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Queridos Crismandos,

Que alegria recebe-los de volta!


Vamos juntos trilhar nessa nova estrada que irá abrir o caminho para
que a fé, esperança e a caridade cresçam cada dia mais no seu coração
e te transforme em um bom católico para seu encontro com o Espirito
Santo!
Essa apostila foi feita com muito carinho para que você possa
aprender e conhecer mais sobre a nossa fé católica, e se preparar
para receber o Crisma, através de atividades e leituras. A apostila está
dividida em “Encontros de Catequese” para que você possa conciliar
as atividades propostas com a sua rotina.
A Bíblia, palavra de Deus, vai iluminar esta caminhada.
A tarefa parece ser muito difícil, mas não é. Será muito agradável porque tudo
será feito com a ajuda dos seus pais e sua catequista e saiba que juntos a Deus
conseguiremos alcançar o que difícil para cada um de nós.
Esta apostila vai acompanhá-lo nesta estrada de novas descobertas onde você
conhecerá o amor de Deus aos seus filhos e a doutrina que Ele deixou para nós!
A Experiência desses encontros vai levar você à EUCARISTIA. Contamos com
a sua Fé, Alegria e Força na construção desta estrada.
AS ORAÇÕES DO FIEL CATÓLICO:

Antes de começar os nossos encontros, iremos relembrar as principais orações


que todo católico deve obrigatoriamente saber!
A oração é um dos meios de nos unir a Deus. Através dela nós nos encontramos
com o Senhor para conhecer Sua vontade e conseguirmos força para cumpri-la.
Também nos faz ficar mais perto de Deus e sentir amados e protegidos por Ele,
nos faz mais unidos e mais irmãos uns dos outros. Essas orações devem ser
decoradas!

SINAL DA CRUZ PAI NOSSO


Pai nosso, que estais nos céus, santificado seja o
vosso nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a
vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão
nosso de cada dia nos daí hoje; perdoai–nos as
nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem
nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em
tentação. Mas livrai-nos do mal. Amém.

CREDO ESPÍRITO SANTO


Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador Vinde, Espírito Santo, enchei o coração dos vossos fiéis e acendei neles
do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e
único Filho, Nosso Senhor; que foi renovareis a face da terra.
concebido pelo poder do Espírito Santo;
Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz
nasceu na Virgem Maria, padeceu sob
do Espírito Santo fazei que apreciemos retamente todas as coisas
Pôncio Pilatos, foi crucificado morto e
segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da Sua consolação. Por
sepultado; desceu à mansão dos mortos;
Cristo, Senhor nosso. Amém.
ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo- ATO DE CONTRIÇÃO: Meu Deus, eu me arrependo, de todo
poderoso, donde há de vir a julgar os vivos coração de todos meus pecados e os detesto, porque pecando não só
e os mortos; creio no Espírito Santo, na mereci as penas que justamente estabelecestes, mas principalmente
santa Igreja Católica, na comunhão dos porque Vos ofendi a Vós, sumo bem e digno de ser amado sobre todas
santos, na remissão dos pecados, na as coisas. Por isso, proponho firmemente, com a ajuda da vossa graça,
ressurreição da carne, na vida eterna. não mais pecar e fugir das ocasiões próximas de pecar. Amém
Amém

ORAÇÃO ANTES DA COMUNHÃO: Senhor Jesus, creio firmemente GLÓRIA AO PAI


que vou receber vosso Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Creio porque vós o Glória ao Pai, ao filho e ao
dissestes; e espero de vossa infinita bondade as graças que concedeis àqueles que Espírito Santo. Como era no
vos recebem com sentimento de fé viva e de inteira confiança. Amém. princípio, agora e sempre.
Amém.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Meu Deus, eu creio, adoro, SANTO ANJO
espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e Santo Anjo do Senhor, meu
não Vos amam. Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente zeloso guardador, se a ti me
e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente confiou a piedade divina, sempre
em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com me rege, me guarda, me governa
que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do me ilumina. Amém
Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores. Amém.
AVE MARIA
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco,
bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o
fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de
Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da
nossa morte. Amém

SALVE RAINHA
Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e
esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados
filhos de Eva; a vós suspiramos, gemendo e chorando
neste vale de lágrimas. Eia, pois advogada nossa, esses
vossos olhos misericordiosos a nós volvei; e depois
deste desterro nos mostrai Jesus, bendito fruto do
vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre
Virgem Maria.
Rogai por nós, santa Mãe de Deus.
R: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Amém.

CONSAGRAÇÃO A SANTÍSSIMA VIRGEM


MARIA
Eu te escolho hoje, ó Maria, na presença de toda a corte
celeste, por minha Mãe e minha Rainha. Eu te entrego e
consagro, com toda submissão e amor, meu corpo e minha
alma, meus bens interiores e exteriores, e, também, o valor
de minhas boas ações passadas, presentes e futuras.
Concedo-te inteiro e pleno direito de dispor de mim e de
tudo o que me pertence, sem exceção segundo tua boa
vontade, para maior graça de Deus. Amém

CONSAGRAÇÃO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA


Santíssima Virgem Maria, movido pelo ardente desejo de amar-vos como Mãe querida e
promover uma terna devoção ao Vosso Imaculado Coração, digníssimo de todo amor e
veneração e tão transpassado de dor pelas blasfêmias e ingratidões dos homens, humildemente
me prostro aos vossos pés e consagro ao vosso coração doloroso e imaculado para sempre: meu
corpo, minha alma, minha vida, meu coração e todo o meu ser. Aceitai, Mãe amorosíssima, esta
consagração e guardai-me sempre em vosso coração materno. Ó, minha terna Mãe, em vós
confio, quero amar-vos sempre mais e servir-vos com toda felicidade. Abençoai-me, protegei-
me e preservai-me de todo o mal. Amém
O TERÇO:
O rosário uma oração simples que fortifica a Fé, alimenta nossa esperança e nos
impulsiona a amar como Jesus. É uma oração fácil de ser rezada em qualquer
tempo e lugar, permanecendo assim uma oração nova e atual. O rosario é divido
por partes onde a cada dia meditamos um mistério da vida de Jesus.
COMO REZAR O TERÇO:
Oferecimento: “Divino Jesus, nós vos oferecemos este Terço que vamos rezar,
meditando nos mistérios da nossa redenção. Concedei-nos, por intercessão da
Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, as virtudes que nos são necessárias
para bem reza-lo e as graças de ganharmos as indulgencias desta santa
devoção.
MISTÉRIOS DO TERÇO:
MISTÉRIOS GOZOSOS: REZADO ÀS SEGUNDAS FEIRAS E SÁBADOS
1º MISTÉRIO: Contemplamos a Anunciação do Anjo Gabriel e Maria diz sim a Vida (Lc. 1, 26 – 38).
2º MISTÉRIO: Contemplamos Maria visita sua prima Isabel ( Lc. 1, 39 – 56).
3º MISTÉRIO: Contemplamos o Nascimento do menino Jesus em Belém (Lc. 2, 1 -20).
4º MISTÉRIO: Contemplamos a Apresentação do menino Jesus no Templo (Lc 2, 21 – 40).
5º MISTÉRIO: Contemplamos o menino Jesus é encontrado no templo entre os doutores da lei.

MISTÉRIOS DOLOROSOS: REZADO ÀS TERÇAS FEIRAS E SEXTAS-FEIRAS:


1º MISTÉRIO: Contemplamos o Sofrimento de Jesus no Jardim das Oliveiras ( Lc. 22, 39 – 46).
2º MISTÉRIO: Contemplamos a Flagelação de Jesus ( Jo. 19, 1 – 3).
3º MISTÉRIO: Contemplamos a Coroação de espinhos em Jesus (Mt. 27, 27 -31).
4º MISTÉRIO: Contemplamos Jesus carrega a Cruz na subida do Calvário (Jo. 19, 16 – 17).
5º MISTÉRIO: Contemplamos A crucificação de Jesus que morre pregado na Cruz (Jo. 19, 25 - 30).

MISTÉRIOS GLORIOSOS: REZADO ÀS QUARTAS FEIRAS E DOMINGOS:

1º MISTÉRIO: Contemplamos Ressurreição de Jesus ( Mt. 28, 1 – 8).


2º MISTÉRIO: Contemplamos a Ascensão de Jesus (Lc. 24, 50 – 53).
3º MISTÉRIO: Contemplamos a Vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos e Maria (Mt. 27, 27 31).
4º MISTÉRIO: Contemplamos a Assunção de Maria aos céus.
5º MISTÉRIO: Contemplamos a Coroação da Virgem Maria como Rainha do Céu e da Terra.

MISTÉRIOS LUMINOSOS: REZADOS ÀS QUINTAS-FEIRAS:

1º MISTÉRIO: Contemplamos o Batismo de Jesus no Rio Jordão ( Mt. 3, 13 – 17).


2º MISTÉRIO: Contemplamos a Auto Revelação de Jesus nas Bodas de Cana ( Jo. 2, 1 – 12).
3º MISTÉRIO: Contemplamos o Anúncio do Reino de Deus com o convite conversão(Mc. 1, 14 -15).
4º MISTÉRIO: Contemplamos A Transfiguração de Jesus (Lc. 9, 28 – 36).
5º MISTÉRIO: Contemplamos A Instituição da Eucaristia (Lc. 22, 14 – 30)
Os mistérios seguem a ordem cronolgica da vida de Cristo, desde sua concepção
até sua morte.

QUAL MISTÉRIO DO TERÇO REZAR?


DIA DA SEMANA MISTÉRIO
SEGUNDA-FEIRA GOZOSOS
TERÇA-FEIRA DOLOROSOS
QUARTA-FEIRA GLORIOSOS
QUINTA-FEIRA LUMINOSOS
SEXTA-FEIRA DOLOROSOS
SABADO GOZOSOS
DOMINGO GLORIOSOS
Agradecimento:
Infinitas graças vos damos, soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de
vossas mãos liberais. Dignai – vos agora e para sempre tomar–nos debaixo de vosso poderoso
amparo e, para mais vos agradecer, vos saudamos com uma Salve-Rainha.
(Rezar uma Salve Rainha).
PRIMEIRA LIÇÃO:
A EXISTÊNCIA DE DEUS: PROVAS DE SUA EXISTÊNCIA.

Período da filosofia medieval em que a filosofia


aristotélica em junção com a fé prestou auxilio à
teologia em seus conceitos.

Há Deus? Sim, pois se não, nada existiria. Isto se explica mediante o


seguinte raciocínio: o que necessariamente há de receber de Deus o ser, não
existiria se Deus não existisse. Assim é que coisa alguma pode existir, exceto
o mesmo Deus, se Dele não recebe a existência.
Porventura perguntaríeis como se pode demonstrar que nada, exceto o
mesmo Deus, pode existir se Dele não recebe a existência; para responder,
basta desenvolver o mesmo raciocínio supradito: o que existe e pode não
existir, depende de algo que exista necessariamente, e a este algo,
chamamos Deus. Assim é que nada do que existe, existe por si mesmo, exceto
o mesmo Deus.
E ao dizer que somente Deus existe por Si mesmo, digo que somente Ele
existe em exigência forçosa de Sua natureza. Assim desenvolve-se esta
verdade: sabemos que é impossível que um ser que necessita de algo para
sobreviver dê a si próprio a existência, porque aquilo que necessita de algo
ou alguém, desse algo ou alguém depende necessariamente. Deus não
depende de nada nem ninguém, pois no fato de existir por si já vai incluída
a posse atual de todas as perfeições, por virtude de sua natureza e com
absoluta independência: não pode, portanto, receber coisa alguma de fora.
A existência dos seres contingentes (em linguagem filosófica, contingente quer
dizer “não-necessário”. Algo é, mas poderia não ser. Eu existo, mas poderia
nunca ter existido.) prova a existência de Deus.
Os que negam a existência de Deus sustentam a seguinte proposição: “o ser
que tudo necessita, de nada tem necessidade”. Vê-se como o raciocínio ateu é
extremamente contraditório, e em verdade, como é possível negar a existência
de Deus sem contradizer-se?

ATIVIDADES
Cremos não haver melhores argumentos que os fornecidos por Santo Tomás
de Aquino em suas célebres obras Summa contra Gentiles (Suma contra os
gentios) e a magnífica Summa Theologiae (Suma Teológica) a respeito da
existência de Deus. Eles são chamados de “Cinco vias”, e mostram a partir de
argumentos a posteriori, isto é, a partir da percepção dos sentidos rumo à sua
origem, ou do efeito para a sua causa, e de cunhos metafísicos, físicos e morais
a existência de Deus e a impossibilidade de não haver Deus. Aqui, dada a
necessidade de brevidade, não nos é possível expô-los e explicá-los em sua
requerida profundidade, portanto, pesquise-os e os explique sucintamente com
suas próprias palavras.
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SEGUNDA LIÇÃO:
A NATUREZA E ATRIBUTOS DE DEUS: A VISÃO DE DEUS
E MODOS DE CONHECER A DEUS NESTE MUNDO.

Deus é um espírito em três Pessoas; ao dizer isto quer se dizer que há Nele
três Pessoas, cada uma das quais se identifica com Deus e possui os atributos
da divindade, e estas pessoas são o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Criador e
soberano Senhor de todas as coisas. Ao dizer que Deus é espírito, quer se dizer
que ele não tem corpo como nós e está, portanto, isento de matéria e de qualquer
elemento estranho ao Seu ser. Deste princípio resulta a seguinte verdade: que
no sentido mais absoluto e transcendental, Deus é o Ser por essência e as
restantes coisas são seres particulares, isto é, são seres e não o Ser. A razão é
capaz de chegar às seguintes conclusões no que diz respeito à natureza de
Deus: Ele é perfeito, porque nada Lhe falta; Ele é bom, porque sendo perfeito,
necessariamente há de ser bom; é infinito, porque coisa alguma pode limitá-Lo;
está em toda parte, porque tudo quanto existe, Nele e por Ele existe; é imutável,
porque nada pode adquirir; é eterno, porque Nele não há sucessão; é uno, pois
somente pode existir um infinito.
Não consente o nosso corpo mortal ver a Deus na vida presente, mas aos
bem-aventurados que já gozam da vida eterna no Céu, e todos os que até o fim
dos tempos haverão de chegar à morada eterna, é dada a graça suprema e
infinita da visão e contemplação face a face de Deus com os olhos da alma
glorificada, isto é, a visão beatífica.
Podemos conhecer a Deus neste mundo de dois modos, os quais são a razão
e a fé. Pela razão conhecemo-Lo mediante as criaturas (referimo-nos a todo o
conjunto da criação, desde as espécies minerais, vegetais, animais e racionais),
obras de Sua mão. Enquanto pela fé O conhecemos sabendo o que Ele é, pelo
que nos revelou de Si mesmo. Verifica-se indubitavelmente que o conhecimento
pela fé é o mais perfeito, pois ela (a fé), dom sobrenatural, nos mostra Deus com
uma claridade como jamais o pôde conjecturar a razão humana; e é dela (da fé)
que se constituirá a nossa bem-aventurança eterna no Céu, pois a fé tornar-se-
á visão; a esperança, em posse; e a caridade será eterna, pois é o próprio amor
de Deus.

ATIVIDADES:

Não há contradição entre a fé e razão, pois é o mesmo Deus que deu-nos a


inteligência e que Se revelou no tempo por Sua encarnação e legou-nos a fé, a
qual é guardada pela Santa Igreja Católica.
(1º) Destarte, responda estas perguntas atentamente: quais atributos da
natureza podem ser conhecidos pela razão natural? Explique-os com suas
palavras.
(2º) No que se diferencia o conhecimento de Deus pela razão e pela fé, e qual
dentre estes é o mais perfeito? Explique o porquê de sua resposta.

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TERCEIRA LIÇÃO:
AS OPERAÇÕES DIVINAS E A PROVIDÊNCIA.

