Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
br
Editor
João Luiz da Silva Almeida
Conselheiros Beneméritos
Denis Borges Barbosa (in memoriam) | Marcos Juruena Villela Souto (in memoriam)
Filiais
Sede: Rio de Janeiro Maceió
Rua Newton Prado, n° 43 (Divulgação)
CEP: 20930-445 Cristiano Alfama Mabilia
São Cristóvão cristiano@lumenjuris.com.br
Rio de Janeiro – RJ Maceió – AL
Tel. (21) 2580-7178 Tel. (82) 9-9661-0421
Editora Lumen Juris
Rio de Janeiro
2023
Copyright © 2023 by Phablo Freire
Produção Editorial
Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
F866d
Freire, Phablo
Dogma e discurso / Phablo Freire. – Rio de Janeiro : Lumen
Juris, 2023.
160 p. ; 21 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-519-2533-1
CDD 340.1
Prefácio...............................................................................................1
Parte I
1 Pensamento Sistêmico: Funcionalismo e
Emergentismo.................................................................................7
Parte II
3 O Dogma.......................................................................................83
3.1 Dogma e Antinomialismo.....................................................93
4 O Discurso Jurídico...................................................................105
4.2 Prática Discursiva Jurídica.................................................. 110
V
4.3 Ordem do Discurso Jurídico e Redes de Ordens
do Discurso............................................................................ 116
4.4 Investimento político ideológico no discurso jurídico,
interpelação dos sujeitos e os poderes causais..................126
Bibliografia.....................................................................................145
VI
Prefácio
1
Phablo Freire
2
Dogma e Discurso
3
Parte I
1 Pensamento Sistêmico:
Funcionalismo e Emergentismo
1 O argumento sobre tal dicotomia foi extraído do prefácio elaborado por José Engrácia
Antunes para a versão portuguesa da obra O Direito como sistema autopoiético de
Gunther Teubner.
2 Voltaremos nessa noção de ideia da positividade do direito, como paradigma ainda
fortemente em curso, quando ventilarmos aspectos das argumentações teóricas de
Luis Alberto Warat.
3 Foram considerados para este texto apenas as obras em suas respectivas versões
publicadas em português: Sociologia do Direito 1 [1983]; Sociologia do Direito II
[1985] e O direito da sociedade [2016].
7
Phablo Freire
4 Em 1964, Luhmann pulicou seu primeiro trabalho: Funktiones und Folgen Formaler
Organisation, dedicado a analisar os problemas sociais a partir do uso da “Teoria
de Sistemas”. Em 1972, Niklas Luhmann publica Rechtssoziologie I (em português
publicado sob o título de Sociologia do direito I, pela primeira vez no ano de
1983). No mesmo ano, 1972, publica Rechtssoziologie II (em português: Sociologia
do direito II, de 1985) e mais adiante, em 1981, publica a obra Ausdifferenzierung
des Rechts. Beiträge zur Rechtssoziologie und Rechtstheorie (em português: A
diferenciação do direito. Contribuições para a sociologia e a teoria do direito’).
5 Com efeito, no texto consultado, traduzido para o Português, Teubner não faz a
afirmação generalista que emprego aqui. Em lugar de referir-se à Teoria Jurídica
Clássica, Teubner faz menção à Teoria Constitucional. No entanto, o debate sobre
o impacto das Teorias Sociais na Teoria do Direito é por ele desenvolvido em obras,
como O direito como sistema autopoiético e Direito, Sistema e Policontexturalidade.
6 Gunther Teubner, Constitucionalismo social, 2016, p. 129-130.
8
Dogma e Discurso
9
Phablo Freire
13 Ibidem, p. 66.
14 Ibidem, p. 67.
15 Nesse ponto, Teubner apresenta os conceitos de auto-observação, autoconstituição
e autorreprodução. 1989, p. 68.
16 Gunther Teubner, O direito como sistema autopoiético, 1989, p. 77.
10
Dogma e Discurso
17 Ibidem, p. 53.
18 Roy Bhaskar, A realist theory of science, 2008; Roy Bhaskar, Dialectic: The Pulse of
Freedom, 2008; Roy Bhaskar, The possibility of Naturalism: a philosophical critique
of the contemporary Human Sciences, 1979.
19 Margaret Archer, Roy Bhaskar, Andrew Collier, Tony Lawson, Alan Norrie. Critical
realism: Essential Readings, 1998.
