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FACULDADE EVANGÉLICA DE TECNOLOGIA, CIÊNCIAS E

BIOTECNOLOGIA DA CGADB - FAECAD

CANTARES

Rio de Janeiro/RJ
2018
Trabalho apresentado como exigência
da disciplina de História da Igreja do curso
de Teologia, sob orientação do Me. Lucas
Gesta.

Rio de Janeiro/RJ
2018
1

INTRODUÇÃO

A existência do cântico em Israel, apesar das suas características próprias,


constitui apenas um pedaço da imensa poesia lírica do Antigo Oriente: Suméria,
Babilônia, Egito e outros povos, Hititas, Cananeus e etc 1.
Dentre os cânticos temos os cânticos de amor e nupciais, estes cânticos eram
ouvidos em Israel, sobretudo nos meses do outono, quando, depois da colheita
costumava-se celebrar as nupcias. Esses cânticos eram simples poesias populares
ou composições elaboradas. Cantares conservou toda uma coleção desta espécie 2.
Por causa do título, colocou-se o Cântico na Septuaginta entre os livros
sapienciais depois de Eclesiastes, assim como na Vulgata, na Bíblia Hebraica entre
os “escritos” que formam a terceira parte do cânon judaico 3.

1
SELLIN, Ernest; FOHRER, Georg. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução de D.
Mateus Rocha. São Paulo: Academia Cristã, 2007. P.355-357.
2
Ibidem. P 378.
3
BÍBLIA. Português. A Bíblia de Jerusalém. Nova edição rev. e ampl. São Paulo: Paulus,
2002.
2

Autor
De acordo com o primeiro versículo, Salomão escreveu o Livro de Cantares.
Este cântico é um dos 1.005 que Salomão escreveu (1 Rs 5.12). Um dos títulos
deste livro, “Cântico dos Cânticos”, é um superlativo, ou seja, serve para indicar que
este é o mais belo ou melhor.
A atribuição do Cântico dos cânticos a Salomão foi talvez a razão determinante
para sua aceitação no cânon judaico, aceitação que não se verificou, nem foi
promulgada pelo Sínodo de Jâmnia, séc. II d.C. (100 d. C.) 4.

Data e ocasião
Não há um consenso sobre o período em que Cantares surgiu, já que a obra
apresenta características de revisão redacional, de modo geral, em três épocas:
1 – Período inicial do reinado: alguns autores sugerem que tenha sido escrito no
final do séc X a.C, provavelmente por volta de 965 a.C., época salomônica, suas
relações com Egito, onde já existia uma rica poesia amorosa desenvolvida.
2 – Período intermediário do reinado: séc. VIII – VI a.C, por volta de 700 a.C. Os
numerosos aramaísmo, menção do oásis de Engadi (fonte do cabrito) – Ct 1.14
aponta para o final do séc. VII a.C e algumas denominações de temperos, matérias
exóticas e perfume para o final do pré-exílio e inicial do exílio.
3 – Período helenístico: as redações finais séc. III a.C. O termo grego para liteira em
Ct 3.9, estrangeirismo do antigo Irã para pomar em Ct. 4.13.
A hipótese de uma coletânea e redação final dos textos tenham ocorrido no
período helenista, influenciadas pela escola alexandrina de poetas 5.

História da interpretação
A interpretação de Cantares é controversa, sua exegese é controvertida. A obra
descreve e celebra o amor entre homem e mulher, há somente uma referência a
Javé Ct 8.6. Desde o séc I d.C. a interpretação alegórica é a mais aceita, apesar de
existirem outras hipóteses, as duas mais influentes são:

4
SELLIN, Ernest; FOHRER, Georg. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução de D.
Mateus Rocha. São Paulo: Academia Cristã, 2007. P.416.
5
ZENGER, Erich et al. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução de Werner Fuchs. São
Paulo: Loyola, 2003. (Bíblica Loyola, 36). P.346.
3

1 – A compreensão naturalista do livro como expressão de amor erótico é a mais


antiga e original.
2 – A interpretação alegórica ou típica é a interpretação mais usual que perdura até
o presente. Ela atribui um sentido espiritual mais profundo ao livro.
2.1 – No Judaísmo a relação de Javé com Israel;
2.2 – No Cristianismo Cristo com a Igreja6.

