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CGCFN-301 OSTENSIVO

MANUAL DE
TOPOGRAFIA MILITAR

MARINHA DO BRASIL
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

2020
OSTENSIVO CGCFN-301

MANUAL DE TOPOGRAFIA MILITAR

MARINHA DO BRASIL

COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

2020

FINALIDADE: BÁSICA

1ª EDIÇÃO
OSTENSIVO CGCFN-301

ATO DE APROVAÇÃO

APROVO, para emprego na MB, a publicação CGCFN-301 - MANUAL DE


TOPOGRAFIA MILITAR.

RIO DE JANEIRO, RJ.


Em 12 de maio de 2020.

ALEXANDRE JOSÉ BARRETO DE MATTOS


Almirante-de-Esquadra (FN)
Comandante-Geral
ASSINADO DIGITALMENTE

AUTENTICADO RUBRICA
PELO ORC

Em_____/_____/_____ CARIMBO

OSTENSIVO - II - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-301

ÍNDICE

Ato de Aprovação.................................................................................................... II
Índice....................................................................................................................... III
Introdução................................................................................................................ VI
CAPÍTULO 1 - APRESENTAÇÃO DA TOPOGRAFIA E DA CARTA
1.1 - Definição de Topografia.................................................................................. 1-1
1.2 - Divisão da Topografia..................................................................................... 1-1
1.3 - Valor Militar da Topografia............................................................................ 1-1
1.4 - Forma da Terra................................................................................................ 1-2
1.5 - Escalas............................................................................................................. 1-2
1.6 - Escala Numérica.............................................................................................. 1-2
1.7 - Escala Gráfica.................................................................................................. 1-3
1.8 - Construção da Escala Gráfica Linear.............................................................. 1-4
1.9 - Precisão Gráfica............................................................................................... 1-5
1.10 - Grandes e Pequenas Escalas.......................................................................... 1-5
1.11 - Apresentação da Carta................................................................................... 1-5
1.12 - Classificação das Cartas................................................................................ 1-5
1.13 - Informações Marginais.................................................................................. 1-7
1.14 - Valor Militar das Cartas................................................................................ 1-7
1.15 - Cuidados com a Carta.................................................................................... 1-7
1.16 - Convenções Cartográficas............................................................................. 1-8
1.17 - Símbolos Militares......................................................................................... 1-9
1.18 - Calco de Operações....................................................................................... 1-16
CAPÍTULO 2 - DESIGNAÇÃO DE PONTOS NA CARTA
2.1 - Generalidades.................................................................................................. 2-1
2.2 - Coordenadas Retangulares.............................................................................. 2-1
2.3 - Coordenadas Polares....................................................................................... 2-4
2.4 - Coordenadas Geográficas................................................................................ 2-4
2.5 - Tela Código..................................................................................................... 2-7
2.6 - Linha Código................................................................................................... 2-8
2.7 - Papel Calco...................................................................................................... 2-9
2.8 - Esquadro de Locação....................................................................................... 2-9

OSTENSIVO - III - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

2.9 - Normógrafo de Designação de Pontos............................................................ 2-10


CAPÍTULO 3 - O TERRENO
3.1 - Generalidades.................................................................................................. 3-1
3.2 - Tipos de Vertentes........................................................................................... 3-1
3.3 - Ligações das Vertentes.................................................................................... 3-2
3.4 - Vertente e Contravertente................................................................................ 3-3
3.5 - Crista Topográfica e Militar............................................................................ 3-3
3.6 - Formas Elementares........................................................................................ 3-4
3.7 - Formas Isoladas............................................................................................... 3-5
3.8 - Altura, Altitude e Cota.................................................................................... 3-6
3.9 - Leis do Modelado............................................................................................ 3-7
CAPÍTULO 4 - A CARTA
4.1 - Representação do Terreno............................................................................... 4-1
4.2 - Curvas de Nível............................................................................................... 4-2
4.3 - Declividade...................................................................................................... 4-4
4.4 - Determinação da Cota de um Ponto................................................................ 4-5
4.5 - Iluminação e Esqueleteamento........................................................................ 4-6
4.6 - Medidas de Distância na Carta........................................................................ 4-9
4.7 - Medida de Ângulos.......................................................................................... 4-11
4.8 - Conversões...................................................................................................... 4-13
4.9 - Medidas de Distância no Terreno.................................................................... 4-13
CAPÍTULO 5 - PERFIL
5.1 - Generalidades.................................................................................................. 5-1
5.2 - Construção....................................................................................................... 5-1
5.3 - Determinação da Visibilidade de um Ponto.................................................... 5-3
5.4 - Partes Vistas e Ocultas.................................................................................... 5-3
5.5 - Croqui Panorâmico e Topográfico.................................................................. 5-8
CAPÍTULO 6 - ORIENTAÇÃO EM CAMPANHA
6.1 - Definição......................................................................................................... 6-1
6.2 - Orientação de uma Carta................................................................................. 6-1
6.3 - Direções-Base.................................................................................................. 6-1
6.4 - Diagrama de Orientação.................................................................................. 6-1
6.5 - Azimute (Az)................................................................................................... 6-3

OSTENSIVO - IV - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-301

6.6 - Contra-Azimute............................................................................................... 6-4


6.7 - Processos de Orientação.................................................................................. 6-4
6.8 - Processos Expeditos........................................................................................ 6-8
6.9 - Determinação de um Azimute no Terreno...................................................... 6-10
6.10 - Atualização da Carta...................................................................................... 6-13
6.11 - Orientação da Carta....................................................................................... 6-14
6.12 - Giro do Horizonte.......................................................................................... 6-15
6.13 - Equipe de Navegação.................................................................................... 6-15
CAPÍTULO 7 - LOCALIZAÇÃO DE PONTOS NO TERRENO E NA CARTA
7.1 - Localização do Ponto de Estação por duas Visadas........................................ 7-1
7.2 - Localização do Ponto de Estação por uma Visada e uma Distância............... 7-3
7.3 - Transporte de um Ponto do Terreno para a Carta............................................ 7-4
CAPÍTULO 8 - FOTOGRAFIAS AÉREAS
8.1 - Introdução........................................................................................................ 8-1
8.2 - Importância da Fotografia Aérea..................................................................... 8-1
8.3 - Classificação das Fotografias.......................................................................... 8-2
8.4 - Recobrimento Fotográfico............................................................................... 8-3
8.5 - Mosaicos.......................................................................................................... 8-3
8.6 - Foto-Cartas...................................................................................................... 8-3
8.7 - Vantagens e Desvantagens.............................................................................. 8-4
8.8 - Elementos Básicos para a Leitura.................................................................... 8-4
8.9 - Preparo de uma Fotografia para Leitura.......................................................... 8-5
8.10 - Informações Marginais.................................................................................. 8-5
8.11 - Visão Estereoscópica..................................................................................... 8-7
CAPÍTULO 9 - OPERAÇÕES COM A FOTOGRAFIA AÉREA
9.1 - Determinação do Norte.................................................................................... 9-1
9.2 - Determinação da Escala da Fotografia............................................................ 9-2
9.3 - Designação de Pontos...................................................................................... 9-3
9.4 - Restituição de Pontos...................................................................................... 9-6

OSTENSIVO -V- ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

INTRODUÇÃO
1 - PROPÓSITO
Esta publicação tem o propósito de tratar do emprego da topografia em campanha,
apresentando os parâmetros a serem observados quer pelos combatentes, individualmente,
quer pelas frações constituídas em diversos níveis.
2 - DESCRIÇÃO
Esta publicação está dividida em nove capítulos. O Capítulo 1 apresenta conceitos básicos
sobre topografia e as cartas topográficas. O Capítulo 2 a presenta os processos para a
designação de pontos na carta. O Capítulo 3 detalha o estudo do terreno. O Capítulo 4
apresenta a Carta topográfica e as diversas informações nela contidas. O Capítulo 5 trata da
elaboração do perfil do terreno. O Capítulo 6 discorre sobre a orientação em campanha. O
Capítulo 7 trata da localização de pontos no terreno e na carta. O Capítulo 8 trata das
fotografias aéreas. O Capítulo 9 trata da utilização das fotografias aéreas em campanha.
3 - CLASSIFICAÇÃO
Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA-411 - Manual de Publicações da
Marinha, como: Publicação da Marinha do Brasil, não controlada, ostensiva, básica e manual.
4 - SUBSTITUIÇÃO
Esta publicação substitui o CGCFN - 2001 - Manual de Topografia Militar, 1ª Edição,
aprovada em 31 de março de 2009, em virtude da nova estrutura da Série de manuais
CGCFN, divulgada pelo Plano de Desenvolvimento de Publicações da Série CGCFN (PDPS)
2020. A revisão do conteúdo do manual será realizada conforme o calendário apresentado no
Apêndice III do referido Plano.

OSTENSIVO - VI - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-301

CAPÍTULO 1
APRESENTAÇÃO DA TOPOGRAFIA E DA CARTA
1.1 - DEFINIÇÃO DE TOPOGRAFIA
Topografia é a arte de representar no papel a configuração duma porção do terreno com
todos os acidentes e objetos (acidentes naturais e artificiais) que se acham à sua
superfície.
1.2 - DIVISÃO DA TOPOGRAFIA
A topografia apresenta as seguintes divisões: Topologia e Topometria.
1.2.1 - Topologia
É a parte da topografia que se ocupa com o estudo das formas do terreno e das leis
do modelado.
1.2.2 - Topometria
É a parte da topografia que estuda o conjunto das operações necessárias para a
obtenção dos elementos indispensáveis à representação gráfica do terreno. Ocupa-se
com o estudo das dimensões e suas respectivas medidas. Subdivide-se em:
a) Planimetria
É a operação que tem por fim determinar, no terreno, os dados necessários para a
representação dos acidentes em um plano horizontal. Ocupa-se, principalmente,
com as medidas horizontais.
b) Altimetria
É a operação que tem por fim representar num plano horizontal os acidentes do
relevo. Ocupa-se, principalmente com as medidas verticais e obliquas.
c) Desenho topográfico
É a operação que reúne os dados obtidos pelas diversas operações da topometria
e representa, no papel, o terreno estudado.
1.3 - VALOR MILITAR DA TOPOGRAFIA
A importância da topografia para o combate terrestre é incontestável, tendo em vista o
valor preponderante do terreno sobre qualquer tipo de ação militar. Para o soldado, o
estudo da topografia, em face de seu contínuo contato com o terreno, proporciona a
oportunidade de compreendê-lo e melhor utilizá-lo na escolha das posições para abrigo
individual, bem como no posicionamento de armas de emprego coletivo, além de
possibilitar sua adequada utilização para sua progressão, para o estabelecimento de
Posto de Observação (PO), dentre outras possibilidades.

OSTENSIVO - 1-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

1.4 - FORMA DA TERRA


No estudo da topografia, a terra é considerada esférica, embora seja sabido que sua
forma real é a de um elipsóide de revolução. Considerá-la como uma simples esfera,
para os estudos topográficos, representa cometer um erro desprezível.
1.5 - ESCALAS
É extremamente difícil reproduzir os diversos acidentes do terreno, em uma folha de
papel, tendo que preservar seu verdadeiro tamanho. É preciso que suas linhas sejam
todas reduzidas de uma mesma grandeza, conservando suas verdadeiras proporções e a
mesma forma como estão sendo apresentadas no terreno. Essa grandeza constante,
segundo a qual reduzimos as linhas do terreno, recebe o nome de escala.
Escala (E) é a relação constante que há entre as linhas do desenho e as dimensões reais
do terreno representado. Pode ser ainda considerada como a relação constante entre as
linhas do desenho e suas correspondentes no terreno.
1.6 - ESCALA NUMÉRICA
A relação entre as linhas do desenho e as linhas do terreno, pode ser representada
numericamente sendo, assim, obtida a escala numérica.
Grandeza na carta ou dimensão gráfica (d)
Escala (E) =
Grandeza no terreno ou dimensão real (D)
Uma linha cuja medida no terreno seja de 250 m, medindo 0,01 m no papel, será
representada por uma escala numérica de 0,01/250.
A escala numérica, para facilidade de cálculos, é representada por uma fração cujo
numerador é a unidade. Assim, dividindo-se ambos os termos da fração pelo numerador,
a escala será:
E = 0,01/250 = 1/25.000 = 1:25.000.
Isto significa que:
- 1m, no desenho, corresponde a 25.000 m no terreno;
- 1cm, no desenho, corresponde a 25.000 cm no terreno, ou seja: 250 m; e
- 1mm, no desenho, corresponde a 25.000 mm no terreno, ou seja: 25 m.
Pelo exposto, pode-se dizer que a escala não possui unidade. Chamando-se o
denominador da escala numérica de “M” (Módulo), sendo o numerador igual a 1,
teremos a fórmula geral da escala:
E= d = 1_
D M

OSTENSIVO - 1-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

1.7 - ESCALA GRÁFICA


A escala gráfica nada mais é do que a representação gráfica da escala numérica. É um
segmento de reta graduado, de modo a indicar diretamente os valores medidos na
própria carta. As cartas trazem a escala gráfica, normalmente, desenhada abaixo da
indicação da escala numérica.
Há dois tipos de escalas gráficas: a linear e a de linhas transversais.
1.7.1 - Escala Linear
É um segmento de reta graduado para dois lados a partir da origem (zero). Para a
direita da origem, cada divisão representa o valor da unidade tomada para base; para
a esquerda da origem, a escala representa uma das unidades tomadas por base,
dividida em 10 partes iguais, denominada TALÃO.

1.7.2 - Escala de Linhas transversais (Composta)


Este tipo de escala está baseado nas mesmas considerações que escala linear e sua
construção obedece aos mesmos princípios. Apenas com o fim de tornar a medida
das frações mais minuciosa e precisa, procede-se como apresentado na Fig 1.2. São
construídas duas escalas simples iguais, sobre dois suportes paralelos XY e X’Y’;
divide-se o segmento XX’ em n partes iguais; pelos pontos de divisão são traçadas
paralelas a XY. Dividem-se então os talões T e T’ das duas escalas, no mesmo
número de partes iguais “n”, pelos pontos que são numerados: 0, 1, 2, 3, ...... 10;
finalmente, ligam-se por linhas retas estes pontos de divisão, na ordem: 0 a 1, 1 a 2,
2 a 3, ........ 9 a 10.

OSTENSIVO - 1-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

A Escala de Linhas Transversais possibilita medir ou indicar, em leitura direta, até


a fração 1/n2 (no caso, 1/100) do valor do talão. Observando a Fig 1.2, podemos
verificar que o segmento M vale 200 m; N vale 230 m; P vale 365 m; etc.
1.8 - CONSTRUÇÃO DA ESCALA GRÁFICA LINEAR
Tomando-se como exemplo a escala numérica de 1:50.000, tomando-se como unidade
base a distância de 1.000 metros, calculando o valor gráfico da distância base na escala
pedida será encontrado:
d 1 d
E= , logo: = , obtendo-se: d = 0,02 m = 2 cm
D 50.000 1.000

A unidade tomada por base medirá 2 cm. Marca-se sobre a reta “ab” (Fig 1.3), a partir
da origem “0”, para a direita, o comprimento da unidade base, tantas vezes quanto
desejado, marcando-o para esquerda, apenas uma vez. Em seguida, divide-se o talão em
dez partes iguais, cada qual medindo 100m. As divisões da escala são numeradas,
conforme indicado na Fig 1.3.