A vida íntima de Deus consiste em conhecer-Se e amar-Se. Deus possui ciência


infinita, de tal modo que nada Lhe é oculto ou desconhecido; sabe tudo o que se
passa no mundo, e conhece todos os segredos dos corações. A razão pela qual
se atribui tão profunda ciência a Deus é que, ocupando Ele o grau supremo do
imaterial, possui inteligência infinita; portanto, é impossível que ignore coisa
alguma, presente, passada, futura e possível, visto que não há ser pertencente
quer à ordem entitativa, quer à operativa, que não dependa da Sua ciência, como
o efeito da sua causa.
Do sobredito resulta que em Deus há também vontade, pois a vontade é
inseparável da inteligência. Dependem da vontade de Deus todos os seres, pois
ela é a causa primeira e suprema de todas as coisas. Trataremos a seguir a
respeito do amor, da justiça e da misericórdia divina.
Deus ama todas as criaturas, pois são obras do Seu amor, e o efeito deste
amor nas criaturas é o de dar-lhas todo o bem que possuem. Deus é a própria e
a mesma justiça. Ele é justo porque dá a todos aquilo que exige a natureza de
cada um; quanto aos homens, a justiça de Deus reveste-se de uma modalidade
especial, e esta é a que premia os bons e castiga os culpados. Tal
recompensa e castigo não são recebidos inteiramente neste mundo, mas sim na
eternidade; Deus recompensa os justos por inteiro no Céu, e castiga os
pecadores no Inferno. A misericórdia divina consiste em que Deus dá a cada
coisa muito mais do que exige sua natureza e também em que dá aos justos
uma recompensa maior do que merecem, e castiga os pecadores com penas
inferiores às que merecem suas culpas.
O governo de Deus no mundo chama-se Providência. Ela estende-se a todas
as coisas, pois não há nada que Deus não tenha previsto e predeterminado
desde toda a eternidade. Ela conjuntamente se estende aos seres inanimados,
pois fazem parte da obra de Deus, e também aos atos humanos livres. Isto se
dá porque os atos humanos estão de tal forma sujeitos às disposições divinas
que nada pode o homem fazer se Deus não a ordena ou permita, dado que a
liberdade não lhe confere independência a respeito de Deus.

ATIVIDADES:

(1º) Explique a vida íntima de Deus com suas próprias palavras, perpassando
por Sua ciência e vontade.
(2º) Escreva no que consiste o amor, a justiça e a misericórdia divina. Responda
ainda esta questão: há conflito entre a justiça e a misericórdia de Deus?
(3º) Que é a Providência divina? De que forma estão todos os homens sujeitos
à vontade de Deus?
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QUARTA LIÇÃO:
O MISTÉRIO DA SANTÍSSIMA TRINDADE. O DOGMA.
SOCIEDADE PERFEITA.

Foi dito no início da lição anterior que Deus é um espírito em três Pessoas, e que
com isso se quer dizer que Nele há três Pessoas que se identificam com Deus e
possuem os atributos da divindade, e que as três Pessoas são o Pai, o Filho e o
Espírito Santo. Trataremos mais detidamente sobre este adorável mistério, o
maior e mais importante da nossa sacrossanta religião, na lição presente.
O Pai é o que, sem ter tido princípio, gera o Filho e da origem ao Espírito
Santo. O Filho é o que é gerado pelo Pai, e do qual, conjuntamente com o
Pai, procede o Espírito Santo. O Espírito Santo é o que procede do Pai e do
Filho.
É fundamental ter bem claro na mente a seguinte verdade: as Três Pessoas
são distintas entre Si, mas não distintas de Deus em si mesmo. Ao dizer que
são distintas entre si, significa que o Pai não é o Filho, nem o Espírito Santo; que
o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo; que o Espírito Santo não é o Pai, nem
o Filho. Também é capital ter gravado na inteligência esta verdade: as três
Pessoas divinas não podem separar-Se; e de fato estão unidas desde a
eternidade.
O Pai possui, com relação ao Filho, tudo o que temos visto que há em Deus;
também o Filho possui, com relação ao Pai, tudo o que vimos haver em Deus; e
o Espírito Santo, com relação ao Pai e ao Filho, possui tudo o que vimos que há
em Deus. Mas não cheguemos à herética e blasfema conclusão de que do
sobredito resulta que são três deuses com conexões eternas. O ensinamento do
dogma católico é claro ao afirmar que são três Pessoas que se identificam com
Deus, apesar do que, permanecem realmente distintas.
As Pessoas divinas formam a mais perfeita das sociedades, porque sendo
três, cada uma possui de modo infinito a perfeição, a duração, a ciência, o amor,
o poder, a felicidade, e todas e cada uma constituem a sua própria bem-
aventurança no seio da divindade.

ATIVIDADES

(1º) Acerca do mistério adorabilíssimo da Santíssima Trindade, responda: as três


Pessoas divinas são distintas de Deus em Si mesmo? E distintas entre Si?
(2º) Explique as relações de geração e processão na Santíssima Trindade.
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QUINTA LIÇÃO
DEUS. SOBERANO SENHOR E CRIADOR DE TODAS AS
COISAS.

Para facilitar a distribuição da matéria e auxiliar o estudo, dividiremos esta lição


em cinco seções, e estas, por sua vez, em artigos. As seções são: (1ª) Do ato
da Criação em específico. (2ª) Do universo em específico. (3ª) Dos anjos em
específico. (4º) Do mundo em específico. (5ª) Do homem em específico.

PRIMEIRA SEÇÃO: DO ATO DA CRIAÇÃO EM ESPECÍFICO

A criação é obra da onipotência de Deus, o qual tirou as coisas criadas do nada.


Antes da criação, nada existia, exceto o mesmo Deus, pois como dissemos na
primeira lição acerca de Sua existência, só Ele existe necessariamente, e tudo o
mais em virtude de Seu poder.
O mundo foi criado quando aprouve ao divino querer, e criou-o para manifestar-
nos a nós a Sua glória, e por manifestar Sua glória quer-se dizer que criou o
mundo para dar-nos a conhecer Sua bondade, comunicando aos seres parte do
bem infinito que possui. Deus poderia não ter criado o mundo, ou tê-lo criado por
ambição ou necessidade, porém o fez por pura benevolência, para comunicar às
criaturas parte da Sua bondade infinita.
EXERCÍCIOS
1. Em que consiste o ato de criar, próprio e exclusivo de Deus?
2. Quando e por que Deus criou o universo e tudo o que nele há?
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SEGUNDA SEÇÃO: DO MUNDO OU UNIVERSO EM ESPECÍFICO:

O conjunto dos seres criados recebe o nome de mundo, ou universo. É, pois,


obra das mãos de Deus, O qual os criou pelo império da Sua palavra e influxo
de Seu amor.
Os seres distintos que completam o universo são de três categorias: os
espíritos puros, os corpos e os compostos de matéria e espírito. Deus os criou a
todos, sem auxílio e intervenção de pessoa alguma, pois só Ele pode criar.

EXERCÍCIOS
1. O que é o universo e quais seres o compõe?
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TERCEIRASEÇÃO: DOS ANJOS EM ESPECÍFICO.
Subdividiremos esta seção em quatro artigos: (1) Da criação e natureza dos
Anjos. (2) Da vida íntima dos Anjos. (3) Da tentação e queda dos anjos.

1º ARTIGO – A CRIAÇÃO E NATUREZA DOS ANJOS.


O nome comum a todos os espíritos puros é o de “anjo”, pois são enviados
de que o Senhor se serve para o governo das demais criaturas.
Pois bem, quanto à sua criação, Deus os criou imediatamente a todos, pois
por serem espíritos puros, este é o único modo pelo qual podiam vir à existência.
Foram criados nos princípios dos tempos e no mesmo instante que os elementos
do mundo material. Os anjos foram criados num local corpóreo, pois assim
convinha aos desígnios da Divina Providência, e tal local o chamamos
ordinariamente de Céu, ou Céu empíreo.
Deus quis que no mundo houvesse espíritos puros para que fossem o digno
remate e coroa da obra de Suas mãos. Isto significa que os anjos são a porção
mais formosa, nobre e perfeita do universo.
Dissemos acima que são espíritos puros. Que coisa é um espírito? É uma
substância completa, que não está unida à matéria e nem tem relação com ela.
Diferentemente de nós, os anjos não podem se unir substancialmente a um
corpo material, e embora tenham em certas ocasiões tenham aparecido com a
forma humana, não tinham de homens mais que a aparência exterior.
Os anjos são numerosíssimos, e seu número excede ao de todas as
naturezas criadas, pois na obra de Deus era conveniente que o perfeito
sobrepujasse ao imperfeito. Eles moram habitualmente no Céu.
Para finalizarmos esta parte, discorreremos rapidamente a respeito do
movimento angélico. Ele se dá de forma instantânea, isto é: os anjos não
precisam de tempo para trasladar-se de um local para o outro, pois podem fazê-
lo instantaneamente quaisquer que sejam as distâncias. Podem não obstante,
abandonar lentamente um local e ocupar outro da mesma forma, já que seu
movimento se dá em diversas partes do mesmo lugar.
EXERCÍCIOS
1- Como e onde se deu a criação dos anjos no princípio dos tempos? Onde
estão agora?
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2- Qual é a substância que forma a natureza angélica?
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3- Por que são numerosíssimos?
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4- Como se dá o movimento angélico?
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2º ARTIGO – A VIDA ÍNTIMA DOS ANJOS.

A vida íntima dos anjos, suposto que são espíritos puros, consiste em
conhecer e amar. A espécie (ou o tipo) de conhecimento dos anjos é intelectual,
carecendo eles totalmente de conhecimento sensitivo, como nós. Isto se dá
porque o conhecimento sensitivo sempre supõe um corpo orgânico; ora, os anjos
são incorpóreos, logo, eles não têm conhecimento sensitivo.
O conhecimento angélico é mais perfeito que o nosso, e isto se prova pelas
seguintes razões: porque nem o seu conhecimento tem origem nas espécies do
mundo exterior, isto é, daquilo captado pelos sentidos; nem sua ciência progride
mediante o raciocínio, pois ela abrange de uma só visão os princípios e as
consequências das coisas. Contudo, os anjos não possuem ciência infinita, pois
sua natureza é finita; única e exclusivamente Deus, Ser infinito, possui ciência
infinita.
Tratemos agora da expansão do conhecimento angélico. Conhecem eles o
conjunto das criaturas? Sim, pois o exige a sua qualidade de espíritos puros.
Sabem eles o que ocorre no mundo? Sim, pois o veem nas suas espécies
naturais, na medida em que vai se sucedendo. Conhecem os segredos dos
corações? Não, pois sendo afetos livres não concorrem com a mudança e
sucessão das coisas; podem, não obstante, vir a conhecê-los de duas maneiras,
a saber: mediante revelação divina ou pela manifestação do agente. Sabem o
futuro? Sem revelação especial, não.
Quanto à ordem do amor dos anjos, ei-la exposta a seguir. Amam
primeiramente a Deus sobre todas as coisas; a si mesmos e às criaturas, exceto
quando o pecado contraria ou destrói na ordem sobrenatural a livre propensão
do amor natural.

EXERCÍCIOS
1 - Em que consiste a vida íntima dos anjos?
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2 - Explique o tipo de conhecimento dos anjos, a vastidão de sua ciência e por
que seu conhecimento é mais perfeito que o nosso.
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3 - Qual a ordem do amor dos anjos?
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3º ARTIGO – A TENTAÇÃO E QUEDA DOS ANJOS.


Para melhor compreensão da matéria que será tratada, convém demarcar
bem o assunto em duas partes bem sucintas: (parte A) o estado em que os
anjos foram criados e a tentação em si. (parte B) a queda dos anjos e suas
consequências.
PARTE A: O ESTADO EM QUE OS ANJOS FORAM CRIADOS E A
TENTAÇÃO EM SI.

Os anjos foram criados no estado de graça. Que isto significa? Significa que
no primeiro instante de sua criação receberam conjuntamente com sua natureza,
a graça santificante que os tornava filhos adotivos de Deus e, por seu mérito,
podiam alcançar a glória eterna.
Foi necessário que os anjos merecessem a glória por algum ato livre. Não
sabemos ao certo qual foi a prova pela qual passaram os anjos para serem
admitidos na felicidade infinita e eterna, os Doutores da Igreja e os teólogos
defendem duas possibilidades, as quais serão expostas adiante: 1ª opinião:
consistia em seguir o movimento da graça que os inclinava a submeter-se a Deus
por inteiro, para receberem dele com acatamento e ação de graças o dom da
glória que lhes havia prometido. 2ª opinião: consistia em adorar o Filho de Deus,
a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, em sua humanidade, Nosso Senhor
Jesus Cristo, feito homem para salvar a humanidade de seus pecados.
Bastou um só instante para decidirem sob o influxo da graça a submissão ou
a rebeldia. Os que optaram pela primeira foram imediatamente admitidos ao
gozo da bem-aventurança eterna.

EXERCÍCIOS
1 - Por que os anjos foram provados?
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2 - No que consistiu a prova?
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PARTE B – A QUEDA DOS ANJOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS:

Nem todos os anjos permaneceram fiéis na prova meritória a que Deus os


submeteu; pois por sentimento de orgulho, por quererem ser como Deus e gozar
a felicidade independentemente das disposições divinas, se recusaram
submeter-se a Deus.
O ato de soberba foi tão grande que provocou a ira divina imediatamente, e
Deus, justamente indignado, os precipitou no fogo do Inferno, para que aí
padeçam tormentos eternos.
Os anjos rebeldes e condenados ao Inferno são chamados de demônios.

EXERCÍCIOS
1- O que se sucedeu com os anjos que permaneceram fiéis, e o que
ocorreu com os anjos infiéis?
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2- Qual o nome dos anjos condenados ao Inferno, e qual o nome daquele


que os governa tiranicamente?
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QUARTA SEÇÃO: DO MUNDO CORPORAL E A OBRA DOS SEIS DIAS EM


ESPECÍFICO.

A segunda categoria de seres criados por Deus é formada pelo mundo


corpóreo, tendo Deus, portanto, criado o conjunto dos seres materiais.
Deus criou por Si e imediatamente a Terra com todas as suas maravilhas,
como por exemplo, o mar e tudo o que nele misteriosamente se contém, o céu,
a lua, as estrelas. O mundo corporal foi criado no princípio dos seres, ao mesmo
tempo em que foi criado o mundo dos espíritos.
O mundo não foi formado tal como hoje o vemos, mas foi criado no estado
caótico. Que se entende por isso? Entende-se que Deus criou primeiramente os
elementos ou materiais com que havia de construí-lo na forma e estado que
agora tem. Foi o Senhor quem ordenou e compôs aqueles primeiros elementos,
e deu ao mundo corpóreo a forma atual.
Deus, porém, não rematou a Sua obra de uma só vez, mas o fez mediante seis
intervenções sucessivas até dar ao mundo sua forma atual. Estas seis
intervenções são conhecidas pelo nome de “os seis dias da criação”.
No primeiro dia, Deus fez a luz; no segundo, o firmamento; no terceiro, separou
os mares dos continentes e produziu as plantas; no quarto, o sol, a lua e as
estrelas; no quinto, as aves e os peixes; e no sexto, produziu os animais
terrestres e criou o homem. Sabemos que Deus criou o mundo na ordem predita,
pois Ele mesmo no-lo revelou, e o testemunho divino no que se refere à criação
do mundo e à disposição que agora tem, encontra-se no primeiro capítulo do
Gênesis, que é por sua vez o primeiro livro da Sagrada Escritura.
Porventura perguntareis se há conflitos entre a ciência e o primeiro capítulo do
Gênesis, ao que respondemos: a verdadeira ciência sempre estará de acordo
com o primeiro capítulo do Gênesis, porque a verdadeira ciência vê as coisas
como elas são e ninguém as conhece melhor como são do que o mesmo Deus
que as criou e que no primeiro capítulo do Gênesis nos revelou como as fez.
É, por conseguinte, impossível que haja contradição entre o testemunho da
Escritura e os descobrimentos científicos, no que se refere à criação do mundo.