11
Phablo Freire
12
Dogma e Discurso
21 Ibidem, p. 409.
22 Ibidem, p. 413-415.
13
Phablo Freire
14
Dogma e Discurso
15
Phablo Freire
16
Dogma e Discurso
it needs for continuing life and reproduction (again: production!) within itself. But it
can control (to some extent) the selection of external causes by internal operations.
If this control breaks down (which can happen with “autopoiesis’ but not with
“autopraxis”), the system stops its autopoiesis and dissolves into its environment.”
(1994, p. 41-42)
36 Alex Viskovatoff, Foundations of Niklas Luhmann’s Theory of Social Systems, 1999,
p. 486-487.
37 Dave Elder-Vass, Luhmann and Emergentism, 2007, p. 420.
38 Cf. Walter Buckley, Sociology and modern systems theory, 1967.
17
Phablo Freire
39 Cf. Margaret Archer, Realist social theory: The morphogenetic approach, 1995.
40 Dave Elder-Vass, Luhmann and Emergentism, 2007, p. 420-421.
41 No paradigma emergentista, a razão para a negligência seria a demonstração de que
tais fatores externos não teriam impacto sobre a reprodução do sistema.
42 Dave Elder-Vass, Luhmann and Emergentism, 2007, p. 420-421.
43 Roy Bhaskar, Scientific Realism and Human Emancipation, 1986, p. 54-55.
18
Dogma e Discurso
44 Ibidem, p. 54-55.
45 Dave Elder-Vass, op. cit., p. 421.
46 Roy Bhaskar, A realist theory of science, 2008, p. 21.
19
Phablo Freire
47 Sobre este ponto, Alex Viskovatoff, em seu artigo Foundations of Niklas Luhmann’s
Theory of Social Systems argumenta (em tradução livre) que “será útil recordar
um dos problemas básicos que Luhmann estava tentando resolver e os meios que
escolheu para resolvê-lo. Essa foi a forma de conceituar os fenômenos sociais como,
em alguma medida, autônomos de atores individuais – e, portanto, descreve esses
fenômenos (comunicativos) como uma entidade emergente ocorrendo em um
“nível superior” do que o das mentes individuais e, portanto, não exigindo uma
referência direta a este último em essas descrições. A forma como o fez foi adotando
(adaptando) a teoria dos sistemas autopoiéticos para fazer uma analogia entre as
mentes individuais (sistemas psíquicos) e os sistemas sociais e argumentar que
da mesma forma que as mentes são “constituídas” por pensamentos, os sistemas
sociais são constituídos por comunicações. Para tornar completa a autonomia dos
sistemas sociais em relação aos sistemas psíquicos, Luhmann adotou a posição
incomum de que o significado, enquanto “mediador” tanto dos pensamentos quanto
das comunicações, não é mais intrínseco às mentes do que é aos sistemas sociais,
desenvolvendo uma definição fenomenológica do significado.” 1999, p. 499-500.
48 Alex Viskovatoff, Foundations of Niklas Luhmann’s Theory of Social Systems,
1999, p. 496.
20
Dogma e Discurso
49 Ibidem, p. 494.
50 Alex Viskovatoff, Foundations of Niklas Luhmann’s Theory of Social Systems, 1999,
p. 486-487
51 Dave Elder-Vass, Luhmann and Emergentism, 2007, p. 424.
21
Phablo Freire
22
Dogma e Discurso
23
Phablo Freire
24
2 O conceito de Direito a partir
do paradigma emergentista
57 Alan Norrie, Crime, Reason and History: A Critical Introduction to Criminal Law,
2014; Dialectic and Difference: Dialectical critical realism and the grounds of justice,
2010; Law and the beautiful soul, 2005.
58 Alan Norrie, Law and the beautiful soul, 2005, p. 33.
59 Idem
25
Phablo Freire
60 Ibidem, p. 39.
61 Neil Curry, Marxismo, pós-marxismo e realismo crítico, 2012.
62 Neil Curry, Marxismo, pós-marxismo e realismo crítico, 2012, p. 103.
26
Dogma e Discurso
27
Phablo Freire
28
Dogma e Discurso
69 Idem.
70 Idem.
29
Phablo Freire
71 Roy Bhaskar e Alan Norrie, Introduction: Dialectic and dialectical critical realism, 1998.
72 Andrew Sayer, Características-chave do Realismo Crítico na prática, 2000, p. 12-13
30
Dogma e Discurso
73 Idem.
74 Andrew Sayer, Características-chave do Realismo Crítico na prática, 2000, p. 13.
75 Roy Bhaskar e Alan Norrie, Introduction: Dialectic and dialectical critical realism, 1998.
76 Cf. Andrew Sayer, Características-chave do Realismo Crítico na prática, 2000; Neil
Curry, Marxismo, pós-marxismo e realismo crítico, 2012.
