoso com nenhum ser perverso.
Pois, aquele que é bom, tanto para o justo como para o ı́mpio, é melhor
do que aquele que é bom apenas para o ı́mpio; e aquele que é bom para
com os ı́mpios, tanto punindo-os quanto poupando-os, é melhor do que
aquele que é bom punindo-os sozinho. Portanto, tu é s compassivo,
porque tu é s todo supremamente bom. E, embora pareça por que
recompensas os bons com bens e os maus com males; mas isso, pelo
menos, é mais maravilhoso, porque tu, o todo e supremamente justo,
que nada carece, concedes bens aos ı́mpios e aos que sã o culpados para
contigo.

A profundidade da tua bondade, ó Deus! A fonte da tua compaixã o


aparece, mas nã o é claramente vista! Vemos de onde corre o rio, mas
nã o se vê a fonte de onde nasce. Pois, é pela abundâ ncia da tua bondade
que tu é s bom para aqueles que pecam contra ti; e nas profundezas da
tua bondade está escondida a razã o dessa bondade.

Pois, embora você recompense os bons com bens e os maus com


males, por bondade, ainda assim o conceito de justiça parece exigir.
Mas, quando tu concedes bens ao mal, e é sabido que o supremo Bem
quis fazer isso, nó s nos perguntamos por que o supremamente justo foi
capaz de querer isso.

O compaixã o, de quanta doçura abundante e de quanta doce


abundâ ncia tu nos jorras! O bondade ilimitada de Deus, quã o
apaixonadamente os pecadores devem amar-te! Pois tu salvas os justos,
porque a justiça os acompanha; mas os pecadores tu libertas pela
autoridade da justiça. Aqueles pela ajuda de seus desertos; estes,
embora seus mé ritos se oponham. Aqueles reconhecendo os bens que
concedeste; estes perdoando os males que tu odeias. O bondade sem
limites, que tanto excedes todo o entendimento, que venha sobre mim
aquela compaixã o que procede de tua tã o grande abundâ ncia! Deixe
luir sobre mim, pois brota de ti. Poupe, em misericó rdia; nã o vingar, na
justiça.

Pois, embora seja difı́cil entender como tua compaixã o nã o é


inconsistente com tua justiça; mas devemos acreditar que ela nã o se
opõ e de forma alguma à justiça, porque lui da bondade, que nã o é
bondade sem justiça; nã o, que está em verdadeira harmonia com a
justiça. Pois, se é s compassivo apenas porque é s supremamente bom, e
supremamente bom apenas porque é s supremamente justo,
verdadeiramente é s compassivo porque é s supremamente justo. Ajuda-
me, Deus justo e compassivo, cuja luz busco; me ajude a entender o que
eu digo.

Verdadeiramente, entã o, você é compassivo mesmo porque você é


justo. E, entã o, tua compaixã o nascida de tua justiça? E tu poupas os
ı́mpios, portanto, por justiça? Se isso for verdade, meu Senhor, se isso
for verdade, ensine-me como é . E porque é justo que você seja tã o bom
que nã o possa ser concebido melhor; e que você deve trabalhar tã o
poderosamente que você nã o pode ser concebido mais poderoso? Pois
o que pode ser mais justo do que isso? Certamente nã o poderia ser que
você seja bom apenas retribuindo ( retribuendo ) e nã o poupando, e que
você deva fazer bons apenas aqueles que nã o sã o bons, e nã o os ı́mpios
també m. Desta forma, portanto, é justo que você poupe os ı́mpios e faça
boas almas do mal.
Finalmente, o que nã o é feito com justiça nã o deve ser feito; e o
que nã o deve ser feito é feito injustamente. Se, entã o, você nã o tem
pena dos ı́mpios com justiça, nã o deve ter pena deles. E, se nã o deves
ter pena deles, tens pena deles injustamente. E se é ı́mpio supor isso, é
correto acreditar que você tem pena dos ı́mpios.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO X
C .
— D , , ,
,
; ,
, .

B
UT també m é justo que tu deves punir os ı́mpios. Pois o que é
mais justo do que o bem receber bens, e o mal, males? Como,
entã o, é justo punir os ı́mpios e, ao mesmo tempo, poupar os
ı́mpios? Ou, de uma maneira, você pune com justiça e, de outra,
justamente os poupa? Pois, quando você pune os ı́mpios, é justo, porque
é consistente com seus merecimentos; e quando, por outro lado, você
poupa os ı́mpios, é justo, nã o porque é compatı́vel com seus mé ritos,
mas porque é compatı́vel com sua bondade.

Pois, ao poupar o ı́mpio, você é tã o justo, de acordo com sua


natureza, mas nã o de acordo com a nossa, como você é compassivo, de
acordo com nossa natureza, e nã o de acordo com a sua; visto que, como
em salvar-nos, a quem seria justo para ti destruir, tu é s compassivo, nã o
porque sentes uma afeiçã o ( effectum ), mas porque sentimos o efeito (
effectum ); assim tu é s justo, nã o porque nos retribui como merecemos,
mas porque fazes o que te convé m como o Ser supremamente bom.
Desta forma, portanto, sem contradiçã o tu castigas e poupas com
justiça.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XI
C D
; , , D
. — N ,
, ,
: ,
.

B
UT, há alguma razã o pela qual també m nã o é justo, de acordo
com a tua natureza, ó Senhor, que tu castigues os ı́mpios?
Certamente é justo que você seja tã o justo que nã o possa ser
concebido mais justo; e isso você nã o seria de modo algum se apenas
desse bens aos bons, e nã o males aos maus. Pois, aquele que retribui o
bem e o mal de acordo com seus mé ritos é mais justo do que aquele que
retribui apenas o bem. E, portanto, justo, de acordo com a tua natureza,
ó Deus justo e gracioso, tanto quando castigas quanto quando poupas.

Verdadeiramente, entã o, todos os caminhos do Senhor sã o


misericó rdia e verdade ( Salmos xxv. 10 ); e ainda assim o Senhor é
justo em todos os seus caminhos ( Salmos cxlv. 17 ). E certamente sem
inconsistê ncia: pois, nã o é apenas que aqueles a quem você deseja
punir sejam salvos, e aqueles a quem você deseja poupar sejam
condenados. Pois somente isso é justo o que tu queres; e somente o
injusto que tu nã o queres. Assim, entã o, tua compaixã o nasce de tua
justiça.

Pois é justo que sejas tã o bom que també m sejas bom em poupar;
e esta pode ser a razã o pela qual o supremo Justo pode querer bens
para o mal. Mas se pode ser compreendido de alguma forma por que
você pode querer salvar os ı́mpios, ainda assim, por nenhuma
consideraçã o podemos compreender por que, daqueles que sã o
igualmente ı́mpios, você salva alguns em vez de outros, atravé s da
suprema bondade; e por que condenas o ú ltimo em vez do primeiro,
atravé s da suprema justiça.

Assim, entã o, você é verdadeiramente sensı́vel ( sensibilis ),


onipotente, compassivo e sem paixã o, como você é vivo, sá bio, bom,
abençoado, eterno: e tudo o que é melhor ser do que nã o ser.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XII
D ;
.

B
UT indubitavelmente, o que quer que você seja, você nã o é nada
mais do que você mesmo. Portanto, tu é s a pró pria vida pela
qual vives; e a sabedoria com que tu é s sá bio; e a pró pria
bondade pela qual é s bom para com os justos e os ı́mpios; e assim de
outros atributos semelhantes.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XIII
C ,
. — N
D . M
. E
, .

B
UT tudo o que é de alguma forma limitado por lugar ou tempo é
menor do que nenhuma lei de lugar ou tempo limita. Visto que,
entã o, nada é maior do que tu, nenhum lugar ou tempo te
conté m; mas tu está s em toda parte e sempre. E como isso só pode ser
dito de ti, só tu é s incircunscrito e eterno. Como é , entã o, que outros
espı́ritos també m sã o ditos incircunscritos e eternos?

Certamente tu é s o ú nico eterno; pois tu sozinho entre todos os


seres nã o apenas nã o deixa de ser, mas també m nã o começa a ser.

Mas como é s tu sozinho incircunscrito? E que um espı́rito criado,


quando comparado a ti, é circunscrito, mas quando comparado à
maté ria, incircunscrito? Pois totalmente circunscrito é o que, estando
totalmente em um lugar, nã o pode estar ao mesmo tempo em outro. E
isso é visto como verdade apenas para as coisas corpó reas. Mas
incircunscrito é o que está , como um todo, ao mesmo tempo em toda
parte. E isso é entendido como verdade somente para ti. Mas
circunscrito e, ao mesmo tempo, incircunscrito é aquilo que, quando
está em qualquer lugar como um todo, pode ao mesmo tempo estar em
outro lugar como um todo, mas nã o em todos os lugares. E isso é
reconhecido como verdadeiro para os espı́ritos criados. Pois, se a alma
nã o estivesse como um todo nos membros separados do corpo, ela nã o
se sentiria como um todo nos membros separados.

Portanto, tu, Senhor, é s peculiarmente incircunscrito e eterno; e


ainda outros espı́ritos també m sã o incircunscritos e eternos.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XIV
C D
.

H
ASSIM encontraste o que procuravas, minha alma? Tu buscaste
a Deus. Tu descobriste que ele é um ser que é o mais elevado
de todos os seres, um ser do qual nada melhor pode ser
concebido; que este ser é a pró pria vida, luz, sabedoria, bondade, bem-
aventurança eterna e eternidade abençoada; e que está em todos os
lugares e sempre.

Pois, se tu nã o encontraste o teu Deus, como é este ser que tu


encontraste, e que tu o concebeste, com tã o certa verdade e tã o
verdadeira certeza? Mas, se você o encontrou, por que nã o sente que o
encontrou? Por que, ó Senhor, nosso Deus, minha alma nã o te sente, se
te encontrou? Ou nã o encontrou aquele que achou ser luz e verdade?
Pois como ele entendeu isso, exceto vendo a luz e a verdade? Ou
poderia entender alguma coisa de ti, exceto atravé s de tua luz e tua
verdade?

Portanto, se ela viu a luz e a verdade, ela te viu; se nã o te viu, nã o
viu a luz e a verdade. Ou, é o que viu tanto a luz quanto a verdade; e
ainda nã o te viu, porque te viu apenas em parte, mas nã o te viu como
é s? Senhor meu Deus, meu criador e renovador, fala ao desejo de minha
alma, o que tu é s diferente do que ela viu, para que ela veja claramente
o que deseja. Esforça-se para te ver mais; e nã o vê nada alé m do que
viu, exceto a escuridã o. Nã o, ele nã o vê a escuridã o, da qual nã o há
nenhuma em ti; mas vê que nã o pode ver mais longe, por causa de sua
pró pria escuridã o.

Por que isso, Senhor, por que isso? O olho da alma está
obscurecido por sua enfermidade, ou ofuscado por tua gló ria?
Certamente é tanto escurecido em si mesmo, quanto deslumbrado por
ti. Sem dú vida, é obscurecido por sua pró pria insigni icâ ncia e
esmagado por tua in inidade. Verdadeiramente, é contraı́do por sua
pró pria estreiteza e superado por tua grandeza.

Pois quã o grande é aquela luz da qual brilha toda verdade que
ilumina a mente racional? Quã o grande é aquela verdade na qual está
tudo o que é verdadeiro, e fora da qual é apenas o nada e o falso? Quã o
ilimitada é a verdade que vê de relance tudo o que foi feito, e por quem,
e atravé s de quem, e como foi feito do nada? Que pureza, que certeza,
que esplendor onde está ? Seguramente mais do que uma criatura pode
conceber.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XV
E .

T
PORTANTO, ó Senhor, tu nã o é s apenas aquilo do qual algo
maior nã o pode ser concebido, mas tu é s um ser maior do que
pode ser concebido. Pois, uma vez que se pode conceber que
existe tal ser, se você nã o é esse mesmo ser, um maior do que você pode
ser concebido. Mas isso é impossı́vel.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XVI
E .

T
DIREITA, ó Senhor, esta é a luz inacessı́vel na qual tu habitas;
pois realmente nã o há mais nada que possa penetrar nesta luz,
para que ela possa te ver lá . Na verdade, nã o vejo, porque é
muito brilhante para mim. E, no entanto, tudo o que vejo, vejo atravé s
dele, como o olho fraco vê o que vê atravé s da luz do sol, que no pró prio
sol ele nã o pode ver. Meu entendimento nã o pode alcançar essa luz,
pois ela brilha muito. Ela nã o a compreende, nem os olhos de minha
alma suportam contemplá -la por muito tempo. Deslumbra-se com o
brilho, é superado pela grandeza, é oprimido pelo in inito, é
deslumbrado pela grandeza, da luz.

O luz suprema e inacessı́vel! O verdade inteira e bendita, quã o


longe está s de mim, que está s tã o perto de ti! Quã o distante você está
da minha visã o, embora eu esteja tã o perto da sua! Em todos os lugares
tu está s totalmente presente, e eu nã o te vejo. Em ti me movo, e em ti
tenho meu ser; e eu nã o posso ir a ti. Tu está s dentro de mim, e ao meu
redor, e eu nã o te sinto.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XVII
E D , , ,
, , .

S
ATE que estejas escondido, ó Senhor, de minha alma em tua luz e
tua bem-aventurança; e, portanto, minha alma ainda caminha em
suas trevas e misé ria. Pois olha, e nã o vê tua formosura. Ele ouve,
e nã o ouve tua harmonia. Cheira, e nã o percebe tua fragrâ ncia. Tem
gosto e nã o reconhece tua doçura. Toca e nã o sente tua graça. Pois tu
tens esses atributos em ti mesmo, Senhor Deus, segundo tua maneira
inefá vel, que os deu a objetos criados por ti, segundo sua maneira
sensata; mas os sentidos pecaminosos de minha alma tornaram-se
rı́gidos e embotados, e foram obstruı́dos por sua longa apatia.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XVIII
D , ,
. — T
; , ,
. E D , , .,
, , D ,
, .
ND lo, novamente confusã o; eis que novamente a tristeza e o
UMA luto encontram aquele que busca alegria e alegria. Minha alma
agora esperava satisfaçã o; e eis que novamente está
sobrecarregado com a necessidade. Eu desejava agora festejar, e eis que
tenho mais fome. Tentei subir para a luz de Deus, e caı́ de volta na
minha escuridã o. Nã o, nã o apenas caı́ nele, mas sinto que estou
envolvido nele. Eu caı́ antes de minha mã e me conceber.
Verdadeiramente, nas trevas fui concebido, e no manto das trevas nasci.
Verdadeiramente, nele todos caı́mos, em quem todos pecamos. Nele
todos nó s perdemos, que manteve fá cil e perversamente perdido para si
mesmo e para nó s o que quando desejamos procurá -lo, nã o sabemos;
quando a procuramos, nã o a encontramos; quando encontramos, nã o é
o que buscamos.

Ajuda-me por amor de tua bondade! Senhor, busquei a tua face;


tua face, Senhor, buscarei; nã o escondas tua face longe de mim ( Salmos
xxvii. 8 ). Liberta-me de mim mesmo para ti. Puri ica, cura, aguça,
ilumina o olho da minha mente, para que te possa contemplar. Que
minha alma recupere suas forças, e com todo o seu entendimento que
se esforce para ti, ó Senhor. Que é s tu, Senhor, que é s tu? O que meu
coraçã o te conceberá ser?

Certamente tu é s vida, tu é s sabedoria, tu é s verdade, tu é s


bondade, tu é s bem-aventurança, tu é s eternidade, e tu é s todo
verdadeiro bem. Muitos sã o esses atributos: meu entendimento
limitado nã o pode ver tantos de uma só vez, para que possa ser
alegrado por todos de uma só vez. Como, entã o, ó Senhor, é s tu todas
essas coisas? Eles sã o partes de ti, ou cada um deles é o todo, que tu é s?
Pois, tudo o que é composto de partes nã o é totalmente um, mas é de
alguma forma plural e diverso de si mesmo; e de fato ou em conceito é
capaz de dissoluçã o.

Mas essas coisas sã o estranhas para ti, do que nada melhor pode
ser concebido. Portanto, nã o há partes em ti, Senhor, nem é s mais do
que uma. Mas tu é s tã o verdadeiramente um ser unitá rio, e tã o idê ntico
a ti mesmo, que em nenhum aspecto tu é s diferente de ti mesmo; antes,
tu é s a pró pria unidade, indivisı́vel por qualquer concepçã o. Portanto, a
vida e a sabedoria e o resto nã o sã o partes de ti, mas todos sã o um; e
cada um destes é o todo, que tu é s, e que todos os outros sã o.

Desta forma, entã o, parece que você nã o tem partes, e que sua
eternidade, que você é , nã o está em lugar algum e nunca faz parte de
você ou de sua eternidade. Mas em todos os lugares tu está s como um
todo, e tua eternidade existe como um todo para sempre.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XIX
E ,
.

B
UT se por tua eternidade tu tens sido, e é s, e será s; e ter sido
nã o é estar destinado a ser; e ser nã o é ter sido ou estar
destinado a ser; como a tua eternidade existe como um todo
para sempre? Ou é verdade que nada da tua eternidade passa, de modo
que nã o é agora; e que nada disso está destinado a ser, como se ainda
nã o fosse?

Você nã o era, entã o, ontem, nem será amanhã ; mas ontem e hoje e
amanhã tu é s; ou melhor, nem ontem nem hoje nem amanhã tu é s; mas
simplesmente, tu está s, fora de todos os tempos. Pois ontem, hoje e
amanhã nã o existem, exceto no tempo; mas tu, embora nada exista sem
ti, no entanto nã o existes no espaço ou no tempo, mas todas as coisas
existem em ti. Pois nada te conté m, mas tu conté m tudo.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XX
E
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D ;

,
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H
ENCE, tu permeias e abraças todas as coisas. Tu é s antes de
tudo, e transcendes tudo. E, com certeza, você está antes de
tudo; pois antes de serem feitos, tu é s. Mas como você
transcende tudo? De que maneira tu transcendes aqueles seres que nã o
terã o im? E porque eles nã o podem existir sem ti; enquanto tu nã o é s
menos, se eles retornarem ao nada? Pois assim, em certo sentido, tu os
transcendes. Ou é també m porque eles podem ser concebidos para ter
um im; mas tu de modo algum? Pois assim eles realmente tê m um im,
em certo sentido; mas tu, em nenhum sentido. E certamente, o que em
nenhum sentido tem um im transcende o que é terminado em
qualquer sentido. Ou, assim, també m tu transcendes todas as coisas,
mesmo as eternas, porque a tua eternidade e a deles estã o presentes
como um todo contigo; enquanto eles ainda nã o tê m aquela parte de
sua eternidade que está por vir, assim como eles nã o tê m mais aquela
parte que passou? Pois assim tu sempre os transcendes, pois está s
sempre presente contigo mesmo, e porque aquilo a que eles ainda nã o
chegaram está sempre presente contigo.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XXI
É ? — A
D ,

.

é esta, entã o, a era da era, ou eras das eras? Pois, como uma era de
EU tempo conté m todas as coisas temporais, assim tua eternidade
conté m até as pró prias eras de tempo. E estes sã o de fato uma era,
por causa de sua unidade indivisı́vel; mas idades, por causa de sua
imensurabilidade in inita. E, embora sejas tã o grande, ó Senhor, que
todas as coisas estã o cheias de ti e existem em ti; mas tu é s tã o sem
espaço, que nem meio, nem metade, nem parte alguma está em ti.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XXII
S . — T
D - .

T
PORTANTO, somente tu, ó Senhor, é s o que tu é s; e tu é s quem
tu é s. Pois, o que é uma coisa no todo e outra nas partes, e no
qual há algum elemento mutá vel, nã o é totalmente o que é . E o
que começa da nã o-existê ncia, e pode ser concebido como nã o
existindo, e a menos que subsista por outra coisa, retorna à nã o-
existê ncia; e o que tem uma existê ncia passada, que nã o é mais, ou uma
existê ncia futura, que ainda nã o é , isso nã o existe propriamente e
absolutamente.

Mas tu é s o que é s, porque, seja o que fores a qualquer momento,


ou de qualquer maneira, é s como um todo e para sempre. E tu é s quem
tu é s, apropriada e simplesmente; pois tu nã o tens uma existê ncia
passada nem futura, mas apenas uma existê ncia presente; nem podes
ser concebido como inexistente em nenhum momento. Mas tu é s vida, e
luz, e sabedoria, e bem-aventurança, e muitos bens desta natureza. E,
no entanto, tu é s apenas um bem supremo; tu é s todo-su iciente para ti
mesmo, e nã o precisas de ningué m; e tu é s aquele de quem todas as
coisas precisam para sua existê ncia e bem-estar.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XXIII
E P , F E S . E
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T
Seu bom é s, tu, Deus Pai; esta é tua Palavra, isto é , teu Filho.
Pois nada, alé m do que você é , ou maior ou menor do que você ,
pode estar na Palavra pela qual você se expressa; pois tua
Palavra é verdadeira, como tu é s veraz. E, portanto, é a pró pria verdade,
assim como tu é s; nenhuma outra verdade alé m de você ; e tu é s de uma
natureza tã o simples, que de ti nada pode nascer alé m do que tu é s.
Este muito bom é o ú nico amor comum a ti e ao teu Filho, isto é , o
Espı́rito Santo procedente de ambos. Pois este amor nã o é diferente de
ti ou de teu Filho; vendo que você ama a si mesmo e a ele, e a ele, a você
e a si mesmo, em toda a extensã o de seu ser e dele. Nem há mais nada
procedente de ti e dele, que nã o seja diferente de ti e dele. Tampouco
pode proceder da suprema simplicidade, senã o o que é isto de que
procede.

Mas o que cada um é , separadamente, tudo isso é a Trindade ao


mesmo tempo, Pai, Filho e Espı́rito Santo; vendo que cada um
separadamente nã o é outro senã o a unidade supremamente simples e a
simplicidade supremamente unitá ria que nã o pode ser multiplicada
nem variada. Alé m disso, há um ú nico Ser necessá rio. Agora, este é
aquele Ser ú nico e necessá rio, no qual está todo bem; nã o, que é todo
bem, e um ú nico bem inteiro, e o ú nico bem.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XXIV
C .
— S , !

ND agora, minha alma, desperte e eleve todo o teu


UMA entendimento, e conceba, tanto quanto puderes, que cará ter e
quã o grande é esse bem! Pois, se os bens individuais sã o
deliciosos, conceba com seriedade quã o delicioso é aquele bem que
conté m o prazer de todos os bens; e nã o como experimentamos em
objetos criados, mas tã o diferente quanto o Criador da criatura. Pois, se
a vida criada é boa, quã o boa é a vida criativa! Se a salvaçã o dada é
deleitosa, quã o deleitosa é a salvaçã o que deu toda a salvaçã o! Se a
sabedoria no conhecimento do mundo criado é amá vel, quã o amá vel é a
sabedoria que criou todas as coisas do nada! Finalmente, se há muitos
grandes deleites em coisas deliciosas, qual e quã o grande é o prazer
naquele que fez essas coisas deliciosas.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XXV
Q
. — A
- -
.

C
HO deve desfrutar deste bem? E o que deve pertencer a ele e o
que nã o deve pertencer a ele? De qualquer forma, tudo o que ele
desejar será dele, e tudo o que ele nã o desejar nã o será dele.
Pois, esses bens do corpo e da alma serã o como os olhos nã o viram,
nem os ouvidos ouviram, nem o coraçã o do homem concebeu ( Isaı́as
lxiv. 4; I Corı́ntios ii. 9 ).

Por que, entã o, você vagueia por aı́, homem insigni icante, em sua
busca pelos bens de sua alma e de seu corpo? Ame o ú nico bem no qual
estã o todos os bens, e isso basta. Deseje o bem simples que é todo bem,
e isso basta. Pois, o que você ama, minha carne? O que desejas, minha
alma? Lá está o que você ama, o que você deseja.

Se a beleza te deleita, os justos brilharã o como o sol ( Mateus


13:43 ). Se a agilidade ou a resistê ncia, ou a liberdade do corpo, que
nada pode resistir, te deleitam, eles serã o como anjos de Deus – porque
é semeado um corpo natural; é ressuscitado um corpo espiritual ( I
Corı́ntios xv. 44 )—em poder certamente, embora nã o em natureza. Se é
uma vida longa e saudá vel que te agrada, existe uma eternidade
saudá vel e uma saú de eterna. Para o justo viverá para sempre (
Sabedoria v. 15 ), ea salvaçã o do justo é do Senhor ( Salmos xxxvii. 39 ).
Se for a satisfaçã o da fome, eles serã o satisfeitos quando a gló ria do
Senhor aparecer ( Salmos xvii. 15 ). Se é saciar a sede, eles se fartarã o
com a gordura da tua casa ( Salmos xxxvi. 8 ). Se for melodia, ali os
coros dos anjos cantam para sempre, diante de Deus. Se nã o for impuro,
mas puro, prazer, tu os fará s beber do rio dos teus prazeres, ó Deus (
Salmos xxxvi. 8 ).

Se é a sabedoria que te agrada, a pró pria sabedoria de Deus se


revelará a eles. Se amizade, eles amarã o a Deus mais do que a si
mesmos, e uns aos outros como a si mesmos. E Deus os amará mais do
que eles mesmos; porque eles o amam, e a si mesmos, e uns aos outros,
por meio dele, e ele, a si mesmo e a eles, por si mesmo. Se houver
concordâ ncia, todos terã o um ú nico testamento.

Se for poder, eles terã o todo o poder para cumprir sua vontade,
como Deus para cumprir a sua. Pois, assim como Deus terá poder para
fazer o que quiser, por meio de si mesmo, eles terã o poder, por meio
dele, para fazer o que quiserem. Pois, como eles nã o desejarã o nada
alé m dele, ele desejará o que eles quiserem; e o que ele quiser nã o pode
deixar de ser. Se honra e riquezas, Deus fará seus servos bons e ié is
governantes sobre muitas coisas (Lucas xii. 42) ; nã o, eles serã o
chamados ilhos de Deus e deuses; e onde seu Filho estiver, lá estarã o
eles també m, herdeiros de fato de Deus, e co-herdeiros com Cristo (
Romanos viii. 17 ).

Se a verdadeira segurança te agrada, sem dú vida eles terã o a


mesma certeza de que esses bens, ou melhor, esse bem, nunca e de
modo algum lhes faltarã o; pois eles devem ter certeza de que nã o a
perderã o por conta pró pria; e que Deus, que os ama, nã o a tirará
daqueles que o amam contra sua vontade; e que nada mais poderoso do
que Deus o separará deles contra sua vontade e a deles.

Mas qual ou quã o grande é a alegria, onde tal e tal é o bem!


Coraçã o do homem, coraçã o necessitado, coraçã o conhecedor de
tristezas, nã o, sobrecarregado de tristezas, quanto você se alegraria se
abundasse em todas essas coisas! Pergunte à sua mente mais ı́ntima se
ela poderia conter sua alegria por tã o grande bem-aventurança pró pria.

No entanto, certamente, se qualquer outro a quem você amasse


completamente como a si mesmo possuı́sse a mesma bem-aventurança,
sua alegria seria dobrada, porque você se alegraria nã o menos por ele
do que por si mesmo. Mas, se dois, ou trê s, ou muitos mais, tivessem a
mesma alegria, você se alegraria tanto por cada um quanto por si
mesmo, se amasse cada um como a si mesmo. Portanto, nesse amor
perfeito de inú meros anjos bem-aventurados e homens santos, onde
ningué m amará outro menos do que a si mesmo, cada um se alegrará
por cada um dos outros como por si mesmo.

Se, entã o, o coraçã o do homem mal conterá sua alegria por seu
pró prio bem tã o grande, como conterá tantas e tã o grandes alegrias? E,
sem dú vida, visto que cada um ama o outro na medida em que se alegra
com o bem do outro, e que, nessa felicidade perfeita, cada um deve
amar a Deus sem comparaçã o, mais do que a si mesmo e todos os
outros com ele; assim ele se regozijará alé m da conta na felicidade de
Deus, mais do que na sua pró pria e na de todos os outros com ele.

Mas se eles amarem a Deus com todo o seu coraçã o, e toda a sua
mente, e toda a sua alma, que ainda todo o coraçã o, e toda a mente, e
toda a alma nã o serã o su icientes para a dignidade deste amor; sem
dú vida, eles se regozijarã o de todo o coraçã o, e toda a mente, e toda a
alma, que todo o coraçã o, toda a mente e toda a alma nã o serã o
su icientes para a plenitude de sua alegria.
Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus
CAPÍTULO XXVI
S S ?
— O -
; .

M
ó Deus e meu Senhor, minha esperança e alegria do meu
coraçã o, fala à minha alma e dize-me se esta é a alegria que
nos dizes por meio de teu Filho: Pedi e recebereis, para que a
vossa alegria seja completa ( Joã o xvi. 24 ). Pois eu encontrei uma
alegria que é plena, e mais do que plena. Pois quando o coraçã o, a
mente, a alma e todo o homem estiverem cheios dessa alegria, a alegria
alé m da medida ainda permanecerá . Portanto, nem toda essa alegria
entrará naqueles que se regozijam; mas os que se regozijam entrarã o
inteiramente nessa alegria.

Mostra-me, ó Senhor, mostra ao teu servo em seu coraçã o se esta é


a alegria em que entrarã o teus servos, que entrarã o na alegria de seu
Senhor. Mas aquela alegria, certamente, com a qual os teus escolhidos
se regozijarã o, olhos nã o viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais
subiram ao coraçã o do homem ( Isaı́as lxiv. 4 ; I Corı́ntios ii. 9 ). Ainda
nã o contei ou concebi, ó Senhor, quã o grandemente esses teus bem-
aventurados se regozijarã o. Sem dú vida, eles se regozijarã o de acordo
com o amor; e eles amarã o como devem saber. Quã o longe eles te
conhecerã o, Senhor, entã o! e quanto eles te amarã o! Na verdade, olhos
nã o viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou no coraçã o do
homem nesta vida, até onde te conhecerã o e quanto te amarã o nesta
vida.
Eu oro, ó Deus, para te conhecer, para te amar, para que eu possa
me alegrar em ti. E se eu nã o puder alcançar a alegria plena nesta vida,
posso pelo menos avançar dia apó s dia, até que essa alegria chegue ao
má ximo. Que o conhecimento de ti avance em mim aqui, e ali seja feito
completo. Que o amor de ti aumente, e ali seja completo, para que aqui
minha alegria seja grande em esperança, e ali plena em verdade.
Senhor, atravé s de teu Filho tu ordenas, ou melhor, tu nos aconselhas a
pedir; e tu prometes que receberemos, para que nossa alegria seja
completa. Eu peço, ó Senhor, como tu aconselhas atravé s de nosso
maravilhoso Conselheiro. Receberei o que prometes em virtude da tua
verdade, para que minha alegria seja completa. Deus iel, eu peço.
receberei, para que minha alegria seja completa. Enquanto isso, deixe
minha mente meditar sobre isso; deixe minha lı́ngua falar disso. Deixe
meu coraçã o amá -lo; deixe minha boca falar disso. Deixe minha alma
ansiar por isso; que minha carne tenha sede disso; que todo o meu ser o
deseje, até que eu entre no teu gozo, ó Senhor, que sois os Trê s e o Deus
Uno, bendito para todo o sempre. Um homem.
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PREFÁCIO
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S P ,
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LXXVIII.,
T
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C
ERTAIN irmã os me pediram muitas vezes e sinceramente que eu
escrevesse alguns pensamentos que eu lhes havia oferecido em
conversas familiares, sobre a meditaçã o sobre o Ser de Deus e
sobre alguns outros tó picos relacionados a esse assunto, sob a forma de
uma meditaçã o sobre esses temas. . E de acordo com o desejo deles, e
nã o com minha habilidade, que eles prescreveram tal forma para a
escrita desta meditaçã o; a im de que nada nas Escrituras deva ser
instado com base na autoridade das pró prias Escrituras, mas que
qualquer que seja a conclusã o da investigaçã o independente deva
declarar ser verdadeira, deve, em um estilo sem adornos, com provas
comuns e com um argumento simples, ser brevemente reforçada por a
cogê ncia da razã o, e claramente exposta à luz da verdade. Era desejo
deles també m que eu nã o desprezasse as objeçõ es tã o simples e quase
tolas que me ocorrem.

Essa tarefa eu há muito me recuso a realizar. E, re letindo sobre o


assunto, tentei por muitos motivos me desculpar; pois quanto mais eles
queriam que este trabalho fosse adaptá vel ao uso prá tico, mais difı́cil
era o que eles me impunham de execuçã o. Finalmente vencidos, poré m,
tanto pela modesta importunaçã o de suas sú plicas quanto pela nã o
desprezı́vel sinceridade de seu zelo; e relutante como estava por causa
da di iculdade de minha tarefa e da fraqueza de meu talento, entrei no
trabalho que eles pediram. Mas é com prazer inspirado por seu carinho
que, na medida do possı́vel, tenho realizado este trabalho dentro dos
limites que eles estabeleceram.

Fui levado a essa empreitada na esperança de que tudo o que eu


pudesse realizar logo seria esmagado pelo desprezo, como por homens
enojados com alguma coisa sem valor. Pois sei que neste livro nã o
satis izei tanto aqueles que me suplicaram, mas pus im à s sú plicas que
me seguiam com tanta urgê ncia. No entanto, de alguma forma, ao
contrá rio da minha esperança, nã o apenas os irmã os mencionados
acima, mas vá rios outros, fazendo có pias para seu pró prio uso,
condenaram este escrito a uma longa lembrança. E, apó s freqü ente
consideraçã o, nã o pude descobrir que iz nele qualquer declaraçã o que
seja inconsistente com os escritos dos Padres Cató licos, ou
especialmente com os de Santo Agostinho. Portanto, se a algum homem
parecer que ofereci neste trabalho algum pensamento que seja muito
novo ou discordante da verdade, peço-lhe que nã o me denuncie
imediatamente como algué m que se apodera ousadamente de novas
idé ias, ou como um mantenedor da falsidade; mas que ele primeiro leia
diligentemente os livros de Agostinho sobre a Trindade, e entã o julgue
meu tratado à luz deles.
Ao a irmar que se pode dizer que a Trindade suprema consiste em
trê s substâ ncias, segui os gregos, que reconhecem trê s substâ ncias em
uma Essê ncia, na mesma fé em que reconhecemos trê s pessoas em uma
substâ ncia. Pois eles designam pela palavra substância aquele atributo
de Deus que designamos pela palavra pessoa.

O que quer que eu tenha dito sobre esse ponto, poré m, é colocado
na boca de quem debate e investiga em re lexã o solitá ria, questõ es à s
quais ele nã o havia dado atençã o antes. E este mé todo eu sabia estar de
acordo com o desejo daqueles cujo pedido eu estava me esforçando
para cumprir. Mas é minha oraçã o e fervorosa sú plica que, se algué m
desejar copiar esta obra, tenha o cuidado de colocar este prefá cio no
inı́cio do livro, antes do corpo da pró pria meditaçã o. Pois acredito que
será muito ú til compreender o assunto deste livro, se tomar nota da
intençã o e do mé todo segundo o qual é discutido. E minha opiniã o,
també m, que aquele que primeiro viu este prefá cio nã o pronunciará um
julgamento precipitado, se encontrar aqui oferecido qualquer
pensamento que seja contrá rio à sua pró pria crença.
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CAPÍTULO I
E ,
.

Qualquer homem, seja por ignorâ ncia ou incredulidade, nã o tem


EU conhecimento da existê ncia de uma Natureza que é a mais elevada
de todos os seres existentes, que també m é su iciente a si mesmo
em sua eterna bem-aventurança, e que confere efeitos e efeitos em
todos os outros seres, atravé s de sua bondade onipotente, o pró prio
fato de sua existê ncia e o fato de que de alguma forma sua existê ncia é
boa; e se ele nã o tem conhecimento de muitas outras coisas, que
necessariamente acreditamos em relaçã o a Deus e suas criaturas, ele
ainda acredita que pode pelo menos se convencer dessas verdades em
grande parte, mesmo que seus poderes mentais sejam muito comuns,
pela força apenas da razã o.

E, embora ele pudesse fazer isso de muitas maneiras, adotarei uma


que considero mais fá cil para tal homem. Pois, como todos desejam
desfrutar apenas das coisas que supõ em serem boas, é natural que esse
homem, em algum momento, volte seus olhos para o exame daquela
causa pela qual essas coisas sã o boas, que ele nã o conhece. desejo, a
menos que ele os julgue bons. De modo que, à medida que a razã o
conduz e acompanha essas consideraçõ es, ele avança racionalmente
para aquelas verdades das quais, sem razã o, ele nã o tem conhecimento.
E se, nesta discussã o, eu usar qualquer argumento que nenhuma
autoridade maior aduz, desejo que seja recebido desta maneira:
embora, com base no que considero adequado adotar, a conclusã o seja
alcançada como se necessariamente, ainda assim nã o é , por esta razã o,
dito absolutamente necessá rio, mas apenas que pode parecer assim por
enquanto.

E fá cil, entã o, algué m dizer a si mesmo: uma vez que existem bens
tã o inumerá veis, cuja grande diversidade experimentamos pelos
sentidos do corpo e discernimos por nossas faculdades mentais, nã o
devemos acreditar que existe algo atravé s do qual todos os bens que
sã o bons? Ou eles sã o bons um por uma coisa e outro por outra?
Certamente, é muito certo e claro, para todos os que desejam ver, que
tudo o que se diz possuir algum atributo de tal maneira que, em
comparaçã o mú tua, pode-se dizer que o possui em maior, ou menor, ou
igual grau, dizem que a possuem em virtude de algum fato, que nã o é
entendido como uma coisa em um caso e outra em outro, mas como
sendo o mesmo em casos diferentes, se é considerado como existindo
nesses casos em igual grau. ou grau desigual. Pois, tudo o que se diz
justo, quando comparado um com o outro, seja igual, ou mais, ou
menos, nã o pode ser entendido como justo, exceto pela qualidade da
justiça, que nã o é uma coisa em um caso e outra em outro. outro.

Como é certo, entã o, que todos os bens, se comparados entre si, se


mostrariam iguais ou desigualmente bons, necessariamente todos eles
sã o bons em virtude de algo que é concebido como o mesmo em
diferentes bens, embora à s vezes pareçam ser chamados bom, um em
virtude de uma coisa, o outro em virtude de outra. Pois, aparentemente,
é em virtude de uma qualidade que um cavalo é chamado bom, porque
é forte, e em virtude de outra, é chamado bom, porque é rá pido. Pois,
embora pareça ser chamado bom em virtude de sua força e bom em
virtude de sua rapidez, ainda assim rapidez e força nã o parecem ser a
mesma coisa.

Mas se um cavalo, porque é forte e rá pido, é bom, como é que um


ladrã o forte e rá pido é ruim? Pelo contrá rio, assim como um ladrã o
forte e rá pido é mau, porque é nocivo, assim um cavalo forte e rá pido é
bom, porque é ú til. E, de fato, nada é comumente considerado bom,
exceto por alguma utilidade – como, por exemplo, a segurança é
chamada de boa, e aquelas coisas que promovem a segurança – ou por
algum cará ter honrado – como, por exemplo, a beleza é considerada
bom, e o que promove a beleza.

Mas, como o raciocı́nio que observamos nã o é de modo algum


refutá vel, necessariamente, també m, todas as coisas, sejam ú teis ou
honrosas, se forem verdadeiramente boas, sã o boas por aquele mesmo
ser atravé s do qual todos os bens existem, qualquer que seja esse ser.
Mas quem pode duvidar que este mesmo ser, atravé s do qual todos os
bens existem, seja um grande bem? Este deve ser, entã o, um bem por si
mesmo, pois todo outro bem é por meio dele.

Segue-se, portanto, que todos os outros bens sã o bons por outro
ser que nã o aquele que eles mesmos sã o, e só esse ser é bom por si
mesmo. Portanto, só isso é sumamente bom, o ú nico que é bom por si
mesmo. Pois é supremo, na medida em que supera os outros seres, de
modo que nã o é igualado nem superado. Mas o que é supremamente
bom també m é supremamente grande. Existe, portanto, algum ser que é
supremamente bom e supremamente grande, isto é , o mais elevado de
todos os seres existentes.
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CAPÍTULO II
O .

B
UT, assim como foi provado que existe um ser que é
supremamente bom, pois todos os bens sã o bons por um ú nico
ser, que é bom por si mesmo; portanto, é necessá rio inferir que
há algo supremamente grande, que é grande por si mesmo. Mas, nã o me
re iro isicamente grande, como um objeto material é grande, mas
aquilo que, quanto maior, é melhor ou mais digno – a sabedoria, por
exemplo. E como nã o pode haver nada supremamente grande, exceto o
que é supremamente bom, deve haver um ser que seja o maior e o
melhor, isto é , o mais elevado de todos os seres existentes.
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CAPÍTULO III
H N
, ,
.

T
PORTANTO, nã o apenas todas as coisas boas sã o tais por algo
que é um e o mesmo, e todas as grandes coisas por algo que é
um e o mesmo; mas o que quer que seja, aparentemente existe
atravé s de algo que é um e o mesmo. Pois, tudo o que é , existe ou
atravé s de algo, ou atravé s do nada. Mas nada existe atravé s do nada.
Pois é totalmente inconcebı́vel que algo nã o exista em virtude de algo.

O que quer que seja, entã o, nã o existe a nã o ser por meio de algo.
Como isso é verdade, ou há um ser, ou há mais de um, atravé s do qual
todas as coisas existem. Mas, se houver mais de um, ou estes devem ser
referidos a algum ser, pelo qual existem, ou existem separadamente,
cada um por si, ou existem mutuamente um pelo outro.

Mas, se esses seres existem por um ser, entã o todas as coisas nã o
existem por mais de um, mas sim por aquele ser pelo qual eles existem.

Se, no entanto, estes existem separadamente, cada um por si


mesmo, há , de qualquer forma, algum poder ou propriedade de existir
por si ( existndi per se ), pelo qual eles podem existir cada um por si.
Mas nã o há dú vida de que, nesse caso, eles existem por esse mesmo
poder, que é um, e pelo qual podem existir, cada um por si mesmo. Mais
verdadeiramente, entã o, todas as coisas existem por este mesmo ser,
que é um, do que por estes, que sã o mais de um, que, sem este, nã o
podem existir.

Mas que esses seres existam mutuamente um pelo outro, nenhuma


razã o pode admitir; já que é uma concepçã o irracional que qualquer
coisa deva existir por meio de um ser ao qual confere existê ncia. Pois
nem mesmo os seres de natureza relativa existem assim mutuamente,
um pelo outro. Pois, embora os termos senhor e servo sejam usados com
referê ncia mú tua, e os homens assim designados sejam mencionados
como tendo relaçõ es mú tuas, ainda assim eles nã o existem
mutuamente, um pelo outro, uma vez que essas relaçõ es existem
atravé s dos sujeitos com os quais eles sã o referidos.

Portanto, como a verdade exclui completamente a suposiçã o de


que há mais seres de um, atravé s do qual todas as coisas existem, esse
ser, atravé s do qual todas existem, deve ser um. Visto que todas as
coisas que existem existem por meio desse ser, sem dú vida esse ser
existe por si mesmo. Todas as coisas que existem, entã o, existem por
outra coisa que nã o elas mesmas, e somente isso por si mesmo. Mas o
que existe por outro é menor do que aquilo pelo qual todas as coisas
existem, e que é o ú nico que existe por si mesmo. Portanto, o que existe
por si mesmo existe no maior grau de todas as coisas.

Existe, entã o, algum ser que existe sozinho no maior e mais alto
grau de todos. Mas o que é o maior de todos, e atravé s do qual existe
tudo o que é bom ou grande, e, em suma, tudo o que tem alguma
existê ncia, deve ser supremamente bom, supremamente grande e o
mais alto de todos os seres existentes.
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CAPÍTULO IV
O .

F
AINDA, se algué m observa a natureza das coisas que percebe,
quer queira ou nã o, que nem todas sã o abrangidas em um ú nico
grau de dignidade; mas que alguns deles se distinguem pela
desigualdade de grau. Pois, quem duvida que o cavalo seja superior em
sua natureza à madeira, e o homem mais excelente que o cavalo,
certamente nã o merece o nome de homem. Portanto, embora nã o se
possa negar que algumas naturezas sã o superiores a outras, a razã o nos
convence de que alguma natureza é tã o proeminente entre estas que
nã o tem superior. Pois, se a distinçã o dos graus é in inita, de modo que
nã o há entre eles nenhum grau alé m do qual nenhum superior possa
ser encontrado, nosso curso de raciocı́nio chega a esta conclusã o: que a
pró pria multidã o de naturezas nã o é limitada por nenhum limite. Mas
apenas um homem absurdamente tolo pode deixar de considerar tal
conclusã o como absurdamente tola. Há , entã o, necessariamente alguma
natureza que é tã o superior a alguma natureza ou naturezas, que nã o
há nenhuma em comparaçã o com a qual seja classi icada como inferior.

Ora, esta natureza que é tal, ou é ú nica, ou há mais naturezas do


que uma desta espé cie, e sã o de igual grau.

Mas, se eles sã o mais de um e iguais, uma vez que nã o podem ser
iguais por causas diversas, mas apenas por alguma causa que é uma e a
mesma, aquela causa pela qual eles sã o igualmente tã o grandes, ou é ela
mesma o que eles sã o, isto é , a pró pria essê ncia dessas naturezas; ou
entã o é diferente do que eles sã o.
Mas se nada mais é do que sua pró pria essê ncia, assim como eles
nã o tê m mais de uma essê ncia, mas uma ú nica essê ncia, entã o eles nã o
tê m mais de uma natureza, mas uma ú nica natureza. Pois aqui entendo
a natureza como idê ntica à essência.

Se, no entanto, aquilo pelo qual essas naturezas sã o tã o grandes é
diferente daquilo que elas sã o, entã o, certamente, elas sã o menores do
que aquilo pelo qual elas sã o tã o grandes. Pois, o que é grande por outra
coisa é menor do que aquilo por que é grande. Portanto, eles nã o sã o
tã o grandes que nã o haja nada maior do que eles.

Mas se, nem pelo que sã o, nem por outra coisa que nã o elas
mesmas, pode haver mais naturezas do que uma, do que nenhuma
outra será mais excelente, entã o de modo algum pode haver mais de
uma natureza desse tipo. Concluı́mos, entã o, que há uma natureza que é
una e ú nica, e que é tã o superior à s outras que nã o é inferior a
nenhuma. Mas o que é tal é o maior e o melhor de todos os seres
existentes. Portanto, há uma certa natureza que é a mais elevada de
todos os seres existentes. Isso, poré m, nã o pode ser, a menos que seja o
que é por si mesmo, e todos os seres existentes sã o o que sã o por ele.

Pois, como nosso raciocı́nio nos mostrou há pouco tempo, o que
existe por si mesmo, e atravé s do qual todas as outras coisas existem, é
o mais alto de todos os seres existentes; ou inversamente, o que é o
mais elevado existe por si mesmo, e todos os outros por ele; ou, haverá
mais de um ser supremo. Mas é manifesto que nã o pode haver mais de
um ser supremo. Há , portanto, uma certa Natureza, ou Substâ ncia, ou
Essê ncia, que é por si mesma boa e grande, e por si mesma é o que é ; e
atravé s do qual existe tudo o que é verdadeiramente bom, ou grande, ou
tem alguma existê ncia; e que é o supremo ser bom, o supremo grande
ser, sendo ou subsistindo como supremo, isto é , o mais elevado de todos
os seres existentes.
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CAPÍTULO V
A N ,
, ,
.

S
VISTO, pois, que a verdade já descoberta foi satisfatoriamente
demonstrada, é ú til examinar se esta Natureza e todas as coisas
que tê m existê ncia nã o derivam a existê ncia de outra fonte senã o
ela, assim como nã o existem senã o por ela.

Mas é claro que se pode dizer que o que deriva a existê ncia de
alguma coisa existe pela mesma coisa; e o que existe por meio de algo
també m dele deriva existê ncia. Por exemplo, o que deriva a existê ncia
da maté ria e existe atravé s do artı́ ice, pode-se dizer també m que existe
pela maté ria e deriva a existê ncia do artı́ ice, pois existe por ambas e
deriva a existê ncia de ambas. Ou seja, é dotado de existê ncia por ambos,
embora exista atravé s da maté ria e do artı́ ice num sentido diferente
daquele em que existe atravé s e do artı́ ice.

Segue-se, entã o, que assim como todos os seres existentes sã o o


que sã o, pela natureza suprema, e como essa natureza existe por si
mesma, mas outros seres por outro que nã o eles mesmos, todos os
seres existentes derivam a existê ncia dessa natureza suprema. E,
portanto, esta Natureza deriva a existê ncia de si mesma, mas outros
seres dela.
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CAPÍTULO VI
E N
, ,
. — C
, , .

S
Visto que o mesmo signi icado nem sempre está ligado à frase
“existê ncia atravé s” de algo, ou, à frase, “existê ncia derivada de”
algo, deve ser feita uma investigaçã o muito diligente, de que
maneira todos os seres existentes existem atravé s da natureza
suprema, ou derivar a existê ncia dele. Pois, o que existe por si mesmo e
o que existe por outro nã o admitem o mesmo fundamento de
existê ncia. Consideremos primeiro, separadamente, esta Natureza
suprema, que existe por meio de si mesmo; entã o esses seres que
existem atravé s de outro.

Sendo evidente, entã o, que esta Natureza é tudo o que é , por si


mesma, e todos os outros seres sã o o que sã o, por meio dela, como ela
existe por si mesma? Pois, o que se diz existir atravé s de qualquer coisa
aparentemente existe atravé s de um agente e iciente, ou atravé s da
maté ria, ou atravé s de algum outro auxı́lio externo, como atravé s de
algum instrumento. Mas, tudo o que existe em qualquer um desses trê s
modos existe por outro que nã o ele mesmo, e é de existê ncia posterior
e, de alguma forma, menor do que aquele atravé s do qual obté m
existê ncia.

Mas, de modo algum a Natureza suprema existe atravé s de outra,


nem é posterior ou inferior a si mesma ou a qualquer outra coisa.
Portanto, a natureza suprema nã o poderia ser criada nem por si
mesma, nem por outra; nem poderia ela mesma ou qualquer outra ser a
maté ria de onde deveria ser criada; nem se ajudou de forma alguma;
nem nada a ajudou a ser o que nã o era antes.

O que deve ser inferido? Pois aquilo que nã o pode ter surgido por
nenhum agente criador, ou de qualquer maté ria, ou com quaisquer
ajudas externas, parece ser nada, ou, se tem alguma existê ncia, existir
atravé s do nada, e derivar existê ncia do nada. E embora, de acordo com
as observaçõ es que já iz, à luz da razã o, sobre a Substâ ncia suprema, eu
deveria pensar que tais proposiçõ es nã o poderiam de modo algum ser
verdadeiras no caso da Substâ ncia suprema; ainda assim, eu nã o
deixaria de dar uma demonstraçã o relacionada deste assunto.

Pois, vendo que esta minha meditaçã o me trouxe de repente a um


ponto importante e interessante, nã o estou disposto a passar
descuidadamente mesmo qualquer objeçã o simples ou quase tola que
me ocorra, em meu argumento; a im de que, nã o deixando nenhuma
ambiguidade em minha discussã o até este ponto, eu possa ter a força
mais segura para avançar para o que se segue; e para que, se por acaso
eu quiser convencer qualquer um da verdade de minhas especulaçõ es,
mesmo uma das mentes mais lentas, removendo todos os obstá culos,
por menores que sejam, possa concordar com o que aqui encontra.

Que esta Natureza, entã o, sem a qual nenhuma natureza existe,


nã o é nada, é tã o falso quanto seria absurdo dizer que tudo o que é nã o
é nada. E, alé m disso, nã o existe pelo nada, porque é totalmente
inconcebı́vel que o que é alguma coisa exista pelo nada. Mas, se de
algum modo deriva a existê ncia do nada, fá -lo por si mesmo, ou por
outro, ou por nada. Mas é evidente que de modo algum existe algo
atravé s do nada. Se, entã o, de alguma forma deriva a existê ncia do nada,
fá -lo por si mesmo ou por outro.

Mas nada pode, por si mesmo, derivar a existê ncia do nada, porque
se alguma coisa deriva a existê ncia do nada, atravé s de algo, entã o
aquilo pelo qual ela existe deve existir antes dela. Visto que esse Ser,
entã o, nã o existe antes de si mesmo, de modo algum deriva a existê ncia
de si mesmo.

Mas se se supõ e que derivou a existê ncia de alguma outra


natureza, entã o nã o é a natureza suprema, mas alguma inferior, nem é o
que é por si mesma, mas por outra.

Mais uma vez: se esta Natureza deriva a existê ncia do nada,


atravé s de alguma coisa, aquilo pelo qual ela existe era um grande bem,
pois era a causa do bem. Mas nenhum bem pode ser entendido como
existindo antes daquele bem, sem o qual nada é bom; e é bastante claro
que esse bem, sem o qual nã o há bem, é a natureza suprema que está
em discussã o. Portanto, nã o é sequer concebı́vel que esta Natureza
tenha sido precedida por algum ser, atravé s do qual ela derivou a
existê ncia do nada.

Portanto, se ele tem alguma existê ncia por nada, ou deriva a


existê ncia de nada, nã o há dú vida de que, seja o que for, nã o existe por
si mesmo, ou deriva a existê ncia de si mesmo, ou entã o ele mesmo nã o
é nada. E desnecessá rio mostrar que ambas as suposiçõ es sã o falsas. A
Substâ ncia suprema, entã o, nã o existe por meio de nenhum agente
e iciente, e nã o deriva existê ncia de qualquer maté ria, e nã o foi ajudada
a ser trazida à existê ncia por quaisquer causas externas. No entanto, ela
nã o existe de modo algum pelo nada, ou deriva a existê ncia do nada;
pois, por si mesmo e por si mesmo, é o que quer que seja.

Finalmente, como deve ser entendido como existir por si mesmo e


derivar a existê ncia de si mesmo: ele nã o se criou, nem surgiu como sua
pró pria maté ria, nem de modo algum se ajudou a se tornar o que era.
nã o antes, a nã o ser que, porventura, pareça melhor conceber este
assunto da maneira como se diz que a luz ilumina ou é luminosa, por e
por si mesma. Pois, como sã o as relaçõ es mú tuas da luz e da luz e do
lucent ( lux, lucere, lucens ), tais sã o as relaçõ es da essência, e ser e ser,
isto é , existir ou subsistir . Assim, o Ser supremo , e estar no mais alto
grau, e estar no mais alto grau, mantê m quase as mesmas relaçõ es, um
com o outro, como a luz e a luz e a luz .
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CAPÍTULO VII
D
N .

T
AQUI agora permanece a discussã o de toda essa classe de seres
que existem atravé s de outro, sobre como eles existem atravé s
da Substâ ncia suprema, seja porque esta Substâ ncia criou todos
eles, ou porque foi o material de todos. Pois, nã o há necessidade de
indagar se tudo existe por meio dela, por esta razã o, a saber, que
havendo outro agente criador, ou outro material existente, essa
Substâ ncia suprema apenas ajudou a realizar a existê ncia de todas as
coisas: uma vez que é inconsistente com o que já foi mostrado, que tudo
o que as coisas sã o devem existir secundariamente, e nã o
principalmente, por meio dela.

Em primeiro lugar, entã o, parece-me, devemos indagar se toda


essa classe de seres que existe atravé s de outro deriva existê ncia de
algum material. Mas nã o duvido que todo este mundo só lido, com suas
partes, como vemos, consiste em terra, á gua, fogo e ar. Esses quatro
elementos, é claro, podem ser concebidos sem essas formas que vemos
nos objetos reais, de modo que sua natureza informe, ou mesmo
confusa, parece ser a maté ria de todos os corpos, distinguida por suas
pró prias formas. Eu nã o duvido disso. Mas pergunto, de onde esse
mesmo material que mencionei, o material da massa mundana, deriva
sua existê ncia. Pois, se existe algum material deste material, entã o esse
é mais verdadeiramente o material do universo fı́sico.
Se, entã o, o universo das coisas, visı́veis ou invisı́veis, deriva a
existê ncia de qualquer material, certamente nã o só nã o pode ser, mas
també m nã o pode ser suposto ser, de qualquer outro material que nã o
seja da Natureza suprema ou de si mesmo, ou de algum terceiro ser -
mas este ú ltimo, de qualquer forma, nã o existe. Pois, de fato, nada é
sequer concebı́vel, exceto o mais alto de todos os seres, que existe por si
mesmo, e o universo dos seres que existem, nã o por si mesmos, mas
por esse Ser supremo. Portanto, o que nã o tem existê ncia nã o é maté ria
de nada.

De sua pró pria natureza, o universo nã o pode derivar existê ncia,
pois, se assim fosse, ele existiria de alguma forma por si mesmo e,
portanto, por outro que nã o aquele pelo qual todas as coisas existem.
Mas todas essas suposiçõ es sã o falsas.

Novamente, tudo o que deriva existê ncia do material deriva


existê ncia de outro, e existe depois desse outro. Portanto, como nada é
diferente de si mesmo, ou posterior a si mesmo, segue-se que nada
deriva de si a existê ncia material.

Mas se, do material da pró pria Natureza suprema, qualquer ser


menor pode derivar existê ncia, o bem supremo está sujeito à mudança
e corrupçã o. Mas isso é ı́mpio supor. Portanto, visto que tudo o que é
diferente desta natureza suprema é menor do que ela, é impossı́vel que
qualquer outra coisa que nã o seja desta forma deriva existê ncia dela.

Alé m disso: sem dú vida, nã o é de modo algum um bem, pelo qual o
bem supremo está sujeito à mudança ou corrupçã o. Mas, se alguma
natureza menor deriva a existê ncia da maté ria do bem supremo, visto
que nada existe de onde, exceto pelo Ser supremo, o bem supremo está
sujeito à mudança e corrupçã o pelo pró prio Ser supremo. Portanto, o
Ser supremo, que é ele mesmo o bem supremo, de modo algum é bom;
o que é uma contradiçã o. Nã o há , portanto, natureza menor que deriva
a existê ncia de uma maneira material da Natureza suprema.

Como, pois, é evidente que a essê ncia das coisas que existem por
outro nã o deriva a existê ncia como que materialmente, da Essê ncia
suprema, nem de si mesma, nem de outro, é manifesto que nã o deriva a
existê ncia de nenhum material. Portanto, visto que tudo o que é existe
pelo Ser supremo, e nada mais pode existir por meio desse Ser, exceto
por sua criaçã o, ou por sua existê ncia como material, segue-se,
necessariamente, que nada alé m dele existe, exceto por sua criaçã o. E,
como nada mais é ou foi, exceto aquele Ser supremo e os seres criados
por ele, ele nã o poderia criar nada atravé s de qualquer outro
instrumento ou auxı́lio que nã o ele mesmo. Mas tudo o que ele criou,
sem dú vida o criou de alguma coisa, como do material, ou do nada.

Uma vez que, entã o, é mais evidente que a essê ncia de todos os
seres, exceto a Essê ncia suprema, foi criada por essa Essê ncia suprema
e nã o deriva existê ncia de nenhum material, sem dú vida nada pode ser
mais claro do que essa Essê ncia suprema, no entanto, produzida do
nada, sozinho e por si mesmo, o mundo das coisas materiais, uma
multidã o tã o numerosa, formada em tal beleza, variada em tal ordem,
tã o adequadamente diversi icada.
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CAPÍTULO VIII
C N
.

B
UT somos confrontados com uma dú vida em relaçã o a este
termo nada. Pois, seja qual for a fonte que alguma coisa é
criada, essa fonte é a causa do que é criado a partir dela e,
necessariamente, toda causa fornece alguma ajuda ao ser do que ela
efetua. Isso é tã o irmemente acreditado, como resultado da
experiê ncia, por todos, que a crença nã o pode ser arrancada de
ningué m por argumentos, e di icilmente pode ser roubada por
so ismas.

Assim, se algo foi criado do nada, esse mesmo nada foi a causa do
que foi criado a partir dele. Mas como poderia aquilo que nã o existia,
ajudar alguma coisa a vir à existê ncia? Se, no entanto, nenhuma ajuda à
existê ncia de qualquer coisa teve sua fonte em nada, quem pode estar
convencido, e como, de que alguma coisa é criada do nada?

Alé m disso, nada quer dizer alguma coisa, ou nã o signi ica alguma
coisa. Mas se nada é alguma coisa, tudo o que foi criado do nada foi
criado de alguma coisa. Se, poré m, nada nã o é alguma coisa; já que é
inconcebı́vel que algo seja criado do que nã o existe, nada é criado do
nada; assim como todos concordam que nada vem do nada. Daı́,
evidentemente, segue-se que tudo o que é criado é criado a partir de
algo; pois é criado de alguma coisa ou do nada. Se, entã o, nada é alguma
coisa, ou nada nã o é alguma coisa, aparentemente segue-se que tudo o
que foi criado foi criado a partir de alguma coisa.
Mas, se isso é posto como uma verdade, entã o é assim posto em
oposiçã o a todo o argumento proposto no capı́tulo anterior. Portanto,
como o que nã o era nada será assim algo, o que foi algo no mais alto
grau nã o será nada. Pois, da descoberta de uma certa Substâ ncia
existente no maior grau de todos os seres existentes, meu raciocı́nio me
levou a esta conclusã o, que todos os outros seres foram criados por
essa Substâ ncia, que aquilo de que foram criados nã o era nada.
Portanto, se aquilo de que foram criados, que eu supunha ser nada, é
alguma coisa, o que quer que eu suponha ter sido apurado sobre o Ser
supremo, nã o é nada.

Qual, entã o, deve ser nossa compreensã o do termo nada? — Pois


já decidi nã o negligenciar nesta meditaçã o qualquer objeçã o possı́vel,
mesmo que seja quase tola. nada ser explicado.

Há uma maneira, segundo a qual desejamos que seja entendido,


que o que se diz ter sido criado do nada nã o foi criado; assim como, a
quem pergunta a respeito de um mudo, do que ele fala, a resposta é
dada “de nada”, ou seja, ele nã o fala nada. De acordo com essa
interpretaçã o, para quem pergunta sobre o Ser supremo, ou sobre o
que nunca existiu e nã o existe, de onde foi criado, a resposta “do nada”
pode ser dada corretamente; isto é , ele nunca foi criado. Mas esta
resposta é ininteligı́vel no caso de qualquer uma daquelas coisas que
realmente foram criadas.

Há outra interpretaçã o que é , de fato, passı́vel de suposiçã o, mas


nã o pode ser verdadeira; a saber, que se se diz que algo foi criado do
nada, foi criado do pró prio nada ( de nihilo ipso ), isto é , do que nã o
existe, como se esse mesmo nada fosse algum ser existente, do qual
algo poderia ser criado. Mas, como isso é sempre falso, sempre que se
supõ e, segue-se uma contradiçã o irreconciliá vel.

Há uma terceira interpretaçã o, segundo a qual se diz que uma


coisa foi criada do nada, quando entendemos que realmente foi criada,
mas que nã o há nada de onde foi criada. Aparentemente, é dito com um
signi icado semelhante, quando um homem é a ligido sem causa, que
ele é a ligido “por nada”.

Se, entã o, a conclusã o alcançada no capı́tulo anterior é entendida


neste sentido, que, com exceçã o do Ser supremo, todas as coisas foram
criadas por esse Ser do nada, isto é , de nada; assim como esta conclusã o
segue consistentemente os argumentos anteriores, entã o, a partir dela,
nada de inconsistente é inferido; embora se possa dizer, sem
incoerê ncia ou qualquer contradiçã o, que o que foi criado pela
substâ ncia criadora foi criado do nada, como se costuma dizer que um
homem rico foi feito de um homem pobre, ou que se recuperou a saú de
da doença; isto é , aquele que era pobre antes, é rico agora, como nã o
era antes; e aquele que estava doente antes, está bem agora, como nã o
estava antes.

Assim, entã o, podemos entender, sem inconsistê ncia, a a irmaçã o


de que o Ser criador criou todas as coisas do nada, ou que todas foram
criadas por meio dele do nada; isto é , aquelas coisas que antes nã o
eram nada, agora sã o alguma coisa. Pois, de fato, da pró pria palavra que
usamos, dizendo que os criou ou que foram criados , entendemos que
quando esse Ser os criou, criou algo, e que quando foram criados, foram
criados apenas como algo. Pois assim, vendo um homem de fortunas
muito humildes exaltado com muitas riquezas e honras por algué m,
dizemos: “Eis que ele fez esse homem do nada”; isto é , o homem que
antes era reputado como nada é agora, em virtude da criaçã o daquele
outro, verdadeiramente reconhecido como algo.
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CAPÍTULO IX
A
C .

