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Aviso de gatilho:

Se você está procurando uma história de amor, não é isso, porque


Addison é arrastada pelo Inferno e volta. Apesar de tudo que ela passou,
ela tem um final feliz.
Por favor, NÃO desconsidere este aviso. Este livro é rotulado como
'DARK' por uma razão, ele tem representações gráficas de temas que
alguns podem achar GATILHO, como abuso, inclusive, mas não
limitado a: estupro, tortura, abuso físico, emocional e de drogas e
automutilação.
Há também cenas de estupro/incesto brutal!
Linguagem explícita é escrita ao longo do livro.
Portanto, se você é sensível a esse uso de palavras, NÃO
LEIA!!!! Devido à natureza violenta, temas sexuais e representações
gráficas detalhadas de certas cenas, é recomendado para leitores
maiores de 18 anos que NÃO são sensíveis a esse tipo de
material.
Este é o seu último AVISO. Prossiga por sua conta e
risco!
Se você é como eu e ama o DARK tanto quanto eu, espero que
goste!
Xoxo, Nikita
PS: Se me conhece NA VIDA REAL ou é RELACIONADO
comigo de alguma forma... DESISTA AGORA!!! NÃO ESTOU
BRINCANDO!!! ESTE LIVRO ESTÁ CHEIO DE GATILHOS QUE
SEI QUE VOCÊ NÃO SERÁ CAPAZ DE LER!
Se você acha que pode lidar com isso, mergulhe direto no fundo do
poço e prepare-se para um passeio SELVAGEM!
COM AMOR, NIKITA.
Este é para qualquer pessoa que já sentiu que não
pertencia, não importa onde estivesse.
Algum dia, espero que você finalmente encontre seu lar e
que seja tudo o que você esperou durante toda a sua vida...

Xoxo, Nikita
I Feel Like I’m drowning’ - Two Feet

‘In the End’ - Tommee Profitt

‘Panic room’ - Au/ Ra

‘Habits (Stay High)’ - Tove Lo

‘Love the Way You Lie’ - Eminem & Rihanna

‘Grace’ - Rachel Platten

‘Broken’ - Isak Danielson

‘Hurts like Hell’ - Fleurie

‘Pray for Me’ - The Weeknd & Kendrick Lamar

‘The Wolves’ - Cyrus Reynolds & Keeley Bumford

‘Gods and Monsters’ - Lana Del Rey

‘Born to Die’ - Lana Del Rey

‘Dark Paradise’ - Lana Del Rey

‘Bare’ - Wildes

‘Numb’ - Linkin Park

‘Too Far Gone’ - Hidden Citizens

‘Glass House’ - MGK ft Naomi Wild

‘Bruises’ - Lewis Capaldi

‘Touch’ - Sleeping at Last

‘Battlefield’ - SVRCINA
"Ah, baby, você é tão boa!" ele diz, enquanto me penetra e sai de
dentro de mim. Tento escapar em minha mente porque
meu corpo inteiro está com dor, embora isso não seja
nada novo. Minha vida é um ciclo eterno de dor e agonia é
a única coisa que conheci nos últimos anos.
Eles me mostraram uma crueldade como eu nunca tinha
conhecido antes, e nunca tive tempo de me curar antes de ter que
enfrentá-los novamente. Sinto uma pontada aguda no rosto quando
meu cérebro registra que acabei de levar um tapa.
Ele deve ter percebido que eu estava me afastando,
tentando entrar na minha cabeça, e esta é sua maneira de
trazer minha atenção de volta para ele e para o que ele está fazendo
com meu corpo. Ele sempre percebe quando não estou totalmente aqui e
eu o odeio por ser capaz de me ler, especialmente quando não quero
que ele faça isso. Eu acho que ele não é tão estúpido quanto parece.
"Queria você há tanto tempo, baby", ele me diz. Franzo meu
nariz para ele. Mesmo que eu odeie isso e saiba que é errado em
tantos níveis, tem acontecido por muito tempo agora, sempre que
eu fico molhada, me horroriza infinitamente.
Nunca me senti tão nojenta como agora. Eu me sinto tão
envergonhada de me molhar quando sei que não deveria e quando sei
que é errado. Como minha vida ficou assim? Eu deveria ter fugido
quando tive a chance...

— Com licença, senhorita? – Sou tirada dos meus pensamentos


quando o cliente na minha frente tenta chamar minha atenção.
— Sinto muito, o que você quer?
— Apenas um grande café preto. Obrigado. – Eu anoto seu pedido e
um minuto depois, quando está pronto, eu entrego a ele.
Odeio quando tenho flashbacks de uma época que preferia não
lembrar. Eles sempre acontecem nos momentos mais
inconvenientes. Suspirando, eu apenas volto ao trabalho e
empurro esses pensamentos para o fundo da minha mente.
Acordei esta manhã com uma sensação de mal estar no
estômago de que algo ruim estava para acontecer. Não posso explicar
o que desencadeou esse sentimento, mas todas as vezes que já me senti
assim antes, meu instinto nunca esteve errado.
Minha mente esteve em um estado de caos nas últimas
duas semanas. Ainda não sei o que aconteceu há duas
semanas e como acabei aonde cheguei. A visão para a qual
acordei ficará gravada na minha memória pelo resto da minha vida.
Cada vez que penso no que estava diante dos meus olhos, tenho vontade
de vomitar.
Quem poderia ter feito tal coisa? Eu sei que todos os sinais apontam
para mim, mas no fundo, sei que não foi. Eu sou uma pessoa tão ruim
porque, nas últimas duas semanas, tive que olhar para minha
melhor amiga e agir como se não tivesse ideia e como se fosse
um choque para mim também com tudo o que aconteceu.
Odeio mentir para Mia, mas se ela souber a verdade, provavelmente
vai me odiar. E se ela nem acreditar que não fui eu? O que vou fazer
então? Não, eu não posso dizer a ela ainda, porque não tenho ideia de
qual é a verdade agora. A única pessoa que tem essa informação é a
pessoa que deixou o bilhete para mim.
O bilhete dizia que no devido tempo eu saberia quem era, então a
partir de agora, eles são apenas uma entidade anônima, uma que eu não
tenho ideia de como encontrar ou onde procurar.
Porra! Está tudo uma bagunça! Tento pensar em quem no meu
passado viria atrás de mim agora e não deu em nada. Como é que o
Nicco entrou na equação?
Essa é a parte que está me atormentado. O que eles
queriam com Nicco? Não tenho certeza de qual é a
conexão dele com qualquer coisa ou se há uma conexão.
Sinto isso em minha alma, como ácido queimando em minhas
veias que o tempo está se esgotando. Não sei o que vai acontecer
quando meu tempo acabar, mas sei que não será bom.
Nicco vem de uma família rica e pelo que sei sobre os ricos
aqui, é que eles cuidam de si mesmos e se você foder com um
deles, então você fode com todos eles. Enquanto a maioria das
famílias se preocupa com seus filhos, a minha ficou feliz em
me vender pelo lance mais alto.
Sei que a família de Nicco irá procurar por justiça e não deixarão
pedra sobre pedra ao descobrir o que aconteceu naquela noite.
Tenho tentado descobrir como obter respostas para resolver o
quebra-cabeça sozinha, mas tem sido difícil e nem sei por onde começar.
Não estou preparada para coisas assim. O que faço e a quem devo
recorrer para obter ajuda?
Você pensaria que com base no meu histórico, eu estaria preparada
para lidar com situações como esta... mas, bem, você está errada. Eu
literalmente não sei o que estou fazendo.
Eu só queria poder fazer uma pausa e que o universo parasse de me
mostrar o dedo médio.
Olho para o relógio e vejo que está quase na hora de sair do trabalho
e estou quase pronta para ir para casa e colocar meu cérebro em modo de
descanso antes de me enlouquecer com todas essas teorias que só me
levam a becos sem saída. Estou pronta para voltar para casa, então posso
espairecer um pouco.
Não consegui me concentrar na escola porque minha
mente estava muito preocupada com todo o resto. Já estou
falhando na nova vida que queria construir para mim.
Eu deveria ter pegado um táxi para casa porque está ventando hoje
à noite, mas não o fiz. Então, continuo andando e puxo minha
jaqueta em volta de mim com mais força. As ruas estão
estranhamente silenciosas esta noite, e aquela sensação de
pavor se apodera de mim novamente. Não consigo me livrar
disso. Olho por cima do ombro constantemente, apenas
esperando o pior.
Vejo a nossa rua à frente e meu ritmo cardíaco acalma um pouco,
porque nada de ruim acontece a ninguém a alguns metros de distância de
suas casas, certo? Finalmente chego à porta da frente e rapidamente abro
a fechadura. De pé no hall de entrada, vejo que ninguém está em casa
ainda. Ligo o interruptor e nada acontece. Continuo ligando e ainda
nada.
Sentindo-me descontente, caminho mais para dentro da casa e vou
para a sala para tentar o interruptor lá. Este dá no mesmo. Acho que a
energia... não, não é a energia, porque a luz das outras casas em nossa
rua estavam acesas enquanto eu estava voltando para casa.
— Não perca o seu tempo. – diz uma voz masculina grossa na
escuridão. Paraliso instantaneamente porque aquela voz soa ameaçadora
e arrepios percorrem meu corpo, e também não é do tipo "ele parece tão
gostoso".
Eu rapidamente me viro e deixo cair minha bolsa. Olho para ver de
onde vem a voz. Meus olhos mal se adaptaram à iluminação fraca da
sala, mas posso ver um homem sentado na cadeira que colocamos contra
a janela.
A pequena luz da lua que entra pelas cortinas abertas
ilumina suas feições e posso distinguir alguns ombros
largos que facilmente se destacam. Parece que ele poderia
me comer no café da manhã com base no tamanho desse
homem. Ele provavelmente está tomando esteroides ou algo assim
para parecer tão grande.
Ele mal consegue caber na pequena cadeira em que está. Por
que ele se sentou lá quando Mia tem tantas cadeiras nesta sala
de estar me surpreende.
Ele olha para mim e posso sentir pequenos calafrios me
invadindo quando ele abre a boca novamente. — Olá, Addison…
Deixei a água escaldante escorrer pelo meu corpo cansado.
Estou cansada até os ossos e a escola ainda nem começou.
Graças a Deus, tenho esse final de semana de folga, o que é
raro, então com certeza estou aproveitando e não fazendo
absolutamente nada.
Deixei a água cair na minha pele, demorando alguns minutos extras
no chuveiro antes de sair. Entro no meu quarto e me seco antes de
colocar meu short de dormir e regata e ir para a cama.
Alguns minutos depois, ouço o som de passos na escada e então
a porta do meu quarto se abre, batendo na parede com um baque
retumbante, que me faz estremecer.
— Por que você está deprimida? – Mia pergunta enquanto entra no
meu quarto. Pulando na cama ao meu lado, ela traz a cabeça e a deita no
meu abdômen, olhando para o teto também.
— Eu não estou deprimida. O trabalho foi uma loucura esta semana.
Só estou cansada. – digo a ela.
Olho para ela deitada em mim e ela vira a cabeça e sorri para mim.
Não gosto desse olhar. Geralmente significa problemas, o que significa
que o que quer que saia da boca dela, provavelmente não vou gostar.
— Você está de folga neste fim de semana, certo? – ela me dá seu
melhor sorriso de aparência inocente, o que não me engana. Posso ver
através dela. Acho que essa é uma vantagem de ter uma melhor amiga.
Você sabe tudo sobre elas, incluindo seus humores e o significado de
cada expressão facial.
Hesitante, eu aceno com a cabeça e ela grita. — OK!
Nós vamos a uma boate hoje à noite!
Suspiro. — Como você não entende o conceito de "estou cansada
e preciso descansar"?
— Posso ter parado de prestar atenção quando você começou
a falar e soar como uma avó. – ela brinca. — Quero dizer,
apenas as avós dizem a melhor amiga que precisam descansar
e perder uma noite de balada, certo?
Eu apenas reviro os olhos para ela. — Por que eu tolero você?
— Porque você me ama e não saberia o que fazer se não me tivesse
por perto. – ela brinca.
Bem, não posso discordar dessa lógica, embora ela me mantenha
sã metade do tempo e me deixe louca na outra metade. Ela é uma
dádiva de Deus para minha vida, e o universo finalmente fez uma
coisa certa quando a trouxe até mim.
— Bem, acalme-se, docinho, porque esta noite, vamos para o clube!
Temos que começar bem o semestre. Quem começa um novo semestre
sem ir a um clube?
— Humm, todo mundo que não é rico como você, inclusive eu.
Definitivamente os nerds e, ah, não vamos esquecer o resto das pessoas
normais.
— Espertinha! – ela diz, jogando o travesseiro na minha cara. —
Estamos saindo às dez e antes mesmo de você perguntar, não, você não
tem escolha.
Suspiro, pelo menos tenho cinco horas para mim. Caso alguém
esteja se perguntando, não estou feliz com isso.
— Tudo bem, eu irei com você esta noite.
— Veja, esta é a razão pela qual você é minha melhor
amiga em todo o mundo. – ela grita.
— Sou praticamente sua única amiga. – digo a ela. Não
estou me gabando nem nada, mas estou. Ela tem conhecidos em vez de
amigos e é porque ela é diferente em relação a eles. Ela é uma das
pessoas mais realistas que já conheci. Não sou eu que estou
julgando porque já estive com eles antes e vi como eles podem
ser esnobes.
Garotos ricos sabem como dar festas incríveis, porque já
fomos a clubes sofisticados alugados por pessoas, festas em iates e
houve até uma ilha particular uma vez. Essa era a melhor porque a ilha
tinha uma enorme mansão, cercada pelo lindo oceano.
Foi a primeira vez que percebi o quanto amo o oceano, porque ele
acalmou todos os pensamentos que ferviam dentro da minha cabeça.
Quando você está tentando manter a cabeça acima da água apenas para
sobreviver, fica difícil e às vezes você só precisa de algo pequeno para
mantê-la com os pés no chão.
Perdi muitas coisas quando era mais jovem, coisas que nunca
poderei recuperar, mas agora tento viver com o fato de que não posso
mudar o passado.
— Ok, ok, vá! Sei que você precisa de dez horas para se preparar,
então vá começar e eu vou tirar uma soneca enquanto isso. Ela sai do
meu quarto enquanto fico lá tentando dormir um pouco. Isso não vem
facilmente porque nunca vem para mim.
Eventualmente, adormeço e exatamente às nove, meu alarme
dispara, me acordando de meu sono inquieto. Gemo, porque realmente
não queria sair hoje à noite, mas se eu não sair, Mia vai
dar cabo de mim. Levanto da cama e me visto.
Adoro a privacidade de ter um banheiro só para mim
porque houve um tempo em que não tinha essas coisas.
Agora, eu nunca tomo as pequenas coisas como garantidas, não que eu
já tenha feito antes, mas na época, eu não sabia que elas seriam
arrancadas de mim.
Já se passaram quase quatro anos desde que estou livre,
mas às vezes não consigo me livrar da sensação de que estou
sendo observada. Os cabelos da minha nuca se arrepiariam,
mas não vejo nada fora do lugar.
Sinto que estou ficando louca por ser tão paranoica. O que fiz está
me afetando mais do que pensei, porque é difícil tirar a cabeça das
coisas terríveis que você fez. Tudo o que aconteceu na última noite em
que vi meus pais está gravado em minha mente, e toda vez que fecho
meus olhos, está lá, me assombrando. Achei que fazer o que fiz me traria
paz, mas tudo o que fiz foi me empurrar ainda mais para o inferno em
que vivo diariamente.
— Vamos, Addison. – Mia grita enquanto entra no meu quarto. Meu
queixo cai, ela já está vestida, o que é surpreendente porque geralmente
sou eu quem acaba vestida e esperando por ela. Ela olha para a minha
expressão atordoada e ri.
— Esse olhar em seu rosto fez valer a pena ter se vestido antes de
você esta noite. – ela diz com uma expressão presunçosa no rosto.
Mia está de branco esta noite. Jeans skinny branco com espartilho
de renda branca com alças finas. Sua roupa é muito justa em seu corpo,
não deixando nada para a imaginação, mas minha melhor amiga está
linda como sempre.
Ela combinou sua roupa com um Louboutin nude com
sola vermelha. Ela tem o seu cabelo ruivo encaracolado
indomável alisado com perfeição e sua maquiagem é
impecável. Ela estava com olhos esfumados e lábios nude.
Mia sempre parece arrumada e impecável. Acho que sou a única
que já a viu de moletom. Acho que ela está querendo superar
esta noite.
— Sim, sim, tanto faz! Esta é apenas a primeira vez para
você e você sabe disso, então pode apostar que estou chocada!
– eu paro por um segundo. — Hum, Mia?
— Sim.
— Pisque uma vez se um alienígena assumir o controle do seu
corpo.
— Você é uma vadia! – ela bufa antes de uma risada escapar
e então eu me junto rindo também.
— Tudo bem, só preciso de mais alguns minutos e então estarei
pronta.
— Sim, bem, alguns minutos nos atrasarão pra caramba! – Mia
suspira dramaticamente enquanto se joga na minha cama. Dou os
retoques finais no meu cabelo e estou pronta para ir.
— Tudo bem! Tudo bem! Estou pronta, vamos!
Mia me dá uma olhada certificando-se de que tudo está pronto para
mim e assobia. — Droga, garota, você está gostosa!
— Obrigada. – digo a ela. Verdade seja dita, não está nem perto do
nível dela. Seus pais são designers de moda, então ela escolhe todos os
estilos mais recentes.
Os pais dela compraram este lugar para ela e, como
nos demos bem e eu ainda não tinha um lugar para ficar,
ela me ofereceu seu quarto vago. Dizer que me surpreendeu
completamente com sua gentileza seria um eufemismo. Eu
não estava exatamente acostumada com as pessoas sendo gentis
comigo, exceto Julia, de quem sinto muita falta todos os dias.
— Terra para Addison. – Mia grita para mim.
— Desculpe, só me perdi em meus pensamentos por um
minuto.
— Você nunca vai me contar sobre o seu passado? Tudo
o que sei é que algo terrível aconteceu com você. – Desvio o olhar com
culpa porque não fui tão direta com ela quanto ela foi comigo.
— Sinto muito, Mia. Não estou pronta ainda. – Essa é a desculpa
que dou a ela toda vez que pergunta. Meu passado é muito sombrio e
horrível, e verdade seja dita, talvez nunca conte a ela sobre todas as
coisas que aconteceram comigo ou as coisas que fiz. Não quero
que ela olhe para mim de forma diferente. Ela é a primeira e
única amiga que já tive, e não quero que algo tão terrível quanto o que
fiz no passado nos separe.
Também não quero que ela me olhe com pena. Essa é a primeira
coisa que as pessoas fazem quando ouvem que você teve uma vida
difícil, especialmente se envolve abuso. Não quero que ninguém olhe
para mim assim porque escavei meu caminho para fora daquele buraco
do Inferno e tenho lentamente tentado manter minha cabeça acima da
água desde então.
A primeira coisa que fiz depois de deixar aquele lugar para trás foi
obter meu diploma antes de me inscrever na NYU. Fiquei tão feliz
quando fui aceita que chorei por horas naquele dia. Eles me impediram
de ir à escola quando tinha quatorze anos porque meu pai me viu
conversando com um garoto da minha classe. Eu tinha
uma queda por ele e essa foi a primeira vez que ele falou
comigo. No entanto, foi o dia em que as coisas mudaram
na minha vida e nada mais foi o mesmo.
Frequentar a faculdade foi minha maneira de provar a mim
mesma que poderia me tornar mais do que meus pais pensavam que eu
seria. Eles queriam me manter trancada naquela casa para servir aos
seus desejos doentios. Nunca experimentei a vida como uma
criança normal faria.
Tentar construir uma vida para mim também é uma
maneira de colocá-los no Inferno, e rezo a Deus para que seja
onde eles foram parar. Todos eles.
Não vou nem mentir e dizer que tem sido fácil, porque essa jornada
tem sido muito difícil. Mas ainda continuo todos os dias porque sei que
um dia vou superar meu passado e me tornar a pessoa que sempre quis
ser. Quem quer que seja... embora, espero que seja alguém cheio de
nada além de bondade.
Quero ajudar outras pessoas na mesma situação que eu. Talvez
assim sinta que não falta uma parte da minha alma.
— Não se preocupe, um dia vou tirar isso de você. – ela sorri para
mim. — Ok, deixe-me dar outra olhada em sua roupa antes de sairmos. –
Feliz pela mudança de assunto, eu me viro para que ela possa dar outra
olhada na minha roupa.
Hoje à noite, estou de jeans skinny preto com aberturas nos joelhos,
top cropped preto que deixa um pouco da barriga à mostra e jaqueta de
couro preta que completa o look. Não esquecendo minha calça vermelha
escura.
Optei por uma maquiagem natural leve com lábios vermelhos. Há
algo nos lábios vermelhos que faz você se sentir ousada e poderosa. Meu
cabelo preto também é liso, mas o meu é naturalmente
liso como uma tábua.
Nós duas posamos na frente do meu espelho de corpo
inteiro e tiramos um monte de selfies juntas. Mia tira tipo um
milhão e uma antes de sairmos de casa sempre que saímos. Nós duas
parecemos tão diferentes e a melhor descrição que provavelmente se
encaixa é que ela é a luz da minha escuridão ou o anjo do meu
demônio.
— Venha, vamos já! Vamos nos atrasar. – ela reclama e
eu reviro os olhos porque foi ela quem insistiu para que
tirássemos tantas selfies, que ela vai deletar metade amanhã.
— Hummm, não sou eu que preciso tirar um bilhão de selfies. –
digo a ela enquanto rio de suas travessuras. — Venha, vamos lá,
resmungona.
Pego meu celular, verifico a hora e vejo que são apenas dez e
meia. Pego minha bolsa e me certifico de que tenho minha
identidade, algum dinheiro e meu cartão caso precise, e então
saio do meu quarto com Mia seguindo atrás.
— Só para você saber, você nunca pode se atrasar para um clube! É
um clube, pelo amor de Deus! Quanto mais tarde chegar lá, melhor. Não
existe uma regra ou um guia ou alguma merda que diga que todos os
caras extras gostosos chegam atrasados aos clubes? E você não quer um
desses para ficar esta noite? – eu levanto uma sobrancelha para ela.
— Entendi. Embora não ache que sua explicação tenha feito
sentido! Infelizmente, não existe um guia para adultos e você só precisa
fazer o que sempre faço… Improvisamos! – ela diz, rindo enquanto
caminhamos para fora.
— Bem, são os caras gostosos que chegam tarde, ou são os
malucos.
— Acho que vamos descobrir hoje à noite. – ela diz,
movendo as sobrancelhas.
Nem acredito que as aulas começam na segunda-feira.
Parece que pisquei e o verão acabou. Agora que já estou vestida, vou
aproveitar ao máximo esta noite.
Entre o trabalho e minha mente contra mim, perdi toda a
noção de tempo neste verão. Tentar superar os demônios que
nunca querem sair é um trabalho árduo e desgastante.
Tenho que me lembrar do por que preciso seguir em
frente na maioria dos dias, porque, se não o fizer, o passado vai me
consumir e isso significaria que eles venceriam. Enquanto viver, nunca
os deixarei vencer. Algum dia, quero relembrar minhas lutas e dizer que
finalmente consegui.
Mia nunca saberá disso, mas ela praticamente salvou minha vida
quando se ofereceu para me deixar ficar aqui com ela. Provavelmente
acha que não foi grande coisa, mas não sabe o quanto isso significou e
continuará a significar para mim.
Apenas rezo para que nada aconteça com ela e que um dia ela
encontre tudo o que deseja na vida. Mia não me deixa pagar aluguel,
então isso tem tirado um peso enorme dos meus ombros.
No dia em que nos conhecemos, foi apenas cerca de um mês depois
que me mudei para Nova York. Esbarrei nela no prédio administrativo
enquanto tentava pegar minha agenda e acabei derramando todo o café
gelado nela. Pedi desculpas a ela e me ofereci para comprar outro, mas
ela disse que estava tudo bem.
Surtei pensando que ela iria me bater por derramar sua bebida nela,
mas ela foi legal com toda a situação. Ajustar-me à vida
fora do único lugar que eu conhecia como lar foi difícil, e
demorei um pouco para perceber que nem todo mundo com
quem eu entrava em contato queria me machucar.
Mesmo sabendo que ainda era difícil quando minha configuração
padrão de reflexo era ter medo de tudo e de todos.
Depois de ver meu surto, ela me convidou para ir à casa
dela e conversamos. Nesse curto espaço de tempo, pude saber
muito sobre ela. Apenas contei a ela o mínimo sobre mim,
mas de alguma forma nós nos demos bem. Ela me ofereceu
seu quarto em um teste, e desde então somos melhores amigas.
Não sei por que ela confiou em uma completa estranha que ela nem
conhecia e que acabara de conhecer uma hora antes, mas agradeço por
ela ter se arriscado comigo. Gosto de pensar que o destino, se é que tal
coisa existe, a colocou em meu caminho. Não sei o que teria
acontecido sem ela.
A amizade dela realmente fez a diferença e tornou minha transição
para a NYU mais fácil do que teria sido se eu tivesse que fazer isso
sozinha, especialmente sendo nova na cidade também.
Eu me viro para Mia. — Por que preciso ir hoje à noite? Você é
quem está procurando transar. Eu não!
Ela ri. — Você estará lá para dar apoio moral e é tarde demais para
desistir agora.
Reviro os olhos para ela. — Realmente não é tarde demais para
desistir porque, como você pode ver, ainda estamos na frente da casa. –
eu falo inexpressiva.
— Além disso, você nem precisa de apoio moral para merda
nenhuma. Você está em um nível por conta própria,
baby! – Mia é uma ruiva esbelta com olhos verdes jade
que têm um tom de avelã que os destaca. Com 1,57m, ela é
baixa com o temperamento forte de uma ruiva e
definitivamente do tipo extrovertida, enquanto tenho longos
cabelos pretos e olhos cinza, magra e com 1,70m.
Sim, odeio ser alta. A maioria dos caras que vi por aqui são
mais baixos do que eu. Ai credo! Sem ofensa com os baixinhos,
mas simplesmente não é a minha praia. Os poucos altos que
encontrei são o que nós, mulheres, gostamos de chamar de
"garotinhos".
Como eles pensam porque são altos, eles são um presente de Deus
para as mulheres? A atitude "eu sou tudo isso" só funciona se você tiver
um pau grande. Mas mesmo com um pau grande, metade deles nem
consegue usar essa merda direito.
Qual é mesmo o ponto? Tenho sido muito infeliz por ter
chamado a atenção de alguns idiotas ricos pretensiosos que são
classificados como o tipo filho da puta, e eles eram idiotas
sádicos, e seus joguinhos? Patético!
Não me interessei remotamente por garotos desde que vim para
Nova York. Tudo em que preciso me concentrar é obter esse diploma e
criar uma vida melhor para mim. Mia pega seu celular para pegar um
Uber.
Nós duas estaremos bebendo esta noite, então não há necessidade de
dirigir. É hora de relaxar esta noite e mal posso esperar para começar
esta festa. Seu aplicativo Uber diz que nossa carona chegará em 20
minutos, então voltamos para sentar na varanda e esperar.
A casa em que moramos tem dois andares, com três quartos no
último andar. Mia transformou o terceiro quarto em um enorme closet
para suas coisas, além do closet que ela tem em seu próprio quarto estar
lotado ao máximo. Como uma garotinha precisa de tanta
coisa, eu nunca vou saber.
O andar de baixo da casa tem nossa cozinha, sala e
lavanderia. Não é grande demais para parecer extravagante,
mas também não é pequena demais para parecer surrada. Temos uma
quantidade razoável de espaço e reformamos meu quarto para ter seu
próprio banheiro e chuveiro lá.
Decoramos nossa varanda com alguns móveis de jardim.
Às vezes, nós duas gostamos de sentar aqui. Embora não haja
muito para ver, aqui é tranquilo, especialmente no início da
manhã. Sempre que não temos uma manhã movimentada, gostamos de
sair para tomar café da manhã, se não estiver frio.
Nós duas nos sentamos nas cadeiras. — Estou tão animada que este
é nosso último ano aqui na NYU. – ela me diz.
— Eu também. Só preciso que o estresse da faculdade acabe para
que possa começar a fazer a diferença no mundo e fazer algo de
bom.
— Não importa o que você pensa sobre si mesma, você já é uma
boa pessoa.
Sorrio para ela enquanto ficamos em silêncio porque ela não sabe
quem eu realmente sou. Isso não quer dizer que minha persona cotidiana
seja falsa, na verdade sou eu, mas ela não sabe as coisas que tive que
fazer para me tornar essa versão de mim mesma. Mia é a única pessoa
que pode levantar meu espírito sempre que sinto que não estou fazendo
o bastante.
Vinte minutos depois, vemos o Uber parar na frente de casa,
descemos as escadas da varanda e partimos, prontas para uma noite de
diversão.
Vinte minutos depois, paramos no Raine, um dos clubes
mais badalados de Manhattan. É exclusivo e atende
principalmente aos ricos e famosos. Acho que não devo esperar nada
menos com Mia. O carro para em frente ao clube e nós duas
descemos.
Este lugar é tão popular que sempre há uma fila. Mia
apenas caminha até as portas sem entrar na fila, me puxando
junto com ela. Aparentemente, ela vem muito aqui porque é
cumprimentada pelo primeiro nome.
— Quantas vezes preciso dizer a você, Blake, é Mia... você sabe,
M.I.A, Mia. – ela soletra seu nome e não posso deixar de rir dela. Ela
absolutamente odeia quando alguém a chama pelo nome completo. Ela
prefere ser chamada de Mia, diz que Amelia a faz parecer muito
crescida e prefere viver na ilusão de que ainda não é adulta.
Blake não parece muito mais velho do que nós, e ele parece estar
ostentando um tanquinho sob aquele terno. Além disso, ele é fofo,
definitivamente está na minha lista de filhos da puta. Qualquer um que
trabalhe aqui deve ter boceta ilimitada só porque é gostoso. Onde diabos
estão encontrando esses caras, porque sempre que estou na rua, nunca
vejo ninguém tão gostoso! E eu provavelmente deveria me esforçar para
não chamar todo cara que vejo de filho da puta.
Ele apenas revira os olhos para ela e depois puxa a corda, deixando
nós duas entrarmos. Mia mostra a língua para ele enquanto passamos.
Eu a arrasto comigo para dentro e para longe da porta para que ela não
cause mais problemas. Se eu deixá-la sozinha por muito tempo, não há
como dizer o que pode acontecer.
Cutuquei Mia quando entramos. — Ele é fofo. Além
disso, ele estava olhando totalmente e flertando com
você, Amelia. – eu enfatizo o nome dela com uma
risadinha.
— Você sabe que não consigo me lembrar da última vez que ouvi
alguém chamá-la pelo seu nome completo. – Ela apenas revira os olhos
para mim e mostra o dedo médio.
— Venha, vamos. – ela diz, me arrastando com ela para os
elevadores. Nós duas entramos e ela aperta o botão do décimo
nono andar, onde fica a entrada do clube. Este edifício tem
vinte andares; e eles usam os andares dezoito a vinte apenas
para o clube. Eu me pergunto por que o elevador nos leva ao décimo
nono andar em vez do décimo oitavo.
Estou super empolgada agora para ver do que se trata todo esse
alvoroço. Quer dizer, todo mundo já ouviu falar desse clube desde que
foi inaugurado, há cerca de um ano.
Algum novo figurão apareceu e abriu esse bebê. E se os
rumores de que Mia está me alimentando são verdadeiros, o
dono deste lugar é o chefe de alguma família mafiosa, mas não me
lembro do nome ou de qualquer outra coisa que ela disse. Sim, eu estava
empenhada em ouvir suas fofocas.
Não tenho certeza se alguém acredita nesse monte de besteira ou
não, mas talvez seja a intriga que faz as pessoas esperarem eternamente
na fila apenas para entrar. Acho que as pessoas só vêm aqui para dar
uma olhada nele, mas supostamente, ele quase nunca está aqui.
Os andares dois a dezessete são quartos de hotel. Ah, sim, posso ter
esquecido de mencionar que o Raine também é um hotel exclusivo. O
primeiro andar serve como saguão, balcão de check-in, academia,
restaurante e tudo o mais que os hotéis caros têm.
Você provavelmente está pensando consigo mesmo, para alguém
que nunca esteve aqui antes, ela com certeza tem muitas
informações sobre este lugar. Bem, senhoras e senhores,
se houver algum senhor aqui, todos podem agradecer a Mia
por essa informação.
Provavelmente tem algo a ver com os rumores sobre o misterioso
proprietário que fez Mia ficar toda nerd tentando descobrir o máximo
de informações possível sobre este lugar.
— Ei, como é que não tivemos que esperar na fila? –
pergunto a Mia enquanto observamos os botões do elevador
subirem ainda mais.
— Sou um cartão de sócio daqui. – Confie nela para ser membro de
um lugar tão exclusivo. Eu não sabia que Mia vinha aqui com tanta
frequência que precisaria de um cartão de sócio. Mas, novamente, estive
ausente por um tempo porque tenho trabalhado muito. Sinto-me culpada
e tomo nota para ficar de olho na minha melhor amiga.
O elevador finalmente chega ao décimo nono andar e nós
duas descemos. Enquanto entramos no clube, meus olhos
praticamente saltam da minha cabeça e fico sem palavras com o quanto
incrível é a visão diante de mim. O designer de interiores deste lugar,
sem dúvida, se esforçou ao máximo na hora de decorar. Acho que nunca
vi um lugar tão bonito como esse na minha vida. O puro luxo deste
espaço é surpreendente.
Eles fizeram todo o teto ao longo do primeiro andar do clube com
vidro e algumas enormes luzes circulares coloridas penduradas a cerca
de um ou dois metros no teto. Este é definitivamente um giro novo e
mais expansivo em uma bola de discoteca. Logo à frente, toda a parede
da boate é de vidro, o que dá uma visão perfeita do horizonte de Nova
York. Essa é uma vista incrível. Ao longo do vidro estão algumas
palmeiras dispostas estrategicamente para dar um ar arejado ao local.
O bar fica do lado direito deste andar, que é enorme,
e está completamente lotado agora. Banquinhos revestem
todo o bar. Tem um toque elegante e sofisticado. Há uma
parede de vidro atrás do bar e as prateleiras são abastecidas
apenas com bebidas caras.
No meio da sala há um enorme círculo com trilhos que o cercam
com um lance de escadas que levam para baixo. Ando até os trilhos
e olho para baixo, vendo que é onde fica a pista de dança. Deve
ser lá que fica o décimo oitavo andar, já que o elevador leva
você até o décimo nono andar.
Esse andar também não carece de decoração cara e está
cheio de corpos bêbados e se contorcendo próximos uns dos outros.
Todo mundo está se divertindo e toda a vibração do lugar melhora
instantaneamente o seu humor.
O andar em que estamos tem mesas e cadeiras altas e algumas
cabines espalhadas por toda a sala. Existem até algumas mesas ao
redor dos trilhos acima da pista de dança.
Este clube tem tudo que você precisa para se divertir, e acho que
essa é uma das muitas razões pelas quais é tão popular. Eu me pergunto
se eles também têm drogas aqui? Quero dizer, como parte da máfia, eles
deveriam, certo? Não é essa a principal fonte de renda para eles? E lá
vou eu com a imaginação hiperativa novamente.
No lado esquerdo da sala há dois lances de escadas. Um lance leva
ao ar livre para o espaço aberto na cobertura para as pessoas que amam a
emoção de estar do lado de fora no décimo nono andar. Há um pequeno
bar lá fora também, com algumas cadeiras confortáveis. Há luzes
penduradas acima, enroladas nos trilhos. O espaço lá fora parece chique
e ao mesmo tempo confortável, como alguém decoraria seu quintal para
aquelas noites de verão que você passa em casa em vez de sair.
No outro extremo desse andar, há outro pequeno
lance de escadas que leva ao segundo espaço na
cobertura, que é semelhante ao primeiro. Está cheio de
gente rindo e se divertindo.
O outro lance de escadas ao lado dos que levam ao telhado é o
que suponho ser os que sobem para a área VIP. Estou certa porque Mia
pega minha mão e me leva até aquela escada. No final dessas
escadas, há dois seguranças parados, parecendo estoicos como
sempre. Esses caras precisam relaxar um pouco pelo que
parece ou podem apenas precisar transar.
Caramba! Se Mia ouvisse essa linha de raciocínio, ela me
diria que eu deveria seguir meu conselho porque tinha o mesmo
problema.
— Nomes? – Um segurança pergunta quando nos aproximamos.
— Amelia Du Pont e minha convidada, Addison Montgomery. –
ela diz ao cara. Ele pega seu iPad para ver os nomes em sua lista. Ele
acena com a cabeça e então se afasta para que nós duas possamos deixar
passar.
Subimos as escadas e quando chegamos ao topo, meu queixo cai.
Uau!! Se eu achei os dois primeiros andares incríveis, eles não têm nada
na seção VIP aqui. É ainda mais sofisticado e luxuoso do que os andares
inferiores.
Cada seção tem um tecido transparente pendurado do teto ao chão, o
que lhe dá privacidade. Tetos de vidro estão aqui em cima, junto com
lustres pendurados em cada seção, o que dá uma claridade suave a cada
espaço. Há algumas mesas brancas baixas que têm luzes suaves de néon
brilhando nelas. Tapetes cobrem o chão aqui, e cada seção é fechada
com cordas para ajudar a manter sua privacidade.
Há uma pista de dança muito menor aqui e um bar
nos fundos. Uma garçonete nos leva imediatamente para
nossa seção privada e Mia faz um pedido de alguns aperitivos
e bebidas para nós.
A música está bombando por todo o clube e minha empolgação
aumenta. Pelo que posso dizer, cada andar está tocando sua
própria música e a vibração deste lugar realmente traz seu
clima de festa e você não pode deixar de sentir vontade de
relaxar e apenas aproveitar a sensação.
Alguma música de Cardi B está tocando nos alto-falantes do nosso
andar e minha cabeça balança junto com a música. Alguns minutos
depois, pegamos nossos aperitivos e bebidas. Vejo que Mia pediu um
cocktail de frutas para nós.
Não tenho certeza do que é essa bebida porque não sou muito de
beber. Tudo o que sei é que há vodka para usar quando você quer
se afogar em suas mágoas. Vodka definitivamente ajuda você a
esquecer seus problemas por um tempo. Eu tento o meu melhor
para não ceder, mas às vezes você só precisa de algo para aliviar, sabe?
Bebemos alguns drinques cada uma e fomos para a pista de dança.
Nós dançamos e nos esfregamos uma na outra e algumas músicas
depois, nós duas estamos suadas e um pouco bêbadas, mas isso não nos
impede de dançar e nos divertir.
Voltamos para nossa mesa para respirar um pouco; continuamos
bebendo e fumando narguilé também. Dou uma tragada, inalando a
fumaça aromatizada, e solto no ar. Esta noite definitivamente fez
maravilhas para aliviar o estresse reprimido em meu corpo, e também foi
libertador para desfrutar de um momento sem as preocupações da vida
cotidiana.
Olho para cima e vejo que há outro lance de escadas que leva a
outro andar. Quantos andares esse lugar tem? Deixe-me
apenas dizer, a decoração lá em cima é ainda melhor do
que a daqui. É como com cada parte deste lugar que você
descobre, fica cada vez melhor.
Vejo um grupo de caras entrar na seção VIP e normalmente, eu
nem prestaria atenção nos caras, mas esses caras simplesmente têm
essa presença. Um em particular domina a sala. Mesmo que você
não os conheça, não pode deixar de seguir cada movimento
deles.
— Você está se divertindo? – Mia pergunta, tirando-me
dos meus pensamentos.
— Sim! Não me lembro da última vez que me diverti tanto.
— Veja, você não fica feliz quando intimido você? Você precisava
de um descanso, e isso foi perfeito para nós. – Eu não posso discordar
disso.
Nossas bebidas chegam e nós as saboreamos enquanto
conversamos um pouco. Antes que eu perceba, bebemos mais
três e estamos prontas para a pista de dança novamente. Meia hora
depois, ainda estávamos dançando, quando um cara muito gostoso
aparece por trás de Mia e coloca a mão na cintura dela.
— Ei, linda, quer dançar comigo? – Sua voz rouca sai. Não soa
como uma pergunta, mas mais como uma afirmação.
Olhando para ele, percebo que é o cara do grupo que entrou antes. A
única razão pela qual sei que é ele é porque eu estava observando cada
movimento deles antes. Não faço ideia do por que, mas eles apenas
despertaram meu interesse.
Ele é GOSTOSO, provavelmente só tem que passar e a calcinha cai
naturalmente para ele. Ele tem ombros largos e um grande corpo, se o
contorno de sua camisa de botão servir de referência. Ele parece ter mais
de 1,80m. Mia e eu completamos vinte e dois anos este
ano, e ele definitivamente parece mais velho do que nós.
Mia revira os olhos, antes de se virar para olhar para ele.
Quando seus olhos pousam nele, vejo seu rosto irradiar. Ela
parece querer devorá-lo ali mesmo, bem aqui na pista de dança. Eu não
posso culpar minha pobre melhor amiga porque ele tem toda a coisa
de sexo à risca.
— Você também não é tão ruim. – eu a ouço dizer a ele
enquanto ela ri. Ela nunca ri com os caras, e é assim que sei
que ela realmente gosta dele. Ele sorri para ela e esse sorriso o
faz parecer ainda mais gostoso, dando aquela vibe de bad boy.
— Então, que tal aquela dança? – ele pergunta a ela novamente.
— Claro que adoraria. – Eu ouço Mia responder enquanto caminho
de volta para nossa mesa para que possa dar a ela e sua última aventura
um pouco de privacidade. Assim que volto para nossa cabine, olho
para eles e percebo que estão dançando juntos e Mia está olhando
para ele como se ele fosse a lua em seu céu ou o sol para sua
estrela. Ou qualquer porcaria romântica que as pessoas apaixonadas
dizem hoje em dia.
Eu me sento no meu lugar e vejo que as novas bebidas já estão
sobre a mesa. Pego uma e tomo um grande gole antes de colocá-la na
mesa novamente.
Olho para Mia e seu brinquedinho para ter certeza de que ela está
bem e ambos estão com olhos arregalados um para o outro. Eu posso
sentir a química deles daqui e cara, está quente. Depois de mais alguns
goles da minha bebida e mais algumas tragadas do meu narguilé, vou ao
banheiro para me refrescar enquanto aquele cara ainda tem Mia ocupada.
Quando volto para a pista de dança, um cara aleatório pede para
dançar e eu penso, por que não? Nós dançamos por um tempo e então
ele fica meio habilidoso, tentando me puxar para mais
perto dele para que eu possa me esfregar nele. Ugh, eu
odeio esse tipo de cara, esses são os que nunca aceitam não
como resposta.
— Vamos, baby, apenas se esfregue no meu pau... olha o quanto
duro você me deixou. – ele diz enquanto pega seu pau. Ai credo! Por
que diabos todos os caras ricos pensam que seus paus são feitos de
ouro ou algo assim?
Ele me agarra de novo e dou um chute nas bolas dele no
momento em que um dos seguranças se aproxima e o agarra.
Hmm, acho que eles realmente levam a segurança a sério aqui. Eu estava
longe o suficiente de Mia para que ela não notasse. Graças a Deus
porque ela teria perdido a cabeça com ele se o fizesse. Essa garota é
explosiva que não esconde nada.
Meia hora depois, Mia volta para mim sem fôlego com um cara
gostoso logo atrás dela. — Addy, quero que conheça Niccolo.
Niccolo, quero que conheça Addy. Ela é minha melhor amiga!
— Ei, prazer em conhecê-lo. – digo enquanto estendo minha mão
para ele para dar-lhe um aperto rápido.
— Prazer em conhecê-la também, Addy. – ele diz.
— Divulgação completa, na verdade é Addison, Mia é a única que
me chama assim. Só entre nós duas, então você sabe o que esperar,
prepare-se para ela te irritar pra caralho. – Ele ri e até sua risada é sexy.
Ele parece amigável o suficiente e fácil de conversar, como o tipo que
pode encantar qualquer um.
Ele então traz os dois caras que vieram com ele à nossa mesa, que
acabei de notar como seus amigos. O nome de um é Gio e o outro Frank.
Eles meio que têm um comportamento assustador sobre eles,
especialmente com seus rostos em expressões estoicas, mas isso não tira
sua atratividade. Eles nem nos olham, mesmo depois que
Niccolo fez as apresentações.
Não sei o que há com eles, mas a inquietação que tentei
controlar antes volta com força total. Às vezes, a menor e
mais insignificante coisa me desencadeia e sou catapultada direto para
as memórias que gostaria de não ter mais. Esses caras me lembram
dos homens do meu passado e não preciso pensar no agora.
OH, MEU DEUS!! E se eles forem bandidos? Quero
dizer, Mia disse que este lugar é provavelmente o centro da
máfia! Bem, não com essas palavras exatas, mas nunca se
sabe hoje em dia. Suas expressões não emitem exatamente as vibrações
fofas de coelhinhos e gatinhos, sabe?
Ok, Addison! Dê asas à sua imaginação hiperativa pela milionésima
vez esta noite. Preciso de um pouco de ar; Odeio quando coisas
estúpidas me desencadeiam. Estou tentando ser melhor, mas foda-se,
às vezes é tão difícil. Eu constantemente tenho que lutar contra a guerra
dentro de mim e agir como alguém normal que não sofre regularmente.
Rapidamente me levanto da cadeira e digo a Mia que estou indo ao
banheiro e volto em um segundo. Eu nem espero por sua resposta antes
de correr para o banheiro feminino. Deve ser minha noite de sorte esta
noite porque o banheiro está vazio.
Preciso me controlar antes que eu perca minha sanidade. Meus pais
realmente ferraram minha vida. Afasto-me da pia em frente à qual estou
e entro em uma das cabines. Eu também posso usar o banheiro enquanto
estou aqui. Rapidamente faço xixi e depois volto para a pia e lavo
minhas mãos.
Tento me acalmar, estremecendo quando as memórias voltam, mas
eu empurro essa merda de volta para onde ela pertence,
de volta para dentro da caixa de memórias indesejadas de
Pandora. Trago meus pensamentos de volta ao presente
porque não vou deixar que estraguem a felicidade que senti
esta noite.
Suspirando, eu me recomponho antes de voltar para a nossa mesa.
Mia e Niccolo estão conversando e rindo quando volto e assim
que ela me vê voltando, ela pula e corre em minha direção, me
puxando para o lado.
— Está tudo bem, Addy? Você não parece muito bem. –
Deixei que ela percebesse que algo estava errado. Acho que Mia me
conhece bem, mesmo que ela não saiba tudo. Dou-lhe um pequeno
sorriso e garanto-lhe que está tudo bem. Não quero estragar a noite para
ela.
— Tem certeza? Podemos ir agora mesmo se você não estiver se
sentindo bem. – ela me diz com uma expressão sincera. Essa é a
coisa com Mia, ela é a melhor amiga e confidente. Se eu dissesse
a ela que queria ir para casa agora, ela iria embora num piscar
de olhos e esqueceria tudo sobre Niccolo.
Dou risada novamente. — Estou bem, sério.
— Ótimo! Você perdeu algumas partes interessantes, Niccolo nos
convidou para ficar na mesa deles. – ela me diz animadamente.
— O que? Podemos ir até o VIP do VIP?
Ela olha para mim e depois começa a rir. — Por favor, me diga que
não é isso que você está chamando de andar superior.
Eu encolho os ombros e ela ri ainda mais. Eu apenas balanço minha
cabeça para ela. Niccolo se aproxima e olha para nós com curiosidade
porque ainda estamos rindo pra caramba antes que ele nos leve até seu
andar.
Passamos o resto da noite nos divertindo, bebendo
mais e dançando enquanto os caras nos observam. Niccolo
finalmente se levanta e dança com Mia novamente por um
tempo, e depois de alguns minutos dançando, eles estão se
beijando como adolescentes.
Uma hora depois, dançamos mais do que deveríamos porque
meus pés estão me matando, então sei que me superei. Nós duas
estamos bêbadas agora e estou pronta para cair na cama
primeiro.
Olho para Mia. — Acho que isso é divertido o suficiente
para mim por uma noite. Estou exausta. Você vem comigo ou... – eu
deixo a pergunta no ar para que ela decida o que quer fazer. Ela olha
para Niccolo, e ele acena com a cabeça que não.
— Não, vou passar a noite com Nicco. – ela diz e eu aceno,
deixando-a saber que a ouvi. Acho que essa coisinha tem potencial se
ela já tiver um apelido para ele.
— Não esqueça de usar camisinha! – eu me inclino e sussurro em
seu ouvido e ela me dá um empurrão brincalhão antes de mover as
sobrancelhas para mim.
— Não se preocupe, melhor amiga! Porque adivinhe quem é a vadia
sortuda que receberá todos os detalhes amanhã. – ela diz com um sorriso
malicioso no rosto e eu apenas gemo alto porque sim, ela vai me dar
tudo e quero dizer TODOS os detalhes obscenos amanhã.
Pego minhas coisas e digo a Nicco, sim, é assim que vou chamá-lo
agora também, que estou indo embora, e que foi bom conhecer ele e
seus amigos, mesmo que eles meio que me deem arrepios. Eu saio e vou
direto para o elevador para me levar de volta ao primeiro andar, pegando
meu celular enquanto vou. Abro o aplicativo do Uber e peço uma carona
para casa. Nicco se ofereceu para deixar Frank me levar
para casa, mas recusei porque não quero que ninguém
saia da festa mais cedo por minha causa e porque Gio e
Frank ainda meio que me assustam, então prefiro não deixá-
los me levar para casa.
Cinco minutos depois, o Uber para em frente ao saguão onde eu
estava esperando e entro. Não havia muito trânsito e quinze minutos
depois já estou em casa. Entro em nosso apartamento e tiro
meus sapatos antes de subir para o meu quarto, onde caio na
cama e desmaio.
Meus olhos se abrem lentamente e a primeira coisa que
percebo é que o meu rosto dói. Levo a minha mão até a minha
bochecha e instantaneamente estremeço com a dor que isso traz. Olho
para cima e tudo que vejo é a escuridão ao meu redor e o chão
frio abaixo de mim. "Nããão... de novo não", gemo.
"Ajuda! Alguém me ajude!!" grito. Não sei por que acho
que meus gritos funcionarão desta vez, quando são inúteis.
Sento-me no escuro, esperando porque é a única coisa que posso
fazer, antes de ouvir a porta do porão no alto da escada se abrir e as
luzes se acenderem antes que o som inconfundível de passos desça as
escadas.
Olho para cima e vejo que é minha mãe se aproximando de mim.
Ela parece estar chapada, eles provavelmente estão dando uma de
suas festas. Eu odeio isso.
“Por que estou aqui de novo, mãe? Eu não fiz nada de errado. Você
poderia, por favor, me deixar subir de volta para o meu quarto?"
Minha mãe apenas olha para mim com desdém antes de partir para
cima de mim. "Você estará aqui sempre que eu achar conveniente ou
quando achar que merece punição por seu comportamento, e parece
que você já esqueceu aquela pequena proeza que fez antes?"
De repente, as memórias voltam, me atingindo como um trem de
carga. Quando percebi o que eles queriam, comecei a lutar e reagir
enquanto gritava, e não pude fazer nada para evitar. Ele está certo, sou
fraca e patética.
Ainda estava gritando e chorando e fazendo uma cena. Eu só queria
que eles parassem. Do nada, vejo um punho vindo em minha direção e
uma dor instantânea surge em meu rosto antes que tudo
fique escuro…

Eu me levanto da cama, ofegante. Minha pele está suada e estou


toda enrolada nos lençóis. Minhas palmas vão direto para o meu rosto,
esfregando-o. Não sinto dor, e é aí que percebo que estava apenas
tendo um pesadelo. Porra! Eu odeio esses pesadelos, eles sempre
me deixam no limite.
Eles sempre parecem vir quando menos espero. Esfrego
meu rosto cansado antes de olhar para o relógio na minha
mesa de cabeceira e vejo que são apenas seis da manhã. Ugh! Não vou
sair desta cama só mais tarde, porque ainda estou sentindo o zumbido da
noite passada.
Depois que minha frequência cardíaca voltou ao normal, deitei-me
nos travesseiros e adormeci novamente.
A dor de cabeça intensa que assola meu cérebro me acorda e,
quando olho para o relógio, vejo que já é meio-dia. A luz entrando pelas
minhas janelas está piorando essa dor de cabeça. Ugh, eu nunca mais
vou beber!
Ok, sim, isso é mentira porque assim que essa ressaca passar, Mia
provavelmente vai nos levar a algum bar ou outro clube
novamente, porque essa vadia está sempre me arrastando
para o passeio de trem maluco.
Fico deitada na cama por mais uma hora com dor de
cabeça porque estou com preguiça de levantar agora. Quando
finalmente olho para o relógio novamente, vejo que já é uma hora e
decido que é hora de sair da minha cama confortável porque um,
preciso fazer xixi e dois, preciso de alguns analgésicos, agora!
Entro no banheiro e dou uma olhada no armário de
remédios, que felizmente Mia guardou para ocasiões como
esta.
— Ah, ha! – grito para ninguém e então gemo porque isso só faz
minha cabeça latejar ainda mais. Abro o frasco de analgésicos e jogo
dois na palma da mão. Volto para o meu quarto e pego a garrafa de água
no criado-mudo.
Depois que os comprimidos descem pela minha garganta, volto
para o banheiro para escovar os dentes e tomar um banho para
eliminar todo o álcool que provavelmente está saindo pelos
meus poros agora.
Vinte minutos depois, me sinto humana novamente e me visto
rapidamente antes de descer para a cozinha para pegar um pouco de
comida. Estou morrendo de fome e provavelmente poderia comer uma
vaca inteira agora.
Entro na cozinha e vasculho a geladeira. Parece que vai ser um dia
de ovo e torrada. Droga, nós realmente precisamos ir às compras em
breve. Não temos comida agora, exceto o essencial.
Faço alguns ovos mexidos e torradas antes de ir para a sala assistir
TV enquanto como. Eu escolho A Noiva Cadáver, de Tim Burton. Não
julgue que é um dos meus favoritos, mesmo que já o tenha visto um
milhão de vezes.
Quarenta e cinco minutos depois do meu filme, Mia
entra pela porta da frente parecendo tão mal quanto eu
quando acordei. Ela se senta ao meu lado, soltando um
suspiro e eu olho para ela. — Ok, o que aconteceu? Não me
obrigue a arrancar respostas do teu rabo! – Ela ri de mim antes de
gemer.
Dou uma pausa no meu filme antes de me virar para falar
com ela. — Acredito que você teve uma noite emocionante? –
pergunto e ela solta um suspiro sonhador antes de responder.
— Ah, meu Deus! Como você não acreditaria! Ficamos
acordados a noite toda. Aquele homem provavelmente me fodeu de seis
maneiras até domingo à noite, e não fomos dormir até as seis da manhã.
Minha boceta dói. – ela suspira dramaticamente. — Então, acho que tive
uma noite emocionante. Além disso, tive muitos orgasmos. Ele é uma
fera nos lençóis.
— Então por que você está aqui agora se vocês se divertiram
tanto? – eu olho para ela interrogativamente.
Ela geme com a minha pergunta. — Nós nos divertimos tanto que,
quando acordei, entrei em pânico. Ser tão bom na cama significa que ele
provavelmente só tem casos de uma noite, e eu não queria esperar por
nenhuma conversa estranha de "bem, isso foi divertido, mas saia agora".
Então, fiz o que qualquer garota que se preze na minha posição faria...
Corri para fora de lá o mais rápido possível enquanto tentava ficar o
mais quieta que um rato, enquanto também estava de ressaca, devo
acrescentar. – ela cobre o rosto com as mãos assim que termina e eu
olho para ela por um segundo antes de começar a rir dela.
— Cala a boca! O que mais eu deveria fazer? Você viu como ele era
gostoso!
Quando finalmente me acalmo o suficiente para respirar novamente,
olho para ela como se ela fosse louca antes de ter uma
epifania em relação a esta situação.
— Ah, meu Deus! Você gosta dele! – grito com ela,
finalmente juntando as peças. Mia nunca fica nervosa com
nenhum cara, então para ela ficar tão nervosa com Nicco significa que
ela deve gostar dele.
— Sim. – ela murmura. — Quando foi a última vez que isso
aconteceu? Ugh, não posso estar me apaixonando por alguém
como ele. Eu só o encontrei uma vez, então o que diabos é
isso?! Você sabe que ele tem desilusão amorosa estampado
em seu rosto perfeito de deus grego.
— Bem, você provavelmente não o verá novamente, se isso ajuda.
Quero dizer, quais são as chances, certo? A menos que você volte para o
Raine.
— Ugh, Addyyy. Não sei se isso ajuda ou não. Nem sei se quero
vê-lo novamente. Estou indecisa... Nunca me senti assim por
ninguém antes e acredite em mim, já tive minha cota de paus
para escolher.
— Então, o que aconteceu? – pergunto, sabendo que ela mal pode
esperar para me dar todos os detalhes obscenos.
Ela me dá um sorriso perverso antes de dizer: — Bem, ele tinha um
pau enorme! Tipo, estou falando provavelmente de 20 centímetros ou
mais! E nem vamos falar de como ele é bom de cama! Ele sabe como
usar o pau com o qual o bom Deus o abençoou. Eu diria que foi uma das
melhores noites da minha vida e isso diz muito. Ele provavelmente é
muito popular entre a população feminina, especialmente se for
frequentador assíduo do Raine. É como um excelente campo de caça e
as vadias estão sempre querendo transar, especialmente com um
garanhão como ele.
— O que acontece se você o ver de novo? –
pergunto. — Espere, você conseguiu o número dele?
— Não... não consegui o número dele. Nós realmente
não conversamos muito ontem à noite porque ele estava
usando a boca para outra coisa, e então saí correndo esta manhã. Além
disso, não tenho certeza, ele definitivamente parece o tipo de cara de
uma noite só. E ele é muito intenso com seus olhos ardentes e voz
romântica. Sim! Ele é como crack e eu tenho uma dependência.
Se for para ser, provavelmente o verei novamente em algum
lugar.
— Droga, você realmente é uma mulher má! – eu dou risada.
— Cale a boca, senhorita "Eu provavelmente tenho teias de aranha
na minha vagina."!
Eu esbravejo. — Como assim?! Eu não tenho teias de aranha aí!
Ela revira os olhos para mim. — Quando foi a última vez que
você teve um pau bem grande?
— Vá se foder! Tudo bem, assunto encerrado. – eu mostro minha
língua para ela. — Não faz tanto tempo. Provavelmente alguns meses,
mais ou menos.
— Garota, sua vagina não vê nenhum pau há mais de um ano. Já faz
muito tempo! E como sua melhor amiga, precisamos conseguir um pau
para você logo.
Não digo a ela que a última vez que ela tentou me juntar com um
cara foi a primeira vez desde que saí de casa que tentei fazer sexo com
alguém e deu terrivelmente errado porque me apavorei. Eu nem sequer
consegui seu pau em qualquer lugar perto de estar dentro de mim.
Graças a Deus, nunca mais vi aquele cara!
Então, desde então, tenho evitado até mesmo ficar com qualquer
outra pessoa. Além disso, eu não encontrei ninguém
interessante com quem gostaria de tentar novamente,
entããão... vitória para todos?
— O que você é, a patrulha do sexo? E por que minha
vagina ainda está em sua mente? Há algo que não está me contando? –
eu movo as minhas sobrancelhas para ela com um sorriso. — Para
constar, isso terá que esperar porque nunca mais vou beber com
você! Ainda estou de ressaca e acho que nem bebemos tanto!
Sinto como se alguém estivesse martelando na minha cabeça.
Ela me dá um olhar maldoso e ri. — Isso é o que você diz
no dia seguinte todas as vezes, e então acabamos bebendo de novo. Você
sabe que me ama e nunca pode me negar nada.
Humm... bem, não posso discutir isso porque ela tem razão, mas
mesmo assim digo a ela desta vez que estou falando sério. Ela olha para
mim com uma sobrancelha levantada como se esperasse que eu
dissesse a ela que é uma mentira com um olhar que dizia "sim,
porra, vadia". Eu reviro meus olhos para ela novamente.
— Então... o que vamos fazer hoje? – pergunto por que geralmente
é ela quem faz os planos sempre que estamos de folga.
— Eu estava pensando que provavelmente poderíamos ficar em casa
hoje e descansar no sofá com um pouco de Netflix. Teremos Netflix e
um dia tranquilo.
— Posso ficar com isso, mas não pense que vou curtir contigo,
vadia! – digo rindo, referindo-se à parte do "relaxar" do Netflix e um dia
tranquilo.
Ela joga o travesseiro na minha cara. — Vadia! – Eu apenas rio de
suas travessuras. — Deixe-me ir buscar comida porque estou morrendo
de fome.
Ela vai até a cozinha para fazer sua comida. Boa
sorte com isso, penso comigo mesma, porque tudo o que
temos são ovos, pão e um pouco de queijo. Quinze minutos
depois, ela volta para a sala carregando seu prato.
— Tudo o que temos são ovos e pão. – ela faz cara feia. — Mais
tarde, depois que passar essa ressaca, podemos ir jantar e fazer algumas
compras porque não vou ficar sem comida em casa. Não temos nem
guloseimas! Como isso é possível? Sempre temos guloseimas!
Nós nos acomodamos no sofá e eu aperto o play em A
Noiva Cadáver. — Vamos terminar esse antes de escolhermos
outra coisa.
— Tudo bem por mim. Eu também amo esse filme.
— Que tal fazermos um dia na Disney?
— Eu amo o som disso!
Depois de A Noiva Cadáver, colocamos Frozen 2 e depois
Moana. No meio de Moana, nós duas adormecemos no sofá.
Acordo mais tarde quando sinto algo tocando minha perna; Eu
levanto minha cabeça e espio para ver que Mia está com o rosto na
minha perna.
Lentamente, afasto o rosto de Mia de cima de mim e me levanto do
sofá. Estico todas as juntas do meu corpo antes de ir para a cozinha e
pegar meu celular da mesa. Vejo que já são oito. De jeito nenhum vou
pensar em sair para comprar mantimentos agora. Além disso, também
temos mais algumas compras de material escolar para fazer. Ugh, ser
adulta é uma merda!
Acho que teremos que comer fora esta noite. Volto para a sala e
vejo que Mia acabou de acordar. Ela solta um enorme bocejo antes de
perguntar sobre as horas.
— Já passa das oito e não vou sair de casa de novo.
— Tudo bem por mim, não acredito que dormimos
tanto tempo… Na verdade, não acredito que adormecemos
durante a melhor parte de Moana!
— Sim, eu sei. Isso é o que ganhamos por festejar demais ontem à
noite.
Ela ri. — Eu não sei sobre você, mas minha noite foi
incrível!
— Está bem, está bem! Jesus, não esfregue na cara isso.
Ela apenas mostra a língua para mim e eu reviro os olhos para ela.
— Vamos pedir comida tailandesa e asas de frango. – ela diz antes de ir
para a cozinha e pegar o cardápio do nosso restaurante tailandês de
sempre.
Meu estômago ronca porque estou morrendo de fome agora. Ela
liga e faz nosso pedido. Ela recebe arroz frito com camarão,
macarrão com carne e asas de frango. Nos sentamos no sofá
novamente, escolhendo outro filme para assistir enquanto esperamos.
Desta vez escolhemos um filme de comédia, A Hora do Rush com
Jackie Chan e Chris Tucker. É um dos meus favoritos para assistir. Meia
hora depois, a campainha toca e Mia vai buscar nossa comida enquanto
vou buscar os pratos e nossa bebida na cozinha.
Nós nos sentamos no sofá e voltamos para o filme, e é assim que
passamos o resto da noite antes de ficarmos com sono e irmos para
nossos quartos.

Mia é a primeira a acordar no domingo de manhã,


quando finalmente desço as escadas. Já são onze horas e aqui está ela,
tomando um café.
— Vamos tomar café da manhã antes de começarmos a fazer
compras hoje, porque ainda não temos comida.
Eu prontamente concordo, e nós duas voltamos para
nossos quartos para tomar banho e nos vestir. Meia hora
depois, nós duas estamos prontas para ir, com vestidos com leggings e
camisetas confortáveis. Temos mais algumas semanas antes da mudança
de estação e ficar frio.
Paramos nesta cafeteria bonita que está cheia de pessoas
aproveitando o dia. Nós nos sentamos imediatamente. Minha barriga
solta um ronco de fome assim como a de Mia faz o mesmo.
Nós olhamos uma para a outra antes de começarmos a rir. — É
melhor nos apressarmos e colocar um pouco de comida em nosso
sistema antes de morrermos. – ela ri e eu concordo porque estou prestes
a morrer de fome, ou pelo menos é o que parece.
Uma hora depois, depois de terminarmos a refeição, seguimos para
a Target para começar com o material escolar. Entramos na loja e
ficamos surpresas ao ver que eles já têm decorações de Halloween.
— Ah, precisamos comprar algumas dessas para a casa. – ela grita.
— Vamos ver isso primeiro! – Ok, acho que estamos ver as decorações
primeiro, então. Caminhamos até onde eles têm algumas decorações
eletrônicas maiores. Assim que passamos por uma delas, uma enorme
aranha voa em nossa direção e nós duas gritamos, pulando para trás e
caindo de bunda no chão.
Quando percebemos o que é, nós duas começamos a
rir incontrolavelmente. — Puta merda! – digo quando
finalmente consigo que o meu coração pare de acelerar: —
Essa coisa me assustou pra caramba!
— Estamos totalmente levar esse!
Apenas aceito isso porque uma vez que ela coloca uma
ideia em sua cabeça, não há como mudar de ideia. Depois de
conseguirmos mais decorações de que precisamos, é só
caminhar pelos corredores até encontrar o material escolar.
Nós duas compramos cadernos e canetas.
— O que mais nós precisamos? – pergunto a ela.
Mia me diz que precisa de canetas coloridas, marca-textos, post
notes e flashcards. — Uau, acho que você realmente vai se dedicar
bastante neste semestre, não é?
— Ha ha…. Você se acha muuuito engraçada! – Eu apenas
rio porque nunca a vi estudar como costumo fazer. Pegamos o
resto de suas coisas antes de irmos para o caixa. Pagamos nossas coisas
e depois voltamos para o carro dela para colocar tudo dentro. O porta-
malas do carro de Mia está praticamente cheio agora por causa de todas
as decorações que ela insistiu em comprarmos. Lutamos para colocar
tudo dentro antes de fechá-lo.
Nossa próxima e última parada é o supermercado. Nós compramos
todos os alimentos de que precisamos para a semana, o que inclui muitas
guloseimas para Mia.
Quando finalmente chegamos em casa, são cerca de seis horas e nós
duas estamos cansadas das atividades do dia. Decidimos sair para jantar
porque esse era o nosso plano original e agora estamos com preguiça de
cozinhar qualquer coisa.
Nós duas tomamos banho e nos trocamos de novo
antes de irmos para o lugarzinho mexicano fofo que fica a
cerca de dois quarteirões de nós. É tão perto que decidimos
apenas caminhar até lá, pois está uma noite agradável.
Precisamos aproveitar esse clima maravilhoso antes que esfrie.
Quando chegamos ao restaurante, sentamos logo. Está lotado esta
noite, mas não muito cheio. Há muitas famílias aqui apenas
aproveitando a noite também.
Sinto uma pontada no coração porque isso é algo que eu
nunca experimentei. O amor de uma família que se importava
com sua existência ou com o que estava acontecendo em sua vida. Eu
nunca tive a experiência de ter jantares em família e apenas comer
juntos.
Saio dos meus pensamentos quando a garçonete vem anotar nossos
pedidos. Nós duas pedimos nossa comida e um pouco de sangria para
nossa mesa. Nós bebemos hoje à noite porque, assim que
começarmos as aulas amanhã, nós duas teremos que levar a
sério. Eu sei que nós duas estaremos ocupadas neste próximo
semestre, já que é nosso último ano.
Quando terminamos de jantar e estamos caminhando para casa,
sinto os cabelos da minha nuca se arrepiarem. Olho em volta e não noto
nada fora do comum. Talvez eu esteja apenas sendo paranoica, digo a
mim mesma, porque ninguém aqui sabe quem eu sou ou de onde vim.
Ainda não consigo me livrar da sensação desconfortável. Minha
mente está uma bagunça, e o desconhecido de me perguntar se alguém
está procurando por mim ou não é o que me mantém acordada à noite.
Todos os dias, tenho que lutar mais do que a maioria, apenas para que
esse sentimento de auto-ódio e depressão não me derrube, porque minha
mente não tem sido a mesma desde que fui embora. Achei que minhas
ações de alguma forma me fariam sentir melhor por tudo que sofri, mas
tudo o que ecoa em minha mente é que me tornei um
monstro como eles.
Eu suspiro e me viro enquanto tento dormir um pouco.
Não é fácil esta noite por causa de todas as coisas que passam
pela minha cabeça, mas eventualmente a exaustão me enfraquece e
caio em um sono incessante.

“Você acha que alguém vai te amar depois disso? Olhe


para você, tão patética! Implorando e suplicando, como uma
putinha."
Meu corpo dói e não consigo evitar que as lágrimas caiam pelo
meu rosto. Quando isso acaba? Não sei por que ou como minha vida se
transformou em uma tragédia, e estou me debatendo, sem saber mais
como sobreviver.
Ele me agarra pelo pescoço e me empurra na frente do espelho
enquanto se move para ficar atrás de mim. Ele aperta e levanta
minha cabeça para me fazer olhar para mim. Eu odeio o que
vejo. Tudo o que vejo são hematomas cobrindo meu corpo. Não me
pareço mais comigo mesma. Não pareço mais aquela garota triste e
solitária, embora ela fosse muito mais saudável do que essa que está
olhando para mim agora.
Eu pareço e me sinto como a porra da prostituta em que eles me
transformaram e as suas próximas palavras parecem nada além da
verdade quando ele fala.
“Ninguém nunca vai te amar. Mesmo quando achar que encontrou
alguém, eles vão te triturar porque você não passa de uma prostituta
imunda que não merece nada além de dor.”
Meus olhos se abrem logo após as palavras de meu pai
ecoarem em minha mente, você não passa de uma prostituta
imunda... Porra! Eu odeio ter esses sonhos. Sei que tudo o que
aconteceu, nada disso foi minha culpa. A única coisa pela qual
assumo a responsabilidade é tudo o que aconteceu depois que fiz o que
tinha que fazer.
Muitos dirão que foi a coisa errada a fazer, ou que eu deveria ter
deixado o sistema de justiça lidar com isso, mas onde estava o sistema
de justiça quando eu estava sofrendo?
Eles mereceram, e fico feliz que tenham sofrido e conseguido
tudo o que mereciam. Embora, na minha humilde opinião, eles
não tenham sofrido o suficiente. Você não passa de uma prostituta
imunda... palavras que me perseguem toda vez que minha mente assume
o controle.
Tudo o que aconteceu até meus quase dezoito anos foi intenso e há
algumas cicatrizes que sempre carregarei comigo, não importa quantas
vezes ache que finalmente estou começando a sarar. Quando penso que
estou me curando, sempre acontece alguma coisinha que me aciona, e é
sempre um passo à frente e dez passos para trás.
Meu alarme toca e eu resmungo enquanto viro e pego meu celular
para desligá-lo. Hoje é o primeiro dia do nosso último ano aqui na NYU,
e estou super animada para acabar com isso. Não sei para onde a vida
vai nos levar depois disso, mas estou pronta para vivê-la sem as algemas
do passado me pesando.
Quando me formar, finalmente poderei dizer que
consegui. Quando deixei minha antiga casa, estava
determinada a construir uma vida para mim e não deixar mais
o passado me afetar. Na maioria dos dias, posso dizer que consegui
isso não deixando as lembranças me afetassem, mas nos dias ruins, luto
mais.
Mas isso é o que importa na vida. Todo mundo tem dias
bons e, em seguida, todos nós temos dias ruins que
precisamos enfrentar para chegar aonde queremos ir.
Meu mantra para os dias ruins é "o passado não pode mais me
afetar". Normalmente tenho que repetir isso algumas vezes até acreditar.
Não tive os melhores exemplos de como os pais deveriam ser, mas
estou determinada a nunca ser como eles. A única pessoa que me
mostrou amor foi Julia, minha babá, e sinto falta dela todos os dias.
Se eu tivesse que ser como qualquer outra pessoa, gostaria de ser como
ela. Carinhosa, compassiva e sempre cuidando de mim, mesmo quando
ela não precisava.
Deixando de lado todos esses pensamentos deprimentes, eu me
levanto da cama e vou direto para o meu banheiro para me arrumar.
Depois de escovar os dentes, tomo um banho rápido e, como tenho
tempo, lavo o cabelo também. Voltando para o meu quarto, pego uma
legging preta e uma camiseta, junto com uma camisa xadrez vermelha e
preta, que amarro na cintura e, em seguida, coloco os pés nos tênis sem
cadarço.
Com isso feito, eu escovo meu cabelo, coloco um pouco de brilho
labial em meus lábios e, em seguida, pego minha bolsa com meu
caderno e notebook antes de descer as escadas. Quando
entro na cozinha, fico surpresa ao descobrir que Mia já
está vestida. Uau! Essa garota está me surpreendendo!
— Uau! Não sei se devo ficar feliz por você já estar
vestida ou com medo de que um alienígena tenha tomado conta do seu
corpo. – digo em saudação a ela. — Você está levando este semestre a
sério e ainda nem começamos.
— Só não quero me atrasar para minha primeira aula hoje.
– ela tem um leve brilho nos olhos e eu conheço minha
melhor amiga bem o suficiente para saber que algo está
acontecendo.
— Desembuche! – Mia praticamente se atrasou em quase todas as
aulas desde o primeiro ano aqui.
— Encontrei meu professor no Facebook e ele não apenas é
gostoso, mas também tem um tanquinho, com uma bunda tão firme
que provavelmente poderíamos jogar uma moeda nele. Então,
preciso chegar cedo para encontrar um lugar na segunda ou
terceira fileira.
Quase engasgo com a minha torrada e tenho que tomar um gole do
meu chocolate quente para empurrá-la para baixo quando Mia termina.
— Ah, meu Deus! – grito enquanto rio dela. — É por isso que você está
acordada e pronta para a aula tão cedo? Porque você tem tesão pelo seu
professor?
— Não posso evitar. Esse homem tem uma bela bunda em quem eu
adoraria testar minha teoria da moeda. – ela ri e eu apenas rio de suas
travessuras enquanto terminamos nossa comida.
— O que Nicco diria sobre isso se ele estivesse aqui? Acho que ele
iria virar um homem das cavernas!
— Paaaare... não consigo pensar no rosto perfeito
dele. – ela resmunga.
Meia hora depois, nós duas terminamos e estamos
prontas para ir. Vejo que são nove e meia e nossas aulas
começam às dez. Saímos pela porta e começamos a curta caminhada
até o campus.
Quando chegamos lá, Mia e eu temos que nos separar, então
nos despedimos antes de ir embora. — Tente não pegar um
processo de assédio sexual no primeiro dia por tentar tirar
uma moeda da bunda dele. – grito para ela e ela apenas mostra
o dedo do meio para mim antes de ir embora. Eu apenas rio
porque é muito divertido provocá-la.
Entro na minha sala e vejo que já está meio cheia. Olho para o meu
celular e vejo que são dez horas, então a aula está prestes a começar.
Pego meu notebook na bolsa e o abro, abrindo um documento em
branco para fazer anotações.
Esta é uma palestra de três horas porque nos encontramos
apenas uma vez por semana para esta aula. Uma hora depois,
depois de termos lido o plano de estudos do começo ao fim e ele ter
designado um capítulo para lermos e escrevermos um resumo, ele nos
dispensa. Eu arrumo minhas coisas e saio da sala de aula enquanto
mando uma mensagem de texto para Mia.

Eu: Cadê você e aonde vamos nos encontrar?


Mia: Acabei de sair da aula, te encontro no refeitório.
Eu: Esplendido ;) até breve!

Vou até o refeitório e, assim que entro, vejo Mia alguns metros à
minha frente. Ando até ela e nós duas entramos na fila
para pegar nossa comida. Este lugar definitivamente tem
uma boa seleção de comida. Acho que com toda aquela
mensalidade que temos que pagar, é melhor que eles tenham
uma comida excelente para comer.
— Como foi seu primeiro dia de aula e sua perseguição valeu a
pena? Seu professor era tão gostoso na aula quanto nas fotos?
Ela grita. — Nem me fale sobre como ele era gostoso.
Bônus, ele era muito mais gostoso pessoalmente do que nas
fotos! Esta é uma aula que vou garantir que chegue cedo neste
semestre. – ela me diz enquanto ri.
— Não esperaria nada menos de você. – digo a ela com uma risada.
— E você? Como foi a aula?
— A minha foi boa e bônus: meu professor era meio gostoso
também.
Nós duas rimos das loucuras uma da outra. Terminamos
nossa comida antes de irmos para nossa outra aula do dia.
Quando chego em casa, já são seis horas e alguns minutos depois Mia
entra.
— Quer pedir comida ou quer que façamos? – Mia pergunta assim
que entro na cozinha.
— Mmmm, vamos fazer algo hoje à noite, porque se eu comer mais,
provavelmente eu vou estufar como um daqueles baiacu de aparência
feia. Além disso, posso ganhar uns dez quilos com toda a comida que
estamos comprando.
Ela apenas ri de mim porque nós duas sabemos que é mentira. Eu
sou tão magra quanto ela, mas muito UberEats não vai nos fazer bem.
— Alfredo com camarão parece bom?
Ela concorda porque é superfácil de fazer, porque
nenhum de nós ganhará nenhum prêmio de chef. Ela é
uma cozinheira tão terrível quanto eu. Nós duas só podemos
lidar com as coisas super simples.
Começamos a preparar todas as coisas e, antes que percebamos,
nossa comida está pronta e estamos indo para a sala com nossos pratos
na mão.

O resto da semana terminou super rápido, e agora é a segunda


semana de aula e nós duas estamos sobrecarregadas de trabalho.
Sexta-feira passada, Mia nos fez ir a uma festa. Uma das casas da
fraternidade dá uma recepção de "Bem-vindos de volta à
universidade". Esta semana, ela insiste que precisamos ir à festa que está
acontecendo na praia. É para ser enorme, incrível e de outro mundo,
palavras dela não são minhas.
Ela até me dá aquele olhar de cachorrinho para me fazer concordar
em ir com ela. Quando a sexta-feira finalmente chega, a empolgação de
Mia está nas alturas.
— Por que diabos você está tão animada? Nunca vi você tão
animada para uma festa antes.
— Porque nós estamos indo para Hamptons, dããã! – ela me diz
como se eu devesse saber disso.
— O que?! – grito com ela enquanto ela fica lá me dando um
sorriso. — Você não disse nada sobre Hamptons, sua
vadia!
Quando ela disse festa na praia, literalmente pensei que
ela queria dizer Coney Island ou algo assim. Acho que, de
alguma forma, perdi a parte em que a festa estava acontecendo.
Agora, estou feliz por ter decidido ir com ela.
Malditos ricos! Por que eles não podiam fazer uma festa
normal na praia mais próxima? Embora, pensando bem, as
praias de Nova York não sejam das mais bonitas. Ok, acho
que essa foi a decisão certa e não é de admirar que ela mal
pudesse esperar por essa festa. Deixo escapar um longo
suspiro.
— Nem pense nisso! Você não pode mudar de ideia agora! Se fizer
isso, vou me certificar de tornar sua vida um inferno por pelo menos
dois meses. – Eu odeio quando ela está certa. Se eu não for, ela vai me
encher o saco. Ela vai encontrar todas as desculpas sob o sol para me
levar para esta festa com ela, mesmo que faça pouco sentido.
Exemplo: não há papel higiênico em casa. Isso não teria acontecido
se você tivesse ido àquela festa comigo. Ridículo, eu sei! Falando por
experiência própria porque aconteceu antes. No ano passado, quando
fugi de uma festa de boas-vindas.
— Tudo bem! Mas você tem sorte de eu te amar, porque se eu
soubesse que essa festa ia ser lá, eu não teria concordado em ir. – Na
verdade não, mas apenas a deixei pensar assim.
— Sim, é por isso que eu não te disse que era em Hamptons. – ela
diz enquanto me dá um sorriso malicioso.
Depois de comer, subimos para nossos quartos para tomar banho. —
Meu quarto em vinte minutos. – ela me diz. — E faça uma mala para o
fim de semana. Só voltaremos no domingo à tarde. Graças a Deus,
solicitei este fim de semana de folga.
Depois do banho, coloco meu roupão e pego uma
mochila com algumas roupas para o fim de semana e depois
jogo na minha cama. Vou até o quarto de Mia porque sei que
ela quer escolher nossas roupas para esta noite. Na linguagem de Mia,
isso significa que ela terá uma de suas roupas de grife para mim. Entro
no quarto dela e Uptown Funk de Mark Ronson e Bruno Mars está
ecoando pelos alto-falantes e ela está no meio do quarto,
dançando. Essa música é cativante e instantaneamente me
deixa em clima de festa também.
Ela me olha com o canto do olho e para. — Ah que bom, você está
aqui. Hora de se preparar e depois festejar.
— Onde vamos passar o fim de semana? – pergunto a ela. Com
tantas pessoas indo, acho que as pessoas terão que encontrar hotéis ou
ficarão na casa de alguém.
— Estamos ficando na casa dos meus pais lá. – Eu não sabia que os
pais dela tinham uma casa lá, mas é como um clássico onde os ricos têm
casas com vistas panorâmicas.
— Vamos, molenga! Vamos ficar prontas. – ela caminha até o
closet e eu sigo atrás dela. Procuramos roupas em seu closet. Vamos de
shorts hoje à noite, já que estaremos na praia e ninguém quer areia na
bunda usando um vestido, embora eu duvide que os shorts realmente
ajudem a manter a areia longe de nossas partes intimas. Mia pega um
short preto com um espartilho que tem mini alças que terminam no meio
do abdômen e ela fica gostosa. Também opto por shorts pretos, mas com
um top prateado que termina em V logo acima dos botões do short, mas
a lateral da barriga fica exposta. Terminamos os nossos looks com uns
tênis brancos e umas bijuterias simples antes de pegarmos à estrada.
Quando paramos em frente à casa de Mia, já passa
das oito. Nós duas saímos do carro e fico pasma com o que
na verdade é uma mansão em vez de uma casa! Caramba,
esse lugar é incrível.
Entramos na mansão e Mia me mostra meu quarto. Nós duas
deixamos nossas bagagens em nossos quartos antes de voltar para a
sala de estar. É agradável e arejada, além de ser confortável.
Entramos na cozinha ao lado para pegar algumas bebidas
enquanto saímos no quintal dos fundos até a hora de ir
embora. A cozinha é enorme com utensílios de aço inoxidável
e uma grande bancada com banquetas para sentar.
Mia pega as bebidas e eu pego a comida que estava na geladeira
para nós. Acho que o chef preparou isso para nós e deixou aqui. Saímos
para o quintal e nos sentamos nas cadeiras ao ar livre ao lado da mesa. O
exterior é tão bom quanto o interior. Existem espreguiçadeiras, uma
piscina e um mini-bar, todos ao redor do espaço ao ar livre e do outro
lado do quintal há um caminho que leva direto para a praia.
Acabamos começando a nossa própria minifesta com bebidas,
dançando e nos divertindo sozinhas até a hora de sair.

