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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

ANIELY ANDREZA SILVA TAVARES DINIZ

A INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA NOS ANOS INICIAIS EM UM


MUNICÍPIO DE PERNAMBUCO

RECIFE
2022
ANIELY ANDREZA SILVA TAVARES DINIZ

A INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA NOS ANOS INICIAIS EM UM


MUNICÍPIO DE PERNAMBUCO

Monografia apresentada ao Curso de


licenciatura em Pedagogia, do
Departamento de Educação da
Universidade Federal Rural de
Pernambuco – UFRPE, como requisito
para a obtenção de título de licenciado/a
em Pedagogia.
Orientador/a: Prof.ª Dr.ª Maria do Rosário
de Fátima Brandão de Amorim.

RECIFE
2022
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Sistema Integrado de Bibliotecas
Gerada automaticamente, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

D585i DINIZ, Aniely Andreza Silva Tavares


A inclusão de crianças com deficiência nos anos iniciais em um município de Pernambuco / Aniely
Andreza Silva Tavares DINIZ. - 2022.
87 f. : il.

Orientadora: Maria do Rosario de Fatima Brandao de


Amorim. Inclui referências e apêndice(s).

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal Rural de Pernambuco,


Licenciatura em Pedagogia, Recife, 2022.

1. Educação inclusiva. 2. Anos iniciais. 3. Acolhimento. 4. Escola regular. I. Amorim, Maria do


Rosario de Fatima Brandao de, orient. II. Título

CDD 370
ANIELY ANDREZA SILVA TAVARES DINIZ

A INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA NOS ANOS INICIAIS EM UM


MUNICÍPIO DE PERNAMBUCO

Data da Defesa: 05/10/2022


Horário: 13:30h
Local: Sala da Pós Graduação em Agroecologia - Bloco A DEd (1°andar)

Banca Examinadora:

________________________________
Prof.ª Drª. Maria do Rosário de Fátima Brandão de Amorim
Orientadora

________________________________
Prof.ª Waydja Cybelli Cavalcanti Correia
Examinadora Externa

________________________________
Prof.ª Emmanuelle Christine Chaves da Silva
Examinadora Interna

Resultado: ( x ) Aprovada
( ) Reprovada
A minha família, minha inspiração, e fonte das
minhas maiores alegrias.
AGRADECIMENTOS

Sou grata a Deus por todas as pessoas especiais que estiveram comigo
nessa jornada de pesquisa e aprendizado. Tenho certeza, nada disso seria possível
se não pudesse contar com essas pessoas ao meu lado.

Agradeço a minha mãe, por ser minha maior incentivadora, sempre acreditou
e apoiou em minhas escolhas, pelo exemplo de força e determinação.

Ao meu esposo, que sempre esteve presente em todas as etapas ao longo


deste percurso, pelo suporte para que eu pudesse seguir sem maiores
preocupações, pela empatia de me acolher e acalmar em dias de aflição, pela
compreensão e palavras de incentivo e amor.

A minha irmã, que me mostra todos os dias a importância da inclusão, pela


sua paixão pela vida, pelo seu sorriso, pelo presente de tê-la em nossas vidas.

A minha orientadora, que esteve comigo nesse longo caminhar de pesquisa,


pelo apoio, incentivo, orientação e paciência tão necessárias, principalmente em
tempos tão instáveis que enfrentamos ao longo dessa pesquisa.

Aos professores, que fizeram parte dessa pesquisa pela disponibilidade e


contribuição para que este trabalho fosse realizado.

As minhas amigas que a Ruralinda me presenteou nesta jornada, pelo aporte


nas diversas disciplinas, pelas risadas e estímulo para que eu continuasse seguindo
em frente, contribuindo para que minha jornada acadêmica fosse mais leve.
RESUMO

Aprovada pela Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien,


Tailândia, 1990. Há mais de quarenta e dois anos, as nações do mundo afirmaram
na Declaração Universal dos Direitos Humanos que "toda pessoa tem direito à
educação". Em 1989, um ano após a Constituição Brasileira, o nosso país
assegurou a inclusão da criança com deficiência no sistema regular de ensino,
assegurada pela Lei nº 7.853/89, tornando obrigatória e gratuita a oferta da
Educação Especial em escolas públicas. Entretanto, ainda encontramos nos dias
atuais dificuldades e falta de preparo de algumas instituições escolares para acolher
e dar suporte para que os alunos com deficiência permaneçam em sala de aula.
Diante disso, a presente pesquisa teve como objetivo, investigar como se dá a
inclusão das crianças com deficiência nas escolas dos anos iniciais em um
município localizado na Mesorregião do Agreste Pernambucano. Apoiamo-nos em
autores como; Santos (2016), Glat (2007), Mantoan (2003), Ferreira, Lima e Garcia
(2015), Rodrigues (2018), Ropoli et al. (2010) entre outros. A metodologia utilizada
foi quali-quantitativa. Para coleta de dados foram utilizados questionários aplicados
aos professores da rede municipal, por meio do Google forms®, bem como análise
documental dos Projetos Políticos Pedagógicos - PPP das escolas dos anos iniciais
e do Plano Municipal de Educação - PME. Os resultados apontaram que embora os
PPPs e o PME tratem de uma educação inclusiva, a realidade encontrada aponta
para uma direção contrária. Foi identificado que não há diálogo entre o professor da
sala regular e o AEE. Outro dado relevante foi que o AEE não atende toda a
demanda que o município necessita, inclusive falta investimento para a zona rural,
portanto, necessita-se de maior investimento inclusivo dentro do município para que
haja uma maior equidade e que as crianças possam ter um acolhimento contínuo em
todo ano letivo.

Palavras-Chaves: Educação inclusiva. Anos iniciais. Acolhimento. Escola regular.


ABSTRACT

Approved by the World Conference on Education for All, Jomtien, Thailand, 1990.
More than forty-two years ago, the nations of the world affirmed in the Universal
Declaration of Human Rights that "everyone has the right to education." In 1989,
one year after the Brazilian Constitution, our country ensured the inclusion of children
with disabilities in the regular education system, guaranteed by Law No. 7,853/89,
making the offer of Special Education in public schools mandatory and free.
However, we still find today difficulties and lack of preparation of some school
institutions to welcome and support students with disabilities to remain in the
classroom. Therefore, the present research aimed to investigate how children with
disabilities are included in schools in the early years in a municipality located in the
Mesoregion of Agreste Pernambucano. We rely on authors such as; Santos (2016),
Glat (2007), Mantoan (2003), Ferreira, Lima e Garcia (2015), Rodrigues (2018),
Ropoli et al. (2010) among others. The methodology used was quali-quantitative.
For data collection, questionnaires were applied to teachers from the municipal
network, through Google forms®, as well as documental analysis of the Pedagogical
Political Projects - PPP of the schools of the initial years and the Municipal Education
Plan - PME. The results showed that although the PPPs and the PME deal with
inclusive education, the reality found points in the opposite direction. It was identified
that there is no dialogue between the regular classroom teacher and the AEE.
Another relevant fact was that the AEE does not meet all the demand that the
municipality needs, including lack of investment for the rural area, therefore, greater
inclusive investment is needed within the municipality so that there is greater equity
and that children can have a continuous reception throughout the school year.

Key-words: Inclusive education. Early years. Reception. Regular school.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Sala de Recursos Multifuncionais

Figura 2 Materiais didáticos e pedagógicos

Figura 3 Produção professora A

Figura 4 Produção professora A


LISTA DE TABELAS

Quadro 1 Demonstrativo da Revisão bibliográfica sobre a Política Educacional


Inclusiva.

Quadro 2 Número de escolas existentes dos anos iniciais dividido por localização
no município.

Quadro 3 Número de alunos por escolas dos anos iniciais e de alunos com
deficiência.

Quadro 4 Tipo de deficiência encontrado por aluno e escola.

Quadro 5 Tipo de deficiência desvinculado das escolas

Quadro 6 PPP coletados das escolas dos anos iniciais.


LISTA DE ABREVIATURAS/SIGLAS

AEE Atendimento Educacional Especializado.

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente.

IBC Instituto Benjamin Constant.

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.

INES Instituto Nacional da Educação dos Surdos.

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

TDAH Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.

TEA Transtornos do Espectro Autista.

PCD Pessoa com Deficiência.

PEE Plano Estadual de Educação.

PIBID Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência.

PME Plano Municipal de Educação.

PNE Plano Nacional de Educação.

PPP Projeto Político Pedagógico.

SRM Sala de Recurso Multifuncional.


RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS/SIGLAS

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...……………………………………………….……………….….….......13

CAPÍTULO I: POLÍTICA EDUCACIONAL INCLUSIVA .………………………….


…...18

1.1 O PERCURSO DA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE A POLÍTICA


EDUCACIONAL
INCLUSIVA .....................................................................................18
1.1.1 O que dizem os artigos no período de 2015 a 2020: a revisão nas bases
de dados GA, LILACs e SCIELO ………....
………………………………………………...20
1.2 PENSAMENTO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL ……………….
…..28
1.3 O PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO
INCLUSIVA …..…..
………………………………………………………………………...32
1.4 A ESCOLA COMO PROPOSTA INCLUSIVA .……………………………….
….34
1.5 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO….…………………….....36
1.6 A IMPORTÂNCIA DO ACOLHIMENTO AOS ALUNOS COM
DEFICIÊNCIA...40

CAPÍTULO II: PERCURSO METODOLÓGICO: O CAMINHAR DA PESQUISA


…...43

2.1 NATUREZA, MEIOS E INSTRUMENTOS DA PESQUISA …….…………...…


43
2.2 O UNIVERSO PESQUISADO …….…………………..…………..…………..….45
2.3 SUJEITOS PESQUISADOS ...……..…………………….……..….......
………...45
2.4 METODOLOGIA DE ANÁLISE ………….………………….….……..……….....46
CAPÍTULO III: REALIDADE DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO MUNICÍPIO
PESQUISADO .
…………………………………………………………………………….47

3.1 QUANTIDADE DE ESCOLAS PÚBLICAS QUE OFERTAM OS ANOS INICIAIS


NO MUNICÍPIO ESTUDADO ……………….
…………………………………………….47
3.2 O QUE DIZEM OS PPPS DAS ESCOLAS QUE OFERTAM OS ANOS INICIAIS
NO MUNICÍPIO ESTUDADO ….
………………………………………………………….51
3.2.1 O que diz o PPP da escola A ……..……………………………….
……………..52
3.2.2 O que diz o PPP da escola C …..
………………………………………………...53
3.2.3 O que diz o PPP da escola F …..
………………………………………………...54
3.2.4 O que diz o PPP da escola G …….
……………………………………………....56
3.3 O AEE DAS ESCOLAS QUE OFERTAM OS ANOS INICIAIS NO MUNICÍPIO
ESTUDADO…………………………………………………………..……………………..57
3.3.1 Organização da Sala de Recursos Multifuncionais do AEE …..
………......58
3.3.2 Análise do questionário 1 - O que dizem os professores do AEE …...
…....59
3.4 ACOLHIMENTO DOS PROFESSORES NAS ESCOLAS, QUE TENHAM
CRIANÇAS NOS ANOS INICIAIS, COM ALGUM TIPO DE DEFICIÊNCIA ….
……....65

CONSIDERAÇÕES FINAIS ……………………………………………………….…...…


69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS …….……………………………….


……………...71

APÊNDICES …………….…………..………………………………………………...…...76

ANEXOS ……………………………………………………………….……………...……86
13

INTRODUÇÃO

O século XX pode ser demarcado dentro da história como possível


nascedouro da educação inclusiva. Foi neste século que a expressão “educação
para todos”, possibilitou a visibilidade das pessoas com deficiência, o contexto
escolar e como consequência, o número de matrículas de estudantes com
deficiência no sistema regular de ensino. Em curto espaço de tempo houve um
considerável crescimento das matrículas, principalmente nos centros urbanos, onde
essa procura é maior.

A década de 1990 é considerada como a pedra angular primordial para


compreender essa nova perspectiva de inclusão adotada pela educação. Nela se
realizaram dois encontros considerados essenciais para a proposta de educação
inclusiva. A primeira teve aprovada a Declaração Mundial sobre Educação para
Todos (UNESCO, 1990), originada da Conferência Mundial de Educação na
Tailândia, promovida pelo Banco Mundial, a UNESCO, o Fundo das Nações Unidas
para a Infância (UNICEF) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), essas grandes instituições internacionais se reuniram em um momento de
grande instabilidade econômica e educacional nos anos 80 e 90 com o objetivo de
buscar soluções para reverter o grave problema da educação mundial. Na qual se
fez presente governantes de 157 países diferentes. Sua proposta era revitalizar as
ações dos governos no sentido de viabilizar educação para todos e assim garantir
que o direito do cidadão se cumprisse, combatendo o crescimento do analfabetismo.
(UNESCO, 1990, p.02). Neste sentido, a principal conclusão do encontro foi que o
acesso universal à educação e o combate ao analfabetismo deveriam se tornar
prioridade internacional nos próximos dez anos.

Logo, os 157 países signatários firmaram compromisso, e traçaram metas


para serem alcançadas e defendidas na Conferência de Jomtien (Tailândia). fossem
contempladas. A participação do Brasil na Conferência Mundial sobre a Educação
para Todos, na Tailândia, resultou na elaboração de 10 objetivos alicerçados como
artigos, dentre eles, a luta pelas necessidades básicas de aprendizagem, como
ampliação dos meios e do raio de ação da Educação Básica.

O segundo encontro, considerado o marco da educação inclusiva, aconteceu


em 1994, na cidade de Salamanca (Espanha), na qual adveio a Declaração de
14

Salamanca (UNESCO, 1994) que aposta em uma educação para todos, e garantiu
de fato o direito da pessoa com deficiência à inclusão escolar.

Foi a partir desses encontros com a promulgação do documento, após


assinaturas dos signatários, que ficou formalizado o termo educação inclusiva, e que
chamou atenção do mundo destacando a importância da educação para todos,
independentemente de suas limitações, chamando a atenção dos governantes para
essa parcela significativa de pessoas que necessitam de políticas públicas
fundamentadas nos pilares da igualdade e com ações coerentes, respeitando a
diversidade de pessoas presentes nas escolas de todas as nações do mundo,
caracterizando assim a escola inclusiva pelo princípio da heterogeneidade. Como
consequência ocorreram inúmeros tratados internacionais, declarações,
conferências, recomendações, na qual foi possível tornar realidade a questão do
direito à educação que é uma base fundante da declaração dos direitos humanos
desde 1948 que defende que “toda pessoa tem direito à instrução” (grifo
nosso).

O Brasil passou a formular as políticas educacionais visando alcançar as


metas de uma educação para todos que foram ratificadas em Salamanca/Espanha,
em 1994. Em termos legais, destaca-se a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LDB (BRASIL, 1996), em especial o artigo 59, a seguinte redação:

[...] o sistema de ensino deve assegurar aos estudantes currículo, métodos,


recursos e organização específicos para atender às necessidades [...]”
dentre outros argumentos em virtude das deficiências, bem como
aceleração para os superdotados.

É importante ressaltar que toda a efervescência existente sobre a inclusão


inicialmente se dá para dentro da Educação Básica e não para o ensino superior. As
instituições de Ensino Superior após serem provocadas sobre a questão da
acessibilidade em seus espaços educacionais, com a publicação da Lei Brasileira de
Inclusão (BRASIL, 2016).

Após realizar esse panorama, este estudo foi baseado nas pesquisas de
diversos autores conhecidos na literatura brasileira que discutem, em diferentes
perspectivas, princípios, possibilidades e desafios para a execução de ações com
vistas a propiciar a inclusão de alunos com deficiência na escola regular.
15

Quanto à escolha da temática há duas razões: a minha trajetória de vida e de


formação inicial como futura pedagoga. A primeira foi que convivo com um ente
familiar que possui três comorbidades: Epilepsia crônica, Atraso no desenvolvimento
e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). E desde o
diagnóstico, a família acompanha de perto as dificuldades no seu processo de direito
à educação. O primeiro desafio foi estar numa escola especial, que trazia uma
pedagogia especializada e institucionalizada, que separava indivíduos de acordo
com os diagnósticos. Amaral (2001) lembra que este primeiro momento ficou
conhecido como fase de segregação. Depois surgiu a fase da integração 1. Aqui se
faz necessário lembrar Blanco (2003, p.28):

escolas regulares aceitando crianças ou adolescentes deficientes nas


classes comuns ou, pelo menos, em ambientes o menos restrito possível.
Entretanto, só se consideravam adaptar-se à classe regular como esta se
apresentava, portanto, sem modificação no sistema escolar (BLANCO,
2003, p. 28).