EXERCÍCIOS
1) Como se deu a obra dos seis dias? Escreva o que fez Deus em cada
dia.
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2- Por que não há contradição entre o primeiro capítulo do livro do Gênesis


e a verdadeira ciência?
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QUINTA SEÇÃO: DO HOMEM EM ESPECÍFICO.


Subdividiremos esta seção em artigos, os quais são: (1º) O homem e sua
natureza. (2º) A origem divina do homem. (3º) O estado feliz em que o
homem foi criado.

1º ARTIGO: O HOMEM E SUA NATUREZA.


O homem é um ser que forma uma categoria distinta do conjunto das demais
criaturas. Que é o homem? É um ser composto de matéria (o corpo) e espírito
(a alma), no qual, de algum modo, se compendiam os mundos espiritual e
material.
Dentre as criaturas integradas de matéria, além do homem, também possuem
alma as plantas e os animais, porém, a alma humana possui distinções em
relação às das plantas e dos animais. Reside esta diferença no fato de que as
plantas possuem uma alma exclusiva e puramente vegetal; os animais possuem
uma alma tão somente vegetativa e sensitiva; e a alma humana, além destas
faculdades e potências, possui a inteligência, sendo esta faculdade ou potência
o que nos distingue dos demais seres corpóreos.
A alma humana é imortal: pois sendo um princípio intelectual (e, portanto,
necessariamente imaterial), opera de forma independente da matéria (do
organismo ou corpo), e se ela é independente do corpo no agir, necessariamente
será no existir. Disto se deduz o seguinte: se bem que o corpo perece ao separar-
se da alma, esta não pode morrer jamais.
A união da alma ao corpo é substancial, e não acidental. Sem a união da alma
ao corpo, não há natureza humana. Por isso se diz que a união é substancial
(que forma a substância ou natureza do homem).
A alma confere ao corpo todas as perfeições que ele possui, as quais são: o
existir, o viver e o sentir; reservando para si unicamente o ato de entender.

EXERCÍCIOS
1. Que é o homem?
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2. Qual a diferença entre a alma humana da alma animal e vegetal?
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3. Explique a imortalidade da alma com suas próprias palavras.
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4. Qual é a natureza da união entre a alma e o corpo? Explique por que.
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5. Quais as funções da alma em relação ao corpo?
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2º ARTIGO: A ORIGEM DIVINA DO HOMEM

Todos os homens que existem e existiram no mundo descendem dos


mesmos pais: Adão e Eva, os quais foram criados por Deus, não tendo, portanto,
procedido de pessoa humana alguma. Deus os criou dando-lhes corpo e alma,
esta por Criação, já o corpo de Adão, como Deus nos revelou, foi modelado com
barro e de uma de suas costelas formou o corpo de Eva.
Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Que se compreende por
isso? Compreende-se que a natureza e operações mais elevadas do homem o
permitem de certa forma entrever a natureza divina e a vida íntima da Augusta
Trindade, e de certo modo imitam a perfeição das Pessoas Divinas.
Isto se dá porque a nossa alma é espiritual e suas operações mais nobres e
perfeitas, o ato de entender e amar têm por objeto a Verdade primeira e o Bem
supremo, que é o mesmo Deus.
Podemos imitar a perfeição própria das Pessoas divinas tendo por primeiro
objeto e último fim dos nossos pensamentos e afetos a Deus, concebido no
entendimento e adorado no coração.
Não há outro ser no mundo corpóreo feito à imagem e semelhança de Deus além
do homem, pois somente ele tem natureza espiritual.

EXERCÍCIOS
1- Descendem todos os seres humanos dos mesmos pais? Quem são eles?
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2- De que forma e quando Deus criou o homem e a mulher?


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3- O que se entende ao dizer “o homem foi criado à imagem e semelhança


de Deus”?
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4- De que modo o homem pode imitar a perfeição das Pessoas divinas?


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3º ARTIGO: O ESTADO FELIZ EM QUE O HOMEM FOI CRIADO.

Os bens contidos no estado primitivo de felicidade no qual o homem foi


criado eram: ciência claríssima e universal; justiça original unida à prática de
todas as virtudes; império absoluto da alma sobre o corpo e domínio sobre todas
as criaturas.
O primeiro homem possuía o bem da ciência na qualidade de privilégio
exclusivo e intransferível; porém, a justiça original e os dons de integridade
seriam transmitidos por geração aos seus descentes, pois eram inseparáveis da
natureza humana enquanto o homem não fosse despojado deles pelo pecado.
O homem não estava sujeito à morte, pois não havia cometido ainda nenhum
pecado, cujo salário é a morte. Também estava isento de sofrimento e de dor,
visto que a alma, por especial privilégio, protegia o corpo contra todo mal e ela,
por sua vez não podia receber dano de coisa alguma, enquanto a vontade
permanecesse submissa a Deus.
Contudo, a felicidade do estado primitivo não era a última e suprema a que
podíamos aspirar, pois ela era temporal e a ela devia seguir-se outra mais alta e
definitiva. Poderíamos chamá-la de primeira felicidade inicial, durante a qual o
homem contrairia méritos, a título de recompensa, para merecer o estado de
felicidade último e perfeito.
No Céu da glória é que o homem haveria de receber sua recompensa infinita,
na companhia de todos os anjos, para onde seria levado por Deus após um
tempo de prova e mérito no primeiro estado.
Enquanto contraísse méritos para chegar à vida eterna, o homem haveria de
habitar num jardim delícias, preparado expressamente por Deus, que se
chamava Paraíso terrestre (ou terreal).

EXERCÍCIOS
1. Quais os privilégios, ou bens, que o homem possuía no estado original,
antes da queda? Explique-os um por um.
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2. Como haveria de ser a vida do homem no estado original de felicidade,


rumo ao Céu, lugar da verdadeira e eterna felicidade?
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SEXTA LIÇÃO:
O PECADO ORIGINAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS E A
NECESSIDADE DE UM SALVADOR.

O presente tema será dividido em três artigos e um apêndice, os quais são: (1º)
O pecado original em si mesmo. (2º) As consequências do pecado original.
(3º) A necessidade do Salvador. (Apêndice): a Imaculada Conceição da Mãe
de Deus, Maria santíssima.

1º ARTIGO: O PECADO ORIGINAL EM SI MESMO.

“O pecado entrou no mundo por um homem só.” (Rm V, 12).


O pecado original é o pecado de desobediência de Adão e Eva. Assim como os
anjos foram submetidos a uma prova para merecerem e ganharem ou perderem
a glória eterna mediante um ato de livre escolha, também ocorreu com o homem.
Esta prova consistia em obedecer a um mandato de Deus e se submeter a ele
completamente, como convém que um escravo faça diante de seu senhor, como
um filho o faz diante de seu pai, e como deve a criatura fazer diante de seu
Criador e amabilíssimo Senhor.
A desobediência não estava puramente no ato de comer o fruto proibido,
mas sim na intenção com que tal ato foi feito e o que aquilo verdadeiramente
significava: ao serem tentados por Satanás, não foi somente a vontade de comer
o fruto que lhes moveu, mas sim a tentação de soberba e orgulho, pois o inimigo
de Deus lhes havia dito: “Porque Deus sabe que no dia que comerdes deste
fruto, vossos olhos se abrirão e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal”,
(Gênesis 3, 5). Blasfêmia das blasfêmias! O homem quis usurpar o lugar de
Deus! Pretendeu viver como se não dependesse Dele, e quis ainda viver como
se ocupasse o lugar do Altíssimo, ditando-se a si mesmo as suas próprias regras!
E com este intento desgraçado, comeu o fruto, consentindo, assim, no pecado
de desobediência e soberba.
A criatura ousou querer viver sem Deus, mas, em verdade, com isto ela
escolheu por senhor não o Soberano, Amoroso e Santíssimo Deus nosso, mas
o Diabo, inimigo de Deus e dos homens, homicida desde o princípio, como disse
Nosso Salvador no Evangelho.
O pecado original em Adão era atual, e o afastou de Deus como fim
sobrenatural. Em nós, é um pecado de raça, e nos é transmitido pelo fato de
recebermos a natureza de Adão pecador, já que recebemos a natureza tal como
ela é, e ficou em estado de pecado; e também porque Adão pecou enquanto
cabeça da humanidade, assim como Nosso Senhor Jesus Cristo salvou os
homens, redimindo-nos de nossos pecados, como cabeça da humanidade
regenerada.

EXERCÍCIOS
1- No que consiste o pecado original? Explique em no mínimo cinco linhas,
de forma detalhada e comentada.
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2º ARTIGO: AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO ORIGINAL.
Dissemos anteriormente que o homem havia sido criado num estado de
inocência, de justiça original e de santidade, tendo Deus lhe outorgado dons de
três qualidades: naturais, sobrenaturais e preternaturais.
Os dons naturais são as propriedades do corpo e da alma, exigidos pela
natureza humana para alcançar o seu fim natural.
Os dons sobrenaturais são a graça santificante que fez deles filhos adotivos
de Deus e a predestinação à visão beatífica.
Os dons preternaturais consistem na imunidade da morte, do sofrimento, da
ignorância e da concupiscência.
Por causa do pecado, Adão e Eva perderam todos os dons que excediam as
exigências da natureza humana, destarte, perderam os dons preternaturais e
sobrenaturais, conservado apenas - e de um modo muito enfraquecido - os dons
naturais. “Privado dos dons gratuitos, Adão, pecador, foi vulnerado na sua
própria natureza.” Disse São Beda, Doutor da Igreja. “Gratuitis spoliator,
vulneratus in naturalibus”. Tais são as consequências do pecado original, que
todos os integrantes da raça humana partilham: perca dos dons sobrenaturais e
preternaturais, e enfraquecimento dos dons naturais. A morte e todas as misérias
corporais são o efeito próprio do pecado.

EXERCÍCIOS
1. Quais as consequências do pecado original? Escreva-as sucintamente.
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3º ARTIGO: A NECESSIDADE DO SALVADOR 1.

1
Tomamos por guia neste artigo a magnífica obra do padre dominicano Antonio Royo Marín,
O. P (1913- 2005), JESUS CRISTO E A VIDA CRISTÃ, traduzida e publicada em língua
portuguesa pela editora Ecclesiae no ano de 2020. Recomendamos fortemente esta leitura a
todos os que desejam estudar, conhecer e assim amar mais a divina pessoa de Nosso Senhor
Jesus Cristo, que por nós deu Sua vida na cruz.
Pelo pecado de Adão, a humanidade apartou-se de Deus por uma infeliz e
desgraçada escolha própria, a qual acarretou as terríveis consequências de que
tratamos anteriormente; Deus, porém, amor e bem infinito, não nos abandonou,
mas prometeu-nos um Salvador, afim de que fossemos reconciliados com Ele.
Segundo Santo Tomás de Aquino, a reparação do pecado do gênero humano
pode ser considerada de diversas maneiras, as quais são:
Totalmente gratuita e livre, ou seja, perdoando o pecado sem exigir
nenhuma reparação: simplesmente “te perdoo”. Com alguma reparação
côngrua, fora dos requisitos da justiça, por exemplo, pedindo ao homem, em
troca do perdão de seus pecados, que fizesse certas obras penitenciais, feitas
com forças naturais.
Com uma reparação de justiça imperfeita, ou seja, dando primeiramente
Deus ao homem o que Ele exige em retorno. Tal é o que ocorre com a graça,
dom gratuito de Deus que nos é dado, para que com ela entesouremos
merecimentos e os entreguemos de volta a Deus, a fim de sermos salvos
eternamente.
Com uma reparação de estrita e perfeita justiça, isto é, que estabelecesse
absoluta igualdade entre o ofensor e o ofendido e entre o que é devido e o que
é pago. Para que houvesse reparação de estrita e perfeita justiça, era
absolutamente necessário que o Verbo, ou uma das Pessoas divinas se
encarnasse.
O pecado abriu entre Deus e os homens um abismo infinito, impossível de
ser preenchido por parte do homem se Deus exigisse uma reparação de estrita
justiça. O homem conseguiria no máximo oferecer a Deus uma reparação de
justiça imperfeita, isto é, pagar a dívida não com seus próprios bens, mas com
os bens previamente recebidos por Deus. Somente um homem-Deus poderia
preencher o abismo entre Deus e nós e pagar completamente a dívida com
nossos próprios bens.
EXERCÍCIOS
1. Quais as maneiras pelas quais pode ser considerada a redenção do
homem? Explique-as com suas próprias palavras.
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2. Por que somente um homem-Deus podia remir o homem de seus pecados
e retirá-lo de seu estado deplorável após a queda original e seus pecados
pessoais?
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APÊNDICE: A IMACULADA CONCEIÇÃO DA MÃE DE DEUS, MARIA


SANTÍSSIMA2.

Para grande deleite nosso, quisemos colocar como apêndice uma breve
explicação do dogma acalentador da Imaculada Conceição da Mãe de Deus,
Maria sempre virgem.
Em que consiste o dogma da Imaculada Conceição, proclamado e definido
infalivelmente pelo Santíssimo Padre Pio IX, o Grande, no dia 8 de dezembro de
1854? Eis a resposta e a definição dada pelo Pontífice naquela ocasião:
“A doutrina que professa que a Bem-aventurada Virgem Maria, desde o
primeiro instante de sua Conceição, fora, por uma graça e um privilégio
especial de Deus Todo Poderoso, em vista dos merecimentos de Jesus
Cristo, Salvador do gênero humano, preservada de toda mancha do pecado
original é revelada por Deus e, por conseguinte, deve ser acreditada
formalmente por todos os fiéis”.

2
Seguiremos neste apêndice o excelente livro do Padre Júlio Maria de Lombaerde (1878-1944), NOSSA
SENHORA DIANTE DOS ATAQUES PROTESTANTES, publicado pela editora Centro Dom Bosco, no ano de
2021, cuja leitura recomendamos fortemente.
Vamos dividir este apêndice em alguns pontos: a Conceição de Maria; e a
preservação de Maria.
1º PONTO: A CONCEIÇÃO DE MARIA SANTÍSSIMA

A conceição de Nossa Senhora é humana, tendo ocorrido segundo as vias


ordinárias da natureza humana: só a conceição de Jesus Cristo é divina, pois foi
operada pela virtude do Espírito Santo, sem a interferência do homem.
Maria Santíssima teve pai e mãe: São Joaquim e Santa Ana. Nada houve de
extraordinário em sua conceição, ela é filha da raça humana, participando do
sangue desta raça.
Se a conceição de Maria Santíssima não é divina, ela é, entretanto, milagrosa.
É o próprio Evangelho que atesta o milagre. Como prova do que ia operar-se
nela, o Arcanjo Gabriel cita um milagre já operado em Santa Isabel: “Eis que
também Isabel, tua parente, concebeu um filho na velhice” (Lc I, 36). E não
somente concebeu em sua velhice, o que já é um milagre, mas também
concebeu sendo estéril, o que constitui um segundo milagre: “Não tinham filhos,
porque Isabel era estéril e ambos se achavam em idade avançada” (Lc I, 7).
Santa Ana concebeu, apesar de sua velhice e esterilidade, e depois de ter
concebido a mais perfeita das criaturas, recaiu em sua esterilidade. A conceição
de Maria Santíssima é, pois, milagrosa, no fato, mas não é divina.
Se fosse divina, não precisaria de redenção: sendo humana, embora milagrosa,
ela precisava ser resgatada, como qualquer membro da raça humana.
A redenção supõe uma queda, pelo menos em Adão. Para ser resgatado, é
preciso ser, de qualquer modo, escravo do pecado.
Maria Santíssima não foi escrava do pecado enquanto pessoa, mas enquanto
pertencente à raça humana.
Jesus Cristo é salvador de todo o gênero humano, conforme a doutrina tão
acentuada por São Paulo; e nada autoriza uma exceção, nem em favor da Mãe
de Jesus. Tal exceção seria inútil à sua glória, pois não somente a Virgem
Sagrada não fica diminuída nem humilhada por ser devedora de sua glória aos
méritos do Salvador, mas mais exaltada, como fica exaltado o próprio Redentor,
em contar sua Mãe como o primeiro troféu da Sua morte.
O padre Francisco Suárez S.J, teólogo da segunda escolástica, prova a
redenção a redenção utilizando o seguinte argumento: São Paulo diz que: “Se
um só morreu por todos é porque todos estavam mortos” (2Cor V,14). Ora, Jesus
Cristo morreu também para Maria. Logo, ela estava morta em Adão. Que
significa esta expressão? Significa que Maria, em virtude de sua conceição,
estava sujeita ao pecado original, de direito, que teria contratado sem uma
intervenção divina, porém não foi sujeita ao pecado, de fato, porque uma graça
singular do Redentor a preservou, afastando dela a dura necessidade da mancha
original3.

