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Info 996 STF
Info 996 STF
Informativo 996-STF
Márcio André Lopes Cavalcante
ÍNDICE
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO À SAÚDE
▪ Inconstitucionalidade da Lei 13.269/2016, que autorizou o uso da fosfoetanolamina sintética.
MEDIDAS PROVISÓRIAS
▪ É possível o controle judicial dos pressupostos de relevância e urgência para a edição de medidas provisórias, no
entanto, esse exame é de domínio estrito, somente havendo a invalidação quando demonstrada a inexistência cabal
desses requisitos.
DIREITO ADMINISTRATIVO
PODER DE POLÍCIA
▪ É possível a delegação do poder de polícia – inclusive da possibilidade de aplicação de multas – para pessoas
jurídicas de direito privado?
DIREITO TRIBUTÁRIO
PARCELAMENTO TRIBUTÁRIO
▪ Para que ocorra a exclusão do contribuinte do REFIS é indispensável a sua prévia intimação.
ICMS
▪ Mato Grosso do Sul tem direito exclusivo ao ICMS sobre importação de gás da Bolívia considerando que é nesse
Estado que está localizado o estabelecimento do destinatário jurídico do gás, ainda que ele seja enviado para outros
Estados logo em seguida.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
▪ Não é legítima a incidência de contribuição social, a cargo do empregador, sobre os valores pagos a título de salário-
maternidade
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO À SAÚDE
Inconstitucionalidade da Lei 13.269/2016, que autorizou o uso da fosfoetanolamina sintética
Lei nº 13.269/2016.
Diante da grande repercussão causada, o Congresso Nacional decidiu aprovar a Lei nº 13.269/2016
autorizando o uso da fosfoetanolamina sintética por pacientes portadores de câncer, mesmo sem a
aprovação da Anvisa. Veja o que diz a Lei:
Art. 1º Esta Lei autoriza o uso da substância fosfoetanolamina sintética por pacientes
diagnosticados com neoplasia maligna.
Art. 2º Poderão fazer uso da fosfoetanolamina sintética, por livre escolha, pacientes
diagnosticados com neoplasia maligna, desde que observados os seguintes condicionantes:
I - laudo médico que comprove o diagnóstico;
II - assinatura de termo de consentimento e responsabilidade pelo paciente ou seu representante
legal.
Parágrafo único. A opção pelo uso voluntário da fosfoetanolamina sintética não exclui o direito de
acesso a outras modalidades terapêuticas.
Art. 3º Fica definido como de relevância pública o uso da fosfoetanolamina sintética nos termos
desta Lei.
Informativo XXX-STF – Márcio André Lopes Cavalcante | 2
Informativo
comentado
ADI 5501
A Associação Médica Brasileira (AMB) ajuizou ADI contra a Lei n.º 13.269/2016.
A entidade alegou que, diante do “desconhecimento amplo acerca da eficácia e dos efeitos colaterais” da
substância em seres humanos, sua liberação é incompatível com direitos constitucionais fundamentais,
como o direito à saúde (arts. 6º e 196), o direito à segurança e à vida (art. 5º), e o princípio da dignidade
da pessoa humana (art. 1º, III).
Na ADI, a autora argumentou que a fosfoetanolamina sintética foi testada unicamente em camundongos,
tendo sido eficaz apenas no combate do melanoma (câncer de pele).
A AMB explicou que a “pílula do câncer” não passou pelos testes clínicos em seres humanos exigidos pela
legislação e que a permissão do seu uso causa risco grave à vida e à integridade física dos pacientes.
O STF, ao apreciar a medida cautelar, concordou com a tese defendida na ADI? A Lei nº 13.269/2016,
que autorizou o uso da fosfoetanolamina, contraria a Constituição Federal?
SIM. Em 2016, o STF, por decisão majoritária, deferiu medida liminar para suspender a eficácia da Lei nº
13.269/2016.
É inconstitucional a Lei nº 13.269/2016, que autorizou o uso da fosfoetanolamina sintética ("pílula do
câncer) por pacientes diagnosticados com neoplasia maligna, mesmo sem que existam estudos
conclusivos sobre os efeitos colaterais em seres humanos e mesmo sem que haja registro sanitário da
substância perante a ANVISA.
STF. Plenário. ADI 5501 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/5/2016 (Info 826).
Julgamento definitivo
Em 2020, o STF confirmou a medida cautelar e julgou procedente o pedido formulado para declarar a
inconstitucionalidade da aludida lei. Ficaram vencidos os ministros Edson Fachin, Dias Toffoli e Gilmar
Mendes, que conferiram interpretação conforme à CF ao art. 2º da referida norma.
MEDIDAS PROVISÓRIAS
É possível o controle judicial dos pressupostos de relevância e urgência para a edição de
medidas provisórias, no entanto, esse exame é de domínio estrito, somente havendo a
invalidação quando demonstrada a inexistência cabal desses requisitos
É possível que o Poder Judiciário analise se a medida provisória editada possui relevância e urgência?
Em uma ADI proposta, é possível que o STF julgue inconstitucional medida provisória pelo fato de ela
não ter relevância e urgência?
SIM.
O STF admite a possibilidade de controle judicial dos pressupostos de relevância e urgência para a edição
de medidas provisórias. No entanto, “o escrutínio a ser feito pelo Judiciário neste particular é de domínio
estrito, justificando-se a invalidação da iniciativa presidencial apenas quando atestada a inexistência cabal
desses requisitos” (RE 592.377).
Em outras palavras, somente em casos excepcionais será possível a declaração de inconstitucionalidade
com base nesse argumento.