Diante de tal afirmação, o ônus maior era para o deficiente. Na época, a


capacidade de se integrar à sociedade era de responsabilidade da minoria. Para
além dessa sobrecarga, cabia ainda às pessoas com deficiência adaptar-se à escola
e não o inverso. Eis que o desafio familiar foi exaustivo.

Chega então o momento em que há o declínio da educação especial paralela


à educação regular (NASCIMENTO, 2014). Porém, apesar das conquistas políticas
convive-se ainda em transpor barreiras para a verdadeira inclusão, pois conseguir
realizar a matrícula na escola desejada da rede de ensino do município, por vezes,
apesar da matrícula realizada, não havia a efetivação da matrícula no sistema
escolar, no qual justificava que o motivo era que a condição era ouvinte da turma, e,
que, portanto, a sua matrícula não tinha razão em ser efetivada. Essa foi a trajetória
vivenciada.

A segunda razão foi que, já não bastasse a trajetória de vida, fui bolsista do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), onde pude
constatar que no cotidiano escolar das escolas regulares promovidas pelo programa,
que se mantinha a presença das pessoas com deficiência em salas regulares que

1 Quando o “portador de deficiência'' (termo utilizado na época) começou a ter acesso à classe
regular, desde que se adaptasse e não causasse nenhum transtorno ao contexto escolar.
16

revelava a minha trajetória história de vida familiar, e diante da experiência


vivenciada, foi desvelado sobre as dificuldades dos professores em não saber como
acolher essas pessoas, que são minorias na sociedade, levando-me a refletir sobre
os impactos das políticas de inclusão nas escolas regulares.

Embora seja notório admitir sobre os avanços políticos educacionais


inclusivos em nosso país, ainda falta muito para ser conquistado acerca de uma
inclusão verdadeira nos sistemas de ensino. Possivelmente nos municípios
menores, as dificuldades sejam maiores, por razões adversas, que não será palco
de discussão neste momento desta pesquisa. Porém, independente da maior ou
menor proximidade do município com a capital, urge a necessidade para colocar em
prática uma educação inclusiva sem discriminação, e do posicionamento da escola
na superação da lógica da exclusão.

Frente ao exposto, as questões norteadoras desta pesquisa foi: Como se dá a


inclusão das crianças com deficiência nos anos iniciais em um município localizado
na mesorregião do Agreste Pernambucano e na Microrregião do Médio Capibaribe?
Será que o município possui uma política educacional inclusiva? E os professores,
como acolhem as crianças, nos anos iniciais, em suas escolas?

A partir do problema de pesquisa exposto foram elaborados os seguintes


objetivos de pesquisa:

Objetivo Geral: Investigar como se dá a inclusão das crianças com


deficiência, nas escolas dos anos iniciais, em um município localizado na
Mesorregião do Agreste Pernambucano.

Objetivos Específicos: Para atender aos objetivos gerais buscou-se:

1. Verificar a quantidade de escolas públicas que ofertam os anos iniciais


no Município estudado;
2. Explorar os Projetos Políticos Pedagógicos das escolas que ofertam os
anos iniciais no Município estudado;
3. Identificar como se promove os Atendimentos Educacionais
Especializados das escolas que ofertam os anos iniciais no Município
estudado.
17

4. Verificar sobre a importância do acolhimento que os professores


promovem às crianças nos anos iniciais, com algum tipo de deficiência.

Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para futuras reflexões dos
profissionais da educação inclusiva, e das famílias de pessoas com deficiência que
enfrentam o desafio em matricular o seu filho em uma escola regular nos anos
iniciais da educação básica.

A presente pesquisa está dividida em três capítulos, no primeiro, a temática


inicial tratou sobre a Política Educacional Inclusiva. Para tanto buscou-se uma
revisão bibliográfica em base indexada, para melhor compreender como os autores
transitaram acerca da temática.

Este capítulo também possui seis subtópicos: a) O que dizem os artigos no


período de 2015 a 2020: a revisão nas bases de dados GA, LILACs e SCIELO b) O
pensamento de educação inclusiva no Brasil; c) O Plano Municipal de Educação na
perspectiva da educação inclusiva; d) A escola como proposta inclusiva; e) O
Atendimento Educacional Especializado; e o sexto: f) A importância do acolhimento
aos alunos com deficiência.

O segundo capítulo destinou-se ao percurso metodológico utilizado para dar


conta dos objetivos propostos neste estudo, primeiramente sobre a natureza, os
meios e os instrumentos da pesquisa, posteriormente sobre o universo e sujeitos
dos quais esse estudo se debruça e finalmente sobre a metodologia de análise.

O terceiro capítulo tratou de analisar os resultados dos objetivos específicos


que possibilitaram a realização dessa pesquisa e as discussões dos mesmos.
18

CAPÍTULO I - POLÍTICA EDUCACIONAL INCLUSIVA

Para melhor aprofundar o campo teórico, e buscar compreender o que


abordam esses estudos, foi realizado um mapeamento das pesquisas nos portais de
publicação de produções científicas relacionadas ao tema no período de 2015 a
2020, tal como demonstra o quadro 1. Para além dessa revisão buscou-se ainda na
literatura as seguintes temáticas para configurar este capítulo: Pensamento de
Educação inclusiva no Brasil; O Plano Municipal de Educação na perspectiva da
educação inclusiva; A Escola Como Proposta Inclusiva; Atendimento Educacional
Especializado e A importância do acolhimento aos alunos com deficiência.

1.1 O percurso da revisão bibliográfica sobre a Política Educacional Inclusiva

Foi realizada uma pesquisa na área de educação, nas seguintes bases de


dados: Google Acadêmico (doravante GA), Literatura Latino-Americano e do Caribe
em Ciências, (doravante LILACS) e no Scientific Electronic Libertary Online
(doravante SCIELO), com os seguintes descritores: educação inclusiva, anos
iniciais e escola regular. O critério de inclusão e exclusão utilizados para a
pesquisa foi se o artigo era voltado para a inclusão ou implementação da política
educacional em espaço escolar, em especial nos anos iniciais da educação básica.
Foram excluídos os seguintes artigos que versavam sobre teses, dissertações,
cartas, editoriais, estratégias de ensino, dentre outros assuntos que fugissem ao
tema deste trabalho. Considerando os resultados relevantes para o tema estudado,
e delimitando os anos 2015 a 2020 e o idioma português. Dentre os artigos
encontrados, o quadro abaixo demonstra aqueles que foram selecionados.

QUADRO 1 - Demonstrativo da Revisão bibliográfica sobre a Política Educacional Inclusiva


Procedên Título do artigo Autores Periódico (vol. Considerações Temática
cia nº, pág. ano)

GA A educação Aucivania https:// O trabalho aborda a


inclusiva nos Clementino repositorio.ufpb. importância da Educação
anos iniciais do Miguel. br/jspui/handle/ Inclusiva nos anos iniciais do
ensino regular 123456789/1514 ensino regular. Explora o
19

6. conceito de inclusão a partir


da perspectiva de que o
processo de escolarização de
crianças e adolescentes com
deficiência precisa ocorrer
nas escolas regulares.

GA Olhares para Francismara Unoesc & Aborda sobre a educação/


educação Pilatti et al. Ciência – ACHS, escola inclusiva enquanto
inclusiva Joaçaba, v. 3, n. princípios educativos
2, p. 187-194, inclusivos.
jul./dez. 2012

GA Educação Antenor de Revista Busca compreender o


inclusiva: uma Oliveira Educação processo histórico da
escola para Silva Neto et Especial. v. 31 educação especial e da
todos. al. n. 60 p. 81-92 | educação inclusiva para
jan./mar. 2018. entender o movimento atual
Santa Maria da inclusão escolar.

GA O Serviço de Simone de Revista Evidencia a importância do


Atendimento Mamann Cadernos de serviço do Atendimento
Educacional Ferreira; Estudos e Educacional Especializado
Especializado/A Pesquisas na /AEE organizado e oferecido
EE e Práticas Eloisa Educação para os alunos com
Pedagógicas na Barcellos de Básica, Recife, deficiência, Transtorno do
Perspectiva da Lima; v.1 n. 1, p. 46 - Espectro Autista/TEA e altas
Educação Fernanda 61, 2015. CAP- habilidades/superdotação -
Inclusiva Albertina UFPE AH/SD, proposto em
Garcia. documentos de âmbito
federal como a Política de
Educação Especial na
Perspectiva da Educação
Inclusiva, aprovada no ano de
2008.

GA Produção de Michela Anais do Salão investiga as dificuldades


recursos Lemos Internacional de enfrentadas diariamente pelo
pedagógicos Silveira Ensino, professor do AEE numa sala
acessíveis na Machado et Pesquisa e de recursos multifuncional e a
perspectiva da al. Extensão, v. 9, forma com que se dá o
Educação n. 1, 2017. planejamento colaborativo, a
Inclusiva organização, a
sistematização e a produção
de recursos acessíveis para
os alunos com deficiência no
ambiente de uma escola
pública da educação básica
do município de Bagé, RS.

GA O direito à Verônica https:// Discute aspectos conceituais


inclusão nos Remígio da repositorio.ufpb. acerca da educação inclusiva,
anos iniciais do silva e lima. br/jspui/handle/ e reflete sobre as principais
ensino 123456789/1513 dificuldades dos professores
fundamental: 0 em relação à inclusão
práticas e
20

desafios. educacional.

GA Acolher para Cátia Maria Metodologias e Busca compreender as


Incluir: O Alves Aprendizado, [S. políticas de educação
acolhimento Monteiro; l.], v. 1, p. 4–10, inclusiva e o acolhimento
como prática na 2020. como instrumento para a
cultura escolar Henrique inclusão.
inclusiva. Pitt;
Reginaldo
Leandro
Plácido.

GA A inclusão de Vilmar Revista Plurais Busca refletir acerca do


alunos com Bayer; Virtual, Anápolis processo inclusivo
necessidades Go, Vol. 9, n. 1 evidenciando o que são
educacionais na jan. / abr. 2019. necessidades especiais, qual
escola regular Vera Lúcia p. 42-56 é o papel da escola e dos
Simão. docentes no procedimento
inclusivo, bem como da
interrelação cotidiana do
discente e docente em prol da
maximização do processo de
ensino-aprendizagem.

GA Caderno Do Clodine https:// Tem como propósito garantir


Professor Maria crianca.mppr.mp a inclusão escolar das
Atendimento Azevedo de .br/arquivos/ pessoas com deficiência,
Educacional Melo et al. File/publi/ transtornos globais de
Especializado – mppb/ desenvolvimento e altas
AEE aee_caderno_do habilidades, assegurando
_professor_mpp com qualidade a oferta do
b2018.pdf Atendimento Educacional
Especializado – AEE, nas
João Pessoa, salas de recursos
2018. multifuncionais.

LILACS Práticas de Tereza Revista Investiga práticas


Professores Cristina brasileira de pedagógicas de professores
Frente ao Aluno Coelho dos educação em uma escola pública
com Deficiência Santos; especial.; V. 21. municipal de Natal/RN, frente
Intelectual em p. 395-408, jul.- a alunos com Deficiência
Classe Regular. Lúcia de set. 2015. Intelectual (DI), matriculados
Araújo em anos iniciais do Ensino
Ramos Fundamental.
Martins.

SCIELO Emoções Paula Maria Educar em O trabalho busca


docentes em Ferreira de revista. Curitiba, compreender as emoções do
relação ao Faria; v. 37, e64536, professor em relação ao
processo de 2021. processo de educação
inclusão escolar Denise de inclusiva e ao aluno em
Camargo. inclusão a partir dos
referenciais da Teoria
Histórico-Cultural de
Vygotsky.
21

Fonte: Realizado pela pesquisadora

1.1.1 O que dizem os artigos no período de 2015 a 2020: a revisão nas bases de
dados GA, LILACs e SCIELO

A pesquisa de Neto et al. (2018), intitulada “Educação inclusiva: uma escola


para todos”, buscou compreender o processo histórico da educação especial e da
educação inclusiva para entender o movimento atual da inclusão escolar, através de
uma pesquisa bibliográfica, qualitativa e descritiva, a mesma, traz reflexões
pertinentes para dialogar com esta pesquisa. Ao analisar um resgate histórico das
pessoas com deficiência os autores destacam quatro fases: “fase da exclusão”, “fase
da segregação”, “fase da integração”, e “fase da inclusão total”. O processo de
inclusão escolar da Pessoa com deficiência (PCD), é resultado de uma longa
trajetória histórica que foi construída por todos ao longo dos anos, num processo
marcado pela segregação, discriminação e até morte.

Neto et al. (2018), afirma ainda que o Brasil, assim como os demais países,
no tocante do ensino especial foi, na sua origem, um sistema separado de educação
das crianças com deficiência, fora do ensino regular, acreditando que as
necessidades das crianças com deficiência não podiam ser supridas nas escolas
regulares, pois, não eram oferecidos recursos pedagógicos, professores
capacitados, estruturas adequadas nas escolas, entre outros. Os mesmos destacam
que “A Educação Inclusiva é a transformação para uma sociedade inclusiva, um
processo em que se amplia a participação de todos os alunos nos estabelecimentos
de ensino regular.” (2018, p. 86). Quando se refere a alunos com deficiência, é
preciso entender que o processo de ensino aprendizagem se faz possível dentro de
sala de aula regular, por isso é necessário modificar o pensamento excludente de
que esses alunos não são capazes de estudar, conviver e aprender com os demais.

Os autores abordam que a escola tem uma função imprescindível na vida dos
alunos, ela tem um importante papel que proporciona desenvolvimento cultural,
social, intelectual e físico. A escola sendo responsável pela formação formal do
indivíduo, na promoção de valores sociais e culturais indispensáveis à sua formação,
lhe atribui diversas funções em sua vida. Segundo Mantoan (2003 apud NETO et al.,
2018, p.87)
22

A escola não pode continuar ignorando o que acontece ao seu redor. Não
pode continuar anulando e marginalizando as diferenças – culturais, sociais,
étnicas – nos processos pelos quais forma e instrui os alunos. Afinal de
contas, aprender implica ser capaz de expressar, dos mais variados modos,
o que sabemos; implica representar o mundo a partir de nossas origens, de
nossos valores e sentimentos. (MANTOAN, 2003 apud NETO et al., 2018,
p.87).

Contudo, os autores reforçam que é preciso que a escola ande em


conformidade com a família, numa proposta de educação compartilhada,
principalmente no caso dos alunos com deficiência, para que haja resultado
satisfatório de aprendizagem dos alunos. Não basta que o aluno seja matriculado
por força da lei em uma turma de ensino regular, pois é de fundamental importância
uma equipe preparada para que a inclusão se efetive. É preciso que o sistema de
Educação Inclusiva observe as necessidades gerais dos alunos, exigindo da escola
sensibilidade em trabalhar com as individualidades.

Ferreira, Lima e Garcia (2015), em seu trabalho “O Serviço de Atendimento


Educacional Especializado/AEE e Práticas Pedagógicas na Perspectiva da
Educação Inclusiva”, que têm como objetivo principal evidenciar a importância do
serviço do Atendimento Educacional Especializado - AEE organizado e oferecido
para os alunos com deficiência, Transtorno do Espectro Autista/TEA e altas
habilidades/superdotação - AH/SD, proposto em documentos de âmbito federal
como a Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva,
aprovada no ano de 2008. Em linhas gerais o trabalho trouxe importantes
contribuições no âmbito de políticas educacionais para a educação inclusiva na
escola regular.

Os autores ressaltam a importância da escola no processo de inclusão, pois


nenhum outro espaço é capaz de substituir seu caráter social e de ensino.

