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CGCFN-1-5 OSTENSIVO

MANUAL DE OPERAÇÕES TERRESTRES


DE CARÁTER NAVAL

MARINHA DO BRASIL
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

2020
OSTENSIVO CGCFN-1-5

MANUAL DE OPERAÇÕES TERRESTRES DE CARÁTER NAVAL

MARINHA DO BRASIL

COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

2020

FINALIDADE: BÁSICA

1ª EDIÇÃO
OSTENSIVO CGCFN-1-5

ATO DE APROVAÇÃO

APROVO, para emprego na MB, a publicação CGCFN-1-5 - MANUAL DE


OPERAÇÕES TERRESTRES DE CARÁTER NAVAL.

RIO DE JANEIRO, RJ.


Em 12 de maio de 2020.

ALEXANDRE JOSÉ BARRETO DE MATTOS


Almirante de Esquadra (FN)
Comandante-Geral
ASSINADO DIGITALMENTE

AUTENTICADO RUBRICA
PELO ORC

Em_____/_____/_____ CARIMBO

OSTENSIVO - II - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-1-5

ÍNDICE

Ato de Aprovação........................................................................................................... II
Índice............................................................................................................................... III
Introdução....................................................................................................................... VII
1a PARTE
OPERAÇÕES OFENSIVAS
CAPÍTULO 1 - ASPECTOS BÁSICOS DA OFENSIVA
1.1 - Introdução..................................................................................................... 1-1
1.2 - Fundamentos da Ofensiva............................................................................. 1-1
1.3 - Fases da Ofensiva.......................................................................................... 1-5
1.4 - Distribuição de Forças................................................................................... 1-7

CAPÍTULO 2 - TIPOS DE OPERAÇÕES E AÇÕES OFENSIVAS


2.1 - Introdução..................................................................................................... 2-1
2.2 - Marcha para o Combate................................................................................ 2-1
2.3 - Reconhecimento em Força............................................................................ 2-7
2.4 - Ataque Coordenado....................................................................................... 2-8
2.5 - Aproveitamento do Êxito.............................................................................. 2-9
2.6 - Perseguição................................................................................................... 2-12
2.7 - Ações Ofensivas............................................................................................ 2-14

CAPÍTULO 3 - FORMAS DE MANOBRA TÁTICA OFENSIVA


3.1 - Introdução..................................................................................................... 3-1
3.2 - Penetração..................................................................................................... 3-1
3.3 - Ataque Frontal............................................................................................... 3-4
3.4 - Desbordamento............................................................................................. 3-5
3.5 - Envolvimento................................................................................................ 3-8
3.6 - Infiltração...................................................................................................... 3-10

CAPÍTULO 4 - O ATAQUE COORDENADO


4.1 - Introdução..................................................................................................... 4-1
4.2 - Planejamento................................................................................................. 4-1
4.3 - Análises dos Fatores da Decisão................................................................... 4-1
4.4 - Seleção de Objetivos..................................................................................... 4-3

OSTENSIVO - III - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

4.5 - Conceito da Operação................................................................................... 4-4


4.6 - Idéia de Manobra........................................................................................... 4-4
4.7 - Plano de Apoio de Fogo................................................................................ 4-5
4.8 - Outros Apoios ao Combate........................................................................... 4-6
4.9 - Apoio de Serviços ao Combate..................................................................... 4-8
4.10 - Informações................................................................................................. 4-8
4.11 - Segurança.................................................................................................... 4-8
4.12 - Fases do Ataque.......................................................................................... 4-10
4.13 - O Ataque Limitado...................................................................................... 4-15

CAPÍTULO 5 - OPERAÇÕES OFENSIVAS EM CONDIÇÕES ESPECIAIS


5.1 - Operações Ofensivas sob Condições de Visibilidade Reduzida .................. 5-1
5.2 - Ataque a uma Área Fortificada..................................................................... 5-12
5.3 - Transposição de Cursos de Água.................................................................. 5-15
2a PARTE
OPERAÇÕES DEFENSIVAS
CAPÍTULO 6 - ASPECTOS BÁSICOS DA DEFENSIVA
6.1 - Introdução..................................................................................................... 6-1
6.2 - Fundamentos da Defensiva........................................................................... 6-2
6.3 - Organização da Área de Defesa.................................................................... 6-7
6.4 - Organização das Forças Defensivas ............................................................. 6-9

CAPÍTULO 7 - CLASSIFICAÇÃO DAS OPERAÇÕES DEFENSIVAS


7.1 - Introdução..................................................................................................... 7-1
7.2 - Classificação Quanto ao Tipo....................................................................... 7-1
7.3 - Classificação Quanto ao Tempo Disponível................................................. 7-6

CAPÍTULO 8 - FORMAS DE MANOBRA TÁTICA DEFENSIVA


8.1 - Introdução..................................................................................................... 8-1
8.2 - Defesa de Área.............................................................................................. 8-1
8.3 - Defesa Móvel................................................................................................ 8-2
8.4 - Variações da Defesa de Área e da Defesa Móvel......................................... 8-2
8.5 - Ação Retardadora.......................................................................................... 8-11
8.6 - Retraimento................................................................................................... 8-18
8.7 - Retirada......................................................................................................... 8-23

OSTENSIVO - IV - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-1-5

CAPÍTULO 9 - A DEFESA
9.1 - Planejamento................................................................................................. 9-1
9.2 - Análise dos Fatores da Decisão..................................................................... 9-1
9.3 - Conceito da Operação................................................................................... 9-2
9.4 - Idéia de Manobra........................................................................................... 9-2
9.5 - Plano de Apoio de Fogo................................................................................ 9-5
9.6 - Informações................................................................................................... 9-6
9.7 - Segurança...................................................................................................... 9-6
9.8 - Engenharia..................................................................................................... 9-6
9.9 - Carros de Combate........................................................................................ 9-7
9.10 - Contra-Ataque............................................................................................. 9-7
9.11 - Conduta da Defensiva................................................................................. 9-11

CAPÍTULO 10 - OPERAÇÕES DEFENSIVAS EM CONDIÇÕES ESPECIAIS


10.1 - Defesa Contra Infiltração............................................................................ 10-1
10.2 - Defesa Contra Ataques Aeroterrestres e Helitransportados........................ 10-1
10.3 - Defesa Contra a Guerra Irregular................................................................ 10-2
10.4 - Defesa Contra Blindados............................................................................. 10-3
10.5 - Defesa Durante Períodos de Visibilidade Reduzida................................... 10-3
10.6 - Defesa na Linha de um Curso de Água....................................................... 10-4
10.7 - Defesa de uma Zona de Responsabilidade Tática....................................... 10-10
10.8 - Segurança da Área de Retaguarda............................................................... 10-13
3a PARTE
OPERAÇÕES COMPLEMENTARES
CAPÍTULO 11 - OPERAÇÕES HELITRANSPORTADAS
11.1 - Introdução................................................................................................... 11-1
11.2 - Características das Forças Helitransportadas.............................................. 11-1
11.3 - Conceito de Emprego das Forças Helitransportadas................................... 11-2
11.4 - Emprego na Ofensiva.................................................................................. 11-2
11.5 - Emprego na Defensiva................................................................................ 11-5
11.6 - Emprego em Operações de Junção............................................................. 11-7
11.7 - Planejamento............................................................................................... 11-7
11.8 - Conduta....................................................................................................... 11-8

OSTENSIVO -V- ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

CAPÍTULO 12 - OPERAÇÃO DE JUNÇÃO


12.1 - Introdução................................................................................................... 12-1
12.2 - Propósitos.................................................................................................... 12-1
12.3 - Planejamento............................................................................................... 12-2
12.4 - Análise dos Fatores da Decisão................................................................... 12-3
12.5 - Idéia de Manobra......................................................................................... 12-3
12.6 - Planejamento do Apoio de Fogo................................................................. 12-5
12.7 - Comunicações............................................................................................. 12-7
12.8 - Execução da Junção.................................................................................... 12-7
12.9 - Junção de duas Forças em Movimento....................................................... 12-8
12.10 - Ações Após a Junção................................................................................ 12-9
12.11 - Apoio de Serviços ao Combate................................................................. 12-9
12.12 - Liberação de uma Tropa Isolada .............................................................. 12-10

CAPÍTULO 13 - INCURSÃO
13.1 - Conceitos Básicos....................................................................................... 13-1
13.2 - Planejamento............................................................................................... 13-2
13.3 - Conceito da Operação................................................................................. 13-2
13.4 - Distribuição de Forças................................................................................. 13-3
13.5 - Apoio de Fogo............................................................................................. 13-5
13.6 - Apoio de Serviços ao Combate................................................................... 13-6
13.7 - Medidas de Coordenação e Controle.......................................................... 13-6
13.8 - Ensaio.......................................................................................................... 13-7
13.9 - Retirada....................................................................................................... 13-7
13.10 - Conduta..................................................................................................... 13-7

CAPÍTULO 14 - OPERAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO


14.1 - Introdução................................................................................................... 14-1
14.2 - Substituição em Posição.............................................................................. 14-2
14.3 - Ultrapassagem............................................................................................. 14-7
14.4 - Acolhimento................................................................................................ 14-11
14.5 - Seleção do Tipo de Substituição Antes do Ataque..................................... 14-13

OSTENSIVO - VI - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-1-5

INTRODUÇÃO

1 - PROPÓSITO
Esta publicação tem o propósito de apresentar os aspectos básicos das operações em que
Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav) possam vir a participar em
terra. As particularidades técnicas, e o detalhamento de emprego dos diversos escalões da
tropa serão abordados em manuais específicos.
2 - DESCRIÇÃO
Esta publicação está dividida em quatorze capítulos. O Capítulo 1 apresenta os aspectos
básicos da ofensiva. O Capítulo 2 apresenta os tipos de operações e ações ofensivas. O
Capítulo 3 apresenta as Formas de Manobra Táticas Ofensivas. O Capítulo 4 trata do Ataque
Coordenado. O Capítulo 5 Operações Ofensivas em condições especiais. O Capítulo 6
apresenta os aspectos básicos da Defensiva. O Capítulo 7 apresenta a classificação das
Operações Defensivas. O Capítulo 8 apresenta as Formas de Manobra Tática Defensivas. O
Capítulo 9 apresenta o Planejamento da Defesa. O Capítulo 10 trata das Operações
Defensivas em Condições Especiais. O Capítulo 11 trata das Operações Helitransportadas. O
Capítulo 12 trata da Operação de Junção. O Capítulo 13 trata da Incursão e o Capítulo 14 trata
da Operação de Substituição.
3 - CLASSIFICAÇÃO
Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA-411 Manual de Publicações da
Marinha, em: publicação da Marinha do Brasil (PMB), não controlada, ostensiva, básica e
manual.
4 - SUBSTITUIÇÃO
Esta publicação substitui a CGCFN - 1-5 - Manual de Operações Terrestres de Caráter
Naval, 1ª edição, aprovada em 12 de novembro de 2008, em virtude da nova estrutura da Série
de manuais CGCFN, divulgada pelo Plano de Desenvolvimento de Publicações da Série
CGCFN (PDPS) 2020. A revisão do conteúdo do manual será realizada conforme o calendário
apresentado no Apêndice III do referido Plano.

OSTENSIVO - VII - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

1ª PARTE
OPERAÇÕES OFENSIVAS
CAPÍTULO 1
ASPECTOS BÁSICOS DA OFENSIVA
1.1 - INTRODUÇÃO
O sucesso final no campo de batalha é obtido pelas operações ofensivas. Ofensiva
significa atacar, explorar as fraquezas do inimigo e manter a iniciativa.
Embora considerações estratégicas ou táticas possam requerer o estabelecimento de uma
defensiva, cedo ou tarde terão lugar ações ofensivas. Mesmo na defensiva, um
comandante deve buscar a oportunidade de assumir a iniciativa por meio da ofensiva e
levar o combate ao lado inimigo.
As operações ofensivas são realizadas tendo em vista alcançar um ou mais dos seguintes
propósitos:
- destruir forças ou material inimigo;
- conquistar áreas ou pontos capitais do terreno;
- fixar o inimigo em posição;
- obter informações;
- privar o inimigo de recursos;
- desviar a atenção do inimigo; e
- desorganizar um ataque.
1.2 - FUNDAMENTOS DA OFENSIVA
Os fundamentos da ofensiva resultam da análise de operações dessa natureza através
dos tempos à luz dos princípios de guerra. Constituem-se em guias comuns para todos
os comandantes, embora sua aplicação específica seja variável de acordo com a situação
e o escalão considerado.
1.2.1 - Obter e manter o contato
A obtenção e manutenção do contato são essenciais, uma vez que garantem ao
comandante de qualquer escalão informações sobre o inimigo, liberdade de ação e
conservação da iniciativa, evitando a surpresa. O contato com o inimigo deve ser
estabelecido o mais cedo possível, seja através do combate aproximado, seja apenas
pela observação. Uma vez obtido, o contato não deve ser voluntariamente rompido,
embora os comandantes devam estar alertas quanto aos riscos de sofrerem ataque de
surpresa.

OSTENSIVO - 1-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

1.2.2 - Esclarecer a situação


Tão logo estabeleça o contato, o comandante deve desenvolver ações para determinar
o valor, a composição e a disposição das forças inimigas. Procurará, assim,
sobrepujar suas forças de segurança, localizar sua posição defensiva e levantar
quaisquer deficiências que possam ser exploradas. Desse modo, o comandante
disporá de elementos para elaboração de sua diretiva.
1.2.3 - Concentrar poder de combate
O comandante procura desenvolver todos os esforços no sentido de cumprir sua
missão, evitando ações que não contribuam para tal. Para atingir seu intento, deve
concentrar rapidamente seu poder de combate, de modo a obter superioridade no
local e momento oportunos.
1.2.4 - Surpreender o oponente
A surpresa é um dos fatores decisivos no combate e deve ser buscada na ofensiva,
uma vez que:
- facilita o exercício da liderança e favorece a impulsão do ataque, por privar o
oponente de empregar todo o seu poder de combate;
- retarda as reações do inimigo, uma vez que não lhe permite tempo para
planejamento;
- sobrecarrega e confunde seus sistemas de C3I, porque ele se vê obrigado a reagir
rapidamente; e
- ocasiona efeitos psicológicos adversos em suas tropas, devido ao impacto recebido.
Deste modo, conseguindo reduzir o poder de combate do defensor, o atacante pode
alcançar o sucesso empregando menos meios do que seria necessário em condições
normais.
Embora tenha sua obtenção dificultada pelos modernos meios de observação e
vigilância, as seguintes medidas auxiliam obter surpresa:
- realização de operações de cobertura e de despistamento; e
- escolha da direção de ataque, da forma de manobra, do local da aplicação do poder
de combate e do horário da ação.
Ações por superfície ou helitransportadas sobre a retaguarda do inimigo apresentam
resultados eficazes, uma vez que atingem posições de artilharia, postos de comando
(PC), instalações logísticas, etc.
Tendo em vista que o efeito da surpresa é temporário, o comandante deve procurar

OSTENSIVO - 1-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

explorar o choque inicial não dando tempo ao inimigo para recuperar-se. Por outro
lado, deve estar preparado para a eventualidade da perda prematura da surpresa.
1.2.5 - Explorar deficiências do inimigo
O comandante deve evitar o grosso do inimigo ou a posição onde sua defesa seja
mais forte e utilizar, com rapidez, seu poder de combate para explorar deficiências,
tais como: dispositivo falho ou flanco exposto, moral baixo, insuficiência de apoio de
fogo, inferioridade numérica, ou demora no abastecimento ou no recompletamento.
O conhecimento pelo atacante de que o oponente tem reações padronizadas é uma
vantagem que, devidamente explorada, transforma-se em deficiência para o defensor.
1.2.6 - Controlar acidentes capitais
O controle de acidentes capitais é importante para o êxito da ofensiva, uma vez que
estes proporcionam observação, campos de tiro e controle de vias de acesso, bem
como proteção para instalações de comando e logísticas contra as vistas e fogos do
inimigo.
A posse de um acidente capital é importante apenas se as vantagens que ele
proporciona forem exploradas. Assim, dentre os aspectos militares do terreno, o
correto levantamento dos acidentes capitais é de extrema relevância para o sucesso
da ação ofensiva.
1.2.7 - Obter e manter a iniciativa
A obtenção e manutenção da iniciativa são essenciais para que o comandante possa
impor sua vontade, ao invés de apenas reagir as iniciativas do inimigo. Para tal, deve
empregar agressivamente seu poder de combate, lançar mão da surpresa e aproveitar-
se oportunamente dos erros do inimigo.
Normalmente, a iniciativa pertence ao atacante no início das ações e todo esforço
deve ser feito para conservá-la, pois uma vez perdida será de difícil e onerosa
recuperação.
1.2.8 - Neutralizar a capacidade de reação do inimigo
O comandante desenvolve todo esforço no sentido de neutralizar a capacidade do
inimigo de reagir ao seu ataque, o que também lhe permite manter a iniciativa. Para
tal, deverá adotar medidas de segurança e utilizar ações de despistamento, isolar a
área de operações, bloquear os reforços inimigos, desorganizar e neutralizar suas
atividades de apoio, atacar suas instalações de comando e controle e submetê-las aos
fogos de apoio e às ações de guerra eletrônica.

OSTENSIVO - 1-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

1.2.9 - Progredir pelo fogo e movimento


O atacante deve manobrar combinando fogo e movimento, para ficar em condições
de lançar-se violentamente sobre o inimigo e, pelo combate aproximado, destruí-lo
ou capturá-lo. Normalmente, nenhuma peça de manobra deve progredir contra o
inimigo sem contar com fogos de apoio. Estes poderão ser prestados por outra peças
de manobra e/ou por um elemento de apoio de fogo.
A superioridade de fogos deve ser obtida desde os momentos iniciais ou a partir da
perda da surpresa e mantida durante o ataque, de modo a garantir liberdade de
manobra e evitar perdas que prejudiquem a impulsão e o poder de combate do
atacante.
1.2.10 - Manter a impulsão do ataque
A impulsão é obtida e mantida pela aplicação de poder de combate superior e pela
conservação da iniciativa, no desencadeamento de ataque rápido e agressivo.
O comandante não deve prejudicar a impulsão de seu ataque procurando preservar
o dispositivo dos seus elementos de combate ou para cumprir a manobra planejada;
ele imprime continuidade às ações fazendo os elementos progredirem rapidamente
pelos locais que ofereçam menor resistência.
Adicionalmente, o atacante procura neutralizar, com o mínimo de meios, elementos
inimigos que não sejam capazes de prejudicar o cumprimento de sua missão como
um todo, ultrapassando-os e mantendo pressão agressiva e constante.
1.2.11 - Agir com rapidez
A rapidez nas ações é essencial ao sucesso pois favorece a surpresa, contribui para
a segurança, torna a força atacante um alvo difícil de ser atingido e mantém pressão
sobre o inimigo, dificultando sua reação ao ataque.
Este fundamento aplica-se não só às ações diretamente ligadas ao combate, como,
também, ao exercício do comando e controle e às atividades de apoio.
1.2.12 - Explorar o êxito
O comandante deve prever como explorar as condições favoráveis que surjam
durante um ataque. Uma vez identificadas, deve aplicar todos os seus meios e
imprimir o máximo de agressividade às ações. A hesitação no aproveitamento de
uma oportunidade, por menor que seja, pode acarretar a perda da impulsão tornando
o ataque não decisivo, com pesadas perdas para o atacante.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

1.2.13 - Manter a segurança


A segurança é um fundamento indispensável, esteja a tropa em deslocamento,
estacionada ou em combate. As medidas serão estabelecidas, principalmente, em
função do grau de ameaça do inimigo.
Cada escalão é responsável pela própria segurança, independente das medidas e
meios pertinentes a cargo dos demais. Deve ser preservada sem, no entanto, tolher a
iniciativa ou diluir nosso poder de combate em seu benefício. Normalmente, um
ataque rápido e agressivo constitui-se em adequada medida de segurança.
1.2.14 - Flexibilidade no planejamento
O planejamento deve ser capaz de prever o desenrolar das ações do combate.
Entretanto, deve também antecipar incertezas e explorar oportunidades. Portanto, o
comandante tem de estar preparado para alterar seu planejamento e redirecionar
seus meios a fim de responder a qualquer nova situação que se apresente. O
planejador conserva a flexibilidade mantendo uma reserva adequada e
desenvolvendo um plano de simples execução e de fácil entendimento por parte de
seus subordinados.
1.3 - FASES DA OFENSIVA
Todas as operações ofensivas tendem a se desenvolver, normalmente, em três fases:
preparação, execução e continuação. A duração e natureza de cada uma, bem como sua
própria ocorrência vão depender da situação.
Muitas vezes, parte de uma tropa poderá estar em uma das fases, enquanto outra estará
na anterior ou na subseqüente.
As fases da ofensiva serão descritas tomando-se como base o ataque coordenado (Fig.
1.1).

PAss
(LPD) LP MARCHA PARA
O COMBATE
APROVEITAMENTO
DO ÊXITO ZReu

ASSALTO
Obj

PAtq
PERSEGUIÇÃO
(LPD) LP
PAss
CONTINUAÇÃO PREPARAÇÃO
EXECUÇÃO

Fig. 1.1 - Fases da ofensiva

OSTENSIVO - 1-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

1.3.1 - Preparação
Esta fase tem início com o recebimento da diretiva que dará origem à operação
(Ordem Preparatória, Plano/Ordem de Operação, etc) e inclui o planejamento, o
preparo e distribuição da diretiva, a coordenação entre diversos escalões, os ensaios,
as providências logísticas, os movimentos de tropas, as atividades de inteligência
pertinentes à operação, etc.
Uma etapa importante desta fase é o movimento para o contato, por meio da qual as
tropas atacantes procurarão o contato com o inimigo. A seguir, deslocando-se a partir
de Zona(s) de Reunião (ZReu), desdobram-se nas Posições de Ataque (PAtq),
transpõem a Linha de Partida (LP) ou Linha de Contato (LC), dependendo da
situação, configurando o início da fase seguinte.
1.3.2 - Execução
Sob a proteção dos fogos de preparação, caso previstos, as tropas progridem até as
Posições de Assalto (PAss), Linha Final de Coordenação (LFC) ou Linha Provável
de Desenvolvimento (LPD), no ataque noturno, e, desencadeando os fogos de
assalto, se lançam rápida e agressivamente sobre o(s) objetivo(s). As tropas não se
detêm na orla anterior do(s) objetivo(s), pelo contrário, dirigem-se com rapidez,
executando fogo e movimento, até a orla posterior ou a parte que lhes for designada.
1.3.3 - Continuação
Após a conquista do(s) objetivo(s) fixado(s) para o ataque, ocorrerão sua
consolidação e reorganização da tropa (inciso 4.12.3).
Tendo em vista que raramente um ataque consegue destruir totalmente um oponente
que se defende, este procurará desengajar suas forças, retrair o que for possível e
estabelecer novas posições. Dependendo do escalão, poderá colocar em ação tropas
deslocadas de áreas em que houver menor atividade ou mesmo empregar suas
reservas. Assim, salvo restrições impostas pelo escalão que determinou a ofensiva,
ou falta eventual de meios, o ataque deve ser seguido de agressivo aproveitamento do
êxito obtido, visando manter pressão sobre o inimigo e destruir sua capacidade de
reorganizar-se (artigo 2.5).
Quando ocorrem indícios de que a resistência do inimigo se desintegra, o ataque ou o
aproveitamento do êxito transforma-se em perseguição, destinada a destruir a tropa
inimiga (artigo 2.6).

OSTENSIVO - 1-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

1.4 - DISTRIBUIÇÃO DE FORÇAS


Um comandante distribui suas forças em ataque principal (AtqPcp), ataque secundário
(AtqScd) e em reserva (Res).
1.4.1 - Ataque principal
O AtqPcp é aquele lançado para conquistar o objetivo decisivo para o cumprimento
da missão do comandante. Para tal, recebe preponderância de elementos de manobra,
de apoio de fogo e outros apoios.
Sempre que possível, o AtqPcp será beneficiado com zona de ação (ZAç) mais
estreita e a melhor via de acesso, sendo dirigido para a parte mais fraca do
dispositivo inimigo.
O comandante deve procurar ocultar do inimigo a direção do AtqPcp, de modo a
diminuir o tempo de que disporá o defensor para concentrar seu poder de combate
contra o mesmo. Para atingir tal propósito poderá empregar fintas ou demonstrações,
ou dispersar suas tropas até o momento decisivo, quando as emassará convergindo
sobre o(s) objetivo(s).
1.4.2 - Ataque secundário
O AtqScd contribui para o êxito do AtqPcp; caracteriza-se por receber o mínimo
essencial de poder de combate, ZAç mais larga do que a do AtqPcp e objetivo(s) de
menor valor tático.
Um AtqScd pode visar um ou mais dos seguintes efeitos desejados:
- iludir o inimigo quanto à direção do AtqPcp;
- destruir ou fixar forças inimigas capazes de interferir com o AtqPcp;
- controlar terreno cuja ocupação pelo inimigo prejudique o AtqPcp; e
- forçar o inimigo a empregar suas reservas prematuramente ou em área não decisiva.
Dependendo da situação, poderá haver mais de um AtqScd.
Caso um AtqScd obtenha um êxito inesperado, o comandante deve estar pronto para
rocar meios e transformá-lo em AtqPcp, designando-lhe o objetivo decisivo.
1.4.3 - Designação posterior de prioridade
Pode não haver designação antecipada desta distribuição quando a tropa atacar em
coluna ou com vários elementos em primeiro escalão, face uma situação indefinida
ou, ainda, quando o ataque incidir sobre objetivos cuja conquista represente
resultados idênticos para o cumprimento da missão. Nesses casos, tão logo seja
observado que um determinado elemento de combate tem maior probabilidade de

OSTENSIVO - 1-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

sucesso, seu ataque será designado como principal, sendo-lhe atribuída


preponderância em meios e apoios e a conquista do objetivo.
Por outro lado, durante o ataque coordenado em que o AtqPcp está definido desde o
início, esta condição pode ser transferida de um elemento de manobra para outro,
com vistas a tirar proveito de seu melhor desempenho ou para aproveitar a ocorrência
de falha no dispositivo inimigo.
1.4.4 - Reserva
A Res é a tropa mantida sob o controle do comandante, para ser empregada em
ocasião e local decisivos com intuito de obter um resultado favorável.
Constitui um dos principais meios com que conta o comandante para exercitar a
flexibilidade de seu planejamento e influir na ação, uma vez iniciada a operação.
A Res pode ser empregada para:
- aproveitar o êxito;
- fazer face às ações do inimigo;
- explorar deficiências do inimigo;
- proporcionar segurança;
- destruir resistências ultrapassadas; e
- manter a iniciativa e a impulsão do ataque.
O emprego da Res deve ocorrer em benefício da operação como um todo e não para
corrigir falhas de elementos em ação. Em princípio, deverá ser empregada como um
todo, embora em algumas circunstâncias, possa ser dividido para a obtenção do
efeito desejado.
Quando um elemento de primeiro escalão estiver detido pelo inimigo e for decidido o
emprego da Res, deve-se fazer incidir seu ataque em nova direção, com vistas a obter
surpresa e evitar o emassamento das tropas.
O valor da Res e sua localização dependerão da missão do comandante, de seu grau
de conhecimento da situação, da forma de manobra tática ofensiva adotada, das
características da área de operações e da reação previsível do inimigo.
Caso a situação do inimigo seja relativamente clara e suas possibilidades limitadas, a
Res pode ser constituída com pequeno poder de combate. Por outro lado, quando a
situação for indefinida e houver conhecimento limitado da situação do inimigo, a Res
deve ser constituída com forte poder de combate. Isto acontecerá, também, caso o
ataque seja lançado contra objetivo profundo, quando não for possível visualizar o

OSTENSIVO - 1-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

ataque até seu objetivo final ou quando o inimigo tiver maior mobilidade do que o
atacante.
Em qualquer circunstância, o poder de combate atribuído à Res não deve prejudicar a
composição do AtqPcp, mas deve ser suficiente para permitir o efeito desejado
quando de seu emprego.
A Res é posicionada observando-se aspectos como:
- permitir seu rápido deslocamento para os pontos de provável emprego;
- favorecer o AtqPcp;
- proporcionar segurança; e
- proporcionar o máximo de proteção contra a observação e fogos do inimigo.
a) Reservas articulada e fracionada
Para favorecer a segurança e reduzir a vulnerabilidade aos ataques inimigos, a Res
pode ser distribuída em diferentes ZReu ou colunas de marcha. Nestas condições,
poderá estar articulada quando, embora dispersa, esteja sob comando centralizado
e será denominada fracionada, quando dispersa e não sob comando único – neste
caso haverá tantas reservas quantos forem os comandos disponíveis.
b) Reserva hipotecada
Durante o planejamento do ataque, o comandante deve prever como constituir
nova Res, tão logo tenha empregado a inicialmente prevista. Em princípio, a nova
Res poderá ser constituída por um dos elementos de primeiro escalão que tenha
sido ultrapassado. Outra forma é prever, como Res, o emprego de determinado(s)
elemento(s) da(s) peça(s) de manobra, impondo ao(s) respectivo(s) comando(s)
restrições quanto à sua utilização, constituindo, assim, uma reserva hipotecada.
c) Reserva temporária
Dependendo da situação, poderá ser necessário estabelecer uma Res com
elementos disponíveis das unidades de apoio ao combate, apoio de serviços ao
combate, do Posto de Comando (PC) etc. Logo que possível, esta Res temporária
será substituída por outras tropas.

OSTENSIVO - 1-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

CAPÍTULO 2
TIPOS DE OPERAÇÕES E AÇÕES OFENSIVAS
2.1 - INTRODUÇÃO
Em uma ação ofensiva, há três tarefas a serem realizadas em relação ao inimigo:
localizá-lo e fixá-lo em posição, manobrar de modo a obter uma vantagem tática e, no
momento e local oportunos, desencadear um ataque decisivo para destruí-lo. Visando
cumprir estas tarefas, há cinco tipos gerais de operações ofensivas:
- marcha para o combate;
- reconhecimento em força;
- ataque coordenado;
- aproveitamento do êxito; e
- perseguição.
Operações ofensivas sob condições especiais, como ataque noturno, operações sob
condições de visibilidade reduzida, ataque a uma área fortificada e transposição de
cursos de água, serão estudados no capítulo 5, e ações ofensivas como combate de
encontro, finta e patrulhas, serão estudadas no final deste capítulo.
2.2 - MARCHA PARA O COMBATE
2.2.1 - Conceitos básicos
A marcha para o combate é uma operação que visa estabelecer, o mais cedo possível,
o contato com o inimigo ou restabelecer este contato. Em qualquer caso procura-se
esclarecer a situação e obter melhores condições que facilitem as ações imediatas.
A marcha para o combate termina quando a tropa atinge um ponto previamente
estabelecido ou quando posições de resistência do inimigo impedem o movimento,
forçando o desdobramento da tropa.
O dispositivo é geralmente constituído por forças de segurança (FSeg) e pelo grosso.
A marcha para o combate pode ser realizada à noite ou em períodos de visibilidade
reduzida, o que proporciona maior segurança mas acarreta problemas de
identificação e orientação, além de diminuir as possibilidades de observação sobre o
inimigo. Tais aspectos podem ser superados pelo adestramento adequado, pela
utilização de equipamentos óticos/eletrônicos e pela adoção de procedimentos
operativos padronizados e detalhados.
2.2.2 - Formações
Com base, principalmente, no grau de ameaça do inimigo, a tropa pode adotar as

OSTENSIVO - 2-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

seguintes formações: coluna de marcha; coluna tática; e marcha de aproximação.


Dependendo do escalão e da situação, o grosso pode adotar uma formação diferente
dos demais.
a) Coluna de marcha
Utilizada quando não houver possibilidade de que o inimigo terrestre interfira no
movimento (contato remoto). Prevalecem as medidas que visam facilitar e
acelerar o movimento, conservando o poder de combate da tropa. O deslocamento
é realizado, comumente, por estradas e motorizado. Devem ser previstas medidas
de segurança contra a aviação inimiga e contra a atuação de forças não
convencionais, se for o caso. Dependendo do escalão e da situação, o movimento
pode ser realizado por itinerários diferentes ou ser escalonado no tempo.
b) Coluna tática
Adotada quando for pouco provável que o inimigo terrestre venha a interferir
durante o movimento (contato pouco provável). Neste caso, considerações táticas
e administrativas existem paralelamente, embora aquelas prevaleçam. Assim, a
tropa é organizada para o combate de modo a permitir rápida entrada em ação
contrapondo-se a qualquer interferência do inimigo.
Nesta formação já devem ser estabelecidas medidas rígidas de segurança contra o
inimigo terrestre e mantida a segurança contra sua aviação.
O movimento é realizado por estradas ou caminhos utilizando-se os meios de
transporte mais rápidos disponíveis.
c) Marcha de aproximação
Empregada quando for iminente a ação do inimigo terrestre (contato iminente).
Prevalecem as considerações táticas e a tropa será desdobrada, progressivamente,
à medida em que se prenuncia o contato, culminando com seu desdobramento
para a tomada do dispositivo de ataque ou para furtar-se à ação das armas de tiro
de trajetória tensa do inimigo.
Duas preocupações devem orientar a ação dos comandantes: aplicar superior
poder de combate contra o inimigo e proteger as tropas. A segurança contra as
ações terrestres do inimigo será proporcionada pelo desdobramento parcial ou
total da tropa, quer em largura, quer em profundidade.
2.2.3 - Linha da pior hipótese (LPH)
É a linha que delimita a região do terreno em que o inimigo terrestre não tem

OSTENSIVO - 2-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

possibilidade física de atuar. Do Ponto Inicial (PI) até a LPH, normalmente, o


deslocamento de nossas tropas será em coluna de marcha, o contato será remoto e
prevalecerão medidas administrativas sobre as táticas.
Para estabelecer o traçado da LPH devem ser consideradas a direção de
deslocamento, a velocidade em coluna de marcha, o local onde se encontra o inimigo
e a sua velocidade de deslocamento sem ser retardado por força interposta.
2.2.4 - Linha de provável encontro (LPE)
É a linha que delimita as regiões do terreno a partir das quais o contato é iminente.
Da LPH até a LPE o contato é pouco provável, a formação a adotar é a coluna tática
e as medidas administrativas se equilibrarão com as medidas táticas.
A partir da LPE o contato é iminente, a formação empregada é a marcha de
aproximação e medidas de ordem tática prevalecerão sobre medidas administrativas.
Para estabelecer os locais do terreno por onde passará a LPE devem ser consideradas
a velocidade em coluna de marcha até a LPH, em coluna tática a partir desse ponto e
a velocidade retardada do inimigo (Fig. 2.1).

LPH LPE

ZR eu

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LPH LPE

CONTATO REMOTO CONTATO POUCO C O N TAT O


PROVÁVEL IM IN E N T E

Fig. 2.1 Áreas de contato e linhas de controle


2.2.5 - Organização
A organização da tropa vai depender de sua missão, da provável ordem de emprego
dos elementos componentes, da mobilidade relativa dos mesmos e das informações
disponíveis sobre o inimigo e sobre o terreno, particularmente das vias de acesso.
Uma tropa marcha para o combate assim articulada (Fig. 2.2):

OSTENSIVO - 2-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

a) Forças de Segurança (FSeg):


- Força de Cobertura (FCob); e
- Forças de Proteção (FPtc): vanguarda, flancoguarda e retaguarda.
b) Grosso

FORÇA DE
COBERTURA

VANGUARDA

GROSSO

FLANCO FLANCO
GUARDA GUARDA

RETAGUARDA

Fig. 2.2 - Marcha de aproximação (colunas múltiplas )


2.2.6 - Conduta
A execução da Marcha para o Combate caracteriza-se pela ação rápida e agressiva; é
normalmente descentralizada, mas é mantido controle adequado permitindo o efetivo
emprego dos fogos de apoio de longo alcance. Durante o movimento deve-se garantir
a liberdade de ação da tropa, de modo a assegurar a flexibilidade de seu emprego no
momento oportuno. Deste modo, o contato inicial deve ser realizado pela menor
fração possível das FSeg, garantindo a adequada liberdade de manobra do grosso.
Em conseqüência, elementos de reconhecimento e de segurança devem ser
largamente empregados para preservarem, também, o corpo principal da tropa, de
modo a que somente se engaje no momento oportuno e nas condições mais
favoráveis.
a) Forças de segurança
Movimentam-se destacadas do grosso, com as tarefas de protegê-lo e garantir seu
deslocamento continuo.

OSTENSIVO - 2-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

I) Força de cobertura
A tarefa da FCob é esclarecer a situação do inimigo e impedir o retardamento
desnecessário do grosso. Suas operações podem incluir ataques para destruir
resistências inimigas, conquista e manutenção de acidentes capitais do terreno,
ou ações que objetivem iludir, retardar ou desorganizar forças inimigas.
A composição, valor e atividades da força de cobertura FCob terão reflexos no
curso das operações como um todo. Deve ser constituída por elementos
dotados de grande mobilidade e diversidade, capazes de atuar bem à frente do
grosso, de modo a proporcionar ao seu comandante espaço e tempo suficientes
para manobrar quando estabelecido contato com o inimigo.
De um modo geral, além de elementos de combate a FCob deve contar com
elementos de apoio ao combate e de apoio de serviços ao combate que lhe
garantam a necessária autonomia. Atenção especial deve ser conferida à
presença de elementos de engenharia, visando ao apoio ao movimento.
É essencial que as atividades da FCob sejam muito bem coordenadas.
Normalmente, o controle é exercido pelo comandante da tropa que marcha para
o combate.
II) Forças de proteção
Protegem o grosso contra a observação terrestre e os ataques de surpresa.
- Vanguarda - Destina-se a assegurar o avanço ininterrupto do grosso,
protegê-lo contra ataques de surpresa e manter o contato com a FCob.
Normalmente, a vanguarda provém e opera sob o controle do primeiro
escalão do grosso, sendo sua atuação essencialmente ofensiva.
A vanguarda deve deslocar-se o mais rápido possível, mas dentro da distância
de apoio do grosso. Desenvolve contínuo reconhecimento à frente e nos
flancos, remove obstáculos, executa reparos de emergência nas vias de
transporte e demarca desvios de obstáculos. Ao estabelecer contato com o
inimigo a vanguarda o ataca ou toma outras medidas que assegurem o
prosseguimento, sem retardo, do grosso. Caso as forças inimigas sejam de
vulto superior a vanguarda procura esclarecer agressivamente a situação e
informa ao escalão que a destacou.
- Flancoguarda e Retaguarda - Destinam-se a proteger o grosso contra a
observação terrestre e ataques de surpresa. Sua atuação é de natureza

OSTENSIVO - 2-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

defensiva, mas as tropas devem ser bastante fortes para destruir pequenas
resistências ou para retardar o inimigo até que o grosso possa ser desdobrado.
As flancoguardas deslocam-se por itinerários paralelos ao do grosso. Seu
movimento é contínuo ou por lances, que podem ser sucessivos ou alternados,
ocupando posições do terreno nos flancos. Sua responsabilidade,
normalmente, estende-se por toda a extensão do grosso, razão pela qual deve
ser dotada da mobilidade necessária para antecipar-se a ele nas diversas linhas
do terreno.
A retaguarda segue o grosso, devendo possuir mobilidade no mínimo igual ao
mesmo.
O controle das flancoguardas e da retaguarda pode ser centralizado no mais
alto escalão que realiza a marcha ou adjudicado a elemento do grosso
marchando nas proximidades das referidas FPtc.
b) Grosso
Compreende a maioria do poder de combate da tropa que realiza a marcha, com os
diversos componentes organizados para o combate e colocados em posições que
lhes permitam o máximo de flexibilidade de emprego durante o avanço e depois
de estabelecido o contato.
Os elementos do grosso são empregados para reduzir bolsões de resistência
imobilizados ou ultrapassados pela FCob. Quando a missão do grosso demandar
maior rapidez em seu movimento, tais focos podem ser deixados ao encargo de
outras tropas.
2.2.7 - Comando e controle
O comando da tropa que realiza a marcha para o combate posiciona-se onde melhor
puder exercer seu controle. Normalmente, na coluna de marcha, o comando localiza-
se à testa da tropa; na coluna tática e na marcha de aproximação desloca-se com os
elementos avançados do grosso.
O planejamento da operação deve ser cuidadoso, com judiciosa utilização do terreno
e das estradas existentes. As principais medidas de coordenação e controle incluem
objetivos de marcha, ponto inicial e de liberação, linhas e pontos de controle,
itinerários e eixos de progressão (EProg).
2.2.8 - Apoio ao combate
Os elementos de apoio ao combate são articulados nos diversos grupamentos da

OSTENSIVO - 2-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

tropa que realiza a marcha para o combate. Deve haver atenção com a adequada
defesa antiaérea (DAAe) e apoio ao movimento para a transposição de obstáculos.
2.2.9 - Apoio de serviços ao combate
A natureza fluida da operação, sua rapidez, o desconhecimento do terreno e a
possibilidade de intervenção do inimigo, poderão dificultar o apoio de serviços ao
combate. Dependendo dos meios empregados haverá aumento na demanda de
combustível e nas necessidades de manutenção. O consumo de munição é reduzido,
bem como é esperado número relativamente pequeno de perdas.
2.3 - RECONHECIMENTO EM FORÇA
2.3.1 - Conceitos básicos
O reconhecimento em força é uma operação que visa revelar e testar o dispositivo e o
valor do inimigo ou obter outras informações.
As poucas informações sobre o inimigo devem condicionar o cuidado na
determinação do vulto da tropa que irá realizar tal ação e avaliados os riscos
decorrentes. Outrossim, este vulto deverá ser adequado para obrigar o inimigo a
reagir em força e de forma decisiva, revelando, assim, seu valor, dispositivo,
reservas, localização das armas de apoio, instalações de comando e logísticas.
Normalmente, o reconhecimento em força obtém informes mais rápido do que outros
métodos de reconhecimento. Além disso, os dados obtidos são bastante válidos, se
comparados com os provenientes de outras fontes que, normalmente, necessitarão ser
avaliados.
Os seguintes aspectos devem ser considerados antes de decidir pela realização de um
reconhecimento em força:
- informações disponíveis sobre o inimigo;
- urgência e importância de informes adicionais;
- eficiência e rapidez de outros órgãos de busca;
- risco de que a manobra possa revelar ações futuras; e
- risco de precipitar um engajamento total sob condições desfavoráveis.
2.3.2 - Formas
O reconhecimento em força pode ser conduzido em uma das seguintes formas:
- como um ataque dirigido sobre uma determinada parte da frente, a respeito da qual
se desejam informações rápidas e precisas. O objetivo deve ser um Acidente
Capital (AcdtCap) de tal importância que, uma vez ameaçado, obrigue o inimigo a

OSTENSIVO - 2-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

reagir com todo o seu poder de combate;


- como um ataque em toda a frente, ou em sua maior parte, quando se deseja
esclarecer a situação ao longo do dispositivo inimigo. Neste caso, o reconhecimento
será feito através de uma série de ataques de pequena profundidade, para
determinação dos pontos críticos da frente; e
- como uma incursão, com o propósito de introduzir no dispositivo inimigo uma
tropa capaz de uma ação rápida e violenta, retraindo em seguida para as linhas
amigas. Esta tropa deve ser suficientemente forte e móvel de modo a, sem se
engajar decisivamente, forçar o inimigo a revelar suas posições, planos, etc.
2.3.3 - Conduta
Embora o propósito do reconhecimento em força não seja a conquista de objetivo(s),
o comandante que conduz a operação deve estar alerta para aproveitar o êxito obtido,
principalmente visando a continuação do ataque ou a manutenção do terreno
conquistado.
Os alvos revelados durante a operação serão batidos pelos fogos orgânicos e pelos
fogos em apoio ou serão informados ao escalão superior. Sua destruição deverá ser
completada durante as ações.
Por outro lado, muitas vezes as tropas de reconhecimento em força podem iniciar seu
retraimento tão logo tenham obtido os conhecimentos desejados, não atingindo assim
o(s) objetivo(s) designado(s) como medida de controle.
Ocorrendo o engajamento da tropa que realiza o reconhecimento em força, um
exame corrente da situação indicará o momento do retraimento, avaliando os
resultados já obtidos. O desengajamento será apoiado pelo fogo e/ou pelo
desencadeamento de outras ações, tais como contra-ataque de desengajamento ou
finta, entre outras.
Dependendo da situação, a tropa manterá sua posição até ser ultrapassada ou
prosseguirá, posteriormente, no ataque.
2.4 - ATAQUE COORDENADO
2.4.1 - Conceitos básicos
É o tipo principal de operação ofensiva; em geral, quando se emprega a palavra
ataque, têm-se em mente um ataque coordenado. Caracteriza-se pelo emprego
coordenado da manobra e do apoio de fogo, para cerrar sobre o inimigo, destruí-lo ou
neutralizá-lo. É, normalmente, empregado contra posições inimigas organizadas ou

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

fortificadas e necessita de adequado apoio de fogo. Exige, também, planejamento


detalhado, exame da situação completo e minucioso e reconhecimento cuidadoso;
pode ser precedido de uma marcha de aproximação e/ou de um reconhecimento em
força e deve ser executado com agressividade.
2.4.2 - Planejamento e execução
Uma tropa realiza o ataque coordenado empregando uma das formas de manobra
tática ofensiva descritas no capítulo 3. O planejamento e execução do ataque
coordenado estão descritos no capítulo 4.
2.5 - APROVEITAMENTO DO ÊXITO
2.5.1 - Conceitos básicos
O aproveitamento do êxito é a agressiva continuação de um ataque bem sucedido e
tem início, normalmente, quando for constatado que a tropa inimiga está encontrando
dificuldade para manter suas posições defensivas.
Com vistas a não perder a impulsão do ataque, o planejamento do aproveitamento do
êxito é realizado em conjunto com o daquela operação.
Sua finalidade é destruir a capacidade do inimigo de reorganizar-se e, assim, resistir
ao ataque ou realizar um movimento retrógrado ordenado. Pode ser desencadeado
para conquistar outros objetivos já estabelecidos anteriormente. Além disso, atua
sobre o moral do defensor, levando confusão para os seus quadros, podendo ter
implicações decisivas para o resultado final das operações.
O aproveitamento do êxito pode ser conduzido empregando-se: as próprias tropas
empenhadas, quando o escalão de ataque tiver cumprido sua missão e for a única
tropa prontamente disponível para continuar o movimento contra o inimigo, ou pelo
emprego da reserva, que receberá a tarefa de ultrapassar a(s) tropa(s) cujo(s)
ataque(s) tenha(m) sido bem sucedido(s). Este último é indicado quando o escalão de
ataque ainda tenha tarefas importantes a cumprir, ainda esteja cerradamente engajado
ou necessite tempo para reorganizar-se antes de prosseguir no movimento. Deve-se
levar em conta o grau relativo de desgaste das tropas, pois manter uma força atacante
no aproveitamento do êxito exigirá de seu comandante alto grau de liderança.
Ainda que as condições para o desencadeamento do aproveitamento do êxito não
possam ser especificamente determinadas, o comandante, por meio de um
planejamento preliminar, procura levantar forças inimigas e regiões sobre as quais
poderá fazer incidir tal operação. Durante o ataque, o exame corrente da situação

OSTENSIVO - 2-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

permitirá o desenvolvimento de diretiva(s) específica(s). O aproveitamento do êxito


compreende, basicamente, o emprego de duas forças.
a) Força de Aproveitamento do Êxito
É empregada na ação decisiva. As tarefas atribuídas a esta força podem incluir
conquista de objetivos profundos (à retaguarda das posições inimigas) para
bloquear vias de fuga do inimigo, destruição de forças, interrupção das vias de
transporte ou desorganização de instalações de comando e controle.
b) Força de Acompanhamento e Apoio
Realiza tarefas táticas em proveito da segurança e impulsão da operação como um
todo. As Forças de Acompanhamento e Apoio podem receber as tarefas de manter
aberta a brecha da penetração, prover segurança em seus flancos, manter acidentes
capitais conquistados, destruir elementos inimigos ultrapassados, substituir tropas
da força de aproveitamento do êxito que estejam contendo forças inimigas
ultrapassadas, manter abertas as vias de transporte ou auxiliar em atividades
referentes a assuntos civis e prisioneiros de guerra.
Normalmente, a força de acompanhamento e apoio não está subordinada à de
aproveitamento do êxito atuando como se fosse um elemento em apoio direto a
um elemento de combate, embora, em determinadas situações, como visto acima,
possa reforçá-lo.

