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Prova Discursiva
Delegado
INSTRUÇÕES
1. Confira, acima, o seu número de inscrição, turma e nome. Assine no local indicado.
2. Aguarde autorização para abrir o caderno de prova.
3. Antes de iniciar a prova, confira a numeração de todas as páginas.
4. A prova desta fase é composta de 40 questões objetivas.
5. Nesta prova, as questões são de múltipla escolha, com 5 (cinco) alternativas cada uma, sempre na sequência a,
b, c, d, e, das quais somente uma deve ser assinalada.
6. A interpretação das questões é parte do processo de avaliação, não sendo permitidas perguntas aos aplicadores
de prova.
7. Ao receber o cartão-resposta, examine-o e verifique se o nome nele impresso corresponde ao seu. Caso haja
irregularidade, comunique-a imediatamente ao aplicador de prova.
8. O cartão-resposta deverá ser preenchido com caneta esferográfica preta, tendo-se o cuidado de não ultrapassar
C/ ova
horas.
a N pr
a) Manter em seu poder relógios e qualquer tipo de aparelho eletrônico ou objeto identificável pelo detector
de
de metais. Tais aparelhos deverão ser DESLIGADOS e colocados OBRIGATORIAMENTE dentro do saco
plástico, que deverá ser acomodado embaixo da carteira ou no chão. É vedado também o porte de armas.
b) Usar bonés, gorros, chapéus ou quaisquer outros acessórios que cubram as orelhas, ressalvado o disposto
ba ato
g) Usar óculos escuros, ressalvados os de grau, quando expressamente por recomendação médica, devendo
o candidato, então, respeitar o subitem 6.6.5 do Edital.
h) Emprestar ou tomar emprestados materiais para realização das provas.
ap sead
i) Ausentar-se da sala de provas sem o acompanhamento do fiscal, antes do tempo mínimo de permanência
estabelecido no item 9.16 ou ainda não permanecer na sala conforme estabelecido no item 9.20 do Edital.
j) Fazer anotação de informações relativas às suas respostas (copiar gabarito) fora dos meios permitidos.
Caso alguma dessas exigências seja descumprida, o candidato será excluído do processo seletivo.
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02 - No curso de busca e apreensão em residência de investigado já condenado por tráfico de drogas, a autoridade policial
encontra um revólver .38, com registro vencido, e uma munição .9mm. Questionado, o investigado afirmou que não teve
dinheiro para renovar o registro e, em relação à munição, reservou-se o direito de permanecer em silêncio. Nesse contex-
to, quais providências de polícia judiciária seriam necessárias quanto à arma e quanto à munição?
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03 - Com base no trecho acima colacionado, explique sobre a dualidade existente, na doutrina, acerca do papel da fase inter-
mediária mencionada pelo autor, abordando, necessariamente, características, formas de instauração e garantias proces-
suais penais aplicáveis a esta fase.
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04 - Disserte sobre o papel da notitia criminis inqualificada nas investigações policiais, abordando, ao menos, os seguin-
tes aspectos:
a) Utilização nos métodos invasivos de investigação
b) Colisão de direitos fundamentais envolvidos
c) Possibilidade de utilização como fonte de investigação
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Renato Borelli
Há, em nosso ordenamento, grande dificuldade sobre a definição de “serviços públicos”.
05 - Discorra sobre o regime constitucional de prestação de serviços públicos e de atividades econômicas. Aborde, na respos-
ta, os seguintes tópicos: conceito de serviço público e de atividade econômica; formas de prestação de serviços públicos
na Constituição Federal brasileira de 1988; consequências jurídicas da prestação indireta de serviços públicos; natureza
jurídica da contraprestação dos usuários na prestação indireta de serviços públicos; e formas de regulação de atividades
econômicas e de serviços públicos na Constituição Federal brasileira de 1988.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Aragonê Fernandes
06 - Discorra, considerando a legislação de regência e a orientação jurisprudencial dominante, sobre os seguintes fatos:
a) foro para julgamento dos chefes do Executivo nas diferentes esferas de governo tanto para crimes comuns quanto para crimes
de responsabilidade;
b) (des)necessidade de autorização da Casa Legislativa para abertura de processo;
c) incidência – ou não – de imunidade relativa.