O ambiente escolar constitui-se um espaço privilegiado para a construção


do saber historicamente constituído, ou seja, este lugar é fundamental para
o desenvolvimento, como um todo, dos alunos, os quais participam deste
contexto e para a pessoa com deficiência não poderia ser diferente.
Portanto, a educação inclusiva fomenta o repensar das práticas na escola
comum, por meio de ações que atendam às diferenças considerando
também os distintos contextos, que este sujeito faz parte. (FERREIRA, LIMA
e GARCIA. 2015, p.49-50)

Salientam ainda que se faz necessário refletir sobre a importância da escola


neste processo de inclusão, refletir como se dá este atendimento ao aluno com
23

deficiência dentro da sala regular, seu currículo comum, se o mesmo está atendendo
às necessidades educacionais que este aluno requer, pois, assim como os demais
alunos, os alunos público alvo da educação inclusiva, é único, e constituído de
peculiaridades. Este pensamento se coaduna com o artigo de Miguel (2019),
intitulado “A educação inclusiva nos anos iniciais do ensino regular”, quando ressalta
que:

Para que um processo de inclusão aconteça o professor deve identificar as


necessidades educacionais de seus alunos, entendendo que os educandos
têm seus ritmos e formas diferentes de aprender. Não se trata apenas de
uma limitação física ou intelectual, mas, sim, do entendimento, da reflexão
de que todo sujeito aprende e, portanto, os caminhos diversos de
construção de conhecimento devem ser assegurados (p. 26)

Ferreira, Lima e Garcia (2015), abordam ainda que a proposta de uma


educação inclusiva, requer uma reformulação nas políticas educacionais de ensino
para atender as especificidades da criança com deficiência dentro da sala de aula
regular, o currículo deve ser adaptado, assim como perceber a diversidade,
valorizando e atendendo cada uma delas dentro do espaço escolar. Por isso, todos
os sistemas de ensino, municipal, estadual e federal, têm o compromisso de
organizar e ofertar políticas educacionais pautadas em atender a diversidade da
criança com deficiência, respeitando as diferenças por elas apresentadas. Bem
como, ofertar o Atendimento Educacional Especializado (doravante AEE), como
indicado na Resolução nº 04 de 2009 2 do Conselho Nacional de Educação. Sendo
de caráter obrigatório a oferta aos alunos público-alvo da Educação Inclusiva.

O profissional do AEE deve ter especialização na área da educação especial,


e atender aos alunos, público-alvo da educação especial, no contraturno da sala
comum. A partir do atendimento, o profissional do AEE, pode contribuir com
observações e sugestões quanto ao trabalho realizado em sala, para juntamente
com o professor da sala regular pensar em possibilidades de intervenção, trocando
informações e orientações em relação às peculiaridades dos alunos com deficiência,
realizando um planejamento com estratégias e atividades acessíveis a estes alunos,
buscando incluir a todos, independentemente de sua condição.

2 (...) os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no
Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em
centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias,
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. (BRASIL, 2009, p. 1)
24

O atendimento do AEE é um complemento ao ensino regular, sendo


necessário para a formação do aluno com deficiência, “pois é, neste espaço, que
será abordado os campos conceituais, os quais possibilitaram maior compreensão
dos temas trabalhados em sala de aula, com a perspectiva de focar nas
necessidades dos alunos.” (BRASIL, 2009, p. 48)

Deste modo, Ferreira, Lima e Garcia (2015), afirmam que o objetivo do


atendimento educacional especializado é oferecer condições e liberdade, para que o
aluno com deficiência possa desenvolver seus conhecimentos, dentro daquilo que
lhe é possível, naquele momento e lugar, tornando-se agente capaz de produzir
significado e aprendizado. “Este trabalho deve ser conjunto, escola e AEE. Não
funciona separadamente, pois é uma ressignificação metodológica e didática, que
envolve toda a escola e a família.” (FERREIRA, LIMA E GARCIA, 2015, p.56). O
AEE realizado nas salas multifuncionais é mais um recurso no processo da inclusão,
bem como a formação dos professores que atendem na área.

Machado et al. (2017), em “Produção de recursos pedagógicos acessíveis na


perspectiva da Educação Inclusiva", que teve como objetivo identificar as
dificuldades e facilidades enfrentadas diariamente pelo profissional do AEE na sala
de recursos multifuncional, observando o planejamento colaborativo, a organização,
a sistematização e a produção de recursos acessíveis para os alunos com
deficiência. Foi efetivada através de uma pesquisa-ação, a partir dos cadernos de
registros diários, foi possível desenvolver recursos pedagógicos acessíveis para
auxiliar no processo de ensino/aprendizagem, a autonomia dos alunos incluídos, a
interação no grupo e a participação com equidade de condições.

Os autores destacam que, diante das diversidades educacionais que as


crianças com deficiência apresentam, é papel do professor do AEE produzir
recursos pedagógicos acessíveis que venham contribuir com o processo de
aprendizagem do aluno incluído no ambiente da sala regular.

Os mesmos, reforçam que umas das ações realizadas pela professora do


AEE, envolve organizar, um planejamento semanalmente, na qual deve ser
partilhado com a professora da sala regular, a partir deste planejamento a
professora do AEE têm a responsabilidade de produção e adaptações de conteúdos,
25

atividades e recursos acessíveis necessários, de acordo com as especificidades dos


alunos com deficiência.

Vale ressaltar a pesquisa de Lima (2017), “O direito à inclusão nos anos


iniciais do ensino fundamental: práticas e desafios.” que objetiva compreender como
tem ocorrido a inclusão do aluno nos anos iniciais do ensino fundamental. O artigo
defende que as políticas educacionais devem oferecer na prática meios para que a
escola possa receber estes alunos de forma coerente e concisa. Entretanto, o que
se percebe é que mesmo havendo o princípio da inclusão, sendo este considerado
fundamental ao processo da aprendizagem, assegurando aos indivíduos condições
e ofertas de aceitação à diversidade, isso ainda não é uma realidade em todas as
escolas brasileiras.

A autora justifica que há diversos motivos que corroboram para uma má


oferta da educação inclusiva, tais como: a dura realidade das condições de trabalho
dos profissionais da educação básica e os limites da formação profissional, o
número elevado de alunos por turma, a infraestrutura inadequada, o despreparo dos
professores para acolher os alunos com deficiência em sala. Assim, não basta
garantir o que consta a legislação, mas promover modificações profundas e
importantes no sistema de ensino. Essas mudanças devem levar em conta o
contexto sócio econômico, além de serem gradativas, planejadas e contínuas para
garantir uma educação de ótima qualidade.

Monteiro et al. (2020), em seu artigo, “Acolher para incluir: O acolhimento


como prática na cultura escolar inclusiva”, que reforça a importância do acolhimento
da criança com deficiência no espaço da escola regular, ressalta que o acolhimento
das crianças nas escolas é a primeira etapa no processo da inclusão, permite que a
escola conheça sobre as necessidades educacionais e as potencialidades desses
alunos, obtendo informações importantes para o planejamento das ações que
devem ser implementadas nas práticas pedagógicas, tanto na sala de aula comum,
quanto no atendimento educacional especializado.

Para concluir, destaco o “Caderno Do Professor Atendimento Educacional


Especializado - AEE”, Melo et al. (2018), que tem como propósito garantir a inclusão
escolar das pessoas com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas
habilidades, assegurando com qualidade a oferta do Atendimento Educacional
26

Especializado – AEE, nas salas de recursos multifuncionais. Foram traçadas


algumas estratégias necessárias para que o professor do AEE possa assegurar com
qualidade a oferta do Atendimento Educacional Especializado – AEE, nas salas de
recursos multifuncionais. Na qual destacamos a seguir:

Primeiramente, antes de atender a criança com deficiência, o professor do


AEE deve realizar um encontro com os pais e responsáveis para assinar a ficha de
matrícula, responder a anamnese e assinar o termo de compromisso. Na
oportunidade, deve ser explicado ou relembrado a importância do AEE. Em caso de
desistência, é importante que seja registrado o motivo e assinado o Termo.

É importante que durante o período do atendimento seja traçado um registro


dos Combinados com os pais/responsáveis. Preferencialmente deve ser marcado
um encontro sistemático para que seja pontuado e registrado informações e
combinados relevantes sobre a criança, momento propício para tirar dúvidas e
evidenciar o trabalho conjunto com a família do aluno. No final deve ser assinado e
guardado na pasta de documentos do aluno. Como também deve ser realizado um
registro de combinados profissionais pertencentes à escola, pois, deve-se existir
uma forte articulação entre os vários profissionais da escola para a promoção da
inclusão educacional. O aluno do AEE não deve ser mantido isolado, incomunicável,
que apenas chega ao atendimento e vai embora, sem contato com a escola.

No primeiro atendimento, deve-se ser realizada a Avaliação Diagnóstica


Inicial. Esse instrumento de avaliação deve constar indicadores do processo de
aprendizagem de cada aluno, o mesmo deve ser adaptado de acordo com as
singularidades, distinção, experiências vividas e acumuladas na trajetória escolar de
cada aluno.

Na realização do estudo de caso, deve-se ter como base a anamnese e a


avaliação inicial, o mesmo deve abordar o tipo de deficiência, dados clínicos,
contexto educacional, dificuldades, habilidades, desejos, preferências, entre outras
questões relacionadas ao cotidiano escolar. A coleta de dados deve ser feita por
meio de observações diretas, entrevistas, gravações, avaliação escrita, análise dos
documentos, pareceres médicos e pedagógicos, entre outros.

Após realizar a conclusão de todas as etapas do Estudo de Caso, deve ser


construído o Plano do AEE. A sua construção deve focar nas potencialidades do
27

aluno e não na sua deficiência, por isso deve ser único, um plano para cada aluno,
mesmo que tenha alunos com o mesmo tipo de deficiência suas potencialidades são
diferenciadas. O Plano do AEE é um plano geral e a partir dele devem ser
elaborados os planos de aula. Nele deve constar a área de conhecimento,
habilidade e competências que serão trabalhadas.

A avaliação é um processo fundamental na organização da escola inclusiva.


“Através da avaliação, é possível decidir os novos rumos a seguir, com a escolha de
novos recursos, atitudes, estratégias, metodologia, objetivos e conteúdo para
favorecer o desenvolvimento do aluno.” (MELO et al. 2018, p.31)

O Plano de intervenção intercorrente é um instrumento orientador da prática


pedagógica, ele oferece tanto ao professor do AEE, quanto ao professor da sala
regular indicativos para acompanhamento dos problemas que surgem na rotina
escolar, às vezes imprevisíveis e novos.

O Plano de Clarificação do problema, metodologia e resolução do problema, é


similar ao estudo de caso, a diferença está na natureza do problema. Este plano
objetiva solucionar dificuldades que antes não existiam. Atentar aos problemas do
aluno, proporcionando oportunidades de novos percursos. A Intervenção é
indiscutivelmente valiosa.

A avaliação processual deve ocorrer ao final do primeiro semestre, para se ter


uma visão mais acurada do processo de aprendizagem dos alunos. O professor do
AEE, juntamente com o professor de sala deve traçar novas formas de aproximar o
aluno com deficiência do objeto do conhecimento. Incorporando em suas avaliações
todas as áreas de conhecimento, propondo novos desafios e instigando os alunos a
superá-los.

A avaliação final é feita no final do segundo semestre, nela deve constar as


áreas do conhecimento alcançadas pelo aluno, e as não alcançadas. as crianças
com deficiência devem receber todos os apoios extras que necessitam, para que
lhes seja assegurado o direito de aprender. E que assim, possa alcançar todas as
áreas propostas para seu desenvolvimento.

Por fim, o relatório final, que é realizado pelo professor do AEE no final do
ano letivo, nele deve constar se o aluno tem condições de acesso à série seguinte.
28

Ressaltando que avançar na série sem a construção de aprendizagens significativas


não contempla uma educação humanizadora e libertadora. Sem aprendizagem, o
aluno com deficiência não consegue a emancipação e adiante as barreiras se
tornarão intransponíveis.

“A qualidade do processo ensino-aprendizagem aumenta quando a avaliação


é utilizada de forma planejada, adequada e organizada.” (MELO et al. 2018, p.34)

Para ampliar a discussão buscou-se entender melhor sobre o Pensamento da


educação inclusiva no Brasil, a partir dos documentos oficiais como: a Política
Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva, a Declaração
Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de
Aprendizagem, a Declaração de Salamanca, a Constituição Federal de 1988, a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

1.2 Pensamento de educação inclusiva no Brasil

Historicamente a educação, obteve uma ideia de uma educação


universalizada, na qual foi pensada para atender de forma única todos os
estudantes, ou seja, não consideravam as peculiaridades dos estudantes, tomando
de maneira única o nível de aprendizagem e de desenvolvimento dos mesmos.
Desta maneira, apesar da ideia de uma educação universalizada, alguns grupos
continuaram excluídos do acesso à educação, entre eles, o grupo das pessoas com
deficiências, transtornos globais, superdotação ou altas habilidades (BRASIL, 2008).
Segundo o documento Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da
educação inclusiva (BRASIL, 2008), no Brasil o atendimento especializado para
pessoas com deficiências começou a ser traçada na época do império com a criação
de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto
Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, hoje
denominado Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de
Janeiro.
Porém o movimento de uma educação inclusiva começou a ganhar força no
Brasil a partir da década de 90 quando ocorreu a Conferência Mundial de Educação
Especial, em Jomtien, na Tailândia, evento da UNESCO. Na qual foi elaborado o
29

documento Declaração Mundial de Educação para Todos (1990). Após a


constatação dos graves problemas educacionais percebidos no mundo, o
documento apresenta o novo século como um novo cenário repleto de esperança e
de possibilidades ocasionado por novas forças. Esta nova configuração permitiria
que, pela primeira vez na história, a “educação para todos” se consagrasse como
uma meta viável.

Dentre os objetivos elaborados desse encontro, destaca-se a universalização


da educação básica, de qualidade e equitativa. Ela também trouxe como um objetivo
a ser alcançado, a garantia de igualdade de acesso àqueles que apresentam alguma
deficiência, além de garantir que os grupos excluídos não sofram discriminação no
acesso à escola. Nesse sentido, a Declaração Mundial sobre Educação para Todos:
Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem (1990), expressa o
compromisso da universalização da educação básica e compreende que:

Para que a educação básica se torne equitativa, é mister oferecer a todas


as crianças, jovens e adultos, a oportunidade de alcançar e manter um
padrão mínimo de qualidade da aprendizagem. A prioridade mais urgente é
melhorar a qualidade e garantir o acesso à educação para meninas e
mulheres, e superar todos os obstáculos que impedem sua participação
ativa no processo educativo. Os preconceitos e estereótipos de qualquer
natureza devem ser eliminados da educação. Um compromisso efetivo para
superar as disparidades educacionais deve ser assumido. Os grupos
excluídos - os pobres: os meninos e meninas de rua ou trabalhadores; as
populações das periferias urbanas e zonas rurais os nómades e os
trabalhadores migrantes; os povos indígenas; as minorias étnicas, raciais e
linguísticas: os refugiados; os deslocados pela guerra; e os povos
submetidos a um regime de ocupação - não devem sofrer qualquer tipo de
discriminação no acesso às oportunidades educacionais (UNESCO, 1990,
p. 3).

Também destacamos a Declaração de Salamanca (1994), na qual Santos e


Santos (2016), ressalta que este documento foi criado para apontar aos países a
necessidade de políticas públicas e educacionais que venham a atender a todas as
pessoas de modo igualitário, independente das suas condições pessoais, sociais,
econômicas e socioculturais. A Declaração destaca a necessidade da inclusão
educacional dos indivíduos que apresentam necessidades educacionais especiais.
De acordo com a Declaração, os princípios por ela defendidos é que as escolas e
seus projetos pedagógicos se adequem às necessidades dos indivíduos nelas
matriculados, tendo como base o artigo 11 da Declaração de Salamanca “O
planejamento educativo elaborado pelos governos deverá concentrar-se na
30

educação para todas as pessoas em todas as regiões do país e em todas as


condições econômicas, através de escolas públicas e privadas”. Nesse viés, uma
escola que segue os princípios da inclusão deve ter por função a promoção da
convivência entre as pessoas consideradas normais e as que apresentam
necessidades educacionais especiais.

As escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas


condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras.
Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas; crianças
que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações distantes ou
nômades; crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças 7
de outros grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas (Declaração
de Salamanca, 1994, p. 17-18).

Dessa forma, podemos perceber que a Declaração de Salamanca iguala os


direitos de todos os indivíduos no que se refere à educação de qualidade.

Ambos os documentos passaram a influenciar diretamente a formulação das


políticas públicas de educação inclusiva no Brasil. As metas do Plano Nacional de
Educação e as prioridades das políticas educacionais brasileiras são planejadas no
sentido de alcançar os objetivos da Educação para Todos.

A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 205 estabelece a educação


como direito de todos e dever do Estado.

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida


e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho. (Brasil, 1988, art. 205).