Quando chegamos à festa, são quase onze horas e as coisas estão em


pleno andamento. A melhor parte é que não
precisávamos ir muito longe e não precisávamos dirigir
para lugar nenhum. A festa é literalmente na porta de Mia,
bem, não mais como cinco mansões de distância, mas há
pessoas circulando por toda parte na praia.
Ela estava certa. Esta festa é enorme! Há pessoas em todos os
lugares. Algumas estão em grupos, ao redor de fogueiras, bebendo
cerveja, e algumas estão apenas circulando. Há até algumas
pessoas que se aventuraram na água.
Imagino como a água deve estar fria, porque o tempo já
mudou e agora está um pouco mais frio à noite.
Encontramos uma fogueira com pessoas que na verdade chamamos
de amigos, caminhamos e sentamos com eles ao lado. Estamos perto do
grupo, mas também longe o suficiente para que possamos ter nossa
própria conversa sem que ninguém nos ouça.
Há música alta ao longo de toda a praia com enormes alto-
falantes instalados na frente da casa de alguém. Deve ser a
pessoa que deu a festa. As vibrações da festa estão fortes e
parece que todos estão se divertindo.
Meia hora depois, nós duas estamos um pouco bêbadas e dançando
enquanto nos divertimos muito quando, com o canto do olho, vejo
braços envolvendo a cintura de Mia. Eu paro de dançar e vejo que é
Nicco parado atrás dela. Eu dou a ela um pequeno sorriso. Parece que
seu pequeno argumento "se for para ser, provavelmente vou vê-lo em
algum lugar" funcionou.
Mia se vira, pronta para arrancar a cabeça da pessoa quando fica
cara a cara com Nicco e seu rosto perfeito. Ele ainda está com os braços
em volta dela e a puxa um pouco mais para perto.
— Você veio à minha festa. – ele diz a ela enquanto sorri, e ela
suspira. — Por que você fugiu de mim, baby?
— Hummm, você pode me dar um segundo? – Ele
acena com a cabeça e Mia corre até mim antes de me puxar
para um lugar vazio onde ninguém possa nos ouvir.
— Ah, meu Deus! A festa é dele! Isso é o pior! – ela murmura
enquanto não consigo deixar de rir dela.
— Ah, cara, isso é ouro! Isso é exatamente como quando
descobri no dia em que estávamos indo para uma festa em
Hampton! Ah espere, isso foi hoje! – eu fico inexpressiva.
— Agora não é hora para seus comentários espertinhos,
Addy! Me ajude... O que eu faço agora? Como diabos eu não sabia que
era a festa dele quando sempre sei das coisas? – ela suspira.
— Que bom que é você e não eu! – digo e ela olha. Se olhares
pudessem matar. — Como você é convidada para uma festa e não sabe
quem está a dando?
— Eu não sei, isso nunca acontece comigo. – ela grita. —
Tudo o que ouvi foi uma festa em Hamptons e disse que sim. Eu
nem ouvi o resto do que Lizzy estava dizendo, e agora me sinto uma
idiota.
— Ah, não. Pelo menos agora sabemos que sua teoria estava certa.
— Que teoria?
— Ah, aquela sobre... – eu paro de propósito, só para irritá-la. Isso é
bom demais para deixar passar agora. Ela olha e eu rio antes de
continuar: — Aquela sobre "se fosse para ser, você o veria de novo" e
agora você o está vendo de novo!
— Bem, ele provavelmente nem perdeu o sono por causa da minha
partida. Você honestamente acha que um cara como ele já não enfiou
seu pau em outra pessoa ou em múltiplas pessoas?
— Eu não sei, mas ele está olhando fixamente aqui
para nós. – digo a ela enquanto observo Nicco parado a
alguns metros de distância com seus amigos. — Dou a ele
cerca de mais cinco segundos antes que ele venha aqui e
agarre sua bunda.
— Eu deveria apenas me fazer de difícil, sabe? É isso! Esse é o
meu plano de ação para esta noite! Ele verá tudo o que está
perdendo.
— Você se lembra de que foi você quem saiu correndo
como se a sua bunda estivesse pegando fogo, certo?
— Você não está ajudando Addison! De que lado você está, afinal?
Apenas balanço minha cabeça para ela. — Vamos, vamos antes que
ele venha aqui atrás de você.
Caminhamos de volta até ele e, assim que chegamos perto o
suficiente, ele envolve seus braços em torno de Mia novamente.
— Por que está aqui? – ela pergunta assim que o braço dele está em
volta dela. Ela está tentando se esforçar em sua atitude de "eu não me
importo e você não importa, porque nem foi bom, mas vou agradar
você", mas posso ver através dela. Ela está secretamente feliz por ele
estar aqui e por vê-lo novamente, mas ela nunca vai dizer isso a ele.
Ele aponta para a mansão atrás dos enormes alto-falantes. — Essa é
a minha casa. Bem, é do meu irmão, mas é praticamente minha já que
ele nunca está aqui.
— Não, quero dizer, como você trouxe os estudantes da NYU aqui
para uma festa? – Ooh, ela definitivamente está fazendo as perguntas
certas agora porque eu gostaria de saber a mesma coisa.
— Acabei de me transferir para a NYU desde que eu e meu irmão
acabamos de nos mudar para a cidade. – A boca de Mia
forma um O perfeito. Não esperávamos isso! Quando o
conhecemos, pensamos que ele era apenas um visitante de
fora da cidade. Ela provavelmente pensou que não o veria
novamente, embora eu saiba que secretamente queria.
— Espera, quantos anos você tem? Porque você parece mais
velho do que nós, então isso significa que já deveria ter terminado
a faculdade. – ela definitivamente está fazendo as perguntas
certas, embora eu espere que ele não pense que é uma
pergunta rude de se fazer.
— Haha... Tenho 27 anos e tirei alguns anos de folga da faculdade
desde que trabalhava com meu irmão, mas agora imagino por que não
me formar antes que ele expanda seus negócios.
— Aah, isso parece legal. Que tipo de negócios?
— Várias coisas, além disso, ele está se internacionalizando.
Portanto, com o meu diploma atual, isso ajudará a tornar as coisas
mais fáceis.
— Dê-me seu celular. – ele diz a ela, e ela o tira do bolso e entrega a
ele. — Aqui. Agora você tem meu número e eu tenho o seu. Chega de
fugir. – ele sussurra algo em seu ouvido que não consigo ouvir e ela
estremece.
Passamos o resto da noite bebendo, dançando e nos divertindo.
Nicco garante que ele esteja ao lado de Mia pelo resto da noite até
sairmos para voltar para a casa dela. Ela ainda está se fazendo de difícil,
então vai para casa sem ele esta noite, mas sei que isso não vai durar
muito.
Mia pode pensar que ela está se fazendo de difícil, mas posso ver a
maneira como os dois se olham. É apenas uma questão de tempo até que
os dois voltem a se encontrar. Pelo que parece, posso dizer que Nicco
adora um bom desafio.
Subimos cambaleando para nossos quartos e não
consigo nem manter os olhos abertos o suficiente para
tomar banho de novo, então simplesmente caio na cama e
instantaneamente apago como uma luz.
Acordo com a cabeça latejando. Bem, lá se vai o meu,
nunca mais vou beber de novo. Não faz nem um mês ainda, e
já quebrei essa promessa. Eu me levanto da minha cama e vou até o
banheiro para pegar alguns analgésicos.
Depois de tomá-los, escovo os dentes e tomo banho. Depois
de tomar banho, desço as escadas para ver se Mia já acordou.
Olho para o meu celular e vejo que já são onze horas.
Felizmente, não estou de ressaca porque fiz questão de não
beber muito.
Não posso dizer o mesmo de Mia porque, ao entrar na cozinha, a
vejo sentada em uma banqueta com a cabeça entre as mãos, gemendo.
— O que diabos aconteceu ontem à noite?
— Você realmente quer saber? – pergunto a ela enquanto me
encolho porque ela estava muito mais do que um pouco bêbada na noite
passada.
— Ah Deus. – ela geme novamente. — É ruim, não é?
— Bem, isso depende de como você vê isso. Eu, por exemplo, achei
hilário.
— Por que isso não me surpreende? Você sente muito prazer com a
minha dor, não é?
Sorrio maliciosamente para ela antes de começar. — Vamos
começar com os resumos, então, vamos?
— Espere! Preciso de um café antes de ouvir essa merda. – ela se
levanta para fazer uma caneca de café antes de voltar
para se sentar.
— Bem, primeiro, você teve Nicco colado ao seu lado a
noite toda depois que ele nos viu, então você ficou totalmente
bêbada e disse a ele que está se fazendo de difícil.
Ela se encolhe. — Por favor, me diga que não. – ela me vê
sorrindo e solta outro gemido. — Essa não é a pior parte, é?
— Não! Não é. Você então disse a ele que, embora se
faça de difícil, você não fará sexo com ele novamente. Você
até disse a ele que com a cara de Deus grego dele, ele
provavelmente já fodeu metade da população feminina em Manhattan e
mesmo que seu mata-mata seja forte, você não vai se apaixonar por seus
encantos estúpidos de filho da puta de novo e isso aconteceu bem antes
de vocês dois se curtirem como adolescentes. Você também disse a ele
que não gosta de restos.
— Querido Deus! Por favor, me diga que eu não disse todas
essas coisas na cara dele!
— Sinto muito, querida! Com certeza você disse! Além disso,
também não ficou calada sobre isso. Não posso deixar de rir da
expressão horrorizada que está cruzando seu rosto agora.
— Ah, meu Deus… vou ter que mudar de faculdade agora! Espero
nunca mais ter que vê-lo. Argh! Bem, ele está na NYU há pelo menos
duas semanas e não o vimos no campus, então quais são as chances de
que o veremos, certo?!
Assim que ela termina esse pensamento, seu celular toca e quando
ela olha para o identificador de chamadas, ela pula e arremessa o celular
para mim. — AH, MEU DEUS! É ele! Não atenda!
— Não estava planejando isso! – eu rio.
— Se eu o ver novamente, morrerei de vergonha!
Não acredito que disse tudo isso na cara dele! Se eu
morrer, certifique-se de colocar "morreu de
constrangimento completo" na minha lápide, certo?
— Pare de ser tão dramática! – eu reviro meus olhos para ela
novamente. — Tenho certeza que ele apenas pensou que você estava se
fazendo de difícil.
— Venha, vamos sair para tomar café da manhã. Preciso
me estressar para comer, já que já passou da hora do café da
manhã e estou morrendo de fome. Há uma cafeteria fofa à
beira-mar que tem uma comida incrível que absolutamente
adoro ir sempre que venho aqui.
Com isso, nós duas saímos de casa e entramos no carro enquanto
Mia faz o curto trajeto até a cafeteria.
Quando chegamos lá, arranjamos logo um lugar. Este lugar é
incrível! A decoração é acolhedora e convidativa, com um toque
arejado e cheio de gente. Não vamos nem começar a dizer como
a vista é incrível também.
A recepcionista nos leva até uma mesa, Mia fica do lado que está de
costas para a porta e eu fico do lado de frente para a porta. Eu posso
observar as pessoas dessa maneira.
Fazemos os nossos pedidos, e num piscar de olhos, nossa comida já
acabou. No meio da nossa comida, o sino da porta toca e quando olho
para cima, não vejo ninguém além de Nicco e seus amigos entrando pela
porta.
Ele observa o salão e nossos olhos se encontram instantaneamente.
Ele me dá um sorriso malicioso e reviro os olhos para ele. Ele cruza o
salão em direção a nossa mesa. Dou um chute em Mia por baixo da
mesa enquanto sussurro: — Estamos prestes a ter companhia.
A boca de Mia está cheia com seu croissant e,
quando ela está prestes a responder, Nicco chega à nossa
mesa. Mia engasga e ele instantaneamente se senta e dá um
tapinha nas costas dela para ajudá-la.
— Ei, querida. – Nicco diz para Mia e seu rosto inteiro fica
vermelho. Acho que ela gostaria de estar em qualquer lugar, menos
aqui agora.
— Você estava com saudades de mim? Porque com
certeza senti sua falta ontem à noite depois que você partiu.
Seus beijos são viciantes.
— Hummm… – Mia diz antes de ficar quieta, sem saber o que
dizer.
— Estou tão feliz por ter encontrado você hoje porque realmente
preciso saber mais sobre o quanto forte você acha que meu mata-mata
é. Você não me deu detalhes suficientes ontem à noite.
Não consigo evitar e começo a rir enquanto o rosto de Mia queima
de vergonha.
— Ah, meu Deus! Sinto muito! Não posso acreditar que eu disse
todas essas coisas para você. Estou tão envergonhada agora.
— Você não tem nada para se envergonhar, querida. Na verdade,
adorei ouvir sobre meu rosto de deus grego que você adoraria montar
novamente.
— Merda! – murmuro, mas ela me ouve e geme enquanto cobre o
rosto com as mãos.
— Terra, por favor, abra e me leve. De preferência agora. – ela
murmura, mas nós dois a ouvimos e rimos.
Ela me dá um de seus olhares. — Bem, acho que
você esqueceu de mencionar esse pedacinho de
informação, Addison!
— OPS, desculpe! Não queria fazer você se sentir pior e,
em minha defesa, não pensei que o veríamos pelo resto desta viagem.
– digo, apontando para Nicco.
— Bem, agora, estou apenas ofendido. – ele coloca a mão
sobre o coração como se eu o tivesse ferido. Então ele apenas
ri de nós enquanto balança a cabeça e assim, a tensão é
quebrada e todos acabamos nos divertindo pelo resto do café
da manhã. Nicco nos convida para ir a sua casa depois do café da manhã
para sair, e como Mia está confortável com ele agora, concordamos e
dizemos que o encontraremos lá.
— Então, já são duas vezes em horas. Você acha que é para ser
agora? – eu movo minhas sobrancelhas para ela.
— Não sei! Quero dizer, quais são as chances, certo? Primeiro,
vindo para a festa dele e sem saber que era a festa dele e agora que o vi
duas vezes, as faíscas ainda estão lá. Acho que veremos aonde isso vai.
Posso dizer que ela tem mais do que uma queda por ele, mesmo que
ainda não queira admitir para si mesma. Assim que chegamos em casa,
ela estaciona o carro e então nós duas saímos antes de irmos para a casa
de Nicco dando um passeio na praia. A brisa do mar sempre tem um
efeito calmante.
Quando chegamos lá, ele já está na praia esperando por nós. Ele
coloca os braços em volta de Mia enquanto entramos. Eu o ouço dizer a
ela que não está com mais ninguém desde ela e um sorriso se abre em
meu rosto. Ela está a um passo de ser enrolada; anzol, linha e vara.
Passamos o resto do dia na piscina nos divertindo
com Nicco e seus amigos até tarde da noite. Antes de
sairmos, percebo que estou tonta e preciso fazer xixi. Subo
as escadas para usar o banheiro de lá. Enquanto subia, me
deparei com um porta-retrato com uma foto de Nicco e outro cara
pendurado na parede.
Este deve ser o irmão dele e, se for, eles definitivamente têm
alguns bons genes na família, embora ambos pareçam mais
jovens nesta foto. O outro cara é ainda mais gostoso que
Nicco, mas os dois ainda são bonitos. Entro no banheiro e
faço minhas necessidades antes de descer para buscar Mia.
Ela parece que não quer deixá-lo, mas ainda não está cedendo,
embora eu possa dizer que ela quer. A pequena coisa deles vai se
transformar em algo real. Já posso dizer pelo jeito que ele está olhando
para ela. Ele tem um olhar determinado em seu rosto.
Quando chegamos em casa, nós duas nos retiramos para
nossos quartos, e eu caio de cara na minha cama e antes que eu
perceba, estou apagada como uma luz. O resto do fim de
semana passa voando e, antes que percebamos, estamos no carro
voltando para casa.

A manhã de segunda-feira nos deixou resmungando porque odiamos


as segundas-feiras. Nem acredito que já é a terceira semana de aula.
Sinto que o tempo está voando, mas espero que continue assim pelo
resto do semestre.
Nós duas pegamos nossas bebidas na cozinha, café
para ela, como sempre, e chocolate quente para mim. Ainda
estremeço quando penso nas pessoas que gostam do sabor do
café. Se você quer brigar, também devo mencionar que adoro
abacaxi na minha pizza.
Falando em pizzas de abacaxi, realmente precisamos pedir
algumas delas em breve. Não me lembro da última vez que
comemos pizza.
Fazemos uma curta caminhada até o campus e, uma vez
lá, nos separamos para ir para nossas próprias aulas, mas não antes de
eu dar uma bronca nela.
— Divirta-se com o professor gostoso! – grito quando ela se afasta
ao mesmo tempo em que ouvimos outra voz.
— Quem diabos é o professor gostoso e eu preciso chutar a
bunda dele?
Nós duas nos viramos e vemos Nicco parado ali, olhando para nós
com uma expressão curiosa. Mia resmunga: — O que diabos você está
fazendo aqui?
— Bom dia, querida! – ele diz, parecendo muito animado esta
manhã, enquanto não estamos nem perto de voltar ao modo escolar
ainda. — Isso é jeito de falar com seu homem?
— Você não é meu homem. – ela diz enquanto revira os olhos para
ele, mas posso ver o pequeno sorriso em seu rosto.
— Ainda não, mas espere alguns dias. – ele ri.
— Tão arrogante! Você pensa muito bem de si mesmo. – ela diz a
ele enquanto revira os olhos novamente. Nesse ritmo, se ela continuar
revirando os olhos tanto, eles podem cair da cabeça.
— Parece que me lembro de uma certa pessoa que
não teve nenhum problema com minha arrogância quando
minha língua estava… – ele é instantaneamente interrompido
quando a mão de Mia vem sobre sua boca e seu rosto fica vermelho
como uma beterraba. Todos nós sabemos para onde aquele desastre de
trem estava prestes a ir.
Eu rio para os dois, o que chama a atenção dela.
Ela olha para mim enquanto murmuro "quais são as
chances?" Quando me viro novamente, vejo que Nicco está
levando-a para sua própria aula com os braços em volta dos ombros
dela, puxando-a para mais perto dele.
Passo o dia na aula e na biblioteca e, quando chegamos em casa,
Mia e eu estamos cansadas, então vamos pedir comida. Eu escolho hoje
à noite, então pedimos uma pizza de abacaxi com asas de frango e
depois nos sentamos para assistir a um filme à noite.
No resto da semana, estamos ocupadas com as aulas, os deveres de
casa e depois repetimos. Estou sentada na sala de aula, entediada até a
morte. Tivemos que ler alguns capítulos, mas ninguém leu, e agora
temos que fazer isso em sala de aula. Tenho tantas tarefas que ainda nem
comecei. Adoro procrastinar, não tenho certeza se é uma qualidade
produtiva, mas estou com preguiça de mudar agora.
Nem estou prestando atenção enquanto o professor
fala sem parar sobre alguma coisa. Meia hora depois, o
tempo acaba e todos saem correndo de seus lugares.
Encontro-me com Mia no refeitório para o almoço. Este é
o nosso ritual diário, sempre comemos juntos se estivermos as duas no
campus. Pegamos nossa comida e nos sentamos em uma das mesas
vazias e instantaneamente começamos a devorar.
Dois minutos depois de começarmos a comer, Nicco se
senta ao lado de Mia e lhe dá um beijo na boca. Ele tem sido
nosso novo companheiro de almoço desde que voltamos de
Hamptons, e continuamos a encontrá-lo em todos os lugares do campus.
No entanto, tenho certeza de que não foi uma coincidência.
Depois de dias suportando sua loucura, fico feliz em dizer que ela
cedeu. Ela finalmente deu a ele uma chance de verdade, e eles são
inseparáveis desde então. Nossa dupla agora é um trio porque eu
tenho visto muito ele na nossa casa esses dias, e às vezes até passa a
noite. Eles já estão próximos, e eu não poderia estar mais feliz por ela.
Além de ser bom para Mia, ele também está se tornando um bom
amigo para mim. Mesmo sendo rico, ele é uma das pessoas mais
realistas de todos os tempos. Acho que é por isso que eles se dão tão
bem. Eles não permitem que sua riqueza os defina ou sua atitude sobre
como tratam as pessoas.
— O que está fazendo aqui, perdedor? – eu o provoco. — Estou
farta de ver sua cara por aqui e em mais ocasiões do que gostaria de
admitir, também estou cansada de ver sua bunda de fora, principalmente
naquela cueca fio dental que você gosta de usar. – digo essa última parte
um pouco alto e as pessoas na mesa ao lado riem conosco enquanto Mia
cospe a água que acabou de beber.
Ele joga uma batata frita na minha cabeça enquanto
fala com Mia. — Olhe para ela indo para o prêmio de
comediante do ano, querida. – Então ele se vira para mim. —
Para que saiba, você tem sorte de ter a chance de ver essa bunda. É tão
firme e esta é a ação mais masculina que você já viu em anos!
Considere-se sortuda, pois estou ajudando os menos afortunados.
Não é, querida?
Caí nessa armadilha direitinho e apenas resmunguei
baixinho: — Mia está passando muito tempo com você. –
Enquanto mostro minha língua para ele.
— Viu? Não sou a única que acha que sua vagina precisa transar!
— Vocês dois malucos precisam ficar fora da minha vida e não se
preocupar tanto com a minha vagina.
Ele apenas ri. — Nós vamos para o Raine neste fim de semana,
então é melhor vocês, senhoritas, estarem prontas para uma noite
de diversão.
— Não posso! Tenho muito que fazer, além disso, vou trabalhar
algumas horas na sexta à tarde.
Mia me faz beicinho e diz: "estraga prazer".
— Vá irritar Nicco pela primeira vez, "porque estou cansada de sua
bunda". – digo a ela enquanto ri.
Depois que terminamos o almoço, nos separamos e, depois da aula,
vou para a biblioteca. Passo quase três horas trabalhando para obter uma
vantagem inicial em algumas de minhas tarefas. Quando termino na
biblioteca, já fiz um bom progresso no trabalho que queria fazer.
Os próximos dias são agitados e, quando entro pela porta na sexta-
feira à tarde, depois do trabalho, estou exausta. Nicco está sentado no
sofá, já vestido e esperando.
— Deixe-me adivinhar, ela ainda está se arrumando?
— Você sabe! Amo aquela mulher, mas cara, ela
demora uma eternidade para se vestir!
Meus olhos se arregalam com o que ele acabou de dizer. Ele nem
percebe o que disse, ou talvez tenha percebido, mas não se importa
com quem o ouve.
— Amor hein, garanhão? – eu sorrio para ele. Suas
sobrancelhas franzem antes que ele perceba o que acabou de
dizer. Um sorriso lento aparece em seu rosto.
— Sim, amor, espertinha! Eu a amo. Agora, suba e veja se ela está
pronta.
— Tudo bem, vejo vocês mais tarde. Divirtam-se e usem proteção,
crianças… Ainda não estou pronta para ser tia! – Ele joga a almofada
na minha cara e eu rio antes de subir as escadas para ver se Mia
está pronta.
Entro em seu quarto e pulo em sua cama, sento com as pernas
cruzadas enquanto olho para ela. Ela está sentada em sua penteadeira,
dando os últimos retoques em sua maquiagem.
— O garanhão está ficando impaciente lá embaixo, então é melhor
você se apressar antes que ele suba aqui e te arraste para longe e você
sabe que aquele homem das cavernas não pensaria duas vezes em te
jogar por cima do ombro e sair daqui com você.
— Será que ele acha que a perfeição como essa não leva tempo? –
ela zomba. Alguns minutos depois, ela termina, então se levanta e dá
uma volta para me mostrar sua roupa para a noite. Ela está com um
minivestido preto de alças e por cima um daquele vestido de malha com
mangas curtas e os tecidos juntos dão um efeito de brilho. Ela combinou
com seus sapatos pretos de sola vermelha e alguns
acessórios leves, e está com o cabelo em cachos soltos.
Sua maquiagem é feita com perfeição e a maneira como
seu cabelo ruivo contrasta com sua roupa toda preta a deixa
deslumbrante.
— Ah, meu Deus! Está tão deslumbrante! Nicco provavelmente vai
ter um tesão instantâneo em suas calças a noite toda esta noite. –
digo a ela e nós duas começamos a rir.
— Haha, isso realmente não seria tão ruim.
— Vá em frente, saia daqui e eu vou te dizer a mesma
coisa que eu disse a ele lá embaixo. Usem proteção, crianças, porque eu
não quero ser tia ainda.
Ela estremece. — Sim, não me vejo sendo mãe tão cedo, então não
precisa se preocupar com isso!
— Você pode imaginar o pequeno Nicco correndo por aí? – Nós
duas estremecemos, olhamos uma para a outra e então caímos na
gargalhada.
— Sim, então não está acontecendo! Um deles é o suficiente para
lidar.
Eu apenas rio dela enquanto ela pega sua bolsa e desce as escadas.
Alguns minutos depois, ouço a porta da frente fechar e então vou para o
meu quarto para tomar um banho antes de terminar alguns estudos e
começar mais algumas tarefas.
Este semestre vai ser a minha morte. Eu posso sentir isso. Uma hora
depois, depois do meu banho, coloquei um pouco de comida no meu
sistema antes de me sentar para começar o trabalho que tenho feito.
Como preciso fazer isso logo, mergulho direto no trabalho. Ainda
nem escrevi nada para o meu artigo porque ainda estou procurando
artigos com fontes confiáveis que possa usar.
Uma hora e meia depois, ainda estou pesquisando
fundo quando recebo uma mensagem de texto de Mia.
Faço uma pausa e olho para o meu celular porque minha
cabeça está doendo e preciso de uma distração agora.

Mia: OMG! Você deveria ter vindo conosco esta noite! Este
lugar é uma loucura! Ainda melhor do que quando chegamos
aqui.
Eu: Ainda estou trabalhando :( Se eu morrer fazendo
trabalho escolar, só me prometa que nunca vai me esquecer! :D
Mia: Você é uma idiota!
Mia: Grandes novidades!!!! Nicco acabou de me dizer que me ama!
Eu: Eu sei! Ele deixou escapar mais cedo quando cheguei em
casa *sorrio*
Eu: Odeio te dizer isso, mas eu avisei!
Mia: :p Tudo bem, acho que você estava certa!
Mia: Caramba! Acabei de conhecer o irmão do Nicco, e ele é
GOSTOSO! Como se eu não estivesse brincando!
Eu: O que você está pensando, em estar em um sanduiche? ;)
Mia: Hahaha nunca! Estou apaixonada por Nicco, além disso, seu
irmão é muito intenso... Mas se você tivesse vindo, provavelmente
poderíamos ter apresentado você!
Eu: Pare aí mesmo! E agora estou feliz por não ter ido!
Eu: Ps: OMG! Você acabou de dizer a palavra com A também!
Mia: Mas ele é tão gostoso! Ele está muito além do status de Deus
grego! O que é maior do que um deus grego?
Mia: *escondo o rosto* Vou te contar como você
estava certa sobre nós mais tarde!
Eu: Nunca.
Mia: Bem, então ele ainda é gostoso daquele jeito inquietante.
Mia: Falo com você depois! Nicco está de volta *beijos* te
amo, vadia teia de aranha!
Eu: LOL, eu te odeio pra caralho! Eu vou te renegar se
você não parar com essa merda!
Eu: Ps: eu também amo você, vadia! Abraços e beijos.

Depois de terminar de enviar mensagens de texto para Mia, volto ao


trabalho e, desta vez, ligo uma música porque ficar sentada em
silêncio é deprimente. Eu trabalho enquanto esbarro com a música
até chegar a uma das minhas perguntas da tarefa que prejudica
meu humor, trazendo de volta memórias indesejadas, algumas
das quais tentei tanto esquecer.
Quais são algumas estratégias que podemos implementar para
ajudar a impedir o abuso infantil?
Essa pergunta me dá vontade de rir e não porque é engraçada, mas
porque essa merda acontece com tantas crianças e ninguém tem a menor
ideia. Tomo isso como um sinal de que é hora de parar para dormir,
fecho meu notebook e guardo meus livros antes de ir para a cama.
Olho para a hora e vejo que já passa das duas e Mia ainda não está
em casa. Se ela não voltar para casa, pelo menos sei que está com
alguém em quem nós duas confiamos.
Fiquei lá olhando para o teto até que o sono finalmente me
reclamou.
Estou prestes a cair no sono nesta aula. Esse professor é tão
chato. Ele literalmente fala tanto que deixa todo mundo
entediado até a morte.
Meu celular vibra e eu discretamente o tiro da minha
bolsa para verificar minhas mensagens de texto.

Mia: Cabular? Vamos sair e nos divertir!! Estou pensando na


praia!
Eu: Qual praia? o.O Não estou com vontade de ir a um milhão
de quilômetros de distância!
Mia: Coney Island! Não é tão longe…
Eu: Eu topo... Ponto de encontro?
Mia: Estacionamento, perto da vaga do Nicco.
Eu: Claro que você vai levar esse merdinha mimado!
Mia: Hahahaha ele disse que te ama também!
Eu: Diga a ele para foder todo o caminho! E que ainda o odeio por
ter comido a última comida chinesa!! O filho da puta continua comendo
todas as nossas coisas!
Mia: Ele disse que é um garoto em crescimento e precisa comer
antes que morra de fome.
Eu: Como!!! Aquele idiota nunca poderia morrer de
fome quando ELE COME TUDO !!!!
Mia: Ele disse que se você não estiver aqui em 5
minutos, vamos deixar você sofrer!
Eu: Filhos da puta!

Rapidamente eu enfio tudo na minha bolsa e ando


silenciosamente pela porta dos fundos da sala de aula. Graças
a Deus, sentei-me atrás hoje, facilitou muito a minha fuga.
Corro pelo corredor, não porque acho que eles vão me deixar,
aquele idiota me ama agora, mas porque estou pronta para me soltar por
algumas horas.
Assim que eu chego ao estacionamento, vejo toda a gangue
esperando. A gangue significa os amigos de Nicco, que sempre nos
acompanham sempre que vamos a algum lugar. Ele está apoiado
contra o capô de seu Jeep enquanto Mia está de pé na frente dele
e ele a envolve em seus braços.
— Ei, perdedores! – Digo a eles em saudação quando chego ao
Jeep.
— Ouvi dizer que você ainda está nervosa sobre a sua comida
chinesa. Em minha defesa, eu estava com fome. Desculpe! – Aquele
sorriso que ele me dá me diz que ele não está arrependido.
Eu apenas reviro os olhos para ele. — Cara, você está sempre com
fome! Sua família provavelmente faliu tentando alimentar sua bunda
gorda!
Ele zombou, me dando um olhar horrorizado. — Oh não! Ela não
chamou minha bunda de gorda!
— Definitivamente não acho que sua bunda é gorda.
– Mia diz enquanto a aperta.
— Traidora! – murmuro enquanto entro em seu carro.
Meia hora depois, chegamos a Coney Island. Aparentemente, eles
já tinham planejado isso e eu fui a última a saber. Trouxeram comida,
bebida, cobertores de praia e Mia ainda trouxe roupas extras para
nós duas, inclusive maiôs.
Passamos o dia relaxando, bebendo e até nadando. Mia e
eu dançamos ao som da música que os caras estão tocando e
algumas outras garotas até se juntam a nós enquanto fazemos
papel de idiotas.
No momento em que voltamos para casa, estou exausta. Hoje foi
divertido, e era exatamente o que eu precisava para me livrar do estresse
deste semestre. Eu mal consigo terminar meu banho antes de cair de
cara na cama e o sono me reivindica instantaneamente.
Já é meados de Outubro e nós duas estamos sobrecarregadas
de trabalho. Sinto que estou enterrada em tarefas e não tenho
tempo nem para relaxar. Quando não estou na aula ou fazendo tarefas,
estou no trabalho.
Acabei de sair do trabalho e, quando chego em casa, Mia e Nicco já
estão em casa. Entro na sala e me jogo no sofá.
— Esta noite não vamos fazer nada além de assistir a filmes e pedir
comida. – Mia me informa.
— Funciona para mim porque estou cansada e não consigo nem
olhar para outra página agora!
— Eu também.
— Por que precisamos de faculdade? – murmuro.
— Porque se não tivesse faculdade, provavelmente
seria uma stripper. – Nicco entra na conversa.
— Quem ao menos convidou seu traseiro para cá esta
noite? É melhor você pegar seu namorado antes que eu o
deixe sem pau! – eu me encolho com a minha escolha de palavras
sobre deixar Nicco sem pau porque isso traz de volta memórias de outra
pessoa. Alguém que prefiro esquecer que já existiu.
— Comida a caminho, então vamos escolher um filme!
— Espere antes de começarmos o filme, vocês têm que
vir para a festa de Halloween que dou todos os anos no norte
do estado. – Nicco nos diz.
Suspiro. — Outra festa? Por que não podemos simplesmente viver
como pessoas comuns na noite de Halloween, vocês sabem, apenas
sermos viciados em televisão e assistir a filmes assustadores de
Halloween a noite toda!
Mia não ouve uma palavra do que acabei de dizer por que ela grita.
— Claro que sim! Estaremos lá! E essa vadia também estará lá. – ela
sorri maliciosamente para mim.
— Por que sempre me envolvo em fazer merda com vocês dois? Eu
me sinto como uma porra de uma vela ou alguma desmancha prazeres...
Não importa sobre esse último, porque minha presença não impede você
de pegar qualquer pau.
— Sim, mas você não está conseguindo nenhum pau. – Mia ri e eu
jogo a almofada que estava segurando em seu rosto.
— Talvez você encontre algum novo brinquedinho na minha festa.
– Nicco me diz. — É uma das melhores festas por aqui!
— Eu realmente preciso que vocês dois parem de se
preocupar com minha vida amorosa.
— Você não tem uma vida amorosa e é isso que
estamos tentando consertar.
A campainha toca e me impede de responder. Ela também sabe
disso porque se levanta como se sua bunda estivesse pegando fogo
para atender a porta.
Nicco apenas ri de sua forma em retirada. — Ela apenas
está preocupada com você. Em alguns meses, vocês
provavelmente irão em direções diferentes e ela simplesmente
não quer que você fique sozinha.
Apenas suspiro. Sei que Mia tem boas intenções, mas simplesmente
não posso contar a ela sobre meu passado. Se soubesse por que não faço
sexo há tanto tempo, ela entenderia, mas prefiro não arrastá-la para essa
maldita vórtice.
Ela volta com a nossa comida e nos sentamos para passar a noite,
comendo e assistindo a filmes até mal conseguirmos manter os olhos
abertos.

Finalmente é noite de Halloween, e não é surpresa que agora eu


esteja fantasiada. Esses dois filhos da puta sempre acabam conseguindo
o que querem. Eles estão vestidos para combinar como
demônios. Ambos estão vestindo vermelho. Mia está
com um sutiã vermelho com todo o seu torso à mostra com
calça vermelha, e Nicco está com um terno vermelho com
uma camisa branca sob o paletó desabotoado até a metade,
mostrando o peito.
Estou com um vestido branco simples de alcinha com uma tiara.
Não é realmente uma fantasia, mas vou com ela. As pessoas
podem pensar que é um anjo, mas essa suposição está tão
distante que é ridículo.
Assim que terminarmos de nos vestir, sairemos. Nicco
está nos levando para sua casa no norte do estado de Nova York, onde a
festa está sendo realizada. Está quente esta noite com uma leve brisa, o
que é bom porque não quero congelar minha bunda neste vestido esta
noite.
Uma hora depois, chegamos ao que só posso chamar de mansão.
Uau! Este lugar é enorme e há tantas pessoas aqui. Nicco disse que
precisava de garçons para arrumar e preparar toda a comida e bebida.
Entramos na casa e a música está tocando por todo o lugar. Tem até
salão de festas! Um maldito salão de baile! Vai saber. Essa é uma
vantagem, porque é a pista de dança improvisada. Há pessoas em todos
os lugares; dançando e esfregando umas contra as outras.
Os figurinos são fenomenais. Observo tudo enquanto caminhamos
em direção a uma mesa que fica ao lado, onde estão todas as bebidas.
Cada um de nós pega uma e bebe enquanto continuamos nossa
caminhada pelo local. Mia e eu fazemos um tour e é um lugar incrível.
Chegamos ao quintal dos fundos, e muitas pessoas também estão
aqui. Logo além do limite da propriedade, há uma floresta que parece ter
quilômetros de extensão. Olhando para ela, estremeço. O
que há com pessoas ricas e com suas casas cercadas por
bosques?
Voltamos para a casa e subimos para a cozinha, onde
encontramos Nicco novamente.
— É hora de se divertir agora! – ele nos diz. — Vocês duas
precisam mexer suas bundas um pouco.
Entramos na pista de dança e começamos a dançar juntos.
Nossas bebidas continuam chegando assim que terminam.
Continuamos recebendo bebidas dos garçons que andam por aí
com bandejas de bebidas.
Uma hora depois, eu me senti mal e minha cabeça estava confusa.
Digo a Mia que preciso do banheiro e saio em busca de um. Enquanto
caminho para o banheiro, vejo pessoas desmaiadas por todo o lugar.
Acho que quando você está se divertindo, ninguém se importa com o
quanto bebe ou até onde desmaia.
Chego ao banheiro no andar de cima e me tranco. Olho no espelho e
vejo que meus olhos parecem vidrados. Estou me sentindo ainda mais
sonolenta do que antes, então me apresso e faço minhas necessidades
antes de destrancar a porta e sair, com a intenção de voltar para Mia e
Nicco.
Tem um cara aqui fora no corredor sentado no chão, desmaiado
encostado na parede. Eu continuo descendo as escadas e noto que mais e
mais pessoas estão desmaiadas no chão. Isso é estranho porque há muito
mais pessoas do que quando eu estava subindo as escadas.
Merda! Algo está definitivamente errado aqui. Preciso encontrar
ajuda porque muitas pessoas não desmaiam de uma só vez. Quanto mais
ando tentando encontrar meus amigos, mais minha cabeça parece pior.
Não consigo encontrar Mia ou Nicco e quando
percebo que o tempo está se esgotando porque todo o meu
corpo está dormente, não consigo mais manter meus olhos
abertos. Desmaio bem onde estou, no meio do que antes era a
pista de dança, mas agora é apenas uma pilha de corpos, e nem sinto
isso quando caio no chão e tudo fica escuro alegremente.

À medida que ganho consciência, sinto como se alguém tivesse


pegado uma marreta e batido repetidamente na minha cabeça. Minha
mente parece confusa e não consigo fazê-la funcionar. Não me
lembro de nada e minha mente não coopera comigo agora.
Quando finalmente abro os olhos, tudo está escuro. Estou deitada de
costas, confusa sobre o motivo de estar no chão. Mia e eu bebemos
demais ou algo assim? Gemo enquanto tento me mover para sentar. Meu
corpo inteiro parece pesado e difícil de mover.
Assim que finalmente me sento, tento olhar em volta e ver se
consigo distinguir alguma coisa, mas é impossível com a escuridão.
Uma coisa que sei com certeza é que definitivamente não estou mais na
mansão de Nicco.
Como diabos eu vim parar aqui? Mas a questão mais importante é,
onde é aqui? Não vou nem me preocupar com isso porque preciso sair
daqui. Tento pensar sobre qual foi a última coisa que eu estava fazendo e
nada vem, mais uma vez.
Sento-me ali por alguns minutos, esperando que um
pouco da confusão desapareça e, assim que isso acontece,
tudo me atinge ao mesmo tempo. A festa, todo mundo
desmaiando, e então o meu último pensamento ao cair no
chão. Se eu tivesse que adivinhar, diria que alguém drogou todo
mundo na festa. Mas, por quê?
Minha mente vai instantaneamente para Mia e Nicco. Espero
que ambos estejam bem. Seja qual for o motivo de eu estar
aqui, não pode ser bom. Com esse pensamento em mente,
percebo que preciso me mover antes que o dono deste lugar
volte. Minha mente está girando com tantas possibilidades,
não pode ser coincidência que alguém tenha drogado todo mundo lá.
Não sei o que é, mas está faltando alguma coisa. Eu fui a única
levada? Se eu fosse, isso significa que alguém está atrás de mim? Ugh,
minha cabeça dói só de pensar nas possibilidades. Drogar as pessoas
para adormecer é algo com o qual estou muito familiarizada.
Como não consigo ver nada, rastejo enquanto tateio o chão.
Espero encontrar uma porta ou algo assim em breve. Quase não
há um pouco de luar entrando pelas pequenas janelas no teto, mas isso
não ajuda em nada.
Chego alguns metros à minha frente quando minha mão pousa no
metal frio. Assim que eu toco, um grito escapa de mim e eu caio de
costas no chão. Não sei dizer o que é, mas parecia pequeno e apenas no
chão, parece úmido e pegajoso. Que nojo!
Assim que caí de bunda, foi o momento em que a luz piscou de
repente e o brilho instantâneo me cegou por um segundo. Eu levo minha
mão até meus olhos para protegê-los de todo esse brilho, e é quando
percebo que minha mão está coberta de sangue.
Sei que já há sangue em minhas mãos do passado, mas agora, estou
falando literalmente de sangue em minhas mãos. Eu instantaneamente
quero surtar, mas me esforço para manter a calma.
Que. Porra. É. Essa?!
Acho que talvez esteja machucada em algum lugar, mas
quando esfrego as mãos no corpo, não sinto dor em nenhum lugar.
Olho para mim mesma e vejo que ainda estou usando meu vestido da
festa de Halloween e a frente está encharcada de sangue.
Agora que posso ver, olho para baixo e vejo que a coisa de
metal que senti antes é uma faca coberta de sangue, bem, isso
explicaria por que parecia tão pegajosa.
Não perdendo mais tempo aqui, eu me levanto e me viro, com a
intenção de sair daqui, mas a visão na minha frente me faz paralisar no
local, ofegando como se toda a respiração tivesse deixado meu corpo. A
única palavra que posso usar para descrever o que está na minha frente é
horrível. Arrepios percorrem meu corpo porque há um cadáver na
minha frente.
Eu tive cadáveres suficientes na minha frente para durar uma vida
inteira. Porra! Eu preciso ir. Assim que esse pensamento sai da minha
cabeça, um novo se forma. O sangue dessa pessoa está em mim. Puta
merda! Isso não é bom…
Ok, sei que não matei ninguém porque eu me lembraria se o fizesse,
certo? Eu posso me sentir começando a surtar agora. A cabeça da pessoa
está inclinada na outra direção, então não consigo ver seu rosto. A calça
vermelha deveria ter me dado a primeira pista, mas meu cérebro não está
funcionando agora.
Ele está sem camisa, e a visão faz com que a bile suba pela minha
garganta. Ah meu Deus! Isso não pode estar acontecendo agora. Estou a
caminho de perder a cabeça e preciso me conter. Eu respiro devagar e
então ando em direção ao corpo.
Não sei por que acho que olhar para o rosto dessa
pessoa seria uma boa ideia, mas preciso ver como ela é.
Talvez isso me dê uma pista sobre o motivo de eu estar aqui.
Quando finalmente me movo ao redor do corpo o suficiente para ver o
rosto, cujo corpo provavelmente me condenará por assassinato... Faca,
cadáver, culpada coberto de sangue...
Isso não é exatamente um mistério de assassinato, e ainda
estou parada aqui como uma idiota em vez de correr para a
saída mais próxima.
Sabe, eu estava começando a sentir que a vida estava finalmente
começando a me fazer melhor, mas isso acabou comigo porque,
aparentemente, não sou boa o suficiente para ter uma vida normal. Acho
que você não deveria ter uma vida normal quando fez coisas ruins.
Este é um daqueles momentos em que você está ciente do que
está ao seu redor, mas sente que seu coração para completamente.
Risque isso porque MEU MUNDO PARA COMPLETAMENTE…
Lágrimas começam a cair pelo meu rosto porque o cadáver deitado
em sua própria poça de sangue é Nicco. Uma vez que minha mente
processa o que estou vendo, eu cambaleio para trás e tropeço em meus
próprios pés. Meu corpo atinge o chão com um baque, mas não sinto a
dor agora porque gritos escapam de mim.
Como diabos Nicco está morto? — Ah, meu Deus! – sussurro antes
que o conteúdo do meu estômago saia. Eu tenho o sangue dele por toda
a minha pele! Eu tento lembrar o que diabos aconteceu aqui, mas nada
vem à mente, o que só faz minhas lágrimas piorarem.
Ah Deus... por favor, não me diga que matei um dos meus melhores
amigos. Minha mente vai para Mia e os soluços
destroem meu corpo ainda mais porque isso não é bom.
Este é o amor da vida dela e ele está MORTO, e não tenho
ideia se o matei ou não. Não sei como poderei encará-la
depois disso. Isso vai quebrá-la...
Quando olho para ele novamente, outra sensação de náusea atinge
meu estômago e eu vomito desta vez. Alguém... eu? estripou-o
como um peixe porque o chão ao lado dele está coberto de
intestino e seus outros órgãos internos, deixando seu
estômago vazio sem mais nada dentro. Toda vez que olho
para ele, eu quero vomitar!
A maneira como seu corpo foi massacrado parece muito familiar e,
assim que esse pensamento passa pela minha cabeça, suspiro porque isso
não é bom e traz de volta memórias que venho tentando há anos
esquecer.
Merda, merda, merda!!
Ele estava se tornando parte de nossa pequena família e agora... não
consigo nem continuar com esse pensamento. Os soluços continuam
escapando de mim enquanto estou cimentada no lugar em que estou
porque não consigo me mover.
Faço um movimento para me levantar quando noto um pedaço de
papel sob sua cabeça. Eu me aproximo dele, minhas pernas parecem
gelatina e sinto que estou prestes a cair em uma espiral para o lugar
escuro novamente para o qual tenho tentado tanto não voltar. Quando
estou perto o suficiente, caio de joelhos ao lado de sua cabeça.
A dor que sinto em meu coração agora é diferente de tudo que já
senti antes, e estou acostumada à dor durante a maior parte da minha
vida. Meus soluços atingiram o ponto incontrolável, e dói pra caralho.
Seus olhos estão abertos e sem vida e é como se ele
estivesse olhando profundamente em minha alma. Mesmo
que ele esteja morto, é como se ele estivesse vendo todas as
partes escuras da minha alma que tento esconder todos os
dias de todos.
Com uma mão trêmula, eu a movo até seu rosto e pressiono meus
dedos em suas pálpebras para fechar seus olhos.
Mesmo sabendo que ele não pode mais me ver, ainda é
enervante ter aqueles olhos olhando em minha direção.
Depois de fazer isso, gentilmente levanto a sua cabeça e eu
pego o papel que está ao lado de seu rosto e o meu sangue gela
instantaneamente quando vejo que é um bilhete endereçado a mim…

Onde quer que você vá,


Corpos seguem.
Outro de seus erros,
Addison Montgomery..
Mas esse não é o seu nome verdadeiro, é?
Não se preocupe, eu fiz algumas investigações por conta própria,
garota safada.
Você quase enganou todo mundo.
Achou que ninguém sabia?
Você fez isso ou não? Como você vai saber?
O estado de seu corpo parece familiar, não é?
Sou o único com a resposta para te dizer se você é uma assassina
ou não...
Então novamente, isso não é novidade para você.
Não se preocupe, vou garantir que ELE saiba o que
você fez.
Tique-taque, tique-taque,
Seu tempo já está se esgotando...
Melhor se apressar porque assim que ELE souber quem
você é...
Ele virá atrás de você!!
Se você está se perguntando quem eu sou, sou alguém que tem
esperado o momento certo para ir até você. E olhe para isso, você
tornou isso tão fácil para mim! Três pássaros com uma pedra1. Em
breve, você saberá tudo sobre quem eu sou e por que precisava ser
você…

1É o mesmo principio que costumamos dizer matar três coelhos com uma
cajadada só.
Foda-se, isso não soou nada ameaçador. *insira revirar os olhos* e
quem diabos é "ELE'? Junto com o bilhete, há uma foto de uma casa em
chamas, e meu sangue gela mais uma vez porque eu estar aqui, neste
armazém, não é coincidência e este bilhete e foto apenas provam isso.
Alguém sabe... e está brincando comigo.
A foto é da minha casa em chamas na noite em que coloquei fogo
no mundo deles...
Golpe, golpe, golpe... Posso ouvir meus gemidos no
espaço enquanto continuo dando socos no saco de boxe.
Nada me deixa de bom humor como malhar. O suor brilha e
escorre pelo meu tronco, mas continuo batendo no saco como se fosse
o rosto de alguém que estou me preparando para bater, e adoro
quando posso bater no rosto das pessoas.
Ser o chefe da família Mancini desde os trinta anos é um
grande negócio. Ele vem com suas vantagens, mas também
com estresse, especialmente quando você constantemente tem que
cuidar de você, pois alguém sempre quer ocupar o seu lugar.
Algumas dessas regalias são as drogas e armas que fornecemos às
pessoas, o que traz muito dinheiro para a família. Outros incluem meus
próprios negócios pessoais e boceta ilimitada. É como um buffet
sempre que você entra no Raine, o lugar mais badalado para se
estar em Nova York, do qual sou o orgulhoso proprietário.
Porém, boceta fácil fica chato depois de um tempo.
Minha boa aparência e conta bancária ainda maior sempre atraem as
interesseiras, mas também acho que o tamanho do meu pau também
ajuda. Não ouvi nenhuma reclamação e elas sempre voltam para pedir
mais, mesmo quando você deixa claro desde o início que não passarão
de uma trepada, uma vez que provaram meu pau, elas querem mais. Elas
não têm ideia do que estariam entrando se alguma vez lhes desse
atenção.
Quando as mulheres olham para mim, tudo o que veem é cabelo
preto com um queixo esculpido e olhos azuis envoltos em um corpo
musculoso de 1,80m.
Ser o chefe não é apenas ser o mais forte ou saber usar uma arma,
embora isso seja útil de vez em quando, quando as
pessoas querem testar sua paciência. Trazer senso de
negócios para o mundo em evolução da máfia e saber como
escolher as coisas certas para investir lhe renderá milhões é o
que significa ser o chefe.
Adoro o lado comercial das coisas, mas adoro ainda mais quando
as pessoas tentam me testar, porque assim posso realmente
mostrar a elas do que sou feito. Já encontrei pessoas que
pensavam erroneamente que, só porque sou jovem, não sei o
que estou fazendo ou não tenho experiência suficiente para o
trabalho.
Adoro provar que estão erradas, especialmente quando alguém me
irrita, porque assim posso mostrar a elas o que realmente posso fazer.
Posso ser jovem, mas sou uma das pessoas mais implacáveis neste
negócio. Perdi meu coração há muito tempo para este mundo e nunca
pedi desculpas pela pessoa, a máquina que me tornei desde o dia
em que percebi que este mundo era perigoso e emoções, como o
amor, não têm lugar para existir porque as pessoas vão usar
isso a seu favor para destruí-lo.
Quando criei Raine, rapidamente juntei tudo para construir todo
esse prédio para atender às minhas necessidades. Quero dizer, você não
pode ser muito cuidadoso hoje em dia. Esses idiotas farão de tudo para
chegar até você, mesmo que isso signifique ser morto.
Como chefe, aprendi que ser bem-sucedido também significa saber
como criar negócios legítimos para canalizar dinheiro sujo, de modo que
seja limpo e ninguém fique sabendo. A porra do FBI está sempre
tentando ferrar você só para te prender.
Com apenas um ano de Raine aberto, já ganhei dez vezes mais do
que gastei para construir aquele lugar, e eu posso dizer com satisfação
que ainda é o lugar mais badalado de Manhattan.
A outra coisa que ajuda é quando esses pirralhos
ricos e mimados vêm aqui com o dinheiro do papai para
gastar. Na maioria das vezes, eles gastam muito porque estão
tentando irritar os pais por não terem atenção suficiente.
Sei tudo sobre querer a atenção de seus pais. Quando éramos mais
jovens, meu irmão e eu nos metíamos em todo tipo de loucura.
Acabamos levando a melhor surra de nossas vidas todas as
vezes, mas isso nunca nos impediu de fazer merda de novo.
Ser associado à máfia de Mancini significava que tínhamos de
ser durões, e meu pai fazia questão de ser ele quem nos
endurecia.
Depois de terminar meu treino, volto para meu escritório dentro do
Raine. Preciso trabalhar nos detalhes da minha mais nova fusão para ter
certeza de corrigir todos os pequenos erros. Administrar um império de
bilhões de dólares que está do outro lado da lei é um negócio
complicado, e constantemente tenho que me certificar de que estou
no auge agora.
Meu escritório tem vista para o horizonte de Manhattan e adoro a
vista. Este é um lugar onde adoro passar meu tempo. Este espaço está
alinhado com o último andar no espaço ao ar livre do clube, então tenho
uma visão perfeita das pessoas. É feito de vidro reforçado e é até à prova
de bombas, porque as pessoas farão de tudo para chegar até você. Criei o
estilo espelho de vidro, o que significa que posso ver lá fora, mas
ninguém pode ver aqui dentro.
O recurso fosco e opaco do vidro é o meu favorito porque posso
alterá-lo para que o exterior não fique mais visível.
Ninguém sabe que este escritório existe, exceto Niccolo e alguns
poucos confiáveis. A única maneira de entrar ou sair é através da
segunda seção VIP feita especificamente para Nicco ou qualquer
membro da família que deseje vir ao clube.
Escondido atrás de uma moldura está o painel do
scanner que lê apenas minhas impressões digitais e as de
Niccolo. A única maneira de outra pessoa entrar é se eu der
acesso a ela. Fiz as portas para parecerem com a própria parede, então
é como se não houvesse nada ali.
Apenas alguns poucos sabem sobre a entrada que fica na
seção VIP, mas ninguém sabe sobre minha entrada particular
está escondida na parte de trás do escritório da mesma forma
que na frente está escondida.
É assim que entro e saio sem ser visto. O elevador de lá desce até a
suíte da cobertura no décimo sétimo andar, que é o que eu uso como
meu andar pessoal. Há duas suítes naquele andar, uma é minha e a outra
de Niccolo.
Nosso pai apenas fica em sua mansão; ele realmente não se
importa com a vida na suíte do hotel. Ele não é o mesmo desde que
nossa mãe foi morta. Ele a amava, e acho que essa é a principal razão
pela qual ele me entregou as rédeas do império ainda jovem.
Nenhum de nós era o mesmo depois da morte da mãe. Papai ficou
recluso, Niccolo festejou como se não houvesse amanhã, embora isso
tenha mudado desde que ele conheceu sua namorada, Amelia Du Pont,
e eu, bem, fiquei mais cruel e sem coração. Não é preciso muito para eu
matar alguém hoje em dia. Sempre soube que era diferente do resto da
minha família, então agora abracei completamente essa escuridão.
Minha fome de sangue e vingança era insaciável. Eu prosperei em
fazer as pessoas sofrerem quando mereciam. Não saio por aí matando
pessoas o tempo todo, principalmente quando são inocentes. As únicas
pessoas que enfrentam minha ira são aquelas que mexem
comigo ou com meus negócios e minha família.
Papai disse que eu tinha a atitude certa para liderar a
família, já que não tinha emoções; funcionou quando eu tinha
cobras e ratos para lidar. Falando em cobras, eu as amo e minha linda
coleção em casa pode atestar isso.
Meu celular toca e sou tirado de meus pensamentos. Pego e
atendo enquanto ouço a pessoa na linha falar.
Eu suspiro. — Estarei lá em uma hora. – digo na linha
antes de desligar. Eu nem espero para saber se houve mais
alguma coisa. Caminho de volta para o meu escritório e pego o elevador
escondido antes de descer para a minha cobertura.
Alguém andou fodendo com minhas remessas e acho que já é hora
de pagarem por tal desrespeito. Meus homens finalmente pegaram o
culpado depois de 24 horas escondido. Preciso fazer um exemplo
disso. Não tenho esse problema há alguns anos e agora parece que
alguém quer jogar.
Tudo bem para mim, porque isso significa que posso me divertir um
pouco. Saindo pela porta da minha cobertura, ligo para meu irmão;
Preciso ter certeza de que o filho da puta está se mantendo longe de
problemas. Ele vai dar aquela festa estúpida de Halloween de novo este
ano, que vai acontecer hoje à noite. Seu celular vai direto para a caixa
postal e eu o deixo por enquanto. Depois que eu terminar de lidar com
esse idiota, tentarei novamente mais tarde.
Acho que é uma boa noite para alguém morrer.
Entro no meu carro e saio para o armazém que temos no meio do
nada. Lugares como esses só estão disponíveis fora da cidade porque
você não gostaria que ninguém ouvisse os gritos das pessoas quando
elas imploram por suas vidas.
Exatamente uma hora depois, saio do carro e entro
no armazém como se não tivesse nenhuma preocupação
no mundo. Os dois seguranças na porta me dão um aceno
respeitoso antes de abrir a porta para mim.
Eu aceno de volta para eles, um sinal mútuo de respeito. Sempre
tratei meus homens com justiça e, em troca, eles me dão sua lealdade
inabalável e não faz mal que sejam pagos generosamente por isso
também.
Ganhei todo o respeito por minha reputação, e meus
homens raramente me traem. Os poucos que já fizeram isso,
bem, digamos apenas que deixaram alguns peixes muito felizes.
A outra coisa chata em nossas vidas é meu tio. Ele odiava minha
família desde que meu pai substituiu o pai dele. Meu pai era mais novo
que meu tio, mas meu avô afirmava que meu tio era muito instável e
inadequado para tal posição. Quando assumi o lugar do meu pai, as
coisas realmente ficaram loucas e ele ficou ainda mais irritado.
Uma vez que a diferença entre os irmãos cresceu, meu tio saiu e
começou sua própria organização e encontrou todas as oportunidades
para mexer comigo. Um palpite sobre quem ganhou essas remessas? Ele
agora é um de nossos rivais, e se eu achasse que ele tinha algum poder
real para nos prejudicar, eu pessoalmente o teria perseguido.
Mas ele é apenas um pequeno inseto tentando jogar alto. Ele enviou
inúmeros homens para morrer porque ele mesmo não pode me enfrentar.
Ninguém mexe comigo e vai embora depois disso. Graças a Deus, meu
irmão e eu nunca tivemos ciúmes um do outro. Sempre fomos próximos
enquanto crescíamos e eu não conseguia imaginar a vida sem ele,
mesmo quando ele estava sendo um babaca.
A morte da mamãe nos aproximou ainda mais e nosso vínculo ficou
mais forte; Tentei mantê-lo fora do negócio o máximo
possível porque não queria essa vida para ele, mas o
merdinha gosta de torturar as pessoas tanto quanto eu.
Espero que um dia eu possa tirá-lo completamente disso.
Naquela noite, ele me apresentou a sua namorada em Raine,
descobri tudo o que pude sobre ela porque não precisava de uma vadia
faminta por dinheiro afundando suas garras em meu irmãozinho.
Seja como for, sim, ele tem vinte e sete anos, mas sempre será
meu irmãozinho.
Ainda bem que ela já é rica sozinha, então não tenho nada
com que me preocupar. Seus pais são estilistas famosos, e até
tenho alguns ternos personalizados feitos por eles.
Niccolo nunca entrou de cabeça com ninguém antes, e eles estão tão
apaixonados que eu quero vomitar! Ela é a primeira e única a ter o rótulo
de "namorada" e a única a ser apresentada a mim. Já posso dizer que
isso é algo sério para os dois e não poderia estar mais feliz por ele.
Ela provavelmente vai impedi-lo de fazer merda, então isso é bom
a longo prazo para mim.
Sou tirado dos meus pensamentos quando ouço um choro. Olho
para o cara amarrado à cadeira, gritando com a mordaça. Ugh, eu odeio
quando eles gritam como maricas. Eu suspiro, sempre tenho que lidar
com os idiotas. Ando até ele enquanto tiro meu paletó; Enrolo as mangas
da minha camisa branca até os cotovelos, mostrando todas as tatuagens
em meus braços.
Continuo arruinando todas as minhas camisas brancas sujando-as
constantemente de sangue, mas não me importo porque fico eufórico
sempre que estou coberto com o sangue de outra pessoa.
Tiro a mordaça de sua boca e a primeira coisa que ele faz é começar
a implorar por sua vida. Deus, esses caras estão sempre sem cérebro.
Não sei o que os faz pensar que assim que suas bundas baterem em uma
das minhas cadeiras, eu vou deixá-los ir.
Regra número um de trabalhar para mim: nunca deixe
seu traseiro tocar em uma dessas cadeiras em qualquer um
dos meus armazéns porque, quando isso acontecer, você
estará acabado. Você só chega aqui se tiver feito algo para me irritar
muito ou foder comigo, o que não levo a sério. Para esclarecimento,
uma vez que você chega até aqui, não tenho piedade de você.
Dou um soco na boca dele para calá-lo, só porque posso e
quero. Já estou cansado de ouvi-lo reclamar e implorar.
— Você já sabe por que diabos está aqui, então não perca
meu tempo com suas merdas implorando.
— Por favor, Cole... – Interrompi suas palavras com outro soco no
rosto.
— Cole? Eu pareço ser seu amigo? Porra, fale comigo direito. –
digo, batendo na cabeça dele novamente.
— Eu... sinto muito, Sr. Mancini.
— Muito melhor. Pelo menos você está aprendendo rápido... pena
que é um pouco tarde demais. Todo mundo sabe que assim que sua
bunda chega a uma dessas cadeiras, você está acabado. O que aconteceu
com minha remessa?
— Eu não sei, senhor! – Suspirando, faço sinal para dois dos meus
homens agarrá-lo e colocá-lo no centro da sala de joelhos com os braços
amarrados aos dois postes de cada lado dele. Ele tem suas mãos
esticadas e o corpo um pouco caído para frente. Pego minha faca de caça
e ando atrás dele.
— Esta é sua última chance de me dizer por que minha remessa
sumiu e o que aconteceu com ela?
Ele não responde, apenas implora para que eu não o mate. Sua
mendicância está ficando irritante, então faço o que vim
fazer aqui. Pego meu soco inglês e coloco-o em minhas
mãos. Eu me viro e dou um soco na cara dele tão rápido que
ele nem percebe. O som de ossos quebrando sob meu punho é
como música para meus ouvidos. Se ele fosse viver depois disso,
imagino que seria muito doloroso para ele.
— Você é burro demais para inventar algo assim sozinho e,
embora odeie ter que me repetir, vou perguntar de novo, quem
diabos ajudou você a se livrar da minha coca? – Quando ele
não responde, eu me abaixo para ficar na altura de seu rosto e
levo minha faca até seu rosto e a arrasto ao longo de sua
bochecha direita até seus lábios. Como ele aparentemente não pode me
ouvir, isso deve acordá-lo.
Minha faca é tão afiada que a pele corta instantaneamente e este
lado de sua mandíbula abre e o sangue começa instantaneamente a
jorrar de seu ferimento. Ele provavelmente poderia competir com o
Coringa com o sorriso que está exibindo.
— Fiz isso sozinho, seu filho da puta! Eu precisava do dinheiro...
por que você tem que ser o único com todo esse dinheiro?
— Porque é a porra do meu negócio, e eu trabalhei duro para isso.
Se você queria ser tão rico quanto eu, deveria ter começado seu próprio
negócio, seu canalha! Ninguém me trai e sai impune. – eu acabei com
esse beco sem saída de questionamento e sem obter respostas.
— As coisas estão prestes a ficar fodidas para você. – digo a ele
enquanto caminho para trás com minha faca na mão. Eu o agarro pelo
pescoço e coloco a faca na base e enfio apenas com a ponta perfurando
sua pele. Ainda não é o suficiente para causar danos à medula espinhal.
Deslizo a faca ao longo de suas costas e ele solta um grito
agonizante que ecoa pelas paredes do armazém. Parece que já faz muito
tempo, quando na verdade já faz uma semana que não
torturo ninguém e isso sempre me dá um barato como
nenhuma droga jamais daria. Adoro quando eles gritam e
sangram, mesmo sabendo que não demonstro nenhuma
fraqueza por lhes dar misericórdia, mas ainda assim eles tentam.
Idiotas.
O corte ao longo de suas costas escorre sangue e parece
profundo o suficiente para começar com o que tenho em mente
para ele. Deslizo minha faca sob sua pele e começo a cortar.
Estou praticamente esfolando-o vivo e depois cortando a pele
de seu corpo. A julgar pelo som de seus gritos, só posso
imaginar quanta dor isso está causando a ele.
Assim que removo o último pedaço de pele de suas costas, tudo o
que fica visível são as costelas. Tudo o que posso ouvir agora é seu
choro, me dizendo o quanto ele estava arrependido por roubar meu
carregamento de drogas no valor de mais de um milhão.
Perder esse dinheiro não é quebrar a banca porque tenho
mais do que sei o que fazer, mas é o princípio da questão, sabe?
Se você roubar minhas coisas, terá que estar pronto para enfrentar as
consequências. Eu não jogo com pessoas que roubam de mim porque
uma vez que você rouba, quem sabe o que mais você será capaz de
fazer.
— Não é engraçado como eles mudam de ideia rapidamente quando
a agonia de serem torturados os atinge? – digo para a sala, então olho de
volta para o cara sofrendo minha ira. Hmm, eu nem sei o nome dele.
— Qual é o nome desse cara?
— James. – Um dos meus homens responde.
— Bem, James, você sente muito agora, mas alguns minutos atrás,
eu era um maldito bastardo? – eu levanto uma sobrancelha para ele. Ele
abre a boca para falar, mas apenas o interrompo.
— Ok, chega de todo esse bate-papo. Tenho lugares
para estar e alguma boceta para me enfiar. E com isso, eu
uso minha faca e atinjo uma de suas costelas que está
conectada à medula espinhal. Seu grito é mais alto e cheio de dor do
que qualquer outro que ele soltou desde que começamos aqui, e eu
sorrio, orgulhoso do meu trabalho.
Depois que o osso é separado de sua medula espinhal, uso
minha mão e a deslizo sob o osso, envolvo meus dedos em
torno dele antes de usar toda a minha força e puxá-lo para
mim. Eu posso ouvir o estalo doentio de osso quebrando por
toda a sala. Seu osso está saindo de suas costas em uma posição vertical.
O osso ainda está ligado à sua costela frontal, então está apenas
mutilada. Eu olho e vejo alguns dos meus homens estremecendo com o
volume do grito de James depois que puxei seu primeiro osso. Eu não
posso evitar o sorriso sinistro contraindo meus lábios agora.
Eu me viro para James. — Você tem alguma resposta para
mim agora? – pergunto enquanto tudo o que ele faz é dar
pequenos gemidos patéticos. Ele evita olhar para mim e sei que está
mentindo sobre quem o ajudou. Ele é um criminoso humilde que não
tem capacidade para realizar tal façanha, então ele teve que ter alguém
para ajudá-lo.
Quando ele ainda não responde, eu me aproximo dele e bato minha
faca em outro osso antes de arrancá-lo como o primeiro. Eu continuo o
processo com o resto de suas costelas, uma após a outra, e com cada
uma que é arrancada de sua coluna, seus gritos ecoam nas paredes mais
agonizantes do que o anterior.
A maioria dos meus homens parece que está prestes a vomitar
agora, mas realmente não me importo, porque se eu dissesse a eles agora
para virem fazer o mesmo, eles fariam, mesmo que cada momento os
deixasse mal do estômago.
Mas não preciso que nenhum deles suje as mãos, já
que estou de bom humor esta noite, e isso também serve
como um lembrete para meus homens do que acontece
quando você me trai.
No momento em que termino minha obra-prima, há sangue por
toda parte e cobre minha frente. É como uma obra de arte. Sua
medula espinhal é a única coisa ao longo do centro de suas
costas, e cada osso da costela está de pé verticalmente. Ele
mal está consciente agora e tenho prazer em vê-lo sofrer.
A visão é maravilhosa de se olhar; os ossos de pé do jeito que estão
dão a ilusão de serem asas. Bem, asas sangrentas para ser exato.
Este método de tortura é a águia de sangue que peguei emprestada
dos vikings. Agora essas pessoas sabiam o que estavam fazendo, e este é
um dos meus métodos favoritos para trabalhar porque o resultado é
horrível de se ver, mas acho que fica maravilhoso.
Quando eu era mais jovem, tinha que fazer algo nas horas vagas e o
que era melhor do que procurar diferentes métodos de tortura; Eu sabia
que um dia precisaria desse conhecimento.
— Seu tio… – É a última coisa que ouço sair de sua boca antes que
a vida deixe seu corpo devido à quantidade substancial de perda de
sangue.
Filho da puta! É melhor meu tio rezar para que eu não coloque
minhas mãos nele, porque gostaria de cortá-lo em pedacinhos e depois
jogá-lo no rio Hudson como comida de peixe.
Ignoro esse pensamento e me limpo. Assim que lavo as mãos e
coloco uma camisa nova e limpa, o meu celular toca. Olho para o
identificador de chamadas e vejo que é Frank.
— Sim? – digo ao celular assim que o pego.
— Chefe, temos um problema. – Eu reviro os olhos.
Quando as coisas se movem sem problemas, sem imprevistos
no caminho?
— Prossiga.
— O rastreador interceptou uma ligação para o 911
informando que algo aconteceu em uma festa e eles
precisavam de todas as ambulâncias disponíveis de todos os
hospitais…
Ele se interrompe como se não soubesse como continuar e talvez
não saiba, porque posso dizer que tudo o que ele está prestes a dizer vai
me afetar diretamente porque eles nunca hesitam quando preciso saber
alguma coisa.
— Fale logo, Frank. Não tenho o dia todo aqui! – digo a ele com
impaciência.
— Humm... o endereço era da casa no interior do estado, chefe. Já
estamos a caminho. – ele me diz baixinho enquanto sinto que meu
mundo está de cabeça para baixo.
— Desgraçados! Estou a caminho. – eu desligo, sem esperar por
uma resposta antes de sair correndo do armazém para ir para casa. A
maioria dos meus homens entra em três SUVs enquanto os outros ficam
para trás para se livrar do corpo e então partimos noite adentro...

Quando chegamos na casa, os paramédicos já estavam lá e assim


que tive a informação que precisava, descobri que todos foram
drogados de alguma forma. Provavelmente ecstasy liquido e em
grandes doses também. Reuni meus homens para descobrir o
que diabos aconteceu aqui e quem fez isso.
A única maneira dessas drogas terem entrado no sistema
dessas crianças provavelmente foi pela comida e bebida e, pelo que
posso dizer, foi exatamente isso que aconteceu. Quando você está
festejando, nunca pensa em coisas como a comida contaminada com
drogas.
A única explicação para isso é a empresa de buffet que meu
irmão contratou para a festa. Eu definitivamente teria uma
conversa com eles e é melhor eles esperarem ter respostas para
mim, porque o monstro dentro de mim está rugindo para sair e causar
estragos contra qualquer um que mereça.
Depois de olhar ao redor de todo o lugar, não consegui encontrar
Nicco. Meu irmão estava desaparecido. Eu soube instantaneamente que
não era um ataque aleatório, então rapidamente mandei meus homens
procurá-lo.
Quatro dias depois daquela tragédia na casa do interior, encontrei
meu irmão.
Morto…
Meu irmão estava morto. Senti os últimos vestígios de amor que eu
tinha em meu coração gelado murchar e morrer. Eles o estriparam como
a porra de um peixe e o deixaram lá para apodrecer.
Chegamos ao armazém pouco antes dos jornalistas.
Algum maldito idiota estava jogando, e essa é a única
razão pela qual jornalistas apareceriam quando ninguém mais
soubesse sobre o assassinato. Somente a pessoa que fez isso poderia
tê-los informado.
Senti meu sangue ferver e a necessidade de vingança estava
consumindo tudo e eu não pararia até fazer quem fez isso pagar
pelo que fez.
Uma semana depois, realizei o funeral de Niccolo. Não
derramei uma lágrima e não pude lamentar meu irmão porque precisava
me vingar da pessoa responsável por isso antes que pudesse lamentar
meu irmãozinho.
Optei por um funeral de caixão fechado porque ele não estava
realmente lá; Eu estava enterrando ele na minha mansão principal que
ninguém sabia, ao lado da nossa mãe e dos outros familiares que
tínhamos lá também.
Eu não queria que ele fosse enterrado em qualquer lugar aqui ao ar
livre, onde alguém pudesse roubar seu corpo só para foder comigo.
Confie em mim, essa merda acontece em nosso mundo. Só porque esses
filhos da puta sabiam que você nunca encontraria paz se o corpo do seu
ente querido desaparecesse.
Amelia estava aqui, e ela parecia verdadeiramente quebrada. Ela
parecia tão perdida, como se estivesse prestes a perder o controle. Senti
pena do pobre coitado porque sabia o quanto bom meu irmão era e como
era sentir seu amor, especialmente se ele estivesse totalmente envolvido.
Ele fazia você sorrir, não importava o seu humor.
Perder alguém com uma alma tão incrível foi trágico, e eu entendi
cada uma de suas emoções agora. Parecia que ela estava prestes a
desmaiar, então me aproximei dela.
Cheguei ao lado dela bem na hora porque assim que
começaram a baixar o caixão no chão, os soluços que
escapavam dela, eu senti no fundo da minha alma.
Ela desmaiou e a envolvi em meus braços enquanto ela soluçava.
Não diria exatamente que sou conhecido por mostrar qualquer cuidado
ou emoção por alguém. Mas ela precisava de alguém para segurá-
la agora.
Depois que o funeral acabou, fiz um dos meus homens
levá-la para casa antes de partir. Eu estava voltando para
minha cobertura; Eu não tinha certeza se poderia continuar morando lá,
saber que meu irmão não estaria mais por perto foi como um soco no
estômago.
Quando cheguei ao hotel, havia um envelope esperando por mim.
Não tinha nome nem endereço de remetente, o que era estranho, já
que eu não esperava nada.
Agarrei-o e fui direto para o escritório que tinha na minha cobertura.
Abri o envelope e vi que havia um pendrive dentro.
Liguei o meu notebook, aquele que não tinha nada, porque ninguém
quer abrir um vírus em seu computador que contém informações
confidenciais.
Assim que ligo o pendrive, um vídeo aparece e instantaneamente,
sinto a respiração sendo tirada de mim. O vídeo mostra uma garota de
vestido branco, com o corpo coberto de sangue, parecendo apavorada
enquanto chorava. Ela também parece estar muito chocada para mover
um músculo. A visão dela coberta de sangue é de tirar o fôlego e sinto
meu pau pulsar. Ela é linda também.
No momento seguinte, porém, meu pau amolece porque tudo o que
me atinge é uma raiva diferente de tudo que já senti
antes. A necessidade de vingança é tão avassaladora que
preciso dizer a mim mesmo para ficar calmo porque no
segundo seguinte a câmera se afasta e há um cadáver bem ali
ao lado dela no chão...
Não apenas qualquer corpo morto, porém, o do meu irmão...
entalhado como um animal. Eu a observo tentar limpar as
impressões digitais de seu corpo antes de limpar o que parece
ser vômito. Quando ela termina, ela sai correndo de lá tão
rápido como se sua bunda estivesse pegando fogo e
simplesmente o deixa lá.
Maldita vadia!
É uma pena que um rosto tão bonito esteja em um mundo de dor
quando eu colocar minhas mãos nela. Continuo repetindo o vídeo,
olhando para a cena na minha frente. Esta vadia matou meu irmão e
eu vou me vingar dela. É o mínimo que ele merece.
Brevemente me pergunto quem diabos enviou este vídeo.
Certamente, ela não é tão estúpida. No segundo seguinte, estou com o
celular na mão e o levo até o ouvido.
— Meu escritório na cobertura, agora! – grito ao celular antes de
desligar.
Dez minutos depois, Franks entra: — Sim, chefe?
— Preciso que você veja este vídeo e encontre essa garota. Eu quero
tudo sobre ela desde o dia em que ela nasceu até agora.
Ele dá a volta na minha mesa e eu passo o vídeo para ele. Estamos a
cerca de cinco segundos quando Niccolo aparece na tela e Frank faz um
som angustiado no fundo da garganta. Eu olho para ele com curiosidade
e espero que ele fale.
Ele tem uma expressão de desprezo no rosto e
também de choque antes de falar.
— Humm, eu sei quem é, chefe. Ela é a melhor amiga da
Amelia... Addison.
— Descubra tudo o que puder sobre ela e coloque alguém na
cola dela por enquanto até que eu esteja pronto para cobrar. – E
com isso, ele sai do meu escritório. Fiz uma pausa no vídeo e
olhei para o rosto dela. Ela parece um anjo, inocente, mas
também há algo escuro sob a superfície e essa escuridão é a
que acabou de matar meu irmão.
Espero que você esteja pronta para enfrentar seu pior pesadelo,
cordeirinho...
Estou deitada na cama, olhando para o teto, com insônia
novamente. Não sei mais o que é dormir. Minha vida mais uma
vez entrou em erupção no caos.
Depois de ler o bilhete deixado para mim na outra noite,
estou enlouquecendo. Não consigo me lembrar de nada que aconteceu
no Halloween depois que desmaiei, o que significa que ainda não sei se
fui eu quem matou Nicco ou não.
Só de pensar no estado em que ele estava quando acordei, os meus
olhos se encheram de lágrimas, porque foi uma cena horrível de se
testemunhar e eu não consigo tirar da cabeça a imagem dele
massacrado daquele jeito.
Agora, me sinto estúpida por não seguir meus instintos quando senti
que alguém estava me observando e me seguindo. Alguém do meu
passado sabe que não morri naquela noite. Descobrir quem é, porém, é a
parte mais difícil. De acordo com o bilhete, não saberei quem é até que
ele esteja pronto para eu descobrir.
Apresse-se porque assim que ELE souber quem você é, ele virá
atrás de você... Essas palavras se repetem em minha mente, porque o
que o bilhete significava com "ELE"? Quem diabos é ele? Isso não era
nada ameaçador. Não importa quantas vezes eu tente ignorar isso como
fiz com as memórias do meu passado, não funciona.
Minha mente volta para aquela noite pelo que deve ser a
milionésima vez...

Larguei o bilhete assim que o li. Merda! Isso não


podia estar acontecendo! Não vim até aqui, me reconstruir e
deixar tudo que eles fizeram para trás, apenas para algum
idiota vir e foder tudo de novo... Eu me esforcei tanto para superar
toda a merda que estava me consumindo e eu não vou voltar a esse
tempo novamente.
Uma vez que consegui focar a minha mente novamente,
rapidamente me levantei, nem mesmo me preocupando em
analisar o bilhete porque estava tendo um ataque de pânico.
Eu precisava dar o fora de lá e rápido antes que acabasse em um saco
para cadáveres ou na prisão.
Comecei a me afastar, mas então me virei e peguei o bilhete porque
alguém tinha um senso de humor doentio e eu não poderia deixar isso
como evidência com meu nome lá.
Tentei limpar o vômito porque não tinha certeza se você poderia
obter amostras de DNA do vômito, mas não queria correr nenhum risco.
Eu me senti tão mal do estômago só de pensar no que estava prestes a
fazer, mas ele já estava morto e eu não podia fazer nada por ele agora.
Nem sabia há quanto tempo ele estava morto ou mesmo há quanto
tempo estou aqui. Voltei para o corpo de Nicco pouco antes de sair. As
pessoas podem pensar que é doentio deixar um dos meus melhores
amigos lá, mas eu tinha que fazer isso. Eu tinha que me salvar antes de
ser culpada por algo que sei que provavelmente não fiz.
Nunca mais serei a garota indefesa que era quando era mais jovem.
Jurei a mim mesma que não deixaria isso acontecer novamente e, se
acontecesse, lutaria até meu último suspiro para vencer novamente.
Eu me ajoelhei ao lado da cabeça de Nicco antes de
beijá-lo na testa. Lágrimas instantaneamente escorreram
pelo meu rosto enquanto mais soluços escapavam. Por que
tenho que continuar sofrendo assim? Por que tudo tem que
dar terrivelmente errado justamente quando penso que está prestes a
melhorar?
“Sinto muito que isso tenha acontecido com você. Se fui eu
quem fez isso, nunca poderei me perdoar, mas se foi a pessoa
que me deixou esse bilhete, prometo que farei quem fez isso
com você pagar.
Meus soluços me sufocaram, tornando difícil respirar, mas sei que
tinha que ir. "Eu sinto muito por ter que deixar você aqui sozinho."
Com isso, levantei-me com as pernas bambas antes de sair
correndo com o bilhete agarrado em minhas mãos, procurando a saída
naquele lugar deserto e quando finalmente a encontrei, saí pela
porta para o ar frio da noite e saí correndo…
Quando cheguei em casa naquela noite, fiquei feliz por Mia não
estar em casa. Rapidamente peguei as chaves reserva debaixo da planta
perto da porta da frente, minhas mãos tremiam tanto que precisei de
várias tentativas antes de conseguir colocar a chave na porta e abri-la.
Assim que entrei, corri para o meu quarto e tirei as roupas
ensanguentadas que eu usava o mais rápido que pude antes de entrar no
chuveiro. Observei enquanto o sangue escorria pelo ralo enquanto as
lágrimas continuavam a escorrer pelo meu rosto.
Não acredito que Nicco está morto! Porra! Mia...
Quando Mia descobrir sobre sua morte, ela vai perder a cabeça.
Choro ainda mais pela minha amiga porque ela não merece isso. Ela não
merecia ser arrastada para o drama do meu passado, nem Nicco. E
agora, ele está morto por minha causa. No fundo, sei que
não o matei, apenas sei.
Eu deveria ter ficado na minha e não feito nenhum
amigo. A vida teria sido muito mais fácil se eu não tivesse
ninguém para se machucar por minha causa.
Quando saí do armazém, havia um carro estacionado perto da
porta com as chaves dentro. Sei que provavelmente era suspeito
a presença de um carro ali, mas nem parei para pensar de quem
era o carro ou mesmo por que estava ali. Eu apenas entrei e
dirigi para longe de lá. Estacionei no posto de gasolina a cerca
de três quarteirões de casa e andei o resto do caminho.
Peguei os becos que levam à nossa casa e eu corri todo o caminho
para casa. Graças a Deus, esses becos estão desertos. Havia sem-tetos
estranhos lá, mas nenhum deles estava prestando atenção em mim.
Assim que terminei meu banho e coloquei meu pijama, ouvi um
barulho vindo do andar de baixo e quase surtei, pensando que
alguém já deveria ter me encontrado. Escondi minhas roupas
ensanguentadas em uma sacola que teria que me lembrar de descartar
pela manhã.
Ouvi Mia chamar, perguntando se eu estava aqui e instantaneamente
fiquei aliviada por ser ela, e não algum psicopata que estava atrás de
mim agora.
Desci as escadas e assim que cheguei ao último degrau, eu fui
envolvida por um enorme abraço. O abraço de Mia foi como voltar para
casa depois de ficar longe por muito tempo.
— Onde diabos você estava?! Eu estava tão preocupada! Acordei no
hospital porque alguém batizou as bebidas e a comida da festa e todos
desmaiaram. Acho que alguém chamou a polícia logo depois, e eles
tiveram que dividir todos entre os hospitais por causa de quantas pessoas
estavam na casa.
Graças a Deus, Mia era uma tagarela porque agora
meio que tinha uma desculpa para dar a ela. — Em que
hospital você estava?
— Cristo. E quando eu saí no dia seguinte, procurei por você e
Nicco em todos os lugares. – Eu não conseguia nem olhar para o
rosto dela naquele momento porque me sentia muito culpada.
— Ah, hum, eu estava no Metro…
— Eu estava lá fora agora mesmo procurando por vocês
dois de novo, então ficou tarde, então isso explicaria por que não
consegui encontrá-los. O Metro seria minha primeira parada pela manhã.
Já se passaram quatro dias desde que essa merda aconteceu, então eu
não entendo... Vou ver se consigo falar com o irmão do Nicco para me
ajudar a encontrá-lo, ou talvez ele esteja no Metro também?
— Quatro dias?! – Caramba, eu estava desaparecida por quatro
malditos dias! Toda essa situação é apenas mais uma confusão de
proporções épicas.
Só esperava poder encontrar respostas antes que as coisas piorassem
para mim. Preciso saber o que aconteceu e por que essa pessoa
misteriosa estava me perseguindo e por que matou Nicco pra começar...
Já era tarde, então Mia disse que falaria com o irmão dele pela
manhã para ajudar a descobrir em que hospital ele estava. Eu queria
dizer a ela que ela não o encontraria em nenhum hospital ou mesmo
vivo, mas simplesmente não consegui Não encontrei coragem para tirar
nenhuma das palavras da minha boca. Eu não queria que ela tivesse a
impressão errada... você sabe, aquela em que sua melhor amiga matou o
amor de sua vida.
Entramos na sala e ambas nos sentamos no sofá. Mia
me deu um abraço e me envolveu em seus braços. A TV
estava muito baixa como ruído de fundo enquanto nós duas
estávamos sentadas lá, perdidas em nossos próprios pensamentos.
Depois de alguns minutos de silêncio, Mia se levanta da cadeira,
fazendo-me cair antes de ouvir um suspiro alto vindo dela. Tudo
acontece ao mesmo tempo. Ela começa a gritar e as lágrimas
escorrem pelo rosto, com os olhos grudados na TV.
Olho para cima para ver o que poderia ter causado essa
reação e todo o sangue é drenado do meu rosto. As manchetes
estridentes chamam minha atenção e Mia está chorando agora. Eu me
sinto entorpecida porque isso é tudo culpa minha.

Cadáver de Niccolo Mancini encontrado em um armazém


abandonado…
Mais detalhes virão assim que tivermos mais informações.

Faz duas semanas desde que acordei coberta pelo sangue de Nicco e
uma semana desde seu funeral. Tenho trabalho esta noite
e honestamente não tenho energia para continuar com
minha vida. O peso da morte de Nicco está me esmagando
junto com todas as memórias que trouxe à tona.
Já que não tenho mais dias de licença porque usei tudo nas
últimas duas semanas, preciso ter certeza de ir se não quiser ser
demitida.
Eu não pude nem ir ao funeral de Nicco por causa da culpa
que me consumia. Tive de inventar uma desculpa, dizendo a
Mia que não poderia ir ao enterro porque ver o cadáver dele
poderia despertar lembranças do passado.
O passado falso em que os meus pais amorosos morreram e ver
qualquer cadáver me fez sentir como se os estivesse perdendo
novamente. Era um monte de besteira, obviamente, porque eu não podia
dizer exatamente a verdade.
Eu me senti uma amiga tão ruim porque não pude estar lá para
apoiá-la no que deve ser o momento mais difícil de sua vida.
Mas eu não poderia estar lá e olhar para o corpo dele, sabendo que
posso ou não ser o motivo de ele estar naquele caixão. Seria demais e eu
provavelmente perderia a cabeça. Meus pais não me levaram à loucura,
mas tive a sensação de que isso poderia acontecer. Eles tentaram me
quebrar, mas de alguma forma, permaneci forte e não os deixei vencer.
Além disso, não queria estar lá, caso a pessoa que escreveu aquele
bilhete também estivesse lá. A família de Nicco também estaria lá, e eu
não poderia estar perto deles sabendo o que eu fiz. Eu não estava mais
me sentindo segura e não sei o que teria acontecido se eu fosse para lá.
Mia não é a mesma desde que voltou do funeral. É como se ela
tivesse perdido um pedaço de si mesma e eu não posso nem culpá-la
porque Nicco era o amor de sua vida.
Também não fui a mesma porque Nicco encontrou
uma maneira de se enterrar no coração que eu achava que
não funcionaria mais e agora, parece que há um enorme
buraco deixado por sua ausência. Mal vi Mia durante toda a
semana porque ela está trancada em seu quarto.
Ela só saiu do quarto algumas vezes nas últimas duas semanas e
parece tão quebrada, e nunca a vi assim antes. Gostaria de poder
confortá-la, mas nós duas estivemos em nossos próprios
mundos. Ambas estamos sofrendo, embora por razões
diferentes.
Olho para o meu celular e vejo que é hora de me preparar para o
trabalho. Enquanto me visto, fico pensando naquela sensação estranha
que sinto na boca do estômago desde que acordei esta manhã.
Você já acordou com aquela sensação de saber que toda a sua vida
está prestes a mudar? Aquela em que você sente que coisas terríveis
estão para acontecer. Tentei me livrar disso a manhã toda, mas
ainda está lá, me deixando louca.
Você pensaria que agora eu estaria acostumada a coisas ruins
acontecendo comigo com base no meu histórico, mas não... ainda sinto
que o universo está atrás de mim.
Só preciso fazer uma pausa e depois dormir por dez anos seguidos.
Minha alma inteira está apenas cansada.
Antes de ir trabalhar, preciso passar no cemitério porque desde que
o enterraram não tenho coragem de visitar seu túmulo. Hoje, porém,
decidi que preciso enfrentar aquele demônio de não saber o que
aconteceu e apenas visitá-lo. Assim que chego lá, encontro facilmente
seu túmulo. Eu trouxe flores e as coloquei lá antes de olhar para sua
lápide. Eu não posso acreditar que o nome dele está em uma dessas.
Como sempre, quando penso nele, lágrimas sem fim começam a
escorrer pelo meu rosto e, antes que eu perceba, estou
chorando muito. — Sinto muito por deixar você lá
sozinho, espero que me perdoe. – digo ao espaço, esperando
que onde quer que ele esteja e, se a vida após a morte existir,
ele possa me perdoar.
— Eles teriam me encontrado se eu tivesse ficado e não posso
voltar a viver aquela vida e não posso ir para a prisão por um
assassinato que não cometi. – eu soluço até não ter mais
lágrimas para derramar. Quando termino e estou pronta para
partir, meu coração parece mais pesado do que antes de vir
para cá.
Quando me levanto da grama, sinto os pelos da minha nuca se
arrepiarem e sinto que estou sendo observada. Eu discretamente olho em
volta e não noto nada fora do comum, mas não estou esperando para ver
o que aquele sentimento significava. Eu me apresso e saio de lá antes
de ir até o ponto de ônibus para trabalhar.
Assim que chego ao trabalho, mergulho nele e tento me
manter ocupada para não pensar em todas as maneiras como
minha vida está dando errado novamente. Parece que estou sendo
oprimida por pesos pesados me puxando para baixo e quanto mais tento
subir para respirar, mais eles me puxam para baixo.
Duas horas se passam em um borrão e, nesse tempo, as coisas ficam
mais lentas e minha mente tem tempo para vagar. Todo esse calvário
trouxe de volta memórias do passado que eu gostaria de poder esquecer.

"Ah, bebê, você é tão boa!" ele diz, enquanto empurra dentro e fora
de mim. Eu tento escapar para a minha mente porque todo o meu corpo
está doendo, embora isso não seja nada novo. Minha vida é um ciclo
eterno de dor, e a agonia é a única coisa que conheço nos últimos anos.
Eles me mostraram crueldade como eu nunca
conheci antes, e nunca tenho tempo para me curar antes
de enfrentá-los novamente. Sinto uma pontada forte no
rosto quando meu cérebro registra que acabei de levar um
tapa.
Ele deve ter notado que eu estava fugindo, tentando entrar na
minha cabeça, e esta é sua maneira de trazer minha atenção de
volta para ele e para o que ele está fazendo com meu corpo. Ele
sempre percebe quando não estou totalmente aqui e eu o odeio
por sempre ser capaz de me ler, especialmente quando não
quero que ele faça isso. Acho que ele não é tão estúpido
quanto parece.
“Eu queria você por tanto tempo, bebê,” ele me diz e eu franzo meu
nariz para ele. Mesmo que eu odeie isso e saiba que é errado em tantos
níveis, está acontecendo há tanto tempo que, sempre que me molho, fico
horrorizada.
Nunca me senti tão nojenta quanto agora. Sinto-me tão
envergonhada por me molhar quando sei que não devo e quando sei que
é errado. Como minha vida ficou assim? Eu deveria ter fugido quando
tive a chance...

— Com licença, senhorita? – Sou tirada de meus pensamentos


quando o cliente na minha frente chama minha atenção.
— Sinto muito, o que posso pegar para você?
— Apenas um grande café preto. Obrigado. – Faço o pedido dele e
um minuto depois está pronto e entrego a ele.
Odeio quando tenho flashbacks de uma época que eu prefiro não
lembrar. Esses flashbacks sempre acontecem nos
momentos mais inconvenientes. Aqueles seres humanos
podres tiveram tudo o que mereciam, e espero que estejam
queimando no Inferno agora. Suspirando, eu apenas volto ao
trabalho e empurro esses pensamentos para o fundo da minha mente.
Minha mente está em um estado de caos nas últimas duas
semanas. Ainda não consigo me lembrar do que aconteceu naquele
armazém. Ecstasy líquido não deveria ter me dado perda de
memória. Agora que penso nisso, fiquei inconsciente por
quatro dias, então quem nos pegou provavelmente me deu
algo mais forte.
Eu sou uma pessoa tão ruim porque, nas últimas duas semanas, tive
que olhar para minha melhor amiga e agir como se não tivesse ideia e
como se fosse um choque para mim também com tudo o que aconteceu.
Odeio mentir para Mia, mas se ela souber a verdade,
provavelmente vai me odiar. E se ela nem acreditar que não fui eu?
O que vou fazer então? Não, ainda não posso contar a ela,
porque não tenho ideia de qual é a verdade agora. A única
pessoa que tem essa informação é a pessoa que deixou aquele bilhete
para mim.
O bilhete dizia que no devido tempo eu saberia quem era. Então, a
partir de agora, ele é apenas uma entidade anônima, uma que não tenho
ideia de como encontrar ou onde procurar.
Porra! Está tudo uma bagunça! Tento pensar em quem no meu
passado viria atrás de mim agora e não deu em nada. Como Nicco foi
colocado na equação?
Essa é a parte que está me atormentado. O que ele queria com
Nicco? Não tenho certeza de qual é a conexão dele com nada ou se
existe uma conexão.
A visão de seu cadáver na minha frente não sai da
minha mente. Sinto que toda vez que fecho meus olhos, a
visão horrível dele está lá, me assombrando. A maneira
como seus olhos frios e mortos estavam olhando para mim,
parecia que ele estava olhando para minha alma e agora, não
posso escapar disso.
Sinto em minha alma, como ácido queimando em minhas veias,
que o tempo está se esgotando. Não sei o que vai acontecer
quando meu tempo acabar, mas sei que não vai ser bom. Quem
quer que seja "ELE" no bilhete virá me buscar em breve. Só
então, o pensamento do que tenho que fazer vem à mente, e
não tenho ideia de por que isso não veio à mente antes. Eu tenho que
fugir de novo! Odeio deixar Mia sozinha durante tudo isso, mas é a
única maneira de sobreviver. Vou ter que me esconder melhor desta vez.
Porra! Isso significa que devo começar de novo e meu coração dói
só de pensar em passar por isso. Eu deveria apenas aceitar o prêmio
de amiga mais merda do mundo agora.
Nicco vem de uma família rica e pelo que sei sobre os ricos daqui, é
que eles cuidam dos seus e se você foder com um deles, fode com todos
eles. Enquanto a maioria das famílias se preocupa com seus filhos, a
minha ficou feliz em me vender pelo lance mais alto.
Sei que a família de Nicco procurará justiça e só espero que não
venham atrás de mim. Estou rezando para não ter deixado nenhuma
evidência para trás.
Tenho tentado descobrir como obter respostas para resolver o
quebra-cabeça sozinha, mas tem sido difícil e nem sei por onde começar.
Eu não estou tão equipada para coisas como esta. O que devo fazer e a
quem devo pedir ajuda?
Você pensaria com base no meu histórico, que eu seria capaz de
lidar com situações como esta... mas, bem, você estaria
errado. Eu literalmente não sei o que estou fazendo.
Só queria poder ter uma maldita pausa e o universo
parasse de me mostrar o dedo do meio. Meu coração dói ainda
mais quando penso em ter que desistir da faculdade e de tudo pelo que
trabalhei tanto. Em um instante, todas as coisas que pensei que queria
ser para fazer a diferença neste mundo cruel acabaram em chamas.
Decidida, percebo que tenho que ir embora esta noite se quiser
sobreviver.
Assim que limpo tudo e me preparo para amanhã de
manhã, olho para o relógio e vejo que é quase hora de sair do trabalho e
ir para casa. Espero mais alguns minutos antes de sair, pronta para voltar
para casa.
Está ventando esta noite, e eu envolvo minha jaqueta em torno de
mim mais apertado. As ruas estão estranhamente silenciosas, e aquela
sensação de pavor toma conta de mim novamente. Eu não consigo
me livrar disso. Eu continuo olhando por cima do meu ombro
constantemente, apenas esperando o pior. Posso sentir isso em
meus ossos, estou sendo observada, mas por quem não tenho ideia.
Enquanto caminho, minha mente repassa tudo o que sei sobre o que
aconteceu há duas semanas. Não tenho conseguido me concentrar na
faculdade porque minha mente está muito preocupada com todo o resto.
Já estou falhando na nova vida que queria construir para mim.
Eu deveria ter pegado um táxi para casa porque está ventando hoje à
noite. Eu continuo andando e aperto minha jaqueta em volta de mim.
Vejo nossa rua à frente e meu batimento cardíaco acalma um pouco,
porque nada de ruim acontece a ninguém como a alguns metros de
distância de suas casas, certo? A menos que este tenha sido um daqueles
episódios de Abducted in Plain Sight2. E com esse pensamento em
mente, eu me apresso para alcançar a porta da frente e rapidamente abro
a fechadura.
De pé no hall de entrada, vejo que ninguém está em
casa ainda. Isso é bom porque posso apenas colocar o
essencial em uma mochila e sair daqui antes que Mia volte.
Embora eu me pergunte para onde ela foi porque não sai de casa a
muito tempo.
Eu tento não deixar esse pensamento me incomodar porque
é melhor ir embora quando ela não está aqui. Nenhum de nós é
a mesma desde Nicco. Os pais dela provavelmente estão na
cidade para convencê-la a não pensar nele. Se eles estão na
cidade, isso significa que até eles notaram a espiral descendente de Mia
e agora me sinto uma merda de novo. Preciso encontrar essas respostas,
e rápido.

