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DOM
SALVADOR
2/7/2023
atarde.com.br

APONTE A CÂMERA DE
CELULAR E CONFIRA TUDO
SOBRE O 2 DE JULHO
NO PORTAL A TARDE

ANOS DE
INDEPENDÊNCIA
Celebração de

Cau Gomez
luta e diversidade
BICENTENÁRIO Decorridos 200 anos desde que o Exército
Libertador marchou pelas ruas de Salvador após a vitória sobre as
tropas portuguesas, o Dois de Julho passa a ser celebrado em
várias regiões do estado, confirmando que foram muitas as
localidades a contribuir para a Independência do Brasil na Bahia.

MEMÓRIA
ACERVO VALIOSO DE A TARDE
TRAZ PERSPECTIVAS VARIADAS
SOBRE O DOIS DE JULHO 9

EDUCAÇÃO
BICENTENÁRIO GANHA
CONTEÚDO PEDAGÓGICO
ESPECIAL EM SALA DE AULA 7e8
2
BICENTENÁRIO Governo do Estado lança ações e vasta programação
comemorativa para ressaltar a participação popular nas batalhas
INDEPENDÊNCIA É
RECONTADA COM
AS CORES DA BAHIA
PRISCILA DÓREA
E
lá se foram 200 anos
desde que o Exército Li-
bertador – exausto,
mas vitorioso – mar-
chou em glória pelas
ruas de Salvador, agitando a
população da Bahia provinciana
com a vitória sobre os portu-
gueses. O Dois de Julho é co-
memorado em todo o estado e
neste ano de bicentenário, o Go-
verno da Bahia, através da Se-
cretaria de Cultura (Secult-BA),
não se limitou a organizar os
festejos para o dia de hoje. Uma
extensa programação está em
curso desde meados de junho,
com ações em todo o estado,
mostrando que o grito que con-
solidou a independência brasi-
leira foi na Bahia.
“A independência sempre
foi contada de forma cinza, en-
tão o que nós queremos é dar
as cores da nossa gente, que é
protagonista dessa luta. É a
história contada a partir da óti-
ca do povo que participou des-
sa luta há 200 anos, e que luta
todos os dias por independên-
cia, liberdade e direitos. Esse
pertencimento do povo resga-
ta a autoestima, enaltece a
bravura de nossa gente e rea-
firma a Bahia como um estado
que não se curva para o ódio,
fascismo, tiranias ou despotis-
mos. Não foi assim há 200
anos, e assim não é nos dias
atuais”, afirma o titular da Se-
cult-BA, Bruno Monteiro.
As comemorações começa-
ram com a ‘Rota Bahia: Me-
mórias de Lutas e Liberdade’,
no último dia 14 de junho, em
Santo Amaro. Até 14 de julho,
a Rota terá passado por 16
municípios baianos, contando
e recontando a história das lu-
tas pela Independência do Bra-
sil na Bahia.
A ação itinerante foi desen-
volvida pela Fundação Pedro
Calmon (FPC/Secult-BA), atra-
vés do Centro de Memória da
Bahia (CMB). Por meio de ati-
EXPEDIENTE - A TARDE - Fundado em 15/10/1912 por Ernesto Simões Filho / PRESIDENTE: João de Mello Leitão CONTROLLER: Lucas Lago RELAÇÕES INSTITUCIONAIS:
Luciano Neves COMERCIAL: Marluce Barbosa MARKETING: Eduardo Dute A TARDE E MASSA!: Luiz Lasserre CONTEÚDOS E PROJETOS ESPECIAIS: Mariana Carneiro
PORTAL A TARDE: Caroline Gois RÁDIO A TARDE FM: Jefferson Beltrão // CADERNO ESPECIAL // Coordenação Editorial: Mariana Carneiro / Coordenação Arte: Vado Alves /
Edição: Ana Paula Ramos / Edição de fotografia: Xando Pereira / Diagramação: Vado Alves e Victor Hegouet / Ilustrações: Cau Gomez
vidades socioculturais, pales-
tras, aulas públicas e outros ser-
viços, a iniciativa ressalta a im-
portânciadessalutanaexpulsão
em definitivo dos portugueses
do Brasil e busca evidenciar o
papel essencial que todos esses
municípios e seu povo tiveram
para o desfecho favorável.
"Temos levado para toda a
Bahia essa memória de luta e
liberdade, visitando municípios
que tiveram participação na In-
dependência, envolvendo as re-
des municipais e estaduais de
educação, e os fazedores de cul-
tura nessa grande celebração,
mas também com a perspectiva
de construir esse legado que
reforça a identidade do Dois de
Julho na memória do nosso po-
vo", explica o diretor geral da
FPC, Vladimir Pinheiro.
A ação faz parte do eixo co-
memorativo da programação
do governo estadual, explica o
titular da Secult-BA Bruno
Monteiro. O outro foco é jus-
tamente o de legado, que en-
Em evento no
Palácio da
Aclamação,
governo lançou
programação
do bicentenário
Fotos Uendel Galter/ Ag. A TARDE/ 13.06.23
volve a comunidade escolar
dessas cidades.
“Passamos por esses locais
para reforçar a importância de-
les no processo de Indepen-
dência e queremos com isso
marcar um legado muito forte
na educação, mostrando a luta
e a mobilização popular que
nos fizeram independentes e
que, com certeza, fortalecem
esse pertencimento e orgulho
de não só ser baiano, mas de
ser brasileiro”, pontua Bruno
Monteiro.
Livros não
contam a história
O governador Jerônimo Rodri-
gues (PT) ressalta a importân-
cia de dar maior visibilidade à
história das lutas pela Inde-
pendência do Brasil na Bahia e
defende que processo seja fei-
to por meio da educação.
“Queremos que essa pro-
gramação que preparamos
possa chegar em todo o país.
Afinal, a Independência do
SALVADOR
DOMINGO
2/7/2023
Brasil se deu aqui na Bahia. E
a história com heróis e heroí-
nas, mulheres, negros e indí-
genas, os livros não contam.
Então, precisamos recontar es-
sa história e fazer com que os
livros retratem isso para que a
gente possa se ver neles. Nós
temos que ter um outro com-
portamento para contar a nos-
sa história, pois na força a gen-
te não consegue. E não é bom.
Essa é uma missão que não
pode ser a força, mas sim com
cultura, educação e arte.”, ex-
plica o governador.
Na última sexta-feira (30),
foi realizado o esperado Cor-
tejo do Pelourinho – série de
atividades artístico-culturais
na Praça das Artes –, que lan-
çou a exposição ‘Brasil futuro:
as formas da democracia’,
mostra nacional que tem a cu-
radoria da antropóloga e his-
Personagens toriadora Lilia Schwarcz, do ar-
históricos do quiteto Rogério Carvalho, do
Dois de Julho ator Paulo Vieira e do secre-
foram tário executivo de Cultura do
representados MinC, Márcio Tavares. São 120
no evento obras de diversas linguagens
artísticas brasileiras, que têm o
objetivo de gerar reflexão so-
bre regime político, riqueza de
gênero e diversidade cultu-
ral.
Hoje, dia 2 de julho, em vá-
rias cidades baianas, haverá a
apresentação das filarmônicas
que participaram de um edital
Estão previstas lançado pela Secult-Ba. Todas
festas e feiras fazem parte do cortejo come-
morativo, juntamente com
literárias ao fanfarras escolares.
Já em Salvador, haverá 'A
longo de todo Espera da Cabocla', com uma
o ano, em banda saudando a passagem
do desfile do Caboclo e da Ca-
várias cidades bocla pelo Largo do Pelourinho
em direção ao Campo Grande.
baianas, com Na próxima quarta-feira, dia 5
a temática do de julho, esta mesma progra-
mação será realizada para o
bicentenário 'Retorno da Cabocla', na volta
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SALVADOR
DOMINGO
2/7/2023

Shirley Stolze / Ag. A TARDE

ao Panteão Cívico, no Largo da
Lapinha.
Programação diversificada
As ações preparadas pelo Go-
verno do Estado para o Bicen-
tenário da Independência são
importantes porque, para al-
cançar a tão sonhada Indepen-
dência, foram muitos os em-
bates não só em Salvador, mas
em todo o estado, envolvendo
não apenas as forças militares,
mas o povo. Daí a importância
de ressaltar o envolvimento de
representantes das mais varia-
das camadas sociais e grupos
étnicos na luta por liberdade,
explica o historiador e asso-
ciado do Instituto Geográfico e
Histórico da Bahia (IGHB), Ra-
fael Dantas.
“São ações que primeiro
lembram da participação des-
ses diversos personagens do
século XIX e de como isso se
perpetuou, tocando nas pes-
soas ao longo de todo esse
tempo. É pensarmos o Dois de
Julho para além do litoral e do
Recôncavo, e tocar no sertão e
no interior da Bahia também.
Ou seja, interpretar essas ma-
nifestações da memória ligada
ao cívico, tocando nos anseios
da nossa atualidade também”,
explica o historiador.
Essas comemorações devem
reforçar, antes de qualquer ou-
tra coisa, a importância da nos-
sa memória, afirma o historia-
dor, que destaca ainda ser fun-
damental a preservação dos es-
paços que guardam história e
do material documental. Dan-
tas também ressalta a impor-
tância da educação.
“Por que isso é importante?
Se a gente não inserir as es-
colas públicas, os professores e
os espaços de memória nesse
processo, a gente está com
uma falha grave em toda essa
ideia de lembrar o dia 2 de
julho. Pensar nele é pensar pa-
ra além da festividade, é pen-
sar na importância de resgatar
e guardar essa memória ao
longo do tempo”, defende Ra-
“A história com heróis e heroínas, mulheres,
fael Dantas. negros e indígenas, os livros não contam.
Entre as muitas ações da Se-
cult-BA que envolvem a preser- Então, precisamos recontar essa história e
vação da memória e a divul-
gação da história da Indepen-
fazer com que os livros retratem isso”
dência do Brasil da Bahia, há o JERÔNIMO RODRIGUES, governador da Bahia
lançamento de um Selo Come-
morativo criado pelos Correios,
uma moeda especial em ho-
menagem ao bicentenário feita Shirley Stolze / Ag. A TARDE
pela Casa da Moeda e a inau-
guração de um conjunto de mo-
numentos de personalidades
heróicas, que participaram das
guerras pró-independência.
Também como legado, o Go-
“Esse pertencimento do povo resgata a
verno do Estado lançou no úl- autoestima, enaltece a bravura de nossa
timo 25 de junho, em Cachoei-
ra, o caderno de revalidação do gente e reafirma a Bahia como um
cortejo do Dois de Julho como
patrimônio histórico.
estado que não se curva para o ódio”
O bicentenário também ga- BRUNO MONTEIRO, titular da Secretaria de Cultura do Estado - Secult-BA
nhou programação especial de
cinema. Ao longo de todo o
mês de julho, na Sala Walter da
Silveira (Barris), será possível Uendel Galter / Ag. A TARDE
assistir, gratuitamente, a uma
seleção de títulos com afini-
dade temática com a liberdade
e a independência. Já em se-
tembro, será realizado o II Se-
minário Internacional de Inde-
“Sem o 2 de julho de 1823, o 7 de
pendência das Américas, reu- setembro de 1822 poderia resultar em
nindo pesquisadores e ativis-
tas importantes nas lutas de uma independência que conduziria o
emancipação nos países lati-
no-americanos.
Brasil a estar hoje dividido em quatro
Está previsto ainda o lan- ou seis nações diferentes”
çamento do Edital de Inven-
tário, através do Programa JOACI GOÉS, presidente do IGHB - Instituto Geográfico e Histórico da Bahia
Paulo Gustavo Bahia (PPGBA),
para elaboração de um levan- Uendel Galter / Ag. A TARDE
tamento das manifestações
culturais relacionadas aos fes-
tejos da Independência em
mais de 20 municípios baia-
nos. Para além de tudo isso,
estão previstas festas e feiras
“Temos levado para toda a Bahia essa
literárias ao longo de todo o memória de luta e liberdade, visitando
ano, em várias cidades, com a
temática do bicentenário. municípios que tiveram participação
“Com essa extensa progra-
mação até o final do ano, acre-
na Independência”
dito que o Governo do Estado VLADIMIR PINHEIRO, diretor geral da FPC
alcançará o grande propósito
dessas ações, que é educar os
baianos para o conhecimento
de uma realidade que, acre-
dito, mais de 90% da popu- Alex Oliveira / Ag. A TARDE / 12.11.2020
lação de nível superior ignora,
que é o fato de que não se trata
da Independência da Bahia,
mas sim da consolidação da
Independência do Brasil que
ocorreu na Bahia. Sem o 2 de
“Pensar no Dois de Julho é pensar
Julho de 1823, o 7 de setembro para além da festividade, é pensar
de 1822 poderia resultar em
uma independência que con- na importância de resgatar e guardar
duziria o Brasil a estar hoje
dividido em quatro ou seis na-
essa memória ao longo do tempo”
ções diferentes”, afirma o pre- RAFEL DANTAS, historiador
sidente do IGHB, Joaci Goés.

