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BIBLIOGRAFIA, LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA

REPERCUSSÃO
GERAL 15 ANOS
origens e perspectivas

Maio 2022
Maio de 2022
Secretaria-Geral da Presidência Coordenadoria de Pesquisas Judiciárias
Pedro Felipe de Oliveira Santos Lívia Gil Guimarães
Bruna de Bem Esteves
Gabinete da Presidência
José Carvalho Filho
Patrícia Andrade Neves Pertence
Coordenadoria de Gestão da Informação,
Secretaria de Gestão de Precedentes
Memória Institucional e Museu
Marcelo Ornellas Marchiori
Ana Paula Alencar Oliveira
Coordenadoria de Jurisprudência
Coordenação editorial
Aline Carlos Dourado Braga
Alexandre Reis Siqueira Freire
André Milhomem Araújo de Godoi
Ana Paula Alencar Oliveira
Núcleo de Gerenciamento de Precedentes Luiza Gallo Pestano
Diogo Rodrigues Verneque Lívia Gil Guimarães
Flávia Mendes Mascarenhas Góes Marcelo Ornellas Marchiori
Júlio Luz Sisson de Castro Thiago Gontijo Vieira
Ricardo Abreu de Freitas Machado
Produção editorial
Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e David Duarte Amaral
Gestão da Informação Jorge Luis Villar Peres
Alexandre Reis Siqueira Freire
Revisão de provas editoriais
Coordenadoria de Biblioteca Juliana Silva Pereira de Souza
Luiza Gallo Pestano Márcia Gutierrez Aben-Athar Bemerguy
Amanda de Melo Gomes Rosa Cecilia Freire da Rocha
Beatriz Christi Rossi de Carvalho Mendonça
Capa
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Flávia Coelho Carvalho
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Diagramação
Coordenadoria de Difusão da Informação
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Thiago Gontijo Vieira
Dirceu Moreira do Vale Filho
Eliane Nestor da Silva Santos
Fernando Carneiro Rosa Fortes
Flávia Trigueiro Mendes Patriota
Jean Francisco Corrêa Minuzzi
Paula Roberta Gonçalves de Carvalho Farcic
Soraia de Almeida Miranda

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Supremo Tribunal Federal – Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal)

Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF).


Repercussão geral 15 anos - origens e perspectivas [recurso eletrônico] : bibliografia,
legislação e jurisprudência temática / Supremo Tribunal Federal. – Brasília : STF, Secretaria
de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação, 2022.
eBook (168 p.)
Modo de acesso: <https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/bibliotecaConsultaProdutoBi-
bliotecaBibliografia/anexo/Repercussao_geral_15_anos.pdf>.
ISBN : 978-65-87125-53-4.
1. Repercussão geral, bibliografia. 2. Repercussão geral, jurisprudência. 3. Repercussão
geral, legislação. 4. Recurso extraordinário. 5. Relevância jurídica. 6. Tribunal supremo,
jurisprudência, Brasil. I. Título.
CDDir- 341.4655
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Ministro
LUIZ FUX
Presidente

Ministra
ROSA MARIA PIRES WEBER
Vice-presidente

Ministro
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano

Ministro
ENRIQUE RICARDO LEWANDOWSKI

Ministra
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA

Ministro
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI

Ministro
LUÍS ROBERTO BARROSO

Ministro
LUIZ EDSON FACHIN

Ministro
ALEXANDRE DE MORAES

Ministro
KASSIO NUNES MARQUES

Ministro
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
APRESENTAÇÃO

15 anos de repercussão geral no Supremo Tribunal Federal:


um caso de sucesso

Em 2022, comemoram-se os quinze anos da regulamentação da sistemática da


repercussão geral para a admissibilidade do recurso extraordinário. Exatamente
no dia 3 de maio de 2007, foi publicado no Diário de Justiça o acórdão proferido
pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal na Questão de Ordem no Agravo de
Instrumento 664.567, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, em que se defini-
ram os primeiros passos para a utilização prática da repercussão geral.

Posteriormente a esse marco, o STF editou importantes alterações regimentais


que, conciliadas com a prática de julgamentos, verdadeiramente construíram as
balizas do que hoje se tem sobre a sistemática da repercussão geral. Assim, cons-
tata-se que, mais do que um requisito de admissibilidade, a repercussão geral foi
muito bem organizada pela Corte Suprema brasileira como uma metodologia de
julgamento que permite a construção eficiente de precedentes qualificados e a
identificação de suas etapas de formação, com impacto direto em todas as instân-
cias judiciais e na formação e complementação da pauta de conduta da sociedade.

Nesse contexto, a Secretaria-Geral da Presidência, por meio da Secretaria de


Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação e da Secretaria de Gestão de
Precedentes, reformulou a obra Repercussão Geral: Bibliografia, Legislação e Juris-
prudência Temática, com o objetivo de servir de fonte de consulta rápida e direta
para todos os operadores do direito sobre questões processuais e procedimentais
relativas à repercussão geral, as quais demonstram como foi e está sendo cons-
truída a prática desse importante filtro processual na Suprema Corte brasileira.

Assim, é possível afirmar que a inclusão, na Constituição Federal, da repercus-


são geral como requisito de admissibilidade, realizada pela Emenda Consti-
tucional n. 45, de 30 de dezembro de 2004, e sua regulamentação pela Lei
n. 11.418/2006 foram somente os primeiros passos para uma prática que revo-
lucionou a atuação extraordinária do Supremo Tribunal Federal. Como se observa
no resultado desta obra, bem como na preocupação de bem prestar a jurisdição
constitucional, com julgamentos paradigmáticos de enorme impacto em todo
o sistema de justiça e na sociedade, o STF sempre se reservou a estabelecer
práticas que potencializassem a sistemática de repercussão geral.

Nesse sentido, como principais iniciativas, destaca-se o inovador Plenário Virtual


de deliberação do conhecimento do recurso extraordinário, desenvolvido no ano
de 2007 e considerado a primeira ferramenta eletrônica de julgamento de pro-
cessos do País. Por meio do Plenário Virtual viabilizou-se, com grande eficiência,
a análise pelos ministros do Supremo Tribunal Federal das questões jurídicas
submetidas a julgamento da Corte, para que, colegiadamente, se decidisse sobre
a escolha do julgamento dos processos. Mas não foi apenas isso.

No ano de entrada em vigor da prática da repercussão geral, o Supremo Tribunal


Federal enfrentava o período de maior recebimento de recursos extraordinários
e de agravos de instrumento decorrentes de inadmissão de recursos extraordi-
nários nas instâncias de origem. Ao mesmo tempo, pelo quantitativo enorme
de processos, não era possível julgar os processos na mesma proporção em que
novos processos eram recebidos, como se constata em consulta ao portal Corte
Aberta da Corte Suprema¹, segundo o qual, no ano de 2006, o STF recebeu
122.995 recursos e baixou 75.509, com uma impressionante taxa de aumento
de acervo de 38,6% em relação ao ano anterior.

A partir de 2007, ano da regulamentação da repercussão geral no STF, esses


números mudaram consideravelmente, com uma constante taxa de redução de
acervo nas classes recursais extraordinárias da Corte, que iniciou o mesmo ano
de 2007 com 15,8% de redução, chegando a incríveis 45,7% no ano de 2011.
Além da diminuição de recursos a serem julgados pelo STF, identificou-se uma
queda de recebimento dessas classes, com redução dos já mencionados 122.995
recursos no ano de 2007 para pouco mais de 47.000 em 2020.

Assim, a tendência de constante alta de recebimento de recursos identificada


no início dos anos 2000 foi contida pela implementação eficiente de práticas
procedimentais na sistemática da repercussão geral no âmbito do Supremo
Tribunal Federal. Em linhas gerais, o STF atua em três vertentes: i) reconheci-
mento da repercussão geral com futuro julgamento do recurso pelo Plenário; ii)
reconhecimento da repercussão geral com o julgamento imediato do tema em

1
Brasil. Supremo Tribunal Federal. Corte Aberta. Disponível em: https://transparencia.stf.jus.br/
extensions/corte_aberta/corte_aberta.html. Acesso em: 15 maio 2022.
que identificada a possibilidade de reafirmação de jurisprudência; e iii) reconhe-
cimento da ausência de repercussão geral em recursos que veiculem questões
infraconstitucionais, com recusa imediata do recurso.

Com base nessas práticas, o STF qualifica o seu posicionamento jurisdicional


em dois sentidos: o mérito da questão e a competência para dar a última palavra
sobre o tema.

O reconhecimento da repercussão geral em recurso extraordinário submetido


ao Supremo Tribunal Federal permitirá a formação do precedente de modo dia-
logado com a sociedade. Nesse procedimento, o STF primeiro apresenta o que
será decidido, para, em momento posterior, com a participação do Ministério
Público e de terceiros (amici curiae), julgar a questão, que deverá ser observada
por todos os tribunais e juízes do País.

Em outra vertente, por meio da reafirmação de jurisprudência, o STF, com a sub-


missão de recursos à sistemática da repercussão geral, define, colegiadamente e
no prazo de vinte dias, sua posição sobre questão, em regra, repetitiva, que enseja
o ajuizamento e a interposição de recursos perante o Poder Judiciário. Nessa
hipótese, identificam-se, principalmente, matérias jurídicas definidas pelo STF
em julgamento de classes originárias, como as ações de controle concentrado
de constitucionalidade, o mandado de segurança e o habeas corpus, bem como
a deliberação da Corte, em recursos extraordinários, em momento anterior à
sistemática da repercussão geral.

De modo muito eficiente, é com o reconhecimento da ausência de repercussão


geral em matérias infraconstitucionais que o Supremo Tribunal Federal estabelece
a organicidade do sistema processual brasileiro, definindo o tribunal competente
para declarar a interpretação final da norma. No caso de legislação infracons-
titucional federal, essa incumbência caberá ao Superior Tribunal de Justiça. Já
em relação às leis estaduais ou municipais, com a ausência de repercussão geral
declarada pelo Supremo, a definição soberana sobre o tema caberá aos tribunais
de justiça. A importância dessa prática é destacada pela atuação do STF nos
temas jurídicos em que a Corte se manifestou pela ausência de repercussão geral.
Dos 393 temas dessa categoria, os ministros declararam que 348 não deveriam
ser conhecidos pelo STF, em julgamento de recurso extraordinário, exatamente
porque tratavam de questão infraconstitucional federal ou local.
Com a análise global da prática da repercussão geral cotidianamente aperfei-
çoada pelo STF e dos números dela decorrentes, é possível verificar a sua relevân-
cia para todos os ramos e instâncias do Poder Judiciário, mas, sobretudo, para a
sociedade brasileira. É preciso levar em consideração que a demora na definição
de temas jurídicos pelo Poder Judiciário é causa de litigiosidade. A sistemática
da repercussão geral foi uma das principais responsáveis pela transformação
da atuação extraordinária do STF, com reflexos em todo o sistema de justiça.

A presente obra é lançada pelo Supremo Tribunal Federal em um momento his-


tórico de comemoração dos primeiros quinze anos da regulamentação da siste-
mática da repercussão geral, que terá ápice no evento denominado Repercussão
Geral 15 anos: origens e perspectiva, promovido pela Corte nos dias 25, 26 e 27
de maio de 2022, com a participação de ministros do STF de hoje e de sempre,
ministros dos tribunais superiores, desembargadores, notáveis juristas, além de
contar com a presença de representantes de todos os tribunais brasileiros e dos
órgãos de funções essenciais à justiça (Ministério Público, Defensoria Pública,
Advocacia pública e privada).

O lançamento desta obra é de fato mais uma contribuição do Supremo Tribunal


Federal à sociedade, por permitir a pesquisa direcionada das principais questões
processuais e procedimentais relacionadas à sistemática da repercussão geral e
por auxiliar o público especializado na compreensão da tramitação dos processos
na Corte e dos efeitos desses julgamentos nas demais instâncias e na sociedade.

Brasília, 25 de maio de 2022.

Ministro Luiz Fux


Presidente do Supremo Tribunal Federal

Pedro Felipe de Oliveira Santos


Secretário-Geral da Presidência

Marcelo Ornellas Marchiori


Secretário de Gestão de Precedentes

Alexandre Reis Siqueira Freire


Secretário de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação
SUMÁRIO

Linha do Tempo 10
Situação dos Temas de Repercussão Geral 12
1 – Doutrina 15
2 – Legislação 31
3 – Questões de Ordem 32
4 – Jurisprudência Nacional 41
5 – Jurisprudência Internacional 151
6 – Temas de Repercussão Geral que foram reanalisados pelo
Supremo Tribunal Federal (art. 323-B do RISTF) 162
LINHA DO TEMPO

Emenda Constitucional 45
Inclui o § 3º no art. 102 da
Constituição Federal, o qual prevê a
obrigatoriedade de demonstração
da repercussão geral das questões
discutidas no recurso extraordinário.
Lei 11.418
Acrescenta os arts. 543-A e
543-B ao Código de Processo
Civil, a fim de regulamentar a
repercussão geral.
Emenda Regimental 21
Regulamenta a repercussão geral
no âmbito do Supremo Tribunal
Federal, com a instituição do
Emenda Regimental 23 Plenário Virtual.
Dispõe acerca do sobrestamento,
pelo tribunal de origem, de
recursos extraordinários e de
agravos de instrumento contra
decisões de inadmissibilidade
anteriormente proferidas, até
decisão do STF sobre os recursos Emenda Regimental 24
representativos da controvérsia. Autoriza o Presidente do STF a
decidir recursos com ausência de
preliminar formal e fundamentada
de repercussão geral, bem como
aqueles cuja matéria seja destituída
Emenda Regimental 27 de repercussão geral.
Dispõe sobre a possibilidade de os
tribunais de origem julgarem
prejudicados os agravos de
instrumento contra decisões que não
tenham admitido recursos
extraordinários, quando o acórdão
recorrido estiver em consonância com Emenda Regimental 29
a tese fixada em repercussão geral. Insere, na competência do
Presidente e do Relator, a
convocação de audiências
públicas nos casos em que
houver repercussão geral.
Emenda Regimental 31
Regulamenta, no âmbito do
Plenário Virtual, a declaração de
inexistência de repercussão geral
por ausência de questão
constitucional e as consequências
da não manifestação no prazo.

10 Sumário
Emenda Regimental 41
Prevê a redistribuição do recurso
extraordinário nos casos em que
não prevalecer o posicionamento
do relator no Plenário Virtual.
Emenda Regimental 42
Dispõe sobre a) a livre distribuição
para o julgamento de mérito de
recurso em que reconhecida a
existência de repercussão geral,
quando o Presidente atuar como
relator; b) a reafirmação de
jurisprudência no Plenário Virtual; Emenda Regimental 47
e c) a distribuição ao relator do Prevê a declaração de inexistência
recurso paradigma, por prevenção, de repercussão geral por maioria
de processos relacionados qualificada, quando o relator
ao mesmo tema. declarar a matéria
infraconstitucional.

Emenda Regimental 49
Prevê a redistribuição do processo,
para exame de mérito, nos casos
em que o relator ficar vencido na
análise da repercussão geral.
Lei 13.105
Novo Código de Processo Civil.

Emenda Regimental 52
Prevê a possibilidade de
julgamento, em listas, de mérito de
repercussão geral, com fundamento
em jurisprudência dominante. Emenda Regimental 53
Estabelece a preferência de
julgamento eletrônico de
processos com repercussão geral
reconhecida, nos casos em que
houver jurisprudência dominante.
Emenda Regimental 54
Permite que outro ministro, que não o
relator, proponha a reafirmação da
jurisprudência. Também dispõe sobre
a) maioria absoluta para a decisão
quanto à natureza constitucional ou
infraconstitucional, para fins de
repercussão geral; b) consequências
da ausência de quórum de votação; c)
registro prévio dos recursos
representativos da controvérsia e
recursos especiais repetitivos ao
Ministro Presidente; d) negativa de
repercussão geral com eficácia para o
caso concreto; e e) revisão do
reconhecimento da repercussão geral.

11 Sumário
SITUAÇÃO DOS TEMAS DE REPERCUSSÃO GERAL

Para a ampla e específica divulgação da deliberação do Supremo Tribunal Federal


sobre as questões submetidas à sistemática da repercussão geral, exige-se a
organização dos temas em situações que possibilitem a identificação assertiva
sobre qual será o reflexo da decisão do STF em outros processos que veiculem
mesma matéria de direito. Nesse sentido, as situações dos temas de repercussão
geral indicam o momento em que se encontra o processo no curso da formação
do precedente qualificado.

A seguir, destacam-se as situações dos temas de repercussão geral, com a expli-


cação de cada situação.

Em julgamento

Tema de repercussão geral que teve


o julgamento de admissibilidade ini-
ciado no Plenário Virtual da Reper-
cussão Geral. O prazo de julgamento
é de 20 dias corridos, que ficam sus-
pensos apenas nos recessos forenses
Destacado
(janeiro, julho e entre os dias 20 e 31
de dezembro). Durante o julgamento, Tema de repercussão geral que, após
os Ministros se manifestam por meio iniciada sua apreciação, foi destacado
de votação eletrônica sobre: a) a exis- por determinação do Ministro Relator
tência ou não de questão constitucio- ou do respectivo órgão julgador e terá
nal a ser apreciada; b) a existência ou prosseguimento em momento futuro.
não da repercussão geral para o tema
proposto; c) a possibilidade de rea-
firmação de jurisprudência, nos casos
em que indicado pelo Relator ou por
outro Ministro.

12 Sumário
Analisada preliminar de
repercussão geral

Finalização da análise colegiada da


admissibilidade de recurso extraor-
dinário em relação ao requisito da
repercussão geral. Situação inter-
mediária entre a finalização da apre-
ciação da preliminar de repercussão
geral no Plenário Virtual e a publica-
ção do respectivo acórdão.
Acórdão de repercussão
geral publicado

Divulgação da análise colegiada da


admissibilidade de recurso extraor-
dinário em relação ao requisito da
repercussão geral, por meio de acór-
dão específico.
Mérito julgado

Indica que o tema foi julgado pelo Ple-


nário do Supremo Tribunal Federal,
presencial ou virtual. O Tema é con-
siderado como "julgado" na data da
sessão em que foi concluído o julga-
mento do processo paradigma.

Acórdão de mérito publicado

Publicação do acórdão de mérito rela-


tivo ao tema de repercussão geral.

Trânsito em julgado

Trânsito em julgado do acórdão que


julgou o mérito do tema objeto do
processo submetido à sistemática
da repercussão geral.

13 Sumário
Aguarda substituição de paradigma

Situação indicativa de que o tema de


repercussão geral perdeu a vinculação
ao processo devido à desafetação do
feito da sistemática. Suspende-se a
apreciação do tema no aguardo da
substituição do processo por um novo
recurso extraordinário que permita a
Cancelado
discussão do mesmo tema jurídico.
Tema de repercussão geral que, após
iniciada sua apreciação, foi cancelado
por determinação do Ministro Relator
ou do Plenário do Supremo Tribunal
Revisado
Federal e não terá prosseguimento.
Tema revisado pelo Plenário do
Supremo Tribunal Federal, nos termos
do art. 986 do CPC. Essa situação
possibilita a identificação de altera-
ção do entendimento anteriormente
adotado, permitindo, assim, o acom-
panhamento histórico e sistemati-
zado da matéria.

14 Sumário
1 – DOUTRINA

1. ALBUQUERQUE, Leonidas Cabral. Da Repercussão Geral no recurso extraor-


dinário como mecanismo de filtragem para o julgamento do mérito recursal.
In: CAPPELLARI, Álisson dos Santos; GARCIA, Antonio Fernando Monteiro;
SANT’ANNA, Marcelo Nicolaiewski (org.). Direito & Mercado. Porto Alegre:
Livr. do Advogado, 2015. v. 1, p. 195-222. [1037135] SEN PGR TST (DIG)

2. ALMEIDA, Ursula Ribeiro de. Writ of Certiorari do direito estadunidense =


Writ of Certiorari of the United States law. Revista de Processo, São Paulo,
v. 42, n. 266, p. 483-515, abr. 2017. Conteúdo: O Writ of Certiorari como parâ-
metro para aprimoramento da Repercussão Geral do direito brasileiro.
[1100122] PGR STJ STM TJD TST STF (DIG)

3. ALVIM, Arruda. Repercussão Geral: impressões gerais e perspectivas. In:


DANTAS, Bruno; FREIRE, Alexandre; FUX, Luiz (coord.). Repercussão Geral
da questão constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 107-128; Revista
da Academia Paulista de Direito, São Paulo, v. 3, n. 5, p. 63-88, jan./jun. 2013.
[984312] SEN CAM AGU TCD TJD STF 341.4655 R425 RGQ (DIG)

4. ALVIM, Teresa Arruda; DANTAS, Bruno. Recurso especial, recurso extraor-


dinário e a nova função dos tribunais superiores: precedentes no direito
brasileiro. 6. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.
654 p. Conteúdo: A função do Poder judiciário e especialmente dos tribu-
nais superiores. Criação e controle de juridicidade da decisão judicial no
direito contemporâneo. Precedentes à brasileira: precedentes vinculantes
no Novo Código de Processo Civil: generalidades. Recurso extraordinário e
recurso especial: núcleo comum. Recurso especial e recurso extraordinário:
uma visão mais aprofundada. Situações que envolvem ambos os recursos.
Embargos de divergência nos recursos extraordinário e especial. [1159836]
STJ TJD TST

5. ALVIM, Teresa Arruda; DANTAS, Bruno. Remarks on the Supreme Court


Appellate Jurisdiction in Brazil and Argentina: certiorari. International Jour-
nal of Procedural Law, Chicago, v. 8, n. 2, p. 272-286, 2018. HeinOnline. STF

6. ANDRADE, Fábio Martins de; LORENZONI, Brunno Ribeiro; ROSAURO,


Mariana Zechin. A necessária aplicação do resultado do RE 240.785 ao RE
574.706. Revista Fórum de Direito Tributário, Belo Horizonte, v. 14, n. 82,
p. 109-122, jul./ago. 2016. Conteúdo: Da vigência do NCPC e da uniformiza-
ção da jurisprudência. Da necessária aplicação do resultado do RE 240.785

15 Sumário
em virtude da vigência do NCPC. Do entendimento convergente da PGFN.
Da precedência do RE 240.785 à EC 45/04. Do objetivo do STF ao eleger o
RE 574.706 para reconhecimento da Repercussão Geral do tema. A Reper-
cussão Geral como Instituto processual voltado à resolução de temas, e não
de recursos individualmente considerados. Exemplos de recente aplicação
pelo STF que corroboram a necessidade de se aplicar as normas do NCPC.
[1079520] AGU CLD STJ TCD TJD STF (DIG)

7. ANGELIS, Daniela de. Writ of Certiorari e Repercussão Geral no recurso


extraordinário: considerações acerca da discricionaridade das supremas
cortes norte americana e brasileira = Writ of Certiorari and general reper-
cussion requirement: considerations about discretion of american and
brazilian supreme courts. Publicações da Escola da AGU, Brasília, n. 16, p.
117-130, mar. 2012. Disponível em: https://seer.agu.gov.br/index.php/EAGU/
article/view/1651. Acesso em: 10 maio 2022. [1102168] AGU (DIG)

8. AURELLI, Arlete Inês; PANTALEÃO, Izabel Cristina Pinheiro Cardoso. A


Repercussão Geral como requisito de admissibilidade do recurso especial:
medida adequada? = General repercussion as a requirement of admissi-
bility for the special appeal: is it an adequate measure? In: ALVIM, Angé-
lica Arruda; NERY JUNIOR, Nelson; WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al.
(coord.). Aspectos polêmicos e atuais dos recursos cíveis: e assuntos afins.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. p. 45-75. Conteúdo: Fundamentos
apresentados para a introdução da Repercussão Geral como requisito de
admissibilidade do recurso especial. A função do Superior Tribunal de Jus-
tiça. O papel da Repercussão Geral. Proposta de Emenda Constitucional
de relevância da questão federal para o recurso especial. A relevância da
questão federal para o recurso especial e o CPC/2015. [1142158] TJD STF
341.4655 A838 APA (DIG)

9. BARROSO, Luís Roberto; REGO, Frederico Montedonio. Como salvar o sis-


tema de Repercussão Geral: transparência, eficiência e realismo na esco-
lha do que o Supremo Tribunal Federal vai julgar = How to save the general
repercussion system: transparency, efficiency and realism in case selection
by the Brazilian Federal Supreme Court. Revista Brasileira de Políticas
Públicas, Brasília, v. 7, n. 3, p. 695-713, dez. 2017. Disponível em: https://
www.publicacoesacademicas.uniceub.br/RBPP/article/view/4824. Acesso
em: 10 maio 2022. [1171032]

10. BERMAN, José Guilherme. Repercussão Geral no recurso extraordinário. 2.


ed. rev. e atual. de acordo com o Novo Código de Processo Civil. Curitiba:
Juruá, 2016. 199 p. Originalmente apresentada como dissertação de mes-

16 Sumário
trado, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2006. Conteúdo:
Brasil: Trajetória histórica do controle de constitucionalidade brasileiro. O
recurso extraordinário. O recurso geral. Crítica à fórmula adotada: o recurso
extraordinário como mecanismo de proteção aos direitos fundamentais. O
Writ of Certiorari e a Repercussão Geral. [1079483] SEN CAM TST

11. CARVALHAL, Ana Paula. Repercussão Geral retoma seu curso com o novo
Código de processo civil. Repertório IOB de Jurisprudência: civil, proces-
sual, penal e comercial, São Paulo, n. 5, p. 165-163, 1. quinz. mar. 2020. Revista
Síntese de Direito Civil e Processual Civil, Porto Alegre, v. 19, n. 110, p. 79-83,
nov./dez. 2017. [1114923] SEN CAM AGU STJ TJD TST STF

12. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Os impactos da Repercussão Geral


do recurso extraordinário na jurisdição constitucional brasileira. Direito
Público, Brasília, v. 7, n. 30, p. 212-225, nov./dez. 2009. Conteúdo: Do estado
de direito ao estado constitucional de direito. As fases da jurisdição cons-
titucional no Brasil. A crise do Judiciário e a proposta de solução. Teoria da
Repercussão Geral do recurso extraordinário. Os impactos da Repercussão
Geral na jurisdição constitucional. [945533] SEN TST STF (DIG)

13. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Repercussão Geral: balanço e pers-
pectivas. São Paulo: Almedina, 2015. 105 p. (Série Monografias). Conteúdo:
A Repercussão Geral do recurso extraordinário como meio de promoção do
acesso à justiça. A Repercussão Geral como meio de repartição de compe-
tências constitucionais. [1044293] SEN STJ TJD

14. COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. A Repercussão Geral no Supremo Tribu-


nal Federal do Brasil: tema novo ou variação recorrente do papel das supre-
mas cortes? In: PAULSEN, Leandro (coord.). Repercussão Geral no recurso
extraordinário: estudos em homenagem à Ministra Ellen Gracie. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2011. p. 119-134. [916139] SEN MJU STJ TJD TST
STF 341.4655 N874 RGR (DIG)

15. CÔRTES, Osmar Mendes Paixão. A evolução da Repercussão Geral. In: NERY
JUNIOR, Nelson; OLIVEIRA, Pedro Miranda de; WAMBIER, Teresa Arruda
Alvim (coord.); FREIRE, Alexandre et al. Aspectos polêmicos dos recursos
cíveis e assuntos afins. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018. p. 295-312.
[1174816] PGR STJ TJD TST

16. CÔRTES, Osmar Mendes Paixão. Transcendência x Repercussão Geral.


Revista LTr: legislação do trabalho, São Paulo, v. 81, n. 9, p. 1075-1080, set.

17 Sumário
2017. Revista Eletrônica do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região,
Curitiba, v. 10, n. 92, p. 72-81, set. 2020. Conteúdo: Semelhanças e diferen-
ças entre a transcendência e a Repercussão Geral. Disponível em: https://
juslaboris.tst.jus.br/handle/20.500.12178/123412. Acesso em: 10 maio 2022.
[1108403] CAM STJ TJD TST STF (DIG)

17. COSTA, Arthur de Oliveira Calaça; OLIVEIRA, Karen França de. A análise do
requisito de admissibilidade da Repercussão Geral nos recursos extraor-
dinários pelo STF, dever de fundamentação e sua relação com o Writ of
Certiorari norte-americano. Revista dos Estudantes de Direito da Univer-
sidade de Brasília, Brasília, n. 12, p. 249-270, 2016. Disponível em: https://
periodicos.unb.br/index.php/redunb/article/view/13523/18684. Acesso
em: 10 maio 2022. [1184277] STF (DIG)

18. CRAMER, Ronaldo. Precedentes judiciais: teoria e dinâmica. Rio de Janeiro:


Forense, 2016. 236 p. Sumário disponível em: https://bdjur.stj.jus.br/jspui/
bitstream/2011/106399/precedentes_judiciais_teoria_cramer.pdf. Acesso
em: 10 maio 2022. [1074936] SEN PGR AGU STJ STM TCD TJD TST STF
341.4651 C889 PJT

19. DANTAS, Bruno. Repercussão Geral: perspectivas histórica, dogmática


e de direito comparado: questões processuais. 3. ed. rev. atual. e ampl.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. 384 p. (Série recursos no processo
civil, 18). Conteúdo: Aspectos históricos e políticos do recurso extraordiná-
rio. O direito estrangeiro como fonte de inspiração da Repercussão Geral.
Aspectos processuais do recurso extraordinário. Da Repercussão Geral:
aspectos constitucionais. Da Repercussão Geral: contornos infraconstitu-
cionais. Estudo comparado sobre o tratamento dado à Repercussão Geral
no Direito dos Estados Unidos, Alemanha, Argentina, Inglaterra, Canadá,
Austrália e Japão. Sumário disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/dspace/
handle/2011/48326. Acesso em: 10 maio 2022. [936548] SEN STJ TJD TST
STF 341.4655 D192 RGP 3.ED

20. DANTAS, Bruno; LEMES, Hugo. A ressignificação da reclamação e o conceito


de “esgotamento de instância” previsto no art. 988, § 5º, II, do CPC/2015:
um novo requisito de procedibilidade instituído pela minirreforma do CPC
2015. In: MARINONI, Luiz Guilherme; SARLET, Ingo Wolfgang (coord.); CRE-
MONESE, Cleverton; PESSOA, Paula (org.). Processo constitucional. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2019. p. 669-688. Conteúdo: Nova hipótese de
admissibilidade condicionada da reclamação (Repercussão Geral e recursos
repetitivos. Art. 988, § 5º, II). [1171962] SEN STJ TCD TST CAM STF 341.2563
P963 PRO (DIG)

18 Sumário
21. DECOMAIN, Pedro Roberto. Repercussão Geral: antecedentes e Institutos
afins. Revista Dialética de Direito Processual, São Paulo, n. 123, p. 97-116,
jun. 2013. [974401] SEN CAM STJ TJD TST STF (DIG)

22. DIAS, Ricardo Gueiros Bernardes; DELLAQUA, Leonardo Goldner. Reper-


cussão Geral: superação de filtros ocultos e vinculação das teses em abs-
trato = Overcoming hidden filter and linking theses in abstract. Revista Bra-
sileira de Direito Processual, Uberaba, v. 27, n. 106, p. 281-297, abr./jun. 2019.
Conteúdo: Artigo 102, § 3º da CF/88. Momento adequado para a análise
da Repercussão Geral. Enquadramento do tema em sede de Repercussão
Geral. [1153446] SEN STJ TJD AGU STF (DIG)

23. FACHIN, Luiz Edson; FORTES, Luiz Henrique Krassuski. Fundamentação


da Repercussão Geral da questão constitucional. In: DANTAS, Bruno et al.
Questões relevantes sobre recursos, ações de impugnação e mecanismos
de uniformização da jurisprudência. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.
p. 161-166. [1114208] SEN STF 341.46 Q5 QRS (DIG)

24. FACHIN, Luiz Edson; FORTES, Luiz Henrique Krassuski. Repercussão Geral
do recurso extraordinário: transcendência e relevância da questão constitu-
cional. In: MENDES, Aluisio Gonçalves de Castro et al (coord.). O novo pro-
cesso civil brasileiro: temas relevantes, estudos em homenagem ao profes-
sor, jurista e Ministro Luiz Fux. 1. ed. Rio de Janeiro: GZ, 2018. v. 2, p. 115-134.
Conteúdo: Jurisdição recursal extraordinária e a Repercussão Geral: inexis-
tência de direito à cognoscibilidade do recurso pela mera sucumbência. A
fundamentação adequada da decisão que reconhece a deficiência de fun-
damentação analítica da preliminar de Repercussão Geral e a sua recorribili-
dade mediante agravo interno. [1134545] STJ STF 341.46 N945 NOP V2 (DIG)

25. FERRAZ, Taís Schilling. O precedente na jurisdição constitucional: cons-


trução e eficácia do julgamento da questão com Repercussão Geral. São
Paulo: Saraiva, 2017. 341 p. Originalmente apresentada como dissertação
de mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Con-
teúdo: Efeitos da decisão da questão constitucional de Repercussão Geral:
O processo de aplicação aos processos múltiplos do preceito originado da
decisão de questão constitucional de Repercussão Geral: alguns princípios
a observar em um modelo brasileiro de aplicação dos precedentes. A obser-
vância do precedente para além da fase do recurso extraordinário. Técnicas
para identificar situações em que não se aplica um precedente: A técnica do
distinguishing. A revogação de um precedente (overruling). O impacto do
Código de processo civil atual no regime da Repercussão Geral. [1102806]
STJ TJD TST STF 341.4655 F381 PJC

19 Sumário
26. FERREIRA, William Santos. As garantias constitucionais do jurisdicionado e
a competência nas tutelas de urgência: um enfrentamento positivo. In: FUX,
Luiz; NERY JUNIOR, Nelson; ALVIM, Teresa Arruda. Processo e Constitui-
ção: 75 anos: estudos em homenagem ao professor José Carlos Barbosa
Moreira. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 627-655. [1080339] SEN
CAM STJ TJD TST STF 341.408 M838 PRC (DIG)

27. FREIRE, Alonso Reis; OMMATI, José Emílio Medauar. A Repercussão Geral
e o (novo) perfil do Supremo Tribunal Federal. In: DANTAS, Bruno; FREIRE,
Alexandre; FUX, Luiz (coord.). Repercussão Geral da questão constitucio-
nal. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 1-25. [1033081] SEN CAM AGU PGR TCD
TJD TST STF 341.4655 R425 RGQ (DIG)

28. FREITAS JÚNIOR, Horival Marques de. Repercussão Geral das questões
constitucionais: sua aplicação pelo Supremo Tribunal Federal. São Paulo:
Malheiros, 2015. 271 p. Originalmente apresentada como dissertação de
mestrado, Universidade de São Paulo. Conteúdo: O Supremo Tribunal
Federal no período republicano: origem, tendências atuais e sua função no
âmbito de julgamento do recurso extraordinário. Antecedentes da Reper-
cussão Geral. Procedimento da Repercussão Geral. Julgamento de recursos
múltiplos (ou repetitivos), art. 543-b do CPC-1973 (arts. 1.036 a 1.041 do novo
CPC). Sumário disponível em: http://www.senado.gov.br/senado/bibliote-
ca-rotinas/servicos/getDOCUMENTO.asp?num=1048533. Acesso em: 10
maio 2022. [1048533] SEN CAM PGR TJD TST

29. FREITAS, Marina Cardoso de. A Repercussão Geral nos recursos extraor-
dinários: como o STF tem aplicado esse Instituto? In: ROSILHO, André;
VOJVODIC, Adriana (org.). Jurisdição constitucional no Brasil. São Paulo:
Malheiros, 2012. p. 228-244. [974809] AGU CLD STJ TCD TJD TST STF 341.2
J95 JCB (DIG)

30. FUCK, Luciano Felício. O Supremo Tribunal Federal e a Repercussão Geral.


Revista de Processo, São Paulo, v. 35, n. 181, p. 9-37, mar. 2010. [887854] SEN
CAM MJU STJ STM TJD TST STF (DIG)

31. FUX, Luiz. Poder do relator para decidir sobre o sobrestamento dos proces-
sos pendentes (art. 1.035, § 5º, CPC). Questão de Ordem na Repercussão
Geral no Recurso Extraordinário 966.177. In: MARINONI, Luiz Guilherme;
SARLET, Ingo Wolfgang (coord.); CREMONESE, Cleverton; PESSOA, Paula
(org.). Processo constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.
p. 767-796. [1149470] SEN CAM STJ TCD TST STF 341.2563 P963 PRO (DIG)

20 Sumário
32. FUX, Luiz; FREIRE, Alexandre; DANTAS, Bruno (coord.). Repercussão Geral
da questão constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2014. 668 p. Sumário
disponível em: http://www.senado.gov.br/senado/biblioteca-rotinas/servi-
cos/getDocumento.asp?num=1014450. Acesso em: 10 maio 2022. [1014450]
SEN TCD TJD TST CAM AGU PGR STF 341.4655 R425 RGQ

33. GARCIA, Leonardo; ROCHA, Roberval (coord.); PORTO, José Roberto Mello
(org.). Repercussão Geral: Supremo Tribunal Federal. Recursos repetitivos:
Superior Tribunal de Justiça. 6. ed. rev. atual. ampl. Salvador: JusPODIVM,
2018. 533 p. [1140213] PGR TJD

34. JUSTEN FILHO, Marçal; GODOY, Miguel Gualano de. Supremo e contradi-
tório: a necessária revisão do tema 424 da Repercussão Geral e o prece-
dente ARE 639.228. In: MARINONI, Luiz Guilherme; SARLET, Ingo Wolfgang
(coord.); CREMONESE, Cleverton; PESSOA, Paula (org.). Processo constitu-
cional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019. p. 949-960. Conteúdo: A cen-
tralidade do Supremo Tribunal Federal. A Constituição de 1988, o direito fun-
damental ao contraditório e o Supremo Tribunal Federal. O precedente ARE
639. 228 – tema 424 da Repercussão Geral (Rel. Min. Cezar Peluso). A neces-
sária revisão do tema 424 da Repercussão Geral, precedente ARE 639.228.
A consequência prática da orientação do STF no tema 424 da Repercussão
Geral – precedente ARE 639.228. Como mudar, mas ao mesmo tempo evitar
a proliferação de recursos e a ordinarização da jurisdição constitucional do
STF? [1172082] SEN CAM STJ TCD TST STF 341.2563 P963 PRO

35. KOZIKOSKI, Sandro Marcelo. Recurso extraordinário e repercussão geral.


In: CLÈVE, Clèmerson Merlin (coord.). Direito constitucional brasileiro. 2.
ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2021. v. 2. p. 804-831.
[1214507] STJ STF 341.2 D598 DRC 2.ED. V2

36. LEITÃO, Cristina Bichels. Repercussão geral e autocontenção na Suprema


Corte Brasileira = General repercussions and self-restraint in the Brazilian
Supreme Court. Revista de Processo, São Paulo, v. 47, n. 323, p. 179-198, jan.
2022. RTOnline. [1209982] SEN STJ STF (DIG)

37. LOBATO, Anderson Orestes Cavalcante; ORTIZ, Rodrigo Meireles. Análise


da Repercussão Geral após 10 anos de aplicação: avanços, desafios e diag-
nóstico em números = Analysis of the general repercussion after 10 years
of application: advances, challenges and diagnosis in numbers. Revista Ele-
trônica Direito e Política, Itajaí, v. 14, n. 2, p. 169-191, 2019. Disponível em:
https://docplayer.com.br/225086156-Analise-da-repercussao-geral-apos-
-10-anos-de-aplicacao-avancos-desafios-e-diagnostico-em-numeros.html.
Acesso em: 10 maio 2022. [1165754]
21 Sumário
38. MARCHIORI, Marcelo Ornellas; BRAGA, Aline Carlos Dourado. A valorização
dos precedentes judiciais no Brasil e a consequente redução da disfunciona-
lidade do sistema de julgamento repetitivo de idênticas questões de direito.
Revista Diretriz: precedentes qualificados do TJAP, Macapá, n. 2, p. 74-92,
abr. 2022. Disponível em: https://www.tjap.jus.br/portal/images/NUGEP-
NAC/Revista_Diretriz_-_Ed_2_compressed.pdf. Acesso em: 16 maio 2022.

39. MARCHIORI, Marcelo Ornellas; FARIA, Rodrigo Martins. O microssistema de


precedentes vinculantes na prática. Revista Diretriz: precedentes qualifica-
dos do TJAP, Macapá, n. 2, p. 32-44, abr. 2022. Disponível em: https://www.
tjap.jus.br/portal/images/NUGEPNAC/Revista_Diretriz_-_Ed_2_compres-
sed.pdf. Acesso em: 16 maio 2022.

40. MARCHIORI, Marcelo Ornellas. O modelo criativo e funcional do sistema


de precedentes brasileiro: proposta para atuação unificada da repercussão
geral e dos recursos repetitivos. In: MENDES, Aluisio de Castro; PORTO,
José Roberto Mello (coord.). Incidente de resolução de demandas repe-
titivas: panorama e perspectivas. Salvador: Juspodivm, 2020. p. 243-268.
[1180668] SEN STJ TJD

41. MANCUSO, Rodolfo de Camargo; POLITANO, Vanessa Chacur. Análise crí-


tica do Instituto da Repercussão Geral da atual sistemática processual:
necessidade de tomada de ações preventivas. In: FUX, Luiz; FREIRE, Alexan-
dre; DANTAS, Bruno (coord.). Repercussão Geral da questão constitucio-
nal. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 593-613. [1033565] SEN CAM AGU TCD
TJD TST STF 341.4655 R425 RGQ (DIG)

42. MARINONI, Luiz Guilherme. Da repercussão geral: o uso virtuoso do poder


de não decidir. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2022. 159 p. Biblioteca
Digital Proview. Disponível em: https://proview.thomsonreuters.com/
launchapp/title/rt/monografias/280402376/v1/page/1. Acesso em: 9 maio
2022. Acesso exclusivo para servidores do STF. [1209915] STF

43. MARINONI, Luiz Guilherme. O problema do significado dos precedentes


constitucionais. In: CLÈVE, Clèmerson Merlin (coord.). Direito constitucio-
nal brasileiro. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2021.
v. 1, p. 860-876. [1211168] STJ TJD STF 341.2 D598 DRC 2.ED. V1

44. MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Repercussão Geral no


recurso extraordinário. 3. ed. rev. atual. São Paulo: Revista dos Tribunais,

22 Sumário
2013. 109 p. Conteúdo: A Repercussão Geral em processos com idêntica con-
trovérsia. [955242] SEN STJ STM TJD TST STF 341.4655 M339 RGR 3.ED.

45. MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Recurso extraordinário


e recurso especial: do jus litigatoris ao jus constitutionis. 2. ed. rev. atual.
ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020. 359 p. Conteúdo: O STF e o STJ
como cortes supremas. O recurso extraordinário e o recurso especial: perfil
dogmático, perfil procedimental, perfil decisório. [1172979] SEN STJ TJD STF
341.4655 M339 RER 2.ED.

46. MATTA, Darilê Marques da. Repercussão Geral no Supremo Tribunal. São
Paulo: Tirant Brasil, 2018. 321 p. (Coleção Novo Código de Processo Civil, 6).
[1194081] STF

47. MEDINA, Damares. A “Repercussão Geral” e as mudanças estruturais do


processo decisório no Supremo Tribunal Federal = “General repercussion”
and structurals process changes in the decision making of the brazilian
Supreme Federal Court. Revista de Processo Comparado, São Paulo, n. 2,
p. 327-334, jul./dez. 2015. [1074636] PGR STJ

48. MEDINA, Damares. A Repercussão Geral no Supremo Tribunal Federal.


São Paulo: Saraiva, 2016. 294 p. (Série IDP. Linha acadêmica). Originalmente
apresentada como tese de doutorado, Universidade Presbiteriana Macken-
zie. Conteúdo: A Repercussão Geral no Supremo Tribunal Federal. Compor-
tamento decisório no exame da Repercussão Geral: Perfil ampliativo: Minis-
tro Marco Aurélio. Ministro Gilmar Mendes. Ministro Ayres Britto. Ministro
Dias Toffoli. Ministro Ricardo Lewandowski. Ministro Luiz Fux. Ministra Ellen
Gracie. Ministra Rosa Weber. Perfil moderado: Ministro Celso de Mello.
Ministra Cármen Lúcia. Ministro Joaquim Barbosa. Perfil restritivo: Ministro
Menezes Direito. Ministro Eros Grau. Ministro Roberto Barroso. Ministro
Teori Zavascki. Ministro Cezar Peluso. [1072371] PGR TJD STF 341.4655
M491 RGS

49. MEDINA, José Miguel Garcia. Prequestionamento, Repercussão Geral da


questão constitucional, relevância da questão federal: admissibilidade,
processamento e julgamento dos recursos extraordinário e especial. 7.
ed. rev. ampl. e atual. de acordo com a Lei 13.105/2015 (novo CPC) e a Lei
13.256/2016 (regras sobre os recursos extraordinário e especial e outros
meios de impugnação às decisões judiciais). São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 2017. 395 p. [1099492] CAM MJU PGR STJ TJD TST STF 341.4655 M491
PRE 7.ED.

