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Um Curso de Geometria Analítica

Alexandre Teixeira Béhague

Sumário
1 Fundamentos básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1 Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Operações com números reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Aplicações e funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4 Polinômios e sistemas de equações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2 Um pouco da nomenclatura da geometria plana . . . . . . . . . . . . . . . 10
3 Sistemas de coordenadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4 Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4.1 Operações com vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4.2 Funções e o método cartesiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
5 Estudo de retas e planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
5.1 Equações de retas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
5.2 Equações de planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5.3 Interseções de retas e planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5.4 Posições relativas entre retas e planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5.5 Perpendicularidade e ortogonalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.6 Ângulos em retas e planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.7 O conceito de distância através de vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
6 Cônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
6.1 Elipses . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
6.2 Hipérboles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
6.3 Parábolas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
7 Translações de elipses, hipérboles e parábolas . . . . . . . . . . . . . . . . 54
8 Superfícies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
8.1 Esferas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
8.2 Elipsoides . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
8.3 Hiperboloides de uma folha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
8.4 Hiperboloides de duas folhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
8.5 Paraboloides elípticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
8.6 Paraboloides hiperbólicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

1
Sumário Sumário

8.7 Quádricas cônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64


8.8 Quádricas cilíndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Apêndice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

Uma ideia matemática abstrata, sem contato com a intuição e a natureza, é freqüentemente
vista como uma «curiosidade matemática» e desprezada pelo ceticismo daqueles que valorizam
somente a prática e a aplicação.
Ocorre que a história registra inúmeros exemplos de «ideias curiosas», desenvolvidas por
matemáticos despreocupados com a praticidade, e que se mostraram indispensáveis em
trabalhos de outros profissionais de outras áreas do conhecimento.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 2 Geometria Analítica - 2021/2


Sumário Sumário

Observações para o aluno


◦ Geometria analítica’1 ’ não se faz com desenhos, é uma matemática que analisa
questões geométricas através de equações numéricas e, portanto, faz uso da aritmética e
da álgebra.
É matéria difícil de conteúdo muito vasto e que exige muita dedicação e interesse.
Porém, este texto de aulas foi preparado para concentrar todas as partes fundamen-
tais e os principais fatos desta matéria, não sendo necessária a leitura de outra fonte
bibliográfica.
Prática para aprender
Lembre-se que o objetivo é aprender a matéria e não apenas terminar o curso. Qualquer
um termina, mas só o aluno determinado aprende.
Estudar durante bastante tempo os exemplos e os exercícios é fundamental, não fazê-lo
significa desprezar uma parte importante do curso.
Saiba que os desenhos espalhados no texto não têm a função de embelezar, eles são
fundamentais para melhorar o entendimento da matéria.
Não se deixe dominar pela pressa e pelas redes sociais. O sucesso está no foco.
Fonte bibliográfica
◦ Podem ser consultados, entre outros, (1) Geometria Analítica, Steimbruch,
Alfredo; Winterle, Paulo, Editora Pearson, e (2) Geometria Analítica, um trata-
mento vetorial, Camargo, Ivan de; Boulos, Paulo, Editora Pearson Prentice Hall.
Estude os exemplos e exercícios.
◦ Os alunos MAT, CCOMP, FEN e FIS devem dominar os fundamentos da aritmé-
tica.’2 ’
Devido à péssima (nula) formação teórica no ensino fundamental e médio, torna-se
necessária a leitura de algum livro de aritmética, ou álgebra elementar. A biblioteca do
IME disponibiliza vários.

1
François Viète (1540-1603) em A introdução à arte analítica (1591) e Zetéticas (1593) mostra novos
métodos de álgebra simbólica aplicáveis à geometria; Pierre de Fermat (1601-1665) em Introdução aos
locais planos e sólidos (1637) é o primeiro a fazer a aplicação sistemática de coordenadas; René Descar-
tes (1596-1650) em A Geometria (1637) propõe um método de resolução sistemática de problemas de
geometria pelo cálculo algébrico. Estas publiações marcam o nascimento da geometria analítica.
2
É o mais elementar e o mais antigo ramo da matemática. É a ciência matemática que se preocupa com
os números e as operações que com eles se pode fazer. «A Aritmética é a base de toda a matemática, pura
ou aplicada. É a mais útil das ciências e provavelmente não existe nenhum outro ramo do conhecimento
humano tão espalhado entre as massas» Tobias Dantzig (1884-1956).

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 3 Geometria Analítica - 2021/2


Este texto de aulas é fornecido em caráter pessoal ao aluno inscrito em Geometria Analítica IME 3 1913, IME 3 3339, ou IME 3 10814, na UERJ. O autor não autoriza sua transferência a terceiros, nem a divulgação na Internet de parte ou da integra deste texto

1 Fundamentos básicos

Capítulo 1
Fundamentos básicos
Este capítulo se ocupa com as ideias mais básicas que darão sustentação ao curso e
que aparecem nas principais partes do texto.

Seção 1.1 Conjuntos


Conjunto é uma coleção de coisas fundamentais, indivisíveis, minimais (em geometria
são chamados pontos, em álgebra são elementos), não constituídos de nada menor e
que possuem todos uma mesma propriedade matemática, que pode ser numérica (quan-
titativa), ou não numérica (qualitativa). A nomenclatura usual é

’símbolo do conjunto’ = {’elemento do conjunto’; ’propriedade específica do conjunto’}.

Como exemplo, S 1 = {pontos (x, y) ∈ R2 ; x2 + y 2 = 1} é o círculo de centro em


O = (0, 0) e raio 1.
Um subconjunto Y de um dado conjunto X é uma coleção de pontos particulares de
X com uma determinada propriedade comum P, escreve-se

Y = {pontos A ∈ X; A verifica P},

leia ’Y é formado dos pontos A que pertencem a X tais que A verifica a propriedade P’.
Usa-se a notação Y ⊂ X, leia ’Y está contido em X’, ’Y é subconjunto de X’, para
indicar que cada ponto de Y é também ponto de X.
Como exemplo, S 1 é subconjunto do plano euclidiano R2 , pode-se escrever S 1 ⊂ R2 .
A ideia de igualdade em matemática não é tão simples como muitos acham: quando
se diz ’X é igual a Y’, quer-se dizer que todos os pontos do conjunto X são pontos do
conjunto Y, e todos os pontos de Y são também pontos de X. Neste caso, escrevemos
X = Y. Mas basta um ponto de X não ser ponto de Y, ou um ponto de Y não ser ponto
de X, para que os conjuntos não sejam iguais e então escrevemos X 6= Y.
Com dois conjuntos podemos formar três tipos especiais de conjuntos:
1) A união de X e Y é o conjunto

X ∪ Y = {pontos A; A ∈ X ou A ∈ Y}.

2) A interseção de X e Y é o conjunto

X ∩ Y = {pontos A; A ∈ X e A ∈ Y}.

Quando X ∩ Y = ∅, ou seja, quando X e Y não têm ponto comum, diz-se que X e Y


são disjuntos. Mas cuidado, em matemática a palavra ou não significa ’ou é P, ou é Q’,
pode ocorrer ’é P e é Q’.

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1 Fundamentos básicos 1.2 Operações com números reais

3) O produto cartesiano de X e Y é o conjunto

X × Y = {(x, y); x ∈ X e y ∈ Y}

de pares ordenados, em que os conjuntos X e Y podem ter mesma natureza, ou não, um


pode ser numérico e o outro não numérico.

Seção 1.2 Operações com números reais


x
1) Os números racionais Q = { ; x ∈ Z e y ∈ Z, y 6= 0} reunidos com os núme-
y
ros irracionais {a0 , a1 a2 ...an ... dízima não-periódica ; a0 , a1 , a2 , ..., an , ... ∈ Z} formam o
conjunto R dos números reais e nele tem destaque o subconjunto R+ dos números reais
positivos e o zero, bem como R− = {−x; x ∈ R+ }. As operações sobre R:
1. Adição, a cada (x, y) ∈ R × R se associa a soma x + y;
2. Multiplicação, a cada par (x, y) se associa o produto x.y = xy;
3. Subtração, (x, y) é associado à diferença x − y := x + (−y);
x
4. Divisão, (x, y), com y 6= 0, é associado ao quociente := xy −1 .
y
1
1 3 1 1 1 3 1 3
Observe a diferença entre 3 = e = e 2 = = .
2 2 2 3 6 1 1 2 2
3
A adição e a multiplicação se relacionam através das seguintes regras de distribuição:
x(y + z) = xy + xz e (y + z)x = yx + zx = xy + xz, ∀x, y, z ∈ R.
x−3 7
A equação = se desenvolve via multiplicação em cruz, isto é, multiplicando-se
5 2
2 x−3 7
ambos membros da equação por , logo = ⇒ (traduza esta flecha ’⇒’ como
7 5 2
41
’implica em’) 2(x − 3) = 35 ⇒ 2x − 6 = 35 ⇒ x = .
2
Vale x0 = 0, ∀x ∈ R: de fato, x0 + x = x0 + x1 = x(0 + 1) = x1 = x e, somando −x
a ambos os membros da igualdade x0 + x = x, tem-se x0 = 0.
Se xy = 0, então x = 0, ou y = 0: com efeito, se y 6= 0, então xyy −1 = 0y −1 ⇒ x1 =
x = 0. Se, ao contrário, x 6= 0, então xx−1 y = x−1 0 ⇒ 1y = y = 0. Isto significa que o
único divisor de zero em R é o número zero.
Pode-se facilmente estabelecer as regras dos sinais, isto é, x(−y) = −(xy) = (−x)y e
(−x)(−y) = xy: de fato, x(−y) + xy = x(−y + y) = x0 = 0 e, somando −(xy) a ambos
membros da igualdade x(−y) + xy = 0, tem-se x(−y) = −(xy). O mesmo é feito para
(−x)y = −(xy). Por fim, (−x)(−y) = −[x(−y)] = −[−(xy)] = xy. Segue, em particular,
que (−1)(−1) = 1.
2) Potenciação. A n-ésima potência de x é o número xn igual a x. | x.{z. . x}, sendo
n vezes
que o número n se chama o expoente de x. Claro que x1 = x.

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1 Fundamentos básicos 1.2 Operações com números reais

(x + y)2 é o segunda potência de x + y, é o quadrado de x + y, enquanto que x2 + y 2


é a soma do quadrado de x com o quadrado de y. Claro que (x + y)2 = (x + y)(x + y) =
x2 + 2xy + y 2 6= x2 + y 2 .
(x − y)2 é o quadrado da diferença x − y, enquanto que x2 − y 2 é a diferença do
quadrado de x pelo quadrado de y. Note que (x − y)2 = (x − y)(x − y) = x2 − 2xy + y 2 e
x2 − y 2 = (x + y)(x − y).
(2x+3)2 = (2x)2 +2(2x)3+32 = 4x2 +12x+9. Note que (3x−5)2 = (3x)2 −2(3x)5+52 =
9x2 − 30x + 25 é diferente de (3x)2 − 52 = (3x − 5)(3x + 5) = (3x)2 + (3x)5 − 5(3x) − 25 =
9x2 − 25.

3) Radiciação. A raiz n-ésima de x é o número n x := x n igual a y, no sentido que
1

√ 1 1
y n = ( n x)n = (x√ n)
n
= xn n = x.
√ Observe que 4 =√2. Por outro lado, existem dois números√cujo quadrado √ é 4, pois
x2 = x, se x ≥√0, e x2 = q −x, se x < 0. Assim, x 2
= 4 ⇔’3
’ x2 = 4 ⇔ ±x =2⇔
x = ±2. Então, 22 = 2 e (−2)2 = 2.
Quando em um cálculo de distância, área, volume, chega-se a ±x, a solução é x > 0.
4) A relação de ordem para os números reais. Dados x, y ∈ R, escreve-se x < y (leia
’x é menor do que y’) quando y − x ∈ R+ . Também podemos escrever y > x (’y é maior
do que x’). Claro que x > 0 quando x ∈ R+ e x < 0 quando x ∈ R− .
 5) O valor absoluto de x ∈ R, módulo de x, é definido por |x| = max{x, −x} =
x, se x ≥ 0
e possui as seguintes propriedades:
−x, se x < 0
1. |x| ≥ 0 e |x| = 0 se e somente se x = 0;
2. |x − y| = |y − x|;
3. |xy| = |x||y|;
x |x|
4. | | = , para y 6= 0;
y |y|
5. |x + y| ≤ |x| + |y|.
Como subproduto da definição, para qualquer x ∈ R, tem-se −x ≤ |x|, x ≤ |x| e
−|x|
 ≤ x ≤ |x|. Exemplos, | − 4| = 4, | − π + 3| = π − 3 (π: pi, ’p’ latino), |x − 3| =
x − 3, quando x ≥ 3
−x + 3 quando x < 3
.

Dados números reais a, x e r, vale |x − a| < r ⇔ a − r < x < a + r.


De fato, |x − a| ≥ x − a e |x − a| ≥ −(x − a), assim |x − a| < r implica x − a < r
e −(x − a)− = a − x < r e então a − r < x < a + r. O raciocínio no sentido inverso
(recíproca) é verdadeiro e imediato.
3
Imagine que P e Q são duas frases. O símbolo P ⇒ Q é lido ’P implica Q’, e também ’se P, então
Q’. Significa que se vale a frase P, então vale a frase Q.
O símbolo ⇔ se chama ’se e somente se’, P ⇔ Q é lido ’P se e somente se Q’, indicando que tanto
vale a afirmação P ⇒ Q, quanto a afirmação recíproca Q ⇒ P

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1 Fundamentos básicos 1.3 Aplicações e funções

Na prática, devido a este resultado, o módulo permite pensar um intervalo de números


como se fosse um segmento de reta, isto é, a inequação |x − a| < r representa o intervalo
real (a − r, a + r) de todos os números que são simultaneamente maiores do que a − r e
menores do que a + r, isto é, |x − a| < r ⇔ a − r < x < a + r.

( . . )
a-r x a a+r

1 3 5
Por exemplo, |x − 2| < é o intervalo dos números x ∈ R tais que < x < .
2 2 2
Um propriedade do módulo bastante útil é a desigualdade do triângulo: dados
x, y ∈ R, vale |x + y| ≤ |x| + |y|.

Seção 1.3 Aplicações e funções


Por aplicação entende-se uma regra de associação matemática e dois conjuntos tais
que, a cada ponto de um, faz-se corresponder um ponto do outro. O conjunto onde a regra
é aplicada chama-se domínio, o outro conjunto, que contém os resultados da aplicação
da regra, é chamado contra-domínio. Em símbolos, escrevemos

f : X → Y (leia ’f está definida de X para Y’),

em que f é a regra de associação, X é o domínio de f e Y é o contra-domínio de f .


A cada x ∈ X, f associa um único y ∈ Y e escrevemos y = f (x) (leia ’y é igual a f de
x’). O ponto y é a imagem de x por f , o valor de f em x. O conjunto imagem de f
é o conjunto
f (X) = {f (x) ∈ Y; x ∈ X} (leia ’f de X’).
O gráfico de f é o conjunto

G(f ) = {(x, f (x)); x ∈ X} ⊂ X × Y

e pode assumir uma infinidade de formas, dependendo da expressão de f .


A pré-imagem de um subconjunto E ⊆ Y por f : X → Y é o conjunto

f −1 (E) = {x ∈ X; f (x) ∈ E} (leia ’f a menos um de E’).

O termo função é reservado exclusivamente para as aplicações √ que assumem valores


reais ou complexos, ou seja, Y = R ou C = {x + iy; x, y ∈ R e i = −1 }.
Alguns tipos gerais de aplicações:
1. Biunívoca: x 6= y ∈ X ⇒ f (x) 6= f (y) ∈ f (X).
2. Sobre: dado y ∈ Y, existe (ao menos) um x ∈ X, tal que f (x) = y. Assim,
f (X) = Y.
3. Bijetiva ou correspondência biunívoca: a aplicação é biunívoca e sobre.

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1 Fundamentos básicos 1.4 Polinômios e sistemas de equações

Seção 1.4 Polinômios e sistemas de equações


Polinômio é uma expressão algébrica em que estão envolvidas as operações de adição,
subtração, multiplicação e divisão, bem como expoentes inteiros positivos.
x3 3
São polinômios: p(x) = + (x − 1)2 − 14, q(x) = (x − )2 + 5x + 2.
7 √ 4
Não são polinômios: r(x) = x2 − x + 2, s(x) = x2 + sen x.
Uma expressão da forma f (x) = ax + b é um polinômio do primeiro grau, pois o maior
exponente de x é 1, já uma expressão da forma f (x) = ax2 + bx + c é um polinômio do
segundo grau, visto que o maior exponente de x é 2.
Encontrar uma raiz de f (x) = ax + b equivale à se resolver a equação ax + b = 0.
2
Assim, a raiz de f (x) = 3x − 2 é obtida de 3x − 2 = 0, ou seja, é x = . Isto significa
3
2 2 2
que f ( ) = 3( ) + 2 = 0 e que f (x) = 3x − 2 = 3(x − ).
3 3 3
Encontrar uma raiz de f (x) = ax2 + bx+ c consiste em se resolver a equação ax2 + bx+
c = 0, assim as possíveis raízes de f (x) = ax2 + bx + c são dadas pela fórmula quadrática

−b ± b2 − 4ac
x= .
2a
Note que √se b2 − 4ac > 0, então a equação √
ax2 + bx + c = 0 terá duas raízes reais, uma
−b + b2 − 4ac −b − b2 − 4ac
éx= , a outra é x = . Se, ao contrário, b2 − 4ac = 0,
2a 2a
b
então a equação ax2 + bx + c = 0 terá somente uma raiz real, que é x = − .
2a
A resoluçãoqde f (x) = 3x2 − 4x + 1 é obtida ao se escrever 3x2 − 4x + 1 = 0 e
−(−4) ± (−4)2 − 4.3.1 4±2 1
x = = . As raízes são x0 = 1 é x1 = , portanto,
2.3 6 3
1 1
f (1) = 0, f ( ) = 0 e f (x) = 3x − 4x + 1 = 3(x − 1)(x − ).
2
3 3
Um sistema de equações consiste em um grupo de duas ou mais equações, com uma
ou mais variáveis. Por exemplo,

9x2 − 4y 2 − 36 = 0
3x + 2y + 15 = 0

Resolver um sistema de equações significa obter valores para as variáveis, de modo que
ambas equações do sistema sejam simultaneamente satisfeitas.
Existem várias técnicas, mais aqui no curso de geometria analítica e cálculo vetorial
se emprega basicamente duas.
1) Somar o membro esquerdo de uma equação com o membro esquerdo da outra, o
que gera o membro esquerdo de uma expressão auxiliar. Somar o membro direito de
uma equação do sistema com o membro direito da outra, o que gera o membro direito da

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1 Fundamentos básicos 1.4 Polinômios e sistemas de equações

expressão auxiliar. Então, isolar uma das variáveis na expressão auxiliar e substituí-la em
uma das equações originais do sistema.
2) Isolar de imediato uma das variáveis em uma das equações do sistema, e substituí-la
em outra equação do sistema.
−3x − 15
No caso do sistema exemplo, isole y na equação mais simples e obtenha y = .
2
−3x − 15 −3x − 15 2
Agora, substitua y por na outra equação, assim 9x2 − 4( ) − 36 =
2 2
29
0 ⇒ 9x2 − 9x2 − 90x − 225 − 36 = 0 ⇒ −90x − 361 = 0 ⇒ x = − .
10
−3x − 15
Agora, volte à expresta obtida ao se isolar y, isto é, y = , e substitua x por
2
29 −3x − 15 3 15 3 29 15 63
− . Deste modo, y = = − x− = − (− ) − = − . Portanto, a
10 2 2 2 2 10 2 20
solução do sistema

9x2 − 4y 2 − 36 = 0
3x + 2y + 15 = 0
29 63
éx=− ey=− .
10 20
Como estamos estudando uma matéria de geometria, onde um dos elementos fun-
29 63
damentais é o ponto, dizemos então que o ponto (x, y) = (− , − ) é a solução do
10 20
problema. E como se trata de um problema geométrico, somos obrigados à fazer uma
interpretação geométrica do sistema

9x2 − 4y 2 − 36 = 0
3x + 2y + 15 = 0

Ocorre aqui que a hiperbole de equação 9x2 − 4y 2 − 36 = 0 é interceptada pela reta


29 63
de equação 3x + 2y + 15 = 0 e o resultado é o ponto (− , − )!
10 20

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Este texto de aulas é fornecido em caráter pessoal ao aluno inscrito em Geometria Analítica IME 3 1913, IME 3 3339, ou IME 3 10814, na UERJ. O autor não autoriza sua transferência a terceiros, nem a divulgação na Internet de parte ou da integra deste texto

2 Um pouco da nomenclatura da geometria plana

Capítulo 2
Um pouco da nomenclatura da geometria plana
1) Segmento de reta AB é o conjunto de todos os pontos alinhados (colineares) com
A e B e que estão entre A e B.

. .
A B

−→
2) Semi-reta AB é o conjunto AB ∪ {pontos P ; B está entre P e A}.

. .
A B

É um conjunto com início, a origem A, e que se estende infinitamente com uma


determinada orientação (direção, indicação de rumo a seguir, sentido).
←→ −→ −→
3) Reta AB é a reunião AB ∪ BA, conjunto infinito formada de infinitos pontos.

. .
A B

Três pontos são colineares se há uma reta que os contém; são não-colineares se não
estão simultaneamente em uma mesma reta.
4) A intersecção de duas retas é um
único ponto e determina um plano. Isto é, A B
.
se retas r e s têm ponto comum A, escolha
.
B ∈ r, C ∈ s e o plano que contém r e s, o
plano que contém A, B e C não-colineares,
é a reunião {retas que passam por A e um
ponto de BC} ∪ {retas que passam por B e
.C
um ponto de AC} ∪ {retas que passam por
C e um ponto de AB}.
Dados uma reta r e um ponto P 6∈ r, existe um único plano Π (pi maiúsculo, ’P’) que
os contém. Duas retas são paralelas quando são coplanares (estão em um mesmo plano)
e disjuntas.
Dois planos são paralelos quando são disjuntos, infinitos planos paralelos determinam
o espaço, muitas vezes denotado pelo símbolo R3 , ou V3 .
Dados um plano Π e um ponto P 6∈ Π, existe um único plano Σ (sigma maiúsculo,
’S’) que contém P e é paralelo a Π.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 10 Geometria Analítica - 2021/2


2 Um pouco da nomenclatura da geometria plana

−→ −→
5) Dadas duas semi-retas AB e AC, o plano que as contém .
B
fica dividido em duas partes, sendo que a parte convexa é
chamada ângulo e denotado por BAC. [ A é o vértice do
ângulo, as semi-retas limitantes são as arestas do ângulo.
A medida de BAC[ é um número, obtido por intermédio A.
[ e
.
do instrumento transferidor, e que se denota por m(BAC) C
também por med(BAC).[
[ = 60◦ ; na prática, e por abuso
Em teoria, a gente escreve med(BAC) de linguagem, a
[ = 60◦ .
gente pode escrever BAC
Supondo seis pontos em um plano, com os B.
quais se determinam ABC [ e EDF \ medindo E.
[
45 , podemos escrever ABC = 45 e EDF =
◦ ◦ \ A. 45º
45◦ . Mas não podemos escrever ABC[ = EDF \, 45º . .
pois os dois ângulos são conjuntos diferentes. F C
D .
6) Dados uma reta r e um ponto P 6∈ r, s
existe uma única reta s que contém P e é per-
pendicular a r, isto é, ficam definidos qua- .P
tro ângulos retos (= 90 ) a partir do vértice

A = r ∩ s, e escreve-se r ⊥A s.
Existem infinitas retas em um plano Π que .
A r
contêm (passam) por um dado P ∈ Π e diz-
se que uma reta r é perpendicular a Π por P
(escreve-se r ⊥P Π) se for r perpendicular a r
duas quaisquer retas s, t ⊂ Π com s ∩ t = P .
7) A projeção (perpendicular) de uma reta r
sobre um plano Π é o conjunto de pontos A′ ∈ Π
←→ t
tais que AA′ ⊥A′ Π, com A ∈ r. .
P
s r s

A.

. A’
P

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 11 Geometria Analítica - 2021/2


Este texto de aulas é fornecido em caráter pessoal ao aluno inscrito em Geometria Analítica IME 3 1913, IME 3 3339, ou IME 3 10814, na UERJ. O autor não autoriza sua transferência a terceiros, nem a divulgação na Internet de parte ou da integra deste texto

3 Sistemas de coordenadas

Capítulo 3
Sistemas de coordenadas
O conceito de distância é fundamental em geometria, com distância é possível definir
a ideia de coordenadas de um ponto, estudar retas, planos e muito mais.
Imagine pontos em algum conjunto X, no qual (1) é fixada uma unidade de medida de
comprimento (um centímetro (1 cm), um metro (1 m), etc.) e (2) a cada par de pontos
A, B ∈ X, fica estabelecido o número real d(A, B) = comprimento de AB, o qual verifica
as seguintes propriedades:
1. d(A, B) ≥ 0;
2. d(A, B) = 0 se e somente se A = B;
3. d(A, B) = d(B, A);
4. d(A, B) ≤ d(A, C) + d(B, C).
Esse número é conhecido como a distância entre A e B, também a distância de A
a B. Na prática, quando se trata de pontos na reta, no plano, ou no espaço (conjunto que
suporta uma infinidade de planos paralelos entre si), podemos imaginar d(A, B) obtido
através de uma régua, de uma fita métrica, ou mesmo por meio de um raio laser.

Coordenadas em um eixo

Eixo é o nome dado a uma reta onde estão fixados (1) um ponto, dito a origem do
sistema de coordenadas, (2) uma unidade de medida de comprimento e (3) um sentido
de movimento, chamado sentido positivo. Em geral, desenhamos uma reta horizontal
e o sentido positivo é da esquerda para a direita. E para uma reta vertical, o sentido
positivo é de baixo para cima. Então, se são dados A e B em um eixo, dizemos que B
está à direta de A, e que A está à esquerda de B, quando o sentido de movimento
de A para B coincide com o sentido positivo.
. .
A B sentido positivo

Qualquer eixo sempre está em correspondência biunívoca com R, e isto é feito assim.
Um ponto O é associado ao zero, este ponto é a origem do sistema de coordenadas. Para
um ponto A à direita de O corresponde o número a = d(A, O) que é a coordenada de
A, e para um ponto B à esquerda de O corresponde o número b = −d(B, O) que é a
coordenada de B.
b a

b 0 a
. . .
B O A

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3 Sistemas de coordenadas

Exercício 1. Faça um desenho do eixo horizontal com A, B, C e D de coordenadas


1
3, 5, − e −2, respectivamente.
2
Fica estabelecido que a distância entre A e B é o número

d(A, B) = |a − b|,

em que a é a coordenada de A, b é a coordenada de B.


Exercício 2. Se A tem coordenada 12 e B tem coordenada −3, qual a coordenada do
2
ponto, tal que a razão das distâncias a A e B é igual a ?
3
Note que a posição relativa entre A, B e O é irrelevante para o cálculo de d(A, B): de
fato, se A e B estão à direita de O, com 0 < a < b, então d(B, O) = d(A, O) + d(A, B) ⇒
d(A, B) = d(B, O) − d(A, O) = b − a = |b − a| = |a − b|. Se A e B estão à esquerda de
O, com b < a < 0, então d(B, O) = d(A, O) + d(A, B) ⇒ d(A, B) = d(B, O) − d(A, O) =
−b − (−a) = a − b = |a − b|. E se A está à esquerda e B à direita de O, com a < 0 < b,
então d(A, B) = d(A, O) + d(B, O) = −a + b = |b − a| = |a − b|.
Exercício 3. Determine d(A, B), d(A, D), d(C, A), d(C, D), d(D, B), sendo que A, B, C e
D tem coordenadas 4, 5, −2 e 1, respectivamente.
Exercício 4. Determine d(A, B) nos seguintes casos: (1) A e B de coordenadas 4 e 7;
(2) de coordenadas −1 e −5; (3) de coordenadas −10 e 2.