B
Parece que vejo uma verdade que me compele a distinguir
cuidadosamente em que sentido se pode dizer que as coisas
que foram criadas nã o eram nada antes de sua criaçã o. Pois, de
modo algum algo pode ser concebivelmente criado por algué m, a
menos que haja, na mente do agente criador, algum exemplo, por assim
dizer, ou (como é mais apropriado supor) algum modelo, semelhança
ou regra. E evidente, entã o, que antes que o mundo fosse criado, estava
no pensamento da Natureza suprema, o que, e de que tipo e como
deveria ser. Portanto, embora seja claro que os seres que foram criados
nã o eram nada antes de sua criaçã o, na medida em que nã o eram o que
sã o agora, nem havia nada de onde deveriam ser criados, eles nã o eram
nada, na medida em que o pensamento do criador está em causa,
atravé s do qual, e segundo o qual, eles foram criados.
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CAPÍTULO X
E
( ),
.

B
UT este modelo de coisas, que precedeu sua criaçã o no
pensamento do criador, o que mais é que uma espé cie de
expressã o dessas coisas em seu pró prio pensamento; assim
como quando um artesã o está prestes a fazer algo à maneira de seu
ofı́cio, ele primeiro o expressa para si mesmo atravé s de um conceito?
Mas por expressão da mente ou razã o quero dizer, aqui, nã o a
concepçã o de palavras que signi icam os objetos, mas a visã o geral na
mente, pela visã o da concepçã o, dos pró prios objetos, sejam eles
destinados a ser, ou já existentes. .

Pois, pelo uso frequente, reconhece-se que podemos expressar o


mesmo objeto de trê s maneiras. Pois expressamos objetos ou pelo uso
sensı́vel de signos sensı́veis, isto é , signos que sã o perceptı́veis aos
sentidos corporais; ou pensando em nó s mesmos insensivelmente
nesses sinais que, quando usados externamente, sã o sensı́veis; ou nã o
empregando esses signos, sensivelmente ou insensivelmente, mas
expressando as pró prias coisas interiormente em nossa mente, seja
pelo poder de imaginar corpos materiais ou de compreender o
pensamento, de acordo com a diversidade desses pró prios objetos.

Pois eu expresso um homem de uma maneira, quando eu o


signi ico, pronunciando estas palavras, um homem ; em outro, quando
penso nas mesmas palavras em silê ncio; e em outro, quando a mente
considera o pró prio homem, seja pela imagem de seu corpo, seja pela
razã o; atravé s da imagem de seu corpo, quando a mente imagina sua
forma visı́vel; pela razã o, poré m, quando pensa em sua essê ncia
universal, que é um animal racional, mortal.

Agora, os dois primeiros tipos de expressã o estã o na linguagem de


sua raça. Mas as palavras desse tipo de expressã o, que coloquei em
terceiro e ú ltimo lugar, quando se referem a objetos bem conhecidos,
sã o naturais e sã o as mesmas entre todas as naçõ es. E, como todas as
outras palavras devem sua invençã o a estas, onde elas estã o, nenhuma
outra palavra é necessá ria para o reconhecimento de um objeto, e onde
elas nã o podem sê -lo, nenhuma outra palavra é ú til para a descriçã o de
um objeto.

Pois, sem absurdo, també m se pode dizer que sã o tanto mais
verdadeiras quanto mais se assemelham aos objetos aos quais
correspondem e mais expressivamente signi icam esses objetos. Pois,
com exceçã o daqueles objetos, que empregamos como seus pró prios
nomes, para signi icá -los, como certos sons, a vogal a por exemplo –
com exceçã o destes, digo, nenhuma outra palavra parece tã o
semelhante ao objeto ao qual se aplica, ou o expressa como aquela
semelhança que é expressa pela visã o da mente pensando no pró prio
objeto.

palavra especialmente pró pria e primá ria , correspondente à


coisa. Portanto, se nenhuma expressã o de qualquer objeto se aproxima
tanto do objeto quanto aquela expressã o que consiste nesse tipo de
palavras, nem pode haver no pensamento de qualquer outra palavra tã o
semelhante ao objeto, seja destinado a ser ou já existente, nã o sem
razã o, pode-se pensar que tal expressã o de objetos existiu com ( apud )
a Substâ ncia suprema antes de sua criaçã o, para que eles pudessem ser
criados; e existe, agora que foram criados, para que sejam conhecidos
por meio dele.
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CAPÍTULO XI
A , , C
.

B
UT, embora seja mais certo que a Substâ ncia suprema exprimiu,
por assim dizer, dentro de si todo o mundo criado, que
estabeleceu de acordo e por meio dessa mesma expressã o mais
profunda, assim como um artesã o concebe primeiro em sua mente o
que ele depois realmente executa de acordo com seu conceito mental,
mas vejo que essa analogia é muito incompleta.

Pois a Substâ ncia suprema nã o tirou absolutamente nada de


nenhuma outra fonte, de onde ela pudesse moldar um modelo em si
mesma, ou fazer de suas criaturas o que elas sã o; enquanto o artesã o é
totalmente incapaz de conceber em sua imaginaçã o qualquer coisa
corpó rea, exceto o que ele de alguma forma aprendeu de objetos
externos, seja de uma só vez, ou parte por parte; nem pode realizar a
obra mentalmente concebida, se faltar material ou qualquer coisa sem a
qual uma obra premeditada nã o possa ser realizada. Pois, embora um
homem possa, por meditaçã o ou representaçã o, moldar a ideia de
algum tipo de animal, tal como nã o existe; no entanto, de modo algum
ele tem o poder de fazer isso, exceto unindo nesta ideia as partes que
ele reuniu em sua memó ria de objetos conhecidos externamente.

Portanto, a esse respeito, essas expressõ es internas das obras que


devem criar diferem na substâ ncia criadora e no artesã o: que a
expressã o anterior, sem ser tomada ou auxiliada de qualquer fonte
externa, mas como causa primeira e ú nica, poderia bastar. o Artı́ ice
para a execuçã o de seu trabalho, enquanto este nã o é causa primeira,
nem ú nica, nem su iciente para o inı́cio do trabalho do artesã o.
Portanto, tudo o que foi criado por meio da primeira expressã o é
apenas o que é por meio dessa expressã o, enquanto tudo o que foi
criado por meio da ú ltima nã o existiria, a menos que fosse algo que nã o
é por essa mesma expressã o.
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CAPÍTULO XII
E S S .

B
UT uma vez que, como mostra nosso raciocı́nio, é igualmente
certo que tudo o que a Substâ ncia suprema criou, ela criou por
nada alé m de si mesma; e tudo o que criou, criou atravé s de sua
pró pria expressã o mais ı́ntima, seja separadamente, pela emissã o de
palavras separadas, ou de uma só vez, pela emissã o de uma palavra;
que conclusã o pode ser mais evidentemente necessá ria do que esta
expressã o do Ser supremo nã o é outra coisa senã o o Ser supremo?
Portanto, a consideraçã o desta expressã o nã o deve, em minha opiniã o,
ser preterida descuidadamente. Mas antes que isso possa ser discutido,
acho que algumas das propriedades dessa Substâ ncia suprema devem
ser investigadas com diligê ncia e seriedade.
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CAPÍTULO XIII
A
S , .

E certo, entã o, que pela natureza suprema foi criado tudo o que
EU nã o é idê ntico a ela. Mas nenhuma mente racional pode duvidar
que todas as criaturas vivam e continuem a existir, enquanto
existirem, pelo sustento proporcionado por aquele pró prio Ser atravé s
de cujo ato criativo elas sã o dotadas da existê ncia que tê m. Pois, por um
raciocı́nio semelhante à quele pelo qual se concluiu que todos os seres
existentes existem por um ser, portanto, somente o ser existe por si
mesmo e outros por outro que nã o eles mesmos - por um raciocı́nio
semelhante, digo , pode-se provar que tudo o que vive, vive atravé s de
algum ser; daı́ que o ser só vive por si mesmo, e os outros por outro que
nã o eles mesmos.

Mas, como nã o pode deixar de ser que as coisas que foram criadas
vivam por outro, e aquilo pelo qual foram criadas viva por si mesmo,
necessariamente, assim como nada foi criado senã o pelo Ser criador
presente, assim també m nada vive senã o atravé s de sua presença
preservadora.
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CAPÍTULO XIV
E S ;

.

B
UT se isso é verdade – antes, já que isso deve ser verdade,
segue-se que, onde esse Ser nã o está , nada está . E, entã o, em
todos os lugares, em todas as coisas e em todos. Mas, visto que
é manifestamente absurdo que, como qualquer ser criado nã o pode de
modo algum exceder a imensurabilidade do que o cria e o nutre, o Ser
criador e acariciante nã o pode, de forma alguma, exceder a soma das
coisas que criou; é claro que este pró prio Ser, é o que sustenta e supera,
inclui e permeia todas as outras coisas. Se unirmos esta verdade com as
verdades já descobertas, descobriremos que é este mesmo Ser que está
em tudo e atravé s de tudo, e do qual, e atravé s do qual, e no qual tudo
existe.
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CAPÍTULO XV
O
S .

N
AT, sem razã o, sou agora fortemente impelido a indagar com a
maior seriedade possı́vel, qual de todas as a irmaçõ es que
podem ser feitas a respeito de qualquer coisa é
substancialmente aplicá vel a esta natureza tã o maravilhosa. Pois,
embora eu icasse surpreso se, entre os nomes ou palavras com que
designamos as coisas criadas do nada, se encontrasse algum que
pudesse ser aplicado dignamente à Substâ ncia que é a criadora de tudo;
no entanto, devemos tentar ver até que ponto a razã o conduzirá esta
investigaçã o.

Quanto à s expressõ es relativas, de qualquer modo, ningué m pode


duvidar de que nenhuma expressã o descreve o que é essencial para
aquilo em que é relativamente empregada. Portanto, se qualquer
predicaçã o relativa é feita em relaçã o à Natureza suprema, ela nã o é
signi icativa de sua substâ ncia.

Portanto, é manifesto que esta mesma expressã o, que esta


Natureza, é a mais elevada de todos os seres, ou maior do que aqueles
que foram criados por ela; ou qualquer outro termo relativo que possa,
da mesma maneira, ser aplicado a ele, nã o descreve sua essê ncia
natural.

Pois, se nenhuma dessas coisas existisse, em relaçã o à s quais é


chamada suprema ou maior , ela nã o seria concebida como suprema ou
maior , mas nã o seria, portanto, menos boa, nem sofreria prejuı́zo à sua
grandeza essencial. em qualquer grau. E esta verdade é claramente
vista pelo fato de que esta Natureza nã o existe senã o por si mesma, seja
o que for que seja bom ou grande. Se, entã o, a natureza suprema pode
ser concebida como nã o suprema, de modo que ainda nã o seja de modo
algum maior ou menor do que quando é concebida como o mais alto de
todos os seres, é manifesto que o termo supremo , tomado por mesmo,
nã o descreve aquele Ser que é totalmente maior e melhor do que tudo o
que nã o é o que é . Mas, o que essas consideraçõ es mostram em relaçã o
ao termo supremo ou supremo é verdade, da mesma maneira, para
outras expressõ es relativas semelhantes.

Passando por cima dessas predicaçõ es relativas, entã o, já que


nenhuma delas, tomada por si mesma, representa a essê ncia de nada,
voltemos nossa atençã o para a discussã o de outros tipos de predicaçã o.

Ora, certamente, se considerarmos diligentemente separadamente


tudo o que há que nã o seja de natureza relativa, ou é tal que, em geral ,
é melhor do que não ser , ou é tal que, em alguns casos, não ser. é
melhor do que ser . Mas aqui entendo as frases ser e não ser , da mesma
forma que entendo ser verdade e não ser verdade , ser corpóreo e não ser
corpóreo e assim por diante . De fato, ser qualquer coisa é , em geral,
melhor do que nã o ser; pois ser sábio é melhor do que não ser ; isto é , é
melhor ser sá bio do que nã o ser sá bio. Pois, embora aquele que é justo,
mas nã o sá bio, é aparentemente um homem melhor do que aquele que
é sá bio, mas nã o justo, ainda assim, tomado em si mesmo, nã o é melhor
não ser sábio do que ser sábio . Pois, tudo o que nã o é sá bio,
simplesmente na medida em que nã o é sá bio, é menos do que o que é
sá bio, pois tudo o que nã o é sá bio seria melhor se fosse sá bio. Da
mesma forma, ser verdade é melhor do que não ser , ou seja, melhor do
que não ser verdade ; e justo é melhor do que não justo ; e viver do que
não viver .

Mas, em alguns casos, não ser uma determinada coisa é melhor do


que ser , assim como não ser ouro pode ser melhor do que ser ouro . Pois
é melhor para o homem nã o ser ouro, do que ser ouro; embora possa
ser melhor algo ser ouro do que nã o ser ouro — chumbo, por exemplo.
Pois embora ambos, a saber, o homem e o chumbo nã o sejam ouro, o
homem é algo tã o melhor que o ouro, quanto seria de natureza inferior,
se fosse ouro; enquanto o chumbo é algo muito mais vil que o ouro, pois
seria mais precioso, se fosse ouro.

Mas, pelo fato de que a natureza suprema pode ser concebida


como nã o suprema, esse supremo nã o é em geral melhor do que não
supremo , nem supremo melhor, em qualquer caso, do que supremo –
desse fato é evidente que existem muitas expressõ es relativas que de
forma alguma estã o incluı́das nesta classi icaçã o. Se, no entanto, algum
está incluı́do, eu me abstenho de perguntar; já que é su iciente, para o
meu propó sito, que indubitavelmente nenhum deles, tomado por si
mesmo, descreva a substâ ncia da Natureza suprema.

Uma vez que, entã o, é verdade de qualquer outra coisa que, se for
tomada independentemente, ser é melhor do que não ser ; como é ı́mpio
supor que a substâ ncia da natureza suprema é qualquer coisa, do que o
que nã o é de alguma forma melhor, deve ser verdade que essa
substâ ncia é tudo o que é , em geral, melhor do que o que nã o é . Pois só
é isso, do que nã o há nada melhor, e que é melhor do que todas as
coisas, que nã o sã o o que é .

Nã o é um corpo material, entã o, ou qualquer uma daquelas coisas


que os sentidos corporais discernem. Pois, entã o todos estes há algo
melhor, que nã o é o que eles mesmos sã o. Pois, a mente racional, para a
qual nenhum sentido corporal pode perceber o que, ou de que cará ter,
ou quã o grande, é – menos essa mente racional seria se fosse qualquer
uma daquelas coisas que estã o no escopo do corpo. sentidos, maior é
do que qualquer um deles. Pois de modo algum se deve dizer que esse
Ser supremo é alguma daquelas coisas à s quais algo, que eles mesmos
nã o sã o, é superior; e deve, por todos os meios, como mostra nosso
raciocı́nio, ser qualquer uma daquelas coisas à s quais tudo, que nã o é o
que eles pró prios sã o, é inferior.

Portanto, este Ser deve ser vivo, sá bio, poderoso e todo-poderoso,
verdadeiro, justo, abençoado, eterno, e tudo o que, da mesma maneira,
é absolutamente melhor do que o que nã o é . Por que, entã o, deverı́amos
fazer qualquer investigaçã o adicional sobre o que é essa natureza
suprema, se é manifesto qual de todas as coisas é e qual nã o é ?
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CAPÍTULO XVI
P S ;

:
, , S .

B
UT talvez, quando este Ser é chamado justo, ou grande, ou
qualquer coisa assim, nã o se mostra o que é , mas de que
cará ter, ou quã o grande é . Pois cada termo parece ser usado
com referê ncia à quantidade ou magnitude; porque tudo o que é justo o
é por justiça, e assim com outros casos semelhantes, da mesma
maneira. Portanto, a pró pria Natureza suprema nã o é justa, exceto pela
justiça.

Parece, entã o, que pela participação nesta qualidade, isto é , justiça,


a Substâ ncia supremamente boa é chamada justa. Mas, se é assim, é
apenas por meio de outro, e nã o por si mesmo. Mas isso é contrá rio à
verdade já estabelecida, que é bom, ou grande ou o que quer que seja,
por si mesmo e nã o por outro. Entã o, se nã o é justo, exceto por justiça, e
nã o pode ser justo, exceto por si mesmo, o que pode ser mais claro do
que esta Natureza é ela mesma justiça? E, quando se diz que é justo por
justiça, é o mesmo que dizer que é justo por si mesmo. E, quando se diz
que é justo por si mesmo, nada mais se entende do que ser justo por
meio da justiça. Portanto, se se perguntar o que é a natureza suprema,
que está em questã o, em si mesma, que resposta mais verdadeira pode
ser dada do que a justiça ?
Devemos observar, entã o, como devemos entender a a irmaçã o de
que a Natureza que é ela mesma justiça é justa. Pois, como um homem
nã o pode ser justiça, mas pode possuir justiça, nã o concebemos um
homem justo como sendo justiça, mas como possuindo justiça. Já que,
por outro lado, nã o se pode dizer propriamente da Natureza suprema
que ela possui justiça, mas que é justiça, quando é chamada justa é
propriamente concebida como sendo justiça, mas nã o como possuindo
justiça. Portanto, se, quando se diz que é justiça, nã o se diz que cará ter
é , mas o que é , segue-se que, quando se diz justo, nã o se diz que cará ter
é , mas o que é . é .

Portanto, visto que é o mesmo dizer do Ser supremo, que é justo e


que é justiça; e, quando se diz que é justiça, nada mais é do que dizer
que é justo; nã o faz diferença se é dito ser justiça ou ser justo. Por isso,
quando se pergunta sobre a natureza suprema, o que ela é , a resposta,
Justa , nã o é menos adequada do que a resposta, Justeza . Alé m disso, o
que vemos como provado no caso da justiça, o intelecto é obrigado a
reconhecer como verdadeiro de todos os atributos que sã o igualmente
predicados desta natureza suprema. Qualquer que seja o atributo que
lhe seja atribuı́do, entã o, é mostrado, nã o de que cará ter, ou quã o
grande, mas o que é .

Mas é ó bvio que qualquer coisa boa que seja a Natureza suprema,
é no mais alto grau. E, portanto, Ser supremo, Justiça suprema,
Sabedoria suprema, Verdade suprema, Bondade suprema, Grandeza
suprema, Beleza suprema, Imortalidade suprema, Incorruptibilidade
suprema, Imutabilidade suprema, Bem-aventurança suprema,
Eternidade suprema, Poder supremo, Unidade suprema; que nada mais
é do que supremamente ser, supremamente viver, etc.
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CAPÍTULO XVII
É
:

.

Deve-se inferir, entã o, que se a natureza suprema é tantos bens, ela


EU será composta de mais bens de um? Ou é verdade, antes, que nã o
há mais bens do que um, mas um ú nico bem descrito por muitos
nomes? Pois, tudo o que é composto requer para sua subsistê ncia as
coisas de que é composto e, de fato, deve a elas o fato de sua existê ncia,
porque, seja o que for, é atravé s dessas coisas; e eles nã o sã o o que sã o
atravé s dele e, portanto, nã o é nada supremo. Se, entã o, essa Natureza é
composta de mais de um bem, todos esses fatos que sã o verdadeiros
para cada composto devem ser aplicá veis a ela. Mas essa falsidade
ı́mpia toda a cogê ncia da verdade que foi mostrada acima refuta e
derruba, por meio de um argumento claro.

Uma vez que a Natureza nã o é de modo algum composta e, no


entanto, é por todos os meios esses tantos bens, necessariamente todos
estes nã o sã o mais do que um, mas sã o um. Qualquer um deles é ,
portanto, o mesmo que todos, sejam tomados todos de uma vez ou
separadamente. Portanto, assim como tudo o que é atribuı́do à essê ncia
da Substâ ncia suprema é um; assim, esta substâ ncia é tudo o que é
essencialmente de uma maneira e em virtude de uma consideraçã o.
Pois, quando se diz que um homem é um corpo material, racional e
humano, essas trê s coisas nã o sã o ditas de uma maneira ou em virtude
de uma consideraçã o. Pois, de acordo com um fato, ele é um corpo
material; e de acordo com outro, racional; e nenhum deles, tomado por
si mesmo, é a totalidade do que o homem é .

Esse Ser supremo, poré m, nã o é de modo algum algo que nã o seja
esta mesma coisa, segundo outro modo, ou outra consideraçã o; porque,
seja o que for essencialmente de alguma forma, isso é tudo o que é .
Portanto, nada do que é verdadeiramente dito do Ser supremo é aceito
em termos de qualidade ou quantidade, mas apenas em termos do que
é . Pois, o que quer que seja em termos de qualidade ou quantidade,
constituiria ainda outro elemento, em termos do que é ; portanto, nã o
seria simples, mas composto.
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CAPÍTULO XVIII
É .

F
ROM que tempo, entã o, existiu esta Natureza tã o simples que
cria e anima todas as coisas, ou até que tempo existe? Ou melhor,
nã o perguntemos de que tempo, nem de que tempo, ela existe;
mas é sem começo e sem im? Pois, se tem um começo, ele o tem ou de
ou por si mesmo, ou de ou por outro, ou de ou por nada.

Mas é certo, de acordo com as verdades já esclarecidas, que de


modo algum deriva a existê ncia de outro, ou de nada; ou existir atravé s
de outro, ou atravé s de nada. De modo algum, portanto, teve inı́cio por
meio ou por outro, ou por meio ou do nada.

Alé m disso, ele nã o pode ter inı́cio de ou por si mesmo, embora
exista de e por si mesmo. Pois ela existe de tal maneira e por si mesma,
que de modo algum existe uma essê ncia que existe de e por si mesma, e
outra pela qual e pela qual ela existe. Mas, o que quer que comece a
existir de ou atravé s de algo, nã o é de modo algum idê ntico à quele de
ou atravé s do qual ele começa a existir. Portanto, a Natureza suprema
nã o começa por ou de si mesma.

Visto, pois, que nã o tem começo nem por si nem por si mesmo,
nem por nem por nada, certamente nã o tem começo nenhum. Mas
també m nã o terá um im. Pois, para ter im, nã o é supremamente
imortal e supremamente incorruptı́vel. Mas provamos que é
supremamente imortal e supremamente incorruptı́vel. Portanto, nã o
terá um im.
Alé m disso, se for para ter um im, perecerá voluntariamente ou
contra sua vontade. Mas certamente esse nã o é um bem simples, sem
mistura, por cuja vontade o bem supremo perece. Mas este Ser é ele
mesmo o bem verdadeiro e simples, sem mistura. Portanto, esse mesmo
Ser, que é certamente o bem supremo, nã o morrerá por sua pró pria
vontade. Se, no entanto, deve perecer contra sua vontade, nã o é
supremamente poderoso, ou todo-poderoso. Mas o raciocı́nio
convincente a irmou que ele é poderoso e todo-poderoso. Portanto, nã o
morrerá contra sua vontade. Portanto, se nem a favor nem contra a sua
vontade a natureza suprema deve ter um im, de modo algum ela terá
um im.

Mais uma vez, se a natureza suprema tem um im ou um começo,


nã o é a verdadeira eternidade, que foi irrefutavelmente provada acima.

Entã o, deixe aquele que pode conceber um momento em que isso


começou a ser verdade, ou quando nã o era verdade, a saber, que algo
estava destinado a ser; ou quando isso deixar de ser verdade e nã o for
verdade, a saber, que algo existiu. Mas, se nenhuma dessas suposiçõ es é
concebı́vel, e ambos os fatos nã o podem existir sem a verdade, é
impossı́vel até mesmo conceber que a verdade tenha começo ou im. E
entã o, se a verdade teve um começo, ou terá um im; antes de começar
era verdade que a verdade nã o existia, e depois que ela terminar será
verdade que a verdade nã o existirá . No entanto, qualquer coisa que seja
verdadeira nã o pode existir sem verdade. Portanto, a verdade existia
antes da verdade existir, e a verdade existirá depois que a verdade
terminar, o que é uma conclusã o muito contraditó ria. Se, entã o, se diz
que a verdade tem, ou se entende que nã o tem, começo ou im, ela nã o
pode ser limitada por nenhum começo ou im. Daı́, o mesmo se segue
com relaçã o à natureza suprema, pois ela mesma é a verdade suprema.
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CAPÍTULO XIX
E
S .

B
UT aqui somos novamente confrontados com o termo nada , e
qualquer que seja o nosso raciocı́nio até agora, com o atestado
concordante de verdade e necessidade, nã o concluiu nada ser.
Pois, se as proposiçõ es devidamente expostas acima foram con irmadas
pela forti icaçã o da verdade logicamente necessá ria, nada existia antes
do Ser supremo, nem existirá nada depois dele. Portanto, nada existia
antes, e nada existirá depois dele. Pois, ou algo ou nada deve tê -lo
precedido; e algo ou nada deve estar destinado a segui-lo.

Mas, aquele que diz que nada existia antes dele parece fazer esta
a irmaçã o, “que houve antes dele um tempo em que nada existia, e que
haverá depois dele um tempo em que nada existirá ”. Portanto, quando
nada existia, esse Ser nã o existia, e quando nada existiria, esse Ser nã o
existiria. Como é , entã o, que ele nã o nasce do nada ou como é que nã o
chegará ao nada? - se esse Ser ainda nã o existia, quando nada já existia;
e o mesmo Ser nã o existirá mais, quando nada existirá ainda. De que
serve uma massa de argumentos tã o pesada, se esse nada destró i tã o
facilmente sua estrutura? Pois, se for estabelecido que o Ser supremo
nã o sucede a nada que o precede e nã o cede seu lugar a nada que o
segue, tudo o que foi posto como verdadeiro acima é necessariamente
perturbado pelo nada vazio.

Mas, antes, isso não deve ser resistido, para que tantas estruturas
de raciocı́nio convincente nã o sejam atacadas por nada ; e o bem
supremo, que foi buscado e encontrado pela luz da verdade, por nada se
perca . Que se declare, entã o, que nada nã o existia antes do Ser
supremo, e que nada nã o existirá depois dele, do que, quando um lugar
é dado antes ou depois dele ao nada, aquele Ser que por si mesmo
trouxe ao existê ncia o que nã o era nada, deve ser reduzido do nada ao
nada.

Pois esta a irmaçã o, a saber, que nada existia antes do Ser


supremo, carrega dois signi icados. Pois, um sentido desta a irmaçã o é
que, antes do Ser supremo, houve um tempo em que nada existia. Mas
outro entendimento da mesma a irmaçã o é que, antes do Ser supremo,
nada existia. Assim como, supondo que eu dissesse: “Nada me ensinou
a voar”, eu poderia explicar essa a irmaçã o també m desta forma, que
nada, como uma entidade em si, que não signi ica nada , me ensinou
realmente a voar – o que seria ser falso; ou desta forma, que nada me
ensinou a voar, o que seria verdade.

A primeira interpretaçã o, portanto, que é seguida pela


inconsistê ncia discutida acima, é rejeitada por todos os raciocı́nios
como falsa. Mas resta a outra interpretaçã o, que se une em perfeita
coerê ncia com os argumentos anteriores e que, pela força de toda a sua
correlaçã o, deve ser verdadeira.

Portanto, a a irmaçã o de que nada existia antes desse Ser deve ser
recebida no ú ltimo sentido. Nem deve ser assim explicado, para que se
entenda que houve algum tempo em que esse Ser nã o existiu, e nada
existiu; mas, para que se entenda que, antes desse Ser, nã o havia nada.
O mesmo tipo de dupla signi icaçã o é encontrado na a irmaçã o de que
nada existirá depois desse Ser.

Se, entã o, esta interpretaçã o do termo nada , que foi dado, for
cuidadosamente analisada, mais verdadeiramente nem algo nem nada
precedeu ou seguirá o Ser supremo, e se chega à conclusã o de que nada
existia antes ou existirá depois dele. No entanto, a solidez das verdades
já estabelecidas nã o é de modo algum prejudicada pelo vazio do nada .
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CAPÍTULO XX
E .

B
UT, embora tenha sido concluı́do acima que esta Natureza
criadora existe em todos os lugares, e em todas as coisas, e
atravé s de tudo; e do fato de que nã o começou nem deixará de
ser, segue-se que sempre foi, é e será ; no entanto, percebo um certo
murmú rio secreto de contradiçã o que me compele a indagar com mais
cuidado onde e quando essa Natureza existe.

O Ser supremo, entã o, existe em todos os lugares e sempre, ou


apenas em algum lugar e tempo, ou em nenhum lugar e nunca: ou,
como eu o expresso, em todo lugar e em todo tempo, ou initamente, em
algum lugar e em algum lugar. tempo, ou em nenhum lugar e em
nenhum momento.

Mas o que pode ser mais obviamente contraditó rio do que o que
existe mais real e supremamente nã o existe em lugar algum e nunca? E,
portanto, falso que nã o exista em nenhum lugar e nunca. Novamente,
visto que nã o há bem, nem nada sem ele; se esse Ser em si nã o existe
em nenhum lugar ou nunca, entã o em nenhum lugar ou nunca existe
algum bem, e em nenhum lugar e nunca existe nada. Mas nã o há
necessidade de a irmar que isso é falso. Portanto, a primeira proposiçã o
també m é falsa, que esse Ser nã o existe em nenhum lugar e nunca.

Portanto, existe initamente, em algum tempo e lugar, ou em toda


parte e sempre. Mas, se existe initamente, em algum lugar ou tempo,
somente ali, onde e quando existe, alguma coisa pode existir. Onde e
quando ela nã o existe, alé m disso, nã o há existê ncia alguma, porque,
sem ela, nada existe. De onde se seguirá que há algum lugar e tempo
onde e quando nada existe. Mas visto que isso é falso – pois o pró prio
lugar e o tempo sã o coisas existentes – a Natureza suprema nã o pode
existir initamente, em algum lugar ou tempo. Mas, se se diz que ela
existe por si mesma initamente, em algum lugar e tempo, mas que, por
seu poder, está onde e quando alguma coisa está , isso nã o é verdade.
Pois, como é manifesto que seu poder nada mais é do que ele mesmo,
de modo algum seu poder existe sem ele.

Como, entã o, nã o existe initamente, em algum lugar ou tempo,


deve existir em todo lugar e sempre, isto é , em todo lugar e em todo
tempo.
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CAPÍTULO XXI
N .

B
UT, se isso for verdade, ou existe em todos os lugares e em
todos os tempos, ou entã o apenas uma parte dela existe, a outra
parte transcendendo todos os lugares e tempos.

Mas, se em parte existe, e em parte nã o existe, em todo lugar e em


todo tempo, tem partes; que é falso. Nã o existe, portanto, em todos os
lugares e sempre em parte.

Mas como ela existe como um todo, em todos os lugares e sempre?


Pois, ou deve ser entendido que existe como um todo ao mesmo tempo,
em todos os lugares ou em todos os tempos, e por partes em lugares e
tempos individuais; ou, que existe como um todo, em lugares e tempos
individuais també m.

Mas, se existe por partes em lugares ou tempos individuais, nã o


está isento de composiçã o e divisã o de partes; que se descobriu ser em
alto grau estranho à natureza suprema. Portanto, nã o existe, como um
todo, em todos os lugares e em todos os tempos, de modo que exista
por partes em lugares e tempos individuais.

Somos confrontados, entã o, pela primeira alternativa, isto é , como


a natureza suprema pode existir, como um todo, em cada lugar e tempo
individual. Isso é sem dú vida impossı́vel, a menos que exista ao mesmo
tempo ou em momentos diferentes em lugares ou é pocas individuais.
Mas, uma vez que a lei do lugar e a lei do tempo, cuja investigaçã o até
agora foi possı́vel processar em uma ú nica discussã o, porque
avançaram exatamente na mesma linha, aqui se separam uma da outra
e parecem evitar o debate, como se por evasã o em diversas direçõ es,
que cada um seja investigado independentemente em discussã o
dirigida apenas a si mesmo.

Primeiro, entã o, vejamos se a Natureza suprema pode existir,


como um todo, em lugares individuais, de uma só vez em todos, ou em
tempos diferentes, em lugares diferentes. Entã o, façamos a mesma
indagaçã o sobre os tempos em que ela pode existir.

Se, entã o, existe como um todo em cada lugar individual, entã o,


para cada lugar individual existe um todo individual. Pois, assim como o
lugar é tã o distinto do lugar que existem lugares individuais, assim o
que existe como um todo, em um lugar, é tã o distinto do que existe
como um todo ao mesmo tempo, em outro lugar, que existem
totalidades individuais. Pois, do que existe como um todo, em qualquer
lugar, nã o há parte que nã o exista naquele lugar. E aquilo de que nã o há
parte que nã o exista em determinado lugar, nã o é parte do que existe ao
mesmo tempo fora desse lugar.

O que existe como um todo, entã o, em qualquer lugar, nã o faz


parte do que existe ao mesmo tempo fora desse lugar. Mas, daquilo de
que nenhuma parte existe fora de um determinado lugar, nenhuma
parte existe, ao mesmo tempo, em outro lugar. Como, entã o, o que
existe como um todo, em qualquer lugar, pode existir simultaneamente,
como um todo, em outro lugar, se nenhuma parte dele pode naquele
momento existir em outro lugar?
Como, entã o, um todo nã o pode existir como um todo em
diferentes lugares ao mesmo tempo, segue-se que, para lugares
individuais, existem todos individuais, se é que algo deve existir como
um todo em diferentes lugares individuais ao mesmo tempo. Portanto,
se a Natureza suprema existe como um todo, ao mesmo tempo, em cada
lugar individual, existem tantas Naturezas supremas quantos lugares
individuais podem existir; que seria irracional acreditar. Portanto, nã o
existe, como um todo, ao mesmo tempo em lugares individuais.

Se, no entanto, em momentos diferentes ele existe, como um todo,


em lugares individuais, entã o, quando está em um lugar, nesse meio
tempo nã o há bem nem existê ncia em outros lugares, pois sem ele
absolutamente nada existe. Mas o absurdo dessa suposiçã o é provado
pela existê ncia dos pró prios lugares, que nã o sã o nada, mas alguma
coisa. Portanto, a Natureza suprema nã o existe, como um todo, em
lugares individuais em tempos diferentes.

Mas, se nem ao mesmo tempo nem em tempos diferentes ela


existe, como um todo, em lugares individuais, é evidente que ela nã o
existe, como um todo, em cada lugar individual. Devemos agora
examinar, entã o, se esta Natureza suprema existe, como um todo, em
tempos individuais, simultaneamente ou em tempos distintos para
tempos individuais.

Mas, como pode alguma coisa existir, como um todo,


simultaneamente, em tempos individuais, se esses tempos nã o sã o
simultâ neos? Mas, se este Ser existe, como um todo, separadamente e
em tempos distintos para tempos individuais, assim como um homem
existe como um todo ontem, hoje e amanhã ; diz-se corretamente que foi
e é e será . Sua idade, portanto, que nada mais é do que sua eternidade,
nã o existe, como um todo, simultaneamente, mas se distribui em partes
de acordo com as partes do tempo.

Mas sua eternidade nada mais é do que ela mesma. O Ser supremo,
entã o, será dividido em partes, de acordo com as divisõ es do tempo.
Pois, se sua idade se prolonga por perı́odos de tempo, tem com este
tempo presente, passado e futuro. Mas o que mais é sua idade do que
sua duraçã o de existê ncia, do que sua eternidade? Desde entã o, sua
eternidade nada mais é do que sua essê ncia, como as consideraçõ es
acima expostas provam irrefutavelmente; se sua eternidade tem
passado, presente e futuro, sua essê ncia també m tem, por conseguinte,
passado, presente e futuro.

Mas o que é passado nã o é presente nem futuro; e o que é presente


nã o é passado nem futuro; e o que é futuro nã o é passado nem
presente. Como, entã o, pode ser vá lida a proposiçã o, que foi provada
com clareza e ló gica convincente acima, a saber, que essa natureza
suprema nã o é de modo algum composta, mas é supremamente
simples, supremamente imutá vel? é uma coisa, em um momento, e
outra, em outro, e tem partes distribuı́das de acordo com os tempos?
Ou melhor, se essas proposiçõ es anteriores sã o verdadeiras, como essas
ú ltimas podem ser possı́veis? De modo algum, entã o, o passado ou o
futuro podem ser atribuı́dos ao Ser criador, seja sua idade ou sua
eternidade. Por que nã o tem um presente, se realmente é ? Mas era
signi ica passado, e será futuro. Portanto, esse Ser nunca foi, nem será .
Portanto, nã o existe em tempos distintos, assim como nã o existe, como
um todo, simultaneamente em tempos individuais diferentes.

Se, entã o, como nossa discussã o provou, ele nã o existe, como um
todo, em todos os lugares ou tempos que existe, como um todo, de uma
vez em todos, ou por partes em lugares e tempos individuais; nem para
que exista, como um todo, em tempos e lugares individuais, é manifesto
que nã o existe de forma alguma, como um todo, em todos os tempos ou
lugares.

E, uma vez que, da mesma maneira, foi demonstrado que nã o


existe em todos os tempos ou lugares, que uma parte existe em todos, e
uma parte transcende todos os lugares e tempos, é impossı́vel que
exista em todos os lugares e sempre.

Pois, de modo algum pode ser concebido como existindo em todos


os lugares e sempre, exceto como um todo ou em parte. Mas se nã o
existe em todos os lugares e sempre, existirá initamente em algum
lugar ou tempo, ou em nenhum. Mas já foi provado que nã o pode existir
initamente, em nenhum lugar ou tempo. Em nenhum lugar ou tempo,
ou seja, em nenhum lugar e nunca existe. Pois nã o pode existir, exceto
em todos ou em algum lugar ou tempo.

Mas, por outro lado, uma vez que está irrefutavelmente


estabelecido, nã o apenas que existe por si mesmo, e sem começo e sem
im, mas que sem ela nada em lugar algum ou jamais existe, deve existir
em todo lugar e sempre.
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CAPÍTULO XXII
C , .

H
OW, entã o, essas preposiçõ es, que sã o tã o necessá rias de
acordo com nossa exposiçã o, e tã o necessá rias de acordo com
nossa prova, devem ser reconciliadas? Talvez a Natureza
suprema exista no lugar e no tempo de alguma maneira, que nã o seja
impedida de existir simultaneamente, como um todo, em lugares ou
tempos diferentes, de modo que nã o haja mais totalidades do que uma;
e que sua idade, que nã o existe, exceto como verdadeira eternidade, nã o
é distribuı́da entre passado, presente e futuro.

Pois, a essa lei de espaço e tempo, nada parece estar sujeito, exceto
os seres que existem no espaço ou no tempo de tal forma que nã o
transcendem a extensã o do espaço ou a duraçã o do tempo. Por isso,
embora de seres desta classe é com toda a verdade a irmado que um e o
mesmo todo nã o pode existir simultaneamente, como um todo, em
diferentes lugares ou tempos; no caso daqueles seres que nã o sã o desta
classe, tal conclusã o nã o é necessariamente alcançada.

Pois parece ser correto dizer que esse lugar só é predicá vel de
objetos cuja magnitude lugar conté m ao incluı́-lo e inclui ao contê -lo; e
esse tempo só é previsı́vel de objetos cujo tempo de duraçã o termina
medindo-o e mede terminando-o. Assim, a qualquer ser, a cuja extensã o
espacial ou duraçã o nenhum limite pode ser ixado, seja pelo espaço ou
pelo tempo, nenhum lugar ou tempo é devidamente atribuı́do. Pois,
visto que aquele lugar nã o age sobre ele como lugar, nem o tempo como
tempo, nã o é irracional dizer que nenhum lugar é seu lugar, e nenhum
tempo é seu tempo.

Mas, o que evidentemente nã o tem lugar ou tempo nã o é , sem


dú vida, obrigado a submeter-se à lei do lugar ou do tempo. Nenhuma lei
de lugar ou tempo, entã o, de forma alguma governa qualquer natureza,
que nenhum lugar ou tempo limita por algum tipo de restriçã o. Mas que
consideraçã o racional pode, por qualquer curso de raciocı́nio, deixar de
chegar à conclusã o de que a substâ ncia que cria e é suprema entre
todos os seres, que deve ser alheia e livre da natureza e lei de todas as
coisas que ela mesma criou do nada , nã o é limitado por nenhuma
restriçã o de espaço ou tempo; pois, mais verdadeiramente, seu poder,
que nada mais é do que sua essê ncia, conté m e inclui em si todas essas
coisas que criou?

També m nã o é descaradamente tolo dizer que o espaço


circunscreve a magnitude da verdade, ou que o tempo mede sua
duraçã o - verdade, que nã o considera grandeza ou pequenez da
extensã o espacial ou temporal?

Vendo, entã o, que esta é a condiçã o de lugar ou tempo; que


somente o que é limitado por seus limites nã o escapa à lei das partes –
como o lugar segue, conforme a magnitude, ou o que o tempo submete,
conforme a duraçã o – nem pode de modo algum ser contido, como um
todo, simultaneamente por diferentes lugares ou tempos; mas tudo o
que nã o está de modo algum con inado pela restriçã o de lugar ou
tempo, nã o é compelido por nenhuma lei de lugares ou tempos à
multiplicidade de partes, nem é impedido de estar presente, como um
todo e simultaneamente, em mais lugares ou tempos do que um –
vendo, eu digo, que esta é a condiçã o que governa o lugar ou o tempo,
sem dú vida a Substâ ncia suprema, que nã o é abrangida por nenhuma
restriçã o de lugar ou tempo, nã o está vinculada por nenhuma de suas
leis.

Portanto, como a necessidade inevitá vel exige que o Ser supremo,


como um todo, nã o falte a nenhum lugar ou tempo, e nenhuma lei de
lugar ou tempo o impede de estar simultaneamente em todo lugar ou
tempo; deve estar simultaneamente presente em cada lugar ou tempo
individual. Pois, porque está presente em um lugar, nã o é , portanto,
impedido de estar presente ao mesmo tempo e da mesma maneira
neste ou naquele outro lugar ou tempo.

Nem, porque foi, ou é , ou será , qualquer parte de sua eternidade,


portanto, desapareceu do presente, com o passado, que nã o é mais;
nem passa com o presente, que é , por um instante; nem é para vir com
o futuro, que ainda nã o é .

Pois, de modo algum esse Ser é compelido ou proibido por uma lei
de espaço ou tempo a existir, ou nã o existir, em qualquer lugar ou
tempo – o Ser que, de modo algum, inclui sua pró pria existê ncia no
espaço ou no tempo. Pois, quando se diz que o Ser supremo existe no
espaço ou no tempo, embora a forma de expressã o em relaçã o a ele e
em relaçã o à s naturezas local e temporal seja a mesma, por causa do
uso da linguagem, mas o sentido é diferente, por causa da
dessemelhança dos objetos de discussã o. Pois neste ú ltimo caso a
mesma expressã o tem dois signi icados, a saber: (1) que esses objetos
estã o presentes naqueles lugares e tempos em que se diz que estã o, e
(2) que eles estã o contidos nesses pró prios lugares e tempos.

Mas no caso do Ser supremo, só se pretende o primeiro sentido, a


saber, que está presente; nã o que també m esteja contido. Se o uso da
linguagem permitisse, pareceria, portanto, ser mais apropriado dizer
que ela existe no lugar ou no tempo, do que no lugar ou no tempo. Pois a
a irmaçã o de que uma coisa existe em outra implica que ela está contida
, mais do que a a irmaçã o de que ela existe com outra.

Em nenhum lugar ou tempo, entã o, se diz propriamente que este


Ser existe, visto que nã o é contido por nenhum outro. E, no entanto,
pode-se dizer, de uma maneira pró pria, estar em todo lugar ou tempo,
pois tudo o que existe é sustentado por sua presença, para que nã o caia
no nada. Ele existe em todo lugar e tempo, porque nã o está ausente de
nenhum; e nã o existe em nenhum, porque nã o tem lugar ou tempo, e
nã o tomou para si distinçõ es de lugar ou tempo, nem aqui nem ali, nem
em qualquer lugar, nem entã o, nem agora, nem em nenhum momento;
nem existe em funçã o desse presente fugaz, em que vivemos, nem
existiu, nem existirá , em termos de passado ou futuro, pois estes se
restringem a coisas initas e mutá veis, o que nã o é .

E, no entanto, essas propriedades de tempo e lugar podem, de


alguma forma, ser atribuı́das a ele, pois está tã o verdadeiramente
presente em todos os seres initos e mutá veis como se estivesse
circunscrito pelos mesmos lugares e sofresse mudanças pelos mesmos
tempos. .
Temos provas su icientes, entã o, para dissipar a contradiçã o que
nos ameaçava; sobre como o Ser supremo de todos existe, em todos os
lugares e sempre, e em nenhum lugar e nunca, isto é , em todo lugar e
tempo, e em nenhum lugar ou tempo, de acordo com a verdade
consistente dos diferentes sentidos dos termos empregados.
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CAPÍTULO XXIII
C

B
UT, uma vez que é claro que esta natureza suprema nã o está
mais verdadeiramente em todos os lugares do que em todas as
coisas existentes, nã o como se estivesse contida por elas, mas
como contendo tudo, permeando tudo, por que nã o se deve dizer que
está em toda parte? , nesse sentido, para que se entenda antes estar em
todas as coisas existentes, do que apenas em todos os lugares, uma vez
que esse sentido é sustentado pela verdade do fato e nã o é proibido
pela signi icaçã o pró pria da palavra de lugar?

Pois muitas vezes aplicamos muito apropriadamente termos de


lugar a objetos que nã o sã o lugares; como, quando digo que o
entendimento está lá na alma, onde está a racionalidade. Pois, embora
lá e onde existam advé rbios de lugar, ainda assim, por nenhuma
limitaçã o local, a mente conté m alguma coisa, nem a racionalidade ou o
entendimento estã o contidos.

Por isso, quanto à verdade da maté ria, diz-se mais


apropriadamente que a natureza suprema está em toda parte, neste
sentido, que está em todas as coisas existentes, do que neste sentido, a
saber, que está apenas em todos os lugares. E como, como mostram as
razõ es expostas acima, nã o pode existir de outra forma, deve ser em
todas as coisas existentes, de modo que seja um e o mesmo todo
perfeito em cada coisa individual simultaneamente.
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CAPÍTULO XXIV
C
.
També m é evidente que esta Substâ ncia suprema nã o tem começo
EU nem im; que nã o tem passado, nem futuro, nem o presente
temporal, ou seja, transitó rio em que vivemos; já que sua idade, ou
eternidade, que nada mais é do que ela mesma, é imutá vel e sem partes.
Nã o é , portanto, o termo que parece signi icar todo o tempo mais
propriamente entendido, quando aplicado a esta Substâ ncia, para
signi icar eternidade, que nunca é diferente de si mesma, em vez de
uma sucessã o cambiante de tempos, que é sempre diferente de si
mesma?

Portanto, se se diz que este Ser existe sempre; já que, para ela, é o
mesmo existir e viver, nã o há sentido melhor para essa a irmaçã o do
que ela existe ou vive eternamente, isto é , possui vida interminá vel,
como um todo perfeito ao mesmo tempo. Pois sua eternidade
aparentemente é uma vida interminá vel, existindo ao mesmo tempo
como um todo perfeito.

Pois, uma vez que já foi demonstrado que esta substâ ncia nada
mais é do que sua pró pria vida e sua pró pria eternidade, nã o é de modo
algum terminá vel, e nã o existe, exceto como uma vez e perfeitamente
inteira, o que mais é a verdadeira eternidade, que é consistente com a
natureza dessa Substâ ncia sozinha, do que uma vida interminá vel,
existindo ao mesmo tempo e perfeitamente inteira?
Pois esta verdade é , de qualquer forma, claramente percebida pelo
simples fato de que a verdadeira eternidade pertence apenas à quela
substâ ncia que, como provamos, sozinha, como provamos, nã o foi
criada, mas é o criador, uma vez que a verdadeira eternidade é
concebida como livre da limitaçõ es de inı́cio e im; e isso é provado ser
consistente com a natureza de nenhum ser criado, pelo pró prio fato de
que todos eles foram criados do nada.
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CAPÍTULO XXV
N [ 12 ]

B
UT nã o existe este Ser, que foi mostrado como sendo
substancialmente idê ntico a si mesmo, à s vezes como diferente
de si mesmo, pelo menos acidentalmente? Mas como é
supremamente imutá vel, se pode, nã o direi, ser , mas, ser concebido,
como variá vel em virtude de acidentes? E, por outro lado, ela nã o
participa do acidente, já que até mesmo esse fato de ser maior que
todas as outras naturezas e de ser diferente delas parece ser um
acidente em seu caso ( ili accidere )? Mas qual é a inconsistê ncia entre a
suscetibilidade a certos fatos, chamados acidentes , e a imutabilidade
natural, se a partir da ocorrê ncia desses acidentes a substâ ncia nã o
sofre nenhuma mudança?

Pois, de todos os fatos, chamados acidentes, alguns sã o entendidos


como nã o estando presentes ou ausentes sem alguma variaçã o no
assunto do acidente – todas as cores, por exemplo – enquanto outros
sã o conhecidos por nã o efetuarem nenhuma mudança em uma coisa
nem por ocorrerem. ou nã o ocorrendo – certas relaçõ es, por exemplo.
Pois é certo que nã o sou nem mais velho nem mais novo do que um
homem que ainda nã o nasceu, nem igual a ele, nem como ele. Mas serei
capaz de sustentar e perder todas essas relaçõ es com ele, assim que ele
nascer, conforme ele crescer ou sofrer mudanças por meio de diversas
qualidades.

Fica claro, entã o, que de todos esses fatos, chamados acidentes,


uma parte traz algum grau de mutabilidade em seu rastro, enquanto
uma parte nã o prejudica em nada a imutabilidade daquele em cujo caso
eles ocorrem. Portanto, embora a natureza suprema em sua
simplicidade nunca tenha sofrido tais acidentes como causa de
mutaçã o, ela nã o despreza a expressã o ocasional em termos daqueles
acidentes que de modo algum sã o inconsistentes com a suprema
imutabilidade; e, no entanto, nã o há acidente com respeito à sua
essê ncia, de onde seria concebida, como ela mesma variá vel.

De onde també m se pode chegar à conclusã o de que nã o é


suscetı́vel de acidente; pois, assim como os acidentes, que modi icam
alguma coisa por sua ocorrê ncia ou nã o, sã o considerados, em virtude
desse mesmo efeito, como verdadeiros acidentes , assim també m os
fatos que carecem de um efeito semelhante sã o impropriamente
chamados acidentes. Portanto, esta Essê ncia é sempre, em todos os
sentidos, substancialmente idê ntica a si mesma; e nunca é diferente de
si mesmo, mesmo acidentalmente. Mas, seja qual for o signi icado
pró prio do termo acidente , isso é indubitavelmente verdade, que da
natureza supremamente imutá vel nenhuma a irmaçã o pode ser feita,
de onde ela deve ser concebida como mutá vel.
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CAPÍTULO XXVI
C S :
.

B
UT, se o que veri icamos sobre a simplicidade desta Natureza é
estabelecido, como é que é substâ ncia? Pois, embora toda
substâ ncia seja suscetı́vel de mistura de diferença, ou, de
qualquer forma, suscetı́vel de mutaçã o por acidente, a pureza imutá vel
desse Ser é inacessı́vel à mistura ou mutaçã o, sob qualquer forma.

Como, entã o, se pode sustentar que é uma substâ ncia de qualquer


tipo, exceto como é chamada substância por ser , e assim transcende,
como está acima, toda substâ ncia? Pois, tã o grande quanto é a diferença
entre aquele Ser, que é por si mesmo o que quer que seja, e que cria
todos os outros seres do nada, e um ser, que é feito o que quer que seja
por outro, do nada; tanto a Substâ ncia suprema difere desses seres, que
nã o sã o o que é . E, uma vez que somente ela, de todas as naturezas,
deriva de si mesma, sem a ajuda de outra natureza, qualquer que seja a
existê ncia que tenha, nã o é o que é individualmente e à parte da
associaçã o com suas criaturas?

Portanto, se alguma vez ele compartilha qualquer nome com


outros seres, sem dú vida uma signi icaçã o muito diferente desse nome
deve ser entendida em seu caso.
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CAPÍTULO XXVII
N
, .
E, portanto, evidente que em qualquer tratamento ordiná rio da
EU substâ ncia, esta Substâ ncia nã o pode ser incluı́da, de compartilhar
em cuja essê ncia toda natureza é excluı́da. De fato, uma vez que
toda substâ ncia é tratada como universal, isto é , como essencialmente
comum a mais de uma substâ ncia, como ser homem é comum a homens
individuais; ou como individual, tendo uma essê ncia universal em
comum com os outros, como os homens individuais tê m em comum
com os homens individuais o fato de serem homens; algué m concebe
que, no tratamento de outras substâ ncias, está incluı́da aquela natureza
suprema, que nã o se divide em mais substâ ncias do que uma, nem se
une a qualquer outra, em virtude de uma essê ncia comum?

No entanto, visto que nã o apenas existe com certeza, mas existe no
mais alto grau de todas as coisas; e uma vez que a essê ncia de qualquer
coisa é usualmente chamada de sua substâ ncia, sem dú vida, se algum
nome digno pode ser dado a ela, nã o há objeçã o a chamá -la de
substância .

E como nã o se conhece nenhuma essê ncia mais digna do que o


espı́rito e o corpo, e destes, o espı́rito é mais digno do que o corpo,
deve-se certamente sustentar que este Ser é espı́rito e nã o corpo. Mas,
visto que um espı́rito nã o tem partes, e nã o pode haver mais espı́ritos
do que um desta espé cie, deve ser, por todos os meios, um espı́rito
indivisı́vel. Pois como, como foi mostrado acima, nã o é composto de
partes, nem pode ser concebido como mutá vel, por quaisquer
diferenças ou acidentes, é impossı́vel que seja divisı́vel por qualquer
forma de divisã o.
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CAPÍTULO XXVIII
E E ,
.

Parece seguir-se, entã o, das consideraçõ es precedentes, que o


EU Espı́rito que existe de uma maneira tã o maravilhosamente singular
e tã o singularmente maravilhosa é de alguma forma ú nico;
enquanto outros seres que parecem ser compará veis a ele nã o o sã o.

Pois, pela atençã o diligente, será visto que somente esse Espı́rito
existe de maneira simples, perfeita e absoluta; enquanto todos os
outros seres sã o quase inexistentes, e quase nã o existem. Pois, visto que
deste Espı́rito, por causa de sua eternidade imutá vel, nã o se pode dizer,
em termos de qualquer alteraçã o, que foi ou será , mas simplesmente
que é ; nã o é agora, por mutaçã o, qualquer coisa que nã o foi em
nenhum momento, ou nã o será no futuro. Nem deixa de ser agora o que
era, ou será , a qualquer momento; mas, seja o que for, é , de uma vez por
todas, simultaneamente e interminavelmente. Vendo, eu digo, que sua
existê ncia é desse cará ter, é justamente dito que ela existe
simplesmente, e absolutamente, e perfeitamente.

Mas como, por outro lado, todos os outros seres, de acordo com
alguma causa, em algum momento foram ou serã o, por mutaçã o, o que
nã o sã o agora; ou, sã o o que nã o foram, ou nã o serã o, em algum
momento; e, uma vez que essa existê ncia anterior deles nã o é mais um
fato; e essa existê ncia futura ainda nã o é um fato; e sua existê ncia em
um presente transitó rio e muito breve, e di icilmente existente,
di icilmente é um fato – uma vez que, entã o, eles existem em tal
mutabilidade, nã o é injusti icadamente negado que eles existam de
forma simples, perfeita e absoluta; e a irma-se que eles sã o quase
inexistentes, que mal existem.

Mais uma vez, visto que todos os seres, que nã o sã o este pró prio
Espı́rito, vieram da inexistê ncia para a existê ncia, nã o por si mesmos,
mas por outro; e, uma vez que eles retornam da existê ncia para a nã o-
existê ncia, no que diz respeito ao seu pró prio poder, a menos que sejam
sustentados por outro ser, é compatı́vel com sua natureza existir
simplesmente, ou perfeitamente, ou absolutamente, e nã o ser quase
inexistente.

E uma vez que a existê ncia deste Espı́rito inefá vel por si só nã o
pode de modo algum ser concebida como tendo origem na inexistê ncia,
ou como capaz de sustentar qualquer de iciê ncia que surja do que está
na inexistê ncia; e visto que, seja o que for ele mesmo, ele nã o é por
outro que nã o ele mesmo, isto é , pelo que ele mesmo é , nã o deveria sua
existê ncia por si só ser concebida como simples, perfeita e absoluta?

Mas o que é tã o simples, e em todos os aspectos, unicamente


perfeito, simples e absoluto, pode-se dizer com toda a justiça que é de
alguma forma ú nico. E, por outro lado, tudo o que se sabe existir por
uma causa superior, e nem simplesmente, nem perfeitamente, nem
absolutamente, mas di icilmente existe ou é quase inexistente - isso
certamente pode ser dito com razã o em alguns tipo inexistente.

De acordo com este curso de raciocı́nio, entã o, somente o Espı́rito


criador existe, e todas as criaturas sã o inexistentes; no entanto, eles nã o
sã o totalmente inexistentes, porque, por meio daquele Espı́rito que só
existe absolutamente, eles foram feitos algo do nada.
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CAPÍTULO XXIX
S
, , .

B
UT agora, tendo considerado essas questõ es sobre as
propriedades da natureza suprema, que me ocorreram
seguindo a orientaçã o da razã o até o presente ponto, acho
razoá vel examinar a expressã o desse Espı́rito ( locutio ), atravé s do qual
todas as coisas foram criadas .

Pois, embora tudo o que foi apurado sobre essa expressã o acima
tenha a força in lexı́vel da razã o, sou especialmente compelido a uma
discussã o mais cuidadosa dessa expressã o pelo fato de que ela é
comprovadamente idê ntica ao pró prio Espı́rito supremo. Pois, se esse
Espı́rito nada criou senã o por si mesmo, e tudo o que foi criado por ele
foi criado por essa expressã o, como essa expressã o pode ser outra coisa
senã o o que o pró prio Espı́rito é ?

Alé m disso, os fatos já descobertos declaram irrefutavelmente que


nada jamais poderia, ou pode, existir, exceto o Espı́rito criador e suas
criaturas. Mas é impossı́vel que a expressã o deste Espı́rito esteja
incluı́da entre os seres criados; pois todo ser criado foi criado atravé s
dessa expressã o; mas essa expressã o nã o poderia ser criada por si
mesma. Pois nada pode ser criado por si mesmo, visto que toda criatura
existe depois daquela por meio da qual foi criada, e nada existe depois
de si mesma.
A alternativa que resta é , entã o, que essa expressã o do Espı́rito
supremo, uma vez que nã o pode ser uma criatura, nã o é outra senã o o
Espı́rito supremo. Portanto, esta pró pria expressã o pode ser concebida
como nada mais do que a inteligê ncia ( inteligência ) desse Espı́rito,
pela qual ele concebe ( inteligência ) todas as coisas. Pois, para ele, o
que é expressar alguma coisa, de acordo com esse tipo de expressã o,
senã o concebê -la? Pois ele nunca, como o homem, deixa de expressar o
que concebe.

Se, entã o, a natureza supremamente simples nã o é outra coisa que


sua inteligê ncia, assim como é idê ntica à sua sabedoria,
necessariamente, do mesmo modo, ela nã o é outra coisa que sua
expressã o. Mas, como já é manifesto que o Espı́rito supremo é um só , e
totalmente indivisı́vel, esta sua expressã o deve ser tã o consubstancial a
ele, que nã o sejam dois espı́ritos, mas um.
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CAPÍTULO XXX
E ,
.

C
HY, entã o, devo ter mais alguma dú vida em relaçã o à questã o
que rejeitei acima como duvidosa, a saber, se essa expressã o
consiste em mais de uma palavra ou em uma? Pois, se é tã o
consubstancial à natureza suprema que nã o sã o dois espı́ritos, mas um;
seguramente, assim como o ú ltimo é sumamente simples, o primeiro
també m o é . Portanto, nã o consiste em mais de uma palavra, mas é uma
Palavra, pela qual todas as coisas foram criadas.
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CAPÍTULO XXXI
E V ,
,
. — Q
.

B
UT aqui, parece-me, surge uma questã o que nã o é fá cil de
responder, e ainda assim nã o deve ser deixada em qualquer
ambiguidade. Pois todas as palavras desse tipo pelas quais
expressamos quaisquer objetos em nossa mente, isto é , os concebemos,
sã o semelhanças e imagens dos objetos aos quais correspondem; e toda
semelhança ou imagem é mais ou menos verdadeira, conforme imita
mais ou menos de perto o objeto de que é a semelhança.

Qual, entã o, deve ser nossa posiçã o em relaçã o à Palavra pela qual
todas as coisas sã o expressas e por meio da qual todas foram criadas?
Será ou nã o será a semelhança das coisas que foram criadas por ela
mesma? Pois, se ele pró prio é a verdadeira semelhança das coisas
mutá veis, nã o é consubstancial à suprema imutabilidade; que é falso.
Mas, se nã o é totalmente verdade, e é apenas uma espé cie de
semelhança de coisas mutá veis, entã o a Palavra da Verdade suprema
nã o é totalmente verdadeira; o que é um absurdo. Mas se nã o tem
semelhança com coisas mutá veis, como elas foram criadas segundo seu
exemplo?

Mas talvez nada dessa ambiguidade permaneça se – como se diz


que a realidade de um homem é o homem vivo, mas a semelhança ou
imagem de um homem em sua imagem – assim a realidade do ser é
concebida como no Verbo, cuja a essê ncia existe tã o supremamente
que, em certo sentido, só ela existe; enquanto nessas coisas que, em
comparaçã o com essa Essê ncia, sã o de algum modo inexistentes, e, no
entanto, foram feitas algo atravé s e de acordo com essa Palavra, uma
espé cie de imitaçã o dessa Essê ncia suprema é encontrada.

Pois, assim, o Verbo da Verdade suprema, que també m é a Verdade


suprema, nã o experimentará nem ganho nem perda, conforme for mais
ou menos como suas criaturas. Mas a inferê ncia necessá ria será , antes,
que todo ser criado existe em grau tanto maior, ou é tanto mais
excelente, quanto mais parecido com o que existe supremamente e é
supremamente grande.

Por isso, talvez – nã o, talvez nã o, mas certamente – toda mente
julga as naturezas de alguma forma vivas para superar aquelas que nã o
estã o vivas, o senciente para superar o nã o senciente, o racional o
irracional. Pois, como a natureza suprema, de uma maneira ú nica e
pró pria, nã o apenas existe, mas vive, e é senciente e racional, é claro
que, de todos os seres existentes, o que está de alguma forma vivo é
mais assim. Natureza suprema, do que aquilo que nã o está vivo; e o que,
de alguma forma, mesmo por um sentido corpó reo, conhece alguma
coisa, é mais semelhante a esta Natureza do que o que nã o é senciente;
e o que é racional, mais do que o incapaz de raciocinar.

Mas é claro, por uma razã o semelhante, que certas naturezas


existem em maior ou menor grau do que outras. Pois, assim como é
mais excelente por natureza o que, por sua essê ncia natural, está mais
pró ximo do Ser excelentı́ssimo, assim certamente existe em maior grau
a natureza cuja essê ncia é mais parecida com a Essê ncia suprema. E eu
acho que isso pode ser facilmente veri icado da seguinte forma. Se
concebermos qualquer substâ ncia viva, sensı́vel e racional, privada de
sua razã o, depois de sua senciê ncia, depois de sua vida e, inalmente, da
existê ncia nua que resta, quem nã o entenderia que a substâ ncia que é
assim destruı́do, pouco a pouco, é gradualmente levado a graus cada
vez menores de existê ncia, e inalmente à inexistê ncia? Mas os atributos
que, tomados cada um por si, reduzem uma essê ncia a graus cada vez
menores de existê ncia, se assumidos em ordem, levam-na a graus cada
vez maiores.

E evidente, entã o, que uma substâ ncia viva existe em maior grau
do que uma que nã o é viva, um senciente do que um nã o senciente, e
um racional do que um nã o-racional. Assim, nã o há dú vida de que toda
substâ ncia existe em maior grau, e é mais excelente, conforme é mais
semelhante à quela substâ ncia que existe supremamente e é
supremamente excelente.

E bastante claro, entã o, que no Verbo, pelo qual todas as coisas


foram criadas, nã o está sua semelhança, mas sua essê ncia verdadeira e
simples; enquanto nas coisas criadas nã o há uma essê ncia simples e
absoluta, mas uma imitaçã o imperfeita dessa verdadeira Essê ncia.
Donde se segue necessariamente que este Verbo nã o é mais nem menos
verdadeiro, segundo sua semelhança com as coisas criadas, mas toda
natureza criada tem uma essê ncia e dignidade mais elevadas, quanto
mais se aproxima desse Verbo.
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CAPÍTULO XXXII
O E P
.