Miguel (2019), ressalta que o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente é


um documento importante que reforça a Educação Inclusiva como direito – Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe no artigo 54: “atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino.'' Miguel (2019. BRASIL, 1990, p.25).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394,


aprovada em 1996, reforçou os ideais da educação para todos, presentes na
Constituição Federal de 1988, expressando os princípios e os fins da educação,
entre eles a igualdade para o acesso e permanência na escola, respeito à liberdade
31

e apreço à tolerância, enfatizando que o acesso ao ensino fundamental é direito


público subjetivo.

Diante do mesmo, compreendendo que o método de separar os alunos com


deficiência não funcionava, tendo uma perspectiva de integração, não de inclusão,
medidas foram tomadas para que o trabalho com essas crianças fosse desenvolvido
nas escolas "comuns".

A LDB (BRASIL, 1996) propõe a organização dos níveis da educação básica


(educação infantil para crianças de 0 a 6 anos de idade, ensino fundamental e
ensino médio) e superior, além das modalidades de educação de jovens e adultos,
educação profissional e educação especial. Esses níveis e modalidades como forma
de garantir o acesso de todos à educação propõem que:

Art. 37º. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio
na idade própria.
[...]
Art. 39º. A educação profissional, integrada às diferentes formas de
educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente
desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva.
[...]
Art. 58º. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.
(BRASIL, 1996, art. 37, 39 e 58)

A LDB determina a esses discentes o direito de se matricular na rede regular


de ensino e frequentar a sala de aula regular e o Atendimento Educacional
Especializado [AEE], quando necessário. Esses profissionais oferecem o
atendimento a essas crianças, iniciando na educação infantil e estendendo-se por
todos os níveis da educação, ou seja, as crianças estudam em classes comuns e
recebem o atendimento dos professores do AEE, no contraturno. Os professores
AEE devem possuir formação em Pedagogia e especialização no ramo da educação
especial. Eles articulam seu trabalho junto com os professores (da sala regular),
viabilizando o desenvolvimento do processo educacional desses alunos. Assim,
importa considerar que a educação inclusiva deve estar preferencialmente,
associada ao ensino regular e, não, como uma modalidade de ensino que atenda
32

apenas às crianças com deficiências em salas ou escolas especializadas para esses


sujeitos.

Em Setembro de 2020, surge o Decreto Nº 10.502, que institui a Política


Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo
da Vida, embora à princípio pareça ser um avanço para as políticas inclusivas, ao
garantir os direitos à educação e ao atendimento educacional especializado (AEE)
aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TGDs) e
altas habilidades/superdotação através da implementação de programas e ações.
Em seu Artº 2, inciso VI, propõe:

VI - escolas especializadas - instituições de ensino planejadas para o


atendimento educacional aos educandos da educação especial que não se
beneficiam, em seu desenvolvimento, quando incluídos em escolas
regulares inclusivas e que apresentam demanda por apoios múltiplos e
contínuos;
Silva et al. (2021), ressalta que tal decreto, retrocede a luta da PCD, no que
diz respeito à volta da criação de escolas especiais, fator marcante da fase de
segregação das pessoas com deficiência, onde as tais eram afastadas do convívio
social.

Entende-se, que a inclusão dos alunos com deficiência nas salas de aula
regular, em interação com os demais alunos permite que os mesmos, possam se
desenvolver em variadas áreas, situação que seria impossível com a separação
desses alunos em escolas e classes especializadas, conforme propõe o Decreto nº
10.502.

1.3 O Plano Municipal de Educação na perspectiva da educação inclusiva.

O Plano Municipal de Educação - (doravante PME), do município estudado,


foi aprovado em 11 de junho de 2015, a partir da Lei municipal Nº 548º/2015, O PME
consiste num documento referencial do Município, “o qual propõe avaliar o sistema
educacional com diretrizes e metas para orientar a política da Educação nos Dez
anos seguintes a sua aprovação.” (PME, 2015).

O PME da referida cidade prevê em sua meta para a Educação Especial as


ações que atendem estudantes com deficiências na rede municipal de ensino:
33

Ampliar o atendimento para a população de 4 a 17 anos com deficiência,


transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia
de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais,
classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados,
(PME, 2015-2025, p.19)

Para que esta meta seja alcançada no período de vigor desde documento são
apresentadas as seguintes estratégias:

- Mapear em regime de colaboração com as Secretaria de Saúde e


Assistência Social durante o período do plano em vigência, pessoas com
necessidades especiais fora da escola, visando à ampliação de políticas
públicas.
- Articular ações de forma gradativa a fim de promover a inclusão de
educandos com necessidades especiais.
- Garantir assessoria técnico-pedagógica e formação a todos os profissionais
de educação, na área da Educação Especial, através das demandas e
instituições.
- Garantir transporte ao aluno com necessidades educacionais especiais
permanentes, conforme a legislação vigente.
- Promover parcerias com as Secretarias de Saúde e Assistência Social, a fim
de favorecer a participação das famílias e da sociedade na construção do
sistema educacional inclusivo. (PME, 2015-2025 p.18).

O PME foi elaborado tendo como norte o Plano Estadual de Educação (PEE)
de Pernambuco (2015-2025). “Na sua constituição, o texto apresenta diretrizes,
metas e estratégias alinhadas ao Plano Nacional de Educação (PNE) 2014/2024,
configuradas sob uma proposta que privilegia o atendimento das necessidades
educacionais da população no seu conjunto.” (p.09).

O PEE do estado de Pernambuco, prevê em sua meta 4 as ações que


atendem estudantes com deficiências em todo o estado:

Universalizar, para a população de quatro a dezessete anos, o atendimento


escolar aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades ou superdotação, preferencialmente na rede regular de
ensino, garantindo o atendimento educacional especializado em salas de
recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados,
públicos ou comunitários, nas formas complementar e suplementar, em
escolas ou serviços. (PEE - PE, 2015-2025 p.61)

O PEE ressalta que para que a inclusão escolar aconteça requer que as
escolas se organizem para oferecer as condições necessárias ao atendimento das
necessidades educacionais de todos os estudantes, proporcionando um ambiente
pedagógico acolhedor e diversificado, de forma a contribuir, significativamente para
34

o seu desenvolvimento cognitivo, desiderativo, social e psicomotor, assegurando ao


estudante público alvo da educação especial o direito à educação na perspectiva de
contemplar todas as esferas das dimensões humanas.

Diante do exposto, verifica-se que o PME do referido município se contradiz


quando afirma na página 18 que:

A inclusão responsável leva em consideração as diferentes necessidades e


possibilidades de cada sujeito. Portanto, surge a necessidade da formação
de recursos humanos para o atendimento da demanda de alunos com as
necessidades educacionais especiais, que hoje corresponde a apenas 8%
da população desde o nascimento até a idade adulta. Os profissionais da
Educação devem ter ainda parcial ou total autonomia e habilidade no ato
educacional para identificar os educandos em suas necessidades, afim de
atendê-los da melhor forma possível e encaminhá-los para avaliação e
diagnóstico com profissionais habilitados. (PME, 2015-2025 p.18)

Percebe-se então que a prática da educação inclusiva é dependente da


efetivação das políticas públicas no espaço escolar e de atitudes tomadas pelos
agentes que compõem o âmbito escolar, que devem zelar pelas ações legais,
visando a efetiva promoção da inclusão dos estudantes com deficiência.

Conforme afirma Silva (2018), a partir dessa compreensão verifica-se que a


educação inclusiva de pessoas com deficiência em sala de aulas regulares, objetiva
garantir o direito constitucional de educação de qualidade para todos, mas se faz
necessário entender um pouco mais sobre essas formas de inclusão nas escolas,
pois não se pode pensar em direito à educação para todos sem, de fato, promover
as condições que alcancem individualmente os/as estudantes.

1.4 A Escola como proposta inclusiva

A inclusão de pessoas com deficiências em escolas e salas de aula regulares


é um direito constitucional. Para tanto, as Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º,
determinam que:

Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às


escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades
educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma
educação de qualidade para todos. (BRASIL. MEC/SEESP, 2001).
35

Ao pensar em escola inclusiva, precisa-se pensar em alguns aspectos


relevantes como: qualidade, acessibilidade, avaliação, currículo, dentre outros.

Segundo Ledesman (2016), a inclusão da pessoa com deficiência na escola


comum é o processo pelo qual ela se transforma, para poder se inserir junto com os
demais alunos. Desde a infraestrutura escolar, como seu projeto político pedagógico
devem ser reformulados e construídos juntamente com toda a comunidade escolar,
visando a qualidade do ensino e priorizando uma gestão democrática.

No que diz respeito à infraestrutura escolar, a acessibilidade é extremamente


necessária para que aconteça a inclusão nas escolas. A acessibilidade é direito que
garante à pessoa com deficiência viver de forma independente e exercer seus
direitos de cidadania e de participação social. A lei n.13.146/2015, no artigo 53,
afirma que “A acessibilidade é direito que garante à pessoa com deficiência ou com
mobilidade reduzida viver de forma independente e exercer seus direitos de
cidadania e de participação social.”

Quanto ao Projeto Político Pedagógico (PPP), o professor deve contribuir


com sugestões que visem assegurar a inclusão, o ensino de qualidade, o acesso e
permanência de alunos com deficiência nas salas de aulas regulares, dando a todos
a oportunidade de desenvolver-se conforme a habilidade de cada aluno.

A determinação de elaboração do PPP está expressa na LDB - Lei Nº.


9.394/96 que, em seu artigo 12, define, entre as atribuições de uma escola, o dever
de "[...] elaborar e executar sua proposta pedagógica", explicitando que a escola
precisa fundamentalmente saber o que almeja e colocar em prática suas metas, não
ficando apenas na teoria ou nas intenções expostas no papel.

De acordo com Santos e Santos (2016), a escola tem a necessidade de


orientar suas atividades com um PPP sistemático que se desenvolva a longo prazo,
no qual sejam trabalhadas diferentes formas de ensino, conteúdos e avaliações do
processo de ensino e de aprendizagem, especialmente com aquele aluno que
apresente alguma deficiência, porém isso não significa facilitação nem a negação da
avaliação, e sim, uma forma diferenciada, buscando valorizar os desenvolvimentos
de aprendizagem obtido por esse aluno.

Os professores dessa instituição que desenvolvem a inclusão devem


interessar-se pelo que seu aluno deseja aprender, acreditar nas suas
36

potencialidades é um fator primordial para que eles se desenvolvam com


garantia de aprendizagem, aceitá-los como são, saber escutá-los e valorizar
as suas produções, ajudam na independência deste aluno. Aplicar uma
metodologia que venha a estimular a sua participação em sala de aula
favorece a sua aprendizagem efetiva. (SANTOS e SANTOS, 2016, p.08)

Ropoli et al. (2010), salienta que muitas decisões precisam ser tomadas pelas
escolas ao elaborarem seus Projetos Político Pedagógicos, entre as quais
destacamos algumas, que estão diretamente relacionadas com as mudanças que se
alinham aos propósitos da inclusão: fazer da aprendizagem o eixo das escolas,
garantindo o tempo necessário para que todos possam aprender; reprovar a
repetência; abrir espaço para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a
criatividade e o espírito crítico sejam praticados por seus professores, gestores,
funcionários e alunos, pois essas são habilidades mínimas para o exercício da
verdadeira cidadania; valorizar e formar continuamente o professor, para que ele
possa atualizar-se e ministrar um ensino de qualidade

De acordo com Rosana Glat (2007), o grande desafio na escola inclusiva é


fazer com que a diferença não reproduza desigualdades, neste sentido afirma:

E este é o grande desafio com o qual nos deparamos quando pensamos em


uma Escola Inclusiva. Pois, para que a diferença não reproduza
desigualdades, não basta que todos os alunos tenham igualdade de
oportunidade de acesso à escola. É preciso que se reconheça e se trabalhe
com as diferenças individuais do alunado, sobretudo aquelas que afetam
diretamente o processo ensino-aprendizagem. Caso contrário, o aluno
deixará de ser excluído da escola, mas continuará excluído na própria
escola – já que não terá como se apropriar do conhecimento nela veiculado.
(GLAT, 2007, p. 4)

Incluir esses alunos na escola, não pode ser de iniciativa apenas dos
profissionais especializados, mas de todos que vão conviver com elas diariamente é
um trabalho em conjunto com pais, alunos, escola e professores. Assim, espera-se
que a escola inclusiva esteja preparada para oferecer uma educação para todos,
sem exceção e de forma igualitária, através de infraestrutura adequada, profissionais
da educação capacitados e um projeto pedagógico democrático.

Segundo Mantoan (2003), a inclusão implica na capacidade de olhar para o


outro de forma empática, reconhecendo suas diferenças, compartilhando e
acolhendo a todos sem exceção.
37

Silva (2018), ressalta que a educação inclusiva de pessoas com deficiência


em sala de aulas regulares, objetiva garantir o direito constitucional de educação de
qualidade para todos, mas se faz necessário entender um pouco mais sobre essas
formas de inclusão nas escolas, pois não se pode pensar em direito à educação
para todos sem, de fato, promover as condições que alcancem individualmente
os/as estudantes.

1.5 Atendimento Educacional Especializado

Dentre os documentos mais importantes para consolidação da educação


inclusiva no país, encontra-se o que estabelece a Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), que orienta os
sistemas de ensino a garantir, entre as ações propostas, a oferta do Atendimento
Educacional Especializado (AEE), bem como a participação da família e da
comunidade. O mesmo ressalta que o AEE é instituído nas escolas como apoio,
tanto para alunos, pais, professores e demais membros escolares, apontando para
uma atuação de caráter interativo, o que se confirma também na Resolução nº
4/2009. Os art. 93 e 134 indicam que a atuação do professor especialista requer a
articulação entre outros segmentos da comunidade escolar (BRASIL, 2008). Essa
resolução ressalta que, para essa atuação, o profissional do AEE deve ter formação

3 Art. 9º A elaboração e a execução do plano de AEE são de competência dos professores que
atuam na sala de recursos multifuncionais ou centros de AEE, em articulação com os demais
professores do ensino regular, com a participação das famílias e em interface com os demais serviços
setoriais da saúde, da assistência social, entre outros necessários ao atendimento.

4 Art. 13. São atribuições do professor do Atendimento Educacional Especializado:


I – Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e
estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da Educação Especial;
II – Elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializado, avaliando a funcionalidade
e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade;
III – Organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncionais;
IV – Acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade
na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola;
V – Estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na
disponibilização de recursos de acessibilidade;
VI – Orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo
aluno;
VII – Ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos,
promovendo autonomia e participação;
VIII – Estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização
dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a
participação dos alunos nas atividades escolares.
38

inicial que o habilite a exercer a docência e receber formação específica para a


Educação Especial e Inclusiva.

De acordo com o documento, as atividades desenvolvidas no AEE se


diferenciam daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à
escolarização. O profissional do AEE deve atender prioritariamente no espaço das
Salas de Recursos Multifuncionais (SRM), que foram instituídas pelo Programa de
Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, via Portaria nº 13, de 24 de abril
de 2007 (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2007).

Art. 1º Criar o Programa de Implantação de Salas de Recursos


Multifuncionais com o objetivo de apoiar os sistemas públicos de ensino na
organização e oferta do atendimento educacional especializado e contribuir
para o fortalecimento do processo de inclusão educacional nas classes
comuns de ensino.
Parágrafo Único. A sala de recursos de que trata o caput do artigo 1º, é um
espaço organizado com equipamentos de informática, ajudas técnicas,
materiais pedagógicos e mobiliários adaptados, para atendimento às
necessidades educacionais especiais dos alunos. (CONSELHO NACIONAL
DE EDUCAÇÃO, 2007).

O professor de sala de aula comum que possui um aluno com deficiência tem
o direito por lei a um Atendimento Educacional Especializado, pois o AEE precisa
prover condições de acesso, participação e aprendizagem desse aluno no ensino
regular (BRASIL, 2010).

O professor do AEE faz a ponte entre o aluno e o professor da sala de aula


comum, permitindo uma troca de experiência que contribua nesse processo
educacional e em todo o contexto escolar, bem como a inserção na sociedade.

A lei diz que a oferta do AEE deve ocorrer preferencialmente na rede regular
de ensino. Isso quer dizer que o ideal é que a escola comum tenha uma sala de
recursos multifuncionais e uma equipe especialista para oferecer o atendimento
educacional especializado dentro da escola (BRASIL, 2010).

