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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

MIRIAN KHETLIN FREITAS DE OLIVEIRA

ESTUDO PARA ELABORAÇÃO DE UM ABRIGO PARA ANIMAIS DE PEQUENO


PORTE NA CIDADE DE JOAÇABA-SC

Videira, SC
2019
MIRIAN KHETLIN FREITAS DE OLIVEIRA

ESTUDO PARA ELABORAÇÃO DE UM ABRIGO PARA ANIMAIS DE PEQUENO


PORTE NA CIDADE DE JOÇABA-SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Arquitetura e Urbanismo, Área
das ciências exatas da Universidade do Oeste
de Santa Catarina, como requisito à obtenção
do título do grau de bacharel.

Orientador: Me. Profª. Inara Pagnussat Camara

Videira, SC
2019
MIRIAN KHETLIN FREITAS DE OLIVEIRA

ESTUDO PARA ELABORAÇÃO DE UM ABRIGO PARA ANIMAIS DE PEQUENO


PORTE NA CIDADE DE JOAÇABA-SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Arquitetura e Urbanismo, Área
das ciências exatas da Universidade do Oeste
de Santa Catarina, como requisito à obtenção
do título do grau de bacharel.

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA

______________________________________
Professora Esp. Tulainy Parisotto
Universidade do Oeste de Santa Catarina

______________________________________
Professora Michelli Ribeiro
Universidade do Oeste de Santa Catarina

______________________________________
Me. Professora Inara Pagnussat Camara
Universidade do Oeste de Santa Catarina
“Podemos julgar o coração de um homem pela forma como ele trata os animais.”
(KANT, 1924)
AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, por me dar a oportunidade de chegar até aqui, e
passar por mais essa etapa, sem Ele não teria forças para concluir mais essa fase da minha vida.
Agradeço a minha rainha Marli, a mulher que me deu a vida, mas muito mais do que
isso me ensinou a amar e respeitar a todos os seres da mesma maneira, sem seus cuidados e
carinho teria sido muito mais difícil chegar até aqui. Agradeço minha irmã Maiara, minha eterna
melhor amiga, a pessoa que mais me apoia nesse mundo, me ensinou a amar os animais apenas
observando seu profissionalismo como ótima veterinária que é. Agradeço ao meu pai e dedico
esse trabalho a memória dele, que mesmo não estando aqui me faz sentir a obrigação de ser
uma pessoa melhor para honrar suas conquistas e nunca decepcionar sua história, homem de fé,
amigo de todos.
Agradeço a Phoebe minha eterna companheira de quarto patas, nunca achei que poderia
amar tanto um serzinho assim, esse tema de trabalho foi escolhido pois queria que todos os
animais pudessem ser amados como eu a amei, todos os animais merecem um lar, amor, carinho
e amizade, e todas as pessoas deveriam saber como é ter um animal em casa, é um amor puro
que não mede suas riquezas ou posses, é genuíno pois só envolve companheirismo.
Agradeço ao Henann meu parceiro, melhor amigo e companheiro, sempre me motiva a
seguir em frente. Minha avó Lucia e meu avô José pelas incessantes orações sempre me
ajudando a ser melhor, agradeço meu padrasto Jorge, minha tia Marlene e minhas primas
Thaiani e Thainá, o amor que envolve nossa família me dá forças todos os dias. Esse amor
também se estende aos animais da familia, Jhony nosso cão ancião, Amy nossa princesa, Lara,
Vick e agora nosso mais novo adotado Alberto.
Agradeço a minha Professora Inara que além de minha orientadora e amiga, divide
comigo seu conhecimento e também o amor pelos animais. Agradeço ao Coordenador Jeferson
pelas inúmeras vezes que me ajudou e também agradeço todos os professores pela dedicação e
ensinamentos durante esses anos de curso.
Agradeço todos que de alguma forma contribuíram para que essa caminhada fosse mais
leve e satisfatória, aos amigos que me acompanham desde sempre, e aos que fiz na faculdade,
e a todos que de alguma maneira contribuíram para a concretização desse estudo.

Obrigada de coração!
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo a elaboração de um estudo para a concepção de um


anteprojeto de abrigo para animais de pequeno porte na a cidade de Joaçaba, Santa Catarina.
Os animais domésticos estão cada vez mais presentes na vida cotidiana das pessoas, muitos os
têm como membros da família e os tratam como um ente querido, entretanto junto à
domesticação desses animais sucedeu-se uma realidade que afeta o mundo todo, a grande
população de animais em estado de rua. Esse estudo busca através de embasamento teórico e
de dados, verificar a atual situação do Brasil e do mundo sobre a causa. Apesar do suporte das
ONG’s nesse cenário, a falta de auxílio do poder público e o número crescente de animais
abandonados, afeta principalmente a saúde pública, visto que a exposição desses animais no
ambiente urbano acarreta doenças e depredação do espaço público. Através do referencial
teórico, dos estudos de caso e o auxílio das ONG’s por meio de entrevistas, foi possível
estabelecer uma demanda para o município de Joaçaba, e ainda pontuar condicionantes,
conceitos e partidos que serão propostos na fase projetual. O objetivo principal desse estudo é
usar a arquitetura como ferramenta para a diminuição do número de animais abandonados no
município, cuidando das necessidades básicas, trazendo conforto, acolhimento e tratamento
necessário para que o resultado final seja a adoção. Em acréscimo às melhorias destacadas, um
benefício a mais decorrente do projeto seria a educação comunitária através do ambiente
proposto, que acolha não somente os animais, mas também as pessoas.

Palavras-chave: Arquitetura; Abrigo; de animais; Acolhimento;


ABSTRACT

The present work has the purpose of elaborating a study for the creation of a small animals
shelter in Joaçaba, Santa Catarina. Pets are increasingly present in people's lives, which ones
are treated as loved family members, however, with the domestication of these animals, a reality
that affects the whole world comes up, the large population of animals on the street. Through
theoreticals and datas bibliography, this research verifies Brazil’s and world’s current situation
and the animal causes. Despite the support of NGO’s in this scenario, the lack of public
assistance and the increasing number of abandoned animals affects public health, since the
exposure of these animals to the urban environment, it causes diseases and the public area’s
depredation. Through the theoretical references, case studies and NGO’s assistance through
interviews, it was possible to establish a demand in Joaçaba, and punctuate conditions, concepts
and parties that will be proposed in the project step. The main purpose of this study is to use
architecture as a tool to reduce the number of abandoned animals in the city, to take care of
basic needs and to bring comfort, shelter and healthy care and provide adoption. In addition to
the improvements highlighted, another benefit from the project would be the community
education through the proposed environment, which will accommodate not only animals but
also people.

Keywords: Architecture; Shelter; Animals; Reception.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Ciclos epidemiológicos de transmissão da raiva no Brasil........................................ 26


Figura 2: Arquitetura UIPA ...................................................................................................... 36
Figura 3: Interior UIPA ............................................................................................................ 36
Figura 4: Localização UIPA ..................................................................................................... 37
Figura 5: Análise entorno UIPA ............................................................................................... 37
Figura 6: Escala entorno UIPA ................................................................................................. 38
Figura 7: Canil da UIPA ........................................................................................................... 39
Figura 8: Vista 02 Canil da UIPA ............................................................................................. 39
Figura 9: Gatil da UIPA ............................................................................................................ 39
Figura 10: Quarentenário da UIPA ........................................................................................... 40
Figura 11: Vista 02 Quarentenário da UIPA ........................................................................... 40
Figura 12: Ventilação e Insolação UIPA .................................................................................. 41
Figura 13: Blocos UIPA ........................................................................................................... 41
Figura 14: Centro de Treinamento e Pesquisa .......................................................................... 43
Figura 15: Localização Centro de Treinamento e Pesquisa ...................................................... 44
Figura 16: Implantação do projeto Centro de Treinamento e Pesquisa .................................... 44
Figura 17: Análise do entorno do Centro de Treinamento e Pesquisa ...................................... 45
Figura 18: Centro de Treinamento e Pesquisa .......................................................................... 46
Figura 19: Blocos e circulação vertical do Centro de Treinamento e Pesquisa ........................ 46
Figura 20: Planta Baixa pavimento subsolo do Centro de Treinamento e Pesquisa ................. 47
Figura 21: Planta Baixa 1º pavimento do Centro de Treinamento e Pesquisa .......................... 48
Figura 22: Planta Baixa 2º pavimento do Centro de Treinamento e Pesquisa .......................... 48
Figura 23: Fachada Centro de Treinamento e Pesquisa ............................................................ 49
Figura 24: Fachada lateral Centro de Treinamento e Pesquisa ................................................ 49
Figura 25: Análise Formal em fachada Centro de Treinamento e Pesquisa ............................. 50
Figura 26: Análise Formal em planta Centro de Treinamento e Pesquisa ................................ 50
Figura 27: Forma da praça Centro de Treinamento e Pesquisa ................................................ 51
Figura 28: Ventilação e insolação de Treinamento e Pesquisa ................................................. 52
Figura 29: RSPCA Fachada Lateral ......................................................................................... 53
Figura 30: Complexo antigo e complexo novo RSPCA ........................................................... 54
Figura 31: Localização RSPCA ............................................................................................... 55
Figura 32: Análise do entorno da obra RSPCA ........................................................................ 55
Figura 33: Blocos RSPCA fachada lateral do edifício ............................................................ 56
Figura 34: Rampa de acesso RSPCA ....................................................................................... 57
Figura 35: Vista interior rampa de acesso RSPCA .................................................................. 57
Figura 36: Paginação do piso RSPCA ..................................................................................... 58
Figura 37: Acessos do RSPCA ................................................................................................ 58
Figura 38: Planta baixa do pavimento térreo RSPCA ............................................................. 59
Figura 39: Canis térreo RSPCA ............................................................................................... 60
Figura 40: Revestimento em metal corrugado fachada RSPCA .............................................. 60
Figura 41: Análise formal da planta RSPCA ........................................................................... 61
Figura 42: Análise formal fachada RSPCA ............................................................................. 62
Figura 43: Inclinação da fachada RSPCA ............................................................................... 62
Figura 44: Análise elementos da fachada RSPCA ................................................................... 63
Figura 45: Insolação, ventilação e água da chuva RSPCA ...................................................... 64
Figura 46: Insolação, ventilação RSPCA ................................................................................ 64
Figura 47: Página inicial ONG Voluntários Amigos dos Animais ........................................... 68
Figura 48: Organograma .......................................................................................................... 73
Figura 49: Fluxograma ............................................................................................................. 74
Figura 50: Localização Joaçaba ............................................................................................... 75
Figura 51: Topografia Joaçaba ................................................................................................. 76
Figura 52: Ventos Joaçaba ....................................................................................................... 77
Figura 53: Zoneamento de Joaçaba .......................................................................................... 78
Figura 54: Terreno 01 e terreno 02 Joaçaba .............................................................................. 79
Figura 55: Terreno 01 ............................................................................................................... 80
Figura 56: Entorno terreno 01 .................................................................................................. 80
Figura 57: Vista 02 Entorno terreno 01 .................................................................................... 81
Figura 58: Recorte do zoneamento de Joaçaba terreno 01 ....................................................... 81
Figura 59: Zona de expansão urbana 2 ..................................................................................... 82
Figura 60: Recorte do sistema viário de Joaçaba terreno 01 .................................................... 83
Figura 61: Rua terreno 01 ......................................................................................................... 84
Figura 62: Insolação e ventilação do terreno 01 ....................................................................... 85
Figura 63: Terreno 02 ............................................................................................................... 85
Figura 64: Entorno terreno 02 residências ................................................................................ 86
Figura 65: Entorno terreno 02 UNOESC .................................................................................. 86
Figura 66: Recorte do zoneamento Joaçaba terreno 01 ............................................................ 87
Figura 67: Zona de expansão urbana 2 ..................................................................................... 88
Figura 68: Recorte do sistema viário de Joaçaba terreno 02 .................................................... 89
Figura 69: Rua terreno 02 ......................................................................................................... 90
Figura 70: Insolação e ventilação do terreno 02 ...................................................................... 91
Figura 71: Localização do terreno 01 e terreno 02 .................................................................. 93
Figura 72: Foto cachorro recolhido de Portugal ...................................................................... 95
Figura 73: Evolução do partido arquitetônico .......................................................................... 96
Figura 74: Forma arquitetônica e manchas ............................................................................... 97
Figura 75: Forma arquitetônica no terreno escolhido ............................................................... 98
LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Pré-dimensionamento do programa de necessidades............................................ 72


TABELA 2: Comparativo Terreno 01 e Terreno 02 ................................................................. 92
TABELA 3: Distancias do Terreno 01 e Terreno 02 aos locais da Figura 73........................... 93
LISTA DE ABREVIATURAS

OMS Organização Mundial da Saúde


ABINPET Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais
MROSC Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil
DIVE Diretoria de Vigilância Epidemiológica
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
SPC Serviço de Proteção ao Crédito
RSPCA Sociedade Real para Prevenção da Crueldade Contra Animais
UIPA União Internacional Protetora dos Animais
SRD Sem Raça Definida
ONG Organização Não Governamental
MAPAA Meio Ambiente e Proteção Animal
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
DML Depósito de Materiais de Limpeza
IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
SIMAE Sistema Intermunicipal de Água e Esgoto
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14
1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 15
1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 15
1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 17
2.1 A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO HUMANO: PROCESSO DE DOMESTICAÇÃO
DOS ANIMAIS ........................................................................................................................ 17
2.2 CENÁRIO PET NO BRASIL ............................................................................................ 18
2.2.1 O mercado pet nacional ............................................................................................. 18
2.2.2 Adoção de animais ..................................................................................................... 20
2.2.3 Abandono de animais ................................................................................................ 21
2.2.4 ONG’s Nacionais ....................................................................................................... 22
2.3 ANIMAIS ABANDONADOS X SAÚDE PÚBLICA ....................................................... 23
2.3.1 Zoonoses ..................................................................................................................... 24
2.4 DEFESA DA CAUSA ANIMAL PELO PODER PÚBLICO ........................................... 27
2.4.1 Declaração Universal dos direitos dos animais ....................................................... 28
2.4.2 Leis Federais .............................................................................................................. 29
2.4.3 Leis do Estado de Santa Catarina ............................................................................ 31
2.4.4 Leis do Município de Joaçaba .................................................................................. 32
3.1 ESTUDO DE CASO NACIONAL .................................................................................... 35
3.1.1 União Internacional Protetora dos Animais - UIPA .............................................. 35
3.1.2 Centro de Treinamento e Pesquisa para Animais Domésticos Abandonados ..... 42
3.2 ESTUDO DE CASO INTERNACIONAL ......................................................................... 53
3.2.1 Sociedade Real para Prevenção da Crueldade Contra Animais – RSPCA.......... 53
4 METODOLOGIA................................................................................................................ 66
4.1 ANÁLISE DO PÚBLICO ALVO ...................................................................................... 66
4.1.1 Dados do Perfil A – Cachorros e gatos que estão nas ruas. ................................... 67
4.1.2 Dados do Perfil B – Visitantes, estudantes e trabalhadores. ................................. 69
4.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES ................................................................................. 70
4.3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO ............................................................................................ 71
4.4 ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA ........................................................................... 73
4.5 ANÁLISE DA ÁREA DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 75
4.5.1 O município ................................................................................................................ 75
4.5.2 Escolha da área de intervenção ................................................................................ 78
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 99
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 100
14

1 INTRODUÇÃO

Na sociedade atual, os animais estão cada vez mais sendo domesticados e tratados como
membros da família. Segundo o IBGE (2013) o Brasil é o quarto país no ranking de população
de animais de estimação no mundo, com 132,4 milhões de pets1. Esse contingente de acordo
com dados do Instituto PetBrasil (2017) movimenta um setor que, em 2016, chegou a ocupar
0,37% do PIB nacional. Porém, a procura é maior para animais de raça definida, que são
comercializados, algumas vezes ilegalmente, por preços exorbitantes enquanto os animais sem
raça definida, acabam tendo um número maior de abandono diário.
A Organização Mundial da Saúde (2014 apud LIMA, 2015) estima que no Brasil
existam mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões
de cães, considerando que há em média 209 milhões de habitantes no Brasil, seria como se a
cada 7 (sete) pessoas houvesse 1 (um) animal abandonado no país.
O abandono de animais está diretamente ligado à saúde pública, pois por estarem
expostos as condições externas do meio ambiente e não possuírem tratamento adequado, como
vacinas e vermífugos, ficam vulneráveis e acabam sendo transmissores de doenças, como sarna,
febre maculosa, Leishmaniose e raiva, conhecidas como zoonoses (MINISTÉRIO DA
SAÚDE,2018).
Além disso, pela gestação ser rápida (2 meses em média) e gerarem muitos filhotes, não
há um controle de natalidade desses animais, tornando constante o aumento da população nas
ruas, o que ocasiona acidentes de trânsito, proliferação de doenças, contaminação ambiental,
agressões a seres humanos e sujeira no espaço público.
Joaçaba, cidade foco desse estudo, não está muito longe dessa realidade, mesmo
possuindo no município, a Lei Nº 4528 de 26 de setembro de 2014 que institui o projeto de
controle populacional de cães e gatos através de procedimentos de esterilização cirúrgicas
(JOAÇABA, 2014). Esta lei dá prioridade para os animais de ONG2 e também às pessoas com
menor condição financeira, auxiliando a diminuição da procriação. Mas, embora seja eficaz
ainda é insuficiente.

