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Revista Brasileira de
Geografia Física
ISSN:1984-2295
Homepage: www.ufpe.br/rbgfe
ABSTRACT
Information on climatic conditions is of great value to the appropriate agricultural planning. However, the climatic
classifications systems are rarely used in agricultural studies, given the wide comprehensiveness of scales that are used.
We used the historical precipitation series with minimum data 52-102 years of observations in 223 pluviometric stations
spatialized in the state. The method of the monthly water balance used was proposed by Thornthwaite & Mather (1955)
and the results were realized climate classifications according Thornthwaite (1948) and Thornthwaite & Mather (1955).
For spatial distribution of the results we used the Kriging interpolation method. The proposed classifications have
shown themselves to be very sensitive to the slope of the locations to rainfall and temperatures of the regions resulting
in a comprehensive number of four climate types in Köppen model and six climatic types in Thornthwaite & Mather
model. The climate classification system used efficiently separates climates summarizing the information generated
more clearly and demonstrating thus able to determine agroclimatical areas.
Keywords: Water balance, Temperature variations, Climate indices, Kriging, Mapping.
.
O relevo do Estado da Paraíba (Figura 2) subúmido e semiárido. O uso atual e a cobertura
apresenta-se de forma geral bastante diversificado, vegetal caracterizam-se por formações florestais
constituindo-se por formas de relevo diferentes definidas como caatinga arbustiva arbórea aberta,
trabalhadas por diferentes processos, atuando sob caatinga arbustiva arbórea fechada, caatinga
climas distintos e sobre rochas pouco ou muito arbórea fechada, tabuleiro costeiro, mangues,
diferenciadas. No tocante à geomorfologia, mata-úmida, mata semidecidual, mata atlântica e
existem dois grupos formados pelos tipos restinga (PARAÍBA, 2006).
climáticos mais significativos do Estado: úmido,
repassada ao Estado da Paraíba para a Agência séries já publicadas pela SUDENE até o ano de
Executiva de Gestão das Águas do Estado da 1985. Não foi possível adotar, neste trabalho, um
Paraíba (AESA). período de observação comum a todas as
Os postos selecionados foram aqueles que localidades, haja vista a drástica diferença do
possuem trinta ou mais anos de observações, tal número de anos e/ou mesmo do número de postos
fato da escolha foi para unificação de intervalos que tal procedimento acarretaria, devido a
entre os postos, vistos que os espaçamentos dos diferença de inicio da operação desses postos.
postos são amplos (Figura 3). Assim, para cada localidade com série de
A utilização dos dados foi procedida de uma observação igual ou superior a trinta anos, foi
análise no tocante à sua consistência, considerado para o período disponível,
homogeneização e no preenchimento de falhas em independente do início.
cada série (município a município), além das
Quente Cwa
< 30 mm
ICAL
Tabela 3. Subtipos climáticos em função dos valores do índice de aridez (Ia), de umidade (Iu) e em função da
distribuição estacional das precipitações pluviométricas
Índice de umidade
Climas úmidos Índice de Aridez (Ia) Climas úmidos
(Iu)
Pequena ou Pequeno ou nenhum excesso
r 0 < Ia ≤ 16,7 d 0 < Iu ≤ 10
nenhuma deficiência hídrico
Moderado excesso hídrico
S Moderada deficiência 16,7 < Ia ≤ 33,3 S 10 < Iu ≤ 20
no inverno
Moderado excesso hídrico
W Moderada deficiência 16,7 < Ia ≤ 33,3 W 10 < Iu ≤ 20
no verão
Grande excesso hídrico no
S2 Grande deficiência > 33,3 S2 > 20
inverno
Moderado excesso hídrico
W2 Grande deficiência > 33,3 W2 > 20
no verão
Fonte: Barros et al. (2012).
climatológico, que fornece informações da anuais são definidos os índices que expressam a
disponibilidade hídrica ao longo do ano, pelo disponibilidade hídrica.
cálculo do excedente hídrico (EXC), deficiência Conforme os índices climáticos de
hídrica (DEF) e armazenamento (ARM), retirada e Thornthwaite (1955), os tipos e os subtipos
reposição de água no solo. A partir desses valores climáticos podem ser definidos de acordo com as
tabelas 6 e 7.
Tabela 6. Tipos climáticos em função do índice de umidade (Im) com base na classificação de Thornthwaite
(1955)
Tipo climático Índice efetivo de umidade (Im)
A – Super úmido ≥ 100
B4 – Úmido 100 > Im ≥ 80
B3 – Úmido 80 > Im ≥ 60
B2 – Úmido 60 > Im ≥ 40
B1 – Úmido 40 > Im ≥ 20
C2 – Úmido e subúmido 20 > Im ≥ 0
C1 – Seco e subúmido 0 > Im ≥ -20
D – Semiárido -20 > Im ≥ -40
E – Árido -40 > Im ≥ -60
Fonte: Barros et al. (2012).