De acordo com o Manual de Orientação: Programa de Implantação de Sala


de Recursos Multifuncionais (BRASIL, 2010), às atribuições do professor de AEE
contemplam:

• Elaboração, execução e avaliação do plano de AEE do aluno;


• Definição do cronograma e das atividades do atendimento do aluno;
39

• Organização de estratégias pedagógicas e identificação e produção de


recursos acessíveis;
• Ensino e desenvolvimento das atividades próprias do AEE, tais como:
Libras, Braille, orientação e mobilidade, Língua Portuguesa para alunos
surdos; informática acessível; Comunicação Alternativa e Aumentativa -
CAA, atividades de desenvolvimento das habilidades mentais superiores e
atividades de enriquecimento curricular;
• Acompanhamento da funcionalidade e usabilidade dos recursos de
tecnologia assistiva na sala de aula comum e ambientes escolares;
• Articulação com os professores das classes comuns, nas diferentes etapas
e modalidades de ensino;
• Orientação aos professores do ensino regular e às famílias sobre os
recursos utilizados pelo aluno;
• Interface com as áreas da saúde, assistência, trabalho e outras. (Brasil,
2010. p.7).

O profissional do AEE, tem como função identificar, elaborar e organizar


recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena
participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. Dessa
forma, para garantir pleno acesso e participação dos estudantes, o AEE deve, ainda,
integrar a proposta pedagógica da escola e envolver a participação da família
(BRASIL, 2010). De acordo com o Manual, Ropoli et al. (2010), destaca alguns eixos
que devem ser articulados entre o AEE com as atividades desenvolvidas por
professores, coordenadores pedagógicos, supervisores e gestores das escolas
comuns, tendo em vista o benefício dos alunos e a melhoria da qualidade de ensino.

São eixos privilegiados de articulação:


● A elaboração conjunta de planos de trabalho durante a
construção do Projeto Pedagógico, em que a Educação Especial não é um
tópico à parte da programação escolar;
● O estudo e a identificação do problema pelo qual um aluno é
encaminhado à Educação Especial;
● A discussão dos planos de AEE com todos os membros da
equipe escolar;
● O desenvolvimento em parceria de recursos e materiais
didáticos para o atendimento do aluno em sala de aula e o
acompanhamento conjunto da utilização dos recursos e do progresso do
aluno no processo de aprendizagem;
● A formação continuada dos professores e demais membros
da equipe escolar, entremeando tópicos do ensino especial e comum, como
condição da melhoria do atendimento aos alunos em geral e do
conhecimento mais detalhado de alguns alunos em especial, por meio do
questionamento das diferenças e do que pode promover a exclusão escolar.
(ROPOLI et al., 2010, 19).
40

Os alunos com deficiência física, intelectual, visual, auditiva, múltiplas,


transtornos do espectro autista (TEA) e também alunos com altas habilidades /
superdotação são público-alvo do Atendimento Educacional Especializado.

Entretanto, Rodrigues (2018) afirma que a maioria das escolas regulares no


Brasil não estão preparadas para receberem e ensinarem aos alunos com
deficiência, devido a problemas de infraestrutura e formação profissional da equipe,
que nem todas as escolas do Brasil disponibilizam uma sala de recursos para oferta
do AEE. Em algumas cidades os centros especializados ficam responsáveis por
realizar esse atendimento especializado, disponibilizando recursos para apoiar o
ensino inclusivo em todas as escolas que estão na sua região, com professores
especializados e materiais pedagógicos.

Ou seja, o aluno com deficiência está matriculado na escola regular, mas tem
a sua disposição o Atendimento Educacional Especializado para qualquer
necessidade específica que a escola regular não consiga suprir durante sua jornada
escolar. Sendo assim, o atendimento educacional especializado não substitui a
escola comum, ambos se completam.

1.6 A importância do acolhimento aos alunos com deficiência

De acordo com Ferreira (2018), muitos são os sentidos de acolhimento:


receber, ouvir, admitir, acolher, aceitar, atender e considerar.

Rodrigues (2018), defende que o processo de acolhimento está muitas vezes


vinculado à educação infantil, que é a primeira etapa da Educação Básica, o início e
o fundamento do processo educacional. Mas o processo de acolhimento deve ser
pensado para todos os indivíduos em todos os tempos, períodos e âmbitos, em cada
novo momento, ou seja, não é apenas na escola que devemos pensar no
acolhimento e na inclusão é na sociedade em modo geral.

No âmbito escolar, o acolhimento é uma ação pedagógica que favorece a


integração de toda comunidade escolar, com vista ao desenvolvimento e
fortalecimento do sentimento de pertencimento, assim como promoção do
41

engajamento com o processo de escolarização e estratégias de aprendizagem e


desenvolvimento.

Segundo Faria e Camargo (2021), o processo de acolhimento aos alunos com


deficiências é o que dá início à inclusão escolar. Desde o processo de ingresso na
escola a criança com deficiência deve se sentir acolhida como todo e qualquer
aluno. A ideia da educação inclusiva considera que as escolas “deveriam acomodar
todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais,
sociais, emocionais, linguísticas ou outras” (UNESCO, 1994). Para tanto, se faz
necessário uma parceria entre os responsáveis, comunidade escolar e professores
de salas, para melhor compreender a rotina desse aluno e suas dificuldades para
juntos buscar articular estratégias para o acolhimento como o princípio para tornar
as escolas acessíveis a todos. Pois, sem que haja um planejamento efetivo para
acolher e compreender os alunos, a inclusão é comprometida e dá espaço à
exclusão ou ao ensino individualizado dentro da sala de aula regular.

As escolas devem proporcionar espaços de acolhimento para que as crianças


com deficiência se sintam respeitadas e estimuladas, conscientizando a sua
comunidade escolar a olhar e acolher a diversidade e as singularidades de cada
criança sem limitar ou caracterizá-la pela sua deficiência, oportunizando que o
mesmo desenvolva autonomia sobre si, e o espaço que ocupa.

Rodrigues (2018), salienta que a criança com deficiência ao chegar na escola,


deve ser apresentada diante a turma, e a professora deve pontuar suas dificuldades
e ressaltar suas potencialidades, para que os demais alunos possam acolhê-lo e
compreender que ela também faz parte da turma independente de sua deficiência,
conscientizando que todas as pessoas possuem diferentes culturas, costumes e
níveis de habilidades que as suas dificuldades podem ser superadas com o auxílio e
empenho de todos. Abrindo espaços de escuta, para ouvir as necessidades
didáticas desses alunos conforme expresso por Freire (1996, p. 45), “[...] escutar, no
sentido aqui discutido, significa a disponibilidade permanente por parte do sujeito
que escuta para a abertura à fala do outro, ao gesto do outro, às diferenças do
outro”.

De acordo com Manuel (2016), é importante que o professor crie relações de


diálogo e afeto com seus alunos, procurando compreender as especificidades de
42

cada um, para melhor desenvolver suas habilidades através de atividades e


situações lúdicas que gerem interesse e curiosidade nos alunos, dessa forma o
processo da aprendizagem se torna mais significativa.

Sabe-se que a aprendizagem está ligada ao afeto e que através dessa


afetividade é possível alcançar e vencer diversas barreiras, obtendo desta
forma melhores resultados no desenvolvimento da alfabetização dos alunos
(...). O processo de maturação será favorecido quando o aluno for
incentivado a aprender e lhe for oportunizado um ambiente estimulador,
prazeroso e interessante; propício para a apreensão e efetivação do
conhecimento. (MANOEL, 2016, p.9)

Ressalta-se, portanto, a importância dos fatores emocionais no processo de


ensino-aprendizagem. Se faz necessário que o professor considere os elementos
incentivadores da emoção, pois são os maiores propulsores da aprendizagem.
Como de acordo com Ropoli et al. (2010, p.14)

Acolher as diferenças terá sentido para o professor e fará com que ele
rompa com seus posicionamentos sobre o desempenho escolar
padronizado e homogêneo dos alunos, se ele tiver percebido e
compreendido por si mesmo essas variações, ao se submeter a uma
experiência que lhe perpassa a existência. O professor, então, desempenha
o seu papel formador, que não se restringe a ensinar somente a uma
parcela dos alunos que conseguem atingir o desempenho exemplar
esperado pela escola. Ele ensina a todos, indistintamente.

Farias e Santos (2020), ressalta que a mera inserção do aluno com


deficiência no ensino comum não pode ser confundida com a inclusão. Na verdade,
para que a inclusão se efetive, toda a escola precisa ter caráter inclusivo nas suas
características e no funcionamento, para que alunos com deficiência sejam
matriculados e acolhidos. Portanto, a acolhida deve levar em consideração o
contexto de vida, as expectativas e potencialidades dos alunos com deficiência, de
modo que para além das leis, diretrizes e políticas públicas, a escola possa construir
em um processo bilateral (contando com a participação do aluno e a participação da
escola), o seu processo de inclusão.
43

CAPÍTULO II - PERCURSO METODOLÓGICO: O CAMINHAR DA PESQUISA

Neste capítulo, buscou-se desenhar o percurso metodológico utilizado para


dar conta dos objetivos propostos neste estudo. Primeiramente iremos apresentar a
natureza, os meios e os instrumentos da pesquisa, posteriormente apresentaremos
o universo e sujeitos dos quais esse estudo se debruça e finalmente sobre a
metodologia de análise.

2.1 Natureza, meios e instrumentos da pesquisa.

Para alcançar os objetivos deste trabalho, o presente estudo esteve

fundamentado, numa abordagem qualitativa, Segundo Minayo esta abordagem

concebe o sujeito-pesquisador como parte integrante do processo de construção do

conhecimento e interpreta os fenômenos atribuindo-lhes significados. Sem

desconsiderar, contudo, dados quantitativos que sejam pertinentes ao estudo

realizado. Como de acordo com Minayo (2001, p.22), “O conjunto de dados

quantitativos e qualitativos, porém, não se opõem. Ao contrário, se complementam,

pois a realidade abrangida por eles interage dinamicamente, excluindo qualquer

dicotomia”.

Dessa forma, a proposta de uma pesquisa quantitativa-qualitativa se adequa

ao objetivo deste trabalho, uma vez que buscou identificar a quantidade de alunos

com deficiência e de escolas dos anos iniciais em um município localizado na

mesorregião do Agreste de Pernambuco, bem como, investigar o processo de

inclusão dos mesmos no referido município.

A mesma foi efetivada através de um estudo de caso, voltando o olhar

especificamente para as escolas dos anos iniciais do município estudado. Segundo

Ludke e André (2018, p. 20), "Quando queremos estudar algo singular, que tenha

um valor em si mesmo, devemos escolher o estudo de caso", pois ele busca retratar

a realidade de forma completa e profunda, revelando experiências a partir da

experiência do outro.
44

O interesse [no caso], portanto, incide naquilo que ele tem de único, de
particular, mesmo que posteriormente venham a ficar evidentes certas
semelhanças com outros ou situações. Quando queremos estudar algo
singular, que tenha um valor em si mesmo, devemos escolher o estudo de
caso. (LUDKE, ANDRÉ, 2018, p. 20)

Para verificar a quantidade de escolas públicas que ofertam os anos iniciais


no Município estudado inicialmente foi encaminhada uma carta de apresentação
direcionada a secretaria de Educação do Município (Anexo 1), a fim de obter o
aceite do mesmo como campo de investigação. Após o aceite foi realizada uma
visita na secretaria de ensino do município, para coletar o número das escolas dos
anos iniciais, o número de alunos por escolas, a quantidade de alunos com alguma
deficiência5, e saber se há escolas no município, que oferecem Atendimento
Educacional Especializado.

Para explorar os Projetos Políticos Pedagógicos das escolas dos anos iniciais
foi realizada uma visita, em cada escola dos anos iniciais, conforme lista cedida pela
secretaria do referido município, na qual foram solicitados os documentos.
Para identificar como se promove os Atendimentos Educacionais
Especializados das escolas que ofertam os anos iniciais no Município estudado, em
decorrência do contexto pandêmico ao qual nos encontramos durante a realização
da pesquisa, foi realizada uma visita nas salas de Atendimento Educacional
Especializado do município, que foi fotografado e aplicado um questionário através
da plataforma virtual google formulários, aos referidos professores. O questionário
foi construído a partir do “Caderno do professor, Atendimento Educacional
Especializado - AEE” (2018).
Finalmente, para verificar sobre a importância do acolhimento que os
professores promovem às crianças nos anos iniciais, com algum tipo de deficiência,
foi aplicado um questionário que foi construído tomando como referência a pesquisa
de Rodrigues (2018), que ressaltou os seguintes apontamentos: a importância do
acolhimento de crianças com deficiência em sala de aula; a rotina das crianças com
deficiência com os responsáveis; a importância de apresentar a criança com
deficiência aos colegas de sala; a importância de incluir as crianças com deficiência
no planejamento escolar; estimular a autonomia da criança com deficiência; a
relação do afeto entre professor x aluno; escutar as crianças com deficiência e suas
5 do tipo intelectual, auditiva, visual, autismo dentre outras.
45

demandas didáticas; a importância do professor saber lidar com os momentos de


crise do aluno com deficiência; a importância do agente de apoio no processo de
acolhimento às crianças com deficiência em sala de aula. O questionário foi aplicado
através da plataforma virtual google formulários, que foi enviado via e-mail aos 18
professores que ensinam nos anos iniciais e que tenham crianças com deficiência
na rede de ensino do município estudado.
Foi construído instrumento onde foi obtido a coleta de dados através de dois
questionários na plataforma google formulários, para atender aos objetivos
específicos desta pesquisa. Os instrumentos escolhidos se deu pelo fato de
estarmos vivenciando a pandemia do COVID - 19 durante a realização desta
pesquisa. A mesma disponibiliza tabelas e gráficos para melhor compreender os
resultados colhidos. Segundo Lakatos e Marconi (2017), o questionário possui
vantagens e desvantagens, mas aqui destacamos algumas das vantagens no qual
esse trabalho se objetivou atingir:

[...] b) Atinge o maior número de pessoas simultaneamente. [...] e) Obtém


respostas mais rápidas e mais precisas. h) Há menos risco de distorção,
pela não influência do pesquisador. i) Há mais tempo para responder e em
hora mais favorável. j) Há mais uniformidade na avaliação, em virtude da
natureza impessoal do instrumento. (LAKATOS E MARCONI, 2017. p.
219/220)

2.2 Universo Pesquisado

A pesquisa foi realizada em um município do estado de Pernambuco. O


mesmo está localizado a cerca de 56.37 km da capital Recife, na Mesorregião do
Agreste de Pernambuco e na Microrregião do Médio Capibaribe. Possui uma
população de 22.360 habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2021).

A escolha do município se deu pelo fato de ser o local em que reside a


pesquisadora, e pela facilidade em obter as informações para a coleta dos dados.

2.3 Sujeitos Pesquisados

Fizeram parte da pesquisa, 17 participantes: 15 professores dos anos iniciais


que atuam na rede de ensino do município que tenham alunos com deficiência em
46

sala e 2 professoras do Atendimento Educacional Especializado que atendem essas


crianças.

2.4 Metodologia de Análise

O método de análise utilizado nesta pesquisa foi a descritiva. Através dos


dados quantitativos obtidos por meio dos questionários aplicados pelo google forms
aos professores de sala regular e ao AEE.

Reis e Reis (2002, p.31), afirma que:

A análise descritiva é a fase inicial do processo de estudo dos dados


coletados. Utilizamos métodos de Estatística Descritiva para organizar,
resumir e descrever os aspectos importantes de um conjunto de
características observadas ou comparar tais características entre dois ou
mais conjuntos de dados.

Também foi realizada uma análise documental para atender aos objetivos
específicos dessa pesquisa através dos PPPs das escolas dos anos iniciais, Plano
Municipal de Educação e documentos internos da secretaria de educação que
ofertou a distribuição das escolas onde tem crianças com deficiência e AEE. De
acordo com Ludke e André (2018):

Os documentos constituem também uma fonte poderosa de onde podem


ser retiradas evidências que fundamentam afirmações e declarações do
pesquisador. Representam ainda uma fonte "natural" de informação. Não
são apenas uma fonte de informação contextualizada, mas surgem num
determinado contexto e fornecem informações sobre esse mesmo contexto.
(LUDKE, ANDRÉ, 2018. p. 45)
47

CAPÍTULO III: REALIDADE DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO MUNICÍPIO


PESQUISADO

Neste capítulo serão apresentados os resultados dos objetivos específicos


que possibilitaram a realização dessa pesquisa e as discussões dos mesmos. Vale
ressaltar que devido a pandemia vivenciada no período de realização dessa
pesquisa, os instrumentos de coleta de dados foram pensados de acordo com essa
realidade.