23 Sumário
50. MEDINA, José Miguel Garcia; GUIMARÃES, Rafael de Oliveira; FREIRE, Ale-
xandre. Da Repercussão Geral: evolução e críticas ao Instituto. In: DANTAS,
Bruno; FREIRE, Alexandre; FUX, Luiz (coord.). Repercussão Geral da ques-
tão constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 351-376. Conteúdo: A
Repercussão Geral no ordenamento jurídico brasileiro. [1033314] SEN CAM
AGU PGR TCD TJD TST STF 341.4655 R425 RGQ (DIG)

51. MELLO, Marco Aurélio. A eficácia do recurso extraordinário. In: MELLO,


Marco Aurélio; CAMPOS, Carlos Alexandre de Azevedo; PRADO, Vinícius de
Andrade (org.). Escritos de direito público contemporâneo. Salvador: Jus-
PODIVM, 2021. p. 229-236. [1205757] CAM STJ TCD STF 341 M527 EDP

52. MELLO, Marco Aurélio. Juízo de admissibilidade do recurso extraordiná-


rio no novo Código de Processo Civil. In: MELLO, Marco Aurélio; CAMPOS,
Carlos Alexandre de Azevedo; PRADO, Vinícius de Andrade (org.). Escritos
de direito público contemporâneo. Salvador: JusPODIVM, 2021. p. 259-273.
[1205758] CAM STJ TCD STF 341 M527 EDP

53. MENDES, Gilmar Ferreira. Mecanismos de celeridade e simplificação da


prestação jurisdicional: breve análise da Repercussão Geral e da súmula
vinculante. In: FRANCO FILHO, Georgenor de Sousa (coord.). Direito e pro-
cesso do trabalho em transformação. 2. tiragem. Rio de Janeiro: Elsevier:
Campus, 2007. p. 85-111. [923786] SEN AGU MJU STJ TST STF 341.688 D598
DPT 2.TIR. (DIG)

54. MENDES, Gilmar Ferreira. Reforma do sistema judiciário no Brasil: Reper-


cussão Geral e racionalização judicial. In: MARTINS FILHO, Ives Gandra da
Silva (coord.); PEREIRA, João Batista Brito. A efetividade do direito e do pro-
cesso do trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier, Campus Jurídico, 2010. p. 103-107.
[1043134] SEN STJ TJD TST STF 341.6 E27 EDP (DIG)

55. MENDES, Gilmar Ferreira; FUCK, Luciano Felício. O novo CPC e o recurso
extraordinário = New CPC and the “extraordinary” appeal. Revista de Pro-
cesso, São Paulo, v. 41, n. 261, p. 263-279, nov. 2016. Conteúdo: Fungibilidade
entre recurso especial e recurso extraordinário. Expansão do cabimento da
reclamação. Extinção do exame de admissibilidade na origem. Ampliação
do agravo em recurso extraordinário. [1081478] SEN PGR STJ STM TJD TST
STF (DIG)

56. MONNERAT, Fábio Victor da Fonte. Súmulas e precedentes qualificados:


técnicas de formação e aplicação. São Paulo: Saraiva Jur, 2019. 479 p. Con-

24 Sumário
teúdo: Normas fundamentais e deveres estruturantes do sistema de valori-
zação da jurisprudência, súmulas e precedentes qualificados. O sistema de
valorização das súmulas e dos precedentes qualificados à luz da Constitui-
ção Federal: fundamentos, limites e possibilidades. [1166164] STJ

57. MOURA, Maria Thereza Rocha de Assis. Intercâmbio judiciário: os impactos


da Repercussão Geral no Superior Tribunal de Justiça. In: MARQUES, Mauro
Campbell (coord.). Doutrina: edição comemorativa: 30 anos do STJ. Brasília:
STJ, 2019. p. 519-543. Conteúdo: A instalação do STJ e a Repercussão Geral:
duas ocorrências constitucionais paradigmáticas para a identidade do recurso
extraordinário. Repercussão Geral como ferramenta do sistema de preceden-
tes. Gestão da Repercussão Geral do Supremo Tribunal Federal. Repercussão
Geral em números. Os impactos da Repercussão Geral no Superior Tribunal
de Justiça: Efeitos sobre a administração judiciária do Superior Tribunal de
Justiça. Impactos da Repercussão Geral sobre a atividade jurisdicional do STJ.
[1152197] CAM MJU PGR STJ TJD STF 341.4192 B823 DEC

58. NOGUEIRA, Pedro Henrique Pedrosa. Repercussão Geral e o uso da recla-


mação constitucional contra a decisão de sobrestamento do recurso
extraordinário. In: DANTAS, Bruno; FREIRE, Alexandre; FUX, Luiz (coord.).
Repercussão Geral da questão constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
p. 551-562. Conteúdo: A decisão de sobrestamento de recurso extraordiná-
rio para análise da Repercussão Geral. A reclamação constitucional para a
preservação da competência do Supremo Tribunal Federal. Possibilidade
do uso da reclamação constitucional contra a decisão de sobrestamento do
recurso extraordinário para análise de Repercussão Geral. [1033547] SEN
CAM AGU PGR TCD TJD TST STF 341.4655 R425 RGQ (DIG)

59. NUNES, Dierle; BAHIA, Alexandre; PEDRON, Flávio. Comentários aos arts.
1029 a 1041 do CPC/2015. In: STRECK, Lenio; NUNES, Dierle; CUNHA, Leo-
nardo Carneiro da; FREIRE, Alexandre (org.). Comentários ao Código de
Processo Civil. São Paulo, Saraiva. 2016. p. 1364-1390. [1075365] STJ TJD

60. OLIVEIRA, Pedro Miranda de. Para uma efetividade maior do Instituto
da Repercussão Geral das questões constitucionais. In: DANTAS, Bruno;
FREIRE, Alexandre; FUX, Luiz (coord.). Repercussão Geral da questão cons-
titucional. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 563-591; Revista Dialética de
Direito Processual, São Paulo, n. 145, p. 60-81, abr. 2015. Conteúdo: Segu-
rança jurídica, previsibilidade, unidade do Direito e princípio da isonomia.
Repercussão Geral e a objetivação do recurso extraordinário. O binômio
Repercussão Geral e súmula vinculante. [1029945] SEN CAM AGU PGR STJ
TCD TJD TST STF 341.4655 R425 RGQ (DIG)

25 Sumário
61. OLIVEIRA, Pedro Miranda de. Recurso extraordinário e o requisito da
Repercussão Geral. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. 398 p. Origi-
nalmente apresentado como tese de doutorado, Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo. (Coleção Recursos no Processo Civil. RPC, v. 24).
Conteúdo: Supremo Tribunal Federal: Corte constitucional. Competência. O
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (RISTF): aspectos gerais
dos regimentos internos dos tribunais. Breve histórico do RISTF. O papel do
RISTF na admissibilidade do recurso extraordinário. Crise do Supremo Tri-
bunal Federal. Tentativas de superação da crise do STF. [983284] CAM TST
STF 341.4655 O48 RER

62. OSNA, Gustavo. A garantia ao recurso e a Repercussão Geral: conciliação ou


negação? = The right to appeal and the general repercussion: conciliation
or denial? A & C: revista de direito administrativo & constitucional, Curitiba,
v. 19, n. 77, p. 229-246, jul./set. 2019. [1171109] SEN AGU CLD STJ TCD TJD STF

63. PAFIADACHE, Renata de Almeida; TRIGUEIRO, Victor Guedes. A indevida


utilização de reclamação para revisão de tese de repercussão geral: crítica e
solução = Improper use of claim to overrule a precedent under the general
repercussion system: critics and solution. Revista de Processo, São Paulo, v.
47, n. 325, p. 241-260, mar. 2022. RTOnline. [1213112] SEN STJ STF

64. PAULSEN, Leandro (coord.). Repercussão Geral no recurso extraordiná-


rio: estudos em homenagem à Ministra Ellen Gracie. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2011. 306 p. Sumário disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/
dspace/handle/2011/42807. Acesso em: 10 maio 2022. [912782] SEN MJU
STJ TJD TST STF 341.4655 N874 RGR

65. PETER DA SILVA, Christine Oliveira. Repercussão Geral como instrumento


de concretização do Supremo Tribunal dos direitos fundamentais. In: MARI-
NONI, Luiz Guilherme; SARLET, Ingo Wolfgang (coord.); CREMONESE, Cle-
verton; PESSOA, Paula (org.). Processo constitucional. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2019. p. 689-716. Conteúdo: Sistemática da Repercussão
Geral: primeira fase. Gestão por temas e a mudança de paradigma geren-
cial no STF: segunda fase. Um outro recurso extraordinário para um outro
Supremo Tribunal: terceira fase da sistemática da Repercussão Geral.
[1171965] SEN CAM STJ TCD TST STF 341.2563 P963 PRO

66. RAMOS, Alexandre Luiz. A coisa julgada inconstitucional, o efeito vincu-


lante das teses firmadas em sistemática de repercussão geral e o art. 525, §
12, do CPC. In: MUNHOZ, José Lucio (coord.); FREIRE, Alexandre et al. Cinco

26 Sumário
anos do CPC: questões polêmicas: em homenagem a José Roberto Neves
Amorim. Barueri: Manole, 2021. p. 43-56. [1201327] STJ TJD STF 341.46
C574 CAC

67. REGO, Frederico Montedonio. O filtro oculto de Repercussão Geral: como


o obscurecimento dos juízos de relevância contribui para a crise do STF =
Covert filter of general repercussion: how the obscureness of relevance-ba-
sed judgments contributes to the brazilian Supreme Court’s crisis. Revista
de Direito Brasileira: RDB, Florianópolis, v. 7, n. 18, p. 6-29, set./dez. 2017. Dis-
ponível em: https://www.indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/3093.
Acesso em: 10 maio 2022. [1174259]

68. REMOR, Ivan Pereira. A repercussão geral e a superação da súmula vin-


culante no sistema de precedentes do CPC/2015 = General repercussion
and the overruling of the biding summary in CPC/2015 precedent system.
Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 110, n. 1032, p. 101-117, out. 2021; Revista
dos Tribunais, São Paulo, v. 110, n. 1033, p. 307-323, nov. 2021. [1208672] SEN
STJ STM TJD STF

69. RIBEIRO, Flávia Pereira. Conceito e análise da Repercussão Geral. Reper-


tório IOB de Jurisprudência: civil, processual, penal e comercial, São Paulo,
n. 3, p. 95-94, 1. quinz. fev. 2019; Revista Síntese de Direito Civil e Processual
Civil, Porto Alegre, v. 19, n. 110, p. 84-86, nov./dez. 2017. [1114928] SEN CAM
AGU STJ TJD TST STF

70. RODRIGUES, Marco Antônio; LEMOS, Vinicius Silva. A Emenda Regimental


54/2020 ao Regimento Interno do STF, a repercussão geral e a busca pela
evolução sistêmica = Regimental Amendment 54/2020 of the rules of pro-
cedure of the Supreme Court, the general repercussion and search for sys-
temic evolution. Revista de Processo, São Paulo, v. 47, n. 326, p. 231-256, abr.
2022. RTOnline. [1215288] SEN STF (DIG)

71. RODRIGUES FILHO, José Marcos Vieira. Repercussão Geral e Supremo


Tribunal Federal: deficiências da modelagem atual e propostas para o apri-
moramento do Instituto. 2015. 375 f. Dissertação (Mestrado em Direito) –
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. Disponível
em: http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9856.
Acesso em: 10 maio 2022.

72. SANTOS, Pedro Felipe de Oliveira. O futuro da jurisdição constitucional:


as aspirações do constitucionalismo global no paradigma do engajamento

27 Sumário
comparativo. Revista do Tribunal Regional Federal: 1ª Região, Brasília,
v. 30, n. 1/2, p. 23-44, jan./fev. 2018. Disponível em: https://bdjur.stj.jus.br/
jspui/bitstream/2011/119477/futuro_jurisdicao_constitucional_santos.pdf.
Acesso em: 20 maio 2022. [1119420] SEN STJ STM (DIG)

73. SANTOS, Pedro Felipe de Oliveira; MARCHIORI, Marcelo Ornellas. A gestão


de precedentes do Supremo Tribunal Federal (STF) apoiada na utilização de
inteligência artificial. In: ARAÚJO, Valter Shuenquener de, GOMES, Marcus
Lívio (coord.). Inteligência artificial e aplicabilidade prática no Direito. Bra-
sília: Conselho Nacional de Justiça, 2022. p. 269-291. Disponível em: https://
www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2022/04/inteligencia-artificial-e-a-
-aplicabilidade-pratica-web-2022-03-11.pdf. Acesso em: 16 maio 2022.

74. SILVEIRA, José Néri da. Reflexos da exigência de “Repercussão Geral das
questões constitucionais discutidas no caso” sobre a natureza e amplitude
do recurso extraordinário. In: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. A Consti-
tuição de 1988 na visão dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Brasí-
lia: Supremo Tribunal Federal, 2013. p. 233-255; Revista do Tribunal Regio-
nal Federal: 4. Região, Porto Alegre, v. 26, n. 88, p. 15-44, 2015. Disponível
em: https://www2.trf4.jus.br/trf4/revistatrf4/arquivos/Rev88.pdf. Acesso
em: 10 maio 2022. [989321] SEN CAM CLD MJU STJ STM TCD TJD TST STF
341.2481 B823 CVM (DIG)

75. SILVEIRA, Sebastião Sergio da; SILVA, Alcides Belfort da. A Repercussão
Geral no recurso extraordinário e seu impacto na seara tributária = Overall
impact on the extraordinary appeal and its impact on tax field. Revista da
Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, v.
46, n. 2, p. 66-81, jul./dez. 2018. Conteúdo: Tribunal Constitucional e Supremo
Tribunal Federal. Historicidade do recurso extraordinário e a inspiração no
modelo norte-americano. As principais discussões travadas na Suprema
Corte referentes ao direito tributário. Disponível em: http://www.seer.ufu.
br/index.php/revistafadir/article/view/45275. Acesso em: 10 maio 2022.
[1146472] STF (DIG)

76. SUNDFELD, Carlos Ari; SOUZA, Rodrigo Pagani de (coord.). Repercussão


Geral e o sistema brasileiro de precedentes: relatório de pesquisa apre-
sentado ao Ministério da Justiça/PNUD, no projeto “Pensando o Direito”,
referência PRODOC BRA 07/004. Série Pensando o Direito, Brasília, n. 40,
p. 11-64, dez. 2011. Disponível em: http://pensando.mj.gov.br/wp-content/
uploads/2015/07/40Pensando_Direito11.pdf. Acesso em: 10 maio 2022.
[952968] CAM MJU TJD

28 Sumário
77. SZELBRACIKOWSKI, Daniel Corrêa. O plenário virtual como solução tecno-
lógica para o julgamento de mérito de repercussões gerais que discutam
questões com jurisprudência dominante. Revista Síntese de Direito Civil e
Processual Civil, Porto Alegre, v. 18, n. 106, p. 41-62, mar./abr. 2017. [1109285]
SEN CAM AGU STJ TJD TST STF (DIG)

78. TOFFOLI, José Antonio Dias; FREIRE, Alexandre. O incidente de resolução de


recursos extraordinários repetitivos e o amicus curiae no Supremo Tribunal
Federal. In: MUNHOZ, José Lucio (coord.); FREIRE, Alexandre et al. Cinco anos
do CPC: questões polêmicas: em homenagem a José Roberto Neves Amorim.
Barueri: Manole, 2021. p. 1-29. [1200610] STJ TJD STF 341.46 C574 CAC

79. TOFFOLI, José Antonio Dias; LIRA, Daiane Nogueira de. A jurisdição cons-
titucional e o processo de convergência entre os sistemas do Commom
Law e do Civil Law no Brasil. In: SANTA CRUZ, Felipe; FUX, Luiz; GODINHO,
André (coord.). Avanços do sistema de justiça: os 5 anos de vigência do novo
Código de Processo Civil. Brasília: OAB: CNJ, 2021. p. 159-175. [1209291] STJ
TST STF (DIG)

80. VALADÃO, Marcos Aurélio Pereira; BASTOS, Ricardo Victor Ferreira (coord.).
Repercussão Geral no direito tributário: estudos de casos relacionados às
contribuições. São Paulo: Almedina, 2020. 477 p. (Coleção Universidade
Católica de Brasília). [1170977] STJ

81. VIANA, Ulisses Schwarz. A Repercussão Geral nas demandas tributárias


e o novo Código de Processo Civil. In: LACOMBE, Rodrigo Santos Masset;
SANTANA, Alexandre Ávalo (coord.). Novo CPC e o processo tributário:
impactos da nova lei processual. Campo Grande: Contemplar, 2016. p. 651-
665. Conteúdo: As demandas tributárias e a Repercussão Geral no NCPC: A
tributação como acoplamento estrutural complexo (komplexe strukturelle
kopplung) entre direito, economia e política. A Repercussão Geral no NCPC
e sua relevância nas demandas tributárias. A regra do § 4º do art. 1.035 do
NCPC: importância para a abertura cognitiva do STF nas demandas tribu-
tárias com Repercussão Geral. Da demonstração da Repercussão Geral em
demandas tributárias e do interesse de terceiros em produzir manifestação
no procedimento. [1074958] PGR TJD TST

82. VIANA, Ulisses Schwarz. Repercussão Geral: sob a ótica da teoria dos sis-
temas de Niklas Luhmann. São Paulo: Saraiva, 2010. 182 p. (Série IDP. Linha
pesquisa acadêmica). Conteúdo: “Traz uma análise comparativa, por meio
da qual é realizado o cotejo analítico entre a Repercussão Geral brasileira e

29 Sumário
o Writ of Certiorari estadunidense, a Verfassungbeschwerde germânica e o
recurso de amparo espanhol, concluindo-se que entre estes Institutos há em
comum a função de “filtro” procedimental restritivo do acesso generalizado
e irracional às cortes constitucionais, como meio de preservação da opera-
cionalidade decisória”. [875244] SEN CAM STJ TJD STF 341.4655 V614 RGO

83. WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de pro-


cesso civil. 19. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.
v. 2. [1176999] SEN STJ TCDF TST TJD

84. ZARUR, Marina de Mello Cerqueira. Evolução da Repercussão Geral no Novo


Código de Processo Civil = Evolution of the general repercussion institute on
the Brazilian New Code of Civil Procedures. Revista Síntese de Direito Civil
e Processual Civil, Porto Alegre, v. 19, n. 110, p. 33-57, nov./dez. 2017. [1114912]
SEN CAM AGU STJ TJD TST STF

30 Sumário
2 – LEGISLAÇÃO

1. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do


Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, ano 126, n.1, p. 1, 5 outubro
1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 20 abr. 2021.  

2. BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil.


Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 62, n. 51, p. 1-51, 17 mar. 2015.
Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.
jsp?jornal=1&pagina=1&data=17/03/2015. Acesso em: 20 abr. 2021.

3. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Regimento interno: atualizado até a


emenda regimental n. 57/2020. Brasília: Secretaria de Altos Estudos, Pes-
quisas e Gestão da Informação, 2020. Disponível em: http://www.stf.jus.br/
arquivo/cms/legislacaoRegimentoInterno/anexo/RISTF.pdf. Acesso em: 20
abr. 2021.

31 Sumário
3 – QUESTÕES DE ORDEM

As denominadas “Questões de Ordem” foram fundamentais para a construção


da metodologia adotada pelo Supremo Tribunal Federal na sistematização da
repercussão geral. Muito importante até os dias atuais, foram bastante utilizadas
nos anos iniciais da regulamentação, servindo como norteador para mudanças de
procedimentos, melhorias nos sistemas, além de alterações normativas internas
e externas.

Por meio desse instrumento, o Plenário fixou marcos temporais importantes,


maximizou a efetividade do rito da repercussão geral, estipulou balizas para a
suspensão e o sobrestamento de processos, entre outras definições importan-
tes. Assim, estabeleceram-se como meio dinâmico, eficaz e adequado para a
resolução e ampla comunicação de questões procedimentais passíveis de surgir
no julgamento de processos relativos à repercussão geral.

A seguir, são listadas algumas das definições realizadas por meio de questões
de ordem.

Demonstração da repercussão geral: (i) recursos extraordinários criminais;


(ii) juízo competente para análise; e (iii) termo inicial de sua exigência
Resolução da questão de ordem: 1) é de exigir-se a demonstração Recurso
da repercussão geral das questões constitucionais discutidas em AI 664.567 QO
qualquer recurso extraordinário, incluído o criminal; 2) a verificação
da existência de demonstração formal e fundamentada da reper- Suscitante
cussão geral das questões discutidas no recurso extraordinário pode Min. Sepúlveda Pertence
fazer-se tanto na origem quanto no Supremo Tribunal Federal,
Data do julgamento
cabendo exclusivamente a este Tribunal, no entanto, a decisão
18-6-2007
sobre a efetiva existência da repercussão geral; 3) a exigência da
demonstração formal e fundamentada no recurso extraordinário da Tema relacionado
repercussão geral das questões constitucionais discutidas só incide Não se aplica
quando a intimação do acórdão recorrido tenha ocorrido a partir
de 3 de maio de 2007, data da publicação da Emenda Regimental
nº 21, de 30 de abril de 2007.

32 Sumário
Demonstração da repercussão geral: exigível mesmo nos recursos
extraordinários com repercussão reconhecida em recurso diverso
Resolução da questão de ordem: o reconhecimento, pelo Supremo Recurso
Tribunal Federal, da presença da repercussão geral da questão ARE 663.637 AgR-QO
constitucional em determinado processo não exime os demais
recorrentes do dever constitucional e processual de apresentar a Suscitante
preliminar devidamente fundamentada sobre a presença da reper- Min. Ayres Britto
cussão geral (§ 3º do art. 102 da Constituição Republicana e § 2º (Presidente)
do art. 543-A do CPC).
Data do julgamento
12-9-2012

Tema relacionado
Não se aplica

Inadmissibilidade de agravo de instrumento da decisão da origem que


aplica a sistemática da repercussão geral
Resolução da questão de ordem: não conhecer do agravo de Recurso
instrumento e devolvê-lo ao tribunal de origem para que o julgue AI 760.358 QO
como agravo regimental. Não é cabível agravo de instrumento da
decisão do tribunal de origem que, em cumprimento do disposto Suscitante
no § 3º do art. 543-B do CPC, aplica decisão de mérito do STF em Min. Gilmar Mendes
questão de repercussão geral. (Presidente)

Data do julgamento
19-11-2009

Tema relacionado
Não se aplica

33 Sumário
Aplicabilidade dos mecanismos previstos no art. 543-B do CPC/1973 aos
recursos que impugnam acórdãos publicados antes de 3-5-2007
Resolução da questão de ordem: aplicar o regime previsto no art. Recurso
543-B, §§ 1º e 3º, do Código de Processo Civil [sobrestamento, retra- AI 715.423 QO
tação e declaração de prejudicialidade] para os recursos extraordi-
nários, afastada a incidência do disposto no § 2º do mesmo artigo Suscitante
[inadmissão de recurso sem repercussão geral] sobre os recursos Min. Gilmar Mendes
extraordinários interpostos de acórdãos publicados anterior- (Presidente)
mente a 3 de maio de 2007 e sobre os agravos de instrumentos
Data do julgamento
respectivos.
11-6-2008

Tema relacionado
Tema 95

Aplicação dos efeitos da ausência de repercussão geral quando a matéria


discutida for infraconstitucional
Resolução da questão de ordem: adotar o regime da inexistência Recurso
de repercussão geral aos processos que envolvam a questão de RE 567.454
tarifa básica de telefonia fixa, que tem caráter infraconstitucional
(...), nos termos do precedente fixado no RE n. 584.608, rel. a Minis- Suscitante
tra Ellen Gracie, DJe 13-3-2009. Min. Cezar Peluso

Data do julgamento
18-6-2009

Tema relacionado
Tema 35

34 Sumário
Procedimento de implantação inicial da reafirmação de jurisprudência
dominante da Corte
Resolução da questão de ordem: adoção de procedimento especí- Recurso
fico que autorize a Presidência da Corte a trazer ao Plenário, antes RE 582.650 RG-QO
da distribuição do RE, questão de ordem na qual poderá ser reco-
nhecida a repercussão geral da matéria tratada, caso atendidos os Suscitante
pressupostos de relevância. Em seguida, o Tribunal poderá, quanto Min. Ellen Gracie
ao mérito, (a) manifestar-se pela subsistência do entendimento já (Presidente)
consolidado ou (b) deliberar pela rediscussão do tema. Na primeira
Data do julgamento
hipótese, fica a Presidência autorizada a negar distribuição e a devol-
ver à origem todos os feitos idênticos que chegarem ao STF, para a 11-6-2008
adoção, pelos órgãos judiciários a quo, dos procedimentos previstos Tema relacionado
no art. 543-B, § 3º, do CPC. Na segunda situação, o feito deverá ser Tema 98
encaminhado à normal distribuição para que, futuramente, tenha
o seu mérito submetido ao crivo do Plenário.

Procedimento nos casos de voto divergente no Plenário Virtual


Resolução da questão de ordem: o primeiro ministro que divergir, Recurso
no julgamento do Plenário Virtual, deve produzir desde logo, via RE 559.994 QO
sistema, os seus fundamentos. Remessa dos autos ao Gabinete do
Ministro que primeiro divergiu, para juntada de voto escrito. Suscitante
Min. Gilmar Mendes
(Presidente)

Data do julgamento
26-3-2009

Tema relacionado
Tema 85

35 Sumário
Aplicação monocrática da decisão em repercussão geral aos habeas corpus
sobre a mesma matéria
Resolução da questão de ordem: autoriza o Relator a decidir defi- Recurso
nitiva e monocraticamente pedido de habeas corpus, no caso de RE 597.270 QO-RG
fixação de pena abaixo do mínimo legal por conta da incidência de
circunstância genérica atenuante. Suscitante
Min. Cármen Lúcia

Data do julgamento
26-3-2009

Tema relacionado
Tema 158

Aproveitamento do resultado de julgamento efetivado em um caso para


aquele em que reconhecida a repercussão geral
Resolução da questão de ordem: aplica o resultado deste julga- Recurso
mento ao regime da repercussão geral da questão constitucional RE 221.142
reconhecida no RE 242.689, Tema 311, para incidência dos efeitos
do art. 543-B do Código de Processo Civil. Suscitante
Min. Gilmar Mendes

Data do julgamento
20-11-2013

Tema relacionado
Tema 311

Revisão da ausência de repercussão geral para


existência de repercussão geral
Resolução da questão de ordem: a) tornar sem efeito a decisão Recurso
monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraor- RE 614.406 AgR-QO-RG
dinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reco-
nhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determi- Suscitante
nar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre Min. Ellen Gracie
a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos
Data do julgamento
termos do art. 543-B, § 1º, do CPC. Superveniência de declaração de
20-10-2010
inconstitucionalidade de lei federal por Tribunal Regional Federal.
Tema relacionado
Tema 368

36 Sumário
Revisão do reconhecimento de repercussão geral
para ausência de questão constitucional
Resolução da questão de ordem: assentar a inexistência de reper- Recurso
cussão geral no caso e, portanto, não conhecer do recurso, valendo RE 584.247 QO
a decisão para todos os recursos sobre matéria idêntica que ainda
se encontrem na origem. Embora reconhecida a repercussão geral Suscitante
da matéria em exame no Plenário Virtual, nada impede a redis- Min. Roberto Barroso
cussão do assunto em deliberação presencial, notadamente
Data do julgamento
quando tal reconhecimento tenha ocorrido por falta de manifes-
27-10-2016
tações suficientes.
Tema relacionado
Tema 538

Quórum para modular os efeitos da decisão em recurso


extraordinário com repercussão geral
Resolução da questão de ordem: exigência de quórum de 2/3 para Recurso
modular os efeitos da decisão em sede de recurso extraordinário RE 586.453
com repercussão geral, vencidos os Ministros Dias Toffoli, Luiz Fux,
Gilmar Mendes e Celso de Mello, que entendiam haver a necessi- Suscitante
dade de maioria absoluta. Min. Joaquim Barbosa

Data do julgamento
20-2-2013

Tema relacionado
Tema 190

Quórum para modular os efeitos de decisão proferida em julgamento de


recurso com repercussão geral, quando não tenha havido declaração de
inconstitucionalidade de ato normativo
Resolução da questão de ordem: para a modulação dos efeitos Recurso
de decisão em julgamento de recursos extraordinários repetitivos, RE 638.115 ED-ED-segundos
com repercussão geral, nos quais não tenha havido declaração
de inconstitucionalidade de ato normativo, é suficiente o quórum Suscitante
de maioria absoluta dos membros do Supremo Tribunal Federal. Min. Dias Toffoli

Data do julgamento
18-12-2019

Tema relacionado
Tema 395

37 Sumário
Quórum para definir a inexistência de questão constitucional com a
aplicação dos efeitos da repercussão geral
Resolução da questão de ordem: o quórum previsto no art. 102, Recurso
§ 3º, da Constituição Federal somente se aplica à rejeição do recurso ARE 664.575 RG-2ºJulg
por ausência de repercussão geral. A presença ou não de questão
constitucional depende dos votos da maioria absoluta da Corte – Suscitante
isto é, seis votos. Precedente: RE 954.304 RG-ED, Rel. Min. Dias Min. Roberto Barroso
Toffoli, Pleno, j. 24-8-2020. Não conhecimento do recurso, diante
Data do julgamento
dos votos da maioria absoluta dos Ministros pela natureza infra-
1º-10-2020
constitucional da matéria.
Tema relacionado
Tema 534

Interpretação da suspensão processual preconizada no art. 1.035, § 5º, do


CPC e os seus efeitos sobre os processos de natureza penal
Resolução da questão de ordem: a) a suspensão de processa- Recurso
mento prevista no § 5º do art. 1.035 do CPC não consiste em con- RE 966.177 RG-QO
sequência automática e necessária do reconhecimento da reper-
cussão geral realizada com fulcro no caput do mesmo dispositivo, Suscitante
sendo da discricionariedade do relator do recurso extraordinário Min. Luiz Fux
paradigma determiná-la ou modulá-la; b) de qualquer modo, con-
Data do julgamento
soante o sobredito juízo discricionário do relator, a possibilidade de
7-6-2017
sobrestamento se aplica aos processos de natureza penal; c) neste
contexto, em sendo determinado o sobrestamento de processos Tema relacionado
de natureza penal, opera-se, automaticamente, a suspensão da Tema 924
prescrição da pretensão punitiva relativa aos crimes que forem
objeto das ações penais sobrestadas, a partir de interpretação con-
forme a Constituição do art. 116, I, do CP; d) em nenhuma hipótese,
o sobrestamento de processos penais determinado com funda-
mento no art. 1.035, § 5º, do CPC abrangerá inquéritos policiais
ou procedimentos investigatórios conduzidos pelo Ministério
Público; e) em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processos
penais determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC
abrangerá ações penais em que haja réu preso provisoriamente;
f) em qualquer caso de sobrestamento de ação penal determinado
com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC, poderá o juízo de piso,
no curso da suspensão, proceder, conforme a necessidade, à pro-
dução de provas de natureza urgente.

38 Sumário
Perda de objeto do recurso extraordinário no caso concreto e
reconhecimento da repercussão geral
Resolução da questão de ordem: eventual prejuízo parcial do caso Recurso
concreto subjacente ao recurso extraordinário não é impeditivo ARE 1.054.490 QO
do reconhecimento de repercussão geral. O Tribunal deliberou
superar-se a prejudicialidade do recurso, vencidos, nesse ponto, Suscitante
os Ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Gilmar Min. Roberto Barroso
Mendes e Marco Aurélio, e, por unanimidade, atribuir repercussão
Data do julgamento
geral à questão constitucional constante dos autos.
5-10-2017

Tema relacionado
Tema 974

Desistência do recurso extraordinário e fixação da


tese sem incidir no caso concreto
Resolução da questão de ordem: por maioria, resolveu questão Recurso
de ordem suscitada pelo Ministro Ricardo Lewandowski (Relator), RE 929.670
no sentido proposto pelo Ministro Celso de Mello, para, não obs-
tante pedido de desistência e circunstância de prejudicialidade Suscitante
do recurso, o Tribunal continuar no exame da tese de repercussão Min. Ricardo Lewandowski
geral, que não incidirá no caso concreto, vencidos os Ministros
Data do julgamento
Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.
4-10-2017

Tema relacionado
Tema 860

39 Sumário
Desistência do mandado de segurança no recurso extraordinário
em que reconhecida a repercussão geral
Resolução da questão de ordem: resolveu não admitir a desis- Recurso
tência do mandado de segurança e afirmou a impossibilidade de RE 693.456
desistência de qualquer recurso após o reconhecimento de reper-
cussão geral da questão constitucional, vencido o Ministro Marco Suscitante
Aurélio, que admitia a possibilidade de desistência. Min. Dias Toffoli

Data do julgamento
27-10-2016

Tema relacionado
Tema 531

Renúncia da ação e interpretação do art. 998, parágrafo único, do CPC


Resolução da questão de ordem: a despeito da eficácia do pedido Recurso
de renúncia à pretensão do pedido vertido em libelo e respectiva ARE 665.134 QO
decisão homologatória do juízo, é viável avançar quanto ao mérito
da questão constitucional imbuída de repercussão geral. Art. 998, Suscitante
parágrafo único, CPC. Questão de ordem resolvida com a finalidade Min. Edson Fachin
de fixar interpretação ao art. 998, parágrafo único, do CPC/2015,
Data do julgamento
assim como homologar pedido de renúncia da ação, nos termos do
27-4-2020
art. 487, III, c, do mesmo diploma processual, com a reafirmação
de jurisprudência em Tema da sistemática da repercussão geral. Tema relacionado
Tema 520

40 Sumário
4 – JURISPRUDÊNCIA NACIONAL

4.1 Modelo de Precedentes

4.1.1 Stare decisis ou stare decisis et non quieta movere

Ementa: INGRESSO NA CARREIRA DA MAGISTRATURA. ART. 93, I, CRFB.


EC 45/2004. TRIÊNIO DE ATIVIDADE JURÍDICA PRIVATIVA DE BACHAREL EM
DIREITO. REQUISITO DE EXPERIMENTAÇÃO PROFISSION AL. MOMENTO DA
COMPROVAÇÃO. INSCRIÇÃO DEFINITIVA. CONSTITUCIONALIDADE DA EXI-
GÊNCIA. ADI 3.460. REAFIRMAÇÃO DO PRECEDENTE PELA SUPREMA CORTE.
PAPEL DA CORTE DE VÉRTICE. UNIDADE E ESTABILIDADE DO DIREITO. VIN-
CULAÇÃO AOS SEUS PRECEDENTES. STARE DECISIS. PRINCÍPIOS DA SEGU-
RANÇA JURÍDICA E DA ISONOMIA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DE SUPERA-
ÇÃO TOTAL (OVERRULING) DO PRECEDENTE. 1. A exigência de comprovação,
no momento da inscrição definitiva (e não na posse), do triênio de atividade
jurídica privativa de bacharel em Direito como condição de ingresso nas carreiras
da magistratura e do ministério público (arts. 93, I, e 129, §3º, CRFB – na redação
da Emenda Constitucional n. 45/2004) foi declarada constitucional pelo STF
na ADI 3.460. 2. Mantidas as premissas fáticas e normativas que nortearam
aquele julgamento, reafirmam-se as conclusões (ratio decidendi) da Corte na
referida ação declaratória. 3. O papel de Corte de Vértice do Supremo Tribunal
Federal impõe-lhe dar unidade ao direito e estabilidade aos seus preceden-
tes. 4. Conclusão corroborada pelo Novo Código de Processo Civil, especial-
mente em seu artigo 926, que ratifica a adoção – por nosso sistema – da regra
do stare decisis, que “densifica a segurança jurídica e promove a liberdade e
a igualdade em uma ordem jurídica que se serve de uma perspectiva lógico
argumentativa da interpretação” (MITIDIERO, Daniel. Precedentes: da per-
suasão à vinculação. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016). 5. A vinculação
vertical e horizontal decorrente do stare decisis relaciona-se umbilicalmente
à segurança jurídica, que “impõe imediatamente a imprescindibilidade de o
direito ser cognoscível, estável, confiável e efetivo, mediante a formação e o
respeito aos precedentes como meio geral para obtenção da tutela dos direi-
tos” (MITIDIERO, Daniel. Cortes superiores e cortes supremas: do controle à
interpretação, da jurisprudência ao precedente. São Paulo: Revista do Tribunais,

41 Sumário
2013). 6. Igualmente, a regra do stare decisis ou da vinculação aos precedentes
judiciais “é uma decorrência do próprio princípio da igualdade: onde existirem
as mesmas razões, devem ser proferidas as mesmas decisões, salvo se houver
uma justificativa para a mudança de orientação, a ser devidamente objeto de
mais severa fundamentação. Daí se dizer que os precedentes possuem uma
força presumida ou subsidiária.” (ÁVILA, Humberto. Segurança jurídica: entre
permanência, mudança e realização no Direito Tributário. São Paulo: Malheiro,
2011). 7. Nessa perspectiva, a superação total de precedente da Suprema Corte
depende de demonstração de circunstâncias (fáticas e jurídicas) que indiquem
que a continuidade de sua aplicação implicam ou implicarão inconstitucionali-
dade. 8. A inocorrência desses fatores conduz, inexoravelmente, à manutenção
do precedente já firmado. 9. Tese reafirmada: “é constitucional a regra que exige
a comprovação do triênio de atividade jurídica privativa de bacharel em Direito
no momento da inscrição definitiva”. 10. Recurso extraordinário desprovido.
[RE 655.265, rel. min. Luiz Fux, red. do ac. min. Edson Fachin, j. 13-4-2016, P,
DJE de 5-8-2016, Tema 509.]

4.1.2 Ratio decidendi

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. OFENSA AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA. INSUFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO QUANTO
À ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. AS NORMAS JURÍ-
DICAS SÃO DOTADAS DE PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE, A QUAL
SOMENTE PODE SER AFASTADA POR DECISÃO DO ÓRGÃO COMPETENTE DO
PODER JUDICIÁRIO. AUSÊNCIA DE INCONSTITUCIONALIDADE DO PRECEITO
SECUNDÁRIO DO CRIME DE EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ART. 306 DO CTB).
AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. O SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL tem entendimento pacífico no sentido de que, “quando se trata de
jurisprudência dominante, é legítima a atuação do Relator para decidir mono-
craticamente a questão, sem que se configure afronta aos princípios da cole-
gialidade e do devido processo legal, tendo em vista a interpretação teleológica
do art. 21, § 1º, do Regimento Interno da Corte. Precedente: AI nº 858.084/MS,
Relator o Ministro Gilmar Mendes, decisão monocrática, DJe de 21/5/13” (RE-QO
839.163/DF, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, publicado em 10/02/2015).
2. Os Recursos Extraordinários somente serão conhecidos e julgados, quando

42 Sumário
essenciais e relevantes as questões constitucionais a serem analisadas, sendo
imprescindível ao recorrente, em sua petição de interposição de recurso, a apre-
sentação formal e motivada da repercussão geral, que demonstre, perante o
Supremo Tribunal Federal, a existência de acentuado interesse geral na solução
das questões constitucionais discutidas no processo, que transcenda a defesa
puramente de interesses subjetivos e particulares. 3. A obrigação do recorrente
em apresentar formal e motivadamente a preliminar de repercussão geral, que
demonstre sob o ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, a relevância
da questão constitucional debatida que ultrapasse os interesses subjetivos da
causa, conforme exigência constitucional e legal (art. 102, § 3º, da CF/88, c/c
art. 1.035, § 2º, do CPC/2015), não se confunde com meras invocações desa-
companhadas de sólidos fundamentos no sentido de que o tema controvertido é
portador de ampla repercussão e de suma importância para o cenário econômico,
político, social ou jurídico, ou que não interessa única e simplesmente às partes
envolvidas na lide, muito menos ainda divagações de que a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal é incontroversa no tocante à causa debatida, entre
outras de igual patamar argumentativo. 4. Esta SUPREMA CORTE jamais decla-
rou a inconstitucionalidade da penalidade de suspensão ou de proibição de se
obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, sendo certo
que as normas jurídicas são dotadas de presunção de constitucionalidade. Inclu-
sive, a ratio decidendi do RE 607.107/MG denota que inexiste direito absoluto
ao exercício de atividades profissionais e que tal penalidade possui maior razão
de ser aplicada ao motorista profissional, uma vez que maneja o veículo com
habitualidade e, consequentemente, produz risco ainda mais elevado para os
demais motoristas e pedestres. 5. A suspensão da habilitação para dirigir veículo
automotor, aplicada no caso concreto, decorre de previsão contida no preceito
secundário da norma inscrita no art. 306 do CTB, pela qual o ora recorrente foi
condenado. Dessa forma, o julgador, que atua como aplicador do direito, não
possui margem de discricionariedade para decidir pelo emprego ou não do dis-
positivo, pois, havendo a subsunção do fato à norma jurídica, cabe a ele aplicá-la
com amparo nas diretrizes e princípios estabelecidos pelo ordenamento jurídico.
Trata-se, portanto, de opção legislativa, não competindo ao Poder Judiciário
interferir nessas escolhas. 6. Agravo Regimental a que se nega provimento.
[ARE 1.055.182 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 31-5-2021, 1ª T, DJE de
4-6-2021.]

43 Sumário
4.2 Apresentação formal de preliminar de repercussão geral

Ementa: AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


FUNDAMENTAÇÃO A RESPEITO DA REPERCUSSÃO GERAL. INSUFICIÊNCIA.
REAPRECIAÇÃO DE PROVAS. INADMISSIBILIDADE. SÚMULA 279 DO STF. 1. Os
recursos extraordinários somente serão conhecidos e julgados, quando essenciais
e relevantes as questões constitucionais a serem analisadas, sendo imprescin-
dível ao recorrente, em sua petição de interposição de recurso, a apresentação
formal e motivada da repercussão geral, que demonstre, perante o Supremo Tri-
bunal Federal, a existência de acentuado interesse geral na solução das questões
constitucionais discutidas no processo, que transcenda a defesa puramente de
interesses subjetivos e particulares. 2. A obrigação do recorrente em apresentar
formal e motivadamente a preliminar de repercussão geral, que demonstre sob
o ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, a relevância da questão
constitucional debatida que ultrapasse os interesses subjetivos da causa, con-
forme exigência constitucional e legal (art. 102, § 3º, da CF/88, c/c art. 1.035,
§ 2º, do CPC/2015), não se confunde com meras invocações desacompanhadas
de sólidos fundamentos no sentido de que o tema controvertido é portador de
ampla repercussão e de suma importância para o cenário econômico, político,
social ou jurídico, ou que não interessa única e simplesmente às partes envolvi-
das na lide, muito menos ainda divagações de que a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal é incontroversa no tocante à causa debatida, entre outras de
igual patamar argumentativo. 3. A reversão do acórdão passa necessariamente
pela revisão das provas constantes dos autos. Incide, portanto, o óbice da Súmula
279 (Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário) desta
Corte. 4. Agravo Interno a que se nega provimento.
[ARE 1.296.705 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 19-4-2021, 1ª T, DJE de
27-4-2021.]

Ementa: DIREITO DO CONSUMIDOR. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE


MULTA. AÇÃO ANULATÓRIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB
A ÉGIDE DO CPC/2015. DEFICIÊNCIA NA DEMONSTRAÇÃO DA REPERCUSSÃO
GERAL. INOBSERVÂNCIA DO ART. 1.035, §§ 1º E 2º, DO CPC/2015. REPER-
CUSSÃO GERAL PRESUMIDA OU RECONHECIDA EM OUTRO RECURSO NÃO
VIABILIZA APELO SEM A PRELIMINAR FUNDAMENTADA DA REPERCUSSÃO
GERAL. SÚMULAS NºS 282 E 356 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AUSÊN-

44 Sumário
CIA DE PREQUESTIONAMENTO. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. EVENTUAL
OFENSA REFLEXA NÃO VIABILIZA O RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REELA-
BORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA. PROCEDIMENTO VEDADO NA INSTÂNCIA
EXTRAORDINÁRIA. ART. 102 DA LEI MAIOR. 1. Deficiência na fundamentação,
em recurso extraordinário interposto sob a égide do CPC/2015, da existência
de repercussão geral da questão constitucional suscitada. Inobservância do art.
1.035, §§ 1º e 2º, do CPC/2015. O preenchimento desse requisito demanda a
demonstração, no caso concreto, da existência de questões relevantes do ponto
de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses
subjetivos do processo. A afirmação genérica da existência de repercussão geral
ou a simples indicação de tema ou precedente desta Suprema Corte são insu-
ficientes para o atendimento do pressuposto. 2. Cristalizada a jurisprudência
desta Suprema Corte, a teor das Súmulas 282 e 356/STF: “Inadmissível o recurso
extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal
suscitada”, bem como “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opos-
tos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por
faltar o requisito do prequestionamento”. 3. A controvérsia, nos termos do já
asseverado na decisão guerreada, não alcança estatura constitucional. Não há
falar em afronta aos preceitos constitucionais indicados nas razões recursais.
Compreensão diversa demandaria a análise da legislação infraconstitucional
encampada na decisão da Corte de origem, a tornar oblíqua e reflexa eventual
ofensa à Constituição, insuscetível, como tal, de viabilizar o conhecimento do
recurso extraordinário. Desatendida a exigência do art. 102, III, “a”, da Lei Maior,
nos termos da remansosa jurisprudência desta Suprema Corte. 4. As razões do
agravo interno não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam
a decisão agravada. 5. Majoração.
[ARE 1.309.436 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 19-4-2021, 1ª T, DJE de 26-4-2021.]

Ementa: Agravo regimental nos embargos de declaração no recurso extraor-


dinário com agravo. 2. Constitucional, Penal e Processual Penal. 3. Concussão.
Art. 316, caput, do Código Penal. 4. Pressuposto de admissibilidade do recurso
extraordinário. Ausência de preliminar formal e fundamentada de repercussão
geral. Art. 102, § 3º, da Constituição Federal, c/c o art. 1.035, § 2º, do Código
de Processo Civil. 5. Precedentes. 6. Agravo regimental não provido.
[ARE 1.294.292 ED-AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 13-4-2021, 2ª T, DJE de
23-4-2021.]

45 Sumário
Ementa: DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO CPC/1973. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA
REPERCUSSÃO GERAL. INOBSERVÂNCIA DO ART. 543-A, § 2º, DO CPC. REPER-
CUSSÃO GERAL PRESUMIDA OU RECONHECIDA EM OUTRO RECURSO NÃO VIA-
BILIZA APELO SEM A PRELIMINAR FUNDAMENTADA DA REPERCUSSÃO GERAL.
ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 5º, LIV E LVII, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
DEVIDO PROCESSO LEGAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. PRESUNÇÃO
DE INOCÊNCIA. MATERIALIDADE E AUTORIA. VIOLAÇÃO INOCORRENTE. REE-
LABORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA. PROCEDIMENTO VEDADO NA INSTÂNCIA
EXTRAORDINÁRIA. EVENTUAL VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA NÃO VIABILIZA O RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO INTERNO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. Não houve preliminar formal e fundamentada
de repercussão geral no recurso extraordinário, interposto sob a égide do Código
de Processo Civil de 1973. Inobservância do art. 543-A, § 2º, do CPC/1973, c/c
art. 327, § 1º, do RISTF. O preenchimento desse requisito demanda a demons-
tração, no caso concreto, da existência de questões relevantes do ponto de vista
econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos
da causa (art. 543-A, § 2º, do CPC/1973). A afirmação genérica da existência de
repercussão geral ou a simples indicação de tema ou precedente desta Suprema
Corte são insuficientes para o atendimento do pressuposto. 2. Obstada a análise
da suposta afronta ao inciso LIV do art. 5º da Carta Magna, porquanto dependeria
de prévia análise da legislação infraconstitucional aplicada à espécie, procedimento
que foge à competência jurisdicional extraordinária desta Corte Suprema, nos
termos do art. 102 da Magna Carta. 3. No julgamento do RE 748.371 – RG, Rel. Min.
Gilmar Mendes, Pleno, DJe 1º.8.2013, esta Suprema Corte decidiu pela inexistência
de repercussão geral da matéria relacionada à alegação de violação do princípio do
devido processo legal quando o julgamento da causa depender de prévia análise
da adequada aplicação das normas infraconstitucionais. 4. Compreensão diversa
da Corte de origem acerca da materialidade e autoria demandaria a reelaboração
da moldura fática delineada no acórdão de origem, a tornar oblíqua e reflexa even-
tual ofensa à Constituição, insuscetível, como tal, de viabilizar o conhecimento do
recurso extraordinário. 5. As razões do agravo regimental não se mostram aptas
a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada, principalmente
no que se refere à ausência de ofensa a preceito da Constituição da República. 6.
Agravo interno conhecido e não provido.
[ARE 1.305.268 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 8-4-2021, 1ª T, DJE de 13-4-2021.]

46 Sumário
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBAR-
GOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PRESSUPOSTOS DE
EMBARGABILIDADE. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURI-
DADE. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE DECLA-
RAÇÃO REJEITADOS. 1. Os aclaratórios não constituem meio hábil para reforma
do julgado, sendo cabíveis somente quando houver no próprio acórdão embar-
gado omissão, contradição ou obscuridade, o que não ocorre no presente caso.
2. A embargante busca, em verdade, a indevida rediscussão da matéria, a fim
de obter excepcionais efeitos infringentes. 3. O momento processual oportuno
para a demonstração, em preliminar formal e fundamentada, da existência de
repercussão geral é o da interposição de recurso extraordinário, não de agravo
regimental contra decisão monocrática que lhe nega seguimento, tampouco
dos respectivos embargos de declaração, tendo-se operado a preclusão con-
sumativa quanto ao particular. 4. Embargos de declaração rejeitados.
[RE 1.213.147 ED-AgR-ED, rel. min. Edson Fachin, j. 22-3-2021, 2ª T, DJE de
23-4-2021.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PROCES-


SUAL CIVIL. INTIMAÇÃO DO JULGADO RECORRIDO APÓS 3.5.2007. PRE-
LIMINAR FORMAL DE REPERCUSSÃO GERAL: REQUISITO DE ADMISSIBILI-
DADE. AUSÊNCIA DA PRELIMINAR: IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO
DO RECURSO. VERBA HONORÁRIA MAJORADA EM 1%, PERCENTUAL QUE SE
SOMA AO FIXADO NA ORIGEM, OBEDECIDOS OS LIMITES DOS §§ 2º, 3º E 11
DO ART. 85 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL/2015, RESSALVADA EVENTUAL
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. AGRAVO REGIMENTAL
AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
[RE 1.330.547 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 11-10-2021, 1ª T, DJE de 15-10-2021.]

Ementa: AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


REPERCUSSÃO GERAL. AUSÊNCIA DE TÓPICO ADEQUADO E SUFICIENTEMENTE
FUNDAMENTADO. INCOGNOSCIBILIDADE DO RECURSO. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO. 1. A repercussão geral da matéria veiculada no recurso extraor-
dinário deve ser demonstrada formal e objetivamente em tópico próprio e arti-
culada de forma fundamentada, sob pena de incognoscibilidade do recurso de
superposição. Precedentes: ARE 1.262.431-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, DJe de 04/09/2020; ARE 1.268.696-AgR, Primeira Turma, Rel. Min.

47 Sumário
Roberto Barroso, DJe de 01/09/2020; ARE 1.257.973-AgR, Segunda Turma, Rel.
Min. Edson Fachin, DJe de 11/09/2020. 2. Agravo interno desprovido, com impo-
sição de multa de 5% (cinco por cento) sobre o valor atualizado da causa (artigo
1.021, § 4º, do CPC), caso seja unânime a votação. 3. Honorários advocatícios
majorados ao máximo legal em desfavor da parte recorrente, caso as instâncias
de origem os tenham fixado, nos termos do artigo 85, § 11, do Código de Processo
Civil, observados os limites dos §§ 2º e 3º e a eventual concessão de justiça gratuita.
[ARE 1.305.318 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 22-3-2021, P, DJE de 27-4-2021.]

Ementa: AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. FUNDAMENTAÇÃO


A RESPEITO DA REPERCUSSÃO GERAL. INSUFICIÊNCIA. REAPRECIAÇÃO DE
PROVAS. INADMISSIBILIDADE. SÚMULA 279 DO STF. 1. Os recursos extraor-
dinários somente serão conhecidos e julgados, quando essenciais e relevan-
tes as questões constitucionais a serem analisadas, sendo imprescindível ao
recorrente, em sua petição de interposição de recurso, a apresentação formal
e motivada da repercussão geral, que demonstre, perante o Supremo Tribunal
Federal, a existência de acentuado interesse geral na solução das questões
constitucionais discutidas no processo, que transcenda a defesa puramente de
interesses subjetivos e particulares. 2. A obrigação do recorrente em apresentar
formal e motivadamente a preliminar de repercussão geral, que demonstre sob
o ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, a relevância da questão
constitucional debatida que ultrapasse os interesses subjetivos da causa, con-
forme exigência constitucional e legal (art. 102, § 3º, da CF/88, c/c art. 1.035,
§ 2º, do CPC/2015), não se confunde com meras invocações desacompanhadas
de sólidos fundamentos no sentido de que o tema controvertido é portador de
ampla repercussão e de suma importância para o cenário econômico, político,
social ou jurídico, ou que não interessa única e simplesmente às partes envolvi-
das na lide, muito menos ainda divagações de que a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal é incontroversa no tocante à causa debatida, entre outras de
igual patamar argumentativo. 3. A reversão do acórdão passa necessariamente
pela revisão das provas constantes dos autos. Incide, portanto, o óbice da Súmula
279 (Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário) desta
Corte. 4. Agravo Interno a que se nega provimento. Na forma do art. 1.021, §§ 4º
e 5º, do Código de Processo Civil de 2015, em caso de votação unânime, fica
condenado o agravante a pagar ao agravado multa de um por cento do valor
atualizado da causa, cujo depósito prévio passa a ser condição para a interposição

48 Sumário
de qualquer outro recurso (à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de
gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final).
[RE 1.298.416 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 15-3-2021, 1ª T, DJE de
19-3-2021.]