2 O documentário relata a história verídica de uma família que tem uma


filha adolescente sequestrada duas vezes pelo vizinho aparentemente
inofensivo.
Ligo o interruptor e nada acontece. Eu continuo ligando e ainda
nada acontece. Isso é ótimo!
Sentindo-me descontente, ando mais para dentro da casa e vou para
a sala de estar para tentar o interruptor ali. Este dá no mesmo. Eu acho
que a ener... não, não é a energia porque a luz das outras casas da nossa
rua estavam acesas enquanto eu estava voltando para casa.
— Não perca seu tempo. – diz uma voz sinistra na escuridão. Eu
paraliso instantaneamente porque essa voz soa ameaçadora e arrepios
me percorrem, e também não é do tipo "ele parece tão gostoso".
Rapidamente me viro e largo minha bolsa. Olho para ver de onde
vem a voz. Meus olhos mal se ajustaram à penumbra da sala, mas
consigo distinguir um homem sentado na cadeira que temos contra a
janela.
A pequena luz da lua que entra pelas cortinas abertas
ilumina suas feições e posso distinguir alguns ombros largos
que facilmente se destacam. Parece que ele poderia me comer
no café da manhã com base no tamanho desse homem. Provavelmente
está tomando esteroides ou algo assim para parecer tão grande. Ele
mal cabe naquela pequena cadeira; por que ele se sentou lá
quando Mia tem tantas cadeiras nesta sala me surpreende.
Posso sentir seus olhos em mim e, um segundo depois, o
abajur ao lado dele acende. Eu posso sentir pequenos arrepios
por todo o meu corpo porque com a luz acesa, esse cara é ainda mais
assustador do que sua voz e então ele abre a boca novamente. — Olá,
Addison…
— Quem diabos é você? – Provavelmente não é a melhor coisa para
começar ao olhar para um gigante que parece querer te esmagar.
Junto com todo aquele músculo esteroide protuberante, seu rosto
parece sério e ele tem uma grande cicatriz que atravessa sua
bochecha. Ele provavelmente tem algum nome idiota como
Scar ou algo assim.
— O meu nome é Scar e estou aqui em nome de alguém que precisa
ter uma breve conversa com você. Ele mal pode esperar para conhecê-la,
mas, infelizmente, ele tinha algo mais importante do que você para
cuidar. – O que eu disse-lhe? Eu disse isso!
— Quem? – pergunto, esperando que ele me diga, mas não descobri
nada.
Merda, merda! Isto não é bom! Talvez seja a pessoa que deixou o
bilhete? Talvez ele finalmente esteja pronto para me conhecer e me
mostrar sua identidade?
Sim… Isso é um grande e enorme NÃO!
Nem mesmo me dando a chance de pensar sobre
isso, eu me afasto até a porta, com a intenção de fugir
daqui o mais rápido que puder. Em um minuto, estou
correndo e no próximo, estou sendo jogada contra o chão,
literalmente.
Ele pode parecer grande e lento, mas caramba, seu tamanho não
atrapalha sua velocidade porque todo o ar acabou de sair de mim.
Eu gemo porque ele ainda tem seu peso sobre mim.
— Saia de cima de mim, seu grande idiota! – Quando ele
não faz um movimento para sair de cima de mim, eu luto e
acerto seu rosto e antes que eu saiba o que está acontecendo, o soco no
meu rosto faz a dor ganhar vida em meu rosto antes que meu mundo
fique escuro...
Gemo enquanto lentamente abro meus olhos, e minha
cabeça lateja. Ugh, o que diabos aconteceu? Tento mover
minhas mãos para esfregar minha cabeça, mas descubro que não posso
movê-las.
É quando tudo volta para mim. Aquele filho da puta do
Scar, que é um nome estúpido para ele... estava em nossa casa
e mencionou alguém querendo bater um papo comigo. Posso
dizer que este não será um bom papo.
Ainda estou me perguntando quem do meu passado me levaria, mas
não descubro nada agora. Se continuar pensando nisso, vou enlouquecer.
O principal vilão da minha história está morto, e os quatro filhos da puta
também estão. Presumivelmente, fui morta naquele incêndio, junto com
todos os outros, por causa do cadáver que Tony conseguiu como isca
para ocupar meu lugar naquela casa.
Porra, eu ainda posso sentir meu rosto latejando também. Scar não
foi gentil com aquele soco, e estou sentindo os efeitos posteriores agora.
Estou surpresa que ele não deslocou minha mandíbula ou algo assim
com o tamanho e peso de seus braços estúpidos.
Tento levantar a cabeça para ver onde diabos estou, mas assim que
faço isso, minha cabeça bate em algo acima ao mesmo tempo em que
sinto meu corpo sendo sacudido.
Ótimo, estou no porta-malas de um carro e, pelo que sei, Scar
amarrou minhas mãos nas costas. Que ogro! Quem diabos amarra
alguém enquanto está inconsciente no porta-malas de um carro? Tipo,
onde diabos ele pensa que eu vou?
Ele não poderia ter me colocado no banco de trás? Eu desmaiei com
o soco sobre-humano dele, então ele não tinha com o que
se preocupar! Se eu tiver a chance, devo estripar a bunda
dele também!
Vou dar ao chefe dele uma palestra contundente sobre
como tratar os cativos, porque esse cara não está fazendo isso direito.
Como não consigo me mover ou fazer qualquer outra coisa,
apenas me deito e não aproveito esse passeio turbulento. Parece
uma eternidade antes de finalmente sentir o carro desacelerar.
Assim que paramos completamente, eu fico ali esperando
o porta-malas abrir, mas nada acontece. Bem, ele está
demorando para voltar aqui! Eu penso com aborrecimento.
Quinze minutos depois, finalmente ouço passos vindo em direção ao
porta-malas do carro. Sei que são quinze porque contei, nada mais para
fazer quando não se tem para onde ir. Espero impacientemente que o
porta-malas abra e, quando ele abre, a cara do ogro Scar está lá. Ele me
puxa para fora do porta-malas, também não gentilmente, e assim que
meus pés tocam o chão, eu me afasto dele e saio correndo.
Não sei para onde vou, só sei que preciso sair daqui. Eu nem dou
mais de cinco passos antes de meu corpo ser jogado no chão novamente
e o ar estar sendo arrancado de mim. Merda! Esse idiota não sabe o
quanto pesado ele é?
— Você achou que seria tão fácil para você?
— Você não acha que deveria sair de cima de mim?! – grito com ele
enquanto a raiva surge através de mim. — Seu idiota de merda!! Você
percebe que isso é sequestro, certo? Você poderia ir para a cadeia por
essa merda!
— Não sou eu quem você deveria se preocupar,
querida... Se eu fosse você, estaria mais preocupada com
você mesma agora. – ele diz enquanto sorri para mim.
Dou a ele o olhar mais feio que consigo, mas comparado a ele,
não sou nem de longe tão intimidante. Ele se levanta e me levanta, me
segurando com os braços atrás das costas, que ele segura com força.
Isso provavelmente deixará um hematoma mais tarde, mas, na
verdade, essa é a menor das minhas preocupações agora.
— Por que eu precisaria me preocupar comigo mesma?
— Você não está preparada para o Inferno em que acabou de entrar.
Se acha que eu sou mau, espere até conhecê-lo. – ele diz alegremente.
Bem, foda-se você também, Scar!
Estou ficando realmente cansada de pessoas serem muito vagas.
Primeiro, aquele bilhete estúpido e agora, este babaca. Ambos se
referiram a alguém como ELE e DELE... Só posso supor que eles estão
falando sobre a mesma pessoa ou são duas pessoas diferentes?
Meu cérebro dói só de pensar em quantas pessoas podem estar atrás
de mim, e não tenho certeza de qual evento eles precisam se vingar.
Estou prestes a ter outra sessão de emoções de amor/ódio em minha
vida. Bem quando as coisas finalmente estavam dando certo... Suspiro,
eu não vou nem seguir esse caminho agora.
Olho em volta e os meus nervos latejam enquanto tento em vão
afrouxar seu aperto em mim. Não funciona porque é como tentar lutar
com uma corrente de aço que está bem enrolada em você.
Olho para onde ele nos leva e bem ali, aparecendo na nossa frente,
está uma mansão enorme. O tamanho dela é impressionante, se assim
posso dizer. Embora, não seja isso que me deixa em
pânico... não! É o fato de estarmos praticamente no meio
da porra do nada que me faz pirar travando uma guerra
dentro de mim.
Não há nada além de árvores por quilômetros, pelo que posso ver.
Isso me lembra de casa e da mansão onde Nicco deu sua festa de
Halloween. O pensamento de Nicco entrando em minha mente
traz uma pontada no meu peito, e de repente parece apertado.
Faz apenas duas semanas, mas parece uma vida inteira desde
que ele morreu.
Sinto falta de suas piadas estúpidas e cafonas e realmente sinto falta
dele. Mas mudando de assunto, o que diabos há com pessoas ricas tendo
mansões perto da floresta e estando a quilômetros de distância da
civilização? Eu sei que já perguntei isso antes, mas essa pergunta precisa
ser feita uma segunda vez.
Nada de bom vem de estar cercado por bosques, e baseio essa
observação na experiência pessoal: minha antiga casa e a mansão
de Nicco... acabou sendo um maldito show em ambos os locais.
Engulo em seco porque tenho a sensação de que este é o lugar onde
minha vida será a pior de todas. Chame isso de intuição, mas meu
estômago já está começando a revirar com o nervosismo e nunca estive
errada antes.
— Que porra você quer comigo? Estou falida, como se não tivesse
dinheiro nem nada de valor para dar a você ou a quem quer que eu deva
encontrar!
Ele apenas ri e, quando fala, parece tão sério e cheio de nojo que
imagino que ele esteja desejando poder me esmagar como um inseto
agora. Bem, eu gostaria de poder fazer o mesmo com você também,
idiota!
— Você realmente acha que meu chefe teria todo esse trabalho por
causa de dinheiro? Ele não precisa de dinheiro de gente
como você quando tem bilhões em sua conta bancária e,
além disso, parece que você nem tem um centavo em seu
nome. – ele tem prazer em me contar. Bem, caramba, você
não precisa esfregar isso só porque eu sou pobre. Isso é rude! E
tenho dinheiro em meu nome, penso comigo mesmo.
— Como eu saberia o que seu chefe faz em seu tempo livre?
Não é como se eu soubesse quem é qualquer um de vocês! E se
ele não quer dinheiro, então por que diabos eu estou aqui?
— Em breve... você saberá tudo o que precisa saber
quando ele estiver pronto.
Ugh, há aquela palavra estúpida palavra ELE de novo. Estou
ficando muito cansada de não saber quem é ELE.
— Eu realmente odeio enigmas, seu babaca!
— E eu odeio vadias tagarelas, mas aqui estamos nós, na
companhia um do outro... e você tem sorte que o chefe disse para
não te machucar muito ainda, porque eu já teria te apagado,
mas se você continuar me irritando, eu poderia nocauteá-la e dizer a ele
que você estava tentando escapar. – ele rosna... sim, isso mesmo, rosna.
Como um cachorro e também não é o rosnado sexy, é mais como um
urso moribundo.
— O que... você gosta de ser a vadia de alguém ou algo assim? É
por isso que você me sequestrou? Porque seu chefe é um covarde que
não poderia fazer isso sozinho e você era a vadia que ele enviou em seu
lugar? – Pensando bem, eu realmente deveria ter mantido minha boca
fechada, mas falar é como meu principal mecanismo de defesa.
Ele me agarra pelo pescoço. — Se você não calar a boca, garotinha,
eu vou acabar com você.
— Assim como uma vadia putinha, não é?
Assim que as últimas palavras saem da minha boca, a
dor surge no meu rosto pouco antes de eu levar outro soco
e sentir o gosto do sangue que se acumula na minha boca. Eu
olho para ele e cuspo em sua direção e acerto seu rosto.
Decisão errada porque ele está muito furioso agora e o próximo
soco que vem em minha direção, me nocauteia.
Quando acordo, estou deitada em um colchão que está no
chão. Ugh, é tão fino e cheira mal. Eu me sinto suja só de
deitar nele. Sinto minha pele começar a coçar, realisticamente,
sei que não há nada em mim, mas não consigo tirar de mim a
sensação de estar suja.
Quantas pessoas já dormiram neste colchão ou mesmo neste quarto?
Ok, essa é uma pergunta que eu nem quero a resposta.
Meu corpo inteiro dói. Não tenho certeza de que horas são ou há
quanto tempo estou inconsciente porque todo o quarto em que
estou está envolto em nada além de escuridão. Suspiro, parece
que estou sempre cercada pela escuridão. A escuridão do meu
passado, aquela que toma conta da minha mente, e agora isso. Nunca
mais há um momento de paz. Muitas vezes sonho em ter a chance de
viver normalmente como as pessoas costumam viver, mas agora que
estou trancada no porão de outra pessoa, não acho que terei a chance de
viver normalmente. Agora que penso nisso, há alguma paz para as
pessoas que fizeram coisas ruins?
Este quarto está tão frio que parece que estou congelada até os
ossos, e então percebo que estou com tanto frio porque estou apenas de
sutiã e calcinha.
Aquele pervertido filho da puta me despiu! Eu tremo só de pensar
nele olhando para o meu corpo quase nu. Tento me sentar e o som de um
barulho chama minha atenção. Movo minhas pernas e percebo que é de
onde vem o som. Quando toco a minha perna, sinto
algemas em volta dos meus tornozelos, presos a
correntes. Como não senti essas correntes pesadas em mim
antes, não tenho ideia.
Levanto as correntes e percebo que está presa à parede. Ótimo!
Tento puxar sem parar, mas ela nem se mexe. Alguém ferrou com
aquele bad boy com força, e não há como escapar dessas correntes a
menos que eles queiram.
Eu fiquei ali, tentando voltar a dormir, mas a minha
mente está cheia de tantas coisas passando por ela que torna
isso impossível. Memórias do passado continuam me
assombrando.
Essa pessoa vai me machucar? Ou eles simplesmente vão me matar?
Ainda não consigo pensar em nomes de quem me levaria, e isso aumenta
meus níveis de ansiedade. Meus pais me ensinaram a temer o
desconhecido porque é quando as coisas sempre estão piores. O que
eles querem mesmo comigo? Eu gostaria de ter as respostas para
todas essas perguntas que ficam surgindo na minha cabeça.
Deitei-me, olhando para o teto, só tentando passar o tempo.
Eventualmente, fico cansada e caio em um sono inquieto cheio de nada
além de pesadelos.

Antes mesmo de abrir os olhos, posso sentir a dor em meu corpo.


Hoje foi apenas mais um dia em que meu pai me usou como seu saco de
pancadas. Eu odeio tanto esse homem. Por que ele não poderia ser uma
daquelas pessoas que tiveram uma morte trágica ou morreram de
câncer, você sabe, e salvar alguém cuja vida realmente vale alguma
coisa?
Eu sei que diz o velho ditado, Deus só leva as pessoas boas, mas ele
precisa levar os humanos desprezíveis. Deixe-as ser as únicas a morrer
uma morte horrível e trágica pela primeira vez.
Quando finalmente abro os olhos, mal consigo me
mexer porque estou em uma de suas caixas novamente.
Porra! Odeio espaços pequenos e fechados; Tento me manter
calma, sabendo que as coisas vão piorar para mim se eu entrar em
pânico.
Dizer a mim mesma para ficar calma não funciona porque
não consigo manter a calma. Tento bater na caixa com a mão,
mas a tampa não se move... nunca se move.
Grito, implorando para ele me deixar sair, mas não
funciona. Parece que as paredes estão se fechando sobre mim
novamente e estou em pânico total agora. Não consigo respirar, parece
que não tem oxigênio aqui.
Continuo batendo na tampa e grito até minha voz falhar. Quando
estou prestes a desmaiar, a tampa se abre e vejo meu pai parado ali.
Lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto quando ele me puxa
para fora daquela caixa, e eu nem mesmo me oriento antes que
ele me incline e rasgue minha calcinha de mim.
Ele me penetra com tanta força que tudo o que sinto é dor porque
estou tão seca quanto o deserto do Saara. Mas ele não se importa, ele
nunca se importa com o que está fazendo comigo.
“Por favor, pareeee!!”
“Nããão, por favor!!”
“Apenas pare de me machucar, por favor!!”

Sou arrancada do meu sono e minha garganta está seca e percebo


que devo ter gritado alto durante o sono. Estar em uma situação
semelhante à do meu pai está trazendo de volta meus
pesadelos.
Não tenho ideia de quem irritei na minha vida anterior,
mas devo ter feito algo terrível para acabar com minha vida
assim novamente.
Alguns minutos depois, o som inconfundível da porta abrindo me
tira dos meus pensamentos e então as luzes se acendem antes de
Scar entrar com uma garrafa de água e um sanduíche nas mãos.
Ele o coloca no chão na minha frente antes de se mover para
abrir as algemas em volta dos meus tornozelos.
— Tente qualquer coisa e eu vou acabar com você de novo. – ele
me diz. Eu apenas o ignoro enquanto ele se aproxima e abre as algemas.
Quando ele termina, ele aponta para a comida. — Coma porque você vai
precisar de toda a força que conseguir. Meu chefe estará aqui em breve.
Externamente, não demonstro nenhuma emoção, mas por dentro,
estou muito nervosa. Se o chefe dele está vindo para cá em breve,
isso significa que tudo o que ele planejou para mim começará
assim que ele chegar aqui. Eu olho para a comida que está no
chão ao lado do colchão.
— Não quero comer sua comida estúpida! Pelo que sei, você
poderia tê-la envenenada!
— Por que diabos eu iria envenená-la depois de passar por todo esse
trabalho para trazer você aqui? – ele me dá um olhar que, tenho certeza,
diz que você é uma vadia burra, Addison. — Confie em mim, se meu
chefe quisesse você morta, você já estaria morta, mas ele não tem uma
morte indolor em mente para você, vadia.
Com isso, ele sai pela porta, fechando-a atrás de si. Pelo menos as
luzes ainda estão acesas. Olho ao redor do quarto; é minúsculo com o
colchão no chão, o vaso sanitário de lado e uma pia, fora isso, o quarto
está vazio.
A porta é uma porta de metal com um corte quadrado
e feito de vidro que parece estar na altura dos olhos. Eu me
levanto e caminho até a porta. Agora que não estou mais
algemada, posso andar livremente pelo quarto.
Espero que talvez Scar tenha esquecido de trancar a porta, mas
quando chego lá e tento abri-la, nada acontece. Bem, pelo menos
valia a pena tentar, mesmo que fosse uma ilusão.
Espio pelo vidro e vejo que há um corredor do lado de
fora desta porta e parece que há mais portas ao longo do
corredor. Ok, acho que não sou a primeira pessoa que esse
cara trouxe aqui.
Não vendo nada nem ninguém por perto, volto para o colchão e
sento com as costas contra a parede de frente para a porta, apenas no
caso de Scar ou qualquer outra pessoa decidir que quer vir aqui e me
surpreender quando eu menos esperar.
Meu estômago ronca e eu olho para o sanduíche e a água
antes de decidir. Quero dizer, se eles quiserem me matar, essa
seria a maneira mais fácil e eu não teria que lidar com o chefe de Scar.
Eu rastejo até onde está a comida e a pego antes de voltar para onde
estava sentada contra a parede. Quando abro o sanduíche, fico chocada
ao ver que é com salada de frango. Engulo em seco, provavelmente é
apenas uma coincidência que eles acabaram de me dar meu sanduíche
favorito, certo?
Deixando meu nervosismo de lado, eu como minha comida porque,
a essa altura, meu estômago está pronto para causar um tumulto. Assim
que termino, deito-me no colchão e olho para o teto enquanto o tempo
passa lentamente para mim aqui sem nada para fazer e sem saída. Não
há nem mesmo uma janela aqui para escapar.
Fico nessa posição por horas, pensando no rumo que minha vida
deu novamente. Todo o meu esforço foi em vão, porque
agora provavelmente eu nem conseguirei terminar a
faculdade. Minha vida parece, mais uma vez, pertencer a
outra pessoa. Desta vez, no entanto, vou lutar para sair ou
morrer tentando, porque não vou me deixar voltar ao estado mental
em que estava antes.
Minha mente divaga para Mia. Eu me pergunto se ela sabe
que estou realmente ausente desta vez. Ela provavelmente sabe
e está se preocupando com o tempo.
Droga! Primeiro Nicco e agora eu. Ela deve estar louca de
preocupação. Eu só espero que ela supere isso e não deixe a dor de nos
perder um após o outro bagunçar sua mente. Não quero que ela seja
arrastada para as profundezas da depressão, porque esse é um
sentimento do qual você nunca se livra de verdade. Tudo o que posso
esperar agora é que ela saia ilesa da bagunça que eu causei.
Ainda estou olhando para o teto como se ele fosse me dar
respostas quando a luz se apaga. Deve ser noite de novo. Tento
ignorar meus pensamentos e dormir um pouco, porque se Scar
estava certo sobre uma coisa, é que precisarei de toda a minha energia,
mas duvido que tenhamos os mesmos motivos em mente.
Devo eventualmente adormecer porque a próxima coisa que sei é
que estou pulando do meu colchão por causa do grito penetrante que me
acordou, parecendo cheio de dor. Outro grito ecoa pelo corredor e
percebo que está vindo do corredor.
Corro até a porta e olho pela pequena repartição de vidro na porta e
o que vejo me horroriza. Um homem está arrastando uma mulher pelos
braços pelo corredor enquanto ela chuta e grita para que ele a solte.
Mas essa não é a parte assustadora, é o fato de que uma de suas
pernas está faltando e, pelo que parece, foi decepada e há um longo corte
em seu abdômen, ambos deixando um rastro de sangue enquanto ela está
sendo arrastada para o outro lado do corredor que me
deixa apavorada. Eu engulo. Eles não estão brincando por
aqui.
Quando não consigo mais vê-la ou ao homem, volto para
o meu lugar naquele colchão e me jogo. Engulo em seco porque isso é
como outro pesadelo da vida real. Odeio admitir, mas Scar estava
certo, não sei em que tipo de inferno eles me arrastaram...
Os dias passam e não sei dizer quanto tempo já estou aqui,
mas parece uma eternidade desde que pisei neste lugar. Não
tomo banho há dias porque não tem chuveiro aqui. Tive de
experimentar o banho de gato com a água da pia, mas nem isso me faz
sentir melhor. Sinto constantemente a coceira de estar suja chegando e
tenho que resistir a tentar coçar minha pele.
Graças a Deus, eles não são animais o tempo todo, embora isso
ainda seja discutível, porque o banheiro e a pia funcionam muito
bem. Estremeço só de pensar em não ter um banheiro funcional
para fazer xixi.
Scar traz minha comida para mim e ele nunca perde a chance de me
insultar e me dizer o quanto ele não vê a hora de seu chefe voltar para
me ensinar a lição que mereço. Idiota!
Ele já me trouxe comida cinco vezes e eu só consigo comida uma
vez por dia, então acredito que já estou aqui há cinco dias em minha
própria pele imunda e estou com muita fome agora. Viver de um
sanduíche por dia não está ajudando em nada. Posso dizer que já perdi
um pouco de peso, e o efeito está me deixando mais fraca com o passar
dos dias.
Estou deitada no meu lugar de sempre, olhando para o teto de novo,
acredite em mim, não há mais nada a fazer aqui porque não consigo
exatamente derrubar uma porta de metal, quando ouço passos andando
pelo corredor antes de ouvi-los parar bem na frente da
minha porta. Meu coração acelera no peito porque sei que
minha vida está prestes a mudar novamente. Não pergunte
como eu sei, mas posso sentir, sabe?
Também pode ter algo a ver com o fato de que já comi minha
comida do dia e Scar nunca mais vem aqui depois de trazer minha
comida. Eu luto contra a parede com as pernas flexionadas e as
mãos em volta dos joelhos, e estou olhando para a porta quando
ouço as chaves balançarem antes que ela finalmente se abra.
Acho que acabei de perder o fôlego porque, caramba,
esse Deus diante de mim é maravilhoso. Absolutamente.
Deslumbrante. Deveria ser ilegal parecer tão bom assim.
Parado com os ombros apoiados contra a porta está um homem
gigante. Ele definitivamente tem mais de 1,80m; ele está em um terno
azul marinho com uma camisa branca de botão e uma gravata
vermelha. Parece que foi feito sob medida para caber nele e, pela
aparência cara de suas roupas, tenho certeza de que foi. Seu corpo
parece delicioso se o contorno de seu traje servir de referência.
Se eu tivesse que usar qualquer palavra para descrevê-lo letal é a
palavra que eu usaria. Desde sua mandíbula poderosa até a maneira
como ele se comporta, ele parece estar pronto para qualquer coisa a
qualquer momento. Seu corpo é como uma arma pronta para atacar, e
parece que ele adoraria quebrar meu pescoço neste segundo e mal
consegue se conter.
Só de olhar para ele, sinto uma atração instantânea que nunca senti
antes por ninguém e isso me confunde muito. Seu rosto parece ter sido
esculpido em pedra com a forma como seu queixo é fino, nariz romano
reto e lábios tão carnudos que parecem pecaminosos. Seus olhos são do
tom de azul mais profundo que eu já vi antes, e ele tem cabelos pretos
que eu adoraria agarrar e puxar enquanto ele está dentro de mim. Uau! O
que aconteceu, Addison?! Se recomponha, garota!
Quando olho em seus olhos, eles estão olhando para
mim com tanta intensidade que tenho que desviar o olhar.
Seu olhar também está cheio de ódio, e me pergunto o que
fiz para merecer isso dele. Bem, sei que eu queimando uma
casa cheia de gente faria alguém vir atrás de mim, mas não consigo
identificá-lo. Ele era um dos sócios de meu pai?
Ele não diz nada e nem eu. Ele apenas continua olhando
para mim com aquele intenso olhar cheio de ódio, como se
desejasse poder me matar neste exato segundo. Ele olha para
mim como se pudesse ver dentro da minha alma, e esse
pensamento é perturbador. Continuo a observá-lo. Pensando bem, ele
parece um pouco familiar, mas ainda não consigo identificá-lo.
Quando seu olhar fica muito intenso e fico inquieta, ele finalmente
fala, mas com palavras que me confundem, porque o que diabos isso
significa?
Sua voz é profunda daquele jeito sexy, e instantaneamente
me afeta. — Olá, cordeirinho... Eu estava esperando por você.
Estou sentado em meu jato particular, esperando a
decolagem. Estou ansioso para chegar em casa para ver o que meu
cordeirinho está aprontando. Bem, não meu cordeirinho, apenas um que
é o próximo na fila para o abate.
Um negócio de última hora me fez ter que deixar o país
para voltar para a Itália ou eu mesmo teria pegado essa vadia.
Mas como não podia, tive que mandar Scar buscá-la. Eu disse
a ele para não machucá-la muito, o que significa que ele tem
permissão para bater nela um pouco se ela o irritar e ele não é
exatamente conhecido por sua paciência.
Em breve, vou brincar com essa garotinha e fazê-la pagar por matar
meu irmão. Toda vez que penso naquele vídeo dela parada lá, coberta
com o sangue do meu irmão, uma raiva como nunca senti antes me
atinge e faz meu corpo inteiro coçar para destruí-la.
Eu me tornei uma força a ser reconhecida, mais fria e mortal, e
ninguém mais fica no meu caminho. Não vou parar até quebrá-la,
porque é o mínimo que ela merece. Ninguém se safa de mexer com
minha família e não arcar com as consequências.
— Senhor, estamos prontos para a decolagem. Aperte o cinto, e
gostaria de beber alguma coisa quando estivermos levantado voo? –
Laura, minha comissária de bordo pergunta, tirando-me de meus
pensamentos.
— Sim, um uísque, por favor, e quando estivermos levantado voo,
venha para o quarto nos fundos. – digo, olhando para ela e dando-lhe
uma piscadinha enquanto ela cora. Ela é bonita e está prestes a montar
nesse pau grande porque ela está me dando todos os sinais desde que
entrei no jato hoje.
— Sim, senhor, vou encontrá-lo assim que puder. –
ela diz antes de sair para afivelar o próprio cinto de
segurança.
Assim que levantamos voo, desafivelo o cinto de segurança e
volto para o quarto. Este quarto realmente vem a calhar sempre que eu
preciso. Caso em questão: Laura.
Alguns minutos depois, ela entra no quarto e me entrega
meu copo de uísque. Eu tomo um gole enquanto olho para ela
com uma sobrancelha levantada. Ela morde os lábios, e é um
olhar sexy pra caralho nela.
— Quer isto? – pergunto, só para ter certeza porque ela é uma
garota doce e eu não gostaria que ela se assustasse depois disso ou
sentisse que ela precisava fazer isso para manter seu emprego. Só tenho
prazer em machucar quem merece e não inocentes, embora uma foda
bruta nunca faça mal a ninguém.
— Sim, senhor. – ela diz ansiosamente.
— Tire. – Ela rapidamente começa a tirar todas as suas roupas até
deixar seu corpo apenas com sua lingerie enquanto ela fica parada diante
de mim. Ela parece nervosa, mas animada, e isso pode ser esperado ao
lidar comigo, porque sei que tenho um olhar inacessível na maior parte
do tempo.
— Tire tudo, Laura. – digo quando ela não faz um movimento.
Ansiosa e pronta para obedecer a todos os meus comandos, ela
imediatamente começa a se despir. Assim que ela está nua, paro um
momento para admirar seu corpo. Ela tem curvas em todos os lugares
certos e um corpo delicioso que mal posso esperar para devastar. Eu tiro
meu terno e estou nu quando dou a ela meu primeiro comando.
— Fique de joelhos e chupe meu pau. – Ela rapidamente fica de
joelhos e então sua boca está no meu pau bem onde meu
piercing está e é incrível. Ela chupa como se sua vida
dependesse disso. Ela definitivamente sabe como chupar
um pau!
Quando tenho o suficiente, eu a agarro pelos cabelos e a jogo na
cama antes de mover meu corpo sobre o dela. Beijo o meu caminho de
seu pescoço até sua boceta, onde dou algumas lambidas. Ela já está
toda molhada e pronta para o meu pau.
Eu pego uma camisinha antes de virá-la sobre suas mãos
e joelhos e então a penetro por trás em uma estocada rápida e
forte. Ela geme alto enquanto eu movo meus quadris nela com
algumas estocadas implacáveis, porque tenho algum estresse que preciso
eliminar do meu corpo.
A umidade de sua vagina está escorrendo em meu pau com o quanto
molhada ela está. Eu bato em sua bunda, o que a faz gemer ainda mais
alto do que antes. Ela está gostando da foda bruta que estou dando a
ela, se seus gemidos são algum sinal. Hummm, essa garota safada
gosta de violência.
Quando canso dessa posição, saio de dentro dela e deito de costas,
gesticulando para que ela fique em cima de mim, de costas no estilo
inverso. Ela apoia as mãos no meu peito antes de deslizar sua boceta no
meu pau novamente.
Eu empurrei para cima quando ela deslizou para baixo e então
comecei a empurrar meu pau em sua boceta. Posso ouvir o som do nossa
carne em todo o pequeno quarto. Eu agarro suas pernas com as duas
mãos e as abro, o que faz com que seu corpo fique em cima do meu.
Esta posição faz com que suas pernas se abram o máximo que
podem e eu enfio meu pau nela com força. Tudo o que ouço são seus
gritos cheios de prazer e não demora muito para que ela goze em meu
pau. Seu orgasmo é explosivo e ela goza por todo o meu pau e pernas.
Bombeio mais duas, três vezes antes de gozar logo atrás
dela.
Assim que terminamos, nós dois nos limpamos. Eu
bato na bunda dela antes de nós dois voltarmos para fora.
Volto para o meu lugar e pego meu notebook para fazer algum
trabalho pelo resto do voo para casa, porque quero ter tempo suficiente
para lidar com meu problema. Alguns minutos depois, Laura volta
com uma bebida nova para mim.
— Obrigado, Laura. – Dou-lhe um sorriso e ela cora
antes de ir embora. Suas pernas estão cambaleando um pouco
e eu sorrio para mim mesmo. Ela definitivamente teve uma
boa transa agora.
Passo o resto do voo concluindo todo o trabalho que precisa da
minha atenção imediata e, antes que eu perceba, estamos pousando.
Espero que as portas do jato se abram antes de sair.
— Tenha uma boa viagem para casa, senhor.
— Você também, Laura. Vejo você novamente no meu próximo
voo!
Com isso, saio e vou direto para onde meu motorista está esperando
por mim. Entro no carro e me preparo para a viagem de uma hora e meia
até em casa. Morar no meio do nada tem suas vantagens, mas a única
coisa que odeio é que fica tão longe do aeroporto. No entanto, eu
poderia usar meu helicóptero, então não é muito inconveniente, mas
prefiro não chamar atenção desnecessária para mim. Você nunca sabe
quem está olhando e gostaria de manter meu helicóptero apenas para
emergências, caso precise sair da mansão rapidamente.
Assim que chego em casa, vou direto para o meu escritório e pego
um copo de uísque antes de me sentar atrás da minha mesa. Eu ligo meu
notebook e, em seguida, abro o monitor da câmera que
está configurada no quarto em que ela está.
A casa tem câmeras em todos os lugares, então posso
monitorar as coisas sempre que não estiver fisicamente aqui,
embora não precise porque confio nos homens que trabalham aqui.
Assim que a imagem aparece, vejo que ela está dormindo no colchão.
Eu apenas olho para a tela, absorvendo tudo sobre ela e me encontro
obcecado.
Estou curioso sobre ela, e é raro que coisas assim
aconteçam. Por mais que eu esteja intrigado com ela, preciso
lembrar o motivo dela estar aqui pra começar. Não posso
deixar que sua beleza me distraia, mesmo que sinta uma atração por ela.
Gritos me tiram dos meus pensamentos e quando olho para a tela
novamente, ela tem uma expressão cheia de dor em seu rosto e então
mais gritos escapam dela. Eu posso ouvir as palavras não, por favor,
por favor, apenas pare de me machucar.
Eu me pergunto o que está dando pesadelos a ela...
Provavelmente apenas o fato de ela ter matado meu irmão.
Enquanto continuo a observá-la, percebo que Frank nunca me atualizou
sobre as informações dela, então pego meu celular para checar com ele.
Ele atende no primeiro toque.
— Você conseguiu as informações sobre Addison? – Apenas dizer o
nome dela deixa um gosto desagradável na minha boca. O fato de ela
estar viva e meu irmão não está tornando a raiva dentro de mim difícil
de suprimir. As coisas que planejei para ela a farão desejar nunca ter
existido, muito menos de cruzar comigo.
— Só um segundo, chefe. Deixe-me pegar o arquivo dela.
Enquanto espero que ele prepare suas coisas, continuo a observá-la.
Ela está chorando enquanto dorme agora. Eu me pergunto o que justifica
esses pesadelos noite após noite, mas não deixo seus gritos ou choros me
afetarem porque sempre que olho para ela, tudo que vejo
é uma vadia patética que não merece misericórdia. Não há
como perdoar o fato de ela ter o sangue do meu irmão em
suas mãos.
Estou ansioso para obter a justiça que meu irmão merece, e não
posso fazer isso se não machucar essa vadia. Só de olhar para ela
ainda viva me dá vontade de socar alguma coisa, de preferência
ela.
— Você ainda está aí, chefe?
— Onde mais eu estaria? – pergunto, revirando os olhos.
— Certo, pergunta idiota! Desculpe, chefe... aqui diz que Addison
Montgomery não existia até quatro anos atrás. Alguns meses depois de
seu aniversário de dezoito anos, ela se mudou para a cidade de Nova
York, se suas informações de nascimento estiverem corretas nos
arquivos aos quais tivemos acesso.
— As coisas continuam ficando estranhas no que diz
respeito a essa garota. – Onde você estava e o que você está
escondendo, cordeirinho? — Você encontrou alguma coisa antes dela
aparecer aqui como Addison Montgomery?
— Como não tínhamos outro nome para usar, pegamos as suas
impressões digitais e as examinamos no banco de dados. E é aí que fica
complicado. Não há absolutamente nada sobre quando ela era mais
jovem, de onde ela veio ou mesmo quem ela realmente é. Parece que
alguém escondeu suas informações e as lacrou para que ninguém possa
acessá-las. Um profissional definitivamente fez isso.
— Vou ver o que posso fazer e ver se conseguimos outra pessoa
para desenterrar todas as informações enterradas. – digo a ele antes de
desligar o celular.
Meus olhos pousam de volta na tela do meu computador. É como se
não pudesse desviar o olhar dela, não importa o quanto
eu tente. Só continuo querendo outro olhar para ela como
uma mariposa atraída pelas chamas, mas, neste caso, não
serei eu quem queimará no fogo.
Se for a última coisa que eu fizer, vou me certificar de descobrir
tudo o que puder sobre a vida dela e por que alguém se deu tanto
trabalho apenas para esconder suas informações do mundo. Com
base em toda a experiência que ganhei desde que trabalhei e
depois me tornei o chefe da família, sei que algo não está
certo com esta mulher. Há mais alguma coisa acontecendo
aqui, e devo ter certeza de arrancar isso dela.
Seus gritos ficam mais altos e ela finalmente acorda. Assim que ela
percebe que está acordada e o que quer que a esteja incomodando não é
real, ela tem uma expressão aliviada em seu rosto, mas imediatamente
começa a chorar quando percebe que o lugar em que está atualmente
não é melhor do que o de seus sonhos.
Suas lágrimas ficam bem nela e mal posso esperar para
prová-las. Vou me certificar de quebrá-la nem que seja a última
coisa que eu faça. Por que ela mataria seu amigo? Na verdade, por que
ela mataria o namorado de sua melhor amiga? Essa é uma das questões
que me persegue porque, de acordo com Frank e Gio, ela e Mia são
como irmãs e Nicco se tornou próximo de ambas, como uma estranha
unidade familiar. Pensar em tudo isso só me irrita mais e me faz querer
machucá-la tanto, que depois que eu terminar com ela, ela nunca mais
será a mesma.
De acordo com os outros seguranças de Nicco, os três estavam
sempre unidos. Então suas ações me confundem um pouco. Mas não
importa o que eu queira pensar, não posso justificar suas ações e nem sei
por que estou tentando me fazer todas essas perguntas. Não consigo
sentir pena de uma vadia tão traiçoeira.
Vou até a janela do meu escritório e olho para o
final do limite da propriedade, onde fica o pequeno
cemitério. Minha mãe e meu irmão estão lá, embora eu não
o tenha enterrado porque ainda não aguentei.
No momento, ele ainda está no mausoléu, descansando
pacificamente, mas há algo que preciso fazer antes de enterrá-lo e mal
posso esperar para que esse dia chegue. A expectativa está
crescendo dentro de mim só de pensar no que quero fazer. E
mandei embalsamar o corpo dele só para isso.
Algumas pessoas podem dizer que é uma merda, mas eu
não dou a mínima porque não foram eles que perderam o
irmão de uma forma tão horrível.
Uma vez que você está na máfia, você deve esperar a morte a
qualquer momento e a vingança também é algo comum entre nossos
homens.
É um ciclo contínuo de derramamento de sangue e às vezes cansa,
mas quando você quer sair por cima, tem que fazer o que precisa para
sobreviver.
A morte de Nicco e da pessoa que o matou é inesperada, mas isso
não significa que ela fique livre. Para não ser visto como fraco pelos
outros, tenho que fazer o que precisa ser feito. Normalmente tento
manter os civis fora dos meus negócios, mas desta vez não posso evitar.
Ela precisa sofrer e a única maneira de isso acontecer é eu sujar as
mãos com vingança. Ela é a razão de eu não ter mais um irmão e ela
merece tudo o que planejei para ela nos próximos dias e meses.
Qualquer um que tenha coragem de me contrariar, merece enfrentar
minha ira. Não importa se é homem ou mulher; Eu me vingo de quem
diabos me irrita sem discriminação de gênero. Quando
canso de olhar para o rosto dela, desligo tudo e subo para
o meu quarto. Eu tiro o meu terno e vou direto para o meu
chuveiro.
Depois de tantos dias longe, estou cansado. Deixei a água cair
sobre mim para liberar toda a tensão em meus músculos. Pensando em
aliviar a outra tensão reprimida em meu pau, apoio minha mão na
parede enquanto a água escorre sobre minha pele.
Uso minha outra mão e coloco em volta do meu pau,
apertando a ponta bem onde meu piercing está. Isso faz com
que uma sensação intensa tome conta de mim e eu masturbo meu pau
com mais força enquanto penso no rosto daquela vadia.
Realmente odeio o fato de que é o rosto dela na minha mente agora.
Meu aperto no meu pau é punitivo e depois de mais três bombadas, um
longo jato de esperma jorra do meu pau. Meu esperma continua
jorrando e isso é o mais forte que já gozei.
Depois que termino, vou direto para a cama e adormeço assim que
minha cabeça bate no travesseiro e sonho com meu cordeirinho e como
mal posso esperar para matá-la e ver seu sangue escorrer em minhas
mãos, apenas como o do meu irmão escorreu da dela. Mesmo que a
imagem dela tenha me feito gozar, ainda quero que ela sofra.
Dois dias se passam enquanto eu a observo pela câmera. Ainda não
desci para me revelar a ela, mas como estou ansioso para começar minha
vingança, hoje será o dia da revelação. Eu observo sempre que Scar leva
sua comida para ela. Uma ou duas vezes, ela tentou passar por ele. Mas
não há como passar por Scar, a menos que ele deixe. Ela também tem
uma boca com um temperamento que mal posso esperar para quebrar.
Quando cheguei em casa, assisti à filmagem dela no quarto
enquanto eu estava no exterior e na primeira vez que ela
pegou sua comida, quando ela viu o que era, pude ver a
pergunta e a suspeita em seus olhos, imaginando se Scar
estava dando a ela o seu sanduíche favorito era uma
coincidência ou não.
Dica: não era, porque eu estava de olho em cada movimento dela
desde o momento em que assisti aquele vídeo dela de pé sobre o
cadáver do meu irmão, e eu sabia quem ela era.
Ela tinha um olhar assustado em seu rosto, e cada
momento disso trouxe um pouco de alegria para mim. Sempre
que olhava para ela, ela parecia estar a um milhão de milhas
de distância enquanto também tentava ficar alerta. Ela é inteligente. Eu
admito. Ela sempre se posicionou de forma a ficar de frente para a porta
para que não pudesse ser surpreendida.
Ah, cordeirinho, se você soubesse as coisas que estão esperando
por você.
Junto com aquele olhar assustado, havia também um olhar
de dor, saudade e derrota, mas então a chama em seus olhos se
acendia como se ela tivesse acabado de tomar uma decisão interna que
estava determinada a vencer. Mal posso esperar para contar a ela um
segredo. Comigo, só há uma pessoa que ganha e essa pessoa sempre
serei eu.
A comida quase não ajuda em nada para sustentar sua força, e é
assim que eu gosto. Resolvi que hoje iria visitá-la para começarmos a
festa.
Ontem de manhã, preparei um presente especial para ela e quando
vi o olhar em seu rosto, não pude deixar de me deliciar.
Consegui um dos meus homens para cuidar da vadia que estava
causando problemas para meus homens nas docas que cuidam da minha
coca lá. Os fodidos federais estão sempre bisbilhotando nos meus
negócios. Isso é para lhes ensinar uma lição e tenho
certeza de que eles nunca serão capazes de encontrar o
corpo dela e não serão capazes de rastreá-la até mim.
Tenho mais alguns federais com os quais lidar, mas vou
esperar até que Addison se comporte mal para que ela possa assistir na
primeira fila o que faço com as pessoas que pensam que podem mexer
comigo. Então, por enquanto, todos terão que aproveitar o tempo
na prisão.
Ela pode não estar causando problemas agora, mas aquele
brilho em seus olhos me diz que ela não vai cair sem lutar e eu
dou as boas-vindas porque não consigo me lembrar da última vez que
algo foi desafiador para mim e eu adoro um bom desafio.
Eles arrastaram a mulher pelos corredores do porão com uma das
pernas faltando e um longo corte direto no abdômen que fez com que
suas entranhas caíssem lentamente. Eu me diverti cortando aquela
perna. Seus gritos eram como uma sinfonia para meus ouvidos.
Mas nada me deu maior prazer do que ver a expressão no rosto de
Addison quando ela percebeu o quanto ruim as coisas poderiam ficar
para ela aqui. Todas as pessoas que eu tive que cuidar geralmente têm
uma morte rápida, mesmo quando eu as torturo, mas para ela, eu farei
isso devagar, para que ela sinta tudo o que ela me fez sentir quando
descobri que perdi meu irmão e ela era a assassina.
Ela merece tudo o que está vindo para ela, e mal posso esperar para
infligir toda a dor que puder nela até que ela dê seu último suspiro por
não ser mais capaz de viver com o que fez. A vingança será doce e
minha.
Saio do meu escritório e desço em direção ao porão. Os pisos já
estão limpos e é como se nunca tivesse ninguém aqui. Meus passos
ecoam no espaço e sei que ela pode me ouvir porque este
lugar não é à prova de som. Adoro quando as pessoas nos
quartos ouvem os gritos de outras pessoas na mesma
posição que elas, sabendo que sua hora está chegando.
Isso aumenta o medo dentro delas, sabendo que, eventualmente,
serão elas que gritarão. Quando chego à porta dela, digito o código para
abri-la e, uma vez aberta, encosto-me à porta aberta com o ombro
apoiado nela, apenas olhando para ela.
Ela está com os joelhos encolhidos e os braços ao redor
deles. Ela olha para mim enquanto apenas fico lá, sem dizer
uma palavra. Gosto quando as pessoas sofrem um pouco. Pelo
olhar em seu rosto, ela sabe que sou a pessoa que ela está esperando
enquanto tenta descobrir se sabe quem eu sou ou não.
Tenho certeza de que não, mas logo o fará. Quando Nicco me
apresentou pela primeira vez a Amelia em Raine, Addison não estava
lá e agora que penso nisso, é estranho por causa de todos os relatórios
de meus homens me dizendo que ela estava sempre com eles
sempre que saíam.
Eu sei que ela estava na festa de Halloween porque ela ainda estava
com sua fantasia no vídeo. Branco... Ela pretendia parecer um anjo? Se
ela fosse, então esse era o traje errado para ela, porque nada nela é puro.
Quando meus homens verificaram as imagens de segurança da
mansão no interior do estado, descobrimos que alguém mexeu com elas
e não havia mais nenhum vídeo daquela noite. Odeio sentir que não
tenho todas as peças do quebra-cabeça juntas, mas sei que algo está
faltando e quando descobrir o que é, ninguém vai me impedir de destruir
tudo no meu caminho e ninguém vai me impedir de destruir ela.
Eu a encaro com puro ódio e sei que ela pode reconhecer a emoção
em meus olhos porque mostro tudo a ela e ela enrijece. Raramente
mostro minhas emoções a alguém, a menos que considere necessário. As
pessoas têm mais dificuldade em ler você quando você
não demonstra emoções.
O inconfundível olhar de desejo cruza seu rosto antes
que ela perceba o que está acontecendo com ela, e ela tenta
mascarar isso, mas eu ainda posso ver o olhar dela. Sim, eu tenho esse
efeito nas mulheres; mesmo quando estou sendo um monstro, suas
calcinhas ainda ficam molhadas.
Eu deixo ela se fartar de olhar para mim, embora ela finja
que não, e quando fico entediado com esse pequeno olhar, eu
finalmente falo, o que a faz pular no lugar dela.
— Olá, cordeirinho... Eu estava esperando por você.
Posso dizer que essas não são as palavras que ela esperava de mim.
Ela engole em seco, tentando reunir coragem antes de me responder.
Homens adultos se sentem intimidados por mim e geralmente se mijam
sempre que venho buscá-los, então não a culpo por estar com medo
agora.
Se eu não a odiasse tanto, acharia admirável que ela estivesse
tentando fazer cara de corajosa agora.
— Quem... quem é você? – ela pergunta, com a voz ligeiramente
trêmula e revela o quanto assustada ela realmente está.
— Ah, eu sou o seu pior pesadelo, cordeirinho... mas para responder
a sua pergunta, você saberá exatamente quem eu sou em breve. – digo a
ela enquanto lhe dou um sorriso malicioso.
— Scar, a comida. – eu chamo, e alguns segundos depois, ele
aparece na frente da porta com a comida que pedi. Estou dando a ela um
pouco de comida extra hoje para que ela possa recuperar um pouco de
sua força. Um pouco de frango assado e arroz com uma garrafa de água,
que ele me entrega antes de sair do quarto novamente.
Eu olho para Addison, que está olhando para a porta,
garota boba, não é como se ela pudesse sair desta casa se
ela conseguisse passar por mim. A mansão está equipada
com um scanner de impressão digital em cada porta que leva a
uma saída.
Meus homens e eu somos os únicos que podem abrir essas
portas, então não há como ela sair daqui tão cedo. Estou bem
preparado para o sofrimento dela aqui.
— Eu trouxe um pouco de comida extra para você hoje,
coma. – digo a ela e ao som da minha voz, ela pula. Eu fico lá
e finjo que não sei o que ela está pensando em fazer.
— Não, eu não quero sua comida estúpida, eu só preciso sair daqui.
– ela resmunga. — Você provavelmente colocou drogas ou algo assim
na minha comida, então não vou comer! – Quando ela termina de falar,
ela está gritando. Deus, vadias tagarelas sempre me dão nos nervos.
— Você vai comer porque, se não comer, não terá comida
por uma semana! E não há nenhuma droga nisso porque o que
planejei para você, preciso que você esteja acordada a cada momento.
— Por que estou aqui? Eu nem te conheço! Que motivo você
poderia ter para me raptar?
— Como eu disse, você saberá em breve. Agora, coma! Porque eu
não vou dizer de novo, e se você quiser sair deste quarto para tomar um
banho, então você faria bem em ouvir. Você está imunda pra caralho e
eu já posso ver todos os seus ossos saindo de suas costelas!
Com minhas palavras, ela me dá um olhar feio enquanto se cobre
dos meus olhos.
— Não há necessidade disso, já vi melhores.
— Você é um idiota do caralho!
— Nunca disse que não era. Já fui chamado de coisa
pior, então suas palavras insignificantes não têm efeito
sobre mim.
Eu entro no quarto, mais perto dela, e coloco o prato de comida
que fiz Scar trazer para baixo e coloco na frente dela. Ela ainda deve
estar irritada comigo pela minha pequena piada agora, porque ela
pega o prato e joga tudo em mim.
A comida cai na minha roupa com o molho do frango em
cima de mim. Ela usa minha distração momentânea para
tentar sair correndo pela porta aberta, mas sou mais rápido que
ela e agora ela me irritou. Ela dá dois passos antes de eu agarrá-la pelos
cabelos e puxá-la para trás, jogando-a contra a parede com minhas mãos
em volta de sua garganta. Eu aperto apenas para fazer um ponto.
— Quando digo para você fazer alguma coisa, você faz. Sem
perguntas. Fui claro? – eu afrouxo meu aperto de sua garganta e ela
aproveita a oportunidade para cuspir, e isso me acerta no rosto.
Esse é um nível de desrespeito que não vou tolerar e, antes
mesmo de perceber o que estou fazendo, dou um tapa forte no rosto
dela.
— Parece que você precisa de uma breve lição de boas maneiras. –
digo a ela, o que parece irritá-la porque ela grita e luta como um gato
selvagem e tudo o que faz é deixar meu pau duro.
— Foda-se!! Por que diabos você não me diz por que estou aqui
porque não conheço você ou nenhum de seus capangas!
Eu uso toda a minha força e a jogo contra a parede novamente e sua
cabeça bate na parede enquanto ela solta um gemido, mas não me
importo porque estou furioso agora.
— Você quer agir como a vadia que você é, então vá em frente! E já
que você desperdiçou sua comida, talvez alguns dias sem
ela lhe façam algum bem. – E com isso, eu saio do quarto
e bato a porta atrás de mim.

Já se passaram três dias desde que a deixei em seu quarto


depois que ela teve um maldito acesso de raiva e, fiel à minha palavra,
ela ainda não comeu. Fazendo jus por ela agir como uma vadia
intitulada.
Desde aquele dia, não voltei ao porão, mas me certifico de
monitorá-la todos os dias. Ela ainda é a mesma, sempre deitada no
colchão, olhando para o teto como se de alguma forma isso lhe
desse as respostas que procura.
Ela ainda tem pesadelos todas as noites e estou sempre olhando para
a tela, olhando para ela sempre que ela grita. Isso soa cheio de dor e
ainda me pergunto o que poderia estar incomodando a pequena
assassina.
Olhando para as informações que recebi desde que ela chegou a
Nova York, ela teve uma vida livre e mimada por causa de sua amiga
Amelia. Aparentemente, Amelia a acolheu quando elas se conheceram, e
me pergunto que tipo de história triste ela tinha, para fazer a namorada
do meu irmão acolhê-la em um piscar de olhos.
A família de Amelia é rica, então talvez ela seja apenas uma
interesseira, procurando ver o que pode conseguir de outras pessoas.
Sem conhecer sua história, não tenho ideia de seu passado, o que é uma
coisa que está me irritando agora. Não ter informações
suficientes sobre ela.
Pego um copo cheio de uísque antes de me sentar atrás
da mesa, ligar meu notebook e acessar a filmagem dela no
porão. Observá-la está se tornando um vício para o qual realmente não
tenho tempo agora. Mas desde que voltei da Itália, me vi diante do
computador mais do que gostaria de admitir.
Algo sobre ela simplesmente me atrai. Qual é o ditado?
Almas quebradas atraem almas quebradas? Posso não querer
admitir, mas ela me deixou intrigado de uma forma que não
consigo superar e de uma forma que não fico há algum tempo.
Eu constantemente tenho que me lembrar que ela é a razão pela qual
meu irmão está morto, e isso me faz odiá-la ainda mais.
Odeio o fato de sentir qualquer curiosidade por ela. Agora, ela está
deitada no colchão, de frente para a parede de costas para a porta, ela
acabou de acordar de mais um de seus pesadelos e está cantarolando
baixinho para si mesma.
Não consigo entender o que ela está cantarolando, mas ela está linda
lá, mesmo que esteja imunda agora. Ela não parece saber disso, mas é de
tirar o fôlego, especialmente quando ela tem aquele olhar perdido em
seus olhos. Vou garantir que todos os segredos dela sejam meus.
Decido ir até lá e pegar um pouco de comida para ela, porque de que
ela vai me servir se estiver morta? Além disso, ela realmente precisa
tomar um banho. Ela está ainda mais suja agora do que quando a vi
alguns dias atrás.
Quando desço ao porão, ela ainda está no mesmo lugar em que
estava antes. Ela nem moveu um músculo e está tremendo. Ah, certo,
ninguém nunca deu um cobertor para ela, e geralmente fica frio aqui.
Quando ela me ouve entrar no quarto, seu corpo inteiro enrijece,
mas ela ainda não move um músculo para se virar e olhar
para mim.
— Levante-se e vamos. Você está precisando
urgentemente de um banho.
Quando ela ainda não se mexe, eu endureço minha voz para ela. —
Você pode tornar isso fácil para si mesma ou pode tornar isso difícil
e confie em mim, você não viu o nível de loucura que eu posso
chegar. Então, se eu fosse você, seguiria em frente.
Ela lentamente se levanta antes de ficar em pé,
cambaleando um pouco. Acho que a falta de comida está
afetando ela agora.
— Só porque tenho que fazer o que você diz não significa que você
ganhou! Assim que eu tiver força suficiente, vou sair daqui!
— Ah, cordeirinho, você não sabe o que este lugar vai fazer com
você. Você pode tentar, mas não vai sair daqui a menos que eu
permita e NUNCA vou... – eu enfatizo a palavra nunca. —
Permitir, você tem que pagar suas dívidas e só eu decido
quando você pagou o suficiente.
— Pagar pelo quê? Eu nem te conheço e não fiz nada!
Eu zombo. — Você tirou algo inestimável de mim, algo que nunca
poderei recuperar! E quando eu sentir que você já teve o suficiente,
continuarei até que finalmente quebre você, porque é isso que você
merece. Eu vou te quebrar tanto que quando terminar com você, você
vai querer se matar.
Com isso, eu a puxo para fora do quarto comigo antes de subirmos e
sairmos do porão. Não damos mais do que alguns passos quando ela usa
seu impulso e me empurra.
Sua ação me faz afrouxar meu aperto sobre ela e cambalear um
pouco. Assim que ela sente meu aperto afrouxar, ela sai
correndo pelas escadas do porão.
Acho que não há tempo como o presente para ensinar a
essa vadia sua primeira lição e só de pensar nisso a
expectativa aumenta dentro de mim. Eu a sigo escada acima e, quando
chego ao topo, a vejo procurando freneticamente uma saída daqui. Não
há como ela escapar.
Uma vez que estou na porta da frente mais perto de onde
ela está, ela tenta correr ao meu redor e agora que estou
furioso, não há como eu suportar esse comportamento por
mais tempo. Eu a agarro pelos cabelos e a jogo no chão. Ela
cai e sua cabeça bate no chão com a força do meu empurrão e ela fica
atordoada por um segundo.
Mesmo que ela esteja atordoada, ela tenta rastejar para trás e para
longe de mim, mas sou muito mais forte do que ela jamais será. Eu
pego a seringa do meu bolso antes de montá-la e envolver meus
braços em volta do seu pescoço. Eu me inclino para falar em seu
ouvido.
— Isso poderia ter sido tão fácil para você, eu estava prestes a
deixar você tomar banho e esse é o comportamento com o qual tenho
que lidar? Você está prestes a aprender a não me irritar... e parece que
você vai saber quem eu sou antes do que eu esperava.
Com isso, enfio a seringa em seu pescoço, liberando todo o
pentobarbital3 em seu sistema e leva menos de um minuto até que ela
apague como uma luz.
Quando ela acordar, terá uma imensa surpresa...

3É usado como anestésico intravenoso; no tratamento de crises


convulsivas graves e também como agente para eutanásia.
Algo cheira terrível. É a primeira coisa que meus
sentidos percebem quando ganho consciência. Minha cabeça está
latejando e tudo parece confuso, como se alguém tivesse aberto minha
cabeça. Eu gemo alto porque a dor está piorando a cada segundo.
Quando finalmente abro os olhos, está tão escuro que não
consigo ver nada. Estou em algo fechado porque, quando
tento mover minhas mãos à minha frente, elas batem em algo
acima de mim. Apalpo o que minha mão acabou de tocar e
percebo que é algum tipo de tampa. Isso faz com que minha respiração
acelere porque já estive tantas vezes em situações assim que já sei o que
é.
Estou em outra caixa fechada. Deus, eu odeio essas coisas; Eu
tenho tantos pesadelos sobre estar em algo assim. Também
desenvolvi claustrofobia por ter ficado trancada tantas vezes
nesses pequenos espaços escuros.
Tento me acalmar e não surtar mais do que estou, que é quando
presto mais atenção ao cheiro. Ai meu Deus, é horrível! A única maneira
de descrevê-lo é que cheira como se algo estivesse apodrecendo. Quanto
mais estou aqui, pior fica, se é que isso é possível, e está provocando
minha vontade de vomitar.
Movo meus braços para o lado para procurar outra saída ou algo
assim, embora saiba que é altamente improvável quando minha mão
toca algo bem próximo a mim. Não sei o que é, mas um grito
instantâneo escapa de mim. É alto até para os meus próprios ouvidos,
mas é porque não esperava mais nada aqui comigo. Assim que eu gritei,
porém, uma luz piscou dentro desta caixa onde estão meus pés.
Viro minha cabeça para a direita para olhar o que toquei antes e
quando meus olhos pousam no cadáver deitado ao meu
lado, gritos altos escapam de mim com tanta força que
tenho medo de estourar meus próprios tímpanos e o desejo
avassalador de vomitar é tão forte que tenho que tapar a boca
com as mãos.
Sinto um ataque de pânico chegando mais rápido do que antes
porque o cadáver ao meu lado é o cadáver de Nicco. Que. Merda. É.
Essa?! Pensei que eles já o enterraram em Nova York, não onde
diabos eu estou agora. Claramente, ele não está enterrado em
Nova York, já que está ao meu lado no momento.
Isso faz pouco sentido e mesmo que não queira, eu o
inspeciono e sim! É definitivamente o corpo dele que está ao meu lado.
Ele parece o mesmo, só que morto. Deu algum sinal de que ele estava
apodrecendo e isso me deu ainda mais vontade de vomitar e tenho que
respirar pela boca para não morrer com o cheiro. E sim, é o corpo
verdadeiro dele porque um falso não cheiraria assim.
Ah, merda! Eu vou morrer aqui? Sufocar até a morte? Esse
tem sido o meu medo desde a primeira vez que me prenderam.
O estresse que isso está colocando no meu cérebro, a sensação de
sufocar lentamente me faz sentir como se estivesse prestes a desmaiar a
qualquer segundo. Tento manter os olhos abertos o máximo possível
porque não queria desmaiar ao lado de um cadáver novamente.
Ah, meu Deus! E se aqueles besouros comedores de cadáveres
estivessem aqui? Pensar em insetos aqui comigo faz com que meu nível
de pânico suba enquanto grito como se minha vida dependesse disso,
bem, tecnicamente depende.
— Por favor, me ajudem!! – grito enquanto tento bater na tampa do
que agora estou assumindo ser um caixão, mas um feito especificamente
para conter duas pessoas dentro. Eu bato na tampa tentando fazê-la se
mover e abrir, mas não abre, e isso só me faz sentir ainda mais louca.
Foi isso que ele quis dizer quando disse que eu
saberia quem ele era em breve? Não tenho certeza de
quem ele é, mas sei que provavelmente é parente de Nicco,
porque mais por que você colocaria alguém em um caixão
com um cadáver?
Ah, meu Deus! Nicco, sinto muito!
Isso não é bom. É por isso que ele disse que eu tinha que
pagar pelo que fiz porque tirei algo dele. Todo esse tempo, ele
estava falando sobre Nicco e não algo que aconteceu no meu
passado.
Era este o início das minhas punições? Estou pensando que sim, e
isso é doentio em tantos níveis. Este é o exato momento em que percebo
que se ele realmente pensa que fui eu quem matou Nicco, então
provavelmente nunca vou sair daqui viva.
Ele disse que não pararia até me quebrar, e tenho a sensação de
que ele pode ser aquele que finalmente atingirá esse objetivo. Eu
sinto no centro do meu ser que ele será o único a me quebrar
como ninguém fez antes. Meu sofrimento do passado nunca me quebrou,
mas esse cara pode.
Mesmo as lembranças do que fiz não me quebraram, porque eu
sabia que tinha que ser feito. Eu ainda posso sofrer com os pesadelos,
mas nunca deixo isso me consumir ao ponto de quebrar.
— Tire-me daqui! – eu continuo gritando enquanto as lágrimas
agora estão escorrendo pelo meu rosto. Tento não olhar para seu
cadáver, mas é impossível. Estou com medo porque sei que esta é uma
visão que me assombrará para sempre. Meu coração dói por Nicco
porque, embora não tenha provas, posso sentir em minha alma que não o
matei. Agora só preciso convencer esse cara de que ele não deveria estar
atrás de mim.
Mais fácil falar do que fazer. Nas poucas vezes em
que entrei em contato com ele, não experimentei nada
além de olhares cheios de ódio dele. Se ele não quisesse me
fazer sofrer, tenho certeza de que já estaria morta.
Quanto mais tempo estou aqui, mais perco o controle da realidade
por estar aqui por tanto tempo... O ar está acabando? Eu sinto que
está…
— Não, não, não… Socorro, por favor, deixe-me sair!! –
Não consigo parar de gritar a plenos pulmões. Minha garganta
está rouca de tanto gritar e chorar. Minha mente frenética está
implorando para sair deste caixão e quando não aguento mais, eu bato e
tento arranhar a tampa até minhas mãos sangrarem de tanto que tentei
bater na tampa.
O cheiro está me sufocando agora, e não vou ficar muito tempo aqui
sem desmaiar, pois já estou no limite. Eu levo minhas mãos para
baixo e as coloco em ambos os lados enquanto as lágrimas escorrem
pelo meu rosto. É aqui... este é o lugar onde eu vou morrer e ninguém
nunca vai saber o que aconteceu comigo.
Não há ninguém que se importaria... bem, exceto Mia, mas se ela
sabe que posso ou não ter matado Nicco, ela ainda se importaria
comigo?
Memórias do passado surgem em meu subconsciente de estar na
mesma situação de antes, e fecho os meus olhos para dissipar esses
pensamentos tentando reivindicar a minha mente. Meus pais me
trancavam em uma caixa parecida com esta por horas e às vezes, até a
noite inteira, só para me dar uma lição, ou assim me diziam.
Naquela época, eu gritava e suplicava até não poder mais. Agora
que penso nisso, fico surpresa por minhas cordas vocais
não terem morrido com o quanto eu as usei para gritar.
Quando minha voz não funciona mais e não tenho mais
forças para sair daqui, apenas fico aqui, engasgando com
minhas próprias lágrimas. Parece que todo o ar aqui está acabando, ou
talvez seja o cheiro que está tirando todo o oxigênio.
— Sinto muito, Nicco. – eu me viro para encará-lo,
sussurrando com o que parece ser o último suspiro que tenho
em meu corpo. Não consigo mais manter os olhos abertos,
todo o ar se foi de dentro desta prisão de cadáveres e, quando
sinto que estou prestes a desmaiar, ouço um som e a tampa do caixão se
abre.
Assim que a tampa se abre, eu a abro mais e saio de lá tão rápido
que nem paro para olhar para onde estou indo. O caixão estava sobre
uma mesa de pedra porque quando sai dele; Caí totalmente no chão.
Meu corpo inteiro colide com o chão de cimento duro e uma
dor instantânea pulsa pelo meu corpo, mas não me importo com
isso agora porque eu rapidamente viro minha cabeça para o lado e perco
todo o conteúdo do meu estômago no chão enquanto os soluços
destroem meu corpo incontrolavelmente.
De todas as coisas que as pessoas fizeram comigo em toda a minha
vida até agora, essa pode ser a pior. Agora que estou fora de lá, me sinto
tão suja e só quero tirar a sensação de estar suja da minha pele.
Quando me acalmo um pouco, rastejo para longe do caixão aberto,
fico de pé e saio correndo pela porta que está bem na minha frente. Na
pressa de sair, nem estava olhando para onde estava indo, tropecei e bati
com a cabeça na lateral de uma lápide.
O golpe na minha cabeça faz com que minha visão fique turva.
Estou deitada de costas agora e quando sinto que meu mundo inteiro não
está mais girando, sento e tento me orientar. Olho para a
minha frente e vejo que o caixão está dentro de um
mausoléu longe do resto das sepulturas aqui.
Sinto algo quente escorrendo pela minha cabeça e levanto
os dedos trêmulos à minha têmpora e sinto o corte na minha cabeça
que está sangrando. Na verdade, meu corpo inteiro não está em seu
melhor estado agora.
Minhas mãos estão ensanguentadas por tentar sair daquele
caixão, e agora minha cabeça. Não era assim que eu esperava
começar meu dia, mas acho que quando você está na presença
de um psicopata maluco, a frase espere o inesperado soa verdadeira.
Não vejo ninguém, mas de alguma forma, sei que o motivo é só
para mexer com a minha cabeça. Definitivamente não quero estar aqui
quando alguém aparecer, então esqueço toda a dor que estou sentindo
agora, me levanto do chão e corro direto para a floresta.
Não tenho ideia de para onde estou indo, mas qualquer outro
lugar é melhor do que estar aqui. Eu corro sem parar até minhas
pernas doerem, mas ainda continuo. Não posso deixar que ele me
encontre novamente porque agora que ele jogou seus jogos doentios,
tenho a sensação de que só vai piorar.
Vou fugir ou morrer tentando antes de sofrer outro pesadelo nas
mãos de outra pessoa. Esta deve ser a maneira de Deus me punir pelas
coisas que fiz e pelo que provavelmente fiz a Nicco, embora não seja
como se eu já não estivesse sofrendo há anos. Os pesadelos me mantêm
acordada à noite e ainda sinto como se tivesse perdido minha alma
naquela noite.
Isso me deixou de pé nas cinzas de tudo o que eu sempre quis ser,
mas não pude e tudo o que eles tiraram de mim. Mesmo com as cinzas
queimando em mim, eu ainda tentei virar tudo, mas agora, foi tudo por
nada porque, mais uma vez, minha vida não é minha;
está nas mãos de outra pessoa.
Ouço vozes não muito atrás de mim e isso me tira de
meus pensamentos e eu entro em pânico e corro ainda mais
rápido. Tropeço em uma raiz perdida e caio de cara na terra. Eu gemo
antes de me levantar e correr novamente, mas não sou rápida o
suficiente... Nunca rápida o suficiente, porque posso ouvi-los se
aproximando. Cair de cara no chão com aqueles dois pés
esquerdos que me atrasaram e agora perdi um tempo precioso.
Sabia que não estava sozinha quando sai daquele caixão.
Ele provavelmente estava se escondendo em algum lugar,
observando cada movimento meu enquanto ria do fato de que escapar
seria impossível para mim. Pense no Diabo e ele aparecerá...
— Addison, pare! – eu o ouço gritar para mim, mas não posso parar
porque isso significa desistir e nunca desistirei. Sua voz soa mais
próxima do que eu esperava.
— Se você não parar, não serei responsável pelo que farei a
seguir! – eu ouço o que ele está dizendo, mas meus instintos de
sobrevivência entraram em ação e não posso simplesmente me entregar
a ele, então continuo correndo pela floresta o mais rápido que minhas
pernas podem me levar.
Não vou deixar ninguém me machucar ou mesmo pensar que pode
controlar minha vida me aprisionando novamente.
Um tiro alto cruza o ar calmo da área e os pássaros se espalham
pelas árvores. Merda! Ele tem uma maldita arma, porque não teria? Eu
tento correr ainda mais rápido, mas depois de correr apenas alguns
metros de distância, minhas pernas ficaram pesadas, o que me atrasa.
Ugh, não! Agora não é hora de já estar cansada. Minha visão fica turva e
isso me faz parar completamente. Um segundo depois, meu cérebro
percebe que meu estômago e minhas costas estão pegando fogo.
Olho para baixo e vejo que a camisa que estou
vestindo está manchada de sangue e as manchas estão
ficando cada vez maiores conforme os segundos passam
lentamente. Demoro um pouco para perceber que ele atirou
em mim e é por isso que minha camisa está vermelha. Ele atirou em
mim!
Ele deve ter uma grande pontaria para acertar um alvo em
movimento. Minha respiração sai em suspiros e a dor em brasa
corta meu corpo, o que faz com que lágrimas escorram pelo
meu rosto.
— Eu disse a você, se você não ouvisse, eu não seria responsável
por minhas ações. – ele está a uma distância adequada atrás de mim,
demorando para me alcançar. A dor está piorando a cada segundo e,
embora doa muito, ainda continuo andando, embora muito mais devagar
do que antes. Eu tropeço um pouco enquanto tento fugir porque parece
que minhas pernas mal conseguem me manter de pé.
Parece que ele não parece se importar porque sabe que não posso
fugir dele no meu estado atual. Ele está andando como se estivesse
dando um passeio no parque.
Posso sentir o sangue saindo da ferida e o efeito vertiginoso está
piorando. Olho para as árvores à frente enquanto caminho e vejo
algumas lindas borboletas voando ao redor e a visão traz uma nova onda
de lágrimas aos meus olhos. Eu paro e apenas aprecio a vista porque
sempre amei borboletas desde criança. Lembro-me de quando as pegava
e era uma experiência tão mágica quando criança. É também a única
lembrança maravilhosa que tenho de meu pai.
Um pensamento passa pela minha cabeça, já é final de Novembro,
então as borboletas geralmente não aparecem nessa época do ano. Isso
significa que provavelmente estamos em algum lugar
com clima quente o ano todo. Definitivamente não
estamos mais em Nova York…
É uma das coisas mais lindas que já vi. Se eu morrer
hoje, pelo menos morrerei sabendo que vi algo lindo que me trouxe
mais um momento de paz. Eu me perco na cena à minha frente e posso
sentir seu olhar queimando minhas costas, mas não deixo que isso
me incomode neste momento. Na minha mente, nada pode me
tocar.
Ainda amo borboletas, mesmo que tragam memórias
terríveis. Eu retomo a caminhada, hipnotizada pela visão
delas.
— Vamos voltar para casa agora, ainda não terminei com você. Isso
foi apenas uma pequena amostra do que está por vir. – ele me diz,
parecendo satisfeito consigo mesmo. Eu me viro no meu lugar e olho
para ele.
— Por que você está fazendo isso? Eu não o matei... – eu mal
sussurro. Sinto minha mente já desligando e não sei como me ajudar
neste momento.
— A imagem de você coberta com o sangue dele discorda! – ele diz
asperamente.
Preciso sair daqui. Eu me viro rapidamente, pronta para me mover
novamente. Vou dar uma última olhada nas lindas borboletas, mas são
só árvores ali. O que? Isso não era real? Eu balanço minha cabeça. Isso
não é bom se estou alucinando agora.
Esquecendo se isso era real, continuo andando até parar porque bem
na minha frente tem uma área aqui que é aberta e tem uma cachoeira.
Isso significa que estou à beira de um penhasco, a história da minha
vida.
Olho para baixo e não parece uma queda muito funda,
no máximo pode causar alguns ferimentos, mas como não
sei nadar, pode causar minha morte.
Embora a morte pela água não pareça tão ruim comparada a morrer
nas mãos desse psicopata. Eu me viro e o vejo parado a poucos
metros de mim.
— Não faça isso, Addison, porque se você fizer, eu vou
fazer doer ainda mais para você!
— Você já fez doer, não vejo como pode piorar. – Hmm, é estranho
que ele já possa me ler, embora eu não tivesse certeza do que faria até
que ele abriu a boca.
— Por favor, não me obrigue a fazer isso. – digo a ele enquanto as
lágrimas escorrem pelo meu rosto. — Apenas me deixe ir e você
nunca mais ouvirá falar de mim... Por favor? – A última palavra sai
como uma pergunta por que não sei como implorar a monstros.
Nenhum dos meus apelos funcionou antes, não importa quantas vezes
implorei.
— Não posso fazer isso. Eu te fiz uma promessa, disse que iria
quebrar você, mas não posso fazer isso se te libertar... posso? –
Enquanto ele falava, eu lentamente avancei para trás até chegar à beira
do penhasco.
Estou muito fraca agora com a quantidade de sangue que já perdi e a
dor constante queimando em meu corpo. A dor e o sangramento pioram
a cada segundo. Meu corpo, mente e alma fraturada doem. Por que eu
não poderia ter tido uma vida pacífica?
Não acredito que não eram reais. Olho para ele enquanto penso
sobre as borboletas que amo tanto, não que ele se importe com qualquer
coisa que eu tenha a dizer, mas ainda digo em voz alta
porque esta pode ser a última coisa que digo a alguém... e
essa é uma constatação tão triste. Minhas últimas palavras
serão para alguém que me odeia.
Não tenho ninguém que me ame, bem, exceto Mia... mas
provavelmente nunca mais a verei. Será que ela vai sentir minha falta?
Ela já sente minha falta, desde que estive fora por um tempo?
Pensar em Mia traz mais dor ao meu coração já partido e mais
lágrimas caem novamente. Ninguém nunca soube sobre
minha obsessão por borboletas, e se eu falar sobre isso agora,
pelo menos alguém saberá uma coisinha sobre mim.
— Eu adorava borboletas, bem, ainda amo porque elas são tão
bonitas e tão livres… elas podem simplesmente bater as asas e voar para
onde quiserem ir. A liberdade é a única coisa com que sempre sonhei. Se
eu ficar com você, nunca serei livre... – digo, assim que outro soluço
sai de mim.
Com isso, estico meus braços e me deixo cair para trás assim que
ele corre para mim. A sensação de cair é uma que só posso descrever
como libertadora.
Meu corpo bate na água, a dor é instantânea e o frio também. Sinto-
me afundar e essa é uma sensação que conheço muito bem, sempre
afundando e nunca conseguindo nadar.
Continuo afundando cada vez mais, com meus pulmões se enchendo
de água, e não demora muito para que a escuridão tome conta de mim
mais uma vez e tudo fique escuro.
Eu me pergunto se sempre parece tão pacífico quando você está
morrendo...

Não sei onde estou, tudo o que sei é que está tão escuro e
solitário aqui. Parece que eu estou apenas suspensa no nada
que é a minha vida, com a água me consumindo, nunca me
deixando sair para respirar. Eu me sinto morta por dentro.
Estou morta de verdade desta vez? É este o lugar para onde as pessoas
vão quando morrem?
Tento abrir meus olhos, mas não consigo porque eles parecem estar
fechados com cola e também não consigo mover meus músculos. Acho
que estou morta...
Sinto meu corpo tremer no momento em que as borboletas
voam na minha frente. Elas são sempre tão bonitas.
Corra e pegue o desfibrilador...
Para que alguém precisaria disso? Eu gostaria de ter forças para
abrir os olhos. A imagem das borboletas desaparece, quando de repente
sinto que algo está agarrando minha perna e me arrastando para baixo.
Grito tentando fugir do que está me puxando para baixo, mas não
adianta. Algo tem um aperto forte em mim e não está me soltando.
Não posso dizer o que está acontecendo, mas é assustador. Ouço um
zumbido no meu ouvido por ter sido puxada para baixo e não sinto mais
nada. As mãos nas minhas pernas me puxando para baixo não estão mais
lá. Olho para o espaço à minha frente e não há nada. Estou em completa
escuridão.
Assim que esse pensamento me deixa, imagens vívidas surgem
diante de mim como uma apresentação de slides de
imagens que nunca mais queria ver.
As memórias me atingem como a força de um caminhão
batendo em você, e sou levada de volta ao passado...
— Papai! Papai! – grito enquanto minhas pernas de oito anos
correm a toda velocidade. Eu estava lá fora brincando no
quintal, mas agora estou correndo para dentro com o pote na
mão para mostrar ao meu pai a borboleta que peguei sozinha.
Corro a toda velocidade para seu escritório sem nem
mesmo bater antes de parar derrapando. Esqueci que ele sempre me
dizia para bater antes de entrar aqui. Papai tem algumas pessoas em seu
escritório e eu não deveria estar aqui quando ele não está sozinho.
Esses homens são enormes e assustadores. Corro até onde papai
está sentado em sua cadeira atrás de sua mesa e subo em seu colo.
Ouço um gemido baixo vindo dele e acho que devo tê-lo
machucado quando subi em sua perna.
— Querida, o que papai disse sobre entrar em seu escritório quando
ele tem companhia?
— Sinto muito, papai. – digo a ele enquanto levanto meu pote de
vidro para mostrar a ele minha borboleta. — Eu só queria mostrar a você
minha borboleta que peguei sozinha sem ajuda. – eu não consigo
esconder o orgulho na minha voz porque agora sou uma menina crescida
e não preciso de ajuda. Eu posso fazer as coisas sozinha agora. — Não é
tão bonita?
Ele me agarra pela cintura antes de me levantar em seus braços e se
levantar. — Já volto, senhores. – ele diz aos homens sentados nas
poltronas de couro em frente à sua mesa.
Eu enterro meu rosto em seu pescoço enquanto ele sai comigo em
seus braços enquanto nos leva direto para a cozinha. Ele
pega um biscoito do tabuleiro, com gotas de chocolate,
meu favorito, e entrega para mim. Eu pego dele e dou uma
grande mordida no meu biscoito assim que mamãe entra na
cozinha.
— Mantenha-a fora do meu escritório. Você sabe o que está
acontecendo e não preciso de problemas. – ele diz a ela com a voz
severa. Acho que ele está com raiva de mim por entrar em seu
escritório sem avisar. — Você deveria estar monitorando ela,
mas parece que não consegue nem realizar tarefas tão
simples!
Ele se vira para mim e me bate de leve na bunda. — Vá para o seu
quarto com a mamãe e fique lá o resto do dia brincando.
— Mas, papai, eu tenho mais borboletas para pegar!
— Apenas faça o que o papai diz e não discuta. – ele diz em uma
voz muito mais severa enquanto reclamo um pouco mais. Eu
quero continuar brincando lá fora. Odeio quando me mandam
para o meu quarto. Prefiro brincar lá fora, ao sol. Eu gostaria de ter um
irmão ou uma irmã com quem eu pudesse brincar. Talvez as coisas não
fossem tão chatas quando estou em casa. Fico lá apenas olhando para ele
sem mover um centímetro.
— Vá! – ele levanta a voz para mim e eu olho para ele, com meus
lábios se curvando nos cantos enquanto olho para ele com lágrimas
surgindo em meus olhos.
Ele caminha de volta para mim e me pega em seus braços enquanto
dá um beijo rápido na minha testa. Ele sussurra para mim desta vez: —
Vá com a mamãe e eu vou mais tarde para lhe dar banho. – Com isso,
ele me coloca no chão gentilmente e sai andando sem dizer mais nada.
Assim que ele desaparece de vista, minha mãe me puxa pelos braços
escada acima e, assim que chegamos ao meu quarto, ela
me empurra rudemente para dentro. Caio no chão
enquanto ela apenas olha para mim com ódio em seus
olhos. Não entendo por que ela me odeia quando amo tanto
ela e papai.
Imediatamente começo a chorar. — Cale a boca e pare de
reclamar. Fique em seu quarto pelo resto do dia até que seu pai
venha buscá-la. – ela zomba de mim. Sempre que chega perto
de qualquer coisa sobre meu pai e eu, é quando todo o ódio
dela emana dela. Às vezes, me pergunto se ela acha que papai
me ama mais do que ela.
Isso seria impossível porque ela é minha mãe e os pais devem amar
mais as mães, certo?
— Gostaria de poder contar o que seu precioso papai estava fazendo
em seu escritório hoje, mas ele provavelmente vai me matar se eu
contar... mas não se preocupe, em alguns anos você saberá exatamente o
que aconteceu hoje naquele escritório. – ela sorri para mim.
Normalmente tento não deixar que suas palavras me afetem sempre
que ela está sendo má, mas dói quando ela diz todas essas palavras
ofensivas para mim e dói ainda mais quando enfrento seu ódio.
Algumas pessoas pensam que nessa idade as crianças são muito
novas para entender coisas como ódio, mas não são. As crianças são
inteligentes e entendem muito mais do que imaginam.
A única coisa que nunca consigo entender, porém, é por que ela me
odeia. Às vezes, quando ela olha para mim, sinto que se ela pudesse me
estrangular até a morte, provavelmente o faria.
Tento não deixar que isso me incomode, porque
tudo o que realmente quero fazer é brincar com meus
amigos da escola e minha babá, Julia. Ela é a melhor! Ela
brinca comigo mais do que minha mãe jamais brincou e diz
que me ama todos os dias.
Nunca me canso de ouvir isso da Julia ou do papai. Ela é minha
babá desde que eu era bebê e cuidou de mim como se eu fosse sua
própria filha e não consigo imaginar a vida sem ela.
Ela era a única que se dava ao trabalho de ir aos recitais
da minha escola, shows e até festas de aniversário, não minha
porque nunca tive uma festa de aniversário, mas outras
crianças da minha classe sempre que recebia um convite.
Meu pai podia comprar coisas para mim, mas era só isso que ele
demonstrava seu amor por mim. Nenhum dos meus pais tem esses
sentimentos calorosos e confusos em relação a mim. Foi só muito mais
tarde, que ele quis me mostrar um amor diferente.
Minha mãe nunca me disse que me amava, não importa
quantas vezes eu diga a ela que a amo. Tudo com o que ela
parece se importar são suas festas, almoços em seus clubes e seu pó
branco. Eu a vi cheirar algumas vezes quando eu estava me esgueirando
pela casa depois que deveria estar na cama.
O pó sempre a deixa de bom humor e o papai trabalha muito para
que ela tenha dinheiro para se vestir, sair e até comprar o pó. Eu sei
disso porque o ouvi gritando isso para ela uma vez quando eles estavam
brigando.
Passo o resto do dia brincando com minhas bonecas e quando fica
chato, deito na cama e assisto alguns desenhos na TV. Eu assisto Peppa
Pig, esse é um dos meus programas favoritos porque eu amo o jeito que
a Peppa fala. Parece tão engraçado e não consigo deixar de rir toda vez
que assisto. Depois de alguns episódios de Peppa Pig, aparece A
Princesa Sofia e eu dou um gritinho. Esse é o meu
desenho favorito de todos os tempos porque a Sofia é
uma princesa e eu também sou uma princesa! Tenho alguns
vestidos, iguais aos que a Sofia usa no meu guarda-roupa.
Isso definitivamente deveria significar que eu também sou
uma princesa, certo?
Adoro brincar de me fantasiar com meus vestidos de princesa,
mas sempre que mamãe me vê neles, especialmente se não
vamos a lugar nenhum, ela sempre grita comigo. Não sei por
que ela se importa tanto se eu uso um para brincar de me
fantasiar, porque tenho muitos!
Além disso, tenho um enorme castelo de brincar no canto do meu
quarto que papai me deu de aniversário este ano. Viu? Eu até tenho um
castelo. Brinco um pouco mais e assisto mais dos meus desenhos
favoritos e, pouco antes da hora do jantar, papai vem ao meu quarto para
me preparar para o jantar.
Ele se senta na minha cama e me puxa para sentar em seu colo. —
Minha princesa teve um bom dia hoje? – Viu? Também sou uma
princesa!
Cruzo meus braços sobre meu pequeno peito e faço beicinho para
ele. Ainda estou com raiva dele por ter gritado comigo hoje cedo. —
Não, eu não tive, papai. Você gritou comigo quando eu só queria te
mostrar minha borboleta.
Suspiro antes de pular de seu colo e correr para o pote que está na
minha mesa de cabeceira. Esqueci-me completamente da minha
borboleta. Quando pego o pote, eu o sacudo porque a borboleta dentro
dele não está se movendo. Lágrimas instantaneamente surgem em meus
olhos e corro de volta para papai para mostrar a ele meu pote.
Ele olha para ele enquanto fico lá, esperando que ele
me diga que minha borboleta está bem.
— Ah, amor, você não deixou ar, então ela morreu. – A
essa altura, as lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto.
— Mas eu não quero que ela morra!
— Não se preocupe. Se você prometer parar de chorar, eu vou
te levar de novo para fora amanhã para pegar mais um pouco.
Ele enxuga minhas lágrimas e eu me aconchego nele, e
tento o meu melhor para parar o resto das lágrimas que estão
tentando escapar. — Venha, vamos preparar seu banho para que
possamos descer para jantar.
Ele se levanta e vai até o banheiro do meu quarto e enche a banheira
para mim. Mamãe nunca me deu banho antes. Julia costumava me dar
banho todas as noites antes do jantar, mas quando fiz oito anos este
ano, papai assumiu o banho.
Certa vez, ouvi Julia dizendo a ele que poderia continuar fazendo
isso e que era errado ele me dar banho, mas ele disse firmemente que
não, que faria isso a partir de então. Não ouvi mais nada sobre esse
assunto desde aquele dia, mas notei que Julia sempre parece ficar de
olho em mim ultimamente, sempre que está comigo.
Depois que ele enche a banheira com banho de espuma - o frasco
tem uma princesa nela, então é a minha favorita - papai faz um gesto
para que eu me aproxime dele e eu pulo alegremente para ficar na frente
dele.
Ele puxa meu vestido pela cabeça; é o que eu tenho usado o dia todo
hoje. Há algumas manchas de sujeira no meu vestido e espero que ele
não fique bravo comigo por sujar meu vestido. Ele disse que as meninas
sempre precisam ter certeza de que estão limpas. Depois
de tirar meu vestido, ele tira minha calcinha. Vejo-o
examinar meu corpo e não penso muito nisso porque é isso
que ele faz todas as noites.
Ele me diz para entrar na banheira e eu entro. Assim que entro lá,
brinco com as bolhas tentando estourar as grandes. Papai pega uma
toalha e começa a ensaboar meu corpo. Sua mão vai do meu rosto
até os dedos dos pés, e então ele faz sinal para eu abrir minhas
pernas para que ele possa lavar entre elas.
Ele joga a toalha na banheira e usa as mãos. Sinto seus
dedos tocarem minhas partes íntimas e então ele usa os dedos
para esfregar um pouco ali.
— Papai! – murmuro enquanto ele continua esfregando. — Minhas
bolhas irão desaparecer se você não se apressar, e então não poderei
mais brincar com elas.
Ele empurra o dedo um pouco, mas não muito. É apenas um
pouco onde parece desconfortável, mas não dói, então ele move
um pouco antes de tirá-lo e esfregar o lado de fora antes de me
dar um tapinha ali mesmo.
Isso aconteceu quando ele assumiu meus banhos pela primeira vez e
quando perguntei como Julia nunca fazia isso comigo, ele disse que isso
era apenas algo que os papais fazem por suas princesinhas. Senti que era
errado ele tocar no que chamava de minha parte de princesa, mas não
sabia o que fazer.
Então, todas as noites, esse era o nosso pequeno ritual sempre que
ele me dava banho. Às vezes, ele até olhava de perto. Ele me fazia sentar
na beirada da banheira enquanto mantinha os lábios abertos com os
dedos e olhava para eles. Tentei me esquivar, mas ele era muito mais
forte do que eu e sempre me segurou no lugar.
Às vezes, ele enfiava o dedo lá dentro quando me mandava sentar
na beirada da banheira e quando eu perguntava por que
ele fazia aquilo, porque os dedos dele eram grossos e às
vezes doía. Ele me dizia que tinha que ter certeza de que a
princesinha do papai ainda era virgem e que ele tinha que
limpar bem as partes da minha princesa.
Não entendia o que significava ser virgem, mas isso parecia
importante para ele. Então, eu apenas fiquei quieta para não irritá-
lo sempre que ele fazia sua verificação de virgem.
Quando ele terminava e tirava o dedo, sempre o lambia e
dizia que o gosto era tão doce quanto o de uma virgem. Meu
rosto ficava supervermelho sempre que ele fazia isso porque parecia que
isso era algo que ele não deveria ter feito.
Felizmente, ele não me fez ficar na beirada da banheira esta noite.
Ele me puxa para fora depois que estou limpa e envolve a toalha em
volta de mim antes de me levantar em seus braços e nos levar de
volta para o meu quarto. Ele me ajuda a colocar minha calcinha e depois
meu pijama de princesa antes de me levantar em seus braços novamente.
— Papai mal pode esperar até o dia em que poderá reivindicar a
virgindade de sua princesa. – ele me diz. Não entendo o que ele quer
dizer com reivindicar, mas algo no fundo da minha mente está me
dizendo que isso deveria me preocupar.
Quando chegamos à cozinha, vejo que tenho o meu jantar favorito
esta noite: nuggets de frango de dinossauro e macarrão com queijo.
Imediatamente decidi comer meus nuggets e já esqueço os meus
pensamentos anteriores.
Brinco com os meus dinossauros antes de arrancar suas cabeças
porque essa é a melhor maneira de comê-los. É muito divertido assim.
Assim que termino de comer, papai limpa meu rosto e
lava minhas mãos antes que eu esteja pronta para ele me
colocar na cama. Subimos para o meu quarto e ele me
aconchega antes de me dar um beijo na testa e eu adormeço
instantaneamente.
No dia seguinte, ele manteve sua promessa e me levou para o
quintal novamente para pegar mais borboletas. Nosso quintal era
enorme, já que a mata ficava um pouco além do limite da
propriedade, muito espaço e ainda mais borboletas para pegar.
Pego algumas e papai ficou do lado de fora comigo por
mais tempo do que pensei. Assim que colocamos as borboletas que já
peguei no pote, ele me puxou para ele e me sentou em seu colo.
— Um dia o papai vai fazer coisas que você não vai entender, mas
ele tem que fazer, porque não consegue fazer as vontades passarem,
entendeu?
Não entendi do que ele estava falando, mas aceno de qualquer
maneira porque ainda estava me sentindo feliz por ele ter cumprido sua
promessa de pegarmos borboletas hoje.
Essa foi a última lembrança maravilhosa que tive com meu pai.