Coordenadas em um plano

Consideremos agora um plano Π onde estão dispostos dois eixos de mesma origem O,
um sendo horizontal e que se chama eixo-x, ou eixo Ox, e um que é vertical e que se
chama eixo-y, ou eixo Oy.
Dado um ponto P ∈ Π, existe uma única reta
P Oy
vertical que o contém e intercepta o eixo-x em X,
e existe uma única reta horizontal que contém P e
intercepta o eixo-y em Y . Em conseqüência, surgem
os números x = d(X, O) e y = d(Y, O) e que são
Y. .P
y
associados biunivocamente a P . Escrevemos então O.
P = (x, y), sendo que x é a 1a coordenada de P ,
.
X Ox
y é a 2a coordenada de P , também conhecidas
como abscissa e ordenada de P . x
Note que dependendo da posição de P , e por-
tanto dos pontos X ∈ eixo-x e Y ∈ eixo-y, cada
uma das coordenadas de P pode ser positiva, nega-
tiva ou zero.

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3 Sistemas de coordenadas

Algumas posições particulares. A = (4, 0) é um ponto no eixo-x, B = (−1, 0) também.


C = (0, 2) é um ponto no eixo-y, D = (0, −5) também.
Seja R2 = {(x, y); x, y ∈ R} o conjunto formado por pares ordenados de números reais,
conhecido como espaço euclidiano real de dimensão 2. É fácil ver que qualquer plano
está em correspondência biunívoca com R2 , e é por isto que muitas vez escrevemos ’o plano
R2 ’.
Suponha agora A = (x1 , y1 ) e B = (x2 , y2 ) em um plano. Qual é a distância entre os
pontos?
A reta vertical por A intercepta a reta horizontal
Oy
por B, o que faz surgir C. Claro que ABC é um
triângulo retângulo e pode-se utilisar o Teorema de
Pitágoras, de tal modo que d2 (A, B) = d2 (B, C) + y1
.A
d2 (A, C) = (x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 e então
.
q y1 - y2
d(A, B) = (x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 . y2
.
. .
B C
Exercício 5. Determine a distância entre O. .
X = (−1, 3) e Y = (3, −5).
.
x2 x1 Ox

Exercício 6. Calcule as coordenadas de um ponto x1 - x2


que dista 4 de Z = (5, 7).

Exercício 7. O ponto B = (x, 1) que dista 5 de A = (2, 5).

Exercício 8. Determine (1) o ponto à direita de A = (3, 2) distante 4, (2) o ponto à


esquerda distante 1, (3) o ponto embaixo distante 3, (4) e o ponto em cima distante 2.

Coordenadas no espaço

Vamos avançar um pouco mais, considerando


agora um plano horizontal com os eixos Ox e Oy, Oz
Oyz
bem como dois planos verticais, um contendo Ox, o
Z.
outro contendo Oy, e que compartilham o chamado
eixo-z, ou eixo Oz.
Os exos Ox e Oy determinam o plano-xy, tam- Oxz .P
bém plano Oxy; já os eixos Ox e Oz determinam o .O z
plano-xz, ou plano Oxz; por fim, os eixos Oy e Oz x
.Y
determinam o plano-yz, também plano Oyz. Oy
X.
Por um dado ponto P no espaço, passa uma
Oxy
.
única reta paralela a Oz (logo vertical) que inter- Ox y
P’
cepta Oxy em um ponto P ′ . Por este pode-se fazer
passar uma reta paralela a Oy e que intercepta Ox

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 14 Geometria Analítica - 2021/2


3 Sistemas de coordenadas

em X de coordenada x = d(X, O). Também há uma reta que contém P ′, é paralela a Ox


e intercepta Oy em Y de coordenada y = d(Y, O).
E existe uma reta perpendicular a Oz (logo horizontal) passando por P , o que deter-
mina o ponto Z em Oz de coordenada z = d(Z, O) = d(P, P ′).
Esses números são associados biunivocamente a P , à exemplo do que se fez com a reta
e o plano. Escrevemos então P = (x, y, z), sendo que x é a 1a coordenada de P , y é a
2a coordenada de P e z é a 3a coordenada de P , também conhecidas como abscissa,
ordenada e cota de P .
Note que dependendo da posição de P , e portanto de X ∈ eixo-x, Y ∈ eixo-y e Z ∈
eixo-z, cada coordenada de P pode ser positiva, negativa ou zero.
Algumas posições particulares. A = (3, 0, 0) é um ponto no eixo-x, B = (−2, 0, 0)
também. C = (0, 3, 0) está no eixo-y, D = (0, −1, 0) também. E E = (0, 0, 9) está no
eixo-z, bem como F = (0, 0, −5).
Seja R3 = {(x, y, z); x, y, z ∈ R} o conjunto formado por termos ordenados de números
reais, conhecido como espaço euclidiano real de dimensão 3. É fácil ver que o espaço
está em correspondência biunívoca com R3 , e é por isto que muitas vez escrevemos ’o
espaço R3 ’, pois todo ponto do espaço está associado biunivocamente a um terno de
números.
Suponha agora A = (x1 , y1, z1 ) e B = (x2 , y2 , z2 ) no espaço. Qual é a distância entre
os pontos?
Na reta paralela a Oz, que contém B, há um
ponto C que tem a mesma 3a coordenada de A,
diz-se que A e C estão no mesmo nível. Claro
Oz
que ABC é um triângulo retângulo, sendo que Oyz
d2 (A, C) = d2 (A′ , B ′ ) = (x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 e z2 .
d2 (B, C) = (z1 − z2 )2 . Logo
q
d(A, B) = (x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 + (z1 − z2 )2 . Oxz .B
z1 .
.
Exercício 9. Determine a distância entre O
. Oy
.
x2 . y1
A = (2, −1, 1) e B = (4, −2, 2). x1 - x2 A.
.
C y2
x1 .
Exercício 10. Calcule as coordenadas de um A’.
.
Oxy B’
ponto que dista 3 de A = (1, 2, −1). Ox y1 - y2

Exercício 11. Calcule a distância entre a projeção


de A = (3, 2, 1) e de B = (4, −1, 2) sobre o plano-xy.

Exercício 12. Para A = (−1, 4, 1) e B = (5, 3, 2),


[
(1) determinar C como na ilustração acima, (2) BAC.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 15 Geometria Analítica - 2021/2


Este texto de aulas é fornecido em caráter pessoal ao aluno inscrito em Geometria Analítica IME 3 1913, IME 3 3339, ou IME 3 10814, na UERJ. O autor não autoriza sua transferência a terceiros, nem a divulgação na Internet de parte ou da integra deste texto

4 Vetores

Capítulo 4
Vetores
ap. 1 O segmento de reta desenhado de um ponto A para outro B é chamado segmento
orientado (A, B), sendo que A é sua origem e B é sua extremidade.
Diz-se que (C, D) é equipolente a (A, B), ou que (C, D) ’é uma cópia de’ (A, B),
quando:
1. (C, D) e (A, B) são paralelos, isto é, têm mesma direção;
2. (C, D) e (A, B) têm mesmo sentido, isto é, quando AC e BD não têm ponto comum;
ap. 2 3. (C, D) e (A, B) têm mesmo comprimento, isto é, d(A, B) = d(C, D).
−→
O vetor AB é o conjunto formado por (A, B) e todos os segmentos equipolentes a
−→
(A, B), ou seja, imaginamos AB como formado por todas as cópias de (A, B).

vetor AB .D

C
. .B
A.

.Y
X.

−→
Quando falamos em vetor AB, pensamos um segmento orientado (A, B) que é dese-
−→
nhado onde quisermos. Por isto, é comum dizer que (A, B) representa AB, que (A, B)
−→
pertence a −→
v , podemos escrever (A, B) ∈ − →
v e−→v = AB.
−→ −−→
Se (A, B) e (C, D) são equipolentes, então AB = CD e reciprocamente.
Muitas vezes não é de interesse destacar qualquer segmento orientado para indicar um

→ −
vetor, usamos então letras minúsculas com uma seta superior tal como − →a , b ,→v , etc.
É muito comum ver em textos científicos a ilustração que deve
v
ser interpretada com cuidado: o símbolo − →v ao lado do segmento
orientado (flecha) está somente nos lembrando que este segmento
orientado é um dos infinitos segmentos orientados que formam o vetor. Não é o vetor
propriamente dito! Bem ao contrário do que muitos acham, não podemos desenhar
vetor simplesmente porque vetor não é um segmento de reta.

→u e −→
v são paralelos quando os segmentos orientados de um vetor são paralelos
aos segmentos orientados do outro vetor, neste caso escreve-se − →
u k −→v . E os vetores
são ortogonais quando os segmentos orientados de um são ortogonais (formam 90◦ ) aos
segmentos orientados do outro, neste caso escreve-se −→u ⊥−→v.

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4 Vetores 4.1 Operações com vetores

−→ −→
A norma de AB é o comprimento do segmento geométrico AB e é denotado por |AB|.
Assim, |−→
v | = 3 significa que −

v é formado por uma infinidade de segmentos orientados
todos medindo 3. Dizemos que − →v mede 3, que −

v tem norma 3, que −

v tem comprimento
igual a 3.

Seção 4.1 Operações com vetores


Já vimos no capítulo 3, pg 12, como se pode associar três coordenadas cartesianas
a um ponto em R3 . Qualquer vetor pode também ser associado biunivocamente a três
números reais. Geometricamente, isto é feito assim: estão fixados os eixos Ox e Oy
horizontais e o eixo Oz vertical, tomamos um segmento orientado contido em − →
v , de
origem A = (x1 , y1 , z1 ) e extremidade B = (x2 , y2 , z2 ), e então


→ −→
v = AB = (x2 − x1 , y2 − y1 , z2 − z1 ). ap. 3

E se for considerado outro segmento orientado em −



v , com origem C = (x3 , y3 , z3 ) e
extremidade D = (x4 , y4 , z4 ), então


→ −−→
v = CD = (x4 − x3 , y4 − y3 , z4 − z3 ) = (x2 − x1 , y2 − y1 , z2 − z1 ).

Exemplo 1. Os segmentos orientados (A, B) e (C, D), com A = (1, 2, 3), B = (5, 3, 1),
C = (−2, 1, 4) e D = (2, 2, 2), pertencem ao vetor −

v = (5 − 1, 3 − 2, 1 − 3) = (4, 1, −2),
obtido com as coordenadas de A e de B. Se usarmos as coordenadas de C e D, tem-se


v = (2 − (−2), 2 − 1, 2 − 4) = (4, 1, −2).

Exercício 13. Considerando-se A = (1, 2, 5), B = (−2, 1, 1) e C = (4, 6, 2), determine


−→ −→ −→ −→
(1) P , tal que CP = AB, (2) Q, tal que OQ = AB.

Soma de vetores

→ −

A soma de −→
a = (x1 , y1 , z1 ) e b = (x2 , y2 , z2 ) é o vetor −

a + b = (x1 +x2 , y1 +y2, z1 +z2 ),
e valem as seguintes propriedades:

→ −
→ →
1. (−
→a + b )+− →c =− →a +( b +− c );

→ −
→ − → − →
2. a + b = b + a ;


3. −
→a + (−−→
a ) = 0 , de modo que −− →
a = (−x1 , −y1 , −z1 ).


Exemplo 2. Suponha − →
a = (3, 2, −1), b = (−2, 2, 1) e − →c = (6, 0, 2).

→ −
→ −

Então ( a + b ) + c = [(3, 2, −1) + (−2, 2, 1)] + (6, 0, 2) = (1, 4, 0) + (6, 0, 2) = (7, 4, 2)

→ →
e−
→a +(b +− c ) = (3, 2, −1) + [(−2, 2, 1) + (6, 0, 2)] = (3, 2, −1) + (4, 2, 3) = (7, 4, 2). E
−−
→a = −(3, 2, −1) = (−3, −2, 1).

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4 Vetores 4.1 Operações com vetores

Em termos de segmentos orientados que a B



→ −
→ .
pertencem a a e a b sem mesma origem ou a b
extremidade, em posição aleatória, fixa-se A,
ao acaso, e existe um único B, tal que (A, B)
. .
b A a +b C
pertence a −
→a.
Existe um único C, tal que (B, C) pretence

→ −

a b e então −
→a + b é pensado como contendo (A, C) e suas cópias equipolentes, escreve-se

→ −
→ −→ −−→ −→
a + b = AB + BC = AC.
−→
Exercício 14. Sendo A = (5, −1, 2), B = (1, 1, 1) e C = (3, 2, 7), determine (1) AC como
−→ −−→ −−→ −→ −→
AB + BC, (2) BC como BA + AC.

Diferença de vetores


→ −
→ → −

A diferença entre − →a = (x1 , y1 , z1 ) e b = (x2 , y2 , z2 ) é o vetor −

a − b =−
a + (− b ) =
(x1 − x2 , y1 − y2 , z1 − z2 ).

→ −

Exemplo 3. Sendo − →a = (1, 1, 1) e b = (7, 5, 3), então −

a − b = (1, 1, 1) − (7, 5, 3) =

→ → − →
(−6, −4, −2). Tem-se também b + − c = 0 implica que (7, 5, 3) + (x, y, z) = (7 + x, 5 +


y, 3 + z) = (0, 0, 0), logo x = −7, y = −5, z = −3. De fato, − →c = (−7, −5, −3) = − b .

Norma de vetor

Visto que os eixos coordenados √ 2Ox, Oy, Oz são perpendiculares entre si, a norma de

→ −

a = (x, y, z) é o número | a | = x + y + z 2 . 2
−→ −−→ −→
E se − →
a = AB, com A =q(x1 , y1, z1 ), B = (x2 , y2, z2 ) 6= O, então |− →a | = |OB − OA| =
|(x2 , y2 , z2 ) − (x1 , y1 , z1 )| = (x2 − x1 )2 + (y2 − y1 )2 + (z2 − z1 )2 .

→ −

Quando dois vetores são ortogonais, vale |− →
a + b |2 = |− →
a |2 + | b |2 .
√ √
Exemplo 4. −

a = (4, 3, 1) tem norma 42 + 32 + 12 = 26.
−→
Exercício 15. Qual a coordenada faltante de A = (2, y, 1), de modo que AB, com
B = (4, 5, 7), tem norma 7?

Produto de número real por vetor

O produto de x ∈ R por −

a = (x1 , y1 , z1 ) é o vetor x−

a = (xx1 , xy1 , xz1 ), e valem as
seguintes propriedades:

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 18 Geometria Analítica - 2021/2


4 Vetores 4.1 Operações com vetores

.D
1. |x−
→a | = |x||−

a |, isto é, todos os segmentos 2 v = CD
orientados que pertencem a x− →a são paralelos .B | v |=5


aos segmentos orientados de a , mas medindo v = AB . | 2 v |=10
o comprimento de qualquer um destes multipli- |_ _1 v |=2,5
.E 2
cado por |x|; A
.
_ _1 v = EF
2. x−→
a e− →
a são de mesma direção e mesmo C
. . 2
F
sentido se x > 0; e são de mesma direção e .
sentidos contrários se x < 0.
Assim, a multiplicação de um vetor por um escalar negativo implica que todos os
segmentos orientados do vetor têm o sentido inicial invertido (rotação de 180◦ ).
3. x(y −
→a ) = (x.y)−→a;
4. x a + y a = (x + y)−

→ −
→ →
a;

→ −
→ −
→ −

5. x a + x b = x( a + b );

→ − →
6. 0−
→a =x0 = 0.

→ √
Exemplo 5. Considere − →a = (10, −1, 1) e b = (3, 2, 5). Temos |−→a | = 102, 3− →
a =

→ −
→ −

3(10, −1, 1) = (30, −3, 3), −2 b = −2(3, 2, 5) = (−6, −4, −10), 3 a + 2 a = 3(10, −1, 1) +


2(10, −1, 1) = (50, −5, 5) = 5−→a . E 4−

a + 4 b = 4(10, −1, 1) + 4(3, 2, 5) = (52, 4, 24) =


4(13, 1, 6) = 4(−

a + b ).

1−→
Exercício 16. Qual é a norma de v + 3−

w , em que −

v = (2, 1, 5) e −

w = (3, −4, 2)?
2

Soma de ponto com vetor

A soma de A = (x1 , y1, z1 ) e −→


v = (x2 , y2, z2 ) é o ponto B = A + − →v = (x1 + x2 , y1 +
y2 , z1 + z2 ) que se identifica com a extremidade de (A, B) pertencente a − →
v , e valem as
seguintes propriedades:
1. (A + − →
u)+− →
v = A + (− →
u +− →
v );

→ −
→ −
→ −
→ v . B = A+ v
2. A + u = A + v ⇒ u = v ;
3. A + − →
v =B+− →
v ⇒ A = B; v

→ −

4. (A − v ) + v = A.
A
.

Exemplo 6. Sejam A = (3, −1, −1), → −


u = (2, 1, 2) e − →v = (3, 9, 2). Então A + − →
u =

→ −

(3, −1, −1) + (2, 1, 2) = (5, 0, 1) e (A + u ) + v = (5, 0, 1) + (3, 9, 2) = (8, 9, 3).

Exercício 17. Verifique se existe escalar a ∈ R, de sorte que A + a− →v = B. Tome


A = (3, −4, 2), →

v = (1, 1, −1) e B = (2, −5, 3). Interprete geometricamente.

Produto interno

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 19 Geometria Analítica - 2021/2


4 Vetores 4.1 Operações com vetores



O produto interno de −→a = (x1 , y1, z1 ) por b = (x2 , y2 , z2 ) é denotado pelo símbolo

→ −
→ −
→ −

a . b e corresponde ao número |−

a || b | cos α , em que α é o ângulo formado por − →
a e b.


Prova-se que −
→a . b é igual também a x1 x2 + y1 y2 + z1 z2 , de modo que podemos
escrever tanto

→ −
→ −

a . b = |−

a || b | cos α,
quanto

→ −

a . b = x1 x2 + y1 y2 + z1 z2 .
x1 x2 + y1 y2 + z1 z2
ap. 4 Evidente então que cos α = q q .
x21 + y12 + z12 x22 + y22 + z22
Valem as seguintes propriedades:

→ −
→ −

1. Se −→a e b são não nulos, então − → a ⊥ b ⇔− →a . b = 0;

→ − →→
2. −
→a . b = b .−a;

→ −
→ → − →
3. k( a . b ) = k −

→ →
a.b =− a .k b , ∀k ∈ R;

→ → − −
→→ − −
→ → −
→ →−
4. (−
→a + b ).− c =→ a .−

c + b .−c e→ a .( b + − c)=− →a. b +− a .→
c.

→ −

Exemplo 7. Se |−

a | = 4, | b | = 3 e cos α = 0, 5, então −

a . b = 4.3.0, 5 = 6.

→ −

Exemplo 8. Considere − →a = (5, 4, 1) e b = (−1, 1, 2). O produto interno é − →a.b =

→ √ √ 1
5(−1) + 4.1 + 1.2 = 1 e também |− →
a || b | cos α = 42 6 cos α, logo cos α = √ √
42 6

→ −

implica em α = 86, 3883 . Note que a .5 b = (5, 4, 1).(−5, 5, 10) = −25 + 20 + 10 = 5 =


→ −
→ →
5−→a . b . Sendo − →c = (2, 3, −2), tem-se (−→a + b ).− c = [(5, 4, 1) + (−1, 1, 2)].(2, 3, −2) =

→→
(4, 5, 3).(2, 3, −2) = 4.2 + 5.3 + 3.(−2) = 17. E − →
a .−

c + b .− c = (5, 4, 1).(2, 3, −2) +
(−1, 1, 2).(2, 3, −2) = 20 − 3 = 17.

Com o produto interno é possível determi- B. B.


−−→
nar facilmente a projeção ortogonal AD de − →
u u


u .−
→v u
sobre − →
v , que é o vetor proj→ −

v u = −




v . . a
| v |2 A . p-a
E a projeção ortogonal de v sobre −

→ →
u é . D .a

→ −
→ D

→ u.v − → v A
proj→ u v = − u. .
|→ C

u |2 v .


u .−

v C
O número − → é conhecido como o coeficiente de Fourier de − →
u em relação a
|v| 2

ap. 5 −
→v , também a componente de − →
u ao longo de − →v.


Exemplo 9. A projeção de − →a = (5, 4, 1) sobre b = (−1, 1, 2) é o vetor proj→ −

− a =
b

→ −

a.b −→ 1 1 1 1 1−

→ 2 b = 6 (−1, 1, 2) = (− 6 , 6 , 3 ), que neste caso é 6 b .

|b|

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4 Vetores 4.1 Operações com vetores



Exercício 18. A ideia é decompor − →
v = (6, 8, 1) como soma de dois vetores −

a e b , tais


que −

a é paralelo a −

u = (1, 3, −2) e b é ortogonal.

Produto vetorial


O produto vetorial de − →
a = (x1 , y1 , z1 ) por b = (x2 , y2 , z2 ) é denotado pelo símbolo

→ −

a ∧ b e corresponde ao vetor que tem as seguintes propriedades:

→ → − −
→ − → −

1. −
→a ∧ b ⊥− a e→ a ∧ b ⊥ b , isto é, − →a ∧ b é ortogonal simultaneamente a − →a e b;

→ −
→ −

2.|−

a ∧ b | = |−
→a || b | sen α, em que α é o ângulo formado por − →a e b , isto é, a norma

→ −

de −

a ∧ b é igual à área do paralelogramo definido por − →a e b;

→ → − → −
→→ − →
3. −
→a, b e −
a ∧ b verificam a regra da mão direita, isto é, det(− →
a b − a ∧ b ) > 0.

a b

<
c = x a +y b +z a b
<

e
a

Área |a b|
<

Note que o desenvolvimento de Laplace


 do determinante
  segundo  a primeira
a11 a12 a13 . . . . . .
linha é definido como det a21 a22 a23  = a11 det . a22 a23 −a12 det a21 . a23 +
     

a31 a32 a33 . a32 a33 a31 . a33


 
. . . ! ! !
a22 a23 a21 a23 a21 a22
a13 det a21 a22 . = a11 det
 
− a12 det + a13 det =
a32 a33 a31 a33 a31 a32
a31 a32 .
a11 (a22 a33 − a32 a23 ) − a12 (a21 a33 − a31 a23 ) + a13 (a21 a32 − a31 a22 ). ap. 6


Prova-se que −

a ∧ b é igual a (y1 z2 − y2 z1 , −(x1 z2 − x2 z1 ), x1 y2 − x2 y1 ) . Visto que
! ! !
y z x z x y
y1 z2 − y2 z1 = det 1 1 , x1 z2 − x2 z1 = det 1 1 e x1 y2 − x2 y1 = det 1 1 ,
y2 z2 x2 z2 x2 y2
podemos escrever o produto vetorial como
! ! !

→ −
→ y z x z x y
a ∧ b = (det 1 1 , − det 1 1 , det 1 1 ) .
y2 z2 x2 z2 x2 y2

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4 Vetores 4.1 Operações com vetores

!

→ −
→ −2 1
Por exemplo, se − →a = (4, −2, 1) e b = (5, 1, 3), então −

a ∧ b = (det ,
1 3
! !
4 1 4 −2
− det , det ) = (−7, −7, 14).
5 3 5 1
Valem mais algumas propriedades:

→ −

1. −
→a ∧ b = 0 se e somente se (1) ao menos um dos vetores é nulo ou (2) se são
colineares;

→ −
→ →
2. −

a ∧ b =−b ∧− a;

→ −
→ −

3. k( a ∧ b ) = a ∧ k b = k −

→ −
→ →
a ∧ b;

→ → −
→ → − −
→ → − −
→ →
4. −

a ∧( b +− c)=− →a ∧ b +− a ∧→ c e (− →
a + b)∧−c =→ a ∧−
→c + b ∧−
c.


Exemplo 10. Vamos trabalhar com − →a = (3, −2, 2) e b = (1, 5, 5). O produto vetorial


é −
→a ∧ b = (−2.5 − 2.5, −(3.5 − 2.1), 3.5 − (−2).1) = (−20, −13, 17). Verificando a

→ → − → →
ortogonalidade dele com relação a − →
a e b : (− a ∧ b ).− a = (−20, −13, 17).(3, −2, 2) =

→ −
→ − →
−60 + 26 + 34 = 0 e ( a ∧ b ). b = (−20, −13, 17).(1, 5, 5) = −20 − 65 + 85 = 0.

→ →
Note que b ∧ − a = (5.2−5.(−2), −(1.2−5.3), 1(−2)−5.3) = (20, 13, −17) = −(−20, −13,

→ −

17) = −( a ∧ b ). Também −

→ →a ∧ 3 b = (3, −2, 2) ∧ (3, 15, 15) = (−2.15 − 2.15, −(3.15 −


2.3), 3.15 − (−2).3) = (−60, −39, 51) = 3(−20, −13, 17) = 3(− →
a ∧ b ). E sendo − →c =

→ −
→ −

(4, 4, 2), então a ∧ ( b + c ) = (3, −2, 2) ∧ (5, 9, 7) = (−2.7 − 2.9, −(3.7 − 2.5), 3.9 −

→ → −
(−2).5) = (−32, −11, 37) e, por fim, −

a ∧ b +− a ∧→ c = (−20, −13, 17) + (−12, 2, 20) =
(−32, −11, 37).
1 1
Exercício 19. Dados −

u = ( , , 2) e −→
v = (4, 6, 2), determine −

w ortogonal a −

u , de
2 2
sorte que u ∧ w = u ∧ −

→ −
→ −
→ →
v. Interprete geometricamente.

Dependência linear de vetores



u e − →
v são paralelos entre si, são linearmente dependentes (L.D.), quando os
segmentos orientados dos dois vetores são paralelos entre si. Isto significa que se pode
posicionar um segmento orientado de − →
u sobre a mesma reta que contém algum segmento


orientado de v , e vice-versa. Numericamente, existem dois únicos números reais a e b,
tais que


a−

u + b− →
v = 0,
ap. 7 o que é equivalente a se escrever −

u = p− →
v.
Se dois vetores não são paralelos entre si, são ditos linearmente independentes (L.I.).


u ,−
→v e− →
w são paralelos a um plano, são linearmente dependentes (L.D.), quando
os segmentos orientados dos três vetores são paralelos entre si. Isto significa que se pode
posicionar um segmento orientado de − →u , outro de − →
v e outro de − →
w sobre um mesmo

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4 Vetores 4.1 Operações com vetores

plano, a fim de formar um triângulo. Numericamente, existem três únicos números reais
a, b e c, tais que


a−
→u + b−

v + c−

w = 0,
o que é equivalente a se escrever −

u = p−→
v + q−

w. ap. 8

→ →
− −
→ −
→ −
→ −

Prova-se que u , v e w são paralelos a um plano se e somente se det( u v w ) = 0.
Se três vetores não são paralelos a um plano, são ditos linearmente independentes
(L.I.).
Exercício 20. Estude a dependência linear ou não de −

u = (1, 3, −2) e −

v = (−2, −6, 4).
4 →
u = (11, 3, ), −
Exercício 21. Estude a dependência linear ou não de −
→ v = (5, −1, −1) e

→ 3
w = (1, 3, 2).

As coordenadas de um vetor através da soma vetorial

Um sistema de coordenadas ortogonal em R3 consiste de um ponto O ∈ R3 e


de três vetores −

e1 , →

e2 , −

e3 que são ortogonais entre si, têm norma 1 (são unitários) e para
os quais são fixados segmentos orientados com origem O. É possível mostrar que para
qualquer −→
a , existem números reais únicos x, y, z tais que


a = x−

e1 + y −

e2 + z −

e3 .

A ideia é ilustrada, onde C ∈ Oxy é a projeção de A, e D ∈ Oxy é a projeção de B. ap. 9

Oz

.B
a
e3
.F
A.
. e2
O ze
e1 3
C.
xe 1 Oy
Ox E.
ye 2
.D

Observações:
1. Quando o sistema de coordenadas ortogonal é fixado, em vez de escrever − →
a como

→ −
→ −
→ −
→ −

a = x e1 + y e2 + z e3 , pode-se escrever a = (x, y, z). Esses números são as coordenadas
de −

a.

