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DIREITOS
DOS POVOS
INDÍGENAS
CADERNOS DE JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL:
CONCRETIZANDO DIREITOS HUMANOS
DIREITOS
DOS POVOS
INDÍGENAS
Coordenação Institucional do Projeto João Felipe Menezes Lopes
Gabriel da Silveira Matos Jônatas Andrade
Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi José dos Santos Carvalho Filho
Estêvão André Cardoso Waterloo Karen Luise Vilanova Batista de Souza
Manuelita Hermes Rosa Oliveira Filha Lauren De La Corte
Valter Shuenquener de Araújo Lívia Gil Guimarães
Pedro Felipe de Oliveira Santos Luiz Victor do Espírito Santo Silva
Alexandre Reis Siqueira Freire Natália Dino Castro e Costa
Renata Chiarinelli Laurino
Coordenação Científica da Série Cadernos de
Thiago Gontijo Vieira
Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
Flávia Piovesan Produção Editorial
Mariela Morales Antoniazzi David Duarte Amaral
Patrícia Perrone de Campos Mello Jean Francisco Corrêa Minuzzi
Jorge Luis Villlar Peres
Coordenação da obra
Maria Beatriz Moura de Sá
Gabriela Cristina Braga Navarro
Soraia de Almeida Miranda
Carina Calabria
Thiago Gontijo Vieira
Elaboração de conteúdos
Revisão de textos
Gabriela Cristina Braga Navarro
Carmem Menezes
Carina Calabria
Revisão de provas editoriais
Revisão de conteúdos
Márcia Gutierrez Aben-Athar Bemerguy
Andrea Vaz de Souza Perdigão
Bruna de Bem Esteves Capa e projeto gráfico
Camila Curado Pietrobelli Camila Penha Soares
Clara Lacerda Accioly Flávia Carvalho Coelho
Edinaldo Cesar Santos Junior
Henriqueta Fernanda C. A. F. Lima Diagramação
Iasmin Nascimento Gonçalves Jeovah Herculano Szervinsk Junior
Isabel Penido de Campos Machado Fotografia
Isabelle Cristine Rodrigues Magalhães Carlos Moura
Jean Francisco Correa Minuzzi
Diretoria-Geral
Johaness Eck
Coordenação DMF/UMF
Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi
Diretora Executiva
Natália Albuquerque Dino de Castro e Costa
Chefe de Gabinete
Renata Chiarinelli Laurino
Coordenadora Científica
Flávia Piovesan
Coordenadora Executiva
Andrea Vaz de Souza Perdigão
Equipe
Luiz Victor do Espírito Santo Silva
Camila Curado Pietrobelli
Natália Faria Resende Castro
Alcineide Moreira Cordeiro
Gabinete da Presidência
Paula Pessoa Pereira
Secretaria do Tribunal
Miguel Ricardo de Oliveira Piazzi
Coordenadora da Biblioteca
Luiza Gallo Pestano
Após a identificação dos acórdãos, procedeu-se à sua leitura. Optou-se por trabalhar
com cada acórdão como uma unidade de análise e, dentro dele, com o voto do
relator como elemento central de exame. Foram coletados e catalogados diversos
dados de cada decisão, como fatores de identificação do caso (sigla, número do
processo, requerente, relator e data da decisão), resumo, ementa, tese (sempre
que votada expressamente pelo plenário), trechos da fundamentação do voto do
relator, trechos em que se referenciam entendimentos ou normas do SIDH (item
que se denominou “Diálogo com o SIDH”1) e o dispositivo da decisão. Quando
a fundamentação da decisão tratava de múltiplos subtemas, as transcrições de
trechos foram subdivididas conforme tais subtemas, refletidos no sumário, a fim
de facilitar a consulta.
1
Por “Diálogo entre STF e SIDH”, entenda-se presença de referência expressa e direta ao SIDH e seus órgãos na
decisão. Quando os votos utilizavam conceitos idênticos àqueles utlizados no SIDH, mas não o referenciavam, não
ressaltamos, por tratar-se de referência implícita, sujeita a interpretação.
que se verificava a existência de diálogo com sistemas internacionais de direitos
humanos, tendo em vista que se trata de um dos focos do trabalho.