Uma semana depois, é dia de levar seus filhos para o trabalho e


estou superempolgada por ir trabalhar com papai porque
é a primeira vez que vou com ele e passo um dia inteiro
com ele. Ele disse que eu não tinha idade suficiente antes,
então agora que tenho oito anos, sou uma menina crescida.
Além disso, ele disse que eu tinha alguém especial para conhecer
hoje. Eu me pergunto quem poderia ser e por que eles simplesmente
não vieram para casa. Papai é dono da empresa em que trabalha,
então este vai ser um dia divertido. Posso fazer o que eu quiser
hoje.
Quando chegamos ao escritório dele, vejo que tem muita
gente trabalhando aqui, nossa! Este lugar é enorme e estamos tão alto
no céu! Há um monte de outras crianças aqui, de todas as idades, pelo
que posso dizer. Provavelmente farei novos amigos hoje.
Vamos direto para o escritório dele e ele me diz que depois da
reunião poderei brincar com as outras crianças lá fora. Eu concordo
porque quero ser uma boa menina para ele hoje.
Passo a maior parte da manhã sentada no sofá com uma
mesinha na frente dele que está ao lado na tonalidade do
escritório do papai. Ele fez um de seus funcionários me trazer um livro
de colorir e giz de cera para me manter ocupada.
Por volta das onze, um homem entrou no escritório do papai e me
disse que era hora de sua reunião, então eu deveria ficar quieta no canto
e continuar colorindo.
O homem que entrou parecia ter a mesma idade de meu pai e,
quando ele olhou para mim, não pude deixar de me encolher na cadeira.
Não sei o que era, mas algo nele me deixou nervosa e tive medo dele.
Mas tentei não demonstrar porque papai disse para não interromper.
Lembro-me de sentir o olhar do homem deslizar pelo meu corpo e senti
arrepios percorrerem todo o meu corpo. Tentei não olhar para ele e
apenas me concentrei no meu colorir.
A reunião levou mais de uma hora para terminar e
quando o homem finalmente estava pronto para sair, ele
veio até mim e disse a coisa mais estranha de todas, e eu não
sabia o que ele queria dizer com isso.
— Mal posso esperar para vê-la em alguns anos...
Meu pai apertou a mão daquele homem antes que ele
finalmente deixasse seu escritório. Eu estava confusa e não
sabia o que pensar. Minha mente continuou repassando o que
o homem disse, mas aquele sentimento estranho tomou conta
de mim novamente. O mesmo que aconteceu comigo quando
meu pai me disse que mal podia esperar para reivindicar minha
virgindade.
Eu estava com muito medo de perguntar a ele o que aquele homem
queria dizer, então fiquei quieta, com a minha pequena mente
trabalhando horas extras, imaginando o que ele queria dizer com ele
mal podia esperar para me ver em alguns anos. Ele não acabou
de me ver?
Isso soou estranho para mim porque eu não o conhecia, então por
que precisaria vê-lo novamente em alguns anos?
Acabei deixando esse pensamento de lado porque papai me disse
que finalmente posso ir brincar com as outras crianças aqui hoje.

Na época, eu não sabia que o único motivo pelo qual meu pai me
levou ao escritório era porque ele queria que o homem
desse uma boa olhada em mim, para ver pelo que ele
estava pagando.
Com o passar do tempo, as coisas em nossa casa
mudaram. Não sei dizer exatamente quando percebi isso, mas a
mudança tornou tudo diferente. Papai era mais temperamental com
mamãe e, eventualmente, essa raiva foi transferida para mim.
Ele trabalhava longas horas e sempre que estava em casa,
nunca estava de bom humor. Ele começou a beber muito e até
pegou o pó branco que eu vi minha mãe cheirar. Só mais tarde
soube o que era aquele pó branco e para que o usavam e que eram
drogas: cocaína, para ser exata.
No começo, quando as coisas mudaram, não me assustou, mas
quando as coisas foram de mal a pior com suas ações, eu não queria
mais ficar perto deles.
Aprendi a ser sorrateira para descobrir o que estava
acontecendo com eles. Eu me esgueirei pela casa quando não
queria que eles me vissem e descobri muitas informações
importantes que não deveria saber. Como o fato de meu pai dizer que
tinha algumas pessoas que pagariam um bom dinheiro para me usar.
Usar-me? O que diabos isso significava? Para que eles me usariam?
Dinheiro por mim?
Minha mãe prontamente concordou com tudo o que ele disse. Ele
contou a ela sobre um homem chamado Venero e como eles estavam
fechando um negócio juntos e me pediu como pagamento. Ele disse a
eles que voltaria para receber o pagamento quando estivesse pronta,
mas, enquanto isso, seu filho o substituiria.
Suas palavras me deixaram confusa, mas também apavorada,
porque por que alguém iria me querer como pagamento e o que isso
significava?
Meu pai parecia ter mudado completamente nos
últimos anos e eu sabia que era por causa de seus negócios,
juntamente com o fato de que ele bebia mais e também
usava drogas agora.
Na maioria das vezes, minha mãe estava sempre chapada
ultimamente e mal conseguia funcionar sozinha. Ela me enojava
com suas ações porque, quando estava chapada, se esfregava nos
homens que meu pai tinha em casa e, por algum motivo
estranho, ele não parecia se importar.
Talvez eu devesse ter me perguntado por que ele não se
importava com o que ela fazia, mas esse pensamento nunca passou pela
minha cabeça.
Ela ainda me olhava com ódio e, com o passar dos anos, seu ódio
aumentou dez vezes. Enquanto isso, meu pai me olhava com certo
brilho nos olhos. Ele parecia querer me devorar. Isso me dava
arrepios na maioria dos dias e, quando ele estava em casa, tentava
ficar o mais longe possível dele sendo invisível.
Agora que eu era mais velha, sabia que ele olhando para mim
daquele jeito não era apropriado para um pai olhar para sua filha. Ele
olhou para mim com desejo.
Quando seu comportamento mudou e ele adquiriu seus maus
hábitos, foi também quando seu comportamento em relação a mim
mudou. Ele estava sempre bravo e gritava comigo por tudo, e nada do
que eu fazia era bom o suficiente para ele. Ele me batia emocionalmente
e minha mãe fazia o mesmo, zombando de mim e dizendo que eu não
era mais a princesinha do papai, mas apenas outra garota estúpida.
Ela até teve grande prazer em me dizer que minha hora estava
chegando. Que o relógio já estava correndo. Eu não sabia o que ela
queria dizer, mas não deixaria suas palavras me afetarem porque parei
de querer sua aprovação há muito tempo.
As coisas não ficaram físicas até meu aniversário de
14 anos. Lembro-me de acordar na manhã do meu
aniversário e não sentir nada perto da empolgação. Tudo o
que senti foi uma piscina de pavor na boca do estômago quando
acordei.
Acordei de um pesadelo em que via tudo em cores vivas.
Aquele sonho parecia tão real, eu estava em agonia e dor e não
entendia o que estava causando isso, mas ao fundo, eu podia
ouvir minha mãe gargalhando como uma daquelas bruxas que
quase sempre aparecem em todos os filmes da Disney. Esse
foi o pesadelo mais estranho que já tive, e meu subconsciente estava me
dizendo para fugir e nunca olhar para trás. Não tendo ideia do que fazer
com um sonho como esse, apenas continuei com meu dia normalmente.
Levantei, me vesti e me preparei para a escola como qualquer outro dia.
Mal sabia eu que era quando as coisas realmente mudariam
para pior e minha vida nunca mais seria a mesma.
Quando as aulas terminaram naquele dia, eu estava do lado de fora
conversando com Zack enquanto esperava meu pai vir me buscar.
Estávamos rindo e me lembro de me sentir tão feliz por ele estar falando
comigo porque eu meio que tinha uma queda por ele. Foi a primeira vez
que ele falou comigo e eu estava além de tonta de empolgação, embora
tentasse controlar porque não queria que ele pensasse que eu era louca.
Quando meu pai estacionou do lado de fora da escola, olhei para
cima e instantaneamente vi a mudança em seu rosto, o que fez com que
a minha também mudasse porque percebi que algo estava errado. Seu
olhar pousou em onde Zack estava segurando minha mão e eu
rapidamente o soltei, dizendo adeus e que o veria no dia seguinte antes
de correr para entrar no carro.
Quando entrei no carro, a atmosfera estava
carregada de tensão e pude ver sua mandíbula contrair
com raiva mal contida em seu rosto enquanto sua mão
segurava o volante com tanta força que sua mão estava
ficando branca. Ele não disse nada, apenas disparou como um
morcego do inferno e correu todo o caminho para casa, nem mesmo
prestando atenção às regras de trânsito enquanto pisava no acelerador
com tanta força que me perguntei se ele estava tentando nos matar
dirigindo de forma imprudente.
Quando ele estacionou na frente da nossa casa, eu desci,
ainda sem falar nada porque ele parecia ainda estar de mau
humor e achei melhor ficar de boca fechada para evitar qualquer
conflito, principalmente quando ele estava tão bravo.
Assim que subi as escadas e entrei no hall de entrada, ouvi-o bem
atrás de mim. Eu nem tive tempo de perguntar o que havia de errado
porque ele me agarrou pela nuca e apertou com tanta força que eu
chorei.
— Você está me machucando, papai! – Foi quando ele começou a
gritar comigo e me chamar de putinha.
— Quem era aquele babaca com você na frente da escola? Você
transou com ele? – ele estava gritando tanto e nem me deu chance de
responder por que começou a me arrastar para fora da sala.
Que tipo de pergunta foi essa? Eu não tinha permissão para ter
amigos? Só porque você falou com alguém significava que você transou
com eles? Ele definitivamente tem um parafuso solto em algum lugar.
Por que ele se importa comigo quando deveria se importar com minha
mãe, que provavelmente estava brincando com ele?
— É só meu amigo de classe. – digo, mas ele está tão bravo agora
que nem está me ouvindo.
Passamos por minha mãe na saída do hall de entrada
e ela apenas olhou para mim enquanto sorria. Ela parece
alta como o inferno e Deus, como eu a odiei. Acho que
nunca quis tanto socar a cara de alguém antes. Ela nem estava
fazendo nada para me ajudar.
Meu pai continuou me arrastando com ele, e foi quando vi que
descíamos para o porão. A adega tinha apenas uma parede cheia
de vinho enquanto o resto da sala estava vazia. Esta não era
uma adega normal porque ele tinha algumas mesas e cadeiras
no meio da sala. Eu me pergunto para que ele as usou, porque
não eram mesas ou cadeiras comuns, mas sim de metal.
Estava meio frio aqui, e senti calafrios percorrerem meu corpo.
Assim que chegamos lá, ele me empurrou com tanta força que meu
corpo colidiu com a lateral da mesa. Meu quadril bateu contra a
extremidade dela e uma dor instantânea atravessou meus ossos
enquanto ele repetia - bem, não repetia porque ele gritou - sua
pergunta para mim. Afastei-me da mesa e dele, mas ele não
pareceu notar porque estava muito ocupado deixando sua raiva consumi-
lo.
— Você fodeu com ele!!! – Quando eu não respondi rápido o
suficiente, ele ficou ainda mais irritado. — Responda-me!! – E antes
mesmo de eu dizer uma palavra, ele avançou sobre mim e me deu um
tapa tão forte no rosto que meu corpo inteiro se contorceu e eu caí no
chão com o impacto de seu golpe.
Porra, essa merda foi tão forte que cortou meus lábios, e o sangue
escorria pelo meu queixo. Isso me surpreendeu enquanto eu estava
sentada lá com a palma da mão no rosto enquanto limpava o sangue do
queixo com a outra mão. Esta foi a primeira vez que ele colocou a mão
em mim com uma força tão brutal, e eu não sabia o que fazer com isso.
— Não, eu não fiz isso! – gritei também para ele
porque as minhas emoções estavam fora de controle agora
com o pico de adrenalina que acabou de aumentar com
aquele tapa.
— Ah, então você acha que pode me responder agora? Sua
putinha estúpida?!
— Não sou uma putinha como a porra da sua esposa
estúpida! – E essa foi a pior coisa que eu poderia ter dito a ele
porque sua raiva aumentou mais um nível.
Ele caminhou até mim e me levantou do chão pelo
pescoço. Ele me apertou com tanta força que senti meu ar sendo cortado.
Agarrei suas mãos em meu pescoço e tentei afastá-las de mim, mas não
adiantou. Eu até tentei agarrá-las, mas cara, ele era mais forte do que eu.
Quando vi pontos em minha visão, ele soltou meu pescoço e
pensei que talvez tivesse acabado, mas apenas agarrou meus braços
em seguida e os amarrou com as cordas logo acima da minha
cabeça. Hmm, eu nem notei isso antes.
Depois de prendê-las com força, ele rasgou minhas roupas antes de
tirar o cinto da calça. Assim que tirou o cinto, ele o dobrou em dois e
deu a volta para me encarar novamente. Ele não pôde deixar de olhar
para o meu corpo nu, e eu desejei poder me esconder de seus olhos
errantes.
— O que eu te disse sobre falar com os garotos e deixá-los tocar em
você? Você gosta de ser uma putinha?
— Papai, juro que não fiz nada! Estávamos falando sobre a escola!!
— Eu disse a você que era meu direito reivindicar sua virgindade.
De mais ninguém! Você tem sorte que ainda não é a hora certa porque já
teria provado meu pau. – eu finalmente sabia o que significava
virgindade e toda aquela porcaria que ele estava dizendo para mim desde
que eu tinha oito anos, obrigado internet. Quero dizer,
todo adolescente fica curioso sobre essas coisas, certo, e
ele disse essa frase para mim tantas vezes que eu tinha que
saber o que ele queria dizer.
Ah sim, ele estava delirando pra caralho, porque isso não é algo
que você faz com sua filha.
— Você está doente da cabeça por querer isso porque não é
seu e nunca será seu para tirar!
— Ah, é? E quem vai me impedir? Você? Sua mãe? Você
acha que ela dá a mínima para o que faço com você? – ele
agarra meu rosto e aperta com tanta força que meu maxilar dói.
— Ouça aqui, sua vagabunda, quando estiver na minha casa, faça o
que eu disser e se eu disser que serei o primeiro a foder essa boceta,
então é exatamente isso que farei!
Que nojo! — Então, vou embora e não estarei mais na sua
casa!
Ele apenas ri de mim como se eu tivesse acabado de dizer a coisa
mais engraçada do mundo.
— Se você acha que eu deixaria você fora da minha vista, então
pense novamente porque você não está indo a lugar nenhum. Você
pertence a mim.
Eu nunca o ouvi falar assim antes e isso me assusta muito porque
suas palavras são possessivas como as de um amante seriam, mesmo que
isso seja errado em muitos níveis.
— Não pertenço a ninguém, especialmente a você! – O que diabos é
isso? Tenho apenas quatorze anos. Sim, já tive paixões e eu pensei em
garotos, mas não significa que pertenço a ninguém e, definitivamente,
não ao meu pai delirante.
— Vamos ver isso quando chegar a hora. – ele diz
enquanto agarra e aperta a frente da calça e eu olho para
ele, horrorizada ao ver que ele está duro. Instantaneamente
sinto vontade de vomitar. Isso é simplesmente nojento! —
Olha o que você faz comigo, bebê.
— Você está doente da cabeça. – Minhas palavras devem
lembrá-lo de que ele está com raiva, porque ele volta ao motivo
de estarmos aqui.
— Agora você está prestes a aprender a não me
desobedecer nunca mais!
— Você não disse nada! E tudo o que fiz foi falar com alguém da
minha classe, então como isso é desobedecer a você? – Ele me dá um
tapa na cara de novo.
— Essa sua boca acabará por te colocar em apuros um dia
desses! – E com isso ele dá a volta e fica atrás de mim. Meus
braços já doem por estarem suspensos no ar e meus pés mal
tocam o chão.
Eu não sei o que eu estava esperando, mas não era ele me batendo.
A primeira cintada que toca minhas costas é tão forte e inesperada que
um grito escapa de mim. Ele continua me batendo com o cinto e cada
golpe contra a minha pele é mais forte que o anterior. Sua raiva está de
volta com força total agora, a julgar por essas cintadas.
Não sei quanto tempo isso dura porque o conceito de tempo me
escapa. Sinto algo escorrendo pelas minhas costas e só posso supor que
seja sangue porque acho que senti minha pele cortar algumas vezes
quando seus golpes foram os mais fortes. Ele parecia usar toda a sua
força em mim.
Estou gritando tanto, implorando para ele parar, mas ele não para
até que esteja satisfeito consigo mesmo.
— Você vai me ouvir de agora em diante? – ele
pergunta quando finalmente termina.
Mal consigo pronunciar minhas palavras porque estou chorando
muito. — Eu... eu... sinto muito... papai... – É tudo o que consigo dizer.
— Eu... eu... eu vou ouvir. – digo para apaziguá-lo, embora não
tenha feito nada de errado.
Ele solta meus pulsos da corda e eu imediatamente caio
no chão porque minhas pernas não aguentam mais meu peso.
A dor nas minhas costas é insuportável, é a maior dor que já
senti na minha vida.
Sem saber que as coisas iriam piorar com o passar do tempo e hoje
foi só o primeiro gostinho.
Ele me levanta e me joga por cima do ombro antes de sair do
porão comigo. Ainda estou nua, mas não consigo pensar em mais
nada agora, exceto no fato de que todo o meu corpo está pegando
fogo e minha pele está fria por causa da temperatura da sala.
Todo o meu corpo estremece de dor e frio.
Ele nos leva até o meu quarto e então me tira de seus ombros e me
coloca na frente da minha cama. A dor irradia através de mim quando
ele move meu corpo e o empurra. Uma vez que estou firme em meus
pés, vou até minha cama para evitar mais dor. Assim que chego lá, deito
de cara na cama. A dor é insuportável e parece que todo o meu corpo
está pegando fogo. Assim que me deito, ele fala.
— Eu volto mais tarde para o seu banho. – ele me diz antes de sair
do meu quarto, fechando a porta atrás de si.
Caio em um choro estridente assim que ele sai pela porta, porque
ainda estou em choque e não consigo acreditar no que acabou de
acontecer comigo. Ainda sinto o sangue escorrendo pelas minhas costas.
Não sei como me sentir agora porque minhas emoções
estão em todo lugar. Esta é a primeira vez que ele me
machuca fisicamente. Ele costumava gritar comigo quando
as coisas não aconteciam do jeito dele.
Deitei na cama na mesma posição, sem me mexer nem um
centímetro porque não conseguiria nem se quisesse, até que ele voltou
ao meu quarto mais tarde naquela noite. Ele vai direto para o meu
banheiro e enche a banheira. Uma vez que está cheia, ele volta
para o meu quarto e agarra minhas pernas antes de me arrastar
para o final da cama. Ele me levanta e me coloca por cima do
ombro antes de nos levar para o meu banheiro.
Seu humor parece ter se acalmado drasticamente desta tarde até
agora. Ele me coloca de pé e o movimento causa uma pontada de dor
nas minhas costas e eu gemo de dor. Eu me vejo no espelho e me viro
ligeiramente para ver minhas costas; o sangue secou na minha pele.
Ele faz sinal para que eu me sente na beirada da banheira, e eu
lentamente me movo para sentar e obedecer suas instruções.
— Abra as pernas. – ele ordena com uma voz estridente que
significa que ele não está brincando e vai me machucar novamente se
precisar.
Eu uso minhas mãos para segurar a beirada da banheira para não
cair. Essa dor é demais agora. Ele se ajoelha na minha frente e agarra
minhas pernas e as abre mais. Seu rosto está tão perto da minha boceta e
eu tento fechar minhas pernas, mas ele apenas aperta em sinal de alerta,
como se dissesse não se mova mais um centímetro.
— Deixe-me ver o que é meu. – ele me diz. Estou tão enojada que
gostaria de ter forças para lutar contra ele, mas ele é maior e mais forte e
eu sou muito mais fraca do que ele.
Ele inala profundamente e solta um gemido, como se adorasse o
meu cheiro. Ele tira uma mão da minha perna e a
aproxima da minha boceta antes de enfiar um dedo dentro
dela. Dói e tento afastá-lo, mas não adianta. Esta não é a
primeira vez que ele enfia o dedo dentro de mim, mas é a
primeira vez que parece mais monumental do que as outras vezes.
Ele continua empurrando o dedo para dentro e então para quando
chega ao meu hímen. Ele tem uma expressão de alívio em seu
rosto antes de me dizer como está feliz por eu ainda ser pura
para ele.
— Que boceta gostosa. – ele murmura antes de adicionar
outro dedo dentro de mim e bombear para dentro e para fora. Ele faz
isso por alguns minutos e, quando finalmente tira os dedos de mim, suga
os dois em sua boca e lambe toda a minha umidade deles.
Fico mortificada quando ele aproxima a boca e a coloca nos lábios
da minha boceta antes de lamber e chupar. Fico com medo e tento
empurrá-lo para longe de mim, mas ele não se mexe. Quanto mais
eu luto, mais irritado ele fica.
— Isso pode ser fácil para você ou você pode lutar e dificultar, e
você será a única a sentir mais dor.
Eu imediatamente paro de lutar porque não acho que posso ter outra
rodada com ele e seu cinto. Ele apenas continua lambendo antes de
empurrar sua língua o mais longe que pode dentro de mim até que ele se
satisfaça.
— Tão doce. Você tem um gosto tão doce, princesa. – Seu toque faz
minha pele arrepiar.
Quando ele termina, ele me diz para entrar no banho para que ele
possa me lavar. Assim que minha pele toca a água morna, ela arde e eu
gemo enquanto os soluços começam a escapar de mim.
Ele me lava o mais rápido que pode enquanto
esfrega minhas costas com a toalha para que ele possa se
livrar de todo o sangue seco.
— Se você não tivesse irritado o papai, não sentiria tanta
dor. – ele me diz como se tudo isso fosse minha culpa. — Tudo o que
você precisava fazer era ouvir o papai.
Como a pessoa que eu tanto amava poderia se transformar em
um monstro? Nem sei quem é essa pessoa que está sentada na
minha frente agora. Uma vez que ele termina de me lavar, ele
me ajuda a sair da banheira e depois seca minha pele enquanto
tenta evitar minhas costas. Ele me leva de volta para o meu
quarto antes de me deixar e sair.
Eu vou ficar na frente do espelho no meu guarda-roupa para dar
uma olhada melhor nas minhas costas, porque tudo o que vi antes foi o
sangue seco. Estou horrorizada com a visão que me cumprimenta. Sem
o sangue cobrindo tudo, posso ver todas as marcas espalhadas por
todas as minhas costas. Os vergões na minha pele parecem cortes
raivosos vermelhos e alguns deles estão sangrando de novo.
Sinto as lágrimas surgirem em meus olhos novamente. Parece que algum
tipo de animal selvagem me atacou.
Lentamente caminho de volta para minha cama e me deito de
barriga para baixo. Eu só coloco uma calcinha e nem me preocupo com
roupas porque vai grudar na minha pele e provavelmente vai doer mais.
Duas horas depois, estou deitada com dor quando ouço a porta do
meu quarto abrir e instantaneamente enrijeço, pensando que ele está de
volta para me torturar.
— Sou só eu. – eu ouço Julia gritar baixinho.
Ela caminha até minha cama e acende o abajur. Quando ela vê o
estado das minhas costas, lágrimas instantaneamente surgem em seus
olhos.
— Ah, minha doce menina, o que eles fizeram com
você?
— Preciso sair daqui, tenho a sensação de que as coisas
só vão piorar para mim.
Ela caminha até mim e se senta na minha cama antes de se
levantar e apoiar as costas contra a cabeceira. Ela puxa minha
cabeça para seu colo enquanto esfrega um bálsamo calmante
em minhas costas para aliviar a dor. Ela levanta minha cabeça
para me dar alguns analgésicos e água para a dor, e então
gentilmente coloca minha cabeça de volta em seu colo.
— Sinto muito que fizeram isso com você, querida. – Soluços
angustiantes destroem meu corpo enquanto ela acaricia meu cabelo. Eu
choro em seu colo até que finalmente adormeço e quando acordo na
manhã seguinte, ela já se foi.
Ontem foi o último dia em que vi Zack, e também foi o
último dia em que fui à escola.
Cheguei aos dezesseis anos e gostaria de poder lhe dizer
que, quando meu pai me bateu pela primeira vez depois de
completar quatorze anos, foi a primeira e a última vez que ele fez isso
comigo, mas isso seria uma mentira. As surras continuavam chegando,
quase todos os dias, desde então.
Vivia em constante estado de dor, agonia e medo. Temo
que um dia meu pai leve isso longe demais e me mate.
Também percebi que meu pai era um homem sádico e cruel, e
ele teve um grande prazer em me ver com dor.
Ele não era mais o pai que eu conhecia quando era criança. Ele
poderia nunca ter tido muito tempo para mim durante esse tempo na
minha vida, mas ele não era cruel e nunca me machucou como esse
homem que faz agora.
Depois daquele dia em que ele começou a descontar a raiva em mim
com os punhos, não consegui mais sair de casa, nem com a Julia. Ele
nem me deixou mais ir à escola, e essa foi uma das piores coisas que eu
poderia ter vivido porque amava a escola. Meu pai me confinou a uma
vida de solidão, na qual eu só tinha a mim mesma como companhia... ou
a ele sempre que ele sentia necessidade de me torturar, o que acontecia
com mais frequência do que eu gostaria de admitir.
Eu nunca consegui experimentar coisas como um primeiro beijo ou
uma primeira dança da escola e, sempre que fico sozinha por alguns
segundos, muitas vezes me pergunto se algum dia vou experimentar
coisas que uma adolescente normal faria. Às vezes, a vida não é justa.
Eu mereci as coisas que constantemente acontecem comigo? Eu me
pergunto tantas vezes, mas ainda não tenho uma resposta para mim.
Sendo a pessoa que cuidou de mim, tenho certeza
que se Julia também não fosse nossa própria cozinheira, ela
também não estaria mais aqui.
Morar aqui torna mais fácil para ela entrar sorrateiramente no
meu quarto à noite para cuidar de mim, especialmente quando eu tive
um dia difícil e por difícil, quero dizer quando recebo uma surra.
Você pode se perguntar por que simplesmente não fugi do
meu pai desprezível como disse que faria e deixe-me dizer, eu
já tentei e não funcionou como eu queria. Ele quis dizer o que
disse quando me disse que nunca me deixaria fora de vista e
que sempre me encontraria.
Cerca de uma semana depois do meu primeiro encontro violento
com meu pai, sofri outra surra. Eu nem me lembro o que fiz, em um
minuto eu estava na cozinha pegando comida porque estava morrendo
de fome e no próximo, minha mãe estava gritando pela casa toda
como se eu a estivesse atacando, o que naturalmente levou meu
pai a ficar com raiva de mim.
Tudo o que fazia parecia errado, e ele nem precisava de um motivo
para me punir. Ele vinha atrás de mim sempre que queria e eu tinha a
sensação de que eu estar ensanguentada por causa dele o agradava como
nada mais parecia fazer.
Implorei e chorei enquanto implorava para que ele parasse, mas ele
nunca parou até que estivesse bom e pronto para se conter.
A primeira vez que tentei escapar, meus pais tiveram que sair de
casa para ir a uma festa que o sócio do meu pai estava dando. Naquela
noite, quando eles saíram, esperei meia hora antes de me preparar para
fugir o mais longe possível deste lugar. Eu nem parei para pensar nas
consequências porque a única coisa em minha mente era escapar.
Achei que correr pela floresta nos fundos da propriedade seria a
melhor maneira de sair, porque não poderia exatamente
passar pelos portões da frente da propriedade agora.
Esperei até que os seguranças mudassem de turno
porque ninguém prestaria muita atenção em mim. Eu deveria
estar no meu quarto e ninguém nunca me incomodou lá, exceto meu
pai.
Quando a oportunidade perfeita se apresentou e eu sabia
que ninguém estaria perto da área da cozinha, caminhei
silenciosamente pelos corredores, desci as escadas e fui direto
para a cozinha. Atravessei o corredor até o lado da cozinha
que levava aos aposentos dos empregados e depois desci até sair pela
porta dos fundos no final do corredor. Assim que passei pela porta, corri
direto para a floresta o mais rápido que minhas pernas me permitiram.
Achei que ninguém fosse notar que eu tinha ido embora ainda, mas
só para ter certeza de que não começariam a me procurar tão cedo,
enchi minha cama com meus travesseiros e depois a cobri com
meus lençóis para parecer que eles me cobriam. Se alguém
espiasse meu quarto, pareceria que eu estava dormindo profundamente
em minha cama.
Fiz cerca de um quilometro antes de diminuir para uma caminhada.
Não estava mentindo, era assustador caminhar na floresta à noite,
especialmente quando nunca estive nessa floresta antes. Eu não sabia o
que esperar ou o tamanho, mas minha determinação de sair daqui estava
como prioridade na minha mente.
— Porra! – disse o palavrão em voz alta. Eu nem trouxe uma
lanterna e agora queria me chutar porque não tive tempo para planejar.
Mas, novamente, não tinha certeza de quanto tempo meus pais ficariam
fora ou quando voltariam, eu nem tinha certeza de quando eles sairiam
de casa novamente, então tive que aproveitar essa oportunidade.
Não queria ficar lá dentro, caso eles voltassem mais
cedo e eu não podia esperar os seguranças voltarem aos
seus postos, por que seria mais fácil ser pega.
Hoje em dia, eles mal saem de casa, estavam muito
ocupados vivendo seu estilo de vida luxuoso e me mantendo como
uma prisioneira para se preocupar com qualquer outra coisa, então
quando saíram, eu sabia que tinha que agir rápido. Desde que as
coisas mudaram entre meu pai e eu, ele começou a trabalhar em
casa, mais para que ele pudesse me monitorar. Pelo menos,
foi o que ele disse por que ele não queria que eu tivesse
problemas ou pensasse que eu poderia me afastar dele.
Olhando para trás, eu provavelmente deveria ter executado melhor
meu plano de fuga, talvez assim eu tivesse uma chance. Saí correndo de
casa sem roupa nem comida e, aparentemente, nem tive o bom senso de
carregar água comigo. Tudo o que eu tinha comigo eram as roupas do
corpo, que consistiam em uma legging, uma camisa e um tênis.
Nem tinha dinheiro comigo. Não espionei meu pai o suficiente para
pegar a combinação de seu cofre, então não tinha certeza do que faria
quando chegasse ao outro lado da floresta. Não planejei com tanta
antecedência, aparentemente. Com sorte, posso pegar carona com
alguém.
Eu teria que procurar um emprego assim que chegasse longe o
suficiente. Eles ainda dão empregos para jovens de dezesseis anos?
Acho que vou cruzar essa ponte quando chegar lá. Por enquanto, eu
precisava me concentrar em fugir.
Eu ando e continuo andando até meus pés doerem. Nem tenho
certeza se estou indo na direção certa para chegar à estrada do outro lado
da floresta ou se estou apenas andando em círculos, toda essa caminhada
me deixou com muita sede. Os sons dos galhos e os
leves movimentos dos animais noturnos me faziam quase
pular de susto toda vez que eu pensava ter ouvido um som.
Pedi a Deus que não fosse comida por um urso ou
mesmo por um tigre aqui. Eles têm ursos e tigres aqui? Eu não fazia
ideia de coisas assim, mas tinha certeza de que não queria descobrir.
Isso seria trágico se eles me comessem viva, e se isso não é um mau
presságio, então não sei o que é… O estrondo do trovão é tão
repentino que não consigo evitar o grito que me escapa. Isso
parecia ameaçador, como nos filmes de terror quando você
escapava e corria para a floresta apenas para chover e então
você encontrava sua morte.
Um minuto depois, a chuva cai tão forte que fico instantaneamente
encharcada. Sim... Eu realmente espero que isso não acabe como um
filme de terror... quais são as chances disso acontecer, certo?
Com a chuva caindo tão forte, mal consigo ver para onde estou
indo e tenho que diminuir a velocidade. As roupas que estou
vestindo não ajudam em nada a me manter aquecida, e estou
com tanto frio agora que minhas mãos estão dormentes e minhas pernas
pesadas e tenho que me arrastar para continuar.
A terra já está macia e enlameada, mas ainda me arrasto para
encontrar um lugar para descansar durante a noite onde espero encontrar
um lugar quente. Eu ando mais alguns metros antes de prender meu pé
em um galho de árvore exposto e cair em uma encosta que não vi, e cai
batendo minha perna com força em uma enorme rocha cravada no chão.
Porra! Isso dói…
Olho para o céu, com a água da chuva caindo no meu rosto e
começo a gritar: — Sério?! Você não poderia facilitar isso para mim?
Por que tenho que sofrer mais?! – Assim que acabei gritando, outro
estrondo de trovão ecoa, seguido por um ataque de raios. Caramba!
Acho que Deus não gosta de levar bronca.
O relâmpago é tão brilhante que vejo o que pode
parecer um abrigo à frente. Levanto-me e tento andar de
novo e logo do outro lado da encosta em que estou, vejo uns
pedregulhos enormes que parecem ter uma entrada para entrar na mini
gruta.
Eu penso, obrigado, raio? Manco lentamente até lá porque
minha perna dói e quando chego perto o suficiente, vejo que a
abertura leva a uma pequena caverna que é grande o
suficiente para eu entrar. Este terá que ser o meu local de
descanso durante a noite porque a chuva não parece que vai parar tão
cedo.
Assim que o sol nascer, preciso sair e encontrar o caminho para sair
desta floresta. Não consigo pregar o olho a noite toda porque estou com
muito medo de fechar os olhos, pensando que, no momento em que o
fizer, seria comida viva por alguma coisa. Quero dizer, você nunca
sabe dessas coisas, nada de bom vem de ficar sozinha na floresta
à noite. Você pode culpar minha imaginação hiperativa por
todas aquelas noites em que fiquei acordada assistindo a filmes de terror
quando não estava na minha versão dos referidos filmes de terror.
A tempestade dura a noite toda, e está tão frio que me encolho só
para manter um pouco de calor em meu corpo. Posso sentir o frio até os
meus ossos.
Quando a primeira luz do novo amanhecer surge por entre as
árvores, sei que é hora de seguir em frente. A tempestade parou nas
primeiras horas da manhã e agora estou com fome, cansada e com sede,
mas não posso pensar nisso agora porque tenho que sair daqui. Eu
realmente deveria ter pelo menos trazido um pouco de comida comigo.
Meu estômago de repente solta um ronco alto, concordando comigo.
Meu pai já deve saber que estou desaparecida, porque tenho certeza
de que ele entrou no meu quarto ontem à noite antes de ir
para a cama. Ele sempre faz questão de ir ao meu quarto
todas as noites, só para poder tocar alguma parte do meu
corpo. Estremeço, esperando nunca mais ter que lidar com
isso.
Meus travesseiros não funcionariam com ele porque ele teria
certeza de ver meu rosto, mesmo se eu estivesse dormindo. Uma
vez, eu já estava dormindo quando ele entrou no meu quarto.
Ele se abaixou e deu um beijo na minha testa, o que me
acordou instantaneamente, mas não o deixei saber que estava
acordada. Ele apenas ficou lá, olhando para mim enquanto
pensava que eu estava dormindo. Ele finalmente puxou seu pau para fora
e o acariciou enquanto me observava até que gozou. Quando ele gozou,
foi quando finalmente saiu do meu quarto.
Se ele já sabe que estou desaparecida e não consegue me encontrar
em nenhum lugar da casa, tenho certeza que vai mandar seus
seguranças idiotas atrás de mim. Merda! Eles provavelmente já
estão procurando por mim. Ele não esperaria até que o sol saísse
totalmente... não, ele tentaria me surpreender quando menos esperasse.
Com esse pensamento estimulando meus movimentos, saio de
minha pequena caverna e começo minha jornada para encontrar o outro
lado dessa floresta. Tenho que ir com calma porque minha perna ainda
está dolorida da queda da noite passada e não quero colocar muita
pressão nela. Cerca de um quilômetro depois, encontrei um pequeno
riacho e fui rapidamente buscar água para beber.
Eu nem tinha certeza se você podia beber água de um riacho, mas, a
essa altura, já não me importava mais. Tudo o que eu conseguia pensar
era como minha boca estava seca e o quanto precisava daquela bebida.
Depois de beber o suficiente, lentamente me levanto e começo
minha caminhada pela floresta novamente. O chão é macio e
escorregadio e eu estava tão suja e coberta de lama da
minha queda. Não demorou muito para que eu ouvisse
gritos vindos de longe. Alguém gritou para se espalhar e
continuar procurando, e meu coração acelerou. A adrenalina
começou a bombear através de mim.
Merda! Eu precisava sair daqui e rápido. Comecei a correr, sem
me importar com a dor que aumentava em minha perna, porque a
única coisa que passava pela minha cabeça era que eles não
poderiam me encontrar; Não sei para onde estava indo e nem
me importava mais. Tudo o que eu conseguia pensar era em
colocar o máximo de distância possível entre mim e aqueles
homens. Eu sabia, sem dúvida, que aquelas vozes pertenciam aos
homens de meu pai.
Porra!! Estou morta se eles me pegarem. Ouço as vozes se
aproximando e eu entro em pânico, e com meu pânico no modo total
agora, estou percebendo o quanto estraguei tudo e se meu pai colocar
as mãos em mim de novo, ele sem dúvida vai me matar.
Não me importo com o quanto cansada eu estou. Eu pego meu ritmo
e estou correndo agora. Olho à minha frente e vejo que estou quase no
fim da mata. Já consigo ver a estrada daqui e continuo a correr como se
a minha vida dependesse disso…
Ouço os homens bem alto agora, eles não estão mais muito atrás de
mim. Movo minhas pernas mais rápido do que nunca antes, mesmo com
a dor percorrendo meu corpo, e assim que travesso a fileira das árvores,
paro abruptamente.
A única maneira de descrever o que aconteceu é dizer que acho que
meu coração parou naquele momento.
Parado ali, a poucos metros de mim, está meu pai. Ele estava
apoiado contra o porta-malas de seu carro e quando os seus olhos
encontraram os meus, ele tinha um sorriso nos lábios,
mas seus olhos estavam cheios de intenções maliciosas e a
promessa de que eu pagaria caro para esta pequena proeza.
Mal percebi que os homens que ouvi na floresta estavam
agora alguns metros atrás de mim, todos espalhados ao meu redor para
garantir que eu não voltasse correndo para a floresta. Não que fosse
bom correr de volta, porque eu nunca passaria por todos eles. Ao
que parece, ele estava falando sério sobre me encontrar porque
havia cerca de quinze homens me cercando. Nenhum deles
chegou mais perto, porque estavam esperando por instruções
de meu pai.
Ele pode sorrir, mas o olhar em seus olhos me disse que enquanto
ele me fizesse pagar por isso, ele faria doer muito desta vez.
— Entre no carro, Addison! – ele murmurou para mim, e vi que a
compostura que ele mantinha desde que seus olhos pousaram em
mim estava finalmente começando a rachar quanto mais eu ficava
ali, apenas olhando para ele como uma idiota. Verdade seja dita,
eu não conseguiria mover minhas pernas mesmo que quisesse.
Parecia que elas estavam cimentadas no chão onde eu estava.
Ele se levanta do carro e aquele pequeno movimento me tirou do
meu estupor e corri loucamente para fugir dele. As estradas aqui
estavam quase sempre vazias, então ele provavelmente poderia me matar
aqui e desovar meu corpo e não haveria testemunhas... bem, além de
seus capangas... mas estão todos com medo dele, então a probabilidade
de alguém vingar minha morte seria nula. Que bando de maricas!
Bem, talvez eu não devesse xingá-los porque agora estou com muito
medo de voltar para casa com ele. Se ele pode me machucar tanto e eu
sou seu sangue, quem sabe o que ele faria se eles o desobedecessem.
Acho que também não posso culpá-los por estarem com medo.
Um tiro alto ecoa à distância e isso me faz parar no meio do
caminho. Não sinto dor, estou em choque? Talvez ele
tenha atirado em mim e eu esteja em choque, então não
consigo sentir nada ainda. Olho para mim mesma, mas não
vejo sangue em lugar nenhum. Estou aliviada, mas esse alívio
dura pouco quando o ouço chamar meu nome novamente.
Eu lentamente me viro para encará-lo novamente e vejo que agora
ele tem sua arma apontada diretamente para minha cabeça.
— Se você mover mais um centímetro, a próxima bala
atravessará o esse seu crânio idiota. – ele me diz com tanta
calma, e tenho a sensação de que sua calma é muito pior do
que se ele estivesse gritando comigo.
Caminho lentamente em direção a ele e quando estou perto o
suficiente, ele me agarra pelo pescoço e me joga contra o porta-malas do
carro. Ele aperta minha garganta com tanta força que sinto minhas vias
aéreas se fecharem, dificultando a respiração.
— Você acha que isso é a porra de um jogo? Acha que alguém tem
tempo para sair procurando vadias idiotas?! Olha só como você está
imunda pra caralho! Ninguém pagaria um centavo pela sua imundície!...
Responda-me!!! – ele grita na minha cara.
Eu responderia, mas como diabos devo fazer isso se ele está
cortando meu ar? Seu aperto afrouxa um pouco e eu instantaneamente
começo a lutar chutando, gritando e arranhando-o. De alguma forma, o
acertei no rosto com três longos arranhões e sorrio para ele. Rapaz, isso
foi a coisa errada a fazer. É como se um interruptor ligasse dentro dele e
eu visse o momento exato em que isso acontece.
Mais rápido do que eu poderia pensar em piscar, ele me solta e eu
nem vejo o soco vindo, mas com certeza sinto essa merda. Ele me dá um
soco tão forte no rosto que me joga para trás alguns
passos e sai sangue da minha boca.
— Ah, você acha que porque você saiu por uma noite
que você ficou corajosa e pode brincar com os meninos
grandes, sua puta de merda?
— Você é um pedaço de merda e um filho da puta doente! – grito
com ele enquanto bato nele, tentando infligir o máximo de dor que
posso, mas tudo o que faço é enfurecê-lo e ele facilmente me
domina.
— Se for a última coisa que eu fizer, vou ter certeza de
matar você e aquela sua maldita esposa que você tem em casa, cheirando
coca porque é para isso que ela serve!! – Não sei de onde diabos vem
essa bravura e, embora saiba que vou pagar por isso mais tarde, não me
importo porque continuo falando. Eu também nunca percebi que quando
parei de querer a atenção da minha mãe, minha energia de alguma
forma se transformou em ódio.
— Você acha que tem coragem de me matar?
— Ah, sim! E até me certificarei de ter a porra de um sorriso no
rosto quando esfaquear você na porra do coração!
Continuo gritando obscenidades para ele, nem mesmo me
importando com o que eu estou dizendo a ele ou mesmo pensando no
que ele vai fazer comigo mais tarde, quando chegarmos em casa. Estou
muito agitada para dar a mínima agora.
— Grandes palavras para uma coisa tão pequena. – ele sorri antes de
me socar novamente, desta vez no estômago só porque ele pode. Ele
finalmente se cansou de mim, abriu o porta-malas e me enfiou lá dentro.
Eu ainda estou segurando meu abdômen pelo ar que foi tirado de mim
agora.
— Você é apenas um covarde que adora bater em garotinhas. Só
covardes fazem essa merda.
— Apenas espere até chegarmos em casa, princesa...
planejei tanto para você. – E com isso, ele bate o porta-malas
antes de entrar no carro e partir.
Quando chegamos em casa, ele me puxa para fora do porta-malas
pelos cabelos antes de me arrastar para dentro de casa e direto para o
porão desta vez. Quando descemos para o porão, sinto como se
minha vida passasse diante dos meus olhos. Se eu achava que
o porão tinha alguma merda fodida lá, bem, isso supera a
tudo. Em que porra meu pai está metido? Acho que hoje é o
dia da minha morte...
E é aí que percebo que tudo o que ele tem reservado para mim será
pior do que qualquer coisa que ele já tenha feito antes. Se eu pensei que
a primeira, segunda ou até a terceira vez que ele me deu uma surra foi
ruim... eu não estava preparada para o que estava por vir.
Ele me arrasta até um canto do porão, enquanto chuto e grito
com ele. Ele me puxa contra a parede de costas para ele e então
prende minhas mãos nas algemas embutidas na parede e elas se fecham
com um clique. Eu tento puxar minhas mãos para fora delas, mas não
adianta, não consigo me livrar delas.
Como estou de costas para ele, não consigo ver o que está fazendo,
mas ele se afastou e está remexendo em uma gaveta procurando alguma
coisa.
— Vamos ver quanta baboseira você ainda tem depois que eu
terminar com você. – ele diz. — Mas primeiro, vamos tirar toda essa
sujeira de você. – ele me diz enquanto usa sua faca para cortar minhas
roupas.
Uma vez que estou sem minhas roupas, ele gira uma válvula na
parede ao meu lado e a água instantaneamente começa a cair sobre mim.
Porra, está congelando! Quando estou limpa, ele fecha e
estou tremendo muito porque ele deixou a água aberta
propositalmente por mais tempo do que o necessário.
Idiota…
Uma vez que não há mais lama na minha pele, ele vem por trás de
mim e esfrega as mãos nas minhas costas e na minha bunda antes que
suas mãos desçam ainda mais. Ele usa os dedos para esfregar para
cima e para baixo os lábios da minha boceta antes de enfiar
dois dedos em mim por trás e mover para dentro e para fora
de mim, com o tempo todo tentando me afastar dele.
— Seu maldito pervertido! Tire suas mãos de mim! – grito com ele,
mas ele apenas ri.
— O que você vai fazer sobre isso, bebê? Você parece um pouco
contida agora. – ele ri de sua própria tentativa esfarrapada de piada. Eu
odeio quando ele me chama de bebê, isso só me deixa doente.
Ele aperta a mão na minha cintura para me impedir de me
mover enquanto a outra mão continua a empurrar para dentro e
para fora de mim. Ele está fazendo isso apenas para provar um ponto. O
ponto é que não posso lutar com ele nem posso escapar dele. Ele está
bem atrás de mim agora, posso sentir sua frente pressionada nas minhas
costas. Ele puxa os dedos e os lambe e então move sua mão para a
minha frente para que ele possa enfiá-los de novo naquele ângulo porque
ele tem seu pau pressionado contra mim por trás.
Ele geme em meu ouvido enquanto se esfrega contra mim. — Porra!
Sua boceta é tão apertada e gostosa, princesa. – ele está se esfregando
contra mim com mais força agora e movendo seus dedos ainda mais
rápido.
— Eu odeio esperar, mas em breve poderei afundar meu pau nessa
sua boceta intocada.
Fico absolutamente horrorizada e chocada quando
gozo em seus dedos e, alguns momentos depois, ele
estremece atrás de mim enquanto goza também. Ele tira os
dedos e lambe todos os meus fluídos antes de se afastar de
mim.
— Agora que papai se livrou de todo o estresse que você o deu na
noite passada, é hora de sua punição. – ele me diz antes de se
afastar e pegar algo da mesa antes de voltar para mim.
Eu viro meu rosto para o lado e olho para ele para ver que
ele tem um chicote nas mãos. Porra, isso definitivamente vai
doer.
Sabia que ia doer, mas não estava nem um pouco preparada quando
o primeiro golpe atingiu nas minhas costas. Um grito gutural alto escapa
dos meus lábios e eu nem tenho tempo suficiente para absorver isso
antes que o segundo golpe atinja minhas costas.
Ele não está pegando leve comigo porque parece que está
colocando toda a sua força em seus golpes. Acho que o irritei de
verdade dessa vez. Conto dez chicotadas antes que ele pare e jogue o
chicote no chão. Posso sentir um pouco de sangue escorrendo pelas
minhas costas e nem preciso olhar para saber que provavelmente já
parece fodido.
Estou chorando tanto porque isso é além de insuportável, parece que
ele está esfolando minhas costas e quase desmaio de dor. Ele me dá um
tapa no rosto para que eu possa sair do torpor em que estou.
— Ooh, você definitivamente não quer desmaiar agora. Você
perderá a melhor parte de hoje se desmaiar.
— Espero que você tenha uma morte horrível. – digo antes de
cuspir nele, o que faz ele me dar outro soco no estômago. Fico sem
fôlego e isso provoca um ataque de tosse.
Ele tira minha mão das algemas e eu caio no chão de
joelhos porque minhas pernas não aguentam mais. Eu me
sinto tão fraca por causa da falta de comida em meu sistema
e do trauma que meu corpo acabou de sofrer.
— Ooh, ainda não terminei com você. – ele me diz com pura
emoção em seu rosto. Ele realmente é um idiota sádico.
— Sabe, tive a sensação de que eventualmente tentaria
fazer uma façanha como essa… então me certifiquei de estar
preparado para quando isso acontecesse. – Pelo olhar de pura
alegria em seu rosto, isso não pode ser bom para mim.
Gemo quando ele me agarra e nos leva até essa coisa que tem a
forma de uma garrafa, mas é feita de ferro e tem a forma de um rosto na
tampa dela. Quando ele abre, sinto meu nível de ansiedade aumentar
porque já sei o que ele está prestes a fazer.
— Tenho este Iron Maiden4 só para você, bebê. – ele diz e não
consegue esconder a empolgação em sua voz. Neste momento, ele é
como uma criança em uma loja de doces e posso dizer que o filho da
puta doente está se divertindo com isso.
Todo o interior é coberto de pregos, assim como as portas. Tento
correr, mas ele está preparado e é muito mais rápido. Eu luto e dou
alguns golpes e até mesmo um chute em seu estômago, mas ele ainda
leva vantagem sobre mim como sempre e meu corpo já está com muita
dor para revidar.
Ele me dá um tapa no rosto antes de me empurrar para o que agora é
minha prisão de ferro.
— Fique aqui por um tempo e pense sobre suas ações da noite
passada até hoje e talvez, quando você melhorar sua
maldita atitude malcriada, eu vou deixar você sair. – ele
diz enquanto me beija diretamente na boca e quero vomitar!
Eu o mordo com força no lábio e ele se afasta, apenas para
me empurrar para trás com força. Minhas costas atingem alguns
pregos e eu grito porque, porra, dói.
Ele nunca me beijou na boca antes, mas agora que penso
nisso, suas ações ficam mais ousadas a cada dia. Ele ainda não
me fodeu, pelo que sou grata. Acho que você deve contar as
pequenas misericórdias como vitórias.
— Aproveite seu tempo aqui, princesa. – ele me diz antes de fechar
a porta dessa coisa e então sair.

4Nos tempos medievais, Iron Maiden, ao pé da letra “donzela de ferro”,


era o nome de um instrumento de tortura para traidores, hereges e para
todo tipo de criminosos. Era uma caixa de ferro, com o formato parecido
com o corpo de uma mulher, ou donzela.
Filho da puta! Eu juro por todas as coisas sagradas, que um dia, vou
matá-lo. Pode não ser hoje, mas algum dia vai acontecer.
Não demora muito para me sentir fraca. Eu nem consigo me mover
muito porque quase não há espaço aqui para me mover, a menos que
queira ser perfurada por esses pregos. Não tenho noção de tempo, mas
talvez cerca de uma hora depois, não consigo mais manter esse ritmo.
Odeio espaços fechados e estar aqui está me deixando louca, além
disso, minhas pernas parecem que vão ceder a qualquer momento. Fugir
ontem à noite e esta manhã sem o sustento adequado me enfraqueceu
ainda mais.
Meu ódio por mim mesma cresce a cada dia porque não consigo me
proteger e nem escapar. Minha tentativa foi tão patética que só quero me
chutar agora por não conseguir sair deste lugar.
Quero ficar com raiva de mim mesma, mas como uma
garota de dezesseis anos luta contra um homem musculoso?
Ele se manteve em forma e não é feio, mas isso não importa
porque ainda odeio a porra de sua coragem. Ele pode não ser feio de se
olhar, mas seu interior é repulsivo pra caralho.
Eu perco a noção do tempo e também perco a cabeça
porque grito como uma louca. As paredes desta coisa estão se
fechando sobre mim.
— SOCOOOORRO...!!!
— Seu pedaço de merda!!
— Tire-me daqui!
Nesse ponto, estou chorando incontrolavelmente enquanto grito
por socorro até que minha voz fica tão rouca que não consigo mais
emitir nenhum som. Você provavelmente já sabe onde isso vai
dar: ninguém vem para ajudar.
Não sei quanto tempo estou parada nessa coisa, antes que minhas
pernas finalmente cedam sob a pressão de tanto tempo em pé.
Gritos escapam de mim tão alto que parece que esses gritos vêm de
toda a minha alma. Minhas costas ficam presas nos pregos quando caio,
posso senti-las cortando minha pele. Alguns até prendem no meu joelho
porque é um espaço tão pequeno e não consigo flexionar os joelhos
porque os pregos estão no caminho.
A agonia dos pregos é tão intensa que parece que vou morrer. Eu
tento agarrar os pregos na minha frente para me levantar, mas não
adianta, minhas pernas se recusam a me manter de pé. Minhas costas já
estavam doloridas, mas a intensidade dos pregos perfurando minha pele
é tão insuportável que desmaio de tão intenso que é.
Quando acordo, estou na cama e Julia está cuidando
de minhas costas novamente. Assim que meus olhos estão
totalmente abertos, a dor toma conta instantaneamente e
tudo vem à tona para mim: memórias da noite passada, esta
manhã e, finalmente, tudo o mais que aconteceu quando voltamos
para casa.
Soluços percorreram meu corpo com tanta força que acabei
tendo dificuldade para respirar. Julia tenta me confortar da
melhor maneira que pode e me acalmar esfregando meu
cabelo e sussurrando palavras calmantes para mim, mas nada
funciona porque ainda estou chorando com a injustiça de tudo
isso.
— Por que eles me odeiam tanto? O que eu fiz? – eu soluço para
ela, meu coração dói tanto, parece que há um peso pesado ali apenas me
esmagando.
— Ah, minha doce menina, não pense por um segundo que
nada disso é sua culpa, porque não é! Seus pais são apenas
pessoas podres que não merecem você em suas vidas. – ela diz
enquanto passa mais do bálsamo calmante nas minhas costas. Mesmo
sem ver minhas costas, sei que esses cortes vão deixar cicatrizes em
mim. Aqueles pregos eram tão afiados que definitivamente causaram
algum dano.
— Estou com tanto medo. Tentei fugir, mas não consegui. – eu
soluço ainda mais quando conto a ela sobre minha tentativa fracassada
de sair daqui.
— Gostaria de saber o que você está planejando para poder lhe dizer
para não fazer nada.
— Por quê? Você quer que eu fique aqui para sempre? – eu olho
para ela com um pouco de suspeita e traição em meus olhos.
— Claro que não! Você sabe que eu te amo muito,
querida. Mas eu sabia que eles iriam pegar você. Se você
vai escapar, planeje antes mesmo de fazer um movimento.
Eu prometo, vou ajudá-la a escapar daqui. Ainda não sei
como, mas darei um jeito. Você merece viver uma vida de
felicidade livre de qualquer dor. – ela diz enquanto beija minha testa.
Dou a ela um pequeno sorriso. Sei que vai manter sua promessa
e tentar me tirar daqui, mesmo que nós duas morramos.
Meu pai me deixa sozinha por uma semana após aquele
incidente antes de voltar para continuar sua rotina noturna
habitual. Como eu disse, ao longo dos anos ele ficou mais
ousado comigo e me fez fazer coisas com ele enquanto ele faz o mesmo
comigo. Sinto que o tempo de que ele sempre fala está cada vez mais
próximo...
Nas noites em que ele entrava no meu quarto, ele me fodia com o
dedo ou lambia minha boceta enquanto me dizia como eu tinha um
gosto doce. Se eu lutasse, as coisas iriam piorar para mim, então
tinha que deixá-lo fazer o que ele queria porque eu sempre já
estava com dor por causa de alguma outra coisa que ele fez antes.
Depois que ele terminasse de fazer o que queria comigo, ele me
faria masturbá-lo ou chupar seu pau. A primeira vez que ele me fez
chupar o pau dele, eu vomitei em cima dele e paguei caro por isso...
Tinha dezessete anos quando ele arrancou a minha
inocência de mim, e não tive escolha. Dezessete anos quando
aprendi o que era o ódio real e não apenas o ódio comum do dia-a-dia,
onde você diria a alguém "ah, eu odeio vegetais" ou "eu odeio essa
música", mas profundamente enraizado está tão profundamente
enterrado em sua alma que te consome, ódio.
Mesmo sabendo que esse dia estava chegando, não estava
nem de longe preparada para isso quando aconteceu.
No dia em que fiz dezessete anos, lembro-me de acordar e ficar
deitada na cama por muito tempo, sem mover um músculo sequer. Eu
estava tão dolorida, meu corpo todo doía. Eu nem conseguia me lembrar
de como era viver sem dor constante. Senti como se uma força invisível
estivesse sufocando o ar dos meus pulmões, e todos os dias, desde
que eu tinha quatorze anos até agora, parecia que todos os pedaços
da minha alma estavam sendo arrancados lentamente.
Tive a estranha sensação de que as coisas estavam prestes a piorar.
Eu não tinha certeza de como as coisas poderiam piorar.
Mal sabia que estava prestes a descobrir como as coisas poderiam
ficar piores para mim.
Quando penso em como costumava adorar meu pai e no quanto o
amava, me sinto tão estúpida. E pensar que, a pessoa para quem eu
costumava correr quando tive seios foi a pessoa que acabou por me
causar uma dor inimaginável. Agora, eu sei que ele era a pessoa errada
em quem confiar. Eu não era mais ingênua porque via os dois como os
monstros que realmente eram.
Eu tinha dezessete anos quando parecia que eles estavam matando
um pedaço de mim todos os dias, e de uma forma que nunca imaginei
que um pai mataria sua única filha. Agora, sou grata por
não ter irmãos, porque não desejaria esse tipo de tortura
para mais ninguém.
Desde minha tentativa fracassada aos dezesseis anos, não
tentei fugir de novo. Julia me disse para não fazer isso porque estava
trabalhando nisso, mas levaria algum tempo. Eu só esperava não estar
morta quando ela colocasse as coisas no lugar.
Nunca pedi detalhes e ela também nunca mencionou nada.
Achei que ela me contaria se eu precisasse saber. Ela era a
única pessoa neste mundo em quem eu confiava minha vida.
Mesmo que tenham passado apenas alguns anos desde que eles me
catapultaram direto para o Inferno, sinto que já envelheci vinte anos.
Hoje foi mais um dia de sofrimento e já estou muito cansada. Eu nem fiz
nada para chegar onde estou, tudo o que fiz foi abrir os olhos e respirar.
Caso não seja óbvio, hoje é meu aniversário de dezessete anos e,
quando meu pai entrou em meu quarto esta manhã, ele disse que
tinha uma surpresa especial para mim, já que agora sou sua
garotinha. Eu não gostei do som disso.
A maneira como ele falou me deu arrepios instantâneos e sei que o
que quer que aconteça hoje não vai ser bom. Ele me levou para o porão e
quando vi para onde ele estava me levando, imediatamente tentei fugir.
Não tive muito sucesso, ele apenas me agarrou pelos cabelos e me
puxou contra ele enquanto eu continuava lutando.
— Seja uma boa menina para o papai e você receberá seu presente
especial mais tarde. – ele me diz. Cuspi na cara dele e comecei a gritar
para ele me soltar.
— Não quero nenhum presente seu! Você é um monstro e eu te
odeio pra caralho!! – grito como uma alma penada para ele e ele
simplesmente me ignora e continua me arrastando para
as restrições que ele colocou na parede.
Essa tem sido a nossa coisa na maioria dos dias no ano
passado, abri minha boca dizendo obscenidades para ele,
sobre como eu teria grande prazer em estripá-lo um dia e ele então me
espancaria ou me torturaria de outra forma. O idiota sádico sempre
ficava tão excitado depois que me machucava, e Deus, eu mal podia
esperar para matá-lo... matar todos eles.
Talvez se eu me livrar deles, o pesadelo que nunca acaba
finalmente me deixe em paz, se eu me livrar da fonte desses
mesmos pesadelos.
Eu não sabia se poderia fazer o que disse a ele que queria, mas se
esse dia chegasse, acho que veria do que era capaz. Tornar-se um
monstro como ele me faz sentir mal do estômago.
Eu me apavorei porque não quero que ele me acorrente como
uma espécie de animal novamente. Comecei a resistir contra ele,
tentando ao máximo me afastar dele enquanto usava minhas
unhas para arranhá-lo.
Esse é um movimento que ele espera porque ele me subjuga
facilmente, mas não antes de eu deixar algumas marcas de garras em seu
rosto. Deus! Sou tão previsível, mas é a única coisa que me faz sentir
como se estivesse tentando machucá-lo tanto quanto ele me machuca.
Ele fica furioso, e o tapa chega tão rápido que fico atordoada por um
minuto e perco o rumo. Meu pai se aproveita do meu estado de choque e
agarra um dos meus braços enquanto um de seus capangas agarra o
outro. Hmm, eu nem o vi lá...
Eles colocam cada braço em uma algema pendurada no teto. Essa
configuração me deixa sentada no chão e as algemas são baixas, mas
altas o suficiente para que, uma vez que algemem meus braços, os
suspendam no ar acima da minha cabeça.
Há duas algemas perto dos meus pés e elas estão tão
distantes que sei que ele vai precisar abrir bem minhas
pernas para colocá-las em volta dos meus tornozelos. Quando
eles terminam de me conter, ele se abaixa a minha altura.
— Vejo você mais tarde, bebê. Você vai receber seu presente
mais tarde, quando papai te ver de novo.
Com suas palavras, sinto o medo se acumulando em meu
estômago. Essa sensação de mal-estar está de volta com força
total desta vez. Tenho a sensação de que aconteça o que
acontecer depois, nunca mais serei a mesma. Enquanto estou sentada lá,
me pergunto se um dia a vida vai melhorar para mim ou se estou
condenada a viver nesta existência pelo resto da minha vida.
Horas se passam enquanto apenas fico sentada ali, com as mãos
suspensas no ar e as pernas abertas, todo o meu corpo está em agonia.
O chão é frio e duro e não ajuda em nada meu corpo dolorido e
meus braços ficaram dormentes há um tempo atrás.
Quando penso em como minha vida mudou tão drasticamente, sinto
as lágrimas se formando. Nem pense em chorar, Addison, eu me castigo.
Algum dia, você vai conseguir sair daqui. Pelo menos, espero que sim.
Nesse ritmo, parece que isso não vai acontecer porque meu futuro
parece sombrio de onde estou sentada.
Uma risada involuntária me escapa, entendeu? Onde estou sentada
agora… Ah Deus, acho que finalmente enlouqueci.
Não posso viver o resto da minha vida assim. Depois de horas aqui,
finalmente ouço a porta do porão abrir e minha ansiedade dispara.
Mesmo sem ver quem é, sei que é ele. Seja o que for que ele planeja
fazer comigo, está prestes a acontecer em breve. Eu posso apenas sentir
isso. Essa sensação de pavor parece chumbo no meu estômago, me
pesando. Não faço ideia de como isso acontece, mas
sempre que algo ruim está para acontecer, seu instinto é
sempre o primeiro a saber.
— Princesa, estou de volta para você agora e é hora de
lhe dar seu presente. Papai tem um momento especial planejado para
sua filhinha. – Ânsia de vômito!
Olho para ele com todo o ódio que consigo reunir, mas isso
não o incomoda nem um pouco.
— Ah, você fica tão fofa toda vez que olha para mim
como se pudesse me machucar.
— Ainda não é a hora, mas quando for, você será o primeiro a
saber. – digo a ele enquanto lhe dou o sorriso mais doce e perturbado
que posso evocar agora. Posso parecer corajosa agora, mas no fundo sou
apenas uma garotinha assustada que deseja uma vida diferente.
Ele leva as mãos até minha bochecha e a acaricia, enquanto me
dá um sorriso genuíno. Eu nem me lembro da última vez que o vi
sorrir, muito menos ter um sorriso genuíno. Isso não será um
bom presságio para mim.
— Papai sabe com certeza que você vai adorar o presente dele. – ele
diz, sorrindo para mim como se soubesse o maior segredo do mundo. E
suponho que sim, porque não estou por dentro do que está acontecendo.
Ele abre as algemas que estavam me mantendo no lugar, e eu me
apoio contra a parede enquanto tento me levantar. Minhas pernas
parecem gelatina desde que fiquei sentada na mesma posição o dia todo
e elas desistem de mim.
Ele me vê caindo e me agarra e mesmo que eu odeie seu toque em
meu corpo, eu o acolho porque não posso fazer nada para me manter de
pé agora. Ele me levanta em seus braços estilo noiva e me carrega
escada acima. Meu corpo está tão fraco que nem tenho energia para lutar
agora.
Caminhamos pela cozinha e vejo minha mãe, que
apenas me dá um olhar de desdém e ódio de sempre. Acho
que havia algo em algum lugar em que Deus disse que você
não deveria odiar as pessoas... Mas, cara, eu odeio essa vadia.
Querido Deus, desculpe, sinto muito. Mesmo que você me jogue no
Inferno, não acho que será pior do que esse em que estou vivendo.
Ele me senta em um banquinho na frente da bancada antes
de dizer a Julia para me dar um pouco de comida. Meu
estômago ronca só de pensar em comida, não consigo me
lembrar da última vez que comi.
Ele me diz que voltará em um minuto, então devo me apressar e
comer minha comida. Minha mãe olha para mim e me dá um sorriso
antes de abrir sua boca estúpida. Ela deveria ganhar um prêmio por ser
uma vadia tão safada.
— Parece que hoje é o dia! – ela diz alegremente. — Você
está finalmente prestes a se tornar uma prostituta de verdade.
— Você quer dizer como você? – eu zombo. Embora meu estômago
esteja roncando, perdi o apetite e Julia está com uma expressão
horrorizada no rosto. Suas palavras aumentam meu nível de ansiedade,
mas não a deixo ver o quanto suas palavras me afetam, porque ela verá
isso como uma vitória por me perturbar.
Minha mãe rosna antes de se lançar sobre mim. Ela não tem a
chance de me atacar como eu tenho certeza que ela quer, porque meu pai
agarra sua nuca para parar seus movimentos antes de puxá-la de volta
para sua cadeira. Ele empurra um pouco de coca para ela e diz para ela
sumir.
Ela me dá outro de seus olhares fulminantes antes de ir embora, mas
não antes ela murmurar maldita vadia nunca deveria ter nascido
baixinho.
Você e eu temos os mesmos pensamentos, senhora!
Eu gostaria de não ter nascido de malditos monstros, mas
nem sempre podemos conseguir o que queremos.
— Levante-se, vamos. Você está prestes a ter seu mundo abalado
pelo papai. – Ai credo! Não preciso que meu mundo seja abalado mais
do que nos últimos três anos.
Apenas fico sentada lá, sem me mover um centímetro,
porque agora aquela espiral de pavor se transformou em algo
aterrorizante, porque sei que as coisas estão prestes a ficar
totalmente fodidas novamente.
Ele fica impaciente e me levanta em seus braços novamente antes de
me carregar para o meu quarto. Assim que entramos no meu quarto, ele
se vira e tranca a porta; Não vejo por que, porque ele é o único que vem
aqui, bem, além de Julia.
Ele me empurra para o banheiro e liga o chuveiro dessa vez. Acho
que ele não vai me dar banho hoje. Um suspiro horrorizado deixa meus
lábios quando ele tira suas próprias roupas, ele nunca tomou banho
comigo antes, porque ele geralmente apenas me dá banho e me toca um
pouco antes de sair.
Hoje é diferente. Ele faz sinal para eu entrar no chuveiro e, assim
que entro, ele entra logo atrás de mim antes de fechar a porta do
chuveiro atrás de nós.
Ele me diz para me virar para não ficar de frente para ele e então ele
ensaboa minhas costas com meu sabonete líquido com cheiro de flor de
cerejeira. Seus dedos traçam as cicatrizes nas minhas costas. Algumas
estão saradas e as outras são recentes. É um lembrete de todas as vezes
que ele descarregou sua raiva em mim.
Algumas dessas cicatrizes são profundas, mas
nenhuma é tão profunda quanto as que ficaram gravadas em
minha alma com memórias que durarão a vida toda.
Suas mãos estão por todo o meu corpo enquanto ele me dá banho e
quando tento resistir ao seu toque, ele percebe que eu enrijeço, e é
quando suas mãos vão de suaves a ásperas na minha pele. Fico
aliviada quando finalmente saímos do chuveiro e voltamos para
o meu quarto. Ele ainda está nu e tento evitar olhar em sua
direção.
Esse alívio dura pouco porque depois que ele me seca, ele me leva
para a minha cama e me deita antes de subir em cima de mim. Ele me
beija e chupa meus mamilos antes de subir para o meu pescoço e
mordiscar minha pele lá.
Não quero que isso aconteça e luto para me afastar dele, mas ele
agarra meus quadris com força e me dá um beijo na boca. Ainda
estou lutando para me afastar dele e isso faz com que meu corpo
se esfregue contra o dele e ele geme.
Bato em suas bolas com meus joelhos e desta vez quando ele geme,
não é de prazer, mas de dor. O soco no meu rosto é tão inesperado que
eu nem estava preparada para isso. O sangue está instantaneamente
pingando da minha boca e descendo pelo meu queixo. Acho que devo
ter acertado suas bolas com mais força do que pensei.
— Ooh, meu bebê é um gato selvagem na cama, não é? – ele diz
enquanto se levanta de cima de mim e se move para pegar algo na minha
mesa no canto do meu quarto. Subo na cama até minhas costas
encostarem na cabeceira.
Ele caminha de volta para mim e vejo que ele tem uma corda e uma
coisa parecida com um garfo na mão. Eu tento sair do outro lado da
cama para ficar longe dele.
— Humm, gosto de uma pequena perseguição antes de
foder, princesa. Tudo o que você está fazendo é me deixar
mais duro. – Eu olho para ele e ele está, de fato, mais duro do
que antes. Ele deixa cair os itens que está segurando na minha cama, e
eu uso esses poucos segundos de distração para correr para a minha
porta.
Ele espera meu movimento e é mais rápido porque me
agarra pela cintura antes mesmo de eu chegar a meio caminho
da porta. Ele nos leva de volta para a minha cama e me joga.
Sinto o garfo ao lado da minha mão e o agarro. Quando ele se move para
subir em cima de mim novamente, luto e o apunhalo na perna e puxo o
garfo quando ele me solta.
Rapidamente me sento e avanço para ele novamente, mas ele sai do
caminho e eu caio da cama com um baque. O garfo cai da minha
mão. Eu não me levanto rápido o suficiente e ele me agarra pelo pescoço
e acerta dois golpes no meu estômago. Porra! Isso machuca.
Ele então me puxa de volta para a cama e monta no meu estômago
antes que outro soco me atinja bem no rosto.
— Sua vadia burra! Você vai pagar pelo que acabou de fazer. – Eu
cuspo o sangue da minha boca nele e isso me faz ganhar outro tapa. Ele
está furioso agora. Ele olha para mim e sorri sádico antes de amarrar
meus dois pulsos em cada ponta da minha cabeceira.
Quando ele sai da cama, noto que sua perna ainda está sangrando.
Eu dou a ele o maior sorriso sangrento que posso ter, feliz que, pela
primeira vez, eu o fiz sangrar, mesmo que seja só um pouco.
— Sorria o quanto quiser agora, mas não fará isso
em um minuto. – Seu sorriso é ainda maior do que o meu.
Eu grito a plenos pulmões para alguém me ajudar. — Acha
que alguém pode te ouvir aqui, sua vadia burra? E mesmo
que pudessem, você acha que eles me desobedeceriam por
causa de um lixo?
— Espero que alguém corte a porra do seu pau, seu babaca!!!
Na verdade, espero que eles enfiem na sua boca também! Você
não vale nada!
— Ah, menininha, eu não sou o inútil aqui neste quarto,
apenas olhe para você... você é tão patética! E eu vou me
divertir muito usando esse buraco. Todos esses seus buracos. Papai
sempre esperou por este momento.
— Marque minhas palavras, eu vou acabar com você algum dia! –
grito o mais alto que posso para ele enquanto me debato na cama.
— Essa sua boca... Parece que você precisa enchê-la já que
você está abrindo tanto.
Ele pega o garfo do chão antes de voltar para a cama e montar em
cima de mim novamente. Ele me mostra o garfo que pegou do chão.
— Isso aqui é um garfo de herege5... morda-me e eu vou usar isso
para perfurar a porra dos seus olhos direto para o seu cérebro. – Engulo
em seco porque sei que ele faria o que está ameaçando sem hesitar.
— Abra, bebê. – ele me diz, e não tenho escolha a não ser abrir
minha boca. Meus pulsos estão amarrados e mesmo que não estivessem,
ele provou para mim várias vezes, que ele sempre tem a vantagem
quando se trata da dinâmica entre nós.
Ele enfia seu pau todo dentro da minha boca com uma estocada e eu
instantaneamente engasgo. Ele bombeia algumas vezes para dentro e
para fora antes de finalmente tirar todo o caminho e se mover para se
sentar ao meu lado na cama e se inclinar para me beijar
com força na boca.
Depois que ele termina com o beijo, ele pega o garfo
antes de se inclinar novamente, seu pau está todo na minha
cara e eu gostaria de poder mordê-lo, mas provavelmente estaria morta
em um segundo se fizesse isso, ele anexa o garfo de hereges no meu
pescoço antes de amarrá-lo.
Ele pressiona uma ponta do garfo contra minha garganta,
bem embaixo do meu queixo, enquanto a outra ponta está no
meu peito, bem embaixo da clavícula.
Porra! Se eu mover muito meu pescoço, vou levar uma apunhalada
na garganta. Hmm, acho que ele é mais esperto do que parece, porque
agora não posso resistir muito.

5Era um instrumento de tortura usado na Idade Média, principalmente


durante a inquisição espanhola. Consistia num aparelho de metal com
duas extremidades opostas, "bi-garfo" bem como uma alça como anexo.
Quando ele termina, ele se move lentamente pelo meu corpo,
beijando seu caminho para baixo. Minha pele se arrepia e eu gostaria de
estar em qualquer lugar, menos aqui agora.
— Melhor tentar não mexer muito a cabeça, a menos que queira
morrer. Eu odiaria que isso acontecesse e que esta fosse a única vez que
eu pudesse foder essa sua boceta gostosa e apertada.
— Você é nojento pra caralho e espero que queime no inferno.
— Eu teria que estar morto primeiro e quem vai me matar? Você? –
ele ri.
— Eu vou, porra! – Parece que decidi, e com base na minha
pergunta anterior sobre se seria capaz de matá-lo... bem, se ele fizer o
que penso que está prestes a fazer, não hesitarei em
estripá-lo se tiver a chance.
Ele desce cada vez mais com a boca até que sinto sua
respiração na minha boceta, um lugar onde sua porra de boca
imunda nunca deveria ter estado. Ele beija meus lábios antes de
devorar minha boceta. Eu posso sentir sua língua entrando e saindo de
mim e eu tento me mexer enquanto também tento não perfurar meu
pescoço com este garfo.
Suas mãos apertam minhas pernas com tanta força para
me impedir de me mover que sei que vai machucar. Já tenho
hematomas se formando na minha pele de nossa luta anterior.
Ele chupa com mais força minha boceta até se satisfazer.
Ele me dá um último beijo antes de se mover para se sentar. Eu
gostaria que esta noite fosse uma daquelas noites em que, assim que ele
terminasse de me lamber, ele iria embora, mas sei que esta noite é
diferente, sei que ele não está prestes a ir embora. Ele está aqui para
pegar o que pensa ser dele, e já sinto minha mente querendo fugir
para não vivenciar o que está para acontecer.
Ele agarra minhas pernas e as abre o máximo que podem e eu
instantaneamente sinto a dor nas minhas pernas novamente por elas
estarem abertas o dia todo hoje com seu dispositivo de tortura. Um
gemido escapa dos meus lábios.
— Você está com dor, bebê? Eu tinha que ter certeza de abrir bem
as suas pernas hoje, para que fosse mais fácil para o papai abrir suas
pernas esta noite.
Este filho da puta doente estava planejando isso hoje! Pensando
nisso, acho que ele estava planejando isso anos atrás e esta noite é a
noite em que ele pode finalmente executar seu plano.
Acho que ele já teve conversas e brigas demais por esta noite,
porque parece impaciente e está pronto para fazer o que veio fazer aqui.
Eu o sinto esfregar seu pau para cima e para baixo na
minha fenda antes de enfiar seu pau dentro de mim com
uma estocada longa e forte.
— Papaaaai!!! – Um grito gutural do fundo da minha alma sai
arrancado de mim enquanto ele solta um gemido de prazer. Puxo meu
pulso com tanta força que as cordas cravam em minha pele e sinto
um pouco de sangue escorrer.
— Porra! Você é tão apertada. Eu sabia que a princesa do
papai teria uma boceta apertada só para ele. – ele geme
novamente enquanto gritos estão saindo de mim sem parar.
Dói tanto que sinto como se ele estivesse rasgando minhas entranhas.
Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto e tento afastá-lo de
mim e tudo o que faço é fazer o garfo perfurar minha pele e isso me faz
parar no meio do caminho. Tenho que inclinar a cabeça para trás para
não me machucar mais. Já posso sentir o sangue escorrendo pelo meu
pescoço.
Ele se move dentro de mim, penetrando com tanta força que minha
cama se move a cada impulso. Ele não pega leve comigo; ele continua
me fodendo o mais forte que pode. Ele está me avisando que não se
esqueceu da minha proeza anterior, e esta é a maneira dele de me fazer
pagar.
— Por favorrr... – eu soluço. — Por favor, pare!! – grito depois de
outra batida forte de seus quadris em mim. Ele nem me ouve; ele apenas
continua me penetrando enquanto geme sobre como é bom e quanto
tempo ele esperou por este momento.
Sinceramente, não sei por que ele esperou tanto tempo, porque ele
está de olho em mim há anos. Fico feliz que ele tenha esperado, mas
também odeio ter que passar por isso.
Meus olhos estão na minha cabeceira por causa do
ângulo em que tenho que manter minha cabeça. Eu sinto
minha mente escapar de mim o tempo todo, enquanto ele
continua me fodendo. Meu corpo inteiro fica dormente com a
dor e não demora muito para que eu sinta seu esperma escorrendo
dentro de mim. Que nojo, que nojo, que nojo!!
Ele sai de cima de mim e remove o garfo e as cordas, e então
me beija. — Essa sua boceta era tão boa, bebê. – ele diz
enquanto lambe os lábios.
— Eu te odeio pra caralho! – grito com ele, deixando
escapar toda a dor e agonia que sinto agora.
Ele apenas lambe os lábios antes de se levantar e sair do meu
quarto. Assim que a porta se fecha atrás dele, eu me levanto e cambaleio
até o banheiro, e ligo o chuveiro. Deixo aberto e me olho no espelho.
Não posso nem olhar para mim agora. Meu corpo está coberto de
hematomas e chupões. Minhas pernas estão cobertas de sangue
por perder minha virgindade e ele me foder tão brutalmente, e
não há um centímetro do meu corpo intocado. Ainda há sangue
escorrendo lentamente pelo meu pescoço.
Jogo um dos enfeites de vidro direto no espelho e ele racha e quebra
em pedaços. Eu nem quero mais olhar para mim; Eu me sinto usada e
nojenta e só quero tirar o cheiro dele de mim e eliminar toda a sua
existência do meu corpo.
Entro no chuveiro e esfrego freneticamente minha pele e minha
boceta em carne viva, tentando tirar seu esperma de mim. Quando minha
pele não aguenta mais esfregar, deslizo pela parede do chuveiro até que
minha bunda toque o chão e soluços incontroláveis destroem meu corpo.
Não sei há quanto tempo estou sentada no chuveiro, chorando, mas
só quando Julia entra e fecha a torneira é que me mexo. Ela me ajuda a
sair do banheiro e me verifica para ter certeza de que não
há muitos danos, embora eu a veja se encolher quando ela
vê como meu corpo está machucado, embora essa não seja
uma visão estranha.
Quando finalmente me leva para a cama, ela me abraça enquanto
os soluços assolam meu corpo até que estou cansada demais para ficar
acordada por mais tempo e acabo caindo no sono.