Inexistindo comprovação da ausência de urgência, não há espaço para atuação do Poder Judiciário no
controle dos requisitos de edição de medida provisória pelo chefe do Poder Executivo.
STF. Plenário. ADI 5599/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/10/2020 (Info 996).
No mesmo sentido:
O art. 62 da CF/88 prevê que o Presidente da República somente poderá editar medidas provisórias em
caso de relevância e urgência.
A definição do que seja relevante e urgente para fins de edição de medidas provisórias consiste, em regra,
em um juízo político (escolha política/discricionária) de competência do Presidente da República,
controlado pelo Congresso Nacional.
Desse modo, salvo em caso de notório abuso, o Poder Judiciário não deve se imiscuir na análise dos
requisitos da MP.
STF. Plenário. ADI 4627/DF e ADI 4350/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 23/10/2014 (Info 764).
(Agente PC/GO 2016 CEBRASPE) Por força do princípio da separação de poderes, é vedado ao Poder
Judiciário examinar o preenchimento dos requisitos de urgência e de relevância por determinada medida
provisória. (errado)
(Advogado Telebrás 2015 CEBRASPE) Segundo entendimento do STF, os requisitos constitucionais
legitimadores da edição de medidas provisórias, quanto aos conceitos jurídicos indeterminados de
relevância e urgência, apenas em caráter excepcional se submetem ao crivo do Poder Judiciário, por força
do princípio da separação de poderes. (certo)
DIREITO ADMINISTRATIVO
PODER DE POLÍCIA
É possível a delegação do poder de polícia – inclusive da possibilidade
de aplicação de multas – para pessoas jurídicas de direito privado?
Importante!!!
É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito
privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente
público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em
regime não concorrencial.
STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema
532) (Info 996).
Algumas vezes nas provas é cobrada a redação literal do art. 78, razão pela qual vale a pena a sua
transcrição aqui:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina
da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo
órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se
de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
Quem exerce
O poder de polícia é exercido pelos órgãos e entidades da Administração Pública.
Vale ressaltar que, em alguns casos, o poder de polícia pode ser exercido por órgão que também exerça o
poder de polícia judiciária. Ex: quando a Polícia Federal faz a fiscalização das empresas de segurança
privada ou quando emite passaporte.
Modalidades de exercício
PREVENTIVO REPRESSIVO
Poder de polícia preventivo ocorre quando a Poder de polícia repressivo ocorre quando a
Administração Pública estabelece normas Administração Pública impõe sanções administrativas
prevendo que o particular somente poderá ao particular que pratica um ilícito administrativo.
exercer determinado direito se cumprir Vale ressaltar que a aplicação dessa sanção não
algumas exigências. depende do Poder Judiciário, podendo ser aplicada
diretamente pela própria Administração. A isso
chamamos de autoexecutoriedade.
Ex: licença para dirigir, autorização para porte Ex: interdição do estabelecimento comercial,
de arma de fogo etc. apreensão de mercadorias etc.
Controle judicial
Os atos de poder de polícia são atos administrativos e poderão ter a sua validade impugnada no Poder
Judiciário pelas pessoas eventualmente prejudicadas.
Diante disso, surgiu a seguinte polêmica: é possível a delegação do poder de polícia – inclusive da
possibilidade de aplicação de multas – para pessoas jurídicas de direito privado?
Julgado do STJ: não
O STJ possuía julgado afirmando que o poder de polícia da administração é exercido com base no “poder
de império do Estado”. Em virtude disso, o exercício do poder de polícia não poderia ser delegado para
particulares.
Assim, o poder de polícia, por ser uma atividade típica do Estado, não poderia ser delegada.
Vale ressaltar que até seria possível que o Estado delegasse para particulares a realização de atividades
de apoio ao exercício do poder de polícia. Isso é chamado de aspectos materiais do poder de polícia.
Para o STJ, o ato de poder de polícia pode ser dividido em quatro fases (“ciclos de polícia”):
ORDEM CONSENTIMENTO FISCALIZAÇÃO SANÇÃO
DE POLÍCIA DE POLÍCIA DE POLÍCIA DE POLÍCIA
É a legislação que É a fase na qual a Aqui a Administração Consiste na aplicação
estabelece os limites eAdministração dá o verifica se o particular das penalidades
condições necessárias consentimento para que está cumprindo as administrativas para
para o exercício da o particular pratique regras estabelecidas na aquele que descumpriu
atividade ou uso dos determinada atividade ordem de polícia. a ordem de polícia.
bens por parte dos ou para que utilize o Ex: o fiscal vai até o Ex: o fiscal constata que
particulares. bem segundo a ordem açougue para verificar o açougue não está
Ex: as normas de de polícia em vigor. se o estabelecimento acondicionando de
vigilância sanitária. Ex: licença para dirigir, cumpre a legislação forma adequada as
autorização para sanitária. carnes e aplica multa.
construir etc.
Esta fase não pode ser Pode ser delegada para Pode ser delegada para Não pode ser delegada
delegada. particulares. particulares. para particulares.
Obs: as fases 1 (ordem) e 3 (fiscalização) estão presentes em todo e qualquer ato de poder de polícia. As
fases 2 e 4 podem ocorrer ou não.
Exemplo: para o STJ, a imposição de multas de trânsito é uma atividade de poder de polícia e, portanto,
somente poderia ser exercida pelo Estado. Seria possível, no entanto, que a Administração Pública
contratasse uma empresa privada para a instalação e manutenção de radares de velocidade nas vias
públicas. Isso porque esta é apenas uma atividade de apoio ao poder de polícia. A imposição da multa
continuaria sendo privativa do Estado.
consequentemente, a delegação dos meios necessários à realização do serviço público delegado, sob pena
de restar inviabilizada a atuação dessas entidades na prestação de serviços públicos.