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4 Vetores 4.1 Operações com vetores

2. Mas também podemos pensar − →a = (x, y, z) obtido como no início desta seção, ou
seja, determinados a origem A = (x1 , y1 , z1 ) e a extremidade B = (x2 , y2 , z2 ) de algum
segmento orientado contido em − →
a , então −
→a = (x2 − x1 , y2 − y1 , z2 − z1 ).
3. Com o objetivo de simplificar os cálculos vetoriais, fixam-se − →e1 = (1, 0, 0), →−
e2 =
(0, 1, 0) e −

e3 = (0, 0, 1), de modo que, com estas coordenadas, tem-se |− →
e1 | = |−

e2 | = |−

e3 | =
1, −→
e1 .−

e2 = 0, −

e1 .−

e3 = 0 e −→e2 .−

e3 = 0.
Como exemplo, a = 3 e1 + 4−

→ −
→ →
e2 − 2−→
e3 = 3(1, 0, 0) + 4(0, 1, 0) − 2(0, 0, 1) = (3.1 + 4.0 −
2.0, 3.0 + 4.1 − 2.0, 3.0 + 4.0 − 2.1) = (3, 4, −2), isto é, as coordenadas de − →a coincidem

→ −

ap. 10 com os números que multiplicam e1 , e2 e e3 . −

4. Por fim, veremos uma relação surpreendente entre coordenadas de um ponto e
coordenadas de um vetor. Suponha P = (x, y, z) como visto na seção 3, pg 12. É
evidente que se pode ligar O = (0, 0, 0) com P , dando origem ao segmento orientado
−→
(O, P ), e assim OP = (x − 0, y − 0, z − 0) = (x, y, z). Portanto, as coordenadas de P são
−→
emprestadas para OP .
−→ −→
Inversamente, se OP = (x, y, z), tem-se P = O + OP = (0, 0, 0) + (x, y, z) = (x, y, z) e
−→
assim as coordenadas de OP são emprestadas para P . Mas, observe que esta manipulação
ap. 11 numérica somente tem sentido quando se toma vetores com origem O = (0, 0, 0).
−→ −→
Exemplo 11. Considerando P = (3, 2, −1), então OP = (3, 2, −1). E se OA = (−1, 5, 5),
então A = (−1, 5, 5).

Exercício 22. Considere A = (1, 1, 1), →



u = (5, 0, −1) e −

v = (1, 2, 4). Determine B, tal
−→ −
→ −

que AB = −2 u + 3 v .

Mais algumas situações

Exemplo 12. − →
v = (1, 4, −5) diz que os segmentos orientados que formam − →v são para-
lelos, de mesmo sentido e comprimento relativamente aquele segmento orientado que tem
−→
origem O = (0, 0, 0) e extremidade P = (1, 4, −5). Claro que OP = (1, 4, −5) = −

v.
−→
Exemplo 13. Sendo A = (4, 2, 1) e B = (−2, −3, 5), então AB = (−6, −5, 4). E se C =
−−→ −→
(1, −3, 7), quais as coordenadas de D, de sorte que CD = AB? Escrevemos D = (x, y, z)
−−→
e ocorre de CD = (x − 1, y − (−3), z − 7) = (−6, −5, 4) e assim D = (−5, −8, 11).

Exemplo 14. Sejam A = (3, 4, 2) e B = (−2, 6, 1). No caso dos vetores com origem em
−→ −−→ −→
O = (0, 0, 0), temos OA = (3, 4, 2) e OB = (−2, 6, 1). Quanto a AB, é igual ao vetor
−−→ −→
OB − OA = (−2, 6, 1) − (3, 4, 2) = (−5, 2, −1).
−→
Exemplo 15. Supondo A e B do exemplo acima, 4 AB = 4(−5, 2, −1) = (−20, 8, −4),
1 −→ 1 5 2 1
− AB = − (−5, 2, −1) = ( , − , ).
3 3 3 3 3
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4 Vetores 4.1 Operações com vetores

1 1 2
Exemplo 16. Se − →
w = (1, 2, 6) e 3−
→v =− →
w , então −

v = (1, 2, 6) = ( , , 2).
3 3 3
Exemplo 17. Resolva a equação vetorial 3− →u + 2(−
→v +−→
w ) = 5(−→
w −− →v ) na incógnita −

w.


O objetivo é bem simples, aplicar propriedades operacionais a fim de isolar w na equação.
Com isto em mente, 3− →u + 2(−→
v +− →w ) = 5(−→
w −− →
v ) ⇒ 3−→u + 2−
→v + 2− →
w = 5− →w − 5−
→v ⇒

→ −
→ −
→ −
→ −
→ −
→ −
→ −
→ −
→ −
→ −
→ −
→ −

3 u + 2 v + 2 w + (−2 w ) = 5 w − 5 v + (−2 w ) ⇒ 3 u + 2 v + 0 = 5 w − 2 w − 5 v ⇒


3−
→u + 2−→
v = 3−→
w − 5−→
v ⇒ 3− →
u + 2− →
v + 5−→v = 3−→
w − 5−→v + 5−→
v ⇒ 3−→u + 7− →v = 3−→
w+ 0 ⇒
1 − 1 → 7→ − 7→
(3→
w ) = (3− u + 7−
→v ) ⇒ 1−→
w = 1− →
u + − v e→w =− →
u + − v.
3 3 3 3
Exemplo 18. Resolva o sistema de equações vetoriais nas incógnitas − →x e− →
y.


x − 3−

y = −10−→
v


x + y = 7 u − 6−

→ −
→ →
v

1o método. Isolar uma das incógnitas em uma das equações e substitui-la na outra equa-

→ →
ção. Vamos isolar −→x em − →
x −3− →y = −10− →
v: −→x −3−→
y +3−→y = −10− →
v +3−→
y ⇒− →x+0 =− x =

→ −
→ −
→ −
→ −
→ −

−10 v + 3 y . Substituindo x por −10 v + 3 y na segunda equação, (−10 v + 3 y ) + y = −
→ −

7−
→u −6−→
v ⇒ −10− →v +4− → y = 7− →
u −6−→
v ⇒ −10− →
v +4−→y +10−→v = 7−→u −6−→
v +10−→v ⇒ −10− →v+

→ − 1 − 1 − 7−

→ −
→ −
→ −
→ → −
→ −
→ → → −

10 v +4 y = 7 u +4 v ⇒ 0 +4 y = 7 u +4 v ⇒ 4 y = (7 u +4 v ) ⇒ 1 y = u +1− −
→ → →v
4 4 4
7→ − 7→ −
y = −
e então −
→ u +→ v . Por fim, substitua − →y por − u +→ v em − →
x = −10− →v + 3−→y , ou seja,
4 4

→ 7→ − 21 → 21 → 21 →
x = −10− →
v + 3( − u +→ v ) = −10−→v + − u + 3−→v = − u − 10−→
v + 3−
→v = − u − 7− →
v.
4 4 4 4
21 → 7→ −
Portanto, a resposta é − →x = − u − 7−→v e− →
y = − u +→ v.
4 4
2 método. Multiplique os membros de uma das equações por um dado número e depois
o

some ambas equações,


 membro a membro. Por exemplo, multiplicando a primeira equação
−− →x + 3− →
y = 10−→v
por −1, teremos − ⇒ −−→x +− →
x + 3− →
y +−→y = 10−
→v + 7− →
u − 6− →
v ⇒
 x + y = 7 u − 6−
→ −
→ −
→ →v

→ 1 → 1 →
0 + 4−→
y = 7− →u + 10− →v − 6− →v ⇒ 4− →y = 7− →u + 4−→v ⇒ 4− y = (7− u + 4− →v ) ⇒ 1− →y =
4 4
7−→ 7→ − 7→ −
u + 1−
→v ⇒− →y = − u +→ v . Agora, substitua − →
y por − u +→ v em qualquer uma das
4 4 4
duas equações originais e resolva com antes. Outra opção é multiplicar a 2a equação por
3, somar as equações e proceder como acima.
−→
Exemplo 19. Se A = (−3, √ −2, −1) e B = (4, −7, 5), tem-se |AB| = [(4 − (−3))2 + (−7 −
1
(−2))2 + (5 − (−1))2 ] 2 = 110.

Exemplo 20.√ Sejam −


→u = (4, 4, −20) e −
→v = (−1, 1, 5), tais que −

u = a−

v . Então
|−

u| 432
a=± − = √ = ±4. Teste mostra que a = −4.
|→
v| 27

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4 Vetores 4.2 Funções e o método cartesiano


− −

Exemplo 21. Dados − →a = (2, −7, 3), b = (−5, 1, 1), tem-se − →a . b = 2.(−5) + (−7).1 +
3.1 = −14. Essa informação por si só é pouco valiosa, mas é essencial no estudo do ângulo

→ −

formado pelos vetores. De fato, −

a . b = |−

a || b | cos α = x1 x2 + y1 y2 + z1 z2 implica em
x1 x2 + y1 y2 + z1 z2
α = arccos q q .
x21 + y12 + z12 x22 + y22 + z22
14
Os vetores em questão formam ângulo igual a arccos − √ √ = 110, 0095◦.
62 27


Exemplo 22. Determine o ângulo que a = (3, −6, 2) forma com os eixos coordenados.
Vamos denotar por φ1 o ângulo entre − →a e−→e1 = (1, 0, 0) (está em Ox), por φ2 o ângulo
entre a e e2 = (0, 1, 0) (este em Oy) e por φ3 o ângulo entre −

→ −
→ →
a e−→
e3 = (0, 0, 1) (contido
3
em Oz). Assim, − →
a .−

e1 = 7 cos φ1 = 3 implica cos φ1 = , φ1 = 64, 6231◦. Analogamente,
7

→ 6
a . e2 = 7 cos φ2 = −6 implica cos φ2 = − e φ2 = 148, 9973◦, e −

→ →a .−

e3 = 7 cos φ3 = 2
7
2
ap. 12 implica cos φ3 = e φ3 = 73, 3985◦.
7


Exercício 23. Os vetores − →a = (2, −2, 1) e b = (1, 2, 2) são ortogonais.

→ −

Exemplo 23. O produto − →a ∧ b , se for − →a = (2, 3, −1) e b = (1, 2, 1), é o vetor

→ −

a ∧ b = (3.1 − (−1).2, −(2.1 − (−1).1), 2.2 − 3.1) = (5, −3, 1).

Seção 4.2 Funções e o método cartesiano


Uma função real de uma variável é uma aplicação f : X → Y, tal que o domínio
e o contra-domínio são subconjuntos da reta real R (veja seção 1.3, pg 7). Como x expe-
rimenta valores diferentes, é chamado de variável independente, já f (x) é a variável
dependente, pois depende de um valor específico de x.
Escrevendo y = f (x), f corresponde um número y Oy
para cada x ∈ X e assim ficam definidos pares ordenados gráfico de f
(x, y) em Oxy. O estudo da equação y = f (x), através
de um determinado número de valores para x e outras y =f ( x) . .
( x,y )
técnicas, leva ao gráfico G(f ) = {(x, f (x)); x ∈ X} de
f.
Na maioria das vezes, o gráfico da equação é uma
curva em um plano. Por exemplo, se f (x) = 2x − 3, .
O
.
x Ox


então (x, y) = (x, 2x − 3) são os pontos sobre a reta ortogonal a n = (2, −1) e que
contém o ponto (0, −3), esta reta é o gráfico da equação y = 2x − 3.
Uma função real de duas variáveis é uma aplicação f : X → Y, tal que seu domínio
é subconjunto do plano R2 e o contra-domínio é subconjunto de R. Os números x e y são
as variáveis independentes, f (x, y) é a variável dependente.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 26 Geometria Analítica - 2021/2


4 Vetores 4.2 Funções e o método cartesiano

Escrevendo z = f (x, y), f faz corresponder um nú- Oz Oy gráfico de f


mero z para cada par x, y em seu domínio e isto esta- . (x,y,z)
z=f(x,y) .
belece ternos ordenados (x, y, z) no espaço coordenado
Oxyz. O estudo da equação z = f (x, y) conduz ao grá- y.
fico G(f ) = {(x, y, f (x, y)); (x, y) ∈ Y} de f . . . (x,y)
Muito freqüentemente é uma superfície no espaço. O
x
.
Note que a distância de (x, y) ∈ Y ao respectivo Ox
(x, y, z) ∈ G(f ) é exatamente f (x, y).

De maneira análoga, define-se uma função real de


três variáveis como uma aplicação, tal que seu domínio é um subconjunto do espaço R3 .
A única diferença com relação às funções de uma e de duas variáveis é que agora o gráfico
da equação w = f (x, y, z) é o conjunto dos pontos (x, y, z, w) no espaço R4 que não se
desenha.
O método cartesiano
Para qualquer equação y = f (x) pode-se escrever f (x)−y = 0 e a expressão à esquerda
do sinal = passa a representar uma função g de duas variáveis. O método cartesiano
consiste em se imaginar um conjunto C como associado à uma equação g(x, y) = 0 de
tal sorte que um ponto A = (x1 , y1 ) pertence a C ⇔ g(A) = g(x1 , y1 ) = f (x1 ) − y1 = 0 .
Note bem, se A é tal que g(A) = 0, então A ∈ C, mas se g(A) 6= 0, então A ∈ / C.
3x 5
Exemplo 24. Estudar o conjunto associado à equação f (x) = − .
2 4
3x 5
Escrevendo y = f (x), então y = − equivale a 6x−4y −5 = 0 e veremos adiante que se
2 4
trata da equação geral de uma reta r em Oxy. O ponto (3, 2) é tal que 6.3−4.2−5 = 5 6= 0,
1 1 1
/ r. Mas (1, ) verifica a equação, pois 6.1 − 4. − 5 = 0, logo (1, ) ∈ r.
logo (3, 2) ∈
4 4 4
Igualmente, uma equação z = f (x, y) permite pensar a equação f (x, y) − z = 0, em
que a expressão à esquerda do sinal = define uma função g de três variáveis. Então
estuda-se a associação de um conjunto C com uma equação g(x, y, z) = 0, de modo tal
que A = (x1 , y1, z1 ) pertence a C ⇔ g(A) = g(x1 , y1 , z1 ) = f (x1 , y1 ) − z1 = 0.
Exemplo 25. Estudar o conjunto associado à equação f (x, y) = −2x + 3y + 14.
Identificando-se f (x, y) com z, a expressão acima corresponde a z = −2x + 3y + 14 e
também a −2x + 3y − z + 14 = 0. Veremos logo adiante que se trata da equação geral
do plano inclinado de 74, 4986◦ com relação à vertical. Visto que (10, 41, 117) satisfaz à
equação, pertence a este plano.
Posteriormente será explicado que f (x, y, z) = (x − 3)2 + (y − 2)2 + (z − 1)2 − 11 = 0
descreve uma esfera S, assim A = (4, 5, 2) ∈ S, pois f (4, 5, 2) = (4 − 3)2 + (5 − 2)2 + (2 −
1)2 − 11 = 0, mas B = (5, 3, 1) 6∈ S, pois f (5, 3, 1) = −1.

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Este texto de aulas é fornecido em caráter pessoal ao aluno inscrito em Geometria Analítica IME 3 1913, IME 3 3339, ou IME 3 10814, na UERJ. O autor não autoriza sua transferência a terceiros, nem a divulgação na Internet de parte ou da integra deste texto

5 Estudo de retas e planos

Capítulo 5
Estudo de retas e planos
A partir de agora começa o estudo dos tópicos centrais de um curso de geometria
analítica, os que tratam de retas e de planos (capítulo 5), de cônicas (capítulo 6 e 7), de
quádricas (capítulo 8) e das várias propriedades associadas, tudo isto fazendo forte uso
de sistemas de coordenadas e de equações.

Seção 5.1 Equações de retas .A


.B
Considere A, B e C colineares no espaço R3 . Existe um a ∈ R,
−→ −→ −→ −→ −→ −→ −→ C
tal que AC = aAB, e pode-se escrever AC = AO + OC = OC − OA . .
−→ −→ −→
e OC = OA + aAB. O
−→ −→ −→ −→ −→ −→
Mas, A = O + OA e C = O + OC, logo, C = O + (OA + aAB) = (O + OA) + aAB =
−→
ap. 13 A + aAB.
Este procedimento motiva a seguinte ideia. Sejam A um ponto sobre uma reta r e −
→v
um vetor paralelo a r (isto é, os representantes de −

v são paralelos a r).
Um ponto qualquer X ∈ R3 está sobre r se e somente se
−−→ − .P
AX e → v são paralelos entre si, se e somente se existe um v
−−→ r .A
a ∈ R, tal que AX = a− →v , se e somente se .Q

ap. 14 X = A + a−

v (1). .X

Qualquer vetor paralelo a r é conhecido como um vetor diretor de r.


A expressão (1) é chamada equação vetorial da reta r, ou equação da reta r na
forma vetorial. É muito comum escrever

r : X = A + a−

v , ∀a ∈ R,

para ligar a reta r e a equação vetorial a ela associada. Essa nos diz que, para cada
número real a, existe um único ponto X ∈ r, e vice-versa.
O ponto A é pensado como um marco zero para medição de distância, |− →
v | indica uma
−−→
unidade de distância. A distância de A a X é |AX| = |a|| v |; para a = 1, X = A + −

→ →v

→ −
→ −

dista | v | de A; quando a = −2, X = A − 2 v dista 2| v | de A, e assim por diante.
Agora note bem, A e − →
v são irrelevantes para descrever r, se trocarmos A por outro
P ∈ r, trocarmos − →
v por outro vetor diretor −→u e então X = P + a− →u , ∀a ∈ R, é uma
equação vetorial de r.
Sendo (O, ε) um sistema de coordenadas, segundo o qual A = (x1 , y1 , z1 ), X = (x, y, z)
e v = (v1 , v2 , v3 ), então X = A + a−

→ →
v ⇔ (x, y, z) = (x1 , y1, z1 ) + a(v1 , v2 , v3 ) = (x1 +
av1 , y1 + av2 , z1 + av3 ) ⇔

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5 Estudo de retas e planos 5.1 Equações de retas

x = x1 + av1
y = y1 + av2 (2)
z = z1 + av3

Esse conjunto de equações é chamado sistema de equações paramétricas da reta


r, ou sistema de equações da reta r na forma paramétrica.
Por fim, quando todas as coordenadas de − →v são não-nulas (coisa que normalmente
acontece), pode-se isolar o escalar a ∈ R em (2) e escrever

x − x1 y − y1 z − z1
= = (3)
v1 v2 v3

conhecido como sistema de equações da reta r na forma simétrica. Em função


desta exposição teórica, é bem evidente que qualquer expressão matemática na forma (1),
(2) ou (3) sempre está associada à uma reta, e vice-versa.
Um detalhe: é comum omitir o termo ’sistema de’ e falar apenas equações paramétricas
de r, equações de r na forma paramétrica, equações de r na forma simétrica.

Exemplo 26. Sejam A = (4, 3, 5) ∈ r e − →


v = (7, 6, 5) um vetor diretor da reta r. A
equação de r na forma vetorial é (x, y, z) = (4, 3, 5) + a(7, 6, 5), na forma paramétrica é

x = 4 + 7a
y = 3 + 6a
z = 5 + 5a

x−4 y−3 z−5


e na forma simétrica é = = .
7 6 5
2x − 8 −y + 3 3z − 15
Note que embora = = seja correto, não são as equações de r
14 −6 15
na forma simétrica!

Exemplo 27. Como proceder para determinar as várias equações de r que passa por (que
contém) A = (3, 4, 2) e B = (2, 3, 1)?
−→
Basta fixar um ponto sobre a reta e um vetor diretor, digamos A e AB = (−1, −1, −1).
−→
Agora é imediato, qualquer X = (x, y, z) está sobre r se e somente se X = A + aAB.
Portanto, a equação de r na forma vetorial é (x, y, z) = (3, 4, 2) + a(−1, −1, −1), ∀a ∈ R.

x = 3 − a


As equações paramétricas de r são y = 4 − a e as equações de r na forma simétrica



z = 2−a
x−3 y−4 z−2
são = = .
−1 −1 −1

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5 Estudo de retas e planos 5.1 Equações de retas

x−3 y−4
Cuidado, está errado escrever −x + 3 em vez de , −y + 4 no lugar de ,
−1 −1
z−2
−z + 2 em vez de .
−1
Exercício 24. Sendo√ A = (1, 2, 5) e r : X = (1, −2, 1) + a(5, 4, 3), determine os pontos
sobre r que distam 16, 4 de A.
Exercício 25. Determine as equações das retas que passam por dois dos pontos A =
(3, 6, −7), B = (−5, 2, 3) e C = (4, −7, −6). Depois, determine as extensões das arestas
de ABC e a área da região triangular associada.
Exercício 26. 1) Verifique que toda reta r contida no plano coordenado Oxy pode ser
descrita por uma equação da forma ax + by + c = 0 (esta é a equação geral de r) e por
uma equação da forma y = mx + n (esta é a equação reduzida de r).
2) Interprete geometricamente os números m e n.
3) Mostre também que − →
v = (a, b) é ortogonal a r.
4) Determine as equações geral e reduzida da reta que contém A = (3, 2) e B = (7, 7).
5) Qual é a posição relativa entre r : y = 3x − 4 e s : 2x + 6y − 5 = 0?
Exercício 27. Seja r a reta determinada por A = (1, 0, 1) e B = (3, −2, 3). Verifique se
P = (−9, 10, −9) pertence a r. Obtenha dois vetores diretores de r e dois pontos de r,
distintos de A e B.
Exercício 28. Sejam X = (−5, 2, 3) e Y = (4, −7, −6). Escreva equações nas formas
←→
vetorial, paramétrica e simétrica para a reta XY . Verifique se A = (3, 1, 4) está nesta
reta.
Exercício 29. Dados P = (1, 2, 3) e −→u = (3, 2, 1), escreva equações da reta que contém


P e é paralela a u , nas formas vetorial, paramétrica e simétrica. Obtenha dois vetores
diretores unitários desta reta.
Exercício 30. Obtenha dois pontos e dois vetores diretores da reta dada por
x=1−a
y=a
z = 4 + 2a
Verifique se M = (1, 3, −3) e N = (−3, 4, 12) pertencem à reta.
2x − 1 1−y
Exercício 31. Mostre que as equações = = z + 1 descrevem uma reta,
3 2
escrevendo-as na forma simétrica. Exiba um ponto e um vetor diretor da reta.
Exercício 32. Use somente números inteiros para escrever uma equação vetorial da reta
que contém o ponto
√ médio
√ do segmento de reta de extremidades (1, 1, 3) e (3, 1, −1) e tem

3 3 3 3
vetor diretor ( , ,− ).
49 98 7

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5 Estudo de retas e planos 5.2 Equações de planos

Seção 5.2 Equações de planos


Considere agora −→
u e− →
v não paralelos entre si, cujos representantes (A, U) e (A, V ) se
encontram sobre um plano Π (Pi: o ’P’ latino). v
Um ponto X ∈ R3 está sobre Π se e somente
−−→
se −

u ,−

v e AX são paralelos a um plano, se e A. . .Z
−−→ V
somente se existem p, q ∈ R tais que AX =
p−
→u + q−

v , se e somente se u
Y . .
X
p u = AY
ap. 15 X = A + p−

u + q−

v (4). q v = AZ
.U
P
Quaisquer dois vetores não paralelos entre si, mas paralelos a (ou contidos em) Π, são
conhecidos como vetores diretores de Π.
A expressão (4) é a equação vetorial do plano Π, ou equação do plano Π na
forma vetorial. Muitas vezes será escrito

Π : X = A + p−

u + q−

v , ∀p, q ∈ R,

e existe um único X ∈ Π associado a cada par (p, q) ∈ R × R. Também A, − →u e− →v são



→ −

irrelevantes, se trocarmos A por outro P ∈ Π, trocarmos u e v por dois outros vetores
diretores − →
me− →
n , então X = P + p−

m + q− →n , ∀p, q ∈ R, é uma equação vetorial de Π.
Observações:
1a . Sobre Π : X = A + p− →
u + q−
→v , para
cada p ∈ R fixado ao acaso, existe um Xp
igual a A+p− →
u e então X = A+p− →u +q −→
v =
.
Y1 Y2 . X +2 v = Y + u
Xp + q − → 1 2
v é a equação vetorial da reta rp v
.
que passa por Xp e tem − → A
.
v como um vetor .
.
X 1+ v = Y1+ u .
X 2+2 v = Y2+2 u

diretor. . u . X 2+ v = Y1+2 u
Para cada q ∈ R fixado, existe um Yq Yq X1 .
igual a A+q − →
v e então X = A+p− →u +q −→
v = X2
rp


Yq + p u é a equação vetorial da reta sq sq .
que passa por Yq e tem − →
u como um vetor . Xp
Xp+q v = Yq +p u
diretor. A interseção de rp e sq e o ponto
Xp + q − →
v = Y q + p− →u.
Isto significa que podemos pensar em
um sistema de coordenadas no plano usando A, − →u e− →v , tal que s0 : X = A + p− →
u é o eixo


das abscissas e r0 : X = A + q v é o eixo das ordenadas. A unidade de distância em s0 é
|−
→u |, em r0 , é |−

v |.
2 . Pode-se utilizar vários pares de vetores não paralelos entre si para definir várias
a

equações paramétricas de um mesmo plano Π: sendo A, B, C ∈ Π não-colineares, a


−→ −→ −→ −−→
equação vetorial de Π é X = A + aAB + bAC, é X = B + aBA + bBC e também é
−→ −−→
X = C + aCA + bCB!

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5 Estudo de retas e planos 5.2 Equações de planos

3a . Suponha planos Π, Σ (Sigma: o ’S’ latino) e ∆ (delta maiúsculo, o ’D’ latino) que
admitem − →
u e −→v como vetores diretores. Fixando, ao acaso, A ∈ Π, B ∈ Σ e C ∈ ∆,
então Π : X = A + p− →
u + q− →
v , Σ : X = B + p−→
u + q−

v e ∆ : X = C + p−
→u + q−→v.
Sendo (O, ε) um sistema de coordenadas, segundo o qual A = (x1 , y1 , z1 ), X = (x, y, z),

→u = (u1 , u2 , u3) e −→v = (v1 , v2 , v3 ), então X = A + p−

u + q−→
v ⇔ (x, y, z) = (x1 , y1 , z1 ) +
p(u1 , u2 , u3) + q(v1 , v2 , v3 ) ⇔

x = x1 + pu1 + qv1
y = y1 + pu2 + qv2 (5)
z = z1 + pu3 + qv3

Este conjunto de equações é chamado sistema de equações paramétricas do plano


Π, ou sistema de equações do plano Π na forma paramétrica.

Exemplo 28. Seja Π um plano que contém A = (1, −2, 3) e é paralelo a − →u = (1, 4, 7) e

→v = (5, −6, 7). A equação vetorial de Π é simplesmente (x, y, z) = (1, −2, 3) + p(1, 4, 7) +
q(5, −6, 7), ∀p, q ∈ R. As equações na forma paramétrica são

x = 1 + p + 5q
y = −2 + 4p − 6q
z = 3 + 7p + 7q

Exemplo 29. Como proceder para determinar as equações de Π que passa por (que
contém) A = (4, 3, 2), B = (8, −4, 6) e C = (−1, −2, 3)?
É suficiente fixar um ponto sobre Π e dois vetores diretores (não paralelos entre si),
−→ −→
digamos A, AB = (4, −7, 4) e AC = (−5, −5, 1). Então X = (x, y, z) ∈ Π ⇔ X =
−→ −→
A + pAB + q AC. Portanto, a equação vetorial de Π é (x, y, z) = (4, 3, 2) + p(4, −7, 4) +
q(−5, −5, 1), ∀p, q ∈ R. As equações paramétricas de Π são

x = 4 + 4p − 5q
y = 3 − 7p − 5q
z = 2 + 4p + q

Existe outro tipo de equação para Π : X = A + p− →u + q−



v que não faz menção aos
−−→
parâmetros p e q. Vejamos. Sabemos que u = (u1 , u2 , u3), −

→ →
v = (v1 , v2 , v3 ) e AX =
(x − x1 , y − y1 , z − z1 ) são paralelos a um plano se e somente se
 
x − x1 y − y1 z − z1
det 
 u1 u2 u3  =0
v1 v2 v3

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5 Estudo de retas e planos 5.2 Equações de planos

! ! !
u u u u u u
se e somente se (x − x1 ) det 2 3 − (y − y1 ) det 1 3 + (z − z1 ) det 1 2 =
v2 v3 v1 v3 v1 v2
a(x − x1 ) + b(y − y1 ) + c(z − z1 ) = ax + by + cz − ax1 − by1 − cz1 = 0. Denotando
d = −ax1 − by1 − cz1 = −(ax1 + by1 + cz1 ), temos finalmente

ax + by + cz + d = 0 (6)

dita a equação geral do plano Π, ou equação do plano Π na forma geral. Os três


coeficientes a, b, c (isto é, os três determinantes 2 × 2) não podem ser todos nulos (por
quê?).
E o contrário? Se temos ax + by + cz + d = 0 (a 6= 0), obtemos facilmente A =
d −b − d −c − d −→
(− , 0, 0), B = ( , 1, 0) e C = ( , 0, 1) não-colineares, de modo que AB ∧
a a a
−→ b c b c −

AC = (− , 1, 0) ∧ (− , 0, 1) = (1, , ) 6= 0 . Logo, A, B, C estão em um plano e
a a a a
−−→ d
qualquer ponto X = (x, y, z) deste plano é tal que AX = (x+ , y, z), → −
u e−→
v são paralelos
a

d 
x + y z

 a 
 d b c 1
a um plano, pois det  −
 b  = x + − (− )y + z = (ax + by + cz + d) = 0.