2º PONTO: A PRESERVAÇÃO DE MARIA.

Para compreendermos a preservação de Maria, devemos ter bem claro a


noção de redenção.
A redenção é dupla, e são elas: libertadora e preservativa.
A redenção libertadora repara as ruínas causadas pelo pecado, restituindo ao
homem o que lhe tirou o pecado, fazendo-o passar deste estado (de pecado) ao
estado de graça. É, portanto, comum a todos os homens.

3
Isto é, por ser pertencente à raça humana, por direito ela estaria sujeita ao pecado original, pois
recorde-se que recebemos a mancha original em virtude tão simplesmente de sermos membros da raça
humana, descendentes de Adão pecador. Maria Santíssima, porém, foi preservada de receber a mancha
por uma graça singularíssima de Deus, tendo em vista os méritos de Cristo.
Já a redenção preservativa é aquela que consiste não em reparar as ruínas,
mas em impedir tais ruínas. Ela não levanta a natureza decaída, mas a impede
de cair. Ela não purificou a Mãe de Deus, mas a impediu de contrair a mancha
original.
Em síntese, Nosso Senhor, morrendo na cruz e salvando o gênero humano
inteiro, salvou também a Virgem Santíssima, como fazendo parte da
humanidade. Convém perfeitamente a Nosso Senhor a qualidade de Redentor a
respeito de sua Mãe.
É desta forma que Maria Santíssima participou dos méritos do Salvador, não
como nós, mas de um modo que lhe é especialíssimo, preservando-a de uma
mancha que devia contratar e não contratou.
Encerraremos o presente ponto com a bela explicação desta verdade feita por
São Francisco de Sales, que está contida no “Tratado do Amor de Deus”:

“A torrente da iniquidade original veio lançar as suas ondas impuras sobre a conceição da
Virgem Sagrada, com a mesma impetuosidade que sobre os outros filhos de Adão; mas,
chegando ali, elas não passaram além, mas pararam, como outrora o Jordão no tempo de
Josué. A torrente parou as suas águas, por respeito à arca da aliança, e o pecado original
retirou suas ondas, por respeito ao Tabernáculo da verdadeira aliança, que é a Virgem
Maria.”

ATIVIDADES
1) Explique o dogma da Imaculada Conceição de Maria santíssima, de
acordo com a definição dada por Pio IX, Egrégio Pontífice, com suas
próprias palavras.

2) Como ocorreu a preservação de Maria sempre virgem?


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SÉTIMA LIÇÃO:
O MISTÉRIO DA DIVINA PESSOA DE NOSSO SENHOR
JESUS CRISTO.

É uma honra e uma graça imerecida para nós poder escrever a respeito da
divina Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do universo e salvador nosso.
E atentos a tão grave dever que tal trabalho implica, quisemos guiar-nos por
obras fiéis à doutrina católica de sempre e apegarmo-nos a autores confiáveis.
Enfim, consagramos estas páginas ao dulcíssimo Coração de Jesus, em quem
reside toda a plenitude da divindade; em quem estão encerrados todos os
tesouros de sabedoria e ciência, que se tornaram para nós fonte de vida e de
santidade.
Quanto à organização desta lição, tratamos de dividi-la em duas seções, as
quais são: (1ª) O mistério da Encarnação e a divina Pessoa de Jesus Cristo
em si. (2ª) A missão redentora de Jesus Cristo nos mistérios de Sua vida
santíssima.
Iª SEÇÃO: O MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO DO VERBO E A DIVINA PESSOA
DE JESUS CRISTO EM SI.
Subdividiremos esta seção em três artigos, os quais são: (1º) O mistério da
Encarnação em si. (2º) A graça de Jesus Cristo. (3º) A ciência de Jesus
Cristo. (4º) O poder de Jesus Cristo enquanto homem.

1º ARTIGO: O MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO EM SI.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo I, 1).

O mistério da Encarnação significa que a segunda Pessoa da Santíssima


Trindade, Verbo e Filho único de Deus, unido desde toda a eternidade ao Pai e
ao Espírito Santo na indivisão de Deus, criador e soberano governador do
universo, se encarnou e nasceu do seio puríssimo da Virgem Maria por obra do
Espírito Santo, viveu a nossa vida mortal, evangelizou o povo judeu da palestina
ao qual havia sido enviado especialmente pelo Pai; foi desprezado, vendido e
entregue ao governador romano Pôncio Pilatos, condenado à morte, crucificado
e sepultado; desceu aos Infernos e ressuscitou dentre os mortos ao terceiro dia;
subiu aos céus quarenta dias depois, onde está sentado à direita de Deus Pai,
donde governa a Igreja por Ele fundada, à qual enviou o seu Espírito, que é
também o do Pai, santificando-a com os sacramentos da graça e dispondo-a
para a segunda vinda no fim dos tempos; então julgará os vivos e os mortos,
depois de os ressuscitar; e estabelecerá a separação definitiva entre os bons,
que com Ele gozarão eternamente as delícias de seu Pai, e os maus, que feridos
com sua maldição, receberão digno castigo nos suplícios do fogo eterno.
O mistério da Encarnação se encaixa completamente com o que havemos
visto sobre Deus; pois Deus é o bem por essência, e é próprio do bem o
comunicar-se; ora, Deus não poderia comunicar-se aos homens de modo mais
inefável do que no mistério da Encarnação.
A Encarnação consiste essencialmente na união hipostática e indissolúvel
das naturezas divina e humana na unidade de pessoa do Verbo, segunda
Pessoa da Santíssima Trindade, conservando cada natureza todas as suas
propriedades. Não há, entretanto, individuo ou pessoa humana no Verbo, pois
esta natureza (a humana) está individualizada na Pessoa do Verbo.
É indispensável saber que a natureza humana do Filho de Deus consta dos
dois elementos essenciais que integram a de todos os outros seres humanos:
corpo e alma, com suas respectivas faculdades e potências. Destarte, o Filho de
Deus encarnado possui corpo, carne, ossos, membros, sentidos, órgãos, como
nós. Também possui alma dotada de inteligência e vontade com as demais
faculdades.
O Filho de Deus incorporou simultaneamente os elementos particulares que
integram nossa natureza, se bem que com certa ordem, e ela é: que tomou o
corpo mediante a alma, e a alma com todas as suas faculdades mediante o
espírito, e o corpo, alma e espírito mediante a natureza humana por eles
formada.
A união indivisível de naturezas na Pessoa do Verbo ocorreu de forma direta
e imediata, sem interferência de coisa alguma criada, pois o fim da união é a
comunicação do ser divino à natureza humana.

EXERCÍCIOS
1. Em que consiste o mistério da Encarnação? Faça uma explanação de no
mínimo cinco linhas.
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2. Explique o que é a união hipostática do Filho de Deus.
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2º ARTIGO: A GRAÇA DE JESUS CRISTO.

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, glória que o
Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade”. (Jo I, 14).

Existe na natureza humana e nas faculdades da alma de nosso dulcíssimo e


amantíssimo Jesus dons criados de ordem gratuita, que são efeito da união tão
sublime e transcendente da natureza humana à Pessoa do Verbo. Trataremos
deles no próximo parágrafo.
Na essência da alma, a graça habitual ou santificante; nas potências, todas
as virtudes, exceto a fé e a esperança; todos os dons do Espírito Santo e todas
as graças gratis datae (gratuitamente dadas), cujo objetivo é manifestar ao
mundo a verdade divina, sem excetuar a profecia no que propriamente ela tem
do estado profético.
O objetivo da graça habitual, ou santificante, na alma de Cristo é o de fazê-la
participante por toda a eternidade da essência divina e, derivando-se nas
potências, fazer que possua os princípios sobrenaturais da ação, alma das
virtudes.
Dissemos que a alma de Cristo possui todas as virtudes, exceto a fé e a
esperança, pois estas duas virtudes supõem alguma coisa de imperfeito,
incompatível com a perfeição absoluta da alma de Cristo. Estas imperfeições
consistem, em relação à fé, que não se compreende o que se crê, e quanto à
esperança, que impele para Deus aqueles que não O possuem.
As graças gratis datae são certos privilégios catalogados por São Paulo na
primeira epístola aos Coríntios, a saber: fé4, sabedoria, ciência, graça de curar
enfermos, de fazer prodígios, discernimento de espírito, diversidade de idiomas
e interpretação de palavras. O Concílio de Trento definiu que estas graças são,
como o próprio nome diz, gratuitamente dadas por Deus quando Ele quiser, e
SE Ele quiser; não podendo, portanto, ser merecidas ou pedidas, e há casos

4
É preciso saber que a fé enquanto virtude teologal se diferencia da fé enquanto graça gratis datae,
consistindo esta última em uma certeza e segurança extraordinárias nas verdades reveladas que
habilitam o homem a ensiná-las com fruto.
atestados recentemente por padres exorcistas de pessoas que sofreram
possessão diabólica após ter pedido e conseguido uma destas graças.
Nosso Senhor não fez uso do privilégio de diversidade de idiomas, pois não
houve necessidade, dado que exerceu o ministério do apostolado somente na
Judeia, entre judeus ou gentios que conheciam a sua língua; porém, possuía
esta graça em grau eminente e a teria utilizado se a oportunidade se
apresentasse.
A relação que guardam as graças gratis datae com a graça santificante e com
as virtudes e os dons, é que a graça santificante, as virtudes e os dons têm por
objeto santificar a quem os possui; já as graças gratis datae tem por objeto
habilitar a quem exerce junto ao próximo o ministério do apostolado.
Nosso Senhor Jesus Cristo possuía, simultaneamente, todos os ditos gêneros
de graças e no mais alto grau possível, porque a sua dignidade pessoal era
infinita, e era, além disso, o Doutor por excelência em matéria de fé.
A natureza humana de Cristo teve, de certo modo, graça infinita, pois a graça
de união é infinita no sentido mais amplo da palavra, visto que consiste no
assumir a natureza humana para subsistir com a subsistência da Pessoa divina.
A graça santificante, com seu séquito de virtudes e dons, excede
incomparavelmente, no plano atual da Providência divina, a de todos os seres
humanos juntos. Esta graça (santificante) tem de relação com a de união o ser
seu efeito e ser proporcional a ela.
A graça de união, princípio e causa de todas as outras, tem o nome de graça
de união hipostática, de uma palavra grega que significa pessoa, pois, como
temos dito, consiste no fato único, incompreensível, da obra do Filho de Deus,
de acordo com o Pai e o Espírito Santo, de unir uma natureza humana a uma
divina na Pessoa do Verbo.
Além da graça santificante e o cortejo das virtudes e dons que a acompanham,
e as graças gratis datae conferidas à natureza humana de Cristo em atenção à
graça de união hipostática, e tendo em conta o objeto da vinda e missão de
Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele também teve outra graça singularíssima,
enquanto indivíduo distinto dos outros, como chefe e cabeça da Igreja, Seu
Corpo Místico, e esta é a graça capital.
EXERCÍCIOS
1. Quais as graças que possuía Jesus Cristo, e qual a função respectiva de
cada uma em relação ao Filho de Deus?
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3º ARTIGO: A CIÊNCIA DE JESUS CRISTO.

Além da graça com que o Filho de Deus enriqueceu a natureza humana


unida à Sua divina Pessoa, dotou-a também de outras prerrogativas, as de
ciência.
Três são as classes de ciência que teve o Filho de Deus humanado: ciência
beatífica, infusa e adquirida. Iremos estudar uma por uma nos próximos
parágrafos.
A ciência da visão beatífica é aquela em virtude da qual são felizes os santos
e os anjos no Céu, gozando da visão face a face de Deus. Foi especial e
perfeitíssima a ciência da visão beatífica de Nosso Senhor Jesus Cristo, de tal
modo que excede sem comparação a de todos os anjos e homens bem-
aventurados; desde o primeiro instante da Encarnação, pôde Jesus Cristo,
enquanto homem, conhecer todas as coisas no Verbo, de modo que nada houve,
quer presente, passado ou futuro, quer sejam ações, palavras ou pensamentos,
qualquer que fosse sua causa ou motivo, que Ele não conhecesse, segundo a
natureza humana a Ele unida hipostaticamente.
A ciência infusa, ou inata, é aquela derivada do Verbo, a qual põe na alma as
noções e ideias necessárias para saber e compreender todas as coisas de um
só relance e de um modo natural. Também é perfeitíssima a ciência infusa do
Cristo nosso Deus, posto que Ele, enquanto homem sabia quanto pode conhecer
a inteligência humana com as suas luzes naturais, e, além disso, quantos
conhecimentos pode a revelação cristã fornecer a qualquer inteligência criada
mediante o dom de sabedoria, de ciência, de profecia e qualquer outro dos dons
do Espírito Santo, e isto com uma perfeição que ultrapassa não somente a
ciência dos homens, mas também a dos espíritos angélicos.
A terceira classe de ciência do Verbo humanado é a ciência adquirida. O Filho
de Deus feito homem possuía tanta ciência quanto pode alcançar a inteligência
humana, trabalhando sobre os dados dos sentidos; esta ciência foi progredindo
e aperfeiçoando-se na medida em que o entendimento reflexionava sobre os
novos dados que iam aflorando aos sentidos, sem que jamais tivesse aprendido
qualquer verdade dos lábios de um mestre, porque à medida que ia se
desenvolvendo, aprendia por si mesmo nas obras de Deus tudo o que um mestre
poderia explicar-lhe.
Finalizemos este artigo com uma síntese do que foi estudado: toda a ciência
que Jesus Cristo enquanto homem possuía, ou adquiriu-a imediatamente do
Verbo ao qual pessoalmente estava unido, ou no exercício de suas faculdades
naturais, e qualquer outro modo de adquiri-la teria sido indigno Dele.

EXERCÍCIOS
1. Quais as classes de ciência do Filho de Deus? Explique-as
pormenorizadamente, em seus detalhes e riquezas próprias, com no
mínimo dez linhas.
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4º ARTIGO: DO PODER DE JESUS CRISTO ENQUANTO HOMEM.

“Mas Jesus, aproximando-se, disse-lhes: toda autoridade Me

foi dada no céu e na terra” (Mt XXVIII, 18).

Jesus Cristo Nosso Senhor possuiu, além da graça e da ciência, outra


prerrogativa, a do poder.
A alma humana de Cristo estava investida primeiramente do poder que tem
toda alma pelo fato de ser forma substancial do corpo; além disso, do poder
próprio da alma de Cristo na ordem da graça, visto que está destinada a
comunicá-la a todos quanto hajam de possuí-la; e, por último, a natureza humana
de Jesus Cristo participa instrumentalmente do poder do Filho de Deus que,
unido pessoalmente a ela, transformará todas as coisas no céu e na terra,
conforme o plano fixado por Deus e conforme ao fim da Encarnação do Verbo.

EXERCÍCIOS
(1º) Donde vem a prerrogativa do poder de Jesus Cristo enquanto homem?