Estrutura
Há algumas hipóteses de estruturação, alguns creem que Cantares é uma
coletânea de cânticos de amor, as muitas repetições levam crer que Cantares, e sua
ordem pelas semelhanças surgiu a partir de duas coleções parciais, porém a divisão
estrutural e controversa, abaixo dois modelos:
1º Poema: O Anelo da Noiva pelo Noivo (1.1-2.7)

A Expressão do Anelo da Noiva (1.2-4a)

O Apoio das Amigas da Noiva (1.4b)

A Pergunta da Noiva (1.5-7)

O Conselho das Amigas da Noiva (1.8)

A Presença e a Fala do Noivo (1.9-11)

O Amor Mútuo entre a Noiva e o Noivo (1.12-2.7)

2º Poema: Os Dois Amados (2.8-3.5)

A Noiva Percebe a Vinda do Noivo (2.8,9)

Os Pedidos do Noivo (2.10-15)

O Amor Irrestrito da Noiva pelo Noivo (2.16,17)

A Perda e o Achado do Noivo (3.1-5)

3º Poema: O Cortejo Nupcial (3.6-5.1)


A Aproximação do Noivo (3.6-11)
O Amor do Noivo pela Noiva (4.1-15)
A Reunião dos Noivos (4.16-5.1)

6
SELLIN, Ernest; FOHRER, Georg. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução de D.
Mateus Rocha. São Paulo: Academia Cristã, 2007. P.417.
4

4º Poema: A Noiva Teme Perder o Noivo (5.2-6.3)


O Sonho da Noiva (5.2-7)
A Noiva e as Amigas Conversam sobre o Noivo (5.8-16)
O Lugar Onde Encontra-se o Noivo (6.1-3)
5º Poema: A Formosura da Noiva (6.4-8.4)
A Descrição da Noiva pelo Noivo (6.4-9)
O Noivo e os Amigos Conversam sobre a Noiva (6.10-13)
Outras Descrições da Noiva (7.1-8)
O Amor da Noiva pelo Noivo (7.9-8.4)
6º Poema: A Suprema Beleza do Amor (8.5-14)
A Intensidade do Amor (8.5-7)
O Desenvolvimento do Amor (8.8,9)
O Contentamento do Amor (8.10-14)

Há também uma forma resumida. A poesia toma a forma de um diálogo entre um


marido (o rei) e sua esposa (a sulamita), dividida em três seções:
O namoro (1:1-3:5);
O casamento (3:6-5:1);
A maturação do casamento (5:2-8:14).

Importância
Cantares evita a uma divinização sacral do elemento sexual comum nos cultos
míticos de fecundidade do Antigo Oriente, e ao mesmo tempo contradiz o desdém e
repulsa pelo sexo, sobretudo do judeu-cristianismo de cunho essênio eda mística
platônico helenística.
Cantares valoriza o matrimônio como vontade de Deus e o amor sexual como
seu pressuposto e fundamento7.

7
SELLIN, Ernest; FOHRER, Georg. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução de D. Mateus
Rocha. São Paulo: Academia Cristã, 2007. P.421.
5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA. Português. A Bíblia de Jerusalém. Nova edição rev. e ampl. São Paulo:
Paulus, 2002.
ZENGER, Erich et al. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução de Werner
Fuchs. São Paulo: Loyola, 2003. (Bíblica Loyola, 36).

SELLIN, Ernest; FOHRER, Georg. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução de


D. Mateus Rocha. São Paulo: Academia Cristã, 2007.

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