1 0 a a a a

 ac 

− 0 1
−−→ a
Portanto, AX = p− →u + q− →v.
Conseqüentemente, 3x + 5y − 6z + 10 = 0 é a equação geral de um único plano. Não
tem outro!
x−1
Exercício 33. Determine as equações do plano que contém A = (1, 2, 3) e r : =
2
y−7 z+2
= .
3 −3
Um resultado bem útil para determinar reta paralela a plano é o seguinte: um vetor


v = (v1 , v2 , v3 ) é paralelo a um plano Π : ax + by + cz + d = 0 se e somente se

av1 + bv2 + cv3 = 0.

Agora é fácil dizer qual é a posição de Π : ax + by + cz + d = 0 relativamente aos eixos


e planos coordenados. Com efeito:
1. Π é paralelo ou contém Ox ⇔ Π é paralelo a ou contém − →
e1 = (1, 0, 0) ⇔ a = 0.
Por exemplo, 4y − 7z − 12 = 0 define plano paralelo a − →
e1 que não contém − →
e1 , pois
4.0 − 7.0 − 12 6= 0.
2. Π é paralelo ou contém Oy ⇔ Π é paralelo a ou contém − →
e2 = (0, 1, 0) ⇔ b = 0.
Por exemplo, −9x+2z = 0 define plano paralelo a e2 que contém −

→ →
e2 , pois −9.0+2.0 =
0.

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5 Estudo de retas e planos 5.2 Equações de planos

3. Π é paralelo ou contém Oz ⇔ Π é paralelo a ou contém −→


e3 = (0, 0, 1) ⇔ c = 0.
Por exemplo, 2x + 5y + 3 = 0 define plano paralelo a e3 que não contém −

→ →e3 , pois
2.0 + 5.0 + 3 6= 0.
4. Π é paralelo ou contém Oxy ⇔ Π é paralelo a ou contém − →
e1 e −
→e2 ⇔ a = b = 0.
d
Neste caso, (0, 0, − ) é ponto comum entre Π e Oz.
c
Por exemplo, 3z + 5 = 0 define plano paralelo a Oxy e que intercepta Oz no ponto
5
(0, 0, − ).
3
5. Π é paralelo ou contém Oxz ⇔ Π é paralelo a ou contém − →
e1 e −

e3 ⇔ a = c = 0.
d
Neste caso, (0, − , 0) é ponto comum entre Π e Oy.
b
Por exemplo, −6y + 13 = 0 define plano paralelo a Oxz e que intercepta Oy no ponto
13
(0, , 0).
6
6. Π é paralelo ou contém Oyz ⇔ Π é paralelo a ou contém − →
e2 e −
→e3 ⇔ b = c = 0.
d
Neste caso, (− , 0, 0) é ponto comum entre Π e Ox.
a
Por exemplo, 2x − 2 = 0 define plano paralelo a Oyz e que intercepta Ox no ponto
(1, 0, 0). . Y = A + (a,b, c)

Uma interestante aplicação geométrica dos coeficientes a, b, c.


Quais são as coordenadas de pontos X, Y ∈
−−→ −→
R3 , tal que OX e AY (A ∈ Π) são ortogonais
v
a Π : ax + by + cz + d = 0? . X = (a,b, c)

→ −

Sendo u e v vetores diretores do plano, A
.
ocorre que − →
u ∧−→
v = (a, b, c) e basta tomar X = u

(a, b, c) e Y = A + (a, b, c), pois isto significará


−−→ → − −→ → −
ap. 16 que OX = − u ∧→v e AY = − u ∧→ v. e 3
P
. e2
e1 O

Exercício 34. Seja Π o plano que contém A = (3, 7, 1) e é paralelo a − →


u = (1, 1, 1) e


v = (1, 1, 0). Obtenha equações nas formas vetorial e geral para o plano. Verifique se
P = (1, 2, 2) pertence a Π. Verifique se −

w = (2, 2, 5) é paralelo ao plano.
Exercício 35. Determime equações nas formas vetorial, paramétrica e geral para o plano
que contém A = (1, 0, 1) e B = (0, 1, −1) e é paralelo ao segmento de extremidades
C = (1, 2, 1) e D = (0, 1, 0).
Exercício 36. Obtenha equações nas formas paramétrica e geral do plano que contém
X = (1, 1, 2) e é paralelo ao plano
x = 1 + a + 2b
y = 2a + b
z = −a

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5 Estudo de retas e planos 5.3 Interseções de retas e planos

Exercício 37. Determine uma equação geral para o plano que contém A = (9, −1, 3) e é
paralelo a −

u = (2, 5, 5) e −

v = (1, 1, 1).

Exercício 38. Obtenha um vetor normal para o plano que intercepta os eixos coordenadas
em X = (4, 0, 0), Y = (0, −3, 0) e Z = (0, 0, 11).

Seção 5.3 Interseções de retas e planos


Boa parte da geometria se preocupa com as questões posicionais de conjuntos, a inter-
seção de dois conjuntos X, Y 6= ∅ é o conjunto X ∩ Y = {pontos de X e pontos de Y}.
Determinar a interseção entre dois conjuntos consiste em confrontar a equação de um com
a equação do outro, buscando por pontos cujas coordenadas satisfaçam à ambas equações.
Em todo este texto está fixado um sistema de coordenadas (O, ε) onde ε é ortonormal e
obedece à regra da mão direita.

Exemplo 30. r : (x, y, z) = (1, 1, 4) + a(1, 3, 2) e s : (x, y, z) = (−4, −2, −3) + b(2, 2, 3).

1 + a = −4 + 2b


Basta resolver o sistema 1 + 3a = −2 + 2b . Por exemplo, da 2a equação, tira-se a =



4 + 2a = −3 + 3b
−3 + 2b −3 + 2b 2
e a substituição na 1a equação leva a 1 + = −4 + 2b ⇒ b = −4 + 2b ⇒
3 3 3
2b = −12 + 6b ⇒ b = 3 e a = 1. Agora é só testar: substitua a por 1 na equação de r e b
por 3 na de s, o resultado é o ponto (2, 4, 6) comum às retas, portanto temos duas retas
concorrentes (logo coplanares).

Nota: o que foi feito com equações vetoriais, pode ser feito com equações paramétricas
e equações na forma simétrica.
x−5 y+2 z − 13
Exemplo 31. r : = = e Π : 6x + 2y + 2z − 16 = 0.
1 −1 4
y+2
x−5=





 −1 y+2
Deve-se resolver o sistema  y + 2 = z − 13 . Isolando y em x − 5 = ez

 −1 4 −1

6x + 2y + 2z − 16 = 0

y+2 z − 13
em = , tem-se y = −x + 3 e z = 4x − 7. Então 6x + 2y + 2z − 16 = 0 ⇒
−1 4
6x + 2(−x + 3) + 2(4x − 7) − 16 = 12x − 24 = 0 ⇒ x = 2, y = 1 e z = 1. Portanto,
(2, 1, 1) é o ponto comum à reta e ao plano, temos a situação de uma reta que intercepta
um plano, mas não é subconjunto deste.

Nota: o que foi feito com equação na forma simétrica de reta e equação geral de plano,
pode ser feito com os outros tipos de equações.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 35 Geometria Analítica - 2021/2


5 Estudo de retas e planos 5.4 Posições relativas entre retas e planos

Exemplo 32. Π : (x, y, z)= (1, 3, −1)+p(3, 4, 2)+q(−2, −1, 3) e Σ : 6x+y −11z −20 = 0.


 x = 1 + 3p − 2q

y = 3 + 4p − q

Basta resolver o sistema com cinco incógnitas. No entanto, é




z = −1 + 2p + 3q


6x + y − 11z − 20 = 0
mais fácil converter (x, y, z) = (1, 3, −1) + p(3, 4, 2) + q(−2, −1, 3) para a forma geral e
resolver um sistema com duas equações e três incógnitas. De fato (3, 4, 2) ∧ (−2, −1, 3) =
(14, −13, 5) implica que Π : 14x − 13y + 5z + 30 = 0. Assim, Π ∩ Σ será o conjunto solução
do sistema de equações

14x − 13y + 5z + 30 = 0
6x + y − 11z − 20 = 0

Isolando y na 2a equação, obtém-se y = −6x+ 11z + 20 e sua utilização na 1a equação leva


2x 5 2x 5 4x 5
az= − . A substituição de z por − em y = −6x + 11z + 20 define y = + .
3 3 3 3 3 3
4x 5
Logo, para cada valor de x, obtemos um único valor de y igual a + e um único valor
3 3
2x 5
de z igual a − . Isto implica em
3 3
x=a
4a 5
y= +
3 3
2a 5
z= −
3 3
que são as equações na forma paramétrica de uma reta. Assim, Π e Σ se interceptam
5 5 4 2
segundo a reta que passa por (0, , − ), com vetor diretor (1, , ).
3 3 3 3
Exercício 39. Estabeleça a interseção de 3x + 3y − 2z + 1 = 0 com cada um dos eixos
coordenados e dos planos coordenados.
x y−1 z−3
Exercício 40. Obtenha a interseção de r : = = com Π : 2x + y − z − 6 = 0.
3 2 8
Exercício 41. Determine Π ∩ ∆ no caso em que Π : X = (1, 0, 0) + a(1, 1, 1) + b(−1, 0, 2)
e ∆ : X = (2, 0, −1) + a(1, 2, 1) + b(0, 1, 1).

Exercício 42. Estude as interseções entre os planos y−4 = 0, z−1 = 0 e x−y+2z+5 = 0.

Seção 5.4 Posições relativas entre retas e planos


As posições relativas envolvendo retas e planos são indicadas na ilustração.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 36 Geometria Analítica - 2021/2


5 Estudo de retas e planos 5.4 Posições relativas entre retas e planos

S n
n
. s
E
u
P .A r
v
s
P
.
m .
B
m
D

.
t
C
r
.
t

1. r : X = A + a−→r está contida em Π : X = P + p− →


u + q−→v (Π : ax + by + cz + d = 0),


pois −
→r ,→
−u e−→v são paralelos a um plano e A ∈ Π. O mesmo ocorre com t : X = C + c t
e m : X = D + d− →
m.


2. r e t são paralelas distintas, pois − →
r e t são paralelos entre si e A ∈ / t.

→ −

3. r e m são concorrentes, pois r e m não são paralelos entre si e r ∩ m 6= ∅. O
mesmo ocorre com m e t.
−→
4. r e s : X = B + b− →s são reversas, pois − →r ,−

s e AB não são paralelos a um plano e
r ∩ s = ∅.
Retas paralelas e concorrentes são também coplanares, estão contidas em um mesmo
plano.
5. n : X = E + e− →
n e Π são paralelos distintos, pois − →n,− →u e− →v são paralelos a um
plano e E 6∈ Π. Em termos de coordenadas, − →n = (n1 , n2 , n3 ) e Π são paralelos, pois
an1 + bn2 + cn3 = 0 e E 6∈ Π.
6. s é transversal a Π, pois − →s ,−
→u e−→
v não são paralelos a um plano. Em termos de


coordenadas, s = (s1 , s2 , s3 ) é transversal a Π, pois as1 + bs2 + cs2 6= 0.
7. Π e Σ : mx + ny + pz + q = 0 são paralelos distintos, pois a, b, c e m, n, p são
proporcionais, isto é, existe um k 6= 0, tal que a = km, b = kn e c = kp, mas d 6= kq.
Porém, se ocorre a, b, c, d e m, n, p, q proporcionais, então Π e Σ são coincidentes.
8. Π e ∆ : ex + f y + gz + h = 0 são transversais, pois a, b, c e e, f, g não são
proporcionais. ap. 17

x−1 y−3 z x y z−4


Exemplo 33. Verificar que r : = = e s: = = são coplanares
2 3 4 −4 −6 −8
e depois estabeleça as equações paramétricas do plano.
É bem simples, r tem vetor diretor −→r = (2, 3, 4), s tem vetor diretor −→s = (−4, −6, −8),

→ −

logo s = −2 r e isto implica que r e s são paralelas. Falta ver se são paralelas coincidentes

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 37 Geometria Analítica - 2021/2


5 Estudo de retas e planos 5.4 Posições relativas entre retas e planos


x

 = 1 + 2a
ou paralelas distintas, e isto é feito pela análise da interseção entre r : y = 3 + 3a



z = 4a

x

 = −4b
e s : y = −6b . Igualando as equações de mesma coordenada, ocorre 1 + 2a =



z = 4 − 8b
a 1
−4b, 3 + 3a = −6b, 4a = 4 − 8b. Isolando b na primeira equação, tem-se b = − − ,
2 4
3
substitua b na segunda equação e o resultado é a equação 3a + 3 = 3a + , sem solução.
2
Não há ponto comum. Uma vez que r e s são paralelas distintas, há somente um plano que
as contém e se torna necessário e suficiente determinar um ponto e dois vetores diretores.
Aproveite A = (1, 3, 0) e −

r = (2, 3, 4). Para achar um outro vetor diretor, tome B ∈ s,
−→
digamos B = (−4, −6, −4), com o qual se estabelece AB = (−5, −9, −4). Portanto,

x = 1 + 2p − 5q
y = 3 + 3p − 9q
z = 4p − 4q

Nota: outra técnica muito útil consiste em começar o procedimento substituindo as


1 + 2a 3 + 3a
expressões de x, y, z de r nas equações de s. O resultado disto é = =
−4 −6
4a − 4
. Continue!
−8
Exemplo 34. Qual é a posição relativa entre r : X = (1, 4, 5) + a(−1, −1, −1) e Π : X =
(6, −7, 4) + a(1, 2, 3) − b(3, 2, 1)?
Será feito uso dos dois métodos estabelecidos
 na teoria:

−1 −1 −1
1o método. Via vetores diretores: det   1 2 3  = 0 ⇒ r e Π são paralelos. Falta
−3 −2 −1
ver se r está ou não contida no plano, e isto é feito com auxílio de (1, 4, 5). Esse pertence
a Π se e somente se (1, 4, 5) = (6 + a − 3b, −7 + 2a − 2b, 4 + 3a − b). Um cálculo rápido
43 21
leva a a = , b = que não satisfazem a 3a equação, logo r não pertence a Π.
4 4
2o método. Via coeficientes da equação geral do plano: (1, 2, 3)∧(−3, −2, −1) = (4, −8, 4)
e uma equação geral do plano é x − 2y + z − 24 = 0. Como 4(−1) − 8(−1) + 4(−1) = 0,
segue-se que r e Π são paralelos. Substitua as coordenada de (1, 4, 5) ∈ r na equação
geral e verifique que não a satisfazem, logo r não está contida em Π.

Exemplo 35. Qual é a posição relativa entre Π : X = (4, 2, 4) + a(1, 1, 2) + b(3, 3, 1) e


Σ : X = (2, 1, 2) + a(1, 1, 1) + b(5, 3, 4). Determine um ponto comum, caso Π ∩ Σ 6= ∅.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 38 Geometria Analítica - 2021/2


5 Estudo de retas e planos 5.5 Perpendicularidade e ortogonalidade

É necessário calcular os coeficientes das equações gerais dos dois planos. Para Π, (1, 1, 2)∧
(3, 3, 1) = (−5, 5, 0), logo a = −5, b = 5, c = 0. Usando (4, 2, 4), tem-se d = 10. Para
Σ, (1, 1, 1) ∧ (5, 3, 4) = (1, 1, −2), logo m = 1, n = 1, p = −2. Usando (2, 1, 2), tem-se
q = 1. É imediato que não existe número k 6= 0, tal que a = km, b = kn, c = kp, logo
os planos em questão são transversais. Outro modo: os vetores (−5, 5, 0) e (1, 1, −2) não
são paralelos entre si, isto impede que os planos sejam paralelos, logo são transversais.
Devido à esta transversalidade, é óbvio que Π ∩ Σ é uma reta; os pontos sobre a reta são
1 1
da forma (x, x − 2, x − ) (verifique!). Logo (0, −2, − ) é um ponto de Π ∩ Σ.
2 2
Exercício 43. Estude a posição relativa de r : X = (1, 1, 1)+a(3, 2, 1) e Π : X = (1, 1, 3)+
a(1, −1, 1) + b(0, 1, 3). Se forem transversais, obtenha o ponto comum.
Exercício 44. Calcule os valores de a, b ∈ R para que r : X = (b, 2, 0) + c(2, a, a) esteja
contida em Π : x − 3y + z − 1 = 0.
Exercício 45. A reta t é paralela a Oxz, está contida em Π : x + 2y − z − 2 = 0, e é
concorrente com s : X = (2, 1, 1) + a(1, 0, 2). Determine uma equação vetorial de t.

Seção 5.5 Perpendicularidade e ortogonalidade


Por definição, r : X = A + a− →r e s : X = B + b− →s são perpendiculares quando são
concorrentes (r ∩ s 6= ∅) e r . s = 0. Mas se r e s são reversas (r ∩ s = ∅) e −

→ −
→ →
r .−

s = 0,
então r e s são ortogonais. A fim de se definir em qual caso se está, retas ortogonais, retas
perpendiculares, basta usar o produto interno − →r .−

s junto com o estudo de interseção.
x−4 y−2 z+4
Exemplo 36. r : (x, y, z) = (2, −5, 1) + a(3, −1, −1) e s : = = .
2 11 −5
(3, −1, −1).(2, 11, −5) = 0. Falta ver se r ∩ s = ∅, ou não. Da equação de r, tira-se
x−4 y−2 z+4 2 + 3a − 4
x = 2 + 3a, y = −5 − a, z = 1 − a e então = = ⇒ =
2 11 −5 2
−5 − a − 2 1−a+4 8 5
= . Obteremos a = da primeira igualdade e a = da segunda,
11 −5 31 4
não existe ponto que satisfaça às equações de r e de s. Conclusão, r e s são ortogonais,
não perpendiculares.
Qualquer vetor não-nulo ortogonal a um plano é conhecido como vetor normal ao
−−→ −→
plano: sendo Π : ax + by + cz + d = 0 e A = (x1 , y1 , z1 ) ∈ Π, então OX = (a, b, c) e AY ,
com Y = A+ (a, b, c) = (x1 + a, y1 + b, z1 + c), são dois ótimos exemplos de vetores normais
a Π. Indo um pouco mais além, é fácil estabelecer a equação geral de um plano quando
se tem um ponto A = (x1 , y1, z1 ) sobre o plano e um vetor normal − →
v = (a, b, c) ao plano.
Um rápido cálculo determina ax + by + cz + d = 0, com d = −x1 a − y1 b − z1 c.
Exemplo 37. Determinar uma equação do plano que contém A = (3, 4, 1) e tal que


v = (2, −1, 3) é normal.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 39 Geometria Analítica - 2021/2


5 Estudo de retas e planos 5.6 Ângulos em retas e planos

−→ →
Qualquer ponto B = (x, y, z) sobre o plano faz com que AB.− v = 0, isto é, (x − 3)2 + (y −
4)(−1) + (z − 1)3 = 0. Assim, 2x − y + 3z − 5 = 0 é a equação geral deste plano. Note
que os três primeiros coeficientes da equação geral são exatamente as coordenadas de − →v!

Sob qual condição r : X = B + k − →r é perpendicular a Π : ax + by + cz + d = 0? De


acordo com o que já foi visto, basta que −

r e−→v = (a, b, c) sejam paralelos entre si.

Exemplo 38. Obter uma equação vetorial para a reta que contém A = (1, 3, 7) e é
perpendicular a Π : 2x − y + z − 6 = 0.
É muito simples, basta aproveitar o vetor normal a Π como vetor diretor, assim (x, y, z) =
(1, 3, 7) + a(2, −1, 1) é a equação vetorial da reta procurada.

Para terminar este assunto, Π : ax + by + cz + d = 0 e Σ : mx + ny + pz + q = 0 são


paralelos se e somente se os vetores normais −→u = (a, b, c) e −

v = (m, n, p) são paralelos

→ −

entre si. No entanto, se u . v = 0, os planos são perpendiculares.

Exercício 46. O objetivo é decompor − →v = (−3, 1, −3) como a soma de dois vetores, um
paralelo e outro ortogonal ao plano (x, y, z) = (1, 2, 3) + p(1, −2, −2) + q(2, 3, 1).

Seção 5.6 Ângulos em retas e planos


O ângulo formado por r : X = A + a− →r e s : X = B + b−

s tem por medida o menor

→ −
→ −
→ −

número entre α = a( r , s ) e β = a(− r , s ), sempre compreendido no intervalo [0◦ , 90◦].
Note que não é necessário, como muitos pensam, s
que r e s sejam concorrentes para se medir o ângulo. t
Na ilustração, r é paralela a t, r e s são reversas, t s
t a
e s são concorrentes, de qualquer modo, a(− →
r ,−

s)= r

→ − . b
a( t , →
s ) é o menor valor entre α e β.
O cálculo é a simplicidade em pessoa: se 0◦ ≤ r


r.s−

α = arccos( − ) ≤ 90◦ , então α é a medida do
| r ||−
→ →
s|
ângulo associado a r e s. Se 90◦ < α ≤ 180◦ , então β = 180◦ − α é a medida angular
entre r e s.
O ângulo entre r : X = A + k − →r e Π : ax + by +
cz + d = 0 leva em conta α = a( r , − −
→ →s ), sendo que r


s : X = B + p s é qualquer reta normal a Π e o
óbvio a fazer é tomar − →s = (a, b, c). a .


r.s−

r 90º- a
Se 0◦ ≤ α = arccos( − → −
→ ) ≤ 90◦ , então 90◦ −
| r || s | s
α dá a medida angular entre r e Π. ..

Caso 90◦ < α ≤ 180◦ , então α − 90◦ dá a medida


angular entre r e Π. Bem simples, não? P s

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 40 Geometria Analítica - 2021/2


5 Estudo de retas e planos 5.7 O conceito de distância através de vetores

Por fim, o ângulo formado por Π : ax + by + cz +


d = 0 e Σ : mx + ny + pz + q = 0 mede tanto quanto
a medida angular entre duas retas r e s respectiva-
mente normais a Π e Σ. Na ilustração, é o menor va-
lor entre α e β e o óbvio a fazer é tomar −
→ P .
r = (a, b, c)


ap. 18 e s = (m, n, p).
a
.
r .
s
Exercício 47. Determine o ângulo estabelecido a
entre a reta que contém (3, 2, −6) e (−1, 1, 1), e a b S
x+2 y−1 z+1
reta = = .
−4 −3 −1

Exercício 48. Mostre que a (x, y, z) = (4, 3, 7)+a(−1, −1, 1) intercepta 3x−y+z−10 = 0
segundo 10, 025◦ .

Exercício 49. Qual é o ângulo formado pelo plano que intercepta os eixos coordenados
em (−5, 0, 0), (0, 2, 0), (0, 0, 1), e (x, y, z) = (3, 0, 2) + p(1, 2, 1) + q(−3, 4, 2)?

Seção 5.7 O conceito de distância através de vetores


De agora em diante está fixado o sistema de coordenadas ortogonal em R3 , que consiste
de O = (0, 0, 0) e de −

e1 = (1, 0, 0), →

e2 = (0, 1, 0), →

e3 = (0, 0, 1). A distância enclidiana
q
d(A, B) = (x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 + (z1 − z2 )2 ,

a única que se utiliza neste curso, se justifica porque em R3 a linha mais curta ligando
dois pontos quaisquer é o segmento de reta limitado por aqueles pontos. A fim de se
estender este conceito para conjuntos, a geometria euclidiana nos ensina que é necessário
e suficiente utilizar retas perpendiculares:
1) Seja A = (x1 , y1 , z1 ) não contido em r : (x, y, z) = B+b−

r = (x2 , y2, z2 )+b(r1 , r2 , r3 ).
←→
É fácil ver que, dentre os segmentos AX (X ∈ r), o mais curto é AA′ , tal que AA′ ⊥ r.
Existem duas opções, uma exige determinar A′ , em que

A′ = (x2 + ar1 , y2 + ar2 , z2 + ar3 )


−−→
A′ A.−

r =0

Desenvolva o sistema de equações e encontre o valor de a, aplique este valor na equação


de r e obtenha as coordenadas de A′ . Agora é fácil calcular d(A, A′ ) que é a distância
ap. 19 de A até r.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 41 Geometria Analítica - 2021/2


5 Estudo de retas e planos 5.7 O conceito de distância através de vetores

A
Sem fazer uso de A′ , seja C = B + − →
.
r . A área
1 −→ −−→ 1 −−→
de ABC é igual a |BA ∧ BC| e a |BC|d(A, A′), logo
.
B
2 2 r
−→ − →
.
C
|BA ∧ r |
.
d(A, A ) =

. X .
ap. 20


|r| A’

Note que B e C são irrelevantes, se forem trocados por outros pontos de r, a distância
não varia!
2) Seja A = (x1 , y1 , z1 ) não contido em Π : (x, y, z) = B + p− →u + q−

v = (x2 , y2, z2 ) +
p(u1 , u2 , u3) + q(v1 , v2 , v3 ). O raciocínio é idêntico ao do item (1): dentre os segmentos
←→
AX, com X ∈ Π, o mais curto é AA′ , tal que AA′ ⊥ Π.
−−→ →
A. A′ é tal que A′ A e −
n são paralelos entre si, em que
.C
este último é escolhido dentre os que são normais a Π.
Basta então resolver o sistema
. A’ P
A′ = (x2 , y2 , z2 ) + a1 (u1 , u2, u3 ) + a2 (v1 , v2 , v3 )
X. n
−−→
. A′ A = k −
→n
B
e calcular d(A, A′ ) que é a distância de A até Π. A
fim de evitar determinar A′ , escolha B ∈ Π e um vetor


qualquer n normal a Π, com origem em B. ap. 21
−→ →
−→ −
→ |BA.−n|
Então a projeção de BA sobre n mede d(A, A ) = ′

→ . ap. 22
|n|
−→ → −

→ −
→ −
→ |BA.− u ∧→ v|
Claro que n = u ∧ v é uma excelente escolha e então d(A, A ) = ′

→ −
→ . Em
|u ∧ v|
termos de coordenadas, A = (x , y , z ), B = (z , y , z ), −
1 1 1
→u = (u , u , u ), −
2 2 2
→v = (v , v , v ),
1 2 3 1 2 3
|a(x1 − x2 ) + b(y1 − y2 ) + c(z1 − z2 )| |ax1 + by1 + cz1 + d|
ocorre de d(A, A ) = ′ √ = √ , em
a2 + b2 + c2 a2 + b2 + c2
que a, b, c, d são os coeficientes da equação geral de Π.
Algumas conseqüências:
1a . A distância entre retas paralelas distintas r e s é obtida escolhendo um A ∈ r e
−→ →
|BA ∧ − r|
um B ∈ s, de modo que d(r, s) = −
→ . P
|r|
2a . A distância entre retas reversas r e s. Há .
um único plano Π que contém r e é paralelo a s (de r s =n
<

equação X = B +p− →r +q −
→s ), ocorre então de −→r ∧−
→s
ser normal a Π. A −→ distância entre as retas é então r


|BA. r ∧ s |−
→ s
igual a d(r, s) = . B
|−
→r ∧−→ A
.

