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FACULDADE DAMAS DA INSTRUÇÃO CRISTÃ – FADIC

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

BEATRIZ CARMINATT BARBOZA

AGENDA 2030: A PETROBRÁS ESTÁ CONSEGUINDO SE


ALINHAR AOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL?

Recife

2022
FACULDADE DAMAS DA INSTRUÇÃO CRISTÃ – FADIC

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

BEATRIZ CARMINATT BARBOZA

AGENDA 2030: A PETROBRÁS ESTÁ CONSEGUINDO SE


ALINHAR AOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL?

Trabalho de conclusão de curso como


exigência parcial para graduação no curso de
Relações Internacionais, pela Faculdade
Damas da Instrução Cristã – FADIC, sob
orientação da Profª. Ma. Artemis Cardoso
Holmes

Recife

2022
FACULDADE DAMAS DA INSTRUÇÃO CRISTÃ – FADIC

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

BEATRIZ CARMINATT BARBOZA

AGENDA 2030: A PETROBRÁS ESTÁ CONSEGUINDO SE


ALINHAR AOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL?

Trabalho de conclusão de curso como


exigência parcial para graduação no curso de
Relações Internacionais, pela Faculdade
Damas da Instrução Cristã – FADIC, sob
orientação da Profª. Ma. Artemis Cardoso
Holmes

Aprovado em: ____/____/_____


Nota: ____
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Prof ª. Ma. Orientadora Artemis Cardoso Holmes
FACULDADE DAMAS DA INSTRUÇÃO CRISTÃ – FADIC
_____________________________________________________
Prof ª. Dra. Joyce Helena Ferreira da Silva
FACULDADE DAMAS DA INSTRUÇÃO CRISTÃ – FADIC
_____________________________________________________
Prof ª. Dra. Luciana Lira
FACULDADE DAMAS DA INSTRUÇÃO CRISTÃ – FADIC

Recife
2022
AGRADECIMENTOS

Primeiramente eu agraço a Deus por todas as oportunidades da minha vida e a


todas as portas que me foram abertas.

Em seguida agradeço de coração e alma aos meus pais, Andréa Nunes Carminatt
e Gustavo Henrique Cavalcanti Barboza, que fizeram e fazem o possível e o impossível
para eu ter chegado aonde cheguei hoje. Eu e meu irmão Rafael Henrique Carminatt
Barboza e minha irmã Manuela Cavalcanti de Queiroz Barboza, tivemos o grande
privilégio de termos nascido numa família unida, que investe primordialmente o máximo
em educação e saúde. Sinto-me extremamente realizada com toda expectativa e
investimentos que a mim foram impostos. Pois acredito, confio e tenho orgulho da minha
trajetória acadêmica. Tudo isso realmente não seria possível sem o apoio daqueles que
estão comigo 24 horas, torcendo por mim, me desejando coisas boas e sempre vibrando
comigo a cada nova conquista.

Não posso deixar de mencionar e agradecer a pessoa que acompanhou de perto e


me ajudou na construção deste Trabalho de Conclusão de Curso, a Professora Ma.
Artemis Cardoso Holmes. Uma exímia Educadora que só arranca elogios dos alunos!
Desde que comecei a cogitar escrever sobre a Petrobrás e os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável, o nome dela já estava na minha cabeça como uma possível
orientadora. E que bom que ela foi a escolhida! Artemis além de professora, eu a
considero uma amiga, pois o carinho, sensibilidade e paciência que ela teve comigo foi
realmente de amizade. Já sinto muitíssima falta das aulas dela, desde antes da pandemia
inclusive. Com certeza irei levar os aprendizados para Vida!

Claramente não deixo de mencionar o Professor Dr. Rodrigo Santiago da Silva,


responsável pela cadeira de TCC, que também sempre esteve disponível e a todos ouvidos
para tirar dúvidas e nos aconselhar durante esse período de conclusão de curso. Além de
já ter estado presente em várias outras cadeiras e sempre cordialmente cumprindo com o
papel de Educador. Um excelente profissional.

Também agradeço ao apoio das minhas queridas amigas do peito. Elas vão ler este
trabalho e irão saber que fizeram parte disso, mesmo que involuntariamente. Me
aguentaram bastante tentando explicar sobre o que eu iria escrever, para mim foi um
prazer explicar a cada uma delas. Agradeço também muitíssimo ao apoio do meu
namorado que, mesmo de longe, se fez presente em todos os momentos em que eu achei
que não conseguiria e acreditou em mim quando nem eu mesma acreditei. E além dos já
citados, agradeço à minha irmã que sempre me deu apoio e sempre esteve presente por
mim independente das circunstâncias, escutando meus desabafos e me dando soluções
quando mais me senti deslocada. Eu amo muito todos e cada um de um jeito especial,
sinto saudades todos os dias.

Agora, em especial, eu dedico este Trabalho a todos que estiveram mais próximos.
Todos que mais me incentivaram na vida acadêmica, agradeço profundamente pela
confiança que tiveram em mim. Família, este trabalho representa o fechamento de mais
um ciclo e a abertura para tantos outros. Estou muito feliz em saber que vocês fizeram
parte dessa grande conquista! Eu amo muito vocês.

Por fim, agradeço a mim mesma por respeitar o meu tempo e minha sanidade
mental. Estou orgulhosa, realizada e muitíssimo feliz por ter concluído este Trabalho.
Realmente foi um grande desafio, mas foi um prazer escrever sobre esse tema.
Sustentabilidade é algo que me interesso bastante e somado ao curso de Relações
Internacionais da Faculdade Damas, consegui realizar pesquisas sobre a Petrobrás que me
trouxeram conhecimentos que eu não tinha ideia.
“Eu sou o que me cerca. Se eu não preservar o que me cerca, eu
não me preservo.”

José Ortega y Gasset, filósofo e escritor.


RESUMO
Atualmente os cinco maiores problemas ambientais são causados pela falta de
sustentabilidade, sendo eles: a poluição do ar; as perturbações climáticas; o
desmatamento; a extinção de espécies; e a degradação do solo. E por isso, existe uma
emergência de conscientização pelo meio ambiente. É nesse sentido em que foi criada a
Agenda 2030 pela Organização das Nações Unidas, com 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas que buscam um mundo livre da
pobreza, fome, doença e penúria, em que a vida possa prosperar. Sabendo disso, a
responsabilidade por gerar mudanças é compartilhada entre os três setores (governo,
sociedade civil e empresas). O setor privado empresarial, por sua força econômica e
política, pode assumir um papel relevante ao colocar muitos de seus ativos à disposição
das articulações e ações para o cumprimento dos ODS. Assim, esse estudo tem por
objetivo analisar os resultados obtidos pela Petrobrás devido aos projetos socioambientais
e de implementação dos ODS, realizados pela empresa, e traçar uma ponte com a
identidade atribuída a ela em busca de identificar se a mesma conseguiu ocupar um espaço
entre as grandes empresas sustentáveis do mundo atual. O interesse em avaliar as práticas
de responsabilidade ambiental da Petrobrás promoveu uma reflexão sobre a importância
emergencial em executar estas ações. Dessa forma, a metodologia aplicada à essa
pesquisa é de natureza exploratória, principalmente por ser um estudo de caso e envolver
levantamento de informações sobre de que a forma a Petrobrás vem atuando para se
alinhar aos ODS e se tornar uma empresa mais sustentável. Tem como base também o
método de pesquisa de análises em materiais já publicados, artigos científicos, websites
e relatórios. A análise dos materiais, principalmente as matérias publicadas pela imprensa,
aponta que a Petrobrás necessita de um maior empenho para conquistar um espaço na
área das empresas sustentáveis.
Palavras-chaves: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. ODS. Sustentabilidade.
Petrobrás. Projetos. Implementação. Cascata de Normas.
ABSTRACT
Currently, the five biggest environmental problems are caused by the lack of
sustainability, they are: air pollution; climate disturbances; the deforestation; the
extinction of species; and soil degradation. And therefore, there is an emergency of
awareness for the environment. It is in this sense that the 2030 Agenda was created by
the United Nations, with 17 Sustainable Development Goals (SDGs) and 169 goals that
seek a world free from poverty, hunger and disease, in which life can thrive. Knowing
this, the responsibility for generating change is shared among the three sectors
(government, civil society and companies). The business private sector, due to its
economic and political strength, can play a relevant role by placing many of its assets at
the disposal of articulations and actions for the fulfillment of the SDGs. Thus, this study
aims to analyze the results obtained by Petrobras due to the socio-environmental projects
and implementation of the SDGs carried out by the company, and to draw a bridge with
the identity attributed to it in order to identify whether it managed to occupy a space
between the large sustainable companies in today's world. The interest in evaluating
Petrobras' environmental responsibility practices promoted a reflection on the emergency
importance of carrying out these actions. Thus, the methodology applied to this research
is exploratory in nature, mainly because it is a case study and involves gathering
information on how Petrobras has been acting to align itself with the SDGs and become
a more sustainable company. It is also based on the research method of analysis of already
published materials, scientific articles, websites and report. The analysis of the materials,
mainly the articles published by the press, points out that Petrobras needs a greater
commitment to conquer a space in the area of sustainable companies.
Keywords: Sustainable Development Goals. SDG. Sustainability. Petrobras. Projects.
Implementation. Standards waterfall.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 9

1. OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)............ 13

1.1 Sustentabilidade .................................................................................................... 13

1.2 Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ............................... 15

1.3 Os ODS e o Setor Privado Empresarial.................................................................. 18

1.4 ODS e Relações Internacionais .............................................................................. 19

2. PETROBRÁS E O MEIO AMBIENTE ............................................................... 25

2.1 Petrobrás e Sua Área de Atuação ........................................................................... 25

2.2 Os Impactos Ambientais da Petrobrás ................................................................... 28

2.3 Petrobrás e os Projetos de Implementação dos ODS .............................................. 32

3. RESULTADOS E CRÍTICAS .............................................................................. 37

3.1 Resultados Alcançados pela Petrobrás ................................................................... 37

3.2 Críticas Dirigidas a Sua Atuação Social e Ambiental ............................................. 43

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 50

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 54
9

INTRODUÇÃO

Nunca na história houve uma emergência de conscientização pelo meio ambiente


como agora, principalmente devido às catástrofes ecológicas colocando em risco e
abreviando a existência humana na terra. Dessa forma, o início da corrida contra o tempo
em prolongar a existência da vida tornou-se intensa no século XXI, priorizando questões
ambientais, consequentemente levando a necessidade em encontrar estratégias
sustentáveis.

Em meio a todas estas mudanças, interesses egoístas e ambiciosos pelo poder,


liderança de mercado, lucratividade e outros, não deixaram de existir. Empresas no
mundo globalizado buscam mais do que nunca, encaixarem seus produtos e serviços nos
padrões atuais de mercado, apenas como forma de seguir uma tendência, desenvolvendo
ações de responsabilidade socioambiental sem responsabilidade e ética, não considerando
de que este ato não é mais um diferencial, e sim uma obrigação.

Dessa forma, os desafios que o século XXI impõe são inúmeros, o que requer das
empresas, posturas e posicionamentos inovadores e alinhados à sustentabilidade. Hoje as
empresas precisam repensar seu papel na comunidade e criarem o compromisso de
contribuir para um desenvolvimento social e econômico sustentável a fim de melhorar a
qualidade de vida das pessoas, além de preservar a qualidade atual para ela não regredir.

É perceptível que o Estado moderno não consegue mais suprir sozinho as


necessidades mínimas da sociedade em muitas partes do planeta, nem controlar a
deterioração acelerada do ecossistema, principalmente quando é evidenciado que os cinco
maiores problemas ambientais são causados pela falta de sustentabilidade por parte do ser
humano, sendo eles: a poluição do ar; as perturbações climáticas; o desmatamento; a
extinção de espécies; e a degradação do solo. Sendo assim, precisa-se cada vez mais de
que as empresas tenham consciência da importância da sobrevivência da espécie humana
a qual depende da mobilização da sociedade civil, aí incluídas as empresas.

É nesse sentido que foi acordada e firmada por grande parte dos países inseridos
na Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015, a Agenda 2030, que é um plano de
ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade, que busca fortalecer a paz universal
dentro de quatro dimensões: social; ambiental; econômica e institucional. O plano indica
17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, e 169 metas para erradicar a
10

pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta. São objetivos e
metas claras, para que todos os países, assim como governos, sociedades e empresas,
adotem de acordo com suas próprias prioridades e atuem no espírito de uma parceria
global que orienta as escolhas necessárias para melhorar a vida das pessoas, agora e no
futuro.

Assim, as empresas desse novo século terão novas responsabilidades. Será


cobrada delas o compromisso com as comunidades onde atuam, retribuição ao meio
ambiente, em troca dos bens naturais que dele retiram, e num sentido mais amplo e real,
contribuição para o crescimento sustentável.