Protagonismo feminino na história

Já é de conhecimento geral
que mulheres como Maria Qui-
Importância téria e Joana Angélica contri-
das mulheres buíram de maneira significa-
tiva na luta pela Independên-
nas lutas pela cia do Brasil na Bahia. A his-
tória delas é relembrada ra-
Independência pidamente quando falamos
do Brasil na sobre as comemorações do
Dois de Julho. Maria Quitéria e
Bahia ganha Joana Angélica foram conside-
radas, por muito tempo, as
cada vez mais únicas heroínas da Indepen-
visibilidade dência. Mas não apenas elas
foram importantes, salienta a
ouvidora-geral do estado da
Bahia, especialista em história
da África e em língua e cultura
kikongo, ex-diretora do Ilê Ayiê
e ex-titular da Secretaria de
Cultura do Estado da Bahia (Se-
cult-BA), Arany Santana.
“Temos também a figura da
Cabocla como o marco sim-
bólico que representa a par-
ticipação indígena e só recen-
temente pesquisas têm apon-
tado a participação de outras
mulheres na luta pela Inde-
pendência, a exemplo de Ma-
ria Felipa e das mulheres das
Caretas do Mingau de Sauba-
ra. Mas muitas outras mulhe-
res, infelizmente, ainda con-
tinuam sendo invisibilizadas
na historiografia oficial brasi-
leira, o que só reforça a ne-
cessidade da criação de polí-
ticas públicas para as mulheres
e a preservação de suas his-
tórias”, pontua a ouvidora.
Para isso, é preciso descor-
tinar essas histórias para res-
significar o protagonismo femi-
nino na memória do bicente-
nário da Independência do Bra-
sil na Bahia. “Hoje, nós, mu-
lheres, somos as Marias Felipas,
as Joanas Angélicas, as Marias
Quitérias e as Caboclas, nós so-
mos as heroínas do dia a dia por
nossas famílias, por nossas ir-
mãs e por nossa liberdade. Gra-
ças às que lutaram antes de nós,
somos donas do nosso destino,
somos livres. O Dois de Julho é
nosso. Não queremos mais ti-
ranos na política, na sociedade
ou dentro das nossas casas”,
afirma Arany Santana.

Lucas Malkut / Divulgação / 29.03.2022

Arany: “Muitas
outras mulheres,
infelizmente, ainda
continuam sendo
invisibilizadas na
historiografia oficial
brasileira“
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SALVADOR SALVADOR
DOMINGO DOMINGO
2/7/2023 2/7/2023

Cau Gomez
Programação Festiva em Salvador / Localidades e eventos

2 de Julho (Domingo)
6H – ALVORADA COM QUEIMA DE FOGOS
(LAPINHA)
Em 1823, a Lapinha era um dos limites
de Salvador e foi onde o Exército
Libertador acampou antes de marchar
pela cidade no dia 2 de julho.
Nacional é executado pela Banda de
Música da Marinha do Brasil.
9H - INÍCIO DO CORTEJO CÍVICO DO 2 DE
JULHO
O cortejo segue o mesmo caminho que
o Exército Libertador fez após vencer os
portugueses em 1823 e faz paradas
pontuais:
madre superiora e demais religiosas do
Convento da Soledade teceram, em
1823, coroas de louro para oferecer ao
Exército Libertador e mandaram
construir um arco triunfal em frente ao
Convento para eles passarem.
ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO
CARMO (LARGO DO CARMO)
IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DO
ROSÁRIO DOS PRETOS (PELOURINHO)
Única igreja dedicada aos santos negros
com título de Ordem Terceira -
curiosamente, foi em um 2 de julho, de
1899, que ela recebeu essa autorga -, o
Caboclo e a Cabocla são saudados pelos
membros da Rosário dos Pretos, e muitos
dizem ser um dos momentos mais

VILAS BAIANAS
8H – CERIMÔNIA CÍVICA
Em frente ao monumento do General
Labatut é feito o hasteamento das
bandeiras por autoridades e o Hino
IGREJA E CONVENTO NOSSA SENHORA DA
SOLEDADE (LARGO DA SOLEDADE)
O cortejo recebe saudações dos
membros da igreja, isso porque a
Em frente a Ordem Terceira do Carmo,
um pronunciamento é feito para o
cortejo por um dos membros da
instituição, que também é chamada de
Ordem dos Terceiros Carmelitas.
bonitos do cortejo.
11H30 – RECOLHIMENTO DOS CARROS
EMBLEMÁTICOS DOS CABOCLOS NOS
CARAMANCHÕES (PRAÇA THOMÉ DE SOUZA)
Em seus carros, a Cabocla e o Caboclo

TIVERAM PAPEL
ficam expostos na Praça Thomé de Souza
e são visitados pela população, que
INTERIOR Enviando combatentes, deixam flores, rezam aos pés deles, e
colocam bilhetes com pedidos ou
mantimentos e armamento, ou mesmo Filmes, curtas e agradecimentos.
impedindo o avanço português com as Livro relançado PARA SABER documentários II

ESSENCIAL NA
14H – VOLTA DO CORTEJO CÍVICO
próprias mãos, foram muitas as
localidades que contribuíram para a
Uma das obras essenciais so-
bre o 2 de Julho, o livro “In-
MAIS SOBRE Hoje, às 14h, tem exibição na
TVE do documentário 'Os He-
Breve parada em frente ao Instituto
Geográfico e Histórico da Bahia, guardião
Independência do Brasil na Bahia. dependência do Brasil na Ba-
hia”, do historiador baiano O 2 DE JULHO róis do Brasil – Independência
da Bahia', e amanhã da obra
da história da Bahia, e que possui um
dos maiores acervos de periódicos e
A TARDE convidou o professor e