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PEÇA PRÁTICA
Felipe Leal
A Peça Processual deverá ser feita à mão, em letra legível, a fim de não prejudicar seu desempenho, com caneta esfero-
–
gráfica transparente de tinta azul ou preta.
– A folha definitiva da Peça Processual não poderá ser assinada, rubricada ou conter, em outro local que não o apro-
priado, qualquer palavra ou marca que possibilite a identificação do candidato.
– Quando da realização da Peça Processual, caso a Peça Processual exija assinatura, o candidato deverá utilizar apenas o
termo “Delegado de Polícia”. Ao texto que contenha outra assinatura, será atribuída nota 0 (zero), por se tratar de iden-
tificação do candidato em local indevido.
– O candidato disporá de, no máximo, 90 (noventa) linhas para elaborar a peça processual. Será desconsiderado, para
efeito de avaliação, qualquer fragmento de texto que for escrito fora do local apropriado ou que ultrapassar a extensão
máxima permitida para elaboração.
No curso do inquérito n. 13.666/2021 - PR, instaurado por portaria, o Núcleo de Repressão a Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de
Curitiba/PR localizou e apreendeu, na cidade de Curitiba, um laptop contendo vasto material de pornografia infantil pertencente a
Tuarez, falecido vítima de covid-19. Ao analisar a mídia apreendida, foi possível localizar um grupo de troca de informações privadas,
por meio de chat na rede social Facebook, integrado por número determinado de pessoas não identificadas que abusam sexualmente
de crianças e adolescentes por registrarem as imagens e, posteriormente, trocarem, venderem ou disponibilizarem gratuitamente os
arquivos ilícitos entre si. Tuarez tinha um perfil assíduo no grupo e interagia sob o pseudônimo nik1208. Mensagens localizadas no
laptop indicam proximidade de nik1208 com vários integrantes do grupo, em especial Blue0909 e Ruez001. Em que pese os esforços
da equipe de informática da Polícia Civil, até o momento não foi possível a identificação dos membros do grupo, que são extremamente
cuidadosos em suas interações.
Considerando os fatos relatados na situação hipotética apresentada, na qualidade de delegado(a) da Polícia Civil que está presidindo o
inquérito, formule a representação pela medida mais adequada para a continuidade da investigação, indicando os requisitos necessários
ao êxito do pedido. Não acrescente fatos novos.
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de como você funciona e como deverá até puxões de orelha que vão fazer você
traçar suas metas e objetivos. chegar aonde sempre sonhou.
Gabarito:
O candidato deve apresentar os três efeitos:
I - Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o
valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos;
II - A inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
III - A perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Com relação à inabilitação para o exercício ou a perda do cargo, o candidato deve assinalar que tais efeitos são condicionados à
ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade (OU SEJA, REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA) e não são automáticos,
devendo ser motivados na sentença.
02 - No curso de busca e apreensão em residência de investigado já condenado por tráfico de drogas, a autoridade policial
encontra um revólver .38, com registro vencido, e uma munição .9mm. Questionado, o investigado afirmou que não teve
dinheiro para renovar o registro e, em relação à munição, reservou-se o direito de permanecer em silêncio. Nesse contex-
to, quais providências de polícia judiciária seriam necessárias quanto à arma e quanto à munição?
Gabarito:
Com relação ao revólver, o candidato deve citar que a posse implica apenas consequências administrativas, em razão do princípio
da subsidiariedade do Direito Penal.
No tocante à munição, seria o caso de prisão em flagrante, conforme Informativo n. 714-STJ, “apesar da apreensão de apenas uma
munição na posse do réu, a condenação pelo outro crime (tráfico de drogas), revela a impossibilidade de reconhecimento da atipici-
dade da conduta do delito do art. 16, caput, da Lei n. 10.826/2003”.
