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OU
O MUNDO CELESTE
Suas Características e Habitantes
C. W. Leadbeater
Segunda Edição Revista e Ampliada
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
CARACTERÍSTICAS GERAIS
HABITANTES
Humanos
-Encarnados - Adeptos e seus discípulos
-Os adormecidos ou em transe
-Os desencarnados - Sua consciência
-As qualidades necessárias para a vida celeste
-Como um homem chega à vida celeste pela primeira vez
-Os céus inferiores, com exemplos de cada
-A realidade da vida celeste
-A renúncia ao céu
-Os mundos celestes superiores
Não-humanos
-A essência elemental
-O que é
-A velação do Espírito
-Os reinos elementais
-Como a essência evolui
-O reino animal
-Os Devas
-Suas Classes
Artificiais
-Artificiais
CONCLUSÃO
Prefácio
Nota do Autor
INTRODUÇÃO
Uma clara compreensão destes fatos evitará a confusão que muitas vezes
tem sido feita por estudantes entre o plano mental de nossa Terra e aqueles
de outros globos de nossa cadeia que existem no plano mental. Deve ser
compreendido que os sete globos de nossa cadeia são globos reais,
ocupando posições definidas e separadas no espaço, não obstante o fato
de que alguns deles não estão no plano físico. Os globos A, B, F e G estão
separados de nós e entre si da mesma exata maneira que o estão Marte e a
Terra; a única diferença é que onde esta possui planos físico, astral e
mental próprios, os globos B e F não têm nada abaixo do plano astral, e os
A e G, nada abaixo do mental. O plano astral de que tratamos no Manual V
e o plano mental que logo vamos considerar são aqueles próprios desta
Terra somente, e não têm nada a ver com aqueles dos outros planetas.
O plano mental sobre o qual tem lugar a vida celeste é o terceiro dos cinco
grandes planos aos quais a humanidade está no presente relacionada,
tendo abaixo o astral e físico, e acima o búdico e nirvânico. É o plano onde
o homem, exceto se em um estágio extraordinariamente primitivo de seu
progresso, despende de longe a maior parte de seu tempo durante o
processo de evolução; pois, fora o caso dos inteiramente não-
desenvolvidos, a proporção da vida física em relação à celestial raramente é
muito maior que um para vinte, e em alguns casos de pessoas bastante
boas poderia por vezes cair para um para trinta. É, de fato, a verdadeira e
permanente morada do Ego reencarnante ou Alma do homem, cada descida
à encarnação constituindo meramente um breve embora significativo
episódio em sua carreira. Portanto é bem aproveitado o tempo que
devotamos ao seu estudo, por tanto tempo e com todo o cuidado que sejam
necessários para adquirir uma compreensão do mesmo tão completa
quanto seja possível para nós, enquanto encerrados no corpo físico.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Algum detalhe disso tudo deveremos tentar esclarecer mais tarde; o ponto a
ser enfatizado agora é que este radioso senso, não só de bem-vinda
ausência de todo o mal e discórdia, mas de persistente, irresistível presença
de júbilo universal, é a primeira e mais impressionante sensação
experimentada por quem entra no mundo celeste. E ela jamais o abandona
enquanto lá permanece; qualquer trabalho que possa estar fazendo;
quaisquer ainda mais altas possibilidades de exaltação espiritual que
possam surgir diante dele à medida que aprenda mais das capacidades
deste novo mundo em que se encontra, o estranho, indescritível sentimento
de inexprimível deleite pela mera existência em tal reino sobrepuja tudo
mais - esta apreciação do extravasante júbilo dos outros sempre lhe é
presente. Nada na Terra se assemelha; nada o pode figurar; se alguém
pudesse imaginar a livre vida da criança elevada à nossa experiência
espiritual e então intensificada muitos milhares de vezes, talvez alguma
tênue sombra de uma idéia disso poderia ser insinuada; e mesmo tal
comparação ficaria miseravelmente aquém daquilo que está além das
palavras - a tremenda vitalidade espiritual deste mundo celeste.
O próprio sentido, pelo qual se torna apto para conhecer tudo isso, não é a
menor das maravilhas deste mundo celestial; já não ouve e vê e sente
através de órgãos separados e limitados, como faz aqui embaixo, nem tem
mesmo as imensamente expandidas capacidades de visão e audição que
possuía no plano astral; no lugar deles ele sente em si um estranho e novo
poder que não é nenhum daqueles, mas os inclui todos e muito mais - um
poder que o habilita no momento em que se depare com qualquer coisa ou
pessoa não só a vê-la e senti-la e ouvi-la, mas a saber tudo
instantaneamente sobre ela por dentro e por fora - suas causas, seus
efeitos, e suas possibilidades, pelo menos até onde concerne a este plano e
tudo o que está abaixo. Ele descobre que para ele pensar é realizar; lá não
há nunca dúvida, hesitação, ou retardo acerca desta ação direta do sentido
superior; se pensa em algum lugar, lá está; se num amigo, aquele amigo
surge diante dele. Já nenhum mal-entendido pode surgir, já não pode ser
enganado ou iludido por nenhuma aparência externa, pois cada
pensamento e sentimento do seu amigo se desvelam como num livro aberto
diante dele neste plano.
E se for afortunado bastante para ter entre seus amigos um outro cujo
sentido superior esteja aberto, sua relação é duma perfeição além de toda
concepção terrena. Pois para eles não há distância ou separação; seus
sentimentos já não podem ser ocultos ou na melhor das hipóteses só
parcialmente expressos por palavras desajeitadas; pergunta e resposta são
desnecessárias, pois as imagens-pensamentos são lidas assim que se
formam, e o intercâmbio de idéias é tão rápido quanto o seu nascimento
fulgurante na mente.
Ambiente
Será pois verificado que neste mundo mais alto qualquer um que desejar
devotar-se por algum tempo a um pensar tranqüilo, e abstrair-se do
ambiente, poderá realmente viver em um mundo próprio sem a possibilidade
de interrupção, e com a vantagem adicional de ver todas as suas idéias (e
suas conseqüências, plenamente desenvolvidas) passando num tipo de
panorama perante seus olhos. Se, entretanto, desejar em vez observar o
plano em que se encontra, ser-lhe-á necessário suspender mui
cuidadosamente seu pensamento durante este período, para que suas
criações não possam influenciar a prontamente impressionável matéria ao
seu redor, e destarte alterando todas as condições até onde lhe dizem
respeito.
A esta altura já terá se tornado evidente o motivo pelo qual foi impossível
devotar uma seção deste estudo ao cenário do plano mental, do modo como
foi feito no caso do astral; pois de fato o plano mental não tem nenhum
cenário propriamente dito exceto aquele que cada indivíduo escolhe
construir para si mesmo através de seu pensamento - a menos na verdade
que levemos em conta o fato de que o vasto número de entidades que estão
continuamente passando diante dele são elas mesmas em muitos casos
objetos da mais transcendente beleza. Por mais difícil que seja expressar
em palavras as condições desta vida superior talvez fosse uma melhor
descrição dos fatos dizer que qualquer cenário possível existe lá - que não
há nada concebível de formosura na Terra ou no céu ou no mar que não
exista aqui com uma plenitude e intensidade além de todo o poder de
imaginação; mas que além de todo esse esplendor de viva realidade cada
homem vê somente aquilo que é capaz de ver - aquilo para o que seu
desenvolvimento durante as vidas terrestre e astral o capacitou a responder.