.
s| s
Note que existe um único ponto R ∈ r e um
único ponto S ∈ s tais que d(R, S) ≤ d(X, Y ), ∀X ∈ r

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 42 Geometria Analítica - 2021/2


5 Estudo de retas e planos 5.7 O conceito de distância através de vetores

−→ → −→ →
r, Y ∈ s. Para encontrá-los, observe que RS.− r = 0 e RS.−
s = 0.
3 . A distância entre planos paralelos Π e Σ é obtida escolhendo um A ∈ Π e um
a
−→ → −
|BA.− u ∧→ v|
B ∈ Σ, de modo que d(Π, Σ) = −
→ −
→ .
|u ∧ v |
Exercício 50. Determine o lugar geométrico dos pontos que equidistam de A = (1, 3, 4),
B = (6, −2, −1) e C = (1, −1, 1).

Exercício 51. Considere A = (2, 3, 1) e r : (x, y, z) = (−4, −1, 1) + a(1, 2, 5).


1) Determine o ponto A′ sobre r que está mais próximo de A. 2) Prove que, para qualquer
X ∈ r, vale d(A, X) ≥ d(A, A′ ).

Exercício 52. Considere A = (5, 1, 5) e Π : 4x − 5y + z + 2 = 0. Determine o ponto A′


sobre Π que está mais próximo de A.

Exercício 53. Calcule uma equação vetorial da reta r que dista 1 de P = (1, 2, 1), é
concorrente com s : X = (−1, 1, 1) + a(0, −1, 2) e paralela a t : 2x − z − 1 = y = 2.

Exercício 54. Determine a distância do segmento AB ao plano 2x − 2y + z − 6 = 0, onde


A = (3, 0, −1) e B = (−1, −2, 3).

Exercício 55. Obtenha uma equação geral do plano que contém A = (1, 1, −1) e B =
(2, 1, 1) e dista 1 de r : X = (1, 0, 2) + a(1, 0, 2).

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 43 Geometria Analítica - 2021/2


Este texto de aulas é fornecido em caráter pessoal ao aluno inscrito em Geometria Analítica IME 3 1913, IME 3 3339, ou IME 3 10814, na UERJ. O autor não autoriza sua transferência a terceiros, nem a divulgação na Internet de parte ou da integra deste texto

6 Cônicas

Capítulo 6
Cônicas
Por cônica entende-se um conjunto C ⊂ R2 associado a um polinômio do 2o grau
f (x, y) = a1 x2 + a2 xy + a3 y 2 + b1 x + b2 y + c nas variáveis x e y (tem-se aj 6= 0 para pelo
menos um dos j = 1, 2, 3), tal que (x, y) ∈ C ⇔ f (x, y) = 0 . Os elementos de f :
1. a1 x2 e a3 y 2 são os termos quadráticos.
2. a2 xy é o termo quadrático misto.
3. b1 x e b2 y são os termos lineares.
4. c é o termo independente.

Exemplo 39. A equação 2x2 + y 2 + 4 = 0 não tem solução, é a cônica ∅. A equação


2
(3x + 2)2 + y 2 = 0 equivale a 9x2 + y 2 + 12x + 4 = 0 e somente admite (− , 0) como
3
solução. A equação (x − 2y)2 = 0, que equivale a x2 − 4xy + 4y 2 = 0, tem como solução a
x 3xy y 2 5y
reta {(x, y) ∈ R2 ; y = }. Já a equação 2x2 − − + 10x + = 0, que equivale a
2 2 2 2
y
(2x + )(x − y + 5) = 0, admite como solução as retas definidas pelas equações y = −4x e
2
y = x + 5. A equação x2 + y 2 − 8x + 2y + 12 = 0, que equivale a (x − 4)2 + (y + 1)2 − 5 = 0,
estabelece claramente um círculo. Já a equação −y 2 + 8x = 0 determina uma parábola.
x2
Por outro lado, x2 + 3y 2 − 12y + 9 = 0, isto é, + (y − 2)2 − 1 = 0, define uma elipse.
3
Por fim, 3x2 − 5y 2 − 6x − 10y − 6 = 0 é equivalente a 3(x − 1)2 − 5(y + 1)2 − 4 = 0 e
define uma hipérbole.

Esses são os únicos tipos de cônicas, sendo que o conjunto vazio, um ponto, uma reta,
ou um par de retas (concorrentes, paralelas) são conhecidos como cônicas degeneradas.
Serão estudadas as demais cônicas que são a elipse, a hipérbole e a parábola.

Seção 6.1 Elipses


1
Fixados pontos F1 e F2 em Oxy e um número a > c = d(F1 , F2 ), os pontos X ∈ Oxy
2
tais que d(X, F1 ) + d(X, F2 ) = 2a formam uma elipse de focos F1 e F2 e de distância
←−→
focal 2c. O segmento focal da elipse é F1 F2 , a reta focal é F1 F2 , o ponto médio do
segmento focal é o centro da elipse.
A elipse de focos F1 = (−c, 0) e F2 = (c, 0) ∈ Ox tem equação reduzida

x2 y 2
+ 2 =1
a2 b

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 44 Geometria Analítica - 2021/2


6 Cônicas 6.1 Elipses

ap. 23 onde b2 = a2 − c2 .
Já a elipse de focos F1 = (0, −c) e F2 = (0, c) ∈ Oy tem equação reduzida

x2 y 2
+ 2 =1.
b2 a

x2 y 2
Se X = (x, y) satisfaz 2 + 2 = 1 então a distância de X a cada um dos focos e dada
a b
cx cx
ap. 24 por d(X, F1 ) = a + e d(X, F2 ) = a − .
a a

4√ 4√
Exemplo 40. Para a = 5, b = 4 e x = 2, somente X1 = (2, 21) e X2 = (2, − 21)
5 5
x2 y 2
pertencem à elipse E : + = 1.
25 16 Oy
O esboço de uma elipse.
x2 .( 0 ,b)
A análise da equação reduzida 2 + (-x,y )
a . .P = ( x,y )
2
y b
= 1 indica que se (x, y) está na elipse
b2
c
então (−x, −y), (x, −y) e (−x, y) também
. a,0
( )
x2 y2
. . . .
(-a,0)
F1 O F Ox
estão. E como a > b, tem-se 2 + 2 ≤ 2
a a
x2 y2 x2 y2 x2 + y 2
+ ≤ + ⇒ ≤ 1 ≤
a2 b2 b2 b2 a2
. .
(-x,-y) ( x,-y )
x +y
2 2
⇒ b ≤ x + y ≤ a , ou seja,
2 2 2 2 .
(0 ,-b)
b2
os pontos da elipse encontram-se na região a
limitada pelos círculos de centro em O e raios a e b.
Os pontos extremos A1 = (−a, 0), A2 = (a, 0), B1 = (0, −b) e B2 = (0, b) são os
vértices da elipse. A corda A1 A2 é o eixo maior, a corda B1 B2 é o eixo menor.
x2 y2
Pode-se provar que uma equação da forma + = 1 descreve sempre uma elipse
p q
se e somente se p 6= q são positivos.

Exemplo 41. Obter oito pontos sobre a elipse associada aos números p = 16 e q = 9.
√ √ x2 y2
a = p = 4 e b = 9 = 3 indicam elipse E : + = 1 limitada pelo retângulo
16 9
{(x, y); −4 ≤ x ≤ 4, −3 ≤ y ≤ 3} e os pontos óbvios √são (−4, 0), (4,
√0), (0, 3) e (0,
√ −3).
3√ 3 15 3 15 3 15
Tomando x = ±1 em y = ± 16 − x2 , obtém-se (1, ), (−1, ), (1, − )e
√ 4 4 4 4
3 15
(−1, − ).
4
A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 45 Geometria Analítica - 2021/2
6 Cônicas 6.1 Elipses

Exemplo 42. Mostre que 4x2 + 169y 2 = 676 é a equação reduzida de uma elipse.
4x2 169y 2 x2 y2
É pois 676 = 4 × 169 e então + = 2 + 2 = 1.
676 676 13 2
Exemplo 43. Calcule o afélio (maior distância do Sol) e o periélio (menor distância do
Sol) de nosso planeta, sabendo que 2c = 5 × 106 km e 2a = 299, 2 × 106 km.
299, 2 5
O afélio é igual a a + c = ( + ) × 106 = 152, 1 × 106 km, o periélio é igual a
2 2
a − c = 147, 1 × 106 .
x2 y2
E1 : + = 1 é bem mais parecido com o círculo de equação x2 + y 2 = 4 do que
4, 41 4
x2 y2
E2 : + = 1, pois E1 tem eixo maior e menor medindo 2a = 4, 2 e 2b = 4, E2 tem
9 4 √
c a2 − b2
2a = 6 e 2b = 4. A fim de comparar elipses, usamos a excentricidade = < 1,
√ √ a a
0, 41 ∼ 5 ∼
para E1 é = 0, 305, para E2 é = 0, 745. Comparando, todas os círculos têm
2, 1 3
excentricidade 0, a órbita do planeta Terra tem excentricidade 0, 01671123. ap. 25

Exercício 56. Determine os comprimentos dos eixos maior e menor de uma elipse de
6
excentricidade igual a 0,6 e F1 = (− , 0). Calcule o comprimento da corda que contém
5
F2 e é perpendicular ao eixo maior. Este número é a amplitude focal da elipse, mostre que
2b2
é igual a .
a
16 √
Exercício 57. Determine a elipse com amplitude focal e c = 2 21.
5
Exercício 58. Fica definido um ângulo θ (téta, o ’q’ latino) quando se liga F2 a A2 e a
x2 y2
qualquer ponto X ∈ X : + = 1. Determine o ângulo associado a A1 , A2 , B1 e B2 .
9 2
Desenvolva uma expressão para d(X, F2 ) que leve em conta θ.

Exercício 59. Qual é a distância de um foco de uma elipse a cada um dos extremos do
eixo menor?

Exercício 60. Calcular a solução do sistema

x2 + 4y 2 − 16 = 0
x2 + y 2 − 9 = 0

e fazer a devida interpretação geométrica.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 46 Geometria Analítica - 2021/2


6 Cônicas 6.1 Elipses

Retas especiais sobre uma elipse.


n
Oy
n
t s
A.
.B
t
Ox

.
C

Na figura, t é a reta tangente à elipse E em A, pois divide o plano coordenado Oxy


em dois semi-planos, E não é subconjunto de um deles e E \A é subconjunto do outro
(t ∩ E = A). O ponto comum é um ponto de tangência, ponto de contato, e s é uma
reta secante à elipse. A única reta n perpendicular a t em A é a reta normal à elipse
em A. Em termos vetoriais, qualquer vetor diretor de t é chamado vetor tangente à
elipse, qualquer vetor diretor de n é chamado vetor normal à elipse.

→ −
→ y1 x1 x2 y2
Os vetores t1 = (py1 , −qx1 ) e t2 = ( , − ) são tangentes à elipse + =1
q p p q
x1 y1
em A = (x1 , y1 ), enquanto que − →
n1 = (qx1 , py1) e −→
n2 = ( , ) são normais à elipse em
p q

→ −

A (isto é, n ⊥ t ).


Deste modo, a reta tangente em A tem equações (x, y) = A + m t = (x1 , y1 ) +
x1 y1
ap. 26 m(py1 , −qx1 ), x1 x + py1 y − pq = 0 e x + y = 1.
p q
x2 y2
Exemplo 44. Determinar as retas tangente e normal a E : + = 1 em um ponto
1, 21 4
1
de abscissa .
2 √ √
3, 84 1 3, 84
Cálculo direto indica ordenada ± . Por A = ( , − ) ∈ E estão definidas a reta
1, 1 √ 2 1, 1
1 3, 84 √
normal de equação vetorial (x, y) = ( , − ) + k(2, −1, 1 3, 84) e a reta tangente
√ 2 1, 1
1 3, 84 √
de equação vetorial X = ( , − ) + k(−1, 1 3, 84, −2). Essa também tem equação
√ 2 1, 1
x 3, 84 y
− = 1.
2, 42 4, 4
x2 y 2
Exemplo 45. Determinar a equação de uma reta tangente a E : + = 1 e paralela
9 25
à reta de equação 4x + y − 3 = 0.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 47 Geometria Analítica - 2021/2


6 Cônicas 6.1 Elipses

x1 x y1 y
O ponto de tangência (x1 , y1) é fundamental para se determinar a tangente t : + =
9 25
1. Os coeficientes da equação de t devem ser proporcionais aos coeficientes de 4x+ y −3 =
x1 y1 25x1
0, assim −

n = (4, 1) é normal à reta dada e − →
m = ( , ) é normal a t. Logo y1 = .
9 25 36
25x1 x2 1 25x1 2 144x21 25x21 132 x21
Como (x1 , y1 ) = (x1 , ) ∈ E, vale 1 = 1 + ( ) = + =
36 9 25 36 362 362 362
36 36 25
e x1 = ± . Conclusão, ( , ) é o ponto de tangência da reta t1 : 4x + y − 13 = 0,
13 13 13
36 25
(− , − ) é o ponto de contato da reta t2 : 4x + y + 13 = 0.
13 13
36 25 36 25
Exercício 61. Determinar a equação da reta normal a E em ( , ) e em (− , − ).
13 13 13 13
Finalmente, qualquer ponto A determina retas t tangente e n normal à uma elipse,
bem como os ângulos indicados.

n
Oy

A. a

t d g b
. . .
F1 O F2 Ox

Proposição 6.1. (Propriedade de reflexão da elipse) t forma ângulos congruentes com


os raios AF1 e AF2 , n contém a bissetriz de F\
1 AF2 . Ou seja, α = δ e β = γ.

Para demostrá-la, utiliza-se o seguinte fato central: − →


w = |− →v |−

u + |−→u |−

v é paralelo à
reta bissetriz do ângulo formado por u e v , isto é, w forma o mesmo ângulo com −

→ −
→ −
→ →u e
com − →
v . Para provar tal fato, basta estudar − →w .−

u e− →
w .−
→v. √
Por exemplo, sendo −
→ = (1, 4, 2) e −
→ = (−5, 1, 1), então −
→ =
√ √ u √ √ √ v √ √ w √ 27(1,√
4, 2) +
21(−5, 1, 1) = ( 27 − 5 21, 4 27 + 21, 2 27 + 21), − →
u .−→
w = 21 27 + √21 =
√ − √ √ √ → 21 27
21|→w | cos α e −
→ w = 27 + 27 21 = 27|−
v .−
→ w | cos β. Assim, |− →
w | cos α = 1 + √ e
√ 21
27 21
|−

w | cos β = 1 + √ são números iguais, de modo que cos α = cos β e, portanto, α = β. ap. 27
27
x2 y2
Exercício 62. Verifique a propriedade de reflexão sobre E : + = 1, tal que A é o
100 64
ponto de tangência de uma reta paralela a u : 16x + 15y − 1 = 0.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 48 Geometria Analítica - 2021/2


6 Cônicas 6.2 Hipérboles

Seção 6.2 Hipérboles


1
Fixados pontos F1 e F2 em Oxy bem como um número a < c = d(F1 , F2 ), os pontos
2
X ∈ Oxy tais que |d(X, F1 ) − d(X, F2 )| = 2a formam a hipérbole de focos F1 e F2 e de
distância focal 2c.
A hipérbole de focos F1 = (−c, 0) e F2 = (c, 0) tem equação reduzida
x2 y 2
− 2 =1
a2 b
ap. 28 onde b2 = c2 − a2 .
Já a hipérbole de focos F1 = (0, −c) e F2 = (0, c) tem equação reduzida
x2 y 2
− + 2 =1.
a2 b
x2 y2
Para pontos X = (x, y) que satisfazem − = 1 e x ≤ −a, tem-se d(X, F1 ) −
a2 b2
d(X, F2 ) = −2a. Ao contrário, se x ≥ a então d(X, F1 ) − d(X, F2 ) = 2a.
Este estudo de distância indica que a hipérbole é formada de duas curvas, chamadas
de ramos da hipérbole. Um dos ramos é o conjunto H1 = {X ∈ Oxy; d(X, F1 ) =
cx cx
−a − e d(X, F2 ) = a − }, o outro ramo é o conjunto H2 = {X ∈ Oxy; d(X, F1 ) =
a a
cx cx
ap. 29 a + e d(X, F2 ) = −a + }.
a a
O esboço de uma hipérbole. Oy
x2 y2 H1 H2
A análise da equação reduzida 2 − 2 = 1 in-
a b
dica que a hipérbole não tem ponto entre as re- (-x,y ) . . P = ( x,y )
tas verticais x = −a e x = a, mas para qualquer
b
−∞ < x ≤ −a, ou a ≤ x < +∞, existe um
b√ 2 c
ap. 30 y = x − a2 . (-a,0)
a . . . . .
Se (x, y) é ponto da hipérbole então (x, −y), F1 O ( a,0 ) F2 Ox
(−x, −y), (−x, y) também são. As retas de equação
b b
y = − x e y = x são as assíntotas da hipér-
a a (-x,-y) . . ( x,-y )
bole, note que uma hipérbole nunca intercepta suas
ap. 31 assíntotas.
H intercepta Ox apenas em A1 = (−a, 0) e a
A2 = (a, 0), os vértices da hipérbole, a corda A1 A2
é o eixo transverso e B1 B2 é o eixo conjugado, em que B1 = (0, −b), B2 = (0, b).
Exercício 63. Em uma hipérbole com parâmetros c > a > b > 0, a amplitude focal é
2b2 √
igual a . Determine a hipérbole com amplitude focal 8 e c = 32.
a
A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 49 Geometria Analítica - 2021/2
6 Cônicas 6.2 Hipérboles

x2 y2
Pode-se provar facilmente que uma equação da forma + = 1 descreve uma
p q
hipérbole se e somente se p e q têm sinais contrários.

Exemplo 46. Obter seis pontos sobre a hipérbole associada aos números p = 16 e q = −9.
√ √ x2 y2
a = 16 = 4 e b = 9 = 3 indicam uma hipérbole de equação reduzida − =1e
16 9
3√ 2 9 9
vértices (−4, 0) e (4, 0). Tomando x = ±5 em y = ± x − 16, obtém-se (5, ), (5, − ),
4 4 4
9 9
(−5, ) e (−5, − ).
4 4

c a2 + b2 x2 y2
O número = > 1 é a excentricidade de H : 2 − 2 = 1, quanto
a a s a b
2
c b c b
maior for , maior serão os coeficientes angulares = − 1 e − das assíntotas.
a a a 2 a
Duas hipérboles de mesma excentricidade têm ramos limitados por assíntotas igualmente
inclinadas. ap. 32

Exercício 64. Determine os comprimentos do eixo transverso


√ e conjugado, bem como a
amplitude focal da hipérbole de excentricidade igual a 5 e F2 = (4, 0).

Retas especiais sobre uma hipérbole.

Oy
. n t
.
m A
n

. t
.O
Ox
s .

H1 H2

Na figura, t é a reta tangente a H em A, pois divide o plano coordenado Oxy em


dois semi-planos, H1 é subconjunto de um semi-plano (t ∩ H1 = ∅) e H2 \A é subconjunto
do outro semi-plano (t ∩ H2 = A). E o contrário se A ∈ H1 . Dito com outras palavras, t
b
não é paralela à qualquer assíntota e tem coeficiente angular 6= ± .
a
A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 50 Geometria Analítica - 2021/2
6 Cônicas 6.2 Hipérboles

x2 y 2
Os vetores normal e tangente à uma hipérbole H : + = 1 em A = (x1 , y1 ) ∈ H
p q

→ −
→ y1 x1
têm as mesmas formas daqueles vistos nas elipses, t1 = (py1 , −qx1 ) e t2 = ( , − )
q p
x1 y1
são tangentes, − →
n1 = (qx1 , py1 ) e − →
n2 = −( , ) são normais.
p q


ap. 33 A reta tangente em A tem as mesmas equações vistas nas elipses, (x, y) = A + m t =
x1 y1
(x1 , y1 ) + m(py1 , qx1 ), qx1 x − py1 y − pq = 0 e x − y = 1.
p q
Exercício 65. Se e = 2, a = 10 e o eixo focal é subconjunto do eixo-x, determine a
equação geral da reta tangente em (x0 , x0 ). Depois, determine dois pontos, sobre a curva,
que distam 60.

Exemplo 47. Determinar as equações das retas tangentes a H : 3x2 −y 2 = 39 que passam
por A = (1, −9). Calcule também as equações das retas normais.
Primeiro um teste: 3 − (−9)2 = −78 6= 39 indica que A 6∈ H, então há uma reta tangente
x2 y 2 x2 y 2
ao ramo H1 : − = 1 e outra tangente ao ramo H2 : − = 1, ambas passando por
13 39 13 39
x1 x y1 y x1 y1 (−9)
A. A reta tangente tem equação − = 1 e passa por (1, −9), logo − =
13 39 13 39
13 − x1 x2 1 13 − x1 2 −1 ± 9
1 ⇒ y1 = ⇒ 1 − ( ) = 1 ⇒ x21 + x1 − 20 = 0 e x1 = . Os
3 13 39 3 2
pontos de tangência são B = (−5, 6) ∈ H1 e C = (4, 3) ∈ H2 , a reta tangente em B
5x 6y
tem equação − − = 1 e 5x + 2y + 13 = 0. A reta tangente em C tem equação
13 39
4x 3y
− = 1 e 4x − y − 13 = 0. A reta normal em B tem equação 2x − 5y + a = 0, a reta
13 39
normal em C tem equação x + 4y + b = 0, em que a e b são calculados através de pontos
conhecidos. Assim, 2x − 5y + 40 = 0 e x + 4y − 16 = 0.

x2 y 2
Exercício 66. Mostre que r : 3x−7y +1 = 0 não é assíntota de − = 1, mas paralela
49 9
a uma, então r ∩ H é um ponto. Esse tipo de reta é tangente a H?

√ x2 y 2
Exercício 67. Conclua que r : 18 2 x − 77y = 0 passa pelo centro de H : − =1e
49 9
por um ponto de H1 , logo passa também por um ponto de H2 .

Finalmente, qualquer ponto A determina reta tangente t e os ângulos indicados.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 51 Geometria Analítica - 2021/2


6 Cônicas 6.3 Parábolas

Oy

.A

a
b
. .
F1 F2 Ox

t
H1 H2

Proposição 6.2. (Propriedade de reflexão da hipérbole) t contém a bissetriz de F\


1 AF2 .
Ou seja, α = β. ap. 34

Seção 6.3 Parábolas


Fixados em Oxy uma reta r e um ponto F 6∈ r, os pontos X ∈ Oxy tais que d(X, F ) =
d(X, r) formam a parábola de foco F , r é a sua diretriz e a reta que contém F e é
perpendicular à diretriz é o eixo da parábola. Se F ′ é comum ao eixo e à diretriz, o ponto
médio V de F F ′ é o vértice da parábola.
A parábola de foco F = (p, 0) ∈ Ox tem equação reduzida

y 2 = 4px. ap. 35

A amplitude focal da parábola é o comprimento da corda que contém F , paralela à


diretriz.
O esboço de uma parábola.
A análise da equação y 2 = 4px indica que a abs- Oy
cissa de um ponto tem mesmo sinal de p, se p > 0 r . P = ( x,y )
então os pontos estão à direita de Oy, e se p < 0
então os pontos estão à esquerda.
Também, as equações y 2 = −4px, x2 = 4py e
x = −4py descrevem parábolas, onde a primeira
2
. .
V F Ox
ocupa o 2 e 3 quadrantes com foco em Ox, a se-
o o

gunda ocupa o 1o e 2o quadrantes com foco em Oy


e a última ocupa o 3o e 4o quadrantes com foco em p
Oy. . ( x,-y )
Pode-se provar facilmente que equações na forma p
y 2 = qx e x2 = qy descrevem parábolas se e somente
se q 6= 0. ap. 36

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 52 Geometria Analítica - 2021/2


6 Cônicas 6.3 Parábolas

Exemplo 48. Determinar as coordenadas de um ponto sobre P : 5y 2 − 13x = 0 que dista


3,9 da origem.
13x
A distância de X = (x, y) ∈ P de O é tal que x2 + y 2 = x2 + = (3, 9)2 = 15, 21, logo
5
13 √ 13 √
5x2 + 13x − 76, 05 = 0 apresenta soluções x1 = (−1 + 10) e x2 = (−1 − 10).
10 10
13 13 √
Visto que P tem parâmetro positivo, x2 está fora e então y 2 = (−1 + 10) =
√ 5 10√
169 √ 13 50 √ 13 √ 13 50 √
(−1+ 10) e y = ± (11−2 10). Portanto, ( (−1+ 10), (11−2 10))
50 √ 50 10 50
13 √ 13 50 √
e ( (−1 + 10), − (11 − 2 10)) distam 3,9 da origem.
10 50
5
Vamos agora comparar P1 : y 2 = 5x com P2 : y 2 = 50x. P1 tem foco F1 = ( , 0) e a
4
5 5 5 5
amplitude focal é o comprimento do segmento de reta que liga A = ( , ) e B = ( , − ),
4 2 4 2
25
logo é d(A, B) = 5; P2 tem foco F2 = ( , 0) e amplitude focal d(C, D) = 50, em que
2
25 25
C = ( , 25) e D = ( , −25). C
.
2 2
Vê-se assim que a amplitude focal é igual ao módulo do
parâmetro multiplicado por 4, e que AV [ \
B e CV D medem

2 arctg 2 = 126, 87 , de sorte que ABV e CDV são triângulos
◦ Oy
semelhantes.
A conclusão é que as parábolas têm a mesma forma, uma
é cópia da outra!
Retas especiais sobre uma parábola.
.A
n .. .
Oy n V .B F2 Ox
t F1
.
m A
t

Ox
.B

.
C
s
.D

Na figura, t é a reta tangente a P em A, pois divide o plano coordenado Oxy em


dois semi-planos, P não está subconjunto de um deles e P \A é subconjunto do outro
(t ∩ P = A).

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7 Translações de elipses, hipérboles e parábolas

Note que m não é tangente a P, e s é uma reta secante. O ponto A é o ponto de


tangência, ponto de contato. A única reta n perpendicular a t em A é a reta normal
a P em A. Em termos vetoriais, qualquer vetor diretor de t é chamado vetor tangente
à parábola, qualquer vetor diretor de n é chamado vetor normal à parábola.


O vetor t = (y1 , 2p) é tangente à parábola em A, enquanto que − →
n = (−2p, y1 ) é
normal em A. Deste modo, a reta tangente em A tem equação 2px − y1 y + 2px1 = 0. ap. 37
8 27
Exercício 68. Determine − →
n nos pontos de P : y 2 − 6x = 0 de abscissa e , ordenada
3 2
positiva. Em cada um deles, decomponha o vetor normal como soma de dois vetores, um
horizontal e outro vertical.
Exemplo 49. Determinar a equação de uma reta tangente a P : y 2 − 12x = 0 e paralela
à reta de equação −x + 2y + 3 = 0.
Primeiro deve-se observar que a reta tem vetor diretor −

s = (2, 1) não paralelo ao eixo


Ox, logo o problema tem solução. A reta tangente tem vetor diretor t = (y1 , 6) k −→s,
logo y1 = 12 e x1 = 12. Então t : x − 2y + 12 = 0.
Finalmente, qualquer ponto A determina retas t tangente e n normal. Sendo m a reta
que contém A e é paralela ao eixo da parábola, ficam definidos os ângulos indicados.
n
Oy
g b
m d a
.
A
t
.
F Ox

Proposição 6.3. (Propriedade de reflexão da parábola) t e n contém as bissetrizes asso-


←→
ciadas às retas m e AF . Ou seja, α = β e γ = δ (δ: delta, ’d’ latino). ap. 38
Exercício 69. Verifique a propriedade de reflexão sobre P : y 2 + 16x = 0, em que A é o
ponto de tangência de uma reta paralela a u : 8x + 12y + 1 = 0.