1 Os primeiros registros desse termo usado para animais de estimação são de 1530, da Escócia e do dialeto do
norte da Inglaterra. E nessa época pet era usado como sinônimo de “animal preferido”. São animais criados para
o convívio com seres humanos por razões afetivas, gerando uma relação benéfica. (CSPET-MAPA. 2014)
2
Menescal (1996 apud FURRIELA, 2002) cita que o termo “organização não governamental” (ONG), tradução
do inglês non-governamental (NGO), tem sua origem nas Nações Unidas, onde foi utilizado pela primeira para
designar organizações que atuavam em nível internacional. A Resolução 288(x) de 1950 do Conselho
Econômico e Social (Ecosoc) definiu a ONG no âmbito das Nações Unidas como sendo “Uma organização
internacional a qual não foi estabelecida por acordos não governamentais” Menescal (FURRIELA, 2002).
15

Atualmente o município possui duas ONG’s que atuam na área de recolhimento e


adoção: a ONG “Voluntários Amigos dos Animais” e a “Bom pra Cachorro”, ambas não
possuem um espaço físico de abrigo registrado e vivem de ajuda financeira da população. Para
se manterem promovem bazares, vendas de alimentos em eventos, rifas, entre outros. Ainda, a
falta de uma sede própria com recursos necessários, gera a necessidade de um grande número
de voluntários, principalmente durante o período de recebimento e tratamento dos animais até
sua adoção, que muitas vezes demora meses ou não acontece.
Deste modo, faz-se o questionamento: Como elaborar um estudo de anteprojeto para
a cidade de Joaçaba-SC que contribua na melhoria da saúde pública e no desenvolvimento
da educação comunitária usando a arquitetura em forma de abrigo para cães e gatos em
estado de rua?
Um abrigo tem como função o acolhimento de animais que foram abandonados, com ou
sem motivo, trazendo os cuidados necessários por pessoas especializadas, visando o tratamento
primário, recuperação, moradia, castração e preparação para que os mesmos sejam adotados.
Além disso, ajuda a minimizar os maus tratos, que embora seja crime previsto em Lei Federal
nº 9605/98 (BRASIL, 1998), são constantes e absurdos.
A elaboração desse estudo propõe a participação ativa da população e recebimento de
auxílio financeiro do governo, visando ser uma instituição de cunho público-privada, a
implantação está prevista para um município que é polo no meio oeste catarinense, onde muitas
empresas e escolas da região também poderiam prestar serviços, como a UNOESC de Campos
Novos e a UFSC de Curitibanos permitindo que os graduandos de Medicina Veterinária
troquem aprendizado por serviços gratuitos.
Nesse estudo será elaborado um anteprojeto de abrigo de animais para a cidade de
Joaçaba- SC, que possa contribuir na melhoria da saúde pública do município, minimizando a
transmissão de doenças e contribuindo para o acolhimento de animais em estado de rua.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Desenvolver um estudo, através de referencial teórico, para embasamento da elaboração


de um anteprojeto de abrigo para animais de pequeno porte com foco para cães e gatos na cidade
de Joaçaba-SC, para que esse possa contribuir na melhoria da saúde pública, na minimização
de animais abandonados e na educação comunitária.
16

1.1.2 Objetivos específicos

a) Verificar leis vigentes que envolvem o tema proposto e analisar até onde está sendo feito
pela causa;
b) Buscar referencial teórico por meio de bibliografias e estudos de caso para desenvolver um
estudo adequado e satisfatório de acordo com a necessidade.
c) Levantar dados numéricos com ONG’s locais para estabelecer a demanda e o programa de
necessidades;
d) Buscar terrenos viáveis para implantação, de acordo com o pré-dimensionamento do estudo;
e) Elaborar organograma e fluxograma, buscando um conceito e partido que se adequem ao
tema para o desenvolver o projeto de um abrigo de animais para a cidade de Joaçaba-SC;
17

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para elaboração desse tema de estudo, previamente menciona-se a importância dos


animais domésticos na vida dos seres humanos, e na economia do país. Portanto nessa etapa
será fundamentada as informações para embasamento do estudo desde a convivência humana
com os animais durante a história, até a defesa do poder público relacionada aos animais.

2.1 A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO HUMANO: PROCESSO DE DOMESTICAÇÃO


DOS ANIMAIS

Os animais fazem parte da vida do homem desde a pré-história. Antes de existir a


domesticação eles faziam parte da sobrevivência humana. As pinturas rupestres em cavernas
feitas desde 40.000a.C contavam o cotidiano dessas populações, as pinturas mostravam os
animais como principal elemento, e podiam ser retratados servindo de caça, ou atribuindo medo,
mas sempre presentes como elemento principal, simbolizando a vida (JANSON,2009).
Durante a evolução, o homem percebeu que os animais mesmo sendo fonte de ameaça
e perigo, poderiam servir como auxílio e suporte em suas necessidades cotidianas, como caça,
segurança das cavernas, proteção do corpo servindo de vestuário e mais tarde transporte de
seres humanos. (CAETANO,2010).
De acordo com Delarissa (2003) a domesticação teve início com a interação do homem
com os animais, inicialmente uma relação apenas prática, assim, os gatos caçavam ratos, cães
rastreavam a caça, protegiam as tropas, serviam como guardas, entre outras funções, mas o elo
amoroso e familiar era menor, ou inexistente.
Conforme sua evolução, o homem observou resposta à dominância de alguns animais,
que obedeciam e eram dóceis3, segundo Informativo SOS Animal (2008) a relação homem X
animal foi marcada pelo olhar em direção ao animal doméstico como organismo vivo,
dependente, que sente fome, sede, frio e calor.
Seguindo estudos de Chieppa (2002), há uma linha do tempo relacionada a
domesticação que se divide em três fases, a primeira refere-se a concepção arcaica do animal,
onde o bicho era ser de admiração e/ou causa de medo, a segunda é a fase da concepção
econômica-funcional, em que o homem usufruía do animal apenas para benefício próprio, e a
terceira fase e mais atual, consiste na reponsabilidade ética, em que há uma preocupação com

3
De acordo com DICIO (2019) que se lida com facilidade; que é fácil de ensinar e aprende facilmente; manso.
18

o bem estar físico e emocional do animal, entendendo que esse é um ser vivo e tem
necessidades.
Essa terceira fase aconteceu após a migração do homem para as cidades no século XX,
pois com o cotidiano e a falta de tempo, teve-se uma maior carência de relações, desencadeando
o início de um elo afetivo com esses animais, partindo para a domesticação atual, em que se há
estima pelo animal sem obter nada em troca.

A verdade é que a maioria dos donos de animais de estimação costuma tratá-los como
um ente querido, alguém que merece zelo tanto quanto um filho ou outro morador da
casa. Essa postura também transparece na disposição das pessoas para informarem-se
sobre as necessidades específicas de seus pets, a fim de proporcionar a eles uma vida
confortável sob todos os aspectos. (SPC4 BRASIL, 2017, p.7)

Com o entendimento da ética do animal, houve-se a necessidade de estabelecer preceitos


que dessem direitos mínimos para a sobrevivência e convivência humano X animal. No Brasil
em 1967 foi sancionada a Lei 5.197 a qual decretou que os animais de qualquer espécie, em
qualquer fase do seu desenvolvimento, são propriedades do Estado, sendo proibido a sua
utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha (BRASIL, 1967). Mesmo havendo conflitos
e críticas, essa foi a lei que deu início a condenação por depredação da fauna brasileira.
Tendo sido visto pela sociedade e pelo poder público a importância dos animais, cita-se
Bentham:
Talvez chegue o dia em que o restante da criação animal venha a adquirir os direitos
que jamais poderiam ter-lhe sido negados, a não ser pela mão da tirania.[...] É possível
que um dia se reconheça que o número de pernas, a vilosidade da pele ou a terminação
do osso sacro são razões igualmente insuficientes para abandonar um ser senciente ao
mesmo destino.[...] A questão não é "Eles são capazes de raciocinar?", nem "São
capazes de falar?", mas sim: "Eles são capazes de sofrer?" (BENTHAM, 1984 apud
SINGER, 2004, p.12).

A relação do homem com o animal evoluiu ao longo dos anos, e mesmo que a ética
tenha provido uma maior importância para com os direitos dos animais, a domesticação fez
surgir um novo mercado, e com ele novas situações sociais.

2.2 CENÁRIO PET NO BRASIL

2.2.1 O mercado pet nacional

Os animais domésticos, tem grande importância na sociedade, pois é comum para as


famílias terem pelo menos um animal de estimação. De acordo com a ABINPET (2017) há no

4
Serviço de proteção ao crédito, o qual fez informativo sobre gastos do ano de 2017 relacionado aos animais.
19

Brasil 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos domésticos, esse número fez com que em
2017 o país ocupasse o 3º lugar no mercado de faturamento pet, perdendo apenas para os
Estados Unidos e Reino Unido.
Os donos de pets gastam em média R$189,00 reais mensais sendo que esses gastos
incluem alimentação, atendimento veterinário, cuidados e serviços. Como resultado, em 2016
esse setor movimentou cerca de 18,9 bilhões de reais, aumentando 4,9% o consumo em relação
ao ano anterior. (ABINPET, 2017).
Para os donos de animais esses gastos não são tidos como despesa, e sim uma retribuição
aos pets como é citado na pesquisa feita pelo SPC:

Quem convive com um animal de estimação acaba construindo uma relação


eminentemente afetiva. Portanto, os donos não veem cães, gatos, roedores ou aves como
mera fonte de despesas ou mais uma dentre tantas responsabilidades trabalhosas no dia
a dia, mas sim como verdadeiros amigos que são capazes de retribuir, de diversos
modos, toda a atenção e o cuidado que recebem. (SPC BRASIL, 2017, s.p.)

Porém esse mercado, que cresce a cada ano em importância e em consumo, não envolve
apenas os gastos gerais e necessários de um pet, envolve também a compra e venda de animais
de raça, fazendo com que entre nesse valor o faturamento por meio dos criadouros comerciais.
Os criadouros comerciais, que tem como função a venda de animais, movimentam
18,2% desse mercado, perdendo apenas para o setor de alimentação pet (55,1%). Segundo
dados da Câmara Legislativa (2016) foram registrados no Brasil 2000 (dois mil) canis5
comerciais e 700 (setecentos) gatis6 comerciais, esses contêm o selo do IBAMA para o
funcionamento, e praticam a venda e procriação de animais classificados como animais de
raça7.
Para os entrevistados na pesquisa da ABINPET (2017) que compraram animais, a maior
justificativa é o desejo de ter uma raça específica de cão ou gato, e também o fato de se ter um
breve conhecimento do comportamento de cada raça, evitando o sofrimento do animal por falta
de adaptação ao ambiente em que será inserido.
Mesmo que o setor de venda de animais seja o que mais empregue pessoas nesse
mercado, cerca de 58% do número total, ainda há uma falta de fiscalização por parte dos órgãos

5
Local em que se abrigam ou criam cachorros.
6
Local em que se abrigam ou criam gatos.
7 Por volta de 1800 cientistas analisaram que o melhoramento genético poderia gerar animais oriundos das
necessidades do homem realizando cruzamentos planejados, selecionando gerações e gerações de filhotes até
chegar a novos cachorros, que atendam a expectativa, como cães pequenos para apartamentos, cães ferozes para
caçadores, etc.(CLUBE PARA CACHORROS, 2017).
20

responsáveis, o que gera muitos criadouros clandestinos, e consequentemente sofrimento aos


animais, como explica a médica veterinária Silvia Schultz:

Muita gente não sabe o que está por trás desse comércio abominável de animais.
Filhotes vendidos em Pets Shops e feirinhas normalmente são provenientes de criações
de fundo de quintal, ou seja, são animais sem o mínimo controle genético [...] São
filhotes que, diferentemente dos provenientes de criadores sérios, não recebem vacinas
adequadas, estando sujeitos à diversas doenças infecto contagiosas. Não recebem ração
de boa qualidade, o que prejudica seu desenvolvimento tanto físico quanto psicológico.
Não possuem controle genético, podendo vir a apresentar doenças degenerativas ao
longo de sua vida, trazendo dor e sofrimento tanto para o animal quanto para seu
guardião. São desmamados precocemente e vendidos antes de completarem dois meses
de idade, o que traz sérios problemas comportamentais e de socialização. Normalmente
são produtos de cruzamentos consanguíneos, o que afeta seu temperamento, originando
filhotes totalmente fora do padrão, agressivos, medrosos e anti-sociais. (SCHULTZ,
2009, s.p.)

Ainda de acordo com SCHULTZ (2009), a resposta mais rápida para a diminuição do
número de criadouros clandestinos é adoção responsável, pois mesmo que haja muitos locais
sérios e preocupados com a saúde dos pets, ainda há milhões de animais que não possuem um
lar no Brasil apenas pelo fato de não terem uma raça definida (SRD)8.

2.2.2 Adoção de animais

Segundo dados da ABINPET (2017) no Brasil 41% dos cães de estimação foram
adotados, obtendo um número de 21,4 milhões de adoções caninas, enquanto os gatos têm o
percentual de 85% resultando em 18,78 milhões de felinos adquiridos através de adoção.
A pesquisa também contribui com dados de que 45,5% de pessoas que adotaram,
justificam esse ato às questões de princípios por serem contra a venda de animais, partindo em
busca de abrigos e feiras de adoção, enquanto 39,5% recolheram animais em estado de rua pois
sentiram pena. Ainda, a pesquisa sugere que, para aqueles que possuem um animal de estimação
a adoção suscita motivações pessoais, mas também pode resultar de uma ação impulsiva, o que
muitas vezes pode gerar abandono.
De acordo com postagem da revista online Pet na Net (2017) há grandes vantagens na
adoção, tanto para o animal quanto para o tutor, pois além de estar ajudando uma vida, um

8
Segundo o Portal do Dog (2011) são conhecidos popularmente como vira-latas, o termo SRD (Sem Raça
Definida) abrange todos os cachorros que não possuem origem definida, com misturas em sua linhagem de duas
ou mais raças. Um verdadeiro testamento à natureza, a um tempo em que os animais procriavam sem a interferência
do homem, pode-se dizer que esse é o primeiro cachorro do mundo a surgir do lobo.
21

animal adotado gera menos custos, por não serem geneticamente modificados são mais
resistentes à doenças e são mais dóceis.
Segundo informativo da instituição MAPAA9 (2012) a adoção de um animal é um ato
de responsabilidade perante a sociedade e exige muita consciência. Mesmo que no Brasil haja
uma grande porcentagem de adoção, o abandono de animais é diário e excedente.

2.2.3 Abandono de animais

No Brasil, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (2014 apud LIMA, 2015)
há entorno de 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães em estado de rua, mesmo que esses
dados não tenham sido apurados novamente depois do ano de publicação ou sejam mais atuais,
estima-se que esse número aumente a cada ano.
O grande número de animais abandonados está diretamente ligado ao ciclo de
reprodução, pois, segundo infográficos da revista online Amor aos Pets (2018) uma cadela e
seus filhotes podem gerar 67 mil novos filhotes em apenas 6 (seis) anos, enquanto uma gata e
seus filhotes podem gerar até 66 mil novos filhotes em apenas 7 (sete) anos, e esses números
são estimados com apenas dois cruzamentos ao ano.

Esse quadro se agrava a cada dia, pois são milhares de cadelas e gatas parindo,
dificultando o controle. Porquanto o aumento da procriação, na população abandonada
destes animais, é grande e acelerado, situação esta que se agrava com a ausência de uma
política pública adequada para a administração do problema. (SANTANA e
MARQUES, 2001, p. 1).

Ainda de acordo com Santana e Marques (2001) estes números crescem no período das
férias pois muitos proprietários vão viajar e não tem local para deixar seus animais e acabam
simplesmente os abandonando.
Completa-se dizendo que a verticalização das cidades, também tem uma parcela de
responsabilidade nesses números, pois muitas pessoas deixaram de habitar casas com grandes
pátios para morarem em apartamentos por questões de segurança, porém a grande maioria dos
condomínios não permitem a presença de cães e gatos, e quando permitem são pequenos
espaços para o lazer do animal.

9
Meio Ambiente e Proteção Animal - Instituição sem fins lucrativos fundada em 2011 que une o trabalho de
ONG’s do Brasil para resgate de animais abandonados, e acolhimento de animais vítimas de maus tratos.
(MAPAA, 2019).
22

A adoção por impulso também acarreta em abandono, pois muitas pessoas recolhem,
adotam ou compram animais sem planejamento e sem pensar nos custos e compromissos que
geram a posse de um animal, e acabam perdendo o interesse ou ficando frustrados.
Desse modo, Santana e Oliveira (2004) citam que uma das raízes da problemática é a
compra ou adoção de animais por impulso, por isso há a necessidade de campanhas educativas
ambientais que deem apoio a população e informação aos guardiões de animais, alertando para
o planejamento de quantos animais a família suporta e o custo financeiro que possui o cuidado
animal.
De acordo com Schultz (2009) a castração10 também é um meio eficaz para a diminuição
da parcela de animais nas ruas, pois além de conter a reprodução desacelerada, evita doenças
nos animais, deste modo cooperando com a saúde pública.
Mesmo havendo muitas soluções para o problema de abandono, o número de cães e
gatos abandonados no Brasil cresce a cada dia e o controle se torna cada vez mais distante, pois
a ajuda dos órgãos públicos é limitada, e a importância dada para a educação sobre o assunto é
insuficiente.

2.2.4 ONG’s Nacionais

No Brasil em 2014 foi aprovada a Lei nº 13.019/2014, que ficou conhecida como
o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), essa lei estabelece e
regula no âmbito jurídico, as parcerias entre a Administração Pública e as Organizações da
Sociedade Civil, assim as ONG’s tiveram direito ao registro de atuação, para que trabalhem em
busca do interesse público recíproco. (BRASIL, 2014)
De acordo com Silveira (2006) as Organizações Não-Governamentais (ONG’s) são um
conjunto de entidades que integram o Terceiro Setor11 da economia do país, nesse setor estão
inclusas toda e qualquer entidade sem fins lucrativos, independente das finalidades pelas quais
são constituídas.
Ainda completa que as ONGs, são uma espécie de exceção dentro do conjunto de
entidades que fazem parte do Terceiro Setor, pois as atividades para as quais são instituídas são
de cunho social e podem ser direcionadas para educação, saúde, cultura, comunidade, apoio à

10
Nas fêmeas consiste na remoção de ovários e útero, nos machos consiste na retirada dos testículos – evitando
que ele produza espermatozoides e testosterona e, consequentemente, que possa reproduzir. (MADI, 2015)
11
O de Terceiro Setor é o conjunto de entidades privadas, sem finalidades lucrativas, que atuam na sociedade civil,
em espaços que não são atingidos pelo Primeiro Setor (o Estado ou setor público e seus entes políticos, como
Prefeituras e Governos Estaduais) e o Segundo Setor (o mercado ou setor privado, que são as pessoas jurídicas
que visam ao lucro. (SILVEIRA,2006).
23

criança e ao adolescente, aos animais, ao meio ambiente, aos portadores de deficiências, entre
outros, não tendo benefício ou giro financeiro para a organização como empresa, porém se
houver retorno financeiro, esse é para custear as necessidades da causa.
Segundo o site de buscas Guia de Mídias (2019) , existem 308 páginas referentes
à ONGs de Animais, proteção e preservação animal e adoção de animais no Brasil, essas são
organizações que possuem site, porém ainda há voluntários e ajudantes da causa animal que
usam apenas as redes sociais como ferramenta para alcançar o público, ou seja, o número de
instituições de apoio a essa causa ainda é maior.
As ONG’s de animais no Brasil realizam o papel de acolhedoras, comunicadoras e
conscientizadoras. De acordo com Rodrigues (2015) também se dedicam nas atuações como,
recolhimento de animais encontrados nas ruas ou vítimas de maus tratos através de denúncia,
tratamento veterinário e medicamentoso se necessário, e lar temporário até o momento da
adoção. Atuam também no auxílio a tutores cujos animais domésticos fugiram, divulgando em
seus veículos de comunicação, auxiliando na participação da busca dos animais perdidos.
Todos esses serviços são feitos pelo voluntariado de cada organização, porém todo o
processo tem um custo elevado e mesmo com a colaboração de médicos veterinários que
realizam procedimentos por preços mais acessíveis, as organizações não conseguem atender
toda a demanda.
Segundo Rodrigues (2015) as ONGs de pequeno porte dependem exclusivamente das
contribuições da sociedade para exercerem sua atividade e essa dependência de recursos
financeiros torna praticamente impossível realizar planejamentos de médio e longo prazo, o que
representa uma das maiores barreiras enfrentadas por essas organizações.
Por não terem recursos financeiros, acabam não tendo reservas para um espaço físico,
assim, segundo Rodrigues (2015) os lares temporários dependem apenas dos protetores que se
responsabilizam pelos cuidados dos cães e gatos até a posterior adoção, havendo uma
dependência das ONGs para com os protetores, o que limita os recolhimentos e também gera
maiores preocupações quanto às procriações e contágio de doenças devido às superpopulações
existentes nesses lares temporários.