Ementa: DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO INTERNO EM


RECURSO EXTRARDINÁRIO COM AGRAVO. TRÁFICO DE DROGAS. SUSTENTA-
ÇÃO ORAL. NÃO CABIMENTO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE.
INEXISTÊNCIA. PRELIMINAR FORMAL E FUNDAMENTADA DE REPERCUSSÃO
GERAL DA MATÉRIA. NECESSIDADE. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRI-
BUNAL FEDERAL. HABEAS CORPUS DE OFÍCIO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE
FLAGRANTE O ABUSO DE PODER. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal,
ao examinar feitos de natureza penal, já consignou o entendimento de que “não
cabe sustentação oral, em sede de agravo regimental, considerada a existência
de expressa vedação regimental que a impede (RISTF, art. 131, § 2º), fundada em
norma cuja constitucionalidade foi expressamente reconhecida pelo Supremo
Tribunal Federal” (Pet 2.820-AgR, Rel. Min. Celso de Mello). 2. Segundo o art. 21,
§ 1º, do RI/ STF e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o relator pode
decidir monocraticamente recurso manifestamente inadmissível, improcedente,
prejudicado ou contrário a entendimento firmado por este Tribunal. Ressalte-se
que é previsto meio de impugnação à parte que se sentir prejudicada e forçar o
pronunciamento do colegiado, qual seja, o agravo interno. Precedentes. 3. O Plená-
rio do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar a Questão de Ordem no AI 664.567,
Rel. Min. Sepúlveda Pertence, decidiu que “é de exigir-se a demonstração de
repercussão geral das questões constitucionais discutidas em qualquer recurso
extraordinário, incluído o criminal”. A parte recorrente não apresentou prelimi-
nar formal e fundamentada de repercussão geral das questões constitucionais
discutidas, o que atrai a incidência do art. 327, § 1º, do RI/STF. Precedente. 4. Ao
contrário do que alega a parte agravante, não se evidencia nenhuma ilegalidade
flagrante ou abuso de poder que pudesse justificar a concessão de habeas corpus
de ofício. 5. Agravo interno a que se nega provimento.
[ARE 1.301.392 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 15-3-2021, 1ª T, DJE de 18-3-2021.]

Ementa: Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. 2. Penal e


Processo Penal. 3. Recurso extraordinário sem preliminar formal de repercussão
geral. Óbice ao seu processamento. 4. Abuso do direito de recorrer. 5. Agravo

49 Sumário
improvido com determinação de certificação do trânsito em julgado e baixa ime-
diata à origem independentemente de publicação.
[ARE 1.249.644 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 1º-3-2021, 2ª T, DJE de 5-3-2021.]

Ementa: AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.
INSUFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. OFENSA REFLEXA. ÓBICE DA SÚMULA
284/STF. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. 1. A obrigação do recorrente em
apresentar formal e motivadamente a preliminar de repercussão geral, que
demonstre sob o ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, a relevân-
cia da questão constitucional debatida que ultrapasse os interesses subjetivos
da causa, conforme exigência constitucional e legal (art. 102, § 3º, da CF/88,
c/c art. 1.035, § 2º, do CPC/2015), não se confunde com meras invocações
desacompanhadas de sólidos fundamentos no sentido de que o tema contro-
vertido é portador de ampla repercussão e de suma importância para o cenário
econômico, político, social ou jurídico, ou que não interessa única e simples-
mente às partes envolvidas na lide, muito menos ainda divagações de que a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é incontroversa no tocante à causa
debatida, entre outras de igual patamar argumentativo. 2. O recurso apoia-se
em dispositivo incapaz de infirmar o juízo formulado pelo acórdão recorrido, por
trazer disposição de conteúdo genérico em face das peculiaridades da causa,
o que atrai a aplicação da Súmula 284/STF. 3. Inviável o exame das alegações
de violação ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada ou aos
princípios do acesso à justiça, da legalidade, do contraditório, da ampla defesa e
do devido processo legal quando imprescindível o exame de normas infracons-
titucionais. Ofensa meramente indireta ou reflexa às normas constitucionais. 4.
Agravo interno a que se nega provimento.
[ARE 998.909 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 9-3-2018, 1ª T, DJE de
21-3-2018.]

4.3 Fundamentação insuficiente a respeito da repercussão geral

Ementa: DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO INTERNO EM


RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PRELIMINAR DE REPERCUSSÃO
GERAL. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DAS QUESTÕES CONSTITUCIO-
NAIS DISCUTIDAS. 1. Tal como redigida, a preliminar de repercussão geral

50 Sumário
apresentada poderia ser aplicada a qualquer recurso, independentemente
das especificidades do caso concreto. Precedentes. 2. Agravo interno a que se
nega provimento.
[ARE 1.236.373 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 29-11-2019, 1ª T, DJE de 13-12-
2019.]

Ementa: AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


AGRAVO CONTRA DECISÃO DE ORIGEM QUE APLICA SISTEMÁTICA DA REPER-
CUSSÃO GERAL. INADMISSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO A RESPEITO DA
REPERCUSSÃO GERAL. INSUFICIÊNCIA. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 5º, XXXV e
LIV, DA CF/1988. OFENSA CONSTITUCIONAL REFLEXA. REAPRECIAÇÃO DE
PROVAS. INADMISSIBILIDADE. SÚMULA 279 DO STF. 1. A jurisprudência desta
CORTE firmou entendimento pela inadmissibilidade de agravo para o SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL com o objetivo de impugnar decisão da instância de origem
que aplica a sistemática da repercussão geral, seja inadmitindo o recurso extraor-
dinário, seja sobrestando-o até a formação de precedente pela SUPREMA CORTE.
2. Quanto às demais questões, os Recursos Extraordinários somente serão
conhecidos e julgados, quando essenciais e relevantes as questões constitu-
cionais a serem analisadas, sendo imprescindível ao recorrente, em sua petição
de interposição de recurso, a apresentação formal e motivada da repercussão
geral, que demonstre, perante o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, a existência
de acentuado interesse geral na solução das questões constitucionais discutidas
no processo, que transcenda a defesa puramente de interesses subjetivos e par-
ticulares. 3. A obrigação do recorrente em apresentar formal e motivadamente a
preliminar de repercussão geral, que demonstre sob o ponto de vista econômico,
político, social ou jurídico, a relevância da questão constitucional debatida que
ultrapasse os interesses subjetivos da causa, conforme exigência constitucional
e legal (art. 102, § 3º, da CF/88, c/c art. 1.035, § 2º, do CPC/2015), não se
confunde com meras invocações desacompanhadas de sólidos fundamentos
no sentido de que o tema controvertido é portador de ampla repercussão e de
suma importância para o cenário econômico, político, social ou jurídico, ou que
não interessa única e simplesmente às partes envolvidas na lide, muito menos
ainda divagações de que a jurisprudência do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
é incontroversa no tocante à causa debatida, entre outras de igual patamar
argumentativo. 4. O STF, no julgamento do ARE 748.371 – RG/MT (Rel. Min.
GILMAR MENDES, Tema 660), rejeitou a repercussão geral da violação ao direito

51 Sumário
adquirido, ao ato jurídico perfeito, à coisa julgada ou aos princípios da legalidade,
do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, quando se mostrar
imprescindível o exame de normas de natureza infraconstitucional. 5. A reversão
do acórdão passa necessariamente pelo reexame das provas. Incide, portanto, o
óbice da Súmula 279 (Para simples reexame de prova não cabe recurso extraor-
dinário) desta CORTE. 6. Agravo interno a que se nega provimento.
[ARE 1.301.803 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 8-4-2021, 1ª T, DJE de
14-4-2021.]

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. AGRAVO INTERNO.


REPERCUSSÃO GERAL. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO FUNDAMENTADA.
VERBA HONORÁRIA. ART. 85, § 11, DO CPC. CONTROLE DE CONSTITUCIONA-
LIDADE NA ORIGEM. MAJORAÇÃO INCABÍVEL. AGRAVO INTERNO DESPRO-
VIDO. 1. É incognoscível o apelo extremo que não apresentou fundamentação
suficientemente apta a demonstrar a repercussão geral das questões constitu-
cionais examinadas na espécie. 2. Não aplicação do disposto no § 11 do art. 85
do CPC por tratar-se, na origem, de controle concentrado de constitucionalidade.
3. Agravo interno ao qual se nega provimento.
[ARE 1.296.667 AgR, rel. min. Nunes Marques, j. 8-4-2021, 2ª T, DJE de 14-4-
2021.]

Ementa: DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. GRATIFI-


CAÇÃO DE DIREÇÃO DE FÓRUM. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO
SOB A ÉGIDE DO CPC/2015. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTS. 5º, XXXV, 37,
X, E 95, III, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. DEFICIÊNCIA NA DEMONSTRA-
ÇÃO DA REPERCUSSÃO GERAL. INOBSERVÂNCIA DO ART. 1.035, §§ 1º E 2º, DO
CPC/2015. EVENTUAL VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
NÃO VIABILIZA O RECURSO EXTRAORDINÁRIO. NECESSIDADE DE INTERPRE-
TAÇÃO DE LEGISLAÇÃO LOCAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 280/STF. REELA-
BORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA. PROCEDIMENTO VEDADO NA INSTÂNCIA
EXTRAORDINÁRIA. 1. Deficiência na fundamentação, em recurso extraordiná-
rio interposto sob a égide do CPC/2015, da existência de repercussão geral da
questão constitucional suscitada. Inobservância do art. 1.035, §§ 1º e 2º, do
CPC/2015. O preenchimento desse requisito demanda a demonstração, no caso
concreto, da existência de questões relevantes do ponto de vista econômico,
político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo. A

52 Sumário
afirmação genérica da existência de repercussão geral ou a simples indicação de
tema ou precedente desta Suprema Corte são insuficientes para o atendimento
do pressuposto. 2. A controvérsia, conforme já asseverado na decisão guerreada,
não alcança estatura constitucional. Não há falar em afronta aos preceitos constitu-
cionais indicados nas razões recursais. Compreensão diversa demandaria a análise
da legislação infraconstitucional encampada na decisão da Corte de origem, bem
como a reelaboração da moldura fática, a tornar oblíqua e reflexa eventual ofensa
à Constituição, insuscetível, como tal, de viabilizar o conhecimento do recurso
extraordinário. Desatendida a exigência do art. 102, III, “a”, da Lei Maior, nos termos
da remansosa jurisprudência desta Suprema Corte. 3. As razões do agravo não
se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada,
principalmente no que se refere à ausência de ofensa a preceito da Constituição
da República. 4. Agravo interno conhecido e não provido.
[ARE 1.296.879 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 22-3-2021, 1ª T, DJE de 24-3-2021.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AUSÊNCIA DE


DEMONSTRAÇÃO DE REPERCUS SÃO GERAL. INOBSERVÂNCIA DO ART. 102,
3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DO ART. 1.035, § 2º, DO NOVO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
EXECUÇÃO DA PENA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO. INCONSTITUCIO-
NALIDADE. CONCESSÃO DA ORDEM DE HABEAS CORPUS DE OFÍCIO. I – Nos
termos do art. 102, § 3º, da Constituição Federal e do art. 1.035, § 2º, do novo
Código de Processo Civil, o recorrente, na petição do recurso extraordinário,
deverá demonstrar a existência de repercussão geral das questões constitucio-
nais discutidas no caso, sob pena de inadmissão do recurso. II – Concessão de
habeas corpus de ofício, tendo em vista que não há como dar-se início à execução
da pena antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, conforme
julgamento da ADC 43 e 44, da relatoria do Ministro Marco Aurélio. II – Agravo
regimental a que se nega provimento.
[RE 1.297.296 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 15-3-2021, 2ª T, DJE de
9-4-2021.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. INTERPOSIÇÃO DO RE EM 19.7.2017. MANIFESTAÇÃO PERTINENTE
À DEMONSTRAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. AUSÊNCIA.
ART. 102, § 3º, DA CF E 1.035, § 1º, DO CPC. PRECEDENTES. 1. Consoante orien-

53 Sumário
tação firmada nesta Corte, cabe à parte recorrente demonstrar fundamentada-
mente a existência de repercussão geral da matéria constitucional em debate no
recurso extraordinário, mediante o desenvolvimento de argumentação que, de
maneira explícita e clara, revele o ponto em que a matéria veiculada no recurso
transcende os limites subjetivos do caso concreto do ponto de vista econômico,
político, social ou jurídico. 2. Não há, nas razões do apelo extremo interposto
sob a égide do CPC/15, qualquer manifestação pertinente à demonstração de
existência de repercussão geral. 3. Nos termos dos parâmetros fixados pelos
arts. 102, § 3º, da CF e 1.035, § 1º, do Código de Processo Civil, a argumentação
suficiente a ultrapassar a preliminar de conhecimento do recurso deve ser aquela
que, no âmbito da repercussão geral da questão econômica, apresente dados
suficientes para estimar a relação de causalidade entre a decisão requerida e
o impacto econômico ou financeiro potencialmente causado. 4. Agravo regi-
mental a que se nega provimento, com previsão de aplicação da multa prevista
no art. 1.021, § 4º, CPC.
[ARE 1.214.944 AgR, rel. min. Edson Fachin, j. 24-2-2021, 2ª T, DJE de 22-3-
2021.]

Ementa: AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUS-


SÃO GERAL. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. INCOGNOSCIBILIDADE DO
RECURSO. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. A repercussão geral da matéria
veiculada no recurso extraordinário deve ser articulada de forma fundamen-
tada, sob pena de incognoscibilidade do recurso de superposição. Precedentes:
ARE 1.262.431-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe de
04/09/2020; ARE 1.268.696-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Roberto Barroso,
DJe de 01/09/2020; ARE 1.257.973-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Edson Fachin,
DJe de 11/09/2020. 2. O Ministro Presidente guarda poderes para examinar,
como Relator, os recursos extraordinários e os agravos em recurso extraordi-
nário ineptos ou manifestamente inadmissíveis, inclusive por incompetência,
intempestividade, deserção, prejuízo ou ausência de preliminar formal e fun-
damentada de repercussão geral, bem como aqueles cujo tema seja destituído
de repercussão geral, nos termos do artigo 13, V, c, do Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal, sendo certa a ausência de violação ao princípio da
colegialidade quando do exercício dessa faculdade. Precedentes: ARE 1.2615.88-
AgR, Tribunal Pleno, Rel. Min. Dias Toffoli (Presidente), DJe de 29/06/2020; e

54 Sumário
ARE 1.265.863-AgR, Tribunal Pleno, Rel. Min. Dias Toffoli (Presidente), DJe de
14/07/2020. 3. Agravo interno desprovido.
[RE 1.352.820 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 8-2-2022, P, DJE de 24-2-2022.]

Ementa: DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO INTERNO EM


RECURSO EXTRARDINÁRIO COM AGRAVO. RECURSO QUE NÃO ATACA OS
FUNDAMENTOS DA DECISÃO QUE INADMITIRA O RECURSO EXTRAORDINÁ-
RIO. REPERCUSSÃO GERAL DAS QUESTÕES CONSTITUCIONAIS. AUSÊNCIA
DE DEMONSTRAÇÃO. 1. As partes agravantes não atacaram os fundamentos
utilizados pela decisão do Tribunal de origem para inadmitir o recurso extraordi-
nário. Nesses casos é inadmissível o agravo, conforme a orientação do Supremo
Tribunal Federal (STF). Precedente. 2. Como já registrado pelo STF, “a simples
descrição do instituto da repercussão geral não é suficiente para desincumbir
a parte recorrente do ônus processual de demonstrar de forma fundamentada
porque a questão específica apresentada no recurso extraordinário seria rele-
vante do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico e ultrapassaria o
mero interesse subjetivo da causa” (RE 596.579-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewan-
dowski). 3. Agravo interno a que se nega provimento.
[ARE 1.296.753 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 15-12-2020, 1ª T, DJE de 17-12-
2020.]

Ementa: AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIMES DE TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECEN-
TES E POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. ARTIGO
33 DA LEI 11.343/2006 E ARTIGO 12 DA LEI 10.826/2003. DEFICIÊNCIA NA
FUNDAMENTAÇÃO DA PRELIMINAR DE REPERCUSSÃO GERAL. ARTIGO 1.035,
§ 2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 C/C ARTIGO 327, § 1º, DO REGI-
MENTO INTERNO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MATÉRIA CRIMINAL.
INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO PRESUMIDA. PRECEDENTES. ALEGADA
VIOLAÇÃO AO ARTIGO 5º, LIV E LV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRINCÍPIOS
DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA.
OFENSA REFLEXA AO TEXTO CONSTITUCIONAL. ALEGADA VIOLAÇÃO AOS
ARTIGOS 5º, LIII E LVII, E 129, I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRINCÍPIOS DO
JUIZ NATURAL, DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E DO SISTEMA ACUSATÓRIO.
NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS
AUTOS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 279 DO STF. ALEGADA OFENSA AO SIS-

55 Sumário
TEMA ACUSATÓRIO. MATÉRIA DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA
DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. AGRAVO
INTERNO DESPROVIDO.
[ARE 1.264.183 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 11-5-2020, 1ª T, DJE de 26-5-2020.]

Ementa: AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME DE ESTUPRO. ARTIGO 213 DO CÓDIGO
PENAL. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO DA PRELIMINAR DE REPERCUS-
SÃO GERAL. ARTIGO 1.035, § 2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
C/C ARTIGO 327, § 1º, DO REGIMENTO INTERNO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
[ARE 1.251.836 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 13-3-2020, 1ª T, DJE de 27-3-2020.]

4.4 Presunção da existência de repercussão geral

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DEMONS-


TRAÇÃO DE REPERCUSSÃO GERAL. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. AGRAVO
REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – A mera alegação, nas razões do
recurso extraordinário, de existência de repercussão geral das questões constitu-
cionais discutidas, desprovida de fundamentação adequada que demonstre seu
efetivo preenchimento, não satisfaz a exigência prevista nos arts. 102, § 3°, da CF;
1.035, § 2°, do CPC; e 327, § 1°, do RISTF. II – A demonstração fundamentada da
existência de repercussão geral das questões constitucionais discutidas também
é indispensável nas hipóteses de repercussão geral presumida e naquelas em
que o Supremo Tribunal Federal já houver reconhecido a repercussão geral da
matéria em outro recurso. III – Agravo regimental a que se nega provimento.
[RE 1.174.080 ED-AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 13-4-2021, 2ª T, DJE
de 23-4-2021.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO CRIMINAL


COM AGRAVO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE REPERCUSSÃO GERAL.
INOBSERVÂNCIA DO ART. 102, 3°, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DO ART.
1.035, § 2°, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. INEXISTÊNCIA DE REPERCUS-
SÃO GERAL PRESUMIDA EM RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS DE MATÉRIA
CRIMINAL. PRECEDENTES. ALEGADA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA.
INOCORRÊNCIA. DURANTE O PERÍODO DE PROVA DO SURSIS NÃO CORRE

56 Sumário
PRAZO DE PRESCRIÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
I – Nos termos do art. 102, § 3°, da Constituição Federal e do art. 1.035, § 2°,
do Código de Processo Civil, o recorrente, na petição do recurso extraordiná-
rio, deverá demonstrar a existência de repercussão geral das questões consti-
tucionais discutidas no caso, sob pena de inadmissão do RE. II – A orientação
do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que, mesmo estando em jogo a
liberdade do cidadão, não há falar em repercussão geral presumida de todo
recurso extraordinário em matéria criminal. Precedentes. III – O entendimento
desta Corte é no sentido de que durante o período de prova do sursis não corre
a prescrição, tendo em vista que, apesar de o Código Penal não considerar de
forma explícita, a suspensão condicional da pena é uma causa impeditiva da
prescrição, de acordo com a lógica do sistema vigente. Precedentes. IV – Agravo
regimental a que se nega provimento.
[ARE 1.226.881 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 18-10-2019, P, DJE de
29-10-2019.]

Ementa: Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Repercussão


geral. Razões fundamentadas. Ausência. Inadmissibilidade. Precedentes. 1. Os
recursos extraordinários interpostos contra acórdãos publicados a partir de
3/5/07 devem demonstrar, em tópico devidamente fundamentado, a existência
da repercussão geral das questões discutidas no apelo extremo (AI nº 664.567/
RS-QO), não havendo falar em repercussão geral implícita ou presumida. 2.
Agravo regimental não provido. 3. Havendo prévia fixação de honorários advo-
catícios pelas instâncias de origem, seu valor monetário será majorado em 10%
(dez por cento) em desfavor da parte recorrente, nos termos do art. 85, § 11, do
Código de Processo Civil, observados os limites dos §§ 2º e 3º do referido artigo
e a eventual concessão de justiça gratuita.
[ARE 1.211.007 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 23-8-2019, P, DJE de 18-9-2019.]

Ementa: Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Repercussão


geral não demonstrada. Requisito de admissibilidade. Precedentes. 1. A ausên-
cia de argumentação expressa, formal e objetivamente articulada pela parte
recorrente para demonstrar, nas razões do recurso extraordinário, a existên-
cia de repercussão geral da matéria suscitada, inviabiliza o exame do referido
recurso mesmo na hipótese de repercussão geral presumida ou já reconhecida
pelo Supremo Tribunal Federal em outro feito. 2. Agravo regimental não provido,

57 Sumário
com imposição de multa de 1% (um por cento) do valor atualizado da causa
(art. 1.021, § 4º, do CPC). 3. Havendo prévia fixação de honorários advocatícios
pelas instâncias de origem, seu valor monetário será majorado em 10% (dez por
cento) em desfavor da parte recorrente, nos termos do art. 85, § 11, do Código de
Processo Civil, observados os limites dos §§ 2º e 3º do referido artigo e a eventual
concessão de justiça gratuita.
[ARE 1.135.507 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 22-10-2018, P, DJE de 20-11-2018.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


INTERPOSIÇÃO EM 13.4.2018. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE.
PRELIMINAR DE REPERCUSSÃO GERAL. AUSÊNCIA. 1. Nos termos da orientação
firmada nesta Corte, cabe ao recorrente demonstrar de maneira formal e funda-
mentada a existência de repercussão geral da matéria constitucional em debate
no recurso extraordinário, o que não ocorreu no caso em exame. Mesmo em caso
de repercussão geral presumida ou reconhecida em outro recurso, é ônus do
recorrente a demonstração da existência desse requisito. 2. Agravo regimental
a que se nega provimento, com previsão de aplicação da multa prevista no art.
1.021, § 4º, do CPC.
[ARE 1.102.846 AgR, rel. min. Edson Fachin, j. 10-8-2018, P, DJE de 21-8-
2018.]

Ementa: AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
PREENCHIMENTO. REPERCUSSÃO GERAL PRESUMIDA. 1. Antes e depois da
vigência do Novo Código de Processo Civil, o Relator está autorizado a dar pro-
vimento ao recurso extraordinário nos autos do agravo (CPC/73, art. 544, § 4º,
II, c; CPC/2015, art. 1.042, § 5º c/c art. 932, V). 2. Evidentemente, tal provimento
supõe agravo e recurso extraordinário admissíveis. 3. No caso concreto, o apelo
extremo preenche todos os pressupostos de conhecimento, pois (a) foi preques-
tionada a matéria constitucional suscitada e (b) a existência de jurisprudência
consolidada sobre a questão dispensa novo escrutínio sobre a repercussão
geral, a qual se reputa presumida. 4. Agravo Interno a que se nega provimento.
[ARE 971.061 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 20-2-2018, P, DJE de 6-3-
2018.]

58 Sumário
4.5 Revisão de tema de repercussão geral reconhecido no Plenário
Virtual e ausência de preclusão consumativa

4.5.1 Procedimento de revisão previsto no RISTF (art. 323-B, incluído pela


Emenda Regimental nº 54/2020)

Ementa: Direito tributário. Recurso extraordinário com repercussão geral. IPI.


Bacalhau. Controvérsia de índole infraconstitucional. PROPOSTA DE REVISÃO DO
RECONHECIMENTO DA REPERCUSSÃO GERAL. 1. Recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida para análise da constitucionalidade da incidência
de IPI sobre bacalhau seco e salgado, sem similar nacional, importado de país
signatário no GATT. 2. O art. 323-B do RISTF autoriza o relator a sugerir revisão
do reconhecimento da repercussão geral, o que proponho neste caso por duas
razões: (i) foi relevante o número de Ministros que se manifestaram de forma
contrária ao reconhecimento da presente repercussão geral; (ii) entendo que
discordar das conclusões adotadas pelo Tribunal demandaria o reexame do
acervo probatório dos autos e da legislação infraconstitucional. 3. Nos termos
do art. 323-B do RISTF, em decorrência das alterações da composição do Tribu-
nal e por óbices de processamento do presente recurso, proponho a revisão do
reconhecimento da repercussão geral da presente controvérsia, a fim de con-
signar que sua resolução depende do reexame do acervo probatório dos autos
e da legislação infraconstitucional pertinente. Aplicação ao presente tema dos
efeitos da ausência de repercussão geral. Precedentes. 4. Diante do exposto,
não conheço do recurso extraordinário. Proponho a fixação da seguinte tese de
julgamento: “É infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos da ausência de
repercussão geral, a controvérsia relativa à incidência de IPI sobre o bacalhau seco
e salgado oriundo de país signatário do GATT.”.
[RE 627.280, rel. min. Roberto Barroso, j. 21-3-2022, P, DJE de 29-3-2022,
Tema 50.]

Ementa: Recurso extraordinário. 2. Princípio do juiz natural. Validade da estru-


tura administrativa de Judiciário estadual. Projeto Cadernetas de Poupança do
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. 2. Esvaziamento da relevância e do
caráter transcendental da questão suscitada no recurso extraordinário. Aplicação
do art. 323-B do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, em redação
conferida pela Emenda Regimental 54, de 1º de julho de 2020, segundo o qual

59 Sumário
“o relator poderá propor, por meio eletrônico, a revisão do reconhecimento
da repercussão geral quando o mérito do tema ainda não tiver sido julgado”.
3. Revisão do tema 321 da sistemática repercussão geral, para constar que:
“Não há repercussão geral na controvérsia em que se questiona a validade de
regulamento editado por órgão do Judiciário estadual que, com base na lei de
organização judiciária local, preceitua a convolação de ação individual em inci-
dente de liquidação no bojo da execução de sentença coletiva proferida em juízo
diverso do inicial”. Pedido de desistência homologado.
[RE 1.040.229 RG-RG-2º Julg, rel. min. Gilmar Mendes, j. 21-12-2020, P, DJE
de 17-2-2021, Tema 321.]

Ementa: Recurso extraordinário. 2. Administrativo. 3. Progressão funcional pre-


vista na Lei 6.110/94, do Estado do Maranhão. Carreira de professor. 4. Esvazia-
mento da relevância e do caráter transcendental da questão suscitada no recurso
extraordinário. Aplicação do art. 323-B do Regimento Interno do Supremo Tri-
bunal Federal, em redação conferida pela Emenda Regimental nº 54, de 1º de
julho de 2020, segundo o qual “o relator poderá propor, por meio eletrônico,
a revisão do reconhecimento da repercussão geral quando o mérito do tema
ainda não tiver sido julgado”. 5. Revisão do tema 493 da sistemática repercussão
geral, para constar que: “Não possui repercussão geral a discussão acerca da
constitucionalidade da progressão funcional prevista na Lei 6.110/94, do Estado
do Maranhão”. 6. Negado seguimento ao recurso extraordinário.
[RE 523.086 RG-RG-2º Julg, rel. min. Gilmar Mendes, j. 7-12-2020, P, DJE de
21-1-2021, Tema 493.]

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 449.


SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO. ESTUDANTE DE MEDICINA. ATO CONVO-
CATÓRIO. CERTIFICADO DE DISPENSA DA INCORPORAÇÃO. MATÉRIA CONS-
TITUCIONAL. AUSÊNCIA. ART. 323-B DO RISTF. REVISÃO. INEXISTÊNCIA DA
REPERCUSSÃO GERAL. NÃO CONHECIMENTO. 1. Tema nº 449 da repercussão
geral: “Convocação, para o serviço militar, de estudante de medicina dispensado
por excesso de contingente”. Na dicção do art. 323-B do Regimento Interno
desta Suprema Corte, incluído pela Emenda nº 54, de 1º de julho de 2020, “o
relator poderá propor, por meio eletrônico, a revisão do reconhecimento da
repercussão geral quando o mérito do tema ainda não tiver sido julgado”. 2.
Controvérsia de natureza infraconstitucional, pacificada no âmbito do Superior

60 Sumário
Tribunal de Justiça sob os Temas nº 417 e nº 418 da sistemática dos recursos
repetitivos. Estudantes de Medicina dispensados por excesso de contingente não
estão sujeitos à prestação do serviço militar obrigatório, à exceção dos médicos
convocados na vigência da Lei nº 12.336/2010. Exegese das Leis nº 4.375/1964
e nº 5.292/1967. 3. Recurso extraordinário não conhecido.
[RE 754.276 RG, rel. min. Rosa Weber, j. 22-3-2021, P, DJE de 19-4-2021, Tema 449.]

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO GERAL – RELEVÂN-


CIA – PERDA. Ante a perda de relevância da questão constitucional debatida,
considerados o transcurso do tempo e a evolução nas telecomunicações, impõe-
-se, a teor do artigo 323-B, do Regimento Interno do Supremo, a revisão do
reconhecimento da repercussão geral, relativamente ao Tema nº 501, a versar
imposto incidente sobre atividade de secretariado por rádio-chamada.
[RE 660.970 RG-RG-2º Julg, rel. min. Marco Aurélio, j. 18-3-2021, P, DJE de 4-5-
2021, Tema 507.]

4.5.2 Revisão da repercussão geral com cancelamento do tema

Ementa: Recurso extraordinário com repercussão geral. Direito Constitucional e


Ambiental. Ação direta de inconstitucionalidade estadual. Lei nº 16.222/2015
do Município de São Paulo. Proibição de produção e comercialização de foie
gras. Questão examinada, sob maior amplitude, pelo Plenário do Supremo
Tribunal Federal. Tema 145 da Repercussão geral. Desafetação do presente
recurso extraordinário do rito da repercussão geral. Devolução dos autos ao
juízo de origem. Artigo 1.030 do Código de Processo Civil. Cancelamento do
Tema 1.080 da Repercussão Geral. 1. Recursos extraordinários interpostos em
face de acórdão do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, o qual
julgou procedente ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pela Associação
Nacional de Restaurantes (ANR) na qual ela questiona a constitucionalidade da
Lei nº 16.222/2015 do Município de São Paulo, a qual dispõe sobre a proibição
de produção e comercialização de foie gras. 2. A questão acerca da competên-
cia legislativa municipal em matéria ambiental foi profundamente examinada
pelo Plenário do STF no julgamento do referido leading case do Tema 145 da
Repercussão Geral. 3. Segundo se extrai da conclusão do referido julgamento,
o Plenário do STF assentou a existência de competência legislativa dos municí-
pios no que diz respeito à seara ambiental. Todavia, ressaltou a Corte Suprema

61 Sumário
a necessidade de os municípios observarem, no exercício de sua competência
legislativa, a constitucionalidade material do ato normativo exarado. O município,
portanto, ao legislar sobre direito ambiental, deve harmonizar-se com os demais
entes federados e adequar-se aos limites de seu interesse local. 4. Revisão do
reconhecimento da repercussão geral do Tema 1.080 para o exclusivo fim de
desafetar o presente recurso extraordinário do rito da repercussão geral no
STF, com a devolução do feito ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
para que aplique a sistemática da repercussão geral prevista nas disposições
do art. 1.030 do Código de Processo Civil. 5. Cancelamento do Tema 1.080 da
Repercussão Geral sem que seja fixada tese de repercussão geral para o caso.
[RE 1.030.732, rel. min. Dias Toffoli, j. 4-11-2021, P, DJE de 7-1-2022, Tema 1.080.]

4.6 Ausência de preclusão dos pressupostos de admissibilidade

Ementa: Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Preclusão do


juízo de admissibilidade. Inocorrência. Embargos de declaração não conhecidos
na origem diante da ausência de recolhimento da multa imposta com fundamento
no art. 1.021, § 4º, do CPC/15, que não suspendem ou interrompem o prazo para
interposição do apelo extremo. Recurso extraordinário. Intempestividade. Pre-
cedentes. 1. Não há preclusão quanto ao exame de admissibilidade do recurso
extraordinário pelo Supremo Tribunal Federal quando proferido anterior des-
pacho de devolução dos autos à origem determinando a observância da siste-
mática de repercussão geral, ante a ausência de conteúdo decisório de tal ato
judicial. 2. Os embargos de declaração não conhecidos pelo Tribunal de origem
diante da ausência de recolhimento da multa imposta com fundamento no art.
1.021, § 4º, do CPC, não interrompem nem suspendem o prazo para a interpo-
sição do recurso extraordinário. 3. A parte agravante não observou o prazo de
15 (quinze) dias úteis para a interposição do recurso extraordinário (art. 1.003,
§ 5º, c/c art. 219, ambos do CPC). 4. A questão relativa aos pressupostos de
cabimento ou admissibilidade de recursos de competência de outros tribunais
tem natureza infraconstitucional, tendo sua ausência de repercussão geral sido
reconhecida pelo Plenário da Corte no RE nº 598.365-RG (Tema 181). 5. Agravo
regimental não provido. 6. Havendo prévia fixação de honorários advocatícios
pelas instâncias de origem, seu valor monetário será majorado em 10% (dez por
cento) em desfavor da parte recorrente, nos termos do art. 85, § 11, do Código de

62 Sumário
Processo Civil, observados os limites dos §§ 2º e 3º do referido artigo e a eventual
concessão de justiça gratuita.
[RE 1.157.318 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 8-9-2020, P, DJE de 21-10-2020.]

4.7 Ausência de repercussão geral

4.7.1 Questão infraconstitucional e quórum de votação

Ementa: Embargos de declaração na repercussão geral no recurso extraordinário.


Tema nº 901 da repercussão geral. Momento da cessação do pagamento de abono
de permanência. Direito Processual. Deliberação do Plenário Virtual. Situação em
que a maioria absoluta dos Ministros votou pela ausência de questão constitu-
cional. Consequências. Recurso aclaratório acolhido com efeitos infringentes. 1. O
reconhecimento da repercussão geral pelo Plenário Virtual não configura preclusão
consumativa. O resultado da deliberação eletrônica não impede o posterior ree-
xame dos requisitos de admissibilidade do recurso e dos efeitos do julgamento.
Precedentes. 2. No Plenário Virtual, seis Ministros votaram pelo caráter infracons-
titucional da discussão relativa ao momento em que deve cessar o pagamento do
abono de permanência – se a partir do protocolo do pedido de aposentadoria ou do
aperfeiçoamento do ato de jubilação –, mas, ainda assim, a repercussão geral foi
admitida. 3. O quórum previsto no art. 102, § 3º, da Constituição Federal somente
se aplica à rejeição do recurso por ausência de repercussão geral. A presença ou
não de questão constitucional depende dos votos da maioria absoluta da Corte –
isto é, seis votos. Admitindo-se que as questões postas repousam apenas na
esfera da legalidade, há que se concluir que o Tribunal decidiu pela inexistência
de questão constitucional e, por conseguinte, de repercussão geral, na medida
em que essa pressupõe a existência daquela. 4. Na hipótese, a racionalidade do
sistema e a vontade constitucional demandam a revisão do resultado proclamado,
visto que, não havendo matéria constitucional e, por extensão, repercussão geral,
nem sequer há de se conhecer do recurso quanto a seu mérito. 5. Embargos de
declaração acolhidos com efeitos infringentes, reconhecendo-se o caráter infra-
constitucional da controvérsia posta nos autos e, por conseguinte, a ausência de
repercussão geral da matéria, e não se conhecendo do recurso extraordinário, nos
termos do art. 543-A do CPC/1917 e do art. 1.035 do CPC/2015.
[RE 956.304 RG-ED, rel. min. Dias Toffoli, j. 24-8-2020, P, DJE de 25-11-2020,
Tema 901.]

63 Sumário
4.7.2 Situação concreta e específica

Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. CONVIVÊNCIA ENTRE PRINCÍPIOS. LIMI-


TES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO EM QUE SE DISCUTE A EXISTÊNCIA DE
VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DO SENTIMENTO RELIGIOSO EM FACE DO PRINCÍPIO
DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO ARTÍSTICA E DE IMPRENSA. PUBLICAÇÃO, EM
REVISTA PARA PÚBLICO ADULTO, DE ENSAIO FOTOGRÁFICO EM QUE MODELO
POSOU PORTANDO SÍMBOLO CRISTÃO. LITÍGIO QUE NÃO EXTRAPOLA OS
LIMITES DA SITUAÇÃO CONCRETA E ESPECÍFICA. PLENÁRIO VIRTUAL.
EMBORA O TRIBUNAL, POR UNANIMIDADE, TENHA REPUTADO CONSTITU-
CIONAL A QUESTÃO, RECONHECEU, POR MAIORIA, A INEXISTÊNCIA DE SUA
REPERCUSSÃO GERAL.
[ARE 790.813 RG, rel. min. Marco Aurélio, j. 11-4-2014, P, DJE de 9-3-2015.]

4.8 Reafirmação de jurisprudência dominante e quórum de votação

Embargos de declaração em recurso extraordinário com agravo. 2. Decisão que


avançou no julgamento do mérito, reafirmando a jurisprudência do STF. Irrecor-
ribilidade da decisão que trata da repercussão geral, art. 543-A, CPC. Inaplica-
bilidade. Cabimento de embargos de declaração. 3. Plenário Virtual. Publicidade
e motivação – art. 93, IX, CF. O julgamento pelo Plenário Virtual tem suficiente
publicidade e produz decisões motivadas. Sistemática semelhante àquela do
Plenário físico. 4. Plenário virtual. Restrição à possibilidade de realização de sus-
tentação oral. Possibilidade. Julgamento de mérito estrito às hipóteses em que
reafirmada jurisprudência do Tribunal. Existência de outros julgamentos em que
não se admite a sustentação oral. 5. Correção da proclamação do julgamento.
Ato do Presidente – art. 135, § 2º, do Regimento Interno. Desnecessidade da
submissão ao Plenário. 6. Omissão da participação de ministros. Impedimentos.
Aplicação das regras de quórum. A participação de seis ministros é suficiente
para conclusão do julgamento. 7. Diligências externas. Poderes de investigação
do Ministério Público. Compatibilização. Matéria estranha ao objeto do recurso
extraordinário. 8. Reafirmação de jurisprudência. Cotejo suficiente dos prece-
dentes ao caso concreto. 9. Embargos de declaração rejeitados.
[ARE 859.251 ED, rel. min. Gilmar Mendes, j. 22-10-2015, P, DJE de 9-11-2015,
Tema 811.]

64 Sumário
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SER-
VIÇO (FGTS). CORREÇÃO MONETÁRIA. PLANO COLLOR II (FEVEREIRO/1991).
DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO
PLENÁRIO NO RE 226.855. PRECEDENTES. CONTROVÉRSIA SOBRE A SUPE-
RAÇÃO PELO JULGAMENTO DO RE 611.503. TEMA 360 DA REPERCUSSÃO
GERAL. MULTIPLICIDADE DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS. CONTROVÉR-
SIA CONSTITUCIONAL DOTADA DE REPERCUSSÃO GERAL. PROCLAMAÇÃO
DO RESULTADO. ERRO MATERIAL. INOCORRÊNCIA. NÃO REAFIRMAÇÃO DA
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. JULGAMENTO POS-
TERIOR DO MÉRITO. EMBARGOS DECLARATÓRIOS DESPROVIDOS.
Transcrição de trecho do voto condutor:
“[...] quanto ao julgamento da proposta de reafirmação da jurisprudência
dominante desta Corte, acompanharam-me expressamente a Ministra Rosa
Weber e os Ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Roberto Barroso. Por outro
lado, votaram pela não reafirmação os Ministros Marco Aurélio, Edson Fachin
e Ricardo Lewandowski, remetendo o mérito para posterior apreciação. Não
se manifestaram de modo expresso, tão somente nesse aspecto, o Ministro
Alexandre de Moraes e a Ministra Cármen Lúcia. Portanto, foram registrados 5
(cinco) votos pela reafirmação da jurisprudência, 3 (três) pela não reafirmação
e dois campos em branco.
[...]
[...] no julgamento da repercussão geral deste ARE 1.288.550, todos os Minis-
tros participaram do julgamento quanto às preliminares de existência tanto da
questão constitucional como da repercussão geral. Portanto, dez Ministros
expressamente admitiram o recurso extraordinário pelo simples reconheci-
mento da repercussão geral do tema, com o que se afasta a alegação da parte
embargante de que a maioria simples deveria ser contada sobre oito votos.
Assim, ainda que considerado o entendimento desta Corte de ser suficiente a
maioria simples para reafirmação, desde que respeitado quórum mínimo de seis
Ministros, seriam necessários seis votos expressos para se ter por reafirmada a
jurisprudência dominante deste Tribunal, o que não ocorreu no presente caso.
Nessa hipótese, o silêncio no ambiente virtual, apenas sobre a reafirmação,
deve ser interpretado como a ausência de interesse em reafirmar.”
[ARE 1.288.550 RG-ED, rel. min. Luiz Fux, j. 15-9-2021, P, DJE de 1º-10-2021,
Tema 1.112.]

65 Sumário
4.9 Aplicação, distinção e superação

4.9.1 Aplicação

4.9.1.1 Adequação ao caso concreto

Ementa: AGRAVOS REGIMENTAIS EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADEQUA-


ÇÃO DE TEMA DA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL AO CASO CON-
CRETO. INCIDÊNCIA DA COFINS SOBRE VARIAÇÃO CAMBIAL. 1. É inconstitu-
cional a incidência das contribuições do PIS/COFINS sobre a receita decorrente
da variação cambial positiva obtida nas operações de exportação de produtos.
Precedente: RE-RG 627.815, de relatoria da Ministra Rosa Weber, Tribunal Pleno,
DJe 1º.10.2013. 2. Compete ao Tribunal de origem exercer a jurisdição nos limi-
tes de suas atribuições constitucionais e legais, de modo a aplicar as razões de
decidir de recurso-paradigma referente à tema da repercussão geral ao caso
concreto. Precedente: RE-QO 593.995, de relatoria do Ministro Joaquim Barbosa,
Tribunal Pleno, DJe 17.06.2014. 3. Agravos regimentais desprovidos.
[RE 636.348 AgR-segundo, rel. min. Edson Fachin, j. 24-11-2015, 1ª T, DJE de
18-12-2015.]

Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TEMA 810 DA REPERCUSSÃO GERAL. CUM-
PRIMENTO DE SENTENÇA. COISA JULGADA MATERIAL. CORREÇÃO MONE-
TÁRIA. JUÍZO DE RETRATAÇÃO NEGATIVO. INCLUSÃO DA CONTROVÉRSIA
NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. RE 1.317.982-RG. TEMA 1170.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. REMESSA DOS AUTOS À ORIGEM.
ART. 1.036 DO CPC. 1. Verifica-se que, recentemente, em 23.09.2021, o Plenário
Virtual reconheceu a existência de repercussão geral da questão constitucional
suscitada relativa à “validade dos juros moratórios aplicáveis nas condenações
da Fazenda Pública, em virtude da tese firmada no RE 870.947 (Tema 810), na
execução de título judicial que tenha fixado expressamente índice diverso” (RE
1.317.982-RG, Tema 1170, de relatoria do Min. Presidente Luiz Fux). 2. Embar-
gos de declaração acolhidos para, atribuindo-lhes efeitos infringentes, tornar
sem efeito o acórdão embargado e a decisão que deu provimento ao recurso
extraordinário com agravo, determinando-se a devolução dos autos ao Tribunal

66 Sumário
de origem para adequação ao disposto no art. 1.036 do CPC, nos termos do
art. 328 do RISTF.
[ARE 1.317.698 AgR-ED, rel. min. Edson Fachin, j. 4-4-2022, 2ª T, DJE de 27-4-
2022.]

Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE


CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS). ALÍQUOTAS DIFEREN-
CIADAS. PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE. APLICAÇÃO AO CASO DA SISTEMÁTICA
DA REPERCUSSÃO GERAL. RE 714.139-RG. TEMA Nº 745 DA SISTEMÁTICA
DA REPERCUSSÃO GERAL. CONCESSÃO EXCEPCIONAL DE EFEITOS INFRIN-
GENTES. APLICAÇÃO DOS ARTS. DE 1.036 A 1.040 DO CPC/2015. PRECE-
DENTES. APELO EXTREMO E DECLARATÓRIOS MANEJADOS SOB A VIGÊNCIA
DO CPC/2015. 1. Verificada a identidade entre o precedente paradigmático e
o caso dos autos, admite-se a concessão excepcional de efeitos infringentes
aos declaratórios com o fito de aplicar à causa a sistemática da repercussão
geral. Inteligência dos arts. 328 do Regimento Interno do STF e 1.036 a 1.040
do Código de Processo Civil de 2015. Precedentes. 2. Embargos de declaração
acolhidos para, concedendo-lhes excepcionais efeitos modificativos, anular o
acórdão embargado e determinar a devolução dos autos à Corte de origem, para
os fins previstos nos arts. de 1.036 a 1.040 do Código de Processo Civil de 2015.
[RE 1.244.330 AgR-ED, rel. min. Rosa Weber, j. 24-2-2021, 1ª T, DJE de 8-3-
2021.]

Ementa: EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO TRIBUTÁRIO. REINTEGRA. REVO-
GAÇÃO DE BENEFÍCIO FISCAL. ANTERIORIDADE GERAL. ARE 1.285.177-RG.
TEMA 1108. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA ACOLHIDOS. REMESSA DOS AUTOS
À ORIGEM. ART. 1.036 DO CPC. 1. Verifica-se a inclusão superveniente da contro-
vérsia em exame na sistemática da repercussão geral, Tema 1108, cujo recurso
paradigma é o ARE 1.285.177-RG, de relatoria do Min. Presidente. 2. Embargos
de divergência acolhidos para tornar sem efeito o acórdão embargado e a parte
da decisão que deu provimento ao recurso extraordinário interposto pela con-
tribuinte, determinando-se a devolução dos autos ao Tribunal de origem para
adequação ao disposto no art. 1.036 do CPC, nos termos do art. 328 do RISTF.
[ARE 1.246.772 AgR-EDv, rel. min. Edson Fachin, j. 23-8-2021, P, DJE de 16-9-2021.]

67 Sumário
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL. DIREITO TRIBU-
TÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO CPC/1973.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PATRONAL. FOLHA DE SALÁRIOS. FÉRIAS.
NATUREZA. ERRO MATERIAL. APLICAÇÃO AO CASO DA SISTEMÁTICA DA
REPERCUSSÃO GERAL TEMA Nº 985. CONCESSÃO EXCEPCIONAL DE EFEITOS
INFRINGENTES. APLICAÇÃO DOS ARTS. 1.036 A 1.040 DO CPC/2015. PRE-
CEDENTES. DECLARATÓRIOS MANEJADOS SOB A VIGÊNCIA DO CPC/2015.
1. VERIFICADA A IDENTIDADE ENTRE O PRECEDENTE PARADIGMÁTICO E O
CASO DOS AUTOS, ADMITE-SE A CONCESSÃO EXCEPCIONAL DE EFEITOS
INFRINGENTES AOS DECLARATÓRIOS COM O FITO DE APLICAR À CAUSA A
SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 328 DO
REGIMENTO INTERNO DO STF E 1.036 A 1.040 DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL DE 2015. PRECEDENTES. 2. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS
PARA, CONCEDENDO-LHES EXCEPCIONAIS EFEITOS MODIFICATIVOS, ANULAR
O ACÓRDÃO EMBARGADO E DETERMINAR A DEVOLUÇÃO DOS AUTOS À
CORTE DE ORIGEM, PARA OS FINS PREVISTOS NOS ARTS. 1.036 A 1.040 DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015.
[RE 1.119.154 AgR-ED, rel. min. Rosa Weber, j. 14-2-2020, 1ª T, DJE de 9-3-2020.]

Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EQUÍVOCO NA INDICAÇÃO DO PARA-
DIGMA DA REPERCUSSÃO GERAL. EFEITOS MODIFICATIVOS. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO ACOLHIDOS.
[RE 925.864 AgR-ED, rel. min. Cármen Lúcia, j. 29-6-2018, P, DJE de 7-8-2018.]

