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DOI: 10.54751/revistafoco.v16n3-096
Recebido em: 17 de Fevereiro de 2023
Aceito em: 16 de Março de 2023
RESUMO
Realizou-se um levantamento das espécies de Plantas Alimentícias Não Convencionais
encontradas no estado do Maranhão, que abriga três dos principais biomas brasileiros,
Cerrado, Amazônia e Caatinga, além de extensas áreas de restingas, manguezais e
matas de cocais. A coleta de dados foi realizada entre 2018 e 2023, a partir de
observações in loco, complementadas por literaturas de interesse. Considerou-se
PANC, além dos conceitos habituais, partes de plantas convencionais como a medula
do caule do mamoeiro (Carica papaya L.), folhas da batata-doce (Ipomoea batatas (L.)
Lam.), da cenoura (Daucus carota L.), entre outras com aproveitamento subutilizado.
Foram catalogadas 493 espécies, distribuídas entre 103 famílias, indicando os nomes
populares, partes alimentícias e usos, sendo folhas e frutos os mais frequentes. A família
Myrtaceae lidera a lista com 28 espécies, seguida respectivamente por Annonaceae,
Fabaceae-Faboideae, Malvaceae, Arecaceae, Melastomataceae, Fabaceae-
Caesalpinoideae, Rubiaceae, Asteraceae, Sapotaceae, Amaranthaceae, Cactaceae,
Urticaceae, Cucurbitaceae, Passifloraceae, Anacardiaceae, Bignoniaceae, Fabaceae-
Mimosoideae, Lamiaceae, Malpighiaceae, Solanaceae, Apocynaceae, entre as mais
representativas. A alta riqueza de espécies amplia o conhecimento sobre plantas úteis
disponíveis no estado do Maranhão, possibilitando maior valorização da flora alimentícia
local.
ABSTRACT
I conducted an inventory of Unconventional Food Plants (PANC) species of Maranhão
states, which shelters three of the main brazilian biomes, Amazonia, Caatinga and
Cerrado, and in addition to extensive areas of sandbank vegetation, mangroves and
1
Doutorado em Botânica pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA-AM). Universidade Federal do
Maranhão. Av. dos Portugueses, 1966, Vila Bacanga, São Luís - MA, CEP: 65080-805.
E-mail: mahedypassos@hotmail.com
coconut forests. The inventory was conducted between 2018 and 2023 years, with in
loco observations, complemented by literature of interest. I also considerer PANC that
parts of conventionally cultivated plants such as papaya stem pith, sweet potato
(Ipomoea batatas (L.) Lam.) and carrot (Daucus carota L.) leaves, among others with
underutilized use. I recorded 493 PANC species distributed among 103 families.
Additionaly, I am indicating their popular names, food parts and their uses possibilities,
with leaves and fruits being the most frequent uses. Myrtaceae is the richest family with
28 species, followed respectively by Annonaceae, Fabaceae-Faboideae, Malvaceae,
Arecaceae, Melastomataceae, Fabaceae-Caesalpinoideae, Rubiaceae, Asteraceae,
Sapotaceae, Amaranthaceae, Cactaceae, Urticaceae, Cucurbitaceae, Passifloraceae,
Anacardiaceae, Bignoniaceae, Fabaceae-Mimosoideae, Lamiaceae, Malpighiaceae,
Solanaceae, Apocynaceae families, among the most representative. This richness of
species expands the knowledge about the PANC available in the Maranhão states,
enabling greater appreciation of the local food flora.
RESUMEN
Relevamiento de las especies de Plantas Alimenticias No Convencionales encontradas
en el estado de Maranhão, que alberga tres de los principales biomas brasileños,
Cerrado, Amazonia y Caatinga, así como extensas áreas de restingas, manglares y
cocoteros. La recolección de datos se realizó entre 2018 y 2023, a partir de
observaciones in situ, complementadas con literatura de interés. Se consideraron
PANC, además de los conceptos usuales, partes de plantas convencionales como la
médula del tallo de papaya (Carica papaya L.), hojas de camote (Ipomoea batatas (L.)