31
Phablo Freire
77 Viviane de Melo Resende, Análise de discurso crítica e realismo crítico, 2009, p. 20,
em nota de rodapé.
78 Patrick Baert, O Realismo Crítico e as Ciências Sociais, 1995.
32
Dogma e Discurso
33
Phablo Freire
82 Viviane de Melo Resende, Análise de discurso crítica e realismo crítico, 2009, p. 21.
83 A noção de bloqueio na teoria bhaskariana se relaciona com sua concepção de
causação e emergência, dentro da perspectiva ontológica da estratificação, de modo
que os eventos naturais ou sociais podem ou não ocorrer a depender das condições
de ativação ou bloqueio derivada da articulação entre diferentes mecanismos
generativos concomitantemente.
34
Dogma e Discurso
35
Phablo Freire
89 Ibidem, p. 259.
90 Cf. Andrew Sayer, Características-chave do Realismo Crítico na prática, 2000;
Viviane de Melo Resende, Análise de discurso crítica e realismo crítico, 2009.
36
Dogma e Discurso
37
Phablo Freire
38
Dogma e Discurso
96 Idem.
97 Idem.
39
Phablo Freire
98 Idem.
99 Idem.
40
Dogma e Discurso
100 Idem.
101 Ibidem, p. 220.
102 Idem.
103 o conceito de posições diz respeito a um dos elementos dentro do sistema de conceitos
mediadores no modelo transformacional da atividade social. O conceito teve seu
desenvolvimento teórico realizado, no contexto do Realismo Crítico (RC), pelo
filósofo e psicólogo neozelandês-britânico, Rom Harré. Dentre as obras nas quais
o conceito foi elaborado podemos mencionar Realism rescued (1994), The discursive
mind (1994) e Motives and mechanisms (1985). Destacamos ainda duas importantes
obras para um primeiro contato com o conceito: Positioning Theory: Moral Contexts
of International Action (1998) coletânea de ensaios editada conjuntamente com Luk
Van Langenhove e o breve e assertivo ensaio escrito com Bronwyn Davies, intitulado
Positioning: The Discursive Production of Selves (1990). Em termos das discussões
que travamos neste trabalho podemos dizer que a teoria do posicionamento de Rom
Harré corresponde ao momento mental das práticas, sendo seu conceito de “posições”
instrumentalizado por Bhaskar na sua teorização do modelo transformacional da
sociedade, ao descrever as entidades intermediárias. Bronwyn Davies e Rom Harré,
41
Phablo Freire
42
Dogma e Discurso
43
Phablo Freire
Níveis do social
105 Cf. Alan Norrie, Law and the beautiful soul, 2005; Roy Bhaskar, Philosophy and
scientific realism, 1998; Roy Bhaskar, Societies, 1998.
106 Andrew Sayer, Características-chave do Realismo Crítico na prática, 2000, p. 9.
45
Phablo Freire
46
Dogma e Discurso
47
Phablo Freire
48
Dogma e Discurso
49
Phablo Freire
119 Idem.
120 Alan Norrie, Law and the beautiful soul, 2005, p. 158.
50
Dogma e Discurso
51
Phablo Freire
123 Cf. Alan Norrie, Law and the beautiful soul, 2005, p.42; The praxiology of legal
judgement, 1998, p. 546-549.
52
Dogma e Discurso
53
Phablo Freire
54
Dogma e Discurso
55
Phablo Freire
56
Dogma e Discurso
57
Phablo Freire
136 A TSD fairclouguiana passou, ao longo dos anos, por alterações na articulação de
elementos teóricos internos e, em alguma medida, no ajuste de sua ontologia. Após a
obra Discourse in late modernity: rethinking Critical Discourse Analysis, posicionamento
da TSD no RC é organizado por ele e Lilie Chouliaraki, no entanto, é mantida uma
articulação de conceitos produzidos antes dessa transição, com os devidos ajustes, tendo
em vista certas incompatibilidades com o paradigma emergentista.