FORÇA D E
A C O M PA N H A M E N T O
E A P O IO

FORÇA D E
A P R O V E ITA M E N T O
D O Ê X ITO

Fig. 2.3 - Aproveitamento do Êxito


2.5.2 - Conduta
Os indícios para o desencadeamento do aproveitamento do êxito são o aumento do
número de prisioneiros capturados e de material abandonado, a ultrapassagem das

OSTENSIVO - 2-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

posições de artilharia ou de outras armas de apoio, no caso de pequenas frações, das


instalações de comando, de comunicações e de apoio logístico do inimigo. A
operação será desencadeada por iniciativa do comandante do escalão considerado, do
comandante do escalão superior ou após atingidas medidas de controle estabelecidas.
A transição do ataque coordenado para o aproveitamento do êxito pode se dar de
forma tão gradual que dificilmente será distinguida ou pode ocorrer de forma
abrupta. Esta última tem lugar, mais freqüentemente, quando a surpresa é obtida.
O emprego das tropas é semelhante, em muitos aspectos, ao que ocorre na marcha
para o combate, sendo normal o ataque partindo do dispositivo de marcha de
aproximação.
Quando os elementos em primeiro escalão estabelecem contato com o inimigo, se
desdobram, tentam ultrapassá-lo e continuar o avanço. Se a resistência é forte ou não
pode ser ultrapassada, esses elementos subsequentes da coluna são empregados para
reforçar os de primeiro escalão ou executam um ataque coordenado.
Embora o planejamento seja centralizado, a execução é descentralizada, com vistas a
permitir aos elementos participantes explorarem todas as oportunidades encontradas
para desorganizar e destruir o inimigo.
Após iniciado, o aproveitamento do êxito deve ser executado ininterruptamente, dia e
noite, sem levar em conta as condições meteorológicas e sem conceder ao inimigo
qualquer alívio da pressão ofensiva, até a conquista do objetivo final.
A força de aproveitamento do êxito deve avançar rapidamente e atingir seus
objetivos com o máximo de poder e limpar sua zona de ação apenas na medida
necessária para que sua progressão continue. Os comandantes devem estar alertas
para impedir o fracionamento do poder de combate apenas na obtenção de pequenos
sucessos locais ou na redução de frações inimigas. Todos os meios devem ser
empregados para destruir as tropas inimigas que não possam ser ultrapassadas ou
contidas.
O reconhecimento aéreo deve ser empregado para manter os comandos informados
sobre os movimentos do inimigo e localização de suas posições defensivas.
Incursões rápidas, ataques e desbordamentos realizados por forças helitransportadas
retardam e impedem a reorganização inimiga. Estas ações devem ser pautadas pela
audácia, pronta utilização do poder de fogo disponível e emprego rápido e sem
hesitação das tropas de acompanhamento e apoio.

OSTENSIVO - 2-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

Os elementos de apoio de fogo são posicionados o mais à frente possível, de modo


que os fogos possam ser desencadeados profundamente no interior das posições
inimigas e sobre suas colunas em retirada. O apoio aéreo aproximado (ApAA) será
empregado para interditar vias de transporte para as colunas inimigas em
retraimento. A DAAe será realizada, em grande parte, da mesma forma que na
marcha para o combate.
As medidas de coordenação e controle mais comuns deste tipo de operação são a
linha de partida, eixos ou itinerários de progressão, linhas ou pontos de controle e
objetivos. Estas medidas de coordenação e controle são detalhadamente exploradas
no CGCFN-60 Manual de Comando e Controle de Fuzileiros Navais.
2.6 - PERSEGUIÇÃO
2.6.1 - Conceitos básicos
A perseguição é uma operação destinada a cercar e destruir tropa inimiga que esteja
em processo de desengajamento ou que tenta fugir. Normalmente se segue ao
aproveitamento do êxito, diferindo deste no fato de que sua finalidade principal é a
de completar a destruição da tropa inimiga. Embora um acidente do terreno possa ser
designado como objetivo, a tropa inimiga é o objetivo principal. Nesta manobra, o
inimigo perde sua capacidade de influenciar a situação e age de acordo com as ações
da tropa perseguidora.
Quando o inimigo apresenta indícios de desorganização e suas tropas se desintegram
sob pressão ininterrupta, o aproveitamento do êxito pode se transformar em
perseguição. Entretanto, esta pode, também, ocorrer em qualquer operação em que o
inimigo tenha perdido sua capacidade de agir eficientemente e tente desengajar-se do
combate.
A perseguição bem sucedida exige contínua pressão sobre o inimigo para impedir
sua reorganização e o estabelecimento de uma defensiva. Para tal, os meios e a tropa
perseguidora devem ser utilizados até o limite de suas capacidades.
Sempre que possível esta operação compreende uma força de pressão direta e uma
força de cerco. As tarefas da força de pressão direta prevêem evitar o
desengajamento do inimigo e impedir a subseqüente reconstituição de sua defesa,
além de infligir-lhe o máximo de perdas. As tarefas da força de cerco incluem atingir
a retaguarda do inimigo e bloquear sua retirada ou seus itinerários de fuga, de modo
que ele possa ser destruído entre aquela força e a de pressão direta.

OSTENSIVO - 2-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

Como no aproveitamento do êxito, elementos de artilharia, engenharia e apoio


logístico são, normalmente, colocados à disposição dos elementos atacantes.
2.6.2 - Conduta
A perseguição é executada em uma frente tão larga quanto possível. As tropas
previstas para atuarem em pressão direta e no cerco recebem objetivos profundos,
ordens de operação simplificadas e um mínimo de medidas de controle, devendo,
ainda, ter mobilidade igual ou superior ao inimigo. Nas fases que antecedem a
operação as tropas devem estar alertas, realizando os preparativos adequados (ordens
preparatórias, etc), aguardando os indícios do colapso inimigo que possibilitem
desencadear a perseguição.
Os comandantes devem localizar-se bem à frente para manter o ímpeto do avanço.
Com vistas à obtenção de resultados decisivos, maiores riscos podem ser admitidos
na perseguição do que em outros tipos de operações ofensivas. O máximo de
iniciativa deve ser concedido aos comandantes subordinados.
Uma vez ordenada a perseguição, o comandante impulsiona o ataque com todos os
meios disponíveis para manter a continuidade da operação.
A força de pressão direta avança ininterruptamente, dia e noite, sem permitir o
rompimento de contato, a reorganização e o restabelecimento da defesa.
Os elementos em primeiro escalão progridem rapidamente ao longo de todos os
itinerários disponíveis, isolando pequenos bolsões de resistência inimiga, os quais
serão reduzidos pela força de acompanhamento e apoio. Em cada oportunidade, a
força de pressão direta desborda, divide e destrói os elementos inimigos, cuidando
que tais ações não interfiram com sua missão principal.
A força de cerco procura cortar as vias de retirada do inimigo. Avançando por terra
ou helitransportadas, por itinerários paralelos às linhas de retirada do inimigo,
apossa-se de regiões de passagem, centros de comunicações, pontes e outros
acidentes capitais antes que o inimigo possa atingi-los.
A força de cerco ataca o flanco do grosso inimigo, quando não puder ultrapassá-lo,
devendo portanto possuir mobilidade maior ou no mínimo igual ao inimigo.
As forças de pressão direta e de cerco devem empregar todos os meios disponíveis de
contramedidas eletrônicas com vistas a confundir o inimigo, impedi-lo de utilizar as
próprias comunicações e prejudicar suas tentativas de reorganização.
O reconhecimento aéreo será utilizado com vistas a prover informes sobre a

OSTENSIVO - 2-13 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

localização e atividades do inimigo. O ApAA procurará infligir o máximo de danos


no inimigo que se retira, concentrando seus fogos nas vias de retraimento, colunas de
tropas e reservas.
Embora devam ser reduzidas a um mínimo indispensável neste tipo de operação, as
medidas de coordenação e controle mais comuns são os EProg, linhas de segurança
de apoio de artilharia (LSAA), objetivos e região de destino. Estas medidas de
coordenação e controle são detalhadamente exploradas no CGCFN-60 Manual de
Comando e Controle de Fuzileiros Navais (Fig. 2.4).

FORÇA DE
CERCO

FORÇA DE
P R E S S Ã O D IR E TA
FORÇA DE
CERCO

Fig. 2.4 - Perseguição


2.7 - AÇÕES OFENSIVAS
2.7.1 - Combate de encontro
a) Conceitos básicos
Durante a realização de uma marcha para o combate deve ser esperada a
ocorrência de combate de encontro, conceituado como a ação que ocorre quando
uma tropa em movimento, não desdobrada para o combate, engaja-se com uma
tropa inimiga, parada ou em movimento, sobre a qual não dispõe de informações
adequadas. Outra característica do combate de encontro é o reduzido tempo
disponível pelo comandante para tomar conhecimento da situação e para formular
e executar seu planejamento.
Tal ação pode ter lugar em condições de combate altamente móveis, com as tropas
dispersas lateralmente e em profundidade, como após os momentos iniciais do
assalto anfíbio. Sua ocorrência é esperada, com mais freqüência, nos pequenos
escalões da tropa.

OSTENSIVO - 2-14 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

b) Conduta
As considerações básicas na conduta de um combate de encontro são a conquista e
manutenção da iniciativa. Para isto, deve ser desencadeada uma ação vigorosa e
agressiva que permita, rapidamente, revelar a situação do inimigo e não lhe dar
tempo para reagir coordenadamente.
Sem obter a iniciativa a tropa pode apenas tentar responder às ações do inimigo,
quando, na realidade, o sucesso será obtido quando o oponente for mantido em
uma situação de desequilíbrio para desencadear ações ofensivas.
A conquista e manutenção da iniciativa são obtidas:
- pela organização da vanguarda com tropas de compatível mobilidade, dotadas de
adequados meios de comunicações, capazes de realizar reconhecimento
agressivo, rápido desdobramento e ataque imediato;
- pelo exame abreviado da situação e emprego de ordens fragmentárias;
- pelo pronto emprego da tropa à medida que seus integrantes cerrem à frente e
tornem-se disponíveis para a ação, como nas fases iniciais do assalto anfíbio; e
- pela distribuição das armas de apoio na coluna, para assegurar o
desencadeamento dos fogos imediatos nos estágios iniciais da ação.
O comandante da tropa que se desloca terá normalmente, três linhas de ação:
- atacar diretamente partindo do dispositivo de marcha, tão logo as tropas possam
ser lançadas ao combate;
- reconhecer e conter a força inimiga, retardando a ação decisiva até que o grosso
ou outras tropas amigas do escalão superior, caso o escalão considerado esteja
executando tarefas de FCob, possam ser empregados em um esforço
coordenado, ofensiva ou defensivamente; e
- procurar romper o contato e desbordar a tropa inimiga.
O desbordamento de um flanco exposto geralmente revela o dispositivo mais
rapidamente do que um ataque frontal e dá maior oportunidade para a surpresa
tática e para a obtenção de resultados decisivos.
As LA mencionadas, normalmente, acarretarão atividades diferentes, vistas a
seguir. Estando o inimigo em posição e não se visualizando de pronto a
possibilidade de desbordamento, a posição de resistência deve ser fixada e, após
rápido reconhecimento, atacada, de preferência em seus flancos, de modo a se
obter surpresa e determinar a frente e profundidade do dispositivo. É importante a

OSTENSIVO - 2-15 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

manutenção do ímpeto do movimento (Fig. 2.5).

Fig. 2.5 - Combate de encontro - inimigo em posição: ataque coordenado


Quando o inimigo se encontra em posição, pode-se, deliberadamente, evitar o
engajamento. Nestas condições, se a tropa inimiga não for suficientemente forte
para comprometer o cumprimento da missão, a resistência deve ser fixada por um
mínimo de elementos e, em seguida desbordada (Fig. 2.6).

Fig. 2.6 - Combate de encontro - inimigo em posição: desbordamento


Tal conduta é mais indicada nas seguintes condições: quando existirem à
retaguarda da tropa que se desloca forças disponíveis que possam desincumbir-se
da neutralização dos elementos ultrapassados, quando a missão requerer um
avanço rápido e contínuo ou quando não couber à tropa que avança realizar a
limpeza de sua zona de ação.
Quando o inimigo também está em movimento e não houver oportunidade para o
esclarecimento da situação, uma sucessão de ataques será desencadeada sobre
seus flancos, com a finalidade de obter surpresa e alcançar a iniciativa, fazendo-o
revelar, ao mesmo tempo, o valor e o dispositivo de suas tropas, até que o poder

OSTENSIVO - 2-16 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

de combate aplicado supere o do inimigo (Fig. 2.7).

INIMIGO

Fig. 2.7 - Combate de encontro - tropa deslocando-se: sucessão de ataques


Caso o poder de combate do inimigo seja superior ao do escalão considerado
adota-se rapidamente um dispositivo defensivo, proporcionando tempo suficiente
para que outras tropas amigas se preparem para prosseguir o movimento (Fig.
2.8).

INIMIGO

Fig. 2.8 - Combate de encontro - tropa deslocando-se: dispositivo defensivo


2.7.2 - Finta
a) Conceitos básicos
A finta é um ataque secundário com o propósito de confundir o inimigo quanto à
real localização do ataque principal. Para tanto, as tropas envolvidas precisam ser
adequadamente constituídas de forma a realmente iludir o inimigo, fazendo com
que ele pense estar se confrontando com o esforço principal de seu oponente. O
principal efeito desejado deste tipo de ataque é a dispersão do poder de combate
inimigo. Uma vez iludido, o inimigo será levado a empregar a maior quantidade
possível de meios para fazer oposição à tropa que está realizando a simulação,
proporcionando, conseqüentemente, a facilitação das ações do ataque principal na
outra frente de combate.

OSTENSIVO - 2-17 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

b) Conduta
As fintas possuem um planejamento simplificado, com ataques a objetivos
secundários conduzidos antes ou durante o desencadear do ataque principal. As
tropas são empregadas em largas frentes, com conseqüente perda de concentração
de poder de combate e apoio mútuo. Devido a isto, torna-se indispensável a
manutenção de uma reserva mínima para a resposta a alguma reação inimiga
inesperada.
2.7.3 - Patrulhas
a) Patrulhas de Combate
A ação realizada por pequenos escalões, envolvendo uma penetração em
área/região controla pelo inimigo, com propósito específico, diferente da
conquista e manutenção de terreno, denomina-se ataque de surpresa, que pode ser
realizada por patrulhas de combate. Além da surpresa, esta ação também se
caracteriza pela necessidade de ações precisas, audaciosas e rápidas. Tem como
propósitos principais:
- destruição de instalações de apoio de serviço ao combate inimigas;
- captura ou libertação de prisioneiros; e
- ruptura nos sistemas de C³I do inimigo.
b) Patrulha de Reconhecimento
É a ação realizada por pequenos escalões para a obtenção de informes sobre
condições do terreno ou a situação do inimigo.
Sua principal característica é a manutenção do sigilo, devendo existir a constante
preocupação, por parte da tropa que a executa, de evitar o engajamento.
c) Conduta
A execução de patrulhas requer planejamento detalhado e treinamento específico.
A organização e a composição da tropa que irá realizar a ação vai depender,
principalmente, da missão. O planejamento deste tipo de ação pode ser similar ao
planejamento de um ataque coordenado ou ao planejamento de uma incursão
terrestre.
O CGCFN- 2.5 - Manual de Operações contra Forças Irregulares de Fuzileiros
Navais detalha esses tipos de ação.

OSTENSIVO - 2-18 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

CAPÍTULO 3
FORMAS DE MANOBRA TÁTICA OFENSIVA
3.1 - INTRODUÇÃO
Nas operações ofensivas as tropas atacantes, ao manobrarem para obter uma vantagem
sobre o inimigo, cerrar sobre ele e destruí-lo, podem empregar cinco formas de manobra
tática:
- penetração;
- ataque frontal;
- desbordamento;
- envolvimento; e
- infiltração.
Ao desenvolver sua idéia de manobra, o atacante utilizará uma dessas formas de
manobra tática ou uma combinação das mesmas.
3.2 - PENETRAÇÃO
3.2.1 - Conceitos básicos
Na penetração, o AtqPcp é concentrado em uma faixa estreita da posição defensiva
do inimigo, com a finalidade de romper seu dispositivo, dividi-lo e derrotá-lo por
partes. Esta manobra é adotada em função da existência de uma ou mais das
seguintes condições:
- o dispositivo inimigo não apresenta flancos acessíveis e/ou vulneráveis;
- não há tempo suficiente para a montagem de outra forma de manobra;
- o inimigo está desdobrado em larga frente;
- existem pontos fracos na posição defensiva;
- o terreno e a observação são favoráveis ao atacante; e
- há disponibilidade de forte apoio de fogo.
3.2.2 - Planejamento
Os fatores abaixo influenciam na seleção do local da penetração:
- planejamento do escalão superior;
- existência de terreno que permita à tropa atacante explorar a mobilidade de seus
elementos;
- existência de suficiente espaço de manobra, de modo que o movimento lateral da
tropa atacante não seja, desnecessariamente, restringido por limites ou obstáculos;
- existência de via(s) de acesso curta(s) e direta(s) para o(s) objetivo(s);

OSTENSIVO - 3-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

- existência de área que permita deslocamentos mais rápidos e decisivos, de modo a


garantir a surpresa;
- existência de setor favorável à obtenção de preponderância de poder de combate; e
- existência de setor onde seja possível aprofundar a penetração, para alcançar mais
eficiência no efeito de esmagamento contra os flancos da brecha.
Será selecionado como objetivo da penetração o acidente capital localizado nas
regiões dominantes à retaguarda ou na altura das reservas do inimigo do mesmo
escalão. Exemplificando, se um BtlInfFuzNav realiza um ataque de penetração, seu
objetivo será estabelecido na região ocupada pelas subunidades reserva do batalhão
inimigo. Sua conquista eliminará a possibilidade do defensor empregar com êxito
suas reservas em contra-ataque, uma vez que ela estará engajada com o elemento de
manobra atacante.
A designação de objetivos intermediários será função da necessidade de romper a(s)
defesa(s) avançada(s) do inimigo e do alargamento e manutenção da brecha.
Os comandantes subordinados poderão designar objetivos próprios, dependendo de
suas necessidades de coordenar os respectivos ataques através da posição inimiga e
para assegurar que suas tropas empreguem o máximo de poder de combate nas áreas
desejadas.
A organização para o combate do AtqPcp deve prever preponderância de poder de
combate no local selecionado para a penetração, de modo a assegurar rapidez no
rompimento da posição e impulsão continuada do ataque. Serão planejados um ou
mais ataques secundários para manter o defensor em posição, iludí-lo quanto à
localização do ataque principal e proteger os flancos das forças atacantes.
Poderá ser previsto o rompimento inicial da posição defensiva avançada inimiga pelo
emprego de tropas helitransportadas lançadas à sua retaguarda e atacando em direção
às tropas amigas. Tal ação abrange riscos e requer precisa coordenação entre os
participantes. O emprego de helicópteros em operações terrestres é estudado no
capítulo 11.
3.2.3 - Apoio de fogo
Um forte apoio de fogo é importante para a preponderância do poder de combate do
AtqPcp. Favorece a impulsão e concorre para a diminuição das perdas do atacante.
Fogos de preparação são desencadeados para cobrir o movimento das tropas,
desorganizar e enfraquecer o defensor e limitar sua capacidade de reagir ao ataque.

OSTENSIVO - 3-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

Quando rompida a posição defensiva avançada, os fogos são utilizados para apoiar o
alargamento da brecha e para bater outros alvos que interfiram com o cumprimento
da missão. Seu emprego contra as tropas inimigas em ações de contra-ataque deverá
ter aplicação cuidadosa em face da necessidade de segurança da tropa amiga.
Lacrimogêneo e fumígenos poderão ser usados, limitando a visibilidade inimiga e
facilitando o rompimento da posição. É de extrema importância que se leve em
consideração a direção do vento.
3.2.4 - Considerações táticas
A penetração normalmente compreende três etapas (Fig. 3.1):
- rompimento da posição defensiva avançada do inimigo;
- alargamento e manutenção da brecha; e
- conquista e manutenção de objetivos que quebrem a continuidade da defesa inimiga
e criem oportunidade para o aproveitamento do êxito.

O bj O bj O bj

A tq S e c A tq P c p A tq S e c

Res
ALARG AM ENTO C O N Q U IS TA
R O M P IM E N T O DA BRECH A D O O B J E T IV O

Fig. 3.l - Penetração


O AtqPcp será organizado em profundidade, desencadeado rapidamente e com
impulsão constante. Carros de combate, participando do binômio CC-Inf,
contribuirão com ação de choque e poder de fogo para favorecer tal impulsão.
Caso o ataque progrida lentamente ou seja retardado e não sendo bem definido o
rompimento da posição, o inimigo disporá de tempo para reagir, ocasionando
pesadas perdas ao atacante, ou poderá retrair, escapando da destruição.
À medida que o AtqPcp prossegue, tropas do(s) AtqSec poderão ser empregadas para
alargar a brecha ou evitar a interferência das reservas inimigas.
A Res poderá ser utilizada, também, para alargar a brecha ou para conter contra-

OSTENSIVO - 3-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

ataques, mas seu emprego usual será para aproveitar o êxito.


Normalmente, considera-se que a posição defensiva avançada inimiga foi rompida,
quando atingidas ou conquistadas as regiões correspondentes aos aprofundamentos
das tropas oponentes de primeiro escalão, equivalentes aos elementos de manobra do
atacante. Exemplo dessa situação ocorre quando a CiaFuzNav, peça de manobra do
BtlInfFuzNav atacante, conquista a região defendida pelo pelotão reserva da
companhia que se opõe ao batalhão.
Por sua vez, a continuidade da posição defensiva é considerada quebrada quando a
tropa que tem a seu cargo a operação conquista as regiões correspondentes aos
aprofundamentos do escalão inimigo equivalente, ou as alturas dominantes à
retaguarda destes. Pode-se exemplificar pela conquista das regiões ocupadas pela
companhia inimiga reserva do batalhão que se opõe ao ataque de um BtlInfFuzNav.
3.3 - ATAQUE FRONTAL
3.3.1 - Conceitos básicos
Nesta forma de manobra, o ataque incide ao longo de toda a frente da posição
defensiva com a mesma intensidade (Fig. 3.2).

O bj

Fig. 3.2 - Ataque frontal


Normalmente, é a manobra menos desejável para uma força realizando o esforço
principal. Entretanto, poderá ser usado para reduzir, destruir ou capturar um inimigo
mais fraco, para fixar uma tropa inimiga em suas posições, de modo a apoiar uma
outra forma de manobra, ou como precursor de outra forma de manobra.
3.3.2 - Planejamento
O planejamento para esta manobra é rápido e simples.
O ataque é dirigido contra objetivos pouco profundos e incide contra toda a frente
ocupada pelo inimigo, com a mesma intensidade, não havendo caracterização do
AtqPcp e do AtqSec. Será prevista uma Res relativamente fraca.

OSTENSIVO - 3-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

Os elementos subordinados à força atacante dispõem de liberdade para conduzirem


ataques frontais ou outra forma de manobra.
3.3.3 - Apoio de fogo
O ataque frontal é, normalmente, precedido por preparação de fogos, não havendo
caracterização da prioridade do apoio. Assim, as posições defensivas inimigas serão
batidas com a mesma intensidade, bem como seus elementos de apoio de fogo, suas
instalações de comando e controle e suas reservas. Fumígenos poderão ser
empregados para reduzir a eficiência da observação do defensor.
O planejamento do apoio de fogo deverá ser flexível o bastante para apoiar outra
forma de manobra caso o comandante se decida por empregá-la.
3.3.4 - Considerações táticas
A menos que haja uma grande superioridade de poder de combate do atacante,
raramente o ataque frontal conduz a resultados decisivos. Por tal razão, o atacante
deve procurar criar ou aproveitar vantagens e condições que lhe permitam evoluir
para outra forma de manobra que propicie o êxito esperado.
O ataque frontal é a forma de manobra tática ofensiva típica dos ataques limitados,
que estão descritos no artigo 4.13.
3.4 - DESBORDAMENTO
3.4.1 - Conceitos básicos
No desbordamento, o AtqPcp ou de desbordamento contorna, por terra ou pelo ar, as
principais posições defensivas do inimigo, visando conquistar um objetivo à
retaguarda de seu dispositivo (Fig. 3.3).

O bj

ATA Q U E D E S B O R D A N T E
ATA Q U E (S ) S E C U N D Á R IO (S ) (s u p e rfíc ie o u h e litra n sp o rta d o )

Fig. 3.3 - Desbordamento


Esta manobra procura evitar engajamento decisivo com o defensor, atinge-o onde é
mais fraco, desorganiza seus sistemas de comando, de comunicações, de apoio

OSTENSIVO - 3-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

logístico e meios de apoio de fogo, e corta seus itinerários de retraimento, impondo-


lhe uma destruição em posição.
Um ou mais AtqSec fixam o inimigo, forçando-o a combater em duas ou mais
direções, simultaneamente, e desviando sua atenção quanto ao ataque principal.
O desbordamento é a forma de manobra tática que oferece melhor oportunidade para
obtenção do sucesso e tende a diminuir o número de baixas entre os atacantes, sendo
de emprego preferível às demais formas de manobra.
O movimento do ataque desbordante deve ser, na medida do possível, coberto da
observação inimiga.
3.4.2 - Planejamento
O desbordamento requer, relativamente, mais tempo para seu planejamento do que as
outras formas de manobra já descritas, sendo também de execução mais demorada.
No exame da situação, deve-se procurar conduzir a manobra contra um flanco
vulnerável existente no dispositivo inimigo. Uma vulnerabilidade no dispositivo
inimigo pode ser obtida por meio de fogos, de uma penetração, de uma infiltração ou
outro processo.
A força de desbordamento deve ser organizada para o combate levando-se em conta
suas necessidades de maior poder de combate, velocidade e segurança. Por sua vez, a
força de fixação será organizada com suficiente poder de combate de modo a reduzir
a possibilidade do inimigo reagir contra a força de desbordamento.
Medidas de despistamento devem ser previstas, também, para manter o inimigo em
posição e iludir quanto à localização do ataque principal. O início do(s) AtqSec antes
do AtqPcp é uma destas medidas.
Embora a manobra exija cuidadosa coordenação entre as forças envolvidas, o uso de
medidas de controle deve ser reduzido, de modo a garantir rapidez na operação.
Poderá ser prevista a infiltração de tropas para atacar os sistemas de comando,
controle e comunicações do inimigo, seus meios de apoio de fogo, barrar o
deslocamento de suas reservas ou conquistar pontos críticos em apoio ao AtqPcp.
3.4.3 - Apoio de fogo
A realização de uma preparação em apoio à força de desbordamento será função da
necessidade de sigilo e da existência de alvos compensadores. Se realizada, deverá
ser intensa e de pequena duração, para não limitar a velocidade do movimento. Pode-
se decidir, também, por uma preparação, caso desvie a atenção do inimigo, forçando-

OSTENSIVO - 3-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

o a abrigar-se e desviando a atenção do ataque desbordante.


A centralização da artilharia dependerá da distância inicial entre o AtqPcp e o(s)
secundário(s). Caso ambos possam ser apoiados ao mesmo tempo, o desbordamento
será considerado curto. Ao contrário, no desbordamento profundo a tropa
desbordante receberá elementos de artilharia à disposição.
3.4.4 - Considerações táticas
A execução do desbordamento caracteriza-se pelo sigilo nas ações iniciais, rapidez
no deslocamento do AtqPcp e proteção de seus flancos expostos.
Todo o esforço será desenvolvido pelo(s) AtqSec com vistas a manter o inimigo
engajado e evitar que suas reservas sejam empregadas contra o ataque principal.
Um exame corrente da situação concorrerá para a segurança das ações,
principalmente na prevenção de que a força de desbordamento seja conduzida a uma
área de risco. Adicionalmente, permitirá ao comandante decidir quanto ao
prosseguimento da penetração, flanqueamento ou não de novas posições inimigas,
bem como aproveitar o êxito depois de conquistado o(s) objetivo(s) final(is).
3.4.5 - Duplo desbordamento
O duplo desbordamento é uma variante do desbordamento em que o atacante procura
contornar, simultaneamente, ambos os flancos das posições inimigas. Trata-se de
manobra de difícil controle e que exige grande superioridade de poder de combate e
de mobilidade. Uma força atacante poderá ser derrotada por partes caso apresente
deficiência em qualquer um desses fatores.
3.4.6 - Cerco aproximado
O êxito do desbordamento (ou duplo desbordamento) dará lugar ao cerco
aproximado, no qual a força atacante conquista regiões que cortam as principais vias
de comunicações terrestres do defensor, impedindo-o de carrear reforços ou retrair.
Trata-se de manobra de difícil execução, que exige forte poder de combate e alto
grau de mobilidade do atacante. Entretanto, por reduzir o espaço de manobra do
defensor, diminui sua possibilidade de reorganizar-se para reagir ao ataque,
aumentando a probabilidade de sua captura ou destruição.
Na execução de um cerco é preferível a ocupação de toda a linha de cerco
simultaneamente. Entretanto, se isso não for possível, as melhores vias de acesso
para a fuga do inimigo são ocupadas inicialmente.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

3.4.7 - Desbordamento como técnica de movimento


O desbordamento como técnica de movimento é semelhante ao desbordamento como
forma de manobra tática ofensiva, na medida em que o atacante, por meio de uma
força secundária, fixa o inimigo enquanto o grosso contorna suas posições.
Entretanto, esta manobra não tem por propósito atacá-las e sim, manter a impulsão
do ataque, evitando a aplicação do poder de combate em ações que não contribuam
para o atendimento de uma tarefa específica.
Tal técnica é normalmente aplicada durante o aproveitamento do êxito, a
perseguição, a junção ou outras operações, quando o poder de combate das forças
inimigas encontradas não seja capaz de obstar as ações do atacante em movimento.
Requer um rápido reconhecimento e pronta expedição de ordens para execução
imediata.
3.5 - ENVOLVIMENTO
3.5.1 - Conceitos básicos
No envolvimento, o AtqPcp contorna, por terra ou pelo ar, as posições defensivas do
inimigo, visando conquistar objetivo(s) profundo(s) em sua retaguarda (Fig. 3.4).
Esta manobra força o defensor a abandonar sua posição ou a deslocar tropas
ponderáveis para fazer face à ameaça envolvente. O inimigo é, então, engajado em
local e na ocasião de escolha do atacante.

Obj 2

Obj 1

ATA Q U E E N V O LV E N T E
ATA Q U E (S ) S E C U N D Á R IO (S ) (sup e rfíc ie ou h elitra n spo rtad o )

Fig. 3.4 - Envolvimento


A adoção desta forma de manobra é de grande importância em situações nas quais
exista a oportunidade de conquistar um ponto critico antes que uma tropa inimiga
possa retirar-se ou ser reforçada.
O envolvimento difere do desbordamento por não ser dirigido para atingir o inimigo

OSTENSIVO - 3-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

em sua própria posição defensiva e por sujeitar a tropa envolvente a operar


independentemente, fora da distância de apoio de qualquer outra tropa terrestre
atacante.
Com a possibilidade do emprego de helicópteros, o envolvimento - envolvimento
vertical - passou a ser praticável, a um grau impossível de se prever anteriormente,
para tropas de menor poder de combate, sendo largamente usado em operações
anfíbias.
O duplo envolvimento tem considerações semelhantes às já apresentadas para o
duplo desbordamento, acrescidas da maior profundidade da operação e falta de apoio
mútuo.
3.5.2 - Planejamento
O envolvimento, como o desbordamento, requer, relativamente, mais tempo para seu
planejamento.
A seleção de objetivos leva em conta o propósito da operação: impedir o reforço
inimigo ou seu retraimento, ou a conquista de posições que permitam desencadear
operações ou fogos contra o mesmo.
Na organização para o combate da força de envolvimento devem ser consideradas as
necessidades de mobilidade, poder de fogo e meios que a permitam operar fora da
distância de apoio de qualquer outra tropa terrestre atacante.
No envolvimento vertical, dadas as limitações de transporte do material pesado e
suprimentos impostos pelo transporte utilizado, deve ser prevista uma rápida junção
com tropas de superfície com maior poder de combate através de uma operação de
junção (capítulo 12).
Uma força de fixação deve ser empregada contra a(s) tropa(s) inimiga(s) que
possa(m) interferir com a tropa envolvente. A fixação pode ser obtida, também, pelo
fogo naval, artilharia e meios aéreos.
Em face das condições em que esta operação se desenvolve, devem ser previstas
medidas precisas de coordenação entre as forças participantes, principalmente para a
realização da junção.
3.5.3 - Apoio de fogo
As considerações quanto à preparação expostas no desbordamento são válidas para o
envolvimento, não devendo ser esquecido a maior profundidade deste.
A tropa de envolvimento deverá ser dotada de meios de artilharia.

OSTENSIVO - 3-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

3.5.4 - Considerações táticas


O sigilo, a surpresa e a dissimulação são essenciais para aumentar a probabilidade de
êxito da operação.
Dada a profundidade da operação e isolamento da tropa atacante, esta procurará
ocupar, rapidamente, acidentes capitais que barrem vias de provável acesso do
inimigo, implementará seu plano de defesa anticarro e desdobrará elementos de
reconhecimento e segurança.
3.6 - INFILTRAÇÃO
3.6.1 - Conceitos básicos
O combate atual, caracterizado pelas amplas dimensões e pela não linearidade do
campo de batalha, pela ênfase na destruição da força inimiga em detrimento da
conquista do terreno, executado em profundidade, com velocidade e de forma
continuada, priorizando as manobras envolventes e desbordantes contra os flancos ou
retaguarda do inimigo, possibilitou o surgimento de uma nova oportunidade para o
emprego da Infantaria.
A infiltração possibilita o deslocamento furtivo de uma força, por elementos isolados
ou em pequenos grupos, através, sobre ou ao redor das posições inimigas, ou em seu
interior, e o seu posterior desdobramento à retaguarda dessas posições.
Embora a infiltração possa ser empregada nas operações defensivas, ela é
normalmente realizada em operações ofensivas, apoiando a ação principal e
direcionada para:
- atacar o inimigo, após a passagem através de suas posições, pelo flanco ou
retaguarda, em apoio a uma operação de maior vulto;
- conquistar posições de bloqueio, após a passagem através das posições inimigas,
para impedir o seu retraimento ou que seja reforçada;
- atacar posições sumariamente organizadas, após passar através do dispositivo
inimigo; e
- inserir forças para conduzir operações de inquietação e desgaste na área de
retaguarda do inimigo.
Trata-se de uma ação que proporciona economia de meios, pois a tropa atinge o
interior do dispositivo inimigo sem o desgaste de ter que romper suas posições e sem
constituir-se em alvo compensador. Além disso, adiciona o fator surpresa, pela
direção inesperada de sua atuação.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

Normalmente a infiltração é realizada por tropas a pé ou helitransportadas.


Dependendo da situação poderão ser usadas embarcações ou lançamento por pára-
quedas. A existência de evidentes brechas no sistema defensivo inimigo, combinada
com boa transitabilidade do terreno e adequadas cobertas, possibilitará aos elementos
de infiltração o emprego de viaturas, embora possa haver comprometimento da
surpresa.
O escalão mais apropriado para a realização da infiltração é o Batalhão de Infantaria
de Fuzileiros Navais ou menores. Em escalões maiores o Batalhão pode adotar esta
forma de manobra em apoio aos demais elementos, que executam outra forma de
manobra.
3.6.2 - Vantagens
A adoção desta forma de manobra tem as seguintes vantagens:
- possibilitar o emprego de tropa com menor poder de combate contra tropa de maior
poder de combate;
- diminuir baixas, desde que mantido o sigilo e garantida a surpresa;
- conquistar região em profundidade com maior rapidez; e
- desorientar e desorganizar o inimigo preparado para o combate linear.
3.6.3 - Planejamento
O planejamento da infiltração deve ser realizado em conjunto com o da operação
posterior. Basicamente, devem ser considerados os aspectos para o planejamento
típicos da incursão, aos quais se acrescentam alguns outros, conforme será visto a
seguir.
Deve ser empreendido um intenso esforço de busca com vistas a levantar as
atividades do inimigo, identificar pontos fracos em seu dispositivo e localizar
acidentes do terreno que permitam a progressão coberta e abrigada da tropa.
Quando forem utilizados He, o reconhecimento deve atender, também, aos aspectos
peculiares ao movimento aéreo.
A infiltração deve ser prevista para ocorrer em ocasiões de visibilidade reduzida tais
como durante a escuridão ou mau tempo. A hora para o desencadeamento da ação
subseqüente dependerá da idéia de manobra a ser executada.
Uma infiltração bem planejada e conduzida pode, freqüentemente, permitir a
colocação de uma força com considerável poder de combate na retaguarda do
inimigo, sem que este perceba o movimento. Para a execução da infiltração, é

OSTENSIVO - 3-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

fundamental a manutenção do sigilo para a obtenção da surpresa.


O planejamento deve ser integrado com o de outras forças operando na área e com os
meios de apoio de fogo. Poderão ser previstas demonstrações e outras ações,
inclusive fogos de preparação, com vistas a desviar a atenção do inimigo para outras
áreas, durante o movimento de infiltração.
De acordo com a situação esperada para após o cumprimento da missão da tropa que
se infiltra, será planejada uma operação de junção, o retraimento ou o resgate de seus
elementos. Caso previsto permanência por períodos continuados em território sob o
controle do inimigo, será planejado o reabastecimento.
O deslocamento em terreno difícil e em condições de baixa visibilidade exigem
adequado adestramento, bom condicionamento físico e exercício de persistente
liderança, principalmente nos pequenos escalões que efetuam o movimento.
A profundidade em que uma força que se infiltra irá atuar na retaguarda do inimigo
será função das possibilidades e do alcance do apoio de fogo da artilharia de
campanha, dos meios de guerra eletrônica disponíveis, do tempo necessário para
realizar a infiltração e a reunião das forças e dos meios a serem utilizados para o
deslocamento.
A infiltração através de uma força inimiga alertada e dispondo de equipamentos para
detecção do movimento exigirá o emprego cuidadoso de medidas de dissimulação,
contramedidas eletrônicas e medidas passivas de segurança.
3.6.4 - Medidas de coordenação e controle
Dadas as circunstâncias em que se realiza a infiltração, seu controle é difícil, o que
leva à necessidade de que sejam estabelecidas , além das medidas de coordenação e
controle normalmente adotadas, outras medidas especiais, como faixas de infiltração
e áreas ou pontos de reagrupamento. Complementarmente, dependendo da situação,
utilizam-se pontos de ligação, ponto inicial, itinerários, pontos de liberação e pontos
de reunião no objetivo (Fig. 3.5), além daquelas atinentes ao movimento
helitransportados e ao apoio de fogo.

OSTENSIVO - 3-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

Obj A
PR
O
LC
P L ib t AR
gpt

AZUL
O bj 1

P P sg A R gpt LC
t
O bj 2
Itn
LCt LC t
PI
FA IX A D E IN F ILT R A Ç Ã O

Fig. 3.5 - Medidas de coordenação e controle na infiltração


a) Faixa de infiltração
É utilizada para estabelecer o deslocamento da tropa e coordenar seu movimento,
inclusive, se for o caso, com os fogos de apoio.
Cada faixa é selecionada de modo a evitar as posições inimigas e valer-se de
regiões que ofereçam boas cobertas e abrigos, como terreno muito movimentado
e/ou com vegetação, pântanos, etc.
A quantidade de faixas a serem utilizadas, bem como sua largura, vai depender do
vulto da força, das características da área, do dispositivo inimigo e das
considerações a seguir.
O emprego de apenas uma faixa de infiltração facilita a navegação terrestre, o
controle e o reagrupamento, dificulta a detecção do movimento e reduz a
necessidade de informes sobre o terreno, mas torna mais demorado o
deslocamento da força de infiltração. O emprego de várias faixas apressa a
chegada das tropas às suas posições finais e reduz a possibilidade de
comprometimento da operação, porém, dificulta o controle e aumenta a
possibilidade de detecção pelo inimigo.
b) Áreas de Reagrupamento (ARgpt)
As Áreas ou os Pontos de Reagrupamento (PRgpt) são selecionados em cada faixa
de infiltração de modo a permitir a reunião e/ou a reorganização da tropa bem
como o pernoite, se for o caso. Devem ser facilmente identificáveis no terreno e
prover cobertas e abrigos.
3.6.5 - Considerações táticas
O início de uma infiltração terrestre é usualmente caracterizada pela ultrapassagem

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

de tropas amigas em contato.


Para tal, conforme planejamento prévio, estas fornecem os guias que conduzirão a
força de infiltração desde os Pontos de Ligação (PLig) até os Pontos de Liberação
(PLib), através dos itinerários de progressão, passando pelos Ponto Inicial (PI) e
Ponto de Passagem (PPsg), quando terá início o movimento pela faixa de infiltração
(Fig. 3.5).
Normalmente não é estabelecida a velocidade de progressão. O sigilo no
deslocamento deve prevalecer sobre a rapidez, levando-se em conta, entretanto, o
cumprimento da missão e as dificuldades do terreno, da visibilidade e das atividades
do inimigo. Deve ser considerado, ainda, que nos períodos de visibilidade reduzida é
esperado que o inimigo redobre a vigilância, o que exige maiores cuidados para não
revelar a movimentação da tropa.
Durante a progressão, forças e instalações inimigas não previstas como alvo da força
de infiltração são desbordadas sigilosamente. Caso não seja possível, o elemento
detectado solicita fogos de apoio ou utiliza suas armas de tiro indireto, para não
revelar sua localização, enquanto procura abandonar rapidamente a área. A decisão
de usar armas de tiro tenso será tomada pelo comandante da tropa engajada, tendo
avaliado suas necessidades de proteção, as possíveis baixas e as possibilidades de
romper o contato sem utilizar tais meios. Avaliará ainda, de acordo com o
estabelecido no planejamento, a oportunidade de abortar sua tarefa para não
comprometer a missão como um todo.
Pessoal que tenha sido dispersado pela ação do inimigo e/ou desviado durante o
deslocamento será incorporado às respectivas frações nas áreas ou pontos de
reagrupamento.
Atingida a(s) última(s) área(s) ou ponto(s) de reagrupamento, os elementos de
infiltração realizam os preparativos finais e passam a executar a ação planejada.
O retraimento terá lugar como descrito na conduta de incursão (capítulo 13).

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

CAPÍTULO 4
O ATAQUE COORDENADO
4.1 - INTRODUÇÃO
Este capítulo aborda o planejamento e a execução do ataque coordenado. Uma tropa
realiza o ataque coordenado empregando uma das formas de manobra tática ofensiva
vistas no capítulo 3.
4.2 - PLANEJAMENTO
O planejamento é iniciado com o recebimento da missão, cuja análise permitirá
identificar os efeitos desejados e os objetivos enunciados de maneira ampla. A missão é
o farol que orienta o estudo de situação realizado pelo comandante e pelo seu estado-
maior. Dependendo da situação, a missão poderá ser imposta ou assumida.
Tendo em vista que o Processo de Planejamento Militar (PPM) é tratado em manuais
específicos do Sistema de Publicações da Marinha (SPM), aqui serão abordados apenas
os principais parâmetros em que se basearão o(s) comandante(s) e estado(s)-maior(es)
para conduzirem seus planejamentos.
4.3 - ANÁLISE DOS FATORES DA DECISÃO
4.3.1 - Missão
A missão pode traduzir-se em conquistar ou controlar um acidente capital, bem como
pode estar ligada a uma área geográfica ou a uma tropa inimiga. Quando se tratar de
acidente capital, haverá, normalmente, imposição do(s) objetivo(s) pelo escalão
superior. Caso contrário, o comandante analisará sua missão, para verificar como
deverá relacionar as operações com o terreno, de modo a obter o grau de controle
direto sobre o mesmo ou sobre a tropa inimiga. Ações complementares, se
necessárias, serão deduzidas da missão recebida.
Ao atribuir objetivos aos comandos subordinados, o comandante, preferencialmente,
designará objetivos finais. Objetivos intermediários somente são designados quando
essenciais ao cumprimento da missão da tropa considerada.
4.3.2 - Inimigo
O planejamento deve considerar, também, as possibilidades, efetivos, eficiência em
combate, armamento e equipamento do inimigo. Seu dispositivo influenciará na
seleção da forma de manobra tática e na organização da tropa para o combate. Por
sua vez, o conhecimento de suas peculiaridades e deficiências permitirá avaliar
vantagens e desvantagens de cada linha de ação (LA) em estudo.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

Em face da eficácia de uma defesa organizada, o comandante que ataca deve buscar,
agressivamente, brechas do dispositivo inimigo. Sua articulação defensiva deve ser
estudada de modo a ser obstruída e tornada inoperante. Deve ser dada ênfase à
localização e identificação de sua reserva.
4.3.3 - Terreno
As considerações afetas ao estudo dos aspectos militares do terreno são objeto de
detalhamento no CGCFN-20 Manual de Inteligência de Fuzileiros Navais.
4.3.4 - Meios disponíveis
A disponibilidade de elementos de combate, de apoio ao combate e de apoio de
serviços ao combate deve ser avaliada pelo atacante ao elaborar seus planos e
estabelecer o respectivo poder de combate.
Tais disponibilidades raramente permitem a atribuição de um poder de combate de
igual valor a todas as peças de manobra. Além disso, deve-se evitar o emprego de um
excessivo poder de combate contra a principal força inimiga, quando ele puder ser
empregado, com maior eficiência, em outra parte da frente. Por isso, normalmente,
deve-se prever um AtqPcp e um ou mais AtqSec. Como já mencionado, poderá não
haver designação prévia do AtqPcp e do(s) AtqSec (artigo 1.4).
4.3.5 - Tempo disponível
O judicioso aproveitamento do tempo é vital, quer no planejamento, quer na
execução do ataque, devendo tal componente ser considerado juntamente com os
demais fatores da decisão.
Durante o planejamento, é importante considerar que, quanto mais tempo o defensor
dispuser, mais aperfeiçoará seu dispositivo. Por outro lado, deve ser concedido aos
elementos subordinados, em todos os escalões, tempo suficiente para a realização de
seus próprios reconhecimentos e exames da situação, elaboração das diretivas e
conseqüente emissão de ordens.
Não obstante, o tempo não é apenas um fator cuja disponibilidade ou escassez
condiciona a execução de planos, a transmissão de ordens, a realização de
reconhecimentos e os deslocamentos de tropas. Durante a batalha, a sincronização do
movimento da tropa com o apoio ao combate transforma-se em verdadeiro
amplificador do poder relativo de combate, uma vez que o inimigo encontrará muito
mais dificuldade em se contrapor, simultaneamente, a ataques terrestres e aéreos,
fogos diretos e indiretos, interferência eletromagnética em suas comunicações,

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

incursões e outras ações. A simultaneidade destas ações pode levar o inimigo ao


colapso em curto prazo, já que a soma dos efeitos será maior do que se as ações
fossem desencadeadas sucessivamente.
Na execução do ataque, a rapidez catalisa a surpresa, a confusão e a desorganização
levadas às linhas inimigas. Não deve ser concedido tempo para que o inimigo se
recupere, identifique a ameaça, movimente tropas e emasse fogos contra o atacante.
4.4 - SELEÇÃO DE OBJETIVOS
A seleção de objetivos está intimamente ligada à análise da missão e ao estudo dos
acidentes capitais e das vias de acesso. A habilidade para bem selecionar os objetivos é
atributo importante do comandante.
Os objetivos devem possuir características, como, por exemplo:
- ser facilmente identificáveis;
- sua conquista ou destruição deve ser possível dentro das limitações de tempo e espaço
impostas, bem como estar coerente com o poder de combate da tropa considerada;
- sua conquista deve assegurar a destruição do inimigo que o ocupa ou a ameaça desta
ocorrência deve forçar o inimigo a retrair;
- sua conquista deve facilitar futuras operações; e
- sua conquista deve proporcionar segurança.
A área designada como objetivo deve ser conquistada e controlada não sendo,
entretanto, necessária toda sua ocupação física. Quando esta área for grande, conquista-
se apenas o terreno dominante em seu interior, sendo o restante batido por fogos.
O objetivo que consubstancia o cumprimento da missão denomina-se objetivo final.
Objetivo intermediário é aquele cuja conquista ou destruição contribui para a conquista
ou destruição do objetivo final. Normalmente, o comandante atribui aos seus elementos
de manobra apenas objetivos finais, para não acarretar retardo no desenvolvimento da
operação. Entretanto, pode ser necessário estabelecer objetivos intermediários para:
- facilitar a coordenação, o controle e a unidade de esforços;
- proporcionar segurança à manobra; e
- permitir mudança na direção, no dispositivo ou no ritmo da operação.
Por sua vez, objetivo decisivo é aquele, dentre os objetivos finais, cuja conquista ou
destruição contribui decisivamente para o cumprimento da missão. Para ele deve ser
sempre dirigido o AtqPcp e tal fato deve refletir-se em todas as LA em estudo. Caso
dentre os objetivos finais não possa haver a caracterização de um decisivo, o

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desenvolvimento das LA indicará para onde será direcionado o AtqPcp.