B
UT, uma vez que isso é verdade, como pode o que é simples
Verdade ser a Palavra correspondente a esses objetos, dos
quais nã o é a semelhança? Uma vez que cada palavra pela qual
um objeto é assim expresso mentalmente é a semelhança desse objeto,
se esta nã o é a palavra correspondente aos objetos que foram criados
por meio dela, como podemos ter certeza de que é a Palavra? Pois cada
palavra é uma palavra correspondente a algum objeto. Portanto, se nã o
houvesse criatura, nã o haveria palavra.

Devemos concluir, entã o, que se nã o houvesse criatura, esse Verbo


nã o existiria, que é a Essê ncia suprema auto-su iciente? Ou o pró prio
Ser supremo, talvez, que é o Verbo, ainda seria o Ser eterno, mas nã o o
Verbo, se nada fosse criado por meio desse Ser? Pois, ao que nã o foi, e
nã o é , e nã o será , entã o nã o pode haver palavra correspondente.

Mas, de acordo com esse raciocı́nio, se nunca houvesse outro ser


alé m do Espı́rito supremo, nã o haveria palavra nele. Se nã o houvesse
nenhuma palavra nele, ele nã o expressaria nada para si mesmo; se ele
nã o expressasse nada para si mesmo, já que, para ele, expressar
qualquer coisa é o mesmo que entender ou conceber ( intelligere ), ele
nã o entenderia ou conceberia nada; se ele nã o entendesse ou
concebesse nada, entã o a Sabedoria suprema, que nada mais é do que
este Espı́rito, nã o entenderia ou conceberia nada; o que é o mais
absurdo.
O que deve ser inferido? Pois, se nã o concebesse nada, como seria
a Sabedoria suprema? Ou, se nã o houvesse nada alé m dele, do que ele
conceberia? Nã o se conceberia? Mas como se pode imaginar que a
Sabedoria suprema, a qualquer momento, nã o se concebe; uma vez que
uma mente racional pode lembrar-se nã o apenas de si mesma, mas
dessa Sabedoria suprema, e conceber essa Sabedoria e a si mesma?
Pois, se a mente humana nã o pudesse ter memó ria ou conceito dessa
Sabedoria ou de si mesma, ela nã o se distinguiria das criaturas
irracionais, e essa Sabedoria de todo o mundo criado, em meditaçã o
silenciosa por si mesma, como minha mente agora .

Portanto, esse Espı́rito, supremo como é eterno, é assim


eternamente consciente de si mesmo e se concebe à semelhança de
uma mente racional; nã o, nã o à semelhança de qualquer coisa; mas em
primeiro lugar esse Espı́rito, e a mente racional conforme sua
semelhança. Mas, se ele se concebe eternamente, ele se expressa
eternamente. Se ele se expressa eternamente, sua Palavra está
eternamente com ele. Quer, portanto, seja pensado em conexã o com
nenhum outro ser existente, ou com outros seres existentes, a Palavra
desse Espı́rito deve ser coeterna com ele.
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CAPÍTULO XXXIII
E
P .

B
UT aqui, em minha investigaçã o sobre a Palavra, pela qual o
Criador expressa tudo o que ele cria, é sugerida a palavra pela
qual ele, que cria tudo, se expressa. Ele se expressa, entã o, por
uma palavra, e o que ele cria por outra; ou ele expressa tudo o que ele
cria pela mesma palavra pela qual ele se expressa?

Pois també m esta Palavra, pela qual ele se expressa, deve ser
idê ntica a si mesmo, como é evidentemente verdade da Palavra pela
qual ele expressa suas criaturas. Pois como, mesmo que nada alé m
desse Espı́rito supremo jamais existisse, a razã o urgente ainda exigiria
a existê ncia dessa palavra pela qual ele se expressa, o que é mais
verdadeiro do que que sua palavra nada mais é do que ele mesmo?
Portanto, se ele se expressa e o que cria, por uma Palavra
consubstancial a si mesmo, é manifesto que da Palavra pela qual se
expressa e da Palavra pela qual expressa o mundo criado, a substâ ncia é
uma.

Como, entã o, se a substâ ncia é uma, existem duas palavras? Mas,


talvez, a identidade de substâ ncia nã o nos obrigue a admitir uma ú nica
Palavra. Pois o pró prio Criador, que fala com essas palavras, tem a
mesma substâ ncia com elas, mas nã o é a Palavra. Mas, sem dú vida, a
palavra pela qual a Sabedoria suprema se expressa pode mais
apropriadamente ser chamada de sua Palavra no primeiro fundamento,
a saber, que conté m a perfeita semelhança dessa Sabedoria.
Pois, de modo algum se pode negar que, quando uma mente
racional se concebe em meditaçã o, a imagem de si mesma surge em seu
pensamento, ou melhor, o pensamento da mente é ela mesma sua
imagem, conforme sua semelhança, como se fosse formada por sua
impressã o. . Pois, qualquer objeto que a mente, seja pela representaçã o
do corpo ou pela razã o, deseje conceber verdadeiramente, ela pelo
menos tenta expressar sua semelhança, na medida do possı́vel, no
pró prio conceito mental. E quanto mais verdadeiramente consegue
isso, mais verdadeiramente pensa no pró prio objeto; e, de fato, esse fato
é observado mais claramente quando pensa em outra coisa que nã o é , e
especialmente quando pensa em um corpo material. Pois, quando
penso num homem que conheço, na sua ausê ncia, a visã o do meu
pensamento forma uma imagem que adquiri na memó ria atravé s da
minha visã o ocular e esta imagem é a palavra correspondente ao
homem que expresso pensando nele. .

A mente racional, entã o, quando se concebe no pensamento, tem


consigo sua imagem nascida de si mesma, isto é , seu pensamento à sua
semelhança, como se formado de sua impressã o, embora nã o possa, a
nã o ser apenas no pensamento, separar-se de si mesma. sua imagem,
que imagem é sua palavra.

Quem, entã o, pode negar que a Sabedoria suprema, quando se


concebe expressando-se, gera uma semelhança de si mesma
consubstancial a ela, a saber, sua Palavra? E esta Palavra, embora de um
assunto tã o singularmente importante, nada pode ser dito com
propriedade su iciente, ainda nã o pode ser inadequadamente chamada
a imagem dessa Sabedoria, sua representaçã o, assim como é chamada
sua semelhança.

Mas a Palavra pela qual o Criador exprime o mundo criado nã o é


de modo algum, da mesma forma, uma palavra correspondente ao
mundo criado, pois nã o é a semelhança deste mundo, mas a sua
essê ncia elementar. Segue-se, portanto, que ele nã o expressa o pró prio
mundo criado por uma palavra correspondente ao mundo criado. A
que, entã o, pertence a palavra, pela qual ele a expressa, se nã o a
expressa por uma palavra, pertencente a si mesma? Pois o que ele
expressa, ele expressa por uma palavra, e uma palavra deve pertencer a
algo, isto é , é a semelhança de algo. Mas se ele nã o expressa nada alé m
de si mesmo ou de seu mundo criado, ele nã o pode expressar nada,
exceto por uma palavra correspondente a si mesmo ou a outra coisa.

Entã o, se ele nã o expressa nada por uma palavra pertencente ao


mundo criado, tudo o que ele expressa, ele expressa pela Palavra que
corresponde a si mesmo. Por uma e mesma Palavra, entã o, ele se
expressa e tudo o que ele fez.
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CAPÍTULO XXXIV
C
P .

B
Mas como objetos tã o diferentes como o criador e o ser criado
podem ser expressos por uma Palavra, especialmente porque
essa mesma Palavra é coeterna com aquele que os expressa,
enquanto o mundo criado nã o é coeterno com ele? Talvez, porque ele
mesmo é a suprema Sabedoria e a suprema Razã o, na qual estã o todas
as coisas que foram criadas; assim como uma obra que é feita segundo
uma das artes, nã o apenas quando é feita, mas antes de ser feita e
depois de ser destruı́da, é sempre em relaçã o à pró pria arte nada mais
do que aquela arte.

Assim, quando o Espı́rito supremo se expressa, ele expressa todos


os seres criados. Pois, tanto antes de serem criados, como agora que
foram criados, e depois de decaı́dos ou alterados de alguma forma, eles
sã o sempre nele nã o o que sã o em si mesmos, mas o que este pró prio
Espı́rito é . Pois, em si mesmos, sã o seres mutá veis, criados segundo
uma razã o imutá vel; enquanto nele está o verdadeiro primeiro ser, e a
primeira realidade da existê ncia, quanto mais semelhantes a esses
seres de alguma forma, mais real e excelente eles existem. Assim, pode-
se razoavelmente a irmar que, quando o Espı́rito supremo se expressa,
ele també m expressa tudo o que foi criado por uma ú nica e mesma
Palavra.
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CAPÍTULO XXXV
T P
, .

B
UT, uma vez que está estabelecido que sua palavra é
consubstancial a ele, e perfeitamente semelhante a ele, segue-
se necessariamente que todas as coisas que existem nele
existem també m, e da mesma maneira, em sua palavra. O que quer que
tenha sido criado, entã o, vivo ou nã o vivo, ou como quer que exista em
si mesmo, é a pró pria vida e verdade nele.

Mas, visto que conhecer é o mesmo para o Espı́rito supremo que


conceber ou expressar, ele deve conhecer todas as coisas que conhece
da mesma maneira como as expressa ou as concebe. Portanto, assim
como todas as coisas estã o em sua Palavra, vida e verdade, també m
estã o em seu conhecimento.
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CAPÍTULO XXXVI
D
.

H
ENCE, pode ser mais claramente compreendido que como este
Espı́rito se expressa, ou como ele conhece o mundo criado,
nã o pode ser compreendido pelo conhecimento humano. Pois
ningué m pode duvidar de que as substâ ncias criadas existem de
maneira muito diferente em si mesmas do que em nosso conhecimento.
Pois, em si mesmos eles existem em virtude de seu pró prio ser;
enquanto em nosso conhecimento nã o é o seu ser, mas a sua
semelhança.

Concluı́mos, entã o, que eles existem mais verdadeiramente em si


mesmos do que em nosso conhecimento, na mesma medida em que
existem mais verdadeiramente em qualquer lugar em virtude de seu
pró prio ser, do que em virtude de sua semelhança. Portanto, sendo esta
també m uma verdade estabelecida, que toda substâ ncia criada existe
mais verdadeiramente no Verbo, isto é , na inteligê ncia do Criador, do
que em si mesma, no mesmo grau em que o ser criador existe mais
verdadeiramente do que o criado; como pode a mente humana
compreender de que tipo é essa expressã o e esse conhecimento, que é
muito mais elevado e verdadeiro do que as substâ ncias criadas; se
nosso conhecimento é tã o superado por essas substâ ncias quanto sua
semelhança é removida de seu ser?
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CAPÍTULO XXXVII
Q ,
P :

.

B
UT, uma vez que já foi claramente demonstrado que o Espı́rito
supremo criou todas as coisas por meio de sua Palavra, a
pró pria Palavra també m nã o criou todas as coisas? Pois, sendo
consubstancial a ele, deve ser a essê ncia suprema daquilo de que é o
Verbo. Mas nã o há Essê ncia suprema, exceto uma, que é o ú nico criador
e o ú nico começo de todas as coisas que foram criadas. Pois esta
Essê ncia, somente por si mesma, criou todas as coisas do nada.
Portanto, tudo o que o Espı́rito supremo cria, o mesmo a sua Palavra
també m cria, e da mesma maneira.

Qualquer que seja a relaçã o que o Espı́rito supremo tenha com o


que ele cria, essa relaçã o també m tem sua Palavra, e da mesma
maneira. E, no entanto, ambos nã o o suportam simultaneamente, como
mais de um, pois nã o há mais essê ncias criativas supremas do que um.
Portanto, assim como ele é o criador e o princı́pio do mundo, assim
també m é o seu Verbo; e, no entanto, nã o há dois, mas um criador e um
começo.
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CAPÍTULO XXXVIII
N ,
.

O
Nossa atençã o cuidadosa é , portanto, exigida por uma
peculiaridade que, embora muito incomum em outros seres,
parece pertencer ao Espı́rito supremo e sua Palavra. Pois, é
certo que em cada um deles separadamente e em ambos
simultaneamente, o que quer que sejam, existe de modo que se
aperfeiçoa separadamente em ambos, e ainda assim nã o admite
pluralidade nos dois. Pois embora, tomado separadamente, ele seja a
Verdade e o Criador perfeitamente supremos, e sua Palavra é a Verdade
e o Criador supremos; no entanto, ambas ao mesmo tempo nã o sã o
duas verdades ou dois criadores.

Mas, embora isso seja verdade, ainda é notavelmente claro que


nem aquele, de quem é o Verbo, pode ser seu pró prio Verbo, nem o
Verbo pode ser aquele de quem é o Verbo, embora no que diz respeito
ao que eles sã o substancialmente , ou que relaçã o eles mantê m com o
mundo criado, eles sempre preservam uma unidade indivisı́vel. Mas no
que diz respeito ao fato de que ele nã o deriva a existê ncia dessa Palavra,
mas essa Palavra dele, eles admitem uma pluralidade inefá vel, inefá vel,
certamente, pois embora a necessidade exija que sejam dois, de modo
algum pode ser explicado por que eles sã o dois.

Pois, embora possam talvez ser chamados de dois iguais, ou


alguma outra relaçã o mú tua possa ser atribuı́da a eles da mesma
maneira, ainda assim, se for perguntado o que há nessas mesmas
expressõ es relativas com referê ncia à s quais sã o usadas, nã o pode ser
expresso pluralmente, como se fala de duas linhas iguais, ou dois como
homens. Pois, nem há dois espı́ritos iguais nem dois criadores iguais,
nem há expressã o dual que indique sua essê ncia ou sua relaçã o com o
mundo criado; e nã o há expressã o dual que designe a relaçã o peculiar
de um com o outro, pois nã o há duas palavras nem duas imagens.

Pois o Verbo, pelo fato de ser palavra ou imagem, tem relaçã o com
o outro, porque só é Verbo e imagem como é Verbo e imagem de alguma
coisa; e tã o peculiares sã o esses atributos a um que nã o sã o de forma
alguma previsı́veis do outro. Pois aquele que é o Verbo e a imagem, nã o
é nem imagem nem Verbo. E, portanto, evidente que nã o se pode
explicar por que eles sã o dois, o Espı́rito supremo e o Verbo, embora
por certas propriedades de cada um deles devam ser dois. Pois é
propriedade de um derivar existê ncia do outro, e propriedade desse
outro que o primeiro deriva existê ncia dele.
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CAPÍTULO XXXIX
E P E
.

E essa verdade, ao que parece, nã o pode ser expressa em


UMA termos mais familiares do que quando se diz que é propriedade
de um, ter nascido do outro; e do outro, que dele nasce o
primeiro. Pois agora está claramente provado que a Palavra do Espı́rito
supremo nã o deriva dele existê ncia, como os seres que foram criados
por ele; mas como Criador do Criador, Ser supremo do Ser supremo. E,
para descartar esta comparaçã o com toda a brevidade, é um e o mesmo
ser que deriva a existê ncia de um e do mesmo ser, e em tais termos, que
de modo algum deriva a existê ncia, exceto desse ser.

Uma vez que é evidente, entã o, que a Palavra do Espı́rito supremo


deriva a existê ncia somente dele, que é completamente aná loga à
descendê ncia de um pai; e que nã o deriva a existê ncia dele, como se
fosse criado por ele, sem dú vida nenhuma suposiçã o mais adequada
pode ser tida sobre sua origem, do que deriva a existê ncia do Espı́rito
supremo por nascimento ( nascendo ).

Pois, sem hesitaçã o, diz-se que inú meros objetos nascem daquelas
coisas das quais derivam a existê ncia, embora nã o possuam tal
semelhança com as coisas das quais se diz que nasceram, como ilhos
de um pai. que o cabelo nasce da cabeça, ou o fruto da á rvore, embora o
cabelo nã o se assemelhe à cabeça, nem o fruto à á rvore.
Se, entã o, muitos objetos desse tipo sã o ditos sem absurdo como
nascidos, tanto mais apropriadamente se pode dizer que o Verbo do
Espı́rito supremo deriva dele existê ncia por nascimento, quanto mais
perfeita é a semelhança que ele tem com ele, como de uma criança para
seu pai, derivando a existê ncia dele.
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CAPÍTULO XL
E , P
.

B
UT se é mais apropriadamente dito que nasceu, e é tã o parecido
com aquele de quem nasceu, por que deveria ser estimado
como , como uma criança é como seu pai? por que nã o deveria
antes ser declarado que o Espı́rito é mais verdadeiramente um pai, e o
Verbo sua descendê ncia, quanto mais ele sozinho é su iciente para
efetuar este nascimento, e quanto mais o que nasce expressa sua
semelhança? Pois, entre outros seres que sabemos ter as relaçõ es de
pai e ilho, nenhum gera a ponto de ser ú nico e sem acessó rio,
su iciente para a geraçã o da prole; e nenhum é tã o gerado que, sem
qualquer mistura de dessemelhança, mostre completa semelhança com
seu pai.

Se, entã o, o Verbo do Espı́rito supremo deriva sua existê ncia


completa apenas do ser desse pró prio Espı́rito, e é tã o singularmente
semelhante a ele, que nenhuma criança deriva tã o completamente a
existê ncia de seu pai, e nenhuma é tã o semelhante a seu pai ,
certamente a relaçã o de pais e ilhos nã o pode ser atribuı́da a nenhum
ser tã o consistente quanto ao Espı́rito supremo e sua Palavra. Portanto,
é sua propriedade ser mais verdadeiramente pai, e é ser mais
verdadeiramente sua prole.
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CAPÍTULO XLI
E ,
.

B
UT será impossı́vel estabelecer esta proposiçã o, a menos que,
em igual grau, ele gere mais verdadeiramente, e seja mais
verdadeiramente gerado. Como a primeira suposiçã o é
evidentemente verdadeira, a segunda é necessariamente mais certa.
Portanto, ao Espı́rito supremo pertence mais verdadeiramente gerar, e
à sua Palavra ser verdadeiramente gerado.
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CAPÍTULO XLII
É
P , F .

certamente deveria estar feliz, e talvez capaz, agora de chegar à


EU conclusã o de que ele é verdadeiramente o Pai, enquanto este Verbo
é verdadeiramente seu Filho. Mas acho que nem mesmo esta
questã o deve ser negligenciada: se é mais apropriado chamá -los de Pai
e Filho, do que de mã e e ilha, já que neles nã o há distinçã o de sexo.

Pois, se é consistente com a natureza de um ser o Pai, e de sua


descendê ncia ser o Filho, porque ambos sã o Espı́rito ( Spiritus ,
masculino); por que nã o é , com igual razã o, compatı́vel com a natureza
de uma ser a mã e e a outra a ilha, já que ambas sã o verdade e
sabedoria ( veritas et sapientia , feminina)?

Ou será porque nestas naturezas que tê m diferença de sexo,


pertence ao sexo superior ser pai ou ilho, e ao inferior ser mã e ou
ilha? E isso é certamente um fato natural na maioria dos casos, mas em
alguns o contrá rio é verdadeiro, como entre certas espé cies de
pá ssaros, entre os quais a fê mea é sempre maior e mais forte, enquanto
o macho é menor e mais fraco.

De qualquer forma, é mais consistente chamar o Espı́rito supremo


de pai do que de mã e, por isso que a primeira e principal causa da
descendê ncia está sempre no pai. Pois, se a causa materna é de alguma
forma precedida pela paterna, é extremamente inconsistente que o
nome mãe seja ligado à quele progenitor ao qual, para a geraçã o da
prole, nenhuma outra causa está associada e que nenhuma outra
precede. . E, portanto, mais verdadeiro que o Espı́rito supremo é o Pai
de sua descendê ncia. Mas, se o ilho é sempre mais parecido com o pai
do que a ilha, enquanto nada é mais parecido com o Pai supremo do
que sua prole; entã o é verdade que esta descendê ncia nã o é uma ilha,
mas um Filho.

Portanto, assim como é propriedade de um gerar mais


verdadeiramente, e do outro ser gerado, també m é propriedade de um
ser o progenitor mais verdadeiramente, e do outro ser gerado mais
verdadeiramente. E como um é verdadeiramente o pai, e o outro sua
descendê ncia, assim um é verdadeiramente Pai, e o outro
verdadeiramente Filho.
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CAPÍTULO XLIII
C
.

N
Como se descobriram tantas e tã o importantes propriedades
de cada uma delas, por meio das quais se prova que uma
estranha pluralidade, tã o inefá vel quanto inevitá vel, existe na
suprema unidade, julgo mais interessante re letir, repetidas vezes,
sobre tã o insondá vel um misté rio.

Pois observe: embora seja tã o impossı́vel que aquele que gera e
aquele que é gerado sejam o mesmo, e que o pai e a prole sejam os
mesmos – tã o impossı́vel que necessariamente um deve ser o
progenitor e o outro o gerado, e um o Pai, o outro o Filho; no entanto,
aqui é tã o necessá rio que aquele que gera e aquele que é gerado seja o
mesmo, e també m que o pai e a prole sejam os mesmos, que o
progenitor nã o pode ser outro senã o o que é o gerado, nem o Pai
qualquer outro do que o Filho.

E embora um seja um e o outro outro, de modo que é totalmente


evidente que sã o dois; no entanto, o que um e outro sã o é de tal
maneira um e o mesmo, que é um misté rio mais obscuro por que eles
sã o dois. Pois, de tal maneira um é o Pai e o outro o Filho, que quando
falo de ambos percebo que falei de dois; e, no entanto, é tã o idê ntico o
que o Pai e o Filho sã o, que nã o entendo por que eles sã o dois de quem
falei.
Pois, embora o Pai separadamente seja o Espı́rito perfeitamente
supremo e o Filho separadamente seja o Espı́rito perfeitamente
supremo, ainda assim, o Espı́rito-Pai e o Espı́rito-Filho sã o um e o
mesmo ser, que o Pai e o Filho nã o sã o dois espı́ritos, mas um só
Espı́rito. Pois, assim como à s propriedades separadas de seres
separados nã o se atribui a pluralidade, pois nã o sã o propriedades de
duas coisas, assim, o que é comum a ambas conserva uma unidade
indivisı́vel, embora pertença, como um todo, a elas tomadas
separadamente.

Pois, como nã o há dois pais ou dois ilhos, mas um Pai e um Filho,
visto que propriedades separadas pertencem a seres separados, assim
nã o há dois espı́ritos, mas um Espı́rito; embora pertença tanto ao Pai,
tomado separadamente, quanto ao Filho, tomado separadamente, ser o
Espı́rito perfeito. Pois suas relaçõ es sã o tã o opostas que uma nunca
assume a propriedade da outra; tã o harmoniosos sã o eles na natureza,
que um conté m sempre a essê ncia do outro. Pois eles sã o tã o diversos
em virtude do fato de que um é o Pai e o outro o Filho, que o Pai nunca é
chamado de Filho, nem o Filho de Pai; e eles sã o tã o idê nticos, em
virtude de sua substâ ncia, que a essê ncia do Filho está sempre no Pai, e
a essê ncia do Pai no Filho.
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CAPÍTULO XLIV
C .

H
ENCE, mesmo que um seja chamado a essê ncia do outro, nã o
há afastamento da verdade; mas a suprema simplicidade e
unidade de sua natureza comum é assim honrada. Pois, nã o
como se concebe a sabedoria de um homem, pela qual o homem é
sá bio, embora nã o possa ser sá bio por si mesmo, podemos assim
entender a a irmaçã o de que o Pai é a essê ncia do Filho e o Filho a
essê ncia do Pai. Nã o podemos compreender que o Filho existe pelo Pai,
e o Pai pelo Filho, como se um nã o pudesse existir senã o pelo outro,
assim como um homem nã o pode ser sá bio senã o pela sabedoria.

Pois, como a Sabedoria suprema é sempre sá bia por si mesma, a


Essê ncia suprema sempre existe por si mesma. Mas, a Essê ncia
perfeitamente suprema é o Pai, e a Essê ncia perfeitamente suprema é o
Filho. Portanto, o Pai perfeito e o Filho perfeito existem, cada um por si
mesmo, assim como cada um é sá bio por si mesmo.

Pois o Filho nã o é a essê ncia ou sabedoria menos perfeita porque é


uma essê ncia nascida da essê ncia do Pai e uma sabedoria nascida da
sabedoria do Pai; mas ele seria uma essê ncia ou sabedoria menos
perfeita se nã o existisse por si mesmo e nã o fosse sá bio por si mesmo.

Pois, nã o há inconsistê ncia entre a subsistê ncia do Filho por si
mesmo e sua existê ncia derivada de seu Pai. Pois, como o Pai tem
essê ncia, sabedoria e vida em si mesmo; de modo que nã o pela essê ncia
alheia, mas pela sua pró pria essê ncia ele existe; por sua pró pria
sabedoria ele é sá bio; atravé s de sua pró pria vida ele vive; assim, por
geraçã o, ele concede a seu Filho a posse de essê ncia, sabedoria e vida
em si mesmo, de modo que nã o por uma essê ncia, sabedoria e vida
estranhas, mas por sua pró pria, ele subsiste, é sá bio e vive; caso
contrá rio, a existê ncia de Pai e Filho nã o será a mesma, nem o Filho
será igual ao Pai. Mas já foi claramente provado quã o falsa é essa
suposiçã o.

Portanto, nã o há incoerê ncia entre a subsistê ncia do Filho por si
mesmo e sua existê ncia derivada do Pai, pois ele deve ter do Pai esse
mesmo poder de subsistir por si mesmo. Pois, se um homem sá bio me
ensinasse sua sabedoria, que antes me faltava, ele poderia, sem
impropriedade, ser dito que me ensinou por essa mesma sabedoria
dele. Mas, embora minha sabedoria derivasse sua existê ncia e o fato de
ser de sua sabedoria, ainda assim, quando minha sabedoria existisse,
nã o seria outra essê ncia senã o a sua pró pria, nem seria sá bia senã o por
si mesma.

Muito mais, entã o, o Filho eterno do Pai eterno, que tanto deriva a
existê ncia do Pai que nã o sã o duas essê ncias, subsiste, é sá bio e vive
por si mesmo. Portanto, é inconcebı́vel que o Pai seja a essê ncia do
Filho, ou o Filho a essê ncia do Pai, porque um nã o pode subsistir por si
mesmo, mas deve subsistir pelo outro. Mas para indicar como eles
compartilham de uma essê ncia supremamente simples e
supremamente una, pode-se dizer e conceber consistentemente que um
é tã o idê ntico ao outro que um possui a essê ncia do outro.
Com base nisso, pois, como evidentemente nã o há diferença entre
possuir uma essê ncia e ser uma essê ncia, assim como um possui a
essê ncia do outro, um é a essê ncia do outro, isto é , um possui a mesma
existê ncia com o outro.
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CAPÍTULO XLV
O F
P , P F :
F , , .,
P .
ND embora, pelas razõ es que observamos, isso seja verdade, é
UMA muito mais apropriado chamar o Filho de essê ncia do Pai do
que o Pai de essê ncia do Filho. Pois, como o Pai tem seu ser de
ningué m menos que ele mesmo, nã o é totalmente apropriado dizer que
ele tem o ser de outro que nã o ele mesmo; enquanto, como o Filho tem
seu ser do Pai e tem a mesma essê ncia com seu Pai, pode-se dizer mais
apropriadamente que ele tem a essê ncia de seu Pai.

Por isso, visto que nenhum deles tem essê ncia, exceto por ser
essê ncia; como o Filho é mais apropriadamente concebido para ter a
essê ncia do Pai do que o Pai para ter a essê ncia do Filho, assim o Filho
pode ser mais apropriadamente chamado a essê ncia do Pai do que o Pai
a essê ncia do ilho. Pois esta ú nica explicaçã o prova, com brevidade
su icientemente enfá tica, que o Filho nã o apenas tem a mesma essê ncia
com o Pai, mas tem essa mesma essê ncia do Pai; de modo que, a irmar
que o Filho é a essê ncia do Pai é o mesmo que a irmar que o Filho nã o é
uma essê ncia diferente da essê ncia do Pai, ou melhor, da essê ncia do
Pai.

Da mesma maneira, portanto, o Filho é a virtude do Pai, e sua


sabedoria e justiça, e tudo o que é consistentemente atribuı́do à
essê ncia do Espı́rito supremo.
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CAPÍTULO XLVI
C
.

S
ET, algumas dessas verdades, que podem ser assim expostas e
concebidas, sã o aparentemente passı́veis de outra interpretaçã o
també m, nã o inconsistente com essa mesma a irmaçã o. Pois está
provado que o Filho é a verdadeira Palavra, isto é , a inteligê ncia
perfeita, concebendo toda a substâ ncia do Pai, ou conhecimento
perfeito dessa substâ ncia, e conhecimento dela, e sabedoria a respeito
dela; isto é , ele entende e concebe a pró pria essê ncia do Pai, e a
conhece, e a conhece, e é sá bia ( sapit ) em relaçã o a ela.

Se, entã o, neste sentido, o Filho é chamado a inteligê ncia do Pai, e


sabedoria a respeito dele, e conhecimento e cogniçã o dele, e
familiaridade com ele; desde que o Filho entende e concebe o Pai, é
sá bio a seu respeito, conhece e está familiarizado com ele, nã o há
desvio da verdade.

Muito apropriadamente, també m, pode o Filho ser chamado a


verdade do Pai, nã o apenas no sentido de que a verdade do Filho é a
mesma que a do Pai, como já vimos; mas neste sentido, també m, que
nele nenhuma imitaçã o imperfeita deve ser concebida, mas a verdade
completa da substâ ncia do Pai, já que ele nã o é outro senã o o que o Pai
é .
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CAPÍTULO XLVII
O F V

B
UT se a pró pria substâ ncia do Pai é inteligê ncia, e
conhecimento, e sabedoria, e verdade, é conseqü entemente
inferido que como o Filho é a inteligê ncia, e conhecimento, e
sabedoria, e verdade, da substâ ncia paterna, entã o ele é o inteligê ncia
da inteligê ncia, o conhecimento do conhecimento, a sabedoria da
sabedoria e a verdade da verdade.
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CAPÍTULO XLVIII
C F
P .

B
Mas qual deve ser nossa noçã o de memó ria? O Filho deve ser
considerado como a inteligê ncia que concebe a memó ria, ou
como a memó ria do Pai, ou como a memó ria da memó ria? De
fato, como nã o se pode negar que a Sabedoria suprema se lembra de si
mesma, nada pode ser mais consistente do que considerar o Pai como
memó ria, assim como o Filho é o Verbo; porque a Palavra
aparentemente nasce da memó ria, fato que se vê mais claramente no
caso da mente humana.

Pois, como a mente humana nem sempre pensa em si mesma,


embora sempre se lembre de si mesma, é claro que, quando pensa em si
mesma, a palavra que lhe corresponde nasce da memó ria. Assim,
parece que, se pensasse sempre em si mesma, sua palavra nasceria
sempre da memó ria. Pois, pensar em um objeto do qual temos
lembrança é expressá -lo mentalmente; enquanto a palavra
correspondente ao objeto é o pró prio pensamento, formado à
semelhança daquele objeto de memó ria.

Por isso, pode-se apreender claramente na Sabedoria suprema,


que sempre pensa em si mesma, assim como se lembra de si mesma,
que, da lembrança eterna dela, nasce seu Verbo coeterno. Portanto,
como a Palavra é apropriadamente concebida como ilho, a memó ria
mais apropriadamente leva o nome de pai. Se, entã o, a criança que
nasce somente do Espı́rito supremo é ilha de sua memó ria, nã o pode
haver conclusã o mais ló gica do que a de que sua memó ria é ele mesmo.
Pois nã o pelo fato de se lembrar de si mesmo, ele existe em sua pró pria
memó ria, como as idé ias que existem na memó ria humana, sem ser a
pró pria memó ria; mas ele se lembra tanto de si mesmo que é sua
pró pria memó ria.

Segue-se, portanto, que, assim como o Filho é a inteligê ncia ou a


sabedoria do Pai, ele é a da memó ria do Pai. Mas, a respeito de tudo o
que o Filho tem sabedoria ou entendimento, disso ele també m se
lembra. O Filho é , portanto, a memó ria do Pai, e a memó ria da memó ria,
isto é , a memó ria que lembra o Pai, que é memó ria, assim como ele é a
sabedoria do Pai, e a sabedoria da sabedoria, que é , a sabedoria sá bia
em relaçã o à sabedoria do Pai; e o Filho é de fato memó ria, nascido da
memó ria, como ele é sabedoria, nascido da sabedoria, enquanto o Pai é
memó ria e sabedoria nascida de ningué m.
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CAPÍTULO XLIX
O E .

B
UT, enquanto estou aqui considerando com interesse as
propriedades individuais e os atributos comuns do Pai e do
Filho, nã o encontro nada neles mais prazeroso de contemplar
do que o sentimento de amor mú tuo. Pois quã o absurdo seria negar que
o Espı́rito supremo ama a si mesmo, assim como ele se lembra de si
mesmo e se concebe! pois mesmo a mente humana racional está
convencida de que pode amar tanto a si mesma quanto a ele, porque
pode lembrar-se de si e dele, e pode conceber a si mesma e a ele; pois
ociosa e quase inú til é a memó ria e a concepçã o de qualquer objeto, a
menos que, na medida em que a razã o o exija, o pró prio objeto seja
amado ou condenado. O Espı́rito supremo, entã o, ama a si mesmo,
assim como ele se lembra e se concebe.
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CAPÍTULO L
O P F .

De qualquer modo, é claro para o homem racional que ele nã o se


EU lembra de si mesmo ou se concebe porque se ama, mas se ama
porque se lembra de si e se concebe; e que ele nã o poderia amar a
si mesmo se nã o se lembrasse e nã o se concebesse. Pois nenhum objeto
é amado sem lembrança ou concepçã o dele; enquanto muitas coisas sã o
retidas na memó ria e concebidas que nã o sã o amadas.

E evidente, entã o, que o amor do Espı́rito supremo procede do fato


de que ele se lembra de si mesmo e se concebe ( se intelligit ). Mas se,
pela memó ria do Espı́rito supremo, entendemos o Pai, e por sua
inteligê ncia pela qual ele concebe qualquer coisa, o Filho, é manifesto
que o amor do Espı́rito supremo procede igualmente do Pai e do Filho.
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CAPÍTULO LI
C .

B
UT se o Espı́rito supremo ama a si mesmo, sem dú vida o Pai
ama a si mesmo, o Filho ama a si mesmo, e um ao outro; visto
que o Pai separadamente é o Espı́rito supremo, e o Filho
separadamente é o Espı́rito supremo, e ambos ao mesmo tempo um
Espı́rito. E, uma vez que cada um se lembra igualmente de si e do outro,
e concebe igualmente de si e do outro; e como o que é amado, ou ama
no Pai, ou no Filho, é totalmente o mesmo, necessariamente cada um
ama a si mesmo e ao outro com igual amor.
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CAPÍTULO LII
E E
.

H
Oh grande, entã o, é este amor do Espı́rito supremo, comum
como é ao Pai e ao Filho! Mas, se ele se ama tanto quanto se
lembra e se concebe; e, alé m disso, lembra-se e concebe-se em
um grau tã o grande quanto aquele em que sua essê ncia existe, pois de
outra forma ela nã o pode existir; sem dú vida, seu amor é tã o grande
quanto ele mesmo.
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CAPÍTULO LIII
E E , ,
P F .

B
UT, o que pode ser igual ao Espı́rito supremo, exceto o Espı́rito
supremo? Esse amor é , entã o, o Espı́rito supremo. Portanto, se
nenhuma criatura, isto é , se nada alé m do Espı́rito supremo, o
Pai e o Filho, jamais existiu; nã o obstante, Pai e Filho amariam a si
mesmos e um ao outro.

Segue-se, portanto, que esse amor nada mais é do que o Pai e o


Filho, que é o Ser supremo. Mas, visto que nã o pode haver mais de um
Ser supremo, que inferê ncia pode ser mais necessá ria do que que Pai e
Filho e o amor de ambos sejam um Ser supremo? Portanto, este amor é
a Sabedoria suprema, a Verdade suprema, o Bem supremo, e tudo o que
pode ser atribuı́do à substâ ncia o Espı́rito supremo.
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CAPÍTULO LIV
E P ,
F , .

Deve-se considerar cuidadosamente se existem dois amores, um


EU procedente do Pai, o outro do Filho; ou um, nã o procedendo como
um todo de um, mas em parte do Pai, em parte do Filho; ou nem
mais de um, nem um procedendo em parte de cada separadamente,
mas um procedendo como um todo de cada separadamente, e
igualmente como um todo dos dois ao mesmo tempo.

Mas a soluçã o de tal questã o pode, sem dú vida, ser apreendida
pelo fato de que esse amor procede nã o daquilo em que Pai e Filho sã o
mais de um, mas daquilo em que eles sã o um. Pois, nã o de suas
relaçõ es, que sã o mais de uma, mas de sua pró pria essê ncia, que nã o
admite pluralidade, Pai e Filho produzem igualmente tã o grande bem.

Portanto, como o Pai separadamente é o Espı́rito supremo, e o


Filho separadamente é o Espı́rito supremo, e Pai e Filho ao mesmo
tempo nã o sã o dois, mas um Espı́rito; assim do Pai separadamente o
amor do Espı́rito supremo emana como um todo, e do Filho como um
todo, e ao mesmo tempo do Pai e do Filho, nã o como dois, mas como um
e o mesmo todo.
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CAPÍTULO LV
E F .

S
PORQUE este amor, entã o, tem seu ser igualmente do Pai e do
Filho, e é tã o semelhante a ambos que nã o é de modo algum
diferente deles, mas é totalmente idê ntico a eles; deve ser
considerado como seu Filho ou descendê ncia? Mas, como a Palavra, tã o
logo é examinada, declara ser a descendê ncia daquele de quem deriva
existê ncia, exibindo uma semelhança mú ltipla com seu pai; assim o
amor nega claramente que mantenha tal relaçã o, pois, enquanto é
concebido como procedendo do Pai e do Filho, nã o mostra
imediatamente a quem o contempla uma semelhança tã o evidente com
aquele de quem deriva a existê ncia, embora o raciocı́nio deliberado nos
ensina que é totalmente idê ntico ao Pai e ao Filho.

Portanto, se é sua descendê ncia, ou um deles é seu pai e o outro


sua mã e, ou cada um é seu pai ou mã e – suposiçõ es que aparentemente
contradizem toda a verdade. Pois, uma vez que procede precisamente
do Pai como procede do Filho, a consideraçã o pela verdade nã o permite
que as relaçõ es do Pai e do Filho com ela sejam descritas com palavras
diferentes; portanto, um nã o é seu pai, o outro sua mã e. Mas que
existem dois seres que, tomados separadamente, tê m cada um a
perfeita relaçã o de pai ou mã e, nã o diferindo em nenhum aspecto, com
algum ser – disso nenhuma natureza existente permite prova por
qualquer exemplo.

Portanto, ambos, isto é , Pai e Filho, nã o sã o pai e mã e do amor que
deles emana. Portanto, é aparentemente muito inconsistente com a
verdade que seu amor idê ntico seja seu ilho ou prole.
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CAPÍTULO LVI
S P ;
; .

S
ATE, é evidente que esse amor nã o pode ser dito, de acordo com
o uso da linguagem comum, como nã o gerado, nem pode ser dito
tã o adequadamente como gerado, como se diz que a Palavra é
gerada. Pois muitas vezes dizemos que uma coisa é gerada daquilo de
que deriva a existê ncia, como quando dizemos que a luz ou o calor sã o
gerados do fogo ou de qualquer efeito de sua causa.

Com base nisso, entã o, o amor, procedente do Espı́rito supremo,


nã o pode ser declarado totalmente nã o gerado, mas nã o pode ser dito
tã o corretamente como gerado como o Verbo; visto que o Verbo é a
descendê ncia mais verdadeira e o Filho mais verdadeiro, enquanto é
manifesto que o amor nã o é de modo algum descendê ncia ou ilho.

Somente ele, portanto, pode, ou melhor, deve ser chamado de


gerador e nã o gerado, de quem é a Palavra; uma vez que somente ele é
Pai e pai, e de modo algum deriva a existê ncia de outro; e somente o
Verbo deve ser chamado gerado, o qual somente é Filho e descendê ncia.
Mas apenas o amor de ambos nã o é gerado nem nã o gerado, porque
nã o é ilho nem descendê ncia, e ainda assim deriva de alguma forma a
existê ncia de outro.
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CAPÍTULO LVII
E , P F ; ,
, ,
. E E P
F .

B
UT, visto que este amor separadamente é o Ser supremo, como
sã o Pai e Filho, e ainda assim Pai e Filho ao mesmo tempo, e o
amor de ambos nã o é mais do que um, mas um Ser supremo,
que sozinho foi criado por ningué m, e criado todas as coisas atravé s de
si mesmo; visto que isso é verdade, necessariamente, como o Pai
separadamente, e o Filho separadamente, sã o cada um incriado e
criador, assim també m o amor separadamente é incriado e criador, e
ainda assim todos os trê s ao mesmo tempo nã o sã o mais do que um,
mas um incriado e ser criativo.

Ningué m, portanto, faz ou gera ou cria o Pai, mas somente o Pai


gera, mas nã o cria, o Filho; enquanto o Pai e o Filho nã o criam ou
geram, mas de alguma forma, se tal expressã o pode ser usada, respiram
seu amor: pois, embora o Ser supremamente imutá vel nã o respire à
nossa maneira, ainda assim a verdade de que este Ser envia isso, seu
amor, que dele procede, nã o partindo dele, mas derivando a existê ncia
dele, talvez nã o possa ser melhor expresso do que dizendo que esse Ser
respira seu amor.

Mas, se esta expressã o é admissı́vel, como o Verbo do Ser supremo


é seu Filho, entã o seu amor pode ser chamado apropriadamente de seu
sopro ( Spiritus ). De modo que, embora seja essencialmente espı́rito,
como o Pai e o Filho, eles nã o sã o considerados espı́ritos de coisa
alguma, pois nem o Pai nasce de qualquer outro, nem o Filho do Pai, por
assim dizer, pela respiração ; enquanto esse amor é considerado como o
Sopro ou Espı́rito de ambos, pois de ambos, respirando em sua maneira
transcendente, procede misteriosamente.

E esse amor també m, ao que parece, pelo fato de haver


comunidade de ser entre Pai e Filho, pode, nã o sem razã o, tomar, por
assim dizer, algum nome que é comum a Pai e Filho; se houver alguma
exigê ncia exigindo que ela tenha um nome pró prio. E, de fato, se este
amor é realmente designado pelo nome Espı́rito, como por seu pró prio
nome, visto que este nome descreve igualmente o Pai e o Filho, será ú til
també m para este efeito que por este nome seja signi icado que este
amor é idê ntico ao Pai e ao Filho, embora seja a partir deles.
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CAPÍTULO LVIII
A F P

P : E
. P F .
LSO, assim como o Filho é a substâ ncia e sabedoria e virtude do
UMA Pai, no sentido de que ele tem a mesma essê ncia e sabedoria e
virtude com o Pai; assim, pode-se conceber que o Espı́rito de
ambos é a essê ncia ou sabedoria ou virtude do Pai e do Filho, uma vez
que tem a mesma essê ncia, sabedoria e virtude com estes.
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CAPÍTULO LIX
O P F E
.

T é uma consideraçã o muito interessante que o Pai, e o Filho, e o


EU Espı́rito de ambos, existem um no outro com tal igualdade que
nenhum deles supera o outro. Pois, nã o apenas cada um é de tal
modo o Ser perfeitamente supremo que, no entanto, todos os trê s
existem ao mesmo tempo apenas como um Ser supremo, mas a mesma
verdade nã o é menos suscetı́vel de prova quando cada um é tomado
separadamente.

Pois o Pai existe como um todo no Filho e no Espı́rito comum a


eles; e o Filho no Pai e no Espı́rito; e o Espı́rito no Pai e no Filho; pois a
memó ria do Ser supremo existe, como um todo, em sua inteligê ncia e
em seu amor, e a inteligê ncia em sua memó ria e amor, e o amor em sua
memó ria e inteligê ncia. Pois o Espı́rito supremo concebe ( intelligit )
sua memó ria como um todo, e a ama, e se lembra de sua inteligê ncia
como um todo, e a ama como um todo, e se lembra de seu amor como
um todo e o concebe como um todo.

Mas queremos dizer com a memó ria, o Pai; pela inteligê ncia, o
Filho; pelo amor, o Espı́rito de ambos. Em tal igualdade, portanto, Pai,
Filho e Espı́rito se abraçam e existem um no outro, que nenhum deles
pode ser provado para superar o outro ou existir sem ele.
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CAPÍTULO LX
A
, :

S .

B
UT, embora esta discussã o atraia nossa atençã o, penso que esta
verdade, que me ocorre enquanto re lito, deve ser
cuidadosamente recomendada à memó ria. O Pai deve ser
concebido de tal maneira como memó ria, o Filho como inteligê ncia e o
Espı́rito como amor, para que també m se entenda que o Pai nã o precisa
do Filho, nem do Espı́rito comum a eles, nem do Filho, o Pai, ou o
mesmo Espı́rito, nem o Espı́rito, o Pai, ou o Filho: como se o Pai
pudesse, por seu pró prio poder, apenas lembrar, mas conceber apenas
pelo Filho, e amar somente pelo Espı́rito de si mesmo e de seu ilho ; e o
Filho só podia conceber ou entender ( intelligere ) por si mesmo, mas
lembrado pelo Pai e amado por seu Espı́rito; e este Espı́rito só podia
amar por si mesmo, enquanto o Pai se lembra por ele, e o Filho concebe
ou entende ( inteligência ) por ele.

Pois, como entre esses trê s, cada um tomado separadamente é tã o


perfeitamente o Ser supremo e a Sabedoria suprema, que por si mesmo
lembra, concebe e ama, deve ser que nenhum desses trê s precise de
outro, para lembrar ou conceber ou amar. Pois, cada um tomado
separadamente é essencialmente memó ria e inteligê ncia e amor, e tudo
o que é necessariamente inerente ao Ser supremo.
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CAPÍTULO LXI
N , , P F
E .

ND aqui vejo surge uma pergunta. Pois, se o Pai é inteligê ncia e


UMA amor tanto quanto memó ria, e o Filho é memó ria e amor tanto
quanto inteligê ncia, e o Espı́rito nã o é menos memó ria e
inteligê ncia que amor; como é que o Pai nã o é um Filho e um Espı́rito
de algum ser? e por que o Filho nã o é o Pai e o Espı́rito de algum ser? e
por que este Espı́rito nã o é o Pai de algum ser, e o Filho de algum ser?
Pois entendia-se que o Pai era memó ria, o Filho inteligê ncia e o Espı́rito
amor.

Mas esta pergunta é facilmente respondida, se considerarmos as


verdades já divulgadas em nossa discussã o. Pois o Pai, embora seja
inteligê ncia e amor, nã o é por isso o Filho ou o Espı́rito de qualquer ser;
já que ele nã o é inteligê ncia, gerado de ningué m, nem amor, procedente
de algué m, mas o que quer que ele seja, ele é apenas o progenitor , e é
aquele de quem o outro procede.

També m o Filho, embora por seu pró prio poder se lembre e ame,
nã o é , por isso, o Pai ou o Espı́rito de ningué m; já que ele nã o é
memó ria como gerador, ou amor como procedente de outro à
semelhança de seu Espı́rito, mas qualquer que seja ele é apenas gerado
e é aquele de quem o Espı́rito procede.

O Espı́rito també m nã o é necessariamente Pai ou Filho, porque sua


pró pria memó ria e inteligê ncia lhe bastam; já que ele nã o é a memó ria
como geradora, ou a inteligê ncia como gerada, mas somente ele, seja o
que for, procede ou emana .

O que, entã o, proı́be a conclusã o de que no Ser supremo há apenas


um Pai, um Filho, um Espı́rito, e nã o trê s Pais ou Filhos ou Espı́ritos?
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CAPÍTULO LXII
C .

B
UT talvez a seguinte observaçã o seja inconsistente com esta
a irmaçã o. Nã o se deve duvidar que o Pai e o Filho e seu
Espı́rito expressam cada um a si mesmo e os outros dois, assim
como cada um concebe e compreende a si mesmo e aos outros dois.
Mas, se isso é verdade, nã o há no Ser supremo tantas palavras quantos
os seres expressivos, e tantas palavras quantos os seres que se
exprimem?

Pois, se mais de um homem expressa um objeto em pensamento,


aparentemente há tantas palavras correspondentes a esse objeto
quanto há pensadores; já que a palavra que lhe corresponde existe nos
pensamentos de cada um separadamente. Novamente, se um homem
pensa em mais objetos do que um, há tantas palavras na mente do
pensador quanto há objetos pensados.

Mas no pensamento de um homem, quando ele pensa em algo fora


de sua pró pria mente, a palavra correspondente ao objeto pensado nã o
nasce do pró prio objeto, pois este está ausente da visã o do pensamento,
mas de alguma semelhança ou imagem. do objeto que existe na
memó ria do pensador, ou que talvez seja evocado por um sentido
corpó reo do pró prio objeto presente.

Mas no Ser supremo, Pai e Filho e seu Espı́rito estã o sempre tã o
presentes um ao outro – pois cada um, como já vimos, existe nos outros
nã o menos do que em si mesmo – que, quando se expressam um ao
outro, o um que é expresso parece gerar sua pró pria palavra, assim
como quando ele é expresso por si mesmo. Como é , entã o, que o Filho e
o Espı́rito do Filho e do Pai nada geram, se cada um gera sua pró pria
palavra, quando é expressa por si mesmo ou por outro?
Aparentemente, tantas palavras quanto se pode provar que nasceram
da Substâ ncia suprema, tantos Filhos, de acordo com nosso raciocı́nio
anterior, devem ser gerados desta Substâ ncia, e tantos Espı́ritos
procedentes dela.
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CAPÍTULO LXIII
C F P , ,
P , P .

O
Nestas bases, portanto, aparentemente há nesse Ser, nã o
apenas muitos pais e ilhos e seres procedentes dele, mas
també m outros atributos necessá rios; ou entã o Pai e Filho e
seu Espı́rito, dos quais já é certo que realmente existem, nã o sã o trê s
seres expressivos, embora cada um tomado separadamente seja
expressivo, nem há mais seres do que um expresso, quando cada um se
expressa a si mesmo e o outro dois.

Pois, assim como é uma propriedade inerente da Sabedoria


suprema conhecer e conceber, també m é seguramente natural ao
conhecimento e à inteligê ncia eternos e imutá veis sempre considerar
como presente o que ela conhece e concebe. Pois, para tal Espı́rito
supremo, expressar e contemplar atravé s da concepçã o, por assim
dizer, sã o os mesmos, assim como a expressã o de nossa mente humana
nada mais é do que a intuiçã o do pensador.

Mas as razõ es já consideradas mostraram de maneira mais


convincente que tudo o que é essencialmente inerente à natureza
suprema é perfeitamente consistente com a natureza do Pai e do Filho e
seu Espı́rito tomados separadamente; e que, no entanto, isso, se
atribuı́do aos trê s ao mesmo tempo, nã o admite pluralidade. Agora, está
estabelecido que, assim como o conhecimento e a inteligê ncia sã o
atributos de seu ser, seu conhecimento e concepçã o nada mais sã o do
que sua expressã o, isto é , seu sempre contemplar como presente o que
ele conhece e concebe. Necessariamente, portanto, assim como o Pai
separadamente, e o Filho separadamente, e seu Espı́rito
separadamente, é um ser que conhece e concebe, e ainda assim os trê s
ao mesmo tempo nã o sã o mais seres que conhecem e concebem do que
um, mas um ser que conhece e um que concebe : entã o, cada um
tomado separadamente é expressivo, e ainda assim nã o há trê s seres
expressivos ao mesmo tempo, mas um ser expressivo.

Por isso, pode-se també m reconhecer claramente este fato, que


quando estes trê s sã o expressos, seja por si mesmos ou por outro, nã o
há mais seres do que um expresso. Pois o que é expresso nele, exceto o
seu ser? Se, entã o, esse Ser é um e apenas um, entã o o que é expresso é
um e apenas um; portanto, se neles há um e apenas um que expressa e
um que é expresso - pois é uma sabedoria que expressa e uma
substâ ncia que é expressa - segue-se que nã o há mais palavras do que
uma, mas apenas uma. Por isso, embora cada um se expresse e todos se
expressem uns aos outros, nã o pode haver no Ser supremo outro Verbo
alé m daquele já mostrado ter nascido daquele que é o Verbo, para que
seja chamado sua verdadeira imagem e seu Filho.

E nesta verdade encontro um fator estranho e inexplicá vel. Pois


observe: embora seja manifesto que cada um, isto é , Pai e Filho, e o
Espı́rito de Pai e Filho expressam-se igualmente a si mesmo e a ambos
os outros, e que há uma ú nica Palavra entre eles; no entanto, parece que
esta pró pria Palavra nã o pode de modo algum ser chamada a Palavra de
todos os trê s, mas apenas de um.
Pois está provado que é a imagem e o Filho daquele de quem é a
Palavra. E é claro que nã o pode ser chamado propriamente de imagem
ou ilho de si mesmo, ou do Espı́rito que procede dele. Pois nem de si
mesmo nem de um ser procedente dele, ele nasce, nem em sua
existê ncia imita a si mesmo ou um ser procedente de si mesmo. Pois ela
nã o se imita nem assume uma existê ncia semelhante a si mesma,
porque a imitaçã o e a semelhança sã o impossı́veis quando se trata de
um só ser, mas requerem pluralidade de seres; enquanto nã o imita o
espı́rito, nem existe à sua semelhança, porque nã o tem sua existê ncia
desse Espı́rito, mas o Espı́rito dele. Deve-se concluir que esta ú nica
Palavra corresponde somente a ele, de quem tem existê ncia por
geraçã o e apó s cuja semelhança completa existe.

Um Pai, entã o, e nã o mais que um Pai; um Filho, e nã o mais do que
um Filho; um Espı́rito procedente deles, e nã o mais de um desses
Espı́ritos, existe no Ser supremo. E, embora sejam trê s, de modo que o
Pai nunca é o Filho ou o Espı́rito procedente deles, nem o Filho em
nenhum momento o Pai ou o Espı́rito, nem o Espı́rito do Pai e do Filho
nunca o Pai ou o Filho; e cada um separadamente é tã o perfeito que é
auto-su iciente, nã o necessitando de nenhum dos outros; mas o que
eles sã o é de tal maneira que, assim como nã o pode ser atribuı́do a eles
tomados separadamente como plural, també m nã o pode ser atribuı́do a
eles como plural, quando os trê s sã o tomados ao mesmo tempo. E
embora cada um se expresse e todos se expressem, ainda assim nã o há
entre eles mais palavras do que uma, mas uma; e esta Palavra nã o
corresponde a cada um separadamente, nem a todos juntos, mas a um
só .
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CAPÍTULO LXIV
E , .

Parece-me que o misté rio de um assunto tã o sublime transcende


EU toda a visã o do intelecto humano. E por isso acho melhor nã o
tentar explicar como é essa coisa. Pois é minha opiniã o que aquele
que está investigando um objeto incompreensı́vel deve icar satisfeito
se esse raciocı́nio o trouxer o su iciente para reconhecer que esse
objeto certamente existe; nem a crença segura deve ser dada menos
prontamente a essas verdades que sã o declaradas como tais por provas
convincentes, e sem a contradiçã o de qualquer outra razã o, se, por
causa da incompreensibilidade de sua pró pria sublimidade natural, elas
nã o admitem explicaçã o. .

Mas o que é tã o incompreensı́vel, tã o inefá vel, como aquilo que
está acima de todas as coisas? Portanto, se essas verdades, que até
agora foram debatidas em conexã o com o Ser supremo, foram
declaradas com fundamentos convincentes, mesmo que nã o possam ser
examinadas pelo intelecto humano de modo a serem explicá veis em
palavras, sua certeza garantida é portanto, nã o abalada. Pois, se uma
consideraçã o, como a acima, compreende racionalmente que é
incompreensı́vel de que maneira a Sabedoria suprema conhece suas
criaturas, das quais necessariamente conhecemos tantas; quem
explicará como ela se conhece e se expressa, da qual nada ou quase
nada pode ser conhecido pelo homem? Portanto, se nã o é em virtude da
auto-expressã o desta Sabedoria que o Pai gera e o Filho é gerado, quem
contará à sua geração?
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CAPÍTULO LXV
C
.

B
UT novamente, se tal é o cará ter de sua inefabilidade – ou
melhor, uma vez que é tal – como qualquer conclusã o que nossa
discussã o tenha alcançado em relaçã o a ela em termos de Pai,
Filho e Espı́rito emanante será vá lida? Pois, se foi explicado em bases
verdadeiras, como é inefá vel? Ou, se é inefá vel, como pode ser como
nossa discussã o mostrou? Ou, poderia ser explicado até certo ponto e,
portanto, nada contestaria a verdade de nosso argumento; mas como
nã o pode ser compreendido, por isso seria inefá vel?

Mas como encontraremos a verdade que já foi estabelecida nesta


mesma discussã o, a saber, que o Ser supremo está tã o acima e alé m de
qualquer outra natureza que, sempre que qualquer declaraçã o a
respeito dele for feita em palavras que també m sejam aplicá veis a
outras naturezas, o sentido dessas palavras neste caso nã o é de modo
algum aquele em que elas sã o aplicadas a outras naturezas.

Pois que sentido eu concebi, em todas essas palavras que pensei,


senã o o senso comum e familiar? Se, entã o, o sentido familiar das
palavras é estranho a esse Ser, tudo o que eu inferi como atribuı́vel a ele
nã o é sua propriedade. Como, entã o, alguma verdade sobre o Ser
supremo foi descoberta, se o que foi descoberto é tã o estranho a esse
Ser? O que deve ser inferido?
Ou, de alguma forma, alguma verdade foi descoberta a respeito
desse objeto incompreensı́vel, e de alguma forma nada foi provado a
respeito dele? Pois muitas vezes falamos de coisas que nã o
expressamos com precisã o como sã o; mas por outra expressã o
indicamos o que nã o queremos ou nã o podemos expressar com
precisã o, como quando falamos em enigmas. E muitas vezes vemos uma
coisa, nã o exatamente como ela é em si mesma, mas atravé s de uma
semelhança ou imagem, como quando olhamos para um rosto no
espelho. E assim, muitas vezes expressamos e nã o expressamos, vemos
e nã o vemos, um e o mesmo objeto; nó s o expressamos e o vemos
atravé s de outro; nã o a expressamos e nã o a vemos em virtude de sua
pró pria natureza.

Com base nisso, entã o, parece que nã o há nada para refutar a
verdade de nossa discussã o até agora sobre a natureza suprema, e, no
entanto, essa natureza mesma permanece nã o menos inefá vel, se
acreditarmos que ela nunca foi expressa de acordo com o peculiar
natureza de seu pró prio ser, mas de alguma forma descrito atravé s de
outro.

Pois quaisquer termos que pareçam aplicá veis a essa Natureza nã o
a revelam a mim em seu cará ter pró prio, mas antes a intimam por meio
de alguma semelhança. Pois, quando penso nos signi icados desses
termos, concebo mais naturalmente em minha mente o que vejo em
objetos criados, do que o que concebo para transcender todo
entendimento humano. Pois é algo muito menos, ou melhor, algo muito
diferente, que seu signi icado sugere à minha mente, do que a
concepçã o que minha pró pria mente tenta alcançar por meio dessa
signi icaçã o sombria.

Pois, nem o termo sabedoria é su iciente para me revelar aquele


Ser, pelo qual todas as coisas foram criadas do nada e sã o preservadas
do nada; nem é o termo essência capaz de expressar para mim aquele
Ser que, por sua elevaçã o ú nica, está muito acima de todas as coisas, e
por seu cará ter natural peculiar transcende grandemente todas as
coisas.

Assim, entã o, essa Natureza é inefá vel, porque é incapaz de


descriçã o em palavras ou por qualquer outro meio; e, ao mesmo tempo,
uma inferê ncia a seu respeito, que pode ser alcançada pela instruçã o da
razã o ou de alguma outra forma, como se fosse um enigma, nã o é ,
portanto, necessariamente falsa.
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CAPÍTULO LXVI
A
S .

S
Uma vez que é claro, entã o, que nada pode ser determinado a
respeito dessa Natureza em termos de seu pró prio cará ter
peculiar, mas apenas em termos de outra coisa, é certo que uma
aproximaçã o mais pró xima do conhecimento dela é feita por meio
daquilo que se aproxima mais dela. quase por semelhança. Pois quanto
mais parecido com ele se prova ser algo entre os seres criados, tanto
mais excelente deve ser por natureza esse ser criado. Assim, este ser,
por sua maior semelhança, auxilia a mente investigadora na
aproximaçã o da Verdade suprema; e atravé s de sua essê ncia criada
mais excelente, ensina mais corretamente qual opiniã o a pró pria mente
deve formar em relaçã o ao Criador. Assim, sem dú vida, tanto mais se
alcança o conhecimento do Ser criador quanto mais se aproxima desse
Ser a criatura atravé s da qual se faz a investigaçã o. Pois todo ser,
enquanto existe, é como o Ser supremo, as razõ es já consideradas nã o
nos permitem duvidar.

E evidente, entã o, que, assim como somente a mente racional,


entre todos os seres criados, é capaz de ascender à investigaçã o desse
Ser, nã o é menos somente essa mesma mente racional, por meio da qual
a pró pria mente pode alcançar com mais sucesso a descoberta deste
mesmo Ser. Pois já foi reconhecido que isso se aproxima mais dela, pela
semelhança da essê ncia natural. O que é mais ó bvio, entã o, do que
quanto mais fervorosamente a mente racional se dedica a aprender sua
pró pria natureza, mais efetivamente ela se eleva ao conhecimento
desse Ser; e quanto mais descuidadamente se contempla, tanto mais
desce da contemplaçã o desse Ser?
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CAPÍTULO LXVII
A S .

T
PORTANTO, pode-se dizer mais apropriadamente que a mente é
seu pró prio espelho onde contempla, por assim dizer, a imagem
do que nã o pode ver face a face. Pois, se a mente mesma entre
todos os seres criados é capaz de lembrar, conceber e amar a si mesma,
nã o vejo por que se possa negar que ela é a verdadeira imagem daquele
ser que, por sua memó ria, inteligê ncia e amor, está unida numa
Trindade inefá vel. Ou, pelo menos, ela se mostra mais verdadeiramente
a imagem desse Ser por seu poder de lembrar, conceber e amar esse
Ser. Pois, quanto maior e mais parecido com esse Ser, mais
verdadeiramente é reconhecido como sua imagem.

Mas é totalmente inconcebı́vel que qualquer criatura racional


possa ter sido naturalmente dotada de qualquer poder tã o excelente e
tã o semelhante à Sabedoria suprema quanto este poder de lembrar,
conceber e amar o melhor e maior de todos os seres. Portanto,
nenhuma faculdade foi concedida a qualquer criatura que seja tã o
verdadeiramente a imagem do Criador.
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CAPÍTULO LXVIII
A S .
Parece seguir-se, entã o, que a criatura racional nã o deve dedicar-
EU se a nada com tanta seriedade quanto à expressã o, por meio de
realizaçã o voluntá ria, dessa imagem que lhe é impressa por uma
potê ncia natural. Pois, nã o só deve sua pró pria existê ncia ao seu
criador; mas o fato de que se sabe que nã o tem poder tã o importante
quanto o de lembrar, conceber e amar o bem supremo prova que nã o
deve desejar nada mais tã o especialmente.

Pois quem pode negar que o que quer que seja melhor no â mbito
do poder de algué m, deve prevalecer com a vontade? Pois, para a
natureza racional, a racionalidade é o mesmo que a capacidade de
distinguir o justo do nã o-justo, o verdadeiro do nã o-verdadeiro, o bem
do nã o-bem, o bem maior do menor; mas esse poder lhe é totalmente
inú til e supé r luo, a menos que ame ou condene o que distingue, de
acordo com o julgamento do verdadeiro discernimento.

A partir disso, entã o, parece bastante claro que todo ser racional
existe para esse im, que conforme, com base no discernimento, julga
uma coisa mais ou menos boa, ou nã o boa, pode amar essa coisa em
maior ou menor grau, ou rejeitá -lo.

E, portanto, mais ó bvio que a criatura racional foi criada para esse
im, para que possa amar o Ser supremo acima de todos os outros bens,
pois esse Ser é ele mesmo o bem supremo; nã o, para que nada ame a
nã o ser por causa disso; pois esse Ser é bom por si mesmo, e nada mais
é bom a nã o ser por ele.