2.3 ANIMAIS ABANDONADOS X SAÚDE PÚBLICA

O abandono de animais além de ser um problema social também é uma questão de


saúde pública, o número de animais atropelados nas ruas cresce todos os dias, muitas vezes
causam acidentes de trânsito, e acabam mortos ou deixados para morrer.
24

Além disso muitos animais por passarem fome, reviram os lixos públicos e particulares
em busca de alimento fazendo sujeira no espaço público e gerando proliferação de larvas de
mosquitos. Ainda, inúmeros desses animais vagam pelas ruas sem vacinação ou qualquer
controle populacional, estando suscetíveis a contrair doenças e consequentemente transmiti-las.

2.3.1 Zoonoses

Segundo OMS (2019) as zoonoses são doenças ou infecções transmissíveis dos


animais vertebrados para o homem. Essas doenças são contraídas através de contato direto com
o animal infectado ou através de alimento, água ou meio ambiente contaminado. Além disso,
cita que mais de 200 doenças se enquadram como zoonoses, e essas podem ser ocasionadas
através de bactérias, vírus ou parasitas, que usam o animal como hospedeiro fazendo com que
haja a proliferação de doenças.
Para maior entendimento do sentido de transmissão das zoonoses por animais,
Vasconcellos (2011) cita três classificações: as antropozoonoses que são perpetuadas pela
transmissão entre animais, mas que podem acometer seres humanos, como é o exemplo da
raiva. As zooanthroponoses que se perpetuam entre seres humanos mas que podem
eventualmente acometer animais como é o caso da esquistossomose12, e as amphixenosis que
são doenças em que os agentes são transmitidos com igual intensidade entre os próprios
animais, entre um ser humano e outro, e também de um ser humano para o animal ou vise versa,
como a Estafilococose13.
As doenças mais preocupantes que envolvem esse estudo estão relacionadas a cães e
gatos, que são transmissores significativos de zoonoses, a raiva por exemplo apresenta sete
caracterizações, sendo duas delas encontradas principalmente em cães, os quais também

12
A esquistossomose é uma doença parasitária causada pelo Schistosoma mansoni. Inicialmente a doença é
assintomática, mas pode evoluir podendo levar à morte. É conhecida popularmente como “barriga d’água” ou
“doença dos caramujos”. Para que haja transmissão é necessário um indivíduo infectado liberando ovos de
Schistosoma mansoni por meio das fezes, a presença de caramujos de água doce e o contato da pessoa com essa
água contaminada, assim as larvas penetram na pele e ela adquire a infecção. A maioria dos ovos do parasita se
prende nos tecidos do corpo humano. (BRASIL, 2016)
13
É causada pela ingestão de um produto/alimento contendo a enterotoxina estafilocócica através de produtos de
origem animal contaminados, que não foram cozidos ou refrigerados adequadamente, permanecendo em
temperatura ambiente por determinado tempo que permita a multiplicação do organismo e a produção da
enterotoxina termo-estável. Superfícies e equipamentos contaminados podem ser também a causa de intoxicações.
(SÃO PAULO, 2013)
25

apresentam casos de transmissão de Leishmaniose visceral canina14, já os gatos são do mesmo


modo transmissores da raiva, e também são os principais hospedeiros da toxoplasmose15,
Ainda de acordo com o médico veterinário Vasconcellos (2011) muitas vezes a doença
ou infecção não apresenta qualquer sinal clínico indicando alteração de saúde aparente no
animal de imediato, o que gera um número maior de contaminação, pois o tutor não sabe que o
animal está apresentando um quadro de zoonose, assim faz tratamento tardio podendo já ter
sido propagada a doença.
A raiva por sua vez é a doença mais grave para a saúde pública, pois trata-se de uma
zoonose viral e possui poucos casos de cura16 . No ciclo urbano17 (Figura 1) as principais fontes
de infecção são o cão e o gato, a maioria em estado de rua. O vírus rábico, contido na saliva do
animal, penetra no organismo principalmente por meio de mordedura, arranhadura e lambedura
de mucosas, e por estarem no meio urbano e em contato com os humanos, cães e gatos acabam
sendo responsáveis pela transmissão da doença. (BRASIL, 2016)
De acordo com a Secretaria de Vigilância e Saúde (BRASIL, 2016) os últimos casos
registrados e confirmados de raiva em humanos por transmissão canina ou felina no Brasil
foram no ano de 2016, onde houve um caso de transmissão por uma arranhadura de gato e outro
caso por uma mordida de cão.
No entanto durante a elaboração desse estudo foi registrado segundo a Diretoria de
Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE/SC, 2019) um caso de morte por raiva no
estado de Santa Catarina, a transmissão foi através de um felino que antes de vir a óbito por
meio da doença mordeu sua tutora, uma senhora de 58 anos moradora da área rural do município

14
A leishmaniose visceral (LV) é uma doença infecciosa causada por um protozoário que compromete as vísceras
e acomete mamíferos domésticos e silvestres tornando-os reservatórios podendo transmiti-los para humanos. Em
humanos causa febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia e anemia, entre outras manifestações,
podendo evoluir para óbito em mais de 90% dos casos. O cão é o principal reservatório e fonte de infecção no
meio urbano. As infecções em cães têm sido mais prevalente que no homem. (BRASIL, 2016)
15
A toxoplasmose é uma infecção causada por um protozoário chamado “Toxoplasma Gondii”, encontrado nas
fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar em humanos e outros animais. É causada pela ingestão de
água ou alimentos contaminados e é uma das zoonoses mais comuns em todo o mundo. A fase aguda da infecção
tem cura, mas o parasita persiste por toda a vida da pessoa e pode se manifestar ou não em outros momentos, com
diferentes tipos de sintomas. (BRASIL, 2019). Essa é uma doença que preocupa principalmente as mulheres
grávidas, porém por conta de falta de conhecimento muitas acabam se livrando dos animais achando que eles
podem transmitir a doença apenas com o contato. Mas a verdade é que apenas as fezes felinas são infectadas, se
não houver contato direto com a fezes, não há infecção da doença.
16 No Brasil há apenas dois casos de cura, o primeiro aconteceu em 2008. No restante do mundo, existem relatos
de apenas mais três outros casos de cura: dois nos Estados Unidos e outro na Colômbia. A primeira cura de raiva
humana no Brasil, bem como o sucesso terapêutico da paciente dos Estados Unidos, abriu novas perspectivas para
o tratamento dessa doença, considerada até então letal. (BRASIL, 2018)
17 No ciclo rural há casos em bovinos, equinos, morcegos, além de também apresentar casos em animais silvestres.
(BRASIL, 2017)
26

de Gravatal. A mordida aconteceu em 24 de fevereiro, os sintomas começaram a aparecer em


15 de março, e o óbito ocorreu no dia 04 de maio de 2019.
Os casos de raiva no país mesmo não sendo tão comuns em humanos, acontecem entre
os animais com maior frequência, a cada ano esse número diminui, mas já chegou a alcançar
na década de 1990, o equivalente a 875 casos de raiva canina, passando para uma média de 465,
no período de 2000 a 2004, e para 64 casos, entre 2005 e 2009 (BRASIL, 2014). A maioria dos
animais diagnosticados com raiva, são isolados para que não contaminem outros animais e
pessoas, e muitas vezes são sacrificados.

Figura 1: Ciclos epidemiológicos de transmissão da raiva no Brasil.18

Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde (2014, p.7)

No Brasil há um órgão que se responsabiliza pelo controle dessas doenças, o


departamento de zoonoses 19, que quando constatado situação real de risco de transmissão que
tenha relevância para a saúde pública no território local, a vigilância de zoonoses inicia o

18
Disponível em :<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:0BNWYVuC9IMJ:portalarquivos.sa
ude.gov.br/images/pdf/2015/outubro/19/Normas-tecnicas-profilaxia-raiva.pdf+&cd=3&hl=pt-
BR&ct=clnk&gl=br> Acesso em: 20 mai. 2019.
19
Departamento de Zoonoses é a opção adotada pelo governo federal para garantir o bem-estar de animais e da
população. Agindo no controle das zoonoses e na prevenção de epidemias. Tais unidades de saúde já podem ser
encontradas hoje em todos os estados do País. Embora nem todo mundo saiba exatamente como funciona ou qual
é o trabalho realizado pelo centro de zoonoses, muitos se sentem mais familiarizados com o tema quando se fala
em “carrocinhas”. O departamento age de maneira a extinguir do País algumas das principais e mais perigosas
zoonoses – como raiva e leishmaniose – estes centros de controle também são responsáveis pela vacinação de
animais e a educação populacional; direcionada para que a população em geral tenha informações suficientes para
saber como se prevenir e evitar a propagação de doenças em animais e pessoas.(TOYOTA, 2018)
27

desenvolvimento e execução do controle da doença, por meio de medidas cabíveis e viáveis a


serem aplicadas direta e indiretamente sobre a população ou animal alvo, a fim de interromper
o ciclo de transmissão das doenças. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016)
A vacinação20, a desverminação e a castração são de suma importância para o controle
das zoonoses, pois previnem inúmeras doenças, diminuindo o número de hospedeiros para a
proliferação e contaminação. Em alguns estados do Brasil a vacinação é obrigatória, o que
beneficia o tutor, e também o próprio animal.

[...] até três mil cães eram sacrificados todos os anos na cidade de Cali, na
Colômbia, como forma de combate à raiva animal. Conseguimos, no entanto,
convencer as autoridades locais a optar pela esterilização destes animais. O
resultado foi uma redução de aproximadamente 25% da população de cães de
rua, além da diminuição dos casos de pessoas mordidas. E mesmo tendo sido
encerrada a campanha de vacinação, 10 mil pessoas pagaram voluntariamente
para terem seus cães esterilizados ao invés de sacrificá-los. (WORLD
ANIMAL PROTECTION, ONLINE, s.p)

As zoonoses são doenças que podem acometer qualquer animal ou ser humano que não
esteja vacinado, e é responsabilidade dos órgãos públicos o controle dessas doenças. A
castração por sua vez ajuda nesse quadro também pois diminui o número de animais vulneráveis
a serem hospedeiros da doença, além de ajudarem na saúde pública, ajudam na redução de
animais abandonados nas ruas.

2.4 DEFESA DA CAUSA ANIMAL PELO PODER PÚBLICO

A jurisdição relacionada aos animais foi sendo criada, reformulada e adaptada a partir
do momento em que houve a percepção da importância que os bichos tinham na vida do homem
e de como esse relacionamento é crucial para a convivência interespécies no meio em que se
vive.
Para elaborar um estudo de um abrigo é fundamental informar-se sobre as leis vigentes
no país, estado e município de aplicação do projeto, que estão favorecendo o tema. Mesmo que
hajam ONG’s que trabalhem para a causa animal, ainda há falta de preocupação do poder

20
As vacinas são substâncias biológicas que protegem os animais de determinadas enfermidades. Elas são
preparadas nos laboratórios a partir dos microrganismos causadores de doenças infecciosas, como as bactérias e
os vírus. O objetivo é estimular o organismo do indivíduo a produzir anticorpos sem contrair a doença, a fim de
potencializar seu mecanismo de defesa. Com a aplicação da vacina, é possível desenvolver uma memória
imunológica, que nada mais é do que uma produção antecipada de anticorpos especializados, que irão reconhecer
o invasor caso o animal seja infectado por ele. (SYNTEC, ONLINE)
28

público com as leis vigentes da causa, e também a omissão dos cidadãos nas ocorrências de
denúncias, maus tratos e abandonos dificultam o cumprimento a lei.

2.4.1 Declaração Universal dos direitos dos animais

Em 1978 na cidade de Bruxelas na Bélgica, foi realizada pela UNESCO uma sessão em
que foi escrita a carta em âmbito internacional chamada Declaração Universal dos Direitos dos
Animais no dia 27 de janeiro de 1978.
Essa declaração institui que os animais têm direito a vida como qualquer outro ser vivo
e que o respeito dos homens pelos animais está diretamente ligado ao respeito dos homens pelo
seu semelhante, e ainda considera que desde a infância os pais e o país através da educação,
devem ensinar a observar, a compreender, a respeitar e a amar os animais. (UNESCO, 1978)
O artigo 2º da declaração ressalta que o homem não pode exterminar ou explorar, e tem
o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais. No artigo 3º é enfatizado que se
for necessário matar um animal, ele deve ser morto instantaneamente, sem dor e de modo a não
lhe provocar angústia, deixando claro que animais feitos para abate ou vítimas de doenças
infecciosas para humanos devem morrer de forma rápida e sem sofrimento.
Sobre todos os animais:

Art. 4º 1. Todo o animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de


viver livre no seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático e tem
o direito de se reproduzir.
2. toda a privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, é contrária
a este direito.
Art. 5º 1. Todo o animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente
no meio ambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nas
condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie.
2. Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas
pelo homem com fins mercantis é contrária a este direito. (UNESCO, 1978)

Ainda refere aos direitos dos animais domésticos no Artigo 6º citando que todo animal
que o homem escolheu para sua companhia tem direito a uma duração de vida conforme a sua
longevidade natural. E ainda sobre o estudo desse tema diz que o abandono de um animal é um
ato cruel e degradante. (UNESCO, 1978)
A Declaração Universal dos direitos dos animais ainda defende que toda e qualquer
experimentação animal que implique em sofrimento físico ou psicológico fere os direitos do
bicho, e todo ato que implique na morte de um animal sem necessidade é um biocídio, ou seja,
29

um crime contra a vida, caso haja a morte conjunta de muitos animais trata-se de um genocídio,
um crime contra a espécie.
Por fim declara no Artigo 14º que os organismos de proteção e de salvaguarda dos
animais devem estar apresentados a nível governamental, ou seja, as ONG’s têm que ter apoio
do governo, e ainda enaltece que os direitos do animais devem ser defendidos pela lei como os
direitos do homem.21

2.4.2 Leis Federais


Os animais estão presentes na jurisdição brasileira desde 1934 quando por meio de um
decreto (Nº 24.645/34), Getúlio Vargas promulgou pena passível de multa e de 2 a 15 dias de
prisão, em casos de maus tratos aos animais, a pena aplicada seria de acordo com o delito
cometido, sendo o feitor do crime tutor ou não do animal.

Artigo 3º Consideram-se maus tratos


V – golpear, ferir ou mutilar, voluntariamente, qualquer órgão ou tecido de
economia, exceto a castração, só para animais domésticos, ou operações outras
praticadas em benefício exclusivo do animal e as exigidas para defesa do
homem, ou interesse da ciência;
V – abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem como deixar
de ministrar-lhe tudo que humanitariamente se lhe possa prover, inclusive
assistência veterinária; (BRASIL, DECRETO Nº 24.645/34)

Porém mesmo essa lei tendo grande importância para a causa animal ainda havia muitas
falhas que podiam ser contornadas pelos mal feitores, e ainda a fiscalização sobre essa lei é
insuficiente, mas é possível notar que desde esse período era comum casos de maus tratos e
abandono animal.
Em 1967 foi aprovada a Lei Federal de proteção a fauna a Lei nº 5197/97 que serviria
de complemento ao decreto de 1934, essa lei dispõe sobre a proteção à fauna e diz que os
animais de qualquer espécie, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem
naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, com seus ninhos, abrigos e
criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição,
destruição, caça ou apanha.
A constituição federativa do Brasil de 1988 também tem um capítulo que se refere
apenas ao meio ambiente, o Capitulo IX, o Artigo 225º incumbe ao poder público e a sociedade
o dever de cuidar, preservar e defender o meio ambiente, também se tratando de fauna e flora

21
Todos os dados desse item da declaração foram retirados da Declaração Universal dos Direitos dos animais.
(UNESCO, 1978)
30

como bem comum da sociedade, cabe a esses fiscalizar as práticas que coloquem em risco a
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
Porém mesmo que seja crime cometer crueldade contra animais, essa mesma
constituição termina o capítulo que se refere ao meio ambiente dispondo:

Constituição de 1988 – Capítulo IX – Artigo 225º


§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não
se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que
sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição
Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio
cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure
o bem-estar dos animais envolvidos. (BRASIL, CONSTITUIÇÃO, 1988)

Logo em seguida no ano de 1998, foi aprovada a Lei nº9.605 que tratava como crime
ambiental qualquer pratica de abuso, maus-tratos, mutilação e ferimento a animais
domésticos ou domesticados, passível de pena e multa.
Ainda essa mesma lei diz que será julgado com as mesmas penas quem realiza
experiência dolorosa ou cruel em animal. Essa lei deu início a uma série de fiscalizações com
maior âmbito nas indústrias de cosméticos e produtos que utilizavam animais para testes
dermatológicos ou farmacêuticos.

Art. 32 – Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,


domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em
animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem
recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
(BRASIL, Lei nº9.605/98, 1988)

De acordo com Ataide Junior (2018, p.57) os animais de estimação ou de companhia


em especial cães e gatos, desfrutam uma gama de direitos reconhecidos, além do número de
ONG’s dessa causa serem muito maior do que àquelas relacionados aos outros animais22, afirma
que o Direito Animal brasileiro deve sua existência à comoção social que os maus-tratos a cães
e gatos geralmente costumam produzir, e ainda tem maior apoio devido as legislações estaduais
e municipais que dão maior eficácia social de seus direitos.

22
Enquanto os animais silvestres e domésticos, gozam de uma tutela jurídica superior – que lhes confere, inclusive,
o direito à vida e à liberdade – os animais submetidos à exploração econômica pela pecuária e pela pesca – bois,
vacas, porcos, galinhas, carneiros, além de variadas espécies de peixes, moluscos e crustáceos – ainda não
conseguiram alcançar o nível mais inferior de efetividade dos seus direitos básicos. (JUNIOR, 2018, p. 57)
31

2.4.3 Leis do Estado de Santa Catarina

Além dos decretos e leis federais, os estados também possuem leis referentes ao tema
de estudo, essas leis mesmo que estejam inferiores ao poder legislativo federal são de grande
importância pois estabelecem itens mais específicos, deixando menores brechas na lei.
De acordo com Ataide Junior (2018) esse ordenamento jurídico de Direito Animal
também é composto pela legislação estadual, dado que a Constituição distribuiu competência
legislativa entre União e Estados para legislar sobre a fauna.