No acórdão embargado, da Sexta Turma, a apreensão de ínfima quantidade de munição, aliada à ausência de artefato apto ao dispa-
ro, implica o reconhecimento, no caso concreto, da incapacidade de se gerar perigo à incolumidade pública. No julgado paradigma,
a Quinta Turma decidiu que, “apesar da apreensão de apenas uma munição na posse do réu, a condenação pelo outro crime (tráfico
de drogas) revela a impossibilidade de reconhecimento da atipicidade da conduta do delito do art. 16, caput, da Lei n. 10.826/2003.
A particularidade do caso demonstra a efetiva lesividade desta conduta”. Assim, discute-se o entendimento, até então predominante
nesta Corte, de que a simples conduta de possuir ou portar ilegalmente arma, acessório, munição ou artefato explosivo é suficiente
para a configuração dos delitos previstos nos arts. 12, 14 e 16 da Lei n. 10.826/2003, sendo dispensável a comprovação do potencial
lesivo. O Supremo Tribunal Federal passou a admitir a aplicação do princípio da insignificância em hipóteses excepcionalíssimas,
quando apreendidas pequenas quantidades de munições e desde que desacompanhadas da arma de fogo. Na mesma linha da ju-
risprudência do STF, a Quinta Turma dessa Corte Superior tem entendido que o simples fato de os cartuchos apreendidos estarem
desacompanhados da respectiva arma de fogo não implica, por si só, a atipicidade da conduta, de maneira que as peculiaridades do
caso concreto devem ser analisadas a fim de se aferir: a) a mínima ofensividade da conduta do agente; b) a ausência de periculosida-
de social da ação; c) o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada. No
caso, embora com o embargado tenha sido apreendida apenas uma munição de uso restrito, desacompanhada de arma de fogo, ele
foi também condenado pela prática dos crimes descritos nos arts. 33, caput, e 35 da Lei n. 11.343/2006 (tráfico de drogas e associa-
ção para o tráfico), o que afasta o reconhecimento da atipicidade da conduta, por não estarem demonstradas a mínima ofensividade
da ação e a ausência de periculosidade social exigidas para tal finalidade.
03 - Com base no trecho acima colacionado, explique sobre a dualidade existente, na doutrina, acerca do papel da fase inter-
mediária mencionada pelo autor, abordando, necessariamente, características, formas de instauração e garantias proces-
suais penais aplicáveis a esta fase.
Gabarito:
50% abordar a divergência na doutrina acerca da dispensabilidade ou indispensabilidade do inquérito policial. Tratar do inquérito com
função de filtro processual e da possibilidade de contraditório diferido no inquérito policial.
25% abordar as características do inquérito: escrito, inquisitivo, indisponível, discricionário, (in)dispensável, oficiosidade, sigiloso,
oficialidade.
10% formas de instauração do inquérito: abordar art. 5º do CPP.
15% garantias constitucionais aplicáveis ao inquérito: falar sobre o princípio nemo tenetur se detegere, direito ao silêncio, direito de
constituir advogado, abordar as inovações do art. 14-A do CPP e abordar a Súmula Vinculante 14.
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04 - Disserte sobre o papel da notitia criminis inqualificada nas investigações policiais, abordando, ao menos, os seguin-
tes aspectos:
a) Utilização nos métodos invasivos de investigação
b) Colisão de direitos fundamentais envolvidos
c) Possibilidade de utilização como fonte de investigação
Gabarito:
As notícias anônimas (“denúncias anônimas”) não autorizam, por si sós, a propositura de ação penal ou mesmo, na fase de inves-
tigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entre-
tanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder
Judiciário.
Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”:
1) Realizam-se investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”;
2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, instaura-se inquérito policial;
3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica (esta é a
ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime,
poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado.