OSTENSIVO - 1-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

1.9 - PRECISÃO GRÁFICA


Precisão Gráfica ou erro gráfico admissível é o menor valor gráfico, que podemos
perceber a olho nu e ter a precisão na medida. Tal valor é de 0,25 mm (1/4 de
milímetro). Assim, sabendo-se a escala de um desenho, podemos obter qual o menor
valor de medida no terreno, que tenha representação no desenho.
Para calculo da precisão gráfica e usada a fórmula D = d x M (milímetros).
Ex: Qual o menor valor gráfico que pode ser representado em uma carta (percebido a
olho nu) cuja escala é 1:20.000?
M = 20.000, D = 0,25 x 20.000 = 5.000 mm ou 5 m. Assim, o menor valor no terreno
com representação gráfica nessa escala, será de cinco metros.
1.10 - GRANDES E PEQUENAS ESCALAS
Sendo a escala representada pela fração 1/M, em que M é um número inteiro podendo
variar de infinitos valores, podem ser obtidas tantas escalas quanto desejado. Fazendo
variar M, verifica-se que quanto maior for o valor de M, menor será a fração e,
portanto, menor a escala. Assim, as escalas são divididas em grandes e pequenas:
- Escalas Grandes: 1/100, 1/500, ............ até 1/50.000, exclusive; e
- Escalas Pequenas: 1/50.000, 1/100.000, 1/1.000.000,...etc.
1.11 - APRESENTAÇÃO DA CARTA
Carta é a representação sobre um plano, em escala, dos acidentes naturais e artificiais
que se encontram sobre a superfície da terra, bem como a configuração dessa
superfície. Devido à forma real da terra, as escalas estão sujeitas a deformações,
gerando erros. Para que tais erros sejam diminuídos, foram criados vários processos.
1.12 - CLASSIFICAÇÃO DAS CARTAS
1.12.1 - Classificação Geral
Conforme o número de pormenores que as cartas nos forneçam, podemos
classificá-las segundo as escalas, em cinco tipos de cartas, a saber: geográficas,
corográficas, topográficas, plantas e croqui.
a) Geográficas
São as que reproduzem regiões muito extensas e, por construção omitem
muitos pormenores. Representam, normalmente, um continente ou país. São de
Escala 1:1.000.000 e menores.
b) Corográficas
São aquelas que representam regiões menores, fornecendo maior número de

OSTENSIVO - 1-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

detalhes. Abrangem regiões como um Estado, por exemplo. Suas escalas


variam de 1:100.000 (exclusive) até 1:1.000.000.
c) Topográficas
Representam porções reduzidas do terreno, apresentando um grande número de
detalhes. São cartas de uma grande cidade, de um município, etc. Suas escalas
variam entre 1:10.000 e 1:100.000.
d) Planta
É a representação de uma pequena parte de terreno, em grande escala, com
uma grande quantidade de pormenores. Suas escalas variam de 1:1 (dizemos
que é uma escala ao par) até 1:10.000.
e) Croqui
É um ligeiro esboço do terreno. Pode ser feito à simples vista, por informações
ou de memória. No croqui geralmente, só constam os detalhes do terreno que
sejam de interesse para uma determinada situação. Geralmente, é construído
sem escala.
1.12.2 - Classificação militar
Militarmente, as cartas são consideradas em função das minúcias e da escala,
verificando-se para que tipo missão ela é adequada. Assim, existem as cartas
gerais, estratégicas, rodoviárias e cartas táticas especiais.
a) Cartas gerais
São as cartas de escalas menores que 1:1.000.000, sendo usadas para estudo
geral da situação e planejamentos de Comandantes de Exércitos ou de Teatro
de Operações.
b) Cartas estratégicas e rodoviárias
São cartas de escalas entre 1:1.000.000 e 1:100.000, usadas em planejamento
de operações, movimentos, concentração de tropas e pontos de suprimentos,
em uma área de operações.
c) Cartas táticas especiais
São cartas de escalas 1:100.000 e maiores, usadas para satisfazer às
necessidades táticas, técnicas e administrativas das unidades em campanha.
São as que apresentam um grande número de minúcias e prestam-se ao uso das
menores unidades em combate. Geralmente, as escalas adotadas são 1:50.000,
1:25.000 e maiores.

OSTENSIVO - 1-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

1.13 - INFORMAÇÕES MARGINAIS


Para possibilitar um uso adequado, uma carta precisa conter informações adicionais.
Tais informações são impressas em suas margens, recebendo o nome de informações
marginais. São as seguintes as informações marginais:
1.13.1 - Local
Qual a região representada, de onde é a carta.
1.13.2 - Folha
Como muitas vezes, uma carta de uma região abrange uma área muito grande, é
dividida em várias folhas.
1.13.3 - Unidade
Quem ou qual a unidade militar fez o levantamento e a carta em questão.
1.13.4 - Ano
Em que ano foi feita. Tal dado é importante para que seja feita sua atualização.
1.13.5 - Escala
Tanto a Escala Numérica quanto a Escala Gráfica.
1.13.6 - Diagrama de orientação
O Diagrama de Orientação será estudado posteriormente.
1.14 - VALOR MILITAR DAS CARTAS
Como citado, o terreno é de suma importância para as operações militares, sendo
necessário conhecê-lo com detalhes. Como não é possível conhecer, de antemão, todos
os terrenos em que as tropas irão operar, as cartas fornecem elementos importantes
para seu emprego. Deve ser considerado, no entanto, que as cartas não são perfeitas,
apresentando distorções, dentre outros, nos seguintes pontos: insuficiência de
minúcias, ausência de detalhes referentes às modificações realizadas no terreno,
modificações produzidas pelo inimigo, etc. Assim, uma carta só terá efetivo valor
quando atualizada por um reconhecimento de terreno.
1.15 - CUIDADOS COM A CARTA
Além do suprimento de cartas ser limitado, elas contêm informações importantes,
motivos pelos quais se deve tomar o máximo cuidado com as mesmas. As cartas
devem ser manuseadas com cuidado, sendo necessário acondicioná-las em porta-
cartas, protegê-las por meio da plastificação ou com papel de acetato, salvaguardando-
as da ação da água e evitando que se rasguem. Para aumentar sua durabilidade e não
mascarar informações importantes nelas contidas, as cartas não deverão ser rabiscadas.

OSTENSIVO - 1-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Poderão ser dobradas como demonstrado na Fig 1.4, sendo, desta forma, transportada
pelo combatente.

Fig 1.4 - Dobragem de cartas


Deve ser evitado ao máximo que as cartas caiam em poder do inimigo, pelas
informações valiosas nelas transcritas. Caso tal possibilidade venha a existir, as cartas
deverão ser destruídas por qualquer método: queimadas, rasgadas, enterradas, etc.
1.16 - CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS
1.16.1 - Definição
São símbolos simples empregados nas cartas para representar, de modo
expressivo, acidentes e construções do terreno. São usadas para representar
acidentes que, apenas por sua projeção horizontal, não seriam reconhecidos ou
que, por seu pequeno tamanho, não teriam representação gráfica numa carta e,
finalmente, para representar detalhes da natureza do solo e da vegetação.
1.16.2 - Algumas convenções importantes
a) Vegetação
Geralmente representada por uma linha simples indicando o contorno da cultura,
com pequenos círculos no interior e uma legenda, também no interior, indicando
o tipo de vegetação.

OSTENSIVO - 1-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

(Md) Mata Densa (Mr) Mata Rala (Fl) Floresta (Bos) Bosque
(md) Macega Densa (mr) Macega Rala (Euc) Eucaliptos (Man) Mangue
b) Convenções cartográficas mais utilizadas em campanha

Fig 1.5 - Convenções Cartográficas


1.17 - SÍMBOLOS MILITARES
1.17.1 - Definição
São símbolos simples que representam as localizações de organizações, instalações
e atividades militares, sendo empregados para indicar sua natureza, valor,
identificação e tipo.
1.17.2 - Divisão
Os símbolos militares são grupados em três classes: símbolos básicos, de
identificação e diversos.
1.17.3 - Da designação dos elementos
Para designarmos um elemento, colocamos, dentro do símbolo básico que
representa esse elemento, o símbolo correspondente à sua natureza. Por cima do
símbolo básico, é colocado o símbolo representativo de seu escalão. Para a
denominação completa do elemento, é colocado, a partir da esquerda, o número da
unidade e de seus escalões subordinantes.

OSTENSIVO - 1-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

a) Símbolos Básicos

Bandeira - Indica um comando (QG ou PC)


- A extremidade da haste determina o local exato de seu
posicionamento no terreno

Retângulo - Indica uma Unidade de Tropa

Triângulo - Indica um Observatório ou PO

Círculo - Indica uma Instalação de Serviços

b) Símbolos de Identificação
I) Forças Armadas e Forças Auxiliares

T
T - Exército, Força Terrestre. (utilizado apenas em
operações conjuntas)
Âncora – Marinha, Força Naval.
Hélice - Aeronáutica, Força Aérea.
PM Polícia Militar
II) Armas e Material Bélico
Infantaria
Cavalaria, cavalaria hipomóvel.
Artilharia, artilharia de campanha
Engenharia, engenharia de combate
Comunicações

MB Material Bélico
III) Serviços

ApDbq Apoio ao Desembarque

PE Polícia do Exército

Postal

Saúde

SP Serviço de Polícia de Fuzileiros Navais

OSTENSIVO - 1-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

PA Polícia da Aeronáutica

AM Armamento e Munição

Transporte

IV) Especialidades
Anfíbio
Aviação do Exército (Aeronave de Asa Rotativa)

Caçador

Cavalaria Blindada

Cavalaria Mecanizada

QBN Defesa química, biológica e nuclear


Fluvial
FE Forças especiais
Guerra Eletrônica (especialidade de comunicações)

Guerrilha

Helitransporte

REC Reconhecimento

Selva

OSTENSIVO - 1-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

V) Atividades

Classe I - Material de Subsistência

Classe II - Material de Intendência

Classe III - Combustíveis e lubrificantes

Classe IV - Material de Construção


Classe V - Armamento e Munição (inclusive Químico,
Biológico e Nuclear)
Log Logística

PG Prisioneiro de guerra
Água potável

Cemitério

Coleta de mortos

Extraviados

Embarque e desembarque
Evacuação

Reunião de extraviados
Trânsito

OSTENSIVO - 1-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

VI) Fuzileiros Navais

Infantaria.

Engenharia.

Logística.

Comunicações.

Artilharia.

Operações Especiais.

Artilharia antiaérea.

Carros de combate.

Viaturas anfíbias.

Guerra Eletrônica.

Apoio ao Desembarque e Destacamento de Praia.

Polícia.

Comando, Controle e Serviço.

OSTENSIVO - 1-13 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

VII) Do Escalão
Esquadra, Peça de Metralhadora ou Morteiro.
Grupo de Combate, Seção de Metralhadora ou Morteiro.
Pelotão ou Seção de Artilharia.
Companhia, Bateria ou Esquadrão de Cavalaria.
Batalhão ou Grupo de Artilharia.
Regimento.

VIII) Símbolos Diversos


SÍMBOLOS SIGNIFICADO
Linha de partida.
Limite anterior da área de defesa
avançada.
Linha de contato.

Linha de cabeça-de-praia da Força.

Núcleo ocupado por um pelotão.

Tropa de Fuzileiros Navais.

Eixo de progressão AZUL.


EProg AZUL

Direção de lançamento de ataque


aeromóvel.

7 Ponto de controle número 7.

Ponto de coordenação.

4 Ponto de ligação número 4.

OSTENSIVO - 1-14 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Ponto de junção.
Setor de tiro de uma peça de
metralhadora isolada. As setas indicam
o setor de tiro. A parte reforçada sob a
seta cheia indica a razância. A seta
cheia é a direção principal de tiro.

Setor de tiro de uma seção de


metralhadoras (2 peças).

Metralhadora calibre .50 (1 peça).

Canhão, morteiro calibre indicado.

Obuseiros ou morteiros (4 peças).


Obuseiro ou morteiro, posição
preparada mas não ocupada.
Míssil ou foguete, superfície-
superfície para artilharia de campanha.

Míssil superfície-ar.

Trabalhos de organizações do terreno


(OT), construídos e ocupados.
Trabalhos de OT, construídos, mas
não ocupados.
Trabalhos de OT, construídos e
ocupados pelo inimigo.

Arame farpado, em geral.

Símbolo geral de campo de minas sem


indicação de tipo – Pode ser usado
esquematicamente em qualquer escala
de carta.

Campo de minas anticarro.

OSTENSIVO - 1-15 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

1.18 - CALCO DE OPERAÇÕES


Ë um documento indispensável como complemento às Ordens de Operações. Nele está
representada, graficamente, de um modo geral, a manobra a ser realizada, ou seja, a
forma como o Comandante pretende cumprir a missão. É confeccionado em um papel
transparente; sendo “amarrado” à carta da região por meio de dois cruzamentos de
quadrículas ou por pontos de referência (no mínimo dois). Após ser amarrado à carta,
o Comandante, por meio do seu Oficial de Operações, determina o que será
representado. Exemplo: Posto de Comando da Unidade, Posto de Observação da
Unidade, Postos de Comando e Postos de Observação das Subunidades. Os
Comandantes das Armas de Apoio indicam onde serão montados os Postos de
Observação de suas armas. São traçadas as linhas de controle, assim como os limites
entre as subunidades. São feitas as setas, indicando as direções de ataque das
Unidades, etc.

OSTENSIVO - 1-16 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

CAPÍTULO 2
DESIGNAÇÃO DE PONTOS NA CARTA
2.1 - GENERALIDADES
Designar ou amarrar um ponto na carta é indicar a posição desse ponto, de modo que
seja possível determiná-lo, com precisão. As cartas são empregadas na condução de
operações militares onde, normalmente, haverá necessidade de designação de pontos do
terreno. Existem vários processos para a designação de pontos na carta dentre os quais
podem ser citados: coordenadas retangulares, coordenadas polares, tela-código, linha-
código, papel calco e normógrafo para designação de pontos.
2.2 - COORDENADAS RETANGULARES
As cartas militares, normalmente, são quadriculadas, a fim de possibilitar a designação
de pontos. Esta malha de quadrados é formada por linhas verticais, que indicam
distâncias contadas para Leste (direita), a partir do ponto de origem. Os intervalos das
quadrículas variam de distância e são numerados de acordo com a escala da carta. Para
escala até 1:100.000, usam-se, normalmente, quadrículas com intervalo de 4 cm, o que
equivale a dizer que tal distância na carta representa no terreno:
- 1 km, na escala de 1:25.000;
- 2 km, na escala de 1:50.000; e
- 4 km, na escala de 1:100.000.
Cada quadrícula é numerada com o seu valor em quilômetros, isto é, sua distância ao
ponto origem. Esse valor é lançado por extenso, de cinco em cinco quadrículas, sendo,
apenas, lançado o valor das dezenas de quilômetros nas quadrículas intermediárias.
2.2.1 - Determinação das coordenadas retangulares de um ponto
Os números que designam uma quadrícula indicam a distância de seu canto inferior
esquerdo às linhas horizontais (paralelos) e verticais (meridianos), contada a partir de
um ponto tomado como origem. As linhas verticais (meridianos) indicam a distância
horizontal e as linhas horizontais (paralelos) indicam a distância vertical. Assim,
quando for dito que um ponto está sobre a linha vertical numerada 30 km, sabe-se
que estes 30 km indicam a distância desta linha ao ponto origem. Porém, ainda não
foi determinada a exata localização do ponto. É preciso determinar algo mais, pois o
que interessa é indicar o local exato sobre a linha vertical de 30 km, onde ele se
encontra. Conseguindo-se determinar a que distância vertical encontra-se o ponto, ele
será, facilmente, localizado. Digamos, então, que ele está sobre a linha horizontal

OSTENSIVO - 2-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

numerada 80 km. Feito isso, o ponto estará determinado, pois estará no cruzamento
das quadrículas: vertical 30 km com horizontal 80 km.

Fig 2.1

Assim, tornou-se evidente que são necessários dois números para determinar o
ponto: o da linha vertical e o da linha horizontal. Dessa maneira será determinado
apenas o ponto situado sobre o cruzamento das linhas verticais e horizontais, o que
define uma quadrícula.
Esse processo ainda é insuficiente para determinarmos a posição exata do ponto. Por
convenção, quando queremos determinar uma área dentro de uma quadrícula basta
fornecer as coordenadas do canto inferior esquerdo. Na Fig 2.1, a quadrícula
hachurada, é designada pelas coordenadas do ponto P (30 – 80).
Suponhamos que o ponto a ser designado não esteja sobre nenhuma das linhas que
formam a quadrícula. Dividindo-se a distância entre as duas linhas verticais e as duas
horizontais, em intervalos iguais, o problema pode ser resolvido. A simples inspeção
da carta fornecerá o valor do intervalo entre as linhas. Assim, quando for dito que o
ponto está a uma distância horizontal de 30,7 km do ponto origem, sabemos que ele
está situado a 30 km mais 700 m daquele ponto. O cálculo da distância “quebrada”
poderá ser feito usando a fórmula da escala ou a escala gráfica da carta. Dessa forma,
fica determinada uma linha vertical de valor 30,7 km. Faz-se necessário, agora, indicar
a posição sobre a linha vertical. Considerando-se que a distância vertical ao ponto
origem seja de 80,3 km. Como no caso anterior, calcula-se a distância gráfica
correspondente aos 300 m e determina-se, assim, uma linha no valor de 80,3 km. A
interseção das duas linhas determinadas dará a exata localização do ponto. Essa
associação de dois números P (30,7 – 80,3), que expressam a distância horizontal e

OSTENSIVO - 2-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

vertical, a partir de um ponto origem, chama-se coordenadas retangulares de um ponto.

Fig 2.2

2.2.2 - Representação
A representação das coordenadas retangulares é feita escrevendo a letra designativa
do ponto, seguida pelos dois números, os quais são separados por um traço e
apresentados entre parênteses. Assim, o ponto “P” constante da Fig 2.2 terá as
seguintes coordenadas retangulares:
P (30,7 – 80,3)
O primeiro número se refere à linha vertical ou meridiano e representa uma distância
horizontal. O segundo número se refere à linha horizontal ou paralelo e representa
uma distância vertical. Pode-se, ainda, por analogia, utilizar o processo matemático
para designação de pontos no plano. A distância horizontal ao ponto origem é
denominada de abcissa, sendo representada por “x”. A distância vertical é
denominada ordenada, sendo representada por “y”.
2.2.3 - Tipos de coordenadas retangulares
De acordo com a unidade de sistema métrico empregado na representação das
coordenadas, elas podem ser:
- métricas - representadas em metros: P (30715 – 80325);
- decamétricas - representadas em Decâmetros: P (30,71 – 8032);
- hectométricas - representadas em Hectômetros: P (30,7 – 80,3); e
- quilométricas - representadas em Quilômetros: P (30 – 80).
As coordenadas métricas são as de uso mais freqüente pelo fato de que permitem a
localização de pontos com aproximação de um metro.

OSTENSIVO - 2-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

2.3 - COORDENADAS POLARES


A determinação da localização de um ponto por coordenadas polares é realizada por
meio de uma relação entre dois pontos de referência: um ponto origem e uma direção
origem. Na Fig 2.3 o ponto origem é o ponto cotado 45 e a direção origem é a direção
do ponto cotado 45 até o marco trigonométrico 78.