historiador Moisés Frutuoso para falar
um pouco sobre o papel de algumas
vilas nos embates.
VALENÇA
Evento Rota Bahia será dia 12/07
A vila de Valença participou da
mobilização pela expulsão do Exército
português da cidade de Salvador. Em
6 de agosto de 1822, as autoridades
e o povo aclamaram o então príncipe
d. Pedro “Protetor e Perpétuo
Defensor do Reino do Brasil”.
Constituíram caixa militar para
contribuir com os esforços de guerra
e a Câmara organizou um regimento
de combatentes, elegendo
representante para o Conselho
Interino de Governo. Valença recebeu
o título de “A Decidida”.
Participação das
localidades nas lutas
pela Independência
na Bahia
SÃO FÉLIX
Rota Bahia agendado para 04/07
À época das lutas, São Félix era ligada à
vila de Cachoeira. A população local
participou com bravura dos embates
iniciais, entre 25 e 28 de junho de 1822,
até a tomada da embarcação militar
portuguesa. A localidade abrigou oficina
para abastecer com cartuchos as armas
de fogo dos combatentes baianos.
RESISTÊNCIA
CACHOEIRA
Rota Bahia realizado em 25/06
Em 25 de junho de 1822, reunida na
Câmara de Cachoeira, parte da população
estabeleceu um governo provisório e
reconheceu a autoridade de d. Pedro. A
vila foi bombardeada por embarcações
militares portuguesas, dando início à
guerra pela independência na Bahia.
Cachoeira é chamada de “Heroica”.
SIMÕES FILHO
Rota Bahia será em 03/03
No território em que hoje está Simões
Filho ficavam os trechos finais da
estrada das boiadas, rota que ligava
Salvador às regiões por onde o gado
era transportado para ser abatido.
Combatentes baianos interromperam
o fluxo e sitiaram o inimigo.
Luís Henrique Dias Tavares, 'Sol da Bahia', às 22h30, com jornais do Brasil.
acaba de ser relançada pela horário alternativo no sábado
EDUFBA, em edição comemo- (15/07), às 21h. E, por fim, na 14H30 – CONCURSO DE FANFARRAS E
rativa do bicente-
Filmes, curtas e sexta (7) e no sábado (29), às BALIZAS (AVENIDA SETE DE SETEMBRO)
nário. Com prefá-
cio do jornalista e documentários I
21h30, pode ser conferido o
documentário ‘2 de Julho: A 15H – CERIMÔNIA CÍVICA NO 2º DISTRITO
escritor Laurenti- festa da Independência na Ba- NAVAL
no Gomes, o livro A TVE celebra os 200 anos da hia’, dirigido pelo cineasta Tu-
pode ser adquiri- Independência do Brasil na na Espinheira, que destaca o 16H30 – CERIMÔNIAS CÍVICAS NO CAMPO
do pelo Whats App Bahia oferecendo conteúdos papel da Ba- GRANDE (PRAÇA 2 DE JULHO)
(71) 99732-6726, vários. O especial 'Dois de Ju- hia como Chegada dos Carros dos Caboclos,
email coedufba@ lho — Guerra da Independên- grande res- hasteamento das bandeiras por
ÁGUA FRIA ufba.br, ou nas lo- cia da Bahia' será exibido ho- ponsável autoridades e execução do hino nacional.
As regiões que praticavam a criação de gado tiveram jas online Amazon je, às 11h, na quarta-feira pela Inde- Coroas de flores são colocadas no
grande relevância no abastecimento das tropas. No leste e Estante Virtual. (05/07), às 20h, e na quinta pendência Monumento ao 2 de Julho, a pira do
da Bahia, os donos de currais da vila de Água Fria (20/07), às 21h, com narra- do Brasil. Fogo Simbólico será acesa pela nadadora
atendiam as necessidades alimentares dos soldados e
encaminhavam donativos e contribuições financeiras
ção de Zezé Motta (foto). Se- paratleta Verônica Almeida e será
gunda (10/07), às 22h, é a vez executado o Hino ao 2 de Julho
para os esforços de guerra, além de combatentes.
Divulgação do documentário 'Invisíveis
do Paraguaçu'. Sexta (06), às Reprodução 17H30 ÀS 21H30 – ENCONTRO DE
SANTO AMARO 21h30, será exibido o cur- FILARMÔNICAS
Evento Rota Bahia realizado em 14/06 ta-metragem ‘2 de Julho – Um
Sonho de Liberdade', da Fun- 19H ÀS 21H – SHOW ESPECIAL
A vila foi um dos destinos escolhidos por parte da
população que deixou a capital após os eventos de
O corneteiro Lopes dação Gregó- Exposição fotográfica Sambaqui, no Palco Praça Visconde de
fevereiro de 1822, quando mais de 200 pessoas morreram rio de Matos, Cairu - BaianaSystem convida: Lazzo
em conflitos. Durante a campanha militar, a população de Conta-se que a Batalha de Pi- que retrata a A Biblioteca Central do Estado Matumbi, Raquel Reis, Claúdia Manzo, Liz
Santo Amaro organizou batalhões, fornecendo soldados e
suprimentos. A vila recebeu o título de “Leal”.
rajá foi vencida com a ajuda do construção da Bahia (Barris) abriga a ex- Reis, Elivan Conceição, Caboclos de
corneteiro Luís Lopes, ao soar da identidade posição fotográfica gratuita Itaparica, Afrosinfônica e Vandal
inadvertidamente os toques cultural do “Olhares no 2 de Julho”, pro-
PEDRÃO de “cavalaria avançar” e “de- povo baiano. movida pela Fundação Pedro
golar”, fazendo os portugue- Calmon (FPC). A curadoria foi
3 de julho (Segunda-feira)
Dentre os grupos armados que participaram dos
combates pela expulsão do Exército português de ses fugirem. O curta-metra- feita no acervo da Secretaria de
Salvador, destacou-se um grupo de vaqueiros, 17H ÀS 18H30 – CAMPO GRANDE
gem 'O Corneteiro Lopes' Comunicação (Secom) por Ma-
devidamente paramentado com chapéu, calça e Show do Cantor Gerônimo em
(2003), dirigido por Lázaro Fa- Divulgação
nu Dias, Matheus Landim e Re-
gibão de couro, chamado de Encourados do Pedrão, Homenagem ao 2 de Julho
e que reuniu quarenta voluntários. ria, reconta livremente essa nan Calixto, que selecionaram
história, no ca- imagens que retratam
19H ÀS 21H – CAMPO GRANDE
nal do YouTube os olhares de oito fo-
Baile da Independência com Orquestra do
https://www. tógrafos durante as
SÃO FRANCISCO DO CONDE Maestro Fred Dantas e convidados
Rota Bahia será em 06/07
youtube.com
/watch?v=wC-
coberturas dos desfi-
les do Dois de Julho
O primeiro senhor de engenho a se manifestar
contra o domínio de Madeira de Melo foi Joaquim
fitcyodes. nos últimos anos. 4 de julho (terça-feira)
Inácio de Siqueira Bulcão, organizando tropas de
voluntários. A população franciscana pegou em 19H ÀS 21H - ESPAÇO CULTURAL DA
armas e a vila recebeu a alcunha de “A Valorosa”. BARROQUINHA
Reinauguração do Espaço Cultural da
CAMAÇARI Reprodução Camila Souza / GOVBA Barroquinha com show de Mateus Aleluia
Rota Bahia será no dia 05/07
A população de um dos núcleos 19H ÀS 21H - CAMPO GRANDE
que formou Camaçari teve Show de Amado Caymmi – Homenagem
importante papel nas lutas. a Jorge Amado e Dorival Caymmi, com
Indígenas que viviam em Vila
de Abrantes compunham a
Alice Caymmi, Márcia Short, Will
Carvalho e Elane Fernandes.
maior parte de combatentes
da Milícia da Torre e eram
excelentes flecheiros.
5 de julho (quarta-feira)
18H – VOLTA DA CABOCLA
Retorno dos Carros dos Caboclos do

RIO DE CONTAS
Os negociantes e proprietários de
terras da vila de Rio de Contas
contribuíram com auxílio
Editoria de Arte / A TARDE
ITAPARICA
Rota Bahia será em 10/07
Ponto estratégico, Itaparica foi atacada
diversas vezes. A reação popular,
principalmente de marisqueiras e
CAETITÉ
Rota Bahia será em 07/07 pescadores, foi fundamental para
expulsar os portugueses. Por sua
Cau Gomez
SAUBARA
Rota Bahia realizada em 16/06 Campo Grande para o Pavilhão da
Por ser um ponto estratégico da Lapinha com a participação da Orquestra
Baía de Todos-os-Santos, sofreu do Maestro Reginaldo de Xangô
vários ataques das tropas
portuguesas. A população 19H – LAPINHA
saubarense formou uma
resistência armada e expulsou os Show com Banda Ofá e convidados das
lusitanos. Partiu de lá um batalhão Nações Congo Angola
com mais de 400 combatentes.

A vila nova do Príncipe e atuação, recebeu o título de “Invicta”.

financeiro, armas, munições, Santana de Caetité, no
mantimentos e tecidos para as alto sertão da Bahia,
áreas em guerra, além do envio apoiou a campanha
de homens que se engajaram nas militar para a expulsão do
batalhas pela retomada da Exército português de
capital. Salvador, com o envio de
combatentes, doações
financeiras e de materiais
como tecidos e
mantimentos.
MARAGOJIPE De 5 a 7 de julho
Rota Bahia: 05/07
A localidade CAIRU 13H – ESPAÇO CULTURAL DA BARROQUINHA
organizou o Batalhão Rota Bahia agendada para o dia 13/07 IV Jornada do Patrimônio Cultural de
de Artilharia do
Príncipe Regente e
A localização estratégica do Forte de Morro de São Paulo Salvador – 200 Anos de Independência
permitiu a proteção de todo arquipélago e estrangulou as
atuou na logística
rotas de abastecimento de Salvador, sitiada pelo Exército
para o abastecimento
das tropas ao realizar
português. A esquadra do almirante Lord Cochrane De 6 a 9 de julho
estabeleceu uma base em Morro para intensificar o cerco.
o embarque de
gêneros alimentícios. FESTA DE LABATUT, NO FINAL DE LINHA DE
Recebeu o título de PIRAJÁ
“A Patriótica”.

7 de julho
19H ÀS 21H – ESPAÇO BOCA DE BRASA
SUBÚRBIO 360
Apresentação do espetáculo A Resistência
Cabocla com Bando de Teatro Olodum e
convidados – Homenagem ao
Bicentenário da Independência