Depois que meu pai tirou minha virgindade, ele fez questão de
entrar no meu quarto todas as noites a partir de então. Foi uma das
piores coisas com as quais já tive que lidar. Eu preferiria que ele
me torturasse em vez de me fazer fazer sexo com ele. Não que
ele não me torturasse mais, porque ele fazia isso.
Uma semana depois que ele me fodeu pela primeira vez, foi quando
aconteceu a segunda tentativa de fuga. Deixe-me dizer-lhe agora que
também não saiu como planejado.
Julia me disse que estava pronta e que esta era nossa única chance,
já que a maioria dos seguranças iria para algum grande evento com meu
pai e eles deixaram apenas alguns em casa.
A casa estava tão silenciosa que me deu ansiedade enquanto eu
estava sentada na minha cama esperando que Julia viesse me buscar na
hora certa.
Meu corpo estava dolorido desde que o meu pai foi bastante cruel
comigo ontem à noite. Ele estava de mau humor o dia
todo e eu não tinha ideia do que o deixou tão furioso, mas
parecia querer exorcizar os seus demônios descarregando-
os em meu corpo.
Eu me senti tão impotente e isso me fez me odiar enquanto os
dias passavam comigo presa dentro desta prisão. Isso é o que esta casa é
para mim agora, apenas uma prisão que me mantém trancada sem
saída.
Alguns dias, eu só quero acabar com tudo, mas a única
coisa que me impede de fazer isso é que, se eu fizer isso,
significa que ele venceu e eu nunca o deixarei vencer.
Minha porta se abre lentamente e vejo Julia espiando. Ela me diz
que é hora de ir e eu me esforço para sair da cama antes de correr para
ela, esquecendo toda a dor em meu corpo. Andamos devagar pelos
corredores, tentando não fazer barulho, caso algum dos seguranças
esteja por perto e possa nos ouvir.
Felizmente, não vemos ninguém e descemos para os
aposentos dos empregados e saímos pela porta enquanto
tentamos não ser vistos por ninguém também. Ela disse que Tony, um
segurança, está trabalhando nos portões hoje e não vai nos dar
problemas para sair.
Vejo que um dos carros do meu pai que está lá para uso dos
empregados já está estacionado em frente à porta dos fundos e ela
rapidamente me dá um cobertor para me enrolar antes de me mandar
entrar no porta-malas.
Eu entro e antes que eu perceba, estamos saindo. Saímos pelos
portões sem problemas e não demora muito para que sinta que
finalmente posso respirar.
Chegamos a algumas cidades antes de pararmos em um de seus
hotéis para que possamos descansar um pouco. Já é tarde e a adrenalina
que corria pelo meu corpo desde a saída está lentamente
se acalmando, o que me deixa esgotada.
Depois de tomar banho e trocar de roupa, vamos para a
cama para dormir, para podermos sair de manhã cedo. Eu caio
em um sono agitado pensando sobre o que o futuro reserva. Finalmente
poderei recomeçar minha vida em um lugar muito melhor?
Por volta das três da manhã, a porta do nosso quarto de
hotel é arrombada e eu pulo do meu sono e antes que o grito
saia da minha garganta, uma mão está apertada sobre minha
boca.
— Tsk, tsk... você nunca aprende, minha filha.
Filho da puta! Querido Deus, se você existe, eu te odeio. Não
acredito que isso está acontecendo de novo. Uma garota não pode ter um
pouco de sorte ao seu lado pela primeira vez?
As luzes se acendem e estou olhando para o rosto do meu pai. Ele
está furioso, mas também olhando para mim com diversão, e agora, eu
gostaria de poder arrancar seu rosto.
— Quantas vezes precisamos passar por isso antes de você perceber
que nunca vai fugir de mim?
— Quantas vezes forem necessárias para realmente fugir de você! –
grito, o que me leva a levar um tapa na cara. Eu não deveria pressioná-
lo, mas estou tão irritada agora que minha raiva está substituindo meu
bom senso.
— Notícia de última hora, sua putinha, você é minha! E não importa
o que você faça ou quantas vezes tente escapar, eu sempre vou te
encontrar.
— Você não vai ter que continuar procurando uma
vez que estripar sua maldita bunda e estar me certificando
de estripar sua esposa também!! – Assim que a última
palavra sai da minha boca, o soco no estômago me deixa sem
fôlego.
Olho e vejo que Julia também está sendo mantida por outro
segurança. Meu pai segue meu campo de visão e, quando vê
para onde estou olhando, zomba dela. Merda! Isso não é bom,
e é tudo minha culpa por colocá-la em apuros.
— Então, você é a vadia idiota que pensou que poderia
ajudar meu bem mais valioso a fugir? – Eu realmente quero esfaqueá-lo
neste segundo. Não sou propriedade de ninguém.
Ela não responde e isso é bom porque ele provavelmente só ficaria
mais furioso. Ele percebe e pede paro pedaço de merda que a segura
para socá-la no estômago.
Não consigo parar de me culpar. Se não estivesse fraca demais para
escapar por mim mesma, ela não teria que me ajudar a escapar. Eu quero
chutar minha bunda agora.
Ele é o primeiro a sair e seus capangas seguem atrás dele. Somos
jogadas descuidadamente nos SUVs e uma vez que as portas são
fechadas em nossas caras com os seguranças de cada lado de nós,
partimos pelo início da manhã... de volta para o Inferno.
Quando voltamos para casa, o medo se acumula em meu estômago.
Sei que o que quer que aconteça a seguir será ruim. Ele me fez prometer
a última vez que tentei escapar que não faria isso de novo e aqui estou,
fazendo isso de novo.
Assim que voltamos para casa, nós duas fomos arrastadas para fora
do carro e carregadas para dentro de casa. Estou
chutando e gritando, e Julia nem parece incomodada.
Aparentemente, ela não está tão preocupada com o que ele
vai fazer quanto eu.
Somos levadas direto para o porão e já sei que vai acabar
horrivelmente. Ele só usa o porão quando está se sentindo
extremamente sádico. Acho que o irritamos demais esta noite.
— Vá chamar Tony aqui. – ele diz a um de seus capangas.
Ele caminha até mim e agarra meu rosto antes de me beijar
com força nos lábios — Você está em um mundo de dor,
bebê, e papai vai te machucar tanto!
O segurança e Tony voltam e os dois ficam em posição de sentido.
— O que aconteceu hoje? – Meu pai pergunta a Tony.
— Ela disse que tinha que ir a cidade para comprar mantimentos,
senhor.
— Você viu Addison no carro?
— Não, senhor. O carro estava vazio, senhor.
— Você verificou o porta-malas antes de ela sair?
— Não, senhor. Eu confiei nela porque ela nunca nos deu um
motivo para não confiar nela antes. – ele diz, com a cabeça baixa de
vergonha por não ter verificado corretamente.
— Bem, já que esta é a sua bagunça e Julia foi quem nos enganou
escondendo Addison em seu carro, vou deixar você cuidar de Julia.
— Sim, senhor!
Meu pai tira uma arma da cintura e a entrega a Tony, que nem se
mexe. Ele a pega sem nem pestanejar e depois aponta direto para Julia, e
ela ainda está calma e relaxada. Ele nem fez nada ainda, e já começo a
gritar.
— Por favor, papai, não a machuque! – grito com ele
enquanto as lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto. —
Desculpe! Foi tudo minha culpa, entrei no carro dela enquanto
ela estava lá dentro, ela não sabia que eu estava no carro!
— Hummm, você não me chama de papai faz um tempo, bebê.
Isso está me deixando duro!
Eu hiperventilo; suas palavras me fazem querer vomitar!
— É culpa dela! Ela deveria verificar o seu carro e se
certificar de que não havia ninguém lá dentro! Mas ela não fez isso.
Ainda estou chorando e implorando, mas ele não está prestando
atenção em mim agora. Todo o seu foco está nela e suas próximas
palavras fazem meu sangue gelar.
— O que acho interessante é, como vocês duas se registraram
naquele hotel? Quero dizer, como você não sabia que ela estava
em seu carro, e Addison não tinha armas, ela não estava
forçando você. Eu sei que você sabe que todos os meus carros têm GPS
instalados neles. – ele dirige todas as suas perguntas para Julia.
Ela nem mesmo responde a ele, mas então a última frase do que ele
disse me atinge e eu sinto como se um trem tivesse me atropelado com
força total. Você sabe que todos os meus carros têm GPS instalados
neles…
Olho para ela com um olhar de pura traição e instantaneamente
começo a chorar mais alto. Ela me traiu! Ela sabia que ele poderia nos
encontrar, desde que tivéssemos o carro dele. Eu me sinto tão estúpida
por confiar nela.
Ele percebe minha expressão e ri de mim. — Ah, você está
finalmente percebendo que ela te traiu? Todo mundo que trabalha aqui
sabe sobre os carros.
Não posso nem olhar para ela mais. A série de traições
dói mais nela do que em qualquer outra pessoa na minha
vida, e meus soluços só vêm até mim com mais força.
— Ok, chega de conversa fiada, livre-se dela, porque preciso lidar
com Addison por pensar que ela pode me desafiar novamente. – ele
diz a Tony.
Tony não perde tempo e atira nela duas vezes, um na
barriga e outro no ombro. Ela cai de joelhos, posso ver o
sangue começando a escorrer pelo vestido, a poça de sangue
ficando cada vez maior a cada segundo que passa. O sangue sai de sua
boca e ela está com falta de ar.
Ela cai no chão, com seu corpo se contorcendo até que ela fica
imóvel no chão. Meus gritos ficam tão altos e incontroláveis que
eventualmente se transformam em soluços.
Mesmo que ela tenha me traído, eu ainda a amava. Ela foi a
única pessoa que cuidou de mim e agora parece que estou
morrendo por dentro. A dor de perder alguém tão próximo dói mais do
que qualquer tortura que já sofri nas mãos de meu pai.
Acho que nunca vou conseguir perdoá-lo por isso, e sinto todo o
ódio que já tenho dentro de mim crescer mais e mais a cada momento
que passa. Tudo fica quieto alguns segundos depois, quando Julia dá seu
último suspiro.
Esse foi o primeiro cadáver que vi, e também foi o momento em que
percebi que meu pai nunca hesitaria em me matar se eu o pressionasse
demais...
Na noite seguinte ao meu primeiro assassinato, as coisas
pioraram ainda mais para mim. Nunca pensei que minha vida
pudesse ficar pior do que já era, mas o universo adorava provar que eu
estava errada.
Logo depois que meu pai fez Tony se livrar do corpo de
Julia, ele me arrastou para o outro lado do porão e descarregou
sua raiva em mim por desobedecê-lo e tentar escapar
novamente. Essa foi uma das piores sessões que já sofri.
Ele me fez ficar onde o chuveiro estava no canto do porão antes de
prender meus pulsos com as algemas penduradas no teto. Uma vez que
ele terminou com isso, ele abriu a água e deixou cair sobre mim. Estava
muito fria e instantaneamente me senti gelada até os ossos. Então ele fez
algo que nunca havia feito antes. Com a água ainda escorrendo pelo
meu corpo, ele pegou um taser e atirou direto no meu abdômen.
A primeira sensação das agulhas elétricas perfurando minha pele
enviou uma onda de choque de dor em meu sistema. Não tenho certeza
se a água tornou isso pior ou não, mas cara, ser eletrocutada não foi
nenhum piquenique no parque.
Meu corpo pulsava e tremia enquanto a eletricidade subjugava meus
sentidos. Quando ele finalmente parou e desligou a água, todo o meu
corpo estava tremendo e eu mal conseguia evitar que minhas pernas
cedessem. Se isso acontecesse, provavelmente arrancaria meu braço com
a posição em que estava.
Ele não esperou muito antes de soltar as algemas dos meus pulsos.
Seja grata por pequenas misericórdias, eu penso...
Não foi uma pequena misericórdia, porque assim que ele libertou
minhas mãos, ele me puxou para uma daquelas cadeiras
de médico e me fez deitar antes de me prender no lugar
novamente. Deus, eu odeio ser amarrada e algemada!
Assim que me deitei, ele me fez abrir as pernas antes de
amarrar as cordas com tanta força que cortou toda a minha circulação.
Eu ainda podia sentir os efeitos colaterais de ser eletrocutada, e
parecia que partes do meu corpo estavam dormentes.
Pelo menos ele não me bateu desta vez, e isso é o que
posso considerar uma pequena misericórdia. Ei, você tem que
conquistar as vitórias onde puder. Embora tivesse a sensação
de que ainda não estava fora de perigo. Chame isso de intuição, mas eu
sabia por que ele ficava resmungando que eu tinha que pagar por tentar
escapar de novo, e se eu tivesse escapado, teria arruinado todos os seus
planos. Que planos?... Não sabia, mas sejamos realistas; não poderia
ter sido nada bom.
Acho que nada de bom poderia vir desse homem; ele era muito
podre até o âmago.
— Por causa da sua maldita desobediência, eu tenho algo especial
planejado só para você esta noite. – ele me informa enquanto puxa meu
cabelo, certificando-se de que minha cabeça esteja em uma posição onde
eu possa olhar diretamente em seu rosto.
Abro a boca para fazer um comentário espertinho sobre matá-lo de
novo, mas ele percebe e enfia dois dedos na minha boca para me calar.
— Então, me ajude, Deus! Se eu ouvir mais um comentário sobre
você querer matar a mim e a sua mãe, vou perder a cabeça!
Que porra é essa? Ele não achava que dar um choque com um taser
não era estar perdendo a cabeça?
Cara... ele estava seriamente fora de si!
— Chupe esses dedos, princesa, deixe-os bem
molhados! – ele geme. Odeio quando ele me chama de
princesa! Causa algumas náuseas.
Deixei escapar um arrepio involuntário, o que ele deve
entender como significando que gosto do que está fazendo porque, um
minuto depois, ele os tira da minha boca e os enfia na minha boceta.
Grito tão alto que reverbera contra as paredes do porão, e isso me
rende outro tapa para calar a boca. Idiota! Acho que ele ainda
está irritado sobre a noite passada.
Depois de alguns minutos com ele bombeando seus dedos
dentro de mim, minha boceta fica molhada. Deus, eu odeio quando isso
acontece porque parece que estou me traindo. Ele desabotoa a calça e
fica entre minhas pernas abertas e não espera mais, ele me penetra.
Assim que ele está dentro, ele enfia mais.
Eu grito, implorando para ele parar, mas como sempre, ele não
presta atenção em mim. Tento escapar para algum lugar profundo
em minha mente para encontrar algum lugar alegre, mas minha
mente não tem nenhum. Não há memórias felizes que eu possa pensar
para escapar do que está acontecendo comigo.
Como de costume, ele percebe que estou tentando me enterrar na
minha cabeça e leva as mãos até meu mamilo e torce com tanta força
que grito, não tendo escolha a não ser focar toda a minha atenção nele.
Quando ele percebe que tem minha atenção novamente, ele sorri
para mim. Que porco nojento!
— Você tem a melhor boceta em que já estive. – ele diz enquanto
aumenta o ritmo de suas estocadas. Parece que ele está rasgando minhas
entranhas e isso dói. Ele sempre me fode o mais rudemente que pode e
nunca diminui o ritmo até gozar, e o filho da puta sempre goza dentro de
mim.
Toda vez que ele termina comigo, sempre me sinto a
puta suja e usada que ele sempre me acusa de ser. Então eu
esfrego minha pele em carne viva, apenas para tirar o cheiro
dele do meu corpo. Toda vez que sinto que vou quebrar, digo
a mim mesma para lembrar que um dia serei livre, mesmo que tenha
que morrer para que toda essa loucura acabe.
Ele continua fodendo descontroladamente enquanto se
inclina sobre mim e chupa meus mamilos. Ele os morde com
força e eu solto outro grito enquanto ele apenas ri. Ele penetra
mais algumas vezes antes de finalmente gozar dentro de mim
novamente. Quando sua respiração volta ao normal, ele solta meus
membros das amarras que me prendiam no lugar e me deixa subir as
escadas.
Quando volto para o meu quarto, estou tão exausta que só quero
dormir o ano inteiro sem interrupções.
Eles me deixaram sozinha pelo resto do dia, mas naquela
noite, quando vi o que estava esperando por mim, eu queria
apenas dizer foda-se e me matar na hora ou apenas matá-lo, mas estava
em desvantagem.
Eu estava deitada na cama quando ele entrou no meu quarto naquela
noite. Minha mente estava confusa e minhas emoções estavam dispersas;
parecia que eu não tinha mais controle da realidade. Continuei vendo
Julia, com sangue escorrendo de sua boca e seus ferimentos à bala
sangrando. Essa é uma imagem gravada em minha mente para sempre.
Estou perdida, sinto que finalmente está acontecendo... estou
finalmente quebrando. Agora, não tenho ninguém para me dizer que vou
conseguir, mesmo que seja apenas uma mentira. Lágrimas surgem em
meus olhos antes de escorrerem pelo meu rosto e não consigo parar os
soluços que vêm depois.
Eu me sinto tão culpada, mas depois fico brava com
ela por sua traição. Eu sou culpada porque é tudo minha
culpa que eles a mataram. Se ela não estivesse me ajudando,
ela ainda estaria viva. Então fico com raiva dela porque foi
ela quem nos deixou ser pegas. Por que ela simplesmente não deixou
o carro para trás depois que estávamos longe o suficiente? Poderíamos
ter encontrado outra maneira de viajar e chegar o mais longe
possível sem sermos pegas.
Por que ela seria tão imprudente? Às vezes, todas essas
perguntas me mantêm acordada à noite imaginando o que
aconteceria. Eu pensei que ela era a única pessoa neste mundo
que me amava. Acho que errei ao depositar minha confiança nela. Outra
pessoa que eu amava e em quem confiava não teve problemas em me
trair.
Minha mente está em constante rotação entre três emoções
diferentes: amor, culpa e, finalmente, ódio.
Sou tirada de meus pensamentos quando meu pai fala novamente.
— Esta noite é uma noite especial. – ele diz.
— Você vai experimentar mais paus do que apenas o meu. – ele diz
alegremente. — Se você não estragasse tudo ontem à noite, eu não teria
que compartilhar você tão cedo!
— Você é um maldito doente da cabeça, idiota!
— Ah, princesa, você não tem ideia, e você está falando sério! Mal
posso esperar para vê-la ficar preenchida, para não ter que ouvir nada
estúpido que saia de você. – ele grita na minha cara. — Se você não
fugisse de novo, ainda teria essa boceta só para mim por mais um tempo,
mas nããão, você só tinha que ser uma vadia!
— Eu sou uma vadia? Você deve estar delirante,
porque quem diabos não gostaria de ficar longe de você?
— Apenas lembre-se, você provocou isso para si
mesma. – ele me diz antes de me pegar e me carregar para
baixo. Eu nem tenho forças para lutar com ele agora porque estou
fisicamente e emocionalmente esgotada.
Quando nós chegamos à sala, vejo algumas pessoas aqui,
inclusive minha mãe. A maioria são os homens com quem meu
pai costuma fazer negócios, e meu estômago dá um nó de
apreensão. Eles estão todos sentados na sala conversando,
alguns fumando, outros usando drogas e todos com um copo
de uísque nas mãos.
Isso é ruim, isso é tão ruim. Minha punição de ontem à noite está
prestes a continuar, e tenho uma boa ideia de onde isso está prestes a
chegar.
Querido Deus... Apenas me leve agora!
Ainda estou nua porque não coloquei nenhuma roupa antes. Ele me
empurra para o chão e eu caio com um baque, com meus joelhos
batendo contra o piso de madeira. Eu gemo alto e eles apenas riem como
se fosse tão engraçado que estou com dor.
Enquanto ele está desabotoando a calça, eu olho ao redor da sala e
todos esses pervertidos têm o inconfundível olhar de desejo brilhando
em seus rostos. Eu já posso dizer que eles estão ansiosos por sua vez de
se envolver na ação. Eles concentram toda a atenção em nós e no que
meu pai está prestes a fazer. Acho que doador de esperma se adapta
melhor a ele; talvez eu devesse começar a chamá-lo assim.
Meus olhos se fixam em um deles porque seu olhar está fixo em
mim e ele não é familiar, mas também é familiar ao mesmo tempo. Acho
que nunca o vi em casa antes. Eu tento pensar onde eu
poderia tê-lo visto, mas não consigo porque o doador de
esperma enfia seu pau na minha boca até o fundo da minha
garganta e eu imediatamente engasgo.
Ele fode com tanta força minha boca que me pergunto se ele está
em uma corrida para ver o quanto rápido ele pode quebrar minha
mandíbula. Ele penetra mais uma vez e deixa seu pau no fundo da
minha garganta, o que corta meu ar. Bato em suas pernas para
fazê-lo sair, mas ele não se move um centímetro.
Quando parece que eu estou prestes a desmaiar, ele
finalmente me solta e seu pau sai da minha boca.
Eu respiro o máximo que posso enquanto tusso, as lágrimas estão
escorrendo pelo meu rosto agora. Ele chama Venero para vir dar-lhe
uma mão e eu vejo o cara a quem olhei antes se levantar de seu lugar.
Ele caminha em nossa direção com um olhar faminto em seu rosto
quando ele se aproxima, e eu dou uma olhada melhor nele antes de
perceber onde o vi.
Isso me atinge tão rápido! Este era o cara no escritório do meu pai
quando eu tinha oito anos, e quando ele finalmente me levou para
trabalhar com ele naquele dia.
Malditos vagabundos canalhas!
Acho que foi isso que ele quis dizer quando disse que me veria
novamente em alguns anos. Pedaço de merda!
Venero se senta no sofá que eles têm colocado no meio da sala e
meu pai me arrasta pelo pescoço até ele. Ele está meio deitado no sofá e
meu pai me empurra para cima dele, então tenho que sentar em seu colo.
Eu sinto seu pau cutucando minha bunda e então ele não perde tempo
antes de empurrar em minha bunda com tanta força que meu corpo
instantaneamente estremece com a dor da invasão estranha.
— Porra. – grito tão alto porque isso é insuportável.
Ninguém nunca me tocou lá antes, e ele nem se deu ao
trabalho de me ajudar a me adaptar. Ele é como um homem
possuído enquanto ele me penetra e geme em seu prazer.
— Talvez eu precise de ajuda aqui. Ela não parece satisfeita o
suficiente. – ele diz, e meu pai fica muito feliz em vir e dar uma
mão. Venero deita mais para trás no sofá e segura minha cintura
enquanto me puxa para trás com ele enquanto abre minhas
pernas ainda mais.
Meu pai fica na minha frente enquanto se posiciona na
minha entrada antes de enfiar seu pau com tanta força em mim que sinto
que ele está me rasgando de dentro para fora.
Suas estocadas são implacáveis e punitivas, enquanto tento me
afastar deles, soluçando tanto por causa da dor que está rasgando
minhas entranhas. Eles continuam a ignorar meus apelos para que
parem. Ninguém ouve... ninguém nunca ouve meus apelos.
Depois de outra estocada forte, sinto que eu estou prestes a
enlouquecer, e devo estar, porque chamo minha mãe implorando para
que ela me ajude.
— Mãe... mãe... por favor, me ajude! – eu imploro enquanto os
soluços estão escapando de mim. Ela nem sequer olha para mim ou se
move um centímetro para me ajudar. Eu deveria ter esperado essa
resposta dela, não sei por que pensei pela primeira vez que ela me
ajudaria.
— Mamããããeee!!! – grito ainda mais alto por ela.
— Me ajuda!!! – eu continuo gritando enquanto choro por ela. Tudo
o que ela faz é continuar me ignorando como se eu nem estivesse lá.
— Por favor... – este último apelo escapa em um
sussurro porque minha garganta está rouca de tanto gritar.
Quando comecei a implorar por ajuda, parecia que eles
me fodiam ainda mais forte do que antes. Sinto umidade nas
pernas e, quando olho para baixo, vejo sangue manchando a parte
interna das minhas coxas.
— Por favor, papai... por favor, pare. – eu imploro porque
toda essa experiência é agonizante. Ele apenas geme, não
prestando atenção aos meus apelos.
— Deus, você tem uma boceta tão apertada, princesa, e
papai ama cada segundo de estar dentro dela.
— Eu te odeio. – eu quase não soluço.
Aquela noite foi uma das piores que já passei, mas não me preparou
para o que ainda estava por vir.
Depois que meu pai e Venero terminaram comigo, todos os homens
naquela sala tiveram uma chance de me foder. Sofri muito naquela noite,
mas não me quebrou como o que estava por vir.
Eles continuaram me fodendo até que meu corpo não pudesse
acompanhá-los por mais tempo. Tudo ficou escuro e eu alegremente
recebi a escuridão…

Eu tinha quase dezoito anos quando morri. Esse foi o


dia em que ele finalmente me matou e fez minha alma ficar
tão negra que eu não sabia se algum dia voltaria disso. O dia
em que nada além de ódio infeccionou em meu coração.
Foi também o dia em que abracei o monstro em que ele me
transformou de toda a agonia, dor e tortura sem fim que ele me fez
sofrer desde que eu tinha quatorze anos até agora.
Eu tinha quase dezoito anos quando me libertei. Embora
não tenha vindo sem um lugar permanente no Inferno e, com
toda a honestidade, eu faria isso de novo e de novo e de novo.
É preciso um monstro para destruir outro monstro. Às vezes, você
precisa se tornar a coisa que mais odeia no mundo só para ter uma
chance contra ela. Porque se você não derrotar os monstros que
ameaçam tirar toda a sua sanidade e desnudá-lo, você nunca escapará
de suas garras.
Às vezes, você tem que deixar de lado tudo o que você é e tudo o
que você esperava que fosse para sobreviver, tornando-se as coisas que
você nunca sonhou que se tornaria. Eventualmente chega a esse ponto
em onde você tem que ser como eles para derrotá-los, e isso é
exatamente o que eu tinha que fazer.
Minha vida piorou muito depois daquela noite em que meu pai me
fez ter todos aqueles homens dentro do meu corpo. Toda semana, havia
um cara diferente que podia me usar da maneira que quisesse. Não
importava em que merda doentia ele estava, porque ele tinha que
representar o que quisesse. Idiotas ricos, filhos de seus amigos e alguns
que eu nem conhecia.
Fizeram coisas comigo que não poderiam fazer com suas namoradas
ou esposas. Eu era como uma prostituta glorificada, só
que ele me enjaulou dentro de uma mansão da qual não
pude escapar e não recebi nada do dinheiro que ouvi meu
pai dizer que recebia quando os deixava me tocar.
Nunca soube quem era pai e filho porque eles nunca se juntaram,
mas todos eles levaram coisas que eu não queria dar, coisas que nunca
pertenceram a eles e coisas que me fizeram sentir que estava
perdendo minha sanidade até sentir que não tinha nada para
deixar para dar a mais ninguém, inclusive eu.
Eu me odiava mais e mais a cada dia porque não
conseguia parar todas as coisas pervertidas que eles faziam
comigo e toda a dor que me faziam sentir. No entanto, nada trouxe mais
auto-aversão do que quando às vezes eu gostava da dor, porque meu
corpo respondia de maneiras que eu nunca sonhei que faria ou deveria.
Às vezes, eu me molhava e me odiava logo depois que eles terminavam
comigo.
Eu não conseguia explicar por que isso estava acontecendo
comigo. Como poderia odiar cada coisa que eles fizeram, mas
também responder? Às vezes, eu me pergunto se eu estava tão fodida da
cabeça quanto ele por gostar de algo tão horrendo quanto ele usar meu
corpo sem minha permissão.
Se a gente treina o corpo de uma certa forma, ele se adapta e
responde ao tratamento que foi feito para gostar, pelo menos é assim que
acho que é. Pode haver alguma explicação de por que às vezes sinto
prazer, mas essas explicações nunca falariam sobre o ódio que as
pessoas sempre sentem por si mesmas sempre que percebem o que estão
fazendo.
Sentia que as mãos que me tocavam tiravam pedaços de mim todos
os dias, pedaços que eu não tinha certeza se encontraria novamente. À
medida que os dias passavam, eles se misturavam e eu senti minha
vontade de viver se esvaindo de mim.
Eu, às vezes, queria desistir e não me importar mais
com a minha vida, mas algo sempre me impedia de tentar
acabar com tudo, não tinha certeza do que era, mas por algum
motivo estúpido, eu sempre ouvia aquela voz, mesmo quando era uma
batalha constante entre querer morrer e querer fazê-los pagar.
Às vezes eu rezava tanto, por apenas um pedacinho de
felicidade, mas acho que Deus não deve existir porque, se
existisse, por que faria as pessoas sofrerem assim? Ou por que
ele colocaria pessoas más na Terra para ferir os outros? Se ele
existisse, por que não ajudaria todas as pessoas que sofrem,
porque sei que há tantas outras pessoas na mesma posição que eu. Eu
não posso ser a única, certo?
Essas são algumas perguntas que me faço sempre que tenho um
momento para me entregar aos meus pensamentos, o que raramente
acontece. Outras incluem o que fiz de errado? E por que eles me
odeiam tanto? Eu era má quando bebê ou algo assim? Eu chorei
muito?
Tive que aprender da maneira mais difícil que este é um mundo frio
e cruel e, a cada dia que vivo, meu ódio por tudo e por todos ao meu
redor cresce dez vezes. Se algum dia eu conseguir liberar todo esse ódio
dentro de mim, temo me tornar um monstro como eles e todos em meu
caminho vão se arrepender.
Também aprendi que eles veem as mulheres como coisas que
podem negociar e usar para atender aos gostos dos ricos. Uma vez que
você faz parte da rica existência, nada está fora de alcance e tudo o que
seu coração deseja, não importa o quanto doente e distorcido seja,
sempre há alguém que pode atender às suas necessidades. Meu pai sendo
aquele que preencheu as necessidades doentias e distorcidas dos outros
usando-me.
Minha vida virou um caos e perdi metade da minha
alma quando tudo veio à tona no dia em que meu pai
descobriu que eu estava grávida. Eu sei há um tempo, mas
não queria deixá-lo saber do meu segredo. Eu não podia
prever o que aconteceria, embora pelo jeito que ele me tratou
eu já devesse ter adivinhado.
Sabia que era dele porque ele fazia todo mundo usar camisinha
quando estava comigo. Eu estava tão magra de quase sempre
passar fome, que quando apareceu minha barriga arredonda,
era bem perceptível.
Quando descobri, no começo, chorei por dias. Eu não
sabia o que fazer com aquilo porque sabia de onde vinha e isso me fez
não querer ter nada a ver com aquilo. Queria amar, mas também odiava.
Não percebi o quanto o amava até que ele tirou isso de mim.
Continuei dizendo "isso" porque não conseguia chamá-lo de bebê.
Minha mente estava uma bagunça completa. Eu não sabia se poderia
mantê-lo seguro porque não conseguia nem me proteger. Eu nem
tinha certeza se queria usar minha energia para salvá-lo.
Eu me senti como um monstro! Que tipo de pessoa não gostaria de
proteger uma vida tão inocente? Afinal, era inocente porque não pediu
isso. Seu pai era o monstro, não ele ou ela.
Essa foi a primeira e última vez que me referi ao bebê como ele ou
ela. Minhas preocupações sobre se eu deveria protegê-lo foi uma perda
de tempo... porque não consegui salvá-lo, e isso é uma coisa pela qual
me odeio.
Não pude proteger meu bebê...
Quando meu pai notou a barriga de gravidez, ficou tão furioso
comigo que agiu como se fosse minha culpa. Quero dizer, se você não
queria outro filho com ninguém, então deveria ter colocado a garota
com quem estava fodendo no controle da natalidade.
Ele disse que não precisava de outro filho porque a
que ele tinha não conseguia fazer nada direito e ele não
precisava de outro para estragar tudo. Além disso, ele não
queria estragar o que estava acontecendo com seus arranjos.
Como diabos eu estava estragando as coisas, eu não tinha ideia.
Ele disse que precisávamos nos livrar dele, e foi nesse momento
que percebi que o queria. Eu não queria que meu bebê se
machucasse. Mesmo que viesse do lugar errado, ainda o teria
amado e, se não fosse capaz de sentir amor por ele, pelo
menos teria garantido que tivesse um lar decente para morar.
Nem tive chance quando disse a ele que queria ficar com ele; Achei
que talvez se eu ficasse com ele, ele não me machucaria mais e também
iria adorar, mas foi nesse dia que eu soube que ele não era mais capaz de
amar. Talvez quando eu era mais jovem, ele era, ou talvez estivesse
apenas ganhando tempo, mas a pessoa que ele é hoje estava tão longe
do pai que conheci quando era mais jovem. Todas as mudanças
pelas quais passou ao longo dos anos o fizeram se transformar
em alguém que não era mais capaz de amar.
— Você gosta do pau do papai dentro de você, não é? É por isso
que você quer mantê-lo?
— Eu ainda te odeio pra caralho! Mas este bebê não merece sofrer
por seus erros. – eu disse a ele com falsa bravura enquanto ele apenas ria
na minha cara. Mesmo que eu estivesse além do medo, eu sabia que
tinha que pelo menos me manter firme.
— Você não vai ficar com isso, e ponto final!
— Você não pode fazer isso, seu desgraçado doente!! Foi você que
quis enfiar o pau onde não devia e agora vai matar um bebê inocente
porque é um filho da puta que não tem decência humana?
— Não posso ter uma prostituta trabalhadora que
está grávida! – ele disse pouco antes de me dar um tapa no
rosto. Eu esperava, mas isso não doeu menos. Tudo o que
isso fez foi me deixar com raiva, e eu estava determinada a
deixá-lo saber disso também.
Eu vi tudo vermelho, e esta foi provavelmente a primeira vez que
o deixei ver a extensão da minha raiva e ódio por ele. Corri até ele
e o empurrei um passo para trás, mas apenas porque ele não
esperava antes de eu começar a agarrá-lo com tanta força,
chutando e gritando enquanto tentava infligir o máximo de
dano possível. Não deu nem um trincado na armadura dele
porque ele me deu um soco tão forte na cara que achei que estava vendo
estrelas.
Ele usou meu estado atordoado para me agarrar pelo pescoço antes
de me jogar contra a parede com tanta força que pensei que ele tivesse
quebrado meu crânio com a quantidade de dor que irradiava pela
minha cabeça. Ele então usou a mão em volta do meu pescoço
para apertar até cortar todo o meu ar. Tentei arranhar seu braço,
mas ele nem se mexeu, embora eu tenha cravado minhas unhas em sua
pele com tanta força que o sangue estava saindo das perfurações do
tamanho de unhas, que só o fizeram apertar com mais força.
— É hora de te ensinar outra maldita lição e confie em mim, desta
vez, é melhor você torcer para sair viva. – ele me diz, afrouxando seu
aperto um pouco antes de eu ser arrastada para o porão, chutando e
gritando o caminho inteiro.
Assim que entramos na sala, ele me joga no chão e rapidamente
monta em mim antes que eu possa fazer um movimento para fugir, e
então ele prende meus pulsos no par de algemas presas no chão. Essa
posição me colocou de costas, com as mãos acima da cabeça presas, e
então ele abriu minhas pernas, prendendo outro par de restrições em
meus tornozelos para manter minhas pernas abertas.
Ele se levantou e foi vasculhar a gaveta onde
guardava suas várias ferramentas e instrumentos de tortura.
Ele voltou com algo que parecia um pedaço de pau, mas em
uma olhada mais de perto. tinha um prego no final. O sorriso sádico
que ele me deu me fez instantaneamente me debater, embora não
adiantasse porque eu estava presa aqui.
— Isso aqui é um fórceps, e é usado para esse fim
específico. – ele disse em tom de conversa, como se nós
estivéssemos prestes a tomar chá ou algo assim.
Ele se moveu em minha direção e foi quando gritei, implorando
para ele não fazer nada com o bebê. — Por favor, papai!! Por favor, não
o machuque!
— Por favor... – eu estava chorando agora, e nem me importava se
estava implorando por alguma coisa agora.
— Temos que nos livrar disso e ponto final! Eu odeio me repetir
mais de uma vez e você sabe disso. Tudo o que você está fazendo agora
está me deixando com mais raiva!
Ele se ajoelha ao lado das minhas pernas abertas e enfia o fórceps
em mim com tanta força e tão fundo em mim que o grito que solto
parece de outro mundo. A dor instantânea foi tão avassaladora que
pensei que estava prestes a morrer neste segundo. Eu me debato,
tentando me mover o suficiente para tirar essa coisa de mim, mas nada
funciona para mim agora.
Meus gritos são de pura agonia e sinto que meu corpo entrou em
puro choque agora porque parei de me mover por um tempo e ele usa
esse momento a seu favor empurrando-o para dentro de mim novamente,
parecia que ele estava me apunhalando por dentro.
Quando senti o sangue escorrendo entre minhas pernas,
perdi a cabeça. Ele apertou um botão em seu instrumento e
eu o senti abrir e fechar dentro de mim. Ele o torceu, o que
trouxe mais dor do que eu poderia suportar.
— Tire!… Tire isso de mim!!! – gritei tanto que minha garganta
começou a doer. Quando ele tirou, estava coberto de sangue. A
única coisa que passou pela minha cabeça repetidamente foi que
ele matou meu bebê…
Só tive esse sentimento, sabe? Mesmo que eu não tivesse
nenhum apego especial a isso, ainda doía muito perder algo
tão precioso, mesmo que nunca tivesse uma chance. Lágrimas escorriam
pelo meu rosto enquanto eu chorava tanto que parecia que não conseguia
mais respirar.
Agora eu me sentia vazia por dentro.
Ele se levantou e me deixou lá no chão, mas ele não se afastou
como pensei que ele faria, ele apenas começou a me chutar na
barriga enquanto mais gritos saíam de mim. Ele me chutou
algumas vezes com tanta força que pensei que ele fosse me chutar até
que minhas entranhas voassem para fora de mim.
As contrações começaram no meu abdômen e foram piores do que
os chutes que me tiraram o fôlego. Agora, eu sabia sem dúvida que
estava tendo um aborto espontâneo. Não sei se o bebê ainda estava lá ou
se ele o tirou. Ao longo dos anos de sofrimento nas mãos de meu pai,
acho que nunca senti esse nível de devastação que estou sentindo agora.
Depois que ele terminou, ele soltou meus braços e pernas e me
deixou deitada lá enquanto ele subia as escadas. Eu deitei lentamente
sangrando quando senti uma presença ao meu lado. Quando abri os
olhos, minha mãe estava de pé ao meu lado. Eu nem percebi que meus
olhos estavam fechados.
— Por favor, me ajude, mãe… – Minha voz mal sai
como um sussurro. Eu mal consigo falar através da dor.
Ela apenas fica lá com um olhar maligno em seus olhos
antes de levantar o pé e me chutar na barriga algumas vezes.
Eu gemi quando mais dor surgiu dentro de mim. Tentei virar e escapar
de seu ataque, mas isso não a impediu de continuar seu ataque.
Ela se ajoelhou ao meu lado, desferindo socos em meu rosto
até eu sentir o gosto de sangue na boca.
— Sua vadia estúpida! Eu te odeio pra caralho!
— O sentimento é mútuo, sua vadia sem coração! Espero que você
consiga tudo o que merece. – eu falo com a voz rouca através da dor
consumindo meu corpo.
— Você tirou meu marido embora, sua prostituta! E então
engravidou, pensando que ele iria ficar com isso?
— Não é como se eu tivesse pedido isso! – eu suspiro. Ela
realmente é uma vadia burra. Meu corpo está ficando dormente a cada
segundo e mal consigo manter os olhos abertos.
— Caso você esteja se perguntando, eu tratei disso para você. – ela
sorri para mim. — Eu disse a ele que você fez alguns homens te foderem
sem camisinha, então pode ter sido o bebê de qualquer um que você
estava carregando.
Ok… não é uma vadia burra, mas uma muito vingativa…
Eu soluço agora. Como sua própria mãe pode te odiar tanto?
— Ahh, os sentimentos da pobre prostituta estão feridos?
— Existe um lugar especial no Inferno para pessoas como você. –
digo a ela, e com a última gota de força que tenho em
meu corpo, eu me lanço para ela e soco seu rosto algumas
vezes antes que ela me domine.
— Sua puta do caralho! – ela grita. Ela agarra o fórceps e
o enfia em mim de novo, e sinto contrações ainda mais fortes. Ela o
enfia dentro de mim algumas vezes antes de tirá-lo de mim. Estou com
uma dor pior do que estava antes de ela chegar aqui, se é que isso
é possível.
Ela pega uma faca que eu nem vi que ela tinha antes e a
enfia na minha perna. — Pense nisso, sua vadia estúpida!
Espero que você sangre e morra. – Essas são suas últimas palavras para
mim antes de partir.
Estou coberta de sangue e sangrando a cada segundo. Não tenho
certeza de quanto tempo fico deitada no chão antes de entrar e sair da
consciência.
Acho que finalmente morri e fui para o céu, quando entre a
consciência, vejo um rosto olhando para mim, cheio de lágrimas
escorrendo pelo rosto. O rosto de um anjo que se parece muito com
Julia. Talvez ela tenha vindo me tirar daqui e finalmente me levar com
ela.
Eu levanto minha mão e a estendo em direção a ela. — Por favor,
me leve com você. – eu imploro a ela. Se estou tendo alucinações, então
é uma boa, porque ela é a única pessoa que quero comigo quando me
aventuro no mundo dos mortos.
— Sinto muito por ter te matado... eu... eu... eu não te odeio mais
por me trair. Eu te amo e sinto tanto a sua falta. – Se estivermos no céu,
ela provavelmente vai me perdoar, certo? — Eu sou tão patética! Eu não
pude salvar a mim mesma ou a este bebê... Vou sangrar aqui e morrer
sozinha... – Um soluço surge na última palavra sozinha... Sempre
sozinha.
— Ah, querida, nunca quis deixar você aqui sozinha,
e sinto muito por ter demorado tanto para vir buscá-la…
Eu abro minha boca para dizer a ela que não é culpa dela,
mas nada sai e então a imagino me dizendo shhh antes que meu mundo
escureça alegremente, levando toda a dor embora. Nada mais pode me
tocar...
Eu volto e perco a consciência, embora não saiba por
quanto tempo. Tudo o que me lembro é de ouvir brevemente
alguém me dizer para pegar leve e ficar calma antes que tudo fique
escuro novamente.
Parece que minha mente está parada no tempo e estou
apenas flutuando pelo espaço, esperando que algo aconteça.
Quando meu corpo finalmente está pronto para reaparecer
no mundo dos vivos, meus olhos se abrem lentamente e a
primeira coisa que sinto é a cama macia sob meu corpo. É tão
confortável e não me lembro da última vez que me senti tão descansada.
Olho ao redor do quarto e percebo que estou em um dos quartos de
hóspedes. Graças a Deus não é meu quarto. Odeio tanto aquele quarto;
muitas coisas ruins aconteceram lá dentro. Não há um único lugar nesta
casa que eu possa chamar de meu refúgio, porque todos os lugares foram
contaminados pela sujeira do desejo de outra pessoa.
Deixei escapar um longo suspiro. Deus realmente não existe porque
ele não poderia nem me tirar daqui deixando-me morrer quando eu
estava sangrando naquele porão. Eu tenho que fazer isso sozinha para
acabar com todo o meu sofrimento e dor?
Eu deito lá por um tempo antes de a necessidade de fazer xixi tomar
conta e eu me levantar da minha cama. No minuto em que faço um
movimento, sinto a dor entre minhas pernas aumentar. Quando movo
minhas mãos, percebo que está conectada a um soro. Todo o ciclo se
repete: apanhar, curar e depois repetir.
Arranco-o do braço e o sangue escorre lentamente
do pequeno furo e agora não me importo que não tenha
sido tratada com cuidado, ninguém nunca cuida de mim e
estou cansada desta vida, até aos ossos. Caminho para o
banheiro. Parece que toda a minha boceta está pegando fogo enquanto
faço xixi e depois de me limpar, olho para o papel higiênico e está
coberto de sangue.
A visão de sangue fez com que todas as memórias me
atingissem. Uma vez que essas memórias me atingem, soluços
involuntários começam a escapar de mim e não consigo
contê-los. A dor que sinto agora está em um nível totalmente
diferente de qualquer coisa que já senti antes.
Ah, meu Deus! Perco todo o conteúdo do meu estômago enquanto
vomito até não sobrar nada.
Meu bebê!
Eu caio de novo no chão enquanto mais lágrimas continuam caindo.
Eu sinto que chorar é a única coisa em que sou boa porque acontece com
tanta frequência, até eu fico irritada comigo mesma às vezes. Por que eu
não poderia simplesmente ser uma vadia sem coração como minha mãe
e não derramar uma lágrima pelo que eles me fizeram passar?
Eu enlouqueço completamente, eu deveria acabar com tudo porque
não tenho nada pelo que viver. Se eu continuar aqui, eventualmente
morrerei de qualquer maneira, porque tenho certeza de que eles
continuarão indo longe demais até me matarem. Agora que percebo que
não morri, é apenas uma questão de tempo até que o ciclo vicioso
comece novamente.
Estou tão consumida em meus próprios pensamentos que nem ouço
a porta do banheiro abrir ou alguém no quarto até que
sinto braços macios me envolvendo. É um sentimento tão
estranho porque ninguém me abraça desde Julia.
Levanto minha cabeça e olho para o rosto triste, mas
radiante de Julia. Meu cérebro leva um minuto para entender o que
estou olhando e quando isso acontece, eu me afasto tão rápido que
minhas costas colidem com a parede antes que um grito saia de
mim.
— Ah, meu Deus! Finalmente perdi a cabeça, não é? –
digo em voz alta para ninguém em particular. Eles finalmente
me deixaram transtornada e eu enlouqueci completamente.
O corpo se aproxima de mim. Ela não parece um fantasma... Ela
parece bem e nem um pouco morta. Levanto as pernas e apoio os
cotovelos nos joelhos enquanto coloco as duas mãos sobre os ouvidos,
me balançando para frente e para trás.
— Não, não, não, isso não está acontecendo... só estou tendo
alucinações.
Talvez eu esteja morta e ainda não saiba...
Sinto mãos gentis me tocarem novamente antes que ela coloque a
mão no meu queixo e levante minha cabeça.
— Ei, querida, preciso que você se acalme. – ela diz, com sua voz
suave e cheia de amor como sempre. — Estou bem aqui e você não está
alucinando... estou realmente aqui.
Ela tem lágrimas nos olhos enquanto me dá um sorriso melancólico.
Não perco tempo antes de me lançar em seus braços. Ignoro a dor
queimando por todo o meu corpo e a abraço com tanta força que estou
com medo de soltá-la antes que ela desapareça novamente.
Ela me abraça de volta com a mesma força enquanto soluço em seus
braços.
— O quê?... Como... como isso é possível?
— Shh, você precisa descansar. – ela diz calmamente
enquanto acaricia meu cabelo suavemente. — Depois explico
tudo.
Meu corpo inteiro enrijece quando me lembro dos meus pais!
Eles vão matá-la com certeza desta vez se a virem, embora eu
ainda esteja me perguntando como ela ainda está viva agora.
— Meus... meus... meus pais! – eu tento dizer a ela.
— Eles deram conta deles por enquanto... Eu os tenho amarrados no
porão por enquanto até que você decida o que quer fazer com eles.
Isso é um alívio porque não posso lidar com eles agora. Ela me
ajuda a levantar antes de me levar de volta para o quarto; ela me ajuda a
deitar para descansar. Vejo que ela trouxe comida com ela, sopa, e
estou salivando instantaneamente porque senti tanto a falta dela
cozinhando.
Ela me alimenta e quando termino, ela coloca o cobertor sobre meu
corpo e dá um beijo suave na minha cabeça antes de se levantar para sair
do quarto novamente.
— Há quanto tempo estou inconsciente? – pergunto a ela antes que
ela saia.
— Quatro dias. Cheguei bem na hora... Sinto muito, Addy. Você
estava em péssimo estado quando cheguei aqui e seus pais não fizeram
um bom trabalho com o humm... aborto, então eu tive que dar banho em
você e depois cuidar do resto...
Não posso nem falar por causa do caroço que obstrui minha
garganta. Ela mesma teve que tirar o bebê de mim; Eu me sinto tão mal
do estômago agora.
— Apenas descanse, querida, conversaremos mais
tarde, quando você estiver se sentindo melhor. – E com
isso ela sai do quarto, fechando a porta suavemente atrás de
si. Não digo a ela que nada jamais me fará sentir melhor sobre
o que aconteceu nesta casa há quatro dias.
Bem na hora... uau, eles me deixaram lá embaixo para morrer
sozinha. Mais lágrimas continuam a escorrer pelo meu rosto e eu
as enxugo com raiva. Não vou mais chorar por eles. Esta é a
última vez que estou derramando lágrimas por causa desses
monstros.
Vou fazê-los pagar... Eu serei o carrasco que eles nunca viram
chegando e vou fazer doer para eles assim como eles me machucaram.
Com esse último pensamento em mente, tomo os comprimidos que
Julia deixou para a dor antes de fechar os olhos e tentar dormir um
pouco. Amanhã é o dia em que vou causar estragos neste lugar e
depois partir para começar uma nova vida o mais longe possível
daqui. Isto. Termina. Aqui.
Na manhã seguinte, quando acordo, Julia já está no meu quarto com
café da manhã e remédios para a dor que ainda sinto agora.
— O que você quer fazer hoje? Você pode descansar por mais
alguns dias antes de decidir fazer qualquer coisa. – ela me diz enquanto
se senta na cama ao meu lado.
— Vou matá-los e vamos fazer isso hoje. Preciso sair deste inferno
de uma vez por todas.
— Seu pai chamou quatro delinquentes esta noite. Aparentemente,
ele planejou uma festa para você. – Claro que sim.
Estremeço porque suas festas geralmente terminavam comigo sendo
tratada como uma boneca de pano para ele e quem quer que ele
trouxesse para passar a noite. Mas antes de fazermos
qualquer coisa, preciso de respostas. Ainda não confio
totalmente nela porque ela me fez pensar que a mataram
bem na frente dos meus olhos, mas ela parece ser a única
outra opção que tenho agora.
— O que aconteceu?
— Bem, para começar, eu sabia que você não poderia escapar
a menos que algo acontecesse com seu pai, essa é a única
maneira de você ser livre. Mesmo que você tivesse escapado
novamente por conta própria, ele nunca teria parado de
procurá-la e você sabe que isso é verdade. Aquele plano que
eu estava pensando, bem, eu tive que me envolver com Tony porque ele
quem o seu pai mais confia.
Concordo porque ele é o braço direito do meu pai e sempre tentou
me ajudar nas pequenas coisas quando meu pai ou minha mãe não
estava prestando atenção. Agora que penso nisso, o que aconteceu
depois que Julia estava supostamente morta, ela continua
enquanto ouço atentamente.
— Assim que o trouxe para o meu lado, tivemos que bolar um plano
que a ajudaria. Sinto muito por deixá-la para trás, mas era o único jeito.
O plano que bolamos era que Tony nos deixaria sair e levaríamos o
carro, eu sabia que tinha GPS e seria fácil de rastrear. Assim que ele nos
encontrasse, eu sabia que seu pai deixaria Tony cuidar de mim porque
era ele quem estava no portão e sabia que Tony não teria deixado você ir
se soubesse que você estava no carro.
— Você tinha tudo planejado?
— Sim. Eu sabia que seu pai provavelmente deixaria Tony me
matar e se livrar de mim, então tudo o que ele precisava fazer era
garantir que atirasse em algum lugar onde não houvesse muito dano e eu
ainda pudesse viver.
Novos soluços começam a escapar de mim — Achei
que você tinha me traído. – Minha voz sai com algum
ressentimento porque nunca lidei com todas as emoções que
vieram com a morte dela porque tinha outras coisas para
lidar.
— Eu nunca faria isso, doce menina. Eu te amo demais, mas era o
único jeito. A única coisa que lamento é que tivemos que deixar
você aqui com eles. Depois que isso foi feito, Tony me levou
embora e tivemos que esperar até que minhas feridas
estivessem curadas o suficiente antes que pudéssemos
planejar tirar você daqui. Sinto muito por ter demorado tanto. –
ela diz com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Eu concordo. — Como vocês entraram na casa? Ele sempre a
mantém fortemente guardada.
— Há um túnel sob a casa que leva à floresta.
— O que?
— Foi o que mais demorou. Tivemos que cavar o túnel porque
alguém tampou para fechá-lo. Tínhamos que cavar enquanto ficávamos
quietos para que ninguém detectasse o que estávamos fazendo. Já havia
um túnel secreto lá, mas um dos proprietários anteriores o havia coberto.
Acho que seu pai nem sabia que existia porque Tony foi quem o
encontrou quando estava vasculhando a casa para ver por onde
poderíamos entrar e sair quando precisássemos. Sem mão de obra,
demorou mais do que o esperado para cavar, mas não podíamos deixar
muitas pessoas saberem antes que a notícia chegasse ao seu pai. Nós
terminamos há apenas alguns dias e planejamos vir hoje à noite e
colocar ecstasy líquido nas bebidas que seu pai e sua mãe costumam
tomar para que eles possam desmaiar enquanto entramos e isso tornou
mais fácil contê-los. Estou tão feliz por termos chegado a tempo porque
você estava quase no leito da morte quando chegamos
aqui.
Porra, estou meio impressionada com essa quantidade
de planejamento. Agora acho que posso ter uma chance de
vida fora dessas paredes. Mesmo que meu corpo ainda esteja com
muita dor, estou determinada a acabar com isso.
— Eu quero vê-los. – ela acena com a cabeça e nem tenta me
fazer mudar de ideia porque me leva até o porão. Entro de
cabeça erguida. Quando olho para os dois, contidos e
amarrados a uma cadeira, exatamente como já fiz inúmeras
vezes antes, sorrio para eles.
— Eu disse, você seria o primeiro a saber quando eu estivesse
pronta para você. – digo quando entro na sala, olhando diretamente para
meu pai. Ele apenas me dá um olhar de puro desdém enquanto, pela
primeira vez na minha vida, bem, pelo que me lembro, tenho um
sorriso enorme e genuíno no rosto.
— Você vai se arrepender assim que eu sair daqui, sua putinha!
Vou até ele e lhe dou um soco no rosto, satisfeita comigo mesma ao
ver que seus lábios se abrirem e algumas gotas de sangue escorrer pelo
queixo. Eu aperto minha mão logo depois porque socar alguém na cara
dói muito!
Dirijo-me à minha mãe. — E mal posso esperar para colocar minhas
mãos em você. – digo a ela antes de me virar e sair.
Quando chego à cozinha, fazemos planos para esta noite.

Estou vestida com uma lingerie minúscula quando os


caras entram um de cada vez. Eu fiz cada um deles vir em momentos
diferentes para facilitar as coisas para mim. Os quatro que foram
convidados aqui esta noite são os homens mais cruéis que meu
pai já me deu antes, e mal posso esperar para colocar minhas
mãos neles.
Eles provavelmente nunca sentiram a quantidade de dor
que gostam de causar nos outros, e mal posso esperar para dar a eles o
gosto de seu próprio remédio. A vingança vai ter gosto de paraíso, e
mesmo que não tenha, vou me certificar de que doa tanto quanto
costumava doer para mim.
Mandei uma mensagem para eles do celular do papai querido e
todos estavam programados para chegar meia hora depois do
outro. Isso é tempo suficiente para conter cada um deles.
Assim que o primeiro, Spencer entra pela porta, seu rosto irradia
enquanto ele olha para mim por causa da lingerie que estou usando.
— Meu pai está em seu escritório e sairá em breve. Ele nos instruiu
a esperar na sala de estar até que ele esteja pronto. – digo a ele enquanto
lhe entrego uma taça de vinho.
— Mal posso esperar para me divertir com você esta noite. – ele me
diz com um sorriso no rosto e não consigo esconder meu sorriso. Ele
pode pensar que estou feliz por ele estar aqui, mas cara, ele não tem a
menor ideia. Se tivessem apenas prestado atenção, eles teriam notado
que nunca quis as coisas que eles estavam fazendo comigo, mas duvido
que tivessem se importado se eu queria ou não.
— Ah, acredite em mim, eu também mal posso esperar!
Passamos para a sala e ele toma um gole de seu
vinho, bebendo-o como se fosse água, e então dou-lhe uma
nova bebida. Não demora muito para ele desmaiar porque
coloquei um pouco de ecstasy líquido em todo o vinho que
estou dando a eles esta noite. Adicionei mais para dar cabo deles.
Caso você não saiba, o ecstasy líquido é uma droga usada na
forma líquida ou em pó e é usada para fazer as pessoas
desmaiarem assim que entrar em seu sistema. Os canalhas até
o usam como droga para estupro.
Depois que Spencer chegou, os outros três caras chegaram
na hora que deveriam, ou seja, meia hora depois que o último chegou.
Assim que eles passaram pela porta da frente, levei cada um deles para a
cozinha e dei a mesma desculpa que dei a Spencer, dizendo que meu pai
estava em um telefonema importante e sairia em breve.
Dei a todos uma taça do vinho e quando todos já estavam
desmaiados, pedi ajuda a Tony e os levamos para a sala antes de
amarrá-los nas cadeiras que trouxemos da sala de jantar.
Depois que terminamos de amarrar cada um deles, chamei Tony e
os homens com ele para trazer meus pais para participar da festa, porque
não poderíamos ter essa festa sem eles.
No momento em que todos estão acordados, todos estão tentando
puxar suas amarras e estou pronta para começar essa festa fodida de
verdade desta vez. Um deles fica puxando as cordas que o prendem,
como se fosse conseguir sair delas, sei por experiência que não
consegue porque já tentei inúmeras vezes, isso está me dando nos nervos
pra caralho.
— Não vai funcionar, seu filho da puta! – E só porque ele é um
filho da puta irritante, decido que vou começar com ele primeiro.
— Qual é o problema, Spencer? Está desconfortável?
Eu ainda estou lá de lingerie, porque se preocupar em
sujar mais roupas do que o necessário. Eu tenho uma das
grandes facas de caça do meu pai agarrada na mão perto da
minha perna. Levo-a à boca e lambo o lado afiado da lâmina.
O gosto doce e picante de sangue instantaneamente atinge minha
língua e eu sorrio para ele com o sorriso mais louco que consigo.
Minha expressão deve fazê-lo perceber que estou falando
sério sobre o que estou prestes a fazer aqui, porque ele tem a
audácia de implorar por sua vida. — Por favor... se você me
deixar ir, vou esquecer tudo isso e não vou contar a ninguém.
Eu monto em seu colo e, em seguida, lambo sua mandíbula,
deixando um rastro de sangue antes de levar minha boca ao seu ouvido.
— Onde estava a porra da misericórdia quando era eu quem implorava?
– pergunto, assim que enfio a faca em seu estômago. Seus gritos são tão
altos que reverberam nas paredes.
— Sua puta do caralho! – ele grita. — Você vai pagar por
isso, porra.
— Sim, sim... já fui chamada de todos os nomes conhecidos e isso
não me machuca mais. – eu sorrio para ele.
— Não é verdade, querido papai? Você adorava me xingar, não é? –
pergunto por cima do ombro, embora eu não me viro para encará-lo.
O resto deles tem várias expressões de ódio e fúria estampadas em
seus rostos, e se um olhar pudesse matar... Eu rio para mim mesma com
esse pensamento. Não querendo prolongar isso mais do que o
necessário, começo o que preciso fazer.
— Vocês quatro foram os piores comigo e terei prazer em estripá-
los! – eu enfio a faca de volta em seu estômago e a arrasto até o fim.
Conforme minha faca se move para baixo, sua pele se abre e assim que
seus órgãos aparecem, todos começam a sair dele e seus gritos são como
música para meus ouvidos.
Faço a mesma coisa com os outros três, um por um, e
quando termino de estripá-los, toda a sala está uma bagunça
com suas entranhas por toda parte. Eles não mereciam uma
morte rápida, mas o tempo é essencial aqui e preciso economizar toda
a minha energia para meus pais. Estou coberta de sangue e rio
histericamente até que isso se transforme em soluços completos.
Esses soluços são dolorosos e eles destroem meu corpo
com tanta força que Julia tem que vir me pegar no chão onde
caí de joelhos com a faca ainda em minhas mãos.
— Você não precisa fazer mais nada. Deixe-nos ajudá-la a tirar esse
fardo de seus ombros. – ela me diz baixinho.
Meus soluços continuam, mas respondo a ela através deles de
qualquer maneira. — Não! Preciso terminar isso sozinha ou nunca
encontrarei paz. Não mencionei que acho que nunca encontrarei paz,
mas talvez isso me faça sentir melhor em alguns anos.
Olho com os olhos vermelhos para onde meus pais estão sentados.
Ambos mantiveram suas bocas fechadas durante todo o calvário de eu
estripar aqueles idiotas.
Eu me levanto do chão e caminho até meu pai, puxando-o pelos
cabelos até que sua cabeça esteja totalmente para trás, então estou
olhando para ele diretamente no rosto antes de gritar com ele. Eu soltei
sua cabeça com um empurrão forte enquanto ainda estava de pé na
frente dele.
— Olhe para mim! – grito com ele à plenos pulmões. A linha tênue
da minha sanidade está lentamente começando a borrar quanto mais
tempo estou aqui na presença deles. Olho para os dois com todo o ódio
que consigo reunir, o que é fácil de fazer porque, nos últimos anos, tudo
o que conheço é ódio. Anos de espancamento e estupro
estão finalmente cobrando seu preço.
Não sei por que estou desmoronando agora, quando
estou quase livre. Talvez seja porque estou tão perto da
liberdade que minha mente está me dizendo que preciso me livrar de
toda a mágoa e dor que sofri antes de começar uma nova vida.
— Olha só no que você me transformou!! – eu aponto para o
meu corpo manchado de sangue. — Eu me transformei em um
monstro, assim como vocês dois!! – A última palavra destaca
em outro soluço, mas ignoro isso. Pela primeira vez na minha
vida, minha mãe parece ter medo de mim e ela é esperta,
porque ela não vai sair desta casa viva.
Uma ideia surge na minha cabeça, e eu tiro minha calcinha,
deixando-a cair no chão. Devo estar tão perturbada quanto eles, porque
me viro para meu pai e dou um sorriso sinistro para ele. — Olhe para
mim, coberta de sangue... é disso que você gosta, não é?
Seus olhos brilham com ardor, e seu pau endurece. Filho da puta
doente...
Eu ando até ele e sento em seu colo, esfregando sua ereção antes de
desabotoar sua calça e puxá-la para baixo. Uma vez que ele está nu, eu
monto em seu colo e deslizo minha boceta para baixo em seu eixo,
movendo meus quadris para frente e para trás algumas vezes.
Algum dia, quando olhar para trás, vou perceber o quanto fodida
da cabeça devo estar, mas no momento, não me importo.
Eu estava de frente para meu pai, mas me virei, então minhas costas
agora estavam voltadas para ele, seu pau ainda dentro de mim. Eu me
virei para olhar para minha mãe, abrindo mais minhas pernas para ela
ver antes de olhá-la nos olhos e os dela estavam cheios de puro ódio. —
É por isso que você me odiava, não é? Mesmo que eu
nunca tenha desejado isso! – grito com ela. Meu pai
arqueia seus quadris para cima em mim agora, mesmo com
a situação em que está agora, ele está gostando disso.
— Por quê?! Por que você não me ajudou quando implorei por
ajuda?
— Porque eu odiava você! Desde o momento em que você
completou oito anos, ele está de olho em você! – ela grita
enquanto se debate na cadeira, tentando se livrar de suas
amarras.
— E você não achou que seria uma boa ideia ficar longe dele? Você
poderia ter fugido comigo quando descobriu isso! Especialmente se
sabia disso desde que eu tinha oito anos! – digo a ela enquanto choro
novamente.
— Por que eu deixaria um estilo de vida tão confortável apenas
para passar dificuldades enquanto tentava cuidar de você? Achei
que ele poderia fazer o que quisesse com você e eu ainda
viveria no luxo, mas isso não significava que eu tinha que gostar de
você. – Suas palavras enviam uma flecha de dor direto para o meu
coração. Não importa o que eu tenha feito para que ela me amasse,
percebo agora que ela nunca teria me amado.
Deixei escapar um gemido irritantemente alto enquanto movia meus
quadris contra ele apenas para irritá-la um pouco mais. — Ahh, papai,
você gosta disso?
— Sim, princesa, muito pra caralho. – ele diz enquanto geme de
prazer. Odeio esse apelido tanto quanto o odeio.
— Bem, eu nunca gostei! – grito enquanto me levanto de seu colo.
Ele tem um olhar confuso em seu rosto antes de perceber que isso era
apenas uma parte do meu plano. Ele engole visivelmente ao perceber
que as coisas estão prestes a ficar ruins para eles.
— Você me destruiu, porra! – eu aponto para ele. — E
essa puta ajudou!
A dor dentro da minha alma está implorando por uma válvula de
escape. Quero gritar e continuar gritando até sentir que posso exorcizar
todos os meus demônios. Minha mente está um caos e estou tendo
dificuldade em lidar com isso.
Todo o ódio que está infestado profundamente em meus
ossos está implorando por uma saída, e acho que finalmente é
hora de deixá-lo sair e acabar com isso. Eu me viro para
encará-lo novamente, olhando-o diretamente nos olhos.
— Você me destruiu e acho que é hora de retribuir o favor. – Minha
voz soa tão calma que me pergunto se fui eu mesma que pronunciei
essas palavras.
Ando até ele e agarro seu pau. Minha mão se move tão
rapidamente que ele leva um momento antes de perceber o que
acabei de fazer. Seus gritos de dor são como um bálsamo para
minha alma. Eu agarro seu pau que acabei de cortar de seu corpo e o
empurro direto em sua boca, antes de colocar minha mão sobre sua boca.
— Parece que alguém está te dando seu pau, afinal. – digo enquanto
dou risada incontrolavelmente.
Ele engasga e eu movo minhas mãos pouco antes de ele virar a
cabeça, cuspir e vomitar ao lado dele. Eu pego seu pau decepado do
chão e o deixo lá antes de ir até minha mãe e enfiá-lo em sua boca.
— Isso é o que você queria, não é? – eu tenho prazer em vê-la
engasgar com o pau dele. Eu bato meus dedos sangrentos no meu queixo
como se estivesse pensando profundamente.
— O que foi que você disse outro dia quando implorei por sua
ajuda, mãe? Ah, isso mesmo, eu espero que você sangre
e morra, vadia.
Ela engole em seco e posso ver o medo em seu rosto
tão claro quanto o dia. — Por favor, bebê! Não faça isso...
sairemos daqui e nunca mais olharemos para trás e poderemos
começar uma nova vida.
Uau! Essa puta é real?
— Receio que seja um pouco tarde demais para isso
agora, querida mãe. Mas, deixe-me ser a primeira a realizar
seu desejo, mas, em vez de mim, você será a única a sangrar.
– Assim que a última palavra sai da minha boca, enfio minha faca direto
em seu coração antes de puxá-la e fazer isso novamente antes de deixá-
la e voltar para meu pai.
O sangue está escorrendo da área onde seu pau costumava estar.
Olho para ele e seu rosto tem uma expressão cheia de dor e eu rio.
Este pode ser apenas o melhor dia da minha vida até agora.
— Lembra daquela vez que eu disse que alguém deveria cortar seu
pau e dar para você comer? Parece que fui eu que fiz... Qual o gosto? –
eu rio. Eu o tiro da cadeira e o coloco no chão e amarro suas mãos nos
pés das outras cadeiras, para o caso de ele tentar alguma coisa.
Pego o garfo herege e mostro a ele e ele apenas solta um gemido
cheio de dor. Eu enfio em um de seus olhos enquanto ele grita. —
Lembra quando você queria fazer a mesma coisa comigo? Acho que
estou sendo agradável agora porque não enfiei tudo no seu cérebro.
Puxo o garfo e um som me chama a atenção, minha mãe está
ofegante. — Ah, olhe para a maior vadia da história sangrando por todo
o chão… Tsk, tsk, mãe, você precisa de alguma ajuda aí? – pergunto,
rindo dela.
— Vá se foder... você... – ela fala asperamente.
— Sim, você já me fodeu, junto com seu marido e eu
não levantaria um dedo para ajudá-la se você estivesse
sangrando por todo o lugar, só para você saber... Opa, ah
espere, você está sangrando aqui... Bem, é uma merda ser você!
Olho de volta para o meu pai. — Bem, isso é um adeus, papai! –
digo tão alegremente quanto posso. — Espero que você queime
no inferno! – E com isso, pego minha faca e a enfio em seu
coração com toda a força que tenho. Assim que a faca perfura
seu corpo pela primeira vez, é como se eu estivesse possuída,
eu a puxo novamente e o esfaqueio repetidamente até que seja a única
coisa que minhas mãos parecem capazes de fazer.
Um grito sai de mim a cada punhalada até que os soluços começam
a assolar meu corpo novamente. A dor é tão intensa dentro do meu
coração; Eu pensei que fazer isso faria com que não doesse mais, mas
percebo que não importa o que eu faça, sempre terei essas memórias
comigo. Não sinto nada além de um vazio dentro de mim enquanto
deixo a escuridão me consumir.
Posso estar livre agora, mas essas memórias viverão dentro de mim
como pesos prendendo minha alma para que eu nunca possa me livrar do
que fiz.
Meu corpo está livre, mas minha mente nunca estará...
Não tenho certeza de quanto tempo fiquei sentada apunhalando seu
peito, sua vida deixou seu corpo há muito tempo, mas não consigo me
conter. Estou chorando tanto que meu peito dói. Só quando sinto braços
me envolvendo é que solto a faca e a deixo cair no chão. Toda a frente
de seu peito parece irreconhecível com a quantidade de facadas em seu
corpo.
Olho para minha mãe e a porra da vadia ainda está
respirando, o que traz outra sensação de raiva que me
consome. Pego minha faca de volta e vou até ela, nem me
incomodo em dizer uma palavra a ela antes de enfiá-la direto em sua
cabeça e deixá-la saindo de seu crânio antes de ir embora.
Julia me leva para cima e prepara um banho para que eu
possa me livrar de todo o sangue que está endurecido em
minha pele. Assim que meu corpo toca a água, acho que
desmorono completamente por causa do que acabei de fazer.
Eles me transformaram em um monstro...
Choro pela minha infância perdida, minha inocência perdida, pela
vida que nunca pude viver e pela vida do meu bebê inocente.
— Deixe tudo sair porque, depois de sair deste quarto, você
precisa sair daqui com a cabeça erguida como a rainha que você
nasceu para ser. – Julia me diz.
— E o resto deles? Eu gostaria de poder matar todos eles. Cada um
deles que já colocou as mãos em mim. E se vierem me procurar?
— Tony conseguiu um corpo no necrotério que se encaixa no seu
perfil. As pessoas vão pensar que todos nesta casa morreram esta noite.
Além disso, se você fosse atrás de todos eles, isso levantaria muitas
questões e não preciso que você passe o resto da vida na cadeia.
— Você acha que eles vão acreditar que todos morreram aqui esta
noite? O que eu faço se eles vierem procurar?
— Espero que eles acreditem porque você já sofreu o suficiente.
Termine para que possamos seguir em frente. Precisamos partir o mais
rápido possível.
Olho para a água e estou deitada em uma poça de
sangue. Eu balanço minha cabeça para tirar todos os
pensamentos da minha cabeça antes de sair e entrar no meu
quarto para me vestir. Eu arrumo uma mochila com alguns
itens essenciais antes de descer as escadas.
Entro em seu escritório e pego todo o dinheiro que encontramos
antes, quando procuramos por aqui, antes de voltar para a sala de
estar. Os corpos ainda estão lá e eu olho para todos eles,
sentindo nada além de sentimento de torpor.
Divido o dinheiro entre os caras que ajudaram no plano e
depois dou o resto para Julia e Tony. Só pego o suficiente para
durar alguns dias, não preciso desse dinheiro porque não vou usar o
dinheiro contaminado para começar minha nova vida. Vou me certificar
de trabalhar muito para construir a vida com a qual sonho há anos.
Cada um de nós pega um galão cheio de gasolina e começa a jogá-
lo em todas as superfícies da casa. Nada nesta casa vale a pena levar,
e eu pego o isqueiro e observo as chamas brilhando diante dos
meus olhos antes de jogar bem no meio de todos os corpos.
— Aonde vocês vão? – pergunto a Julia.
— Vamos encontrar um lugar para ficar quietos por um tempo e
depois encontraremos outro lugar para começar nossa vida juntos. – ela
me diz enquanto me envolve em um abraço apertado.
— Por favor, me prometa que vai se cuidar, querida... Você é
melhor que isso e vai conseguir.
— Eu prometo.
Com isso, saio pela porta, com todos os outros seguindo, nunca
olhando para trás até que paramos nos portões e ficamos lá observando
enquanto a mansão inteira ardia em chamas enquanto eu silenciosamente
fazia uma promessa a mim mesma.
Vou usar as cinzas deste lugar e forjá-las no molde
da minha nova espinha dorsal, porque não deixarei que
isso me destrua. Agora tinha a chance de me tornar tudo o
que sempre quis ser. Vou sobreviver. De alguma forma, eu
preciso, porque se puder sobreviver ao que passei nesta casa, posso
sobreviver a qualquer coisa.
O bipe constante de uma máquina me faz acordar assustada e,
desta vez, finalmente consigo abrir os olhos.
Não tenho certeza de onde estou agora porque minha
mente parece distorcida e sinto que estou voando. A cama em
que estou deitada é tão macia contra o meu corpo que me dá
vontade de voltar a dormir. O primeiro pensamento que me vem à
cabeça é que esta não parece a minha cama. Por que estou deitada em
uma cama que não é minha?
Levo um minuto para olhar ao meu redor e vejo que este
definitivamente não é o meu quarto. Este é muito maior que o meu e
muito mais luxuoso. A decoração é uma que só posso descrever
como perfeição. Por que estou aqui? Mia e eu tiramos férias ou estamos
na casa dela?
A próxima coisa que percebo é a dor no meu abdômen. Ah Deus,
dói demais! Vou mover minha mão em direção ao meu abdômen para
investigar de onde vem a dor, mas sinto algo puxar minha mão e,
quando olho, vejo que meu braço está ligado a um soro.
Tento pensar no que estava fazendo antes de adormecer, mas nada
me vem à mente. Nesse momento, a porta do meu quarto se abre e um
homem mais velho com um jaleco branco entra, seguido pelo homem
que está determinado a tornar minha vida um inferno.
Assim, todas as memórias vêm correndo de volta para mim,
acordando dentro daquele caixão com o corpo de Nicco, fugindo desse
cara e levando um tiro antes de pular daquele penhasco.
Esse maldito psicopata atirou em mim!
— Ugh, por que diabos eu não estou morta? – Eu nem
percebo que falei em voz alta até que ele me responda.
— Porque eu tive que pular atrás de você só para salvar sua pele!
— Bem, não é como se alguém tivesse pedido para você!
Você provavelmente vai me matar, então por que diabos você
me salvaria? Você poderia ter economizado algum tempo! –
grito com ele.
— Ah, você não vai escapar tão facilmente... não vou deixar você
morrer até que eu esteja pronto porque você nem pagou pelo que fez
ainda. – ele diz enquanto sorri para mim como se estivéssemos apenas
tendo uma simples conversa sobre gatinhos e não o fato de que ele me
quer morta. Quanto mais ele fica com a boca aberta com as palavras
saindo dela, mais minha raiva aumenta.
— Vou precisar que você relaxe um pouco porque perdeu muito
sangue e um pouco de descanso vai te fazer bem. – diz o médico ao meu
lado.
— Bem, talvez se esse idiota não tivesse atirado em mim, eu não
teria nenhuma perda de sangue, teria? E você deveria ter vergonha de si
mesmo por trabalhar para um psicopata tão maluco, ele literalmente
acabou de admitir em voz alta que quer me matar! Que tipo de médico
você é, afinal? Você precisa tirar sua licença médica! – digo para ele e
seu rosto fica vermelho, mas ele não diz nada. Ninguém provavelmente
já desrespeitou seu chefe e o chamou de psicopata maluco na cara dele
antes, mas eu realmente não consigo me importar com as consequências
agora.
— Pode ir agora, doutor, obrigado por ter vindo. – O
psicopata maluco diz ao médico, e ele imediatamente
guarda suas coisas e sai com a mesma rapidez, não
querendo mais fazer parte desse confronto.
— Você realmente é uma vadia tagarela, não é? – ele pergunta
enquanto se aproxima da cama ao meu lado. Ele coloca uma das mãos
na área do meu abdômen onde atirou em mim e pressiona com
força. A dor instantânea surge onde minha ferida está, e um
grito escapa de mim. Ele tira a mão e, quando olho para baixo,
vejo sangue começando a escorrer por baixo das bandagens.
— Aqui está uma pequena dica que faria maravilhas para
você, eu odeio vadias tagarelas.
— E odeio idiotas como você! – digo a ele enquanto lhe dou um
olhar feio. Preciso de algo para a dor porque está se tornando
insuportável agora. Esse cara realmente é louco.
— De qualquer modo, quem é você? – pergunto apenas para tirar
minha mente da dor e porque simplesmente não tenho energia
para lutar com ele em uma batalha de quem tem mais insultos
para jogar um contra o outro agora.
— Eu suponho que o cadáver que você acordou ao lado de três dias
atrás já teria lhe dado uma pista sobre quem eu sou. Aliás, como foi essa
experiência? Eu tenho o vídeo que vou ter que assistir mais tarde só para
ver sua expressão! Devo dizer que já fiz muita merda antes, mas este foi
o meu melhor trabalho até agora! – ele diz com um sorriso malicioso,
mas tudo o que faz é trazer a memória de eu acordar ao lado do corpo
morto e em decomposição de Nicco, embora, graças a Deus, não faz
muito tempo desde que ele morreu porque você pode imaginar acordar
ao lado de um corpo decomposto? Só de pensar nisso, minha náusea
volta. Sinto como se ainda pudesse sentir aquele cheiro horrível de corpo
em decomposição.
Ele tem um vídeo disso?! Isso é doentio. Por que
alguém iria querer assistir isso? Ah, certo, ele precisa ver
cada momento do meu sofrimento.
Estremeço um pouco só de pensar nisso, porque foi uma
das piores coisas pelas quais já passei e já passei por muitas. Esse cara
acha isso tããão engraçado. Idiota!
— Bem, eu percebi que você provavelmente é parente dele
com base em seu joguinho sádico sobre minha sanidade.
— Ah, cordeirinho... eu nem brinquei com sua sanidade.
– ele me diz com um enorme sorriso no rosto. Isso parece
genuíno e eu realmente, realmente odeio admitir isso, mas cara, o sorriso
dele é lindo. Parece apenas tornar seu queixo mais proeminente. Sua
beleza parece de outro mundo, como se ele nem fosse real. Os caras
gostosos são sempre aqueles com um lado sombrio e distorcido e estão
sempre colocando você em apuros.
— Você já terminou de me secar para que possamos voltar ao
assunto em questão? – ele pergunta com outro sorriso no rosto.
Bastardo!
— Ai credo! Eu não estou secando você!
— Claro, que você não está. De qualquer forma, o meu nome é Cole
Mancini e o cadáver com quem você estava tirando uma breve soneca
era meu irmão, você conhece o cara que você matou... – ele olha para
mim, esperando minha reação e minha boca forma um pequeno 'O'
porque eu não esperava isso. Merda! Esqueci totalmente que Nicco disse
que tinha um irmão quando estávamos de volta de Hamptons e Mia
mencionou encontrá-lo em Raine.
Eu sabia que eventualmente sua família viria me procurar. Embora,
pensei que pelo menos teria algum tempo para descobrir
o que realmente aconteceu com Nicco antes que eles
batessem na minha porta.
Acho que isso não está acontecendo... e agora também
percebo por que ele parecia tão familiar quando o vi pela primeira vez.
Aquela foto na casa de Nicco em Hampton era dos dois, embora
fossem muito mais jovens. Eu tinha razão; ele é mais gostoso do
que Nicco jamais foi. Querido Deus, Addison, controle seus
hormônios porque agora não é a hora, especialmente quando
ele quer que você morra!
Embora, em minha defesa, eu nunca tenha tido essa reação a
ninguém antes, então não tenho certeza de como agir. Agora que tenho
um nome, percebo que combina com ele. Cole...
— Eu... eu não matei ninguém. – digo, embora não soe crível por
causa do tremor em minha voz agora.
— E eu só gosto de me vingar de pessoas inocentes por
diversão. – ele diz enquanto revira os olhos. Esse cara precisa
parar com a atitude e os comentários sarcásticos porque é irritante
demais.
— Bem, com base no que sei até agora, eu não ignoraria isso. –
murmuro baixinho.
— Bem, ninguém pediu sua opinião... – ele diz, opa, acho que ele
me ouviu..
— Suponho que você conheça Mia. – pergunto timidamente, porque
não tenho certeza se ele vai aceitar minhas perguntas, já que me odeia.
— Sim, eu sei, ela era, afinal, a namorada do meu irmão… Aquele
que você matou, e é aí que eu estou realmente confuso porque, por que
você mataria o namorado da sua melhor amiga? Você estava com inveja
ou algo assim? Foi porque eles tinham mais dinheiro do
que você? Porque eles se amavam muito? Por quê? O que
leva alguém a matar seu melhor amigo a sangue frio? –
Sua voz fica mais irritada com cada pergunta adicional que
ele faz e eu me afasto um pouco dele.
— Eu não matei ninguém! – digo de novo, mesmo que não acredite
em minhas próprias palavras. Vou dizer isso de novo e de novo até
conseguir, porque sei que não o matei, mesmo que não haja
provas e mesmo que eu mesma não tenha cem por cento de
certeza.
Só tenho que sair daqui e encontrar o dono daquele
bilhete porque, segundo ele, ele tem todas as respostas. Embora eu nem
tenha certeza se devo confiar em algum estranho que está apenas
brincando comigo.
— Nunca tive inveja do amor deles ou de quanto dinheiro eles
tinham! Ambos eram meus amigos, independentemente do que
aconteceu entre eles!
— Bem, algo fez você matar meu irmão porque tenho a prova e o
que tenho mostra você como a assassina de sangue frio! – ele grita
comigo.
Não tenho forças para discutir com ele, então simplesmente não me
incomodo em responder às suas acusações.
— Só queria saber como Mia estava, já que provavelmente nunca
mais a verei. – digo com algum sarcasmo no meu tom, mas o
pensamento de nunca mais ver Mia faz com que uma pontada de dor
atravesse meu coração e isso leva lágrimas aos meus olhos.
— Confie em mim, ela está melhor sem uma vadia ardilosa em sua
vida. Mas vou conceder-lhe a informação que você não merece. Ela
voltou para Los Angeles para morar com os pais porque perder o
namorado e depois o desaparecimento da melhor amiga
foi demais para ela, então mencionei que ela deveria ficar
com eles por alguns meses.
— Você... você contou a ela sobre Nicco? – engulo em
seco enquanto espero por sua resposta.
— Você quer dizer, se eu disse a ela que sua melhor amiga
assassinou seu namorado a sangue frio?
Olho para longe dele porque seu olhar é tão intenso que
tenho dificuldade em olhar em seus olhos, especialmente
quando seu azul fica escuro com sua raiva.
— Sim. – eu mal sussurro. Mesmo que não o tenha matado a sangue
frio, Cole nunca vai acreditar em uma palavra que eu digo.
— Não, eu não disse a ela que sua melhor amiga era uma assassina.
Achei que poderia poupá-la da dor de descobrir esse pequeno detalhe,
especialmente quando a dita melhor amiga está desaparecida no
mundo.
Pelo menos ele não sabe que a declaração de eu ser assassina é
verdadeira, mas não de quem ele está me acusando de assassinar.
Suspiro alto porque tudo isso é apenas um show de merda épico.
Terminada a nossa conversa, ele sai do quarto e volta alguns
segundos depois com um pouco de sopa que ele me entrega — Coma
isso. – ele ordena.
— Por que você está me alimentando e cuidando de mim?
— Confie em mim, não é para seu benefício. Eu só preciso de mais
tempo para destruí-la e não é divertido se você for fraca e patética.
Claro, essa é a única razão para querer me manter viva. Eu suspiro.
Deus, de novo... se você existe, eu realmente te odeio!
Pego a sopa que ele me oferece e, depois de terminar
de comer, alguns minutos depois, sinto minha cabeça ficar
confusa e meu corpo está pesado.
— O que... o que você fez com isso?
— Apenas algo para ajudá-la a dormir e conservar sua energia
porque você vai precisar. – Essa é a última coisa que ouço antes de
tudo ficar escuro novamente.

Quando acordo novamente, todo o quarto está envolto em


escuridão. Levo um minuto apenas para me orientar e, quando
percebo onde estou, pulo da cama. O fio do soro me puxa para
trás e então paro para arrancá-lo do meu braço antes de
continuar minha busca para sair daqui.
Corro até as janelas para ver se consigo sair por lá, mas há grades
nelas, então não há como sair pelas janelas.
Tento o banheiro ao lado para ver se há alguma coisa que eu possa
usar como arma. Entro e acendo as luzes e, se não estivesse tão
desesperada para sair daqui, apreciaria o quanto incrível é este banheiro.
Há uma enorme banheira de hidromassagem aqui que eu adoraria
mergulhar e relaxar enquanto alivia todo o estresse que meu corpo
sofreu nos últimos dias.
Percebendo que estou perdendo muito tempo olhando para este
banheiro, corro até os armários para ver se há algo para usar, mas volto
com as mãos vazias novamente. Não há nada aqui que
possa me ajudar a escapar.
Não encontrando nada aqui, desisto e volto para o
quarto. Olho para a porta e, em seguida, caminho até ela.
Para verificar se está aberta ou não. Para meu choque total, quando
giro a maçaneta, ela se abre.
Eu abro um pouco antes de colocar minha cabeça para fora.
Olho em volta e vejo que não há ninguém, e isso me impulsiona
porta afora. Corro em direção às escadas e desço correndo as
escadas. O andar de baixo está escuro e tento ficar quieta
enquanto me movo pela casa.
Volto para a porta da frente e vejo que a luz do teclado está
vermelha, o que significa que está trancada. Ugh, por que as coisas não
poderiam ser simples uma vez? Eu bufo antes de me esgueirar até a
cozinha.
Está escuro aqui, acho que era de se esperar, já que é - olho
para o relógio - meia-noite. Ando até a porta que fica no fundo
da cozinha e descubro que esta também tem teclado e a luzinha
vermelha está ali, zombando de mim.
Viro com a intenção de dar a volta na casa para ver se há outra saída
quando uma luz apagada do outro lado da cozinha me chama a atenção.
Eu me aproximo e abro mais a porta. Há escadas que levam para baixo
e, embora eu saiba que é uma má ideia, desço na ponta dos pés.
Lentamente caminho até o fundo, aonde chego a um corredor.
Minha mente está gritando para eu me virar porque é uma má ideia, mas
minha curiosidade está levando a melhor sobre mim. E se houver uma
saída daqui? Como um daqueles túneis secretos ou algo assim?
Enquanto ando pelo corredor, a dor lateja em meu abdômen. Estou
pensando que isso é um sinal me dizendo para não ir mais longe, mas
continuo indo mais longe, de qualquer maneira.
Passo por quatro portas no caminho e espio cada porta,
mas não consigo ver nada. Está estranhamente silencioso
aqui embaixo, mas isso não dura muito porque um grito cheio
de dor cruza o ar quieto e estagnado, me paralisando no meio do
caminho.
Eu lentamente me aproximo da única porta que está aberta e
o que vejo lá dentro me deixa imóvel. Eu não poderia me
mover se quisesse agora.
A primeira coisa que se nota são as cobras! Sim, você me
ouviu direito, malditas cobras!! Um arrepio involuntário percorre meu
corpo porque odeio cobras e tenho pavor delas. Elas enchem todo o
fundo e as duas paredes laterais com caixas de vidro, e cada caixa tem
uma cobra dentro.
Algumas delas são enormes em comparação com outras, e minha
pele se arrepia ao vê-las. Em que diabos esse cara está se
metendo? Isso é como um fetiche dele ou algo assim?
Mesmo que as cobras sejam muito assustadoras, não é isso que tem
minha total atenção. A única coisa que me prende no lugar agora é
Cole…
Bem, mais como a visão dele na minha frente. Ele está com a calça
do terno e uma camisa branca de botões que enrolou até os cotovelos.
Porra, esses são alguns braços musculosos.
Seus braços estão cobertos de sangue e toda a frente de sua camisa,
posso ver que ambos os braços têm tatuagens. Como eu nunca percebi
isso antes está além de mim. Então, novamente, a maioria das vezes que
ele já passou comigo foi apenas para me causar algum mal.
Outro grito aterrorizante me tira dos meus pensamentos, e eu olho
para ele novamente. Há um homem amarrado a uma mesa de metal na
frente dele. Suas mãos estão acima da cabeça com
algemas amarradas aos pulsos e suas pernas estão
algemadas.
Essa é uma visão que conheço muito bem e assim que o
pensamento involuntário passa pela minha cabeça, eu o afasto. Meu
cérebro está me dizendo para fugir, mas ainda não consigo mover
meus membros porque eles não cooperam comigo.
Cole pega o que parece ser uma tesoura de sebe e faz um
corte direto na perna do cara enquanto mais gritos saem dele.
— O que eles têm contra mim e por que você estava no
cais junto com seus amigos? – Eu o ouço perguntar ao homem.
— Seu desgraçado! Você não vai se safar disso! Os federais virão
atrás de você em breve! – O homem responde e isso parece incomodar
Cole porque ele levanta a tesoura e faz um corte enorme no abdômen.
Há sangue por toda parte, e Cole nem parece se importar que cubra
a maior parte de seu corpo. Ele parece estar gostando disso.
— Acredite em mim, eles não vão conseguir encontrar você quando
eu terminar com você, e eles não têm nada contra mim ou teriam feito
algo nas docas. – ele diz com toda a confiança do mundo.
O corpo do homem agora está cheio de cortes profundos e me sinto
enjoada só de olhar para ele. Cole se afasta dele por um segundo,
caminhando até uma caixa de vidro que eu não havia notado antes. Ele
abre a porta e eu engulo ao ver uma enorme cobra na sala de vidro. É
grande demais e sinto calafrios na pele só de olhar para ela.
Ele olha para o homem. — Conheça minha píton reticulada. Espero
que goste porque eu gosto, imensamente. – ele diz para o cara enquanto
sorri para ele. Com isso, ele caminha de volta para o
homem e o levanta nos ombros antes de voltar para a sala
de vidro.
— Por favor, não… – o homem implora, mas Cole não
liga para ele.
— Meu bebê está com fome há cerca de uma semana e acho que
já é hora de ela comer alguma coisa… você não acha? – ele dá
um sorriso sinistro e eu observo, horrorizada, enquanto ele
joga o homem na sala antes de fechar a porta.
Ah, querido Deus! Ele não está prestes a fazer o que eu
acho que está prestes a fazer, certo? Quero dizer, ninguém é tão louco,
certo?
Alguns minutos depois, minha pergunta é respondida quando gritos
ecoam na sala. Olho na direção da sala envidraçada e vejo que a píton
já se enroscou no homem e o está apertando.
O cara está implorando para Cole deixá-lo sair, mas todos na
sala estão apenas olhando para o que está acontecendo e não
fazendo nada. Eles têm expressões variadas em seus rostos, variando de
animação a medo.
Essa besta continua se espremendo em torno do corpo do homem e
isso faz com que seus olhos saltem de sua cabeça, tornando o branco de
seus olhos vermelhos. Seus gritos são arrepiantes e eu já sei que não vou
conseguir tirar isso da minha cabeça.
No segundo seguinte, ela desliza pelo corpo dele e abre a boca.
Quando sua boca passa por cima de sua cabeça, é quando meu próprio
grito me deixa. CARALHOOOO!!!
Cole vira a cabeça para olhar para mim e sorri. Sério, esse idiota
enlouquecido está sorrindo logo depois de deixar um cara ser comida de
cobra?! Antes que eu saiba o que estou fazendo, minhas pernas
finalmente decidiram que podem funcionar novamente e
saio correndo.
Eu nem espero para ver o que acontece porque saio de lá
tão rápido como se minha bunda estivesse pegando fogo e
pode muito bem ser porque o que aconteceu lá estava além de qualquer
coisa que meu cérebro possa compreender agora. Tenho certeza de
que o que quer que aquele cara tenha feito não foi tão ruim quanto
o que Cole pensa que eu fiz.
Ah meu Deus, isso não vai acabar bem para mim, eu sei
disso. Subo as escadas correndo enquanto as lágrimas
escorrem pelo meu rosto. Corro até a porta da cozinha novamente e
começo a bater na porta, tentando sair.
Pego o vaso na mesa da cozinha e viro para a porta antes de jogá-lo
o mais forte que posso. O vaso quebra, mas a porta de vidro ainda está
intacta. Por que eu pensei que seria tão fácil?
— Tsk tsk, cordeirinho. Alguém foi travesso, saindo da cama
quando não deveria... – Eu o ouço dizer bem atrás de mim. Eu me viro e
fico cara a cara com ele, ainda coberto de sangue.
— Fique... fique longe de mim, seu doente de merda! – grito com
ele enquanto caminho lentamente ao redor da mesa.
— Ele mereceu e o meu bebê precisava de comida. – ele diz
casualmente, como se não fosse grande coisa enquanto continuo
avançando lentamente ao redor da mesa porque estou pirando cada vez
mais a cada segundo. Vou acabar virando comida de cobra também?
Esse pensamento me deixa desesperada para sair daqui.
— Você está doente! – E com essas palavras corro ao redor da mesa
e volto direto para o hall de entrada e depois para a sala de estar porque
sei que não conseguirei passar pela porta da frente.
Meu corpo bate contra a parede perto da entrada da
sala antes mesmo de dar dois passos e então sinto sua mão
envolver meu pescoço e ele aperta. A pressão na minha artéria
carótida me deixa tonta e, quinze segundos depois, perco a consciência
antes de desmaiar completamente.
A sensação de fogo em minhas veias faz meus olhos se
abrirem e um grito escapa de mim. Olho para cima e vejo Cole parado
acima de mim, puxando uma seringa do meu braço.
— Que diabos você fez? – resmungo porque sinto náuseas.
Que diabos ele injetou em mim?
Alguns segundos depois, minha mente parece distorcida e
sinto que estou alucinando, porque isso explica por que posso
ver meu pai parado na minha frente com facadas em todo o peito.
Grito porque não consigo mais dizer o que é real ou não. — Saia de
perto de mim! Você não é real... eu te matei! Você não é mais real,
porra! – eu não sabia naquele momento que Cole pensava que eu estava
confessando o assassinato de seu irmão, e as coisas não seriam
fáceis para mim nos próximos dias.
A imagem desaparece e sinto que estou flutuando no ar. Ele injetou
drogas em mim? Essa deve ser a única explicação razoável de por que
me sinto chapada agora.
— Quem diria que tudo o que eu precisava fazer para obter algumas
respostas era injetar heroína em suas veias. – ele diz, embora eu tenha a
sensação de que ele não está falando comigo, que apenas está refletindo
consigo mesmo.
— Eu... que respostas?
— Ah, você não se lembra de ter confessado ter matado meu irmão
alguns segundos atrás? – ele perguntou com uma voz cheia de ódio. —
Quebrar você vai ser muito divertido.
— Eu... eu não o matei. – Mal consigo acompanhar
o que ele está dizendo por que minha mente está se
sentindo bem agora. Tudo o que sinto é a droga e não há
espaço para a dor. Não consigo nem me lembrar das coisas
que geralmente me assombram.
— Hora de nos divertirmos um pouco. – ele diz, mas estou muito
no meu lugar ensolarado para prestar atenção nele. Até que tudo que
eu percebo é a dor disparando pelo meu corpo.
Ele me deitou em uma mesa de madeira ligeiramente
elevada do chão em um ângulo de quarenta e cinco graus. Ele
amarrou minhas mãos e tornozelos em cada extremidade do
suporte. Olho ao redor da sala e vejo que não estamos mais no quarto.
Quando chegamos aqui?
Ele se move para o meu lado e puxa uma alavanca, e eu sinto uma
dor instantânea em todo o meu corpo quando as pontas onde ele
amarrou minha mão se esticaram. Todo o meu corpo se estica, e
então ele para por um segundo.
— Por que você matou meu irmão? Você admitiu isso... então por
quê? – A euforia que eu estava sentindo antes se foi, deixando nada além
de dor e agonia em seu rastro.
— Eu não o matei. – eu tento dizer a ele, mas ele nem está
prestando atenção em mim porque ele se vira novamente e puxa a
alavanca mais uma vez. Gritos escapam de mim enquanto imploro para
que ele pare.
— Você tem que pagar pelo que fez! – ele está tão calmo, é como se
isso fosse uma coisa cotidiana para ele, mas acho que com base no que
vi antes, ele provavelmente faz esse tipo de coisa todos os dias.
A essa altura, a dor tornou-se insuportável e, devido ao alongamento
do meu corpo, sinto os pontos do meu ferimento à bala se abrirem. Eu
olho para o meu abdômen e estou certa, o sangue está
escorrendo pelo tecido da camisa que estou vestindo.
Não tenho ideia de quanto tempo ele mantém isso, mas,
eventualmente, a dor se torna demais para o meu corpo
aguentar e eu desmaio.