Fig 2.3

Para a determinação do ponto temos:


- O valor do ângulo entre a direção origem e a linha que une o ponto origem ao ponto
que queremos determinar. Esse ângulo é contado no sentido horário; e
- A distância entre o ponto origem e o ponto considerado.
As coordenadas são representadas pela sigla PL, seguida de dois grupos de algarismos.
O primeiro representa o ângulo (se forem três algarismos, o ângulo estará em graus e,
se forem quatro, o ângulo estará em milésimos) e o segundo grupo de algarismos
representa a distância entre o ponto origem e o ponto considerado. Essa distância será
expressa em metros. Na Fig 2.3, as Coordenadas Polares da Igreja no ponto P serão:
PL (025 – 1700).
2.4 - COORDENADAS GEOGRÁFICAS
Para compreendermos essas coordenadas, devemos estar familiarizados com as noções
de latitude e de longitude de um ponto sobre o globo terrestre. Um ponto será definido
em coordenadas geográficas pela latitude do paralelo e a longitude do meridiano que
passam por esse ponto.
Chama-se longitude de um ponto P o ângulo formado no eixo polar pelos planos do

OSTENSIVO - 2-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

meridiano que passa por P e do meridiano escolhido como origem. O meridiano


considerado como origem das longitudes é o que passa pelo Observatório de
Greenwich, na Inglaterra. A longitude () é contada de 0° a 180º a partir do meridiano
de origem, positivamente para Oeste e negativamente para Este. Os pontos situados num
mesmo meridiano têm a mesma longitude.
Chama-se latitude () de um ponto P o ângulo formado pelo paralelo que contém este
ponto e pelo plano do Equador, que é a origem das latitudes. É contada de 0º a 90º a
partir do Equador para os pólos, positivamente para o Norte e negativamente para o Sul.
Os pontos situados em um mesmo paralelo têm a mesma latitude.
Tanto a longitude como a latitude são expressas em graus.

Fig 2.4

Exemplos:
No esboço abaixo, determinar a latitude e a longitude do ponto apresentado.
Considerando-se que a latitude é medida em relação à linha do Equador e que da análise
do esboço (Fig 2.5) verifica-se que está aumentando de cima para baixo, podemos
deduzir que a latitude é Sul. Caso fosse verificado o inverso, poderíamos concluir ser a
latitude Norte.

OSTENSIVO - 2-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

A longitude por sua vez, medida da esquerda para a direita, considerando-se que o ponto
apresentado situa-se no território brasileiro, seria Oeste (em relação a Greenwich).

Fig 2.5

Assim temos:
Latitude:
184mm ___________ 2’30” ou 150” (cada minuto possui 60 segundos)
85mm ___________ X
X = 85 x 150 X = 69” ou 1’09”
184
Logo a Latitude do ponto será 22º 51’09”S
Longitude:
171mm ________ 2’30” ou 150”
127mm ________ X
X = 127 x 150 X = 112” ou 1’52”
171
Logo a Longitude do ponto será 43º27’30” + 1’52” = 43º28’82” = 43º29’22”W

OSTENSIVO - 2-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

2.5 – TELA CÓDIGO


A tela código é empregada com qualquer carta que tenha margens perpendiculares.
Consiste em um quadriculado com cem quadrados iguais, dispostos segundo dez fileiras
e dez colunas. Pode ser construído com uma folha de papel transparente ou
semitransparente.
Para empregar a tela código, é necessário conhecer as suas dimensões e os pontos de
referência. O vértice do ângulo inferior esquerdo da tela código é colocado sobre o
ponto de referência e a tela disposta paralelamente às linhas do quadriculado da carta,
ou sobre a carta, sem quadriculado, paralelamente às margens.
Cada designação consiste em cinco elementos. Na seguinte ordem:
Exemplo – X (45 – 68)
- x – ponto de referência, na carta;
- 4 – abscissa (parte inteira);
- 5 – abscissa (parte decimal);
- 6 – ordenada (parte inteira); e
- 8 – ordenada (parte decimal).
A segurança do sistema baseia-se na variação das dimensões da tela código, bem como
na utilização de pontos de referências diferentes. Na Fig 2.6 pode ser obtida uma idéia
do emprego da tela código, de acordo com o exemplo citado.

Fig 2.6 - Emprego da Tela Código

OSTENSIVO - 2-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

2.6 - LINHA CÓDIGO


A linha código pode ser usada com qualquer carta. Um ponto origem e um ponto de
referência são designados na carta. A linha que passa por esses dois pontos é
denominada Linha Base e é utilizada para a designação do ponto que deve ser locado.
No mínimo, serão asseguradas, no Plano de Operações, quatro linhas base para cada dia.
A linha base é designada por uma cor. Do ponto P a ser locado é baixada uma
perpendicular à linha base. Seguem-se os elementos constantes de tal método:
- O primeiro elemento do grupo código é o nome da cor designada para a linha base;
- O segundo elemento é a posição do ponto a locar em relação ao observador (Obs).
Este é colocado no ponto origem voltado para o ponto referência (PR). Designa-se por
F o local à frente do observador e por R, o que fica à sua retaguarda;
- O terceiro elemento é a distância, em hectômetros, do ponto origem à perpendicular
baixada do ponto a locar sobre a linha base; e
- O quarto elemento é a posição do ponto a locar à direita ou à esquerda do observador
no ponto de origem, voltado para o ponto de referência. A posição é designada como
D ou E.
O quinto elemento é o comprimento em hectômetros, da perpendicular baixada do ponto
a locar sobre a linha base ou seu prolongamento.
A Fig 2.7 ilustra o emprego da linha código. A linha base foi designada pela cor verde:
VERDE (F 4,3 - E 7,2).

Fig 2.7

OSTENSIVO - 2-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

2.7 - PAPEL CALCO


Este processo é feito usando-se papel transparente que se coloca sobre a carta, incluindo
o ponto que se quer designar. Amarra-se a colocação do papel, escrevendo-se nele, pelo
menos, dois cruzamentos de quadrícula com suas respectivas numerações, ou por meio
de três pontos inconfundíveis da carta com as suas respectivas indicações. Assinala-se,
no papel, o ponto a designar escrevendo-se os dados necessários à sua utilização: carta,
escala, data e assinatura.
2.8 - ESQUADRO DE LOCAÇÃO
É colocado sobre a carta para determinação de coordenadas. A linha vertical que forma
o lado esquerdo da quadrícula deve passar sob a graduação existente na borda
horizontal, coincidindo com a divisão que indica o valor representado pelos três últimos
algarismos da abscissa. O ponto estará tangenciando a escala vertical, em coincidência
com a divisão da escala, que corresponde ao valor, em metros, indicados pelos três
últimos algarismos da ordenada.

Fig 2.8 - Esquadro de Locação sobre uma quadrícula

OSTENSIVO - 2-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

2.9 - NORMÓGRAFO DE DESIGNAÇÃO DE PONTOS (NDP)


O normógrafo de designação de pontos é uma quadriculação de referência que consta de
24 quadrados de 2,3 cm de lado, recebendo cada quadrado, uma letra de A a Y, omitida
a letra O. Cada quadrado é subdividido em outros 100 quadrados, tendo cada um, um
orifício no centro. Em cada quadrado com letras há uma numeração na sua linha inferior
(1, 11, 21 31, 41, 51, 61, 71, 81 e 91) e outra, na linha vertical esquerda (1, 2, 3. 4, 5, 6,
7, 8, 9 e 10).
Um orifício na vertical 71 e na horizontal 3 corresponde a 73, outro, na vertical 41 e na
horizontal 9, corresponde a 49.
Possui, ainda, o normógrafo, 9 orifícios, dos quais 8 ficam na borda e 1 no centro, todos
numerados em algarismos romanos. Na borda inferior do normógrafo, estão os orifícios:
I no canto escuerdo; II no centro; e III no canto direito. Na horizontal que passa pelo
centro do normógrafo temos: IV na extremidade esquerda; V no centro; e VI na
extremidade direita. Finalmente, na borda superior ternos: o orifício VII no canto
escuerdo; o VIII no centro; e o IX, no canto direito.
Para empregar o normógrafo, há necessidade de se utilizar pontos origens: um na carta e
outro no narmógrafo. O ponto origem na carta, ou é determinado por qualquer sistema de
coordenadas ou pela própria designação que tem na carta. O ponto origem no normógrafo
é dado em algarismos romanos, indicando em dos orifícios. É dada, também, uma direção
de referência na carta e outra no normógrafo. A direção de referência na carta, pode ser
dada por um lançamento a partir do ponto origem, pela designação de outro ponto (ponto
de referência), que, com o ponto origem, determinará a direção de referência, ou por uma
linha do quadriculado. A direção de referência no normógrafo, é dada por algarismos
romanos de modo que, alinhados como o ponto origem, determinam a direção de
referência no normógrafo. Exemplo: I-IV-VII ou I-V-IX, sendo o “I” o ponto origem (o
primeiro citado).
Dados os pontos origens e as direções de referências, na carta e no normógrafo, faz-se a
coincidência do ponto origem da carta com o ponto origem do normógrafo. A seguir,
superpõe-se a direção de referência no normógrafo sobre a direção de referência na
carta e, nestas condições, o normógrafo está orientado.
Para a designação do ponto, vê-se a letra do quadrado que está superposto ao ponto e o
número correspondente ao orifício que está mais próximo ao ponto a ser designado.
Suponhamos que a letra do quadrado seja L e o orifício mais próxino, o 73. O ponto

OSTENSIVO - 2-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

será designado por NDP L-73. Se o ponto estiver equidistante de dois orifício, tomará o
de maior valor.
Para locação de pontos pelo normógrafo, conhecidos os pontos origens, direções
origens, direções de referência, bem como a matriz, orienta-se o mesmo e procura-se,
tendo por base a matriz, localizar, inicialmente, o quadrado da letra e, a seguir, o furo
indicado na matriz. Com um lápis, então, marca-se, na carta, através do orifício, o ponto
procurado.

Fig 2.9 - Normógrafo de designação de pontos

OSTENSIVO - 2-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

CAPÍTULO 3
O TERRENO
3.1 - GENERALIDADES
A atual superfície da Terra é resultante de uma contínua ação da erosão, desgastando as
partes altas e cobrindo as mais baixas. Embora essa superfície tenha formas bastante
variadas e complexas, para efeito de estudo podemos considerá-la como formada por
um conjunto de planos que se unem, dando-lhe suas formas. As superfícies inclinadas,
formadas principalmente pela ação das águas, recebem o nome de vertentes ou encostas.
Dessa forma, em uma definição simplista, vertente nada mais é do que o terreno em
declive.
3.2 - TIPOS DE VERTENTES
Há três tipos de encostas ou vertentes: a plana, a côncava e a convexa.
3.2.1 - Encosta plana ou uniforme
É aquela que apresenta uma declividade constante e, conseqüentemente, é
representada por curvas de nível igualmente espaçadas. Em uma encosta suave, as
curvas de nível são bem distanciadas entre si. Em uma encosta íngreme, as curvas de
nível são bem próximas umas das outras.

Fig 3.1 - Encosta plana

3.2.2 - Encosta côncava


Esta encosta tem as curvaturas voltadas para baixo. A declividade diminui à
proporção que a encosta desce. As curvas de nível são bem próximas no cume e bem
espaçadas na parte baixa (Fig 3.2).

Fig 3.2 - Encosta côncava

OSTENSIVO - 3-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

3.2.3 - Encosta convexa


Esta encosta é abaulada. A declividade aumenta à proporção que a encosta desce. As
curvas de nível são bem espaçadas no cume e bem próximas na parte baixa (Fig 3.3).

Fig 3.3 - Encosta Convexa

3.3 - LIGAÇÕES DAS VERTENTES


As ligações das vertentes entre si configuram formações do terreno. Destas ligações
originam-se duas formações básicas elementares, a saber: saliente ou tergo (dorso) e
reentrante ou vale.
3.3.1 - Saliente ou Tergo (dorso)
Quando as vertentes se unem pela parte superior, dizemos que é um saliente ou tergo.
A linha resultante da união das vertentes recebe o nome de linha de crista, de festo,
de cumiada ou de divisão de águas (Fig 3.4).

Fig 3.4 - Saliente ou tergo

3.3.2 - Reentrante ou Vale


Quando as vertentes as unem pela parte inferior, dizemos que é um reentrante ou vale.
A linha resultante da união das vertentes recebe o nome de linha de reunião de águas,
de aguada e de talvegue (palavra alemã que significa caminho do vale), Fig 3.5.

OSTENSIVO - 3-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 3.5 - Reentrante ou Vale

3.4 - VERTENTE E CONTRAVERTENTE


Em topografia militar, chamaremos de vertentes ou encostas o declive de uma elevação
que esteja voltada para o observador; e de conta-vertente ou contra-encosta a parte
oposta ao observador (Fig 3.6).

Fig 3.6 - Vertente e Contra-vertente

3.5 - CRISTA TOPOGRAFICA E MILITAR


3.5.1 - Crista Topográfica
É a denominação dada ao ponto mais alto de uma elevação (Fig 3.7).

Fig 3.7 - Crista Topográfica

OSTENSIVO - 3-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

3.5.2 - Crista Militar


É a linha em que uma vertente muda de inclinação, sendo esse o ponto em que se
pode observar toda a encosta (Fig 3.8).

Fig 3.8 - Crista Militar

3.6 - FORMAS ELEMENTARES


As formas elementares do terreno são três: Espigão, Garupa e Esporão.
3.6.1 - Espigão
É uma forma do terreno, em relevo, de conformação triangular e alongada.
Militarmente, não comporta mais que elementos ligeiros (Fig 3.9).

Fig 3.9 - Espigão

3.6.2 - Garupa
É uma forma do terreno, em relevo, de conformação abaulada, com aspecto similar
ao da anca de um cavalo. Militarmente, quando comparada com o espigão, permite a
instalação de elementos de maior vulto e que podem se aferrar ao terreno (Fig 3.10).

OSTENSIVO - 3-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 3.10 - Garupa

3.6.3 - Esporão
É a extremidade de uma garupa que apresenta uma saliência mais elevada. Essa
saliência, em forma de cume, dá ao esporão uma relativa importância tática, pois
permite a instalação de órgãos valiosos para observação de tiro (Fig 3.11).

Fig 3.11 - Esporão

3.7 - FORMAS ISOLADAS


3.7.1 - Mamelão
É uma elevação, relativamente fraca, cuja forma dá idéia de uma semi-esfera, isto é,
arredondada no cume.

Fig 3.12 - Mamelão

OSTENSIVO - 3-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

3.7.2 - Colina
Quando o relevo apresenta formas alongadas, mais ou menos sinuosas e declives
mais suaves.

Fig 3.13 - Colina

Assim, a colina difere do mamelão por ter formato alongado segundo uma direção.
Sua linha de crista, normalmente, tende a abaular-se, formando uma espécie de cela.
As elevações isoladas podem se apresentar, na sua parte superior, em forma de pico,
zimbório ou platô.

Fig 3.14 - Pico, Zimbório e Platô

3.8 - ALTURA, ALTITUDE E COTA


3.8.1 - Altura
É a dimensão de um corpo tomada na vertical, desde a extremidade, inferior até a
extremidade superior.
3.8.2 - Cota de um Ponto
É a distância vertical de um ponto a um plano horizontal tomado para referência.

OSTENSIVO - 3-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

3.8.3 - Altitude de um Ponto


É a cota cujo plano horizontal tomado para referência, é o nível médio dos mares
(Fig 3.15).

Fig 3.15 - Altitude de um ponto

3.9 - LEIS DO MODELADO


Estas leis referem-se às linhas de talvegue, às vertentes e às linhas de festo, os três
principais elementos do modelado do terreno.
Tais leis são regras que nada têm de absoluto. Todas comportam exceções. São
variáveis como o são as superfícies do terreno e dizem respeito apenas a forma ideal
para a qual tendem os terrenos normalmente constituídos e sujeitos à erosão regular da
águas. O estudo dessas regras conduz a conclusões muito interessantes sobre o aspecto
do terreno.
3.9.1 - Regras referentes aos talvegues e cursos d’água
Lei da Continuidade dos Declives - de um ponto qualquer do terreno pode-se descer
até o mar sem nunca subir. Ela decorre, naturalmente, da maneira pela qual se
formou o modelado topográfico. Como exceção existe o caso de uma bacia fechada,
o que, aliás, existe, se bem que, raramente.
A declividade de uma linha de talvegue ou de um curso d’água decresce de montante
para jusante, isto porque, tendo o rio maior volume d’água à jusante, a erosão far-se-á
sentir mais, à proporção que ele se aproxima do nível base, isto é, o ponto em que
desemboca, adoçando, assim, o declive na sua vizinhança. À exceção dessa regra, seria
um curso d’água que não tivesse atingido seu perfil de equilíbrio. Em conseqüência, as
interseções das curvas de nível com os talvegues ou cursos d’água são mais espaçadas

OSTENSIVO - 3-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

à medida que se desce para jusante. Este aumento progressivo, bastante sensível na
origem dos vales, o é, cada vez menor, no percurso inferior.

Fig 3.16 - Declividade de uma Linha de Talvegue

Em geral, se desenvolvermos num mesmo plano os perfis de um curso d’água e de


seus afluentes a curva perfil desse curso d’água envolverá todas as de seus afluentes
(Fig 3.17). Essa regra baseia-se no fato de que, no ponto em que um curso d’água
atinge o nível base (o mar para o rio e o confluente para o seu afluente), o seu perfil é
tangente a uma reta, tanto mais horizontal quanto mais importante for o curso d’água.
Em conseqüência, uma mesma curva de nível, na vizinhança e à montante de uma
confluência, cortará o curso d’água principal “abc” mais longe da confluência que o
curso d’água secundária “dc”. Em outros termos, a mesma curva de nível penetrará
mais no vale principal do que na ravina lateral que nele desembocar.