As Grande Ondas
Tudo o que tentamos até agora indicar nesta descrição pode ser tomado
como aplicando-se às subdivisões mais baixas do plano mental; pois este
domínio da natureza, exatamente como o astral, ou o físico, tem suas sete
subdivisões. Destas as quatro inferiores são chamadas nos livros de rûpa
ou planos de forma, e estes constituem, o Mundo Celeste Inferior, no qual o
homem comum passa sua longa vida de bem-aventurança entre uma
encarnação e a próxima. Os outros três planos são denominados arûpa ou
sem forma, e constituem o Mundo Celeste Superior, onde atua o Ego
reencarnante - o verdadeiro domicílio da Alma do homem. Estes nomes
Sânscritos têm sido dados porque nos planos rûpa cada pensamento
assume uma certa forma definida, enquanto que nas subdivisões arûpa ele
se expressa de um modo inteiramente diferente, como a seguir
explicaremos. A distinção entre estas duas grandes divisões do plano - a
rûpa e a arûpa - é profundamente marcada; na verdade, vai tão longe que
requer o uso de diferentes veículos de consciência.
Mas no mundo celeste superior esta limitação já não existe; é verdade que
mesmo aqui há muitos Egos que só leve e sonhadoramente estão cônscios
de seu entorno, mas até onde podem ver, eles vêem verdadeiramente, pois
o pensamento já não assume as mesmas formas limitadas que assumia no
plano abaixo.
A Ação do Pensamento
'A afeição gera nuvens de tons rosa, variando desde o violáceo opaco, onde
o amor é animal em sua natureza o rosa-vermelho é tingido de marrom
quando egoísta, ou de verde opaco quando ciumento, até as mais refinadas
nuances de delicado cor-de-rosa como os primeiros rubores da aurora,
quando o amor se torna purificado de todo elemento egoísta, e flui em
amplos, cada vez mais largos círculos de generosa e impessoal ternura e
compaixão para com todos os necessitados.
A íntegra do artigo de onde estes extratos são retirados deveria ser mui
cuidadosamente estudada por aqueles que desejam captar esta seção
verdadeiramente complexa de nosso assunto, pois, com a ajuda de
ilustrações belamente executadas em cor que o acompanham, possibilita,
àqueles que ainda não são capazes de ver por si mesmos, aproximarem-se
muito mais de uma percepção do que são em verdade as formas-
pensamento do que qualquer coisa anteriormente escrita.
Os Subplanos
Os Registros do Passado
Humanos
Os Encarnados.
Aqueles seres humanos que, enquanto ainda ligados a um corpo físico, são
encontrados se movendo em plena consciência e atividade neste plano, são
invariavelmente Adeptos ou seus discípulos iniciados, pois até que um
estudante tenha sido ensinado por seu Mestre como usar seu corpo mental
ele será incapaz de se mover com liberdade mesmo nos seus níveis
inferiores. Para funcionar conscientemente durante a vida física nos planos
superiores indica um avanço ainda maior, pois significa a unificação do
homem, de modo que aqui embaixo ele já não é uma mera personalidade,
mais ou menos influenciada pela individualidade acima, mas ele mesmo é
aquela individualidade - limitada e confinada por um corpo, certamente, mas
de todo modo possuindo em si o poder e conhecimento de um Ego
altamente evoluído.
Magníficos objetos são estes Adeptos e iniciados à visão que aprendeu a vê-
los - esplêndidos globos de luz e cor, expulsando toda influência má aonde
quer que vão, agindo sobre todos os que se aproximam deles como a luz do
sol age sobre as flores, e difundindo em seu redor um sentimento de paz e
felicidade os quais mesmo aqueles que não os vêem freqüentemente
sentem. É neste mundo celestial que muito do seu mais importante trabalho
é feito - mais especialmente sobre seus níveis mais elevados, onde a
individualidade pode ser diretamente influenciada. É deste plano que eles
derramam as maiores influências espirituais sobre o mundo do pensamento;
de lá também impulsionam grandes e beneficentes movimentos de todos os
tipos. Aqui muito da força espiritual acumulada pelo glorioso auto-sacrifício
dos Nirmânâkayas é distribuída; aqui também é dado ensinamento direto
àqueles discípulos que são suficientemente adiantados para recebê-lo desta
forma, uma vez que pode ser comunicado muito mais rápida e
completamente aqui do que no plano astral. Somando-se a todas essas
atividades eles têm um grande campo de trabalho em conexão àqueles que
chamamos mortos, mas isto será mais adequadamente explanado em uma
seção posterior.
Mas mesmo enquanto ele o esquece ele poderia ser visto no plano mental
somente aos homens atuando conscientemente neste plano - jamais sob
nenhuma hipótese por aqueles que estão desfrutando o repouso celeste
nesta região após a morte, pois cada um deles está tão inteiramente
encerrado dentro do mundo de seu próprio pensamento que nada fora
daquilo pode afetá-lo, e ele destarte está absolutamente seguro. Desse
modo é justificada a grande e antiga descrição do mundo celeste como o
lugar 'onde os maus cessam de perturbar, e o os fatigados repousam'.
Dormindo ou em transe
Foi o de uma pessoa de mente pura e considerável ainda que não treinada
capacidade psíquica; e o efeito da apresentação da imagem-pensamento à
sua mente foi de um caráter algo surpreendente. Tão intenso foi o
sentimento de reverente júbilo, tão elevados e tão espirituais foram os
pensamentos evocados pela contemplação desta cena gloriosa, que a
consciência da pessoa adormecida passou inteiramente para o corpo
mental - ou, para expressar a mesma idéia em outras palavras, ascendeu
ao plano mental. Entretanto, não se deve supor a partir disso que ela se
tornou consciente de seu ambiente ou de suas reais condições; ela estava
simplesmente no estado das pessoas comuns que chegam a este nível
após a morte, flutuando no mar de luz e cor realmente, mas não obstante
inteiramente absorvida em seu próprio pensamento, e inconsciente de todo
o resto - permanecendo em contemplação extática da paisagem e de tudo o
que ela lhe sugeriu - ainda que contemplando, seja bem entendido, com o
mais agudo insight, a mais perfeita apreciação, e com o vigor exaltado de
pensamento peculiar ao plano mental, e fruindo todo o tempo a intensidade
da bem-aventurança que foi tão freqüentemente referida antes. A
adormecida permaneceu naquela condição por diversas horas, ainda que
aparentemente toda desapercebida da passagem do tempo, e enfim
acordou com uma sensação de paz profunda e júbilo interior às quais, uma
vez que não trouxera nenhuma recordação do que ocorrera, foi de todo
incapaz de dar explicação. Não há dúvida, entretanto, que uma experiência
como essa, sendo ou não lembrada no corpo físico, atuaria como nítido
impulso para a evolução espiritual do Ego interessado.
Deveria ser lembrado que cada homem passa através de ambos estes
estágios entre a morte e o nascimento, ainda que a maioria não
desenvolvida tenha tão pouca consciência em qualquer um deles que
poderia ser dito com mais verdade que sonham através deles. Não
obstante, seja consciente ou inconscientemente, todo ser humano deve
tocar os níveis mais altos do plano mental antes que a reencarnação possa
ter lugar; e à medida que sua evolução progride seu toque se torna mais e
mais definido e real para ele. Não só é mais consciente lá à medida que
progride, mas o período que passa naquele mundo se torna mais longo;
pois o fato é que sua consciência está lenta mas constantemente se
elevando através dos diferentes planos do sistema.
O afeto pela família ou pelos amigos leva muitos homens para o mundo
celeste, e o mesmo o faz a devoção religiosa; já seria um erro supor que
toda afeição ou toda devoção devam assim necessariamente encontrar lá
suas expressões post-mortem, pois de cada uma destas qualidades
obviamente há duas variedades, a egoísta e a altruísta - ainda que poderia
ser razoável argüir que só o segundo tipo em cada caso seja realmente
digno do nome.