RESUMOS.....................................................................................................................................21
13. ADPF nº 709 MC-Ref: proteção dos direitos dos povos indígenas à saúde,
à vida e ao território durante a pandemia (Plano Geral de Enfrentamento à
covid-19 para Povos Indígenas)........................................................................................ 129
14. SL nº 1197 AgR / PR: proteção do direito dos povos indígenas às terras
tradicionalmente ocupadas e Usina de Itaipu (indígenas da etnia Ava Guarani).....142
17. ADPF nº 742/DF MC: proteção dos direitos das comunidades quilombolas
durante a pandemia (Plano de Enfrentamento da covid-19 para os Povos
Quilombolas Brasileiros).....................................................................................................157
18. ACO nº 365 AgR/MT: critérios para a validade de prova pericial relacionada
à demarcação de terras indígenas (Parque Indígena do Aripuanã)......................... 166
19. ACO nº 365 /MT: direito dos povos indígenas à terra e alegadas terras
devolutas do Estado (Parque Indígena Grande Aripuanã)..........................................172
20. ADPF nº 709 TPI-Ref: direito dos povos indígenas à vida e à integridade
pessoal durante a pandemia (Terras Indígenas Yanomami e Munduruku) .......... 180
21. ARE nº 1321559 AgR/RS: direito de acampamento indígena ao acesso à
energia elétrica (Comunidade Indígena Guarani)....................................................... 186
• ADI 6062 MC
Acesso à justiça e exigência de coerência funcional
aos órgãos que garantem a proteção dos direitos
de povos tradicionais
• SL 995 AgR/AM
Direito à consulta livre, prévia e informada
• ADPF 742/DF
Proteção dos direitos das comunidades
quilombolas durante a pandemia
(Plano de Enfrentamento da COVID-19
para os Povos Quilombolas Brasileiros)
Legenda:
Direito à Consulta Livre, Prévia e Informada
Direito à Propriedade Coletiva
Direitos Civis e Políticos
Direitos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais
Direito e Economia
Tutela Judicial Efetiva e Garantias Judiciais (Acesso à Justiça)
RESUMOS
1. P
ET nº 3388: regime constitucional para a demarcação de terras
indígenas (Caso Raposa Serra do Sol)
Trata-se de recurso extraordinário com repercussão geral (tema 999) tendo por
objeto acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferido em ação civil pública
ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPF). Na referida ação, objetivou-se
a reparação de danos materiais, morais e ambientais decorrentes de invasões
de área indígena ocupada pela comunidade Ashaninka-Kampa do Rio Amônia.
10. M
S nº 34199 AgR: descabimento de mandado de segurança para
debater a posse indígena e terras indígenas como bens fora do
comércio (Terra Indígena Pequizal do Naruvôtu)
13. ADPF nº 709 MC-Ref: proteção dos direitos dos povos indígenas
à saúde, à vida e ao território durante a pandemia (Plano Geral de
Enfrentamento à covid-19 para Povos Indígenas)
14. SL nº 1197 AgR / PR: proteção do direito dos povos indígenas às
terras tradicionalmente ocupadas e Usina de Itaipu (indígenas da etnia
Ava Guarani)
Trata-se de agravo regimental em ação rescisória. O agravo teve por objeto deci-
são monocrática do STF que negou seguimento à ação rescisória, por meio da
qual se pretendia rescindir decisão que declarou nulo processo administrativo de
demarcação de terras indígenas. O Pleno do STF deu provimento ao agravo para
dar seguimento à ação rescisória. Invocaram-se os direitos de acesso à justiça e ao
reconhecimento de personalidade jurídica às comunidades indígenas, conforme
artigos 5º, XXXV, 231 e 232 da Constituição Federal.
19. ACO nº 365 /MT: direito dos povos indígenas à terra e alegadas terras
devolutas do Estado (Parque Indígena Grande Aripuanã)
Trata-se de ação cível originária, tendo por objetivo obter indenização, por desa-
propriação indireta, de alegadas terras devolutas estaduais que teriam sido esbu-
lhadas pelas rés para compor o perímetro do Parque Indígena do Aripuanã. O STF
julgou os pedidos improcedentes, com base no fundamento de que há prova da
presença tradicional indígena na Área Indígena Grande Aripuanã (Parque Indígena
Grande Aripuanã) e de que não há prova de que ditas áreas foram incorporadas ao
patrimônio imobiliário do Estado de Mato Grosso na condição de terras devolutas.
20. ADPF nº 709 TPI-REF: direito dos povos indígenas à vida e à integridade
pessoal durante a pandemia (Terras Indígenas Yanomami e Munduruku)
Trata-se de agravo regimental tendo por objeto decisão mediante a qual se negou
seguimento ao recurso extraordinário com agravo, em razão da incidência do
enunciado 279 da Súmula do STF. O STF negou provimento ao agravo regimental
com fundamento na inadequação do recurso extraordinário como instrumento
para revisão de prova ou debate de matéria infraconstitucional, reconhecendo
possibilidade de o poder judiciário determinar, em situações excepcionais, a
adoção de medidas que garantam direitos constitucionais (no caso, acesso de
acampamento indígena à energia elétrica).