4.5 - CONCEITO DA OPERAÇÃO
Considerando os aspectos já analisados e seguindo a sistemática do PPM, o comandante
expressa como tenciona dar cumprimento à sua decisão. Formula, então, o conceito da
operação, que inclui, basicamente, sua idéia de manobra e o pertinente plano de apoio
de fogo, além de detalhes essenciais quanto a segurança, comunicações, apoio ao
combate e apoio de serviços ao combate.
Todos estes componentes são estudados concorrentemente, elaborados em íntima
coordenação e, ao final do planejamento, incorporados à diretiva.
4.6 - IDÉIA DE MANOBRA
Os principais aspectos da idéia de manobra na ofensiva resultam do detalhamento da
LA que deu origem à decisão do comandante. A idéia de manobra será consubstanciada
no conceito de operação, por meio da distribuição de forças e do estabelecimento de
medidas de coordenação e controle, que podem incluir, além dos objetivos:
- direção de ataque;
- eixo de progressão;
- hora do ataque (devem ser evitados horários estereotipados, como por exemplo o
ICMN);
- limites;
- linha de controle;
- linha de partida;
- medidas de coordenação de fogos;
- ponto de controle;
- ponto de coordenação;
- ponto de ligação;
- posição de assalto;
- posição de ataque;
- zona de ação; e
- zona de reunião.
Naturalmente, o comandante poderá deixar de empregar algumas delas, como incluir
outras. O detalhamento sobre cada uma das medidas de coordenação e controle
encontra-se no CGCFN-60 Manual de Comando e Controle de Fuzileiros Navais. As
medidas de coordenação e controle utilizadas em operações específicas, como ataque

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

noturno, infiltração, junção etc, serão estudadas quando tais assuntos forem enfocados.
4.6.1 - Seleção de frente de ataque
Nas ações terrestres no interior de uma cabeça-de-praia, ou mesmo após sua
conquista, os elementos de primeiro escalão de um GptOpFuzNav podem ter que
progredir com rapidez, segundo eixos de progressão, ou estar desdobrados em áreas
cujas dimensões ultrapassem suas possibilidades táticas normais (larga frente). Estas
condições podem resultar na ocorrência de espaços vazios entre as referidas peças de
manobra e na exposição de seus flancos.
Para fazer face a tais contingências, o comandante poderá ser levado à seleção de
uma frente de ataque, isto é, parte da zona de ação onde lançará seu ataque principal,
em ação decisiva para o cumprimento de sua missão. No restante da área serão
realizadas ações secundárias, tais como fixação, despistamento, manutenção do
contato, vigilância etc.
A seleção de frente de ataque repousa na aplicação cuidadosa dos princípios da
concentração e da economia de meios, já que consiste em emassá-los no local
adequado e no momento oportuno, empregando o mínimo de forças necessárias nas
partes onde não se busca a decisão. Os Princípios de Guerra são detalhados na
Doutrina Básica da Marinha (DBM).
4.7 - PLANO DE APOIO DE FOGO
É da maior importância um planejamento de fogos detalhado e integrado à idéia de
manobra. Deve ser previsto o emprego de todas as armas de apoio disponíveis,
orgânicos ou não (morteiros, artilharia, fogo naval e meios aéreos), inclusive dos
elementos de reserva.
4.7.1 - Fases do apoio de fogo
Na ofensiva, usualmente os fogos de apoio podem ser distribuídos em quatro fases:
- fogos desencadeados antes da preparação;
- fogos de preparação;
- fogos de apoio durante a execução do ataque; e
- fogos durante a consolidação do objetivo e reorganização da tropa.
Os fogos antes da preparação e os de preparação serão desencadeados ou não,
levando-se em conta a necessidade de sigilo.
a) Fogos desencadeados antes da preparação
Normalmente, antes da preparação são desencadeados fogos sobre alvos de

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

oportunidade e para apoiar a movimentação e o desdobramento de forças. Poderão


ser desencadeados, ainda, fogos de inquietação e de interdição, para limitar a
movimentação do inimigo, interromper suas comunicações e impedir o
deslocamento de suas reservas. Dependendo da situação, neste período a artilharia
efetuará a regulação dos seus tiros.
b) Fogos de preparação
Os fogos de preparação visam desorganizar os sistemas de comando e
comunicações do inimigo, obter superioridade sobre seus meios de apoio de fogo
e destruir ou neutralizar outros elementos que possam dificultar o ataque.
Quanto ao atacante, tais fogos auxiliam na obtenção e manutenção do ímpeto e
preparação psicológica para o assalto.
c) Fogos durante a execução do ataque
Desencadeados para apoiar o avanço da tropa atacante. Durante o planejamento
serão selecionados alvos capazes de interferir com o desenvolvimento do ataque e
sobre os mesmos serão desencadeados fogos a pedido. Alvos inopinados que
surjam durante o ataque serão batidos também a pedido.
d) Fogos durante a consolidação e reorganização
O plano de apoio de fogo deve prever a proteção da tropa após a conquista do(s)
objetivo(s). Os dados pertinentes devem ser tão completos quanto possível, de
modo a permitir rápida e eficiente reação às tentativas do inimigo de se
reorganizar e/ou contra-atacar.
4.7.2 - Desenvolvimento do plano de fogos
O planejamento do apoio de fogo tem início com a divulgação do conceito preliminar
da operação que inclui, entre outros, um conceito preliminar do apoio de fogo.
Em cada nível dos elementos de manobra, a partir do escalão subunidade, é
elaborada uma lista incluindo alvos conhecidos ou suspeitos, bem como objetivando
a proteção da conquista de cada objetivo. A seguir, através de processo contínuo e
concorrente em todos os escalões, haverá uma seleção e integração de alvos nos
respectivos planos de apoio de fogo, conforme detalhado no CGCFN-50 - Manual de
Apoio de Fogo de Fuzileiros Navais.
4.8 - OUTROS APOIOS AO COMBATE
Além dos aspectos já mencionados sobre o apoio de fogo, cabem as considerações a
seguir sobre outros elementos de apoio ao combate.

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4.8.1 - Carros de combate


Os carros de combate, quando empregados em conjunto com a infantaria,
preferencialmente apoiada por viaturas blindadas, podem realizar atividade de
combate, recebendo e cumprindo tarefas de ataque e defesa, em particular aquelas
onde as características intrínsecas desses meios sejam exigidas.
Quando não atuando como elemento de combate os carros de combate são
empregados, primordialmente, no apoio, destruindo forças inimigas, suas armas, seus
blindados e suas instalações.
No planejamento para o emprego dos carros de combate, consideram que podem
receber uma ou mais das seguintes tarefas:
- apoiar a infantaria;
- integrar coluna mecanizada; e/ou
- executar defesa anticarro.
O detalhamento sobre o emprego do carro de combate em apoio ao ataque
coordenado encontra-se no CGCFN-32.1 Manual de Blindados de Fuzileiros Navais.
4.8.2 - Engenharia
Os elementos de engenharia serão utilizados normalmente para abrir passagens em
obstáculos, efetuar reparos ligeiros em estradas, reforçar e reparar pequenas pontes,
melhorar vaus, lançar e operar portadas e pontes flutuantes, preparar e executar
destruições, construir obstáculos e assistir aos demais elementos na execução de
tarefas de engenharia nos respectivos níveis.
O detalhamento sobre o emprego da engenharia em apoio ao ataque coordenado
encontra-se no CGCFN-33.1 Manual de Engenharia de Fuzileiros Navais.
4.8.3 - Comunicações
O apoio de comunicações buscará, essencialmente, manter a continuidade das
ligações durante toda a execução do ataque. Preocupação especial deverá existir
durante os deslocamentos do comandante na ZAç visando a não interrupção dos
canais disponíveis. Normalmente, haverá ênfase na exploração do canal
radioelétrico.
O detalhamento sobre o emprego das comunicações em apoio ao ataque coordenado
encontra-se no CGCFN-60.1 - Manual de Comunicações de Fuzileiros Navais.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

4.9 - APOIO DE SERVIÇOS AO COMBATE


As necessidades de apoio de serviços ao combate são consideradas na fase de
planejamento de modo que o ataque não sofra solução de continuidade por problemas
logísticos. O apoio pertinente deve ser levado o mais à frente possível, evitando-se
mudanças das instalações logísticas durante o ataque. Entretanto, elas deverão estar em
condições de cerrar após o cumprimento da missão do comandante.
Durante o ataque, as funções logísticas não devem sofrer solução de continuidade,
particularmente o abastecimento de itens críticos, saúde, transporte e evacuação.
O detalhamento sobre o apoio de serviços ao combate durante o ataque coordenado
encontra-se no CGCFN-40.1 – Manual do Batalhão Logístico de Fuzileiros Navais.
4.10 - INFORMAÇÕES
As atividades de inteligência desempenham papel importante na fase do planejamento
da operação, uma vez que servirão de base para o desenvolvimento do plano de ação e
elaboração da diretiva. Durante a execução do ataque, fornecerão elementos que
permitirão ao comandante intervir na manobra. O comandante deve manter-se
informado sobre a progressão do ataque, da reação do inimigo e da situação das tropas
amigas, a fim de manobrar as suas forças mais eficientemente.
Todos os órgãos de busca devem ser utilizados. Durante o planejamento, seu esforço
será orientado na obtenção de dados sobre a identificação e valor da tropa inimiga em
contato, na reserva e em condições de reforçar, bem como de suas armas de apoio,
natureza de suas instalações defensivas, localização das instalações de comando e
logísticas, dos postos avançados e dos limites entre as tropas.
Após iniciado o ataque, deverão ser buscados também informes sobre o deslocamento
das forças inimigas e de suas armas de apoio, o grau de resistência de suas tropas em
contato, o consumo de munição e as atividades logísticas, o que consubstancia a
situação corrente do seu poder de combate e situação logística.
A obtenção de dados sobre as condições climáticas e meteorológicas e sua influência
sobre o terreno deverá ser tarefa contínua.
4.11 - SEGURANÇA
Ao elaborar seu plano de ataque, o comandante considera o estabelecimento de
medidas visando preservar o sigi1o da operação (ocasião, local, preparativos, etc),
manter a integridade do dispositivo da tropa e sua liberdade de manobra, tem como

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

evitar a interferência inesperada do inimigo.


A análise das possibilidades do inimigo fornecerá indicações para a seleção de
medidas de segurança.
Entretanto, as circunstâncias devem ser cuidadosamente avaliadas, de modo a que
medidas excessivas de segurança não interfiram com o cumprimento da missão, isto é,
estabelece-se um balanceamento entre as vantagens obtidas com a cautela e o proveito
decorrente da iniciativa e da audácia, através a aceitação de certo risco.
Por sua vez, cada comandante subordinado é responsável pela segurança de sua tropa,
independentemente de medidas estabelecidas pelo escalão superior.
As considerações sobre segurança constantes do artigo 2.2 podem ser aplicadas
seletivamente nas diversas fases do ataque - artigo 4.12 - devendo, ainda, serem
observadas as particularidades a seguir.
Além disso, deve ser considerado o emprego de medidas passivas de segurança e de
despistamento como utilização de cobertas e abrigos, dispersão, camuflagem,
fumígenos, etc.
4.11.1 - Segurança à frente
Durante a execução do ataque, a própria dinâmica e violência das ações pertinentes
são suficientes para manter o inimigo engajado, sendo a segurança à frente
proporcionada, basicamente, pelos elementos de primeiro esca1ão.
4.11.2 - Segurança de flanco e nos intervalos
As características já vistas no inciso 4.6.1, que levam à necessidade de seleção de
frentes de ataque, acarretam, também, o estabelecimento de medidas de segurança.
A segurança nos flancos pode ser obtida aumentando-se o poder de combate dos
elementos que aí atuarão, eixando-se a reserva na direção do provável acesso do
inimigo ou empregando elementos especificamente designados que atuarão à
semelhança das flanco-guardas, descritas no artigo 2.2.
A segurança nos intervalos entre os elementos de manobra pode ser obtida pelo
emprego de observação e vigilância, patrulhas e tropas especialmente designadas.
Durante o planejamento deve ser claramente definida a responsabilidade pela
segurança nos flancos e nos intervalos, embora cada comandante subordinado tenha
a seu cargo a segurança de suas tropas.
4.11.3 - Segurança de retaguarda
A segurança dos elementos situados à retaguarda, normalmente de comando, de

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

apoio ao combate e de apoio de serviços ao combate, é conseguida empregando-se


efetivos compatíveis com as necessidades, mas sem comprometer o poder de
combate da tropa incumbida de cumprir a missão do comandante. As principais
medidas a serem empregadas envolvem a observação e vigilância, patrulhas e
alarme antecipado. Localmente, cada elemento situado na área de retaguarda será
responsável pela própria segurança, devendo, portanto, ter condições de se defender
como elemento de combate. Se a situação assim o exigir, parcela da reserva pode se
deslocar com elementos que estejam na área de retaguarda.
4.12 - FASES DO ATAQUE
Um ataque é planejado e se completa, normalmente, segundo as três fases já
apresentadas e detalhadas para as operações ofensivas no artigo 1.3: preparação;
execução; e continuação.
4.12.1 - Preparação
a) Ações preliminares
Para expedir suas ordens o comandante se posiciona onde melhor possa
supervisionar as ações, acelerar os preparativos para o ataque e exercitar a
liderança.
Deve-se considerar que a execução de fogos desencadeados antes da preparação
e de fogos de preparação acarretam na perda da surpresa. Portanto, se previstos,
serão iniciados os fogos de preparação, bem como as operações de apoio
(incursões, fintas, demonstrações, etc).
São intensificadas as atividades de inteligência, particularmente as de
observação e vigilância, para detectar a reação inimiga aos fogos preparatórios,
ao movimento das tropas e, principalmente, a qualquer operação de apoio.
Um reconhecimento contínuo e sistemático é desenvolvido em todos os escalões,
com vistas a complementar as informações existentes e familiarizar o atacante,
principalmente as menores frações, com o terreno e o inimigo. Para tal, serão
utilizadas patrulhas, observação visual, fotografias aéreas e outros meios e
processos de reconhecimento. Como já mencionado, o tempo necessário para
tais atividades deve ser considerado previamente, levando-se em conta que,
quanto mais informes forem disponíveis, maiores são as possibilidades do
sucesso inicial do ataque.
Os principais aspectos a serem reconhecidos incluem frentes de ataque, pontos

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

dominantes, obstáculos, locais de passagem, itinerários e/ou vias de acesso,


posições inimigas ocupadas ou passíveis de o serem, condições de
desenfiamento e disfarce em relação às tropas amigas e inimigas e outros
aspectos topotáticos de interesse.
b) Reconhecimento em força
Quando o atacante não conseguir obter, através seu esforço de busca, dados
sobre a principal posição do inimigo, iniciará as ações ofensivas por meio de um
reconhecimento em força (artigo 2.3).
c) Deslocamento para o ataque
Uma tropa desloca-se para o ataque seja em movimento coberto por forças
amigas em contato, seja por um movimento descoberto. O primeiro caso poderá
originar uma substituição em posição ou uma ultrapassagem e o segundo será
decorrente de uma marcha para o combate.
No ataque coordenado, normalmente são ocupadas ZReu onde terão lugar os
preparativos para o combate. Daí a tropa desloca-se para as PAtq ou diretamente
para a linha de partida LP. Quando prevista a ida para as PAtq, será pelo tempo
mínimo necessário aos ajustes finais. A ocupação de PAtq é desejável porque é a
única oportunidade, para a maior parte da tropa, de visualizar os objetivos e a
ZAç no terreno. Em situações de emergência, poderá ser dispensada a ocupação
de PAtq. Nesse caso, os preparativos finais serão realizados na última ZReu
ocupada. Maiores detalhes sobre ZReu e PAtq constam do CGCFN-60 Manual
de Comando e Controle de Fuzileiros Navais.
4.12.2 - Execução do ataque
a) Conduta
Os elementos de primeiro escalão, em movimento coordenado e contínuo,
cruzam a LP no momento determinado e, vigorosamente, dão início à ação
planejada.
A partir das PAtq ou das ZReu o deslocamento poderá ser protegido por fogos
de preparação, observados os aspectos referentes à perda da surpresa. Após o
cruzamento da LP, fogos de apoio serão desencadeados em proveito da
progressão da tropa atacante.
Os GptOpFuzNav poderão realizar seus ataques com apoio de viaturas
blindadas, possibilitando rapidez e proteção blindada.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

Os carros de combate apoiarão a infantaria atacando no mesmo eixo, em eixos


convergentes ou pelo fogo. Quando os fogos do atacante tiverem neutralizado a
eficiência da defesa anticarro inimiga, os carros de combate liderarão o assalto,
provendo ação de choque e facilitando a conquista do(s) objetivo(s).
Caso a defesa anticarro do defensor permaneça forte, a infantaria liderará o
assalto, enquanto os carros de combate a apoiarão pelo fogo.
As tropas que dispuserem de viaturas blindadas apoiadas por carros de combate
explorarão a velocidade, proteção blindada e ação de choque para cerrar sobre o
inimigo e só desembarcarão quando o terreno, a visibilidade reduzida (fumaça,
nevoeiro, escuridão, etc), os obstáculos artificiais ou a ação do inimigo possam
impedir o movimento das viaturas ou, ainda, para realizarem o assalto e a
limpeza do objetivo.
A flexibilidade nas ações é explorada no sentido de manter uma impulsão
contínua do ataque e tirar partido de todas as circunstâncias vantajosas que
venham a ocorrer. Dentre os diversos recursos de que dispõe, o comandante
pode empregar oportunamente suas reservas, realizar incursões e/ou infiltração
com elementos helitransportados, reorganizar rapidamente suas tropas no(s)
objetivo(s) intermediário(s), cerrar seus meios de apoio de fogo e manter
adequado seu apoio logístico. Se necessário, o esforço principal é oportunamente
transferido para outro elemento de manobra em condições de obter resultados
mais decisivos.
Objetivando minimizar sua exposição aos fogos inimigos e também manter a
impulsão do ataque, a progressão da tropa deve ser constante e tão rápida quanto
possível, não sendo retardada para conservar o alinhamento do escalão de ataque
nem para cumprir a idéia de manobra visualizada. Inicialmente as pequenas
frações adotam a formação em coluna, visando passar entre brechas de
concentrações de morteiro e artilharia e obstáculos. Ao alcance dos fogos de
enfiada das armas coletivas inimigas de tiro tenso deve-se abrir o dispositivo e
progredir com especial atenção para a identificação e neutralização da posição
dessas armas. Finalmente, ao alcance das armas portáteis do inimigo deve-se
avançar pelo fogo e movimento.
Deve ser feito um mínimo de paradas no desenrolar das ações, pois permitem ao
inimigo obter tempo para reorganizar-se, prejudicado a impulsão do ataque.

OSTENSIVO - 4-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

Com vistas a buscar um avanço rápido para a conquista do objetivo final, serão
estabelecidas ordens precisas quanto às ações face às resistências encontradas
(desbordamento, destruição e/ou fixação) e nos objetivos intermediários. A
decisão de desbordar deve levar em conta as possibilidades de os elementos
ultrapassados interferirem no cumprimento da missão, realizando um cerco
sobre o escalão de ataque e/ou dificultando os deslocamentos dos elementos de
apoio. A decisão quanto ao desbordamento deve ser amplamente disseminada.
Um mínimo de tropa, com condições de empregar vigorosamente fogos de
apoio, é conservado nos objetivos que se deseja manter. O restante da tropa
prossegue em direção ao objetivo final.
O comandante situa-se onde melhor possa supervisionar as ações e influenciar
suas tropas. Estará em um posto de observação ou em seu órgão de comando e
controle e, em alguns casos, junto a um dos elementos do escalão de ataque. Em
qualquer situação será mantido informado sobre o desenvolvimento do ataque,
as condições dos elementos subordinados e as reações do inimigo, de modo a
exercer o controle da ação planejada e adotar as medidas corretivas que seu
exame corrente da situação indicar: alterar sua organização por tarefas, manobrar
os elementos subordinados inclusive os fogos de apoio, e empregar sua Res.
O assalto ao objetivo final é a concretização do ataque. Para sua execução o
comandante concentra todo seu poder de combate. Normalmente, o controle é
descentralizado ao nível dos pequenos escalões, a fim de permitir-lhes reagir
mais rapidamente às mudanças de situação. É imprescindível o exercício da
liderança e iniciativa para obtenção do sucesso.
Os atacantes progridem até a PAss ou Linha Final de Coordenação (LFC) e após
uma progressão rápida, violenta e bem coordenada, destroem o inimigo pelo
fogo, movimento e ação de choque.
b) Conduta do apoio de fogo
Sempre que possível, o inimigo será destruído apenas pelo fogo. Aos elementos
de manobra restaria a ocupação do(s) objetivo(s).
Os fogos serão aprofundados, sucessivamente, à medida em que o atacante
progride para o assalto ao(s) objetivo(s). Esta perda relativa de apoio será
compensada pela intensificação do emprego, pelas tropas de primeiro escalão, de
suas armas orgânicas.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

As mudanças na idéia de manobra terão reflexos, também, na prioridade do


apoio de fogos.
c) Conduta da reserva
A Res progride à retaguarda dos elementos de primeiro escalão, em condições de
ser rapidamente empregada. Nas operações que exijam grande mobilidade, seu
deslocamento será por lanços, aproveitando ao máximo as cobertas e abrigos
existentes. Havendo disponibilidade de meios, poderá ser aumentada sua
velocidade de deslocamento.
De acordo com a situação, suas armas de apoio orgânicas poderão ser
empregadas em proveito do escalão de ataque. Em seu exame corrente da
situação, o comandante vislumbra situações que possam ser exploradas pelo
emprego da Res na obtenção de resultados decisivos. Ao lançar mão de sua Res,
o comandante comunica o fato ao escalão superior e procura constituir outra, de
acordo com o previsto no inciso 1.4.3.
4.12.3 - Continuação do ataque
Com a conquista do(s) objetivo(s), segue-se uma série de ações com vistas a
consolidar sua posse, reorganizar a tropa e adotar um dispositivo que permita
futuras operações. Dentre estas últimas, poderá ter início o aproveitamento do êxito
e/ou a perseguição, de acordo com o preconizado nos artigos 2.5 e 2.6,
respectivamente.
a) Consolidação
A consolidação compreende a eliminação dos bolsões de resistência inimiga que
não tenham sido destruídos no decorrer do assalto e o estabelecimento de um
dispositivo defensivo que permita a manutenção do objetivo conquistado e o
prosseguimento das ações.
As medidas concernentes à eliminação dos remanescentes inimigos devem ser
iniciadas o mais rapidamente possível, descentralizadas nos vários escalões da
tropa, mas obedecendo às medidas de coordenação e controle fixados para o
ataque. A proteção contra ataques inimigos pode, freqüentemente, ser necessária
para as unidades de apoio ao combate e apoio de serviços ao combate, quando as
áreas de retaguarda dos escalões de ataque não tiverem sido limpas. Deve-se
também proceder à coleta e evacuação dos feridos e dos prisioneiros de guerra.
A manutenção do objetivo inicia-se pela adoção de medidas objetivando a

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

segurança tais como o lançamento de patrulhas, o estabelecimento de postos de


observação e o posicionamento dos elementos de apoio de fogo, todas com
vistas a alertar quanto a possíveis contra-ataques do inimigo.
Normalmente, a idéia de manobra para a conquista do objetivo prevê o
dispositivo inicial que será adotado pelas tropas após sua conquista. Caso sua
missão futura seja a continuação do ataque, o dispositivo será eminentemente
ofensivo, com um mínimo de elementos em posição e o restante à retaguarda,
reorganizando-se para retomar as ações.
Caso a missão seja manter o objetivo e/ou apoiar uma ultrapassagem, como
ocorre, normalmente, após o assalto anfíbio, a tropa adotará um dispositivo
essencialmente defensivo, com a maioria de seus elementos em posição.
b) Reorganização da tropa
A reorganização da tropa deve ser iniciada o mais cedo possível, em conjunto
com a consolidação, sem interferir com o ímpeto do ataque. Será protegida pelas
medidas de segurança já citadas e compreenderá o reajustamento dos planos de
ataque, os deslocamentos dos postos de comando, recompletamento de pessoal e
material, bem como outras providências logísticas.
Durante operações continuadas, deve ser previsto rodízio dos elementos em
primeiro escalão, de modo a permitir tempo para descanso, manutenção e
abastecimento. Este rodízio pode ser executado por alterações na organização
para o combate da tropa ou segundo normas pré-estabelecidas. A ênfase, nesta
etapa, é dada às atividades de ressuprimento e recompletamento.
4.13 - O ATAQUE LIMITADO
O ataque limitado (AtqLmtd) é um ataque realizado, normalmente, sobre parte de uma
ZAç, em pequena profundidade. Sua progressão é limitada em profundidade em
função de um ou mais fatores da decisão.
4.13.1 - Finalidade
O elemento que executa um AtqLmtd estará realizando, em princípio, o AtqSec do
escalão superior. Suas finalidades são, normalmente, fixar o inimigo e/ou suas
reservas em sua ZAç ou conquistar objetivo que proporcione segurança ao AtqPcp.
4.13.2 - Estabelecimento de objetivos
O AtqLmtd poderá ou não receber objetivos. Caso o objetivo não seja imposto, o
comandante do elemento que realiza o ataque pode, resultado do seu exame de

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

situação, estabelecer ou não objetivos para suas peças de manobra.


4.13.3 - Poder de Combate
O poder de combate atribuído a um AtqLmtd é função da sua finalidade. Para fixar
o inimigo na região de penetração de um batalhão em primeiro escalão, o poder de
combate deverá ser suficiente para atingir a sua região de ruptura. Para fixar o
inimigo em contato, o poder de combate poderá ser equivalente ao da tropa em
contato.
4.13.4 - Oportunidades da realização do ataque limitado
A análise dos fatores da decisão, quando da concepção das LA, podem sugerir a
realização de um AtqLmtd no contexto da manobra que será executada.
Quando uma via de acesso (VA) se torna desfavorável à progressão, a partir de
determinada região, ou quando duas VA convergem para o mesmo AcdtCap e este
não comporta duas PçMan, pode-se realizar um AtqLmtd em um trecho da VA
menos favorável.
Diante da necessidade de aumentar o poder de combate de um AtqPcp preservando
a Res forte, o comandante pode decidir efetuar o AtqSec por meio de um AtqLmtd,
estabelecendo, contudo, ZAç e objetivos compatíveis com o poder de combate
deste ataque.
Finalmente, as características do AtqLmtd possibilitam ao comandante concentrar
meios em uma parte da ZAç e economizar meios em outra. Se o inimigo possui
grande poder de combate em contato, o comandante pode fixá-lo em parte da ZAç
com reduzido poder de combate e romper suas posições em uma faixa mais estreita
da ZAç concentrando forças.
O detalhamento sobre o planejamento e a execução dos AtqLmtd se encontra no
CGCFN-31.1 Manual de Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

CAPÍTULO 5
OPERAÇÕES OFENSIVAS EM CONDIÇÕES ESPECIAIS
5.1 – OPERAÇÕES OFENSIVAS SOB CONDIÇÕES DE VISIBILIDADE REDUZIDA
5.1.1 - Introdução
A dinâmica do combate moderno faz com que operações ofensivas tenham que se
desenvolver também em condições de visibilidade reduzida, tanto noturna
(escuridão) como diurna (chuva forte, fumaça, nevoeiro, nevasca, etc).
O surgimento de novas tecnologias afetas ao reconhecimento e vigilância do campo
de batalha, à busca e aquisição de alvos e à visão noturna, tendem a reduzir os
problemas de coordenação e controle inerentes a este tipo de operação. Sob o ponto
de vista do defensor, estes mesmos equipamentos, aumentando a eficiência dos fogos
de apoio, conferem maior solidez à defensiva sob condições adversas de visibilidade.
Este capítulo abordará, basicamente, o ataque noturno, estendendo-se, sempre que
aplicável a outras situações ofensivas que tenham lugar sob condições adversas de
visibilidade.
5.1.2 - Propósitos
- Obter surpresa e explorar as condições psicológicas favoráveis decorrentes.
- Manter pressão, prosseguindo um ataque e/ou aproveitando o êxito.
- Conquistar área necessária para realização de ações posteriores.
- Compensar poder de combate inferior, especialmente em meios aéreos e blindados.
- Reduzir baixas, aproveitando a cobertura proporcionada pela visibilidade reduzida.
- Romper uma forte posição defensiva.
- Atrair a atenção do inimigo para determinada área.
5.1.3 - Vantagens e desvantagens
a) Vantagens para o atacante
- Aumenta a probabilidade de obter surpresa.
- Oculta a progressão das tropas.
- Diminui as possibilidades de busca de alvos pelo inimigo e, conseqüentemente, a
Eficácia de seus fogos.
- Dificulta o apoio mútuo por parte do defensor.
- Dificulta o emprego das reservas pelo inimigo.
b) Desvantagens
Embora contando com apreciáveis vantagens, o atacante não deve deixar de

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considerar a existência de desvantagens, tais como:


- necessidade de planejamento mais detalhado, o que demanda maior tempo para
sua realização;
- necessidade de tropas adestradas e com experiência neste tipo de operação;
- dificuldade no exercício do comando e controle, orientação e coordenação de
fogos;
- dificuldade na identificação de tropas amigas e inimigas; e
- diminuição da eficácia do fogo da tropa atacante.
5.1.4 - Iluminação
Os ataques noturnos podem ser iluminados ou não iluminados.
a) Ataques iluminados
Consiste no emprego de meios de iluminação artificiais. Dentre esses meios,
incluem-se projetores, granadas e foguetes iluminativos e artefatos lançados de
aeronaves. Os projetores, que podem ser posicionados no terreno ou transportados
por helicópteros, representam o tipo de iluminação mais eficiente e mais
econômica. Os foguetes, granadas e demais artefatos iluminativos são empregados
quando, ao contrário dos projetores, não se necessita uma iluminação contínua do
campo de batalha.
Embora a iluminação artificial normalmente tenha efeito idêntico para ambas as
tropas, o atacante deve levar em conta certas vantagens e desvantagens adicionais.
Quanto às vantagens, destacam-se as de possibilitar a conquista de objetivos
profundos, bem como o apoio eficaz de blindados; permitir maior velocidade ao
escalão de ataque; maior facilidade para o exercício do comando e controle; maior
velocidade para a realização das tarefas de engenharia e para a ultrapassagem de
obstáculos; e o aumento da eficácia dos fogos.
Normalmente, a iluminação é utilizada em ataques contra posições fortemente
defendidas e bem organizadas, uma vez que são pequenas as probabilidades de
obtenção da surpresa.
Apresenta como desvantagens diminuir a probabilidade de obtenção da surpresa,
exigir artefatos especiais, expor o atacante aos fogos do inimigo e facilitar a
movimentação das reservas deste.
Uma desvantagem relativa a ponderar quando a iluminação artificial for produzida
por meios providos de pára-quedas é que apesar de ser recomendável lançá-los

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

sobre ou à retaguarda das posições inimigas com a finalidade de delinear seu


dispositivo, há possibilidade de o vento conduzi-los para o lado do atacante,
proporcionando vantagem ao defensor.
Outro aspecto a considerar é o perigo de que o uso de iluminação artificial em
dada área prejudique operações não iluminadas em outras.
Finalmente, a iluminação artificial pode causar danos a determinados
equipamentos de visão noturna, bem como, ao ser interrompida, ainda à noite,
demandar certo tempo para adaptação da visão dos atacantes ao ambiente. O
tempo de adaptação depende da intensidade da luz artificial utilizada.
b) Ataques não iluminados
Nos dias atuais, o ataque noturno não iluminado passou a ser realizado com o
auxílio dos modernos equipamentos de visão noturna (intensificadores de imagens
ou formadores de imagens térmicas), que minimizam bastante as restrições de
visibilidade à noite. Tais meios, além de contribuírem para o sigilo e segurança do
ataque, apresentam as vantagens mostradas para o ataque iluminado e eliminam as
desvantagens, exceto a de exigirem equipamentos especiais.
Deve-se considerar, entretanto, que a posse de equipamentos de visão noturna
pelo defensor repercute a seu favor, dada sua maior familiaridade com o terreno.
c) Considerações sobre os efeitos dos fatores de redução de visibilidade
A iluminação artificial e alguns equipamentos de visão noturna têm sua eficácia
reduzida sob condição de chuva forte, fumaça, nevoeiro e nevasca.
Os formadores de imagem térmica, normalmente, são eficazes em situações de
chuva forte, nevoeiro, nevasca e, na maioria das vezes, na fumaça.
Ventos fortes podem ampliar o efeito da chuva sobre a visibilidade, prejudicando,
principalmente, o combatente que estiver na direção da incidência do vento, ou
seja, a barlavento.
5.1.5 - Ataque noturno
a) Conceitos básicos
Embora a moderna tecnologia tenha passado a permitir o combate à noite, como
se dia fosse, mesmo com alguma redução no alcance da visibilidade, sua
consecução é das mais difíceis, dadas as peculiaridades ambientais pertinentes.
O emprego judicioso dos equipamentos de visão noturna, o reconhecimento
minucioso, o planejamento detalhado, o sigilo obtido e a utilização de tropas

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

experientes e descansadas podem ser decisivos no resultado final, enquanto que


deficiências nestes aspectos podem desequilibrá-lo em favor do defensor.
b) Planejamento
A decisão de efetuar um ataque noturno deve ser tomada com a devida
antecedência, de modo a permitir o reconhecimento diurno, possibilitar o
planejamento detalhado e a coordenação necessária, bem como a realização de
ensaio(s).
Sempre que possível, os ensaios devem ser realizados em terreno semelhante
àquele em que o ataque vai ser realizado, bem como nas mesmas condições
previstas de iluminação.
Os fundamentos para o planejamento dos ataques noturnos são os mesmos
empregados nos ataques diurnos, exceto quanto a alguns aspectos específicos
decorrentes das próprias condições da operação. Assim, deve ser dada ênfase ao
reconhecimento e ao controle da tropa, usando-se, para este último, mais medidas
do que o habitual para operações à luz do dia.
A utilização de meios para fazer face às condições de visibilidade reduzida deve
ser objeto de considerações especiais, em face dos fatores intervenientes, e demais
aspectos mencionados no inciso 5.1.4.
Os planos devem ser simples, porém minuciosos. A simplicidade do planejamento
é obtida levando-se em consideração os seguintes aspectos:
- a seleção de um objetivo nítido e que possa ser conquistado rapidamente;
- a manobra deve ser realizada, sempre que possível, em uma única direção,
devido às dificuldades para mudanças de direção sob visibilidade reduzida,
evitando movimentos que possam ocasionar o risco de engajamento com tropas
amigas; e
- a profundidade do ataque deve prever um objetivo final cuja conquista não
implique estabelecimento de objetivos intermediários.
Por outro lado, os planos devem guardar a devida flexibilidade de modo a
permitirem a rápida passagem do ataque não iluminado para iluminado e/ou sem
fogos de apoio para apoiado, tão logo seja perdida a surpresa.
Nos ataques iluminados, os carros de combate integram o escalão de ataque,
enquanto nos não iluminados tal ação dependerá do terreno, da existência de
equipamentos adequados e do grau de sigilo desejado.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

Caso não acompanhem o escalão de assalto, os carros de combate podem apoiá-lo


pelo fogo, avançando após a conquista do objetivo para proteger a consolidação
quando a visibilidade permitir.
c) Reconhecimento
Um ataque noturno não pode prescindir de informações detalhadas sobre o
inimigo. Assim, além do estudo de cartas e de fotografias, os comandantes dos
diversos escalões realizarão um minucioso reconhecimento diurno e noturno.
Adicionalmente serão empregadas patrulhas, observadores aéreos, veículos aéreos
não tripulados e outros meios de obtenção de dados.
Dentre os aspectos importantes a reconhecer, além daqueles diretamente ligados
ao dispositivo inimigo e comuns a qualquer ataque (campos de minas, obstáculos
diversos, posições de armas, elementos de segurança, vigilância, etc), incluem-se
os itinerários além da linha de partida (LP) e os acidentes do terreno que serão
usados para balizar medidas de coordenação e controle.
Usualmente, informes detalhados sobre a área ocupada pelo inimigo serão obtidos
por patrulhas noturnas, preservando ao máximo a manutenção do sigilo. Essas
patrulhas devem ser integradas, sempre que possível, por militares com habilidade
no idioma do inimigo, se for o caso. Posteriormente, integrantes das patrulhas
deverão ser empregados como guias do escalão de ataque, na demarcação de
medidas de coordenação e controle e/ou nos destacamentos de segurança.
d) Surpresa
A surpresa é essencial para o sucesso do ataque noturno e será obtida pela adoção
das medidas de segurança comuns aos ataques diurnos e pela observação dos
seguintes aspectos:
- controlar cuidadosamente o reconhecimento e outras medidas preparatórias, bem
como o ruído e luzes, de modo a não chamar atenção do inimigo;
- empregar medidas de despistamento tais como ruídos, luzes, iluminação do
campo de batalha e fintas, para desviar a atenção do inimigo para outros locais;
- desencadear o ataque em momento inesperado, partindo de uma direção que
ofereça as melhores probabilidades de surpresa;
- observar silêncio rádio até ser descoberto pelo inimigo; inicialmente utilizar
comunicações por fio;
- conduzir o ataque sem iluminação até ser descoberto ou até que o escalão de

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

ataque atinja a linha provável de desenvolvimento;


- empregar armas de fogo equipadas com supressor de ruídos, armas brancas,
bestas e garrotes, principalmente nos momentos iniciais das ações na eliminação
de elementos de segurança; e
- evitar estabelecer uma rotina de procedimentos antes de cada ataque, de modo a
não revelar, prematuramente, a intenção de realizar o ataque seguinte.
e) Apoio de fogo
O apoio de fogo é planejado e controlado como nos ataques diurnos, consideradas
as dificuldades de ajustagem dos tiros em face do binômio: condições de
iluminação e equipamentos disponíveis. Esta deficiência pode ser atenuada
realizando as ajustagens necessárias durante o dia. O emprego da preparação terá
em vista o grau de sigilo previsto. Normalmente não será desencadeada em ataque
não iluminado até que o inimigo perceba a ação. Fogos a pedido serão
desencadeados após a perda da surpresa, seja para bater a posição defensiva, seja
para isolar a área e impedir a chegada de reforços e/ou o retraimento.
Em ataques dirigidos contra posições fortemente defendidas, quando as
probabilidades de obtenção da surpresa são reduzidas, fogos de apoio serão
desencadeados desde a preparação.
f) Medidas de coordenação e controle
Conforme já mencionado, os ataques noturnos demandam mais medidas de
coordenação e controle do que os diurnos (Fig. 5.1). Adicionalmente, certas
medidas requerem considerações especiais.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

LLP LLP
Obj 2 Obj 1

LPD LPD

PLibGC
PLibGC

PLibPel

PPsg
LP/LC
LP

PAtq PAtq

PLibCia
PLibCia

Fig. 5.1 - Medidas de coordenação e controle do ataque noturno


I) Hora do Ataque
Normalmente, a hora do ataque é selecionada de modo a proporcionar as
maiores chances de obtenção de surpresa.
Quando o ataque noturno tem por finalidade conquistar terreno favorável ao
desencadeamento de um ataque diurno posterior, será lançado durante as horas
finais da escuridão, de modo a não dar ao inimigo tempo suficiente para
reorganizar-se e fazer frente ao ataque diurno.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

Os ataques noturnos lançados durante as horas iniciais da escuridão têm como


finalidade complementar uma operação ofensiva diurna bem sucedida.
Permitem ao atacante aproveitar o longo período de visibilidade reduzida para
valer-se do impacto psicológico e conseqüente perda de controle do inimigo,
impedindo-o de reorganizar-se e de conduzir o combate em profundidade.
Com vistas a manter a pressão, ataques iniciados com a escuridão prosseguem,
sem interrupção, durante o dia.
II) Posição de Ataque
Para o ataque noturno, uma PAtq deverá atender aos seguintes requisitos:
- ter sua extensão maior perpendicular à direção de ataque;
- ser de fácil identificação à noite ou estar convenientemente balizada quando
isso não for possível; e
- estar situada em área na qual a vegetação não dificulte as ações previstas para
esta posição.
III) Linha de Partida
Tendo em vista a redução da visibilidade, maiores cuidados são requeridos na
seleção e balizamento da LP. Se possível, será utilizada a LC ou a orla anterior
da PAtq. Normalmente a tropa cruzará a LP em coluna e, neste caso, serão
estabelecidos e balizados PPsg tantos quantos forem as frações a transpor a LP
em coluna.
IV) Pontos de Liberação
Os PLib sucessivos são fixados pelo escalão superior para cada elemento que
os utilizará, a partir da ZReu. Sua finalidade é regular o desdobramento
gradativo da força atacante até os escalões elementares. Devem ser
suficientemente distanciados, de modo a possibilitar a cada escalão o
movimento lateral necessário e seguir seu próprio itinerário. Os PLib serão
estabelecidos considerando-se:
- a natureza do terreno;
- a distância do objetivo e a localização da Linha Provável de Desenvolvimento
(LPD);
- o dispositivo do inimigo; e
- o dispositivo e as formações a serem adotados.
Os PLib devem ser balizados e, preferencialmente, guarnecidos por militares

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

que tenham participado das atividades de reconhecimento.