Lam.), zanahoria (Daucus carota L.), entre otras con uso subutilizado. Se catalogaron
493 especies, distribuidas en 103 familias, indicando los nombres populares, las partes
alimenticias y los usos, siendo las hojas y los frutos los más frecuentes. La familia
Myrtaceae encabeza la lista con 28 especies, seguida respectivamente por
Annonaceae, Fabaceae-Faboideae, Malvaceae, Arecaceae, Melastomataceae,
Fabaceae-Caesalpinoideae, Rubiaceae, Asteraceae, Sapotaceae, Amaranthaceae,
Cactaceae, Urticaceae, Cucurbitaceae, Passifloraceae, Anacardiaceae, Bignoniaceae,
Fabaceae-Mimosoideae, Lamiaceae, Malpighiaceae, Solanaceae, Apocynaceae, entre
las más representativas. La elevada riqueza de especies amplía el conocimiento sobre
las plantas útiles disponibles en el estado de Maranhão, permitiendo una mayor
valorización de la flora alimentaria local.
1. Introdução
As plantas alimentícias não convencionais integram um extenso grupo de
plantas, reconhecidas pelo acrônimo PANC que se caracterizam por conterem
uma ou mais estruturas vegetais com algum potencial alimentício negligenciado,
subestimado, pouco explorado ou em desuso (kinupp, 2007; kinupp & Lorenzi,
2021; Passos, 2018; Passos, 2019). A produção e o consumo de alimentos
diversificados e de baixo custo é um desafio, sobretudo, de forma acessível para
todos. Nesse sentido, as PANC tornam-se uma alternativa para direcionar ações
relacionadas a socioagrobiodiversidade de uma região, uma vez que são fontes
de nutrientes importantes para a ampliação do repertório alimentar humano
(Passos, 2018).
O estado do Maranhão forma um mosaico de ecossistemas único e
complexo no país que abrigam três importantes biomas brasileiros, o Cerrado, a
Amazônia e a Caatinga, além de áreas de restingas, matas de cocais, rios e
extensos manguezais (Cabral-Freire & Monteiro, 1993; Saraiva & Fernandes-
Pinto, 2007; Martins et al., 2011; Spinelli-Araújo et al., 2016) que certamente
detém uma flora rica em espécies de imensurável potencial alimentício pouco
explorado (Aquino et al., 2007). De forma, que o conhecimento sobre esses
recursos, é fundamental ao equilíbrio, conservação e preservação desses
ambientes (Passos, 2019).
Os primeiros registros etnobotânicos relacionados a espécies de plantas
úteis na história do Maranhão datam do século XVII, quando Cristóvão de Lisboa
trouxe à luz do conhecimento botânico atual, importantes informações sobre a
utilização de plantas da época, onde a maioria é indicada para uso alimentício
(Linhares et al., 2018). Atualmente, essas informações são em sua maioria
direcionadas a usos medicinais limitando e restringindo o expectro potencial
alimentício de muitas espécies vegetais geralmente cultivadas em quintais,
praças, jardins e sítios, sendo obtidas através de trocas de mudas ou sementes
entre as populações mais carentes (Madaleno, 2011). Recentemente, a maioria
das espécies encontradas em áreas de dunas na ilha de São Luis, foram
atribuídas apenas a usos medicinais (Carvalho et al., 2020).
No cerrado do sul do Maranhão, estudos sobre espécies de usos
múltiplos, evidenciam a necessidade de informações que mostrem a utilidade da
flora maranhense de forma mais ampla, com incentivo ao uso e manejo
adequado para sua valorização e conservação (Aquino et al., 2007).
Levantamentos atuais detectam perdas de vegetação que chegam a 80% (Costa
& Almeida Jr., 2020).
