Você está na página 1de 20

Ondas

Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Diferenciar tipos de ondas e suas classificações.


„„ Descrever as ondas e seus elementos matematicamente.
„„ Identificar exemplos de ondas no cotidiano.

Introdução
Ondas são um fenômeno universal que aparece em diversas áreas das
ciências físicas, como mecânica, eletromagnetismo e ótica. De um modo
geral, uma onda pode ser descrita como uma perturbação que viaja entre
dois pontos no espaço. Na física, as ondas mais estudadas são a mecânica
e a eletromagnética. Essas ondas se diferenciam quanto à natureza e
o meio de propagação, mas podem ser descritas matematicamente
pelos mesmos parâmetros.
É possível encontrar diversos exemplos familiares em nosso cotidiano;
entre eles estão a oscilação de uma corda, as ondas na superfície da água,
a luz e o som. Essas ondas encontram aplicações em diversas áreas do
conhecimento e são utilizadas na produção de equipamentos sofistica-
dos necessários para, entre outras coisas, comunicação, diagnóstico e
tratamento médico e localização. Desse modo, é importante conhecer
e saber descrever quais características, propriedades e comportamentos
são compartilhados pelos fenômenos que são caracterizados como onda.
Neste capítulo, você vai estudar o que caracteriza os diferentes tipos
de ondas e como descrevê-las em termos de suas propriedades físicas.
Assim, será possível entender sua natureza e propriedades e compreender
as possibilidades de aplicações que são desenvolvidas a partir desses
parâmetros.
14 Ondas

1 Tipos de ondas e suas classificações


Uma onda pode ser descrita como uma perturbação que se propaga pelo espaço
ou por algum meio material em função do tempo, transportando energia sem
necessariamente transportar matéria (HEWITT, 2009). Em razão dos diferen-
tes tipos de ondas apresentarem propriedades distintas, tomando como base
a orientação do movimento das partículas e a direção da energia, podemos
classificar as ondas em transversais, longitudinais e superficiais.

Ondas longitudinais
Nesse tipo de onda, os movimentos das partículas e da energia são paralelos,
isto é, o deslocamento do meio e o movimento da onda seguem a mesma
direção (Figura 1a) (BAUER; WESTFALL; DIAS, 2013). Uma onda sonora
é um exemplo clássico de ondas longitudinais: à medida que a onda sonora
se move desde o emissor do som até o receptor, as partículas do ar vibram
para a frente e para trás ao longo da linha de propagação, alternadamente
comprimindo ou rarefazendo (expandindo) o meio (TIPLER; MOSCA, 2006).

Ondas transversais
Nesse caso, os movimentos das partículas e da energia estão perpendiculares
(Figura 1b), como no caso das ondas luminosas (BAUER; WESTFALL; DIAS,
2013).
As ondas que viajam através de um meio sólido podem ser transversais ou
longitudinais, enquanto em meios líquidos se observada apenas a presença
de ondas longitudinais.
Em ondas longitudinais e transversais, podemos determinar a posição da
perturbação que gera a onda, também chamada de frente de onda, utilizando
apenas um eixo de coordenadas. Neste caso, diz-se que a frente de onda
compreende um ponto e que esses tipos de ondas são unidimensionais.
Ondas 15

Figura 1. Exemplo da direção de propagação de uma onda mecânica (a) longitudinal e


(b) transversal.
Fonte: Adaptada de OnlineMathLearning (2020, documento on-line).

Ondas superficiais
Uma onda superficial representa uma combinação de ondas transversais e
longitudinais, em que as partículas do meio sofrem um movimento circular
e se propagam entre a interface de dois meios. Nesse tipo de onda, apenas
as partículas presentes na superfície do meio sofrem o movimento circular.
As ondas do oceano são um tipo de onda superficial: a energia que transmi-
tem, em geral, provém dos ventos que sopram sobre a água, e o movimento
das partículas ocorre na interface água–ar e diminui com o distanciamento
da superfície. Este é um tipo de onda bidimensional, pois sua descrição
exige dois eixos coordenados, já que sua frente de onda é uma curva plana.
Na Figura 2, é possível observar um exemplo de onda plana com frente de onda
representada pelo círculo c, em que se identifica seu caráter bidimensional
(KNIGHT, 2009).
16 Ondas

Ondas tridimensionais
Muitas ondas, como sonoras e luminosas, propagam-se em três direções,
o que significa que suas cristas formam sucessivas cascas esféricas concêntricas
separadas pelo comprimento de onda.

x
O

Cristas

Figura 2. Exemplo da propagação de uma onda superficial provocada


pela queda de uma gota, frente de onda, na superfície da água.
Fonte: Arivasm (2013, documento on-line).