Capítulo 7
Translações de elipses, hipérboles e parábolas
Até aqui temos tratado de elipses e hipérboles com centro em O = (0, 0) e parábolas

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7 Translações de elipses, hipérboles e parábolas

de vértice em O, mas é fácil determinar as equações destas cônicas se for trocado O por
−→
A = (x0 , y0 ). A ideia é somar OA a todos os pontos da cônica.

Oy
__
X. __
F2
yA . .
A
.

X.
. .
F2 xA Ox

Se F1 = (−c, 0) e F2 = (c, 0) são os focos de uma elipse de centro O, então F1 =


−→ −→
F1 + OA = (−c + x0 , y0) e F2 = F2 + OA = (c + x0 , y0 ) são os focos da elipse transladada
(x − x0 )2 (y − y0 )2
(deslocada) de centro A, a qual tem equação reduzida + =1.
a2 b2
(x − x0 )2 (y − y0 )2
O mesmo argumento leva à equação reduzida − = 1 da hipérbole
a2 b2
de centro A, focos F1 e F2 , bem como à equação reduzida (y − y0 )2 = 4p(x − x0 ) da
parábola de vértice A, foco F = (p + x0 , y0).
Note que as cônicas são invariantes por translação, no sentido que a forma e as dimen-
sões não são alterados por translação.
x2 y2 (x − 2)2 (y − k)2
Por exemplo, + = 1 e + = 1 são elipses com semi-eixo
9 81 9 81 √
maior medindo 18 √ sobre Oy, semi-eixo menor medindo 6 sobre Ox, distância focal 6 2e
2 2
excentricidade .
3

x2 y2 x2
Exemplo 50. Considerando-se A = (4, −1), a translação de E : + = 1, H : −
9 5 21
y2 (x − 4)2 (y + 1)2
= 1 e P : y 2 = 6x define as mesmas linhas com novas equações E : + =
4 9 5
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7 Translações de elipses, hipérboles e parábolas

(x − 4)2 (y + 1)2
1, H : − = 1 e P : (y − 4)2 = 6(x + 1), sendo que E e H têm centro A, e
21 4
P tem vértice em A.
Verifica-se que E e E apresentam os mesmos parâmetros geométricos.
√ De fato, para
E, tomando y = 0, tem-se x = ±3. E para x = 0, tem-se y = ± 5. Assim, a = 3, b =
√ 2 (x − 4)2
5, c = 2 e e = . Para E, y = −1 conduz a = 1 e x = 4 ± 3. Já x = 4 implica
3 9
(y + 1) 2 √ √ 2
em = 1 e y = −1 ± 5. Logo a = 3, b = 5, c = 2 e e = .
5 3
O mesmo vale para H e H, bem como com P e P.

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Este texto de aulas é fornecido em caráter pessoal ao aluno inscrito em Geometria Analítica IME 3 1913, IME 3 3339, ou IME 3 10814, na UERJ. O autor não autoriza sua transferência a terceiros, nem a divulgação na Internet de parte ou da integra deste texto

8 Superfícies

Capítulo 8
Superfícies
Uma superfície é um conjunto S ⊂ R3 associado à uma expressão f (x, y, z), tal que
(x, y, z) ∈ S ⇔ f (x, y, z) = 0 .

B.
Oz
e3 S
.A
.
e2
. Oy
e1 O .C
.

Ox
função f D.

. . .
f ( A ) = f C =0
( ) f ( B )=b f ( D ) =d

É comum escrever S : f (x, y, z) = 0. Por quádrica, e superfície quádrica, entende-


se uma superfície associada a um polinômio do 2o grau f (x, y, z) = a1 x2 + a2 y 2 + a3 z 2 +
a4 xy + a5 xz + a6 yz + b1 x + b2 y + b3 z + c nas variáveis x, y, z (pelo menos um dos aj (j =
1, ..., 6) é não-nulo).

Seção 8.1 Esferas


A esfera de centro (x0 , y0, z0 ) e raio ρ tem equação reduzida

(x − x0 )2 + (y − y0 )2 + (z − z0 )2 = ρ2

e equação geral x2 + y 2 + z 2 − 2x0 x − 2y0y − 2z0 z + x20 + y02 + z02 − ρ2 = 0 (ρ: rho, ’r’
latino), ou seja, x2 + y 2 + z 2 + b1 x + b2 y + b3 z + c = 0.

Oz
e3 .
X r
e2
Oy
.
C
.
e1 O

Ox

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8 Superfícies 8.1 Esferas

Exemplo 51. x2 + y 2 + z 2 − 4x + 2y − 8z + 5 = 0.
Completando quadrados, x2 + y 2 + z 2 − 4x + 4 − 4 + 2y + 1 − 1 − 8z + 16 − 16 + 5 =
x2 −4x+4+y 2 +2y+1+z 2 −8z+16−16+5−4−1 = 0 e (x−2)2 +(y+1)2 +(z−4)2 −16 = 0,
equação reduzida da esfera de centro (2, −1, 4) e raio 4.
Exemplo 52. A quádrica associada à esfera de centro (1, 4, 2) e raio 3.
É a equação reduzida (x − 1)2 + (y − 4)2 + (z − 2)2 = 9; desenvolvendo-a, tem-se (x −
1)2 + (y − 4)2 + (z − 2)2 = 9 e x2 + y 2 + z 2 − 2x − 8y − 4z + 12 = 0.
Vamos considerar agora os seguintes conjuntos:
1. [z = p] = {(x, y, p); x, y ∈ R} plano horizon-
Oz
tal paralelo a Oxy, intercepta Oz em (0, 0, p) e tem
. (0,0,4)
[z=4] .
(1,-2,4) [y=3] equação geral z − p = 0.
2. [x = p] = {(p, y, z); y, z ∈ R} plano verti-
[z=3] cal paralelo a Oyz, intercepta Ox em (p, 0, 0) e tem
e [y=4] equação geral x − p = 0.
3

. e 2
3. [y = p] = {(x, p, z); x, z ∈ R} plano verti-
[x=4] e O (0,4,0) cal paralelo a Oxz, intercepta Oy em (0, p, 0) e tem
1 . Oy
equação geral y − p = 0.
. Reescrevendo a equação reduzida de uma esfera
(5,1,2) . (2,4,-1) sob a forma (x − x0 )2 + (y − y0 )2 + (z − z0 )2 = ρ2 e
. substituindo z por p, tem-se (x − x0 )2 + (y − y0 )2 =
(5,0,0)
[x=5] r 2 − (p − z0 )2 = ρ20 , equação do círculo em [z = p],
de centro (x0 , y0 , p) e raio ρ0 .
Ox
Oz

(x0 , y0 ,p)
.
[z=p]

e3
. e2
e1 O

Note que (x, y, z) ∈ S : (x − x0 )2 + (y − y0 )2 + (z − z0 )2 = ρ2 se e somente se x0 − ρ ≤


x ≤ x0 + ρ, y0 − ρ ≤ y ≤ y0 + ρ, z0 − ρ ≤ z ≤ z + ρ e tem destaque:
1. z = z0 − ρ ⇒ ρ0 = 0 e [z = z0 − ρ] ∩ S é o ponto (x0 , y0 , z0 − ρ) mais embaixo da
esfera;
2. z = z0 ⇒ ρ0 = ρ e a interseção é o círculo de centro (x0 , y0 , z0 ) contido no plano
[z = z0 ] e de raio máximo (igual ao raio da esfera);
3. z = z0 + ρ ⇒ ρ0 = 0 e a interseção é o ponto (x0 , y0, z0 + ρ) mais acima da esfera.
Planos horizontais e verticais interceptam uma esfera e determinam círculos. ap. 39

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8 Superfícies 8.2 Elipsoides

y=y0

y= y0+1
Oz
z=z 0+1
e3

e2 .C x=x 0
. Oy
e1 O

Ox x=x 0+1
z=z 0

z=z 0 -1

Exemplo 53. Interpretar a interseção de [z = p] com a superfície esférica S : (x − 2)2 +


(y − 1)2 + (z − 5)2 = 16 nos casos z = 1, 9, 2.
Para z = 1, (x − 2)2 + (y − 1)2 = 0 ⇒ [z = 1] ∩ S = {(2, 1, 1)}; z = 9 implica
(x − 2)2 + (y − 1)2 = 0 e [z = 9] ∩ S = {(2,√ 1, 9)}. z = 2 leva a (x − 2) + (y − 1) = 7,
2 2

equação do círculo de centro (2, 1, 2), raio 7, subconjunto do plano horizontal [z = 2].

Exercício 70. Caracterize a interseção de [x = 5] e de [y = −2] com a mesma esfera.

Seção 8.2 Elipsoides


O elipsoide de centro (x0 , y0 , z0 ) e parâmetros a, b, c, tem equação reduzida

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8 Superfícies 8.3 Hiperboloides de uma folha

(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
+ + =1
a2 b2 c2

x2 y2 z2 2x0 2y0 2z0 x20 y02 z02


e equação geral + + − x − y − z + + + − 1 = 0, ou seja,
a2 b2 c2 b2 b2 c2 a2 b2 c2
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 + b1 x + b2 y + b3 z + c = 0 .
a2 b c
As interseções de planos horizontais e verticais com um elipsoide são elipses. ap. 40

y=y0
y= y0+1
y= y0 -1 Oz
z=z 0+1
x=x 0 e3

e2
Oy
.
C .
e1 O
z=z 0
Ox
x=x 0+1
z=z 0 -1

(x − 3)2
Exercício 71. Caracterize a interseção de [x = 2] com a superfície definida por +
4
(y − 1)2 (z − 5)2
+ = 1.
8 2

Seção 8.3 Hiperboloides de uma folha


O hiperboloide de uma folha de centro (z0 , y0 , z0 ) e parâmetros a, b, c, tem equação
reduzida

(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
+ − =1
a2 b2 c2

x2 y 2 z 2 2x0 2y0 2z0 x20 y02 z02


e equação geral + − − x − y + z + + 2 − 2 − 1 = 0.
a2 b2 c2 a2 b2 c2 a2 b c
(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
Para x = x0 , y = y0 , + − = 1 não tem solução e indica que
a2 b2 c2
a superfície não intercepta a reta {(x0 , y0 , z); z ∈ R} conhecida como eixo distinguido
do hiperboloide.
As interseções de planos horizontais e verticais com um hiperboloide de uma folha são ap. 41
elipses, hipérboles e quatro pares de retas concorrentes.

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8 Superfícies 8.4 Hiperboloides de duas folhas

x=x 0 -a y=y0
z= z 0 -1 y= y0 - b y= y0+ b
x=x 0 -1
x=x 0
x=x 0 -a
Oz x=x 0+1 y= y0+1
e3 x=x 0
e2 z=z 0+1
. Oy .C
e1 O
y=y0
Ox z=z 0
z=z 0 -1 y= y0+ b
y= y0+1
x=x 0+1
y= y0 - b
x=x 0+a

(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2 (x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
Note que − + = 1 e − + + =1
a2 b2 c2 a2 b2 c2
também definem hiperboloides de uma folha, o primeiro tem eixo distinguido paralelo a
Oy, o segundo tem eixo distinguido paralelo a Ox.

Exercício 72. Determine as equações das retas que estão contidas na quádrica definida
(x − 4)2 (y − 3)2 (z − 5)2
por + − = 1.
9 4 36
Exercício 73. Determine as equações de todas as retas subconjuntos da quádrica de
(x + 1)2 (z − 3)2
equação reduzida − (y − 2)2 + = 1.
3 5

Seção 8.4 Hiperboloides de duas folhas


O hiperboloide de duas folhas de centro (x0 , y0, z0 ) e parâmetros a, b, c, tem equação
reduzida

(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
− − + =1
a2 b2 c2

x2 y 2 z 2 2x0 2y0 2z0 x20 y02 z02


e equação geral − − + + x + y − z − − 2 + 2 − 1 = 0, ou seja,
a2 b2 c2 b2 b2 c2 a2 b c
x2 y 2 z 2
− 2 − 2 + 2 + b1 x + b2 y + b3 z + c = 0.
a b c
(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
Para z = z0 , a equação reduzida − − + = 1 não tem
a2 b2 c2
solução, logo as folhas de um hiperboloide de duas folhas são conjuntos disjuntos. Os

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8 Superfícies 8.5 Paraboloides elípticos

pontos (x0 , y0, z0 + c) e (x0 , y0, z0 − c) são os vértices do hiperboloide. A reta que contém
os vértices é o eixo distinguido do hiperboloide.
As interseções de planos horizontais e verticais com um hiperboloide de duas folhas ap. 42
são elipses e hipérboles.
y=y0
z= z 0 -1

x=x 0
z=z 0+2

z=z 0+1
Oz y= y0+1
x=x 0+1
e3 .
e2 y=y0 .C
. Oy z=z 0 - c
O
.
e1 z=z 0+ c

Ox y= y0+1
z=z 0 -1

x=x 0+1
z=z 0 -2
x=x 0
y=y0

(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
Note que − − = 1 é um hiperboloide de duas folhas com
a2 b2 c2
(x − x0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
eixo distinguido paralelo a Ox, e − + − = 1 é um hiperboloide
a2 b2 c2
de duas folhas com eixo distinguido paralelo a Oy.
(x − 5)2 (y − 1)2
Exercício 74. Determine os vértices da quádrica definida por − −
2 7
(z − 3)2
= 1, bem como a interseção com [z = 4].
9

Seção 8.5 Paraboloides elípticos


O paraboloide de vértice (x0 , y0, z0 ) e parâmetros a, b, tem equação reduzida

(x − x0 )2 (y − y0 )2
z = z0 + +
a2 b2
x2 y 2 2x0 2y0 x2 y 2 x2 y 2
e equação geral 2 + 2 − 2 x − 2 y − z + 20 + 20 + z0 = 0, ou seja, 2 + 2 + b1 x +
a b a b a b a b
b2 y − z + c = 0.

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8 Superfícies 8.6 Paraboloides hiperbólicos

ap. 43 As interseções de planos horizontais e verticais com um paraboloide são elipses e


parábolas.

x=x 0 -1
y= y0 -1 x=x 0 -1
x=x 0 y=y0
y= y0+1
Oz
e3 x=x 0
e2
z=z 0+2
. Oy
e1 O
z=z 0+1
Ox y= y0+1
y=y0 .
V
x=x 0+1

A reta {(x0 , y0 , z); z ∈ R} é o eixo de simetria do paraboloide de revolução.


(y − y0 )2 (z − z0 )2 (x − x0 )2 (z − z0 )2
Note que x = x0 + + e y = y 0 + + também
a2 b2 a2 b2
definem paraboloides (elípticos, de revolução), o primeiro com eixo de simetria paralelo a
Ox, o segundo com eixo de simetria paralelo a Oy.

Exercício 75. Determine a equação da interseção da superfície definida por z = 3 +


(x − 1)2 (y − 5)2 7
+ com os planos [z = 7], [x = ] e [y = −2].
16 9 2

Seção 8.6 Paraboloides hiperbólicos


O paraboloide hiperbólico de ponto de sela (x0 , y0, z0 ) e parâmetros a, b, tem equação
reduzida

(x − x0 )2 (y − y0 )2
z = z0 − +
a2 b2

x2 y 2 2x0 2y0 x20 y02 x2 y 2


e equação geral − + − z + x − y − + + z0 = 0, ou seja, − + 2 −
a2 b2 a2 b2 a2 b2 a2 b
z + b1 x + b2 y + c = 0.
ap. 44 As interseções de planos horizontais e verticais com um paraboloide são parábolas,
hiperboles e duas retas.

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8 Superfícies 8.7 Quádricas cônicas

x=x 0

z=z 0+2 x=x 0


x=x 0+1 y= y0 -2 z=z 0+2
Oz
z=z 0+1 x=x 0-1
e3
z=z 0
e2 S. z=z 0+1
. Oy
e1 O
z=z 0 z= z 0 -1
Ox z=z 0 -1
y=y0 y=y0
y=b’ -1
y= y0+1
y= y0+1
y= y0 +2 y= y0 +2

(x − x0 )2 (y − y0 )2 (y − y0 )2 (z − z0 )2
Observe que z = z0 + − , x = x0 − + ,x =
a2 b2 a2 b2
(y − y0 )2 (z − z0 )2 (x − x0 )2 (z − z0 )2 (x − x0 )2 (z − z0 )2
x0 + − , y = y 0 − + e y = y 0 + −
a2 b2 a2 b2 a2 b2
também definem paraboloides hiperbólicos.
Exercício 76. Analise a interseção de [z = 3], [x = 5] e [y = 4] com a quádrica definida
(x − 1)2 (y + 3)2
por z = 7 − + .
9 5
Exercício 77. Existe hipérbole de amplitude focal 16 sobre a superfície determinada por
(x − 7)2 (y − 2)2
z =1− + ?
2 7

Seção 8.7 Quádricas cônicas


. ( x , y ,3)
0 0
Os pontos (x, y, z) em R , cujas coordenadas se relacionam
3 Oz
(x − x0 )2 (y − y0 )2
segundo (z − z0 )2 = + , formam uma
a2 b2
quádrica cônica elíptica, quando a 6= b > 0, ou uma Oy . [ z=p]
quádrica cônica de rotação (cone), quando a = b. O . (x , y , z )
0 0 0
O ponto (x0 , y0 , z0 ) é o vértice e as retas con-
correntes são as geratrizes da quádrica cônica. Ox

(x − 3)2
Exercício 78. Analise as interseções da quádrica definida por (z − 1)2 = +
16
(y − 7)2
com planos paralelos aos planos coordenados.
4
A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 64 Geometria Analítica - 2021/2
8 Superfícies 8.8 Quádricas cilíndricas

Seção 8.8 Quádricas cilíndricas


. ( x0 , y0 ,3)
Os pontos (x, y, z) em R , cujas duas primeiras coordenadas
3 Oz
(x − x0 )2 (y − y0 )2
se relacionam segundo + = 1, formam uma [ z=2 ]
a2 b2
quádrica cilíndrica elíptica, quando a 6= b, ou uma quádrica Oy .
O [ z=1 ]
cilíndrica de rotação (cilindro), quando a = b.
A reta vertical que passa por (x0 , y0 , 0) é o eixo
de simetria da quádrica cilíndrica. Ox
(x − x0 ) (y − y0 )
2 2
Os pontos (x, y, z) com − =1
a2 b2 [ z=-3 ]
formam uma quádrica cilíndrica hiperbólica. E se
(y − y0 )2 = 4p(x − x0 ), formam uma quádrica cilíndrica parabólica.
Exemplo 54. Caracterizar a interseção de S = {(x, y, z); 9x2 +16y 2 −36x−96y +36 = 0}
com [x = 2] e [y = 4].
(x − 2)2 (y − 3)2
A equação definidora de S é equivalente, após completar quadrados, a + =
16 9
1 e então S é uma quádrica cilíndrica elíptica.
[x = 2] intercepta S segundo duas retas paralelas, as vermelhas na figura. E [y = 4]
também, as amarelas.

Exercício 79. Descreva o conjunto cujos pontos (x, y, z) verificam 11x2 − 3y 2 + 44x −
6y − 26 = 0.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 65 Geometria Analítica - 2021/2


Este texto de aulas é fornecido em caráter pessoal ao aluno inscrito em Geometria Analítica IME 3 1913, IME 3 3339, ou IME 3 10814, na UERJ. O autor não autoriza sua transferência a terceiros, nem a divulgação na Internet de parte ou da integra deste texto

Apêndice
1. A diferença está na pequena seta junto a um dos dois pontos. 4 pg16

2. Na figura (1), os segmentos orientados não são paralelos. Na figura (2), os segmentos
orientados são paralelos (= têm mesma direção), mas têm sentidos contrários. E na figura
(3), os segmentos orientados são paralelos, têm mesmo sentido, mas têm comprimentos
diferentes. 4 pg16

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3. As coordenadas de A e B sugerem o movimento de 4 ao longo do eixo-x, no sentido
contrário ao do sentido positivo, depois o movimento de 8 ao longo do eixo-y, no sentido
positivo, e o movimento de 2 ao longo do eixo-z, no sentido positivo.

−→
É por isso que AB tem 1a coordenada igual a −4, 2a igual a 8 e 3a igual a 2. 4.1 pg17

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−→ −
→ −→
4. Demonstração numérica. Sejam −→a = AB = (1, 5, 2) e b = AC = (−1, 3, 4), formando
α graus no ponto inicial comum A = (3, 2, 1).



Então, o segmento orientado (C, B) representa −

a − b = (1 − (−1), 5 − 3, 2 − 4) e,
deste modo,


|−

a − b |2 = |(1 − (−1), 5 − 3, 2 − 4)|2 =
(1 − (−1))2 + (5 − 3)2 + (2 − 4)2 =
12 − 2.1.(−1) + (−1)2 + 52 − 2.5.3 + 32 + 22 − 2.2.4 + 42 =
12 + 52 + 22 + (−1)2 + 32 + 42 − 2.1.(−1) − 2.5.3 − 2.2.4 =
12 + 52 + 22 + (−1)2 + 32 + 42 − 2(1.(−1) + 5.3 + 2.4) (1).

→ −
→ −

Mas, a lei dos co-senos estabelece |−

a − b |2 = |−

a |2 + | b |2 − 2|−

a || b | cos α, ou seja,


|−

a − b |2 = |(1, 5, 2)|2 + |(−1, 3, 4)|2 − 2|(1, 5, 2)||(−1, 3, 4)| cos α =
12 + 52 + 22 + (−1)2 + 32 + 42 − 2|(1, 5, 2)||(−1, 3, 4)| cos α =
√ q
12 + 52 + 22 + (−1)2 + 32 + 42 − 2 12 + 52 + 22 (−1)2 + 32 + 42 cos α (2).

Comparando as expressões (1) e (2), fica evidente que


√ q
1.(−1) + 5.3 + 2.4 = 12 + 52 + 22 (−1)2 + 32 + 42 cos α.


Os dois membros desta equação são chamados produto interno de −

a por b .

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1.(−1) + 5.3 + 2.4
Isole α e utilizar uma calculadora científica: cos α = √ q =
12 + 52 + 22 (−1)2 + 32 + 42
22 22
√ √ e α = arccos √ √ = 38, 0264◦.
30 26 30 26
Nota: a calculadora apresenta 38, 02645879◦ e foi aplicado o arredondamento no 4o
algarismo após a vírgula decimal, estude o texto Geometria Analitica UERJ calculadora
3p. 4.1 pg20

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5. Demonstração numérica. Vamos considerar o desenho, onde α < 90◦ . Sejam A =
(3, 2, 1), B = (4, 7, 3) e C = (2, 5, 5).

−−→
|AD| |(x − 3, y − 2, z − 1)|
Em ABD temos cos α = − → = e |(x − 3, y − 2, z − 1)| =
√ |u| |(1, 5, 2)|
30 cos α.

→− → −
→ −→ −
→ − → → −−→

q E u . v = | u || v | cos α = | v || u | cos α = | v ||AD|, 1.(−1) + 5.3 + 2.4 = 22 =
(−1)2 + 32 + 42 |(x − 3, y − 2, z − 1)|, então,
22
|(x − 3, y − 2, z − 1)| = √ (1).
26
−−→
Ocorre que AD é paralelo a − →v = (−1, 3, 4) e tem mesmo sentido, então
(x − 3, y − 2, z − 1) = m(−1, 3, 4), com m > 0 (2).

√Aplicando módulo em ambos os membros de (2), |(x−3, y −2, z −1)| = m|(−1, 3, 4)| =
m 26 e |(x − 3, y − 2, z − 1)| 1 22 22
m= √ =√ √ = (3).
26 26 26 26
22 22
Substituindo-se m em (2) por , tem-se (x − 3, y − 2, z − 1) = (−1, 3, 4) =
26 26
11 33 44 −−→
(− , , ) = AD.
13 13 13
−−→ 11 33 44 28 59 57
Por curiosidade, D = A + AD = (3, 2, 1) + (− , , ) = ( , , ).
−−→ → 13 13 13 13 13 13
E se α > 90◦ ? Neste caso, AD e − v têm sentidos contrários, vai ocorrer −

u .−→
v =

→ −

| u || v | cos α < 0 e a sequência de cálculos é a mesma do caso α < 90 . 4.1 pg20

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6. Vejamos os porquês das propriedades de −

a ∧ b . Determinar −

v = (x, y, z) ortogonal

→ −

a a = (2, 3, −1) e a b = (−1, 3, 1).


→ −

Em termos de produto interno, −

v .−

a = |−

v ||−

a | cos 90◦ = 0 e −

v . b = |−

v || b | cos 90◦ =
0, então

(x, y, z).(2, 3, −1) = 2x + 3y − z = 0 L1


(x, y, z).(−1, 3, 1) = −x + 3y + z = 0 L2

e devemos resolver o sistema de equações.


Somando, membro a membro, a 1a equação L1 com a 2a L2 , ocorre x + 6y = 0 e
x
y=− .
6
x x 3x
Substitua y por − em L1 , assim 2x + 3(− ) − z = 0 e z = . Então, − →
v =
6 6 2
x 3x
(x, − , ) e ocorre que, para cada valor de x ∈ R, x 6= 0, fica definido um − →v . Por
6 2
1 3 1 3
exemplo, x = 1 define − →v = (1, − , ), x = −1 define − →v = (−1, , − ), x = 4 define
6 2 6 2

→ 2
v = (4, − , 6), etc.
3
Qual vetor escolher? A ideia é estabelecer condições que restrinjam as opções de x ∈ R
a um único valor. A 1a restrição é feita com
s a área do paralelogramo
s
definido por −→
a e

→ x 3x x2
9x 2
59
b : de fato, −

v = (x, − , ) tem norma x2 + + = |x| que deve ser igual à
6 2 36 4 18
área do paralelogramo.

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Na construção geométrica, vê-se que o paralelogramo tem área |− →
a | h, onde sen α =
h −
→ −
→ −

→ e h = | b | sen α. Então, a área é igual a | a || b | sen α, mas é desejável e possível

|b|
eliminar o ângulo. De fato, −
→ −
→q
|−
→a || b | sen α = |−

a || b | 1 − (cos α)2 =
v
u −


→ u
(−
→a . b )2
|−

a || b |t1 − → =
u

|−
→a |2 | b |2
v
→2− →2 −

u

→u −
u| a | | b | (−
→a . b )2


| a || b |t −
→ − → =

|−→a |2 | b |2 |− →
a |2 | b |2
q

→ −


→ −
→ |−
→ a | 2 | b | 2 − (−→a . b )2
| a || b | −
→ =
|−
→a || b |
q

→ −

|−

a | 2 | b | 2 − (− →a . b )2 .
s
59 q

→ −

Deste modo, o vetor procurado é tal que |− →v | = |x| = |−→
a | 2 | b | 2 − (−

a . b )2 =
18 √
q √ √ 59
|(2, 3, −1)|2|(−1, 3, 1)|2 − ((2, 3, −1).(−1, 3, 1))2 = 14.11 − 62 = 118. Então, |x| √ =
18
√ √ |x| √ √ √
2 59, √ = 2 e |x| = 18 2 = 6.
18
Logo, x = 6 e x = −6 determinam − →
v1 = (6, −1, 9) e −

v2 = (−6, 1, −9) = −− →
v1 ,

→ −

respectivamente, ambos ortogonais a a e a b .
Qual vetor escolher? Agora entra em jogo a 2a restrição que utiliza determinante:

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 
2 −1 6 ! !