3.1 Quantidade de escolas públicas que ofertam os anos iniciais no Município


estudado

Para coletar os dados referente a quantidade de escolas dos anos iniciais


existentes no município, foi realizada uma visita a Secretária de Educação do
município, onde a diretora de ensino forneceu à pesquisadora três planilhas,
contendo numa a distribuição das escolas dos anos iniciais, na outra a presença de
alunos com deficiência, e na última a localização de cada uma das escolas.

Os dados revelaram que dentre as 13 escolas da educação básica existentes


no referido município, 08 ofertam os anos iniciais, sendo 50% delas localizadas na
Zona Urbana e 50% na Zona Rural. Vale destacar que 75%(n=6) delas têm crianças
com deficiência matriculadas e 25%(n=2) não têm registro de matrículas de crianças
com deficiência. Como pode ser observado no quadro 2 todas as escolas da zona
urbana possuem alunos com deficiência, em contrapartida só há duas escolas na
zona rural com alunos com deficiência.

Quadro 2- Número de escolas existentes dos anos iniciais dividido por localização no município:

Localização Escolas dos anos iniciais Escolas dos anos iniciais que
têm crianças com deficiência

Zona Urbana 04 04

Zona Rural 04 02

Total: 08 06
Fonte: Secretaria Municipal de Educação
48

Foi identificado que na Zona Rural apesar do número menor de crianças com
deficiência matriculadas, não é fornecido a essas crianças o atendimento
educacional especializado. Cabe destacar, que o acesso ao AEE é um direito da
criança com deficiência, o qual deve ser garantido pelos órgãos competentes, indo
além do papel e do dizer e sendo materializado com os devidos recursos. Ferreira,
Lima e Garcia (2015), afirmam que “os sistemas de ensino têm o compromisso de
oferecer este atendimento aos alunos público alvo da Educação Especial, como
indicado na Resolução nº 04 de 2009 6 do Conselho Nacional de Educação” (p. 48).
Pois, o AEE é um atendimento complementar ao ensino regular, sendo importante
para a formação do aluno com deficiência é no atendimento do AEE que serão
abordados os campos conceituais, os quais proporcionarão maior compreensão dos
assuntos trabalhados em sala de aula, com a perspectiva de focar nas necessidades
dos alunos.

Buscando aprofundar os dados, o quadro 3 identifica o número de alunos


matriculados nos anos iniciais em cada escola e o número de alunos com deficiência
presente em cada uma delas.

Quadro 3 - Número de alunos por escolas dos anos iniciais e de alunos com deficiência.

Escolas Localização Número de Alunos Número de alunos


com deficiência

Escola A Zona Urbana 286 02

Escola B Zona Urbana 91 01

Escola C Zona Urbana 383 11

Escola D Zona Urbana 196 03

Escola E Zona Rural 187 0

Escola F Zona Rural 205 03

Escola G Zona Rural 186 05

Escola H Zona Rural 36 0

Total de alunos 1570 25


Fonte: Secretaria Municipal de Educação

6 (...) os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no
Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em
centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias,
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. (BRASIL, 2009, p. 1)
49

Nota-se que o quadro acima sinaliza que dentre as 1570 matrículas das
escolas que ofertam os anos iniciais, 60,89% (n=956) estão na zona urbana e
39,11% (n=614) na zona rural.

Do total das matrículas realizadas 1,59% (n=25) estão relacionadas à


inclusão das crianças com algum tipo de deficiência. Destas 68% (n=17) estão na
zona urbana e 32% (n=8) na zona rural.

É preciso enxergar a inclusão como forma de igualdade, de equiparar as


oportunidades de ensino, estando fundamentada pelo princípio de universalizar o
acesso à educação. Neste sentido, Pilati et al. (2012), ressalta que todas as crianças
com deficiência, na Educação Básica, têm o direito de frequentar um espaço
escolar, porém, deve-se obter um olhar diferenciado para com esses educandos,
oferecendo e ensinando com diversas metodologias de ensino, para que a inclusão
do processo de ensino e aprendizagem aconteça.

Dentre os alunos com deficiência demonstrado no quadro 2 acima, buscou-se


identificar o tipo de deficiência de cada aluno, resultando na seguinte distribuição,
conforme o quadro 4 a seguir.

Quadro 4 - Tipo de deficiência encontrado por aluno e escola

Escola Tipo de deficiência por aluno Quantitativo por escola

Escola A Surdez 1

Escola A Autismo 1

Escola B Síndrome de West 1

Escola C Autismo 4

Escola C TDAH 2

Escola C Síndrome de Down 1

Escola C Múltipla Deficiência 1

Escola C Microcefalia 1

Escola C Autismo + TDAH 2

Escola D Sem laudo 2

Escola D Síndrome de Down 1

Escola F Múltipla deficiência 1

Escola F Retardo mental 1


50

Escola F Microcefalia 1

Escola G Deficiência intelectual + TDAH 1

Escola G Autismo 2

Escola G Síndrome de Down 1

Escola G Síndrome de West 1

Total de alunos com deficiência 25


Fonte: Secretaria Municipal de Educação.

Ao analisar os tipos das deficiências desvinculadas das escolas, 28% (n=7)


são crianças autistas, 12% (n=3) são Síndrome de Down, 8% (n=2) para as
seguintes deficiências West, TDAH, Múltipla Deficiência, Microcefalia,
Autismo+TDAH e sem laudo e 4% (n=1) para Surdez, Retardo Mental e Deficiência
Intelectual+TDAH, conforme demonstra o quadro abaixo.

Quadro 5 - Tipo de deficiência desvinculado das escolas

Tipo de Deficiência % N

Autismo 28% 7

Síndrome de Down 12% 3

Síndrome de West 8% 2

TDAH 8% 2

Múltipla Deficiência 8% 2

Microcefalia 8% 2

Autismo + TDAH 8% 2

Sem laudo 8% 2

Surdez 4% 1

Retardo Mental 4% 1

Deficiência Intelectual + TDAH 4% 1

Total 25
Fonte: Criado pela pesquisadora

Um dado que se ressalta aqui é que no município a assistência educacional


ao autismo parece ser um desafio para a inclusão, já que ele se sobressai em
relação às demais deficiências. Cabe no futuro aprofundar a pesquisa para
identificar como as intervenções são ofertadas para este público específico. Um
51

outro dado que se revela é que há poucas crianças incluídas com microcefalia, uma
vez que no ano de 2015, Pernambuco registrou um número elevado de casos de
bebês que nasceram com a Síndrome Congênita provocada pelo vírus da Zika
Vírus. Um outro aspecto diz respeito à nomenclatura Retardo Mental ao se referir à
Deficiência Intelectual ainda presente em pleno século XXI.

Ao se deparar com a diversidade de deficiências encontradas no município, é


preciso compreender que a educação inclusiva é um modo de estimular o convívio e
o respeito com todas as pessoas além da deficiência, que por algum motivo tiveram
a marca da discriminação em sua história, cabendo incluir na escola os princípios da
Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994). Ferreira, Lima e Garcia (2015, p.51),
afirmam que a escola deve adequar- se à proposta de ensino a fim de que diferentes
alunos se apropriem do conhecimento. De outra forma, ainda continuará nos tempos
da integração escolar. O aumento significativo do número de matrículas de pessoas
com deficiência nas escolas, exige do sistema escolar, a eliminação dos entraves
por parte das instituições em atender às diferenças, valorizando e potencializando
suas habilidades.

À vista dos resultados apresentados, é possível perceber que a escola não


precisa apenas dar acesso ao aluno com deficiência no espaço escolar através da
matrícula, mas precisa prover recursos necessários para garantir o acesso e a
permanência desse aluno na instituição de ensino.

De acordo com Ferreira, Lima e Garcia (2015, p.50) a escola inclusiva


demanda uma reforma na estrutura educacional, o currículo deve ser repensado,
assim como as formas de avaliação. A diversidade deve ser percebida, valorizada e
atendida neste espaço que é composto pela diferença.

3.2 O que dizem os PPPs das escolas que ofertam os anos iniciais no
Município estudado

Para coletar os Projetos Políticos Pedagógicos - PPP das escolas que


ofertam os anos iniciais no município, a pesquisadora realizou uma visita em cada
uma delas e solicitou aos gestores o referido documento.
52

Das 04 escolas da zona urbana, só 2 disponibilizaram o PPP, o mesmo


ocorreu em relação à zona rural. Portanto, 50% (n=2), conforme demonstra o quadro
6 abaixo. As demais escolas justificaram que encontram-se reformulando o PPP.

Quadro 6 - PPP coletados das escolas dos anos iniciais

Escolas dos anos iniciais que concederam o PPP

Escola A Zona Urbana

Escola C Zona Urbana

Escola F Zona Rural

Escola G Zona Rural


Fonte: Criado pela pesquisadora

3.2.1 O que diz o PPP da Escola A

A escola A encontra-se localizada na zona urbana, possui dois alunos com


deficiência, sendo 1 com Surdez e outro com Autismo. O PPP traz a inclusão nos
seguintes itens: 2.11 intitulado “Crianças e Adolescentes com Necessidades
Educacionais Especiais", afirma que:

- Ofertar matrícula para estudante com deficiência, transtorno globais de


desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, limitações físicas
(motoras), sensoriais (auditivas e visuais) ou intelectuais, ofertando
atendimento especializado, conforme situação a indicar, objetivando a
inclusão escolar. (p.08)

No item 5.9, afirma que “Inclusão escolar é acolher todas as pessoas, sem
exceção, no sistema de ensino, independente de cor, classe social e condições
físicas e psicológicas.” (p.28). Em seguida salienta que “todas as instituições devem
oferecer atendimento educacional especializado, chamando de Educação Especial”.

Um dado a ser ressaltado é o modo que entende sobre inclusão e AEE, que
necessita ser reconstruído, pois a referida escola não oferta o AEE. As duas
crianças, uma com surdez e a outra com autismo, necessitam se deslocar no
contraturno a uma outra escola que ofereça esse atendimento, se contradizendo em
seu discurso.

Ropoli et al. (2010, p.18) afirma que o motivo principal de o AEE ser realizado
na própria escola do aluno está na possibilidade de que suas necessidades
53

educacionais específicas possam ser atendidas e discutidas no dia a dia escolar e


com todos os que atuam no ensino regular e/ou na educação especial, aproximando
esses alunos dos ambientes de formação comum a todos. Aqui um aspecto que se
ressalta é sobre a importância da adaptação curricular, um elemento indispensável
para a garantia deste aluno na travessia educacional.

Segundo o PPP, a escola lida com a adaptação do currículo escolar regular,


quando afirma que:

Entende-se, por educação inclusiva, a adaptação do currículo escolar


regular para as crianças com necessidades educacionais especiais (NEE).
Esse processo de educação inclusiva escolar deve ser compartilhado por
todos: educadores, familiares, políticos e comunidades em conjunto para o
sucesso efetivo. (p.28)

E reitera seu compromisso com a educação inclusiva, a partir de sua


adaptação curricular quando se propõe a:

- Desenvolver uma pedagogia centrada no estudante, uma pedagogia capaz


de educar e incluir os estudantes que apresentem necessidades
educacionais especiais, aqueles que apresentem dificuldades temporárias
ou permanentes na escola, os que estejam repetindo anos escolares, os
que apresentem altas habilidades/ superdotação, entre outras, assegurando
uma educação de qualidade, tendo em vista adequações no currículo (p.8).

Embora, o PPP da presente escola traga todo um discurso de inclusão, e


reconheça a declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), traz no 5º parágrafo da
p.28 um termo que contradiz toda uma lógica afirmativa, uma vez que eles não
reconhecem a pessoa com deficiência, mas demarcam fortemente ao “portador de
deficiência”, logo, esse discurso traz uma visão estigmatizada da pessoa com
deficiência.

3.2.2 O que diz o PPP da Escola C

A escola C está localizada na zona urbana, e possui 11 crianças com algum


tipo de deficiência. 4 são autistas, 2 possuem TDAH, 2 possuem comorbidades
conjuntas - Autismo + TDAH, 1 tem Síndrome de Down, 1 com Múltipla Deficiência e
finalmente 1 com Microcefalia.
54

A comunidade escolar da escola C é composta por estudantes que residem


na zona urbana e na zona rural. Para aqueles que residem na zona rural há o
atendimento do transporte escolar fornecido pela Prefeitura Municipal.

O PPP da escola C, aborda a inclusão no item 5.4.2 “intitulado Crianças e


Adolescentes com necessidades educacionais especiais”, ressalta que:

Parte do princípio de que a inclusão dos estudantes que apresentam


necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino não
consiste somente na permanência física desses estudantes, mas no
propósito de rever concepções e paradigmas respeitando e valorizando a
diversidade desses estudantes, proporcionando dessa forma, espaços
inclusivos, em que a escola se coloca à disposição do estudante (p.20)

No item 5.22, ao tratar da sala de Recursos Multifuncionais, afirma-se que: “A


sala de recursos multifuncionais tem como objetivo eliminar as barreiras que possam
obstruir o processo de escolarização do (as) estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.” (p.40) Vale
ressaltar, que a escola não tem em sua estrutura uma sala de recursos
multifuncionais, e não oferta o Atendimento Educacional Especializado, apesar de
atender 11 crianças com deficiência, as mesmas precisam se deslocar até uma
outra escola no contraturno para conseguir o atendimento do AEE, se contradizendo
em seu documento, dado esse que necessita ser alterado.

Sobre a importância de se ter instalado na escola uma sala de recursos


multifuncionais, principalmente uma escola que têm matriculados um número
significativo de alunos, como a escola apresentada, Ferreira, Lima e Garcia (2015)
declara que:

O uso de recursos e materiais variados ofertados no AEE é de extrema


importância para contribuir com o desenvolvimento de vários aspectos nos
alunos. Se pode exemplificar, no caso de alunos com TEA, a necessidade
de ampliar a atenção; o desenvolvimento das relações com o outro;
percepção daquilo que o aluno procura transmitir, por meio de expressões
faciais ou o que sente; como também, ampliar sua linguagem oral; ou ainda
com outras formas de comunicação como no uso de comunicação
aumentativa alternativa/CAA, quando necessário, como importante
instrumento de apoio ao aluno sem comunicação oral, ou ainda aqueles que
apresentam maiores dificuldades na linguagem. (p.52)

Diante o exposto, percebe-se que o documento, se contradiz em suas


propostas, e deixa a desejar no tocante à inclusão.
55

3.2.3 O que diz o PPP da Escola F

A escola F fica localizada na zona rural, nela há 03 crianças com deficiência,


sendo 1 com múltiplas deficiências, 1 tem retardo mental e 1 tem microcefalia. No
item 5.13 pontua sobre a inclusão trazendo a Deliberação Nº 2/13 trata das normas
para a educação, modalidade da educação básica para alunos com necessidades
especiais nos sistemas de ensino do Estado do Paraná. pontuando o Art. 5º que
especifica:

“As necessidades educacionais especiais são definidas pelos problemas de


aprendizagem apresentadas pelo aluno, em caráter temporário ou
permanente, bem como os recursos e apoios que a escola deverá
proporcionar, objetivando as barreiras para a aprendizagem”

No item 5.14 discorre sobre a “Inclusão e diversidade na Educação Básica'',


na qual ressalta que “A escola pública deve compreender o direito à diversidade e o
respeito às diferenças, como um dos eixos norteadores da sua ação das práticas
pedagógicas” (p.43). O mesmo item propõe iniciativas das políticas educacionais
para o acesso a uma educação de qualidade, na qual destacamos os pontos:

b) Concepção de educação que pode proporcionar a inclusão de todos no


processo educacional de qualidade”;
c) O direito à diversidade e o respeito às diferenças devem ser eixos
norteadores da ação e das práticas pedagógicas da educação pública;
f) Participação dos profissionais da educação em formação inicial e
continuada comprometida com a superação das igualdades constatadas no
interior do sistema de ensino. (p.43)

No item 5.15 trata das “Políticas Educacionais de Inclusão”, trazendo ações


que a escola deve adotar para garantir um espaço de inclusão. Na qual destacamos
a ação “b) Reorganizar o trabalho da escola, do tempo escolar, formação de
professores, no trato ético e democrático dos alunos e seus familiares, em novas
alternativas para a condição docente e postura democrática diante do diverso;”
(p.44). Neste ponto a escola reconhece que necessita tomar ações para garantir um
espaço de inclusão, em seu documento ao contrário dos demais apresentados não
foi encontrado afirmações que a mesma já oferta uma escola inclusiva, com
atendimentos educacionais especializados, com salas de recursos ou algo do tipo.
Indo de acordo com a realidade, como visto, às escolas das zonas rurais não têm
acesso ao AEE, que é ofertado apenas para as crianças com deficiência da zona
56

urbana. Ferreira, Lima e Garcia (2015), ressalta que “os sistemas de ensino têm o
compromisso de oferecer este atendimento aos alunos público alvo da Educação
Especial, como indicado na Resolução nº 04 de 2009 do Conselho Nacional de
Educação7” (p.48).

