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All content following this page was uploaded by Thiago Antonio Bacelar Milhomem on 09 October 2018.
RESUMO
A medição de ruído tradicionalmente é feita na faixa de frequências audíveis, entretanto, nos últimos
anos, vem crescendo a demanda por medição na faixa de frequências infrassônicas. Apesar de existir,
no mercado, instrumentação para atender a essa demanda, ela não teve seu modelo aprovado para
medição de infrassons por falta de rastreabilidade abaixo de 10 – 20 Hz. Atento a essa demanda, a
frequência inferior das calibrações primárias de microfones de medição foi abaixada para 1 – 2 Hz tendo,
inclusive, sido realizadas duas comparações internacionais. Para permitir a disseminação dessa
calibração ao usuário final, o Inmetro desenvolveu um sistema para a calibração de microfones de
medição por comparação com um microfone de referência (calibrado pelo método primário). Esse
sistema permite a calibração de microfones, na condição em que o orifício de equalização da pressão
estática é exposto ao campo sonoro, para a faixa de frequências de 2 a 400 Hz, com uma incerteza de
medição expandida que vai de 0,3 dB, nas mais baixas frequências, a 0,2 dB, nas frequências mais altas.
Palavras-chave: calibração, microfone, frequência infrassônica
ABSTRACT
Noise measurement, traditionally, has been done in the audible frequency range, however, in last years,
the demand for noise measurement in the infrasound frequency range has increased. Despite the
existence of instrumentation, which meet that demand, it did not pass for pattern evaluation testing for
measuring at infrasound frequencies because there is not traceability below 10 – 20 Hz. In view of that
demand, the lower frequency of the primary calibration of measurement microphone was down to 1 –
2 Hz and two international comparisons were performed. In order to allow the dissemination of that
calibration to the end user, Inmetro developed a system for calibrating measurement microphones by
comparison with a reference microphone (calibrated by the primary method). This system allows
microphones calibration, when its pressure equalization vent is exposed to the sound field, in the
frequency range from 2 to 400 Hz, with an expanded uncertainty from 0.3 dB, at the lowest frequencies,
to 0.2 dB at the highest frequencies.
Keywords: calibration, microphone, infrasound frequency
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, vem crescendo a demanda por medição na faixa de frequências infrassônicas
e, apesar de existir instrumentação para atender a essa demanda, ela não teve seu modelo
aprovado por falta de rastreabilidade ao Sistema Internacional de Unidades abaixo de 10 –
20 Hz. Atento a essa conjuntura, a frequência inferior da calibração primária de microfones de
medição foi abaixada para 1 – 2 Hz e, para permitir a disseminação dessa calibração ao usuário
final, o Inmetro desenvolveu um sistema para a calibração de microfones de medição por
comparação com um microfone de referência (calibrado pelo método primário). Este artigo
apresentará a cadeia de rastreabilidade atual para a calibração em infrassom.
2. CALIBRAÇÃO PRIMÁRIA
Figura 1: À esquerda, na parte superior, microfone padrão de laboratório de 1 polegada; à esquerda, na parte
inferior, acoplador de onda plana para microfones de 1 polegada; e à direita, microfones montados no acoplador.
É preciso especial atenção quanto à montagem dos microfones ao acoplador para evitar
vazamento. Isso é conseguido, por um lado, utilizando-se acopladores de safira com superfícies
feitas cuidadosamente planas, e, por outro lado, girando-se os microfones no momento da
montagem ao acoplador. Também é preciso corrigir a sensibilidade do microfone para os efeitos
de condução de calor e perdas viscosas numa pequena cavidade fechada. A norma IEC 61094-
2:2009 [2, 3] apresenta duas soluções possíveis, a “solução de baixa frequência” (low frequency
solution) e a “solução de banda larga” (broad-band solution), que, curiosamente, não são
consistentes entre si. A diferença entre elas é significativa quando comparada às componentes
da incerteza de medição e não há uma clara indicação de como escolher entre as duas soluções.
Até que uma resolução para essa questão seja encontrada, deve ser incluído, no cálculo da
incerteza de medição, um componente relacionado à incompleteza da teoria [4, 5].
Na calibração por reciprocidade em campo de pressão, a sensibilidade do microfone é
determinada na condição em que o orifício de equalização da pressão estática (que iguala a
pressão estática na cavidade interna do microfone com a pressão estática externa a ela) não está
exposto à pressão sonora. Isso é um detalhe importante porque, nas frequências infrassônicas,
a resposta como função da frequência na condição que o orifício de equalização não está
exposto à pressão sonora é completamente diferente da resposta na condição em que o orifício
de equalização está exposto. A Figura 2 ilustra essas duas situações e as respectivas respostas
como função da frequência [6, 7, 8].
Figura 2: Na parte superior, à esquerda, ilustração da condição em que o orifício de equalização da pressão
estática não está exposto à pressão sonora e, à direita, ilustração da condição em que o orifício está exposto à
pressão sonora. Na parte inferior, as respectivas respostas como função da frequência.