Constituição de 1988 – Capítulo II


Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e
dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
(BRASIL, CONSTITUIÇÃO, 1988)

Quanto a esse ordenamento, em 2003 no estado de Santa Catarina o Código Estadual de


Proteção animal estabeleceu normas para a proteção animal que visavam compatibilizar o
desenvolvimento socioeconômico com a preservação ambiental, chamada Lei nº 12.854/03.

Art. 2º É vedado:
I - agredir fisicamente os animais silvestres, domésticos ou domesticados,
nativos ou exóticos, sujeitando-os a qualquer tipo de experiência capaz de
causar-lhes sofrimento ou dano, ou que, de alguma forma, provoque condições
inaceitáveis para sua existência;
II – manter animais em local desprovido de asseio, ou que os prive de espaço,
ar e luminosidade suficientes;
IV – exercer a venda ambulante de animais para menores desacompanhados
por responsável legal;
V - expor animais para qualquer finalidade em quaisquer eventos
agropecuários não autorizados previamente pela Secretaria de Estado da
Agricultura e Política Rural;
VI – criar animais em lixeiras, lixões e aterros sanitários públicos ou privados.
VII – enclausurar animais com outros que os molestem ou aterrorizem; e
VIII – eutanasiar animais com substâncias venenosas ou outros métodos não
preconizados pela Organização Mundial de Saúde Animal, pelo Conselho
Federal de Medicina Veterinária e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. (SANTA CATARINA, Lei nº 12.854, 2003)

Essa mesma lei, em janeiro de 2018 foi acrescida de um novo parágrafo, o Artigo 34º
que estabeleceu que cães, gatos e cavalos são seres sencientes, e isso os dá o direito como
qualquer outro ser vivo, pois são classificados como sencientes seres que sentem alegria, dor e
angústia.
32

Com essa lei, vigora no estado uma maior abrangência dos atos de maus tratos, porém
a lei dá suas penalidades apenas em forma de multa, advertência ou apreensão dos animais e
equipamentos utilizados pelo infrator.

2.4.4 Leis do Município de Joaçaba

O município de Joaçaba também possui leis específicas para animais, pois a


Constituição do Brasil também dá competência administrativa sobre o Direito Animal para os
Municípios que podem estabelecer leis em relação a preservação da fauna.
De acordo com o Artigo 30º da constituição, os municípios detêm competência
legislativa suplementar à legislação federal e estadual. Na mesma linha se seguem vários
Códigos Municipais de Proteção Animal, os quais tendem a concentrar suas normas na
contenção e controle da população de cães e gatos. (ATAIDE JUNIOR, 2018)
No município de Joaçaba a Lei orgânica apresenta na Seção XV em que se refere ao
meio ambiente o Art 140, esse incumbe ao Município, na forma da lei proteger todos os animais
das consequências do urbanismo e da modernidade. (JOAÇABA, 2016)
A Lei nº 3701 de 2007 declara de utilidade pública a Associação
dos Amigos dos Animais de Joaçaba, Herval d`oeste e Luzerna, declarando-a como
organização sem fins lucrativos. No município há duas ONG’s que atuam na causa animal,
porém apenas uma delas está disposta em Lei, mas as duas possuem o registro de ONG.
Ainda assim as duas ONG’s do município trabalham em conjunto com relação a
castração de animais, pois há uma lei específica pra isso no município, a Lei n° 4528/14 que é
para animais domésticos, e dispõe sobre a regulamentação para o controle populacional desses
animais.

Art. 2º Fica instituído que o projeto de controle populacional de cães e gatos


do Município de Joaçaba será realizado através de procedimentos de
esterilização cirúrgicas, campanhas educativas e aplicação de leis que
determinam a posse responsável de animais domésticos em todo território do
Município.
Art. 3º O projeto mencionado nos artigos 1º e 2º deste regulamento serão
destinados, prioritariamente nesta ordem:
I - Para cães e gatos fêmeas da ONG Associação Amigos dos Animais de
Joaçaba, Herval D`Oeste e Luzerna;
II - Aos cães e gatos fêmeas, abandonados e encontrados no Município de
Joaçaba, desde que sob posse de um membro da ONG Associação Amigos do
s Animais de Joaçaba, Herval D`Oeste e Luzerna ou responsável para os
cuidados pré e pós-operatórios;
III - aos cães e gatos fêmeas, que pertençam às famílias em situação de
vulnerabilidade social, residentes no município de Joaçaba, e que estejam
cadastrados no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais) de
33

Joaçaba;
IV - Demais cães e gatos do Município de Joaçaba, dando-se prioridade para
as fêmeas. (JOAÇABA, LEI Nº 4528, 2014)

Essa lei é de suma importância para o controle de animais abandonados, para a


diminuição do ciclo de reprodução, e ainda auxilia no controle de zoonoses do município
melhorando a saúde pública, além de registrar que o poder público do município deve ajudar
essas organizações financeiramente, pois no Artigo 6º dessa lei no parágrafo V está exposto que
é de competência da vigilância sanitária do município prestar contas a fim de efetivar o
pagamento das castrações.
Em 2016 entrou em vigor a Lei nº 4667 que dispõe sobre a doação e posse de animais.
No Artigo 1º expõe que é permitida a reprodução, doação, criação e venda de cães e gatos no
território do Município de Joaçaba desde que obedeçam a legislação federal vigente. Ainda no
Artigo 4º dispõe sobre canis e gatis e que esses devem requerer o Alvará Sanitário para o início
do desenvolvimento da atividade, através do órgão competente da Vigilância Sanitária do
Município.
O Artigo 8º dessa lei está se referindo ao tema de estudo sobre posse de animais e
abrigos:

Art. 8 º - É de responsabilidade dos proprietários a manutenção dos cães e


gatos, fornecendo aos mesmos, condições adequadas de alojamento,
alimentação, saúde, higiene e bem-estar, bem como a destinação adequada dos
dejetos.
§ 1º Os animais devem ser alojados em locais onde fiquem impedidos de
fugirem e agredirem terceiros ou outros animais.
Art. 10º Não serão permitidos, em residências particulares, o alojamento e a
manutenção do número superior a 10 (dez) animais no total, entre cães e gatos,
com idade superior a 90 (noventa) dias, devendo inclusive ter ambiente
apropriado para manutenção de todos os animais.
§ 1º Excepcionalmente, no caso de existirem animais resgatados e que estão
sendo acompanhados para doação, será permitida em residência particular o
alojamento e a manutenção de cães ou gatos em número superior a 10 (dez)
[...] sendo que tais animais deverão ser acompanhados e monitorados pelos
voluntários da Organização não Governamental (ONGs). (JOAÇABA, LEI Nº
4667, 2016)

Nessa mesma lei o Artigo 13º refere a proibição da soltura ou abandono de animais em
vias e logradouros públicos e privados, sob pena de multa. Mesmo que haja pelo município
algumas leis de apoio as ONG’s da causa animal e auxílio financeiro para as castrações, o Art.
16º cita as necessidades de promover programas de educação continuada de conscientização da
população a respeito da propriedade responsável de animais domésticos, e ainda como esse
estudo, visa contar com parcerias e entidades de proteção animal e outras organizações não
governamentais e governamentais, universidades, empresas públicas e/ou privadas para que
34

haja o incentivo de propagar essa lei de educação para com os animais no município.
(JOAÇABA, 2016)
35

3 ESTUDOS DE CASO

Para melhor entender o funcionamento de um abrigo, é importante verificar estudos de casos


que representem referências arquitetônicas no tema para haver maior embasamento na etapa
projetual desse estudo.
No Brasil, mesmo que haja muitos abrigos que ajudam a causa animal, não foi encontrado
material arquitetônico suficiente de uma obra executada para uma análise mais detalhada, por
conta disso serão analisados dois abrigos nacionais, o UIPA- União Internacional Protetora dos
animais que é referência nacional, mas não disponibiliza projetos arquitetônicos, e uma
Proposta de Centro de Treinamento e Pesquisa para Animais Domésticos Abandonados para a
cidade de Florianópolis, que possui informações arquitetônicas, porém, não foi executado.
Assim com as informações que foram obtidas analisa-se três obras para estudo de caso e
embasamento de projeto, duas Nacionais e uma Internacional.

3.1 ESTUDO DE CASO NACIONAL

3.1.1 União Internacional Protetora dos Animais - UIPA

A UIPA é a mais antiga associação civil brasileira sem fins lucrativos que defende a
proteção dos animais. Fundada em 1895, seus organizadores instituíram o Movimento de
Proteção Animal no Brasil com o objetivo de lutar contra a exploração, o abandono e a
crueldade, além de combaterem a ultrapassada política de saúde pública, que extermina cães e
gatos, por conta das zoonoses.
A Clínica Veterinária do abrigo foi inaugurada em 1919 como o primeiro hospital
veterinário do país, o hospital é beneficente, e ainda inclui um centro de recuperação de animais
vitimados por abandono, acidentes e crueldade.
Por ser uma obra antiga, a arquitetura é do período colonial (Figura 2), com telhas de
barro e construção de alvenaria, há locais do abrigo que passaram por reformas, podendo ter
sido modificado os aspectos da construção, porém não se teve acesso a esses dados.
De acordo com Vieira (2017) o terreno da instituição compreende uma extensa área de
aproximadamente 6.000m² (seis mil), o bloco principal ocupa aproximadamente 320m², o
terreno é plano e está às margens do Rio Tietê.
36

Figura 2: Arquitetura UIPA.

Fonte: UIPA23, 2019.

Figura 3: Interior UIPA.

Fonte: UIPA24, 2019.

3.1.1.1 Localização e implantação

A obra está localizada no estado de São Paulo, na cidade de São Paulo, no bairro
Canindé (Figura 4). O acesso principal se dá pela marginal Tietê, avenida de grande fluxo,
também possui ponto de ônibus a 150m, e terminal rodoviário do outro lado da marginal.

23
Disponível em: <http://www.uipa.org.br/acervo-fotografico/> Acesso em: 20 mai. 2019.
24
Disponível em: <http://www.uipa.org.br/infraestrutura/> Acesso em: 20 mai. 2019.
37

Por se tratar de uma área com predominância de comércio, instituições e indústria


(Figura 5), a obra se “esconde” no meio de tantos edifícios monumentais que à circunda (Figura
6), porém isso ajuda no grande ruído causado pelo latido dos animais pois a grande escala dos
edifícios e a sua materialidade de maioria concreto e alvenaria , faz com que haja uma barreira
para a parte mais residencial do bairro. Não há residências no entorno imediato, o que acaba
não incomodando a vizinhança.

Figura 4: Localização UIPA.


N

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.


38

Figura 5: Análise do entorno UIPA.


N

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.

Figura 6: Escala do entorno UIPA.

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.

3.1.1.2 Análise Funcional

De acordo com Vieira (2017) a instituição é composta por recepção, sala de espera,
banheiros, cinco ambulatórios, sala de preparo, sala de procedimentos, sala de materiais e área
de estar dos funcionários.
Ainda completa dizendo que nos fundos estão as baias de banho dos animais, depósito
de ração e área de serviços. No restante do terreno estão dispersos os canis (Figuras 7 e 8),
39

agrupados em blocos de quatro canis comunitários, com capacidade máxima para oito cães em
cada, ainda há o gatil onde ficam todos os gatos recolhidos (Figura 9). Entre os blocos de
animais sadios, existe uma área reservada para animais com doenças ou em tratamento, que
requer maiores cuidados, denominado quarentenário (Figuras 10 e 11).
Um dos cuidadores relatou que a triagem feita na chegada dos cachorros é fator
preponderante no nível de sociabilidade de um animal com os demais, assim há uma melhor
distribuição dos bichos, não pelo sexo, pois todos os animais são castrados. (VIEIRA, 2019)

Figuras 7: Canil da UIPA.

Fonte: UIPA, 2019.

Figuras 8: Vista 02 Canil da UIPA.

Fonte: UIPA, 2019.

Figura 9: Gatil da UIPA.

Fonte: UIPA, 2019.


40

Figuras 10: Quarentenário da UIPA.

Fonte: UIPA, 2019.

Figuras 11: Vista 02 quarentenário da UIPA.

Fonte: UIPA, 2019.

3.1.1.3 Análise bioclimática

De acordo com os dados climáticos do Projeteee (2019) São Paulo possui ventos
reinantes que vem da direção Leste e Sudeste, porém a ventilação ocorre em todas outras
direções em menor velocidade, assim pode-se perceber que todas as fachadas são ventiladas,
também há uma grande arborização da área como mostrado nas figuras anteriores, esses fatores
ajudam no conforto térmico da obra, amenizando as temperaturas, pois há sombra na maioria
dos setores e os ventos ajudam a regular a amenidade da temperatura. A ventilação em um
abrigo de animais é importante pois ajuda atenuar o forte cheiro.
41

Figura 12: Ventilação e Insolação UIPA.

Fonte: Google Maps, adaptado pela autora, 2019.

3.1.1.4 Estudo da forma

As informações arquitetônicas desse projeto são insuficientes para fazer uma análise
mais aprofundada das fachadas e plantas, porém por imagem do Google Maps é possível
perceber em plantas a disposição dos blocos da instituição. São formas simples de retângulos,
que foram dispersos de forma assimétrica pelo terreno como mostra a Figura 13.

Figura 13: Blocos UIPA.


N

Fonte: Google Maps, adaptado pela autora, 2019.

3.1.1.5 Análise Crítica

Por se tratar de uma associação que é pioneira e referência no Brasil, a UIPA é poderia
disponibilizar mais dados e informações sobre a estrutura do local, porém quando se fala em
42

proteção aos animais no país, a instituição é representante ativa da causa, buscando


comprometimento do poder público e vigência de leis.
Além de abrigo de animais a instituição possui clínica veterinária, a preços populares
ou até gratuitos, por conta disso todos os animais que estão nas dependências do abrigo são
castrados, afirmando o que já vem sendo pautado nesse estudo sobre a importância da
diminuição de animais sem tutor por meio da castração.
Ao visualizar fotos disponíveis no site da instituição, nota-se que as dependências do
abrigo são higienizadas, o que é importante para que não ocorra a proliferação de doenças, e
acúmulos de resíduos nos canis e gatis. Ainda, a obra está localizada em uma área de ruído
intenso pois no seu entorno se encontram indústrias, e um complexo esportivo, isso ajuda de
forma que não haja incomodo para a vizinhança, por outro lado o intenso barulho pode acabar
estressando os animais.

3.1.2 Centro de Treinamento e Pesquisa para Animais Domésticos Abandonados

O Projeto do centro de treinamento e pesquisa na cidade de Florianópolis é do escritório


Cassim Calazans que se localiza em São Paulo. Como proposta as arquitetas elaboraram a ideia
de um instituto autossustentável, que não dependa apenas de doações para seu funcionamento,
portanto há uma gama de serviços disponíveis no centro.
De acordo com Cassim e Calazans (2016) o objetivo principal é que a arquitetura
moderna do edifício seja atrativa e acabe influenciando na atitude e no sentimento das pessoas,
pois as conexões e partidos arquitetônicos foram pensados para que haja um grande aumento
da taxa de adoção de animais na cidade.
Com grandes painéis vazados de madeira, o edifício chama atenção mesmo em fase
projetual, se trata de uma arquitetura simples, mas ao mesmo tempo inusitada, pois conta com
aproximadamente 20.000m², e usa desse espaço para o locar o edifício e para uma grande praça
arborizada que o circunda.
43

Figura 14: Centro de treinamento e pesquisa.

Fonte: CASSIM; CALAZANS,25 2016.

3.1.2.1 Localização e implantação

O projeto está previsto para o estado de Santa Catarina, na capital Florianópolis, no


centro da cidade (Figura 15), ligada a praça Tancredo Neves, a qual também foi anexada a
proposta sendo ajustada para uso do centro (Figura 16), beneficiando a área que atualmente se
encontra marginalizada.
O entorno da área é de uso misto, havendo residências, comércio e principalmente
serviços institucionais (Figura 17), o que favorece a localização, já que além de abrigo será um
centro de ensino. A única preocupação em relação a localização são os ruídos que podem ser
emitidos pelos animais recolhidos, e não há registrado no material de acesso se será feito algum
tratamento acústico para essa questão, porem a vegetação prevista e o fato dos canis estarem
localizados no subsolo do projeto já auxiliam na minimização da reverberação acústica.
Por estar no centro da cidade há vários acessos possíveis para chegar na instituição, além
disso há pontos de ônibus nas laterais do terreno, o local é amplo e plano, e atualmente o terreno
funciona como área de estacionamento para a OAB de Florianópolis.

25
Disponível em: < https://cassimcalazans.com.br/wp-content/uploads/2016/06/propondo-mundo-melhor3-
1.jpg> Acesso em: 20 mai. 2019.
44

Figura 15: Localização do Centro de treinamento e pesquisa.


N

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.

Figura 16: Implantação do Projeto de Centro de Treinamento e Pesquisa


N

Fonte: CASSIM; CALAZANS, 2016.


45

Figura 17: Análise do entorno Centro de treinamento e pesquisa.

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.

3.1.2.2 Análise arquitetônica

O projeto possui 5 pavimentos sendo um deles subsolo, como partido as arquitetas


optaram por usar do grande fluxo da área para deixar um térreo mais livre, mantendo apenas os
acessos e os segmentos públicos do complexo como lojas e restaurantes, atraindo as pessoas
pra dentro do centro, como mostra a Figura 18.
A obra é formada por dois grandes blocos que se interligam pelas áreas de lazer e
circulação horizontal (Figura 19) , o térreo se torna amplo e aberto por conta dos pilotis que
suportam os blocos superiores e as cortinas de vidro, ainda há uma grande preocupação com a
entrada de luz natural e ventilação nessa área, que acaba funcionando como uma grande praça
(Figura 18).
46

Figura 18: Centro de treinamento e pesquisa.

Fonte: CASSIM; CALAZANS, 2016, adaptado pela autora, 2019.

Figura 19: Blocos e circulação horizontal do Centro.

Fonte: CASSIM; CALAZANS, 2016, adaptado pela autora, 2019.