137 Cf. Lilie Chouliaraki e Norman Fairclough, Discourse in late modernity, 2007.
Veja também Norman Fairclough, Bob Jessop, Andrew Sayer. Critical realism and
semiosis, 2002.
138 Norman Fairclough, Discurso e mudança social, 2001, p. 91.
58
Dogma e Discurso
139 Idem.
140 Conforme já apresentado em nota anterior, o conceito de posições diz respeito
a um dos elementos dentro do sistema de conceitos mediadores no modelo
transformacional da atividade social. O conceito teve seu desenvolvimento
teórico realizado, no contexto do Realismo Crítico (RC), pelo filósofo e psicólogo
neozelandês-britânico, Rom Harré. Dentre as obras nas quais o conceito foi
elaborado podemos mencionar Realism rescued (1994), The discursive mind (1994)
e Motives and mechanisms (1985). Destacamos ainda duas importantes obras
para um primeiro contato com o conceito: Positioning Theory: Moral Contexts of
International Action (1998) coletânea de ensaios editada conjuntamente com Luk
Van Langenhove e o breve e assertivo ensaio escrito com Bronwyn Davies, intitulado
Positioning: The Discursive Production of Selves (1990).
141 A discussão sobre os selfs também pode ser acessada nos escritos de Rom Harré
em sua Teoria de Posicionamento (positioning theory). O debate sobre a relação da
linguagem e sua relação constitutiva do self também é tecido por Margaret Archer
em sua obra Being Human: The Problem of Agency, inclusive, articulando um diálogo
em diversos pontos com Rom Harré.
142 Norman Fairclough, op. cit., p. 91.
59
Phablo Freire
60
Dogma e Discurso
145 Roy Bhaskar, Enlightened Common Sense: The philosophy of critical realism, 2016,
p. 102.
146 Lilie Chouliaraki e Norman Fairclough, Discourse in late modernity, 2007, p. 37.
61
Phablo Freire
147 Idem.
148 Cf. Norman Fairclough, Bob Jessop, Andrew Sayer. Critical realism and semiosis, 2002;
Roy Bhaskar, Enlightened Common Sense: The philosophy of critical realism, 2016.
149 Lilie Chouliaraki e Norman Fairclough, Discourse in late modernity, 2007, p. 38.
150 Cf. Lilie Chouliaraki e Norman Fairclough, Discourse in late modernity, 2007, p.
21-38; Viviane Ramalho e Viviane de Melo Resende, Análise do discurso (para)
62
Dogma e Discurso
crítica: o texto como material de pesquisa, 2011, p. 16; Alex Viskovatoff, Foundations
of Niklas Luhmann’s Theory of Social Systems, 1999; Norman Fairclough, Bob Jessop
e Andrew Sayer. Critical realism and semiosis, 2002.
151 Lilie Chouliaraki e Norman Fairclough, Discourse in late modernity, 2007, p. 38.
152 Ibidem, p. 21.
63
Phablo Freire
64
Dogma e Discurso
157 Idem.
158 Cf. Lilie Chouliaraki e Norman Fairclough, Discourse in late modernity, 2007, p.
61-63; Roy Bhaskar, Enlightened Common Sense: The philosophy of critical realism,
2016, p. 102-104.
159 Viviane Ramalho e Viviane de Melo Resende, op. cit., p. 48.
65
Phablo Freire
66
Dogma e Discurso
67
Phablo Freire
68
Dogma e Discurso
69
Phablo Freire
Nelson Maldonato-Torres, Cesar Augusto Baldi, João Paulo Allain Teixeira, entre
tantos outros.
175 Ruth Wodak, Do que trata a ACD – um resumo de sua história, conceitos importantes
e seus desenvolvimentos, 2004, p. 225.
176 Cf. Norman Fairclough, Discurso e mudança social, 2001; Viviane Ramalho e Viviane
de Melo Resende, Análise do discurso (para) crítica, 2011.
177 Ruth Wodak, Do que trata a ACD, 2004, p. 225.
70
Dogma e Discurso
178 Idem.
179 Tiphaine Samoyault, A intertextualidade, 2008, p. 16.
180 Tiphaine Samoyault, A intertextualidade, 2008, p. 17.
71
Phablo Freire
181 Viviane Ramalho e Viviane de Melo Resende, Análise do discurso (para) crítica,
2011, p. 22.