Dentro dessa premissa, objetivou-se produzir um inventário florístico que
caracterizasse a riqueza de PANC ocorrentes no estado do Maranhão, indicando
algum potencial de uso comestível, visando ampliar o conhecimento sobre
2. Material e Métodos
Localizado no nordeste do Brasil, o estado do Maranhão é composto por
importantes domínios fitogeográficos brasileiros sendo 64% Cerrado, 35%
Amazônia e 1% Caatinga, formando um mosaico de paisagens biodiversas
(Spinelli-Araújo et al., 2016). Além de áreas de restingas, matas de cocais e rios
com forte influência de água salgada e ação das marés que comportam extensos
manguezais (Cabral-Freire & Monteiro, 1993).
As PANC foram observadas em áreas urbanas abertas, praças, parques,
ruas, cercas, calçadas, terrenos baldios, trilhas, jardins, quintais, plantios e
cultivos domésticos de áreas rurais e da região metropolitana de São Luís (São
José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar), assim como áreas antropizadas e
silvestres que margeiam estradas de rodagem e rios durante viagens aos
municípios de Barreirinhas, Tutóia, Paulino Neves, Buritis, Duque Bacelar,
Coelho Neto, Caxias, alguns municípios da Baixada Maranhense e Imperatriz.
A coleta de dados iniciou em 2018 durante os meses de janeiro, julho e
dezembro com observações in loco, que foram intensificadas através de
complementação bibliográfica e confrontamento de dados com inventários
florísticos realizados na região (e. g., Cabral-Freire & Monteiro, 1993; Aquino et
al., 2007; Madaleno, 2011; Martins et al., 2011; Machado e Pinheiro, 2016;
Linhares et al., 2018; Pereira et al., 2018; Carvalho et al., 2020, Costa & Almeida
Jr., 2020) e registros nos bancos de dados on line da Flora e Funga do Brasil e
dos herbários da rede SpeciesLink network (Herbários do Maranhão (MAR),
Rosa Mochel (SLUI), Aluízio Bittencourt (HABIT), Maranhão Continental (BMA),
UNB (UB), NYBG (NY), Embrapa (IAN), INPA, entre os mais frequentes).
Os usos alimentícios, foram baseados em literatura específica sobre
PANC ou usos tradicionais descritos em inventários etnobotânicos, guias, listas
e manuais de plantas comestíveis silvestres e nativas da agrobiodiversidade
brasileira (e. g., Aquino et al., 2007; Kinupp, 2007; Brasil, 2010; Carvalho, 2010;
Rios & Pastore Jr., 2011; Teles et al., 2013; Kinupp & Lorenzi, 2014; Brasil, 2015;
Chaves, 2016; Chaves et al., 2017; Gonçalves, 2017; Borges & Silva, 2018;
Passos, 2018; Passos, 2019; Tuler et al., 2019; Carvalho et al., 2020; Kuhlmann,
2020; Machado & Kinupp, 2020).
As PANC foram catalogadas independente de sua origem, cultivo ou
hábitos de vida, incluindo-se partes comestíveis não convencionais, como a
medula do caule do mamoeiro (Carica papaya L.), folhas da batata-doce
(Ipomoea batatas (L.) Lam.) entre outras com aproveitamento subutilizado.
Quando possível, priorizou-se os nomes populares mais utilizados no estado do
Maranhão (Machado & Pinheiro, 2016). A nomenclatura científica foi atualizada
de acordo com APG IV 2016 (TROPICOS, 2020).
3. Resultados e Discussão
Os resultados revelam 493 espécies de PANC, distribuídas em 103
famílias botânicas, ocorrentes no Maranhão (Tabela 1), desde áreas urbanas
abertas antropizadas (quintais, praças, jardins, calçadas e terrenos baldios) a
áreas silvestres e ruderais de beiras de estradas, trilhas, viveiros e plantios,
evidenciando um elevado número de espécies, principalmente se comparados a
outros inventários de plantas úteis realizados na região e até mesmo no Brasil,
uma vez que esta listagem é voltada a espécies alimentícias não convencionais.
Atualmente, o maior registro de PANC para a flora brasileira, conta com 351
espécies na obra de Kinupp & Lorenzi (2014), baseada na tese de Kinupp (2007)
que encontrou 312 espécies distribuídas em 78 famílias para a flora da Região
Metropolitana de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul.