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2ª SEÇÃO: A MISSÃO REDENTORA DE JESUS CRISTO NOS MISTÉRIOS
DE SUA VIDA SANTÍSSIMA.
A presente seção versará sobre a missão redentora de Nosso Senhor Jesus
Cristo que é manifestada nos mistérios de sua vida, tendo esta missão se
iniciado na Encarnação e sendo levada ao seu cume no Calvário, com a
consumação de nossa salvação com Sua morte na Cruz.
Meditai constantemente a Paixão de Jesus Cristo; é este o principal
ensinamento dos santos e dos grandes autores místicos para sair o pecador do
estado de pecado e alçar voo rumo à perfeição cristã; e ao que já saiu do estado
de pecado, mas encontra-se atado em imperfeições e constante tibieza, para
que voe rumo à santidade que Deus quer de ti.
Agora, permita-me dizer-te: não percais tempo com futilidades e passatempos
tolos, enquanto te é oferecido a oportunidade de se aprofundar e crescer no amor
do teu Senhor, que por ti deu a vida. Temei a Jesus que passa, e não volta
mais.

Esta seção está dividida em quatro artigos, os quais são: (1º) Do nascimento e
do nome de Jesus Cristo. (2º) A oração e o sacerdócio de Jesus Cristo. (3º)
A Paixão de Cristo. (4º) A Ressurreição de Cristo. (5º). A ascensão e o poder
judicial de Cristo.

1º ARTIGO: DO NASCIMENTO E DO NOME DE JESUS CRISTO.

Parte A: do Nascimento de Jesus Cristo.

Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou-nos o seu Filho para
nos salvar. “Ó abismo de riqueza, de sabedoria e de ciência em Deus! Quão
impenetráveis sãos os Teus juízos e inexploráveis os Teus caminhos!” (Rm XI,
33).
O Filho de Deus veio a este mundo sendo concebido por obra sobrenatural
do Espírito Santo e nascendo da Santíssima Virgem Maria, tendo ela desfrutado
de privilégios especialíssimos em vista de sua missão como Mãe de Deus, dentre
os quais o mais precioso foi o da sua Imaculada Conceição. A maternidade da
bem-aventurada Virgem Maria é divina e milagrosa, pois que, em vez de perder
a virgindade em consequência da maternidade, viu-se fortalecida por Deus, que
a consagrava e fortalecia, de tal modo que ela é virgem antes da concepção,
depois dela, no parto e durante o resto de sua vida. Deixemos claro, porém, que
a gloriosa Virgem Maria é verdadeiramente Mãe de Jesus Cristo, sendo Ele
verdadeiramente carne da carne de Maria, Sangue do sangue de Maria, Coração
do coração de Maria.
No mesmo instante em que a Santíssima Virgem pronunciou o fiat mihi
secundum verbum tuum (faça-se em mim segundo a vossa palavra), expressão
do seu consentimento, realizaram-se no seu seio, sob o influxo onipotente do
Espírito Santo, a formação do corpo do Verbo e todos os privilégios e maravilhas
que constituem o mistério da Encarnação. Desde o primeiro instante o Verbo
encarnado obteve todos os tesouros da ciência da visão beatífica e infusa de
que falamos, e também gozava de plena liberdade, começando, então, a
merecer com mérito perfeito.
Porventura havereis de perguntar em que se distingue o nascimento humano
de Cristo daquele eterno com que nasceu do Pai, e respondo-te.
Em ambos os casos entendemos verdadeiro nascimento da Pessoa de Cristo;
porém, como esta consta de duas naturezas, quando dizemos que nasceu no
tempo, da Virgem Maria, entendemos que dela recebeu a natureza humana, e
quando falamos que nasceu do Pai, entendemos que Este, na eternidade,
comunicou-lhe a divina. Jamais diga que o Filho foi criado pelo Pai, pois quem o
faz incorre na heresia ariana (este nome vem do padre alexandrino chamado
Ário, que viveu no final do século III e veio a falecer em meados do século IV),
que sustenta que o Filho é uma criatura, sublime, porém uma criatura. Nós
católicos cremos com fé divina e apostólica que o Filho é consubstancial ao Pai,
tendo sido gerado, não criado.
Por ter nascido da Virgem, o Filho de Deus é filho de Maria, e ela é
verdadeiramente sua Mãe, dado que tudo o que uma mãe comunica ao seu filho,
a Santíssima Rainha do céu e da terra comunicou ao Filho de Deus. Segue-se
daqui que indubitavelmente a Virgem Santíssima é verdadeiramente Mãe de
Deus, pois é mãe segundo a natureza humana unida hipostaticamente ao Verbo,
igual ao Pai em tudo.
Parte B: Do Nome de Jesus Cristo.

O nome de Nosso Senhor designa sua missão, portanto, estudemos este


ponto de forma mais detida, para compreendermos melhor o mistério insondável
do amor de Deus.
Conforme o ordenado pelo Arcanjo Gabriel a Maria e São José, foi imposto ao
Filho de Deus o nome de Jesus no oitavo dia após o seu nascimento, na
cerimônia da circuncisão.
O nome de Jesus, imposto por ordem do Céu ao Filho de Deus, designa a
sua qualidade característica na ordem da graça, a de Salvador do gênero
humano, pois Yeshua significa: “Deus salva”.
Ao nome de Jesus ajunta-se o de Cristo (do grego Khristós, que significa
“ungido”; e do aramaico Hamashia, que significa “Messias”), porque Nele se
cumpriram plenamente todas as profecias, e porque dá a entender a unção
divina que o torna Santo, Rei e Sacerdote dos domínios sobrenaturais.
Em síntese, o nome do Verbo Encarnado designa aquilo que é Sua missão:
salvar o gênero humano do estado em que caiu, o estado de pecado, e restaurá-
lo, levando-o para o estado de graça.

2º ARTIGO: A ORAÇÃO E O SACERDÓCIO DE JESUS CRISTO.

Parte A: A Oração de Cristo.

Do fato da Encarnação, atendendo às relações do Filho de Deus com o Pai,


e as Deste com o Filho, segue-se que o Verbo Encarnado esteve sujeito ao Pai;
que orou, que o serviu como Sacerdote, e que, permanecendo Filho natural e
não adotivo, pode e deve ser sujeito de predestinação divina.
Ao dizermos que o Filho esteve sujeito ao Pai, queremos dizer que, sendo o
Pai a bondade por essência, e o Filho, atendendo à natureza humana, só tem
bondade participada, segue-se que no que refere à vida humana, tudo estava
regulado, disposto e ordenado pelo Pai, e que, enquanto homem, viveu a Ele
sujeito com a obediência mais absoluta e perfeita. Podemos deduzir destas
razões que o Filho estava sujeito a Si mesmo enquanto Deus, pois a natureza
divina, que é a base da superioridade do Pai sobre o Filho, é comum aos dois.
O Filho pôde e pode orar, porque sua vontade humana, independentemente
da divina, não podia realizar todos os seus anelos; isto é razão suficiente para
que o Filho se dirija ao Pai, suplicando-Lhe que com sua vontade onipotente,
que também é a Sua enquanto Deus, execute o que a vontade humana não pode
executar. Jesus Cristo pode orar e pedir alguma coisa em seu favor, já para pedir
ao Pai os bens do corpo e a exaltação do seu nome, coisas que não possuía
enquanto viveu na terra, já também para dar-Lhe graças por todos os dons e
privilégios com que cumulou a sua natureza humana, e esta oração durará
eternamente. Se tomarmos a oração como súplica e desejo deliberado de
alguma coisa, podemos afirmar sem dúvida de que as orações de Cristo sempre
foram bem acolhidas enquanto viveu na terra; pois conhecendo Ele
perfeitamente os planos divinos, jamais quis deliberadamente coisa alguma
menos que conforme com a vontade do Pai, que é a mesma que a Sua enquanto
Deus.

Parte B: O Sacerdócio de Cristo.

Tratemos agora do sacerdócio de Jesus Cristo. Que se entende por


sacerdócio de Cristo? Entendemos que a Jesus, por excelência, pertence
distribuir aos homens os dons celestiais, e apresentar-se em nosso nome diante
de Deus, para oferecer-Lhe as nossas súplicas, aplacar sua cólera e reconciliar-
nos com Ele.
Jesus Cristo foi sacerdote e vítima ao mesmo tempo, já que ao aceitar a morte
por nós, verificaram-se em sua Pessoa os três antigos sacrifícios de vítima pelos
pecados, hóstia pacífica e holocausto, porque lavou nossos pecados com o seu
sangue, satisfazendo por eles, alcançou-nos a graça e abriu-nos as portas do
Céu, onde nos uniremos a Ele definitivamente por toda a eternidade. É
fundamental saber que Nosso Senhor Jesus Cristo não foi sacerdote em
benefício próprio, isto é, como se Ele tivesse alguma culpa própria a expiar; e
dizemos que não foi sacerdote em benefício próprio porque estava capacitado
para acercar-Se de Deus sem nenhum intermediário e porque, isento de
pecado, do qual só tinha tomado a aparência, não necessitava oferecer
sacrifícios expiatórios por si mesmo, mas por nós.
O sacerdócio de Cristo é eterno, porque eternamente durará o seu efeito que
é a glória consumada dos santos, purificados em virtude de Seu sacrifício.
Para encerrarmos este artigo, dizemos que Jesus Cristo é sacerdote segundo
a ordem de Melquisedec para fazer notar a superioridade do sacerdócio de Cristo
sobre o levítico, sombra e figura sua.

3º ARTIGO: A PAIXÃO DE CRISTO.

Parte A: a Paixão em si mesma.

Seguiremos neste artigo os ensinamentos de Santo Tomás de Aquino, quando


este trata dos mistérios da vida de Cristo em sua saída do mundo, os quais são
compreendidos pela Paixão, morte, sepultura e descida aos Infernos, na terceira
parte da Suma Teológica.
Nosso Senhor Jesus Cristo quis padecer a Paixão primeiramente para cumprir
a vontade do Pai, que assim havia determinado nos seus decretos eternos e,
além disso, porque Jesus Cristo, profundo conhecedor do plano divino, sabia
que a Paixão era a obra prima da sabedoria e do amor de Deus, planejada para
levar ao fim, com a maior eficácia, a redenção do gênero humano, além de
confundir o demônio, nosso inimigo mortal, e oferecer aos homens o testemunho
supremo do grande amor com que Deus os amou.
Os tormentos que Jesus Cristo padeceu em sua Paixão excedem a tudo
quanto se padeceu ou há de padecer, pois Seu corpo, que era de uma
sensibilidade a mais delicada e a mais perfeita, sofreu todo tipo de suplícios, não
tendo ficado órgão ou sentido que não O atormentasse, sem que a parte superior
de sua alma, que gozava da visão beatífica, viesse em auxílio e mitigasse as
penas do corpo devidas à enorme sensibilidade; e a sua alma, ao tomar sobre si
a responsabilidade e a obrigação de satisfazer por todos os pecados, quis
experimentar dores proporcionadas àquele objeto.
A Paixão de Cristo levou ao fim a obra de nossa salvação dos seguintes
modos:
Considerada a Paixão em relação à divindade, da qual a humanidade paciente
era instrumento, é causa eficiente de nossa salvação.
Considerada como livremente aceita pela vontade humana de Cristo, é causa
meritória.
Tomada em si mesma, como padecimento da parte sensível do Salvador, obrou-
a a modo de satisfação, já que seus tormentos compensaram os que mereciam
os nossos pecados.
Por modo de Redenção, se atendermos a que por ela nos resgatou da
escravidão do pecado e do demônio.
E por modo de Sacrifício, se considerarmos que nos reconciliou com Deus e
voltamos a achar graça diante dos seus olhos.
Pertence exclusivamente a Jesus Cristo o atributo de Redentor do gênero
humano, porque foi Ele quem, para libertar-nos das cadeias com que nos tinham
prendido o pecado e o demônio, ofereceu e entregou ao Pai o sangue e a vida,
como preço de nosso resgate e liberdade. Não obstante isto, tendo em conta
que a santíssima humanidade do Salvador havia recebido o sangue e a vida da
Santíssima Trindade, e que o movimento que impeliu a vontade humana partiu
em sua origem, da divindade, causa primeira de todo bem, segue-se que a obra
da Redenção pertence à Santíssima Trindade como causa primeira, e ao Filho
de Deus como causa imediata.

Parte B: os efeitos da Paixão.

A Paixão tem por efeito, primeiramente, a destruição do pecado 5 com que o


homem, cedendo às tentações do demônio, tinha merecido ficar sujeito ao seu
domínio, e nos reconciliou com Deus, a quem havíamos ofendido, e cuja justiça
havia abandonado o homem ao poder do demônio, e até utilizou o poder tirânico
de Satanás, permitindo-lhe enfurecer-se contra o Filho de Deus, até fazê-lo
condenar à morte, sendo inocente.

5
Não confunda a destruição do pecado com a impossibilidade de pecar, que é ato do livre-arbítrio, e
ato muito mal escolhido, quer seja acalentado em pensamento, quer seja levado a termo, pois é
preferível antes morrer a pecar.
O efeito especial da Paixão é o de abrir-nos as portas do Céu, porque dois
eram os obstáculos que impediam a entrada do gênero humano na vida bem-
aventurada: o pecado original, comum a todos os homens como descendentes,
por via de geração, de Adão pecador, e os pecados pessoais; ambos estes
obstáculos se destruíram com a Paixão de Cristo.

Parte C: a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Foi conveniente que a Paixão do Redentor terminasse com Sua morte, porque
foi o meio mais adequado e apropriado para que o homem sacudisse o jugo com
que o tinham cativo a morte espiritual do pecado e a morte física resultante da
culpa original; e com efeito, Cristo, ao morrer pelos homens, venceu a morte e
logrou que nós trinfássemos dela também, perdendo o horror natural que ela
inspira, pois sabemos que morremos para ressuscitar, e sobretudo, para que,
como membros seus, morramos com as mesmas disposições que Ele morreu e
consigamos sobre a morte o mesmo triunfo que Ele alcançou.

Parte D: a sepultura de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Jesus Cristo quis ser sepultado primeiramente para mostrar que estava
realmente morto, pois, de ordinário, a ninguém se sepulta antes de se confirmar
a morte real; em segundo lugar, para confirmar, com a sua Ressurreição, o
dogma da Ressurreição universal; e por último, para ensinar-nos que, se
queremos morrer para o pecado, temos que nos despedir da vida turbulenta, em
que imperam o desregramento e a paixão, e abandoná-la para levar uma vida
escondida e oculta em Deus.

Parte E: a descida de Nosso Senhor Jesus Cristo aos Infernos.

Quis o Senhor Nosso Jesus Cristo descer aos Infernos para evitar-nos a nossa
descida; para vencer o demônio, libertando os que ali tinha detidos; e para
demonstrar como o seu poder alcança até os infernos, já que pode visitá-los e
iluminá-los com o resplendor da sua luz.
A parte dos Infernos a que Jesus Cristo desceu é a em que, por consequência
do pecado original, estavam detidos os justos que já não tinham mais pecados
pessoais que purgar. Somente penetrou ali para consolar e alegrar aos antigos
patriarcas; porém, daquele lugar fez notar sua presença em todos os âmbitos:
no Inferno dos condenados, para confundir a sua incredulidade e pertinácia; no
Purgatório, para infundir alentos às almas atribuladas que ali padeciam com a
esperança de ser admitidas na glória logo que terminasse o tempo de sua
expiação.
Quanto ao tempo em que ali esteve, durou tanto quanto seu corpo no sepulcro.
No primeiro instante em que Sua alma penetrou naquela morada, comunicou
aos justos a graça da visão beatífica e, ao abandonar aqueles lugares para unir-
Se ao corpo na Ressurreição, quis que O acompanhassem todos para nunca
mais se separarem Dele.

4º ARTIGO: A RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO

Estudaremos agora os mistérios da glorificação de Jesus Cristo, que são


compreendidos pela sua Ressurreição e Ascensão aos Céus.

Parte A: a Ressurreição de Jesus Cristo em si.