4.9.1.2 Marco temporal para aplicação de tema de repercussão geral

Ementa: SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO EXTRAORDI-


NÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS
E SERVIÇOS – ICMS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA. SÚMULA DE
JULGAMENTO. ATA DE JULGAMENTO. PREMISSAS FÁTICAS. SUPORTE NORMA-
TIVO. EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. CONTRADIÇÃO. OMISSÃO.
NÃO CONFIGURADA. ESCLARECIMENTO. POSSIBILIDADE. 1. Nos termos do
artigo 1.022 do Código de Processo Civil, os embargos de declaração não cons-
tituem meio hábil para reforma do julgado, sendo cabíveis somente nos casos
de obscuridade, contradição ou omissão da decisão impugnada, bem como para

68 Sumário
corrigir eventual erro material. 2. Os embargos declaratórios não se prestam à
rediscussão do assentado em paradigma de repercussão geral, com pretensão de
efeitos infringentes, mesmo que a título de reparar equívocos fáticos e normativos,
os quais foram suscitados no curso do processo e devidamente enfrentados e
valorados pela corrente majoritária do STF. 3. A despeito de veicular pretensões
estranhas às hipóteses legais de cabimento de embargos de declaração, a juris-
prudência do STF admite o acolhimento de embargos declaratórios tão somente
para prestação de esclarecimento reputado necessário, sem quaisquer efeitos
infringentes. 4. A tese de julgamento que consta em ata de julgamento publicada
no Diário Oficial possui força de acórdão, até a publicação deste. Assim, o marco
temporal de observância da orientação jurisprudencial para casos futuros ajuiza-
dos após o julgamento do paradigma deve ser considerado a partir da publicação
da tese ou súmula da decisão em meio oficial. Arts. 1.035, § 11, e 1.040 do CPC.
5. Não há omissão na súmula da decisão, por não abarcar os casos em que a base
presumida é menor do que a base real, porquanto se trata de inovação processual
posterior ao julgamento, não requerida ou aventada no curso do processo. De
todo modo, a atividade da Administração Tributária é plenamente vinculada ao
arcabouço legal, independentemente de autorização ou explicitação interpreta-
tiva do Poder Judiciário, nos termos do art. 3º do CTN. 6. Não há contradição na
modulação de efeitos da decisão recorrida realizada, pois se trata de faculdade
processual conferida ao STF, em caso de alteração da jurisprudência dominante,
condicionada à presença de interesse social e em prol da segurança jurídica. Não
há, então, relação de causalidade entre a mudança de entendimento jurispru-
dencial e a adoção da técnica de superação prospectiva de precedente (pros-
pective overruling). Art. 927, § 3º, do CPC. 7. O comando dispositivo do acórdão
detém densidade suficiente para a satisfação executiva da pretensão deduzida
em juízo, sendo assim o montante e as parcelas devidas ultrapassam o âmbito
de cognoscibilidade do recurso extraordinário e de conveniência da sistemática
da repercussão geral. RE-QO 593.995, de relatoria do Ministro Joaquim Barbosa,
Tribunal Pleno, DJe 17.06.2014. 8. Embargos declaratórios rejeitados.
[RE 593.849 ED-segundos, rel. min. Edson Fachin, j. 8-11-2017, P, DJE de 21-11-
2017, Tema 201.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE


SEGURANÇA. DIREITO ADMINISTRATIVO. DECISÃO SOB A SISTEMÁTICA DA
REPERCUSSÃO GERAL. MARCO TEMPORAL DE OBSERVÂNCIA DA ORIENTAÇÃO

69 Sumário
JURISPRUDENCIAL. PUBLICAÇÃO DA TESE OU SÚMULA DA DECISÃO EM MEIO
OFICIAL. INCORPORAÇÃO DE QUINTOS PELO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO COMIS-
SIONADA. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE CONCOMITÂNCIA ENTRE O
EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO E O DE CARGO EFETIVO. 1. A pendência
de julgamento de embargos de declaração opostos em face de recurso paradigma
julgado sob a sistemática da repercussão geral não inviabiliza a utilização do
julgado como fundamento de decisão, porque o marco temporal de observância
da orientação jurisprudencial para casos futuros ajuizados após o julgamento
do paradigma deve ser considerado a partir da publicação da tese ou súmula da
decisão em meio oficial, nos termos dos arts. 1.035, § 11 e 1.040, do CPC (RE
593.849 ED-segundos, de minha relatoria, Tribunal Pleno, DJe 21.11.2017). 2.
Quando do julgamento do RE 638.115, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno,
DJe 03.08.2015 (Tema 395 da sistemática da repercussão geral), esta Corte
fixou a seguinte tese: “Ofende o princípio da legalidade a decisão que concede
a incorporação de quintos pelo exercício de função comissionada no período de
8/4/1998 até 4/9/2001, ante a carência de fundamento legal.” 3. Com efeito, no
referido paradigma, o Tribunal assentou que o direito à incorporação de quintos
ou décimos já estava extinto desde a Lei nº 9.527/1997. Desta forma, a Medida
Provisória nº 2.225/2001 apenas abrangeu as parcelas de servidores que faziam
jus à incorporação antes da edição da Medida Provisória nº 1.595/1997, convertida
na Lei nº 9.527/1997. 4. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que
a incorporação de vantagem remuneratória por ocupante de cargo em comissão
demanda a concomitância entre o exercício de cargo em comissão e o de cargo
efetivo. Precedentes. 5. Agravo regimental a que se nega provimento, com apli-
cação de multa, nos termos do art. 1.021, § 4º, do CPC. Incabível a aplicação do
disposto no art. 85, § 11, do CPC, nos termos da Súmula 512 do STF.
[RMS 35.643 AgR, rel. min. Edson Fachin, j. 19-11-2018, 2ª T, DJE de 27-11-2018.]

Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PROCESSUAL
CIVIL. APLICAÇÃO DA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. TRÂNSITO
EM JULGADO. AUSÊNCIA. APLICAÇÃO IMEDIATA. POSSIBILIDADE. PENDÊN-
CIA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO PARADIGMA. IRRELEVÂNCIA. PRE-
CEDENTES. APLICABILIDADE DE MULTA NOS TERMOS DO § 4º DO ART. 1.021
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. JULGAMENTO UNÂNIME: PRECEDENTES.
SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM A PRETENSÃO DE REEXAME

70 Sumário
DA MATÉRIA. CARÁTER PROTELATÓRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITA-
DOS. IMPOSIÇÃO DE MULTA DE 1% SOBRE O VALOR ATUALIZADO DA CAUSA.
[RE 989.413 AgR-ED-ED, rel. min. Cármen Lúcia, j. 7-11-2017, P, DJE de 17-11-2017.]

Ementa: Embargos de declaração no agravo regimental em recurso ordinário em


mandado de segurança. 2. Direito Administrativo. 3. Anistiado político. 4. Repa-
ração econômica. Valor nominal. Correção monetária e juros moratórios. Con-
sectários legais da condenação. Entendimento firmado na sistemática da reper-
cussão geral. Paradigma RE-RG 553.710. 5. Sistemática da repercussão geral.
Recurso pendente de julgamento. Aplicação imediata da decisão de mérito. 6.
Alegação de violação à Súmula 269/STF. Inocorrência. Entendimento jurispru-
dencial no sentido de que a condenação de consectários legais em mandado
de segurança não o transforma em ação de cobrança. 7. Ausência de omissão,
contradição, obscuridade ou erro material. 8. Embargos de declaração rejeitados.
[RMS 36.030 AgR-ED, rel. min. Gilmar Mendes, j. 14-6-2019, 2ª T, DJE de 24-6-
2019.]

Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. SISTEMÁTICA. APLICAÇÃO. PEN-
DÊNCIA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO PARADIGMA. IRRELEVÂNCIA.
JULGAMENTO IMEDIATO DA CAUSA. PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE OMIS-
SÃO, OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. EFEITOS
INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
I – Ausência dos pressupostos do art. 1.022, I, II e III, do Código de Processo Civil.
II – A existência de decisão de mérito julgada sob a sistemática da repercussão
geral autoriza o julgamento imediato de causas que versarem sobre o mesmo
tema, independente do trânsito em julgado do paradigma. Precedentes. III – Bus-
ca-se tão somente a rediscussão da matéria, porém os embargos de declaração
não constituem meio processual adequado para a reforma da decisão, não sendo
possível atribuir-lhes efeitos infringentes, salvo em situações excepcionais, o que
não ocorre no caso em questão. IV – Embargos de declaração rejeitados.
[RE 1.007.733 AgR-ED, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 20-10-2017, 2ª T, DJE
de 31-10-2017.]

Ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAOR-


DINÁRIO.  REPERCUSSÃO GERAL. SISTEMÁTICA. APLICAÇÃO.  PENDÊN-

71 Sumário
CIA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO PARADIGMA. IRRELEVÂNCIA. JUL-
GAMENTO IMEDIATO DA CAUSA. PRECEDENTES. 1. A existência de decisão de
mérito julgada sob a sistemática da repercussão geral autoriza o julgamento
imediato de causas que versarem sobre o mesmo tema, independente do trân-
sito em julgado do paradigma. Precedentes. 2. Nos termos do art. 85, § 11, do
CPC/2015, fica majorado em 25% o valor da verba honorária fixada na instância
anterior, observados os limites legais do art. 85, §§ 2º e 3º, do CPC/2015. 3.
Agravo interno a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no
art. 1.021, § 4º, do CPC/2015.
[RE 1.112.500 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 29-6-2018, 1ª T, DJE de 13-8-2018.]

Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO INTERNO.


RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM DISSONÂNCIA COM
A JURISPRUDÊNCIA DO STF. 1. O órgão julgador pode receber, como agravo
interno, os embargos de declaração que notoriamente visam a reformar a decisão
monocrática do Relator, sendo desnecessária a intimação do embargante para
complementar suas razões quando o recurso, desde logo, exibir impugnação
específica a todos os pontos da decisão embargada. Inteligência do art. 1.024,
§ 3º, do Código de Processo Civil de 2015. 2. O acórdão recorrido encontra-se
em dissonância com a jurisprudência desta SUPREMA CORTE, conforme enten-
dimento firmado no julgamento do RE 1.014.286-RG (Rel. Min. EDSON FACHIN,
DJe de 24/9/2020, Tema 942), em que se fixou tese no sentido de que “Até a
edição da Emenda Constitucional nº 103/2019, o direito à conversão, em tempo
comum, do prestado sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física de servidor público decorre da previsão de adoção de requisitos
e critérios diferenciados para a jubilação daquele enquadrado na hipótese pre-
vista no então vigente inciso III do § 4º do art. 40 da Constituição da República,
devendo ser aplicadas as normas do regime geral de previdência social relativas
à aposentadoria especial contidas na Lei 8.213/1991 para viabilizar sua concre-
tização enquanto não sobrevier lei complementar disciplinadora da matéria.
Após a vigência da EC n.º 103/2019, o direito à conversão em tempo comum,
do prestado sob condições especiais pelos servidores obedecerá à legislação
complementar dos entes federados, nos termos da competência conferida pelo
art. 40, § 4º-C, da Constituição da República”. 3. A jurisprudência desta CORTE
consolidou-se no sentido de que a ausência de trânsito em julgado, ou a pendên-
cia de Embargos de Declaração opostos em processo decidido sob a sistemática

72 Sumário
da repercussão geral, não impede o julgamento de recursos extraordinários em
que se discute a mesma matéria. 4. Embargos de declaração recebidos como
agravo interno, ao qual se nega provimento.
[RE 1.303.702 ED, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 15-3-2021, 1ª T, DJE de
9-4-2021.]

4.9.2 Distinção

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


DIREITO TRIBUTÁRIO. IPVA. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. RESPONSABILI-
DADE SOLIDÁRIA DO CREDOR FIDUCIÁRIO. NÃO IMPUGNAÇÃO DE TODOS OS
FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. 1. O agravo regimental deve impugnar
de forma especificada todos os fundamentos da decisão agravada, sob pena de
seu não conhecimento (inc. III do art. 932 e § 1º do art. 1.021, ambos do CPC, e § 1º
do art. 317 do RI/STF). Precedentes. 2. Descabe reconhecer repercussão geral
na espécie, quando se considera a estreita similitude deste caso com aquele
que foi objeto de apreciação e julgamento na Repercussão Geral, Tema nº 1.139
(RE nº 1.320.059/SP, Tribunal Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio), no qual se discutiu
questão controvertida assim delimitada: “a legitimidade passiva do credor fidu-
ciário para figurar em execução fiscal de cobrança do Imposto sobre a Propriedade
Predial e Territorial Urbana – IPTU incidente sobre imóvel objeto de alienação
fiduciária”; ao final, neste julgamento, reconheceu-se “a inexistência de repercus-
são geral da questão, por não se tratar de matéria constitucional”. Precedentes.
3. A tese de julgamento na Repercussão Geral, Tema nº 685 (RE n° 727.851-RG/
MG, Tribunal Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio), de que “não incide IPVA sobre veí-
culo automotor adquirido, mediante alienação fiduciária, por pessoa jurídica de
direito público”, possui contornos bem definidos e restritos, aqueles que foram
apreciados e debatidos por ocasião do julgamento, não sendo possível admitir
sua extensão para que seja aplicada a casos distintos, em especial, para o caso
destes autos, em que se discute a cobrança do tributo perante o credor fiduciário
particular. Precedentes. 4. Descabimento de sobrestamento especificamente
deste feito para aguardar o julgamento de outros casos similares, ou mesmo
caso em que tenha havido indicação de representativo de repercussão geral
efetuado, nos termos do art. 1.036, § 1º, do CPC, por Tribunal a quo. 5. Agravo
regimental não conhecido, com aplicação ao agravante de multa de 5% (cinco
por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art. 1.021, § 4°, do

73 Sumário
CPC, em caso de unanimidade da decisão. 6. Majoração, nos termos do art. 85,
§ 11, do CPC, da verba honorária, ao máximo legal em desfavor do agravante,
caso as instâncias de origem a tenham fixado, observados os limites dos §§ 2º
e 3º desse artigo e a eventual concessão de justiça gratuita.
[ARE 1.362.527 AgR, rel. min. André Mendonça, j. 11-4-2022, 2ª T, DJE de 22-4-
2022.]

Ementa: AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONCURSO


PÚBLICO. POSSE E EXERCÍCIO DETERMINADOS POR DECISÕES PRECÁRIAS.
CONCESSÃO DE APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA. INADEQUAÇÃO DO TEMA
476 FIXADO NO RE 608.482. (REL. MIN. TEORI ZAVASCKI). 1. Em regra, não
produzem fato consumado a posse e o exercício em cargo público decorrentes
de decisão judicial tomada à base de cognição não exauriente. 2. A marca da
excepcionalidade se faz presente no caso concreto, autorizando a distinção
(distinguish) quanto ao leading case do Tema 476, devendo, unicamente por
essa razão, ser mantido o aresto recorrido proferido pelo Superior Tribunal de
Justiça. 3. Agravo interno a que se dá provimento.
[RE 740.029 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 14-8-2018, 1ª T, DJE de
2-10-2018.]

Ementa: AGRAVO INTERNO NA AÇÃO RESCISÓRIA. AÇÃO FUNDADA NO ARTIGO


966, § 5º, DO CPC/2015. APLICAÇÃO DE PRECEDENTE DE REPERCUSSÃO
GERAL PELO ACÓRDÃO RESCINDENDO. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DE
DISTINGUISHING COM O CASO CONCRETO. NOVO JULGAMENTO DA AÇÃO
RESCISÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE PRÉVIA CITAÇÃO DA PARTE
RÉ. AGRAVO INTERNO PROVIDO. 1 – O acórdão rescindendo escudado em enun-
ciado formado em tema de repercussão geral, sem que se tenha considerada
a distinção entre a questão discutida no caso concreto e o que decidido em
sede de repercussão, dá ensejo ao cabimento da ação rescisória fundada no
§ 5º do artigo 966 do CPC/2015. 2 – Diante da ausência de citação da parte
ré, resta configurada a impossibilidade de, provido o agravo interno, proceder,
desde logo, a novo julgamento da ação rescisória, nos termos do artigo 332,
§ 4º, do CPC/2015. 3 – Agravo interno provido para o devido processamento
da ação rescisória.
[AR 2.832 AgR, rel. min. Marco Aurélio, red. do ac. min. Alexandre de Moraes,
j. 21-6-2021, P, DJE de 2-7-2021.]

74 Sumário
Ementa: SEGUNDOS JULGAMENTOS NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO
AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAOR-
DINÁRIO COM AGRAVO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE OU ERRO
MATERIAL. INEXISTÊNCIA. DISTINGUISHING. TEMA 1.119 DE REPERCUSSÃO
GERAL. RATIO DECIDENDI DO PRECEDENTE. ASSOCIAÇÃO DE CATEGORIAS
PROFISSIONAIS. SITUAÇÃO DIVERSA. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE CONTRI-
BUINTES DE TRIBUTOS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DESPROVIDOS. 1. A
decisão embargada enfrentou adequadamente as questões postas pela parte
recorrente. Inexistência dos vícios previstos no artigo 1.022 do Código de Pro-
cesso Civil. Os embargos de declaração não se prestam à rediscussão de maté-
ria já decidida. 2. A discussão estabelecida no Tribunal de Origem, e trazida a
exame para esta Suprema Corte, relaciona-se à verificação do interesse de agir
da impetrante na propositura do mandamus, não se aplicando o tema 1.119 de
repercussão geral. 3. A ratio decidendi do precedente firmado no tema 1.119 de
repercussão geral está consubstanciada na premissa fática de que a associa-
ção impetrante representa determinada categoria profissional, dispensada de
apresentar a lista de filiados para ter acesso à jurisdição coletiva. A hipótese é de
distinguishing em relação à situação da Associação Nacional de Contribuintes
de Tributos (ANCT) (ARE 1293130 ED, Rel. Min. Presidente, votação unânime,
julgamento virtual de 10 a 17/12/2021). 4. Embargos de declaração desprovidos,
mantido, na íntegra, o acordão de 24 de fevereiro de 2021.
[ARE 1.293.495 ED-AgR-ED-2º Julg, rel. min. Luiz Fux, j. 14-3-2022, P, DJE de
11-4-2022.]

Ementa: RECLAMAÇÃO. TRANSPORTE ÁEREO DE PASSAGEIROS. DANOS


MORAIS. PRAZO PRESCRICIONAL. TEMA 210. APLICAÇÃO INDEVIDA. AGRAVO
REGIMENTAL. PROVIMENTO. 1. Revela-se desarmônica com a jurisprudência
dominante desta Suprema Corte, a decisão reclamada que, sem observar o
distinguishing entre o caso dos autos e o paradigma invocado, aplica o Tema
210 da sistemática da repercussão geral não observando que sua abrangência
restringe-se à limitação indenizatória de dano material. 2. Agravo regimental a
que se dá provimento a fim de julgar procedente o pedido da Reclamação.
[Rcl 42.371 AgR, rel. min. Luiz Fux, red. do ac. min. Edson Fachin, j. 28-3-2022,
P, DJE de 25-4-2022.]

75 Sumário
4.9.3 Superação (overruling e prospective overruling)

Ementa: TRIBUTÁRIO E CONSTITUCIONAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ISSQN. ART. 156, III, CRFB/88. CONCEITO
CONSTITUCIONAL DE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA. OPERADORAS
DE PLANOS DE SAÚDE. CONSTITUCIONALIDADE DA INCIDÊNCIA DECLARADA
PELO ACÓRDÃO EMBARGADO, EM PROCESSO SUBMETIDO AO REGIME DA
REPERCUSSÃO GERAL. MODULAÇÃO TEMPORAL DOS EFEITOS DA DECISÃO.
AUSÊNCIA DE ALTERAÇÃO JURISPRUDENCIAL. INOCORRÊNCIA DE VIOLAÇÃO
À SEGURANÇA JURÍDICA. CONCLUSÃO QUE NÃO AFASTA POSSÍVEL MUDANÇA
FUTURA DE ENTENDIMENTO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DESPROVIDOS.
1. A incidência do ISSQN sobre as atividades desenvolvidas pelas operadoras
de planos de saúde, cuja constitucionalidade foi afirmada pela Corte, de acordo
com o previsto pelos itens 4.22 e 4.23 da lista anexa à Lei Complementar nº
116/03, em sede de repercussão geral, e com base nas premissas assenta-
das por esta Corte no julgamento dos REs 547.245 e 592.905 (Tribunal Pleno,
Rel. Min. Eros Grau, julgados em 02/12/09, DJ de 05/03/10), não acarretou
alteração de entendimento apta a ensejar modulação de efeitos da decisão. 2.
Deveras, a referida conclusão não afasta a possibilidade de nova apreciação do
tema pela Corte em casos futuros, em razão de ulterior alteração legislativa,
notadamente no que concerne ao RE 116.121 (Tribunal Pleno, Rel. Min. Octá-
vio Gallotti, Rel. p/ acórdão Min. Marco Aurélio, DJ de 25/05/01). 3. In casu, a
embargante pleiteia a modulação de efeitos do acórdão por razões de segurança
jurídica, dada suposta mudança de posição pelo Plenário do STF, cuja ocorrência
ora não se reconhece. 4. Embargos de declaração desprovidos.
[RE 651.703 ED, rel. min. Luiz Fux, j. 28-2-2019, P, DJE de 7-5-2019, Tema 581.]

Ementa: INGRESSO NA CARREIRA DA MAGISTRATURA. ART. 93, I, CRFB. EC


45/2004. TRIÊNIO DE ATIVIDADE JURÍDICA PRIVATIVA DE BACHAREL EM
DIREITO. REQUISITO DE EXPERIMENTAÇÃO PROFISSIONAL. MOMENTO DA
COMPROVAÇÃO. INSCRIÇÃO DEFINITIVA. CONSTITUCIONALIDADE DA EXI-
GÊNCIA. ADI 3.460. REAFIRMAÇÃO DO PRECEDENTE PELA SUPREMA CORTE.
PAPEL DA CORTE DE VÉRTICE. UNIDADE E ESTABILIDADE DO DIREITO. VIN-
CULAÇÃO AOS SEUS PRECEDENTES. STARE DECISIS. PRINCÍPIOS DA SEGU-
RANÇA JURÍDICA E DA ISONOMIA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DE SUPERA-
ÇÃO TOTAL (OVERRULING) DO PRECEDENTE. 1. A exigência de comprovação,

76 Sumário
no momento da inscrição definitiva (e não na posse), do triênio de atividade
jurídica privativa de bacharel em Direito como condição de ingresso nas carreiras
da magistratura e do ministério público (arts. 93, I, e 129, §3º, CRFB – na redação
da Emenda Constitucional n. 45/2004) foi declarada constitucional pelo STF
na ADI 3.460. 2. Mantidas as premissas fáticas e normativas que nortearam
aquele julgamento, reafirmam-se as conclusões (ratio decidendi) da Corte na
referida ação declaratória. 3. O papel de Corte de Vértice do Supremo Tribunal
Federal impõe-lhe dar unidade ao direito e estabilidade aos seus precedentes.
4. Conclusão corroborada pelo Novo Código de Processo Civil, especialmente
em seu artigo 926, que ratifica a adoção – por nosso sistema – da regra do stare
decisis, que “densifica a segurança jurídica e promove a liberdade e a igualdade
em uma ordem jurídica que se serve de uma perspectiva lógico argumentativa
da interpretação” (MITIDIERO, Daniel. Precedentes: da persuasão à vinculação.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.). 5. A vinculação vertical e horizontal
decorrente do stare decisis relaciona-se umbilicalmente à segurança jurídica,
que “impõe imediatamente a imprescindibilidade de o direito ser cognoscível,
estável, confiável e efetivo, mediante a formação e o respeito aos precedentes
como meio geral para obtenção da tutela dos direitos” (MITIDIERO, Daniel. Cortes
superiores e cortes supremas: do controle à interpretação, da jurisprudência ao
precedente. São Paulo: Revista do Tribunais, 2013.). 6. Igualmente, a regra do
stare decisis ou da vinculação aos precedentes judiciais “é uma decorrência do
próprio princípio da igualdade: onde existirem as mesmas razões, devem ser pro-
feridas as mesmas decisões, salvo se houver uma justificativa para a mudança de
orientação, a ser devidamente objeto de mais severa fundamentação. Daí se dizer
que os precedentes possuem uma força presumida ou subsidiária.” (ÁVILA, Hum-
berto. Segurança jurídica: entre permanência, mudança e realização no Direito
Tributário. São Paulo: Malheiro, 2011.). 7. Nessa perspectiva, a superação total
de precedente da Suprema Corte depende de demonstração de circunstâncias
(fáticas e jurídicas) que indiquem que a continuidade de sua aplicação implicam
ou implicarão inconstitucionalidade. 8. A inocorrência desses fatores conduz,
inexoravelmente, à manutenção do precedente já firmado. 9. Tese reafirmada:
“é constitucional a regra que exige a comprovação do triênio de atividade jurídica
privativa de bacharel em Direito no momento da inscrição definitiva”. 10. Recurso
extraordinário desprovido.
[RE 655.265, rel. min. Luiz Fux, red. do ac. min. Edson Fachin, j. 13-4-2016, P,
DJE de 5-8-2016, Tema 509.]

77 Sumário
Ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO. CPMF. EMENDA CONSTITUCIONAL 42/2003.
PRORROGAÇÃO E MANUTENÇÃO DA ALÍQUOTA DE 0,38%. PRINCÍPIO DA
ANTERIORIDADE NONAGESIMAL. NÃO INCIDÊNCIA. PRETENSÃO DE SUPERA-
ÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA. DESCABIMENTO. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO
EM 05.11.2009. A mera prorrogação, pela EC 42/2003, da alíquota majorada da
CPMF, estipulada em 0,38%, não se sujeita ao princípio da anterioridade nona-
gesimal, inscrito no art. 195, § 6º, da Constituição Federal. Orientação firmada
no RE 566.032 RG. Novas teses e alegações não justificam, por si sós, a revisão
da jurisprudência desta Corte, mormente quando se trata de entendimento
firmado ou ratificado na sistemática da repercussão geral, em que a questão
constitucional é apreciada sob uma perspectiva global, holística, sem vincula-
ção às teses e aos fundamentos jurídicos lançados no acórdão de origem, no
recurso extraordinário ou nas contrarrazões. Reconhecida a repercussão geral
da controvérsia, a causa petendi do apelo extremo, antes jungida às questões
constitucionais prequestionadas pelo Tribunal de origem, passa a ser aberta, o
que justifica a admissão de terceiros na condição de amici curiae, em ordem a
aportar novos argumentos, perspectivas e informações à Corte e, dessa forma,
propiciar a resolução da questão em abstrato, mas com uma profunda visão de
todas as suas nuances e implicações. Inaptidão das razões do agravo para suscitar
a revisão dessa robusta jurisprudência, firmada após detida análise da questão
constitucional. Agravo regimental conhecido e não provido.
[RE 630.036 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 5-2-2013, 1ª T, DJE de 26-2-2013.]

Ementa: SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO EXTRAORDI-


NÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS
E SERVIÇOS – ICMS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA. SÚMULA DE
JULGAMENTO. ATA DE JULGAMENTO. PREMISSAS FÁTICAS. SUPORTE NORMA-
TIVO. EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. CONTRADIÇÃO. OMISSÃO.
NÃO CONFIGURADA. ESCLARECIMENTO. POSSIBILIDADE. 1. Nos termos do
artigo 1.022 do Código de Processo Civil, os embargos de declaração não cons-
tituem meio hábil para reforma do julgado, sendo cabíveis somente nos casos
de obscuridade, contradição ou omissão da decisão impugnada, bem como para
corrigir eventual erro material. 2. Os embargos declaratórios não se prestam à
rediscussão do assentado em paradigma de repercussão geral, com pretensão de
efeitos infringentes, mesmo que a título de reparar equívocos fáticos e normativos,
os quais foram suscitados no curso do processo e devidamente enfrentados e

78 Sumário
valorados pela corrente majoritária do STF. 3. A despeito de veicular pretensões
estranhas às hipóteses legais de cabimento de embargos de declaração, a juris-
prudência do STF admite o acolhimento de embargos declaratórios tão somente
para prestação de esclarecimento reputado necessário, sem quaisquer efeitos
infringentes. 4. A tese de julgamento que consta em ata de julgamento publicada
no Diário Oficial possui força de acórdão, até a publicação deste. Assim, o marco
temporal de observância da orientação jurisprudencial para casos futuros ajuiza-
dos após o julgamento do paradigma deve ser considerado a partir da publicação
da tese ou súmula da decisão em meio oficial. Arts. 1.035, §11, e 1.040 do CPC. 5.
Não há omissão na súmula da decisão, por não abarcar os casos em que a base
presumida é menor do que a base real, porquanto se trata de inovação processual
posterior ao julgamento, não requerida ou aventada no curso do processo. De
todo modo, a atividade da Administração Tributária é plenamente vinculada ao
arcabouço legal, independentemente de autorização ou explicitação interpreta-
tiva do Poder Judiciário, nos termos do art. 3º do CTN. 6. Não há contradição na
modulação de efeitos da decisão recorrida realizada, pois se trata de faculdade
processual conferida ao STF, em caso de alteração da jurisprudência dominante,
condicionada à presença de interesse social e em prol da segurança jurídica. Não
há, então, relação de causalidade entre a mudança de entendimento jurispru-
dencial e a adoção da técnica de superação prospectiva de precedente (pros-
pective overruling). Art. 927, §3º, do CPC. 7. O comando dispositivo do acórdão
detém densidade suficiente para a satisfação executiva da pretensão deduzida
em juízo, sendo assim o montante e as parcelas devidas ultrapassam o âmbito
de cognoscibilidade do recurso extraordinário e de conveniência da sistemática
da repercussão geral. RE-QO 593.995, de relatoria do Ministro Joaquim Barbosa,
Tribunal Pleno, DJe 17.06.2014. 8. Embargos declaratórios rejeitados.
[RE 593.849 ED-segundos, rel. min. Edson Fachin, j. 8-11-2017, P, DJE de 21-11-
2017.]

4.10 Exame da concretude para fixação de tese de repercussão geral

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.


REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 624. SERVIDOR PÚBLICO. REVISÃO GERAL
ANUAL. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE CONCEDE INJUNÇÃO PARA QUE O CHEFE
DO PODER EXECUTIVO ENVIE PROJETO DE LEI QUE PROMOVA A REVISÃO
ANUAL DOS VENCIMENTOS DOS SERVIDORES MUNICIPAIS. INVASÃO DO JUDI-

79 Sumário
CIÁRIO NA COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO EXECUTIVO. INEXISTENCIA DE DEVER
CONSTITUCIONAL DE RECOMPOSIÇÃO INFLACIONÁRIA ANUAL DA REMU-
NERAÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS. PRECEDENTES. INAPLICABILIDADE
DE SENTENÇA EXORTATIVA OU ADITIVA. ARTIGO 37, X, DA CRFB. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. 1. A revisão geral anual, estabelecida pelo artigo
37, X, da CRFB, deve ser interpretada em conjunto com os demais dispositivos
constitucionais e os julgados antecedentes desta Corte, tendo em vista o caráter
controvertido do direito sub judice e o princípio da concordância prática. 2. A
Constituição Federal não pretendeu impedir reduções indiretas à remuneração
dos servidores públicos, dentre as quais aquela que decorre da desvinculação
pari passu do índice inflacionário, consoante exegese prestigiada por esta Corte.
O direito à reposição do valor real por perdas inflacionárias foi afastado por este
Plenário ao interpretar e aplicar a garantia da irredutibilidade de vencimentos,
prevista no artigo 37, XV, da CRFB. Precedentes: ADI 2.075-MC, Rel. Min. Celso de
Mello, Plenário, DJ de 27/6/2003; e RE 201.026, Rel. Min. Ilmar Galvão, Primeira
Turma, DJ de 6/9/1996. 3. A Constituição não estabelece um dever específico
de que a remuneração dos servidores seja objeto de aumentos anuais, menos
ainda em percentual que corresponda, obrigatoriamente, à inflação apurada no
período, embora do artigo 37, X, da Constituição decorra o dever de pronuncia-
mento fundamentado a respeito da impossibilidade de reposição da remuneração
dos servidores públicos em dado ano, com demonstração técnica embasada em
dados fáticos da conjuntura econômica. Precedente: RE 565.089, Redator do
acórdão Min. Roberto Barroso, Plenário, DJe de 28/4/2020, Tema 19 da Reper-
cussão Geral. 4. As sentenças aditivas, porquanto excepcionais, pressupõem a
observância de algumas balizas, tais como (i) a solução esteja presente no sistema
legislativo em vigor, ao menos em estado latente (ZAGREBELSKY, Gustavo. La
giustizia costituzionale. vol. 41. Mulino, 1988. p. 158-159); (ii) a norma análoga
se adeque ao direito previsto constitucionalmente; (iii) a norma constitucional
possua densidade normativa tal que conceda inequivocamente determinado
direito a seus destinatários (BRANDÃO, Rodrigo. O STF e o Dogma do Legislador
Negativo. Direito, Estado e Sociedade, n. 44, p. 206, jan./jun. 2014); (iv) sejam
observados “o critério da vontade hipotética do legislador e o critério da solução
constitucionalmente obrigatória” (MEDEIROS, Rui. A decisão de inconstituciona-
lidade. Lisboa: Universidade Católica, 1999, p. 501-505); (v) avalie-se os reflexos
das sentenças normativas nas contas públicas, consoante a “observância da reali-
dade histórica e dos resultados possíveis”, (PELICIOLI, Angela Cristina. A sentença

80 Sumário
normativa na jurisdição constitucional: o Supremo Tribunal Federal como legislador
positivo. São Paulo: LRT, 2008. p. 223); (vi) a intervenção se legitime na natureza
do direito constitucional, mormente quando em jogo os direitos materialmente
fundamentais e demais condições de funcionamento da democracia (SOUSA
FILHO, Ademar Borges. Sentenças Aditivas na Jurisdição Constitucional Brasileira.
Belo Horizonte: Forum, 2016. p. 233). 5. In casu, o papel do Poder Judiciário na
concretização do direito à revisão geral anual da remuneração dos servidores
públicos não permite a colmatação da lacuna por decisão judicial, porquanto
não se depreende do artigo 37, X, da CRFB um significado inequívoco para a
expressão “revisão geral”, dotada de baixa densidade normativa. A reposição das
perdas inflacionárias não pode ser considerada “constitucionalmente obrigató-
ria”, embora inegavelmente se insira na moldura normativa do direito tutelado,
que atribuiu ao servidor público o direito a ter sua remuneração anualmente
revista. 6. A delimitação das condições da concessão do direito constitucional
pressupõe uma considerável expertise técnica e financeira, a exemplo do eventual
parcelamento e da necessidade de se compatibilizar a revisão com restrições orça-
mentárias, ajustes fiscais subsequentes e eventual compensação frente a outras
formas de aumento. Precedente: ADI 2.726, Plenário, Rel. Min. Maurício Corrêa,
DJ de 29/8/2003. 7. A revisão remuneratória dos servidores públicos pressupõe
iniciativa do Poder Executivo. Precedentes: ADI 3.599, Rel. Min. Gilmar Mendes,
Plenário, DJ de 14/9/2007; e ADI 2.061, Rel. Min. Ilmar Galvão, Plenário, DJ de
29/6/2001. 8. A definição do índice cabe aos poderes políticos, em consonância
com outras limitações constitucionais, máxime por prestigiar a expertise técnica
desses poderes em gerir os cofres públicos e o funcionalismo estatal. As regras
prudenciais e a relação entre as formas de aumento remuneratório revelam os
elevados custos de erro da fixação do índice de revisão geral anual por quem não
detém a expertise necessária (SUNSTEIN; VERMEULE. Interpretation and Institu-
tions. Michigan Law Review, v. 101, p. 885, 2002. p. 38). 9. O princípio democrático
impede a transferência do custo político ao Judiciário, porquanto o povo deposita
nas urnas expectativas e responsabilidades, o que justifica a posterior prestação
de contas dos poderes eleitos e impede que maiorias ocasionais furtem-se de
obrigação imposta pelo constituinte. 10. A Lei federal 10.331/2001, assim como a
Lei Complementar 592/2011 do Município do Leme, que regulamentam o artigo
37, X, da CRFB, estabelecendo condições e parâmetros para a revisão geral anual,
não suprem a omissão, o que, consectariamente, revela sua insuficiência em tute-
lar a garantia constitucional que impõe manifestações anuais, não havendo que

81 Sumário
se cogitar de perda de objeto. 11. A omissão do Poder Executivo na apresentação
de projeto de lei que preveja a revisão geral anual da remuneração dos servidores
públicos configura mora que cabe ao Poder Judiciário declarar e determinar que
se manifeste de forma fundamentada sobre a possibilidade de recomposição
salarial ao funcionalismo. 13. In casu, o tribunal a quo, ao conceder a injunção
“para determinar que o Prefeito do Município de Leme envie, no prazo máximo
de trinta dias, projeto de lei que vise promover a revisão anual dos vencimentos
de todos os servidores públicos municipais”, exorbitou de suas competências
constitucionais, imiscuindo-se em matéria de iniciativa do Poder Executivo, a
quem cabe a autoadministração do funcionalismo público e a gestão de recur-
sos orçamentários destinados a despesas de custeio com pessoal. 13. Recurso
Extraordinário provido para reformar o acórdão recorrido e, via de consequência,
cassar a injunção concedida. Tese de repercussão geral: O Poder Judiciário não
possui competência para determinar ao Poder Executivo a apresentação de
projeto de lei que vise a promover a revisão geral anual da remuneração dos
servidores públicos, tampouco para fixar o respectivo índice de correção.
[RE 843.112, rel. min. Luiz Fux, j. 22-9-2020, P, DJE de 4-11-2020, Tema 624.]

“Vale salientar que, no julgamento do Recurso Extraordinário 669.069, Rel. Min.


Teori Zavascki, DJe de 28/4/2016 (Tema 666 da Repercussão Geral), o Plenário
do Supremo Tribunal Federal pronunciou-se sobre o alcance da parte final do
artigo 37, § 5º, da Constituição Federal. Leia-se a ementa do julgado, in verbis:
‘CONSTITUCIONAL E CIVIL. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. IMPRESCRITIBILI-
DADE. SENTIDO E ALCANCE DO ART. 37, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. 1. É prescri-
tível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.
2. Recurso extraordinário a que se nega provimento.’
Naquela assentada, o Ministro Relator propunha a fixação de tese mais ampla,
na qual se incluía a prescritibilidade de ações reparatórias decorrentes de ilícitos
civis, penais e de improbidade administrativa. Não obstante, houve divergência a
respeito, capitaneada pelo Min. Roberto Barroso, no sentido de que o objeto do
recurso então analisado não compreenderia as ações oriundas de condenações
criminais penais e de improbidade administrativa.
Após longa discussão sobre a amplitude da tese a ser firmada, esta Suprema
Corte concluiu ser mais prudente ater-se à prescritibilidade das ações de res-
sarcimento advindas de ilícitos civis. Embora o Tribunal tenha reconhecido a
inegável e extrema relevância de se definir a correta interpretação da parte final

82 Sumário
do artigo 37, § 5º, da Constituição Federal, em todas as suas nuances, optou-se
por deixar o debate sobre a prescrição nas ações de reparação de danos resul-
tantes de improbidade administrativa e de ilícitos penais para momento futuro.”
[ARE 1.352.872 RG, rel. min. Luiz Fux, j. 3-2-2022, P, DJE de 10-2-2022, Tema
1.194.]

Ementa: Direito Constitucional e Direito do Trabalho. Embargos de declaração em


recurso extraordinário. Dispensa sem justa causa de empregados da ECT. Escla-
recimentos acerca do alcance da repercussão geral. Aderência aos elementos
do caso concreto examinado. 1. No julgamento do RE 589.998, realizado sob o
regime da repercussão geral, esta Corte estabeleceu que a Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos – ECT tem o dever de motivar os atos de dispensa sem justa
causa de seus empregados. Não houve, todavia, a fixação expressa da tese jurí-
dica extraída do caso, o que justifica o cabimento dos embargos. 2. O regime da
repercussão geral, nos termos do art. 543-A, § 7º, do CPC/1973 (e do art. 1.035,
§ 11, do CPC/2015), exige a fixação de uma tese de julgamento. Na linha da
orientação que foi firmada pelo Plenário, a tese referida deve guardar conexão
direta com a hipótese objeto de julgamento. 3. A questão constitucional versada
no presente recurso envolvia a ECT, empresa prestadora de serviço público em
regime de exclusividade, que desfruta de imunidade tributária recíproca e paga
suas dívidas mediante precatório. Logo, a tese de julgamento deve estar adstrita
a esta hipótese. 4. A fim de conciliar a natureza privada dos vínculos trabalhistas
com o regime essencialmente público reconhecido à ECT, não é possível impor-lhe
nada além da exposição, por escrito, dos motivos ensejadores da dispensa sem
justa causa. Não se pode exigir, em especial, instauração de processo administra-
tivo ou a abertura de prévio contraditório. 5. Embargos de declaração providos
em parte para fixar a seguinte tese de julgamento: A Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos – ECT tem o dever jurídico de motivar, em ato formal, a
demissão de seus empregados.
[RE 589.998 ED, rel. min. Roberto Barroso, j. 10-10-2018, P, DJE de 5-12-2018,
Tema 131.]

4.11 Cabimento de reclamação na repercussão geral

Ementa: RECLAMAÇÃO. TRANSPORTE ÁEREO DE PASSAGEIROS. DANOS


MORAIS. PRAZO PRESCRICIONAL. TEMA 210. APLICAÇÃO INDEVIDA. AGRAVO

83 Sumário
REGIMENTAL. PROVIMENTO. 1. Revela-se desarmônica com a jurisprudência
dominante desta Suprema Corte, a decisão reclamada que, sem observar o
distinguishing entre o caso dos autos e o paradigma invocado, aplica o Tema
210 da sistemática da repercussão geral não observando que sua abrangência
restringe-se à limitação indenizatória de dano material. 2. Agravo regimental a
que se dá provimento a fim de julgar procedente o pedido da Reclamação.
[Rcl 42.371 AgR, rel. min. Luiz Fux, red. do ac. min. Edson Fachin, j. 28-3-2022,
P, DJE de 25-4-2022.]

Ementa: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL


NA RECLAMAÇÃO. ALEGADA APLICAÇÃO EQUIVOCADA DA TESE FIRMADA
NO TEMA 520 DA REPERCUSSÃO GERAL. TERATOLOGIA CARACTERIZADA.
ATO IMPUGNADO CONTRÁRIO AOS DOCUMENTOS JUNTADOS AOS AUTOS.
AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Constata-se, no caso con-
creto, a excepcionalidade do cabimento da Reclamação para fins de questiona-
mento da aplicação do precedente com repercussão geral reconhecida, visto a
equivocada aplicação do entendimento firmado no Tema 520, a evidenciar a
teratologia da decisão impugnada. 2. Na hipótese, o Tribunal de origem rejeitou
o agravo interno em Recurso Extraordinário, mantendo a decisão denegatória do
Recurso Extraordinário, afirmando a correção do acórdão que reconheceu ser a
agravante destinatária econômica do bem, o que estaria em consonância com
o entendimento firmado pelo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, ao julgar o ARE
665.134, paradigma do Tema 520. Todavia, o posicionamento é contrário aos
documentos juntados aos autos e à própria análise das provas feitas no julgamento
da apelação, à qual faz referência da decisão reclamada. 3. Do teor da decisão de
não admissão do Recurso Extraordinário e do próprio julgamento da apelação pelo
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, observa-se uma interpretação equivocada
entre os conceitos de destinatário econômico final e destinatário jurídico final, a
partir das provas dos autos, ao afirmar que: o verdadeiro destinatário dos produtos
importados (massa alimentícia) é a apelante (empresa distribuidora de alimentos),
ou seja, aquela que dá destinação verdadeiramente econômica à mercadoria. 4.
A precisa aplicação da tese fixada no Tema 520 da Repercussão Geral seria o
estabelecido na alínea c do processo paradigma, qual seja: c) na importação por
conta própria, sob encomenda, a destinatária jurídica é a sociedade empresária
importadora (trading company), pois é quem incorre no fato gerador do ICMS com

84 Sumário
o fito de posterior revenda, ainda que mediante acerto prévio, após o processo de
internalização. 5. Recurso de agravo a que se nega provimento.
[Rcl 49.362 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 6-12-2021, 1ª T, DJE de 10-12-
2021.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECLA-


MAÇÃO. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE
PÚBLICO. TRANSCEDÊNCIA. CULPA IN VIGILANDO. PRESUNÇÃO. ADC 16/DF E
RE 760.931/DF (TEMA 246 DA REPERCUSSÃO GERAL). DESRESPEITO ÀS DECI-
SÕES DESTA CORTE. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I –
No caso em análise, a responsabilização do ente público foi realizada de maneira
presumida, razão pela qual houve desrespeito ao que julgado por esta Corte no
Tema 246 da Sistemática da Repercussão Geral e na ADC 16/DF. II – Agravo regi-
mental a que se nega provimento.
[Rcl 47.845 ED-AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 29-11-2021, 2ª T, DJE de
14-12-2021.]

Ementa: AGRAVO INTERNO. RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL. SERVIDOR


PÚBLICO MUNICIPAL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DECORRENTE DE
DOENÇA GRAVE NÃO PREVISTA EM LEI. PROVENTOS INTEGRAIS. OFENSA
À DECISÃO DESTA SUPREMA CORTE PROFERIDA AO JULGAMENTO DO RE
656.860 EM REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 524. 1. Firme a jurisprudência desta
Suprema Corte quanto à excepcionalidade do cabimento da reclamação consti-
tucional para observância da finalidade do sistema de repercussão geral. Além
do esgotamento das instâncias ordinárias, constitui pressuposto de cabimento
a demonstração de teratologia na decisão reclamada quanto à subsunção do
caso individual, representado pela controvérsia objeto do recurso extraordi-
nário, à decisão proferida em repercussão geral. Precedentes. 2. Inadmitir o
recurso extraordinário interposto contra acórdão em que deferida a concessão
de aposentadoria por invalidez com proventos integrais decorrentes de doença
grave e incapacitante não prevista em lei, ofende a decisão desta Suprema Corte
proferida ao julgamento do RE 656.860 em repercussão geral (Tema 524): “A
concessão de aposentadoria de servidor público por invalidez com proventos
integrais exige que a doença incapacitante esteja prevista em rol taxativo da
legislação de regência. 3. Agravo conhecido e desprovido.
[Rcl 36.477 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 12-5-2021, 1ª T, DJE de 21-5-2021.]

85 Sumário
Ementa: Agravo regimental na reclamação. 2. Processo Civil. 3. Aplicação
equivocada do tema 394 da sistemática da repercussão geral pelo Tribunal de
origem. 4. Anistiado político. Valores retroativos previstos na portaria de anistia.
Acréscimo de juros moratórios e de correção monetária, independentemente
de expresso pronunciamento judicial. Usurpação de competência configurada.
Precedentes. 5. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada.
6. Negado provimento ao agravo regimental.
[Rcl 42.580 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 27-4-2021, 2ª T, DJE de 30-4-2021.]

Ementa: RECLAMAÇÃO – REPERCUSSÃO GERAL – OBSERVÂNCIA. Não ocor-


rido erro na observância da sistemática da repercussão geral, impõe-se negar
seguimento à reclamação.
[Rcl 40.532 AgR, rel. min. Marco Aurélio, j. 19-4-2021, 1ª T, DJE de 26-4-2021.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL PRO-


POSTA PARA GARANTIR A OBSERVÂNCIA DE DECISÕES DESTA SUPREMA CORTE
PROFERIDAS SOB A SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL (art. 988, § 5º, do
CPC/2015) NO RE 607.520/MG (TEMA 305), NO ARE 694.294/MG (TEMA
645) E NO RE 883.642/AL (TEMA 823). NÃO ESGOTAMENTO DAS INSTÂNCIAS
RECURSAIS ORDINÁRIAS. INEXISTÊNCIA DE ADERÊNCIA ESTRITA. OFENSA AOS
JULGADOS PROFERIDOS NO ARE 772.496-AGR/RJ, NO ARE 689.575/RS, NO AI
790.478/RS E NO ARE 951.533 AGR-SEGUNDO/ES. PARADIGMAS COM EFEITOS
INTER PARTES. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – O presente recurso
mostra-se inviável, pois no momento da propositura desta reclamação, existiam
recursos pendentes de julgamento e os fundamentos apresentados neste agravo
não revelam quaisquer elementos capazes de afastar as razões decisórias por
mim proferidas. II – Os atos questionados em qualquer reclamação, nos casos
em que se sustenta desrespeito ou garantia à autoridade de decisão proferida
pelo STF, hão de se ajustar, com exatidão e pertinência, a esses julgamentos
invocados como paradigmas de confronto, em ordem a permitir, pela análise
comparativa, a verificação da conformidade, ou não, da deliberação estatal
impugnada em relação ao parâmetro de controle emanado deste Tribunal. Tal
requisito não foi preenchido na presente reclamação. III – A observância de jul-
gamento que tenha efeitos, tão somente, inter partes, não pode ser buscada, em
reclamação, por quem não foi parte ou terceiro interessado no processo original.
IV – A decisão ora atacada não merece reforma ou qualquer correção, pois os seus

86 Sumário
fundamentos harmonizam-se estritamente com a jurisprudência desta Suprema
Corte que orienta a matéria em questão. V – Agravo a que se nega provimento.
[Rcl 32.927 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 13-4-2021, 2ª T, DJE de 22-4-
2021.]