Fig 3.17 - Desenvolvimento de Curva de Nível

OSTENSIVO - 3-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Nas sinuosidades de um curso d’água, os declives exteriores às curvas são, quase


sempre, muito mais fortes que os interiores Com efeito, em uma curva, a massa
d’água agindo sob a influência da força centrífuga, corrói a margem exterior,
alargando o leito do rio e, não raras vezes, rasgando-lhe novo leito. Na margem
interior, a velocidade do rio, sendo muito menor, ocasiona a sedimentação de
aluviões e o conseqüente adoçante do declive dessa margem. Assim, as curvas de
níveis que envolvem uma sinuosidade de um curso d’água, são, normalmente, mais
unidas que as envolvidas por ele. Em conseqüência, a margem situada do lado da
convexidade tem comandamento sobre outras.

Fig 3.18 - Declive em relação a um curso d água

Dessa regra, surgem dois importantes corolários:


Quando um curso d’água divide-se em muitos outros, sinuosos, formando ilhas
irregulares, podemos concluir que o vale é largo e o talvegue pouco acidentado ou
sensivelmente horizontal (Fig 3.19).

OSTENSIVO - 3-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 3.19 - Vale largo e Talvegue pouco acidentado

Havendo um único braço quase retilíneo, o vale é estreito e o talvegue muito


pronunciado e de grande inclinação longitudinal (Fig 3.20).

Fig 3.20 - Vale estreito e talvegue muito pronunciado

O ângulo formado pela direção de dois talvegues no ponto de sua confluência é


geralmente inferior a 90º. Essa regra permite indicar, na maioria dos casos, a direção
da corrente de um rio (Fig 3.21).

OSTENSIVO - 3-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 3.21 - Direção da corrente de um rio

Uma confluência é assinalada, geralmente, por uma inflexão do curso d’água


principal, no sentido do afluente e, essa inflexão, é tanto mais pronunciada quanto
este afluente é mais importante.
3.9.2 - Regras referentes às vertentes
Lei da Continuidade das Vertentes - Em geral as curvas de nível de mesma cota
fazem-se seguir sobre as duas partes de uma mesma vertente, separadas uma da outra,
por um vale lateral (Fig 3.22). As partes “AB” e “CD” da vertente não são
modificadas pelo trabalho do afluente que cravou o leito entre “B” e “C”.

Fig 3.22 - Lei da Continuidade das Vertentes

3.9.3 - Regras referentes às linhas de festo


Uma linha de festo liga-se, sempre, à outra, que, por sua vez, liga-se a uma terceira e,
assim, sucessivamente (Fig 3.23). Com efeito, para que houvesse uma exceção seria
preciso imaginar uma saliência do terreno, de tal modo isolada, que não se pudesse
ligar, por uma linha de cumiada, a qualquer das saliências circunvizinhas. Isto só seria
possível, supondo-se o referido trecho completamente cercado por um talvegue
fechado sobre si mesmo, sem o que, forçosamente, passaria uma linha de cumiada a

OSTENSIVO - 3-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

ser interrompida. Mas, jamais, um talvegue poderia fechar-se sobre si mesmo, porque
faltaria declive no círculo assim formado, Assim, não se deve considerar como
totalmente isoladas certas elevações salientes, que se levantam em uma planície.

Fig 3.23 - Continuidade de uma Linha de Festo

Ainda mais que um talvegue, uma linha de festo não se fecha sobre si mesma, a não
ser, excepcionalmente. Com efeito, a porção de terreno que ficasse assim circunscrita,
estaria privada de escoamento.
Quando uma linha de festo separa dois cursos d’água, ela se eleva quando eles se
afastam e abaixa-se quando eles se aproximam. A distância máxima corresponde,
geralmente, a um mamelão e a mínima a um colo (Fig 3.24).

Fig 3.24 - Linha de Festo em relação a dois cursos d’água

Se dois cursos d’água estão em níveis diferentes, a linha de festo que os separa
aproximar-se-á mais do que se achar no nível mais elevado (Fig 3.25).

OSTENSIVO - 3-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 3.25 - Cursos d’água em níveis diferentes

Quando dois talvegues opostos tiverem nascimento de um lado e de outro de uma


linha de festo, esta, geralmente, sofre uma depressão, formando um colo (Fig 3.26).

Fig 3.26 - Formação de Colos

Quando dois talvegues vizinhos nascem de um mesmo lado de uma linha de festo, esta
se inflete, enviando uma ramificação que os separa (Fig 3.27).

Fig 3.27 - Talvegues de um mesmo lado de uma Linha de Festo

OSTENSIVO - 3-13 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Quando uma linha de festo muda de direção, dela se destaca em oposição à bissetriz
do ângulo formado, uma ramificação constituindo um contraforte por mais curto que
seja (Fig 3.28).

Fig 3.28 - Talvegues de um mesmo lado de uma Linha de Festo

Qualquer curso d’água está compreendido entre duas linhas de festo que, desde a
origem até a foz, vão-se afastando à medida que descem e o seu declive vai
diminuindo (Fig 3.29).

Fig 3.29 - Relação curso d’água e linhas de festo

Quando dois cursos d’água descem paralelamente uma encosta e tomam depois
direções opostas, a linha que separa os cotovelos indica a depressão mais profunda
entre as duas vertentes e, portanto, a existência provável de um colo (Fig 3.30).

OSTENSIVO - 3-14 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 3.30 - Colo resultante de cursos d’água paralelo

Quando dois cursos d’água encontram-se, a linha de crista do saliente que os separa
está sensivelmente na direção do prolongamento do curso d’água que resulta da junção
dos dois (Fig 3.31).

Fig 3.31 - Direção única entre a Linha de Crista e cursos d’água

OSTENSIVO - 3-15 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

CAPÍTULO 4
A CARTA
4.1 - REPRESENTAÇÃO DO TERRENO
Aquele que manuseia uma carta o faz como se fosse um observador colocado em uma
posição elevada, observando a terra do alto. Desta maneira, a conformação do relevo é
vista e percebida claramente, o que não se dá com relação às altitudes. A impressão é de
que o terreno está achatado no plano da carta. Para ser possível ter a idéia do relevo e da
altitude de qualquer ponto numa carta, foram criados vários processos de representação
do relevo.
Os principais processos são os das hachuras, pontos cotados e curvas de nível. O
processo que será estudado, com maior riqueza de detalhes, é o processo das curvas de
nível.
4.1.1 - Processos das hachuras
As hachuras são pequenas linhas traçadas na direção do declive. Elas são mais ou
menos espaçadas, conforme o declive seja suave ou íngreme.
4.1.2 - Processo dos pontos cotados
Este processo consiste em representar os pontos por sua projeção horizontal e
escrever a altitude ou cota. Normalmente, esse processo complementa o das curvas
de nível.
4.1.3 - Processo das curvas de nível
Suponhamos que uma elevação isolada será representada na carta, utilizando-se
curvas de nível. Usando o artifício de supor que o terreno em questão tivesse sido
alagado e as águas tivessem alcançado 10 metros de altura, teríamos todos os pontos
referentes à cota de 10 metros marcados pelo limite superior das águas (Fig 4.1).

Fig 4.1 - Processo das curvas de nível

OSTENSIVO - 4-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Se as águas continuassem a subir de 10 em 10 metros, a elevação teria todos os


pontos situados nas cotas de 20, 30, 40 metros, e assim sucessivamente, marcados.
4.2 - CURVAS DE NÍVEL
São linhas que ligam os pontos de igual cota e representam a interseção da superfície do
terreno com planos paralelos e eqüidistantes.
4.2.1 - Definições
a) Eqüidistância
É a distância vertical que separa dois planos de níveis consecutivos.
b) Afastamento Gráfico
É o afastamento horizontal, no plano da carta, entre duas curvas de nível.
c) Afastamento Real
É a distância real entre duas curvas de nível consecutivas.
Vejamos a hipótese das inundações no caso de uma depressão. Pelas Fig 4.2
e Fig 4.3, verificamos que, tanto no caso das elevações, como no caso das
depressões, as curvas de nível apresentam-se umas envolvendo as outras. Numa
elevação, as curvas de nível de menor cota, envolvem as de maior cota, (Fig 4.2).

Fig 4.2 - Curvas de nível

Numa depressão, as curvas de nível de maior cota, envolvem as de menor cota


(Fig 4.3).

OSTENSIVO - 4-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 4.3 - Curvas de nível

4.2.2 - Determinação de eqüidistância


a)Eqüidistância Real
É determinada para cada carta, pelo gráfico ou unidade que executou o
levantamento da região. A eqüidistância vem escrita na margem da carta e, em
geral, é de 10 metros.
b)Eqüidistância Gráfica
São as eqüidistâncias reais, transformadas para a escala da carta utilizada na
construção de um perfil. Assim, sendo “E” a eqüidistância real, “1/M” a escala da
carta e “e” a eqüidistância gráfica, teremos:
e= E
M
4.2.3 - Determinação do afastamento
a)Afastamento Gráfico
É a distância horizontal, na carta, entre duas curvas de nível consecutivas. É
determinada por meio de uma régua milimetrada.
b)Afastamento Real
É o afastamento gráfico transformado por meio da escala numérica ou gráfica.
Teremos então:
A=axM
A - Afastamento Real
SENDO: a - Afastamento Gráfico
M - Módulo da Escala

OSTENSIVO - 4-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

4.3 - DECLIVIDADE
4.3.1 - Definição
A declividade de uma linha é a sua inclinação sobre o horizonte. Na figura abaixo, a
linha AB está mais inclinada que a linha CD. Logo, a linha AB tem maior
declividade.

Fig 4.4 - Declividade

4.3.2 - Determinação da Declividade


a) No terreno
Para se determinar a declividade de uma linha (ou encosta) no terreno, usamos
aparelhos especiais (clinômetros, eclímetros e clisímetros), que nos fornecem essa
declividade em graus ou porcentagem.
b) Na carta
Seja na Fig 4.5A o ponto cotado 52, representado por curvas de nível e pelo seu
perfil “ac”, o afastamento entre as curvas de nível 20 e 30, cuja eqüidistância real
é 10 metros. A declividade a ser determinada é, justamente, a do segmento de reta
“AD”.

Fig 4.5 - Declividade da elevação “52”

OSTENSIVO - 4-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Pela trigonometria temos: (Fig 4.5B)


tg j = BC ou ainda: tg j = e
AC a

j = ângulo BAC, BC = eqüidistância real; e = eqüidistância gráfica.


AC = afastamento real; a = afastamento gráfico.
Sendo a eqüidistância constante para uma carta, quanto maior for o afastamento,
menor será a fração e/a, e menor, também, o ângulo j. Logo poderemos concluir
que: quanto mais espaçadas as curvas de nível, menor a declividade, bem como
quanto mais próximas as curvas de nível maior a declividade.
4.3.3 - Escala de declividade
Serve para determinar a declividade entre duas curvas de nível. É encontrada,
normalmente, a direita da escala gráfica. É um segmento de reta graduado com os
vários afastamentos correspondentes aos vários ângulos de declividade.
Para efeito de cálculo, toma-se o afastamento entre as curvas de nível a serem
medidas, sendo feita a coincidência desse espaçamento, com as várias graduações da
escala, lendo-se o número de graus referentes à declividade.
4.4 - DETERMINAÇÃO DA COTA DE UM PONTO
Se o ponto estiver sobre uma curva de nível, basta lermos a cota dessa curva e teremos a
cota do ponto. Porém, se o ponto estiver entre duas curvas de nível, teremos que
recorrer aos cálculos. Na Fig 4.6B, o ponto “a” tem 10 m e o ponto “c” 20 m. Vemos
que “b” esta entre “a” e “c”, portanto, entre 10 e 20 m. Pela Fig 4.6A, vemos que Ac’
corresponde ao afastamento e Cc’ corresponde à eqüidistância.

Fig 4.6 - Determinação da cota de um ponto

OSTENSIVO - 4-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Podemos dizer que, para irmos de A para C, percorremos Ac’ metros na horizontal e
Cc’ metros na vertical. Logo, para irmos de A para B, percorremos Ab’ metros na
horizontal e Bb’ metros na vertical.
Pela semelhança dos triângulos Ac’C e Ab’B, temos:
Ac’ Ab’ Ab’ x Cc’
= de onde tiramos: Bb’ =
Cc’ Bb’ Ac’

Substituindo pelos valores Bb’ = ab x c , a cota de b será cota de A + Bb’.


a

4.5 - ILUMINAÇÃO E ESQUELETEAMENTO


Para facilitar a leitura da carta, destacando os elementos topográficos de maior
importância, podemos usar os processos gráficos da iluminação e do esqueleteamento.
4.5.1 - Processo de Iluminação
Consiste em destacar o relevo e demais acidentes naturais e artificiais utilizando-se
de cores para “iluminar” a carta, ou seja, colorir a carta. Para cada tipo de acidente,
são empregadas cores ou tonalidades, conforme instrução que se segue:
a) Relevo
Colorir em amarelo, alaranjado e marrom, os intervalos entre as curvas de nível,
com tonalidades tanto mais fortes quanto a altitude, tendo o cuidado de empregar
tonalidades iguais para as mesmas altitudes.
b) Hidrografia
Colorir em azul.
c) Vegetação
Em verde, utilizando tonalidades proporcionais a sua densidade.
d) Rodovias, arruamentos, caminhos, etc.
Colorir em vermelho.
e) Pontos importantes que merecem destaque especial
Devem ser envolvidos por um círculo em preto.

OSTENSIVO - 4-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 4.7 - Iluminação da carta

4.5.2 - Processo de Esqueleteamento


Consiste em traçar na carta, em marrom, as linhas de crista e, em azul, as de fundo,
destacando os pontos topograficamente importantes. É um processo rápido e destaca,
objetivamente, a compartimentação do terreno. Para sua execução devem ser
observadas as seguintes regras:
- As cristas principais têm seus traços reforçados;
- Nos colos pouco profundos as linhas de crista são pontuadas;
- As linhas de fundo, por onde passam cursos d’água, são indicadas com linha
tracejada;
- O número de linhas de crista e de fundo secundárias a traçar será tanto menor
quanto maior for à área a esqueletear, a fim de não sobrecarregar a carta,
prejudicando sua interpretação;
- No esqueleteamento de um maciço, a curva de nível mais baixa que o envolver
deve ser avivada com lápis preto;
- No esqueleteamento de uma área as curvas de nível que envolvem as elevações e os
maciços devem ser avivadas;
- Nas Fig 4.8, 4.9 e 4.10 são apresentados exemplos de esqueleteamento de uma
elevação, de um maciço e de uma região, respectivamente. Esses processos podem
ser combinados entre si. Assim, numa carta esqueleteada, pode-se indicar a
vegetação, as estradas e os pontos importantes, pelo processo de iluminação.

OSTENSIVO - 4-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 4.8 - Esqueleteamento de uma elevação

Fig 4.9 - Esqueleteamento de um maciço

Fig 4.10 - Esqueleteamento de uma região

OSTENSIVO - 4-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

4.6 - MEDIDAS DE DISTÂNCIA NA CARTA


Para conhecermos o valor da distância real (distância do terreno) entre dois pontos
utilizando a carta é necessário saber apenas duas coisas: a distância gráfica e a escala da
carta. Com esses dois dados já estamos habilitados a encontrar a distância real:
D = d x M.
4.6.1 - Distância em linha reta
Toma-se a distância entre dois pontos com o compasso, cordel ou tira de papel e essa
distância e aplicada à escala.
a) Com a Escala Numérica
A distância tomada com o compasso, cordel ou tira de papel é aplicada sobre uma
régua graduada e assim obtemos o valor da distância gráfica “d”. Essa distância é
aplicada na fórmula da escala numérica e obtemos o valor de “D”.
b) Com a Escala Linear Gráfica
A distância tomada no desenho é levada à escala gráfica da carta. Coloca-se uma
das marcações (ou ponta do compasso) na origem da escala e a outra para a direita.
Se esta marcação cair sobre uma divisão, trazemos a tira de papel ou compasso para
a esquerda, até que a marcação coincida com uma divisão e lemos esse valor. A
marcação da esquerda, então, ficará sobre o talão. Somamos a leitura do talão com
a leitura feita obtendo o valor da distância real “D”. A Fig 4.11 esclarece as três
operações que são feitas.

Fig 4.11 - Uso da escala gráfica

4.6.2 - Distância em linha quebrada ou curva


Para medirmos uma distância gráfica em linha quebrada ou curva, podemos utilizar
três processos:

OSTENSIVO - 4-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

a) Com um Cordel
Coloca-se o cordel sobre o caminho a ser medido e, ao terminar, estica-se o
mesmo, obtendo a distância gráfica retificada. Repete-se o procedimento
anteriormente apresentado.
b) Com o Compasso ou Tira de Papel
Toma-se a linha curva, dividindo-a em segmentos de reta que podem ser medidos
separadamente. A soma dessas medidas será a medida procurada (Fig 4.12)

Fig 4.12 - Distância em linha quebrada ou curva

4.6.3 - Curvímetro
a) Definição
É um instrumento para medidas de distâncias gráficas. É um instrumento de
metal, com uma engrenagem interna movida por uma pequena roda dentada, que
corre sobre o papel. Essa engrenagem faz mover um ponteiro sobre um limbo
graduado (Fig 4.12).