De acordo com o meio em que se movem, as ondas podem ser classificadas


como mecânicas e eletromagnéticas, tipos importantes pelos quais a energia
é transportada no mundo ao nosso redor.

Ondas mecânicas
Trata-se daquelas produzidas por estímulos mecânicos e que exigem um
meio material para se propagarem, por exemplo, um pulso que se propaga
por uma corda ou o som se propagando pelo ar. A partir dessa definição,
é importante saber conceituar o meio material. Um meio pode ser entendido
como a substância ou material que transporta a onda desde a sua fonte (que
fornece energia para o início do movimento) (TIPLER, 2006) até determinado
ponto, propagação possível pela elasticidade do meio. Note que o meio por si
Ondas 17

só não é capaz de gerar a onda, mas apenas de transportá-la — o ar, a água e a


madeira compreendem alguns exemplos de meios de propagação de uma onda.
O entendimento completo da natureza da onda pode ser alcançado conside-
rando o meio uma coleção de partículas que interagem entre si, interação entre
partículas adjacentes que permite que a energia seja transmitida pelo meio, em
um movimento semelhante ao conhecido efeito dominó: nesse processo, tendo
em vista a mão humana como a fonte do movimento, as peças do dominó caindo
transferem energia de uma para outra. Com base nessa definição, podemos
concluir que ondas mecânicas (e, portanto, o som) não podem se propagar
no vácuo (espaço vazio), já que nesse caso não existe um meio material que
permita a transferência de energia entre as partículas.

Ondas eletromagnéticas
Podem ser descritas como um distúrbio que transfere energia e movimento pelo
espaço, mesmo na ausência de qualquer meio material, o que implica afirmar
que esse tipo de onda pode viajar não apenas pelo ar e por materiais sólidos,
mas também pelo vácuo (espaço vazio). No vácuo, todas as ondas eletromag-
néticas viajam com velocidade aproximada de 3,0 × 108 m/s (HEWITT, 2009;
TIPPLER, 2006). Ondas eletromagnéticas são ondas transversais constituídas
por campos elétricos e magnéticos que oscilam com ângulo reto perpendiculares
entre si e na direção do movimento da onda.
De acordo com a frequência (ou comprimento de onda), uma onda ele-
tromagnética pode ser classificada em onda de rádio, micro-ondas, radiação
infravermelha, luz visível, radiação ultravioleta, raios X e raios gama.

2 Ondas e seus elementos


Embora as ondas apresentem características distintas que possibilitam dis-
tingui-las e classificá-las, elas também têm características comuns, utilizadas
para descrevê-las e caracterizá-las matematicamente.
A Figura 3 mostra a representação de uma onda periódica em uma corda,
em que se pode verificar que apresenta três pontos importantes: a posição
de equilíbrio, quando nenhuma perturbação está presente; a crista, o ponto
mais alto de uma onda, acima da linha de equilíbrio; e os vales, os pontos mais
baixos de uma onda, abaixo da linha de equilíbrio. A partir desses pontos,
é possível definir uma característica importante das ondas — a sua amplitude.
18 Ondas

A amplitude de uma onda é obtida tomando o valor absoluto da distância


entre a posição de equilíbrio e uma crista ou um vale. Tomando como base o
eixo y na Figura 3, podemos dizer que a amplitude (A) é dada por:

A = ±|A|

A quantidade física expressa pela amplitude pode ser a tensão, a pres-


são sonora, etc. Em uma onda de som, por exemplo, a amplitude descreve a
extensão em que as partículas do ar são deslocadas e se traduz aos nossos
ouvidos como a intensidade do som, em que, quanto maior a amplitude, maior
a intensidade sonora.

Figura 3. Representação do movimento periódico de uma partícula em função do tempo.