Usos e/ou
Nomes Partes comestíveis Número de
Família/Nome científico potencialidades
populares registro
Bignoniaceae
unha-de-gato, Flora e Funga do
Dolichandra unguis-cati (L)
cipó-de-gato, raízes tuberosas assadas e cozidas Bra.
L.G.Lohmann
batata-de-caboclo
Fridericia chica (Bonpl.) L.G. 9698 4493 UFP
crajiru folhas corante alimentício
Lohmann
chás, saladas, 7686 7753 MAR
Handroanthus albus (Cham.)
ipê-branco flores salteadas, refogados e
Mattos
risotos
chás, saladas, 6046 MAR
Handroanthus impetiginosus ipê-roxo, pau- salteadas, refogados e
flores
(Mart. Ex DC.) Mattos d’arco-roxo risotos (Chaves, et al.,
2017)
chás, saladas, Flora e Funga do
Handroanthus ochraceus ipê-amarelo, ipê-
flores salteadas, refogados e Bra.
(Cham.) Mattos do-campo
risotos
chás, saladas, 4727 2830 4715
Handroanthus serratifolius ipê-amarelo, pau- salteadas, refogados e MAR
flores
(Vahl) S.Grose d’arco-amarelo risotos (Chaves, et al.,
2017)
Mansoa alliacea (Lam.) folhas, flores, cascas, temperos, pastas e Flora e Funga do
cipó-alho
A.H.Gentry ramos pestos Bra.
Tabebuia aurea (Silva 4937 SLUI
saladas, empanadas,
Manso) Benth. & Hook f. ex ipê-amarelo flores
refogadas e salteadas
S.Moore
Tabebuia roseoalba (Ridl.) saladas, empanadas, Flora e Funga do
ipê-branco flores
Sandwith refogadas e salteadas Bra.
Tabebuia rosea (Bertol.) saladas, empanadas, UB 0129797
ipê-rosa flores
Bertero ex A.DC. refogadas e salteadas
Boraginaceae
Cordia superba Cham. babosa-branca flores e frutos in natura 3574 HABIT
Brassicaceae
mostarda-de- in natura, saladas, in locu cultivada
Brassica juncea (L.) Czern. folha, mostarda- folhas, ramos tenros refogados, sopas e
repolho molhos
Commelinaceae
saladas, risotos, 8005 4553 SLUI
Commelina benghalensis L. trapoeraba-azul folhas, ramos, flores bolinhos, panquecas e
refogados
saladas, risotos, 4340 SLUI
Commelina difusa Burm.f. trapoeraba folhas, ramos, flores bolinhos, panquecas e
refogados
saladas, risotos, 10814 8511 7097
erva-de-santa-
Commelina erecta L. folhas, ramos, flores bolinhos, panquecas e
luzia, trapoeraba
refogados
Tradescantia zebrina Heynh. corante de bebidas e Flora e Funga do
lambari, zebrina folhas Bra.
Ex Bosse saladas
ensopado (Chaves, et
al., 2017)
Swartzia parvipetala in natura, doces e Flora e Funga do
banha-de-galinha frutos
(R.S.Cowan) Mansano geleias Bra.