Para esse estudo de caso foi escolhida a Petrobrás, que em seu planejamento
estratégico, traduz da melhor forma possível, os esforços, para tornar-se uma empresa
cada vez mais transparente e que presta contas à sociedade em geral. Ao mesmo tempo
em que reconhece suas falhas, preocupa-se em ajustar progressivamente sua conduta aos
melhores padrões internacionais, em respeito às comunidades onde atua e ao meio
ambiente.

Nesse sentido, a Petrobras pretende atingir níveis crescentes de competitividade e


lucratividade, que apesar de no momento estar em convergência com o bem comum,
pretende também cuidar melhor da busca do mesmo, fomentando a valorização e
dignificação de seus empregados, o respeito ao meio ambiente, observância às normas de
segurança e contribuição ao desenvolvimento nacional. Os pesados investimentos que a
Petrobras tem feito na área de segurança, meio ambiente e saúde são uma prova evidente
desses compromissos. Assim como, os projetos e programas que patrocina nas áreas
social, educacional, cultural, esportiva e ambiental, além de projetos de implementação
dos ODS, deixa clara a sua opção em contribuir para a construção de uma sociedade mais
justa.

Nessa perspectiva, essa questão da sustentabilidade se torna relevante para as


Relações Internacionais a partir do momento em que a implementação desses Objetivos
de Desenvolvimento Sustentáveis, seja pela Petrobrás ou por outras empresas, busca
fortalecer a paz universal dentro das quatro dimensões, sendo elas: social; ambiental;
econômica e; institucional.

Pensando nessa implementação dos ODS como algo essencial, é importante


destacar os teóricos que fundamentaram essa pesquisa à luz das teorias das relações
11

internacionais. Então para esse trabalho, partimos do construtivismo, com as


contribuições de Wendt (1992); Adler (1999); Nogueira e Messari (2005) e; Hopf (1995).
Porém foi de maior foco para essa pesquisa a abordagem da “cascata” de normas, criada
por Finnemore e Sikkink (1998), o qual teve tamanha importância para essa construção.

Dessa forma, a grande questão orientadora trabalhada é a seguinte: Com os


resultados obtidos devido aos projetos socioambientais e de implementação dos ODS, a
Petrobrás de fato conseguiu alcançar um espaço na área das empresas sustentáveis?

Para responder à essa pergunta, a pesquisa teve como objetivo geral analisar os
resultados obtidos pela Petrobrás devido aos projetos socioambientais e de
implementação dos ODS e traçar uma ponte com a identidade atribuída a ela. E como
objetivos específicos identificar o contexto de criação dos ODS pela ONU, assim como
entender a sua relevância no setor privado; entender a Petrobras e a sua área de atuação,
estudar seus impactos ambientais e apontar como ela está atuando para cumprir os ODS
e; apresentar os propósitos alcançados pela Petrobrás e as críticas dirigidas a sua atuação
social e ambiental, juntamente à acontecimentos catastróficos que aconteceram devido à
sua falta de cuidado.

Para isso, a metodologia aplicada é de natureza exploratória, principalmente por


ser um estudo de caso e envolver levantamento de informações sobre de que forma a
Petrobrás vem atuando para se alinhar aos ODS e se tornar uma empresa mais sustentável.
Essa metodologia objetiva proporcionar maior familiaridade com o problema, tornando-
o possível a formulação de problemas e hipóteses mais precisos.

A intenção foi de fazer uma análise de textos e artigos de diferentes autores que
trabalham com o mesmo assunto, com o objetivo de encontrar cada vez mais informações
acerca do que está sendo trabalhado nesse projeto, assim como analisar os relatórios
proporcionados pela própria Petrobrás e também dados fornecidos por organizações para
alcançar a quantidade de informações necessárias para a construção do Trabalho.

Com o objetivo de realizar uma pesquisa visando analisar os resultados obtidos


pela Petrobrás devido aos projetos socioambientais e de implementação dos ODS e traçar
uma ponte com a identidade atribuída a ela, foi utilizado materiais de estudo de outros
autores (fontes secundárias) com opiniões semelhantes na maioria das vezes, e também
diferentes, porém relacionadas ao mesmo assunto. Além de materiais primários como
notícias de jornais. Sem contar com o auxílio de artigos científicos acadêmicos a respeito
12

de temáticas semelhantes com o desde presente projeto de pesquisa. Dessa forma,


resumidamente, teve como base o método de pesquisa de análises em materiais já
publicados, artigos científicos, websites e relatórios.

Além dos já citados anteriormente, foram de grande contribuição para o presente


Trabalho, os autores Menezes (2019); Maglio e Jr Philippi (2014); Pilatti de Paula,
Waltrick e Pedroso (2017) e; Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009). E por último, a
Comissão Brundtland (1987) que fundamentou a definição do termo sustentabilidade
aplicada nessa pesquisa, tornando-a possível de se realizá-la.

Assim, a partir da leitura reflexiva e interpretativa do material, nas considerações


finais foi realizada a síntese integradora de todo o material utilizado na construção dessa
pesquisa.
13

1. OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

1.1 Sustentabilidade

Hoje em dia, o fato de o planeta estar em colapso é algo muito discutido, muito se
fala em ser sustentável e sustentabilidade; dessa forma, se faz necessária a conceituação
desses termos para compreensão. A definição do termo sustentabilidade mais difundida é
a da Comissão Brundtland (WCED, 1987), a qual considera que a sustentabilidade é um
processo de ações e atividades humanas que deve satisfazer às necessidades da geração
presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Essa definição deixa
claro um dos princípios básicos de sustentabilidade, a visão de longo prazo, uma vez que
os interesses das gerações futuras devem ser analisados. Definindo também o ser
sustentável, ainda segundo a Comissão Brundtland (WCED, 1987), é fazer o uso
consciente dos recursos não renováveis ofertados pela natureza; assim, são as ações feitas
no dia a dia que vão nos tornando sustentável. O fato é que para se tornar ou ser
sustentável é preciso ter na consciência que não é só o hoje que existe, se não soubermos
como usar esses recursos que a natureza oferece, não haverá para as gerações futuras.

Tendo isso em vista, podemos ressaltar a situação atual do mundo, pois os cinco
maiores problemas ambientais são causados pela falta de sustentabilidade. Os mesmos
são: a poluição do ar causada pelo excesso de carbono que vem da queima do carvão,
petróleo, gás e lenha; as perturbações climáticas também pelo excesso de carbono; o
desmatamento, que vem se tornando cada vez mais frequente, as florestas não atuam
apenas como reservas da biodiversidade, elas também são reservatórios, que mantêm o
carbono fora da atmosfera e dos oceanos; a extinção de espécies, as espécies não apenas
têm o direito de existir, elas também fornecem produtos e “serviços” essenciais para a
sobrevivência humana; e a degradação do solo, cerca de 12 milhões de hectares de terras
agrícolas são degradadas seriamente todos os anos, de acordo com estimativas da ONU.

Diante desse cenário, é válido ressaltar que o interesse no desenvolvimento do


tema sustentabilidade vem sendo o resultado de um desequilíbrio econômico, ocasionado,
especialmente, pela má gestão na utilização dos recursos naturais, que se estabeleceu com
a globalização, a qual impôs novas formatações e aptidões aos administradores. A
discussão sobre a crise ambiental acentuou-se entre o final da década 60 e o início de 70,
14

quando a degradação ambiental era fortemente ligada ao crescimento populacional e às


grandes tecnologias (ALIGLERI; ALIGLERI, KRUGLIANSKAS, 2009).

O contexto ambiental também chegou a ser amplamente discutido no Brasil, que,


por exemplo, instrumentalizou e regulamentou as questões ambientais através da
implementação da Lei n° 6.938/81, estabelecendo a Política Nacional do Meio Ambiente
e o Conselho Nacional do Meio Ambiente.

Também em nível internacional ocorreram outras discussões focadas na


preocupação ambiental, sendo relevantes para o tema sustentabilidade, como, por
exemplo, a Rio 1992, o Protocolo de Kyoto e o Protocolo de Cartagena sobre
Biossegurança.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,


também conhecida como Rio 92, foi uma conferência de chefes de estado organizada
pelas Nações Unidas e realizada de 3 a 14 de junho de 1992 na cidade do Rio de Janeiro,
no Brasil. Teve como objetivo debater os problemas ambientais mundiais. Dessa forma,
na Rio 92 foram aprovados 5 documentos com o objetivo de serem usados como
instrumentos de referência para políticas, programas, projetos e medidas que governos,
empresas e organizações da sociedade devem promover para cumprir com o que
determina a:

a. Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB);

b. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC);

c. Declaração de Princípios sobre Florestas;

d. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; e

e. Agenda 21.

Foi acordado então na UNFCCC, que da Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento em diante, seria realizada uma Conferência das
Partes (COP), que reuniria anualmente os países signatários em conferências mundiais.
No mesmo sentido, entenderam que as decisões coletivas e consensuais só podem ser
tomadas se forem aceitas unanimemente pelas Partes, sendo soberanas e valendo para
todos os países signatários. Assim, o objetivo da COP é manter regularmente sob exame
a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e tomar as decisões
15

necessárias para promover a efetiva implementação da Convenção e de quaisquer


instrumentos jurídicos que a COP possa adotar.

Em relação ao Protocolo de Kyoto, ele é um acordo mundial que foi elaborado e


assinado no ano de 1997, no Japão, na cidade de Kyoto. A elaboração desse acordo
aconteceu por meio da Conferência das Partes III, tendo como principal objetivo propor
metas, especialmente aos países desenvolvidos, a fim de conter as emissões de gases de
efeito estufa. Sendo esse um dos principais acordos mundiais relacionado à diminuição
da emissão desses gases à atmosfera.

Já o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, foi em 29 de janeiro de 2000,


que a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) adotou
seu primeiro acordo suplementar conhecido como Protocolo de Cartagena sobre
Biossegurança. Esse Protocolo visa assegurar um nível adequado de proteção no campo
da transferência, da manipulação e do uso seguro dos organismos vivos modificados
(OVMs) resultantes da biotecnologia moderna que possam ter efeitos adversos na
conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando em conta os riscos
para a saúde humana, decorrentes do movimento transfronteiriço.

1.2 Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Apesar das discussões nacionais e internacionais, ainda permaneceu um conjunto


de instrumentos de gestão a serem postos em prática, os quais, atualmente, encontram-se
em diferentes fases de desenvolvimento e atuação (MAGLIO; JR PHILIPPI, 2014).

Um dos exemplos destes instrumentos de gestão é a Agenda 2030, que foi


acordada e firmada em agosto de 2015 por grande parte dos países inseridos na
Organização das Nações Unidas (ONU).

Passada mais de uma década da criação dos ODM, o foco da Conferência Rio+20
(COP que aconteceu vinte anos após a Rio 92), em 2012, foi a renovação do compromisso
com o desenvolvimento sustentável. Na ocasião, iniciou-se o debate sobre um novo pacto,
dessa vez, pautado no entendimento de que “qualquer nova agenda do desenvolvimento
só terá impacto sobre as vidas das pessoas, se for implementada com sucesso em nível
local” (DECLARAÇÃO DA CONFERÊNCIA, 2012, p.15).
16

Desde então, nações, organizações internacionais e governos locais discutiram os


Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Nesse sentido, foi criada a Agenda 2030, que
é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade, que busca fortalecer a paz
universal dentro de quatro dimensões: social; ambiental; econômica e institucional. O
plano indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, e 169 metas, que
buscam um mundo livre da pobreza, fome, doença e penúria, em que a vida possa
prosperar. Além disso, preveem um mundo livre do medo e da violência, com
alfabetização universal, com acesso igualitário e universal à educação, aos cuidados com
a saúde, proteção social, onde o bem-estar físico e mental são assegurados, entre outros.

Segundo Ki-moon (2015)1, “a nova agenda é uma promessa dos líderes para a
sociedade mundial. É uma agenda para acabar com a pobreza em todas as suas formas,
uma agenda para o planeta”. São objetivos e metas claras, para que todos os países adotem
de acordo com suas próprias prioridades e atuem no espírito de uma parceria global que
orienta as escolhas necessárias para melhorar a vida das pessoas, agora e no futuro. Essa
Agenda propõe que os ODS e as metas devem ser cumpridos até 2030 com a intenção de
não deixar ninguém para trás. A ameaça de mudanças climáticas é agora mais
preocupante que nunca e os ODS são cruciais para não comprometerem o futuro dos mais
jovens.

A Agenda 2030 é uma continuação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio


(2000-2015) da ONU que, naquele momento, foram a primeira confluência internacional
para enfrentar problemas globais como a erradicação da pobreza extrema e da fome ou
melhorar o acesso à educação. Embora as metas não tenham sido cumpridas
integralmente, favoreceram importantes avanços que, em 2015, se estenderam através da
Agenda 2030 e seus respectivos ODS.