Foi necessário que Jesus Cristo ressuscitasse glorioso, porque Deus estava
obrigado a manifestar a sua justiça, exaltando aquele que havia se humilhado
até a morte, e morte de Cruz; porque era conveniente esta prova suprema da
divindade de Jesus Cristo, para robustecer a nossa fé, arraigar a esperança,
orientar e conformar a nossa vida transformada em Ressurreição espiritual com
a de Jesus ressuscitado; e, finalmente, para que o Redentor desse
manifestações, em sua própria Pessoa, dos dotes da vida gloriosa, a que nos
destina e que começou com sua Ressurreição.

Parte B: os dotes do corpo glorioso de Jesus Cristo ressuscitado.


O corpo de Cristo ressuscitado é o mesmo que ficou pendente da Cruz, e que
os discípulos desencravaram e depositaram no sepulcro; porém, desde o
momento da Ressurreição, possuiu os dotes gloriosos da impassibilidade, da
sutileza, da agilidade e da claridade que, como transbordamento da glória da
alma em liberdade, com toda abundância e plenitude se lhe comunicavam,
fazendo participante o corpo da sua perfeição.
O corpo de Cristo depois da Ressurreição conserva as cicatrizes dos pés, das
mãos, e do lado, e é conveniente que as conserve a fim de que contribuam para
a sua glória, como troféus de vitória sobre a morte e porque serviram para
convencer os discípulos da verdade da Ressurreição e porque são no Céu como
uma súplica viva, dirigida à clemência e misericórdia do Pai, e porque servirão
para confundir os inimigos da Cruz no dia do Juízo Final.

5º ARTIGO: A ASCENSÃO E O PODER JUDICIAL DE JESUS CRISTO.

Parte A: da Ascensão de Jesus Cristo em si.

O corpo glorioso de Cristo se encontra agora no Céu, para onde subiu o


Redentor, por seu próprio poder, à vista de todos os seus discípulos, que o
contemplavam do alto do Monte das Oliveiras.
A expressão “Jesus Cristo subiu ao Céu e está assentado à direita de Deus
Pai” significa que, sem sobressaltos, aflições, nem temores para o futuro, goza
e desfrutará eternamente o repouso da bem-aventurança celestial, e que, igual
ao Pai, no uso de um privilégio exclusivo, é Rei do universo e julga a todos os
seres da criação.

Parte B: do poder judicial de Cristo em si.

Atribui-se especialmente a Cristo o poder judicial primeiramente porque Jesus


Cristo, enquanto Deus, é a sabedoria do Pai, e o ato de julgar é um ato da
sabedoria e da verdade; em segundo lugar, porque Jesus Cristo, enquanto
homem, é Pessoa divina, e na sua natureza humana encerra a dignidade de
chefe da Igreja e portanto, de todos os homens, já que todos hão de comparecer
diante do tribunal de Deus; além disso, porque possui em toda a plenitude a
graça santificante, que dá capacidade ao homem espiritual de emitir juízo reto e
acertado; finalmente, porque merece ser juiz do Céu e da terra Aquele que neste
mundo sofreu os rigores de um processo e que condena os injustos para
defender os foros da justiça divina.
Jesus Cristo passou a exercer seu poder judicial, que constitui a prerrogativa
mais alta de sua realeza, desde o momento em que subiu aos Céus e assentou-
se à direita de Deus Pai, e tudo quanto ocorre desde então no mundo, o
movimento do universo, o desenvolvimento e evolução do gênero humano, o
ciclo dos seres inanimados, as ações dos anjos bons e maus com sua influência
sobre os acontecimentos, Ele o dirige e governa; e não só tem direito à realeza
e mando enquanto Deus, de Quem a providência é um dos atributos, mas
também enquanto homem, por ser Filho de Deus e Pessoa divina, e também
porque com sua Paixão e Morte, conquistou tão elevado cargo e dignidade.
A ação judicial tão minuciosa e intensa que Cristo vem exercendo desde o dia
da sua Ascensão não faz inútil o Juízo Universal, que há de realizar-se no Fim
dos tempos, porque até então não haverá ocasião propícia para manifestar a
plenitude do poder e da soberania de Cristo; só quando o livro da história se
fechar se poderá apreciar em conjunto, não só o valor dos atos, mas também o
de suas consequências, e, portanto, premiar ou castigar a cada criatura
conforme o total de seus merecimentos.
OITAVA LIÇÃO.
A IGREJA CATÓLICA ROMANA, CORPO MÍSTICO DE
CRISTO. OS QUATRO SINAIS DISTINTIVOS DA IGREJA.

Dividiremos esta lição em duas seções, as quais são: (1ª) A Igreja: sociedade
hierárquica perfeita e corpo místico de Cristo. (2ª) Os quatro sinais da Igreja
verdadeira: unidade, santidade, catolicidade, apostolicidade .

1ª SEÇÃO: A IGREJA: SOCIEDADE HIERÁRQUICA PERFEITA E CORPO


MÍSTICO DE CRISTO.

A Igreja é uma sociedade perfeita de origem divina e constituição humana,


composta hierarquicamente por aqueles que estão investidos de ordens
sagradas e exercem o papel docente, isto é, os pastores da Igreja, que são o
Romano Pontífice, que é o Pastor Universal da Igreja e abaixo dele (e em
comunhão com ele) os bispos, e abaixo deles estão os presbíteros e os párocos.
Há também, além dos que exercem o múnus docente, os discentes, e estes são
os fiéis, palavra que significa “aquele que tem a verdadeira fé”, e, com efeito,
temo-la nós, católicos romanos.
O Papa é o Pastor Universal da Igreja porque Jesus Cristo disse a São Pedro,
primeiro papa: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e dar-
te-ei as chaves do Reino dos Céus, e tudo o que ligardes na terra será ligado no
Céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no Céu”. E disse-lhe três
vezes: “Apascenta as minhas ovelhas”.

Parte A: Missão da Igreja.

Seguiremos daqui em diante a magnífica encíclica do Papa Pio XII, “Mystici


Corporis”, que versa sobre o Corpo Místico de Cristo: a Igreja santa e católica.
O Santíssimo Padre exerce a função própria de Pastor Supremo da Igreja, que
é a de ensinar a verdade e condenar os erros, a fim de proteger o redil de Jesus
Cristo do mal do erro, da heresia e do pecado. Iniciemos, pois, esta seção,
auxiliados pelo oráculo infalível de São Pedro.
Dedicamos lições anteriores para estudarmos a queda do homem; a
necessidade de um Salvador; como se desenrolou a vinda do Redentor, sua
missão salvífica e o modo de como nos salvou. Pois bem, leiamos as palavras
do Vigário de Jesus Cristo na terra a respeito da missão da Igreja, contidas na
supradita encíclica:

“E assim Jesus crucificado não só reparou a justiça do Eterno Pai ofendida, senão que nos
mereceu a nós, seus consanguíneos, inefável abundância de graças. Essas graças podia Ele
distribuí-las diretamente por si mesmo a todo o gênero humano. Quis, porém, comunicá-
las por meio da Igreja visível, formada por homens, afim de que por meio dela todos
fossem, em certo modo, seus colaboradores na distribuição dos divinos frutos da
Redenção. E assim como o Verbo de Deus, para remir os homens com suas dores e
tormentos, quis servir-se da nossa natureza, assim, de modo semelhante, no decurso dos
séculos se serve da Igreja para continuar perenemente a obra começada.”

Podemos, destarte, afirmar que a Igreja é a continuação de Jesus Cristo na


história, e tem por fim distribuir os frutos da Redenção a todos os homens em
todos os tempos, a fim de formar Jesus Cristo nos seus fiéis.
Parte B: A Igreja é um “corpo”. Características do “corpo”: unidade,
indivisibilidade, visibilidade, composição orgânica e hierárquica.

Que a Igreja é um corpo ensinam-nos muitos passos das Sagradas Escrituras,


principalmente as cartas do Apóstolo: “Cristo é a cabeça do Corpo da Igreja” (Cl
I, 18). Ora, se a Igreja é um corpo, deve necessariamente ser um todo indivisível,
como ainda expressa São Paulo: “Nós, muitos, somos um só em Cristo.” (Rm XII,
5). E deve ser também concreta e visível, como afirma o Pontífice Leão XIII (que
reinou de 1878 até 1903), na encíclica “Satis Cognitum”: “Pelo fato mesmo que
é um corpo, a Igreja torna-se visível aos olhos”. Daí se segue -- como afirma Pio
XII -- que estão no erro e longe da verdade revelada os que sustentam a Igreja
ser uma coisa “pneumática”, puramente espiritual e invisível, que une entre si
com um vínculo invisível muitas comunidades cristãs, embora separadas da fé.
O corpo requer também multiplicidade de membros, que se auxiliem
mutuamente entre si. Assim como no corpo mortal, quando um membro está
doente, todos os outros sofrem com ele, e os sãos ajudam os doentes, assim
ocorre na Igreja, pois cada membro não vive exclusivamente para si, mas
socorrem-se e auxiliam-se mutuamente, tanto para mútua consolação, quanto
para o crescimento progressivo de todo o corpo.
Ademais, assim como na natureza não basta qualquer aglomerado para formar
um corpo, mas é preciso que seja formado por órgãos ou membros com funções
distintas e que estejam unidos em determinada ordem, assim também ocorre na
Igreja; e ela deve chamar-se corpo, sobretudo porque resulta de uma boa e
apropriada conjunção de partes e é dotada de membros diversos e unidos entre
si. É assim que o apóstolo São Paulo descreve a Igreja ao dizer: “como num
corpo temos muitos membros, e os membros não tem todos a mesma função,
assim muitos somos um só corpo de Cristo, e todos e cada um, membros uns
dos outros” (Rm XII, 4).
Continua Pio XII dizendo que a estrutura orgânica e bem ordenada da Igreja não
se limita somente aos graus da hierarquia; nem que, segundo outra opinião,
consta somente de carismáticos6, isto é, dos fiéis enriquecidos de graus
extraordinários, coisa que nunca faltará na Igreja. É fora de toda dúvida que os
investidos de poder sagrado – o clero -- são membros primários e principais
desse corpo místico, já que por instituição especial do próprio Redentor, a eles
compete perpetuar os ofícios de Cristo doutor, rei e sacerdote.
Os santos Padres, porém, ao considerarem as funções, graus, ministérios,
profissões, estados e deveres deste corpo místico, não consideram somente os
investidos de ordens sacras, senão todos aqueles que, observando os conselhos
evangélicos, se dedicam à vida ativa, à contemplativa, ou à mista, a depender
da regra do instituto; bem como os que, vivendo no século, se consagram às
obras de misericórdia espirituais e corporais; e finalmente aos que vivem unidos
pelo santo matrimônio.

Parte C: Os sacramentos: órgãos vitais do “corpo”.

Analogamente ao que ocorre na vida corporal do homem, em cujo corpo há


energias destinadas a prover a vida, fornecer saúde e auxiliar no crescimento,
assim também o Salvador do mundo providenciou à sua Igreja, corpo místico, os
sacramentos, que com uma série ininterrupta de graças amparam o homem
desde o berço até ao último suspiro, e ao mesmo tempo proveem
abundantissimamente às necessidades sociais da Igreja.
Com efeito, pelo Batismo os que nasceram para a vida corporal não só
renascem da morte do pecado e são feitos membros da Igreja, senão que,
assinalados com o caráter espiritual, se tornam aptos para receber os outros
dons sagrados. Com a Crisma infunde-se nova força nos fiéis para
guardarem e defenderem corajosamente a Santa madre Igreja e a fé que
dela receberam. Pelo sacramento da Penitência oferece-se aos fiéis que caíram
em pecado uma medicina salutar, que serve não só para restituir-lhes a saúde,
mas para prevenir aos outros membros o contágio, e até a dar-lhes estímulo e
exemplo à virtude. Pela sagrada e santíssima Eucaristia alimentam-se e
fortificam-se os fiéis com um mesmo alimento, e se unem entre si e a Divina
Cabeça com um vínculo inefável e divino. Finalmente ao leito dos moribundos

6
O pontífice não está falando da RCC.
acode a Santa Igreja, mãe compassiva, e com o sacramento da Extrema-unção,
se nem sempre lhes dá a saúde do corpo, por Deus assim o dispor, dá-lhes às
almas feridas a medicina sobrenatural, abre-lhes o Céu, onde como novos
cidadãos gozarão eternamente da divina bem-aventurança.
Jesus Cristo proveu as necessidades sociais da Igreja de modo especial com
dois sacramentos que instituiu: com o Matrimônio em que os cônjuges são
reciprocamente um ao outro ministro da graça, proveu o aumento externo e bem
ordenado da sociedade cristã; e, o que é ainda mais importante, à boa e religiosa
educação da prole, sem a qual o corpo místico correria perigo. Com a Ordem
dedicam-se e consagram-se ao serviço de Deus os que hão de imolar a Hóstia
eucarística, sustentar a grei dos fiéis com o Pão dos Anjos e com o alimento da
doutrina, dirigi-la com os divinos mandamentos e conselhos e purificá-la com o
batismo e a penitência, e enfim fortalecê-la com as outras graças celestes.

Parte D: “Corpo” formado por membros determinados.

Assim como Deus no princípio dos tempos dotou o homem de um riquíssimo


organismo capaz de sujeitar a si as outras criaturas e dominar a terra, assim fez
o Senhor no início da era cristã, dando à Igreja os recursos necessários para
vencer perigos quase inumeráveis e povoar não só toda a terra, mas também o
Reino dos Céus.
Contam-se como membros verdadeiros da Igreja aqueles que foram
regenerados pelo batismo, professam a fé verdadeira, nem se separaram do
corpo voluntariamente, nem dele foram amputados pela legítima autoridade em
razão de delitos gravíssimos. Diz o Apóstolo: “todos nós fomos batizados num
só Espírito para formar um só Corpo, judeus ou gentios, escravos ou livres” (I
Cor, XII, 13).
Portanto, como na verdadeira sociedade dos fiéis há um só corpo, um só
Espírito, um só Senhor, um só batismo, assim não pode haver senão uma só fé,
e por isso quem se recusa a ouvir a Igreja, manda o Senhor que seja tido por
gentio e publicano (cf. Mt XVIII, 17).
Não devemos, contudo, concluir que durante o tempo da peregrinação
terrestre a Igreja tenha em seu seio somente membros perfeitamente saudáveis
ou só dos predestinados à eterna felicidade. Por infinita misericórdia do Salvador,
Ele não recusa lugar no seu corpo místico àqueles que não o recusaram. Nem
todos os pecados, embora graves, são de natureza tal que possam separar o
homem do corpo da Igreja, como fazem os cismas, a heresia e a apostasia. Nem
perdem de todo a vida sobrenatural aqueles que pelo pecado perderam a
caridade e a graça santificante e por isso não podem adquirir méritos
sobrenaturais, mas conservam ainda a fé e a esperança cristãs, e iluminados por
Deus, são divinamente estimulados por íntimas moções do Espírito Santo ao
temor salutar, à oração e ao arrependimento das suas culpas.

EXERCÍCIOS
1. O que é a Santa Igreja?
2. Explicai com vossas palavras aquilo que o Santíssimo Pontífice Pio XII
escreveu sobre as características do Corpo Místico.
3. Explicai a função dos sacramentos na vida individual e social dos
membros da Igreja.
4. Quem são verdadeiramente membros da Igreja? Quais responsabilidades
implica ser membro do Corpo místico de Cristo?
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2ª SEÇÃO: OS QUATRO SINAIS DISTINTIVOS DA IGREJA VERDADEIRA:


UNIDADE, SANTIDADE, CATOLICIDADE, APOSTOLICIDADE.