Há o amor que se derrama sobre seu objeto, não buscando nada em troca -
nem jamais pensando em si, mas somente no que pode fazer pelo ser
amado; e um tal sentimento gera uma força espiritual que não pode frutificar
a não ser no plano mental. Mas há também uma outra emoção que às
vezes é chamada de amor - um tipo exigente e egoísta de paixão que
deseja principalmente ser amada - que pensa todo o tempo no que recebe
em vez de no que dá, e é muito suscetível de degenerar no horrível vício do
ciúme com (ou mesmo sem) a menor provocação. Tal afeto não tem em si
nenhuma semente para desenvolvimento mental; as forças que põe em
ação nunca sobem acima do plano astral.
De outro lado há a devoção religiosa real, que jamais pensa em si, mas
somente em amor e gratidão para com a deidade ou um líder, e está cheia
do ardente desejo de fazer algo por ela ou em seu nome; e tal sentimento
conduz freqüentemente a uma prolongada vida celeste de um tipo
particularmente exaltado.
Veremos, portanto, que nos estágios iniciais de sua evolução muitos dos
Egos atrasados jamais chegam conscientemente ao mundo celeste,
enquanto que um número já maior obtém apenas um comparativamente
leve toque de alguns de seus planos inferiores. Cada alma deve é claro
recolher-se em seu Eu real nos níveis superiores antes da reencarnação;
mas não se segue que naquela condição experimente qualquer coisa que
possamos chamar de consciência. Este assunto será tratado com mais
completude quando viermos a abordar os planos arûpa; parece melhor
iniciarmos com o mais baixo dos planos rûpa, e trabalharmos sempre para
cima, de modo que por ora podemos deixar de lado aquela porção da
humanidade cuja existência consciente após a morte é praticamente
confinada ao plano astral, e prosseguirmos considerando o caso de uma
entidade que recém ascendeu de tal posição - quem pela primeira vez teve
uma tênue e fugaz consciência na subdivisão mais baixa do mundo celeste.
Naturalmente ela não era muito instruída, pois sua vida tinha sido uma longa
rotina do mais árduo trabalho sob condições as menos favoráveis; mas não
obstante ela era uma criatura benevolente e de bom coração, transbordante
de amor e gentileza para todos os que com ela entravam em contato. Seus
aposentos eram tão pobres, talvez, quanto qualquer outro no casarão, mas
pelo menos eram mais limpos e arrumados que os outros. Ela não tinha
nenhum dinheiro para dar quando a doença fazia as necessidades ainda
mais prementes que o usual para algum de seus vizinhos, porém em tais
ocasiões ela estava sempre disponível todas as vezes que podia roubar
alguns poucos momentos de seu trabalho, oferecendo com solícita simpatia
todo o serviço que lhe era possível.
As condições de vida naquele cortiço sendo estas, pouco admira que alguns
de seus pacientes morressem, e então se tornou claro que ela tinha feito por
eles muito mais do que sabia; ela tinha lhes dado não só uma gentil
pequena assistência em sua aflição temporal, mas um impulso muito
importante no curso da evolução espiritual. Pois estas eram almas
subdesenvolvidas - entidades de uma classe muito atrasada - que jamais
em nenhum de seus nascimentos haviam posto em ação as forças
espirituais que sozinhas poderiam lhes dar existência consciente no plano
mental; mas agora pela primeira vez não apenas tinha sido posto diante
delas um ideal pelo qual poderiam se esforçar, mas também amor
realmente altruísta tinha sido evocado nelas pela sua atuação, e o simples
fato de terem tido um sentimento tão forte como esse as tinha elevado e
dado-lhes mais individualidade, e assim depois de sua permanência no
plano astral se tivesse encerrado ganhariam sua primeira experiência na
subdivisão mais inferior do mundo celeste. Uma experiência breve,
provavelmente, e de modo algum de um tipo avançado, mas ainda de longe
mais importante do que parece à primeira vista; pois quando uma vez a
grande energia do altruísmo é despertada, a verdadeira frutificação de seus
resultados no mundo celeste lhe dá a tendência de se repetir, e por reduzida
em extensão que possa ser esta primeira efusão, ainda assim cria na Alma
uma pálida cor de uma qualidade que certamente se expressará de novo na
próxima vida.
Esta subdivisão mais baixa do mundo celeste, à qual a ação de nossa pobre
costureira alçou os objetos de seu amável cuidado, tem como sua principal
característica a afeição por familiares ou amigos - altruísta, é claro, mas
usualmente algo estreita. Aqui, entretanto, devemos nos precaver contra a
possibilidade de mal-entendido. Quando é dito que a afeição familiar leva
um homem ao sétimo subplano celestial, e a devoção religiosa ao sexto, as
pessoas por vezes naturalmente imaginam que uma pessoa tendo estas
duas características fortemente desenvolvidas em si dividiria este período
no mundo celeste entre estas duas subdivisões, primeiro passando um
longo período de felicidade em meio à sua família, e então ascendendo para
o próximo nível, onde esgotaria as forças espirituais engendradas por suas
aspirações devocionais.
Isso, todavia, não é o que ocorre, pois num caso como o que supomos o
homem despertaria para a consciência na sexta subdivisão, onde se acharia
engajado, junto com aqueles que ele amou tanto, na mais alta forma de
devoção que fosse capaz de realizar. E quando pensamos que isto é
bastante razoável, pois o homem que é capaz de devoção religiosa bem
como de afeição familiar comum está naturalmente apto para ser favorecido
com um mais alto e amplo desenvolvimento da última virtude que alguém
cuja mente é suscetível de influência só numa direção. A mesma regra
funciona em todo o percurso acima; o plano mais elevado sempre inclui as
qualidades do mais inferior bem como aquelas peculiares a si mesmo, e
quando isso ocorre seus habitantes têm essas qualidades em mais
completa medida que as almas num plano mais baixo.
Quando se diz que a afeição familiar é característica do sétimo subplano,
não se deve por isso supor por um momento que aquele amor seja
confinado a este plano, mas antes que o homem que se encontrar aqui
depois da morte é um em cujo caráter esta afeição era da mais alta
qualidade - a única, de fato, que o capacitou para a vida celeste. Mas o
amor de um tipo muito mais nobre e exaltado que tudo que pode ser visto
neste plano pode ser é claro encontrado nos subplanos superiores.
Um outro caso típico foi o de um homem que havia morrido quando sua filha
única ainda era jovem; aqui no mundo celeste ele a tinha sempre consigo e
ela sempre na flor de seus anos, e estava continuamente se ocupando em
acalentar toda a sorte de formosos quadros de seu futuro. Outro ainda foi o
caso de uma menina que estava sempre absorta na contemplação das
múltiplas perfeições de seu pai, e planejando pequenas surpresas e novos
prazeres para ele. Um outro foi uma mulher grega que estava passando um
tempo maravilhosamente feliz com seus três filhos - um deles um garboso
rapaz, que ela se deleitava em imaginar como o vencedor nos Jogos
Olímpicos.
Em todos estes casos foi o toque da afeição altruísta que lhes deu o seu
céu; na verdade, à parte isso, não havia nada na atividade de suas vidas
pessoais que poderia ter-se expresso naquele plano. Na maior parte dos
exemplos observados neste nível as imagens dos seres amados são muito
longe de ser perfeitas, e conseqüentemente os verdadeiros Egos ou Almas
dos amigos que amaram podem só pobremente se expressar através delas;
porém mesmo a pior das expressões é muito mais plena e mais satisfatória
que jamais o foi na vida física. Na vida terrena vemos nossos amigos tão
parcialmente; conhecemos apenas aquelas partes deles que se afinam
conosco, e os outros lados de seus caracteres são-nos praticamente
inexistentes. Nossa comunhão com eles e nosso conhecimento deles aqui
significa muito para nós, e estão amiúde entre as maiores coisas da vida;
mesmo que na realidade esta comunhão e este conhecimento devam ser
sempre por demais defeituosos, pois mesmo nos raríssimos casos em que
podemos pensar que conhecemos um homem completamente e de todas as
formas, corpo e alma, ainda é somente a parte dele que está manifesta
nesses planos inferiores durante a encarnação o que podemos conhecer, e
há muito mais além no Ego real que não podemos alcançar de modo algum.