Mas o ser racional nã o pode amar este Ser, a menos que se tenha
dedicado a recordá -lo e concebê -lo. E claro, entã o, que a criatura
racional deve dedicar toda a sua capacidade e vontade para lembrar,
conceber e amar o bem supremo, para o qual ela reconhece que tem sua
pró pria existê ncia.
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CAPÍTULO LXIX
A E
- .

B
UT nã o há dú vida de que a alma humana é uma criatura
racional. Portanto, deve ter sido criado para este im, para que
possa amar o Ser supremo. Deve, portanto, ter sido criado para
esse im, para que possa amar esse Ser eternamente; ou por isso, que
em algum momento pode voluntariamente, ou por violê ncia, perder
esse amor.

Mas é ı́mpio supor que a Sabedoria suprema o criou para esse im,
que em algum momento, ou despreze um bem tã o grande, ou, querendo
conservá -lo, o perca por alguma violê ncia. Inferimos, entã o, que foi
criado para esse im, para amar eternamente o Ser supremo. Mas isso
ela nã o pode fazer a menos que viva para sempre. Foi assim criado,
entã o, que vive para sempre, se quiser para sempre fazer aquilo para o
qual foi criado.

Portanto, é muito incompatı́vel com a natureza do Criador


supremamente bom, supremamente sá bio e onipotente, que o que ele
fez existir para que pudesse amá -lo, ele deveria fazer para nã o existir,
desde que realmente o ame; e que o que ele voluntariamente deu a um
ser nã o amoroso para que ele possa amar, ele deve tirar ou permitir que
seja tirado do ser amoroso, de modo que necessariamente ele nã o deve
amar; especialmente porque nã o se deve duvidar de que ele mesmo
ama toda natureza que o ama. Portanto, é manifesto que a alma humana
nunca é privada de sua vida, se ela se dedicar para sempre a amar a
vida suprema.

Como, entã o, viverá ? Pois a longa vida é uma questã o tã o


importante, se nã o estiver protegida contra a invasã o de problemas?
Pois quem, enquanto vive, é por medo ou por sofrimento real sujeito a
problemas, ou é enganado por uma falsa segurança, nã o vive na
misé ria? Mas, se algué m vive livre desses problemas, vive em bem-
aventurança. Mas é muito absurdo supor que qualquer natureza que o
ama para sempre, que é supremamente bom e onipotente, viva para
sempre na misé ria. Assim, é claro que a alma humana é de tal cará ter
que, se observa diligentemente o im para o qual existe, em algum
momento vive em bem-aventurança, verdadeiramente segura da
pró pria morte e de todos os outros problemas.
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CAPÍTULO LXX
E S ,
.

T
Portanto, nã o pode parecer verdade que aquele que é mais
justo e mais poderoso nã o retorna ao ser que o ama
perseverantemente, ao qual, embora nã o existisse nem o
amasse, ele deu existê ncia para que pudesse ser um ser amoroso.
sendo. Pois, se nã o retorna à alma que ama, o mais justo nã o distingue
entre a alma que ama e a alma que despreza o que deve ser sumamente
amado, nem ama a alma que o ama; ou entã o nã o adianta ser amado
por ele; todas as suposiçõ es sã o inconsistentes com sua natureza;
portanto, ele retorna a toda alma que persevera em amá -lo.

Mas o que é esse retorno? Pois, se ele deu ao que nã o era nada, um
ser racional, para que seja uma alma amorosa, o que dará à alma
amorosa, se ela nã o cessa de amar? Se o que espera o amor é tã o
grande, quã o grande é a recompensa dada ao amor? E se o sustentador
do amor é tal como declaramos, de que cará ter é o lucro? Pois, se a
criatura racional, que é inú til para si mesma sem esse amor, é com ela
preeminente entre todas as criaturas, certamente nada pode ser a
recompensa do amor, exceto o que é preeminente entre todas as
naturezas.

Pois este mesmo bem, que exige tanto amor para consigo mesmo,
exige també m que seja desejado pela alma que ama. Pois, quem pode
amar a justiça, a verdade, a bem-aventurança, a incorruptibilidade, de
modo a nã o desejar desfrutá -las? Que retorno, entã o, a bondade
suprema dará ao ser que a ama e a deseja, exceto a si mesmo? Pois, o
que mais concede, nã o dá em troca, pois todas essas doaçõ es nã o
compensam o amor, nem consolam o ser amoroso, nem satisfazem a
alma que deseja esse Ser supremo.

Ou, se deseja ser amado e desejado, de modo a retribuir de outra


forma que nã o o seu amor, deseja ser amado e desejado, nã o por si
mesmo, mas por outro; e nã o deseja ser amado, mas deseja que outro
seja amado; que é ı́mpio supor.

Assim, é bem verdade que toda alma racional, se, como deveria, se
dedicar sinceramente por amor ao desejo da suprema bem-
aventurança, receberá em algum momento essa bem-aventurança para
desfrutar, que o que agora vê como através de um espelho e em um
enigma , pode entã o ver face a face . Mas é muito tolo duvidar se
desfruta dessa bem-aventurança eternamente; visto que, no gozo dessa
bem-aventurança, será impossı́vel desviar a alma por qualquer medo,
ou enganá -la por falsa segurança; nem, tendo experimentado uma vez a
necessidade dessa bem-aventurança, será capaz de nã o amá -la; nem
essa bem-aventurança abandonará a alma que a ama; nem haverá nada
poderoso o su iciente para separá -los contra sua vontade. Assim, a alma
que uma vez começou a desfrutar da suprema bem-aventurança será
eternamente abençoada.
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CAPÍTULO LXXI
A
.

F
A partir disso, pode-se inferir, como certa conseqü ê ncia, que a
alma que despreza o amor do bem supremo incorrerá na
misé ria eterna. Pode-se dizer que seria justamente punido por
tal desprezo se perdesse a existê ncia ou a vida, pois nã o se emprega
para o im para o qual foi criado. Mas a razã o de modo algum admite tal
crença, a saber, que depois de tã o grande culpa ela está condenada a ser
o que era antes de toda a sua culpa.

Pois, antes de existir, nã o podia ser culpado nem sentir pena. Se,
entã o, a alma desprezando o im para o qual foi criada, morre para nã o
sentir nada, ou para nã o ser nada, sua condiçã o será a mesma quando
na maior culpa e quando sem culpa; e a justiça supremamente sá bia
nã o distinguirá entre o que nã o é capaz de nenhum bem e nã o quer o
mal, e o que é capaz do maior bem e deseja o maior mal.

Mas é bastante claro que isso é uma contradiçã o. Portanto, nada


pode ser mais ló gico, e nada deve ser acreditado com mais segurança
do que que a alma do homem é tã o constituı́da que, se despreza amar o
Ser supremo, sofre a misé ria eterna; que assim como a alma amorosa se
regozijará em uma recompensa eterna, assim a alma desprezando esse
Ser sofrerá o castigo eterno; e como o primeiro sentirá uma su iciê ncia
imutá vel, o ú ltimo sentirá uma necessidade inconsolá vel.
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CAPÍTULO LXXII
T . E ,
.

B
UT se a alma é mortal, é claro que a alma amorosa nã o é
eternamente abençoada, nem a alma que despreza este Ser
eternamente miserá vel. Quer, portanto, ame ou despreze aquilo
para o qual foi criado, deve ser imortal. Mas se existem algumas almas
racionais que nã o devem ser julgadas nem amorosas nem
desprezadoras, como as almas das crianças parecem ser, que opiniã o se
deve ter a respeito delas? Eles sã o mortais ou imortais? Mas, sem
dú vida, todas as almas humanas sã o da mesma natureza. Portanto, uma
vez que está estabelecido que alguns sã o imortais, toda alma humana
deve ser imortal. Mas como todo ser vivo nunca está , ou em algum
momento, verdadeiramente seguro de todos os problemas;
necessariamente, també m, toda alma humana é sempre miserá vel, ou
em algum momento verdadeiramente abençoada.
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CAPÍTULO LXXIII
N ,
.

B
UT, cujas almas devem ser julgadas sem hesitaçã o como tã o
amorosas que para o amor de que foram criadas, que merecem
desfrutá -lo em algum momento, e que, como tanto o
desprezam, que merecem sempre precisar dele; ou como e em que
fundamento aqueles que parece impossı́vel chamar de amor ou
desprezo sã o atribuı́dos à bem-aventurança ou à misé ria eterna – de
tudo isso acho certamente mais difı́cil ou mesmo impossı́vel para
qualquer mortal chegar a um entendimento por meio da discussã o. Mas
que nenhum ser é injustamente privado pelo supremamente grande e
sumamente bom Criador daquele bem para o qual foi criado, devemos
certamente acreditar. E para esse bem todo homem deve se esforçar,
amando e desejando-o com todo o seu coraçã o, toda a sua alma e toda a
sua mente.
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CAPÍTULO LXXIV
O S .

B
Mas a alma humana de modo algum poderá treinar-se neste
propó sito, se ela se desesperar de poder alcançar o que almeja.
Portanto, a devoçã o ao esforço nã o é mais proveitosa para ele
do que a esperança de realizaçã o é necessá ria.
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CAPÍTULO LXXV
D S , ,
- .

B
UT o que nã o acredita nã o pode amar ou esperar. E, portanto,
proveitoso para esta alma humana acreditar no Ser supremo e
nas coisas sem as quais esse Ser nã o pode ser amado, para que,
acreditando, a alma possa alcançá -lo. E esta verdade pode ser indicada
de forma mais breve e adequada, penso eu, se em vez de dizer “lutar
pelo” Ser supremo, dissermos “acreditar no ” Ser supremo.

Pois, se algué m diz que acredita nela , aparentemente mostra com


bastante clareza que, pela fé que professa, luta pelo Ser supremo e que
acredita nas coisas que sã o pró prias para esse im. Pois parece que ou
quem nã o acredita no que é pró prio de lutar por esse Ser, ou quem nã o
luta por esse Ser, por meio do que acredita, nã o acredita nele . E, talvez,
seja indiferente dizermos “acreditar nele” ou “acreditar diretamente
nele ” , assim como acreditar lutar por ele e em direção a ele sã o o
mesmo, exceto que quem vier a ele por esforço para ( tendendo em ) ela,
nã o icará fora, mas dentro dela. E isso é indicado de forma mais
distinta e familiar se dissermos “lutando por ” ( em ) isso, do que se
dissermos “ em direção a ” ( ad ) isso.

Com base nisso, portanto, acho que pode ser mais apropriado
dizer que devemos acreditar nele do que direcionar a crença para ele.
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CAPÍTULO LXXVI
D P F E
, ,
.

C
E deve crer, entã o, igualmente no Pai e no Filho e em seu
Espı́rito, e em cada um separadamente, e nos trê s ao mesmo
tempo, visto que o Pai separadamente, e o Filho separadamente,
e seu Espı́rito separadamente é o Ser supremo, e ao mesmo tempo Pai e
Filho com seu Espı́rito sã o um e o mesmo Ser supremo, no qual
somente todo homem deve acreditar; porque é o ú nico im pelo qual em
cada pensamento e ato ele deve lutar. Portanto, é manifesto que
ningué m é capaz de lutar por esse Ser, exceto que ele acredita nele;
entã o acreditar que nã o vale nada, a menos que ele se esforce por isso.
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CAPÍTULO LXXVII
O , .

H
ENCE, por mais con iante que seja uma verdade tã o
importante, a fé será inú til e, por assim dizer, morta, a menos
que seja forte e viva pelo amor. Pois, que a fé que é
acompanhada de amor su iciente nã o é de modo algum ociosa, se uma
oportunidade de operaçã o se oferece, mas se exercita em abundâ ncia
de obras, como nã o poderia prescindir do amor, pode ser provado
apenas por este fato, que, como ama a justiça suprema, nã o pode
desprezar nada que seja justo, nã o pode aprovar nada que seja injusto.
Portanto, visto que o fato de seu funcionamento mostra que a vida, sem
a qual nã o poderia funcionar, lhe é inerente; nã o é absurdo dizer que a
fé operativa é viva, porque tem a vida de amor sem a qual nã o poderia
operar; e essa fé ociosa nã o é viva, porque lhe falta aquela vida de amor,
com a qual nã o seria ociosa.

Por isso, se nã o somente aquele que perdeu a visã o é chamado


cego, mas també m aquele que deveria ter visã o e nã o a tem, por que, da
mesma maneira, a fé sem amor pode ser chamada morta ? nã o porque
perdeu a vida, isto é , o amor; mas porque nã o tem a vida que deveria
ter sempre? Assim como a fé que opera pelo amor é reconhecida como
viva, assim o que é ocioso, pelo desprezo, é provado como morto. Pode-
se, portanto, dizer com su iciente adequaçã o que a fé viva acredita
naquilo em que devemos acreditar; enquanto a fé morta meramente
acredita no que deve ser acreditado.
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CAPÍTULO LXXVIII
O S , ,
T .

ND, portanto, é evidentemente conveniente para todo homem


UMA acreditar em uma certa unidade trina inefá vel e em uma
Trindade; um e uma unidade por causa de sua ú nica essê ncia,
mas trina e uma trindade por causa de seus trê s – o quê ? Pois, embora
eu possa falar de uma Trindade por causa do Pai e do Filho e do
Espı́rito de ambos, que sã o trê s; no entanto, nã o posso, em uma palavra,
mostrar por que eles sã o trê s; como se eu devesse chamar esse Ser de
Trindade por causa de suas trê s pessoas, assim como eu o chamaria de
unidade por causa de sua ú nica substâ ncia.

Pois nã o se deve supor trê s pessoas, porque todas as pessoas que
sã o mais de uma subsistem separadamente umas das outras, de modo
que deve haver tantas substâ ncias quanto pessoas, fato que é
reconhecido no caso de mais de um homem, quando há tantas pessoas
quantas substâ ncias individuais. Portanto, no Ser supremo, assim como
nã o há mais substâ ncias do que uma, també m nã o há mais pessoas do
que uma.

Entã o, se algué m quiser expressar a qualquer um por que eles sã o


trê s, ele dirá que eles sã o Pai e Filho e o Espı́rito de ambos, a menos
que, por acaso, compelido pela falta de um termo precisamente
apropriado, ele deve escolher algum desses termos. que nã o pode ser
aplicado em sentido plural ao Ser supremo, para indicar o que nã o pode
ser expresso em nenhuma linguagem adequada; como se ele dissesse,
por exemplo, que esta maravilhosa Trindade é uma essê ncia ou
natureza e trê s pessoas ou substâ ncias.

Pois esses dois termos sã o escolhidos mais apropriadamente para


descrever a pluralidade no Ser supremo, porque a palavra pessoa é
aplicada apenas a uma natureza individual e racional; e a palavra
substâ ncia é comumente aplicada a seres individuais, que subsistem
especialmente na pluralidade. Pois os seres individuais estã o
especialmente expostos, isto é , sujeitos a acidentes, e por isso recebem
mais propriamente o nome de substância . Agora, já é manifesto que o
Ser supremo, que nã o está sujeito a acidentes, nã o pode ser
propriamente chamado de substâ ncia, a nã o ser que a palavra
substância seja usada no mesmo sentido da palavra Essência . Portanto,
por esta razã o, a saber, necessariamente, que a suprema e uma
Trindade ou unidade trina pode ser justamente chamada de uma
Essê ncia e trê s Pessoas ou trê s Substâ ncias.
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CAPÍTULO LXXIX
E E D ,
.
T aparece, entã o - nã o, é declarado sem hesitaçã o que o que é
EU chamado de Deus nã o é nada; e que a esta Essê ncia suprema se dá
propriamente o nome de Deus . Pois todo aquele que diz que um
Deus existe, seja um ou mais de um, o concebe apenas como uma
substâ ncia que ele acredita estar acima de toda natureza que nã o é
Deus, e que ele deve ser adorado pelos homens por causa de sua
majestade preeminente, e ser apaziguado por causa do pró prio homem
por causa de alguma necessidade iminente.

Mas o que deve ser tã o adorado de acordo com sua majestade, e o
que deve ser tã o apaziguado em favor de qualquer objeto, como o
Espı́rito supremamente bom e supremamente poderoso, que é o Senhor
de tudo e que governa tudo? Pois, como está estabelecido que pelo bem
supremo e sua onipotê ncia supremamente sá bia todas as coisas foram
criadas e vivem, é muito inconsistente supor que o pró prio Espı́rito nã o
governe os seres por ele criados, ou que os seres sejam governados por
outro menos poderoso ou menos bom, ou por nenhuma razã o, mas
apenas pelo luxo confuso de eventos. Pois é somente por meio de quem
está bem com toda criatura, e sem o qual está bem com nenhuma, e de
quem , e por meio de quem , e em quem sã o todas as coisas.

Portanto, visto que somente ele nã o é apenas o Criador


bene icente, mas o senhor mais poderoso e o governante mais sá bio de
todos; é claro que é somente ele a quem todas as outras naturezas, de
acordo com toda a sua capacidade, devem adorar em amor e amar em
adoraçã o; de quem toda felicidade deve ser esperada; com quem se
deve buscar refú gio da adversidade; a quem deve ser oferecida sú plica
por todas as coisas. Verdadeiramente, portanto, ele nã o é apenas Deus,
mas o ú nico Deus, inefavelmente Trê s e Um.
Apê ndice
EM NOME DO TOLO - UMA RESPOSTA AO
ARGUMENTO DE ANSELM NO PROSLOGIUM

B
Y GAUNILON, UM MONGE DE MARMOUTIER.

1. Se algué m duvida ou nega a existê ncia de um ser de tal


natureza que nada maior do que possa ser concebido, ele
recebe esta resposta:

A existê ncia desse ser é provada, em primeiro lugar, pelo fato de


que ele mesmo, em sua dú vida ou negaçã o a respeito desse ser, já o tem
em seu entendimento; pois ao ouvir falar dele ele entende o que é
falado. Prova-se, portanto, pelo fato de que o que ele entende deve
existir nã o apenas em seu entendimento, mas també m na realidade.

E a prova disso é a seguinte: — E muito maior existir tanto no


entendimento quanto na realidade do que estar apenas no
entendimento. E se este ser está apenas no entendimento, tudo o que
existiu mesmo no passado na realidade será maior do que este ser. E
assim o que era maior que todos os seres será menor que algum ser, e
nã o será maior que todos: o que é uma contradiçã o manifesta.

E, portanto, o que é maior do que tudo, já comprovado no


entendimento, deve existir nã o apenas no entendimento, mas també m
na realidade: pois de outra forma nã o será maior do que todos os
outros seres.

2. O tolo pode dar esta resposta:


Diz-se que esse ser já está em meu entendimento, apenas porque
entendo o que é dito. Ora, nã o se poderia dizer com igual justiça que
tenho em meu entendimento todos os tipos de objetos irreais, nã o
tendo absolutamente nenhuma existê ncia em si mesmos, porque
compreendo essas coisas quando se fala delas, sejam elas quais forem?

A menos que se demonstre que esse ser é de tal natureza que nã o
pode ser considerado em conceito como todos os objetos irreais, ou
objetos cuja existê ncia é incerta: e, portanto, nã o sou capaz de concebê -
lo quando ouço falar dele, ou de concebê -lo. mantenha-o em conceito;
mas devo compreendê -lo e tê -lo em meu entendimento; porque, ao que
parece, nã o posso concebê -lo de outra maneira senã o compreendendo-
o, isto é , compreendendo em meu conhecimento sua existê ncia na
realidade.

Mas se assim for, em primeiro lugar nã o haverá distinçã o entre o


que tem precedê ncia no tempo – a saber, ter um objeto no
entendimento – e o que é posterior no tempo – a saber, o entendimento
de que um objeto existe; como no exemplo do quadro, que existe
primeiro na mente do pintor e depois na sua obra.

Alé m disso, a seguinte a irmaçã o di icilmente pode ser aceita: que


esse ser, quando se fala e se ouve falar, nã o pode ser concebido como
nã o existindo da mesma maneira que até mesmo Deus pode ser
concebido como nã o existindo. Pois se isso é impossı́vel, qual foi o
objeto desse argumento contra quem duvida ou nega a existê ncia de tal
ser?
Finalmente, que este ser existe de tal forma que nã o pode ser
percebido por um entendimento convencido de sua pró pria existê ncia
indubitá vel, a menos que este ser seja posteriormente concebido - isso
deve ser provado por um argumento indiscutı́vel, mas nã o pelo que
você apresentou: a saber, que o que eu entendo, quando ouço, já está
em meu entendimento. Pois assim, em meu entendimento, como ainda
penso, poderia haver todo tipo de coisas cuja existê ncia é incerta, ou
que nã o existem, se algué m cujas palavras eu deveria entender as
mencionasse. E tanto mais se me enganar, como acontece muitas vezes,
e acreditar neles, embora ainda nã o acredite no ser cuja existê ncia você
provaria.

3. Portanto, seu exemplo de pintor que já tem em seu


entendimento o que deve pintar nã o pode concordar com esse
argumento. Pois o quadro, antes de ser feito, está contido na pró pria
arte do artı́ ice; e tal coisa, existindo na arte de um artı́ ice, nada mais é
que uma parte de seu pró prio entendimento. Um marceneiro, diz Santo
Agostinho, quando está prestes a fazer uma caixa de fato, primeiro a
tem em sua arte. A caixa feita de fato nã o é vida; mas a caixa que existe
em sua arte é a vida. Pois a alma do artı́ ice vive, na qual todas essas
coisas estã o, antes de serem produzidas. Por que, entã o, essas coisas
sã o vida na alma vivente do artı́ ice, a nã o ser porque nada mais sã o do
que o conhecimento ou o entendimento da pró pria alma?

Com exceçã o, poré m, daqueles fatos que sã o conhecidos como


pertencentes à natureza mental, tudo o que, ao ser ouvido e pensado
pelo entendimento, é percebido como real, indubitavelmente esse
objeto real é uma coisa, e o pró prio entendimento, pelo qual o objeto é
apreendido, é outra. Portanto, mesmo se fosse verdade que existe um
ser do qual um maior é inconcebı́vel: ainda assim, a esse ser, quando
ouvido e compreendido, a imagem ainda nã o criada na mente do pintor
nã o é aná loga.

4. Observemos també m o ponto acima mencionado, em relaçã o a


esse ser que é maior do que tudo o que pode ser concebido e que, diz-
se, nã o pode ser outro senã o o pró prio Deus. Eu, no que diz respeito ao
conhecimento efetivo do objeto, seja pelo seu cará ter especı́ ico ou
geral, sou tã o pouco capaz de conceber esse ser quando o ouço, ou de
tê -lo em meu entendimento, quanto sou de conceber. de ou entender o
pró prio Deus: quem, de fato, por isso mesmo, posso conceber que nã o
existe. Pois eu nã o conheço essa pró pria realidade que Deus é , nem
posso formar uma conjectura dessa realidade a partir de alguma outra
realidade semelhante. Pois você mesmo a irma que essa realidade é tal
que nã o pode haver nada mais parecido com ela.

Pois suponha que eu ouça algo dito de um homem absolutamente


desconhecido para mim, de cuja pró pria existê ncia eu desconhecia.
Atravé s desse conhecimento especial ou geral pelo qual eu sei o que é o
homem, ou o que os homens sã o, eu poderia concebê -lo també m, de
acordo com a pró pria realidade, que o homem é . E, no entanto, seria
possı́vel, se a pessoa que me falou dele me enganasse, que o pró prio
homem, de quem eu concebi, nã o existisse; pois aquela realidade
segundo a qual eu o concebi, embora nã o menos indiscutı́vel, nã o era
aquele homem, mas qualquer homem.
Por isso, nã o posso, como deveria ter esse ser irreal em conceito
ou em entendimento, ter aquele ser de que você fala em conceito ou em
entendimento, quando ouço a palavra Deus ou as palavras, um ser maior
que todos os outros seres . Pois eu posso conceber o homem de acordo
com um fato que é real e familiar para mim; mas de Deus, ou um ser
maior que todos os outros, eu nã o poderia conceber de forma alguma,
exceto apenas de acordo com a palavra. E um objeto di icilmente ou
nunca pode ser concebido apenas de acordo com a palavra.

Pois, quando assim concebida, nã o é tanto a palavra em si (que é ,


de fato, uma coisa real, isto é , o som das letras e das sı́labas) quanto a
signi icaçã o da palavra, quando ouvida, que é concebida. Mas nã o é
concebido como por algué m que sabe o que geralmente é signi icado
pela palavra; por quem, isto é , é concebido de acordo com uma
realidade e somente em uma concepçã o verdadeira. Ele é concebido
como por um homem que nã o conhece o objeto, e o concebe apenas de
acordo com o movimento de sua mente produzido ao ouvir a palavra, a
mente tentando imaginar por si mesma o signi icado da palavra que é
ouvida. E seria surpreendente se na realidade de fato pudesse chegar a
isso.

Assim, parece, e de nenhuma outra forma, este ser també m está


em meu entendimento, quando ouço e compreendo uma pessoa que diz
que existe um ser maior do que todos os seres concebı́veis. Tanto para a
a irmaçã o de que essa natureza suprema já está no meu entendimento.

5. Mas que este ser deve existir, nã o apenas no entendimento, mas
també m na realidade, é assim provado para mim:
Se nã o existisse assim, tudo o que existe na realidade seria maior
do que ele. E assim o ser que já foi provado existir em meu
entendimento nã o será maior do que todos os outros seres.

Eu ainda respondo: se se disser que um ser que nã o pode ser


sequer concebido em termos de qualquer fato está no entendimento,
nã o nego que esse ser esteja, portanto, no meu entendimento. Mas
como por esse fato ele nã o pode de modo algum atingir també m a
existê ncia real, eu ainda nã o lhe concedo essa existê ncia, até que
alguma prova certa dela seja dada.

Pois quem diz que esse ser existe, porque senã o o ser que é maior
que todos nã o será maior que todos, nã o atende com bastante rigor ao
que está dizendo. Pois ainda nã o digo nã o, até nego ou duvido que esse
ser seja maior do que qualquer objeto real. Tampouco lhe concedo
outra existê ncia senã o esta (se é que se deve chamar de existê ncia) que
ela tem quando a mente, segundo uma palavra meramente ouvida,
tenta formar a imagem de um objeto absolutamente desconhecido para
ela.

Como, entã o, a verdadeira existê ncia desse ser me é provada a


partir da suposiçã o, por hipó tese, de que ele é maior do que todos os
outros seres? Pois eu ainda deveria negar isso, ou duvidar de sua
demonstraçã o disso, a ponto de nã o admitir que esse ser está em meu
entendimento e conceito mesmo da maneira como muitos objetos cuja
existê ncia real é incerta e duvidosa estã o em minha compreensã o e
conceito. Pois deve-se provar primeiro que esse pró prio ser realmente
existe em algum lugar; e entã o, pelo fato de ser maior que tudo, nã o
hesitaremos em inferir que també m subsiste em si mesmo.

6. Por exemplo: diz-se que em algum lugar do oceano há uma ilha,
que, pela di iculdade, ou melhor, pela impossibilidade, de descobrir o
que nã o existe, é chamada de ilha perdida. E dizem que esta ilha tem
uma riqueza inestimá vel de todos os tipos de riquezas e iguarias em
maior abundâ ncia do que se diz das Ilhas dos Bem-Aventurados; e que
nã o tendo dono ou habitante, é mais excelente do que todos os outros
paı́ses, que sã o habitados pela humanidade, na abundâ ncia com que é
armazenado.

Agora, se algué m me disser que existe tal ilha, eu entenderia


facilmente suas palavras, nas quais nã o há di iculdade. Mas suponha
que ele continue dizendo, como por uma inferê ncia ló gica: “Você nã o
pode mais duvidar que esta ilha, que é mais excelente do que todas as
terras, existe em algum lugar, já que você nã o tem dú vida de que ela
está em seu entendimento. E como é mais excelente nã o estar apenas
no entendimento, mas existir tanto no entendimento como na
realidade, por isso deve existir. Pois se nã o existir, qualquer terra que
realmente exista será mais excelente do que ela; e assim a ilha já
entendida por você como mais excelente nã o será mais excelente.”

Se um homem tentasse provar-me por tal raciocı́nio que esta ilha


realmente existe, e que sua existê ncia nã o deve mais ser posta em
dú vida, ou devo acreditar que ele estava brincando, ou nã o sei qual
devo considerar o maior tolo. : eu mesmo, supondo que eu deveria
permitir essa prova; ou ele, se ele supuser que estabeleceu com alguma
certeza a existê ncia desta ilha. Pois ele deve mostrar primeiro que a
excelê ncia hipoté tica desta ilha existe como um fato real e indubitá vel, e
de modo algum como qualquer objeto irreal ou cuja existê ncia é
incerta, no meu entendimento.

7. Esta, entretanto, é a resposta que o tolo poderia dar aos


argumentos apresentados contra ele. Quando lhe é assegurado, em
primeiro lugar, que esse ser é tã o grande que sua inexistê ncia nã o é
sequer concebı́vel, e que isso, por sua vez, é provado apenas pelo fato
de que, de outra forma, nã o será maior que todas as coisas, o tolo pode
dar a mesma resposta e dizer:

Quando eu disse que tal ser existe na realidade, isto é , um ser


maior do que todos os outros? existir? Considerando que, em primeiro
lugar, deve-se provar de alguma forma que existe uma natureza
superior, isto é , maior e melhor do que todas as outras; para que a
partir disso possamos entã o provar todos os atributos que
necessariamente o ser que é maior e melhor do que todos possui.

Alé m disso, diz-se que a inexistê ncia desse ser é inconcebı́vel.


Seria melhor dizer, talvez, que sua inexistê ncia, ou a possibilidade de
sua inexistê ncia, é ininteligı́vel. Pois de acordo com o verdadeiro
signi icado da palavra, objetos irreais sã o ininteligı́veis. No entanto, sua
existê ncia é concebı́vel da maneira como o tolo concebeu a inexistê ncia
de Deus. Estou certamente ciente de minha pró pria existê ncia; mas sei,
no entanto, que minha nã o-existê ncia é possı́vel. Quanto a esse ser
supremo, aliá s, que é Deus, compreendo sem dú vida tanto sua
existê ncia quanto a impossibilidade de sua nã o existê ncia. Se, no
entanto, enquanto eu estiver mais positivamente consciente de minha
existê ncia, posso conceber minha nã o-existê ncia, nã o tenho certeza.
Mas se posso, por que nã o posso conceber com a mesma certeza a
inexistê ncia de tudo o que sei? Se, poré m, nã o posso, Deus nã o será o
ú nico ser do qual se pode dizer, é impossı́vel conceber sua inexistê ncia.

8. As outras partes deste livro sã o discutidas com tanta verdade,


tanto brilho, tanta grandeza; e sã o tã o cheios de utilidade, tã o
perfumados com um certo perfume de sentimento devoto e santo, que,
embora haja assuntos no inı́cio que, por mais corretamente percebidos,
sã o apresentados fracamente, o resto do trabalho nã o deve ser
rejeitado por causa disso. Ao contrá rio, esses assuntos anteriores
devem ser raciocinados de forma mais convincente, e o todo deve ser
recebido com grande respeito e honra.
Apê ndice
EM RESPOSTA À RESPOSTA DE GAUNILON EM NOME
DO TOLO
T era um tolo contra quem o argumento do meu Proslogium foi
EU dirigido. Vendo, no entanto, que o autor dessas objeçõ es nã o é de
modo algum um tolo, e é um cató lico, falando em nome do tolo,
acho su iciente responder ao cató lico.
Apê ndice
CAPÍTULO I
U G .
M -
.

S
Você diz – quem quer que seja, que diz que um tolo é capaz de
fazer essas a irmaçõ es – que um ser do qual nã o se pode
conceber algo maior nã o está no entendimento em nenhum
outro sentido senã o aquele em que um ser que é totalmente
inconcebı́vel em termos da realidade, está no entendimento. Você diz
que a inferê ncia de que esse ser existe na realidade, do fato de estar no
entendimento, nã o é mais justa do que a inferê ncia de que uma ilha
perdida certamente existe, do fato de que, quando ela é descrita, o
ouvinte nã o duvida que está em seu entendimento.

Mas eu digo: se um ser do qual um maior é inconcebı́vel nã o é


entendido ou concebido, e nã o está no entendimento ou no conceito,
certamente ou Deus nã o é um ser do qual um maior é inconcebı́vel, ou
entã o ele nã o é compreendido ou concebido, e nã o está no
entendimento ou no conceito. Mas eu chamo sua fé e consciê ncia para
atestar que isso é muito falso. Portanto, aquilo do qual nã o se pode
conceber algo maior é verdadeiramente compreendido e concebido, e
está no entendimento e no conceito. Portanto, ou os motivos pelos
quais você tenta me contestar nã o sã o verdadeiros, ou entã o a
inferê ncia que você pensa basear logicamente nesses motivos nã o é
justi icada.
Mas você sustenta, alé m disso, que supondo que um ser do qual
um ser maior nã o pode ser concebido seja entendido, nã o se segue que
esse ser esteja no entendimento; nem, se está no entendimento, existe,
portanto, na realidade.

Em resposta a isso, mantenho positivamente: se esse ser pode ser


concebido para ser, ele deve existir na realidade. Pois aquilo do qual um
maior é inconcebı́vel nã o pode ser concebido senã o como sem começo.
Mas tudo o que pode ser concebido para existir, e nã o existe, pode ser
concebido para existir atravé s de um começo. Portanto, o que pode ser
concebido para existir, mas nã o existe, nã o é o ser do qual um maior
nã o pode ser concebido. Portanto, se tal ser pode ser concebido para
existir, necessariamente ele existe.

Alé m disso: se pode ser concebido, deve existir. Pois ningué m que
nega ou duvida da existê ncia de um ser do qual um ser maior é
inconcebı́vel, nega ou duvida que, se existisse, sua inexistê ncia, seja na
realidade ou no entendimento, seria impossı́vel. Pois de outro modo
nã o seria um ser do qual nã o se pode conceber algo maior. Mas quanto
ao que pode ser concebido, mas nã o existe – se existisse tal ser, sua
inexistê ncia, seja na realidade ou no entendimento, seria possı́vel.
Portanto, se um ser do qual um maior é inconcebı́vel pode ser
concebido, ele nã o pode ser inexistente.

Mas suponhamos que ela nã o exista, mesmo que possa ser
concebida. Tudo o que pode ser concebido, mas nã o existe, se existisse,
nã o seria um ser do qual algo maior é inconcebı́vel. Se, entã o, houvesse
um ser maior do que o inconcebı́vel, nã o seria um ser do qual um maior
é inconcebı́vel: o que é o mais absurdo. Portanto, é falso negar que
exista um ser do qual um maior nã o pode ser concebido, se é que pode
ser concebido; tanto mais, portanto, se pode ser entendido ou pode
estar no entendimento.

Alé m disso, atrevo-me a fazer esta a irmaçã o: sem dú vida, tudo o
que em qualquer lugar ou em qualquer tempo nã o existe – mesmo que
exista em algum lugar ou em algum momento – pode ser concebido
como existindo em lugar nenhum e nunca, como em algum lugar. lugar
e em algum momento ele nã o existe. Pois o que nã o existia ontem, e
existe hoje, como se entende que nã o existiu ontem, pode-se apreender
pela inteligê ncia que nunca existe. E o que nã o está aqui, e está em
outro lugar, pode ser concebido como nã o estando em lugar nenhum,
assim como nã o está aqui. Assim, em relaçã o a um objeto do qual as
partes individuais nã o existem nos mesmos lugares ou tempos: todas as
suas partes e, portanto, seu pró prio todo podem ser concebidos como
existindo em nenhum lugar ou nunca.

Pois, embora se diga que o tempo existe sempre, e o mundo em


toda parte, ainda assim o tempo como um todo nã o existe sempre, nem
o mundo como um todo em toda parte. E como partes individuais do
tempo nã o existem quando outras existem, elas podem ser concebidas
como nunca existindo. E assim pode ser apreendido pela inteligê ncia
que partes individuais do mundo nã o existem em nenhum lugar, como
nã o existem onde existem outras partes. Alé m disso, o que é composto
de partes pode ser dissolvido em conceito e ser inexistente. Portanto,
tudo o que em qualquer lugar ou em qualquer tempo nã o existe como
um todo, mesmo que exista, pode ser concebido como nã o existindo.
Mas aquilo do qual um maior nã o pode ser concebido, se existe,
nã o pode ser concebido como nã o existindo. Caso contrá rio, nã o é um
ser do qual um maior nã o pode ser concebido: o que é inconsistente. De
forma alguma, entã o, em qualquer lugar ou em qualquer momento
deixa de existir como um todo: mas existe como um todo em todo lugar
e sempre.

Você acredita que esse ser pode de alguma forma ser concebido ou
compreendido, ou que o ser em relaçã o ao qual essas coisas sã o
compreendidas pode estar no conceito ou no entendimento? Pois se
nã o pode, essas coisas nã o podem ser entendidas com referê ncia a ele.
Mas se você diz que nã o é entendido e que nã o está no entendimento,
porque nã o é completamente entendido; você deve dizer que um
homem que nã o pode enfrentar os raios diretos do sol nã o vê a luz do
dia, que nada mais é do que a luz do sol. Certamente existe um ser do
qual um maior nã o pode ser concebido, e está no entendimento, pelo
menos até este ponto, que essas a irmaçõ es a respeito dele sã o
compreendidas.
Apê ndice
CAPÍTULO II
O . M -
, ,
.

TENHO dito, entã o, no argumento que você contesta, que quando o


EU tolo ouve mencionado um ser do qual um ser maior é inconcebı́vel,
ele entende o que ouve. Certamente um homem que nã o entende
quando uma lı́ngua familiar é falada, nã o tem entendimento algum, ou é
muito estú pido. Alé m disso, eu disse que se este ser é compreendido, é
no entendimento. Nã o está em nenhum entendimento o que foi provado
necessariamente existir na realidade dos fatos?

Mas você dirá que, embora esteja no entendimento, nã o se segue


que seja entendido. Mas observe que o fato de ser entendido exige que
ele esteja no entendimento. Pois como o que é concebido, é concebido
por concepçã o, e o que é concebido por concepçã o, como é concebido,
assim é na concepçã o; assim, o que é entendido, é entendido pelo
entendimento, e o que é entendido pelo entendimento, como é
entendido, també m está no entendimento. O que pode ser mais claro do
que isso?

Depois disso, eu disse que, se está apenas no entendimento, pode-


se conceber que existe també m na realidade, que é maior. Se, entã o,
está somente no entendimento, obviamente o pró prio ser do qual o
maior nã o pode ser concebido é aquele do qual um maior pode ser
concebido. O que é mais ló gico? Pois, se existe apenas no entendimento,
nã o pode ser concebido como existindo també m na realidade? E se
assim pode ser concebido, aquele que concebe isso nã o concebe uma
coisa maior do que aquele ser, se existe apenas no entendimento? Que
inferê ncia mais consistente, entã o, pode ser feita do que esta: se um ser
do qual um maior nã o pode ser concebido está apenas no
entendimento, nã o é aquele do qual um maior nã o pode ser concebido?

Mas, seguramente, em nenhum entendimento um ser do qual um


maior é concebı́vel é um ser do qual um maior é inconcebı́vel. Nã o se
segue, entã o, que se um ser do qual um maior nã o pode ser concebido
está em qualquer entendimento, ele nã o existe apenas no
entendimento? Pois se está apenas no entendimento, é um ser do qual
se pode conceber algo maior, o que é inconsistente com a hipó tese.
Apê ndice
CAPÍTULO III
U G ,

.

B
Mas, você diz, é como se suponhamos uma ilha no oceano, que
supera todas as terras em sua fertilidade, e que, pela
di iculdade ou impossibilidade de descobrir o que nã o existe, é
chamada de ilha perdida. ; e devo dizer que nã o há dú vida de que esta
ilha realmente existe na realidade, por isso, quem a ouve descrita
compreende facilmente o que ouve.

Agora eu prometo com con iança que se algum homem inventar


algo existente na realidade ou apenas em conceito (exceto aquilo do
que algo maior seja concebido) ao qual ele possa adaptar a sequê ncia
de meu raciocı́nio, eu descobrirei essa coisa e lhe darei sua ilha perdida,
para nã o se perder novamente.

Mas agora parece que esse ser do qual algo maior é inconcebı́vel
nã o pode ser concebido como nã o sendo, porque existe em um
fundamento de verdade tã o seguro; pois de outra forma nã o existiria.

Portanto, se algué m diz que concebe este ser como nã o existindo,
eu digo que no momento em que ele o concebe ou ele concebe um ser
do qual algo maior é inconcebı́vel, ou ele nã o concebe nada. Se nã o
concebe, nã o concebe a inexistê ncia daquilo que nã o concebe. Mas se
ele concebe, ele certamente concebe um ser que nã o pode ser sequer
concebido para nã o existir. Pois se pudesse ser concebido para nã o
existir, poderia ser concebido para ter um começo e um im. Mas isso é
impossı́vel.

Aquele, entã o, que concebe este ser, concebe um ser que nã o pode
ser sequer concebido para nã o existir; mas quem concebe este ser nã o
concebe que ele nã o existe; senã o ele concebe o que é inconcebı́vel. A
inexistê ncia, entã o, daquilo do qual um maior nã o pode ser concebido é
inconcebı́vel.
Apê ndice
CAPÍTULO IV
A -
- .

S
OU dizes, alé m disso, que enquanto eu a irmo que este ser
supremo nã o pode ser concebido para nã o existir, seria melhor
dizer que sua nã o existê ncia, ou mesmo a possibilidade de sua
nã o existê ncia, nã o pode ser compreendida .

Mas era mais apropriado dizer que nã o pode ser concebido. Pois
se eu tivesse dito que o pró prio objeto nã o pode ser entendido como
nã o existindo, possivelmente você mesmo, que diz que, de acordo com o
verdadeiro signi icado do termo, o que é irreal nã o pode ser entendido,
faria a objeçã o de que nada do que é pode ser entendido. nã o ser, pois a
inexistê ncia do que existe é irreal: portanto, Deus nã o seria o ú nico ser
do qual se poderia dizer, é impossı́vel compreender sua inexistê ncia.
Pois assim um desses seres que certamente existem pode ser entendido
como nã o existindo da mesma maneira que certos outros objetos reais
podem ser entendidos como nã o existindo.

Mas esta objeçã o, seguramente, nã o pode ser feita contra o termo
concepção , se considerarmos bem o assunto. Pois, embora nenhum
objeto que existe possa ser entendido como nã o existindo, todos os
objetos, exceto o que existe no mais alto grau, podem ser concebidos
como nã o existindo. Pois todos esses objetos, e apenas aqueles, podem
ser concebidos como nã o existindo, que tê m um começo ou im ou
composiçã o de partes: també m, como já disse, tudo o que em qualquer
lugar ou em qualquer tempo nã o existe como um todo.
Esse ser sozinho, por outro lado, nã o pode ser concebido como
inexistente, no qual qualquer concepçã o nã o descobre nem começo
nem im nem composiçã o de partes, e que qualquer concepçã o
encontra sempre e em toda parte como um todo.

Esteja certo, entã o, de que você pode conceber sua pró pria nã o-
existê ncia, embora esteja mais certo de que você existe. Estou surpreso
que você tenha admitido que ignora isso. Pois concebemos a
inexistê ncia de muitos objetos que sabemos que existem, e a existê ncia
de muitos que sabemos que nã o existem; nã o formando a opiniã o de
que eles existem, mas imaginando que eles existem como nó s os
concebemos.

E, de fato, podemos conceber a inexistê ncia de um objeto, embora


saibamos que ele existe, porque ao mesmo tempo podemos conceber o
primeiro e conhecer o segundo. E nã o podemos conceber a inexistê ncia
de um objeto, enquanto sabemos que ele existe, porque nã o podemos
conceber ao mesmo tempo existê ncia e inexistê ncia.

Se, entã o, algué m distinguir esses dois sentidos desta a irmaçã o,


ele entenderá que nada, enquanto se sabe que existe, pode ser
concebido como nã o existindo; e que tudo o que existe, exceto aquele
ser do qual algo maior nã o pode ser concebido, pode ser concebido
como nã o existindo, mesmo quando se sabe que existe.

Assim, entã o, somente de Deus pode-se dizer que é impossı́vel


conceber sua inexistê ncia; e, no entanto, muitos objetos, enquanto
existem, em certo sentido, nã o podem ser concebidos como nã o
existindo. Mas em que sentido Deus deve ser concebido como nã o
existindo, acho que foi mostrado com bastante clareza em meu livro.
Apê ndice
CAPÍTULO V
U
G . E ,
.

T
A natureza das outras objeçõ es que você , em nome do tolo,
insiste contra mim é fá cil, mesmo para um homem de pouca
sabedoria, detectar; e, portanto, achei desnecessá rio mostrar
isso. Mas como ouvi dizer que alguns leitores dessas objeçõ es acham
que elas tê m algum peso contra mim, vou discuti-las brevemente.

Em primeiro lugar, você repete muitas vezes que eu a irmo que o


que é maior do que todos os outros seres está no entendimento; e se
está no entendimento, existe també m na realidade, pois de outra forma
o ser que é maior do que todos nã o seria maior do que todos.

Em nenhum lugar em todos os meus escritos é encontrada tal


demonstraçã o. Pois a existê ncia real de um ser que se diz ser maior do
que todos os outros seres nã o pode ser demonstrada do mesmo modo
que a existê ncia real de um ser que se diz ser maior do que não se pode
conceber um maior .

Se se disser que um ser do qual nã o se pode conceber algo maior


nã o tem existê ncia real, ou que é possı́vel que nã o exista, ou mesmo que
se possa conceber que nã o existe, tal a irmaçã o pode ser facilmente
refutada. Pois a nã o-existê ncia do que nã o existe é possı́vel, e aquilo
cuja nã o-existê ncia é possı́vel pode ser concebido como nã o existindo.
Mas tudo o que pode ser concebido como nã o existindo, se existe, nã o é
um ser do qual algo maior nã o pode ser concebido; mas se nã o existe,
nã o seria, mesmo que existisse, um ser do qual nã o se pode conceber
algo maior. Mas nã o se pode dizer que um ser do qual um maior é
inconcebı́vel, se existe, nã o seja um ser do qual um maior é
inconcebı́vel; ou que, se existisse, nã o seria um ser do qual algo maior é
inconcebı́vel.

E evidente, entã o, que nem é inexistente, nem é possı́vel que nã o


exista, nem se pode conceber que nã o exista. Pois de outro modo, se
existe, nã o é o que se diz na hipó tese; e se existisse, nã o seria o que se
diz na hipó tese.

Mas isso, ao que parece, nã o pode ser tã o facilmente provado de
um ser que se diz ser maior do que todos os outros seres . Pois nã o é tã o
evidente que o que pode ser concebido como inexistente nã o seja maior
do que todos os seres existentes, como é evidente que nã o é um ser do
qual um maior nã o pode ser concebido. Tampouco é tã o indubitá vel
que, se existe um ser maior do que todos os outros seres, nã o é outro
senã o o ser do qual nã o se pode conceber um maior; ou que se fosse tal
ser, algum outro poderia nã o ser este ser da mesma maneira; como é
certo em relaçã o a um ser que é hipoteticamente posto como um do
qual um maior nã o pode ser concebido.

Pois considere: se algué m disser que existe um ser maior do que


todos os outros seres, e que esse ser pode, no entanto, ser concebido
como nã o existindo; e que um ser maior do que este, embora nã o exista,
pode ser concebido para existir: pode-se inferir tã o claramente neste
caso que esse ser nã o é , portanto, um ser maior do que todos os outros
seres existentes, como seria mais positivamente? a irmou no outro
caso, que o ser em discussã o nã o é , portanto, um ser do qual um maior
nã o pode ser concebido?

Pois a primeira conclusã o requer outra premissa que nã o a


predicaçã o, maior que todos os outros seres . Em meu argumento, por
outro lado, nã o há necessidade de outra coisa senã o essa mesma
predicaçã o, um ser do qual não se pode conceber algo maior .

Se a mesma prova nã o pode ser aplicada quando o ser em questã o


é predicado como sendo maior do que todos os outros, o que pode ser
aplicado quando se a irma ser um ser do qual um ser maior nã o pode
ser concebido, você me censurou injustamente por dizer o que eu nã o
disse; uma vez que tal predicaçã o difere muito daquela que eu
realmente iz. Se, por outro lado, o outro argumento é vá lido, você nã o
deve me culpar por ter dito o que pode ser provado.

Se isso pode ser provado, no entanto, ele decidirá facilmente quem


reconhece que esse ser do qual um maior nã o pode ser concebido é
demonstrá vel. Pois de modo algum esse ser do qual nã o se pode
conceber um maior pode ser entendido como outro senã o aquele que
sozinho é maior do que todos. Portanto, assim como aquilo do qual nã o
se pode conceber algo maior é entendido, e está no entendimento, e por
isso se a irma existir na realidade de fato: assim o que se diz ser maior
do que todos os outros seres é entendido e é no entendimento e,
portanto, infere-se necessariamente que existe na realidade.

Você vê , entã o, com quanta justiça você me comparou com seu
tolo, que, apenas pelo fato de entender o que lhe é descrito, a irmaria
que existe uma ilha perdida.
Apê ndice
CAPÍTULO VI
U G
:
, ,
.

OUTRA de suas objeçõ es é que quaisquer seres irreais, ou seres


UMA cuja existê ncia é incerta, podem ser compreendidos e estar no
entendimento da mesma forma que aquele ser que discuti.
Estou surpreso que você tenha concebido essa objeçã o, pois eu estava
tentando provar o que ainda era incerto e me contentei em mostrar que
esse ser é entendido de qualquer maneira e está no entendimento. Era
minha intençã o considerar, com base nisso, se esse ser está apenas no
entendimento, como um objeto irreal, ou se existe també m de fato,
como um ser real. Pois se objetos irreais, ou objetos cuja existê ncia é
incerta, sã o assim compreendidos e estã o no entendimento, porque,
quando se fala deles, o ouvinte entende o que o falante quer dizer, nã o
há razã o para que aquele ser de que falei nã o deve ser entendido e estar
no entendimento.

Como, alé m disso, essas duas a irmaçõ es suas podem ser


conciliadas: (1) a a irmaçã o de que se um homem falasse de quaisquer
objetos irreais, sejam eles quais fossem, você entenderia, e (2) a
a irmaçã o de que ao ouvir sobre esse ser que existe, e nã o da mesma
forma em que mesmo objetos irreais sã o mantidos em conceito, você
nã o diria que o concebe ou o tem em conceito; já que, como você diz,
você nã o pode concebê -lo de outra maneira senã o entendendo-o, isto é ,
compreendendo em seu conhecimento sua existê ncia real?
Como, eu pergunto, essas duas coisas podem ser reconciliadas:
que objetos irreais sã o compreendidos, e que compreender um objeto é
compreender no conhecimento sua existê ncia real? A contradiçã o nã o
me diz respeito: você cuida disso. Mas se os objetos irreais també m sã o
de algum modo compreendidos, e sua de iniçã o é aplicá vel, nã o a todo
entendimento, mas a um certo tipo de entendimento, nã o devo ser
culpado por dizer que um ser do qual um ser maior nã o pode ser
concebido é entendido. e está no entendimento, antes mesmo de chegar
à conclusã o certa de que esse ser existe na realidade.
Apê ndice
CAPÍTULO VII
E :
,
D .

GANHO, você diz que provavelmente nunca se pode acreditar


UMA que esse ser, quando se fala e se ouve falar dele, nã o pode ser
concebido como nã o existindo da mesma maneira que até
mesmo Deus pode ser concebido como nã o existindo.

Tal objeçã o poderia ser respondida por aqueles que obtiveram


pouca habilidade em disputa e argumentaçã o. Pois é compatı́vel com a
razã o que um homem negue a existê ncia do que ele entende, porque se
diz ser aquele ser cuja existê ncia ele nega porque nã o o entende? Ou, se
à s vezes sua existê ncia é negada, porque só até certo ponto é
compreendido, e o que nã o é compreendido é o mesmo para ele: nã o é
o que ainda é indeterminado mais facilmente provado de um ser que
existe em algum entendimento do que de um que existe nã o há
entendimento?

Portanto, nã o pode ser crı́vel que algum homem negue a existê ncia
de um ser do qual nã o se possa conceber um maior, que, quando o ouve,
compreende em certo grau: é incrı́vel, digo eu, que qualquer homem
negue a existê ncia deste ser porque ele nega a existê ncia de Deus, a
percepçã o sensorial de quem ele de modo algum concebe.

Ou se a existê ncia de outro objeto, porque nã o é de todo


compreendido, é negada, ainda assim a existê ncia do que é
compreendido em algum grau nã o é mais facilmente provada do que a
existê ncia de um objeto que de modo algum é compreendido?

Nã o irracionalmente, entã o, a hipó tese de um ser maior do que o


que nã o pode ser concebido foi empregada para contestar o tolo, para a
prova da existê ncia de Deus: já que em algum grau ele entenderia tal
ser, mas de modo algum poderia ele entende Deus.
Apê ndice
CAPÍTULO VIII
O ,
G , . — D
,
G .

M
Aliá s, sua demonstraçã o tã o cuidadosa de que o ser do qual
nã o se pode conceber um maior nã o é aná logo ao quadro
ainda nã o executado no entendimento do pintor é bastante
desnecessá ria. Nã o foi com esse propó sito que sugeri o quadro
preconcebido. Nã o pensei em a irmar que o ser que eu estava
discutindo é de tal natureza; mas quis mostrar que o que nã o se
entende existir pode estar no entendimento.

Novamente, você diz que quando você ouve falar de um ser do qual
um ser maior é inconcebı́vel, você nã o pode concebê -lo em termos de
qualquer objeto real conhecido por você , seja especı́ ica ou geralmente,
nem tê -lo em seu entendimento. Pois, você diz, você nã o conhece tal ser
em si, nem pode formar uma ideia dele a partir de algo semelhante.

Mas obviamente isso nã o é verdade. Pois tudo o que é menos bom,
na medida em que é bom, é como o bem maior. E, portanto, evidente
para qualquer mente racional que, ascendendo do bem menor ao maior,
podemos formar uma noçã o considerá vel de um ser do qual um maior é
inconcebı́vel.

Por exemplo, quem (mesmo que nã o acredite que o que concebe
existe na realidade) supondo que haja algum bem que tem um começo e
um im, nã o concebe que um bem é muito melhor, que, se começa, nã o
deixa de ser? E que, como o segundo bem é melhor do que o primeiro,
aquele bem que nã o tem começo nem im, embora esteja sempre
passando do passado pelo presente para o futuro, é melhor do que o
segundo? E que muito melhor do que isso é um ser – quer exista ou nã o
um ser de tal natureza – que de modo algum requer mudança ou
movimento, nem é obrigado a sofrer mudança ou movimento?

Isso é inconcebı́vel, ou algum ser maior do que isso é concebı́vel?


Ou nã o se trata de formar uma noçã o a partir de objetos dos quais um
maior é concebı́vel, do ser do qual um maior nã o pode ser concebido?
Há , entã o, um meio de formar uma noçã o de um ser do qual algo maior
é inconcebı́vel.

Tã o facilmente, entã o, pode ser refutado o tolo que nã o aceita a
autoridade sagrada, se ele nega que uma noçã o possa ser formada a
partir de outros objetos de um ser do qual um maior é inconcebı́vel.
Mas se algum cató lico nega isso, lembre-se que as coisas invisı́veis de
Deus, desde a criaçã o do mundo, sã o claramente vistas, sendo
compreendidas pelas coisas que sã o feitas, até mesmo seu eterno poder
e divindade. ( Romanos I. 20. )
Apê ndice
CAPÍTULO IX
A
. O
.

B
UT mesmo se fosse verdade que um ser do qual um maior é
inconcebı́vel nã o pode ser concebido ou compreendido; no
entanto, nã o seria falso que um ser do qual um maior nã o pode
ser concebido seja concebı́vel e inteligı́vel. Nada impede que se diga
inefável , embora nã o se possa falar do que se diz inefá vel. Inconcebível
é concebı́vel, embora aquilo a que a palavra inconcebível possa ser
aplicada nã o seja concebı́vel. Assim, quando se diz, aquilo do qual nada
maior é concebível , indubitavelmente o que se ouve é concebı́vel e
inteligı́vel, embora aquele ser em si, do qual um maior é inconcebı́vel,
nã o possa ser concebido ou compreendido.

Ou, embora haja um homem tã o tolo a ponto de dizer que nã o há
nenhum ser do qual um maior é inconcebı́vel, ele nã o será tã o
desavergonhado a ponto de dizer que nã o pode entender ou conceber o
que diz. Ou, se tal homem for encontrado, nã o apenas suas palavras
devem ser rejeitadas, mas ele mesmo deve ser desprezado.

Quem, pois, nega a existê ncia de um ser do qual nã o se pode


conceber algo maior, ao menos compreende e concebe a negaçã o que
faz. Mas essa negaçã o ele nã o pode entender ou conceber sem seus
termos componentes; e um termo desta a irmaçã o é um ser do qual algo
maior não pode ser concebido . Quem, entã o, faz essa negaçã o, entende e
concebe aquilo do que algo maior é inconcebı́vel.
Alé m disso, é evidente que da mesma forma é possı́vel conceber e
compreender um ser cuja inexistê ncia é impossı́vel; mas aquele que
concebe isso concebe um ser maior do que aquele cuja inexistê ncia é
possı́vel. Portanto, quando se concebe um ser do qual um maior é
inconcebı́vel, se é um ser cuja inexistê ncia é possı́vel que é concebido,
nã o é um ser do qual um maior nã o pode ser concebido. Mas um objeto
nã o pode ser concebido e nã o concebido ao mesmo tempo. Portanto,
quem concebe um ser do qual algo maior é inconcebı́vel, nã o concebe
aquilo cuja inexistê ncia é possı́vel, mas sim aquilo cuja inexistê ncia é
impossı́vel. Portanto, o que ele concebe deve existir; pois qualquer
coisa cuja inexistê ncia seja possı́vel, nã o é aquilo que ele concebe.
Apê ndice
CAPÍTULO X
A . — A
.

CREIA que demonstrei por um argumento que nã o é fraco, mas


EU su icientemente convincente, que em meu livro anterior provei a
existê ncia real de um ser do qual nã o se pode conceber um maior;
e acredito que este argumento nã o pode ser invalidado pela validade de
qualquer objeçã o. Pois tã o grande força conté m a signi icaçã o desse
raciocı́nio em si mesmo, que esse ser que é objeto de discussã o é
necessariamente, pelo pró prio fato de ser entendido ou concebido,
provado també m existir na realidade e ser o que quer que seja.
devemos crer na substâ ncia divina.

Pois atribuı́mos à substâ ncia divina qualquer coisa de que se possa


conceber que é melhor ser do que nã o ser essa coisa. Por exemplo: é
melhor ser eterno do que nã o eterno; bom, do que nã o bom; nã o, a
pró pria bondade, do que nã o a pró pria bondade. Mas nã o pode ser que
algo dessa natureza nã o seja uma propriedade do ser do qual algo
maior é inconcebı́vel. Portanto, o ser do qual algo maior é inconcebı́vel
deve ser o que deve ser atribuı́do à essê ncia divina.

Agradeço sua gentileza tanto em sua culpa quanto em seu elogio


ao meu livro. Pois como você elogiou tã o generosamente as partes que
lhe parecem dignas de aceitaçã o, é bastante evidente que você criticou
com espı́rito indelicado as partes que lhe pareciam fracas.
Cur Deus Homo
PREFÁCIO

T
A primeira parte deste livro foi copiada sem meu conhecimento,
antes que o trabalho fosse concluı́do e revisado. Portanto, fui
obrigado a terminá -lo da melhor maneira possı́vel, com mais
pressa e mais brevidade do que desejava. Pois se me fosse concedido
um perı́odo tranquilo e adequado para publicá -lo, eu deveria ter
apresentado e acrescentado muitas coisas sobre as quais tenho estado
em silê ncio. Pois foi enquanto sofria sob grande angú stia de coraçã o,
cuja origem e razã o sã o conhecidas por Deus, que, a pedido de outros,
comecei o livro na Inglaterra e o terminei quando exilado em Capra. A
partir do tema sobre o qual foi publicado, denominei-o Cur Deus Homo
e o dividi em dois livros curtos. A primeira conté m as objeçõ es dos
in ié is, que desprezam a fé cristã porque a consideram contrá ria à
razã o; e també m a resposta dos crentes; e, en im, deixando Cristo fora
de vista (como se nada tivesse sido conhecido dele), isso prova, por
razõ es absolutas, a impossibilidade de qualquer homem ser salvo sem
ele. Novamente, no segundo livro, da mesma forma, como se nada fosse
conhecido de Cristo, alé m disso, é demonstrado por raciocı́nio claro e
fato que a natureza humana foi ordenada para esse propó sito, a saber,
que todo homem deve desfrutar de uma imortalidade feliz, tanto no
corpo quanto no corpo. e na alma; e que era necessá rio que este
desı́gnio para o qual o homem foi feito fosse cumprido; mas que nã o
poderia ser cumprido a menos que Deus se tornasse homem, e a menos
que todas as coisas que mantemos em relaçã o a Cristo acontecessem.
Peço a todos que desejarem copiar este livro que pre ixem este breve
prefá cio, com os tı́tulos de todo o trabalho, em seu inı́cio; para que, em
quem quer que caia nas mã os, ao olhar para a face dela, nã o haja nada
em todo o corpo da obra que passe despercebido.
Cur Deus Homo
LIVRO PRIMEIRO: CAPÍTULO I
A .

TENHO sido muitas vezes e muito fervorosamente solicitado por


EU muitos, tanto pessoalmente quanto por carta, para que eu
entregasse por escrito as provas de uma certa doutrina de nossa fé ,
que estou acostumado a dar aos inquiridores; pois eles dizem que essas
provas os grati icam e sã o considerados su icientes. Isso eles pedem,
nã o para alcançar a fé por meio da razã o, mas para que possam se
alegrar ao compreender e meditar nas coisas em que acreditam; e que,
na medida do possı́vel, estejam sempre prontos a convencer qualquer
um que lhes exija uma razã o daquela esperança que há em nó s. E esta
questã o, ambos os in ié is estã o acostumados a levantar contra nó s,
ridicularizando a simplicidade cristã como absurda; e muitos crentes
ponderam sobre isso em seus coraçõ es; por qual causa ou necessidade,
de fato, Deus se tornou homem, e por sua pró pria morte, como cremos
e a irmamos, restaurou a vida ao mundo; quando ele poderia ter feito
isso, por meio de algum outro ser, angelical ou humano, ou meramente
por sua vontade. Nã o só os eruditos, mas també m muitos iletrados se
interessam por essa indagaçã o e buscam sua soluçã o. Portanto, visto
que muitos desejam considerar este assunto e, embora pareça muito
difı́cil na investigaçã o, ainda é claro para todos na soluçã o e atraente
pelo valor e beleza do raciocı́nio; embora o que deveria ser su iciente
tenha sido dito pelos santos padres e seus sucessores, ainda assim me
esforçarei para revelar aos inquiridores o que Deus achou adequado
abrir para mim. E como as investigaçõ es, que se fazem por perguntas e
respostas, tornam-se assim mais claras para muitos, especialmente
para mentes menos rá pidas, e por isso sã o mais grati icantes, gostaria
de discutir comigo uma dessas pessoas que agitam este assunto.
sujeito; um que entre os outros me impele mais seriamente a isso, para
que assim Boso possa questionar e Anselmo responder.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO II
C .

B
oso.

Como a ordem correta exige que acreditemos nas coisas


profundas da fé cristã antes de nos comprometermos a discuti-
las pela razã o; entã o, a meu ver, parece uma negligê ncia se, depois de
estarmos estabelecidos na fé , nã o procuramos entender o que
acreditamos. Portanto, visto que assim me considero ter a fé de nossa
redençã o, pela graça preveniente de Deus, de modo que, mesmo que eu
nã o pudesse de forma alguma entender o que acredito, ainda assim
nada poderia abalar minha constâ ncia; Desejo que você descubra para
mim, o que, como você sabe, muitos alé m de mim perguntam, por que
necessidade e causa Deus, que é onipotente, deveria ter assumido a
pequenez e a fraqueza da natureza humana por causa de sua
renovaçã o?

Anselmo. Você me pede uma coisa que está acima de mim, e por
isso tenho medo de tomar em mã os assuntos muito elevados para mim,
para que, quando algué m possa ter pensado ou mesmo visto que nã o o
satisfaço, ele preferirá acreditar que estou errado quanto à substâ ncia
da verdade, do que meu intelecto nã o é capaz de compreendê -la.