25 de julho
9H – PRAÇA VISCONDE DE CAIRU
(COMÉRCIO)
Entrega do monumento em homenagem
a Maria Felipa feito pela artista Nádia
Taquary.
6
ALOÍSIO TEIXEIRA
U
ma das datas mais
emblemáticas para
os baianos, o Dois
de Julho ainda é um
marco pouco reco-
nhecido pela história oficial do
Brasil. Apenas em 2013 foi in-
cluído como data histórica do
calendário nacional, embora
seja, desde 2006, Patrimônio
Cultural Imaterial da Bahia.
Neste ano em se comemora o
bicentenário da vitória dos
baianos sobre as tropas por-
tuguesas, consolidando a In-
dependência do Brasil, esta
realidade começa a mudar.
As comemorações vão ultra-
passar até mesmo as frontei-
ras do país, e o tradicional cor-
tejo em Salvador contará com
a presença do presidente Lula
(PT), além de ministros e ou-
tras autoridades do Governo
Federal. Como reza a tradição,
muitos políticos são esperados
nas comemorações, que ser-
vem de ‘termômetro’ para me-
dir a popularidade dos agentes
públicos.
O Ministério da Cultura
(MinC), reimplantado neste
governo e capitaneado pela
cantora baiana Margareth Me-
nezes, tem importante calen-
dário de ações relacionadas ao
bicentenário das lutas pela In-
dependência.
“O Ministério da Cultura es-
tá comprometido em trabalhar
conjuntamente com governos
estaduais, municipais, parla-
mentares e com a sociedade
para ampliar o conhecimento
sobre esta data e tantas outras
relevantes na história do nosso
povo brasileiro”, afirma a mi-
nistra Margareth Menezes.
“Esta data é importante pa-
ra os baianos e para todo o
povo brasileiro. Ela marca a
luta de um povo pela sua in-
dependência. Somos herdei-
ros dessas pessoas que tanto
lutaram. É importante que as-
pectos da história social e me-
mórias de grupos historica-
mente excluídos sejam expres-
sos nas narrativas patrimo-
niais e museais”, completou.
Já em fevereiro, o presiden-
te Lula assinou um decreto am-
pliando para 31 de outubro o
prazo da Comissão Interminis-
terial Brasil 200 Anos, cujos
trabalhos estava previstos pa-
ra acabar em março. Assim, as
atividades vão abarcar as co-
memorações do bicentenário
da Independência em 2023,
incluindo os festejos cívicos do
Dois de Julho.
O processo do registro da
Independência na Bahia como
Patrimônio Cultural do Brasil
também deverá ser retomado.
Em nota, o MinC diz que foi
informado de que os solicitan-
tes desejam entregar ainda ho-
je, em Salvador, a solicitação
de reconsideração da decisão
de arquivamento do processo,
que teve posicionamento fa-
vorável da área técnica do
Iphan. O problema é que o
pedido foi apresentado pela
gestão anterior de maneira
inadequada ao Conselho Con-
sultivo do Patrimônio Cultural,
que decidiu pelo arquivamen-
to. Com o pedido de recon-
sideração, o Iphan retomará o
processo e o reapresentará às
instâncias do Conselho.
Em outra ação, o Instituto
Brasileiro de Museus vai rea-
lizar o I Encontro Nacional de
Educação Museal, entre os pró-
ximos dias 6 e 8 de julho, em
Cachoeira. O MinC também
mantém diálogo com a Uni-
versidade Federal de Minas
Gerais e com o Senado Federal
para trazer novamente para a
Bahia e para outros estados do
país o Caminhão-museu ‘Itine-
rários da Independência’, que
possui uma rica exposição que
usa recursos expográficos, au-
diovisuais e bibliográficos para
contar a história dos vários pro-
jetos e conflitos que existiram
em torno da Independência do
Brasil. “Além disso, estamos
em diálogo com o Governo do
Estado da Bahia e as nossas
universidades para construir o
II Seminário Internacional In-
dependências das Américas”,
informa o Ministério.
Elites buscaram
apagamento histórico
A Independência da Brasil na
Bahia foi um movimento po-
pular, protagonizado por mu-
lheres, indígenas, negros, cam-
SALVADOR
DOMINGO
2/7/2023
RECONHECIMENTO Dentre as ações do bicentenário, será retomado
pedido de registro do Dois de Julho como Patrimônio Nacional
DA BAHIA
PARA O BRASIL
Joá Souza / Ag. A TARDE / 02.07.2015
O Dois de
Julho começa
a ganhar o
verde e
amarelo nas
festividades
poneses – enfim, pessoas que
estavam distantes do ideal de
‘nação civilizada’ sonhada pe-
las elites brasileiras. A afirma-
ção é do mestre e doutorando
em História e professor da
Uneb, Rodrigo Freitas Lopes.
“As elites brasileiras da época
buscavam um branqueamento
do Estado brasileiro para se
igualar aos europeus. Não fazia
José de Holanda / Divulgação / 11.09.2019 sentido ter como heróis os re-
presentantes da Independên-
ciabaiana.Então,oapagamen-
to do Dois de Julho pela história
oficial passa pelo racismo, pelo
sexismo e pelo preconceito em
relação aos personagens”,
completa Lopes.
A guerra de narrativas é
apontada pelo MinC para ex-
plicar a pouca importância da-
da ao movimento baiano e ou-
tros. “Este apagamento foi
promovido por setores interes-
sados em construir uma nar- que as novas gerações de es-
rativa oficial que afastasse a tudiosos estão se empenhan-
maioria do povo brasileiro da do para resgatar esta história
sua história, da sua memória e e que o Dois de Julho foi des-
da política. Uma visão que bus- taque no Carnaval, uma forma
cava construir uma ideia equi- importe de popularizar o mar-
vocada de povo brasileiro iner- co das lutas pela Independên-
“Essa data marca te, que deveria assistir de ma-
neira apática aos aconteci-
cia. Este ano, a escola de sam-
ba carioca Beija-Flor levou para
a luta de um mentos de seu próprio país”, a avenida o enredo "Brava
explica o MinC. gente, o grito dos excluídos no
povo pela sua bicentenário da Independên-
independência. Mudança possível
O professor Rodrigo Lopes
cia".
O Ministério da Cultura des-
Somos herdeiros acredita que é possível reverter taca que “atua para que nosso
o quadro e que o momento é povo conheça e se aproprie de
dessas pessoas propício para isto. “Hoje, o país sua história, compreendendo
que tanto tem uma pauta identitária
muito séria. Resgatar essa his-
que os festejos cívicos de Inde-
pendência na Bahia, assim co-
lutaram” tória é também um método mo a campanha do Piauí, a cam-
para combater o racismo, a in- panha do Maranhão, a campa-
MARGARETH MENEZES, ministra da tolerância religiosa, o sexis- nha do Pará e a campanha naval
Cultura
mo”, avalia. “Mas não vai ser empreendidapelanascenteMa-
de uma hora para outra. É um rinha do Brasil foram aconte-
trabalho de formiguinha”, cimentos fundamentais não
completa. apenas para suas regiões, mas
Divulgação Ele lembra, por exemplo para todo o país”.
Data será comemorada
em Brasília e na Argentina
O bicentenário de Independência do Brasil na Bahia será co-
memorado na Argentina, cuja capital, Buenos Aires, sediará
evento de celebração. A ação foi firmada entre a Secretaria de
Cultura do Governo do Estado da Bahia e a Casa Pátria Grande
Nestor Kirchner e vai acontecer hoje, dia 2 de julho. A articulação
para o evento foi realizada pelo secretário de Cultura, Bruno
Monteiro, que esteve na Argentina, no início de junho, in-
tegrando a comitiva do Ministério da Cultura do Brasil (MinC),
para participar do Mercado de Indústrias Culturais Argentinas
(MICA)
O diretor da Casa Pátria Grande Nestor Kirchner, Matias
Capeluto, colocou o órgão, ligado à Presidência da Argentina e
O apagamento voltado à promoção da integração latino-americana, à dis-
posição para a realização do evento comemorativo, que tem a
do Dois de Julho proposta de ressignificar o sentido da Independência do Brasil
na Bahia também para o mundo.
pela história Em Brasília, a Exposição 2 de Julho acontecerá simultanea-
oficial passa pelo mente na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, de
amanhã a 14 de julho. Também será lançado um Selo Co-
racismo, pelo memorativo, criado pelos Correios, e uma moeda especial em
homenagem ao bicentenário, feita pela Casa da Moeda. A TVE
sexismo e pelo Bahia vai celebrar a data histórica com transmissões ao vivo e
preconceito cobertura especial da cidade de Cachoeira, documentários e
programas especiais. A Empresa Brasil de Comunicação (EBC)
RODRIGO LOPES, professor da Uneb também incluirá a temática em sua programação.