De fato, se nos fosse possível, com a visão direta e perfeita do plano
mental, vermos pela primeira vez o todo de nosso amigo quando o
encontrarmos após a morte, a probabilidade é de que fosse assaz
irreconhecível; certamente ele não seria mais o querido que pensamos que
havíamos conhecido antes.
Deve ser entendido que a afeição que sozinha leva alguém para a vida
celeste alheia é uma força poderosa nestes planos mais altos - uma força
que alcança a Alma da pessoa amada, e evoca uma resposta dela.
Naturalmente a vivacidade daquela resposta, a quantidade de vida e
energia nela, dependem do desenvolvimento da Alma do ser amado, mas
não há nenhum caso no qual a resposta não seja tão perfeitamente real
quanto possa ser.
É claro que Alma ou Ego pode ser integralmente alcançado somente neste
seu próprio nível - uma das subdivisão arûpa deste plano mental - mas pelo
menos estamos muito mais perto disso em qualquer estágio do mundo
celeste do que estamos aqui, e portanto sob condições favoráveis
poderíamos conhecer imensamente mais de nosso amigo que jamais seria
possível aqui, enquanto que mesmo sob as condições as mais
desfavoráveis estaremos de qualquer jeito muito mais perto da realidade lá
do que jamais estivemos antes.
Vemos, assim, que há duas razões para que a manifestação seja imperfeita.
A imagem feita pelo morto pode ser tão vaga e ineficaz que o amigo,
mesmo que bastante evoluído, pode apenas ser capaz de fazer
pouquíssimo uso dela; e de outro lado, mesmo quando uma boa imagem é
formada, pode não haver desenvolvimento suficiente da parte do amigo
para habilitá-lo a tirar o devido proveito disso.
Um ponto interessante é que uma vez que uma pessoa pode bem entrar na
vida celestial de diversos de seus amigos falecidos ao mesmo tempo, ele
pode assim estar simultaneamente se manifestando em todas estas várias
formas, bem como, talvez, utilizando um corpo físico aqui embaixo. Esta
concepção, contudo, não apresenta dificuldade nenhuma para quem quer
que entenda a relação dos diferentes planos entre si; é tão fácil para ele
manifestar-se em diversas dessas imagens celestiais de uma só vez, como
o é para nós estarmos simultaneamente cônscios da pressão de diversos
objetos diferentes contra diferentes partes de nosso corpo. A relação de um
plano para com outro é como a de uma dimensão para com outra; nenhum
número de unidades da dimensão inferior pode jamais equivaler a uma só
do superior, e da mesmíssima forma nenhum número destas manifestações
poderia exaurir o poder de resposta do Ego acima. Ao contrário, tais
manifestações lhe propiciam uma apreciável oportunidade adicioanl para
desenvolvimento no plano mental - uma oportunidade que é o resultado
direto e a recompensa sob a operação da lei da justiça divina das ações ou
qualidades que evocaram uma tal efusão de afeto.
Isso foi muito bem ilustrado por um caso simples que recentemente atraiu a
atenção de nossos investigadores. Foi o de uma mãe que havia morrido há
talvez vinte anos atrás, deixando para trás dois filhos a quem era
profundamente ligada. Naturalmente eles eram as figuras mais
proeminentes em seu céu, e mui naturalmente, também, ela pensava neles
do modo como os havia deixado, como rapazes de quinze ou dezesseis
anos de idade. O amor que ela assim derramava incessantemente sobre
estas imagens mentais realmente estava atuando como uma força benéfica
descendo sobre os homens já crescidos neste mundo físico, mas isso não
afetava ambos na mesma medida - não que seu amor fosse mais forte por
um deles que pelo outro, mas porque havia uma grande diferença na
vitalidade das próprias imagens. Não uma diferença, bem entendido, que a
mãe pudesse notar; para ela ambos apareciam igualmente junto dela e
igualmente eram tudo o que ela poderia desejar: mas aos olhos dos
investigadores era muito evidente que uma destas imagens era muito
animada de força vital que a outra. Rastreando este interessantíssimo
fenômeno até sua origem, foi descoberto que em um caso o filho havia se
tornado um homem comum de negócios - não especialmente mau de
alguma maneira, mas também não espiritualmente orientado - enquanto o
outro tinha se tornado um homem de altas aspirações altruístas, e de
considerável refinamento e cultura. Sua vida tinha sido tal que desenvolvera
uma proporção muito maior de consciência na Alma que seu irmão, e
conseqüentemente este Eu superior era capaz de vitalizar muito mais
plenamente aquela imagem de sua juventude que sua mãe havia formado
em sua vida celeste. Havia mais alma para animá-la, e assim a imagem era
enérgica e vivaz.
Em aspecto o amigo se pareceria muito como era na vida terrena, ainda que
um tanto estranhamente glorificado. No corpo mental assim como no corpo
astral há uma reprodução da forma física dentro do ovóide externo cuja
forma é determinada pela do corpo causal, de modo que tem algo da
aparência de uma forma de névoa mais densa rodeada por uma névoa mais
diáfana. Durante toda a vida celeste a personalidade da última vida física é
distintamente preservada, e é só quando a consciência é finalmente
recolhida para dentro do corpo causal que este senso de personalidade
imerge na individualidade, e o homem pela primeira vez desde que desceu
à encarnação se percebe como o verdadeiro e comparativamente
perdurável Ego.
As pessoas por vezes perguntam onde neste plano mental existe alguma
consciência de tempo - alguma alteração de dia e noite, de dormir e
despertar. O único despertar do mundo celeste é o lento alvorecer de sua
maravilhosa bem-aventurança no sentido mental à medida que o homem
entra em sua vida naquele plano, e o único adormecer é o igualmente
gradual mergulho em uma feliz inconsciência quando o dilatado período
daquela vida chega a um fim. Foi-nos uma vez descrito no início como uma
espécie de prolongamento de todas as horas mais felizes da vida do homem
magnificadas centenas de vezes em bem-aventurança; e mesmo que esta
definição deixe muito a desejar (como de fato o devem todas as definições
do plano físico), ainda chega muito mais perto da verdade do que esta idéia
de dia e noite. Existe, realmente, o que parece uma infinita variedade na
felicidade do mundo celeste; mas as alterações de sono e vigília não fazem
parte deste plano.
A religião Cristã também contribui com muitos dos habitantes deste plano. A
devoção não intelectual que é exemplificada de um lado pelo iletrado
camponês Católico Romano, e de outro pelo devotado e sincero 'soldado'
do Exército da Salvação, parece produzir resultados muito similares aos já
descritos, pois estas pessoas também estão envolvidas na contemplação de
suas idéias de Cristo ou sua Mãe respectivamente. Por exemplo, um
camponês irlandês foi visto absorvido na mais profunda adoração da Virgem
Maria, a quem ele imaginava como estando sobre a lua à maneira da
'Assunção' de Ticiano, mas de mãos postas e lhe falando. Um monge
medieval foi encontrado na contemplação extática do Cristo crucificado, e a
intensidade de seu anelante amor e piedade era tal que ao ver o sangue
pingando das chagas da figura de seu Cristo os estigmas se reproduziam
em seu próprio corpo mental. Um outro homem parecia ter esquecido a
triste história da crucificação, e pensava em seu Cristo somente glorificado
em seu trono, com o mar de cristal diante dele, e em toda a volta uma vasta
miríade de adoradores, entre os quais ele próprio estava com sua esposa e
família. Sua afeição por estes parentes era muito profunda, embora seus
pensamentos estivessem mais ocupados na adoração do Cristo, ainda que
sua concepção de sua deidade fosse tão material que ele a havia imaginado
como se em constante e caleidoscópica mudança para cá e para lá entre a
forma de um homem e a do cordeiro desfraldando a flâmula que ele
freqüentemente via representada no vitral da igreja.