PET nº 3388
1.2 Resumo
1.3 Ementa
1.4 Tese
1.5 Fundamentação
Terras indígenas:
elementos constitutivos
Cosmovisão indígena e
desenvolvimento econômico
Marco temporal
A tradicionalidade
da ocupação
Políticas públicas
e integração
Continuidade das
terras indígenas
Presença simultânea
de não-índios
e infraestrutura
Terras indígenas
e meio ambiente
Participação indígena
no processo de demarcação
O laudo antropológico
1
Embora o termo “índios” tenha sido utilizado acima, em observância ao trecho da fundamentação de voto transcrito
em seguida, atualmente o STF usa preferencialmente “povos indígenas” para referenciar os membros de tal população.
“[T]odas ‘as terras indígenas’ versadas pela nossa Constituição fazem parte
de um território estatal-brasileiro sobre o qual incide, com exclusividade,
o Direito nacional. Não o Direito emanado de um outro Estado soberano,
tampouco o de qualquer organismo internacional, a não ser mediante
convenção ou tratado que tenha por fundamento de validade a Consti-
tuição brasileira de 1988. Mais claramente falando, cada terra indígena
de que trata a Constituição brasileira está necessariamente encravada no
território nacional. Todas elas são um bem ou propriedade física da União.”
Marco temporal 2
“Aqui, é preciso ver que a nossa Lei Maior trabalhou com data certa: a
data da promulgação dela própria (5 de outubro de 1988) como insubs-
tituível referencial para o reconhecimento, aos índios, ‘dos direitos sobre
as terras que tradicionalmente ocupam’. Terras que tradicionalmente
ocupam, atente-se, e não aquelas que venham a ocupar. Tampouco as
terras já ocupadas em outras épocas, mas sem continuidade suficiente
2
A tese do marco temporal, que prevaleceu no julgado em exame, é controvertida atualmente. Representações
indígenas entendem que a forma como vem sendo interpretada e aplicada funciona como óbice ilegítimo à regu-
larização de terras indígenas, em especial quando comunidades nativas foram esbulhadas de tais áreas e impedidas
de retornar, apesar de permanecerem espiritual e culturalmente vinculadas a elas. A questão está sendo revisitada
pelo Supremo Tribunal Federal no RE nº 1017365, Rel. Min. Edson Fachin, ainda em julgamento.
A tradicionalidade da ocupação
3
A ideia de integração do indígena à cultura dominante é baseada em um paradigma assimilacionista ultrapassado.
O paradigma contemporâneo é inspirado na proteção à sua identidade cultural e no diálogo entre culturas, com
respeito à diversidade cultural.
O laudo antropológico
Voto do Ministro Marco Aurélio: “Nesse ponto, valho-me da opinião dos pro-
fessores S. James Anaya e Robert A. Williams Jr., externada em artigo veiculado em
publicação jurídica da Universidade de Harvard (tradução livre):
4
ANAYA, James; WILLIAMS JÚNIOR, Robert A. The Protection of Indigenous People’s Rights over Lands and Natural
Resources Under the Inter-American Human Rights System. In: Harvard Human Rights Journal. Disponível em: http://
www.law.harvard.edu/students/orgs/hrj/iss14/williams.shtml#Heading388. Acesso em 15 de janeiro de 2009.
faiscação, devendo, se for o caso, ser obtida a permissão de lavra garimpeira; (v)
o usufruto dos índios não se sobrepõe ao interesse da política de defesa nacional;
a instalação de bases, unidades e postos militares e demais intervenções militares,
a expansão estratégica da malha viária, a exploração de alternativas energéticas
de cunho estratégico e o resguardo das riquezas de cunho estratégico, a critério
dos órgãos competentes (Ministério da Defesa e Conselho de Defesa Nacional),
serão implementados independentemente de consulta às comunidades indígenas
envolvidas ou à FUNAI; (vi) a atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal na
área indígena, no âmbito de suas atribuições, fica assegurada e se dará indepen-
dentemente de consulta às comunidades indígenas envolvidas ou à FUNAI; (vii) o
usufruto dos índios não impede a instalação, pela União Federal, de equipamentos
públicos, redes de comunicação, estradas e vias de transporte, além das construções
necessárias à prestação de serviços públicos pela União, especialmente os de saúde
e educação; (viii) o usufruto dos índios na área afetada por unidades de conser-
vação fica sob a responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade; (ix) o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
responderá pela administração da área da unidade de conservação também afetada
pela terra indígena com a participação das comunidades indígenas, que deverão
ser ouvidas, levando-se em conta os usos, tradições e costumes dos indígenas,
podendo para tanto contar com a consultoria da FUNAI; (x) o trânsito de visitan-
tes e pesquisadores não-índios deve ser admitido na área afetada à unidade de
conservação nos horários e condições estipulados pelo Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade; (xi) devem ser admitidos o ingresso, o trânsito
e a permanência de não-índios no restante da área da terra indígena, observadas
as condições estabelecidas pela FUNAI; (xii) o ingresso, o trânsito e a permanência