tamarindo, sucos, sorvetes, doces, 5143 7474 MAR
Tamarindus indica L. folhas, frutos
tamarino geleias e cozidos
Fabaceae-Faboideae
Arachis pintoi Krapov. & amendoim- in natura, saladas e 2931 SLUI
flores
W.C.Greg. forrageiro salteadas
amendoim- in natura, saladas e in locu
Arachis repens Handro flores
forrageiro salteadas
feijão-guandu, ensopados, saladas, 1738 MAR
Cajanus cajan (L.) Huth sementes
andu sopas e purês
saladas cozidas, purês Flora e Funga do
feijão-da-praia, frutos (vagens),
Canavalia ensiformis (L.) DC. e refogados (Kinupp e Brasil
feijão-de-porco sementes imaturas
Lorenzi, 2014)
chás, saladas e 5694 3105 SLUI
Clitoria ternatea L. feijão-borboleta folhas, flores
corantes alimentícios
palheteira, cássia- 7062 5715 MAR
Clitoria fairchildiana
azul, faveira, sementes óleo (Cruz, 2019)
R.A.Howard
sombreiro
produção de farinha 9186 5819 HEPH
mucunã-de-raiz,
Dioclea sclerocarpa Ducke raízes lavadas para mingaus e cuscuz
mucunã
(Chaves et al., 2017)
sementes, polpa dos in natura, geleias, 6631 MAR
Dipteryx alata Vogel baru, coco-feijão
frutos licores, petiscos e óleos
castanha-de- 7104 MAR
burro,
Dipteryx lacunifera Ducke sementes (amêndoas) in natura, óleo
castanheira-do-
gurgueia
Dipteryx odorata (Aubl.) condimento, especiaria 1884 SLUI
cumaru, cumbaru sementes (amêndoas)
Willd. aromatizante
bico-de-papagaio, 14407PEUFR
refogados, recheios e
Erythrina falcata Benth. corticeira-da- flores
risotos
serra, mulungu
empanados, saladas, Flora e Funga do
folhas, sementes, petiscos, purês e Brasil
Glycine max (L.) Merr. soja
vagens imaturas cozidos (kinupp e
Lorenzi, 2014)
orelha-de-padre, 30626 IPA
flores, folhas jovens, cozidos, refogados,
Lablab purpureus (L.) Sweet lablab, feijão-
vagens e sementes sopas e purês
mangalô,
saladas, refogados, 7749 MAR
Phaseolus vulgaris L. feijão-de-leite flores e frutos (vagens)
cozidos e risotos
Pithecellobium dulce (Roxb.) in natura, geleias e 7196 MAR
mata-fome frutos (vagens)
Benth cremes
in natura, farinhas, in locu
bebidas, espessantes,
Prosopis juliflora (Sw.) DC. algaroba frutos (vagens)
melaços, sorvetes e
estabilizantes
Byrsonima verbascifolia (L.) mirixi, murici- in natura, sucos e 7447 511 SLUI
frutos
Rich bravo licores
Malvaceae
in natura, saladas, Flora e Funga do
Abelmoschus esculentus (L.) flores, folhas, frutos,
quiabo salteados, molhos e Bra.
Moench sementes
refogados
in natura, bala, mingau, Flora e Funga
Adansonia digitata L. baobá, mukua frutos, sementes
pirão
barrigudeira, 8925 MAR
folhas, flores, frutos e bolinhos, salteadas,
Ceiba pentandra (L.) Gaertn. sumaúma,
sementes cozidos e refogados
samaúma
in natura, licores e 5928 MAR
cabeça-de-negro,
Guazuma ulmifolia Lam. frutos paçoca (Chaves, et al.,
mutamba
2017; (Kuhlmann, 2020)
in natura, chás, saladas, 9941/1 MAR
Hibiscus acetosella Welw. ex folhas, ramos, flores,
vinagreira-roxa geleias, doces, risotos e
Hiern frutos
molhos
saladas, geleias, risotos in locu cultivada
Hibiscus mutabilis L. rosa-louca flores