Os ODS e as metas são integrados e abrangem as quatro dimensões do


desenvolvimento sustentável (social, ambiental, econômica e institucional). Os objetivos
são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o
clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e
prosperidade. Eles podem também ser colocados em prática por governos, sociedade

1
Citação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no discurso de abertura da Cúpula das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-09/paises-adotam-na-onu-agenda-2030-para-
o-desenvolvimento-sustentavel ; acesso em: 14 abr. 2022.
17

civil, setor privado e por cada cidadão comprometido com as gerações futuras. Assim,
como descrito na Figura 1, cada ODS tem um propósito claro descrito, entre eles, o ODS
14 que propõe a conservação e o uso consciente dos oceanos, mares e recursos marinhos
e o ODS 15 que propõe a proteção, recuperação e promoção do uso sustentável dos
ecossistemas terrestres. Podemos então observar na Figura 1 a seguir todos os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável e seus propósitos de forma resumida.

Figura 1: Descrição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda


2030.

Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Quadro-2-Descricao-dos-Objetivos-de-
Desenvolvimento-Sustentavel-ODS-da-Agenda-2030_fig3_342803955
18

Cada um dos 17 ODS representa um desafio a ser alcançado para a promoção de


um desenvolvimento mais sustentável, justo e inclusivo. Apesar de ser uma agenda
global, tratam de temas que são cruciais para os Municípios, constituindo uma ferramenta
que já começou a ser implementada por governos municipais, estaduais e nacionais,
organizações diversas, universidades, empresas, bancos, entre outros.

Como foram construídos sobre as bases estabelecidas pelos Objetivos de


Desenvolvimento do Milênio (ODM), os quais estiveram em vigor entre os anos de 2000
e 2015, há ações sendo implementadas que estão aproveitando o trabalho realizado com
os ODM, outras iniciam um trabalho novo.

A proposta dos ODS não é deixar de lado os ODM, é utilizá-los para facilitar o
desenvolvimento de ações integradas, com uma visão de futuro positiva e comum a
diferentes grupos, que gere impactos reais na construção do desenvolvimento sustentável.
Os Municípios têm um papel central para o sucesso dessa agenda, pois, para que os ODS
sejam disseminados e alcançados, é preciso que os gestores municipais incluam tais
objetivos em suas políticas e projetos, promovam a integração e a sustentabilidade das
iniciativas, atuem a partir de acordos e articulação com outros agentes territoriais. A
sociedade civil e o setor privado também são atores-chave, devendo estar envolvidos
nesse processo.

1.3 Os ODS e o Setor Privado Empresarial

A responsabilidade por gerar mudanças é compartilhada entre os três setores


(governo, sociedade civil e empresas). O setor privado empresarial, por sua força
econômica e política, pode assumir um papel relevante ao colocar muitos de seus ativos
à disposição das articulações e ações para o cumprimento dos ODS. Ir além do
financiamento de projetos e integrar essa perspectiva em suas próprias atividades não é
apenas uma questão de cidadania corporativa, mas também um posicionamento
estratégico necessário ao sucesso futuro do próprio negócio.

O setor privado empresarial encontra-se diante de uma agenda muito oportuna


para se posicionar e se envolver genuinamente na construção de uma sociedade mais
justa, inclusiva e sustentável. Seu papel dinâmico de “motor de crescimento econômico
sustentável” é capaz de gerar valor nos negócios e para a sociedade.
19

As empresas não podem se restringir ao financiamento dos ODS, e devem, em vez


disso, tratar essa agenda como uma oportunidade para agir de modo propositivo em favor
do desenvolvimento sustentável, tanto em suas operações centrais, quanto em locais em
que seus negócios possam gerar impactos.

Cada vez mais empresas incorporam critérios de sustentabilidade social e


ambiental em suas operações e procedimentos de gestão. Nesse sentido, o
desenvolvimento de técnicas e ferramentas mais sofisticadas e transparentes, que
integrem metas corporativas de longo prazo com as metas globais de sustentabilidade, é
um passo fundamental.

As empresas estão desafiadas a rever seus modos de produção e sua relação com
os territórios em que operam. O desafio atinge também fatores de cidadania corporativa,
isto é, a relação da empresa com públicos com os quais se relaciona, a partir da influência
sobre políticas públicas que garantem os direitos fundamentais, a autonomia e a qualidade
de vida da população das áreas onde cada empresa atua.

A construção de parcerias com este fim é uma ferramenta chave, ampliando o


diálogo e expandindo espaços de atuação. A este respeito, é importante reconhecer que
as parcerias (baseadas em transparência, confiança e diálogo) podem ser construídas de
várias maneiras, e operar em diversos níveis de engajamento bem como nos âmbitos
locais, nacional e global.

1.4 ODS e Relações Internacionais

Sendo 2030 o ano limite para a implantação de medidas sustentáveis em todas as


empresas do planeta, pesquisas recentes da ONU mostram que 89% dos CEOs2 mundiais
que firmaram o acordo já iniciaram processos de sustentabilidade em suas empresas e
percebem resultados positivos de resposta, cientes de que é uma iniciativa de efeitos a
longo prazo.

Dessa forma, esse tema se relaciona, assim como se torna relevante para as
Relações Internacionais a partir do momento em que a implementação desses Objetivos
de Desenvolvimento Sustentáveis, seja por empresas brasileiras ou por outras, busca

2
Sigla inglesa de Chief Executive Officer, que significa Diretor Executivo em português.
20

fortalecer a paz universal dentro das quatro dimensões já citadas (social, ambiental,
econômica e institucional), trazendo assim uma forma mais pacífica de resolverem
assuntos principalmente ambientais. Com isso, Henrique Zeferino de Menezes (2019,
p.10) afirma que os campos de estudos das Relações Internacionais têm muito a contribuir
para o conhecimento dos dilemas e das potencialidades para implementação dessa grande
agenda.

Com esses ODS, alguns autores como Pilatti de Paula, Waltrick e Pedroso (2017,
p.3) falam que a sustentabilidade passou a ser uma vantagem competitiva, e que os
benefícios para as empresas são concretos e quantificáveis, o que permite observar então
que as empresas alinhadas aos ODS têm mais vantagens competitivas, estão mais
preparadas para atender às necessidades de seus clientes, relacionam-se melhor com a
sociedade, com governos, políticas públicas e incentivos, e tendem a serem vistas com
bons olhos pela comunidade internacional.

Sendo assim, a Rede Brasil do Pacto Global lançou no dia 16 de maio de 2018,
durante o Fórum Pacto Global, um guia com a sua estratégia que facilita a aderência, por
parte das empresas, à um projeto de implementação dos ODS, chamado “ODS nas
Empresas – Soluções e Oportunidades3”. A estratégia propõe um ciclo de implementação
dos ODS na atuação empresarial, baseado na metodologia criada pela Rede Brasil do
Pacto Global da ONU. Em cinco etapas, o Pacto Global auxilia empresas a compreender
os ODS e firmar seu compromisso com a Agenda, desenvolver capacidades internas por
meio de treinamentos e aplicação de ferramentas, engaja o nível estratégico e suas
lideranças, comunica seus avanços com transparência e dissemina boas práticas em sua
cadeia de valor e com parceiros como o sistema ONU, governo e sociedade.

Além da Rede Brasil do Pacto Global, outras empresas/escolas investiram no


auxílio a empresas para implementarem os ODS em suas práticas, assim como a Escola
Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (ESCAS/IPÊ), que realizou um
curso, entre 17 e 19 de novembro de 2017 em Nazaré Paulista (SP), que tinha como
objetivo justamente essa implementação. O curso teve como público-alvo profissionais
interessados em construir, implementar e monitorar a Agenda 2030 em suas organizações
e/ou instituições, sejam elas públicas, privadas ou da sociedade civil, de forma
participativa e com olhar sistêmico.

3
Disponível em: https://pactoglobal.org.br/noticia/265; acesso em: 01 mai. 2022.
21

Então, os ODS representam uma agenda de transformação para o mundo muito


ampla. É um desafio dobrado para empresas, governos, todos, cujo resultado, se
alcançado, estabelecerá um novo patamar para toda a humanidade. A Agenda 2030
propõe um conjunto de metas que vão desde processos produtivos mais eficientes,
aperfeiçoando o uso de nossos recursos naturais, até a forma como lidar com as pessoas,
dentro da empresa e fora. De modo geral, é a humanização de relações entre pessoas e
empresas, sem perder o sentido econômico inerente à produção. Neste sentido, uma
agenda tão ambiciosa como os ODS torna explícito um atributo fundamental do processo
de desenvolvimento que é a cooperação. Não é possível integrar, reduzir desigualdades,
seja de gênero ou racial, sem reunir os diversos atores envolvidos nesse processo. Ao
mesmo tempo, não se estabelece um processo produtivo mais sustentável sem envolver
as diversas peças que compõem a cadeira produtiva, assim como consumidores e
fornecedores.

Assim, o principal desafio para a implantação das ODS pelas empresas é


internalizar a Agenda 2030 entre todos os colaboradores da empresa, permitindo
que novos horizontes sejam percebidos. O salto dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM) para os ODS foi muito ambicioso, de
modo que é preciso agora concretizar esse avanço dentro da firma. Seguramente,
as pessoas irão se identificar com esses objetivos. A partir desse momento,
aparece o segundo desafio: criar a possibilidade de inovação dentro da firma para
alcançar os ODS. É preciso não apenas entender os ODS, mas também criar a
possibilidade de que algo seja feito.
Os ODS trazem novos horizontes para que as firmas inovem e alcancem
vantagens competitivas. É uma Agenda de mercado também. Não se pode
apostar que daqui em diante as pessoas se tornarão menos cientes das
possibilidades do mundo ou mesmo indiferentes. Pelo contrário, o consumidor
do século XXI é muito mais exigente e sintonizado no mundo. É essa revolução
dentro das empresas que irá revolucionar toda a sociedade. Os benefícios,
portanto, para a comunidade em geral são enormes. Contudo, apenas as empresas
mais preparadas irão fazer parte disso.4 (GUSTAVO FERNANDES5, 2021).

Na entrevista Desafios e Benefícios na Implementação da Agenda 2030, feita pelo


FIESP, Gustavo Fernandes afirma que não se estabelece um processo produtivo mais
sustentável sem envolver as diversas peças que compõem a cadeia produtiva, assim como
consumidores e fornecedores.

Dessa forma, analisando a entrevista feita por Fernandes e pensando nessa


implementação dos ODS como algo essencial para as empresas, principalmente as de

4
Disponível em: http://www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-e-publicacoes/entrevista-gustavo-
andrey/; acesso em 12 mai. 2021.
5
Professor Doutor em Economia.
22

grande impacto ambiental, é importante destacar os teóricos que fundamentaram essa


pesquisa à luz das teorias das relações internacionais. Para esta seção, partimos de uma
das principais matrizes das relações internacionais, o construtivismo, mais
especificamente a abordagem da “cascata” de normas.

Nesse sentido, a teoria construtivista com foco na abordagem da “cascata” de


normas será o referencial teórico desse trabalho. Assim, trazendo essa matriz das relações
internacionais para a presente pesquisa, os próximos parágrafos têm a intenção de abordar
o referencial teórico no qual foi baseado.

A teoria construtivista declara que a interação é o que forma e altera a


subjetividade, identidade e interesses dos agentes (WENDT, 1992). Para o construtivismo
“o modo pelo qual o mundo material forma e é formado pela ação e interação humana
depende de interpretações normativas e epistêmicas dinâmicas do mundo material”
(ADLER, 1999, p.205). A premissa base da abordagem construtivista dentro dos debates
teóricos em Relações Internacionais é a de que o mundo está em constante transformação,
pois é socialmente construído. Dessa forma, as ideias delineiam o modo como os atores
políticos se definem, assim como os seus interesses e o seu comportamento no sistema
internacional. As práticas e os interesses dos Estados seriam, assim, socialmente
construídos.

Tendo isso em vista, para os construtivistas o mundo não é predeterminado, mas


sim uma construção social em que a interação dos atores constrói os interesses e
preferências dos agentes. Negam, portanto, uma antecedência ontológica entre agentes e
estruturas e alegam que na verdade eles são coconstitutivos6 uns dos outros.
(NOGUEIRA; MESSARI, 2005). Assim, o objetivo principal da abordagem
construtivista é fornecer explicações que compreendam como um todo as instituições
sociais e a mudança social com a ajuda do efeito combinado de agentes e estruturas sociais
(ADLER, 1999).

Para os defensores dessa teoria, a identidade de um Estado motiva suas


preferências e consequentes ações. Um Estado percebe os outros Estados de acordo com
a identidade que atribui a eles, reproduzindo, simultaneamente, sua própria identidade
através da prática social diária (HOPF, 1998, p,175).