de não-índios não pode ser objeto de cobrança de quaisquer tarifas ou quantias
de qualquer natureza por parte das comunidades indígenas; (xiii) a cobrança de
tarifas ou quantias de qualquer natureza também não poderá incidir ou ser exigida
em troca da utilização das estradas, equipamentos públicos, linhas de transmissão
de energia ou de quaisquer outros equipamentos e instalações colocadas a serviço
2. P
ET nº 3388 ED: regime constitucional
para a proteção de terras indígenas e
efeitos limitados ao caso (Caso Raposa
Serra do Sol)
PET nº 3388-ED
2.2 Resumo
2.3 Ementa
2.4 Tese
2.5 Fundamentação
Preservação cultural e
liberdade de escolha dos
povos indígenas Efeitos dos critérios de
demarcação e ressalvas
afirmados no voto restritos
ao caso concreto
Direito à consulta
Ocupação indígena e
tutela ao meio ambiente
“No entanto, nem por isso se deve supor – incidindo no equívoco oposto
– que a Constituição tenha o papel de proteger os índios contra suas
Mineração e extrativismo
Direito à consulta
ADI nº 4269 / DF
3.2 Resumo
3.3 Ementa
3.4 Tese
3.5 Fundamentação
Objetivos gerais da regularização
fundiária e da proteção ambiental
Regularização fundiária em territórios
quilombolas e de comunidades tradicionais
5
CF: “Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individual-
mente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem: (...) II - os modos de criar, fazer e viver;” ADCT: “Art. 68. Aos remanescentes
das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo
o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.”
6
Decreto nº 4.887/2003: “Art. 2o Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste
Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de
relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão
histórica sofrida.”
7
Decreto nº 6.040/2007: “Art. 3o Para os fins deste Decreto e do seu Anexo compreende-se por: I- Povos e Co-
munidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas
próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução
cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos
pela tradição; II- Territórios Tradicionais: os espaços necessários a reprodução cultural, social e econômica dos povos
e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma permanente ou temporária, observado, o que diz respeito
aos povos indígenas e quilombolas, respectivamente, o que dispõem os arts. 231 da Constituição e 68 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias e demais regulamentações.”
8
Convenção nº 169 da OIT, Artigo 13: “1. Ao aplicarem as disposições desta parte da Convenção, os governos
deverão respeitar a importância especial que para as culturas e valores espirituais dos povos interessados possui a
sua relação com as terras ou territórios, ou com ambos, segundo os casos, que eles ocupam ou utilizam de alguma
maneira e, particularmente, os aspectos coletivos dessa relação. 2. A utilização do termo “terras” nos Artigos 15 e 16
deverá incluir o conceito de territórios, o que abrange a totalidade do habitat das regiões que os povos interessados
ocupam ou utilizam de alguma outra forma”; “Artigo 14 1. Dever-se-á reconhecer aos povos interessados os direi-
tos de propriedade e de posse sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Além disso, nos casos apropriados,
deverão ser adotadas medidas para salvaguardar o direito dos povos interessados de utilizar terras que não estejam
exclusivamente ocupadas por eles, mas às quais, tradicionalmente, tenham tido acesso para suas atividades tradi-
cionais e de subsistência. Nesse particular, deverá ser dada especial atenção à situação dos povos nômades e dos
agricultores itinerantes. 2. Os governos deverão adotar as medidas que sejam necessárias para determinar as terras
que os povos interessados ocupam tradicionalmente e garantir a proteção efetiva dos seus direitos de propriedade
e posse. 3. Deverão ser instituídos procedimentos adequados no âmbito do sistema jurídico nacional para solucionar
as reivindicações de terras formuladas pelos povos interessados.”
ADI nº 3239
Requerente: DEM
Recorridos: Presidente da República, Congresso Nacional
Redatora para o acórdão: Ministra Rosa Weber
Julgamento 08.02.2018
4.2 Resumo
4.3 Ementa
4.4 Tese
4.5 Fundamentação
A constitucionalidade formal do Decreto
Conceito de quilombolas
9
Referência identificada no voto como: “Cfr.: DIMOULIS, Dimitri; MARTINS, Leonardo. Teoria Geral dos Direitos Fun-
damentais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. ‘(...) o Estado teria para cada direito fundamental os deveres
de observar e proteger. A observância refere-se à abstenção de comportamento lesivo próprio, ou seja, refere-se à
obrigação de não intervenção nas esferas individuais protegidas. A proteção refere-se à ação do Estado do intuito
de proteger ativamente os direitos fundamentais em face das possíveis inobservâncias de particulares. Em suma, ao
Estado seria imposto o dever de tutela fundado nos direitos fundamentais (grundrechtliche Schuzpflicht). O Estado deve
forçar o respeito aos direitos fundamentais, impondo a omissão de condutas violadoras provenientes de particulares.’