CLÁUDIA LESSA
A NARRATIVAS HISTÓRICAS
s comemorações pelo
bicentenário da Inde-
pendênciadoBrasilna
Bahia ganharam con-
teúdo pedagógico es
pecial em sala de aula. Os es-
tudantes da rede pública esta-
dual estão sendo estimulados a
realizar produções artísticas, li-
terárias e audiovisuais desde o
início do ano letivo. Além disso,
um material didático específico
foi elaborado para dar suporte
aos professores.
As atividades voltadas à va-
lorização da Bahia no episódio
histórico envolvem a comuni-
dade escolar de todos os Ter-
ritórios de Identidade. A pro-
posta é redimensionar as ba-
talhas dos baianos ao inserir o
protagonismo de mulheres,
negros e indígenas na luta po-
pular iniciada em 19 de feve-
reiro de 1822 e vencida em 2
de julho de 1823.
O assessor especial da Se-
cretaria da Educação do Estado
da Bahia (SEC), Manoel Cala-
zans, destaca a importância de
comemorar na rede estadual
de ensino os 200 anos da In-
dependência do Brasil na Ba-
hia não só por se tratar de uma
data histórica, mas também
pela necessidade de se cons-
truir uma identidade do Dois
de Julho que tenha repercus-
são nacional.
Embora a política das come-
morações do bicentenário seja
capitaneada pela Secretaria da
Cultura do Estado (Secult-BA),
diversas ações dialogam com a
comunidade escolar. “É funda-
mentaloenvolvimentodelacom
as nossas fanfarras e os diversos
projetos pedagógicos que estão
circulando nas escolas com con-
teúdos do bicentenário, visando
a valorização das lutas pela In-
dependência do Brasil na Bahia.
São dois séculos de necessidade
de configurar de verdade essa
história”, afirma Calazans.
As diretrizes curriculares, re-
força ele, já enfatizam a questão
EDUCAÇÃO Escolas públicas redirecionam abordagem oficial das lutas pela Independência do Brasil na Bahia
COM NOVA ROUPAGEM
Manoel Calazans: Dois de Julho deve ter repercussão nacional
do Dois de Julho e como a data
pode ser repercutida no conteú-
do das escolas. “A nossa inten-
ção, bem como a da Secretaria
de Cultura e da Fundação Pedro
Calmon, é que a gente saia do
eixo geográfico das discussões
ligadas ao Recôncavo da Bahia e
Região Metropolitana de Salva-
dor para uma política de inte-
riorização. Portanto, buscamos
envolveros417municípiosbaia-
nos, com suas quase duas mil
unidades da rede estadual".
No Documento Curricular da
Bahia é enaltecido o trabalho
de História que contemple a
identidade da Bahia. “Inclusi-
ve, temos uma parceria com a
Fundação Pedro Calmon para
a publicação de um livro pa-
radidático que vai trazer a his-
tória do Dois de Julho para a
escola”, informa Calazans.
SALVADOR
DOMINGO
2/7/2023
SEC / Divulgação
Além disso, o governo trata
com todas as unidades esta-
duais diversos editais e feiras
literárias para contemplar os
estudantes durante as come-
morações, estendendo a ação
por todo o ano. “É importante
que a história do Dois de Julho
esteja presente no currículo ofi-
cial da rede estadual e faça par-
te da sala de aula, a partir de
elementos históricos da nossa
identidade", frisa Calazans.
Consciência histórica
É dentro dessa perspectiva que
educadores de diferentes disci-
plinas têm trabalhado os con-
teúdos que estimulam os es-
tudantes “a criarem uma cons-
ciência histórica”, como enfatiza
Moisés Amado Frutuoso, pro-
fessor do Colégio Estadual Fran-
cisco Conceição Menezes, em
7
Salvador, e doutor em História apresentada como uma mulher
Social pela Universidade Fede- quase branca. No entanto, se a
ral da Bahia (UFBA). Para ele, é gentepegaumadescriçãosobre
enriquecedor trazer uma visão ela, feita por uma viajante in-
do que foi o processo de in- glesa chamada Maria Graham,
dependência política do Brasil, publicada em livro, ela carac-
que é centrada na figura de D. teriza Maria Quitéria como uma
Pedro I, com o Grito do Ipiranga, mulher indígena”, aponta.
em 7 de setembro. O professor sugere ainda
“Quando utilizamos conteú- trabalhar com jornais a partir
dos diversos em sala de aula, da análise comparativa dos im-
estamos contribuindo para a pressos da época, como o Se-
construção de uma identidade manário Cívico (1821-1823) e
entre esses estudantes, e eles o Diário Constitucional
se percebem como agentes (1821-1822) – que fomenta-
históricos, já que essa história ram intenso debate político, di-
não foi produzida só pelos cha- vulgaram ideias e abordaram
mados grandes homens, mas pedagogicamente a discussão
por muitos anônimos que de- de projetos para o Brasil.
ram as suas vidas por esses
ideais”, aponta o professor. CONTINUA NA PÁGINA 8
Frutuoso lembra que esse
processo histórico foi capita-
neado pela elite agrária e que,
no decorrer dele, o povo in-
corporou os ideais de liberda-
de, pois acreditou que era pos-
sível melhorar a própria vida.
“Neste aspecto, é bastante re-
levante abordar o Dois de Ju-
lho de diversas formas em sala
de aula. Podemos trabalhar,
por exemplo, as figuras que
são invisibilizadas na história,
como as mulheres e os escra-
vizados, que são atores polí-
ticos aos quais, por muito tem-
po, não se deu a devida aten-
ção, como Maria Quitéria, Ma-
ria Filipa e Joana Angélica”.
Outra opção, diz, é a utili-
zação da iconografia. “A ima-
gem de Maria Quitéria, por
exemplo, por muito tempo foi
Cau Gomez
8
QUADRINHOS E
CORDÉIS TORNAM O
APRENDIZADO LÚDICO
EDUCAÇÃO Aulas dinâmicas levam os estudantes a quebrar
paradigmas e entender melhor a questão da diversidade
CLÁUDIA LESSA
A
o abordar os conteú-
dos pedagógicos re-
lacionados ao Dois de
Julho em sala de aula,
professores da rede
estadual buscam inserir refle-
xões sobre a narrativa da elite
brasileira sobre o episódio. A
temática está sendo desenvol-
vida a partir de planos de aula
com dinâmicas que visam levar
os alunos a pesquisar para
além dos livros didáticos, a
exemplo de pinturas e quadri-
nhos. A ideia é tentar quebrar
paradigmas e romper com o
modelo tradicional de concep-
ção fragmentada da história.
Professor de Artes Visuais de
alunos do Ensino Fundamental
I e II, na rede municipal de
ensino, e do Ensino Médio e da
Educação de Jovem e Adulto
(EJA), na rede estadual, Joa-
quim Santana – conhecido no
meio acadêmico por Juca – fala
sobre a importância de traba-
lhar com a Independência do
Brasil na Bahia na perspectiva
das artes visuais. “Isso porque
o que temos como repertório
imagético da Independência é
a partir de pinturas de perso-
nagens e cenas históricas”.
Juca Santana, que é espe-
cialista em Arte e Patrimônio
Cultural e mestrando pelo Pro-
grama Mestrado Profissional
em Artes (ProfArtes), na UFBA,
desenvolve a pesquisa “Histó-
ria em quadrinhos, um aporte
para a Educação de Jovens e
Adultos”. A partir dela, o pro-
fessor conta que desenvolve
aulas no Colégio Estadual Dr.
João Pedro dos Santos, em Sal-
vador, usando a linguagem
das HQs.
“É muito importante que se
compreenda os textos histó-
ricos sobre a Independência do
Brasil na Bahia, mas também é
fundamental que a gente re-
conheça a importância da di-
versidade de personagens e
das construções iconográficas.
No contexto histórico da luta
popular pela Independência, é
necessário que os estudantes
conheçam a diversidade, aces-
sando a biblioteca da escola,
vendo filmes e vídeos, pesqui-
sando documentos”, explica.
A partir de relatos e docu-
mentos, completa, as figuras
históricas que protagonizam
os quadrinhos vão sendo cons-
truídas. “Cada personagem
tem um tom, um gesto, e é a
partir das histórias que pes-
quisamos que vamos criando
diálogos, enredos e cenários.
Então, a ideia é incentivar a
pesquisa nos estudantes, que
vão pensar sobre época, diver-
sidade e riqueza de detalhes,
elementos essenciais para a
construção das narrativas”.
A linguagem da pintura é
também tida como um recurso
importante para ser trabalha-
do em sala de aula. O educador
cita, como exemplo, a pintura
óleo sobre tela O primeiro pas-
so para a Independência da Ba-
hia, do artista plástico Antônio
Bandeira, que foi encomenda-
da pelo Governo do Estado e
tem cópias, com destaque para
a do Palácio do Rio Branco e a
de Cachoeira.
Juca chama a atenção para
a imagem protagonizada por
um homem branco, sobre um
cavalo branco, fardado e com
espada em riste. “Há nessa ico-
nografia uma pequena porcen-
tagem de pessoas negras, sen-
do que elas participaram ati-
vamente da luta e, assim como
os grupos quilombolas que
também atuaram, não estão
ali representadas. Trazer estas
SALVADOR
DOMINGO
2/7/2023
questões à sala de aula é ex- que as aulas tenham uma pers- hoje. É possível também falar
tremamente importante, por- pectiva mais lúdica. “É impor- sobre a importância de expor
que a história era contada, até tante, primeiramente, os es- os estudantes ao seu percurso
bem recentemente, sob o pon- tudantes entenderem que a histórico e o quão integral é o
to de vista do colonizador. Des- Independência não é um re- processo dos movimentos po-
colonizar esses saberes é muito corte sufocando a história de pulares, atualmente, na luta
importante”. alguma batalha importante”, por direitos universais”.
afirma. O educador ressalta que
Ludicidade Jackson sugere a introdução muitos de seus alunos são de
O professor de História, Jack- de temas essenciais, como o baixa renda e trazem consigo
son Silva, do Colégio Estadual importante papel da mulher as dificuldades de viver assim
Francisco da Conceição Mene- na Independência, dentro de no século XXI. “Sob essa pers-
zes, em Salvador, considera um processo interdisciplinar pectiva e com vistas a conjugar
que o aprendizado do Dois de que oriente os alunos na ela- os conteúdos à realidade so-
Julho pode ser divertido e boração de cordéis, visando a cial, podemos trabalhar as di-
bem-humorado, feito de for- promoção do conhecimento ficuldades que existiam em
ma reflexiva, permitindo que através da produção textual. 1822 e 1823, porque muitos
os alunos gerem seu próprio “Isso é possível trazendo nar- soldados nem sapatos tinham.
conhecimento, sob a orienta- rativas históricas do papel cen- No entanto, eles persistiram
ção do docente, a partir de ga- tral feminino, relacionando sob a chama incessante da luta
mes e quiz, por exemplo, para sua importância nos dias de por seus ideais”.
Divulgação
As figuras
históricas que
protagonizam
os quadrinhos
vão sendo
construídas a
partir de relatos
e documentos
Produção de
cordéis ajuda os
alunos a entender
temas essenciais,
como o papel
da mulher na
Independência
PLANO DE AULA COM CRIAÇÃO DE HQ
O professor de Artes Visuais José Joaquim de (EM13LP10) Selecionar informações e criatividade e a diversidade de estilos. Para a
Santana Júnior, que atua nas redes municipal e argumentos em fontes confiáveis, impressas e construção de HQs é possível criar sequências a
estadual de Salvador, além de ser mestrando digitais, e utilizá-los de forma referenciada para partir de cópias de imagens, fotografias etc.
pelo Programa ProfArtes – UFBA, apresenta um que o texto tenha aprofundamento adequado
plano de aula com novas abordagens para a (para além do senso comum) e contemple a AULA 4: Roteiro da HQ
Independência, a partir da criação de história sustentação das posições defendidas. - Explicação sobre a estrutura narrativa das
em quadrinhos. “É importante ressaltar que (EM13LP49) Analisar relações intertextuais e histórias em quadrinhos.
este planejamento é uma sugestão e deve ser interdiscursivas entre obras de diferentes - Criação de roteiro coletivo, considerando a
adaptado de acordo com a realidade da turma, autores e gêneros literários de um mesmo participação dos personagens escolhidos.
disponibilidade de recursos e tempo disponível momento histórico e de momentos históricos - Definição do enredo, cenários e diálogos,
para a disciplina”, ressalta o professor. diversos, explorando os modos como a buscando a conexão entre os personagens.
literatura e as artes em geral se constituem,
DISCIPLINA: Artes Visuais dialogam e se retroalimentam. AULA 5: Desenvolvimento dos quadrinhos
- Distribuição do roteiro entre os grupos.
ANO: Ensino Médio e EJA METODOLOGIA: - Cada grupo vai ilustrar e criar os quadrinhos
de um determinado trecho da história.
TEMA: Luta Popular da Independência do AULA 1: Contextualização histórica - Orientação e auxílio do professor na criação
Brasil na Bahia - Apresentação do contexto da luta popular dos desenhos, diagramação e balões de
pela Independência, destacando a participação diálogo.
DURAÇÃO: 6 aulas de diversos grupos sociais. AULA 6: Apresentação e análise das HQs
- Discussão de documentos históricos,
- Cada grupo apresentará sua parte da história
OBJETIVOS: textos e imagens relacionados ao tema.
- Debate em sala sobre a importância da em quadrinhos ao restante da turma.
- Compreender o contexto histórico da luta
diversidade de personagens históricos na - Discussão em sala sobre a conexão entre as
popular pela Independência do Brasil na Bahia.
construção iconográfica dessa luta. partes, a sequência narrativa e a representação
- Reconhecer a importância da diversidade de dos personagens históricos.
personagens na construção iconográfica.
AULA 2: Identificação e pesquisa dos - Avaliação coletiva das produções, destacando
- Explorar a linguagem das histórias em
personagens os acertos e possíveis melhorias.
quadrinhos como meio de expressão artística.
- Divisão da turma em grupos. RECURSOS:
CONTEÚDOS: - Cada grupo selecionará dois personagens Livros e documentos históricos sobre a luta
- Contexto histórico da luta popular pela populares da luta pela Independência, popular pela Independência na Bahia.
Independência na Bahia. considerando a diversidade entre eles. Acesso à internet e computadores para
- Construção iconográfica de personagens Destaque para mulheres, negros, indígenas, pesquisa.
históricos. não militares, personalidades religiosas, Papel, lápis, canetas e outros materiais de
- Criação de uma história em quadrinhos. grupos populares específicos de algumas desenho.
regiões do Recôncavo Baiano. Quadro branco ou flipchart para anotações
HABILIDADES DA BASE NACIONAL COMUM - Pesquisa na biblioteca da escola, internet e coletivas.
CURRICULAR (BNCC): outras fontes confiáveis sobre os personagens,
(EM13LGG102) Analisar visões de mundo, coletando informações históricas e imagens. AVALIAÇÃO:
conflitos de interesse, preconceitos e ideologias Participação ativa dos estudantes nas discussões
nos discursos veiculados nas diferentes mídias AULA 3: Construção iconográfica e atividades em sala de aula.
como forma de ampliar possibilidades de - Apresentação dos personagens selecionados Qualidade das pesquisas realizadas sobre os
explicação e interpretação crítica da realidade. pelos grupos. personagens históricos.
(EM13LGG603) Atuar em processos criativos - Discussão de características físicas e históricas Criatividade e diversidade de estilos na
que integrem diferentes linguagens artísticas e dos personagens, e sua representação construção iconográfica dos personagens.
referências estéticas e culturais, recorrendo a iconográfica. Coerência narrativa e visual na criação da HQ.
conhecimentos de naturezas diversas e - Produção de esboços e desenhos dos Apresentação oral clara e organizada dos
experiências individuais e coletivas. personagens em sala de aula, incentivando a quadrinhos produzidos.