Fig 4.12 - Curvímetro

OSTENSIVO - 4-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

b) Tipos
I) Curvímetros Simples
Têm o limbo graduado em centímetros. Esse tipo de curvímetro fornece a
distância gráfica em centímetros para qualquer escala da carta.
II) Curvímetro de Escalas
Têm o limbo graduado em escalas, que podem ser múltiplas ou submúltiplas da
escala da carta. Esses curvímetros fornecem as grandezas reais correspondentes
às medições, na carta, de escala correspondente à da graduação onde foi feita a
leitura. Exemplo: com um curvímetro, mede-se uma distância numa carta de
escala 1:50.000. Na graduação do curvímetro de 1:50.000 lê-se a grandeza real.
Porém, se a escala da carta não for representada no limbo do curvímetro, temos
que proceder à seguinte operação:
- Determina-se a distância gráfica correspondente à medida desejada. Para tal,
basta dividir o valor lido no curvímetro (D’) pelo módulo da escala onde foi
lido (M’). Assim, d = D’/M’.
- Multiplica-se d pelo módulo da escala da carta (M) e teremos o valor da
distância real (D). Assim, D = d x M.
- Se substituirmos o valor de d na última operação teremos:
D = D’ x _M_
M’
- Assim, observamos que para encontrarmos o valor da distância real, basta
multiplicarmos a distância lida no curvímetro, pela relação entre o módulo da
escala da carta e o módulo da escala do curvímetro onde foi feita a leitura.
c) Uso do Curvímetro
Para utilizarmos o curvímetro, primeiro devemos verificar o tipo do mesmo e a
escala com que trabalharemos. Em seguida, fazer coincidir o ponteiro com o zero
do limbo. Coloca-se a roldana sobre o ponto inicial do caminho a ser medido,
estando o curvímetro perpendicular ao papel. Percorre-se a linha a ser medida e
lê-se o valor no limbo do instrumento.
4.7 - MEDIDA DE ÂNGULOS
Militarmente, para a medida de ângulos são empregadas três unidades: graus, grados e
milésimos.
4.7.1 - Milésimo verdadeiro
Milésimo é o ângulo sob o qual uma unidade é vista à distância de 1.000 unidades. É,

OSTENSIVO - 4-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

também, a unidade de ângulo que compreende uma corda de uma unidade, numa
circunferência de raio igual a 1.000 unidades. Exemplo: uma frente de 1 m, à
distância de 1.000 m, ou seja, uma corda de 1 m, numa circunferência de raio igual a
1.000 m.

Fig 4.13 - Milésimo

Calculemos, então, o número de milésimos em uma circunferência. A fórmula da


circunferência, retificada, dá-nos:
C = 2πR, Sendo R = 1.000 m e π = 3,1416, logo:
C = 2 x 3,1416 x 1.000 = 6.283,2 m.
Como vimos, cada metro de arco corresponde a 1 milésimo. Então, a circunferência
toda terá 6.283,2 milésimos.
4.7.2 - Milésimo 1.600 ou Militar
Se tomarmos o quadrante de uma circunferência, observaremos que ela tem 6.283/4
milésimos, ou seja, 1.570 milésimos. Militarmente, tomamos uma aproximação
como valor real. Essa aproximação é o milésimo militar ou sistema 1.600, que se
representa por M ou ’’’. Então, o quadrante terá 1.600’’’ e a circunferência total terá
6.400’’’.
4.7.3 - Fórmulas clássicas do milésimo
Pela definição do milésimo, podemos construir a figura abaixo, na qual a frente (F)
mede 1m, a distância (D) 1.000 m ou 1 Km e ângulo, em milésimos (n), mede 1’’’.

Fig 4.14 - Milésimo

OSTENSIVO - 4-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Pela trigonometria, sabemos que tg n = F .


D
Sendo um ângulo muito pequeno, podemos considerar n = tg n e, assim, teremos:
n = F (1),
D
que é a fórmula clássica do milésimo, onde:
- n - ângulo expresso em milésimos;
- F - Frente expressa em metros; e
- D - Distância expressa em quilômetros.
4.8 - CONVERSÕES
Para convertermos milésimos em graus e grados e vice-versa basta sabermos que, numa
circunferência, temos 6.400’’’ ou 360º ou 400 gr.
4.8.1 - Graus em milésimos
Armando-se a seguinte regra de três:
360º 6400’’’
=
Aº X’’’
360º correspondem a 6.400’’’, Aº corresponderão a X’’’.
4.8.2 - Grados em Milésimos
Armando-se a seguinte regra de três:
400 gr 6400’’’
=
Agr X’’’
Se 400 gr correspondem a 6.400’’’, Agr corresponderão a X’’’.
4.9 - MEDIDAS DE DISTÂNCIAS NO TERRENO
As medidas de distância no terreno dividem-se da seguinte forma:
- Quanto à exatidão (medidas de precisão e medidas expeditas); e
- Quanto ao método da medida (medidas diretas e medidas indiretas).
4.9.1 - Medidas diretas de precisão
a) Definição
Uma medida é dita direta quando a distância a ser medida é percorrida de um
extremo a outro.
b) Instrumentos
Os instrumentos utilizados são:
I) Fita de aço
Uma lâmina de aço, com 1,5cm de largura, graduada em centímetros ou
decímetros, com um comprimento de 10 a 100 metros.

OSTENSIVO - 4-13 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

II) Trena ou Fita de Linho


É uma tira de linho, de 1,5cm de largura, graduada em centímetros, com o
comprimento de 10 a 30 metros.
c) Utilização
Chamamos de trenada a medição de uma distância com um desses instrumentos.
Para fazermos uma trenada simples são necessários dois homens (operadores), um
jogo de fichas e uma trena ou fita de aço. No ponto inicial, estaciona-se um
operador (chamado de ré) com o ZERO da trena, e o outro operador (chamado de
vante) seguirá em direção ao ponto final com a trena, até desenrolá-la toda. Ao
chegar nesse ponto, faz-se um alto, estica-se a trena e crava-se uma ficha no
terreno, fazendo sinal para o companheiro, que já marcou. Os dois operadores
movimentam-se ao mesmo tempo; o de vante, em direção ao ponto final, e o de ré
em direção à ficha. Este, ao chegar onde está a ficha, para, coloca o ZERO no
local onde ela estava e guarda a ficha. O operador de vante crava outra ficha onde
a trena novamente esticar. Assim, continuam, até que seja medida a distância
final, inteira ou fracionária. O valor da medida será o comprimento da trena,
tantas vezes quantas fichas o operador de ré tiver recolhido, mais a parte
fracionária da última medida.
Chamamos de dupla trenada a operação de medida do terreno em que fazemos
uma trenada normal e outra no sentido inverso da primeira. Como resultado,
temos a média das duas medidas.
4.9.2 - Passo duplo
É um processo direto expedito que nos fornece uma precisão relativamente boa.
O passo duplo é o intervalo (distância) entre duas marcações, do mesmo pé, no
terreno durante a marcha.
O passo duplo varia de militar para militar, tornando-se necessário aferi-lo, antes de
utilizá-lo como medida.
4.9.3 - Aferição do passo duplo
Aferir o passo duplo é verificar o seu valor em metros. Para isso, fazemos as
seguintes operações:
- Marcamos no terreno uma determinada distância, geralmente, 100 metros; e
- Percorremos essa distância várias vezes (geralmente quatro), anotando o número de
passos duplos dados em cada vez. Dividimos o valor da distância que marcamos no

OSTENSIVO - 4-14 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

terreno pelo número médio de passos, obtendo o valor médio do passo duplo.
4.9.4 - Passômetro e podômetro
a) Definição
São instrumentos usados nas medidas com o passo duplo. Têm a forma de um
relógio com um limbo graduado.
I) Passômetro ou Conta Passos
Registra, no seu limbo, o número de passos simples dados durante uma
marcha.
II) Podômetro
Registra, diretamente, o número de metros percorridos.
b) Utilização
Para usarmos esses instrumentos, devemos colocá-los presos, juntos, na cintura.
Antes de se iniciar a medida devemos aferi-los. Isto se faz percorrendo uma
distância conhecida ou contando os passos dados (no 1º caso, para o podômetro e,
no 2º, para o passômetro) e verificando se a marcação do limbo coincide com o
que contamos ou medimos. Caso contrário devemos corrigir o aparelho por meio
de uma chave que o acompanha.
4.9.5 - Medidas indiretas
a) Definição
Uma medida é indireta quando a distância a ser medida não é percorrida por quem
a executa.
b) Instrumentos
Na Infantaria, os instrumentos utilizados para a avaliação indireta das distâncias
são: o binóculo com placa telemétrica e a régua graduada com um fio de 50 cm.
4.9.6 - Binóculo com placa telemétrica
A placa telemétrica consiste em um cristal que contém uma escala, aparecendo no
campo visual dos binóculos. A escala consta de dois retículos que se cruzam. São
graduados a partir do centro, zero a 50 milésimos, com números em cada divisão de
10’’’ e um traço em cada 5’’’. Os primeiros 5’’’ são divididos em 5 partes, cada uma
com 1’’’ (Fig 4.15).

OSTENSIVO - 4-15 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 4.15 - Placa telemétrica

4.9.7 - Pela régua graduada e fio de cinqüenta centímetros


Sua utilização consiste em segurar nos dentes uma ponta de fio de 50 cm e colocar a
régua (presa na outra ponta do fio) perpendicular à visada (Fig 4.16). Visamos a
parte inferior do objeto em questão e lemos a graduação da régua onde passa a linha
de visada. Em seguida, sem mover a régua da posição, repetimos a operação, para a
parte superior do objeto. Chamamos de L1 e L2 essas divisões da régua. Em seguida,
encontramos a distância procurada por um dos dois sistemas abaixo:

Fig 4.16 - Régua graduada


a) Pela semelhança de triângulos

OSTENSIVO - 4-16 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Situado o observador em ZERO e sendo o objeto visado “AB”, temos formado um


dispositivo conforme o da figura abaixo. Assim, temos que os triângulos OAB e
OL1 OL2 são semelhantes e podemos escrever:

Fig 4.17 - Semelhança de Triângulos


OA = D (distância até o objeto)
AB = F (frente)
L1L2 = L (medida da régua)
OL1 = 50 cm (comprimento constante do cordel)
Teremos então:

D F
=
0,5 L

Sendo L conhecido na fórmula acima, temos duas incógnitas: D e F. Conhecida


uma das duas podemos determinar a outra.
b) Pelo Milésimo
Pela definição de milésimo, podemos dizer que o milésimo é o ângulo segundo o
qual 1 mm (1m dividido por 1000) é visto à distância de 1 m (1 km dividido por
1.000). Apenas dividimos todas as medidas por 1.000. Assim, podemos construir
o seguinte triângulo:

OSTENSIVO - 4-17 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 4.18 - Milésimo

Porém, se colocarmos a frente na metade da distância inicial, ela passará a ser


vista sob um ângulo duplo (propriedade dos triângulos). Então, teremos 1 mm
visto a uma distância de 50 cm sob um ângulo de 2’’’. Dessa forma, o problema
da régua graduada com o fio de 50 cm passa a ser resolvido, aplicando a fórmula
do milésimo, sendo que cada um corresponderá a dois milésimos.

OSTENSIVO - 4-18 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

CAPÍTULO 5
PERFIL
5.1 - GENERALIDADES
Perfil é a representação cartográfica de uma seção vertical da superfície terrestre.
Inicialmente precisa-se conhecer as altitudes de um determinado número de pontos e a
distância entre eles. O perfil permite que tenhamos, rapidamente, a visão das elevações
e depressões do terreno. Seu principal emprego é na determinação da visibilidade e da
vulnerabilidade de certos pontos (cobertas e abrigos).
5.2 - CONSTRUÇÃO
A construção do perfil é feita em três etapas:
5.2.1 - Escolha de escala
No traçado do perfil teremos duas escalas: a escala vertical ou de cotas e a escala
horizontal. A escala vertical deverá ser muito maior que a horizontal, do contrário, as
variações ao longo do perfil dificilmente serão perceptíveis. Por outro lado, sendo a
escala vertical muito grande o relevo ficaria demasiadamente exagerado,
descaracterizando-o. A relação entre as escalas horizontal e vertical é conhecida
como exagero vertical. Quando usamos a mesma escala da carta (vertical e
horizontal), dizemos que o perfil está ao natural. No entanto, para obtenção de um
bom traçado do perfil, convém que a escala vertical seja de 5 a 10 vezes maior do
que a horizontal.
Assim, traçando o perfil de parte de um terreno representado em uma carta de escala
de 1:50.000, utilizando para o eixo vertical uma escala de 1:10.000, teremos um
exagero vertical igual a 5.
5.2.2 - Preparação gráfica
O primeiro passo, para o desenho de um perfil é traçar uma linha de corte, na direção
onde se deseja representá-lo. Em seguida, marcam-se todas as interseções das curvas
de nível com a linha básica, as cotas de altitude, os rios, picos e outros pontos
definidos (Fig 5.1).
5.2.3 - Execução
Em um papel milimetrado traça-se uma linha básica e transfere-se com precisão os
sinais para essa linha.
Levantam-se perpendiculares no princípio e no fim dessa linha e determina-se uma
escala vertical.

OSTENSIVO - 5-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Partindo-se da linha básica horizontal são levantadas perpendiculares até linha de


corte, as quais são coincidentes com as curvas de níveis do terreno representado. Em
seguida, os pontos serão unidos com uma linha formando o perfil. Devem ser
evitadas as linhas retas para não descaracterizar a conformação do terreno.
Alguns cuidados devem ser tomados na representação do perfil:
- iniciar e terminar com altitude exata;
- distinguir entre subida e descida quando existir duas curvas de igual valor; e
- desenhar cuidadosamente o contorno dos picos, se achatados ou pontiagudos.

Fig 5.1 - Representação do perfil

OSTENSIVO - 5-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

5.3 - DETERMINAÇÃO DA VISIBILIDADE DE UM PONTO


Para determinarmos, por meio do perfil, se de um certo ponto avistamos outro,
procedemos da seguinte forma:
- Unimos, na carta, os dois pontos por uma reta;
- Levantamos o perfil;
- Ligamos, no traçado do perfil, os dois pontos por uma reta, que será a linha de visada:
 Se essa reta não encontrar obstáculos, o ponto será visível (Fig 5.2).

Fig 5.2 - Visibilidade de um ponto

 Se a reta passar por algum obstáculo, os pontos não se verão entre si (Fig 5.3).

Fig 5.3 - Ponto não visível

5.4 - PARTES VISTAS E OCULTAS


Uma das utilidades importantes das cartas para fins militares é determinar se um ponto,
um itinerário ou uma área são visíveis de um ponto ou posição de dados. Para isso
utilizaremos os seguintes termos:
5.4.1 - Desenfiamento
Quando um ponto é visível a partir de um outro ponto, eles são visíveis entre si. Se
houver um elemento do terreno entre eles, mais alto do que ambos, tal como uma
garupa na elevação, vegetação ou obras feitas pelo homem, dizemos que esses pontos

OSTENSIVO - 5-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

estão desenfiados das vistas. Um elemento do terreno que interfira na visibilidade


entre os pontos é denominado máscara.
A expressão “altura da máscara” significa a altura do elemento do terreno acima da
linha de visada entre os dois pontos. Na Fig 5.4, os pontos B e C são visíveis entre si.
Os pontos B e A são desenfiados das vistas. O ponto “A” não pode ser visto de “B” e
o ponto C é a máscara entre os pontos “B” e “A” e o terreno entre “C” e “A” é
desenfiado em relação a “B”. A “altura da máscara” (M) é a altura do ponto “C”
acima da linha de visada de “B” para a crista topográfica (topo de uma elevação), a
crista militar (a parte mais alta de uma elevação, onde toda encosta pode ser
observada) e o desenfiamento D estão representados na Fig 5.4.

Fig 5.4 - Desenfiamento – Crista Militar

No terreno, localizam-se os pontos da crista militar, descendo a vertente até se


conseguir ver todo o terreno situado na frente considerada. Na carta, determina-se a
sua posição, tomando-se entre as curvas de nível que tenham um afastamento
mínimo, a que estiver marcada com a cota mais elevada e a partir da qual o
afastamento entre as curvas aumenta quando o terreno sobe (Fig 5.4).
5.4.2 - Determinação de visibilidade
a) Por simples inspeção da carta
Na determinação da visibilidade na carta, as seguintes idéias facilitam a tarefa:
- Dois pontos, situados nas encostas opostas de um vale e bem acima do terreno
que os separa, são visíveis entre si;

OSTENSIVO - 5-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

- Dois pontos separados por um elemento do terreno, mais alto que eles, não são
visíveis entre si;
- Dois pontos separados por elemento do terreno, mais alto que um dos pontos,
esses pontos podem ou não ser visíveis entre si;
- Dois pontos situados em uma encosta convexa, em diferentes alturas, não serão
visíveis entre si;
- Dois pontos situados em uma encosta côncava, em diferentes alturas,
provavelmente serão visíveis entre si; e
- Quando o terreno entre dois pontos é plano, a visibilidade recíproca entre eles
depende da vegetação e das obras artificiais.
b) Por meio de perfis
Para se determinar pelo perfil se “B” pode ou não ser visto por “A”, procede-se do
seguinte modo:
- Constrói-se o perfil, tal como está representado na Fig 5.5;

Fig 5.5 - Construção de um perfil

OSTENSIVO - 5-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 5.6 - determinação da visibilidade por meio do perfil

- Na Fig 5.6, traça-se uma linha de “a” até a crista “c”, daí até “h”. A porção de
terreno entre “c” e “h”, inclusive “b”, não é visível de “a”. Na Fig 5.7 essa área
está tracejada; e
- No exemplo anterior, os pontos “a” e “b” estão ao nível do terreno. Para
determinar se um homem em “a”, com os olhos 1,60 m acima do terreno, vê uma
viatura de 2,6 m de altura, situado em “b”, será necessário colocar “a” no perfil
com uma cota de 1131,6 m e “b” com a cota 1102,6 m. O leitor das cartas,
entretanto, raramente leva em consideração o nível dos olhos de um homem em
pé, pois, os observadores, nas operações de combate, observam bem junto ao
solo.
c) Por meio de perfil rápido
Muitas vezes é necessário fazer um perfil rápido, para determinar se um ponto
pode ser observado de uma certa posição (Fig 5.7).