Para a validação do método, foi realizada, no período entre 2011 e 2012, uma comparação da
calibração de microfones padrão de laboratório de 1 polegada na faixa de frequências de 2 Hz
a 10 kHz, a CCSUV.A-K5, cujo relatório final foi divulgado em 2014 [9, 10]. Ela foi conduzida
pelo Comitê Consultivo para Acústica, Ultrassom e Vibração do Comitê Internacional de Pesos
e Medidas e contou com a participação de doze institutos nacionais de metrologia. O Inmetro
participou dessa comparação e apresentou desempenho satisfatório. A Figura 3 apresenta os
resultados da participação do Inmetro. Foram circulados dois microfones sendo que para um
deles só foi divulgado resultado até a frequência de 1000 Hz porque o piloto da comparação
identificou que o microfone circulante apresentou instabilidade e a comparação entre as
sensibilidades nas frequências acima dessa frequência ficou comprometida.
Figura 3: Desvio, com sua respectiva incerteza de medição expandida (Inc. Sup. e Inc. Inf.), da sensibilidade
reportada pelo Inmetro para a sensibilidade de referência da comparação. Na parte superior, resultado para um
microfone e, na parte inferior, resultado para outro microfone.
Foi realizada ainda, uma segunda comparação, no período entre 2013 e 2014, da calibração de
microfones padrão de laboratório de ½ polegada na faixa de frequências de 1 Hz a 31,5 kHz, a
AFRIMETS.AUV.A-S1, cujo relatório final foi divulgado em 2015 [11]. Ela foi conduzida pelo
Sistema Metrológico da África e contou com a participação de seis institutos nacionais de
metrologia. O Inmetro também participou dessa comparação e novamente apresentou
desempenho satisfatório.
3,15
8,00
12,50
20,00
31,50
50,00
80,00
125,00
200,00
315,00
500,00
800,00
1250,00
2000,00
3150,00
5000,00
8000,00
Frequência (Hz)
Figura 4: Incerteza de medição expandida (k = 2) típica para calibração por reciprocidade em campo de pressão
de microfones padrão de laboratório de 1 polegada nas frequências centrais das bandas de um terço de oitava
para a faixa de frequências de 2 Hz a 10 kHz.
3. CALIBRAÇÃO SECUNDÁRIA
0
Resposta (dB)
-5
-10
-15
1"
-20
1/2"
-25
1 10 100
Frequência (Hz)
Resposta (dB)
-4
-6
-8
-10
-12 Microfone
-14 Microfone + Pré-amplificador
-16 Pré-amplificador
-18
1 10 100
Frequência (Hz)
0,30
Incerteza de medição expandida (dB)
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
6,30
2,00
2,50
3,15
4,00
5,00
8,00
10,00
12,50
16,00
20,00
25,00
31,50
40,00
50,00
63,00
80,00
100,00
125,00
160,00
200,00
250,00
315,00
400,00
Frequência (Hz)
Figura 8: Incerteza de medição expandida (k = 2) típica para calibração por comparação com microfone de
referência nas frequências centrais das bandas de um terço de oitava para a faixa de frequências de 2 a 400 Hz.
4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
[2] International Electrotechnical Commission. IEC 61094-2 Electroacoustics - Measurement microphones - Part
2: Primary method for pressure calibration of laboratory standard microphones by the reciprocity technique.
2009. Norma técnica.
[3] Milhomem, T. A. B. e Soares, Z. M. D. Apresentação da série IEC 61094 que trata de microfones de medição.
In: XXV Encontro da Sociedade Brasileira de Acústica, Sobrac 2014, Campinas, SP, 2014.
[4] Olsen, E. S. Heat conduction correction in reciprocity calibration of laboratory standard microphones. In: 41st
International Congress and Exposition on Noise Control Engineering, Internoise 2012, Nova Iorque, EUA, 2012.
[5] Jackett, R. J. The Effect of Heat Conduction on the Realization of the Primary Standard for Sound Pressure.
Metrologia, v. 51, p. 423-430, 2014.
[6] Frederiksen, E. Low Frequency Calibration of Acoustical Measurement Systems. Technical Review, n. 4, p. 3-
15, 1981.
[7] Rasmussen, G. e Nielson K. M. Low Frequency Calibration of Measurement Microphones. Journal of Low
Frequency Noise, Vibration and Active Control, v. 28, n. 3, p. 223-228, 2009.
[9] Avison, J. e Barham, R. Report on key comparison CCAUV.A-K5: Pressure calibration of laboratory standard
microphones in the frequency range 2 Hz to 10 kHz. 2014. Relatório técnico. Disponível em:
https://www.bipm.org/en/about-us/. Acessado em: Maio/2018.
[10] Milhomem, T. A. B. e Soares, Z. M. D. Primary Calibration of Measurement Microphones in the World: State
of Art. Journal of Physics Conference Series, v. 733(1), 012054, 2016.
[11] Niel, R.; Barrera-Figueroa, S.; Dobrowolska, D.; Soares, Z. M. D. e Hof, C. AFRIMETS.AUV.A-S1 Final
Report. 2015. Relatório técnico. Disponível em: https://www.bipm.org/en/about-us/. Acessado em: Maio/2018.
[12] Kling, C.; Fedtke, T.; Soares, Z. M. D. e Milhomem, T. A. B. Metrology for infrasound measurements. In:
24th International Congress on Sound and Vibration, ICSV24, Londres, ING, 2017.