6
Ambos são constitutivos, essenciais, indispensáveis, uns dos outros.
23

A partir dessa teoria, é possível afirmar que os interesses e as agendas locais serão
influenciados pela cooperação e participação no âmbito internacional, pois como um
Estado percebe o outro de acordo com a identidade que atribui a eles, quanto mais
participativos, de forma positiva, eles forem no âmbito internacional, mais eles terão esse
reconhecimento pelos outros Estados. Mas, tendo por base a abordagem da “cascata” de
normas, Finnemore e Sikkink (1998) abordam o processo de difusão das normas
internacionais pela via da socialização. Essa cascata de normas é mais caracterizada por
uma dinâmica de imitação, na medida em que líderes normativos tentam socializar outros
Estados a se tornarem seguidores da norma. A motivação quando as normas se difundem
em “cascata” pelo restante dos Estados, pode variar. Porém, entendemos que essa
motivação para aderir à essa “norma” difundida pela cascata pode ser uma junção da
pressão por conformidade, do almejo de aumentar a legitimidade internacional etc., e tudo
isso acaba facilitando o funcionamento da cascata de normas.

Então, nesse processo, as normas adotadas no período anterior começam a serem


difundidas para outros Estados, como um padrão internacionalmente reconhecido. Cabe
a estes Estados adotar as normas para serem respeitados pela comunidade internacional,
assim como aumentarem a sua legitimidade internacional. E é nesse sentido que os
Estados, assim como as empresas brasileiras, buscam cada vez mais, implementarem as
ODS (sendo elas como normas internacionais, já que foram impostas na Agenda 2030
pela ONU) nos seus valores, seja a partir de projetos ou de outras formas, para que assim
eles obtenham alguma credibilidade e, consequentemente, um apoio da comunidade
internacional.

Ou seja, é possível dizer que, a partir do momento em que essa empresa realiza
projetos de implementação de alguns ODS, ela muda a sua identidade diante no cenário
internacional, pois os outros Estados passam a enxergá-la com um grande potencial, assim
como passam a respeitá-la mais, tendo em vista que ela está se alinhando a uma grande
Agenda proposta pela ONU. Assim, quando outras empresas enxergam esse aumento de
legitimidade internacional por parte da que adotou esses ODS, surge o interesse de
também se alinhar aos mesmos, com o desejo de também obter legitimidade e respeito
internacional, fazendo com que ocorra exatamente essa cascata.

Nesse caso, traçando uma linha entre a pesquisa e seu referencial teórico, pode-se
tomar os ODS como normas internacionais. Assim, sendo esses ODS vistos como essas
normas, a partir do momento que uma empresa de grande porte, como a Petrobras,
24

implementa em seu plano de ação estratégias que contém os ODS, ela muda sua imagem
em âmbito internacional, ganha maior respeito e legitimidade, gera uma vantagem
competitiva, além de passar a ser vista com um grande potencial, tudo isso pelo fato dela
estar internalizando essas “normas” internacionais em seu plano de ação. Então quando
outras empresas, tanto de portes grandes como a Petrobras, quanto de portes menores,
enxergam todos esses benefícios que estão sendo colhidos por parte da empresa que
adotou essas normas, elas têm desejo de que o mesmo aconteça com elas, assim são
influenciadas a também adotarem os ODS, pois acreditam que os mesmos benefícios
chegarão para ela. Dessa forma, a cascata de normas ganha facilidade para acontecer,
tendo em vista que empresas vem adotando as normas, por influência das que adotaram
as mesmas antes dela.
25

2. PETROBRAS E O MEIO AMBIENTE

2.1 Petrobras e Sua Área de Atuação

A Petrobrás, que tem como nome oficial “Petróleo Brasileiro S/A”, é a maior
empresa de exploração e produção de petróleo do Brasil e uma das maiores do mundo.
Foi criada durante o governo de Getúlio Vargas, em 1953, como uma empresa estatal de
petróleo com o objetivo de desenvolver a exploração petrolífera em prol da União. Na
época, a criação da empresa era vista como uma garantia de monopólio do setor
petrolífero por parte do Estado, e ainda hoje a Petrobras atua principalmente na
exploração, produção e comercialização de petróleo, gás natural e alguns derivados,
possuindo plataformas de petróleo, refinarias e redes de distribuição. Nos últimos anos,
ela tem expandido sua atuação para os setores de energia renovável e está presente em 19
países da América, África, Ásia e Europa. Dessa forma, tornou-se a empresa líder mundial
em tecnologia para exploração e produção de petróleo em águas profundas e
ultraprofundas. Tecnologia essa que vem se desenvolvendo ao passar dos anos.

Na década de 1930, o Conselho Nacional do Petróleo, órgão responsável por


avaliar os pedidos de pesquisa e exploração do óleo, começou a arquitetar como seria a
exploração do petróleo no Brasil, que já se iniciava em alguns lugares específicos, porém
com poucos recursos tecnológicos. Durante os debates, percebeu-se a existência de dois
grupos com opiniões contrárias sobre a questão levantada. Um defendia que a exploração
do petróleo deveria ser monopólio do Estado, enquanto o outro defendia que interesses
privados, nacionais e estrangeiros poderiam explorar as reservas petrolíferas. Foi nesse
contexto que surgiu o movimento “O petróleo é nosso”, que defendia a participação direta
do Estado na produção de petróleo no Brasil.

Esse movimento ganhou bastante apoio da população e em 1953, o presidente da


época, Getúlio Vargas, por meio de políticas nacionalistas e desenvolvimentistas,
anunciou a criação da empresa Petrobras com a Lei nº 2004. Assim, a Petrobras surgiu
em um momento de forte intervenção do Estado na industrialização do Brasil, por meio
do fomento às chamadas indústrias de base, unidades voltadas para a produção de
matérias-primas para outros ramos da economia.

Após a criação, a instalação da sede da Petrobras se deu em 1954, na cidade do


Rio de Janeiro. Em 1961 foi instalada a primeira refinaria de petróleo da empresa, na
26

cidade de Duque de Caxias (RJ). Diante da necessidade de se estabelecer no mercado


nacional e mundial do petróleo, em 1963, a Petrobras criou um centro de pesquisa e
desenvolvimento (CENPES), a fim de realizar pesquisas sobre novas formas de
exploração e produção de petróleo.

Outros momentos importantes da história da Petrobras foram: a criação da


Petrobras Distribuidora em 1971, responsável pela distribuição de petróleo e derivados
beneficiados pela empresa; e a descoberta da Bacia de Campos em 1974, localizada na
costa do estado do Rio de Janeiro, sendo uma das maiores áreas de produção de petróleo
do país.

A Lei nº 2004, pela qual foi criada a empresa, garantia o monopólio da exploração
de todas as atividades da indústria petrolífera. Porém, em 1997, houve a quebra desse
monopólio com a promulgação da Lei 9.478, e o mercado brasileiro foi aberto para a
atuação e exploração do recurso no Brasil por parte de outras empresas petrolíferas.
Mesmo assim, como dito anteriormente, a Petrobras se consolidou no cenário nacional
como a maior empresa do ramo petrolífero e uma das maiores do mundo. Atualmente, a
empresa tem economia mista, ou seja, possui capital aberto; dessa forma, não é mais uma
empresa estatal, apesar de o Brasil ser o seu principal acionista. Por sua vez, em 2007, foi
descoberto o pré-sal, importante reserva de petróleo e gás natural em águas profundas,
com enorme potencial de exploração e geração de lucros para a empresa.

O Pré-sal é uma área enorme de reserva de petróleo e gás natural em grandes


profundidades, pois é localizada embaixo de uma camada de sal, entre 5 e 7 mil metros
de profundidade no oceano, possuindo um elevado potencial de exploração, apesar das
dificuldades de extração dessas fontes de energia em águas profundas. A extensão dessa
reserva se encontra no litoral dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná e Santa Catarina e se divide em bacias, como pode ser visto na figura 2 de forma
mais detalhada. Assim, como a área do Pré-sal representa 800 mil quilômetros de
comprimento e 200 de largura, essas bacias são divididas em partes para que fique mais
fácil a identificação da área.

A descoberta do pré-sal criou muita expectativa no cenário político e econômico


nacional, assim como colocou o Brasil como um dos países com as maiores reservas de
petróleo do mundo. Atualmente, o pré-sal produz em torno de 1,5 milhão de barris por
dia; desse modo, a exploração da região, apesar de dificuldades como a profundidade e
27

os custos de produção, mostrou-se altamente produtiva e, consequentemente, lucrativa.


Mas, desde 2016, por meio de ação do governo federal, a Petrobras não é mais a única
exploradora do pré-sal, tendo na atualidade apenas um direito de preferência com relação
aos leilões de exploração das reservas.

Figura 2: Localização Geográfica da Camada Pré-sal

Fonte: https://petrobras.com.br/fatos-e-dados/producao-no-pre-sal-bate-novo-recorde-e-ultrapassa-a-
barreira-de-500-mil-barris-de-petroleo-por-dia.htm

Em relação à exploração do petróleo,

é um processo que requer grande conhecimento técnico e o uso intensivo de


tecnologias. O petróleo é encontrado em área de bacias sedimentares e, para a
sua exploração, são necessários três grandes processos. Primeiramente,
realiza-se a prospecção, ou seja, uma pesquisa de áreas com potencial para
exploração petrolífera, por meio de análises das rochas e do subsolo da região.
A partir dos resultados positivos dessa etapa, emprega-se a perfuração, com o
uso de equipamentos, como sondas e brocas, para que seja avaliada a
viabilidade daquela área de exploração. Em caso afirmativo, parte-se para a
exploração, que é a última etapa do processo e consiste na retirada do petróleo
do subsolo, por meio de máquinas e equipamentos específicos. (MUNDO
EDUCAÇÃO, 2022).
28

2.2 Os Impactos Ambientais da Petrobras

O petróleo, como todos sabem, é uma fonte de energia não renovável, ou seja, ela
é esgotável, devido ao fato de que a velocidade da formação das reservas de petróleo é
muito lenta em comparação a velocidade do nosso consumo. Além de ser um poluente
também, pois a sua queima libera gases do efeito estufa, que estão contribuindo para o
aquecimento global e acaba sendo bastante prejudicial também à terra e à água quando
ocorrem derramamentos de óleo, levando à morte milhares de animais e trazendo graves
problemas ao ecossistema. Dessa forma, a exploração do petróleo demanda muito
cuidado.

Tendo esse conhecimento acerca do assunto, a Petrobras deixa claro que:

Para implantarmos nossos empreendimentos ou executarmos atividades,


precisamos passar por processos de licenciamento ambiental. Por tratar-se de
uma obrigação legal, seguimos rigorosamente todas as diretrizes e normas para
a execução do licenciamento ambiental. Além disso, compartilhamos essa
obrigação junto a órgãos licenciadores nas esferas federal, estadual e municipal
de meio ambiente. A articulação junto ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) garante que grandes
empreendimentos do setor de petróleo e gás cujos impactos ambientais
ocorram em mais de um estado ou que sejam desenvolvidos na plataforma
continental ou em mar territorial possam ser licenciados. Quando o impacto
ambiental é considerado significativo, o órgão ambiental envolve a
participação social na tomada de decisão pela licença, por meio da realização
de audiências públicas, que são realizadas pelo empreendedor, no caso, a
Petrobras, e contam com participação de diversos órgãos e comunidades
inseridas nas áreas de influência do empreendimento ou atividade.
(PETROBRÁS, 2022).

Assim, baseado nisso e tendo consciência que o petróleo pode causar tantos
impactos ambientais, a Petrobras realizou um Estudo de Impacto Ambiental para a
Atividade de Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural, compartilhado em forma
do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), sendo o mais recente relatório feito em julho
de 2021. O RIMA apresenta, em linguagem simplificada, as principais informações sobre
a atividade que está sendo licenciada pelo IBAMA e sobre os seus impactos ambientais
identificados, trazendo um resumo das principais análises e resultados obtidos no Estudo
de Impacto Ambiental (EIA).

Sendo muito importante, esse relatório é dividido por alguns capítulos, sendo um
deles a “Avaliação de impactos ambientais e medidas de mitigação”. Nessa seção, a
Petrobras realiza uma análise que aponta as possíveis consequências da instalação e da
29

operação de uma atividade ou empreendimento sobre o meio ambiente e meio


socioeconômico.

Alguns impactos de grande relevância para o meio físico, segundo o RIMA,


seriam:

1. Contribuição para o efeito estudo;


2. Alteração da qualidade da água oceânica por descarte de água produzida; e
3. Alteração da qualidade da água oceânica devido ao vazamento de querosene
de aviação, combustível e/ou óleo no mar.

Outros impactos de grande relevância para o meio biótico, também segundo o


RIMA, seriam:

1. Perturbação do nécton7 pela presença física das unidades de produção e dos


equipamentos submarinos e pela geração de ruído;
2. Perturbação de aves marinhas pela instalação das unidades de produção e pela
geração de luminosidade;
3. Perturbação dos organismos bentônicos8 pela presença dos sistemas de coleta
e escoamento;
4. Introdução e/ou disseminação de espécies exóticas invasoras via transporte
das unidades de produção;
5. Perturbação do nécton, das aves marinhas e plâncton9 pelo vazamento de
combustível e/ou óleo no mar; e
6. Perturbação de planícies de maré10 e praia (terraços de baixa mar) e
manguezais pelo vazamento de combustível e/ou óleo no mar.