Caso mais interessante foi o de uma freira espanhola que tinha morrido
perto dos dezenove ou vinte anos. Em seu céu ela se reportara à época da
vida de Cristo sobre a Terra, e se imaginara acompanhando-o na cadeia de
eventos recontada nos evangelhos, e depois de sua crucificação tomando
conta de sua Mãe a Virgem Maria. Naturalmente, talvez, suas imagens do
cenário e costumes da Palestina eram inteiramente inexatos, pois o
Salvador e seus discípulos usavam os trajes de camponeses espanhóis,
enquanto as colinas ao redor de Jerusalém eram grandes montanhas
cobertas de videiras, e as oliveiras estavam cobertas de cinzento musgo
espanhol. Ela se imaginava depois martirizada pela sua fé, e ascendendo
ao céu, mas somente para já viver de novo e de novo esta vida na qual se
deleitava tanto.
Está visto que a cega devoção irracional da qual estivemos falando não
eleva nunca seus praticantes a nenhumas grandes alturas espirituais; mas
deve ser lembrado que em todos os casos eles eram inteiramente felizes e
satisfeitos ao máximo, pois o que recebem é sempre o mais alto que são
capazes de apreciar. Tampouco isso fica sem um efeito muito positivo em
suas futuras carreiras; pois mesmo que nenhuma porção de mera devoção
como esta jamais desenvolva o intelecto, produz outrossim uma aumentada
capacidade para uma forma mais elevada de devoção, e em grande parte
dos casos conduz também à pureza de vida. Uma pessoa, portanto, que
vive tal vida e desfruta de um céu tal como os que estivemos descrevendo,
mesmo que não seja apto para efetuar rápido progresso na senda do
desenvolvimento espiritual, pelo menos é preservada de muitos perigos,
pois é muito improvável que em seu próximo nascimento venha a cair em
algum dos pecados mais grosseiros, ou se desvie de suas aspirações
devocionais para uma mera vida mundana de avareza, ambição, ou
dissipação. De qualquer forma, uma análise deste subplano enfatiza
nitidamente a necessidade de seguirmos o conselho de São Pedro: 'Some à
sua fé a virtude, e à virtude, conhecimento.'
Uma vez que tais estranhos resultados parecem derivar de formas cruas de
fé, procuramos com interesse ver que efeito é produzido pelo ainda mais cru
materialismo que não há muito era tão dolorosamente comum na Europa.
Madame Blavatsky assinalou em A Chave para a Teosofia que em alguns
casos um materialista não tinha nenhuma vida consciente no mundo
celeste, pois durante sua vida na Terra não acreditara nesta condição post-
mortem. Parece provável, contudo, que nossa grande fundadora estava
empregando a palavra materialista em um sentido muito mais estrito que
aquele em que geralmente é usado, já que no mesmo volume ela também
assinala que para eles nenhuma vida consciente após a morte era de todo
possível, visto que é questão de conhecimento comum entre aqueles que
noturnamente trabalham no plano astral que muitos dos que são chamados
usualmente de materialistas são encontráveis lá, e certamente não estão
inconscientes.
O que nos foi evidenciado por estes dois e por muitos outros exemplos não
precisa afinal nos surpreender, pois é só o que poderíamos esperar de
nossa experiência no plano físico. Constantemente vemos aqui embaixo
que a natureza não faz concessões à nossa ignorância de suas leis; se, sob
uma impressão de que o fogo não queima, um homem colocar sua mão
dentro da chama, ele rapidamente se convence de seu erro. Da mesma
maneira a descrença de um homem numa existência futura não afeta os
fatos da natureza; e em alguns casos pelo menos ele simplesmente
descobre depois da morte que estava enganado.
Um caso típico, ainda que algo acima da média, foi o de um homem que foi
encontrado desenvolvendo um grande esquema de melhoramento das
condições das classes mais baixas. Ele próprio sendo um homem
profundamente religioso, havia sentido que o primeiro passo necessário em
tratando dos pobres era melhorar suas condições materiais; e o plano que
ele estava agora desenvolvendo em sua vida celeste com triunfante
sucesso e amorosa atenção a cada detalhe era um que havia muitas vezes
cruzado sua mente enquanto na Terra, mesmo que ele tivesse sido
completamente incapaz de dar aqui qualquer passo para sua realização.
Parece que sob certas condições a capacidade artística também pode trazer
seus praticantes a este subplano. Mas aqui deve ser feita uma cuidadosa
distinção. O artista ou músico cujo único objetivo é o egoísta, por fama
pessoal, ou que habitualmente se permite ser afetado por sentimentos de
ciúme profissional, naturalmente não gera forças nenhumas que o tragam
ao plano mental. De outro lado, os maiores tipos de arte cujos discípulos
consideram-na potentes poderes a eles confiados para a elevação espiritual
de seus semelhantes, se expressarão em regiões ainda mais altas que esta.
Mas entre estes dois extremos os devotos da arte que seguem-na por amor
a ela mesma ou a consideram uma oferenda à sua deidade, jamais
pensando no seu efeito sobre seus semelhantes, em alguns casos podem
ter seu céu apropriado neste subplano.
Tão variadas são as atividades deste, o mais alto dos planos rûpa, que é
difícil agrupá-las sob uma única característica. Talvez elas possam ser
melhor arranjadas em quatro divisões principais - busca altruísta por
conhecimento espiritual, alto pensamento filosófico ou científico, habilidade
artística ou literária exercida com propósitos altruístas, e serviço por amor
ao serviço. A definição exata de cada uma destas classes será mais
prontamente compreendida quando alguns exemplos de cada forem dados.
Agora em sua vida celeste este desejo supremo era atendido; eles se
achavam veramente aprendendo do Buddha, e a imagem que haviam feito
dele não era uma forma vazia, mas com toda certeza através dela brilhava a
maravilhosa sabedoria, poder, e amor do mais poderoso dos instrutores da
Terra. Estão portanto adquirindo conhecimento autêntico e concepções
mais amplas; e o efeito sobre eles em sua próxima encarnação não pode
ser senão do mais acentuado caráter. Talvez não venham a lembrar de
nenhum fato individual que possam ter aprendido (ainda que quando tal fato
seja apresentado às suas mentes numa vida posterior eles o acolherão
avidamente e reconhecerão sua verdade de modo intuitivo), mas o resultado
do ensino será construir no Ego uma poderosa tendência de formar mais
amplas e filosóficas visões em todos esses assuntos.
Veremos num átimo o quão definida e inconfundivelmente tal vida celeste
acelera a evolução do Ego; e uma vez mais nossa atenção é chamada para
as enormes vantagens recebidas por aqueles que aceitaram a orientação de
instrutores verdadeiros, viventes e poderosos.
Um outro exemplo de nossas fileiras que foi encontrado neste nível ilustra o
terrível efeito de abrigar suspeitas infundadas e não caridosas. Foi o caso
de uma devotada e dedicada estudante que perto do fim da vida havia
infelizmente decaído para uma atitude de muito indigna e injustificável
desconfiança sobre as motivações de sua velha amiga e instrutora Madame
Blavatsky; e foi triste perceber como este sentimento havia fechado em
considerável extensão a influência e ensino superiores que ela poderia ter
desfrutado em sua vida celeste. Não foi que a influência e o ensino lhes
fossem de algum modo negados, pois isso jamais pode ocorrer; mas que
sua própria atitude mental a tornou em alguma extensão não receptiva a
eles. Ela estava é claro totalmente desapercebida disso, e parecia-lhe estar
desfrutando da mais completa e perfeita comunhão com os Mestres, ainda
que fosse óbvio aos investigadores que se não fosse por aquela infeliz auto-
limitação ele teria derivado muito maior vantagem de sua estada neste nível.