Estou fugindo porque tenho que sair daqui. Não é seguro. Estou
com muita dor e sei que eventualmente ele vai se cansar de brincar
comigo e vai me matar.
Não posso deixar isso acontecer porque sobrevivi tanto tempo
e seria uma tragédia morrer nas mãos desse monstro.
A imagem em minha mente muda para o cara na caixa de vidro com
a cobra enrolada em seu corpo, espremendo a vida dele.
Ela então abre a boca pronto para engoli-lo e eu grito muito
porque é uma visão tão horrível.
Sou acordada do sono e percebo que estava gritando alto porque
minha garganta dói. Desde aquele dia naquela sala, tenho tido pesadelos
com todas aquelas cobras, principalmente aquela que estava com tanta
fome que provavelmente engoliu aquele homem inteiro. Mesmo que eu
não tenha ficado por perto para ver isso realmente acontecer, minha
mente tem evocado as imagens para mim. Arrepios percorrem meu
corpo só de pensar nisso.
Faz uma semana desde que Cole atirou em mim pelas costas.
Felizmente, a bala passou direto, então não deixou
nenhum fragmento dentro de mim. Com a sorte que tenho,
tenho certeza de que se houvesse algum fragmento dentro
de mim, provavelmente teria morrido ou algo assim
imediatamente.
Não é à toa que havia sangue saindo pela frente do meu abdômen.
Já se passou uma semana e, embora esteja cicatrizando, ainda dói
muito.
Desde aquela noite em que quase tive meus ossos
arrancados, ele me deu algum espaço para me curar. Tive que
suturar novamente o ferimento à bala, e foi doloroso porque já estava
começando a cicatrizar.
Não poder me mover muito na semana passada atrapalhou meus
planos de fuga. Embora não doa muito hoje, então talvez eu tente
novamente.
Também não sei onde estamos ou a que distância da cidade mais
próxima estamos. Não poderia haver ninguém por perto por quilômetros
ou poderia haver uma cidade em algum lugar próximo.
Só preciso descobrir uma maneira de sair daqui e, em seguida,
descobrir o que fazer depois. Eu suspiro. Quando as coisas ficaram tão
complicadas de novo? Ah, certo, quando acordei ao lado do cadáver de
Nicco naquele armazém...
Tive tantos pensamentos atormentadores durante a semana. Toda
vez que fecho meus olhos, é Nicco naquele caixão ou cobras que me
mantêm acordada à noite. Estou perdendo a cabeça porque ele injetou
drogas em meu sistema mais três vezes desde a primeira dose. Se
continuar assim, eventualmente, vou se dependente das drogas e isso não
é bom.
Ele verificou se eu ainda estava viva, mas sei que não
é porque ele se importa. Não, ele só quer aproveitar meu
sofrimento. Às vezes, porém, quando ele pensa que não estou
olhando, acho que vejo pequenas faíscas de atração entre nós, mas
quando pisco já se foi.
Nós dois estamos sofrendo com essa estranha tensão, embora
nos odiemos. Não tenho ideia do que fazer com isso, porque se
eu tivesse a chance de matá-lo, eu o pegaria. Porque enquanto
ele estiver vivo, nunca serei livre.
Há uma batida na porta que me tira dos meus pensamentos e
Abigail, uma de suas empregadas, enfia a cabeça no meu quarto.
— Sr. Mancini pede que você vá para a sala de jantar para jantar
esta noite, ele, hum... – ele disse que lhe deu tempo suficiente para
descansar e que você não chegará ao seu ponto de ruptura se ele não
levá-la até lá... ela me diz e suas bochechas estão vermelhas, acho
que ela não queria repetir nada disso.
— Diga a ele que estou bem e que continuarei comendo minha
comida no meu quarto, como tenho feito desde a semana passada.
— Humm, acho que você não tem escolha...
— Apenas dê o fora! – grito com ela e ela sai do quarto rápido
quanto entrou. Não quero ser uma vadia arrogante com ninguém na casa
dele porque eles estão apenas cumprindo ordens e quem sabe se ele os
está ameaçando. Eu me sinto mal por ter gritado com ela, mas comer
com ele não é uma das coisas na minha lista de coisas para fazer.
Estou mal-humorada porque estou confinada neste quarto há uma
semana sem escapatória. Sim, é um degrau acima do porão, mas ainda é
outra prisão.
A porta deste quarto está sempre trancada por fora e
as janelas têm grades de metal para que não haja como
sair por lá.
Não há nem armas no banheiro que eu possa usar se
alguém entrar neste quarto para sair daqui. Estou ficando louca e
quanto mais tempo fico aqui, mais parece que estou perdendo o
controle.
Juntamente com o fato de minhas noites sem dormir, estou
pronta para explodir e cometer assassinato em massa
novamente.
Alguns minutos depois, Frank entra no meu quarto sem bater e está
com uma expressão séria no rosto, como sempre. Sinto que se ele tivesse
permissão para me matar, não hesitaria em fazer isso.
Desde que o vi algumas semanas atrás, ele não me deu nada além de
olhares de morte desagradáveis sempre que nos cruzávamos.
Acho que se você pensasse que alguém matou seu amigo, também
ficaria bravo. Pelo menos agora, sei que minha teoria de que ele era um
guarda-costas estava certo quando descobri que ele trabalha para Cole e
ele era, de fato, o guarda-costas de Nicco.
Eu me pergunto onde diabos estavam na noite da festa de
Halloween se deveriam estar o protegendo. Ainda perdi algo que ainda
não consegui descobrir e isso está me deixando louca.
— Levante sua bunda assassina e vamos embora! Cole não vai
esperar para sempre por você. Se ele tiver que vir aqui por causa de
você, provavelmente esquecerá seus ferimentos e fará algo ainda mais
louco com você.
— Você pode parar de me insultar, seu imbecil? Eu já te disse, que
não matei ninguém!
— A prova no vídeo não mente! Agora, vamos!
Foi o que ele disse há uma semana, embora Cole não
tenha mencionado nada sobre um vídeo, tudo o que ele disse foi que
tinha provas. Eles supostamente têm um vídeo comigo e Nicco no
armazém. Não me lembro de ter visto mais ninguém lá ou mesmo
visto uma câmera, embora eu não estivesse olhando e estivesse
enlouquecendo, então, mesmo que houvesse, não teria notado.
Sou arrancada de meus pensamentos quando Frank me
arrasta para fora da cama e eu caio com um baque no chão
antes que ele me levante e me arraste atrás dele escada abaixo e para a
sala de jantar porque não podemos deixar Sua Alteza esperando.
Ele me deixa na frente da entrada da sala de jantar antes de sair e eu
fico ali sem saber o que fazer a seguir.
— Você está planejando jantar aqui fora? – Sua voz diz vindo logo
atrás de mim e um grito agudo escapa de mim enquanto ele apenas ri.
Nossa, esse homem deveria vir com um sinal de alerta ou algo
assim. Para um cara tão grande, ele realmente sabe como se aproximar
de alguém, como algum tipo de ninja ou algo assim.
— Fui convocada para jantar pelo rei tirano, então aqui estou. – Não
consigo evitar o sarcasmo em minha voz enquanto me afasto dele e entro
na sala de jantar.
— Fico feliz que você entenda quem é o governante deste lugar. –
ele diz com um sorriso em sua voz.
Tudo neste lugar é cheio de muita riqueza e não de um jeito eu sou
mais rico que você, mas de um jeito mais clássico e
maneira bonita. O decorador de interiores deste lugar
precisa de um aumento.
Ele me segue até a sala de jantar e se senta na cabeceira
da mesa e eu ando até o assento mais distante dele, mas ele não aceita
porque aponta para o assento ao lado dele.
— Mude de lugar. – ele me diz enquanto apenas continuo
sentada lá com o que espero ser um olhar indiferente no meu
rosto. Estou cansada desse tipo de homem pensando que pode
me controlar e me possuir. Não vou deixar essa merda
acontecer de novo, então ele que se foda!
— Se eu mesmo tiver que movê-la, não será agradável. – ele
resmunga e, caramba, por que sua voz estúpida tem que ser tão sexy e
autoritária? Até mesmo seu resmungo tem um toque sexy. Eu culpo meu
pai por ser atraída por monstros agora.
Mais tarde, vou me perguntar por que estava ignorando suas
ameaças e continuo o pressionando, mas agora não me importo
porque pressioná-lo é bom. É como uma batalha de vontades
entre nós, ou apenas algumas preliminares estranhas que podem ou não
levar ao ódio sexual. Só podemos esperar…
Que diabos há de errado com você, Addison? As mulheres ao redor
do mundo provavelmente iriam julgá-la agora.
Não posso passar o resto da minha vida aqui porque ele
provavelmente vai me matar quando eu me tornar chata para ele. Argh!
A injustiça da minha vida! Quer saber, universo, foda-se você também!
Ouço sua cadeira sendo empurrada para trás, e isso me coloca em
ação, eu saio correndo da minha cadeira e corro direto para a sala de
jantar. Não tenho ideia de para onde estou indo, mas qualquer lugar é
melhor do que estar ao lado dele agora.
Eu o ouço vindo atrás de mim, caramba, ele é
rápido! Cheguei à porta da frente e, embora saiba que
está trancada, ainda tento abri-la. Ugh! Eu viro tão rápido
que estou surpresa por não ter me dado uma contusão no
pescoço assim que ele vem para ficar na minha frente. Pego o
vaso ao meu lado e o seguro na minha frente, pronta para atacar.
— Como eu disse antes, você só vai conseguir sair daqui se eu
permitir.
Levanto o vaso com a intenção de atingi-lo na cabeça,
mas ele é muito mais rápido porque o arranca de minhas mãos
e me agarra pelo pescoço antes de bater minhas costas contra a
porta. Minha cabeça bate na porta e, porra, isso dói. Minha visão fica
turva por um segundo e acho que estou vendo estrelas.
— Parece que você está se sentindo melhor agora. Você não parece
ter mais dor em seu corpo, então acho que poderemos continuar com
nosso pequeno tempo de jogo em breve. – ele sorri.
— Saia de cima de mim, seu psicopata! – grito com ele, mas
ele nem me escuta. Eu tento agarrar suas mãos, mas não tem
efeito sobre ele. Ele apenas me arrasta de volta pelo pescoço para a sala
de jantar novamente.
Desta vez, ele me coloca no lugar ao lado dele antes de se sentar
novamente. Um minuto depois, seu chef traz nossa comida.
— Não consegue nem conseguir sua própria comida, filho da puta
rico e mimado. – murmuro baixinho. Você pode odiar alguém e ao
mesmo tempo querer agarrá-lo?
— O que é que foi isso? Se há algo que você precisa desabafar,
faça-o sem murmurar, nem todo mundo entende a linguagem das
pessoas estúpidas.
— Eu não sou estúpida, seu idiota egoísta! E sabe de uma coisa?
Você pode se foder porque meu QI provavelmente é
significativamente mais alto que o seu. A única coisa que
você tem a seu favor é seu dinheiro idiota... Se alguém tirar
todo o seu dinheiro, tudo o que você terá é bem... Você...
— Ahhh, você está tentando ferir meus sentimentos? Porque se
for, então não vai funcionar porque eu não tenho nenhum. Você tirou a
última parte do meu coração que tinha algum sentimento quando
assassinou meu irmão a sangue frio.
Suas palavras me fazem estremecer, e não posso nem
responder a ele agora porque ele pode estar certo. Talvez eu
matei Nicco e mereço tudo o que ele fez e provavelmente fará
comigo.
Pare com isso agora, Addison! Você não merece nada disso!
Vendo que ele me deixou sem palavras, ele olha para mim com
diversão em seus olhos. Ah ótimo, estou divertindo esse psicopata.
Mencionei que falar besteira era meu mecanismo de defesa? Porque
eu continuo com o meu discurso. — ... E eu estou dizendo a você,
amigo, não é muito para se olhar!
Dou a ele o que eu espero ser um olhar indiferente, percorrendo
meus olhos para cima e para baixo na parte superior de seu corpo
vestido de terno. Estou mentindo porque ele é provavelmente o cara
mais gostoso que já vi e toda vez que olho para ele, parece que meus
ovários querem pular para fora do meu corpo e se prender a ele.
Definitivamente, não vou deixá-lo saber disso porque ninguém
precisa mais acariciar seu tamanho supergrande demais do ego. Ele
provavelmente tem sua escolha de mulheres para escolher todos os dias,
e não posso explicar por que meu corpo traidor está com ciúmes desse
fato.
Vou apenas atribuir isso ao fato de que não faço sexo,
não sendo estuprada há... sempre.
Ele apenas olha para mim imperturbável com minhas
palavras, porque com sua confiança, ele já sabe o quanto bonito ele é.
Droga, só de olhar para ele me dá vontade de dar um soco na cara
dele. Ele tem uma cara socável.
— Já que estamos discutindo aparência, você
provavelmente poderia ganhar alguns quilos porque parece
que seu esqueleto está lutando para sair de seu corpo. – ele diz
em tom de conversa. Eu suspiro. Ah não, ele não apenas...
— Bem, talvez se não me mantivesse na porra da sua masmorra,
então eu estaria perfeitamente bem, idiota! – grito, com minha voz
aumentando junto com a minha raiva. Como se fosse minha culpa eu
estar morrendo de fome.
Ele apenas me ignora e come sua comida. Ele corta o bife
com tanta precisão... Tenho a sensação de que ele sabe usar uma
faca para cortar as coisas muito bem. Mas, novamente, eu também. Olho
para o meu prato e vejo que tenho as mesmas coisas e também tenho
minha faca.
Ele não sabe sobre o meu passado, porque ele me daria uma faca?
Esta é provavelmente a coisa mais idiota que já fez, mas me beneficia.
Meu estômago escolhe aquele momento para roncar alto, e minhas
bochechas ficam vermelhas de vergonha. Filho da puta, meu corpo pode
não me trair por uns 5 segundos? Putz... Estou com fome, mas a
adrenalina que bombeia pelo meu corpo com o que estou prestes a fazer
está me deixando enjoada, então não consigo me concentrar em comer.
Tenho que fazer isso com cuidado quando ele não está prestando
atenção em mim.
Parece que ele não terminou com seus comentários
insultantes porque ele apenas continua: — Você também
pode ter mais peitos e um pouco de maquiagem não faria
mal. Você parece ter cinquenta anos. Mas você não tem vinte
e dois anos? Ah cara, esse cara! Ele acha que é hilário pra caralho.
Pego a faca em minha mão e espero enquanto sua atenção volta
para sua comida e assim que vejo que ele não está mais prestando
atenção em mim, aperto a faca com mais força na palma das
minhas mãos antes de me lançar sobre a mesa para ele.
A comida respinga em todos os lugares e eu enfio minha
faca em sua perna e antes mesmo de registrar o que está acontecendo a
seguir, ele me prende de cara na mesa. Ele se levanta da cadeira e a
empurra para trás. Ele me move, então estou na frente dele agora, mas
ainda presa à mesa.
— Tsk, tsk, você estava indo tão bem, mas agora, vou ter que te
ensinar uma pequena lição... vadias mal-humoradas sempre me
deixam duro como uma pedra. – ele sussurrou a última parte em
meu ouvido e imediatamente enrijeci. Ele esfrega sua ereção
contra a minha bunda, e ele está duro como uma rocha agora.
— É hora de me divertir de verdade com você antes de voltar a
quebrar você. – ele diz, e com isso ele abaixa minha legging até que ele
mostre minha bunda para ele.
Ele passa as mãos pela minha bunda antes de acertar um tapa forte
que me faz gritar. Ele então move a mão para baixo antes de enfiar dois
dedos dentro da minha boceta. Ele os empurra para dentro e para fora
enquanto grito a plenos pulmões para ele me soltar, tentando ficar longe
dele. Não adianta porque ele é muito mais forte do que eu e empurra
meu rosto com mais força contra a mesa.
Seus dedos empurrando dentro de mim ficam mais ásperos a cada
segundo e grito mais alto enquanto tento me afastar dele. No segundo
seguinte, ouço o som inconfundível da fivela do cinto
sendo aberta antes que o zíper seja abaixado.
Eu sinto a cabeça de seu pau na minha entrada antes que
ele a enfie em uma estocada longa e forte. Eu grito como ele é
grande pra caralho e como ele estica minha boceta ao máximo. Ele
move seus quadris e algo parece estranho dentro de mim...
Puta merda! Isso é um piercing?
— Porra, sua boceta é tão apertada! – ele geme tão alto
de prazer. Ele está sentindo todo o prazer enquanto me sinto
vazia, do jeito que eu costumava sentir quando meu pai me
fodia. O mero pensamento de meu pai me faz perder o controle.
Porra!! Não, não, não, não!!! Eu não fiz sexo com ninguém desde
meu pai e, de repente, imagens dele me fodendo assim vêm passando
pela minha mente como se fosse uma apresentação de slides. Isso me
deixa enlouquecida e eu me esforço mais para tentar me livrar dele.
Lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto porque minha mente
pensa que é meu pai por causa de como Cole está fodendo comigo. Ele
nem presta atenção no que está acontecendo comigo. Suas estocadas são
punitivas e ele me foder não é por prazer, mas por punição pela minha
desobediência anterior.
Não há como escapar de sua força bruta, mas de repente, depois de
uma estocada especialmente forte em mim, não sei de onde vem a força,
mas o empurro para longe de mim. Pego a faca e viro de frente para ele.
A faca na minha frente era minha única proteção contra ele.
Estou pirando agora e não consigo me acalmar. — Seu maldito
psicopata! Você sempre sai por aí estuprando pessoas assim?! – grito
enquanto as lágrimas ainda estão escorrendo pelo meu rosto. As
memórias de meu pai ainda estão recentes em minha
mente.
— Pareço que dou a mínima? Pego o que diabos eu
quiser quando quiser. Além disso, essa boceta presa à vadia
assassina na minha frente agora, é muito apertada…
Suas palavras... ele não pode estar falando sério agora, pode? De
qualquer forma, não me importo, porque tudo o que vejo é
vermelho e lanço-me contra ele novamente. Ele está preparado
para mim desta vez e me agarra pelo pescoço, apertando antes
mesmo que eu tenha tempo de chegar perto dele o suficiente
para causar algum dano.
Vejo outra seringa em sua mão e luto para fugir novamente, mas ele
facilmente me domina e, desta vez, ele enfia a agulha em meu pescoço
antes de liberar o conteúdo em meu corpo.
Ele me vira para que fique de costas para ele antes de me curvar
e me penetrar com tanta força que solto um grito agonizante. Se eu
achava que suas estocadas eram fortes antes, não é nada
comparado ao quanto brutal ele é agora. Sua mão que ainda
está em volta da minha garganta aperta até que eu veja pontos brancos
em minha visão. Quando penso que estou prestes a desmaiar, ele
finalmente solta meu pescoço.
A droga no meu sistema funciona enquanto ele continua penetrando
e, alguns segundos depois, quero morrer porque sinto a umidade
escorrendo pelas minhas pernas e porque simplesmente não consigo
fazer uma pausa, ele também percebe isso. Agora estou tendo
dificuldade em controlar meu corpo e a sua reação ao que está
acontecendo comigo.
— Ooh, você está amando isso, não é, sua vadia! Eu posso sentir
você chupando meu pau. – ele geme em meu ouvido antes de me dar
uma mordida no pescoço e chupar aquele ponto com força enquanto ele
se estende sobre mim para pegar algo da mesa.
É um pedaço de bife... quem diabos come durante o
sexo? O que ele faz a seguir me choca, porque que porra é
essa? Além de ser um psicopata maluco, ele também gosta de
coisas esquisitas.
Ele pega o pedaço de bife e o esfrega na minha boceta, depois em
nossa umidade antes de trazê-lo até meus lábios.
— Abra a boca. – ele me diz, e eu balanço a cabeça
negativamente, porque que tipo de merda é essa? Ele agarra
minhas bochechas e aperta com tanta força que não tenho
escolha a não ser abrir a boca. Ele enfia o pedaço de bife na minha boca
e o cobre com a mão.
— Qual é o nosso gosto? – ele pergunta com uma voz rouca que soa
tão sexy até que ele abre a boca novamente. — É melhor você comer
tudo ou eu mesmo enfio na sua garganta! Na verdade, tenho um lugar
melhor para colocá-lo. Eu mastigo já que não há outra escolha
agora. Quero dizer, não tem gosto ruim, mas definitivamente
está na lista de coisas estranhas que podem acontecer.
Ele tira seu pau de mim e então se inclina para pegar outro pedaço
de bife, que ele traz de volta para a entrada da minha boceta e enfia
dentro de mim. Ele o move para dentro, esfregando todos os meus
fluídos, antes de tirá-lo e enfiá-lo na minha boca.
Não tenho escolha a não ser mastigar e engolir de novo e, assim que
termino com isso, ele me empurra de cara na mesa novamente com uma
de suas mãos me segurando, e ele traz a outra mão até os lábios da
minha boceta. Ele enfia dois dedos antes de acrescentar mais. O que
diabos ele está fazendo?
— Vamos ver o quanto essa boceta pode ficar mais apertada. – ele
diz antes de finalmente colocar todo o seu punho lá. Porra! Isso dói
tanto. Ele mexe um pouco o punho e eu solto um grito. A
sensação eufórica de estar chapada junto com o prazer de
ele mover seu punho dentro de mim é demais para os meus
sentidos e parece que está sobrecarregando meu sistema.
Ele deve perceber o que está acontecendo porque ele tira seu
punho de mim e enfia seu pau dentro de mim novamente, penetrando
ferozmente com energia renovada. Esse cara tem alguns fetiches
estranhos... Ainda estou curvada, me perguntando o que diabos
aconteceu.
Alguns minutos depois, depois de penetrar algumas
vezes, ele goza dentro de mim e seu orgasmo desencadeia o meu e, em
segundos, estou gozando em todo o pau dele.
— Você é uma puta sem vergonha. Você gostou disso, não é? Qual
foi a sensação de gozar no meu pau? – ele pergunta enquanto sai de mim
e me empurra para longe.
A sensação de gozar e os efeitos das drogas confundem minha
mente com pensamentos, mas estou ciente de como acabei de gozar com
ele me fodendo e estou tão envergonhada do meu comportamento.
Lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto agora porque não consigo
lidar com todas as emoções girando dentro de mim. Ele arruma suas
roupas e então me agarra pela frente da minha jaqueta.
— Isso é por me esfaquear na perna e amanhã você vai ver em
primeira mão o que faço com as pessoas que me irritam. – ele diz antes
de um soco me atingir bem no rosto, me nocauteando.
Um grito arrepiante me acorda e meu corpo estremece
como se eu tivesse acabado de ser eletrocutada. Estou
desorientada, então levo um minuto para me orientar. Tento me mover
e é quando percebo que estou amarrada a uma cadeira no que parece ser
o interior de um armazém. Ótimo! Outro...
Minha mente está grogue e levo um minuto para me
lembrar do que aconteceu e por que me sinto assim. Eu fecho
meus olhos e solto um suspiro porque é a única coisa que
provavelmente vai me acalmar agora.
Memórias de Cole injetando drogas em meu sistema surgem em
minha mente. Não consigo esquecer a sensação de estar chapada e como
era bom quando ele estava me fodendo. Assim que esse pensamento
passou pela minha cabeça, tive vontade de me dar um tapa na cara.
Como diabos ele me fez gozar enquanto estava me
estuprando? Estou tão enojada comigo mesma agora. Agora que
as drogas passaram, preciso de mais. Merda! Isso não é bom…
Estou ficando viciada nisso e não é isso que eu quero. Minha pele parece
estar coçando muito e quero coçá-la, mas não consigo mover um
músculo com as mãos amarradas.
Meu rosto dói por causa do soco que o filho da puta me deu. Ugh,
eu gostaria de poder dar um soco na cara dele! Por que sou eu que estou
sempre sofrendo?
Um gemido cheio de dor na sala me tira fora dos meus
pensamentos, e eu levanto minha cabeça para ver o que fez aquele som
quando meus olhos colidiram com uma mulher.
Ela está amarrada a uma mesa a cerca de meio metro de mim, há um
cara pendurado no teto pelos pés e outro deitado em uma mesa cujo
peito está nu com uma pequena caixa de vidro sobre o abdômen. Ele
grita para o ar enquanto resiste para tirar a caixa de seu
abdômen, e eu levo um momento para perceber que algo
está se movendo dentro da caixa e o que está acontecendo.
Ah, meu Deus... são aqueles ratos?!
Ah, meu Deus, ah, meu Deus, ah, meu Deus!!! Os ratos estão
comendo ele vivo agora! Eu gostaria de poder cobrir meus ouvidos
para abafar os gritos cheios de dor que ele está soltando, mas com
minhas mãos amarradas à cadeira, não posso fazer nada além
de ouvir seus gritos. Nesse momento, Cole entra na sala com
um enorme sorriso no rosto.
— Ah que bom, você acordou! Não queria que você perdesse isso!
Estava ansioso para lidar com esses ratos. – Engulo em seco porque esse
cara está seriamente fodido da cabeça. Ele quer dizer as pessoas ou os
ratos reais?
Ele caminha até a mulher amarrada à mesa primeiro e pega uma
coisa de ferro de aparência estranha que é curvada e afiada nas
pontas.
— Este aqui é um estripador de seios e mal posso esperar para usá-
lo em você. Agora, Nora, quem foi que informou aos federais que meu
carregamento estava nas docas?
— Vá se foder! Não vou lhe contar nada! – ela grita com ele.
— Tudo bem. Como quiser. Tenho maneiras de fazer as pessoas
falarem. – ele diz, agarrando o estripador de seios.
Ele o coloca em sua pele nua logo acima dos seios e depois
pressiona, certificando-se de que perfura sua pele antes de puxá-lo para
baixo. Isso faz com que a pele dela abra enquanto ele puxa, e o sangue
jorra instantaneamente de suas feridas. Seus gritos são tão altos e
arrepiantes, é daquele tipo que te assombra e tenho a sensação de que
vou ouvi-los em meus pesadelos por um tempo.
Não suporto mais olhar para eles, então viro a cabeça
olhando para os meus pés, mas ele não aceita isso porque
ordena que um de seus homens fique atrás de mim e vire
minha cabeça em sua direção novamente.
Cole olha para mim. — Isso acontece com pessoas que me irritam
ou mexem com as coisas que me interessam. – Engulo em seco
porque, na cabeça dele, fiz o impensável e é apenas uma questão
de tempo até chegar a minha vez.
Tudo isso é apenas um jogo mental que ele está jogando
para me deixar saber do que ele é capaz e não vou mentir,
estou morrendo de medo desse homem. Ele é frio e muito mais cruel e
letal do que meu pai jamais foi.
Não consigo entender por que ele está prolongando o inevitável. Por
que ele simplesmente não me mata e acaba logo com isso? Embora,
não é como se eu estivesse pronta para morrer ou algo assim.
Os gritos de Nora me tiram dos meus pensamentos
novamente. O sangue está pingando da mesa e no chão. O cara
com os ratos na barriga também está gritando. É assim que é viver em
um pesadelo real. Sinceramente, não sei quem é pior, ele ou meu pai.
Cole caminha para o lado da sala e pega uma espingarda antes de
voltar para Nora. Ela não parece muito bem, mas quem estaria se eles
estivessem no estado em que ela está agora.
Ele agarra as pernas dela e as abre antes de amarrá-las nas duas
pontas da mesa em que ela está. Ele então pega o cano de uma
espingarda e enfia na boceta dela com força. Eu me encolho com o grito
que ela solta porque deve ser muito doloroso de sofrer.
— Você vai responder minhas perguntas agora? – ele faz uma pausa
em suas estocadas e pergunta a ela. Ela está com tanta dor que nem
parece que ela pode responder a ele. Ele não percebe ou não se importa.
Se eu tivesse algum dinheiro para apostar, apostaria que
era o último.
Quando ela não responde, ele puxa o cano para fora de
sua boceta e o enfia de volta e, assim, alguns segundos depois,
ele puxa o gatilho enquanto o cano ainda está dentro dela. Levo um
minuto para compreender o que acabou de acontecer e outro minuto
para perceber que o sangue dela está espalhado por todo o meu
rosto e toda a frente do meu corpo.
Eu me encolho no momento em que um grito escapa de
mim antes de virar a cabeça para o lado e vomitar. Ai, meu
Deus, vou morrer aqui! Eu continuo vomitando, mesmo que não haja
mais nada no meu estômago. Lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto
agora, e eu não posso me impedir de surtar.
Puta merda! Ele acabou de atirar nela na porra da boceta dela! O
sangue dela está em cima de mim e me sinto tão suja e a necessidade
de tirá-lo de mim é tão avassaladora que tento puxar minhas restrições.
Eu puxo com tanta força que a corda com a qual estou amarrada corta
minha pele com sangue escorrendo.
Preciso encontrar uma maneira de sair daqui, e esse pensamento faz
as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Estou perdendo a cabeça agora.
Como uma pessoa pode ser tão cruel?
Quanto mais fico sentada aqui, mais posso sentir um ataque de
pânico se aproximando porque tenho o sangue de outra pessoa em mim,
nem estou mais totalmente ciente do que está ao meu redor e, alguns
segundos depois, sinto um tapa no rosto que me traz de volta ao
presente. Eu olho para cima para ver Cole parado na minha frente com
um sorriso no rosto. Estou tão feliz que esse idiota acha tudo engraçado!
— Controle-se porque ainda não terminamos. – ele
diz, antes de ir até o último cara. Aquele que está
pendurado de cabeça para baixo do outro lado da sala.
Cole vai até onde está guardado todo o seu equipamento e
pega uma enorme serra. Um de seus homens caminha até ele e os dois
a agarram antes de caminhar até o cara que provavelmente está prestes
a morrer.
Tento desviar o olhar novamente, mas o idiota atrás de
mim vira minha cabeça novamente para olhar o que está
acontecendo na minha frente. Eles levantam a serra sobre suas
cabeças e colocam entre as pernas do cara bem em cima de suas bolas e
eles viram.
Deixei escapar um suspiro horrorizado quando o corpo do homem
começou a se dividir ao meio com sangue escorrendo por seu corpo.
Cobre Cole e seu cara com sangue, mas nenhum deles parece se
importar com esse fato.
Quando eles cortam o cara completamente ao meio, ele diz a seus
homens para terminar e então ele caminha até mim. O que mais eles
poderiam fazer com essas pessoas? Todas elas estão mortas. Assim que
chega ao meu lado, ele afrouxa a corda em minhas mãos e me puxa para
cima. Minha frente pressiona com a dele. Eu luto porque mais sangue
está entrando na minha pele.
Ele me puxa para mais perto de seu corpo e aperta minha bunda
com força. — Sua boceta ficaria molhada para mim se eu fodesse você
na poça de sangue que é Nora agora? – Meu queixo literalmente cai
porque que tipo de crack ele está fumando agora?
— Você precisa seriamente consertar sua cabeça fodida!
— O que preciso é estar dentro dessa boceta de novo. – ele diz
enquanto eu zombo.
Cometo o erro de olhar para os seus homens e,
instantaneamente, o que sobrou em meu estômago sai e eu
perco o conteúdo bem próximo a seus pés. Todos eles têm
facões nas mãos e estão cortando os cadáveres em pedaços minúsculos.
Pensei que meu pai era um monstro, mas ele não era nada como
Cole Mancini, nada mesmo. Esse cara provavelmente poderia
ser o rei do inferno ou algo assim.
— A diversão ainda não acabou, eu tenho uma surpresa
especial só para você. – ele diz enquanto sorri para mim e eu
realmente não gosto do jeito que ele está sorrindo porque parece
simplesmente maligno e isso não pode ser um bom presságio para mim.
Eu engulo.
Quando seus homens terminam, eles colocam todos os pedaços
finamente picados em sacos antes de sair do armazém carregando-os
com eles.
— Hora de ir, querida. – ele diz enquanto puxa minhas mãos para
trás e me empurra para frente. Seu aperto também não é gentil. Assim
que saímos, vejo que estamos na floresta e de onde estou posso ver sua
mansão à distância.
Caminhamos na direção oposta de sua mansão e parece que estamos
entrando na floresta. Eu tento me afastar e desvencilhar de seu aperto,
mas isso não funciona porque suas mãos são como uma tira de aço com
um aperto firme.
Paro abruptamente, o que faz com que ele pare também, e ele está
mais perto do que eu gostaria. Seu peito está contra minhas costas e eu
posso sentir aquele delicioso tanquinho contra o meu corpo. Ugh, agora
não é a hora, Addison!
— Ah! Você gosta do meu trabalho manual?
Engulo em seco porque estou olhando para algumas
das árvores, há alguém em cada uma delas com corvos
comendo sua carne e eles são impotentes para fazer qualquer
coisa para impedir. Eles estão todos em gaiolas que cabem seus corpos.
As gaiolas parecem ter sido feitas pequenas de propósito, então, uma
vez lá dentro, você não seria capaz de mover um músculo. Eu
estremeço quando ouço um grito alto acima de nós, e o idiota
apenas ri atrás de mim.
Cole me empurra para frente. — Bom toque, você não
acha?
— Não! Isso é... não tenho palavras... – Ele está falando sério
agora?
— Espere até ver o que tenho para você a seguir. – ele diz
alegremente.
Caminhamos mais para dentro da floresta até chegarmos ao que
parece ser um buraco bem no meio do chão, e ele me vira para encará-lo
enquanto enfia a mão na minha camisa.
Seus homens esvaziam os sacos de pequenas partes dos corpos na
cova, e ele se vira para olhar para mim com um brilho nos olhos antes de
sorrir para mim.
— Divirta-se lá dentro.
— O quê... o quê? – Não digo mais nada porque ele me empurra
para trás e antes mesmo que eu perceba o que aconteceu, estou em queda
livre no ar. Eu caio de costas com um baque. Tudo dói agora desde a
queda que acabei de levar, e eu gemo alto. Não acredito que ele acabou
de fazer isso!
Olho para ele e ele está parado na beira do poço
olhando para mim. Ele está com um sorriso no rosto e ao
mesmo tempo, sinto algo tocar minha perna. Eu viro minha
cabeça para olhar para onde senti o toque e vejo uma cobra
deslizando pela minha perna.
Um grito escapa de mim e eu me levanto apenas para ver que
todo o chão deste poço está cheio de cobras de tamanhos
diferentes. Eu grito ainda mais antes de recuar para o canto. Há
o que parecem ser cadáveres aqui, alguns estão se
decompondo, alguns são apenas ossos e depois temos os
pedaços minúsculos.
— Por favor, me tire daqui! – grito a plenos pulmões para Cole,
implorando para que me ajude. Algumas cobras estão se aproximando
de mim e tento chutá-las para longe, mas outras continuam se
aproximando.
Estou enlouquecendo agora porque estou superapavorada com elas.
Uma delas se enrola em minha perna, deslizando pelo meu corpo
enquanto grito e imploro para que alguém me ajude.
Elas estão ao meu redor e em mim agora, sinto algumas picadas e
agora um ataque de pânico está chegando com força total. Não consigo
mais lidar com o estresse disso, e não demora muito para que eu desmaie
com a sensação avassaladora que está atingindo minha mente. A última
sensação é de cobras deslizando sobre meu corpo.

Odeio os federais, especialmente quando eles continuam


bisbilhotando coisas com as quais não têm nada a ver. Se eu não
estivesse tão impaciente para ensinar uma lição ao meu
cordeirinho, teria torturado Nora até que ela me desse as
respostas de que eu precisava.
Mas, infelizmente, eu queria foder com Addison mais do que queria
respostas. Além disso, não há como os federais colocarem seus agentes
desaparecidos atrás de mim, porque lido com as coisas de uma maneira
que nada leva de volta a mim.
Certifiquei-me de que tudo estava em ordem antes de mandar
meus homens pegá-los. Mal posso esperar para colocar minhas
mãos na pessoa que dá aos federais a localização de minhas
docas, especialmente quando tenho remessas sendo transportadas. Vou
gostar de torturá-la.
Falando em tortura, o que acabei de fazer na frente de Addison me
deixou eufórico. A expressão em seu rosto quando o sangue de Nora
espirrou nela não tem preço e não consigo tirar a imagem da cabeça.
Seus gritos e medo foram como um bálsamo para minha alma. A
infelicidade dela é a minha felicidade e mal posso esperar até o dia em
que finalmente poderei me livrar dela, ou fazer como prometi e fazê-la
se matar.
Assim que chegamos ao meu adorável poço de cobras, eu a virei
para que ela não visse o que estava lá ainda, e então dei-lhe um
empurrão direto lá.
Eu a observei cair no poço, quase como se fosse em
câmera lenta antes de cair com um baque. Isso deve ter
sido doloroso para ela. Bem, ela merece isso e muito mais
por matar meu irmão. Eu a odeio tanto pelo que ela fez, mas
também não posso negar que há uma tensão oculta entre nós, o que só
me faz descontar minha raiva nela.
A memória de estar enterrado profundamente dentro de sua
boceta é uma que está constantemente se repetindo na minha
cabeça. Não posso negar que ela tem uma boa boceta. O fato
de ela estar gozando no meu pau significa que ela estava
gostando. Ela deve estar doente da cabeça para desfrutar de
um tratamento tão horrível porque soltei a besta. Eu estava descontando
toda a minha agressividade reprimida em seu corpo e ela estava amando
cada momento disso.
Olho para ela e vejo que ela não se moveu um centímetro desde a
queda. Ela olha para mim, seus olhos não desviam do meu rosto e eu
olho para ela sorrindo. Eu vejo uma cobra deslizar perto dela e
deve tê-la tocado porque ela quebra o contato visual comigo e
olha para ela.
Assim que ela percebe o que é, um grito escapa dela enquanto ela se
põe de pé o mais rápido que pode. Ela continua gritando, implorando
para que eu a tire de lá, mas quero vê-la com medo um pouco e ninguém
mais vai ajudá-la a menos que eu diga.
Ela continua surtando, e seus gritos são como música para meus
ouvidos. Depois de alguns minutos, isso deve ser uma sobrecarga para
seus sentidos, porque ela desmaia ali mesmo e algumas cobras rastejam
por todo o corpo.
Faço sinal para que um dos meus homens desça até lá e a pegue.
Assim que ele volta com ela, ele a deita no chão da floresta e depois se
afasta.
Olho para o corpo dela e ela tem algumas picadas de
cobra, mas não há nada para se preocupar. Ela teve sorte de
eu não ter colocado nenhuma das cobras venenosas lá
dentro. Onde estaria a diversão nisso, se ela morresse cedo
demais?
Eu a levanto em meus braços, é uma loucura como ela se
encaixa tão perfeitamente, antes de voltarmos para casa. Assim
que voltamos para casa, subo até o quarto dela e a coloco na
cama.
Eu fico lá, olhando para ela por alguns minutos. Preciso
descobrir mais sobre o passado dela porque a maioria das pessoas já
teria quebrado, especialmente com as coisas que já fiz com ela.
Mas, por alguma razão, ela ainda é forte e ainda tem alguma
resistência dentro dela. Tudo o que fiz com ela, ela lutou comigo de
uma forma ou de outra e não posso negar o fato de que adoro quando
brigamos. Alguns podem chamar isso de tóxico, eu chamo de me
divertir com meu cordeiro. Também me excita como nada antes,
o que me irrita sem fim.
O que quer que seu passado esteja escondendo, sei que é por isso
que ela consegue me acompanhar e lutar. Posso amar a luta dela, mas
ainda preciso que ela pague pelo que fez ao meu irmão.
Suspirando, eu me afasto e vou para o meu escritório para fazer
algum trabalho. Assim que abro meu notebook, começo a trabalhar e
vejo que preciso fazer uma viagem para a cidade para me encontrar com
minha melhor amiga assassina psicótica, Ophelia, e de jeito nenhum vou
deixar Addison aqui sozinha, então parece que estamos voltando para
NYC amanhã…
A sensação de cobras deslizando sobre meu corpo faz
com que um grito escape de mim e eu pulo na cama. Uma vez que
minha mente esgotada percebe que não há nada em mim, eu choro
porque isso é demais para o meu cérebro lidar; Eu ainda posso senti-
las rastejando em cima de mim e o desejo de arranhar minha
pele é esmagador.
Realmente preciso encontrar uma maneira de sair daqui.
Eu desço da cama e corro em direção à porta antes de abri-la,
correndo direto para um peito masculino forte. Soltei um suspiro e me
estabilizei colocando minha mão em seu peito. Droga, isso é bom e
assim que percebo o que estou fazendo, rapidamente afasto minha mão
dele como se estivesse pegando fogo.
— Ah, bem, você está de pé. – Ótimo, isso é exatamente o que
eu precisava ver logo após um pesadelo! O rosto estupidamente
bonito de Cole e seu coração negro que me quer morta. Eu me
afasto dele enquanto ele entra no quarto. — Tome banho e se vista.
Estamos fazendo uma pequena viagem e não confio em você para deixá-
la aqui sozinha.
Olho para ele como se ele fosse louco, ele está me levando a algum
lugar? Só então, um momento se passa. Esta pode ser minha única
chance de escapar!
Eu me apresso e entro no banheiro para tomar meu banho, e tento
não deixar muito óbvio que estou animada com isso. Assim que tiver a
chance de escapar, vou aproveitá-la.
Deixo a água cair em cascata na minha pele e tiro toda a sujeira em
mim. Tenho certeza de que ninguém me deu banho depois do meu
tempo passado no poço da cobra ontem... Na verdade, estou feliz que
não tenham feito isso porque não preciso de ninguém
olhando para o meu corpo quando estou inconsciente. Um
arrepio involuntário percorre minha espinha só de pensar
em estar ali com aquelas cobras.
Passo muito tempo no chuveiro, apenas deixando a água quente
relaxar meu corpo dolorido. Foi um grande golpe quando Cole me
empurrou para aquele buraco, e agora está fazendo meu corpo
doer. Quando finalmente saio e volto para o meu quarto com
minha toalha enrolada em volta de mim, paro completamente
no meio do meu quarto. Cole ainda está aqui, sentado na
minha cama esperando por mim.
Ele está vestido com moletom cinza e sem camisa. Esta é a primeira
vez que o vejo sem camisa e meu Deus, que lanche! É injusto em tantos
níveis que o Diabo tenha um corpo tão perfeito. Sua calça de moletom
não faz nada para esconder o formato de seu pau e já tendo seu pau
dentro de mim, sei em primeira mão que a impressão não está
mentindo, é realmente muito grande.
Eu o encaro estupefata, incapaz de me mover e possivelmente
babando um pouco também. Suas costas têm uma enorme tatuagem de
caveira com uma cobra passando por ela, entrelaçando-se em torno do
crânio. Esse cara é realmente obcecado por cobras como se não fosse
nada assustador. Ele também tem os dois braços cobertos de tatuagens.
Ele percebe que estou olhando e sorri para mim. Deus, eu o odeio
mesmo que ele me excite. Passei anos sem me sentir atraída por
ninguém e de repente bum! Sinto-me atraída pela única pessoa que quer
me matar. Fale sobre um golpe de má sorte sempre seguindo você.
— Que diabos você está fazendo aqui? – pergunto, ele parece estar
de bom humor e não sei o que fazer com isso agora. Ele me puxa para
mais perto dele e abre as pernas para que eu tenha que ficar entre elas.
— Você gostou da minha surpresinha ontem? Você
deveria ter visto sua cara! – ele ri.
— Estou tão feliz que meus medos o divertem! – digo
enquanto tento me afastar dele, mas ele apenas me segura com
mais força antes de agarrar minha toalha e em um movimento rápido,
ele a puxa para fora do meu corpo.
Arfo quando o ar frio atinge minha pele e tento cobrir meus
seios e boceta, mas ele agarra minhas mãos e as coloca atrás
das costas e as mantém no lugar com apenas uma de suas
mãos.
Usando a outra mão, ele agarra um dos meus seios e o esfrega antes
de colocá-lo na boca e chupá-lo. Meus mamilos ficam duros como
pedras e quando olho para ele, ele apenas sorri para mim, sem perder o
que acabou de fazer comigo. Idiota!
Mesmo que eu o odeie mais do que as palavras podem descrever,
não posso negar que também sinto algum tipo de atração estranha
por ele, o que me irrita profundamente porque ainda estou aqui
contra a minha vontade.
— Se eu tocar sua boceta, você ficaria molhada para mim? – ele
sorri para mim e minto porque dizer a ele a verdade seria embaraçoso.
— Não, eu não ficaria molhada por você porque eu te desprezo,
porra!
— Mmm, talvez devêssemos testar isso e ver se você está certa ou
errada, porque aposto que sua boceta apertada está molhada para mim. –
ele diz presunçosamente enquanto desliza a mão pelo meu abdômen em
direção à minha boceta e então passa os dedos pelos lábios da minha
boceta e foda-se, se não estou encharcada agora.
Minhas bochechas esquentam quando ele olha para cima e sorri
aquele sorriso pervertido e pecaminoso dele para mim.
— Você pode me odiar, mas seu corpo com certeza não.
Ele desliza os dedos ao longo da minha umidade e, em
seguida, enfia dois de seus dedos dentro de mim e lentamente
os bombeia para dentro e para fora de mim. Isso faz com que um
gemido escape de mim, o que ele percebe porque é perspicaz e não
perde nada.
— Mmm, isso mesmo, gema para mim, cordeirinho. – ele
diz com a voz rouca, tirando as mãos da minha boceta e
lambendo os dedos antes de agarrar a parte de trás das minhas
pernas e me puxar para cima para montar em suas pernas.
Ele agarra meus quadris e esfrega minha boceta nua em seu pau
sobre suas roupas. A essa altura, estou tão excitada que é melhor me
divertir um pouco antes de morrer, o que pode ou não acontecer a
qualquer momento, já que estou planejando escapar nesta breve
viagem que ele deseja fazer.
Eu levanto meu corpo um pouco para que ele possa puxar
sua calça de moletom para baixo antes de eu deslizar todo o
caminho para baixo até que seu pau esteja enterrado até a base. É tão
grande e grosso que estica minha boceta. Ele está tão confortável dentro
de mim e eu me sinto tão preenchida.
A sensação é de euforia enquanto movo meus quadris, saltando para
cima e para baixo sobre ele. Seu aperto em mim é tão forte que é quase
como se ele não quisesse me soltar. Meus gemidos ficam mais altos
quando ele me penetra.
Ele coloca meus mamilos em sua boca e os chupa, antes de me
morder com força, o que me faz arquear as costas. Ele me puxa para
mais perto dele e acelera para estocadas punitivas, e não demora muito
para que eu goze em seu pau. Ele penetra uma, duas, três vezes e então
goza dentro de mim.
Quando nossa respiração volta ao normal, ele me
tira de cima dele antes de se levantar da cama e caminhar
em direção à porta. — Vista-se e esteja pronta para sair em
uma hora. – ele diz, saindo do quarto sem dizer mais nada.
Não sei como me sentir sobre o que acabou de acontecer e como
ele me tratou depois. Acho que não posso culpá-lo porque sei que ele
ainda me odeia. Suspiro antes de voltar para o banheiro para
tomar outro banho rápido, porque posso sentir seu esperma
escorrendo pelas minhas pernas.
Uma hora depois, estou vestida e esperando por ele na
porta da frente. Ele desce as escadas e caminha até a porta da frente onde
estou esperando com Frank e Gio. Frank apenas me dá seu olhar mortal
normal enquanto Gio ignora completamente minha existência.
Cole digitaliza sua impressão digital no teclado ao lado da porta e
abre com um clique. Frank e Gio saem primeiro, Cole me empurra
para frente antes de me seguir.
Caminhamos até o SUV que está estacionado na frente da casa e
Cole entra na parte de trás comigo enquanto os outros dois idiotas
entram na frente e então vamos sabe lá para onde. Dirigimos por
quilômetros e quilômetros sem nenhum sinal de civilização e, antes que
eu perceba, estamos dirigindo para o que parece ser uma pista de pouso
particular.
Droga, eu provavelmente teria morrido antes de encontrar alguém
para me ajudar depois que tentasse escapar dele. Ou talvez as pessoas
estejam do lado oposto de onde estávamos viajando. Ugh, tudo isso é
confuso. Ele sabia o que estava fazendo quando construiu sua mansão
porque não há como as pessoas saberem onde encontrá-lo e, mesmo que
alguém soubesse, seria uma viagem longa como o inferno.
Porque estou supondo que há outra maneira de
entrar e sair daqui. Se eu tivesse que adivinhar, diria que
ele é o único que poderia usar esta pista de pouso.
Paramos e ambos saímos do carro. Eu ando na frente e
então saio correndo, fugindo dele. Eu literalmente não tenho ideia de
para onde estou indo, mas qualquer lugar seria melhor do que ficar aqui
com Cole. Eu o odeio, mesmo que ele me faça sentir coisas que
nunca senti antes.
Eu nem dou cinco passos antes de meu corpo atingir no
chão. Porra! Isso tem que parar de acontecer comigo.
— Onde diabos você pensa que está indo? Não há nada nem
ninguém para ajudá-la a quilômetros de distância. – Bem, pelo menos há
pessoas em algum lugar, embora provavelmente longe. Ah, e Frank foi
quem bateu em mim. Pelo menos não era Scar. Esse homem é construído
como um linebacker sangrento!
Cole nem se deu ao trabalho de tentar me pegar. Por que ele
faria isso quando tem pessoas para fazer isso por ele?
Frank me leva de volta para ele e ele apenas me dispensa enquanto
me diz para subir as escadas do jato. Há uma mulher no final da escada
cujo sorriso provavelmente poderia iluminar o mundo inteiro com o
tamanho do sorriso que ela está sorrindo para Cole.
Imediatamente me sinto possessiva sobre ele e assim que esse
pensamento me atinge, eu quero me dar um tapa na cara. Não sou nada
para ele e ele não significa nada para mim. Tudo o que ele é, é o meu
captor de quem preciso fugir.
— Olá, Laura, como você está hoje? – Eu o ouço perguntar a ela e
quero engasgar com o quanto suave e sexy ele soa. Paro de subir as
escadas e me viro para olhar para trás. E ela parece impressionada, como
se ele fosse todo o centro de seu universo.
— Estou bem, Sr. Mancini, é tão bom vê-lo
novamente. – ela diz a ele enquanto cora. Eu apostaria
meu último dólar... bem, se eu tivesse algum dinheiro... que
os dois já transaram antes. Devo fazer um som de desagrado
porque ele olha para mim e não tenho certeza do que ele vê no meu
rosto, mas faz com que um sorriso devastadoramente bonito apareça em
seu rosto.
Eu bufo e ando o resto do caminho dentro do jato. Sento-
me bem no meio do jato perto de uma janela. Alguns
segundos depois, todo mundo entra e encontra seus lugares.
Coles entra e senta no banco ao lado do meu, e isso só me irrita
ainda mais.
— O avião está cheio de tantos outros assentos, por que você está
aqui?
— Arrume sua cara, cordeirinho, você está com ciúmes? – ele
sorri e, ah, como eu gostaria de poder tirar aquele sorriso do rosto
dele.
— Por que diabos eu estaria com ciúmes? Eu não me importo com o
que você faz com suas prostitutas. – resmungo para ele. — Apenas me
deixe em paz pelo resto deste voo. Adeus! – Ele apenas ri ao mesmo
tempo em que Laura se aproxima.
— Vamos decolar em alguns minutos, Sr. Mancini. Você gostaria
de beber alguma coisa quando estivermos decolando?
— Eu já disse para você me chamar de Cole, Laura. A última vez
que voei, você estava praticamente gritando Cole de prazer enquanto eu
enterrava meu pau dentro de você. – ele diz, ela cora furiosamente
enquanto o vapor está praticamente saindo de minhas orelhas.
Ele olha para mim para avaliar minha reação enquanto ainda fala
com ela, e eu gostaria de poder esfaqueá-lo agora. Desvio o olhar,
fingindo que não estava ouvindo a conversa. Alguns
segundos depois, ela se afasta e então estamos decolando.
Assim que subimos no ar, olho pelas janelas. Eu vejo
sua mansão e ela é cercada por bosques por quilômetros. Vejo
onde fica a cachoeira, e é outro longo trecho de terra antes de ver o que
parecem ser casas. Deve ser a cidade mais próxima.
Eu estava certa, sua propriedade está longe de qualquer
civilização. Eu provavelmente teria me perdido ou morrido se
tivesse fugido dele naquele dia. Eu suspiro. Não importa
como eu olhe para isso, isso não vai acabar bem para mim.
Minha mente divaga para Mia, e me pergunto como minha melhor
amiga está. Ela me odeia? Ela tem me procurado?
Minha vida é cheia de tantas incertezas, e não sei se vou sair viva.
Ele pode ser civilizado comigo, mas eventualmente sua escuridão irá
consumi-lo, e sua necessidade de me machucar aumentará
novamente.
Minha mente divaga para o bilhete novamente... A pessoa sabe onde
estou e como me encontrar? Ele ainda está me vigiando? Não tenho mais
certeza do que pensar. Ele estava me observando antes, porque o bilhete
dizia que eu precisava pagar por algo que fiz. Estou sempre pagando
pelas coisas...
Alguns dias, eu só quero acabar com tudo para não ter que viver
com a dor. Por que ainda não fiz isso me atinge.
Não, não posso deixar ninguém ganhar e, de alguma forma, preciso
encontrar respostas sobre Nicco para que Cole possa me deixar ir e
nunca mais terei que vê-lo.
Assim que alcançamos a decolagem, ela volta com a bebida e um
refrigerante para mim. Ela fica parada, olhando arregalado para ele,
enquanto os olhos dele estão fixos em mim.
Estou realmente prestes a nocautear uma vadia e
quando percebo o estado dos meus pensamentos novamente,
quero me nocautear porque diabos eu me importo com quem
ele está transando.
Ugh, fale sobre fodida da cabeça!
— Isso é tudo, Laura, obrigado. – ele diz a ela e ela me dá
um olhar ciumento desagradável antes de ir embora. Bem, o
sentimento é mútuo, Laura!
Cerca de uma hora depois, ela volta novamente, perguntando se ele
precisa de mais alguma coisa. — Ah, pelo amor de Deus! Ele está bem.
Você pode ir agora? – eu explodi com ela.
— Sinto muito pelo comportamento dela, Laura, ela ainda não
aprendeu boas maneiras. Estou bem por enquanto, obrigado. – ele diz
a ela com uma voz doce e ela o encara antes de se afastar
novamente.
— Levante-se, vamos para trás. – ele me diz. Quando não me mexo,
ele mesmo desafivela meu cinto de segurança e me arrasta para o fundo
do avião. Frank olha para cima e me dá um sorriso malicioso, e eu
mostro o dedo para ele enquanto Cole continua me arrastando com ele.
Entramos em um quarto de tamanho decente para um avião e assim
que ele fecha a porta; ele me pressiona contra ele e sua mão vem para
envolver meu pescoço e ele aperta.
— Nunca fale assim com meus empregados, está me entendendo? –
Quando não respondo, ele aperta com mais força até que meu ar seja
cortado. Eu mal murmuro um sim, e então ele me solta.
— Se troque porque você precisa não parecer uma vadia sem-teto
para onde estamos indo.
Dou a ele um olhar feio. — Bem, talvez devesse ter
me deixado em sua mansão estúpida então. – digo a ele.
— Sabe, estou ficando muito cansado dessa sua boca.
Você precisa enchê-la com meu pau para impedi-la de dizer merdas
estúpidas?
Franzo meus lábios. — Não, eu não preciso dela preenchida
com seu pequeno pau.
— Você não achou que era minúsculo quando estava
gozando em cima dele, não é? – Meu rosto queima porque ele
está certo, mas ele não precisa saber disso.
— Fique de joelhos e não me obrigue a fazer isso por você. – ele
ordena asperamente. Eu penso em não fazer o que ele diz, mas decido
não fazer porque, se ele estiver feliz agora, posso ter uma chance melhor
de escapar mais tarde.
Quando estou na frente dele, ele desabotoa o botão e tira seu pau
duro como pedra antes de me agarrar pelos cabelos e enfiar o pau na
minha boca. Ele força tanto que instantaneamente sinto como se
estivesse sufocando. Ele move minha cabeça para cima e para baixo em
seu pau até a saliva escorrer pelo meu queixo e descer tanto pela minha
garganta que não consigo respirar.
Ele finalmente tira as mãos, e eu continuo chupando até que ele
jorra seu esperma na minha boca. Quando ele termina, ele fecha o zíper
e aponta para a cama, e é quando percebo que há um vestido, um sutiã e
uma calcinha lá com um par de saltos no chão.
Que porra é essa? Esse idiota só vai me deixar com tanto tesão?
Agora estou irritada pra caralho.
— Vista-se. – ele diz enquanto se move para se
sentar na cama.
— Hmm, você pode sair para que eu possa me trocar?
— Não, prefiro ficar aqui.
Ugh, é claro que ele não se importa de ficar aqui. Mesmo que seja
difícil de fazer porque sua presença toma conta de todo o quarto,
tento ignorá-lo e tiro minhas roupas antes de colocar a nova.
O vestido é um vestido preto simples com mangas
compridas e uma fenda até as minhas pernas. Mesmo que
pareça simples, sei que é algum tipo de vestido de grife e combina com
salto baixo preto e vermelho.
Quando me viro, posso ver a luxúria em seus olhos, arqueio uma
sobrancelha para ele e ele pigarreia antes de nos levar para fora de volta
para nossos assentos.
Não vejo Laura pelo resto do voo e fico aliviada porque ela
me faz sentir uma puta ciumenta.
Meia hora depois, quando pousamos, saio do jato e uma rajada de ar
frio me atinge no rosto. Acabamos de desembarcar na cidade de Nova
York.
Quando saímos do avião, fomos direto para um de seus
carros. Frank e Gio estavam na frente novamente e nós atrás. Desta
vez, Cole tinha outros dois carros conosco. Um na frente do nosso
veículo e outro atrás de nós.
Tenho sentimentos confusos sobre estar de volta a Nova
York; eles variam da felicidade à dor e tristeza. Este é o lugar
que mudou minha vida para pior e trouxe o Diabo à minha
porta e minha vida não conheceu a paz desde então.
Só preciso encontrar uma breve oportunidade onde eu possa escapar
dele. Não sei como vou fazer isso, mas vou ter que dar um jeito.
Qualquer lugar seria melhor do que ficar com ele. Também terei que me
esconder melhor na minha próxima tentativa de fuga.
Suas palavras ainda me assombram, eu vou te quebrar tanto,
que quando eu terminar com você, você vai querer se matar...
Eu sei que ele quer dizer suas palavras; ele não vai parar até que eu
esteja destroçada para sempre. Essa é provavelmente a única maneira de
encontrar a paz. Só espero encontrar as respostas que procuro antes que
isso aconteça, ou espero ter escapado dele até lá.
Sinto o carro diminuindo a velocidade e quando olho para cima;
Vejo que acabamos de parar na frente do Raine. Lágrimas ardem meus
olhos porque este lugar traz tantas lembranças.
A lembrança de estar aqui com Mia, conhecendo Nicco e nos
divertindo muito. O que foi há apenas alguns meses, agora parece que
foi em outra vida. Naquela época, a única coisa com a qual tínhamos que
nos preocupar era a faculdade, as festas e quem comia o resto da
comida. Dica: sempre foi Nicco.
Uma risada escapa de mim com esse pensamento, e
com o canto do meu olho, vejo Cole olhando para mim.
Não posso olhar para ele agora porque, se o fizer,
provavelmente vou desmoronar. Ele é a razão pela qual
minha vida saiu do controle. Bem, não ele, o dono do bilhete fez isso,
ele só está aqui para cobrar seu pedaço de carne pelo que acha que devo
a ele.
O carro segue para os fundos do prédio e, uma vez lá,
saímos e passamos por uma entrada aqui nos fundos. Então
tem outra entrada pra entrar e não é só a da frente.
Assim que terminamos, Cole me leva a um dos dois elevadores e
Frank e Gio saem na direção do outro.
— Preciso de vocês dois dentro do clube. Avise-me quando
Alexander e Ophelia chegarem. Enquanto isso, tenho alguns trabalhos a
fazer. – ele diz antes de entrarmos no elevador. Ele pressiona o P, é
claro que ele está com a cobertura, nós dois ficamos em silêncio
durante a subida.
Ainda estou me sentindo mal por estar aqui, mas preciso deixar isso
de lado e descobrir uma maneira de sair daqui.
O elevador para e assim que as portas se abrem, entramos na suíte.
É enorme, e a primeira coisa que me chama a atenção é a vista. Toda a
frente da suíte é feita de janelas do chão ao teto e todo o horizonte de
Manhattan está à nossa frente.
Vou até as janelas e admiro a vista. Já é Maio, não acredito que
estou em cativeiro há quase seis meses. Sinto minha garganta apertar
com as lágrimas ameaçando vir à tona, e tenho que engolir para ignorá-
las.
— Banheiro? – eu resmungo para Cole e ele me aponta na direção
que preciso. Assim que fecho a porta atrás de mim, a primeira lágrima
escorre pelo meu rosto. Sinto todas as emoções dos
últimos meses crescendo dentro de mim e soluço, embora
tente manter isso baixo porque não preciso que ele me veja
desmoronando.
Alguns minutos depois, ouço uma batida na porta. — Saio em um
minuto. – digo a ele, usando o tempo para enxugar minhas lágrimas e
me arrumar. Verifico os armários para ver se encontro algo para
usar como arma, mas estão vazios. Outra porra de decepção.
Eu suspiro. Ele está sempre um passo à minha frente.
Sabendo que se eu demorar mais, ele provavelmente vai
arrombar as portas, eu abro a porta e caminho de volta para a sala em
que estávamos antes.
Ele está parado na frente das janelas com um copo na mão, olhando
para a vista. Ele se vira para olhar para mim quando me ouve entrar; ele
abaixa o copo ali mesmo e gesticula para que eu o siga. Ele nos leva
para seu quarto e eu paro instantaneamente. Ele não pode estar
pensando em sexo de novo!
Ele percebe minha hesitação e sorri para mim. — Eu não vou te
foder de novo, pelo menos não ainda. – ele diz, sorrindo para mim. Ugh,
que bastardo arrogante!
Ele nos leva até seu armário, que é enorme, e para em frente a uma
parede e noto outro teclado ali. Ele coloca os dedos sobre ele e então a
parede se abre, revelando um elevador. Que diabos é isso?
Ele faz um gesto para eu entrar antes dele e então fecha subindo por
cerca de cinco segundos antes de parar. Quando as portas se abrem,
estamos nos fundos do que parece ser um escritório.
Eu saio e ele me segue, indo direto para sua mesa e sentando-se em
sua cadeira. Eu apenas olho ao redor da sala. Que tipo de escritório é
esse, afinal? Não há porta, então como diabos eu vou sair daqui.
Só então, todas as paredes de seu escritório ficam
claras e eu posso ver além as paredes. Há pessoas em todos
os lugares e, puta merda, isso é legal. Em uma inspeção mais
próxima, vejo que o lado de fora é o lado de dentro do Raine.
Que merda é essa? Corro até uma parede e começo a bater nela,
gritando para alguém me ajudar. A música provavelmente está
muito alta, então ninguém pode me ouvir, mas eles devem
conseguir me ver, certo? Pensando bem, não consigo ouvir
nada, nem música e nem as pessoas conversando lá fora.
Como se houvesse pessoas bem na minha frente agora.
Cole apenas ri de mim. — Ninguém pode ouvi-la ou mesmo vê-la.
Eu projetei o vidro de uma forma que eu possa ver do lado de fora do
clube sempre que eu quiser, mas ninguém jamais será capaz de ver aqui
e toda esta sala é à prova de som e bala, até mesmo à prova de bombas,
porque você nunca sabe como são as pessoas nos dias de hoje.
Porra! Preciso encontrar outra maneira de sair. — Eu te
odeio!
— O sentimento é mútuo, cordeirinho. Agora, sente-se, tenho
trabalho a fazer. – ele me diz antes de me ignorar completamente.
Sento-me na cadeira, com minha mente divagando pelas coisas que
adoraria fazer se algum dia escapasse daqui. Um pensamento repentino
cruza minha mente e eu tenho que fazer a ele a pergunta agora em minha
mente.
— Você... você é dono do Raine?
— Sim. – ele responde, voltando ao trabalho.
Se eu ver Mia novamente, preciso contar a ela que todas as suas
bisbilhotices e fofocas sobre este lugar acertaram em cheio. O
proprietário está associado - bem, é o chefe, de acordo com o que soube
até agora - da máfia.
Isso significa que provavelmente nunca vou sair daqui
viva se não me esforçar mais. Olho à minha frente
novamente para todas as pessoas se divertindo, nem mesmo
sabendo que alguém está sendo mantido contra sua vontade aqui.
Inferno, provavelmente ninguém sabe que esta sala existe.
Todo mundo está apenas em seu próprio mundo. Vejo sua
bebida e vou pegar uma garrafa do que imagino ser uísque. Eu
pego a garrafa inteira, porque diabos não? Todo mundo está
se divertindo.
Abro a tampa e bebo direto da garrafa e quando me viro ele está
olhando para mim com uma sobrancelha levantada. Eu apenas encolho
os ombros. Todo mundo está na balada, então é melhor eu ficar bêbada
também, porque qual é o sentido de ir a uma boate e não ficar bêbada,
mesmo que eu não esteja na boate de verdade?
Chego a um quarto do caminho com minha garrafa quando ele
recebe um telefonema. Quando ele desliga a chamada, ele se
levanta e caminha até mim, pegando a garrafa e colocando-a de volta na
mesa.
— Ei, babaca! Eu estava bebendo isso!
— Não se preocupe, levante a porra da bunda e vamos embora. – Eu
apenas resmungo e faço o que me manda por enquanto.
Ele caminha até a frente do escritório e revela um scanner
escondido, e uma vez que ele coloca o dedo sobre ele, a parede se abre.
O que? Eu sei que não estou bêbada agora... estou?
Ele me empurra para fora e quando nos afastamos, ninguém está
aqui, exceto Frank e Gio. A música alta do clube ataca instantaneamente
meus sentidos. Vejo que estamos no andar VIP superior do clube, aquele
onde Nicco nos levou da última vez que estive aqui.
Cole me empurra para uma cabine e eu tropeço por
causa dos meus saltos e bato meus quadris na mesa. Porra,
isso doeu. Quando me endireito, dou a ele um olhar feio para
o qual ele apenas sorri. Maldito pé no saco!
Ele senta ao meu lado e, alguns minutos depois, outro homem e
uma mulher entram. Os dois vão para a nossa mesa e, quando
estão mais perto, Cole se levanta e dá um abraço em ambos. Ele
abraça a moça por muito mais tempo do que o necessário e eu
imediatamente a odeio.
Mas ela também é muito gostosa. Ela tem cabelos castanhos, é
magra e com aquela cara fechada e tatuagens à mostra, ela parece foda.
— Ophelia, meu amor, é tão bom ver você. – Cole diz a ela quando
os dois se afastam. Espera… o que é isso agora?
— É sempre um prazer vê-lo também, meu querido Cole. – Que
piada!
Todos se sentam e conversam entre si. Quando as bebidas chegam à
mesa, bebo um gole após o outro porque preciso me embebedar agora.
Eu soube que o nome do cara é Alexander. Os dois são as únicas pessoas
no mundo que ele considera seus melhores amigos e vice-versa para
eles.
É um grande trio de idiotas fodidos, se você me perguntar.
— Então, o que está acontecendo com você ultimamente, Phee? –
Ah ótimo, ele ainda tem um apelido para ela. Mais uma piada!
— O mesmo de sempre, evitando a família e aceitando trabalhos de
matança de idiotas como você. – ela ri e eu quase engasgo com o que
diabos eu estava bebendo um segundo atrás. O que está pegando?!
— Por favor, você sabe que ama minha bunda! – ele
diz a ela e todos riem, embora eu não tenha ideia do que é
engraçado no momento. — Falando em trabalhos, eu tenho
um para você, preciso que se livre de alguns ratos da Federal
e encontre meu tio para mim... Enviarei os detalhes mais
tarde.
— Ótimo! Você sabe o quanto eu amo matar pessoas. Também
precisamos conversar mais tarde, tenho algo que pode ser do seu
interesse. – ela diz com um sorriso gigantesco no rosto e então
olha para mim. — Quem é a convidada esta noite? Outra de
suas prostitutas? – Eu suspiro, ofendida por ela dizer tal coisa.
— Ouça aqui, vadia, não sou a prostituta de ninguém... muito menos
desse babaca! – Estou tão irritada que decido que preciso usar o
banheiro só para me afastar desse grupo maluco por um tempo. Faço
sinal para que ele saia do caminho, mas ele apenas fica sentado, sem
fazer nenhum movimento para se levantar. — Preciso ir ao banheiro.
– eu murmuro para ele.
Quando ele finalmente se levanta, eu faço o mesmo, mas antes que
eu possa me afastar, ele me agarra pelo rosto, com seus dedos cravando
em minha mandíbula antes de se inclinar para sussurrar em meu ouvido:
— Tente qualquer coisa e vou te foder o mais forte que puder com a faca
presa ao meu tornozelo e não será a merda calma onde eu enfio a faca
em você usando o cabo. Ah não, vou me certificar de enfiar a lâmina em
sua boceta antes de enfiar meu pau dentro de você e deixar seu sangue
encharcar meu pau.
Engulo em seco porque esse psicopata provavelmente iria me foder
com uma faca e depois me foder também. Concordo com a cabeça
ligeiramente e, em seguida, saio em direção ao banheiro. Depois que
termino de fazer xixi, saio do sanitário e vejo Ophelia parada ali na
frente da pia, vou até ela e lavo as mãos.
— Então, qual é o problema com você e meu melhor
amigo? Eu nunca o vi tão nervoso com alguém antes.
— Você chama ser sequestrada como ele tendo um
ataque de raiva comigo?
— Conheço Cole há anos e a única razão pela qual ele te
sequestrou é porque você fez algo, embora seja diferente porque
nunca o vi manter alguém por tanto tempo. Normalmente você
já estaria morta. Então, sim, ele está em um estado de
confusão.
— Você pode me ajudar a escapar? – Valeu a pena tentar, mas sei a
resposta antes mesmo dela responder.
— Desculpe, não posso fazer ir! Nunca trairia meu melhor amigo.
Ele iria querer me matar, mas seria uma luta épica! – Essa maldita vadia
parece tão louca quanto Cole!
Eu saio e a deixo parada ali. Atingi meu ponto máximo de
lidar com psicopatas durante o dia. Quando volto para a mesa,
ignoro todo mundo e bebo meu peso em álcool. Alguns minutos depois,
Ophelia volta para a mesa e ela, Alexander e Cole continuam se
divertindo muito.
Uma hora depois, metade da garrafa se foi e eu estou a caminho de
ficar bêbada e porque ele só tem que ser um estraga-prazeres, Cole se
inclina para mim e tira a garrafa de mim.
— Ei! Qual é a porra do seu problema? Eu preciso disso!
— Você já bebeu o suficiente.
— O que você é, o fiscal da bebida? Não quero mais ver sua cara
estúpida! – eu estou tão bêbada que nem consigo falar direito.
— Ah, mas não é essa a cara que deixa sua boceta supermolhada,
cordeirinho?
— Não, geralmente penso que é seu pai me fodendo
toda vez que você enfia seu pau dentro de mim. – digo a ele,
dando-lhe o sorriso mais inocente que posso reunir e mal
percebo Ophelia rindo do outro lado da mesa.
— Parece que você está muito ocupado com esta aqui, Cole. –
ela diz a ele.
— Vamos, porra, antes que você me irrite. Essa sua boca
vai te colocar em apuros em breve e se você não a calar, eu
vou enfiar meu pau dentro para te calar eu mesmo. – ele
murmura para mim. Que bicho o mordeu?
— Sim, bem, eu estou cansada de ver idiotas ricos como você
pensando que podem me dizer o que fazer! – grito com ele.
Ele se levanta e me joga por cima do ombro, caminhando em
direção à entrada do clube antes de pegar outro elevador até seu
apartamento de cobertura. Assim que chegamos à porta dele e ele
a abre, ele me coloca no chão e eu corro até a sala de estar.
Agora, estou além de irritada com ele e simplesmente irritada com a
vida.
Eu tiro meus sapatos e percebo que ele me seguiu até a sala. Com o
álcool correndo em minhas veias, estou pronta para brigar com ele, sem
me importar com as consequências.
— Você pode me deixar em paz por cinco segundos? Eu não
preciso ver seu rosto o tempo todo! – grito com ele. — Deus, eu só
preciso de alguns segundos sozinha... eu só preciso de um pouco de paz!
— Você merece sofrer por tudo que fez ao meu irmão! Você o
estripou como se fosse um animal e depois o deixou lá! Você não
merece nem um minuto de paz! – ele diz, gritando comigo agora.
— Eu não o matei, porra! Por que não consegue
passar isso pelo seu crânio psicótico? – grito com ele a
plenos pulmões. Pego o vaso mais próximo na mesa ao
meu lado, que é o da janela. Eu nem paro para pensar no que
estou fazendo, apenas jogo o vaso direto na cabeça dele.
Ele se esquiva, e ele cai no chão se despedaçando. Nós dois
avançamos um para o outro, ambos além de furiosos um com o
outro. Assim que ele chega perto o suficiente de mim, eu me
atiro contra ele, agarrando-o com toda a força que minha
embriaguez fornece.
— Eu te odeio pra caralho! – grito enquanto o agarro
novamente. Dois arranhões vermelhos aparecem em seu rosto e acho
que dói porque isso aumenta ainda mais sua raiva.
Ele me agarra pelo pescoço e nos leva para trás, então ele me bate
contra a janela com tanta força que minha cabeça reverbera contra o
vidro. Deixei escapar um gemido enquanto ele continuava a apertar
meu pescoço.
— Sua vadia de merda! Você acha que pode sair por aí matando
pessoas sem enfrentar as consequências?
Movo minha mão para cima e começo a bater no peito dele, usando
toda a minha força para afastá-lo. — Eu não fiz nada, seu idiota! Mas
por que eu não poderia? Você faz a mesma merda o tempo todo... o sujo
falando do mal lavado! – grito, movendo minhas mãos para seus
antebraços porque ele está cortando meu ar.
Ele afrouxa seu aperto em mim, mas sua mão ainda está em volta do
meu pescoço e nós dois estamos respirando com dificuldade com todo
esse esforço, olhando nos olhos um do outro. É quando as coisas mudam
entre nós e a próxima coisa que sei é que sua boca está no meu pescoço
e ele me dá uma mordida forte, o que só me faz gemer alto.
Ele agarra a frente do meu vestido e o rasga bem no
meio antes de arrancá-lo de mim. Não sei se é por causa
do álcool em meu sistema, mas minha luxúria consome
cada fibra do meu ser agora.
Esqueço tudo sobre a briga que estávamos tendo há dois segundos
e apenas me concentro em suas mãos que estão percorrendo pelo meu
corpo.
Ele me vira e me pressiona de cara na janela e eu estou
olhando para o horizonte de Manhattan. Sem nenhum aviso,
sinto um forte tapa na minha bunda. Solto um grito porque
parece que ele está usando toda a sua força para me bater.
Depois de mais alguns tapas com a mão pesada, sinto minha boceta
escorrer e ele também não perde isso.
— Você gosta quando fico duro com você, sua vagabunda?
Só gemo porque meu cérebro parou de funcionar dez segundos
atrás. Ele me vira novamente para encará-lo e me levanta por
baixo das pernas e me abre enquanto empurra minha calcinha
para o lado. Não tenho outra escolha a não ser envolver minhas pernas
em sua cintura.
Ele abre a calça antes de empurrá-la para baixo e, em seguida, enfia
seu pau direto em mim em uma estocada forte. Grito de prazer e dor
enquanto ele entra e sai de dentro de mim. Eu gemo alto porque é tão
bom.
Ele impulsiona tanto a luxúria em mim que tenho que mover meus
quadris em movimento com seus movimentos. Ele me penetra com tanta
força que parece que é assim que ele está me punindo por nossa briga
anterior.
Ele aperta minha bunda com força, e ele está tão dentro de mim, que
seu pau está me preenchendo completamente ao máximo. Eu agarro seus
ombros quando ele me fode furiosamente, tentando
alcançar a linha de chegada para o êxtase. Ele move uma
de suas mãos para o meu clitóris e o esfrega.
Isso me faz gozar em torno de seu pau e, em um instante,
estou gozando em seu pau duro que ainda está bombeando dentro de
mim.
Assim que ele sente que estou gozando nele, sinto seu pau
soltar um jato de esperma dentro de mim. Ele me penetra ainda
mais forte e parece que está atingindo meu colo do útero
enquanto sinto mais esperma sendo descarregado dentro de
mim.
Nós dois estamos sem fôlego e ele agarra a minha bunda, me
segurando contra ele enquanto ele tira a calça e nos leva para seu quarto.
Ainda estou em seus braços e ele ainda tem seu pau enterrado no fundo
da minha boceta.
Ele leva nós dois para o chuveiro e, quando me solta, seu pau sai de
dentro de mim. Imediatamente sinto seu esperma escorrendo pela minha
perna.
Ele tira a roupa e fico de boca aberta de novo porque o corpo dele é
uma obra de arte pura e não posso negar o quanto isso me deixa quente.
Quando ele se vira, vejo que ele tem todo o peito coberto. Enormes
asas sangram nas que cobrem ambos os braços. Elas terminam acima de
seu pulso para que, sempre que ele estiver de terno ou camisa de manga
comprida, não seja visível.
Arfo quando vejo o que está bem no meio de seu peito e as lágrimas
ardem meus olhos, o que aniquila a satisfação pelo sexo que eu estava
sentindo. Bem no meio do peito há uma tatuagem de Nicco usando uma
coroa na cabeça. Parece tão realista, como se tivessem
tirado de uma foto. Eu definitivamente não estava
prestando atenção em seu peito naquela vez que fizemos
sexo e ele estava sem camisa ou eu teria notado isso.
Quando ele percebe para onde estou olhando, seu humor muda
instantaneamente porque ele grita para eu me apressar. Rapidamente
me limpo e lavo minha pele antes de sair correndo de lá e deixá-lo
sozinho porque não tenho energia para outra briga com ele.
Estou esgotada, então, quando volto para o quarto,
simplesmente rastejo para a cama e deito lá. Quando ele sai do
banheiro, não consigo deixar de olhar para ele. Ainda há água pingando
dele e eu só quero lambê-lo.
Ele está prestes a ir para a cama quando seu celular toca e ele solta
um suspiro antes de atender. Ele ouve o que a outra pessoa está dizendo
antes de responder. — Ophelia ainda está aí com você? – ele ouve
antes de soltar uma risada. — Estarei aí em dez minutos. – ele diz antes
de finalmente desligar o celular e entrar no closet para se vestir
novamente.
Não acredito que ele está subindo lá para ver aquela mulher de
novo! E por que estou me sentindo apunhalada por causa dessa
informação que não consigo compreender agora. Ugh, o que eu preciso
fazer é ficar o mais longe possível dele. Alguns minutos depois, ele sai
do closet e me olha diretamente nos olhos.
— Fique aqui e eu estarei de volta em algumas horas. Não tem
como sair daqui a menos que você tenha minha impressão digital, então
não perca seu tempo. – ele diz assim que sai do closet já vestido e depois
sai do quarto e sai pela porta.
Minha cabeça está girando, e eu fico lá por cerca de
uma hora antes de decidir que preciso me afastar dele
antes que ele volte. Mesmo se eu falhar, pelo menos saberei
que tentei.
Corro para o banheiro para pegar minha calcinha e colocá-la.
Correndo para o closet, pego uma de suas camisas de botão e
rapidamente abotoo. Nenhuma de suas calças vai caber em mim,
então apenas coloco uma de suas boxers e, em seguida, pego
um de seus paletós para colocar sobre mim.
Para no meio das minhas pernas, não muito, mas vai ter
que servir. Eu pego meus saltos e saio correndo do quarto. Eu não tenho
outros sapatos, então eles terão que servir.
Assim que chego à sala de estar, procuro em todas as gavetas
qualquer coisa útil. Acho um compacto com pó em um, um ciúme
irracional me consome só de pensar em quem ele poderia ter tido por
aqui.
Acalme-se, Addison! Você está tentando fugir dele agora. Com esse
pensamento em mente, continuo procurando. As gavetas da cozinha
estão vazias, embora eu encontre alguns marcadores, fita adesiva
transparente e post-its.
Não encontrando nada, volto para a sala de estar abatida. Olho para
a janela novamente, com as lindas luzes me provocando. Meus olhos se
fixam no copo de uísque que ele tomou antes de subirmos para o
escritório do clube.
Não presto atenção até que um pensamento passa pela minha cabeça
sobre como tirar impressões digitais de uma superfície. Corri de volta
para pegar o pó que vi antes e a fita adesiva na gaveta da cozinha.
Assim que volto para a sala, uso o pincel ao lado do pó e espalho
levemente no vidro. Sopro o excesso e quando olho para
baixo, vejo o contorno de uma estampa. Rasgo um
tamanho decente da fita e coloco-a bem sobre o pó.
Gentilmente levanto as pontas da fita e quando tudo está
fora, eu corro até a porta. Coloco a fita suavemente no teclado antes de
usar meu polegar enquanto imploro a Deus para que funcione.
Fico tão surpresa quando ouço um bipe que eu fico
completamente paralisada por um segundo. Eu puxo a
maçaneta e a porta se abre.
Olho para baixo, localizando um de seus sapatos e coloco-
o na parte inferior da porta para mantê-la aberta enquanto calço meus
sapatos. Uma vez que eles estão colocados, eu corro para fora de lá
como se minha bunda estivesse pegando fogo. Corro todo o caminho
pelo corredor em direção ao elevador antes de apertar o botão para
chegar aqui.
Assim que entro, pressiono o botão para descer e, quando desce,
meu nervosismo toma conta de mim. Preciso correr rápido porque se ele
me encontrar, provavelmente vai me matar.
Assim que chego ao fundo, corro para fora de lá rapidamente,
acelerando para o beco de onde viemos antes. Corro pela rua transversal
ao lado do beco e continuo correndo como se minha vida dependesse
disso. Bem, depende, mas você entendeu.
Está um pouco frio, mas graças a Deus, não estamos no auge do
inverno ou isso teria sido uma droga. Esses saltos estão me matando,
mas tenho que continuar se quiser sobreviver.
Corro três quarteirões e quando estou prestes a sair de outro beco,
vejo um SUV preto parar bem na frente do beco e dois homens em
roupas pretas descem, vindo em minha direção.
Eu tento me virar e correr de volta por onde vim, mas
há outro SUV lá atrás. Merda, merda!! Ele não poderia ter
me encontrado tão rápido, poderia?
Tiro meus saltos e tento passar correndo pelos dois caras na minha
frente, mas eles antecipam meu movimento e um deles agarra minha
cintura e me levanta em seu ombro.
Chuto e grito, mas não sou páreo para eles. Ele me joga
no SUV e os dois sobem ao meu lado antes de sairmos.
— Quem diabos são vocês? – pergunto.
— Você saberá em breve, nosso chefe está esperando há muito
tempo para encontrá-la novamente. – Novamente? Que porra é essa,
quem é essa pessoa agora?
O motorista está dirigindo o mais rápido que pode no trânsito da
cidade de Nova York e, quando vejo que estamos indo para o
interior do estado de NY, entro em pânico.
Em que diabos eu acabei de me meter...
Fodo seu corpo contra a janela, e ela solta um gemido
alto. Continuo enfiando meu pau em sua boceta apertada. Isso
é muito rude, com a intenção de machucar com o jeito que nós dois
estamos arranhando um ao outro. Nós dois estamos tentando exorcizar
nossos demônios fodendo.
Minha mão está em sua bunda e eu pego um pouco dela,
apertando, e pela aparência das coisas, esta vadia está
aproveitando cada momento da nossa foda bruta.
Alguns minutos depois, nós dois gozamos, respirando com
dificuldade, como se tivéssemos acabado de correr uma maratona. Eu
nos levo até o banheiro, com meu pau ainda dentro dela. Deus, esta é
uma das bocetas mais apertadas que já tive o prazer de estar dentro.
Assim que entramos no banheiro, coloco-a de pé e meu pau sai
de sua boceta. Instantaneamente, ele sente falta do calor de estar
dentro dela. Calma garoto, ela pode ser uma das melhores
transas que já tivemos, mas ainda a odiamos.
Ela entra no chuveiro na minha frente e quando olho para ela, ela
está de costas para mim e noto pela primeira vez, o que parece ser
cicatrizes desbotadas cobrindo toda sua pele. Está quase desaparecendo,
mas você ainda pode vislumbrar as mais profundas. Anoto para
perguntar a ela sobre isso mais tarde, não que eu realmente me importe,
mas agora estou curioso.
Tiro minha roupa para me preparar para tomar banho e quando olho
para ela novamente, vejo que seus olhos estão fixos em mim, olhando
para todas as tatuagens que cobrem meu corpo. Ela tem um olhar cheio
de admiração em seus olhos enquanto devora a obra de arte que me
cobre.
Dois segundos depois, vejo sua expressão mudar e o
olhar em seu rosto é triste, e ela tem lágrimas nos olhos.
Eu olho para ver onde ela tem seus olhos focados, e quando
percebo que ela está olhando diretamente para a tatuagem
que tenho de Niccolo, meu humor azeda instantaneamente. A euforia
do sexo que eu estava sentindo um segundo atrás se dissipa e minha
raiva retorna.
Por um segundo, quase esqueci o quanto a odeio. Às vezes,
é tão fácil me perder naqueles olhos assustados dela, e muitas
vezes esqueço que a única razão pela qual ela está comigo é
porque ela matou meu irmão e eu deveria estar punindo ela.
— Apresse-se e tome banho, então dê o fora. – grito para ela e ela se
encolhe com o tom da minha voz. Ela rapidamente entra e limpa o
sêmen que está escorrendo por suas pernas e então deixa a água cair em
cascata por seu corpo por alguns minutos antes de praticamente sair
correndo do banheiro e voltar para o quarto.
Assim que ela sai, entro no chuveiro e o deixo mais quente
antes de deixá-lo escorrer pelo meu corpo enquanto o vapor
envolve todo o espaço. Eu apenas fico lá embaixo do jato e deixo a água
amenizar toda a tensão do meu corpo.
Espero até me acalmar de novo, porque se eu entrar no quarto com
meu estado atual, provavelmente quebraria o maldito pescoço dela.
Quando sinto que provavelmente não vou matá-la, desligo o
chuveiro e enrolo a toalha na cintura antes de voltar para o quarto. Ela
está deitada na cama e posso sentir seus olhos percorrendo meu corpo.
Olho para ela e sorrio porque sei que ela quer mais, se a luxúria
crescendo em seus olhos for algum sinal.
Vou para a cama quando meu celular toca, interrompendo meu
plano de apenas descansar um pouco. Quando olho para o identificador
de chamadas, vejo que é Alexander.
— Ei, cara, você vai voltar aqui?
— Ophelia ainda está aí com você?
— Sim! Você sabe que quando essa vadia se prepara para
festejar, ela festeja muito.
Solto uma risada porque é verdade. — Estarei aí em dez
minutos. – digo a ele antes de desligar o celular.
Assim que desligo o celular, entro no meu closet e
escolho um dos meus ternos com uma camisa branca de
botão. Depois de me vestir, volto para o meu quarto e pego
meu celular e minha carteira.
— Fique aqui, volto em algumas horas. – digo a ela. Ela
imediatamente irradia e eu sei que ela está pensando em fugir. Não há
como entrar ou sair desta suíte sem minhas impressões digitais. — Não
há como sair daqui sem minha impressão digital, então não perca seu
tempo.
Seu rosto entristece quando eu a deixo saber que ela está presa aqui.
Sem mais nada para dizer a ela, saio do quarto e saio pela porta da frente
antes de caminhar até o elevador que leva à entrada do clube.
Há muitas pessoas aqui esta noite e não posso arriscar sair do meu
escritório. Você nunca sabe quem está tentando monitorar você. Sei que
posso confiar em Alexander e Phee, mas não confio totalmente nas
outras pessoas ao seu redor.
No meu mundo, os homens são comprados facilmente se você tiver
a quantia certa de dinheiro. A traição sempre vem com um preço, e você
nunca sabe quem está sendo pago para monitorá-lo.
Assim que saio do elevador, a música me atinge bem na cara. É
barulhenta e irritante, mas é disso que essas pessoas precisam para se
divertir. Prefiro apenas beber sem essas músicas
irritantes cheias de graves tocando.
O clube está mais cheio agora do que antes, o que é bom
para mim porque vou ganhar muito mais dinheiro. Sigo até a
seção reservada para mim e minha família ou amigos. Ao passar, todos
os meus homens acenam com a cabeça em reconhecimento e eu faço o
mesmo.
Quando chego ao último andar, vejo Frank e Gio com
Alexander e Phee e alguns dos amigos de Alex. Além de nós,
acho que Phee nem tem ninguém a quem chamar de amigo.
Ambos são frequentadores do clube sempre que estão em Nova York.
— Então, Phee, o que realmente trouxe você aqui para este lado do
país? Normalmente tenho que implorar para você vir aqui me ver às
vezes, especialmente quando não tenho um trabalho para você.
— O quê, você não acredita que eu estava na vizinhança? – ela
pergunta, movendo a sobrancelha. Eu dou a ela um olhar que diz
sim, porra, claro.
— Tudo bem, vocês garotos não são divertidos às vezes! Eu tinha
um negócio para resolver, e quando disse que precisávamos conversar
mais tarde, na verdade era sobre seu tio. Esse cara que conheço, que está
no mesmo ramo que eu, disse que tem ouvido conversas clandestinas
sobre o seu tio ser aquele que continua mandando os federais para cima
de você.
— Filho da puta! Procure por ele, mas não o mate. Preciso de todas
as informações que você conseguir sobre ele, seu paradeiro e o que mais
ele tem feito.
— Você que manda, chefe! – ela diz enquanto me cumprimenta. Eu
reviro os olhos porque essa garota nunca seria pega trabalhando para
ninguém, muito menos chamando alguém de chefe.
Alex interrompe o que eu estava prestes a dizer a
seguir. — Tudo bem, vocês dois, já é trabalho suficiente
por esta noite! É hora de se divertir! – ele diz enquanto nos
entrega nossas bebidas.
— Então, qual é o problema com aquele pedaço de carne que você
tinha aqui antes? – Phee - a única pessoa que sempre se intromete nos
meus negócios - pergunta. Ela tem sorte porque, como minha
melhor amiga, também a amo como uma irmã, ou já a teria
apresentado à minha píton reticulada há muito tempo.
— Ugh, não podemos falar sobre aquela vadia agora?
— Por que não? Eu sei que você transou antes de voltar para cá. –
ela sorri. Alex olha para mim sorrindo, muito interessado na conversa
agora.
— Você tem um sensor no meu pau ou algo assim que permite
saber quando fodi alguém? Além disso, você tem sorte de eu amar
sua bunda ou você teria virado comida de cobra agora. – digo,
dando a ela um sorriso malicioso.
Ela enxuga as lágrimas falsas de seus olhos. — Ahhh, eu também te
amo, idiota!
— Vadia! De qualquer forma, aquela é a vadia que matou Niccolo e
estou aproveitando meu tempo com ela antes de começar a matar.
Ela parece triste por um momento porque também considerava
Niccolo seu irmão mais novo: — Sinto muito e sinto muito por não estar
presente no funeral e outras coisas. Eu tinha problemas familiares
irritantes para lidar.
— Não se preocupe com isso, ele sabia que seu sádico coração
negro o amava. – Com isso, ela me dá um sorriso.
— Mas caramba, eu não gostaria de estar na posição dela quando
você estiver pronto para acabar com ela.
— É verdade. – grita Alexander.
— Sim, tenho lidado com ela nos últimos meses.
— Meses? Você geralmente apenas os tortura antes de matá-los,
e isso geralmente leva apenas algumas horas! – Alex grita.
— Agora, que graça teria se eu a matasse rapidamente? Eu
tenho tomado meu tempo com ela. Quebrá-la é muito mais
divertido do que apenas matá-la. Além disso, a pior parte é
que era a melhor amiga da namorada dele.
— Porra, isso é uma loucura! – ele olha para mim sorrindo — Ah,
aposto que você está se divertindo fazendo ela pagar.
Dou a ele um dos meus sorrisos antes de responder: — Um
cavalheiro nunca conta...
— Bem, é bom que você não seja um cavalheiro, não é? – Nós
dois rimos disso.
— Falando na namorada dele, preciso de um favor. Quando você
volta para Cali?
— Depois de amanhã, do que você precisa?
— Só preciso que você verifique ela para mim. Ela não sabe que sua
melhor amiga matou meu irmão e Addison desapareceu da face da terra,
então, se eu tivesse que adivinhar, tenho certeza de que ela não está bem
agora. Meu irmão deve tê-la amado se deu a ela o status de namorada,
então tenho que ter certeza de que ela está bem por ele.
— Não diga mais nada, estou nisso. Você sabe que eu faria qualquer
coisa por você. Nicco era praticamente meu irmão também, cara.
— Eu sei, cara… o nome dela é Amelia DuPont. Darei a você o
resto dos detalhes dela mais tarde.
Depois disso, concluímos o resto do nosso negócio
antes de todos bebermos. Pego meu uísque de sempre e ele
o mesmo. Phee só bebe o que diabos está bebendo em seu
copo no momento. Sentamos e bebemos enquanto relaxamos e
conversamos sobre outras coisas acontecendo em nossas vidas.
Tudo está indo bem. Meus homens estão estrategicamente
posicionados em todo o clube, então, se algo der errado, eles
poderão reagir rapidamente. Faz muito tempo que não me
sinto tão relaxado e, infelizmente, não dura muito.
No minuto seguinte, meu celular toca e, quando o pego, vejo que é
o alerta da cobertura. O alerta me permite saber que alguém abriu a
porta. Filho da puta!
Acho que ninguém mais sabe sobre ela, mas posso estar errado. Eu
me levanto rapidamente e sinalizo para Frank e Gio que precisamos
ir.
— Preciso ir, parece que tem alguém na cobertura. – digo a Alex e
Phee.
— Nós vamos junto. – ele diz, e todos nós descemos correndo as
escadas, embora não deixemos claro que estamos com pressa porque
quanto menos atenção em nós, melhor. Todos nós nos amontoamos no
meu elevador e, assim que saímos, caminhamos apressadamente até a
porta da minha suíte.
Todos nós pegamos nossas armas e as mantemos prontas para o
caso de precisarmos usá-las. Escaneio minha impressão digital no
teclado e as portas se abrem. Frank e Gio entram primeiro, seguidos por
mim e Alex e Phee. Nada parece fora do lugar e eu me apresso e vou
para o meu quarto e o encontro vazio. Verifico o chuveiro e vou até o
closet.
Está vazio, mas vejo algumas das minhas roupas
jogadas no chão e instantaneamente sei que ela se foi. Volto
para a sala de estar, avisando Frank para preparar alguns
caras porque Addison escapou.
Pego meu celular e abro o aplicativo do rastreador que coloquei
dentro dela quando ela ainda estava inconsciente depois que atirei
nela. Agora estou feliz por ter feito isso, porque isso tornará
mais fácil encontrá-la.
Ouço Alex soltar uma risada. — Uau, sua pequena
assassina parece dar muito trabalho.
— Confie em mim, quando eu a encontrar, ela vai merecer tudo o
que acontecerá com ela.
— Essa é perfeita para você! Estou vendo isso agora. – diz Phee
inutilmente.
Franks me avisa que os caras estão lá embaixo esperando
por nós e digo a ambos que enviarei todos os detalhes sobre as
coisas que discutimos antes, mais tarde, antes de sair para encontrar meu
cordeirinho.
Ando até o scanner e noto a fita lá. Quando a tiro, vejo a impressão
digital. Parece que meu cordeirinho é muito engenhoso.
— Eu vou matar aquela garota! – digo para ninguém em particular e
ouço algumas risadas atrás de mim.
— Sim! Definitivamente é perfeita! – Phee dá uma risadinha e eu
apenas mostro o dedo do meio para ela antes de sair.
Quando chegamos ao primeiro andar e saímos para as ruas, os
SUVs já estão lá e todos entramos antes de sairmos.
Abro seu aplicativo de rastreamento novamente e vejo que ela está
indo para o interior do estado de NY e me pergunto o
que diabos ela estaria fazendo lá e, mais importante, por
que ela está indo para lá. Assim que saímos da cidade e
seguimos na mesma direção de Addison, digo aos caras que
acelerem porque geralmente não há trânsito nessa parte da jornada.
Meia hora depois, quando verifico o aplicativo novamente, vejo
que ela está bem na nossa frente. Quando olho para cima, vejo que
é um SUV e, um minuto depois, alguém coloca o corpo para
fora da janela e começa a atirar em nós.
Quem diabos ela tem com ela? Meus homens abrem fogo
e está chovendo balas agora. Do banco da frente, Scar acerta a roda
dianteira do veículo à nossa frente e o SUV capota sem parar algumas
vezes. Frank pisa no freio e paramos a poucos metros do veículo
capotado.
Saio do nosso veículo e caminho em direção aos destroços,
Addison sofrerá um mundo de dor assim que eu colocar minhas
mãos nela...
Porra! Não sei para onde esses caras estão me levando, mas nada de
bom virá de ser sequestrada novamente. Como diabos essa merda
continua acontecendo comigo?
Primeiro, estava sofrendo abuso, depois fui
sequestrada por talvez matar alguém... ainda não tenho
certeza porque não me lembro disso e agora estou sendo
sequestrada novamente depois de pensar que estava prestes a escapar
depois de meses com um assassino psicótico.
Não consigo nem fazer um movimento com esses dois
gigantes de cada lado de mim. Suspiro, preciso pensar em algo
para me salvar sempre que chegarmos aonde estamos indo.
Quanto mais nos afastamos da cidade, mais entro em
pânico. Estamos dirigindo há muito tempo quando de repente as balas
estão chovendo por toda parte. Eu me viro para ver o que está
acontecendo e vejo que outros dois SUVs pretos estão nos seguindo.
O cara no banco da frente está atirando no SUV que nos segue, e
eles estão atirando em nós. Alguns minutos depois, sinto os pneus
furarem e nosso carro capotar. Meu corpo é jogado ao redor e
quando o carro finalmente para, estamos de cabeça para baixo.
Não consigo me mover com a quantidade de dor disparando
pelo meu sistema.
Os homens já estão fora do SUV e mais tiros estão sendo
disparados. Eu rastejo para o outro lado e tento rastejar para longe de
onde toda a ação que está acontecendo.
Tudo fica quieto e quando estou prestes a me levantar e sair
correndo, ouço a voz da pessoa que me deu pesadelos nos últimos
meses. Eu rapidamente me viro e agora estou sentada na grama olhando
para ele.
— Indo a algum lugar, cordeirinho?
Porra! Isso não é bom…
Ele se ajoelha na minha frente. — Você está prestes a saber como é
sentir minha ira quando chegarmos em casa.
Não tenho tempo de dizer nada porque ele me espeta
no pescoço com uma seringa e leva um segundo para tudo
ficar escuro.
A sensação de ser coberta pela água faz meus olhos se
abrirem enquanto um grito escapa de mim. A água entra
instantaneamente na minha boca e no meu nariz.
Olho para cima e vejo Cole acima de mim; ele está com a mão
em volta do meu pescoço, me segurando na água. Chuto e agarro
suas mãos, tentando fazê-lo me soltar. Meus pulmões estão
queimando por não conseguir respirar. Quando penso que
estou prestes a morrer, ele me levanta.
Eu começo um ataque de tosse enquanto ele está parado ali, olhando
para mim com uma expressão vazia. Não há sinal do homem com quem
fiz sexo na noite anterior. Mesmo quando ele era frio antes, ainda havia
um toque de humanidade nele, mesmo quando ele tentava esconder isso.
Agora, é como olhar para algo que não tem humanidade e está se
preparando para destruição.
— Quem eram aquelas pessoas? Eles te ajudaram a matar meu
irmão? São as pessoas que estavam ajudando você a escapar? – Eu ainda
estou tossindo e não posso responder agora.
— Responda-me! – ele grita comigo quando demoro muito. Ele
deve estar impaciente agora, porque assim que estou prestes a abrir
minha boca para falar, ele me empurra de volta para baixo d'água, desta
vez com o rosto primeiro, e meu rosto colide com o fundo da banheira,
sangue instantaneamente se espalha na água. Ele me segura por mais
alguns segundos antes de levantar minha cabeça novamente.
— Eu te fiz uma maldita pergunta! – ele grita.
— Eu... eu não sei quem eram aquelas pessoas! Eles me
sequestraram quando saí do seu apartamento! – grito de volta para ele,
tentando agir com coragem, mas com ele desse jeito,
estou morrendo de medo do que ele pode fazer comigo.
Ele nem acredita em uma palavra do que acabei de dizer.
— Você espera que acredite em suas mentiras? – Eeee,
ele apenas provou meu ponto.
— Não dou a mínima para o que você acredita! Estou te falando
a verdade, seu psicopata!!
É a coisa absolutamente errada de se dizer, porque é
como se minhas palavras tivessem acionado um interruptor
dentro dele e ele me empurrasse de volta para a água e me
segurasse por mais tempo do que nas duas primeiras vezes que fez isso.
Eu tento chutar, precisando de ar, agarrando-o pelo braço para fazê-lo
afrouxar o aperto, mas minha tentativa de sair daqui é inútil.
Quando sinto que estou prestes a desmaiar, ele finalmente me
puxa para cima. Eu tusso a água que entrou na minha boca enquanto
as lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto e arrepios tomam
conta do meu corpo.
— Eu já disse, não sei quem eram aquelas pessoas! – eu murmuro
para ele, mas ele está tão distante que nem está ouvindo o que tenho a
dizer.
— Então me diga como eles foram convenientemente lá para buscá-
la logo depois que você escapou do meu apartamento! – Verdade seja
dita, eu estava me perguntando a mesma coisa. Como sabiam que eu
estava fugindo para parar e bloquear meu caminho? Eles estavam
vigiando o prédio? Se eles estavam... então quem diabos são eles? Nada
disso está fazendo sentido para minha mente sobrecarregada.
Eles estão atrás de Cole ou estão atrás de mim porque vim para cá
com ele? Faria sentido eles estarem atrás dele, já que ele provavelmente
tem muitos inimigos. Mas se eles estão atrás de mim... Poderia ter sido a
pessoa que deixou o bilhete? Ugh, tantas perguntas e
ainda menos respostas.
— NÃO SEI!!! – grito tão alto com ele, logo antes de
me lançar sobre ele, usando meus punhos para acertá-lo. Dou
um soco no queixo dele e depois arranho seu rosto, o que parece
irritá-lo ainda mais. Eu não vou deixar ele me machucar mais. Tenho
que lutar porque estou cansada de ser o saco de pancadas de outra
pessoa. No entanto, não sou forte o suficiente para dominá-lo e,
desta vez, quando ele empurra minha cabeça para trás na água,
ele me deixa lá até eu desmaiar.
Acordei quando senti um tremor no corpo. Eu gemo alto
porque isso dói muito. Estou deitada no chão ao lado da banheira. Ele só
me deu um choque para me acordar.
Uma vez que ele vê que estou acordada, ele me levanta e me leva
para fora do banheiro e para o que eu presumo ser o quarto dele. Eu
mal vejo que todo o seu quarto está escuro antes que ele me empurre
para fora da porta.
Descemos para o porão e paramos em frente a uma porta. Quando
ele abre a porta, eu gemo. Ah ótimo, só tinha que ser aquele com as
cobras dentro. Eu uso toda a energia que tenho para lutar com ele; Eu
agarro seu rosto e cravo minhas unhas em seu rosto para fazê-lo me
soltar, mas ele me agarra pelo pescoço e usa a outra mão para me socar.
Eu caio no chão e fico atordoada por um segundo quando vejo sangue
pingando no chão.
Ele caminha até mim e me agarra antes de me empurrar para o poste
que está no meio da sala. Esta sala parece diferente, e é aí que percebo
que esta é uma sala diferente. Jesus Cristo! Quantas cobras esse
psicopata tem? Por favor, por favor, não deixe que ele solte nada em
mim, porque desta vez posso ter um ataque cardíaco.
Ele amarra minha mão ao poste, movendo minhas
mãos acima da minha cabeça, de costas para ele. Ele
também prende minhas pernas no lugar, e então o ouço
procurando alguma coisa. Quando ele encontra o que está
procurando, ele volta para mim. Alguns segundos se passam
sem que nada aconteça e meu nervosismo leva a melhor sobre mim. De
costas para ele, não consigo ver o que ele está fazendo, e isso faz com
que uma nova sensação de incerteza me atinja.
O primeiro golpe nas minhas costas foi tão inesperado e
um choque para meu sistema, que soltei um grito cheio de
angústia. Isso nem o faz parar porque ele me bate de novo e de
novo até que eu não seja nada além de uma bagunça soluçante. Perdi a
conta até dez, a dor insuportável demais para me concentrar em qualquer
outra coisa.
Quando ele termina, ele se afasta sem dizer uma palavra. Meu
corpo cai contra o poste enquanto estou chorando agora. Isso traz de
volta tantas memórias que eu gostaria de poder esquecer, e só de
pensar no passado me faz chorar ainda mais. Eu me sinto
exatamente como me sentia quando ainda estava com meus
pais: sempre perdida e sem saída.
Cole volta para mim com uma faca na mão. Isso não pode ser bom.
Ele pressiona contra minhas costas e a sensação de sua camisa contra a
minha pele, que tenho certeza que está sangrando, faz arder. Eu tento me
mover, mas não há para onde ir com ele me apertando.
— Isso está prestes a ser divertido para mim. – diz ele em meu
ouvido. Ele se move para o meu lado e então levanta a faca, sinto a faca
perfurar minha pele, o que faz com que os gritos escapem de mim. Estou
muito fora de mim para decifrar o que ele está fazendo, mas parece que
ele está esculpindo algo em meu lado. Tudo o que sinto é a imensa dor
da faca cortando minha pele, que tem mais gritos arrancados de mim.
Quando ele termina, ele volta para a bancada e deixa cair a faca em
uma mesa. Ele volta para mim e afrouxa a corda dos
meus tornozelos e depois dos meus pulsos. Assim que me
solto, caio no chão porque minhas pernas não aguentam
mais o meu peso.
Ele me agarra pelo pescoço antes de me arrastar para fora da sala e
para outra. Ele me empurra bruscamente para dentro do quarto e vejo
um pequeno colchão no chão; parece que é o mesmo quarto em
que eu estava quando cheguei aqui.
— Vou continuar quando voltar. – ele diz friamente e
com isso, ele sai do quarto e fecha as portas atrás de si com
um estrondo. O som da porta se fechando é tão derradeiro que faz com
que mais lágrimas caiam de mim.
A dor me consome e posso me sentir lentamente começando a
quebrar. Quanto mais tempo estou aqui, mais sinto que meus pedaços
estão se despedaçando. Os pensamentos causam estragos em minha
mente. Você não é boa o suficiente, você merece isso, ninguém nunca
vai te amar, você nunca vai ser boa o suficiente para amar…
Cubro meus ouvidos com as duas mãos, balançando-me para frente
e para trás e quando isso não funciona para tirar os pensamentos da
minha cabeça, eu soco a parede algumas vezes porque tudo que sinto é a
raiva queimando em minha alma e a dor em meu corpo.
Tudo dói, e nada é pior do que ter sua própria mente contra você.
No momento em que paro, minhas mãos estão ensanguentadas de tanto
bater contra a parede. Eu lentamente caminho para o colchão patético e
deito de bruços.
Meu lado dói com as marcas da faca, minhas costas doem e agora
minhas mãos também. Quando a dor acaba? Alguma vez? O que fiz para
merecer isso... Deus, eu me sinto tão patética comigo
mesma porque nunca consigo me salvar.
Você já olhou para si mesma e se perguntou como
chegou a esse ponto em sua vida? Já se perguntou o que você
fez de errado para fazer tudo ao seu redor desmoronar?
Você já se perguntou por que a vida prefere destruí-la do que
vê-la crescer? Esses são os pensamentos que tenho na maioria
dos dias em que viver uma vida normal parece impossível e é
tão cansativo pensar no que fiz para acabar aqui. Com
exceção de Nicco, sei que matei todos naquela casa cujos
demônios continuam a me atormentar, mas tive que fazer isso para me
salvar...
Não consigo nem descrever a dor de cabeça que vivo todos os dias.
Bem, talvez não dor de cabeça, mas você já esteve viva, mas não sentiu
nada além de morta por dentro?
Quando meus pensamentos ficam demais, tento desligá-los e
encontrar um pouco de sono, mas ele nunca vem e passo a noite inteira
deitada ali, bem acordada.
Passei o dia seguinte apenas deitada na mesma posição, só me
movendo quando precisava fazer xixi e depois retomando minha posição
novamente. Meu corpo inteiro está em agonia agora.
Passo o segundo dia quase igual ao primeiro e estou com muita
fome. Ninguém me trouxe comida desde que Cole foi embora. Eu nem
sei para onde ele foi; Acho que essa é a maneira dele de me punir. A
única coisa que me mantém viva agora é a água do cano aqui.
Essa noite é a primeira vez que tenho qualquer contato humano em
dois dias e quando vejo quem está na porta eu gemo. É Frank, e ele está
olhando para mim com a mesma aversão e ódio que
sempre sentiu por mim.
— Levante-se, sua puta. – ele zomba de mim. — Você
vai aprender outra lição.
Com o brilho malicioso que ele tem em seus olhos, já posso dizer
que isso tem desastre escrito por toda parte. Quando eu não me
mexo, ele caminha até mim e me chuta no lado. A dor
instantaneamente surge do meu lado porque é o mesmo lado
com o qual Cole estava se divertindo quando estava me
esquartejando.
Ele me puxa pelos cabelos e, quando estou de pé, não espera que eu
revide. Mesmo que eu esteja fraca e com dor, não vou deixar esse idiota
me machucar também.
Levanto minha perna e chuto suas bolas com toda a força que
posso reunir. Ele abaixa, pegando seu pau e eu aproveito a
oportunidade para sair correndo do quarto.
— Sua maldita vadia! Você vai pagar por isso! – ele grita enquanto
corro escada acima o mais rápido que posso. Alguns segundos depois,
eu ouço o som inconfundível de botas me seguindo e movo ainda mais
as pernas.
Saí pelas portas do porão direto para a cozinha. Olho em volta da
cozinha em busca de uma arma, mas não vejo nada. Eu corro ao redor da
bancada, abrindo gavetas e encontro uma com facas assim que Frank
chega à cozinha. Pego uma das facas maiores e a seguro na minha
frente.
— Não... não se aproxime, por favor! Eu não quero ter que fazer
isso. – Minha voz vacila enquanto tento manter a calma.
— Você acha que vai sair assim tão facilmente? Cole pode perder
tempo com você porque sua boceta é um buraco para ele
foder, mas você merece pagar por matar Nicco! – ele grita
a última parte. Seu rosto é mortal e se eu deixá-lo chegar até
mim, ele sem dúvida vai me matar.
— Eu não o matei! – eu tento implorar para que ele acredite em
mim. — Você viu como estávamos com Nicco, por que eu o mataria?
— Vi o vídeo e agora ele está a sete palmos abaixo da terra
enquanto você ainda consegue respirar! Estou farto de você
estar viva quando meu amigo está morto! Você merece estar
na mesma posição e não me importo se Cole me matar por
isso, mas vou me vingar esta noite.
Assim que suas últimas palavras saem, ele avança tão rápido sobre
mim que nem consigo entender o que está acontecendo. Seu corpo bate
no meu e nós dois caímos no chão. A faca cai das minhas mãos e a
próxima coisa que sei é que a mão dele está em volta do meu pescoço
e ele está apertando.
Tento virar a cabeça e ele continua apertando com mais força. Nós
dois estamos lutando agora, ele tentando me sufocar e eu tentando tirar a
mão do meu pescoço. Eu cravo minhas unhas em sua pele e as movo
para baixo e vejo sangue escorrendo da ferida, mas ainda assim, ele me
agarra com força.
Vejo a faca a alguns centímetros de mim e estendo a mão para tentar
agarrá-la, mas está fora de alcance. Eu continuo torcendo meu corpo
debaixo dele, tentando alcançá-la. Manchas escuras começam a pairar
em torno da minha visão, e então os meus dedos finalmente tocam a
faca. Eu a agarro e rapidamente a levanto, enfiando-a em seu lado.
Ele geme e rola para longe de mim, caindo de costas, segurando seu
lado. Respiro fundo enquanto a raiva toma conta de mim. Rapidamente
monto em seu abdômen antes que ele possa obter a
vantagem novamente, e enfio minha faca em seu peito.
Isso traz de volta a memória de quando fiz a mesma
coisa com meu pai e é como se eu fosse transportada de volta
ao passado e não fosse Frank quem estava comigo, mas meu pai.
Neste ponto, não posso dizer o que é real e o que é uma ilusão enquanto
continuo enfiando minha faca dentro e fora de seu peito enquanto as
lágrimas escorrem pelo meu rosto.
Sou catapultada de volta ao presente quando mãos puxam
meu cabelo, me jogando a poucos metros do corpo de Frank.
Olho para ele e puta merda, eu não posso acreditar que acabei
de fazer isso. Ele nem está reconhecível agora. A frente de seu peito está
mutilada e até mesmo seu rosto tem facadas.
Ah meu Deus! Eu acabei de fazer isso, porra! Estou coberta com o
sangue dele e notando isso agora, tento freneticamente limpá-lo de
mim, mas apenas me suja mais. Eu me viro para o lado e vomito no
chão, com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto agora. Porra! Eu
matei alguém de novo...
Vejo um par de mocassins italianos limpos entrar em meu campo de
visão e meus olhos vagarosamente percorrem as pernas do terno até o
peito coberto pelo terno. Parece que isso está acontecendo em câmera
lenta, e quando meus olhos finalmente chegam ao rosto dele, me deparo
com o olhar assassino de Cole.
Já teve sua vida passando diante de seus olhos enquanto você não
estava em uma experiência de quase morte? A minha acabou de fazer
isso. Não me pergunte como sei, mas tenho a sensação de que, aconteça
o que acontecer, nunca mais serei a mesma.
Ele está alto acima de mim parecendo um rei irritado, mas
majestoso, prestes a punir alguém que fez algo que não deveria. Engulo
em seco porque seu rosto me diz que isso finalmente o levou ao limite, o
ponto sem volta para mim.
— Eu... eu... Cole, por favor... – Sou impedida de
dizer qualquer outra coisa quando ele me agarra pelo
pescoço e me levanta, apertando meu pescoço com tanta
força que minhas vias respiratórias são cortadas e acho difícil respirar.
Eu tento agarrar seus braços, mas ele tem um aperto de aço em mim e
ele é forte pra caralho. É irreal o quanto poderoso ele é.
— Cale a boca, sua maldita puta! A surra que lhe dei há
dois dias não foi suficiente para você?
— Você... você não entende o que aconteceu...
— Claro que não! Você matou meu irmão e agora acabou de matar
um dos meus homens? Ah, cordeirinho, você vai se arrepender muito do
que acabou de fazer.
— Por favor, apenas escute… – O tapa surge do nada e meu rosto
inteiro arde com o poder por trás daquele tapa.
— Tenho sido muito indulgente com você.
— Toda merda que já fez comigo é o que você chama de
indulgente? – grito com ele. Mais uma vez, falar demais sempre foi meu
mecanismo de defesa, e eu precisava aprender quando calar a boca. —
Ele mereceu isso, porra!
Realmente preciso aprender quando calar a boca…
Ele me dá um soco no rosto desta vez e posso sentir meu lábio abrir.
A dor que surge em meu rosto é tão intensa que parece que consigo ver
as estrelas pairando. Ele acabou de me bater no mesmo lugar que me
cortou dois dias atrás.
— Você ainda não viu o monstro que todo mundo tem medo... mas
não se preocupe, você está prestes a ver.
Eu tento fugir, mas seu corpo bate no meu e eu caio
com um baque. Ele me vira para que eu fique de costas
enquanto ele monta em mim. Ele me dá mais dois socos no
rosto e sinto um lado do meu rosto já inchando e não
consigo abrir um dos olhos.
— Por que diabos você torna as coisas tão difíceis para si mesma?
Você é uma vadia sem coração que não se importa com quem mata a
sangue frio?
— Ele... foi ele quem... – Não consigo dizer mais nada
porque dói falar e as lágrimas escorrem pelo meu rosto e os
soluços obstruem minha garganta. — Sujo... falando... do
mal... lavado... você é... também... um... assassino...
— Por que você continua lutando comigo? Apenas aceite seu
destino, você não sairá daqui viva!
— Nunca vou parar de lutar com você... você... eu vou lutar com
você até não poder mais porque não vou deixar ninguém me
machucar de novo sem revidar...
Ele sai de cima de mim e então me levanta e eu uso minhas últimas
forças para jogar meu peso corporal contra ele e é tão inesperado que ele
fica surpreso por um segundo e me solta.
Aproveito esse momento para fugir dele, ele está parado na entrada
da cozinha, então o único lugar que resta para eu correr é de volta ao
porão. Merda, isso não é bom, mas não tenho outra escolha.
Talvez eu possa me trancar em um de seus quartos ou encontrar
outra arma para usar. Ele é muito mais rápido do que eu porque assim
que meus pés atingem o segundo degrau, ele está bem atrás de mim.
Ele me dá um forte empurrão e não tenho nada em que me segurar,
então caio no fundo. Parece que acabei de quebrar minha cabeça e a dor
dispara pelo meu pé. Conhecendo minha sorte, provavelmente torci
alguma coisa.
No momento em que meu mundo para de girar, olho
para cima e vejo Cole parado sobre mim. Tento me virar
para poder rastejar para longe, mas mal consigo me mover e
ele aproveita a oportunidade para me machucar ainda mais.
Chute, chute, chute, chute…
Ouço algo estalar e um segundo depois, eu sinto. Gritos
que abalaram a terra escapam de mim de todo o caminho em
minha alma machucada e espancada. Seu último chute foi tão
forte e me atingiu bem no centro do meu peito. Uma dor tão
violenta surge dentro de mim e parece que estou finalmente morrendo.
Meu peito dói, na verdade parece o meu coração. Finalmente
quebrou? Parece que para e eu caio de bruços no chão duro, com meu
corpo entrando em choque quando meu mundo finalmente escurece...
Assim que Addison desmaia, é como se a névoa de
raiva que tomou conta de mim quando entrei pela porta e a vi
esfaqueando Frank finalmente se dissipasse e eu voltasse a mim.
Porra! Nunca perdi o controle assim antes, e agora estou com
raiva de mim mesmo por deixá-la mexer com minha casca fria
cuidadosamente construída. Essa garota está tirando muitas
novidades de mim. Mesmo quando já estive em situações
mais loucas antes, nunca perdi a cabeça como acabei de fazer
com ela.
O monstro que vive dentro de mim foi colocado de volta em sua
jaula, e agora sou apenas o Cole frio que todo mundo vê.
Não consigo nem descrever a raiva que saiu de mim quando entrei
por aquelas portas e vi o que estava acontecendo. Tenho sido muito
indulgente com ela e isso resulta disso. Ela acha que tem rédea
solta para matar meus homens.
Sendo o chefe de todos esses homens, não podia deixar isso passar e
correr o risco de ser visto como fraco. Uma vez que as pessoas veem
você como fraco, elas ficam ousadas e tentam passar por cima de você e
eu não vou deixar isso acontecer, nunca.
Esses homens não são apenas meus empregados, eu os protejo tanto
quanto eles me protegem e saber que essa vadia está por aí matando as
pessoas da minha vida, bem, isso me fez ver vermelho. Ela desbloqueou
um novo nível de raiva que eu não sabia que tinha em mim.
Quando voltei para casa, esperava que ela estivesse no porão no
quarto em que a deixei. Ela não deveria ter saído, e eu só exigi que
Frank lhe desse comida e depois a deixasse sozinha até eu voltar, mas
infelizmente , não parece que foi isso que aconteceu.
O que eu não esperava era entrar aqui e vê-la
novamente coberta de sangue e esfaqueando um homem
como um demônio possuído. Pelo amor de Deus, não
consigo mais reconhecer o rosto de Frank.
Volto minha atenção totalmente para ela; ela não se mexeu desde
que desmaiou há dois segundos e isso é motivo de preocupação
porque ela está sempre lutando, não importa o quanto machucada
e ferida ela esteja. Ajoelho-me e viro-a de costas; ela nem emite
um som. A camisa que ela usava está rasgada por causa de
todas as brigas que travamos, e posso ver os hematomas
horríveis que já estão formados em seu peito, costela e área do
abdômen.
Olho para o rosto dela e porra; Parece horrível. Merda, talvez eu
tenha ido longe demais, mas caramba, eu não tinha controle sobre o meu
monstro quando a vi naquela cozinha. Assim que meus olhos
registraram a cena, foi como se eu me tornasse uma pessoa diferente.
Era como ver meu irmão de novo com o abdômen aberto e, mais
uma vez, era a mesma pessoa com sangue nas mãos.
Isso trouxe à tona o sentimento instantâneo de dor de quando perdi
meu irmão e agi por instinto antes mesmo de perceber o que estava
fazendo.
Quando olho para ela, noto que seus lábios têm uma cor azulada. Eu
rapidamente estendo a mão sobre ela e coloco meus dedos em seu
pescoço e não sinto nada. Coloco meu dedo na frente do nariz dela para
ver se sai algum ar e ainda nada.
Porra! Isso não é bom! Pego meu celular no bolso e ligo para Scar,
que atende no primeiro toque.
— Sim, chefe?
— Leve Lucas, Michael e todos os outros da equipe dele para a ala
médica agora mesmo!
Porra! Eu a pego devagar, tentando manter a cabeça
no lugar e não movê-la muito, porque quem sabe qual é o
dano agora. Subo correndo as escadas do porão e entro na
cozinha. Corro para o segundo andar da mansão e quando passo pela
porta da ala médica que temos aqui na casa, Lucas, Michael e toda a sua
equipe estão aqui.
— O que aconteceu? – Michael pergunta assim que passo
pela porta.
Nesse ponto, seus lábios estão ficando mais azuis a cada
segundo e ela ainda não respondeu. Só pelo estado em que ela está
agora, eu sei que provavelmente seria muito doloroso e o fato de ela nem
ter dado um pio enquanto eu estava correndo aqui com ela é
definitivamente um motivo de preocupação e eu sei que algo está errado.
Eu a coloco gentilmente sobre a mesa e assim que os dois dão
uma olhada nela, toda a sala entra em caos.
— Porra! Ela está apresentando sinais de cianose. – Lucas grita. —
Prepare o desfibrilador para iniciar a ressuscitação cardiopulmonar! – Os
dois começam a conectar fios a ela e a sala fica uma enxurrada de
atividade.
— Quanto tempo se passou desde que ela parou de responder? –
Michael pergunta.
— Cinco minutos no máximo. – digo a eles, e eles balançam a
cabeça em reconhecimento.
— Ok, isso não é tão ruim. Ela ainda tem chance de reagir. – diz ele
logo após colocar uma máscara de oxigênio nela. Não tenho certeza se
isso vai funcionar, já que todo o rosto dela parece quase irreconhecível
com o quanto machucado e inchado está agora.
Assim que a última palavra sai de sua boca, a
máquina ligada ao peito dela dispara. Biipppppppp...
— O desfibrilador já está pronto? – Lucas grita com
alguém e eles correm até ele, entregando-lhe o que ele estava pedindo.
Ele carrega e então pressiona contra o peito dela, o corpo dela sacode
antes de parar na cama.
— Mais alto. – diz um deles, não tenho certeza quem,
porque todo o meu foco está em seu rosto. Ela ainda está
coberta de sangue, e vê-la morrendo agora causa uma dor no
meu peito que não sentia por ninguém desde meu irmão.
Porra, eu poderia ter me empolgado e ido um pouco longe demais
com ela, mas ela meio que merecia. Mesmo sabendo que ela mereceu
tudo que está acontecendo com ela, ainda não sei como me sentir agora
porque tudo em que consigo pensar é como meu mundo não seria o
mesmo se ela não estivesse mais nele, especialmente a forma como
seu corpo macio parece contra o meu quando eu tenho meu pau
dentro dela.
A lembrança de Phee me dizendo que Addison é perfeita surge na
minha cabeça e agora estou irritado de novo porque ela está cem por
cento errada sobre isso.
Há algo nela que me intriga e, pela primeira vez na minha vida,
minha mente está em completo caos. Não sei o que fazer, mas também
não posso negar o fato de que ela me faz sentir algo que ninguém mais
me fez sentir.
Uma nova complicação passa pela minha cabeça e fico me
perguntando se devo desistir de obter a vingança que meu irmão
merece? Serei capaz de deixar o passado para trás e esquecer a visão
dela coberta com o sangue do meu irmão depois que ela o matou? Serei
capaz de olhar para ela, sem sentir ódio por ela?
Meus pensamentos são tão confusos. Bem, acho que
ela precisa sobreviver primeiro antes que eu possa decidir
qualquer coisa a respeito dela. Suas palavras, eu vou lutar
com você até não poder mais, porque não vou deixar
ninguém me machucar de novo sem revidar... voltam à minha mente.
O que ela quis dizer com "alguém a machucando de novo"?
Agora, estou ainda mais confuso. Ela teve um passado terrível
ou algo assim? A parte mais complicada é por que está tão bem
escondido? É como se ela não existisse antes dos dezoito
anos. A última vez que verifiquei, meus homens ainda não
conseguiram encontrar nada sobre o passado dela. Devo me
lembrar de checar com eles as informações que pedi que encontrassem.
Algo está faltando, posso sentir, mas não sei o que pode ser agora.
Assim que minha cabeça estiver fria, devo repassar tudo o que sei sobre
Addison e ver se consigo pensar em alguma coisa.
O som do desfibrilador disparando novamente traz minha
atenção de volta para a cena à minha frente. São necessárias
quatro tentativas para que o pulso elétrico da máquina funcione
para dar o pontapé inicial em seu coração novamente antes que o bip...
bip... bip de seu coração seja ouvido por toda a sala. Ela ainda não está
completamente fora de perigo, de acordo com Michael.
— Vamos precisar colocá-la em coma induzido por alguns dias até
que possamos determinar a extensão de seus ferimentos e fazer um raio-
x, além disso, precisamos determinar se há algum ferimento interno que
precisamos examinar, esteja ciente. – ele me diz.
— Tudo bem, façam isso. – digo a eles enquanto observo o que está
acontecendo ao meu redor. Já passa das duas da manhã quando a
colocam em coma e ela está estabilizada. — Certifique-se de que alguém
fique no quarto com ela, caso haja alguma emergência. – digo a ele.
Eu saio e vou para o meu quarto, cansado pra caralho. A razão pela
qual a deixei aqui sozinha pra começar foi porque eu
precisava voar de volta para NY para descobrir qualquer
informação sobre os homens que matamos e os outros que
pegamos, que estavam ajudando Addison com sua fuga.
Não acreditei na vadia mentirosa quando ela disse que não sabia
quem eram aquelas pessoas porque, de outra forma, elas a ajudariam?
Minha viagem foi um desperdício porque ainda não tínhamos
ideia de quem eram aqueles homens. Eles são bem treinados e
fazem parte de outra organização porque os poucos que
pegamos que estavam vivos não revelaram uma palavra sobre
para quem trabalhavam.
Tudo o que eles disseram foi que ele viria buscá-la em breve e eu
também teria que pagar. Então, passei os últimos dois dias coberto de
sangue em ambos os dias torturando aqueles homens até que suas vidas
deixassem seus corpos. Então joguei todos eles em meu poço de ácido
e os observei se desintegrarem em nada.
Depois que terminei com o último homem, me limpei e vim
direto para casa para lidar com minha vadia desobediente. Ela
me surpreendeu mais do que eu gostaria de admitir e vê-la parecendo um
anjo negro do inferno empenhado em vingança foi uma enorme
excitação.
Vê-la coberta de sangue me deixou em um estado de raiva e
excitação, e todos nós sabemos qual emoção venceu. Suspiro quando
entro no banheiro do meu quarto, pronto para tomar um banho rápido e
descansar um pouco. Olho para a banheira e a memória de quase afogá-
la volta para mim e um sorriso me deixa. Ela mereceu por ter mentido
para mim. Acho que o ditado "você não pode confiar em vadias para
nada" é verdade.
Assim que termino o banho, volto para o meu quarto e deito na
cama vazia. Esse é o meu método preferido de dormir. Tento dormir um
pouco porque meu corpo está cansado e cheio de tensão,
mas depois de duas horas me revirando, desisto
completamente de dormir à noite.
Fiquei deitado na cama acordado a noite toda, apenas
olhando para o teto. Ainda estou acordado quando ouço os pássaros
cantando lá fora e decido que devo começar meu dia cedo.
Eu me levanto e tomo outro banho antes de vestir um
moletom porque hoje simplesmente não estou com vontade de
usar outro terno. Assim que termino, desço as escadas e pego
uma caneca de café antes de voltar para a ala médica para ver
como ela está.
Ando até a cama dela e Jesus; ela parece pior do que estava ontem.
Ela está tão imóvel que é como se estivesse morta. Bem, tecnicamente
ela morreu. Isso faz com que algo doa em meu coração ao pensar que ela
está morta.
Ela está tão pálida e parece tão inocente. Embora eu saiba que
isso não é verdade porque ela matou meu irmão e depois teve a
audácia de mentir e dizer que não. Apesar de como ela está
machucada, não posso negar o quanto bonita ela realmente é, é uma
pena que ainda tenha que descobrir como lidar com ela.
Não querendo mais ficar aqui, saio do quarto e vou direto para o
meu escritório. Ontem à noite, enquanto estava acordado na cama,
lembrei-me das câmeras, então decidi verificar todas as filmagens de
hoje, desde quando saí até voltei.
Revejo a filmagem de cerca de uma hora depois que saí, e ela está
deitada de bruços, soluçando. Suas costas ainda estão sangrando e seu
lado onde gravei as palavras do que ela é em sua pele. Isso foi um toque
legal, se é que posso dizer.
Pulo a maior parte porque, de acordo com a filmagem, ela fica do
mesmo jeito a maior parte do tempo, sem mover um músculo, a menos
que precise de água ou faça xixi. Ninguém lhe deu
comida durante todo o tempo em que estive fora. Porra,
esse era o trabalho de Frank para garantir que eles a
alimentassem.
Pulei para o dia em que voltei, uma hora antes de entrar em casa, e
foi aí que tudo aconteceu.
Frank foi quem entrou no quarto em que a mantive, e os
dois lutaram até que ela o chutou nas bolas antes de sair
correndo. Então, depois disso, é quando tudo fica louco.
Ouvindo tudo o que ele disse a ela, ele não se importava com
o que eu faria com ele porque ela precisava pagar pelo que fez.
Puta merda, Frank! Não é à toa que você está morto. Eu decido
como cuidar dela, não mais ninguém. Agora estou feliz por ele estar
morto, porque se não estivesse, eu mesmo o estaria matando.
Com base na cena que estava acontecendo na minha frente, ele a
teria matado absolutamente sem hesitação. Suas ações foram
legítima defesa. Observei quando entrei e como minha
expressão mudou de calma para mortal em um piscar de olhos e foi
doloroso vê-la na tela.
Sua dor pintou todo o seu corpo e alma pela aparência e, quando ela
desmaiou, olhar para ela na tela foi assustador.
Porra! O que eu vou fazer com ela agora?
Talvez eu devesse simplesmente esquecer de me vingar dela a partir
de agora e ver aonde essa merda de "eu e ela" vai. Não tenho ideia se
Niccolo me odiaria por não vingar sua morte. Mas não posso negar que
ainda sinto algo por ela...
Meus olhos se abrem lentamente e tudo que ouço no
espaço vazio é o bip... bip... bip de uma máquina. Viro minha
cabeça e vejo que é uma daquelas máquinas que monitoram seus
batimentos cardíacos.
Hã? Olho para mim mesma e vejo que os fios estão
conectados a mim. Por que diabos preciso disso? Olho ao redor
e percebo que parece um daqueles quartos estéreis de hospital.
Minha mente está confusa e não consigo me lembrar de
nada. Não consigo nem identificar qual foi a minha última memória. Eu
tento me mexer e sentar na cama, mas a dor me consome
instantaneamente e solto um gemido.
Afasto as cobertas de cima de mim, com a intenção de sair desta
cama, mas paro quando vejo que uma das minhas pernas está
engessada. O que diabos aconteceu comigo? Sofri um acidente ou algo
assim? Meu corpo inteiro dói mais, agora que estou totalmente acordada.
Fico ali pensando no que fazer, já que não tenho certeza de onde
estou ou o que me trouxe aqui. Talvez eu devesse levantar e ir ver se
alguém aqui pode me ajudar a descobrir por que estou aqui, mas estou
cansada demais para fazer qualquer movimento agora.
Olho para o teto e sou tirada de meus pensamentos quando ouço
uma comoção na porta. Olho para aquele lado no momento em que dois
homens entram no quarto e eu tento levantar da cama novamente, desta
vez tentando encolher e ficar longe deles e de seus olhares penetrantes.
Não sei por que essa é minha primeira reação, tentando fugir deles
porque, com base em seus jalecos, presumo que sejam os médicos.
— Estou feliz em ver que você finalmente acordou,
você nos deixou com medo porque pensamos que tínhamos
perdido você, bem… quase perdemos… Eu sou o Doutor
Lucas e este é o Doutor Michael. – Um deles diz enquanto
aponta para o outro. — Seu coração parou duas vezes, uma vez quando
sofreu sua lesão pela primeira vez e depois a segunda vez alguns dias
depois, no mês em que cuidamos de você.
Estou atordoada por um minuto, por quê? Ele acabou de
dizer que morri duas vezes? E um mês? Estou tão confusa
agora porque não consigo dizer o que está acontecendo. Eles
sabem de algo que não tenho conhecimento no momento.
— O que… o que você disse? Um mês? Que mês? Não conheço
nenhum de vocês até uns dois segundos atrás… – Estou meio que
começando a surtar agora porque do que eles estão falando?
— Humm… – Um deles começa, enquanto ambos se olham. —
Você estava em coma induzido há três semanas porque sofreu um
trauma contundente no peito que causou parada cardíaca ou, em
termos mais simples, causou você ter um ataque cardíaco e você teve
algumas costelas fraturadas.
Eu apenas encaro os dois estupefata, por quê? Não sou muito jovem
para ter um ataque cardíaco? E como diabos fraturei minhas costelas?
Eles não devem perceber que estou olhando para eles como se fossem de
outro planeta ou algo assim, porque eles simplesmente continuam.
— Também teve um inchaço no cérebro por causa da queda feia que
teve na escada… Você bateu com força a cabeça. Originalmente,
queríamos mantê-la em coma por cerca de uma semana, mas acabamos
precisando mantê-la por três semanas e só a tiramos há uma semana e
esta é a primeira vez que você acordou. – Sinto uma dor de cabeça se
formando agora com toda essa sobrecarga de informações.
Eles têm certeza de que estão com a pessoa certa
porque não me lembro de nada disso? Talvez eu tenha
batido minha cabeça com força e agora não tenho memória.
Hum, qual é o meu nome? Ok, eu sei que é Addison Meyers.
Se eu sei meu nome, como posso não me lembrar de mais nada?
Só então, o movimento da porta chama minha atenção e quando
eu olho para cima, estou olhando diretamente para os olhos azuis
penetrantes que me prendem no lugar. Não consigo desviar o
olhar dele, meus olhos estão fixos nele porque sua presença é
maior do que ele. Ele comanda sua atenção e todo o quarto.
Ele é muito agradável aos olhos também, e vestido com calça de
moletom cinza e uma camiseta, posso ver todas as suas tatuagens em
exibição cobrindo o comprimento de seus braços. Pela maneira como
sua camiseta se estende sobre seu abdômen e peito, posso dizer que ele é
musculoso por baixo.
Cole...
Hã? Esse é o nome dele? Como sei o nome dele quando não consigo
me lembrar de mais nada sobre minha vida? Eu me pergunto se ele é
meu namorado ou algo assim, porque se ele for, eu realmente tirei a
sorte grande dos namorados com o quanto gostoso ele é. Não é tudo
sobre a aparência, mas isso ajuda e se ele for meu, então não me
importaria de montá-lo todos os dias.
Assim que esse pensamento sai da minha cabeça, seu nome é
totalmente registrado em minha mente enquanto tudo me atinge com
força total. Meu nome não é mais Addison Meyers, é Addison
Montgomery agora, mudei quando deixei aquela mansão e minha antiga
vida para trás com meus pais e aqueles idiotas lá queimando porque é
isso que eles mereciam por tudo que fizeram comigo.
O abuso que sofri, Nicco, Mia e, finalmente, tudo o
que aconteceu comigo desde que Cole me sequestrou,
para que eu pudesse sofrer por matar seu irmão. Ele é a
razão de eu estar nesta cama. A próxima memória que me
atinge é eu caindo naquelas escadas. Frank... ele tentou me
machucar e eu só estava me protegendo. Sempre fica pior quando tento
me proteger das pessoas que me machucam.
Meu peito dói com a necessidade de chorar porque não
tenho certeza se isso vai melhorar. Eu deveria parar de tentar
lutar com ele agora e apenas deixá-lo me matar e acabar logo
com isso. Ele quase me matou, então por que estou viva
agora? Estou cansada de lutar e nunca vencer. Cansada de lutar apenas
para acabar na mesma posição novamente. Cansada pra caralho...
A próxima coisa que atormenta minha mente são todos os gritos que
posso ouvir dentro da minha cabeça. Todas as pessoas que ele me fez
vê-lo matar, posso ouvir seus gritos como se estivessem ao meu lado.
Eu posso ouvir o meu próprio, todas as vezes que gritei de dor e
agonia. Eu coloco minhas mãos sobre meus ouvidos e fecho
meus olhos com força, tentando abafar tudo.
Ouço passos andando no quarto e abro os olhos. Quando o vejo
andando mais perto de mim, eu me jogo na cama, ignorando a dor que
isso causa, enquanto tento me afastar dele e de todos os outros aqui.
Ninguém está aqui para me ajudar porque todos estão trabalhando
para ele e eu sou exatamente o que eles precisam consertar para que ele
possa brincar novamente quando estiver pronto. A máquina conectada a
mim emite um bipe descontrolado porque meu coração está prestes a
bater forte no meu peito com o quanto forte está indo agora.
Ele vai me machucar de novo? Não tenho certeza se seria capaz de
sobreviver a outro golpe como esse novamente, já que mal sobrevivi a
este, e provavelmente só porque eles me colocaram em coma.
Arranco o soro e tudo o mais preso ao meu corpo
quando ele está a poucos metros de mim. O sangue está
escorrendo de onde estava o soro, mas isso não é importante
agora porque preciso sair daqui. Não tenho mais esperança de
sair daqui, mas vale a pena tentar, né?
Pulo da cama do outro lado, aquele que está longe dele e assim
que meus pés tocam o chão caio no chão porque as minhas
pernas não aguentam meu peso, é como se eu tivesse
esquecido como andar ou algo assim. Ugh, começamos muito
bem aqui…
Meu corpo batendo no chão faz com que todo meu corpo estremeça
e uma dor instantânea cruza pelo meu peito, causando um grito que
escapa de mim. As lágrimas que eu estava tentando segurar mais cedo
saem de mim e minha histeria aumenta quando o vejo correndo para
mim.
Uso meus braços para cobrir minha frente e tento me
encolher o possível enquanto tento correr para trás no chão.
— Sinto muito! Eu não fiz nada! Por favor, não me machuque… –
A última parte é apenas um sussurro enquanto os soluços continuam
destruindo meu corpo.
— Ela precisa se acalmar porque não precisamos de outra
complicação tão cedo, depois que ela está acordada há menos de uma
hora. – Eu ouço alguém dizer a ele.
— Eu entendi. – diz ele antes de me pegar em seus braços e me
colocar de volta na cama e colocar minha cabeça no travesseiro.
— Sshh, tudo vai ficar bem, estou aqui agora. – ele sussurra em meu
ouvido. Os médicos trabalham para recolocar todos os fios no meu
corpo. Assim que terminam, um deles pega uma seringa e a enfia no fio
que leva ao meu soro.
— Nããão! O que você está fazendo?! – Eu me movo
para arrancar o soro novamente, mas Cole agarra minha
mão e a segura no lugar enquanto luto para me afastar deles.
Assim que o líquido entra em minhas veias, sinto que estou
ficando sonolenta.
— Por favor, não me machuque... – É a última coisa que
sussurro antes que meu mundo seja novamente coberto pela
escuridão.