3.1.2.3 Análise funcional

O programa de necessidades do projeto é bem amplo, nas áreas de serviços conta com
café, biblioteca, laboratórios e salas que podem ser disponíveis para palestras e aulas. Por se
tratar de um local de pesquisa o projeto também conta com algumas instalações para moradias
temporárias voltadas para os estudantes, afim de facilitar os estudos e minimizar o
deslocamento dos usuários, uma vez que será um item que gerará lucro junto ao centro
educacional e os comércios para manter o Instituto. (CASSIM; CALAZANS, 2016)
Ainda propõe que a sede do Conselho Regional De Medicina Veterinária que está
dispersa em um local desapropriado na cidade, seja transferida para o centro de pesquisa,
47

agregando-a na obra atraindo grandes profissionais da área, pois no centro também está
proposto uma clínica veterinária e área de exames.
Os canis dos animais recolhidos estão no subsolo da obra junto com a área de
treinamento para animais e recreação, também conta com espeço para banho e tosa. Toda essa
área está ao lado do estacionamento, fazendo com que as pessoas passem pelos canis após
deixarem seus carros. Como o espaço é amplo serve como área de visitação, que pode gerar o
interesse de futuros tutores desses animais.

Figura 20: Planta baixa pavimento subsolo, centro de treinamento e pesquisa.

Fonte: CASSIM; CALAZANS, 2016, adaptado pela autora, 2019.


48

Figura 21: Planta Baixa 1º pavimento Centro de treinamento e pesquisa.


N

Fonte: CASSIM; CALAZANS, 2016, adaptado pela autora, 2019.

Figura 22: Planta Baixa 2º pavimento Centro de treinamento e pesquisa.

Fonte: CASSIM; CALAZANS, 2016, adaptado pela autora, 2019.

Não há uma divisão pública, privada ou semiprivada para cada pavimento, as atividades
estão distribuídas em todos os pavimentos, porém cada bloco e setor tem sua própria circulação
49

vertical, através de escadas e elevadores, assim os visitantes do centro podem acessar direto a
circulação do local que pretendem visitar ou trabalhar.

3.1.2.4 Estrutura e materiais

No site das arquitetas não há especificado o material que será usado no projeto, porém
pelas plantas e fachadas presume-se que sejam estruturas metálicas pelo desenho apresentado
de pilares e lajes. Para a fachada foi projetada uma malha ornamental de madeira que abraça
todo o prédio, ainda há vidros sobrepostos a essas malhas que funcionam como brises, para
obter melhor conforto térmico na edificação.

Figura 23: Fachada Centro de treinamento e pesquisa

Fonte: CASSIM; CALAZANS, 2016, adaptado pela autora, 2019.

Figura 24: Fachada lateral Centro de treinamento e pesquisa

Fonte: CASSIM; CALAZANS, 2016, adaptado pela autora, 2019.

3.1.2.5 Estudo da forma

Na fachada visualiza-se a forma principal de um cubo simples que foi alongado e


repetido (Figuras 24 e 25). Nos dois blocos a união entre eles se dá pela circulação horizontal
50

onde se encontra a área de lazer, e pela forma que estão dispostos aparentam ser simétricos e
lineares.

Figura 25: Análise Formal em fachada Centro de treinamento e pesquisa.

Fonte: CASSIM; CALAZANS, 2016, adaptado pela autora, 2019.

Porém em planta percebe-se que não são cubos lineares e não há simetria entre eles, os
elementos formam ângulos diferentes e não há uma sequência ou ordem na colocação. A forma
que norteia o projeto acaba sendo a da praça que forma um triângulo com subtração de formas
de elementos, os blocos contornam o eixo da forma e acabam seguindo a angulação que está
disposta em projeto. (Figuras 26 e 27)

Figura 26: Análise Formal Centro de treinamento e pesquisa.


N

Fonte: CASSIM; CALAZANS, 2016, adaptado pela autora, 2019.


51

Figura 27: Forma da praça Centro de treinamento e pesquisa. N

Fonte: CASSIM; CALAZANS, 2016, adaptado pela autora, 2019.

3.1.2.6 Análise bioclimática

Os ventos de Florianópolis são reinantes na orientação sul e norte, mas por se tratar de
uma cidade litorânea, todas as fachadas são ventiladas. Por ser um local que abriga animais a
ventilação ajudaria a minimizar o odor dos animais, porém o local de abrigo se encontra no
subsolo do projeto, devendo então receber ventilação forçada para amenizar o cheiro.
A fachada principal que está para a Av. Hercílio Luz não possui tanta incidência solar,
porém os blocos principais estão dispostos nas laterais do terreno e esses recebem insolação na
maior parte do dia, como mostra a Figura 28, há incidência solar nos dormitórios, na biblioteca
e no estar dos funcionários, deixando o local mais agradável em épocas mais frias, porém por
ter sido utilizado muito vidro pode ocorrer um grande aumento de temperatura no interior,
podendo ser necessário o uso de ventilação artificial.
52

Figura 28: Ventilação e insolação Centro de treinamento e pesquisa.


N

Fonte: Google Maps, adaptado pela autora, 2019.

3.1.2.7 Análise Crítica

Mesmo se tratando de uma proposta, que não foi executada o centro auxilia no
entendimento da indispensabilidade de um grande e variado programa de necessidades, para
que a função de abrigo possa ser mantida financeiramente.
O centro de treinamento e pesquisa para animais abandonados, está inserido como um
grande complexo no meio de uma área central, e por conta disso acaba sendo feito o
questionamento quanto aos resíduos, ruídos e odor que são gerados em um abrigo, nas
informações disponíveis do projeto não se encontra nada sobre o assunto e para esse estudo é
importante observar soluções para esses problemas, havendo então uma carência na
preocupação do bem estar animal, e a minimização da proliferação de doenças.
Com grande destaque arquitetônico e um vasto programa de necessidades o centro acaba
ligando suas funções a vários temas, o abrigo de animais está interligado à área de
estacionamento e a praça onde há um grande fluxo de pessoas além de lanchonetes e locais de
descanso. Além disso o projeto abre um leque de possibilidades de ajuda financeira sem a
dependência de voluntários ou de auxílio do governo.
53

3.2 ESTUDO DE CASO INTERNACIONAL

3.2.1 Sociedade Real para Prevenção da Crueldade Contra Animais – RSPCA

A Sociedade Real para Prevenção da Crueldade Contra Animais ou RSPCA (sigla em


inglês, tradução da autora, 2019) é uma sociedade de resgate de animais que visa o recolhimento
e o cuidado do animal até o momento da adoção. Também conhecida como clínica veterinária,
e possui três sedes somente na Austrália.
A organização buscando aumentar a área de recolhimento e preparação de cães na
RSPCA de Burwood East, oportunizou por meio de um concurso para arquitetos a elaboração
de uma nova edificação. Na ocasião o escritório ganhador foi o NH Architecture o qual
desenvolveu o projeto executado em 2007 (Figura 29) atrás do complexo já existente (Figura
30).
De acordo com as informações da página do NH Architecture (2019) a construção da
primeira das três etapas da sede da RSPCA pelo escritório até o presente momento da
elaboração desse estudo foi concluída. A instalação é um modelo de excelência em cuidados
com animais, proporcionando uma experiência exemplar para todos os usuários e visitantes.
Ainda cita que a obra é atrativa o que ajuda a promover aumento nas taxas de adoção e colabora
na educação comunitária e canina visando a adoção correta dos animais.

Figura 29: RSPCA – Fachada Lateral.

Fonte: NH Architecture, 2019.26

26
Disponível em: <http://nharchitecture.net/projects/rspca/> Acesso em: 20 mai. 2019.
54

Figura 30 – Complexo Antigo e Complexo Novo RSPCA

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.

3.2.1.1 Localização e implantação


A obra está localizada, na Austrália, no estado de Vitória, na capital Melbourne, na
localidade de Burwood East (Figura 31), está no centro comercial de Burwood Highway, onde
há um grande fluxo de pessoas, pois é a área central da cidade.
O complexo está numa área mista residencial e comercial, o que favorece a implantação
do projeto, pois se destaca do entorno27, chamando atenção para a construção (Figura 32), além
disso o terreno está em aclive na área mais antiga, porém para a segunda obra de abrigo o terreno
foi aterrado e usado de forma plana.
Por estar numa rua de grande movimento que liga Melbourne a outras cidades, está bem
localizada também por conter muitos pontos de ônibus e passagem do trem elétrico que
atravessa a cidade.

27 A localidade está disposta em no máximo de 4 pavimentos, a obra se destaca pois está em uma escala
monumental comparada ao entorno. (Análise feita através do Google Earth, 2019).
55

Figura 31: Localização RSPCA


N

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.

Figura 32: Análise do entorno da obra RSPCA.


N

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.


56

3.2.1.2 Análise arquitetônica

Para o desenvolvimento da obra, o partido foi uma entrada única que fosse clara para
quem fosse adotar um animal, e que só depois se abrisse para novos compartimentos, onde a
composição fosse um conjunto de peças repetitivas e originais, fechadas e abertas, parciais e
integrais.
O edifício possui 5 (cinco) blocos (Figura 33) cada um com acesso separado, além disso
possui 2 (dois) níveis de acesso por uma extensa rampa (Figura 34 e 35). Os quatro pátios
externos que circundam os blocos ganharam grande destaque com a paginação no chão, feita
de diferentes materiais táteis, cores e desenhos. Esses desenhos de acordo com informações do
site, representam as diferentes pelagens que um cão pode possuir, por conta das misturas de
raças, já que a maioria se trata de cães sem raça definida (Figura 36).
O projeto visa o bem-estar animal através da integração de espaços, luz e ventilação
natural, sendo uma referência de abrigo internacionalmente, além de ter ganho prêmios
nacionais na categoria Arquitetura Sustentável em 2008.

Figura 33: Blocos RSPCA, fachada lateral do edifício.

Fonte: NH Architecture, 2019.


57

Figura 34: Rampa de acesso RSPCA.

Fonte: NH Architecture, adaptado pela autora 2019

Figura 35: Rampa de acesso RSPCA.

Fonte: NH Architecture, 2019.


58

Figura 36: Paginação de piso RSPCA

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, NH Architecture, 2019.

3.2.1.3 Análise funcional

O acesso do público ao edifício acontece pela frente da obra antiga, para os funcionários
a entrada também pode ser pelos fundos do terreno, o estacionamento está na frente e nas
laterais da obra, porém como citado anteriormente, há a possibilidade de os interessados virem
de ônibus ou trem elétrico, como mostra a Figura 37.

Figura 37: Acessos ao RSPCA

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.

O edifício, por se tratar de uma ampliação para a função específica de abrigar cães,
possui apenas local de abrigo e preparação de comida. Porém o programa de necessidades é
59

amplo e contempla área para treinamento de animais, abrigo, quarentena para recuperação,
espaço para passeios, banheiros, depósitos, circulação horizontal e vertical (rampas, escadas e
elevador) e área de alimentação e preparação de alimentos dos animais (Figura 38).

Figura 38: Planta baixa do pavimento térreo RSPCA

Fonte: NH Architecture, adaptado pela autora, 2019.

A área de quarentena é como qualquer outro canil da obra, os cães que chegam ao
RSPCA recebem atendimento médico (no edifício antigo) e apenas quando necessário, são
colocados em quarentena, assim nesse período eles são avaliados sobre problemas
comportamentais e doenças crônicas.
Os canis atendem a funcionalidade de abrigar, e ainda dão conforto necessário para o
cão enquanto estiver no local até sua adoção, como mostra Figura 39. Outro elemento que
chama atenção é que cada animal tem seu canil individual, evitando brigas, contágio de doenças
e facilita a visualização dos interessados em adotar algum dos animais, o abrigo conta com 200
canis, sendo 100 deles no primeiro pavimento e outros 100 no pavimento superior .
60

Figura 39: Canis RSPCA

Fonte: NH Architecture, 2019.

3.2.1.4 Estrutura e materiais

Para que houvesse economia no projeto, a obra foi feita em estrutura metálica e revestida
de uma padronização de painéis metálicos corrugados em preto e branco, como mostra a Figura
40, o uso das cores foi proposital após estudo de que eram estimulantes para os cães.

Figura 40: Revestimento em metal corrugado fachada RSPCA.

Fonte: NH Architecture, 2019.


61

3.2.1.5 Estudo da forma

Analisando a obra em planta pode-se observar que o desenvolvimento do projeto se teve


após a criação do eixo linear em que são colocadas as rampas. Esse eixo acontece, pois, é o
local onde está localizado o acesso principal da rua.
Com a criação desse eixo os arquitetos usaram de formas puras retangulares para
distribuir os blocos de canil formando um ângulo com esse eixo, deixando apenas o último
bloco disposto perpendicularmente.

Figura 41: Análise formal planta RSPCA.

Fonte: NH Architecture, adaptado pela autora, 2019.

Analisando a formalidade a partir das fachadas observa-se que pela vista Norte (Figura
40) os blocos são adição de forma simples retangulares, como cubos alongados com ritmo nas
mudanças de cor, pois são iguais em todos os blocos.
Porém a forma principal se apresenta diferente quando observada pela fachada lateral,
essa forma pode ser tanto um cubo que foi modificado sendo esticado em uma das pontas,
quanto pode ser a adição de triângulos num cubo, como exemplificado na Figura 42, esse
detalhe faz com que os blocos pareçam inclinados, e por conta dos ângulos em que estão há
uma ilusão de ótica, fazendo com que os corredores, onde ficam os pátios, pareçam estar se
fechando, como mostra a Figura 43. (ARCHITECTURE, 2019)
62

Figura 42: Análise formal, fachada lateral RSPCA.

Fonte: NH Architecture, modificado pela autora, 2019.

Figura 43: Inclinação da fachada RSPCA.

Fonte: NH Architecture, 2019.


63

Ainda, a disposição dos vidros e dos canis no interior da obra, trazem um ritmo na
fachada. A adição de cubos que compõe os sistemas de ventilação na parte superior dos blocos,
ajudam na distribuição e na simetria da obra (Figuras 44).

Figuras 44: Análise elementos da fachada RSPCA.

Fonte: NH Architecture., modificado pela autora, 2019.

3.2.1.6 Análise bioclimática

Para conter o cheiro forte por conta dos animais, cada canil possui abertura superior para
que haja ventilação contínua, ainda há tubos exautores em cada canil, todas as entradas de ar e
escapamentos são acusticamente tratadas para reduzir o som dos latidos, essas soluções foram
feitas para minimizar os odores e ruídos na obra, por se tratar de uma área residencial,
minimizando o estresse dos cães e da vizinhança.
O edifício naturalmente é ventilado e iluminado. No quesito aquecimento, há laje,
chaminés térmicas que fazem as trocas de ar, nesse sistema o ar quente e o cheiro sobem por
conta das torres dispostas em todo o projeto, e o ar frio e limpo desce pelos coletores de vento
posicionados no sentido dos ventos predominantes. Essas trocas de ar são importantes para um
64

projeto de abrigo pois mantém o ambiente em temperatura agradável, e faz a com que o cheiro
seja amenizado.
Além disso, cada baia do canil recebe grande incidência de luz natural e vista para uma
área ao ar livre, os canis são fechados na lateral, assim nenhum cão tem contato visual com o
outro, isso somado com a minimização dos latidos por conta do tratamento acústico, o animal
fica menos estressado, ficando mais dócil e adaptável a adoção.

Figura 45: Insolação, ventilação e água da chuva RSPCA.

Fonte: NH Architecture, adaptado pela autora, 2019.

Figura 46: Insolação e Ventilação RSPCA.


N

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.


65

O vento reinante na Austrália é o Nor-nordeste, porém o vento sul e o vento oeste tem
grandes influências climáticas na região, por conta disso todas as fachadas acabam sendo
ventiladas, e ainda seguindo o projeto de aberturas superiores nos canis, o espaço se torna mais
agradável para a visitação já que há a minimização do cheiro forte causado pelos animais.

3.2.1.7 Análise Crítica

Por se tratar de uma obra de concurso, os arquitetos responsáveis acabaram optando pela
sustentabilidade e usaram de todos os recursos para resolver problemas que são muito
encontrados em abrigos, como o mal cheiro, os ruídos e a transmissão de doenças.
Essa obra se adequa ao estudo desenvolvido pois está mostrando de forma explicativa
como é possível resolver arquitetonicamente um projeto de abrigo para animais. E ainda que se
tratando de um complexo e tendo lucros por conta das lojas do prédio antigo, optaram por
materiais baratos, e isso além de beneficiar na economia, mostra como pode ser estabelecidas
soluções arquitetônicas com um menor custo.
Por ser referência na região onde está inserido, o RSPCA atrai mais interessados nas
adoções, e por ter as dependências mais limpas e individuais para cada cachorro, há um
significativo aumento no número de pessoas interessadas em adotar um animal, pois isso
diminui o medo quanto às doenças e ainda atrai futuros tutores por conta da organização e
tratamento para com os animais. Ainda é interessante frisar o uso de elementos que ajudam a
deixar o ambiente mais agradável por meio de trocas de ar, por torres e chaminés.
66

4 METODOLOGIA
Na primeira etapa desse estudo pesquisa-se referenciais teóricos. Essa pesquisa em
questão compreende caráter exploratório, que segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 51-52) é
quando a pesquisa se encontra na fase preliminar, e tem como finalidade proporcionar mais
informações sobre o assunto que vai ser investigado, usando de pesquisas bibliográficas através
de livros, artigos, pesquisas publicadas, e sites confiáveis, para aprofundar-se sobre o tema
buscando informações pertinentes e que acrescentem até a etapa final do projeto.
Na segunda etapa serão realizadas entrevistas não estruturadas com atuantes na área,
que são as ONG’s do município, para levantamento de dados, também nessa etapa busca-se na
legislação do município de estudo e de municípios da região se há projetos já executados sobre
essa proposta e se sim, quais são as respostas do mesmo para a sociedade.
Para obter conhecimento maior no tema na terceira etapa serão buscados estudos de caso
referentes ao tema, trazendo embasamento necessário para realização da pesquisa, serão
analisadas ações da temática já consolidadas a nível nacional e internacional.
Assim, inicia-se o desenvolvimento do projeto com fluxograma e organograma, analisa-
se a disponibilidade de terrenos que mais estejam adequados a proposta e verifica-se no
zoneamento o plano diretor da área, as diretrizes e o potencial de uso e ocupação do solo.
Por fim faz-se o pré-dimensionamento e o programa de necessidades para desenvolver
o anteprojeto arquitetônico baseado em todas as pesquisas e questões que foram informadas
durante o desenvolvimento teórico, para isso apresenta-se partido e conceito de projeto, para
que na próxima etapa seja iniciado o projeto arquitetônico com plantas, cortes, fachadas e
elevações para melhor entendimento da proposta.