Uma pletora quase infinita de amor e força e conhecimento jazia lá ao seu
alcance, mas sua própria ingratidão havia tristemente lhe amputado seu
poder de aceitá-la.
Seja entendido que uma vez que há outros Mestres de Sabedoria além
daqueles ligados ao nosso próprio movimento, e outras escolas de
ocultismo trabalhando ao longo das mesmas linhas gerais a que
pertencemos, estudantes associados a elas também freqüentemente são
encontrados neste subplano.
Um outro caso foi o de um astrônomo, que pareceu ter começado sua vida
como ortodoxo, mas tinha gradualmente sob influência de seus estudos se
expandido até o Panteísmo; em sua vida celeste ele estava ainda
continuando seus estudos com uma mente cheia de reverência, e estava
indubitavelmente obtendo conhecimento real daquelas grandes ordens dos
Devas, através dos quais neste plano o majestoso movimento cíclico das
poderosas influências estelares parecia se expressar em incessantes
fulgurações de onipenetrante luz viva. Ele estava perdido na contemplação
de um vasto panorama de nebulosas rodopiantes e sistemas e mundos em
lenta formação, e parecia estar enredado numa abstrusa idéia de qual seria
a conformação do universo, que ele imaginava como um vasto animal. Seus
pensamentos o cercavam como formas elementares do feitio de estrelas, e
uma fonte de especial júbilo para ele consistia em ouvir o augusto ritmo da
música que emanava como poderosos corais dos orbes semoventes.
Uma figura tocante e bela vista neste plano foi a de um jovem que havia
sido corista, e morrido com a idade de quatorze anos. Toda sua alma estava
cheia de música e de juvenil devoção à sua arte, profundamente colorida
pelo pensamento de que por ela ele estava expressando os anelos
religiosos da multidão de enchia uma vasta catedral, e ao mesmo tempo
estava derramando neles celestial encorajamento e inspiração. Ele tinha
aprendido pouco, exceto o suficiente para este grande e único dom para o
canto, mas o havia usado dignamente, tentando ser a voz do povo para o
céu e do céu para o povo, e sempre desejando aprender mais música e
executá-la mais nobremente por amor da Igreja. E assim em sua vida
celeste seu desejo estava dando fruto, e sobre ele se inclinava a
angulosíssima figura de uma Santa Cecília medieval, formada por seu
amoroso pensamento a partir de uma imagem dela existente num vitral
manchado. Mas mesmo que a aparência externa fosse uma assim pouco
artística representação de uma duvidosa lenda eclesiástica, a realidade que
jazia por trás era viva e gloriosa; pois a forma-pensamento infantil estava
vivificada por um dos poderosos arcanjos da celestial hierarquia canora, e
através dela ensinava ao corista um gênero de música mais sublime do que
a Terra jamais conheceu.
É dito que no mundo celeste um homem toma seus pensamentos por coisas
reais? Pois está absolutamente certo; eles são coisas reais, e nele, no plano-
pensamento, nada além de pensamento pode ser real. Lá reconhecemos
este grande fato - aqui não; em qual plano, então, a ilusão é maior? Aqueles
seus pensamentos são mesmo realidades, e são capazes de produzir os
mais extraordinários resultados sobre o homem vivente - resultados que
jamais podem ser nada além de benéficos, porque naquele alto plano não
pode haver nada exceto pensamentos amorosos. Assim se vê que a teoria
de que a vida celeste é uma ilusão é puramente o resultado de uma noção
errônea, e demonstra imperfeita familiaridade com suas condições e
possibilidades; a verdade é que quanto mais alto subimos - mais perto
chegamos da realidade única.
'Lá nenhum bem jamais é perdido! O que já foi, será como outrora; Nulo é o
mal, o mal só é nada, é o silêncio que implica o som; O que era bem será
repetido, o que era mal, em bem torna agora; Sobre a Terra as partes dos
arcos: No paraíso, um círculo bom.
'A altitude alta em excesso, o heroísmo aqui demasiado, Toda a paixão que
asas criou para no aéreo espaço perder-se, Música são, mandadas a Deus
Pelo poeta e o enamorado; Uma só vez que Ele a ouça, e basta; Nós a
ouviremos eternamente.'
Novamente, que outro arranjo no que tange aos parentes e amigos poderia
ser igualmente satisfatório? Se os falecidos fossem capazes de acompanhar
a sorte oscilante de seus amigos na Terra, a felicidade lhes seria
impossível; se, sem saberem o que lhes estava sucedendo, tivessem que
esperar até a morte daqueles amigos antes de encontrá-los, seria um
doloroso período de espera, freqüentemente se estendendo por muitos
anos, enquanto em muitos casos o amigo chegaria tão mudado que já não
lhe seria simpático.
No sistema tão sabiamente disposto para nós pela natureza cada uma
destas dificuldades é contornada; um homem decide por si mesmo a
duração e o caráter de sua vida celeste pelas causas que ele mesmo gerou
durante sua vida terrestre; daí que ele não pode ter senão a porção exata
do que lhe cabe, e precisamente a qualidade de alegria que melhor é
adequada às suas idiossincrasias. Aqueles a quem ama tem sempre
consigo, e sempre em sua melhor e mais nobre condição; enquanto
nenhuma sombra de discórdia ou mudança pode jamais aparecer entre
eles, uma vez que recebe deles exatamente o que deseja. Em verdade, o
arranjo realmente disposto é infinitamente superior a qualquer coisa que a
imaginação do homem tem sido capaz de nos oferecer neste ponto; como
de fato poderíamos ter esperado, apesar de todas as especulações do
homem sobre o que é melhor; mas a verdade é a idéia de Deus.
A Renúncia ao Céu
Entretanto, não se segue que tais homens devam logo, ou mesmo durante
um longo período, lembrar-se no plano físico das atividades e experiências
de sua vida astral. Como regra geral eles o fazem de modo parcial e
intermitente, mas há casos que por várias razões quase nada que poderia
deixar lembrança daquela experiência mais alta encontra meios de chegar
ao cérebro físico.
Tais casos são muito raros, mas certamente existem, e neles vemos
imediatamente a possibilidade de uma exceção à nossa regra. Uma
personalidade deste tipo poderia estar suficientemente evoluída para provar
da indescritível beatitude do céu e portanto adquirir o direito de renunciar a
ele, enquanto não fosse capaz de trazer a memória disso mais para baixo
do que na sua vida astral. Mas supondo a hipótese de que a vida astral
fosse de plena e perfeita consciência para a personalidade, tal memória
seria amplamente suficientemente para preencher os requisitos da justiça,
mesmo que nenhuma sombra disso tudo jamais chegasse à consciência
física desperta. O grande ponto a ser mantido em mente é que se é a
personalidade quem deve renunciar, também é a personalidade que deve
experimentar, e deve trazer a lembrança para algum plano onde funcione
normalmente e em plena consciência; mas este plano não precisa
necessariamente ser o físico se estas condições forem preenchidas no
astral. Um caso assim seria pouco provável de ocorrer exceto entre os que
já são pelo menos discípulos probacionários de um dos Mestres de
Sabedoria.
O homem que deseje realizar esta grande façanha deve portanto trabalhar
com a mais intensa aplicação para fazer-se um instrumento digno nas mãos
daqueles que auxiliam o mundo - deve arrojar-se com o mais devotado
fervor ao trabalho pelo bem espiritual dos outros, sem presumir-se arrogante
que já merece tão alta honra, mas antes esperando com humildade que
talvez em uma ou duas vidas de estrênuo esforço seu Mestre possa dizer-
lhe que é chegado o tempo em que também para ele esta pode ser uma
possibilidade.