Por outro lado, cumpre ressaltar a única fase do ciclo de polícia que, por sua natureza, é absolutamente
indelegável: a ordem de polícia, ou seja, a função legislativa. A competência legislativa é restrita aos entes
públicos previstos na Constituição da República, sendo vedada sua delegação, fora das hipóteses
expressamente autorizadas no tecido constitucional, a pessoas jurídicas de direito privado.
Em suma, os atos de consentimento, de fiscalização e de aplicação de sanções podem ser delegados a
estatais que possam ter um regime jurídico próximo daquele aplicável à Fazenda Pública.
PRISÃO PREVENTIVA
Pais e outros responsáveis por menor de 12 anos ou por pessoa com deficiência possuem direito
à prisão domiciliar, desde que observados os requisitos do art. 318 do CPP e não tenham
praticado crime com violência ou grave ameaça ou contra os próprios filhos ou dependentes
Importante!!!
Tem direito à substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar — desde que
observados os requisitos do art. 318 do Código de Processo Penal e não praticados crimes
mediante violência ou grave ameaça ou contra os próprios filhos ou dependentes — os pais,
caso sejam os únicos responsáveis pelos cuidados de menor de 12 anos ou de pessoa com
deficiência, bem como outras pessoas presas, que não sejam a mãe ou o pai, se forem
imprescindíveis aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos ou com deficiência.
STF. 2ª Turma. HC 165704/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/10/2020 (Info 996).
III — imprescindível aos cuidados especiais de III — com filho menor ou deficiente físico ou
pessoa menor de 6 anos de idade ou com mental;
deficiência;
IV — gestante.
IV — gestante;
Inciso IV - prisão domiciliar para GESTANTE independente do tempo de gestação e de sua situação de saúde
CPP
ANTES DA LEI 13.257/2016 ATUALMENTE
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva
pela domiciliar quando o agente for: pela domiciliar quando o agente for:
(...) (...)
IV - gestante a partir do 7º (sétimo) mês de gravidez ou IV - gestante;
sendo esta de alto risco.
Desse modo, agora basta que a investigada ou ré esteja grávida para ter direito à prisão domiciliar. Não
mais se exige tempo mínimo de gravidez nem que haja risco à saúde da mulher ou do feto.
Inciso V - prisão domiciliar para MULHER que tenha filho menor de 12 anos
A Lei nº 13.257/2016 acrescentou o inciso V ao art. 318 com a seguinte redação:
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
(...)
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
Inciso VI - prisão domiciliar para HOMEM que seja o único responsável pelos cuidados do filho menor de
12 anos
A Lei nº 13.257/2016 acrescentou o inciso VI ao art. 318 com a seguinte redação:
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
(...)
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos.
Esta hipótese também não existia e foi incluída pela Lei nº 13.257/2016.
EXCEÇÕES:
Não deve ser autorizada a prisão domiciliar se:
1) a mulher tiver praticado crime mediante violência ou grave ameaça;
2) a mulher tiver praticado crime contra seus descendentes (filhos e/ou netos);
3) em outras situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes
que denegarem o benefício.
STF. 2ª Turma. HC 143641/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891).
Logo em seguida à decisão do STJ foi editada a Lei nº 13.769/2018. O que essa Lei fez?
A Lei nº 13.769/2018 positivou no CPP o entendimento manifestado pelo STF.
A principal diferença foi que o legislador não incluiu a exceção número 3.
Além disso, na exceção 2 não falou em descendentes, mas sim em filho ou dependente.
Veja o art. 318-A incluído pela Lei nº 13.769/2018 no CPP:
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
Prioridade absoluta
Em observância à proteção integral e à prioridade absoluta conferidas pela CF/88 às crianças e às pessoas
com deficiência, é cabível a substituição da prisão preventiva em prisão domiciliar, nos casos dos incisos
III e VI do art. 318 do CPP, quando o contexto familiar do investigado ou réu demonstrar a sua importância
para a criação, o suporte, o cuidado e o desenvolvimento de criança ou pessoa com deficiência, bem como
em decorrência das atuais circunstâncias de grave crise na saúde pública nacional que geram riscos mais
elevados às pessoas inseridas no sistema penitenciário, em especial em razão da proliferação do
Coronavírus (Covid-19) no Brasil.
DIREITO TRIBUTÁRIO
PARCELAMENTO TRIBUTÁRIO
Para que ocorra a exclusão do contribuinte do REFIS é indispensável a sua prévia intimação
REFIS
A Lei nº 9.964/2000 previu a possibilidade de que o devedor de tributos federais pudesse parcelar seus
débitos. Esse parcelamento foi chamado de REFIS (“Programa de Recuperação Fiscal”).
Veja o que disse o art. 1º da Lei:
Art. 1º É instituído o Programa de Recuperação Fiscal – Refis, destinado a promover a
regularização de créditos da União, decorrentes de débitos de pessoas jurídicas, relativos a
tributos e contribuições, administrados pela Secretaria da Receita Federal e pelo Instituto Nacional
do Seguro Social – INSS, com vencimento até 29 de fevereiro de 2000, constituídos ou não,
inscritos ou não em dívida ativa, ajuizados ou a ajuizar, com exigibilidade suspensa ou não,
inclusive os decorrentes de falta de recolhimento de valores retidos.
Para as empresas esse parcelamento é bom considerando que não precisam pagar à vista os débitos que
possuem de tributos federais e não correm o risco de sofrer penhora ou outras restrições.