STF. 1ª Turma. HC n. 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
DIREITO ADMINISTRATIVO
Renato Borelli
Há, em nosso ordenamento, grande dificuldade sobre a definição de “serviços públicos”.
05 - Discorra sobre o regime constitucional de prestação de serviços públicos e de atividades econômicas. Aborde, na respos-
ta, os seguintes tópicos: conceito de serviço público e de atividade econômica; formas de prestação de serviços públicos
na Constituição Federal brasileira de 1988; consequências jurídicas da prestação indireta de serviços públicos; natureza
jurídica da contraprestação dos usuários na prestação indireta de serviços públicos; e formas de regulação de atividades
econômicas e de serviços públicos na Constituição Federal brasileira de 1988.
Gabarito:
O conceito de serviço público sofreu consideráveis alterações no decurso do tempo, especialmente no que diz respeito à sua abran-
gência e aos seus elementos constitutivos.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, por exemplo, conceitua serviço público como toda atividade material que a lei atribui ao Estado, para
que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas,
sob regime jurídico total ou parcialmente público.
Já o doutrinador Marçal Justen Filho define serviço público como uma atividade pública administrativa de satisfação concreta de
necessidades individuais ou transindividuais, materiais ou imateriais, vinculadas a um direito fundamental, destinada a pessoas
indeterminadas e executada sob regime de Direito Público. Portanto, vê-se claramente que o citado autor destaca que o serviço é
público sob três ângulos: material (satisfação de necessidades individuais ou transindividuais de cunho essencial), subjetivo (atuação
desenvolvida direta ou indiretamente pelo Estado) e formal (aplicação do regime jurídico de direito público).
Portanto, há serviços que, por natureza, são privativos do Poder Público e só por seus órgãos devem ser executados. Outros, por seu
turno, são comuns ao Estado e aos particulares, podendo ser realizados por ambos. Daí essa enorme quantidade de atividades que
ora estão exclusivamente com o Estado, ora com o Estado e particulares, e ora unicamente com particulares.
De outro lado, o ordenamento jurídico passou a prever a possibilidade de atuação direta e pontual do Estado na economia, por
meio das denominadas empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista), para o exercício de atividades
econômicas. Nesse sentido, o art. 173 da CRFB permite a atuação de entes públicos no desempenho das atividades próprias da
iniciativa privada.
As empresas públicas e as sociedades de economia mista são definidas como sociedades mercantis, industriais ou de serviços, cuja
instituição, que deve ser autorizada por lei, faz-se essencialmente sob a égide do Direito Privado, com recursos públicos, no caso
das empresas públicas, ou públicos e privados, como ocorre nas sociedades de economia mista, para a realização de imperativos de
segurança nacional ou de relevante interesse da coletividade.
As empresas públicas e as sociedades de economia mista criadas para o exercício de atividades econômicas são pessoas jurídicas
de direito privado e, conforme, estatui o inciso II do parágrafo 1º do art. 173 da CRFB, sujeitam-se ao regime jurídico próprio das
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias. Entretanto, é incontroverso
que tais sociedades se submetem a certas regras jurídicas de caráter administrativo, o que não lhes retira a natureza privada e a
essência mercantil.
De fato, não se desconhece que as atividades econômicas exercidas pelas estatais se revestem de um nítido interesse coletivo, o
que, por si só, justifica a preocupação do constituinte em autorizar a criação de entidades pertencentes à Administração Pública Indi-
reta, que, sob a orientação do ente público criador, possam exercer atividades de conteúdo tipicamente econômico.
De fato, as atividades de prestação de serviço público encontram fundamento em bases constitucionais distintas, encontrando res-
paldo no artigo 175, como também no artigo 37, § 6º, do texto constitucional.
Em face dessa origem distinta, as atividades das entidades prestadoras de serviço público orientam-se por direcionamentos próprios,
tal qual a exigência de modicidade das tarifas, não aplicável às atividades estritamente econômicas.