182 Ibidem, p. 14-15.
183 Ibidem, p. 22.
72
Dogma e Discurso
73
Phablo Freire
186 Idem.
187 Ibidem, p. 108.
188 Norman Fairclough, Discurso e mudança social, 2001, p. 108.
74
Dogma e Discurso
75
Phablo Freire
76
Dogma e Discurso
194 Idem.
195 Ibidem, p. 134.
196 Idem.
197 Norman Fairclough, Discurso e mudança social, 2001, p. 135.
77
Phablo Freire
198 A expressão giro aqui empregada diz respeito aos processos decoloniais de
desprendimento epistêmico: giro decolonial.
199 Norman Fairclough, Discurso e mudança social, 2001, p. 135.
200 Ibidem, p. 136.
78
Dogma e Discurso
201 Idem.
202 Viviane de Melo Resende, Análise de discurso crítica e realismo crítico, 2009, p. 23-24.
203 Ibidem, p. 24.
79
Parte II
3 O Dogma
204 Estou aqui fazendo referência à ideia de quase-autopoiese ventilada por Bhaskar e
a produção de conhecimento nas ciências sociais.
83
Phablo Freire
205 Cf. Luis Alberto Warat, Manifesto do Surrealismo Jurídico, 1988; A pureza do
poder: uma análise crítica da teoria jurídica, 1983; O direito e sua linguagem, 1995;
Introdução geral ao direito II: a epistemologia jurídica da modernidade, 2002;
Manifesto do Surrealismo Jurídico, 1988.
206 As menções a André Breton feitas por Warat ao longo da obra “Manifesto do
surrealismo jurídico”, evidenciam a influência do autor francês de “Manifestes du
surréalisme”. O surrealismo de Breton apregoa uma crença na realidade superior
de formas associativas de compreensão da realidade rejeitadas pela racionalidade
moderna; advoga a onipotência do sonho como forma de pensamento ativa no
mundo: uma forma de automatismo psíquico como modo de desmitificar a realidade
mistificada no ocidente. É possível perceber forte influência do surrealismo na
produção de Warat.
207 Luis Alberto Warat, Manifesto do Surrealismo Jurídico, 1988.
208 O realismo de que trata Warat não apenas é distinto do Realismo Crítico bhaskariano
como é igualmente criticado por este último, ao considerar as demais perspectivas
ditas ‘realistas’ como irrealistas, valendo-se para tanto do critério teórico da
estratificação da realidade.
84
Dogma e Discurso
209 Luis Alberto Warat, Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, 2004, p. 69.
210 Ibidem, p. 66.
211 Ibidem, p. 67.
212 Ibidem, p. 68.
213 Ibidem, p. 59.
214 Ibidem, p. 65.
85
Phablo Freire
86
Dogma e Discurso
87
Phablo Freire
225 Luis Alberto Warat, Introdução geral ao direito II: a epistemologia jurídica da
modernidade, 2002, p. 19.
226 Cf. Luis Alberto Warat, Manifesto do Surrealismo Jurídico, 1988; O direito e
sua linguagem, 1995; Introdução geral ao direito II: a epistemologia jurídica da
modernidade, 2002.
227 Luis Alberto Warat, Manifesto do Surrealismo Jurídico, 1988, p. 35.
228 Ibidem, p. 14.
229 Ibidem, p. 16.
88
Dogma e Discurso
89
Phablo Freire
232 Utilizamos aqui a expressão “provocação ontológica” em razão de não haver, nos
textos waratianos, uma discussão profunda sobre uma ontologia a partir da qual
filie suas proposições, a despeito de afirmar explicitamente a rejeição às bases
ontológicas do jusnaturalismo, positivismo e realismo jurídicos. Warat flerta com
o surrealismo, mas não chega a travar uma discussão satisfatória sobre qual seria
a “realidade” na qual sua epistemologia seria aplicável.
233 Cf. Alan Norrie, The praxiology of legal judgement, 1998; Law and the beautiful
soul, 2005.
234 Alan Norrie, Law and the beautiful soul, 2005, p. 32.
90
Dogma e Discurso
91
Phablo Freire
241 Luis Alberto Warat, Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, 2004, p. 54.
242 Alan Norrie, Law and the beautiful soul, 2005, p. 41.
243 Idem.
92
Dogma e Discurso
93
Phablo Freire
94
Dogma e Discurso
252 Vide o debate sobre a teoria social do discurso de Norman Fairclough no próximo
capítulo.