No credo niceno-constantinopolitano afirmamos nossa fé na Igreja Una, Santa,


Católica e Apostólica. Pois bem, estes sãos os quatro sinais que dão a conhecer
a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, nosso Deus, e iremos estudá-los agora, afim
de que se veja como somente a Santa Igreja Católica os possui integralmente
desde o seu princípio, e que todas as outras seitas não passam de charlatanices
inventadas por homens.
A UNIDADE

Dizemos que a unidade é um dos sinais distintivos da Igreja, porque todos os


seus filhos, de qualquer tempo ou lugar, estão unidos entre si na mesma fé, no
mesmo culto, na mesma lei e na participação dos mesmos Sacramentos, sob o
mesmo chefe visível, o Romano Pontífice.
Não pode haver mais de uma Igreja, pois como dissemos na primeira seção
desta lição, assim como há um só Deus, uma só fé e um só batismo, assim
também não pode haver senão uma só Igreja verdadeira.
Chamamos o conjunto de fiéis de uma nação ou de uma diocese de igreja, por
exemplo, a igreja de Corinto, para a qual São Paulo escrevia algumas de suas
epístolas; a igreja da Ásia, para quem São João escreveu o Apocalipse; a igreja
de Guaxupé, da qual é bispo Dom José Lanza; mas atente-se que são sempre
porções da Igreja universal e formam com ela uma só Igreja.
Desde o Pentecostes, dia do nascimento da Igreja, até os tempos presentes,
verificamos que não há separação essencial e substancial no Corpo Místico de
Jesus Cristo; mas por outro lado, temos o exemplo do protestantismo e as suas
milhares de seitas que superabundam desde o século XVI, que não encontram
uma unidade doutrinal, autoritativa e litúrgica, mas antes se dividem dia após dia.

A SANTIDADE

A Igreja é santa porque a cabeça invisível da Igreja, que é Jesus Cristo, é


santíssima; muitos dos seus membros são Santos; santas são as sua Fé e a sua
Lei; santos os seus Sacramentos, e fora dela não há verdadeira santidade.
É indubitável que a Igreja abriga em seu seio uma multidão de santos, desde
a era apostólica, passando pela perseguição do Império Romano; a Invasão dos
bárbaros e a formação da Cristandade; o auge e o declínio da Cristandade
medieval com todos os seus altos e baixos; o Renascimento, a descoberta da
América e a revolução protestante, seguida pela Contrarreforma Católica e o
fenômeno jesuítico; o período pós-tridentino e o advento do jansenismo; a
supressão dos jesuítas e a maldita Revolução Francesa com seus princípios
liberais e anticristãos, que deram à Igreja uma multidão de mártires; o Império
Napoleônico; o Risorgimento e a usurpação dos Estados Papais; o advento do
esgoto de todas as heresias: o modernismo e tudo o que se seguiu até os dias
de hoje.
Somente a Santa Igreja Católica possui os meios para santificar os seus fiéis
verdadeiramente, e são eles: a Fé, os Sacramentos, e a Lei.

A CATOLICIDADE

Católico, do grego khatolikós significa “universal”. Ora, dizemos que a Igreja é


católica porque abrange os fiéis de todos os tempos, de todos os lugares, de
todas as idades e condições, e todos os homens do mundo são chamados a
fazer parte dela. Nisto consiste o verdadeiro ecumenismo: que todos tenham o
direito de pertencer e praticar a única religião verdadeira, a religião católica
romana.

A APOSTOLICIDADE

Por fim, a verdadeira Igreja chama-se também Apostólica, porque remonta sem
interrupção até aos Apóstolos; porque crê e ensina tudo o que creram e
ensinaram os Apóstolos; e porque é guiada e governada pelos legítimos
sucessores dos Apóstolos.

EXERCÍCIOS
1. Explique com suas próprias palavras o distintivo da unidade da Igreja
Católica.
2. Explique com suas próprias palavras o distintivo da santidade da Igreja
Católica.
3. Explique com suas próprias palavras o distintivo da catolicidade da Igreja
Católica.
4. Explique o que é a apostolicidade da Igreja Católica.
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NONA LIÇÃO
OS DEZ MANDAMENTOS. RESUMO DO
ENSINAMENTO MORAL DA IGREJA ACERCA DE
ALGUNS PONTOS.

Os Dez Mandamentos
Acerca das leis, Santo Tomás de Aquino as classifica em: Lei eterna; lei natural;
lei positiva humana e lei positiva divina. Os Dez Mandamentos são leis divino-
positivas.

1 - AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS.


Amar a Deus sobre todas as coisas: O primeiro mandamento convida o homem
a crer em Deus, a esperar Nele e a amá-Lo acima de tudo
Deus proíbe ídolos, ou seja, imagens que são adoradas como se elas fizessem
milagres.
As nossas imagens de santos são como fotografias: nos lembram a pessoa
amada. Em João (3,14) no Antigo Testamento onde, por ordem de Deus, Moisés
fez uma serpente de cobre e colocou-a sobre um poste. Essa imagem era
prefiguração do Cristo, e todos os que para ela olhavam ficavam curados. "Deus
só pede o nosso amor" - Mt 22,34-40
2 - NÃO TOMAR SEU SANTO NOME EM VÃO.
Este mandamento proíbe o uso inconveniente do nome de Deus, de Maria e
dos Santos.
A blasfêmia consiste em proferir contra Deus palavras de ódio, de ofensa, de
desafio, em falar mal de Deus. É também blasfemo recorrer ao nome de Deus
para encobrir práticas criminosas, em conversas fúteis e brincadeiras. Proíbe
todo uso impróprio do nome de Deus. Jurar usando o nome de Deus
3 - GUARDAR DOMINGOS E FESTAS DE GUARDA.
Guardar domingos e festas: No Antigo Testamento, o mandamento prescrevia
que se guardasse o sábado. No entanto, esse dia foi substituído pelo domingo
através da Ressurreição de Cristo que, dessa forma, deu início a uma Nova e
Eterna aliança com a humanidade.
O domingo deve ser guardado em toda a Igreja como o dia de festa por
excelência. No domingo os fiéis têm a obrigação de participar da missa, para
isso os fiéis devem se afastar das atividades que os impeçam o culto a ser
prestado a Deus nesses dias. Assistir e participar das missas - um único dia para
adorar e louvar a Deus.
4 - HONRAR PAI E MÃE
Deus quis que, depois Dele, honrássemos nossos pais e os que Ele, para
nosso bem, investiu de autoridade.
"A salvação da pessoa e da sociedade humana está estreitamente ligada ao
bem-estar da comunidade conjugal e familiar."
Os filhos devem aos pais respeito, gratidão, justa obediência, e ajuda. O respeito
filial favorece a harmonia de toda a vida familiar.
Os pais devem ser responsáveis por educar os filhos na Igreja e têm o dever
de atender, na medida de suas condições, às necessidades físicas e espirituais
dos filhos. Os pais também devem respeitar e favorecer a vocação de seus filhos.
Lembrem e ensinem que a primeira vocação do cristão é seguir a Jesus.
5 - NÃO MATAR
Só Deus tem o direito de tirar a vida. Entende a Santa Igreja que ele abrange
não apenas a morte em si, mas uma série de outros itens:
a) A intenção de destruir uma pessoa, mesmo que não se consiga;
b) Aborto em QUALQUER SITUAÇÃO; o uso do DIU como método
anticoncepcional, O suicídio; quando se omite ajuda a alguém; provocar guerra;
c) A eutanásia voluntária (prática segundo a qual se abrevia o sofrimento de um
doente portador de enfermidade incurável tirando-lhe a vida de maneira indolor).
6 - NÃO PECAR CONTRA A CASTIDADE
Ao criar o ser humano o Senhor dá, ao homem e à mulher, de maneira igual, a
dignidade pessoal. Cada um deve reconhecer e aceitar sua identidade sexual.
Jesus, Maria e José são modelos perfeitos de castidade e devem ser imitados.
Ser casto consiste em integrar a sexualidade na pessoa.
O uso de roupas provocantes com a intenção de se chamar a atenção de
alguém do sexo oposto leva a pessoa a cometer este pecado. Há ainda, dentro
deste mesmo pecado, coisas como a masturbação, a fornicação (sexo antes do
casamento religioso), a pornografia (exibição pública dos atos sexuais), a
prostituição, o estupro e a homossexualidade.
7 - NÃO ROUBAR
Apropriar-se do que não é seu; este mandamento proíbe a retenção indevida
dos bens alheios ou a lesão do próximo com relação a eles, seja como for.
Vale a pena lembrar que a ajuda aos pobres é uma grande virtude. Portanto,
uma pessoa avarenta (mão-de-vaca) "não entrará no Reino de Deus", diz o
Apóstolo com todas as letras em 1Cor 6,10. O nosso trabalho também é para
que possamos partilhar nossos lucros com aqueles que não têm condições. É
necessário que o fiel arrependido restitua o valor ou a mercadoria roubada.
8 - NÃO LEVANTAR FALSO TESTEMUNHO
Este mandamento proíbe coisas como:
a) Falso testemunho e perjúrio (jurar falso, falar inverdades);
b) Respeito à reputação das pessoas (não revelar coisas que causem o prejuízo
dos outros) isto inclui admitir como verdadeiro, mesmo em silêncio, um defeito
moral do próximo.
c) Calúnia (propagação de inverdades a respeito de uma pessoa ao ponto que a
outras pessoas passem também a ter falsos julgamento a respeito dela)
d) Mentira (dizer o que é falso com a intenção de enganar);
9 - NÃO DESEJAR A MULHER DO PRÓXIMO
Não desejar a mulher do próximo: Este pecado pode ser evitado ou corrigido
através da purificação do coração. Isso se faz com a oração, a prática da
castidade e da pureza da intenção e do olhar.
Da mesma forma, não sejam as mulheres casadas ou solteiras causa de desejo
aos homens. Vistam-se e comportem-se de maneira apropriada pois o pudor
preserva a intimidade da pessoa. Não se deve mostrar aquilo que deve ficar
escondido. Este mandamento menciona qualquer desejo por outra mulher,
principalmente a do próximo, ainda que seja apenas com um olhar.
10 - NÃO COBIÇAR AS COISAS ALHEIAS
4 Sermão da Montanha - Mt.5,1–12 Este mandamento exige banir a inveja do
coração humano. Designa o desejo pelas coisas dos outros. Não é pecado
desejar obter as coisas que pertencem aos outros através de uma maneira justa.
A inveja é um vício capital (gera outros vícios) e é, segundo Santo Agostinho, "o
pecado diabólico por excelência. Dela vêm o ódio, a maledicência, a calúnia, a
alegria à desgraça alheia, e o desprazer com a prosperidade dos outros.
O desapego aos bens materiais é necessário para entrar no Reino dos Céus.

O QUE É O PECADO?
O pecado é a transgressão voluntária da Lei de Deus, podendo ser mortal ou
venial. O pecado é essencialmente um ato de rebeldia:
"Todo aquele que pratica o pecado, também transgrede a lei, pois o pecado é a
transgressão da lei" (1Jo 3.4).
DOS PECADOS MORTAIS
O pecado mortal é uma transgressão voluntária da Lei de Deus em matéria
grave; as consequências deste pecado é a morte da caridade (terceira virtude
teologal, que possibilita ao homem amar a Deus com amor divino), e a
impossibilidade de o homem conseguir méritos sobrenaturais. Quem comete um
só pecado mortal é merecedor do Inferno, e se morrer neste estado lastimável,
será condenado eternamente.
Somente pelo sacramento da Penitência se obtém o perdão dos pecados
mortais, devendo o penitente cumprir três requisitos para a validade do
sacramento: contrição, confissão e satisfação.
A contrição é essencialmente o arrependimento profundo de ter ofendido a Deus,
Bem supremo e amor de nossas vidas. O arrependimento não consiste no sentir
muitas coisas, embora ocorra muitas vezes de sentirmos profunda dor e
chorarmos ante nossas culpas considerando o grande amor de Deus por nós,
por exemplo; mas principalmente na vontade firme de nunca mais ofender a
Deus, e estar decidido a nunca mais pecar.
A confissão consiste na acusação sincera de todos os pecados mortais ao
sacerdote, sem omitir nenhum pecado. É indispensável e extremamente
necessário fazer um diligente exame de consciência antes de se confessar.
Para que tu não corras o risco de te esqueceres dos teus pecados, escreve-
os numa folha e leia-os diante do padre, sem omitir nenhum pecado.
A satisfação consiste em cumprir a penitência imposta pelo sacerdote, ministro
de Deus, após ter ele dado a absolvição. O cumprimento desta penitência livrar-
te-á das penas temporais, diminuindo teu tempo no Purgatório caso morrêsseis
após a confissão.
DOS PECADOS VENIAIS
O pecado venial é uma transgressão voluntária da Lei de Deus em matéria leve.
Estes pecados não destroem e matam a caridade como o pecado mortal, mas
deturpam o coração do homem rumo ao seu fim de amar e unir-se a Deus;
obscurecem a inteligência e fazem a vontade desviar-se do amor de Deus, até
que o homem caia no pecado mortal. É prudentíssimo evitar estes pecados.
Estes pecados não necessitam da confissão para serem perdoados, podendo
sê-lo mediante um sincero pedido de perdão a Deus em oração; ou depois da
absolvição dada pelo padre no Ato Penitencial da missa; ou após comungar
fervorosamente o Corpo e Sangue do Senhor, pedindo-lhe perdão.

PECADO IMPERDOÁVEL CONTRA O ESPÍRITO SANTO

São Mateus no seu Evangelho coloca em evidência as palavras de JESUS sobre


o Pecado Imperdoável contra o ESPÍRITO SANTO:
“Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra
o ESPÍRITO SANTO não será perdoada. Se alguém disser uma palavra contra
o Filho do Homem (JESUS CRISTO) lhe será perdoado, porém se disser contra
o ESPÍRITO SANTO, não lhe será perdoado, nem neste mundo e nem no futuro”.
(MT 12, 31-32)
Cristo na tentação do deserto, não diz ao demônio CONVERTE-TE, mas afasta-
te, pois sabe que ele tem plena consciência de seu pecado e não tem
arrependimento.
Não porque Deus não tenha poder de perdoar, mas porque o pecador não quer
pedir perdão de seu pecado.

OS SEIS PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO SÃO:


1) Desespero de salvação, Não crê no poder e na justiça de Deus, como Judas,
não pede perdão porque considera que Deus é incapaz de perdoá-lo. E não
pedindo perdão, não é perdoado.
2) Presunção de salvação sem merecimentos, (agir com arrogância) quando a
pessoa se julga já salva, e, por isso, se recusa a pedir perdão a Deus.
3) Negar a verdade conhecida como tal, o pecado dos fariseus que viam Cristo
fazer milagres, e os negavam, apesar de vê-los. Não havia então modo de
convertê-los.
4) Inveja da graça que Deus dá aos outros, isto é, ter raiva de que Deus, por
amor, tenha dado alguma graça a outros, e não a nós.
5) A obstinação no pecado é a vontade firme de permanecer no erro mesmo
após a ação de convencimento do Espírito Santo.
6) Impenitência fina é o resultado de toda uma vida de rejeição a Deus: recusa
a salvação até o fim. Nem na hora da morte da aproximar do Pai, não se abre ao
convite do Espírito Santo.
Repito: os pecados contra o espírito santo não têm perdão, porque a pessoa não
quer pedir perdão por eles, porque nem os consideram pecados.
Ninguém confessa pecado contra o espírito santo.
Se uma pessoa vai confessar ter cometido pecado contra o espírito santo, é sinal
claro que não cometeu esse pecado, porque, se o tivesse cometido, não pediria
nunca perdão por ele.
Portanto, não tenha medo de ter pecado contra o Espírito Santo. O seu próprio
receio em ter ofendido a Deus já é prova que você não o cometeu.