OSTENSIVO - 5-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 5.7 - Determinação da visibilidade por meio de um perfil rápido

A Fig 5.8 representa um perfil rápido. O problema é determinar se o ponto “P”


pode ser visto do ponto “A”. Em um perfil rápido, são colocados somente os
pontos que podem mascarar a linha de visada. Esses pontos são B’, C’, D’, E’ e
F’. Desenha-se A’ e se traça as linhas de visada A’B’ e A’F’. É claro que a junção
de estrada “P” não pode ser vista de “A”, pois ela é mascarada pela crista em F’.
Partes vistas e ocultas: traçam-se os perfis do terreno em várias direções XY, XY1
e XY2 abrangendo o setor cujas partes vistas e ocultas desejam-se conhecer.
Determinam-se séries de pontos a, b, c, ...; al, bl, cl, ...; a2, b2, c2,..., que limitam
as partes vistas e ocultas nas diferentes direções. Unindo, convenientemente, esses
pontos por curvas traçadas ao sentimento, levando em conta a orientação das
linhas do terreno e hachurando as partes ocultas, obtêm-se, como indica a Fig 5.8,
a representação das partes vistas e ocultas.

OSTENSIVO - 5-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 5.8 - Determinação das partes vistas e ocultas

5.5 - CROQUI PANORÂMICO E TOPOGRÁFICO


É o conjunto de detalhes de uma região, representados em uma folha de papel, tendo-se
o cuidado de só serem representados elementos que nos dêem informações úteis para o
que se quer desenvolver na região e, com isto, evitar trabalho desnecessário. Ambos
podem ser feitos: à vista, de memória e utilizando informações.
5.5.1 - À Vista
É feito de um “PO”. Tudo que for representado tem que ser identificado por nomes,
convenções cartográficas e por símbolos militares. Não é necessário que as
representações sejam em forma de escala. Na confecção de um croqui devem ser
colocados todos os detalhes importantes. A orientação do croqui é imprescindível.
5.5.2 - De Memória
É feito quando a situação não permite que o observador estabeleça um “PO”. Ele
ocupa este por pequeno período, memoriza o que viu e, na próxima oportunidade,
confecciona o croqui.

OSTENSIVO - 5-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

5.5.3 - Utilizando Informações


Às vezes, a situação não permite ao observador aproximar-se da região que se deseja
confeccionar o croqui. Assim sendo, ele terá que colher informações da população
local.
Na confecção do croqui, deve-se partir do geral para os detalhes, do mais distante
para o mais próximo. Em primeiro plano, devemos identificar os detalhes mais
importantes e, em seguida, aqueles de menor importância. A principal diferença entre
o CROQUI PANORÂMICO e o TOPOGRÁFICO é que o primeiro apresenta as
medidas horizontais e verticais (mesmo sem escala), e o segundo apenas as medidas
horizontais (Fig 5.9).

Fig 5.9 - Croqui panorâmico e topográfico

OSTENSIVO - 5-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

CAPÍTULO 6
ORIENTAÇÃO EM CAMPANHA
6.1 - DEFINIÇÃO
Orientação é a operação por meio da qual pode ser determinada uma direção base e com
a qual pode ser indicada a posição de qualquer ponto no terreno.
6.2 - ORIENTAÇÃO DE UMA RETA
Orientar uma reta é determinar o ângulo que essa reta faz com uma direção base tomada
como referência. Para se determinar a direção de um ponto no terreno, basta indicar a
direção da reta que passa por esse ponto e pelo ponto em que nos encontramos.
6.3 - DIREÇÕES-BASE
As direções-base, tomadas como referências para a orientação em campanha, são três: Norte
Verdadeiro ou Geográfico (NV ou NG); Norte Magnético (NM) e Norte da Carta ou da
Quadrícula (NQ)
6.3.1 - Norte Verdadeiro ou Geográfico (NV ou NG)
É a direção que passa pelo pólo Norte da Terra, ou seja, pelo ponto de latitude 90º.
6.3.2 - Norte Magnético (NM)
É a direção que passa pelo Pólo Magnético da Terra, ou seja, pelo ponto para o qual
são atraídas todas as agulhas imantadas. Este ponto fica localizado,
aproximadamente, na Ilha Príncipe de Gales, no Canadá.
6.3.3 - Norte da Carta ou da Quadrícula (NQ)
É a direção das linhas verticais da quadrícula da carta. O Norte da Carta ou da
quadrícula é um ponto fictício.
6.4 - DIAGRAMA DE ORIENTAÇÃO
6.4.1 - Definição
É a representação gráfica das direções dos três Nortes. É de grande utilidade, pois
vem gravado na margem das cartas militares facilitando, grandemente, o trabalho
gráfico. Além disso, esse diagrama facilita muito a transformação de azimutes.
6.4.2 - Representação
A Fig 6.1 representa as várias posições que os “Nortes” podem tomar. Tal figura
apresenta o Diagrama de Orientação.

OSTENSIVO - 6-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 6.1 - Diagrama de Orientação

a) Declinação magnética (DM)


Como vimos, o Norte Magnético e o Norte Verdadeiro estão ligeiramente
afastados. O ângulo formado pelas direções desses Nortes é chamado de
Declinação Magnética. Assim podemos definir: Declinação Magnética é o
ângulo formado entre as direções de “NV” e “NM”, contado a partir do “NV”.
A Declinação Magnética pode ser Leste ou Oeste, conforme o “NM” esteja a
Leste ou a Oeste do “NV”.
A Declinação Magnética (DM) varia de lugar para lugar e, em um mesmo lugar,
varia, também, com o tempo. Por exemplo: a “DM” do Rio de Janeiro cresce 6’
30” ( 6 minutos e trinta segundos), anualmente.
b) Convergência de meridianos (‫)ﻻ‬
Convergência de meridianos (‫ )ﻻ‬ou simplesmente convergência é a diferença em
direção, entre o NV e o NQ. Ela é variável para cada carta. Na realidade, ela
varia nos diferentes pontos de uma carta, mas nas cartas táticas é considerada
fixa, sem risco de erro apreciável.
Os meridianos verdadeiros não coincidem com os meridianos do quadriculado,
pois são linhas curvas, enquanto que esses são linhas retas (Fig 6.2). A
convergência, de acordo com a posição do NQ, poderá ser Leste ou Oeste. As
cartas militares apresentam, sob forma de diagrama, a convergência média das
quadrículas para as respectivas áreas representadas.

OSTENSIVO - 6-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 6.2 - Convergência de Meridianos

6.5 - AZIMUTES (Az)


Azimute de um ponto é o ângulo horizontal formado por uma direção base e a direção
considerada, contado a partir da direção base, no sentido horário. Dessa forma, vemos
que, de acordo com a direção base escolhida, existem três tipos de azimutes:
6.5.1 - Azimute Verdadeiro (AzV)
O Azimute Verdadeiro de uma direção é o ângulo horizontal medido no sentido
horário, partindo da direção do Norte Verdadeiro até a direção dada.
6.5.2 - Azimute Magnético (AzM)
O Azimute Magnético de uma direção é o ângulo horizontal medido no sentido
horário, partindo da direção do Norte Magnético até a direção dada.
6.5.3 - Azimute da Quadrícula ou Lançamento (L)
O Lançamento de uma direção é o ângulo horizontal medido no sentido horário,
partindo da direção do Norte da Quadrícula até a direção dada. Pela Fig 6.3, vemos os
três tipos de azimutes da direção CRUZAMENTO-CAPELA, “AzV”, “AzM”, e “L”.

OSTENSIVO - 6-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 6.3 – AzV; AzM; e L

6.6 - CONTRA-AZIMUTE
6.6.1 - Definição
O Contra-Azimute de uma direção é, simplesmente, o azimute da direção no sentido
contrário (oposto).
6.6.2 - Cálculo
Para se calcular o Contra-Azimute basta somar (+) 180º ao Az. Se o Az excede 180º
o Contra-Azimute será o Az menos (-) 180º.
6.7 - PROCESSOS DE ORIENTAÇÃO
Para o processo de orientação o principal método é o da utilização da bússola. Quando
não dispusermos desse recurso, poderemos nos orientar por vários processos expeditos,
tais como: pelo sol, pela lua, por detalhes do terreno, pela direção do vento, etc.
6.7.1 - Bússola
a) Definição
A bússola é um instrumento destinado a medir ângulos horizontais e para
orientação da carta.
b) Princípio de Funcionamento
A Bússola é um goniômetro no qual a origem de suas medidas é determinada por
uma agulha imantada que indica, por princípio da física terrestre, uma direção
aproximadamente constante. Chamamos essa direção de Norte Magnético.
Comumente uma bússola compõe-se de uma caixa de madeira ou metal em cujo

OSTENSIVO - 6-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

interior existe um limbo graduado. Quando as bússolas possuem a agulha


independente do limbo, isto é, o limbo se movimenta quando giramos o
aparelho, são chamadas de limbo móvel. As que apresentam a agulha solidária
ao limbo (sofrendo este as conseqüências da imantação da agulha) são chamadas
de limbo fixo.
6.7.2 - Tipos de bússolas
a) Conforme a Graduação do limbo
Os limbos podem ser graduados no sentido dos ponteiros do relógio, recebendo a
denominação NESW ou NESO (Fig 6.4A).
Os limbos também podem ser graduados no sentido contrário ao dos ponteiros
do relógio, recebendo a denominação NWSE ou NOSE (Fig 6.4B).

Fig 6.4 - Graduação do limbo

b) Conforme a colocação do limbo


- Bússola de limbo fixo à caixa, quando o limbo é cravado no fundo da caixa; e
- Bússola de limbo fixo à agulha. Quando o limbo é preso à agulha, formando
um conjunto único. É preciso observar esse ponto para a leitura de um AzM,
pois cada tipo de bússola fornece um ângulo diferente, conforme abaixo
apresentado:
I) Bússola de limbo fixo à caixa
NESW – dá o replemento do AzM; e
NWSE – dá diretamente o AzM.
II) Bússola de limbo fixo à agulha
NESW – dá diretamente o AzM; e

OSTENSIVO - 6-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

NWSE – dá o replemento do AzM.


Observações: replemento de um ângulo é o valor que falta para 360º.
6.7.3 - Precauções ao utilizar a bússola
Ao utilizarmos a bússola, devemos tomar as seguintes precauções:
- verificar o tipo de bússola;
- aferir a bússola, verificando;
 Centragem. Verificar-se a centragem, lendo as graduações na ponta Norte e Sul
da agulha. Se a diferença entre as leituras for 180º, ela estará centrada.
 Sensibilidade. Aproxima-se um objeto imantado da agulha e ela deverá mover-
se. Ao retirarmos o objeto, a agulha, após rápidas oscilações, deverá retornar à
antiga posição.
 Equilíbrio. Com a bússola na posição horizontal, a agulha se mantém nessa
posição. Caso uma ponta esteja mais baixa que a outra, esta deve receber um
contrapeso, como um pingo de cera.
- afastar-se de campos magnéticos e objetos metálicos tais como: fios de alta tensão,
capacete de aço, fuzil, pontes metálicas, peças de artilharia, estradas de ferro, etc.
6.7.4 - Cuidados com a bússola
Apesar de ser um instrumento de certa rusticidade, a bússola requer certos cuidados
para que possa fornecer os dados corretos para uma perfeita orientação.
- guardar a bússola em local seco;
- não friccionar a tampa;
- não dar choques violentos;
- prender a agulha quando fora de uso;
- limpar as partes externas; e
- nunca desmontá-la.
6.7.5 - Bússola Silva Tipo 15 de espelho visor
É uma bússola simples, de alguma rusticidade e fácil manejo. Suas partes
componentes são mostradas na Fig 6.5.

OSTENSIVO - 6-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 6.5 - Bússola Silva

Pela parte inferior da base transparente, temos uma graduação do limbo em


milésimos e um pequeno índice que permite a leitura de Az em milésimos. Esse
limbo é graduado de 50 milésimos.
a) Medida de um AzM
Para medimos um AzM com a bússola Silva, procedemos da seguinte maneira:
- Seguramos a bússola com espelho aberto e inclinado cerca de 50º sobre a
bússola. Visamos, ao mesmo tempo, o objetivo e o espelho;
- A visada do objetivo é feita, colocando-o no entalhe da mira;
- Antes de determinarmos o AzM, devemos horizontalizar a bússola. Para tal,
pelo espelho fazemos com que a imagem do ponto central fique sobre a linha
de centragem do espelho;
- Sem mover a mão e olhando pelo espelho, giramos a caixa giratória, até que a
seta da direção S-N (não a agulha) fique sob a agulha, coincidindo a ponta
vermelha com o “N” da seta; e

OSTENSIVO - 6-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

- Podemos então mover toda a bússola, porque o AzM já está registrado e o


lemos no índice.
b) Medida de um Contra-Azimute
Para medirmos um contra-azimute, procedemos como para a medida de AzM,
fazendo somente a coincidência da seta S-N invertida. Assim, para obtermos o
contra AzM, a letra deverá ficar sob a ponta branca da agulha magnética.
c) Determinação da direção de um AzM
- Registramos no índice o valor da AzM (girando a caixa giratória).
- Giramos a bússola até que a seta da direção S-N fique sob a agulha.
- Sem mover a bússola, teremos a direção desejada no prolongamento da linha
de centragem.
d) Medida de um AzM na Carta
- Coloque a bússola aberta sobre a carta, de tal forma que a borda graduada fique
sobre a linha que une o ponto estação ao ponto cujo AzM se deseja medir;
- O espelho da bússola deverá ficar na direção do ponto cujo AZ que se deseja;
- Com a bússola fixa à carta, giramos a caixa giratória até que os dois índices de
meridianos da caixa de mesmo número fiquem sobre um meridiano da carta;
- Nesta posição, a seta de direção S-N indicará o Norte da Carta, e o índice de
azimutes registrará o lançamento da direção desejada; e
- Para determinarmos o AzM, entramos com o valor da DM e δ, conforme já
citado.
6.8 - PROCESSOS EXPEDITOS
Quando não dispusermos de uma bússola, poderemos determinar a direção do Norte por
um dos processos abaixo:
6.8.1 - Pelo Sol
Sabemos que o Sol nasce a Leste, se põe a Oeste e, ao meio dia, determina o Norte,
aproximadamente.
6.8.2 - Pelo Sol e o Relógio
Colocamos o nº. 12 do relógio voltado para o Sol. A bissetriz do ângulo formado
pelo nº. 12 do relógio e pelo ponteiro das horas será a direção Norte (Fig 6.6).

OSTENSIVO - 6-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 6.6 - Orientação pelo relógio

6.8.3 - Pela Lua


A lua segue, de uma forma geral, o movimento do Sol. De acordo com os quartos da
lua, podemos ter a direção do Norte.
6.8.4 - Pelas Estrelas (Constelação do Cruzeiro do Sul)
Prolonga-se a haste maior da cruz de 4,5 vezes o seu tamanho, a partir do pé da cruz.
Desse ponto, baixa-se uma perpenticular que indicará o Sul, estando o Norte na
direção oposta.

Fig 6.7 - Orientação pelas estrelas

OSTENSIVO - 6-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

6.8.5 - Pelas Tocas de Animais


Geralmente, as tocas de animais têm a boca voltada para o norte.
6.8.6 - Pelos Ventos Dominantes na Região
Outro processo é o dos ventos regionais dominantes que normalmente sopram na
mesma direção e com isso possibilitam a orientação. O minuano é um vento muito
conhecido no Sul do Brasil. Sopra de oeste-sudoeste para este-nordeste.
6.8.7 - Pelo Limo
O limo cresce mais do lado Sul, visto esse lado recebe menos Sol, podemos
encontrá-lo nos muros, árvores, pedras, etc.
6.9 - DETERMINAÇÃO DE UM AZIMUTE NO TERRENO
No terreno, o “Az” determinado é sempre o “AzM”, e é determinado com a bússola da
forma como já apresentado.
6.9.1 - Transformação de AzM em Lançamento e vice-versa
Normalmente teremos necessidade de transformar AzM em Lançamento e vice-
versa. Para tal, o método mais fácil é o gráfico, ou seja, pelo traçado do esboço do
diagrama de orientação. Fazemos o esboço (Fig 6.8) e verificamos que o AzM é o
ângulo entre o NM e OB e que o lançamento é o ângulo NQ e OB. Pelo gráfico,
verificamos que:
NMôB = NQôB + NQôNV + NMôNV, ou AzM = L + δ + DM, ou ainda L = AzM –
δ – DM

Fig 6.8 - Esboço

OSTENSIVO - 6-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

6.9.2 - Medida de um azimute na carta


Na carta, o azimute medido é sempre o LANÇAMENTO.
- Achar o lançamento da linha que liga o cruzamento de estradas em “A” com a casa
em “B” na Fig 6.9.
- Prolonga-se a linha AB, até interceptar uma linha vertical da quadrícula da carta.
- Aplica-se o transferidor sobre a carta, com o centro nessa interseção e o zero sobre
a parte superior da vertical da quadrícula em questão.
- Lê-se o lançamento.
Se quisermos agora achar o “AzM” da linha que liga o cruzamento de estradas em
“C” com a casa em “D” (Fig 6.10).