Mais alguns impactos, dessa vez no meio socioeconômico, seriam:

1. Geração de resíduos sólidos;


2. Interferência no uso, ocupação e valor do solo;

7
Grupo de seres que se deslocam ativamente na água. São capazes de vencer a densidade da água
e se deslocar rapidamente, com o auxílio dos seus órgãos de locomoção, como nadadeiras.
8
Os organismos bentônicos são espécies que vivem no fundo do mar, seja para fixar-se a ele, ou
para perfurar, escavar e/ou caminhar sobre a superfície.
9
São microrganismos e encontram-se na base da cadeia alimentar dos ecossistemas aquáticos,
uma vez que servem de alimentação a organismos maiores. O plâncton é subdividido em
fitoplâncton, zooplâncton, ictioplâncton etc.
10
Em regiões tropicais podem abrigar manguezais, são consideradas ecossistemas costeiros de
transição entre os ambientes marinho e terrestre.
30

3. Aumento no tráfego aéreo, rodoviário e marítimo;


4. Aumento na pressão sobre populações tradicionais;
5. Aumento da pressão sobre a infraestrutura de serviços sociais (públicos e
privados);
6. Alteração das rotinas de navegação e pesca nas áreas de sobreposição das rotas
das embarcações de apoio;
7. Interferência na atividade turística pela movimentação de embarcações de
apoio e pelo vazamento de óleo; e
8. Interferência com a pesca artesanal pelo vazamento de óleo, pois pode
provocar alteração na qualidade do pescado ou a perda de petrechos de pesca.

Seriam esses os principais impactos causados pela produção e escoamento de


petróleo e gás natural, pela Petrobras, em cada meio citado. Em relação ao meio físico, o
mais preocupante são as emissões de Gases do Efeito Estufa (GGE) que vem basicamente
dos processos de queima de combustível para a geração de energia (térmica e elétrica)
nas embarcações de apoio, contribuindo assim para o efeito estufa. Essa contribuição para
o efeito estufa é vista de forma altamente negativa, pois o aumento dos gases do efeito
estufa provoca o aumento das temperaturas médias globais (aquecimento global); assim,
essas mudanças no sistema climático podem trazer danos irreversíveis, como: o
derretimento das calotas polares e aumento do nível do mar, acarretando inundações nas
latitudes do norte e no Pacífico Equatorial que acabariam causando a perda de terras e
levando a ondas migratórias; escassez de água em algumas regiões; extinção de espécies
e danos a diversos ecossistemas, etc.

No que diz respeito ao meio biótico, o que mais chama atenção é a perturbação do
nécton, das aves marinhas e plânctons pelo vazamento de combustível e/ou óleo no mar,
pois o nécton e as aves marinhas podem ser afetadas por esse vazamento, assim como o
plâncton também, pelo contato direto com o contaminante. O vazamento do óleo diesel
no mar alteraria a composição da comunidade planctônica em decorrência das alterações
nas características físico-químicas da água do mar. Dessa forma, ecossistemas 11 seriam
atingidos de forma negativa.

11
Conjunto de comunidades que vivem em um determinado local e interagem entre si e com o
meio ambiente, formado entre componentes bióticos, como os organismos vivos: plantas, animais
e micróbios, e os componentes abióticos, como elementos químicos e físicos, ar, água, solo e
minerais.
31

Já em relação ao meio socioeconômico, um dos mais impactantes é a interferência


no uso, ocupação e valor do solo, pois o aumento na demanda por bens e serviços tende
a provocar um aumento também na oferta regional de bens e serviços, o que resulta na
instalação de estruturas ligadas à logística e ao comércio, podendo resultar em processos
que dizem respeito à espoliação urbana, sendo essa espoliação urbana a inexistência ou
precariedade de serviços de consumo coletivo, juntamente ao acesso à terra e à moradia,
como, por exemplo, falta de trabalho, moradia, lugar para plantar etc. Dessa forma, essa
instalação de estruturas ligadas à logística e ao comércio traria instabilidade para a
população que ali vivia. Outro ponto de bastante impacto é o aumento da pressão sobre a
infraestrutura de serviços sociais (públicos e privados), pois a demanda por mão de obra
interfere na economia local, provocando um crescimento populacional e,
consequentemente, gera um aumento na pressão sobre a infraestrutura de serviços
essenciais, como saúde e educação. Assim, a escassez desses serviços essenciais pode
trazer diversos malefícios para a população.

Esses impactos são de grande importância para a sociedade, pois contribuem para
a degradação do meio em que vivemos, assim como para a qualidade de vida da
população; dessa forma, é bastante válido que a Petrobras tenha iniciativas que vão contra
essa degradação. Desse modo, para cada impacto, o RIMA traz uma ação de mitigação,
nem todas tão eficientes, porém, diante disso, a Petrobras traz também vários projetos
ambientais, cada um com um foco principal. Alguns deles seriam: o Projeto de
Monitoramento Ambiental (PMA) que é previsto para ser realizado anualmente a fim de
atestar o atendimento aos requisitos legais e acompanhar as possíveis alterações na
qualidade ambiental (parâmetros físico-químicos na água do mar e no sedimento); o
Projeto de Controle da Poluição (PCP) que tem como objetivo monitorar os resíduos
sólidos, os efluentes líquidos produzidos a bordo das unidades de produção e as emissões
atmosféricas durante a realização de suas atividades; o Projeto de Educação Ambiental
(PEA), que visa, por meio de processos educativos e metodologias participativas,
contribuir para o desenvolvimento da gestão ambiental, considerando os conflitos
socioambientais do território de abrangência de cada projeto; entre outros.

Apesar do grande esforço da Petrobras com medidas mitigadoras e projetos


ambientais, eles não são suficientes para os danos causados por eles. Com isso, se faz
necessário um projeto de implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) da Agenda 2030, o qual a Petrobras possui.
32

2.3 Petrobrás e os Projetos de Implementação dos ODS

Os ODS estão baseados em quatro pilares: pessoa, dignidade, planeta e paz.


Assim, o desafio de 2015 para frente é transformar essas metas em realizações, uma vez
que elas dependem de políticas públicas, programas e projetos para serem
implementados.

Ainda que seja um esforço para todos, uma parte muito importante dessas ações
cabe a todas as empresas, que podem contribuir com o apoio a iniciativas e o
desenvolvimento de soluções e tecnologias para o alcance desses objetivos. Dessa forma,
a Petrobrás buscou oferecer a sua contribuição.

Ao identificar os temas materiais do próprio negócio, ou seja, temas que possuem


mais influência sobre os stakeholders 12 e que geram impactos mais significativos, a
Petrobrás priorizou os ODS em sua estratégia e estabeleceu compromissos, metas e
iniciativas ambientais, sociais e de governança para prevenir e mitigar os próprios
impactos, como já citados anteriormente.

Assim, desenvolveram projetos como a “Territorialização e Aceleração dos


Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)” realizado em parceria com o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A parceria assinada em
setembro de 2018, também em comemoração aos três anos da aprovação da Agenda 2030
e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, contribuiu para a reflexão sobre o
desenvolvimento sustentável em 116 cidades afetadas direta ou indiretamente pela
cadeira de exploração, transformação e refino de petróleo e gás, em 14 estados brasileiros,
por meio de estudos, cursos e treinamentos de formação cidadã e ampliação de
capacidades.

Inicialmente, a ideia foi de que o fomento ao desenvolvimento local e à


conservação ambiental promovessem o desenvolvimento comunitário e a proteção de
direitos humanos nas localidades onde a Petrobrás está presente. Para isso, diagnósticos
socioeconômicos e ambientais foram desenvolvidos para definir os objetivos e metas de
acordo com à realidade local. Outros aspectos da atuação foram: fortalecimento de
gestores públicos e instituições locais por meio de cursos de capacitação, para a

12
Os stakeholders são todos os grupos de pessoas ou organizações que podem ter algum tipo de
interesse pelas ações de uma determinada empresa.
33

aceleração da implementação dos ODS; e desenvolvimento de planejamento com


abordagens multisetoriais e indicadores para medir e monitorar o desenvolvimento.

O projeto foi concluído no final de julho de 2021 e contou com 28 grupos de


trabalho e mais de 25 mil participantes em quase 250 horas de treinamento. Foram
realizados 73 webinars13 e apresentados estudos elaborados especialmente para cada um
desses municípios: o Diagnóstico Situacional de Indicadores Municipais ODS e a
Avaliação Rápida Integrada do Plano Plurianual (2018-2021). Como resultado foram
propostos 119 projetos em 28 municípios.

Além da necessidade da Petrobrás de refletir sobre o seu papel como empresa e


sobre os impactos de suas operações, ela traz esse projeto como sua contribuição para que
a sociedade civil dos municípios onde ela atua dialoguem sobre como cada localidade
pode estruturar sua estratégia local para alcance das metas dos ODS. Segundo a Petrobrás,
essa parceria teve como objetivo promover a formação e assessoria técnica para as
pessoas das comunidades locais, incluindo as que atuam na gestão de políticas públicas,
com foco no fortalecimento de iniciativas embasadas em dados técnicos e alinhadas aos
ODS.

O projeto permitiu a identificação, de forma colaborativa, das necessidades de


cada região e o envolvimento das comunidades em temas fundamentais para o
planejamento das gestões municipais. “Contribuímos para que esses municípios e a
sociedade civil pudessem refletir sobre como o seu território está em relação às metas dos
objetivos de desenvolvimento sustentável e, dessa forma, pudessem eleger prioridades e
elaborar planos de ação para que seus municípios alcancem os ODS”14, explica a Gerente
Executiva de Responsabilidade social, Olinta Cardoso.

Como consequência o projeto alcançou um efeito multiplicador ao capacitar


pessoas e instituições que fazem diferença nas localidades para o atingimento da Agenda
2030. As pessoas qualificadas pelo Programa de Capacitação em Territorialização dos

13
Webinar é um seminário online em vídeo, gravado ou ao vivo, que geralmente permite a
interação da audiência via chat.
14
Disponível em: https://petrobras.com.br/fatos-e-dados/parceria-entre-petrobras-e-programa-
das-nacoes-unidas-para-o-desenvolvimento-mobiliza-116-municipios-em-prol-da-agenda-
2030.htm; acesso em: 27 mai. 2022.
34

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável15 compõem hoje os Grupos Locais de


Multiplicadores ODS, que recebem assessoria técnica direta do PNUD na criação de
planos de trabalhos locais voltados para a aceleração de territorialização dos ODS. Esses
planos elaborados pelos gestores públicos municipais serão executados no período de
2022 a 2025.

Além do Projeto de Territorialização e Aceleração dos Objetivos de


Desenvolvimento Sustentável (ODS), a Petrobrás possui outros projetos e programas,
como o Programa Petrobrás Socioambiental.

A empresa afirma que por meio desse Programa, contribuem para a


sustentabilidade do negócio, apoiando iniciativas socioambientais que gerem valor para
a Petrobras e para a sociedade. Afirmam ainda que atuam em parceria com organizações
da sociedade civil, com o objetivo de fortalecer o diálogo com as comunidades nas quais
atuam, impulsionar a produção de conhecimento relevante para o negócio, promover
transformações sociais e ambientais positivas na sociedade e fortalecer sua reputação com
a disseminação de seus valores.

O Programa está alinhado ao nosso Plano Estratégico 2021-2025 e à nossa


Política de Responsabilidade Social, que preconiza o compromisso de fornecer
energia, respeitando os direitos humanos e o meio ambiente, nos relacionando
de forma responsável com as comunidades onde atuamos e superando os
desafios de sustentabilidade, como a transição para uma economia de baixo
carbono. Neste sentido, os investimentos socioambientais estão incluídos entre
os 10 Compromissos de Sustentabilidade da Petrobras.
Dentro do Programa Petrobras Socioambiental, temos iniciativas em quatro
linhas de atuação (Educação, Desenvolvimento Econômico Sustentável, Oceano
e Florestas), contemplando como temas transversais Direitos Humanos,
Inovação e Primeira Infância. (PETROBRÁS, 2022).

Em consonância com o compromisso da empresa com o Pacto Global, a Petrobras


fala que apoia iniciativas que contribuam para o alcance dos 17 ODS que integram a
Agenda 2030, visando combater a pobreza e a desigualdade, assegurar o respeito aos
direitos humanos, promover a preservação do meio ambiente e combater as mudanças
climáticas. Acrescentam ainda que priorizam iniciativas voltadas para os ODS 4
(Educação de Qualidade), 8 (Desenvolvimento Econômico Sustentável, 14 (Vida na
Água) e 15 (Vida Terrestre).