10
Obra identificada no voto como: SILVA, Claudio Teixeira da. O usucapião singular disciplinado no art. 68 do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias In Revista de Direito Privado, vol. 11, julho-2002.
Conceito de quilombolas
11
Corte Constitucional da África do Sul, caso CCT 11/00, Governo da República da África do Sul e Outros vs Irene
Grootboom e Outros.
12
Obra identificada no voto como: BODEI, Remo. Livro da Memória e da Esperança. São Paulo: EDUSC, 2004.
13
Obra identificada no voto como: WALDRON, Jeremy. A Dignidade da Legislação. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Obra identificada no voto como: ASSIS, Alexandre Caminho de; MELO, Paula Balduino. A Questão Quilombola
14
15
Obra identificada no voto como: FRASER, Nancy. Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça numa
era “pós-socialista” In Cadernos de campo, v.15, n. 14/15, São Paulo: jan-dez/2006.
16
Obra identificada no voto como: FRASER, 2006.
comunal dos povos indígenas sobre as terras por eles ocupadas, jamais havia sido
regulado procedimento especifico para permitir o exercício desse direito. Senten-
ciou a Corte Interamericana que o Estado demandado – a Nicarágua – equipasse
o seu direito interno com mecanismos para efetivar a delimitação e a titulação da
propriedade dos povos tradicionais, em conformidade com seus costumes, fosse
por medidas legislativas, fosse por medidas administrativas ou de qualquer outro
caráter – justamente por se tratar de direito fundamental.”
CtDH. Caso do Povo Saramaka vs. Suriname. Sentença de 28 de novembro de 2007 (Exceções Preliminares, Mérito,
17
RE nº 1017365 RG/SC
5.2 Resumo
18
Sobre a teoria do marco temporal, v. comentários à Pet 3888, Rel. Min. Ayres Britto, neste caderno (supra).
5.3 Ementa
5.4 Tese
5.5 Fundamentação
“De fato, entre os anos de 2008 e 2009, esta Corte debruçou-se sobre
o caso Raposa Serra do Sol, na Pet 3.388, decisão essa que apreciou
a questão da demarcação das terras indígenas, em especial no Estado
de Roraima, intentando assegurar aos índios as terras que ocupavam de
modo tradicional, bem como seu modo de vida, estabelecendo dezenove
condicionantes para o reconhecimento da tradicionalidade da ocupação
indígena em área cuja demarcação se pretende, no propósito de promover
a pacificação dessa grave questão étnica e social.”
6.2 Resumo
6.3 Ementa
indígenas’, constante do art. 21, § 2°; e (iii) ‘observado o disposto no inciso XIV do
caput e no § 2° do art. 21’, constante do art. 37, inciso XXI. 5. A rejeição da MP nº
870/2019 pelo Congresso Nacional e a medida cautelar ora deferida implicam
a manutenção da vinculação da FUNAI ao Ministério da Justiça, competindo-lhe
proteger e promover os direitos dos povos indígenas e dar cumprimento ao man-
damento constitucional de demarcação das suas terras.”
6.4 Tese
6.5 Fundamentação
19
Corte IDH. Caso do Povo Indígena Xucuru e seus membros Vs. Brasil. Sentença de 5 de fevereiro de 2018 (Exceções
Preliminares, Mérito, Reparações e custas). Série C Nº. 346, 2018.
SL nº 995 AgR
7.2 Resumo
7.3 Ementa
suspensão proferida há vários anos pela corte regional. Obra em estado adiantado.
Agravo regimental não provido. 1. A suspensão do licenciamento e das obras de
construção de linha de transmissão elétrica, de forma abrupta, tem o potencial de
acarretar graves lesões à economia pública. 2. A concessão, pela Corte Regional,
da pretendida suspensão, permitiu que referida obra atingisse avançado estágio,
sendo certo que não houve efetiva demonstração da presença dos requisitos legais
para fundamentar a pretendida suspensão. 3. Agravo regimental não provido.”
7.4 Tese
7.5 Fundamentação
“Impende salientar, por fim, que a obra aqui retratada estava em adian-
tado estado e, certamente, muito ainda progrediu em virtude do não
acolhimento do pedido de suspensão, decorridos mais de três anos
desde seu ajuizamento.”
8. R
E nº 654833/AC: imprescritibilidade
de pretensão de reparação civil de dano
ambiental (Comunidade Ashaninka-
Kampa do Rio Amônia)
RE nº 654833 / AC
8.2 Resumo
Trata-se de recurso extraordinário com repercussão geral (tema 999) tendo por
objeto acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferido em ação civil pública
ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPF). Na referida ação objetivou-se a
reparação de danos materiais, morais e ambientais decorrentes de invasões de
área indígena ocupada pela comunidade Ashaninka-Kampa do Rio Amônia. O
STF reconheceu, na hipótese, a imprescritibilidade de pretensão de reparação
civil de dano ambiental.