253 Luis Alberto Warat, Epistemologia e ensino do direito: o sonho acabou, 2004, p. 28.
254 Luis Alberto Warat, Introdução geral ao direito II: a epistemologia jurídica da
modernidade, 2002, p. 17.
95
Phablo Freire
cepção de que tais conceitos são “extraídos” das leis e das fontes
do Direito. Há, portanto, um forte traço do formalismo quando
anuncia esta etapa metodológica restrita a reprodução e explica-
ção dos conteúdos postos no direito vigente. “Essa instância me-
todológica identifica o significado do termo com o conceito refe-
rencial, o que conduz ao estabelecimento de um conteúdo exato
para a lei”, isto é, busca-se nesse momento o enclausuramento do
significado-potencial, através de sua estabilidade. Desdobrando
assim a ideia ilusória de “um conteúdo exato para a lei”, qual
seja, “o conceito que seria então uma categoria conceitual estável,
indiscutível, com significação fechada”.255
Após a fixação do significado-potencial nos conceitos, a dog-
mática avança para a segunda etapa, considerada por Warat como
o núcleo do formalismo jurídico. No segundo modo de operaciona-
lização dogmático ocorre a fixação dos dogmas através da “elabo-
ração de preposições, categorias e princípios obtidos a partir dos
conceitos jurídicos, extraídos dos textos legais”.256 O dogma cor-
responde às frases nas quais conceitos são articulados. Frases como
“o casamento indissolúvel” e “os contratos devem ser cumpridos”
são utilizadas por Warat257 como exemplos dessa articulação entre
conceitos que constituem um dogma. Norrie, ao tratar sobre es-
ses conceitos ficticiamente fechados pelo formalismo, utiliza como
exemplo a figura abstrata do “sujeito de direitos”.258
Por meio do dogma temos um conceito (casamento, contra-
to, coisa julgada, ato jurídico perfeito, direito adquirido) articula-
do com outro conceito ou com alguma forma de adjetivação que
resulta uma espécie de comportamento específico (indissolubili-
255 Idem.
256 Ibidem, p. 18.
257 Idem.
258 Alan Norrie, Law and the beautiful soul, 2005, p. 42.
96
Dogma e Discurso
259 Luis Alberto Warat, Introdução geral ao direito II: a epistemologia jurídica da
modernidade, 2002, p. 18.
260 Ibidem, p. 19.
97
Phablo Freire
261 Alan Norrie, Law and the beautiful soul, 2005, p. 41.
98
Dogma e Discurso
99
Phablo Freire
100
Dogma e Discurso
101
Phablo Freire
102
Dogma e Discurso
103
Phablo Freire
270 Luis Alberto Warat, O direito e sua linguagem, 1995, p.83; Alan Norrie, Law and
the beautiful soul, 2005, p.40-41; Norman Fairclough, Discurso e mudança social,
2001, p. 91.
104
4 O Discurso Jurídico
105
Phablo Freire
273 Alan Norrie, Law and the beautiful soul, 2005, p. 40.
274 Aplico aqui o termo irrealista ventilado por Bhaskar para referir-me aos
desenvolvimentos teóricos no paradigma funcionalista que desconsidera a
nestratificação da realidade e, por conseguinte, acaba por assumir compromissos
irrealistas para justificação dos pontos lacunosos em suas teorias, como Gunther
Teubner e Niklas Luhmann.
275 Alan Norrie, op.cit., p. 40.
106
Dogma e Discurso
107
Phablo Freire
278 Lilie Chouliaraki e Norman Fairclough, Discourse in late modernity, 2007, p. 19-25.
279 Roy Bhaskar, Societies, 1998, p. 206-257.
280 Norman Fairclough, Discurso e mudança social, 2001, p. 91.
281 Ibidem..
282 Cf. Roy Bhaskar, Enlightened Common Sense, 2016, p. 102-106; Lilie Chouliaraki e
Norman Fairclough, Discourse in late modernity, 2007, p. 21-61; Alan Norrie, Law
and the beautiful soul, 2005, p. 19-32.
108
Dogma e Discurso
109
Phablo Freire
110
Dogma e Discurso
289 Na teoria do posicionamento de Rom Harré, existe uma diferenciação entre posições
e papéis, essa distinção integra o interesse do modelo transformacional do Realismo
Dialético Crítico.