15
Programa desenvolvido durante o projeto de Territorialização e Aceleração dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável para a formação de agentes multiplicadores de ações que aceleram
os ODS.
35

Como mencionado, a Petrobrás possui ainda os 10 Compromissos de


Sustentabilidade estabelecidos em seu Planejamento Estratégico, com metas ligadas a
mudança climática, água, resíduos, biodiversidade e responsabilidade social. Dessa
forma, a figura 3 mostra todos esses compromissos e como a Petrobrás trilha para cumpri-
los.

Figura 3: Os 10 Compromissos de Sustentabilidade da Petrobrás

Compromissos em carbono têm como ano base 2015


Demais compromissos têm ano base 2018.
¹Conforme iniciativa de zero routine flaring do Banco Mundial
²CCUS: Carbon Capture, Utilization and Storage
Fonte: https://nossaenergia.petrobras.com.br/sustentabilidade/conheca-nossos-10-compromissos-para-a-
atuacao-sustentavel/
36

Dessa forma, através desses projetos e programas, além de outros não citados,
pode-se dizer que a Petrobrás está altamente preocupada com sua atuação no meio
ambiente e tem se esforçado para se alinhar aos ODS, assim como tem se esforçado
também para se apresentar como uma empresa sustentável.

Assim, além dos motivos óbvios pelos quais a Petrobrás realiza esses projetos e
programas, como a preservação do meio ambiente, a retardação do aquecimento global e
o alinhamento com uma grande agenda internacional, outro motivo impulsionador dos
mesmos é a geração de valor para os seus acionistas.
37

3. RESULTADOS E CRÍTICAS

3.1 Resultados alcançados pela Petrobrás

Como dito anteriormente, o Projeto de Territorialização e Aceleração dos


Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foi concluído no final de julho de 2021, o
projeto foi inicialmente previsto para durar dois anos, mas acabou sendo adaptado e
prorrogado em seis meses para poder acomodar da melhor forma as mudanças das
estratégias de implementação devido à pandemia da Covid-19 que se iniciou em março
de 2020, e acabou exigindo uma adaptação tanto dos métodos quanto dos conteúdos de
trabalho.

O projeto foi construído de uma forma bastante racional e interconectada, tendo


alguns componentes que alimentaram uns aos outros e levaram à sua conclusão e geração
de resultados previstos. (IEVA LAZAREVICIUTE 16, 2021)

O foco inicial do projeto foram 116 municípios de 14 estados, porém na segunda


etapa foram selecionados esses 28 municípios para servirem como demonstrativos e para
implementarem algumas atividades mais aprofundadas, eles foram selecionados segundo
critérios de vulnerabilidade social, indicadores também foram levantados e critérios de
impactos da Petrobrás nesses municípios, divididos em 5 estados.

Em termos de componente, o projeto teve o componente de capacitações, visando


tanto a capacitação de nivelamento quanto a capacitação mais aprofundada que
permitiram desenvolver os próximos passos nos 28 municípios demonstrativos, que
foram o foco do projeto na segunda etapa. O componente de análises, tanto de dados
indicadores dos ODS quanto de instrumentos de planejamento vigentes que subsidiou em
seguida o próximo processo, que foi o processo de construção e implementação de
projetos demonstrativos. (IEVA LAZAREVICIUTE, 2021)

Tudo começou pela elaboração, por parte da Petrobrás em parceria com o PNUD,
de um curso à distância, composto por quatro módulos e que possuiu um total de 12 horas
de estudo. O curso desde o início foi previsto para ser disponibilizado à distância por uma
plataforma virtual para poder alcançar o maior número possível de participantes com o

16
Coordenadora da área de cooperação centralizada do PNUD.
38

objetivo de apresentar o que é a Agenda 2030, explicar o que significa territorialização


dos ODS de uma forma prática e compartilhar alguns exemplos de atuação que poderiam
apoiar e subsidiar o início da caminhada daqueles interessados. (IEVA
LAZAREVICIUTE, 2021)

Esse curso foi previsto para acontecer em apenas uma turma, e foi dedicado e
direcionado para os 116 municípios foco desse projeto, olhando para a sociedade civil,
gestores públicos e empresariado local, mas devido à alta demanda recebida, foram
implementadas quatro turmas. No final, entre as quatro turmas, os quatro módulos e as
dezesseis lives temáticas que foram construídas, o curso acabou alcançando mais de 20
mil pessoas, e dessas 5 mil conseguiram concluir todos os módulos e materiais e
conseguiram se certificar nesse curso introdutório. (IEVA LAZAREVICIUTE, 2021)

Importante mencionar também que o curso alcançou muito mais que 116
municípios e muito mais do que os setores elencados (sociedade civil, gestores públicos
e empresariado local), pois contou com a participação do governo federal, de vários
ministérios públicos, da presidência da república, várias empresas, tribunais de contas
etc., como inscritos no curso. Além de contar com essas participações, ocorreram também
diversas solicitações de adaptação e atualização dos materiais para outros estados,
municípios etc., pelo fato de que, de uma forma simples, ele oferece um conhecimento
condensado que permite as pessoas a conhecerem o que é a Agenda 2030 e começarem a
aprofundar o seu conhecimento, assim como o seu trabalho.

Em paralelo ao curso à distância, também foram elaborados 116 Diagnósticos


Situacionais de Indicadores Municipais ODS e 116 RIAs (Avaliação Rápida Integrada do
Plano Plurianual) analisando o seu alinhamento com a Agenda 2030. Mas além do que
foi planejado inicialmente, foram organizados 73 webinars, como citado anteriormente,
para apresentarem para as novas gestões os resultados dessas análises, pois por conta da
pandemia que acabou por prorrogar o projeto, acabou surgindo a oportunidade de
acompanharem os mandatos dos gestores locais, dessa forma não quiseram perder a
oportunidade de usar o material analítico elaborado pelo projeto para subsidiar os
próximos Planos Plurianuais (PPAs) que na época estavam em construção e iriam ser
submetidos a câmara dos vereadores e estão atualmente pautando os quatro anos da gestão
municipal dos municípios foco do projeto. (IEVA LAZAREVICIUTE, 2021)
39

Nos 73 webinars realizados, obtiveram quase três mil participantes, a maioria


deles naturalmente sendo representantes dos governos municipais (46%), porém se teve
uma mistura interessante com Organizações da Sociedade Civil (20%), lideranças sociais
(18%) e empresas (14%). (IEVA LAZAREVICIUTE, 2021)

Falando ainda dos conteúdos gerados, foram oferecidos também mais dois outros
cursos através do projeto. Um de forma mais geral sobre o alinhamento dos PPAs aos
ODS, este ocorreu em 20 de maio de 2021 e chamou a prefeitura especificamente dos 28
municípios demonstrativos e teve o público de 344 participantes. O outro curso foi sobre
o alinhamento de práticas de Organizações da Sociedade Civil (OSCs) aos ODS, realizado
em 5 de maio de 2021 para quase 800 participantes de todo o país, e o material desse
curso continua exposta até hoje. (IEVA LAZAREVICIUTE, 2021)

E por fim, o terceiro componente que foi o mais aprofundado e foi implementado
na segunda etapa do projeto nos 28 municípios. Foi a capacitação aprofundada de 40
horas, uma semana completa. Esse programa de multiplicadores foi iniciado de forma
presencial, e por meio dos cursos presenciais foram certificados 147 multiplicadores,
porém se iniciou a pandemia que interrompeu o programa, quando foi percebido que não
era previsível o fim da pandemia e que era necessário avançar com a entrega dos
resultados previstos de alguma forma, foi preciso retomar então de forma virtual, assim,
com o trabalho árduo para essa adaptação, mais 112 multiplicadores foram certificados
de forma virtual, também representando diversos setores (54% governos; 33% OSCs e;
13% empresários). Juntos, esses multiplicadores elaboraram 119 propostas de projetos
concretos nos 28 municípios demonstrativos, alguns projetos alinhados à proposta de não
deixar ninguém para trás, enquanto outros visando mais como poderiam ajudar os
municípios a lidar com a pandemia da Covid-19. Desses projetos, 68 já tiveram seu início
de implementação, mostrando assim seu resultado positivo. (IEVA LAZAREVICIUTE,
2021)

Então, além dos resultados positivos já mostrados, como a alta demanda pelos
cursos realizados, tanto o curso introdutório como o curso de capacitação, o interesse
pelos webinars realizados etc., é possível trazer também, através dos RIAs
disponibilizados, os resultados trazidos por esse projeto de alguns dos 116 municípios.
40

Como exemplos, será mostrado os resultados retirados dos RIAs de alguns


municípios como os de: Alto do Rodrigues (RN); Contagem (MG); Angra dos Reis (RJ);
entre eles alguns dos 28 selecionados para a segunda etapa do projeto, como: Linhares
(ES) e; Barra dos Coqueiros (SE). É válido ressaltar que todos os resultados mostrados a
seguir foram analisados considerando que os PPAs desses municípios começaram a ter
validade em 2018, quatro anos após a adoção da Agenda 2030 pelos países.

Começando pelo município de Alto do Rodrigues, ele apresenta resultado geral


de 61% no alinhamento das metas municipais com os ODS, que é um resultado
satisfatório. Os ODS 1, 2, 4, 10, 11 e 3 apresentaram os melhores resultados, com
percentuais de 100%, 100%, 100%, 100%, 88% e 82%, respectivamente. Assim,
resultados medianos foram encontrados nos ODS 9, 13, 6, 16, 8 e 14, com 67%, 67%,
63%, 60%, 55% e 50%, enquanto nos ODS 5, 12, 17 e 15 foram encontrados baixos
alinhamentos de 33%, 33%, 29% e 22%, respectivamente. Nenhum tipo de alinhamento
foi encontrado no ODS 7. (RIA ALTO DO RODRIGUES, 2021).17

O município de Contagem possui um resultado geral satisfatório no alinhamento


das metas municipais com os ODS. Os ODS 1, 3, 11, 6 e 9 apresentaram alto nível de
alinhamento com percentuais de 100%, 91%, 89%, 75% e 71%, respectivamente. Nos
ODS 2, 4, 13, 15, 10 e 17, verificaram-se alinhamentos medianos de 67%, 67% e 67%,
64%, 50% e 50%, respectivamente. Os ODS 8,16, 5 e 12 o percentual de alinhamento
constatado foi baixo, chegando a 20% no caso do ODS 12. Não foram constados
alinhamentos no ODS 7 e 14 com nenhuma meta do PPA. (RIA CONTAGEM, 2021).18

O município de Angra dos Reis apresenta um resultado geral abaixo da média no


alinhamento das metas municipais com os ODS. Apenas o ODS 1 apresentou 100% de
alinhamento. Os ODS 3, 4 e 11 apresentaram alinhamentos acima da média com 82%,
78% e 78%, respectivamente. Verificou-se um alinhamento mediano para os ODS 13, 2
e 10, de 67%, 50% e 50%, respectivamente. A maioria dos ODS – os ODS 8, 15, 6, 16,
17, 14, 5 e 12 – resultaram em um alinhamento baixo, chegando a 10% no caso do ODS
12. Nenhuma meta alinhada ao PPA do município foi encontrada nos ODS 7 e 9. Observa-
se, assim, que o PPA está direcionado ao tema da proteção social e gestão administrativa

17
Disponível em: https://drive.google.com/drive/folders/1p9IbF2zylBEFNJ-
6mrI9QBbCXwfH4_Kx; acesso em: 16 jun. 2022.
18
Disponível em: https://drive.google.com/drive/folders/1p9IbF2zylBEFNJ-
6mrI9QBbCXwfH4_Kx; acesso em: 16 jun. 2022.
41

municipal, fortalecendo a maior aderência destes conteúdos nas metas dos ODS. Também
se encontra uma grande paridade no investimento de programas ao desenvolvimento
ambiental e na amplitude de ações necessárias ao enfrentamento das mudanças climáticas.
(RIA ANGRA DOS REIS, 2021).19

Dos 28 municípios selecionados, o município de Linhares possui um resultado


geral satisfatório no alinhamento das metas municipais com os ODS. Destacam-se os
ODS 1, 4, 2, 3 e 6 que apresentaram maior alinhamento, de 100%, 78%, 67%, 64% e
63%, respectivamente. Nos ODS 10 e 11, verificou-se um alinhamento mediano de 56%
e 50%, respectivamente. Na maioria dos ODS (5,7,8,9, 12, 13, 14,15, 16, e 17) o
percentual constatado foi baixo, variando entre 11% e 36%. Cabe ressalva à pertinência
das parcerias (ODS 17), ponto positivo do PPA de Linhares e raramente destacado de
forma organizacional em planos municipais. (RIA LINHARES, 2021).20

O município de Barra dos Coqueiros apresenta um resultado geral abaixo da média


no alinhamento das metas municipais com os ODS. Apenas o ODS 4 apresentou alto nível
de alinhamento com 78%. Em outros cinco ODS, 2, 3, 11, 1 e 5 verificou-se um
alinhamento mediano, de 67%, 67% 63%, 57% e 56% respectivamente. Na maioria dos
ODS (16, 9, 8, 6, 17, 7, 10 e 12) o percentual constatado foi baixo, chegando a 20% no
caso dos ODS 7, 10 e 12. Os ODS 13, 14 e 15, por sua vez, não apresentaram nenhuma
meta alinhada ao PPA do município. (RIA BARRA DOS COQUEIROS, 2021).21

Tendo esses resultados em números, pode-se analisar então que no geral eles
foram satisfatórios, tanto nos municípios iniciais, quanto nos selecionados. Pode-se
perceber também que, dos exemplos aqui expostos, o município de Barra dos Coqueiros
(SE) foi o que teve mais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável sem nenhuma meta
alinhada ao PPA do município, evidenciando assim que foi necessária à sua seleção para
aprofundamento do projeto devido ao alto impacto da Petrobrás nessa área.