e refogados
brinco-de- chás, saladas, geleias, 779 751 SLUI
Hibiscus rosa-sinensis L. folhas jovens, flores
princesa, papoula doces e refogados
Nomes
Usos e/ou
populares/ Partes comestíveis Número de
Família/Nome científico potencialidades
vernaculares registro
pixirica-do- in natura, geleias e 64694 UPCB
Miconia fallax DC. frutos
cerrado pixirica doces (Kuhlmann, 2020)
Mouriri cearensis Huber. mani-puçá, puçá frutos in natura 1081510816 MAR
mani-puçá, in natura (Kuhlmann, 3652 SLUI
Mouriri elliptica Mart. frutos
croadinha 2020)
in natura, cremes, sucos 8390 6619 MAR
Mouriri guianensis Aubl. puçá frutos
e geleias
in natura, cremes, sucos 5413 490 SLUI
Mouriri pusa Gardner criviri, puçá frutos
e geleias
Tococa guianensis Aubl. buiuiu-grande frutos in natura 2528 MAR
Meliaceae
temperos, condimentos 4994 SLUI
Cedrela fissilis Vell. cedro folhas
e caldeiradas
cedro, cedro- 116465 INPA 632
branco, cedro- temperos, condimentos SPFw
Cedrela odorata L. folhas
rosa, cedro- e caldos
vermelho
Menispermaceae
pitanga-preta,
pitanga-do-mato
ubaia, rubi-da- 115888410 MAR
in natura, sucos,
amazônia,
Eugenia patrisii Vahl frutos sorvetes, doces e
pitanga-da-
geleias
amazônia
cereja-da-praia, 9486 9483 8140
Eugenia punicifolia (Kunth) cereja-do- in natura, sorvetes, MAR
frutos
DC. cerrado, murta- doces e geleias
vermelha
sucos, doces, mousses 805 SLUI
Eugenia stipitata McVaugh araçá-boi frutos
e geleias
sucos, doces, saladas e 9557 3240
Eugenia uniflora L. pitanga frutos, folhas
sorvetes
in natura, sucos, doces 6404 MAR
Myrcia amazonica DC. araçá frutos
e geleias
mapirunga, in natura, sucos, doces 4997 8568 MAR
Myrcia guianensis (Aubl.) DC frutos
cambuí e geleias
Myrcia neolucida in natura, doces e Flora e Funga do
guamirim-ferro frutos
A.R.Lourenço & E.Lucas geleias Bra.
Myrcia selloi (Spreng.) murta-verdadeira, in natura, doces e 12599 MAR 6357
frutos
N.Silveira cambuí geleias SLUI
murta, murtinha, 6617 MAR
Myrcia Sylvatica (G.Mey.)
pedra-ume-caá, fruto in natura
DC.
vassorinha
viuvinha, 9955 5915 7464
in natura, sorvetes,
Myrcia splendens (Sw.) DC. goiabinha, frutos MAR
doces, livores e geleias
guamirim-miúdo
Myrcia tomentosa (Aubl.) in natura, sucos, doces 3360 6341 MAR
araçazinho frutos
DC. e geleias
in natura, sucos, doces, 1614 SLUI
Myrciaria dubia (Kunth) caçari, camu-
frutos geleias sorvetes e
McVaugh camu
licores
Myrciaria tenella (DC.) in natura, sucos, doces, 10136 366 MAR
cambuí frutos
O.Berg geleias, tortas e molhos
in natura, sucos, 9720 MAR
Plinia cauliflora (Mart.)
jaboticaba frutos passas, doces, geleias e
Kausel
tortas
in natura, sucos, doces 163694 IAN
Psidium acutangulum DC. araçá-goiaba frutos
e geleias
araçá-da-praia, in natura, sucos, doces, 7467 7726
Psidium guineense Sw. frutos
aracá-mirim mousses e geleias
Psidium laruotteanum in natura, sucos, doces Aquino et al.,
araçá-cascudo frutos
Cambess. e geleias (2007)
Flora e Funga do
Psidium myrtoides O.Berg araçá frutos in natura, sucos, doces
Bra.