290 Cf. Norman Fairclough, op. cit., p. 106-108.
111
Phablo Freire
291 A expressão pressão a inferência aqui aplicado é uma menção a um dos conceitos
internos da teoria das representações sociais de Serge Moscovici. Temos aqui um
ponto importante e potencial de conexão entre a TSD, manejada no interior do
RC, e os debates sobre produção do senso comum na perspectiva realística crítica
e seu diálogo com outra vertente. Em outro trabalho, discuto como a teoria do
senso comum de Moscovici – nos territórios do construcionísmo – pode iluminar
a compreensão de como o discurso circula para produção dos saberes coletivos
pensados na ontologia realística critica.
292 Cf. Norman Fairclough, Discurso e mudança social, 2001, p. 106-108.
112
Dogma e Discurso
113
Phablo Freire
114
Dogma e Discurso
296 Alan Norrie, Between structure and difference: Law’s relationality, 1998, p. 723-726.
115
Phablo Freire
297 Roy Bhaskar, Societies, 1998, p.217: Enlightened Common Sense, 2016, p. 100-101.
298 Lilie Chouliaraki e Norman Fairclough, Discourse in late modernity, 2007, p. 63:151.
299 Ibidem, p. 151.
116
Dogma e Discurso
117
Phablo Freire
302 Norman Fairclough, Discurso e mudança social, 2001, p. 92: Viviane Ramalho e
Viviane de Melo Resende, Análise do discurso (para) crítica, 2011, p. 49-50.
303 Essa classificação é utilizada por Ramalho e Resende a partir de uma adaptação
realizada pelas autoras para os trabalhos de Fairclough (Discurso e mudança social),
Chouliaraki e Fairclough (Discourse in late modernity). Por julgar apropriado para
o desenvolvimento feito neste trabalho, reproduzo essa opção teórica.
304 Sheyla Canuto e Virgínia Colares, no estudo intitulado “A representação da mulher
no sistema jurídico penal: um estudo de caso a partir das análises das expressões
118
Dogma e Discurso
119
Phablo Freire
120
Dogma e Discurso
307 Cf. Lilie Chouliaraki e Norman Fairclough, Discourse in late modernity, 2007, p. 37.
308 Cf. Lilie Chouliaraki e Norman Fairclough, Discourse in late modernity, 2007, p. 151-154.
121
Phablo Freire
122
Dogma e Discurso
123
Phablo Freire
124
Dogma e Discurso
313 Esse aspecto pode ainda ser discutido a partir de um outro parâmetro conceitual,
qual seja, a noção de praxiologia e praxiologia jurídica desenvolvida por Alan Norrie
e Roy Bhaskar.
125
Phablo Freire
126
Dogma e Discurso
314 Embora neste trabalho utilize alternadamente os termos “papéis” e “posições” Rom
Harré utiliza apenas “posições” em lugar de papéis.
127
Phablo Freire
315 Bronwyn Davies e Rom Harré, Positioning: The Discursive Production of Selves,
1990, p. 46-47.
128
Dogma e Discurso
129
Phablo Freire
130
Dogma e Discurso
131
5 Poderes Causais do Discurso Jurídico
320 Lilie Chouliaraki e Norman Fairclough, Discourse in late modernity, 2007, p. 151-152.
133
Phablo Freire
321 Cf. Norman Fairclough, Bob Jessop, Andrew Sayer. Critical realism and semiosis,
2002, p. 1-4: Norman Fairclough, Discurso e mudança social, 2001, p. 91.
322 Bronwyn Davies e Rom Harré, Positioning and personhood, 2003, p. 35.
134
Dogma e Discurso
323 Bronwyn Davies e Rom Harré, Positioning and personhood, 2003, p. 36-37: Bronwyn
Davies e Rom Harré, Positioning: The Discursive Production of Selves, 1990, p. 47.
324 Bronwyn Davies e Rom Harré, Positioning: The Discursive Production of Selves,
1990, p. 48.
325 O debate realizado por Dave Elder- Vass, em The Causal Power of Discourse,
considera o discurso a partir da perspectiva foucoutiana. Em alguns pontos da
discussão são evidenciadas as insuficiências da teoria do discurso em Foucault
quando pensada uma articulação com o Realismo Dialético Crítico, sobretudo no
tocante ao debate sobre os efeitos causais do discurso. Com efeito, em Enlightened
Common Sense (2016), postumamente publicado por Bhaskar, o debate sobre a
relação do RDC e as teorias do discurso é continuado, e a Teoria Social do Discurso
de Norman Fairclough é sinalizada como a melhor opção – mais compatível – com
os postulados realistas críticos.