Fig 6.9 - Azimute na Carta

OSTENSIVO - 6-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 6.10 - Azimute na Carta

- Aplica-se o transferidor na carta, com seu centro na interseção da linha CD com a


linha vertical 302, ficando o zero sobre essa vertical.
- Prolonga-se a linha CD até encontrar o arco do transferidor.
- Visto que o Az da direção é maior que 180º, usa-se graduação 180º a 360º.
Para determinarmos o “AzM”, entramos com os valores do diagrama de orientação e
procedemos como já apresentado.
6.9.3 - Transporte de um azimute para o terreno
Para transportar um Az para o terreno, deve-se, inicialmente, ter esse azimute em
“AzM”, pois, como já vimos, no terreno usamos só AzM.
Tendo esse “AzM”, tomamos a bússola em posição de visada e a giramos até que ela
registre o “AzM” dado. Nessa posição, fazemos a visada, procurando balizá-la no
terreno, amarrando-a por pontos nítidos.

OSTENSIVO - 6-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 6.11 - Transporte de um azimute para o terreno

6.10 - ATUALIZAÇÃO DA CARTA


Antes da utilização de uma carta em campanha, esta deverá ser atualizada, posto que
existe uma variação anual da declinação magnética, que como visto é materializada
pelo ângulo formado entre as direções do Norte Verdadeiro e Norte Magnético,
contado a partir do Norte Verdadeiro. A não atualização da carta levará a ocorrência
de erros nos azimutes.
Assim sendo, para atualização é necessário observar algumas das informações
marginais, tais como o ano de confecção, a declinação magnética e sua variação anual.
Exemplos de atualização:
Exemplo nº 1.
Dados:
- Ano de confecção da carta ................ 1978
- Ano atual ........................................... 2009
- Declinação Magnética (DM) ............ 18º 52’
- Crescimento anual da DM ................ 8’
Solução:
- 2009 - 1978 = 31 anos
- 31 x 8 = 248’
- 248 ÷ 60 = 4º 8’
- 4º 8’ + 18º 52’ = 22º 60’ = 23º
Resultado:
- Declinação Magnética em 2009: 23º

OSTENSIVO - 6-13 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Exemplo nº 2.
Dados:
- Ano de confecção da carta ................ 1981
- Ano atual ........................................... 2009
- Declinação Magnética (DM) ............ 18º 20’
- Crescimento anual da DM ................ 8’3
Solução:
- 2009 - 1981 = 28 anos
- Para obter o resultado usando o crescimento anual da DM, neste caso,
devemos calcular separadamente 8’ e 3/10 de minuto
 8 x 28 = 224’
224 ÷ 60 = 3º 44’
 3/10 x 60 = 18”
18 x 28 = 404”
404 ÷ 60 = 6’ 44”
 3º 44’ + 6’ 44” = 3º 50’ 44”
 18º 20’ + 3º 50’ 44” = 22º 10’ 44”
Resultado:
- Declinação Magnética em 2009: 22º 10’ 44”

6.11 - ORIENTAÇÃO DA CARTA


No terreno, antes de utilizarmos a carta, esta deverá estar em uma posição tal que as
direções da carta coincidam com as correspondentes do terreno. Essa operação se
chama “orientar a carta”.
6.11.1 - Definição
Orientar a carta é colocá-la em uma posição tal que a direção entre seus detalhes
coincida com as correspondentes no terreno.
6.11.2 - Processos
Há dois processos para se orientar a carta: com auxílio da bússola e por meio dos
detalhes do terreno.
a) Orientação da carta com a bússola
Para orientarmos a carta com a bússola, procedemos da seguinte maneira:
- Traçamos, na carta, a direção do NM;

OSTENSIVO - 6-14 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

- Colocamos a carta sobre uma superfície plana;


- Colocamos a bússola sobre a carta, de maneira que a linha de visada coincida
com a direção NM; e
- Gira-se o conjunto (carta-bússola) até que a agulha da bússola coincida com
a linha de visada, coincidindo, portanto, com a direção NM.
Obs.: a direção do NM deve ser traçada do ponto “p” (Ponto de Rotação)
encontrado, geralmente, na parte inferior das cartas, para escala de declinação
localizada na parte superior das cartas. Caso não haja o ponto de rotação, a
direção do “NM” poderá ser traçada no centro da folha.
b) Orientação da carta pelos detalhes do terreno
Para tal, procuramos identificar no terreno, pelo menos, dois pontos que
tenham representação na carta. Feito isso, colocamos a carta em tal posição,
que esses pontos tenham as mesmas direções, tanto na carta como no terreno.
Deste modo, teremos a carta orientada.
6.12 - GIRO DO HORIZONTE
O giro do horizonte é a identificação, pela carta, dos diversos pontos do terreno feita
até a linha do horizonte. Para executar o giro do horizonte, deve-se ocupar uma
posição que tenha comandamento sobre a região a ser identificada. De início, deve-se
determinar o ponto estação (ponto onde está localizado o observador) por um dos
processos anteriormente indicados e orientar a carta. Orientada a carta e locado o
ponto ocupado, realiza-se uma inspeção sumária, pelos acidentes circunvizinhos mais
notáveis, identificando-os com a carta, para se ter certeza que a orientação está correta.
O horizonte a ser identificado deve ser dividido em setores e, dentro de cada setor,
inicia-se a identificação, do próximo para o mais afastado e da esquerda para a direita.
Obedecendo a este critério de execução, todos os acidentes serão observados e
identificados, ressaltando-se, separadamente, os aspectos altimétricos e planimétricos.
6.13 - EQUIPE DE NAVEGAÇÃO
A Equipe de Navegação é destinada a direcionar uma tropa em um itinerário, seguindo
direções pré-determinadas. Possui elementos capacitados para trabalhar com bússola e
com carta, para medir distâncias, empregando o passo duplo e se deslocando à frente
para escolher pontos de referência. Com isto, o deslocamento da tropa é feito até
chegar ao seu destino.
A Equipe de Navegação, normalmente, é composta de quatro funções, a saber:

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OSTENSIVO CGCFN-301

homem-bússola, homem-carta, homem-passo e homem-ponto, podendo variar a


quantidade de homens em cada uma destas funções, de acordo com o itinerário a ser
seguido pela tropa.
6.13.1 - Homem-Bússola
Será o portador da bússola. Desloca-se à retaguarda do homem-ponto. Deverá
manter a bússola amarrada ao corpo para não perdê-la. Quando não estiver sendo
utilizada, deverá estar fechada. Deverá utilizar um bastão, não somente para
auxiliá-lo nos deslocamentos, mas, principalmente, para apoiar a bússola ao tirar o
azimute.
6.13.2 - Homem-Carta
Conduzirá a carta e identificará os pontos de referência. Sempre que possível, o
homem-carta, também, contará os passos duplos.
6.13.3 - Homem-Passo
Desloca-se após o homem-bússola, com a missão de contar os passos percorridos e
transformá-los em metros. Para desempenhar esta função, deverá ter passo aferido
e acrescido de 1/3 sobre a contagem obtida. Essa margem de segurança (1/3)
compensará os erros provenientes de incidentes comuns nos deslocamentos através
das selvas, como quedas, desequilíbrios, passagem sobre troncos, pequenos
desvios, terrenos alagados e uma série de outros obstáculos.
6.13.4 - Homem-Ponto
Elemento lançado à frente para servir de ponto de referência, para que o homem-
bússola tenha condições de marcar a direção que a tropa deverá seguir. Portará um
facão para abrir picada, assim facilitando o seu deslocamento e,
conseqüentemente, o da tropa.

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OSTENSIVO CGCFN-301

CAPITULO 7
LOCALIZAÇÃO DE PONTOS NO TERRENO E NA CARTA
7.1 - LOCALIZAÇÃO DO PONTO DE ESTAÇÃO POR DUAS VISADAS
Muitas vezes teremos que determinar o nosso ponto de estação (o ponto do terreno em
que estamos) na carta, para enviá-lo para a retaguarda, ou, simplesmente, para nossa
orientação.
7.1.1 - Localização com a Bússola
Supondo-se que os homens posicionados no observatório (Fig 7.1A) necessitem
determinar a localização de sua própria posição na carta constante da Fig 7.lB. Para
tal fariam leituras da bússola do observatório para a bifurcação de estradas 171
(332°) e para o cruzamento 162 (46°), que podem ser identificados no terreno e
locados na carta.

Fig 7.1 - Localização do ponto de estação

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OSTENSIVO CGCFN-301

As leituras da bússola devem ser convertidas em um contra-azimute e, depois, em


lançamento. O “AzM” da direção observatório-bifurcação 171 é 332º e o contra-
azimute é 152º. Utilizando o diagrama de orientação encontramos, para lançamento
143º. Repete esses procedimentos para a direção observatório–cruzamento 162.
Traçamos essas direções na carta, e a interseção delas determina a localização do
observatório.
7.1.2 - Processo Gráfico
Consiste em cravar alfinetes na carta sobre os pontos 162 e 171. Orientar e nivelar a
carta, colocando-se a alidade contra o alfinete em 162, visando, segundo ela, o
cruzamento das estradas traçando, na carta, essa direção. Sem deslocar a carta,
repete-se a operação no ponto 171. A posição do operador estará onde se der a
interseção das direções traçadas na carta (Fig 7.2).

Fig 7.2 - Processo gráfico

7.1.3 - Pelo Papel Transparente


Escolhem-se três objetivos. Distantes, representados na carta, como por exemplo, a
igreja, a escola e a bifurcação de estradas (Fig 7.3). Esses pontos devem ser locados
de tal modo, que as direções traçadas entre eles e a posição por nós ocupada façam
ângulos superiores a 30° e inferiores a 150°. Um alfinete é fixado no papel
transparente em uma suposta posição do observador. Coloca-se uma alidade contra o
alfinete, visando cada um dos objetivos escolhidos, girando a alidade sem mover o
papel transparente, traça-se uma linha na direção de cada ponto visado, até ao
alfinete.
Coloca-se o papel transparente sobre a carta e gira-se o papel até que cada direção
traçada passe pelo ponto visado. Feitas essas coincidências, o furo do papel
transparente indicará a posição ocupada pelo operador.

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OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 7.3 - Utilização de papel transparente

7.2 - LOCALIZAÇÃO DO PONTO DE ESTAÇÃO POR UMA VISADA E UMA


DISTÂNCIA
Quando só podemos localizar no terreno um ponto, devemos proceder da seguinte
forma:
- medir o AzM do ponto escolhido e procedemos como no inciso 7.1.1 para transformá-
lo em lançamento à ré.
- medir ou avaliar a diferença entre o ponto escolhido e o nosso ponto de estação, por
qualquer processo estudado; na Fig 7.4A a distância é l.500 m.
- Reduzir essa distância para a escala da carta, marcar, a partir do ponto considerado, a
direção do lançamento à ré, como na Fig 7.4B. Fica assim, determinado o ponto
estação por uma visada e uma distância.

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Fig 7.4 - Localização do ponto de estação

7.3 - TRANSPORTE DE UM PONTO DO TERRENO PARA A CARTA


Seja localizar, na carta, uma posição inimiga:
7.3.1 - Por uma visada uma distância
- Do ponto mais próximo que conseguirmos chegar, verificamos o AzM e a
distância que nos separa do inimigo;
- Na carta, localizamos o nosso ponto estação; e
- Traçamos a direção do AzM medido e marcamos a distância correspondente. No
final dessa distância, teremos a posição inimiga.
7.3.2 - Por duas visadas
Se não podemos avaliar nem medir as distâncias até o inimigo, assim procedemos:
- Visamos, de pontos diferentes, o inimigo, tomando os respectivos AzM;
- Localizamos, na carta, os dois pontos de onde tomamos AzM; e
- Traçamos, por esses pontos, as direções correspondentes ao AzM medidos. Na
intercessão das linhas, teremos o ponto desejado.

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OSTENSIVO CGCFN-301

CAPÍTULO 8
FOTOGRAFIAS AÉREAS
8.1 - INTRODUÇÃO
Definindo de maneira bastante simples, a fotografia aérea é um retrato do terreno. É a
fotografia de uma porção da superfície da Terra tirada do alto. A invenção do balão
dirigível possibilitou as primeiras tentativas para obtenção das fotografias aéreas.
Posteriormente, o advento do avião e o início da 1ª Guerra Mundial conferiram grande
impulso na utilização militar das fotografias aéreas. No pós-guerra, no entanto, a
fotografia aérea teve seu uso relegado a um plano secundário.
Quando da eclosão da 2ª Guerra Mundial, nenhum país estava efetivamente preparado
nesse campo, levando ao início de uma verdadeira “corrida” para o aperfeiçoamento da
arte da fotográfia aérea. A colocação de todos os recursos óticos e aeronáuticos à
serviço da guerra, possibilitou um grande impulso no tocante à fotografia aérea. Foram
criadas escolas de foto-intérpretes e unidades de fotografia. A partir de então seu uso
tornou-se consagrado.
8.2 - IMPORTÂNCIA DA FOTOGRAFIA AÉREA
A importância da fotografia aérea na 1ª Guerra Mundial decorreu da grande facilidade e
rapidez de sua obtenção e do seu emprego geral e variado.
8.2.1 - Facilidade e Rapidez
Os aperfeiçoamentos obtidos permitiram que se fotografasse, praticamente, qualquer
local, visto que os aviões poderiam voar a mais de 5.000 m de altitude e de 15 a 20
km para o interior da frente inimiga, sem serem atingidos.
Aliado ao acima citado, a rapidez de obtenção e distribuição das fotografias aéreas
passou a permitir, por exemplo, que grandes unidades em contato com o inimigo
pudesse receber de 400 a 500 fotografias, pouco mais de duas horas após a missão
aerofotogramétrica.
8.2.2 - Emprego Geral e Variado
O uso da fotografia aérea possibilita:
- A confecção e atualização de cartas topográficas, conferindo grande auxílio, quer
nos conflitos ou na paz, possibilitando o levantamento de um terreno em tempo
relativamente curto;
- Ser utilizada em substituição às cartas, quando da impossibilidade de confecção
destas, fornecendo riqueza de detalhes superiores a elas;

OSTENSIVO - 8-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

- a obtenção de informações. A título de notícia, mais de 80% das informações


obtidas na 2ª Guerra Mundial foram oriundas de fotografias aéreas;
- Contra-Informação: Fotografias da região enfocando nossas tropas são excelentes
para verificar a eficiência do disfarce de nossas posições; e
Embora extremamente importante, o uso de fotografias aéreas para a obtenção de
informações não deve servir de pretexto para que outros meios (patrulhas,
interrogatórios, observação terrestre, etc) sejam relegados a segundo plano. Tais
fontes são complementares.
8.3 - CLASSIFICAÇÃO DAS FOTOGRAFIAS
Quanto à inclinação do eixo ótico, a fotografia aérea pode ser: Vertical; Oblíqua e
Composta.
8.3.1 - Vertical
Quando o eixo ótico é colocado na vertical, perpendicular ao solo fotografado.
Tolera-se uma inclinação de até +/- 3º.
8.3.2 - Oblíqua
Quando o eixo ótico é colocado inclinado em relação ao solo. Pode ser:
a) Oblíqua Alta
Possui o eixo ótico inclinado de aproximadamente 30º com a linha do horizonte.
Sempre deverá mostrar um pedaço do céu.
b) Oblíqua Baixa
Possui o eixo ótico inclinado de aproximadamente 45º com a linha do horizonte.
Não permite visada para o céu.
8.3.3 - Compostas
Aquelas que empregam fotografias vertical e oblíqua, alternadamente, sobre uma
mesma faixa do terreno.

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Fig 8.1 - Fotografias Aéreas

8.4 - RECOBRIMENTO FOTOGRÁFICO


É uma sucessão de fotos aéreas verticais, ao longo de uma direção, tiradas a intervalos
constantes, de forma que uma foto contenha 60% da área das fotos adjacentes (anterior
e posterior a ela). Quando uma única faixa de recobrimento não é suficiente para cobrir
toda a área desejada, são tiradas faixas paralelas àquela. Neste caso, também deverá
haver um recobrimento das faixas laterais, da ordem de 30%. Assim serão feitas tantas
faixas quantas forem necessárias.
8.5 - MOSAICOS
A reunião das fotografias, na mesma seqüência em que foram tiradas, mostrando uma
imagem contínua do terreno, recebe o nome de mosaico.
8.5.1 - Mosaico Controlado
Obtido pela reunião das fotografias verticais, de modo que os pontos tenham, entre
si, sempre, as distâncias corretas. O mosaico controlado pode ser utilizado para o tiro
de armas de apoio, inclusive da artilharia.
8.5.2 - Mosaico não controlado
Obtido pela reunião de fotografias, sem precisão da escala ou coincidência exata.
Não pode ser empregado para o tiro de armas de apoio.
8.6 - FOTO-CARTAS
A foto-carta é a reprodução de um mosaico controlado, na qual se coloca uma
quadrícula (como será visto posteriormente) um diagrama de orientação, inscrições
marginais comuns nas cartas topográficas, os nomes e marcações dos pontos
importantes do terreno.