Comitê Gestor
A Lei afirmou que o Refis deveria ser administrado por um Comitê Gestor, com competência para
implementar os procedimentos necessários à execução do Programa.
O Comitê Gestor é integrado por um representante da Receita Federal e por outro da Procuradoria-Geral
da Fazenda Nacional.
Exclusão do REFIS
O art. 5º da Lei previu as hipóteses de exclusão do REFIS, ou seja, situações nas quais a empresa perde o
direito de continuar no parcelamento.
Art. 5º A pessoa jurídica optante pelo Refis será dele excluída nas seguintes hipóteses, mediante
ato do Comitê Gestor:
I – inobservância de qualquer das exigências estabelecidas nos incisos I a V do caput do art. 3º;
II – inadimplência, por três meses consecutivos ou seis meses alternados, o que primeiro ocorrer,
relativamente a qualquer dos tributos e das contribuições abrangidos pelo Refis, inclusive os com
vencimento após 29 de fevereiro de 2000;
III – constatação, caracterizada por lançamento de ofício, de débito correspondente a tributo ou
contribuição abrangidos pelo Refis e não incluídos na confissão a que se refere o inciso I do caput
do art. 3o, salvo se integralmente pago no prazo de trinta dias, contado da ciência do lançamento
ou da decisão definitiva na esfera administrativa ou judicial;
IV – compensação ou utilização indevida de créditos, prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa
referidos nos §§ 7º e 8º do art. 2º;
V – decretação de falência, extinção, pela liquidação, ou cisão da pessoa jurídica;
VI – concessão de medida cautelar fiscal, nos termos da Lei no 8.397, de 6 de janeiro de 1992;
VII – prática de qualquer procedimento tendente a subtrair receita da optante, mediante
simulação de ato;
VIII – declaração de inaptidão da inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, nos termos
dos arts. 80 e 81 da Lei nº 9.430, de 1996;
IX – decisão definitiva, na esfera judicial, total ou parcialmente desfavorável à pessoa jurídica,
relativa ao débito referido no § 6º do art. 2º e não incluído no Refis, salvo se integralmente pago
no prazo de trinta dias, contado da ciência da referida decisão;
X – arbitramento do lucro da pessoa jurídica, nos casos de determinação da base de cálculo do
imposto de renda por critério diferente do da receita bruta;
XI – suspensão de suas atividades relativas a seu objeto social ou não auferimento de receita bruta
por nove meses consecutivos.
Veja, pela redação do caput, que a exclusão é materializada por um ato do Comitê Gestor.
ICMS
Mato Grosso do Sul tem direito exclusivo ao ICMS sobre importação de gás da Bolívia
considerando que é nesse Estado que está localizado o estabelecimento do destinatário jurídico
do gás, ainda que ele seja enviado para outros Estados logo em seguida
O fato de o gás natural não poder ser estocado no estabelecimento do importador não altera a
sujeição exacional ativa e passiva do ICMS-importação.
STF. Plenário. ACO 854/MS, ACO 1076/MS e ACO 1093/MS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em
22/10/2020 (Info 996).
Primeira pergunta: a importação desse gás natural está sujeita ao pagamento de ICMS?
SIM.
A CF/88 prevê que haverá cobrança de ICMS nos casos de mercadoria importada do exterior ou nas
hipóteses de serviço prestado no exterior. Ex: uma empresa que fabrica roupas deverá pagar ICMS se
importou da China uma máquina têxtil para utilizar em sua linha de produção.
Veja a redação do art. 155, 2º, IX, “a”, da CF/88:
Art. 155 (...)
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
(...)
IX - incidirá também:
a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica,
ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim
como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o
domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;
(...)
Sujeito ativo do ICMS-importação nos casos em que a mercadoria “entra” no Brasil por um Estado-
membro, mas tem como destino outro Estado
No caso concreto acima analisado, o gás natural entra pelo Estado do Mato Grosso do Sul, mas de lá segue
para São Paulo.
Diante disso, indaga-se:
O sujeito ativo desse ICMS será o Estado do Mato Grosso do Sul ou o Estado de São Paulo?
O Estado do Mato Grosso do Sul. A resposta para essa pergunta encontra-se na parte final do art. 155, 2º,
IX, “a”, da CF/88:
Art. 155 (...)
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
(...)
IX - incidirá também:
a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica,
ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim
como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o
domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;
(...)
assinalou que a jurisprudência do Supremo se firmou no sentido de que a circulação que importa para a
incidência do ICMS é a circulação econômico-jurídica de bens, o que significa a alteração da titularidade
sem a necessidade do deslocamento físico da mercadoria.
A própria Lei Kandir dispensa a entrada física dos bens no estabelecimento para que ocorra a compensação
do imposto. Ou seja, o direito de crédito existe a partir da circulação jurídica de bens, independentemente
da circulação física.
O relator explicou que a importação nem sempre envolve a necessidade de entrada física dos bens no
estabelecimento destinatário da importação. Pode ocorrer, também, a entrada ficta, contábil ou simbólica
da mercadoria. A conclusão sobre quem será o destinatário jurídico do bem dependerá da análise do
negócio jurídico firmado entre as partes e das circunstâncias fáticas do caso.
Súmula vinculante 48
O STF possui o seguinte enunciado sobre o tema:
Súmula vinculante 48-STF: Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do
ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro.
Vale ressaltar, contudo, que a SV 48 trata sobre o aspecto temporal. Assim, o desembaraço aduaneiro
refere-se ao aspecto temporal do fato gerador da obrigação tributária, momento em que o tributo passa
a ser exigível, entendimento que é objeto da SV 48.