Além dos resultados focados apenas no Projeto de Territorialização e Aceleração


dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a Petrobrás divulgou no dia 13 de abril

19
Disponível em: https://drive.google.com/drive/folders/1p9IbF2zylBEFNJ-
6mrI9QBbCXwfH4_Kx; acesso em: 16 jun. 2022.
20
Disponível em: https://drive.google.com/drive/folders/1p9IbF2zylBEFNJ-
6mrI9QBbCXwfH4_Kx; acesso em: 16 jun. 2022.
21
Disponível em: https://drive.google.com/drive/folders/1p9IbF2zylBEFNJ-
6mrI9QBbCXwfH4_Kx; acesso em: 16 jun. 2022.
42

de 2022 o seu Relatório de Sustentabilidade 2021 com destaque para as suas contribuições
para a sociedade. O relatório descreve as principais atividades, iniciativas, práticas de
gestão, indicadores e compromissos relacionados às questões ambientais, sociais e de
governança. Segundo a empresa, são “resultados que reafirmam seus compromissos de
sustentabilidade”.

No relatório, a Petrobrás traz informações como o investimento de R$ 138 milhões


em patrocínios e convênios socioambientais, culturais, esportivos e de negócios, ciência
e tecnologia no ano de 2021. O valor é 15% maior que o destinado para a mesma
finalidade no ano anterior. Assim, além de aumentar os recursos, ampliaram o escopo de
sua atuação em responsabilidade social, intensificando ações de doação e ajuda
humanitária. Nesse movimento, foi lançado o programa social de acesso ao gás de
cozinha, para o qual pretendem destinar R$ 300 milhões até o fim de 2022. A previsão da
Petrobrás é que mais de 4 milhões de pessoas sejam beneficiadas, direta e indiretamente,
por essa iniciativa, em todos os estados brasileiros. A empresa destaca também os R$ 221
milhões destinados para programas e projetos de monitoramento ambientais nos
processos de licenciamento ambiental no ano de 2021.

Nossa contribuição para a sociedade brasileira extrapola os investimentos


voluntários em projetos de Responsabilidade Social. Somente em royalties,
impostos e tributos, a empresa pagou R$ 203 bilhões para o Governo Federal,
estados e municípios em 2021 (...). Os resultados operacionais e financeiros em
2021 evidenciam que nos tornamos uma empresa forte e saudável, capaz de
crescer, investir, gerar empregos, pagar tributos, retornar dividendos aos
acionistas (...), e contribuir efetivamente para o desenvolvimento do país.

Respondemos por 4% do PIB do Brasil e, no ano passado, a geramos postos de


trabalho e pagamos mais de R$ 100 bilhões a fornecedores e instituições
financeiras no Brasil e no exterior. Esses volumes de recursos demonstram que
quanto mais geramos, mais devolvemos à sociedade. (RAFAEL CHAVES,
2022).

Nesse sentido, o diretor de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da


Petrobrás, continua argumentando:

Os esforços da companhia em 2021 trouxeram o reconhecimento do mercado e


o retorno ao Dow Jones Sustainability World Index, um dos mais importantes
índices de sustentabilidade no mundo, que avalia as melhores práticas de gestão
social, ambiental e econômica. A Petrobrás havia deixado o índice em 2015 e
temos orgulho de recolocar a empresa entre as companhias de referência em
relação às práticas de sustentabilidade. Alcançamos nota máxima nos critérios
de Materialidade, Riscos Relacionados à Água, Relatório Ambiental e Social. E
fomos destacados nos critérios de Estratégia Climática, Ecoeficiência
Operacional, Cidadania Corporativa e Filantropia, Práticas Trabalhistas,
43

Impacto Social na Comunidade e Saúde Ocupacional e Segurança. (RAFAEL


CHAVES, 2022)

Dessa forma, é válido trazer também os resultados que a Petrobrás vem tendo com
as suas ações desde que começou a adotar projetos para a implementação dos ODS. No
gráfico 1 apresentado a seguir, sendo o gráfico de ações da Petrobrás disponibilizado pela
Trading View, se tem na coluna o valor das ações e na linha o acompanhamento desses
valores nos últimos 5 anos. Realizando uma rápida análise do mesmo, é perceptível que
ocorreu uma melhora significativa de 124,22% do ano de 2018 (ano que se iniciou o
Projeto de Territorialização e Aceleração dos ODS) até o momento atual. No início do
ano de 2020, principalmente devido à uma disputa que ocorreu entre a Rússia e a Arábia
Saudita na época, que acabou por derrubar os preços do petróleo, pode-se perceber através
do gráfico 1 que teve uma queda significativa das ações da Petrobrás. Porém mesmo com
essa forte queda, pode-se ver também que a Petrobrás teve uma rápida recuperação, essa
rápida recuperação se deve, entre outros motivos, pelo projeto realizado entre os anos de
2018 e 2021 que trouxe resultados positivos para a empresa.

Gráfico 1: Gráfico de Ações da Petrobrás

Fonte: https://br.tradingview.com/symbols/BMFBOVESPA-PETR4/

3.2 Críticas Dirigidas a Sua Atuação Social e Ambiental

Apesar dos projetos e programas desenvolvidos pela Petrobrás, seja sozinha ou


em parceria, e apesar também dos resultados positivos alcançados pela mesma, a empresa
ainda tem muito a evoluir com relação a sustentabilidade. Isso fica ainda mais notório
quando são evidenciadas as críticas à sua atuação social e principalmente ambiental.
44

Ainda em dezembro de 2020, o jornal britânico The Financial Times publicou


uma reportagem que acusou a Petrobrás de não se comprometer com políticas ambientais
ao não investir em energias sustentáveis. Segundo o texto, a postura da empresa contraria
as decisões das maiores indústrias de petróleo e gás do mundo. O jornal enfatiza que o
foco da Petrobrás ainda é a expansão da produção e exploração de petróleo. “Não estamos
enfrentando uma crise de identidade. Somos uma petroleira. A demanda não vai
desaparecer e não vemos outra tecnologia capaz de substituir os combustíveis fósseis em
grande escala”22 Rafael Chaves afirmou em resposta à reportagem realizada pelo jornal
britânico.

Para o Financial Times, essa é uma postura que coloca a Petrobrás em desacordo
com muitos de seus concorrentes globais, que buscam diversificar sua base produtiva em
meio às previsões de fim do domínio do petróleo e às crescentes pressões ambientais. A
reportagem diz também que o então presidente-executivo da Petrobrás, Roberto Castello
Branco, acredita que grandes investimentos em energias renováveis são improváveis nos
próximos cinco anos. O discurso dele contraria o compromisso estabelecido pela empresa
e cortas as emissões de carbono em suas operações em 25% até 2030.

Mike Davis, CEO da Organização Não Governamental (ONG) internacional


Global Witness, voltada ao combate da exploração de recursos naturais, compartilhou a
reportagem em seu perfil no Twitter e disse que a Petrobrás faz uma “miopia estratégica”
em seu discurso sobre políticas ambientais. “A Petrobrás (...) dobra a extração de
combustível fóssil enquanto se compromete a reduzir as emissões de carbono, como uma
forma de ‘miopia estratégica’” 23, escreveu Davis na rede social.

Além da do jornal The Financial Times, a Petrobrás tem recebido mais críticas
através de outras reportagens. Segundo a Click Petróleo e Gás (CPG), a Petrobrás tem
sido o centro de debate político em todo o Brasil, sendo alvo de críticas e até acusada de
contribuir com a inflação do país, devido sua política de preços que resulta nos valores
da gasolina e do diesel. Além disso, destaca que a petrolífera brasileira ainda enfrenta o

22
Disponível em: https://revistaforum.com.br/global/2020/12/8/jornal-britnico-financial-times-
critica-falta-de-politica-climatica-na-petrobras-87272.html; acesso em: 16 jun. 2022.
23
Disponível em: https://twitter.com/michaelpmdavis/status/1336223269419163648; acesso em:
16 jun. 2022.
45

gigante desafio que é sobreviver ao fim da era do petróleo, tendo que começar a atuar no
campo das energias renováveis.

Assim, de acordo com a classe científica, a humanidade deve reduzir de forma


drástica o uso de combustíveis derivados do petróleo para frear catástrofes climáticas. Em
setembro de 2021, a revista Nature publicou um estudo apontando que a produção de
petróleo e gás no planeta deveria cair 3% a cada ano até 2050 para que o aquecimento
global caísse 1,5ºC. No mesmo ano, a Agência Internacional de Energia (AIE) também
divulgou um estudo que envolvia a produção de petróleo com o aquecimento global. A
orientação foi para que nenhuma nova reserva de óleo ou de carvão fosse explorada a fim
de evitar cenários calamitosos de mudanças climáticas.

Enquanto isso, destaca a CPG, a Petrobrás pretende ampliar em cerca de 45% sua
produção de petróleo até 2026, com 15 novas plataformas em poços do pré-sal,
aumentando de 2,2 milhões para 3,2 milhões de barris por dia. Portanto, a petroleira
brasileira entende que o petróleo continuará gerando rendimentos financeiros satisfatórios
no futuro, apesar do planeta caminhar para um sistema de produção de energia e
combustíveis menos dependentes dos fósseis.

Vale lembrar que o conceito de sociedade sustentável não se limita a práticas


voltadas a natureza, o que também é importante. Mas também diz respeito a uma
economia saudável, com mais oportunidades para todos.

Em agosto de 2019, o então presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco,


havia dito que a empresa não investiria mais em energias renováveis porque é um negócio
que requer competências diferentes do negócio do petróleo e gás. Porém, de 2019 para
2022, várias empresas do ramo passaram a investir no setor das renováveis. A Total, da
França, anunciou que pretende neutralizar as emissões operacionais até 2050 e ampliar a
produção de energia sustentável em dez vezes até 2030, alcançando 100 GW de
capacidade.

A British Petroleum, empresa do Reino Unido, pretende alcançar 50 GW de


capacidade de energia renovável até 2050, e ainda trabalha para reduzir a produção de
combustíveis derivados do petróleo em 1 milhão de barris de óleo até 2030. Já a anglo-
holandesa Shell, que também tem rede de postos de combustíveis aqui no Brasil, pretende
46

cortar sua produção de petróleo em até 2% ao ano até 2030, neutralizando suas emissões
de gases tóxicos até 2050.

A Click Petróleo e Gás ainda ressalta que a Petrobrás foi apontada pela
organização americana Climate Accountability Institute, em um estudo elaborado em
2019, entre as 20 empresas que mais emitiram gases do efeito estufa no mundo a partir
de 1965. A Petrobrás afirma que o caminhar da humanidade às fontes de energias
renováveis não eliminará a alta demanda pelo petróleo e que as duas fontes poderão existir
juntas. Além disso, vem implantando ações para reduzir suas emissões, apesar do esforço
para explorar o pré-sal antes de “uma nova era”, como havia dito o ex-presidente da
empresa, general Silva e Luna.

Para os próximos cinco anos, a Petrobrás planeja investir US$2,8 bilhões com
objetivo de reduzir a emissão de fases poluentes, criar um fundo de descarbonização de
US$248 milhões para soluções de baixo carbono. Em 2015, a empresa informou que
pretendia diminuir em 25% suas emissões operacionais até 2030.

Para o noticiário CPG, o fato é que a Petrobrás manterá o foco em água profundas
e ultraprofundas, onde ainda tem vantagens competitivas.

Além das críticas quanto à sua atuação social e principalmente ambiental, é válido
ressaltar que uma grande parte dos maiores desastres ambientais brasileiros foram
provocados pela Petrobrás. Alguns desses desastres sendo bem recente como no ano de
2018, e outros mais antigos como no ano de 2000, mas que a Petrobrás só veio a pagar a
indenização no ano passado, ou seja, 21 anos após o ocorrido.

Em julho de 2000 aconteceu um vazamento de petróleo de proporções gigantescas


em um duto ligado à Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, região
metropolitana de Curitiba. No total, quatro milhões de litros de óleo cru foram derramados
do OSPAR (Oleoduto Santa Catarina – Paraná) e contaminaram a bacia de Arroio
Saldanha e os rios Barigui e Iguaçu. A efusão foi equivalente a pouco mais de 25 mil
barris de petróleo e o óleo vazado percorreu uma distância de aproximadamente 100
quilômetros rio abaixo. Nos dias posteriores à tragédia, o cenário era tenebroso. A mancha
negra chegava a cobrir todo o leito dos rios em determinados pontos como pode-se
observar na figura 4. A fauna e a floria local foram devastados. Um levantamento do
47

Instituto Ambiental do Paraná (IAP) apontou que de cada oito animais retirados pelas
equipes de resgate, apenas um sobrevivia.