Pense no assunto por um momento como ele deve parecer ao homem real
em seu próprio plano, assim que ele começa a tornar-se claramente cônscio
lá. Obedecendo ao desejo por manifestação que encontra em si, que é
impresso nele pela lei de evolução que é a vontade do Logos, ele imita a
ação daquele Logos se manifestando em planos inferiores.
Não que ali haja alguma mudança súbita ou violenta, pois isso não é um
ângulo, mas ainda parte da curva do mesmo círculo - correspondendo
exatamente ao momento do afélio no percurso de um planeta em torno de
sua órbita. Este é o verdadeiro ponto de retorno daquele pequeno ciclo de
evolução, ainda que em nosso caso usualmente não o seja demarcado de
alguma maneira. No antigo sistema de vida indiano ele era assinalado como
sendo o fim do período grihastha ou período de chefe de família da
existência do homem.
Deste ponto em diante não haveria nada além de um constante refluxo para
o interior de toda a força do homem, e sua atenção deveria ser mais e mais
desligada das coisas meramente mundanas, e concentrar-se nas dos
planos superiores - daí vemos de imediato o quão excessivamente mal-
adaptadas ao progresso real são as modernas condições da vida européia.
No início ela faz pouco uso disso, pois não está senão vagamente
consciente e muito pobremente preparada para apreender os fatos e suas
variadas inter-relações; mas gradualmente seu poder de apreciar o que vê
aumenta, e mais tarde chega a habilidade de incluir a lembrança dos
lampejos finais de vidas anteriores, e compará-los, e assim estimar o
progresso que ela está fazendo ao longo da estrada que tem de percorrer.
As Almas que estão ligadas a um corpo físico são distinguíveis dos que
desfrutam o estado desencarnado pela diferença nos tipos de vibração
disseminados pela superfície dos globos, e é destarte fácil neste plano
reconhecer num relance qual indivíduo está ou não em encarnação no
momento. A imensa maioria, seja dentro ou fora de um corpo, estão apenas
oniricamente semi-conscientes, embora poucas estejam ainda agora na
condição de meras películas incolores; as que estão plenamente despertas
são notáveis e brilhantes exceções, ficando entre as multidões menos
radiosas como estrelas de primeira magnitude, e entre estas e as menos
desenvolvidas estão escalonadas todas as variedades de tamanho e beleza
de cores - cada uma assim evidenciando o exato estágio evolutivo a que
chegou.
Deve ser entendido disso que somente Almas que deliberadamente estão
desejando crescimento espiritual vivem neste plano, e têm em
conseqüência se tornado largamente receptivas a influências dos planos
acima delas. O canal de comunicação cresce e se alarga, e um fluxo mais
copioso passa através. O pensamento sob essas influências assume uma
qualidade singularmente clara e penetrante, mesmo nos menos
desenvolvidos, e o efeito disso na mente inferior se mostra como uma
tendência à filosofia e ao pensamento abstrato. Nos mais altamente
evoluídos a visão é de longo alcance; atinge com clara percepção o
passado, reconhece as causas desencadeadas, suas conseqüências, e o
que resta ainda não esgotado de seus efeitos.
Este, o nível mais glorioso do mundo mental, ainda tem apenas poucos
moradores de nossa humanidade, pois em suas altitudes não reside
ninguém além dos Mestres da Sabedoria e Compaixão, e sues discípulos
iniciados. Da beleza de forma e cor e som aqui nenhuma palavra pode falar,
pois a linguagem mortal não possui termos nos quais aqueles radiantes
esplendores possam achar expressão. Basta que existam, e que alguns de
nossa raça o estejam envergando, o penhor do que outros hão de ser, a
fruição cuja semente foi plantada nos planos mais baixos. Estes
completaram a evolução mental, de modo que neles o mais elevado rebrilha
mesmo através do mais baixo; pois o véu ilusório da personalidade foi
erguido de seus olhos, e sabem e percebem que não são a natureza
inferior, mas só a usam como veículo de experiência. Ainda ela pode ter o
poder nos menos evoluídos deles de abalar e limitar, mas eles não podem
jamais cair no desatino de confundir o veículo com o Eu atrás dele. Disto
estão salvos por manterem sua consciência ininterrupta não só de um dia
para outro mas de vida para vida, de modo que as vidas passadas não são
tanto recuperadas pela retrospecção, mas estão como que sempre
presentes em sua consciência, o homem sentindo-as como uma só vida
antes que como muitas.
Nesta altura a Alma é cônscia do mundo celeste inferior bem como do seu
próprio, e se possuir quaiquer manifestações lá como forma-pensamento na
vida celeste de seus amigos, pode fazer delas o mais completo uso. No
terceiro subplano, e mesmo na parte inferior do segundo, sua consciência
dos planos abaixo de si ainda era nevoenta, e sua ação nas formas-
pensamento largamente instintiva e automática. Mas tão cedo acostumou-
se ao segundo subplano sua visão rapidamente se tornou mais clara, e com
prazer reconheceu as formas-pensamento como veículos através dos quais
era capaz de expressar mais de si mesma de certas maneiras do que
poderia por meio de sua personalidade.
Deste nível mais alto do mundo mental desce a maior parte da influência
irradiada pelos Mestres da Sabedoria em seu trabalho pela evolução da
raça humana, agindo diretamente nas Almas dos homens, semeando nelas
as energias inspiradoras que estimulam o crescimento espiritual, que
iluminam o intelecto e purificam as emoções. É daí que o gênio recebe sua
iluminação; aqui todos os esforços ascendentes encontram orientação.
Como todos os raios do sol partem de um centro, e cada corpo que os
recebe os usa de conformidade com sua natureza, assim dos Irmãos Mais
Velhos da raça recai em todas as Almas a luz e a vida que é sua função
distribuir; e cada uma utiliza o que é capaz de assimilar, crescendo portanto
e evoluindo. Assim, como todo o resto, a mais excelsa glória do mundo
celeste está na glória do serviço, e os que completaram sua evolução
mental são fontes de quem jorra força para os que ainda estão subindo.
Não-Humanos
A Essência Elemental
O Que É
A Velação do Espírito
Antes do período de que estamos falando, esta onda de vida passou éons
incontáveis evoluindo, de um modo de que só podemos ter pouquíssima
compreensão, através de sucessivas incorporações de átomos, moléculas e
células; mas deixaremos por enquanto de lado toda essa primeira parte
dessa estupenda história, e consideraremos somente sua descida na
matéria de planos um tanto mais dentro do alcance do intelecto humano,
embora ainda muito acima do que o nível meramente físico.
Mas a força energizante nesta entidade - sua alma, por assim dizer - não
será o espírito na condição em que existia no plano onde primeiro o
encontramos; será aquele espírito mais o véu de matéria atômica do
segundo plano através do qual passou. Quando uma descida ulterior é feita
para um quarto plano, a entidade se torna ainda mais complexa, pois terá
então um corpo de matéria daquele quarto plano, animado por espírito duas
vezes velado, na matéria atômica do segundo e terceiro planos. Vê-se que
uma vez que este processo se repete para cada plano do sistema solar, no
momento em que a força original atinge nosso nível físico está tão
pesadamente velada que pouco admira que os homens freqüentemente
falhem em reconhecê-la como espírito.