ACERVO DE A TARDE TRAZ
NOVOS ASPECTOS SOBRE
O DOIS DE JULHO
MEMÓRIA Jornal é o único veículo baiano em atividade
que cobriu a celebração do centenário da Independência
CLEIDIANA RAMOS
A
TARDE é o único jor-
nal baiano que pre-
serva o marco de ter
sido testemunha da
festa do centenário
da Independência da Bahia em
1923. Todos os veículos con-
temporâneos que estavam na
ativa naquele período deixa-
ram de circular. Assim, os re-
gistros sobre a festa feitos pelo
jornal tornam-se ainda mais
valiosos. Além disso, o Centro
de Documentação A TARDE
(Cedoc) mantém uma coleção
formada por centenas de ima-
gens e outros documentos, co-
mo negativos e recortes de pe-
riódicos, que permitem ana-
lisar o Dois de Julho sob pers-
pectivas variadas.
A TARDE possui ainda o his-
tórico de defesa de visibilidade
para a festa por meio de re-
portagens, inclusive em tom
editorial – ou seja, como afir-
mação corporativa. O jornal
chega no ano das comemo-
rações do bicentenário com
conteúdos que vão além do
impresso, afinal se tornou um
grupo de comunicação. Nos re-
gistros para o futuro, será pos-
sível conferir as informações
sobre a celebração dos 200
anos da Independência em lin-
guagem radiofônica, audiovi-
sual e de redes sociais.
Um dos aspectos que emer-
gem dos documentos que for-
mam a memória consolidada
por A TARDE sobre o Dois de
Julho é que a festa - atual-
mente capaz de mobilizar os
mais variados públicos e incluir
manifestação cívica, protesto e
defesa de direitos dos mais va-
riados segmentos sociais - já
enfrentou tempos de ostracis-
mo. Em 1914, o jornal criticou
a ausência de cortejo para ce-
lebrar o Dois de Julho. Na mes-
ma edição, A TARDE chegou a
comparar a pouca atenção à
data com um Dia de Finados.
Se hoje os Caboclos são os prin-
cipais protagonistas da festa,
naquele momento eles esta-
vam sem as devidas honras.
“Na Praça Barão do Triun-
pho nem um palanque. Estava
deserta e triste. Os encarre-
gados, por eleição, dos feste-
jos, repoisavam, resguarda-
dos da chuva miúda que caía,
satisfeitos por terem transfor-
mado o barracão dos caboclos
na Lapinha numa funilaria. À
noite populares foram buscar
os carros symbolicos precedi-
dos pela filarmônica S. Salva-
dor. Fizeram uma alegre pas-
seata. De uma das janellas do
Gymnasio Carneiro, um orador
fez-se ouvir. Foi uma home-
nagem tocante”. (A TARDE,
3/7/1914, capa)”.
No ano seguinte, o resul-
tado das críticas do jornal co-
meçou a aparecer. O Instituto
Geográfico e Histórico da Ba-
hia (IGHB) iniciou o processo
para adquirir o barracão onde
estavam os carros emblemá-
ticos na Lapinha. O Pavilhão
Dois de Julho foi inaugurado
em 1918.
Quando chegou o ano do
centenário da Independência,
A TARDE fez a celebração em
grande estilo: uma cobertura
que se estendeu até o dia 11 de
julho de 1923, sem contar as
edições com notícias dos pre-
parativos. Na ocasião, outra
das bandeiras do jornal no
campo da memória foi con-
templada: a inauguração do
monumento a Castro Alves.
O retorno dos Caboclos
Atento aos elementos do Dois
de Julho, A TARDE começou a
noticiar o retorno do protago-
9
SALVADOR
DOMINGO
2/7/2023
Cedoc A TARDE/01.07.1914
nismo para as estátuas dos Ca-
boclos na década de 1940. A
edição de 3 de julho de 1943
trouxe o registro da reinserção
dos carros do Caboclo e da Ca-
bocla na festa:
“A grande jornada cívica do 2
de Julho - Foi imponente o des-
file dos carros emblemáticos
que há muitos anos não saíam”.
(A TARDE, 3/7/1943, p.2).
Seguindo o registro de pro-
tagonismo desses símbolos da
festa que estão relacionados
às religiões afro-brasileiras, A
TARDE publicou o especial Dia
de Caboclos, em 2006. Este foi
o segundo de uma série ini-
ciada em 2005 em que o ponto
de partida foi imaginar como
seria a edição do jornal se ele
já estivesse circulando em
1824, um ano após a Guerra da
Independência na Bahia. Até
2010, o jornal publicou os es-
peciais temáticos sobre a ce-
Em 1914, a festa do Dois de Julho foi ‘esquecida’ lebração. Cedoc A TARDE / 02.07.2006
Cedoc Ag. A TARDE / 05.07.1923
Capa do
segundo
caderno
especial de
série iniciada
em 2005
Cedoc A TARDE / 02.07.2009
Capa do jornal destaca as comemorações do centenário da Independência, em 1923 Capa do
especial de
2009 destaca
a participação
popular na
Cedoc A TARDE mantém APONTE A CÂMERA DO
CELULAR E ACESSE
Independência
viva a memória da Bahia
CONTEÚDOS DO
A TARDE MEMÓRIA
Cedoc A TARDE / 02.07.2008
Em 2023, o jornal A TARDE, além de destacar o bicentenário
em seus diversos canais e por meio de várias linguagens,
sedimenta os seus projetos em memória social, como a
coluna A TARDE Memória e o REC, hospedado no YouTube,
dando visibilidade a uma de suas maiores contribuições
para a Bahia: a manutenção do Cedoc A TARDE.
Após o conjunto das edições do jornal, o departamento
vive o desafio de encontrar caminhos para ampliar a di-
gitalização e disponibilização do impressionante material
documental conservado em uma coleção de pastas que APONTE A CÂMERA DO
totaliza mais de 100 mil unidades. CELULAR E CONHEÇA O
Por conta de sua valiosa coleção, o Cedoc A TARDE tem PROJETO REC A TARDE
sido o ponto de partida e sedimentação de pesquisas em
variadas áreas do conhecimento, especialmente nas ques-
tões relacionadas ao patrimônio e memória baianos. É a
continuidade de uma ideia que baseou o projeto de fun-
dação do jornal por Ernesto Simões Filho (1886-1957): unir
sua trajetória às ideias e sentimentos sobre a Bahia, que Além da
aparecem em meio às celebrações como a festa do Dois de festa, o
Julho. Dois de Julho
abriga
CLEIDIANA RAMOS É JORNALISTA, DOUTORA EM ANTROPOLOGIA, COORDENADORA DOS
manifestações
PROJETOS DE MEMÓRIA DO GRUPO A TARDE E CURADORA DO CEDOC A TARDE
e protestos
10

SALVADOR
DOMINGO
2/7/2023

HOMENAGEM Conheça parte dos depoimentos coletados pela equipe do A TARDE

Play para a série especial do canal sobre o bicentenário da Independência

OLHARES E AMORES
PELO DOIS DE JULHO
H
á vários tipos de olhar – e de amor
– pela celebração do Dois de Julho na
Bahia. A equipe do A TARDE Play APONTE A CÂMERA DE CELULAR
(núcleo de audiovisual do Grupo A
TARDE) colheu depoimentos para ‘2 de Julho: PARA ASSISTIR AOS VÍDEOS COM
AS ENTREVISTAS NO A TARDE PLAY
uma série especial sobre a história e a festa, e
o resultado é uma diversidade compatível com
200 anos de
Luta e Festa
OS EPISÓDIOS COMEÇARAM A SER
o perfil do povo baiano. São seis episódios, já VEICULADOS NO ÚLTIMO DIA 27, UM
disponíveis.
Denominada ‘2 de Julho: 200 anos de Luta na Bahia’ POR DIA, ATÉ HOJE. CONFIRA:
EP. 1 - TENSÕES PRÉ-GUERRA
e Festa na Bahia’, a série aborda diversos as-
pectos da data magna do estado, com uma
conta com EP. 2 - O CULTIVO DA NOSSA MEMÓRIA
EP. 3 - CACHOEIRA HERÓICA
narrativa que costura acontecimentos histó- seis episódios EP. 4 - O 2 DE JULHO É DO POVO
ricos e elementos que integram a cultura po- EP. 5 - A VITÓRIA BAIANA
pular das regiões baianas. EP. 6 - A FÉ NO 2 DE JULHO

Fotos: Divulgação

“Temos várias “O Dois de “A

datas que Julho é a Independência
podemos luta em prol do Brasil
celebrar da beleza, da começa
como a dignidade. Da exatamente no
Independência de vida de todos, estado onde tudo
Itaparica e de em comum, sem começou. Eu acho
Cachoeira. São datas que a gente distinção e sem deixar ninguém que essa luta foi exatamente
precisa reforçar inclusive aqui na de fora. Só afasta o mal e aí o para provar que o Brasil não foi
Bahia, porque Dois de Julho não bem circula entre todos” descoberto, e sim invadido. E
foi evento tão pontual. É um para nossa libertação essa
JACKSON COSTA, Ator
evento longo, teve muita coisa, Independência se dá na Bahia,
muitas situações. Eventos e para o Brasil. Nós, brasileiros,
personagens que a gente baianos e soteropolitanos somos
tem que valorizar” orgulhosos de poder fazer essa
homenagem nesses 200 anos”
DANIEL SOTO, Artista e pesquisador
LAZZO MATUMBI, Cantor

“Conhecer a “O Dois de “Tem um coisa “Eu penso que

sua história lhe Julho é a importante Dois de Julho
dá sentido, dá afirmação da dentro do é a expressão
perspectiva de Independência desfile do Dois da força
poder lidar com do Brasil na de Julho: a popular. O
ela porque você Bahia. Por isso imprensa foi que povo movendo a
sabe de onde veio. A mesmo que lutei inventou ou história,
história é uma disputa de vários anos para aprovar a lei que provocou os chamados batalhões transformando a Bahia e que
narrativas. Os 200 anos de elevou o Dois de Julho à condição patrióticos, que eram grupos de transformou o Brasil. A história do
Independência são a nossa chance de data nacional. Mais do que civis que desfilavam como uma Brasil seria outra se não fosse o
de contar a nossa história, e que nunca, o nosso hino, os nossos alusão aos batalhões da Dois de Julho. A Bahia foi o único
as gerações futuras saibam que símbolos, nossos heróis e heroínas Independência. O primeiro batalhão lugar que teve luta real”
ela tem o início, que tem um meio precisam ser colocados no que se tem notícia é de um jornal
OLÍVIA SANTANA, Deputada estadual
e tem continuidade” panteão dos heróis da pátria” chamado O Baiano, depois teve
outro chamado O Brasileiro”
SILVIO HUMBERTO, Professor e vereador de Salvador ALICE PORTUGAL, Deputada federal
NELSON CADENA, Diretor de Cultura da Associação Bahiana
de Imprensa (ABI)

