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FACULDADE EVANGÉLICA DE TECNOLOGIA, CIÊNCIAS E

BIOTECNOLOGIA DA CGADB - FAECAD

QUESTIONÁRIO

Rio de Janeiro/RJ
2017
QUESTIONÁRIO

Trabalho apresentado como exigência da


disciplina de História da Igreja do curso de
Teologia, sob orientação do Me. Lucas
Gesta.

Rio de Janeiro/RJ
2017
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QUESTIONÁRIO

1) Explique os impactos da “virada constantiniana”: Na Liturgia; na


eclesiologia e na doutrina.
O século IV foi um momento decisivo para o cristianismo, foi neste período
que a igreja perseguida pelo Império Romano se coloca numa posição privilegiada,
graças ao imperador Constantino, esta transição foi chamada de “virada
constantiniana”.
Constantino e Licínio emitiram um documento, conhecido como Édito de
Milão, que assegurava a tolerância e liberdade de culto para os cristãos em todo o
território do Império Romano, bem como a devolução de propriedades confiscadas.
As ações de Constantino foram importantes na formação da identidade cristã
e consolidação da igreja até se tornar a religião oficial do império romano,
promulgada por Teodódio, através do Édito de Tessalônica.
A “virada constantiniana” permitiu a igreja a assumir um lugar de destaque no
contexto político-social a igreja torna-se poderosa e começam a surgir mudanças
significativas.
Na liturgia – A liturgia sai das catacumbas e passa a ser celebrada nas
basílicas, surge a necessidade de organizar as celebrações litúrgicas de forma mais
fixa e rígida. Os bispos de Roma começam a compilar inúmeras orações, introduzem
novos ritos. Surge neste período, o primeiro livro litúrgico chamado sacramentário 1.
É um livro que contém as orações presidenciais tanto para as celebrações
eucarísticas como dos demais sacramentos. Também para proclamar a palavra de
Deus na liturgia, fez-se uma seleção de textos bíblicos de forma ordenada segundo
o correr do ano litúrgico. Nasce assim o Lecionário 2 que era dividido em dois livros:
Evangeliário (para uso dos diáconos) e Epistolário (para uso dos leitores).
Devida a amplidão das basílicas, foram introduzidas três grandes procissões:
A solene procissão de entrada do presidente com seus ministros (introduziu-
se a oração da coleta).
A procissão levando ao altar o pão e o vinho (introduziu-se a oração sobre as
oferendas).

1
Sacramentário era um livro que continha as orações que deveriam ser recitadas pelo
sacerdote no culto.
2
Lecionário é um livro ou uma lista deles que contém uma coleção de leituras recomendadas
para o culto cristão ou judaico de um determinado dia ou ocasião.
2

A procissão em direção ao altar para receber a comunhão sob duas espécies.