Figura 4: Vazamento de Petróleo no Rio Iguaçu

Fonte: https://tribunapr.uol.com.br/noticias/curitiba-regiao/indenizacao-bilionaria-paga-por-desastre-
ambiental-vai-bancar-viaturas-no-pr/

O vazamento evidenciou o despreparo da Petrobrás no atendimento a acidentes de


grandes proporções. Centenas de trabalhadores foram recrutados para atuar na limpeza
dos rios sem qualquer tipo de capacitação e, pior ainda, sem equipamentos básicos de
segurança. Muitos passavam mal durante o trabalho e não tinham atendimento médico
adequado. (FEDERAÇÃO ÚNICA DOS PETROLEIROS, 2020).24

A postura dos gestores da Petrobrás foi de isenção, em todos os aspectos. Desde


o tratamento aos terceirizados que atuaram na limpeza do óleo até a versão sobre as causas
do acidente. De acordo com a Comissão de Sindicância Interna formada pela Repar, o
vazamento foi decorrente da ruptura da junta de expansão localizada a jusante de uma das
válvulas do sistema de controle de fluxo na área do “scraper trap”25, e ainda, que o
acidente foi produzido por falha humana, e que a extensão do vazamento foi decorrente

24
Disponível em: https://fup.org.br/ha-20-anos-erros-de-gestao-da-petrobras-causaram-o-maior-
acidente-ambiental-do-parana/; acesso em: 16 jun. 2022.
25
Scraper trap é uma parte do oleoduto que é receptor de pig, sendo os pigs dispositivos utilizados
na área de inspeção da integridade da parede interna dos dutos.
48

da inobservância de procedimentos operacionais. (FEDERAÇÃO ÚNICA DOS


PETROLEIROS, 2020).

Atualmente, passados 21 anos do acidente, as consequências ainda são percebidas.


As perícias requisitadas pela Justiça para avaliar as condições da vegetação e dos animais
do local, assim como a qualidade do solo e do ar, serviram de subsídio para a condenação
da Petrobrás. Duas décadas se passaram e o cenário atual da Repar é muito semelhante
àquele do início dos anos 2000. Redução acentuada de verbas para manutenção industrial
e diminuição de postos de trabalho nas áreas operacionais são erros do passado que a
gestão da empresa repete sistematicamente. E agora, depois de 21 anos, a Petrobrás vai
pagar R$1,396 bilhão de indenização para mitigar os danos ambientais provocados pelo
desastre ocorrido. (FEDERAÇÃO ÚNICA DOS PETROLEIROS, 2020).

Além do caso na Repar, outros acidentes de grandes proporções causados pela


Petrobrás também foram registrados. Como o vazamento de óleo que contaminou a Baía
de Todos-os-Santos (BA) em 2018. A contaminação das águas da Baía de Todos-os-
Santos afetou a vida das comunidades quilombolas que sobrevivem da pesca. O
vazamento se deu devido ao rompimento de um duto da Petrobrás no município de
Candeias, região metropolitana de Salvador, em junho de 2018, e atingiu o rio São Paulo.

O Ministério Público do Estado da Bahia informou que instaurou um inquérito


para apurar o ocorrido. Mas a liderança quilombola reitera que o caso não é isolado, pois
o processo de contaminação é resultado de um modelo desenfreado de desenvolvimento,
que ameaça as comunidades da região. O rio atingido é de uma extensão de manguezal
muito produtiva, é uma das áreas mais importantes pelo fato de que o mangue é berçário
e consegue agregar muitos mariscos, de camarão a caranguejos.

O terminal da Petrobrás em Candeias é o principal ponto de escoamento da


produção da Refinaria de Mataripe (RLAM), que abastece o estado de Sergipe e a região
norte da Bahia. Além da Petrobrás, o local também atrai outras empresas pela
proximidade ao Porto de Aratu, responsável por 60% de toda a carga movimentada por
via marítima no estado.

Apesar da empresa alegar que não houve danos às pessoas, a prefeitura de


Candeias multou a Petrobrás em R$5 milhões por causa do vazamento do óleo no local.
Porém, as comunidades ponderaram que o impacto ambiental não se restringe ao
49

município, já que a região de maré possibilita a propagação das substâncias para outras
regiões por meio das correntezas.

Levando em conta esses desastres ambientais provocados pela petrolífera


brasileira, é válido levantar um alerta ainda para a possível incidência de outro acidente
ampliado o fato de que o relatório anual de sustentabilidade da Petrobrás informa que os
vazamentos de óleo e derivados saltaram de 18,4m³ em 2018 para 415,3m³ no ano de
2021. O aumento é de 2157%, o pior índice dos últimos dez anos da empresa. Para piorar,
os números revertem uma tendência de queda que vinha acontecendo entre 2015 e 2018,
quando os vazamentos caíram 74%. Mesmo assim, a gestão da petrolífera reduz
bruscamente os recursos voltados à proteção ambiental.
50

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A responsabilidade ambiental deixou de ser um diferencial ou apenas um título de


boa ação e passou a ser uma obrigação e necessidade, devido ao contexto em que se vive
atualmente. A situação é grave. Entretanto existem meios e processos capazes de
amenizar as consequências da destruição, como analisado ao longo dessa pesquisa. O
desenvolvimento de novas tecnologias em busca de produtos que não agridam tanto o
meio ambiente, produtos ecologicamente corretos, a preservação de áreas verdes, um
consumo consciente etc. O consumo consciente envolve mudanças de hábitos como:
consumo da água, seleção do lixo, substituir o uso das sacolas plásticas descartáveis, entre
outras medidas, que proporcionarão a elevação da qualidade de vida dos habitantes do
planeta, desde as mais simples folhas, os animais, chegando ao homem. E essa passa a
ser uma responsabilidade não apenas para as empresas, mas para todos.

Assim, a preocupação da Petrobrás em desenvolver trabalhos de apoio ao meio


ambiente em que está inserida, é fundamental para minimizar o processo de exclusão
social, ao gerar inúmeras oportunidades e um diferencial competitivo.

Dessa forma, as gestões voltadas para o desenvolvimento de programas sociais,


se transformaram em uma questão estratégica, tão importante para o desempenho das
empresas, quanto os resultados financeiros de seus relatórios anuais. Elas praticam sua
responsabilidade social e ambiental, em consequência imediata aos anseios do mercado,
que ao longo da última década, vem exigindo mudanças no modo como as corporações
fazem negócios e se relacionam com o mundo.

Apesar da grande dificuldade de encontrar relatórios de Organizações Não


Governamentais, e de outras instituições que tenham representatividade, para contestar
os dados apresentados pela Petrobrás, com esse estudo foi possível constatar alguns
pontos para responder à questão orientadora desse trabalho. Com os resultados obtidos
devido aos projetos socioambientais e de implementação dos ODS, a Petrobrás de fato
conseguiu alcançar um espaço na área das empresas sustentáveis?

Através de todos os dados aqui reunidos, fica claro que ainda existe uma
necessidade de reavaliação nas ações quanto à responsabilidade ambiental. As empresas,
principalmente a Petrobrás, devem levar a sério a implementação de melhorias na
estratégia sustentável, para que seja possível a consolidação da sua imagem de
compromisso com a sociedade em respeitar o meio ambiente. Muitas informações
51

analisadas sobre a Petrobrás oscilam entre a imagem positiva da empresa compromissada


com a causa ambiental, e a imagem negativa da empresa vilã que causa os graves
acidentes ambientais.

Nesse sentido, é percebido alguns pontos que contradizem esse compromisso da


Petrobrás com o meio ambiente: através das informações fornecidas pela empresa, há
divulgação das suas ações de responsabilidade ambiental, por outro lado, a imprensa
online divulga os aspectos negativos.

De início, o que mais chama a atenção é a falta de um projeto de grande efetividade


promovido apenas pela Petrobrás e aplicado em seus serviços. Apesar da empresa
apresentar projetos ambientais e o Programa Petrobrás Socioambiental, estes não
trouxeram nenhum resultado tão efetivo. O projeto mais efetivo implementado, foi o
Projeto de Territorialização e Aceleração dos ODS, porém este foi realizado em parceria
com o PNUD, tirando um pouco a Petrobrás de cena. Além disso, é válido ressaltar que
é notório que este projeto é de ajuda para que os municípios nos quais a Petrobrás atua
implementem os ODS, mas dessa forma, a Petrobrás não mostra está buscando
implementar os ODS em suas próprias atuações.

Outra coisa que demonstra que a Petrobrás ainda não alcançou esse espaço entre
as empresas sustentáveis, é as críticas realizadas pela imprensa. Apesar da dificuldade
para achar de encontrar relatórios de Organizações Não Governamentais, e de outras
instituições que tenham representatividade, para contrariar os dados apresentados pela
Petrobrás, como dito anteriormente, é possível perceber com as críticas realizadas pela
imprensa, que apesar da preocupação que a Petrobrás tem com a sociedade e com o meio
ambiente, o seu esforço ainda é pouco comparado à outras empresas petrolíferas ao redor
do mundo. A Petrobrás ainda é uma grande causadora de desastres ambientais no Brasil,
e como dito por Rafael Chaves, a demanda não irá desaparecer e a Petrobrás não enxerga
outra tecnologia capaz de substituis os combustíveis fósseis em grande escala. Ou seja,
fica um pouco claro que a empresa não pretende aumentar sua busca por uma maior
responsabilidade social e ambiental.

Assim, através do estudo, foi possível identificar algumas falhas do


desenvolvimento sustentável. É importante ressaltar que o que está em jogo não é apenas
o lucro, a rentabilidade, ou o desenvolvimento econômico. O que deve ser considerado é
a sobrevivência do planeta e tudo o que a sustenta. É necessário desenvolver a
52

sustentabilidade, como já dito, não apenas pelas empresas, mas sim pelos governos,
sociedade civil, setor privado e por cada cidadão comprometido com as gerações futuras.

A identificação de algumas falhas da empresa serve para apontar uma correção


em sua trajetória e em sua imagem, oferecem assim uma oportunidade de reavaliação no
desenvolvimento sustentável. Dessa forma, a empresa deve criar prioridades, melhorar o
planejamento e estratégias, desenvolver novos projetos, inovando e levando a excelência
no que se referir à sustentabilidade e responsabilidade social e ambiental. Iniciativas,
melhorias e buscas pelo desenvolvimento sustentável deve ser uma constante luta, onde
todos podem cooperar.

Assim, buscando relacionar com a teoria aplicada, é possível perceber que muito
provavelmente no caso da Petrobrás ela não influenciará uma cascata de normas,
fundamentada por Finnemore e Sikkink (1998), principalmente pelo fato de que com a
conclusão obtida, a Petrobrás não está de fato no meio das grandes empresas sustentáveis,
dessa forma ela ainda não alcançou a legitimidade internacional desejada por outras
grandes empresas para que se torne influente a ponto de gerar essa cascata de normas.

Porém, como visto, grandes empresas como a Total, da França, e a British


Petroleum, do Reino Unido, possuem grandes pretensões de alinhamento com a
sustentabilidade que têm chamado atenção, fazendo com que elas recebam naturalmente
esse aumento de legitimidade, o que com pouco tempo irá inspirar outras empresas a
fazerem o mesmo, adotando essas mesmas pretensões de alinhamento (tomando esse
alinhamento como uma norma), fazendo assim com que seja difundido pela via da
socialização. Com isso, na medida em que empresas vão tentando socializar as outras a
se tornarem seguidoras dessa “norma”, posição de alinhamento com a sustentabilidade,
juntamente à pressão pela conformidade e o desejo de aumentar a sua legitimidade, a
cascata de normas vai acontecer e funcionar de forma mais facilitada.

Para finalizar, apesar da resposta obtida com a pesquisa realizada, a Petrobrás


ciente de seu papel, vem investindo cada vez mais na melhoria de sistemas de gestão,
cultura de segurança, meio ambiente e saúde. A empresa vem ampliando sua atuação
junto a comunidades carentes, à sociedade e ao mercado cada vez mais exigente e
globalizado, e é inegável que ela tem realizado excelentes projetos dentro da sua realidade
e proposta de trabalho.
53

Assim, principalmente com o Projeto de Territorialização e Aceleração dos ODS


em 116 municípios, que trouxe uma vida mais confortável para os que ali vivem, é
possível observar hoje, que, a Petrobrás busca cada dia mais, novas estratégias que
proporcionem o bem-estar de todos. Os projetos desenvolvidos certamente trarão maiores
benefícios e ganhos, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, do
ambiente e da própria sociedade.
54

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