Boso. Você nã o deve tanto temer isso, porque você deve lembrar,
por outro lado, que muitas vezes acontece na discussã o de alguma
questã o que Deus abre o que antes estava oculto; e que você deve
esperar pela graça de Deus, porque se você distribuir liberalmente as
coisas que você recebeu gratuitamente, você será digno de receber
coisas mais elevadas que você ainda nã o alcançou.

Anselmo. Há també m outra coisa por causa da qual acho que esse
assunto di icilmente pode, ou nã o pode ser discutido entre nó s de
forma abrangente; uma vez que, para este im, é necessá rio um
conhecimento de Poder e Necessidade e Vontade e certos outros
assuntos que estã o tã o relacionados entre si que nenhum deles pode
ser completamente examinado sem o resto; e, portanto, a discussã o
desses tó picos exige um trabalho à parte, que, embora nã o seja muito
fá cil, em minha opiniã o, nã o é de modo algum inú til; pois a ignorâ ncia
desses assuntos torna certas coisas difı́ceis, que pelo conhecimento
delas se tornam fá ceis.

Boso. Você pode falar tã o brevemente com relaçã o a essas coisas,
cada uma em seu lugar, que ambos podemos ter tudo o que é necessá rio
para o objeto presente, e o que resta a ser dito podemos adiar para
outro momento.

Anselmo. Isso també m me afasta muito de seu pedido, nã o apenas


que o assunto é importante, mas como é de uma forma justa acima dos
ilhos dos homens, també m é de uma sabedoria justa acima do intelecto
dos homens. Por isso, temo, como estou acostumado a icar indignado
contra artistas lamentá veis, quando vejo o pró prio Senhor pintado em
uma igura impró pria; assim també m pode acontecer comigo se eu
tentar expor um tema tã o rico em dicçã o grosseira e vulgar.
Boso. Mesmo isso nã o deve desencorajá -lo, porque, assim como
você permite que qualquer um fale melhor se puder, també m nã o
impede ningué m de escrever com mais elegâ ncia se sua linguagem nã o
o agrada. Mas, para te cortar de todas as desculpas, você nã o deve
cumprir este meu pedido para os eruditos, mas para mim, e aqueles que
pedem a mesma coisa comigo.

Anselmo. Visto que observo sua seriedade e a daqueles que


desejam isso com você , por amor e zelo piedoso, tentarei o melhor que
puder com a ajuda de Deus e suas oraçõ es, que, ao fazer este pedido,
você tem muitas vezes me prometeu, nã o tanto para esclarecer o que
você pergunta, mas para perguntar com você . Mas desejo que tudo o
que digo seja recebido com este entendimento, que, se eu tiver dito algo
que a autoridade superior nã o corrobora, embora pareça demonstrá -lo
por argumentos, ainda assim nã o deve ser recebido com mais
con iança, do que aparecendo para mim naquele momento, até que
Deus de alguma forma faça uma revelaçã o mais clara para mim. Mas se
eu for de alguma forma capaz de tranqü ilizar sua investigaçã o, deve-se
concluir que um mais sá bio do que eu será capaz de fazê -lo de forma
mais completa; nã o, devemos entender que, por tudo o que um homem
pode dizer ou conhecer, fundamentos ainda mais profundos de tã o
grande verdade estã o ocultos.

Boso. Permita-me, portanto, fazer uso das palavras dos in ié is; pois
é apropriado para nó s, quando procuramos investigar a razoabilidade
de nossa fé , propor as objeçõ es daqueles que nã o estã o totalmente
dispostos a se submeter à mesma fé , sem o apoio da razã o. Pois, embora
eles apelem à razã o porque nã o acreditam, mas nó s, por outro lado,
porque acreditamos; no entanto, a coisa procurada é uma e a mesma. E
se você apresentar qualquer coisa em resposta à qual a autoridade
sagrada pareça se opor, que seja meu insistir nessa inconsistê ncia até
que você a refute.

Anselmo. Fale de acordo com o seu prazer.


Cur Deus Homo
CAPÍTULO III
O .

B
oso.

Os in ié is que ridicularizam nossa simplicidade nos acusam de


injustiça e desonra a Deus quando a irmamos que ele desceu ao
ventre de uma virgem, que nasceu de mulher, que cresceu à base de
leite e comida de homens; e, passando por cima de muitas outras coisas
que parecem incompatı́veis com a Divindade, que ele suportou fadiga,
fome, sede, açoites e cruci icaçã o entre ladrõ es.

Anselmo. Nã o fazemos injustiça nem desonramos a Deus, mas lhe


damos graças de todo o coraçã o, louvando e proclamando a altura
inefá vel de sua compaixã o. Pois a coisa mais surpreendente é e alé m da
expectativa, que ele nos restaurou de males tã o grandes e merecidos
em que está vamos, para bê nçã os tã o grandes e imerecidas que
havı́amos perdido; tanto mais ele mostrou seu amor e ternura mais
excessivos para conosco. Pois se eles considerassem cuidadosamente
quã o apropriadamente a redençã o humana é assegurada, eles nã o
ridicularizariam nossa simplicidade, mas se juntariam a nó s no louvor
da sá bia bene icê ncia de Deus. Pois, como a morte veio sobre a raça
humana pela desobediê ncia do homem, era apropriado que pela
obediê ncia do homem a vida fosse restaurada. E, como o pecado, a
causa de nossa condenaçã o, teve sua origem de uma mulher, assim deve
o autor de nossa justiça e salvaçã o nascer de uma mulher. E també m era
apropriado que o diabo, que sendo o tentador do homem, o havia
vencido comendo da á rvore, fosse vencido pelo homem no sofrimento
da á rvore que o homem carregava. Muitas outras coisas també m, se as
examinarmos cuidadosamente, dã o uma certa beleza indescritı́vel à
nossa redençã o assim obtida.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO IV
C ,
.

B
oso.

Essas coisas devem ser admitidas como belas, e como tantos


quadros; mas, se nã o tê m fundamento só lido, nã o parecem
su icientes para os in ié is, como razõ es pelas quais devemos acreditar
que Deus desejava sofrer as coisas de que falamos. Pois quando algué m
deseja fazer um quadro, ele seleciona algo substancial para pintá -lo,
para que seu quadro permaneça. Pois ningué m pinta na á gua ou no ar,
porque neles nã o icam vestı́gios do quadro. Portanto, quando
mostramos aos in ié is essas proporçõ es harmoniosas de que você fala
como muitas imagens da coisa real, uma vez que eles nã o pensam que
essa nossa crença é uma realidade, mas apenas uma icçã o, eles nos
consideram, por assim dizer, estar pintando sobre uma nuvem.
Portanto, a existê ncia racional da verdade deve ser mostrada primeiro,
quero dizer, a necessidade, que prova que Deus deveria ou poderia ter
condescendido com as coisas que a irmamos. Depois, para que o corpo
da verdade, por assim dizer, brilhe mais claramente, essas proporçõ es
harmoniosas, como imagens do corpo, devem ser descritas.

Anselmo. A razã o pela qual Deus deve fazer as coisas de que


falamos nã o parece absoluta o su iciente quando consideramos que a
raça humana, aquela obra tã o preciosa dele, foi totalmente arruinada, e
que nã o era decente que o propó sito que Deus havia feito sobre o
homem deve cair por terra; e, alé m disso, que esse propó sito nã o
poderia ser realizado a menos que a raça humana fosse libertada pelo
pró prio Criador?
Cur Deus Homo
CAPÍTULO V
C
D .

B
oso.

Se se dissesse que essa libertaçã o foi efetuada de alguma forma


por qualquer outro ser que nã o Deus (seja um anjo ou um ser
humano), a mente do homem a receberia com muito mais paciê ncia.
Pois Deus poderia ter feito algum homem sem pecado, nã o de uma
substâ ncia pecaminosa, e nã o descendente de qualquer homem, mas
exatamente como ele fez Adã o, e por este homem deveria parecer que a
obra de que falamos poderia ter sido feita.

Anselmo. Você nã o percebe que, se qualquer outro ser resgatasse o


homem da morte eterna, o homem seria corretamente julgado como o
servo desse ser? Agora, se assim fosse, ele de modo algum seria
restaurado à dignidade que teria sido dele se ele nunca tivesse pecado.
Pois ele, que deveria ser por toda a eternidade apenas servo de Deus e
igual aos santos anjos, agora seria servo de um ser que nã o era Deus e a
quem os anjos nã o serviam.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO VI
C D
,
, .

B
oso.

Isso eles se perguntam muito, porque chamamos essa redençã o


de libertaçã o. Pois, dizem eles, em que custó dia ou prisã o, ou
sob cujo poder você foi mantido, que Deus nã o poderia libertá -lo, sem
comprar sua redençã o por tantos sofrimentos e, inalmente, por seu
pró prio sangue? E quando lhes dissermos que ele nos libertou dos
nossos pecados, e da sua ira, e do inferno, e do poder do diabo, a quem
ele veio vencer por nó s, porque nã o podı́amos fazê -lo, e que ele
comprou para nó s o reino dos cé us; e que, fazendo todas essas coisas,
ele manifestou a grandeza de seu amor por nó s; eles respondem: Se
você diz que Deus, que, como você acredita, criou o universo por uma
palavra, nã o poderia fazer todas essas coisas por um simples comando,
você se contradiz, pois você o torna impotente. Ou, se você admite que
ele poderia ter feito essas coisas de alguma outra maneira, mas nã o
quis, como você pode reivindicar sua sabedoria, quando você a irma
que ele desejou, sem qualquer razã o, sofrer coisas tã o impró prias? Pois
estas coisas que você apresenta sã o todas reguladas por sua vontade;
pois a ira de Deus nada mais é que seu desejo de punir. Se, entã o, ele
nã o deseja punir os pecados dos homens, o homem está livre de seus
pecados, da ira de Deus, do inferno e do poder do diabo, todas as coisas
que sã o os sofrimentos do pecado; e, o que ele havia perdido por causa
desses pecados, ele agora recupera. Pois, em cujo poder está o inferno,
ou o diabo? Ou, de quem é o reino dos cé us, se nã o foi ele quem criou
todas as coisas? Quaisquer coisas, portanto, que você teme ou espera,
todas estã o sujeitas à vontade dele, a quem nada pode se opor. Se,
entã o, Deus nã o estava disposto a salvar a raça humana de qualquer
outra maneira que você mencionou, quando ele poderia ter feito isso
por sua simples vontade, observe, para dizer o mı́nimo, como você
menospreza sua sabedoria. Pois, se um homem sem motivo izesse, com
muito trabalho, algo que poderia ter feito com facilidade, ningué m o
consideraria um homem sá bio. Quanto à sua a irmaçã o de que Deus
mostrou dessa maneira o quanto ele te amou, nã o há argumento para
apoiar isso, a menos que seja provado que ele nã o poderia ter salvo o
homem. Pois, se ele nã o poderia ter feito isso de outra forma, entã o era,
de fato, necessá rio que ele manifestasse seu amor dessa maneira. Mas
agora, quando ele poderia ter salvado o homem de outra maneira, por
que é que, para demonstrar seu amor, ele faz e sofre as coisas que você
enumera? Pois ele nã o mostra aos bons anjos o quanto os ama, embora
nã o sofra tais coisas por eles? Quanto ao que você diz sobre sua vinda
para vencer o diabo para você , com que signi icado você se atreve a
alegar isso? A onipotê ncia de Deus nã o está entronizada em todos os
lugares? Como é , entã o, que Deus precisa descer do cé u para vencer o
diabo? Essas sã o as objeçõ es com as quais os in ié is pensam que podem
resistir a nó s.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO VII
C
; , - ,
D .

M
Alé m disso, nã o vejo a força desse argumento, que
costumamos usar, de que Deus, para salvar os homens, foi
obrigado, por assim dizer, a tentar uma disputa com o diabo
na justiça, antes que ele o izesse. em força, para que, quando o diabo
matasse aquele ser em quem nã o havia nada digno de morte, e que era
Deus, ele perdesse justamente seu poder sobre os pecadores; e que, se
assim nã o fosse, Deus teria usado força indevida contra o demô nio, pois
o demô nio tinha o direito de propriedade do homem, pois o demô nio
nã o apoderou-se do homem com violê ncia, mas o homem se rendeu
livremente a ele. E verdade que isso poderia muito bem ser dito, se o
diabo ou o homem pertencesse a qualquer outro ser que nã o Deus, ou
estivesse no poder de qualquer outro, exceto Deus. Mas visto que nem o
diabo nem o homem pertencem a ningué m alé m de Deus, e nenhum
deles pode existir sem o exercı́cio do poder divino, que causa Deus deve
tentar com sua pró pria criatura ( de suo, in suo ), ou o que ele deve fazer
senã o punir seus servo, que havia seduzido seu conservo para
abandonar seu Senhor comum e vir para si mesmo; que, traidor, havia
tomado para si um fugitivo; ladrã o, havia tomado para si um
companheiro ladrã o, com o que havia roubado de seu Senhor. Pois
quando um foi roubado de seu Senhor pelas persuasõ es do outro,
ambos eram ladrõ es. Pois o que poderia ser mais justo do que Deus
fazer isso? Ou, se Deus, o juiz de todos, arrebatar o homem, assim
detido, do poder daquele que o manté m tã o injustamente, seja para
puni-lo de outra maneira que nã o por meio do diabo, ou para poupá -lo ,
que injustiça haveria nisso? Pois, embora o homem merecesse ser
atormentado pelo diabo, ainda assim o diabo o atormentava
injustamente. Pois o homem merecia o castigo, e nã o havia meio mais
adequado para ele ser castigado do que por aquele ser a quem ele
consentiu em pecar. Mas a imposiçã o de puniçã o nã o era nada meritó ria
no diabo; por outro lado, ele foi ainda mais injusto nisso, porque nã o foi
levado a isso por amor à justiça, mas instigado por um impulso
malicioso. Pois ele nã o fez isso por ordem de Deus, mas a sabedoria
inconcebı́vel de Deus, que felizmente controla até a maldade, permitiu.
E, na minha opiniã o, aqueles que pensam que o diabo tem algum direito
em prender o homem, sã o levados a essa crença ao ver que o homem
está justamente exposto ao tormento do diabo, e que Deus em justiça
permite isso; e, portanto, eles supõ em que o diabo o in lige com razã o.
Pois a mesma coisa, de pontos de vista opostos, à s vezes é justa e
injusta e, portanto, por aqueles que nã o examinam cuidadosamente o
assunto, é considerada totalmente justa ou totalmente injusta.
Suponhamos, por exemplo, que algué m golpeie uma pessoa inocente
injustamente e, portanto, mereça ser espancado; se, no entanto, aquele
que foi espancado, embora nã o devesse se vingar, ainda assim ferir a
pessoa que o espancou, entã o o faz injustamente. E, portanto, essa
violê ncia por parte do homem que retribui o golpe é injusta, porque ele
nã o deve se vingar; mas no que diz respeito a quem recebeu o golpe, é
justo, pois como ele deu um golpe injustamente, ele merece receber um
em troca. Portanto, de pontos de vista opostos, a mesma açã o é justa e
injusta, pois pode acontecer que uma pessoa a considere apenas justa e
outra apenas injusta. Assim també m se diz que o diabo atormenta os
homens com justiça, porque Deus em justiça permite isso, e o homem
em justiça o sofre. Mas quando se diz que o homem sofre com justiça,
nã o signi ica que seu sofrimento justo seja in ligido pela pró pria mã o
da justiça, mas que ele é punido pelo justo julgamento de Deus. Mas se
esse decreto escrito for levantado, que o apó stolo diz que foi feito
contra nó s e cancelado pela morte de Cristo; e se algué m pensa que foi
pretendido por este decreto que o diabo, como se estivesse sob a escrita
de uma espé cie de pacto, exigisse com justiça o pecado e o castigo do
pecado, do homem, antes de Cristo sofrer, como uma dı́vida pelo
primeiro pecado ao qual ele tentou o homem, de modo que assim ele
parece provar seu direito sobre o homem, de modo algum penso que
isso deva ser entendido. Pois essa escrita nã o é do diabo, porque é
chamada de escrita de um decreto do diabo, mas de Deus. Pois pelo
justo julgamento de Deus foi decretado e, por assim dizer, con irmado
por escrito, que, uma vez que o homem pecou, ele nã o deveria
doravante ter o poder de evitar o pecado ou o castigo do pecado; pois o
espı́rito vai e nã o volta ( est enim spiritus vadens et non rediens ); e
aquele que pecar nã o deve escapar impunemente, a menos que a
piedade poupe o pecador, o livre e o restaure. Portanto, nã o devemos
acreditar que, por causa deste escrito, possa ser encontrada alguma
justiça da parte do diabo em seu atormentador. En im, como nunca há
injustiça em um anjo bom, entã o em um anjo mau nã o pode haver
justiça alguma. Nã o havia razã o, portanto, no que diz respeito ao diabo,
para que Deus nã o izesse uso de seu pró prio poder contra ele para a
libertaçã o do homem.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO VIII
C , C
,

;
.

nselm.
UMA A vontade de Deus deve ser uma razã o su iciente para nó s,
quando ele faz alguma coisa, embora nã o possamos ver por que
ele faz isso. Pois a vontade de Deus nunca é irracional.

Boso. Isso é muito verdadeiro, se for concedido que Deus deseja a


coisa em questã o; mas muitos nunca permitirã o que Deus deseje
alguma coisa que seja inconsistente com a razã o.

Anselmo. O que você acha inconsistente com a razã o, em nossa


con issã o de que Deus desejou aquelas coisas que compõ em nossa
crença em relaçã o à sua encarnaçã o?

Boso. Isto em resumo: que o Altı́ssimo se rebaixasse a coisas tã o


humildes, que o Todo-Poderoso izesse algo com tanto trabalho.

Anselmo. Aqueles que falam assim nã o entendem nossa crença.


Pois a irmamos que a natureza divina é , sem dú vida, impassı́vel, e que
Deus nã o pode ser derrubado de sua exaltaçã o, nem labuta em
qualquer coisa que ele deseja efetuar. Mas dizemos que o Senhor Jesus
Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, uma pessoa em duas
naturezas e duas naturezas em uma pessoa. Quando, portanto, falamos
de Deus como suportando qualquer humilhaçã o ou enfermidade, nã o
nos referimos à majestade dessa natureza, que nã o pode sofrer; mas à
debilidade da constituiçã o humana que ele assumiu. E assim nã o resta
nenhum motivo de objeçã o contra nossa fé . Pois dessa maneira nã o
pretendemos rebaixar a natureza divina, mas ensinamos que uma
pessoa é divina e humana. Na encarnaçã o de Deus nã o há rebaixamento
da Divindade; mas a natureza do homem acreditamos ser exaltada.

Boso. Seja assim; que nada seja referido à natureza divina, que é
falada de Cristo à maneira da fraqueza humana; mas como se tornará
algo justo ou razoá vel que Deus trate ou permita ser tratado de tal
maneira, aquele homem a quem o Pai chamou seu Filho amado em
quem ele se compraz, e a quem o Filho se fez? Pois que justiça há em
sua morte sofrida pelo pecador, que era o mais justo de todos os
homens? Que homem, se condenasse o inocente para libertar o culpado,
nã o seria julgado digno de condenaçã o? E assim o assunto parece
retornar à mesma incongruê ncia mencionada acima. Pois se ele nã o
pode salvar os pecadores de outra maneira senã o condenando os
justos, onde está sua onipotê ncia? Se, no entanto, ele pô de, mas nã o
quis, como podemos sustentar sua sabedoria e justiça?

Anselmo. Deus Pai nã o tratou aquele homem como você parece
supor, nem matou o inocente pelo culpado. Pois o Pai nã o o obrigou a
sofrer a morte, nem mesmo permitiu que ele fosse morto, contra sua
vontade, mas por sua pró pria vontade ele suportou a morte para a
salvaçã o dos homens.
Boso. Embora nã o fosse contra a sua vontade, uma vez que ele
concordou com a vontade do Pai; no entanto, o Pai parece tê -lo
amarrado, por assim dizer, por sua injunçã o. Pois é dito que Cristo “se
humilhou, sendo feito obediente ao Pai até a morte, e morte de cruz.
Por isso també m Deus o exaltou sobremaneira; e que “ele aprendeu a
obediê ncia pelas coisas que sofreu”; e que Deus nã o poupou seu
pró prio Filho, mas o entregou por todos nó s”. E do mesmo modo o Filho
diz: “Nã o vim para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que
me enviou.” E quando está prestes a sofrer, ele diz; “Como o Pai me deu
mandamento, assim faço.” Novamente: “Nã o beberei eu o cá lice que o
Pai me deu? ” E, em outro momento: “Pai, se for possı́vel, passa de mim
este cá lice; todavia, nã o como eu quero, mas como tu queres.” E ainda:
“Pai, se este cá lice nã o pode passar de mim sem que eu o beba, seja feita
a tua vontade”. Em todas essas passagens, parece que Cristo suportou a
morte pela coaçã o da obediê ncia, do que pela inclinaçã o de seu pró prio
livre arbı́trio.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO IX
C ,
: “ ; ”
: “ D ;” : “N
; ” : “
F ”; : “ ,
”.

nselm.
UMA Parece-me que você nã o entende corretamente a diferença
entre o que ele fez por exigê ncia de obediê ncia e o que ele
sofreu, nã o exigido por obediê ncia, mas in ligido a ele, porque ele
manteve sua obediê ncia perfeita.

Boso. Preciso que você explique mais claramente.

Anselmo. Por que os judeus o perseguiram até a morte?

Boso. Para nada mais, senã o que, na palavra e na vida, ele


invariavelmente manteve a verdade e a justiça.

Anselmo. Acredito que Deus exige isso de todo ser racional, e todo
ser deve isso em obediê ncia a Deus.

Boso. Devemos reconhecer isso.

Anselmo. Esse homem, portanto, devia essa obediê ncia a Deus Pai,
a humanidade à Deidade; e o Pai o reivindicou dele.
Boso. Nã o há dú vida disso.

Anselmo. Agora você vê o que ele fez, sob a exigê ncia de
obediê ncia.

Boso. Muito verdade, e vejo també m que in liçã o ele suportou,


porque permaneceu irme em obediê ncia. Pois a morte foi in ligida a ele
por sua perseverança na obediê ncia e ele a suportou; mas nã o entendo
como é que a obediê ncia nã o exigia isso.

Anselmo. O homem deveria sofrer a morte, se ele nunca pecou, ou


Deus deveria exigir isso dele?

Boso. E por isso que acreditamos que o homem nã o estaria sujeito
à morte e que Deus nã o teria exigido isso dele; mas eu gostaria de ouvir
a razã o da coisa de você .

Anselmo. Você reconhece que a criatura inteligente foi santi icada,


e para este propó sito, a saber, ser feliz no desfrute de Deus.

Boso. Sim.

Anselmo. Você certamente nã o achará apropriado que Deus faça


sua criatura miserá vel sem culpa, quando ele o criou santo para que ele
pudesse desfrutar de um estado de bem-aventurança. Pois seria uma
coisa miserá vel para o homem morrer contra sua vontade.

Boso. E claro que, se o homem nã o tivesse pecado, Deus nã o


deveria obrigá -lo a morrer.
Anselmo. Deus, portanto, nã o obrigou Cristo a morrer; mas ele
sofreu a morte por sua pró pria vontade, nã o entregando sua vida como
um ato de obediê ncia, mas por causa de sua obediê ncia em manter a
santidade; pois ele resistiu tã o irmemente a essa obediê ncia que
encontrou a morte por causa disso. Pode-se, de fato, dizer que o Pai
ordenou que ele morresse, quando ele ordenou isso a ele por causa do
qual ele encontrou a morte. Foi nesse sentido, entã o, que “como o Pai
lhe deu o mandamento, assim ele fez, e o cá lice que lhe deu, ele bebeu; e
ele foi feito obediente ao Pai até a morte”; e assim “ele aprendeu a
obediê ncia pelas coisas que sofreu”, isto é , até que ponto a obediê ncia
deve ser mantida. Agora, a palavra “didicit”, que é usada, pode ser
entendida de duas maneiras. Pois qualquer “didicit” é escrito para isso:
ele fez com que outros aprendessem; ou é usado, porque ele aprendeu
por experiê ncia o que ele entendia antes. Mais uma vez, quando o
apó stolo disse: “humilhou-se a si mesmo, sendo feito obediente até a
morte, e que a morte de cruz”, acrescentou: “pelo que també m Deus o
exaltou e lhe deu um nome que está acima de todo nome .” E isso é
semelhante ao que Davi disse: “bebeu do riacho no caminho, por isso
levantou a cabeça”. Pois nã o signi ica que ele nã o poderia ter alcançado
sua exaltaçã o de outra maneira senã o pela obediê ncia até a morte; nem
signi ica que sua exaltaçã o foi conferida a ele, apenas como recompensa
de sua obediê ncia (pois ele mesmo disse antes de sofrer, que todas as
coisas lhe haviam sido con iadas pelo Pai, e que todas as coisas
pertencentes ao Pai eram suas. ); mas a expressã o é usada porque ele
concordou com o Pai e o Espı́rito Santo, que nã o havia outra maneira de
revelar ao mundo a altura de sua onipotê ncia, senã o por sua morte.
Pois se uma coisa nã o acontece, exceto sob a condiçã o de outra coisa,
nã o se diz impropriamente que ocorre por causa dessa coisa. Pois se
pretendemos fazer uma coisa, mas pretendemos fazer outra coisa
primeiro por meio da qual isso pode ser feito; quando a primeira coisa
que desejamos fazer é feita, se o resultado é o que pretendı́amos, diz-se
corretamente que é por causa do outro; uma vez que agora é feito o que
causou o atraso; pois havia sido determinado que a primeira coisa nã o
deveria ser feita sem a outra. Se, por exemplo, proponho cruzar um rio
apenas em um barco, embora possa atravessá -lo em um barco ou a
cavalo, e suponho que demorei a atravessar porque o barco se foi; mas
se depois eu cruzar, quando o barco tiver voltado, pode-se dizer
apropriadamente de mim: o barco estava pronto e, portanto, ele
atravessou. E nã o só usamos esta forma de expressã o, quando é por
meio de uma coisa que desejamos que ocorra primeiro, mas també m
quando pretendemos fazer outra coisa, nã o por meio dessa coisa, mas
somente depois dela. Pois se algué m demora a comer porque nã o
assistiu hoje à celebraçã o da missa; quando foi feito o que ele desejava
fazer primeiro, nã o é impró prio dizer a ele: agora coma, pois você agora
fez o que atrasou em comer. Muito menos, portanto, é a linguagem
estranha, quando se diz que Cristo é exaltado por esse motivo, porque
suportou a morte; pois foi por meio disso, e depois disso, que ele
decidiu realizar sua exaltaçã o. Isso pode ser entendido també m da
mesma maneira que a passagem em que se diz que nosso Senhor
aumentou em sabedoria e em favor de Deus; nã o que esse fosse
realmente o caso, mas que ele se deportou como se fosse assim. Pois ele
foi exaltado apó s sua morte, como se fosse realmente por causa disso.
Alé m disso, aquele seu ditado: “Nã o vim para fazer a minha vontade,
mas a vontade daquele que me enviou”, é exatamente como aquele
outro ditado: “Minha doutrina nã o é minha”; pois o que algué m nã o tem
de si mesmo, mas de Deus, nã o deve chamar de seu, mas de Deus. Ora,
ningué m tem a verdade que ensina, ou uma santa vontade, de si
mesmo, mas de Deus. Cristo, portanto, nã o veio para fazer sua pró pria
vontade, mas a do Pai; pois sua santa vontade nã o foi derivada de sua
humanidade, mas de sua divindade. Para essa frase: “Deus nã o poupou
seu pró prio Filho, mas o entregou por todos nó s”, signi ica nada mais do
que ele nã o o resgatou. Pois se encontram na Bı́blia muitas coisas assim.
Novamente, quando diz: “Pai, se for possı́vel, passa de mim este cá lice;
todavia, nã o como eu quero, mas como tu queres”; e “Se este cá lice nã o
passar de mim, a menos que eu o beba, seja feita a tua vontade”; ele
signi ica por sua pró pria vontade o desejo natural de segurança, de
acordo com o qual a natureza humana se encolheu da angú stia da
morte. Mas ele fala da vontade do Pai, nã o porque o Pai preferiu a morte
do Filho à sua vida; mas porque o Pai nã o estava disposto a resgatar a
raça humana, a menos que o homem izesse algo tã o grande quanto foi
signi icado na morte de Cristo. Visto que a razã o nã o exigia de outro o
que ele nã o podia fazer, portanto, o Filho diz que deseja sua pró pria
morte. Pois ele preferiu sofrer, a que a raça humana fosse perdida;
como se dissesse ao Pai: “Já que nã o desejas que a reconciliaçã o do
mundo ocorra de outra maneira, a esse respeito, vejo que desejas
minha morte; seja feita a tua vontade, isto é , que a minha morte
aconteça, para que o mundo se reconcilie contigo. Pois muitas vezes
dizemos que algué m deseja uma coisa porque nã o escolhe outra coisa,
cuja escolha impediria a existê ncia daquilo que se diz que deseja; por
exemplo, quando dizemos que aquele que nã o escolhe fechar a janela
por onde entra a corrente de ar que apaga a luz, deseja que a luz se
apague. Assim, o Pai desejou a morte do Filho, porque nã o queria que o
mundo fosse salvo de outra maneira, exceto pelo homem fazer uma
coisa tã o grande como a que mencionei. E isso, visto que nenhum outro
poderia realizá -lo, valeu tanto para o Filho, que desejava tã o
ardentemente a salvaçã o do homem, como se o Pai tivesse ordenado
que ele morresse; e, portanto, “como o Pai lhe deu mandamento, assim
ele fez, e o cá lice que o Pai lhe deu ele bebeu, sendo obediente até a
morte”.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO X
D ;
.
També m é uma interpretaçã o justa que foi por essa mesma santa
EU vontade pela qual o Filho desejou morrer pela salvaçã o do mundo,
que o Pai lhe deu o mandamento (ainda que nã o por compulsã o), e
o cá lice do sofrimento, e o poupou nã o, mas o entregou por nó s e
desejou sua morte; e que o pró prio Filho foi obediente até a morte, e
aprendeu a obediê ncia pelas coisas que sofreu. Pois quanto à vontade
que o levou a uma vida santa, ele nã o a teve como ser humano de si
mesmo, mas do Pai; assim també m aquela vontade pela qual ele
desejou morrer para a realizaçã o de tã o grande bem, ele nã o poderia
ter tido senã o do Pai das luzes, de quem é todo dom bom e perfeito. E
como se diz que o Pai atrai ao transmitir uma inclinaçã o, entã o nã o há
nada impró prio em a irmar que ele move o homem. Pois, como o Filho
diz do Pai: “Ningué m vem a mim, a menos que o Pai o atraia”, ele
poderia muito bem ter dito, a menos que o mova. Da mesma maneira,
també m, ele poderia ter declarado: “Ningué m dá a sua vida por minha
causa, a menos que o Pai o mova ou o atraia.” Pois, como um homem é
atraı́do ou movido por sua vontade para o que invariavelmente escolhe,
nã o é impró prio dizer que Deus o atrai ou o move quando lhe dá essa
vontade. E neste atrair ou impelir nã o se deve entender que haja
qualquer constrangimento, mas um apego livre e grato à santa vontade
que foi dada. Se entã o nã o se pode negar que o Pai atraiu ou moveu o
Filho para a morte, dando-lhe essa vontade; quem nã o vê que, da
mesma maneira, ele lhe deu o mandamento de suportar a morte por
sua pró pria vontade e tomar o cá lice, que ele bebeu livremente. E se é
certo dizer que o Filho nã o poupou a si mesmo, mas se entregou por
nó s por sua pró pria vontade, quem negará que é certo dizer que o Pai,
de quem ele teve essa vontade, nã o o poupou, mas deu ele por nó s, e
desejou a sua morte? Desta forma, també m, seguindo a vontade
recebida do Pai invariavelmente, e por sua pró pria vontade, o Filho
tornou-se obediente a Ele até a morte; e aprendeu a obediê ncia pelas
coisas que sofreu; isto é , aprenda quã o grande era o trabalho a ser
realizado pela obediê ncia. Pois esta é a obediê ncia real e sincera
quando um ser racional, nã o por compulsã o, mas livremente, segue a
vontade recebida de Deus. De outras maneiras, també m, podemos
explicar adequadamente o desejo do Pai de que o Filho morra, embora
isso pareça su iciente. Pois como dizemos que ele deseja uma coisa que
faz com que outro a deseje; assim, també m, dizemos que ele deseja uma
coisa que aprova o desejo de outro, embora ele nã o cause esse desejo.
Assim, quando vemos um homem que deseja suportar a dor com
coragem para a realizaçã o de algum bom desı́gnio; embora
reconheçamos que desejamos que ele suporte essa dor, ainda assim nã o
escolhemos nem temos prazer em seu sofrimento, mas em sua escolha.
També m estamos acostumados a dizer que quem pode impedir uma
coisa, mas nã o o faz, deseja a coisa que nã o impede. Visto que, portanto,
a vontade do Filho agradou ao Pai, e ele nã o o impediu de escolher, ou
de cumprir sua escolha, é apropriado dizer que ele desejou que o Filho
suportasse a morte tã o piedosamente e por tã o grande objetivo,
embora nã o estivesse satisfeito com seu sofrimento. Alé m disso, ele
disse que o cá lice nã o deveria passar dele, a menos que ele o bebesse,
nã o porque ele nã o poderia ter escapado da morte se tivesse escolhido;
mas porque, como foi dito, o mundo nã o poderia ser salvo de outra
forma; e foi sua escolha ixa sofrer a morte, em vez de que o mundo nã o
fosse salvo. Foi por essa razã o, també m, que ele usou essas palavras, a
saber, para ensinar à raça humana que nã o havia outra salvaçã o para
eles senã o por sua morte; e nã o para mostrar que ele nã o tinha poder
algum para evitar a morte. Pois todas as coisas que se dizem dele,
semelhantes à s que foram mencionadas, devem ser explicadas de
acordo com a crença de que ele morreu, nã o por compulsã o, mas por
livre arbı́trio. Pois ele era onipotente, e se diz dele, quando foi
oferecido, que o desejava. E ele mesmo diz: “Dou a minha vida para
tomá -la de novo; ningué m a tira de mim, mas de mim mesmo a dou; Eu
tenho poder para entregá -lo e tenho poder para tomá -lo novamente.”
Nã o se pode, portanto, dizer corretamente que um homem foi levado a
uma coisa que ele faz por seu pró prio poder e vontade.

Boso. Mas este simples fato, que Deus permite que ele seja tratado
assim, mesmo que ele estivesse disposto, nã o parece apropriado para
tal Pai em relaçã o a tal Filho.

Anselmo. Sim, é de todas as coisas mais apropriado que tal Pai deve
concordar com tal Filho em seu desejo, se for louvá vel no que se refere
à honra de Deus e ú til para a salvaçã o do homem, que de outra forma
nã o seria efetuada.

Boso. A questã o que ainda nos preocupa é como a morte do Filho


pode ser provada razoá vel e necessá ria. Caso contrá rio, nã o parece que
o Filho deva desejá -lo, ou o Pai o obrigar ou permitir. Pois a questã o é :
por que Deus nã o pô de salvar o homem de outra maneira e, se sim, por
que ele desejou fazê -lo dessa maneira? Pois parece impró prio que Deus
tenha salvado o homem dessa maneira; e nã o está claro como a morte
do Filho vale para a salvaçã o do homem. Pois é uma coisa estranha se
Deus se deleita tanto ou exige o sangue do inocente, que ele nã o escolhe
nem é capaz de poupar o culpado sem o sacrifı́cio do inocente.

Anselmo. Uma vez que, nesta investigaçã o, você toma o lugar


daqueles que nã o estã o dispostos a acreditar em qualquer coisa que
nã o tenha sido previamente provada pela razã o, eu desejo que ique
entendido entre nó s que nã o admitimos nada no mı́nimo impró prio
para ser atribuı́do à Divindade, e que nã o rejeitamos a menor razã o se a
ela nã o se opõ e uma maior. Pois como é impossı́vel atribuir qualquer
coisa no mı́nimo impró pria a Deus; assim, qualquer razã o, por menor
que seja, se nã o for contrabalançada por uma maior, tem a força da
necessidade.

Boso. Neste assunto, nã o aceito nada mais de boa vontade do que
que este acordo seja preservado entre nó s em comum.

Anselmo. A questã o diz respeito apenas à encarnaçã o de Deus e à s


coisas em que acreditamos em relaçã o à sua tomada da natureza
humana.

Boso. E assim.

Anselmo. Vamos supor, entã o, que a encarnaçã o de Deus e as coisas


que a irmamos dele como homem nunca ocorreram; e seja acordado
entre nó s que o homem foi feito para a felicidade, que nã o pode ser
alcançada nesta vida, e que nenhum ser pode chegar à felicidade, exceto
pela liberdade do pecado, e que nenhum homem passa esta vida sem
pecado. Tomemos como certo, també m, as outras coisas, cuja crença é
necessá ria para a salvaçã o eterna.

Boso. Eu o concedo; pois neles nã o há nada que pareça impró prio
ou impossı́vel para Deus.

Anselmo. Portanto, para que o homem alcance a felicidade, é


necessá ria a remissã o dos pecados.

Boso. Todos nó s sustentamos isso.


Cur Deus Homo
CAPÍTULO XI
O .

nselm.
UMA Devemos indagar, portanto, de que maneira Deus elimina os
pecados dos homens; e, para fazer isso mais claramente, vamos
primeiro considerar o que é pecar e o que é satisfazer o pecado.

Boso. E seu para explicar e meu para ouvir.

Anselmo. Se o homem ou anjo sempre rendesse a Deus o que lhe é


devido, ele nunca pecaria.

Boso. Eu nã o posso negar isso.

Anselmo. Portanto, pecar nada mais é do que nã o dar a Deus o que
lhe é devido.

Boso. Qual é a dı́vida que temos para com Deus?

Anselmo. Todo desejo de uma criatura racional deve estar sujeito à


vontade de Deus.

Boso. Nada é mais verdadeiro.

Anselmo. Esta é a dı́vida que o homem e o anjo devem a Deus, e


ningué m que paga esta dı́vida comete pecado; mas todo aquele que nã o
paga, peca. Isso é justiça, ou retidã o de vontade, que torna um ser justo
ou reto de coraçã o, isto é , de vontade; e esta é a ú nica e completa dı́vida
de honra que devemos a Deus e que Deus requer de nó s. Pois é tal
vontade somente, quando pode ser exercida, que faz obras agradá veis a
Deus; e quando esta vontade nã o pode ser exercida, ela agrada apenas
por si mesma, pois sem ela nenhum trabalho é aceitá vel. Aquele que
nã o presta essa honra que é devida a Deus, rouba a Deus o que é seu e o
desonra; e isso é pecado. Alé m disso, enquanto ele nã o restituir o que
tirou, ele permanece em falta; e nã o será su iciente apenas restaurar o
que foi tirado, mas, considerando o desprezo oferecido, ele deve
restaurar mais do que tirou. Pois como aquele que põ e em perigo a
segurança de outro nã o basta apenas restaurar sua segurança, sem
fazer alguma compensaçã o pela angú stia incorrida; assim, aquele que
viola a honra de outro nã o faz o su iciente apenas prestando honra
novamente, mas deve, de acordo com a extensã o do dano causado, fazer
a restauraçã o de alguma forma satisfató ria para a pessoa a quem
desonrou. Devemos també m observar que, quando algué m paga o que
lhe foi tirado injustamente, deve dar algo que nã o lhe poderia ser
exigido se nã o tivesse roubado o que pertencia a outro. Portanto, todo
aquele que pecar deve devolver a honra de que roubou a Deus; e esta é
a satisfaçã o que todo pecador deve a Deus.

Boso. Como decidimos seguir a razã o em todas essas coisas, nã o


posso fazer nenhuma objeçã o contra elas, embora você me assuste um
pouco.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XII
S D
, .

nselm.
UMA Voltemos e consideremos se era apropriado que Deus
repudiasse os pecados apenas por compaixã o, sem nenhum
pagamento da honra que lhe foi tirada.

Boso. Nã o vejo porque nã o é adequado.

Anselmo. Remir o pecado dessa maneira nada mais é do que nã o


punir; e visto que nã o é certo cancelar o pecado sem compensaçã o ou
puniçã o; se nã o for punido, entã o é passado sem alta.

Boso. O que você diz é razoá vel.

Anselmo. Nã o é apropriado que Deus passe por cima de qualquer


coisa em seu reino sem descarregar.

Boso. Se eu quiser me opor a isso, temo pecar.

Anselmo. Portanto, nã o é apropriado que Deus passe impune o


pecado.

Boso. Assim segue.

Anselmo. Há també m outra coisa que se segue se o pecado for


deixado impune, a saber, que com Deus nã o haverá diferença entre o
culpado e o inocente; e isso é impró prio para Deus.

Boso. Eu nã o posso negar.

Anselmo. Observe isso també m. Todos sabem que a justiça ao


homem é regulada pela lei, de modo que, segundo as exigê ncias da lei, a
medida do prê mio é concedida por Deus.

Boso. Esta é a nossa crença.

Anselmo. Mas se o pecado nã o é pago nem punido, nã o está sujeito
a nenhuma lei.

Boso. Nã o posso conceber que seja de outra forma.

Anselmo. A injustiça, portanto, se for anulada apenas pela


compaixã o, é mais livre do que a justiça, que parece muito
inconsistente. E a estes també m se acrescenta uma outra
incongruê ncia, a saber, que faz injustiça como Deus. Pois, assim como
Deus nã o está sujeito a nenhuma lei, a injustiça també m nã o está .

Boso. Nã o posso resistir ao seu raciocı́nio. Mas quando Deus nos
ordena, em todos os casos, perdoar aqueles que nos ofenderam, parece
inconsistente ordenar algo sobre nó s que nã o é apropriado que ele
mesmo faça.

Anselmo. Nã o há inconsistê ncia em Deus nos ordenar a nã o tomar
sobre nó s o que pertence somente a Ele. Pois executar vingança nã o
pertence a ningué m, mas a Ele que é o Senhor de tudo; pois quando os
poderes do mundo cumprem corretamente esse im, o pró prio Deus o
faz, quem os designou para o propó sito.
Boso. Você evitou a di iculdade que eu pensava existir; mas há
outro para o qual eu gostaria de ter sua resposta. Pois como Deus é tã o
livre que nã o está sujeito a nenhuma lei e ao julgamento de ningué m, e
é tã o misericordioso que nada mais misericordioso pode ser concebido;
e nada é certo ou adequado, exceto como ele quer; parece-nos estranho
dizer que ele nã o quer ou nã o pode repudiar um dano causado a si
mesmo, quando costumamos pedir-lhe indulgê ncia em relaçã o à s
ofensas que cometemos contra os outros.

Anselmo. O que você diz sobre a liberdade, escolha e compaixã o de


Deus é verdade; mas devemos interpretar essas coisas de modo que
nã o pareçam interferir em Sua dignidade. Pois nã o há liberdade exceto
no que diz respeito ao que é melhor ou adequado; nem deve ser
chamado de misericó rdia o que faz algo impró prio para o cará ter
divino. Alé m disso, quando se diz que o que Deus deseja é justo e que o
que Ele nã o deseja é injusto, nã o devemos entender que, se Deus
desejasse algo impró prio, seria justo, simplesmente porque ele o
desejou. Pois se Deus deseja mentir, nã o devemos concluir que é certo
mentir, mas sim que ele nã o é Deus. Pois nenhuma vontade pode querer
mentir, a menos que a verdade nela seja prejudicada, ou melhor, a
menos que a pró pria vontade seja prejudicada por abandonar a
verdade. Quando, entã o, é dito: “Se Deus deseja mentir”, o signi icado é
simplesmente este: “Se a natureza de Deus é tal que ele deseja mentir;”
e, portanto, nã o se segue que a falsidade seja correta, a menos que seja
entendida da mesma maneira que quando falamos de duas coisas
impossı́veis: “Se isso é verdade, entã o isso se segue; porque nem isso
nem aquilo é verdade;” como se um homem dissesse: “Supondo que a
á gua esteja seca e o fogo ú mido;” pois nem é o caso. Portanto, com
relaçã o a essas coisas, para falar toda a verdade: Se Deus deseja uma
coisa, é certo que ele deseje aquilo que nã o envolve inaptidã o. Pois se
Deus escolhe que chova, é certo que chova; e se ele deseja que algum
homem morra, entã o é certo que ele morra. Portanto, se nã o convé m a
Deus fazer qualquer coisa injustamente, ou fora de curso, nã o pertence
à sua liberdade ou compaixã o ou vontade de deixar impune o pecador
que nã o devolve a Deus o que o pecador o defraudou.

Boso. Você remove de mim todas as objeçõ es possı́veis que eu


pensei em trazer contra você .

Anselmo. No entanto, observe por que nã o é apropriado que Deus


faça isso.

Boso. Eu ouço prontamente tudo o que você diz.


Cur Deus Homo
CAPÍTULO XIII
C ,
,
C .

nselm.
UMA Na ordem das coisas, nã o há nada menos a suportar do que que
a criatura tire a honra devida ao Criador e nã o restitua o que ela
tirou.

Boso. Nada é mais claro do que isso.

Anselmo. Mas nã o há maior injustiça sofrida do que aquela pela
qual um mal tã o grande deve ser suportado.

Boso. Isso també m é claro.

Anselmo. Penso, portanto, que você nã o dirá que Deus deve
suportar uma coisa que nã o seja sofrida maior injustiça, a saber, que a
criatura nã o deve devolver a Deus o que ele tirou.

Boso. Nã o; Acho que deve ser totalmente negado.

Anselmo. Novamente, se nã o há nada maior ou melhor do que


Deus, nã o há nada mais justo do que a justiça suprema, que manté m a
honra de Deus no arranjo das coisas, e que nada mais é do que o
pró prio Deus.
Boso. Nã o há nada mais claro do que isso.

Anselmo. Portanto, Deus nã o manté m nada com mais justiça do


que a honra de sua pró pria dignidade.

Boso. Eu tenho que concordar contigo.

Anselmo. Parece-te que ele a preserva totalmente, se se permite ser


defraudado de tal forma que nã o deve receber satisfaçã o nem punir
aquele que o defrauda.

Boso. Nã o ouso dizer isso.

Anselmo. Portanto, a honra tirada deve ser retribuı́da, ou a


puniçã o deve seguir; caso contrá rio, ou Deus nã o será justo consigo
mesmo, ou será fraco em relaçã o a ambas as partes; e isso é ı́mpio até
mesmo de pensar.

Boso. Acho que nada mais razoá vel pode ser dito.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XIV
C D .

B
oso.

Mas desejo saber de você se o castigo do pecador é uma honra a


Deus, ou como é uma honra. Pois se o castigo do pecador nã o é
para a honra de Deus quando o pecador nã o paga o que tirou, mas é
punido, Deus perde sua honra para que nã o possa recuperá -la. E isso
parece estar em contradiçã o com as coisas que foram ditas.

Anselmo. E impossı́vel que Deus perca sua honra; pois ou o


pecador paga sua dı́vida por conta pró pria ou, se recusar, Deus a tira
dele. Pois ou o homem se submete a Deus por sua pró pria vontade,
evitando o pecado ou pagando, ou entã o Deus o sujeita a si mesmo por
meio de tormentos, mesmo contra a vontade do homem, e assim mostra
que ele é o Senhor do homem, embora o homem se recuse a reconhecê -
lo por sua pró pria vontade. E aqui devemos observar que, como o
homem ao pecar tira o que pertence a Deus, Deus ao punir recebe em
troca o que pertence ao homem. Pois nã o só pertence ao homem o que
ele possui atualmente, mas també m o que está em seu poder ter.
Portanto, visto que o homem foi feito para poder alcançar a felicidade
evitando o pecado; se, por causa de seu pecado, ele for privado de
felicidade e de todo bem, ele restituirá de sua pró pria herança o que
roubou, embora o pague contra sua vontade. Pois, embora Deus nã o
aplique o que ele tira a nenhum objeto pró prio, como o homem
transfere o dinheiro que tirou de outro para seu pró prio uso; no
entanto, o que ele tira serve ao propó sito de sua pró pria honra, por isso
mesmo, que é tirado. Pois por esse ato ele mostra que o pecador e tudo
o que pertence a ele estã o sob sua sujeiçã o.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XV
S D ,
.

B
oso.

O que você diz me satisfaz. Mas há ainda outro ponto que eu
gostaria que você respondesse. Pois se, como você vê , Deus
deve sustentar sua pró pria honra, por que ele permite que ela seja
violada mesmo no menor grau? Pois o que de alguma forma é suscetı́vel
de dano nã o é total e perfeitamente preservado.

Anselmo. Nada pode ser acrescentado ou retirado da honra de


Deus. Pois esta honra que lhe pertence nã o está sujeita a dano ou
mudança. Mas, como a criatura individual preserva, naturalmente ou
pela razã o, a condiçã o de pertencer e, por assim dizer, atribuı́da a ele,
diz-se que obedece e honra a Deus; e a isso está especialmente ligada a
natureza racional, que possui inteligê ncia. E quando o ser escolhe o que
deve, ele honra a Deus; nã o concedendo nada a ele, mas porque ele se
coloca livremente sob a vontade e disposiçã o de Deus, e manté m sua
pró pria condiçã o no universo e a beleza do pró prio universo, tanto
quanto nele reside. Mas quando nã o escolhe o que deve, desonra a
Deus, no que diz respeito ao pró prio ser, porque nã o se submete
livremente à disposiçã o de Deus. E ele perturba a ordem e a beleza do
universo, no que diz respeito a si mesmo, embora nã o possa ferir nem
manchar o poder e a majestade de Deus. Pois, se as coisas que sã o
mantidas juntas no circuito dos cé us desejam estar em outro lugar que
nã o sob os cé us, ou serem mais afastadas dos cé us, nã o há lugar onde
possam estar senã o sob os cé us, nem podem voar os cé us sem també m
se aproximar deles. Pois tanto para onde e para onde e de que maneira
eles vã o, eles ainda estã o sob os cé us; e se eles estã o a uma distâ ncia
maior de uma parte deles, eles estã o muito mais pró ximos da parte
oposta. E assim, embora o homem ou o anjo mau se recuse a se
submeter à vontade e à designaçã o divinas, ele nã o pode escapar disso;
pois se ele deseja fugir de uma vontade que comanda, ele cai no poder
de uma vontade que pune. E se você perguntar para onde ele vai, é
apenas com a permissã o desse testamento; e mesmo essa escolha ou
açã o rebelde dele torna-se subserviente, sob in inita sabedoria, à
ordem e beleza do universo antes mencionado. Pois quando se entende
que Deus tira o bem de muitas formas de mal, entã o a satisfaçã o pelo
pecado dada gratuitamente, ou se isso nã o for dado, a imposiçã o da
puniçã o, ocupam seu pró prio lugar e beleza ordenada no mesmo
universo. Pois se a sabedoria divina nã o insistisse nas coisas, quando a
maldade tentasse perturbar a designaçã o correta, haveria, no pró prio
universo que Deus deveria controlar, uma indecê ncia que brota da
violaçã o da beleza do arranjo, e Deus apareceria ser de iciente em sua
gestã o. E essas duas coisas nã o sã o apenas inadequadas, mas
consequentemente impossı́veis; de modo que a satisfaçã o ou puniçã o
deve seguir cada pecado.

Boso. Você aliviou minha objeçã o.

Anselmo. E entã o claro que ningué m pode honrar ou desonrar a


Deus, como ele é em si mesmo; mas a criatura, no que lhe diz respeito,
parece fazer isso quando submete ou se opõ e à vontade de Deus.

Boso. Nã o conheço nada que possa ser dito contra isso.

Anselmo. Deixe-me acrescentar algo a ele.

Boso. Vá em frente, até eu me cansar de ouvir.


Cur Deus Homo
CAPÍTULO XVI
A
.

nselm.
UMA Era apropriado que Deus planejasse compensar o nú mero de
anjos que caı́ram, da natureza humana que ele criou sem
pecado.

Boso. Esta é uma parte de nossa crença, mas ainda assim eu


gostaria de ter alguma razã o para isso.

Anselmo. Você está me confundindo, pois pretendı́amos discutir


apenas a encarnaçã o da Divindade, e aqui você está trazendo outras
questõ es.

Boso. Nã o ique zangado comigo; “pois o Senhor ama quem dá com
alegria”; e ningué m mostra melhor quã o alegremente ele dá o que
promete, do que aquele que dá mais do que promete; portanto, diga-me
livremente o que peço.

Anselmo. Nã o há dú vida de que a natureza inteligente, que


encontra sua felicidade, agora e para sempre, na contemplaçã o de Deus,
foi prevista por ele em certo nú mero razoá vel e completo, de modo que
haveria uma inadequaçã o em ser menor ou maior. . Pois ou Deus nã o
sabia em que nú mero era melhor criar seres racionais, o que é falso; ou,
se ele sabia, entã o ele nomeou o nú mero que ele percebeu ser o mais
adequado. Portanto, ou os anjos que caı́ram foram feitos para estarem
dentro desse nú mero; ou, uma vez que eles estavam fora desse nú mero,
eles nã o poderiam continuar a existir, e assim caı́ram por necessidade.
Mas esta ú ltima é uma ideia absurda.

Boso. A verdade que você apresenta é clara.

Anselmo. Portanto, como eles devem ser desse nú mero, ou seu
nú mero deve necessariamente ser composto, ou entã o a natureza
racional, que foi prevista como perfeita em nú mero, permanecerá
incompleta. Mas isso nã o pode ser.

Boso. Sem dú vida, entã o, o nú mero deve ser restaurado.

Anselmo. Mas essa restauraçã o só pode ser feita a partir de seres
humanos, pois nã o há outra fonte.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XVII
C
.

B
oso.

Por que eles mesmos nã o puderam ser restaurados, ou outros


anjos os substituı́ram?

Anselmo. Quando vires a di iculdade da nossa restauraçã o,


compreenderá s a impossibilidade da deles. Mas outros anjos nã o
podem ser substituı́dos por eles por causa disso (para passar por cima
de sua aparente inconsistê ncia com a completude da primeira criaçã o),
porque eles deveriam ser como os anjos anteriores teriam sido, se eles
nunca tivessem pecado. Mas os primeiros anjos nesse caso teriam
perseverado sem jamais testemunhar o castigo do pecado; o que, em
relaçã o aos outros que foram substituı́dos por eles apó s sua queda, era
impossı́vel. Pois dois seres que permanecem irmes na verdade nã o sã o
igualmente dignos de louvor, se um nunca viu o castigo do pecado e o
outro testemunha para sempre sua recompensa eterna. Pois nã o se
deve supor nem por um momento que os anjos bons sã o sustentados
pela queda dos anjos maus, mas por sua pró pria virtude. Pois, como
eles teriam sido condenados juntos, se os bons tivessem pecado com os
maus, assim, se os ı́mpios tivessem permanecido irmes com os santos,
eles també m teriam sido mantidos. Pois, se, sem a queda de uma parte,
o resto nã o pudesse ser sustentado, seguir-se-ia que ningué m jamais
poderia ser sustentado, ou entã o seria necessá rio que algué m caı́sse,
para que por sua puniçã o sustentasse o descanso; mas qualquer uma
dessas suposiçõ es é absurda. Portanto, se todos estivessem de pé , todos
teriam sido defendidos da mesma maneira que aqueles que se
levantaram; e assim expliquei, o melhor que pude, ao tratar da razã o
pela qual Deus nã o concedeu perseverança ao diabo.

Boso. Você provou que os anjos maus devem ser restaurados da


raça humana; e a partir desse raciocı́nio parece que o nú mero de
homens escolhidos nã o será menor que o de anjos caı́dos. Mas mostre,
se puder, se será maior.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XVIII
S .

nselm.
UMA Se os anjos, antes que qualquer um deles caı́sse, existiam
naquele nú mero perfeito de que falamos, entã o os homens
foram feitos apenas para suprir o lugar dos anjos perdidos; e é claro
que seu nú mero nã o será maior. Mas se esse nú mero nã o for
encontrado em todos os anjos juntos, entã o tanto a perda quanto a
de iciê ncia original devem ser compensadas pelos homens, e mais
homens serã o escolhidos do que anjos caı́dos. E assim diremos que os
homens foram feitos nã o apenas para restaurar o nú mero diminuı́do,
mas també m para completar o nú mero imperfeito.

Boso. Qual é a melhor teoria, que os anjos foram originalmente


aperfeiçoados em nú mero ou que nã o foram?

Anselmo. Vou expor minhas opiniõ es.

Boso. Nã o posso pedir mais de você .

Anselmo. Se o homem foi criado apó s a queda dos anjos maus,


como alguns entendem o relato em Gê nesis, nã o acho que possa provar
com isso nenhuma dessas suposiçõ es positivamente. Pois é possı́vel,
penso eu, que os anjos tenham sido criados perfeitos em nú mero, e que
depois o homem foi criado para completar seu nú mero quando
diminuı́do; e també m é possı́vel que eles nã o fossem perfeitos em
nú mero, porque Deus adiou completar o nú mero, como ele faz até
agora, determinando em seu pró prio tempo criar o homem. Portanto,
ou Deus apenas completaria o que ainda nã o era perfeito, ou, se
també m fosse diminuı́do, Ele o restauraria. Mas se toda a criaçã o
ocorreu de uma só vez, e aqueles dias em que Moisé s parece descrever
uma criaçã o sucessiva nã o devem ser entendidos como os nossos, nã o
consigo ver como os anjos poderiam ter sido criados em nú mero
perfeito. Pois, se fosse assim, parece-me que alguns, homens ou anjos,
cairiam imediatamente, senã o no impé rio do cé u haveria mais do que o
nú mero completo necessá rio. Se, portanto, todas as coisas foram
criadas ao mesmo tempo, deveria parecer que os anjos, e os dois
primeiros seres humanos, formaram um nú mero incompleto, de modo
que, se nenhum anjo caiu, somente a de iciê ncia deveria ser suprida,
mas se alguma caı́sse, a parte perdida deveria ser restituı́da; e que a
natureza humana, que permaneceu irme, embora mais fraca que a dos
anjos, poderia, por assim dizer, justi icar Deus e colocar o diabo em
silê ncio, se ele atribuı́sse sua queda à fraqueza. E se a natureza humana
caı́sse, muito mais justi icaria Deus contra o diabo, e mesmo contra si
mesma, porque, embora muito mais fraca e de uma raça mortal, ainda
assim, nos eleitos, ela se elevaria de sua fraqueza a um estado exaltado.
acima daquela de que o diabo caiu, quanto aos anjos bons, a quem
deveria ser igual, foram avançados apó s a derrota do mal, porque
perseveraram. Por essas razõ es, estou bastante inclinado a acreditar
que nã o havia, originalmente, aquele nú mero completo de anjos
necessá rio para aperfeiçoar o estado celestial; pois, supondo que o
homem e os anjos nã o foram criados ao mesmo tempo, isso é possı́vel; e
seguiria necessariamente, se eles fossem criados ao mesmo tempo, que
é a opiniã o da maioria, porque lemos: “Aquele que vive para sempre
criou todas as coisas de uma só vez”. Mas se a perfeiçã o do universo
criado deve ser entendida como consistindo, nã o tanto no nú mero de
seres, mas no nú mero de naturezas; segue-se que a natureza humana
foi feita para consumar essa perfeiçã o ou que era supé r lua, o que nã o
ousamos a irmar da natureza do menor ré ptil. Portanto, entã o, foi feito
para si mesmo, e nã o apenas para restaurar o nú mero de seres que
possuem outra natureza. Do que ica claro que, mesmo que nenhum
anjo tivesse caı́do, os homens ainda teriam seu lugar no reino celestial.
E daı́ segue-se que nã o havia um nú mero perfeito de anjos, mesmo
antes de uma parte cair; caso contrá rio, necessariamente alguns
homens ou anjos devem cair, porque seria impossı́vel que algum
continuasse alé m do nú mero perfeito.

Boso. Você nã o trabalhou em vã o.

Anselmo. Há , també m, como penso, outra razã o que apó ia, em
grande medida, a opiniã o de que os anjos nã o foram criados em nú mero
perfeito.

Boso. Nos deixe ouvir isso.

Anselmo. Se um nú mero perfeito de anjos tivesse sido criado, e o


homem tivesse sido feito apenas para ocupar o lugar dos anjos
perdidos, é claro que, se alguns anjos nã o tivessem caı́do de sua
felicidade, o homem nunca teria sido exaltado a ela.

Boso. Estamos de acordo.


Anselmo. Mas se algué m perguntar: “Visto que os eleitos se
alegram tanto com a queda dos anjos quanto com sua pró pria exaltaçã o,
porque um nunca pode acontecer sem o outro; como eles podem ser
justi icados nessa alegria profana, ou como diremos que os anjos sã o
restaurados pela substituiçã o dos homens, se eles (os anjos) tivessem
permanecido livres dessa falta, se nã o tivessem caı́do, isto é , de se
alegrar a queda de outros?” Nó s respondemos: os homens nã o podem
ser libertos desta falta? nã o, como eles deveriam estar felizes com essa
falha? Com que temeridade, entã o, dizemos que Deus nã o deseja nem
pode fazer essa substituiçã o sem essa falha!

Boso. Nã o é o caso semelhante ao dos gentios que foram chamados


à fé , porque os judeus a rejeitaram?

Anselmo. Nã o; pois se todos os judeus cressem, ainda assim os


gentios teriam sido chamados; pois “em toda naçã o aquele que teme a
Deus e pratica a justiça é aceito por ele”. Mas como os judeus
desprezavam os apó stolos, esta foi a ocasiã o imediata de se voltarem
para os gentios.

Boso. Nã o vejo como me opor a você .

Anselmo. De onde parece surgir aquela alegria que um tem pela


queda do outro?

Boso. De onde, com certeza, mas pelo fato de que cada indivı́duo
estará certo de que, se outro nã o tivesse caı́do, ele nunca teria
alcançado o lugar onde está agora?
Anselmo. Se, entã o, ningué m tivesse essa certeza, nã o haveria
motivo para um se alegrar com o destino do outro.

Boso. Assim aparece.

Anselmo. Você acha que qualquer um deles pode ter essa certeza,
se seu nú mero exceder em muito o daqueles que caı́ram?

Boso. Eu certamente nã o posso pensar que algué m teria ou deveria


tê -lo. Pois como pode algué m saber se foi criado para restituir a parte
diminuı́da ou para repor o que ainda nã o estava completo no nú mero
necessá rio para constituir o estado? Mas todos estã o certos de que
foram feitos visando a perfeiçã o daquele reino.

Anselmo. Se, entã o, houver um nú mero maior do que o dos anjos
caı́dos, ningué m pode ou deve saber que ele nã o teria alcançado essa
altura se nã o fosse a queda de outro.

Boso. Isso é verdade.

Anselmo. Ningué m, portanto, terá motivos para se alegrar com a


perdiçã o de outro.

Boso. Assim aparece.

Anselmo. Uma vez que, entã o, vemos que se houver mais homens
eleitos do que o nú mero de anjos caı́dos, a incongruê ncia nã o seguirá o
que deve seguir se nã o houver mais homens eleitos; e como é
impossı́vel que haja algo incongruente nesse estado celestial, torna-se
um fato necessá rio que os anjos nã o foram aperfeiçoados em nú mero e
que haverá mais homens felizes do que anjos condenados.
Boso. Nã o vejo como isso pode ser negado.

Anselmo. Eu acho que outra razã o pode ser trazida para apoiar
esta opiniã o.

Boso. Você deve entã o apresentá -lo.