(introduziu-se a oração após a comunhão).
As orações introduzidas no final de cada uma das três procissões variam no
decorrer do ano litúrgico. A proclamação do evangelho também foi ritualizada,
reservada ao diácono e a procissão era acompanhada de luzes, incenso e
aclamação do Aleluia. A oração eucarística é a única, com variadas orações do
prefácio. Mais tarde foram acrescentados “o glória” e o “cordeiro de Deus”.
É importante ressaltarmos que as orações introduzidas na missa (coleta,
prefácio, sobre as oferendas, após a comunhão) possuem uma forma literária
elegante. São orações dirigidas ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo.
Eclesiologia – Como procedeu do judaísmo e se desenvolveu em ambientes
greco-romanos, o cristianismo assimilou, integrou e reinterpretou muitos elementos e
categoria de pensamento desses sistemas socioculturais. A construção de uma
identidade cristã, também gerou conflitos e tensões na interpretação da mensagem
cristã. que a partir do século IV passaram a ser consideradas heresias – e no
ambiente externo – a interação cristã com o mundo romano nem sempre foi pacífica,
já que gerou diversas reações entre os praticantes das antigas religiões pagãs.
A identidade cristã no século IV decorre de suas construções doutrinais e por
sua resistência aos embates com o Império pagão, por outro lado, permitiram que o
cristianismo fortalecesse sua organização interna e desenvolvesse fortes relações
com o poder imperial. A organização interna do cristianismo passa não apenas por
sua institucionalização como Igreja e por sua consequente hierarquização, mas
também pelo esforço dos intelectuais cristãos para legitimar a religião e adaptá-la às
novas necessidades e aos antigos hábitos da população. Isolados, esses elementos
e movimentos não possibilitaram a consolidação da identidade cristã, mas
combinados possibilitaram a penetração do cristianismo na sociedade romana e o
estreitamento das relações com o poder imperial.
É preciso reconhecer a pluralidade existente nos primeiros séculos, haviam
muitos outros grupos de cristãos cuja convivência nem sempre era pacífica, gerando
tensões, conflitos e principalmente disputas em torno de uma interpretação legítima
da mensagem de Jesus Cristo.
Nessa nova etapa, reformula-se o catecumenato; desenvolve-se a liturgia e a
disciplina eclesiástica; a teologia patrística chega ao seu ápice; é também o período
de grandes cismas e heresias; os dogmas cristológicos e trinitários alcançam sua
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formulação mais plena; aprimora-se a organização da Igreja no território do Império,


com as dioceses, paróquias e patriarcados; surge a vida religiosa, com o monacato;
há um novo surto missionário em direção aos povos “bárbaros”.
Doutrina – Apesar dos diferentes grupos cristãos, era necessário ter pontos
comuns que criassem uma identidade cristã, por isso unificar a doutrina e a crença
cristã.
O dogma da santíssima Trindade e a questão ariana, sobre a divindade de
Cristo, foi o ponto mais importante daquele período, outros como celebração da
Páscoa e a instituição do domingo como dia de descanso foram menos
controversos.

2) Sobre os ritos orientais, explique: Rito Siríaco-antioqueno; rito Copta-


Egípcio e rito Bizantino-Constantinoplano
A Igreja Católica é composta por 24 igrejas autônomas “sui juris”3 uma
ocidental e vinte três orientais, este conceito é por causa da localização geográfica e
estão divididas em tradições. As famílias litúrgicas orientais, embora diferentes entre
si, apresentam algumas características comuns, se comparadas com as ocidentais,
sendo a sua liturgia mais cheia de simbolismo, de sentido do mistério e de
participação da comunidade. As línguas em que se celebram são muito variadas,
segundo as regiões a que pertencem os vários ritos. As mais comuns são: o grego,
as línguas eslavas, o siríaco, o árabe, o arménio e o copta.
Rito Siríaco-antioqueno
O rito siríaco-antioqueno é a tradição dos siro-ortodoxos do Patriarcado de
Antioquia e da Índia, bem como siro-católicos e malankares. Três centros litúrgicos
influenciaram a formação destes três ritos: Jerusalém, Antioquia e Edessa. Destes,
apenas Edessa era um centro de língua e cultura siríaca; as outras duas eram
«gregas» com uma minoria de língua siríaca.
O rito é uma síntese do elemento siríaco das origens, especialmente para o
que diz respeito aos hinos e outras partes corais, com material traduzido de textos
litúrgicos gregos de procedência antioquena e ierosolimitana. Esta síntese foi
realizada pela comunidade monástica não-calcedoniana da língua siríaca do interior
da Síria, Palestina e algumas regiões da Mesopotâmia, situadas longe das cidades
de gregas da costa Mediterrânea. Os cristãos de língua siríaca organizaram-se em
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Autônomas, mas em comunhão.
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igrejas independentes sob Jacobo Baradai (+ 578) e por este motivo foram
chamados jacobitas.
Rito Copta-Egípcio
Os Coptas são os cristãos do Egito, que no século V adotaram o monofisismo
condenado pelo Concilio de Calcedônia (451). No século XVI uma parte da
população copta reuniu-se à Igreja Católica, reconhecendo o primado de Pedro. Os
dissidentes já não professam a heresia que lhes ocasionou a origem. Estenderam
sua pregação até a Etiópia, onde também existem comunidades coptas.
A liturgia da Jerusalém exerceu influência sobre a liturgia copta como mostra
a coincidência de um documento do início do século XIV, «A lâmpada das trevas»,
de Abul Barakat (falecido entre 1320-1327).
O rito copta é um rito de língua grega nascido no Egito, e mais especialmente
em Alexandria, sendo traduzido para a língua copta, após o Concílio de Calcedônia,
tornando-se a Liturgia própria dos coptas.
O rito dos fiéis, que permaneceu ortodoxo após o grande Cisma de 1054,
sofreu influência bizantina. É seguido hoje pelos fiéis copta-católicos e copta-
ortodoxos.
A língua usada pela Liturgia alexandrina era inicialmente o grego, sendo
substituída mais tarde pela língua copta (derivada da última fase da língua faraônica
do século II).
Com a invasão islâmica de 641, a sociedade sofreu uma progressiva
“arabização”. No século XIII, não se escreveu mais nada em língua copta e no
século XVII o copta desapareceu da vida ordinária do país. Também na Liturgia, a o
desfecho é idêntico: hoje os textos litúrgicos apresentam um texto bilíngue copta e
árabe, com uma prevalência do árabe.
Rito Bizantino-Constantinoplano
Obra de São Basílio, o Grande (329-379) Arcebispo de Cesaréia da
Capadócia, que fez um trabalho de revisão da liturgia celebrada em Jerusalém e
Antioquia, creditada ao apóstolo São Tiago.
Essa Liturgia de São Basílio foi, depois, revisada e abreviada, especialmente
nas orações feitas em particular pelos Sacerdotes, por São João “Crisóstomo”
(“boca de ouro” – 347-407), Arcebispo de Constantinopla, daí ser conhecida, até
nossos dias, como “A Divina Liturgia de São João Crisóstomo”.
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Foi essa Liturgia de Constantinopla, ou bizantina, como é mais conhecida