V) Linha Provável de Desenvolvimento
Na LPD a tropa atacante se desenvolve inteiramente e parte para o assalto final
ao objetivo. Deve ser facilmente identificável à noite ou convenientemente
balizada e, de preferência, perpendicular à direção do ataque (DireAtq).
Caso existam obstáculos nesta situação, a LPD será localizada a partir das
extremidades dos mesmos.
Sua distância ao objetivo variará de acordo com o terreno, com a previsão e
intensidade dos fogos de preparação, com a reação do inimigo e seu dispositivo
defensivo. Em qualquer situação, estará entre 100 a 200 metros, de modo a
possibilitar a adoção do dispositivo em linha para o assalto sem que a tropa seja
detectada e permitir eficiente controle.
Sua representação gráfica será uma linha cheia, com as iniciais LPD nas
extremidades.
VI) Objetivos
Os objetivos devem ser facilmente identificáveis à noite e situados em terreno
favorável a aproximação. Normalmente, para cada escalão, terão dimensões
menores do que no ataque diurno.
VII) Direção de Ataque
Em face da necessidade de controle centralizado, direções de ataque são
determinadas a partir do escalão batalhão e superiores.
VIII) Linha Limite de Progressão
É a linha balizada por acidentes nítidos do terreno e demarcada tanto em
profundidade quanto nos flancos do objetivo, não devendo ser ultrapassada
pela força atacante. A Linha Limite de Progressão (LLP) é utilizada para
controlar o avanço do escalão de ataque e evitar que seja atingido pelos fogos
de proteção planejados para isolar o objetivo.
Sua representação gráfica será uma linha cheia, com as iniciais LLP nas
extremidades.
g) Identificação à noite
Devem ser previstas medidas e meios simples e de fácil implementação, para
permitir a identificação da tropa, bem como facilitar o contato visual durante a
progressão e ações subseqüentes.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

As medidas mais usadas incluem as senhas e contra-senhas e emissão de ruídos


característicos, todos em tom baixo, porém audíveis. Dentre os meios podem ser
empregadas braçadeiras, fitas, etc, na cor branca ou luminosas. Sempre que
possível, deve haver distintivos diferentes para oficiais e graduados.
Fitas, fios, bastões, etc, luminosos ou não, podem ser utilizados para demarcar
medidas de coordenação e controle. Serão conduzidos por elementos precursores
ou pelo próprio escalão de ataque.
Deve ser considerado que quanto mais material luminoso for introduzido, maiores
as possibilidades de quebra do sigilo, bem como ressaltada a importância do
silêncio.
Outras medidas de coordenação e controle são detalhadas no CGCFN-60 Manual
de Comando e Controle de Fuzileiros Navais.
5.1.6 - Execução do ataque noturno
a) Progressão inicial
Guias conduzirão a tropa desde as ZReu até a LPD, seguindo por passagens e
itinerários previamente demarcados. Ao atingir um PLib a tropa não deve deter-se,
sendo a ação executada pelos comandantes dos escalões liberados.
A formação a ser adotada dependerá do escalão considerado, do terreno, da
distância aos objetivos, da provável reação do inimigo e das condições de
iluminação. Para facilitar o controle, a progressão será realizada normalmente em
linha reta e na formação que permita contato visual entre os integrantes de um
mesmo escalão.
A velocidade de progressão será função do terreno e do regime de iluminação
escolhido. Poderá ser necessário o cruzamento da LP em momentos diferentes,
bem como parar em LCt ou nos PLib, de modo que a chegada à LPD ocorra no
horário previsto.
A tropa vai se fracionando à medida em que atinge os PLib respectivos. Os
comandantes de subunidade e frações menores seguem à frente dos seus escalões
para assegurar a impulsão do movimento, orientá-lo e coordenar seu
desenvolvimento e os fogos de apoio quando realizados.
Uma opção a ser considerada é iniciar o ataque sem apoio de fogo (ApF) e sem
iluminação artificial, de forma a não se perder o fator surpresa. O escalão de
ataque deve progredir com cautela e silêncio até ser detectado pelo inimigo. A

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partir de então, terão início os fogos de apoio e a iluminação, passando o ataque a


se desenvolver como nas operações diurnas.
Destacamentos provêm a segurança à frente e nos flancos do escalão de ataque,
eliminando elementos de segurança do inimigo, demarcando e controlando
previamente os PLib até a LPD.
Deve haver uma avaliação cuidadosa da reação inimiga, em termos de considerar
se houve perda da surpresa ou não. Tiros isolados e mesmo um choque entre
patrulhas devem ser ponderados, para não precipitar medidas que revelem o
ataque em andamento ou mesmo apressem o assalto.
b) Assalto
A velocidade de progressão deve ser estritamente regulada de modo que o tempo
de parada na LPD seja o menor possível.
O assalto deve ser iniciado mediante ordem e a tropa o executa agressivamente,
empregando fogo, movimento e combate aproximado, emitindo ruídos para
atemorizar o inimigo. É importante desencadear grande volume de fogos para
obter o efeito das armas de apoio disponíveis no ataque diurno e não presentes na
ocasião, impondo, assim, superioridade ao inimigo; munição traçante será
largamente empregada para auxiliar na ajustagem dos tiros. A partir da LPD e
após a quebra do sigilo, utilização de artifícios iluminativos é liberada, de modo a
auxiliar a orientação do pessoal e a ajustagem dos tiros.
É necessário um controle rigoroso pelos comandantes, para que a tropa mantenha
uma formação em linha e pressione constantemente durante o assalto.
Caso a tropa atinja a LPD sem ser pressentida, o assalto é iniciado em silêncio, até
que o sigilo seja quebrado, prosseguindo, então, como acima descrito. O escalão
de ataque deve prosseguir rapidamente até a LLP.
Uma infiltração pode ser desencadeada em coordenação com o ataque noturno,
objetivando criar confusão e atingir órgãos de comando, comunicações e de apoio
de fogo do inimigo, bem como suas reservas.
Fogos de proteção são desencadeados para isolar o objetivo.
c) Consolidação
As medidas concernentes à consolidação são as mesmas prescritas para o ataque
diurno, com as peculiaridades relacionadas à visibilidade. Assim, caso o assalto
tenha sido realizado com iluminação artificial, equipamentos de visão noturna

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devem ser utilizados durante a consolidação, de modo a fazer face à cegueira


momentânea de 15 a 30 minutos que acomete a tropa tão logo cesse aquele meio.
5.1.7 - Emprego de helicópteros
O Atq noturno pode ser realizado com as tropas empregando He para efetuar parte do
deslocamento que seria realizado por terra, conforme apresentado no capítulo 11.
5.2 - ATAQUE A UMA ÁREA FORTIFICADA
5.2.1 - Introdução
Área fortificada é aquela que contém trabalhos defensivos, dispostos em largura e
profundidade, apoiando-se mutuamente.
Os trabalhos defensivos constituem-se de fortificações permanentes e de campanha,
compreendendo casamatas, espaldões, abrigos, trincheiras, túneis, cavernas,
obstáculos de aço, de concreto e de madeira, campos de minas, etc. As casamatas,
normalmente, dão abrigo ao armamento coletivo ou instalações de comando e
comunicações.
Compõe ainda uma área fortificada um forte conjunto de postos avançados, uma bem
desenvolvida rede de vias de transporte e amplos meios de comunicações. Para
aumentar a segurança de seus flancos, estes são, normalmente, apoiados em
obstáculos artificiais. A infantaria se posiciona de forma a dar proteção às casamatas
e espaldões, batendo os ângulos mortos e intervalos existentes entre eles.
O conceito de operação de defesa de uma área fortificada inclui uma reserva dotada
de grande mobilidade, localizada em posição central e contando com itinerários
cobertos para os diversos locais de provável emprego. Outrossim, obriga o atacante a
emassar-se e, assim, constituir-se em alvo compensador.
Uma localidade pode ser transformada em uma área fortificada ou ter sua defesa
integrada por um sistema dessa natureza.
As forças atacantes, normalmente, devem evitar o combate em áreas fortificadas.
Caso isso não seja possível, o atacante deve procurar isolar, desbordar e neutralizar a
área fortificada, submetendo-a a pesados bombardeios, impedindo o acesso de
reforços, suprimentos e, se for o caso, o apoio de serviços essenciais (água, luz,
comunicações, etc).
Entretanto, como tais áreas são organizadas provendo uma relativa auto-suficiência e
seu posicionamento visa barrar um atacante, este poderá se ver forçado a investir e
conquistá-las. Normalmente, os melhores resultados serão obtidos mediante um

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cerco da área e ataque sobre sua retaguarda.


5.2.2 - Informações
O ataque a uma área fortificada requer mais informações e com maiores detalhes do
que as demais operações. As principais necessidades incluem:
- localização das forças de segurança;
- localização, extensão e natureza das fortificações;
- localização e natureza dos meios de apoio de fogo;
- vias de acesso abrigadas para a área e para as fortificações;
- localização, extensão e natureza das barreiras e obstáculos artificiais;
- localização das armas fixas;
- existência e natureza de fortificações subterrâneas;
- pontos fracos do sistema defensivo; e
- locais de onde poderá ser proporcionado apoio de fogo através de tiros diretos em
proveito aos elementos de assalto.
5.2.3 - Planejamento
Os fundamentos e princípios que regem o planejamento de um ataque coordenado
são aplicáveis ao ataque a uma área fortificada, devendo ser levadas em conta as
seguintes peculiaridades:
- planejamento mais detalhado e centralizado;
- reconhecimento mais demorado;
- frentes mais estreitas;
- fogos de preparação intensos e demorados; e
- grande consumo de material específico para destruições, abertura de passagens, etc.
Considerando-se a necessidade de apoio mútuo do defensor, devem ser designados
objetivos que dividam as defesas inimigas. Além disso, a seleção dos objetivos deve
recair, preferencialmente, sobre certas fortificações ao invés de acidentes do terreno.
A penetração é a forma de manobra tática normalmente adotada.
Pode ser planejado o desembarque de tropas helitransportadas no interior ou nas
proximidades de fortificações-chave, com vistas a destruí-las, impedir a
movimentação de reservas ou apoiar o ataque principal. Nestas condições, deve ser
dada especial atenção à coordenação com os meios de apoio de fogo e com os demais
componentes da força atacante.
No que diz respeito ao planejamento do apoio de fogo, os fogos de artilharia podem

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

destruir ou neutralizar uma área fortificada. As vantagens obtidas com o emprego de


intensos bombardeios de artilharia devem ser ponderados em relação aos obstáculos
que podem ser criados, resultantes de destroços, para os elementos de assalto.
5.2.4 - Distribuição de forças
As forças designadas para o rompimento de uma área fortificada serão organizadas
em elementos de assalto, de abertura de passagens e de apoio.
O elemento de assalto deverá efetuar a penetração e destruir ou capturar o inimigo.
É, normalmente, nucleado pela infantaria com apoio de carros de combate e
engenharia.
O elemento de abertura de passagens deverá abrir trilhas e brechas no sistema de
barreiras do inimigo, de modo a permitir a progressão do elemento de assalto.
Prosseguirá nestas tarefas apoiando o restante da operação. É, normalmente,
composto de engenharia e de infantaria e blindados, que lhe darão proteção durante a
realização dos trabalhos.
O elemento de apoio compreende todas as tropas capazes de proporcionar aos
elementos de assalto e de abertura de passagens o apoio de fogo e outros (fumaça,
guerra eletrônica, etc) necessários às operações. Dependendo do vulto das forças e do
escalão considerado, o elemento de assalto poderá conter seus próprios escalões de
apoio. Por outro lado, um mesmo elemento poderá ser designado para executar mais
de uma tarefa.
As peculiaridades sobre abertura de passagens são encontradas no CGCFN-33.1
Manual de Engenharia de Fuzileiros Navais.
5.2.3 - Conduta
Em face das características especiais da operação, as forças devem ser submetidas
exaustivamente a um adestramento específico, seguido de ensaio em terreno e
condições semelhantes ao do emprego previsto.
A execução do ataque é extremamente descentralizada, compreendendo uma série de
ações isoladas por parte dos menores escalões da tropa, para o que é mandatório
iniciativa e agressividade por parte de seus comandantes.
Se possível, os elementos de abertura de passagens e de assalto iniciam suas ações à
noite e/ou por infiltração.
Uma forte preparação empregando todos os meios disponíveis (artilharia, aviação e
fogo naval, se for o caso) fará com que o defensor permaneça abrigado

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

proporcionando aos elementos de abertura de passagens e de assalto condições de


progredir, bem como destruirá fortificações e obstáculos, principalmente nos locais
escolhidos para a penetração.
Embora os tiros indiretos tenham limitado efeito sobre as fortificações permanentes,
serão eficazes para cobrir a movimentação dos elementos de primeiro escalão e
destruir tropas inimigas de proteção às fortificações que estejam em posições
desabrigadas.
Os elementos de assalto progridem rapidamente pelas passagens abertas, apoiados
pelos tiros diretos das armas de apoio orgânicas e pelos carros de combate. Inicia-se
o alargamento da brecha e as reservas são acionadas para atacar a retaguarda do
inimigo. Forças adicionais são introduzidas, procedendo-se à redução das
fortificações ultrapassadas e ao aproveitamento do êxito.
Em todas as ocasiões é essencial uma estreita coordenação e ligação entre os diversos
componentes da tropa e entre estes e os meios de apoio de fogo.
5.3 - TRANSPOSIÇÃO DE CURSOS DE ÁGUA
5.3.1 - Introdução
O propósito da transposição de um curso d’água é, basicamente, projetar poder de
combate além do obstáculo, assegurando a impulsão e integridade das forças, em
cumprimento a uma idéia de manobra.
A despeito do avanço tecnológico dos meios bélicos, cursos de água obstáculos
exercem considerável influência nas operações terrestres, pois limitam a manobra do
atacante e constituem linhas naturais de resistência para o defensor.
Uma transposição de curso de água obstáculo apresenta, normalmente, as seguintes
necessidades:
- material especializado para travessia;
- medidas de coordenação e controle específicas e precisas;
- informações táticas e técnicas adicionais; e
- adestramento especializado.
A flexibilidade organizacional dos GptOpFuzNav, seus meios, além daqueles das
forças navais e aeronavais, bem como sua familiaridade com o planejamento e
execução das OpAnf, tende a minimizar ou mesmo atender a tais necessidades.
Fundamentalmente, uma transposição de curso d’água visa a conquista e manutenção
de uma Cabeça-de-Ponte (CPnt), isto é, uma área na margem oposta que permita o

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

prosseguimento das operações nas melhores condições possíveis. À semelhança de


uma Cabeça-de-Praia (CP), a CPnt é demarcada por uma Linha de Cabeça de Ponte
(LCPnt) e sua conquista assinala o término da operação de transposição do curso de
água.
5.3.2 - Tipos de transposição
a) Transposição de oportunidade
Estando o curso de água não defendido, embora em território hostil, a
transposição é denominada de oportunidade, podendo ocorrer, também, nas áreas
de retaguarda. O planejamento é eminentemente técnico.
b) Transposição à viva força
Quando o curso de água estiver defendido ou contar com a presença do inimigo, a
transposição é dita à viva força, sendo classificada em imediata e preparada. Em
tal situação, as condições do curso de água, a situação do inimigo e das forças
amigas terão influência no tipo a ser empregado.
I) Transposição imediata
Tipo de transposição à viva força caracterizada pela alta velocidade, surpresa e
descentralização das ações. As forças que realizam a transposição empregam
seus meios orgânicos ou previamente colocados à sua disposição, bem como
meios de fortuna, sendo conduzida em continuação a uma operação, sem que a
tropa perca sua impulsão. Por conseguinte, deve ter sempre preferência sobre a
preparada. Normalmente, terá lugar nas seguintes circunstâncias:
- quando as defesas inimigas forem fracas;
- quando for possível neutralizar pelo fogo as defesas inimigas; e
- quando o inimigo, embora de efetivo apreciável, esteja desorganizado, mal
adestrado ou for apanhado de surpresa.
II) Transposição preparada
Este outro tipo de transposição à viva força é realizada após planejamento
centralizado e detalhado com amplos preparativos, visando concentrar poder de
combate para prosseguir no ataque na margem oposta. Normalmente será
empregada:
- quando as defesas inimigas estiverem fortes o suficiente para tornar
inexeqüível uma transposição imediata; e
- quando uma transposição imediata falhar ou não puder ser desencadeada.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

Tendo em vista acarretar perda da impulsão do ataque, e, conseqüentemente, de


tempo, bem como implicar em elevado número de perdas, tanto em pessoal
quanto em meios, a realização de uma transposição preparada somente deve ser
levada a efeito após cuidadosa análise dos inconvenientes que podem surgir.
5.3.3 - Organização
Para efetuar uma transposição de curso d’água, a tropa deve ser organizada em
Forças de Assalto, Forças de Apoio, Forças de Acompanhamento e Elementos de
Apoio de Serviços ao Combate.
a) Forças de Assalto
A quem compete cerrar sobre o rio, executar o assalto e prosseguir na segunda
margem. As ações iniciais poderão estar limitadas à utilização de botes, viaturas
anfíbias ou helicópteros. Deve ser previsto o emprego de todos os meios de apoio
de fogo disponíveis, como artilharia, aviação de asa fixa e rotativa e fogo naval, se
for o caso. Os carros de combate apoiarão inicialmente a partir da margem amiga,
sendo transpostos mais tarde utilizando portadas ou pontes providas pelas forças
de apoio. Elementos de engenharia estarão integrados às forças de assalto, abrindo
passagens e pistas para manter a impulsão do ataque.
b) Forças de Apoio
Acompanharão as de assalto, realizando trabalhos em proveito da transposição.
Seus elementos de engenharia executam o melhoramento dos locais de travessia,
constroem/operam botes, passadeiras, portadas e pontes. Elementos de polícia
realizam o controle de trânsito em ambas as margens.
c) Forças de Acompanhamento
Integradas por elementos de combate e de apoio ao combate, deslocam-se em
seqüência às forças de assalto, atuando em seu proveito. Normalmente executarão
a travessia utilizando portadas e pontes. Seus elementos poderão ser empregados
para destruir resistências ultrapassadas, proteger os flancos e os locais de
travessia, bem como assumir tarefas da força de assalto. Sua artilharia realiza
fogos de contrabateria, lança fumígenos para ocultar os locais de travessia e apóia
a progressão das forças de assalto. São responsáveis pela defesa antiaérea da
travessia. Sua engenharia abre passagens, mantém pistas e estradas e lança
obstáculos nos flancos.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

d) Elementos de Apoio de Serviços ao Combate


Atendem às necessidades logísticas durante o assalto e ao prosseguimento das
operações na segunda margem. Sempre que possível, alguns elementos atuarão
descentralizados acompanhando as forças de assalto; as demais forças serão
apoiadas por ponto.
5.3.4 - Planejamento e execução
O planejamento da travessia de um curso de água envolve dois aspectos: técnico e
tático.
O planejamento técnico cabe aos elementos de engenharia, coerente com a idéia de
manobra do escalão considerado - o planejamento tático. Para a realização deste,
levam-se em conta os fundamentos e princípios. aplicáveis a um ataque coordenado,
com os acréscimos necessários para atender às peculiaridades da operação em si.
Estabelecida a LCPnt, o Comandante da Força que realiza a travessia determinará
objetivos que irão compor três Linhas de Objetivos (LO) e que, normalmente,
estabelecerão as três fases da operação de travessia.
A conquista da LO-1 caracteriza a impossibilidade do inimigo realizar fogos com
armas de tiro de trajetória tensa sobre os locais de travessia, permite o início dos
trabalhos de lançamento de passadeiras e portadas e representa a conclusão da
primeira fase da operação. A conquista da linha de objetivos que impeça os fogos
observados no corte do rio caracteriza a posse da LO-2. Sua localização deve
permitir, ao atacante, espaço suficiente na segunda margem para desdobramento de
suas reservas e meios de apoio de fogo e estabelecimento de uma boa posição
defensiva. Sua conquista permitirá o início da construção de pontes. A terceira fase é
caracterizada pela conquista da LO-3, linha esta que representa, também, a LCPnt.
Mantida a superioridade aérea, o atacante poderá utilizar, ininterruptamente, todos os
meios de travessia disponíveis (fig. 5.2)

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

LO 3 ou LCPnt

3ª FASE FOGOS
Pnt CONTINUADOS
E ESPAÇO PARA
MANOBRA

LO 2
2ª FASE
Prt

FOGOS
OBSERVADOS

LO 1 LO 1
1ª FASE
He
VtrAnf Botes FOGOS DE
Passadeiras ARMAS DE
TIRO TENSO

RIO

DireAtq

Fig. 5.2 - Linhas de Objetivos, influência do inimigo e meios de travessia


Para o planejamento e execução deste tipo de operação são utilizadas medidas de
coordenação e controle características, tais como Frente de Travessia, Locais de
Travessia, Área de Travessia, Linhas de Objetivos (LO), Zona de Reunião Inicial de
Material de Engenharia (ZRIME) e Zona de Reunião Final de Material de
Engenharia (ZRFME).
Considerações detalhadas sobre o planejamento e execução das operações de
transposição de cursos de água são encontradas no CGCFN-307 Manual de Ponte e
Equipagens de Transposição de Cursos D`Água e Aparelhos de Força de Fuzileiros
Navais.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

2ª PARTE
OPERAÇÕES DEFENSIVAS
CAPÍTULO 6
ASPECTOS BÁSICOS DA DEFENSIVA
6.1 - INTRODUÇÃO
A defensiva consiste no emprego do poder de combate para manter a posse de uma área
ou a integridade de uma força ou instalação, bem como criar condições favoráveis para
a ação ofensiva. Embora seja capaz de impedir o sucesso inimigo, normalmente não
assegura a vitória sobre o mesmo, pois somente a ofensiva conduz a resultados
decisivos. A postura defensiva deve ser adotada temporariamente, enquanto se procura
inquietar o atacante por meio de ações ofensivas – fogos de artilharia e ações de
pequenas frações – visando identificar as suas vulnerabilidades e, ao mesmo tempo,
manter a iniciativa e o moral da tropa defensora.
O terreno pode oferecer tais vantagens para a defensiva - não poder ser desbordado, por
exemplo - que o comandante pode preferir adotá-la, forçando o inimigo a atacar em
condições desfavoráveis. É o espírito ofensivo que constitui a base para o sucesso da
defesa, através do planejamento e execução de ações dinâmicas e da manutenção da
iniciativa.
As operações defensivas podem ser impostas pelo inimigo, mas, em qualquer situação,
devem ser encaradas como transitórias.
O defensor obtém a iniciativa selecionando e organizando, de acordo com suas
conveniências, a área a defender, induzindo o inimigo a reagir de acordo com os planos
defensivos, explorando suas vulnerabilidades e erros por meio de ações ofensivas e
contra-atacando suas forças que tenham obtido sucesso.
Adicionalmente, a defensiva exige intensos esforços dos comandantes de modo a
preservar a tropa em adequadas condições de emprego, manter seu moral elevado e
incentivar sua agressividade.
6.1.1 - Propósitos
O propósito principal de uma operação defensiva é anular um ataque inimigo,
contendo, repelindo ou destruindo suas tropas. Os propósitos secundários incluem:
- criar condições mais favoráveis às operações ofensivas subseqüentes;
- impedir o acesso do inimigo à determinada área;
- reduzir a capacidade de combate do inimigo, desgastando suas tropas;

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

- ganhar tempo até a chegada de novos meios;


- economizar meios em um setor, de modo a concentrar poder de combate para uma
ação decisiva em outro; e
- controlar pontos críticos e/ou objetivos profundos, como acontece nas operações
anfíbias, enquanto se aguarda a junção com tropas desembarcadas por superfície.
6.1.2 - A defensiva e as Forças de Fuzileiros Navais
Ainda que os GptOpFuzNav sejam equipados e adestrados visando, basicamente,
operações ofensivas por excelência - o ASSALTO e a INCURSÃO ANFÍBIA - em
sua execução, poderão ser levados a estabelecer uma defensiva, quer por imposição
da missão, quer por força da atuação do inimigo.
Da mesma forma, uma RETIRADA ANFÍBIA implica no estabelecimento de uma
defensiva. Adicionalmente, quando uma tropa não está atacando ou deixa de se
movimentar, deve assumir uma postura defensiva. Finalmente, a defesa de uma base
naval avançada é da responsabilidade de tropas de Fuzileiros Navais.
Os fundamentos e princípios que governam as operações defensivas, em geral, são
aplicados a tais ações com as adaptações necessárias.
6.2 - FUNDAMENTOS DA DEFENSIVA
A semelhança do que ocorre com os fundamentos da ofensiva, os fundamentos da
defensiva resultam da aplicação lógica e comprovada, através do tempo, dos princípios
de guerra às operações pertinentes. Esses fundamentos guardam entre si uma relação
por vezes de complementaridade e, por outras, de oposição. Essa relação, devidamente
explorada pelo planejador, constituirá um fator de força em uma operação defensiva.
6.2.1 - Apropriada utilização do terreno
O defensor deve desdobrar suas tropas com base, principalmente, no estudo do
terreno. Esse fundamento pressupõe o controle sobre os acidentes capitais essenciais
para a observação, para as comunicações e o emprego da reserva e a utilização, pelo
inimigo, de região que ameace o sucesso da defesa. Tanto para a seleção quanto para
a organização da área a ser defendida, o terreno deve ser rigorosamente avaliado
segundo os aspectos militares. Assim, a área selecionada deverá fornecer boas
condições de observação, campos de tiro, cobertas e abrigos. As características
defensivas naturais do terreno são agravadas pelo emprego de obstáculos artificiais.
Os obstáculos deverão canalizar o movimento das forças inimigas para áreas
favoráveis ao desencadeamento de contra-ataque ou de fogos de destruição. São

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

analisadas todas as vias de acesso que incidam sobre a posição defensiva, que,
juntamente com os acidentes capitais, servirão de base para a observação da posição
e para o planejamento dos fogos de apoio.
As condições climáticas e meteorológicas são avaliadas juntamente com o terreno.
6.2.2 - Surpresa
A surpresa é tão importante na defensiva quanto na ofensiva. Assim, o defensor deve
empreender seus esforços tanto para negá-la ao inimigo pelo uso de elementos de
segurança, reconhecimento e vigilância, quanto para obtê-la.
Adotará, então, medidas para não ser surpreendido, tais como emprego de forças de
segurança, busca de informes sobre a localização e deslocamentos de forças
inimigas, meios de defesa passiva como aproveitamento de cobertas e abrigos, uso de
camuflagem, radares de vigilância terrestres, dispositivos de escuta, etc.
6.2.3 - Conhecimento do inimigo
O defensor deve considerar a liberdade de que dispõe o atacante para escolher o
momento, o local, a direção e o valor de suas tropas para realizar o ataque. Deste
modo, o conhecimento das possibilidades do inimigo, sua doutrina operativa, seus
principais hábitos e o levantamento das vias de provável acesso do inimigo e os
objetivos que este poderá selecionar são essenciais para o sucesso da defesa. Uma
vez obtidos o maior número de dados possível sobre o inimigo, o defensor poderá
antecipar as ações inimigas, estabelecendo mais rapidamente as condições para a
reassunção de ações ofensivas. Este fundamento complementa o da defesa.
6.2.4 - Apoio mútuo
O apoio mútuo pelos fogos, pela observação e pelo emprego de elementos de
manobra garante a necessária coesão à área de defesa e dificulta que a tropa seja
engajada e batida por partes. É altamente desejável em todos os escalões para evitar a
infiltração de tropas inimigas. O grau de apoio mútuo pode depender do terreno, do
alcance das armas e da visibilidade. O planejamento de núcleos defensivos é
concebido de forma a garantir que a queda de um deles não provoque o rompimento
da posição, ficando o inimigo submetido aos fogos dos núcleos vizinhos e da
retaguarda. O apoio mútuo dificulta a infiltração inimiga entre os núcleos defensivos.
Se houver espaços vazios entre os diferentes núcleos, estes devem ficar
permanentemente sob observação, controlados pela vigilância, pelo emprego de
patrulhas, obstáculos artificiais, particularmente minas, e por fogos indiretos pré-

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

planejados. Tal condição é imprescindível entre subunidades de uma mesma unidade


e abaixo, podendo deixar de existir entre unidades e acima.
6.2.5 - Defesa a toda volta
A localização da tropa atacante e a configuração do terreno são fatores indicadores
para a direção mais provável do ataque. Contudo, considerando a liberdade de que
dispõe o atacante para escolher o local e a forma de manobra, o defensor deve estar
preparado para enfrentá-lo vindo de qualquer direção, inclusive com tropa
transportada por meios aéreos. Por tais razões, deve ser estabelecido um sistema de
alerta prévio e um planejamento objetivando empregar os elementos de manobra, a
reserva e os fogos de apoio de modo a detectar e destruir o inimigo qualquer que seja
a direção do seu ataque. Os obstáculos devem ser explorados ao máximo,
contribuindo para o fortalecimento da posição defensiva e proporcionando economia
de meios e maior grau de segurança em todas as direções.
6.2.6 - Defesa em profundidade
A defesa em profundidade é necessária para reduzir o ímpeto do ataque e evitar o
rompimento da posição defensiva, forçar o inimigo a realizar repetidos ataques,
permitir ao defensor avaliar as ações executadas pelo inimigo e contê-las, impelir o
inimigo a empregar suas reservas em local e momento não decisivos e diminuir os
efeitos dos fogos do atacante.
A profundidade na área de defesa é obtida engajando cedo o inimigo com elementos
aéreos, com as armas em apoio do escalão superior, com as forças de segurança,
empregando as armas a partir de posições avançadas e em seu máximo alcance de
utilização, empregando posições de bloqueio sucessivas, obstáculos e barreiras
dispostos em profundidade, e pela manobra e adequado emprego das reservas e fogos
de apoio.
Quanto maior for o poder de combate do atacante e quanto mais larga for a frente,
maior profundidade deve ser atribuída à área de defesa. Tal necessidade deve ser
equilibrada com a defesa a toda volta.
6.2.7 - Flexibilidade
Os planos defensivos devem ser suficientemente flexíveis para fazer frente ao maior
número de situações previstas na análise das possibilidades do inimigo. A flexibilidade
é conseguida:
- pela seleção e preparo de posições de muda e suplementares;

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- pela mobilidade dos elementos de combate e da reserva;


- pelo controle centralizado das armas de apoio;
- pela preparação dos planos de contra-ataque; e
- pelo planejamento de retomada das ações ofensivas.
6.2.8 - Máximo emprego da ação ofensiva
Considerando que a ofensiva é a forma decisiva de combate, o defensor mantém-se
alerta para oportunidades que permitam adotá-la. Ações dinâmicas que levam à
retomada da iniciativa incluem patrulhamento agressivo, ataques com as forças de
segurança antes que o inimigo atinja as posições defensivas, incursões contra suas
tropas que estejam se preparando para o ataque e contra-atacando suas penetrações.
6.2.9 - Dispersão
A necessidade de dispersão deve ser considerada na análise da missão,
concorrentemente com a necessidade de se obter o máximo apoio mútuo, a máxima
segurança e o mínimo de vulnerabilidade aos fogos inimigos. A carência de meios
para ocupar grandes espaços é outro fator a ser considerado quanto à dispersão.
A dispersão em profundidade evita que as frentes se tornem muito extensas para o
defensor, proporciona mais meios para a reserva, evita movimentos laterais em face
de um ataque inimigo, facilita a detecção e destruição de elementos de infiltração e
proporciona melhor dispositivo para a realização de contra-ataques. Por sua vez, a
dispersão em largura pode conduzir a um isolamento dos elementos avançados que
ficariam sujeitos a serem engajados e batidos por partes na eventualidade de uma
penetração inimiga.
A seleção da dispersão a adotar será função do estudo dos fatores predominantes em
face da situação vivida.
6.2.10 - Integração e coordenação das medidas de defesa
A eficácia da defesa é baseada na integração e coordenação cuidadosas das ações que
serão vistas a seguir.
a) Manobra
A manobra é tão importante na defensiva quanto na ofensiva. Embora uma firme e
tenaz manutenção de acidentes capitais seja essencial nas operações defensivas, o
defensor não pode permanecer imóvel, deve, isto sim conservar liberdade de
manobra e iniciativa.
O planejamento da manobra deverá ser suficientemente flexível, na medida em

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

que permita fazer face às variadas formas de atuação do inimigo, bem como
passar, deliberadamente, da defensiva para a ofensiva, o que é particularmente
aplicável ao assalto anfíbio.
b) Plano de apoio de fogo
Os principais elementos de que dispõe o defensor para bloquear e repelir um
ataque inimigo à frente de sua posição ou destruir as forças que lograram penetrar
são a capacidade de manobra e o poder de fogo, inclusive dos meios navais e das
armas anticarro e antiaéreas.
O planejamento do apoio de fogo deve prever a coordenação e integração das
armas de todos os elementos participantes da defensiva, assegurar que o inimigo
seja batido a partir do seu máximo alcance de utilização explorando as
características de cada arma de apoio, cobrir barreiras e áreas não ocupadas, e
apoiar ações ofensivas.
c) Plano de barreiras
As características defensivas naturais do terreno devem ser melhoradas ou
suplementadas pela instalação de um sistema de barreiras incluindo bloqueios de
estradas, campos de minas, destruições diversas, fossos anticarro, obstáculos de
arame e outros, com a finalidade de canalizar, restringir ou retardar o movimento
do inimigo.
O plano de barreiras deve ser coordenado em todos os escalões de modo a não
limitar a liberdade de manobra do defensor e integrar-se com o planejamento dos
fogos de apoio e com a manobra.
Todos os elementos participantes da defensiva devem receber responsabilidades
quanto ao estabelecimento e manutenção das barreiras.
d) Plano anticarro
A defesa contra blindados deve receber alta prioridade, principalmente contra os
carros de combate, por sua ação de choque. O planejamento pertinente deve ser
intimamente coordenado com os planos de apoio de fogo e de barreiras,
considerando a transitabilidade. Os obstáculos naturais, devidamente agravados, e
os artificiais devem ser largamente explorados com vistas a destruir, deter ou
canalizar os blindados inimigos em direção aos setores batidos por armas
anticarro. Deve ser prevista a utilização de todo e qualquer armamento que possa
contribuir para a execução das tarefas mencionadas.

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A defesa anticarro deve ser estabelecida não só na parte anterior da área de defesa,
barrando as vias de acesso que apresentem maior ameaça ao defensor, como
também em profundidade. São planejados fogos para destruir os carros e a
infantaria de acompanhamento.
Caso os carros de combate inimigos sejam bem sucedidos em penetrar na posição
defensiva, as tropas nas áreas avançadas devem permanecer em posição para
destruir o atacante e fazer frente à infantaria que os acompanha.
Deve ser levado em conta que os blindados, em geral, são sensíveis ao terreno e
aos obstáculos. Por sua vez, os carros de combate ficam vulneráveis se separados
da infantaria e suas tripulações têm a visibilidade prejudicada quando forem
fechadas as escotilhas para efetuar o assalto.
Os fogos das armas de trajetória curva serão extremamente eficazes para ampliar
os efeitos causados pelos obstáculos.
6.2.11 - Utilização judiciosa do tempo disponível
O planejamento e organização da defensiva serão tanto melhores quanto maior for o
tempo disponível. Sua judiciosa utilização deve ser considerada pelo comandante
antes e durante a operação. Todo o tempo disponível é utilizado na preparação da
posição defensiva e, após a sua ocupação, os trabalhos ou os melhoramentos da
posição prosseguem, mesmo durante as ações de defesa.
6.3 - ORGANIZAÇÃO DA ÁREA DE DEFESA
A Área de Defesa (AD) é organizada em profundidade segundo três escalões: Área de
Segurança (ASeg), Área de Defesa Avançada (ADA) e Área de Reserva (ARes), Fig.
6.1. Estas duas últimas consubstanciam a posição defensiva. De acordo com o
planejamento estabelecido para a defensiva, cada uma destas áreas será guarnecida com
as forças apropriadas e batida por fogos adequados.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

(FCob)

ÁREA DE SEGURANÇA
DO EscSup
PAG PAG

PAC PAC

ÁREA DE
SEGURANÇA
LAADA LAADA

ÁREA DE
DEFESA AVANÇADA
POSIÇÃO
DEFENSIVA

ÁREA DE RESERVA

Fig. 6.1 - Organização da área de defesa


6.3.1 - Área de segurança
É a que se estende para a frente e para os flancos, desde o Limite Anterior da Área de
Defesa Avançada (LAADA). Nesta área operam as forças de segurança ou escalão de
segurança, destinadas a fornecer informes e alerta oportuno sobre o inimigo, impedir
sua observação terrestre sobre a ADA, iludi-lo quanto à posição defensiva e, dentro
das possibilidades, retardá-lo e desorganizá-lo. A sua composição e o apoio que lhes
é fornecido incluem meios de reconhecimento e observação de longo alcance,
terrestres e aéreos, apoio de fogo, alto grau de mobilidade e comunicações seguras e
confiáveis. Tal escalão pode receber atribuição de deixar forças à retaguarda do
inimigo à medida em que este progrida, com a tarefa de desorganizar suas ações,
obter informes e conduzir fogos.
6.3.2 - Área de defesa avançada
É a área que se estende para a retaguarda, desde o LAADA até o limite posterior dos
elementos de primeiro escalão; nela é que terão lugar as ações decisivas da
defensiva.
Nesta área operam as forças de defesa avançada, que serão estruturadas de acordo
com a forma de manobra tática defensiva adotada. Quando esta for baseada na

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

manutenção do terreno, tais forças destinar-se-ão a impedir a entrada do atacante na


área. Se o planejamento estabelecer uma defesa com base na mobilidade, as forças de
defesa avançada terão a tarefa de canalizar o inimigo para uma região previamente
escolhida, que favoreça sua destruição pelo fogo e movimento. Para tanto, devem
possuir poder de combate suficiente para forçar o desdobramento do inimigo, serem
capazes de conduzir fogos de longo alcance e possuir mobilidade igual ou superior à
do inimigo.
6.3.3 - Área de reserva
É a área que se estende desde a retaguarda dos elementos de primeiro escalão, até o
limite posterior do escalão considerado.
Na defensiva, a reserva é o principal meio de que dispõe o comandante para
influenciar no combate e reconquistar a iniciativa.
6.4 - ORGANIZAÇÃO DAS FORÇAS DEFENSIVAS
As forças distribuídas na área de defesa são organizadas para atender ao tipo de
defensiva adotado.
A Força de Cobertura (FCob) é um escalão independente daquele que executa a defesa,
subordinada ao escalão superior.
6.4.1 - Forças de segurança
Incluem os Postos Avançados Gerais (PAG), os Postos Avançados de Combate
(PAC) e a Segurança Local (SegLoc) (Fig. 6.1). Os PAC são mobiliados por
elementos fornecidos pelas forças designadas para a ADA ou pelas forças em
reserva, ao passo que a FCob e os PAG são estabelecidos pelo(s) escalão(ões)
superior(es). A SegLoc é constituída por patrulhas a pé, Postos de Vigilância (PV),
Postos de Observação (PO) e Postos de Escuta (PE), lançados nas proximidades da
posição defensiva pelas unidades que defendem o LAADA. O(s) escalão(ões)
superior(es) poderá(ão) lançar PV, PO e PE em locais mais à frente.
a) Força de Cobertura
É estabelecida além dos PAG/PAC, com vistas a assinalar a aproximação do
inimigo, se possível destruí-lo ou retardar sucessivamente seu avanço, ganhando
tempo em proveito da organização da posição defensiva, desorganizar sua
progressão e iludi-lo quanto à localização do LAADA.
Embora o emprego da FCob seja mais indicado nas situações de defesa móvel,
pode ocorrer, também, em defesa de área, dependendo da existência de forças

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

adequadas (as formas de manobra táticas defensivas encontram-se descritas no


capítulo 8).
b) Postos Avançados Gerais
São estabelecidos objetivando forçar o desdobramento prematuro do inimigo,
retardar e desorganizar sua progressão por meio de fogos longínquos e, também,
iludi-lo quanto à exata localização do LAADA. Visam, ainda, impedir a
observação terrestre e os tiros observados da artilharia do atacante sobre a ADA.
Embora os PAG sejam empregados, normalmente, em situações de defesa de área,
podem ser utilizados, também, quando for adotada a defesa móvel.
Sua mobilidade deve ser no mínimo igual à do inimigo, sendo altamente desejável
que a supere.
Os PAG atuam realizando observação, patrulhamento e reconhecimento
agressivos e fogos de longo alcance.
A articulação dos PAG é semelhante ao de uma defesa em larga frente, com
reserva fraca e pouca profundidade. Enquanto a FCob retarda o inimigo por meio
de posições escalonadas, os PAG o fazem, basicamente, em posição única; após
engajarem o inimigo pelo fogo o mais longe possível, retraem através da ADA
sendo acolhidos em pontos e por elementos pré-planejados.
c) Postos Avançados de Combate
São estabelecidos com os propósitos de alertar a ADA quanto à aproximação do
inimigo, protegê-la da observação terrestre e dos tiros diretos e infligir ao atacante
o máximo de desgaste sem, entretanto, engajar-se em combate decisivo.
Os PAC cobrem a parte anterior da área de defesa avançada, de 800 a 2000 metros
à frente do LAADA, em uma localização tal que possam receber apoio de fogo
das unidades que guarnecem a ADA e do escalão superior. Os PAC podem ser
mobiliados por um PelFuzNav até uma CiaFuzNav por BtlInfFuzNav em primeiro
escalão. Os PAC devem ser mobiliados por uma CiaFuzNav por Btl em primeiro
escalão (PAC forte), quando:
- não houver tropa amiga à frente;
- estiverem localizados a distâncias superiores às normais;
- a frente a vigiar for mais larga que a normal; e
- durante as operações noturnas, quando o inimigo tiver adequados meios
optrônicos.

OSTENSIVO - 6-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

Os PAC podem não ser lançados quando os PAG estiverem muito próximos do
LAADA, não houver terreno favorável para a sua instalação ou por determinação
do escalão superior. Normalmente, os PAC são dispostos em um único escalão
(dispositivo linear) com uma série de PV estabelecidos de maneira a:
- proporcionar profundos campos de observação e de tiro ( crista topográfica );
- fazer uso de obstáculos na frente e nos flancos;
- possuir itinerários de retraimento desenfiados das vistas e fogos do inimigo;
- possuir posições cobertas e abrigadas;
- impedir a observação terrestre aproximada e os tiros diretos do inimigo sobre o
LAADA;
- estar dentro da distância de apoio dos elementos da área de defesa avançada; e
- controlar todas as vias de acesso do inimigo.
d) Segurança local
É sempre estabelecida, com o propósito de manter contato com o inimigo após o
retraimento dos PAC. É particularmente importante à noite e durante os períodos
de visibilidade reduzida, para prevenir a surpresa e infiltração na posição
defensiva.
Dependendo da missão, do terreno e da situação do inimigo, as forças de
segurança local podem ser motorizadas ou helitransportadas.
6.4.2 - Forças na área de defesa avançada
As forças na ADA são estruturadas para cumprir as tarefas básicas de acordo com o
tipo de defensiva adotado: deter, repelir e destruir, na defesa de área e retardar,
barrar, canalizar e destruir, na defesa móvel.
Às unidades e subunidades pode ser imposto defender em núcleos de defesa e/ou
pontos fortes especificamente localizados, ou ser facultado localizar seus próprios
núcleos e/ou pontos fortes em setores de defesa. Os pelotões, normalmente,
defendem em núcleos de defesa impostos; excepcionalmente guarnecerão,
isoladamente, pontos fortes.
Na defesa de área, o maior poder de combate é desdobrado na ADA. Os núcleos de
defesa e os pontos fortes são estabelecidos a partir da orla anterior da ADA e visam
bloquear as vias de provável acesso do inimigo para o interior. Um sistema de
barreiras será estabelecido para aumentar o valor defensivo do terreno.
Na defesa móvel, os núcleos de defesa e os pontos fortes, bem como o sistema de

OSTENSIVO - 6-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

barreiras, são localizados de modo a canalizar as forças atacantes para as zonas de


destruição - regiões selecionadas, onde serão desencadeados os contra-ataques de
destruição.
Os PO, PE, PV e as patrulhas serão empregados para complementar as ações das
forças de segurança.
6.4.3 - Reserva
A reserva é a parcela da força mantida sob o controle do comandante como elemento
de manobra para emprego no local e momento oportunos; normalmente, ocupa ZReu
abrigadas, com possibilidade de acesso a qualquer parte da ADA, próximas às
regiões de bloqueio e que proporcionem profundidade à posição defensiva.
Embora a reserva possa ser empregada para manter a continuidade da defensiva, sua
tarefa principal é destruir o inimigo pelo combate ofensivo, detendo-o ou
expulsando-o. Além disso, poderá ser empregada para reforçar ou substituir
elementos empregados na ADA, assegurar a manutenção de regiões importantes do
terreno, auxiliar o desengajamento de forças, proteger os flancos, propiciar segurança
contra assaltos de tropa empregando meios aéreos e/ou anfíbios (contra-
desembarque), realizar operações contra infiltrações e contra forças irregulares e
participar da segurança da área de retaguarda (artigo 10.8).
Na defesa de área, a reserva é empregada para aprofundar a defesa, bloqueando à
retaguarda o inimigo que penetrar na área de defesa, ou contra-atacando para
expulsá-lo de seu interior. Seu poder de combate deve ser tal que permita o
cumprimento de suas tarefas sem desfalcar as forças da área de defesa avançada que
devem receber prioridade na distribuição do poder de combate.
Na defesa móvel, a reserva deve receber prioridade na distribuição do poder de
combate de modo a ser empregada em vigorosa ação de contra-ataque para destruir o
inimigo no momento e local oportunos.
Em princípio, a reserva deve ser empregada como um todo, embora, algumas vezes,
apenas uma parte seja suficiente para a obtenção do efeito desejado.
Aplicam-se na defesa os mesmos conceitos de reserva articulada, fracionada,
hipotecada e temporária já vistos no inciso 1.4.3 alíneas a), b) e c).