“Nessas “Eu faço a “No Dois de “O calendário

comemorações festa dele Julho, gosto de da festa é
de 200 anos (Caboclo), tomar cerveja, amplo, não
da que é um curtir a fica restrito só
Independência presente que comemoração. ao Dois de
do Brasil na eu recebi, e amo Então, a gente vai Julho, inclusive
Bahia é preciso que demais esse para a rua se não é só um feriado
se leve em conta a ligação entre o Caboclo que me foi passado por divertir, conversar e confraternizar e sim foi criado como uma data
acontecimento da Independência e tradição. A Jurema é fundamental, no feriado. Depois a gente se salva magna que está na Constituição
a proteção e a intercessão do não pode faltar em uma festa de pela religião também, pois é o dia da Bahia. Mas a festa tem uma
Senhor do Bonfim. O Senhor do Caboclo. Assim como as frutas dos Caboclos e a gente vai junto diversidade que a gente acaba
Bonfim estava ao lado daqueles também não podem faltar” lá, segurando no pé do Caboclo, não valorizando, como o 5 de
que lutavam pela Independência todo mundo na fé, paz e amor” Julho, que é a volta da Cabocla”
MÃE ÍNDIA, Naadoji vodunó
da Bahia”
ARIELA JAMAICA, Podóloga e garçonete JOSÉ PAULO, Professor de Ciências Biológicas da UFBA
PADRE EDSON, Reitor da Basílica Santuário Senhor do
Bonfim

“Eu penso que “Sou baiana, “Tem 25 anos “Este espaço

as tradições soteropolitana, que trabalho do Convento
religiosas em ea na biblioteca e da Lapa está
torno do Dois expectativa é mais de 30 num
de Julho já vêm grande. A anos que estudo quarteirão que
antes da gente vai sobre os é o epicentro do
Independência, comemorar 200 vaqueiros. Eram conflito e da festa
porque conhecemos pouco sobre anos da Independência do Brasil na homens simples, do campo. pela vitória. Não por acaso Maria
as práticas religiosas que Bahia, homenagear tantos baianos, Vaqueiros eram pequenos Quitéria foi recebida justamente
misturavam elementos das o protagonismo feminino, que foi lavradores que partiram para na entrada do Convento da Lapa,
religiões dos indígenas, dos muito forte na resistência da Bahia. Pirajá para defender este ideal com o povo aguardando, ao lado
africanos e seus descendentes. É uma data em que a gente libertário, para libertar o Brasil do comandante, porque ela era
Então, tudo isso foi se misturando sempre relembra a participação do jugo português” considerada tão importante
e na Independência, veio para desses heróis e heroínas que quanto o comandante”
MIGUEL TELES, Historiador e pesquisador dos Encourados
frente da cena” transcenderam a história” de Pedrão
PATRÍCIA VALIM, Professora do Departamento de História
da UFBA
MILTON MOURA, Professor de História da UFBA JAMILE MENEZES, Jornalista
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SALVADOR
DOMINGO
2/7/2023

MARCO DO BICENTENÁRIO Rodrigo Siqueira, escultor especializado em arte sacra afro-brasileira, criou dez bustos especiais

ARTE A SERVIÇO DOS HERÓIS E

HEROÍNAS DA INDEPENDÊNCIA
PRISCILA DÓREA direto de Maragogipinho, dis- Nacional da Cultura Afro-bra- os Encourados de Pedrão. A das Botas, as Caretas do Min-

M
trito de Aratuípe e o maior pólo sileira à Colônia de Pescadores pesquisa histórica sobre esses gau e o Corneteiro Lopes. Ob-

“
e faltam pala-
vras para des-
crever o quanto
estou feliz nes-
se momento
enquanto artista e profissio-
nal. Materializar os heróis da
Independência do Brasil na Ba-
hia é de uma responsabilidade
tão grande que talvez só com
o passar dos anos eu possa me
dar real conta do que é fazer
parte disso”. A afirmação é do
escultor especializado em arte
sacra afro-brasileira, Rodrigo Si-
queira,autordosdezbustosque
retratam heróis e heroínas da
Independência, criados espe-
cialmente para o bicentenário.
Os bustos foram lançados
oficialmente ontem e farão
parte de uma exposição per-
manente em Salvador – em
local ainda a ser definido pela
Secretaria de Cultura do Estado
da Bahia (Secult-BA). Além dis-
so, as peças vão integrar uma
exposição itinerante, que pas-
sará por diversos municípios
baianos. Para ‘dar vida’ aos
bustos – que têm, em média,
60cm de altura e 40cm de lar-
gura -, o artista precisou de
meia tonelada de argila vinda
de cerâmica para artesanato
da América Latina.
“Acho que a criação e ex-
posição desses bustos devol-
vem aos homens, mulheres,
indígenas, negros e negras es-
sa reparação, essa dignidade.
Marca uma data histórica e é
um ato de reparação. Lembro
do governador Jerônimo [Ro-
drigues] afirmando que pre-
cisamos nos unir para construir
e assim dar voz a essa história
para que possa chegar nos
mais diversos lugares, não só
dentro das fronteiras da Bahia,
mas no Brasil e fora do Brasil.
Afinal, reconhecer o que a his-
tória omitiu é um ato de re-
paração”, afirma Rodrigo.
Proprietário do Brasil Com
Artes (@brasil_com_artes) -
galeria com um grande acervo
de obras criadas por ele -, Ro-
drigo Siqueira também é ar-
tista plástico, ilustrador, figu-
rinista, cenógrafo, designer e
carnavalesco, além de axogun
do Terreiro Ilê Obá L’okê
(@ileobaloke), em Lauro de
Freitas. Ele foi, por exemplo, o
artista responsável pela con-
cepção e produção da escultura
de Iemanjá doada pelo Museu
Para ‘dar vida’ Z1, no centenário da festa do
aos bustos, o Dois de Fevereiro.
O Caboclo e a Cabocla, Ma-
artista precisou ria Quitéria, Joana Angélica,
Maria Felipa, João das Botas,
de meia Caretas do Mingau, Soldado
tonelada de Jacaré, Corneteiro Lopes e os
Encourados de Pedrão: essas
argila vinda de foram as dez personalidades
ligadas à Independência esco-
Maragogipinho, lhidas para ‘ganharem vida’
maior polo de pelas mãos de Rodrigo Siquei-
ra. Todos os bustos exigiram
cerâmica para grande esforço porque as es-
artesanato da culturas são realistas. Logo,
afirma o artista, cada um deles
América Latina possui suas particularidades.
Após esculpir as peças em
argila, o passo seguinte foi re-
produzi-las em fibra de vidro e
resina, que então receberam
pintura automotiva, passando
por uma técnica que faz pa-
Peças farão recer que os bustos foram fun-
parte de uma didos em bronze. A base de
cada um é feita de mármore.
exposição
Foco em poucos
permanente em “Percebemos que, quando se
Salvador e de fala sobre os heróis do Dois de
Julho, são enfatizados, no má-
uma itinerante ximo, quatro personagens:
Joana Angélica, Maria Quité-
pelo interior ria, General Labatut e, às vezes,
heróis avançou muito nos úl-
timos anos, e tentando aten-
der a Lei 10639 e a Lei 11645,
que tornam obrigatória a in-
serção de personagens negros
e indígenas na rede de ensino,
fizemos uma pesquisa sobre
outros heróis e heroínas”, con-
ta o professor, pesquisador e
babalorixá da Casa do Rei e
Senhor das Alturas - o Terreiro
Ilê Obá L’okê -, Vilson Caetano
de Sousa Junior.
Doutor em Ciências Sociais,
pós-doutor em Antropologia,
professor da Escola de Nutrição
da Universidade Federal da Ba-
hia (UFBA) nos cursos de Nu-
trição e Gastronomia, além de
professor permanente do pro-
grama de pós-graduação em
antropologia, também na UF-
BA, Vilson Caetano acrescenta
que a pesquisa contou com a
contribuição de historiadores e
historiadoras, em especial Sér-
gio Guerra Filho. Só depois
desse extenso levantamento,
que durou cerca de três meses,
foi que eles chegaram em fi-
guras como o negro Jacaré, por
exemplo.
“E então o juntamos a ou-
tras, como Maria Felipa, João
servem que tratam-se de figu-
ras como a gente, que ao longo
da história ficaram fora das co-
memorações. A estes acres-
centamos as figuras da Cabo-
cla e também do Caboclo, que
estão nas comemorações des-
de 1823. Conversar sobre es-
tas pessoas e dar visibilidade a
elas ajuda a nos empoderar.
Ajuda a contar a nossa história
como ela de fato foi, a partir de
outro olhar. Do olhar das mu-
lheres, dos africanos e seus
descendentes e dos povos ori-
ginários”, afirma o professor.
A arte é uma linguagem, é
um texto - aponta Vilson Cae-
tano -, que consegue materia-
lizar até os mais profundos sen-
timentos. “Ver a arte é muito
bom, e melhor ainda é se ver
e reconhecer nela. Afinal, so-
mos todos Maria Felipa, so-
mos todos Maria Quitéria e
tantas outras Marias que en-
frentam as desigualdades com
o seu próprio corpo. É como o
próprio Hino ao Dois de Julho
diz: ‘Com tiranos não combi-
nam brasileiros corações’. E
aqui seguimos lutando contra
a tirania dia após dia”, finaliza
Vilson Caetano.