araçá-do-baixão, in natura, sucos, doces 10410 10411
Psidium hians L. frutos
aracá-da-caatinga e geleias MAR
goiaba-de-folha- 16410 UB
Psidium striatulum Mart. ex in natura, sucos, doces,
fina, goiabinha, frutos
DC. mousses e geleias
aracá
jamelão, in natura, sucos, doces 10400 MAR
Syzygium cumini (L.) Skeels frutos
azeitona-preta e geleias
sucos, saladas, doces, 3930 SLUI
Syzygium malaccense (L.) folhas jovens, flores,
jambo mousses, pudins e
Merr. & L.M. Perry frutos
sorvetes
Nyctaginaceae
Phytolaccaceae
folha-de-veado, previamente fervidos Flora e Funga do
Phytolacca rivinoides Kunth espinafre-da- antes de refogados e Brasil
folhas, brotos
& C.D. Bouché guiana, caruru- cozidos (Kinupp e
açu Lorenzi, 2014)
Piperaceae
saladas, bolinhos, 6458 MAR
Peperomia pellucida (L.) folhas, talos,
erva-de-jabuti tortas, pestos e
Kunth inflorescências
refogados
jaborandi-do- 3037 MAR
temperos, marinadas e
mato, pimenta-
Piper aduncum L. infrutescências molhos (Kuhlmann,
longa, pimenta-
2020)
de-macaco
Usos e/ou
Nomes Partes comestíveis Número de
potencialidades
Família/Nome científico populares/ registro
vernaculares
geleias, doces, molhos 161352 BHCB
pimenta-
Piper dilatatum Rich. infrutescências e bebidas (Kinupp e
bananinha
Lorenzi, 2014)
refogados, risotos, 6318 MAR
Piper marginatum Jacq. capeba-pequena folhas farofas e charutos
(Kinupp e Lorenzi, 2014)
folha-de-arraia, refogados, molhos, 116287 INPA
Piper peltatum L. capeba, capeba- folhas, pecíolos jovens risotos, farofas (Kinupp
amazônica e Lorenzi, 2014)
caapeba, 21819 IPA
após cozidas, molhos,
pariparoba, folhas, flores,
Piper umbelatum L. risotos e charutos
capeba- infrutescências
(Kinupp e Lorenzi, 2014)
verdadeira
Poaceae
Bambusa vulgaris Schrad. bambu-imperial, broto (palmito, conservas, refogados, Flora e Funga do
Ex J.C.Wendl. bambu-gigante meristema apical) recheios e doces Bra.
drinks, chás, frizantes, 772 SLUI
Cymbopogon citratus (DC.) capim-santo, folhas, bases tenras
condimentos e
Stapf capim-limão (palmito)
refogados
Dendrocalamus giganteus bambu-gigante, conservas, recheios e 107006 IAN
brotos (palmito)
Wall. Ex Munro bambu-balde refogados
Polygalaceae
Moutabea guianensis Aubl. olho-de-veado fruto in natura 858 SLUI
Polygonaceae
Antigonon leptopus Hook. & saladas, refogados, 5175 SLUI
amor-agarradinho flores e folhas
Arn. geleias e empanados
cipó-pau, 878317 NY
Coccoloba marginata Benth. frutos in natura
ocaiman
Portulacaceae
in natura, saladas, Flora e Funga do
Portulaca oleracea L. beldroega folhas, flores e caules sanduiches, picles e Bra.
refogados
in natura, saladas, Flora e Funga do
Portulaca umbraticola Kunth beldroega folhas, flores e caules sanduiches, picles e Bra.
refogados
Rhamnaceae
Nomes Número de
Usos e/ou
Família/Nome científico populares/ Partes comestíveis registro
potencialidades
vernaculares
Ximeniaceae
sucos e geleias 5677 4450 MAR
ameixa, limão-
Ximenia americana L. fruto (Chaves, et al., 2017;
bravo
Kuhlmann, 2020)
Zingiberaceae
Alpinia zerumbet (Pers.) colônia, gengibre- in natura, cremes, 5159 3111 SLUI
flores
B.L.Burtt & R.M.Sm. concha mousses e doces
4. Conclusão
Este estudo amplia o conhecimento e a distribuição geográfica de plantas
úteis para o estado do Maranhão, elencando 493 espécies potenciais
alimentícias, revelando uma alta riqueza de espécies vegetais a serem
exploradas, cujo aproveitamento além de diversificar e enriquecer a dieta e os
hábitos alimentares da população maranhense, pode contribuir para modelos
agroeconômicos locais.
A popularização dessas informações, é importante como base para
REFERÊNCIAS
Aquino FG, Walter BMT, Ribeiro JF. Espécies Vegetais de Uso Múltiplo em
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