OSTENSIVO - 6-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

CAPÍTULO 7
CLASSIFICAÇÃO DAS OPERAÇÕES DEFENSIVAS
7.1 - INTRODUÇÃO
As operações defensivas abrangem todas as ações que representam resistência a uma
força atacante. Podem ser classificadas quanto ao tipo e quanto ao tempo disponível
para a preparação da posição.
7.2 - CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO
São dois os tipos de operações defensivas, a saber: a defesa em posição e os
movimentos retrógrados.
7.2.1 - Defesa em posição
Operação defensiva em que uma força procura contrapor-se à força inimiga atacante,
em uma área organizada em largura e profundidade e ocupada, total ou parcialmente,
por todos os meios disponíveis, com uma ou mais das seguintes finalidades:
- negar ao inimigo a posse de determinada área;
- dificultar ou deter a progressão do atacante, em profundidade, impedindo o seu
acesso a uma região;
- aproveitar todas as oportunidades que se lhe apresentem para desorganizar,
desgastar ou destruir as forças inimigas; e
- criar condições favoráveis para o desencadeamento de uma ação ofensiva.
O fator da decisão terreno, na defesa em posição, ganha grande importância, porque
sendo bem utilizado compensa deficiências do defensor.
A defesa em posição e suas formas de manobra tática são detalhadas no capítulo 8.
7.2.2 - Movimentos retrógrados
Operação defensiva realizada por meio de um movimento organizado de uma força
em direção à retaguarda ou para longe do inimigo, com ou sem pressão deste, ou em
decorrência de uma idéia de manobra. Em qualquer caso, devem ser aprovados pelo
escalão imediatamente superior.
Tratam-se de ações de difícil realização e que encerram alto risco. Se mal concebidas
ou realizadas de modo desordenado frente a um inimigo superior podem conduzir a
uma catástrofe.
Os movimentos retrógrados, normalmente, ocorrem sob condições adversas ou em
situações em que o oponente retém a iniciativa das ações. Deste modo, os
comandantes, em todos os escalões, devem ter uma atenção especial ao moral de suas

OSTENSIVO - 7-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

tropas.
As três formas de manobra dos movimentos retrógrados são o retraimento, a retirada
e a ação retardadora.
a) Propósitos
O propósito geral de um movimento retrógrado é preservar a integridade de uma
força, de modo que possa ser empregada, no futuro, em ações ofensivas. Apesar
disto, procura-se infligir ao inimigo os maiores danos que a situação permitir.
As formas de manobra tática defensivas destes movimentos serão descritas no
capítulo 8.
b) Os movimentos retrógrados e as Forças de Fuzileiros Navais
No moderno campo de batalha, nem sempre ocorrem apenas operações ofensivas.
Muitas vezes será preciso evitar o combate sob condições desfavoráveis, desgastar
e retardar o inimigo, ganhar tempo ou mesmo desengajar-se para aplicar poder de
combate em outro local. Nas Operações Anfíbias, em particular nas Incursões, as
manobras retrógradas têm importância muito grande, especialmente se realizadas
sob pressão do inimigo. Deste modo, os GptOpFuzNav devem conhecer as
técnicas e procedimentos referentes aos movimentos retrógrados.
Entretanto, como os Fuzileiros Navais são adestrados e motivados para manterem,
permanentemente, uma atitude agressiva, a adoção de uma idéia de manobra
envolvendo movimento para a retaguarda requer orientação cuidadosa por parte
dos comandantes, no sentido de informar a tropa sobre a situação, os propósitos
da ação em vista e os detalhes do planejamento. Para tal, em todos os escalões, os
comandantes devem estar permanentemente à frente das ações.
c) Considerações comuns
No planejamento e na conduta dos movimentos retrógrados, o comandante deve
levar em conta não só os fatores da decisão, como, também, outros que podem
influenciar o sucesso da operação. O grau de aplicabilidade de cada um variará de
acordo com o vulto das forças, as formas de manobras táticas defensivas ligadas
aos movimentos retrógrados e a situação.
I) Planejamento
O planejamento dos movimentos retrógrados caracteriza-se por seu
detalhamento e centralização, mas a execução é descentralizada. Como os
diversos elementos estarão desdobrados em largas frentes, em ações dispersas e

OSTENSIVO - 7-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

independentes, em que cada comandante dispõe de liberdade para engajar o


inimigo, a movimentação da tropa deve ser coordenada meticulosamente para
evitar que se concentre indevidamente e constitua alvo compensador ou, pelo
contrário, abra espaços que facilitem a penetração do inimigo.
Se possível, os planos devem ser elaborados com a devida antecedência e
ajustados às futuras operações da força.
II) Análise dos fatores da decisão
- Missão - A missão indicará o tipo de movimento a ser conduzido ou deixará
esta definição a critério do comandante. Especificará, ainda, os prazos e a
previsão de emprego futuro da força.
- Inimigo - O conhecimento da situação do inimigo, suas vulnerabilidades e
maneiras de atuar terão influência na opção quanto ao tipo de movimento
retrógrado a empregar e medidas de segurança a adotar. Assim, um inimigo
agressivo pode infiltrar tropas, realizando emboscadas ou estabelecendo
posições de bloqueio, bem como atacar os flancos expostos das colunas que
se deslocam.
- Terreno e condições meteorológicas - Ambos têm marcante influência nos
movimentos retrógrados, pois podem restringir seriamente o uso de viaturas
sobre lagartas ou sobre rodas, dando ênfase ao emprego de helicópteros ou de
movimento a pé. A máxima utilização de cobertas e abrigos, bem como de
períodos de visibilidade reduzida, são essenciais para diminuir as
possibilidades do inimigo detectar a movimentação da tropa. A rede de
estradas deve ser explorada para dar rapidez aos deslocamentos das forças
blindadas e mecanizadas, embora apresente vulnerabilidade aos ataques
aéreos inimigos. Deve ser feita extensa utilização de obstáculos para bloquear
o avanço do inimigo e proteger flancos expostos.
- Meios disponíveis - A natureza, grau de adestramento, moral, armamento e
equipamento da tropa são particularmente importantes. Como regra geral, as
forças que realizam movimentos retrógrados devem ter mobilidade igual ou
superior à do inimigo. Caso não haja meios para proporcionar adequada
mobilidade a toda a tropa, os elementos que a possuem são empregados para
realizar ações dinâmicas e dar cobertura aos demais.
- Tempo disponível - Terá influência sobre o preparo dos planos e das

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

posições, em cada escalão de comando. Os prazos impostos poderão


determinar os tipos de ações a serem desenvolvidas.
Os diversos elementos devem dispor de tempo suficiente para realizar os
respectivos reconhecimentos, se possível diurnos.
III) Outras considerações
- Segurança - A segurança é fundamental para evitar a interferência prematura
do inimigo. Será obtida pelo(a):
1) emprego de forças para negar ao inimigo conhecimento das ações em
andamento;
2) emprego de elementos helitransportados para aumentar a segurança nos
flancos e nos intervalos da força;
3) desencadeamento de contra-ataques de desaferramento e realização de
fintas com o propósito de facilitar o desengajamento ou iludir o inimigo
quanto às ações em andamento;
4) abandono das posições e/ou deslocamentos em períodos de visibilidade
reduzida ou por infiltração;
5) estabelecimento de silêncio rádio pelas tropas que se deslocam, tráfego
rádio normal para as que permanecem em posição e simulação de tráfego
das que já as abandonaram; e
6) manutenção dos padrões normais de fogos de apoio.
- Controle dos itinerários - O controle dos itinerários de retraimento é
essencial para permitir o deslocamento rápido e ordenado da tropa.
Dependendo da situação, a população civil poderá também estar envolvida,
bem como o inimigo poderá interditar nós rodoviários, cruzamentos ou
bifurcações. Deste modo, o planejamento deve levar em conta o
estabelecimento de prioridades para a utilização de rodovias, a indicação de
itinerários alternativos para os diversos elementos da tropa, o controle da
população civil e do trânsito em geral.
- Liberdade de ação - Com vistas a observar o propósito geral dos
movimentos retrógrados, deve ser evitado um engajamento decisivo. A
liberdade de ação é explorada para permitir ao comandante tirar vantagens de
situações desfavoráveis ao inimigo, inclusive executando ações ofensivas,
deslocando forças para fazer face a ameaças que surjam nos flancos ou na

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

retaguarda ou para melhor utilizar o terreno, desde que não haja risco para o
cumprimento da missão como um todo.
Uma tropa é considerada decisivamente engajada quando perde sua liberdade
de manobrar, ficando incapaz de executar a ação planejada.
- Desengajamento - Pelo desengajamento, uma tropa procura preservar ou
recuperar sua liberdade de ação, rompendo o contato com o inimigo. Tal
ocorrerá quando este não mais dispuser de observação terrestre sobre o grosso
da tropa ou não for capaz de batê-la com seus tiros diretos.
Nos movimentos retrógrados, as posições devem ser dispostas de modo a
facilitar o desengajamento, Além disso, uma das principais preocupações do
comandante é determinar o momento adequado para sua realização. Em seu
exame da situação procurará estabelecer uma linha de desengajamento,
aquém do qual suas tropas perderão a liberdade de ação, caso não abandonem
as posições quando o inimigo a atingir. Sua escolha levará em conta a
comparação dos poderes combatentes, principalmente quanto a mobilidade e
armamento, bem como o terreno, notadamente quanto a existência de
itinerários abrigados para a retaguarda.
Quando possível, os diversos elementos devem desengajar por escalões, cada
um protegendo pelo fogo o retraimento do outro. Ao final, o elemento
restante rompe o contato como um todo, utilizando movimento e o máximo
de fogos. Se uma tropa não puder desengajar por escalões, deve fazê-lo de
uma só vez, empregando este último processo.
Uma vez iniciado, o desengajamento deve ser executado rapidamente, para
surtir efeito antes que o inimigo possa reagir.
IV) Apoio ao combate
Deve ser previsto o emprego de todas as armas de apoio disponíveis (artilharia,
meios aéreos e fogo naval, se for o caso), de modo a proteger toda a operação.
Será prestado apoio aos elementos de combate, realizados fogos de inquietação
e batidas tanto as vias de provável acesso do inimigo quanto suas
concentrações de tropa. Devem ser previstas concentrações para aumentar o
efeito das barreiras e obstáculos. Serão utilizados fumígenos para ocultar os
deslocamentos da tropa, facilitar o desengajamento e as simulações.
Os helicópteros serão empregados para transportar elementos de segurança e

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

aumentar a velocidade da movimentação de tropa para a retaguarda.


A engenharia será empregada para manter a transitabilidade dos itinerários que
serão utilizados e para prestar assistência no planejamento e implementação do
plano de barreiras. Obstáculos e demolições devem ser largamente empregados
ao longo das vias de provável acesso do inimigo, com os cuidados devidos para
que sua implementação não venha a prejudicar futuras operações. A destruição
de pontes, viadutos e túneis merece atenção adicional em face de sua
importância para ambas as forças. Assim, deve ser estatuída a responsabilidade
pela autorização pertinente, adotadas as providências para o acionamento
oportuno das cargas e estabelecida segurança para evitar sua desativação por
elementos inimigos infiltrados.
V) Apoio de serviços ao combate
Após atender às necessidades da tropa, os suprimentos que não puderem ser
transportados serão destruídos. Itens de maior consumo poderão ser
armazenados em posições pré-determinadas ao longo dos itinerários para a
retaguarda.
Se possível, levando em conta principalmente não revelar prematuramente a
operação, elementos de apoio de serviços ao combate não necessários poderão
ser enviados mais cedo para as posições de retaguarda.
VI) Forças deixadas à retaguarda
Dependendo da situação, alguns elementos podem ser deixados à retaguarda
das forças inimigas, sem serem pressentidos, para cumprirem tarefas
específicas como busca de informes, condução de fogos ou realização de
incursões e patrulhas de combate. São ações de grande risco, que exigem
minucioso planejamento, tropas com meios apropriados, bom condicionamento
físico, adestramento especial e chefias com elevada liderança.
Devem ser previstas medidas para o seu resgate, principalmente se descobertas.
7.3 - CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEMPO DISPONÍVEL
Quanto ao tempo disponível uma defesa pode ser classificada em defesa preparada ou
defesa imediata.
7.3.1 - Defesa preparada
Ocorre quando uma força não está em contato com o inimigo, nem há iminência de
sua ocorrência, havendo, portanto, condições para planejamento e execução

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

detalhada da defensiva. Normalmente, inclui um bem planejado sistema de barreiras,


trabalhos de fortificações e extensa rede de comunicações. A defensiva será tanto
mais eficaz quanto maior o tempo disponível para sua implementação.
Neste manual, quando se empregam as palavras defesa ou defensiva, visualiza-se
uma defesa preparada.
7.3.2 - Defesa imediata
Ocorre quando houver contato ou iminência de contato com o inimigo, dispondo-se
apenas de condições limitadas para a instalação da posição defensiva. Também é
instalada imediatamente após a conquista de um objetivo, como parte inicial das
medidas para a sua consolidação. Caracteriza-se pelo agravamento das condições
defensivas do terreno, lançamento de obstáculos sumários e emprego de abrigos
individuais. Na defesa imediata empregam-se os fundamentos e técnicas de defesa
preparada passíveis de serem implementadas em face da situação.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

CAPÍTULO 8
FORMAS DE MANOBRA TÁTICA DEFENSIVA
8.1 - INTRODUÇÃO
Nas operações defensivas, o comandante pode empregar cinco formas de manobra
tática. Duas dessas formas de manobra correspondem à operação de defesa em posição e
três aos movimentos retrógrados, conforme sintetizado no quadro abaixo:

OPERAÇÕES DEFENSIVAS
TIPOS DE OPERAÇÕES FORMAS DE MANOBRA
DEFESA DE ÁREA
DEFESA EM POSIÇÃO
DEFESA MÓVEL
AÇÃO RETARDADORA
MOVIMENTOS RETRÓGRADOS RETRAIMENTO
RETIRADA
8.2 - DEFESA DE ÁREA
Nesta forma de manobra defensiva é dada particular atenção à manutenção ou do
controle de uma região determinada, negando ao atacante a posse da mesma.
O defensor visa, inicialmente, deter o inimigo à frente do Limite Avançado da Área de
Defesa Avançada (LAADA), empregando grande volume e variedade de fogos e ações
dinâmicas da defesa. Por sua vez, utilizará o combate aproximado e contra-ataques para
expulsar ou destruir forças que tenham logrado penetrar na área de defesa.
A defesa de área busca aproveitar ao máximo os obstáculos existentes, reduzir as
possibilidades de sucesso de um ataque noturno ou de uma infiltração tática, e forçar o
inimigo a empregar o máximo de poder de combate com vistas a realizar a penetração.
As seguintes circunstâncias, entre outras, indicam a adoção da defesa de área:
- exigência da posse de uma determinada região;
- o defensor dispõe de menor mobilidade que o inimigo;
- a frente a defender é relativamente estreita;
- a profundidade da área de defesa avançada é relativamente limitada;
- o terreno restringe os movimentos do defensor;
- há tempo suficiente para preparar a posição defensiva, inclusive o sistema de barreiras;
- há forças suficientes para prover o adequado poder de combate;
- o defensor não possui liberdade de movimentos em face da superioridade aérea do
inimigo; e
- não é esperado que o atacante utilize armamento químico ou nuclear.

OSTENSIVO - 8-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

8.3 - DEFESA MÓVEL


Nesta forma de defensiva, a manobra é empregada em conjunto com os fogos e a
organização do terreno. Para tal, o defensor, ao contrário da defesa de área, emprega um
menor poder de combate à frente, na área de defesa avançada (ADA), permitindo ao
atacante penetrar em região que o exponha a um contra-ataque de destruição por uma
reserva forte e móvel. No entanto, as forças da ADA não devem ficar demasiadamente
dispersas ou expostas, possibilitando ao inimigo batê-la por partes.
Parte da força da ADA opera como na defesa de área, realizando o combate defensivo e
executando limitadas operações ofensivas, enquanto parte procura retardar o inimigo,
canalizando-o para uma região onde terá lugar o contra-ataque com a finalidade de
destruí-lo.
Para permitir a penetração do inimigo, a defesa móvel deve ser conduzida em terreno
que assegure adequada profundidade. Este fator e a exigência de reserva móvel e forte
fazem com que esta operação seja conduzida, normalmente, por GptOpFuzNav tipo
BAnf. O escalão batalhão não tem capacidade de conduzir uma defesa móvel podendo,
contudo, integrar uma força de maior escalão para realizá-la.
As seguintes circunstâncias, entre outras, indicam a adoção de uma defesa móvel:
- não é necessário manter uma área específica;
- o defensor possui mobilidade igual ou maior que o inimigo;
- a frente a defender excede as possibilidades de se estabelecer uma defesa de área;
- a profundidade da ADA é adequada para admitir uma penetração inimiga e uma
manobra contra ele;
- o terreno permite liberdade de movimento, em largura e em profundidade, ao defensor;
- o tempo para o estabelecimento da defensiva é limitado;
- há forças mecanizadas suficientes para possibilitar rápida concentração de poder de
combate;
- o atacante possui superioridade aérea; e
- o inimigo tem capacidade para empregar armamento químico ou nuclear.
8.4 - VARIAÇÕES DA DEFESA DE ÁREA E DA DEFESA MÓVEL
Há diversas variações possíveis entre as formas de manobra defesa de área e defesa
móvel. Muitas vezes, para tirar proveito de um determinado terreno ou para melhor
explorar as características de sua tropa, o comandante adota táticas e técnicas especiais,
algumas das quais serão apresentadas a seguir.

OSTENSIVO - 8-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

8.4.1 - Defesa circular


Na defesa circular, uma tropa estabelece um dispositivo de modo a fazer face,
simultaneamente, a ataques partindo de qualquer direção. É organizada,
normalmente, quando uma tropa:
- atua isoladamente, não dispondo do apoio de elementos adjacentes;
- fica isolada das forças amigas em virtude da ação do inimigo; e
- recebe um setor de defesa que impeça explorar o apoio mútuo.
A necessidade de conquistar e manter um ponto crítico no interior da área sob
controle do inimigo - elevação, ponte, pista de pouso, desfiladeiro, etc – ou o
estabelecimento de uma defensiva forçada pela ação do inimigo, que restrinja a
seleção da área de defesa, são condições que podem levar ao estabelecimento de uma
defesa circular.
A defesa circular apresenta desvantagens que devem ser devidamente consideradas
ao se decidir pela realização de uma manobra da qual esta modalidade defensiva seja
parte integrante ou ao adotá-la por imposição do terreno ou do inimigo. Entre tais
desvantagens destacam-se:
- dificuldade no desdobramento da tropa e pouca profundidade no dispositivo,
limitando as possibilidades de manobra do defensor;
- o isolamento da força impedindo o apoio mútuo de outros elementos terrestres,
implicando, também, em cuidadoso planejamento logístico; e
- a exata localização da tropa e sua relativa concentração a tornam um alvo
compensador, particularmente vulnerável a ataques de elementos blindados.
O planejamento e a execução da defesa circular seguem as mesmas considerações
observadas para a defesa de área, com as adaptações pertinentes para atender às
particularidades da operação.
As dimensões e o formato do perímetro defensivo dependerão, basicamente, dos
fatores da decisão. Em face das desvantagens já vistas, a maior parte do poder de
combate dos elementos de manobra será estabelecida ao longo do perímetro, embora
deva ser mantida uma reserva (Fig. 8.1).

OSTENSIVO - 8-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

PAC

LAADA

LAADA
PAC
SV

(-
)

LAADA

PAC

Fig. 8.1 - Defesa circular


Ainda com vistas a reduzir as desvantagens, as armas anticarro deverão cobrir as vias
de acesso favoráveis a blindados, bem como serão construídos obstáculos para barrá-
los, retardá-los ou canalizá-los.
Adicionalmente, buscar-se-á dar profundidade à defensiva, localizando
convenientemente o escalão de segurança, as armas de apoio e a reserva, bem como
ajustando, na medida do possível, o formato do perímetro.
A atribuição de frentes aos elementos de primeiro escalão levará em conta as
direções de mais provável acesso do inimigo e as características do terreno. Deverá
ser buscado o máximo apoio mútuo entre os núcleos de defesa.
Normalmente, não serão estabelecidos Postos Avançados Gerais (PAG). Os Postos
Avançados de Combate (PAC) serão mobiliados pelo comandante da força que
executa a defesa circular. Os elementos de primeiro escalão proverão a segurança
local. Os intervalos entre os elementos da Área de Segurança (ASeg) serão cobertos
por observação terrestre e aérea, sensores e patrulhas, e batidos por fogos.
Poderá ser previsto o emprego de elementos da reserva (Res) para suplementar a
segurança nos períodos de visibilidade reduzida, de modo a minimizar os riscos de

OSTENSIVO - 8-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

infiltração de tropas inimigas e ataques de surpresa.


A Res será mantida em zona de reunião (ZReu), pronta para ser empregada em
contra-ataque e/ou para ocupar posições de aprofundamento previamente preparadas.
Sempre que possível, será dotada de meios que lhe permitam atingir, rapidamente,
qualquer ponto do perímetro. Dependendo da situação e de restrições na
profundidade do dispositivo defensivo, uma força de contra-ataque helitransportada
poderá ser mantida fora do perímetro.
Os elementos de comando do escalão considerado e os de apoio não descentralizados
em proveito da tropa em posição ficarão localizados na ARes. Deverão ser
protegidos e estar em condições de operar sem restringir a atuação da Res. Deverá
ser previsto o recebimento de apoio logístico externo, que pode ser realizado por
meio de suprimentos helitransportados, aerotransportados ou, ainda, por meio da
realização de uma Operação de Junção.
O planejamento do apoio de fogo (ApF) deve levar em conta a necessidade de bater o
inimigo o mais distante possível do perímetro defensivo e em qualquer direção. O
ApF provido por elementos situados fora do perímetro permite economia da munição
da tropa estabelecida na defesa circular.
8.4.2 - Defesa em ponto forte
O ponto forte difere da defesa circular e dos núcleos de defesa pelo valor tático do
terreno em que se localiza e pelo tempo, esforço e meios empregados em sua
organização, só podendo ser neutralizado por infantaria que possua substancial poder
de combate e após longo período de ações. O inimigo não pode ultrapassar um ponto
forte sem sofrer grande desgaste, pois terá que realizar vários ataques de tropa a pé
para conquistá-lo, se esta for sua decisão. Por outro lado, o defensor, ao decidir
instalar um ponto forte, também se desgastará, pois a instalação requer grande
quantidade de mão-de-obra durante vários dias, recursos de engenharia para obras de
fortificação, construção de obstáculos anticarro e espaldões especializados para
viaturas, armas e pessoal, uma vez que a tropa que os guarnecerem receberá maciços
ataques de artilharia. O ponto forte deve ser ocupado por elementos de combate de
valor mínimo igual a Cia e, apenas em casos excepcionais, Pel (Fig. 8.2).

OSTENSIVO - 8-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

Fig. 8.2 - Ponto forte


Pela própria natureza de sua missão, os pontos fortes são localizados em terrenos
favoráveis ao defensor, como florestas densas, terrenos montanhosos, áreas urbanas
ou passivas, que não possam ser facilmente desbordadas. A defesa em profundidade
é obtida pela construção de posições suplementares no interior do ponto forte.
Normalmente, o ponto forte adota dispositivo semelhante ao de defesa circular. Ao
decidir quanto ao estabelecimento de um ponto forte, o comandante deve avaliar se o
tempo e recursos a despender não serão desperdiçados em face dos seguintes
inconvenientes:
- possibilidade de o atacante rapidamente reduzi-lo com meios aéreos, artilharia de
campanha ou fogo naval;
- perda da liberdade de manobra da tropa;
- possibilidade de isolamento da tropa; e
- imobilização da tropa por longo período.
Nestas condições, os aspectos abaixo serão considerados com vistas a neutralizar, em
parte, as restrições identificadas:
- construção do ponto forte bem afastado da linha de contato, de modo a dispor de
tempo para sua preparação;
- escolha de uma localização cujo terreno, nos flancos, restrinja o movimento do
atacante, de modo a evitar o cerco da posição;
- previsão de fogos de apoio por meios externos ao ponto forte;
- previsão de forças de contra-ataque também externas, para efetuar junção e liberar a
tropa eventualmente cercada; e

OSTENSIVO - 8-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

- organização da tropa no ponto forte com elementos e meios de apoio de serviços ao


combate para durar na ação, na hipótese de vir a ser isolada.
Os pontos fortes podem ser estabelecidos linearmente, ao longo do limite anterior da
área de defesa ou em profundidade, dependendo do tempo e meios disponíveis, da
existência de terreno para barrar os carros de combate atacantes e da possibilidade de
integrar tais áreas com o restante da posição defensiva.
Sempre que possível, deve ser aproveitado um grande obstáculo, como uma
localidade, para aí instalar o ponto forte, reduzindo o tempo de sua preparação.
Em termos amplos, a organização de um ponto forte deve obedecer às seguintes
prioridades:
- fazer a posição impenetrável aos carros de combate inimigos, utilizando obstáculos
e armas AC;
- proteger as armas AC com obstáculos e com a infantaria; e
- proteger a infantaria.
Os fogos da tropa em posição e os dos meios externos devem ser integrados, com
vistas a constituir-se em rápida e eficaz resposta a um ataque.
8.4.3 - Defesa em contra-encosta
Na defesa em contra-encosta, os elementos de primeiro escalão são posicionados de
modo a ficarem cobertos e abrigados pela crista topográfica do terreno. Embora esta
não seja ocupada pelo grosso, seu controle pelo fogo é essencial para o sucesso da
defesa. Caso o inimigo aí se estabeleça, o defensor deverá contra-atacar para
desalojá-lo (Fig. 8.3).

81

81

Fig. 8.3 - Defesa em contra-encosta

OSTENSIVO - 8-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

a) Vantagens da defesa em contra-encosta


- A observação terrestre do inimigo fica limitada, reduzindo a eficiência de suas
armas de tiro curvo e de seus meios aéreos, bem como neutralizando o efeito das
armas de tiro direto.
- O defensor pode surpreender o inimigo desencadeando fogos à medida em que
ele atinja a crista topográfica.
- A tropa na contra-encosta pode movimentar-se, livremente, até que o inimigo
chegue à posição de onde disponha de observação terrestre.
- A incerteza quanto à exata localização das posições defensivas ocasiona perda
de eficácia nos fogos de preparação do inimigo bem como o leva a desdobrar-se
prematuramente para o assalto.
- A tropa tem possibilidade de infligir forte desgaste ao inimigo antes de ser
submetida aos fogos de suas armas de tiro de trajetória tensa e blindados.
b) Desvantagens da defesa em contra-encosta
- O retraimento dos elementos de segurança ao início do ataque permite que o
inimigo avance livremente até alcançar a ADA.
- Após o início do ataque, a observação terrestre do defensor fica prejudicada.
- Os obstáculos além da crista topográfica somente poderão ser batidos pelas
armas de tiro curvo do defensor.
- Uma vez alcançada a crista, o inimigo tem a vantagem de atacar de cima para
baixo, enquanto o contra-ataque será realizado em desvantagem, de baixo para
cima.
- O alcance das armas de tiro tenso do defensor fica limitado pela crista
topográfica.
- O controle da crista topográfica é dificultado em condições de visibilidade
reduzida.
c) Emprego da defesa em contra-encosta
Dependendo do escalão considerado, normalmente não será estabelecida uma
defesa em contra-encosta ao longo de toda sua frente. Assim, alguns dos
elementos estarão dispostos segundo uma defensiva à frente da crista topográfica
e outros à retaguarda da mesma.
A defesa em contra-encosta poderá ser adotada com vantagem nas seguintes
situações:

OSTENSIVO - 8-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

- quando houver dificuldade em manter a encosta em virtude da densidade e/ou


precisão dos fogos do inimigo;
- quando o terreno não proporcionar boas cobertas e abrigos;
- quando o terreno na contra-encosta oferecer melhores campos de tiro do que os
encontrados na encosta;
- quando for necessário evitar uma saliência ou reentrância desfavoráveis para o
dispositivo defensivo como um todo;
- quando o defensor desejar variar o tipo de defesa de área, de modo a confundir o
atacante, ou para iludi-lo quanto à localização exata de suas posições; e
- quando a posse do terreno além da crista militar não for essencial para a
observação terrestre do defensor.
d) Conceitos básicos
Os fundamentos da defensiva e demais considerações quanto ao planejamento e
execução da operação aplicam-se à defesa em contra-encosta.
O planejamento deve buscar iludir o atacante quanto à localização da ADA,
infligir o maior número de baixas à frente da posição, obter o máximo efeito dos
fogos à medida em que o atacante atinge a crista topográfica e negar-lhe a posse
da mesma .
Os núcleos de defesa dos elementos de primeiro escalão devem dispor de bons
campos de tiro e estar situados dentro da distância do alcance útil de suas armas
automáticas em relação à crista topográfica.
A eficácia da defensiva é aumentada quando tropas adjacentes puderem bater a
encosta com fogos de flanqueamento. Igualmente, sempre que possível, será
procurado posicionar elementos de apoio em elevações à retaguarda da contra-
encosta, de modo a poderem desencadear fogos observados na crista topográfica e
na encosta.
As ForSeg serão estabelecidas como permitido pela situação. Durante o seu
retraimento, deverá ser mantida observação e provida segurança à frente.
8.4.4 - Defesa elástica
A defesa elástica é uma técnica que admite a penetração do inimigo em região
selecionada para emboscá-lo e atacá-lo pelo fogo ao longo de todo seu dispositivo. A
posição é ocupada por tropas desdobradas em profundidade, para permitir o ataque
em toda a extensão da formação inimiga. Esta técnica especial, onde se mesclam

OSTENSIVO - 8-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

aspectos da defesa de área e da defesa móvel, assemelha-se a uma grande


emboscada. Para a sua adoção, contudo, o terreno em profundidade deve oferecer
excelentes condições para barrar o inimigo.
a) Conceitos básicos
O planejamento do defensor prevê enfraquecer as forças inimigas à frente da
ADA e, depois, destruir essas forças enfraquecidas quando progredirem para o
interior de sua zona de ação. As forças empregadas na ADA possuem como
missão destruir elementos de comando e controle, apoio ao combate e apoio
logístico, com a finalidade de retardar, enfraquecer e desorganizar o ataque,
empregando várias operações de pequenas frações para esse fim. As forças em
reserva ocuparão os núcleos de aprofundamento, para deter o ataque e destruir
pelo fogo as forças remanescentes.
Elementos de reconhecimento são empregados, inicialmente, para vigiar à frente
da zona de ação, informando o valor, dispositivo e direção do ataque inimigo e
ajustando o fogo indireto. Quando o inimigo penetra na ADA, o elemento de
reconhecimento ocupa posições desenfiadas continuando a informar sobre o
segundo escalão e reservas inimigas.
As armas AC são, inicialmente, instaladas em posições avançadas próximas ao
LAADA, engajando o inimigo desde seu alcance máximo e procurando retardá-lo,
desorganizá-lo e forçar o desembarque das tropas. O uso de obstáculos reforça a
posição defensiva e assegura a máxima eficácia dos fogos AC. Mediante ordem,
as armas AC deslocam-se para as posições já reconhecidas de onde participarão
da destruição do inimigo na área de engajamento (AE), Fig. 8.4.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

LAADA

AE

Rec

INIMIGO
LAADA

Fig. 8.4 - Defesa elástica


A AE é a região selecionada pelo defensor onde a tropa inimiga, com sua
mobilidade restringida pelo terreno e pelo sistema de barreiras, é engajada pelo
fogo ajustado, simultâneo e concentrado de todas as armas da defesa. Tem a
finalidade de causar o máximo de destruição, especialmente nos blindados
inimigos, e de provocar o choque mental e físico pela violência, surpresa e
letalidade dos fogos aplicados. Tira-se proveito do terreno compartimentado para
reduzir a impulsão do inimigo, tornando-o vulnerável a ataques múltiplos nos
flancos, enfraquecendo-o antes da sua chegada à área selecionada para sua
destruição final pelo fogo.
A participação da engenharia realizando trabalhos que reduzam a mobilidade
inimiga é fundamental na técnica da defesa elástica.
b) Características importantes
O propósito da defesa elástica é destruir o inimigo no interior da posição,
atacando-o em toda a profundidade de seu dispositivo.
É essencial, para o sucesso desta técnica, separar a infantaria dos blindados
inimigos. Necessita grande poder de fogo, inclusive AC. Tira o máximo proveito
do terreno e da surpresa. Explora o combate em toda a profundidade da ADA.
Consiste numa seqüência de defesas, deslocamentos e novas defesas.
8.5 - AÇÃO RETARDADORA
8.5.1 - Conceitos básicos
A ação retardadora é a forma de manobra do movimento retrógrado em que uma

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

força sob pressão ganha tempo e cede espaço, infligindo o máximo de retardo e de
danos ao inimigo, sem se engajar decisivamente no combate.
Muitas vezes, uma força pode ter alguns elementos decisivamente engajados mas
pode, ainda, realizar o retardamento.
Uma ação retardadora caracteriza-se por ser realizada em largas frentes, empregando
reservas com pequeno poder de combate e o máximo de poder de fogo à frente. As
posições de retardamento são organizadas com profundidade limitada, tendo em vista
que a tarefa principal de desgastar o inimigo é atribuída aos fogos de artilharia e aos
fogos das armas da tropa em primeiro escalão.
Normalmente, os seguintes propósitos são visados:
- evitar uma ação decisiva quando o poder de combate da força defensora for
insuficiente para engajar o atacante;
- reduzir o poder de combate do inimigo infligindo-lhe baixas;
- atrair o inimigo para uma situação desfavorável;
- ganhar tempo e obter informes para atualizar as possibilidades do inimigo;
- ganhar tempo para estabelecer uma defensiva em terreno e situação mais
favoráveis; e
- prover alarme antecipado e/ou proteger o grosso, quando se tratar de ações de
forças de segurança.
A ação retardadora ou as técnicas pertinentes podem ser utilizadas, na defensiva,
pelos PAC na área de segurança.
Carros de combate e infantaria transportada em viaturas blindadas são
particularmente adequados ao emprego na ação retardadora, na maioria dos tipos de
terreno. Seu poder de fogo faculta-lhes engajar o inimigo a grandes distâncias e sua
mobilidade permite-lhes movimentar-se sucessivamente ao longo de várias posições,
desengajando com facilidade graças à proteção blindada.
Normalmente, a infantaria a pé só é apta para realizar ações retardadoras em terreno
acidentado ou em áreas edificadas, fazendo intensivo uso de obstáculos. Sua falta de
proteção blindada impõe cautela no desengajamento e nos deslocamentos.
Observados estes últimos aspectos, o emprego de helicópteros proporcionará rapidez
nas mudanças de posição, dará independência da rede de estradas e permitirá o
deslocamento sobre obstáculos naturais ou os artificiais previamente lançados. Para o
emprego de helicópteros deve-se, contudo, ter especial atenção quanto a utilização de

OSTENSIVO - 8-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

zonas de desembarque cobertas e abrigadas, desenfiadas em relação ao inimigo.


Forças helitransportadas podem ser utilizadas, ainda, na segurança e para inquietar o
deslocamento inimigo entre as sucessivas posições de retardamento.
8.5.2 - Tipos de ação retardadora
Existem quatro tipos de ação retardadora:
- retardamento em uma única posição;
- retardamento em posições sucessivas;
- retardamento em posições alternadas; e
- combinação dos anteriores.
No primeiro, como o nome indica, será estabelecida apenas uma posição de
retardamento. Normalmente será empregado quando o terreno proporcionar apenas
uma linha adequada à organização da posição, quando houver pouca profundidade ou
a missão requerer pequena duração.
Os dois seguintes serão empregados quando o terreno proporcionar profundidade e
várias linhas adequadas à instalação de posições de retardamento, bem como quando
a missão de retardamento for de longa duração. No retardamento em posições
sucessivas, a força retardadora se desdobra ao longo da frente em cada posição,
ocupando-as, sucessivamente, após retrair da anterior (Fig. 8.5).

1 2 3

PIR
(-) (-)

P2

Fig. 8.5 - Retardamento em posições sucessivas


No retardamento em posições alternadas, a força retardadora ocupa simultaneamente
duas posições de retardamento sucessivas. Quando forçados pelo inimigo, os
elementos da primeira posição retraem através da segunda e vão instalar uma outra, à
retaguarda. As ações prosseguem deste modo (Fig. 8.6). Tal tipo é, normalmente,

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

empregada quando a força de retardamento for capaz de ocupar simultaneamente


duas posições. Também poderá ser utilizado quando a mobilidade do inimigo for
superior à da força retardadora, pois os elementos de cada posição deslocam-se,
grande parte do tempo, protegidos pela posição anterior.
Finalmente, o comandante pode combinar os tipos como, por exemplo, retardar em
posições alternadas ao longo das vias de acesso que oferecem mais vantagem ao
inimigo, retardar em uma só posição, em profundidade, em uma via de acesso
particularmente importante e retardar em posições sucessivas nas demais.

1 2 3

PIR
A

A (-)

P2
B B B

P3 A A

Fig. 8.6 - Retardamento em posições alternadas


8.5.3 - Organização da área de defesa
A área de defesa atribuída ao escalão considerado é organizada em profundidade e
em três escalões, à semelhança da área de defesa: área de segurança (ASeg), área de
retardamento (ARtrd) e área de reserva (ARes). Nelas operarão as forças da ação
retardadora.
A ASeg estende-se para a frente, a partir da Posição Inicial de Retardamento (PIR).
Nesta área opera a força de segurança, com o mesmo desempenho das forças de
segurança na defensiva.
A ação retardadora propriamente dita é realizada pela força de retardamento e tem
início na PIR, prolongando-se para a retaguarda, na ARtrd, até que uma outra força a
acolha e assuma as ações como, por exemplo, os elementos de segurança de uma
força na defesa ou os elementos dispostos no LAADA. Nestas condições estará
configurada uma linha de transferência de responsabilidade, normalmente demarcada
por uma linha de controle.

OSTENSIVO - 8-14 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

No escalão unidade e acima, a ação retardadora se desenvolve em setores paralelos,


normalmente profundos e com frentes maiores do que na defesa em posição (Fig.
8.7). As subunidades podem retardar em setores ou receber núcleos de defesa nos
setores das unidades. Os pelotões, normalmente, retardam a partir de núcleos de
defesa nos setores das subunidades.

PAG PAG

PAC PAC

PIR PIR
LCt VERDE LCt VERDE

P2 P2
LCt BRANCO LCt BRANCO

PAC PAC
LCt AZUL LCt AZUL

LAADA LAADA

Fig. 8.7 - Organização da área


A força de retardamento é constituída pela maior parte das forças disponíveis para a
ação, desdobradas nas posições de retardamento, conforme o tipo de retardamento
empregado. Tais posições são designadas PIR ou PI e P2, P3, etc. Normalmente, são
demarcadas por uma LCt.
A ARes variará de acordo com o andamento das operações.
Tendo em vista que a ação retardadora não conduz a resultados decisivos e dada a
normal escassez de meios, uma força de retardamento estabelece uma reserva com
pequeno poder de combate no retardamento em posições sucessivas, altamente
móvel. As tarefas da reserva, normalmente, serão proteger um flanco ameaçado,
contra-atacar uma penetração, auxiliar elementos decisivamente engajados a
romperem o contato e atuar como força de segurança. O escalão superior poderá não
estabelecê-la, hipotecando reserva(s) dos escalões subordinados. A nível subunidade
e abaixo, a reserva pode constituir-se por tropa não engajada.

OSTENSIVO - 8-15 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

No retardamento em posições alternadas, não é normal a força de retardamento


organizar uma reserva. Se tal necessidade apresentar-se, reservas dos elementos em
contato ou a tropa da posição seguinte serão assim empregadas.
8.5.4 - Seleção das posições de retardamento
As posições de retardamento destinam-se a infligir o máximo de danos ao inimigo
com o mínimo de forças e, ao mesmo tempo, assegurar o máximo de retardamento
em sua progressão. Suas características desejáveis são:
- possuir obstáculos naturais à frente e nos flancos;
- proporcionar observação profunda e bons campos de tiro;
- proporcionar cobertas e abrigos para a tropa em posição;
- possuir itinerários de retraimento abrigados; e
- localizar-se em compartimentos transversais à direção de provável acesso do
inimigo.
Além disso, deve haver suficiente distância entre as posições sucessivas, de modo
que o inimigo seja obrigado a se reagrupar, reconhecer, deslocar armas de apoio, etc,
antes de realizar cada ataque. Sempre que possível esta distância deve ser tal que
obrigue a Art do inimigo mudar de posição para poder posições sucessivas.
8.5.5 - Conceito da operação
Deve ser considerado um retardamento contínuo, mediante o contato permanente
com o inimigo. Caso ainda não tenha sido estabelecido o contato, uma parte da força
de retardamento será lançada à frente, nas vias de provável acesso do inimigo, para
estabelecer o contato inicial e começar a ação retardadora. Esta força poderá ser
oriunda do escalão superior ou dos elementos de primeiro escalão. Além disso, fogos
de longo alcance e manobra serão previstos para obrigar o inimigo a se desdobrar,
reconhecer, manobrar, enfim, adotar medidas que o façam perder tempo.
De acordo com os fatores da decisão, serão estabelecidos idéia de manobra, plano de
apoio de fogo e medidas de segurança e despistamento.
8.5.6 - Idéia de manobra
Os principais aspectos a serem considerados incluem:
- os prazos disponíveis, inclusive o tempo esperado de permanência em cada posição
de retardamento;
- o tipo de ação retardadora;
- a organização da área;

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

- a distribuição de forças;
- as medidas de coordenação e controle, tais como PIR e demais posições de
retardamento, limites, pontos e linhas de controle.
8.5.7 - Conduta
A execução da ação retardadora é altamente descentralizada, exige grande empenho
da tropa e requer dos comandantes, em todos os escalões, iniciativa, imaginação e
habilidade para adaptar-se rapidamente às variações da situação.
Quando a ação retardadora for iniciada a partir de uma defensiva, o movimento das
tropas para a retaguarda deve ser coberto o maior tempo possível.
Na maioria das vezes, não será possível preparar todas as posições antes do início da
operação. Como regra geral, preparam-se as duas primeiras e reconhece-se uma
terceira. Durante o combate a organização continuará. Em conseqüência, deve-se
prever o máximo de retardamento possível na PIR, de modo a ganhar-se tempo para
a preparação das demais posições.
O inimigo deve ser submetido aos fogos das diversas armas à medida em que esteja
dentro de seu alcance máximo. Serão intensificados enquanto a distância diminui de
modo a infligir o máximo de danos e forçar o atacante a desdobrar-se
prematuramente, perdendo tempo para abordar a posição.
Especial atenção deve ser dada aos elementos inimigos que busquem flanquear a
posição ou penetrar nos espaços desocupados entre os núcleos de defesa.
As reservas poderão ser empregadas, caso a situação assim o exija, para contra-atacar
tais elementos, destruindo-os ou retardando-os.
As ações em cada posição do retardamento desenvolvem-se de maneira semelhante à
defesa de área, exceto que a força deve evitar ficar decisivamente engajada.
A perda de parte da posição não implica em necessidade de retraimento imediato. As
reservas ou elementos adjacentes podem ser empregados para recompor sua
integridade, desde que não acarrete, também, que toda a força fique decisivamente
engajada.
Conforme planejado ou quando a posição não mais puder ser mantida, é iniciado o
retraimento. A decisão para tal é de suma importância, pois caso o desengajamento
ocorra cedo, poderá não corresponder ao máximo de retardamento desejável e, se
ocorrer tarde, poderá acarretar mais baixas do que foi planejado como aceitável,
podendo, ainda, a força ficar decisivamente engajada.

OSTENSIVO - 8-17 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

a) Retardamento em posições sucessivas


Nesta modalidade, a maior parte da força se desdobra na PIR. A PIR será
defendida e o retraimento será iniciado segundo as considerações já descritas. O
grosso da força ocupará a P2 (Fig. 8.5, [1]). Um destacamento retardador é
deixado em contato para retardar o inimigo à medida em que o grosso retrai (Fig.
8.5, [2]). Este destacamento reintegra-se à sua força para continuar a ação
retardadora (Fig. 8.5,[3]). Tal procedimento será repetido sucessivamente.
As considerações sobre o emprego da reserva foram apresentadas ao final do
inciso 8.5.3.
b) Retardamento em posições alternadas
Empregando-se este tipo, a força de retardamento ocupa a PIR e a P2, preparando-
as devidamente (Fig. 8.6, [1]).
O retardamento na PIR e o retraimento processam-se conforme já descrito, indo a
força ocupar a terceira posição (P3), deixando um destacamento retardador em
contato para retardar o inimigo continuadamente (Fig. 8.6, [2]). Caso este
continue o avanço, irá encontrar a nova posição ocupada e preparada (Fig. 8.6,
[3]), repetindo-se, a partir de então, os mesmos procedimentos.
As considerações sobre o emprego da reserva foram apresentadas ao final da
alínea 8.5.3.
8.6 - RETRAIMENTO
8.6.1 - Conceitos básicos
O retraimento é o movimento retrógrado por meio do qual uma força engajada ou
parte dela rompe o contato com o inimigo. O retraimento pode ser diurno ou noturno.
O retraimento conduzido durante a noite ou sob condições de visibilidade reduzida é
preferível ao retraimento executado durante o dia.
Ao planejar um retraimento, o comandante visualizará aumentar a distância entre sua
força e o inimigo, o mais rápido possível e, preferencialmente, de maneira
desapercebida. Normalmente os seguintes propósitos são visados:
- evitar o combate sob condições desfavoráveis;
- atrair o inimigo para uma situação desfavorável;
- reajustar o dispositivo;
- adaptar-se ao dispositivo das forças adjacentes;
- permitir o emprego da força ou de uma parte, em outro local; e

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

- romper o contato quando não mais houver razão de manter um objetivo.


8.6.2 - Tipos de retraimento
Existem dois tipos de retraimento:
- sob pressão do inimigo - Em que este tenta impedir o desengajamento, atacando; e
- sem pressão do inimigo - Em que este não tenta ou não pode impedir o
desengajamento, havendo, entretanto, ameaça potencial.
Este último tipo é o de realização mais favorável, uma vez que o comandante tem
liberdade para escolher o momento apropriado, o que facilita o despistamento e pode
resultar em menor número de baixas.
8.6.3 - Distribuição de forças
Embora a organização de uma força para o retraimento dependa dos fatores da
decisão, normalmente será articulada em grosso, destacamentos de contato e força de
cobertura. A existência de elementos de segurança dependerá da situação,
principalmente do grau de engajamento da força.
a) Grosso
O grosso será organizado como marcha para o combate e sua composição
dependerá da missão subseqüente da força. Normalmente não será organizada
uma reserva, embora alguns elementos possam ficar hipotecados ou reforçar as
forças de segurança do grosso.
b) Destacamentos de contato
O principal propósito dos destacamentos de contato é iludir o inimigo quanto ao
retraimento. Caso haja pouca probabilidade de atingir tal intento, estes elementos
não serão estabelecidos. Nessas condições, a força procurará desengajar seus
elementos avançados e retrair através de forças de cobertura posicionadas à
retaguarda. Por sua vez, caso o inimigo descubra o retraimento e ataque, os
destacamentos de contato procurarão retardar dentro de suas possibilidades,
infligindo danos e protegendo o grosso. Desengajarão mediante ordem e retrairão
em seguida.
Normalmente, o efetivo dos destacamentos de contato corresponderá a um terço
dos elementos de manobra, retirado das tropas em contato, observados os
cuidados necessários para manutenção da unidade de comando. Outra solução
seria realizar uma substituição em posição das forças em contato, por uma tropa
de menor vulto e em larga frente. Tal medida, embora garanta unidade de

OSTENSIVO - 8-19 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

comando, aumenta os riscos da operação como um todo.


c) Força de cobertura
A força de cobertura destina-se a proteger o retraimento do grosso e retardar o
inimigo.
8.6.4 - Conceito da operação
Em princípio, o planejamento deve considerar o retraimento sob pressão,
contemplando procedimentos alternativos a serem executados caso isso não ocorra.
A idéia de manobra e o plano de apoio de fogo serão estabelecidos de acordo com os
fatores da decisão. A segurança e o despistamento devem ser implementados com
vistas a manter o sigilo da operação.
8.6.5 - Idéia de manobra
A idéia de manobra concebida deverá incluir as seguintes informações:
- a região de destino da tropa após o retraimento;
- a distribuição de forças;
- a seqüência (prioridade) de retraimento; e
- as medidas de coordenação e controle.
Ao estabelecer a prioridade segundo a qual as forças deixarão a área, o comandante
deve considerar que poderá iniciar o retraimento pelas reservas ou pelas forças em
contato. Neste particular levará em conta que:
- se retrair em primeiro lugar as tropas mais decisivamente engajadas, o inimigo
poderá cercar e destruir com mais facilidade os elementos remanescentes; e
- se retrair inicialmente as tropas menos engajadas, poderá ter dificuldade em retrair,
em seguida, as mais engajadas.
Quando o retraimento simultâneo de todas as unidades não for praticável, o
comandante determinará a seqüência de realização. A decisão ficará condicionada a
um plano que melhor preserve a integridade da força e melhor contribua para o
cumprimento da missão. O conceito da operação e a comparação das taxas de perdas
serão fatores a influir na decisão quanto à prioridade. Normalmente, em igualdade de
condições, os elementos mais decisivamente engajados retrairão primeiro.
Deve ser considerado o retraimento antecipado de elementos não diretamente
envolvidos com a operação observados os requisitos de não revelar ao inimigo as
ações previstas.
Normalmente, serão estabelecidas as seguintes medidas de coordenação e controle:

OSTENSIVO - 8-20 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

limites, pontos e linhas de controle, itinerários de retraimento, pontos de passagem,


pontos iniciais e de liberação, e linha de acolhimento.
Caso o retraimento ocorra sob condições de visibilidade reduzida, deverão ser
previstas medidas adicionais para assegurar o adequado controle.
É importante considerar, também, a hora para início do retraimento. De preferência,
a operação será executada à noite, de modo a facilitar o desengajamento e encobrir a
movimentação da tropa, embora acarrete maior dificuldade para o controle. Tais
aspectos vão ser influenciados pela existência de meios de visão noturna nas forças
amigas e no inimigo. Determinadas condições meteorológicas adversas como chuva
forte, nevoeiro e nevasca, bem como o emprego de fumaça, podem garantir
segurança ao retraimento diurno, persistindo, entretanto, a dificuldade no controle.
a) Retraimento sem pressão do inimigo
A não interferência do inimigo vai depender, basicamente, de que ele não perceba
a intenção de retrair. Isto será obtido por meio de medidas de controle, segurança
e de despistamento. O controle e a segurança são proporcionados pela preparação
completa e minuciosa de planos pormenorizados; e o despistamento, pela
simulação de tráfego rádio, de fogos e de outras atividades normais. Pode ser
realizado furtivamente ou após um ataque, para desviar a atenção do inimigo. Os
planos devem incluir previsões para a eventualidade de detecção e de interferência
por parte do inimigo.
As forças de segurança já desdobradas no terreno darão continuidade às suas
tarefas passando a atuar como força de cobertura.
A reserva e os elementos de apoio de serviços ao combate que não retraíram
previamente iniciam o deslocamento para a retaguarda (Fig. 8.8, [1]).
De acordo com o planejamento, as forças da área de defesa avançada destacam os
elementos a serem deixados em contato e preparam-se para retrair.
O retraimento do grosso - exceto os elementos deixados em contato - deve ser
realizado rápida e simultaneamente em toda a frente; os diversos escalões
deslocam-se para a retaguarda em coluna de marcha e dirigem-se para as novas
posições (Fig. 8.8, [2]). Para facilitar o controle, poderão ser concentradas, antes,
em ZReu, bem afastadas entre si. Sua ocupação será pelo tempo mínimo possível.
Mediante ordem, os elementos deixados em contato retraem utilizando os mesmos
itinerários e vão se juntar à sua tropa de origem (Fig. 8.8, [3]).

OSTENSIVO - 8-21 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

A força de cobertura permanece em posição de modo a prolongar a dissimulação;


iniciará seu retraimento quando o grosso alcançar uma distância considerada
satisfatória pelo comandante ou quando for atacada. Neste caso desenvolverá uma
ação retardadora, evitando cerrar sobre o grosso (Fig. 8.8, [4]).