OS SETE PECADOS CAPITAIS


Os pecados capitais, do latim caput, que significa "cabeça", são princípios, ou
ponto de partida de outros pecados. São sete: soberba, avareza, luxúria, ira,
gula, inveja e preguiça
Que passagens bíblicas esclarecem a cada um dos pecados capitais?
1) Soberba: relativo ao nosso orgulho, onde nos achamos melhor que todo, não
respeitando o próximo e passando por cima de tudo e de todos. (Eclo 10,15; Rm
3,27; Gal 6,4; Mt 18,3)
2) Avareza: apego do amor ao dinheiro acredita que com o dinheiro pode
comprar tudo, inclusive as pessoas. As pessoas passam valer menos que seu
dinheiro. (MT 6,24; 1Tm 6,10; Mc 10,21-22; Jo 12,5-6)
3) Luxuria: um homem/mulher já pensa em sexo. Como exemplos da luxúria
podem citar: o adultério (traição) e a fornicação (sexo no namoro ou sexo fora do
casamento), cobiçar o próximo, a masturbação, o homossexualismo e
lesbianismo, a zoofilia (sexo com animais). (2Pd 2,13; Lv 18, 20.22; Êx 20,17; Mt
5,27; 1Cor 6,15; Gn 38,9-10)
4) Ira: quando brigamos a qualquer momento e com qualquer pessoa mesmo
sem ter motivo. Quando guardamos mágoa ou rancor por alguém e não
perdoamos (MT 5,22; 21,12; 23,27)
5) Gula: quando comemos até não aguentar mais, chegando até mesmo a
passar mal. Quando já saciamos nossa fome, mas comemos o bife do outro o
deixando sem comida. (Fl 3,19; Is 5,11)
6) Inveja: quando queremos ter algo igual só porque nosso próximo tem, trata-
se olho gordo. Inveja da mulher, inveja do emprego, inveja dos bens materiais,
etc. (Sab 2,24; Gn 4,1-16; Mt 10,42-43; 20,1-16; Gn 37,4; 1Sm 18,6-16)
7) Preguiça: quando temos todo tempo do mundo a nossa disposição e mesmo
assim deixamos de fazer as boas coisas em função de Deus e próximo (Ecl
33,28-29; Pv 24,30-31; MT 20,6)

A SEXUALIDADE HUMANA NA VISÃO DA IGREJA CATÓLICA.


As abordagens da doutrina da Igreja Católica sobre a sexualidade possuem
sempre o mesmo pano de fundo: entendê-la como fator que afeta profundamente
a identidade do ser humano e a ele conferem as características – biológicas
psicológicas e espirituais – que o fazem homem e mulher.
“A sexualidade é um dom do Criador, mas também uma função que tem a ver
com o desenvolvimento do próprio ser humano. Quando não é integrada na
pessoa, a sexualidade torna-se banal e ao mesmo tempo destrutiva.
A afetividade e a sexualidade são duas forças enormes que Deus colocou em
nós e que não deu aos animais.
Quem não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor. ( 1 Jo 4, 7-
8). Se Deus é amor, nós somos criados para amar. Porque Deus criou o homem
e a mulher para se amarem um ao outro. E Deus colocou uma atração mútua.
Amar é antes de tudo um ato de vontade. É preciso apreender a amar. A gente
apreende a amar amando. Temos que decidir amar.
O mundo confundiu tanto amor com sexo!...

O JOVEM É CHAMADO AO DESAFIO


A sexualidade é muito mais que um órgão genital. Vai da ponta do dedo do pé
até o ultimo fio de cabelo. Parte do meu olhar para o sentimento e volta para o
meu pensamento, atingindo a minha vontade, a minha ação e os meus gestos.
A sexualidade tem que ser um exemplo de equilíbrio. Não ofereceis mais vossos
membros ao pecado como armas de injustiça
Romano 6, 13 Não ofereça os membros como instrumentos de injustiça para o
pecado. Pelo contraio, ofereçam-se a Deus como pessoa viva, que voltaram dos
mortos; e ofereçam os membros com instrumento da justiça para Deus
A Palavra de Deus se refere a todos os nossos membros mãos, pés, ante
cabeça, pênis, vagina, joelho, umbigo, orelha, língua. Não vivo a minha vida para
ser bonito, mas para não perder a beleza que é a presença de Deus em mim.
QUER SER SANTO? SEJA AMIGO DO PADRE!
A confissão com o padre precisa acontecer sempre que necessário.
Aquele que se confessam várias vezes, há anos, o mesmo pecado, não é um
fraco, mas um lutador.
A decisão de ter uma vida de oração muda radicalmente vida.
Castidade não, mas é cuidar do tesouro que Deus nos deu.
O que escolhemos no presente vai nos alegrar ou fazer chorar no futuro.

QUAL A POSIÇÃO DA IGREJA CATÓLICA SOBRE O ABORTO?


Ex 20.13 O aborto é uma afronta direta ao Quinto Mandamento: “Não matarás
A ciência prova que a vida começa durante a fecundação do óvulo; nesse
momento já existe vida, o que faz que aquele ser, seja dotado de alma e
conhecido de Deus
Jeremias 1,5 Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; ante
que você fosse dado à luz, eu o consagrei, para fazer de você profeta das nações
Ao contrário do que pregam os defensores do aborto, não é de hoje que a Igreja
condena o aborto. Trata-se de preceito bíblico: em Ex 1,8-21, lemos que quando
os hebreus começaram a se multiplicar no Egito, o faraó incentivou o aborto, mas
as parteiras não seguiram essa recomendação porque “temiam a Deus”.
Aos que defendem que a mulher tem o direito de dispor de seu corpo, decidindo
se deve ou não abortar, perguntamos: Será que o bebê que está naquele ventre
faz parte do corpo da mãe? Ora, todos sabem que o embrião ou o feto não é um
órgão da mãe, mas sim outro ser humano.
Também é comum apelar-se para o aborto quando se sabe, por exames
médicos, que o embrião ou feto possui alguma enfermidade que o levará à morte
assim que for concebido. Por que não crer na providência de Deus? Quantos
casos conheceram de pais que, mesmo sabendo que seus filhos eram
portadores de males fatais, resolveram tê-los e as crianças sobreviveram e
muitas delas sem sequelas? E quanto às que morreram? É bom saber que
muitas crianças no país morrem por falta de transplante de órgãos do tamanho
que precisam. Uma criança que morre logo após o parto pode doar seus órgãos
para crianças até 4 anos! É a morte que não gera outra morte, mas a Vida!
Dessa forma, podemos afirmar que o aborto, antes de ser um assunto religioso,
trata-se de um direito humano: o direito à Vida!
CAMISINHA
O pecado não está na camisinha!
Diálogo entre um jovem casal:
Ela insistiu: Nunca usou?
Ele: Nunca usei. Nem vou usar.
Ela: Não sabe que sexo sem camisinha é perigoso?
Ele: Perigoso? Por quê?
Ela: Tá brincando? Não sabe que ela oferece proteção contra o flagelo da AIDS?
Ele: Sei, mas não preciso da proteção de camisinha. Tenho um método mais
seguro.
Ela: Um método mais seguro? Como é?
Ele: Viver a castidade!!!
Diz São João Paulo II, depois de afirmar que a Igreja está na vanguarda do
combate à AIDS: Esse problema não pode ser resolvido somente com a
distribuição de camisinhas. Pelo contrário, isso piora o problema.
Tal afirmação é tradicional na Igreja que vê na obediência ao mandamento de
não cometer adultério a melhor maneira de evitar a AIDS e outras DST.
Muitos cristãos, mesmo católicos, também não levam a sério as condenações
da Igreja. Mas o problema não é que tantos não obedecem à proibição da
camisinha. A questão é mais grave. O pecado não está na camisinha. O pecado
está no adultério que a camisinha favorece.

Quem obedece aos mandamentos não precisa de camisinha que é coisa para
adúlteros.
CAMISINHA É PECADO?
Primeiramente, o que é pecado? De acordo com o Catecismo da Igreja Católica,
“o pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta
ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um
apego perverso a certos bens (…). O pecado ergue-se contra o amor de Deus
por nós e desvia dele os nossos corações. Como o primeiro pecado, é uma
desobediência, uma revolta contra Deus, por vontade de tornar-se ‘como
deuses’, conhecendo e determinando o bem e o mal (Gn 3,5). O pecado é,
portanto, amor de si mesmo até o desprezo de Deus.” (CIC 1849-1850)
Vejamos… Quando alguém diz: “eu e meu (minha) esposo (a) usamos
camisinha, pois não queremos um filho agora” estão apegados os seus desejos
financeiros ou emocionais e desprezando os de Deus. Isto é pecado.
Isto dentro do casamento. Fora do casamento a situação de pecado é mais clara,
pela busca do prazer em si mesmo, também exposta pelo Catecismo. “O prazer
sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo, isolado das
finalidades de procriação e de união” (CIC 2354)
Não há nada de errado com o prazer sexual. Deus criou o homem e a mulher de
modo que a relação sexual entre eles gerasse prazer para ambos. A vontade de
Deus de que o casal seja uma só carne (união somente alcançada no
Matrimônio) e fecundo deve ser algo para o que o casal deve estar aberto.
“Do ponto de vista da moral católica não é aceitável a propaganda do uso do
preservativo quando favorece uma vida sexual desordenada reduzindo a
sexualidade a mero bem de consumo e insinuado que o comportamento sexual,
quando ‘seguro’, é eticamente indiferente”
Enfim, de acordo a Igreja, camisinha é pecado sim. Como o livre arbítrio permite
que sigamos nossos impulsos de forma independente da vontade de Deus,
podemos usar preservativo. Mas, mesmo indo contra tais ensinamentos e contra
nossa própria consciência nunca poderá forçar a Igreja a ir contra Deus e tornar
correto aquilo que Ele definiu como errado, e assim justificar nossas atitudes de
pecado.

OS HOMOSSEXUAIS SÃO NOSSOS IRMÃOS


A tendência de procurar a pessoa do mesmo sexo tem raízes que a própria
ciência ainda não compreende bem as causas, além das razões de ordem
educacional.
Não podemos manter o menor preconceito contra essas pessoas, nem as
imaginar como uma aberração da natureza. É falta de caridade cristã debochar
deles, dar-lhes apelidos pejorativos e degradantes, ou zombar deles.
São seres humanos, filhos de Deus e nossos irmãos.
A tendência ou a tentação ao homossexualismo não é pecado, mas se torna
pecado se houver o consentimento e a prática do ato sexual com pessoas do
mesmo sexo.
A condenação da Bíblia e da Igreja à pratica da homossexualidade é expressa,
desde o Antigo Testamento: (Levítico 18,22).
O chamado da Igreja aos homossexuais, é o mesmo chamado que Ela faz aos
héteros: que vivam a castidade!

POR QUE ESTOU ME CRISMANDO?


Antes de qualquer coisa, é preciso responder a algumas perguntas
• O que é a Crisma?
• Crisma é o sacramento que confirma o batismo.
• O que acontece quando alguém é crismado?

Compromete-se com Jesus, através do Espírito Santo. Quando Deus nos chama
é preciso dar a nossa resposta a este chamado. Crismar-se é aceitar o chamado
de Deus.
Veja alguns exemplos de como isso acontece: “Passando ao longo do mar
da Galileia, viu Simão e André, seu irmão que lançavam as redes ao mar, pois
eram pescadores. Jesus disse-lhes: ‘Segui-me e eu farei de vós pescadores de
homens’. Imediatamente, deixaram as redes e o seguiram. Tendo passado um
pouco adiante dali, viu Tiago, filho de Zebedeu e João, seu irmão, que estavam
numa barca consertando as redes; chamou-os logo. “Eles, tendo deixado no
barco seu pai Zebedeu com os empregados, seguiram-no” (Mc 1, 16-20). “Jonas
ficou profundamente indignado com isso e dirigiu ao Senhor esta prece: ‘Há
Senhor, era bem isso que eu dizia quando estava ainda na minha terra! É por
isso “que eu tentei esquivar-me fugindo para Taris’” (Jn 4,1).
Há também aqueles que não aceitam o chamado do senhor: Um homem de
boa posição perguntou então a Jesus: ‘Bom Mestre, que devo fazer para possuir
a vida eterna? ’ Jesus respondeu-lhe: ‘Por que me chamas de bom? Ninguém é
bom senão só Deus. Conheces os mandamentos: não cometerás adultério, não
matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honrarás pai e mãe’. Disse
ele: ‘ Tenho observado tudo isso desde a minha juventude.’ A estas palavras
Jesus falou: ‘ Ainda te falta uma coisa; vende tudo o que tens, dá-o aos pobres,
e terás uma recompensa no céu, Depois vem e segue-me. ’ “Ouvindo isto, ele
se entristeceu, pois era muito rico.” (Lc 18,18-23).

JULGAR
Como vimos, crismar-se é muito importante, tão importante que a crisma imprime
no crismado, a marca de CRISTÃO.
Crismar-se significa:
• Vivenciar a fé a esperança e a caridade.
• Aceitar os compromissos do batismo e vivê-los.
• Colocar os dons a serviço de Deus
• Participar da santa missa e receber a Eucaristia.
• Participar do sacramento da Reconciliação/Confissão.
• Aprofundar o espírito de oração.
• Interessar-se pela leitura meditativa do evangelho.

AGIR
Assuma um compromisso com Jesus, até o dia de sua crisma, comprometa-se
com Jesus a tornar hábito em sua vida, pelo menos uma das sugestões abaixo.
• Não faltar às missas dominicais
• Comungar nas missas
• Confessar-se frequentemente
• Fazer adoração periódica ao Santíssimo Sacramento
• Ler a bíblia e conhecer o catecismo
• Rezar o terço todos os dias
• Fazer uma penitencia toda semana
A CRISMA:

É pelo Sacramento da Crisma que recebemos a maturidade da vida


espiritual. Nascidos para a vida da graça pelo Batismo; Ou seja, somos
fortalecidos pelo Divino Espírito Santo, que nos torna capazes de defender
a nossa Fé, de vencer as tentações, de procurarmos a santidade com todas
as forças da alma. Confirmação ou Crisma faz parte dos chamados
Sacramentos de Iniciação Cristã (Batismo, Confissão, Eucaristia e Crisma).
Ele é o sacramento do Cristão adulto, da Fé amadurecida, esclarecida,
corajosa na defesa da justiça evangélica, cuja graça específica é dar vigor
espiritual.
O Batismo já nos dá o Espírito Santo; a Confirmação dá-o em plenitude. Após
o nascimento vem o crescimento, através da formação integral do Cristão. Quem
foi crismado se torna valente, revestido com toda a armadura celeste, está apto
para a batalha contra os mais fortes inimigos de sua salvação e os vence.
Os apóstolos que, segundo a promessa do Senhor, receberam o Espírito
Santo no dia de Pentecostes, tinham o poder de completar a obra do Batismo
pelo dom do Espírito Santo, como lemos nos Atos dos Apóstolos. Os crismados
devem dar testemunho diante do mundo e serem membros vivos da Igreja,
procurando servir a todos, à semelhança de Cristo, que não veio para ser
servido, mas para servir.
QUESTÕES FINAIS:

1) Quantos mandamentos Deus deu no Monte Sinai e onde estão os dez


Mandamentos no Antigo Testamento?
2) Pesquise sobre os Cinco Mandamentos da Lei da Igreja e descreva-os.
3) Especifique e explique o Quarto Mandamento da Igreja.
4) Por que os católicos guardam o domingo e não o sábado?
5) Quais são os mandamentos a respeito do relacionamento para com Deus?
6) Quais são os mandamentos a respeito do relacionamento para com os outros?
7) Qual o mandamento relacionado a sexualidade e afetividade? Explique.
8) O que é pecado?
9) Qual a diferença entre Pecado Mortal e Venial?
10) Quantos são os pecados capitais? E de qual deles se origina todos os outros?
11) Qual o efeito dos sete sacramentos na alma do fiel, especialmente a Crisma?
12) Explique o mal dos métodos contraceptivos.
13) Quais são os 7 dons do Espirito Santo?
14) Quem é o ministro do sacramento da crisma?
15) Quando ocorreu o Pentecostes?
16) O que aconteceu em Pentecostes?
17) Por que a sede do cristianismo é em Roma e não em Jerusalém?
18) Quais são os doze apóstolos e como cada um morreu?
19) Qual é o sinal distintivo da Igreja pelo qual sabemos que os Bispos são
sucessores dos Apóstolos?
20) Pesquise e explique as três virtudes teologais.
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