Comprimento de onda

Outra característica importante de uma onda é o chamado comprimento de


onda (λ), determinado pela distância entre dois pontos da onda. Para o exemplo
utilizado na Figura 3, o comprimento de onda é dado pela distância entre
duas cristas consecutivas [1]. De modo geral, quaisquer pontos consecutivos
podem ser utilizados para medir o comprimento de onda, desde que se levem
em consideração ciclos completos da onda (veja a Figura 3). Por se tratar de
uma medida de distância, o comprimento de onda é medido em metros ou em
suas subunidades, sendo frequentemente encontrados comprimentos de onda
medidos em nanômetros (nm) ou angström (Å).
Ondas 19

Período e frequência

A frequência ( f ) de uma onda determina a quantidade de vezes em que ela se


repete, isto é, quanto vezes ela completa um ciclo (veja a Figura 3) no intervalo
de 1 segundo (s). Assim, a frequência é medida em ciclos por segundo —
no sistema internacional de medidas (SI), a frequência é medida em Hertz
(Hz), em que 1 Hz corresponde a um ciclo por segundo. Supondo que uma
onda se repita 3 vezes a cada segundo, dizemos que ela tem uma frequência
de 3 Hz. Veja mais alguns exemplos na Figura 4.

Figura 4. Ondas com diferentes fre-


quências no intervalo de tempo de 1
segundo.

Além da frequência, uma onda se caracteriza pelo seu período (T). Muitas
vezes, é possível confundir essas duas grandezas, algo evitado se o período
for pensando como o tempo gasto para algo ser realizado. Pense na rotação da
terra: o período de órbita da terra ao redor do sol é de aproximadamente 365
dias, ou seja, a terra completa o ciclo em 365 dias. De modo similar, o período
de uma onda é o tempo gasto para ela completar um ciclo. O período, por ser
uma unidade de tempo, pode ser medido em segundos, minutos, horas, dias, etc.
20 Ondas

Embora compreendam quantidades diferentes, uma vez que frequência


se refere à frequência com que algo acontece e período ao tempo gasto para
que esse algo aconteça, essas duas grandezas estão relacionadas. Para que
isso fique claro, pense na seguinte situação: um sino de uma igreja badala
4 vezes em 1 segundo. Com base no que você já viu até aqui, é possível concluir
que a frequência com que o sino badala é de 4 Hz. Mas e o período? Nesse
caso, o período é igual a 0,25 s. Agora, se esse mesmo sino badalou apenas
2 vezes nesse intervalo de tempo, conclui-se que a frequência é de 2 Hz e
o período é de 0,5 s. Assim, o período determina o tempo necessário para
que cada badalada ocorra, e a frequência indica quantas badaladas ocorreram
no intervalo de tempo. Fica claro, então, que a frequência e o período são
grandezas recíprocas, ou seja, são inversamente proporcionais, podendo ser
matematicamente descritas como:

Lembre-se que os símbolos f e T, já descritos, referem-se, respectivamente,


à frequência e ao período.
Conhecidas essas características das ondas, é preciso ter em mente que
existe uma relação entre o comprimento de onda de uma onda e a sua fre-
quência, de modo que, para ondas que se propagam no mesmo meio material,
quanto maior o comprimento de onda, menor será a sua frequência, ou o
inverso. Esse fato pode ser observado no exemplo mostrado na Figura 4, em
que se determinou a frequência das ondas a partir da distância entre duas
cristas consecutivas, isto é, a partir do seu comprimento de onda. Considere
também que a frequência e a amplitude são características independentes,
o que implica que a alteração de um desses parâmetros não afeta o outro:
quando a frequência de uma onda é alterada, não se observa qualquer mudança
na sua amplitude. Com base nisso, conclui-se que a amplitude de uma onda
não pode ser determinada a partir do conhecimento de sua frequência e,
do mesmo modo, não é possível determinar a frequência de uma onda conhe-
cendo apenas a sua amplitude.
Ondas 21

Velocidade de propagação

Uma onda é um tipo de interação que se move de uma extremidade a outra em


determinado meio. A velocidade com que um objeto qualquer percorre uma
distância em determinado intervalo de tempo é definida como:

onde v representa a velocidade, d a distância e t o tempo. No caso de uma


onda, podemos considerar a distância percorrida um ciclo de onda completo
e que o período descreve o tempo necessário para que esse ciclo se complete.
Assim, é possível concluir que a velocidade de uma onda é dada por:

e, consequentemente,

v = λf

A partir dessa equação, podemos calcular a velocidade de qualquer tipo de


onda, mecânica ou eletromagnética. Para uma fonte que gere ondas constantes,
a velocidade dependerá apenas do meio pelo qual a onda se propaga; se o
meio for isotrópico, isto é, tiver as mesmas propriedades físicas em todas as
direções, a velocidade da onda é constante.
Essa equação também torna mais clara a relação entre o comprimento de
onda de uma onda e a sua frequência. Quando a frequência da frente de onda
aumenta, o comprimento de onda diminui. Assim, se você quadruplicar a
frequência de uma onda, consequentemente seu comprimento de onda cairá
a um quarto. Veja no exemplo a seguir tal característica e como as grandezas
utilizadas para definir uma onda se relacionam.
22 Ondas

Exemplo

Considere uma onda se propagando em um meio isotrópico com uma velocidade


de propagação de 0,64 m/s com as características dadas na figura a seguir.