→ −
→− →
 3 −1 3 −1
de fato, det a b v1 = det  3 3 −1 = 2 det − (−1) det +
 
1 9 −1 9
!
−1 1 9
3 3
6 det = 2(3.9 − 1.(−1)) + (3.9 − (−1).(−1)) + 6(3.1 − (−1).3) = 118.
−1 1
 
2 −1 −6 ! !
 −
→  3 1 3 1
E det −→a b − →
v2 = det  3 3 1  = 2 det − (−1) det +
 
1 −9 −1 −9
!
−1 1 −9
3 3
(−6) det = 2(3.(−9) − 1.1) + (3.(−9) − (−1).1) + 6(3.1 − (−1).3) = −118.
−1 1
 −
→ → −

Como det − →a b − v1 > 0 (regra da mão direita), v1 = (6, −1, 9) é o escolhido, ele é o

→ −

produto vetorial de −→a por b e escrevemos − →
a ∧ b = (6, −1, 9).
Na prática, há uma regra mnemônica fácil de decorar. Escreva as coordenadas de − →
a


em uma linha e as de b na linha abaixo, ou seja
2 3 −1
−1 3 1
→ | 3 −1

1a coordenada de −
→a ∧ b:
!
| 3 1
3 −1
⇒ det = 3.1 − 3.(−1) = 6.
3 1

→ 2 | −1
2a coordenada de −
→a ∧ b:
!
−1 | 1
2 −1
⇒ − det = −(2.1 − (−1).(−1)) = −1.
−1 1

→ 2 3 |
3a coordenada de −
→a ∧ b:
!
−1 3 |
2 3
⇒ det = 2.3 − (−1).3 = 9.
−1 3
4.1 pg21

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−→ → −−→
7. Sejam − →u = AB e − v = CD, com A = (1, 2, 1), B = (3, 7, 2), C = (3, 1, 5) e
7 11 5 1
D = (4, , ). Então, − →u = (2, 5, 1), −
→v = (1, , ).
2 2 2 2

→ 5b b
Indagando se existem a, b ∈ R, tais que a u +b−

→ →v = 0 , tem-se (2a, 5a, a)+(b, , ) =
2 2
5b b
(2a + b, 5a + , a + ) = (0, 0, 0), ou seja,
2 2
2a + b = 0
5b
5a + =0
2
b
a+ =0
2
Em todas as equações ocorre que b = −2a. Assim, se for considerado a = 1, então


b = −2 e − →
u − 2− →v = 0 . Mas, atenção, pode-se considerar outros valores para a e b,
digamos a = 3 e b = −6.
−→ −→ −

Note que − →
u = AB e −2− →v = (−2, −5, −1) = BA, assim − →u − 2−→
v = 0 sugere o
movimento de A até B, depois de B de volta a A. É isto o que significa a soma igual a


0.
Outra opção, mais fácil para dois vetores. Investigar se existe p ∈ R, tal que −

u = p−
→v,
5 1 5p p
isto é, (2, 5, 1) = p(1, , ) = (p, , ).
2 2 2 2
A comparação das coordenadas correspondentes indica p = 2, ou seja, − →
u = 2−→v.

→ −→ −→
Na figura, a colocação de uma cópia de (C, D) em A, gera v = AE e assim AB =
2−→
v =− →
u . 4.1 pg22

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−→ → −−→
8. A situação com três vetores é mais difícil de se visualizar. Sejam −

u = AB, − v = CD

→ −→
e w = EF , com A = (1, −3, 4), B = (4, −1, 8), C = (1, 2, 2), D = (2, 3, 5), E = (3, 3, 2)
e F = (10, 7, 8).
Então, −

u = (3, 2, 4), −

v = (1, 1, 3) e −

w = (7, 4, 6). O paralelogramo verde mostra que
D não pertence ao mesmo plano de A, B e C (− →v está pontilhado). E o paralelogramo
azul mostra que E não está contido no mesmo plano de C, D e F (− →w pontilhado). Isto
mostra que os seis pontos não são coplanares.



Investigando se existem a, b, c ∈ R, tais que a−→u + b−
→v + c−
→w = 0 , tem-se (3a, 2a, 4a) +
(b, b, 3b) + (7c, 4c, 6c) = (3a + b + 7c, 2a + b + 4c, 4a + 3b + 6c) = (0, 0, 0), ou seja,

3a + b + 7c = 0
2a + b + 4c = 0
4a + 3b + 6c = 0
a
A operação da 1a equação menos a 2a equação estabelece a + 3c = 0 e c = − . A
3
a 2a 2a
substituição de c na 1 equação leva a 3a + b + 7(− ) =
a
+ b = 0 e b = − . Estas
3 3 3
expressões de b e c em função de a verificam todas as três equações do sistema, logo
indicam as soluções do sistema.


Se for considerado a = 3, então b = −2, c = −1 e 3− →
u − 2−→
v −− →
w = 0 . Mas, atenção,
pode-se considerar outros valores para a, b e c, digamos a = 6, b = −4 e c = −2.

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Outra opção é investigar a existência de p, q ∈ R, tais que −

w = p−

u + q−

v , isto é,
(7, 4, 6) = (3p, 2p, 4p) + (q, q, 3q). Isto leva a

3p + q = 7
2p + q = 4
4p + 3q = 6

Isolando q na 1a equação, q = −3p + 7. Substitua na 2a , 2p − 3p + 7 = 4, −p = −3 e


p = 3.
Então, q = −3.3 + 7 = −2. A aplicação destes valores de p e q indica que, de fato, são
a solução deste sistema de equações.
Consequentemente, − →
w = 3− →u − 2−
→v.
Esta combinação linear de vetores manda posicionar 3 cópias de − →u a partir de E,


depois 2 cópias de − v a partir de G, o que define o triângulo com um vértice em E.
−−→ −→ −→ −

Note que 3−→u = EG, −2− →v = GF e −−→
w = F E, assim 3− →u − 2−→v −− →
w = 0 sugere
o movimento de E até G, depois de G até F e depois de F de volta a E. É isto o que


significa a soma igual a 0 . 4.1 pg23

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−→
9. A construção geométrica mais natural em detalhes. Seja − →
a = AB com A = (−1, 3, 2)
e B = (2, 9, 6). Então, −→
a = (3, 6, 4).
A primeira coisa a se fazer é projetar A e B sobre o plano-xy, gerando C = (−1, 3, 0)
e D = (2, 9, 0), respectivamente. Em seguida, a reta que passa por C, paralela ao eixo-x,
intercepta a reta que passa por D, paralela ao eixo-y, no ponto E = (2, 3, 0).
Por fim, o ponto com 3a coordenada igual à 3a de B menos a 3a de A, sobre a reta
vertical que contém B, é F = (2, 9, 4), o qual define (C, F ) equipolente a (A, B).

−→ − −→ −−→ −−→
Pela definição de soma de vetores, tem-se CF = CE + ED + DF .

−→ −−→
Ocorre que CE = (3, 0, 0) = 3(1, 0, 0) = 3− →
e1 , ED = (0, 6, 0) = 6(0, 1, 0) = 6− →e2 e
−−→ −
→ −→ −→ −
→ −
→ −

DF = (0, 0, 4) = 4(0, 0, 1) = 4 e3 . Portanto, CF = AB = 3 e1 + 6 e2 + 4 e3 .
Note que os números no terno ordenado (3, 6, 4), identificado a − →a , são os escalares da

→ −
→ −

combinação linear 3 e1 + 6 e2 + 4 e3 .
E a norma de − →a ? Tem-se |−
→a |2 = |3− →
e1 + 6−

e2 + 4−→
e3 |2 e, preste muita atenção, o fato de
3 e1 + 6 e2 ser ortogonal a 4 e3 determina que |3 e1 + 6−

→ −
→ −
→ −
→ →e2 + 4− →
e3 |2 = |3− →
e1 + 6−→e2 |2 + |4−

e3 |2 .

→ −
→ −
→ −
→ −
→ −
→ −
→ −

Mas, 3 e1 é ortogonal a 6 e2 , então |3 e1 + 6 e2 | + |4 e3 | = |3 e1 | + |6 e2 | + |4 e3 | .
2 2 2 2 2

Portanto, |−
→a |2 = |3−

e1 + 6−→
e2 √+ 4−→
e3 |2 = |3−

e1 |2 + |6−→e2 |2 + |4−→
e3 |2 = 32 |−
→e1 |2 + 62 |−

e2 |2 +
2 −
→ −

4 | e3 | = 3 + 6 + 4 e | a | = 32 + 62 + 42 , como definido anteriormente no texto de
2 2 2 2

aulas.
Conclusão: os vetores −→
e1 , −

e2 e −→
e3 facilitam a conversão de vetor como terno ordenado
em vetor como combinação linear destes vetores, e vice-versa. Também, a norma de um
vetor como combinação linear destes vetores é igual a expressão com raiz quadrada já
definida no texto de aulas.
Há uma variação mais simples desta construção geométrica.

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 77 Geometria Analítica - 2021/2


Considere C = (2, 3, 2), o ponto com a 1a coordenada de B e com as 2a e 3a coordenadas
de A. E também D = (2, 9, 2), o ponto com 3a coordenada de A e sobre a reta vertical
que contém B.
−→ −→ −−→ −−→
Então, AB = AC + CD + DB.

−→ −−→ −−→
Ocorre que AC = (3, 0, 0) = 3−

e1 , CD = (0, 6, 0) = 6−

e2 e DB = (0, 0, 4) = 4−

e3 .
−→ −
→ −
→ −

Portanto, AB = 3 e1 + 6 e2 + 4 e3 . 4.1 pg23

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 78 Geometria Analítica - 2021/2



→ 3 →
− 4 −

10. Note a diferença, se forem considerados f1 = ( , 0, 0), f2 = (0, , 0) e f3 = (0, 0, 2),
2 5

→ −
→ −
→ −
→ −
→ 3 4
com os quais se tem a = 3 f1 + 4 f2 − 2 f3 , então a = 3( , 0, 0) + 4(0, , 0) − 2(0, 0, 2) =
2 5
9 16 9 16
( , 0, 0) + (0, , 0) − (0, 0, 4) = ( , , −4) 6= (3, 4, −2).
2 5 2 5
9 16
Os números no terno ordenado ( , , −4) não coincidem com os respectivos escalares

→ → 2−
− →5
da combinação linear 3 f1 + 4 f2 − 2 f3 porque estes vetores não são unitários, embora
sejam ortogonais dois a dois. 4.1 pg24

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 79 Geometria Analítica - 2021/2


11. Exemplo ilustrativo de como operam as coordenadas de vetores na soma vetorial.
4.1 pg24

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 80 Geometria Analítica - 2021/2


12. Note que os ângulos podem ser medidos em um ponto A que serve de origem para


a , bem como em O. 22 pg26

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 81 Geometria Analítica - 2021/2


−→
13. Sejam A = (1, 3, 2) e B = (3, 5, 3), de modo que AB = (2, 2, 1).
−→ −→
Para C = (5, 7, 4), tem-se AC = (4, 4, 2) = 2AB. Então, pela teoria vetorial já
−→ −→ −→ −→ −→ −→
estudada, pode-se escrever OC = OA + AC e OC = OA + 2AB.
−→ −→
Também, uma vez que C é o ponto terminal de AC, pode-se escrever C = A + AC e
−→
C = A + 2AB.
−→ −→
Agora preste atenção: visto que |AB| = 3 e AB está multiplicado por 2, segue que a
distância de C até A é igual a |2|3 = 6.
5 −−→ 1 1 −→ −−→ −→ 1 −→
Para D = (2, 4, ), tem-se AD = (1, 1, ) = AB, então OD = OA + AB e
2 2 2 2
1 −→ 1
D = A + AB. A distância de D até A é de | |3 = 1, 5.
2 2
1 5 4 −→ 4 4 2 2 −→ −−→ −→ 2 −→
Para E = (− , , ), tem-se AE = (− , − , − ) = − AB, logo OE = OA − AB
3 3 3 3 3 3 3 3
2 −→ 2
e E = A − AB. A distância de E até A é igual a | − |3 = 2. 5.1 pg28
3 3

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 82 Geometria Analítica - 2021/2


14. A reta r gerada por A = (1, 3, 2) e − →
r = (2, 2, 1) tem equação vetorial X = A +
a r = (1 + 2a, 3 + 2a, 2 + a), isto é, os pontos desta reta são da forma X = A + a−

→ →
r =
(1 + 2a, 3 + 2a, 2 + a).
Há uma correspondência biunívoca entre os pontos de qualquer reta e os números do
conjunto R, note:


A ∈ r, pois A + a− →r = A implica em a− →
r = 0 e a = 0. Somente A determina a = 0
e, reciprocamente, somente a = 0 determina A; vamos resumir esta correspondência com
o símbolo A ⇆ 0.
−→
B = (3, 5, 3) ∈ r, pois A + a− →
r = B implica em a− →r = AB, a(2, 2, 1) = (2, 2, 1) e
a = 1. Então, B ⇆ 1.
−→
C = (5, 7, 4) ∈ r, pois A + a− →
r = C implica em a− →r = AC, a(2, 2, 1) = (4, 4, 2) e
a = 2. Isto é, C ⇆ 2.
5 −−→ 1
D = (2, 4, ) ∈ r, pois A + a− →
r = D implica em a− →r = AD, a(2, 2, 1) = (1, 1, ) e
2 2
1 1
a = . Ou seja, D ⇆ .
2 2
1 5 4 −→ 4 4 2
E = (− , , ) ∈ r, pois A+a− →r = E implica em a− →
r = AE, a(2, 2, 1) = (− , − , − )
3 3 3 3 3 3
2 2
e a = − . Então, E ⇆ − .
3 3
E assim com qualquer outro ponto de r. 5.1 pg28

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15. O plano Π gerado por A = (1, 8, 4), − →u = (2, 2, 1) e −→
v = (−2, 6, 3) tem equação

→ −

vetorial X = A + p u + q v = (1 + 2p − 2q, 8 + 2p + 6q, 4 + p + 3q), isto é, os pontos deste
plano são da forma X = A + p− →u + q−
→v = (1 + 2p − 2q, 8 + 2p + 6q, 4 + p + 3q).
Há uma correspondência biunívoca entre os pontos de qualquer plano e os pares orde-
nados de números do conjunto R × R, note:


A ∈ Π, pois A + p− →
u + q− →v = A implica em p− →
u + q− →v = 0 e p = q = 0 (pois − →
u e

→v são não paralelos). Somente A determina (p, q) = (0, 0) e, reciprocamente, somente
(p, q) = (0, 0) determina A; vamos escrever A ⇆ (0, 0).
−→
U = (3, 10, 5) ∈ Π, pois A + p−→
u + q−→
v = U implica em p− →u + q−→
v = AU e (2p − 2q, 2p +
1−p
6q, p + 3q) = (2, 2, 1). Da 3a equação tem-se q = , que aplicado na 1a equação
3
1−p 2 2p 8p 8
2p − 2q = 2 leva a 2p − 2 = 2, 2p − + = 2, = , p = 1 e q = 0. Então,
3 3 3 3 3
U ⇆ (1, 0). Veja a figura na página seguinte.
−→
V = (−1, 14, 7) ∈ Π, pois A + p− →
u + q−
→v = V implica em p− →
u + q−→v = AV e (2p −
3−p
2q, 2p + 6q, p + 3q) = (−2, 6, 3). Da 3a equação tem-se q = , que aplicado na 1a
3
3−p 2p 8p
equação 2p − 2q = −2 leva a 2p − 2 = −2, 2p − 2 + = −2, = 0, p = 0 e
3 3 3
q = 1. Assim, V ⇆ (0, 1).

E assim com qualquer outro ponto de Π. Por exemplo:


−→
B = (5, 12, 6) ∈ Π, pois A + p−→
u + q−

v = B implica em p− →
u + q−
→v = AB e (2p − 2q, 2p +
6q, p + 3q) = (4, 4, 2). Cálculo com acima estabelece p = 2 e q = 0, ou seja, B ⇆ (2, 0).

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−→
C = (−5, 2, 1) ∈ Π, pois A+p− →
u +q −
→v = C implica em p− →u +q −→
v = AC e (2p−2q, 2p+
6q, p + 3q) = (−6, −6, −3). Cálculo direto leva a p = −3 e q = 0, isto é, C ⇆ (−3, 0).
17 −−→
D = (−2, 17, ) ∈ Π, pois A + p− →
u + q− →v = D implica em p− →
u + q−→v = AD e
2
9 3 3
(2p −2q, 2p + 6q, p + 3q) = (−3, 9, ). Feitos os cálculos, p = 0 e q = , então, D ⇆ (0, ).
2 2 −→ 2
E = (3, 2, 1) ∈ Π, pois A + p− →
u + q−→v = E implica em p− →u + q−
→v = AE e (2p −
2q, 2p + 6q, p + 3q) = (2, −6, −3). Cálculo direto conduz a p = 0 e q = −1, de modo que
E ⇆ (0, −1).
21 −→
F = (2, 21, ) ∈ Π, pois A + p− →
u + q− →
v = F implica em p− →
u + q−→v = AF e (2p −
2
13 13
2q, 2p + 6q, p + 3q) = (1, 13, ). Da 3a equação tem-se p = −3q + . Aplicando-a na 1a
2 2
3 3
equação, −6q + 13 − 2q = 1, −8q = −12, q = e p = 2. Ou seja, F ⇆ (2, ). 5.2 pg31
2 2

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x 5y 5
16. O plano Π : 3x + 5y − 6z + 10 = 0 e constituído de pontos da forma (x, y, + + ).

→ 2 6 3
n = (3, 5, −6) é normal a este plano, quer dizer, é ortogonal a qualquer vetor cuja
origem e extremidade pertencem ao plano. Por exemplo, A = (1, 1, 3), B = (2, 4, 6), C =
−→ −→
(−1, 1, 2) ∈ Π, logo AB = (1, 3, 3) é paralelo ao plano e −→
n .AB = 3.1 + 5.3 − 6.3 = 0.
−→ −→
Também, AC = (−2, 0, −1) é paralelo ao plano e − →
n .AC = 3.(−2) + 5.0 − 6.(−1) = 0.


n pode ser representado por um segmento orientado com origem em qualquer ponto,
pode ser em A. Neste caso, o ponto terminal é Y = A + − →
n = (4, 6, −3).
O representante com origem em O tem ponto terminal X = O + − →
n = (3, 5, −6).
Note, por fim, que qualquer par de vetores paralelos ao plano determinam o vetor
−→ −→
produto vetorial que é múltiplo escalar de −
→n : de fato, AB ∧ AC = (−3, −5, 6) = −− →
n.
5.2 pg34

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17. Vejamos mais detalhado.

1. r : X = (2, −2, 1) + a(2, 3, −1) está contida em Π : X = (1, 0, 1) + p(1, 5, −1) +


q(−3, −8, 2) (Π : 2x+y +7z −9 = 0), pois − →r = (2, 3, −1), →

u = (1, 5, −1), →

v = (−3, −8, 2)
são L.I. e A = (2,

−2, 1) ∈ Π. 
2 3 −1
De fato, det  1 5 −1  = 0 e A = (1, 0, 1) − 2(1, 5, −1) − (−3, −8, 2).

−3 −8 2
Outra opção: r ⊥ −

→ →
p = (2, 1, 7), pois 2.2+3.1−1.7 = 0, e A verifica 2.2−2+7.1−9 = 0.
3 1
2. r : X = (2, −2, 1) + a(2, 3, −1) e t : X = (0, 2, 1) + a(−1, − , ) são paralelas, pois
2 2

→ −
→ 3 1
r = (2, 3, −1) e t = (−1, − , ) são L.D. e A = (2, −2, 1) 6∈ t.

→ 2 2
De fato, −→
r = −2 t e A = (0, 2, 1) +
3 1
a(−1, − , ) indica 2 = −a, −2 = 2 −
2 2
3a a
, 1 = 1 + com a = −2 na 1a equa-
2 2
8
ção e a = para a 2a e a = 0 para a 3a .
3
3. r : X = (2, −2, 1) + a(2, 3, −1) e
m : X = (−1, 4, 1) + b(4, −1, −1) são con-
correntes, pois −→
r = (2, 3, −1) e − →m =
(4, −1, −1) são L.I. e r ∩ m 6= ∅.
De fato, −
→r = c− →
m indica 2 = 4c, 3 =
1
−c, −1 = −c com c = na 1a equação,
2
c = −3 na 2a e c = 1 na 3a .
E 2 + 2a = −1 + 4b, −2 + 3a = 4 − b, 1 − a = 1 − b
3 5 1
indicam a = b = e, então, (5, , − ) é o ponto comum às retas.
2 2 2
4. r : X = (2, −2, 1) + a(2, 3, −1) e s : X = (−1, 4, 1) + b(−1, 2, 3) são reversas, pois

→ →
− −→
r , s , AB são L.I.
 e r ∩ s =∅.
2 3 −1
De fato, det −1 2 3  = −63 e 2 + 2a = −1 − b, −2 + 3a = 4 + 2b, 1 − a = 1 + 3b
 

−3 6 0
não tem solução.

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5. n : X = (−1, 4, 4) + a(5, −3, −1) e Π : X = (1, 0, 1) + p(1, 5, −1) + q(−3, −8, 2)
(Π : 2x + y + 7z − 9 = 0) são paralelos, pois − →
n = (5, −3, −1), → −
u = (1, 5, −1), →
−v =
(−3, −8, 2) são  L.D. e E = (−1,

4, 4) 6∈ Π.
5 −3 −1
De fato, det  1 5 −1 =0eE =

−3 −8 2
(1, 0, 1) + p(1, 5, −1) + q(−3, −8, 2) indica
−1 = 1 + p − 3q, 4 = 5p − 8q, 4 = 1 − p + 2q
sem solução.
Outra opção: − →
n ⊥− →p = (2, 1, 7), pois
5.2 − 3 − 7 = 0, e E estabelece 2.(−1) +
4 + 7.4 − 9 = 21.
6. s : X = (−3, 1, 2) + a(−1, 2, 3)
é transversal a Π : X = (1, 0, 1) +
p(1, 5, −1) + q(−3, −8, 2) (Π : 2x + y +
7z − 9 = 0), pois − →
s = (−1, 2, 3), →−u =


(1, 5, −1), v = (−3, −8, 2) sãoL.I.

−1 2 3
De fato, det  1 5 −1  = 21.

−3 −8 2
Outro modo, − →s e−
→p = (2, 1, 7) não são ortogonais, pois −2 + 2 + 21 6= 0.
7. Π : 2x + y + 7z − 9 = 0 e Σ : 2x + y + 7z − 25 = 0 são paralelos, pois os vetores
normais são L.D. e Π ∩ Σ = ∅.
Defato, os vetores normais são igual.
2x + y + 7z − 9 = 0
E é um sis-
2x + y + 7z − 25 = 0
tema de equações lineares sem solução (a
subtração das duas, membro a membro,
leva a 16 = 0).
Outra opção: os coeficientes 2, 1, 7, −9
do 1o plano não são proporcionais aos
coeficientes 2, 1, 7, −25 do 20 .
8. Π : 2x + y + 7z − 9 = 0 e
∆ : 5x + y − 2z + 10 = 0 são transversais,
pois os vetores normais são L.I.
De fato, os vetores normais são igual.
Outra opção: os coeficientes 2, 1, 7 do
1o plano não são proporcionais aos coeficientes 5, 1, −2 do 20 .
5.4 pg37

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18. Exemplos de cálculos de ângulos.



r .−
→s (−1, 0, 1).(3, −2, 3) 0
a(−
→r ,−
→s ) = arccos −→ −
→ = arccos = arccos √ √ = 90◦ ⇒
| r || s | |(−1, 0, 1)||(3, −2, 3)| 2 22
r e s são ortogonais.

→ −


→ −
→ r.t (−1, 0, 1).(1, 2, −2) 3
a( r , t ) = arccos −→ → = arccos |(−1, 0, 1)||(1, 2, −2)| = arccos − √
− = 135◦ >
| r || t | 23
90◦ ⇒ r e t formam 180◦ − 135◦ = 45◦.



r .−
→n (1, −1, −4).(1, 2, 2) 9

→ −

a( r , n ) = arccos − = arccos = arccos − √ = 135◦ >
→ −
→ |(1, −1, −4)||(1, 2, 2)|
| r || n | 3 23
90◦ ⇒ r e Π formam 135◦ − 90◦ = 45◦ .

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r .−
→s (3, 2, −1).(1, −11, 2) 21
a(−
→r ,−
→s ) = arccos −
→ −
→ = arccos = arccos − √ √ =
| r || s | |(3, 2, −1)||(1, −11, 2)| 3 14 14
1
arccos − = 120◦ > 90◦ ⇒ Π e Σ formam 180◦ − 120◦ = 60◦ .
2
Note que o ângulo entre dois planos é, por definição, o ângulo formado por duas retas,
uma contida em um plano, a outra contida no outro plano. Portanto, é o ângulo medido
em um plano perpendicular aos dois planos, no caso, o ângulo estabelecido pelas retas u
e v. 5.6 pg41

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19. Vamos calcular o ponto A′ , contido em X = (3, 8, 6) + a(1, 3, 4), que está mais
próximo de A = (−1, 2, 5).
−−→
Claro que A′ = (3 + a, 8 + 3a, 6 + 4a) e A′ A = (−1 − 3 − a, 2 − 8 − 3a, 5 − 6 − 4a) =
(−4 − a, −6 − 3a, −1 − 4a).
−−→ →
Então, A′ A.−
r = (−4 − a, −6 − 3a, −1 − 4a).(1, 3, 4) = −4 − a − 18 − 9a − 4 − 16a =
−26 − 26a = 0 implica em a = −1. √ √
Portanto, A′ = (3−1, 8−3, 6−4) = (2, 5, 2) e d(A, r) = d(A, A′ ) = 9 + 9 + 9 = 3 3.

5.7 pg41
−→
20. Agora o cálculo direto. Sendo B = (3, 8, 6), segue que BA = (−4, −6, −1) e
−→ →
−→ − → |BA ∧ −r|
BA ∧ r = (−4, −6, −1) ∧ (1, 3, 4) = (−21, 15, −6). Então, d(A, r) = −
→ =
√ |r|
|(−21, 15, −6)| 702 √
= √ = 3 3. 5.7 pg42
|(1, 3, 4)| 26

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21. Vamos calcular o ponto A′ , contido em 2x + 3y + z − 16 = 0, que está mais próximo
de A = (7, 8, 6).
−−→
Claro que A′ = (x, y, z) é tal que A′ A = k − →n e (7 − x, 8 − y, 6 − z) = (2k, 3k, k).
Então, x = 7 − 2k, y = 8 − 3k e z = 6 − k. Como A′ pertence ao plano Π, segue que
2(7 − 2k) + 3(8 − 3k) + 6 − k − 16 = 28 − 14k = 0 e k = 2. √
√ Portanto, A ′
= (7 − 4, 8 − 6, 6 − 2) = (3, 2, 4) e d(A, Π) = d(A, A ′
) = 16 + 36 + 4 =
2 14.