1 2 3 4

LAADA LAADA
EDC EDC
(-) (-)

(-) Sv

Fig. 8.8 - Retraimento sem pressão do inimigo


b) Retraimento sob pressão do inimigo
Uma vez sob pressão do inimigo, a força que retrai deve dispor de mobilidade,
meios de guerra eletrônica, apoio de fogo, controle, emprego de forças de
cobertura e superioridade aérea local, e empregar judiciosamente obstáculos e
elementos de segurança.
As unidades da ADA estabelecem e controlam forças de segurança apoiadas por
carros de combate e viaturas blindadas. Conforme planejado, os elementos em
contato realizam ataques com propósito limitado, de modo a pressionar o inimigo
(Fig. 8.9, [1]).
A reserva recebe a tarefa de atuar como força de segurança, ocupando posições
em terreno favorável à retaguarda.
Mediante ordem, as forças da ADA e as forças em contato procuram desengajar
protegidas por forte apoio de fogo. Se necessário, desenvolvem ação retardadora
(Fig. 8.9, [2]).
A força de cobertura desenvolve uma defensiva temporária protegendo o
retraimento do grosso, após o que desengaja e conduz uma ação retardadora (Fig.
8.9 [3]).

OSTENSIVO - 8-22 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

1 2 3

(-) (-)

(-) (-)

Fig. 8.9 - Retraimento sob pressão do inimigo


c) Término do retraimento
O retraimento será considerado concluído quando todos os elementos da força,
menos os destacamentos de contato e/ou as forças de cobertura, tiverem
desengajado e se organizado para o movimento em direção à retaguarda - a
retirada.
8.7 - RETIRADA
8.7.1 - Conceitos básicos
A retirada é um movimento retrógrado planejado e realizado por força que não está
em contato com o inimigo. Pode ser executada após um retraimento. A força em
retirada pode ser submetida a ataques de guerrilheiros, incursões, fogos de longo
alcance, operações psicológicas e ataques aéreos.
Normalmente uma retirada tem os seguintes propósitos, que podem ou não ocorrer
concomitantemente:
- afastar, da linha de contato (LC), uma força desgastada;
- permitir o emprego da tropa em outro local; e
- evitar combate decisivo.
8.7.2 - Planejamento
A força que se retira adotará dispositivo semelhante ao utilizado na marcha para o
combate, com a formação e os planos adequados para fazer face à ameaça de
guerrilheiros, ataques aéreos, helitransportados ou aeromóveis e fogos longínquos.
Embora preparada para o combate, a força só se engajará em autodefesa.
A segurança e a velocidade são as considerações mais importantes no planejamento e
execução da retirada. Serão obtidas pelo(a):

OSTENSIVO - 8-23 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

- emprego de forças de segurança;


- deslocamento sob períodos de visibilidade reduzida;
- utilização de vários itinerários; e
- emprego de técnica de infiltração quando o inimigo dispuser de superioridade aérea
local.
8.7.3 - Conduta
Como não há contato com o inimigo, a força ocupa ZReu, onde são tomadas as
medidas pertinentes ao dispositivo a ser adotado e iniciado o movimento.
Havendo contato com o inimigo, a retirada é precedida de um retraimento, até a força
ficar sob a cobertura de outra tropa. Após romperem o contato, os diversos elementos
dirigem-se, em movimento descentralizado, para os respectivos itinerários de
retraimento conforme planejado. À medida em que o terreno permitir e os vários
escalões recuperem sua integridade tática, se afastando do inimigo, o controle
centralizado vai sendo retomado.
As medidas de segurança relativas a comunicações e eletrônica, especialmente o
silêncio rádio, devem ser empregadas ao máximo durante os deslocamentos.

OSTENSIVO - 8-24 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

CAPÍTULO 9
A DEFESA
9.1 - PLANEJAMENTO
O planejamento da defensiva terá início com o recebimento da missão ou em
decorrência da atuação do inimigo. No segundo caso, a missão será assumida.
9.2 - ANÁLISE DOS FATORES DA DECISÃO
9.2.1 - Missão
A missão definirá a área a ser defendida e o início da operação. A forma de manobra
poderá, também, estar imposta na missão. Seu estudo permitirá determinar a defesa
que será adotada.
9.2.2 - Inimigo
As suas possibilidades, efetivos, eficiência em combate, armamento e equipamento
são considerados no planejamento.
O defensor procura analisar seu próprio dispositivo e a área a ser defendida como se
fosse o inimigo. Assim, identificará vulnerabilidades que possam ser exploradas e
vias de acesso favoráveis ao atacante. Adicionalmente, serão estudadas e
consideradas as vulnerabilidades e deficiências do atacante.
9.2.3 - Terreno
Ver inciso 6.2.1.
9.2.4 - Meios disponíveis
Para o comandante que planeja operações defensivas, os meios disponíveis incluem
as forças a serem desdobradas nas posições defensivas, o apoio de fogo, que deve
atender às suas necessidades e às necessidades das forças que executam a manobra, e
os obstáculos naturais e artificiais. Cada um desses meios depende dos demais para
que se obtenha o máximo de eficiência. A tarefa do defensor é combinar tais meios
de modo sincronizado e em dosagens que atendam ao cumprimento da missão
defensiva.
O defensor deve considerar a natureza, o grau de adestramento, o moral, o
equipamento e o armamento de suas tropas durante o planejamento da defensiva.
Elementos blindados e mecanizados podem movimentar-se em combate mesmo sob
fogo de artilharia, enquanto que a infantaria, nas mesmas circunstâncias, poderá
sofrer pesadas baixas. Por sua vez, a infantaria é apta a defender-se em terreno
acidentado e em áreas edificadas, que restringem os movimentos do atacante. Deve-

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

se, portanto, procurar ajustar o emprego dos meios ao aproveitamento das


características defensivas naturais do terreno, que podem ser agravadas pela sua
adequada organização e pela estreita coordenação entre a idéia de manobra e o plano
de apoio de fogos. Adicionalmente, a existência de tropa com capacidades especiais,
tais como combate noturno, realização de infiltração tática, movimento
helitransportado etc, proporciona ao defensor vantagens que devem ser habilmente
exploradas.
9.2.5 - Tempo disponível
O tempo disponível é crucial para o planejamento e organização da defesa. Esta será
mais eficaz se o defensor puder levar a cabo o planejamento para emprego de seus
elementos de combate e de apoio, o reconhecimento e ocupação das posições e a
organização do terreno, bem como providências logísticas. O tempo disponível é
considerado, para efeito de planejamento, como o período compreendido entre o
momento do recebimento da missão e o início do seu cumprimento, estabelecido em
seu enunciado. Entretanto, os trabalhos de melhoria da área a ser defendida e os
ajustes no dispositivo devem estender-se até a iminência do ataque inimigo e nos
períodos de pausa entre os mesmos.
9.3 - CONCEITO DA OPERAÇÃO
Considerando os fatores já analisados e seguindo a sistemática do PPM, o comandante
expressa como tenciona estabelecer sua defensiva. As linhas de ação para a defesa de
área resultam do método denominado processo das cinco fases, descrito no CGCFN-
31.1 Manual do Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais. Após sua decisão, o
comandante formula o conceito da operação que inclui, basicamente, sua idéia de
manobra e o pertinente plano de apoio de fogo, além de detalhes essenciais quanto à
segurança, apoio ao combate e apoio de serviços ao combate.
Todos estes componentes são estudados concorrentemente, elaborados em íntima
coordenação e, ao final do planejamento, incorporados à diretiva.
9.4 - IDÉIA DE MANOBRA
9.4.1 - Considerações gerais
Na defensiva, os principais aspectos a serem desenvolvidos abrangem:
- a forma de manobra tática (capítulo 8);
- as medidas de coordenação e controle;
- a resistência desejada em cada via de acesso;

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

- o poder de combate e o desdobramento das forças de segurança (inciso 6.4.1);


- o poder de combate a ser desdobrado na área de defesa avançada (inciso 6.4.2); e
- o poder de combate e a localização da reserva (inciso 6.4.3).
9.4.2 - Medidas de coordenação e controle
As principais medidas de coordenação e controle utilizadas na defensiva incluem:
- Limite Anterior da Área de Defesa Avançada (LAADA) ;
- Limites Laterais (LL) e de Retaguarda (LRtg);
- Linha de Coordenação de Apoio de Fogo(LCAF);
- Linha de Coordenação de Fogos (LCF);
- Linha de Segurança de Apoio de Artilharia (LSAA) ;
- Núcleos de Defesa;
- Penetração Inimiga Admitida;
- Pontos Limite (PLim); e
- Zonas de Reunião (ZReu).
As medidas de coordenação e controle são abordadas no CGCFN-60 Manual de
Comando e Controle de Fuzileiros Navais.
9.4.3 - Resistência desejada em cada via de acesso
Existem três graus de resistência que podem ser empregados na ADA: defender;
retardar e vigiar. Na análise do terreno, serão estudadas as vias de provável acesso
em direção à posição defensiva, com vistas a determinar o grau de resistência a ser
estabelecido em cada uma delas, considerando-se o poder de combate do inimigo, os
meios e o tempo disponíveis. Caberá ao defensor combinar tais fatores objetivando o
cumprimento de sua missão.
Uma tropa que defende determinada via de acesso combate para conter o inimigo,
por meio do fogo e do combate aproximado, negando seu acesso. Para tal, deve
possuir poder de combate compatível com a amplitude da via de acesso e com o
valor do inimigo que poderá mobiliá-la.
Procura-se defender nas vias de acesso favoráveis ao inimigo e que possuam
acidentes capitais que permitam barrá-lo junto ao LAADA. A inexistência de boas
condições para o defensor poderá levá-lo a aceitar o risco de permitir uma penetração
do atacante, aproveitando sua própria impulsão para destruí-lo em melhores
condições no interior da posição defensiva, empregando uma defesa elástica (inciso
8.4.4). Neste caso, procurará retardar o inimigo, mediante a utilização de posições de

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

bloqueio, canalizando-o para regiões que permitam sua destruição.


A tropa que retarda em uma via de acesso busca desorganizar o inimigo pelo fogo,
trocando o mínimo de espaço pelo máximo de tempo, sem engajar decisivamente. O
retraimento ocorre mediante ordem, na iminência de um engajamento decisivo. O
defensor, para retardar, emprega poder de combate menor do que quando defende,
ocupando núcleos defensivos de maiores proporções.
A ação de retardar poderá ser usada em determinadas faixas do LAADA visando
economia de meios em vias de acesso secundárias, retirando a impulsão do inimigo e
reduzindo o seu poder de combate até determinada região, onde, então, deve ser
bloqueado.
A ação de vigiar engloba o estabelecimento de postos de vigilância,
complementados por patrulhas, para detectar a presença do inimigo. Sob pressão, a
tropa retrai, sem perder contato. As regiões de aprofundamento à retaguarda da via
de acesso em que o grau de resistência adotado foi de vigiar devem ter núcleos
defensivos preparados e não ocupados, que barrem a progressão inimiga para a área
de reserva da posição defensiva.
Normalmente, as forças na defensiva têm a vantagem de poder selecionar e
reconhecer a área a defender, aproveitar as características naturais do terreno,
melhorando-as a seu favor e agravando-as para o inimigo. Deve-se considerar,
entretanto, que na defesa de uma cabeça-de-praia os fatores de tempo e espaço nem
sempre são favoráveis ao defensor.
Qualquer que seja o tipo de manobra tática defensiva adotado, o ponto chave ou
região capital de defesa deverá ser criteriosamente selecionado, uma vez que sua
manutenção será o ponto de inflexão para o cumprimento da missão.
Muitas vezes as frentes a defender serão superiores à capacidade das forças
disponíveis para a defesa e nem sempre o terreno se mostrará favorável ao
desdobramento da tropa. Nessas situações, que configuram uma defensiva em larga
frente, além de se estabelecer somente a cavaleiro de determinados eixos, o
comandante deixará espaços apenas vigiados, admitirá menor apoio mútuo entre
elementos da ADA e procurará dificultar o acesso do atacante. Entretanto, não serão
admitidos intervalos não batidos por armas automáticas entre os núcleos de defesa a
nível de Cia e abaixo. Caso tenham que existir, serão entre unidades.
Adicionalmente, o comandante poderá estabelecer um dispositivo em expectativa,

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

que consiste em implementar medidas defensivas finais somente após o inimigo


haver direcionado a maioria de seus meios.
9.5 - PLANO DE APOIO DE FOGO
O planejamento do apoio de fogo deve integrar todos os meios de apoio disponíveis na
área, seja artilharia, aviação ou fogo naval.
Basicamente, deve-se prever o engajamento das forças inimigas o mais cedo possível,
por fogos longínquos. Entretanto, pode ser desejável não fazê-lo, com vistas à obtenção
de máxima surpresa e ação de choque. As áreas de alvos previamente selecionadas são
mantidas sob cerrada vigilância. Para obtenção da eficiência máxima sobre os alvos
móveis, os fogos devem estar em condições de serem desencadeados pronta e
eficientemente. A alternativa a adotar é uma decisão crítica do comandante, que deve
assim dispor de planos suficientemente flexíveis que assegurem a desejada liberdade de
ação. No caso de artilharia deverá ser planejado o desencadeamento de uma barragem
normal e de tantas eventuais quanto se façam necessárias.
Em geral, os fogos na defesa objetivam, em seqüência:
- retardar, pelo apoio aéreo, os movimentos de tropas inimigas além do LAADA,
interditando seus eixos de progressão;
- retardar e desorganizar o inimigo durante sua aproximação pela execução de fogos de
longo alcance de artilharia, de fogo naval, se possível, e pelo apoio aéreo em missões
de busca, ataque e interdição;
- desorganizar o ataque inimigo por meio de fogos de contra-preparação de toda a
artilharia e fogo naval disponíveis, além de apoio aéreo em alvos profundos, como
armas de longo alcance;
- dificultar o ataque inimigo empregando fogos de artilharia, fogo naval e morteiro, em
largura e profundidade, imediatamente à frente da posição defensiva;
- quebrar o ímpeto do assalto inimigo à área de defesa avançada pela combinação de
artilharia, fogo naval, e morteiros, em fogos de proteção final, empregando apoio
aéreo para isolamento da área e para atacar reforços inimigos;
- limitar a penetração na posição defensiva através de fogos a pedido em apoio aos
núcleos de defesa, e pela previsão de meios adicionais de apoio de fogo,
particularmente apoio aéreo, para atacar alvos inopinados de acordo com a evolução
da situação;
- destruir as forças inimigas canalizadas para zonas de destruição dentro da posição

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

defensiva, utilizando todos os meios de apoio de fogo;


- impedir o retraimento e/ou reforço das forças inimigas remanescentes pelo
planejamento de concentrações de artilharia, fogo naval e morteiros, e por missões
aéreas a pedido, de busca ou ataque; e
- apoiar o contra-ataque utilizando todos os tipos de armas, coordenadas e integradas
entre si e com o elemento de combate apoiado.
A concentração dos fogos, a coordenação entre as armas de apoio e a inexistência de
áreas não batidas quando da realização dos fogos de proteção final, são fatores de
grande relevância para a manutenção do LAADA. Assim sendo, o traçado da linha de
proteção final (LPF) deve ser criterioso, visando possibilitar o máximo aproveitamento
dos fogos à frente da posição. É de grande importância, também, que os obstáculos à
frente da posição sejam batidos por fogos e instalados de maneira a separar infantaria de
blindados.
9.6 - INFORMAÇÕES
Na defesa, é essencial um contínuo e agressivo esforço na busca de informes,
particularmente com o emprego de meios aéreos, da guerra eletrônica e de elementos de
operações especiais, para a determinação provável do valor e composição do inimigo e
da direção, local e hora do seu ataque. Entretanto, há certa dificuldade para obtenção
desses informes, uma vez que a iniciativa das ações pertence ao atacante e dada a
inferioridade que normalmente conta o defensor em poder de combate e meios de
reconhecimento. Tais óbices podem ser parcialmente compensados pelas medidas
desenvolvidas pelo defensor para detectar a aproximação final do atacante e pelo
conhecimento prévio que tenha sobre a área de defesa.
9.7 - SEGURANÇA
Além do emprego das forças de segurança, outras medidas e meios devem ser
estabelecidos, tais como patrulhas, emprego de dispositivos ótico/eletrônicos de
vigilância, obstáculos, minas e armadilhas etc. Particular atenção deve ser conferida às
medidas passivas, tais como disciplina de camuflagem, de iluminação, de emissões
térmicas, sonoras e eletromagnéticas, e adequada utilização de cobertas. Os períodos de
visibilidade reduzida devem receber especial cuidado, pois oferecem condições
favoráveis ao atacante.
9.8 - ENGENHARIA
A construção de obstáculos e fortificações demanda tempo e grande quantidade de

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

material de engenharia, mas é essencial na defensiva para dificultar, retardar ou


canalizar o avanço inimigo. Normalmente, cabe aos elementos de engenharia prestar
assistência técnica nas medidas relativas à camuflagem, na elaboração do plano de
barreiras e na execução das tarefas de engenharia que exijam técnica específica ou
equipamentos especializados. Os planos de barreiras são preparados em coordenação
com os outros planos. É necessário tirar a máxima vantagem dos obstáculos naturais e
agravá-los. A eficiência de um obstáculo é extremamente limitada se ele não estiver
coberto pela observação e pelo fogo. Passagens e brechas são necessárias para o
movimento de reservas e outras forças na área de defesa. Os planos de barreiras
estabelecem a localização das barreiras, a responsabilidade e a prioridade para a sua
construção. O plano de barreiras deve ser cuidadosamente coordenado com os planos de
contra-ataque (CAtq), para não bloquear as vias de acesso selecionadas e possibilitar o
deslocamento da força de CAtq no interior ou na frente da posição.
Os demais trabalhos referentes a obstáculos e fortificações ficarão a cargo dos
elementos que vão ocupar as posições, inclusive os núcleos de defesa. Entretanto, o
preparo das posições de aprofundamento pode ficar a cargo da engenharia quando a
tropa prevista para sua ocupação estiver cumprindo outras tarefas.
Também cabe à engenharia manter em condições de utilização as estradas e campos de
pouso necessários à operação defensiva, realizando a demarcação de passagens e
orientação na transposição dos obstáculos do sistema de barreiras, bem como
melhorando pistas e estradas de campanha para o deslocamento das tropas.
9.9 - CARROS DE COMBATE
Os carros de combate serão utilizados, preferencialmente, nas forças de segurança e de
CAtq, com seu poder de choque sendo empregado decisivamente sobre o inimigo detido
nas penetrações. Caso sejam necessários às forças da ADA deverão, a partir de posições
cobertas e abrigadas, ficar em condições de bater regiões críticas pré-selecionadas.
Alternarão freqüentemente suas posições utilizando itinerários cobertos, posições
suplementares e de muda.
9.10 - CONTRA-ATAQUE
9.10.1 - Considerações gerais
O CAtq é uma ação fundamental da defesa, pois permite ao comandante intervir no
combate por meio de manobra ofensiva.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

9.10.2 - Propósitos
Os propósitos dos CAtq variam principalmente com a forma de manobra tática
defensiva adotada, podendo visar:
- o restabelecimento do LAADA;
- a destruição do inimigo;
- a desorganização de forças inimigas; e
- o desengajamento de tropas amigas.
Em algumas ocasiões o defensor poderá obter tais propósitos apenas pela utilização
de fogos. Entretanto, os resultados mais efetivos serão obtidos, usualmente, pela
combinação do fogo e do movimento, aplicando-se os princípios do combate
ofensivo.
O CAtq para restabelecimento do LAADA visa a reconquista do terreno perdido
pelo defensor e o restabelecimento dos núcleos de defesa conquistados pelo
inimigo. Como propósito secundário inclui a destruição do inimigo. Trata-se de
ação típica da defesa de área.
O CAtq de destruição visa as forças inimigas contidas na penetração. Poderá
redundar, ainda, no restabelecimento do LAADA. Normalmente ocorre na defesa
móvel, embora possa ser empregado, também, na defesa de área.
O CAtq de desorganização é lançado para impedir ou retardar a montagem dos
ataques inimigos. É desencadeado fora da área de defesa, contra forças que estejam
em fase de organização ou de preparação para um ataque. Na área de defesa, é
lançado contra forças aeroterrestres e helitransportadas após chegarem ao solo. Não
visa conquistar terreno e sim desgastar as tropas inimigas, bem como impedir sua
observação terrestre direta sobre a área de defesa.
O CAtq de desengajamento visa possibilitar o desengajamento de uma tropa em
contato com o inimigo. Embora seja de ocorrência mais freqüente nos movimentos
retrógrados, poderá ter lugar, também, na defensiva.
9.10.3 - Planejamento
Durante o planejamento serão elaborados planos de CAtq visando cobrir todas as
penetrações admitidas ou prováveis. Se possível, tais planos serão distribuídos com
a diretiva pertinente a defensiva e, do mesmo modo que as demais ações, devem ser
permanentemente atualizados. As diretivas são preparadas num sistema de
prioridade, o que significa que os planos para destruição das penetrações mais

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

perigosas são preparados em primeiro lugar. No momento apropriado será colocado


em ação o plano pertinente ou adaptado àquele cuja hipótese melhor se aproxime
das circunstâncias.
O poder de combate da força de CAtq deve ser, em princípio, superior ao do
inimigo no interior da penetração. Deverá ser levado em conta, entretanto, que esse
inimigo estará desgastado, em fase de reorganização e submetido aos fogos dos
elementos que estão limitando a penetração, podendo admitir-se, assim, que o valor
mínimo de tropa de infantaria que integrará o CAtq seja igual ao do núcleo
submergido. O emprego de uma força de CAtq apenas com esse valor mínimo de
tropa de infantaria, contudo, deverá ser evitado sempre que possível. Assim, na
composição dessa força, deverá ser considerado um valor desejável de tropa de
infantaria, igual ao do inimigo no interior da penetração, e a dosagem de carros de
combate compatível com a ação de choque e potência de fogo pretendidas, além de
proporcionar-lhe todos os fogos de apoio disponíveis.
É essencial haver unidade de comando durante o contra-ataque, de modo a garantir
unidade de esforços.
9.10.4 - Diretiva
A responsabilidade pela diretiva do CAtq é do comandante que tem a seu cargo a
área de defesa. Será semelhante a um plano/ordem de operação, podendo constituir-
se em anexo, e incluir aspectos referentes à(s) hipótese(s) básica(s) levantada(s);
área e forma de penetração admitida, valor e composição das forças inimigas na
mesma, bem como prescrições sobre a(s) força(s) de bloqueio. Conterá, ainda,
determinações sobre a constituição da reserva temporária e designará a tropa que
reconstituirá o LAADA, se for o caso.
Para sua elaboração, será levado em conta a situação dos meios do defensor na área
de defesa avançada, inclusive sua possibilidade para conter a penetração, valor,
localização e natureza das tropas incumbidas do contra-ataque.
À reserva ou à unidade de contra-ataque cabe o planejamento detalhado do mesmo,
bem como a adoção de providências correlatas - reconhecimento, seleção de
itinerários, determinação dos fatores de tempo e distância e coordenação com os
elementos da área de defesa avançada - e repetidos ensaios. Estes não só permitirão
à tropa o conhecimento pormenorizado da manobra, como ensejarão o
aperfeiçoamento e os ajustes pertinentes.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

9.10.5 - Medidas de coordenação e controle

P
/L
LC
LAADA LAADA
Obj

Itine
rário

Fig. 9.1 - Medidas de coordenação e controle no contra-ataque


a) Penetração inimiga
Será indicada a penetração realizada pelo inimigo ou, para fins de planejamento,
a penetração máxima admitida.
b) Objetivo
Normalmente, cada contra-ataque visa apenas um objetivo, cuja conquista ou
destruição deve estar dentro das possibilidades da força que terá a manobra a seu
cargo.
c) Direção de contra-ataque
Fixada para assegurar que a manobra será rigorosamente coordenada.
d) Hora do contra-ataque
Embora não possa ser fixada durante o planejamento, são estimados os prazos
que a força de contra-ataque necessita para se deslocar e desencadear o ataque
após receber a ordem.
e) Linha de Partida
Estabelecida inicialmente, com vistas ao planejamento e ensaio, com base na
penetração provável do atacante. Para a realização do contra-ataque será a linha
de contato.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

f) Limites
Embora seja desejável conservar os limites existentes, poderá ser necessário
fazer algumas modificações, de modo a assegurar o controle da manobra da
força de contra-ataque e preservar a unidade de comando.
9.11 - CONDUTA DA DEFENSIVA
9.11.1 - Conceitos básicos
A preparação e o melhoramento da posição defensiva devem ser atividades
contínuas, mesmo após o início do ataque inimigo.
É da maior importância o desenvolvimento de contínuo e agressivo esforço de
busca de informes, lançando-se mão desde sensores até elementos de operações
especiais, com vistas à obtenção de dados que permitam indicar o valor,
composição, direção e hora provável do engajamento.
O contato com o atacante é inicialmente estabelecido pelos meios de
reconhecimento aéreo e pelas forças de segurança. Tais elementos procuram manter
este contato e suprir os escalões determinados com um fluxo contínuo de informes
sobre a movimentação inimiga.
As forças atacantes devem ser batidas pelos fogos da artilharia, dos meios aéreos e
navais o mais distante possível, a menos que se tenha optado pela surpresa,
objetivando alcançar melhores resultados.
A tropa dos PAG atua para desgastar, retardar, iludir e desorganizar o inimigo sem,
entretanto, se engajar decisivamente, até retrair através dos PAC, se estabelecidos,
ou do LAADA.
Os PAC, em estreita coordenação com as forças de segurança, realizam o
acolhimento das mesmas. Por meio de fogos longínquos e patrulhas, mas sem
engajar em combate aproximado, procuram alertar quanto à presença do inimigo,
impedir sua observação direta sobre a posição defensiva e, dentro de suas
possibilidades, retardá-lo, iludi-lo e desorganizá-lo.
O defensor deve avaliar o dispositivo do atacante à frente da ADA, quanto à
oportunidade de lançar um contra-ataque de desorganização. Em seu exame de
situação, considerará os riscos decorrentes em face do cumprimento de sua missão
global na defensiva.
O acolhimento das forças de segurança assinala o início das atividades diretamente
ligadas à manutenção da integridade física da área de defesa. São fechadas as

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

passagens utilizadas para o retraimento daquelas forças e desencadeados fogos


defensivos aproximados para desorganizar e retardar o inimigo.
A atuação das forças da ADA variará de acordo com a forma da manobra tática
defensiva empregada.
Na defesa de área todo o esforço é despendido para deter o inimigo à frente da
ADA; esforços são feitos para bloquear as vias de acesso junto ao limite anterior à
mesma e garantir profundidade à defensiva. Caso ocorra uma penetração, o
dispositivo defensivo deverá prever como limitar sua extensão e, se necessário,
canalizar o atacante para regiões favoráveis ao contra-ataque.
A defesa móvel é desenvolvida empregando o contra-ataque como fator decisivo;
os elementos avançados procuram, em princípio, retardar e desgastar o inimigo,
admitindo sua penetração a profundidades variáveis, de acordo com o
planejamento. Devem possuir flexibilidade para, em curto prazo, aferrar-se ao
terreno e apoiar o CAtq.
9.11.2 - Contra-ataque
O CAtq deve ser conduzido como uma operação ofensiva, executado
vigorosamente e cuidadosamente coordenado com todo o esforço defensivo. Deve-
se procurar atingir o atacante nos flancos, onde é normalmente mais vulnerável.
Adicionalmente, o inimigo estará desgastado em face do esforço para realizar a
penetração, com suas tropas distendidas, voltadas para várias direções.
Caso ocorram diversas penetrações, será estabelecida uma prioridade para sua
eliminação, partindo das que oferecem maior perigo para a integridade da área de
defesa. O inimigo que tiver sido expulso de uma penetração não deve ser
perseguido além do LAADA, exceto pelo fogo.
As forças devem manter atitude agressiva pela constante preparação para assumir a
ofensiva por meio de um CAtq, especialmente nas seguintes situações:
- períodos de interrupção do movimento inimigo;
- condições atmosféricas desfavoráveis às operações inimigas;
- ação ofensiva de forças navais e aéreas amigas que afetem o ataque inimigo;
- reforço das posições defensivas;
- contra-ataque decisivo realizado pela reserva; e
- grandes erros táticos cometidos pelo inimigo.
A decisão quanto ao momento e locais para desencadear o CAtq é das mais difíceis.

OSTENSIVO - 9-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

Os aspectos abaixo devem ser considerados, embora não sejam requisitos


indispensáveis, e não devam tolher a iniciativa do comandante:
- Situação do ataque inimigo: em situação normal o CAtq deve ser lançado quando
o inimigo tiver sido detido, retardado (perdendo a impulsão), desorganizado ou
antes que se encontre em condições de consolidar seu êxito e reorganizar suas
forças. Tais condições, no entanto, não são essenciais, devendo o CAtq ser
desencadeado antes que a força inimiga, na penetração, se torne demasiadamente
forte e enquanto existir uma razoável oportunidade de êxito. Se não houver chance
de sucesso no CAtq, deve-se procurar deter a penetração inimiga, criando novas
condições para o desencadeamento de contra-ataque pelo escalão superior;
- Efeito dos fogos defensivos: um CAtq deve ser desencadeado caso os fogos
defensivos não tenham conseguido repelir ou destruir o inimigo;
- Meios disponíveis: um CAtq não deve ser lançado quando as forças e fogos
disponíveis não forem suficientes para o cumprimento da missão. Por outro lado,
mesmo bem sucedido, um CAtq que implique em pesadas perdas pode
comprometer o propósito da defensiva como um todo. Deve-se acrescentar, ainda,
que o emprego parcelado de forças contra pequenas penetrações pode desfalcar o
defensor, colocando-o em situação difícil para reagir contra penetrações de vulto;
- Terreno conquistado pelo atacante: um CAtq será desencadeado quando o inimigo
tenha conquistado ou esteja ameaçando um acidente capital importante para a
coesão do sistema defensivo. Tais acidentes devem ser identificados durante o
exame da situação e em função deles são elaborados os planos de CAtq.
Basicamente, terão sido respondidas as seguintes perguntas:
- o ímpeto do inimigo foi diminuído ou quebrado?
- o inimigo está sendo canalizado para uma zona de destruição?
- nossos fogos falharam no sentido de expulsar o inimigo?
- nossas reservas e nossos fogos são adequados?
- algum acidente capital está ameaçado ou foi perdido?
A presença do comandante que determinou a realização do CAtq é, também, um
dos meios de se obter unidade de comando na ação. Caso esta presença não seja
possível, tal efeito pode ser alcançado reajustando as relações de comando das
tropas na área.
Após um CAtq exitoso, serão realizadas as modificações necessárias no dispositivo

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

defensivo, devendo-se proceder ao reposicionamento das armas de apoio,


designando-se os elementos que devem guarnecer e defender a ADA, bem como
aqueles que reverterão à reserva. A nova reserva é, normalmente, organizada pelos
remanescentes da área onde ocorreu a penetração inimiga e por elementos da força
de CAtq que não foram utilizados na reocupação das posições de primeiro escalão.
Se o CAtq fracassar e o inimigo não for expulso da penetração, a força executante
aferra ao terreno, mantendo as posições conquistadas até que receba outras ordens
ou seja reforçada. O escalão superior deve ser imediatamente informado da situação
criada em conseqüência do insucesso do CAtq.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

CAPÍTULO 10
OPERAÇÕES DEFENSIVAS EM CONDIÇÕES ESPECIAIS
10.1 - DEFESA CONTRA INFILTRAÇÃO
A possibilidade do inimigo realizar uma infiltração deve sempre ser considerada pelo
defensor. A defesa contra forças de infiltração torna-se progressivamente importante à
medida que a dispersão no campo de batalha aumenta. Normalmente, a infiltração é
realizada por elementos isolados ou pequenos grupos. Entretanto, se não forem
tomadas, permanentemente, medidas enérgicas e eficazes pelo defensor, o inimigo
acabará por posicionar efetivos apreciáveis no interior da área de defesa, podendo
quebrar a integridade tática da força defensora para batê-la por partes.
As medidas específicas visando impedir a infiltração abrangem o emprego de,
especialmente nas faixas do terreno favoráveis ao inimigo, de:
- obstáculos antipessoal;
- sensores de vigilância e de alarme;
- postos de vigilância e de escuta;
- intenso patrulhamento;
- bloqueios de estradas; e
- fogos de interdição.
Deve ser considerado que os meios suplementam, mas não substituem o dispositivo
com tropa em posição. Todo esforço é feito para identificar as prováveis zonas de
reunião à retaguarda das forças amigas. É dada prioridade para a destruição do inimigo
nessas zonas, antes que ele possa organizar-se e desencadear seu ataque.
A força inimiga de infiltração, cuja busca deve ser constante, pode constituir um alvo
compensador que permita o desencadeamento preciso de fogos de longo alcance. A
destruição ou a neutralização, o mais cedo possível, de tais forças, são essenciais. Uma
vez identificada uma infiltração, o defensor deve atacar imediatamente, mantendo o
contato até sua destruição total. Essa atitude agressiva desencorajará o atacante quanto
a outras tentativas.
Forças de infantaria dispondo de viaturas anfíbias e apoio de carros de combate são as
mais aptas para conduzir ações ofensivas contra elementos infiltrados.
10.2 - DEFESA CONTRA ATAQUES AEROTERRESTRES E HELITRANSPORTADOS
Tal defesa compreende o estabelecimento de um sistema de alarme, a utilização de
meios antiaéreos, o emprego de tropas para a defesa de prováveis objetivos e a

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existência de uma reserva móvel.


As tropas aeroterrestres e as helitransportadas são extremamente vulneráveis pouco
antes da aterragem/desembarque e nos instantes seguintes, enquanto estão se
organizando. Assim, a par de desenvolver esforços no sentido de procurar destruir os
meios que as transportam ainda em vôo, o comandante deve procurar localizar suas
zonas de lançamento e de desembarque, de modo a dirigir fogos contra as mesmas,
isolá-las e realizar contra-ataques.
Normalmente, as tropas referidas têm pouca mobilidade após alcançarem o solo,
acarretando sua chegada em terra próximo ou mesmo nos objetivos. Este é um fator a
ser considerado pelo defensor ao estudar as possíveis medidas de proteção de seus
pontos críticos.
O lançamento de obstáculos específicos para fazer face a tais modalidades de operação
só compensa caso seja esperado um ataque aeroterrestre/helitransportado de grande
envergadura. Na realidade, tais meios, usualmente, consomem muito tempo e material
e são de pouca validade.
Normalmente, as medidas visando impedir a infiltração são eficazes na prevenção de
ataques de forças aeroterrestres e helitransportadas.
10.3 - DEFESA CONTRA A GUERRA IRREGULAR
No campo tático, a guerrilha se caracteriza por ações ofensivas realizadas por forças
irregulares, de efetivo reduzido, que exploram a mobilidade, o despistamento e a
surpresa. Normalmente procuram interferir com o movimento de tropas e de
suprimentos, atacar órgãos de comando, controle e comunicações e instalações das
armas de apoio, bem como realizar operações para inquietar o defensor e desviar suas
tropas da frente de combate.
O planejamento para a defesa contra a guerra de guerrilha é realizado em conjunto
com o da operação que está sendo conduzido. Como a eficiência de tais elementos
depende, em grande parte, do apoio da população e de informes atualizados, todo
esforço deve ser desenvolvido no sentido de que estes lhes sejam negados. Outrossim,
o defensor deve ter atenção particular na segurança de suas comunicações.
Os aspectos político, administrativo e econômico da área são considerados no
planejamento da defesa. Especial atenção deve ser dada às medidas para impedir o
apoio logístico à força de guerrilha. Ela não pode operar eficientemente, a menos que
obtenha, de algum modo, o apoio da população local. Devem-se envidar esforços

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continuados para que esse apoio não ocorra.


As medidas já assinaladas para fazer face à infiltração vistas no artigo 10.1 são,
habitualmente, eficazes no controle das forças de guerrilha. Por sua vez, as operações
contra seus ataques estarão a cargo das tropas da área de retaguarda; caso o vulto das
ações aumente, forças serão deslocadas da frente de combate.
Providências especiais são tomadas para:
- reconhecimento terrestre e aéreo da área de retaguarda;
- patrulhamento agressivo nas áreas de defesa e entre as instalações;
- apoio mútuo entre forças vizinhas;
- defesa de instalações e zonas críticas;
- escoltas armadas; e
- emprego de civis como guias.
10.4 - DEFESA CONTRA BLINDADOS
As ações contra os blindados devem basear-se na sua detecção o mais cedo possível e
o emprego coordenado de todos os meios e medidas anticarro.
O defensor deve considerar a possibilidade de uma penetração realizada pelos
blindados inimigos e estar preparado psicológica e materialmente para empregar ações
agressivas e eficazes visando controlar e minimizar seus efeitos.
Os principais aspectos referentes à defesa contra blindados são tratados no inciso
6.2.10, integrados ao estudo do apoio de fogo e sistema de barreiras.
10.5 - DEFESA DURANTE PERÍODOS DE VISIBILIDADE REDUZIDA
Embora o inimigo possa atacar durante períodos em que a visibilidade seja reduzida -
à noite, empregando fumaça, sob nevoeiro, chuva forte, etc - as presentes
considerações envolvem, basicamente, a defesa contra o ataque noturno, por sua maior
duração.
O estudo do capítulo 5 permite a dedução dos principais aspectos a serem
considerados para se planejar tal tipo de defesa. A seguir serão discutidos outros
pontos de interesse para o defensor.
À noite a busca de alvos é dificultada, as distâncias de engajamento são reduzidas e o
tempo e a munição gastos para ajustar os focos é maior. Deste modo, há um aumento
no dispêndio de munição, inclusive traçante e iluminativa, bem como de artefatos
especiais. Sempre que possível, devem ser previstos tiros previamente ajustados e
amarrados.

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A visibilidade reduzida favorece a infiltração, emboscadas e as incursões. Assim, à


noite pode ser necessário reajustar o dispositivo dos elementos de primeiro escalão
para cobrir intervalos, intensificar o emprego de patrulhas, postos de observação e de
escuta e sensores. Na defesa em contra-encosta a vigilância na encosta à frente da
posição deve ser reforçada. É importante a disciplina de luzes e fogos; deve ser
prevista uma linha de escurecimento.
A tropa na defensiva é mais afetada física e psicologicamente pela escuridão do que o
atacante. Assim, além de adestrar seus homens, o comandante deve incutir-lhes
confiança, estabelecer turnos de atividade/descanso e procurar mostrar-lhes que a
visibilidade reduzida bem explorada pode ser de boa valia para a defesa.
Em face da redução na velocidade, conseqüência da ausência de iluminação, os contra-
ataques e os deslocamentos de tropa destinados a reforçar o dispositivo ou a bloquear
um ataque, necessitam de maior tempo. Assim, é essencial a realização de ensaios de
tais movimentos.
Os planos de iluminação, incluindo a utilização de equipamentos de visão noturna,
devem ser integrados ao planejamento da defesa.
10.6 - DEFESA NA LINHA DE UM CURSO DE ÁGUA
Os cursos de água não vadeáveis constituem-se em obstáculos para um atacante e, em
conseqüência, são aproveitados como linhas naturais de resistência na defensiva. Por
sua vez, cursos de água vadeáveis não exigem adestramento ou preparação especiais
para sua travessia, razão porque não serão objeto de considerações.
A utilização de um curso de água, como obstáculo, representa vantagem especial para
o defensor, compensando, muitas vezes, uma inferioridade numérica. Seu valor
aumenta com a largura, a profundidade e a velocidade da corrente. Normalmente,
permite a defesa em larga frente.
O aproveitamento deste acidente é de particular importância no assalto anfíbio, dada a
necessidade habitual de manter uma cabeça-de-praia sob pressão do inimigo e com
tropas já desgastadas. Entretanto, como os demais obstáculos, um curso de água será
capaz de retardar e/ou canalizar o inimigo mas não o deterá permanentemente. Não se
pode deixar de considerar que, mesmo não realizando uma transposição à viva força, o
inimigo poderá tentar uma infiltração, ameaçando os flancos ou a retaguarda do
defensor. Tal fato reforça a necessidade de cerrada vigilância nos cursos de água.

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10.6.1 - Conceitos básicos


A defesa na linha de um curso de água é baseada nos mesmos fundamentos já
estudados para os diversos tipos de manobra tática defensiva.
Em princípio, deve ser esperado que o atacante procurará realizar uma travessia
imediata, ver inciso 5.3.2, em vários locais, empregando todos os recursos que
dispuser, que poderão variar desde equipagens de engenharia até viaturas anfíbias e
helicópteros, além de processos expeditos.
O planejamento para a defensiva deve ser precedido de minucioso reconhecimento,
quer quanto aos aspectos táticos referentes aos fatores da decisão, quer do ponto de
vista técnico. Com relação a este, serão observadas a largura e profundidade do
curso de água, a velocidade da corrente, a natureza do fundo e a existência de vaus
ou locais passíveis de rápida transposição. Em ambas as margens serão estudadas a
configuração, facilidade de acesso, terreno adjacente, melhores locais de travessia
para o inimigo e para a realização de contra-ataques.
10.6.2 - Traçado do LAADA
Embora a defesa seja prevista na linha de um curso de água, o limite anterior da
área de defesa avançada poderá ser localizado ao longo da margem de posse do
defensor ou bem à retaguarda desta.
A seleção da técnica a adotar é competência do escalão unidade e acima, quando
serão levados em conta os seguintes fatores:
- características defensivas da margem, inclusive a transitabilidade do solo;
- largura da frente a ser defendida;
- disponibilidade de meios, principalmente blindados, para o defensor realizar
contra-ataques;
- quantidade de locais em condições de serem utilizados para travessia; e
- meios de transposição disponíveis pelo inimigo, inclusive aéreos.
a) LAADA ao longo da margem do curso de água
Normalmente, situa-se o LAADA ao longo da margem quando:
- o curso de água é efetivamente um obstáculo de valor;
- o seu traçado é aproximadamente paralelo à frente a ser defendida;
- os observatórios forem iguais ou melhores do que os do lado inimigo;
- houver bons campos de tiro em relação a possíveis locais de travessia; e
- houver boas cobertas e abrigos.

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Ao estabelecer o LAADA ao longo da margem, a defensiva é organizada


visando impedir a travessia das forças inimigas ou destruí-las por meio de
contra-ataques quando estiverem tentando se estabelecer, com seus elementos de
manobra ainda dissociados pelo curso de água. Para atender a cada uma destas
situações, duas técnicas serão utilizadas:
- empregar a maioria do poder de combate à frente, organizando-se como para
uma defesa de área; e
- empregar o mínimo de forças à frente, controlando os possíveis locais de
travessia e, ao mesmo tempo, manter uma reserva forte para realizar o contra-
ataque.
b) LAADA à retaguarda da margem do curso de água
A ausência de alguma(s) desta(s) condição(ões) acima poderá levar o defensor a
escolher entre situar o LAADA mais à retaguarda da margem, ou mantê-lo
balizado pelo curso de água, implementando, então, medidas para minimizar o(s)
inconveniente(s) decorrentes. Os seguintes fatores favorecem a localização do
LAADA à retaguarda da margem:
- o curso de água não constitui obstáculo de valor;
- a margem inimiga possui campos de tiro e de observação superiores à do
defensor na margem amiga; e
- os tiros rasantes não conseguem bater eficientemente as possíveis passagens do
curso de água.
10.6.3 - Defesa à frente do curso de água
Esta modalidade não utiliza as possibilidades do curso de água como obstáculo e é
empregada com dois propósitos: manter uma cabeça-de-ponte com vistas ao
prosseguimento da ofensiva ou proteger o curso de água quando utilizado como
linha de comunicações.
O dispositivo deve procurar impedir a observação e os fogos diretos do inimigo
sobre o curso de água e garantir espaço de manobra compatível com o vulto e
missão da força.
Deve ser elaborado um planejamento para o retraimento através o curso de água e
considerada a necessidade de destruição dos locais de travessia, na eventualidade de
ataque inimigo e impossibilidade de serem mantidas as posições.

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10.6.4 - Defesa ao longo da margem


Neste caso, a defesa terá por finalidade:
- impedir a transposição inimiga; ou
- destruir ou repelir o inimigo por meio de contra-ataques, quando este tentar se
estabelecer na margem amiga.
Os meios poderão ser distribuídos de duas maneiras:
- maioria de meios em primeiro escalão; e
- maioria de meios em reserva.
a) Maioria dos meios em primeiro escalão:
Quando a maioria dos meios for empregada em primeiro escalão, o dispositivo
será semelhante ao de uma defesa de área para impedir, a todo custo, que o
inimigo transponha o curso d’água.
b) Maioria dos meios em reserva:
Quando a maioria dos meios for mantida em reserva, os elementos de primeiro
escalão serão empregados para controlar os pontos favoráveis à transposição.
Estes elementos serão de valor adequado para retardar o inimigo, criando
condições para a reserva contra-atacar, em momento oportuno, para destruir ou
repelir o inimigo, antes que este complete a transposição do grosso de suas
forças.
c) Fatores de seleção
Os seguintes fatores serão considerados na decisão quanto à distribuição das
forças na defesa ao longo da margem:
- largura da frente a ser defendida;
- número de passagens favoráveis à transposição;
- características defensivas da margem e transitabilidade da área de defesa;
- possibilidade de emprego de armas de destruição em massa pelo inimigo;
- disponibilidade de meios de transposição do inimigo;
- mobilidade;
- disponibilidade de carros de combate; e
- possibilidade de emprego de fumígenos pelo inimigo.
10.6.5 - Defesa à retaguarda da margem
A defesa será organizada de maneira idêntica à defesa de área. Entretanto, os
contra-ataques serão planejados não só para restabelecer o LAADA, como também

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para destruir ou expulsar o inimigo para a margem oposta. A defesa procurará


controlar as passagens mais favoráveis e canalizar o inimigo, criando condições
para o desencadeamento dos contra-ataques de desorganização ou destruição, antes
mesmo que o inimigo tenha oportunidade de penetrar na área de defesa.
10.6.6 - Análise da área de defesa
A natureza do leito, a profundidade, a natureza das margens e a velocidade da
corrente do curso d`água serão considerados em relação às possibilidades inimigas
de empregar viaturas anfíbias ou com capacidade de vadear o curso. Uma defesa
mais forte será estabelecida nos pontos mais favoráveis à transposição, negando seu
uso ao inimigo e obrigando-o a se utilizar de regiões menos favoráveis. Nas
passagens favoráveis aos blindados deverão ser lançados obstáculos. As pontes,
quando não imprescindíveis às operações subseqüentes, serão preparadas para
destruição, que será realizada no momento mais oportuno para a condução da
defesa.
Em rios que apresentem vários braços e canais, a defesa será estabelecida,
geralmente, naquele que apresentar maior vulto como obstáculo. Neste caso, a
existência de outros obstáculos no interior da área de defesa deverá ser
cuidadosamente analisada para se evitar qualquer tipo de dissociação no
dispositivo. Quando a maioria dos meios for mantida em reserva, serão
organizadas, normalmente, posições de aprofundamento em terreno favorável, à
retaguarda da margem do cursos d`água.
10.6.7 - Frentes e profundidades
As frentes e profundidades variarão com o valor do obstáculo representado pelo
curso d`água. Um obstáculo de grande valor defensivo permitirá o aumento das
frentes atribuídas aos diversos escalões, exceto pelotão, cuja frente, em princípio,
deverá ser mantida normal.
Se a maioria dos meios for mantida em reserva, uma profundidade maior será
necessária para prover espaço para manobra e dispersão da reserva. De modo a
melhor atender um possível aumento da frente e da profundidade, deverão ser
previstos meios para aumentar a mobilidade (engenharia, viaturas anfíbias e/ou
viaturas blindadas).
Além do valor do obstáculo representado pelo curso d`água no setor defensivo, as
frentes atribuídas aos elementos de primeiro escalão levarão em consideração a

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importância da região que deverão defender.


