Itamar Vieira Junior - o Geógrafo Vencedor Do Prêmio Jabuti - AGB-Campinas

01/12/2020 Itamar Vieira Junior: o geógrafo vencedor do prêmio Jabuti - AGB-Campinas
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Itamar Vieira Junior: o geógrafo

vencedor do prêmio Jabuti
agbcampinas.com.br/site/2020/itamar-vieira-jr/?fbclid=IwAR2pCbFMmBBy1uqlR6Eo74cbOaXW7qac7FepMm52nUC-U048sP4UA7y6gik 1/12
25.10.2020 (http://agbcampinas.com.br/site/2020/itamar-vieira-jr/) / AGB-

Campinas (http://agbcampinas.com.br/site/author/campinas/) / Geral
(http://agbcampinas.com.br/site/category/geral/)
Gustavo Teramatsu / AGB-Campinas
Itamar Vieira Junior, autor de Torto Arado
Atualizado em 26/11/2020, quando do anúncio do Prêmio
No ano passado zemos um levantamento da participação de geógrafos no Prêmio

Jabuti (http://agbcampinas.com.br/site/2019/jabuti/), lembrando que nossa Associação
foi uma das primeiras premiadas pela publicação de A Cidade de São Paulo – Estudos de
Geogra a Urbana, em 1959, na cerimônia que coroou Gabriela, Cravo e Canela de Jorge
Amado. O maior prêmio da literatura brasileira premiou ainda, ao longo dos anos,
Milton Santos e Aziz Ab’Sáber.
Faltou, contudo, um nome importante na lista — que neste ano, na 62ª edição do
Prêmio, esteve novamente entre os nalistas
(https://www.premiojabuti.com.br/ nalistas/), desta vez, na categoria Romance
Literário: Itamar Rangel Vieira Junior (http://lattes.cnpq.br/1301428134219137), autor
de Torto Arado, que concorreu com veteranos como Chico Buarque, Edney Silvestre e
Luiz Ru ato — e venceu!
Em 2018, Itamar havia vencido o Prêmio LeYa (https://www.leya.com/pt/gca/areas-de-

actividade/premio-leya/vencedor-2018/) por Torto Arado e também havia sido nalista
do Jabuti, na categoria Contos, com A Oração do Carrasco, seu segundo livro.
Nascido em Salvador em 1979, Itamar formou-se geógrafo e mestre em Geogra a na

Universidade Federal da Bahia — com a monogra a A expansão de Salvador: a
produção do espaço urbano em uma via metropolitana, de 2005, e a dissertação A
valorização imobiliária empreendida pelo Estado e mercado formal de imóveis em Salvador:
analisando a Avenida Paralela, defendida em 2007, ambos os trabalhos orientados pela
professora Maria Auxiliadora da Silva. O doutorado em Estudos Étnicos e Africanos —
“Trabalhar é tá na luta“: vida, moradia e movimento entre o povo Iuna, Chapada
Diamantina — concluído em 2017, foi feito na mesma instituição com orientação da
Profª Drª Maria Rosário Gonçalves de Carvalho.
Sua carreira pro ssional, como analista em reforma e desenvolvimento agrário no

Serviço de Regularização de Territórios Quilombolas do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária — Incra, nos estados do Maranhão e da Bahia, foi
construída paralelamente ao trabalho acadêmico e também ao trabalho como escritor.
Resenha de Torto Arado
pelo professor M arcelo de Andrade Lima

da EE Dom João Nery de Campinas
H
á um tempo, li um artigo de Gilberto Maringoni na revista Desa os do
Desenvolvimento, do IPEA, que falava sobre o destino dos negros após a
abolição (https://www.ipea.gov.br/desa os/index.php?
option=com_content&id=2673%3Acatid%3D28&Itemid=23#:~:text=H
ist%C3%B3ria%20%2D%20O%20destino%20dos%20negros%20ap%C3%B3s%20a%
20Aboli%C3%A7%C3%A3o&text=A%20campanha%20que%20culminou%20com,toda
s%20as%20camadas%20sociais%20brasileiras.). Sempre retorno a esse texto para
preparar minhas aulas de Geogra a — e, agora, de Sociologia.
Recentemente, graças a esses canais em redes sociais voltados à literatura, chegou em

minhas mãos Torto Arado de Itamar Vieira Junior, que trata de um desses destinos
possíveis do povo negro após a abolição, no sertão da Bahia.
Em primeiro plano, temos Bibiana e Belonísia, irmãs marcadas pelo resto de suas vidas
por um acidente. São elas que nos apresentam a história.
O cenário é a Fazenda de Água Negra, onde os descendentes de escravos viviam “como

gado, trabalhando sem ter nada em troca”, nem descanso, em uma condição de
servidão, só com o “direito de morar”, se assim “os senhores quisessem”.
As tradições religiosas afro-brasileiras e a ancestralidade demonstram e oferecem uma