4.1 ANÁLISE DO PÚBLICO ALVO

Por se tratar de um abrigo de animais, o público alvo é bem específico, cães e gatos que
estão em estado de rua na cidade de Joaçaba e nos municípios do entorno imediato, como Herval
d’Oeste, Luzerna e Água Doce.
Porém, o funcionamento de abrigo depende fundamentalmente do público de pessoas
para atingir o objetivo desse estudo, que é a adoção desses animais, por conta disso serão
dispostos locais de estudo, lazer e visitação.
O público alvo desse será dividido em dois perfis: O perfil A compreende aos cachorros
já recolhidos pela ONG “Bom pra Cachorro”, e os que estão em lares voluntários da ONG
“Voluntários amigos dos animais” caso seja necessário, cachorros e gatos que estão nas ruas, e
67

cachorros e gatos vítimas de maus tratos no município de Joaçaba, Herval D’Oeste, Luzerna e
Água Doce, serão abrigados e preparados para adoção. Quanto ao perfil B, envolve as pessoas
que visitarão, estudarão ou trabalharão no local de estudo.

4.1.1 Dados do Perfil A – Cachorros e gatos que estão nas ruas.

O funcionamento de um abrigo depende essencialmente da ajuda das ONG’s que


defendem a causa, pois essas estão ativas com os casos que ocorrem no município e auxiliam
no recolhimento desses animais.
Para obter maiores informações relacionadas a situação de animais abandonados e
vítimas de maus tratos, foram feitas duas entrevistas com as responsáveis pelas ONG’s atuantes
na cidade28. A Vice-presidente da ONG “ Bom pra cachorro” ofereceu informações através de
entrevista presencial, e a Presidente da ONG “Voluntários amigos dos animais” respondeu
algumas perguntas via mensagens pelo aplicativo WhatsApp.29
A ONG “Voluntários amigos dos animais”, fundada em 2007, afirma que um abrigo não
ajudaria a minimizar o abandono de cães e gatos no município, pelo contrário, esse valor
aumentaria, por conta disso a ONG é contra a estrutura de um abrigo.
A atuação dessa organização consiste no recolhimento de animais abandonados apenas
se houver um lar temporário dos voluntários para o animal, a ONG ajuda em média 90 animais
carentes e necessita de 1000kg de ração por mês. A ONG possui uma equipe que em caso de
maus tratos recolhe cães em estado de risco para cirurgia e internações, após isso procuram
lares de passagem e doam. Visitam locais e fazem ajustes para que situações de risco sejam
regularizadas, como compra de casinha, britas, cordas de correr, coleira antipulgas entre outros
equipamentos.
Por possuir um site, a ONG “Voluntários amigos dos animais” disponibiliza fotos de
animais que estão com voluntários em abrigos temporários pra adoção (Figura 49), ainda usam
as redes sociais para divulgar acontecimentos, pedir auxílio financeiro da população quando há
falta de algum suprimento, e prestam contas das entradas e saídas do financeiro da ONG.

28
Entrevista e respostas completas no Apêndice A e B desse estudo.
29
Também foram retiradas informações pelo site da Ong (Figura 47). Disponível em:<http://www.amigosdosani
mais.org.br/> Acesso em: 21 mai. 2019.
68

Figura 47: Página inicial ONG “Voluntários Amigos dos Animais”.

Fonte: Amigos dos animais, 2019.

Os voluntários da ONG “Bom pra Cachorro” acreditam e apoiam os abrigos de animais,


mesmo que o abandono cresça no início, pois as pessoas deixariam os animais no local por
saberem que ali seria um abrigo, Romanetto (2019) afirma que pelo menos esses animais
estariam bem tratados, alimentados e castrados para que não reproduzissem mais, o que seria
melhor do que deixar num local em que não tivessem as necessidades básicas atendidas e ainda
pudessem sofrer maus tratos.
Na entrevista feita com essa ONG foram obtidos dados de que há atualmente 170
cachorros os quais a ONG “Bom pra Cachorro” se responsabiliza, sendo que 150 deles estão
em local temporário que é o sítio particular da Vice-presidente da ONG, Juliana Romanetto.
Mesmo com a intenção de fazer o sítio virar abrigo, por não terem nenhuma estrutura
registrada e que atenda as normas de abrigo e dependerem exclusivamente de ajuda da
população, não há uma data prevista para que esse sítio se torne local de visitação pelos
interessados em adotar um animal, por conta disso as reformas feitas no sítio são melhorias, de
acordo com a entrada de dinheiro.
De acordo com cálculos feitos pela vice-presidente, há em média um gasto de 1500Kg
de ração por mês com esses animais, a maioria cachorros, pois a estrutura do sítio não suportaria
recolhimento de gatos ainda, e há sete grandes canis que acolhem 150 cães, os quais estão
69

divididos por portes: porte pequeno, porte médio, porte grande, essa divisão ocorre para evitar
brigas entre eles.
Romanetto (2019) afirma que a falta de local físico e bem estruturado para visitação de
interessados em adotar, acaba gerando um menor número de adoções para a ONG, pois o
contato visual com o animal é de suma importância na hora de adotar e faria com que
aumentasse o número de animais com tutores. Contudo a ONG Bom pra cachorro ainda atende
apenas pelas redes sociais e havendo interesse em adoção, mandam fotos dos animais que se
enquadram no desejo da pessoa, assim depois que o animal é escolhido, a organização visita a
residência do futuro tutor e se houver um espaço adequado há a aprovação para a adoção.
A ONG Bom pra cachorro também defende as feiras de adoção, pois como analisado no
estudo de caso da RSPCA na Austrália, o número de animais adotados aumenta quando há a
visualização do animal, pois os interessados se envolvem mais quando olham, seguram ou
passeiam com os animais, por isso é interessante um local apropriado para que haja visitação e
entrosamento dos animais com futuros tutores.

4.1.2 Dados do Perfil B – Visitantes, estudantes e trabalhadores.

Mesmo que o foco sejam os cães e gatos abandonados, a finalidade desse estudo está
em diminuir o número desses animais sem tutores, portanto o abrigo deverá possuir atrativos
para que a população vá até o local, trazendo atividades diversificadas e uma estrutura
confortável também para pessoas.
Para que haja um fluxo contínuo e entrada de renda para o abrigo, a proposta abrange
local para estudo, para gerar fluxo de estudantes que podem estar auxiliando no cuidado animal,
também a realização de cursos e atividades que usufruam da estrutura de salas de aula, salas de
palestras e laboratórios.
Portanto no público de pessoas está incluso os visitantes que podem ir até o abrigo
interessados em adoção ou apenas para usufruir do local de lazer, os estudantes e pesquisadores
que podem permanecer no local por mais tempo, e os funcionários que manteriam o local e
cuidariam das necessidades dos animais.
Como um abrigo trata de acolher seres vivos, deverá haver um controle diário e de
funcionamento 24 horas por dia, podendo ser estabelecido um horário de acesso público e um
horário apenas de acesso privado para que sejam feitas manutenções, ajustes, alimentação e
limpeza. Mas seria interessante o local estar aberto nos finais de semana para que aumente fluxo
das visitações.
70

4.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES

Com os dados obtidos através das entrevistas com as ONG’s atuantes no município, e
dos três estudos de caso analisados anteriormente, foi pré-estabelecido a demanda de animais
que serão atendidos no abrigo, com isso teve-se um maior conhecimento das necessidades e
tamanhos dos ambientes.
Foi estabelecido que há a necessidade de canis individuais ou para no máximo 2
cachorros para melhorar a visualização dos interessados, e ainda diminuir o contágio de
doenças. Os gatis não tem a necessidade de serem individuais, porém devem abrigar no máximo
5 gatos, nos quais deverá haver diferentes elevações, degraus e arranhadores para que os gatos
não fiquem estressados.
Há também a necessidade de um local administrativo, para informações, recebimento
de doações, de denúncias, contagem dos animais, entrada e saída de cachorros e gatos, ainda
um suporte de copa, banheiros, vestiários para banho e troca de roupas dos funcionários e
estudantes.
Deverá haver um local que seja disposto de consultórios veterinários equipados com
raios-x, ultrassom, macas, farmácia, salas de atendimento, triagem, encaminhamento,
quarentena, e todos os equipamentos necessários para que sejam feitas consultas com vacinação
e desverminação, e por prever o uso do abrigo como local para estudantes de Medicina
Veterinária, também será projetado salas de aula e laboratórios.
Ainda para que haja um giro e entrada de capital, haverá a disponibilidade de cursos
relacionados na área, como auxiliar de veterinário, banho e tosa, e cursos laboratoriais, além de
local para palestras e salas de reunião.
Como apoio serão distribuídos ao longo do abrigo depósitos de materiais de limpeza e
lixeiras, além de salas de monitoramento. Para atender todas as necessidades dos funcionários,
estudantes e visitantes também será inserida uma lanchonete de atendimento ao público e um
espaço amplo de lazer.
O programa de necessidades desse estudo para um abrigo de animais de pequeno porte
consiste em:

Setor Administrativo;
• Recepção;
• Diretoria;
• Secretaria;
• Arquivo
• Sala de entrevistas (dos futuros tutores);
71

• Encaminhamento (sala para animais que precisam ser encaminhados para clínica);

Setor de Abrigo;
• Sala de triagem;
• Canil;
• Gatil;
• Sala de banho e tosa;
• Lazer dos animais;
• Depósito de alimentos;
• Preparação de alimentos;
• Espaço para Feirinhas de Adoção;

Setor de apoio;
• Vestiário;
• Banheiro;
• Copa para funcionários;
• Descanso dos funcionários;
• Lanchonete;
• DML

Setor Médico;
• Esterilização;
• Quarentenário;
• Consultórios;
• Salas de Equipamentos;
• Sala de exames;
• Farmácia;
• Laboratório;

Setor de Ensino;
• Salas de Aula;
• Salas de reuniões;
• Sala de cursos;
• Biblioteca

4.3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Após ser definido o programa de necessidades, dimensiona-se previamente os ambientes


do abrigo. De acordo com os números obtidos nas entrevistas, e de dados da ABINPET (2017),
estabeleceu-se um suporte para 300 cachorros e 50 gatos resgatados, pois o número de
cachorros abandonados é muito maior e a decorrência de adoção muito menor, enquanto os
gatos se abandonam menos, mas são mais adotados.
Portanto para estabelecer áreas mínimas, utiliza-se material disponível pelo Ministério
da Saúde sobre estruturas físicas de unidade de controles de zoonoses (BRASIL,2017) , o livro
72

a arte de projetar de Neufert (2014) e a cartilha disponibilizada pelo Fórum nacional de proteção
e defesa animal sobre a estrutura de abrigos e o bem-estar animal (SOUZA, 2018).

Tabela 1: Pré-dimensionamento do programa de necessidades.


Setor Ambiente Quantidade Área Área Total
Recepção 1 15m² 15m²
Diretoria 1 16m² 16m²
Secretaria 1 15m² 15m²
Administrativo
Arquivo 1 10m² 10m²
Entrevistas 2 5m² 10m²
Encaminhamento 1 10m² 10m²
Área Total do Setor 66m²
Vestiário F. 2 20m² 40m²
Vestiário M. 2 20m² 40m²
BWC F. funcion/ estudantes 4 10m² 40m²
BWC M. funcion/ estudantes 4 10m² 40m²
Descanso de funcion/ estudante 2 15m² 30m²
Apoio
Copa de funcion/ estudantes 2 10m² 20m²
BWC F. Público 6 4m² 24m²
BWC M. Público 6 4m² 24m²
Lanchonete 1 40m² 40m²
D.M.L 5 4m2 20m²
Área Total do Setor 318m²
Esterilização 1 10m² 10m²
Quarentenário 1 20m² 20m²
Ambulatório 1 10m² 10m²
Consultórios 4 10m² 40m²
Raio-x 1 15m² 15m²
Médico
Ultrassom 1 15m² 15m²
Laboratório 3 20m² 60m²
Farmácia 2 15m² 30m²
Depósito temporário de cadáveres 1 5m² 5m²
Exames 2 15m² 30m²
Área Total do Setor 235m²
Sala de Aula 3 25m² 75m²
Sala de Cursos 3 25m² 75m²
Ensino
Sala de Reuniões 2 16m² 32m²
Biblioteca 1 20m² 20m²
Área Total do Setor 202m²
Canil Individual 300 3m² 900m²
Gatil Coletivo 10 10m² 100m²
Depósito de alimentos 2 7m² 14m²
Abrigo
Preparação de alimentos 2 10m² 20m²
Lazer 2 100m² 200m²
Sala de Banho e tosa 1 20m² 20m²
Área Total do Setor 1254m²
Área total mínima: 2085m²
Fonte: A autora, 2019.

De acordo com pré-dimensionamento, estipula-se a área mínima de 2.085m², nesse valor


não foi adicionado as áreas de circulação vertical e horizontal, estacionamentos e área de lazer,
73

uma vez que refere-se as áreas mínimas estabelecidas pelos locais de pesquisa, podendo assim
haver alteração das dimensões até a fase final desse projeto.

4.4 ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA

Para estabelecer a organização mais indicada para o fluxo do abrigo, os setores foram
divididos conforme pré-dimensionamento, em um organograma, e cada setor está ligado com a
área de uso para hierarquizar os fluxos mais indicados para cada função (como indicado na
Figura 48). O organograma divide-se em acesso e estacionamento, setor de abrigo, setor
administrativo, setor de apoio, setor de ensino e setor médico.

Figura 48: Organograma.

ACESSO ESTACIONAMENTO

ADMINISTRATIVO ABRIGO

APOIO
ENSINO

MÉDICO

Fonte: A autora, 2019.

Com a elaboração do organograma, e do pré-dimensionamento tem-se entendimento


quanto a hierarquia dos setores que compõe a proposta. Para que haja maior divisão dos fluxos,
faz-se a elaboração do fluxograma, que será distribuído em três principais circulações: Acessos
públicos que engloba quaisquer visitantes do abrigo; Acesso administrativo que compreende
apenas aos funcionários da administração; e Acesso privado que engloba estudantes,
profissionais e funcionários, como esboçado na Figura 49.
Todos os setores tem acesso a área de apoio que compreende as áreas públicas do abrigo
(exceto banheiros e copa para funcionários), as áreas de canis e gatis estarão dispostas nas
laterais por compreenderem uma maior metragem no pré-dimensionamento, e necessitarem de
grandes áreas de lazer.
74

Figura 49: Fluxograma.

Estacionamento

DML Secretaria Diretoria DML

Recepção

Bibliote. Encami- BWC


Entrevistas
nhamento
Copa
Reunião BWC BWC
Canil.

Canil.
Cursos Lanchonete
Ves- Ves-
Aula tiário tiário

Esteri- Ambu-
DML lização Exames latório DML

Labo- Far-
Rações Consultórios mácia Banho e tosa
ratório

Quarentenário Gatil
Gatil

Depósito de
BWC DML DML BWC
cadáveres

Acesso Administrativo.
Acesso Público.
Acesso Privado.
Fonte: A autora, 2019.

A disposição desse fluxo pode variar de acordo com os horários de funcionamento. Não
estão comtempladas as áreas de lazer que serão periféricas aos canis e gatis. A forma final do
projeto também pode variar não seguindo necessariamente a sequência dos espaços dispostos
no fluxograma.
75

4.5 ANÁLISE DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

4.5.1 O município

O município de Joaçaba foi fundado no ano de 1917, era pertencente ao estado do Paraná
e tinha o nome de Cruzeiro até 1943, teve como principais imigrantes os gaúchos, italianos e
alemães, que vinham pra região em busca de terras férteis, e da madeira de lei que era abundante
na época.
A cidade está localizada no meio oeste catarinense no centro do Vale do rio do Peixe, e
é conhecida por ser polo na área da saúde e educação no estado. De acordo com dados do IBGE
(2010) Joaçaba é a oitava melhor cidade para se viver no Brasil por conta do seu IDHM30. Com
uma área de 232.35 km², em 2018 a cidade chegou ao número de 29.827 habitantes no
município, por ser uma cidade universitária esse número aumenta no período letivo.

Figura 50: Localização Joaçaba


N

BRASIL

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.

30
Para calcular o IDHM de cada município são levados em conta três itens: vida longa e saudável (longevidade),
acesso ao conhecimento (educação) e padrão de vida (renda). A partir dos cálculos de cada um desses fatores, se
chega ao índice geral de IDHM, organizado no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. (Santos, 2015)
76

De acordo com Bilibio et al. (2017) Joaçaba está numa região de clima subtropical, e
apresenta verões muito quentes e invernos com temperaturas que podem alcançar -5º C, também
apresenta um clima super-úmido e à média pluviométrica, está compreendida na faixa de 2.200
mm/ano e a temperatura média anual de Joaçaba é de 18 ºC.
Na hidrografia, o município compreende a bacia do rio Uruguai, o principal rio que
passa em Joaçaba é o rio do Peixe, que limita a cidade com o município vizinho de Herval
d’Oeste que também será atendido por esse estudo.
Joaçaba por estar em um vale apresenta uma topografia de grandes níveis e elevações,
chegando a alcançar 834m nos pontos mais altos da cidade, a maioria do município está na
altitude de 522 m como mostra a Figura 51.

Figura 51: Topografia Joaçaba

Fonte: Topographic31, 2019.

Em relação aos ventos, possui predominância do vento Nordeste, que chega a alcançar
8 m/s em épocas do ano, também apresenta grande ventilação do lado leste, sendo esse em
menor velocidade (Figura 52). A chuva por sua vez acompanha o sentido dos ventos, e podem
chegar a 248mm no mês de junho e 315 mm no mês de outubro que são os meses mais chuvosos
no município.

31
Disponível em: < http://pt-br.topographic-map.com/places/Joa%C3%A7aba-4007746/ > Acesso em: 30 mai.
2019.
77

Figura 52: Ventos Joaçaba.

Fonte: Projeteee32, 2019.

Joaçaba apresenta características de cidade universitária, por isso dispõe de diversas


atividades distribuídas pelo município, possui uma área central que se estende por toda Av. XV
de Novembro, onde se encontram os principais locais de comércio , na Rua Getúlio Vargas se
encontram bares e restaurantes que atendem a população e principalmente os estudantes.
Por estar em constante crescimento, a Lei complementar nº 137 de 12 de fevereiro de
2007, dividiu a cidade em Zonas de interesse urbano, para que houvesse uma expansão da
cidade para áreas ainda não ocupadas, trazendo maior conforto pra população que se
aglomerava na área central do município.

32
Disponível em: <http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=SC+-+Joa%C3%A7aba&id_cidade=br
a_sc_joacaba-santa.terezinha.muni.ap.869550_inmet > Acesso em: 30 mai. 2019.
78

Figura 53: Zoneamento Joaçaba.

Fonte: Prefeitura de Joaçaba33, 2019.

O município possui grandes áreas ainda não ocupadas ou parceladas, para esse estudo é
as áreas de menor declividade beneficiariam em uma melhor distribuição dos setores sem
grandes modificações no terreno gerando uma ampla área de lazer arborizada e bem ventilada,
mas as áreas de grande declividade poderiam ser usadas em favor da acústica, diminuindo os
ruídos dos animais.
Pelo Zoneamento os abrigos se encontram nas atividades Institucionais, portanto é de
uso permitido ou permissível na maioria das Zonas, o que gera mais liberdade para a escolha
do terreno no município.