Quando meus olhos se abrem novamente desta vez, vejo que


estou no quarto que ele me deu na primeira vez que me tirou do
porão. Meu corpo está em agonia e tudo dói. Ele realmente me debilitou
e agora não sei como lidar com isso.
Ele me matou. Meu coração parou duas vezes... Segundo aqueles
médicos. E se da próxima vez que ele fizer algo comigo eu acabar
morrendo?
Esse pensamento faz com que novas lágrimas caiam pelo meu rosto.
Eu estou tão cansada. Quando isso vai acabar? Ele vai me fazer pagar
pelo resto da minha vida até que eu finalmente sucumba à sua
escuridão? Eu deveria desistir agora e deixar tudo acabar, porque qual é
o sentido de viver mais? Provavelmente sou uma daquelas pessoas que
nasceu destinada a ter nada além de tragédia em seu sangue, então
morrer agora apenas me pouparia da dor de ter que viver outro dia.
Talvez não fosse tão ruim e finalmente encontrasse a
paz que tenho procurado por toda a minha vida. Só espero
não acabar no Inferno com meus pais... isso provavelmente
seria muito estranho. Uau, olhe para mim fazendo piadas
sobre eles dentro da minha cabeça e é assim que sei que enlouqueci
completamente.
A porta do meu quarto abrindo faz minha cabeça virar
naquela direção e quando o vejo entrando no quarto, parecendo
perfeitamente arrumado como se minha dor não o afetasse,
choro ainda mais. Na verdade, sei que ele não se importa com
a minha dor, pois é ele quem a inflige.
— Por favor, apenas me mate e me tire do meu sofrimento. – eu
choro. — Sinto muito por ter matado seu irmão, eu... não tenho desculpa
para o que fiz, então apenas me mate e acabe logo com isso. – Acho que
se eu apenas confessar ter matado Nicco, ele vai ficar puto e me matar.
O que ele faz é inesperado, porque ele coloca a bandeja que
estava segurando na mesa lateral antes de caminhar até a cama e
me envolver em seus braços enquanto toma cuidado com todos
os meus ferimentos. Hummm, acho que os alienígenas sequestraram o
verdadeiro Cole porque ele nunca me abraçaria assim.
Acho que ele nunca foi tão caloroso ou reconfortante comigo, e o
gesto faz com que soluços destruam meu corpo. Choro tanto que meu
peito dói com a quantidade de pressão que estou colocando nele.
Ele me segura enquanto choro até que não haja mais lágrimas em
mim enquanto ele esfrega as mãos nas minhas costas me acalmando com
suas palavras calmantes. Uma vez que as lágrimas param, tudo o que me
resta é entorpecido, bem, mais como morto por dentro. Não tenho mais
nada para dar a ele.
Ele se afasta de mim e levanta as mãos; Eu me afasto dele,
pensando que ele vai me bater ou algo assim, mas tudo o que ele faz é
pegar a bandeja que trouxe. Tenho certeza que ele notou
minha reação, mas ele não diz nada.
— Aqui, coma isso. – ele me diz, mas não tenho apetite
para comer nada agora.
— Não estou com fome. – digo a ele enquanto me afasto dele e me
deito na cama. Sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto - pensei
que estava chorando, mas acho que não. Por que isso continua
acontecendo comigo? O que eu fiz para merecer uma vida
cheia de tanta mágoa e dor?
Fico ainda mais surpresa quando sinto a cama afundar
atrás de mim e então o sinto envolver seus braços em volta de mim. Eu
enrijeço, mas isso não o detém nem um pouco. Puta merda!
Provavelmente vou morrer de ataque cardíaco se ele continuar me
surpreendendo assim.
— Apenas descanse um pouco. – ele me diz e não demora muito
para que eu adormeça em seus braços. Tenho vergonha de dizer
que foi um dos melhores sonos que tive em anos porque não
tive nenhum pesadelo naquela noite.
Na manhã seguinte, a sensação de calor envolve todo o meu corpo e
é isso que me acorda. Bem, isso e o fato de que preciso fazer xixi. Uma
vez que minha mente nebulosa clareia e toda a sonolência vai embora,
tento me virar para ver por que estou com tanto calor.
É quando percebo que Cole ainda está na cama ao meu lado e ele
está com os braços em volta de mim. Ele ainda está dormindo e Deus,
ele parece tão humano e pacífico em seu sono e não como o homem
formidável que ele é quando está acordado.
Levanto o braço dele de cima de mim e tento sair da cama
silenciosamente, mas uma vez que eu saio e tento ficar de pé, é doloroso
e eu teria caído no chão se não fosse pela mão que estica e se agarra a
mim.
— Onde você está indo?
— Humm... preciso usar o banheiro. – digo a ele
enquanto minhas bochechas esquentam. Não sei por que estou
corando agora, quando ele já me viu nua e estava com o pau dentro de
mim. Talvez seja apenas o fato de que isso parece mais íntimo.
Ele sai da cama e me levanta em seus braços novamente
enquanto me leva para o banheiro. De alguma forma, ele está
apenas de cueca e todo o seu corpo é perfeito, não apenas o
rosto. Deus definitivamente tinha favoritos quando criou esse
idiota.
Assim que entramos no banheiro, ele me coloca bem na frente do
vaso sanitário e fica parado ali.
— Humm, você se importa?
— De jeito nenhum… – ele diz, mas não se move um
centímetro para sair do banheiro. Eu apenas bufo e faço minhas
necessidades antes que ele me ajude a ir até a pia. O espelho não está
mais aqui, e me pergunto o que ele fez com ele. Hum, isso é estranho.
Depois que terminamos no banheiro, ele me leva para baixo para o
café da manhã. Ao descer, percebo que não há mais espelhos na casa.
Isso pode ser uma coisa estranha de se notar, mas a única razão é porque
havia muitos espelhos neste lugar.
Na semana seguinte, entramos em uma estranha trégua. Ele foi
atencioso e até me ajudou a me locomover pela casa quando eu não
conseguia sozinha por causa das dores nas pernas. Até conversamos em
algumas ocasiões. Eu não sentia mais seu ódio. Ele estava sendo
civilizado comigo.
Não recebi mais nenhuma ameaça de morte dele, mas quem sabe
quanto tempo isso duraria. Ele podia mudar de humor
em um segundo, então, embora não houvesse hostilidade,
eu ainda pisava em ovos perto dele.
No dia seguinte que acordei daquele coma, foi como se
algo tivesse mudado entre nós. Não sei o que era ou quanto tempo
duraria, mas, por enquanto, ele não era tão frio quanto antes. Ele era
quase legal...
Já se passaram oito semanas e ainda não o vi de mau
humor. Quase morrer o mudou de alguma forma? Acho isso
altamente improvável, mas algo mudou com ele. Agora
comemos juntos e ele dorme na minha cama comigo todas as noites.
Mesmo que ele tenha mudado, a única coisa que permanece firme é
que ele não vai me deixar ir. Não importa quantas vezes implorei, a
resposta é sempre a mesma. Ele disse que ainda não terminou comigo e
provavelmente nunca terminaria comigo também. Toda vez que ele
me diz não, parece que um pedaço de mim se quebra. Isso não era
reconfortante porque e se ele acordasse um dia e decidisse que
estava cansado de mim e então voltasse a me torturar? Não
tenho certeza se sobreviveria a outra rodada enfrentando-o.
No entanto, muitas vezes me pergunto o que mudou de ideia e por
que ele tem sido bom para mim nas últimas semanas. Talvez seja um
truque para me sentir confortável com ele e, quando estiver, ele vai me
esmagar.
Um monstro é capaz de mudar? Eu o perdoo por tudo que ele fez
para mim? De jeito nenhum! Não sei se algum dia poderei perdoá-lo
pelas coisas que ele fez, mas por enquanto... só preciso manter a paz até
encontrar uma saída daqui.
Ele entra no quarto depois de tomar banho, e ainda posso ver as
gotas de água escorrendo por seu torso esculpido. Ele se deita na cama
sem dizer uma palavra e apaga as luzes antes de envolver os braços em
volta de mim, e não demora muito para que ambos
adormeçamos.

“Papai, nãooo, por favor, não me machuque! Por que você não
me ama? Por que você sempre me machuca tanto?” pergunto enquanto
choro.
“Nãããão, você não pode tirar meu bebê! Por favor,
não...”
"Não machuque meu bebê..."
Gritos ecoam pela floresta e, quando olho para cima, vejo os
homens em gaiolas com os pássaros comendo sua carne. A cena muda
para a mulher na mesa. Ele atira nela e seu sangue respinga em meu
rosto e corpo. É tão nojento que quase engasgo com o vômito. Não, não,
preciso tirar o sangue dela de mim! Tá sujo, tá sujo... Não aguento
mais ficar suja porque mexe com a minha cabeça.
Sinto algo deslizando pelas minhas pernas e quando olho para
baixo há tantas cobras aos meus pés. Elas estão subindo pelas minhas
pernas e tento afastá-las, mas mais delas continuam vindo e eu solto um
grito...

Meu grito me tira do sono. E aparentemente, isso o acordou


também.
— Shhh, foi só um pesadelo... – Mas não foi só um pesadelo, foram
todas as coisas que eu tive que viver.
Eu me afasto, com minhas costas agora voltadas para ele enquanto
as lágrimas estão escorrendo silenciosamente pelo meu rosto agora. Não
sei como parar os pesadelos, esta não é a primeira noite
que tenho pesadelos. Continuo tendo-os quase todas as
noites.
Odeio ser tão patética que nem consigo superar isso. Não
sou forte o suficiente para enfrentar esses pesadelos sozinha. Tenho
tanta vergonha de dizer que preciso dele. Eu preciso dele para me
ajudar a tirar a dor e as memórias.
Sempre que acordo de um pesadelo, é ele quem me abraça
enquanto choro até que adormeço de novo.
— Por favor... Por favor, faça parar. – eu choro.
— O que você precisa? – ele pergunta enquanto envolve seus braços
em volta de mim com mais força.
— Cole, eu preciso de você... por favor, tire a dor das memórias. –
eu imploro. Ele provavelmente pensa que estou falando sobre o que ele
fez comigo, mas não tem ideia do que meus pais fizeram comigo.
Ninguém sabe disso. Não confio nele o suficiente para lhe contar
qualquer coisa sobre mim porque não sei quando vai se virar
contra mim novamente.
Por enquanto, vou apenas usá-lo como minha muleta até que eu
possa superar isso sozinha. Ele me puxa para mais perto de seu corpo e
beija meu pescoço enquanto sua mão que está em volta de mim desliza
pelo meu abdômen.
Coloco uma das minhas pernas sobre as dele assim que sua mão
atinge minha boceta. Ele esfrega o dedo nos lábios da minha boceta e,
em um momento, estou encharcada para ele. Ele esfrega sua ereção
contra a minha bunda assim que ele enfia dois de seus dedos em mim e
começa a mover.
Deixei escapar um gemido porque isso é tão bom. Essa é a nossa
coisa, podemos nos odiar, mas somos explosivos quando nos unimos
assim. Não vou nem pensar no ódio que sinto por mim
mesma toda vez que gozo no pau dele, porque tenho o
suficiente disso para durar a vida toda.
Ele remove os dedos de mim e os lambe antes de eu senti-
lo abaixar a cueca. Em um momento, ele está alinhando seu pau na
minha entrada e, em seguida, penetra lentamente até o fim.
Nós dois gememos alto porque é tão bom que nenhum de
nós pode negar o êxtase que ambos sentimos quando estamos
juntos assim.
— Porra! Sua boceta é tão apertada! – ele geme alto
enquanto me penetra. Ele tem um aperto de aço em volta do meu
quadril, me mantendo no lugar enquanto ele me penetra. Nesta posição,
ele está acertando todos os pontos certos e não demora muito para que
ambos gozemos.
Essa sensação de êxtase me faz esquecer todas as memórias que me
atormentam por um tempo e, como meu corpo está exausto agora, caio
em um sono profundo com o pau de Cole ainda dentro de mim.
Dias se transformaram em semanas, semanas se
transformaram em meses desde que as coisas mudaram entre
nós. Nós ficamos juntos, embora eu ainda não esteja feliz e não sei se
algum dia estarei. Já pedi para ele me deixar ir, bem, implorei pelo
menos uma vez por dia, mas a resposta dele é sempre a mesma.
Meu coração fica cada vez mais partido quando ouço que
ele nunca vai me deixar ir para casa. Eu ainda tenho uma?
Esqueci como é ter um lar. Eu não tive um até depois dos
dezoito anos, e a única razão para isso era por causa de Mia.
Sinto minha depressão se aproximando lentamente e, em alguns
dias, é difícil não odiar tudo e todos. Nada sobre estar aqui é normal,
mas, por enquanto, só tenho que seguir em frente até ver outra
oportunidade de fuga.
Mesmo que ele tenha se acalmado, há um tópico sobre o qual nunca
falamos e sim, você adivinhou, é Nicco. Nenhum de nós o menciona,
embora eu sinta tanto a falta dele. Eu sinto que se eu falar sobre ele, isso
só vai irritar Cole e qualquer pequena trégua que estabelecemos entre
nós vai desaparecer.
O fio frágil que nos mantém unidos se romperá em um instante e
como não tenho pressa para que isso aconteça, apenas fico de boca
fechada.
Nós dois estamos enfrentamos um ao outro, sem saber o que fazer.
Estou sentindo coisas que sei que não deveria e isso me deixa com raiva
de mim mesma. Mas não posso negar o fato de que acho que posso estar
me apaixonando por ele. Sim, eu sei, sou estúpida por pensar que posso
estar sentindo algo por alguém que me machucou além
do que qualquer outra pessoa foi capaz de fazer, mas
nunca disse que era uma pessoa sã. Talvez eu esteja tão
fodida da cabeça quanto ele.
Eu o vi lutar nos últimos meses. Eu vi o conflito nele onde ele
quer cuidar de mim, mas algo o impede. Quando ele se pega sendo
gentil ou afetuoso, seu humor geralmente muda e ele age com
indiferença. Acompanhar suas mudanças de humor é exaustivo.
Também sei como é fazer algo e quando você se pega
fazendo isso, você fica com raiva de si mesmo. Eu tenho o
mesmo olhar de carinho estranho às vezes, e quando percebo o
que estou fazendo, me sinto uma idiota.
Não pensei que seria tão burra de me apaixonar pelo monstro que
assola meus sonhos, mas, ainda assim, aqui estamos nós. Todas as noites
que ele me envolve em seus braços, a cada toque que ele dá em minha
pele e a cada carícia…. minha força de vontade para odiá-lo diminuiu
como poeira ao vento.
Acordei esta manhã com outra sensação ruim no estômago. Não sei
o que isso pode significar porque já fui ao Inferno e voltei. Mas com o
passar do dia, não consegui impedir que o sentimento se espalhasse por
mim até que fosse tudo o que eu sentia. Parecia um laço físico enrolado
em minha garganta, me sufocando.
Isso me deixou ansiosa enquanto esperava impacientemente o
retorno de Cole para casa. Ele voltou para Nova York ontem e disse que
voltaria hoje, então estou sentada aqui esperando que ele volte.
Hoje é Halloween, exatamente um ano desde que tudo aconteceu
com Nicco. Lágrimas ameaçam cair quando percebo que faltam duas
semanas para completar um ano desde que Cole me sequestrou e me
trouxe para cá. A dor em meu coração aumenta toda vez que penso em
liberdade, me perguntando se algum dia serei capaz de
viver a vida sem estar atrás do muro da prisão de outra
pessoa.
Será que algum dia conseguirei viver minha vida sem
que alguém dite cada movimento meu? Junto com o mau
pressentimento que sofri o dia todo, também chorei sem parar porque
hoje é um dia emocionante. Foi o dia em que minha vida mudou e
sempre me lembrarei como o dia que trouxe o Diabo à minha
porta.
Alguns minutos depois, enquanto estou na cozinha
pegando um pouco de água, ouço a porta da frente se abrir e
Cole entra na cozinha. Já passou da hora do jantar, então ele
provavelmente já comeu. Ugh, espero que aquela vadia da Laura não
estava no voo dessa vez.
— Como foi sua viagem? – pergunto por que espero que ele tenha
feito uma viagem maravilhosa ou talvez não devesse perguntar por
que definitivamente não gostaria de saber se ele matou alguém ou
não. Ele nem me responde; ele apenas deixa cair as chaves na
bancada da cozinha, pega uma água e sai andando de volta, indo para
seu escritório.
Ok, acho que alguém está de mau humor agora. Talvez eu devesse
animá-lo. Subo as escadas em direção ao meu quarto e não consigo me
livrar da sensação de que algo está errado com ele.
Eu rapidamente tomo banho e, em seguida, visto uma lingerie que
ele comprou para mim. Pego meu roupão e o visto. Não consigo nem
olhar para ver se estou sexy ou não porque ainda não há espelhos em
casa. Preciso me lembrar de perguntar a ele sobre isso.
Desço as escadas e vou até o escritório dele. Bato na porta e entro
sem esperar resposta.
— Senti sua falta. – digo a ele enquanto caminho até
ele. Ele está sentado em sua mesa trabalhando em seu
computador. Abro meu roupão e observo enquanto ele me
observa. Seus olhos brilham com luxúria, o que serve apenas
para aumentar a minha. Tiro o roupão e me movo para sentar
em seu colo.
— Meu cordeirinho precisa de alguma coisa? – ele me levanta e
me deita em sua mesa antes de arrancar minha calcinha e então,
um segundo depois, sua boca está na minha boceta e eu não
posso evitar os sussurros e pequenos gemidos escapando de
mim enquanto ele enfia sua língua em mim e fora de mim.
Ele lambe e chupa até eu sentir meu orgasmo crescendo dentro de
mim. É tão intenso que sinto desde a ponta dos pés até o corpo inteiro.
Alguns segundos depois, eu gozo com tanta força que não consigo evitar
o grito que escapa de mim.
Ele afasta o rosto e quando olho para baixo do meu corpo para
ele; Vejo que seu queixo está coberto com meus fluídos. Então eu
ouço o som inconfundível de seu cinto sendo aberto. Eu me
levanto e depois desço de sua mesa. Minha perna está bamba do
orgasmo que acabei de ter quando me movo para ele.
Ele abre a calça e revela seu pau, e eu caio de joelhos entre suas
pernas antes de colocar seu pau em minha boca e chupá-lo. Eu lambo ao
redor da cabeça, provando seu pré-sêmen antes de enfiar a cabeça inteira
em minha boca. Ele é tão duro e odeio admitir, mas adoro chupar seu
pau.
Quando parece que ele está prestes a gozar, tiro seu pau da minha
boca com um estalo antes de me mover para montá-lo novamente. Ele
agarra minha cintura e aperta antes de esfregar minha boceta ao longo do
comprimento exposto dele.
— Por favor, Cole, eu preciso de você. – Ele não perde tempo e em
um movimento, ele enfia todo o comprimento de seu pau
dentro de mim e eu solto um grito cheio de felicidade. Eu
amo a sensação dele estar dentro de mim. Nada se compara
a esse sentimento. Sexo com ele é a única vez que eu já
gostei.
— Me chame de papai. – ele me diz e eu enrijeço por um
momento surpresa com suas palavras porque ele nunca as usou
antes. Quando não respondo, ele dá um tapa forte na minha
bunda.
— Pa... Papai... – grito enquanto ele me penetra o mais
cruelmente que pode.
Ele agarra minha cintura e me ajuda a mover meus quadris para
cima e para baixo em seu pau. Seu aperto é tão forte que provavelmente
vai deixar um hematoma, mas não me importo porque esse é o melhor
tipo de hematoma.
Ele bate os seus quadris nos meus com tanta força enquanto me
penetra, parece que ele está tentando me punir por alguma coisa, mas
não tenho ideia do quê.
Estamos indo como coelhos, é forte e punitivo, mas estou amando
cada segundo. Ele me agarra por trás do pescoço com uma mão
enquanto a outra agarra minha bunda, segurando meus quadris sobre ele.
Ele aperta minha bunda ao mesmo tempo em que dou outra mordida no
pescoço e a sensação faz com que nós dois gozemos ao mesmo tempo.
Grito com a força desse orgasmo e então sinto seu sêmen revestindo
as paredes da minha boceta. Sentindo-me exausta, eu caio em cima dele
e em minha névoa de êxtase nem percebo que as palavras estão saindo
da minha boca. Palavras que eu não tinha intenção de dizer em voz alta,
muito menos dizer a ele.
— Eu te amo. – sussurro para ele. Minha voz está tão
baixa que nem acho que ele me ouviu e realmente espero
que não, porque quem sabe o que ele faria ou como reagiria.
Essa esperança é frustrada imediatamente quando o sinto endurecer
sob mim. Sim... ele definitivamente ouviu meu deslize.
Antes mesmo de eu entender o que está acontecendo, ele me
empurra para longe dele. Seu pau desliza para fora da minha
boceta e, instantaneamente, sinto seu esperma escorrendo
pelas minhas pernas.
Ele se levanta da cadeira e abotoa a calça e faz um movimento para
sair, mas eu fico na frente dele, impedindo-o de sair.
— O que aconteceu? Fale comigo, por favor, me desculpe por ter
dito isso. Eu não quis dizer isso.
Ele nem se dá ao trabalho de responder e se move para sair
novamente, mas agarro seu braço e o empurro de volta para sua
cadeira.
— Você não me ouviu falando com você? Eu não queria dizer isso,
mas você não pode negar o fato de que há algo entre nós! Sei que não
sou a única que sente algo, mesmo que você queira negar! Nos últimos
meses você mudou, fez amor comigo tantas vezes e até foi gentil
comigo.
Ele ri. — Você acha que fui gentil com você? E por que você acha
que eu poderia amar alguém como você? – ele zomba. — Depois de
tudo que você fez minha família passar, você realmente pensou que eu
sentiria algo próximo de amor por você?
Ele diz essas palavras tão cruelmente, com a intenção de machucar e
deixe-me dizer a você, dói pra caralho. Sinto meu coração prestes a se
despedaçar completamente porque não sei quantos golpes mais ele pode
aguentar.
— Achei que estávamos superando tudo isso. Nos
últimos meses, sei que temos sentido coisas um pelo outro!
– digo, incapaz de esconder a mágoa em minha voz.
— Superando tudo isso... Como diabos você acha que eu seria
capaz de superar o fato de que você assassinou meu irmão?!
— Você é um idiota e um covarde! Você pode mentir para
si mesmo o quanto quiser, mas você sabe que sente algo por
mim. Caso contrário, você já teria me matado! – grito com
ele. Por que diabos estou zombando dele sobre o fato de ele
ainda não ter me matado? Tudo o que sei é que estou cansada de viver
nessa existência de merda de esperar que o inevitável aconteça, o que
seria ele me matando.
— Você não é nada para mim, apenas algo que está disponível para
eu usar para meu prazer e, ah, que prostituta disposta você era. Você
é apenas mais uma das minhas posses e honestamente acha que
alguém iria querer você? Isso não é real, e nunca foi. Só estava
esperando que suas costelas e seu coração se curassem
adequadamente. Eu possuo você, assim como tudo o mais que possuo, e
só brinco com você sempre que estou entediado. Só estou ganhando
tempo até poder vender você para alguém.
Eu suspiro alto porque que porra é essa? Me vender para alguém?
Ele está mentindo, ele tem que estar. — Você está mentindo! Você pode
tentar negar o quanto quiser, mas sei que você sente coisas por mim,
assim como sinto os mesmos sentimentos por você, não importa o
quanto fodido seja! – eu estou gritando com ele agora porque minhas
emoções estão fodendo com minha mente novamente.
— O que devo sentir por você? Amor? – ele solta uma risada
áspera.
— Não precisa ser amor, mas sei que você sente alguma coisa!
— Sim, sinto ódio por você! Você achou que alguém
iria se apaixonar por uma prostituta usada como você? –
ele pergunta, sorrindo e cada palavra que sai de sua boca dói
mais do que a anterior. — Ah, eu sei tudo sobre como você
está usada e como você adorava ter o papai te fodendo enquanto você
gozava no pau dele e agora que você está gozando no meu, você acha
que eu deveria te amar agora?
Não, não, não, não... Sinto toda a cor sumir do meu rosto.
Que porra é essa?! Como diabos ele sabe disso? Embora, não
tenha acontecido exatamente do jeito que ele está falando até
agora. Ele nem sabe do que está falando.
— O quê... como você sabe sobre isso? – pergunto trêmula.
— Ah, alguém me enviou um pequeno vídeo legal de você se
divertindo... que tipo de vadia doente gosta de montar o pau do pai?
Embora, já que você acabou de confessar seu amor por mim, alguém
que não fez nada além de torturá-la desde que você chegou aqui...
você deve estar doente da cabeça!
— Você não sabe do que está falando! – grito com ele.
Ele levanta um dedo, me parando, e então pega um controle remoto
antes de apertar um botão. — Tenho algo especial para mostrar a você. –
diz ele enquanto abre o vídeo e o conecta à TV acima da lareira. Assim
que percebo o que é, dou um passo para trás e toda a cor desaparece do
meu rosto. Sinto meu mundo desabar sobre mim novamente.
“Papai, por favor…”
“Ahhhh,”
"Aah... Papai... não... Pare..."
"Você... é... tão... bom... papai..."
"Goze... em... mim... papai..."
São vídeos um após o outro de quando meu pai estava
me estuprando. Lágrimas escorrem pelo meu rosto
enquanto assisto porque alguém editou este vídeo para fazer
parecer que eu estava gostando do que meu pai estava fazendo
comigo. Não consigo parar de olhar ou até mesmo me afastar se quiser.
Aquilo estava sendo gravado? Na época, eu não tinha ideia de
que meu pai ou outra pessoa estava registrando as coisas
doentias e distorcidas que estavam fazendo comigo.
Porra! Essa merda nunca vai sair da minha vida. Sempre
serei contaminada com as memórias de meu pai como mercadorias
danificadas. Mesmo que ele esteja morto, ele ainda está fodendo comigo
de onde diabos eu o mandei.
"Papai, por favor... eu... quero... manter... nosso... bebê..."
"É... uma... parte... de... nós..."
"Eu... quero... isso... papai..."
"Não... nós... não podemos... ter o bebê... o que... sua... mãe...
diria?..."
Coloquei minhas mãos sobre meus ouvidos antes de começar a
gritar para ele tirar. As memórias que me atingem só de pensar naquele
bebê e como o perdi brutalmente têm uma dor como nunca senti antes de
virem à tona. Caio de joelhos chorando porque parece que um peso
pesado está esmagando meu coração.
Não pensei naquele bebê desde que saí daquela mansão em chamas
porque sabia que, se pensasse, seria a única coisa que me quebraria de
uma forma que meu pai não conseguiria. Ele pode ter tirado isso de
mim, mas eu sabia que um dia o faria pagar e essa é a única razão pela
qual ele nunca poderia vencer.
Mas como encaro essas memórias agora sem
quebrar? Cole, sem entender toda a dor que passa por
mim, apenas continua com seu discurso, nem mesmo
sabendo o quanto suas palavras estão me afetando. Ele tem
sua versão da verdade para continuar, mas não tem a verdade real.
— Você estava mesmo grávida de seu filho? Aquele vídeo
mostrava umas cenas impressionantes com você e a sua
barriguinha... – Nem percebi porque parei de prestar atenção
nisso faz um tempo. Tudo o que posso ouvir são as palavras,
as mentiras de tudo o que aconteceu no passado.
— Cale a boca! – grito enquanto choro. Eu só quero que ele pare.
Isso é muito mais tortuoso do que qualquer coisa que ele já fez comigo
antes. Cicatrizes físicas curam, mas as que ele está reimprimindo em
minha alma nunca vão curar agora que tenho todas essas memórias em
minha mente novamente.
— O que você fez com ele? Saiu deformado porque você não
estava pensando na vida daquele bebê? Por que você só tinha
que montar no pau do papai? Ou morreu porque simplesmente
sabia que você nunca teria sido uma boa mãe?
A última pergunta que sai de sua boca é como uma flecha
perfurando minha alma, e não consigo evitar os soluços e as lágrimas
que escapam de mim. Ele nem sabe que as palavras que saem de sua
boca estupidamente linda estão causando uma tempestade que está
travando uma guerra dentro de mim e está me causando agitação além
de qualquer coisa que eu jamais poderia imaginar.
— A princesinha do papai não tem mais nada a dizer? – Princesa...
Essa única palavra é como uma espada no coração e traz à tona mais
memórias que eu reprimi. Eu odeio essa palavra.
— Não me chame assim! – grito com ele. Depois que fui embora,
me obriguei a procurar um terapeuta enquanto esperava minha inscrição
na NYU e, de alguma forma, minha mente me fez
reprimir muitas das coisas que ele fez comigo e agora,
com Cole falando sobre isso como se não fosse nada, está
trazendo todas aquelas memórias que eu tinha escondidas em
minha mente e está esmagando minha alma com cada palavra que sai
de sua boca.
São como tiros direto no coração. Ele está com a arma
apontada, carregada e atirando em mim e nem sabe disso.
— Eu te odeio. – sussurro logo antes dos soluços
recomeçarem. Estou quebrando na frente dele, embora tenha
prometido a mim mesma que nunca deixaria isso acontecer, mas cara,
suas palavras cortaram profundamente minha alma maculada em ruínas.
— Você me amava um segundo atrás e agora me odeia? Seja
coerente. Não pense que pode me manipular como fez com seu pai.
Além disso, você era apenas um corpo quente com um buraco
molhado para usar. Tenho certeza que você percebeu que era a
única aqui com um buraco para usar e estava tão disposta. O que
um homem pode fazer? Você não é nada para mim e nunca será nada
também.
Quanto mais ele fala, mais suas palavras cortam e mais fundo eu
caio na toca do coelho de desespero, agonia e mais ódio de mim mesma
do qual passei anos tentando me livrar.
— Espero que um dia você descubra a verdade sobre o quanto
errado você está e se esse dia chegar e você vier me procurar, espero que
até lá eu não te ame mais.
— Bom para você, ninguém se importa com lixo usado de qualquer
maneira, e você vai ficar aqui pelo resto da sua vida, bem, até eu decidir
que é hora de te matar...
— Não, algum dia eu vou sair daqui e quando eu
sair, você nunca mais vai me ver, porra!
Não aguento mais ouvir suas palavras, então me viro e
saio correndo de seu escritório enquanto soluços destroem
meu corpo. Corro para a cozinha ofegante e percebo que suas chaves
ainda estão na bancada.
Ele devia estar muito preocupado com aqueles vídeos para
deixar as chaves do lado de fora assim, e eu não vou olhar os
dentes de um cavalo de presente. Eu corro de volta para o
meu quarto, já que ainda estou vestida de lingerie e coloco um
moletom e um agasalho.
Volto para a cozinha, pego as chaves do carro e as enfio nos bolsos.
Eu não posso mais estar aqui. Eu preciso sair daqui.
Assim que chego à sala de estar no andar de baixo, a energia
diminui repentinamente e este deve ser meu dia de sorte, talvez Deus
finalmente pense que já chega porque não ouço o gerador de reserva
ligar, o que significa que a porta deveria estar bem aberta.
Nem penso na minha decisão antes de pegar as chaves dele e correr
até a porta da frente. Não sei onde estão seus homens, mas tenho certeza
de que logo chegarão.
Tal como previ, não há luzes na porta, o que significa que posso
finalmente sair daqui. Eu abro a porta e desço os degraus direto para a
garagem onde ele estacionou seu SUV.
No momento em que abro a porta do carro, ouço tiros em todas as
direções da mansão. Não vou nem ficar por perto e ser pega no meio do
fogo cruzado, então entro e coloco a chave na ignição antes de sair de lá
tão rápido que os pneus derrapam.
Piso no acelerador, dirigindo o mais rápido que
posso. Eu espero que ninguém esteja me seguindo. Há uma
forte explosão que ocorre. Bem, acho que isso deve mantê-lo
ocupado.
Eu me viro na direção onde acho que vi a cidade da vista do avião,
rezando que estou certa, acelero nessa direção. Esperançosamente,
alguém lá pode me ajudar a escapar deste lugar. Como a pista de
pouso de Cole era privada, isso significa que deveria haver um
aeroporto em outro lugar.
Espero que eu já tenha ido embora quando ele vier me
procurar. Embora do jeito que deixamos as coisas, ele definitivamente
não virá procurar, mas se vier, provavelmente será para me matar de
uma vez por todas por escapar novamente.
As estradas estão escuras, mas preciso continuar se quiser escapar
daquele homem sem coração. Eu me afasto alguns quilômetros da
mansão antes que isso aconteça. Outro SUV bate no meu e o
impacto faz o meu capotar. Não tenho tempo de entender o que
está acontecendo porque meu carro capota cinco vezes antes de parar.
Sou atingida porque não estava usando cinto de segurança. Quando
o carro finalmente para, metade do meu corpo está no para-brisa,
enquanto a outra metade está dentro.
Vejo um homem sair de outro carro que estava estacionado. Ele está
vestido com um terno e caminha em minha direção. Não posso dizer o
que acontece a seguir porque tudo fica escuro desde o golpe na cabeça
que acabei de sofrer.
Parti para Nova York porque, verdade seja dita; Eu
precisava de um tempo longe de Addison. Amanhã é
Halloween, exatamente um ano depois que perdi meu irmão, e não
quero estar perto dela antes de matá-la do jeito que estou me sentindo
agora. Bem, isso e eu tinha alguns negócios para resolver, então a
melhor coisa a fazer era ir embora.
Negligenciei todo o meu trabalho nos últimos meses, toda
a minha atenção e tempo foram gastos na mansão com ela. Eu
também tenho que me encontrar com Alexander e Ophelia para obter
atualizações deles. Como precisava de um tempo longe de Addison,
optei por deixá-la na mansão desta vez, com meus homens cuidando das
coisas lá enquanto eu estiver fora. Além disso, eu precisava analisar
minhas coisas sem ela por perto.
Nos últimos meses, tivemos uma estranha trégua tácita entre
nós e, embora eu odeie admitir, também houve algumas daquelas
coisinhas irritantes que gosto de chamar de “sentimentos” envolvidos.
Eu suspiro. Mesmo que tenhamos nos aproximado, ainda a odeio
nos dias em que a lembrança do meu irmão fica demais. Ainda não
tenho certeza se algum dia serei capaz de perdoá-la, mas, por enquanto,
tudo relacionado à morte de meu irmão e a ela, coloquei no fundo da
minha mente para lidar com isso mais tarde, quando for absolutamente
necessário.
Estou feliz por estar em Nova York agora porque meu humor
provavelmente vai ficar uma merda, como sempre acontece quando
penso nele.
Se fosse qualquer outra pessoa, eu já os teria matado apenas por
matar meu irmão. Mas com ela, não entendo por que continuo hesitando.
Eu já deveria tê-la matado há muito tempo, mas algo está
me impedindo de puxar o gatilho.
Sim, ela quase morreu duas vezes, mas não morreu.
Ainda não sei se isso é bom ou ruim. Meu carro para na parte
dos fundos do Raine e eu saio, indo para os elevadores, pegando o que
leva ao clube.
Assim que chego lá, vou até a seção VIP e vejo Alex e Phee
imediatamente. Nós nos abraçamos antes de nos sentarmos em
uma mesa para tomar alguns drinques.
— Qual é a atualização sobre Mia? – pergunto a Alex
primeiro porque ela é mais importante do que o negócio que tenho com
Phee.
— Ela teve um colapso alguns meses atrás e seus pais a colocaram
na reabilitação por um tempo. Ela parece melhor agora, mas ainda a
estou monitorando para ter certeza de que ela está bem.
Olho para ele antes de soltar uma risada por causa do olhar em seus
olhos. — Alexandre, o grande, está prestes a ceder? – ri.
— Parece que sim! – Phee diz, rindo.
— Quer saber? Fodam-se vocês dois! Mas você também viu aquela
garota, cara? Ela é tão gostosa! Eu daria um tapinha naquela bunda num
piscar de olhos!
— Você tocaria em qualquer coisa com um batimento cardíaco. – eu
friso.
— É verdade, mas se eu fizesse, isso te incomodaria? Você sabe,
desde que ela era a garota de Nicco e tudo.
— De jeito algum. Ele está morto, não está? – Minha mandíbula
contrai com o lembrete.
— Sinto muito, cara. – ele diz, me dando um tapinha
nas costas. — Como estão as coisas com Addison?
— Você já a matou? – Phee pergunta com uma sobrancelha
levantada.
— Estamos em um impasse agora até que eu descubra o que
fazer com ela.
— Estou te dizendo, querido, ela é perfeita! – Phee diz
sem ninguém perguntar a ela.
— E eu estou te dizendo que ela não é! De qualquer forma, o que
você tem para mim? – pergunto a ela, chegando a essa parte do negócio.
— Bem, eu cuidei de seus federais, mas nenhum sinal de seu tio
ainda, ele se escondeu no submundo...
— O filho da puta nunca poderia se defender e lutar como um
homem! Vou ter que ver se consigo mais informações sobre o paradeiro
dele com meus outros contatos.
Depois que terminamos toda a conversa de negócios, passamos
algum tempo passando o tempo e colocando o papo em dia. A essência
principal disso é que Alex tem tesão por Mia e Phee ainda está fugindo
de sua família e de seus problemas.
Duas horas depois, todos nós saímos para fazer nossas próprias
coisas. Vou para minha cobertura e me sento em meu escritório para
concluir alguns trabalhos antes de ir para a cama.
Marquei meu voo de volta para a mansão para amanhã à tarde,
embora eu realmente não queira voltar ainda. Preciso porque não quero
deixá-la sozinha por muito tempo. Ela pode ter parado de
brigar comigo a cada passo, mas sei que se tivesse a
chance, ela tentaria escapar.
Depois de terminar o que preciso, vou para a cama. O
sono não vem facilmente e passo horas pensando em meu irmão
consumindo minha mente. Ele me odiaria se eu a deixasse viver? Ele
pensaria que o estou traindo se acabasse ficando com ela?
Suspirando, eu viro e tento dormir um pouco.
Na manhã seguinte, sou acordado por uma batida na
minha porta. Visto um moletom e vou até a porta para ver
quem é. Ninguém, exceto meus homens, tem acesso a este andar, então
não fico muito preocupado quando abro a porta sem verificar quem é.
Eu abro a porta para ver Scar parado ali.
— Bom dia, chefe. Isso acabou de ser entregue na recepção alguns
minutos atrás. – ele diz, segurando um pequeno envelope.
— Obrigado. – digo a ele antes de fechar a porta e entrar no meu
escritório. Eu me sento no meu lugar e abro o envelope para encontrar
outro pendrive dentro. Isso parece um déjà vu de novo.
Coloco no meu notebook, e as imagens deste vídeo me deixam
furioso e enojado. São vídeos de Addison fazendo sexo com alguém e,
pela aparência e pelas palavras gritadas, parece que é o pai dela.
Puta que pariu, qual é o problema com essa vadia? Dizer ser
inocente e depois foder como uma estrela pornô aqui nesses vídeos? Ela
definitivamente sabe como bancar a inocente, e eu quero me dar um tapa
na cara por cair nessa merda.
Pensei que estava tendo algum tipo de sentimento fodido por ela.
Talvez até me apaixonando um pouco por ela, mas agora posso ver que
puta ela realmente é.
Todo o ódio que senti por ela antes de nossa pequena
trégua volta com força total e percebo que nossa trégua
acabou porque é hora de ensinar à meu cordeirinho outra lição
que ela não esquecerá tão cedo. No momento em que entro no jato à
tarde, esperando a decolagem, estou mais do que pronto para brincar e
deixá-la saber exatamente o que penso sobre ela.
Entro em casa, vou até a cozinha pegar um pouco de água,
e ela está lá, sentada à mesa da cozinha.
— Como foi sua viagem? – Eu a ouço perguntar, mas
simplesmente a ignoro e saio direto para o meu escritório. Meia hora
depois, há uma batida na minha porta e ela entra. Ela está de roupão e,
assim que entra no meu escritório, abre o roupão e tudo o que está
vestindo é lingerie. Ahh, parece que meu cordeirinho quer brincar, assim
como uma puta de merda faria usando seu corpo. Mas porque eu
gosto de jogos, eu jogo.
— Eu senti sua falta. – diz ela quando ela fica na minha frente.
— Meu cordeirinho precisa de alguma coisa? – eu olho para ela e
ela tem uma expressão confusa no rosto. Ela provavelmente está se
perguntando por que acabei de chamá-la de cordeirinho porque não a
chamo desse nome há meses. Esse nome eu tinha reservado para ela
quando a estava torturando e ela não significava nada para mim. Bem,
ela ainda não significa nada para mim.
Eu a puxo para mim e sorrio para ela. Ela monta no meu colo e eu
coloco meus lábios em seu pescoço e chupo o mais forte que posso. Ela
solta um gemido alto. A vadia adora aspereza.
É melhor brincar com ela um pouco mais antes que tudo volte à
merda. Eu a levanto e coloco na minha mesa na minha frente antes de
arrancar sua calcinha. Eu abro bem suas pernas antes de
devorar sua boceta. Ela tem um gosto tão bom e eu não
me canso disso. Sim, sim… eu sou um hipócrita, eu sei. Eu
a odeio tanto quanto a quero.
Alguns minutos depois, ela goza com tanta força, molhando meu
rosto com seu fluído de boceta. Eu volto para o meu lugar e desabotoo
minha calça, abrindo minhas pernas e esperando por ela. Assim
como a putinha que ela é, ela fica de joelhos e começa a chupar
meu pau.
Pelo menos agora sei por que ela é tão boa, ela teve muita
prática. Pouco antes de eu estar pronto para gozar, ela tira meu pau da
boca e sobe para escarranchar em minhas coxas.
— Por favor, Cole, eu preciso de você. – ela suspira como se fosse
morrer sem mim. Eu me movo rapidamente e a penetro com uma
estocada forte, preenchendo-a completamente com o meu
comprimento.
— Me chame de papai. – digo a ela, sentindo toda a minha raiva me
consumir novamente. Ela enrijece por um momento e eu dou um tapa
forte em sua bunda.
— Pa... papai... – ela grita enquanto a penetro o mais ferozmente
que posso, mas ela não se intimida porque continua gemendo alto.
Em questão de minutos, nós dois gozamos e as palavras que
escapam de seus lábios me enrijecem desta vez. Eu te amo... Minha
raiva leva a melhor sobre mim agora e eu a ataco.
— O que aconteceu? Fale comigo, por favor, me desculpe por ter
dito isso. Eu não quis dizer isso.
Faço um movimento para me afastar dela e saio do meu escritório,
mas ela me impede. Implorando-me para dizer a ela o
que estava errado. Ela está falando, mas nem estou
prestando atenção porque tenho minhas coisas para
resolver agora. Eu ando de novo, mas ela me empurra para
trás e agora estou mais do que furioso e a única maneira de
melhorar é machucá-la. Ela é a razão da agitação em minha mente, e
não vou deixá-la me amolecer mais do que já fez.
— Achei que estávamos sentindo algo um pelo outro! – ela
diz enquanto o olhar em seu rosto é de pura mágoa.
— Você não é nada para mim, apenas algo que possuo
para meu prazer. Você é apenas uma posse, você acha que
alguém iria querer você? Isso não é real, e nunca foi. Eu possuo você,
assim como tudo o mais que possuo. Algo para usar quando eu quiser ou
mesmo quando estiver entediado.
Nesse ponto, ela está chorando e não consigo encontrar forças para
me importar. Eu apenas a ignoro enquanto ela continua gritando sem
parar comigo.
— Você não me ouviu falando com você? Eu não queria dizer isso,
mas você não pode negar o fato de que há algo entre nós! Sei que não
sou a única que sente algo, mesmo que você queira negar! Nos últimos
meses você mudou, fez amor comigo tantas vezes e até foi gentil
comigo.
— Ninguém ama você, Addison, e ninguém nunca amará... a única
coisa que sinto por você é ódio! Você não passa de uma assassina!
Tento me conter, mas as palavras não param de sair da minha boca.
O olhar em seu rosto é aquele que só posso descrever como alguém
sendo destruído de dentro para fora.
Mas não posso deixar que ela me machuque e me afete do meu
objetivo porque ela matou meu irmão e não importa o quanto eu a deseje
ou quanto boa seja sua boceta, nunca consigo superar o
fato de que ela o matou e tem que pagar por suas ações.
Nos últimos meses, esqueci o que ela fez com meu
irmão, mas isso termina aqui. Não posso deixar que ela
continue me fazendo esquecer meu objetivo de quebrá-la, é o mínimo
que ela merece.
Dou um passo adiante para deixá-la saber que estou ciente
de seu passado. Deve ser por isso que não conseguimos
encontrar nada sobre ela. Estas são todas as coisas que ela
queria esconder.
— Tenho algo especial para mostrar a você. – digo enquanto abro o
vídeo e o conecto à TV acima da lareira. Uma vez que ela percebe o que
é, ela dá um passo para trás e vejo a cor sumir de seu rosto.
Ela grita para eu desligar, mas não; ela precisa se lembrar de toda
a merda doentia que ela fez.
— Que tipo de vadia doente gosta de montar no pau de seu pai? –
grito com ela.
— Você não tem ideia do que está falando. – ela grita comigo.
Só então as palavras papai, por favor... saem dos alto-falantes e ela
perde completamente o controle.
— O quê? Você pensou que ninguém descobriria sobre seus desejos
doentios e que você estava grávida de seu filho? Aquele vídeo mostrava
cenas impressionantes com você e sua barriguinha... Você é nojenta pra
caralho! Não é de admirar que você seja uma assassina!
— Cale a boca! – ela grita enquanto chora.
— O que você fez com ele? Saiu deformado porque você não estava
pensando na vida daquele bebê? Por que você só tinha
que montar no pau do papai? Ou morreu porque
simplesmente sabia que você nunca teria sido uma boa
mãe?
Quando ela não responde, continuo porque o objetivo é machucá-
la o máximo possível. Ela precisa sentir a dor que senti quando
descobri que ela matou meu irmão. — A princesinha do papai não
tem mais nada a dizer? – Ela estremece com a palavra princesa,
e não consigo deixar de sentir ainda mais nojo dela.
— Eu te odeio! – ela sussurra para mim, como se não
conseguisse fazer as palavras saírem de sua boca.
— Você me amava um segundo atrás e agora me odeia? Seja
coerente. Não pense que pode me manipular como fez com seu pai.
Além disso, você era apenas um corpo quente com um buraco molhado
para usar. Tenho certeza que você percebeu que era a única aqui com
um buraco para usar e estava tão disposta. O que um homem pode
fazer? Você não é nada para mim e nunca será nada também.
— Espero que um dia você descubra a verdade sobre o quanto
errado você está e se esse dia chegar e você vier me procurar, espero que
até lá eu não te ame mais.
— Bom para você, ninguém se importa com lixo usado de qualquer
maneira, e você vai ficar aqui pelo resto da sua vida, bem, até eu decidir
que é hora de te matar...
— Não, algum dia eu vou sair daqui e quando sair, você nunca mais
vai me ver, porra! – Com isso, ela se vira e sai correndo do meu
escritório enquanto as lágrimas escorrem pelo seu rosto.
Eu deveria apenas matá-la e me salvar do sofrimento de ter que lidar
com ela. Eu me levanto e pego uma bebida antes de cair de volta na
minha cadeira. Tomo um gole e fecho os olhos, repassando cada merda
que acabou de acontecer aqui.
Sim, a maior parte foi dura, mas ela merece, se aquele
vídeo servir de referência. Eu nem sei por que estou tentando
sentir pena dela agora.
Cerca de quinze minutos depois, a energia é desligada e colocando
toda a propriedade na escuridão. Porra! O que diabos está
acontecendo agora? Não ouço os geradores de reserva sendo
ligados e isso me estimula a entrar em ação.
Pego minha arma na gaveta da minha mesa antes de sair
correndo do meu escritório. Assim que saio do escritório, há
uma enorme explosão nos fundos da propriedade e, em seguida, tiros
surgem por todo o lugar.
É como uma zona de guerra lá fora. Porra, preciso encontrar
Addison. Posso odiá-la, mas não preciso que nenhum dos meus
inimigos a mate, esse trabalho é meu.
Corro para a cozinha e olho em volta, mas não a encontro
em lugar nenhum. Subo os degraus de dois em dois até o quarto
dela e volto sem nada de novo. Quando desço as escadas correndo, vou
para o hall de entrada e vejo que a porta está escancarada.
Olho para fora e vejo que meu carro não está onde o deixei e, como
ela não está em casa, sei que foi ela quem o levou. Mas, graças ao
pequeno rastreador em seu braço, poderei encontrá-la novamente em
breve.
Os tiros estão vindo de dentro da casa agora e, finalmente, alguns
dos meus homens aparecem. É como uma zona de guerra aqui. De
alguma forma, alguém descobriu este lugar e atacou.
Um homem vira o corredor e eu enfio uma bala direto na cabeça
dele e não demora muito para que meus homens e eu matemos todos, um
por um. Quando me resta o último, agarro-o pelo pescoço. Este parece
jovem o suficiente para ser um adolescente, e ele tem
uma expressão assustada no rosto agora.
— Quem te mandou? – grito para ele. Ele não responde
porque está com muito medo. — Se você me disser o que eu
quero saber, você sairá daqui vivo.
Ele morde a isca porque começa a cantar como um canário —
Venero nos mandou, o ataque à casa foi uma distração…
— Quem ele estava mirando? – ele engole.
— Alguém chamado Addison? Ele... ele disse que ela
provavelmente escaparia se tivesse a chance, então ele nos fez foder
com o gerador de reserva para que quando a energia fosse cortada, as
portas e tudo ficasse destrancado... ele até tem alguns homens esperando
por nós nos dois lados da estrada para que ele possa chegar até ela…
Merda, isso não soou bem. O que diabos meu tio poderia querer
com ela? De repente, sinto que, de alguma forma, essa é a conexão com
a peça que faltava no quebra-cabeça que não conseguimos encontrar
antes.
Assim que ele termina de falar, levanto minha arma e coloco em sua
têmpora antes de puxar o gatilho. Sua cabeça explode espalhando-se ao
meu redor. Ops, acho que menti sobre ele sair daqui vivo.
Demora um pouco para colocar tudo em ordem com a casa e, assim
que a energia é ligada, corro para meu escritório e abro o aplicativo com
as informações de rastreamento dela. Sua localização indica que está a
cerca de duas horas daqui.
Reúno os meus homens com a intenção de finalmente acabar com
meu tio e trazer Addison de volta.
Água sendo jogada em mim me tira da minha
inconsciência e eu olho para o homem parado na minha frente
com um balde vazio na mão. Idiota!
Olho ao redor da sala e vejo que ela está praticamente vazia.
Parece outro armazém. Sério, quantos malditos armazéns esse
país tem? Devemos realmente nos livrar de todos eles porque
parece que só coisas ruins acontecem neles. Bem, pelo menos
para mim, sim.
Alguns minutos depois, outro homem mais velho entra na sala e
seus olhos estão em mim. Seu olhar está cheio de ódio e ele parece que
mal pode esperar para me fazer sofrer.
Como sei disso? Bem, vi exatamente esse olhar no rosto de Cole
antes de ele geralmente me fazer sofrer.
Quando ele se aproxima, olho para ele e vejo que parece
familiar, mas meu cérebro não está funcionando rápido o
suficiente para descobrir se eu o conheço ou não. Se ele tem um nome
que já conheço, e está me escapando agora.
— Olá, Addison! Parece que esperei muito tempo para vê-la
novamente. – ele diz, até mesmo sua voz parece familiar.
— Quem diabos é você? E por que diabos estou aqui? Se você está
procurando aquele babaca do Cole, então deveria tê-lo encontrado na
casa dele. Me usar não vai atingi-lo, aquele cara é um filho da puta sem
coração.
— Ah, a invasão da casa dele pode ter lhe dado a impressão errada.
Ainda não estou atrás dele, estou aqui por você!
— Por quê? O que você poderia querer de mim?
— Ah, vejo que assassinar seus pais fez você se
esquecer de mim.
— Hum, eu não tenho ideia do que você está falando.
— Corta essa, baby, sei tudo sobre você e seus pais e o que o
papai gostava de fazer com você. Eu estava lá em algumas dessas
ocasiões.
Tento raciocinar, mas não consigo. Ugh, memórias
estúpidas, nunca trazendo à tona o que você precisa, mas
sempre trazendo à tona a merda que você não quer lembrar.
— Parece que você esqueceu, então me deixe dar uma pequena
atualização. Lembro-me bem de como era ter meu pau dentro de sua
boceta apertada. Você foi uma das melhores fodas que eu já tive na
minha vida, e o melhor momento foi quando juntei você ao seu pai.
— Humm, que tipo de maldito psicopata você é? – grito e de
repente tudo se encaixa, vindo até mim como se tivesse sido
atingida no rosto por um trem. Venero Mancini…
Eu gemo alto. — Ugh, o que diabos você quer? Você já não fez o
suficiente?
— Não é bem assim, porque infelizmente para você, você pegou
algo meu que eu nunca vou conseguir recuperar. Essa é a principal razão
pela qual tive que encontrá-la. Se não fosse por isso, então você poderia
estar vivendo sua vida sem preocupações, e eu nunca comprei essa
besteira de ser você naquele incêndio. Sempre soube que você era mais
inteligente do que fingia ser.
Ótimo, outro idiota que pensa que fiz algo pelo qual preciso pagar.
Querido Senhor, eu realmente tive a pior sorte do mundo quando nasci.
— Certo, tudo bem. Digamos que fiz o que você pensa que fiz... o
que diabos você quer comigo agora?
— Vingança, sua vadia burra! Por que mais eu me
incomodaria em procurar por você? Você vai pagar pelo
que fez e parece que Cole não fez nada no que diz respeito a
você. Eu tinha certeza que ele iria se vingar de seu irmão
morto…
— Do que diabos você está falando? Se alguém pegou alguma
coisa, foi você quem tirou as coisas de mim junto com meu pai!
– grito com ele. — Você poderia ter me ajudado, mas não
ajudou, em vez disso, você participou de tudo aquilo!
— Ah, sim, suponho que poderia, mas onde estaria a
graça nisso? – Filho da puta doente!
— Eu esperei tanto por vingança e quando te encontrei em Nova
York e vi que você era amiga do meu sobrinho, bem... eu não poderia ter
planejado essa merda melhor.
— Do que você está falando?
— Ah, tanto Nicco quanto Cole são meus sobrinhos, mas isso não
significa nada porque eu os odeio. Especialmente Cole, aquele bastardo
insensível conseguiu tudo o que deveria ser meu! Livrar-se da mãe deles
não foi suficiente, então eu tinha que planejar me livrar deles também.
— Então, estou apenas no meio de uma briga de família sem
motivo?
— Ah não, você serve a um propósito, mas chegaremos nisso em
alguns minutos. Você foi o bode expiatório perfeito para atribuir o
assassinato de Niccolo. Como eu disse, não poderia ter planejado isso
melhor.
— O que... do que diabos você está falando?
— Você não leu meu bilhete quando acordou ao
lado do corpo dele?
— Foi você? – eu engulo em seco porque tenho a
sensação de que sei exatamente para onde esta conversa está
prestes a ir.
— Sim, fui eu quem matou Niccolo, você nem tocou no corpo
dele. Eu sabia que Cole não descansaria até descobrir quem matou
seu irmão, então isso foi perfeito.
Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto porque
agora minha mente pode finalmente estar em paz com Nicco.
Eu não o matei.
— Parece que Cole sabe exatamente o que você é, se essa marca
servir de referência. Eu normalmente não concordaria com nada do que
o desgraçado disse, mas tenho que concordar com ele nisso. Você é uma
maldita assassina!
— Hã? Estou tão confusa agora. Do que você está falando?
— Você não viu a marca?
— Que porra de marca, idiota? Pare de falar em enigmas e
desembucha logo!
— Ah, isso é precioso, pra caralho. – ele chama um de seus homens
para trazer um espelho para mim. É quando percebo que estou vestida
apenas com sutiã e calcinha.
O cara entra na sala com um espelho e passa na minha frente,
colocando o espelho para que eu possa me ver. — Está do seu lado. –
Venero diz alegremente.
Quando olho para o que ele está falando, sinto que meu coração
acabou de ser arrancado de mim pela segunda vez esta noite.
Não tenho ideia de como não vi isso, então me
lembro de que isso aconteceu antes do coma. Não sei
como não me lembrava dele me cortando com sua faca.
Mas, novamente, o estresse de tudo nublou muito minha
mente, juntamente com o fato de que estive em coma por semanas.
É quando me ocorre... todos os espelhos da casa sumiram. Ele os
tirou porque não queria que eu visse as palavras que ele esculpiu
em mim.
A cicatriz parece tão horrível na minha pele e isso é algo
que vai ficar comigo permanentemente pelo resto da minha
vida. Pensar nisso traz lágrimas aos meus olhos e, um segundo depois,
elas estão escorrendo pelo meu rosto.
Ele dormiu comigo por meses, sabendo que ele poderia ver isso toda
vez que me deixasse nua. Como ele pode ser tão cruel? É quando
percebo que meu pai estava certo, ninguém neste mundo jamais vai
me amar e mesmo quando acho que alguém pode, eles vão me
destruir. E cara, estou tão arrasada agora. Neste momento,
percebo o quanto o odeio e desejo nunca mais vê-lo. Eu não
posso acreditar que eu disse àquele idiota que o amava.
Mais lágrimas estão caindo rapidamente toda vez que penso no que
ele fez comigo. Ele esculpiu a palavra ASSASSINA no meu lado. Isso é
muito podre, mesmo para ele.
— Parece que você esteve no inferno e voltou com meu sobrinho e
eu não poderia estar mais feliz. – ele diz alegremente. Eu vou matar esse
idiota antes que a noite acabe.
— Eu acho que você está se perguntando por que você está aqui.
— Bem, dã, seu gênio do caralho!
— Ah, vejo que ainda tem aquela maldita boca esperta. Parece que
Cole não fez o suficiente para quebrar você. Você pensaria que ele teria
ficado mais bravo com você por assassinar o irmão dele.
– ele zomba.
— Eu não matei Nicco, porra! Você matou!
— Porque você assassinou meu filho!
— Do que diabos você está falando, velho? Não conheço seu
filho.
— O nome Spencer te lembra alguma coisa? Porque eu vi
tudo em vídeo. Como você provavelmente já deve saber, seu
pai tinha câmeras por toda a casa e ele tinha tudo gravado e
enviado para um servidor seguro. Seus homens tiveram acesso a isso e é
incrível o que o dinheiro pode comprar. As pessoas também te traem por
dinheiro.
— Ninguém teria feito isso.
— Ah, mas um deles fez. A filha dele está doente e eu pagando o
tratamento fez com que ele se voltasse contra você tão rápido que
era quase ridículo. E você... você é tão previsível. Eu sabia que,
se tivesse a chance de escapar, você escaparia e não provou que eu
estava errado.
Só então, o nome que ele mencionou faz sentido. É claro que era
aquele filho da puta bocudo do Spencer que era filho dele. Ugh, não
consigo ter uma folga.
— Vou adorar me divertir um pouco com você antes de finalmente
te matar. E farei da mesma forma que fiz com Niccolo, porque não foi
isso que você fez com todos naquela casa naquela noite?
Ele cometeu o erro de usar braçadeiras em mim porque, uma vez
que eu estava segura, aprendi a escapar delas. Eu continuo torcendo
minhas mãos de forma a colocar alguma pressão sobre o zíper para tirá-
la de minhas mãos. Estou prestes a tirá-la quando ele vem atrás de mim
e corta as amarras de mim.
Ele me agarra e me puxa para fora da cadeira antes de
me levar para fora desta sala e entrar em outra. Eu tento
lutar, mas ele tem um aperto forte em mim. Quando entramos
em outra sala, vejo que há uma cama aqui em um canto, e facas e
chicotes em outro.
Ele me joga na cama e antes mesmo que eu me afaste, ele
está em cima de mim. Ele tenta tirar minha calcinha e nós dois
estamos lutando. Até agora, a raiva que sinto por este homem
está além de qualquer coisa que já senti por alguém antes.
Não vou deixar que ele me machuque de novo, esse ciclo tem que
parar e está na hora de quebrá-lo. Eu me viro e uso minha perna para
bater em suas bolas. Ele sai de cima de mim com um gemido cheio de
dor e eu levanto da cama. Corro até onde estão todas as suas facas e
pego uma delas. Ouço tiros surgindo do lado de fora.
Venero avança sobre mim e seguro a faca com mais força em
minhas mãos. Não vou cair sem lutar desta vez. Gritos e berros
estão vindo de fora agora. Parece que é uma zona de guerra lá fora.
Ele avança e eu tento desviar dele, mas ele é mais rápido e bate seu
corpo no meu e nós dois caímos no chão. A faca é derrubada de minhas
mãos e ele me vira de costas e me monta no abdômen. Eu tento afastá-lo
de mim, mas ele agarra meu pescoço e aperta antes de me dar um soco
no rosto duas vezes. Fico atordoada por um minuto enquanto tento me
recompor.
— Parece que você ainda está mal-humorada e mal posso esperar
para sentir o gosto de como é agora. – ele diz enquanto desabotoa a
calça e isso me deixa ainda mais assustada. Ele me dá um tapa no rosto
para ficar quieta e eu agarro seu rosto, usando meus dedos para enfiar
em seus olhos.
Ele grita e me solta e eu me afasto dele. Pego minha
faca que está no chão e me atiro para ele. Eu enfio no lado
dele e ele solta outro grito. Ele cai de costas e eu
rapidamente monto nele e enfio minha faca em seu estômago.
— Eu odeio você e todos os malditos idiotas que pensaram que
tinham o direito de foder comigo sem minha permissão! Diga oi para
Spencer no Inferno por mim, idiota! – digo a ele logo antes de
cortar sua garganta. Ele escapou com muita facilidade, mas
preciso sair daqui logo.
Ele agarra sua garganta, ofegando por ar e eu apenas olho
para ele, sentindo nada além de vazio por dentro. Quanto mais pessoas
eu tenho que matar para me defender, mais isso mexe com minha mente
e mais a escuridão me consome, me sugando para um vórtice de nada.
Eu nunca consegui ser tudo o que eu queria ser, mas estou farta de
deixar as pessoas me machucarem. Este foi o último demônio do meu
passado que me perseguiu.
Bem, não o último, porque há mais deles por aí, mas não
posso ir atrás deles. Isso pode atrair muita atenção para mim, o
que é injusto pra caralho. Estou coberta de sangue quando me levanto de
cima dele, mas o que mais há de novo, e só porque não suporto esse
homem, enfio minha faca em seu estômago e arrasto minha faca para
baixo, estripando-o do jeito que ele fez com Nicco.
Se ele não estava morto antes, com certeza está agora. Eu me abaixo
e vasculho seus bolsos em busca de suas chaves e carteira, e assim que
as tiro, vejo que ele tem uma arma no bolso da jaqueta. Eu pego isso
também porque você nunca sabe quando pode precisar.
Assim que me levanto novamente, a porta da sala se abre e bate
contra a parede com um baque retumbante. Quando olho para cima, a
maldição atual da minha maldita existência está lá com uma cara feia no
rosto. Seus olhos observam a cena à sua frente.
— Você simplesmente não pode evitar, não é?
Sempre matando pessoas.
— Não, porque eu sou assim, né? Uma assassina… – eu
aponto para o meu lado e ele encolhe os ombros.
— É por isso que você se livrou de todos os espelhos, não é? – eu
mal posso dizer as palavras sem engasgar com os soluços que estão
ameaçando escapar.
— Bem, era verdade, você matou meu irmão!
— Não o matei, porra! Eu já disse isso antes. Ele matou...
– digo, apontando para Venero. — Ele me disse toda a história sobre
matar Nicco e sua briga de família!
— Você espera que eu acredite que foi ele quem matou meu
irmão?!
— Sim! Porque foi isso que ele disse, seu idiota! – Minha raiva
está aumentando tanto que eu só quero bater na cara dele.
— Vamos porra, agora...
— Como você me achou? – Ele não responde e agora estou
simplesmente furiosa. — Eu juro por Deus, se você não me responder,
eu vou atirar em você!
— Há um rastreador dentro do seu braço. Depois da primeira vez
que você tentou fugir na floresta, quando desmaiou por causa dos
ferimentos à bala, pedi ao médico que colocasse um em seu braço.
— Seu filho da puta! Foi por isso que ele matou sua mãe também?
Porque ela era uma vadia como você?
Minhas palavras o deixam com raiva porque ele se move para
caminhar em minha direção, mas eu levanto a arma. — Não dê mais um
passo ou eu juro por esse maldito Deus inexistente, que
eu vou atirar em você!
— Você não vai, você não disse que me amava?
Em um momento de fraqueza e vulnerabilidade, pergunto
a ele: — Por que sou tão difícil de amar? Por que todo mundo acha que
está tudo bem em me machucar quando não fiz nada de errado?... –
Meu coração dói com o peso de tudo esmagando minha alma. —
Eu não te amo mais, eu te desprezo! Você é apenas mais um
maldito monstro sem se importar com o que faz com as
pessoas e como as destrói.
— Ah, mas você gosta quando dói, não é, baby? Não é por isso que
sua boceta sempre fica tão molhada para mim?
Filho da puta, eu odeio esse homem. Ele continua se aproximando
de mim e antes mesmo de processar o que está acontecendo, eu puxo a
porra do gatilho. Esse tiro o acerta no ombro e ele ainda está se
aproximando. Outro tiro é dado, e este o atinge no abdômen.
Ele cambaleia um pouco e eu me atiro para ele porque, neste
momento, ele é a pessoa que eu mais odeio neste mundo. Nós dois
caímos no chão e ele tenta me tirar de cima dele, mas minha raiva é tão
forte nesse momento que uso a coronha da arma e o acerto no rosto
algumas vezes.
Ele geme e eu não posso deixar de sorrir. Eu me levanto do chão e o
chuto no abdômen. — Eu te odeio pra caralho, Cole Mancini! Por cada
maldita coisa que você já me fez passar e eu sou inocente, porra! Eu
nunca matei meu melhor amigo!
Eu me curvo e tiro seu paletó porque ainda estou de sutiã e calcinha.
Coloquei minha boca em seu ouvido, sussurrando as palavras que eu
gostaria de dizer.
— Eu espero que você morra, seu bastardo
insensível! – Essas são minhas últimas palavras para ele
antes de sair e dar o fora de lá antes que seus homens
venham procurá-lo.
Pego a localização de Addison pelo rastreador dela e,
quando abro meu computador, vejo que é em um daqueles
armazéns abandonados que fica a cerca de duas horas de distância.
Mostro aos meus homens as informações na tela e, dois
minutos depois, todos eles se vestem, pegam suas armas e
partimos.
Entro no SUV com Scar e Gio e os outros caras pegam os
outros carros. Nós aceleramos na estrada. Felizmente, é tarde da
noite, então não há tráfego. Bem, nunca há realmente nenhum tráfego
aqui, o que é bom.
Preciso chegar até ela rápido porque se foi meu tio quem a levou,
não sei o que ele fará com ela. Ele vai machucá-la só porque
provavelmente vai pensar que isso vai me afetar. Não vai.
Se isso não vai te incomodar, então por que você está correndo
atrás dela como se sua vida dependesse disso? Minha voz interior
pergunta.
Quando paramos onde ela está, vejo que estava certo. É a área que
tem muitos armazéns abandonados próximos uns dos outros.
Estacionamos atrás de um deles, o mais distante de onde ela está.
Assim ninguém nos verá. Trouxe vinte homens comigo, não tenho
certeza de quantos meu tio tem, mas me certifiquei de treinar bem meus
homens para saber que podemos enfrentar o que vier contra nós.
Assim que saímos dos carros, todos eles se preparam e pegam suas
armas antes de seguirmos silenciosamente para aquele em que ela está.
Ela não se moveu daqui desde que consegui sua localização, não tenho
certeza se isso é uma coisa boa ou ruim ainda. Ele pode
estar ganhando tempo com ela ou ela já pode estar morta.
O último pensamento dela estar morta faz minhas
entranhas parecerem engraçadas, e eu instantaneamente me
contenho. A única razão pela qual estou aqui por ela é para poder levá-
la de volta para a mansão e continuar com seus castigos. Nenhuma
outra razão!
Meus homens entram pelas portas do armazém e assim
que entram, o caos surge e tiros ecoam por todo o espaço.
Meus homens matam os homens de meu tio um por um
conforme entramos. Atiro em um deles bem no rosto e sua cabeça
explode, espalhando-se pelo chão.
Não leva mais de cinco minutos para meus homens eliminarem
todos os homens que estavam aqui. Eu a ouço soltar um grito e digo aos
meus homens para cuidarem das coisas aqui antes de correr para onde
veio o grito dela.
Chego a um corredor com portas em ambos os lados e, quando
estou me perguntando em que sala ela está, ouço-a gritar novamente.
Está vindo da sala no final do corredor, e eu caminho rapidamente em
direção a ela.
— Eu odeio você e todos os malditos idiotas que pensaram que
tinham o direito de foder comigo sem minha permissão! Diga oi para
Spencer no Inferno por mim, idiota! – Eu a ouço gritar com alguém
quando me aproximo. Um segundo depois, ouço um clique. Como
diabos ela conhece meu primo Spencer? Ele está morto há cerca de
quatro anos.
Como nunca estivemos próximos de meu tio ou de sua família, tudo
que sei é que ele foi assassinado. Já foi tarde, se você me perguntar, e eu
nunca descobri o que aconteceu com ele.
Abro a porta e a visão na minha frente tem meu pau
pronto para gozar em minha calça com o quanto sexy está.
Meu tio morto está aos pés dela com o abdômen aberto,
assim como o de meu irmão. Ela está ali apenas de sutiã e calcinha,
coberta de sangue, parecendo uma rainha vingativa pronta para causar
estragos e matar todos os seus demônios.
— Você simplesmente não pode evitar, não é? Sempre
matando pessoas,
— Não, porque eu sou assim, né? Uma assassina… – ela
aponta para o lado dela com um olhar de devastação em seu rosto e eu
estremeço. Depois que a colocamos naquele coma, me livrei de todos os
espelhos da casa. Achei que seria melhor para ela não ver aquela marca
por causa de sua condição. Mesmo que ela seja assim e eu não me
arrependo de ter esculpido na pele a palavra ASSASSINA.
— É por isso que você se livrou de todos os espelhos da sua
casa, não é? – ela pergunta, mal conseguindo pronunciar as
palavras em meio aos soluços, e agora estou ficando furioso
com essas perguntas inúteis.
— Bem, era verdade, você matou meu irmão! – grito com ela.
— Não o matei, porra! Eu já disse isso antes, mas você é um idiota,
cego pela vingança, não se importou se eu era inocente. Ele matou seu
irmão... – ela diz, apontando para meu tio. — Ele me disse toda a
história sobre matar Nicco e sua briga de família!
— Você espera que eu acredite que foi ele quem matou meu
irmão?!
— Sim! Porque foi isso que ele disse, seu idiota! – ela está gritando
agora, completamente furiosa se eu tivesse que adivinhar.
— Vamos porra. Agora... – digo a ela, ficando impaciente com toda
essa conversa desnecessária.
— Como você me achou? – Eu não respondo, o que a
deixa furiosa pra caralho. — Eu juro por Deus, se você não
me responder, eu vou atirar em você!
— Há um rastreador dentro do seu braço. Depois da primeira vez
que você tentou fugir na floresta, quando desmaiou por causa do
ferimento à bala, pedi ao médico para colocar um em seu braço.
— Seu filho da puta! Foi por isso que ele matou sua mãe
também? Porque ela era uma vadia como você? – Como ela
ousa falar sobre a porra da minha mãe. Estou tão furioso
agora, que nem percebo que me movi, aproximando-me dela.
— Não dê mais um passo ou eu juro por esse maldito Deus
inexistente, que eu vou atirar em você! – ela sussurra para mim.
— Você não vai, você não disse que me amava? – eu provoco.
Verdade seja dita com o quanto furiosa ela está, ela provavelmente
vai atirar em mim, mas eu não me importo porque a necessidade
de colocá-la em seu lugar é esmagadora.
Por um segundo, nada além de tristeza toma conta de suas feições.
— Por que sou tão difícil de amar? Por que todo mundo acha que está
tudo bem em me machucar quando não fiz nada de errado? – Quando
suas palavras terminam, um segundo depois, toda a sua tristeza
desaparece e a rainha vingativa determinada a vencer está de volta. —
Eu não te amo mais, eu te desprezo! Você é apenas mais um maldito
monstro sem se importar com o que faz com as pessoas e como as
destrói.
— Ah, mas você gosta quando dói, não é, baby? Não é por isso que
sua boceta sempre fica tão molhada para mim? – eu a provoco porque é
verdade. Sempre que eu a machuquei, é quando ela goza mais forte.
Aproximo-me dela e antes mesmo de sabermos o
que está acontecendo, ouço a arma que ela tem na mão
disparar e sinto uma dor no ombro. Agora estou furioso e
quando caminho em sua direção novamente, ela puxa o
gatilho pela segunda vez e eu cambaleio para trás.
Ela corre para mim e pula em mim, nós dois caímos e ela usa a
coronha de sua arma para me acertar repetidamente no rosto. Meu
anjo vingador está descontando toda a sua dor e ódio em mim
e, quando ela termina, estou gemendo de dor.
Não consigo me lembrar da última vez que alguém atirou
em mim, e parece que dói mais do que normalmente agora. Sinto os
ferimentos de bala sangrando e sei que vou desmaiar logo.
Ela se levanta de cima de mim e tira meu paletó. Ainda está limpo,
com apenas um pouco de sangue e ela o joga sobre seu corpo quase nu.
— Eu espero que você morra, seu bastardo insensível! – ela diz
logo antes de sair correndo da sala o mais rápido que pode.
Eu gemo e viro antes de me levantar. Perdi sangue, mas ainda não é
tanto para me matar. Meu rosto arde e sinto que já está inchado com os
golpes que ela desferiu com a coronha da arma.
Eu cambaleio até a porta assim que dois dos meus homens chegam
lá e, uma vez que eles veem o estado em que estou, todos correm para
ajudar para que possam me levar de volta para a mansão. Graças a Deus
a mira dela é uma merda, e ela não pegou nenhum dos meus órgãos
vitais.
— Alguém viu Addison escapar do armazém? – Todos me olham
estupidamente. Acho que ela foi quieta e sorrateira com sua saída, mas
não importa, vou encontrá-la em breve.