Logo, a decisão acima não conflita com o entendimento manifestado na Súmula 48 porque estamos
tratando de aspectos diferentes:
• aspecto temporal da hipótese de incidência: desembaraço aduaneiro; é nesse momento que se deve
recolher o imposto.
• aspecto pessoal da obrigação tributária: o sujeito ativo é o Estado-membro no qual está domiciliado ou
estabelecido o destinatário legal da operação que deu causa à circulação da mercadoria
bem; e de que o local do desembaraço aduaneiro não se confunde com o local do destinatário
jurídico da importação, ainda que possam ser faticamente o mesmo.”
Da análise das relações jurídicas no caso concreto, o sujeito ativo decorrente do ICMS é o Estado de Mato
Grosso do Sul, onde está o estabelecimento importador da Petrobras, destinatário legal da mercadoria e
que deu causa à circulação do gás, com a transferência de domínio.
As cláusulas do contrato de compra e venda celebrado entre a Petrobras e a petrolífera boliviana
enfatizam o lugar de cumprimento da obrigação de entregar o produto importado – entre as localidades
de Puerto Suárez (Bolívia) e Corumbá (Brasil).
Além disso, o contrato firmado entre a Petrobras e a Companhia de Gás São Paulo (Comgás) esclarece que
o gás importado da Bolívia é comercializado pela estatal brasileira, já internalizado no território nacional.
Segundo o relator, esse contrato, assim como os firmados com os demais estados requerentes, tem
natureza de compra e venda, pois estabelece diversas obrigações à Petrobras, inclusive a responsabilidade
pelas características e pela constância da qualidade do produto, o que demonstra que a sociedade de
economia mista não é uma mera prestadora de serviços dos estados. Trata-se, a seu ver, não de
importação por conta e ordem de terceiro com as companhias estaduais, mas de importação própria sob
encomenda.
Em suma:
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) incidente nas operações de
importação de mercadorias tem como sujeito ativo o estado em que localizado o domicílio ou o
estabelecimento do destinatário jurídico da mercadoria importada.
A conclusão acerca de quem será o destinatário jurídico do bem depende da análise do negócio jurídico
entabulado entre as partes e das circunstâncias fáticas do caso concreto.
STF. Plenário. ACO 854/MS, ACO 1076/MS e ACO 1093/MS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em
22/10/2020 (Info 996).
O STF, ao julgar o ARE 665134 (Repercussão Geral – Tema 520), declarou a inconstitucionalidade parcial,
sem redução de texto, desse art. 11, I, “d”, com o objetivo de afastar o entendimento de que o local da
operação ou da prestação, para os efeitos da cobrança do imposto e definição do estabelecimento
responsável pelo tributo, é apenas e necessariamente o da entrada física da mercadoria importada. Isso
porque, conforme vimos acima, não é necessariamente o da entrada física.
FORMAS DE IMPORTAÇÃO
b) por conta e
a) por conta própria c) por encomenda
ordem de terceiro
Assim, na importação própria, sob encomenda, a importadora não é mera intermediária do consumidor
interno ou simples prestadora de serviço, porque atua por conta própria, negociando e internalizando o
bem no mercado para posterior revenda, independentemente de esta ter sido negociada antes ou depois
da importação. Por isso, nessa hipótese, o destinatário jurídico da mercadoria é o estabelecimento
importador.
No caso concreto, o gás natural não tem como ser estocado no estabelecimento da Petrobrás localizado
em Mato Grosso do Sul. Em outras palavras, o gás não entra fisicamente no estabelecimento que está
em Corumbá (MS). Isso interfere na tributação do ICMS?
NÃO.
A circulação que importa para a hipótese de incidência do ICMS é a circulação econômico-jurídica de bens,
o que significa a alteração da titularidade sem que seja necessário o deslocamento físico da mercadoria.
A própria LC 87/96 contempla a figura da circulação jurídica ou simbólica (art. 12) e dispensa, em seu art.
20, a entrada física dos bens no estabelecimento para que ocorra a compensação do imposto. Ou seja, de
acordo com essa previsão, o direito de crédito existe a partir da circulação jurídica de bens,
independentemente da ocorrência de circulação física.
No que se refere ao gás natural, devido a sua composição química, é impossível, fisicamente, a
armazenagem e estocagem no estabelecimento do importador. A transferência de gás natural em sua
forma gasosa se opera de modo contínuo e sua alocação apenas é viável depois de submetida a processo
de industrialização, quando assume a forma líquida e não mais gasosa.
Acrescente-se que, o Plenário do STF, em sede de repercussão geral (Tema 520), declarou a
inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto do art. 11, I, d, da LC 87/96, para afastar o
entendimento segundo o qual o local da operação ou da prestação, para os efeitos da cobrança do imposto
e definição do estabelecimento responsável pelo tributo, seria apenas o da entrada física do bem
importado, tendo em vista, exatamente a juridicidade de circulação ficta de mercadoria, desde que haja
efetivo negócio jurídico.
No caso, mediante contrato de importação própria, sob encomenda, estabelecimento da Petrobras,
localizado em Corumbá/MS, adquire gás natural diretamente de empresa na Bolívia.
O gás é entregue à Petrobras no ponto em que ocorre a sua entrada no território nacional, naquele
município. Há a transferência da titularidade jurídica do bem, na qual o gás sai da esfera jurídica da
empresa boliviana e passa à titularidade da Petrobras e, somente uma vez internalizado, passa a ser de
domínio das empresas situadas nos territórios dos estados requeridos, ocorrendo, dessa forma, dois
negócios jurídicos com dupla incidência tributária.