4.5.2 Escolha da área de intervenção

Para a escolha da área de intervenção desse estudo, o fator preponderante foi o ruído e
o cheiro causado pelos animais, por conta disso a escolha deverá ser feita em locais mais
afastados do centro da cidade.

33
Mapa concedido pela Prefeitura de Joaçaba na Secretaria de Urbanismo.
79

Porém, além de ser um local de abrigo de animais, o local será exposto a um grande
fluxo de visitação, por conta das adoções e dos estudantes, por isso deverá estar em local de
fácil acesso, e dispor de um grande espaço para estacionamento, levando em consideração
também que os animais do abrigo serão castrados em clínicas da cidade, portanto é importante
a localização estar disposta em estrategicamente para esse deslocamento.
Ainda, o terreno deverá possuir uma grande área para construção e para o lazer dos
animais, por isso seria interessante um terreno em uma zona com maior taxa de ocupação para
que pudesse ser mais aproveitado o terreno e ainda possuir área para arborização lazer.
O sítio da ONG Bom pra Cachorro não foi citado para a escolha, pois, pelo fato de não
estar aberto para visitações, não foram obtidas informações suficientes para análise como a
localização exata do abrigo e a metragem do terreno.
Portanto para escolha de análise dos dois terrenos foram considerados fatores de
localização, área, infraestrutura, morfologia e acessos.

Figura 54: Terreno 01 e 02 em Joaçaba.

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.


80

4.5.2.1 Opção de terreno 01

O terreno 01 está localizado entre a Rua Orfelinto Oliveira Flores e a Rua Marieta
Coelho Taugem, no Bairro Jardim Itália, possui uma área de em média 3619,13 m², está a
3km do centro da cidade.
Figura 55: Terreno 01.
N

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.

4.5.2.1.1 Morfologia urbana e tipologia construtiva do terreno

O terreno não está ocupado por edificação e se encontra numa área residencial do
município, no seu entorno possui casas de no máximo dois pavimentos como mostram as
Figuras 58 e 59. Por ser um bairro que pode ser considerado novo no município a pista de
rolamento ainda não é pavimentada, mesmo havendo um projeto de lei para o asfaltamento da
rua desde 2015.

Figura 56: Entorno terreno 01.

Fonte: Google Earth, 2019.


81

Figura 57: Vista 02 entorno terreno 01.

Fonte: Google Earth, 2019.

4.5.2.1.2 Zoneamento

O terreno está localizado na Zona de Expansão Urbana 2 (ZEU 2), nessa zona o uso
institucional é permissível, ou seja, é um uso passível de ser admitido, mas que será analisado
pelo órgão responsável da Prefeitura.

Figura 58: Recorte do Zoneamento de Joaçaba terreno 01.


N Terreno 01

Fonte: Prefeitura de Joaçaba, adaptado pela autora, 2019.


82

Essa zona de expansão tem por objetivo urbanizar as áreas de ocupação do perímetro
urbano para que haja maior distribuição da apropriação do solo no município, possui uma taxa
de ocupação de 60%, e número de pavimentos livres como mostra a Figura 59.

Figura 59: Zona de expansão Urbana 2.

Fonte: Leis Municipais34, 2019

4.5.2.1.3 Sistema viário

De acordo com o Mapa Viário de Joaçaba, as ruas em que estão locadas o terreno são
locais, que são ruas de menor fluxo de veículos, essas podem não possuir acostamento e
estacionamento pois possuem largura menor. Um abrigo nesse local geraria grande fluxo por
isso necessitaria de um grande espaço para estacionamento, e como citado anteriormente, as
ruas não possuem pavimentação o que poderia prejudicar e diminuir a locomoção das pessoas.

34
Disponível em: <https://leismunicipais.com.br/plano-de-zoneamento-uso-e-ocupacao-do-solo-joacaba-sc>.
Acesso em: 30 mai 2019.
83

Figura 60: Recorte do Sistema viário de Joaçaba terreno 01.


N
Terreno 01

Fonte: Leis Municipais, 2019

4.5.2.1.4 Infraestrutura urbana

Todos os bairros de Joaçaba são atendidos pela SIMAE35 que disponibiliza água
encanada para todo o município, em relação ao esgoto no bairro Jardim Itália não há nenhuma
Estação de tratamento construída, por isso a maioria das casas possuem fossa séptica.
O bairro possui rede elétrica e iluminação urbana por postes públicos, possui uma boca
de lobo para águas pluviais no entorno do terreno, não possui calçadas, nem pavimentação na
pista de rolamento (Figura 61).

35
Sistema Intermunicipal de Água e Esgoto.
84

Figura 61: Rua Terreno 01.

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.

4.5.2.1.5 Condicionantes físicas e ambientais

O terreno está localizado em uma parte alta da cidade recebendo ventilação constante.
De acordo com o gráfico do Projeteee (2019) (Figura 52), o vento reinante no município de
Joaçaba é o Nordeste, mas o lado Leste recebe grande ventilação em menor velocidade. Para
esse estudo é muito importante a orientação dos ventos levando em conta que o cheiro
produzido não deve atrapalhar a vizinhança, e no caso desse terreno os ventos estão
direcionados para a localização das casas, o que pode prejudicar a localização.
A fachada principal desse terreno pode estar para Noroeste ou Sudoeste, a fachada
Sudoeste recebe pouca incidência de sol já noroeste que recebe mais sol, principalmente no
período da tarde, portanto o abrigo receberia sol o dia inteiro, beneficiando os animais.
85

Figura 62: Insolação e ventilação terreno 01.


N

Fonte: Google Maps, adaptado pela autora, 2019.

4.5.2.2 Opção de terreno 02.

O terreno 02 está localizado na Rua José Firmo Bernardi, no Bairro Flor da Serra,
próximo ao Campus II da Unoesc, possui uma área de em média 107.340,41m² mas como está
apta para parcelamento será usado para estudo 69.354,04m² desta área. O terreno está a 2,7 km
do centro da cidade.

Figura 63: Terreno 02.


N

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.


86

4.5.2.2.1 Morfologia urbana e tipologia construtiva do terreno

O terreno 02 assim como o terreno 01 não está ocupado por edificação, e se encontra
em uma área de grande fluxo por conta da proximidade com a Universidade, a área possui usos
residenciais e institucionais, os terrenos são amplos e há poucas casas no entorno imediato do
lote.
O seu entorno é composto por edificações residenciais de no máximo dois pavimentos,
e os edifícios institucionais possuem no máximo quatro pavimentos como mostram as Figuras
64 e 65. As ruas possuem asfalto e são sinalizadas, essa área está em expansão com novos
loteamentos residenciais.

Figura 64: Entorno Terreno 02 residências.

Fonte: Google Earth, 2019.

Figura 65: Entorno Terreno 02 UNOESC.

Fonte: Google Earth, 2019.


87

4.5.2.2.2 Zoneamento

O terreno está localizado na Zona de Expansão Urbana 1 (ZEU 1), o uso institucional
também é como no terreno 01, permissível, sendo passível de ser admitido pela Prefeitura,
porém as áreas de educação, recreação e lazer são permitidas, o que favorece o projeto já que o
abrigo também será uma área de ensino e lazer. Essa área está em grande desenvolvimento, há
três loteamentos residenciais novos na proximidade do lote.

Figura 66: Recorte do Zoneamento Joaçaba terreno 02.


N
Terreno 02

Fonte: Prefeitura de Joaçaba, 2019.

Essa zona de expansão tem o objetivo de urbanizar as áreas de ocupação do perímetro


urbano, o que já acontece na área. A taxa de ocupação é de 60% e o número de gabarito é livre
(Figura 67).
88

Figura 67: Zona de Expansão Urbana 2.

Fonte: Leis Municipais, 2019

4.5.2.2.3 Sistema viário

De acordo com o Mapa Viário de Joaçaba, a rua José Firmo Bernardi é uma rua coletora,
e possui grande fluxo de estudantes, e moradores dos novos loteamentos, nessa área também
encontra-se o complexo esportivo da UNOESC, e o Clube 10 de Maio.
O terreno é de fácil acesso pois essa rua se une com a Rua Sete de Setembro e essa por
sua vez liga-se na Av. XV de Novembro. O desenvolvimento desse bairro faz com que as ruas
estejam em bom estado para circulação.
89

Figura 68: Recorte do Sistema viário de Joaçaba terreno 02

Terreno 02 N

Fonte: Leis Municipais, 2019

4.5.2.2.4 Infraestrutura urbana

Assim como citado no terreno anterior a SIMAE disponibiliza água encanada para todos
os bairros do município, e no Bairro Flor da Serra não é diferente, e também há caixas de
inspeção de esgoto da SIMAE em todo o percurso da via principal.
O bairro também possui rede elétrica e iluminação urbana por postes públicos, possui
sinalização de lombadas e de velocidade pois se trata de uma grande descida que possui muitas
curvas, a rua está asfaltada, sinalizada e possui calçadas.
90

Figura 69: Rua Terreno 02.

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.

4.5.2.2.5 Condicionantes físicas e ambientais

O terreno 02 possui uma grande área de lote, a fachada principal está para o lado
Sudoeste, recebendo pouca incidência de sol. Porém nas laterais que de acordo com o
fluxograma ficarão os abrigos, recebe-se incidência de sol o dia todo.
A ventilação que é partido importante desse projeto ocorre mais do lado Nordeste que é
de onde vem o vento reinante, no caso desse terreno o vento vai em direção a rua principal,
levando o cheiro e ruído dos animais para a rua, podendo atrapalhar a vizinhança, mesmo que
sejam distantes do terreno em questão.
Acaso esse terreno seja escolhido, deve-se fazer uma barreira artificial ou natural por
meio de árvores na fachada principal para que seja amenizado as limitações desse projeto, que
são os latidos dos animais, para que o uso de abrigo seja permitido pela prefeitura.
91

Figura 70: Insolação e ventilação terreno 02.

Fonte: Google Maps, adaptado pela autora, 2019.

4.5.2.3 Escolha da área de intervenção

Para a escolha do terreno é importante comparar as condicionantes de cada um, para


isso fez-se dois métodos comparativos: O primeiro é uma tabela em que onde será avaliado
itens como, área, zona, acessos, infraestrutura, e entorno, e o segundo é a locação dos dois
terrenos no mapa de Joaçaba para a verificação da localização mais estratégica no município.
Levando em conta que deverá ser feito o transporte diário de cachorros para as clinicas
veterinárias mais próximas para a castração, ou cirurgias necessárias, ainda deve haver fácil
acesso para o abrigo para que haja um aumento do fluxo de pessoas, também deve possuir uma
grande área para que possa ser trabalhado com construção e áreas livres no terreno, e dispor de
ótima insolação e ventilação por conta das condicionantes do projeto.
92

Tabela 2: Comparativo Terreno 01 e Terreno 02.


Terreno 01 Terreno 02
Área e taxa de 3619,13 m² T.O: 60% 69.354,04m² T.O: 60%
ocupação
ZEU 2 – Abrigos de animais são ZEU 1 – Abrigos de animais são
Zoneamento permissíveis passível de aprovação permissíveis passível de aprovação

Acesso pela Rua Marieta Coelho Taugem Acesso pela Rua José Firmo Bernardi
que vai para a Rua Antônio Nunes Varela que se liga na Rua Sete de Setembro que
Acessos que é ligada a Rua Duque de Caxias que vai até o centro da cidade
se encontra diretamente ao centro da
cidade
Ruas sem pavimentação, sem calçadas, e Ruas asfaltadas, sinalizadas, calçadas,
Infraestrutura nem todas os lotes recebem tratamento de esgoto por toda a extensão do bairro.
esgoto da SIMAE

Apenas residências. Residências e áreas institucionais e de


Entorno lazer.
Está a 3km do centro e 2,8km da clínica Está a 2,8km do centro e 1,6km da
Localização veterinária mais próxima. clínica veterinária mais próxima.
Terreno recebe ventilação constante, e o Terreno recebe ventilação constante, e o
vento não está para a direção da rua. vento está em direção da rua, devendo
Ventilação haver barreira para evitar incômodo
para a vizinhança.

Há a possibilidade de duas fachadas Só há a possibilidade de uma fachada


principais viradas para a rua, uma recebe virada pra rua, e essa não recebe tanta
Insolação sol no período da tarde e outra não recebe incidência do sol.
tanto a incidência do sol.

Aspecto positivo para o terreno.


Fonte: A autora, 2019.
93

Figura 71: Localização terreno 01 e terreno 02.

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.

Tabela 3: Distâncias do Terreno 01 e Terreno 02 aos locais da Figura 73.


Local Terreno 01 Terreno 02
1 3,1 km 1,4 km
2 5,6 km 700 m
3 1 km 3,4 km
4 3,2 km 1,3 km
5 3,2 km 2,8 km
6 3,2 km 4,0 km
7 3 km 2,8 km
8 1,7 km 3,5 km

Menor distância.

Fonte: A autora, 2019.

De acordo com esses comparativos, o terreno 02 possui mais aspectos que abrangem a
proposta desse estudo, assim escolheu-se para desenvolvimento de projeto para as próximas
etapas esse terreno localizado na rua Jose Firmo Bernardi.

4.5.2.4 Descrição da proposta arquitetônica

Esse estudo compreende um abrigo para cães e gatos na cidade de Joaçaba-SC, como
mostrado anteriormente haverá várias atividades para que a comunidade se envolva e participe
ativamente da proposta do abrigo, para tanto a arquitetura desse estudo deve trazer conforto
para os cães e gatos acolhidos e lazer para a população que também irá usufruir do local.
94

A proposta desse estudo é trazer para um abrigo de animais um ambiente agradável,


tanto para os animais quanto para as pessoas, para isso a área será arborizada para que o cheiro
causado pelos animais seja amenizado pela vegetação, terá grandes aberturas para melhor
ventilação, será distribuído de forma que o fluxo de pessoas seja direcionado para os canis e
gatis, fazendo com que haja maior visualização dos animais.

4.5.2.5 Conceito

Ao buscar a palavra abrigo no dicionário encontra-se como significado as seguintes


expressões: Lugar que se destina a abrigar (proteger, amparar, esconder), lugar onde se fica
protegido da ação do tempo (DICIO, 2019).
Um abrigo tem a função de dar proteção àquele que necessita, mas mesmo que essa
definição seja coerente, após toda a análise feita durante esse estudo através de referencial
teórico, estudos de caso, e entrevistas com as ONG’s, a proteção por um teto e um local para
ficar não é suficiente para mudar o cenário de abandono animal.
Muitos animais sofreram maus tratos, passaram fome e frio, recolher um animal da rua
apenas amenizaria o sofrimento, e a intensão desse estudo vai além de abrigar, está em pensar
nos animais como seres que têm suas necessidades básicas mas também precisam de carinho e
zelo, por isso esse estudo terá como foco o amparo físico e mental para o animal.
O conceito do abrigo não será abrigar, e sim acolher, o acolhimento está em abrigar,
proteger e dar amparo englobando todos os objetivos desse estudo. Esse acolhimento mesmo
que seja focado para os cães e gatos do abrigo, também engloba as pessoas que irão visitar,
trabalhar ou estudar no local.
Ao buscar-se a palavra acolhimento de animais nas ferramentas de pesquisa, é nítida a
importância de serem bem tratados e de possuir um elo afetivo com esses animais, a Figura 72
exemplifica a aparência de um cão que foi recolhido das ruas. Mesmo possuindo um abrigo o
acolhimento é essencial para que o animal esteja pronto para viver em sociedade novamente.
95

Figura 72: Foto cachorro recolhido em abrigo de Portugal.

Fonte: Correia Rosa36, 2018.

4.5.2.6 Partido arquitetônico

Com o conceito Acolhimento definido, o partido arquitetônico toma forma a partir desse
substantivo, mas além disso o projeto será resultado das somas de tudo que foi estudado ao
longo do desenvolvimento desse trabalho.
O partido principal será trabalhar para que não haja o estresse animal, por conta disso
haverá uma ampla área arborizada para onde estarão voltadas as aberturas dos canis e gatis, e
ali haverá o passeio de pessoas que poderão contornar o abrigo e visualizar todos os animais de
forma individual.
Para a forma, o partido foi a expressão dos cães e gatos acolhidos, mais precisamente o
focinho desses animais, esse partido foi desconstruído de forma que se adequasse aos ambientes
do pré-dimensionamento como mostra Figura 73, para o resultado foi levado em conta o
conceito e o partido principal das aberturas dos canis e gatis com visitação.
No entorno da obra serão locadas árvores em todo o passeio do público. Estuda-se o uso
da Neem37 que é uma árvore repelente de insetos, que ajudaria a diminuir a proliferação de
moscas causadoras de bernes e bicheiras, pulgas e insetos em geral e ainda por ser de médio

36
Foto para divulgação da Matéria Animais abandonados e perigo: o que podemos fazer, da revista online Correia
Rosa. Disponível em: <http://correiarosa.pt/animais-abandonados-perigos-podemos/>.Acesso em 31 mai. 2019.
37
A árvore Neem ou Nim cresce em áreas de clima tropical e subtropical. Seu porte de 15 a 20 m de altura, com
tronco de 30 a 80 cm de diâmetro, de coloração marrom-avermelhada. O diâmetro da copa varia de 8 a 12m,
podendo atingir 15m em árvores isoladas. As pesquisa envolvendo a planta vem crescendo nos últimos anos,
devido à procura por métodos ambientalmente seguros no controle de pragas, sendo evidente que a árvore pode
desempenhar um papel importante no manejo integrado de sistemas, e também devido aos seus comprovados
efeitos medicinais.(SOARES, 2012)
96

porte serviria de barreira acústica para os ruídos. Se estuda também o uso de eucaliptos que
servem de barreira contra o mau cheiro38 e da propagação do som, além de ajudarem no controle
da reprodução de carrapatos que de acordo com de Oliveira39 (2017) não possuem resistência
ao princípio ativo dessa planta.

Figura 73: Evolução do partido arquitetônico.

Fonte: Pixabay40, adaptado pela autora, 2019.