8.3 Ementa
8.4 Tese
8.5 Fundamentação
“Por fim, veja-se que o artigo 5º, §2º, da CF/88 prevê que os direitos e
garantias expressos na Magna Carta não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
em que o Brasil seja parte. Logo, sendo o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado previsto tanto na Constituição como em
diversos tratados internacionais, torna-se inconteste seu caráter fundamental.”
20
Trecho citado no voto em referência à decisão: ARE 1.044.168, DJe de 2/2/2018.
“De todos esses dados, podemos afirmar com precisão que os danos
ambientais causados por falha humana são, muitas vezes, projetados
para o futuro, de forma que apenas depois de anos saberemos seus
reais impactos no meio ambiente e para a coletividade. Veja-se que, no
caso dos autos, entre os anos de 1981 e 1987, os recorrentes retiraram
ilegalmente grande quantidade de árvores da Terra Indígena Kampa
do Rio Amônea. O desmatamento causou prejuízo irremediável para a
Comunidade Indígena que vive no local.”
Corte IDH. Caso do Povo Indígena Kichwa de Sarayaku Vs. Equador. Sentença de 27 de junho de 2012 (Mérito e
21
SL nº 610 AgR-2ºJULG
9.2 Resumo
9.3 Ementa
9.4 Tese
9.5 Fundamentação
MS nº 34199 AgR
10.2 Resumo
10.3 Ementa
10.4 Tese
10.5 Fundamentação
ninguém pode tornar-se dono de uma terra ocupada por índios. Todas as
terras ocupadas por indígenas pertencem à União, mas os índios têm direito
à posse permanente dessas terras e a usar e consumir com exclusividade
todas as riquezas que existem nelas. Quem tiver adquirido, a qualquer tempo,
mediante compra, herança, doação ou algum outro título, uma terra ocupada
por índios, na realidade não adquiriu coisa alguma, pois estas terras pertencem
à União e não podem ser negociadas. Os títulos antigos perderam todo o
valor, dispondo a Constituição que os antigos titulares ou seus sucessores
não terão direito a qualquer indenização.22”
“É por tal razão que já se decidiu, no regime constitucional anterior – em que havia
norma semelhante (CF/69, art. 198, § 1º) à que hoje se acha consubstanciada no
art. 231, §6º, da Constituição de 1988 –, que a existência de eventual registro
22
Obra identificada no voto como: DALLARI, Dalmo.de Abreu. O que são os Direitos das Pessoas”, Editora:abril
cultural brasiliense. 1984, p. 54-55.
SL 975 nº MC-ED-AgR
11.2 Resumo
11.3 Ementa
11.4 Tese
11.5 Fundamentação
23
Trecho citado no voto da decisão agravada.
24
Trecho citado no voto da decisão agravada.
SS nº 4243 AgR / MS
12.2 Resumo
12.3 Ementa
12.4. Tese
25
Trecho citado no voto em referência à decisão do Ministro Cezar Peluso, e-doc nº 41.
“O Tribunal, por maioria, negou provimento aos agravos regimentais, nos termos do
voto do Relator, Ministro Dias Toffoli (Presidente), vencido o Ministro Marco Aurélio.”
13.2 Resumo
13.5 Fundamentação
Direito à saúde
Diálogo institucional em
matéria de política pública
Diálogo intercultural em
matéria de política pública
envolvendo povos indígenas
Dever estatal de
remoção de invasores
Proteção territorial
de povos isolados
Desenvolvimento
econômico sustentável
Direito à saúde
Voto do Ministro Luís Roberto Barroso: “De acordo com diretrizes internacionais
da ONU e da Comissão IDH, a medida protetiva mais eficaz a ser tomada em favor
de tais povos [povos indígenas em isolamento voluntário] é assegurar-lhes o isola-
mento da sociedade envolvente, por meio de barreiras ou cordões sanitários que
impeçam – inclusive com o uso da força, se necessário – o acesso de estranhos
às suas terras. [Cita Resolução 02/2020 da CIDH]”
26
Caso de la Comunidad Mayagna (Sumo) Awas Tingni Vs. Nicaragua. Sentencia de 31/08/2001; Corte Interameri-
cana de Direitos Humanos. Caso Comunidad Garífuna de Punta Piedra y sus Miembros Vs. Honduras. Sentencia de
08/10/2015 e Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso Fernández Ortega y outros vs. México. Sentencia
de 30/08/2010.