O fato de o gás natural não poder ser estocado no estabelecimento do importador não altera a sujeição
exacional ativa e passiva do ICMS-importação.
STF. Plenário. ACO 854/MS, ACO 1076/MS e ACO 1093/MS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em
22/10/2020 (Info 996).
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Não é legítima a incidência de contribuição social, a cargo do empregador,
sobre os valores pagos a título de salário-maternidade
A CF/88 determina que os recursos arrecadados com as contribuições previstas no art. 195, I, “a” e II serão
destinados exclusivamente para o pagamento de benefícios previdenciários do RGPS (administrado pelo INSS).
Em razão disso, a maioria dos autores de Direito Previdenciário denomina as contribuições do art. 195, I,
“a” e II de “contribuições previdenciárias”, como se fossem uma subespécie das contribuições para a
seguridade social. Nesse sentido: Frederico Amado.
Contribuições previdenciárias
A contribuição previdenciária é uma espécie de tributo cujo dinheiro arrecadado é destinado ao
pagamento dos benefícios do RGPS (aposentadoria, auxílio-doença, pensão por morte etc.)
Existem duas espécies de contribuição previdenciária:
PAGA POR QUEM INCIDE SOBRE O QUE
1ª) Trabalhador e demais segurados Incide sobre o salário de contribuição, exceto no caso do
do RGPS (art. 195, II). segurado especial.
2ª) Empregador, empresa ou Incide sobre a folha de salários e demais rendimentos do
entidade equiparada (art. 195, I, “a”). trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física
que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício.
Para que incida a contribuição previdenciária sobre os valores pagos aos empregados é necessário que a
verba paga tenha duas características cumulativas:
a) precisa ter natureza remuneratória; e
b) deve ter um caráter de habitualidade.
Vamos analisar se os valores pagos a título de salário-maternidade estão, ou não, sujeitos à contribuição
previdenciária.
O que é o salário-maternidade?
Trata-se de benefício previdenciário “devido a todas as seguradas do RGPS, sem exceção, que visa
substituir a sua remuneração em razão do nascimento do seu filho ou da adoção de uma criança, pois
nesse período é preciso que a mulher volte toda a sua atenção ao infante, sendo presumida legalmente a
sua incapacidade temporária de trabalhar.” (AMADO, Frederico. Direito Previdenciário sistematizado.
Salvador: Juspodivm, 2013, p. 636).
Informativo XXX-STF – Márcio André Lopes Cavalcante | 23
Informativo
comentado
Art. 28 (...)
§ 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:
a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o salário-maternidade;
EXERCÍCIOS
Julgue os itens a seguir:
1) Ante o postulado da separação de Poderes, o Congresso Nacional não pode autorizar, atuando de forma
abstrata e genérica, a distribuição de medicamento. ( )
2) Inexistindo comprovação da ausência de urgência, não há espaço para atuação do Poder Judiciário no controle
dos requisitos de edição de medida provisória pelo chefe do Poder Executivo. ( )
3) (Agente PC/GO 2016 CEBRASPE) Por força do princípio da separação de poderes, é vedado ao Poder Judiciário
examinar o preenchimento dos requisitos de urgência e de relevância por determinada medida provisória. ( )
4) (Advogado Telebrás 2015 CEBRASPE) Segundo entendimento do STF, os requisitos constitucionais
legitimadores da edição de medidas provisórias, quanto aos conceitos jurídicos indeterminados de relevância
e urgência, apenas em caráter excepcional se submetem ao crivo do Poder Judiciário, por força do princípio
da separação de poderes. ( )
5) É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado
integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem
exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. ( )
6) (Promotor MP/CE CEBRASPE 2020) É cabível ao juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar a homem
que, condenado pelo crime de corrupção passiva, seja o único responsável pelos cuidados do seu filho de dez
anos de idade. ( )
7) (FCC/DPE/AP/Defensor/2018) Na fase de conhecimento, a prisão domiciliar pode ser concedida ao preso se
for imprescindível aos cuidados de pessoa com deficiência. ( )
8) (FCC/MPE/MT/Promotor/2019) O Código de Processo Penal e a Lei de Execuções Penais disciplinam a prisão
em residência particular. É requisito comum a ambas as normas a presa ser gestante. ( )
9) (FGV/TJ/SC/Analista/2018) A prisão domiciliar prevista no art. 318 do Código de Processo Penal será admitida
quando a ré estiver grávida, desde que seja de risco a gravidez ou a gestação ultrapasse 7 meses. ( )
10) (Ieses/TJ/SC/Cartórios/2019) Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar, entre outros casos,
quando o acusado for maior de 80 anos. ( )
11) (MPE/GO/Promotor/2019) Embora o Código de Processo Penal seja silente sobre o assunto, a jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal firmou que o homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de
até 12 (doze) anos de idade incompletos, poderá ser beneficiado com a prisão domiciliar, por questões
humanitárias e em analogia à situação da mulher. ( )
12) (Vunesp/PC/BA/Escrivão/2018) Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente
for maior de 70 (setenta) anos. ( )
13) (Vunesp/PC/SP/Investigador/2018) Entre outras hipóteses, de acordo com os expressos termos do art. 318 do
CPP, poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for arrimo de família. ( )
14) (Vunesp/TJ/MT/Juiz/2018) É cabível a substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar aos acusados,
primários e de bons antecedentes, responsáveis pelos cuidados de filho de até oito anos de idade incompletos,
desde que utilizem aparelho de monitoração eletrônica à distância. ( )
15) (MPE/PR/Promotor/2019) O juiz pode substituir a prisão preventiva por prisão domiciliar quando se tratar de
mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. ( )
16) (FCC/DPE/MA/Defensor/2018) Sobre a prisão domiciliar para mulheres gestantes e com filhos com até 12
anos de idade, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do “Habeas Corpus” coletivo nº 143641, decidiu
expressamente que os juízes competentes devem proceder a análise da substituição da prisão preventiva pela
domiciliar de ofício, sendo dispensável pedido realizado por advogado ou defensor público. ( )
17) O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) incidente nas operações de
importação de mercadorias tem como sujeito ativo o estado em que localizado o domicílio ou o
estabelecimento do destinatário jurídico da mercadoria importada. ( )
18) É constitucional a incidência de contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o salário-
maternidade. ( )
Gabarito
1. C 2. C 3. E 4. C 5. C 6. C 7. C 8. C 9. E 10. C
11. E 12. E 13. E 14. E 15. C 16. C 17. C 18. E
OUTRAS INFORMAÇÕES
Relator, vencidos os Ministros Alexandre de Moraes e Dias Toffoli (Presidente), que davam provimento ao recurso, mas
se manifestavam pela inclusão de ressalva na tese de repercussão geral. Plenário, Sessão Virtual de 19.6.2020 a 26.6.2020.