Para as duas ondas, determine:

a) os comprimentos de onda;
b) a frequências e os períodos;
c) a velocidade da onda depois de ter percorrido 1,6 m.

Solução:

a) Lembre que o comprimento de onda de uma onda pode ser conhecido a


partir da medida da distância de dois pontos sucessivos que abranja um
ciclo completo. Para o caso da primeira onda, considerando os pontos
A e B na figura duas cristas sucessivas:

a distância entre elas é de 320 cm. Assim, λ1 = 320 cm e λ2 = 640 cm.


Ondas 23

b)  A partir da equação da velocidade de propagação de uma onda, tem-se


que:

v = λf

Para as duas ondas dadas:

v1 = λ1 f1 ⟹ 0,64 = 0,32 f1 ⇒ f1 = 2,0 Hz

v2 = λ2 f2 ⟹ 0,64 = 0,64 f2 ⇒ f2 = 1,0 Hz

Como o período é o inverso da frequência, temos:

c)  Como o meio é isotrópico, a velocidade da onda permanece constante


ao longo do tempo. Assim, após ter percorrido 1,6 m, a velocidade da
onda será de 0,64 m/s.

Reflexão e transmissão
Ao incidir sobre uma fronteira que separa duas regiões, parte da onda pode
ser refletida, refratada ou difratada.

Onda refletida

Nesse processo, a onda emitida volta a se propagar no meio de origem, man-


tendo a velocidade, a frequência e o comprimento da onda incidente.
24 Ondas

Onda refratada

A refração ocorre quando a onda muda o meio de propagação, processo em


que há alteração no comprimento de onda e velocidade, mas não da frequência,
já que depende apenas da fonte geradora.

Equação de onda
Ondas podem ser contínuas ou pulsos causados por distúrbios do meio,
os quais são únicos ou múltiplos.
Um fator importante no estudo das ondas consiste em descrevê-las mate-
maticamente. Considere que uma das suas extremidades de uma corda está
amarrada e a outra livre (como na Figura 5). Ao balançar a extremidade livre,
um pulso se move ao longo da corda. Representando as coordenadas (x, y) do
pulso: um instante em t = 0 e um instante t = t. Considerando que esse pulso
se move com velocidade constante, ou seja, mantém a sua forma ao longo do
tempo, a função que descreve o movimento da onda na corda ao longo do
tempo é dada por y = f(x) = f(x – vt), sendo v a velocidade em movimento na
+ x. Da mesma forma, podemos escrever a equação y = f(x) = f(x + vt) para
uma onda com velocidade v que se movimenta na direção –x. Essa função é a
chamada função de onda para um pulso de onda (TIPLER, 2006).

Figura 5. Exemplo de ondas com diferentes frequências


no intervalo de tempo de 1 segundo.
Ondas 25

É possível descrever também uma função para descrever ondas contínuas.


Observe a onda representada na Figura 3: nessa representação, os pontos colo-
ridos oscilam para cima e para baixo descrevendo um movimento harmônico
simples (periódico) oscilando entre ±A, com período T — trata-se de uma
onda senoidal. Considere que ela se desloca no sentindo positivo do eixo x,
com uma velocidade constante igual a λ/T. O deslocamento do primeiro ciclo
dessa onda está compreendido entre x = 0 e x = λ.
Nesse ponto, é útil lembrar que uma função senoidal é descrita em função
do ângulo θ e oscila entre ±1, repetindo-se a cada 2π radianos.
Desse modo, para escrever uma função de onda para a onda periódica,
é preciso considerar a razão entre ângulo e posição, como segue:

Isso implica que:

Assim, podemos escrever a seguinte função:

Considerando que essa onda viaja com velocidade constante e se desloca por
uma distância vt ao longo do tempo, a função de onda pode ser reescrita como:

Nessa equação, o valor é definido como número de onda e representado


pela letra k, sendo sua unidade de medida o inverso do metro, m–1. Ainda,
a frequência angular (ω) de um movimento oscilatório é definida como ,
de modo que podemos rescrever a equação da seguinte maneira (HALLIDAY,
2009):

y(x) = Asen(kx ∓ ωt)


26 Ondas

Nesse ponto, é útil derivar uma equação de movimento geral, chamada


equação de onda. Para isso, considere que a corda de massa por unidade
de comprimento (μ) — densidade linear — é esticada por uma tensão T.
O diagrama da Figura 6 mostra uma curta seção da corda, esticada na direção
do eixo x, além das forças que atuam sobre ela.