Ementa: RECLAMAÇÃO. REPERCUSSÃO GERAL. TEMAS 163 E 448. CONTRI-


BUIÇÃO PREVIDÊNCIA SOBRE ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LC 432/1985
DO ESTADO DE SÃO PAULO. AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIO. VERBA
INTEGRANTE DOS PROVENTOS DA APOSENTADORIA. ADERÊNCIA ESTRITA.
INEXISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE TERATOLOGIA DO ATO RECLAMADO. AGRAVO
REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A ausência de identidade entre
a hipótese versada na reclamação e aquela objeto do processo paradigma
revela a falta de aderência estrita, pressuposto necessário ao processamento
da reclamação. 2. A reclamação constitucional não se presta à cassação da
decisão proferida por Corte de origem que, atuando nos termos do art. 1.030
do CPC, inadmite recurso extraordinário mediante a aplicação de precedente
do Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral quando não demos-
trada a existência de erro ou teratologia no ato reclamado. 3. Agravo regimental
a que se nega provimento.
[Rcl 40.723 AgR, rel. min. Edson Fachin, j. 8-4-2021, 2ª T, DJE de 16-4-2021.]

Ementa: Agravo regimental na reclamação constitucional. Agravo que não ataca


todos os fundamentos da decisão agravada. Irregularidade formal. Art. 317, § 1º,
do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. Violação do entendimento
firmado ao exame do AI 791.292-RG/PE. Inocorrência. Ausência de teratologia
no ato reclamado. Instrumento reclamatório utilizado como indevido sucedâneo
recursal. 1. Não preenchimento do requisito de regularidade formal expresso
no art. 317, § 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal: A petição
conterá, sob pena de rejeição liminar, as razões do pedido de reforma da decisão
agravada. Ausência de ataque, nas razões do agravo regimental, a todos os fun-
damentos da decisão agravada. 2. Firme a jurisprudência desta Suprema Corte
quanto à excepcionalidade do cabimento da reclamação constitucional para
observância da finalidade do sistema de repercussão geral. Além do esgotamento
das instâncias ordinárias, constitui pressuposto de cabimento a demonstração
de teratologia na decisão reclamada quanto à subsunção do caso individual,
representado pela controvérsia objeto do recurso extraordinário, à decisão pro-

87 Sumário
ferida em repercussão geral. Precedentes. 3. A decisão reclamada foi proferida
em harmonia com a tese jurídica firmada ao julgamento do AI 791.292-RG/PE
(Tema 339). Teratologia não identificada. 4. A reclamação constitucional é ação
vocacionada para a tutela específica da competência e autoridade das decisões
proferidas por este Supremo Tribunal Federal, não consubstanciando sucedâneo
recursal, motivo pelo qual inadmissível a análise de alegadas nulidades por viola-
ção de dispositivos infraconstitucionais. 5. Agravo regimental não conhecido, com
determinação de certificação imediata do trânsito em julgado e arquivamento
destes autos, independentemente da publicação do presente acórdão.
[Rcl 51.915 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 4-4-2022, 1ª T, DJE de 5-4-2022.]

Ementa: RECLAMAÇÃO – ALEGADO DESRESPEITO À AUTORIDADE DE DECISÃO


QUE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PROFERIU NO JULGAMENTO DE
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA –
NECESSIDADE DE PRÉVIO E EFETIVO EXAURIMENTO DAS INSTÂNCIAS ORDI-
NÁRIAS – INADEQUAÇÃO, NO CASO, DA UTILIZAÇÃO DA RECLAMAÇÃO, QUE,
ADEMAIS, NÃO SE QUALIFICA COMO SUCEDÂNEO DE AÇÃO RESCISÓRIA, DE
RECURSOS OU DE AÇÕES JUDICIAIS EM GERAL – INCOGNOSCIBILIDADE DO
INSTRUMENTO RECLAMATÓRIO RECONHECIDA PELA DECISÃO AGRAVADA –
RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.
[Rcl 28.955 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 18-10-2019, 2ª T, DJE de 30-10-2019.]

Ementa: Agravo regimental na reclamação. Negativa de seguimento do recurso


extraordinário pelo tribunal de origem com fundamento na sistemática da reper-
cussão geral. Teratologia nas razões de decidir proferidas pela autoridade recla-
mada. RE nº 632.853/CE-RG. Substituição da banca examinadora pelo Poder
Judiciário. Impossibilidade. Precedentes. Agravo regimental não provido. 1. Não
subsiste o agravo regimental quando inexiste ataque específico aos fundamentos
do pronunciamento monocrático tido por merecedor de reforma, como consa-
grado no art. 317, § 1º, RISTF. 2. Preenchido o requisito do art. 988, § 5º, II, do
Código de Processo Civil, a Suprema Corte, excepcionalmente, pode admitir a
reclamação constitucional com paradigma na repercussão geral, quando pre-
sente teratologia na aplicação do precedente obrigatório do STF, a saber, RE
nº 632.853/CE-RG. 3. No paradigma de repercussão geral, o STF excetuou a
possibilidade de o Poder Judiciário proceder i) ao juízo de compatibilidade do
conteúdo de questões de concurso com o conteúdo programático previsto no

88 Sumário
edital do certame e ii) ao juízo de teratologia, ou seja, erro grosseiro, no gabarito
apresentado em face do conteúdo exigido na prova. 4. É defeso ao Poder Judiciá-
rio alterar a nota atribuída ao candidato, substituindo-se à banca examinadora na
avaliação da maior ou menor adequação da resposta do candidato ao conteúdo
da matéria cobrada de acordo com o edital. 5. Agravo regimental não provido.
[Rcl 26.928 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 17-8-2018, 2ª T, DJE de 17-9-2018.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. DECISÃO QUE NEGA SEGUI-


MENTO A RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM BASE NO ART. 1.030, I, A, DO CPC.
APLICAÇÃO DE PRECEDENTE JULGADO SOB A SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO
GERAL. TEMA 339. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DO STF. INOCORRÊNCIA.
JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO STF. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVI-
MENTO. I – As razões do agravo regimental são inaptas para desconstituir os
fundamentos da decisão agravada, que, por isso, se mantêm hígidos. II – A com-
petência do Supremo Tribunal Federal não é usurpada por decisão de Tribunal
que aplica a sistemática da repercussão geral, nos termos do art. 1.030, I, a, do
CPC, sendo incabível a reclamação para corrigir eventuais equívocos na aplicação
dos precedentes em questão. III – Agravo regimental a que se nega provimento.
[Rcl 35.960 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 20-12-2019, 2ª T, DJE de
13-2-2020.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO. DIREITO TRIBUTÁRIO.


COFINS. SOCIEDADES CIVIS. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA. SOBRESTA-
MENTO DE RECURSO. SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. 1. É inviável o
ajuizamento de reclamação em face de ato do Tribunal de origem que determina
o sobrestamento de recurso com base em paradigma da sistemática da reper-
cussão geral. Precedentes. CPC/73 e CPC/15. 2. Não se consideram esgota-
das as instâncias ordinárias antes da realização do juízo positivo ou negativo de
admissão do apelo extremo pelo Tribunal de origem em relação aos requisitos
processuais, cuja resultante é a subida dos autos ao STF ou a possibilidade de
interposição de agravo em recurso extraordinário. 3. A reclamação não é suce-
dâneo recursal, de modo que a pretensão de distinção (distinguishing) entre
feito sobrestado e o respectivo caso piloto deve ser deduzida em sede recursal
própria junto ao juízo a quo. Art. 1.035, §§ 6º e 7º, do CPC/15. 4. Agravo regi-
mental a que se nega provimento.
[Rcl 24.632 AgR, rel. min. Edson Fachin, j. 11-9-2017, 2ª T, DJE de 21-9-2017.]

89 Sumário
Ementa: AGRAVO INTERNO NA RECLAMAÇÃO. DETERMINAÇÃO DE SOBRESTA-
MENTO DE RECURSO NA ORIGEM PELO JUÍZO RECLAMADO. TEMAS 264 E 265
DA REPERCUSSÃO GERAL. AUSÊNCIA DE TERATOLOGIA. RECURSO DE AGRAVO
A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. 1. Não cabe Reclamação para o SUPREMO TRI-
BUNAL FEDERAL com o objetivo de contestar a paralisação de processo nas
instâncias ordinárias para se aguardar a fixação de tese a ser estabelecida pelo
STF sob o rito da Repercussão Geral (Rcl 27.372 AgR, de minha relatoria, Pri-
meira Turma, DJe de 16/10/2018), uma vez que existe rito específico para tal
finalidade, conforme se extrai do art. 1.037 do CPC. 2. Ato reclamado alinhado
com determinada corrente desta CORTE, a qual entende não ter havido a supe-
ração do sobrestamento dos Temas 264 e 265 da Repercussão Geral. Ausência
de teratologia. Nesse sentido: Rcl 41.959 AgR (Rel. Min. ROSA WEBER, Primeira
Turma, julgado em 30/11/2020); Rcl 41.031 (Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe
de 28/4/2021); Rcl 49.464 (Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, DJe de 27/9/2021); Rcl
48.569 (Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, DJe de 27/9/2021); Rcl 45.513 (Rel. Min.
ROBERTO BARROSO, DJe de 18/2/2021); e Rcl 45.515 (Rel. Min. DIAS TOFFOLI,
DJe de 8/3/2021). 3. Agravo Interno ao qual se nega provimento.
[Rcl 46.123 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 8-2-2022, 1ª T, DJE de 10-2-
2022.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. CONSTITUCIONAL. PREVI-


DENCIÁRIO. SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS APOSENTADOS NO ÚLTIMO
GRAU DA CARREIRA. SUPERVENIÊNCIA DE LEI MUNICIPAL DE REESTRUTU-
RAÇÃO DA CARREIRA. PRECEDENTE FIRMADO EM REPERCUSSÃO GERAL.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 606.199. TEMA 439. AUSÊNCIA DE TERATOLOGIA
NA DECISÃO ORA RECLAMADA. DECISÃO IMPUGNADA QUE SE ENCONTRA EM
HARMONIA COM O LEADING CASE QUE SE REPUTA VIOLADO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 85 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. INCIDÊNCIA.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A reclamação, por expressa determina-
ção constitucional, destina-se a preservar a competência desta Suprema Corte
e garantir a autoridade de suas decisões, ex vi do artigo 102, inciso I, alínea l,
da Constituição da República, além de salvaguardar o estrito cumprimento dos
enunciados de Súmula Vinculante, nos termos do artigo 103-A, § 3º da Consti-
tuição, incluído pela Emenda Constitucional 45/2004. Neste particular, a juris-
prudência desta Suprema Corte estabeleceu diversas condicionantes para a
utilização da via reclamatória, de sorte a evitar o desvirtuamento do referido

90 Sumário
instrumento processual. Disso resulta: i) a impossibilidade de se proceder a
um elastério hermenêutico da competência desta Corte, por estar definida
pela Constituição Federal em rol numerus clausus; ii) a impossibilidade de uti-
lização per saltum da reclamação, suprimindo graus de jurisdição ou outros
instrumentos processuais adequados; iii) a observância da estrita aderência
da controvérsia contida no ato reclamado ao conteúdo dos acórdãos desta
Suprema Corte apontados como paradigma; iv) a inexistência de trânsito em
julgado do ato jurisdicional reclamado; v) o não revolvimento da moldura fática
delineada nos autos em que proferida a decisão objurgada, devendo a reclama-
ção se ater à prova documental (artigo 988, § 2º, do Código de Processo Civil),
sob pena de se instaurar nova instrução processual, paralela à da demanda
de origem. 2. No julgamento do Recurso Extraordinário 606.199, Tema 439 da
Repercussão Geral, fixou-se o entendimento segundo o qual, desde que mantida
a irredutibilidade salarial constitucionalmente prevista, não tem o servidor inativo,
embora aposentado na última classe da carreira anterior, o direito de perceber
proventos correspondentes aos da última classe da nova carreira, reestruturada
por lei superveniente. Naquela oportunidade, assentou-se, ainda, em exceção
à tese geral fixada, que, com fundamento no artigo 40, § 8º, da Constituição da
República (redação anterior à da Emenda Constitucional 41/2003), os servidores
inativos teriam assegurado o direito de ter seus proventos ajustados, em con-
dições semelhantes aos servidores da ativa, com base nos requisitos objetivos
decorrentes do tempo de serviço e da titulação, aferíveis até a data da inativação.
3. In casu, o provimento jurisdicional ora reclamado assentou a impossibilidade de
extensão aos servidores inativos das vantagens previstas em lei nova aos ativos,
em virtude da necessidade de satisfação de critérios subjetivos prévios para a
progressão na carreira, não se vislumbrando afronta ao que decidido por esta
Suprema Corte no Recurso Extraordinário 606.199. 4. Ausência de teratologia
na decisão ora impugnada. 5. Agravo regimental desprovido.
[Rcl 33.100 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 29-4-2019, 1ª T, DJE de 7-5-2019.]

4.12 Eficácia vinculante de precedente em repercussão geral

Ementa: INGRESSO NA CARREIRA DA MAGISTRATURA. ART. 93, I, CRFB. EC


45/2004. TRIÊNIO DE ATIVIDADE JURÍDICA PRIVATIVA DE BACHAREL EM
DIREITO. REQUISITO DE EXPERIMENTAÇÃO PROFISSIONAL. MOMENTO DA
COMPROVAÇÃO. INSCRIÇÃO DEFINITIVA. CONSTITUCIONALIDADE DA EXI-

91 Sumário
GÊNCIA. ADI 3.460. REAFIRMAÇÃO DO PRECEDENTE PELA SUPREMA CORTE.
PAPEL DA CORTE DE VÉRTICE. UNIDADE E ESTABILIDADE DO DIREITO. VIN-
CULAÇÃO AOS SEUS PRECEDENTES. STARE DECISIS. PRINCÍPIOS DA SEGU-
RANÇA JURÍDICA E DA ISONOMIA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DE SUPERA-
ÇÃO TOTAL (OVERRULING) DO PRECEDENTE. 1. A exigência de comprovação,
no momento da inscrição definitiva (e não na posse), do triênio de atividade
jurídica privativa de bacharel em Direito como condição de ingresso nas carreiras
da magistratura e do ministério público (arts. 93, I e 129, §3º, CRFB – na redação
da Emenda Constitucional n. 45/2004) foi declarada constitucional pelo STF
na ADI 3.460. 2. Mantidas as premissas fáticas e normativas que nortearam
aquele julgamento, reafirmam-se as conclusões (ratio decidendi) da Corte na
referida ação declaratória. 3. O papel de Corte de Vértice do Supremo Tribunal
Federal impõe-lhe dar unidade ao direito e estabilidade aos seus precedentes.
4. Conclusão corroborada pelo Novo Código de Processo Civil, especialmente
em seu artigo 926, que ratifica a adoção – por nosso sistema – da regra do stare
decisis, que “densifica a segurança jurídica e promove a liberdade e a igualdade
em uma ordem jurídica que se serve de uma perspectiva lógico-argumentativa
da interpretação”. (MITIDIERO, Daniel. Precedentes: da persuasão à vinculação.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016). 5. A vinculação vertical e horizontal
decorrente do stare decisis relaciona-se umbilicalmente à segurança jurídica,
que “impõe imediatamente a imprescindibilidade de o direito ser cognoscível,
estável, confiável e efetivo, mediante a formação e o respeito aos precedentes
como meio geral para obtenção da tutela dos direitos”. (MITIDIERO, Daniel.
Cortes superiores e cortes supremas: do controle à interpretação, da jurisprudên-
cia ao precedente. São Paulo: Revista do Tribunais, 2013.). 6. Igualmente, a regra
do stare decisis ou da vinculação aos precedentes judiciais “é uma decorrência
do próprio princípio da igualdade: onde existirem as mesmas razões, devem
ser proferidas as mesmas decisões, salvo se houver uma justificativa para a
mudança de orientação, a ser devidamente objeto de mais severa fundamen-
tação. Daí se dizer que os precedentes possuem uma força presumida ou sub-
sidiária.” (ÁVILA, Humberto. Segurança jurídica: entre permanência, mudança e
realização no Direito Tributário. São Paulo: Malheiro, 2011.). 7. Nessa perspectiva,
a superação total de precedente da Suprema Corte depende de demonstração
de circunstâncias (fáticas e jurídicas) que indiquem que a continuidade de sua
aplicação implicam ou implicarão inconstitucionalidade. 8. A inocorrência desses
fatores conduz, inexoravelmente, à manutenção do precedente já firmado. 9.

92 Sumário
Tese reafirmada: “é constitucional a regra que exige a comprovação do triênio
de atividade jurídica privativa de bacharel em Direito no momento da inscrição
definitiva”. 10. Recurso extraordinário desprovido.
[RE 655.265, rel. min. Luiz Fux, red. do ac. min. Edson Fachin, j. 13-4-2016, P,
DJE de 5-8-2016, Tema 509.]

Ementa: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM RECLAMAÇÃO. ALEGADA


OFENSA AO TEMA 632 DA REPERCUSSÃO GERAL. INOCORRÊNCIA. AUSÊN-
CIA DE JUÍZO DE MÉRITO NO PARADIGMA DE CONFRONTO. DEMAIS PRECE-
DENTES APONTADOS. PROCESSOS SUBJETIVOS DESTITUÍDOS DE CARÁTER
VINCULANTE. RECURSO DE AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1 – Ainda
não houve juízo de mérito por parte do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL no RE
699.535 (Tema 632 da Repercussão Geral), requisito indispensável para atrair
a competência desta CORTE com vistas ao processamento e julgamento da
presente ação para os fins de aferição do suposto desrespeito à tese formu-
lada paradigma vinculante. 2 – O parâmetro pautado nos demais precedentes
apontados na inicial desta ação reclamatória não serve ao cotejo com o presente
caso, fundamentalmente, porque trata-se de processos subjetivos destituídos
de caráter vinculante, sem que a reclamante tenha ocupado posição de sujeito
processual nessas ações. 3 – Esta SUPREMA CORTE já teve a oportunidade de
afirmar que a reclamação tem escopo bastante específico, não se prestando ao
papel de simples substituto de recursos de natureza ordinária ou extraordinária.
4 – Recurso de agravo a que se nega provimento.
[Rcl 33.548 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 14-6-2019, 1ª T, DJE de 27-6-
2019.]

Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL EM AÇÃO


CIVIL ORIGINÁRIA. INSCRIÇÃO DO ESTADO AUTOR NO CADASTRO NEGATIVO
DA SECRETARIA DE PREVIDÊNCIA DO MINISTÉRIO DA FAZENDA (CADPREV).
CERTIFICADO DE REGULARIDADE PREVIDENCIÁRIA (CRP). REPERCUSSÃO
GERAL RECONHECIDA. INEXISTÊNCIA DE OBRIGATORIEDADE DE SOBRESTA-
MENTO DO PROCESSO. LEI 9.717/1998. EXORBITÂNCIA DA UNIÃO NA EDIÇÃO
DE NORMAS GERAIS SOBRE PREVIDÊNCIA SOCIAL. COMPETÊNCIA CONCOR-
RENTE DOS ENTES FEDERADOS. SUPOSTA DIVERGÊNCIA DE ENTENDIMEN-
TOS ENTRE JULGADOS. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. EMBARGOS REJEI-
TADOS. 1. Inviáveis os embargos que, a pretexto de sanar omissão, se voltam a

93 Sumário
avaliar alegado conflito entre o acórdão embargado e outros julgados da Corte.
Não se prestam, os embargos de declaração, à tarefa de uniformizar a jurispru-
dência do Tribunal a partir do confronto entre a ratio decidendi de julgados diver-
sos deste STF. Precedentes. 2. A regra do artigo 489, § 1º, VI, do CPC/2015, pela
qual não se considera fundamentada a decisão que “deixe de seguir enunciado
de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar
a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendi-
mento”, somente se aplica aos casos de precedentes obrigatórios (vinculantes),
e não àqueles precedentes meramente persuasivos, os quais o Juízo só deve
seguir se estiver convencido de seu acerto. 3. O acórdão embargado solucionou
todos os pontos manejados nos embargos. O inconformismo da parte com a
decisão que lhe foi desfavorável não colhe quaisquer das hipóteses elencadas no
art. 1.022 do CPC e no art. 337 do RISTF. 4. Embargos de declaração rejeitados.
[ACO 3.081 AgR-ED, rel. min. Rosa Weber, j. 30-8-2021, P, DJE de 3-9-2021.]

Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECLAMAÇÃO, DIREITO TRIBUTÁ-


RIO. ICMS. LEASING. REQUISITOS. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO,
OBSCURIDADE OU ERRO MATERIAL. ART. 1.022 DO CPC. 1. Nos termos do
artigo 1.022 do Código de Processo Civil, os embargos de declaração são cabí-
veis nos casos de obscuridade, contradição ou omissão da decisão impugnada,
assim como para corrigir erro material. Na hipótese, não se constata nenhum dos
referidos vícios. 2. A jurisprudência do STF é firme no sentido de não admitir
reclamação com fundamento em recurso extraordinário julgado segundo a
sistemática da repercussão geral, uma vez que essa decisão não possui efeito
vinculante 3. Assentou-se no Plenário do Supremo Tribunal Federal não caber
recurso nem reclamação da decisão do Tribunal de origem, que aplica a siste-
mática da repercussão geral, salvo no caso da negativa de juízo de retratação. É
inaplicável a orientação firmada na Súmula 727 do STF ao caso, porquanto não
há usurpação de competência. 4. Embargos de declaração rejeitados.
[Rcl 23.381 ED, rel. min. Edson Fachin, j. 31-5-2016, 1ª T, DJE de 1º-8-2016.]

4.13 Eficácia da repercussão geral para o caso concreto (art. 326 do


Regimento Interno do STF)

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. REPERCUSSÃO GERAL.


REJEIÇÃO PELO RELATOR, COM EFICÁCIA APENAS PARA O CASO CONCRETO.

94 Sumário
REGIMENTO INTERNO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, ART. 326, §§ 1º A 4º,
COM A REDAÇÃO DADA PELA EMENDA REGIMENTAL 54, DE 1º DE JULHO DE
2020. 1. Os §§ 1º a 4º do art. 326 do Regimento Interno do SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL, introduzidos pela Emenda Regimental 54, de 1º de julho de 2020,
estabelecem a técnica da rejeição da repercussão geral das questões suscitadas
no Recurso Extraordinário, com eficácia limitada ao caso concreto. 2. Tal siste-
mática, referendada pelo PLENÁRIO no julgamento do ARE 1.273.640-AgR (DJ
de 24/9/2020), desenvolve-se na forma das seguintes etapas: (a) o Relator,
ao receber o RE, analisa primeiramente a relevância das questões arguidas; (b)
constatada a ausência de repercussão geral, o Relator está autorizado a negar
seguimento ao recurso, exclusivamente por esse motivo; (c) em face dessa deci-
são, cabe impugnação da parte sucumbente, dirigida ao Plenário, requerendo-se a
adesão de 2/3 (dois terços) dos Ministros para a confirmação do julgado recorrido;
(c.1.) caso essa votação não seja obtida, o recurso é redistribuído, e então o novo
Relator sorteado examina todos os demais pressupostos de admissibilidade; (c.2.)
por outro lado, na hipótese em que ratificada, por 2/3 (dois terços) dos membros
do SUPREMO, a decisão do Relator no sentido da inexistência de repercussão
geral, tal acórdão NÃO formará um precedente vinculante; logo, não condicio-
nará a solução dos casos idênticos ou análogos. 3. No caso concreto, o presente
Recurso Extraordinário foi interposto por ADEMIR SIMÕES em demanda visando
à percepção de verba denominada “vantagem de representação”, prevista na
Lei 9.422/1990, do Estado do Paraná. No RE, o autor assevera que “o v. Acórdão
combatido entendeu que a parcela denominada ‘verba de representação’ é devida
nos proventos da aposentadoria do Recorrente apenas na proporção 4/35 avos,
incorrendo em ofensa ao disposto no art. 3º da Emenda Constitucional 47/2005
(regra pela qual o Recorrente se aposentou) (...)”. 4. A questão recursal não alcança
o patamar de repercussão geral. Trata-se de tema específico, de efeito restrito e
aplicação limitada. 5. Na parte do RE dedicada à demonstração da relevância da
matéria, conforme exigem o § 3º do art. 102 da Constituição e o § 2º do art. 1.035
do Código de Processo Civil de 2015, a recorrente tampouco apresenta elementos
concretos e objetivos, que revelem a transcendência do tema proposto, tais como:
o impacto social do julgado; a multiplicidade de demandas com o mesmo objeto; os
elevados valores financeiros envolvidos; os intensos debates sobre o assunto, no
meio jurídico. 6. Esse cenário permite concluir que não se mostram presentes, no
caso concreto, as questões relevantes de que trata o § 1º do art. 1.035 do Código
de Processo Civil de 2015, o que induz ao reconhecimento da INEXISTÊNCIA DE

95 Sumário
REPERCUSSÃO GERAL DA MATÉRIA SUSCITADA NO RECURSO EXTRAORDINÁ-
RIO. 7. Agravo Interno a que se nega provimento.
[ARE 1.251.500 AgR-segundo, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 8-4-2021, P,
DJE de 16-4-2021.]

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. REPERCUSSÃO GERAL.


REJEIÇÃO PELO RELATOR, COM EFICÁCIA APENAS PARA O CASO CONCRETO.
REGIMENTO INTERNO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, ART. 326, §§ 1º A
4º, COM A REDAÇÃO DADA PELA EMENDA REGIMENTAL 54, DE 1º DE JULHO
DE 2020. 1. O art. 326, § 1º, do Regimento Interno do SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL, com a redação dada pela Emenda Regimental 54, de 1º de julho de
2020, estabelece que, ao examinar o recurso extraordinário, “Poderá o relator
negar repercussão geral com eficácia apenas para o caso concreto.” 2. Já o § 2º
do art. 326 assegura a possibilidade de recurso, para o Plenário, da decisão do
Relator, cuja confirmação requer a adesão de 2/3 (dois terços) dos Ministros
desta CORTE. 3. O insucesso em se atingir esta votação não produz o resultado
inverso, qual seja, o automático reconhecimento da repercussão geral. Segundo
os §§ 3º e 4º do art. 326, o processo será, então, redistribuído, e o novo relator
sorteado prosseguirá no exame de admissibilidade do recurso, na forma dos arts.
323 e 324 do Regimento. 4. Esta sistematização alinha-se ao § 3º do art.  102
da Constituição e ao art. 1.035 do Código de Processo Civil de 2015. Fiel aos
contornos e às exigências do instituto da repercussão geral, trata-se de mais
um meio para que o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL examine a relevância das
questões suscitadas no RE, ao lado do já consolidado Plenário Virtual. 5. Apesar
de todos os notáveis avanços no sentido da redução da entrada de processos no
SUPREMO, fruto de uma estratégia voltada precipuamente às questões repetiti-
vas, a distribuição de recursos persiste elevada (21.938, no ano de 2019). Além
disso, a observação atenta das controvérsias retratadas nos milhares de decisões
proferidas pelo SUPREMO sinaliza a predominância de assuntos destituídos de
repercussão geral. 6. Isso tudo evidencia a conveniência de um método expedito
e eficaz para a negativa de seguimento de tais recursos – que, a despeito da inex-
pressividade dos temas suscitados, não são contidos pelo filtro hoje existente,
pensado para macrolides. 7. Sem a pretensão de formar precedentes abrangentes
e vinculantes – uma característica do Plenário Virtual –, a sistemática introdu-
zida pela Emenda Regimental 54/2020 objetiva uma ágil rejeição dos recursos
desprovidos de repercussão geral, por meio de uma fundamentação concisa do

96 Sumário
Relator. 8. Esta solução precede a análise do extenso repertório de pressupostos
recursais de admissibilidade, que, portanto, só será realizada caso o recurso ultra-
passe o crivo de relevância definido nos novos parágrafos do art. 326 do RISTF.
9. As recentes disposições regimentais aqui enfocadas, de cunho procedimental,
aplicam-se imediatamente, inclusive aos recursos extraordinários pendentes
de julgamento. Com efeito, tais regras apenas estabelecem uma técnica para
a aferição de um requisito recursal preexistente. E garantem à parte a possibi-
lidade de submeter seu RE ao Plenário, de modo que não há qualquer perda, ou
redução, de direito ou prerrogativa processual. 10. No caso concreto, o Recurso
Extraordinário foi interposto em ação ajuizada por pessoa participante de plano
de previdência privada, objetivando a revisão do valor dos seus proventos. Nas
razões do RE, a parte autora alega que o acórdão recorrido desrespeitou o princípio
constitucional da isonomia, pois negou-lhe o cálculo de seu benefício na forma da
Resolução 1969/2006, do Conselho Diretor da Caixa Econômica Federal, embora
o referido ato normativo tenha sido aplicado a outros participantes, em situação
idêntica. 11. A questão recursal não transpõe os limites da causa, nem o interesse
subjetivo das partes envolvidas. Trata-se de tema específico, de efeito restrito e
aplicação limitada. 12. Na parte do RE dedicada à demonstração da relevância da
matéria, conforme exigem o § 3º do art. 102 da Constituição e o § 2º do art. 1.035
do Código de Processo Civil de 2015, a recorrente tampouco apresenta elementos
concretos e objetivos, que revelem a transcendência do tema recursal, tais como: o
impacto social do julgado; a multiplicidade de demandas com o mesmo objeto; os
elevados valores financeiros envolvidos; os intensos debates sobre o assunto, no
meio jurídico. 13. Esse cenário permite concluir que não se mostram presentes, no
caso concreto, as questões relevantes de que trata o § 1º do art. 1.035 do Código
de Processo Civil de 2015, o que induz ao reconhecimento da INEXISTÊNCIA DE
REPERCUSSÃO GERAL DA MATÉRIA SUSCITADA NO RECURSO EXTRAORDINÁ-
RIO. 14. Agravo interno a que se nega provimento.
[ARE 1.273.640 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 8-9-2020, P, DJE de
24-9-2020.]

Ementa: Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Direito Admi-


nistrativo. Demissão de guarda municipal. Hipótese restrita à situação pessoal
do agravante. Matéria desprovida de repercussão geral. Precedentes. Análise de
fatos e provas dos autos. Reexame. Impossibilidade. 1. A questão suscitada no
recurso extraordinário está limitada à análise de exoneração de servidor público

97 Sumário
por reprovação no estágio probatório. A matéria é desprovida de repercussão
geral, porque exclusivamente restrita à esfera de interesses do próprio agra-
vante. Precedentes. 2. A apreciação da insurgência deduzida mediante o recurso
extraordinário em tela não prescindiria da análise dos fatos e das provas dos
autos, mesmo para verificação da alegada infringência aos postulados da razoa-
bilidade e da proporcionalidade. 3. Agravo regimental não provido.
[ARE 1.292.406 AgR-segundo, rel. min. Dias Toffoli, j. 22-3-2021, P, DJE de
3-5-2021.]

4.14 Cabimento de embargos de declaração de decisões proferidas no


Plenário Virtual

Ementa: Embargos de declaração em recurso extraordinário com agravo. 2. Deci-


são que avançou no julgamento do mérito, reafirmando a jurisprudência do STF.
Irrecorribilidade da decisão que trata da repercussão geral, art. 543-A, CPC.
Inaplicabilidade. Cabimento de embargos de declaração. 3. Plenário Virtual.
Publicidade e motivação – art. 93, IX, CF. O julgamento pelo Plenário Virtual tem
suficiente publicidade e produz decisões motivadas. Sistemática semelhante
àquela do Plenário físico. 4. Plenário virtual. Restrição à possibilidade de realiza-
ção de sustentação oral. Possibilidade. Julgamento de mérito estrito às hipóteses
em que reafirmada jurisprudência do Tribunal. Existência de outros julgamentos
em que não se admite a sustentação oral. 5. Correção da proclamação do julga-
mento. Ato do Presidente – art. 135, § 2º, do Regimento Interno. Desnecessidade
da submissão ao Plenário. 6. Omissão da participação de ministros. Impedimen-
tos. Aplicação das regras de quórum. A participação de seis ministros é suficiente
para conclusão do julgamento. 7. Diligências externas. Poderes de investigação
do Ministério Público. Compatibilização. Matéria estranha ao objeto do recurso
extraordinário. 8. Reafirmação de jurisprudência. Cotejo suficiente dos prece-
dentes ao caso concreto. 9. Embargos de declaração rejeitados.
[ARE 859.251 ED, rel. min. Gilmar Mendes, j. 22-10-2015, P, DJE de 9-11-2015,
Tema 811.]

Ementa: Embargos de declaração na repercussão geral no recurso extraordi-


nário. Tema nº 901 da repercussão geral. Momento da cessação do pagamento
de abono de permanência. Direito Processual. Deliberação do Plenário Virtual.
Situação em que a maioria absoluta dos Ministros votou pela ausência de ques-

98 Sumário
tão constitucional. Consequências. Recurso aclaratório acolhido com efeitos
infringentes. 1. O reconhecimento da repercussão geral pelo Plenário Virtual
não configura preclusão consumativa. O resultado da deliberação eletrônica
não impede o posterior reexame dos requisitos de admissibilidade do recurso
e dos efeitos do julgamento. Precedentes. 2. No Plenário Virtual, seis Ministros
votaram pelo caráter infraconstitucional da discussão relativa ao momento em
que deve cessar o pagamento do abono de permanência – se a partir do protocolo
do pedido de aposentadoria ou do aperfeiçoamento do ato de jubilação –, mas,
ainda assim, a repercussão geral foi admitida. 3. O quórum previsto no art. 102,
§ 3º, da Constituição Federal somente se aplica à rejeição do recurso por ausên-
cia de repercussão geral. A presença ou não de questão constitucional depende
dos votos da maioria absoluta da Corte – isto é, seis votos. Admitindo-se que as
questões postas repousam apenas na esfera da legalidade, há que se concluir
que o Tribunal decidiu pela inexistência de questão constitucional e, por con-
seguinte, de repercussão geral, na medida em que essa pressupõe a existência
daquela. 4. Na hipótese, a racionalidade do sistema e a vontade constitucional
demandam a revisão do resultado proclamado, visto que, não havendo matéria
constitucional e, por extensão, repercussão geral, nem sequer há de se conhecer
do recurso quanto a seu mérito. 5. Embargos de declaração acolhidos com efeitos
infringentes, reconhecendo-se o caráter infraconstitucional da controvérsia
posta nos autos e, por conseguinte, a ausência de repercussão geral da matéria,
e não se conhecendo do recurso extraordinário, nos termos do art. 543-A do
CPC/1917 e do art. 1.035 do CPC/2015.
[RE 956.304 RG-ED, rel. min. Dias Toffoli, j. 24-8-2020, P, DJE de 25-11-2020,
Tema 901.]

4.15 Repercussão geral e objetivação do recurso extraordinário

Ementa: Direito Constitucional. Agravo Regimental em Recurso Extraordinário.


Provimento para afastar prejuízo. Objetivação do processo. Reconhecimento da
repercussão geral da matéria. 1. Agravo regimental interposto contra decisão
monocrática que, após o início do julgamento do recurso extraordinário, declarou
extinto o processo sem exame do mérito devido ao falecimento da parte. 2. O
Plenário do Supremo Tribunal Federal assentou o entendimento de que, uma vez
objetivado o processo com reconhecimento da repercussão geral, o julgamento
deve prosseguir a fim de que seja fixada a tese, independentemente do interesse

99 Sumário
subjetivo que esteja em jogo. 3. Agravo regimental provido para entender não pre-
judicado o recurso extraordinário e determinar o prosseguimento do julgamento.
[RE 657.718 AgR, rel. min. Marco Aurélio, red. do ac. min. Roberto Barroso, j.
22-5-2019, P, DJE de 25-10-2019, Tema 500.]

Ementa: TRIBUTÁRIO E CONSTITUCIONAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ISSQN. ART. 156, III, CRFB/88. CONCEITO
CONSTITUCIONAL DE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA. OPERADORAS
DE PLANOS DE SAÚDE. CONSTITUCIONALIDADE DA INCIDÊNCIA DECLARADA
PELO ACÓRDÃO EMBARGADO, EM PROCESSO SUBMETIDO AO REGIME DA
REPERCUSSÃO GERAL. EXCLUSÃO DA MENÇÃO AO SEGURO-SAÚDE DA TESE
JURÍDICA FIXADA. POSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA AOS
LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA QUESTÃO JURÍDICA SUBMETIDA AO
PLENÁRIO POR OCASIÃO DO RECONHECIMENTO DA REPERCUSSÃO GERAL.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROVIDOS. 1. O regime jurídico tributário das
empresas operadoras de planos de saúde, tributadas pelo ISSQN, não se aplica
às seguradoras de saúde, posto estarem submetidas ao IOF, razão pela qual a
eventual imposição também do imposto sobre serviços às últimas implicaria dupla
tributação. 2. A objetivação do controle difuso de constitucionalidade não per-
mite a ampliação pela tese jurídica final do espectro da questão constitucional
identificada na manifestação do Relator que reconhece a repercussão geral,
porquanto tal atitude inviabilizaria o exercício do contraditório pelas partes
e terceiros interessados. 3. Tese: “As operadoras de planos de saúde realizam
prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza –
ISSQN, previsto no art. 156, III, da CRFB/88.” 4. Embargos de declaração providos.
[RE 651.703 ED-segundos, rel. min. Luiz Fux, j. 28-2-2019, P, DJE de 7-5-2019,
Tema 581.]

Ementa: TRIBUTÁRIO E CONSTITUCIONAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ISSQN. ART. 156, III, CRFB/88. CONCEITO
CONSTITUCIONAL DE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA. OPERADORAS
DE PLANOS DE SAÚDE. CONSTITUCIONALIDADE DA INCIDÊNCIA DECLA-
RADA PELO ACÓRDÃO EMBARGADO, EM PROCESSO SUBMETIDO AO REGIME
DA REPERCUSSÃO GERAL. EXCLUSÃO DA MENÇÃO AO SEGURO-SAÚDE DA
TESE JURÍDICA FIXADA. POSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA AOS
LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA QUESTÃO JURÍDICA SUBMETIDA AO

100 Sumário
PLENÁRIO POR OCASIÃO DO RECONHECIMENTO DA REPERCUSSÃO GERAL.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROVIDOS. 1. O regime jurídico tributário das
empresas operadoras de planos de saúde, tributadas pelo ISSQN, não se aplica
às seguradoras de saúde, posto estarem submetidas ao IOF, razão pela qual a
eventual imposição também do imposto sobre serviços às últimas implicaria dupla
tributação. 2. A objetivação do controle difuso de constitucionalidade não per-
mite a ampliação pela tese jurídica final do espectro da questão constitucional
identificada na manifestação do Relator que reconhece a repercussão geral,
porquanto tal atitude inviabilizaria o exercício do contraditório pelas partes
e terceiros interessados. 3. Tese: “As operadoras de planos de saúde realizam
prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza –
ISSQN, previsto no art. 156, III, da CRFB/88.” 4. Embargos de declaração providos.
[RE 651.703 ED-terceiros, rel. min. Luiz Fux, j. 28-2-2019, P, DJE de 7-5-2019,
Tema 581.]

Ementa: Direito Eleitoral. Agravo em Recurso Extraordinário. Candidatura avulsa.


Questão de ordem. Perda do objeto do caso concreto. Viabilidade da repercussão
geral. 1. A discussão acerca da admissibilidade ou não de candidaturas avulsas
em eleições majoritárias, por sua inequívoca relevância política, reveste-se de
repercussão geral. Invocação plausível do Pacto de São José da Costa Rica e do
padrão democrático predominante no mundo. 2. Eventual prejuízo parcial do
caso concreto subjacente ao recurso extraordinário não é impeditivo do reco-
nhecimento de repercussão geral. 3. Repercussão geral reconhecida.
[ARE 1.054.490 QO, rel. min. Roberto Barroso, j. 5-10-2017, P, DJE de 9-3-2018,
Tema 974.]

Ementa: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. PERDA DE OBJETO. PROSSEGUIMENTO
DA ANÁLISE DA QUESTÃO COM RELEVÂNCIA AFIRMADA. SERVIDOR PÚBLICO.
REVISÃO GERAL ANUAL. PREVISÃO NA LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS –
LDO. AUSÊNCIA DE DOTAÇÃO NA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL. INVIABILIDADE
DE CONCESSÃO DO REAJUSTE. 1. Segundo o § único do art. 998 do Código
de Processo Civil de 2015, “a desistência do recurso não impede a análise de
questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de
julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos”. 2. A norma se
aplica para a hipótese de perda de objeto superveniente ao reconhecimento da

101 Sumário
repercussão geral. Precedente: ARE 1.054.490 QO, Relator(a): Min. ROBERTO
BARROSO, Tribunal Pleno, DJe 09-03-2018. 3. Segundo dispõe o art. 169, § 1º,
da Constituição, para a concessão de vantagens ou aumento de remuneração
aos agentes públicos, exige-se o preenchimento de dois requisitos cumulativos:
(I) dotação na Lei Orçamentária Anual e (II) autorização na Lei de Diretrizes
Orçamentárias. 4. Assim sendo, não há direito à revisão geral anual da remu-
neração dos servidores públicos, quando se encontra prevista unicamente na
Lei de Diretrizes Orçamentárias, pois é necessária, também, a dotação na Lei
Orçamentária Anual. 5. Homologado o pedido de extinção do processo com
resolução de mérito, com base no art. 487, III, c, do Código de Processo Civil de
2015. 6. Proposta a seguinte tese de repercussão geral: A revisão geral anual da
remuneração dos servidores públicos depende, cumulativamente, de dotação
na Lei Orçamentária Anual e de previsão na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
[RE 905.357, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 29-11-2019, P, DJE de 18-12-2019,
Tema 864.]

Ementa: Reclamação constitucional. Súmula Vinculante nº 10. Contrato de ter-


ceirização de serviços relacionados com a atividade-fim de concessionária de
serviço público. Compreensão da expressão “atividades inerentes” prevista na
Lei nº 9.472/97 (art. 94, II) e na Lei nº 8.987/95 (art. 25, § 1º). Necessidade de
observância da cláusula de reserva de plenário (CF/88, art. 97). Matéria subme-
tida à sistemática da repercussão geral (ARE nº 791.932/DF). Esgotamento da
cognição no STF de feitos com fundamento em idêntica controvérsia. Reclama-
ção parcialmente procedente, tão somente para determinar que se observe, na
solução do caso concreto, a norma de interpretação constitucional a ser fixada
pelo STF no Tema 739 de repercussão geral. 1. Há tendência de objetivação da
análise pelo STF do recurso extraordinário veiculador de matéria dotada de
repercussão geral, trazendo, por consequência, o esgotamento da cognição
na Suprema Corte de feitos com fundamento em idêntica controvérsia e reco-
mendar todos os processos, principais ou acessórios, à respectiva origem, a fim
de aguardarem pronunciamento do STF, e, após, serem submetidos à concre-
tização da norma de interpretação exarada do precedente. 2. Ante a necessi-
dade de racionalização e estabilização da prestação jurisdicional, a solução da
reclamatória orienta-se pelos efeitos da submissão da matéria constitucional
ora controvertida à sistemática da repercussão geral no ARE nº 791.932/DF. 3.
Reclamação julgada parcialmente procedente, tão somente para determinar que

102 Sumário
se observe, na solução do caso concreto, a norma de interpretação constitucional
a ser fixada pelo STF no Tema 739 da repercussão geral.
[Rcl 27.163, rel. min. Dias Toffoli, j. 7-8-2018, 2ª T, DJE de 15-10-2018.]

4.16 Amicus curiae e repercussão geral

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PROCESSO


SUBJETIVO. PEDIDO DE INGRESSO COMO AMICUS CURIAE. INTERESSE INSTI-
TUCIONAL COLABORATIVO E DEMOCRÁTICO. INDEFERIMENTO. AUSÊNCIA DE
LESIVIDADE JURÍDICA. IRRECORRIBILIDADE. ART. 138 DO CPC. AGRAVO NÃO
CONHECIDO. 1. Cabe ao amicus oferecer sua opinião sobre a causa, sobretudo
nas questões técnico-jurídicas de maior complexidade. Assim, a tradução literal
para “amigo da Corte”, ainda que possa ser insuficiente para expressar o papel
que desempenha, bem sintetiza a razão de ser eminentemente colaborativa do
instituto. 2. O instituto do amicus curiae, historicamente, caracterizava-se pela
presunção de neutralidade de sua manifestação, tanto na experiência romano-
-germânica, quanto na tradição anglo-saxônica. 3. Aos amici cabia apresentar
elementos de fato e de direito que, por qualquer razão, escapassem do conheci-
mento dos juízes, assegurando a paridade de armas entre as partes, atuando de
forma presumidamente imparcial. 4. A experiência norte-americana demonstra
que os amici curiae ao longo do tempo perderam sua presumida imparcialidade
(SORENSON, Nancy Bage, The Ethical Implications of Amicus Briefs, 30 St. Mary’s
L.J. 1225-1226. 1999). 5. A Suprema Corte americana alterou sua Rule 37 com o
fito de clarificar quais os aspectos aptos a justificar a atuação da figura, indepen-
dentemente de seus eventuais interesses: “1. A manifestação de amicus curiae
que chame a atenção do Tribunal para uma questão relevante que ainda não
tenha sido comunicada pelas partes pode ser de grande ajuda para o Tribunal.
A manifestação de amicus curiae que não sirva a este propósito sobrecarrega o
Tribunal, e sua juntada não é recomendável. A manifestação de amicus curiae
pode ser apresentada apenas por um advogado admitido a praticar perante
este Tribunal, conforme previsto na regra 5.” (Rules of The Supreme Court of The
United States. Part VII. Rule 37. Brief for an Amicus Curiae) 6. A doutrina do tema
reconhece que há uma multiplicidade de interesses a orientar a atuação do cola-
borador da Corte, o que não macula a ratio essendi da participação. O eventual
interesse individual não pode ser o fundamento a justificar seu ingresso; não
se confundindo com o interesse tipicamente subjetivado das partes, nem com

103 Sumário
o interesse institucional, de viés colaborativo e democrático, que constitui o
amicus como um representante da sociedade. (SCARPINELLA BUENO, Cássio.
Amicus Curiae no Processo Civil brasileiro: um terceiro enigmático. 2012. p. 121-
122.). 7. O amicus curiae presta sua potencial contribuição com a jurisdição, mas
não se submete à sucumbência – nem genérica, nem específica – apta a ensejar
o interesse de recorrer da decisão que, apreciando o pedido de ingresso, não
vislumbra aptidão contributiva suficiente para a participação no caso concreto.
A manifestação do amicus não pode ser imposta à Corte, como um inimigo da
Corte. 8. O ingresso do amicus curiae, a par do enquadramento nos pressupostos
legais estabelecidos no Código de Processo Civil – notadamente que a causa seja
relevante, o tema bastante específico ou tenha sido reconhecida a repercussão
geral –, pode eventualmente ser obstado em nome do bom funcionamento da
jurisdição, conforme o crivo do relator, mercê não apenas de o destinatário da
colaboração do amicus curiae ser a Corte, mas também das balizas impostas
pelas normas processuais, dentre as quais a de conduzir o processo com efi-
ciência e celeridade, consoante a análise do binômio necessidade-representa-
tividade. 9. O legislador expressamente restringiu a recorribilidade do amicus
curiae às hipóteses de oposição de embargos de declaração e da decisão que
julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas, conforme explicita
o artigo 138 do CPC/15, ponderados os riscos e custos processuais. 10. É que
o amicus curiae não se agrega à relação processual, por isso não exsurge para
ele uma expectativa de resultado ou mesmo uma lesividade jurídica a ensejar
a recorribilidade da denegação de seu ingresso. O status de amicus encerra-se
no momento em que se esgota – ou se afere inexistir – sua potencialidade de
contribuição ou sugestão (COVEY, Frank. Amicus Curiae: Friend of The Court. 9
DePaul Law Review, nº 30. 1959, p. 30). 11. A irrecorribilidade da decisão do Relator
que denega o ingresso de terceiro na condição de amicus curiae em processo
subjetivo impede a cognoscibilidade do recurso sub examine, máxime porque a
possibilidade de impugnação de decisão negativa em controle subjetivo encontra
óbice (i) na própria ratio essendi da participação do colaborador da Corte; e (ii) na
vontade democrática exposta na legislação processual que disciplina a matéria.
12. Agravo regimental não conhecido.
[RE 602.584 AgR, rel. min. Marco Aurélio, red. do ac. min. Luiz Fux, j. 17-10-2018,
P, DJE de 20-3-2020, Tema 359.]