(Bizâncio era o primitivo nome de Constantinopla), com seus ulteriores
desenvolvimentos e acréscimos, adotada pelo conjunto das Igrejas Ortodoxas, que,
sem mudanças substanciais, chegou até nós, como parte de todo um tesouro de fé.
A Liturgia de São Basílio, celebrada dez vezes ao ano, nas seguintes
ocasiões: na festa de São Basílio (1º de janeiro), nos domingos da Quaresma (mas
não no Domingo de Ramos), nas vésperas do Natal e Epifania, na Quinta-feira
Santa e no Sábado Santo. Na Ortodoxa, a Liturgia dos Pré-Santificados ou dos Dons
Pré-Santificados, atribuída a São Gregório “Diálogo” (540-604), Bispo de Roma, que
é um rito de comunhão para as quartas-feiras e sextas-feiras da Quaresma, assim
chamada por não haver nela a oração de santificação (consagração) das ofertas ou
dons, e se dar a comunhão aos fiéis com os dons pré-santificados, ou seja,
santificados na Divina Liturgia do domingo precedente.
Divisões da Divina Liturgia
A Divina Liturgia divide-se em três partes:
I – Preparação, Prótese ou Proscomidia, ou seja, a preparação das oferendas (pão e
vinho) ou matéria do Sacrifício Eucarístico, feita pelos Sacerdotes durante a oração
do Orthros (Matinas), a qual se encerra com a Grande Doxologia; antes que se
cante “Bendito seja o Reino do Pai…”);
II – Liturgia dos Catecúmenos ou Liturgia da Palavra, única parte da celebração
eucarística da qual, nos primórdios da Igreja, os que se preparavam para receber o
Santo Batismo (catecúmenos) podiam participar; vai da invocação da Santíssima
Trindade (“Bendito seja o Reino do Pai…”) até a leitura do Santo Evangelho, e o
sermão, que se fazia, então, logo após a leitura do Evangelho;
III – Liturgia dos Fiéis ou Liturgia Eucarística, da qual só os já batizados
participavam. Esta parte compreende desde o Hino Querúbico até o final da Santa
Missa.
A Divina Liturgia, antes de mais nada e acima de tudo, é a celebração da
Eucaristia: memorial, ação de graças e sacrifício, revivendo os mistérios da
Redenção, e que esta é uma celebração instituída e ordenada pelo próprio Senhor
Jesus Cristo na Santa Ceia, a última Ceia, segundo suas palavras: “Tomai, comei,
isto é o meu corpo… Bebei dele todos, pois este é o meu sangue da nova aliança…
Fazei isto em memória de mim.”
Podemos ainda dividir em quatro partes:
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A primeira, da Preparação à Procissão do Evangelho, que nos apresenta a