Anselmo. Acreditamos que a substâ ncia material do mundo deve


ser renovada, e que isso nã o acontecerá até que o nú mero dos eleitos
seja cumprido, e que o reino feliz seja aperfeiçoado, e que apó s sua
conclusã o nã o haverá mudança. Daı́ pode-se raciocinar que Deus
planejou aperfeiçoar ambos ao mesmo tempo, para que a natureza
inferior, que nã o conhecia a Deus, nã o fosse aperfeiçoada diante da
natureza superior que deveria desfrutar de Deus; e que o inferior,
sendo renovado ao mesmo tempo com o superior, pode, por assim
dizer, regozijar-se à sua maneira; sim, para que toda criatura, tendo
uma consumaçã o tã o gloriosa e excelente, se deleite em seu Criador e
em si mesma, por sua vez, regozijando-se sempre à sua maneira, de
modo que o que a vontade efetua na natureza racional por si mesma,
isso també m o criatura irracional mostra naturalmente pelo arranjo de
Deus. Pois estamos acostumados a nos alegrar com a fama de nossos
antepassados, como quando nos aniversá rios dos santos nos
deleitamos com triunfo festivo, regozijando-nos em sua honra. E essa
opiniã o deriva do fato de que, se Adã o nã o tivesse pecado, Deus ainda
poderia adiar a conclusã o desse estado até que o nú mero de homens
que ele designou fosse estabelecido, e os pró prios homens fossem
transferidos, por assim dizer, para um estado imortal de existê ncia
corporal. Pois eles tinham no paraı́so uma espé cie de imortalidade, isto
é , um poder de nã o morrer, mas como era possı́vel para eles morrer,
esse poder nã o era imortal, como se, de fato, eles nã o fossem capazes de
morrer. Mas se Deus decidiu levar à perfeiçã o, ao mesmo tempo, esse
estado inteligente e feliz e essa natureza terrena e irracional; segue-se
que esse estado nã o estava completo no nú mero de anjos antes da
destruiçã o dos ı́mpios, mas Deus estava esperando para completá -lo
pelos homens, quando deveria renovar a natureza material do mundo;
ou que, se esse reino fosse perfeito em nú mero, nã o estava em
con irmaçã o, e sua con irmaçã o deve ser adiada, mesmo que ningué m
tenha pecado, até a renovaçã o do mundo que esperamos; ou que, se
essa con irmaçã o nã o puder ser adiada por tanto tempo, a renovaçã o
do mundo deve ser acelerada para que ambos os eventos ocorram ao
mesmo tempo. Mas que Deus determine renovar o mundo
imediatamente depois que ele foi feito, e destruir logo no inı́cio aquelas
coisas que depois dessa renovaçã o nã o existiriam, antes que qualquer
razã o aparecesse para sua criaçã o, é simplesmente absurdo. Segue-se,
portanto, que, como os anjos nã o eram completos em nú mero, sua
con irmaçã o nã o será adiada por muito tempo, porque a renovaçã o de
um mundo recé m-criado deve ocorrer em breve, pois isso nã o é
apropriado. Mas que Deus deseje adiar sua con irmaçã o para a futura
renovaçã o do mundo parece impró prio, já que ele o realizou tã o
rapidamente em alguns, e como sabemos que em relaçã o aos nossos
primeiros pais, se eles nã o tivessem pecado como pecaram, ele os teria
con irmado, assim como os anjos que perseveraram. Pois, embora ainda
nã o tenha avançado para aquela igualdade com os anjos que os homens
deveriam alcançar, quando o nú mero tomado entre eles estivesse
completo; contudo, se tivessem preservado sua santidade original, para
nã o pecar embora tentados, teriam sido con irmados, com toda a sua
descendê ncia, para nunca mais pecar; assim como quando foram
conquistados pelo pecado, eles estavam tã o enfraquecidos que nã o
podiam, por si mesmos, viver depois sem pecar. Pois quem se atreve a
a irmar que a maldade é mais poderosa para prender um homem em
servidã o, depois que ele cedeu a ela na primeira persuasã o, do que a
santidade para con irmá -lo em liberdade quando ele aderiu a ela no
julgamento original? Pois como a natureza humana, sendo incluı́da na
pessoa de nossos primeiros pais, foi neles inteiramente conquistada
para o pecado (com a ú nica exceçã o daquele homem que Deus, sendo
capaz de criar de uma virgem, foi igualmente capaz de salvar do pecado
de Adã o ), entã o se eles nã o tivessem pecado, a natureza humana teria
conquistado totalmente. Resta, portanto, que o estado celeste nã o foi
completo em seu nú mero original, mas deve ser concluı́do entre os
homens.

Boso. O que você diz me parece muito razoá vel. Mas o que
devemos pensar do que é dito a respeito de Deus: “Ele estabeleceu os
limites do povo de acordo com o nú mero dos ilhos de Israel”; que
alguns, porque a expressã o “ ilhos de Israel” à s vezes é encontrada
“anjos de Deus”, explicam dessa maneira que o nú mero de homens
eleitos tomados deve ser entendido como igual ao de anjos bons?

Anselmo. Isso nã o é discordante da opiniã o anterior, se nã o for


certo que o nú mero de anjos que caı́ram é o mesmo daqueles que
icaram de pé . Pois se houver mais eleitos do que anjos maus, e homens
eleitos devem necessariamente substituir os anjos maus, e é possı́vel
que eles sejam iguais ao nú mero de anjos bons, nesse caso haverá mais
homens santos do que anjos maus. Mas lembre-se com que condiçã o
me comprometi a responder à sua pergunta, a saber, que se eu disser
algo que nã o seja sustentado por uma autoridade maior, embora pareça
demonstrá -lo, ainda assim deve ser recebido com nenhuma certeza
alé m da minha opiniã o no momento, até que Deus faça alguma
revelaçã o mais clara para mim. Pois estou certo de que, se digo algo que
se opõ e claramente à s Sagradas Escrituras, é falso; e se estou ciente
disso, nã o vou mais segurá -lo. Mas se, com relaçã o a assuntos em que
opiniõ es opostas podem ser mantidas sem perigo, como aquele, por
exemplo, que agora discutimos; pois se nã o soubermos se haverá mais
homens eleitos do que o nú mero dos anjos perdidos, e se inclinarmos a
qualquer uma dessas opiniõ es em vez de outra, acho que a alma nã o
está em perigo; se, digo, em questõ es como esta, explicamos as palavras
divinas de modo a fazê -las favorecer lados diferentes, e nã o se encontra
em nenhum lugar nada para decidir, sem dú vida, a opiniã o que deve ser
mantida, acho que nã o há censura a seja dado. Quanto à passagem da
qual você falou: “Ele determinou os limites do povo (ou tribos) de
acordo com o nú mero dos anjos de Deus”; ou como outra traduçã o diz:
“segundo o nú mero dos ilhos de Israel”; uma vez que ambas as
traduçõ es signi icam a mesma coisa, ou sã o diferentes, sem se
contradizer, podemos entender que apenas bons anjos sã o pretendidos
por ambas as expressõ es, “anjos de Deus” e “ ilhos de Israel”, ou que
apenas homens eleitos sã o signi icava, ou que anjos e homens eleitos
estã o incluı́dos, mesmo todo o reino celestial. Ou por anjos de Deus
pode ser entendido somente anjos santos, e por ilhos de Israel, homens
santos somente; ou, pelos ilhos de Israel, somente anjos, e pelos anjos
de Deus, homens santos. Se os anjos bons sã o pretendidos em ambas as
expressõ es, é o mesmo que se apenas “anjos de Deus” tivessem sido
usados; mas se todo o reino celestial fosse incluı́do, o signi icado é que
um povo, isto é , a multidã o de homens eleitos, deve ser tomado, ou que
haverá um povo neste está gio de existê ncia, até o nú mero designado
daquele reino, ainda nã o consumado, será constituı́do dentre os
homens. Mas agora nã o vejo por que apenas anjos, ou mesmo anjos e
homens santos juntos, sã o entendidos pela expressã o “ ilhos de Israel”;
pois nã o é impró prio chamar os homens santos de “ ilhos de Israel”,
como sã o chamados de “ ilhos de Abraã o”. E eles també m podem ser
chamados apropriadamente de “anjos de Deus”, porque imitam a vida
dos anjos, e lhes é prometido no cé u uma semelhança e igualdade com
os anjos, e todos os que vivem vidas santas sã o anjos de Deus. Por isso
os confessores ou má rtires sã o assim chamados; pois aquele que
declara e dá testemunho da verdade é um mensageiro de Deus, isto é ,
seu anjo. E se um homem ı́mpio é chamado de diabo, como nosso
Senhor diz de Judas, porque eles sã o semelhantes em malı́cia; por que
um homem bom nã o deveria ser chamado de anjo, porque ele segue a
santidade? Portanto, acho que podemos dizer que Deus estabeleceu os
limites do povo de acordo com o nú mero de homens eleitos, porque os
homens existirã o e haverá um aumento natural entre eles, até que o
nú mero de homens eleitos seja cumprido; e quando isso ocorrer, o
nascimento dos homens, que ocorre nesta vida, cessará . Mas se por
“anjos de Deus” entendemos apenas os santos anjos, e por “ ilhos de
Israel” apenas homens santos; pode ser explicado de duas maneiras:
que “Deus estabeleceu os limites do povo de acordo com o nú mero dos
anjos de Deus”, a saber, que um povo tã o grande, isto é , tantos homens,
será tomado como há santos anjos de Deus, ou que um povo continuará
a existir na terra, até que o nú mero de anjos se complete entre os
homens. E eu acho que nã o há outro mé todo possı́vel de explicaçã o: “ele
designou os limites do povo de acordo com o nú mero dos ilhos de
Israel”, isto é , que continuará a haver um povo neste está gio de
existê ncia, como Eu disse acima, até que o nú mero de homens santos se
complete. E deduzimos de qualquer traduçã o que tantos homens serã o
levados quanto anjos que permaneceram irmes. No entanto, embora os
anjos perdidos devam ter suas ileiras preenchidas por homens, nã o se
segue que o nú mero de anjos perdidos seja igual ao daqueles que
perseveraram. Mas se algué m a irma isso, ele terá que encontrar meios
de invalidar as razõ es dadas acima, que provam, eu acho, que nã o havia
entre os anjos, antes da queda, aquele nú mero perfeito antes
mencionado, e que há mais homens para ser salvos do que o nú mero de
anjos maus.

Boso. De modo algum me arrependo de ter insistido com você para


essas observaçõ es sobre os anjos, pois nã o foi em vã o. Agora voltemos
de nossa digressã o.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XIX
C
.

nselm.
UMA Era apropriado que Deus preenchesse os lugares dos anjos
caı́dos dentre os homens.

Boso. Isso é certo.

Anselmo. Portanto, deve haver no impé rio celestial tantos homens


tomados como substitutos dos anjos quantos correspondam ao nú mero
cujo lugar eles tomarã o, isto é , tantos quantos sã o os anjos bons agora;
caso contrá rio, aqueles que caı́ram nã o serã o restaurados, e seguir-se-á
que Deus nã o poderia realizar o bem que começou, ou se arrependerá
de tê -lo realizado; qualquer um dos quais é absurdo.

Boso. Na verdade, convé m que os homens sejam iguais aos bons


anjos.

Anselmo. Os bons anjos já pecaram?

Boso. Nã o.

Anselmo. Você pode pensar que o homem, que pecou, e nunca


satisfez a Deus por seu pecado, mas apenas sofreu para icar impune,
pode se tornar igual a um anjo que nunca pecou?
Boso. Essas palavras eu posso pensar e pronunciar, mas nã o posso
perceber seu signi icado mais do que posso fazer verdade a partir da
falsidade.

Anselmo. Portanto, nã o é apropriado que Deus leve o homem


pecador sem expiaçã o, em substituiçã o aos anjos perdidos; pois a
verdade nã o permitirá que o homem seja assim elevado à igualdade
com os seres santos.

Boso. A razã o mostra isso.

Anselmo. Considere, també m, deixando de lado a questã o da


igualdade com os anjos, se Deus deve, em tais circunstâ ncias, elevar o
homem à mesma ou a um tipo semelhante de felicidade que ele tinha
antes de pecar.

Boso. Diga sua opiniã o, e eu a atenderei da melhor forma que


puder.

Anselmo. Suponha que um homem rico possua uma pé rola seleta
que nunca foi contaminada e que nã o pode ser tirada de suas mã os sem
sua permissã o; e que ele decidiu entregá -lo ao tesouro de seus bens
mais queridos e valiosos.

Boso. Aceito sua suposiçã o.

Anselmo. E se ele permitisse que fosse arrancado de sua mã o e


lançado na lama, embora pudesse tê -lo impedido; e depois, levando-o
todo sujo de lama e sem lavar, deveria entregá -lo novamente ao seu
belo e amado caixã o; você vai considerá -lo um homem sá bio?
Boso. Como posso? pois nã o seria muito melhor manter e
preservar sua pé rola pura, do que poluir?

Anselmo. Nã o agiria assim Deus, que reteve o homem no paraı́so,


como se estivesse em suas pró prias mã os, sem pecado, e destinado à
sociedade dos anjos, e permitiu que o diabo, in lamado de inveja, o
lançasse na lama do pecado? , embora verdadeiramente com o
consentimento do homem? Pois, se Deus tivesse escolhido conter o
diabo, o diabo nã o poderia ter tentado o homem. Agora eu digo, Deus
nã o estaria agindo assim, se ele restaurasse o homem, manchado com a
contaminaçã o do pecado, sujo, isto é , sem qualquer satisfaçã o, e sempre
assim permanecendo; Ele deveria restaurá -lo imediatamente ao
paraı́so, do qual ele havia sido expulso?

Boso. Nã o ouso negar a adequaçã o de sua comparaçã o, se Deus


izesse isso e, portanto, nã o admita que ele possa fazer isso. Pois deve
parecer que ele nã o conseguiu realizar o que planejou, ou que se
arrependeu de sua boa intençã o, nenhuma das quais é possı́vel com
Deus.

Anselmo. Portanto, considere estabelecido que, sem satisfaçã o, isto


é , sem pagamento voluntá rio da dı́vida, Deus nã o pode deixar impune o
pecado, nem o pecador pode alcançar aquela felicidade, ou felicidade
semelhante, que ele tinha antes de pecar; pois o homem nã o pode ser
restaurado dessa maneira ou tornar-se como era antes de pecar.

Boso. Eu sou totalmente incapaz de refutar seu raciocı́nio. Mas o


que você diz sobre isso: que oramos a Deus, “tirar nossos pecados de
nó s”, e cada naçã o ora ao Deus de sua fé para tirar seus pecados. Pois, se
pagamos nossa dı́vida, por que oramos a Deus para salvá -la? Deus nã o é
injusto em exigir o que já foi pago? Mas se nã o izermos o pagamento,
por que suplicamos em vã o que ele fará o que nã o pode fazer, porque é
impró prio?

Anselmo. Quem nã o paga diz em vã o: “Perdã o”; mas quem paga faz
sú plicas, porque a oraçã o está devidamente ligada ao pagamento; pois
Deus nã o deve nada ao homem, mas toda criatura deve a Deus; e,
portanto, nã o convé m ao homem tratar Deus como igual. Mas sobre isso
nã o é agora necessá rio que eu responda a você . Pois quando você
pensar por que Cristo morreu, acho que você verá a resposta para sua
pergunta.

Boso. A sua resposta a este respeito é su iciente para mim no


momento. E, alé m disso, você mostrou tã o claramente que nenhum
homem pode alcançar a felicidade no pecado, ou ser liberto do pecado
sem satisfaçã o pela transgressã o, que, mesmo que eu estivesse
disposto, nã o poderia duvidar disso.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XX
E ;
.

nselm.
UMA Nem, eu acho, você vai duvidar disso, que a satisfaçã o deve ser
proporcional à culpa.

Boso. Caso contrá rio, o pecado permaneceria de uma maneira


isenta de controle ( inordinatum ), o que nã o pode ser, pois Deus nã o
deixa nada descontrolado em seu reino. Mas isso está determinado, que
mesmo a menor inaptidã o é impossı́vel para Deus.

Anselmo. Diga-me, entã o, que pagamento você faz a Deus pelo seu
pecado?

Boso. Arrependimento, um coraçã o quebrantado e contrito,


abnegaçã o, vá rios sofrimentos corporais, piedade em dar e perdoar, e
obediê ncia.

Anselmo. O que você dá a Deus em tudo isso?

Boso. Nã o honro a Deus quando, por seu amor e temor, em sincera
contriçã o, renuncio à s alegrias mundanas e desprezo, em meio à
abstinê ncia e labuta, as delı́cias e facilidades desta vida, e me submeto
obedientemente a ele, entregando livremente meus bens em dando e
liberando os outros?
Anselmo. Quando você entrega a Deus qualquer coisa que lhe deva,
independentemente de seu pecado passado, você nã o deve considerar
isso como a dı́vida que você deve pelo pecado. Mas você deve a Deus
cada uma dessas coisas que você mencionou. Pois, neste estado mortal,
deve haver tanto amor e tanto desejo de alcançar o verdadeiro im de
seu ser, que é o signi icado da oraçã o, e tal tristeza por você ainda nã o
ter alcançado esse objetivo, e tanto medo de nã o conseguir que você
nã o encontre alegria em nada que nã o o ajude ou encoraje seu sucesso.
Pois você nã o merece ter uma coisa que você nã o ama e deseja por si
mesma, e a falta dela no momento, juntamente com o grande perigo de
nunca obtê -la, nã o lhe causa dor. Isso també m exige que se evite a
facilidade e os prazeres mundanos, que seduzem a mente do verdadeiro
descanso e prazer, exceto na medida em que você acha que é su iciente
para a realizaçã o desse objetivo. Mas você deve considerar os presentes
que você dá como parte de sua dı́vida, pois você sabe que o que você dá
nã o vem de você , mas daquele de quem você é servo e també m daquele
a quem você dá . E a pró pria natureza te ensina a fazer com seu
conservo, homem para homem, o que você faria; e que aquele que nã o
dá o que tem nã o deve receber o que nã o tem. De perdã o, de fato, falo
brevemente, pois, como dissemos acima, a vingança em nenhum
sentido pertence a você , já que você nã o é seu, nem aquele que o fere é
seu ou dele, mas você é ambos servos de um Senhor , feito por ele do
nada. E se você se vingar de seu conservo, você orgulhosamente assume
o julgamento sobre ele quando é o direito peculiar de Deus, o juiz de
todos. Mas o que você dá a Deus por sua obediê ncia, que já nã o lhe é
devido, já que ele exige de você tudo o que você é , tem e pode se tornar?
Boso. Na verdade, nã o ouso dizer que em todas essas coisas eu
pague qualquer parte de minha dı́vida para com Deus.

Anselmo. Como entã o você paga a Deus por sua transgressã o?

Boso. Se em justiça devo a Deus a mim mesmo e todas as minhas


forças, mesmo quando nã o peco, nã o tenho mais nada a lhe dar pelo
meu pecado.

Anselmo. O que será de você entã o? Como você será salvo?

Boso. Apenas olhando para seus argumentos, nã o vejo como


escapar. Mas, voltando à minha crença, espero pela fé cristã , “que opera
pelo amor”, que eu possa ser salvo, e ainda mais, pois lemos que se o
pecador se converter de sua iniqü idade e izer o que é certo, todas as
suas transgressõ es será esquecido.

Anselmo. Isso só é dito daqueles que ou esperavam por Cristo


antes de sua vinda, ou que acreditam nele desde que ele apareceu. Mas
deixamos de lado Cristo e sua religiã o como se nã o existissem, quando
nos propusemos a indagar se sua vinda era necessá ria para a salvaçã o
do homem.

Boso. Nó s izemos isso.

Anselmo. Vamos entã o proceder simplesmente pela razã o.

Boso. Embora você me coloque em apuros, ainda assim eu desejo


muito que você prossiga como começou.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XXI
Q .

nselm.
UMA Suponha que você nã o deva nenhuma dessas coisas que você
trouxe como possı́vel pagamento por seu pecado, vamos
perguntar se elas podem satisfazer por um pecado tã o pequeno quanto
um olhar contrá rio à vontade de Deus.

Boso. Se eu nã o ouvi você questionar a coisa, eu deveria supor que


um ú nico sentimento de arrependimento de minha parte apagaria esse
pecado.

Anselmo. Você ainda nã o calculou o grande fardo do pecado.

Boso. Mostre-me entã o.

Anselmo. Se você se encontrar à vista de Deus, e algué m lhe disser:


“Olhe para lá ”; e Deus, por outro lado, deve dizer: “Nã o é minha vontade
que você olhe”; pergunte ao seu pró prio coraçã o o que há em todas as
coisas existentes que fariam certo para você dar aquele olhar contrá rio
à vontade de Deus.

Boso. Nã o consigo encontrar nenhum motivo que o torne certo; a


menos que, de fato, eu esteja em uma situaçã o que torne necessá rio que
eu faça isso ou algum pecado maior.
Anselmo. Deixe de lado toda essa necessidade e pergunte apenas
em relaçã o a esse pecado se você pode fazê -lo até mesmo para sua
pró pria salvaçã o.

Boso. Vejo claramente que nã o posso.

Anselmo. Para nã o detê -lo por muito tempo; e se fosse necessá rio
que todo o universo, exceto o pró prio Deus, perecesse e voltasse ao
nada, ou entã o que você izesse uma coisa tã o pequena contra a
vontade de Deus?

Boso. Quando considero a açã o em si, ela parece muito leve; mas
quando vejo isso como contrá rio à vontade de Deus, nã o sei de nada tã o
doloroso e de nenhuma perda que se compare a isso; mas à s vezes nos
opomos à vontade de outrem sem culpa para preservar sua
propriedade, de modo que depois ele ica feliz por nos opormos a ele.

Anselmo. Este é o caso do homem, que muitas vezes nã o sabe o que
é ú til para ele, ou nã o pode compensar sua perda; mas Deus nã o precisa
de nada e, se todas as coisas perecerem, pode restaurá -las tã o
facilmente quanto as criou.

Boso. Devo confessar que nã o devo me opor à vontade de Deus


nem mesmo para preservar toda a criaçã o.

Anselmo. E se houvesse mais mundos tã o cheios de seres como


este?

Boso. Se eles aumentassem in initamente e fossem mantidos


diante de mim da mesma maneira, minha resposta seria a mesma.
Anselmo. Você nã o pode responder mais corretamente, mas
considere, també m, se acontecer de você dar o olhar contrá rio à
vontade de Deus, que pagamento você pode fazer por esse pecado?

Boso. Só posso repetir o que disse antes.

Anselmo. Tã o hediondo é nosso pecado sempre que


conscientemente nos opomos à vontade de Deus, mesmo na menor
coisa; visto que estamos sempre à sua vista, e ele sempre nos ordena a
nã o pecar.

Boso. Eu nã o posso negar.

Anselmo. Portanto, você nã o faz nenhuma satisfaçã o a menos que


restitua algo maior do que o valor dessa obrigaçã o, o que deve impedi-
lo de cometer o pecado.

Boso. A razã o parece exigir isso e tornar o contrá rio totalmente


impossı́vel.

Anselmo. Nem mesmo Deus pode trazer felicidade a qualquer ser


preso pela dı́vida do pecado, porque Ele nã o deveria fazê -lo.

Boso. Esta decisã o é mais pesada.

Anselmo. Ouça uma razã o adicional que nã o torna menos difı́cil
para o homem se reconciliar com Deus.

Boso. Só isso me levaria ao desespero, nã o fosse o consolo da fé .

Anselmo. Mas ouça.


Boso. Diga.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XXII
Q D ,
;
.

nselm.
UMA O homem sendo santi icado foi colocado no paraı́so, por assim
dizer no lugar de Deus, entre Deus e o diabo, para vencer o
diabo nã o cedendo à sua tentaçã o, e assim reivindicar a honra de Deus
e envergonhar o diabo, porque esse homem, embora mais fraco e
habitando na terra, nã o deve pecar embora tentado pelo diabo,
enquanto o diabo, embora mais forte e no cé u, pecou sem ningué m para
tentá -lo. E quando o homem poderia ter feito isso facilmente, ele, sem
compulsã o e por sua pró pria vontade, deixou-se levar à vontade do
diabo, contra a vontade e a honra de Deus.

Boso. Para o que você me traria?

Anselmo. Decida por si mesmo se nã o é contrá rio à honra de Deus


que o homem se reconcilie com Ele, com esta calú nia ainda acumulada
sobre Deus; a menos que o homem primeiro tenha honrado a Deus
vencendo o diabo, como ele o desonrou ao ceder ao diabo. Agora, a
vitó ria deve ser desse tipo, que, como em força e vigor imortal, ele
cedeu livremente ao diabo para pecar e, por isso, incorreu justamente
na pena de morte; assim, em sua fraqueza e mortalidade, que ele trouxe
sobre si mesmo, ele deveria vencer o diabo pela dor da morte, evitando
totalmente o pecado. Mas isso nã o pode ser feito, enquanto do efeito
mortal da primeira transgressã o, o homem é concebido e nascido em
pecado.

Boso. Novamente digo que a coisa é impossı́vel, e a razã o aprova o


que você diz.

Anselmo. Deixe-me mencionar mais uma coisa, sem a qual a


reconciliaçã o do homem nã o pode ser efetuada com justiça, e a
impossibilidade é a mesma.

Boso. Você já apresentou tantas obrigaçõ es que devemos cumprir,


que nada que você possa acrescentar me alarmará mais.

Anselmo. No entanto, ouça.

Boso. Eu vou.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XXIII
O D ,
.

nselm.
UMA O que o homem tirou de Deus, quando se deixou vencer pelo
diabo?

Boso. Continue mencionando, como você começou, as coisas má s


que podem ser adicionadas à s já mostradas, pois eu as ignoro.

Anselmo. O homem nã o tirou de Deus tudo o que Ele pretendia


fazer pela natureza humana?

Boso. Nã o tem como negar isso.

Anselmo. Ouça a voz da justiça estrita; e julgue de acordo com isso


se o homem dá a Deus uma satisfaçã o real por seu pecado, a menos que,
vencendo o diabo, o homem restitua a Deus o que ele tirou de Deus ao
se deixar vencer pelo diabo; para que, como por esta conquista sobre o
homem o diabo tomou o que pertencia a Deus, e Deus foi o perdedor,
assim na vitó ria do homem o diabo pode ser despojado, e Deus
recuperar seu direito.

Boso. Certamente nada pode ser mais exatamente ou justamente


concebido.

Anselmo. Você acha que a justiça suprema pode violar essa justiça?
Boso. Nã o me atrevo a pensar.

Anselmo. Portanto, o homem nã o pode e nã o deve de forma alguma


receber de Deus o que Deus planejou dar a ele, a menos que ele devolva
a Deus tudo o que tirou dele; para que, como pelo homem Deus sofreu
perda, pelo homem, també m, Ele pode recuperar Sua perda. Mas isso
nã o pode ser efetuado exceto desta maneira: que, como na queda do
homem, toda a natureza humana foi corrompida e, por assim dizer,
manchada pelo pecado, e Deus nã o escolherá algué m de tal raça para
preencher o nú mero em seu reino celestial; assim, pela vitó ria do
homem, tantos homens podem ser justi icados do pecado quantos
forem necessá rios para completar o nú mero que o homem foi feito para
preencher. Mas um homem pecador de modo algum pode fazer isso,
pois um pecador nã o pode justi icar um pecador.

Boso. Nã o há nada mais justo ou necessá rio; mas, de todas essas
coisas, a compaixã o de Deus e a esperança do homem parecem falhar,
no que diz respeito à felicidade para a qual o homem foi feito.

Anselmo. No entanto, espere um pouco.

Boso. Você tem mais alguma coisa?


Cur Deus Homo
CAPÍTULO XXIV
C ,
D , ,
.

nselm.
UMA Se é chamado de injusto um homem que nã o paga uma dı́vida a
seu pró ximo, muito mais é injusto aquele que nã o restitui o que
deve a Deus.

Boso. Se ele pode pagar e ainda assim nã o o faz, ele certamente é
injusto. Mas se ele nã o pode, em que ele é injusto?

Anselmo. De fato, se a origem de sua incapacidade nã o estivesse


em si mesmo, poderia haver alguma desculpa para ele. Mas se nessa
mesma impotê ncia está a culpa, pois nã o diminui o pecado, també m
nã o o exime de pagar o que é devido. Suponhamos que algué m atribua
a seu escravo um certo trabalho e lhe ordene que nã o se jogue em uma
vala, que ele lhe aponta e da qual ele nã o pode se livrar; e suponha que
o escravo, desprezando a ordem e advertê ncia de seu mestre, se jogue
na vala antes apontada, de modo a ser totalmente incapaz de realizar o
trabalho designado; acha que sua incapacidade o desculpará por nã o
fazer o trabalho que lhe foi designado?

Boso. De forma alguma, mas sim aumentará seu crime, já que ele
trouxe sua incapacidade sobre si mesmo. Pois ele pecou duplamente, ao
nã o fazer o que lhe foi ordenado e ao fazer o que foi prevenido para nã o
fazer.

Anselmo. Tã o indesculpá vel é o homem que voluntariamente


trouxe sobre si uma dı́vida que nã o pode pagar, e por sua pró pria culpa
se debilitou, de modo que nã o pode escapar de sua obrigaçã o anterior
de nã o pecar, nem pagar a dı́vida que contraiu pelo pecado. . Pois sua
pró pria incapacidade é culpa, porque ele nã o deveria tê -la; nã o, ele
deve estar livre disso; pois, como é crime nã o ter o que deve, també m é
crime ter o que nã o deve. Portanto, como é crime no homem nã o ter
aquele poder que recebeu para evitar o pecado, també m é crime ter
aquela incapacidade pela qual ele nã o pode fazer o que é certo e evitar
o pecado, nem restaurar a dı́vida que deve por causa de seu pecado.
Pois é por sua pró pria açã o livre que ele perde esse poder e cai nessa
incapacidade. Pois nã o ter o poder que se deve ter é o mesmo que ter a
incapacidade que nã o se deve ter. Portanto, a incapacidade do homem
de restaurar o que deve a Deus, uma incapacidade imposta a si mesmo
para esse propó sito, nã o o isenta de pagar; pois o resultado do pecado
nã o pode desculpar o pró prio pecado.

Boso. Este argumento é extremamente pesado e deve ser verdade.

Anselmo. O homem, entã o, é injusto em nã o pagar o que deve a


Deus.

Boso. Isso é verdade; pois ele é injusto, tanto por nã o pagar quanto
por nã o poder pagar.
Anselmo. Mas nenhuma pessoa injusta será admitida à felicidade;
pois, como aquela felicidade é completa na qual nã o há nada faltando,
també m nã o pode pertencer a ningué m que nã o seja tã o puro a ponto
de nã o ter injustiça encontrada nele.

Boso. Nã o ouso pensar o contrá rio.

Anselmo. Aquele, entã o, que nã o paga a Deus o que deve nunca
pode ser feliz.

Boso. Nã o posso negar que é assim.

Anselmo. Mas se você optar por dizer que um Deus misericordioso


remete ao suplicante sua dı́vida, porque ele nã o pode pagar; Deve-se
dizer que Deus dispensa uma de duas coisas, a saber, ou isso que o
homem deve voluntariamente entregar, mas nã o pode, isto é , um
equivalente por seu pecado, algo que nã o deve ser abandonado nem
mesmo para salvar todo o universo. alé m de Deus; ou entã o isto, que,
como disse antes, Deus estava prestes a tirar do homem por puniçã o,
mesmo contra a vontade do homem, isto é , a felicidade. Mas se Deus
desiste do que o homem deve dar livremente, porque o homem nã o
pode retribuir, o que é isso senã o dizer que Deus desiste do que nã o
pode obter? Mas é zombaria atribuir tal compaixã o a Deus. Mas, se
Deus renuncia ao que estava para tirar do homem relutante, porque o
homem nã o pode restituir livremente o que deve restituir, Ele abate o
castigo e torna o homem feliz por causa de seu pecado, porque ele tem
o que nã o deveria tenho. Pois ele nã o deve ter essa incapacidade e,
portanto, enquanto a tiver sem expiaçã o, é seu pecado. E
verdadeiramente tal compaixã o da parte de Deus é totalmente
contrá ria à justiça divina, que nã o permite nada alé m do castigo como
recompensa do pecado. Portanto, como Deus nã o pode ser
inconsistente consigo mesmo, sua compaixã o nã o pode ser dessa
natureza.

Boso. Acho, entã o, que devemos buscar outra misericó rdia alé m
desta.

Anselmo. Mas suponha que seja verdade que Deus perdoa o


homem que nã o paga sua dı́vida porque nã o pode.

Boso. Eu poderia desejar que fosse assim.

Anselmo. Mas enquanto o homem nã o faz o pagamento, ele quer


restituir, ou entã o nã o quer. Agora, se ele quiser fazer o que nã o pode,
será necessitado, e se nã o quiser, será injusto.

Boso. Nada pode ser mais claro.

Anselmo. Mas se necessitado ou injusto, ele nã o será feliz.

Boso. Isso també m é claro.

Anselmo. Enquanto ele nã o restaurar, ele nã o será feliz.

Boso. Se Deus segue o mé todo da justiça, nã o há escapató ria para o
miserá vel, e a compaixã o de Deus parece falhar.

Anselmo. Você exigiu uma explicaçã o; agora ouça. Nã o nego que
Deus é misericordioso, que preserva os homens e os animais, segundo a
multidã o de suas misericó rdias. Mas estamos falando daquela extrema
piedade pela qual ele torna o homem feliz depois desta vida. E acho que
provei amplamente, pelas razõ es dadas acima, que a felicidade nã o deve
ser concedida a algué m cujos pecados nã o foram totalmente
eliminados; e que esta remissã o nã o deve ocorrer, exceto pelo
pagamento da dı́vida contraı́da pelo pecado, de acordo com a extensã o
do pecado. E se você acha que alguma objeçã o pode ser feita contra
essas provas, você deve mencioná -las.

Boso. Nã o vejo como suas razõ es possam ser invalidadas.

Anselmo. Nem eu, se bem entendido. Mas mesmo que um de todo o


nú mero seja con irmado por uma verdade inexpugná vel, isso deve ser
su iciente. Pois a verdade é igualmente assegurada contra toda dú vida,
se for demonstrada por um argumento como por muitos.

Boso. Certamente é assim. Mas como, entã o, o homem pode ser


salvo, se ele nã o paga o que deve e nã o deve ser salvo sem pagar? Ou,
com que rosto devemos declarar que Deus, que é rico em misericó rdia
acima da concepçã o humana, nã o pode exercer essa compaixã o?

Anselmo. Esta é a pergunta que você deve fazer à queles em nome


de quem você está falando, que nã o tê m fé na necessidade de Cristo
para a salvaçã o do homem, e você també m deve pedir-lhes que digam
como o homem pode ser salvo sem Cristo. Mas, se eles sã o totalmente
incapazes de fazê -lo, deixem de zombar de nó s e se apressem a se unir
a nó s, que nã o duvidam que o homem pode ser salvo por meio de
Cristo; caso contrá rio, deixe-os desesperar de serem salvos. E se isso os
aterroriza, que creiam em Cristo como nó s, para que sejam salvos.
Boso. Deixe-me pedir-lhe, como comecei, para me mostrar como
um homem é salvo por Cristo.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XXV
C C
.

nselm.
UMA Nã o está su icientemente provado que o homem pode ser salvo
por Cristo, quando mesmo os in ié is nã o negam que o homem
pode ser feliz de alguma forma, e foi su icientemente demonstrado que,
deixando Cristo fora de vista, nenhuma salvaçã o pode ser encontrada
para o homem? Pois, seja por Cristo ou por outra pessoa, o homem
pode ser salvo, ou entã o nã o. Se, entã o, é falso que o homem nã o pode
ser salvo por todos, ou que ele pode ser salvo de qualquer outra
maneira, sua salvaçã o deve necessariamente ser por Cristo.

Boso. Mas que resposta você dará a uma pessoa que percebe que o
homem nã o pode ser salvo de nenhuma outra maneira, e ainda assim,
nã o entendendo como ele pode ser salvo por Cristo, acha apropriado
declarar que nã o pode haver nenhuma salvaçã o, seja por Cristo ou de
qualquer outra forma? outro jeito?

Anselmo. Que resposta deve ser dada a quem atribui


impossibilidade a uma verdade necessá ria, porque nã o compreende
como pode ser?

Boso. Que ele é um tolo.

Anselmo. Entã o o que ele diz deve ser desprezado.


Boso. Muito verdadeiro; mas devemos mostrar-lhe de que maneira
é verdadeira a coisa que ele considera impossı́vel.

Anselmo. Você nã o percebe, pelo que dissemos acima, que é


necessá rio que alguns homens alcancem a felicidade? Pois, se é
impró prio para Deus elevar o homem com qualquer mancha sobre ele,
para aquilo pelo qual ele o libertou de toda mancha, para que nã o
pareça que Deus se arrependeu de sua boa intençã o ou foi incapaz de
realizar seus desı́gnios; muito mais é impossı́vel, por causa da mesma
inaptidã o, que nenhum homem seja exaltado ao estado para o qual foi
feito. Portanto, uma satisfaçã o tal como acima provamos ser necessá ria
para o pecado, deve ser encontrada à parte da fé cristã , que nenhuma
razã o pode mostrar; ou entã o devemos aceitar a doutrina cristã . Pois o
que é claramente estabelecido pelo raciocı́nio absoluto nã o deve de
modo algum ser questionado, mesmo que seu mé todo nã o seja
entendido.

Boso. O que você diz é verdade.

Anselmo. Por que, entã o, você questiona mais?

Boso. Eu nã o venho para este propó sito, para que você tire dú vidas
da minha fé , mas para que você me mostre o motivo da minha
con iança. Portanto, como você me trouxe até aqui por seu raciocı́nio,
de modo que percebo que o homem como pecador deve a Deus por seu
pecado o que nã o pode pagar e nã o pode ser salvo sem pagar; Eu
gostaria que você fosse mais longe comigo e me permitisse entender,
pela força do raciocı́nio, a conveniê ncia de todas as coisas que a fé
cató lica nos ordena em relaçã o a Cristo, se esperamos ser salvos; e
como eles valem para a salvaçã o do homem, e como Deus salva o
homem pela compaixã o; quando ele nunca perdoa seu pecado, a menos
que o homem tenha prestado o que era devido por causa de seu pecado.
E, para tornar seu raciocı́nio mais claro, comece pelo inı́cio, de modo a
apoiá -lo em uma base só lida.

Anselmo. Agora, Deus me ajude, pois você nã o me poupa nem um


pouco, nem considera a fraqueza de minha habilidade, quando você me
ordena uma obra tã o grande. No entanto, tentarei, como comecei, nã o
con iando em mim mesmo, mas em Deus, e farei o que puder com sua
ajuda. Mas separemos as coisas que ainda precisam ser ditas daquelas
que foram ditas, por uma nova introduçã o, para que, por sua extensã o
ininterrupta, essas coisas nã o se tornem tediosas para quem deseja lê -
las.
Cur Deus Homo
LIVRO SEGUNDO: CAPÍTULO I
C D ,
D .

nselm.
UMA Nã o se deve contestar que a natureza racional foi santi icada
por Deus, a im de ser feliz em desfrutá -lo. Pois para isso é
racional, para discernir justiça e injustiça, bem e mal, e entre o bem
maior e o menor. Caso contrá rio, tornou-se racional em vã o. Mas Deus
nã o o fez racional em vã o. Portanto, sem dú vida, foi feito racional para
este im. Da mesma maneira está provado que a criatura inteligente
recebeu o poder de discernimento para este propó sito, para que
pudesse odiar e evitar o mal, e amar e escolher o bem, e especialmente
o bem maior. Pois de outra forma Deus lhe teria dado esse poder de
discernimento, pois a discriçã o do homem seria inú til se ele nã o amasse
e evitasse de acordo com ela. Mas nã o convé m a Deus dar tal poder em
vã o. Está , portanto, estabelecido que a natureza racional foi criada para
esse im, a saber, amar e escolher o bem supremo, por si mesmo e nada
mais; pois se o bem supremo fosse escolhido por qualquer outra razã o,
entã o outra coisa e nã o ela mesma seria a coisa amada. Mas a natureza
inteligente nã o pode cumprir esse propó sito sem ser santa. Portanto,
para que nã o seja em vã o racionalizado, foi feito, para cumprir este
propó sito, racional e santo. Ora, se foi santi icado para escolher e amar
o bem supremo, entã o foi feito para seguir à s vezes o que amou e
escolheu, ou entã o nã o foi. Mas se nã o foi santi icado para este im, para
seguir o que ama e escolhe, entã o em vã o foi feito para amar e escolher
a santidade; e nã o pode haver razã o para que seja obrigado a seguir a
santidade. Portanto, enquanto for santo em amar e escolher o bem
supremo, para o qual foi feito, será miserá vel; porque será impotente
apesar de sua vontade, visto que nã o tem o que deseja. Mas isso é
totalmente absurdo. Por isso a natureza racional foi santi icada, para
ser feliz no gozo do bem supremo, que é Deus. Portanto, o homem, cuja
natureza é racional, foi santi icado para este im, para que ele pudesse
ser feliz em desfrutar de Deus.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO II
C ,
.

nselm.
UMA Alé m disso, é fá cil provar que o homem foi feito para nã o estar
necessariamente sujeito à morte; pois, como já dissemos, é
inconsistente com a sabedoria e a justiça de Deus obrigar o homem a
sofrer a morte sem culpa, quando o fez santo para desfrutar da bem-
aventurança eterna. Segue-se, portanto, que se o homem nunca tivesse
pecado, ele nunca teria morrido.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO III
C
.

nselm.
UMA A partir disso, a futura ressurreiçã o dos mortos é claramente
provada. Pois se o homem deve ser perfeitamente restaurado, a
restauraçã o deve torná -lo tal como ele teria sido se nunca tivesse
pecado.

Boso. Deve ser assim.

Anselmo. Portanto, como o homem, se ele nã o tivesse pecado,


deveria ter sido transferido com o mesmo corpo para um estado
imortal, entã o quando ele for restaurado, deve ser propriamente com
seu pró prio corpo como ele viveu neste mundo.

Boso. Mas o que diremos a algué m que nos diz que isso é correto o
su iciente com relaçã o à queles em quem a humanidade será
perfeitamente restaurada, mas nã o é necessá rio no que diz respeito aos
ré probos?

Anselmo. Nã o sabemos de nada mais justo ou apropriado do que


isso, que como homem, se tivesse continuado em santidade, teria sido
perfeitamente feliz por toda a eternidade, tanto no corpo quanto na
alma; assim, se ele perseverar na maldade, ele també m será
completamente miserá vel para sempre.
Boso. Você prontamente me satisfez nestes assuntos.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO IV
C D ,
, .

nselm.
UMA A partir dessas coisas, podemos ver facilmente que Deus ou
completará o que ele começou com relaçã o à natureza humana,
ou entã o ele fez sem im uma natureza tã o elevada, capaz de tã o grande
bem. Agora, se for entendido que Deus nã o fez nada mais valioso do que
a existê ncia racional capaz de desfrutá -lo; é totalmente estranho ao seu
cará ter supor que ele irá permitir que essa existê ncia racional pereça
totalmente.

Boso. Nenhum ser razoá vel pode pensar de outra forma.

Anselmo. Portanto, é necessá rio que ele aperfeiçoe na natureza


humana o que ele começou. Mas isso, como já dissemos, nã o pode ser
realizado senã o por uma completa expiaçã o do pecado, que nenhum
pecador pode efetuar por si mesmo.

Boso. Agora entendo que é necessá rio que Deus complete o que
começou, para que nã o haja uma queda impró pria de seu desı́gnio.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO V
C , , D
- ;

, .

B
oso.

Mas se for assim, entã o Deus parece compelido, para evitar o


que é impró prio, para garantir a salvaçã o do homem. Como,
entã o, pode ser negado que ele faz isso mais por conta pró pria do que
por nossa? Mas se for assim, que agradecimentos devemos a ele pelo
que ele faz por si mesmo? Como devemos atribuir nossa salvaçã o à sua
graça, se ele nos salva da necessidade?

Anselmo. Há uma necessidade que tira ou diminui nossa gratidã o a


um benfeitor, e há també m uma necessidade pela qual o favor merece
ainda maiores agradecimentos. Pois quando algué m se bene icia de
uma necessidade a que está sujeito a contragosto, menos
agradecimentos sã o devidos a ele, ou nenhum. Mas quando ele se
coloca livremente sob a necessidade de bene iciar outro, e sustenta essa
necessidade sem relutâ ncia, entã o ele certamente merece maiores
agradecimentos pelo favor. Pois isso nã o deve ser chamado de
necessidade, mas de graça, na medida em que ele a empreendeu ou a
manté m, nã o com qualquer constrangimento, mas livremente. Pois se o
que hoje você promete por sua pró pria vontade, você dará amanhã ,
você dará amanhã com a mesma vontade; embora seja necessá rio para
você , se possı́vel, resgatar sua promessa ou se tornar um mentiroso;
nã o obstante, o destinatá rio de seu favor ica tã o devedor de seu
precioso dom como se você nã o o tivesse prometido, pois você nã o era
obrigado a se tornar seu devedor antes do momento de entregá -lo:
assim é quando algué m se compromete, por um voto, um projeto de
vida santa. Pois embora depois de seu voto ele deva necessariamente
cumprir, para que nã o sofra o julgamento de um apó stata, e, embora
possa ser compelido a mantê -lo mesmo a contragosto, ainda assim, se
ele cumprir seu voto alegremente, ele nã o é menos, mas mais agradá vel
Deus do que se ele nã o tivesse jurado. Pois ele nã o apenas desistiu da
vida do mundo, mas també m de sua liberdade pessoal, por causa de
Deus; e nã o se pode dizer que ele vive uma vida santa por necessidade,
mas com a mesma liberdade com que fez o voto. Muito mais, portanto,
devemos todos graças a Deus por completar seu favor pretendido ao
homem; embora, de fato, nã o fosse apropriado que ele falhasse em seu
bom projeto, porque nã o querendo nada em si mesmo, ele começou por
nó s e nã o por si mesmo. Pois o que o homem estava prestes a fazer nã o
foi escondido de Deus em sua criaçã o; e, no entanto, ao criar livremente
o homem, Deus, por assim dizer, se comprometeu a completar o bem
que havia começado. Em suma, Deus nã o faz nada por necessidade, uma
vez que ele nã o é compelido ou restringido em nada. E quando dizemos
que Deus faz qualquer coisa para evitar a desonra, que ele certamente
nã o teme, devemos dizer que Deus faz isso pela necessidade de manter
sua honra; cuja necessidade nã o é mais do que isso, a saber, a
imutabilidade de sua honra, que lhe pertence em si mesmo e nã o deriva
de outro; e, portanto, nã o é propriamente chamada necessidade. No
entanto, podemos dizer que, embora toda a obra que Deus faz pelo
homem seja de graça, é necessá rio que Deus, por causa de sua bondade
imutá vel, complete a obra que começou.

Boso. Eu o concedo.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO VI
C , D - ,
.

nselm.
UMA Mas isso nã o pode ser efetuado, a menos que o preço pago a
Deus pelo pecado do homem seja algo maior do que todo o
universo alé m de Deus.

Boso. Assim aparece.

Anselmo. Alé m disso, é necessá rio que aquele que pode dar a Deus
algo pró prio que é mais valioso do que todas as coisas na posse de
Deus, deve ser maior do que tudo, exceto o pró prio Deus.

Boso. Eu nã o posso negar.

Anselmo. Portanto, ningué m alé m de Deus pode fazer essa


satisfaçã o.

Boso. Assim aparece.

Anselmo. Mas ningué m alé m de um homem deve fazer isso, outro


homem sá bio nã o faz a satisfaçã o.

Boso. Nada parece mais justo.

Anselmo. Se for necessá rio, portanto, como parece, que o reino


celestial seja composto de homens, e isso nã o pode ser efetuado a
menos que a satisfaçã o supracitada seja feita, que ningué m alé m de
Deus pode fazer e ningué m alé m do homem deve fazer, é necessá rio
para o Deus-homem fazê -lo.

Boso. Agora bendito seja Deus! izemos uma grande descoberta em


relaçã o à nossa pergunta. Continue, portanto, como você começou. Pois
espero que Deus o ajude.

Anselmo. Agora devemos perguntar como Deus pode se tornar


homem.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO VII
Q D
.

nselm.
UMA As naturezas divina e humana nã o podem se alternar, de modo
que o Divino se torne humano ou o humano Divino; nem podem
ser tã o misturados que um terceiro deva ser produzido dos dois, que
nã o é totalmente divino nem totalmente humano. Pois, admitindo que
fosse possı́vel que um se transformasse no outro, nesse caso seria
apenas Deus e nã o homem, ou apenas homem e nã o Deus. Ou, se eles
estavam tã o misturados que uma terceira natureza surgiu da
combinaçã o dos dois (como de dois animais, um macho e uma fê mea de
espé cies diferentes, uma terceira é produzida, que nã o preserva toda a
espé cie de um dos pais, mas tem uma natureza mista derivada de
ambos), nã o seria nem Deus nem homem. Portanto, o Deus-homem, de
quem exigimos que seja de natureza humana e divina, nã o pode ser
produzido por uma mudança de um para o outro, nem por uma
combinaçã o imperfeita de ambos em um terceiro; visto que essas coisas
nã o podem ser, ou, se pudessem, nã o serviriam de nada para nosso
propó sito. Alé m disso, se se diz que essas duas naturezas completas
estã o unidas de alguma forma, de tal maneira que uma pode ser divina
enquanto a outra é humana, e ainda que o que é Deus nã o seja o mesmo
que o que é o homem, é impossı́vel para ambos para fazer o trabalho
necessá rio a ser realizado. Pois Deus nã o fará isso, porque nã o tem
dı́vida a pagar; e o homem nã o o fará , porque nã o pode. Portanto, para
que o Deus-homem possa realizar isso, é necessá rio que o mesmo ser
seja Deus perfeito e homem perfeito, para fazer essa expiaçã o. Pois ele
nã o pode e nã o deve fazê -lo, a menos que ele seja muito Deus e muito
homem. Sendo, pois, necessá rio que o Deus-homem preserve a
completude de cada natureza, nã o é menos necessá rio que essas duas
naturezas estejam unidas inteiras em uma pessoa, assim como um
corpo e uma alma racional existem juntos em cada ser humano; pois de
outra forma é impossı́vel que o mesmo ser seja muito Deus e muito
homem.

Boso. Tudo o que você diz é satisfató rio para mim.


Cur Deus Homo
CAPÍTULO VIII
C D A ,
.

nselm.
UMA Resta agora indagar de onde e como Deus assumirá a natureza
humana. Pois ele a tomará de Adã o, ou entã o fará um novo
homem, como fez Adã o originalmente. Mas, se ele izer um novo
homem, nã o da raça de Adã o, entã o este homem nã o pertencerá à
famı́lia humana, que descende de Adã o e, portanto, nã o deve fazer
expiaçã o por isso, porque ele nunca pertenceu a ela. Pois, como é justo
que o homem faça expiaçã o pelo pecado do homem, també m é
necessá rio que aquele que faz a expiaçã o seja o pró prio ser que pecou,
ou entã o algué m da mesma raça. Caso contrá rio, nem Adã o nem sua
raça fariam satisfaçã o por si mesmos. Portanto, como por meio de Adã o
e Eva o pecado foi propagado entre todos os homens, ningué m, a nã o
ser eles mesmos, ou algué m nascido deles, deve fazer expiaçã o pelo
pecado dos homens. E, uma vez que eles nã o podem, um nascido deles
deve cumprir este trabalho. Alé m disso, como Adã o e toda a sua raça, se
ele nã o tivesse pecado, teriam permanecido irmes sem o apoio de
qualquer outro ser, entã o, apó s a queda, a mesma raça deve se levantar
e ser exaltada por si mesma. Pois, quem restaura a raça ao seu lugar,
certamente icará ao lado daquele ser que fez essa restauraçã o. Alé m
disso, quando Deus criou a natureza humana somente em Adã o, e só
faria do homem a mulher, para que pela uniã o de ambos os sexos
houvesse crescimento, nisto ele mostrou claramente que desejava
produzir tudo o que pretendia com relaçã o à humanidade. natureza
apenas do homem. Portanto, se a raça de Adã o for restabelecida por
qualquer ser que nã o seja da mesma raça, ela nã o será restaurada à
dignidade que teria tido se Adã o nã o tivesse pecado e, portanto, nã o
será completamente restaurada; e, alé m disso, Deus parecerá ter
falhado em seu propó sito, ambas as suposiçõ es sã o incongruentes: E,
portanto, necessá rio que o homem por quem a raça de Adã o será
restaurada seja tirado de Adã o.

Boso. Se seguirmos a razã o, como nos propusemos, este é o


resultado necessá rio.

Anselmo. Examinemos agora a questã o, se a natureza humana


tomada por Deus deve ser produzida de um pai e de uma mã e, como os
outros homens, ou somente do homem, ou somente da mulher. Pois, em
qualquer um desses trê s modos, será produzido de Adã o e Eva, pois
desses dois é descendente toda pessoa de ambos os sexos. E desses trê s
modos, nenhum é mais fá cil para Deus do que outro, que deve ser
selecionado por esta conta.

Boso. Até agora, está bem.

Anselmo. Nã o é grande trabalho mostrar que esse homem será


trazido à existê ncia de uma maneira mais nobre e pura, se for
produzido apenas do homem, ou apenas da mulher, do que se brotar da
uniã o de ambos, como todos os outros homens.

Boso. Concordo com você .


Anselmo. Portanto, ele deve ser tirado apenas do homem ou
apenas da mulher.

Boso. Nã o há outra fonte.

Anselmo. De quatro maneiras Deus pode criar o homem, isto é ,


tanto de homem como de mulher, da maneira comum; ou nem de
homem nem de mulher, como ele criou Adã o; ou de homem sem
mulher, como ele fez Eva; ou de mulher sem homem, o que até agora ele
nunca fez. Portanto, para mostrar que este ú ltimo modo també m está
sob seu poder, e foi reservado para isso mesmo, o que mais adequado
do que tomar aquele homem cuja origem estamos procurando de uma
mulher sem homem? Agora, se é mais digno que ele nasça de uma
virgem, ou um nã o virgem, nã o precisamos discutir, mas devemos
a irmar, sem qualquer dú vida, que o Deus-homem deve nascer de uma
virgem.

Boso. Seu discurso grati ica meu coraçã o.

Anselmo. O que dissemos parece só lido, ou é insubstancial como


uma nuvem, como você disse que os in ié is declaram?

Boso. Nada pode ser mais sonoro.

Anselmo. Nã o pinte, portanto, sobre o vazio infundado, mas sobre a


verdade só lida, e diga quã o claramente apropriado é que, como o
pecado do homem e a causa de nossa condenaçã o brotou de uma
mulher, també m a cura do pecado e a fonte de nossa salvaçã o devem ser
encontrado em uma mulher. E para que as mulheres nã o se desesperem
de alcançar a herança dos bem-aventurados, porque um mal tã o terrı́vel
surgiu da mulher, é apropriado que també m da mulher surja uma
bê nçã o tã o grande, que suas esperanças sejam reavivadas. Tome
també m esta visã o. Se foi uma virgem que trouxe todo o mal sobre a
raça, é muito mais apropriado que uma virgem seja a ocasiã o de todo o
bem. E isso també m. Se a mulher, que Deus fez apenas do homem, foi
feita de uma virgem ( de virgine ), é peculiarmente apropriado para
aquele homem també m, que deve nascer de uma mulher, nascer de uma
mulher sem homem. Das imagens que podem ser acrescentadas a isso,
mostrando que o Deus-homem deve nascer de uma virgem, nada
diremos. Estes sã o su icientes.

Boso. Eles sã o certamente muito bonitos e razoá veis.


Cur Deus Homo
CAPÍTULO IX
Q P
.

nselm.
UMA Agora devemos investigar mais, em que pessoa Deus, que existe
em trê s pessoas, tomará sobre si a natureza do homem. Pois
uma pluralidade de pessoas nã o pode levar um e o mesmo homem a
uma unidade de pessoa. Portanto, em uma só pessoa isso pode ser feito.
Mas, no que diz respeito a esta unidade pessoal de Deus e do homem, e
em qual das pessoas divinas isso deve ser efetuado, eu me expressei, na
medida em que julgo necessá rio para a presente investigaçã o, em uma
carta sobre a Encarnaçã o do Verbo , dirigida a meu senhor, o Papa
Urbano.

Boso. No entanto, dê uma olhada rá pida neste assunto, por que a
pessoa do Filho deve ser encarnada em vez da do Pai ou do Espı́rito
Santo.

Anselmo. Se uma das outras pessoas for encarnada, haverá dois


ilhos na Trindade, a saber, o Filho de Deus, que é o Filho antes da
encarnaçã o, e també m aquele que, pela encarnaçã o, será ilho da
virgem ; e entre as pessoas que devem ser sempre iguais haverá uma
desigualdade quanto à dignidade do nascimento. Pois o nascido de
Deus terá um nascimento mais nobre do que aquele que nasceu da
virgem. Da mesma forma, se o Pai se encarnar, haverá dois netos na
Trindade; pois o Pai, assumindo a humanidade, será neto dos pais da
virgem, e o Verbo, embora nã o tendo nada a ver com o homem, ainda
será neto da virgem, pois será ilho de seu ilho. Mas todas essas coisas
sã o incongruentes e nã o pertencem à encarnaçã o do Verbo. E há ainda
outra razã o que torna mais adequado que o Filho se encarne do que as
outras pessoas. E que para o Filho orar ao Pai é mais apropriado do que
para qualquer outra pessoa da Trindade suplicar a seu pró ximo. Alé m
disso, o homem, por quem ele deveria orar, e o diabo, a quem ele
deveria vencer, ambos assumiram uma falsa semelhança com Deus por
sua pró pria vontade. Por isso pecaram, por assim dizer, especialmente
contra a pessoa do Filho, que se acredita ser a pró pria imagem de Deus.
Portanto, a puniçã o ou perdã o da culpa é com propriedade peculiar
atribuı́da a quem principalmente o dano foi in ligido. Uma vez que,
portanto, a razã o infalı́vel nos levou a esta conclusã o necessá ria, que as
naturezas divina e humana devem se unir em uma pessoa, e que isso é
evidentemente mais adequado com respeito à pessoa do Verbo do que
as outras pessoas, determinamos que Deus a Palavra deve unir-se ao
homem em uma pessoa.

Boso. O caminho pelo qual você me conduz é tã o resguardado pela


razã o que nã o posso desviar dele para a direita ou para a esquerda.

Anselmo. Nã o sou eu quem o conduz, mas aquele de quem estamos


falando, sem cuja orientaçã o nã o temos poder para manter o caminho
da verdade.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO X
C ;
;
,
.

nselm.
UMA Nã o devemos questionar se este homem estava prestes a
morrer como uma dı́vida, como todos os outros homens. Pois, se
Adã o nã o teria morrido se nã o tivesse cometido pecado, muito menos
este homem sofreria a morte, em quem nã o pode haver pecado, pois ele
é Deus.

Boso. Deixe-me atrasá -lo um pouco neste ponto. Pois, em ambos os


casos, nã o é pouca questã o para mim se é dito que ele pode pecar ou
que ele nã o pode. Pois se for dito que ele nã o pode pecar, deve parecer
difı́cil de acreditar. Para dizer uma palavra a respeito dele, nã o como de
algué m que nunca existiu da maneira que falamos até agora, mas como
de algué m que conhecemos e cujos atos conhecemos; quem, eu digo,
negará que ele poderia ter feito muitas coisas que chamamos de
pecaminosas? Pois, para nã o falar de outras coisas, como diremos que
nã o era possı́vel que ele cometesse o pecado de mentir? Pois, quando
ele diz aos judeus, de seu Pai: “Se eu disser que nã o o conheço, serei um
mentiroso, como você ”, e, nesta frase, usa as palavras: “Eu o conheço
nã o”, que diz que nã o poderia ter pronunciado essas mesmas quatro
palavras, ou expressado a mesma coisa de maneira diferente, declarou:
“Eu nã o o conheço?” Agora, se ele tivesse feito isso, ele teria sido um
mentiroso, como ele mesmo diz, e, portanto, um pecador. Portanto, uma
vez que ele podia fazer isso, ele podia pecar.

Anselmo. E verdade que ele poderia dizer isso, e també m que ele
nã o poderia pecar.

Boso. Como é isso?

Anselmo. Todo poder segue a vontade. Pois, quando digo que posso
falar ou andar, é entendido, se eu quiser. Pois, se a vontade nã o está
implı́cita como açã o, nã o há poder, mas apenas necessidade. Pois,
quando digo que posso ser arrastado ou amarrado a contragosto, este
nã o é o meu poder, mas a necessidade e o poder de outro; já que nã o
posso ser arrastado ou amarrado em nenhum outro sentido alé m disso,
que outro pode me arrastar ou amarrar. Assim, podemos dizer de
Cristo, que ele poderia mentir, desde que entendamos, se assim o
escolhesse. E, como ele nã o podia mentir de má vontade e nã o podia
querer mentir, nã o obstante, pode-se dizer que ele nã o podia mentir.
Assim, é verdade que ele podia e nã o podia mentir.

Boso. Agora voltemos à nossa indagaçã o original a respeito desse


homem, como se nada se soubesse dele. Digo, entã o, que se ele nã o
pô de pecar, porque, segundo você , ele nã o poderia querer pecar, ele
manté m a santidade por necessidade e, portanto, nã o será santo por
livre arbı́trio. Que agradecimento, entã o, ele merecerá por sua
santidade? Pois estamos acostumados a dizer que Deus fez o homem e
o anjo capazes de pecar por causa disso, que, quando por vontade
pró pria eles mantinham a santidade, embora pudessem tê -la
abandonado, poderiam merecer elogios e recompensas, que nã o teriam.
feito se fossem necessariamente santos.

Anselmo. Nã o sã o os anjos dignos de louvor, embora incapazes de


cometer pecado?

Boso. Sem dú vida eles sã o, porque eles mereciam esta presente
incapacidade de pecar pelo fato de que quando eles podiam pecar eles
se recusavam a fazê -lo.

Anselmo. O que você diz a respeito de Deus, que nã o pode pecar, e
ainda assim nã o mereceu isso, recusando-se a pecar quando tinha o
poder? Ele nã o deve ser louvado por sua santidade?

Boso. Eu gostaria que você respondesse essa pergunta para mim;


pois se digo que ele nã o merece elogios, sei que falo falsamente. Se, por
outro lado, eu disser que ele merece elogios, tenho medo de invalidar
meu raciocı́nio em relaçã o aos anjos.

Anselmo. Os anjos nã o devem ser louvados por sua santidade


porque podem pecar, mas porque é devido a si mesmos, em certo
sentido, que agora eles nã o podem pecar. E neste aspecto eles sã o em
certa medida como Deus, que tem, de si mesmo, tudo o que possui. Pois
diz-se que uma pessoa dá uma coisa, que nã o a tira quando pode; e
fazer uma coisa é o mesmo que nã o impedi-la, quando isso está em
nosso poder. Quando, portanto, o anjo pode se afastar da santidade e
ainda assim nã o o fez, e pode se tornar profano, mas nã o o fez, dizemos
com propriedade que ele conferiu virtude a si mesmo e se tornou santo.
Nesse sentido, portanto, ele tem santidade de si mesmo (pois a criatura
nã o pode tê -la de si mesmo de outra maneira), e, portanto, deve ser
louvado por sua santidade, porque ele nã o é santo por necessidade,
mas gratuitamente; pois isso é impropriamente chamado de
necessidade que nã o envolve nem compulsã o nem restriçã o. Portanto,
como tudo o que Deus tem, ele tem de si mesmo perfeitamente, ele deve
ser louvado principalmente pelas coisas boas que possui e manté m, nã o
por necessidade, mas, como já foi dito, por sua pró pria imutabilidade
in inita. Portanto, da mesma forma, aquele homem que for també m
Deus, já que todo bem que possui vem de si mesmo, será santo nã o por
necessidade, mas voluntariamente e, portanto, merecerá louvor. Pois,
embora a natureza humana tenha o que tem da natureza divina,
també m o terá de si mesma, pois as duas naturezas estarã o unidas em
uma pessoa.

Boso. Você me satisfez neste ponto; e vejo claramente que é


verdade que ele nã o podia pecar e, no entanto, merece louvor por sua
santidade. Mas agora acho que surge a pergunta, já que Deus pô de fazer
tal homem, por que ele nã o criou anjos e nossos primeiros pais para
serem incapazes de pecar, e ainda assim louvá veis por sua santidade?

Anselmo. Você sabe o que está dizendo?

Boso. Acho que entendo, e é por isso que pergunto por que ele nã o
os fez assim.

Anselmo. Porque nã o era possı́vel nem certo que nenhum deles
fosse o mesmo com Deus, como dizemos que o homem era. E se você
perguntar por que ele nã o trouxe as trê s pessoas, ou pelo menos o
Verbo, à unidade com os homens naquela é poca, eu respondo: Porque a
razã o nã o exigia nada disso entã o, mas proibia totalmente, porque Deus
nã o nada sem razã o.

Boso. Eu coro por ter feito a pergunta. Continue com o que você
tem a dizer.

Anselmo. Devemos concluir, entã o, que ele nã o deve estar sujeito à
morte, visto que ele nã o será um pecador.

Boso. Eu tenho que concordar contigo.


Cur Deus Homo
CAPÍTULO XI
C C ,

.

nselm.
UMA Agora, també m, resta perguntar se, como é a natureza do
homem, é possı́vel que esse homem morra?

Boso. Di icilmente precisamos discutir a respeito disso, pois ele


será realmente homem, e todo homem é por natureza mortal.