3.2.4 O que diz o PPP da Escola G

A escola G situa-se na zona rural, contém 05 crianças com algum tipo de


deficiência, 1 possui comorbidades conjuntas - Deficiência intelectual + TDAH, 02
são autistas, 1 tem Síndrome de West e por fim 1 com Síndrome de Down. A
comunidade escolar da presente escola é composta por estudantes que residem na
zona rural e alguns na zona urbana. Para os que moram nas áreas distantes há o
atendimento do transporte escolar fornecido pela Prefeitura Municipal.

Transcorre sobre inclusão no item 5.7 intitulado de “Inclusão e Diversidade na


Educação Básica”, afirmando que:

A escola como um ambiente em que valoriza as condições de direitos


iguais, deve compreender a inclusão como um processo de inserção social,
no qual o aluno independente de sua condição física, mental ou social seja
atendido adequando as condições pedagógicas e estruturais às suas
particularidades, no intuito de atender a todos, oferecendo condições de
aprendizagem. MANTOAN (2002), pontua que: A meta de inclusão é, desde
o início, não deixar ninguém fora do sistema escolar, que deverá adequar-se
às particularidades de todos os alunos(...). Para que o processo de inclusão
educacional aconteça na realidade, a escola precisa de planejamento,
reflexão e mudança, que envolve equipe pedagógica e administrativa,
gestão educacional, a viabilização dos recursos governamentais, e a
flexibilização e adaptação curricular, garantindo assim, aos alunos o seu
direito a uma aprendizagem que melhor se ajuste às suas necessidades e
lhes proporcione uma inclusão responsável na sociedade. (p.34)

O item 5.7.1 “Políticas Educacionais de Inclusão” traz ações que devem ser
tomadas para garantir uma educação inclusiva, vale destacar o ponto: “c) Ofertar
atendimento educacional especializado aos estudantes com deficiência, altas
habilidades, superdotação e com transtornos globais do desenvolvimento, com
professores com formação nas diferentes áreas da educação especial.” (p.37).
Ponto este importante em ser ressaltado, tendo exposto as deficiência encontrada

7 (...) os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no
Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em
centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias,
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. (BRASIL, 2009, p. 1)
57

na escola (comorbidades conjuntas, Deficiência intelectual + TDAH, Autismo,


Síndrome de West e Síndrome de Down), se faz necessário que a mesma oferte o
Atendimento Educacional Especializado, que ainda não é oferecido pela escola para
as crianças com deficiência, tendo em vista que o AEE só acontece na zona urbana,
deixando de fora de seu atendimento esses alunos que necessitam do atendimento
para garantir o seu pleno desenvolvimento. Neste tocante, Ferreira, Lima e Garcia
(2015) salientam que “o AEE é uma proposta viável e necessária nas escolas,
apoiando os serviços já existentes na escola e ainda, promovendo a discussão
sobre Escola Inclusiva.” (p.54)

3.3 O AEE das escolas que ofertam os anos iniciais no Município estudado.

Após identificar a localização do AEE e da sala de recursos multifuncionais


concedido na visita a secretaria municipal de educação, a pesquisadora realizou
uma visita no local onde o AEE é realizado, e aplicou um questionário (Apêndice A),
através da plataforma google formulário para melhor compreender como acontece o
atendimento às crianças com deficiência no município.

Foi identificado que o Atendimento Educacional Especializado ocorre na sala


de recursos multifuncionais unicamente em uma escola que ainda não foi
identificada nesta pesquisa, pois não oferta os anos iniciais, é uma escola dos anos
finais (6º ao 9º ano do Ensino Fundamental), que fica localizada na zona urbana. A
mesma possui 279 alunos matriculados, sendo 04 alunos com deficiência, segundo
o censo escolar de 2021. A referida escola será identificada como escola H ao
apresentar os resultados.

Assim, as crianças dos anos iniciais, que estudam em outros


estabelecimentos escolares, estes (a) necessitam se locomover para onde o AEE é
ofertado na rede de ensino do referido município, sempre no contraturno das aulas
da escola comum.

A esse respeito, as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional


Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial, em seu artigo
5º da Resolução nº 04, de outubro de 2009, afirma que:

O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da


própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da
58

escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser


realizado, também, em centro de Atendimento Educacional Especializado
da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou
filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação
ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municípios.
(BRASIL, 2009)

O atendimento do AEE fica a cargo de duas professoras especializadas e de


um psicólogo.

As professoras do AEE, recebem formação continuada na área da educação


inclusiva uma vez a cada mês. Neste sentido, Faria e Camargo (2021) ressalta que:

Embora seja premente a necessidade de investimento na formação docente


e do desenvolvimento de práticas de formação continuada para que o
professor possa atuar de forma efetivamente inclusiva, esse não é o único
aspecto necessário para a implementação da educação inclusiva; de fato, a
efetivação do processo de inclusão escolar demanda o enfrentamento e a
superação de vários desafios. (FARIA; CAMARGO, 2021, p.03)

3.3.1 Organização da Sala de Recursos Multifuncionais do AEE

A sala de recursos multifuncionais do Atendimento Educacional Especializado


do município fica localizada na escola H. Após adentrar na escola pelo portão
principal, basta seguir em frente, dobrar à direita e a referida sala fica na segunda
porta.

Quanto à estrutura ela conta com uma janela, é forrada e tem ar


condicionado instalado e com bom funcionamento. Pelas paredes têm painéis
colados com o alfabeto em Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, as vogais, os
números, tabuada de multiplicação, relógio e atividade realizadas pelas crianças.

No que se refere à iluminação, é bem iluminada, tem lâmpadas e a janela


proporciona melhor utilização da luz natural.

Quanto à mobília, a sala tem um (1) tapete, quatro (4) carteiras distribuídas
de maneira que facilita a locomoção das crianças na mesma, uma (1) mesa de
professor, um (1) quadro branco, dois (02) armários, sendo um de aço com quatro
(4) gavetas e um todo em grades apenas. No armário em grades há jogos, materiais
para colagem, tesouras, coleções, colas, livros, jogos matemáticos, ábaco, material
dourado entre outros. No armário de aço há jogos de alfabetização e memorização.
59

A Sala de Recursos Multifuncionais conta, ainda, com um cantinho de lazer


com brinquedos espalhados no tapete no chão e decoração na parede com árvores
e flores.

Fig. 3- Sala de Recursos Multifuncionais Fig. 4 - Materiais didáticos e


pedagógicos

Conforme a Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009 (BRASIL, 2009), que


institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na
Educação Básica, modalidade Educação Especial, uma das atribuições do professor
do AEE é “identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos,
de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos
alunos público-alvo da Educação Especial”. Nessa perspectiva, segue as imagens
de materiais produzidos pelas professoras do AEE.

Fig. 5 - Produção professora A Fig. 6 - Produção professora A

3.3.2 Análise do questionário 1 - O que dizem os professores do AEE

O questionário (Apêndice A), foi construído a partir do “Caderno do professor,


Atendimento Educacional Especializado - AEE” (2018). O mesmo foi respondido por
60

duas professoras que realizam o atendimento educacional especializado no


município, as mesmas foram identificadas nesta pesquisa por P1 e P2.

Vale ressaltar que inicialmente o questionário foi pensando para aplicar para
uma quantidade maior de professores do AEE, mas devido à falta desses
profissionais no município, o instrumento escolhido para essa coleta talvez não
tenha gerado respostas suficientes para se ter noção como esse atendimento é
realizado de fato no município pesquisado.

O questionário foi dividido em três sessões, sendo a primeira dedicada ao


Atendimento de Educação Especializada, a segunda sobre a avaliação processual e
a terceira e última seção sobre o AEE e a sala regular.

Atendimento de Educação Especializado

Inicialmente foi perguntado quanto ao horário de atendimento da sala de AEE,


e a quantidade de alunos atendidos. P1 e P2 responderam que dividem a mesma
sala de recurso de segunda a sexta-feira, sendo P1 pela manhã (07:30 às 11:30), e
P2 pela tarde (13:00 às 17:00). O atendimento a cada criança tem duração de
cinquenta a quarenta e cinco minutos. Cada professora atende de dois a três alunos
por dia, e cada aluno tem atendimento uma vez por semana.

Acerca da dinâmica de organização do AEE Ropoli et al. (2010, p. 22) pontua


que:

Há alunos que frequentam o AEE mais vezes na semana e outros menos.


Não existe um roteiro, um guia, uma fórmula de atendimento previamente
indicada e, assim sendo, cada aluno terá um tipo de recurso a ser utilizado,
uma duração de atendimento, um plano de ação que garanta sua
participação e aprendizagem nas atividades escolares.

Na terceira questão, quando perguntado se possuem a relação das crianças


por deficiência, com diagnóstico, suspeita e observação, todas responderam que
sim, que possuem a relação das crianças por deficiência, com diagnóstico, suspeita
e observação. Porém ao questionar se o diagnóstico está claro para o atendimento
AEE e se a suspeita está sempre sendo levantada antes do atendimento. P1 afirmou
que sempre, P2 disse que às vezes o diagnóstico está claro para o atendimento
61

AEE, e que algumas vezes a suspeita está sendo levantada antes do atendimento
AEE.

Machado et al. (2017), ressalta que é importante que o professor do AEE


obtenha dados e informações sobre os alunos que serão atendidos no AEE,
principalmente sobre a deficiência e as necessidades educacionais especiais e que
essas informações sejam compartilhadas com a comunidade escolar para melhor
traçar recursos que melhor atenda a suas necessidades.

A anamnese é de extrema importância para aqueles(as) que lidam com o


atendimento em AEE, pois ela serve para orientar o profissional a cerca de uma
prestação de serviço. Normalmente, a anamnese busca obter dados relevantes
sobre a história de vida de uma pessoa. Este item fez parte da indagação
investigativa, pois buscou-se entender como os profissionais delineiam os seus
atendimentos. P1 enfatizou que prioriza os recursos8 para melhor atender o aluno e
P2 declarou que faz uso da observação e de documentos 9 no processo da
anamnese. Ficou difícil compreender o sentido que os profissionais trazem a este
respeito, pelas respostas evasivas sobre o assunto.

Segundo Melo et al. (2018, p. 15), a anamnese consiste em uma conversa


para tentar identificar os possíveis fatores por trás das dificuldades das crianças,
além de orientá-las sobre a necessidade de procurar ajuda na área médica ou
outras, explicando as dificuldades de aprendizagem, socialização, dicção e motora,
identificadas pela professora do AEE em parceria com a professora que atua na
classe regular. Para isso utiliza-se de entrevistas com os familiares e responsáveis.

Posteriormente, foi indagado se os sujeitos fazem uso do Termo de


Compromisso e Termo de Desistência, antes de iniciar os atendimentos, todos
responderam que não. Melo et al. (2018, p.26) ressaltam que o uso do termo de
compromisso e desistência no atendimento do AEE, se faz necessário como um
compromisso entre família e escola, na qual o responsável assina no início do
atendimento e em caso de desistência, justificando.

O “Caderno do professor, Atendimento Educacional Especializado - AEE”


(2018, p.28), ressalta a importância de se fazer registros dos combinados

8 (grifo nosso)
9 (grifo nosso)
62

pertencente a escola e em relação aos pais e responsáveis, na qual consiste em


encontros sistemáticos e organizados para trocas de informações e combinados.
Neste sentido, quando questionado sobre a utilização do registro dos combinados
profissionais pertencentes à escola, P1 afirmou que faz uso do registro dos
combinados profissionais pertencentes à escola, enquanto P2 disse que não faz
uso. Porém quando perguntado se utilizam o registro dos combinados com os
pais/responsáveis, ambas declararam que sim, que utilizam o registro dos
combinados com os pais e responsáveis. Melo et al. (2018) ressaltam que desde a
portaria da escola deve haver um acolhimento, receptividade e apoio. Os
combinados, as informações e as orientações necessitam ser compartilhadas entre
todos os profissionais da escola, fazendo-se necessário que haja o registro do
combinado profissionais pertencentes à escola, quanto o registro de combinados
entre pais/responsáveis e professora do AEE.

Em seguida, foi perguntado se a Avaliação Diagnóstica Inicial faz parte do


seu atendimento. Ambas responderam que sim, que realizam a avaliação
diagnóstica em cada novo atendimento. Melo et al. (2018) ressaltam que a avaliação
diagnóstica inicial deve ocorrer a cada novo atendimento, para melhor acompanhar
o aluno em seu processo de desenvolvimento de indicadores de aprendizagem.

Foi indagado às professoras se elas têm como hábito fazer uso do Estudo de
caso. Ambas relataram terem costume de fazer uso do estudo de caso em seus
atendimentos. Melo et al. (2018) afirmam que o estudo de caso deve ser realizado
tendo como base a anamnese e a avaliação diagnóstica inicial.

Foi questionado ainda, se o plano do AEE faz parte da sua rotina. Tanto P1,
quanto P2, relataram fazer uso do plano do AEE na sua rotina. É importante que o
professor do AEE, identifique as necessidades e habilidades dos alunos a fim de
traçar um plano de atendimento às necessidades individuais de cada aluno, de
acordo com suas especificidades. Conforme pontua Ropoli et al. (2010, p. 24):

[...] o professor elaborará o plano de AEE, definindo o tipo de atendimento


para o aluno, os materiais que deverão ser produzidos, a frequência do
aluno ao atendimento, entre outros elementos constituintes desse plano.
Outros dados poderão ser coletados pelo professor em articulação com o
professor da sala de aula e demais colegas da escola.
63

Em seguida, foi questionado se a análise e clarificação do problema, faz parte


do seu estudo de caso, obtendo o resultado unânime de sim, todas utilizam a análise
e clarificação do problema, no estudo de caso. De acordo com Melo et al. (2018, p.
30), o professor deve identificar o tipo e a natureza do problema, a partir das
informações obtidas. O professor, após a análise dos dados e a relação entre eles,
apresenta um ou mais problemas, construindo uma hipótese.

Quando perguntado se após a construção de uma hipótese explicativa, é


proposto caminhos para solucionar o problema, e se ele é registrado, ambas
relataram que sempre propõem caminhos para solucionar os problemas encontrados
e registram os mesmos.

Quando indagado às professoras sobre as estratégias utilizadas na resolução


do problema do estudo de caso. P1 respondeu que faz uso de anotações,
observações diretas, avaliação escrita e encaminha para os profissionais a que
compete, e P2 declarou que busca recursos adequados para cada situação. E sobre
as estratégias de avaliação que fazem uso no AEE. P1 disse que faz uso de
avaliação visual, escrita e conversa formal e informal, e P2 afirmou que faz uso de
um inventário de todos os dados, e separa por alunos, clínicos.

Perguntamos se a clarificação do problema, metodologia e resolução do


problema, faz parte da rotina de atendimento no AEE, todas responderam que sim.
Este plano de clarificação do problema, metodologia e resolução do problema
Segundo Melo et al. (2018), é um desafio para o professor do AEE e sala regular,
pois o mesmo, busca solucionar dificuldades que antes não existiam.

Para concluir esta seção, foi questionado quando fazem uso do Plano de
Intervenção Intercorrente no AEE. P1 respondeu que não faz uso do plano
intercorrente, e P2 disse que faz uso quando surge algum problema no dia a dia,
quando o aluno muda de comportamento por exemplo; o aluno João, era calmo,
passivo e realizava as atividades propostas, de repente o aluno fica agressivo e
desobediente, e não quer realizar as atividades. Diante das respostas, é possível
perceber que P2 reconhece a importância do Plano de intervenção e faz o uso
adequadamente. Segundo Melo et al. (2018), o uso do plano intercorrente se faz
necessário em caso de necessidade, quando surgem novas barreiras no processo
de aprendizagem.
64

Esse plano é um instrumento orientador da prática pedagógica, oferecendo


ao professor da sala de AEE e sala regular, indicativos para
acompanhamento dos problemas que surgem no cotidiano, às vezes
imprevisíveis e novos. A presença de estudantes na sala de ensino regular
exige que a organização destes espaços seja redimensionada podendo
surgir novos cenários, anteriormente não apresentados ou não vistos no
estudo de caso inicial. (MELO et al. 2018, p.31)

Avaliação Processual

Esta seção foi iniciada perguntado às professoras se a Avaliação Processual


faz parte da rotina no atendimento AEE, todas responderam que sim. A avaliação
processual, segundo Melo et al. (2018, p.32), “provoca uma análise mais acurada do
processo de aprendizagem do aluno”, logo, cabe ao professor pensar em novas
formas de aproximar o aluno com deficiência do objeto do conhecimento, que
incorpore em sua avaliação todas as áreas do conhecimento e proponha desafios
que instigue o aluno.