10.6.8 - Reserva
Quando a maioria dos meios for deixada em reserva, esta deverá possuir
mobilidade compatível com suas tarefas e será mantida em zona de reunião ou
ocupando posições de aprofundamento à retaguarda da margem.
Quando a maioria dos meios for empregada em primeiro escalão, o valor e a
localização da reserva serão idênticos aos da defesa de área normal.
10.6.9 - Escalão de segurança
Elementos de segurança mais fortes serão localizadas na margem inimiga de modo
a cobrir as vias de acesso que conduzam ao curso d`água. Todo esforço de
reconhecimento será realizado no sentido de localizar as zonas de reunião do
inimigo para a transposição, bem como para impedir o reconhecimento do curso
d`água e dos itinerários que conduzem a este.
Quando o LAADA for localizado à retaguarda da margem, os PAC serão,
normalmente, estabelecidos ao longo da margem amiga, ocupando posições de
modo a cobrir os mais prováveis locais de travessia. Um patrulhamento intenso da
margem inimiga e a ligação com os elementos de segurança sob controle do escalão
superior deverá se mantida.
A localização dos PAC na margem inimiga favorecerá a segurança. Entretanto, os
seus elementos serão obrigados a retrair através do curso d`água. Os planos de
retraimento deverão prover meios alternativos de travessia para o caso de pontes e
vaus virem a ser destruídos prematuramente. Neste caso, o emprego de helicópteros
deverá ser considerado durante o planejamento.
10.6.10 - Defesa anticarro
Caso o inimigo disponha de viaturas anfíbias, receberão prioridade: a construção
de obstáculos AC, em ambas as margens, nas passagens mais favoráveis; e o
planejamento dos fogos AC. Os carro de combate poderão ser empregados,
inicialmente, junto à margem para bater os blindados inimigos.
10.6.11 - Apoio de fogo
Os fogos de apoio serão planejados para bater as zonas de reunião de tropas e
meios de transposição inimigos, as vias de acesso para o curso d`água e os pontos
favoráveis à transposição. A prioridade de fogos será atribuída à peça de manobra
que defenderá os pontos mais prováveis de transposição. Será planejada, também,

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a execução de tiros com espoleta de tempo para serem desencadeados sobre o


escalão de ataque inimigo durante a sua tentativa de transposição.
10.6.12 - Sistema de barreira
A força que executa a defesa na linha de um curso d`água deverá estabelecer um
Sistema de Barreiras que possibilite o uso racional e coordenado dos obstáculos.
Deverá ser tirado o máximo proveito das características defensivas do terreno,
particularmente o curso d`água, seus afluentes e regiões alagadiças. Os pontos de
passagem a vau e os locais favoráveis ao emprego dos meios de transposição
receberão maior prioridade no lançamento de obstáculos. O Plano de Barreiras
deverá estar perfeitamente coordenado com o Plano de Fogo e com o Plano AC.
10.6.13 - Dispersão
A reserva manter-se-á desdobrada até que uma penetração inimiga se apresente
vulnerável a um contra-ataque, normalmente quando o grosso do atacante ainda
estiver realizando a transposição. Uma vez desencadeado um contra-ataque e
destruído o inimigo na margem amiga, a reserva volta a se dispersar e as posições
da área de defesa avançada são restabelecidas.
10.6.14 - Outras medidas de segurança
Deverão ser estabelecidas medidas efetivas para a destruição de pontes, vaus e
embarcações, no momento oportuno e de acordo com as diretrizes do escalão
superior. A autoridade e a responsabilidade para a destruição de pontes e outros
meios de transposição deverão ser claramente especificadas. A execução dessas
destruições e o fechamento das passagens nos obstáculos serão estreitamente
coordenados com os planos de retraimento dos elementos de segurança
localizados na margem inimiga.
Especial atenção será conferida à segurança da área de retaguarda, uma vez que o
inimigo poderá tentar superar os obstáculos pelo emprego de tropas aeroterrestres
e aeromóveis.
10.7 - DEFESA DE UMA ZONA DE RESPONSABILIDADE TÀTICA
Embora a Zona de Responsabilidade Tática (ZRT) seja uma medida de coordenação e
controle, o estabelecimento e a disposição de uma tropa em seu interior merecem
considerações especiais em face dos diversos fatores intervenientes.
Emprega-se uma ZRT quando um comandante operar isoladamente em uma área cujas
dimensões ultrapassem suas possibilidades táticas normais. Deste modo, para cumprir

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sua missão, deve realizar em seu interior operações ofensivas e defensivas em que,
normalmente, estas prevalecem.
As características de leveza dos GptOpFuzNav, sua aptidão para se organizarem por
tarefas e seu adestramento no emprego de helicópteros e de viaturas blindadas/anfíbias
de transporte de pessoal, os tornam extremamente capazes para a realização de
operações profundas, culminando com o estabelecimento de uma ZRT.
Uma ZRT pode ser implementada isoladamente, em conjunto com uma ZAç ou com
um setor de defesa. Em qualquer situação, o comandante da tropa será o responsável
pelas operações em seu interior, não podendo, entretanto, manobrar suas forças no
exterior sem a aprovação do escalão superior ou sem coordenação com forças
adjacentes, conforme for planejado.
10.7.1 - Análise dos fatores da decisão
Esta análise será levada a efeito concorrentemente com a da operação que dará
lugar ao estabelecimento da ZRT. Aqui serão ressaltados os aspectos referentes à
sua defesa.
a) Missão
A missão pode impor a conquista e manutenção de determinados) objetivo(s) ou
a destruição do inimigo em determinada área, mantendo o controle da mesma,
mas sem especificar que parte do terreno será ocupada.
b) Inimigo
Para analisar o inimigo, será levantado seu valor e dispositivo na área em estudo
e sua possibilidade de intervir na mesma, prazos e capacidade de reação.
c) Terreno e condições climáticas e meteorológicas
No estudo do terreno serão avaliados os obstáculos, espaço para manobrar,
possibilidades defensivas e vias de provável acesso para o inimigo.
d) Meios disponíveis
A tropa deve ser organizada não só para a ação ofensiva, como para a defensiva
que se seguirá. Em face do afastamento das forças amigas, deve ser previsto uma
junção por superfície ou o recebimento de reforços pelo ar.
10.7.2 - Considerações táticas
A combinação das formas de manobra tática defensivas no interior de uma ZRT
deve ser considerada normal.
Assim, será adotada defesa de área nos acidentes capitais, cuja posse por parte do

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inimigo, caracterize a queda da ZRT e serão empregados elementos de defesa


móvel para o controle do restante da posição. Em adição aos acidentes capitais
acima mencionados, serão relacionados outros que:
- bloqueiem vias de acesso do inimigo;
- mantenham pontos críticos para uma futura junção; e
- permitam a destruição do inimigo.
Juntamente com a seleção dos acidentes capitais, será traçada a linha que definirá a
ZRT, de formato normalmente circular, e estabelecidos os limites das peças de
manobra. Para estes serão levados em conta os meios disponíveis, os objetivos
previstos e o grau de ameaça do inimigo (Fig 10.1).

Fig 10.1 - Defesa de uma ZRT

Normalmente, o grosso da tropa será empregado na defensiva, com a manutenção


de uma pequena reserva. Esta será posicionada de onde melhor possa se deslocar
para fazer face à ameaça do inimigo ou ocupará núcleos de defesa, se for o caso,
para aprofundamento da defensiva em determinada parte da ZRT.
Medidas agressivas de segurança serão estabelecidas tão à frente quanto possível,
para fornecerem alerta antecipado quanto à aproximação do inimigo, impedir sua

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observação terrestre sobre a ZRT e, na medida do possível, retardá-lo e


desorganizá-lo. Serão complementadas por obstáculos, principalmente bloqueios de
estradas, destruições e áreas minadas.
10.7.3 - Apoio de fogo
O comandante que tem a seu cargo uma ZRT é responsável pelo planejamento e
coordenação dos fogos no interior da mesma. Devem ser observadas as
características do planejamento/coordenação do apoio de fogo aplicáveis as
operações ofensivas/defensivas.
Caso a ZRT não seja adjacente a uma ZAç, seu comandante poderá, também,
transferir fogos contra alvos de oportunidade no exterior sem coordenação com o
comando superior ou forças adjacentes. Por outro lado, fogos desencadeados em
seu exterior, por outras tropas, mas que possam colocar em perigo seus limites,
devem ser coordenados com o comandante que tem a seu cargo a ZRT. Para fazer
face a estas situações, bem como a outras que possam surgir com relação ao apoio
de fogo, serão empregadas as medidas de coordenação de fogos relacionadas no
Capítulo 12.
O alcance dos meios de apoio de fogo disponíveis será fator preponderante para
estabelecer o limite máximo da linha que define a ZRT.
10.8 - SEGURANÇA DA ÁREA DE RETAGUARDA
10.8.1 - Introdução
A área da retaguarda é a parte do espaço geográfico de uma força destinado ao
desdobramento de sua reserva e da maior parte dos elementos de comando, apoio
ao combate e apoio de serviços ao combate. Normalmente, é considerada a partir do
escalão unidade, inclusive, e acima.
Os seguintes fatores, peculiares a uma OpAnf e tendentes a aumentar a
vulnerabilidade da tropa de retaguarda, fazem com que, para questões de segurança,
não se estabeleça uma distinção rígida para sua conceituação na ofensiva e na
defensiva:
- maior proximidade da frente de combate;
- ações normalmente em largas frentes; e
- grandes intervalos entre os elementos de combate a nível unidade e acima.
Dada a influência das funções desenvolvidas na área de retaguarda sobre o
desenrolar das operações de combate, é de se esperar que o inimigo procure

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interferir nas mesmas, sendo, portanto, vital para o comandante prover sua
segurança.
Os atuais conceitos de combate não linear e ação em profundidade aumentam a
vulnerabilidade das forças e instalações da retaguarda e exigem que uma maior
ênfase seja dada à segurança da área de retaguarda e às medidas de contra-
inteligência.
A Segurança da Área de Retaguarda (SEGAR) compreende, todas as medidas e/ou
ações executadas visando assegurar a normalidade das atividades de comando,
controle e apoio logístico dos elementos lá situados, bem como de suas instalações,
vias de transporte, etc.
a) Amplitude funcional
A SEGAR abrange a Defesa da Área de Retaguarda (DEFAR) e o Controle de
Danos (CD). De um modo geral, nos GptOpFuaNav aquelas prevalecem, sendo
o presente capítulo conduzido, basicamente, visando seu atendimento.
Dependendo da situação, a SEGAR pode ser diretamente afetada pela atitude da
população. É, pois, importante que as tropas procurem desenvolver uma atitude
favorável. Neste sentido, devem ser orientadas para respeitar os costumes, os
hábitos e as propriedades pública e privada. As faltas não serão toleradas, quer
de parte da tropa em geral, quer de parte dos elementos que tiverem a seu
encargo contato direto com a população, inclusive nas ações policiais-militares.
Nos escalões pertinentes, devem ser designados militares/órgãos para a
correspondente ligação com os habitantes e autoridades locais.
b) Responsabilidade pela SEGAR
A responsabilidade geral pela SEGAR dos GptOpFuzNav cabe ao comandante
do Componente de Apoio de Serviços ao Combate (CASC). Dependendo do
vulto e composição da força, das dimensões da área e das possibilidades do
inimigo, poderão ser atribuídas tarefas, quer para a segurança de determinados
setores em particular, quer na iminência de ameaça inimiga de maior vulto.
Basicamente, cada elemento de combate é o responsável pela segurança de sua
área de retaguarda, enquanto todos os demais elementos localizados nessas áreas
devem ser responsáveis pela própria segurança orgânica.
Os elementos de primeiro escalão só devem ser empregados na SEGAR em
situações de emergência ou forte ameaça inimiga. Isto poderá ocorrer, por

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exemplo, quando grandes formações inimigas tentarem alcançar a área


considerada e puderem colocar em perigo o curso da operação, ou quando
ocorrerem desastres naturais, entre outras.
10.8.2 - Defesa da área de retaguarda
A DEFAR compreende as medidas e/ou ações que tenham por finalidade evitar ou
minimizar a intervenção do inimigo, visando a assegurar a normalidade no
desempenho das atividades dos elementos de combate, de apoio ao combate e de
apoio logístico, além dos de comando e controle localizados nas respectivas áreas
de retaguarda. As ameaças podem ser materializadas pela ação de sabotadores,
guerrilheiros, elementos deixados à retaguarda, forças infiltradas por terra, pelo ar
ou por água e mesmo elementos de combate de pequeno vulto. A defesa aérea, bem
como ações contra ameaças inimigas de vulto, não estão incluídas na DEFAR e sim
na operação principal.
O planejamento da DEFAR deve se iniciar o mais cedo possível, juntamente com o
da operação em curso e será constantemente revisto de modo a acompanhar a
evolução da situação.
O esforço a ser despendido deve ser proporcional à ameaça e dimensionado de
modo a não degradar o poder de combate destinado à operação básica. Tais fatores
impõem uma acurada avaliação das possibilidades do inimigo, bem como um
planejamento preciso e detalhado.
A segurança prevista deve ser suficiente para que as atividades na área de
retaguarda não sejam interrompidas pela ação do inimigo. Assim, quando a ameaça
for de pequena monta, a segurança poderá consistir apenas nas medidas de defesa
ativa e passiva implementadas a nível de cada escalão de comando. Por outro lado,
em situações de forte ameaça inimiga, pode ser necessário o emprego de elementos
de combate em tarefas de DEFAR.
Finalmente, o plano pertinente não deve restringir o desenvolvimento normal das
atividades a serem executadas na área de retaguarda.
a) Diretiva
A existência de uma diretiva específica para a DEFAR vai depender do escalão
envolvido. Nos GptOpFuzNav será, normalmente, um anexo ao plano/ordem de
operação, enquanto, nas diversas unidades, as tarefas e medidas pertinentes
estarão incorporadas às diretivas básicas e seus anexos, apêndices, etc (plano de

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barreiras, de reconhecimento, de apoio de fogo, etc).


Os seguintes aspectos serão considerados:
- coordenação dos planos de DEFAR com os demais planos;
- atividades de informações em apoio à DEFAR;
- estabelecimento de relações de comando com vistas à DEFAR;
- tarefas, objetivos, zonas de ação e setores de defesa;
- medidas de coordenação e controle;
- coordenação das atividades de segurança, inclusive forças de reação; e
- reconhecimento e vigilância da área, inclusive quanto às aproximações pelo
mar, se for o caso.
b) Conceito da operação
Normalmente, os elementos localizados na área de retaguarda serão grupados em
um ou mais setores, de modo a garantirem um certo grau de apoio mútuo. A
responsabilidade pela segurança de cada setor será atribuída ao comandante do
elemento melhor localizado, organizado e equipado para tal.
Cada setor constituirá um perímetro defensivo, guarnecido com pessoal dos
elementos nele posicionados que, adicionalmente, estabelecerão ao seu redor, a
uma distância conveniente (300 a 600 m), postos de observação, de escuta e de
controle de trânsito, bem como dispositivos eletrônicos de vigilância e patrulhas.
O planejamento deverá prever as relações de comando a serem adotadas nestas
situações, variando principalmente com o vulto das forças amigas envolvidas.
Devem ser estabelecidos PV/PE em regiões do terreno previamente reconhecidas
como favoráveis à instalação de possíveis ZL/ZD. Para fazer face a um eventual
uso por parte do inimigo, dessas regiões, devem existir tropas disponíveis com a
tarefa de ficar em condições de ocupar essas áreas.
Dependendo do grau de ameaça inimiga às atividades na área de retaguarda,
deve-se determinar medidas para a escolta de comboios, que vão desde o simples
militar armado acompanhando uma viatura até o emprego de VtrBld, CC e He.
Áreas reconhecidas como favoráveis ao homizio inimigo devem ser patrulhadas
rotineiramente com o propósito de evitar seu uso para este fim.
c) Influência do ambiente operacional
As características da área de operações e as possibilidades do inimigo podem
influir de tal modo nas necessidades de DEFAR que obriguem o comandante a

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

considerar tal fator prioritário em seu exame de situação.


Para minimizar a interferência do inimigo poderá ser adotada uma idéia de
manobra que favoreça aquela segurança da área de retaguarda, principalmente
quanto à seleção de objetivos, escolha da forma de manobra tática e distribuição
de forças. Adicionalmente, elementos de reconhecimento e equipamento
especializado lhes serão destinados, enquanto o planejamento do apoio de fogo
levará em conta as operações relacionadas a DEFAR.
d) Informações
O planejamento e execução da DEFAR dependem de informações seguras e
oportunas sobre a área de operações e o inimigo. É vital o conhecimento de suas
possibilidades de interferir nas atividades lá desenvolvidas, o que permitirá ao
comandante a adoção de medidas para minimizar seus efeitos. Além disso,
poderá avaliar o grau de risco que sua força poderá correr na área considerada e,
mesmo assim, cumprir sua missão. Tais aspectos poderão influir no exame de
situação do comandante.
É essencial a existência de um fluxo constante de informações de modo a manter
os diversos comandos alertados quanto à possível atuação do inimigo na área de
retaguarda.
e) Forças disponíveis
Para a execução de tarefas de DEFAR, o CASC poderá receber em sua
organização-por-tarefas elementos de combate dimensionados de acordo com as
possibilidades do inimigo. Cabe aos elementos de apoio ao combate e de apoio
de serviços ao combate prover sua própria segurança. Deste modo, esses
elementos devem ser adestrados nas táticas e técnicas do combate ofensivo e
defensivo e, ao mesmo tempo, devem ser motivados para o fato de que, além de
suas atividades normais de apoio, atuarão adicionalmente como elementos de
combate. O seguinte adestramento específico deverá ser ministrado:
- emprego do armamento de infantaria;
- medidas de proteção individual;
- patrulhas;
- combate com baioneta;
- combate corpo-a-corpo;
- incursões;

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- controle de distúrbios civis;


- operações contra-guerrilha;
- camuflagem; e
- contra-inteligência.
Para melhor desempenharem suas atividades de segurança as tropas com
responsabilidades na DEFAR devem ser organizadas de modo a:
- possuírem alto grau de mobilidade terrestre e aérea;
- serem capazes de executar uma variada gama de tarefas ofensivas e defensivas;
- serem capazes de reagir rapidamente às ameaças, com os meios disponíveis;
- possuírem comunicações eficientes;
- serem capazes de desenvolver um poder de fogo superior ao das ameaças
previsíveis.
Dependendo da situação, elementos militares, paramilitares e policiais da nação
amiga, onde se realiza a operação, poderão ser utilizados, quer em atividades
ligadas a assuntos civis, quer em atividades de contra-guerrilha.
10.8.3 - Controle de danos (CD)
O CD compreende todas as providências adotadas para minimizar os efeitos de
qualquer evento destruidor de vulto lançado pelo inimigo e para assegurar a
continuidade das atividades dos elementos situados na área de retaguarda. Por
razões práticas, o CD é aplicado, também, na ocorrência de desastres ou de
catástrofes provocadas pelas forças da natureza.
Nas ações CD, denomina-se incidente a qualquer ocorrência de dano em uma tropa
ou instalação em virtude de um bombardeio inimigo, de um desastre ou de uma
catástrofe provocada pelas forças da natureza. Normalmente, cada incidente é
atendido por um destacamento d controle de danos.
A atuação dos destacamentos de controle de danos, a sistemática de avaliação dos
danos e as medidas a serem desencadeadas durante a ocorrência dos incidentes,
serão previstos em documentos operativos padronizados e, quando necessário,
complementados nas diretivas específicas para cada operação.
Basicamente, a responsabilidade pelo CD, no âmbito de cada escalão ou instalação,
é do respectivo comandante que, o mais cedo possível, deve desenvolver o
planejamento pertinente e, conforme a situação, supervisionar o planejamento dos
subordinados.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

Normalmente, a maioria das atividades diretamente ligadas ao CD estarão incluídas


no atendimento das diversas funções logísticas, enquanto outras estarão previstas
em outras diretivas de operação. Poderá haver, entretanto, uma diretiva específica
ao nível da força que tem a seu cargo a operação como um todo.
Deve ser estabelecida a necessária coordenação, de modo que seja previsto o apoio
mútuo entre tropas e/ou instalações.
O planejamento do CD envolve o estabelecimento de:
- medidas preventivas, que visam evitar ou reduzir os efeitos das ações de vulto do
inimigo, normalmente bombardeios. Compreendem a utilização da camuflagem, a
dispersão das tropas e instalações, a utilização de abrigos, quer naturais quer
artificiais, o estabelecimento de um sistema de alarme antecipado e a adoção de
medidas de contra-informação e de despistamento para negar ao inimigo o
conhecimento da situação das tropas e instalações na área de retaguarda; uma
sistemática de avaliação dos danos ocorridos, para aquilatar as providências que
devem ser desenvolvidas, inclusive as necessidades de apoio e de substituição de
tropas ou instalações; e
- medidas executivas, a serem desencadeadas durante a ocorrência dos incidentes
relacionados com o CD; incluem a previsão de destacamentos de controle de
danos, o restabelecimento da estrutura de comando e controle, o atendimento e
evacuação das baixas, o combate a incêndios, etc.

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3ª PARTE
OPERAÇÕES COMPLEMENTARES
CAPÍTULO 11
OPERAÇÕES HELITRANSPORTADAS
11.1 - INTRODUÇÃO
Os helicópteros podem ser utilizados para transportar tropa nos diversos tipos de
operações ofensivas e defensivas e apoiar as várias formas de manobra táticas
pertinentes às mesmas. Seu emprego proporciona ao comandante as vantagens de
mobilidade, velocidade, surpresa, flexibilidade e emprego de tropas descansadas.
Um exame corrente da situação possibilitará avaliar a oportunidade e as possibilidades
de empregar os helicópteros e tirar proveito de sua influência no combate.
11.2 - CARACTERÍSTICAS DAS FORÇAS HELITRANSPORTADAS
11.2.1 - Possibilidades
Forças helitransportadas podem:
- atacar partindo de qualquer direção;
- desembarcar próximo ou sobre os objetivos;
- atingir áreas inacessíveis a outros meios;
- transpor ou contornar obstáculos ou posições inimigas;
- rapidamente concentrar-se, dispersar-se ou desdobrar-se de modo a fazer face às
contingências do combate, aprofundar suas ações, diminuir sua vulnerabilidade a
um ataque inimigo, obrigá-lo a reagir prematuramente ou expor suas forças; e
- operar sem depender de vias de transporte.
Os helicópteros permitem o emprego da maioria do poder de combate no escalão de
ataque, graças à possibilidade de prover alta mobilidade e flexibilidade à reserva.
11.2.2 - Limitações
As operações das forças helitransportadas podem sofrer limitações em face de:
- condições meteorológicas que não impediriam operações terrestres convencionais;
- relativa vulnerabilidade ao fogo antiaéreo, mísseis e armas de pequeno calibre;
- disponibilidade de aeronaves para o movimento aéreo e apoio de fogo;
- dificuldade de durar na ação até a realização da junção com forças de superfície
ou recebimento de reforços pelo ar;
- exposição ao fogo e contra-ataques, principalmente durante o desembarque;
- relativamente pouca quantidade de viaturas;

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- dificuldade em manter ligação com o escalão superior em função da profundidade


das ações; e
- elevado consumo de combustível de aviação.
11.3 - CONCEITO DE EMPREGO DAS FORÇAS HELITRANSPORTADAS
Forças helitransportadas podem ser empregadas na maioria das operações ofensivas e
defensivas. São particularmente aptas para ações profundas no campo de batalha,
executando o desbordamento das posições inimigas, conquistando e mantendo
objetivos em profundidade que contribuam para o isolamento ou para o cerco do
inimigo fixado por ataques terrestres.
Além disso, são capazes de realizar as seguintes tarefas, seja no ataque, seja na defesa:
- conquistar pontos críticos, em áreas fracamente defendidas ou não ocupadas pelo
inimigo;
- conquistar acidentes capitais;
- realizar infiltrações, incursões, fintas e demonstrações;
- realizar patrulhas de grande raio de ação; e
- integrar forças de segurança.
11.4 - EMPREGO NA OFENSIVA
As forças helitransportadas são largamente empregadas na ofensiva, desempenhando a
maioria das tarefas enumeradas no artigo anterior. A seguir será examinada sua
participação específica nos diversos tipos de operações.
11.4.1 - Marcha para o combate
O emprego de uma força helitransportada na marcha para o combate deve estar
apoiado nos conhecimentos obtidos sobre o inimigo. Neste caso, são conhecimentos
necessários: a capacidade de defesa antiaérea e a localização dessas armas, além do
valor e natureza das tropas ECD influir na operação.
As características de vôo inerentes aos helicópteros aliadas aos abrigos e cobertas
proporcionados pelo terreno, bem como sua capacidade de embarcar e desembarcar
tropas no vôo librado os tornam particularmente aptos para integrar os elementos de
segurança de marcha para o combate.
Basicamente, serão empregados para ampliar as possibilidades de atuação das
forças de cobertura e das flancoguardas no reconhecimento de áreas mais distantes
e na conquista de acidentes do terreno que protejam o deslocamento da tropa. Em
proveito da força como um todo, poderão ser empregados para deslocar armas de

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

apoio, manter ligação com elementos vizinhos, efetuar ressuprimento e evacuação


aérea.
Além de cumprir tarefas ligadas à vigilância e proteção, as tropas helitransportadas
podem ser utilizadas para forçar o inimigo a reagir prematuramente, revelando seu
dispositivo. Poderão, ainda, atacar posições de retardamento ou mesmo, evitar tais
posições e conduzir ações mais profundas para bloquear o retraimento do inimigo.
11.4.2 - Combate de encontro
As características de mobilidade e flexibilidade proporcionadas pelos helicópteros
contribuirão decisivamente para que uma tropa em ação ofensiva conquiste e
mantenha a iniciativa, fator básico para o sucesso no combate de encontro.
Assim, poderão ser conquistadas posições e deslocadas tropas, bem como armas de
apoio para atacar o flanco ou a retaguarda do inimigo e elementos helitransportados
poderão realizar uma infiltração para surpreendê-lo. Uma reserva helitransportada
poderá ser rapidamente deslocada para atacar, antes que o inimigo possa preparar-
se para fazê-lo.
11.4.3 - Reconhecimento em força
A mobilidade e a flexibilidade dos helicópteros permitirão o lançamento de tropas
para revelar o dispositivo inimigo, obter informes, atacar objetivos limitados e
retrair imediatamente.
Tal emprego deve ser condicionado a uma avaliação prévia do potencial
mecanizado do inimigo, uma vez que as forças helitransportadas são normalmente
leves e dispõem de poucos meios anticarro.
11.4.4 - Ataque coordenado
O emprego de forças helitransportadas no ataque coordenado implica no
estabelecimento de significativas medidas de segurança, coordenação e controle. A
decisão de emprego destes meios deve ser avaliada, inclusive, em relação a outras
forças disponíveis.
No ataque coordenado, forças helitransportadas podem ser empregadas para
desenvolver ou apoiar algumas das formas de manobra tática ofensivas estudadas
no capítulo 3. Não efetuarão o ataque frontal, uma vez que não poderão explorar a
mobilidade proporcionada pelos helicópteros; entretanto, tais forças poderão ser
utilizadas em proveito de forças que o realizem. Assim, graças à referida
mobilidade, poderão ser lançadas à retaguarda ou nos flancos do defensor, para

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atacar sua principal posição de resistência; poderão, ainda, bloquear a chegada de


reforços, cortar eventuais retraimentos, bem como realizar incursões.
Pelas mesmas razões não realizarão a penetração. Entretanto, poderão participar da
mesma, contribuindo para o alargamento da brecha, evitando a interferência de
reservas inimigas, contendo contra-ataques ou realizando incursões. As
possibilidades das forças helitransportadas favorecerão seu emprego como reserva
para aproveitar o êxito após o rompimento da posição defensiva.
Por sua vez, as forças helitransportadas são empregadas vantajosamente como
elementos desbordante ou envolvente, conforme descrito nos artigos 3.4 e 3.5,
respectivamente.
11.4.5 - Aproveitamento do êxito
O emprego de forças helitransportadas permite imprimir a velocidade e a
agressividade necessárias a um bem sucedido aproveitamento do êxito. Assim, o
atacante ultrapassará resistências isoladas e atacará profundamente para atingir seus
órgãos de comando, armas de apoio, instalações logísticas e vias de retraimento.
Tais ações enfraquecerão o defensor e permitirão sua destruição por uma força com
menor poder de combate.
11.4.6 - Perseguição
Elementos helitransportados, fazendo parte de uma força de perseguição,
explorarão suas características de mobilidade e flexibilidade para manter contato
com o inimigo, isolar e destruir suas forças em fuga. Na perseguição, a tropa
helitransportada pode ser empregada como parte da força de cerco, quando a sua
tarefa será conquistar acidentes capitais que permitam bloquear as vias de retirada
da força inimiga a ser destruída. Atuando em proveito da força de pressão direta,
participa da neutralização ou destruição do inimigo.
11.4.7 - Transposição de cursos de água
Na transposição à viva força, tropas helitransportadas poderão envolver as defesas
inimigas, conquistando acidentes capitais para bloquear a chegada de reforços ou
para atacar sua retaguarda. Precedendo a uma transposição, poderão ser empregadas
na conquista de uma cabeça-de-ponte antes que o inimigo estabeleça uma
defensiva. Com ou sem oposição, os helicópteros poderão ser empregados em
complementação aos demais meios de transposição, contribuindo para o rápido
crescimento do poder de combate do atacante na margem inimiga.

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11.4.8 - Ataque noturno


A escuridão favorece a dissimulação e a surpresa, configurando um ambiente para o
qual as forças helitransportadas são especialmente aptas a atuar. Os períodos de
visibilidade reduzida são, também, indicados para se operar quando a superioridade
aérea local torna-se difícil de ser obtida. No ataque noturno, as tropas podem
utilizar helicópteros para efetuar o deslocamento inicial, possibilitando maior
profundidade e flexibilidade na escolha dos objetivos, desembarcando à retaguarda
das posições inimigas e realizando um ataque partindo de direção inesperada. O
emprego de helicópteros à noite, entretanto, redunda na necessidade de maior
controle durante o deslocamento aéreo, no uso de equipamentos de visão noturna
para a realização do vôo e para a orientação do pouso, além de outros equipamentos
especiais.
Em face da restrição da visibilidade, as vagas devem ser constituídas de um número
inferior de aeronaves, mais espaçadas uma das outras; além disso, o desembarque e
reagrupamento da tropa são mais demorados, uma vez que, ao desembarcarem, as
heliequipes não partem imediatamente para assegurar a posse dos respectivos
setores da ZDbq. Em razão das condições de visibilidade, são inicialmente guiadas
para áreas de reagrupamento, onde se organizarão taticamente e, então, passam a
desenvolver os procedimentos referentes à operação. Deste modo, o crescimento do
poder de combate do atacante será mais lento do que em operações
helitransportadas diurnas.
Em alguns casos, dependendo do grau de iluminação natural (lua cheia, crepúsculo,
etc), da existência de terreno descampado e/ou com acidentes naturais que facilitem
a orientação, não haverá necessidade do emprego de equipamentos especiais,
favorecendo, também, a reorganização da tropa.
Dependendo da situação, o desembarque da tropa poderá ocorrer diretamente no(s)
objetivo(s).
Após o ataque noturno, os helicópteros poderão ser utilizados para deslocar
reservas, armas de apoio e posicionar forças de segurança.
11.5 - EMPREGO NA DEFENSIVA
O emprego de forças helitransportadas contribui significativamente para a conduta da
defensiva, cumprindo as tarefas cabíveis mencionadas no artigo 11.3. A possibilidade
de deslocar-se rapidamente, independentemente das restrições do terreno, e a vocação

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ofensiva das forças helitransportadas, fazem destes meios um importante recurso de


que dispõe o comandante terrestre para assegurar um elevado grau de iniciativa e
atitude agressiva em uma operação defensiva. Por conseguinte, os fundamentos
defensivos da flexibilidade e do máximo emprego da ação ofensiva são atendidos
quando do emprego desse tipo de força.
11.5.1 - Defesa de área e defesa móvel
Nestes tipos de manobra tática defensiva, a mobilidade e a flexibilidade
proporcionadas pelos helicópteros facilitarão a realização de uma série de ações
dinâmicas que permitirão ao comandante fazer face ao ataque inimigo e
assegurar .a iniciativa.
Assim, forças helitransportadas serão deslocadas para bloquear uma penetração
inimiga, desorganizar suas forças fora da área de defesa ou restabelecer o LAADA.
Elementos helitransportados poderão ser posicionados para destruir blindados
inimigos e resgatados em seguida.
As características dos helicópteros os tornam particularmente aptos para
transportarem forças na defesa móvel bem como para garantirem alta mobilidade às
reservas.
11.5.2 - Defesa contra ataques aeroterrestres e helitransportados
Normalmente, as forças aeroterrestres e helitransportadas são carentes de meios de
transporte após alcançarem o solo, não dispõem de blindados, nem de meios de
apoio de fogo pesados. Assim, tropas helitransportadas podem ser empregadas com
vantagem contra as mesmas, pois possuirão maior mobilidade e contarão com o
apoio de fogo das forças da área de defesa.
11.5.3 - Defesa contra infiltração
Elementos helitransportados realizarão patrulhas, principalmente sobre terreno
propício à infiltração, destruindo ou capturando tropas inimigas encontradas.
Dependendo do vulto destas forças, solicitarão apoio de fogo e/ou reforços.
11.5.4 - Defesa nas operações não-convencionais
As características das forças helitransportadas garantem seu emprego, com
vantagem, contra forças de guerrilha. Deste modo, poderão realizar patrulhas em
terreno favorável à atuação destas forças, atacar suas bases, normalmente em áreas
de difícil acesso e participar de operações de cerco, bloqueando itinerários de fuga.

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11.5.5 - Retraimento
O emprego de helicópteros em apoio ao retraimento imprime considerável
velocidade à operação. Previamente, faz-se necessário um retraimento da força que
irá retirar-se, até ZDbq cobertas e abrigadas dos fogos diretos do inimigo, com a
finalidade de preservar a integridade das aeronaves.
11.5.6 - Ação retardadora
A tropa helitransportada, por sua flexibilidade e mobilidade, é particularmente apta
à realização da ação retardadora. Enquanto a infantaria retarda o inimigo em sua
posição, os helicópteros de reconhecimento e ataque pressionam a vanguarda
inimiga e engajam alvos em profundidade. Por sua vez, os helicópteros de emprego
geral podem estar cumprindo missões de apoio ao combate e de apoio logístico.
11.6 - EMPREGO EM OPERAÇÕES DE JUNÇÃO
Nas operações de junção, os helicópteros poderão ser empregados quer pela força de
junção, quer pela estacionária, transportando elementos de segurança e de ligação. A
necessidade de um planejamento detalhado e a preocupação com o estabelecimento de
eficientes medidas de coordenação e controle são fundamentais numa junção entre
elementos de superfície. Com a participação de tropa helitransportada, estas
considerações avultam de importância. As características e vulnerabilidades das
aeronaves exigem ligações flexíveis e sistemas de reconhecimento eficientes.
11.7 - PLANEJAMENTO
O planejamento de uma operação helitransportada envolve dois aspectos: o do
movimento aéreo e o referente ao emprego da tropa. Este último não implica em
alteração das concepções doutrinárias ligadas às operações terrestres, embora demande
atenção quanto as possibilidades e limitações dos meios de transporte.
A concepção de uma operação helitransportada envolve a idéia de manobra, seu
respectivo plano de apoio de fogo e demais aspectos vistos no capítulo 4, além de um
plano de desembarque. Se previstos, serão elaborados, também, os planos para o
resgate da tropa ou sua junção com forças progredindo por terra.
Embora o estudo do plano de desembarque não faça parte do presente manual,
algumas observações são válidas, em face de sua influência no planejamento e
execução de operações terrestres. Em virtude dos prazos disponíveis e das próprias
condições de emprego da tropa, os documentos que integram o planejamento de um
movimento helitransportado nem sempre apresentam detalhes como nas operações

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anfíbias, como por exemplo nos escalões subunidade e abaixo, durante as operações
continuadas em terra. Em qualquer situação, contudo, é mandatório ter atenção às
condições de segurança da tropa e das aeronaves.
A existência de procedimentos operativos padronizados, o adestramento constante e o
ensaio da tropa com os elementos aéreos, contribuirão para o aprestamento e aumento
da eficácia conjunta durante a operação.
11.8 - CONDUTA
A conduta da tropa que realiza uma operação helitransportada variará com o propósito
da missão. Basicamente, os procedimentos descritos no desembarque helitransportado
no assalto anfíbio cobrem as operações de maior vulto, sofrendo as adaptações
necessárias em se tratando de ações menores.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

CAPÍTULO 12
OPERAÇÃO DE JUNÇÃO
12.1 - INTRODUÇÃO
Uma operação de junção compreende as ações de duas forças terrestres amigas que
buscam estabelecer o contato físico entre si, em um ambiente hostil.
É realizada, normalmente, entre uma Forca Estacionária e uma força móvel,
denominada Força de Junção, podendo ser realizada também entre duas forças em
movimentos convergentes. Neste caso, uma delas será designada Força de Junção e a
outra agirá como a estacionária.
A operação compreende duas etapas. Na primeira, a Força de Junção estará
desenvolvendo uma ação ofensiva, enquanto a Força Estacionária estabelecerá uma
postura defensiva para assegurar a posse da área onde terá lugar a junção propriamente
dita, o que concretizará a segunda etapa.
A organização e as condições de emprego dos GptOpFuzNav, seja em OpAnf, seja em
operações subseqüentes em terra, evidenciam a freqüente necessidade de se agrupar
tropas, o que faz crescer a importância do conhecimento das ações pertinentes a este
tipo de operação.
12.2 - PROPÓSITOS
Uma operação de junção pode ter um ou mais dos seguintes propósitos:
- emassar forças de modo a concentrar poder de combate para emprego posterior em
outras operações;
- conduzir elementos de combate e/ou de apoio em reforço a tropas que estejam
operando em local afastado das demais forças amigas;
- substituir, em posição, uma tropa isolada ou ultrapassá-la para prosseguir ou iniciar
um ataque;
- auxiliar uma tropa que esteja lutando para romper o cerco aliviando a pressão
inimiga;
- permitir que duas forças independentes conduzam movimento convergente; e
- estabelecer a ligação com forças de infiltração ou com outras forças amigas.
De qualquer modo, dadas as dificuldades de tal operação, antes de decidir realizá-la,
devem ser avaliados os riscos decorrentes e as possibilidades de alcançar os efeitos
desejados por outros meios.

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12.3 - PLANEJAMENTO
O planejamento da junção deve ser executado com antecedência, demandando integral
coordenação no preparo das diretivas. Essencialmente, seguirá o estabelecido para as
operações básicas, com as adaptações necessárias a atender às características
pertinentes.
12.3.1 - Relações de comando
O comandante superior das forças envolvidas estabelece as relações de comando
bem como define responsabilidades a serem observadas antes, durante e após a
junção. Dentre as alternativas de que dispõe, poderá escolher entre comandar ele
mesmo a operação, designar para tal o comandante de uma das forças envolvidas ou
criar um comando especialmente com este propósito.
A diretiva determinando a realização da junção especificará as relações de comando
e responsabilidades já mencionadas, conterá instruções sobre local e prazos para a
ativação do comando da operação, bem como especificará, no que for possível,
detalhes sobre a hora, local ou locais em que se efetivará a junção.
12.3.2 - Estabelecimento de ligações
É essencial o estabelecimento de ligações entre as forças envolvidas, seja durante o
planejamento, seja durante a realização da operação. Quando for prevista junção
com forças estrangeiras, devem ser selecionados intérpretes.
12.3.3 - Segurança das tropas amigas
As circunstâncias em que se desenvolvem as ações podem acarretar alto risco para
as tropas envolvidas, principalmente quando a junção se torna iminente. Deste
modo, devem ser estabelecidas minuciosas medidas para assegurar o
reconhecimento mútuo e, assim, evitar choque entre forças amigas. Dentre as
medidas incluem-se braçadeiras, painéis, bandeirolas, marcação nas viaturas,
recursos eletrônicos de identificação, meios infravermelhos, sinais por gestos, etc.
Com os cuidados devidos, artifícios pirotécnicos, fumaça colorida, meios sonoros e
senha e contra-senha poderão ser utilizados em terreno coberto ou em condições de
visibilidade reduzida. As medidas citadas devem ser previstas não só para o
reconhecimento entre os elementos de superfície como, também, ar superfície,
sendo todas incluídas nas diretivas de ambas as forças.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

12.4 - ANÁLISE DOS FATORES DA DECISÃO


12.4.1 - Missão
A missão deve prever a chegada da Força de Junção à região onde se iniciará o
contato físico no mais curto prazo, sendo para tal estabelecido uma moldura
temporal. A ênfase atribuída à missão da Força de Junção deve ser evitar
engajamentos decisivos antes da chegada ao ponto de junção (PJç) e à missão da
Força Estacionária deve ser a manutenção do terreno essencial à realização da
junção.
12.4.2 - Inimigo
Informações detalhadas sobre o dispositivo, valor e meios do inimigo serão
necessárias para permitir a organização da Força de Junção, a seleção de suas vias
de acesso e das áreas onde se estabelecerá o contato.
12.4.3 - Terreno
O terreno também influenciará a organização da Força de Junção. As vias de acesso
serão selecionadas em terreno menos favorável ao inimigo, e que permita o avanço
da tropa com a rapidez necessária. Devem ser selecionados, pela Força
Estacionária, acidentes capitais que tenham comandamento sobre os PJç.
12.4.4 - Meios
O dispositivo da Força de Junção será organizado, basicamente, como para uma
marcha para o combate, devendo ser esperada a ocorrência de um combate de
encontro. Em face da mobilidade e proteção proporcionadas pelas viaturas
blindadas, estas serão usadas como meio de transporte, sempre que disponíveis,
apoiadas por carros de combate. Devem ser priorizados equipamentos de
comunicações e meios optrônicos para os elementos em primeiro escalão.
12.4.5 - Tempo disponível
As condições em que normalmente se encontra a Força Estacionária,
principalmente quando sob pressão do inimigo, exigem rapidez nas ações da Força
de Junção. A Abertura do canal logístico, efeito desejado neste tipo de operação,
recomenda a concretização da junção no menor tempo possível.
12.5 - IDÉIA DE MANOBRA
A Força Estacionária e a Força de Junção estabelecerão as respectivas idéias de
manobra, coordenando-as detalhadamente e com antecedência, para assegurar a
precisão dos movimentos. Quaisquer alterações posteriores ditadas pela evolução da

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

situação devem ser, também, coordenadas.


12.5.1 - Medidas de coordenação e controle
Dentre as diversas medidas de coordenação e controle habitualmente estabelecidas,
as seguintes estarão normalmente presentes na operação de junção: eixos de
progressão, direção de ataque, linhas de controle, pontos de junção; a Força
Estacionária estará guarnecendo uma zona de responsabilidade tática (ZRT).

ZR PLib
T

LCt
LCt
LCt

PI

O
ESSÃ
EIXO DE PROGR
LCt
LCt
LCt

Fig. 12.1 - Medidas de coordenação e controle na Junção


a) Eixos de progressão
Serão utilizados com vistas a assegurar o controle do deslocamento da Força de
Junção, permitir certa liberdade em suas ações e garantir velocidade ao
movimento.
b) Direção de ataque
Será utilizada quando for necessário maior controle do deslocamento, como, por
exemplo, na ruptura de um cerco. Por outro lado, a sua adoção tira a
flexibilidade da tropa que se desloca, aumentando a possibilidade de um
engajamento decisivo com o inimigo.
c) Linhas de controle
Destinam-se a referenciar a localização da Força de Junção, sendo estabelecidas
em maior número nas proximidades da Força Estacionária.
d) Pontos de junção
PJç serão selecionados de comum acordo entre os comandantes da Força de
Junção e da Estacionária, nos locais onde se prevê o futuro contato físico entre

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

as mesmas. Devem ser facilmente identificáveis por ambas e situados onde o(s)
eixo(s) de progressão (EProg) da Força de Junção intercepta(m) as posições
avançadas dos elementos de segurança da Força Estacionária.
Pontos alternativos serão escolhidos de modo a fazer face a quaisquer mudanças
na situação. A quantidade de PJç principais e alternativos dependerá das
possibilidades da Força Estacionária para guarnecê-los, do terreno, do inimigo e
do número de eixos de deslocamento da Força de Junção. Os PJç alternativos
devem ser escolhidos de modo a evitar que determinada ameaça ao PJç principal
também se constitua em ameaça que o inviabilize.
e) Outros pontos
Quando for prevista uma ultrapassagem após a junção, serão demarcados pontos
iniciais e pontos de liberação, para assinalar o deslocamento da Força de Junção
no interior da zona de ação da Força Estacionária.
As medidas de coordenação e controle usadas nesse tipo de operação são
detalhadas no CGCFN-60 Manual de Comando e Controle de Fuzileiros Navais.
12.6 - PLANEJAMENTO DO APOIO DE FOGO
Os planos de apoio de fogos serão também coordenados detalhada e previamente, com
vistas a permitir o apoio mútuo e a segurança de ambas as tropas.
Normalmente, a Força de Junção estará apta a desencadear maior volume de fogos
dada sua maior capacidade de transportar meios. A Força Estacionária também poderá
apoiar a de junção, com as limitações decorrentes do material e suprimentos
disponíveis.
De acordo com o estabelecido pelo escalão superior às forças envolvidas, quando a
junção se tornar iminente, a coordenação dos fogos passará ao controle do escalão
responsável pela junção, o mesmo acontecendo após a conclusão da operação.
12.6.1 - Medidas de coordenação de fogos
Serão estabelecidas pelo comandante designado para a operação de junção e
incluirão, normalmente, as Linhas de Coordenação de Apoio de Fogo (LCAF), as
Linhas de Segurança de Apoio de Artilharia (LSAA) e as Linhas de Coordenação
de Fogos (LCF).

OSTENSIVO - 12-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

ESTÁGIO INICIAL
LP/LC

LCAF

LC AA
AF
LS RT
LSAA

Z
FORÇA
FORÇA DE ESTACIONÁRIA
JUNÇÃO

LP/LC

JUNÇÃO IMINENTE

LCAF
LSAA ZRT
LCF

FORÇA DE FORÇA
JUNÇÃO ESTACIONÁRIA

LCF

JUNÇÃO EFETIVADA

LCAF
LSAA
ZRT

Fig. 12.2 - Medidas de coordenação de fogos na junção


Dada a convergência das tropas, tais medidas, com exceção das LSAA, devem ser
balizadas e/ou referidas a acidentes bem definidos do terreno, tais como vias de
transporte, cursos de água, linhas de crista, etc.
a) Linhas de Segurança de Apoio de Artilharia
Serão estabelecidas pela Força Estacionária e pela de Junção, para demarcar a
área no interior da qual exercerão a coordenação dos fogos de artilharia,
morteiros e fogo naval.