Raphael Muller / Ag. A TARDE/29.06.2023 Olga Leiria / Ag. A TARDE/ 16.06.2023

O Caboclo e a Cabocla, na arte do escultor Rodrigo Siqueira Para Siqueira, exposição dos bustos é ato de reparação

Pavilhão da Lapinha vai ganhar

espaço Memorial ao 2 de Julho
Durante todo o ano, tanto o
Caboclo quanto a Cabocla, as-
sim como as suas carroças, fi-
cam guardados a portas fecha-
das no Pavilhão da Lapinha.
Porém, não mais. Com a inau-
guração do espaço Memorial
ao 2 de Julho, a partir do pró-
ximo dia 6 – após a volta do
Caboclo e da Cabocla a Lapinha
depois dos seus dias na Praça
Dois de Julho, no Largo do
Campo Grande –, eles poderão
ser visitados durante todo o
ano.
O pátio que fica atrás do bar-
racão será usado para ampliar
o pavilhão, e todo o espaço
terativa, com inúmeros ele- obra é assinada pela escultora
mentos visuais recontando os e artista visual soteropolitana
acontecimentos do 2 de julho”, Nádia Taquary.
conta Fernando Guerreiro, pre-
sidente da FGM. PRISCILA DÓREA
“Criar um museu com os
conceitos e configurações mo-
dernas vai fazer dele um lugar
que as pessoas vão visitar atrás Jorge
de informações. Há muito ma- Ramos
terial visual para contar essa integra
história e com os recursos exis- o IGHB
tentes hoje, é possível fazer
algo bonito e agradá-
vel, mas princi-
palmente útil
para que to-
dos possam
Shirley Stolze / Ag A Tarde / 01.03.2022

será utilizado para contar a his- ficar bem in-

tória da festa da Independên-
cia do Brasil na Bahia.
O Caboclo e
a Cabocla Visão privilegiada
Com projeto museológico e ex-
poderão ser pográfico do memorial sob a
responsabilidade da Secreta-
visitados ria Municipal de Cultura e Tu-
durante todo rismo (Secult) e da Fundação
Gregório de Mattos (FGM), o
o ano, e não espaço conta com galerias,
passarelas e mezanino, dando
apenas no aos visitantes uma visão pri-
mês de julho vilegiada dos caboclos. “A ex-
posição permanente do me-
morial, por sua vez, será in-
formados so-
bre o 2 de ju-
lho”, acredita o
jornalista, pesquisa-
dor e membro da Co-
missão de Cultura do Ins-
tituto Geográfico e Histórico da
Bahia (IGHB), Jorge Ramos.
Maria Felipa
E vem mais por aí: no próximo
dia 25 de julho, às 9h, está
programada a entrega do Mo-
numento em Homenagem a
Maria Felipa, na Praça Viscon-
de de Cairu, no Comércio. A
12
Uma das novidades deste ano é o retorno da Seleção Brasileira, que desembarcou nesta semana em Salvador
EM ALTA Competição homenageia bicentenário da Independência
do país na Bahia com número recorde de times inscritos
COPA DOIS DE JULHO
É PRINCIPAL TORNEIO
SUB-15 DO BRASIL
São 257 equipes na 13ª edição da Copa 2 de Julho, desde a fase regional, dividida por zonas, até a fase final, com a separação dos grupos
LINCOLN ORIAJ
A
tradicional Copa 2 de
Julho de futebol
sub-15 chega à 13ª
edição, em 2023, co-
mo um torneio de re-
ferência nas divisões de base
do Brasil. Neste ano, a com-
petição conta com número re-
corde de times inscritos. Ao to-
do, 257 equipes participam
desde a fase regional, dividi-
das por zonas, até a fase final,
com a formação dos grupos.
Organizado pela Superin-
tendência dos Desportos do Es-
tado da Bahia (Sudesb) - au-
tarquia da Secretaria do Tra-
balho, Emprego, Renda e Es-
porte (Setre) - o campeonato é
um dos maiores do país e conta
com o apoio da Federação
Baiana de Futebol (FBF), além
das prefeituras dos municí-
pios-sede.
Uma das novidades para a
edição deste ano é o retorno da
Seleção Brasileira, que já par-
ticipou quatro vezes, conquis-
tando inclusive o bicampeona-
to em 2009 e 2010, quando a
competição ainda era realiza-
da pela categoria sub-17. O ob-
jetivo da equipe comandada
por Dudu Patetuci é se pre-
parar para o Sul-Americano
Sub-15, que será realizado em
novembro.
“Participar da Copa 2 de Ju-
lho, para nós, é uma honra e
vai ser muito importante, por-
que vamos jogar contra equi-
pes que vão exigir da gente um
nível de competitividade alto”,
afirma Patetuci.
“Estamos indo para a 13ª
edição, mais uma Copa 2 de
Julho, e a cada ano vai ficando
melhor. Nós teremos este ano
a presença da Seleção Brasi-
leira, que é um brilho a mais na
Copa”, festeja Sinval Vieira, co-
ordenador de Excelência Es-
portiva da Sudesb.
A fase principal da Copa 2 de
Julho tem início hoje e vai até
o dia 13. Além da Seleção Bra-
sileira, o torneio conta com a
presença de grandes clubes do
cenário nacional, como Atlé-
tico-MG, Bahia, Botafogo, Cea-
rá, Flamengo, Fortaleza, Pal-
meiras, Vitória, entre outros.
Outra novidade deste ano é a
participação do Bolívar, da Bo-
lívia, que vai estrear contra a
Seleção Brasileira.
“Estamos muito empolga-
dos com o início da Copa 2 de
Julho em um ano importante
de celebração da data que no-
meia o torneio. Podemos dizer
que é uma das maiores com-
petições de base do país pelo
número e qualidade das equi-
pes. Além dos vários jogadores
que já disputaram uma Copa
do Mundo e foram revelados
aqui”, destacou Vicente Neto,
diretor-geral da Sudesb.
O titular da Secretaria de Tra-
balho, Emprego, Renda e Es-
porte (Setre), Davidson Maga-
lhães, destaca a importância
do envolvimento dos jovens li-
gados ao esporte.
"A Copa 2 de Julho é a
maior competição sub-15 do
país. Este ano, em especial,
ano do bicentenário da Inde-
pendência do Brasil na Bahia,
nós realizamos uma compe-
tição com mais de 250 equi-
pes, contabilizando as fases
regional, metropolitana e fi-
nal. São mais de 7 mil atletas
envolvidos, aqui computados
os jogadores baianos e os con-
vidados de outros estados.
Somente da Bahia, são mais
de seis mil estudantes de es-
colas públicas e privadas. É
um envolvimento muito gran-
de da juventude, e está se
constituindo uma marca do
calendário do futebol das ca-
tegorias de base nacional. Te-
mos, este ano, inclusive, a
presença da Seleção Brasilei-
ra sub-15, o que dá uma de-
monstração do prestígio que
alcançou a Copa 2 de Julho,
especialmente neste ano do
bicentenário. Dá a dimensão
dessa competição esportiva
que está na agenda do futebol
brasileiro", afirmou.
Fase regional
Inaugurada na edição do ano
passado, a fase regional da Co-
pa 2 de Julho é a oportunidade
para equipes do interior do es-
tado e projetos de iniciação no
futebol disputarem o torneio e
Fotos Marcos Valença / Ag. A TARDE
enfrentarem grandes adversá-
rios. Em 2022, o Canaã venceu
a fase regional de Irecê e che-
gou até a grande decisão, con-
quistando o vice-campeonato
diante do Bahia.
“A felicidade aumenta com o
formato atual, que prestigia os
diversos times do interior e
conta com a participação da
Seleção Brasileira e de grandes
equipes do futebol nacional e
internacional”, afirma Vicente
Neto.
Para este ano, foram defi-
nidas 13 cidades-sede com
mais de 200 municípios en-
volvidos. Cerca de 6 mil ga-
rotos jogaram a fase regional,
todos matriculados em seus
respectivos municípios. Em
Castro Alves, a prefeitura ofe-
receu um incentivo a mais, com
uma bolsa para a manutenção
da seleção local, e o objetivo
foi alcançado, com a classifi-
cação para a fase principal.
Os campeões de cada zona
foram: Ds Academy (Vitória
da Conquista); Seleção de
Castro Alves (Castro Alves);
Seleção de Xique-Xique (Ire-
cê); Itabuna (Ilhéus); Santa
Rita (Barreiras); Seleção de
Eunápolis (Porto Seguro);
Meninos Felizes (Jacobina);
Seleção de Dom Basílio (Cae-
tité); Seleção de Ruy Barbosa
(Ruy Barbosa); Seleção de
Paulo Afonso (Ribeira do Pom-
bal); Seleção de Barra (Ibo-
tirama); Academia Zuarte
SALVADOR
DOMINGO
2/7/2023
APONTE A CÂMERA DE CELULAR E
CONFIRA AS TABELAS DA COPA DOIS
DE JULHO DE FUTEBOL SUB-15
(Riachão do Jacuípe); Seleção
de Santo Sé (Filadélfia).
Equipes internacionais
Além do Bolívar, que neste ano
é o único representante de fora
do Brasil, outras equipes es-
trangeiras já participaram da
Copa 2 de Julho. Em 2008, na
segunda edição da competi-
ção, seis times internacionais
desembarcaram na Bahia.
América e Santos Laguna, do
México; Atlético Maracaibo,
da Venezuela; Oriente Petro-
lero, da Bolívia; Academia, do
Canadá; e Ibiza, da Espanha.
Ao longo dos anos, outros
times e seleções ao redor do
mundo competiram na Copa 2
de Julho: Blooming, Des-
troyers, El Semillero, Torre
Fuerte e Nuevo Horizonte, da
Bolívia; The Village, dos EUA;
Colo-Colo, do Chile; Academia
de Futebol, de Angola; San
Joaquim, da Colômbia; Stan-
ford, da Inglaterra; e as se-
leções chilena e angolana.
Grandes jogadores
Alguns atletas do futebol bra-
sileiro já desfilaram seu futebol
pelos campos da Bahia na dis-
puta da Copa 2 de Julho. De
José Welison e Neílton até Ta-
lisca e Vinícius Júnior jogaram
uma das maiores competições
de base do país.
“A 2 de Julho é quase uma
passagem obrigatória para
muitos atletas formados nos
Além da
Seleção, o
torneio conta
com grandes
clubes do
cenário
nacional
grandes clubes do Brasil. Te-
nho grandes e boas lembran-
ças do ano que disputei. Quem
tiver essa oportunidade, que
aproveite, porque é um celeiro
de talentos e sempre têm mui-
tos olheiros acompanhando a
competição”, recomenda Talis-
ca, que participou da edição de
2010.
“Tive a felicidade de parti-
cipar da Copa 2 de Julho pelo
Santos e chegar à final. Pena
que não fomos campeões, per-
demos para o São Paulo. O
campeonato é muito bom de
jogar e tem visibilidade. Para
quem vai disputar, desejo sor-
te e conquista de coisas gran-
des na carreira”, afirmou Neíl-
ton, vice-campeão em 2012.
Homenagens na
competição
Em comemoração ao bicente-
nário da Independência do
Brasil na Bahia, celebrado ho-
je, a competição preparou al-
gumas homenagens. A baiana
Maria Quitéria, ícone da re-
sistência baiana contra os por-
tugueses, inspirou a “Quiteri-
nha”, mascote da Copa 2 de
Julho.
Além disso, o troféu que será
entregue ao time campeão
também terá referências à bra-
va guerreira que assumiu iden-
tidade masculina e se alistou
no Batalhão dos Periquitos pa-
ra lutar na guerra da indepen-
dência.