Quando questionado quando as professoras fazem uso da avaliação


processual, P1 respondeu que a cada semestre, e P2 afirmou que no final de cada
semestre, para ter noção do desenvolvimento de cada criança se está avançando, e
quais as dificuldades estão mais pertinentes. Ambas compreendem a importância de
realizar a avaliação processual, no entanto, o mesmo deve ser realizado no final do
primeiro semestre, para que seja possível comparar com o diagnóstico inicial, e a
partir da avaliação buscar estratégias que leve o aluno a superar as dificuldades
encontradas.

AEE e Sala regular

Essa seção foi introduzida questionando aos sujeitos da pesquisa se é


comum realizar um relatório final de cada caso atendido. Ambas responderam que
sim. Vale ressaltar que segundo Melo et al. (2018), o relatório final deve ser
realizado pelo professor no final do ano letivo, o mesmo deve considerar os avanços
dos alunos, as metas alcançadas e se o mesmo está apto a avançar de série.

Para finalizar o questionário, perguntamos se o AEE dialoga junto com a


professora de sala regular os indicadores do processo de aprendizagem das
crianças com deficiência dos anos iniciais nas suas especificidades. P1 afirmou que
seu trabalho não interfere no processo de aprendizagem da sala regular, e P2
65

respondeu que seu trabalho interfere sim no processo de aprendizagem da sala


regular.

É importante ressaltar que é necessário que haja diálogo entre os professores


do AEE com os professores das salas regulares sobre as necessidades do aluno
com deficiência, viabilizando uma proposta que melhor atenda a cada aluno. Silva
(2018), salienta que esse diálogo possibilitará à professora do AEE criar estratégias
para que o aluno participe de todas as atividades da turma. Assim sendo, torna-se
muito relevante a articulação entre o AEE e as atividades desenvolvidas na sala de
aula regular, pois esse é objetivo imprescindível da educação especial na
perspectiva da educação inclusiva. Indo de acordo com Ropoli et al. (2010, p. 18):

Ao se articular com a escola comum, na perspectiva da inclusão, a


Educação Especial muda seu rumo, refazendo caminhos que foram abertos
tempos atrás, quando se propunha a substituir a escola comum para alguns
alunos que não correspondiam às exigências do ensino regular.

Mesmo com as dificuldades apontadas e das inadequações ainda presentes


na oferta do AEE no referido município, podemos constatar que esse atendimento
ofertado é fundamental para o processo de inclusão escolar, pois é por meio dele
que as necessidades mais específicas dos alunos são atendidas. Além disso,
ressaltamos que a inclusão escolar deve ser uma responsabilidade compartilhada
pelas escolas, pelas famílias e pelos órgãos municipais competentes, pois somente
os profissionais que atuam no AEE não conseguirão garantir a inclusão escolar de
todos os estudantes que atendem. Essa é uma responsabilidade de todos.

3.4 Acolhimento dos professores nas escolas, que tenham crianças nos anos
iniciais, com algum tipo de deficiência.

O questionário (Apêndice D), foi aplicado através do google formulários a 18


professores que ensinam nos anos iniciais e que têm crianças com deficiência
matriculadas em sala, mas só 15 professores responderam ao questionário.

O questionário, em sua maior parte, foi elaborado por meio da Escala de Likert
em cinco pontos, seguindo o nível de importância: Não é importante, às vezes
importante, moderado, importante e Muito importante.
66

Com relação aos resultados, a primeira questão teve como objetivo


compreender o que os professores pensam sobre "Acolhimento''. 40% das respostas
obtidas foram amor e receber e 20% abrigo, hospitalidade e receber. Analisando
essa pergunta entende-se que a maioria compreende o significado de acolhimento.
Faria e Camargo (2021), afirmam que o acolhimento faz parte da primeira etapa do
processo de inclusão escolar do aluno com deficiência nas classes regulares. Se fez
necessário pontuar o seu significado para melhor ressaltar a sua importância para
esses professores dentro da sala de aula.

A segunda questão foi perguntada sobre a importância do acolhimento, às


crianças com deficiências, em sala de aula, obtendo um total de 100% de Muito
Importante. Neste tocante, os professores entendem a importância de acolher a
criança com deficiência em sala de aula. Segundo Pilatti et al. (2012, p.187) uma
das características básicas da educação inclusiva é que cada pessoa respeite as
diferenças uma da outra. Por isso, é primordial que as crianças, desde os anos
iniciais sintam-se acolhidas por todas as pessoas que as rodeiam, inclusive por seus
colegas na sala de aula. Para tanto, é imprescindível que desde cedo elas aprendam
a conviver e a se relacionar com o outro na escola.

Em seguida, foi questionado a importância da rotina da criança verificada


entre os responsáveis - escola e família, 100% responderam que é muito importante.
Logo, percebe-se que todos compreendem a importância de ter um registro de
combinados entre responsáveis - escola e família. Neto et al. (2018) ressalta que “É
preciso que a escola ande em conformidade com a família, numa proposta de
educação compartilhada, principalmente no caso dos alunos com deficiência, para
que haja resultado satisfatório de aprendizagem dos alunos.” (p.88)

Quando perguntado se é importante que as crianças com deficiência sejam


apresentadas aos seus colegas em sala de aula, 86,7% responderam que é muito
importante, e 13,3% afirmaram que é importante. A maioria acredita ser muito
importante que as crianças com deficiência sejam apresentadas em sala. Vale
ressaltar que Rodrigues (2018), pontua a importância de o aluno com deficiência ser
apresentado à turma e seja relatado a suas dificuldades, ressaltando suas
potencialidades, para que os demais alunos possam acolhê-lo e compreender que
67

ele também faz parte da turma independente de sua deficiência, indo de acordo com
o pensamento de Pilatti et al. (2012):

Uma educação inclusiva deve caminhar por entre princípios éticos e


coletivos, já que a melhor maneira de incluir as crianças no grupo é fazendo
com que elas, de início, sintam-se acolhidas na turma e/ou grupos de
atividades desenvolvidas na sala de aula. Embora cada criança seja única,
é importante que as outras aprendam também a respeitar a sua própria
singularidade e também do outro. (PILATTI et al. 2012, p.190) .

Quando questionado se escutar as crianças com deficiências em suas


demandas didáticas é importante, todos responderam que é muito importante.
Porém, quando perguntado se é importante incluir as crianças com deficiência em
seu planejamento de aula, nas atividades realizadas, foi obtido o seguinte resultado:

Ao analisarmos os dados obtidos é possível perceber que nem todos


professores compreendem a importância de incluir as crianças com deficiência em
suas práticas pedagógicas. Neste tocante, Pilatti et al. (2012), salienta que:

É primordial para se ter um currículo inclusivo que se conheça e pense o


saber de cada aluno, uma vez que, conhecendo as crianças, podemos
elaborar um currículo que se adeque às necessidades delas. Para tanto, é
fundamental que as atividades que são realizadas no espaço escolar sejam
inclusivas. (p.191)
As atividades para os alunos com deficiência são iguais às dos demais
alunos, porém de forma adaptada onde o aluno possa entender e compreender a
atividade proposta. É fundamental ter um material adaptado para que facilite à
criança na realização da atividade e deixe prazerosa de forma motivadora. É
importante estarmos atentos às preferências do aluno, se a criança gosta de
68

desenhar e copiar devemos direcioná-las às atividades complementares, assim


estimulando o aluno a utilizar outros recursos.

Posteriormente, foi perguntado se é importante estimular a autonomia da


criança com deficiência, tivemos 100% das respostas que é muito importante. Logo
todos compreendem a importância de estimular a autonomia da criança com
deficiência. Pois, é através da convivência escolar e com estímulos do professor que
esses alunos interagem e se desenvolvem. Faria e Camargo (2021) ressalta que o
objetivo maior da educação inclusiva é propiciar condições e liberdade para que o
aluno com deficiência possa construir a sua inteligência, dentro daquilo que lhe é
possível, naquele momento e lugar, tornando-se agente capaz de produzir
significado e conhecimento.

A sétima pergunta foi instigado se a relação de afeto entre professor x aluno é


importante, 80% responderam que é muito importante e 20% respondeu que é
importante. Nota-se que a maioria acredita que é importante a relação de afeto entre
professor e aluno. Para Vygotsky (2004, FARIA e CAMARGO apud 2021, p.04) a
escola não pode se preocupar exclusivamente com o desenvolvimento cognitivo: “o
aspecto emocional do indivíduo não tem menos importância do que outros aspectos
e é objeto de preocupação da educação nas mesmas proporções em que o são a
inteligência e a vontade”

Ao perguntar se em possíveis momentos de crises promovidos pelas crianças


com deficiência, qual a importância do professor, em saber lidar com tais
sentimentos produzidos. 93,3% respondeu que é muito importante e 6,7% afirmou
que é importante. Tendo em vista, que no município o número de crianças com
autismo é bem maior, é importante que os professores saibam lidar com os
momentos de crises dessas crianças, e das crianças com deficiência em forma
geral. Pois segundo Oliveira et al. (2017) “criança com autismo apresenta
dificuldades em se relacionar com o próximo, (...) Geralmente não responde ao seu
nome não, explica o que quer, tem excesso de fúria, raiva e são violentos.” (p.03).

A última pergunta foi sobre a importância do Agente de Apoio no processo de


acolhimento às crianças com deficiência, em sala de aula. 100% afirmaram que é
muito importante.
69

Desta maneira, foi constatado que embora os sujeitos compreendam a


importância do acolhimento da criança com deficiência em sala de aula, é sabido,
que nem sempre o conceito é aplicado nas práticas escolares, cabendo um
aprofundamento no tema posteriormente.

Espera-se que aos poucos a educação inclusiva seja adotada em todas as


escolas regulares dos anos iniciais do município pesquisado.
70

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, esta pesquisa se propôs estudar como se dá a inclusão da


criança com deficiência em um município localizado na Mesorregião do Agreste de
Pernambuco, orientando-se em quatro objetivos específicos que induziram a
realização da mesma.

Após a consolidação, análise e interpretação dos achados, acreditamos que


foi possível responder todas as questões norteadoras e objetivos desta pesquisa.

Embora a inclusão não seja um tema novo, observa-se ainda que as políticas
de inclusão, ainda é complexa, que foi sendo construída a partir do século XX por
meio de lutas realizadas pelas próprias pessoas com deficiência ou de grupos
inerentes dessas pessoas.

Os resultados obtidos nos permitiram compreender que não basta a


legislação para a efetivação da educação inclusiva, mas a prática dos textos legais
que contemplam. O PME e os PPPs ressaltam a importância de ofertar uma
educação inclusiva e de igualdade, mas na prática discorre de forma contrária,
ocorrendo apenas a integração da criança com deficiência no chão da escola, uma
vez que na perspectiva da educação inclusiva, falta o diálogo entre o AEE e a sala
regular, suporte para toda a demanda que necessitam do Atendimento Educacional
Especializado e práticas pedagógicas que incluam os alunos no cotidiano escolar.

Nesse cenário, compreende-se que a proposta de educação inclusiva no


município aponta na prática longe do que a legislação prevê e ainda distante de uma
inclusão. Por isso, faz-se necessário colocar em prática as ações que o Plano
Municipal de Educação prevê como meta para a educação especial no município,
como aumentar o número de profissionais que atendem no AEE e implementar
novas salas de recursos multifuncionais, principalmente na zona rural onde esse
atendimento é precário para que, de fato possa ocorrer a real efetivação da inclusão
da criança com deficiência nos anos iniciais no campo investigado.

Com isso, verifica-se no município a necessidade de implementar políticas


educacionais inclusivas que direcione os professores, com formação inicial e
continuada compatíveis com as exigências das leis vigentes no país, que
determinam incluir as crianças com deficiência no ensino regular, principalmente nos
71

anos iniciais que é a primeira etapa de escolarização que perdura por toda sua
trajetória escolar, possibilitando a esses profissionais, compreender a necessidade
de acolher esses alunos em sala, e de envolver em suas práticas atividades
adaptadas ao nível de necessidades educacionais específicas de cada um
promovendo uma educação para todos, disponibilizando os elementos necessários
para incentivar autonomia, participação e aprendizagem das crianças com
deficiência.

Espera-se, portanto, que nos próximos anos, a educação inclusiva no


município pesquisado seja fomentada e fortalecida com a construção no interior das
escolas dos anos iniciais práticas inclusivas e não integracionistas. Isto é, que as
crianças com deficiência tenham seus direitos respeitados, principalmente o direito
ao Atendimento Educacional Especializado, de ser acolhido por toda a comunidade
escolar, além de contarem com infraestrutura adequada.

Entretanto, cabe posteriormente, realizar observações das práticas dos


professores da sala regular, e do Atendimento Educacional Especializado, para
melhor verificar in loco como se dá a inclusão no município pesquisado, se esses
dados condizem na prática o que foi revelado.

A construção deste trabalho contribuiu fortemente para minha formação como


pedagoga e pesquisadora, e principalmente como irmã de uma pessoa com
deficiência, pois, através das leituras, pude compreender melhor os direitos da
pessoa com deficiência, e assim, buscar que esses direitos sejam garantidos e
colocados em prática.

Investigar a realidade da inclusão no presente município através do contato


com os profissionais, escolas, e documentos. Me estimularam a continuar a
investigar outros aspectos acerca do fenômeno da inclusão escolar, e buscar
estratégias e meios que possam contribuir de forma qualitativa para uma melhor
oferta de inclusão escolar nos anos iniciais. Espera-se que este trabalho possa ser
um instrumento de reflexão para os profissionais de educação do município, e para
os órgãos municipais competentes.

A inclusão não é uma tarefa simples, mas é possível!


72

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77

APÊNDICE

APÊNDICE A - (Questionário aplicado aos Professores do Atendimento


Educacional Especializado)
78
79
80
81

APÊNDICE B - (Questionário aplicado aos Professores da sala regular)


82
83
84
85

ANEXOS

Anexo 1 - Carta de aceite


86

Anexo 2 -Termo de consentimento livre e esclarecido

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

Cumprimento Sr./Sr.ª ao tempo em que solicito a sua participação na


pesquisa intitulada A inclusão da criança com deficiência nos anos iniciais em um
município de Pernambuco, integrante do Curso de Licenciatura em Pedagogia, do
Departamento de Educação, da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE. A
referida pesquisa tem como objetivo principal, investigar como se dá a inclusão das
crianças com deficiência, nas escolas dos anos iniciais, em um município localizado
na Mesorregião do Agreste Pernambucano. e será realizada por Aniely Andreza Silva
Tavares Diniz, estudante do referido curso.

Sua participação é voluntária e se dará por meio de questionário, com utilização de


recurso da plataforma digital google formulários, a ser transcrita na íntegra quando da
análise dos dados coletados. Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados,
contudo, será mantido o anonimato dos respondentes participantes da pesquisa. Dessa
forma, a participação na pesquisa não incide em riscos de qualquer espécie para os
respondentes. A sua aceitação na participação dessa pesquisa contribuirá para o/a
licenciando escrever sobre o tema que estuda, a partir da produção do conhecimento
científico.

Consentimento pós-informação

Eu, ___________________________________________________________, estou ciente


das condições da pesquisa, acima referida, da qual livremente participarei, sabendo ainda
que não serei remunerado/a por minhas contribuições e que posso afastar-me quando
quiser. Este documento é emitido em duas vias que serão ambas assinadas por mim e
pelo/a pesquisador/a, ficando uma via para cada um/a.

Recife, PE, _____ de ______________ de 2022.

________________________________________

Assinatura do/a participante


Impressão do dedo polegar
caso o/a participante não saiba
________________________________________ assinar.
87

Assinatura do/a pesquisador/a

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