104 Sumário
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PEDIDO DE
INGRESSO COMO AMICUS CURIAE. INDEFERIDO. INVIABILIDADE DE ADMIS-
SÃO APÓS O JULGAMENTO DO MÉRITO DA DEMANDA. EQUIPARAÇÃO AO
ASSISTENTE PROCESSUAL. IMPOSSIBILIDADE. EXCEPCIONALIDADE DO
CASO. NÃO CONFIGURADA. 1. Não é devido o ingresso em feito, na qualidade
de terceiro interveniente, após a ocorrência do julgamento do mérito do recurso
extraordinário, sob a sistemática da repercussão geral. Ademais, a existência
de embargos declaratórios com pleito de atribuição de efeitos infringentes e
de modulação de efeitos não gera excepcionalidade à jurisprudência do STF.
2. Não há direito subjetivo à figuração em feito na qualidade de amicus curiae,
sendo o crivo do Relator caracterizado por um juízo não só de pertinência e
representatividade, mas também de oportunidade e utilidade processual. 3.
Após julgado o mérito de repercussão geral e fixada súmula de julgamento com
eficácia no sistema de precedentes obrigatórios, mostra-se pouco eficaz os
subsídios instrutórios e técnicos a serem apresentados pela parte Agravante.
4. O advento do novo CPC não possui aptidão para alterar a jurisprudência do
STF quanto à negativa de participação depois do julgamento de mérito, pois
é inviável equiparar a figura do amicus curiae a do assistente, pois somente
a este é possível a admissão em qualquer procedimento e em todos os graus
de jurisdição, recebendo o processo no estado em que se encontre. Arts. 119,
parágrafo único, e 138 do CPC. 5. Agravo regimental a que se nega provimento.
[RE 593.849 AgR, rel. min. Edson Fachin, j. 22-9-2017, P, DJE de 3-10-2017,
Tema 201.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO


TRIBUTÁRIO. FPM. PEDIDO DE INGRESSO COMO AMICUS CURIAE INDEFERIDO.
ASSOCIAÇÕES ESTADUAIS E FEDERAÇÕES DE MUNICÍPIOS. AUSÊNCIA DE
REPRESENTATIVIDADE E CONTRIBUIÇÃO ESPECÍFICA. 1. A interação dialogal
entre o STF e pessoas naturais ou jurídicas, órgãos ou entidades especializadas,
que se apresentem como amigos da Corte, tem um potencial epistêmico de
apresentar diferentes pontos de vista, interesses, aspectos e elementos nem
sempre alcançados, vistos ou ouvidos pelo Tribunal diretamente da controvérsia
entre as partes em sentido formal, possibilitando, assim, decisões melhores e
também mais legítimas do ponto de vista do Estado Democrático de Direito. 2.
Conforme o art. 138 do CPC/15, os critérios para admissão de entidades como
amicus curiae são a relevância da matéria, especificidade do tema ou repercussão

105 Sumário
social da controvérsia, assim como a representatividade adequada do preten-
dente. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.
[RE 705.423 AgR-segundo, rel. min. Edson Fachin, j. 15-12-2016, P, DJE de 8-2-
2017, Tema 653.]

Ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO. CPMF. EMENDA CONSTITUCIONAL 42/2003.


PRORROGAÇÃO E MANUTENÇÃO DA ALÍQUOTA DE 0,38%. PRINCÍPIO DA
ANTERIORIDADE NONAGESIMAL. NÃO INCIDÊNCIA. PRETENSÃO DE SUPERA-
ÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA. DESCABIMENTO. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO
EM 05.11.2009. A mera prorrogação, pela EC 42/2003, da alíquota majorada da
CPMF, estipulada em 0,38%, não se sujeita ao princípio da anterioridade nona-
gesimal, inscrito no art. 195, § 6º, da Constituição Federal. Orientação firmada
no RE 566.032 RG. Novas teses e alegações não justificam, por si sós, a revisão
da jurisprudência desta Corte, mormente quando se trata de entendimento
firmado ou ratificado na sistemática da repercussão geral, em que a questão
constitucional é apreciada sob uma perspectiva global, holística, sem vincula-
ção às teses e aos fundamentos jurídicos lançados no acórdão de origem, no
recurso extraordinário ou nas contrarrazões. Reconhecida a repercussão geral
da controvérsia, a causa petendi do apelo extremo, antes jungida às questões
constitucionais prequestionadas pelo Tribunal de origem, passa a ser aberta, o
que justifica a admissão de terceiros na condição de amici curiae, em ordem a
aportar novos argumentos, perspectivas e informações à Corte e, dessa forma,
propiciar a resolução da questão em abstrato, mas com uma profunda visão
de todas as suas nuances e implicações. Inaptidão das razões do agravo para
suscitar a revisão dessa robusta jurisprudência, firmada após detida análise da
questão constitucional. Agravo regimental conhecido e não provido.
[RE 630.036 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 5-2-2013, 1ª T, DJE de 26-2-2013.]

Decisão monocrática: (...) Nos termos do art. 138, cabeça, do Código de Processo
Civil, compete ao relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade
do tema objeto da demanda e a repercussão social da controvérsia, por meio de
decisão irrecorrível, ofício ou requerimento das partes, solicitar ou admitir pedi-
dos de intervenção de interessados na condição de amicus curiae. É intuitivo que
essa figura processual se reveste de altíssima relevância para uma jurisdição
constitucional democrática. Como, com inteira razão, já observou o Ministro
Celso de Mello, “(...) a intervenção do ‘amicus curiae’, para legitimar-se, deve

106 Sumário
apoiar-se em razões que tornem desejável e útil a sua atuação processual na
causa, em ordem a proporcionar meios que viabilizem uma adequada resolução
do litígio constitucional. (...) A base normativa legitimadora da intervenção pro-
cessual do ‘amicus curiae’ tem por objetivo essencial pluralizar o debate consti-
tucional, permitindo que o Supremo Tribunal Federal venha a dispor de todos os
elementos informativos possíveis e necessários à resolução da controvérsia,
visando-se, ainda, com tal abertura procedimental, superar a grave questão
pertinente à legitimidade democrática das decisões emanadas desta Corte (...)”
(ADI nº 2.321/DF-MC, Tribunal Pleno, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 10/6/05,
grifos do autor). Essa visão é predominante não apenas nesta Corte, mas também
na doutrina nacional. Por exemplo, Luiz Rodrigues Wambier, em primoroso estudo
sobre o assunto, assinala que “(...) [a] condição primordial subjetiva para a admis-
são do ingresso do terceiro nessa modalidade é o que a lei denomina represen-
tatividade adequada. Tal condição é verificada por meio da análise do histórico
e das qualidades do terceiro (bem como dos que atuam em seu nome): a forma-
ção acadêmica, a produção científica e a atuação na área relacionada ao objeto
da demanda. (...) Isso não significa que o amicus curiae não possa ter interesse
no resultado do julgamento, na interpretação de determinada norma jurídica, na
fixação de determinada tese de direito federal ou constitucional, e que por esse
resultado não possa ser afetado, mas que o foco de sua admissão no feito não é
esse interesse, mas a sua aptidão em contribuir, trazendo elementos que auxiliem
o órgão jurisdicional a decidir (...)” (WAMBIER, Luiz Rodrigues. Intervenção de
amicus curiae no Processo Civil Brasileiro. Boletim da Faculdade de direito, Coim-
bra, v. XCIV, tomo II, p. 1427-1429, 2018 – grifos nossos). Vide também a per-
cuciente observação de Cassio Scarpinella Bueno: “O amicus curiae não intervém
em processo alheio para tutelar ‘direito próprio’ ou ‘interesse jurídico seu’, assim
entendidas essas expressões em um contexto individualista e subjetivado. O
‘seu’ direito ou o ‘seu’ interesse jurídico vai além de sua pessoa e espraia-se em
grupos sociais ou em interesses mais amplos, sociais, públicos, que são mera-
mente canalizados na sua existência, de forma mais ou menos organizada. O
interesse que motiva sua intervenção é, por isso mesmo, institucional” (BUENO,
Cassio Scarpinella. Amicus curiae no processo civil. 3. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 503 – grifos nossos). Encontram-se no direito romano as origens mais
remotas do instituto do amigo da Corte. Segundo Giovanni Criscuoli, os magis-
trados romanos, desde o período arcaico, podiam admitir a integração de tercei-
ros aos processos, sempre que julgassem insuficientes os elementos disponíveis

107 Sumário
para decidirem as lides. Perpetuado e desenvolvido no direito inglês, o instituto
processual foi adotado por outros países, em especial pelos Estados Unidos,
onde se notabilizou por sua valiosa contribuição em casos de grande relevância
(CRISCUOLI, Giovanni, Rivista Trimestrale di Diritto e Procedura Civile, Ano XXVII,
n. 1, março de 1973, pp. 11-21). Atualmente, a função do amicus curiae no direito
inglês se restringe aos casos em que o attorney general, figura semelhante ao
procurador-geral da República e ao advogado-geral da União, atua em juízo em
prol de interesses públicos ou, ainda, na prestação de esclarecimentos aos juízes
sobre alguma questão de fato ou de direito (SHELTON, Dinah. The participation
of nongovernmental organizations in international judicial proceedings. The Amer-
ican Journal of International Law, 1994, v. 4, p. 616-638). Nos Estados Unidos,
durante o século XX, passou-se a admitir a intervenção de “amigos da Corte”
particulares para a tutela de interesses privados. Em casos de interesse público
privilegiou-se, de igual maneira, a admissão da figura do attorney general (KRIS-
LOV, Samuel. The amicus curiae brief: from friendship to advocacy. Yale Law
Journal. 1963, v. 72, p. 700-705). No direito italiano, conforme salienta Elisabetta
Silvestri, a aplicação do instituto tem descortinado novas possibilidades dentro
do ordenamento e superado o entendimento precedente da Corte Constitucio-
nal do país de “contraditório fechado”, prezando pela autossuficiência das partes
no processo. Progressivamente, então, o que se tem visto é a admissão de amici
curiae em sede de controle de constitucionalidade com amparo em artigos do
Código de Processo Civil Italiano (SILVESTRI, Elisabetta. L’amicus curiae: uno
strumento per la tutela degli interessi non rappresentati. Rivista Trimestrale di
Diritto e Procedura Civile, ano LI, n. 3, p. 694-697, setembro de 1997). Por seu
turno, o que se reputa semelhante em todos os três casos é a necessidade de
justificação da atuação e a exigência de que os amici curiae tragam ao conheci-
mento do tribunal novas considerações e questões insuficientemente discutidas
pelas partes. É louvável a aproximação entre o Poder Judiciário e a sociedade e
extremamente desejado o resultado dessa interação, na medida em que ela
permite a produção de uma decisão mais afinada com a realidade social, demo-
cratizando, assim, a jurisdição constitucional, reduzindo sua atuação contrama-
joritária e aumentando sua capacidade institucional. Desse modo, a participação
dos mais diversos amici curiae, além de positiva, é extremamente proveitosa – e
isso não apenas por funcionar, consoante já ressaltado, como fator de legitima-
ção das decisões, mas também por permitir que sejam tecnicamente mais emba-
sadas as decisões deste Tribunal, o qual, vem, paulatinamente, reconhecendo

108 Sumário
tanto a necessidade quanto o caráter agregador dessa intervenção (ARE 95.962/
RS, Rel. Min. Edson Fachin, DJe de 13/9/16). Não há dúvida, portanto, de que a
participação de diferentes grupos em processos judiciais de grande significado
para toda a sociedade cumpre uma função de integração extremamente relevante
no Estado Democrático de Direito. A propósito, Peter Häberle defende a neces-
sidade de que os instrumentos de informação dos juízes constitucionais sejam
ampliados, especialmente no que se refere às audiências públicas e às interven-
ções de eventuais interessados, assegurando-se novas formas de participação
das potências públicas pluralistas na qualidade de intérpretes em sentido amplo
da Constituição (cf. HÄBERLE, Peter. Hermenêutica constitucional. A sociedade
aberta dos intérpretes da constituição: contribuição para a interpretação plura-
lista e procedimental da constituição. Tradução de Gilmar Ferreira Mendes. Porto
Alegre, 1997, p. 47-48). Esse é também o posicionamento de Alexandre Freire,
em relevante estudo sobre os instrumentos de ampliação democrática da juris-
dição constitucional: “O amicus curiae permite que entidades representativas e
pessoas naturais possam levar novos argumentos para o debate a ser travado
na corte. Mesmo não consistindo sua participação, em princípio, em assunção
de posição a favor ou contra a tese levantada pelo legitimado que provoca a
jurisdição constitucional (concreta ou abstrata), é inegável que o instituto exerce
a importante função de auxiliar a corte, seja evitando uma decisão equivocada,
seja aprimorando e qualificando substancialmente uma posição sustentada por
ela” (FREIRE, Alexandre. O incidente de resolução de recursos extraordinários
repetitivos e as audiências públicas no Supremo Tribunal Federal. In: NERY
JUNIOR, Nelson, ALVIM, Terese Arruda e OLIVEIRA, Pedro Miranda de. (Coord.).
Aspectos polêmicos dos recursos cíveis e afins. São Paulo: Thompson Reuters,
2018. v. 14, p. 12 – grifos nossos). Faz-se imprescindível levar em consideração,
nos processos de controle abstrato e nos recursos extraordinários com reper-
cussão geral reconhecida, o equilíbrio e a isonomia entre aqueles que, na quali-
dade de amicus curiae, apresentam argumentos opostos a respeito da tese sus-
tentada perante a Suprema Corte. Assim, inicialmente, adotando, no caso
presente, as diretrizes que tenho seguido em pleitos similares, admito o ingresso
no feito, na condição de amici curiae, do Instituto Brasileiro de Política e Direito
do Consumidor (BRASILCON), Google Brasil Internet Ltda., Instituto dos Advo-
gados de São Paulo (IASP), Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC)
e Twitter Brasil Rede de Informação Ltda., tendo em vista a representatividade
dos peticionários e a existência de relação direta deles com o objeto do presente

109 Sumário
recurso extraordinário. Ressalto que, conforme já fiz ver no RE nº 808.202/
RS-AgR, a representatividade adequada dos peticionários demanda, além do
domínio do tema, também o interesse institucional e a capacidade de represen-
tação do número mais significativo possível de interessados. Considero que a
admissão desenfreada e pouco criteriosa de qualquer um que deseje se tornar
amicus curiae – sobretudo quando postulam a palavra entidades dotadas de
desígnios e argumentos bastante assemelhados e que se superpõem – constitui,
na realidade, algo deletério e absolutamente indesejado, visto que ocasiona
tumulto processual sem se traduzir, necessariamente, em efetiva democratiza-
ção do processo. Ademais, ressalto que o deferimento da totalidade de pedidos
formalizados pelos peticionantes acarretaria dilação indevida da lide, o que não
é de interesse de nenhum dos envolvidos. Nesse sentido: ADI nº 5.447, Relator
o Ministro Roberto Barroso, DJe de 15/5/19; RE nº 882.461/MG, Relator o Minis-
tro Luiz Fux, DJe de 30/4/19; RE nº 705.423, Relator o Ministro Edson Fachin,
DJe de 26/8/13; ADPF nº 54, Relator o Ministro Marco Aurélio, DJ de 28/6/04.
[RE 1.037.396, rel. min. Dias Toffoli, dec. monocrática, j. 6-11-2019, DJE de 12-11-
2019, Tema 987.]

Decisão monocrática: (...) 4. Pelas Petições Avulsas STF ns. 92.413/2021 e


120.019/2021, Open Knowledge Brasil e a Associação Brasileira de Lawtechs e
Legaltechs, respectivamente, requereram ingresso no recurso, como amici curiae
(edocs. 34 e 41). 5. Na espécie, Open Knowledge Brasil argumenta que “a rele-
vante contribuição da OKBR em discussões relacionadas à publicização de dados
foi reconhecida, por exemplo, quando da sua admissão na qualidade de amicus
curiae na Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (‘ADPF’) nº 690. A
ação, ajuizada em junho de 2020 no contexto de enfrentamento à pandemia da
Covid-19, discutiu a ausência de transparência e controle social acerca de dados
epidemiológicos após a ação governamental de retirada dos dados do Balanço
Diário da Covid-19 (…) É inquestionável, portanto, que a contribuição técnica da
OKBR na ADPF 690 foi significativa para o seu julgamento, tal como pode ser no
presente Agravo em Recurso Extraordinário, uma vez admitida na qualidade de
amicus curiae” (fls. 11-13, e-doc. 34). 6. A Associação Brasileira de Lawtechs e
Legaltechs assevera que “a AB2L, através de seus associados, oferece soluções
para 30 milhões de Brasileiros todos os meses! Além disso, a AB2L teve ampla
relação com o projeto da reforma tributária, além das audiências públicas do
Consumidor.gov, da ANPD, e do CNJ do Grupo de Dados Abertos, onde 90%

110 Sumário
desse público é associado à AB2L2.3.5. É partindo das finalidades institucio-
nais da AB2L, que os autos de agravo em recurso extraordinário em incidente de
resolução de demandas repetitivas afeta sobremaneira os integrantes da AB2L
com potencial de inviabilizar não só alguns de seus modelos de negócios, como
incidir direta e profundamente no funcionamento dos setores jurídicos de grandes
empresas brasileiras – algumas inclusive estatais, que necessitam das iniciativas
de inteligência tecnológica agregada ao direito para, principalmente, garantir a
continuidade de serviços jurídicos de grande volumes – além de impactar o acesso
facilitado de informações processuais por milhões de cidadãos” (fls. 5-6, e-doc.
41). A intervenção dos amici curiae objetiva enriquecer o debate constitucional
e fornecer informações e dados técnicos relevantes à solução da controvérsia
jurídica. 7. Pelo exposto, reconhecida a relevância da questão constitucional em
análise, defiro os pedidos de Open Knowledge Brasil e da Associação Brasileira
de Lawtechs e Legaltechs para ingresso neste recurso como amici curiae (art. 138
do Código de Processo Civil). À Secretaria Judiciária deste Supremo Tribunal para
incluir o nome dos peticionários como amici curiae e adotar as providências cabí-
veis. Na sequência, vista à Procuradoria-Geral da República (inc. XV do art. 52 do
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). Publique-se.
[ARE 1.307.386, rel. min. Cármen Lúcia, dec. monocrática, j. 6-5-2021, DJE de
8-6-2021, Tema 1.141.]

4.17 Suspensão nacional

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMAN-


DAS REPETITIVAS (IRDR). TRIBUTÁRIO. REPARTIÇÃO DE RECEITAS. TITULARI-
DADE DO IMPOSTO DE RENDA INCIDENTE NA FONTE SOBRE RENDIMENTOS
PAGOS, A QUALQUER TÍTULO, PELOS MUNICÍPIOS, A PESSOAS FÍSICAS OU
JURÍDICAS CONTRATADAS PARA PRESTAÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS. ARTIGO
158, INCISO I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PETIÇÃO 7.001, REAUTUADA COMO
SUSPENSÃO NACIONAL DO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPE-
TITIVAS (SIRDR 1). REAFIRMAÇÃO DO EFEITO SUSPENSIVO A TODOS OS PRO-
CESSOS, INDIVIDUAIS OU COLETIVOS, EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL,
QUE VERSEM SOBRE O TEMA. RELEVÂNCIA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL.
MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.
[RE 1.293.453 RG, rel. min. Luiz Fux, j. 18-3-2021, P, DJE de 26-3-2021, Tema
1.130.]

111 Sumário
Ementa: Agravo regimental na reclamação. 2. Determinação de suspensão das
ações que tratam do tema 1.046 da repercussão geral. Ação de conhecimento
com trânsito em julgado anterior à determinação de sobrestamento. Processo
em fase de execução definitiva. Inaplicabilidade do paradigma indicado. Ausên-
cia de estrita aderência. Não cabimento da reclamação. Precedentes. 3. Alega-
ção de inexigibilidade do título executivo. Necessária observância do requisito
temporal. Reconhecimento, pelo STF, da constitucionalidade, ou não, da matéria
deve ter ocorrido em data anterior ao trânsito em julgado da sentença. Tema 360
da repercussão geral. Não acolhimento. 4. Inexistência de argumentos capazes
de infirmar a decisão agravada. 5. Agravo regimental a que se nega provimento.
[Rcl 45.037 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 24-2-2021, 2ª T, DJE de 2-3-2021.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.


SUCESSIVAS RENOVAÇÕES DE INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. TESE COM
REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA NO RE 625.623/PR. PEDIDO DE SUS-
PENSÃO DO CURSO PROCESSUAL. HAVENDO RAZÃO PARA AS PRORRO-
GAÇÕES, NÃO HÁ FALAR EM ILEGALIDADE. COMPETÊNCIA DO RELATOR
DO RECURSO PARADIGMA PARA SUSPENDER PROCESSOS COM BASE NO
ART. 1.035, § 5°, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. PRECEDENTES. AGRAVO
REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – Conforme consignado na deci-
são agravada, havendo razão para sucessivas renovações das interceptações
telefônicas, não há falar em ilegalidade que justifique a impetração. II – O Minis-
tro Gilmar Mendes, relator do RE 625.263/PR, invocado pela defesa como
paradigma, não determinou a suspensão de processos que tratam da igual
questão constitucional, mesmo quando já em vigor o art. 1.035, § 5°, do atual
CPC, que dispõe sobre a possibilidade de “suspensão do processamento de
todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a
questão e tramitem no território nacional”. III – A suspensão de processamento
prevista no § 5° do art. 1.035 do CPC não consiste em consequência automática
e necessária do reconhecimento da repercussão geral realizada com fulcro no
caput do mesmo dispositivo, sendo da discricionariedade do relator do recurso
extraordinário paradigma determiná-la ou modulá-la (RE 966.177/ RS-QO,
Plenário). IV – Agravo regimental a que se nega provimento.
[RHC 138.754 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 28-9-2018, 2ª T, DJE de
4-10-2018.]

112 Sumário
Ementa: QUESTÃO DE ORDEM NA REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONTRAVENÇÕES
PENAIS DE ESTABELECER OU EXPLORAR JOGOS DE AZAR. ART. 50 DA LEI DE
CONTRAVENÇÕES PENAIS. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. POSSIBI-
LIDADE DE SUSPENSÃO, CONFORME A DISCRICIONARIEDADE DO RELATOR,
DO ANDAMENTO DOS FEITOS EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL, POR FORÇA
DO ART. 1.035, § 5º, DO CPC/2015. APLICABILIDADE AOS PROCESSOS PENAIS.
SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RELATIVA AOS CRIMES
PROCESSADOS NAS AÇÕES PENAIS SOBRESTADAS. INTERPRETAÇÃO CON-
FORME A CONSTITUIÇÃO DO ART. 116, I, DO CP. POSTULADOS DA UNIDADE
E CONCORDÂNCIA PRÁTICA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS. FORÇA NOR-
MATIVA E APLICABILIDADE IMEDIATA AOS FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS
DO EXERCÍCIO DA PRETENSÃO PUNITIVA, DO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
E DA VEDAÇÃO À PROTEÇÃO PENAL INSUFICIENTE. 1. A repercussão geral que
implica o sobrestamento de ações penais, quando determinado este pelo rela-
tor com fundamento no art. 1.035, §5º, do CPC, susta o curso da prescrição da
pretensão punitiva dos crimes objeto dos processos suspensos, o que perdura
até o julgamento definitivo do recurso extraordinário paradigma pelo Supremo
Tribunal Federal. 2. A suspensão de processamento prevista no § 5º do art. 1.035
do CPC não é consequência automática e necessária do reconhecimento da
repercussão geral realizada com fulcro no caput do mesmo dispositivo, sendo da
discricionariedade do relator do recurso extraordinário paradigma determiná-la
ou modulá-la. 3. Aplica-se o §5º do art. 1.035 do CPC aos processos penais, uma
vez que o recurso extraordinário, independentemente da natureza do processo
originário, possui índole essencialmente constitucional, sendo esta, em conse-
quência, a natureza do instituto da repercussão geral àquele aplicável. 4. A sus-
pensão do prazo prescricional para resolução de questão externa prejudicial ao
reconhecimento do crime abrange a hipótese de suspensão do prazo prescricional
nos processos criminais com repercussão geral reconhecida. 5. A interpretação
conforme a Constituição do art. 116, I, do CP funda-se nos postulados da unidade
e concordância prática das normas constitucionais, isso porque o legislador, ao
impor a suspensão dos processos sem instituir, simultaneamente, a suspensão
dos prazos prescricionais, cria o risco de erigir sistema processual que vulnera a
eficácia normativa e aplicabilidade imediata de princípios constitucionais. 6. O
sobrestamento de processo criminal, sem previsão legal de suspensão do prazo
prescricional, impede o exercício da pretensão punitiva pelo Ministério Público e

113 Sumário
gera desequilíbrio entre as partes, ferindo prerrogativa institucional do Parquet
e o postulado da paridade de armas, violando os princípios do contraditório e do
due process of law. 7. O princípio da proporcionalidade opera tanto na esfera de
proteção contra excessos estatais quanto na proibição de proteção deficiente; in
casu, flagrantemente violado pelo obstáculo intransponível à proteção de direi-
tos fundamentais da sociedade de impor a sua ordem penal. 8. A interpretação
conforme à Constituição, segundo os limites reconhecidos pela jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal, encontra-se preservada, uma vez que a exegese
proposta não implica violação à expressão literal do texto infraconstitucional,
tampouco, à vontade do legislador, considerando a opção legislativa que previu
todas as hipóteses de suspensão da prescrição da pretensão punitiva previstas
no ordenamento jurídico nacional, qual seja, a superveniência de fato impeditivo
da atuação do Estado-acusador. 9. O sobrestamento de processos penais deter-
minado em razão da adoção da sistemática da repercussão geral não abrange: a)
inquéritos policiais ou procedimentos investigatórios conduzidos pelo Ministério
Público; b) ações penais em que haja réu preso provisoriamente. 10. Em qualquer
caso de sobrestamento de ação penal determinado com fundamento no art. 1.035,
§5º, do CPC, poderá o juízo de piso, a partir de aplicação analógica do disposto
no art. 92, caput, do CPP, autorizar, no curso da suspensão, a produção de provas
e atos de natureza urgente. 11. Questão de ordem acolhida ante a necessidade
de manutenção da harmonia e sistematicidade do ordenamento jurídico penal.
[RE 966.177 RG-QO, rel. min. Luiz Fux, j. 7-6-2017, P, DJE de 1º-2-2019, Tema 924.]

Ementa: AGRAVO INTERNO EM AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. INSCRIÇÃO DE ESTA-


DO-MEMBRO EM CADASTRO FEDERAL DE INADIMPLÊNCIA. SIAFI/CAUC/
CADIN. INSCRIÇÃO SEM PRÉVIA TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. PEDIDO DE SOBRESTAMENTO. INDE-
FERIMENTO. AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. É necessária
a realização de Tomada de Contas Especial previamente à inscrição do Estado
no SIAFI/CAUC/CADIN, com a devida observação dos princípios constitucionais
da ampla defesa e do contraditório. 2. Incabível o pedido de sobrestamento dos
autos até o julgamento, pelo Plenário da CORTE, do mérito de repercussão geral
reconhecida, considerando que a suspensão prevista no artigo 1.035, § 5º, do
CPC/2015 não alcança as ações originárias da própria CORTE, em razão da
urgência e relevância dos temas. 3. Agravo interno a que se nega provimento.
[ACO 3.317 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 18-8-2020, P, DJE de 2-10-2020.]

114 Sumário
Ementa: DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. PEDIDO DE SUSPENSÃO
DO PROCESSO E DO PRAZO PRESCRICIONAL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA
DE DETERMINAÇÃO DE SUSPENSÃO DOS FEITOS PELO RELATOR DO PRO-
CESSO PARADIGMA. 1. O Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do RE
966.177-RG-QO, entendeu que “a suspensão de processamento prevista no §5º
do art. 1.035 do CPC não é consequência automática e necessária do reconheci-
mento da repercussão geral realizada com fulcro no caput do mesmo dispositivo,
sendo da discricionariedade do relator do recurso extraordinário paradigma
determiná-la ou modulá-la”. 2. Naquele julgamento chegou-se à conclusão de
que, “em sendo determinado o sobrestamento de processos de natureza penal,
opera-se, automaticamente, a suspensão da prescrição da pretensão punitiva
relativa aos crimes que forem objeto das ações penais sobrestadas”. 3. No pre-
sente caso, em que se determinou o retorno dos autos à origem, tendo em
vista que o Supremo Tribunal Federal concluiu pela presença de repercussão
geral da matéria no RE 608.588-RG (Tema 656), Rel. Min. Luiz Fux, não houve
determinação de suspensão dos processos, revelando-se inviável o pedido
de sobrestamento. Precedentes. 4. Agravo interno a que se nega provimento.
[ARE 1.259.169 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 15-4-2020, 1ª T, DJE de 13-5-
2020.]

Ementa: PETIÇÃO PARA CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. “AUXÍLIO-ACOMPANHANTE”. ART. 45 DA LEI Nº 8.213/1991.
APLICAÇÃO DIRETA DE NORMAS CONSTITUCIONAIS. FUMUS BONI IURIS
QUANTO À ADMISSÃO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PERICULUM IN MORA
CONFIGURADO. RISCO DE IMPACTO BILIONÁRIO SOBRE AS CONTAS PÚBLICAS.
SUSPENSÃO DE TODOS OS PROCESSOS QUE VERSEM SOBRE O TEMA EM TER-
RITÓRIO NACIONAL. POSSIBILIDADE. ARTS. 1.029, § 5º, I, 1.035, § 5º, 301 e 932,
II, DO CPC/2015. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. 1. O Art. 20 da Lei de Intro-
dução às Normas do Direito Brasileiro (incluído pela Lei nº 13.655/2018) dispõe,
verbis: “Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com
base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências
práticas da decisão”. 2. O Magistrado tem o dever de examinar as consequências
imediatas e sistêmicas que o seu pronunciamento irá produzir na realidade social,
porquanto, ao exercer seu poder de decisão nos casos concretos com os quais se
depara, os Juízes alocam recursos escassos. Doutrina: POSNER, Richard. Law,
Pragmatism and Democracy. Cambridge: Harvard University Press, 2003, p. 60-64.

115 Sumário
3. A segurança jurídica prevista no Código de Processo Civil de 2015, representa
o cânone que consagra diversos mecanismos para o sobrestamento de causas
similares com vistas à aplicação de orientação uniforme em todos eles (art. 1.035,
§ 5º; art. 1.036, § 1º; art. 1.037, II; art. 982, § 3º), juntamente com a estabilização
da jurisprudência, a isonomia e a economia processual. 4. A doutrina sobre o
tema assevera que, verbis: “trata-se de uma preocupação central do Código, cujo
art. 926 impõe aos Tribunais a uniformização de sua jurisprudência para mantê-la
estável, íntegra e coerente. Repise-se que a segurança jurídica quanto ao enten-
dimento dos Tribunais pauta não apenas a atuação dos órgãos hierarquicamente
inferiores, mas também o comportamento extraprocessual de pessoas envolvi-
das em controvérsias cuja solução já foi pacificada pela jurisprudência.” (FUX,
Luiz; BODART, Bruno. Notas sobre o princípio da motivação e a uniformização da
jurisprudência no novo Código de Processo Civil à luz da análise econômica do
Direito. In: Revista de Processo, v. 269, jun. 2017, pp. 421-432). 5. O julgamento
dos embargos de declaração opostos em face de acórdão do Superior Tribunal
de Justiça no bojo de Recurso Especial autoriza a remessa dos autos ao Supremo
Tribunal Federal para apreciação do Recurso Extraordinário, na forma do art. 1.031,
§ 1º, do CPC/2015. 6. O efeito suspensivo conferível ao Recurso Extraordinário
pode envolver a antecipação da eficácia de todos os consectários processuais de
seu processamento, inclusive a suspensão do processamento de todos os proces-
sos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem
no território nacional (art. 1.035, § 5º, do CPC/2015), no exercício judicial do
poder geral de cautela (arts. 301, in fine, e 932, II, do CPC/2015). 7. In casu: (i)
os acórdãos do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Regional Federal da 4ª
Região invocaram os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana
(art. 1º, III, CRFB) e da isonomia (art. 5º, caput, CRFB), bem como os direitos sociais
(art. 6º CRFB), para estender o adicional de assistência permanente previsto no
art. 45 da Lei nº 8.213/91 a beneficiários diversos dos aposentados por invalidez,
indicando o fumus boni iuris quanto à admissão do Recurso Extraordinário; (ii) o
risco de lesão grave a ser afastado com a suspensão dos processos que versem
sobre a controvérsia debatida nos autos consiste no impacto bilionário causado
aos já combalidos cofres públicos. 8. Agravo Regimental a que se dá provimento,
na forma do art. 1.021, § 2º, do CPC/2015, para suspender todos os processos,
individuais ou coletivos, em qualquer fase e em todo o território nacional, que
versem sobre a extensão do “auxílio-acompanhante”, previsto no art. 45 da Lei

116 Sumário
nº 8.213/1991 para os segurados aposentados por invalidez, às demais espécies
de aposentadoria do Regime Geral da Previdência Social.
[Pet 8.002 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 12-3-2019, 1ª T, DJE de 1º-8-2019.]

4.17.1 Discricionariedade da determinação de suspensão nacional de pro-


cessos pelo relator do recurso com repercussão geral reconhecida

Ementa: DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. PEDIDO DE SUSPENSÃO


DO PROCESSO E DO PRAZO PRESCRICIONAL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA
DE DETERMINAÇÃO DE SUSPENSÃO DOS FEITOS PELO RELATOR DO PRO-
CESSO PARADIGMA. 1. O Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do
RE 966.177-RG-QO, entendeu que “a suspensão de processamento prevista
no § 5º do art. 1.035 do CPC não é consequência automática e necessária do
reconhecimento da repercussão geral realizada com fulcro no caput do mesmo
dispositivo, sendo da discricionariedade do relator do recurso extraordinário
paradigma determiná-la ou modulá-la”. 2. Naquele julgamento chegou-se à
conclusão de que, “em sendo determinado o sobrestamento de processos
de natureza penal, opera-se, automaticamente, a suspensão da prescrição
da pretensão punitiva relativa aos crimes que forem objeto das ações penais
sobrestadas”. 3. No caso, em que se determinou o retorno dos autos à origem,
tendo em vista que o STF concluiu pela presença de repercussão geral da matéria
no ARE 848.107-RG, Rel. Min. Dias Toffoli (Tema 788), não houve determinação
de suspensão dos processos, revelando-se inviável o pedido de sobrestamento.
Precedentes. 4. Agravo interno a que se nega provimento.
[RE 1.307.634 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 15-3-2021, P, DJE de 18-3-2021.]

Ementa: RECLAMAÇÃO. PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL.


ALEGADA VIOLAÇÃO AO DECISUM PROFERIDO NA QUESTÃO DE ORDEM DO RE
966.177 (TEMA 924). SUSPENSÃO DO PROCESSO NEGADO NA ORIGEM. ATO
RECLAMADO EM CONFORMIDADE COM A DECISÃO QUE SE REPUTA VIOLADA.
AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. (a) O reconhecimento
da existência de repercussão geral não obriga à suspensão do processamento
dos processos que versem sobre a mesma matéria. (b) Deveras, “a suspensão
de processamento prevista no § 5º do art. 1.035 do CPC não consiste em conse-
quência automática e necessária do reconhecimento da repercussão geral rea-
lizada com fulcro no caput do mesmo dispositivo, sendo da discricionariedade

117 Sumário
do relator do recurso extraordinário paradigma determiná-la ou modulá-la” (RE
966.177-QO-RG, Plenário, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 1º/2/2019). 2. In casu, (a) o
Reclamante alega que a ausência de sobrestamento do feito de origem viola a
decisão desta Corte no RE 966.711-QO-RG. (b) Ausente dever de sobrestamento
automático dos feitos, o entendimento adotado no ato reclamado não viola os
parâmetros fixados no julgamento do paradigma. 3. Ex positis, nego provimento
ao agravo regimental.
[Rcl 39.071 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 27-3-2020, P, DJE de 7-4-2020.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO CRIMINAL


COM AGRAVO. ALEGADA OFENSA AO ART. 5°, XII E LVI DA CF. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 282 E 356/STF. IMPOSSIBI-
LIDADE DE REANÁLISE DA INTERPRETAÇÃO CONFERIDA À LEI 9.296/1996 E AO
CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. OFENSA REFLEXA. SÚMULA 279/STF. REPER-
CUSSÃO GERAL RECONHECIDA NO RE 625.263/PR. SUSPENSÃO DOS PROCES-
SOS SEMELHANTES NÃO DETERMINADA. POSSIBILIDADE DE JULGAMENTO.
AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – É inviável o recurso extraordinário
cuja questão constitucional nele arguida não tiver sido prequestionada. Incidência
das Súmulas 282 e 356/STF. II – Para dissentir do acórdão impugnado e verificar
a procedência dos argumentos consignados no apelo extremo, seria necessário o
reexame do conjunto fático-probatório dos autos – o que é vedado pela Súmula
279/STF – e das normas infraconstitucionais pertinentes ao caso, sendo certo que
eventual ofensa à Constituição seria apenas indireta. Precedentes. III – O Ministro
Gilmar Mendes, relator do RE 625.263/PR, invocado pela defesa como paradigma,
não determinou a suspensão de processos que tratam da igual questão constitu-
cional. IV – A suspensão de processamento prevista no § 5° do art. 1.035 do CPC
não consiste em consequência automática e necessária do reconhecimento da
repercussão geral realizada com fulcro no caput do mesmo dispositivo, sendo da
discricionariedade do relator do recurso extraordinário paradigma determiná-la
ou modulá-la (RE 966.177/RS-QO, Plenário). V – Ambas as Turmas desta Corte
possuem entendimento de que os processos que versem sobre a prorrogação de
interceptações telefônicas não precisam ser sobrestados e podem ser apreciados.
Precedentes. VI – Agravo regimental a que se nega provimento.
[ARE 1.187.125, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 17-5-2019, 2ª T, DJE de 23-5-
2019.]

118 Sumário
Ementa: QUESTÃO DE ORDEM NA REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONTRAVENÇÕES
PENAIS DE ESTABELECER OU EXPLORAR JOGOS DE AZAR. ART. 50 DA LEI DE
CONTRAVENÇÕES PENAIS. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. POSSIBI-
LIDADE DE SUSPENSÃO, CONFORME A DISCRICIONARIEDADE DO RELATOR,
DO ANDAMENTO DOS FEITOS EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL, POR FORÇA
DO ART. 1.035, § 5º, DO CPC/2015. APLICABILIDADE AOS PROCESSOS PENAIS.
SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RELATIVA AOS CRIMES
PROCESSADOS NAS AÇÕES PENAIS SOBRESTADAS. INTERPRETAÇÃO CON-
FORME A CONSTITUIÇÃO DO ART. 116, I, DO CP. POSTULADOS DA UNIDADE
E CONCORDÂNCIA PRÁTICA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS. FORÇA NOR-
MATIVA E APLICABILIDADE IMEDIATA AOS FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS
DO EXERCÍCIO DA PRETENSÃO PUNITIVA, DO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
E DA VEDAÇÃO À PROTEÇÃO PENAL INSUFICIENTE. 1. A repercussão geral que
implica o sobrestamento de ações penais, quando determinado este pelo rela-
tor com fundamento no art. 1.035, §5º, do CPC, susta o curso da prescrição da
pretensão punitiva dos crimes objeto dos processos suspensos, o que perdura
até o julgamento definitivo do recurso extraordinário paradigma pelo Supremo
Tribunal Federal. 2. A suspensão de processamento prevista no § 5º do art. 1.035
do CPC não é consequência automática e necessária do reconhecimento da
repercussão geral realizada com fulcro no caput do mesmo dispositivo, sendo da
discricionariedade do relator do recurso extraordinário paradigma determiná-la
ou modulá-la. 3. Aplica-se o § 5º do art. 1.035 do CPC aos processos penais, uma
vez que o recurso extraordinário, independentemente da natureza do processo
originário, possui índole essencialmente constitucional, sendo esta, em con-
sequência, a natureza do instituto da repercussão geral àquele aplicável. 4. A
suspensão do prazo prescricional para resolução de questão externa prejudicial ao
reconhecimento do crime abrange a hipótese de suspensão do prazo prescricional
nos processos criminais com repercussão geral reconhecida. 5. A interpretação
conforme a Constituição do art. 116, I, do CP funda-se nos postulados da unidade
e concordância prática das normas constitucionais, isso porque o legislador, ao
impor a suspensão dos processos sem instituir, simultaneamente, a suspensão
dos prazos prescricionais, cria o risco de erigir sistema processual que vulnera a
eficácia normativa e aplicabilidade imediata de princípios constitucionais. 6. O
sobrestamento de processo criminal, sem previsão legal de suspensão do prazo
prescricional, impede o exercício da pretensão punitiva pelo Ministério Público e

119 Sumário
gera desequilíbrio entre as partes, ferindo prerrogativa institucional do Parquet
e o postulado da paridade de armas, violando os princípios do contraditório e do
due process of law. 7. O princípio da proporcionalidade opera tanto na esfera de
proteção contra excessos estatais quanto na proibição de proteção deficiente; in
casu, flagrantemente violado pelo obstáculo intransponível à proteção de direi-
tos fundamentais da sociedade de impor a sua ordem penal. 8. A interpretação
conforme à Constituição, segundo os limites reconhecidos pela jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal, encontra-se preservada, uma vez que a exegese
proposta não implica violação à expressão literal do texto infraconstitucional,
tampouco, à vontade do legislador, considerando a opção legislativa que previu
todas as hipóteses de suspensão da prescrição da pretensão punitiva previstas
no ordenamento jurídico nacional, qual seja, a superveniência de fato impeditivo
da atuação do Estado-acusador. 9. O sobrestamento de processos penais deter-
minado em razão da adoção da sistemática da repercussão geral não abrange: a)
inquéritos policiais ou procedimentos investigatórios conduzidos pelo Ministério
Público; b) ações penais em que haja réu preso provisoriamente. 10. Em qualquer
caso de sobrestamento de ação penal determinado com fundamento no art. 1.035,
§5º, do CPC, poderá o juízo de piso, a partir de aplicação analógica do disposto
no art. 92, caput, do CPP, autorizar, no curso da suspensão, a produção de provas
e atos de natureza urgente. 11. Questão de ordem acolhida ante a necessidade
de manutenção da harmonia e sistematicidade do ordenamento jurídico penal.
[RE 966.177 RG-QO, rel. min. Luiz Fux, j. 7-6-2017, P, DJE de 1º-2-2019, Tema 924.]

4.17.2 Delimitação temporal da suspensão nacional em repercussão geral

Decisão monocrática: A Peticionária refere-se à situação dos indígenas em face


à pandemia relativa ao coronavírus (Covid-19), a impedir as decisões que impo-
nham reintegrações de posse nesse período. E, com efeito, afigura-se razoável,
com base no princípio da precaução, adotar a medida disposta no artigo 1.035,
§5º, do Código de Processo Civil, com modulações. Assim, com base no artigo
1.035, § 5º, do Código de Processo Civil, determino, nos termos do pedido, a
suspensão nacional dos processos judiciais, notadamente ações possessórias,
anulatórias de processos administrativos de demarcação, bem como os recur-
sos vinculados a essas ações, sem prejuízo dos direitos territoriais dos povos
indígenas, modulando o termo final dessa determinação até a ocorrência do
término da pandemia da Covid-19 ou do julgamento final da Repercussão Geral

120 Sumário
no Recurso Extraordinário 1.017.365 (Tema 1.031), o que ocorrer por último,
salvo ulterior decisão em sentido diverso.
[RE 1.017.365 RG, rel. min. Edson Fachin, dec. monocrática, DJE de 8-5-2020,
Tema 1.031.]

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. CONS-


TITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. REGIME GERAL
DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. ESPECIALIDADE DA ATIVIDADE DE VIGILANTE.
PERICULOSIDADE. INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 201, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. EMENDA CONSTITUCIONAL 103/2019 (REFORMA DA PREVIDÊN-
CIA). MULTIPLICIDADE DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS. PAPEL UNIFOR-
MIZADOR DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RELEVÂNCIA DA QUESTÃO
CONSTITUCIONAL. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO A TODOS OS PRO-
CESSOS, INDIVIDUAIS OU COLETIVOS, EM QUALQUER FASE E EM TODO O
TERRITÓRIO NACIONAL, QUE VERSEM SOBRE O TEMA. MANIFESTAÇÃO PELA
EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.
(...)
Trecho da manifestação:
A relevância da questão, ademais, é exaltada pelo procedimento ocorrido no
âmbito do Superior Tribunal de Justiça de submissão do processo ao rito qua-
lificado dos recursos repetitivos. É que, com a afetação e julgamento do tema
repetitivo, transcorreram importantes etapas de formação do precedente, as
quais foram antecedidas de determinação de suspensão nacional de processos.
Nesse sentido, há a indicação na decisão do Vice-Presidente do STJ de que a
admissão se deu com fundamento no art. 1.036, § 1º, cuja dicção estabelece a
suspensão do trâmite de processos no Estado ou na região, representando, na
presente hipótese, que a suspensão anteriormente determinada pela Primeira
Seção do Superior Tribunal de Justiça fora mantida pelo Vice-Presidente. Esse
é um ponto importante a se destacar no modelo brasileiro de precedentes em
que a decisão final de questões repetitivas exige dos julgadores a análise do
impacto que seus pronunciamentos podem causar. A própria Vice-Presidência
do STJ já atuou nesse sentido ao determinar expressamente a manutenção
do sobrestamento nacional de processos em casos repetitivos em que houve
a interposição de recurso extraordinário, como se observa nos Temas Repe-
titivos 999 e 1.014/STJ. No caso em apreço, é certo que o Instituto Nacional
do Seguro Social continuará impugnando eventuais decisões proferidas em

121 Sumário
processos que voltem a tramitar para aplicação do Tema Repetitivo 1.031/
STJ, no aguardo da definição a ser conferida pela Suprema Corte, ampliando
procedimentos desnecessários na tramitação de processos que, invariavel-
mente, ficarão sobrestados no âmbito das presidências ou vice-presidências
dos tribunais de origem. Assim, com esses fundamentos e diante da natureza
e abrangência da questão a ser resolvida nestes autos, faz-se mister adotar o
procedimento do artigo 1.037, II, do Código de Processo Civil de 2015, e sus-
pender todos os processos, individuais ou coletivos, em trâmite no território
nacional que tratem dessa mesma matéria, independentemente do estado em
que se encontram, a fim de preservar a segurança jurídica, a estabilização da
jurisprudência, a isonomia e a economia processual.
[...] DETERMINO a suspensão do processamento de todos os processos pen-
dentes, individuais ou coletivos, independentemente do estado em que se
encontram, que versem sobre a questão tratada nestes autos e tramitem no
território nacional, sem prejuízo da avaliação, com consequente manutenção ou
suspensão dessa medida, pelo Ministro Relator a ser sorteado posteriormente.
[RE 1.368.225, rel. min. Luiz Fux, j. 14-4-2022, P, DJE de 26-4-2022, Tema
1.209.]

4.17.3 Tutela de urgência

Ementa: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM RECLAMAÇÃO.


TEMA 1.022. PROCESSO QUE ATENDEU À ORDEM DE SUSPENSÃO NACIONAL.
ANÁLISE DE TUTELA DE URGÊNCIA. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DESCUM-
PRIMENTO DA DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. Reclamação em
que se alega afronta à ordem de suspensão nacional dos feitos (art. 1.035, §5º, do
CPC) determinada no paradigma do Tema 1.022 da repercussão geral (“Dispensa
imotivada de empregado de empresa pública e de sociedade de economia mista
admitido por concurso público” – RE 688.267, Rel. Min. Alexandre de Moraes).
2. A suspensão dos processos em âmbito nacional não impede a concessão de
tutelas de urgência que visem a impedir o perecimento de direitos, conforme
art. 296, parágrafo único, do CPC: “Salvo decisão judicial em contrário, a tutela
provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo”.
3. A autoridade reclamada apreciou e deferiu o pedido de suspensão do processo
de origem, até o julgamento final do RE 688.267 pelo Supremo Tribunal Federal

122 Sumário
(cf. consulta sítio eletrônico do TRT da 1ª Região). 4. Agravo interno a que se nega
provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CP/2015.
[Rcl 46.399 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 4-10-2021, 1ª T, DJE de 11-10-2021.]

Decisão monocrática: (...) 17. Por conseguinte, tem-se notícia de cenário tra-
vado entre Fiscos estaduais e sociedades empresárias locadoras de veículos
de relativo tumulto no que toca à cobrança de IPVA. Isso ocorre, sobretudo, na
hipótese em que a sede do contribuinte e o local do licenciamento do veículo
locado diferem do Estado-membro que se julga sujeito ativo dessa relação jurí-
dico-tributária, em razão de ser em seu território e, por consequência, em seu
mercado consumidor, a celebração ou a disponibilização da locação de veículo
automotor. Independentemente do resultado logrado quando da pacificação da
controvérsia, essa conflituosidade inevitavelmente gerará vultoso contencioso
tributário, movimentando tanto a máquina judiciária quanto os juízos e tribunais
administrativos em matéria fiscal, mediante lançamentos tributários realizados e
posteriormente impugnados, compensações, ações declaratórias de inexistência
de relação tributária e repetições de indébito.
Em suma, o estado da arte indica o potencial ferimento de um conjunto de
valores constitucionais, de parte a parte. Cito, inter alia, a neutralidade fiscal,
a livre concorrência, o Estado Fiscal, a salvaguarda das bases de incidência tri-
butária. Dito de outra forma, verifica-se a emergência de nova faceta da deno-
minada “guerra fiscal do IPVA,” o que pressupõe de um lado múltiplas técnicas,
juridicamente possíveis ou inviáveis, de planejamento tributário por parte das
locadoras e, de outro, a criação de novas obrigações acessórias pelos Estados,
por vezes de duvidosa constitucionalidade.
Pelo exposto, determino a suspensão, em todo território nacional, do pro-
cessamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que
versem sobre a questão vazada neste tema de repercussão geral, nos termos
do art. 1.035, §5º, do CPC, até o julgamento definitivo do presente paradigma.
Em nome da segurança jurídica, convém explicitar que referido comando (i)
não impede o julgamento de capítulos de sentença diversos ao que aqui versado
(art. 356, CPC), (ii) a realização de atos urgentes a fim de evitar dano irrepa-
rável (art. 314, in fine, CPC) ou a apreciação de pedidos de tutela de urgência
(arts. 300 e 982, §2º, CPC). Nessa toada, confira-se o que decidido pelo Egré-
gio Superior Tribunal de Justiça, órgão constitucionalmente responsável pela

123 Sumário
uniformização da interpretação da legislação federal, na QO na ProAfR no REsp
1.657.156, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Seção, j. 24.05.2017.
Às Secretarias de Precedentes e Jurídica deste STF para que cumpram, como
de praxe, o presente despacho, comunicando-o aos Tribunais e juízos pertinentes,
i.e. que tenham competência jurisdicional sobre a matéria em testilha.”
[ARE 1.357.421, rel. min. André Mendonça, dec. monocrática, DJE de 30-3-2022,
Tema 1.198.]