Sobre serviço público e exploração estatal de atividade econômica, Celso Antônio Bandeira de Mello ensina que a distinção entre tais
atividades é óbvia. Para o doutrinador de destaque, se está em pauta a atividade que o Texto Constitucional atribuiu aos particulares
e não atribuiu ao Poder Público, admitindo, apenas, que este, em situações excepcionais, possa empresá-la quando movido por
“imperativos da segurança nacional” por “relevante interesse coletivo”, como tais definidos em lei, casos em que operará, basicamen-
te, na conformidade do regime de direito privado, é evidente que não se estará perante atividade pública e, portanto, não se estará
perante serviços públicos.
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Em relação às formas de prestação dos serviços públicos, eles são prestados centralizadamente, pela própria Administração Direta,
ou descentralizadamente, pela Administração Indireta – a prestação descentralizada pode ser por serviço ou por colaboração.
A contraprestação dos serviços públicos deve ser remunerada (a própria lei assim determina). Aqui fica a dúvida: qual a natureza
jurídica da contraprestação? A regra é a remuneração do particular advir de tarifa, mas é possível (embora não comum) que outras
formas decorrentes da exploração do serviço delegado substituam a tarifa, como, por exemplo, nas concessões de rádio, em que a
remuneração da concessionária não é paga pelo ouvinte, mas provém, basicamente, do pagamento recebido de anunciantes que
veiculam propaganda.
DIREITO CONSTITUCIONAL
Aragonê Fernandes
06 - Discorra, considerando a legislação de regência e a orientação jurisprudencial dominante, sobre os seguintes fatos:
a) foro para julgamento dos chefes do Executivo nas diferentes esferas de governo tanto para crimes comuns quanto para crimes
de responsabilidade;
b) (des)necessidade de autorização da Casa Legislativa para abertura de processo;
c) incidência – ou não – de imunidade relativa.
Gabarito:
Há necessidade de diferenciação entre as autoridades de cada uma das esferas de governo.
Em relação ao Presidente da República, nas infrações penais comuns – o que abrange crimes eleitorais, militares e contravenções
penais –, ele será julgado perante o STF (artigo 102, I, da CF), cabendo ao Senado o julgamento por crime de responsabilidade
(artigo 52, II, da CF).
Quanto a governadores dos estados e do DF, a competência para julgamento em infrações penais comuns será do STJ, a teor do ar-
tigo 105, I, da CF. Para o crime de responsabilidade, o julgamento caberá ao tribunal especial, previsto na Lei Federal n. 1.079/1950.
A composição de tribunal, cuja constitucionalidade foi confirmada pelo STF, é do Presidente do TJ, de cinco desembargadores e cinco
deputados estaduais ou distritais.
No tocante aos prefeitos, nos crimes comuns, eles serão julgados no respectivo tribunal de 2º grau, interpretação que se extrai da
conjugação do artigo 29, X, da CF e da Súmula n. 702 do STF. Por sua vez, nos crimes de responsabilidade próprios, o julgamento
caberá à Câmara Municipal. Tratando-se de crimes de responsabilidade impróprios – punidos com reclusão –, a competência volta a
ser do TJ ou do respectivo tribunal de 2º grau.
Por ser chefe de Estado, o Presidente da República goza de prerrogativas não extensíveis aos demais chefes de governo. Assim,
somente em relação a ele há a necessidade de autorização da Casa Legislativa para a abertura de processo atinente a infrações
penais comuns.
De igual modo, não haverá a incidência de inviolabilidade relativa, também chamada de imunidade presidencial, para os demais
chefes de governo. Em consequência, o Presidente da República, na vigência de seu mandato, só pode ser processado por atos que
sejam relacionados ao cargo. Ele não poderá ser preso, nem mesmo em flagrante delito. O artigo 86 da CF resguarda a hipótese
excepcional de prisão em caso de condenação proferida pelo STF nas infrações penais comuns.
PEÇA PRÁTICA
Felipe Leal
A Peça Processual deverá ser feita à mão, em letra legível, a fim de não prejudicar seu desempenho, com caneta esfero-
–
gráfica transparente de tinta azul ou preta.