Já se passaram quatro semanas desde que Addison atirou em


mim e depois desapareceu. Meu tio e todos os seus homens
estavam mortos e, antes de partirmos, instruí meus homens a
incendiar o local. Pelo menos ela cuidou de um problema para
mim, embora eu tivesse gostado de torturá-lo eu mesmo.
Mesmo que suas balas não tenham atingido nenhum dos meus
órgãos vitais, eu ainda tive que fazer uma cirurgia para retirá-las porque
a que estava dentro do meu abdômen estava presa lá no fundo.
Assim que acordei após a cirurgia, fiz meus homens descobrirem
onde ficava a casa de Venero e pegar tudo de seu escritório. Talvez
houvesse algo lá que eu pudesse usar. Com ele morto agora, eu
provavelmente poderia assumir seus negócios e fundi-los aos
meus, já que ele não tinha mais ninguém para herdar seus pertences.
Não acho que ninguém minaria minha autoridade e, se o fizessem,
eu simplesmente os mataria. Ainda não procurei por Addison porque
estou dando a ela uma falsa sensação de segurança, de sentir que ela está
segura antes de trazê-la de volta para cá. Achei que seria melhor passar
pela merda do meu tio antes de ir atrás dela. Ela nunca vai escapar de
mim, não importa o quanto ela tente.
Eu saio da cama e tomo um banho antes de ir para o meu escritório.
Assim que chego lá, vasculho o que restou das coisas que meus homens
trouxeram e, uma hora depois, encontro uma pequena caixa com o nome
Addison.
Abro a caixa e há apenas um único pendrive lá. Eu ando até minha
mesa e ligo no meu computador. Quando a pasta
aparece, abro e vejo que há três vídeos aqui. Aperto o play
no primeiro e esses são os vídeos que mudam minha vida
para sempre e é nesse momento que percebo que estraguei
tudo com ela.
O primeiro vídeo começa com Addison deitada no chão de algum
armazém e parece que ela desmaiou. Ela está com um vestido
branco, que parece ser sua fantasia de Halloween. Em uma
olhada mais de perto, vejo que é o armazém em que
encontramos Nicco.
Quando a câmera se afasta, meu irmão está amarrado a uma cadeira
e, alguns minutos depois, meu tio entra na sala.
— O que diabos está fazendo? – ele pergunta ao meu tio.
— Matando dois pássaros com uma pedra. Você vê, eu planejei
isso para vocês bastardos por um longo tempo.
— Bem, lide com isso como um homem e deixe-a fora disso! Ela é
inocente nessa guerra familiar que você está travando conosco.
— Ahh, mas ela não é tão inocente quanto parece… ela assassinou
meu filho e por isso, ela vai ter que pagar pelo que fez.
— Ele provavelmente fez alguma merda para merecer isso. – Nicco
diz a ele, o que lhe faz ganhar um soco no rosto.
— Quando a encontrei aqui em Nova York e percebi que ela era sua
amiga, facilitou muito meus planos. Eu mato você e a culpo por isso,
então mando para Cole um pequeno vídeo legal, tão fácil…
— Você não pode fazer isso com ela! Você sabe, uma vez que Cole
descobrir sobre isso, ele vai matá-la em sua busca por vingança.
— Esse é o plano…
Nicco olha para ela e vejo lágrimas em seus olhos. —
Sinto muito por isso, Addy. Espero que você seja forte o
suficiente para sobreviver ao meu irmão... – ele sussurra
pouco antes de meu tio esfaqueá-lo no meio do estômago e arrastar a
faca até o fim, rasgando-o.
Depois que meu irmão está morto, vejo Venero arrumando
seu corpo no chão antes de ir até Addison e derramar sangue
sobre ela. Ele a arrumou também e colocou a faca a alguns
metros dela, então saiu, apagando todas as luzes enquanto
caminhava.
Quando as luzes se acendem novamente, vejo que Addison acabou
de acordar e está enlouquecendo por causa do sangue nela. Quando ela
vê o corpo de Nicco a poucos metros dela, ela enlouquece ainda mais e
as lágrimas escorrem por seu rosto.
Porra! O despertar dela é a versão do vídeo que me foi
enviado. Eu só consegui a parte dela e automaticamente assumi
que foi ela quem o matou. Eu nunca questionei isso, embora não a tenha
visto matá-lo.
Eu a vejo pegar um bilhete e, assim que lê o que está escrito, todo o
seu rosto fica sem cor e, alguns minutos depois, ela vai até onde o
cadáver dele está caído no chão.
Uma vez que ela está ao lado dele, ela se ajoelha ao lado de sua
cabeça, dando-lhe um beijo na testa enquanto ela está chorando muito.
Alguns segundos depois, ouço as palavras que ela disse a ele. — Sinto
muito que isso tenha acontecido com você, se fui eu quem fez isso,
nunca serei capaz de me perdoar, mas prometo, pelo menos tentarei
descobrir o que aconteceu. – Com isso, ela sai correndo da sala deixando
ele para trás e agora que vi essa versão, sei que se ela tivesse outra
escolha, não o teria deixado ali sozinho. Ela
provavelmente estava com medo de que alguém a
encontrasse e ela tivesse que pagar, embora tenha sido
exatamente o que aconteceu.
Fecho este vídeo e vou para o próximo. Este me faz me sentir
ainda mais um merda do que o primeiro. Nunca me odiei pelas coisas
que fiz até agora. Este tem tantos vídeos de seu pai e meu tio
estuprando ela. Outros homens a estupraram. Seu pai
espancando e torturando-a.
— Papai, por favor... – Ela estava gritando "papai, por
favor, pare".
— Ahhhhhh... – Ela não estava gritando de prazer, mas de dor.
— Aah... Papai... não... Pare... – ela estava gritando para ele não
fazer isso e parar.
— Você… me sinto… muito… bem… Papai… – Ela estava
implorando e gritando com ele. Ela não se sentia bem e queria que
ele parasse.
— Goze... em... mim... Papai... – "Não goze em mim, papai"...
Acho que nunca vi dor e devastação tanto quanto neste vídeo agora.
As coisas que ela sofreu e teve que passar. A próxima parte do vídeo é
tão dolorosa de assistir, e me sinto uma merda por causa de como a
provoquei sobre isso.
Porra! Não consigo imaginar o que passou pela cabeça quando eu a
insultei sobre isso, porque a próxima cena do vídeo é tão horrível que
me traz lágrimas aos olhos e nem me lembro da última vez que chorei.
— Papai, por favor... eu... quero... manter... nosso... bebê... "Por
favor, não o machuque", ela estava gritando com ele. Quero ficar com o
bebê só porque veio de você não significa que uma vida inocente deva
sofrer.
— É… uma… parte… de… nós… "Não me importa
se é uma parte de nós, ele não deve sofrer".
— Eu… quero… isso… Papai… "Eu quero ficar com
isso, Papai".
— Não... nós... não podemos... bebê... o que... sua... mãe...
diria?... "Não podemos ficar com isso, não quero outro filho
quando o que eu já tenho é uma maldita estúpida. Sua mãe não
dá a mínima para você, então ela não tem voz."
Esta é a versão completa sem edição, comparada com a
que recebi, e agora vejo que meu tio editou tudo para parecer que ela era
a pessoa errada.
A próxima cena no vídeo é de seu pai abortando brutalmente a
criança sobre a qual eu a provoquei tão descuidadamente. Quando ele
termina com ela, posso ver que ela está à beira da morte.
Porra, quantas malditas vezes ela esteve perto da morte antes de eu
colocar minhas mãos nela? Eu fecho aquele e abro o terceiro e último.
Vejo meu primo Spencer neste e pelo que posso dizer e pelas
palavras dela, todos amarrados naquela sala a machucam.
Ela passa a matá-los um por um, mas ela não o faz com uma
intenção maliciosa, ela o faz porque acha que isso a libertará.
Quando ela finalmente mata seus pais, a dor e a angústia que saem
dela são tão cruas e brutais que posso senti-las passando pela tela.
Sei exatamente o que ela está sentindo porque já passei pela mesma
coisa inúmeras vezes. Minhas primeiras mortes foram praticamente as
mesmas, pensei que me faria sentir melhor vingando meus entes
queridos, mas tudo o que faz é empurrá-lo ainda mais
para o Inferno.
Porra! Só quero bater na minha cara. Como pude fazer
tantas coisas horríveis com ela quando ela já passou pelo
inferno?
Agora percebo que é por isso que sempre senti algo por ela. Ela é
minha outra metade e também é a única coisa pura com um toque
de escuridão nela que equilibra meu monstro.
Agora também sei por que olhar para ela às vezes dói
tanto. Eu deveria estar protegendo ela e não destruindo ela.
Não me arrependo do que fiz porque não posso mudar o passado e
pensei que estava recebendo a justiça que meu irmão merecia.
Agora eu preciso encontrá-la e consertar isso. Só espero que ela me
dê uma chance e todo o seu amor por mim não tenha morrido. Porém, se
ela pensar em ficar longe de mim novamente, vou arrastar sua bunda
de volta aqui chutando e gritando porque ela é minha agora.
Ela é minha desde a primeira vez que obtive sua boceta enquanto
ela chorava e se debatia debaixo de mim. Eu só não sabia que gostaria
de ficar com ela. Acho que tenho que mudar meus modos com ela agora,
mas quando se trata dela, ela pertence a mim e isso é uma coisa que não
vai mudar.
Preciso ter certeza de que, de agora em diante, ela não sentirá nada
além de amor, porque eu a amo e meu idiota eu estava me impedindo de
ver isso. Eu sou quem eu sou…
Porra! Se Niccolo estivesse aqui, ele provavelmente me mataria por
machucar sua amiga assim, mesmo que fosse com as melhores intenções
por causa de sua morte.
Ela está sozinha há muito tempo e é hora de encontrar minha garota
e pegar o que me pertence. Quando ela voltar, nunca
mais vou deixá-la me deixar...
Subo no palco e agarro o poste para começar minha rotina
enquanto me perco na música. Eu danço do jeito que faço todas
as noites porque, a essa altura, já tenho essa rotina memorizada.
Estou chapada como uma pipa, mas não me importo porque
isso não afeta minha dança. Estou sempre desorientada, de
qualquer maneira, e é a única coisa que afasta a dor.
Se ao menos Nicco pudesse me ver agora... ele estava certo quando
disse que se eu não estivesse na faculdade, eu seria uma stripper e é
triste que ele estivesse certo.
Afastar-se de Cole sangrando no chão porque eu atirei nele foi
difícil e minha mente está uma bagunça completa desde então. Eu
deveria odiá-lo, e odeio, mas é difícil abrir mão de alguém
depois que você desenvolve sentimentos por essa pessoa.
Ugh, o que diabos torna seu pau tão especial que não consigo nem
esquecer o idiota ao qual ele está ligado? Talvez eu devesse pegar um
daqueles clones de pau e fazer um de seu pau.
E é assim que eu sei que estou seriamente ferrada da cabeça porque,
um, eu não deveria querer uma lembrança dele e dois, ele provavelmente
está morto, e por que a ideia de ele estar morto faz meu coração doer?
Quando cheguei aqui, precisava de uma dose. Meu corpo se
acostumou com as drogas que ele injetava em mim e fiquei dependente
disso. Meu corpo começou a ficar nervoso e percebi que estava tendo
abstinência. Era demais para lidar sozinha, então, em vez de tentar me
desintoxicar, fui e encontrei o traficante mais próximo aqui e consegui
um pouco de heroína e maconha dele. Embora realmente
não fosse tão difícil encontrar um traficante de drogas.
Era para ser apenas uma vez, mas uma vez que provei
de novo e me senti tão chapada, não consegui parar. Pelo
menos não sozinha. Sempre que eu usava essas drogas, a euforia que
sentia era diferente de tudo que já havia sentido em minha vida. Isso
me fez esquecer tudo sobre a dor e o sofrimento do meu passado.
Foi assim que isso se tornou minha muleta, a única
maneira de sobreviver, e agora não sei como parar isso. Nos
poucos breves momentos em que tenho alguma clareza, sinto-
me tão envergonhada do que me tornei, mas, um minuto depois, desejo
essa euforia novamente.
Quando estou chapada, nada pode me tocar, nenhuma das memórias
que querem me destruir e nenhuma dor que quer me esmagar.
Realmente caí em desgraça, embora, se fosse honesta comigo mesma,
provavelmente não tinha nenhuma para começar.
Minha alma está cansada e me sinto culpada por ainda amar aquele
babaca e que mais me machuca e mexe comigo. Por que eu o desejo
quando ele é a razão do meu estado atual? Eu nem sei se ele ainda está
vivo ou não. Eu o matei quando atirei nele?
Quando corri para fora daquela sala, escapei por uma saída lateral
que encontrei. Felizmente, ninguém estava lá e a primeira coisa que fiz
foi encontrar o carro de Venero e fugir como um morcego do inferno
tentando ficar o mais longe possível dele.
Dirigi sem parar até não poder mais e quando finalmente tive o
suficiente, parei em um hotel e usei parte do dinheiro da carteira de
Venero para pagar um quarto. Assim que entrei no quarto, praticamente
submergi no banho porque me sentia suja e a vontade insana de arranhar
meu corpo para tirar o sangue era demais. Limpei-me no
carro o máximo que pude para me livrar do sangue em
minha pele, mas as toalhas de papel não podiam fazer
muito.
Assim que terminei o banho, peguei o telefone do hotel e disquei
o número antigo de Mia, rezando a Deus para que continuasse o
mesmo.
Pela primeira vez na minha vida, realmente senti que Deus
estava sendo bom para mim porque ela atendeu no terceiro
toque. Assim que ouvi sua voz suave do outro lado da linha,
desabei. Implorei a ela que me ajudasse porque não tinha
certeza se conseguiria fazer isso sozinha. Dizer que eu a choquei seria
um eufemismo, mas ela não hesitou e veio o mais rápido que pôde para
o hotel em que acabei, em Utah, enquanto fugia novamente de Cole.
Demorou algumas horas, mas quando ela finalmente chegou lá,
nós duas começamos a chorar e nos abraçamos. Finalmente chegou a
hora de contar tudo a ela. Comecei desde o início e contei a ela
tudo sobre Nicco e o papel que pensei ter desempenhado em sua
morte. Contei a ela sobre pensar por meses que fui eu quem o matou e
depois ficar cara a cara com seu tio, o que naturalmente me levou a
contar a ela sobre meu passado. Contei a ela sobre o abuso e como tive
que matá-los para me libertar ou eles teriam acabado me matando. Eu
até tive que contar a ela como quase morri naquela noite porque meu pai
matou meu bebê e me deixou lá, sangrando no chão.
Ela me surpreendeu completamente quando apenas me abraçou e
não me olhou de maneira diferente. Eu me senti um pouco mais leve
sabendo que minha melhor amiga não se afastaria de mim por causa das
coisas que fiz.
Foi uma das coisas mais difíceis que tive que fazer porque odiei
mencionar Nicco de novo. Pude ver que ela ainda não o havia superado,
embora já tenha passado um ano desde que o perdemos.
Continuamos a chorar nos braços uma da outra, pensando
em como as coisas viraram uma merda no ano passado para
nós duas.
Mencionar Nicco significava que eu tinha que contar a ela sobre
Cole, o que me trouxe ao fato de que eu precisava desaparecer por um
tempo novamente até ter certeza de que ele não viria atrás de mim.
Eu ainda não tinha certeza se ele estava morto ou não, mas
precisava ter certeza antes de tentar começar uma nova vida
novamente. Tive que dizer a ela que atirei nele para fugir, mas
não sabia se ele estava vivo ou não porque fugi e o deixei lá.
Naturalmente, ela estava chateada com ele, mas eu disse a ela que
ela não poderia deixá-lo saber que ela sabia de nada, especialmente se
ele estivesse vivo e ela falasse com ele novamente porque eu não queria
colocá-la em perigo. Eu precisava ficar quieta por um tempo até que as
coisas se acalmassem e eu tivesse certeza de que ninguém estava
procurando por mim.
Ela me deu algum dinheiro para me sustentar por um tempo e foi
assim que acabei em Austin, Texas. Antes de sairmos do hotel, porém,
fiz com que ela me ajudasse a remover o rastreador que Cole inseriu em
meu braço com os suprimentos que pedi a ela para trazer com ela.
Quando cheguei ao Texas, alguns dias depois, fui procurar um emprego
porque precisava dele para me manter viva. O dinheiro que Mia me deu
não duraria para sempre, então eu precisava me cuidar e conseguir um
dinheiro extra antes que o dela acabasse.
A única coisa que encontrei que não exigia uma identidade foi um
clube de striptease. Então, eu apenas dei um nome falso, e foi isso. Estou
trabalhando aqui há três meses. Acho que a única razão pela qual não
precisei de uma identidade foi porque este lugar é decadente como o
inferno com alguns personagens questionáveis.
Embora não seja muito, dá para pagar as contas e
manter o pequeno apartamento que chamo de lar. Embora
não pareça um lar, em nenhum lugar parece. Você já sentiu
como se estivesse perdendo algo que nunca teve? O que é um
lar? É um lugar ou um sentimento?
Não vou mentir, estes últimos seis meses foram os mais difíceis
pelos quais passei. Não posso pagar um terapeuta, então tive que
lidar com tudo sozinha.
Tentei não deixar que nada me afetasse, mas foi assim
que a tentação das drogas me puxou para a toca do coelho.
Minha mente está contra mim e sinto que estou constantemente me
afogando. Os pensamentos me consomem e eu gostaria que houvesse
uma saída para isso. A luta que enfrento todos os dias parece piorar com
o passar dos dias.
Estou constantemente tentando sair do buraco escuro em que
minha mente insiste em estar, mas não consigo sair de lá. No
ritmo que estou indo, acho que estou a um passo de uma
overdose. Prometi a Mia que cuidaria de mim, mas assim que fiquei
sozinha de novo, tentando sobreviver, tudo deu errado.
O som de palmas tira minha mente de seus pensamentos e percebo
que a música acabou. Rapidamente saio do palco e corro para o
vestiário. Só preciso sair daqui porque está começando a parecer
claustrofóbico.
Meu turno acabou e estou feliz por sair daqui. Saio do clube e
caminho a pequena distância até em casa. Não consigo me livrar daquele
sentimento ruim que está alojado na boca do meu estômago novamente.
Pelo amor de Deus, se você me fizer passar por mais merda, não sei se
vou sair viva desta vez. Já cansei dessa coisa chamada vida e não vale a
pena.
Assim que chego à frente do meu apartamento, vejo
os caras do lado de fora. Este não é um bairro amigável,
está cheio de traficantes, mas até agora não tive problemas
com nenhum deles.
— Ei, pessoal! – digo enquanto passo por eles.
— Ei, coisinha fofa. – responde Bane, ele é um dos mais
amigáveis, mas não deixe que isso te engane porque o cara é
uma fera quando precisa ser. — Você precisa de uma dose?
Já estou chapada com a maconha que fumei antes, mas
imagine, por que diabos não. Para quem diabos estou vivendo
esses dias? Exceto por Mia, ela provavelmente me mataria se
descobrisse sobre isso, mas eu a fiz concordar em não entrar em contato,
apenas no caso de alguém ainda estar me seguindo.
Cole tinha alguns minions leais que provavelmente adorariam
nada mais do que colocar as mãos em mim. Estremeço só de pensar
em Scar, ele ficaria muito feliz em me destruir se tivesse a chance.
— Sim. – eu respondo e nós dois caminhamos para um canto e ele
pega uma seringa e uma agulha antes de enchê-la. Eu deveria estar
preocupada com doenças e drogas, mas ele sempre consegue uma agulha
esterilizada para mim.
Ele tentou expressar seu interesse por mim, mas ainda não consegui
tirar Cole da cabeça. A agulha perfura minhas veias e sinto a heroína
correndo em minhas veias enquanto a euforia instantânea toma conta do
meu corpo.
— Obrigada, Bane. – digo, dando-lhe um beijo na bochecha antes
de ir embora e ir para o meu apartamento. Mal consigo ficar de pé
enquanto caminho, mas a sensação agora não supera nada. Nem mesmo
o sexo era tão bom.
Abro a porta do meu apartamento e, uma vez lá
dentro, fecho-a e encosto-me à porta com a cabeça
encostada na madeira. Fecho meus olhos, apenas respirando
fundo. Estou tão cansada de tentar constantemente juntar os
pedaços que são a minha vida.
Quando realmente melhora? Não importa o quanto eu tente e o
quanto lute, não posso fazer nada enquanto minha mente estiver
contra mim. Acordo gritando constantemente por causa dos
pesadelos que tenho todas as noites.
Esta é a segunda vez que tenho que recomeçar, e o que
tenho para mostrar? Porra nenhuma. Nunca consegui concluir meu
curso, nunca passei mais tempo com minha melhor amiga e nunca
consegui encontrar o amor da minha vida.
Por um segundo, pensei que talvez sim, mas ele era como todos os
outros na minha vida. Seu único objetivo era me machucar, e ele
conseguiu. Não sou nada agora, não sei como seguir em frente ou como
recomeçar minha vida. E se eu começar de novo e tudo for para o
inferno novamente?
Agora, estou apenas definhando atrás das drogas, fugindo das
memórias com as quais não quero lidar. Sei que se ele estiver vivo, ele
não vai parar de procurar por mim. Quando eu disse a ele que Venero
matou Nicco, eu sabia que ele não acreditava em mim e provavelmente
nunca acreditaria.
Para ele, sou apenas mais uma vadia mentirosa cujas palavras não
significam nada. Não tenho certeza de quanto tempo fico ali com
lágrimas escorrendo pelo meu rosto... Nem percebi que estava chorando.
Meus pais me machucaram, mas nada disso foi tão profundo quanto
o que ele fez comigo e para quê? Um estúpido fodido
drama familiar em que me joguei no meio como um dano
colateral.
Ninguém nunca pensou sobre o que passei desde o início
da minha adolescência até quase os dezoito anos. Ninguém se
importava em como isso afetaria meu estado mental.
Nem me importo com essa merda porque assim que cheguei
ao Texas, enterrei cada sentimento, memória e pensamento de
tudo o que aconteceu em uma caixinha e tentei esquecer.
Sim, não faça isso. Não adianta. Especialmente quando
você tem pesadelos constantes e as coisas sempre a desencadeiam. É
como afundar lentamente no fundo de um lago, você pode ver a
superfície, mas por mais que tente alcançá-la, não consegue porque não
sabe nadar.
Você provavelmente diria que esse não é um comportamento
saudável, não lidar com meus problemas e, bem, quer saber… eu
sei! Mas simplesmente não tenho capacidade mental para lidar
com o desastre que é minha vida agora.
Tudo o que sei é que se eu passar por algo assim novamente, vou
me matar antes de deixar alguém me machucar novamente.
Todos os meus sonhos, os sonhos que eu tinha de ajudar as pessoas
foram destruídos. Não sei por que pensei que poderia ajudar alguém
quando não conseguia nem me ajudar na maior parte do tempo.
Eu finalmente me afasto da porta e caminho pelo corredor. Aperto o
interruptor das luzes e nada acontece.
— Simplesmente ótimo! – resmungo alto. Paro para pensar e sim,
paguei minhas contas, então o que diabos aconteceu? Porra! Algo não
pode dar certo apenas uma vez na minha vida? Chutei a parede e soltei
um grito alto, depois resmunguei porque aquela merda
doía.
Eu me movo em direção à minha pequena sala de estar
desta vez e tento ligar este interruptor, e novamente nada
acontece.
— Mas que merda! – Soltei um grito. — Se eu ver aquele filho da
puta de novo, vou estripá-lo! Isso é tudo culpa dele. – murmuro na
escuridão. — "Senhor Sou muito melhor do que você só porque
tenho dinheiro e uma cara de idiota e o Sr. Vou tornar sua
vida um inferno porque estou determinado já que você seja a
assassina do meu irmão, embora eu não tenha todos os fatos."
Ugh, odeio aquele homem! – eu apenas continuo com o meu discurso.
Tento novamente enquanto uma sensação de déjà vu toma conta de
mim. — Puta merda, finalmente estou perdendo a cabeça! Isso é o que
ganho por fumar, beber e injetar heroína em minhas veias em uma
noite. – eu apenas continuo falando comigo mesma porque estou à
beira de um colapso agora.
Não sei por que acho que tentar de novo vai magicamente fazer
funcionar, mas sou burra o suficiente para tentar o interruptor de luz
novamente.
— Você já tentou três vezes, as luzes não acendem de repente
porque você quer, e se você acabou de me insultar, temos coisas para
discutir. – Uma voz familiar ecoa na pequena sala e essa voz tem minha
mente alimentada por drogas paralisantes.
— Não, não, não, não, isso não está acontecendo! Ele não está aqui,
provavelmente está morto e, mesmo que não estivesse, não poderia ter
me encontrado porque fui muito cuidadosa! – eu nem percebo que disse
tudo isso em voz alta, pois as lágrimas estão instantaneamente caindo
pelo meu rosto novamente.
— É real e eu estou aqui, baby. – Ainda estou
paralisada no lugar quando o abajur ao lado dele acende e
lá está ele, em toda a sua beleza devastadora. Ele parece tão
perfeito quanto o vi da última vez, ainda melhor se eu for
honesta comigo mesma. Bem, da última vez ele estava sangrando,
então não era sua melhor aparência.
Como diabos isso é justo? Ele fica bem por ser um monstro
enquanto estou aqui, mal conseguindo me controlar? Nós dois
olhamos um para o outro, sem quebrar o contato visual e é
como se o tempo parasse por um minuto. Até que ele se move
na cadeira e coloca os dois cotovelos nos joelhos enquanto ele
está olhando para mim.
Esse pequeno movimento me faz finalmente voltar aos meus
sentidos e eu lentamente me afasto da sala de estar. Minha ação faz com
que ele faça um movimento, porque ele se levanta de sua cadeira e
caminha em minha direção.
Ele está parado a apenas trinta centímetros de mim e então
se aproxima ainda mais. Meus pés estão presos no chão e não
consigo me mexer. Estou tão cativada por ele, o que é realmente uma
reação tão estúpida.
Quando ele está a uma curta distância, ele levanta as mãos e agarra
minha garganta. Ele não está apertando, só está com a mão ali, me
segurando. Mesmo que não seja ameaçador, ainda estou com medo dele.
Posso ainda amá-lo, mas não sei se algum dia serei capaz de perdoá-
lo. Não que ele fosse pedir perdão porque Cole não é do tipo que pede
essas coisas, ele apenas pega o que quer sem pedir desculpas.
— Senti sua falta, baby. – ele diz, e não sei o que acontece ou
mesmo por que acontece. Talvez tenha sido o fato de ele dizer que sente
minha falta, mas eu desabo completamente com essas palavras.
Ninguém nunca disse que sentiu minha falta antes, e isso é tudo o que
preciso para todas as memórias me atingirem novamente.
Não consigo explicar como é, mas a melhor explicação
seria que sinto que algo dentro da minha mente finalmente
racha e quebra.
Sinto a dor de todas as memórias, a dor de perder minha
inocência, minha infância, meu bebê, perder Nicco e Mia, e até
mesmo perdê-lo, suas palavras cruéis sobre as coisas que ele não
sabia nada, atingem minha mente e sinto como se eu estivesse
sendo sufocada pela força absoluta de tudo.
Cambaleio para longe dele, e ele me solta. Arranho minha
pele porque parece que não consigo mais respirar. Mais memórias,
aquelas que tranquei naquela caixa, afetam meu psicológico. Eu me
afasto dele enquanto um grito escapa de mim. Eu não sei como lidar
com todas essas emoções me atingindo de uma vez.
Imagens passam na minha cabeça como uma apresentação de
slides e dói, tudo dói. Caio de joelhos com minhas mãos cobrindo
meus ouvidos enquanto digo em voz alta. — Faça parar, faça
parar, faça paaaaarar!! – eu choro incontrolavelmente.
Estou desmoronando diante dele, mas não consigo me importar.
Jurei a mim mesma que nunca quebraria na frente dele, mas isso foi
jogado pela janela. Ele se aproxima de mim e se abaixa a minha altura.
Ele tenta me segurar, mas não consigo lidar com ele me tocando agora.
— Saia de perto de mim! – grito e é uma dor profunda e intensa
vindo de algum lugar no fundo da minha alma quebrada. — Você é a
razão de eu estar assim! Você queria me quebrar? Bem, parabéns, você
conseguiu! Você pode me deixar em paz agora... ou eu ainda tenho que
me matar para você me deixar em paz? – eu choro.
Ele não escuta, porque, claro, ele não escuta. No instante seguinte,
há um trapo no meu rosto e eu tento lutar para me livrar dele, mas ele é
mais forte do que eu, eles são sempre mais fortes...
— Por que você sempre tem que me machucar? –
sussurro enquanto meus olhos fecham porque estou me
sentindo tonta, como se estivesse prestes a desmaiar a
qualquer momento.
— Estou aqui para te levar para casa… – é a última coisa que
ouço antes de meu mundo escurecer sabendo que as coisas estão
prestes a mudar novamente.
O último pensamento que passa pela minha cabeça é que
não tenho casa...
Lentamente abro meus olhos, meu cérebro parece confuso e não
tenho certeza do que aconteceu. Droga, eu realmente preciso parar de
usar drogas. Meus braços estão cheios de marcas e se isso não diz que
meu uso de drogas é excessivo, não sei o que dirá. Estou perdendo a
cabeça lentamente. Espero até que a sensação de vertigem passe antes de
olhar ao redor do quarto. Hmm, onde diabos eu fui parar ontem à noite?
Olho para a minha direita e vejo que há uma varanda lá. As portas
estão abertas e há uma leve brisa soprando as cortinas. Tudo parece
tranquilo, mas isso muda quando percebo que não tenho varanda no meu
minúsculo apartamento, nem no meu quarto.
Entro em pânico, me perguntando onde estou. Olho ao redor do
quarto, notando a mobília cara ao redor e os lençóis de seda pretos sobre
os quais estou deitada. Isso definitivamente não é um lar,
porque todo o meu apartamento provavelmente caberia
neste quarto.
Tiro os lençóis do corpo e saio da cama o mais rápido
que posso. Fico tonta por um segundo, mas quando me recupero, giro
pelo quarto, observando tudo de novo.
— Não, não, não, não... – digo, isso não pode estar
acontecendo novamente. Eu conheço este quarto... Não consigo
entrar em outra banheira desde a primeira vez que estive neste
quarto. Não posso estar aqui... preciso sair.
Corro até a porta e a puxo. Está trancada. Um grito escapa de mim e
eu agarro meu cabelo e puxo. Não posso sobreviver estando aqui para
outra rodada com Cole. Eu mal acordei por dois segundos e já estou
perdendo minha sanidade.
Como eu disse antes, vou me matar antes de deixar que ele ou
alguém me machuque novamente…
Corro para a varanda, a única opção que resta é pular. Ando até o
corrimão e olho para baixo, é um longo caminho para baixo, então
espero que a queda me mate. Respiro fundo; Eu tenho que fazer isso.
Subo no corrimão. É bom que seja um dos tipos planos em que você
pode ficar de pé ou sentar. É ideal, então não preciso me jogar sobre
isso.
Subo e então lentamente me endireito e olho para baixo. Engulo em
seco porque é assustador aqui em cima. Eu faço uma oração rápida, por
favor, Deus, não me odeie por isso, e também não me mande para o
Inferno porque eu já estive no Inferno, aqui na Terra. Mereço encontrar
um pouco de paz, não mereço? Você sabe que esta é a única maneira.
Eu não posso sobreviver a mais golpes na minha alma já quebrada…
Olho para o céu, sentindo a luz do sol na minha pele
pela última vez e, quando estou prestes a mergulhar para a
morte, dois braços poderosos envolvem minha cintura e me
puxam para baixo em um corpo duro.
Grito e me debato em seus braços enquanto ele me segura com
força, não me soltando nem por um segundo. Deixei minha mente
absorver por um segundo como é bom ter o braço dele em volta de
mim, mas me contive no instante seguinte.
— Solte-me!! – grito. — Por que você deve estragar
tudo? Não é o suficiente que você me arruinou? Eu não posso
mais viver em paz e você também não vai me deixar morrer em paz,
porra? – eu estou chorando de novo quando a última palavra sai da
minha boca.
Caio de joelhos e Cole cai comigo. Ele envolve seus braços em
volta de mim com força, não há como eu sair de seu aperto a menos
que ele queira.
— Por favor, deixe-me ir. – grito para ele, meus soluços são tão
fortes que meu peito dói. — Eu não posso sobreviver a você de novo…
Ele me segurou com mais força antes de sussurrar em meu ouvido:
— Sinto muito, baby. Eu prometo, vou fazer tudo ficar melhor.
— Não pode!! Minha alma está tão escura e contaminada, o que
você poderia querer comigo agora? Eu disse a você que não matei
Nicco, então você não precisa mais de mim... Nunca quis me tornar uma
assassina, mas tive que matá-los para sobreviver, tive que fazer e tudo o
que fiz foi me transformar em um monstro como eles. Como volto
disso? – eu estou chorando tanto que meu peito aperta, dificultando a
respiração.
— Você não é um monstro como eles, você teve que fazer isso para
se salvar... – Com isso, ele se levanta e me pega em seus
braços antes de nos levar até o banheiro. Assim que
chegamos lá, minha histeria aumenta para outro nível e
tento lutar para me afastar dele porque ele está nos levando
em direção à banheira e ela está cheia de água.
Choro ainda mais alto. — Por favor, me desculpe! Não me
machuque... sinto muito! – Ele me coloca de pé e agarra meu rosto
antes de me dar um beijo forte e apaixonado nos lábios. Ainda
estou chorando quando ele me solta.
— Essa foi a primeira vez que você me beijou. – sussurro
enquanto mais lágrimas estão escapando de mim.
— Nunca vou te machucar de novo e vou me certificar de que você
melhore, mesmo que eu tenha que fazer isso enquanto você está
chutando e gritando porque você é minha agora. – ele diz enquanto tira
nossas roupas. Ele me levanta em seus braços novamente antes de
nos levar para a banheira. Ele se senta comigo em seu colo.
Assim que meu corpo toca a água, eu surto e começo a lutar para me
afastar dele novamente por causa da lembrança de estar aqui com ele
antes. — Eu não quero estar aqui! – grito enquanto as lágrimas estão
escorrendo pelo meu rosto. Ele apenas envolve seus braços em volta da
minha cintura com mais força e traz meu corpo para mais perto do dele.
Minha cabeça pousa em seu peito enquanto choro.
— Eu prometo, vou conseguir a ajuda que você precisa para deixar
tudo isso para trás. – ele diz, me dando um beijo na testa.
Chorei o tempo todo que ele me fez sentar naquela banheira com ele
enquanto lavava meu corpo. Minha mente só pensava no quanto ele me
machucou da última vez que estivemos aqui. Eu choro até a exaustão
tomar conta de mim e desmaio em seus braços.
Suspiro quando acordo. Tudo está escuro. Por que estou
no escuro? Ah, meu Deus, cheira horrível. A luz acende e bem
ali ao meu lado está um cadáver. Gritos escapam de mim enquanto
estou chorando.
A cena muda e sinto cobras subindo pelo meu corpo. Tento
tirá-las de mim, mas mais delas continuam vindo. Sinto uma
picada e gritos escapam de mim.

Meu grito me tira do meu sono e faz Cole acordar também. Ele me
agarra e me envolve em seus braços enquanto choro: — Conserte, não
posso mais fazer isso.
— Consertar o quê?
— Conserte-me... estou muito quebrada e cansada, só quero
acordar um dia e não ter que me preocupar com todas as coisas
que me machucam. Eu só quero morrer, estou cansada de viver com dor.
– A dor que sinto agora é demais e está me sufocando, dificultando a
respiração.
Ele envolve seus braços em volta de mim ainda mais apertado. —
Shhh... foi só um pesadelo.
— Não, não foi apenas um pesadelo! É tudo o que você fez para
mim! – grito para ele. — Não consigo fugir das memórias que
assombram minha mente... Você sabe como é viver assim? Claro que
não, porque você é um bastardo sem coração, nada o incomoda!
— Prometo que farei tudo ao meu alcance para consertar todas as
coisas que causei. Farei minha missão garantir que você não sinta nada
além de amor de agora em diante.
— Você não pode consertar! Tem muita coisa entre
nós! Todo mundo que já esteve na minha vida me
machucou! E você não é diferente, então como pode sentar
aqui e me dizer que não sentirei nada além de amor? Onde
estava a porra do amor quando eu estava implorando para você parar
de me machucar?!
— Sinto muito por todas as coisas que você passou antes de
mim e comigo, e sinto muito por zombar de você sobre fazer
sexo com seu pai e sobre seu bebê. – Suas palavras me fazem
paralisar, porque como diabos ele sabe disso?
— Você... você sabe sobre o meu passado?
— Sim, e sinto muito por você ter passado por tudo isso, baby, mas
você é minha agora, então nada disso importa mais.
— Não importa, não tenho mais nada para te dar. Eu sou a porra
de uma concha, metade de mim não existe mais e a outra metade é
tudo o que você disse que eu seria, uma porra de puta viciada
em cocaína! Veja como você me encontrou, louca... como
alguém vai me amar quando não sei mais me amar? – Lágrimas
continuam escorrendo pelo meu rosto e eu o deixo ver a destruição que
ele causou e todas as emoções furiosas dentro da minha alma sofrida.
— Não sou a Addison que você conheceu. Ela está perdida em
algum lugar e não sei onde procurar ou como encontrá-la novamente. Eu
nem sei se quero encontrá-la porque ela nunca foi inteira para começar.
Então, por favor, deixe-me ir. – murmuro para ele.
— Não posso.
— Por que por causa do seu ego?
— Não, porque eu te amo pra caralho! Não se engane, vou garantir
que você melhore, mas nunca mais vou deixar você sair daqui!
— Você não sabe o que diabos é amor! Você é
apenas mais um monstro como eles! Quem diabos tranca a
pessoa que ama dentro de um caixão com um cadáver? Ou a
joga em uma cova com partes de corpos em decomposição
cheias de cobras? Bate neles até o coração parar? Agora, ainda estou
cativa porque você não me deixa ir! Como diabos você pode dizer que
me ama, mas não vai me deixar ir? Eu nunca estarei livre de
monstros! – grito.
— Então me mostre, me mostre como amar você como
você merece ser amada.
— Essa é a coisa. Não mereço mais amor, estou maculada demais
para tais emoções…
— Sinto muito. – ele diz, como se isso fosse fazer tudo ficar bem.
— Ah! Ele sente muito. – digo enquanto uma risada escapa de
mim. — E isso deveria me fazer te perdoar facilmente? – pergunto.
— Não, mas é um começo!
Eu me levanto da cama, precisando ficar longe dele por alguns
minutos. Ele faz um movimento para se levantar, mas sinalizo para ele
ficar ali. — Não preciso que você me veja fazer xixi! – digo invadindo o
banheiro.
Quando chego lá, abro o armário de remédios e vejo que ele tem
remédios para dormir. Quero sentir algo, qualquer coisa, e estou tendo
abstinências agora. Pego um pouco e bebo todos eles antes de deslizar
para o chão com as costas contra o armário e apenas olhar para a parede
na minha frente.
Como minha vida ficou assim? Minha visão embaça e estou ficando
cansada. Todo o choro parece que está me sufocando e começo um
ataque de tosse. Eu tusso sangue no chão e há mais escorrendo pelo meu
queixo.
Cole entra no banheiro e corre até mim. — Porra,
Addison, o que você fez?
— Só quero sentir qualquer coisa além da dor me
consumindo o tempo todo, então vou entorpecê-la por um tempo…
Quero viver a vida sem as lembranças que me atormentam toda vez
que fecho os olhos. Você não sabe o que é sofrer, porque não era
você quem estava sofrendo todos os dias da sua vida!
Ele enfia os dedos na minha garganta e eu vomito
instantaneamente. Todas as pílulas voltam inteiras e a visão
delas me faz sentir tão quebrada que tenho que desviar o olhar. É nisso
que minha vida chegou, tomando pílulas e injetando drogas em meu
corpo.
Ele me limpa antes de me levantar em seus braços e nos levar de
volta para sua cama, envolvendo-me firmemente em seus braços
enquanto choro silenciosamente até que finalmente adormeço.
Quando acordo na manhã seguinte, tento me mexer, mas descubro
que não consigo. Levanto a cabeça e vejo que meus braços e tornozelos
estão amarrados com tecido de seda. Eu instantaneamente reajo e puxo
minhas mãos, mas não consigo soltá-las.
— Seu filho da puta! – grito a plenos pulmões: — Eu pensei que
você disse que não queria mais me machucar!
— Não, mas preciso te desintoxicar de todas as drogas que você
está usando se quiser começar sua recuperação. – ele diz ao entrar no
quarto.
Luto e grito com ele, implorando para que me tire dessas restrições,
mas ele não o faz. Tudo o que continua dizendo é que é para o meu
próprio bem e, eventualmente, ficarei bem. Luto até que a exaustão me
atinja, o tempo todo ele apenas fica sentado ao lado da
minha cama.
Estremeço com a sensação de dor enchendo meu
estômago. Abro os olhos e vejo meu pai na minha frente. Ele
tem uma coisa de metal na mão e está olhando para mim, sorrindo.
Ele pega o que está segurando em sua mão e empurra com força em
minha boceta, todo o caminho dentro de mim. Grito tão alto, mas
ele ainda está empurrando enquanto ri sinistramente. Sinto o
sangue escorrer entre minhas pernas assim como sinto
contrações, então lágrimas intensas começam a sair de meus
olhos.
Eu acordo com um pulo, meu corpo coberto de suor. Cole me cala,
dizendo que estamos passando pelo pior agora. Meu corpo está inquieto
e preciso de algo para me livrar de todas as coisas que estou sentindo.
Preciso sentir a euforia que estou tão acostumada, mas implorar para
ele ajudar não está funcionando.
— Por favor, apenas me dê algo para me sentir bem.
— Não, esta é apenas a primeira fase e vou garantir que você passe
por tudo isso. Não vou deixar você se matar com essa merda!
— Não é isso que você queria? Não é por isso que você estava me
dando drogas desde o começo para ficar viciada e depois morrer de
overdose?! – grito.
— Isso foi o que eu originalmente planejei, mas o que eu deveria
fazer? Achei que você tivesse matado meu irmão!
— Eu disse que não sabia quando soube quem você era, mas você
não quis ouvir!
— Sinto muito por ter te machucado, mas não vou me desculpar
pelo que fiz para vingar a morte de meu irmão. Só lamento que tenham
pegado você no meio do fogo cruzado.
Depois disso, passei alguns dias amarrada naquela
cama, só me soltando quando ele me dava banho. Quando o
pior dos desejos passou, ele finalmente me desamarrou. No
dia seguinte, ele contratou um terapeuta para ficar em sua mansão e
comecei o caminho para uma maior recuperação.
Por mais que a gente estivesse tentando, não sei o que era,
mas ainda não estava melhorando. Eu estava mal-humorada e
batia nele por tudo e qualquer coisa.
Depois de uma luta particularmente desagradável, ele fez
algo que nunca pensei que seria possível. Ele me deu uma maneira de
liberar minha raiva, embora eu não tivesse certeza se isso funcionaria ou
não.
— Você quer que eu melhore para você? Venha, vamos!
Ele me arrasta para fora da cama e nos leva até o porão. Quando
vejo para onde estamos indo, instantaneamente enrijeço e tento
voltar, mas ele agarra minha mão e me diz para confiar nele.
Entramos em uma de suas salas de tortura e ele se vira para mim. —
Desconta sua raiva em mim, baby. Estou no jogo porque pode ser a
única maneira de chegar até você e a única maneira de mostrar o quanto
sinto muito. Amarre-me e descarregue toda a sua dor e sofrimento em
mim, use o instrumento que quiser.
Isso deve ser uma piada, mas então olho para ele e vejo que ele está
falando sério. Então imagino por que diabos não, esta pode ser a única
maneira de machucá-lo e dar-lhe um gostinho de seu próprio remédio.
Eu não tinha certeza se isso ajudaria ou não, mas queria que ele sentisse
dor um pouco, pode não ser tanto quanto ele me machucou, mas pelo
menos será alguma coisa.
Estou disposta a tentar qualquer coisa que me ajude a seguir em
frente. Eu o amarro no poste ao qual ele me amarrou
uma vez e depois ando olhando para ele.
— Tenho permissão para fazer o que quiser sem que
seus homens interrompam?
— Sim.
— Estou prestes a me divertir muito então. – digo enquanto
caminho até a mesa e pego uma de suas facas. Eu ando até o
lado dele e começo a esculpir a letra A.
Assim que vejo o sangue escorrendo da ferida, as
lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto. — Você tem
alguma ideia de como é olhar para a palavra "assassina" esculpida em
sua pele todos os dias de sua vida? Está coberta por uma tatuagem de
borboleta agora, mas ainda posso vê-la toda vez que tiro a roupa. Isso
me lembra de tudo que nunca quis ser, mas tive que…
— Eu sinto muito, baby. Se eu pudesse retirá-la, eu o faria.
— Não, você não faria isso porque é apenas quem você é... você
defende todas as merdas que já fez.
Continuo esculpindo e minhas mãos estão sangrando agora; Olho
para o lado dele, verificando minha obra. Gravei a palavra ADDISON
em sua pele para sempre.
Em seguida, pego um de seus chicotes e, assim que o chicote atinge
suas costas, é como se eu estivesse possuída. Descontarei toda a minha
raiva e dor nele. Nem estou ciente do que estou fazendo. Só sei que
continuo chicoteando-o com o chicote e, quando não chega, bato em seu
corpo com as mãos.
Eu bato e bato e bato até minhas mãos sangrarem e eu ficar exausta.
Pego a faca e enfio em seu abdômen. Quando a pego pronta para
esfaqueá-lo novamente, não sei o que me impede, mas de
repente paraliso. Isso me faz voltar aos meus sentidos e
vejo Cole parado ali com sangue escorrendo da ferida em
seu abdômen.
— Por que você me fez fazer isso?! – grito com ele, sentindo nada
além de angústia em minha alma. — Não quero mais machucar as
pessoas… Por que você me deixou fazer isso? Se você me ama,
por que me deixaria fazer algo que só me traz dor?
— É para ajudá-la a expulsar seus demônios, ferindo
todos que a machucaram, usando-me como objeto de sua
raiva.
Olho para ele e vejo que estraguei seu lindo rosto de menino com
todos os meus socos e suas costas estão esfoladas com as chicotadas que
dei nele. As lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto porque não
quero ser como eles, alguém que machuca as pessoas, embora tenha
machucado algumas para sobreviver. Ferir as pessoas não sou eu...
Não quero mais machucar ninguém e também não quero sentir dor.
Eu só quero ser feliz. Olho para baixo e percebo que a faca ainda está na
minha mão.
— Você teria me deixado te matar agora mesmo se eu não tivesse
saído dessa? – pergunto, arfando.
— Se é isso que você queria, então sim. Eu disse que vou consertar
o que todo mundo quebrou e vou garantir que você nunca sinta a dor do
seu passado o tempo todo. Mesmo que conserte você, você nunca será
capaz de esquecer todas as memórias, mas estarei ao seu lado para
ajudar.
Olho para ele novamente. — Eu... eu sinto muito. – digo a ele antes
de sair correndo da sala. Quando volto para o nosso quarto, perco o
controle. Eu quebro o quarto inteiro, quebrando o que eu
poderia quebrar e arremessando coisas por todo o lugar
enquanto deixo a raiva e a dor me consumirem por inteiro.
Acabou! Acabou, porra! Quase o matei de novo! Não que
ele não mereça, mas não consigo mais imaginar viver em um mundo
sem ele. Ele tem tentado ajudar a me consertar, mas não acho que isso
seja possível.
Você já se sentou e se perguntou como chegou a esse
ponto em sua vida? Já se perguntou o que você fez de errado
para fazer tudo ao seu redor desmoronar? Já se perguntou por
que a vida prefere destruí-la do que vê-la prosperar? Esses são os
pensamentos que tenho na maioria dos dias, e é tão cansativo pensar no
que fiz para acabar aqui.
Lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto novamente quando
termino de destruir o quarto, e sei exatamente o que preciso fazer.
Tenho que acabar com tudo porque só vou sofrer pelo resto da
minha vida.
Não aguento mais essa dor. Dói estar aqui com ele nesta casa
novamente. Não consigo me livrar de todas as memórias que me
assombram, todos os dias é uma batalha tentando lutar contra a dor que
ele me fez passar.
Encho a banheira com água e sento nela com lágrimas ainda
escorrendo pelo meu rosto
— Aaaahhhhhh. – grito, pegando a navalha e cortando meu pulso
direito antes de passar para o esquerdo. Observo fascinada enquanto o
sangue escorre pelos dois pulsos e cai na água, transformando-a em uma
poça de sangue. O tempo todo, soluços dolorosos estão escapando de
mim.
Depois de um tempo eu estava me sentindo cansada e meus olhos
estavam se fechando lentamente quando um tremendo
barulho fez meus olhos se abrirem novamente. Cole vem
correndo para o banheiro, com uma expressão horrorizada
em seu rosto, seu corpo ainda coberto de sangue por tudo que
acabei de fazer com ele.
— Addison!!!!! Porra, baby! Por que você faria isso?!
A próxima coisa que sei é que estou sendo arrastada para
fora da banheira e Cole está sentado no chão comigo entre suas
pernas enquanto ele está me segurando em seus braços.
Choro em seu peito porque é demais. — Eu te odeio! O
que você me fez fazer com você não fez nada para aliviar a dor! Você
me machucou tanto e agora estou tão quebrada que não sei como
melhorar. – eu choro.
— Shhh, baby. Eu sinto muito. Prometo, vou melhorar. Nós
vamos superar isso de alguma forma! Você é minha e eu te amo pra
caralho, baby! – Eu mal o ouço gritar para seus seguranças para
trazerem o médico aqui mais rápido.
— Estou tão cansada, vou dormir...
— Não, baby, fique acordada. Eu te amo. Vamos, fique acordada
por mais alguns minutos. A ajuda está a caminho.
— Não, você não me ama. Sou apenas uma prostituta que não
merece amor, lembra?
— Eu não quis dizer isso, baby, me desculpe. Você é tudo que é
puro na minha vida e sinto muito por não ter visto isso antes. Você é
minha luz e preciso de você. Sinto muito por cada palavra ofensiva que
já disse a você, baby, mas preciso que fique acordada.
— Agora é tarde demais. – digo a ele. Pouco antes de dar meu
último suspiro e tudo ficar escuro, sussurro as palavras que desejei dizer
durante toda a minha vida: — Finalmente estou livre...
É Halloween de novo e olho para a lápide à minha frente como
tenho feito neste dia todos os anos nos últimos cinco anos. Venho
não apenas no Halloween, mas sempre que posso apenas para
sentar e conversar. Os últimos cinco anos foram uma
montanha-russa de emoções e cura com tantos altos e baixos,
mas duas vezes mais baixos do que eu esperava.
Não importa o quanto difícil as coisas ficassem, superei isso porque
eu tinha que ser forte para manter as coisas funcionando.
Mas deveria ter esperado isso por causa de tudo o que aconteceu
um ano antes disso. Quando trouxe Addison para casa, estava
determinado a salvá-la e fazer tudo certo para ela e para nós.
Quando a vi novamente pela primeira vez seis meses depois que
ela atirou em mim, senti meu coração vazio por causa do que encontrei
quando coloquei meus olhos nela novamente.
Ela era viciada em drogas para superar os problemas, mas mesmo
por trás de seu barato, eu vi toda a dor que ela estava tentando esconder
do mundo, mas ela também estava tentando esconder tudo de si mesma
por não lidar com tudo o que mantinha reprimido.
Eu a observei por dois dias antes de decidir que já era o suficiente e
invadir seu apartamento. Ela não tinha como lidar com o que estava
passando e estava se autodestruindo com as drogas.
Ela estava desmoronando bem na frente dos meus olhos, e a maior
parte disso pode ter sido minha culpa. Nunca senti remorso por nada que
fiz na minha vida, mas quando vi como ela estava desmoronando pedaço
por pedaço, isso fodeu com a minha cabeça.
Eu gostaria de poder retirar algumas coisas que disse e
fiz a ela, mas não posso e é uma coisa com a qual tenho que
conviver. Depois de deixá-la descontar tudo em mim e ela sair
correndo de lá, rapidamente deixei meus homens me tirarem de minhas
restrições. Não me pergunte como eu sabia, mas pela expressão dela,
sabia que ela faria algo drástico.
Nunca vou conseguir tirar da cabeça a cena em que entrei.
É algo que está para sempre enraizado em minha mente. O
sangue de seus pulsos que ela cortou porque tudo era demais
para ela lidar.
Nunca serei capaz de descrever como me senti assustado e
impotente naquele momento. Esse foi o momento, que jurei que faria o
que fosse necessário para amá-la, não importa se ela sobrevivesse.
Quando o coração dela parou, senti que meu mundo estava
prestes a desmoronar. Eu não queria mais viver neste mundo sem
ela; ela era minha nova razão para respirar e eu simplesmente
não conseguia imaginar não estar com ela. Nunca orei antes, mas
naquele dia, rezei para que não fosse o momento em que seu coração
parasse para sempre.
Olho de volta para a lápide enquanto as lágrimas escorrem pelo meu
rosto. — Sinto muito por não estar lá para salvá-lo, mas sei que agora
você vai me perdoar por salvá-la. Adeus, irmão, até que eu o veja
novamente…
Afasto-me do túmulo do meu irmão sentindo o peso pesado se
instalar em meu peito, como sempre acontece quando o visito.
A única coisa que alivia a dor é estar perto de minha esposa, e já é
hora de voltar para ela.

Saio pelas portas francesas abertas e desço as escadas até


o caminho que leva direto à praia. Solto um suspiro e me sento,
deixando meus dedos dos pés cravarem na areia.
É tão tranquilo aqui fora e, às vezes, venho aqui apenas para
observar as ondas quebrando na costa enquanto respiro a brisa fresca
do mar. Apenas observar as ondas me embala em uma profunda
sensação de calma.
Eu suspiro. Os últimos cinco anos foram um turbilhão, mas também
me trouxeram uma felicidade que nunca pensei que experimentaria.
Depois que tive aquele colapso épico, Cole estava lá para me ajudar a
me recompor novamente.
Não vou dizer que foi um caminho fácil confiar nele depois de tudo
o que ele fez e tudo o que me fez passar, mas de alguma forma, ele
estava lá comigo enquanto eu tinha que conversar com psiquiatras e
superar meus problemas. Ele se tornou minha rocha quando eu não
conseguia funcionar sozinha.
Alguns dos problemas que tive que superar foram ele e como ele
desempenhou um papel importante no que me levou ao limite por causa
de todo o trauma que sofri em toda a minha vida.
Passei meus dias em uma ala psiquiátrica depois de
tentar me matar algumas vezes. Eu não suportava estar
naquela casa novamente, a mesma casa que me causou uma
dor imensurável.
Depois que inicialmente desmoronei em meu apartamento quando
ele me encontrou e me trouxe de volta para sua casa, os flashbacks
continuaram até que não aguentei mais e quase me matei da
última vez.
Depois de algum tempo em terapia, finalmente
descobrimos que a mansão dele era a fonte dos meus colapsos.
Muita coisa aconteceu lá, e eu não poderia me curar se continuasse lá.
Precisávamos de uma mudança de cenário.
Foi nesse dia que ele comprou essa mansão na praia para morarmos.
Como meu terapeuta era um de seus empregados, nos mudamos
imediatamente e o médico também se mudou conosco para que eu
pudesse continuar meus tratamentos.
Embora eu esteja melhor agora alguns dias, ainda tenho flashbacks,
seja de algo que meus pais fizeram ou de algo que ele fez. Esses dias
nunca são fáceis e eu me refugio em mim mesma. Esses são os dias em
que ele me ama muito e garante que eu lute ainda mais.
Talvez nunca melhore completamente, mas luto todos os dias
porque agora tenho coisas pelas quais vale a pena viver e lutar.
Hoje é outro dia triste porque é Halloween e toda vez que penso no
dia de hoje, dói mais do que qualquer outra coisa. Lágrimas escorrem
pelo meu rosto enquanto penso em Nicco e como hoje foi o dia em que
ele perdeu a vida há tantos anos.
Ainda estou chorando quando sinto braços fortes me envolvendo
por trás. Ele me puxa entre suas pernas e apoia minha cabeça em seu
peito enquanto me segura com força e me dá um beijo na
testa.
— Você está conseguindo, baby, a cada dia que passa
você está ficando mais forte e estou orgulhoso de você. – ele
sussurra em meu ouvido.
Em vez dos braços que me machucam, agora são os braços dele
que chamo de lar. Ele mudou completamente as coisas para nós,
e não tenho certeza se teria conseguido se não fosse por ele
lutando ao meu lado.
Quando os dias ruins se aproximam de mim, eles são
terríveis e é ele quem geralmente passa o tempo me ajudando a me livrar
dos pensamentos, querendo me aniquilar.
— Você está bem, baby?
— Sim. – eu disse a ele. — Tudo está perfeito agora que você
está aqui.
Só então, eu ouço uma risadinha vindo da praia e viro minha cabeça
na direção e vejo Julia caminhando em nossa direção com o pequeno
endiabrado ao seu lado. A primeira coisa que fiz quando estava melhor
foi fazer com que Cole a encontrasse e ele a fez, ela está conosco desde
então. Ela também é uma das razões pelas quais estou indo bem, porque
ela ainda cuida de mim, como sempre fez.
Minha mente divaga para Mia. Não tenho notícias dela há algum
tempo porque ela sendo MIA, está desaparecida. Só espero que ela
esteja bem e eu possa vê-la em breve. Eu tenho que pedir a Cole para me
ajudar a procurá-la...
Outro de seus presentes para mim foi matar todas as pessoas que
colocaram a mão em mim e que ficaram vivas porque eu não poderia
matá-las sozinha. Ele teve a ajuda de Ophelia para isso.
E eu tenho que dizer, ela se tornou importante para mim
agora. Ela fica conosco de vez em quando quando não está
fugindo de sua família. Estou tão perto de arrancar essa
história dela.
— Mamãe, mamãe! Veja o que eu construí! – eu ouço atrás de nós
agora e me viro em seus braços para dar uma olhada no meu filho de
três anos, que olha para mim com um sorriso cheio de dentes e
meu coração derrete instantaneamente. — Um castelo de areia.
– ele me informa.
Uma lágrima escorre pelo meu rosto porque não consigo
acreditar que algo tão puro é meu, e rezo para poder protegê-lo por toda
a vida. Eu nunca quero que ele saiba o que é sofrer. Ele é meu principal
motivo para obter toda a ajuda possível para garantir que não tenha uma
recaída, porque tê-lo em meus braços é um bálsamo para minha alma e
ele faz tudo valer a pena.
Cole enxuga as minhas lágrimas e beija minha testa
suavemente. — Eu te amo, Addy.
Levamos muito tempo até chegarmos aqui, mas digo a ele que o que
sei em meu coração agora é verdade. — Eu também te amo. Tenho uma
surpresa para você.
— Hmmmm, é você nua de costas mais tarde enquanto faço amor
com você?
Eu apenas reviro os olhos para sua mente única. — Estou grávida.
Ele olha para mim com pura alegria em seu rosto enquanto me puxa
para mais perto de seus braços e me dá um beijo apaixonado enquanto
suas mãos me envolvem com mais força. — Essa é uma notícia incrível,
baby, mas isso não significa que eu ainda não possa foder sua boceta
apertada mais tarde esta noite, quando esse diabinho adormecer. – diz
meu marido, sempre encantador.
Nicco corre até nós para entrar em nosso abraço. —
Mamãe, eu também quero abraços. Papai, vá embora, é a
minha vez! Nós dois soltamos uma risada. Meu filho é muito
apegado à mãe. Não consigo evitar o sorriso que surge em
meu rosto para meu homenzinho. Ele parece um clone de seu pai, eles
são tão parecidos que às vezes é assustador.
— Agora, espere só um minuto, seu malandro, ela é minha!
– Cole diz enquanto o vira de cabeça para baixo enquanto ele
solta alguns gritinhos fofos e risadinhas.
— Nãooo, mamãe é minha! – ele diz ainda rindo.
Nicco Matteo Mancini, em homenagem a seu tio, que ele nunca
conhecerá. Só espero que onde quer que Niccolo esteja, ele esteja
cuidando de seu sobrinho.
Ele estende seus bracinhos gordinhos para eu pegá-lo e uma vez
que ele está neles, eu o envolvo em um grande abraço apertando-o com
força antes de dar um grande beijo em suas bochechas gordinhas.
A vida finalmente não dói o tempo todo e eu tenho minha própria
pequena família que está prestes a crescer para me manter no presente
em vez de no passado…

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