326 Elder-Vass utiliza o conceito de círculos normativos para delinear os processos de
constrangimentos operados pelos poderes causais no discurso.
135
Phablo Freire
136
Dogma e Discurso
327 O raciocínio aqui aplicado à prática social jurídica (e seu momento semiótico) está
ancorado na noção de entidade intermediária composta por práticas e posições.
Em seu texto Societies, ao tratar do modelo transformacional, Bhaskar afirma
[em tradução livre] que “o sistema mediador (entidades intermediárias) de que
precisamos é o das posições (lugares, funções, regras, tarefas, deveres, direitos
etc.) ocupados (preenchidos, assumidos, promulgados etc.) pelos indivíduos e
das práticas, de modo que as práticas se realizam em razão das posições em que os
indivíduos se engajam (e vice-versa). Chamarei esse sistema de mediação de sistema
de prática-posições” vide também Margaret Archer, Introduction: Realism in the
social sciences, 1998, p. 200-201.
137
Phablo Freire
138
Dogma e Discurso
328 O debate sobre a prevalência dos repertórios e enredos diz respeito à centralidade
das posições na experiencia dos sujeitos. Trata-se de um debate específico ao qual
me dedico em outra obra: Cidadania e Performance.
329 As aspas no verbo optar devem servir para chamara atenção para o debate sobre a
relação entre agencia e estrutura, mais precisamente, a ideia de controle e liberdade
da agencia e os constrangimentos operados pelos mecanismos e poderes generativos
estruturais; como tratamos aqui de entidades intermediárias, devemos reconhecer
que essa ação de “optar” nem se dá inteiramente no campo da livre individualidade
de escolha, tampouco no circuito determinista fechado de constrangimento.
139
Phablo Freire
não pode estar visível para seus pares (com os quais se reconhece
como pertencente às práticas racistas), por isso, precisará investir
o discurso racista ideologicamente para ocultar os elementos de
justiça (reconhecimento de direitos) que emergiram na perfor-
mance da posição juiz, contradizendo as expectativas de perfor-
mance da posição racista. De outro modo, se na performance da
posição juiz, em razão da posição racista, afasta a expetativa que
deriva dos enredos e repertórios jurídicos e produz sua decisão a
partir dos enredos e repertórios violentos produzidos no interior
da prática racista, precisará estereotipar seu discurso jurídico –
investindo-o ideologicamente – para impedir que seus pares ju-
rídicos (e toda a sociedade) identifiquem em sua performance a
ativação de poderes causais de um discurso não-jurídico.
A contradição entre enredos e repertórios no interior do
conglomerado de posições de sujeitos requer, invariavelmente, o
manejo cognitivo e discursivo de investimentos ideológicos para
que o sujeito continue apto a performar uma variedade de posi-
ções de sujeito contraditórias entre si.
Nesse entreato em que o discurso jurídico emerge ideologica-
mente investido, passa a contribuir para um modo de reprodução do
social que obscurece a compreensão de todos os sujeitos engajados
na rede de práticas. O discurso é internalizado pelos demais momen-
tos e, todos eles, na prática jurídica são dialeticamente constituin-
tes de outras dimensões do social, como postulado por Fairclough,
constituindo identidades sociais, modos de interação e sistemas de
conhecimento e crenças.330 Ao emergir investido por estratégias de
mascaramento e falseamento de seus elementos constitutivos, em
especial os processos de negação das conexões dialéticas entre a
prática jurídica e as relações sociais históricas, como apontado por
Norrie, o discurso jurídico (e dialeticamente a prática em si mesma)
140
Dogma e Discurso
141
Phablo Freire
331 Discutida parcialmente por Warat, através de sua noção de Senso Comum Teórico
dos Juristas.
332 Com algumas exceções teóricas que reconhecem a necessidade de posicionar, ao lado
desse sistema de conceitos/normas, a ideia de práticas/interações e as identidades
(autoridades/cidadãos comuns).
142
Dogma e Discurso
333 Alan Norrie, Law and the beautiful soul, 2005, capítulo II, p. 19-32.
143
Bibliografia
145
Phablo Freire
146
Dogma e Discurso
147
Phablo Freire
148
Dogma e Discurso
149
Phablo Freire
150
Dogma e Discurso
151