Os Reinos Elementais
O Reino Animal
Após sua morte nos planos físico e astral, os animais individualizados têm
usualmente uma vida muito prolongada, ainda que amiúde algo onírica, no
mundo celeste inferior. Sua condição durante este intervalo é análoga
àquela do ser humano naquele mesmo nível, ainda que com muito menos
atividade mental. Ele se acha cercado por suas próprias formas-
pensamento, mesmo que possa estar apenas consciente delas como num
sonho, e estas incluem por certo as formas de seus amigos terrestres em
seu caráter mais benigno e simpático. E uma vez que o amor que é forte e
altruísta bastante para formar tal imagem deve também ser forte o suficiente
para alcançar a alma do ser amado, e obter uma resposta dele, mesmo os
animaizinhos sobre os quais nossa benevolência é prodigalizada podem
fazer seu pequeno eco em resposta ajudando em nossa evolução.
Os Devas, ou Anjos
Mesmo que ligados a esta Terra, os anjos de modo algum a ela estão
confinados, pois o conjunto de nossa presente cadeia de sete mundos é
como se fosse um único mundo para eles, sua evolução se dando através
de um grande sistema de sete cadeias. Suas falanges têm portanto sido
recrutadas principalmente de outras humanidades do sistema solar,
algumas mais altas e outras menos que a nossa, uma vez que só uma
porção muito pequena da nossa já alcançou o nível em que nos é possível
unirmo-nos a eles; mas parece certo que algumas de suas numerosas
classes jamais passaram em seu progresso ascendente por qualquer
humanidade de alguma forma comparável à nossa.
Não nos é possível por ora entender muito sobre eles, mas é claro que o
que quer que possa ser descrito como sendo o escopo de sua evolução é
consideravelmente mais alto que o nosso; isto é, enquanto que o objetivo de
nossa evolução humana é elevar a porção vitoriosa da humanidade à
posição de Adepto Asekha ao fim da sétima ronda, o objetivo da evolução
Dévica é elevar sua hierarquia mais avançada a uma posição muito mais
elevada no mesmo período. Para eles, como para nós, uma senda mais
íngreme porém mais curta para alturas ainda superiores se encontra aberta
ao esforço mais intenso; mas o que aquelas altitudes possam sem no seu
caso podemos somente conjeturar.
Suas Divisões
Cada uma das duas grandes divisões do seu reino que mencionamos como
habitando o plano mental contém em si muitas diferentes classes; mas sua
vida é de todas as maneiras tão diversa da nossa que seria inútil tentarmos
dar qualquer coisa além de uma idéia a mais geral dela. Não sei como
poderia melhor transmitir a impressão produzida sobre as mentes de nossos
investigadores deste assunto que reproduzir as mesmas palavras usadas
por um deles na época da pesquisa: 'Percebi o efeito de uma consciência
intensamente exaltada - uma consciência gloriosa além de toda palavra; e
contudo tão estranha; tão diferente - tão inteiramente distinta de tudo o que
eu jamais senti antes, tão diversa de qualquer possível tipo de experiência
humana, que não há esperança de tentar colocá-la em palavras'.
Sua relação com os espíritos da natureza (para um relato sobre eles vide o
Manual V) poderia ser descrita como algo semelhante, mesmo que em
escala mais alta, àquela dos homens em relação ao reino animal; pois
assim como o animal pode obter individualização apenas pela associação
com o homem, também parece que uma individualidade reencarnante
permanente pode normalmente ser obtida por um espírito da natureza só
pela associação de caráter algo similar com membros de alguma das
ordens dos Devas.
É claro que nada do que já foi, ou pode ser, dito desta grande grande
evolução angélica pode senão roçar a beirada de um tema muito poderoso,
cuja elaboração mais integral deve ser deixada a cada leitor fazer por si
mesmo quando desenvolver a consciência destes planos superiores; mas o
que já foi escrito, superficial e insatisfatório como é e deve ser, pode ajudar
a dar alguma tênue idéia das hostes de auxiliares que o avanço do homem
na evolução o porá a entrar em contato, e mostrar como cada aspiração que
suas capacidades aumentadas lhe possibilitam à medida que ascende é
mais que satisfeita pelo beneficente arranjo que a natureza dispôs para ele.
Artificiais
Muito breves palavras precisam ser ditas sobre esta parte de nosso
assunto. O plano mental está mesmo muito mais povoado que o astral pelos
elementais artificiais chamados à existência temporária pelos pensamentos
de seus habitantes; e quando é recordado o quão mais magnífico e mais
potente é o pensamento neste plano, e que suas forças são utilizadas não
somente pelos habitantes humanos, encarnados ou desencarnados, mas
também pelos Devas e visitantes de planos mais altos, de imediato veremos
que a importância e influência destas entidades artificiais dificilmente pode
ser exagerada. Não é necessário aqui percorrermos um terreno já
palmilhado no manual anterior sobre o efeito dos pensamentos do homem e
a necessidade de vigiá-los cuidadosamente; e bastante já foi dito
descrevendo a diferença entre a ação do pensamento nos níveis rûpa e
arûpa para mostrar como o elemental artificial do plano mental é chamado à
existência, e dar alguma idéia da infinita variedade de entidades temporárias
que assim se produzem, e a imensa importância do trabalho que
constantemente é feito por seu intermédio. Um uso muito grande deles é
feito pelos Adeptos e seus discípulos iniciados, e é escusado dizer que o
elemental artificial formado por mentes tão poderosas como estas é uma
criatura de existência infinitamente mais longa e proporcionalmente maior
poder do que qualquer uma das descritas ao tratarmos do plano astral.
CONCLUSÃO
Lançando um olhar sobre o que já foi escrito, a idéia proeminente não deixa
de ser naturalmente um humilhante senso da mais completa inadequação
de todas as tentativas de descrição - da desesperança de qualquer esforço
de pôr em palavras humanas as glórias inefáveis do mundo celestial. Ainda,
um ensaio lamentavelmente imperfeito como este deve ser, é melhor ainda
do que nada, e pode servir para colocar na mente do leitor alguma pálida
noção do que o espera do outro lado do túmulo; e mesmo quando atingir
seu refulgente reino de bem-aventurança ele certamente achará
infinitamente mais do que foi induzido a esperar, não terá, espera-se, que
desaprender qualquer informação que porventura tenha adquirido.
O homem, como agora é constituído, tem dentro de si princípios
pertencentes aos dois planos ainda mais elevados que o mental, pois seu
Buddhi o representa naquilo que por isso mesmo é chamado plano búdico,
e seu Atmâ (a Divina Centelha dentro de si) no terceiro plano do sistema
solar que tem sido usualmente chamado de nirvânico. No homem comum
estes princípios superiores estão ainda quase de todo não-desenvolvidos, e
de qualquer forma os planos a que pertencem estão ainda mais fora do
alcance de qualquer descrição do que está o mental. Deve ser suficiente
dizer que no plano búdico todas as limitações começam a se desvanecer, e
a consciência do homem se expande até que percebe, já não só em teoria,
mas por absoluta experiência, que a consciência de seus semelhantes está
inclusa na sua, e ele sente e conhece e experimenta com uma absoluta
perfeição de simpatia tudo o que está neles, porque é em verdade uma
parte de si mesmo; enquanto que no plano nirvânico ele dá um passo além,
e percebe que a sua consciência e a deles são uma só num sentido ainda
mais elevado, porque em realidade são facetas da consciência infinitamente
maior do Logos, em Quem todas vivem e se movem e têm seu ser; de modo
que quando 'a gota mergulha no oceano de luz' o efeito produzido é antes
como se o processo tivesse se invertido e o oceano tivesse mergulhado na
gota, que agora pela primeira vez percebe que é o oceano - não uma parte
dele, mas o todo. Paradoxalmente, profundamente incompreensível,
aparentemente impossível; mas absolutamente verdadeiro.
Mas isso tudo pelo menos podemos captar - que o abençoado estado do
Nirvâna não é, como alguns têm ignorantemente suposto, uma condição de
vazia nulidade.