capacidade de sobrevivência para um povo cujo “sofrimento era o sangue oculto a
correr nas veias de Água Negra”. A força da mulher negra é o alicerce para a
comunidade da fazenda.
As terras que “só tem valor se tem trabalho”, mas as mãos de seus “donos” não dariam
conta de trabalhá-las todas, passam, a partir de uma tomada de consciência, a ser
objeto pelo direito de posse por um povo que lhe deu sentido.
Em vários momentos li em voz alta, para me fazer escutar as lindas passagens desse
livro com suas referências geográ cas do lugar, bem como para descrever os
personagens, como o pai das irmãs, Zeca Chapéu Grande, curador de Jarê, que tinha
“sulcos profundos, vales na sua pele erodida pelo sol e pelo vento”… O escritor é
geógrafo.
Que livro. Eu, como professor, vou trabalhar para que essa obra esteja nas salas de
aulas. É preciso dar voz para aqueles que foram renegados da historiogra a o cial,
sempre…
Leia mais — bibliogra a disponível

gratuitamente
VIEIRA JUNIOR, Itamar Rangel. Discurso “verde“: produzindo espaço, vendendo
paisagem. In: Seminário do Laboratório de Estudos Ambientais e Gestão do Território,
2005, Salvador. Cadernos do Leaget, 2005. [PDF
(http://www.geoambiente.ufba.br/semin%C3%A1rio/trab_Itamar.pdf)]
VIEIRA JUNIOR, Itamar Rangel. A valorização imobiliária empreendida pelo Estado e o

mercado informal de imóveis em Salvador: analisando a Avenida Paralela. Dissertação
de mestrado — Programa de Pós-Graduação em Geogra a, Instituto de Geociências,
Universidade Federal da Bahia, 2007. [PDF
(https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/19828)]
VIEIRA JUNIOR, Itamar Rangel. Territorialidade e etnicidade: debates para a

regularização fundiária de quilombos pelo Estado Brasileiro. In: Anales del XIV
Encontro de Geógrafos de América Latina 2013 Perú. Lima: Unión Geográ ca
Internacional – Comité Nacional Perú, 2013. [PDF
(http://observatoriogeogra coamericalatina.org.mx/egal14/Teoriaymetodo/Conceptua
les/02.pdf)]
VIEIRA JUNIOR, Itamar Rangel; SANTOS, Flavio Luis Assiz. Expressões de territorialidade
entre trabalhadores e quilombolas na Chapada Diamantina, Bahia. In: Anais da 29ª
Reunião Brasileira de Antropologia, Natal, 2014. [PDF
(http://www.29rba.abant.org.br/resources/anais/1/1401836050_ARQUIVO_artigo_RB
A(2).pdf)]
VIEIRA JUNIOR, Itamar Rangel. Quando a memória é patrimônio: expressões de

territorialidade de comunidades quilombolas. Geogra a em Questão (Online), v. 08, p.
01-163, 2015. [PDF (http://e-
revista.unioeste.br/index.php/geoemquestao/article/viewFile/10131/8384)]
VIEIRA JUNIOR, Itamar Rangel. “Trabalhar é tá na luta”: vida, morada e movimento

entre o povo da Iuna, Chapada Diamantina. Tese de Doutorado. Programa de Pós-
Graduação em Estudos Étnicos e Africanos, Faculdade de Filoso a e Ciências Humanas,
Universidade Federal da Bahia, 2017. [PDF
(https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/vi
ewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=6228834)]
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2 comentário em “ Itamar Vieira Junior: o geógrafo

vencedor do prêmio Jabuti”
Luiz Cruz Lima disse:

26.10.2020 às 18:08 (http://agbcampinas.com.br/site/2020/itamar-vieira-jr/#comment-3186)
É de geógrafo, esse que vê as entranhas, a essência dos objetos, descobrindo outros espaços,
todos criados e nem sempre usados por seus feitores. Para eles, esses produtorres de vidas e
de vivências são jogados como gado. Mas, esses homens sacri cados produzem geogra as
com todas as vinculações que requer o porvir. Com esse poder hercúleo, o homem
submetido amplia o espaço usado, por isso, creio, é um torto arado.
Parabéns, meu caro colega Itamar, em erigir um monumento a esses tantos irmãos que
rmaram a essência do espaço de vida útil.
Evanildo Cardoso disse:

28.10.2020 às 19:56 (http://agbcampinas.com.br/site/2020/itamar-vieira-jr/#comment-3189)
Que literatura essencial para o Brasil. Caro colega, meus parabéns!!
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Luiz Cruz Lima disse:

Evanildo Cardoso disse:

Que literatura essencial para o Brasil. Caro colega, meus parabéns!!

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