27
Caso Comunidad Indígena Yakye Axa Vs. Paraguay. Sentencia 17/06/2005, § 63; Caso Comunidad Indígena
Sawhoyamaxa Vs. Paraguay. Sentencia de 29/03/2006, § 83; Caso del Pueblo Saramaka. Vs. Surinam. Sentencia
de 28/11/2007, § 178; Caso Tiu Tojín Vs. Guatemala. Sentencia de 26/11/ 2008, § 96.
SL nº 1197 AgR
14.2 Resumo
28
Trata-se de caso complexo que envolve diversas decisões emitidas por diferentes jurisdições. Para esse caderno, foi
selecionada exclusivamente a decisão que preenchia os critérios metodológicos pré-estabelecidos, mas o STF também
já se pronunciou nesse caso, por meio das decisões monocráticas SL 218, SL 218-MC e Rcl 38570, dentre outras.
14.3 Ementa
14.4 Tese
AR nº 2750 MC-Ref
15.2 Resumo
15.4 Tese
15.5 Fundamentação
29
Trecho citado no voto em referência à decisão ACO 1100, Rel. Min. Edson Fachin, decisão monocrática, DJe 1º.3.2016.
AR nº 2686 AgR
16.2 Resumo
Trata-se de agravo regimental em ação rescisória. O agravo teve por objeto deci-
são monocrática do STF que negou seguimento à ação rescisória, por meio da
qual se pretendia rescindir decisão que declarou nulo processo administrativo de
demarcação de terras indígenas. O Pleno do STF deu provimento ao agravo para
dar seguimento à ação rescisória. Invocaram-se os direitos de acesso à justiça e ao
30
O caso em questão está submetido à análise da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que, em 2019,
emitiu medidas cautelares recomendando ao Estado brasileiro que assegurasse a proteção dos direitos à vida, inte-
gridade pessoal, identidade cultural e acesso a serviços básicos do povo indígena Guarani Kaiowá da Terra Indígena
Guyraroká, localizada em Caarapó (MS). Veja-se: Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Resolução 47/2019.
Disponível em: https://www.oas.org/es/cidh/decisiones/pdf/2019/47-19MC458-19-BR.pdf
16.3 Ementa
16.4 Tese
16.5 Fundamentação
ADPF nº 742/DF MC
17.2 Resumo
17.4 Tese
17.5 Fundamentação 31
31
Como esclarecido nas notas metodológicas deste caderno, a análise da fundamentação dos demais casos incluiu
apenas a transcrição de trechos do voto do relator ou, caso vencido, do voto do redator para o acórdão. Entretanto,
tal sistemática foi excepcionada na presente ADPF 742, dado que a divergência entre relator e redator para o acórdão
foi mínima, e que o voto vencido do relator trazia uma extensa argumentação que não era objeto de discordância.
Por essa razão, transcrevemos excepcionalmente, abaixo, votos de ambos, com identificação das respectivas autorias.
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Obra identificada no voto como: SARMENTO, Daniel. Dar voz a quem não tem voz: por uma nova leitura do art.
103, IX, da Constituição. In: SARMENTO, Daniel. O direito constitucional como arte marcial. Rio de Janeiro: Forense,
2015, no prelo.
33
Obra identificada no voto como: SARMENTO, Daniel. Dar voz a quem não tem voz: por uma nova leitura do art.
103, IX, da Constituição. In: SARMENTO, Daniel. O direito constitucional como arte marcial. Rio de Janeiro: Forense,
2015, no prelo.
“[...]. Em que pese a atenção que o Supremo deve ter em favor das
reivindicações sociais majoritárias, não pode esquecer a missão de
defender minorias, o papel contramajoritário de reconhecer direitos
daqueles que a sociedade marginaliza e os poderes políticos olvidam,
ou fazem questão de ignorar.”
18.2 Resumo
18.4 Tese
[…]
ACO nº 365
19.2 Resumo
Trata-se de ação cível originária, tendo por objetivo obter indenização, por desa-
propriação indireta, de alegadas terras devolutas estaduais que teriam sido esbu-
lhadas pelas rés para compor o perímetro do Parque Indígena do Aripuanã. O STF
julgou os pedidos improcedentes, com base no fundamento de que há prova da
presença tradicional indígena na Área Indígena Grande Aripuanã (Parque Indígena
Grande Aripuanã) e de que não há prova de que ditas áreas foram incorporadas ao
patrimônio imobiliário do Estado de Mato Grosso na condição de terras devolutas.