OSTENSIVO - 12-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

b) Linhas de Coordenação de Apoio de Fogo


Suplementarão as LSAA dizendo respeito, também, ao apoio aéreo. Apenas
quando a Força de Junção e a Estacionária estiverem separadas por grandes
distâncias haverá LCAF independentes. Caso contrário, como ocorre
normalmente nas operações anfíbias, uma única LCAF será instituída pelo
comando superior comum.
c) Linha de Coordenação de Fogos
É a medida de coordenação de fogos mais importante na junção, uma vez que os
fogos só poderão ser desencadeados além da mesma após a devida coordenação
entre ambas as forças. É estabelecida para vigorar mediante ordem, o mais
próximo possível da Força Estacionária, de modo a permitir a devida liberdade
da Força de Junção.
12.7 - COMUNICAÇÕES
As comunicações representam papel importante para a execução e controle da junção,
devendo os planos correspondentes de ambas as forças serem preparados em
coordenação e com antecedência. O método radioelétrico será o mais empregado,
sendo previstas freqüências comuns para os escalões correspondentes das duas forças
que participarão efetivamente das ações. Aeronaves serão empregadas para ampliar o
alcance das comunicações rádio, bem como para complementar tais meios,
transportando mensagens e/ou pessoal de ligação.
Poderá ser necessário o intercâmbio ou fornecimento de material e pessoal de acordo
com as peculiaridades da força com a qual será realizada a operação de junção.
Serão estabelecidas medidas de reconhecimento mútuo com vistas a facilitar a
identificação e garantir a segurança das tropas amigas.
12.8 - EXECUÇÃO DA JUNÇÃO
A execução da junção demanda detalhada coordenação, principalmente se sob pressão
do inimigo. Conforme já mencionado, a Força Estacionária procurará manter suas
posições, enquanto a Força de Junção orientará suas ações em direção a mesma,
desdobrando-se e agindo como aguardando contato iminente. Deve-se esperar que o
inimigo procure impedir ou dificultar tais ações. Entretanto, sempre que possível, deve
ser evitado um engajamento decisivo, com a Força de Junção contornando ou
rompendo oposições encontradas, sem se deter.
A Força Estacionária guarnecerá os PJç e procurará guiar a Força de Junção,

OSTENSIVO - 12-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

utilizando comunicações rádio, em sua progressão. Se possível empregará, também,


patrulhas para uma ligação direta.
À medida em que o contato entre as forças envolvidas se torna iminente, a
coordenação e o controle são intensificados, não só por intermédio de ligações como
pela entrada em vigor das medidas de coordenação restritivas preestabelecidas.
Ao alcançar a área onde se realizará a junção propriamente dita, a Força de Junção
passa a desenvolver as ações visando concretizar o contato: intensifica o
reconhecimento, apossa-se de ou conquista pontos críticos, envia patrulhas, etc.
Os elementos que guarnecem os PJç, bem como os que irão estabelecê-la, deverão
estar familiarizados com as medidas para o reconhecimento mútuo e com a seqüência
de ações previstas para após o contato.
Efetivada a junção, é intensificada a troca de pessoal de ligação. Nesta ocasião serão
permutadas informações atualizadas sobre o terreno, o inimigo e as forças amigas, o
que assegurará efetiva coordenação de fogos e permitirá a devida ajustagem nos
planejamentos.
Aeronaves de asa rotativa facilitarão, sobremodo, quer o estabelecimento do contato
inicial, quer o intercâmbio de pessoal.
A Força Estacionária também fornecerá guias para conduzir a Força de Junção através
dos obstáculos existentes com vistas a uma rápida passagem em direção ao destino
previsto (ZReu, itinerário para ultrapassagem, etc). As duas forças estarão
extremamente vulneráveis nos instantes iniciais, o que demanda rapidez nas ações.
Quanto à conduta do apoio de fogo, a LSAA da Força Estacionária permanecerá, em
princípio, inalterada, enquanto a da Força de Junção acompanhará sua progressão. O
mesmo acontecerá com sua LCAF, caso não seja utilizada apenas uma. Quando a
junção se tornar iminente, entrará em vigor a LCF prevista e uma única LSAA e uma
única LCAF envolverão ambas as forças. Estas duas últimas linhas sofrerão as
ajustagens devidas uma vez efetivada a ligação (Fig. 12.2).
12.9 - JUNÇÃO DE DUAS FORÇAS EM MOVIMENTO
As considerações estabelecidas para a junção entre uma tropa estacionária e outra
móvel são válidas quando se tratar de forças em movimento. Entretanto, a
coordenação é mais difícil, havendo grande risco de um engajamento entre elementos
amigos à medida em que as distâncias vão diminuindo. Assim, quando o primeiro
contato à distância for estabelecido, deve haver uma ajustagem nas velocidades de

OSTENSIVO - 12-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

deslocamento. Se possível, ambas as forças devem proceder a um alto, antes da junção


propriamente dita; no mínimo, uma delas deve fazê-lo.
As medidas de coordenação e controle, normalmente utilizadas nessa ação, envolvem
pontos de junção, linhas de controle e medidas de coordenação de fogos. Outras
medidas serão decorrentes da situação e das tarefas previstas para após a junção.
12.10 - AÇÕES APÓS A JUNÇÃO
O planejamento deverá prever, também, as ações a serem desenvolvidas após a junção,
o que dependerá, normalmente, da finalidade com que foi realizada a referida
operação. Assim, a Força de Junção poderá:
- reforçar a Força Estacionária para ações ofensivas ou defensivas;
- assumir a defensiva da área considerada;
- conduzir um ataque em coordenação com a Força Estacionária; e
- ultrapassar ou contornar a Força Estacionária e prosseguir no ataque.
Desse modo, para continuidade da junção, será planejado antecipadamente um
reajustamento do dispositivo defensivo, uma substituição em posição ou uma
ultrapassagem. Para que as duas forças não se constituam em alvo compensador
durante a efetivação da junção, o planejamento deve estabelecer medidas para evitar o
emassamento de tropas e material. Dependendo do destino final da Força de Junção, é
desejável que ela contorne as posições da Força Estacionária e/ou que seus objetivos
estejam situados bem distantes da área ocupada pela mesma.
12.11 - APOIO DE SERVIÇOS AO COMBATE
O planejamento do apoio logístico será influenciado pela quantidade de equipamentos
e suprimentos transportados inicialmente pela Força Estacionária, pelas distâncias a
serem percorridas pela Força de Junção, pelas operações posteriores e pela
possibilidade de ressuprimento e evacuação aéreos após estabelecido o contato.
Deverão ser previstas medidas para a evacuação de baixas e material danificado
durante o deslocamento da Força de Junção. Quando possível, serão utilizados os
eixos ou itinerários de progressão. Caso não haja segurança ao longo desses eixos ou
itinerários, as baixas serão evacuadas por aeronaves de asa rotativa e o material
transportado com a Força de Junção até que haja oportunidade de sua evacuação. Em
situações extremas, os equipamentos serão abandonados devendo ser completamente
inutilizados.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

12.12 - LIBERAÇÃO DE UMA TROPA ISOLADA


Tais ações envolvem um ataque por uma força não envolvida pelo inimigo, o
desengajamento da tropa isolada e uma junção.
Inicialmente, a tropa que vai em auxílio procurará conquistar ou ocupar acidentes do
terreno onde possa estabelecer uma defensiva e passa a ser a Força Estacionária. A
seguir, a tropa isolada atua como Força de Junção, rompendo o cerco inimigo e
passando rapidamente através das linhas de defesa da Força Estacionária, deslocando-
se para zonas de reunião previamente estabelecidas.
Deve-se evitar a vulnerabilidade ocasionada pelo emassamento de forças e a inevitável
ação do inimigo, selecionando-se vários itinerários para que a Força de Junção atinja
suas ZReu, bem como atribuindo-lhe prioridades nos deslocamentos.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

CAPÍTULO 13
INCURSÃO
13.1 - CONCEITOS BÁSICOS
A incursão é uma ação ofensiva levada a efeito em área hostil ou sob o controle do
inimigo, envolvendo uma ação audaciosa e coordenada não ligada à conquista de
objetivo(s), embora possa ocorrer uma ocupação temporária, seguindo-se uma retirada
planejada.
Embora uma incursão possa produzir danos materiais e morais no inimigo, bem como
venha a apresentar significado psicológico, tático ou mesmo estratégico para o lado
amigo, enfim, tenha o seu valor e necessidade, nunca pode ser considerada como a
principal operação a ser realizada por uma força.
É mandatório que uma força de incursão (ForInc) atinja seu(s) objetivo(s) sem ser
detectada, execute sua(s) tarefa(s) o mais rápido possível e realize uma retirada
ordenada. Na maioria das vezes a ForInc retrairá em direção às linhas amigas. Uma
exceção é o caso de força deixada à retaguarda do inimigo quando da realização de
movimento retrógrado (ver inciso 7.2.2), ocasião em que, após a incursão, acontece o
regresso para uma região de homizio até que ocorra a sua retirada por meios aéreos ou
o seu retraimento posterior de acordo com o planejamento realizado.
Para infiltrar-se e para retrair da área, a ForInc pode deslocar-se a pé, por viaturas,
embarcações ou aeronaves, sendo o helicóptero um excelente meio para prover-lhe
mobilidade, velocidade e flexibilidade. Normalmente, a combinação de métodos
produzirá melhores resultados, devendo ser considerado, porém, que a principal
preocupação quando da infiltração é a manutenção do sigilo e quando da retirada é a
rapidez. Deve-se, ainda, buscar a utilização de meio/itinerário diferentes da inserção
para a retirada.
As incursões podem ser realizadas visando um ou mais dos seguintes propósitos:
- capturar pessoal ou material importantes;
- resgatar pessoal amigo;
- destruir alvos críticos (pessoal ou material);
- obter informes;
- inquietar o inimigo;
- elevar o moral das próprias tropas e/ou das aliadas; e
- dissimular outras operações.

OSTENSIVO - 13-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

Na defensiva e nos movimentos retrógrados as incursões poderão ser empregadas para


desorganizar e/ou retardar o inimigo.
Uma incursão implica em aceitar-se um risco calculado, o que impõe seja ponderado o
efeito moral negativo resultante de uma ação mal sucedida, demandando cuidados para
diminuir a possibilidade de tal ocorrência.
13.2 - PLANEJAMENTO
O planejamento de uma incursão é realizado de modo semelhante ao das operações
ofensivas, sendo, porém, mais detalhado, além de incluir o planejamento específico da
retirada. Adicionalmente, será influenciado por características particulares como será
visto a seguir.
A complexidade da operação e a natureza descentralizada de sua execução impõem
que a missão seja atribuída o mais precisamente possível, normalmente em termos de
ação a empreender. Entretanto, em alguns casos, como em incursões com vistas a
inquietar o inimigo ou dissimular outras operações, a missão poderá ser estatuída
apenas em termos de efeito desejado.
Uma incursão depende de informações precisas e oportunas sobre o inimigo e sobre a
área de operações, de modo a possibilitar uma adequada estruturação da força,
surpresa e rapidez. Tais fatores contribuirão para o sucesso e para a segurança da
operação. A segurança é vital, uma vez que a ForInc é, normalmente, de valor inferior
ao do inimigo na área da operação e é vulnerável a ataques partindo de qualquer
direção.
O emprego de aeronaves, devidamente avaliado quanto ao ruído que produzem,
capacita a ForInc a atacar objetivos profundos. A retirada pode ser realizado
prontamente, também, com a utilização de aeronaves.
13.3 - CONCEITO DA OPERAÇÃO
Duas situações devem ser basicamente consideradas. Na primeira, a tropa desloca-se
por infiltração, de modo a atingir furtivamente a área do objetivo e após cumprir sua
tarefa, quebrado o sigilo ou não, retrai e retira-se para a retaguarda das linhas amigas.
Tal processo é habitualmente empregado para obter informes, para a captura ou
libertação de pessoal e para a captura ou destruição de material. É normalmente
executado por forças de valor abaixo de unidade.
Na outra situação, a tropa desloca-se em força através da posição inimiga, cumpre sua
tarefa com rapidez e violência e regressa prontamente às próprias linhas. Poderá

OSTENSIVO - 13-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

ocorrer quando for prevista a destruição de uma força ou de uma instalação de vulto
do inimigo. Normalmente são empregadas forças no valor unidade e acima, sendo o
sigilo quebrado logo ao início da entrada da tropa na área hostil.
Ambas as situações podem ser utilizadas para inquietar o inimigo ou dissimular outras
operações.
Uma variante das duas situações apresentadas ocorre quando uma força é deixada à
retaguarda do inimigo durante um movimento retrógrado, retraindo para uma área de
homizio após realizar uma incursão. Devem ser previstas, nesse caso, ações que
retirem esta força da área sob o controle do inimigo em tempo hábil de modo a
salvaguardá-la da destruição.
13.4 - DISTRIBUIÇÃO DE FORÇAS
Quando se tratar de uma incursão para executar tarefas de reconhecimento de ponto ou
área a tropa será organizada e atuará com preponderância de elementos de
reconhecimento. Neste caso, sendo realizado um deslocamento em força, a tropa
atuará como em um reconhecimento em força.
Quando se tratar da execução de tarefas de combate – destruição, captura, demolição,
resgate, etc - normalmente a ForInc será organizada em um comando, elementos de
reconhecimento - quando for prevista a obtenção de informes - de assalto, de
segurança e de cobertura (Fig. 13.1). Tais designações são apenas uma indicação geral
tendo em vista que a organização específica vai depender dos fatores da decisão.
13.4.1 - Comando
Será organizado de acordo com o vulto e a missão da força de incursão. Poderá ter
EM, elementos de comunicações e de apoio de serviços ao combate.
13.4.2 - Elemento de reconhecimento
Nas incursões visando obter informes, será o componente da força de incursão que
cumprirá a tarefa mais importante. Poderá ser subdividido de acordo com a
abrangência das tarefas a executar.
13.4.3 - Elemento de assalto
É o responsável pela execução da tarefa mais importante da ForInc para as missões
que não as de reconhecimento. Poderá ser subdividido e conter grupos para apoio
de fogo nas proximidades do objetivo, bem como grupos para a execução de tarefas
especiais: tiro de precisão, demolição, busca, resgate, captura, padioleiros, etc.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

13.4.4 - Elemento de segurança


Provê segurança durante o deslocamento da força e isola a área do objetivo da
ForInc, enquanto os elementos de assalto ou os de reconhecimento executam suas
tarefas.
13.4.5 - Elemento de cobertura
Neutraliza, pelo fogo, o objetivo, cobre a progressão dos elementos de assalto,
apoia seu desengajamento, bem como seu retraimento.
Normalmente, será estabelecido quando o comandante do escalão de assalto não
puder controlar os meios de apoio de fogo pertinentes.
13.4.6 - Reserva
Ao considerar o problema da reserva para uma incursão anfíbia, um comandante se
vê diante de necessidades conflitantes. Por um lado, ele precisa dispor de uma força
suficientemente forte para cumprir sua missão. Por outro, como será realizada uma
retirada, não é conveniente conduzir elementos para os quais não haja tarefas
definidas. Esses aspectos devem ser levados em conta na definição da reserva da
força, que poderá estar em estado de prontidão fora da área dos objetivos, em ZReu
na área do objetivo ou reforçando os demais elementos da força. Outra
possibilidade é designar unidades participantes da fase do assalto, após o
cumprimento de suas tarefas.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

FORÇA DE
INCURSÃO

ELEMENTO DE ELEMENTO DE
COMANDO SEGURANÇA
RECONHECIMENTO

A - Para reconhecimento de ponto

FORÇA DE
INCURSÃO

ELEMENTO DE ELEMENTO DE ELEMENTO DE


COMANDO RECON/SEG C
RECON/SEG A RECON/SEG B

B - Para reconhecimento de área

FORÇA DE
INCURSÃO

ELEMENTO DE ELEMENTO DE ELEMENTO DE


COMANDO SEGURANÇA ASSALTO COBERTURA

GRUPO DE GRUPO DE GRUPO DE


SEGURANÇA ASSALTO ApF

GRUPO DE
EQUIPE DE TEREFAS EQUIPE DE
SEGURANÇA ESPECIAIS ApF

C - Para outras tarefas

Fig. 13.1 - Organização de forças de incursão


13.5 - APOIO DE FOGO
O planejamento do apoio de fogo é semelhante ao de uma operação ofensiva e levará
em conta basicamente dois aspectos: a necessidade de manter o sigilo e a circunstância
da incursão ocorrer ou não dentro da distância do alcance eficaz das armas de apoio
das forças amigas.
Uma vez que o sigilo é importante para a segurança da ForInc e para a obtenção de
surpresa, o apoio de fogo só deverá ser desencadeado após a sua perda ou na
preparação do objetivo imediatamente antes do ataque. A seguir, poderá ser deslocado
visando interditar a área, bater concentrações de tropas inimigas que possam interferir

OSTENSIVO - 13-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

na ação, etc. Serão previstos fogos, ainda, para apoiar o desengajamento e cobrir a
retirada.
Quando a ForInc não puder ser apoiada pela tropa amiga em posição ou pelo fogo
naval, terá que contar apenas com o apoio aéreo e com os meios que eventualmente
venha a conduzir. Poderá receber, ainda, meios transportados por helicópteros ou
lançados por pára-quedas.
13.6 - APOIO DE SERVIÇOS AO COMBATE
A curta duração da operação, as peculiaridades de sua execução, os efetivos
normalmente empregados e a carência de meios de transporte demandam um
planejamento detalhado do apoio logístico. Apenas o material estritamente necessário
ao cumprimento da missão será conduzido. Sua adequabilidade e quantidade serão
testadas nos ensaios.
Normalmente, não será previsto o ressuprimento da força; entretanto, poderá ser
necessário o lançamento aéreo de itens críticos, principalmente quando a retirada
prolongar-se além do esperado.
Dependendo da situação, alguns itens poderão ser armazenados em locais selecionados
da área em poder do inimigo, sendo conduzidos previamente por meios clandestinos.
Deve ser previsto o adequado atendimento às baixas e, quando for o caso, de pessoal
amigo resgatado ou prisioneiros. A evacuação deve processar-se o mais cedo possível
e pelos meios mais rápidos disponíveis.
13.7 - MEDIDAS DE COORDENAÇÃO E CONTROLE
A natureza descentralizada da operação, sua rapidez e a necessidade de segurança
impõem a existência de medidas de coordenação e controle precisas e simples.
A hora para o desencadeamento da ação principal poderá ser imposta pelo escalão
superior, com vistas a coincidir com um planejamento específico de sua alçada, ou ser
deixada a critério do comandante da ForInc. Neste caso, ele a selecionará de modo a
obter as maiores chances de sucesso.
Além das medidas de coordenação e controle próprias da infiltração, detalhadas no
capítulo 3, e das operações ofensivas, detalhadas no CGCFN-60 Manual de Comando
e Controle de Fuzileiros Navais, em uma incursão utilizam-se os pontos de reunião no
objetivo e as posições para os escalões de segurança e de cobertura.
13.7.1 - Ponto de reunião no objetivo
É o local onde a ForInc realiza os preparativos finais para as ações no objetivo e

OSTENSIVO - 13-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

para onde retorna após executá-las. Deve ser facilmente identificável no terreno,
afastado de vias de provável trânsito do inimigo, prover coberta e abrigo, bem
como possuir possibilidade de defesa a toda volta. Deve situar-se próximo ao
objetivo, mas a uma distância tal que as atividades em seu interior não sejam
detectadas a partir daquele. Adicionalmente, deve estar convenientemente longe, de
modo que, ao retrair, a tropa possa desengajar antes de atingi-lo.
13.7.2 - Posições para os elementos de segurança e de cobertura
Organizadas de acordo com o vulto e as tarefas dos elementos que as ocuparão.
13.8 - ENSAIO
As possibilidades de êxito aumentam consideravelmente quando a força de incursão é
submetida previamente a um adestramento especial, culminando com um ensaio em
terreno e condições semelhantes aos da operação prevista, com os militares equipados
com o armamento e o material prescritos para a operação.
No ensaio serão testados o desempenho da tropa, as medidas de coordenação e
controle, os fatores de tempo, distância e as providências logísticas, inclusive
equipagens especiais. O ensaio permitirá, ainda, a seleção do pessoal com efetivas
condições de participar da operação e de executar as tarefas especiais.
13.9 - RETIRADA
Os planos para a retirada são elaborados simultaneamente com os da incursão; devem
ser tão detalhados e cuidadosamente elaborados como estes.
Levarão em conta a duração provável da ação no objetivo e a esperada reação do
inimigo. Serão previstos itinerários diferentes para a inserção e para o retorno e
planejadas as ações a serem desenvolvidas para cobrir a movimentação da força.
13.10 - CONDUTA
Quando for previsto que a ForInc deva atingir o objetivo sigilosamente, seu
deslocamento se dará utilizando uma ou mais faixas de infiltração podendo, ainda,
ser a tropa inserida por um dos meios de transporte já apresentados.
Em qualquer caso, deverá atingir uma área ou ponto de reagrupamento antes de se
deslocar para o Ponto de Reunião no Objetivo (PRO). Outra situação a considerar é
quando a força de incursão, pelo seu vulto ou por outros condicionantes, desloque-se
por várias faixas de infiltração e alcance várias ARgpt.
Nesta situação, que exige mais cuidados com a coordenação e controle, deverá
ocupar vários PRO e iniciar as ações a partir de cada um.

OSTENSIVO - 13-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

O PRO será reconhecido pelos elementos do escalão de segurança previamente


designados e a seguir ocupado pela ForInc. Esta estabelece uma defensiva imediata a
toda volta e prepara-se para a ação, enquanto os comandantes dos diversos elementos
procedem a um reconhecimento do objetivo.
Os planos serão confirmados ou reajustados e os elementos de segurança deslocam-
se para as posições respectivas, seguidos dos elementos de cobertura e do escalão de
assalto, nesta ordem (Fig. 13.2).

ESCALÃO DE
COBERTURA

LP
ESCALÃO DE
SEGURANÇA
LP

PRO

ESCALÃO DE
ATAQUE

Fig. 13.2 - Conduta da incursão


De acordo com a idéia de manobra estabelecida, o escalão de cobertura desencadeia
fogos de preparação em apoio aos elementos de assalto. Estes executam suas tarefas
com arrojo e rapidez, inclusive protegendo a ação das equipes de demolição, de
captura ou resgate, conforme o caso.
Mediante ordem ou a um sinal preestabelecido, o escalão de assalto desengaja e
retrai para o PRO protegido pelo escalão de cobertura, que retrai em seguida.
Durante todo este tempo o escalão de segurança estará em posição provendo alarme
antecipado, protegendo o PRO, bloqueando as vias de provável acesso do inimigo e
impedindo a sua fuga. Protegerá o retraimento do escalão de cobertura e retrairá em
seguida para o PRO. A partir deste terá início o retraimento da ForInc. As ações
devem ser realizadas com a maior rapidez possível, segundo o planejamento
estabelecido. Embora as ações devam ser desenvolvidas com a mesma precisão e

OSTENSIVO - 13-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

audácia utilizadas para a ação principal, deve ser esperada uma diminuição do ritmo
ofensivo da tropa, causada pelo desgaste dos integrantes da ForInc e pela atuação do
inimigo, bem como pela necessidade de conduzir as baixas, prisioneiros e pessoal
libertado, conforme o caso.
De acordo com o planejamento, a ForInc será extraída por meio de helicópteros,
embarcações ou outros meios, ou realizará o retorno às linhas amigas por infiltração,
desenvolvendo, se necessário, ações semelhantes a um movimentos retrógrado,
culminando com um acolhimento.

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OSTENSIVO CGCFN-1-5

CAPÍTULO 14
OPERAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO
14.1 - INTRODUÇÃO
A substituição de forças em combate é inerente à conduta do mesmo. Quando as
operações táticas se estendem por períodos prolongados, será necessária a substituição
periódica das unidades empregadas, visando um ou mais dos seguintes propósitos:
- considerar necessidades ditadas pelo planejamento, como, por exemplo, prosseguir
no ataque em outra direção;
- restaurar o poder de combate de uma força, substituindo-a por outra descansada; e
- preparar a força substituída para uma operação que exija equipamento e/ou
adestramento de caráter específico.
14.1.1 - Tipos de substituição
As substituições são classificadas como: substituição em posição, ultrapassagem e
acolhimento.
14.1.2 - Considerações comuns aos três tipos
Quando da realização de tais operações, é normal a ocorrência de concentração e
congestionamento de tropa e de meios, pois durante algum tempo duas forças
estarão ocupando a mesma zona de ação (ZAç) ou setor de defesa, constituindo-se
em objetivo compensador. Para reduzir a vulnerabilidade decorrente, é
indispensável a existência de planos detalhados e estreitamente coordenados entre
os participantes, bem como rapidez, sigilo e cerrada cooperação em todos os
momentos, até os mais baixos escalões.
A força que vai substituir deve estar perfeitamente familiarizada com o
planejamento da força a ser substituída, desde a diretiva básica até os planos de
apoio de fogo, de barreiras, etc.
Tendo em vista o requisito segurança, é preferível que as ações sejam realizadas em
períodos de visibilidade reduzida. Além disso, um reconhecimento minucioso deve
ser realizado, de preferência, à luz do dia, incluindo, quando apropriado, as
posições, as instalações, os itinerários, etc.
O controle de trânsito é de suma importância, sendo obtido pelo balizamento dos
itinerários, estabelecimento de prioridades para sua utilização, instalação de postos
de controle e emprego de guias.
A segurança mútua das tropas é outro fator a ser avaliado, uma vez que elementos

OSTENSIVO - 14-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-1-5

de comandos distintos estarão na mesma área. As considerações apresentadas no


planejamento da junção atendem a esta particularidade (artigo 12.3).
O sigilo e a segurança serão obtidos, ainda, pela dissimulação. Para tal, a força a ser
substituída mantém suas atividades normais quanto a apoio de fogo, patrulhas,
comunicações, apoio de serviços ao combate, etc, aos quais deve se adaptar a força
que vai assumir as posições. De acordo com os escalões envolvidos, serão
preparados planos de despistamento, ou então, apenas adotadas medidas voltadas
para tal.
A hora de assunção do comando pelo comandante substituto e as condições
segundo as quais a substituição deve processar-se, são estabelecidas entre os dois
comandantes interessados ou determinadas pelo comandante imediatamente
superior.
14.2 - SUBSTITUIÇÃO EM POSIÇÃO
14.2.1 - Conceitos básicos
A substituição em posição é a operação em que uma tropa assume o dispositivo de
uma outra - ou parte dele - em combate.
É executada quando o elemento a ser substituído encontra-se na defensiva, podendo
ser determinado à tropa que substitui continuar nesta situação ou passar para o
ataque.
14.2.2 - Planejamento
A força que substitui e a força substituída desenvolverão um planejamento
simultâneo, com base na diretiva que determinou a operação e nas decisões a que
chegarem em comum acordo, dentro do que lhes for delegado. É importante a troca
de pessoa1 de ligação o mais cedo possível, em todos os escalões.
14.2.3 - Análise dos fatores da decisão
a) Missão
Sigilo, tempo disponível, ações subseqüentes e coordenação entre as forças
envolvidas são fatores norteantes para consecução das tarefas inerentes a esse
tipo de operação.
b) Inimigo
As informações sobre o inimigo facilitarão ao comandante da tropa que substitui
preparar-se para prosseguir na defensiva ou lançar-se ao ataque, conforme sua
missão. A tropa que vai ser substituída deve fornecer à substituta todos os

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conhecimentos que dispuser sobre o inimigo, bem como obter outros conforme
solicitado.
c) Terreno e condições meteorológicas
O terreno representa fator importante na operação, devendo ser minuciosamente
reconhecido desde a(s) zona(s) de reunião (ZReu) da tropa substituta até as
posições da substituída. Os itinerários de cada uma devem prover proteção e
evitar cruzamentos e congestionamentos. O terreno em direção ao inimigo deve
ser também reconhecido, com os detalhes permitidos pela situação e levando em
conta o propósito da operação. Do mesmo modo, deve ser considerada a
importância das condições meteorológicas, uma vez que a visibilidade reduzida
facilita o sigilo e a segurança.
d) Meios disponíveis
O valor, o dispositivo e o armamento da tropa substituída devem ser
considerados para permitir o estabelecimento de itinerários, prioridades e
conduta das ações. Quando se tratar de substituição para continuar uma
defensiva, cabe analisar a existência de diferenças entre a organização e o
armamento das duas tropas, devendo ser realizados os ajustes necessários, de
modo a que não haja solução de continuidade na ação.
e) Tempo disponível
A avaliação dos prazos estabelecidos tem influência na rapidez, no sigilo e na
segurança. Assim, em princípio, a operação poderá ser realizada em uma ou
mais noites. Se em apenas uma, aumentará a concentração da tropa e sua
vulnerabilidade, mas diminuirão as possibilidades de detecção, pela rapidez em
que será concluída. Entretanto, se realizada em mais de uma noite, diminui a
vulnerabilidade mas aumentará a possibilidade de detecção e conseqüente reação
do inimigo.
14.2.4 - Conceito da operação
A substituição deve ser planejada sem que haja enfraquecimento da posição.
Quando for prevista a continuação da defesa, a substituição é normalmente
realizada homem por homem e arma por arma. Quando se tratar de prosseguir ou
iniciar um ataque, a substituição em posição poderá ser realizada por área, em
apenas uma ou mais partes da zona de ação ou setor de defesa, pois a tropa que
substitui se deslocará, posteriormente, conforme a ação planejada. De qualquer

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forma, total ou parcial, a substituição será planejada e executada detalhadamente.


Normalmente, os elementos de apoio ao combate não devem ser substituídos ao
mesmo tempo em que os de combate, permanecendo em posição até que se
complete a substituição dos elementos em primeiro escalão.
Com base nos fatores da decisão, o conceito da operação conterá a idéia de
manobra, o plano de apoio de fogo, as medidas de segurança, de despistamento etc.
a) Passagem de comando
Uma consideração importante para o sucesso da substituição em posição refere-
se à ocasião e às circunstâncias em que deverá concretizar-se a transferência da
responsabilidade - passagem de comando - pela área em que a mesma se realiza.
Caso tais aspectos não sejam especificados pelo escalão superior, serão objeto de
acordo mútuo entre os comandantes interessados. Normalmente, poderão ser
usados como parâmetros a substituição de dois terços dos elementos de combate
em posição e o estabelecimento de suficientes meios de comunicações pela tropa
que substitui. Até a passagem de comando, o comandante da força que está
sendo substituída retém a responsabilidade pela condução das operações na área,
exercendo, inclusive, o controle operacional sobre os elementos da tropa
substituta que já tenham concluído sua participação na substituição. Nestas
condições, caso o propósito seja continuar a defesa, a força que está substituindo
deve assumir e adaptar-se ao planejamento da força substituída.
Após a passagem de comando as ações se invertem, passando a responsabilidade
pelas operações ao comandante substituto, inclusive sobre os elementos
remanescentes que ainda não tenham sido substituídos.
b) Idéia de manobra
A idéia de manobra deve abordar:
- prazos disponíveis;
- disposições sobre a passagem de comando;
- seqüência da substituição; e
- medidas de coordenação e controle: ZReu, itinerários (Itn), pontos de liberação
(PLib), núcleos de defesa (Fig. 14.1), além daquelas próprias à operação básica
em curso.

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PLib Pel PLib Pel

PLib Pel

Avcd
PLib Cia

Fig. 14.1 - Medidas de coordenação e controle na substituição em posição


c) Seqüência da substituição
A seqüência da substituição é baseada no dispositivo da tropa em posição e na
missão subseqüente da tropa que a substitui. Os seguintes fatores também
influem na seqüência de substituição:
- a organização, o dispositivo e o adestramento das forças envolvidas;
- a possibilidade do inimigo detectar a operação e agir contra a mesma;
- a necessidade de variar os procedimentos de substituição; e
- a necessidade de preservar o sigilo.
A substituição dos elementos de combate em posição pode ter lugar da frente
para a retaguarda ou vice-versa, sendo denominada seqüência em profundidade,
ou, ainda, de uma vez ou por escalões, quando se denomina seqüência lateral.
No caso de se adotar a seqüência em profundidade, quando o mínimo de forças
estiver à frente, a substituição se processará a partir da retaguarda. Quando o
máximo de forças estiver à frente, a substituição por aí terá início. Esse
procedimento visa manter um forte poder de combate em condições de reagir a
um possível ataque inimigo.
Na seqüência lateral, a substituição de um escalão por vez é mais lenta, porém
mais segura, e a substituição de todos os escalões da linha de frente à uma é mais

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rápida, porém pode ser mais facilmente detectada pelo inimigo. Quando três
elementos subordinados estiverem à frente, o do centro pode ser substituído em
primeiro lugar e, a seguir, os dos flancos, simultaneamente. Pode-se, também,
substituir os elementos dos flancos à uma, seguindo-se o do centro.
d) Apoio de fogo
Os meios de apoio de fogo podem ocupar posições de tiro da tropa que sai ou
ocupar novas posições, desde que o terreno e a situação o permitam.
Quando a substituição for realizada nas mesmas posições, é necessário um
planejamento cuidadoso para evitar não só a solução de continuidade no apoio
como, também, a formação de alvo compensador pela concentração de pessoal e
de material. Caso a operação seja realizada em mais de uma noite, no mínimo
uma peça por bateria será substituída na primeira ocasião, para obter dados de
regulação de tiro.
Normalmente, os elementos de apoio de fogo e o pessoal de ligação/observação
permanecem em posição até o final da substituição dos elementos de combate.
Tal procedimento garante a possibilidade de desencadear os fogos necessários
durante a fase crítica da operação. Assim como para os elementos de combate, a
seqüência de substituição e conseqüente transferência de responsabilidade dos
elementos de apoio de fogo deve ser claramente definida.
Caso seja decidido que elementos de apoio de fogo substituídos permaneçam em
apoio às operações subseqüentes, deve ser desenvolvido um planejamento
cuidadoso, com vistas a definir responsabilidades quanto ao apoio a ser prestado
e para evitar a formação de alvo compensador.
e) Troca de armamento e equipagens
As condições de visibilidade, o tempo disponível e outros fatores intervenientes
na operação podem acarretar que a tropa substituída deixe em posição
determinadas armas e equipagens, por troca com material da tropa substituta.
Para sua realização, deve ser considerada a compatibilidade do material, da
munição, e as prescrições do comandante que determinou a substituição.
Além disso, são repassados, também, os planos de fogos, roteiros de tiros,
circuitos telefônicos e relatórios de campos de minas.
f) Apoio de serviços ao combate
Os principais aspectos referentes ao apoio de serviços ao combate a serem

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tratados durante o planejamento da substituição envolvem, principalmente, a


transferência de suprimentos e de prisioneiros de guerra, a utilização de
instalações já existentes, o controle do trânsito e de refugiados e o uso
compartilhado de meios de transportes.
14.2.5 - Conduta
Logo que decidida a realização de uma substituição em posição, é efetuada a troca
de pessoal de ligação e iniciado o planejamento. Os comandantes dos diversos
escalões devem justapor seus postos de comando (PC) ou postos de observação
(PO) aos dos elementos correspondentes da tropa substituída. Esta prossegue em
suas atividades normais, inclusive com os planos de apoio de fogo e lançamento de
patrulhas. Nestas o pessoal da tropa substituta não é incluído, para evitar que
resultante de uma eventual captura seja revelada a operação em andamento.
Os diversos escalões que substituem realizam reconhecimento diurno e noturno,
uma vez que seus integrantes devem ter conhecimento preciso dos itinerários,
posições das armas, etc. Tal atividade deve ser realizada em pequenos grupos, se
for o caso apoiados por viaturas e/ou aeronaves da tropa substituída.
Pouco antes da substituição propriamente dita, se possível à luz do dia, elementos
escolhidos das várias frações da tropa que vai substituir se infiltram para aguardar e
orientar a entrada de seu pessoal em posição.
A execução da substituição é semelhante à progressão inicial de um ataque noturno,
deslocando-se a tropa sua(s) zona(s) de reunião, passando pelos itinerários
previamente selecionados e devidamente balizados, fracionando-se pelos diversos
pontos de liberação, até as posições respectivas (Fig. 14.1). Deverão ser previstos
guias de ambas as tropas.
A operação deve processar-se com rapidez e em silêncio. Se for o caso, as forças
compartilham os mesmos meios de transporte, com vistas a reduzir a movimentação
de viaturas no local.
Caso o inimigo desencadeie um ataque, a condução das ações estará a cargo do
comandante que detiver, no momento, a responsabilidade pela área.
14.3 - ULTRAPASSAGEM
14.3.1 - Conceitos básicos
A ultrapassagem é a operação em que uma tropa ataca através do dispositivo de
uma outra que está em posição na linha de frente. Pode ter lugar quer na ofensiva,

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quer na defensiva, visando manter a iniciativa e a impulsão do ataque, explorar


deficiências do inimigo, iniciar um ataque ou um contra-ataque.
14.3.2 - Planejamento
Basicamente, as considerações sobre o planejamento são as mesmas já apresentadas
quanto à substituição em posição, no que se refere ao planejamento simultâneo e à
troca de pessoal de ligação.
14.3.3 - Análise dos fatores da decisão
a) Missão
Na análise da missão, a moldura temporal deve ser cuidadosamente considerado
porque é essencial que os escalões subordinados detalhem seus planos, troquem
pessoal de ligação e efetuem reconhecimentos. A tarefa principal da tropa em
posição durante a operação é apoiar a ultrapassagem. Tal apoio irá manifestar-se
por meio do fornecimento de guias, reconhecimento do terreno, indicação de
passagens no sistema de barreiras, controle de trânsito, apoio de fogo antes,
durante e após a execução da ultrapassagem e apoio logístico, particularmente
nos momentos iniciais da operação.
b) Inimigo
As informações sobre o inimigo permitirão identificar suas vulnerabilidades, de
modo a não lançar o ataque subseqüente onde ele for mais forte.
c) Terreno e condições meteorológicas
O terreno deverá ser minuciosamente reconhecido, quer até as posições
ocupadas pela tropa amiga, quer à frente destas, conforme permitido pela
situação e com os cuidados para não comprometer o sigilo da operação.
A ultrapassagem sob condições de visibilidade reduzida permitirá maior sigilo e
segurança às ações, embora demande mais providências para o seu controle.
d) Meios disponíveis
Devem ser consideradas medidas que reduzam a concentração de meios e o
congestionamento decorrente do tipo da operação.
O vulto das forças e a quantidade de meios envolvidos terão influência na
seleção dos itinerários e áreas de ultrapassagem.
e) Tempo disponível
Os prazos serão influenciados pela missão da tropa atacante e, por sua vez,
poderão influenciar na rapidez da operação e seleção dos itinerários e áreas de

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ultrapassagem.
14.3.4 - Conceito da operação
A tropa que realiza a ultrapassagem deve visualizar, principalmente, o desembocar
do ataque subseqüente e a tropa em posição deve organizar-se para prestar-lhe todo
o apoio possível.
a) Ataque subseqüente
Para o desembocar do ataque, são levadas em conta as considerações já
estudadas nas operações ofensivas, bem como selecionados os itinerários de
progressão e os Pontos de Passagem (PPsg), onde se dará a ultrapassagem
propriamente dita.
Os itinerários de progressão devem ser cobertos, abrigados e facilitar a
movimentação da tropa. Por sua vez, os PPsg devem ser escolhidos, sempre que
possível, em áreas não ocupadas por elementos em posição e onde não estejam
previstas outras operações capazes de despertar a atenção do inimigo. Será
estabelecido o menor número possível de PPsg capaz de garantir facilidade e
rapidez na ultrapassagem.
b) Apoio à ultrapassagem
Normalmente, o apoio ao combate prestado pela tropa em posição consiste na
indicação de passagens em campos de minas, apoio a uma possível transposição,
fornecimento de guias e provimento de apoio de fogo. Neste particular, com
vistas à facilidade de controle, apenas os meios que executam fogos indiretos
serão utilizados, enquanto que os meios da tropa que ultrapassa se posicionam
para apoiar a continuação do ataque.
Quanto ao apoio de serviços ao combate, normalmente, a tropa em posição
provê controle do trânsito e de civis, participa da evacuação de baixas e de
prisioneiros de guerra e facilita a utilização de suas instalações como, por
exemplo, de abastecimento de água.
c) Passagem de comando
Como na substituição em posição, o momento e as circunstâncias da
transferência da responsabilidade - passagem de comando - pela área em que se
realiza a ultrapassagem devem ser perfeitamente estabelecidos pela autoridade
superior que determina a operação, ou estabelecidas de comum acordo entre os
comandantes interessados.

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Normalmente, a transferência de responsabilidade poderá ocorrer no momento


do desencadeamento do ataque ou um pouco antes como, por exemplo, ao início
dos fogos de preparação. Nesta ocasião, o comandante da tropa que ultrapassa
assume, também, o controle operacional sobre os elementos em posição e seus
meios de apoio de fogo.
14.3.5 - Idéia de manobra
A idéia de manobra deve ser concebida de modo a se possível apoiar a operação
subseqüente. Seus principais aspectos incluem:
- prazos disponíveis;
- disposições sobre a passagem de comando;
- dispositivo da tropa, visando facilitar a idéia de manobra da operação
subseqüente; e
- medidas de coordenação e controle: ZReu, posições de ataque (PAtq), itinerários
de progressão (ItnProg), pontos de ligação (PLig), iniciais, PPsg e de liberação
(Fig. 14.2), além daquelas próprias à operação básica em curso.

PLib

PPsg

PI

Fig. 14.2 - Medidas de coordenação e controle na ultrapassagem


14.3.6 - Conduta
Normalmente, a força que realizará a ultrapassagem estará ocupando ZReu,

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enquanto são levados a efeito o reconhecimento e o planejamento. Logo antes de


iniciar-se a ultrapassagem, grupos de comando dos escalões envolvidos ocupam
postos de observação de onde possam controlar a ação planejada.
De acordo com os prazos previstos, a tropa desloca-se, em movimento ininterrupto,
pelos ItnProg, diretamente para os PPsg e daí para o desembocar do ataque. Caso
seja necessário deter-se nas posições de ataque, será por tempo mínimo.
Os elementos da força ultrapassada permanecem em posição e apóiam a força que
ultrapassa, até que seus fogos se tornem ineficazes. A força ultrapassada pode
permanecer em posição ou ser empregada em outra ação. A força em contato provê
todo o apoio possível à força que ultrapassa.
Com vistas a agilizar o deslocamento e reduzir ao mínimo a vulnerabilidade
decorrente das duas forças concentradas, a tropa que ultrapassa recebe prioridade
para utilizar os referidos itinerários enquanto a tropa em posição fornece guias e
controla o trânsito.
Dependendo da situação e visando reduzir a concentração de tropas, as reservas dos
elementos em contato podem ser evacuadas para a retaguarda, logo antes do início
do deslocamento da força de ultrapassagem.
14.4 - ACOLHIMENTO
14.4.1 - Conceitos básicos
O acolhimento é uma ação na qual uma tropa realizando um movimento retrógrado
passa através das posições ocupadas por uma outra. Esta operação é utilizada
quando se deseja substituir uma força que esteja demasiadamente empenhada ou se
encontre muito desfalcada. Pode também ocorrer como parte de um movimento
retrógrado ou para permitir o retraimento de uma força que deva cumprir uma outra
missão. Basicamente pode ser considerado como uma ultrapassagem para a
retaguarda, mas, por acarretar um retraimento através de uma posição defendida,
envolve mais riscos e dificuldades do que uma ultrapassagem, principalmente se
realizado sob pressão do inimigo.
14.4.2 - Planejamento
Normalmente o acolhimento é parte integrante de uma outra operação, variando os
detalhes do planejamento e execução com a amplitude daquela. Assim, pode
ocorrer no retorno de patrulhas, de forças de segurança, de infiltração e de incursão
ou no retardamento em posições alternadas. Para o sucesso das ações, é essencial

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uma estreita coordenação e cerrada cooperação entre todos os participantes; a troca


de pessoal de ligação deve processar-se o mais cedo possível, a partir do escalão
subunidade, inclusive, para cima.
A segurança mútua das tropas deve receber especial atenção, sendo válidas as
considerações apresentadas no planejamento da junção referentes a identificação
recíproca (inciso 12.3.3). A força em posição deve prestar todo o apoio possível aos
elementos acolhidos, desde o apoio de fogo e auxílio ao desengajamento, até
defender a área enquanto o acolhimento se processa.
Dependendo da situação, a tropa acolhida pode ser integrada à força ultrapassada
ou receber nova tarefa em outra área.
14.4.3 - Passagem de comando
O momento e as circunstâncias em que ocorrerá a transferência de responsabilidade
- passagem de comando - pela área onde se realiza o acolhimento serão regulados
pelo comando superior ou definidos por meio de um entendimento comum entre os
escalões envolvidos. Tal passagem poderá ocorrer em uma hora pré-determinada
ou, o que é mais freqüente, quando a tropa que retrai cruzar uma linha de
transferência de responsabilidade - por exemplo uma linha de segurança de apoio
de artilharia (LSAA).
Não há obrigatoriedade do estabelecimento de relação de subordinação entre as
forças envolvidas. Assim, após a transferência da responsabilidade, o elemento que
retrai pode seguir destino ou se incorporar à tropa em posição.
14.4.4 - Medidas de coordenação e controle
Normalmente serão estabelecidas:
- a hora ou linha de transferência de responsabilidade;
- itinerários de retraimento;
- pontos de ligação (PLig), inicial (PI), PPsg e de liberação (PLib);
- postos de controle de trânsito;
- linha de controle de extraviados; e
- reunião de destino (RDst), ZReu, etc.
14.4.5 - Conduta
O retraimento deve ser iniciado pelos elementos de apoio não necessários às
operações em curso e, se for o caso, pelas reservas. A tropa em primeiro escalão
será a última a retrair. Deverá ter prioridade para utilizar os itinerários e instalações

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na área de acolhimento, desde que não haja prejuízo para as forças em posição.
Estas devem fornecer guias desde os pontos de ligação até a retaguarda, seguindo a
tropa que retrai pelos itinerários de retraimento e pontos de passagem (Fig 14.3).
Deverão, ainda, controlar o trânsito com vistas a proporcionar rapidez ao
deslocamento.

PI

PPsg

PLib

Fig. 14.3 - Medidas de coordenação e controle no acolhimento


Em todas as etapas da execução do acolhimento as forças devem evitar a formação
de um alvo compensador para os ataques inimigos. O comandante da força que
retrai é responsável pela identificação dos elementos de sua tropa que estão sendo
acolhidos, até que o último passe através da posição amiga.
14.5 - SELEÇÃO DO TIPO DE SUBSTITUIÇÃO ANTES DO ATAQUE
Alguns fatores devem ser examinados de modo a permitir a escolha do tipo de
substituição a ser empregado antes de um ataque.
14.5.1 - Substituição em posição
Será empregada quando houver tempo suficiente para sua realização e:
- a tropa a ser substituída é necessária em outra área, antes ou logo após o
desembocar do ataque;
- o atacante necessita de conhecimento mais detalhado do terreno e/ou do inimigo;
- o poder de combate do inimigo é capaz de colocar em risco a concentração de
tropas decorrente de uma ultrapassagem.

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14.5.2 - Ultrapassagem
Será preferencialmente empregada quando:
- não houver tempo suficiente para realizar uma substituição em posição;
- for necessário variar o dispositivo para o ataque;
- houver necessidade de apoiar o ataque com os meios de apoio de fogo de ambas
as tropas;
- for prevista radical mudança na direção do ataque;
- for necessário manter contínua pressão sobre o inimigo; e
- for possível obter rapidez nas ações.

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