Anselmo. Nã o acho que a mortalidade seja inerente à natureza


essencial do homem, mas apenas como corrompida. Visto que, se o
homem nunca tivesse pecado, e se sua imortalidade tivesse sido
imutavelmente con irmada, ele teria sido realmente homem; e, quando
os moribundos ressuscitarem, incorruptı́veis, nã o serã o menos
realmente homens. Pois, se a mortalidade era um atributo essencial da
natureza humana, entã o aquele que era imortal nã o poderia ser
homem. Portanto, nem a corrupçã o nem a incorrupçã o pertencem
essencialmente à natureza humana, pois nem faz nem destró i o homem;
mas a felicidade vem de um, e a misé ria do outro. Mas como todos os
homens morrem, a mortalidade está incluı́da na de iniçã o de homem,
dada pelos iló sofos, pois eles nunca acreditaram na possibilidade de o
homem ser imortal em todos os aspectos. E, portanto, nã o basta provar
que esse homem deve estar sujeito à morte, para dizermos que ele será
em todos os aspectos um homem.

Boso. Procure entã o por alguma outra razã o, já que nã o conheço
nenhuma, se você nã o conhece, pela qual possamos provar que ele pode
morrer.

Anselmo. Nã o podemos duvidar que, como ele será Deus, ele
possuirá onipotê ncia.

Boso. Certamente.

Anselmo. Ele pode, entã o, se quiser, dar sua vida e tomá -la
novamente.

Boso. Se nã o, ele di icilmente pareceria onipotente.

Anselmo. Portanto, ele é capaz de evitar a morte, se quiser, e


també m de morrer e ressuscitar. Alé m disso, se ele dá sua vida pela
intervençã o de nenhuma outra pessoa, ou outro causa isso, de modo
que ele a dá permitindo que seja tomada, nã o faz diferença quanto ao
seu poder.

Boso. Nã o há dú vidas sobre isso.

Anselmo. Se, entã o, ele escolher permitir, ele poderá ser morto; e se
ele nã o estivesse disposto a permitir isso, ele nã o poderia ser morto.

Boso. A isso somos inevitavelmente levados pela razã o.

Anselmo . A razã o també m nos ensinou que o dom que ele


apresenta a Deus, nã o por dı́vida, mas gratuitamente, deve ser algo
maior do que qualquer coisa na posse de Deus.

Boso. Sim.

Anselin. Agora isso nã o pode ser encontrado abaixo dele nem
acima dele.

Boso. Muito verdadeiro.

Anselmo. Em si mesmo, portanto, deve ser encontrado.

Boso. Assim aparece.

Anselmo. Portanto, ele dará a si mesmo, ou algo pertencente a si


mesmo.

Boso. Nã o consigo ver como deveria ser de outra forma.

Anselmo. Agora devemos perguntar que tipo de presente deve ser


esse? Pois ele nã o pode se entregar a Deus, ou qualquer coisa dele,
como se Deus nã o tivesse o que era seu. Pois toda criatura pertence a
Deus.

Boso. Isto é tã o.

Anselmo. Portanto, esse dom deve ser entendido dessa maneira,


que ele de alguma forma se entrega, ou algo seu, à honra de Deus, que
ele nã o devia como devedor.

Boso. Assim parece pelo que já foi dito.

Anselmo. Se dissermos que ele se entregará a Deus pela


obediê ncia, de modo que, mantendo constantemente a santidade,
sujeitar-se à sua vontade, isso nã o estará dando uma coisa que nã o lhe é
exigida por Deus como devida. Pois todo ser razoá vel deve sua
obediê ncia a Deus.

Boso. Isso nã o pode ser negado.

Anselmo. Portanto, deve ser de alguma outra maneira que ele se


dá , ou algo que lhe pertence, a Deus.

Boso. A razã o nos impele a esta conclusã o.

Anslem. Vejamos se, por acaso, isso pode ser dar a vida ou dar a
vida, ou entregar-se à morte pela honra de Deus. Pois Deus nã o exigirá
isso dele como dı́vida; pois, como nenhum pecado será encontrado, ele
nã o deve morrer, como já dissemos.

Boso. Senã o nã o consigo entender.

Anselmo. Mas observemos ainda se isso está de acordo com a


razã o.

Boso. Fale você , e eu ouvirei com prazer.

Anselmo. Se o homem pecou com facilidade, nã o lhe convé m expiar


com di iculdade? E se ele foi vencido pelo diabo da maneira mais fá cil
possı́vel, para desonrar a Deus pecando contra ele, nã o é certo que o
homem, ao satisfazer seu pecado, honre a Deus vencendo o diabo com a
maior di iculdade possı́vel? ? Nã o é apropriado que, uma vez que o
homem se afastou de Deus tanto quanto possı́vel em seu pecado, ele
deve dar a Deus a maior satisfaçã o possı́vel?
Boso. Certamente, nã o há nada mais razoá vel.

Anselmo. Agora, nada pode ser mais severo ou difı́cil para o


homem fazer pela honra de Deus, do que sofrer a morte
voluntariamente quando nã o está vinculado por obrigaçã o; e o homem
nã o pode se entregar a Deus de maneira mais verdadeira do que se
entregar à morte pela honra de Deus.

Boso. Todas essas coisas sã o verdadeiras.

Anselmo. Portanto, aquele que deseja fazer expiaçã o pelo pecado


do homem deve ser aquele que pode morrer se assim o desejar.

Boso. Acho claro que o homem que procuramos nã o deve ser
apenas aquele que nã o está necessariamente sujeito à morte por causa
de sua onipotê ncia e que nã o merece a morte por causa de seu pecado,
mas també m aquele que pode morrer de seu pró prio livre arbı́trio, pois
isso será necessá rio.

Anselmo. Há també m muitas outras razõ es pelas quais é


peculiarmente apropriado para aquele homem entrar no
relacionamento comum dos homens e manter uma semelhança com
eles, apenas sem pecado. E essas coisas se manifestam mais fá cil e
claramente em sua vida e açõ es do que podem ser demonstrados pela
mera razã o sem experiê ncia. Pois quem pode dizer quã o necessá rio e
sá bio foi para aquele que redimiu os homens e os reconduziu por seus
ensinamentos do caminho da morte e da destruiçã o para o caminho da
vida e da felicidade eterna, quando conversou com os homens e quando
ele os ensinou por relaçõ es pessoais, para dar-lhes um exemplo do
modo como deveriam viver? Mas como ele poderia ter dado este
exemplo aos homens fracos e moribundos, para que eles nã o se
desviassem da santidade por causa de injú rias, escá rnios, torturas ou
mesmo morte, se eles nã o fossem capazes de reconhecer todas essas
virtudes em si mesmo?
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XII
C , , ,
, .

B
oso.

Todas essas coisas mostram claramente que ele deve ser mortal
e participar de nossas fraquezas. Mas todas essas coisas sã o
nossas misé rias. Ele entã o será miserá vel?

Anselmo. Nã o, de fato! Pois, como nenhuma vantagem que algué m


tenha alé m de sua escolha constitui felicidade, també m nã o há misé ria
em escolher sofrer uma perda, quando a escolha é sá bia e feita sem
compulsã o.

Boso. Certamente, isso deve ser permitido.


Cur Deus Homo
CAPÍTULO XIII
C , ,
.

B
oso.

Mas diga-me se, nesta semelhança com os homens que ele deve
ter, ele herdará també m nossa ignorâ ncia, como faz com nossas
outras enfermidades?

Anselmo. Você duvida da onipotê ncia de Deus?

Boso. Nã o! mas, embora este homem seja imortal em relaçã o à sua
natureza divina, ele será mortal em sua natureza humana. Pois por que
ele nã o será como eles em sua ignorâ ncia, como ele é em sua
mortalidade?

Anselmo. Essa uniã o da humanidade com a pessoa divina nã o será


efetuada exceto de acordo com a mais alta sabedoria; e, portanto, Deus
nã o tomará nada pertencente ao homem que seja apenas inú til, mas até
mesmo um obstá culo à obra que esse homem deve realizar. Pois a
ignorâ ncia em nada é ú til, mas muito prejudicial. Como ele pode
realizar obras, tantas e tã o grandes, sem a mais alta sabedoria? Ou,
como os homens acreditarã o nele se o acharem ignorante? E se for
ignorante, de que lhe servirá ? Se nada é amado, exceto como é
conhecido, e nã o há coisa boa que ele nã o ame, entã o nã o pode haver
coisa boa que Ele ignora. Mas ningué m entende perfeitamente o bem,
exceto aquele que pode distingui-lo do mal; e ningué m pode fazer essa
distinçã o se nã o souber o que é o mal. Portanto, como aquele de quem
estamos falando compreende perfeitamente o que é bom, entã o nã o
pode haver nenhum mal com o qual ele nã o esteja familiarizado.
Portanto, ele deve ter todo o conhecimento, embora nã o o mostre
abertamente em suas relaçõ es com os homens.

Boso. Em seus anos mais maduros, isso deve parecer como você
diz; mas, na infâ ncia, como nã o será um momento adequado para
descobrir a sabedoria, nã o haverá necessidade e, portanto, nenhuma
propriedade, em tê -la.

Anselmo. Eu nã o disse que a encarnaçã o será feita em sabedoria?


Mas Deus em sabedoria assumirá essa mortalidade, da qual ele faz uso
tã o amplamente, porque para um objetivo tã o grande. Mas ele nã o
poderia sabiamente assumir a ignorâ ncia, pois isso nunca é ú til, mas
sempre prejudicial, exceto quando uma má vontade é impedida de agir
por causa disso. Mas, nele nunca existiu um desejo maligno. Pois se a
ignorâ ncia nã o prejudicou em nenhum outro aspecto, ainda assim o faz
nisto, que tira o bem de saber. E para responder a sua pergunta em uma
palavra: que o homem, pela natureza essencial de seu ser, estará
sempre cheio de Deus; e, portanto, jamais desejará o poder, a irmeza
ou a sabedoria de Deus.

Boso. Embora totalmente incapaz de duvidar da verdade disso com


respeito a Cristo, ainda assim, por isso mesmo, perguntei a razã o disso.
Pois muitas vezes temos certeza de uma coisa, mas nã o podemos prová -
la pela razã o.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XIV
C
.

B
oso.

Agora peço-lhe que me diga como sua morte pode superar o


nú mero e a magnitude de nossos pecados, quando o menor
pecado que podemos pensar em você se mostrou tã o monstruoso que,
se houvesse um nú mero in inito de mundos tã o cheios de existê ncia
criada como isso, eles nã o poderiam resistir, mas cairiam de volta no
nada, antes que um olhar fosse feito contrá rio à justa vontade de Deus.

Anselmo. Este homem estava aqui antes de você , e você sabia quem
ele era, e foi dito a você que, se você nã o o matasse, todo o universo,
exceto Deus, pereceria, você faria isso para preservar o resto da
criaçã o?

Boso. Nã o! nem mesmo um nú mero in inito de mundos foi exibido
diante de mim.

Anselmo. Mas suponha que lhe dissessem: “Se você nã o o matar,
todos os pecados do mundo serã o empilhados sobre você .”

Boso. Devo responder que pre iro carregar todos os outros


pecados, nã o apenas os deste mundo, passados e futuros, mas també m
todos os outros que podem ser concebidos, do que apenas este. E acho
que devo dizer isso, nã o apenas em relaçã o a matá -lo, mas també m
quanto ao menor ferimento que possa ser in ligido a ele.

Anselmo. Você julga corretamente; mas diga-me por que seu


coraçã o recua de uma injú ria in ligida a ele como mais hedionda do que
todos os outros pecados que podem ser pensados, visto que todos os
pecados cometidos contra ele?

Boso. Um pecado cometido contra sua pessoa excede sem


comparaçã o todos os pecados que podem ser pensados, que nã o afetam
sua pessoa.

Anselmo. O que você diz a isso, que muitas vezes sofremos


livremente certos males em sua pessoa, para nã o sofrer maiores em sua
propriedade?

Boso. Deus nã o precisa de tal paciê ncia, pois todas as coisas estã o
sujeitas ao seu poder, como você respondeu a uma certa pergunta
minha acima.

Anselmo. Você diz bem; e, portanto, vemos que nenhuma


enormidade ou multidã o de pecados, alé m da pessoa divina, pode por
um momento ser comparada com uma lesã o corporal in ligida a esse
homem.

Boso. Isso é mais claro.

Anselmo. Quã o grande lhe parece este bem, se a destruiçã o dele é


um mal tã o grande?
Boso. Se sua existê ncia é um bem tã o grande quanto sua destruiçã o
é um mal, entã o é muito mais um bem do que esses pecados sã o males
que sua destruiçã o supera até agora.

Anselmo. Muito verdadeiro. Considere, també m, que os pecados


sã o tã o odiosos quanto maus, e que a vida só é amá vel na medida em
que é boa. E, portanto, segue-se que essa vida é mais amá vel do que os
pecados sã o odiosos.

Boso. Eu nã o posso deixar de ver isso.

Anselmo. E você nã o acha que um bem tã o grande em si mesmo,


tã o amá vel, pode valer a pena pagar o que é devido pelos pecados do
mundo inteiro?

Boso. Sim! tem até valor in inito.

Anselmo. Você vê , entã o, como esta vida vence todos os pecados, se
for dada por eles?

Boso. Claramente.

Anselmo. Se, entã o, dar a vida é o mesmo que sofrer a morte, assim
como o dom de sua vida supera todos os pecados dos homens, també m
o sofrimento da morte.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XV
C
.

B
oso.

Isto é apropriado com respeito a todos os pecados que nã o


afetam a pessoa da Deidade. Mas deixe-me perguntar mais uma
coisa. Se é um mal tã o grande matá -lo quanto sua vida é um bem, como
sua morte pode vencer e destruir os pecados daqueles que o mataram?
Ou, se destró i o pecado de qualquer um deles, como nã o pode destruir
també m o pecado cometido por outros homens? Pois cremos que
muitos homens serã o salvos, e muitos nã o serã o salvos.

Anselmo. O Apó stolo responde à pergunta quando diz: “Se eles


soubessem, nunca teriam cruci icado o Senhor da gló ria”. Pois um
pecado cometido conscientemente e um pecado cometido por
ignorâ ncia sã o tã o diferentes que um mal que eles nunca poderiam
fazer, se fosse conhecido em toda a sua extensã o, pode ser perdoá vel
quando feito na ignorâ ncia. Pois nenhum homem poderia, pelo menos
conscientemente, matar o Senhor; e, portanto, aqueles que o izeram na
ignorâ ncia nã o se precipitaram nesse crime transcendental com o qual
nenhum outro pode ser comparado. Por este crime, cuja magnitude
temos considerado como igual ao valor de sua vida, nã o consideramos
ter sido cometido por ignorâ ncia, mas conscientemente; uma coisa que
nenhum homem jamais fez ou poderia fazer.
Boso. Você mostrou razoavelmente que os assassinos de Cristo
podem obter perdã o por seus pecados.

Anselmo. O que mais você pergunta? Pois agora você vê como a
razã o da necessidade mostra que o estado celestial deve ser constituı́do
pelos homens, e que isso só pode ser pelo perdã o dos pecados, que o
homem nunca pode ter, mas pelo homem, que deve ser ao mesmo
tempo divino, e reconciliar os pecadores com Deus por sua pró pria
morte. Portanto, descobrimos claramente que Cristo, a quem
confessamos ser Deus e homem, morreu por nó s; e, quando isso é
conhecido alé m de qualquer dú vida, todas as coisas que ele diz de si
mesmo devem ser reconhecidas como verdadeiras, pois Deus nã o pode
mentir, e tudo o que ele faz deve ser recebido com sabedoria, embora
nã o entendamos a razã o disso.

Boso. O que você diz é verdade; e nã o duvido nem por um


momento que suas palavras sejam verdadeiras e que tudo o que ele faça
seja razoá vel. Mas eu peço isso para que você possa revelar para mim,
em sua verdadeira racionalidade, aquelas coisas na fé cristã que
parecem impró prias ou impossı́veis aos in ié is; e isto, nã o para me
fortalecer na fé , mas para grati icar algué m já con irmado pelo
conhecimento da pró pria verdade.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XVI
C D
, ; A
E .

B
oso.

Como, portanto, você revelou a razã o das coisas mencionadas


acima, peço que você també m explique o que estou prestes a
perguntar. Primeiro, entã o, como Deus, de uma substâ ncia pecaminosa,
isto é , da espé cie humana, que foi totalmente manchada pelo pecado,
toma um homem sem pecado, como uma massa sem fermento daquilo
que é levedado? Pois, embora a concepçã o deste homem seja pura e
livre do pecado da grati icaçã o carnal, a pró pria virgem, da qual ele
nasceu, foi concebida em iniqü idade, e em pecado sua mã e a gerou, pois
ela mesma pecou em Adã o. , em quem todos os homens pecaram.

Anselmo. Visto que é apropriado que esse homem seja Deus, e


també m o restaurador dos pecadores, nã o duvidamos que ele seja
totalmente sem pecado; contudo, isso de nada valerá , a menos que ele
seja tomado sem pecado e ainda de uma substâ ncia pecaminosa. Mas se
nã o podemos compreender de que maneira a sabedoria de Deus efetua
isso, devemos icar surpresos, mas com reverê ncia devemos permitir
que algo de tã o grande magnitude permaneça oculto de nó s. Pois a
restauraçã o da natureza humana por Deus é mais maravilhosa do que
sua criaçã o; pois ambos eram igualmente fá ceis para Deus; mas antes
que o homem fosse feito, ele nã o havia pecado para que nã o lhe fosse
negada a existê ncia. Mas depois que o homem foi feito, ele mereceu, por
seu pecado, perder sua existê ncia junto com seu desı́gnio; embora ele
nunca tenha perdido totalmente isso, a saber, que ele deveria ser capaz
de ser punido ou de receber a compaixã o de Deus. Pois nenhuma
dessas coisas poderia ter efeito se ele fosse aniquilado. Portanto, o
homem restaurador de Deus é mais maravilhoso do que o homem
criador, na medida em que é feito pelo pecador contrariamente aos seus
merecimentos; enquanto o ato de criaçã o nã o foi para o pecador, e nã o
estava em oposiçã o aos merecimentos do homem. Quã o grande é ,
també m, que Deus e o homem se unam em uma pessoa, que, enquanto
a perfeiçã o de cada natureza é preservada, o mesmo ser pode ser Deus
e homem! Quem, entã o, ousará pensar que a mente humana pode
descobrir quã o sabiamente, quã o maravilhosamente, tã o
incompreensı́vel uma obra foi realizada?

Boso. Eu admito que nenhum homem pode descobrir inteiramente


um misté rio tã o grande nesta vida, e nã o desejo que você faça o que
nenhum homem pode fazer, mas apenas que o explique de acordo com
sua capacidade. Pois você me convencerá mais cedo de que razõ es mais
profundas estã o ocultas neste assunto, mostrando algué m que você
conhece, do que se, sem dizer nada, você izer parecer que nã o entende
nenhuma razã o.

Anselmo. Vejo que nã o posso escapar de sua importunaçã o; mas se


eu tiver algum poder para explicar o que você deseja, agradeçamos a
Deus por isso. Mas se nã o, deixe que as coisas acima ditas sejam
su icientes. Pois, uma vez que se concorda que Deus deve se tornar
homem, sem dú vida nã o lhe faltará a sabedoria ou o poder para efetuar
isso sem pecado.

Boso. Isso eu prontamente permito.

Anselmo. Certamente era apropriado que aquela expiaçã o que


Cristo fez bene iciasse nã o apenas aqueles que viviam naquele tempo,
mas també m outros. Pois, suponha que houvesse um rei contra quem
todo o povo de suas provı́ncias se rebelasse, com apenas uma ú nica
exceçã o daqueles pertencentes à sua raça, e que todo o resto estivesse
irremediavelmente sob condenaçã o. E suponha que aquele que é o
ú nico inculpá vel teve tã o grande favor com o rei e tã o profundo amor
por nó s, a ponto de ser capaz e disposto a salvar todos aqueles que
con iaram em sua orientaçã o; e isso por causa de um certo serviço
muito agradá vel que ele estava prestes a prestar ao rei, de acordo com
seu desejo; e, como os que devem ser perdoados nã o podem reunir-se
todos naquele dia, o rei concede, por causa da grandeza do serviço
prestado, que quem, antes ou depois do dia designado, reconheceu que
deseja obter o perdã o por o trabalho realizado naquele dia, e para
subscrever a condiçã o lá estabelecida, deve ser libertado de toda culpa
passada; e, se eles pecaram apó s esse perdã o, e ainda assim desejaram
fazer expiaçã o e serem corrigidos novamente pela e icá cia desse plano,
eles devem ser perdoados novamente, apenas desde que ningué m entre
em sua mansã o até que isso seja cumprido pelo qual seu pecados sã o
removidos. Da mesma maneira, uma vez que todos os que devem ser
salvos nã o podem estar presentes no sacrifı́cio de Cristo, ainda assim
existe tal virtude em sua morte que seu poder se estende até aqueles
distantes no lugar ou no tempo. Mas que nã o deve bene iciar apenas os
presentes é claramente evidente, porque nã o poderia haver tantos
vivos no momento de sua morte como sã o necessá rios para completar o
estado celestial, mesmo se todos os que estavam na terra naquele
momento fossem admitidos. aos benefı́cios da redençã o. Pois o nú mero
de anjos maus que devem ser formados por homens é maior do que o
nú mero de homens que viviam naquele tempo. Tampouco podemos
acreditar que, desde que o homem foi criado, houve um tempo em que
o mundo, com as criaturas feitas para o uso do homem, foi tã o inú til a
ponto de nã o conter nenhum ser humano que tenha conquistado o
objetivo para o qual foi feito. Pois parece inadequado que Deus permita,
mesmo por um momento, que a raça humana, feita para completar o
estado celestial, e aquelas criaturas que ele fez para seu uso, existam
em vã o.

Boso. Você mostra pelo raciocı́nio correto, tal como nada pode se
opor, que nunca houve um tempo desde que o homem foi criado em que
nã o houvesse algué m que estivesse alcançando aquela reconciliaçã o
sem a qual todo homem foi feito em vã o. Para que nos baseemos nisso
nã o apenas como apropriado, mas també m necessá rio. Pois se isso é
mais adequado e razoá vel do que em qualquer momento nã o deve
haver ningué m cumprindo o desı́gnio para o qual Deus fez o homem, e
nã o há mais objeçã o que possa ser feita a essa visã o, entã o é necessá rio
que sempre haja alguma pessoa participando deste perdã o prometido.
E, portanto, nã o devemos duvidar que Adã o e Eva obtiveram parte
desse perdã o, embora a autoridade divina nã o faça mençã o a isso.

Anselmo. També m é incrı́vel que Deus os tenha criado e


imutavelmente determinado a fazer deles todos os homens, tantos
quantos fossem necessá rios para o estado celestial, e ainda assim
excluir esses dois desse desı́gnio.

Boso. Nã o, sem dú vida, devemos acreditar que Deus os fez para
esse propó sito, a saber, para pertencer ao nú mero daqueles por quem
foram criados.

Anselmo. Você entende bem. Mas nenhuma alma, antes da morte


de Cristo, poderia entrar no reino celestial, como eu disse acima, no que
diz respeito ao palá cio do rei.

Boso. Entã o nó s acreditamos.

Anselmo. Alé m disso, a virgem, de quem foi tirado aquele homem


de quem estamos falando, era do nú mero daqueles que foram
puri icados de seus pecados antes de seu nascimento, e ele nasceu dela
em sua pureza.

Boso. O que você diz me satisfaria, se ele nã o devesse ser puro de
si mesmo, enquanto ele parece ter sua pureza de sua mã e e nã o de si
mesmo.

Anselmo. Nã o tã o. Mas como a pureza da mã e, da qual ele participa,
era apenas derivada dele, ele també m era puro por si mesmo.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XVII
C ,
,
.

B
oso.

Até agora está bem. Mas há ainda outra questã o que precisa ser
analisada. Pois dissemos antes que sua morte nã o era uma
questã o de necessidade; mas agora vemos que sua mã e foi puri icada
pelo poder de sua morte, quando sem isso ele nã o poderia ter nascido
dela. Como, entã o, sua morte nã o foi necessá ria, quando ele nã o poderia
ter sido, exceto em vista da morte futura? Pois se ele nã o morresse, a
virgem de quem ele nasceu nã o poderia ser pura, pois isso só poderia
ser efetuado pela verdadeira fé em sua morte, e, se ela nã o fosse pura,
ele nã o poderia nascer dela. Se, portanto, sua morte nã o for uma
consequê ncia necessá ria de ter nascido da virgem, ele nunca poderia
ter nascido dela; mas isso é um absurdo.

Anselmo. Se você tivesse observado cuidadosamente as


observaçõ es feitas acima, você teria facilmente descoberto nelas, eu
acho, a resposta à sua pergunta.

Boso. nã o vejo como.

Anselmo. Nã o descobrimos, ao considerar a questã o se ele


mentiria, que havia dois sentidos da palavra poder em relaçã o a isso,
um referindo-se à sua disposiçã o, o outro ao ato em si; e que, embora
tendo o poder de mentir, ele era tã o constituı́do por natureza que nã o
desejava mentir e, portanto, merecia elogios por sua santidade em
manter a verdade?

Boso. E assim.

Anselmo. Da mesma forma, no que diz respeito à preservaçã o de


sua vida, há o poder de preservar e o poder de querer preservá -la. E
quando se pergunta se o mesmo Deus-homem poderia preservar sua
vida, para nunca morrer, nã o devemos duvidar que ele sempre teve o
poder de preservar sua vida, embora nã o desejasse fazê -lo com o
propó sito de escapando da morte. E como essa disposiçã o, que o
impede para sempre de desejar isso, vem de si mesmo, ele dá sua vida
nã o por necessidade, mas por livre autoridade.

Boso. Mas esses poderes nã o eram semelhantes em todos os


aspectos, o poder de mentir e o poder de preservar sua vida. Pois, se ele
desejasse mentir, é claro que poderia; mas, se quisesse evitar o outro,
nã o poderia fazê -lo, assim como nã o poderia evitar ser o que é . Pois ele
se tornou homem para isso, e foi na fé de sua morte vindoura que ele
poderia nascer de uma virgem, como você disse acima.

Anselmo. Como você pensa que ele nã o podia mentir, ou que sua
morte era necessá ria, porque ele nã o podia evitar ser o que ele era,
entã o você pode a irmar que ele nã o poderia querer evitar a morte, ou
que ele desejava morrer por necessidade, porque ele nã o podia mudar a
constituiçã o de seu ser; pois ele nã o se tornou homem para morrer,
mais do que para esse propó sito, que desejasse morrer. Portanto, como
você nã o deve dizer que ele nã o pô de deixar de desejar morrer, ou que
foi por necessidade que ele quis morrer, é igualmente impró prio dizer
que ele nã o pô de evitar a morte, ou que ele morreu por necessidade.

Boso. Sim, já que morrer e desejar morrer estã o incluı́dos no


mesmo modo de raciocı́nio, ambos parecem cair sob uma necessidade
semelhante.

Anselmo. Quem livremente desejou tornar-se homem, para que


pelo mesmo desejo imutá vel sofresse a morte, e que a virgem de quem
aquele homem deveria nascer fosse pura, pela con iança na certeza
disso?

Boso. Deus, o Filho de Deus.

Anselmo. Nã o foi mostrado acima que nenhum desejo de Deus é


constrangido; mas que ele se manté m livremente em sua pró pria
imutabilidade, sempre que se diz que ele faz alguma coisa
necessariamente?

Boso. Tem sido claramente mostrado. Mas vemos, por outro lado,
que o que Deus deseja imutavelmente nã o pode deixar de ser assim,
mas ocorre por necessidade. Portanto, se Deus desejasse que aquele
homem morresse, ele poderia apenas morrer.

Anselmo. Porque o Filho de Deus tomou a natureza do homem com


este desejo, a saber, que ele deveria sofrer a morte, você prova que é
necessá rio que este homem nã o seja capaz de evitar a morte.

Boso. Entã o eu percebo.


Anselmo. Da mesma maneira, nã o apareceu das coisas que falamos
que o Filho de Deus e o homem cuja pessoa ele tomou estavam tã o
unidos que o mesmo ser deveria ser Deus e homem, o Filho de Deus e o
ilho da virgem? ?

Boso. E assim.

Anselmo. Portanto, o mesmo homem poderia morrer e evitar a


morte.

Boso. Eu nã o posso negar.

Anselmo. Como, entã o, a vontade de Deus nã o faz nada por


necessidade, senã o por seu pró prio poder, e a vontade daquele homem
era a mesma que a vontade de Deus, ele morreu nã o necessariamente,
mas apenas por seu pró prio poder.

Boso. Aos seus argumentos nã o posso objetar; pois nem suas
proposiçõ es nem suas inferê ncias posso invalidar minimamente. Mas,
no entanto, esta coisa que mencionei sempre volta à minha mente: que,
se ele desejasse evitar a morte, ele nã o poderia fazê -lo mais do que
poderia escapar da existê ncia. Pois deve ter sido determinado que ele
iria morrer, pois se nã o fosse verdade que ele estava para morrer, a fé
em sua morte pró xima nã o existiria, pela qual a virgem que o deu à luz
e muitas outras també m foram puri icadas. seu pecado. Portanto, se ele
pudesse evitar a morte, ele poderia tornar falso o que era verdade.

Anselmo. Por que era verdade, antes de morrer, que ele certamente
iria morrer?
Boso. Porque este era seu desejo livre e imutá vel.

Anselmo. Se, entã o, como você diz, ele nã o pô de evitar a morte
porque certamente morreria, e por isso certamente morreria porque
era seu desejo livre e imutá vel, é claro que sua incapacidade de evitar a
morte nada mais é do que sua escolha ixa de morrer.

Boso. Isto é tã o; mas seja qual for a razã o, ainda é certo que ele nã o
poderia evitar a morte, mas que era uma coisa necessá ria para ele
morrer.

Anselmo. Você faz um grande barulho por nada, ou, como diz o
ditado, você tropeça em um canudo.

Boso. Você nã o está esquecendo minha resposta à s desculpas que


você deu no inı́cio de nossa discussã o, a saber, que você deveria
explicar o assunto, nã o para homens instruı́dos, mas para mim e meus
colegas investigadores? Permita-me, entã o, interrogá -lo como minha
lentidã o e estupidez exigem, para que, como você começou até agora,
você possa resolver todas as nossas dú vidas infantis.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XVIII ( )
C , D , ,
, .

[
13 ] Anselmo. Já dissemos que é impró prio a irmar de Deus que ele
faz alguma coisa, ou que nã o pode fazê -lo, por necessidade. Pois
toda necessidade e impossibilidade está sob seu controle. Mas sua
escolha nã o está sujeita a nenhuma necessidade ou impossibilidade.
Pois nada é necessá rio ou impossı́vel a nã o ser como Ele deseja. Nã o, a
pró pria escolha ou recusa de qualquer coisa como uma necessidade ou
uma impossibilidade é contrá ria à verdade. Como, entã o, ele faz o que
ele escolhe e nada mais, como nenhuma necessidade ou
impossibilidade existe antes de sua escolha ou recusa, elas també m nã o
interferem em seu agir ou nã o agir, embora seja verdade que sua
escolha e açã o sejam imutá veis. E como, quando Deus faz uma coisa,
uma vez que foi feita, nã o pode ser desfeita, mas deve permanecer um
fato real; ainda assim, nã o estamos corretos em dizer que é impossı́vel
para Deus impedir que uma açã o passada seja o que é . Pois nã o há
necessidade ou impossibilidade no caso, senã o a simples vontade de
Deus, que escolhe que a verdade seja eternamente a mesma, pois ele
mesmo é a verdade. Alé m disso, se ele tem uma determinaçã o ixa de
fazer qualquer coisa, embora seu desı́gnio deva ser destinado a uma
realizaçã o antes que aconteça, ainda assim nã o há coerçã o no que diz
respeito a ele, seja para fazê -lo ou nã o fazê -lo, pois sua vontade é o
ú nico agente no caso. Pois quando dizemos que Deus nã o pode fazer
nada, nã o negamos seu poder; pelo contrá rio, sugerimos que ele tem
autoridade e força invencı́veis. Pois queremos dizer simplesmente isso,
que nada pode obrigar Deus a fazer o que é dito ser impossı́vel para ele.
Muitas vezes usamos uma expressã o desse tipo, que uma coisa pode ser
quando o poder nã o está em si, mas em outra coisa; e que nã o pode ser
quando a fraqueza nã o pertence à coisa em si, mas a outra coisa. Assim,
dizemos “Tal homem pode ser amarrado”, em vez de dizer: “Algué m
pode amarrá -lo” e “Ele nã o pode ser amarrado”, em vez de “Ningué m
pode amarrá -lo”. Pois poder ser vencido nã o é poder, mas fraqueza, e
nã o poder ser vencido nã o é fraqueza, mas poder. Tampouco dizemos
que Deus faz alguma coisa por necessidade, porque existe tal coisa a
respeito dele, mas porque existe em outra coisa, exatamente como eu
disse a respeito da a irmaçã o de que ele nã o pode fazer nada. Pois a
necessidade é sempre compulsã o ou restriçã o; e esses dois tipos de
necessidade operam alternadamente, de modo que a mesma coisa é
necessá ria e impossı́vel. Pois o que é obrigado a existir també m é
impedido de nã o existir; e o que é compelido a nã o existir é impedido
de existir. De modo que tudo o que existe por necessidade nã o pode
evitar a existê ncia, e é impossı́vel existir uma coisa que esteja sob uma
necessidade de inexistê ncia, e vice-versa . Mas quando dizemos em
relaçã o a Deus que qualquer coisa é necessá ria ou nã o necessá ria, nã o
queremos dizer que, no que diz respeito a ele, haja alguma necessidade
coercitiva ou proibitiva, mas queremos dizer que há uma necessidade
em tudo o mais. , restringindo ou conduzindo-os de uma maneira
particular. Considerando que dizemos exatamente o oposto de Deus.
Pois, quando a irmamos que é necessá rio que Deus pronuncie a
verdade, e nunca minta, queremos apenas dizer que sua disposiçã o
inabalá vel para manter a verdade que necessariamente nada pode fazer
com que ele se desvie da verdade ou pronuncie uma mentira. Quando,
entã o, dizemos que aquele homem (que, pela uniã o de pessoas, é
també m Deus, o Filho de Deus) nã o pô de evitar a morte, ou a escolha da
morte, depois de ter nascido da virgem, nã o implicamos que havia nele
alguma fraqueza em relaçã o a preservar ou escolher preservar sua vida,
mas nos referimos à imutabilidade de seu propó sito, pelo qual ele
livremente se tornou homem para esse desı́gnio, a saber, que,
perseverando em seu desejo, ele deveria sofrer morte. E esse desejo
nada poderia abalar. Pois seria mais fraqueza do que poder se ele
pudesse querer mentir, enganar ou mudar sua disposiçã o, quando antes
ele havia escolhido que ela permanecesse inalterada. E, como eu disse
antes, quando algué m decidiu livremente fazer alguma boa açã o, e
depois continua a completá -la, embora, se nã o quiser pagar seu voto,
ele possa ser compelido a fazê -lo, mas nã o devemos dizer que ele faz
isso por necessidade, mas com a mesma liberdade com que fez a
resoluçã o. Pois nã o devemos dizer que algo é feito, ou nã o feito, por
necessidade ou fraqueza, quando o livre arbı́trio é o ú nico agente no
caso. E, se é assim com relaçã o ao homem, muito menos podemos falar
de necessidade ou fraqueza em referê ncia a Deus; pois ele nã o faz nada
exceto de acordo com sua escolha, e sua vontade nenhuma força pode
impelir ou restringir. Pois este im foi realizado pelas naturezas unidas
de Cristo, a saber, que a natureza divina deveria realizar aquela parte da
obra necessá ria para a restauraçã o do homem que a natureza humana
nã o poderia fazer; e que no humano deveria se manifestar o que era
inadequado ao Divino. Finalmente, a pró pria virgem, que foi puri icada
pela fé nele, para que dela nascesse, mesmo ela, digo, nunca acreditou
que ele morreria, a nã o ser por sua pró pria escolha. Pois ela conhecia as
palavras do profeta, que disse dele: “Ele foi oferecido por sua pró pria
vontade”. Portanto, uma vez que sua fé estava bem fundamentada, deve
necessariamente resultar como ela acreditava. E, se te deixa perplexo
que eu diga que é necessá rio, lembre-se de que a realidade da fé da
virgem nã o foi a causa de sua morte por vontade pró pria; mas, como
isso estava destinado a acontecer, sua fé era real. Se, entã o, se disser
que era necessá rio que ele morresse por sua ú nica escolha, porque a fé
e a profecia antecedentes eram verdadeiras, isso nã o é mais do que
dizer que deve ser porque deveria ser. Mas uma necessidade como essa
nã o obriga uma coisa a ser, mas apenas implica uma necessidade de sua
existê ncia. Há uma necessidade antecedente que é a causa de uma
coisa, e há també m uma necessidade subsequente que surge da pró pria
coisa. Assim, quando se diz que os cé us giram, é uma necessidade
antecedente e e iciente, pois eles devem girar. Mas quando digo que
você fala de necessidade, porque está falando, isso nã o passa de uma
necessidade posterior e inoperante. Pois quero dizer apenas que é
impossı́vel para você falar e nã o falar ao mesmo tempo, e nã o que
algué m o obrigue a falar. Pois a força de sua pró pria natureza faz o cé u
girar; mas nenhuma necessidade te obriga a falar. Mas onde quer que
haja uma necessidade antecedente, há també m uma subsequente; mas
nã o vice-versa . Pois podemos dizer que o cé u gira necessariamente,
porque gira; mas també m nã o é verdade que, porque você fala, você o
faz por necessidade. Essa necessidade posterior pertence a tudo, de
modo que dizemos: tudo o que foi, necessariamente foi. O que quer que
seja, deve ser. O que for para ser, necessariamente será . Esta é aquela
necessidade de que trata Aristó teles (“ depositionibus singularibus et
futuris ”), e que parece destruir qualquer alternativa e atribuir uma
necessidade a todas as coisas. Por esta necessidade subsequente e
imperativa, era necessá rio (uma vez que a crença e a profecia a respeito
de Cristo eram verdadeiras, que ele morreria por sua pró pria vontade),
que assim fosse. Para isso ele se tornou homem; por isso ele fez e sofreu
todas as coisas empreendidas por ele; para isso ele escolheu como ele
fez. Pois, portanto, eles eram necessá rios, porque eram para ser, e eram
para ser porque eram, e eram porque eram; e, se você deseja conhecer a
real necessidade de todas as coisas que ele fez e sofreu, saiba que elas
eram necessá rias, porque ele desejava que fossem. Mas nenhuma
necessidade precedeu sua vontade. Portanto, se eles nã o fossem salvos
por sua vontade, entã o, se ele nã o quisesse, eles nã o teriam existido.
Entã o, ningué m tirou sua vida dele, mas ele mesmo a entregou e a
tomou novamente; pois ele tinha poder para deixá -lo e tomá -lo
novamente, como ele mesmo disse.

Boso. Você me satisfez que nã o pode ser provado que ele foi
submetido à morte por qualquer necessidade; e nã o posso me
arrepender de minha importunaçã o em instá -lo a fazer esta explicaçã o.

Anselmo. Acho que mostramos com su iciente clareza como Deus


tirou um homem sem pecado de uma substâ ncia pecaminosa; mas de
modo algum negaria que nã o há outra explicaçã o alé m desta que
demos, pois Deus certamente pode fazer o que a razã o humana nã o
pode compreender. Mas como isso parece adequado, e visto que em
busca de outros argumentos devemos nos envolver em questõ es como a
do pecado original, e como ele foi transmitido por nossos primeiros
pais a toda a humanidade, exceto este homem de quem estamos
falando; e uma vez que, també m, devemos ser atraı́dos para vá rias
outras questõ es, cada uma exigindo sua pró pria consideraçã o separada;
iquemos satisfeitos com este relato do assunto e prossigamos para
concluir nosso trabalho pretendido.

Boso. Como você escolhe; mas com a condiçã o de que, com a ajuda
de Deus, você em algum momento dará essa outra explicaçã o, que você
me deve, por assim dizer, mas que agora você evita discutir.

Anselmo. Na medida em que eu mesmo entretenho esse desejo,


nã o o recusarei; mas por causa da incerteza dos eventos futuros, nã o
ouso prometer a você , mas encomendo-o à vontade de Deus. Mas diga
agora, o que resta a ser desvendado em relaçã o à questã o que você
propô s em primeiro lugar, e que envolve muitos outros com ela?

Boso. A substâ ncia da investigaçã o era esta, por que Deus se


tornou homem, com o propó sito de salvar os homens por sua morte,
quando ele poderia ter feito isso de alguma outra maneira. E você , por
inú meras e positivas razõ es, mostrou que a restauraçã o da humanidade
nã o deveria ocorrer, e nã o poderia, sem que o homem pagasse a dı́vida
que ele devia a Deus por seu pecado. E essa dı́vida era tã o grande que,
embora ningué m, a nã o ser o homem, devesse saldar a dı́vida, ningué m,
a nã o ser Deus, era capaz de fazê -lo; de modo que quem o faz deve ser
tanto Deus como homem. E daı́ surge a necessidade de que Deus leve o
homem à unidade com sua pró pria pessoa; para que aquele que em sua
pró pria natureza estava obrigado a pagar a dı́vida, mas nã o podia,
pudesse fazê -lo na pessoa de Deus. Em suma, você mostrou que aquele
homem, que també m era Deus, deve ser formado da virgem e da pessoa
do Filho de Deus, e que ele pode ser tomado sem pecado, embora de
uma substâ ncia pecaminosa. Alé m disso, você mostrou claramente que
a vida deste homem foi tã o excelente e tã o gloriosa que deu ampla
satisfaçã o pelos pecados do mundo inteiro, e até in initamente mais.
Agora, portanto, resta mostrar como esse pagamento é feito a Deus
pelos pecados dos homens.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XVIII ( )
C C D
, C ,
, , .

nselm.
UMA Se ele se permitiu ser morto por causa da justiça, ele nã o deu
sua vida pela honra de Deus?

Boso. Deveria parecer assim, mas nã o consigo entender, embora


nã o duvide, como ele pô de fazer isso com razoabilidade. Se eu visse
como ele pode ser perfeitamente santo, e ainda assim preservar para
sempre sua vida, eu reconheceria que ele deu gratuitamente, para a
honra de Deus, um dom que supera todas as outras coisas, exceto o
pró prio Deus, e é capaz de expiar por todos. os pecados dos homens.

Anselmo. Você nã o percebe que quando ele suportou com


paciê ncia gentil os insultos colocados sobre ele, violê ncia e até
cruci icaçã o entre ladrõ es para que ele pudesse manter estrita
santidade; com isso ele deu um exemplo aos homens de que eles nunca
deveriam se afastar da santidade devida a Deus por causa do sacrifı́cio
pessoal? Mas como ele poderia ter feito isso, se ele, como poderia ter
feito, evitou a morte trazida sobre ele por tal motivo?

Boso. Mas certamente nã o havia necessidade disso, pois muitas


pessoas antes de sua vinda, e Joã o Batista depois de sua vinda, mas
antes de sua morte, haviam reforçado su icientemente esse exemplo ao
morrer nobremente por causa da verdade.

Anselmo. Nenhum homem, exceto este, deu a Deus o que nã o era
obrigado a perder, ou pagou uma dı́vida que nã o devia. Mas ele ofereceu
gratuitamente ao Pai o que nã o havia necessidade de perder, e pagou
pelos pecadores o que nã o devia por si mesmo. Portanto, ele deu um
exemplo muito mais nobre, que cada um nã o deve hesitar em dar a
Deus, por si mesmo, o que deve perder em pouco tempo, pois era a voz
da razã o; pois ele, quando nada carecia para si e nã o compelido por
outros, que nã o mereciam nada dele senã o castigo, deu uma vida tã o
preciosa, mesmo a vida de um personagem tã o ilustre, com tanta
vontade.

Boso. Você quase atende meus desejos; mas permita-me fazer uma
pergunta, que você pode achar tola, mas que, no entanto, nã o acho fá cil
responder. Você diz que quando ele morreu deu o que nã o devia. Mas
ningué m negará que foi melhor para ele, ou que fazê -lo agradou a Deus
mais do que se nã o o tivesse feito. Ningué m dirá que nã o era obrigado a
fazer o que era melhor fazer, e o que sabia que seria mais agradá vel a
Deus. Como, entã o, podemos a irmar que ele nã o deve a Deus o que ele
fez, isto é , o que ele sabia ser melhor e mais agradá vel a Deus, e
especialmente porque toda criatura deve a Deus tudo o que é e tudo o
que sabe? e tudo o que ele é capaz?

Anselmo. Embora a criatura nã o tenha nada de si mesma, ainda


assim, quando Deus lhe concede a liberdade de fazer ou nã o fazer uma
coisa, ela deixa a alternativa com ela, de modo que, embora uma seja
melhor que a outra, nenhuma delas é positivamente exigida. E, o que
quer que ele faça, pode-se dizer que ele deve fazê -lo; e se ele izer a
melhor escolha, ele merece uma recompensa; porque ele torna
livremente o que é seu. Pois, embora o celibato seja melhor que o
casamento, nenhum deles é absolutamente imposto ao homem; de
modo que tanto aquele que escolhe o casamento quanto aquele que
prefere o celibato podem dizer que fazem o que devem. Pois ningué m
diz que o celibato ou o casamento nã o devem ser escolhidos; mas
dizemos que o que um homem estima melhor antes de agir sobre
qualquer uma dessas coisas, isso ele deve fazer. E se um homem
preserva seu celibato como um dom gratuito oferecido a Deus, ele
espera uma recompensa. Quando você diz que a criatura deve a Deus o
que ela sabe ser a melhor escolha, e o que ela é capaz de fazer, se você
quer dizer que ela deve isso como uma dı́vida, sem implicar qualquer
ordem da parte de Deus, nem sempre é verdadeiro. Assim, como já
disse, um homem nã o está obrigado ao celibato por dı́vida, mas deve
casar-se se assim o preferir. E se você nã o conseguir entender o uso
dessa palavra “ debere ”, quando nã o há dı́vida implı́cita, deixe-me
informá -lo que usamos a palavra “ debere ” exatamente como à s vezes
fazemos as palavras “ posses ” e “ non posse , ” e també m “ necessitas ”,
quando a capacidade, etc., nã o está nas pró prias coisas, mas em outra
coisa. Quando, por exemplo, dizemos que os pobres devem receber
esmolas dos ricos, queremos dizer que os ricos devem dar esmolas aos
pobres. Pois esta é uma dı́vida nã o devida pelos pobres, mas pelos ricos.
També m dizemos que Deus deve ser exaltado sobre todos, nã o porque
haja alguma obrigaçã o repousando sobre ele, mas porque todas as
coisas devem estar sujeitas a ele. E ele deseja que todas as criaturas
sejam o que devem; pois o que Deus deseja ser deve ser. E, da mesma
maneira, quando qualquer criatura deseja fazer uma coisa que é
deixada inteiramente à sua disposiçã o, dizemos que ela deve fazê -lo,
pois o que deseja ser deve ser. Assim, nosso Senhor Jesus, quando
desejou, como dissemos, sofrer a morte, deveria ter feito exatamente o
que fez; porque ele deveria ser o que desejasse, e nã o era obrigado a
fazer nada como dı́vida. Como ele é Deus e homem, em conexã o com
sua natureza humana, que o fez homem, ele també m deve ter recebido
da natureza divina aquele controle sobre si mesmo que o libertou de
toda obrigaçã o, exceto fazer o que quisesse. Da mesma forma, como
uma pessoa da Trindade, ele deve ter tido tudo o que possuı́a por
direito pró prio, para ser completo em si mesmo, e nã o poderia estar
sob obrigaçõ es para com outro, nem ter necessidade de dar nada para
ser reembolsado ele mesmo.

Boso. Agora vejo claramente que ele nã o se entregou para morrer
pela honra de Deus, como uma dı́vida; pois isso minha pró pria razã o
prova, e ainda assim ele deveria ter feito o que fez.

Anselmo. Essa honra certamente pertence a toda a Trindade; e,


sendo ele mesmo Deus, o Filho de Deus, ofereceu-se por sua pró pria
honra, bem como pela do Pai e do Espı́rito Santo; isto é , ele deu sua
humanidade à sua divindade, que é uma pessoa do Deus Triú no. Mas,
embora expressemos nossa idé ia mais de initivamente nos apegando à
verdade precisa, ainda podemos dizer, de acordo com nosso costume,
que o Filho se entregou livremente ao Pai. Pois assim a irmamos
claramente que, ao falar de uma pessoa, entendemos toda a Divindade,
a quem, como homem, ele se ofereceu. E, pelos nomes de Pai e Filho,
uma maravilhosa profundidade de devoçã o é excitada nos coraçõ es dos
ouvintes, quando se diz que o Filho suplica ao Pai em nosso favor.

Boso. Isso eu prontamente reconheço.


Cur Deus Homo
CAPÍTULO XIX
C .

nselm.
UMA Observemos agora, se pudermos, como a salvaçã o dos homens
repousa sobre isso.

Boso. Este é o desejo do meu coraçã o. Pois, embora eu pense que


entendo você , ainda assim desejo obter de você a estreita cadeia de
argumentos.

Anselmo. Nã o há necessidade de explicar quã o precioso foi o dom


que o Filho deu gratuitamente.

Boso. Isso já está bastante claro.

Anselmo. Mas você certamente nã o pensará que ele nã o merece
recompensa, que livremente deu um presente tã o grande a Deus.

Boso. Vejo que é necessá rio que o Pai recompense o Filho; caso
contrá rio, ele é injusto por nã o querer fazê -lo, ou fraco por nã o poder
fazê -lo; mas nenhuma dessas coisas pode ser atribuı́da a Deus.

Anselmo. Aquele que recompensa outro ou lhe dá algo que ele nã o
tem, ou entã o remete algum direito legı́timo sobre ele. Mas antes da
grande oferenda do Filho, todas as coisas pertencentes ao Pai eram
dele, e ele nunca devia nada que pudesse ser perdoado. Como, entã o,
uma recompensa pode ser concedida a algué m que nã o precisa de nada
e a quem nenhum presente ou liberaçã o pode ser feito?

Boso. Vejo, por um lado, a necessidade de uma recompensa e, por


outro, parece impossı́vel; pois Deus deve necessariamente pagar o que
deve, e ainda assim nã o há ningué m para recebê -lo.

Anselmo. Mas se uma recompensa tã o grande e tã o merecida nã o


for dada a ele ou a qualquer outra pessoa, entã o quase parecerá que o
Filho fez essa grande obra em vã o.

Boso. Tal suposiçã o é ı́mpia.

Anselmo. A recompensa entã o deve ser concedida a outra pessoa,


pois nã o pode ser sobre ele.

Boso. Isso é necessariamente assim.

Anselmo. Se o Filho quisesse dar a outro o que lhe era devido, o Pai
poderia justamente impedi-lo ou recusar-se a dar a outra pessoa?

Boso. Nã o! mas penso que seria justo e necessá rio que o dom fosse
dado pelo Pai a quem o Filho desejasse; porque o Filho deve ter
permissã o para dar o que é seu, e o Pai nã o pode conceder isso, exceto a
outra pessoa.

Anselmo. A quem ele concederia mais apropriadamente a


recompensa resultante de sua morte, do que à queles por cuja salvaçã o,
como a razã o correta ensina, ele se tornou homem; e por quem, como já
dissemos, ele deixou um exemplo de sofrer a morte para preservar a
santidade? Pois certamente em vã o os homens o imitarã o, se nã o forem
també m participantes de sua recompensa. Ou quem poderia ele herdar
com mais justiça da herança, da qual ele nã o precisa, e da super luidade
de seus bens, do que seus pais e irmã os? O que mais apropriado do que
isso, quando ele vê tantos deles sobrecarregados por uma dı́vida tã o
pesada, e de inhando pela pobreza, nas profundezas de suas misé rias,
ele deve perdoar a dı́vida contraı́da por seus pecados e dar-lhes o que
suas transgressõ es perdido?

Boso. O universo nã o pode ouvir falar de nada mais razoá vel, mais
doce, mais desejá vel. E recebo tamanha con iança disso que nã o
consigo descrever a alegria com que exulta meu coraçã o. Pois me
parece que Deus nã o pode rejeitar ningué m que venha a ele em seu
nome.

Anselmo. Certamente nã o, se ele vier corretamente. E as Escrituras,


que repousam sobre uma verdade só lida como sobre um fundamento
irme, e que, com a ajuda de Deus, examinamos um pouco – as
Escrituras, eu digo, nos mostram como nos aproximar para
compartilhar tal favor, e como devemos viver sob ela.

Boso. E tudo o que é construı́do sobre este fundamento é fundado


sobre uma rocha imó vel.

Anselmo. Acho que respondi quase o su iciente à sua pergunta,


embora possa fazê -lo ainda mais detalhadamente, e há , sem dú vida,
muitas razõ es que estã o alé m de mim e que o conhecimento mortal nã o
alcança. També m está claro que Deus nã o tinha necessidade de fazer a
coisa mencionada, mas a verdade eterna exigia isso. Pois embora se
diga que Deus fez o que aquele homem fez, por causa da uniã o pessoal
feita; no entanto, Deus nã o precisava descer do cé u para vencer o diabo,
nem lutar contra ele em santidade para libertar a humanidade. Mas
Deus exigiu que o homem vencesse o diabo, para que aquele que havia
ofendido pelo pecado expiasse pela santidade. Assim como Deus nã o
devia nada ao diabo, a nã o ser castigo, assim o homem só deve se
redimir vencendo o diabo como o homem já havia sido conquistado por
ele. Mas o que quer que fosse exigido do homem, ele devia a Deus e nã o
ao diabo.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XX
Q D .

N
OW encontramos a compaixã o de Deus que parecia perdida
para você quando está vamos considerando a santidade de
Deus e o pecado do homem; nó s a achamos, eu digo, tã o
grande e tã o consistente com sua santidade, que está
incomparavelmente acima de qualquer coisa que possa ser concebida.
Pois que compaixã o pode superar estas palavras do Pai, dirigidas ao
pecador condenado aos tormentos eternos e sem saı́da: “Toma meu
Filho unigê nito e faz dele uma oferta para ti”; ou estas palavras do
Filho: “Tomai-me e resgatai vossas almas”. Pois estas sã o as vozes que
eles proferem, quando nos convidam e nos conduzem à fé no
Evangelho. Ou pode haver algo mais justo do que ele pagar todas as
dı́vidas, uma vez que ganhou uma recompensa maior do que todas as
dı́vidas, se dada com o amor que merece.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XXI
C .

Se você considerar cuidadosamente o esquema da salvaçã o


EU humana, você perceberá que a reconciliaçã o do diabo, da qual você
questionou, é impossı́vel. Pois, como o homem nã o pode ser
reconciliado senã o pela morte do Deus-homem, por cuja santidade a
perda ocasionada pelo pecado do homem deve ser compensada; assim
os anjos caı́dos nã o podem ser salvos senã o pela morte de um anjo de
Deus que por sua santidade pode reparar o mal ocasionado pelos
pecados de seus companheiros. E como o homem nã o deve ser
restaurado por um homem de uma raça diferente, embora da mesma
natureza, nenhum anjo deve ser salvo por qualquer outro anjo, embora
todos fossem da mesma natureza, pois nã o sã o como os homens, todos
de a mesma raça. Pois nem todos os anjos surgiram de um, como todos
os homens. E há outra objeçã o à sua restauraçã o, a saber, que, como
eles caı́ram sem ningué m para planejar sua queda, eles devem se
levantar sem ningué m para ajudá -los; mas isso é impossı́vel. Mas, caso
contrá rio, eles nã o podem ser restaurados à sua dignidade original.
Pois, se nã o tivessem pecado, teriam sido con irmados em virtude sem
qualquer ajuda externa, simplesmente pelo poder que lhes foi dado
desde o inı́cio. E, portanto, se algué m pensa que a redençã o de nosso
Senhor deve ser estendida até mesmo aos anjos caı́dos, está convencido
pela razã o, porque pela razã o foi enganado. E nã o digo isso para negar
que a virtude de sua morte excede em muito todos os pecados dos
homens e dos anjos, mas porque a razã o infalı́vel rejeita a reconciliaçã o
dos anjos caı́dos.
Cur Deus Homo
CAPÍTULO XXII
C A N T
.

B
oso.

Todas as coisas que você disse me parecem razoá veis e


incontestá veis. E pela soluçã o da ú nica questã o proposta, vejo a
verdade de tudo o que está contido no Antigo e no Novo Testamento.
Pois, ao provar que Deus se tornou homem por necessidade, deixando
de fora o que foi tirado da Bı́blia, a saber, as observaçõ es sobre as
pessoas da Trindade e sobre Adã o, você convence judeus e pagã os pela
mera força da razã o. E o pró prio Deus-homem origina o Novo
Testamento e aprova o Antigo. E, como devemos reconhecê -lo como
verdadeiro, ningué m pode discordar de qualquer coisa contida nestes
livros.

Anselmo. Se dissemos algo que precisa de correçã o, estou disposto


a fazer a correçã o se for razoá vel. Mas, se as conclusõ es a que chegamos
pela razã o parecem con irmadas pelo testemunho da verdade, devemos
atribuı́-la, nã o a nó s mesmos, mas a Deus, que é abençoado para
sempre.
Salmos 15
Um Salmo de Davi.
1 Javé , quem habitará no teu santuá rio?

Quem habitará no teu santo monte?


2 Aquele que anda irrepreensivelmente e faz o que é certo,

e fala a verdade em seu coraçã o;


3 aquele que nã o calunia com a sua lı́ngua,

nem faz mal ao seu amigo,


nem lança calú nias contra seu semelhante;
4 a cujos olhos o vil é desprezado,

mas quem honra os que temem ao Senhor;


aquele que manté m um juramento mesmo quando dó i, e nã o
muda;
5 aquele que nã o empresta o seu dinheiro com usura,

nem aceite suborno contra o inocente.

Aquele que faz essas coisas jamais será abalado.


Salmos 18
Para o Músico Chefe. Por meio de Davi, servo do Senhor, que falou
ao Senhor as palavras deste cântico, no dia em que o Senhor o
livrou das mãos de todos os seus inimigos e das mãos de Saul. Ele
disse,
1 Eu te amo, Senhor, minha força.
2 O Senhor é o meu rochedo, a minha fortaleza e o meu libertador;

meu Deus, minha rocha, em quem me refugio;


meu escudo, e a força da minha salvaçã o, minha alta torre.
3 Invoco o Senhor, que é digno de louvor;

e estou salvo dos meus inimigos.


4 As cordas da morte me cercaram.

As inundaçõ es da impiedade me deixaram com medo.


5 As cordas do Sheol estavam ao meu redor.

As armadilhas da morte caı́ram sobre mim.


6 Na minha angú stia invoquei o Senhor,

e clamei ao meu Deus.


Ele ouviu minha voz em sua tê mpora.
Meu grito diante dele veio em seus ouvidos.
7 Entã o a terra tremeu e estremeceu.

També m os fundamentos dos montes estremeceram e foram


abalados,
porque ele estava com raiva.
8 Saiu fumaça de suas narinas.

Fogo consumidor saiu de sua boca.


Carvõ es foram acesos por ele.
9 Inclinou també m os cé us e desceu.

A escuridã o espessa estava sob seus pé s.


10 Ele montou em um querubim e voou.

Sim, ele voou nas asas do vento.


11 Ele fez das trevas o seu esconderijo, o seu pavilhã o ao seu redor,

escuridã o das á guas, nuvens espessas dos cé us.


12 Com o resplendor diante dele, suas nuvens espessas passaram,
granizo e brasas de fogo.
13 O Senhor també m trovejou no cé u.

O Altı́ssimo pronunciou sua voz:


granizo e brasas de fogo.
14 Ele lançou suas lechas e os dispersou.

Ele os derrotou com grandes relâ mpagos.


15 Entã o surgiram os canais das á guas.

Os fundamentos do mundo foram revelados à tua repreensã o,


Senhor,
no sopro da respiraçã o de suas narinas.
16 Ele enviou do alto.

Ele levou-me.
Ele me tirou de muitas á guas.
17 Ele me livrou do meu forte inimigo,

daqueles que me odiavam; pois eles eram poderosos demais para


mim.
18 Eles vieram sobre mim no dia da minha calamidade,

mas Yahweh foi meu apoio.


19 També m me levou para um lugar espaçoso.

Ele me livrou, porque se deleitou em mim.


20 O Senhor me recompensou conforme a minha justiça.

Conforme a pureza das minhas mã os, ele me recompensou.


21 Pois guardei os caminhos do Senhor,

e nã o se afastaram impiamente do meu Deus.


22 Pois todas as suas ordenanças estavam diante de mim.

Eu nã o rejeitei seus estatutos de mim.


23 Eu també m fui irrepreensı́vel com ele.

Eu me guardei da minha iniqü idade.


24 Por isso o Senhor me recompensou conforme a minha justiça,

conforme a pureza de minhas mã os diante de seus olhos.


25 Com os misericordiosos você se mostrará misericordioso.

Com o homem perfeito, você se mostrará perfeito.


26 Com o puro, você se mostrará puro.

Com o torto você se mostrará astuto.


27 Pois você salvará o povo a lito,
mas os olhos arrogantes você derrubará .
28 Pois tu acenderá s a minha lâ mpada, Senhor.

Meu Deus iluminará minha escuridã o.


29 Pois por ti avanço atravé s de uma tropa.

Por meu Deus, eu salto por cima de um muro.


30 Quanto a Deus, seu caminho é perfeito.

A palavra de Yahweh é testada.


Ele é um escudo para todos os que nele se refugiam.
31 Pois quem é Deus, senã o o Senhor?

Quem é uma rocha, alé m do nosso Deus,


32 o Deus que me arma com força e aperfeiçoa o meu caminho?
33 Ele faz os meus pé s como os do cervo,

e me põ e nos meus lugares altos.


34 Ele ensina minhas mã os para a guerra,

para que meus braços dobrem um arco de bronze.


35 Tu també m me deste o escudo da tua salvaçã o.

A tua mã o direita me sustenta.


Sua gentileza me fez grande.
36 Tu alargaste os meus passos debaixo de mim,

Meus pé s nã o escorregaram.


37 Perseguirei meus inimigos e os alcançarei.

Eu nã o vou me afastar até que eles sejam consumidos.


38 Eu os ferirei, para que nã o possam se levantar.

Eles cairã o sob meus pé s.


39 Pois você me armou com força para a batalha.

Você subjugou debaixo de mim aqueles que se levantaram contra


mim.
40 Você també m fez meus inimigos virarem as costas para mim,

para que eu possa exterminar aqueles que me odeiam.


41 Clamaram, mas nã o houve quem os salvasse;

até ao Senhor, mas ele nã o lhes respondeu.


42 Entã o eu os esmaguei como o pó diante do vento.

Eu os expulsei como a lama das ruas.


43 Tu me livraste das lutas do povo.

Você me fez o cabeça das naçõ es.


Um povo que nã o conheci me servirá .
44 Assim que eles ouvirem de mim, eles me obedecerã o.

Os estrangeiros se submeterã o a mim.


45 Os estrangeiros desaparecerã o,

e sairã o tremendo de suas fortalezas.


46 Javé vive! Abençoada seja minha rocha.

Exaltado seja o Deus da minha salvaçã o,


47 o Deus que me vinga,

e subjuga os povos debaixo de mim.


48 Ele me livra dos meus inimigos.

Sim, você me eleva acima daqueles que se levantam contra mim.


Você me livra do homem violento.
49 Por isso te darei graças, ó Senhor, entre as naçõ es,

e cantará louvores ao teu nome.


50 Ele dá grande livramento ao seu rei,

e mostra benignidade ao seu ungido,


a Davi e à sua descendê ncia, para sempre.
Salmos 26
Por Davi.
1 Julga-me, Senhor, porque tenho andado na minha integridade.

També m con iei no Senhor sem vacilar.


2 Examina-me, Senhor, e prova-me.

Experimente meu coraçã o e minha mente.


3 Pois a tua benignidade está diante dos meus olhos.

Eu tenho andado em sua verdade.


4 Nã o me sentei com homens enganadores,

nem entrarei com hipó critas.


5 Detesto a assemblé ia de malfeitores,

e nã o se sentará com os ı́mpios.


6 Lavarei as mã os na inocê ncia,

por isso vou ao redor do teu altar, Yahweh,


7 para fazer ouvir a voz de açã o de graças

e conte todas as suas maravilhas.