– A folha definitiva da Peça Processual não poderá ser assinada, rubricada ou conter, em outro local que não o apro-
priado, qualquer palavra ou marca que possibilite a identificação do candidato.
– Quando da realização da Peça Processual, caso a Peça Processual exija assinatura, o candidato deverá utilizar apenas o
termo “Delegado de Polícia”. Ao texto que contenha outra assinatura, será atribuída nota 0 (zero), por se tratar de iden-
tificação do candidato em local indevido.
– O candidato disporá de, no máximo, 90 (noventa) linhas para elaborar a peça processual. Será desconsiderado, para
efeito de avaliação, qualquer fragmento de texto que for escrito fora do local apropriado ou que ultrapassar a extensão
máxima permitida para elaboração.
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No curso do inquérito n. 13.666/2021 - PR, instaurado por portaria, o Núcleo de Repressão a Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de
Curitiba/PR localizou e apreendeu, na cidade de Curitiba, um laptop contendo vasto material de pornografia infantil pertencente a
Tuarez, falecido vítima de covid-19. Ao analisar a mídia apreendida, foi possível localizar um grupo de troca de informações privadas,
por meio de chat na rede social Facebook, integrado por número determinado de pessoas não identificadas que abusam sexualmente
de crianças e adolescentes por registrarem as imagens e, posteriormente, trocarem, venderem ou disponibilizarem gratuitamente os
arquivos ilícitos entre si. Tuarez tinha um perfil assíduo no grupo e interagia sob o pseudônimo nik1208. Mensagens localizadas no
laptop indicam proximidade de nik1208 com vários integrantes do grupo, em especial Blue0909 e Ruez001. Em que pese os esforços
da equipe de informática da Polícia Civil, até o momento não foi possível a identificação dos membros do grupo, que são extremamente
cuidadosos em suas interações.
Considerando os fatos relatados na situação hipotética apresentada, na qualidade de delegado(a) da Polícia Civil que está presidindo o
inquérito, formule a representação pela medida mais adequada para a continuidade da investigação, indicando os requisitos necessários
ao êxito do pedido. Não acrescente fatos novos.
ESPELHO
ENDEREÇAMENTO
Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(a) da____ Vara Criminal de Curitiba/PR.
Comentários:
Compete à Justiça Federal a condução do inquérito que investiga o cometimento do delito previsto no art. 241-A do ECA nas hipóteses
em que há a constatação da internacionalidade da conduta e à Justiça Estadual nos casos em que o crime é praticado por meio de troca
de informações privadas, como nas conversas via WhatsApp ou por meio de chat na rede social Facebook (Informativo n. 603 STJ).
PREÂMBULO
O(A) candidato(a) deve citar o art. 144, § 4º, da Constituição Federal de 1988 e os arts. 190-A a 190-E da Lei n. 8.069/1990.
TIPIFICAÇÃO
O(A) candidato(a) deve citar ao menos os arts. 240, 241, 241-A e 241-B da Lei n. 8.069/1990, além do 217-A do Código Penal.
FUNDAMENTAÇÃO
O(A) candidato(a) deve fundamentar com fumus comissi delicti e periculum in mora.
Deve ainda:
Citar a tarefa do policial: assumir o pseudônimo nik1208, para fins de identificação dos demais integrantes, seus dados cadastrais (infor-
mações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado para a conexão a quem endereço de IP,
identificação de usuário ou código de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão) e de conexão (informações referentes a
hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão).
Citar a criação de identidade fictícia (art. 190-D da Lei n. 8.069/1990).
PEDIDO
O(A) candidato(a) deve:
Fazer referência à oitiva do Ministério Público.
REPRESENTAR por 90 dias, sem prejuízo de eventuais renovações.
REPRESENTAR por sigilo.
REPRESENTAR pela requisição de inclusão da identidade nos bancos de dados (art. 190-D).