PIS E COFINS – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA – ARTIGO 150, § 7º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL –
RECOLHIMENTO A MAIOR – DEVOLUÇÃO. É devida a restituição da diferença das contribuições para o Programa
de Integração Social – PIS e para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins pagas a mais, no regime de substituição
tributária, se a base de cálculo efetiva das operações for inferior à presumida.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 601.146
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO
REDATOR DO ACÓRDÃO: MIN. ALEXANDRE DE MORAES
Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 358 da repercussão geral, deu provimento ao recurso
extraordinário para excluir a reforma concedida pelo acórdão recorrido, fixando a seguinte tese: “A competência
constitucional do tribunal para decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças
é específica, nos termos do artigo 125, § 4º, não autorizando a concessão de reforma de policial militar julgado
inapto a permanecer nas fileiras da corporação”, nos termos do voto do Ministro Alexandre de Moraes, Redator para
o acórdão, vencidos os Ministros Marco Aurélio (Relator), Edson Fachin e Luiz Fux. Não participou deste julgamento,
por motivo de licença médica, o Ministro Dias Toffoli (Presidente). Plenário, Sessão Virtual de 29.5.2020 a 5.6.2020.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 358. CONSTITUCIONAL.
ADMINISTRATIVO. PROCESSO AUTÔNOMO DE PERDA DE POSTO E PATENTE DE MILITAR.
COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL PARA DECIDIR
SOBRE QUESTÃO PREVIDENCIÁRIA. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DE REFORMA AO POLICIAL
AFASTADO. 1. Cuida-se, na origem, de Representação apresentada perante Tribunal de Justiça, mediante a qual se
requereu a perda da graduação da praça e a exclusão dos quadros da polícia militar de agente policial condenado pela
prática dos crimes de concussão e prevaricação. 2. O Tribunal de origem julgou parcialmente procedente a Representação,
no sentido de se decretar a reforma disciplinar do policial em questão, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.
O afastamento da corporação fundamentou-se no fato de que sua conduta ofendeu o decoro da classe e o pundonor policial
militar. Por outro lado, considerando que, por mais de vinte anos de atividade na corporação, não registrava sanções
disciplinares e constavam em seu favor inúmeros elogios e medalhas por serviços prestados, o Tribunal decidiu conceder-
lhe o benefício previdenciário. 3. O art. 102 do Código Penal Militar (Decreto-Lei 1.001, de 21 de outubro de 1969)
estabelece que a condenação da praça à pena privativa de liberdade, por tempo superior a 2 (dois) anos, importa sua
exclusão das Forças Armadas. 4. O art. 125, § 4º, da Constituição de 1988 dispõe que “compete à Justiça Militar estadual
processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos
disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir
sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças”. 5. O texto constitucional não recepcionou o
art. 102 do Código Penal Militar em relação aos Policiais Militares, exigindo para esses, no campo judicial, a incidência
do procedimento previsto pelo artigo 125, §4º da CF. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu a possibilidade de perda
de graduação dos praças das policias militares em virtude de decisão do Tribunal competente, mediante procedimento
específico. 6. A previsão constitucional dessa específica competência para os Tribunais não afastou as tradicionais
competências administrativas no âmbito da própria corporação, inclusive a possibilidade de sanção de perda da graduação,
aplicada após procedimento administrativo, garantindo-se o contraditório e a ampla defesa. 7. Em relação à questão
constitucional com repercussão geral reconhecida, a Constituição não conferiu aos Tribunais competência para dispor
sobre outras penas arroladas no Código Penal Militar, ou sobre questões administrativas e previdenciárias, que seguem
sendo afeitas ao âmbito da corporação. 8. A reforma do militar é questão estranha ao processo autônomo de perda de
posto e patente de militar, e está fora do âmbito de competência atribuído pela Constituição Federal, no art. 125, § 4º, ao
Poder Judiciário. Assim, neste caso concreto, o acórdão recorrido, ao decidir pela reforma compulsória do militar, ofendeu
não apenas o art. 125, § 4º, da Constituição Federal, como também o princípio da separação de poderes, por interferir em
decisão administrativa, própria da Corporação. 9. Recurso extraordinário a que se dá provimento, para excluir a reforma
concedida pelo acórdão recorrido. Tese de repercussão geral: "A competência constitucional do tribunal para decidir sobre
a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças é específica, nos termos do artigo 125, § 4º, não
autorizando a concessão de reforma de policial militar julgado inapto a permanecer nas fileiras da corporação”.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 602.917
RELATORA: MIN. ROSA WEBER
REDATOR DO ACÓRDÃO: MIN. ALEXANDRE DE MORAES
Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 324 da repercussão geral, deu provimento ao recurso
extraordinário para julgar improcedente o pedido inicial e fixou a seguinte tese: "É constitucional o artigo 3º da Lei
7.798/1989, que estabelece valores pré-fixados para o IPI", nos termos do voto do Ministro Alexandre de Moraes,
Redator para o acórdão, vencidos os Ministros Rosa Weber (Relatora), Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Cármen
Lúcia e Celso de Mello. Falou, pela recorrente, a Dra. Luciana Miranda Moreira, Procuradora da Fazenda Nacional.