8 Senhor, eu amo a habitaçã o da tua casa,

o lugar onde habita a tua gló ria.


9 Nã o reú na minha alma com pecadores,

nem minha vida com homens sanguiná rios;


10 em cujas mã os está a maldade,

sua mã o direita está cheia de subornos.

11 Mas, quanto a mim, andarei na minha integridade.

Redime-me e seja misericordioso comigo.


12 Meu pé está em um lugar plano.

Nas congregaçõ es bendirei a Javé .


Salmos 28
Por Davi.
1 A ti, Senhor, eu chamo.

Minha rocha, nã o seja surda para mim,


para que, se você me calar,
Eu me tornaria como aqueles que descem à cova.
2 Ouve a voz das minhas sú plicas, quando clamo a ti,

quando levanto as minhas mã os para o teu lugar santı́ssimo.


3 Nã o me atraia com os ı́mpios,

com os obreiros da iniqü idade que falam de paz com seus vizinhos,
mas o mal está em seus coraçõ es.
4 Dá -lhes segundo as suas obras e segundo a maldade das suas

obras.
Dê -lhes de acordo com a operaçã o de suas mã os.
Traga de volta para eles o que eles merecem.
5 Porque nã o respeitam as obras do Senhor,

nem a operaçã o de suas mã os,


ele os derrubará e nã o os edi icará .

6 Bendito seja o Senhor,

porque ele ouviu a voz das minhas petiçõ es.


7 Javé é minha força e meu escudo.

Meu coraçã o con iou nele, e sou ajudado.


Por isso meu coraçã o se alegra muito.
Com a minha mú sica vou agradecê -lo.
8 Javé é a sua força.

Ele é uma fortaleza de salvaçã o para seus ungidos.


9 Salve seu povo,

e abençoe sua herança.


Sê també m o seu pastor,
e os carregue para sempre.
Salmos 37
Por Davi.
1 Nã o se preocupe por causa dos malfeitores,

nem tenha inveja dos que praticam a injustiça.


2 Pois em breve serã o cortados como a erva,

e murchar como a erva verde.


3 Con ia no Senhor e faz o bem.

Habitar na terra e desfrutar de pastagens seguras.


4 Deleita-te també m em Javé ,

e ele lhe concederá os desejos do seu coraçã o.


5 Entregue seu caminho a Javé .

Con ie també m nele, e ele fará isso:


6 ele fará resplandecer a tua justiça como a luz,

e a tua justiça como o sol do meio-dia.


7 Descanse em Javé e espere por ele com paciê ncia.

Nã o se preocupe por causa daquele que prospera em seu caminho,


por causa do homem que faz com que tramas perversas
aconteçam.
8 Deixa a ira e abandona o furor.

Nã o se preocupe; leva apenas ao mal.


9 Pois os malfeitores serã o exterminados,

mas os que esperam no Senhor herdarã o a terra.


10 Ainda um pouco, e os ı́mpios nã o mais existirã o.

Sim, embora você procure o lugar dele, ele nã o está lá .
11 Mas os humildes herdarã o a terra,

e se deleitarã o na abundâ ncia de paz.


12 O ı́mpio trama contra o justo,

e range os dentes para ele.


13 O Senhor rirá dele,

pois ele vê que seu dia está chegando.


14 Os ı́mpios desembainharam a espada e armaram o arco,

para derrubar os pobres e necessitados,


para matar os que sã o retos no caminho.
15 A sua espada entrará no seu pró prio coraçã o.
Seus arcos serã o quebrados.
16 Melhor é o pouco que o justo tem,

do que a abundâ ncia de muitos ı́mpios.


17 Pois os braços dos ı́mpios serã o quebrados,

mas o Senhor sustenta os justos.


18 O Senhor conhece os dias dos perfeitos.

A herança deles será para sempre.


19 Eles nã o serã o decepcionados no tempo do mal.

Nos dias de fome serã o saciados.

20 Mas os ı́mpios perecerã o.

Os inimigos do Senhor serã o como a beleza dos campos.


Eles vã o desaparecer—
desaparecer como fumaça.
21 Os ı́mpios pedem emprestado e nã o pagam,

mas os justos dã o generosamente.


22 Pois os abençoados por ele herdarã o a terra.

Aqueles que sã o amaldiçoados por ele serã o exterminados.


23 Os passos do homem sã o estabelecidos pelo Senhor.

Ele se deleita em seu caminho.


24 Ainda que tropece, nã o cairá ,

porque o Senhor o sustenta com a mã o.


25 Fui jovem e agora sou velho,

mas nã o vi o justo desamparado,


nem seus ilhos mendigando pã o.
26 Todo o dia ele age com bondade e empresta.

Sua descendê ncia é abençoada.


27 Afaste-se do mal e faça o bem.

Viva com segurança para sempre.


28 Pois o Senhor ama a justiça,

e nã o abandona seus santos.


Eles sã o preservados para sempre,
mas os ilhos dos ı́mpios serã o exterminados.
29 Os justos herdarã o a terra,

e viver nele para sempre.

30 A boca do justo fala de sabedoria.

Sua lı́ngua fala justiça.


31 A lei do seu Deus está em seu coraçã o.

Nenhum de seus passos deve deslizar.


32 Os ı́mpios vigiam os justos,

e tentar matá -lo.


33 Javé nã o o deixará na mã o,

nem o condene quando for julgado.


34 Espera no Senhor, e segue o seu caminho,

e ele te exaltará para herdar a terra.


Quando os ı́mpios forem exterminados, você o verá .

35 Vi os ı́mpios em grande poder,

espalhando-se como uma á rvore verde em seu solo nativo.


36 Mas ele faleceu, e eis que já nã o existia.

Sim, eu o procurei, mas ele nã o foi encontrado.


37 Marca o homem perfeito, e vê o reto,

pois há um futuro para o homem de paz.


38 Quanto aos transgressores, eles serã o destruı́dos juntamente.

O futuro dos ı́mpios será cortado.


39 Mas a salvaçã o dos justos vem do Senhor.

Ele é a sua fortaleza na hora da angú stia.


40 Javé os ajuda e os livra.

Ele os livra dos ı́mpios e os salva,


porque nele se refugiaram.
Salmos 38
Um Salmo de Davi, para um memorial.
1 Senhor, nã o me repreendas na tua ira,

nem me castigues em teu ardente desagrado.


2 Pois as tuas lechas me perfuraram,

sua mã o me pressiona com força.


3 Nã o há sanidade na minha carne por causa da tua indignaçã o,

nem há saú de nos meus ossos por causa do meu pecado.
4 Pois as minhas iniqü idades passaram sobre a minha cabeça.

Como um fardo pesado, eles sã o muito pesados para mim.


5 Minhas feridas sã o repugnantes e corruptas

por causa da minha tolice.


6 Estou com dores e muito abatido.

Eu ico de luto o dia todo.


7 Pois minha cintura está cheia de fogo.

Nã o há solidez em minha carne.


8 Estou desmaiado e gravemente machucado.

Eu gemi por causa da angú stia do meu coraçã o.


9 Senhor, todo o meu desejo está diante de ti.

Meu gemido nã o está escondido de você .


10 Meu coraçã o palpita.

Minha força me falha.


Quanto à luz dos meus olhos, també m me deixou.
11 Meus amantes e meus amigos estã o distantes da minha praga.

Meus parentes estã o longe.


12 També m os que buscam a minha vida armam laços.

Aqueles que procuram minha dor falam coisas maliciosas,


e meditar em enganos durante todo o dia.
13 Mas eu, como surdo, nã o ouço.

Sou como um mudo que nã o abre a boca.


14 Sim, sou como um homem que nã o ouve,

em cuja boca nã o há reprovaçõ es.


15 Pois em ti espero, ó Senhor.
Tu responderá s, Senhor meu Deus.
16 Pois eu disse: “Nã o deixe que eles se gabem de mim,

ou se exaltam sobre mim quando meu pé escorregar”.


17 Pois estou prestes a cair.

Minha dor está continuamente diante de mim.


18 Pois declararei minha iniqü idade.

Eu vou me arrepender do meu pecado.


19 Mas os meus inimigos sã o muitos e vigorosos.

Aqueles que me odeiam sem razã o sã o numerosos.


20 Os que retribuem o bem com o mal també m sã o meus

adversá rios,
porque eu sigo o que é bom.
21 Nã o me abandones, Senhor.

Meu Deus, nã o ique longe de mim.


22 Apresse-se em me ajudar,

Senhor, minha salvaçã o.


Salmos 145
Um salmo de louvor de Davi.
1 Eu te exaltarei, meu Deus, o Rei.

Eu louvarei seu nome para todo o sempre.


2 Todos os dias eu te louvarei.

Eu exaltarei seu nome para todo o sempre.


3 Grande é o Senhor, e mui digno de louvor!

Sua grandeza é insondá vel.


4 Uma geraçã o recomendará suas obras a outra,

e declarará seus atos poderosos.


5 Meditarei na gloriosa majestade de tua honra,

em suas maravilhas.
6 Os homens falarã o do poder dos teus atos espantosos.

Eu vou declarar sua grandeza.


7 Proferirã o a memó ria da tua grande bondade,

e cantará a tua justiça.


8 O Senhor é misericordioso, misericordioso,

tardio em irar-se e de grande benevolê ncia.


9 O Senhor é bom para todos.

Suas ternas misericó rdias estã o sobre todas as suas obras.


10 Todas as tuas obras te renderã o graças, Senhor.

Seus santos o exaltarã o.


11 Falarã o da gló ria do teu reino,

e falar sobre o seu poder,


12 para dar a conhecer aos ilhos dos homens as suas proezas,

a gló ria da majestade do seu reino.


13 O teu reino é um reino eterno.

Teu domı́nio perdura por todas as geraçõ es.


O Senhor é iel em todas as suas palavras,
e amoroso em todas as suas obras.
14 Javé sustenta todos os que caem,

e levanta todos os abatidos.


15 Os olhos de todos esperam por você .
Você lhes dá comida no devido tempo.
16 Você abre a mã o,

e satisfazer o desejo de todos os seres vivos.


17 O Senhor é justo em todos os seus caminhos,

e gracioso em todas as suas obras.


18 O Senhor está perto de todos os que o invocam,

a todos os que o invocam em verdade.


19 Ele cumprirá o desejo dos que o temem.

Ele també m ouvirá seu clamor e os salvará .


20 Javé preserva todos os que o amam,

mas ele destruirá todos os ı́mpios.


21 Minha boca falará louvores ao Senhor.

Que toda a carne abençoe seu santo nome para todo o sempre.
Isaías 64
1 Oh, se rasgasses os cé us,

que você descesse,


para que as montanhas estremeçam à tua presença.
2 Como quando o fogo acende o mato,

e o fogo faz ferver a á gua;


Dê a conhecer o seu nome aos seus adversá rios,
para que as naçõ es estremeçam à tua presença!
3 Quando você fez coisas incrı́veis que nã o procurá vamos,

você desceu, e os montes tremeram na sua presença.


4 Pois desde os velhos nã o se ouviu,

nem percebido pelo ouvido,


nem os olhos viram outro Deus alé m de ti,
que trabalha para aquele que espera por ele.
5 Você encontra aquele que se alegra e pratica a justiça,

aqueles que se lembram de você em seus caminhos.


Eis que você estava com raiva, e nó s pecamos.
Estamos em pecado há muito tempo.
Seremos salvos?
6 Pois todos nó s nos tornamos como um imundo,

e toda a nossa justiça é como uma vestimenta poluı́da.


Todos nó s murchamos como uma folha;
e as nossas iniquidades, como o vento, nos arrebatam.
7 Nã o há quem invoque o teu nome,

que se levanta para te agarrar;


porque escondeste de nó s o teu rosto,
e nos consumiu por meio de nossas iniqü idades.

8 Mas agora, Javé , tu é s nosso Pai.

Nó s somos o barro e você nosso oleiro.


Todos nó s somos obra da sua mã o.
9 Nã o ique furioso, Javé .

Nã o se lembre da iniqü idade para sempre.


Olhe e veja, nó s te imploramos,
somos todos seu povo.
10 As tuas cidades sagradas tornaram-se um deserto.

Siã o tornou-se um deserto,


Jerusalé m uma desolaçã o.
11 Nossa santa e bela casa onde nossos pais te louvaram

é queimado com fogo.


Todos os nossos lugares agradá veis estã o devastados.
12 Você se conterá por essas coisas, Senhor?

Você vai icar em silê ncio e nos punir com muita severidade?
Sabedoria de Salomão 5
1 Entã o o justo se levantarácom grande ousadia
diante da face dos que o a ligiram,
e aqueles que fazem seu trabalho sem importâ ncia.
2 Quando o virem, icarã o a litos com um medo terrı́vel,

e icarã o maravilhados com a maravilha da salvaçã o.


3 Falarã o entre si arrependidos,

e por angú stia de espı́rito gemerã o,


“Este era aquele que costumá vamos desprezar,
como uma pará bola de reprovaçã o.
4 Nó s, tolos, consideramos sua vida uma loucura,

e seu im sem honra.


5 Como ele foi contado entre os ilhos de Deus?

Como é a sua sorte entre os santos?


6 Verdadeiramente nos desviamos do caminho da verdade.

A luz da justiça nã o brilhou para nó s.


O sol nã o nasceu para nó s.
7 Nos fartamos das veredas da iniquidade e da destruiçã o.

Viajamos por desertos sem trilhas,


mas nã o conhecı́amos o caminho do Senhor.
8 De que nos bene iciou a nossa arrogâ ncia?

Que bem nos trouxeram as riquezas e a jactâ ncia?


9 Todas essas coisas passaram como sombra,

como uma mensagem que passa,


10 como um navio que passa pelas á guas agitadas,

que, quando passa, nã o há vestı́gios a serem encontrados,


nenhum caminho de sua quilha nas ondas.
11 Ou é como quando um pá ssaro voa pelo ar,

nenhuma evidê ncia de sua passagem é encontrada,


mas o vento leve, açoitado com o golpe de suas asas,
e despedaçado com o ı́mpeto violento das asas em movimento, é
atravessado.
Depois disso, nenhum sinal de sua vinda permanece.
12 Ou é como quando uma lecha é atirada em um alvo,
o ar dividido por ele se fecha novamente imediatamente,
para que os homens nã o saibam por onde passou.
13 Assim també m nó s, logo que nascemos, deixamos de existir;

e nã o tı́nhamos nenhum sinal de virtude para mostrar,


mas fomos totalmente consumidos em nossa maldade”.
14 Porque a esperança do ı́mpio é como a palha levada pelo vento,

e como espuma desaparecendo diante de uma tempestade;


e se espalha como fumaça pelo vento,
e passa como a lembrança de um hó spede que espera apenas um
dia.

15 Mas os justos vivem para sempre.

Sua recompensa está no Senhor,


e o cuidado deles com o Altı́ssimo.
16 Portanto, eles receberã o a coroa da dignidade real

e o diadema de beleza da mã o do Senhor,


porque ele os cobrirá com sua mã o direita,
e ele os protegerá com seu braço.
17 Ele tomará seu ciú me como armadura completa,

e fará de toda a criaçã o suas armas para punir seus inimigos:


18 Ele porá a justiça como couraça,

e usará um julgamento imparcial como capacete.


19 Ele tomará a santidade como um escudo invencı́vel.
20 Ele aguçará a ira severa por uma espada.

O mundo irá com ele para lutar contra seus inimigos frené ticos.
21 raios de relâ mpagos voarã o com pontaria verdadeira.

Eles saltarã o das nuvens para o alvo, como de um arco bem


esticado.
22 Pedras de granizo cheias de ira serã o lançadas de uma má quina de

guerra.
A á gua do mar se indignará contra eles.
Os rios os dominarã o severamente.
23 Uma forte rajada os atingirá .

Irá afastá -los como uma tempestade.


Assim, a iniqü idade tornará toda a terra desolada.
Suas maldades derrubarã o os tronos dos prı́ncipes.
Mateus 13
1 Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. 2 Grandes
multidõ es se ajuntaram a ele, de modo que ele entrou num barco e
sentou-se; e toda a multidã o estava na praia. 3 Falou-lhes muitas coisas
por pará bolas, dizendo: “Eis que um lavrador saiu a semear. 4 Enquanto
ele semeava, algumas sementes caı́ram à beira da estrada, e os
pá ssaros vieram e as devoraram. 5 Outras caı́ram em terreno
pedregoso, onde nã o havia muita terra, e logo brotaram, porque nã o
tinham profundidade de terra. 6 Quando o sol nasceu, eles foram
queimados. Por nã o terem raiz, murcharam. 7 Outros caı́ram entre
espinhos. Os espinhos cresceram e os sufocaram. 8 Outras caı́ram em
boa terra e deram frutos: umas cem vezes mais, outras sessenta e
outras trinta. 9 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.
10 Os discı́pulos aproximaram-se e perguntaram-lhe: “Por que lhes

falas por pará bolas?”


11 Ele lhes respondeu: “A vó s é dado conhecer os misté rios do
Reino dos Cé us, mas a eles nã o é dado. 12 Pois a quem tem, se lhe dará , e
terá em abundâ ncia; mas a quem nã o tem, até o que tem lhe será tirado.
13 Por isso lhes falo por pará bolas, porque vendo, nã o vê em, e ouvindo,

nã o ouvem, nem entendem. 14 Neles se cumpre a profecia de Isaı́as, que


diz:
'Ouvindo você vai ouvir,
e de forma alguma entenderá ;
Vendo você vai ver,
e de modo algum perceberá ;
15 pois o coraçã o deste povo se tornou insensı́vel,

seus ouvidos estã o surdos de ouvir,


e eles fecharam os olhos;
ou talvez possam perceber com os olhos,
ouvir com os ouvidos,
entender com o coraçã o,
e viraria novamente,
e eu os curaria.'
16 “Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vê em; e os

vossos ouvidos, porque ouvem. 17 Pois certamente vos digo que muitos
profetas e justos desejaram ver as coisas que vedes e nã o as viram; e
ouvir as coisas que você ouve, e nã o as ouviu.
18 “Ouça, entã o, a pará bola do agricultor. 19 Quando algué m ouve a

palavra do Reino e nã o a entende, o maligno vem e arrebata o que foi


semeado em seu coraçã o. Isto é o que foi semeado à beira da estrada. 20
O que foi semeado nas rochas, este é aquele que ouve a palavra e logo a
recebe com alegria; 21 mas ele nã o tem raiz em si mesmo, mas
permanece por um tempo. Quando surge opressã o ou perseguiçã o por
causa da palavra, imediatamente ele tropeça. 22 O que foi semeado
entre os espinhos, este é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste
sé culo e o engano das riquezas sufocam a palavra, e ela se torna
infrutı́fera. 23 O que foi semeado em boa terra, este é aquele que ouve a
palavra e a entende, que certamente dá fruto e produz cem vezes mais,
sessenta e trinta”.
24 Propô s-lhes outra pará bola, dizendo: “O Reino dos Cé us é

semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo, 25


mas enquanto as pessoas dormiam, seu inimigo veio e semeou joio
també m no meio do trigo, e foi embora. 26 Mas quando a lâ mina brotou
e produziu grã os, entã o as ervas daninhas apareceram també m. 27 Os
servos do dono da casa vieram e lhe disseram: 'Senhor, você nã o
semeou boa semente em seu campo? De onde vieram essas ervas
daninhas?
28 “Ele lhes disse: 'Um inimigo fez isso.'

“Os servos lhe perguntaram: 'Você quer que nó s vamos recolhê -
los?'
29 “Mas ele disse: 'Nã o, para que, talvez, enquanto você
colhe o joio,
você arranca o trigo com ele. 30 Deixe que ambos cresçam juntos até a
colheita, e no tempo da colheita direi aos ceifeiros: “Primeiro, ajuntem
o joio e amarre-o em feixes para queimá -lo; mas ajunta o trigo no meu
celeiro”. '”
31 Propô s-lhes outra pará bola, dizendo: O Reino dos Cé us é

semelhante a um grã o de mostarda que um homem tomou e semeou


no seu campo, 32 que de fato é menor do que todas as sementes. Mas
quando cresce, é maior do que as ervas e torna-se uma á rvore, de modo
que as aves do cé u vê m e se alojam em seus galhos”.
33 Contou-lhes outra pará bola. “O Reino dos Cé us é
semelhante ao
fermento que uma mulher tomou e escondeu em trê s medidas de
farinha, até icar tudo levedado”.
34 Jesus falou todas essas coisas em pará bolas à s multidõ es; e sem

pará bola nã o lhes falava, 35 para que se cumprisse o que fora dito pelo
profeta, que dizia:
“Abrirei a minha boca em pará bolas;
Direi coisas ocultas desde a fundaçã o do mundo”.
36 Entã o Jesus despediu a multidã o e entrou na casa. Seus

discı́pulos aproximaram-se dele, dizendo: “Explica-nos a pará bola do


joio do campo”.
37 Ele lhes respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho
do Homem, 38 o campo é o mundo, as boas sementes sã o os ilhos do
Reino, e o joio sã o os ilhos do maligno. 39 O inimigo que os semeou é o
diabo. A colheita é o im dos tempos, e os ceifeiros sã o anjos. 40 Como,
portanto, o joio é recolhido e queimado com fogo; assim será no inal
desta era. 41 O Filho do Homem enviará os seus anjos, e eles ajuntarã o
do seu Reino todos os escâ ndalos e os que praticam a iniqü idade, 42 e
os lançará na fornalha de fogo. Haverá choro e ranger de dentes. 43
Entã o os justos brilharã o como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem
ouvidos para ouvir, ouça.
44 “Novamente, o Reino dos Cé us é
como um tesouro escondido no
campo, que um homem achou e escondeu. Na sua alegria, ele vai, vende
tudo o que tem e compra aquele campo.
45 “Novamente, o Reino dos Cé us é como um homem que é um
mercador em busca de pé rolas inas, 46 que, tendo encontrado uma
pé rola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou.
47 “Novamente, o Reino dos Cé us é como uma rede de arrasto que
foi lançada ao mar e apanhou peixes de toda espé cie, 48 que, quando
estava cheio, pescadores paravam na praia. Eles se sentaram e
juntaram os bons em recipientes, mas os ruins jogaram fora. 49 Assim
será no im do mundo. Os anjos virã o e separarã o os ı́mpios dos justos,
50 e os lançará na fornalha de fogo. Haverá choro e ranger de dentes”. 51

Jesus lhes disse: “Você s entenderam todas essas coisas?”


Eles lhe responderam: “Sim, Senhor”.
52 Ele lhes disse: “Portanto, todo escriba que se fez discı́pulo no

Reino dos cé us é como um homem que é chefe de famı́lia, que tira do
seu tesouro coisas novas e velhas”.
53 Quando Jesus terminou estas pará bolas, partiu dali. 54 Entrando

na sua terra, ensinou-os na sinagoga, de modo que icaram


maravilhados e perguntaram: “Onde este homem obteve esta
sabedoria e estas maravilhas? 55 Nã o é este o ilho do carpinteiro? Sua
mã e nã o se chama Maria, e seus irmã os Tiago, José , Simã o e Judas? 56
Nã o estã o todas as suas irmã s conosco? Onde entã o esse homem
conseguiu todas essas coisas?” 57 Eles foram ofendidos por ele.
Mas Jesus lhes disse: “Nã o há profeta sem honra, a nã o ser na sua
terra e na sua casa”. 58 Ele nã o fez muitos milagres ali por causa da
incredulidade deles.
Lucas 12
1 Enquanto isso, quando uma multidã o de muitos milhares se

reuniu, a ponto de se atropelarem, ele começou a dizer primeiro aos


seus discı́pulos: “Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a
hipocrisia. 2 Mas nã o há nada encoberto que nã o venha a ser revelado,
nem oculto que nã o venha a ser conhecido. 3 Portanto, tudo o que você
disse nas trevas será ouvido na luz. O que você falou ao ouvido nos
quartos internos será proclamado nos telhados.
4 “Eu lhes digo, meus amigos, nã o tenham medo daqueles que

matam o corpo, e depois disso nã o tê m mais o que fazer. 5 Mas vou
avisá -lo a quem você deve temer. Temei aquele que, depois de ter
matado, tem poder para lançar na Geena. Sim, eu lhe digo, tema-o.
6 “Nã o se vendem cinco pardais por duas moedas de assaria ?

Nenhum deles é esquecido por Deus. 7 Mas os pró prios cabelos de sua
cabeça estã o todos contados. Portanto, nã o tenha medo. Você tem mais
valor do que muitos pardais.
8 “Digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens, o

Filho do Homem també m o confessará diante dos anjos de Deus; 9 mas


aquele que me negar na presença dos homens será negado na presença
dos anjos de Deus. 10 Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho
do Homem será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espı́rito Santo
nã o será perdoado. 11 Quando te levarem à s sinagogas, aos prı́ncipes e
à s autoridades, nã o te preocupes com o que responderá s, nem o que
dirá s; 12 pois o Espı́rito Santo te ensinará naquela mesma hora o que
você deve dizer.”
13 Um da multidã o lhe disse: “Mestre, diga a meu irmã o que reparta

comigo a herança”.
14 Mas ele lhe disse: “Homem, quem me constituiu juiz ou á rbitro

sobre você ?” 15 Ele lhes disse: “Cuidado! Guardai-vos da avareza,


porque a vida de um homem nã o consiste na abundâ ncia das coisas
que possui”.
16 Propô s-lhes uma pará bola, dizendo: “A terra de um homem rico

produziu abundantemente. 17 Ele raciocinou consigo mesmo, dizendo:


'O que vou fazer, porque nã o tenho espaço para armazenar minhas
colheitas?' 18 Ele disse: 'Isto é o que vou fazer. Demolirei meus celeiros,
construirei outros maiores e ali armazenarei todos os meus grã os e
meus bens. 19 Direi à minha alma: “Alma, você tem muitos bens em
depó sito para muitos anos. Descanse, coma, beba e seja feliz.” '
20 “Mas Deus lhe disse: 'Tolo, esta noite sua alma é
exigida de você .
As coisas que você preparou... de quem serã o elas?' 21 Assim é
aquele
que entesoura para si mesmo e nã o é rico para com Deus”.
22 Ele disse aos seus discı́pulos: “Por isso vos digo: nã o andeis

ansiosos pela vossa vida, pelo que haveis de comer, nem ainda pelo
vosso corpo, pelo que haveis de vestir. 23 A vida é mais do que comida, e
o corpo é mais do que roupa. 24 Considere os corvos: eles nã o semeiam,
nã o colhem, nã o tê m armazé m ou celeiro, e Deus os alimenta. Quanto
mais valioso você é do que os pá ssaros! 25 Qual de você s por estar
ansioso pode acrescentar um cô vado à altura dele? 26 Se entã o você nã o
é capaz de fazer nem mesmo as menores coisas, por que você está
ansioso com o resto? 27 Considere os lı́rios, como eles crescem. Eles
nã o trabalham, nem iam; contudo, eu vos digo que nem mesmo
Salomã o em toda a sua gló ria se vestiu como um destes. 28 Mas se é
assim que Deus veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é
lançada no forno, quanto mais ele vos vestirá , ó de pouca fé ? 29 Nã o
procure o que você vai comer ou o que você vai beber; nem ique
ansioso. 30 Pois as naçõ es do mundo buscam todas essas coisas, mas
seu Pai sabe que você precisa dessas coisas. 31 Mas busque o Reino de
Deus, e todas essas coisas lhe serã o acrescentadas. 32 Nã o tenha medo,
pequeno rebanho, pois é do agrado de seu Pai dar-lhe o Reino. 33 Venda
o que você tem e dê presentes aos necessitados. Fazei para vó s bolsas
que nã o envelheçam, um tesouro inesgotá vel nos cé us, onde ladrã o nã o
chega, nem traça destró i. 34 Pois onde estiver o teu tesouro, aı́ estará
també m o teu coraçã o.
35 “Vista sua cintura e suas lâ mpadas acesas. 36 Seja como os

homens que esperam pelo seu senhor, quando ele voltar da festa de
casamento; para que quando ele vier e bater, eles possam abrir
imediatamente para ele. 37 Bem-aventurados os servos que o senhor
encontrar vigiando quando vier. Certamente vos digo que ele mesmo se
vestirá , fará com que se reclinem e virá servi-los. 38 Eles serã o
abençoados se ele vier na segunda ou terceira vigı́lia e os achar assim.
39 Mas saiba disso, que se o dono da casa soubesse a que horas o ladrã o

viria, ele teria vigiado e nã o permitido que sua casa fosse arrombada.
40 Portanto, estejam preparados també m, porque o Filho do Homem

virá em uma hora que você s nã o esperam.”


41Pedro lhe disse: “Senhor, você está contando esta pará bola para nó s
ou para todos?”
42 O Senhor disse: “Quem é , pois, o mordomo iel e prudente, que o
seu senhor colocará sobre a sua casa, para lhes dar a sua porçã o de
comida no tempo certo? 43 Bem-aventurado aquele servo que seu
senhor achar fazendo assim quando vier. 44 Em verdade vos digo que o
porá sobre tudo o que tem. 45 Mas se aquele servo disser em seu
coraçã o: 'Meu senhor tarda em vir', e começar a espancar os servos e as
servas, e a comer e beber, e a embriagar-se, 46 entã o virá o senhor
daquele servo em dia em que ele nã o o espera, e em hora que ele nã o
sabe, e o cortará em dois, e dará a sua parte com os in ié is. 47 Aquele
servo, que conheceu a vontade de seu senhor, e nã o preparou, nem fez o
que queria, será açoitado com muitos açoites, 48 mas aquele que nã o
sabia, e fez coisas dignas de açoites, será castigado com poucos
açoites. A quem muito é dado, muito será exigido; e a quem muito foi
con iado, mais lhe será pedido.
49 “Eu vim para jogar fogo na terra. Eu gostaria que já estivesse
aceso. 50 Mas eu tenho um batismo para ser batizado, e como estou
angustiado até que seja realizado! 51 Você acha que eu vim para dar paz
na terra? Eu lhe digo, nã o, mas sim divisã o. 52 Pois de agora em diante
serã o cinco divididos em uma casa, trê s contra dois e dois contra trê s.
53 Eles estarã o divididos, pai contra ilho, e ilho contra pai; mã e contra
ilha, e ilha contra sua mã e; sogra contra sua nora e nora contra sua
sogra”.
54 Ele també m disse à s multidõ es: “Quando você vê uma nuvem
subindo do oeste, imediatamente diz: 'Vem uma chuva', e assim
acontece. 55 Quando sopra um vento sul, você diz: 'Haverá um calor
escaldante', e isso acontece. 56 Seus hipó critas! Você sabe interpretar a
aparê ncia da terra e do cé u, mas como é que você nã o interpreta desta
vez? 57 Por que você s nã o julgam por si mesmos o que é certo? 58 Pois
quando fores com o teu adversá rio perante o magistrado, procura
diligentemente o caminho para te livrares dele, para que nã o te arraste
ao juiz, e o juiz te entregue ao o icial, e o o icial te lance na prisã o. 59 Eu
lhe digo, você nã o vai sair de lá de forma alguma, até que você tenha
pago o ú ltimo centavo. ”
João 16
1 “Eu lhes disse essas coisas para que você s nã o tropeçassem. 2 Eles

o expulsarã o das sinagogas. Sim, chega a hora de quem te matar


pensará que oferece serviço a Deus. 3 Eles vã o fazer essas coisas
porque nã o conheceram o Pai, nem a mim. 4 Mas eu lhes disse essas
coisas, para que, quando chegar a hora, você s se lembrem de que eu
lhes falei delas. Eu nã o te disse essas coisas desde o inı́cio, porque eu
estava com você . 5 Mas agora vou até aquele que me enviou, e nenhum
de você s me pergunta: 'Onde você vai?' 6 Mas porque eu lhe disse essas
coisas, a tristeza encheu seu coraçã o. 7 No entanto, digo-lhe a verdade:
é para sua vantagem que eu vá embora, pois se eu nã o for, o
Conselheiro nã o virá até você . Mas se eu for, vou mandá -lo para você . 8
Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juı́zo; 9
sobre o pecado, porque eles nã o acreditam em mim; 10 sobre a justiça,
porque vou para meu Pai, e você s nã o me verã o mais; 11 sobre o
julgamento, porque o prı́ncipe deste mundo já foi julgado.
12 “Ainda tenho muitas coisas para lhe dizer, mas você nã o pode
suportá -las agora. 13 No entanto, quando ele, o Espı́rito da verdade,
vier, ele os guiará em toda a verdade, pois ele nã o falará por si mesmo;
mas tudo o que ele ouve, ele falará . Ele vai declarar a você as coisas que
estã o por vir. 14 Ele me glori icará , pois tomará do que é meu e o
declarará a você . 15 Todas as coisas que o Pai tem sã o minhas; por isso
eu disse que ele leva meu e vou declará -lo a você . 16 Um pouco, e você
nã o vai me ver. Mais um pouco, e você me verá .”
17 Alguns dos seus discı́pulos, pois, diziam uns aos outros: “Que é

isto que ele nos diz: 'Um pouco e nã o me vereis, e de novo um pouco e
me vereis;' e, 'Porque eu vou para o Pai' ?” 18 Responderam, pois: Que é
isto que ele diz: 'Um pouco' ? Nã o sabemos o que ele está dizendo.”
19 Jesus, pois, percebendo que queriam interrogá -lo, disse-lhes:

Inquiriis entre vó s a respeito disto, que eu disse: Um pouco, e nã o me


vereis, e de novo um pouco, e você vai me ver?' 20 Certamente vos digo
que chorareis e lamentareis, mas o mundo se alegrará . Você icará
triste, mas sua tristeza se transformará em alegria. 21 Uma mulher,
quando dá à luz, sente tristeza porque chegou a sua hora. Mas quando
ela deu à luz a criança, ela nã o se lembra mais da angú stia, pela alegria
de que um ser humano tenha nascido no mundo. 22 Portanto, agora
você está triste, mas eu o verei novamente, e seu coraçã o se alegrará , e
ningué m tirará sua alegria de você .
23 “Naquele dia você nã o me fará perguntas. Certamente vos digo
que tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá . 24
Até agora, você nã o pediu nada em meu nome. Peça, e você receberá ,
para que sua alegria seja completa. 25 Eu falei essas coisas para você
em iguras de linguagem. Mas está chegando o tempo em que nã o mais
falarei com você s em iguras de linguagem, mas falarei claramente
sobre o Pai. 26 Naquele dia você pedirá em meu nome; e nã o vos digo
que rogarei ao Pai por vó s, 27 porque o pró prio Pai os ama, porque
você s me amam e creram que eu vim de Deus. 28 Eu vim do Pai e vim ao
mundo. Mais uma vez, deixo o mundo e vou para o Pai”.
29 Seus discı́pulos lhe disseram: “Eis que agora você fala claramente
e nã o usaiguras de linguagem. 30 Agora sabemos que você sabe todas
as coisas, e nã o precisa que ningué m o questione. Por isso cremos que
você veio de Deus”.
31 Jesus respondeu-lhes: “Credes agora? 32 Eis que está chegando a
hora, sim, e já chegou, em que você s serã o dispersos, cada um para o
seu lugar, e me deixarã o em paz. No entanto, nã o estou sozinho, porque
o Pai está comigo. 33 Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim
tenhais paz. No mundo você tem problemas; mas anime-se! Eu superei
o mundo."
Romanos 1
1 Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apó stolo, separado

para o Evangelho de Deus, 2 que ele havia prometido anteriormente


pelos seus profetas nas Sagradas Escrituras, 3 a respeito de seu Filho,
que nasceu da descendê ncia de Davi segundo a carne, 4 que foi
declarado Filho de Deus com poder, segundo o Espı́rito de santidade,
pela ressurreiçã o dentre os mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor, 5 por
quem recebemos graça e apostolado para obediê ncia da fé entre todas
as naçõ es por amor do seu nome; 6 entre os quais també m sois
chamados a pertencer a Jesus Cristo; 7 a todos os que estã o em Roma,
amados de Deus, chamados santos: Graça e paz da parte de Deus nosso
Pai e do Senhor Jesus Cristo.
8 Em primeiro lugar, dou graças ao meu Deus, por meio de Jesus

Cristo, por todos vó s, porque a vossa fé é proclamada em todo o


mundo. 9 Pois Deus é minha testemunha, a quem sirvo em meu espı́rito
nas Boas Novas de seu Filho, com que ininterruptamente menciono
sempre de você s em minhas oraçõ es, 10 pedindo, se de algum modo
agora, inalmente, posso ser pró spero pela vontade de Deus para vir até
você . 11 Pois desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual,
a im de que sejais con irmados; 12 isto é , para que eu convosco seja
encorajado em vó s, cada um de nó s pela fé do outro, tanto a vossa como
a minha.
13 Ora, nã o desejo que você s saibam, irmã os, que muitas vezes

planejei ir até você s, e fui impedido até agora, para que eu també m
tivesse algum fruto entre você s, como entre os demais gentios. 14 Sou
devedor tanto a gregos como a estrangeiros, tanto a sá bios como a
insensatos. 15 Tanto quanto há em mim, estou ansioso para pregar a
Boa Nova també m a você s que estã o em Roma. 16 Porque nã o me
envergonho da Boa Nova de Cristo, porque é o poder de Deus para a
salvaçã o de todo aquele que crê , primeiro do judeu, e també m do grego.
17 Pois nele é revelada a justiça de Deus de fé em fé . Como está escrito:

“Mas o justo viverá pela fé ”. 18 Porque a ira de Deus se revela do cé u
contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a
verdade pela injustiça, 19 porque o que de Deus é conhecido é revelado
neles, porque Deus o revelou a eles. 20 Porque as coisas invisı́veis dele
desde a criaçã o do mundo sã o claramente vistas, sendo percebidas
pelas coisas que sã o feitas, sim, seu poder eterno e divindade, para que
sejam inescusá veis. 21 Porque, conhecendo a Deus, nã o o glori icaram
como Deus, nem deram graças, mas tornaram-se vã os nos seus
raciocı́nios, e o seu coraçã o insensato se obscureceu.
22 Dizendo-se sá bios, tornaram-se loucos, 23 e trocaram a gló ria do

Deus incorruptı́vel pela semelhança da imagem de homem corruptı́vel,


e de aves, quadrú pedes e ré pteis. 24 Por isso també m Deus os entregou
à impureza nas concupiscê ncias de seus coraçõ es, para que seus
corpos fossem desonrados entre si; 25 que mudaram a verdade de Deus
em mentira, e adoraram e serviram a criatura em vez do Criador, que é
bendito para sempre. Um homem.
26 Por isso Deus os entregou a paixõ es vis. Pois suas mulheres

mudaram a funçã o natural para aquela que é contra a natureza. 27


Assim també m os homens, deixando a funçã o natural da mulher,
arderam em sua luxú ria uns para com os outros, homens fazendo o que
é impró prio com os homens, e recebendo em si mesmos a devida
penalidade de seu erro. 28 Assim como eles recusaram ter
conhecimento de Deus, Deus os entregou a um sentimento perverso,
para fazerem coisas que nã o convê m; 29 cheios de toda injustiça,
imoralidade sexual, maldade, avareza, malı́cia; cheios de inveja,
homicı́dio, contenda, engano, maus há bitos, caluniadores secretos, 30
caluniadores, aborrecedores de Deus, insolentes, soberbos,
presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, 31
insensatos, violadores da aliança, sem afeiçã o natural, implacá veis ,
impiedoso; 32 os quais, conhecendo a ordenança de Deus, segundo a
qual sã o dignos de morte os que tais coisas praticam, nã o somente as
fazem, mas també m aprovam os que as praticam.
Romanos 8
1 Portanto, agora nenhuma condenaçã o há para os que estã o em
Cristo Jesus, que nã o andam segundo a carne, mas segundo o Espı́rito. 2
Porque a lei do Espı́rito da vida em Cristo Jesus me libertou da lei do
pecado e da morte. 3 Pois o que a lei nã o podia fazer, sendo fraca por
meio da carne, Deus o fez, enviando seu pró prio Filho à semelhança da
carne do pecado e pelo pecado, ele condenou o pecado na carne; 4 para
que a ordenança da lei se cumprisse em nó s, que nã o andamos segundo
a carne, mas segundo o Espı́rito. 5 Porque os que vivem segundo a
carne pensam nas coisas da carne, mas os que vivem segundo o
Espı́rito, nas coisas do Espı́rito. 6 Porque a inclinaçã o da carne é morte,
mas a inclinaçã o do Espı́rito é vida e paz; 7 porque a inclinaçã o da carne
é inimiga de Deus; pois nã o está sujeito à lei de Deus, nem de fato pode
estar. 8 Aqueles que estã o na carne nã o podem agradar a Deus. 9 Mas
vó s nã o estais na carne, mas no Espı́rito, se é que o Espı́rito de Deus
habita em vó s. Mas se algué m nã o tem o Espı́rito de Cristo, ele nã o é
dele. 10 Se Cristo está em você s, o corpo está morto por causa do
pecado, mas o espı́rito está vivo por causa da justiça. 11 Mas, se o
Espı́rito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vó s,
aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus també m vivi icará os
vossos corpos mortais, pelo seu Espı́rito que habita em vó s.
12 Portanto, irmã os, somos devedores, nã o àcarne, para viver
segundo a carne. 13 Pois se você vive segundo a carne, você deve
morrer; mas se pelo Espı́rito morti icardes as obras do corpo, vivereis.
14 Pois todos os que sã o guiados pelo Espı́rito de Deus, esses sã o ilhos

de Deus. 15 Pois você s nã o receberam de novo o espı́rito de escravidã o


para temer, mas receberam o Espı́rito de adoçã o, pelo qual clamamos:
“Abba! Pai!"
16 O pró prio Espı́rito testi
ica com o nosso espı́rito que somos
ilhos de Deus; 17 e, se ilhos, entã o herdeiros: herdeiros de Deus e co-
herdeiros de Cristo, se é que com ele padecemos, para que també m
com ele sejamos glori icados.
18 Pois tenho para mim que as a liçõ es deste tempo presente nã o
podem ser comparadas com a gló ria que em nó s será revelada. 19 Pois a
criaçã o aguarda com grande expectativa a revelaçã o dos ilhos de Deus.
20 Porque a criaçã o foi submetida à vaidade, nã o por sua pró pria

vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança 21 de que


també m a pró pria criaçã o será libertada da escravidã o da corrupçã o
para a liberdade da gló ria dos ilhos de Deus . 22 Porque sabemos que
toda a criaçã o geme e está juntamente com dores de parto até agora. 23
Nã o só isso, mas també m nó s, que temos as primı́cias do Espı́rito,
també m nó s gememos em nó s mesmos, esperando a adoçã o, a
redençã o do nosso corpo. 24 Porque na esperança fomos salvos, mas a
esperança que se vê nã o é esperança. Pois quem espera por aquilo que
vê ? 25 Mas, se esperamos o que nã o vemos, com paciê ncia o esperamos.
26 Da mesma forma, o Espı́rito també m ajuda nossas fraquezas,

pois nã o sabemos orar como convé m. Mas o pró prio Espı́rito intercede
por nó s com gemidos inexprimı́veis. 27 Quem esquadrinha os coraçõ es
sabe o que o Espı́rito pensa, porque segundo Deus intercede pelos
santos.
28 Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o

bem daqueles que amam a Deus, daqueles que sã o chamados segundo
o seu propó sito. 29 Pois aos quais de antemã o conheceu, també m os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, para que ele
seja o primogê nito entre muitos irmã os. 30 A quem predestinou, a esses
també m chamou. A quem chamou, a esses també m justi icou. A quem
justi icou, a quem també m glori icou.
31 Que diremos entã o sobre estas coisas? Se Deus é por nó s, quem
serácontra nó s? 32 Aquele que nã o poupou a seu pró prio Filho, antes o
entregou por todos nó s, como nã o nos dará també m com ele todas as
coisas de graça? 33 Quem poderia acusar os escolhidos de Deus? E Deus
quem justi ica. 34 Quem é aquele que condena? E Cristo que morreu,
sim, que ressuscitou dos mortos, que está à direita de Deus, que
també m intercede por nó s.
35 Quem nos separará do amor de Cristo? Poderia a opressã o, ou
angú stia, ou perseguiçã o, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? 36
Como está escrito,
“Por sua causa, somos mortos o dia todo.
Fomos contados como ovelhas para o matadouro”.
37 Nã o, em todas essas coisas somos mais que vencedores por meio

daquele que nos amou. 38 Porque estou certo de que nem a morte, nem
a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o porvir,
nem as potestades, 39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer
outra criatura poderá separar-nos da presença de Deus. amor que está
em Cristo Jesus nosso Senhor.
1 Coríntios 2
1 Quando fui ter convosco, irmã os, nã o vim com excelê ncia de

palavra nem de sabedoria, anunciando-vos o testemunho de Deus. 2


Porque decidi nada saber entre vó s, a nã o ser Jesus Cristo e este
cruci icado. 3 Estive convosco em fraqueza, em temor e em muito
tremor. 4 O meu discurso e a minha pregaçã o nã o consistiram em
palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstraçã o do
Espı́rito e de poder, 5 para que a vossa fé nã o se apoiasse na sabedoria
dos homens, mas no poder de Deus.
6 Falamos sabedoria, no entanto, entre aqueles que sã o adultos,

mas uma sabedoria nã o deste mundo, nem dos governantes deste
mundo que estã o chegando a nada. 7 Mas nó s falamos a sabedoria de
Deus em misté rio, a sabedoria escondida, a qual Deus predestinou
antes dos mundos para nossa gló ria, 8 a qual nenhum dos prı́ncipes
deste mundo conheceu. Pois se eles soubessem, eles nã o teriam
cruci icado o Senhor da gló ria. 9 Mas, como está escrito,
“Coisas que o olho nã o viu, e o ouvido nã o ouviu,
que nã o entrou no coraçã o do homem,
estes Deus preparou para aqueles que o amam”.
10 Mas para nó s, Deus os revelou atravé s do Espı́rito. Pois o Espı́rito

sonda todas as coisas, sim, as profundezas de Deus. 11 Pois quem entre


os homens conhece as coisas do homem, exceto o espı́rito do homem,
que está nele? Mesmo assim, ningué m conhece as coisas de Deus,
exceto o Espı́rito de Deus. 12 Mas nó s nã o recebemos o espı́rito do
mundo, mas o Espı́rito que vem de Deus, para que pudé ssemos
conhecer as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus. 13
Estas coisas també m falamos, nã o com palavras ensinadas pela
sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espı́rito Santo, comparando as
coisas espirituais com as espirituais. 14 Ora, o homem natural nã o
recebe as coisas do Espı́rito de Deus, porque para ele sã o loucura, e ele
nã o pode conhecê -las, porque elas se discernem espiritualmente. 15
Mas aquele que é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo nã o é
julgado por ningué m. 16 “Pois quem conheceu a mente do Senhor, para
que o instrua?” Mas nó s temos a mente de Cristo.
1 Coríntios 15
1 Agora vos anuncio, irmã os, a Boa Nova que vos anunciei, a qual

també m recebestes, na qual també m estais, 2 pela qual també m sois


salvos, se mantiverdes irmemente a palavra que vos anunciei, a menos
que você acreditou em vã o. 3 Porque primeiramente vos entreguei o
que també m recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo
as Escrituras, 4 que foi sepultado, que ressuscitou ao terceiro dia,
segundo as Escrituras, 5 e que apareceu a Cefas, depois aos doze. 6
Entã o ele apareceu a mais de quinhentos irmã os de uma só vez, a
maioria dos quais permanece até agora, mas alguns també m
adormeceram. 7 Depois apareceu a Tiago, depois a todos os apó stolos, 8
e por ú ltimo, quanto ao menino nascido fora de hora, apareceu també m
a mim. 9 Pois eu sou o menor dos apó stolos, que nã o sou digno de ser
chamado apó stolo, porque persegui a assemblé ia de Deus. 10 Mas pela
graça de Deus sou o que sou. Sua graça que me foi dada nã o foi fú til,
mas trabalhei mais do que todos eles; contudo, nã o eu, mas a graça de
Deus que estava comigo. 11 Se, pois, sou eu ou eles, assim pregamos, e
assim creste.
12 Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como

dizem alguns de vó s que nã o há ressurreiçã o de mortos? 13 Mas, se nã o
há ressurreiçã o de mortos, també m Cristo nã o ressuscitou. 14 Se Cristo
nã o ressuscitou, é vã a nossa pregaçã o, e vã també m a vossa fé . 15 Sim,
també m nó s fomos achados falsas testemunhas de Deus, porque
demos testemunho de Deus que ressuscitou a Cristo, a quem nã o
ressuscitou, se é para que os mortos nã o ressuscitem. 16 Porque, se os
mortos nã o ressuscitaram, també m Cristo nã o ressuscitou. 17 Se Cristo
nã o ressuscitou, é vã a vossa fé ; você ainda está em seus pecados. 18
Entã o també m os que dormiram em Cristo pereceram. 19 Se esperamos
em Cristo somente nesta vida, somos de todos os homens os mais
miserá veis.
20 Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos. Ele se tornou o

primeiro fruto dos que dormem. 21 Pois, como a morte veio por meio
do homem, també m a ressurreiçã o dos mortos veio por meio do
homem. 22 Pois assim como todos morrem em Adã o, assim també m
todos serã o vivi icados em Cristo. 23 Mas cada um por sua ordem:
Cristo as primı́cias, depois os que sã o de Cristo, na sua vinda. 24 Entã o
virá o im, quando ele entregará o Reino a Deus, o Pai, quando ele tiver
abolido todo governo e toda autoridade e poder. 25 Pois ele deve reinar
até que ponha todos os seus inimigos debaixo de seus pé s. 26 O ú ltimo
inimigo que será abolido é a morte. 27 Pois, “Ele pô s todas as coisas em
sujeiçã o debaixo de seus pé s”. Mas quando ele diz: “Todas as coisas
estã o sujeitas”, é evidente que ele é excluı́do que sujeitou todas as
coisas a ele. 28 Quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, entã o
també m o Filho se sujeitará à quele que lhe sujeitou todas as coisas,
para que Deus seja tudo em todos.
29 Ou entã o, o que farã o os que sã o batizados pelos mortos? Se os

mortos nã o ressuscitam, por que entã o sã o batizados pelos mortos? 30
Por que també m corremos perigo a cada hora? 31 A irmo que pela
gló ria que tenho em vó s em Cristo Jesus, nosso Senhor, morro cada dia.
32 Se eu briguei com animais em Efeso para ins humanos, que me

aproveita? Se os mortos nã o ressuscitarem, entã o “vamos comer e


beber, porque amanhã morreremos”. 33 Nã o se deixe enganar! “As má s
companhias corrompem a boa moral.” 34 Acordem com retidã o e nã o
pequem, pois alguns nã o tê m conhecimento de Deus. Digo isso para
sua vergonha.
35 Mas algué m dirá : “Como ressuscitam os mortos?” e, “Com que

tipo de corpo eles vê m?” 36 Tolo, o que tu mesmo semeias nã o vivi ica
se nã o morrer. 37 Aquilo que você semeia, você nã o semeia o corpo que
será , mas um grã o nu, talvez de trigo, ou de algum outro tipo. 38 Mas
Deus lhe dá um corpo como lhe aprouve, e a cada semente um corpo
pró prio. 39 Nem toda carne é a mesma carne, mas há uma carne de
homens, outra carne de animais, outra de peixes e outra de aves. 40
Existem també m corpos celestes e corpos terrestres; mas a gló ria do
celestial difere da do terrestre. 41 Há uma gló ria do sol, outra gló ria da
lua e outra gló ria das estrelas; pois uma estrela difere de outra estrela
em gló ria. 42 Assim també m é a ressurreiçã o dos mortos. O corpo é
semeado perecı́vel; é elevado imperecı́vel. 43 E semeado em desonra; é
ressuscitado em gló ria. E semeado na fraqueza; é elevado no poder. 44
Semeia-se um corpo natural; é ressuscitado um corpo espiritual. Existe
um corpo natural e també m existe um corpo espiritual.
45 Assim també m está escrito: “O primeiro homem, Adã o, foi feito
alma vivente”. O ú ltimo Adã o tornou-se um espı́rito vivi icante. 46
Entretanto, nã o é primeiro o que é espiritual, mas o que é natural,
depois o que é espiritual. 47 O primeiro homem é da terra, feito de pó . O
segundo homem é o Senhor do cé u. 48 Como é o pó , tais sã o os que
també m sã o pó ; e qual é o celestial, tais també m sã o os celestiais. 49
Assim como trouxemos a imagem dos feitos do pó , levemos també m a
imagem do celestial. 50 Agora eu digo isto, irmã os, que carne e sangue
nã o podem herdar o Reino de Deus; nem o perecı́vel herda o
imperecı́vel.
51 Eis que vos digo um misté rio. Nem todos dormiremos, mas todos

seremos transformados, 52 em um momento, num abrir e fechar de


olhos, ao som da ú ltima trombeta. Pois a trombeta soará e os mortos
ressuscitarã o incorruptı́veis, e nó s seremos transformados. 53 Pois este
corpo perecı́vel deve tornar-se imperecı́vel, e este mortal deve revestir-
se da imortalidade. 54 Mas quando este corpo perecı́vel se tornar
imperecı́vel, e este mortal se revestir da imortalidade, entã o
acontecerá o que está escrito: “Tragada foi a morte na vitó ria”.
55 “Morte, onde está o seu aguilhã o?

Hades, onde está sua vitó ria?”


56 O aguilhã o da morte é
o pecado, e o poder do pecado é a lei. 57
Mas graças a Deus, que nos dá a vitó ria por nosso Senhor Jesus Cristo.
58 Portanto, meus amados irmã os, sede irmes, inabalá veis, sempre

abundantes na obra do Senhor, porque você s sabem que o seu trabalho


nã o é vã o no Senhor.
Proslogium; Monó logo; Um apê ndice em nome do tolo por Gaunilon; e Cur Deus Homo
N
1.

História da Filoso ia de Weber . Trans. por F. Thilly. New York Scribner's.


Preço, $ 2,50.

2.

A iloso ia de Descartes em extratos de seus escritos. HAP Torrey. Nova


Iorque, 1892. P. 161 e segs.

3.

As principais obras de Bento de Spinoza. Traduzido por RHMElwes.


Londres, 1848. VoI. II., P. 51 e segs.

4.

Um ensaio sobre o entendimento humano. Londres: Ward, Lock, Co. P. 529 e segs.

5.

Novos ensaios sobre o entendimento humano. Traduzido por AG Langley.


Nova York, 1896. P. 502 em seq.

6.
Crítica da Razão Pura. Traduzido por F. Max Muller. Nova Iorque, 1896.
P. 483 e segs.

7.

Palestras de História da Filoso ia. Traduzido por ES Haldane e FH


Simson. Londres, 1896. Vol. III., pá g. 62 e seg.

8.

Um Sistema de Doutrina Cristã. Traduzido por A. Cave e JS Banks, Edimburgo, 1880. Vol. I.,
pá g. 216 e seguintes

9.

Microcosmo. Traduzido por E. Hamilton e EEC Jones. Edimburgo, 1887. Vol. II., pá g. 669 e
segs.

10.

Teísmo. Nova York, 1893. Sé tima ediçã o. P. 278 e segs.

11. ,Nada é tratado aqui como uma entidade, supostamente


para preceder o Ser supremo em existê ncia. A falá cia
envolvida é mostrada abaixo.— Tr.
12. Acidentes, como Anselmo usa o termo, sã o fatos externos
à essê ncia de um ser, que ainda podem ser concebidos
para produzir mudanças em um ser mutá vel.
13.

Este e o capı́tulo seguinte sã o numerados de forma diferente nas diferentes ediçõ es dos
textos de Anselmo.
Livro de Meditações e Orações de Santo
Anselmo
1. Introduçã o
2. Primeira Meditaçã o: Da Dignidade e da Ai da Propriedade
do Homem.
3. Segunda Meditaçã o: Do Julgamento Terrı́vel: Para
Despertar o Medo em Si Mesmo.
4. Terceira Meditaçã o: Um lamento de virgindade
tristemente perdida.
5. Quarta Meditaçã o: Ensinando o Pecador a Melhorar a Si
Mesmo pela Emenda de Seus Pecados.
6. Quinta Meditaçã o: [§ 22] Sobre a Vida da Alma e da Carne,
[§ 23] E Da Gló ria da Boa Alma, [§ 24] E A Misé ria Da
Alma Perversa, Em Sua Partida Do Corpo.
7. Sexta Meditaçã o: Concebida para preparar o coraçã o
contra o desespero, pois sem dú vida encontraremos a
verdadeira misericó rdia para todos os nossos pecados se
izermos a verdadeira penitê ncia.
8. Sé tima Meditaçã o
9. Oitava Meditaçã o: O Discurso do Penitente a Deus Seu Pai.
10. Nona Meditaçã o: Da Humanidade de Cristo.
11. Dé cima Meditaçã o: [§ 50.] Da Paixã o de Cristo.
12. Dé cima Primeira Meditaçã o: Da Redençã o da
Humanidade.
13. Dé cima Segunda Meditaçã o: Da Humanidade de Cristo.
14. Dé cima Terceira Meditaçã o: De Cristo.
15. Dé cima Quarta Meditaçã o
16. Dé cima quinta meditaçã o: da memó ria dos benefı́cios
passados de Cristo, da experiê ncia dos benefı́cios
presentes e da esperança do futuro.
17. Dé cima Sexta Meditaçã o: Dos Benefı́cios Presentes de
Deus.
18. Dé cima Sé tima Meditaçã o: Dos Futuros Benefı́cios de
Deus.
19. Dé cima Oitava Meditaçã o: Açã o de Graças pelos
Benefı́cios da Divina Misericó rdia e Oraçã o pela
Assistê ncia Divina.
20. Dé cima nona meditaçã o: da doçura da divina majestade e
de muitas outras coisas.
21. Vigé sima Meditaçã o
22. Vigé sima Primeira Meditaçã o: [§ 103. A Alma do Homem
Incitada a Buscar e Encontrar Seu Deus. A mente
despertada para a contemplaçã o de Deus.]
As Devoções de Santo Anselmo
1. Introduçã o

2. Proslogion ou endereço a Deus sobre sua existê ncia


1. Prefá cio
2. Capı́tulo I
3. Capı́tulo II
4. Capı́tulo III
5. Capı́tulo IV
6. Capı́tulo V
7. Capı́tulo VI
8. Capı́tulo VII
9. Capı́tulo VIII
10. Capı́tulo IX
11. Capı́tulo X
12. Capı́tulo XI
13. Capı́tulo XII
14. Capı́tulo XIII
15. Capı́tulo XIV
16. Capı́tulo XV
17. Capı́tulo XVI
18. Capı́tulo XVII
19. Capı́tulo XVIII
20. Capı́tulo XIX
21. Capı́tulo XX
22. Capı́tulo XXI
23. Capı́tulo XXII
24. Capı́tulo XXIII
25. Capı́tulo XXIV
26. Capı́tulo XXV
27. Capı́tulo XXVI
3. Prefá cio à s Meditaçõ es
4. Meditaçã o I
1. EU
2. II
3. III
4. 4
5. V
6. VI
7. VII
8. VIII
9. IX
10. X
11. XI
12. XII
13. XIII
14. XIV
5. Meditaçã o II

6. Meditaçã o III

7. Meditaçã o IV

8. Oraçõ es de Santo Anselmo


1. EU
2. II
3. III
4. 4
9. Cartas de Aconselhamento Espiritual
1. NOTA INTRODUTORIA
2. EU
3. II
4. III
5. 4
6. V
Conteúdo
1. Introduçã o

2. Proslogium - ou discurso sobre a existê ncia de Deus


1. PREFACIO
2. CAPITULO I
3. CAPITULO II
4. CAPITULO III
5. CAPITULO IV
6. CAPITULO V
7. CAPITULO VI
8. CAPITULO VII
9. CAPITULO VIII
10. CAPITULO IX
11. CAPITULO X
12. CAPITULO XI
13. CAPITULO XII
14. CAPITULO XIII
15. CAPITULO XIV
16. CAPITULO XV
17. CAPITULO XVI
18. CAPITULO XVII
19. CAPITULO XVIII
20. CAPITULO XIX
21. CAPITULO XX
22. CAPITULO XXI
23. CAPITULO XXII
24. CAPITULO XXIII
25. CAPITULO XXIV
26. CAPITULO XXV
27. CAPITULO XXVI
3. Monó logo - Sobre o Ser de Deus
1. PREFACIO
2. CAPITULO I
3. CAPITULO II
4. CAPITULO III
5. CAPITULO IV
6. CAPITULO V
7. CAPITULO VI
8. CAPITULO VII
9. CAPITULO VIII
10. CAPITULO IX
11. CAPITULO X
12. CAPITULO XI
13. CAPITULO XII
14. CAPITULO XIII
15. CAPITULO XIV
16. CAPITULO XV
17. CAPITULO XVI
18. CAPITULO XVII
19. CAPITULO XVIII
20. CAPITULO XIX
21. CAPITULO XX
22. CAPITULO XXI
23. CAPITULO XXII
24. CAPITULO XXIII
25. CAPITULO XXIV
26. CAPITULO XXV
27. CAPITULO XXVI
28. CAPITULO XXVII
29. CAPITULO XXVIII
30. CAPITULO XXIX
31. CAPITULO XXX
32. CAPITULO XXXI
33. CAPITULO XXXII
34. CAPITULO XXXIII
35. CAPITULO XXXIV
36. CAPITULO XXXV
37. CAPITULO XXXVI
38. CAPITULO XXXVII
39. CAPITULO XXXVIII
40. CAPITULO XXXIX
41. CAPITULO XL
42. CAPITULO XLI
43. CAPITULO XLII
44. CAPITULO XLIII
45. CAPITULO XLIV
46. CAPITULO XLV
47. CAPITULO XLVI
48. CAPITULO XLVII
49. CAPITULO XLVIII
50. CAPITULO XLIX
51. CAPITULO L
52. CAPITULO LI
53. CAPITULO LII
54. CAPITULO LIII
55. CAPITULO LIV
56. CAPITULO LV
57. CAPITULO LVI
58. CAPITULO LVII
59. CAPITULO LVIII
60. CAPITULO LIX
61. CAPITULO LX
62. CAPITULO LXI
63. CAPITULO LXII
64. CAPITULO LXIII
65. CAPITULO LXIV
66. CAPITULO LXV
67. CAPITULO LXVI
68. CAPITULO LXVII
69. CAPITULO LXVIII
70. CAPITULO LXIX
71. CAPITULO LXX
72. CAPITULO LXXI
73. CAPITULO LXXII
74. CAPITULO LXXIII
75. CAPITULO LXXIV
76. CAPITULO LXXV
77. CAPITULO LXXVI
78. CAPITULO LXXVII
79. CAPITULO LXXVIII
80. CAPITULO LXXIX
4. Apê ndice
1. EM NOME DO TOLO - UMA RESPOSTA AO
ARGUMENTO DE ANSELM NO PROSLOGIUM
2. EM RESPOSTA A RESPOSTA DE GAUNILON EM NOME
DO TOLO
3. CAPITULO I
4. CAPITULO II
5. CAPITULO III
6. CAPITULO IV
7. CAPITULO V
8. CAPITULO VI
9. CAPITULO VII
10. CAPITULO VIII
11. CAPITULO IX
12. CAPITULO X
5. Cur Deus Homo
1. PREFACIO
2. LIVRO PRIMEIRO: CAPITULO I
3. CAPITULO II
4. CAPITULO III
5. CAPITULO IV
6. CAPITULO V
7. CAPITULO VI
8. CAPITULO VII
9. CAPITULO VIII
10. CAPITULO IX
11. CAPITULO X
12. CAPITULO XI
13. CAPITULO XII
14. CAPITULO XIII
15. CAPITULO XIV
16. CAPITULO XV
17. CAPITULO XVI
18. CAPITULO XVII
19. CAPITULO XVIII
20. CAPITULO XIX
21. CAPITULO XX
22. CAPITULO XXI
23. CAPITULO XXII
24. CAPITULO XXIII
25. CAPITULO XXIV
26. CAPITULO XXV
27. LIVRO SEGUNDO: CAPITULO I
28. CAPITULO II
29. CAPITULO III
30. CAPITULO IV
31. CAPITULO V
32. CAPITULO VI
33. CAPITULO VII
34. CAPITULO VIII
35. CAPITULO IX
36. CAPITULO X
37. CAPITULO XI
38. CAPITULO XII
39. CAPITULO XIII
40. CAPITULO XIV
41. CAPITULO XV
42. CAPITULO XVI
43. CAPITULO XVII
44. CAPITULO XVIII (a)
45. CAPITULO XVIII (b)
46. CAPITULO XIX
47. CAPITULO XX
48. CAPITULO XXI
49. CAPITULO XXII

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