4.18 Suspensão nacional de Incidente de Resolução de Demandas


Repetitivas

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMAN-


DAS REPETITIVAS (IRDR). TRIBUTÁRIO. REPARTIÇÃO DE RECEITAS. TITULARI-
DADE DO IMPOSTO DE RENDA INCIDENTE NA FONTE SOBRE RENDIMENTOS
PAGOS, A QUALQUER TÍTULO, PELOS MUNICÍPIOS, A PESSOAS FÍSICAS OU
JURÍDICAS CONTRATADAS PARA PRESTAÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS. ARTIGO
158, INCISO I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PETIÇÃO 7.001, REAUTUADA
COMO SUSPENSÃO NACIONAL DO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS
REPETITIVAS (SIRDR 1). REAFIRMAÇÃO DO EFEITO SUSPENSIVO A TODOS OS
PROCESSOS, INDIVIDUAIS OU COLETIVOS, EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL,
QUE VERSEM SOBRE O TEMA. RELEVÂNCIA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL.
MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.
[RE 1.293.453 RG, rel. min. Luiz Fux, j. 18-3-2021, P, DJE de 26-3-2021, Tema
1.130.]

Ementa: AGRAVO INTERNO NA SUSPENSÃO NACIONAL DO INCIDENTE DE


RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS. SERVIDOR PÚBLICO CELETISTA.
COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DE PROCESSOS INSTAURADOS EM FACE
DO PODER PÚBLICO. TEMA 1.143 DA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL.
DESCABIMENTO. INEXISTÊNCIA DE IRDR INSTAURADO EM ÂMBITO LOCAL.
PRETENSÃO DE SUSPENSÃO DE PROCESSOS QUE DEVE SER DIRECIONADA
AO RELATOR DO RECURSO PARADIGMA, NA FORMA DO ART. 1.035, § 5º, DO
CPC. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. O Código de Processo Civil de
2015 criou o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas e o Incidente
de Assunção de Competência como instrumentos vocacionados à definição de
teses jurídicas, além de garantir roupagem melhor desenvolvida para técnicas

124 Sumário
já existentes, a exemplo dos Recursos Especiais Repetitivos e da Repercussão
Geral. 2. In casu, não se revela cabível o presente incidente, na medida em que
o Município requerente não visa, por seu intermédio, a extensão territorial de
suspensão determinada no âmbito de Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas instaurado por Tribunal local, pretendendo, antes, a suspensão
nacional de processos que versem sobre a matéria atinente a tema de reper-
cussão geral admitido por este Supremo Tribunal Federal, na forma prevista no
art. 1.035, § 5º, do CPC. 3. Agravo interno a que se nega provimento.
[SIRDR 15 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 8-9-2021, P, DJE de 24-9-2021.]

4.19 Sobrestamento

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANÇA. APLICAÇÃO


DA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL A RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
AUSÊNCIA DE LESIVIDADE. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é
pacífica no sentido de que a decisão que determina o sobrestamento do recurso
extraordinário, nos moldes da sistemática da repercussão geral, não tem poten-
cial lesivo a ser combatido pela via do mandado de segurança. Precedentes.
Agravo regimental conhecido e não provido.
[MS 30.930 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 11-9-2014, P, DJE de 10-10-2014.]

Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AÇÃO CIVIL ORIGINÁRIA. DIREITO


ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO. SUPERAÇÃO DO TETO DE GASTOS DE PES-
SOAL POR PARTE DO PODER JUDICIÁRIO LOCAL QUE NÃO PODE SER ERI-
GIDA COMO OBSTÁCULO À CONCRETIZAÇÃO DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO
NEGOCIADAS PELO PODER EXECUTIVO. INTRANSCENDÊNCIA SUBJETIVA DAS
SANÇÕES FINANCEIRAS. MATÉRIA JULGADA EM REGIME DE REPERCUSSÃO
GERAL (TEMA 743). PEDIDO DE SOBRESTAMENTO DA CAUSA. INDEFERI-
MENTO. “PEDIDO SUBSIDIÁRIO” FORMULADO PELA RÉ/EMBARGANTE FORA
DAS REGRAS PROCESSUAIS: AMPLIAÇÃO DEFESA DO OBJETO LITIGIOSO. NÃO
ACOLHIMENTO. EMBARGOS REJEITADOS. 1. O acórdão embargado solucionou
a todos os pontos manejados nos embargos. Particularmente repeliu, de maneira
clara e expressa, o intitulado ‘pedido subsidiário’ formulado pela ré/embargante,
o qual desborda os limites objetivos da lide e expande indevidamente o objeto
litigioso marcado na petição inicial. 2. É incabível o pedido de sobrestamento do
feito com fundamento na pendência do trânsito em julgado do acórdão do pro-

125 Sumário
cesso paradigma (RE-RG 770.149-tema 743). Em primeiro lugar, o pedido é ino-
vador, formulado apenas após o julgamento desfavorável da causa. Em segundo
lugar, porque a eficácia da tese de RG firmada no processo paradigma, enquanto
elemento persuasivo, não se condiciona ao trânsito em julgado do acórdão. Em
terceiro lugar, porque não houve determinação do Relator, naquele paradigma,
de suspensão nacional dos processos (art. 1035, § 5º, do CPC/2015). Em quatro
lugar, porque o sobrestamento dos feitos cuja matéria esteja submetida à reper-
cussão geral não alcança, como regra, os processos da competência originária
desta Suprema Corte. Precedentes. 3. O inconformismo da parte com a deci-
são que lhe foi desfavorável não colhe quaisquer das hipóteses elencadas no
art. 1.022 do CPC e no art. 337 do RISTF. 4. Embargos de declaração rejeitados.
[ACO 3.443 ED, rel. min. Rosa Weber, j. 14-3-2022, P, DJE de 18-3-2022.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. PEDIDO DE SUSTENTA-


ÇÃO ORAL. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO DO ART. 131, § 2°, DO REGIMENTO
INTERNO DO STF. NEGATIVA DE SEGUIMENTO DA IMPETRAÇÃO. INCIDÊN-
CIA DA SÚMULA 606 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INVIABILIDADE
DE SOBRESTAMENTO DA IMPETRAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. I – A atual redação do art. 131, § 2°, do Regimento Interno do STF
veda a possibilidade de sustentação oral perante o Colegiado nos julgamentos de
agravo, embargos declaratórios, arguição de suspeição e medida cautelar. Aliás,
o § 2° do art. 21-B do Regimento apenas disciplina o funcionamento da susten-
tação oral nos casos em que ela for cabível. É o que também consta do art. 5°-A
da Resolução 669/2020-STF. Precedentes. II – A jurisprudência sumulada desta
Suprema Corte estabelece que “não cabe habeas corpus originário para o Tribu-
nal Pleno de decisão de Turma, ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou
no respectivo recurso” (Súmula 606). Em recentes julgados, o Plenário decidiu
pela impossibilidade de impetração de writ também contra ato jurisdicional de
Ministro desta Suprema Corte, a incidir, por analogia, a referida Súmula 606
(vide HC 181.680 AgR/PR, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 2/6/2020 e HC 164.593
AgR/AM, Rel. Min. Edson Fachin, DJe de 10/6/2020). III – É impróprio o pleito
de sobrestamento deste habeas corpus até decisão final de mérito do Recurso
Extraordinário 979.962/RS, representativo do Tema 1.003 da Sistemática
da Repercussão Geral, especialmente porque o respectivo relator não se utili-
zou da regra prevista no art. 1.035, § 5º, do novo Código de Processo Civil, que
dispõe sobre a suspensão do processamento de todos os processos pendentes,

126 Sumário
individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território
nacional. IV – Agravo regimental a que se nega provimento.
[HC 194.730 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 8-4-2021, P, DJE de 16-4-2021.]

Ementa: PROCESSO – SUSPENSÃO – MATÉRIA – REPERCUSSÃO GERAL – PEN-


DÊNCIA NO SUPREMO. Verificada a pendência de embargos de declaração
interpostos em face de paradigma, impõe-se, em nome da racionalidade, a
suspensão de processo envolvendo matéria idêntica.
(...)
Trecho do voto do Min. Dias Toffoli:
“Vide, ademais, que a questão atinente à limitação dos efeitos da tese firmada
no RE nº 574.706/PR a 31 de dezembro de 2014, ao fundamento de que a tese
jurídica advinda do julgamento daquele paradigma não se aplica aos pagamentos
efetuados sob a égide da Lei nº 12.973/2014, é matéria suscitada nos embar-
gos de declaração opostos pela União no referido paradigma e pendente de
apreciação pela Corte. Pende, ademais, de análise, o pedido de modulação
dos efeitos da decisão.
Dessa forma, com a devida vênia, divirjo do Relator. Como medida de segu-
rança jurídica, entendo que o processo deve ser devolvido ao Tribunal de origem
para que fique sobrestado até que se julguem os embargos de declaração opos-
tos no RE 574.706, conforme voto proferido pelo Ministro Roberto Barroso no
julgamento do agravo regimental. No mesmo sentido: RE nº 1.224.210-AgR,
Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe 26/6/20 e Rcl 35.572-AgR, Rel.
Min. Luiz Fux.”
[RE 1.273.137 AgR-ED, rel. min. Alexandre de Moraes, red. do ac. min. Marco
Aurélio, j. 28-9-2020, 1ª T, DJE de 2-12-2020.]

Ementa: Agravo regimental na reclamação. Súmula Vinculante nº 37. Óbice ao


pagamento de parcela. Ato normativo editado pelo Conselho Nacional de Justiça
(Resolução nº 133/2011). Simetria constitucional entre as carreiras da magistra-
tura e do Ministério Público (CF/88, art. 129, § 4º). Competência do Plenário do
STF. Agravo regimental provido e reclamação julgada parcialmente procedente.
1. Não há competência originária do Supremo Tribunal Federal para solucionar,
caso a caso (CF/88, art. 102, I, n), controvérsia que envolva pretensão ao reco-
nhecimento do direito de magistrado com base na simetria entre sua carreira e a
do Ministério Público (AO nº 2.126/PR-AgR). 2. Com a sistemática da repercussão

127 Sumário
geral, a competência do STF para julgar a matéria constitucional é exercida no
representativo da controvérsia (RE nº 1.059.466/AL – Tema 966; RE nº 968.646/
SC – Tema 976), competindo aos demais órgãos do Poder Judiciário a concretiza-
ção do precedente, mediante juízo de adequação da ratio decidendi do STF nos
processos de matéria constitucional idêntica. 3. A tutela jurisdicional na presente
reclamatória deve ser eficaz no sentido de obstar o pagamento a magistrado de
vantagem pecuniária instituída pelo Poder Legislativo à carreira do Ministério
Público (SV nº 37), sem, contudo, esvaziar a competência do Plenário para decidir –
seja na ADI nº 4.822/PE, seja nos RE nºs 1.059.466/AL e 968.646/SC – a matéria
constitucional específica debatida no caso concreto. 4. Agravo regimental provido
e reclamação julgada parcialmente procedente, de modo a se cassar a decisão
impugnada e determinar o sobrestamento do processo em referência perante a
autoridade reclamada até que sobrevenha decisão do STF na ADI nº 4.822/PE
ou nos Temas 966 e 976 de repercussão geral (o que ocorrer primeiro), após o
que, deverá ela proceder a novo julgamento da causa como entender de Direito.
[Rcl 27.939 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 14-8-2018, 2ª T, DJE de 10-10-2018.]

Ementa: RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA


DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CONTROVÉRSIA RELATIVA AO ÔNUS DA PROVA.
RECONHECIMENTO DA REPERCUSSÃO GERAL. RE 1.298.647-RG (TEMA 1.118).
SOBRESTAMENTO DO PROCESSO NA ORIGEM. PERDA SUPERVENIENTE DO
INTERESSE DE AGIR. RECLAMAÇÃO PREJUDICADA. 1. Verificada a perda superve-
niente do interesse de agir, porquanto sobrestado o processo subjacente à presente
reclamação. Ausência de utilidade de eventual provimento jurisdicional. 2. Na
hipótese vertente, por cuidar-se a controvérsia de questão relativa à configura-
ção efetiva da culpa ou inércia fiscalizatória da Administração Pública, ou, ainda,
acerca da correta aplicação das regras de distribuição do ônus da prova, incólume
a decisão da Corte reclamada de determinar o sobrestamento do feito, para
aguardar o pronunciamento definitivo deste Supremo Tribunal, sobre esse tema
específico, no RE 1.298.647-RG (Tema 1.118). 3. Reclamação julgada prejudicada.
[Rcl 47.584, rel. min. Rosa Weber, j. 6-12-2021, 1ª T, DJE de 10-3-2022.]

Ementa: Agravo regimental na reclamação. Tema nº 1.046 da Repercussão


Geral (ARE nº 1.121.633/GO-RG). Ordem de suspensão nacional exarada em
processo representativo da controvérsia (art. 1.035, § 5º, do CPC). Validade de
norma coletiva de trabalho. Acordo coletivo envolvendo o grau de insalubridade

128 Sumário
para fins de pagamento de adicional. Critério legal. Agravo regimental provido
e reclamação julgada procedente, cassando-se a decisão do TRT 12 e determi-
nando-se o sobrestamento do processo na Corte de origem. 1. É legítimo que a
definição da tese de repercussão geral no ARE nº 1.121.633/GO-RG oriente a
solução da matéria constitucional também sob a perspectiva de a possibilidade
de negociação coletiva do trabalho alcançar os indicadores legais concernentes
ao adicional de insalubridade prescrito no art. 7º, XXIII, da CF/88. 2. Agravo
regimental provido e reclamação julgada procedente, cassando-se a decisão do
Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região e determinando-se o sobrestamento
do processo na Corte de origem até que o STF decida sobre o Tema nº 1.046 da
Repercussão Geral.
[Rcl 43.128 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 14-9-2021, 1ª T, DJE de 4-2-2022.]

Ementa: CONSTITUCIONAL, TRABALHISTA E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO


INTERNO NA RECLAMAÇÃO. VALIDADE DE NORMA COLETIVA DE TRABALHO
QUE LIMITA OU RESTRINGE DIREITO TRABALHISTA NÃO ASSEGURADO CONS-
TITUCIONAMENTE. OFENSA À DETERMINAÇÃO DE SUSPENSÃO NACIONAL
(TEMA 1.046 DA REPERCUSSÃO GERAL). OCORRÊNCIA. RECURSO PROVIDO. 1.
A presente demanda versa sobre a validade de norma coletiva que dispõe sobre
a concessão de repouso semanal remunerado antes ou após o sétimo dia e até
o décimo dia consecutivo de trabalho, não importando no seu pagamento em
dobro. 2. Assim, o caso ajusta-se ao contexto do decidido por esta CORTE no
julgamento do RE 1.121.633 (Rel. Min. GILMAR MENDES), no qual, após o reco-
nhecimento da repercussão geral da matéria constitucional referente ao Tema
1.046 (Validade de norma coletiva de trabalho que limita ou restringe direito
trabalhista não assegurado constitucionalmente), o Ministro Relator determi-
nou a suspensão de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos,
que versassem sobre a questão e tramitassem no território nacional. 3. Nessas
circunstâncias, em que a matéria em discussão é alcançada pelo objeto do
paradigma de controle indicado, somada à ausência de sobrestamento do anda-
mento da demanda originária, há manifesta ofensa ao decidido no RE 1121633
(Rel. Min. GILMAR MENDES). 4. Recurso de agravo ao qual se dá provimento.
[Rcl 49.144 AgR, rel. min. Rosa Weber, red. do ac. min. Alexandre de Moraes,
j. 6-12-2021, 1ª T, DJE de 29-3-2022.]

129 Sumário
4.20 Ausência de repercussão geral e redirecionamento do recurso
para o Superior Tribunal de Justiça

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGU-


RANÇA. IMPOSTO SOBRE A RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS – IRPJ E CONTRI-
BUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL. COMPENSAÇÃO DE DÉBI-
TOS REFERENTES AO RECOLHIMENTO MENSAL POR ESTIMATIVA. VEDAÇÃO.
ARTIGO 74, § 3º, IX, DA LEI 9.430/1996, INCLUÍDO PELO ARTIGO 6º DA LEI
13.670/2018. CONTROVÉRSIA DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA
À CONSTITUIÇÃO FEDERAL QUE, SE EXISTENTE, SERIA APENAS INDIRETA.
AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE
DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. APLICAÇÃO DO ARTIGO 1.033 DO
CPC/2015. REMESSA AO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
[RE 1.356.271, rel. min. Luiz Fux, j. 17-2-2022, P, DJE de 23-3-2022, Tema 1.197.]

Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE TRANS-
MISSÃO INTER VIVOS DE BENS MÓVEIS E IMÓVEIS – ITBI. TRANSFERÊNCIAS
DE IMÓVEIS POR INCORPORAÇÃO DA TOTALIDADE DE PESSOA JURÍDICA.
OFENSA INDIRETA À CONSTITUIÇÃO. ART. 156, § 4º, DO CTN. NATUREZA.
MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. APLICAÇÃO DO ART. 1.033 DO CPC. OMIS-
SÃO. PROVIMENTO. 1. Uma vez firmada a jurisprudência da Corte no sentido
da natureza infraconstitucional da controvérsia e tendo o Superior Tribunal
de Justiça não conhecido do recurso especial interposto simultaneamente ao
extraordinário, sob o argumento de se tratar de matéria constitucional, é viável
a aplicação da regra do art. 1.033, do Código de Processo Civil, desde que não
remanesça outro óbice que impeça a sua aplicação. 2. Embargos declaratórios
providos para manter o acórdão recorrido e determinar a remessa dos autos ao
Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 1.033 do CPC.
[ARE 1.299.113 AgR-ED, rel. min. Edson Fachin, j. 9-10-2021, 2ª T, DJE de 20-10-
2021.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


INTERPOSIÇÃO EM 22.10.2020. ADMINISTRATIVO. SERVIDORES DO PODER
JUDICIÁRIO. ENQUADRAMENTO. LEIS 8.460/1992 e 12.774/2012. EFEITOS
FINANCEIROS RETROATIVOS. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA

130 Sumário
REFLEXA. TEMA 660 DA REPERCUSSÃO GERAL. 1. Eventual divergência em
relação ao entendimento adotado pelo juízo a quo, notadamente, no que se refere
aos efeitos financeiros retroativos decorrentes do enquadramento funcional de
servidor público, demandaria a análise da legislação infraconstitucional aplicá-
vel à espécie (Leis 8.460/1992 e 12.774/2012), o que não autoriza o acesso à
via extraordinária, nos termos de reiterada jurisprudência desta Corte. 2. No
que tange à alegada afronta ao art. 5º, XXXVI, da CF, o Plenário desta Corte, no
julgamento do ARE-RG 748.371, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, DJe de
1º.08.2013 (Tema 660), decidiu que não há repercussão geral quando a alegada
ofensa aos princípios do devido processo legal, da ampla defesa, do contraditó-
rio, direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada é debatida sob
a ótica infraconstitucional, uma vez que configura ofensa indireta ou reflexa à
Constituição Federal, o que torna inadmissível o recurso extraordinário, como no
caso dos autos. 3. Quanto ao pedido subsidiário, é cabível, no caso, o envio dos
autos ao Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 1.033 do CPC, para que
julgue o recurso especial. Precedente. 4. Agravo regimental a que se dá parcial
provimento para manter a decisão recorrida e determinar a remessa dos autos
ao Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 1.033 do CPC.
[ARE 1.268.835 AgR-segundo, rel. min. Edson Fachin, j. 8-3-2021, 2ª T, DJE de
18-3-2021.]

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO.TEMA 350


DA REPERCUSSÃO GERAL. MÉRITO JULGADO PELO PLENÁRIO, NOS AUTOS DO
RE 631.240. CONTROVÉRSIA ACERCA DA NECESSIDADE DE PRÉVIO REQUE-
RIMENTO ADMINISTRATIVO PARA PLEITEAR EM JUÍZO AUXÍLIO-ACIDENTE
PRECEDIDO POR AUXÍLIO-DOENÇA DE NATUREZA ACIDENTÁRIA. ARTIGO
86, § 2º, DA LEI 8.213/1991. MATÉRIA DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL.
OFENSA REFLEXA À CONSTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.
RECURSO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
APLICAÇÃO DO ARTIGO 1.033 DO CPC/2015. REMESSA AO SUPERIOR TRI-
BUNAL DE JUSTIÇA.
[RE 1.287.510 RG, rel. min. Luiz Fux, j. 22-10-2020, P, DJE de 27-11-2020, Tema
1.105.]

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DE


DEMARCAÇÃO DE TERRENOS DE MARINHA. POSSIBILIDADE DE NOTIFICAÇÃO

131 Sumário
POR EDITAL DOS INTERESSADOS OU NECESSIDADE DE SUA INTIMAÇÃO PES-
SOAL. ARTIGO 11 DO DECRETO-LEI N° 9.760/1946, NA REDAÇÃO DADA PELA
LEI N° 11.481/2007. PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA.
QUESTÃO DE NATUREZA INFRACONSTITUCIONAL. VIOLAÇÃO REFLEXA À
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRECEDENTES. MANIFESTAÇÃO PELA INEXISTÊN-
CIA DE REPERCUSSÃO GERAL.
[...]
Por fim, insta salientar que é inaplicável ao caso sub examine o artigo 1.033
do CPC/2015, visto que houve a interposição de recurso especial pela União
contra a decisão proferida pelo Tribunal a quo, o qual restou inadmitido, sem
a interposição de agravo.
[RE 1.334.628, rel. min. Luiz Fux, j. 4-3-2022, P, DJE de 23-3-2022, Tema
1.201.]

4.21 Modulação de efeitos

Ementa: Direito constitucional, tributário e previdenciário. Recurso extraordinário


com repercussão geral. Contribuição previdenciária. Não incidência. Portadores de
doenças incapacitantes. Norma de eficácia limitada. 1. Repercussão geral reconhe-
cida para determinação do alcance da não incidência prevista no § 21, do art. 40,
da Constituição, acrescentado pela EC nº 47/2005. O referido dispositivo previa
a não incidência de contribuição previdenciária sobre a parcela dos proventos de
aposentadoria e pensão que não superasse o dobro do limite máximo do regime
geral de previdência social, quando o beneficiário, na forma da lei, fosse portador
de doença incapacitante. O presente recurso envolve a análise de dois aspectos:
(i) a autoaplicabilidade do dispositivo; e (ii) se o Poder Judiciário, na ausência de lei
regulamentar, pode utilizar norma que dispõe sobre situação análoga para disciplinar
a matéria. No caso concreto, o Tribunal de origem considerou a norma autoaplicá-
vel e determinou a restituição dos valores retidos a partir da publicação da EC nº
47/2005. 2. Há acórdãos do Plenário desta Corte que consideram o art. 40, § 21,
da Constituição Federal norma de eficácia limitada, cujos efeitos estão condicio-
nados à edição de legislação infraconstitucional para regulamentar as doenças
incapacitantes aptas a conferir ao servidor o direito à referida não incidência.
Alinho-me a esses precedentes, aplicando-os ao presente caso a fim de conferir
efeitos vinculantes à tese jurídica neles firmada. 3. Além disso, a jurisprudência
do Tribunal é pacífica no sentido de ser inviável a extensão pelo Poder Judiciário

132 Sumário
de norma de desoneração tributária a título de isonomia. Dessa forma, incabível a
utilização, por analogia, de leis que regem situação diversa da presente hipótese. 4.
Recurso extraordinário provido. Modulação dos efeitos do presente acórdão, a fim
de que os servidores e pensionistas que, por decisão judicial, vinham deixando de
pagar as contribuições não as tenham que restituir. Nesses casos, o acórdão terá
eficácia somente a partir da publicação da ata de julgamento, momento em que
os entes que não tenham editado lei regulamentando o dispositivo poderão voltar
a reter as contribuições previdenciárias. 5. Fixação da seguinte tese em sede de
repercussão geral: “O art. 40, § 21, da Constituição Federal, enquanto esteve em
vigor, era norma de eficácia limitada e seus efeitos estavam condicionados à edição
de lei complementar federal ou lei regulamentar específica dos entes federados no
âmbito dos respectivos regimes próprios de previdência social”.
[RE 630.137 RG, rel. min. Roberto Barroso, j. 1º-3-2021, P, DJE de 12-3-2021,
Tema 317.]

Ementa: Embargos de declaração. Recurso extraordinário. Repercussão geral


reconhecida e reafirmação de jurisprudência pacífica no STF. Competência.
Justiça comum estadual e federal. Complementação de aposentadoria. Insti-
tuição por lei. Vínculo decorrente de regime de direito público. Modulação dos
efeitos do julgamento para manter, na Justiça do Trabalho, até o trânsito em
julgado e o final execução, todos os processos dessa espécie em que já houver
sido proferida sentença de mérito até a data da publicação do acórdão do jul-
gamento do recurso no Plenário Virtual da Repercussão Geral do Supremo
Tribunal Federal (19/6/20). Embargos acolhidos, com modulação dos efeitos
do acórdão embargado. 1. A competência para o processamento de ações em
que se busca a complementação de aposentadoria instituída por lei é da Justiça
comum, porque ela é decorrente de relação de direito público. 2. Modulação dos
efeitos da decisão em que se reconheceu a competência da Justiça do Trabalho
para processar e julgar, até o trânsito em julgado e a correspondente execução,
todas as causas da espécie nas quais houver sido proferida sentença de mérito
até a data da publicação do acórdão do julgamento do recurso no Plenário Virtual
da Repercussão Geral do Supremo Tribunal Federal (19/6/20). 3. Embargos
de declaração acolhidos, com modulação dos efeitos do acórdão embargado.
[RE 1.265.549 RG-ED, rel. min. Dias Toffoli, j. 16-9-2020, P, DJE de 26-11-2020,
Tema 1.092.]

133 Sumário
Ementa: Embargos de declaração no recurso extraordinário. Inexistência de omis-
são quanto à análise do tema sob a nova óptica constitucional imposta pela EC nº
103/19, à data efetiva de implementação da aposentadoria especial e ao alcance
da expressão “efetivada”. Omissão quanto à inconstitucionalidade do § 8º do
art. 57 da Lei nº 8.213/91 em razão da ausência dos requisitos autorizadores para
a edição da medida provisória que o originou. Embargos acolhidos para prestar
esclarecimentos. Contradição entre termos utilizados na ementa. Suspensão
e cessação. Proposta de alteração da ementa. Omissão quanto à modulação
de efeitos e à devolução de valores percebidos de boa-fé. Embargos de decla-
ração parcialmente acolhidos. Precedentes. 1. Não há falar em omissão acerca
da análise do tema sob a nova óptica constitucional imposta pela EC nº 103/19,
especificamente quanto à data efetiva de implementação da aposentadoria
especial e quanto ao alcance da expressão “efetivada”. No julgamento do recurso,
as questões postas pela parte recorrente foram enfrentadas adequadamente.
Inexistência dos vícios previstos no art. 1.022 do CPC. 2. Embargos acolhidos
para esclarecer que não há falar em inconstitucionalidade do § 8º do art. 57 da
Lei nº 8.213/91 em razão da ausência dos requisitos autorizadores para edição
da medida provisória que o originou, pois a referida MP foi editada com a fina-
lidade de se promoverem ajustes necessários na Previdência Social à época,
cumprindo, portanto, as devidas exigências. 3. Verificou-se que havia contradição
entre os vocábulos “suspensão” e “cessação” empregados no texto do acórdão
embargado. Sendo assim, foi proposta alteração na redação da tese de reper-
cussão geral fixada, cujo texto passou a ser o seguinte: “4. Foi fixada a seguinte
tese de repercussão geral: “(i) [é] constitucional a vedação de continuidade da
percepção de aposentadoria especial se o beneficiário permanece laborando
em atividade especial ou a ela retorna, seja essa atividade especial aquela que
ensejou a aposentação precoce ou não; (ii) nas hipóteses em que o segurado
solicitar a aposentadoria e continuar a exercer o labor especial, a data de início
do benefício será a data de entrada do requerimento, remontando a esse marco,
inclusive, os efeitos financeiros; efetivada, contudo, seja na via administrativa,
seja na judicial, a implantação do benefício, uma vez verificada a continuidade
ou o retorno ao labor nocivo, cessará o pagamento do benefício previdenciá-
rio em questão.” 4. Modulação dos efeitos do acórdão embargado e da tese
de repercussão geral, de forma a se preservarem os direitos dos segurados
cujo reconhecimento judicial tenha se dado por decisão transitada em julgado
até a data do presente julgamento. 5. Declaração da irrepetibilidade dos valo-

134 Sumário
res de natureza alimentar recebidos de boa-fé por força de decisão judicial ou
administrativa até a proclamação do resultado deste julgamento. Precedentes.
6.Embargos de declaração parcialmente acolhidos.
[RE 791.961 ED, rel. min. Dias Toffoli, j. 24-2-2021, P, DJE de 12-3-2021, Tema 709.]

Ementa: Embargos de declaração. Recurso extraordinário. Repercussão geral.


Tema nº 709 da sistemática de repercussão geral. Possibilidade de percepção
do benefício da aposentadoria especial na hipótese de o segurado permanecer
no exercício de atividades laborais nocivas à saúde. Modulação de efeitos de
acórdão. Caráter essencial da atividade dos profissionais de saúde. Pandemia
da Covid-19. Embargos acolhidos. 1. O trabalho dos profissionais de saúde é
imprescindível para o enfrentamento e a superação da crise de saúde pública
provocada pela pandemia da Covid-19. 2. Diante do grave cenário decorrente da
crise sanitária de abrangência mundial, merece acolhimento o pedido apresen-
tado pelo Procurador-Geral da República em relação aos profissionais de saúde
constantes do rol do art. 3º-J da Lei nº 13.979/2020 que estejam trabalhando
diretamente no combate à epidemia do Covid-19 ou prestando serviços de atendi-
mento a pessoas atingidas pela doença em hospitais ou instituições congêneres,
públicos ou privados, ficando suspensos os efeitos do acórdão proferido nos autos
enquanto estiver vigente referida lei, a qual dispõe sobre as medidas de emer-
gência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus.
3. Por outro lado, não foi demonstrado pelo segundo embargante excepcional
interesse social apto a suspender os efeitos do acórdão embargado, de modo
que acolher o pedido formulado de forma genérica e inespecífica equivaleria ao
esvaziamento por completo do que decidido pela Suprema Corte em regime de
repercussão geral (Tema nº 709). 4. Embargos opostos pela PGR acolhidos no
que tange à modulação de efeitos, nos termos explicitados no julgamento. 5.
Embargos opostos pelo Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios,
Derivados de Petróleo e Combustíveis de Santos e Região rejeitados.
[RE 791.961 ED-terceiros, rel. min. Dias Toffoli, j. 4-10-2021, P, DJE de 4-11-2021,
Tema 709.]

Ementa: DOIS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS DE


FUNDAMENTAÇÃO NO ACÓRDÃO EMBARGADO. NÃO CABIMENTO DE MODU-
LAÇÃO DE EFEITOS PELA AUSÊNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO AMBOS REJEITADOS. 1. O acórdão embargado contém fundamen-

135 Sumário
tação apta e suficiente a resolver todos os pontos do recurso que lhe foi submetido.
2. Ausentes omissão, contradição, obscuridade ou erro material no julgado, não
há razão para qualquer reparo. 3. Não se mostram presentes os requisitos para a
modulação dos efeitos do julgado. 4. Embargos de Declaração ambos rejeitados.
[RE 1.003.433 ED-segundos, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 22-4-2022, P,
DJE de 3-5-2022.]

Ementa: Recurso extraordinário. Repercussão geral. Tema nº 745. Direito tributário.


ICMS. Seletividade. Ausência de obrigatoriedade. Quando adotada a seletividade,
há necessidade de se observar o critério da essencialidade e de se ponderarem as
características intrínsecas do bem ou do serviço com outros elementos. Energia
elétrica e serviços de telecomunicação. Itens essenciais. Impossibilidade de adoção
de alíquota superior àquela que onera as operações em geral. Eficácia negativa da
seletividade. 1. O dimensionamento do ICMS, quando presente sua seletividade
em função da essencialidade da mercadoria ou do serviço, pode levar em conta
outros elementos além da qualidade intrínseca da mercadoria ou do serviço. 2. A
Constituição Federal não obriga os entes competentes a adotar a seletividade no
ICMS. Não obstante, é evidente a preocupação do constituinte de que, uma vez
adotada a seletividade, haja a ponderação criteriosa das características intrínsecas
do bem ou serviço em razão de sua essencialidade com outros elementos, tais
como a capacidade econômica do consumidor final, a destinação do bem ou serviço
e, ao cabo, a justiça fiscal, tendente à menor regressividade desse tributo indireto.
O estado que adotar a seletividade no ICMS terá de conferir efetividade a esse
preceito em sua eficácia positiva, sem deixar de observar, contudo, sua eficácia
negativa. 3. A energia elétrica é item essencial, seja qual for seu consumidor ou
mesmo a quantidade consumida, não podendo ela, em razão da eficácia nega-
tiva da seletividade, quando adotada, ser submetida a alíquota de ICMS superior
àquela incidente sobre as operações em geral. A observância da eficácia positiva
da seletividade – como, por exemplo, por meio da instituição de benefícios em prol
de classe de consumidores com pequena capacidade econômica ou em relação
a pequenas faixas de consumo –, por si só, não afasta eventual constatação de
violação da eficácia negativa da seletividade. 4. Os serviços de telecomunicação,
que no passado eram contratados por pessoas com grande capacidade econômica,
foram se popularizando de tal forma que as pessoas com menor capacidade con-
tributiva também passaram a contratá-los. A lei editada no passado, a qual não
se ateve a essa evolução econômico-social para efeito do dimensionamento do

136 Sumário
ICMS, se tornou, com o passar do tempo, inconstitucional. 5. Foi fixada a seguinte
tese para o Tema nº 745: Adotada pelo legislador estadual a técnica da seletivi-
dade em relação ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
discrepam do figurino constitucional alíquotas sobre as operações de energia
elétrica e serviços de telecomunicação em patamar superior ao das operações em
geral, considerada a essencialidade dos bens e serviços. 6. Recurso extraordinário
parcialmente provido. 7. Modulação dos efeitos da decisão, estipulando-se que
ela produza efeitos a partir do exercício financeiro de 2024, ressalvando-se as
ações ajuizadas até a data do início do julgamento do mérito (5/2/21).
[RE 714.139, rel. min. Marco Aurélio, red. do ac. min. Dias Toffoli, j. 18-12-2021,
P, DJE de 15-3-2022, Tema 745.]

Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


REPERCUSSÃO GERAL. EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E
COFINS. DEFINIÇÃO CONSTITUCIONAL DE FATURAMENTO/RECEITA. PRE-
CEDENTES. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE DO
JULGADO. PRETENSÃO DE REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. IMPOSSIBILIDADE
JURÍDICA. MODULAÇÃO DOS EFEITOS. ALTERAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA
COM EFEITOS VINCULANTES E ERGA OMNES. IMPACTOS FINANCEIROS E
ADMINISTRATIVOS DA DECISÃO. MODULAÇÃO DEFERIDA DOS EFEITOS DO
JULGADO, CUJA PRODUÇÃO HAVERÁ DE SE DAR DESDE 15.3.2017 – DATA
DE JULGAMENTO DE MÉRITO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 574.706 E
FIXADA A TESE COM REPERCUSSÃO GERAL DE QUE “O ICMS NAO COMPÕE
A BASE DE CÁLCULO PARA FINS DE INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS” – RES-
SALVADAS AS AÇÕES JUDICIAIS E PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS PRO-
TOCOLADAS ATÉ A DATA DA SESSÃO EM QUE PROFERIDO O JULGAMENTO
DE MÉRITO. EMBARGOS PARCIALMENTE ACOLHIDOS.
[RE 574.706 ED, rel. min. Cármen Lúcia, j. 13-5-2021, P, DJE de 12-8-2021,
Tema 69.]

Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. TEMA 452. JULGAMENTO DE MÉRITO.
DIREITO CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. PREVIDÊNCIA COMPLEMEN-
TAR. APOSENTADORIA. CÁLCULO DO VALOR DO BENEFÍCIO. ENTIDADE DE
PREVIDÊNCIA FECHADA. CONTRATO QUE PREVÊ A APLICAÇÃO DE PERCEN-
TUAIS DISTINTOS PARA HOMENS E MULHERES. ART. 5º, I, DA CF. QUEBRA DO

137 Sumário
PRINCÍPIO DA ISONOMIA. NÃO CABIMENTO DE MODULAÇÃO DE EFEITOS PELA
AUSÊNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
1. A modulação dos efeitos somente se justifica em situações excepcionais. 2. A
inexistência de alteração de jurisprudência dominante torna incabível a modula-
ção de efeitos do julgamento. Precedentes. 3. Embargos de declaração rejeitados.
[RE 639.138 ED, rel. min. Edson Fachin, j. 27-4-2021, P, DJE de 19-5-2021,
Tema 452.]

Ementa: CONSTITUCIONAL E PROCESSO CIVIL. MODULAÇÃO DE EFEITOS EM


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VIABILIDADE. DEMONSTRAÇÃO DE SITUAÇÃO
DE EXCEPCIONALIDADE. MODULAÇÃO DOS EFEITOS DO ACÓRDÃO PARA
MANTER, NA JUSTIÇA DO TRABALHO, ATÉ FINAL EXECUÇÃO, TODOS OS PRO-
CESSOS DESTA MATÉRIA EM QUE JÁ TENHA SIDO PROFERIDA SENTENÇA
DE MÉRITO, ATÉ O DIA DA CONCLUSÃO DO JULGAMENTO DO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO (24/5/2018). 1. O § 3º do art. 927 do Código de Processo Civil
de 2015 preconiza que, “na hipótese de alteração de jurisprudência dominante
do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de
julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração
no interesse social e no da segurança jurídica”. 2. Tendo em vista a duradoura
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho em sentido oposto ao decidido
pelo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL neste precedente, surge, inevitavelmente,
o interesse em resguardar os atos praticados ao longo de vários anos, enquanto
perdurou a indefinição acerca do Juízo competente para dirimir a controvérsia.
3. Precedente: RE 586.453, Rel. Min. ELLEN GRACIE, Rel. p/ Acórdão: Min. DIAS
TOFFOLI, Tribunal Pleno, DJe de 6/6/2013, Tema 190 da Repercussão Geral. 4.
Embargos de Declaração acolhidos para efeitos de modulação.
[RE 594.435 ED, rel. min. Marco Aurélio, red. do ac. min. Alexandre de Moraes,
j. 21-8-2019, P, DJE de 23-9-2019, Tema 149.]

Ementa: Embargos declaratórios – esclarecimento. Uma vez surgindo necessi-


dade de prestar-se esclarecimento, cumpre prover os embargos declaratórios,
sem conferir-lhes efeito modificativo. EMBARGOS DECLARATÓRIOS – MODU-
LAÇÃO DO PRONUNCIAMENTO. Descabe modular pronunciamento quando
ausente alteração de jurisprudência dominante – artigo 927, § 3º, do Código
de Processo Civil.
[RE 612.043 ED, rel. min. Marco Aurélio, j. 6-6-2018, P, DJE de 6-8-2018, Tema 499.]

138 Sumário
Ementa: Segundos Embargos de Declaração em recurso extraordinário. Direito
tributário. Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços – ICMS. Substitui-
ção tributária progressiva. Súmula de julgamento. Ata de julgamento. Premissas
fáticas. Suporte normativo. Efeitos infringentes. Impossibilidade. Contradição.
Omissão. Não configurada. Esclarecimento. Possibilidade. 1. Nos termos do artigo
1.022 do Código de Processo Civil, os embargos de declaração não constituem
meio hábil para reforma do julgado, sendo cabíveis somente nos casos de obscu-
ridade, contradição ou omissão da decisão impugnada, bem como para corrigir
eventual erro material. 2. Os embargos declaratórios não se prestam à rediscussão
do assentado em paradigma de repercussão geral, com pretensão de efeitos infrin-
gentes, mesmo que a título de reparar equívocos fáticos e normativos, os quais
foram suscitados no curso do processo e devidamente enfrentados e valorados
pela corrente majoritária do STF. 3. A despeito de veicular pretensões estranhas
às hipóteses legais de cabimento de embargos de declaração, a jurisprudência do
STF admite o acolhimento de embargos declaratórios tão somente para presta-
ção de esclarecimento reputado necessário, sem quaisquer efeitos infringentes.
4. A tese de julgamento que consta em ata de julgamento publicada no Diário
Oficial possui força de acórdão, até a publicação deste. Assim, o marco temporal
de observância da orientação jurisprudencial para casos futuros ajuizados após
o julgamento do paradigma deve ser considerado a partir da publicação da tese
ou súmula da decisão em meio oficial. Arts. 1.035, §11, e 1.040 do CPC. 5. Não
há omissão na súmula da decisão, por não abarcar os casos em que a base pre-
sumida é menor do que a base real, porquanto se trata de inovação processual
posterior ao julgamento, não requerida ou aventada no curso do processo. De
todo modo, a atividade da Administração Tributária é plenamente vinculada ao
arcabouço legal, independentemente de autorização ou explicitação interpreta-
tiva do Poder Judiciário, nos termos do art. 3º do CTN. 6. Não há contradição na
modulação de efeitos da decisão recorrida realizada, pois se trata de faculdade
processual conferida ao STF, em caso de alteração da jurisprudência dominante,
condicionada à presença de interesse social e em prol da segurança jurídica. Não
há, então, relação de causalidade entre a mudança de entendimento jurispru-
dencial e a adoção da técnica de superação prospectiva de precedente (pros-
pective overruling). Art. 927, §3º, do CPC. 7. O comando dispositivo do acórdão
detém densidade suficiente para a satisfação executiva da pretensão deduzida
em juízo, sendo assim o montante e as parcelas devidas ultrapassam o âmbito
de cognoscibilidade do recurso extraordinário e de conveniência da sistemática

139 Sumário
da repercussão geral. RE-QO 593.995, de relatoria do Ministro Joaquim Barbosa,
Tribunal Pleno, DJe 17.06.2014. 8. Embargos declaratórios rejeitados.
[RE 593.849 ED, rel. min. Edson Fachin, j. 8-11-2017, P, DJE de 21-11-2017, Tema 201.]

4.22 Recursos contra a aplicação da sistemática da repercussão geral

Ementa: AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


DIREITO ADMINISTRATIVO. APLICAÇÃO DA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO
GERAL PELO JUÍZO DE ORIGEM. RECURSO DIRIGIDO AO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. NÃO CABIMENTO. AUXÍLIO-SAÚDE. REGULAMENTO DO TRIBUNAL
DE JUSTIÇA. DESCONTO DE CONTRIBUIÇÃO PATRONAL PELO ESTADO. RESO-
LUÇÃO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. LEGISLAÇÃO INFRACONSTI-
TUCIONAL LOCAL. OFENSA REFLEXA. FATOS E PROVAS. REEXAME. IMPOSSI-
BILIDADE. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. Segundo a firme jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal, não cabe recurso ou outro instrumento processual
na Corte contra a decisão do juízo de origem em que se aplique a sistemática da
repercussão geral. 2. Essa orientação está consolidada no Código de Processo
Civil de 2015, que prevê, como instrumento processual adequado contra a
aplicação do instituto da repercussão geral, a interposição de agravo interno
perante o próprio tribunal de origem (art. 1.030, § 2º, do CPC), o que efetiva-
mente ocorreu na hipótese. 3. Embora cabível o agravo previsto no art. 1.042
do CPC quanto às questões remanescentes, verifica-se, no ponto, a ausência de
prequestionamento do art. 37, § 6º, da Constituição Federal (Súmulas nºs 282
e 356/STF). 4. Ademais, a jurisprudência desta Corte é de que não se presta o
recurso extraordinário para a análise de matéria ínsita ao plano normativo local,
tampouco para o reexame do conjunto fático-probatório da causa. Incidência
das Súmulas nºs 280 e 279/STF. 5. Agravo interno desprovido, com imposição
de multa de 5% (cinco por cento) do valor atualizado da causa (artigo 1.021, §
4º, do CPC), caso seja unânime a votação. 6. Honorários advocatícios majorados
ao máximo legal em desfavor da parte recorrente, caso as instâncias de origem
os tenham fixado, nos termos do artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil,
observados os limites dos §§ 2º e 3º e a eventual concessão de justiça gratuita.
[ARE 1.368.146 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 28-3-2022, P, DJE de 25-4-2022.]

Ementa: Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Matéria Cri-


minal. Decisão mista. Capítulo em que se aplica a sistemática da repercussão

140 Sumário
geral. Não cabimento de recurso dirigido ao Supremo Tribunal Federal. Questões
remanescentes. Legislação infraconstitucional. Ofensa reflexa. Fatos e provas.
Reexame. Impossibilidade. Precedentes. 1. Incabível recurso dirigido ao Supremo
Tribunal Federal contra a aplicação da sistemática da repercussão geral no juízo
de origem. 2. A orientação consolidada na Corte foi agasalhada no Código de
Processo Civil de 2015, que prevê como instrumento processual adequado
contra a aplicação do instituto da repercussão geral a interposição de agravo
interno perante o próprio tribunal de origem (art. 1.030, § 2º, do CPC). 3. Embora
cabível, em tese, o agravo previsto no art. 1.042 do CPC quanto às questões
remanescentes, não se presta o recurso extraordinário para a análise da legislação
infraconstitucional, tampouco para o reexame dos fatos e das provas constantes
dos autos. (Súmula nº 279/STF). 4. Agravo regimental não provido.
[ARE 1.281.685 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 16-9-2020, P, DJE de 4-11-2020.]

Ementa: AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


ADMINISTRATIVO. PRETENSÃO DE ANULAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO.
SANÇÃO DISCIPLINAR. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ARTIGO 5º, LIV, LV E LVI, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓ-
RIO ENGENDRADO NOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO EM FACE DE DECISÃO QUE APLICA A SISTEMÁ-
TICA DA REPERCUSSÃO GERAL NA ORIGEM. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
1. O agravo em recurso extraordinário é incognoscível quando veicula insurgência
contra a aplicação da repercussão geral na origem. Precedentes: AI 760.358-QO,
Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 12/2/10; ARE 1.115.707-AgR,
Primeira Turma, Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJe de 24/8/18; Rcl 29.093-
AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 17/8/18; ARE 1.128.701-AgR,
Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJe de 28/8/18. 2. O recurso extraordi-
nário é instrumento de impugnação de decisão judicial inadequado para a valoração
e exame minucioso do acervo fático-probatório engendrado nos autos, bem como
para a análise de matéria infraconstitucional. Precedentes: ARE 844.039-AgR,
Segunda Turma, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 24/08/2015; ARE 1.271.280-AgR,
Tribunal Pleno, DJe de 25/09/2020; e ARE 1.238.534-AgR, Tribunal Pleno, Rel.
Min. Dias Toffoli, DJe de 15/09/2020. 3. Agravo interno desprovido, com imposição
de multa de 5% (cinco por cento) do valor atualizado da causa (artigo 1.021, § 4º,
do CPC), caso seja unânime a votação. 4. Honorários advocatícios majorados ao
máximo legal em desfavor da parte recorrente, caso as instâncias de origem os

141 Sumário
tenham fixado, nos termos do artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil, obser-
vados os limites dos §§ 2º e 3º e a eventual concessão de justiça gratuita.
[ARE 1.291.336 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 15-12-2020, P, DJE de 4-2-2021.]