vida “oculta” de Cristo, até seu Batismo no rio Jordão;
A segunda, da Procissão do Evangelho à Procissão das Oferendas,
apresentando-nos a vida pública do Senhor, que se iniciou a partir do Batismo;
A terceira, da Procissão das Oferendas à Comunhão, que nos apresenta a
“vida padecente” de Jesus, ou seja, sua Paixão e morte;
E a quarta, da Comunhão ao final da Liturgia, a nos apresentar a “vida
glorioso” de Cristo, a partir de sua Ressurreição.

3) Sobre os concílios ecumênicos, explique a importância dos concílios de:

Niceia I
Em 325 foi convocado um Concílio Ecumênico na cidade de Nicéia.
Constantino tinha grande interesse na unidade da Igreja que, para ele, significava a
unidade do Império. A maioria dos bispos veio do Oriente, o que vale para os quatro
primeiros Concílios. Motivo: facilidade de participação e maior interesse teológico da
parte oriental.
O Concílio de Nicéia estabeleceu as bases da crença cristã ortodoxa,
especialmente com a definição do Credo de Niceia.
A grande discussão girou em torno da questão ariana sobre a divindade de
Jesus, porém outros assuntos também foram abordados, a celebração da Páscoa, o
cisma de Milécio, o batismos dos heréticos, o estatuto dos prisioneiros na
perseguição de Licínio.

Constantinopla I
Na cidade de Constantinopla, em 351, o concílio reconfirmou o credo niceno,
como uma verdadeira exposição de fé ortodoxa, e desenvolveu uma declaração de
fé que incluía a linguagem de Niceia, ampliando a discussão sobre o Espírito Santo
para combater a heresia dos macedonianos, definiu o Espírito Santo Deus
verdadeiro, da mesma substância divina do Pai, de quem procede. A unidade divina
estava assim definida: um Deus e três Pessoas divinas: o Pai, o Filho e o Espírito
Santo. Permanecia outro problema, cristológico: Jesus Cristo é Deus e é Homem.
Como afirmar as duas naturezas sem enfraquecer a divindade ou a humanidade?
Éfeso
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Reunidos na cidade de Éfeso, em 431, os bispos condenaram o


nestorianismo, afirmando que Jesus tem duas naturezas perfeitas, a divina e a
humana, unidas numa única Pessoa divina e, portanto, não se podem separar em
Jesus o divino e o humano (união hipostática). E a introdução ao culto mariano
Maria é verdadeiramente mãe de Deus.
Calcedônia
Em 451, o quarto grande Concílio Ecumênico de Calcedônia condenou o
monofisismo, a humanidade e a divindade de Cristo. A questão de uma natureza ou
duas. Devido à grande divisão no seio dos patriarcados (Roma contra
Constantinopla, Antioquia e Alexandria contra Constantinopla) pelo entusiasmo
teológico, foi determinante a carta escrita pelo papa Leão Magno ao patriarca de
Constantinopla em 449. A carta foi lida na assembleia conciliar e entusiasticamente
aclamada (“Pedro falou pela boca de Leão”). Tendo sido aprovada, definiu que no
Filho há uma só Pessoa (divina) e duas naturezas (divina e humana) perfeitas, sem
mistura nem divisão.

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