5.7 pg42
−→
22. Agora o cálculo direto. Sendo B = (1, 3, 5) ∈ Π, segue que BA = (6, 5, 1) e
−→ →
−→ −→ |BA.−n| 28 28 √
BA. n = (6, 5, 1).(2, 3, 1) = 28. Então, d(A, Π) = −
→ = = √ = 2 14.
|n| |(2, 3, 1)| 14
5.7 pg42

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23. Demonstração numérica. Um ponto X = (x, y) da elipse com F2 = (7, 0) e a = 8
deve verificar a condição d(X, F1 ) + d(X, F2 ) = 16, logo
q q
(x − (−7))2 + (y − 0)2 + (x − 7)2 + (y − 0)2 = 16 ⇒
q q
(x + 7)2 + y 2 + (x − 7)2 + y 2 = 16 ⇒
q q
(x + 7)2 + y 2 = 16 − (x − 7)2 + y 2 ⇒
q
(x + 7)2 + y 2 = 256 − 32 (x − 7)2 + y 2 + (x − 7)2 + y 2 ⇒
q
x2 + 14x + 49 = 256 − 32 (x − 7)2 + y 2 + x2 − 14x + 49 ⇒
q
14x = 256 − 32 (x − 7)2 + y 2 − 14x ⇒
q
32 (x − 7)2 + y 2 = 256 − 28x ⇒
1024((x − 7)2 + y 2) = 65536 − 14336x + 784x2 ⇒
1024(x2 − 14x + 49 + y 2) = 65536 − 14336x + 784x2 ⇒
1024x2 − 14336x + 50176 + 1024y 2 = 65536 − 14336x + 784x2 ⇒
1024x2 − 784x2 + 1024y 2 = 65536 − 50176 ⇒
240x2 + 1024y 2 = 15360 ⇒
240x2 1024y 2
+ =1⇒
15360 15360
x2 y2
+ = 1, sendo que 15 = 64 − 49 = a2 − c2 .
64 15
x2 y2
Exemplo: se F2 = (5, 0) e a = 8, então + = 1. 6.1 pg45
64 39

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x2 y2
24. Demonstração numérica. Note que + = 1 indica a2 = 64, b2 = 15 e c =
√ 64 15
a2 − b2 = 7, logo F1 = (−7, 0) e F2 = (7, 0). A equação reduzida se reescreve como
x2 15
y = 15(1 − ) = (64 − x2 ). Então,
2
64 64
q
d(X, F1 ) = (x − (−7))2 + y 2 =
s
15
(x + 7)2 + (64 − x2 ) =
64
s
15x2
x2 + 14x + 49 + 15 − =
s
64
15 2
64 + 14x + (1 − )x =
64
s
49x2
64 + 14x + =
s
64
7x 2
(8 + ) =
8
7x
8+ .
8
7x
A mesma série de cálculos leva a d(X, F2 ) = 8 − .
8
x2 y 2 3.4 37
Exemplo: o ponto X ∈ + = 1 com abscissa x = 4 está distante 5 + = de
25 16 5 5
3.4 13
F1 e distante 5 − = de F2 . Não é preciso conhecer a ordenada y de X e utilizar
q q5 5
(x + 3)2 + y 2 e (x − 3)2 + y 2 . 6.1 pg45

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25. Vejamos o efeito da excentricidade. 6.1 pg46

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→ →
26. Demonstração numérica de√t e − n . Seja t : X = A + m(t1 , t2 ) a reta tangente √ a
x2 y2 5 3 5 3
+ = 1 no ponto A = (4, ). Comece aplicando x = 4 + t1 m e y = + t2 m
64 25 2 2
na equação reduzida:

5 3
(4 + t1 m)2 ( 2 + t2 m)
2

+ =1⇒
64 25
75 √
16 + 8t1 m + t1 m 2 2 + 5 3 t2 m + t22 m2
+ 4 =1⇒
64 25
√ 75
t21 m2 t22 m2 8t1 m 5 3 t2 m 16
+ + + + + 4 =1⇒
64 25 64 √ 25 64 25
t21 t22 2 8t1 5 3 t2
( + )m + ( + )m = 0 ⇒
64 25 64 25

t21 t22 8t1 5 3 t2
m[( + )m + ( + )] = 0.
64 25 64 25

8t1 5 3 t2
+
Em consequência, m = 0 e m = − 64 2 25 são os candidatos à solução. Ocorre
t1 t22
+
64 25
que o número de valores para m é igual ao número de pontos comuns à elipse√e à reta.
5 3
Se m for diferente de zero, além de A existe o ponto B = (4 + t1 m, + t2 m).
√ 2 √
8t1 5 3 t2 −
→ 8 5 3
Então, m = 0 = + e esta expressão é o produto interno de v = ( , )

→ 64 25 64 25
por t = (t1 , t2 ). √ √ √ √
8 5 3 4 5 3 8 5 3 25.8 64.5 3
Agora, muita atenção: ( , ) = 2( , ) e ( , ) = ( , ) =
64 25 √ 64 25.2 64 25 25.64 64.25 √
1 √ 2 5 3 −
→ −
→ 5 3
(25.8, 64.5 3) = (25.4, 64. ), então, pode-se trocar v por n1 = (25.4, 64. )
25.64 √ 25.64 2 √ √ 2
4 5 3 −
→ 5 3 −
→ 5 3 4
e por − →
n2 = ( , ), de modo que t1 = (64. , −25.4) e t2 = ( , − ) servem
64 25.2 2 25.2 64
como vetores tangentes à elipse em A. √
x2 y2 8 2 −

Exemplo: para + = 1 e A = (2, ), o vetor tangente natural é t =
√36 16 3
8 2 √ √
(py1 , −qx1 ) = (36. , −16.2) = (96 2, −32) = 32(3 2, −1). 6.1 pg47
3

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 96 Geometria Analítica - 2021/2


27. Exemplo ilustrativo da reflexão. 6.1 pg48

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 97 Geometria Analítica - 2021/2


28. Demonstração numérica. Um ponto X = (x, y) da hipérbole com F2 = (5, 0) deve
verificar a condição |d(X, F1 ) − d(X, F2 )| = 6, vamos considerar d(X, F1 ) − d(X, F2 ) = 6.
Então,
q q
(x − (−5))2 + (y − 0)2 − (x − 5)2 + (y − 0)2 = 6 ⇒
q q
(x + 5)2 + y 2 − (x − 5)2 + y 2 = 6 ⇒
q q
(x + 5)2 + y 2 = 6 + (x − 5)2 + y 2 ⇒
q
(x + 5)2 + y 2 = 36 + 12 (x − 5)2 + y 2 + (x − 5)2 + y 2 ⇒
q
x + 10x + 25 = 36 + 12 (x − 5)2 + y 2 + x2 − 10x + 25 ⇒
2
q
10x = 36 + 12 (x − 5)2 + y 2 − 10x ⇒
q
12 (x − 5)2 + y 2 = −36 + 20x ⇒
144((x − 5)2 + y 2) = 1296 − 1440x + 400x2 ⇒
144(x2 − 10x + 25 + y 2) = 1296 − 1440x + 400x2 ⇒
144x2 − 1440x + 3600 + 144y 2 = 1296 − 1440x + 400x2 ⇒
144x2 + 3600 + 144y 2 = 1296 + 400x2 ⇒
144x2 − 400x2 + 144y 2 = 1296 − 3600 ⇒
−256x2 + 144y 2 = −2304 ⇒
−256x2 144y 2
+ =1⇒
−2304 −2304
x2 y2
− = 1, sendo que 16 = 25 − 9 = c2 − a2 .
9 16
A condição d(X, F1 ) − d(X, F2 ) = −2a resulta na mesma série de cálculos e mesma
equação reduzida.
x2 y2
Exemplo: se F2 = (11, 0) e a = 7, então − = 1. 6.2 pg49
49 72

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 98 Geometria Analítica - 2021/2


x2 y2
29. Vamos considerar a hipérbole definida por − = 1, em que a = 3, b = 4 e
9 16
c = 5.
4√ 2
Isolando a 2a variável, temos y = ± x − 9 e os pontos da cônica são da forma
3

4 2 √
4 2
(x, x − 9) e (x, − x − 9). Alguns pontos e distâncias até F1 e até F2 .
3 3
4√ 5 11 5 29
(−4, 7), −3 − (−4) = = 3, 6667 e 3 − (−4) = = 9, 6667.
3 3 3 3 3
√ 5 5
(−6, 4 3), −3 − (−6) = 7 e 3 − (−6) = 13.
3 3
4√ 5 31 5 49
(−8, 55), −3 − (−8) = = 10, 3333 e 3 − (−8) = = 16, 3333.
3 3 3 3 3
4√ 5 41 5 59
(−10, 91), −3 − (−10) = = 13, 6667 e 3 − (−10) = = 19, 6667.
3 3 3 3 3
4 √ 5 20 5 11
(4, 7), 3 + 4 = = 9, 6667 e −3 + 4 = = 3, 6667.
3 3 3 3 3
√ 5 5
(6, 4 3), 3 + 6 = 13 e −3 + 6 = 7.
3 3
4√ 5 49 5 31
(8, 55), 3 + 8 = = 16, 3333 e −3 + 8 = = 10, 3333.
3 3 3 3 3
4√ 5 59 5 41
(10, 91), 3 + 10 = = 19, 6667 e −3 + 10 = = 13, 6667. 6.2 pg49
3 3 3 3 3

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30. Domínio de x e de y. Observe a diferença entre elipse e hipérbole:
x2 y 2
+ 2 = 1: a soma de dois quadrados é igual a 1, então
a2 b
x2 y2
≤ 1, ≤1⇒
a2 b2
x2 ≤ a2 , y 2 ≤ b2 ⇒
−a ≤ x ≤ a e − b ≤ y ≤ b.

Portanto, qualquer ponto da elipse possui 1a coordenada no intervalo fechado [−a, a].
x2 y 2
Exemplo: os pontos de + = 1 têm 1a coordenada no intervalo fechado [−8, 8].
64 9
x2 y 2
− 2 = 1: a diferença de dois quadrados é igual a 1, então
a2 b
x2
≥1⇒
a2
x2 ≥ a2 ⇒
x ≥ a e x ≤ −a.

E y ∈ R, isto é, −∞ ≤ y ≤ +∞.
Portanto, qualquer ponto da hipérbole possui 1a coordenada no intervalo (−∞, a] ou
no intervalo [a, +∞).
x2 y 2
Exemplo: os pontos de − = 1 têm 1a coordenada contida em (−∞, −3]∪[3, +∞),
9 2
isto é, nenhum ponto desta hipérbole tem 1a coordenada maior do que −3 ou menor do
que 3. 6.2 pg49

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4√ 2 x2
31. Demonstração numérica deste fato. Dado um ponto P = (x, x − 9) ∈ H2 : −
3 9
y2 4
= 1 no 1o quadrante, a reta vertical que passa por P intercepta a assíntota y = x
16 3
4x
em Q = (x, ). Deste modo,
3
4x 4 √ 2
d(P, Q) = − x −9=
3 3
4 √
(x − x2 − 9) =
3 √ √
4 (x − x2 − 9)(x + x2 − 9)
√ =
3 x + x2 − 9
√ √
4 x2 + x x2 − 9 − x2 x2 − 9 − (x2 − 9)
√ =
3 x + x2 − 9
4 9
√ =
3 x + x2 − 9
12
√ > 0.
x + x2 − 9
Esse número positivo mostra que P está abaixo de Q, no 1o quadrante.
Agora, preste muita atenção:√ à medida que
x aumenta, o denominador x + x2 − 9 aumenta
também; mas o numerador 12 é constante, logo,
d(P, Q) > 0 diminui à medida que x aumenta, ten-
dendo a zero. Costuma-se resumir este raciocínio,
escrevendo x→∞
lim d(P, Q) = 0.
O que se depreende de tudo isto? Que nunca
ocorre como na figura abaixo à esquerda, mas sim
como na figura abaixo à direita. 6.2 pg49

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32. Vejamos o efeito da excentricidade. 6.2 pg50

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→ →
33. Demonstração numérica de√ t e − n . Seja t : X = A + m(t1 , t2 ) a reta tangente √ a
x2 y 2 5 57 5 57
− = 1 no ponto A = (11, ). Comece aplicando x = 11+t1m e y = +t2 m
64 25 8 8
na equação reduzida:

5 57
(11 + t1 m)2 ( 8 + t2 m)
2

− =1⇒
64 25 √
1425 5 57
121 + 22t1 m + t21 m2 + t2 m + t22 m2
− 64 4 =1⇒
64 √ 25
5 57 1425
t21 m2 t22 m2 22t1 m 121
− + − 4 t2 m + − 64 = 1 ⇒
64 25 64 √ 25 64 25
5 57
t21 t22 2 22t1 t2
( − )m + ( − 4 )m = 0 ⇒
64 25 64 25

5 57
t21 t22 22t1 t2
m[( − )m + ( − 4 )] = 0.
64 25 64 25

5 57
22t1 t2
− 4
Em consequência, m = 0 e m = − 64 2 25 são os candidatos à solução. Ocorre
t1 t22

64 25
que o número de valores para m é igual ao número de pontos comuns à elipse √ e à reta.
5 57
Se m for diferente de zero, além de A existe o ponto B = (11 + t1 m, + t2 m).
√ 8 √
5 57 5 57
22t1 t2 22
Então, m = 0 = − 4 e esta expressão é o produto interno de − →v = ( ,− 4 )

→ 64 25 64 25
por t = (t1 , t2 ). √ √
5 57 5 57 √
22 4 11 4 11 5 57 22
Agora, muita atenção: ( , − ) = −2(− , ) = −2(− , )e( ,
√ √ 64 25 64 25.2 64 25.8 64
5 57 5 57 √ √
4 25.22 4 1 5 57 2 5 57
− )=( , −64 )=− (−25.22, 64. )=− (−25.11, 64. ),
25 25.64 64.25 25.64 √ 4 25.64 √ 8
5 57 11 5 57
então, pode-se substituir − →
v por − →
n1 = (−25.11, 64. ) e por −→
n2 = −( , − ), de
√ √ 8 64 25.8

→ 5 57 −
→ 5 57 11
modo que t1 = (64. , 25.11) e t2 = ( , ) servem como vetores tangentes à
8 25.8 64
hipérbole em A.

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x2 y2 2 13 −

Exemplo: para − = 1 e A = (7, ), o vetor tangente natural é t =
√36 16 3
2 13 √ √
(py1 , −qx1 ) = (36. , 16.7) = (24 13, 112) = 8(3 13, 14). 6.2 pg51
3

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34. Exemplo ilustrativo da reflexão. 6.2 pg52

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35. Demonstração numérica. Um ponto X = (x, y) da parábola com F = (5, 0) deve
verificar a condição d(X, F ) = d(X, r), em que r : x = −5.
Então,
q
(x − 5)2 + (y − 0)2 = x + 5 ⇒
q
(x − 5)2 + y 2 = x + 5 ⇒
(x − 5)2 + y 2 = (x + 5)2 ⇒
x2 − 10x + 25 + y 2 = x2 + 10x + 25 ⇒
−10x + y 2 = 10x ⇒
y 2 = 20x

Exemplo: se F = (7, 0), então y 2 = 28x. 6.3 pg52

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36. Exemplo ilustrativo de concavidade. 6.3 pg52

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→ →
37. Demonstração numérica √ de t e −n . Seja t : X = A + m(t1 , t2 ) a reta
√ tangente a
y 2 = 15x no ponto A = (9, 3 15). Comece aplicando x = 9 + t1 m e y = 3 15 + t2 m na
equação reduzida:

(3 15 + t2 m)2 = 15(9 + t1 m) ⇒

135 + 6 15 t2 m + t22 m2 = 135 + 15t1 m ⇒
√ ∗
t22 m2 + (6 15 t2 − 15t1 )m = 0 ⇒

m(t22 m + 6 15 t2 − 15t1 ) = 0
∗−

t = (t1 , t2 ) não é horizontal, portanto t2√6= 0.
15t1 − 6 15 t2
Em consequência, m = 0 e m = são os candidatos à solução. Ocorre
t22
que o número de valores para m é igual ao número de pontos comuns√à elipse e à reta.
√ de zero, além de A existe o ponto B = (9+t1 m,→3 15+t2 m).
Se m for diferente √ Então,
m = 0 = 15t1 − 6 15 t2 e esta expressão é o produto interno entre − v = (15, −6 15) por


t = (t1 , t2 ).
√ 15 √
Agora, muita atenção: (15, −6 15) = −2(− , 3 15) e pode-se substituir − →
v por
2

→ 15 √ −
→ √ 15
n = (− , 3 15). Deste modo, t = (3 15, ) é um vetor tangente à parábola em A.
2 2
√ 15
Para terminar, 3 15 é a 2 coordenada de A,
a
é a metade de 4p.
√ 2 −

√Exemplo: para √ y = 18x e A = (5, 3 10), o vetor tangente natural é t = (y1 , 2p) =
2

(3 10, 9) = 3( 10, 3). 6.3 pg54

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38. Exemplo ilustrativo da reflexão. 6.3 pg54

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39. Mais detalhado. A substituição de x por p na equação reduzida determina

(x − 2)2 + (y − 3)2 + (z − 2)2 = 16 ⇒


(p − 2)2 + (y − 3)2 + (z − 2)2 = 16 ⇒
(y − 3)2 + (z − 2)2 = 16 − (p − 2)2 ≥ 0.

Se p = 2 + 4, a solução é o ponto (6, 3, 2); se p = 2 − 4, é o ponto (−2, 3, 2).


Note que 16−(p−2)2 = (4−(p−2)).(4+(p−2)) > 0’4 ’ se e somente q se 2−4 < p < 2+4,
neste caso o resultado é o círculo de centro (p, 3, 2), raio ρ0 = 16 − (p − 2)2 , contido no
plano [x = p].
A substituição de y por p na equação reduzida determina

(x − 2)2 + (p − 3)2 + (z − 2)2 = 16 ⇒


(x − 2)2 + (z − 2)2 = 16 − (p − 3)2 ≥ 0.

Se p = 3 + 4, a solução é o ponto (2, 7, 2); se p = 3 − 4, é o ponto (2, −1, 2).


q Se 3 − 4 < p < 3 + 4, então a solução é o círculo de centro (2, p, 2), raio ρ0 =
16 − (p − 3)2 , contido no plano [y = p].
Por fim, a substituição de z por p na equação reduzida determina

(x − 2)2 + (y − 3)2 + (p − 2)2 = 16 ⇒


(x − 2)2 + (y − 3)2 = 16 − (p − 2)2 ≥ 0

Se p = 2 + 4, a solução é o ponto (2, 3, 6); se p = 2 − 4, é o ponto (2, 3, −2).


q E se 2 − 4 < p < 2 + 4, então a solução é o círculo de centro (2, 3, p), raio ρ0 =
16 − (p − 2)2 , contido no plano [z = p].

4
a2 − b2 = (a − b).(a + b)

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Exemplo: (x − 2)2 + (y − 3)2 + (z − 2)2 = 16, [x = 4], [y = 6] e [z = 4]. 8.1 pg58

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40. Mais detalhado. A substituição de x por p na equação reduzida determina
(x − 2)2 (y − 5)2 (z − 1)2
+ + =1⇒
9 25 16
(p − 2)2 (y − 5)2 (z − 1)2
+ + =1⇒
9 25 16
(y − 5)2 (z − 1)2 (p − 2)2 9 − (p − 2)2
+ =1− = ≥0
25 16 9 9
Se p = 2 + 3, a solução é o ponto (5, 5, 1); se p = 2 − 3, é o ponto (−1, 5, 1).
Note que 9 − (p − 2)2 > 0 se e somente se 2 − 3 < p < 2 + 3, neste caso a solução é a
elipse
(y − 5)2 (z − 1)2
+ =1
9 − (p − 2)2 9 − (p − 2)2
25 16
9 9
contida no plano [x = p].
A substituição de y por p na equação reduzida determina
(x − 2)2 (p − 5)2 (z − 1)2
+ + =1⇒
9 25 16
(x − 2)2 (z − 1)2 (p − 5)2 25 − (p − 5)2
+ =1− = ≥0
9 16 25 25
Se p = 5 + 5, a solução é o ponto (2, 10, 1); se p = 5 − 5, é o ponto (2, 0, 1).
Se 5 − 5 < p < 5 + 5, então a solução é a elipse
(x − 2)2 (z − 1)2
+ =1
25 − (p − 5)2 25 − (p − 5)2
9 16
25 25
contida no plano [y = p].
Por fim, a substituição de z por p na equação reduzida determina
(x − 2)2 (y − 5)2 (p − 1)2
+ + =1⇒
9 25 16
(x − 2)2 (y − 5)2 (p − 1)2 16 − (p − 1)2
+ =1− = ≥0
9 25 16 16
Se p = 1 + 4, a solução é o ponto (2, 5, 5); se p = 1 − 4, é o ponto (2, 5, −3).
E se 1 − 4 < p < 1 + 4, então a solução é a elipse
(x − 2)2 (y − 5)2
+ =1
16 − (p − 1)2 16 − (p − 1)2
9 25
16 16
contida no plano [z = p].

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 112 Geometria Analítica - 2021/2


(x − 2)2 (y − 5)2 (z − 1)2
Exemplo: + + = 1, [x = 4], [y = 8] e [z = 3]. 8.2 pg60
9 25 16

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 113 Geometria Analítica - 2021/2


41. Mais detalhado. A substituição de x por p na equação reduzida determina

(x − 4)2 (y − 1)2 (z + 4)2


+ − =1⇒
9 4 16
(p − 4)2 (y − 1)2 (z + 4)2
+ − =1⇒
9 4 16
(y − 1)2 (z + 4)2 (p − 4)2 9 − (p − 4)2
− =1− =
4 16 9 9
(y − 1)2 (z + 4)2 y−1 z+4 y−1 z+4
Se p = 4 + 3, então − =( − ).( + )=0ea
4 16 2 4 2 4
solução são as retas 4y − 2z − 12 = 0 e 4y + 2z + 4 = 0 contidas no plano [x = 7]. O
mesmo ocorre com p = 4 − 3.
Note que 9 − (p − 4)2 > 0 se e somente se 4 − 3 < p < 4 + 3, neste caso a solução é a
hipérbole
(y − 1)2 (z + 4)2
− =1
9 − (p − 4)2 9 − (p − 4)2
4 16
9 9
contida no plano [x = p].
Mas, 9 − (p − 4)2 < 0 se e somente se p < 4 − 3 ou p > 4 + 3, neste caso a solução é a
hipérbole
(y − 1)2 (z + 4)2
− + =1
9 − (p − 4)2 9 − (p − 4)2
4 16
9 9
contida no plano [x = p].
A substituição de y por p na equação reduzida determina

(x − 4)2 (p − 1)2 (z + 4)2


+ − =1⇒
9 4 16
(x − 4)2 (z + 4)2 (p − 1)2 4 − (p − 1)2
− =1− =
9 16 4 4
(x − 4)2 (z + 4)2 x−4 z+4 x−4 z+4
Se p = 1 + 2, então − =( − ).( + )=0ea
9 16 3 4 3 4
solução são as retas 4x − 3z − 28 = 0 e 4x + 3z − 4 = 0 contidas no plano [y = 3]. O
mesmo ocorre com p = 1 − 2.
Se 1 − 2 < p < 1 + 2, então a solução é a hipérbole

(x − 4)2 (z + 4)2
− =1
4 − (p − 1)2 4 − (p − 1)2
9 16
4 4
contida no plano [y = p].

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Se p < 1 − 2 ou p > 1 + 2, então a solução é a hipérbole
(x − 4)2 (z + 4)2
− + =1
4 − (p − 1)2 4 − (p − 1)2
9 16
4 4
contida no plano [y = p].
Por fim, a substituição de z por p na equação reduzida determina
(x − 4)2 (y − 1)2 (p + 4)2
+ − =1⇒
9 4 16
(x − 4)2 (y − 1)2 (p + 4)2 16 + (p + 4)2
+ =1+ = >0
9 4 16 16
e, para qualquer p ∈ R, a solução é a elipse
(x − 4)2 (y − 1)2
+ =1
16 + (p + 4)2 16 + (p + 4)2
9 4
16 16
contido no plano [z = p].
(x − 4)2 (y − 1)2 (z + 4)2 7
Exemplo: + − = 1, [x = 7], [y = ] e [z = 1]. 8.3 pg60
9 4 16 2

A. T. Béhague - Prof. Doutor IME/UERJ 115 Geometria Analítica - 2021/2


42. Mais detalhado. A substituição de x por p na equação reduzida determina
(x − 7)2 (y − 3)2 (z − 2)2
− − + =1⇒
25 16 36
(p − 7)2 (y − 3)2 (z − 2)2
− − + =1⇒
25 16 36
(y − 3)2 (z − 2)2 (p − 7)2 25 + (p − 7)2
− + =1+ = >0
16 36 25 25
e, para qualquer valor p ∈ R, a solução é a hipérbole
(y − 3)2 (z − 2)2
− + =1
25 + (p − 7)2 25 + (p − 7)2
16 36
25 25
contida no plano [x = p].
A substituição de y por p na equação reduzida determina
(x − 7)2 (p − 3)2 (z − 2)2
− − + =1⇒
25 16 36
(x − 7)2 (z − 2)2 (p − 3)2 16 + (p − 3)2
− + =1+ = >0
25 36 16 16
e, para qualquer valor p ∈ R, a solução é a hipérbole
(x − 7)2 (z − 2)2
− + =1
16 + (p − 3)2 16 + (p − 3)2
25 36
16 16
contida no plano [y = p].
Por fim, a substituição de z por p na equação reduzida determina
(x − 7)2 (y − 3)2 (p − 2)2
− − + =1⇒
25 16 36
(x − 7)2 (y − 3)2 (p − 2)2 36 − (p − 2)2
− − =1− = ⇒
25 16 36 36
(x − 7)2 (y − 3)2 −36 + (p − 2)2
+ =
25 16 36
Note que −36 + (p − 2)2 = 0 se e somente se p = 2 ± 6, neste caso a solução são os
pontos (7, 3, 8) e (7, 3, −4).
E −36 + (p − 2)2 > 0 se e somente se p > 2 + 6 ou p < 2 − 6, neste caso a solução é a
elipse
(x − 7)2 (y − 3)2
+ = 1.
−36 + (p − 2)2 −36 + (p − 2)2
25 16
36 36
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Porém, −36 + (p − 2)2 < 0 se e somente se 2 − 6 < p < 2 + 6 e, neste caso, não há
solução.
Portanto, esta superfície tem uma folha contendo pontos (x, y, z), tais que z ≥ 2 + 6;
tem outra folha formada de pontos (x, y, z), para os quais z ≤ 2 − 6.
(x − 7)2 (y − 3)2 (z − 2)2
Exemplo: − − + = 1, [x = 12], [y = 15], [z = −12] e
25 16 36
[z = 20]. 8.4 pg62

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43. Mais detalhado. A substituição de x por p na equação reduzida determina

(x − 3)2 (y − 5)2
z =2+ + ⇒
9 16
(p − 3)2 (y − 5)2
z =2+ + ⇒
9 16
(y − 5)2 (p − 3)2
=z−2− ⇒
16 9
(p − 3)2
(y − 5)2 = 16(z − 2 − )
9
que é, para qualquer p ∈ R, uma parábola.
A substituição de y por p na equação reduzida determina

(x − 3)2 (p − 5)2
z =2+ + ⇒
9 16
(x − 3)2 (p − 5)2
=z−2− ⇒
9 16
(p − 5)2
(x − 3)2 = 9(z − 2 − )
16
que é, para qualquer p ∈ R, uma parábola.
Por fim, a substituição de z por p na equação reduzida determina

(x − 3)2 (y − 5)2
p=2+ + ⇒
9 16
(x − 3)2 (y − 5)2
+ =p−2
9 16
Se p = 2, então a solução é o ponto (3, 5, 2).
Se p > 2, isto é, p − 2 > 0, então a solução é a elipse

(x − 3)2 (y − 5)2
+ = 1.
9(p − 2) 16(p − 2)

Porém, se p < 2, isto é, p − 2 < 0, então não há solução.


Portanto, a superfície é formada por pontos (x, y, z), tais que z ≥ 2.

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(x − 3)2 (y − 5)2
Exemplo: z = 2 + + , [x = 8], [y = 7] e [z = 10]. 8.5 pg63
9 16

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44. Mais detalhado. A substituição de x por p na equação reduzida determina

(x − 4)2 (y − 8)2
z =5− + ⇒
9 25
(p − 4)2 (y − 8)2
z =5− + ⇒
9 25
(y − 8)2 (p − 4)2
=z−5+ ⇒
25 9
(p − 4)2
(y − 8)2 = 25(z − 5 + )
9
que é, para qualquer p ∈ R, uma parábola.
A substituição de y por p na equação reduzida determina

(x − 4)2 (p − 8)2
z =5− + ⇒
9 25
(x − 4)2 (p − 8)2
− = z−5− ⇒
9 25
(p − 8)2
(x − 4)2 = −9(z − 5 − )
25
que é, para qualquer p ∈ R, uma parábola.
Por fim, a substituição de z por p na equação reduzida determina

(x − 4)2 (y − 8)2
p=5− + ⇒
9 25
(x − 4)2 (y − 8)2
− + =p−5
9 25
(x − 4)2 (y − 8)2 x−4 y−8 x−4 y−8
Se p = 5, então − + = ( − ).( + ) = 0 e a
9 25 3 5 3 5
solução são as retas 5x − 3y + 4 = 0 e 5x + 3y − 44 = 0.
Se p > 5, isto é, p − 5 > 0, então a solução é a hipérbole

(x − 4)2 (y − 8)2
− + = 1.
9(p − 5) 25(p − 5)

E se p < 5, isto é, p − 5 < 0, então a solução é a hipérbole

(x − 4)2 (y − 8)2
− = 1.
9(p − 5) 25(p − 5)

(4, 8, 5) é o ponto de sela do hiperboloide hiperbólico.

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(x − 4)2 (y − 8)2
Exemplo: z = 5 − + , [x = −4], [y = −10], [z = −1], [z = 5] e
9 25
[z = 14]. 8.6 pg63

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