Ementa: AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


DIREITO ADMINISTRATIVO. APLICAÇÃO DA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO
GERAL PELO JUÍZO DE ORIGEM. RECURSO DIRIGIDO AO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. NÃO CABIMENTO. AUXÍLIO-SAÚDE. REGULAMENTO DO TRIBUNAL
DE JUSTIÇA. DESCONTO DE CONTRIBUIÇÃO PATRONAL PELO ESTADO. RESO-
LUÇÃO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. LEGISLAÇÃO INFRACONSTI-
TUCIONAL LOCAL. OFENSA REFLEXA. FATOS E PROVAS. REEXAME. IMPOSSI-
BILIDADE. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. Segundo a firme jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal, não cabe recurso ou outro instrumento processual
na Corte contra a decisão do juízo de origem em que se aplique a sistemática da
repercussão geral. 2. Essa orientação está consolidada no Código de Processo
Civil de 2015, que prevê, como instrumento processual adequado contra a
aplicação do instituto da repercussão geral, a interposição de agravo interno
perante o próprio tribunal de origem (art. 1.030, § 2º, do CPC), o que efetiva-
mente ocorreu na hipótese. 3. Embora cabível o agravo previsto no art. 1.042
do CPC quanto às questões remanescentes, verifica-se, no ponto, a ausência de
prequestionamento do art. 37, § 6º, da Constituição Federal (Súmulas nos 282
e 356/STF). 4. Ademais, a jurisprudência desta Corte é de que não se presta o
recurso extraordinário para a análise de matéria ínsita ao plano normativo local,
tampouco para o reexame do conjunto fático-probatório da causa. Incidência
das Súmulas nos 280 e 279/STF. 5. Agravo interno desprovido, com imposição
de multa de 5% (cinco por cento) do valor atualizado da causa (artigo 1.021, §
4º, do CPC), caso seja unânime a votação. 6. Honorários advocatícios majorados
ao máximo legal em desfavor da parte recorrente, caso as instâncias de origem
os tenham fixado, nos termos do artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil,
observados os limites dos §§ 2º e 3º e a eventual concessão de justiça gratuita.
[ARE 1.361.373 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 21-3-2022, P, DJE de 18-4-2022.]

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. INCOGNOSCIBILIDADE DE RECURSO MANIFESTAMENTE INCABÍ-
VEL. ERRO GROSSEIRO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE
RECURSAL. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O recurso cabível em face

142 Sumário
da decisão que inadmite recurso de superposição é, em regra, o agravo, salvo
quando fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de reper-
cussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos, ex vi, do artigo 1.042
do Código de Processo Civil. 2. O erro grosseiro obsta a aplicação do postulado
da fungibilidade recursal. Precedentes: ARE 1.138.987-AgR, Segunda Turma, Rel.
Min. Edson Fachin, DJe de 01/10/2019; Pet 5.951-AgR, Segunda Turma, Rel. Min.
Dias Toffoli, DJe de 1º/6/2016; e Pet 5.128-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Celso
de Mello, DJe de 15/04/2014. 3. Agravo regimental DESPROVIDO.
[ARE 1.282.030 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 13-10-2020, P, DJE de 9-11-2020.]

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO – INADMISSÃO – REPERCUSSÃO


GERAL – IMPUGNAÇÃO – AGRAVO – ERRO GROSSEIRO. A decisão mediante a
qual, observada a sistemática da repercussão geral, inadmitido recurso extraor-
dinário mostra-se impugnável por agravo interno, a teor do artigo 1.030, § 2º, do
Código de Processo Civil, constituindo erro grosseiro a interposição de agravo
visando dar sequência ao extraordinário. COMPETÊNCIA – SUPREMO – USUR-
PAÇÃO – AUSÊNCIA. A observância do regime de repercussão geral constitui ato
inserido nas atribuições do tribunal de origem, não caracterizando usurpação
da competência do Supremo decisão por meio da qual, ante pronunciamento
do Tribunal submetido à sistemática, negado seguimento a recurso extraor-
dinário – artigo 1.030, inciso I, alínea “a”, do Código de Processo Civil. COISA
JULGADA – RECURSO INADMISSÍVEL – ÓBICE – INEXISTÊNCIA. A interposição
de recurso inadmissível não impede a formação da coisa julgada.
[HC 150.710, rel. min. Marco Aurélio, j. 24-8-2020, 1ª T, DJE de 3-9-2020.]

Ementa: AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


RECURSO PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CONTRA A PARTE DA DECI-
SÃO QUE APLICA A SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL NA ORIGEM.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. QUESTÕES REMANESCENTES: AUSÊNCIA
DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA A TODOS OS FUNDAMENTOS APTOS, POR SI
SÓS, PARA SUSTENTAR A DECISÃO QUE INADMITIU O RECURSO EXTRAOR-
DINÁRIO NA ORIGEM. HIPÓTESE DE NÃO CONHECIMENTO. 1. Ao examinar a
admissibilidade de Recurso Extraordinário com capítulos independentes e autôno-
mos, o Tribunal de origem aplicou precedente formado sob o rito da repercussão
geral para algumas questões e óbices de outra natureza para os demais pontos.
2. As decisões de admissibilidade com esse perfil têm sido apelidadas de mistas

143 Sumário
(ou complexas). 3. Tais decisões comportam duas espécies de recursos: agravo
interno quanto às matérias decididas com base em precedente produzido sob o
rito da repercussão geral (CPC, art. 1.030, § 2º); e agravo do art. 1.042 do CPC
quanto aos aspectos resolvidos por outros tipos de fundamentos. 4. Não há
previsão legal de recurso para o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL contra a parte
da decisão do Juízo de origem que aplicou a sistemática da repercussão geral
(Pleno, AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 994.469,
Relatora: Min. CÁRMEN LÚCIA (Presidente), DJe de 14/3/2017). 5. Embora
cabível quanto aos outros óbices, o recurso não merece prosperar. Não pode ser
conhecido o agravo do art. 1.042 do CPC quando não impugna especificamente
todos os fundamentos da decisão que inadmitira o recurso extraordinário. 6.
Agravo Interno a que se nega provimento. Fixam-se honorários advocatícios adi-
cionais equivalentes a 10% (dez por cento) do valor a esse título arbitrado na
causa, já considerada, nesse montante global, a elevação efetuada na decisão
anterior (CPC/2015, art. 85, § 11).
[ARE 1.115.707 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 10-8-2018, 1ª T, DJE de
24-8-2018.]

Ementa: DIREITO PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRARDINÁRIO COM AGRAVO. ERRO MATERIAL. CORREÇÃO. DECISÃO DE
ADMISSIBILIDADE DO TRIBUNAL DE ORIGEM QUE APLICA A SISTEMÁTICA
DA REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO CABÍVEL. RECURSO QUE NÃO IMPUGNA
TODOS OS FUNDAMENTOS UTILIZADOS PARA INADMITIR O RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
1. Nos termos do art. 1.030, § 2º, do CPC/2015, o agravo interno é recurso
próprio à impugnação de decisão que aplica entendimento firmado em regime
de repercussão geral, configurando erro grosseiro a interposição do agravo do
art. 1.042 do CPC/2015. 2. A parte recorrente não se desincumbiu do dever
processual de desconstituir especificamente o fundamento utilizado pelo Tri-
bunal estadual para inadmitir o recurso extraordinário de que, para se chegar a
solução contrária à que chegou o acórdão recorrido, seria necessário o exame
prévio da legislação infraconstitucional. Nessa mesma linha, vejam-se o ARE
695.632-AgR, Rel. Min. Luiz Fux; e o ARE 1.115.707-AgR, Rel. Min. Alexandre de
Moraes. 3. Agravo a que se nega provimento.
[ARE 1.358.914 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 9-3-2022, 1ª T, DJE de 16-3-
2022.]

144 Sumário
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
MATÉRIA CRIMINAL. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DIRIGIDO AO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL CONTRA DECISÃO QUE APLICA A SISTEMÁTICA DA
REPERCUSSÃO GERAL NA ORIGEM. NÃO CABIMENTO. FUNGIBILIDADE.
ERRO GROSSEIRO. INAPLICABILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1.
Também em matéria criminal, não se aplica o princípio da fungibilidade recursal
às hipóteses de erro grosseiro. Precedentes. 2. Agravo regimental desprovido.
[ARE 1.138.987 AgR, rel. min. Edson Fachin, j. 20-9-2019, 2ª T, DJE de 1º-10-2019.]

Ementa: AGRAVO INTERNO EM PETIÇÃO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INAD-


MITIDO POR FORÇA DA APLICAÇÃO DE PRECEDENTE DE REPERCUSSÃO
GERAL. PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA. COMPETÊNCIA DA INSTÂNCIA
DE ORIGEM PARA APRECIAR O PLEITO. 1. Inadmitido o recurso extraordinário
com fundamento em precedente formado sob o rito da repercussão geral (CPC,
art. 1.030, I), compete ao Tribunal de origem (I) julgar o agravo dessa deci-
são (mesmo que seja endereçado ao STF, devendo ser convertido em agravo
interno) e (II) examinar eventual pedido de tutela de urgência (ou de atribuição
de efeito suspensivo). 2. Inteligência dos arts. 1.029, § 5º, e 1.030, § 2º, do
Código de Processo Civil de 2015. 3. Agravo interno a que se nega provimento.
[Pet 8.099 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 6-5-2019, 1ª T, DJE de 20-5-2019.]

Ementa: AGRAVO INTERNO. RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL. APLICAÇÃO


DA TESE JURÍDICA FIRMADA NO JULGAMENTO DO ARE 748.371 (TEMA 660)
E DO AI 791.292 (TEMA 339), SOB A SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL,
PELA VICE-PRESIDÊNCIA DA CORTE DE ORIGEM. MANTIDA A INADMISSIBI-
LIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO AO EXAME DO AGRAVO INTERNO.
INTERPOSIÇÃO DE NOVO APELO EXTREMO E POSTERIOR ARE. RECURSOS
MANIFESTAMENTE INCABÍVEIS. NÃO CONHECIMENTO PELO TRIBUNAL A
QUO. AUSÊNCIA DE USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA. INAPLICABILIDADE DA
SÚMULA 727/STF. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. A decisão reclamada
está em consonância com o entendimento firmado por esta Casa quanto à siste-
mática recursal estabelecida no Código de Processo Civil de 2015 para o recurso
extraordinário, ausente usurpação de competência desta Suprema Corte. 2.
Incabível a interposição de novo recurso extraordinário ou de agravo em recurso
extraordinário da decisão que negou provimento ao agravo interno, no bojo do
qual mantida a inadmissão do apelo extremo fundamentada em precedente

145 Sumário
firmado sob o regime da repercussão geral. Precedentes. 3. Inaplicável a Súmula
727/STF – que determina o encaminhamento pelo magistrado a esta Suprema
Corte do agravo interposto da decisão que não admite recurso extraordinário –,
nas hipóteses em que aplicada a sistemática da repercussão geral ou quando
interposto recurso manifestamente incabível. Precedentes. 4. Agravo interno
conhecido e não provido, com aplicação da penalidade prevista no art. 1.021, § 4º,
do CPC/2015, calculada à razão de 1% (um por cento) sobre o valor atualizado
da causa, se unânime a votação.
[Rcl 43.570 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 12-5-2021, 1ª T, DJE de 21-5-2021.]

Ementa: DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO


EM RECLAMAÇÃO. ALEGAÇÃO DE USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA. AGRAVO
DO ART. 1.042 DO CPC. RECURSO MANIFESTAMENTE INCABÍVEL. AUSÊNCIA
DE TERATOLOGIA NA APLICAÇÃO DE TEMA DA REPERCUSSÃO GERAL. 1. Nos
termos do art. 1.030, § 2º, do CPC/2015, o agravo interno é recurso próprio à
impugnação de decisão que aplica entendimento firmado em regime de reper-
cussão geral. 2. A interposição de agravo em recurso extraordinário caracteriza
erro grosseiro da parte. Assim, o órgão reclamado, ao converter agravo do art.
1.042 em agravo interno, acabou por adotar procedimento mais benéfico à parte
do que aquele preconizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Não usurpa-
ção da competência desta Corte. 3. A decisão reclamada baseou-se nas teses
fixadas pelo STF quanto aos Temas 930 e 76 (RE 564.354, Relª. Minª. Cármen
Lúcia) e as aplicou de acordo com o contexto fático dos autos. A reclamação não
se presta ao reexame do contexto fático-probatório. 4. Agravo interno a que se
nega provimento.
[Rcl 43.591 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 22-3-2021, 1ª T, DJE de 29-3-2021.]

4.23 Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) e reper-


cussão geral

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMAN-


DAS REPETITIVAS. PROCESSUAL CIVIL. SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES.
PROMOÇÃO EM RESSARCIMENTO POR PRETERIÇÃO. NATUREZA DO PRAZO
PRESCRICIONAL. LEIS 3.743/1975 E 6.513/1995 E DECRETOS 11.964/1991 E
19.833/2003, TODOS DO ESTADO DO MARANHÃO. DECRETO 20.910/1932
E LEI 12.016/2009. CONTROVÉRSIA DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL.

146 Sumário
OFENSA À CONSTITUIÇÃO QUE, SE EXISTENTE, SERIA MERAMENTE REFLEXA.
AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.
[RE 1.291.875 RG, rel. min. Luiz Fux, j. 18-3-2021, P, DJE de 26-3-2021, Tema 1.131.]

4.23.1 Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas – cabimento no STF

Ementa: Agravo regimental em petição. 2. Pedido de instauração de incidente de


resolução de demandas repetitivas perante o STF. 3. Não cabimento. 4. Ausên-
cia de argumentos ou provas que possam influenciar a convicção do julgador. 5.
Agravo regimental não provido.
[Pet 8.420 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 15-5-2020, 2ª T, DJE de 26-5-2020.]

Decisão monocrática: (...) O Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas é


um incidente processual inserido no ordenamento jurídico brasileiro a partir do
advento do Código de Processo Civil de 2015, cabível quando houver, simulta-
neamente, efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a
mesma questão predominantemente de direito e risco à isonomia e à segurança
jurídica, integrando o microssistema de julgamentos repetitivos. Teresa Arruda
Alvim e Bruno Dantas afirmam que “o escopo do IRDR é a tutela isonômica e efetiva,
fundamentalmente, dos direitos individuais homogêneos e seu advento traduz o
reconhecimento do legislador de que a chamada ‘litigiosidade de massa’ atingiu
patamares insuportáveis em razão da insuficiência do modelo até então adotado,
centrado basicamente na dicotomia tutela individual x tutela coletiva.” (ARRUDA
ALVIM, Teresa; DANTAS, Bruno. Recurso Especial, Recurso Extraordinário e a nova
função dos tribunais superiores no direito brasileiro. 3ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2018. p. 560). De acordo com Alexandre Freire “[o]s processos serão
concentrados, e a decisão do incidente vinculará os juízes no âmbito do tribunal.”
[…] Após a prolação da decisão “Aplicar-se-á a tese fixada a todos os processos
individuais ou coletivos, bem como aos casos futuros que versarem sobre idên-
tica questão de direito.” (FREIRE, Alexandre. In CÂMARA, Helder Moroni (coord).
Código de Processo Civil Comentado. Lisboa: Almedina, 2016. p. 1223). A decisão
formalizada no incidente de resolução de demandas repetitivas é a norma do pre-
cedente. Esse pronunciamento servirá de orientação e padrão decisório para casos
semelhantes, proporcionando maior celeridade e eficiência processuais, uma vez
que, assentada a orientação, o precedente servirá como pauta de conduta para
fundamentar eventuais decisões concessivas de tutela da evidência, julgamentos

147 Sumário
parciais de mérito, julgamento liminar de improcedência do pedido, dispensa de
reexame necessário, liberação de caução na execução provisória quando a sentença
exequenda estiver em consonância com tese firmada no incidente.
[Pet 8.245, rel. min. Dias Toffoli, dec. monocrática, j. 10-10-2019, DJE de 15-10-2019.]

4.23.2 Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) e abrangência


da tese

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. INCIDENTE DE RESO-


LUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS (IRDR). CIVIL E CONSTITUCIONAL. RES-
PONSABILIDADE CIVIL. DISPONIBILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES PROCESSUAIS
NA INTERNET PUBLICADAS PELO PODER JUDICIÁRIO SEM RESTRIÇÃO DE
SEGREDO DE JUSTIÇA. SUBMISSÃO DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL AO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA OBTENÇÃO DE TESE COM ABRAN-
GÊNCIA EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL E NÃO APENAS NO ÂMBITO DE
JURISDIÇÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADUAL. INTERESSE RECURSAL
RECONHECIDO. RELEVÂNCIA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. AGRAVO PRO-
VIDO PARA EXAME DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MANIFESTAÇÃO PELA
EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.
[ARE 1.307.386 RG, rel. min. Luiz Fux, j. 6-5-2021, P, DJE de 8-6-2021, republi-
cação no DJE de 11-6-2021, Tema 1.141.]

4.24 Ausência de impedimento ou suspeição de ministro para fixação


de tese

Ementa: TETO CONSTITUCIONAL – ACUMULAÇÃO DE CARGOS – ALCANCE.


Nas situações jurídicas em que a Constituição Federal autoriza a acumulação de
cargos, o teto remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada
um deles, e não ao somatório do que recebido.
(...) DEBATE (...) O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI:
Mas, Ministro Alexandre, com a devida vênia, eu penso que Vossa Excelên – cia
não emitiu parecer, efetivamente, sobre o caso em julgamento. Segundo, se for
assim, nós vamos chegar a um impasse, pois muitos de nós, seja na Administra-
ção Pública, seja em obras jurídicas ou artigos publicados, manifestamos nosso
pensamento. Com a devida vênia, eu vejo que Vossa Excelência – se me permite

148 Sumário
discutir isso abertamente – se encaminha para a necessidade de eventualmente
se declarar suspeito. Eu não vejo suspeição nenhuma.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI:
Eu também gostaria de secundar esse entendimento do Ministro Dias Toffoli,
porque a Corte tem um posicionamento, que é pacífico, no sentido de dizer que,
nas causas de natureza objetiva, não existe impedimento e nem suspeição. Nós
também estamos caminhando no sentido de dizer que, quando se trata de um
RE com repercussão geral, nós nos aproximamos dessa natureza objetiva do
feito em julgamento.
[RE 612.975, rel. min. Marco Aurélio, j. 27-4-2017, P, DJE de 8-9-2017, Tema 377.]

Trecho do voto do Min. Gilmar Mendes na ADI 6.362:


E mais: em certos casos, as amplas hipóteses de impedimento do art. 144 do
novo Código de Processo Civil podem permitir que as partes manipulem o quórum
e até mesmo o resultado do julgamento. Ou seja, escolham, ao contratarem seus
advogados, quais ministros poderão e quais não poderão participar do julgamento
de uma controvérsia constitucional vital para o País. Isso torna-se especialmente
grave se aplicarmos a regra do inciso VIII do art. 144 do Código também aos casos
em que os patronos representem não as partes no processo, mas apenas os amigos
da Corte. E aqui chegamos à segunda questão. Deve a regra de impedimento do
inciso VIII do art. 144 do Código ser aplicada também aos casos em que escritório
represente não a parte, mas simplesmente um dos amigos da Corte no caso? Des-
taco esse ponto porque, ao habilitarem-se em um caso três ou quatro entidades,
representadas por certos escritórios, pode-se alterar radicalmente o resultado de
um julgamento ou mesmo inviabilizá-lo. A hipótese não é cerebrina. Basta lembrar o
rumoroso julgamento dos planos econômicos, em que este Tribunal viu-se diante da
dificuldade de quórum para proceder ao julgamento. É claro que ali não se cuidava
da hipótese de que estou a tratar, isto é, da regra de impedimento do inciso VIII do
art. 144 do novo Código de Processo Civil. Em todo caso, o exemplo, ainda assim,
parece-me válido e ilustrativo. A propósito, esse caso alerta-nos a perceber que é
preciso ponderar sobre uma mesma solução para os casos submetidos à sistemá-
tica dos recursos repetitivos, tendo em vista a considerável aproximação que se
tem operado com o modelo do controle abstrato de normas. De mais a mais, há
de reconhecer-se que a sistemática da repercussão geral faz com que as decisões
proferidas nos processos paradigmas espraiem seus efeitos para uma série de
demandas sobre igual tema, antes mesmo da conversão do entendimento em

149 Sumário
eventual súmula vinculante. É mais uma fase do fenômeno de objetivação do
recurso extraordinário. Feitas essas considerações, enxergo, tanto nos processos
de controle de constitucionalidade abstrato (ADI, ADC, ADO e ADPF) quanto nos
processos-paradigmas da repercussão geral, uma feição de ações de proteção da
ordem jurídica objetiva, independentemente dos eventuais direitos subjetivos
envolvidos. Consigno que esta Corte, ao julgar a QO na ADI 2.238, Rel. Min. Ale-
xandre de Moraes, Sessão Plenária de 27.2.2019, DJe 1ª.9.2020, votou questão
de ordem levantada pelo Presidente, Min. Dias Toffoli, para fixar tese de que não
há impedimento nem suspeição no julgamento de ações de controle concentrado
de normas, exceto se o próprio ministro indicar razões de foro íntimo.”
[ADI 6.362, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 2-9-2020, P, DJE de 9-12-2020.]

150 Sumário
5 – JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL

A pesquisa teve como tema o instituto da “Repercussão Geral”. Dessa forma, o


objetivo foi recuperar decisões de supremas cortes e cortes constitucionais que
interpretavam a aplicação de institutos correlatos em seus respectivos países.
Foram pesquisadas discussões geradas em torno de outros critérios qualitativos
de seleção de demandas extraordinárias (“transcendência”, “significado consti-
tucional”, “relevância constitucional”, “ampla relevância pública” etc.); além de
interpretações que conferiram mudanças quanto à admissibilidade do recurso
extremo, com fundamento na racionalidade dos trabalhos e na preservação da
missão constitucional do Tribunal.

A busca foi realizada em bases de dados, bases de jurisprudência e publicações,


nacionais e internacionais, conforme referências indicadas no item “fontes de
pesquisa”. Todas as decisões recuperadas, relacionadas ao objeto de pesquisa,
foram inseridas e não refletem, necessariamente, a posição do Supremo Tribu-
nal Federal. Caso não encontrados precedentes específicos acerca do tema de
interesse, termos mais abrangentes são utilizados.

Nesta pesquisa, os casos foram listados por ordem alfabética dos países nos quais
foram encontradas decisões a respeito do objeto da pesquisa. Os principais termos
de busca utilizados foram: filtros de admissibilidade; recursos extraordinários.

A breve descrição do entendimento resulta da análise de decisões, em geral,


em idioma estrangeiro, de modo que a fidelidade às fontes poderá ser aferida
no inteiro teor.

5.1 Alemanha

Cabe ao Tribunal Constitucional Federal da Alemanha julgar, especialmente:


i) conflitos de competência entre os órgãos superiores do Estado; ii) conflitos
federativos; iii) controle abstrato de constitucionalidade de normas; iv) controle
de constitucionalidade concreto de normas, a partir do encaminhamento de
questão prejudicial por tribunais inferiores; v) julgamento dos recursos consti-
tucionais individuais.

151 Sumário
Em relação ao recurso constitucional individual, o Tribunal somente admite os
que possuem como objeto matéria dotada de relevância constitucional funda-
mental (grundsätzliche verfassungsrechtliche bedeutung). Não há custas, nem
necessidade de a causa ser patrocinada por advogados. Contudo, é necessário
o esgotamento de instâncias¹.

5.1.1 BVerfGE, 91/93 [106]. Em caráter excepcional, admite-se o recurso cons-


titucional sem que a matéria tenha passado pelos tribunais inferiores, desde que:
i) possua “interesse geral”; 2) seja caso de perigo iminente de lesão a direitos
fundamentais. O Tribunal Constitucional Federal da Alemanha entende que
verificar se uma decisão judicial considerou inconstitucional uma norma legal
relevante possui, regularmente, interesse geral².

5.1.2 1 BvR 1693/92. Decisão em que foi interpretado o requisito do significado


constitucional fundamental. A Corte Constitucional Alemã esclareceu que o
recurso constitucional precisa: suscitar uma questão constitucional que não possa
ser respondida diretamente a partir da Lei Fundamental e ainda não tenha sido
esclarecida pela jurisprudência do Tribunal ou que necessite de novo pronun-
ciamento em razão de novas circunstâncias. Deve haver sérias dúvidas sobre a
resposta à questão constitucional. Um indício de fundamental importância nesse
sentido pode ser que a questão seja discutida de forma controversa na literatura
especializada ou respondida de forma diversa na jurisprudência dos tribunais
especializados. Deve haver também um interesse em esclarecer o assunto que
vai além do caso individual. Este pode ser o caso, por exemplo, se for relevante
para um número não negligenciável de disputas ou se tratar de uma questão de
alguma importância que pode se tornar relevante novamente em casos futuros.

5.1.3 2 BvR 1371/96. O segundo senado do Tribunal Constitucional Federal


da Alemanha decidiu que o requisito da “desvantagem particularmente grave”,
previsto no art. 93a (2) b da Lei do Tribunal, está presente quando o recurso cons-
titucional foi interposto para contestar uma condenação criminal. Nesse caso,

1
SOUZA FILHO, Ademar Borges de. Tribunal Constitucional da Alemanha. In: BRANDÃO, Rodrigo
(org.). Cortes constitucionais e supremas cortes. Salvador: Juspodium, 2017.
2
Tribunal Pleno, ADPF 384, Relator Ministro Edson Fachin, j. 6-8-2020, DJE de 8-10-2020, p. 74.

152 Sumário
a perspectiva de sucesso da demanda deve influir na análise do conhecimento
do recurso.

5.2 Argentina

A competência da Suprema Corte de Justiça da Nação Argentina é estabelecida


pelo Decreto-Lei 1.285/1958. No campo dos recursos extraordinários, a Argentina
replicou o sistema federal norte-americano³. O recurso extraordinário federal é
o principal acesso à Corte⁴. Em resposta a anos de crescimento de recursos, o
Código de Processo Civil e Comercial da Nação foi alterado na década de 1990
para incorporar o que ficou conhecido como “writ of certiorari positivo”, previsto
no art. 280⁵. Entre os requisitos, o dispositivo exige a transcendência da questão
suscitada.

5.2.1 Acordata nº 4, de 2007. Trata-se do acórdão da Suprema Corte de Justiça


da Nação Argentina que regulou a interposição do recurso extraordinário (e do
recurso em face da denegação do apelo extremo).

5.2.2 Fallos: 329:2316, sentencia del 20 de junio de 2006. Um grupo de pes-


soas ajuizou ação originária na Suprema Corte de Justiça em razão da contamina-
ção ambiental causada pela bacia Matanza-Riachuelo. A ação foi proposta contra
o Governo Federal, a Província de Buenos Aires, o Governo da Cidade Autônoma
de Buenos Aires e 44 empresas. O tribunal declarou a sua competência originária
em relação aos pedidos relativos à prevenção, recomposição e reparação de
danos coletivos e a sua incompetência para julgar o pedido de indenização.

3
VERBIC, Francisco. An overview of civil procedure in Argentina. Civil Procedure Review. v. 10, n.2;
maio-ago., 2019. ISSN 2191-1339.
4
PIRES, Thiago Magalhães. Corte Suprema de Justiça da Nação (Argentina). In: BRANDÃO, Rodrigo
(org.). Cortes constitucionais e supremas cortes. Salvador: Juspodium, 2017.
5
La Corte, según su sana discreción, y con la sola invocación de esta norma, podrá rechazar el recurso
extraordinario, por falta de agravio federal suficiente o cuando las cuestiones planteadas resultaren
insustanciales o carentes de trascendencia. O dispositivo foi impugnado perante à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos no caso Mohamed c. Argentina, mas o órgão resolveu
a questão sem analisar a adequação do writ of certiorari argentino à luz da garantia ao devido
processo legal, do direito de ser ouvido, do direito a recurso (art. 8.2.h da Convenção Americana).

153 Sumário
A Corte justificou a incompetência por um critério de “transcendência institucio-
nal”, uma autopreservação contra a sobrecarga de trabalho para poder cumprir
adequadamente sua missão mais relevante, qual seja, a de intérprete da Cons-
tituição e guardiã final das garantias dos cidadãos⁶.

5.2.3 Fallos: 329:759, “Barreto”, sentencia del 21 de marzo de 2006. Decisão


em que a Suprema Corte de Justiça da Nação Argentina reformulou o conceito
de “causa civil” e, com isso, limitou sua competência originária. O conceito vinha
sendo aplicado desde 1992 (Sentencia “De Gandia”), com base no art. 24, 1º,
do Decreto-Lei 1.285/1958 da Organização da Justiça Nacional da Argentina.
Considerou-se que as demandas cíveis por danos produzidos pelas atividades
de uma província devem ser resolvidas por tribunais locais.

Segundo o Tribunal, embora seja desejável e conveniente que os pronunciamen-


tos da Corte sejam devidamente considerados e, consequentemente, seguidos
em casos posteriores, a fim de preservar a segurança jurídica que decorre de
orientações claras para a conduta dos particulares, esta regra não seria abso-
luta nem impediria a modificação da jurisprudência quando existissem causas
suficientemente graves ou razões de justiça.

5.2.4 Fallos: 328:566, “Itzcovich, Mabel c/ ANSeS s/ reajustes varios”, sentencia


del 29 de marzo de 2005. A Suprema Corte de Justiça declarou, por maioria, a
nulidade constitucional do art. 19 da Lei 24.463, que permitia o recurso ordinário
perante o Tribunal em causas definitivas da Câmara Federal de Previdência Social.

5.2.5 Fallos: 338:724, “Anadon, Tomás Salvador c/ Comisión Nacional de Comu-


nicaciones s/ despido”, sentencia del 20 de agosto de 2015. Representou uma
mudança na jurisprudência da Corte ao pôr fim ao recurso ordinário perante o
Tribunal. Tecnicamente, declarou-se a inconstitucionalidade do art. 24, 6, a, do
Decreto-Lei 1.285/1958, ao argumento de que os parâmetros de cabimento do
recurso consistiam em uma desarrazoada manifestação do exercício dos pode-

6
GIANNINI, Leandro J. El acceso a los tribunales supremos y los filtros a la admisión de recursos.
Un análisis comparado. Facultad de Ciencias Jurídicas y Sociales de la Universidad Nacional de
La Plata.

154 Sumário
res regulamentares do legislador. O critério de admissão baseava-se no filtro
quantitativo – suma gravaminis, na quantia econômica que a causa envolvia. Para
o Tribunal, sua competência deve estar adstrita ao critério da qualidade, quer
dizer, quando esteja comprometido um princípio constitucional. Dessa forma,
decidiu que, de acordo com o art. 117 da Constituição Nacional, primeira parte,
corresponde ao Congresso da Nação estabelecer as regras e exceções por meio
das quais a Suprema Corte de Justiça exercerá sua competência recursal e tal
atribuição, como toda competência normativa do Congresso, deve ser exercida
de acordo com o padrão de razoabilidade estabelecido no art. 28.

5.3 Colômbia

5.3.1 Auto 177A-19. A Corte Constitucional da Colômbia discorreu, nesse caso,


sobre o caráter discricionário que a Sala de Seleção⁷ possui para decidir quais
casos serão revisados. O art. 86 da Constituição colombiana estabelece a possi-
bilidade de revisão eventual das decisões pela Corte Constitucional em matéria
de tutela. O julgamento de revisão da tutela é uma das principais competências
do Tribunal, considerando sua responsabilidade por dar a última palavra em juris-
dição constitucional e por guardar a integridade e a supremacia da Constituição.
Contudo, trata-se de um critério de seleção eventual da tutela constitucional. Por
isso, também não cabe recurso dessa decisão e sua inadmissibilidade não implica
ofensa a direitos fundamentais das partes. Esclareceu-se que essa avaliação
implica um estudo de conformidade da decisão à luz dos princípios e fundamen-
tos da Constituição, com o objetivo de unificar a jurisprudência da Corte e traçar
linhas doutrinárias que permitam a solução de futuros casos semelhantes. Isso
não quer dizer que todas as decisões ajuizadas terão pronunciamento da Corte
porque, em princípio, as decisões de instâncias inferiores gozam de presunção de
constitucionalidade. Seria, pois, ineficaz e contrário aos princípios da igualdade,

7
Decreto 2591 de 1991. Artículo 33. Revisión por la Corte Constitucional. La Corte Constitucional
designará dos de sus magistrados para que seleccionen, sin motivación expresa y según su crite-
rio, las sentencias de tutela que habrán de ser revisadas. Cualquier Magistrado de la Corte o el
Defensor del Pueblo, podrá solicitar que se revise algún fallo de tutela excluido por éstos cuando
considere que la revisión puede aclarar el alcance de un derecho o evitar un perjuicio grave. Los
casos de tutela que no sean excluidos de revisión dentro de los 30 días siguientes a su recepción,
deberán ser decididos en el término de tres meses.

155 Sumário
economia e eficiência que o Tribunal se pronunciasse expressamente sobre cada
um dos casos que lhe são encaminhados.

5.3.2 Sentencia C-1716/2000. Caso em que a Corte Constitucional da Colôm-


bia reiterou sua posição afirmando que analisa todos os casos que são submetidos
à Corte, mas não se pronuncia a respeito de todos. Ademais, sistematizou as
razões pelas quais considera que o caráter “eventual” da revisão da tutela não
vulnera o princípio da igualdade e está de acordo com a Constituição⁸.

5.3.3 Sentencias T-001-97; T-003/92⁹. A revisão das decisões de tutela do


Poder Judiciário é atribuição livre e discricionária da Corte Constitucional da
Colômbia para rever as decisões de tutela que são expedidas pelas diversas
repartições judiciárias, a fim de unificar a jurisprudência sobre a matéria e esta-
belecer bases sólidas para outros administradores da justiça decidirem sobre
direitos fundamentais.

5.4 Espanha

5.4.1 STC 155/2009. Recurso de Amparo 7.329/2008. Trata-se do precedente


do Tribunal Constitucional da Espanha que esclareceu, pela primeira vez, o
alcance da expressão “interesse constitucional”. O art. 50.1 b) da Lei Orgânica
do Tribunal estabelece o requisito da “especial transcendência constitucional”
para a admissão do recurso de amparo, com base nos critérios: i) da importância
da causa para a interpretação da Constituição, ii) para sua aplicação ou para sua
eficácia geral, iii) ou para a determinação do conteúdo e alcance dos direitos
fundamentais.¹⁰ Para o Tribunal, o caráter aberto e indeterminado do requi-

8
FERRER, Ana Giacomette. Seleción y revisión de la tutela por la Corte Constitucional: nuevo litígio
constitucional? Biblioteca Jurídica Virtual del Instituto de Investigaciones Juridicas de la UNAM,
p. 424. Disponível em: https://archivos.juridicas.unam.mx/www/bjv/libros/10/4633/18.pdf.

9
LANDA, César. El proceso de amparo en América Latina. Anuario de Derecho Constitucional
Latinoamericano. Año XVII, Montevideo, 2011, p. 207-226, ISSN 1510-4974.
10
GIANNINI, Leandro J. El ‘certiorari’ y la jurisdicción discrecional de los superiores tribunales.
Faculdad de Ciencias Jurídicas y Sociales. Universidad Nacional de La Plata. Tesis doctoral.

156 Sumário
sito confere à Corte ampla margem de discricionariedade para avaliar quando o
recurso de amparo justifica uma decisão de mérito.

5.4.2 STC 169/1999. Recurso de Amparo 1.639/1996. A Lei Orgânica do Tribunal


Constitucional prevê o cabimento de recurso de amparo contra ato judicial desde
que esgotados os recursos possíveis. Assim, além da especial transcendência
constitucional, o Tribunal deve analisar esse requisito. Contudo, a jurisprudência
assentou que, para os fins da exaustão das instâncias ordinárias, não é necessária
a interposição de todos os recursos possíveis e “imagináveis”, mas de todos os
recursos razoavelmente úteis¹¹.

5.5 Estados Unidos

5.5.1 Maryland v. Baltimore Radio Show, 338 U.S. 912 (1950). Decisão da
Suprema Corte dos Estados Unidos que discute o significado do indeferimento
do writ of certiorari¹², esclarecendo que, embora haja grande clamor para que os
motivos do não conhecimento do recurso sejam apresentados, a Corte escolheu
não o fazer por razões de ordem prática, já que isso demandaria um esforço que
retiraria o tempo do Tribunal para cumprir seus deveres mais relevantes. Assim,
uma decisão denegatória do certiorari não poderia ser interpretada como con-
cordância em relação ao mérito da decisão recorrida, mas apenas como uma
indicação de que menos de quatro juízes consideravam desejável rever a decisão.

11
GIL, Andrés Javier Gutiérrez. Comentarios a la ley orgánica 2/1979, de 3 de outubre, del Tribunal
Constitucional. Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2020.
12
A regra 10 da Suprema Corte dos Estados Unidos regula o cabimento do writ of certiorari.

157 Sumário
5.6 Reino Unido

A Suprema Corte do Reino Unido foi estabelecida pela Lei da Reforma Consti-
tucional de 2005 (Constitutional Reform Act). O requisito de admissibilidade é
a demonstração da presença de uma questão de direito de “relevância pública
geral”. Assim como ocorre na Suprema Corte dos Estados Unidos, não há exigên-
cia para fundamentar a decisão de deferimento ou indeferimento do permission
to appeal. A decisão de indeferimento registra brevemente apenas a “ausência de
questão de direito de ampla relevância”, conforme pode-se verificar de decisões
publicadas na página oficial do Tribunal¹³.

5.7 Fontes de pesquisa

Base de Jurisprudência da Comissão de Veneza (Codices – Infobase on Consti-


tution Case Law of the Venice Commission). Disponível em: http://www.codices.
coe.int/NXT/gateway.dll?f=templates&fn=default.htm.

BOROWSKI, Martin. The beginnings of Germany’s Federal Constitutional Court.


Ratio Juris. v. 16, n. 2, junho de 2003. Disponível em: http://www.direitocontem-
poraneo.com/wp-content/uploads/2014/02/The-Beginnings-of-Germany-s-
-Federal-Constitutional-Court.pdf.

COMELLA, Victor Ferreres. Commentary: courts in Latin America and the con-
straints of the Civil Law tradition. Texas Law Review. 1967, v. 89. Disponível em:
https://www.corteidh.or.cr/tablas/r27182.pdf.

COUTO, Mônica Bonetti. A repercussão geral da questão constitucional e seus


reflexos no âmbito do recurso extraordinário do processo civil brasileiro. Tese de
Doutorado em Direito. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo,
2009. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/
cp106922.pdf.

13
Disponível em: https://www.supremecourt.uk/news/permission-to-appeal.html. Acesso em: 3
maio 2022.

158 Sumário
DE ANGELIS, Daniela. Writ of Certiorari e Repercussão Geral no Recurso Extraor-
dinário: considerações acerca da discricionariedade das supremas cortes nor-
te-americana e brasileira. Publicações da Escola da Advocacia-Geral da União.
Disponível em: https://seer.agu.gov.br/index.php/EAGU/article/view/1651/1333.

EUROPEAN COMMISSION FOR DEMOCRACY THROUGH LAW. Role of the con-


stitutional court in the maintenance of the stability and development of the
constitution. Relatado por Ms Eliška Wagnerová. Fevereiro de 2004. Disponível
em: https://www.venice.coe.int/webforms/documents/default.aspx?pdffile=-
CDL-JU(2004)017-e.

FERRER, Ana Giacomette. Selección y revisión de la tutela por la Corte Consti-


tucional: nuevo litigio constitucional? Biblioteca Jurídica Virtual del Instituto de
Investigaciones Juridicas de la UNAM. Disponível em: https://archivos.juridicas.
unam.mx/www/bjv/libros/10/4633/18.pdf.

GIANNINI, Leandro J. El ‘certiorari’ y la jurisdicción discrecional de los superio-


res tribunales. Faculdad de Ciencias Jurídicas y Sociales. Universidad Nacional
de La Plata. Tesis doctoral. Disponível em: http://sedici.unlp.edu.ar/bitstream/
handle/10915/33017/Documento_completo__.pdf?sequence=2&isAllowed=y.
Acesso em: 29 jan. 2021.

MAX-PLANCK-INSTITUT. World Court Digest. Disponível em: https://www.mpil.


de/de/pub/publikationen/archiv/world-court-digest.cfm?fuseaction_wcd=akt-
dat&aktdat=100000000006.cfm.

MARIONINI, Luiz Guilherme. Da Repercussão Geral: o uso virtuoso do poder de


não decidir. RT: São Paulo, 2022.

MARTINUZZI, Alessandro. Taking justice seriously: the problem of courts over-


load and the new model of judicial process. Civil Procedure Review, v. 8, n. 1:65-
106, jan. apr. 2017. ISSN 2191-1339 – www.civilprocedurereview.com. Disponível
em: https://civilprocedurereview.com/blog/editions/taking-justice-seriously-
-the-problem-of-courts-overload-and-the-new-model-of-judicial-process/.

159 Sumário
MELLO, Vitor Tadeu Carramão. A Repercussão Geral e o Writ of Certiorari:
breve diferenciação. Revista da Seção Judiciária do Rio de Janeiro. n. 26, 2009.
Disponível em: https://www.jfrj.jus.br/sites/default/files/revista-sjrj/arquivo/
32-149-1-pb.pdf.

MITIDIERO, Daniel. Cortes superiores e cortes supremas: do controle à inter-


pretação, da jurisprudência ao precedente. RT: São Paulo, 2013.

MONTAÑÉS PARDO, MIGUEL ÁNGEL. La especial transcendencia constitucional


como presupuesto del recurso de amparo.

Recurso extraordinario y recurso de queja Ed. 2017 1ra. entrega: Secretaría de


Jurisprudencia de la Corte Suprema – 1a edición especial – Ciudad Autónoma
de Buenos Aires: Corte Suprema de Justicia de la Nación, 2018. Libro digital,
PDF. Disponível em: https://sj.csjn.gov.ar/sj/suplementos.do?method=ver&-
data=req_2017_1. Acesso em: 28 abr. 2021.

Recurso extraordinario y recurso de queja Ed. 2020 6ra. entrega: Secretaría de


Jurisprudencia de la Corte Suprema – 1a edición especial – Ciudad Autónoma
de Buenos Aires: Corte Suprema de Justicia de la Nación, 2020. Libro digital,
PDF. Disponível em: https://sj.csjn.gov.ar/sj/suplementos.do?method=ver&-
data=req_2020_6_cuest_fed. Acesso em: 28 abr. 2021.

R. Jaeger and Dr. S. Broß. The relations between the constitutional courts and
the other national courts, including the interference in this area of the action of
the European courts Report of the Constitutional Court of the Federal Repub-
lic of Germany. Conference of European Constitutional Courts XIIth Congress.
Disponível em: https://www.confeuconstco.org/reports/rep-xii/Duitsland-EN.
pdf. Acesso em: 28 abr. 2021.

Suprema Corte dos Estados Unidos da América. Disponível em: https://www.


supremecourt.gov/opinions/opinions.aspx.

Tribunal Constitucional Federal da Alemanha. Disponível em: https://www.bun-


desverfassungsgericht.de/DE/Homepage/homepage_node.html.

160 Sumário
VERBIC, Francisco. An overview of civil procedure in Argentina. Civil Procedure
Review. v. 10, n. 2; maio-ago., 2019. ISSN 2191-1339. Disponível em: https://
civilprocedurereview.com/blog/editions/an-overview-of-civil-procedure-in-ar-
gentina-francisco-verbic/. Acesso em: 29 jan. 2021.

ZHOU, Han-Ru. Erga omnes or inter partes? The legal effects of federal courts’
constitutional judgments. Canadian Bar Review, 2019.

161 Sumário
6 – TEMAS DE REPERCUSSÃO GERAL QUE FORAM REANALISADOS
PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ART. 323-B DO RISTF)

A Emenda Regimental 54, de 1º de julho de 2020, acrescentou o art. 323-B ao


Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, possibilitando a revisão do
reconhecimento da repercussão geral quando o mérito do tema ainda não tiver
sido julgado. O artigo ficou assim redigido:

Art. 323-B. O relator poderá propor, por meio eletrônico, a revisão do reconhecimento
da repercussão geral quando o mérito do tema ainda não tiver sido julgado.

O rejulgamento configura importante instrumento da sistemática da repercussão


geral, visto que permite melhor avaliação das decisões tomadas anteriormente no
Plenário Virtual, se for o caso, conferindo, assim, maior segurança e dinamismo
ao procedimento.

A seguir apresentam-se os temas de repercussão geral que foram submetidos


a rejulgamento.

1. Tema 534: ARE 664.575 – Min. Roberto Barroso


Fixação, pelo Tribunal Superior Eleitoral – TSE, do prazo decadencial de 180
dias para a propositura de representações por doação de recursos de campanha
eleitoral acima do limite legal.

Decisão pela existência de repercussão geral

Decisão pela inexistência de


repercussão geral por se tratar de
MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL

Tese fixada: É infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos da ausência de


repercussão geral, a controvérsia relativa à incidência do prazo previsto no art. 32
da Lei nº 9.504/1997 para o ajuizamento de representações fundadas em doa-
ções para campanhas eleitorais acima do limite legal.

162 Sumário
2. Tema 547: ARE 798.908 – Min. Dias Toffoli
Pagamento de mensalidades de instituições privadas de ensino superior de forma
proporcional à quantidade de disciplinas cursadas. Autonomia universitária.
Princípio da defesa do consumidor.

Decisão pela existência de repercussão geral

Decisão pela inexistência de


repercussão geral por se tratar de
MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL

Tese fixada: Aplicam-se os efeitos da ausência de repercussão geral à controvér-


sia relativa ao pagamento de mensalidades de instituições privadas de ensino
superior de forma proporcional à quantidade de disciplinas cursadas.

3. Tema 493: RE 523.086 – Min. Gilmar Mendes

Promoção de professor à classe superior a que pertence.

Decisão pela existência de repercussão geral

Decisão pela inexistência de


repercussão geral

Tese fixada: Não possui repercussão geral a discussão acerca da constitucionali-


dade da progressão funcional prevista na Lei 6.110/94, do Estado do Maranhão.

163 Sumário
4. Tema 79: RE 565.886 – Min. Marco Aurélio

a) Reserva de lei complementar para instituir PIS e COFINS sobre a importação.


b) Aplicação retroativa da Lei nº 10.865/2004.

Decisão pela existência de repercussão geral

Decisão pela existência de repercussão geral

Resultado do rejulgamento: Com a manutenção do reconhecimento de reper-


cussão geral, foi determinada a redistribuição do processo paradigma ao Ministro
Nunes Marques na forma do art. 324, §5°, do RISTF.

5. Tema 507: RE 660.970 – Min. Marco Aurélio

Imposto a incidir sobre operações de secretariado por rádio-chamada.

Decisão pela existência de repercussão geral

Decisão pela inexistência de


repercussão geral

Tese fixada: Não possui repercussão geral a discussão, à luz dos artigos 155,
inciso II, e 156, inciso III, da Constituição Federal, sobre o imposto que deve incidir
sobre operações de secretariado por rádio-chamada atividade de paging.

164 Sumário
6. Tema 321: RE 1.040.229 – Min. Gilmar Mendes

Limites impostos pelo princípio do juiz natural à convolação de ação individual


em um incidente processual, no bojo de ação coletiva em trânsito perante juízo
diverso do originário.

Decisão pela existência de repercussão geral

Decisão pela inexistência de


repercussão geral por se tratar de
MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL

Tese fixada: Não há repercussão geral na controvérsia em que se questiona a


validade de regulamento editado por órgão do Judiciário estadual que, com base
na lei de organização judiciária local, preceitua a convolação de ação individual
em incidente de liquidação no bojo da execução de sentença coletiva proferida
em Juízo diverso do inicial.

7. Tema 481: RE 652.229 – Min. Gilmar Mendes

Direito de brasileiro contratado no exterior como “auxiliar local”, antes da Cons-


tituição Federal de 1988, ao regime jurídico estabelecido pela Lei 8.112/1990.

Decisão pela existência de repercussão geral

Decisão pela inexistência de


repercussão geral por se tratar de
MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL

Resultado do julgamento: “a pretensão deduzida repousa apenas na esfera


da legalidade, manifesto-me pela inexistência de questão constitucional e, por
conseguinte, de repercussão geral. Voto, portanto, pelo não conhecimento do
recurso extraordinário.” (trecho final do voto do Ministro relator)

165 Sumário
8. Tema 449: RE 754.276 – Min. Rosa Weber

Convocação, para o serviço militar, de estudante de medicina dispensado por


excesso de contingente.

Decisão pela existência de repercussão geral

Decisão pela inexistência de


repercussão geral por se tratar de
MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL

Resultado do julgamento: Controvérsia de natureza infraconstitucional, pacifi-


cada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça sob os Temas nº 417 e nº 418 da
sistemática dos recursos repetitivos. Estudantes de Medicina dispensados por
excesso de contingente não estão sujeitos à prestação do serviço militar obri-
gatório, à exceção dos médicos convocados na vigência da Lei nº 12.336/2010
(trecho da ementa do julgamento de 22/3/2021).

9. Tema 502: RE 627.280 – Min. Roberto Barroso

Incidência de IPI sobre bacalhau seco e salgado.

18/11/2011 Decisão pela existência de repercussão geral

Decisão pela inexistência de


repercussão geral por se tratar de
MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL

Tese fixada: É infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos da ausência de


repercussão geral, a controvérsia relativa à incidência de IPI sobre o bacalhau
seco e salgado oriundo de país signatário do GATT.

166 Sumário
Esta obra foi finalizada em maio de
2022, pela Coordenadoria de Difusão
da Informação, vinculada à Secretaria
de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da
Informação, do Supremo Tribunal Federal.
Foi projetada e composta na fonte
Laski Sans.
ISBN 978-65-87 125-53-4

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