Tabela 7. Subtipos climáticos em função dos valores do índice de aridez (Ia), de umidade (Iu) e em função da
distribuição estacional das precipitações pluviométricas
Índice de umidade
Climas úmidos Índice de Aridez (Ia) Climas úmidos
(Iu)
Pequena ou nenhuma Pequeno ou nenhum excesso
r 0 < Ia ≤ 16,7 d 0 < Iu ≤ 10
deficiência hídrico
Moderado excesso hídrico no
S Moderada deficiência 16,7 < Ia ≤ 33,3 S 10 < Iu ≤ 20
inverno
Moderado excesso hídrico no
W Moderada deficiência 16,7 < Ia ≤ 33,3 W 10 < Iu ≤ 20
verão
Grande excesso hídrico no
S2 Grande deficiência > 33,3 S2 > 20
inverno
Moderado excesso hídrico no
W2 Grande deficiência > 33,3 W2 > 20
verão
Fonte: Barros et al. (2012).
Paraíba, sua variabilidade oscila entre 21,5 a
Utilizando-se dos dados gerados pelo estudo 26°C, as menores flutuações ocorrem na
das duas variáveis climáticas em questão, circunvizinhança do Estado de Pernambuco e na
temperatura do ar e precipitação pluviométrica, região central da área, assim como o destaque de
utilizando o software Surfer 9.0 através da menores oscilações dos parâmetros referenciado
krigeagem, foram elaborados mapas de em torno do município de Areia. Nos setores leste
temperatura, pluviosidade e das classificações de e noroeste têm-se os valores mais elevados, tal
Köppen e Thornthwaite e após recortados elevação deve-se aos fatores atuantes na atmosfera
utilizando-se o limite do Estado da Paraíba como alta intensidade dos raios solares, e baixas
(IBGE, 2009). coberturas de nuvens, flutuações irregulares da
umidade relativa do ar e a oscilação da pressão
Resultado e discussão atmosférica.
De acordo com a distribuição espacial das onde ocorre os menores valores de precipitação
precipitações (Figura 5) observa-se a alta em torno de 300 a 500mm, no Sertão e Alto
variabilidade da precipitação. Sertão em torno de 700 a 900 mm. Já no Brejo e
Com relação à distribuição anual observa-se a Agreste a precipitação varia de 700 a 1.200mm, e
alta variabilidade espacial de precipitação no setor no Litoral em média de 1.200 a 1.600mm.
central do Estado, região do Cariri/Curimataú,
Sua variabilidade oscila entre 300 a 1.900mm, predominante dos sistemas principais que atuam
os menores índices pluviométricos ocorrem na na geração da estação chuvosa no sul do Estado da
área oeste e na região central, assim como o Paraíba.
destaque de maiores oscilações do parâmetro Na Tabela 9 têm-se as variabilidades
referenciado em no setor litorâneo. Observam-se estatísticas dos parâmetros médios da precipitação
valores mais elevados em áreas isoladas, tais para o Estado da Paraíba, onde observa-se que as
elevações devem-se aos fatores atuantes na oscilações da precipitação mínima mensal fluem
atmosfera como baixa intensidade dos raios entre 0,1 a 60,77mm com uma média anual de
solares, e alta cobertura de nuvens, flutuações 332mm, a precipitação máxima oscila entre 38,5 a
irregulares da umidade relativa do ar e a oscilação 369,4mm e sua média é de 1.979,3mm e a
da pressão atmosférica. A delimitação do trimestre precipitação média apresenta uma flutuação entre
mais úmido para a área estudada assemelha-se aos 11,5 a 152,1mm e sua média é de 854,6mm.
regimes observados por Strang (1972) para a
precipitação. Tal delimitação caracteriza a ação
Ainda de acordo com Alvares et al. (2014) a dentro de uma sistemática rígida os fenômenos
Paraíba tem o clima BSh que se estende por todo classificados. Além disso, vários outros fatores
Planalto da Borborema, onde no vale do rio não climáticos exercem influência sobre o caráter
Paraíba, a precipitação anual é de cerca de da vegetação, tais como a topografia, o tipo de
400mm, considerado um dos locais mais secos do solo e os efeitos das atividades humanas, como
Brasil de acordo com os resultados obtidos por agricultura e exploração vegetal.
Guerra (1955). Na Figura 7 observa-se a classificação
De acordo com Barros et al. (2012), vale climática de Thornthwaite e sua espacialização no
ressaltar que qualquer classificação climática Estado da Paraíba.
contém imprecisões de diferentes gêneros devido O critério de classificação climática de
à complexidade de reunir diversos fatores inter- Thornthwaite e Mather (1955) é mais restritivo
relacionados do ambiente em índices puramente que o de Thornthwaite (1948), já que preconiza
matemáticos. Toda classificação de fenômenos escalas distintas de aridez e semiaridez. Segundo
naturais, via de regra, não consegue enquadrar Thornthwaite (1948), os tipos climáticos E e D
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