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OSTENSIVO CGCFN-301

8.7 - VANTAGENS E DESVANTAGENS


8.7.1 - Da Fotografia Oblíqua em Relação à vertical
- A fotografia vertical mostra-nos o terreno visto de cima, situação essa a que não
estamos acostumados, mas que nos fornece a possibilidade de ter uma visão de sua
conformação e das distâncias relativas, como se fosse uma carta mais complexa;
- A fotografia oblíqua dá uma visão mais aproximada daquela que estamos
acostumados a ver. O terreno é visto mais próximo, permitindo determinar as
alturas e formas dos acidentes, sendo os objetos de mais fácil reconhecimento. Só
não se dispõe das distâncias relativas, devido à distorção de escala; e
- Dessa forma, verifica-se que o ideal é termos as duas fotografias. Isso foi resolvido
pelo sistema Timetrogon, no qual são tiradas fotografias simultâneas do mesmo
objeto usando-se fotografias oblíqua alta e oblíqua baixa.
8.7.2 - Da Fotografia em Relação à Carta
Em relação às cartas, as fotografias apresentam as seguintes vantagens:
- Maior riqueza de detalhes;
- Maior rapidez de reprodução e facilidade de obtenção;
- Mostram o terreno como ele realmente é; e
- Mostram as atividades militares, inimigas ou amigas.
Em relação às fotografias, as cartas apresentam as seguintes vantagens:
- Têm os acidentes importantes ressaltados;
- Têm uma escala constante e exata;
- Mostram o relevo com grande facilidade; e
- Trazem abundantes informações marginais.
8.8 - ELEMENTOS BÁSICOS PARA A LEITURA
Para se fazer a leitura de uma fotografia aérea, devem ser levados, sempre, em
consideração cinco elementos sem os quais, dificilmente, poderemos identificar
qualquer objeto. São eles: sombra, forma, tamanho, tonalidade e adjacências.
8.8.1 - Sombra
Na leitura de uma fotografia aérea em preto e branco, a sombra é de importância
vital. Mesmo que seu relevo seja de dificíl identificação, a sombra, projetada pela
maioria dos objetos, permitirá o conhecimento de sua forma e de sua altura.
8.8.2 - Forma
É uma das características que podem identificar um objeto. Por exemplo: uma

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OSTENSIVO CGCFN-301

estrada de ferro difere de uma de rodagem pela forma das curvas, que, naquela é
suave, pelas junções e cruzamentos. Os rios são sinuosos e de largura variável,
enquanto que os canais são retos e de largura constante.
8.8.3 - Tamanho
Há objetos que têm formas semelhantes, embora sejam diferentes. Como por
exemplo: o calibre das peças de artilharia pode ser determinado pelo tamanho de suas
plataformas.
8.8.4 - Tonalidade
A coloração varia do branco ao preto, passando pelas várias tonalidades do cinza.
Essa cor é devida à quantidade de luz refletida pelo objeto.
- Uma superfície lisa reflete mais luz do que uma superfície rugosa, parecendo mais
clara do que é vista na fotografia;
- A tonalidade permite identificar elevações, pois a parte batida pelo sol aparece mais
clara que a outra; e
- A inclinação do terreno, também, é determinada pela tonalidade, pois quanto mais
inclinado for o terreno, menos luz ele reflete, aparecendo mais escuro.
8.8.5 - Adjacências
Muitas vezes, um objeto só será identificado se o relacionarmos com os objetos à sua
volta. Assim, uma estrada de ferro pode ser identificada pelas estações, desvios,
caixas d’água, túneis, etc. Uma bateria de artilharia é identificada pelos rastros feitos
pelos obuses e pela atividade de seu pessoal.
8.9 - PREPARO DE UMA FOTOGRAFIA PARA LEITURA
Ao lermos uma fotografia aérea, devemos sempre fazer com que fique numa posição tal
que suas sombras estejam voltadas para nós, para aproveitarmos o efeito de relevo que a
sombra nos dá. Se colocarmos as sombras afastando-se de nós, teremos uma visão
contrária, de maneira que as elevações parecerão depressões e vice-versa.
8.10 - INFORMAÇÕES MARGINAIS
Informações Marginais são elementos indispensáveis para o estudo de uma fotografia.
São elas: índices de colimação, seta de direção de vôo e inscrições marginais.
8.10.1 - Índices de colimação
Índices de colimação também chamados de marcas fiduciais são marcas impressas
no meio dos lados das fotografias, marcas estas existentes na objetiva das máquinas
utilizadas na fotografia aérea. O cruzamento das retas horizontal e vertical que

OSTENSIVO - 8-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

interligam, respectivamente, os índices de colimação define o ponto da fotografia


denominado PONTO PRINCIPAL (Fig 8.2).
O ponto principal é o ponto da fotografia que ficou sobre o EIXO ÓTICO DA
MÁQUINA. Nesse ponto, em suas proximidades, não há distorção nem variação de
escala.

Fig 8.2 - Índice de Colimação

8.10.2 - Seta de direção de vôo


É uma pequena seta que indica a direção em que voava a aeronave, no momento em
que foi tirada a fotografia.
8.10.3 - Inscrições marginais
São as principais informações de uma fotografia.
a)Fotografia Brasileira
CTQ-52 A 3-2:11:1:V-25:1:0830-300:3000-2140S4320W 2200S4320W-UBÁ-
MG-CONFIDENCIAL

Unidade que executou a missão CTQ

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OSTENSIVO CGCFN-301

Decênio – Nº da missão 52 A 3
Nº do rolo do filme – Nº da faixa
2:11:1:V
Nº da foto na faixa – Tipo da foto
Dia – Mês – Hora 25:1:0830
Distância focal (mm) – Altura de vôo (m) 300:3000
Coordenadas geográficas dos pontos principais da primeira 2140S4320W
e última foto da faixa 2200S4320W
Região abrangida pela foto UBÁ-MG
Classificação do documento CONFIDENCIAL

b)Fotografia Americana (EEUU)


(12PR) (8M106) (2-S) (4:22:0845) (24:20.000) (O) (RIO) (SECRET)
12 - Unidade que executou a missão (12º Photo-Recon);
8M106 - Ùltimo algarismo do ano (8) – Missão nº (106);
2-S - Nº do rolo do filme (2) – Câmera da direita (S) (Se a câmera fosse a
da esquerda, escreveríamos (P);
4:22:0845- Mês (4-abril) – Dia (22) – Hora (0845);
24:20.000 - Distância focal em polegadas (24´´) – Altura de vôo em pés
(20.000);
(O) - Tipo de fotografia (oblíqua) (se fosse vertcal seria (V));
Rio - Local fotografado (RIO); e
SECRET - Classificação da fotografia (Secreto).
8.11 - VISÃO ESTEREOSCÓPICA
A sensação de profundidade que temos ao olhar um objeto, que nos permite dizer que
um objeto está mais próximo que outro, é devido ao fato de termos dois olhos e
estarem eles separados de 6 a 7 cm. Dessa forma, cada olho registra uma imagem
diferente da outra. Essas imagens são combinadas pelo cérebro, dando-nos a sensação
de profundidade, sendo tal fenômeno conhecido como estéreo-visão. A vista humana
pode perceber a profundidade de objetos até cerca de 600 m de distância.
8.11.1 - Aplicação na fotografia aérea
A estéreo-visão depende de termos duas imagens ligeiramente diferentes, uma em
cada olho. Dessa forma, se fotografarmos um mesmo objeto de dois pontos,
ligeiramente, afastados, as duas fotografias obtidas serão como que as imagens
formadas pela retina de nossos olhos. Esse conjunto de fotografias chama-se par
estereoscópico ou estéreo-par e permite colocar cada fotografia em frente a cada

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OSTENSIVO CGCFN-301

olho, assim obtendo a visão em relevo, a visão estereoscópica.


8.11.2 - Cuidados
Sempre se deve tomar cuidado para que a sombra seja colocada na direção certa e
na ordem que as fotografias forem tiradas, para evitar a visão pseudoscópica, isto é,
ver o relevo como depressão e vice-versa.
8.11.3 - Estereoscópico
É um aparelho constando de um par de lentes montadas numa base e apoiadas numa
armação. A função do estereoscópio é facilitar a visão estereoscópica e aumentar o
tamanho dos objetos.
8.11.4 - Estudo de um estéreo-par
- Colocam-se as fotografias na ordem em que foram tiradas com as sombras
voltadas para o observador;
- Afastam-se as fotografias de uma distância igual à distância entre os olhos,
mantendo-as paralelas à posição do observador;
- Coloca-se o estereoscópio sobre as fotografias, de maneira que a lente da direita
fique sobre um detalhe da fotografia da direita, e a lente da esquerda fique sobre o
mesmo detalhe, na fotografia da esquerda; e
- Olhando através do estereoscópio, o detalhe escolhido deve ser visto de relevo. Se
isso não acontecer, de imediato, deve-se repousar a vista nas lentes até que se
percebam duas imagens iguais e próximas; desloca-se, então, uma das fotografias,
até que seja feita a fusão das imagens.

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CAPÍTULO 9
OPERAÇÕES COM A FOTOGRAFIA AÉREA
9.1 - DETERMINAÇÃO DO NORTE
9.1.1 - Pela Sombra
Para determinarmos o Norte de uma fotografia aérea basta conhecermos a hora em
foi tirada e termos a sombra de um objeto. Sabemos que o sol possibilita, em função
da hora, a determinação da posição do norte no terreno. Na fotografia, temos a
direção da sombra, que será, portanto, a direção oposta à do sol. Assim, às 6h (nascer
do sol), a sombra indicará o Oeste, pois o sol nasce a Leste. Ao meio dia, a sombra
indicará o Sul, pois o sol indica o Norte e assim por diante.
Para termos a direção do Norte nas horas intermediárias, usamos um aparelho
simples, chamado orientador. Esse aparelho nada mais é que uma folha de celulóide
transparente, com um círculo graduado com as horas de 06 a 18, em dois sentidos, as
letras N e S de cada lado das graduações e uma seta em dois sentidos, que indica a
direção do Norte.
Para utilizarmos, verificamos se a fotografia foi tirada no hemisfério norte ou sul e a
hora em que foi tirada. Fazemos, então, com que a sombra coincida com a graduação
que corresponda à hora em que foi tirada, do lado N ou S, conforme seja do
hemisfério norte ou sul.
9.1.2 - Outros processos
Podemos, ainda, determinar o Norte da fotografia, comparando-a com a carta ou com
o terreno. Para tal, escolhermos dois pontos nítidos na carta (ou no terreno) e na
fotografia. Determinamos o AzM da direção formada por esses pontos e, na
fotografia, marcamos esse ângulo, a partir da direção considerada, no sentido
contrário aos ponteiros do relógio. A direção marcada será a do Norte (Fig 9.1).

Fig 9.1

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9.2 - DETERMINAÇÃO DA ESCALA DA FOTOGRAFIA


Como visto, numa fotografia aérea não vem gravada a sua escala, sendo necessário
calculá-la. Para tal podem ser usados três processos:
- Por comparação com o terreno;
- Por comparação com a carta; e
- Pela distância focal e altura do vôo.
9.2.1 - Por comparação com o terreno
Para tal, escolhemos dois pontos nítidos na fotografia e no terreno. Esses pontos de
referência devem ser próximos do ponto principal da fotografia, uma vez que a
distância entre eles será tomada por base, sendo o ponto principal aquele em que não
há distorção de escala.
Em seguida, medimos o valor das distâncias entre esses pontos no terreno (D) e na
fotografia (d). Aplicamos, então, a fórmula da escala:
E = d_
D
9.2.2 - Por comparação com a carta
Para tal, escolhemos dois pontos na carta, representados na fotografia, tomando os
cuidados citados no item anterior.
Medimos as distâncias na fotografia (d) e na carta (d´). Calcularmos o valor real
dessa distância (D), multiplicando a medida na carta (d´) pelo módulo da escala da
carta (M).
Logo: D = d´ x M
Tendo a distância na fotografia (d) e a distância real (D) no terreno, caímos no caso
anterior:
E = _d_ ou E = __d__
D d´ x M
9.2.3 - Pela distância focal e altura de vôo
Vejamos algumas definições:
a) Altura de Vôo
É a distância vertical que vai da lente da câmera (aeronave) ao terreno
fotografado. Representada por H.
b) Altitude de Vôo
É a distância vertical que vai da aeronave ao nível médio dos mares.

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OSTENSIVO CGCFN-301

c) Distância Focal
É a distância entre a lente da câmera fotográfica e a chapa do negativo –
representado por “f”. A Fig 9.2 representa essa distância.
Para calcularmos a escala vejamos, na Fig 9.2, os triângulos “adO” e “ADO”, que
são semelhantes.
Podemos, portanto, escrever a proporção: _ad_ = _dO_.
AD DO
Vejamos que “ad” é a distância na fotografia, correspondente à distância real no
terreno (D), representada por AD, e que dO é distância focal, bem como H a altura
de vôo. Logo, podemos substituir na proporção inicial.
d = f Como sabemos que d = E, podemos substituir esse valor:
D H D
E = f , que é a fórmula para calcular a escala de uma fotografia, pela distância
H
focal e altura de vôo.

Fig 9.2

9.3 - DESIGNAÇÃO DE PONTOS


9.3.1 - Quadriculado
Para designarmos um ponto na fotografia aérea, utilizamos um quadriculado
semelhante ao usado na carta, sendo que suas modificações variam para cada tipo de
fotografia.
9.3.2 - Fotografia isolada
Numa fotografia isolada, usamos o “QNR” (Quadriculado Normal de Referência),

OSTENSIVO - 9-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

que é uma tela composta por quadrículas de 4 cm de lado. Para traçá-la, inicialmente
traçamos a vertical e a horizontal que passam pelo ponto principal, que são
denominadas de “A” e “M”, respectivamente. A partir dessas quadrículas, traçamos
as outras linhas, que recebem letras para denominá-las, conforme na Fig 9.3.
Para designarmos um ponto, indicamos, inicialmente, as letras da quadrícula do
canto inferior esquerdo e, em seguida, para poder amarrar o ponto dentro da
quadrícula, damos dois números, que correspondem aos décimos de 4 cm, que o
ponto está para a direita e para cima, respectivamente. O ponto “1” na Fig 9.3, será
designado por “JN-35”.

Fig 9.3

9.3.3 - Mosaicos controlados e foto-cartas


Nesses tipos de fotografias aéreas, emprega-se a Quadrícula Quilométrica.
Para tal, o canto inferior esquerdo da fotografia serve como origem, tendo como
coordenadas (00 km - 00 km), a partir desse ponto, para a direita e para cima,
traçamos quadrículas com um espaçamento que corresponda, na escala da fotografia,
a 1 km no terreno (Fig 9.4).
A designação dos pontos é idêntica às usadas nas cartas topográficas. Por exemplo: o
ponto “Y” será designado (03,5 - 02,2).

OSTENSIVO - 9-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

Fig 9.4

9.3.4 - Mosaicos não-controlados


Utilizamos uma quadrícula arbitrária com 4 cm de espaçamento e com a origem no
canto inferior esquerdo. A denominação das quadrículas será para a direita e para
cima, seguindo as letras do alfabeto. A Fig 9.5 mostra essa quadrícula. A designação
dos pontos será igual à usada na QNR. O ponto – 1 – será (DE-63).

Fig 9.5

OSTENSIVO - 9-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-301

9.4 - RESTITUIÇÃO DE PONTOS


Restituir um ponto é transpô-lo de uma fotografia para uma carta, de escala igual ou
diferente.
Só devemos usar fotografias verticais devido aos erros decorrentes da distorção.
Estudaremos os processos de inspeção e do papel calco, por serem simples e somente
esses os tipos utilizados nas pequenas unidades em campanha.
9.4.1 - Inspeção
É o processo mais usado quando o tempo disponível é pequeno, sendo, portanto, o
mais rápido dos processos e o menos preciso. Consiste em determinar, na carta, a
posição de um ponto, relativamente a outros próximos, isso por meio do
“sentimento” em se avaliar distâncias. Esse processo depende muito do operador.
9.4.2 - Papel Calco
Seja, o ponto – X – na fotografia a ser transportado para a carta:
- Escolhem-se dois pontos na fotografia que sejam representados na carta (A 1 e B1,
na fotografia A e B, na carta), Fig 9.6;
- Unem-se os pontos A1 e B1 (na fotografia);
- Coloca-se o papel calco sobre a carta, marcando-se os pontos A e B;
- Coloca-se o calco na fotografia com A em A 1 e B sobre a reta A1 B1. Traça-se uma
reta de A, passando por – X –;
- Coloca-se o calco com B em B1 e A sobre a reta A1 B1. Traça-se uma reta de B,
passando por – X –; e
- Coloca-se o calco sobre a carta, e o encontro das duas retas traçadas será o ponto X,
na carta. Esse processo é rápido e de alguma precisão, embora não corrija a
distorção causada pelo relevo.

Fig 9.6

OSTENSIVO - 9-6 - ORIGINAL

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