4.5.2.3.7 Estudo de manchas

Com a escolha do terreno, do conceito e do partido é possível ter uma melhor


visualização da parte projetual desse estudo. Os ambientes foram dispostos de acordo com o

38
O eucalipto é uma planta de rápido crescimento, vegeta o ano todo sem perder as suas folhas e consegue se
sobressair em relação a muitas outras espécies de plantas. No caso da jardinagem, isso é favorável para a geração
de sombras e flores em um curto período de tempo. Há espécies de eucaliptos que possuem flores e frutos grandes
e coloridos, isto ainda sem falar do cheiro agradável das folhas quando agitadas pelo vento e também trazendo
odor floral característico. (FOELKEL, 2008)
39
A utilização do extrato de eucalipto contra carrapatos possui inúmeras vantagens, mas dentre as mais
importantes estão a não resistência desses parasitos ao princípio ativo do eucalipto. (DE OLIVEIRA, 2017)
40
Disponível em: <https://www.clubeparacachorros.com.br/curiosidades/por-que-os-caes-tem-nariz-gelado-e-
umido/ >.Acesso em 31 mai. 2019.
97

fluxograma apresentado, mas de forma mais conceitual para entender o funcionamento do


abrigo como é visto na Figura 74.
Com o desenvolvimento do partido estabeleceu-se a forma apresentada, que pode ser
modificada ao longo da elaboração projetual caso seja necessário aumentar ou diminuir os
ambientes.

Figura 74: Forma arquitetônica e manchas.

Setor de Abrigo Setor Médico

Setor Administrativo Setor de Apoio

Setor de Ensino Arborização


Fonte: A autora, 2019.

Com uma grande área de terreno para ser trabalhada, a forma de acordo com o pré-
dimensionamento ocupa uma parte apenas do terreno, podendo haver o parcelamento do
mesmo. A disposição dos ambientes no terreno é de fundamental importância para que o
objetivo desse estudo, que é o aumento de adoções de animais, seja alcançado.
Para compreender melhor a disposição da forma no terreno verifica-se na Figura 75 uma
simulação sem escala de como ficaria o abrigo no terreno escolhido de acordo com as manchas
apresentadas na Figura 76.
98

Figura 75: Forma arquitetônica no terreno escolhido.

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora, 2019.


99

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao escolher o tema desse estudo, a realidade que estava envolta a esse assunto era muito
maior do que aquela que se tinha conhecimento, e mesmo que seja um tema recorrente e
aconteça no mundo todo, o abandono de animais não é uma pauta frequente no dia a dia das
pessoas. A falta de dados e estudos de caso no tema exemplificam que os abrigos de animais
não são explorados como deveriam, inclusive na área de arquitetura e urbanismo.
Mesmo com poucos dados os objetivos desse estudo foram alcançados, as pesquisas de
referenciais teóricos, os estudos de caso e as entrevistas contribuíram para estabelecer as
condicionantes do anteprojeto, e obter conhecimento na abrangência do tema por quem trabalha
ativamente na causa animal.
Muitos elementos, características ou soluções apresentadas nesse estudo provém de
informações que foram adquiridas durante a elaboração do mesmo. Muitos aspectos eram
desconhecidos ou não estavam sendo considerados e foram adicionados conforme teve-se
conhecimento, como os latidos e o cheiro forte dos animais, antes desconsiderados, e que foram
fator determinante para as escolhas de elementos do estudo, como o terreno e o partido
arquitetônico.
Para a próxima etapa que será projetual, inicia-se o desenvolvimento com um vasto
embasamento visto que muitas dúvidas relacionadas a demanda, localização, partido e conceito
foram pré-estabelecidas nessa etapa, e mesmo com a falta de dados, as ONG’s que atuam no
município colaboraram para as informações específicas da cidade.
Mesmo que o número de abandonos de animais no Brasil e no mundo cresça
diariamente, e Joaçaba não represente um grande valor no total final dessa realidade, a intensão
desse projeto é que um abrigo de animais de pequeno porte na cidade, ajude a mudar o
pensamento através da educação comunitária, pois como propõe-se um local de visitação, a
visualização do real número e estado de animais abandonados, mau tratados e doentes
contribuiria para a reflexão das pessoas perante o abandono, compra e adoção de um animal
doméstico.
100

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APÊNDICE A: ENTREVISTA, ONG “BOM PRA CACHORRO”

Entrevista realizada dia 04 de maio de 2019, com a Vice-presidente da ONG “Bom Pra
Cachorro”, Juliana Romanetto, através de conversa pelas redes sociais marcamos um encontro
no local de trabalho da mesma. A entrevista durou cerca de 25 minutos e foi gravada pelo
dispositivo móvel da autora. Antes de ser anexada, essa entrevista foi lida pela presidente e a
vice-presidente da ONG “Bom pra Cachorro” para ser aprovada para a publicação nesse estudo.

Autora: ONG “Bom pra cachorro” possui registro de ONG no município?


Juliana: Sim foi registrado ano passado.

Autora: Quais são as cidades que a ONG “Bom pra cachorro” atende?
Juliana: Joaçaba, Luzerna, Herval d’Oeste, atendemos até em Ibicaré já, Erval Velho também.

Autora: Qual é o papel da ONG “Bom pra cachorro no município de Joaçaba?


Juliana: Como posso resumir em palavras é muita coisa.

Autora: Em todos os serviços assim, se vocês atendem denúncias ou coisas do tipo.


Juliana: Atendemos denúncias, fazemos resgate, a gente vai na casa e, tipo, se o lugar é ruim e
tem como melhorar, a gente ajuda a melhorar, dizemos o que eles tem que fazer, como: Você
tem que arrumar isso aqui, o animal não pode ficar preso assim, acerta isso, arruma aquilo.

Autora: E se não fizerem isso vocês tiram os animais do dono?


Juliana: Sim, em caso de maus tratos, que o cachorro está muito doente ou prejudicado a gente
tira.

Autora: E os cachorros abandonados nas ruas vocês também recolhem?


Juliana: Nesse caso é muito relativo, por exemplo, eu estava trabalhando essa semana e uma
conhecida nossa disse que tinha uma cachorrinha bem pequena andando no meio dos carros,
ela pegou a cachorra e trouxe aqui, nesse caso levei ela pra casa. Mas, outro dia saí na rua e
vi dois cachorros abandonados muito grandes, nós demos água e comida, mas eles continuam
na rua pois não temos como levar eles, e nem temos onde deixar.

Autora: Entendi, são quantos voluntários que ajudam a ONG?


Juliana: Olha, os que ajudam no serviço braçal não dão nem cinco pessoas, que são fiéis mesmo
que ajudam sempre que pedimos.
A gente tem mensalistas que agora não vou saber te dizer o número certo, mas em média
umas 20 pessoas que ajudam, com valores variados, de 20 reais até 100. E tem aqueles que
não são mensalistas, mas ajudam toda hora também, doa 20, 30, 50 reais. Depende muito das
nossas postagens, depende do dia do mês.

Autora: A ONG recebe auxílio financeiro do município?


Juliana: Não, única coisa que o município dá é o projeto da castração, que é um valor
anual, que é revertido só pra castração, na verdade esse valor vai direto pro pet 41, o pet que
administra o dinheiro.
Por exemplo, é 40.000 reais anual, esse valor é dividido entre as duas ONG’s (Bom pra
Cachorro e Voluntário Amigo dos animais).

Autora: Eu vi que na Legislação de Joaçaba só consta a ONG “Voluntários Amigos dos


Animais”, o auxílio do município em relação as castrações.
Juliana: Sim, mas as duas ONG’s se ajudam nessa parte então elas passam as castrações pra
nós também, a gente ainda não ta na castração da prefeitura, mas também recebemos o
benefício.

Autora: Qual é o local que faz as castrações?


Juliana: A AuQuemia42

Autora: Quantos kg de ração são gastos por mês?


Juliana: Por dia no sítio vai mais ou menos uns 45kg .

Autora: 45kg por dia? Quantos cachorros tem no seu sítio?


Juliana: O total do sítio, acho que uns 150. Sem contar os outros cachorros que ajudamos por
fora, de famílias que precisam, deve dar em média uns 170 cachorros, coloque 1500kg de ração
por mês mais ou menos.

41
Clínica veterinária responsável pelas castrações por licitação do município.
42
Clínica veterinária do município de Joaçaba, localizada na rua Martinho Lutero, no centro, médica veterinária
responsável Camila Quiben.
Autora: Nossa! Não imaginava que eram tantos. Você tem uma média mais ou menos de
quantos cachorros são recolhidos por mês?
Juliana: Depende muito sabe, tem semana que a gente não pega nenhum, mas doa 3, e em
outras a gente recebe cachorros e não doa nenhum. Mas é muito relativo, as vezes passa um
mês sem doar e sem resgatar nenhum.

Autora: Entendi, os cachorros resgatados ficam no seu sitio até serem adotados?
Juliana: Sim.

Autora: As pessoas podem ir até lá para adotar um cachorro?


Juliana: Ainda não porque não temos uma estrutura pra receber as pessoas, por que não é um
abrigo, é um sítio particular ainda, estamos reformando, aumentando, mas gasta muito pra
manter um local com tanto cachorro, estamos tentando fazer o local ser adequado pra
conseguir que o pessoal vá. Porque é diferente quando a pessoa vê o cachorrinho
pessoalmente.
Quando alguém quer adotar um cachorro elas pedem pra gente, aí a gente pergunta,
você quer como, porte pequeno, porte grande, e dependendo da preferência da pessoa
mandamos várias fotos por WhatsApp, se a pessoa gostou de algum específico, a gente faz a
visita na casa, pra conhecer o espaço, vê se a pessoa tem condição de cuidar do animalzinho,
e só depois da vista a gente doa o cachorro. Nenhum cachorro é doado sem ser feito a visita.

Autora: Vocês só recolhem cachorros?


Juliana: A maioria sim, o número de cachorros é muito maior, mas quando recolhemos um gato
sempre achamos um lar temporário, pois temos muitos cachorros e não temos uma estrutura
pra misturar os dois.

Autora: Qual é a situação que mais ocorre, denuncia de maus tratos ou abandono?
Juliana: Os dois eu acho, acho que maus tratos é mais. A gente nem tem noção ainda de tudo,
toda semana recebemos muitas denúncias, mas somos em poucos tem lugares que não
conseguimos ir. Acho que maus tratos é mais, pois gastamos muito com animais machucados.

Autora: Quais são as doenças ou ferimentos que mais ocorrem nos animais resgatados?
Juliana: Cinomose43 é bem comum, bicheira44, tumores, ainda mais as fêmeas que não são
vacinadas ou castradas, elas criam tumor muito fácil, daí as pessoas vão deixando quando vê
tá num estado que não tem mais o que fazer. Também tem ferimento de brigas, ou
atropelamento.

Autora: Tem bastante casos de atropelamento?


Juliana: Sim ligam bastante pra gente ir socorrer.

Autora: Em média vocês precisam mais de consultas, medicamentos ou mais cirurgias?


Juliana: Muitos precisam de tratamento imediato de remédios, mas também há bastante casos
que precisam de cirurgia, acho que os dois na mesma quantidade. Por que se a gente recolhe
o cachorro é porque ele tá num estado muito avançado já.

SEGUNDA PARTE DA ENTREVISTA

Juliana: Semana passada recebemos uma ligação que tinha um cachorro se arrastando na rua,
fomos atrás e achamos o cachorro e ele não movimentava as patas de trás, e nesse mesmo dia
a gente foi atrás de uma casa de onde achávamos que era esse cachorro, as pessoas não tem
noção do que acontece na parte de trás de uma casa, tinha uma cachorra que nem levantava
de tanta bicheira que tinha no olho, um lugar imundo e eles ainda estavam querendo tirar cria
da cachorra, e ela nem era de raça, ela dormia na terra, estava acorrentada, e eles querendo
tirar cria pra vender, ganhar 20, 30 reais. Eu peguei a cachorra pra levar pro pet, mas ela
acabou morrendo pois estava com cinomose. Ela tinha tanta bicheira que não conseguia nem
comer. Pessoas sem estrutura nenhuma pra ter um animal, os cachorros vivendo no barro
assim, e eles ainda queriam mais.

Autora: Como vocês conseguem ver essas cenas e continuar com o profissionalismo?
Juliana: No dia dessa cachorra que te contei eu fui até no pet chorando, fiquei com muito dó
dela.

43
A Cinomose é uma doença infecciosa causada por um vírus da Família Paramyxoviridae, que ataca o trato
respiratório, digestivo e neurológico dos cães – na maioria ainda jovens ou idosos não vacinados. (PETZ, 2018)
44
Segundo amor aos pets (2019) é uma infestação na pele por larvas de mosca, mais precisamente, a mosca
varejeira. A infestação se dá pelo depósito de ovos por moscas em feridas expostas na pele do cachorro, que se
tornam o “habitat” perfeito para a reprodução das larvas desses parasitas.
Autora: Você acha que um abrigo faria diferença nessa realidade? Um abrigo com
consultório que seria a minha proposta nesse trabalho.
Juliana: Com certeza.

Autora: Você acha que falta auxilio da parte do município em relação ao abandono de
animais?
Juliana: Falta total apoio, na verdade a gente faz o papel de controle de zoonose, por conta
própria porque ninguém ajuda, é tudo por conta própria.

Autora: Não há um veterinário da prefeitura que auxilie vocês?


Juliana: Não.

Autora: Você acha que se houvesse um abrigo o número de abandono de animais iria
aumentar ou diminuir?
Juliana: Olha eu acho que ia aumentar, as pessoas iam deixar lá porque iam saber que a gente
ia pegar, as pessoas deixam, já deixaram na frente da minha casa.

Autora: Você acha que as pessoas abandonam movidas mais pelo que?
Juliana: A porque elas não amam, ou o cachorro pega cria e eles abandonam os filhotes.
Um abrigo é importante porque ali eles tem comida, água, lugar pra dormir, se ficar
doente a gente fica sabendo e pode ajudar, é melhor do que estarem sendo mal tratados. Se
você ver as fotos do antes e depois desses cachorros, você já entende, eles estariam mortos se
não tivessem vindo pro nosso sítio, vou te mostrar as fotos45.

Autora: Como você acha que seria uma melhor distribuição de abrigo, com os cachorros
soltos, em canis..
Juliana: No nosso sítio a gente tem sete canis grandes, acho que tem que ter uma divisão, não
deixar eles soltos porque eles brigam entre eles, é melhor dividir por tamanhos, porte pequeno
não ficar junto com porte grande.

Autora: O que você acha de feiras de adoção?

45
Fotos disponíveis no Anexo-A
Juliana: Acho super legal, fizemos uma vez já, só que exige muita coisa e muita gente, é muito
difícil de organizar um lugar pra fazer, e não temos quase voluntários. Mas é muito interessante
porque a pessoa quando vê o cachorro se interessa mais, do que por foto.

APÊNDICE B: RESPOSTA DAS PERGUTAS ONG “VOLUNTÁRIOS AMIGOS DOS


ANIMAIS”

Perguntas feitas via WhatsApp no dia 24 de maio de 2019, com a Presidente da ONG
Voluntários amigos dos animais, Andrea Scherer Russowsky Nuernberg, respostas obtidas no
dia 31 de maio. Antes de ser anexado, esse apêndice foi lido pela presidente e da ONG para ser
aprovada para a publicação nesse estudo. Foram feitas as mesmas perguntas questionadas a
primeira ONG com a total liberdade de não responder caso não achasse necessário.

Autora: Qual é o papel da ONG no município de Joaçaba? (Exemplo: serviços prestados,


se atendem denúncias...)
Andrea: Atendemos atropelamentos, abandonos, cadelas prenhas e outros animais em risco de
vida. Preconizando o tratamento e lar temporário até a adoção

Autora: Em caso de denúncias vocês tiram os animais do dono?


Andrea: Temos uma equipe que verifica denúncias, procura e visita lares temporários, visita
casas após adoção. Essa equipe recolhe cães em risco para cirurgia e internações, procura
lares de passagem, e doa.

Autora: E os cachorros abandonados nas ruas vocês recolhem?


Andrea: Não recolhemos mais cães porque dependemos de lares disponíveis. Ao incentivar a
adoção, temos mais lares. Só recolhemos animais em risco. Os outros melhoramos o local,
tratamos, vacinamos e observamos.

Autora: Quantos voluntários que ajudam a ONG? (Voluntários que fazem parte da
organização)
Andrea: Temos um setor com 4 voluntários para arrecadação de fundos, uma equipe que
verifica denúncias, temos as meninas que ajudam no brechó e nas promoções de venda, temos
as voluntárias iniciando o projeto de educação nas escolas, e temos uma voluntária na
contabilidade, que checa todas as entradas e saídas, para garantir a transparência. Temos
cerca de 25 voluntários.
Autora: A ONG recebe auxílio financeiro da população? Como?
Andrea: Arrecadarmos nosso dinheiro de várias formas: brechó, eventos como pizzas, buchada
e macarronada, venda de camisetas e artesanatos, venda de eventos em datas como dia das
mães, mensalistas. Os mensalistas tem uma conta separada, e estes pagam a alimentação de
1000 kg por mês de ração, única e exclusivamente. O projeto das tampinhas segue paralelo
para venda em dezembro, mês de muitos abandonos e pouca arrecadação. Almejamos recolher
uma tonelada (de tampinhas para venda).

Autora: A ONG recebe auxílio financeiro do município?


Andrea: Recebemos um valor anual da vigilância sanitária de Joaçaba para castrações.
Normalmente utilizado até maio.

Autora: Quantos reais em média são gastos por mês? (pela ong, veterinário, equipamentos,
etc.)
Andrea: Gastamos: cerca de 500 reais mês com melhorias de local: casinhas, brita, cordas de
correr, coleiras, anti pulgas e carrapatos, anti vermes. Potinhos e água limpa. Verificamos
periodicamente. Gastamos: 5000 reais em média, por mês, com castrações e tratamentos de
urgência. São cerca de 20 castrações mensais de bairros carentes. Prestamos contas entre nós
em reuniões mensais agendadas com antecedência. Depois prestando contas à comunidade.

Autora: Quantos kg de ração são gastos por mês?


Andrea: Gastamos: 1600 reais em 1 mês, em média, para ração.

Autora: Como as pessoas fazem para adotar um animal?


Andrea: Para adotar um animal basta entrar em contato com a ONG. Visitamos o local e a
pessoa preenche um termo de responsabilidade. Visitamos a seguir.
Os animais são doados castrados.

Autora: Quais são as doenças ou ferimentos que mais ocorrem nos animais resgatados?
Andrea: Os ferimentos mais comuns são atropelados, miíases, pulga, sarna, bicho de pé,
ferimento por coleiras, agressão, queimaduras, cadelas prenhas que não conseguem sem
cesárea, otites, piometra e outras infecções.
Autora: Você acha que um abrigo faria diferença no município? Um abrigo com
consultório, equipamentos de exames (sangue, raio x) que seria a minha proposta nesse
trabalho. Você acha que falta auxilio da parte do município em relação ao abandono de
animais?
Andrea: Se a prefeitura disponibilizasse ambulatório com lar de passagem seria ótimo, mas
creio que se nós tivéssemos um abrigo seria um depósito de animais abandonados no local,
com dificuldades de adoção, altos custos e pouco apoio.
ANEXO A: FOTOS ANTES E DEPOIS, ONG “BOM PRA CACHORRO”

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