Figura 6. Segmento de corda tensionada usado para dedução da


equação da onda.

Aplicando a segunda lei de Newton na direção y, tem-se que:

Fy = may

E o somatório das forças nessa direção será:

Fy = Tsenθ2 – Tsenθ1
Ondas 27

Usando uma aproximação de ângulos pequenos, isto é, θ ≪ 1, tem-se que


sinθ = θ e cosθ = 1. Desse modo, podemos escrever a inclinação da onda em
determinado ponto x e instante de tempo t como:

Esse resultado mostra que a força total depende da diferença da inclinação


entre as duas extremidades. Para resolver a equação, é necessário tornar
conhecidas a massa e a aceleração. Como a densidade linear da corda é μ,
sua massa (m) será dada por m = μdx e a aceleração pela derivada de segunda
ordem da posição em relação ao tempo: ay = ∂2y/∂t2. Assim, a equação pode
ser rescrita como:

Rearranjando a equação, tem-se:

Esse resultado descreve a equação de onda linear, muito importante na


física. Para essa derivação, foi utilizada uma onda transversal senoidal, mas
podemos descrever qualquer onda que seja descrita pela função y(x, t) = f(x ∓ t).

Velocidade da onda em uma corda esticada

Agora, é possível verificar se a equação da onda senoidal (y(x) = Asen(kx ∓ ωt))


é uma solução para a equação de onda.
Para isso, é preciso calcular a segunda derivada parcial de y em relação a
x e a t, como a seguir:
28 Ondas

De modo similar:

Substituindo os valores das derivadas de segunda ordem na equação de


onda, temos que:

ou

Para que essa igualdade seja verdadeira, é necessário que ou


.

Como descreve a velocidade (v) de uma onda, tem-se que:

Assim, há a velocidade de uma onda em uma corda esticada e podemos


reescrever a equação da onda como:

Lembre-se de que a derivada do sen(x) = cos(x) e a derivada do cos(x) = –sen(x).


Ondas 29

3 Exemplos de ondas no cotidiano


No nosso cotidiano, existem muitos exemplos de ondas mecânicas e eletro-
magnéticas, encontradas nos mais diferentes contextos, sobretudo as ondas no
oceano, o som, as cordas de instrumentos musicais, os terremotos, as ondas
sísmicas, a onda de choque, os raios X, as micro-ondas, as ondas de rádio, etc.

Ondas na água
Ao jogar uma pedra em um lago, é possível observar a formação de ondulações
circulares na superfície do lago.

Instrumentos musicais
A corda de um instrumento musical vibra ao ser tocada e forma uma onda
estacionária por causa das extremidades fixas da corda. Na verdade, a onda
resulta da superposição de várias ondas estacionárias, pois uma corda tem
vários modos de vibração. Se um violino e um piano produzem ondas sonoras
com as mesmas amplitude e frequência, como eles soam tão diferentes? Se as
ondas são idênticas, por que os dois instrumentos não soam exatamente iguais?
A resposta reside no fato de que as ondas não são idênticas. Um instrumento
(ou uma voz humana) produz uma mistura inteira de ondas diferentes ao
mesmo tempo. Há uma onda básica com certas amplitude e afinação, chamada
fundamental, além de muitos sons agudos, nomeados harmônicos ou sobretons.
Cada harmônica tem uma frequência exatamente duas, três, quatro ou muitas
vezes superior ao fundamental. Todo instrumento produz um padrão único
de frequência e harmônica fundamentais, chamado timbre (ou qualidade do
som). Todas essas ondas se juntam para dar uma forma única à onda sonora
produzida por diferentes instrumentos, um dos motivos pelos quais soam
de modo diferente. Outra razão consiste no fato de que a amplitude das on-
das produzidas por um instrumento específico muda de uma maneira única,
à medida que os segundos passam.
30 Ondas

Som
O som é uma onda mecânica longitudinal e tridimensional, as quais ocorrem
como resultado de átomos vibrando e colidindo entre si. Essas vibrações se
dão a partir de uma fonte e viajam por toda a atmosfera, criando ondas de
energia. O som representa uma parte extremamente importante da vida na
Terra: a maioria dos animais ouve sons, o que pode sinalizar um possível
alimento, e muitas criaturas também trocam sons significativos, seja para
se comunicar com membros da mesma espécie, seja para alertar quanto a
predadores e rivais. Os seres humanos evoluíram essa capacidade para a
linguagem falada (como uma maneira de trocar informações). A frequência
de uma onda sonora determina se o som será agudo ou grave e a amplitude
influencia no volume do som, marcando, por exemplo, as diferenças entre as
vozes femininas e masculinas.