Plenário, Sessão Virtual de 19.6.2020 a 26.6.2020.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 324. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO.
IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI. CÁLCULO. ESTABELECIMENTO DE VALORES
PRÉ-FIXADOS (“PAUTAS FISCAIS”). RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR. INEXISTÊNCIA.
CONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 3º DA LEI ORDINÁRIA 7.798/1989. 1. O Imposto sobre Produtos
Industrializados, previsto nos artigos 153, IV e §3º, da Constituição Federal e 46 a 51 do CTN, é de competência da União
e incide sobre o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou
o aperfeiçoe para o consumo (art. 46, parágrafo único, do CTN). 2. O artigo 146, III, a, da CF/1988 dispõe que compete
à lei complementar definir normas gerais acerca da definição de tributos e dos respectivos fatos geradores, bases de
cálculo e contribuintes. O Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966), recepcionado pela Constituição de 1988 como
lei complementar, regulamentou o IPI, definindo que a base de cálculo do imposto é o valor da operação de que decorre
a saída da mercadoria. 3. A Lei 7.798/1989, objeto de conversão da Medida Provisória 69, de 19 de junho de 1989, trouxe
em seu artigo 3º que o Poder Executivo poderá estabelecer classes de valores a serem pagos a título de IPI, para
determinadas bebidas e alimentos. 4. As chamadas “pautas fiscais” estabelecem valores de referência para a base de
cálculo do imposto e têm como escopo facilitar a tributação e evitar a evasão fiscal. O Fisco utiliza valores pré-fixados
para enquadramento do produto, buscando eliminar a possibilidade de manipulação dos preços da operação. 5. Tal
mecanismo, enfim, facilita a fiscalização tributária e evita a sonegação fiscal. 6. A reserva legal no âmbito do direito
tributário significa que todos os aspectos da regra matriz da hipótese de incidência tributária, seja os elementos
antecedentes da norma (material, temporal e espacial), seja os consequentes (quantitativo e pessoal), devem ser
taxativamente regulados por lei em sentido estrito. 7. Entretanto, tanto a doutrina tributária mais moderna, quanto esta
CORTE SUPREMA, vêm empregando ideia mais flexível do princípio da legalidade tributária, permitindo, por vezes, o
complemento de determinado aspecto da obrigação tributária mediante ato infralegal, desde que a lei trace limites à
regulamentação pelo Executivo. 8. Quanto ao tema, veja-se trecho do voto do ilustre Min. DIAS TOFFOLI nos autos do
RE 838.284 que, julgado sob o rito da repercussão geral (Tema 829), fixou a tese de que Não viola a legalidade tributária
a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os
custos da atuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização em percentual
superior aos índices de correção monetária legalmente previstos. 9. A Lei 7.798/1989 tratou apenas de regulamentar o
que já estava disposto no CTN, conceituando, portanto, o que seria valor da operação para fins de definição da base de
cálculo do IPI. A legislação aplicável ao IPI cuidou de trazer todos os aspectos da regra matriz de incidência tributária,
de forma que ao Poder Executivo foi delegada apenas a possibilidade de esmiuçar o conceito de valor da operação para
fins de se determinar o valor de IPI a ser pago. 10. Não houve qualquer alteração da base de cálculo; apenas se instituiu
uma técnica de tributação que leva em consideração o próprio valor da operação comumente verificada no mercado, em
respeito, portanto, ao que determina o CTN. 11. Do mesmo modo, não há falar em usurpação do arquétipo constitucional
e legal que regulamenta a matéria. Confirma esse entendimento o disposto no artigo 1º da Lei 8.218/1991, que, ao delegar
ao Ministro da Economia, Fazenda e Planejamento a possibilidade de alterar os valores do IPI, impôs que a alteração deve
se dar até o limite que corresponder ao que resultaria da aplicação da alíquota a que o produto estiver sujeito na TIPI
sobre o valor tributável. 12. Assim, a instituição de classes de valores utiliza como parâmetro o preço convencional do
produto (valor médio costumeiramente cobrado). Logo, é evidente que o preço do produto não perdeu seu caráter essencial
na definição do valor a ser cobrado, o que demonstra a compatibilização da Lei 7.798/1989 com a sistemática do CTN.
13. Recurso extraordinário a que se dá provimento, para julgar improcedente o pedido inicial. Tese de repercussão geral:
"É constitucional o artigo 3º da Lei 7.798/1989, que estabelece valores pré-fixados para o IPI".
OUTRAS INFORMAÇÕES
19 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
Emenda Regimental STF nº 57, de 16.10.2020 - Altera dispositivos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
Resolução STF nº 707, de 19.10.2020 - Prorroga a suspensão de prazos de processos físicos no Supremo Tribunal
Federal.