19.4 Tese
19.5 Fundamentação
Terras devolutas
Parâmetros para determinação de terras
tradicionalmente ocupadas por indígenas
Teoria do indigenato
“De tudo o que acima foi exposto, enfim, sobressai a justa convicção
de que as terras do Parque do Aripuanã e as Terras Indígenas Aripuanã,
Serra Morena, Roosevelt, Sete de Setembro e Zoró, em toda a sua
amplitude, correspondem a terras tradicionalmente ocupadas por
povos indígenas, em conformidade com os preceitos do artigo 231 da
Constituição Federal de 1988, bem como das anteriores – posto que,
como se demonstrou ao logo deste laudo, estas terras são ‘por eles
habitadas em caráter permanente’, são ‘utilizadas para suas atividades
produtivas’, são ‘imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais
Teoria do indigenato
Não quero chegar até o ponto de affirmar, como P. J Proudhon, nos Essais
d'une philos. populaire, que - ‘o indigenato é a única verdadeira fonte
jurídica da posse territorial’; mas, sem desconhecer as outras fontes, já os
philosophos gregos affirmavam que o indigenato é um título congênito, ao
passo que a occupação é um título adquirido. Conquanto o indigenato não
seja a única verdadeira fonte jurídica da posse territorial, todos reconhecem
que é, na phrase do Alv. de 1. º de Abril de 1680, ‘a primária, naturalmente e
virtualmente reservada’; ou, na phrase de ARISTÓTELES (Polít., I, n. 8), - ‘um
estado em que se acha cada ser a partir do momento do seu nascimento’.
Por conseguinte, o indigenato não é um facto dependente de legitimação,
ao passo que a occupação, como facto posterior, depende de requisitos que
a legitimem.’ (ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. Os indígenas do Brasil e
seus direitos individuais e políticos, SãoPaulo, Typ. Hennies Irmãos, 191234 ”.
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Obra identificada no voto como: ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. Os indígenas do Brasil e seus direitos
individuais e políticos, São Paulo, Typ. Hennies Irmãos, 1912.
20.2 Resumo
20.3 Ementa
20.4 Tese
“Assiste razão, ainda, aos requerentes no sentido de que, diante de tais indícios e
do risco de contágio e morte, a decisão proferida neste feito deve se basear nos
princípios constitucionais da prevenção e da precaução, conforme jurisprudência
consolidada nesta Corte. Nesse sentido: ADI 5.592, Rel. p/ acórdão Min. Edson
Fachin; ADI 4.066, Rel. Min. Rosa Weber; RE 627.189, Rel. Min. Dias Toffoli. De
fato, ainda que pudesse haver qualquer dúvida sobre a ameaça aos bens e direitos
já aludidos, os elementos apresentados são suficientes para recomendar que se
adotem medidas voltadas à proteção de tais povos.”
“Além disso, o risco à vida, à saúde e à segurança de tais povos se agrava ante a
recalcitrância e a falta de transparência que tem marcado a ação da União neste
feito, o que obviamente não diz respeito a todas as autoridades que oficiam no
processo, muitas das quais têm empenhado seus melhores esforços, mas diz res-
peito a algumas delas, suficientes para comprometer o atendimento a tais povos.
Não há dúvida, ademais, do evidente perigo na demora, dado que todo tempo
transcorrido pode ser fatal e implicar conflitos, mortes ou contágio.”
Voto do Ministro Luís Roberto Barroso: “No que se refere a ambas as Terras
Indígenas, os requerentes relatam igualmente o deferimento de cautelares pela
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a saber: Medida Cautelar
n. 563-20, pertinente aos Membros dos Povos Indígenas Yanomami e Ye’kwana,
de 17 de julho de 2020; e Medida Cautelar n. 679-20, pertinente aos Membros do
Povo Indígena Mundurucu, de 11 de dezembro de 2020. Transcrevem-se, abaixo,
trechos relevantes de tais cautelares.”
ARE nº 1321559 / RS
21.2 Resumo
Trata-se de agravo regimental tendo por objeto decisão mediante a qual se negou
seguimento ao recurso extraordinário com agravo, em razão da incidência do
enunciado 279 da Súmula do STF. O STF negou provimento ao agravo regimental
com fundamento na inadequação do recurso extraordinário como instrumento
para revisão de prova ou debate de matéria infraconstitucional, reconhecendo
possibilidade de o poder judiciário determinar, em situações excepcionais, a
adoção de medidas que garantam direitos constitucionais (no caso, acesso de
acampamento indígena à energia elétrica).
21.4 Tese
“Em que pesem os argumentos expendidos no agravo, resta evidenciado que a parte
agravante não trouxe nenhum capaz de infirmar a decisão hostilizada, razão pela
qual deve ela ser mantida, por seus próprios fundamentos. Com efeito, analisados
os autos, colhe-se do voto condutor do acórdão atacado na via extraordinária a
seguinte fundamentação, in verbis: […]
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Trecho citado no voto como: RE 1302362 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe de 14-06-2021.
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Trecho citado no voto como: ARE 1314072 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, Segunda Turma, DJe de 10-06-2021.
SL nº 1156 AgR
22.2 Resumo
22.5 Fundamentação
SL nº 1355 AgR-segundo
23.2 Resumo
23.4 Tese