Ondas sísmicas (terremotos)


Ondas sísmicas surgem em decorrência do repentino rompimento de rochas
ou explosões na Terra, podendo ser de dois tipos principais: onda primária (P),
que pode se mover através de rochas e líquidos, viaja de maneira mais rápida
e é a primeira a ser detectada em uma estação sísmica; e onda secundária (S),
a segunda sentida em um terremoto, mais lenta e que apenas se move através
de rochas sólidas. Ondas do tipo S ajudaram na compreensão de que o núcleo
externo da Terra é um líquido. Um tipo de onda derivada de terremotos são
os tsunamis, ondas gigantes originadas pelo deslocamento de um grande
volume de água.

Corpo humano
Já sabemos que ondas eletromagnéticas são geradas por cargas elétricas em
movimento, e, como o corpo humano exerce vários processos biológicos que
envolvem o movimento de íons, naturalmente gera ondas eletromagnéticas.
Essas ondas interagem com todos os outros campos eletromagnéticos existen-
tes, como a atividade elétrica produzida em vários tipos diferentes de células,
incluindo neurônios, células endócrinas e musculares. Impulsos nervosos, por
exemplo, são sinais elétricos que criam ondas eletromagnéticas capazes de
viajar para longe do corpo. E o coração, seguido do cérebro, é o órgão que gera
o maior campo eletromagnético do corpo. Esses campos podem ser detectados
Ondas 31

em exames médicos de eletrocardiograma e eletroencefalograma, úteis para


medir a atividade do coração e do cérebro, respectivamente.

Luz
Em geral, não podemos ver as ondas eletromagnéticas, mas apenas sentir os
seus efeitos. Contudo, um bom exemplo de onda eletromagnética passível de
visualização é a luz, fundamental para diversos processos biológicos no corpo
humano e responsável pela fotossíntese, processo essencial para a manutenção
da vida na Terra. Uma propriedade importante da luz é a cor, já que, na verdade,
os objetos não têm cor, e sim apenas refletem a luz.

Comunicação
As micro-ondas são mais conhecidas por sua capacidade de cozinhar alimentos
em equipamentos que levam o mesmo nome, mas também podem ser usadas
em meios de comunicação: na verdade, elas compreendem ondas de rádio
de comprimento muito curto utilizadas para a transmissão de rádios FM
e televisão. Ainda, esse tipo de onda é utilizado para transmissão por fios
telefônicos e na tecnologia de comunicação móvel sem fio.

ARIVASM. Frente de ondas. 2013. Disponível em: https://forum.lawebdefisica.com/blogs/


arivasm/316635-. Acesso em: 08 maio 2020.
BAUER, W.; WESTFALL, G. D.; DIAS, H. Física para universitários: relatividade, oscilações,
ondas e calor. Porto Alegre: AMGH, 2013.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R; WALKER, J. Fundamentos de Física. vol. 2. Rio de Janeiro: LTC,
2009.
HEWITT, P. G. Fundamentos de física conceitual. Porto Alegre: Bookman, 2009.
KNIGHT, R. D. Física: uma abordagem estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.
(Termodinâmica Óptica, v. 2).
ONLINEMATHLEARNING. Transverse and longitudinal waves. 2020. Disponível em: ht-
tps://www.onlinemathlearning.com/transverse-longitudinal-wave.html. Acesso em:
06 maio 2020.
32 Ondas

TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2006. (Mecânica, Oscilações e Ondas, Termodinâmica, v. 1).

Leituras recomendadas
IFSC-USP. A física nos instrumentos musicais. 2015. Disponível em: https://www2.ifsc.usp.
br/portal-ifsc/a-fisica-nos-instrumentos-musicais/. Acesso em: 06 maio 2020.
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica. 5. ed. São Paulo: Blucher, 2013. (Fluidos,
Oscilações e Ondas, Calor, v. 2).
YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física II: termodinâmica e ondas. 14. ed. São Paulo:
Pearson, 2016.

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.

Você também pode gostar